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“Não seja um idiota, Cross.

Ele suspirou. “Sim, eu sabia. Quer dizer, todo mundo sabe


para onde ir quando quer certo tipo de coisa. A Academy está
cheia de garotos ricos com muito tempo e dinheiro em suas
mãos, e pais que estão ocupados demais para prestar atenção.
Não é uma grande surpresa.”

“Aquelas crianças usam drogas? Que meu irmão estava


fornecendo? Pelo menos um pouco.”

“Como eu disse, para você, talvez.”

Embora Cross estivesse meio chocado por Catherine não


saber que Michel Marcello fornecia drogas para os adolescentes
da Academy, seja qual fosse, por quase tantos anos quanto ele
frequentou o lugar. Antes dele, tinha sido seu primo John, pelo
que Cross sabia. Já que Michel ainda estava por perto, e ainda
tinha tempo para traficar, os garotos da Academy ainda o
chamavam quando queriam algo para se divertir.

Cross não tinha certeza de quem iriam chamar depois de


Michel se formar.

Ele também não se importava.

“Não é surpreendente para você, porque você sabe no que


minha família está envolvida?” Catherine perguntou em voz
baixa.

Cross fez questão de manter uma expressão neutra,


quando ele respondeu: “Quer dizer, isso depende.”

“De quê?”

“Da forma como você quer que eu diga o que eu sei — sei
por que todo mundo sabe que o sobrenome Marcello está ligado
ao crime, ou porque o meu também está?”
Ele não perdeu a forma como Catherine acenou com a
cabeça para si mesma e se acomodou no banco do passageiro
como se tivesse tido sua resposta sem perguntar.

“Mas sim,” ele disse, “é por isso que eu não estou surpreso
com o Michel traficando.”

“Oh.”

Cross deu de ombros conforme ele virou para entrar em


uma fileira de edifícios abandonados que continuava por um
bloco ou dois. Seu destino estava chegando. “Alguém tem que
suprir a demanda, Catherine, e Michel passou a ser o único com
as conexões certas, e as pessoas sabiam aonde e para quem ir.
Só porque Michel é brilhante do jeito convencional, ou isso é o
que as pessoas dizem sobre ele, não significa que ele é idiota de
outras maneiras. Ele sabe o que está fazendo, e provavelmente
tem suas próprias razões para fazê-lo. Quem sabe? Pergunte a
ele.”

“Eu perguntei. Ele disse que gosta de dinheiro.”

“Merda, essa é uma boa razão, então.”

Catherine olhou para ele. “Você gosta?”

"Hmm?"

“De dinheiro, quero dizer.”

Cross sorriu. “Eu gosto o suficiente.”

“Bem, o suficiente para vender drogas?”

“Para onde essa conversa vai?” Cross perguntou.

Catherine deu de ombros. “Estou curiosa — viemos do


mesmo mundo, não é? Eu sei o que isso significa para mim. Eu
sou privilegiada. Eu sempre fui. Minha família é respeitada, mas
não pelas razões que as pessoas falam, e eles são temidos, por
essas mesmas razões. Isso significa que, por vezes, o rosto do
meu pai está no noticiário, ou nos jornais, e eu tenho que fingir
que não está. Eu me pergunto o que isso significa para você.”

“Isso não é exatamente a mesma pergunta, Catherine. É,


de certa forma, mas não é, ao mesmo tempo. Você entende o que
eu quero dizer?”

“Não.”

“Por que não?” Perguntou.

“Porque eu sou uma menina, e você não é. Acho que você


tem uma perspectiva totalmente diferente em tudo, só por causa
disso, Cross.”

“Então sim,” ele disse em um murmúrio, “você sabe


exatamente o que quero dizer. Você quer que eu preencha os
detalhes, essa é a diferença.”

“Você sabia quem eu era e quem era minha família antes?”

“Sim.”

“E você nunca quis falar ou perguntar sobre isso, afinal?”

Cross acenou com a mão, e disse: “Temos regras, ok. Nós


não falamos.”

“Sobre a família ou de negócios, eu sei.”

“Então não pergunte.”

“Eu perguntei sobre você, então.”

Claramente, ela não ia cair na conversa.

“Para mim, isso significa que as minhas prioridades,


algumas vezes, são diferentes,” Cross diz calmamente, “e não
inteiramente as mesmas que as suas ou alguém de fora pode ter.
Eu tenho objetivos, mas eles não irão corresponder aos seus. Eu
tenho interesses, mas eles não são necessariamente aceitáveis ou
apropriados. Isso significa que a minha moral é distorcida, às
vezes, e eu estico os limites muito mais do que eu deveria,
geralmente até que se encaixem no que eu quero. Você está certa,
é diferente porque eu sou um cara, mas não é menos sufocante,
Catherine. Confie nisso.”

“Eu nunca disse que era sufocante.”

“Mas pode ser.”

“Sim, pode ser,” ela concordou.

“Você realmente se importa?”

Catherine olhou para ele. “Sobre o quê?”

“Meu último nome. Se eu sou como você. Será que isso faz
diferença?”

“Não.”

Cross sorriu. “Oh?”

“Mas isso pode torná-lo melhor, então sim, talvez faça


diferença.”

Ele não perguntou por quê. Realmente não precisava. Isso


faria as coisas melhores, porque era bom ter alguém que
entendesse sem a necessidade de ter tudo explicado.

“Que lugar é esse?” Catherine perguntou quando ele


finalmente parou o Rover.

Trilhos de trem velhos e enferrujados começavam apenas


seis metros à frente do Rover. O lugar inteiro estava basicamente
abandonado, com a vegetação em crescimento se acumulando e
edifícios começando a cair.

“Não sei bem o que é,” disse Cross. “Mas eu aprendi a


dirigir aqui há alguns meses. Zeke se embebedou aqui uma noite;
eu não tive escolha, além de aprender a dirigir um carro manual
muito rapidamente. Às vezes há festas aqui, mas não como as
dos garotos da Academy. Só vim a algumas delas com o Zeke.
Eles fazem corridas por aqui também. Realmente só depende.”

“Ninguém está aqui esta noite.”

“Não. Isso é muito ruim, no entanto; estas festas são muito


melhores do que qualquer uma da Academy que eu já estive.”

Catherine riu. “Você está mentindo; você é o rei da escola,


Cross. Você tem mais amigos do que —”

“Eu não gosto tanto assim de pessoas,” Cross interveio,


“mas eles gostam de mim. Eu não posso evitar.”

“Você gostava de mim,” disse ela.

Cross inclinou a cabeça para o lado, pegando Catherine em


sua linha de visão. “Gosto, Catherine. E você não é como eles.”

Catherine olhou para fora do para-brisa. “Você trouxe


outras pessoas aqui?”

“Você quer dizer pessoas como—”

“Namoradas.”

Cross soltou uma gargalhada. “Eu não tenho namoradas.


Pare de me fazer te dizer isso. E não, eu não trouxe.”

“Você me traria aqui de novo? Quero dizer, quando houver


pessoas e tudo?”
“Sim,” disse Cross, sem sequer pensar nisso. Ele tinha a
nítida sensação que Catherine iria apreciá-lo, por um monte de
razões. “Você só tem que pedir, sabe.”

“Eu vou.”

“Bom.”

Catherine suspirou. “Eu tenho que voltar em breve.”

“Não se preocupe com isso. E ei, fique longe de idiotas


como Derik.”

“Perdão?”

Cross deu de ombros. “Ele não vai olhar para você de


qualquer maneira que não o beneficia. Ele só quer o que ele
possa conseguir de você, porque isso é o que ele vê como sendo o
seu valor, não o que você está disposta a dar. Há uma diferença,
Catherine. Basta ficar longe de caras como ele.”

“E é diferente de estar com caras como você?”

“Eu não disse isso, também,” Cross murmurou.

A boca de Catherine curvou-se num sorriso. “Sim, mas


você não precisa. Além disso, eu meio que já percebi isso. Sobre
ele, quero dizer.”

“É mais do que apenas ele.”

“Eu sei,” ela disse simplesmente.

Cross sentou-se ereto no assento, observando o tempo


todo. Sem uma palavra, ele colocou o Rover na primeira marcha e
fez o retorno na estrada velha.

“Você poderia me ensinar?” Catherine perguntou.

“O quê?”
“A dirigir.”

Cross pisou no pedal do freio apenas o suficiente para


desacelerar o veículo. “Você já dirigiu alguma coisa?”

“Um quadriciclo. É diferente?”

“Um pouco.”

Muito.

“Vai demorar mais do que cinco minutos para aprender,”


Cross acrescentou, “mas posso ajudar, e você pode se acostumar
com isso, se quiser.”

“Acostumar-me com o quê?”

Inclinando-se sobre o assento ele soltou o cinto. Sem se


preocupar em explicar seus motivos, ele a agarrou pela cintura e
a puxou para seu assento, e para o seu colo.

“O acelerador, o freio,” disse Cross, cutucando seu pé nos


pedais em questão. “Esta é a embreagem, e eu vou lidar com ela
esta noite.” Ele colocou a mão de Catherine no câmbio, e a sua
cobriu a dela. “Este é o lugar onde passamos de uma marcha
para a outra, para cima ou para baixo, dependendo da velocidade
que você quer; você não vai pôr mais do que segunda, então
mantenha o pé leve.”

“Espere, eu preciso trocar de marcha, guiar, prestar


atenção à estrada, e —”

“Não bater,” disse ele, rindo, “e sim, tudo ao mesmo tempo.


Isso não é mesmo tudo, é apenas o que você vai fazer hoje à
noite, comigo ajudando. Além disso, você realmente precisa ter
pelo menos uma mão no volante para manter o carro na estrada,
então talvez devesse fazer isso, querida.”
O termo afetuoso saiu da boca de Cross antes mesmo que
ele percebesse que o tinha usado. Catherine não pareceu se
importar, no entanto.

“Não deveria ser duas mãos no volante?” Ela perguntou.

Cross pôs a mão livre na sua coxa e apertou. “Mão extra


aqui, se você precisar dela.”

“Sim, mas a minha outra mão está sobre o câmbio.”

“Não é sempre,” ele explicou, “apenas agora. Frear,


acelerar, vamos embora.”

Catherine pressionou forte o acelerador, e o motor do Rover


roncou alto, conforme o veículo deu uma guinada com força para
frente. Ela soltou um grito, e tentou subir do colo de Cross antes
da maldita coisa ter parado novamente. Ele apertou o freio, a
manteve firmemente em seu colo, segurando em torno de sua
cintura, e se esforçou para não rir.

“Eu não gosto,” disse Catherine, “Eu não quero tentar


novamente.”

“Que pena. Não pressione muito os pés, lembre-se. Mais


uma vez.”

“Mas—"

“Mais uma vez, baby, vamos lá. Empurre devagar, apenas


não pressione muito sobre o pedal do acelerador.”

Ela ouviu pela segunda vez, pressionando menos o


acelerador, e deixando o Rover realmente rastejar para frente,
lentamente.

“Um pouco mais de aceleração,” Cross ordenou.

“Mas então ele vai andar mais rápido.”


“Essa é a questão. Você queria tentar, Catherine.”

Seu cotovelo bateu com força na costela dele.

Cross puxou o cabelo dela em resposta.

“Ouviu esse rosnado mais alto?” Ele perguntou quando o


Rover tinha finalmente uma velocidade decente.

“O motor, você quer dizer?”

“Sim, quando ele soa assim, você precisa de uma


velocidade maior. Aperte a embreagem, passe para a marcha
acima, é isso.” Ele fez exatamente isso, e manteve a mão sobre a
dela na alavanca de câmbio quando ele trocou de marcha e disse:
“Segunda marcha, assim.”

“Sim, mas eu não realmente não fiz isso.”

“Você vai, da próxima vez. Eu vou te trazer aqui


novamente.”

E ele faria isso, desde que ela pedisse.

Na maior parte do tempo, Catherine não se importava de


dirigir, pelo menos parecia. Ela conduzia muito bem. Só
precisava ficar confortável com todo o resto, Cross pensou.

“Diminua um pouco,” disse Cross, “e nós vamos colocá-lo


de volta na primeira. É basicamente a mesma coisa.”

Eles repetiram o processo mais duas vezes, deslocando-se


a uma velocidade superior, e em seguida, diminuindo. Cross
retirou a mão de Catherine da alavanca do câmbio para deixá-la
trocar a marcha, quando ouviu a mudança de som do motor, e
sem sua orientação.

Foi só quando ele os tinha parado com segurança, que


Catherine finalmente soltou o volante e o câmbio.
“Eu consegui.”

“Mais ou menos,” Cross concordou.

Seu cotovelo voltou para acertá-lo, mas ele o pegou,


colocou em seu lado, e lhe deu um beijo rápido na bochecha
antes que ele pudesse pensar melhor.

Catherine parou em seu colo. “Esse foram os meus


parabéns ou algo assim?”

Cross riu e beijou a bochecha dela novamente. “Ou algo


assim.”

Sua cabeça virou-se apenas o suficiente para pegar o seu


olhar sob a luz interior do Rover. “Cross?”

“O quê?”

“Será que eu realmente quebrei seu coração?”

“Completamente.” Admitiu.

“Eu não queria.”

“Sim, eu não queria te deixar, tampouco. Não é


inteiramente sua culpa, eu acho.”

“Sinto muito,” disse ela.

Ele deu de ombros. “Não importa.”

Como uma gatinha rápida, Catherine virou-se em seu colo


para encará-lo.

“Eu gostaria de te beijar,” Catherine disse de repente.

“Então você definitivamente deve fazer isso.”


Ela encontrou seu olhar, segurou o tempo suficiente para
acalmá-lo, e, em seguida, o beijou sem dizer nada. Não era como
os beijos que ele se lembrava, ela não estava tímida ou hesitante,
mas em vez disso, era consciente e confiante. Seus dedos
agarraram sua jaqueta, enquanto sua língua escorregou em uma
guerra com a sua. No entanto, ela ainda tinha gosto de doçura,
cerejas, e calor.

Não inteiramente o mesmo.

Mas ainda assim, malditamente familiar.

Cross sorriu contra os lábios sorridentes de Catherine


quando ela pressionou outro beijo suave na sua boca.

“Eu sinto muito,” ela sussurrou. “Isto é importante.”

“Não importa, desde que você não o faça uma segunda vez,
querida.”

“O que isso significa?”

Cross a beijou novamente, e ela não se afastou. Ela


suspirou docemente quando seus dedos se enredaram em seu
cabelo sedoso e macio.

Ele não sabia inteiramente o que queria dizer.

Não para eles, ou para ela, ou porque ele achou tudo isso
tão fácil quando tudo o mais com alguém era tão difícil.

“Cross?” Catherine perguntou; seus lábios acariciando os


dele com suas palavras.

A pergunta dela ainda estava tocando no fundo de sua


mente.

O que isso significa?


“Eu acho que nós vamos descobrir.”

Cross odiava acordar ao som de homens gritando uns com


os outros logo cedo. Ele tinha uma arma escondida entre o
estrado e o colchão, e tinha seriamente considerado puxá-la,
apenas para disparar uma rodada para o teto. Ele abriu os olhos,
e olhou para a porta aberta.

Por que diabos ela estava aberta? Ele a tinha fechado na


noite anterior. Sua meta, antes que o dia terminasse, seria a de
conseguir uma fechadura para sua porta.

Rolando na cama, Cross pegou seu carregador de telefone


na bancada. Ele disparou uma única mensagem de texto para
Catherine.

Qualquer problema na noite passada?

Não, foi a resposta. Michel não disse nada.

Cross sorriu. Onde você está?

Na igreja, foi a resposta dela.

Cross amaldiçoou em voz baixa, sabendo uma das razões


pelo qual seu pai provavelmente estava chateado. Ele tinha
dormido, e não se levantou quando ele provavelmente deveria ir
para missa dominical. Diabos, ele nem se lembrava de ser
acordado, mas, sem dúvida, ele tinha sido.
Você estará de volta à escola amanhã, certo?

Cross olhou o texto de Catherine. Sim.

Ok.

Ele sabia sobre o que ela estava preocupada sem sequer


perguntar. Pare de se preocupar com o que os outros pensam. Eles
não importam.

O que nós somos? Foi sua próxima pergunta, ou o que


estamos fazendo mesmo?

Nós, ele digitou de volta.

Catherine não respondeu imediatamente, e os gritos fora


da porta do quarto ficaram mais altos.

“Você deveria manter um olho sobre ele, porra.”

“E eu estou, Cal, quando posso. Neste momento, ele tem


dezessete malditos anos. Ele já tinha na cabeça que ele ia fazer o
que diabos quisesse desde o momento que ele tinha doze anos!
Dê-lhe espaço para se movimentar, você disse. Deixe-o aprender
por conta própria, você exigiu. Parabéns, porque isso é o que você
tem; uma criança que não ouve, não segue as regras, e não pode
ser controlada. Não é minha culpa."

“Sim, bem —”

Cross saiu da cama, caminhou pelo chão com os pés


descalços usando boxers, e bateu a porta do quarto antes que
pudesse ouvir o fim de qualquer coisa que Calisto estivesse
dizendo para Wolf. Ele não tinha tempo para esse absurdo logo
de manhã.

“Cross, saia daí!” Seu padrasto gritou.

“Não, eu estou bem.”


“Cross Nazio —”

“Você vai acordar toda a maldita casa, Cal,” Cross disse de


volta quando agarrou suas roupas.

“É quase meio dia! Venha aqui, filho.”

“Nah, eu ainda estou bem.”

Cross jurou que ouviu algo bater no corredor fora da porta


do quarto, mas deixou pra lá. Não era ele quebrando, o que
significava que sua mãe não teria um ataque com ele sobre isso.
Cross ganhou. Além disso, a porta não tinha sequer uma
fechadura, e Calisto poderia simplesmente entrar direto se
quisesse.

Não era como se Cross tivesse dificultado.

“Você sabe o quê, não. Ele não vai ter sua bunda chutada
por outra pessoa. Eu vou ser o único a fazê-lo.” Disse Calisto.

“Você diz isso, mas —”

“Cale a boca, Wolf!”

Ótimo.

Agora eles estavam novamente gritando um com o outro.


Cross ficou no meio de seu quarto, os braços cheios de roupas
limpas e uma toalha, e olhou para a porta do quarto. Ele ouviu
seu padrasto e seu mentor gritando um com o outro por um bom
minuto antes de decidir que já era o suficiente.

Pelo menos para ele.

