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Um conceito
Publicidade, ou propaganda comercial: forma de comunicação identificada e persuasiva
empreendida, de forma paga, através dos meios de comunicação de massa (MCM).
√ identificada
Todo anúncio precisa ser identificado segundo norma do CONAR. A identificação é
necessária para responsabilização perante a justiça e à sociedade. Pode ser feita por
meio da própria marca do anunciante ou de seus produtos. Quando há necessidade de
sua ocultação (caso de Teaser), o veículo passa a responder pelo anúncio. Agências
podem, através de créditos opcionais e recomendáveis pelo CONAR, completar a
identificação de uma peça.
Ver exemplo de teaser no "link'.
√ persuasiva
Todo anúncio quer que o receptor tome uma posição em relação ao que foi anunciado:
interessar-se pela oferta, rir, lembrar-se marca, impulsionar a compra, recomendar a
experimentação a outra pessoa etc. A propaganda busca convencer utilizando recursos
persuasivos de conteúdo como o humor, a comparação, o exagero (puffing), apelos
sensuais, medo, pressão psicológica, mas nada que consiga levar o receptor a
comportamentos extremos ou contra sua vontade, pois a persuasão publicitária sempre
ocorre no patamar midiático, simbólico e dentro dos limiares de percepção humana.
A propaganda subliminar entra nessa discussão pois é polêmica em vários sentidos, já
que o conceito físico de subliminar não admite que sequer um anúncio seja visto,
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ouvido ou percebido por estar fora de limiares da percepção humana (link). Porém, há
os que entendem ser a propaganda subliminar algo transintencional, subentendido,
dando margem, assim, a uma série de anúncios que contém duplo sentido ou são
ambíguos (link).
√ paga
A propaganda comercial ou publicidade implica compra de espaço (caso de veículo de
comunicação), pagamento de taxas (caso de uso de espaço público), ou outras formas
de remuneração midiática.
√ meios de comunicação de massa (MCM)
A publicidade é um forma de comunicação massiva, tipificada pelo uso dos MCM.
Características da “massa”:
Heterogênea (indistintas tipologias de pessoas)
Anônima (imprecisão na identificação)
Numerosa (quantidade expressiva)
Consumidor
Consumidor é o agente do consumo. Trata-se de um termo recente, associado à
Sociedade de Consumo.
O consumo é uma atividade legítima, necessária (consumo sustentável, consumo
equilibrado).
Muitos bens podem ser alvo do consumo: Produto (computador, sangue), Serviço
(dentista, limpeza pública), Ideia (economia de água, combate ao tabaco), Símbolos
(marcas, conteúdos publicitários), Recursos naturais (água, ar).
Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Para o CDC, equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas. A coletividade é
marcada pelo evento de consumo. Ex.: usuários de um plano de saúde.
Para o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), consumidor é
toda pessoa que possa ser atingida pelo anúncio, seja como consumidor final, público
intermediário ou usuário.
Consumismo
Consumismo é o consumo extravagante e espúrio. Extravagante: exagerado, desmedido.
Espúrio: desqualificado, supérfluo, impulsivo/compulsivo.
Ver este link: Consumo x consumismo.
Consumerismo
É a busca de melhor qualidade de vida por meio das relações de consumo. A insatisfação
é o ponto de partida do consumerismo, o que seria a antítese do conceito de Marketing.
Algumas causas do consumerismo:
√ Propaganda deceptiva (propaganda enganosa, abusiva).
√ Produtos de má qualidade.
√ Preços abusivos.
√ Má distribuição ou entrega de serviços e produtos.
Ver ações do Instituto Akatu neste link. Consumo consciente
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diferentes regiões, uma massa quase indiferenciada, meios estes que substituem a voz
do empresário que perdeu contato direto com seus consumidores.
O negócio publicitário se integraria de forma fisiológica nessa sociedade de
consumo; era necessário um profissional para manipular este poderoso arsenal a serviço
de empresas, empresas estas clamando por manter vantagens sobre uma concorrência
cada vez mais acirrada. A disputa pelo mercado levaria as empresas a servirem-se das
técnicas de vendas no sentido total, identificando-se com um capitalismo selvagem,
atitude esta que também se transferiu para a publicidade, já que esta era uma extensão
do esforço de vendas.
As agências se instalam por toda parte, os estudos publicitários são mais
completos e a responsabilidade social é cobrada por diferentes setores. Neste período
incrementam-se leis e instrumentos para o controle das práticas comerciais e de
marketing.
Exercer a “defesa autógena” (ou autodefesa) ficaria cada vez mais difícil para o
consumidor; seria necessário a intervenção estatal e de outros setores sociais, uma vez
que a força das empresas, cartéis e conglomerados desequilibrou ainda mais a força com
o consumidor. Este último sabe que, sozinho, não terá sua voz ouvida e o consumerismo
passa a adquirir contornos de uma ação de consumidores aliados ao poder
governamental e de outros setores, em prol da defesa dos interesses da sociedade em
relação aos processos de consumo. O estado já colocava a disposição leis que defendiam
o consumidor, mas a burocracia para o cidadão exercer esse direito impedia sua proteção
de uma forma corrente e rápida. Advogados, juristas, jornalistas, políticos, trabalhadores,
donas de casa seriam públicos, dentre outros, que se associariam à busca de melhor
tratamento para os consumidores.
Neste ponto a publicidade, engajada somente no processo de bom atendimento ao
anunciante, ficaria com um conceito de parcialidade do qual jamais conseguiria se
desvencilhar: seria encarada desde então como uma força a favor de empresários e
contrária aos interesses sociais. A resistência a seus apelos só não seria maior porque
havia uma conduta ética seguida pela maioria das empresas e agências; porém, a
desconfiança sempre se estabeleceria, custando ao setor publicitário um esforço extra
para sobrepujar mais esta barreira junto ao consumidor e à sociedade.
Alguns eventos:
► EUA: 1914: criada a Federal Trade Commission (FTC)
► EUA: 1936: Consumers Union
► Danish Consumer Council (Dinamarca (1947)
No Brasil:
► 1933 - Lei da Usura (juros extorsivos). Atualizada.
► 1940 - Código Penal - sanções a estelionatos.”Enganar, no exercício de atividade
comercial, o adquirente ou consumidor” - Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Bibliografia
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GIACOMINI FILHO, Gino. Consumidor versus Propaganda. São Paulo: Summus, ed.1991;
ed.2008. [1991:15-40, 129-137; 2008:9-55, 231-242]