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Resenha: “Adaptation: current usages - Mary Jane West-Heberhard”

Eugenio Fonseca de Aquino Rodrigues

O texto da autora Mary Jane West-Herberd foi publicado em 1992, em tradução livre
Adaptação: usos atuais, foi escrito para um livro chamado Keywords in Evolutionary
Biology, um livro que suas editoras são Evelyn Fox Teller e Elisabeth A. Loyd, ele faz
um compilado de texto escrito por vários autores, biólogos, historiadores e filósofos
que contribuíram para ciência da biologia evolutiva e ele busca trazer um significado
para as palavras comumente usadas no cotidiano de maneira equivocada e que
buscam trazer um sentido evolutivo para fenômenos naturais cotidianos, uma obra
voltada para melhorar o vocabulário escolar da biologia evolutiva. A contribuição da
autora West-Heberhard para o livro é esse texto entre as páginas 13 a 18 em que
ela faz uma análise do conceito de Adaptação e a compara com o significado
cotidiano e usado por outras áreas da ciência e se esses se misturam quando se
fala em evolução no dia a dia.
No início do texto ela toma a liberdade de nos explicar o que é adaptação segundo
Mayr e e Curio que trazem o fator de aprimoramento de fitness para um caráter
modificado para uma determinada tarefa leva a adaptação e a Mary traz três
evidências da relação do fitness, seleção natural e do fator ambiental para resultar
em uma adaptação legítima. Após isso ela discorre sobre como identificar uma não
adaptação ou uma co-adaptação e como Curio e Gould, Lewontin, Eibesfeldt
definem o que é adaptação e não adaptação pelo contexto histórico do caráter
modificado, é feito uma definição de adaptação para o contexto ecofenotípico da
plasticidade, e ela lista os critérios para conceituar não adaptação e conclui dizendo
que adaptações não são comuns no desenvolvimento das espécies mas são fator
essencial no produto da seleção natural e traz uma citação de Lewotin de 1978
falando sobre o papel dos evolucionista na busca de adaptações experimentais.
West-Herberhard, Curio e Mayr definiram adaptação como um produto da seleção
natural onde a modificação de um gene e combinação com o ambiente modifica um
caráter que exerce uma função e se pra essa função a modificação desse caráter
levar a um aprimoramento da aptidão ele vai ser selecionado e então ser chamado
de adaptação, às evidências que a autora traz são 3: 1) o caráter advém de uma
convergência entre diferentes espécies adaptadas a um ambiente específico; ou o
caráter varia na mesma espécie devido a diferença do ambiente em que a espécie
vive e se o caráter é usado em outras espécies relacionadas; ou formas variantes do
caráter em diferentes fases da ontogenia ou estágio de vida; ou para caráteres
complexos a relação ponto por ponto do contexto que ele se encontra modificado
para aquela função; 2) Experimentando se eliminar o caráter modificado vai alterar a
eficiência para determinada função na condição ambiental; 3) Comparando variantes
naturais nos indivíduos, fazendo a comparação das diferentes formas para eficiência
e sucesso reprodutivo para a função que foram hipotetizados. A autora traz como
exemplo então para indagar o leitor o caso do besouro verde cavador com chifres, a
modificação desse chifre serve tanto para combate intrasexo quanto para aumentar
a eficiência da escavação, foi testado e comprovado que o chifre é uma adptação
para a função reprodutiva, uma adaptação de comportamento, porém a autora traz a
suposição que se aquele chifre deixar de ter uma função reprodutiva e passar a
exercer apenas a escavação ele seria uma adaptação para escavar ou não, depois
demonstrar para o leitor os conceitos históricos de Curio de que uma modificação
que melhorou a aptidão e possibilitou adaptação primariamente e depois passa a ter
outra função secundária estrita ele é apenas adaptação para a função primária por
historicamente ter esse aspecto em detrimento de apenas proporcionar uma aptidão
maior na função secundária, Gould traz um contraponto chamando de
co-adaptações mas deixa claro que não podemos chamá-las de adaptações para a
função secundária pois ainda temos o fator histórico que orienta o debate e o efeito
de covariância dos caráteres geram evidência desse fato, ela cita Gould também
para desenvolver a discussão a cerca do caráter plastico dos ecofenótipos e como
ele ser plástico é a adptação e não as variantes que surgem com essa plasticidade.
E para determinar se um aspecto é produto de uma seleção e é uma adaptação ela
usa esses critérios: A) Se a frequência de um aspecto secundário do fenótipo for
devido a característica evoluídas por um caráter covariante, não é adaptação. B)
Mais de um aspecto covariante contribuiu para a aptidão simultâneamente em
diferentes contextos funcionais desde a origem e ser desenvolvido simultâneamente
pela seleção, West-Harberhard vai chamar de adaptações positivamente
selecionadas, Curio so considerará adaptação só a que contribuiu mais para a
aptidão. C) Aspectos secundários por propagação ou frequência inicial selecionado
por covariância pode se tornar uma adaptação se ele for modificado para o contexto
que ele expressa, neste caso passa a ser uma adaptação nesse contexto e para
determinar um efeito pleiotrópico uma não adaptação é necessário que ele seja
expresso em conjunto a uma adaptação secundária, seja uma seleção concomitante
positiva e a modificação independente não se aplica. Para concluir a autora traz uma
reflexão de que as adaptações não são tão comuns quanto parecem e que elas
acontecem raramente, porém são essenciais para manutenção da seleção natural e
uma citação de Lewotin que diz que nós biólogos evolucionistas temos a liberdade e
o dever de seguir a fundo a pesquisa da adaptabilidade mas temos que nos apegar
ao teste para determinar as adaptações ou não adaptações que podemos e temos a
criatividade de imaginar para os inúmeros seres vivos do planeta.
O texto me traz um esclarecimento acerca do conceito de evolução e como o
contexto histórico e o movimento dialético dos aspectos fenotípicos funcionam na
natureza, mas também traz uma reflexão de como os professores podem enriquecer
o debate evolucionista nas escolas ao usar os termos de maneira menos equivocada
quanto a natureza do caráter adaptativo da vida e como os mecanismos da seleção
são mais simples do que parecem, os efeitos da seleção natural se tornam mais
visíveis quando se há claro a definição dos conceitos do vocabulário que usamos
para descrever a evolução como aptidão, adaptação e seleção. Trazer a discussão
para um aspecto materialista também é importante pois fica a mercê da suposição
podemos concluir que qualquer coisa é adaptação quando não, há uma definição
concreta do que realmente influencia a luta pela sobrevivência que Darwin
descreveu, e precisamos trazer isso para o debate experimental sempre que
possível.
Mary Jane West-Herberhard é formada pela Universida de Michigan e trabalha com
vespas sociais da família Vespidae, ela estuda a evolução do comportamento social,
seleção social (sexual inclusa), desenvolvimento influenciado pelo meio ambiente e
a teoria genética da evolução incluindo a evolução adaptativa dos fenótipos,
especiação, macroevolução, modularidade e homologias.

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