“Foda-se essa merda,” Cross murmurou para si mesmo,


indo para seu banheiro anexo. Era muito cedo, mesmo que fosse
quase meio-dia, para este absurdo. “Foda-se toda essa merda
estúpida.”
Cross tomou banho rapidamente e se vestiu. Não se
surpreendeu por encontrar seu padrasto e Wolf ainda latindo um
para o outro quando saiu de seu quarto. Eles haviam mudado
sua briga para o andar de baixo.

Sua mãe deu-lhe um olhar de lado quando passou pela


cozinha. Emma estendeu um prato de panquecas para ele,
conforme seguiu as vozes gritando, mas ela não disse nada para
ele. Sua expressão era mais do que suficiente para dizer que ele
nem deveria tentar falar com ela, também.

Cross encontrou os homens no escritório de seu pai.

Parou na porta, enquanto eles gritavam um com o outro, e


colocava panquecas em sua boca o tempo todo. Depois de um
banho, e um pouco de comida, ele estava finalmente acordado.

A gritaria era tolerável naquele momento.

Um pouco.

“Estou muito ocupado,” Calisto latiu para Wolf, “e é por


isso que dependo de você para me ajudar a vigiá-lo.”

“Mais uma vez, eu faço isso, mas não vinte e quatro horas
por dia, sete dias por semana. Isso é impossível. Amanhã é
segunda-feira, a sua suspensão acaba. Ele estará de volta à
escola, Cal, por isso vamos descobrir alguma coisa de agora até
lá. Simples.”

Espere, o quê?

“Quem está fazendo o quê comigo agora?” Cross perguntou


da porta.

Calisto virou os olhos irritados para Cross em um instante.


“Quando eu lhe disser para fazer algo, faça.”
Cross deu outra mordida nas panquecas. Sua mãe sabia
cozinhar como ninguém, o que significava que quando ele estava
comendo sua comida, nada era mais importante naquele
momento.

“O que eu não fiz?” Perguntou.

“Mais cedo, quando eu disse a você —”

“Você não pode simplesmente me acordar com todo esse


absurdo e achar que vou ser agradável, papai.”

Os molares de Calisto estalaram; ele os estava moendo com


tanta força. “Você é uma verdadeira figura, Cross.”

Ele encolheu os ombros.

Porque, sim.

Isso não era novidade.

“Qual é a porra do problema?” Cross perguntou.

Calisto passou a mão sobre o rosto, e acenou com a outra


em Wolf. “Você... você diz alguma coisa, porque eu estou nesse
assunto o dia todo.”

Era só um pouco depois do meio-dia.

“Um pouco cedo para chamá-lo de um dia,” Cross


observou.

“Menos, espertinho,” Wolf disse com um suspiro pesado “e


seja rápido, Cross.”

“Tanto faz.” Cross colocou o prato vazio sobre a mesa


lateral, e caiu sobre o sofá de couro. Ambos os homens olharam
para ele como se lhe tivesse crescido uma segunda cabeça. “O
quê?”
“Onde você estava na noite passada?” Wolf perguntou.

“Em uma festa.”

“Onde?”

“Na cidade.”

“Como você chegou lá, Cross?”

Ah.

Bem, merda.

“Peguei o Rover,” Cross admitiu.

“Você não tem carteira de motorista!” Calisto rosnou.

Cross levantou um único ombro. “Ele estava lá, eu sei


dirigir, e eu queria fazer algo. Estive nessa maldita casa durante
toda a semana.”

“Isso não é uma justificativa para você roubar —”

“Não é possível roubar algo que já é meu,” Cross


interrompeu.

Calisto soltou uma respiração dura, e olhou para a parede


oposta. “Você poderia ter chamado qualquer funcionário da
família Donati, e teria sido levado a qualquer lugar. Em vez disso,
só porque eu e sua mãe estávamos fora ontem à noite, e você
pode, você pegou o Rover. Diga-me quão certo eu estou, Cross, eu
te desafio.”

“Bem, você quer que eu diga ou não?”

Porque isso soou como se ele não devesse.


“Foi uma pergunta sincera,” Calisto murmurou contra a
palma da sua mão. “Você sequer ouve o quão rude você é quando
fala?”

“Às vezes,” disse Cross. “Principalmente, estou apenas


sendo honesto, e eu não posso mudar como isso soa.”

Calisto assentiu. “Tudo bem, Cross, o Rover está


guardado.”

“Guardado como?”

“Trancado no depósito.” Então, Calisto soltou uma


gargalhada. “E, não, não na maldita garagem. Portanto, não vá lá
invadir ou causar algum tipo de destruição para tirá-lo. É do
outro lado da cidade em algum lugar que você não precisa estar.
E você não vai encontrar uma única pessoa na família que lhe
dirá onde está. Portanto, mantenha suas chaves, porque você só
o terá de volta quando terminar suas malditas horas de
treinamento de condução com seu instrutor, e nem um dia antes.
Entendido?”

Aparentemente, ele ia ter que fazer as horas estúpidas se


quisesse ou não.

“Por que você faria isso, Cross?” Calisto perguntou.

“Eu disse-lhe o porquê.”

“Só porque você queria algo para fazer.”

“Bem, sim.”

Seu padrasto revirou os olhos para o céu. “Você está me


matando, Cross. Você vai literalmente me matar um dia. Você vai
me dar um derrame ou algo assim, eu sei disso.”

“Isso parece um pouco dramático.”


“Não, não, é verdade.” Calisto esfregou a mão sobre a barba
de três dias. “Você só foi para a festa e voltou?”

“Eh, tipo isso” Cross proferiu em voz baixa.

“O que foi isso?”

Aqui vêm mais gritos...

Ele poderia ter mentido, mas de alguma forma, sempre que


ele mentia Calisto descobria. Cross não tinha certeza de como
seu padrasto fazia essa merda, mas nunca falhou. Era apenas
melhor para Cross dizer a verdade e ter a gritaria logo.

“Eu dirigi um pouco para a linha abandonada no


Brooklyn,” disse Cross.

“O quê?"

“A festa ficou chata.”

“Cross –“

“Foi melhor do que se nós dirigíssemos ao redor da cidade,


não é?” Perguntou.

Calisto acalmou.

Cross percebeu seu erro imediatamente.

“Nós. Quem é esse nós?”

“Catherine.”

Os olhos de Calisto estreitaram. “Catherine quem? Eu juro


por Jesus, se você disser o que eu acho que você vai dizer Cross,
eu juro...”

“Eu poderia não dizê-lo, e nós poderíamos fingir que eu


disse.”
“É a menina Marcello porque é claro que seria, Cross. Você
tem um desejo de morte. É isso que é. Você não se dá conta. Você
está me matando aqui.”

“Ok,” disse Wolf, pisando entre Calisto e Cross “Cal, saia


com a sua esposa e relaxe. Vou cuidar de Cam e desse merdinha
hoje.”

“Eu meio que tenho planos,” disse Cross.

Ou, ele faria algum.

Wolf riu sombriamente, apontando o dedo para Cross com


um sorriso frio. “Não, você não tem. Seu pai deixou este absurdo
continuar por muito tempo. De hoje em diante, Cross, você não
ficará fora da minha maldita vista. E quando você estiver fora da
minha vista, será porque você está na escola, ou com alguém que
escolhemos para você estar. Nada mais nada menos.”

“Mas –“

“Mas nada,” Wolf interrompeu firmemente. “Aqui está a


coisa, Cross, você quer ser um homem adulto, mas há um
inferno de muito mais do que eu te seguindo por aí e seu
sobrenome. Está na maldita hora de você aprender a respeitar, e
ver o quanto isso vale nesta vida. Pegue suas coisas, e seja
rápido. Nós temos coisas para fazer hoje.”

Cross sabia quando escolher suas batalhas.

Esta não era uma delas.


“Estou saindo,” Catherine disse por cima do ombro.

No mesmo instante, a cabeça de seu pai espiou para fora


da sala de estar. “Para onde?”

“Bem, com Liliana.”

Sua prima tinha carteira de motorista agora.

Catherine estava tirando proveito disso.

“Sim, mas para onde, Catherine.”

Seu primeiro instinto foi o de mentir, só porque ela não


queria responder às perguntas que provavelmente seriam feitas
se contasse a verdade. Mas acabou optando pela verdade.

“Nós vamos parar na casa de vovó e do vovô para visitar,


em seguida, ela vai me deixar em um amigo enquanto pega a
Cella na casa de seu amigo.”

Pelo menos, é o que Liliana disse que ia fazer.

“O amigo que você está visitando,” perguntou Dante. “Ele


vai te trazer de volta, ou preciso enviar um carro?”

“Ela me trará de volta.”


Seu pai levantou uma sobrancelha. “Você esqueceu algo.”

Sim, merda.

Ela deveria ter pensado melhor antes de tentar escapar de


Dante Marcello.

“Que amigo, Catherine?”

“Cross Donati.” Disse ela.

Instantaneamente, seu pai saiu da porta de entrada para


ficar em sua altura máxima no corredor. “Como, o mesmo Cross
que você estava vendo há um tempo atrás?”

“Isso foi um bom tempo atrás, mas sim, é o mesmo cara.”

“Há quanto tempo você está vendo-o novamente?”


Perguntou.

Catherine revirou os olhos. “Nós não estamos realmente


vendo um ao outro ou o que você quiser chamá-lo. Estamos
apenas... saindo às vezes. Como os amigos fazem.”

Isso era verdade, tudo isso. Catherine realmente não sabia


o que ela e Cross eram, mas no momento, não importava.

“Quanto tempo?”

“Algo como uma semana?”

“Não tenho certeza –“

“Dante!”

Seu pai olhou para o lado, seu olhar se estreitando. “O quê,


Catrina?”

“Pare com isso, bello.”


“Eu nem mesmo estou —”

“Se fosse Michel aí, Dante, você não teria dito nada. Pare
com isso, agora.” Catrina estalou de dentro do quarto. “Se você
negar o que eu disse, você não gostará do que eu farei.”

Os olhos de Catherine se arregalaram, e ela não olhou para


seu pai por medo de sorrir.

“Cat, não é a mesma coisa,” disse Dante, entrando na sala


fora da vista de Catherine. “Ela tem apenas quinze anos, e eu não
estou pedindo algo irracional aqui.”

“Michel está na biblioteca, Dante. Vou pegar esse menino,


e vamos perguntar-lhe o que você fez na mesma época em que ele
tinha namorada ou... Deus, ele nem sequer namorava. Ele
apenas se meteu em confusão, e você mal disse uma palavra.”

“Mas –“

“Nem uma palavra, Dante!”

“Catrina.” Seu pai rosnou.

Um carro buzinou lá fora.

A impaciência de Catherine acabou então ela desceu para


deixar seu pai saber que ela estava saindo. Ela encontrou sua
mãe e pai em um olhar fixo. Dante parecia apto a matar, e
Catrina parecia calma e fresca com suas unhas incrustadas com
diamante descansando em seu quadril. Assim foi quase como
cada uma das discussões de seus pais terminava ao longo dos
anos.

Catrina quase sempre ganhava, também.

Quase sempre.

“Tente-me,” Catrina murmurou.


“Não é o mesmo, Cat. Jesus."

“É absolutamente o mesmo, bello. Você não vai exigir um


comportamento diferente dela simplesmente porque ela é uma
menina. Ela não está fazendo nada de errado, não por querer ver
alguém, não agora. Deixe-a fazer o que ela quer como você fez
para Michel.”

“Posso fazer perguntas, não posso?”

“Não se você estiver indo colocá-las de tal maneira que


sugira que ela tem que se comportar como você, ou como o resto
da população masculina considera aceitáveis para seu sexo”
Catrina respondeu com um sorriso doce.

Ah não.

Catherine sabia que quando o sorriso doce de sua mãe


saia, coisas ruins eram certas a seguir. Catrina só sorria assim
quando ela estava pronta para cortar a garganta de alguém.

“No dia que você estiver disposto a dizer a Michel tudo o


que você está pensando em dizer a Catherine sobre namoro, sexo
ou conduta pública e privada, será o dia que vou permitir a você
isto,” sua mãe acrescentou, “e nem um segundo antes, Dante.
Marque minhas malditas palavras, nem um segundo antes.”

“Liliana está esperando, papai” Catherine disse


calmamente.

Dante não se virou quando respondeu: “Vá, Catherine.


Mas—"

“Dante”.

“Você pode nos ligar a qualquer hora,” Dante disse, ainda


olhando para sua mãe, “para qualquer coisa, Catherine.”
“Tudo bem, papai.”

O olhar de Catrina disparou sobre o ombro de seu marido


para Catherine. “Divirta-se, Reginella.”

“Diga a Cross que dissemos olá” acrescentou Dante.

Provavelmente não.

“É Catherine, certo?”

Catherine assentiu. Ela nunca tinha tido uma conversa


com a mãe de Cross antes, e a mulher parecia tranquila. Ao
contrário da sua própria mãe.

“O seu pai mandou alguém com você?” Emma perguntou.

“Ele não disse, mas alguém provavelmente seguiu minha


prima.” Catherine admitiu.

“Ah, entendo.” Emma sorriu largamente. “Bem, eu sairei


com Camilla, mas se você precisar de alguma coisa, tenho certeza
que Cross pode encontrar para você.”

“Espere; você não vai ficar?”

A testa de Emma levantou. “Eu preciso?”

“Com certeza meu pai não me deixaria em casa com um


menino.”
“Talvez não,” disse Emma. “Mas meu filho não é dele, e
Cross sabe como se comportar adequadamente com as meninas.
Eu confio nele para agir de forma adequada, não importa o que
ele escolher fazer, especialmente no que se refere às meninas.
Então, sim, eu não me importo em deixá-lo sozinho, ou você com
ele.”

“Oh.”

“Ele está lá em cima, a propósito.”

Com isso, Catherine foi dispensada. Ela rapidamente


caminhou para o andar de cima, e encontrou o quarto de Cross
com bastante facilidade.

“Acabei de conhecer sua mãe lá embaixo.” Disse Catherine,


tirando o casaco e sentando na beira da cama de Cross. “Ela é
muito legal.”

“Mamãe é um anjo,” Cross respondeu com a voz um pouco


abafada atrás da porta do banheiro.

Ela sorriu.

“Cal pode ser um idiota, porém.” Acrescentou.

“Por quê?”

“Ele nunca larga do meu pé, recentemente.”

“Esse é o seu trabalho, não é? E sua mãe saiu, também.”

“Ela tem uma coisa de arte com a minha irmã.”

A porta do banheiro abriu. Cross caminhou para fora com


o cabelo úmido, e apenas uma toalha pendurada em torno de
seus quadris. Catherine não esperava isso, não importa o quão
incrivelmente difícil era não olhar para ele enquanto atravessava
o quarto.
Ela falhou na parte de não olhar.

Olhou-o fixamente.

Catherine era muito consciente de que Cross estava em


forma, e muito bem definido. Pois sabia que ele corria; o que
provavelmente ajudou com sua magreza e bronzeado. Ele jogava
futebol americano, e treinava vários dias por semana. Ele
também jogava rugby, quando era temporada.

Catherine nunca tinha visto Cross com pouca roupa.

Que visão.

Pelo menos um metro e oitenta de altura, em forma como


um boxeador e tonificado como um corredor, com um pacote de
seis e um V em perfeita forma que levava até sua virilha. Ele era
lindo.

Catherine sentiu a garganta apertar, para não mencionar o


calor se espalhando através de seu sangue. Cross não parecia ter
qualquer ideia sobre sua distração ao olhar para ele. Isso, ou ele
não se importava.

“Você não... leva roupas com você ou algo assim quando


toma banho?” Ela perguntou.

Cross olhou por cima do ombro, franzindo a testa. “Por


quê? É o meu quarto.”

“Sim, mas eu estava chegando.”

“E agora você está aqui. Calma, vou me vestir.”

Não rápido o suficiente para eu recuperar o fôlego.

Cross desapareceu de volta para o banheiro com as roupas


na mão. Ele apareceu alguns minutos depois vestido com um
jeans, uma camiseta de banda desbotada, e com um sorriso
maroto. “Veja, todo vestido.”

Catherine franziu o cenho. “Hmm.”

“O quê?”

Sua confusão genuína era quase bonita.

“Você parecia melhor sem as roupas.” Ela admitiu.

Catherine não tinha ideia de onde sua súbita coragem veio,


mas lá estava ela. De alguma forma, conseguiu não virar para
três diferentes tons de vermelho depois que ela disse isso,
também. Mas não tinha a menor ideia de como, apesar de tudo.

A confusão de Cross derreteu-se em um sorriso.

Um sorriso muito sexy.

Isso só fez Catherine se contorcer, seu interior se revirando


ainda mais.

Mas droga, ainda era muito bom.

Cross puxou uma mecha do cabelo de Catherine quando


ele passou por ela. “Eu diria o mesmo de você, mas não posso; eu
não sei.”

Catherine endureceu.

Ele não perdeu isso.

“O quê?” Cross perguntou em voz baixa, voltando a ficar na


frente dela.

Catherine deu de ombros, tentando ser indiferente. “Nada.”

“Você sabe que não aceito nada, certo? Não de você, se não
quiser. Eu não te mandei mensagem para vir hoje para foder ou
para brincar. Eu queria que você viesse porque eu realmente
tenho um dia para sair, ao invés de ficar em casa.”

“Mas...”

Cross se agachou. Suas mãos encontraram as coxas de


Catherine sobre seus jeans. “Mas o quê?”

“Mas você não quer?”

“Claro,” ele disse como se fosse nada, “mas só quando você


quiser. Somente quando você pedir.”

“Engraçado, qualquer outro cara parece pensar que pode


simplesmente dizer o que quer, e pegar isso.”

“Os caras são idiotas.”

“Você é um cara,” disse ela.

“Sim, mas não sou um animal.”

“Eu não entendo.”

Cross se levantou um pouco, suas mãos subindo nos lados


de Catherine conforme se inclinou até que ela estava deitada de
costas na cama. Ela prendeu a sua respiração forte no peito,
enquanto as pontas dos dedos dele roçaram a pouca pele exposta
em sua cintura, onde sua camisa tinha subido.

“Quer dizer, eu não sou um cachorro ou algo assim,” disse


Cross, ainda deixando seus dedos explorarem a extensão de seu
estômago e os lados. Seu joelho pressionado entre as coxas dela,
e seu rosto chegou perto o suficiente para Catherine ver o pouco
de barba formando-se em sua mandíbula. “Isso significa que,
quando um cara faz algo inaceitável, é quase sempre dispensado.
É como se ele não pudesse controlar a si mesmo ou qualquer
outra coisa, como algo que ela fez o fizesse incontrolável. Isso é
besteira. As meninas não fazem os caras se transformarem em
animais, nós não ficamos raivosos de repente porque tivemos um
gosto de buceta, nosso pau ficou duro, e então ela decide desistir.
Qualquer um que diz de forma diferente é um mentiroso.”

Com isso, Cross empurrou para trás, para fora da cama,


longe de Catherine, e piscou.

“Volte aqui.” Catherine pediu.

Cross riu. “Eu não –“

“Eu gostei de você em cima; volte aqui.”

Cross não precisou que fosse dito pela terceira vez. Só que
desta vez, Catherine soube que gostava de seu peso sobre ela, e a
maneira como suas mãos agarraram sua cintura nua com força.
Ela descobriu que gostava de como seus músculos se apertaram
e o calor em seu sangue se tornou maior na pele da virilha em
seu centro. Como se sentiu ainda melhor quando as suas pernas
travaram em torno de sua cintura para mantê-lo mais perto. Não
houve distância entre eles. Ela fez questão de fechá-la, e de beijá-
lo até que seus lábios estivessem dormentes, e ela provou dele.

Os dentes de Cross morderam o seu lábio inferior antes


que pressionassem repetidamente a sua mandíbula, garganta, e
através de sua clavícula. Catherine não gostava de ser
imobilizada porque isso era o que todos os caras pareciam querer
fazer. Colocar suas mãos dentro de suas roupas, para pressionar
e empurrar sem qualquer conhecimento real sobre o que eles
estavam fazendo ou qualquer intenção de fazê-la se sentir bem.

Isso nunca tinha sido sobre ela.

Até agora.
As mãos de Cross empurraram sua camisa mais para
cima, até que ela descansou sob os seus seios. Seus polegares
varreram sob o mesmo local, mais e mais, até que ela estava se
contorcendo e engolindo a espessura crescente em sua garganta.
Sua boca se moveu de sua garganta para o estômago. Sua língua
golpeando contra seu umbigo com a visão do piercing em forma
de barra que encontrou lá.

Catherine respirou forte, porque, caramba, ela se esqueceu


de respirar.

“Você está se sentindo bem?” Ele perguntou; sua voz baixa


e áspera.

“Tão bem.”

“Sim, querida, eu posso ouvir isso.” Os lábios de Cross


desceram, mas suas mãos permaneceram altas. “Podemos pa—”

As pernas de Catherine apertaram ao redor do corpo de


Cross. “Não se atreva.”

A risada de Cross veio de algum lugar mais profundo,


tornando o som encantador para os ouvidos de Catherine. “O que
você quer Catherine?”

“Continuar me sentindo bem.”

“Tudo certo. Uma pergunta.”

“O quê?”

“Alguém já te fez gozar?”

“Não. Eu não acho que eles sabiam como.”

Cross fez um barulho baixinho que Catherine não


conseguia decifrar. “Isso é uma vergonha, mas eu não me
importo de ser o primeiro. Você já gozou de alguma forma?”
Naquele momento, Catherine não respondeu com palavras,
ela só assentiu. Ela sabia como gozar, com certeza, mas ela não
estava prestes a explicar. Ele sorriu para sua resposta.

“Ótimo, então você sabe o que vai acontecer, mas isso vai
ser melhor porque é alguém fazendo isso.”

“Você é um pouco convencido, não?”

“Por que eu tenho que continuar a explicar às pessoas o


que é arrogância? Não é a mesma coisa.”

“É literalmente um sinônimo de convencimento, Cross.”

“As pessoas convencidas se vangloriam. As pessoas


arrogantes não precisam.”

“Você realmente quer discutir sobre isso comigo agora?”

“Você quer que eu continue ou não?”

“Tudo bem, você é arrogante. Você é tão arrogante que é


nojento, Cross.”

“E não se esqueça disso.”

“Agora, o que você está pensando em fazer?” Ela


perguntou.

Cross mostrou os dentes brancos num sorriso. “Eu vou


tirar esta sua calça, puxar sua calcinha para baixo, colocar as
suas pernas sobre meus ombros, e te comer até que você grite. E
você vai se sentir muito bem.”

As faces de Catherine aqueceram. “Nunca fiz isso.”

“Nós não temos -”

“Eu acho que temos.” Ela interrompeu rapidamente,


surpresa com quão alta a sua voz soou.
Catherine realmente pensou que deveriam porque soou
maravilhoso. Ela também meio que queria colocar sua arrogância
a teste.

Cross riu quando desabotoou o botão em seus jeans


skinny, e puxou o zíper para baixo. “Você está bem?”

“Eu prometo te dizer se eu não estiver.”

“É melhor.”

Catherine levantou da cama quando Cross puxou a calça


jeans por suas pernas. Não podia deixar de tremer quando ele
beijou o interior dos seus joelhos quando a calça bateu no chão.
Ela estava quase surpresa com os choques que pareciam saltar
através de sua pele, quando os dedos de Cross se enrolaram nos
lados de sua calcinha de renda rosa. Só que não era ela, era
Cross, afinal de contas, e havia algo sobre ele, que fez Catherine
reagir. Se não o seu coração, então sua mente, e se não sua
mente, então seu corpo.

Isto. Nunca. Falhou.

Ela soltou uma respiração lenta e mordeu o lábio inferior


quando ele puxou a calcinha para baixo, sobre seus quadris.
Cada insegurança que ela poderia sentir ferveu naquele momento
em uma corrida gigante de constrangimento.

“Você está tremendo,” Cross murmurou.

“De nervoso.”

Claro que estava nervosa.

Catherine nunca tinha sido espalhada, aberta inteiramente


a alguém antes. Ela nunca tinha permitido que alguém a tocasse,
a provasse da forma como Cross estava prestes a fazer. Não sabia
o que esperar. E não sabia o que ele esperava, nesse assunto.
“Catherine.”

Ela apoiou-se nos cotovelos um pouco para vê-lo melhor.


“Sim?”

“Não fique nervosa.”

“É meio difícil, Cross.”

Ele levantou uma sobrancelha. “Você sabe que você é


perfeita, certo? Você é malditamente bonita, Catherine. E isso
nem é mesmo sobre mim, é tudo sobre você se sentindo muito,
muito bem. Isso é tudo sobre o que você precisa se preocupar.
Todo o resto é ruído de fundo que eu começo a desfrutar.”

“Isso é... uma maneira interessante de colocá-lo.”

“É a verdade. Você é boa, ou não?”

“A melhor.” Ela admitiu.

“Feche os olhos e veja as estrelas, ou me assista fazê-la


gozar, cabe a você decidir. Só não se preocupe com qualquer
outra coisa, ok?”

Seu gesto foi toda a resposta que ele aparentemente


precisava.

Catherine não tinha certeza do que esperar, mas aquele


primeiro toque do lado áspero de sua língua contra seu ponto
mais sensível, não era isso. Ela não tinha percebido o quão
intenso esse sentimento seria, como iria fazê-la arquear para fora
da cama, ou fazer suas mãos voarem para fora para encontrar
algo — qualquer coisa — para agarrar.

Jesus, e oh, meu Deus, e merda, merda, merda.

Ela não percebeu os sons que rastejaram para fora de sua


garganta, quão bem ela se sentiu quando levantou a sua metade
inferior para o rosto dele para conseguir mais, ou como ele se
sentiria quando ela não pudesse recuperar o fôlego.

Catherine agarrou os cobertores da cama com uma mão, e


sua outra mão encontrou o cabelo de Cross. Ela tentou não
puxar ou empurrar, mas era difícil porque ele estava certo...

“Aí...” Catherine suspirou “Aí, Cross...”

O gemido que rasgou fora de sua garganta parecia quase


um miado. Seus olhos estavam bem fechados, e tudo que ela
podia fazer era sentir. A mão dele deslizou sob seu sutiã, e seu
polegar acariciou a curva de seu seio. Sua outra mão mergulhou
entre as coxas dela, e um dedo, depois dois, pressionaram
profundamente e a fizeram perceber que ela estava muito
molhada.

Se ela não tivesse se sentido tão completamente bem, se


não tivesse se perdido nas sensações, ela poderia ter ficado
constrangida, mas nada mais importava.

Não naquele momento.

Sua língua perversa parou tempo suficiente para ele dizer:


“Goze, acabe com isso, goze.”

E ele estava certo novamente. Golpes mais duros. Dedos


indo mais profundamente. Sua pele parecia como se fogo
corresse sob a superfície, e o aperto familiar começou em seu
estômago. O mundo inclinou sobre seu eixo naquele momento,
fazendo Catherine achar que ela estava fora de equilíbrio em
todos os sentidos. Suas mãos deixaram os lençóis e os cabelos de
Cross, para encontrar seus ombros, em seguida, seu pescoço, e
marcar linhas sobre sua pele exposta quando ela tentou
endireitar sua mente e corpo de volta para o centro.

Cross estava certo.


Era melhor quando alguém a fazia gozar.

Era melhor quando era ele.

Catherine pensou que levou muito tempo para ela se


acalmar após a felicidade ter parado de fazer guerra em seu
corpo, mas ela não podia se controlar. Ela também não
conseguiu encontrar o constrangimento que pensou que poderia
sentir, não com Cross a observando por entre suas coxas, e sua
boca ainda molhada dela.

“Não tenho certeza de que amigos fazem isso.” Catherine


murmurou na palma da sua mão.

A língua de Cross rodou na sua coxa antes de perguntar:


“Hmm?”

“Eu disse ao meu pai que éramos amigos. Eu não acho que
amigos fazem coisas como esta, de jeito nenhum.”

“O melhor tipo de amigos fazem.” Disse ele.

Talvez.

“Eu vou te chamar de Catty, de agora em diante.”


Acrescentou Cross.

“O quê? Por quê?”

Ele inclinou a cabeça para o lado, fazendo Catherine notar


a linha de arranhões que tinha deixado em seu pescoço. Parecia
dolorido, mas ele não parecia se importar.

“Não se atreva a me chamar —”

“Tarde demais, Catty.”

Ela estava muito fora disso em sua mente para discutir


com ele. “Isso é... muito talento.”
“Isso não é um talento. É uma maldita habilidade.”

Catherine assentiu, ainda sem fôlego e tremendo. “E


quando exatamente eu posso levá-lo a usar essa habilidade de
novo?”

Cross sorriu, e seus olhos escuros gritaram pecado e


diversão; sua bochecha descansava contra sua coxa e ele disse:
“Tudo que você tem a fazer é pedir, querida. Eu gosto de fazer
qualquer coisa que te dá prazer porque me dá prazer.”

“E se eu pedisse agora?”

Ele já estava de volta entre as coxas dela antes que ela


pudesse dizer seu pedido inteiramente. Ela não conseguia
respirar novamente.

Catherine realmente não se importou.

“Então, você está fodendo Cross Donati agora?”

Catherine poderia ter fingido que não ouviu a pergunta de


Dina Lavigne, dado que ela tinha fones em seus ouvidos, mas a
voz da menina apenas arranhou seus nervos como nada mais.
Puxando para fora um fone de ouvido, Catherine olhou por cima
de seus livros na mesa de refeitório e encontrou não apenas Dina
lá. Também estava a metade do seu pequeno bando.

Que alegria.
“Pois não?” Catherine perguntou.

Ela estava dando à menina uma única chance de lhe fazer


uma pergunta diferente, e elas poderiam fingir que a primeira
não tinha acontecido.

Catherine esperava muito.

“Cross. Você é a nova buceta dele, ou...?”

Seu pequeno grupo de amigas riu.

Catherine estava de repente feliz que ela ficou com seu


próprio grupo de amigos.

Dina levantou uma sobrancelha, como se estivesse


desafiando Catherine a confirmar o que ela estava perguntando.
“Quero dizer, há três semanas, as pessoas viram vocês dois
saindo de uma festa juntos. Todo mundo sabe que ele machucou
Derik por você. Eu só estava curiosa.”

“Por quê?”

E por que é da sua conta?

“Porque é meio difícil dizer,” disse Dina, olhando como se


ela estivesse mais interessada em sua manicure do que na sua
conversa atual. “Às vezes ele fala com você, às vezes ele não fala.
Às vezes, ele está ao seu redor, às vezes ele não está. Você é
apenas, tipo, boa o suficiente para foder, mas não para qualquer
outra coisa? Porque merda, Derik disse que nem mesmo se
excitou. Apenas fiquei na dúvida, isso é tudo.”

“Oh, e,” Dina acrescentou, apontando um polegar por cima


do ombro, “Jules quer saber por que ela está interessada nele,
você sabe.”

Ciúme queimou quente através do interior de Catherine.


Ela empurrou o sentimento para baixo.

Ou, tentou.

Não deu muito certo.

O olhar de Catherine agarrou à menina que Dina


mencionou, mas ela era outra que parecia mais interessada em
olhar em qualquer lugar, menos para ela.

“Bem?” Dina perguntou quando Catherine ficou quieta.

No momento que Catherine estava pronta para responder,


ela simplesmente se levantou e colocou seus livros na mochila
lateral. Pendurou a bolsa no ombro, cansada de todo este show.
Dina só foi incomodar porque ela podia. A menina estava mais
chateada porque perdeu seu status com Cross do que por
qualquer outra coisa, e porque Catherine parecia ser um alvo
fácil.

Catherine não ia ficar por aí e aguentar os golpes por causa


disso.

“Pergunte a Cross,” disse Catherine, encolhendo os


ombros. “Se você realmente quer saber, pergunte a ele.”

Ela deixou isso ser bom o suficiente, embora houvesse


muito mais que ela quisesse dizer. Havia muito mais que ela
poderia dizer.

Não lhe faria nenhum bem, no entanto.

O problema era, mesmo quando Catherine se afastou, o


ciúme ainda queimou e só a irritou mais. A verdade era que ela
não sabia o que ela e Cross realmente eram. Dina estava certa, às
vezes pode parecer como se fossem algo, e outras vezes,
provavelmente não se parecia com nada.
Ela poderia conversar com Cross através de mensagens de
texto por horas, mas só lhe dar um sorriso ao passar por ela nos
corredores alguns dias.

Para Catherine, isso significou um monte de coisas.

Principalmente que eles não estavam namorando, não


eram um casal, ou qualquer outra coisa. Isso não tinha
exatamente incomodado Catherine até aquele momento, quando
alguém sentiu a necessidade de dizer isso.

É falar de um demônio de olhos escuros, e ele se manifesta.

Cross virou no corredor, assim que Catherine parou em


seu armário. Ela abriu o armário com um pouco mais de força do
que ela normalmente faria, e nem sequer se preocupou em olhar
para Cross quando ele passou com seus amigos.

Exceto que... ele não passou.

Catherine sentiu sua presença atrás dela, e depois dois de


seus dedos roçaram a parte de trás do seu pulso interno. “O que
está errado?”

“Diga-me você.” Catherine empurrou seus livros no


armário, e tirou os que ela necessitava para a sua próxima aula.
“Ou melhor ainda, vá falar com Dina e seu bando de cadelas
alegres. Elas têm muitas perguntas a fazer hoje.”

Cross soltou um suspiro pesado. “Catty —”

Catherine poderia não ter reagido tão fortemente se ele não


tivesse usado aquele maldito apelido e a feito pensar no porque
ele o deu a ela.

Ela girou nos calcanhares, deixando sua bolsa cair no chão


com um baque. “Você está saindo com outras meninas?
Qualquer pessoa, Cross. Você está?”
“O quê?”

“Minha pergunta não foi difícil de entender. Você poderia


tentar respondê-la.”

Suas belas feições ficaram imóveis como pedras, e seu


olhar travou no dela. “Por que você está perguntando isso para
começar?”

“Porque eu meio que quero saber. Porque eu não tenho


ideia do que estamos fazendo, ou o que somos. Porque perguntei,
e você poderia ter decência suficiente para me dizer. Porque se
você tiver, então eu tenho uma escolha no que quero fazer ou não
fazer, no que se refere a você.”

“Ei, relaxe.”

“Porque não quero ser uma das muitas que ficam de


joelhos para você.” Catherine sussurrou asperamente. “É por
isso, então agora você pode responder. Vá em frente.”

Os estudantes passavam por eles no corredor. Um par de


seus amigos estava a poucos metros atrás, esperando que ele
terminasse sua conversa.

Cross não mexeu um músculo. “Merda, tudo que você tem


a fazer é perguntar, Catherine. Sobre qualquer coisa — nós,
meninas, ou qualquer coisa. Eu não posso responder sobre
malditamente nada quando você não abre a boca para perguntar
o que está chacoalhando dentro da sua cabeça.”

Bem então…

“Eu perguntei. Agora. Responda.”

“Venha comigo por um segundo.” Disse ele.


Catherine mal teve tempo de fechar seu armário e pegar
sua bolsa, antes que a mão de Cross agarrasse firmemente o seu
pulso, e ela estivesse seguindo atrás dele no corredor. Ela não
tinha certeza se seus amigos os haviam seguido ou não, mas
antes que ela pudesse verificar, ele a puxou para uma sala de
aula e chutou a porta fechada.

Ela puxou seu pulso fora do seu alcance. “Que diabo,


Cross?”

“Se você tem merda para perguntar, venha a mim. Se você


quer algo, venha a mim.”

“Eu fiz isso.”

“Sim, depois que alguém te chateou, Catherine. Eu não


tenho tempo para meninas mesquinhas; eu tenho o suficiente
disso em outros lugares, mas obrigado. A última coisa com que
eu vou perder meu tempo é com alguém que faz um maldito show
de si mesma ou de mim. Eu não vou aceitar.”

Catherine piscou, ferida. “Eu não sou –”

“Não é como as outras garotas, certo? Nada como elas, não


é?” Cross deu de ombros. “Então tente não deixar o fato de que
não sabem nada sobre nós, ou que têm seus próprios problemas
para lidar, ou a coloquem em algum tipo luta comigo.”

“Não transforme isso em algo mais.” Catherine murmurou,


recusando-se a encontrar seu olhar. Nunca era bom olhar para
Cross por muito tempo, ou se tornaria estúpida na cabeça e no
coração. Catherine precisava pensar. “O que estamos fazendo
mesmo? Eu não sei mesmo o que estamos fazendo, ou o que você
está fazendo, e isso não é justo.”

Sem dizer nada, ele tirou o telefone do bolso e entregou a


ela. “Aqui.”
Catherine olhou para o dispositivo, não entendendo. “O
que eu deveria fazer com isso?”

“Quarenta e sete, noventa e dois, essa é a senha. Dê uma


olhada, Catty.”

“Você quer que eu olhe seu telefone?”

“Não, você quer. Mas eu não dou a mínima de qualquer


maneira. Você o tem.” Cross empurrou o telefone na mão dela,
obrigando-a a pegá-lo. “Eu nunca vou agir como metade dos
outros idiotas desta escola maldita, então eu não posso fazer
nada se eu não me encaixo no que eles consideram ser um
namorado. Eu não estarei em cima de você ou agirei como um
tolo para que toda essa gente saiba o que está acontecendo
comigo e você. Não é dá conta deles, para começar, ou para eles
falarem quando eu viro as costas.”

Cross deu de ombros, acrescentando: “Não fui criado para


me comportar dessa forma com as mulheres, de qualquer jeito;
como se você fosse um troféu que eu ganhei, para fazer alguém
ter ciúmes do que eu tenho. Isso é ridículo. Tomei merda
suficiente de Dina sobre esse tipo de coisa, sobre como fazer uma
cena e ser algum tipo de espetáculo para as pessoas assistirem.
Eu não sou um reality show ao vivo — isso nunca vai acontecer.
Não vou fazer isso com você, ou qualquer outra mulher. Não é
porque você não vale a pena. É porque você vale mais do que esse
tipo de lixo.”

Catherine respirou afiada, sussurrando: “Tudo bem.”

“Eu não estou com você como eu estava com ela, porque
você vale a pena.” Disse ele mais silencioso. “Eu estava com ela
para uma coisa, e ela sabia o que era. Se isso fosse tudo o que eu
quisesse de você também, a última coisa que você poderia
conseguir é uma conversa como esta aqui. Dina queria algo
diferente, e agora está chateada porque não está recebendo isso
ou qualquer outra coisa. Não ligue para ela, porque ela não
importa. Se você quer um rótulo, então fale com o raio da sua
boca e me deixe saber. Eu não sou grande coisa, mas merda,
serei tudo o que você precisar Catherine. Quer dizer, se esse
rótulo vai fazer a diferença para como você e eu lidamos com esse
tipo de merda no futuro, então o coloque. Tudo certo?”

Catherine não conseguiu a chance de responder.

Cross abriu a porta da sala de aula, e passou por ela ao


sair. “Fique com o estúpido telefone e leve todo o tempo que você
precisar com ele, mas posso dizer-lhe o que você vai encontrar,
querida. Fodam-se todos.”

A porta bateu atrás dele com força suficiente para que a


janela de vidro sacudisse. Catherine não se mexeu um
centímetro, e segurou mais apertado o telefone na sua mão. Ela
olhou para o dispositivo por um longo tempo, repetindo a senha
para si mesma uma e outra vez.

Ela podia olhar.

Poderia salvar-se um inferno de um monte de problemas e


dores de cabeça, especialmente se ela encontrasse mensagens ou
algo no telefone de outras meninas que diziam que Cross estava
vendo outras pessoas. Ela também poderia olhar e, finalmente,
ter um pouco de paz sobre ser a única pessoa que ele estava
vendo.

Catherine escolheu fazer outra coisa. Deixando a sala de


aula, ela recolocou a bolsa em cima do ombro e voltou pelo
corredor. Encontrou Cross encostado em seu armário, em plena
conversa com seus amigos que ele tinha deixado para trás. Cross
não parou o seu bate-papo, mas seu olhar saltou sobre ela, e ele
deu um passo um pouco para o lado, para deixá-la ir ao seu
armário.

Ela entregou seu telefone de volta e abriu seu armário só


para ter certeza que ela não tinha esquecido alguma coisa, pela
última vez.

Seu braço veio abraçá-la ao redor do pescoço; sua mão se


emaranhou em seu cabelo, seus dedos teceram os fios quando ele
a puxou perto o suficiente para beijar o lado de sua têmpora. Foi
uma das poucas vezes que a tinha beijado na escola enquanto
frequentavam a Academy juntos, a única vez que a beijou com
alguém perto o suficiente para ver.

Catherine rapidamente percebeu que, mesmo quando ele


estava fazendo algo que ele disse que não gostava de fazer, ou
não fazer nada, ele estava fazendo isso de uma maneira que
outros não fizeram. Uma maneira mais doce, uma forma que era
muito mais a personalidade de Cross e até a dela. Ele a segurou
lá, apenas passando os dedos em seu cabelo e todo o seu lado
continuou pressionado contra o dele, até que suas pálpebras
fecharam e a tensão persistente foi liberada.

Cross deve ter sentido quando ele sorriu contra sua pele.
Sua voz era calma quando perguntou, muito baixo para que
ninguém por perto pudesse ouvir suas palavras. “Você está
bem?”

“Estou agora.” Catherine engoliu em seco. “Eu não olhei no


telefone.”

“Sim, eu sei.”

“Como?”

“Porque você realmente não precisa, querida. Eu acho que


você já sabia disso, também.”
Adivinha quem tem uma casa muito grande só para si neste
fim de semana?

A mensagem de Catherine rola na tela do telefone de Cross.


A frase única promete muita diversão sem dizer muito.

“Por que diabos você está sorrindo aí?” Zeke pergunta.

Cross ignora seu amigo, digitando de volta para Catherine.


Por quê?

Mamãe e papai levaram Michel para Detroit para procurar


apartamento para quando ele for para lá no verão, para a
universidade em Ann Arbor. Não vão voltar até a noite a domingo.

Você deveria dar uma festa, Cross responde.

Seu telefone começa a tocar nem trinta segundos depois.


Ele atende a ligação de Catherine e vira o ombro para Zeke. Ruas
familiares e edifícios olham para ele pela janela do lado do
passageiro enquanto eles dirigem para o coração do Hell’s
Kitchen.

“Não deixei você saber que eu tinha a casa só para mim,


para você dizer que eu deveria ter uma festa,” Catherine
murmura infeliz no segundo em que Cross atende. “Eu não quero
dar uma festa.”

“Eu posso ouvir o quão forte você está fazendo beicinho


agora, Catty.”

“Nada disso!”

“E agora você está choramingando.”

“Não estou, Cross!”

Ela está sim.

Cross ri em voz baixa. “Não?”

“Você tem algum tipo de impressão de que eu poderia


escapar dando uma festa; não posso.”

“Mas você acha que pode escapar se eu for para lá?” Cross
pergunta.

“Não, mas acho que posso desligar as câmeras externas


quando chegar aqui. Você poderia entrar pela parte de trás da
propriedade, onde o meu guarda não pode ver, e por que não?”

“Você vai me fazer ser morto. Você percebe isso, certo? Seu
pai me mata, Catherine. E então, meu padrasto de alguma forma
teria certeza de que eu fosse trazido de volta à vida, então ele
poderia ter o prazer de me matar também. É isso que você quer?”

“Você está sendo ridículo,” Catherine responde


alegremente.

“Não, não, realmente não estou.”

Mas ele também não estava muito interessado em dizer


não.

Cross andava sobre uma linha muito fina.


“Você sabe o que, não, estou mais preocupado com seu pai
do que com os meus,” acrescenta Cross depois de um momento.
“Ele não gosta de mim. Nunca gostou e isso lhe daria todas as
desculpas para se livrar de mim.”

Matando minha bunda estúpida.

“Sim, se ele souber, mas não vai acontecer. Veja, fim de


semana divertido, sem matanças e todos saem ganhando.”

“Catherine, fala sério,” diz Cross.

“Eu estou. Venha... logo, hoje... agora.”

Cross tem um problema.

É um problema sério.

Ele não sabe como dizer não a Catherine Marcello. Isso, ou


ele não quer. Talvez porque simplesmente não possa. De
qualquer forma, tudo o deixa ferrado da melhor maneira possível.

Qualquer outra garota, ele teria descartado e feito sua


própria coisa. Ninguém exige nada dele, especialmente não uma
mulher. Exceto Catherine, pelo que parece. Ela quer alguma
coisa, ele faz ou lhe dá. Tudo o que precisa, Cross se certifica de
que ela tenha.

Pensou que poderia ser mais fácil recusar Catherine com o


passar do tempo, mas esse não foi o caso. Dois meses dentro da
loucura deles e ela só com um sorriso o envolveu mais forte em
torno de seu mindinho.

Parte dele não se importa tanto com isso.

A maior parte dele não se importa.

“Então?” Catherine pressiona no telefone.


Cross esfrega a mão pelo rosto. “Você sabe que vai me ter
em sua casa vazia, certo?”

“Sim.”

“Você sabe que seu pai literalmente me matará se ele


descobrir que eu estive aí quando ele não estava?”

“Sim.”

“Catherine,” Cross se estressa.

“Exceto que ele não vai descobrir, então... eu vejo você em,
tipo, duas horas?”

Cross olha para o relógio do painel do Camaro. “Algo


assim, talvez mais. Vou avisá-la quando eu chegar por trás da
sua casa.”

“Ok!”

Sua risada doce toca em sua orelha muito depois que ela
desligou. Cross empurra o telefone para trás no bolso e sorri para
si mesmo.

A parte muito racional do cérebro de Cross sabe que essa é


uma ideia muito ruim.

A parte que ele considera um pouco mais inteligente não


dá a mínima.

“Catherine,” Zeke diz do banco do motorista, “a mesma


Catherine que você estava vendo quando você tinha quinze
anos?”

“Qual o problema?”

“Marcello, certo?”

“De novo qual —”


“Diga-me que você não irá para lá.”

“Ok, então não vou te dizer que vou para lá no final de


semana.”

Aos dezessete anos, Cross acha que Zeke fez o seu próprio
caminho, considerando que seu amigo nunca foi muito
interessado no negócio da família e fez sua própria coisa na vida.
Parece que tudo mudou quando Zeke se formou e de repente teve
que fazer escolhas. Também significava que Cross passava muito
menos tempo com amigos, como Zeke, e mais tempo sob o
polegar de Wolf sendo orientado.

“Você é burro,” diz Zeke, prolongando a palavra, “como um


maldito burro tipo D, Cross. Dante Marcello vai gostar de matar a
sua bunda idiota quando descobrir que você armou com sua filha
de quinze anos todo o fim de semana enquanto ele não está.
Lembrarei de informar a você que eu disse isso em seu funeral, a
propósito.”

“Ela tem quase dezesseis anos, agora”, diz Cross.

“Essa não é a parte importante do que acabei de dizer, seu


idiota.”

Cross dá de ombros.

Zeke balança a cabeça. “Você sabe o que, não, você vai


conseguir um tiro nessa sua bunda estúpida. É melhor ela valer
a pena esse tipo de problema, Cross.”

“Definitivamente vale.”

“Vou acreditar em sua palavra, mas o medo seria suficiente


para me impedir de ficar duro.”

“Ninguém disse que vou foder com ela,” Cross salienta.


“Você supôs.”
Zeke assente uma vez. “Então você é burro porque está
seriamente saindo perdendo aqui, cara. Você não está nem
fazendo sexo para isso.”

“Não precisa.”

“O mínimo que você poderia fazer é ter um gostinho da


coisa que está prestes a colocar-lhe a sete palmos,” Zeke
murmura para si mesmo.

“Nunca disse que não tenho um gosto. Eu disse que não


estava fodendo ela e isso não é da sua conta para começar.”

Com isso, Cross sai do Camaro e bate à porta atrás dele.


Zeke sai do veículo logo depois, coloca os braços no teto do carro
e olha para Cross, silenciosamente chateado.

“O que diabos você quer dizer agora?” Ele pergunta a seu


amigo.

“Certamente que você deveria estar na sombra do papai


todo o fim de semana. Calisto está tentando mantê-lo sob
controle, lembra?”

Sim, merda.

Chega de falar desse assunto.

“Sobre isso,” diz Cross.

Zeke levanta a sobrancelha. “Eu não vou ajudar você a ser


morto.”

“Ninguém disse que você tinha que ajudar. Você pode


simplesmente desviar o olhar mais tarde quando eu pegar as
chaves do seu Camaro, ou algo assim.”

“Você não possui carteira. Você tem uma permissão e


algumas semanas ainda antes de obter sua licença.”
“Isso não impede que você me peça para dirigir quando
está bêbado e precisa de uma carona para casa, cara.”

“Sim, porque você tem um motorista licenciado no carro e


você tem sua permissão.”

“Não te deteve antes de eu ter minha permissão.”

Zeke suspira. “Por favor, não me arraste para sua bagunça


estúpida, Cross. Eu não quero ter a minha bunda morta porque
você tem seu pau em um nó sobre aquela garota Marcello.”

“Ela tem um nome.”

“Sim, e quando eu o uso, mais sinto que estou invocando


seu fodido pai maluco.”

Cross faz barulho sob sua respiração. “Dante não é tão


ruim — é só eu que ele odeia.”

“Eu me pergunto por que,” diz Zeke, o sarcasmo


escorrendo.

“Então, eu vou pegar as chaves e você vai desviar o olhar,


certo?” Pergunta Cross, virando os calcanhares e indo para a
pizzaria onde Wolf estava esperando por eles.

“Eu te odeio, porra.”

“Você vai dar uma desculpa para Wolf, também.”

“Coma merda, Cross.”

“Você também não sabe nada sobre onde estou neste final
de semana,” diz Cross, abrindo a porta da pizzaria. “Apenas fique
com a boca fechada.”

Zeke franze a testa enquanto entra no local. “Eu nem sei


como você ainda não conseguiu ser morto.”
“Sim, eu também.”

Cross nem sequer brincava.

“É melhor que não haja um único arranhão no meu carro


quando você o trouxer de volta. Se for pego pelos policiais, diga
que você o roubou.” Zeke diz em voz baixa ao ver seu pai. “Porque
é isso que vou falar para o papai e Calisto quando eles
perguntarem para onde você foi. Negação plausível para mim.”

Cross não se importava com isso. Não era como se


estivesse fora do personagem para ele.

“Combinado.”

Catherine abre a porta de trás da casa Marcello com um


sorriso malicioso. Cross escorrega para dentro, dá um beijo em
sua testa e fecha a porta atrás dele.

“Ei,” ela sussurra.

“Ei, Catty,” ele murmura contra sua pele.

“Deus, você nunca vai esquecer esse apelido, não é?”

“Não.”

Ela balança a cabeça. “Você sabe que chamam minha mãe


de Cat, certo? Eu consegui evitar ser sua pequena sombra por
todo esse tempo e você vai arruinar isso uma vez que uma pessoa
na minha família ouça você usar esse apelido.”

“Eu vou ter cuidado com isso, então.”

Catherine não parece que acredita nele. “Você está com


fome?”

“Eu posso comer.”

Wolf não ficou no restaurante o suficiente para que Cross


comesse. Ele ficou preso com Wolf e Zeke até a hora da ceia antes
que pudesse pegar as chaves do Camaro e sair quando viraram-
lhe as costas. Cross estava certo de que Wolf estava irritado,
considerando que seu telefone não parou de tocar. E sabia com
certeza que seu padrasto estava chateado porque a maioria das
chamadas veio de Calisto.

Cross enviou um texto dizendo que ele estava bem; era


tudo o que ele faria.

“Quer pizza?” Pergunta Catherine.

“Depende de onde você pedirá,” ele diz honestamente. “Nem


todos podem fazer uma boa pizza.”

Catherine faz uma careta. “Estou cozinhando, na verdade.”

“Tipo a massa e tudo?”

“Do zero,” ela confirma.

Cross a beija novamente. “Melhor ainda.”

“Assim é melhor. Venha, eu acabei de colocar.” Catherine


engancha seu dedo mindinho em volta do de Cross e o puxa até
chegarem à grande cozinha. Ela só o solta para verificar o forno e
então volta para a sua frente, fica na ponta dos pés para beijá-lo
corretamente. “Para o registro, a única resposta aceitável quando
você comer minha pizza é que é muito, muito boa. Entendido?”

Ele sorri contra sua boca. “Entendi.”

Catherine pisca e se dirige para a ilha que estava


enfarinhada. Ele nem vê a nuvem de farinha que ela sopra em
sua direção até que é tarde demais. Sua risada ecoa na cozinha
tranquila enquanto ela se esquiva de seu alcance quando Cross
se lança para ela.

“Você tem farinha em seu cabelo,” ela grita.

Cross estreita o seu olhar quando Catherine continua a


evitá-lo. Em vez de apenas pegar um pouco de farinha da ilha
como ela, ele tira um punhado do saco aberto no balcão.
Catherine tenta se esquivar da nuvem branca e falha
miseravelmente. A farinha cobre o cabelo, a cara e toda a frente
do vestido.

“Cross!”

“Você começou isso,” ele diz enquanto Catherine se dirige


ao saco de farinha. “Você pode parar agora; aceite esse aviso,
querida, antes que isso se transforme em algo que você não pode
lidar.”

Catherine mostra-lhe o dedo; os lábios lindos e sorridentes


e olhos atrevidos. “Teste-me.”

O que se segue a suas palavras só pode ser descrito como


um furacão de farinha. A cozinha parecia estar destruída quando
os dois pararam de arremessar o pó branco de um lado para o
outro. Catherine ri enquanto tentava sacudir os cabelos para
tirar a farinha.

Cross desejou ter tirado a maldita jaqueta de couro.


“Esta foi... não uma boa ideia.” Ele murmura.

E sua boca tinha gosto de farinha.

Catherine, com farinha em seus cílios, o cutuca forte no


peito e dá uma encarada falsa. “É apenas um empate porque eu
acabei sem farinha.”

Cross concorda com um falso entusiasmo. “Sim, é por isso


que é um empate. Preciso de um maldito banho...”

“Oh droga.”

Catherine já estava saindo da cozinha antes que Cross


possa lhe perguntar o que estava acontecendo. Ela deixa uma
trilha de farinha em seu rastro e isso só o faz começar a rir de
novo.

“Onde você vai?”

“Apenas olhe o forno para mim. Eu esqueci de ligar as


câmeras externas de volta.”

Ah.

Bem, Cross pode fazer isso.

Ele tira sua jaqueta coberta de farinha e a camisa por


baixo, porque também está uma bagunça. Colocando os itens em
uma das cadeiras da cozinha, ele vira-se a tempo de ver um
Mercedes parar na entrada da casa Marcello.

“Merda.”

Cross não sabe a quem aquele carro pertence, mas ele


estava bastante certo de quem quer que fosse, não iria apreciar
vê-lo lá.

“Catherine!”
Ela não responde.

Cross fica em pânico.

“Catherine!”

Foda-se, porra, porra.

Ele não espera para ver quem está saindo do carro,


simplesmente agarra suas coisas da cadeira e corre para a porta
mais próxima que consegue encontrar. A que apenas o tranca
numa maldita despensa.

O universo estava rindo de sua bunda estúpida.

Rindo.

“Catherine!”

Cross dá um passo gigante para trás da porta da despensa


e transforma-se em uma estátua humana sob a voz mais velha e
masculina vindo da cozinha.

Zeke estava certo.

Ele vai morrer.

“Tio Giovanni,” Catherine diz, sua voz abatida.

“O que diabos aconteceu nessa cozinha, Catherine?”

De alguma forma, a risada de Catherine não parece tão


nervosa.

“Algum tipo de inseto voou quando estava tentando


limpar,” diz ela, nunca perdendo uma batida, “e então tropecei
com o saco de farinha e sim, uma bagunça aconteceu.”

“Uh... tudo bem. Você precisa de ajuda para limpar—”


“Não, está tudo bem, tio Gio.”

“Dante queria que eu checasse você hoje à noite, ter


certeza de que você está bem. Ele disse que você pode querer ir
para a casa de Liliana se estiver entediada.”

“Estou bem,” diz Catherine.

“Tem certeza?”

“Sim.”

“Certifique-se de limpar isso antes de sua mãe chegar em


casa domingo à noite,” Giovanni alerta com uma risada. “Você
sabe como ela é sobre uma bagunça. Jesus, se ela visse isso,
você colocaria o TOC dela em um colapso.”

“Eu vou.”

Cross jura que não respirou e nem moveu um músculo por


vários minutos. Ele ouve os passos desaparecerem e as vozes
ficam mais fracas. Não tem certeza de quanto tempo esteve
dentro da despensa, mas nem ouve Catherine aproximar-se até
que a porta se abre e a luz entra.

Outra nuvem de farinha explode em seu rosto.

Cross suspira.

Catherine ri.

“Desculpe e não me desculpe,” diz ela docemente. “Isso é


pelo apelido.”

Ele dá um passo à frente, deixando cair a jaqueta e a


camisa, e Catherine gira em seu calcanhar e foge dele.

Cross nem sequer pensa; vai à caça dela. Ele deveria


perguntar sobre seu tio, ou se o cara ia voltar. Deveria perguntar
se eles tinham que se preocupar com a chegada de outro
convidado surpresa, mas não se preocupou com nada disso.

Não quando Catherine corre à frente dele e puxa seu


vestido sobre a cabeça. Cross está perto o suficiente para pegar o
item antes que ele caia no chão, mas Catherine não desacelera.
Nem ele.

Catherine conhece o piso inferior de sua casa muito melhor


do que ele, obviamente, e é rápida como o diabo quando corre por
ele. Cross nem vê as portas duplas até Catherine avançar através
delas.

“O que—”

O cheiro de cloro o atinge um segundo antes de Catherine


pular. Ela desaparece sob água azul brilhante. Cross tem suas
calças fora antes mesmo dela ter aparecido de volta. Sua cabeça
apenas aparece na superfície da piscina quando ele pula atrás
dela.

Cross chega à superfície com as mãos de Catherine já


encontrando seu rosto e puxando-o para mais perto. Mais perto é
sempre melhor com ela. Seu riso é um eco musical no espaço.

“Ainda vai precisar de um banho,” diz ele.

Catherine abraça seu pescoço quando ele os move para


águas rasas. “Sim, sim. Eu ainda ganhei, perdedor.”

“Engraçado, Catty. Além disso, a pizza...”

“Ainda tem mais trinta minutos.”

Cross inclina-se contra a borda da piscina, enquanto


Catherine flutua para sua frente. Os dedos dela dançam em seu
peito nu antes de se inclinar para encontrar sua boca. O doce
beijo não fica assim por muito tempo e ele jura que isso está se
tornando uma dança muito familiar para eles. Mas certamente
não se importa.

Definitivamente não quando suas mãos escorregam


embaixo da água e para dentro de sua boxer. Seus dedos dançam
ao longo de seu comprimento, já o encontrando duro enquanto
ela o circula firmemente em suas mãos. Claro, ele está duro.
Catherine veste somente a calcinha de renda e sutiã combinando,
e está encharcada e tocando-o.

Claro que ele está duro.

“Mostre-me o que você gosta,” Catherine sussurra contra


seus lábios

Foda-se, sim.

“Você realmente vai fazer isso agora?” Pergunta Cross.

Catherine ri, mas fica firmemente em seu estômago,


recusando-se a rolar na cama. “Eu tenho que fazer; tenho um
ensaio na segunda-feira.”

Ela continua a ler o livro de bolso de Romeu e Julieta.


Cross decide continuar tentando distraí-la, beijando um percurso
até a sua espinha enquanto seus dedos se afunilam ao longo da
cintura do seu boyshort.

“Minhas roupas já estão secas?”


“Não, a máquina emitirá um sinal sonoro, e fique quieto.”

Cross beija a parte de trás do pescoço dela.

“Pare com isso,” murmura Catherine.

Ele suspira e a vira de costas na cama. “Eles morrem,


Catherine. Isso é o que acontece. Eles são estúpidos e morrem.
Alerta de spoiler, baby.”

Catherine olha para ele. “Em primeiro lugar, você deve me


dizer que um spoiler está chegando antes de dar o spoiler. Nunca
assisto nada com você porque claramente você não respeita o
alerta do spoiler, Cross.”

Ele simplesmente encolhe os ombros.

“Em segundo lugar,” ela continua, “eu sei que eles morrem.
Isso não os torna estúpidos. Eles morreram juntos. Foi a única
opção no final. Eu acho que é —”

Cross rapidamente rola e se aproxima o bastante de


Catherine para que seus rostos fiquem apenas centímetros
separados. “Se você disser que é romântico, vou queimar esse
maldito livro.”

“É o livro da escola, então faça isso.”

Ele não perde a forma como ela não disse que era
romântico, no entanto.

“Não era a única opção deles. Foi uma opção de merda em


que eles se colocaram porque não eram inteligentes o suficiente
para descobrir uma maneira de estarem juntos e ficarem vivos,”
diz Cross.

“Isso é—”

“Fato,” ele intervém.


“É melhor você parar de me interromper.”

Cross sorriu. “Ou o quê?”

Catherine bate-lhe na testa com o livro. “Ou nada. E não os


torna estúpidos, Cross.”

“Ok, talvez estúpido seja uma escolha ruim de palavra.”

“Tente novamente, então.”

Cross descansa os braços atrás da cabeça como um


travesseiro improvisado. Embora a cama de Catherine tenha
mais de meia dúzia de travesseiros decorativos para usar. Ele
não entende porque ela precisa de tantos travesseiros, mas tanto
faz.

“Não é romântico morrerem juntos, porque essa é a única


opção,” ele diz calmamente, “isso é triste. É triste pra cacete. Você
não desiste, não de alguma coisa, não de alguém que valha a
pena ter. Você simplesmente não desiste — nunca. Você descobre
um jeito. Você luta. Ou você dá um passo atrás e volta quando
estiver pronto, mas não se vira e morre. Então não, não é
romântico, é apenas triste. Isso é o fim de tudo.”

Catherine olha para ele por um longo tempo antes de dizer:


“Essa deve ser uma das maiores histórias de amor já escritas.”

“Sim, bem, eu prefiro meu amor vivo e bem, não frio e


morto.”

Ela revira os olhos. “Você é tipo terrível. Você simplesmente


arruinou Romeu e Julieta para mim.”

“Enquanto você nunca o chamar de romântico novamente.”

“Eu não disse isso em primeiro lugar.”

Cross a olha de lado. “Você ia.”


“Agora você nunca saberá, seu filho da puta arrogante. Não
deveria ter me interrompido.”

Sua risada sacode a cama e Catherine sorri. Ela volta a ler


seu livro e ele a deixa, por enquanto.

“Sabe,” diz ele depois de um tempo, “eu meio que te amo,


Catherine.”

Ela fica imóvel ao lado dele. “Meio quê?”

“Eu amo.”

“Eu sei.” Seu sorriso estava de volta, mas era mais suave.
“Como é isso?”

“Como nada mais,” admitiu. “Apertado no meu peito e


quente no meu sangue. Tudo é melhor quando você está por
perto, mais perfeito quando você está perto o suficiente para
tocar. Aterrorizante porque estou exposto demais, e isso é
loucura.”

“Ama, hein?”

“Eu acho que sempre amei, Catherine.”

Com certeza é assim.

“Provavelmente sempre vou,” acrescenta.

Ela se aproxima dele na cama; seus lábios macios beijam


seu braço, e seus olhos verdes o observam sob cílios escuros.
“Promete?”

“Sempre.”

“Eu também te amo.”

Rápido como um piscar de olhos, Cross rola e leva


Catherine com ele. Seu livro cai de suas mãos, mas ela não
parece mais se importar. Ela já está lhe beijando, seus lábios,
dentes e língua brigando com os dele, enquanto suas mãos
passam entre seus corpos.

Suas mãos já estão lá, também.

Deslizando em sua calcinha.

Acariciando e circulando e pressionando e fazendo com que


ela gema novamente.

Lindos gemidos.

Deus, ele ama os gemidos.

Calisto estava esperando por Cross na porta da frente


quando ele entra na casa Donati no domingo à tarde. Não fica
surpreso, nem a expressão solene de seu padrasto o interessa
tanto.

“Você preocupou sua mãe até a morte,” diz Calisto.

“Mandei mensagem para ela e para você. Duas vezes. Eu


disse que estava bem.”

"Você tem dezessete anos. Você não pode simplesmente


ficar fora por dois dias, Cross.”

“Eu estava bem,” ele repete, chutando os sapatos e tirando


o casaco. “O quê, você quer tentar me castigar, me diga que não
posso escolher o futebol na primavera, ou manter meu lugar no
time de futebol americano, também, quando a temporada
recomeçar? Pegue as chaves do Rover, não posso dirigi-lo até
terminar minhas horas de qualquer maneira. Diga-me para ficar
em casa, ou no meu quarto, que diferença vai fazer?”

“Esse é o problema todo,” Calisto diz com um suspiro, “não


vai fazer a diferença.”

“Já descobrimos isso, então.”

Cross passa pelo seu padrasto, pronto para uma soneca.

“Você precisa falar com sua mãe — peça desculpas por


preocupá-la.”

“Certo.”

“Você vai se matar um dia desses,” diz Calisto atrás dele.

“Enquanto eu morrer fazendo coisas que amo, parece que


vale a pena.”

“Coisas como Catherine Marcello?”

Os ombros de Cross ficam tensos e ele para de andar.


“Perdão?”

“Você sabe que Wolf tem um GPS no carro de Zeke, certo?


Eu sei exatamente onde você esteve todo fim de semana, Cross.”

Ele vira-se para encarar seu padrasto. “É o carro de Zeke.”

“Que Wolf comprou. Embora, ele apenas reativou o GPS


quando Zeke disse que você pegou as chaves e saiu.”

“Por que não veio me buscar, então, se você sabia onde eu


estava?”
“Parece que você precisa aprender essas lições por conta
própria,” murmura Calisto, “porque nada que eu digo ou faço
está resolvendo, filho.”

Cross levanta os braços abertos e sorri. “Aqui estou,


perfeitamente bem.”

“Desta vez, com certeza. Da próxima vez, porém...” Calisto


sacode a cabeça, acrescentando: “Você pode agir além da sua
idade do jeito que quiser. Você pode se comportar como um
homem adulto do jeito que quiser, mas você ainda não é, Cross.
Mas quando você escolhe o comportamento de um adulto, você
vai lidar com as consequências de adultos quando você for pego.
Espero que você perceba isso.”

“Ainda vale a pena.”

“Eu queria que você pudesse ouvir você mesmo.” Calisto


coçou o queixo e pergunta: “É isso, você ama a garota e isso o faz
agir como um menino tolo, vale a pena para você?”

“Merda, acho que sempre a amei.”

E o inferno, sim, é exatamente por isso que vale a pena.


Catherine só viu sua mãe se vestir discretamente algumas
vezes em sua vida. Uma vez, quando seu pai cumpriu uma
sentença de trinta dias; Catrina mal saiu de casa. Quando saiu,
ela não se vestiu com suas roupas de grife, vestidos de luxo, não
se maquiou nem fez muito esforço em seus cabelos.

Vestir-se para Catrina Marcello ainda significava parecer


bem. Claro. Óculos de sol Dolce & Gabbana, jeans skinny, botas
que valem mais do que o salário mensal da maioria das pessoas e
uma blusa coberta por uma jaqueta de três mil dólares.

A única outra vez que Catherine poderia se lembrar de sua


mãe vestir-se discretamente?

Nas manhãs de feriados, e quando visitaram o DMV7.

Catrina suspira e se mexe no duro assento de plástico


enquanto esperam. “Deus, este lugar é horrível.”

“Quanto tempo mais precisamos estar aqui?” Pergunta


Catherine.

“Até que eles terminem de marcar seu teste, embora isso


deveria ter acontecido trinta minutos atrás.”

7 Department of Motor Vehicles — Departamento de trânsito, similar ao nosso Detran.


“Você acha que eu reprovei?”

Catrina bufa, nem sequer se incomodando em esconder


sua diversão. “Você passou o último mês estudando o manual,
Catherine. Você pode recitar o livro para frente e para trás. Você
não reprovou.”

“Então, o que está demorando tanto?”

“É o DMV. O que mais? É seu trabalho fazê-la esperar.”

É isso, Catherine suspeita, é por isso que sua mãe sempre


se veste de forma básica quando são obrigadas a visitar o DMV.

Catherine fica em silêncio, observando as pessoas se


aglomerarem no DMV, formando filas nas respectivas mesas onde
precisavam ir. Os números aparecem para a próxima pessoa a
ser atendida.

“Então,” Catrina diz calmamente.

“Sim?”

“Você ainda está... vendo aquele garoto Donati, não é?”

“Cross,” diz Catherine. “Seu nome é Cross.”

“Mmmmm.” Sua mãe bate suas unhas stiletto8 cor


vermelho-sangue no braço da cadeira. “Há quanto tempo vocês
dois namoram agora?”

Catherine se pergunta onde sua mãe estava indo com isso.


“Quatro meses.”

“Você gosta dele um pouco, não é?”

“Sim,” diz ela, sorrindo.

8 Elas são caracterizadas por serem lixadas de forma a ficarem bem fininhas nas pontas.
Catrina assente. “Ele acabou de receber sua licença
provisória, não é?”

Catherine dá uma olhada na mãe. “Mês passado.”

No entanto, isso não era novidade. Cross pegou Catherine


durante toda a primeira semana de abril, apesar de viver a
quarenta minutos de distância dela, indo e voltando da escola.
Seus pais estavam cientes de que Cross tinha sua licença e um
novo Range Rover branco. Não entende porque sua mãe estava
agindo como se fosse a primeira vez que elas falam sobre isso.

Não era.

“Você sabe, ele saiu de casa às nove no outro dia,” diz


Catrina.

A testa de Catherine enruga. “E?”

Sua mãe toca um único dedo no livro que Catherine estuda


para sua licença. “Pense, Reginella. Você é uma garota
inteligente.”

Demora muito tempo para que Catherine perceba onde sua


mãe quer chegar. Leis de trânsito. Especificamente, as leis de
trânsito de Nova York em relação a adolescentes com licenças
provisórias. Nenhum motorista adolescente com uma licença
provisória é autorizado a dirigir após as nove da noite sem
alguém com mais de vinte e um no veículo com eles, a menos que
fosse para o trabalho ou para algum tipo de escola.

“Sério, mãe?” Catherine pergunta.

Catrina olha para a filha. “O quê?”

“Você vai passar um sermão a alguém que infringe a lei. E


leis de trânsito, por favor.”
“Bem…”

“Sério, mãe,” repete Catherine, nem mesmo colocando isso


como uma pergunta. “Um Marcello dando uma lição sobre as leis
de trânsito, de todas as coisas. Quero dizer, vá em frente. Estou
nessa, se você quiser, mas sério. Mesmo papai diz que essas leis
são ridículas. É por isso que ele diz que vai conseguir para mim
uma dessas cartas oficiais dizendo que eu tenho um emprego em
sua empresa com horas de trabalho até as doze para evitar todas
essas bobagens quando receber minha licença provisória. Suas
palavras, mãe, não minhas.”

Também foi assim que Cross aparentemente contornou as


leis, ou assim ela acha.

Sua mãe ri. “Seu pai é uma má influência.”

“Sim, apenas ele. Ele é a única influência ruim em nossa


família.”

“Olha lá.”

Catherine revira os olhos. “Ok, mãe.”

“Mas eu digo que você deve evitar ficar com problemas se


quiser manter sua permissão. Não importa, certamente algo está
esperando por você na entrada da garagem quando chegarmos
em casa.”

Ela fica rígida na cadeira. “O quê?”

Catrina sorri e examina as unhas. “Oh, por favor, não aja


como se não tem ideia do que eu falo, Catherine. Desde que seu
pai comprou o Mercedes para seu irmão em seu décimo sexto
aniversário, você lembra a ele todos os anos que também espera
ser presenteada com um carro de sua escolha.”

“Sim, bem…”
“E, nos últimos meses, todos os sábados, você deixa em
sua mesa para ele encontrar as fotos do modelo exato do Lexus
que deseja.”

Catherine sorri para si mesma.

Ela fez isso.

Ela não tem vergonha.

“Ele tem o couro bege?” Pergunta Catherine.

Catrina suspira. “Meu Deus.”

“Ah, e os frisos pretos para combinar com a pintura?”

Sua mãe balança a cabeça. “Ele te mima demais. Eu o


aviso e ele ainda faz isso.”

“Por que ele tem couro bege e frisos pretos, não é? Ele tem,
né?”

Catrina dá um tapinha no joelho da filha. “Ele tem.”

Catherine grita alto o suficiente para fazer com que todos


no DMV olhem em sua direção. “Sim!”"

“Eu sei que você não é uma pessoa do tipo Car and Driver9,
mas é melhor deixar seu pai falar sobre esse carro pelo tempo
que quiser quando chegar em casa, Catherine.”

“Eu vou,” ela promete.

“Catherine Marcello?”

Ela se vira para encontrar uma mulher segurando seu


teste e um formulário rosa.

“Sim?” Pergunta Catherine.


9 Carro e Motorista.
“Você passou no teste escrito. Por favor, leve esses papéis
para a quarta fila e entregue-os para os documentos de licença.”

Catrina sorri. “Veja, eu lhe disse que você passaria. Nada


para se preocupar. Feliz doce dezesseis, Reginella.”

Catherine nem esperou sua mãe desligar o motor do carro


antes que ela estivesse fora dele. O riso de Catrina segue atrás
dela, mas Catherine está muito interessada em outra coisa agora.

Seu pai inclina-se contra um Lexus preto. Um laço


vermelho descansava no capô do cupê de duas portas, e todas as
janelas tinham vidros fumê.

Dante sorri quando Catherine fez uma dança lá no meio da


entrada. Ele a encontra no meio do caminho e balança um
conjunto de chaves no dedo.

“Bem, o que você acha?” Ele pergunta.

Catherine olha para o carro. “É perfeito.”

“É a cor certa?"

“Preto fosco, sem brilho.”

“Você já duvidou de mim?” Pergunta seu pai.

Catherine sorri. “Nem mesmo um pouco, papai.”

Seu pai nunca falhou.


Catherine acordou naquela manhã de sexta-feira,
simplesmente feliz por ser o décimo sexto aniversário, a neve já
havia desaparecido porque é abril e sua festa é amanhã. Ah, e
porque ela sentiu falta de um dia de aulas por causa da viagem
ao DMV.

Agora, seu dia está quase perfeito.

Alguém mais seria perfeito, em breve.

“Obrigada, papai,” diz Catherine, na ponta dos pés para


beijar a bochecha do pai. “Posso dirigi-lo, agora?”

“Em um minuto,” responde Dante. “Temos regras para


passar primeiro.”

“Que regras?”

“Eu pago o carro; eu posso tirá-lo.”

“Tudo bem,” diz Catherine.

“Não que nos preocupemos muito com suas notas, mas


espero que elas permaneçam como estão. Caso contrário, a nova
casa do carro será a garagem até que as notas melhorem.”

“Entendi.”

Catherine é uma correta aluna nota 10. As aulas eram


uma piada.

“Você precisa sempre ter um motorista licenciado —


alguém com mais de vinte e um — no carro com você, então não
tenha ideias brilhantes sobre amigos com licenças.” Disse Dante.

“Eu sei, papai.

“Você tem que cumprir suas horas de direção; um instrutor


começará com você na próxima semana, sem queixas.”
Catherine salta sobre os calcanhares. “Sim. Posso dirigi-lo
agora?”

Dante suspira. “Eu sei que você provavelmente vai querer


levá-lo para a escola e mostrá-lo, mas não poderá, a menos que
alguém mais velho esteja com você no banco do passageiro.”

“Bem, e quanto a Cross?”

“Esse garoto não tem vinte e um.” Catherine jura que ela
ouviu seu pai acrescentar muito silenciosamente: ‘Graças a
Deus’.

“Não,” Catherine diz: “Quero dizer, ele não poderia dirigir


meu carro? Ele tem sua licença, e as horas escolares estão dentro
dos momentos apropriados, para não mencionar que é para ir à
aula. Então, ele poderia leva-lo comigo às vezes, certo?”

O olhar de Dante estreita quando olha pela longa garagem


Marcello. Ele ainda não fala.

“Ele poderia, não poderia?” Catherine pressiona.

“Eu acho que sim,” diz Dante seco e baixo.

Soa como a última coisa que quer fazer.

“Você me deixou ir com ele em seu Rover,” Catherine


aponta, “então você não deve achar que ele é um motorista ruim.”

Dante franze o cenho. “Vamos voltar para o seu carro.”

“Sim, vamos fazer isso agora, dirigindo-o.”

Catherine já estava em direção ao Lexus assim que


arrancou as chaves do carro da mão estendida de seu pai.
“Você está sempre dois passos à minha frente agora,
dolcezza10. Desacelere um pouco e deixe-me aproveitar este dia
com você. Não vou ter esse tipo de coisa por muito mais tempo.”

Catherine vira para a garagem, ignorando o leve frio do


vento de abril. “O que você quer dizer?”

“Eu me viro um dia, e você não é tão pequena.” Dante


encolhe os ombros, ainda sorri para ela, embora Catherine ache
que seu olhar também estava triste. “Eu nem tive a chance de
piscar, Catherine. Foi-me dito que é o que fazemos com crianças;
nós os criamos para vê-los partir. É para ser gratificante. Um
presente para nos mostrar que criamos seres humanos decentes
que podem lidar com o mundo. Talvez seja verdade, se alguém
encontrar recompensa na angústia. Eu pessoalmente não.”

“Não vou a lugar algum, papai. Estou apenas dirigindo.”

Dante ri, mas desaparece rapidamente.

“Está dirigindo agora, claro. Primeiro, você era muito


grande para as histórias para dormir, e então você não segurava
minha mão quando atravessávamos uma rua. Então mudou para
meninos e namoro. Agora, está dirigindo. Amanhã, será outra
coisa. Nunca para. Gostaria que você ficasse pequena um pouco
mais, mas não é assim que funciona, e não tive uma palavra a
dizer.”

Catherine não sabe como responder a isso.

Seu pai acaricia sua bochecha com a palma da mão e se


abaixa para beijá-la no topo da cabeça. “Mas ainda estou tão
orgulhoso de quem você é, Catherine. Minha menina boa e
inteligente. E você não seria ela se não crescesse, certo?”

10 Doçura.
Catherine assente. “Certo.”

Dante solta uma respiração pesada e acena para o bonito


Lexus com o laço vermelho brilhante no capô. “Então, não é o
automático que você queria, mas um câmbio manual é melhor,
de qualquer maneira. Aprenda como dirigir um manual e suas
mãos estarão sempre ocupadas demais para fazer qualquer coisa,
exceto dirigir o carro. O que significa que não há mensagens de
texto ou chamadas com seu telefone e menos ansiedade para
mim.”

“Você nunca dirigiu em um câmbio manual,” o pai


continua, “mas não é muito difícil.”

Certo.

Nunca conduzi um câmbio manual.

Nunca.

Catherine sorri para o pai com uma mentira já pronta.


“Não, nunca.”

Dante foi para o carro e ela o segue. “Vamos aprender,


então.”

Uma hora depois e Catherine estava certa de que seu pai


estava pronto para desistir e levar o Lexus de volta para trocá-lo
por um automático. Mesmo que isso significasse que não fosse da
cor que escolheu e o couro não fosse bege.

Cross estava certo há tantos meses atrás quando a deixou


praticar a condução do Range Rover. Ele simplesmente tinha
dado uma ideia do que era o câmbio manual. Não era nada
parecido com o real agora que ela está atrás do volante,
precisando dirigir, pisar na embreagem, mudar as marchas,
enquanto escuta o grunhido do motor para aquelas coisas serem
feitas. Certamente, não havia tempo para ela estar
constantemente observando seus espelhos como seu pai
continuava a exigir e odiou tudo.

“Isso é cansativo,” Dante murmura para si mesmo.

Catherine descansa a testa no volante. “Você grita demais;


não consigo me concentrar.”

“Eu não grito.”

Ele meio que gritou, apesar de não achar que era de


propósito. Seu pai não grita muito para começar; ele é um
homem dominador, mas não um que grita.

“Ok, então você fala muito alto comigo,” Catherine diz,


olhando para o pai.

Dante franze a testa. “Eu não queria, querida.”

Catherine encolhe os ombros e se senta ereta no banco do


motorista. “Talvez eu simplesmente não consiga dirigir um
manual.”

“Ou talvez você precise de um professor melhor. Meu irmão


me ensinou em um dia, e ele não teve um professor.”

“Tio Lucian?”

Dante ri sob sua respiração. “Vovô Antony bem que queria.


Não, foi Giovanni. Ele tinha apenas catorze anos e poderia dirigir
um manual melhor do que o nosso pai.”

“Mesmo?”

Seu pai encolhe os ombros. “Giovanni tinha uma


propensão a roubar coisas. Carros, principalmente. Os carros de
papai, na verdade. Ele aprendeu sozinho e explodiu a embreagem
de um dos antigos carros de Antony no processo, mas aprendeu.”
Catherine apertou os lábios para não sorrir. “Mesmo?”

“Eu acho que Antony deixou que ele se safasse dessa só


porque descobriu que ele não precisava ensinar a mim ou a
Lucian como dirigir um manual. Seu avô também não é um bom
professor.”

“Você é um bom professor, papai.”

Dante fez um gesto com a declaração dela. “Claramente,


não sou quando se trata disso. Que tal eu ir fazer uma ligação e
ver se o tio Gio tem tempo para vir mais tarde?”

“Posso ficar aqui fora?”

“E fazer o quê?”

Catherine sorri e esfrega as mãos sobre o couro bege e a


costura preta no volante. “Adoro meu carro. O que mais?”

Dante sai do carro rindo, mas Catherine estava certa de


que ela ouviu seu pai murmurar: “Pelo menos eu não tenho que
matar a porra de um carro.”

Não havia tempo para perguntar ao certo, quando seu pai


bateu a porta e dirigiu-se para a casa sem olhar para trás. Ela
brinca com os botões do painel, aprende a usar o aparelho de
som e muda as luzes extravagantes atrás dos medidores para
cores diferentes.

Catherine realmente precisa aprender a dirigir um câmbio


manual porque não iria desistir desse carro.

Uma batida na janela do motorista a faz gritar.

Catherine encontra um Cross sorridente de pé do outro


lado da porta do motorista, e ela coloca a mão sobre seu coração
para acalmar o órgão acelerado. Ele gira o dedo indicador como
se quisesse dizer-lhe para deslizar a janela.

“Você me assustou pra caramba,” Catherine diz uma vez


que a janela rolou.

“Não posso fazer nada se você está desatenta, querida.”

“Eu não estou, estou apenas…”

“Sentindo seu carro?”

Catherine sorri. “Um pouco. Eu amo isso.”

Cross riu. “Aposto que sim, Catty.”

Então, ele se inclina na janela e a beija rapidamente. Não


demora muito, embora ele nunca tenha feito quando estavam em
sua casa, especialmente se achasse que seu pai estava perto.
Dante gostava de observar — muito.

Cross ainda está vestido com o uniforme da escola e


Catherine vê seu Rover estacionado a alguns metros à esquerda
do Lexus. Droga, ela realmente se distraiu.

“Eu pensei que você viria amanhã para a festa?” Catherine


pergunta.

Cross dá de ombros. “Eu venho. Toda a família, na


verdade. Seu pai convidou meus pais e irmã ontem à noite por
telefone.”

“Você não tinha que vir até aqui hoje, Cross. Eu te falei
isso.”

“Claro.” Cross pisca, antes de se inclinar para salpicar a


linha do seu maxilar com doces beijos. Contra sua pele, ele diz:
“Feliz aniversário, Catherine.”
Ela morde o lábio inferior, sorrindo. “Obrigada.”

“Mas você tem que esperar amanhã para ter o seu


presente.”

“Você é suficiente,” ela diz honestamente.

Cross bate no teto de seu carro. “Certo. Agora, por que


diabos você não está dirigindo essa coisa pelo quarteirão? Não é
como se alguém por aqui vá chamar a polícia por você estar
praticando, desde que você não faça nada estúpido. Sem
mencionar, você sabe, seu pai. Todos provavelmente sabem quem
ele é — ninguém quer chamar a polícia para alguém como ele.”

Catherine aponta para o câmbio. “Parece que eu sou


péssima nisso.”

“Mentira.”

Ela nem consegue discutir com Cross, desde que ele já está
passando pela frente de seu carro antes que ela pisque. Ele pula
no assento do passageiro e bate à porta. Inclinando-se, Cross vira
a chave e faz o motor ronronar.

“Não bata no meu Rover quando você voltar,” diz ele.

Sua expressão lhe diz que ele não está brincando, no


mínimo.

Catherine olha para a casa. “Não tenho certeza de que devo


fazer isso.”

“Por que não? Coloque isso na marcha ré e vá para trás.


Você quer aprender, não é? Você não irá dirigir nenhuma
distância que seu pai não possa ver. Estou contigo. Está tudo
bem. Vamos.”
Ela não sabe como dizer não a Cross. Não quando ele olha
para ela da forma como está olhando. Não quando ele se
certificou em mostrar que não se esqueceu dela durante o dia.
Não quando ele sorriu. Não quando ele a amava.

“Se o meu pai tiver um ataque, você diz que a ideia foi
sua,” diz Catherine, levantando uma sobrancelha.

Cross puxa sua gravata da Academy e a joga no banco de


trás. “Foi minha ideia. E, sério, não bata no meu Rover.”

“Você é um burro.”

“Sim, mas você o ama.”

Um burro arrogante.

E ela adorou.

Demorou três longas horas, mas, quando Cross dirige-se


para o Rover com um aceno sobre o ombro, Catherine estava
bastante segura de que poderia dirigir um câmbio manual desde
que não estivesse na estrada. Para isso, ela provavelmente
precisa de um pouco de prática, devido a velocidade.

Talvez o pai tenha razão...

Talvez ela só precisasse do professor certo.

Catherine espera até que o Rover se afaste de sua visão e


então se vira para voltar para casa. Já tinha passado o jantar e
ela está faminta.

Seu pai está sentado nos degraus na frente da grande casa


e ao mesmo tempo que ele não parece particularmente feliz,
também não parece muito irritado.

Ela toma isso como um bom sinal.


“Cross veio visitar, eu imagino,” diz seu pai.

Catherine também se senta nos degraus. “Ele queria me


desejar feliz aniversário.”

“Ele vem amanhã, não é? Não podia esperar?”

“Eu acho que não.”

“Catherine.”

“Ele me ama, papai,” ela diz calmamente, “e isso significa


que ele não gosta de esperar, eu acho.”

Dante não diz nada por um longo tempo, depois acena com
a cabeça para o carro dela. “Você parece estar melhorando com o
carro. Eu vou ter que ligar de volta para Giovanni e informá-lo
para não vir mais tarde.”

“Cross é um bom professor.”

“Um professor ilegal.”

Os olhos de Catherine rolam para o céu. “Você é como a


mamãe.”

“Como assim?”

“Você, de todas as pessoas, não tem nada a ensinar a


ninguém sobre o que é ilegal ou legal, considerando quem você é
e tudo mais.”

Os lábios de Dante se curvam nas bordas. “Na verdade,


Catherine, eu acho que me dá uma posição ainda melhor para
apontá-lo, vendo como eu tenho tanta experiência, mas isso é só
eu.”
“Você parece um pouco fora,” Cross ouviu sua mãe dizer do
fundo do corredor. “Você sequer ouviu o que eu disse?”

“Eu sempre a ouço, Emmy,” Calisto respondeu: “mesmo


quando você acha que não.”

“Então o que foi que eu disse?”

“As opções de cores para o seu vestido amanhã. Qualquer


coisa menos vermelho; eu sei que a esposa dele prefere vermelho,
por isso lhe dê a opção de ser a única mulher a usá-lo.”

“Você não está preocupado com amanhã, né?” Emma


perguntou.

Seu padrasto riu baixo. “Não. Nem um pouco. Famílias


como as nossas não se misturam muito quando se trata de
eventos particulares como este, mas nós fomos convidados por
causa do envolvimento de Cross com a garota. Teria sido rude
dizer não. Nós vamos, dizemos um ‘Oi’, ficamos um tempo, mas
mantemos distância como devemos para o bem dos negócios. Eu
só estava pensando.”

“Sobre o quê?”
Cross ouviu algo se deslocar contra a madeira.
Provavelmente algo se movendo na grande mesa do Calisto.

“Eu estava olhando isso,” disse Calisto.

“Eu tirei essa foto.”

“Mmm, eu sei. Nós estávamos nos preparando para um


casamento. Preocupava-me menos nessa época. Cross me
deixava falar muito mais quando era este jovem. Ele ainda
jogava, ainda adormecia no banco de trás do carro quando
tínhamos um longo dia, e ouvia mais. Muito mais."

“Ele ouve,” Emma disse suavemente.

“O que ele quer ouvir,” Calisto respondeu, “e mais


frequentemente do que não, ele não quer ouvir nada.”

“Cal.”

“É verdade, Emmy.”

Um suspiro ecoou no corredor, onde Cross estava de pé.


Ele tinha ido à procura de seus pais depois que chegou em casa,
para que eles soubessem que ele estava lá, e não tinha certeza do
que estava ouvindo agora.

“É verdade,” repetiu seu padrasto, “e agora me preocupo


com ele o tempo todo.”

“Poderia ser pior.”

“Como?”

“Ele poderia estar festejando o tempo todo, bebendo


demais, ou usando drogas. Então, é um pouco tagarela e
selvagem, e permite que o seu comportamento seja governado por
seus desejos e não suas necessidades. Cross é um adolescente,
Cal. Isso é o que você vem me dizendo desde que ele tinha treze
anos. Ele é um adolescente.”

“Eu me pergunto se ele nunca irá se estabilizar, só isso. A


sua atitude um dia vai nivelar com seu temperamento? Eu quero
que Cross encontre este equilíbrio, Emmy. Você sabe o quão
incrível ele seria, se só encontrasse o seu equilíbrio entre onde
está agora e onde ele poderia estar?”

“O que é que você me diz sempre que eu fico impaciente?”


Perguntou Emma.

“Dê um tempo para isso?”

“Então, dê algum tempo, Cal. Cross ouve, mesmo quando


você acha que não. Ele ouve você.”

Cross percebeu que tinha ouvido o suficiente, e não queria


que seus pais soubessem que escutou a conversa, mesmo que
tivesse sido por engano. Ele dirigiu-se para a porta da frente,
andando tão silenciosamente quanto pôde, vendo como seus pais
não deviam tê-lo ouvido entrar pela primeira vez. Ele fez questão
de bater à porta da frente alto o suficiente para ecoar na segunda
vez.

Com certeza, quando veio para o corredor, sua mãe o


encontrou lá.

Ela acariciou seu rosto quando veio ficar na frente dele.


“Como foi a escola?”

“Bem, mãe.”

“Você está atrasado. É depois do jantar.”

“Fui até a Catherine uma vez que ela não foi a escola,” ele
explicou.
Emma sorriu. “Para desejar-lhe um feliz aniversário?”

“Melhor do que pelo telefone, certo? Eu fiquei um pouco


depois, também.”

“Entendi.” Sua mãe acenou para as portas abertas do


escritório. “Calisto está lá, se você está procurando por ele.
Camilla queria lasanha, então isso é o que está na geladeira se
você quiser que eu esquente.”

“Claro, Mamãe.”

Sua mãe deu-lhe um último tapinha gentil no rosto antes


de ir para o corredor. Cross se dirigiu ao escritório de seu
padrasto.

Calisto estava sentado atrás de sua mesa; sua mão


repousava sobre uma foto, mas a soltou quando viu Cross entrar.
“Um pouco atrasado hoje, não é?”

“Catherine,” disse Cross como explicação.

“Vamos lá amanhã, Cross.”

Cross deu de ombros.

Calisto recostou-se na cadeira, dizendo: “Um dos meus


rapazes pegou seu pacote no Marlo esta tarde.”

Marlo era um joalheiro que Calisto tinha sempre utilizado


quando queria algo específico feito, ou precisava de algo perfeito.
Cross não era muito de joia, mas ele sabia que Catherine gostava
de peças únicas, interessantes. Elas não tinham que ser coisas
caras, apenas belas e diferentes.

Meio como ela.


Cross teve uma ideia para uma peça, e foi até Marlo para
tê-la feita. O joalheiro não tinha certeza se a teria pronta a
tempo, mas acabou conseguindo.

“Onde está?” Perguntou Cross.

Seu padrasto abriu uma gaveta em sua mesa, e puxou


uma caixa de veludo branco para fora. Colocou-a sobre a mesa, e
deslizou a caixa para o outro lado.

“Ele incluiu a fatura dentro,” disse Calisto.

Cross pegou caixa, e abriu a tampa, olhando para o item


dentro.

Era perfeito.

“Oh?”

“Você pagou muito por isso, Cross,” seu padrasto observou.

“E?”

“Eu não vou dizer nada porque sei que você não gasta
dinheiro com bobagem para começar, mas me surpreendeu. Só
isso.”

Isso era verdade.

Tudo isso.

Cross tinha dinheiro. Um monte de dinheiro, especialmente


para alguém de sua idade. Tudo o que sabia era que, quando seu
pai biológico tinha deixado sua mãe com os papéis do divórcio,
ele também entregou todos os seus bens no processo. O que
incluía casas de férias, um condomínio em Jersey, e uma
cobertura de luxo em upper Manhattan. Havia vários veículos, e
qualquer outra coisa que ele deixou para trás.
Emma não quis nada disso.

Então, sua mãe liquidou tudo, e colocou em um fundo para


Cross. Um fundo que resultou em um pouco mais de cinco
milhões de juros empilhados em mais de uma década. Ele era
autorizado a tirar uma pequena mesada dele, embora não
achasse que dois mil por mês fosse exatamente pequeno. Quando
completasse dezoito anos, ele receberia acesso ao fundo
integralmente para fazer o que quisesse.

“Catherine gosta de coisas interessantes,” disse Cross.

“Eu não me preocupei em olhar e ver o que você comprou


para ela, então terei que confiar em seu julgamento.”

Cross virou a caixa então seu padrasto podia ver o item


dentro do veludo branco. Calisto deu uma olhada para a peça e
riu alto.

“Bem, isso é definitivamente—”

“Interessante,” Cross interrompeu.

“Sim.”

Cross sorriu, e fechou a caixa. “Eu tenho minhas razões


para isso.”

“Aposto que sim.” Calisto levantou de sua cadeira e


contornou a grande mesa. “Acho que eu vou pegar um pouco da
lasanha. Você deve estar com fome, também, não é?”

“Sim, estarei lá em um minuto.”

“Tudo bem, filho.”

Cross esperou até Calisto ter ido embora do escritório, e em


seguida, virou em torno da mesa de seu padrasto. Ele nunca ia
atrás da mesa, porque sempre tinha sido dito para não o fazer.
Não era sua mesa, não era o seu espaço. E não estava realmente
certo porque seu padrasto escolhia itens específicos para colocar
sobre a mesa, como bugigangas específicas e outras coisas.
Também não sabia que fotos Calisto olhava todos os dias, já que
elas estavam viradas de frente para o homem na cadeira, não o
convidado do outro lado.

Mas estava curioso, embora...

Cross encontrou a imagem que seu padrasto e sua mãe


tinham falado. Ele parecia ter talvez cinco anos na fotografia, ou
talvez seis. Ele e seu padrasto estavam vestidos de forma
semelhante com camisas brancas e gravatas pretas, os cabelos
arrumados e um espelho refletindo suas imagens por trás de
Calisto. Seu padrasto estava curvando-se ligeiramente na foto,
ajudando Cross a amarrar a gravata, e sorrindo gentilmente
enquanto fazia isso.

Ele não se lembrava deste evento em particular, mas


lembrava-se muito de sua infância. Lembrava que Calisto tinha
sempre tempo para ele, não importa o quão ocupado estivesse. Se
Cross queria brincar, seu padrasto largava tudo para fazer o que
ele quisesse. Cross, assim como sua irmã, sempre foi uma
prioridade para Calisto, não simplesmente uma reflexão para
depois.

Ele amava seu padrasto por isso. Ele o amava por ser seu
pai, mesmo que Calisto não precisasse ser.

Qualquer um pode ser pai, com certeza, mas nem todo


homem pode ser um pai de verdade. Um homem só precisa fazer
uma criança para ser chamado de pai, mas ele tinha que ganhar
seu lugar como o pai verdadeiro de alguém. Não era a mesma
coisa.
Calisto ensinou a Cross essa lição, e era uma importante
lição, mesmo que seu padrasto não soubesse disso.

Cross não tinha percebido o quão grande a família Marcello


era até eles estarem todos na mesma casa, juntos. E barulhentos.
Sua família, como a deles, era italiana, mas os Marcellos levavam
isso para outro nível quando se tratava de uma festa.

Ele tinha optado por ir com o seu Rover, enquanto seus


pais dirigiam seu próprio carro, mas no momento em que
chegaram, a calçada e a rua estavam praticamente lotadas. Sua
família dava festas, com certeza, mas nunca tão grande; nunca
com esse tanto de pessoas.

Cross ficou perdido no labirinto de pessoas que se


deslocavam entre uma sala de jantar cheia de comida, e cada
outro maldito aposento. Decorações estavam penduradas no teto,
centros de flores rosas em cada mesa que tinha sido montada, e
Cross tinha certeza que Catherine levaria horas para abrir os
presentes que eram colocados na sala de estar.

Horas.

Ele tinha certeza, se pudesse encontrá-la, que sua


namorada estava tendo um grande momento na sua vida. Claro,
essa multidão o deixava desconfortável, mas não fariam isso com
ela. Eram sua família, e amigos. Seus amigos, amigos de sua
família, e as pessoas que trabalhavam com o seu pai. Ela
provavelmente conhecia todos os nomes, e cada rosto na casa,
mesmo que ele não o fizesse.

Cross finalmente encontrou Catherine na sala principal, de


pé entre a mãe e o pai. Curiosamente, o pai e a mãe dele estavam
lá também. Os quatro adultos conversavam calmamente um com
o outro, enquanto Catherine ficava quieta. Ele estava perto o
suficiente para ouvir a conversa. Os quatro adultos apenas
começaram a falar quando Catherine foi puxada alguns metros
longe pela sua prima mais nova, Cella.

“Obrigado por nos convidar,” disse Calisto.

Dante assentiu. “Teria sido estranho não convidá-los, eu


acho. Consideração.”

“Teria sido rude se eu recusasse.”

“Coloca-nos em posições interessantes, não é?” Perguntou


Dante.

“Posso dizer que sim,” Calisto concordou.

“Contanto que seja pelas crianças,” disse Catrina com um


sorriso, “então não há nenhuma razão pela qual não podemos
todos nos reunir. Eu sei que não é a regra, mas exceções são
sempre feitas. Nós certamente não nos importamos, e os negócios
são tranquilos entre nossas famílias.”

“Pacíficos,” Emma concordou rapidamente. “E sua casa é


adorável, Catrina.”

A mãe de Catherine sorriu mais aberto. “Obrigada. Tenho


muito orgulho dela.”

Não era comum para as famílias do crime organizado se


misturarem de uma maneira pessoal. Tinham dito a Cross por
toda sua vida que mais de um chefe em uma sala seria uma
situação ruim, se os dois homens não estavam lá para discutir os
negócios em mãos. Ele não entendia totalmente por que era
assim, apenas que era como as coisas eram feitas.

Um chefe devia ficar em seu território, com seus homens.

Cross suspeitava que seu padrasto estava sendo cuidadoso


— até mesmo em suas palavras — para não ultrapassar
quaisquer limites, onde se tratava de Dante Marcello.

Por mais interessante que a reunião entre seus pais e os de


Catherine fosse, a atenção de Cross voltou para a sua menina.

Usando um vestido que caia alguns centímetros acima dos


joelhos, com uma saia rodada, saltos combinando, e seu cabelo
arrumado em ondas longas. Ela parecia uma princesa em cada
centímetro.

A principessa Marcello.

Por um segundo, Cross apenas se escondeu na fila de


pessoas, e assistiu. Foi só quando o pai de Catherine deu um
tapinha no ombro dela, e acenou com a cabeça em direção à
porta de entrada, que ela finalmente deixou seus pais de lado.

Cross passou pelas pessoas, seguindo atrás de Catherine


até que estava perto o suficiente dela para que ele pudesse
segurar-lhe o pulso e pará-la em um corredor entre as várias
salas. Apenas algumas pessoas andavam lá, e eles não estavam
prestando atenção neles.

Catherine sorriu largamente quando se virou para ele.


“Quando você chegou aqui?”

“Uma hora atrás,” disse ele, rindo. “Esta casa está cheia.”

“Sim, está.”
Cross apontou o polegar por cima do ombro. “Venha
comigo por um minuto enquanto ninguém nota que você saiu.”

“Para quê?”

“Apenas venha querida.”

Ele agarrou a mão dela e a puxou pelo corredor, mais longe


das pessoas e mais fundo na parte de trás da casa. Parecia que
os Marcellos tinham regras sobre festas, e a parte de trás da casa
onde a piscina e o deck ficavam era quase sempre fora dos
limites.

Cross não soltou a mão de Catherine até que saíram no


deck traseiro. Colocando um braço ao redor da cintura dela, ele a
puxou para sentar em seu colo, quando sentou nos degraus.

“Feche os olhos,” ele pediu.

Catherine fez uma careta. “Por quê?”

“Porque eu disse.”

“Quando é que eu faço alguma coisa porque você me diz


para fazer?”

“Só faça isso,” disse ele.

Catherine deu um suspiro falso e fechou os olhos, mas não


antes de dar-lhe uma piscadela. Ele puxou a caixa de veludo
branco do bolso interno de sua jaqueta de couro, e passou os
braços ao redor da cintura para mantê-la na frente dela.

“Eu não queria que você abrisse o meu presente na frente


de todo mundo porque—”

“Não é da conta de ninguém, o que você comprou para


mim?”
Cross mal conteve o riso, e apoiou o queixo no ombro dela.
“Bem, isso também. Mas, principalmente porque eles não
entenderiam, e eu não poderia te dizer porque eu mandei fazer
isso na frente deles. E sim, não é da conta deles. Abra os olhos, e
abra o presente.”

Catherine estendeu a mão para a caixa branca, e


rapidamente abriu a tampa mantendo seu presente coberto. Seu
suspiro baixo o fez sorrir. No interior, descansava um soco inglês
de ouro branco artesanal, feito de quatro anéis que tinham sido
formados em conjunto para fazer a peça principal. Em cima de
cada anel tinha um diamante, brilhante e esculpido, pronto para
ser bonito ou perigoso.

Ele sentia que esse tipo de ajuste caía bem a Catherine.

Ela era tão bonita.

E tão perigosa para ele.

O soco inglês certamente não seria uma boa arma — uma


porrada e provavelmente arruinaria os diamantes, ou a
configuração dos anéis ligados.

Mas mesmo assim...

“Eu posso não estar sempre por perto para socar os idiotas
que parecem segui-la em todos os lugares,” Cross murmurou
sobre o ombro. “Então, apenas no caso.”

Catherine inclinou a cabeça para trás para descansar na


curva do seu pescoço. Sua risada sacudiu ambos, fazendo a
felicidade silenciosa dele crescer. Ele beijou a bochecha dela
antes dela se endireitar em seu colo novamente. “Isto é perfeito.
Você sabe disso, certo? Isto é perfeito, Cross.”

“Achei que você ia gostar.”


“Eu amo. Obrigada. Onde você achou isso?”

“Mandei fazer,” disse ele, oferecendo mais nada sobre a


peça ou como ela veio a existir. “Experimente para mim, hein?”

Ela o fez, deslizando o soco inglês de ouro branco nos


quatro dedos de sua mão direita. Os anéis não foram feitos para
ser um ajuste perfeito para cada dedo, mas foi bem perto. Cross
apenas confiou na sorte, e nada mais.

Catherine virou-se rapidamente em seu colo, a saia voando


ampla em volta deles. Com outra risada, ela agarrou seu rosto, o
ouro branco frio contra sua pele conforme ela o puxou para um
beijo rápido, forte, que deixou seus lábios dormentes e seu jeans
apertado como o inferno.

“Perfeito,” ela repetiu, beijando-o mais uma vez.

“Contanto que você goste.”

“Você sabe que eu nunca realmente soquei alguém que não


seja meu irmão, certo?”

Cross levantou um ombro, indiferente. “Apenas certifique-


se de não o colocar em seu polegar. Qualquer outra coisa é um
jogo justo.”

Catherine inclinou a cabeça para trás, rindo para o céu.


Ele enfiou os dedos nas longas ondas de seu cabelo, pegando seu
olhar com o seu próprio quando ela finalmente ficou quieta. “Eu
te amo, Cross.”

“Sempre, Catherine,” ele murmurou.

Ele não queria nunca mais amar alguém.

Não havia ninguém como ela.

Ninguém mais era ela.


Ninguém mais poderia ser.

“Merda Cross, faz o que, poucos meses desde que te vi?”

A mão de Andino Marcello caiu com força no ombro de


Cross. Um dos dois primos mais velhos de Catherine, Andino
tinha dezoito anos, e é um dos únicos Marcellos que Cross sabia
que não frequentou a Academy antes dele se formar. Cross tinha
conhecido Andino através de outros amigos, em festas e coisas
assim. Com um corpo formado como um quarterback do futebol
americano, qualquer um que não conhecesse Andino
provavelmente daria um enorme passo para trás do cara na
primeira abordagem. Seu olhar verde era frio, e seu sorriso um
pouco malvado, mas Cross sabia que era tudo aparência quando
se tratava de Andino.

“Seis meses eu acho,” disse Cross, mantendo um olho em


Catherine do outro lado da sala. “Aquela festa na casa de Zeke
em Odessa, eu acho.”

“Zeke ficou fodido naquela noite.”

Cross riu. “Eu fiz sua bunda dormir onde ele caiu no
banheiro. De jeito nenhum eu iria arrastar aquele estúpido para
o quarto apenas para acabar tendo que limpar ele ou algo assim.”

“Esperto”. Andino seguiu o olhar de Cross para encontrar


Catherine olhando de volta para eles. “Então, minha priminha,
hein? Eu ouvi que você estava saindo com ela, mas não tinha
certeza.”

“Acho que sim.”

Andino riu. “Então, ei, não pise na bola lá porque Dante


não hesitaria em colocar uma bala em seu crânio. Aviso justo.”

“Sim, eu tenho essa impressão algumas vezes.”

“Contanto que você saiba.”

Andino deu a Cross outro tapa em seu ombro quando


Catherine diminuiu o espaço entre eles. “Feliz aniversário,
priminha.”

Catherine sorriu. “Obrigada.”

“Seu rosto já está cansado de tanto sorrir, Catty?”


Perguntou Cross.

Seus olhos se arregalaram, e Cross percebeu seu erro


imediatamente. Ele deveria ter cuidado com aquela droga de
apelido, especialmente perto de sua família.

Andino sorriu, uma provocação de reconhecimento já


caindo de seus lábios. “Catty, hein? Esse é novo.”

“Cala a boca, Andino,” Catherine murmurou. “É meu


aniversário, por isso nem pense.”

“De onde esse nome veio?” Andino perguntou a Cross.


“Quero dizer, todo mundo chama a Tia Catrina de Cat, então
estou apenas curioso.”

Cross não tinha certeza de como responder.

Catherine o salvou. “Sim, como a mamãe. Agora saia, e


pare a provocação.”
“Claro, Catty.”

Seu primo saiu, puxando seu cabelo conforme foi embora


ganhando um olhar de Catherine, que não era muito assustador.

“Idiota,” ela murmurou baixinho.

“Seja agradável,” Cross disse a ela. “Você só tem uma


família, afinal de contas.”

Ela franziu o nariz. “Não faça isso.”

“Fazer o quê?”

“Dizer coisas assim. Você soa como meu pai ou tios quando
estão em um de seus discursos. Apenas... uau, nunca, nunca
faça isso, Cross.”

Ele colocou um braço em volta da cintura dela, e a trouxe


perto o suficiente para que ele pudesse enterrar o riso em seu
cabelo. Ela beijou a lateral do queixo dele, sorrindo o tempo todo.

“Anotado, desculpe,” disse ele.

“Você sabe que todos eles vão me chamar assim agora,


Cross? Todos. Agora que um sabe, isso vai passar pela família
como fogo selvagem. Você não imagina.”

“Você pode estar sendo muito drama—”

“Eu não estou, só aguarde.”

“Culpa minha,” disse ele para acalmá-la.

Catherine franziu a testa, mas rapidamente sorriu.


“Adivinha?”

“O quê?”
“Disseram-me para dar o fora daqui se eu quisesse, já que
é a minha festa e eu posso fazer o que quiser.”

Cross levantou uma sobrancelha. “Você quer dizer que


basicamente já sorriu por cinco horas e todos os adultos
começaram a derramar álcool?”

Ele tinha que dar-lhes crédito, no entanto. Eles duraram


até que o jantar fosse servido antes do álcool sair para jogar.

“Quero dizer que sim. Deixe-os aproveitarem agora. Eu


preciso ligar, porém, se eu pretender ficar fora depois da meia
noite.”

“Eles sabiam que você quis dizer ir comigo, quando você


perguntou?”

“Sim. Papai abriu a boca para dizer alguma coisa, e a


mamãe olhou, então... o que você acha?”

Bem então…

“O que você tem em mente?” Ele perguntou.

Catherine deu de ombros. “Qualquer coisa, Cross. Mas


você tem razão. Eu estive sorrindo e pessoando o dia todo.”

“Pessoando não é uma palavra.”

“É a melhor que consegui. Eu realmente só quero tirar


meus saltos e não fazer nada.”

“Não fazer nada, mas não aqui.”

“Simmmm,” ela disse, estalando o 'm' com uma piscadela.

“Você terá uma babá para acompanhar?”

Um segurança, ele queria dizer.


Catherine deu de ombros. “Provavelmente, mas eles nunca
me seguem dentro dos lugares, ou nos incomodam, certo?”

Verdade.

Cross descobriu que seu pai apenas mandava seguranças


quando ela estava na cidade, ou com alguém que não era um
homem de sua família. Quando ela saía com seus primos
homens, seguranças não a seguiam.

Cross teve uma ideia. “Que tal a praia?”

“É abril, Cross.”

“Sim, não. Eu quis dizer, uma casa na praia. É um lugar


vazio — pequeno, mas bem na praia, em Odessa. Zeke começou a
alugá-la há um tempo, mas ele está em Chicago pela próxima
semana com o pai, e eu tenho as chaves. Ela tem uma televisão
gigante do tamanho de uma parede e outra parede apenas com
janelas que dão para fora, para uma parte particular da praia na
parte traseira. Isso é o suficiente para você?”

“Ele não vai ficar bravo por você entrar na casa dele
comigo?”

Cross zombou. “Zeke? Tenho anos de recibos para o


quanto ele me deve, por isso nem sequer se preocupe com isso.”

“Se você diz.”


“Isto é incrível,” disse Catherine, olhando para fora da
parede de janelas com vista para o pequeno pedaço da praia
privada. “Viu, é por isso que eu gostaria de viver na Flórida ou
algo assim.”

“Certo, Florida. Onde os jacarés podem comer você, se as


tempestades anuais não o matarem.”

Ela lhe deu um olhar irritado por cima do ombro. “Não


estrague meus sonhos, Cross.”

“Você não vai a lugar nenhum, além do estado de Nova


York, querida.”

“E por que isso?”

“Porque você nunca iria tão longe de sua família,” ele


respondeu com um encolher de ombros.

“Meu irmão vai para Detroit.”

“Seu irmão provavelmente não é como você.”

Catherine parou antes de dizer: “Sim, talvez você tenha


razão.”

“Aqui, encontre um filme para nós.” Cross jogou a


Catherine o controle remoto da mesa de centro. “Eu preciso ligar
para o meu padrasto, e deixá-lo saber onde estou. Não me
incomodei em encontrá-los antes de sairmos. Eu não preciso de
outro discurso.”

“Acho que isso se chama parentalidade, se é um conceito


estrangeiro ou qualquer outra coisa.”

Ele levantou uma mão conforme entrou na cozinha. “Não


preciso do seu julgamento também.”

O riso doce dela ecoou atrás dele.


Cross demorou o suficiente para se explicar e parar as
perguntas de Calisto. Onde estava, com quem, se Dante Marcello
não iria encontrá-lo com uma arma na mão, e que ele estaria de
volta para casa antes do amanhecer. Até acabar, Catherine tinha
se arrumado na sala de estar em um grande monte de cobertores.
Ela não estava nem mesmo assistindo ao filme de ação na
televisão, mas em vez disso ela olhava as janelas.

“Sabe,” Cross disse conforme deslizou atrás dela e a puxou


para perto para envolver seus braços ao redor de seu corpo, “seu
aniversário foi um inferno de muito mais intenso do que o meu
este ano.”

“Oh?”

“A coisa mais intensa que tive no meu foi a minha irmã


despejando água gelada em mim na cama.”

Os ombros de Catherine sacudiram com risadinhas


abafadas. “Mesmo?”

“Sim, não foi uma boa maneira de acordar.”

“Você não teve uma festa?” Perguntou ela.

“Eles queriam uma; eu não. Eu consegui o que queria.


Chame isso de presente.”

“Você arruinou a diversão deles, provavelmente.”

“Ah não. Eles tiveram muita diversão deixando minha irmã


me transformar em um cubo de gelo humano. Onde você
conseguiu esses cobertores?”

“Encontrei-os em um armário no corredor.”

Cross balançou a cabeça. “Eu não lhe disse para


bisbilhotar, Catty.”
“Eu não estava bisbilhotando!”

“Mmhmm.”

“Eu não estava, mesmo, apenas pensei que seria bom olhar
pelas janelas e o sofá não está virado para aquele lado. O piso é
duro.”

“Mmhmm.”

“Ok, então eu bisbilhotei um pouco,” ela murmurou. “Pare


de falar.”

Cross descansou uma mão em sua coxa, sob a saia do


vestido de Catherine, enquanto a outra corria através das ondas
de seu cabelo. “Bisbilhotar traz problemas.”

“Bem, às vezes. Eu encontrei algo, no entanto.”

“Sim, cobertores.”

“Não,” ela demorou em silêncio, “outra coisa.”

Catherine segurou sua mão no alto, deixando-o ver o


pequeno pacote de alumínio que ela segurava entre dois dedos. O
olhar de Cross disparou para o preservativo, e depois de volta
para fora das janelas, para a água.

“Então, a coisa é a seguinte,” disse Catherine com um


pequeno suspiro, “Eu não quero um monte de perguntas sobre
nada, ok. Você não empurra ou pressiona ou pede. Você me
deixa fazer o que quero no meu próprio tempo, no entanto. Eu
quero. Você é bom assim, o que me faz bem, Cross. Estou bem.
Eu estive bem. Eu só... precisava da pessoa certa, eu acho.
Portanto, não pense demais, ou o que quer que seja. Não fique
estranho ou esquisito sobre nada, só isso.”
“Você sabe que poderia apenas me perguntar se eu tinha
um preservativo, certo?”

“Bem…”

“Porque eu tenho,” disse ele quando ela não continuou a


falar. “Não porque esperava merda nenhuma, mas porque é bom
ter um, apenas no caso.”

“Eu sei que você não é—”

“Virgem? Não, desde uma semana depois que fiz quatorze


anos. Merda, eu não acho que a primeira vez de alguém deve ser
bêbado e no banco traseiro do carro de um amigo, no entanto,
mas é assim que aconteceu. Eu era o bêbado, por sinal. Não
estava tão nervoso, naquele momento.”

Catherine virou a cabeça apenas o suficiente para Cross


ver sua careta. “Isso... não soa nada bem.”

“Não, realmente não. O único lado positivo foi que estar


bêbado significava que ela não esperava que eu fosse nada bom
no que eu estava fazendo. Mas esqueci tudo naquele momento,
que era o que eu queria. Eu melhorei nisso, também.”

“Você teve sexo para esquecer?”

“Eu não disse que foi inteligente, Catherine. Disse que fiz
isso.”

“Eu não a conheço, conheço?” Ela perguntou.

Cross escondeu a risada em seu cabelo. “Não. Nem eu


conhecia, ainda não conheço realmente.”

“Ai.”

“Eu não vou deixar isso estranho, como você disse,” Cross
afirmou, apertando sua coxa suavemente. “É como qualquer
outra coisa com a gente, querida. É o que você quiser, quando
quiser e como você quiser. É nos seus termos, não nos meus.”

“Você começou a gostar do cenário, hein?”

Cross sorriu contra o seu rosto quando ela virou ao lado do


dele. “Sim, eu só comecei a desfrutar dos seus gemidos. E você
tem um gemido bonito, baby.”

“Por sua causa.”

“Não alimente meu ego. Ele já é grande o suficiente.”

O sorriso de Catherine vacilou contra sua bochecha.


“Ainda um pouco nervosa. Eu não quero que seja como um
grande negócio ou qualquer coisa. Não tem que ser assim, só
isso.”

“Agora você está pensando demais. Você diz que está bem.
Ou você diz para parar, Catherine.”

“Ok,” ela sussurrou.


A lua fazia uma imagem bonita, pintada alta em um céu
escuro, com estrelas espalhadas ao redor. Era como se as janelas
fossem a tela, e o céu apresentasse a sua própria arte para
apreciação. A visão momentaneamente distraiu Catherine
conforme ela inclinou a cabeça para o lado. Uma exalação lenta
deixou seus lábios, mas tão rápido quanto ela tinha soltado o ar,
ela o puxou rapidamente de volta.

Sua distração só durou o tempo que levou para ela tomar


um fôlego.

Um único segundo.

Então, ela sentiu a boca de Cross encontrar um ponto


sensível em sua clavícula, onde ele chupou com força suficiente
para deixar uma marca, mas foi muito bom também. Catherine
entendeu perfeitamente bem por que seu corpo sempre pareceu
um instrumento afinado que ela permitia que ele tocasse. Cross
conhecia todas as suas cordas, e atingia as certas para fazer uma
música especial. Ele fazia isso porque ele a ouvia, e ele
observava. Ela. Quando ele encontrava algo — qualquer coisa —
que a fazia se movimentar da maneira certa, ou a fazia mudar
sua respiração, mesmo no mais leve, ele pegava isso.

Em seguida fazia isso, novamente e novamente.


De novo e de novo.

Cross acrescentava algo diferente a isso. Sua língua ia


contra sua pele, ou seus dentes beliscavam depois de um beijo.
Seus dedos pressionaram mais embaixo, enquanto sua boca
trabalhava mais para cima.

Qualquer coisa para fazê-la se movimentar ou respirar ou


soar da mesma forma novamente.

Isso era exatamente o que Cross estava fazendo, quando


ela deitou nua nos cobertores macios, e esperou que o êxtase
começasse a correr através de seu sangue. Novamente.

Foi sua boca primeiro.

Perversa e doce, tudo ao mesmo tempo.

Degustando, implacável e maravilhosa.

Agora, era sua mão. Seu braço estava pressionado entre


seus corpos; dois dedos acariciavam e enrolavam fundo da
melhor maneira, enquanto o polegar circulava e circulava.

Ele a estava ouvindo e observando, Catherine sabia.


Escutando a falha em sua expiração, prestando atenção para
quando mudasse a seu favor. Quando suas costas curvaram
conforme ela levantou, ou sua respiração se transformou em
altos gritos, ele ganhou.

Foi quando ele ganhou.

E ela também.

Era muito mais do que apenas o que ele estava fazendo,


também. No entanto, Cross não poderia saber disso. Era o seu
peso sobre o dela, nu e quente, mesmo quando a sala estava fria.
Era o sorriso aprofundado, satisfeito e antecipando, quando seus
olhos escuros fixaram-se nos dela. Era seu comprimento, já duro
e revestido de látex, cavando em sua coxa e quase lá.

Seu polegar pressionava com mais força, e oh, Deus.

Porra.

Porra.

“Faça isso para mim,” ela o ouviu dizer, enquanto tambores


batiam alto em seus ouvidos.

Catherine ficou toda tensa; cada músculo do seu corpo se


contorcendo e pronto para liberar.

“Goze novamente para mim,” ele mandou enquanto o


sangue dela engrossava.

Quase, quase, quase.

Sua aprovação baixa, retumbante, escondida sob o queixo


dela onde ele beijava e beijava, deixou-a saber que aquelas
palavras não ficavam escondidas dentro de sua cabeça. Isso
estava bem, também.

“Goze para mim de novo.”

Ele ainda conseguia surpreender Catherine quando ela


finalmente caiu daquele penhasco provocante. Não importa
quanto tempo ele vinha crescendo, Catherine ainda não
conseguia identificar exatamente o que foi que a puxou para
cima, ou como foi um pouco antes, para que ela pudesse se
preparar.

Não houve preparação.

Ela apenas sentiu.

Ela apenas caiu.


A visão de Cross nublou, e ela estava tão excitada. Ou, é
assim que parecia. Seu polegar acariciou seu lábio inferior, e ela
podia sentir o seu gosto no toque, salgado e fresco. Ele já estava
entre suas pernas abertas. Seu peso substancial – adorável –
contra o dela.

Ele abriu a boca para falar – para perguntar, talvez.

Não faça perguntas.

Não deixe isso estranho.

Ele perguntou, mas não foi estranho.

O polegar de Cross varreu seu lábio de novo, mas desta


vez, ela tirou a língua para fora para sentir o gosto enquanto ela
tinha a chance. “Tudo bem?”

Ela sorriu. “Tão bem.”

Catherine não queria pensar demais; ela não queria que


Cross se perdesse naquele vão livre e louco também. Ainda tinha
certeza do que queria. Seus nervos se agitavam como asas de
borboleta batendo em seu estômago, mas não era tão ruim
quanto antes. Nem perto de ruim.

Então, não deu a nenhum deles tempo para pensar demais


em nada. Sua mão deslizou entre eles, e encontrou seu pau
rígido na palma da mão. Ela gostava da maneira como seu
coração batia na parte de baixo de seu comprimento. Quando ela
fazia algo que ele gostava, aquele pulso batendo aumentava, e ela
podia sentir isso reverberando através de seu sangue.

Catherine o segurou onde ela o queria, então se inclinou


para beijar embaixo do queixo de Cross. “Ok.”

Ela esperava dor.


Ela não encontrou nenhuma.

As pessoas falavam de dor, e isso a tinha assustado muito.


Outras diziam que não sentiram nenhuma dor, ou muito pouca
antes de rapidamente desaparecer. Ambos eram normais,
aparentemente, mas Catherine estava feliz por ter caído na
última categoria. Ela não queria que a dor fosse a coisa que a
lembrasse de ter sexo pela primeira vez; não queria que essa
fosse a memória.

Não seria, agora.

Era uma sensação apertada, muito cheia. Um puxão


alongando, que não era de todo ruim quando seus músculos
fecharam e abriram, e ela podia se mover. E cada um de seus
nervos foi incendiado e acordado conforme Cross puxava para
trás, e depois empurrava para frente novamente com uma
lentidão que a deixava louca.

Os dedos dele cravaram em sua cintura e puxaram seu


corpo no dele. Catherine gostou da maneira como ele ficava
assim — acima, músculos flexionando com cada contração, e seu
olhar varrendo sobre ela, para frente, para trás, para cima e para
baixo.

Catherine não tinha percebido o quanto ela estava


apertando seus músculos até que ouviu Cross murmurar, “Jesus
Cristo, você tem que relaxar, ou você vai me matar.”

Tão rápido quanto Cross disse as palavras, seus braços


enrolaram em volta das costas dela, e ele os rolou. O movimento
repentino deixou Catherine tonta, e sua visão bloqueada pela
selvageria de seus cabelos. As mãos dele puxaram o cabelo dela
para trás, e seus polegares passaram embaixo dos seus olhos
com toques suaves.
Ela descobriu que os dois estavam sentados, mas com ela
em seu colo, e Deus.

Catherine se mexeu um pouco, seus joelhos cavando duro


nos cobertores, e descobriu que ele estava batendo algo dentro
dela que tornava difícil respirar. Ela deve ter relaxado o suficiente
para Cross porque sua risada rouca ecoava em seus ouvidos. Sua
diversão abalou os dois, fazendo-a se mexer de novo e bater
naquele lugar novamente. Seus dedos nos ombros dele apertando
forte com sensação intensa, fazendo suas unhas marcarem
linhas vermelhas na pele bronzeada dele.

“Encontrou alguma coisa, não é?” Ele perguntou. “Faça o


que quiser, querida. Faça isso ser realmente bom para nós,
Catty.”

Ela podia fazer isso...

Isso era fácil.

E ele sempre achava bom.

Catherine caminhou na ponta dos pés através da entrada


principal da casa Marcello, e se encolheu quando uma tábua
rangeu. Era exatamente duas e cinco da manhã. Seu pai tinha
pedido para ela estar em casa antes da uma, pelo menos, e para
ligar se fosse passar da meia-noite. Ela não estava ansiosa por
essa conversa. Não tinha mencionado seu toque de recolher para
Cross porque ele teria tido certeza de que estariam em casa, e ela
queria ficar fora.

Os pais não dormiam como os mortos, também. Um


simples ruído iria acordar ambos, sua mãe e seu pai, para não
mencionar, colocá-los em estado de alerta por algum tipo de
merda ruim acontecer em sua casa. Eles sempre tinham sido
assim. Ela não tinha certeza se era por causa de suas vidas, ou
as respectivas carreiras. Provavelmente ambos.

Ela acabou de passar pela porta da entrada cozinha escura


quando um pigarro a fez congelar no lugar.

“Boa noite,” ela ouviu a mãe dizer de dentro da cozinha


escura. “Ou você prefere bom dia?”

Catherine se virou ao mesmo tempo em que sua mãe


acendeu as luzes sobre os armários. Isso ainda manteve a
cozinha mal iluminada, mas lhe permitia ver Catrina à beira do
balcão com uma xícara de café nas mãos.

“Desculpe, mamãe,” Catherine disse: “Estou atrasada, eu


sei.”

“Você ligou,” disse sua mãe, dando de ombros. “Eu pedi


para ligar.”

“Sim, mas papai disse para estar de volta—”

Catrina acenou seus dedos em direção ao teto. “Ele não


pode beber como ele costumava quando tinha vinte ou trinta
anos. Embora ele nunca vá admitir isso, e ficaria muito ofendido
se eu apontar isso a ele. Ele está desmaiado desde a meia-noite.
Houve muito alvoroço para mim hoje, no entanto, ainda estou
acordada.”

“Ah.”
“E nós vamos tentar não mencionar a ele que você esteve
um pouco atrasada, ok?” Perguntou Catrina.

Catherine piscou.

É sério?

Catherine se perguntou se tinha entrado na Twilight


11
Zone .

“Como foi a sua noite?”

“Foi... boa,” ela se limitou em dizer.

Muito boa.

Catrina sorriu. “E a sua festa de aniversário?”

“Perfeita. Obrigada, mamãe.”

“Isso é tudo que importa.”

Sua mãe se afastou do balcão, e colocou sua xícara de café


na pia ali perto.

“Eu vou para a cama,” disse Catherine.

Sua mãe seguiu atrás dela. “Eu acho que vou também.”

“Ainda vamos para a igreja de manhã?”

Catrina sorriu. “Sempre, mesmo com uma ressaca, no caso


do seu pai.”

Catherine não deveria ter se dado ao trabalho de


perguntar.

A igreja já era um dado adquirido.

11 Série americana de suspense e fantasia, traduzida como Além da imaginação.


Festas e noitadas não importavam.

Não para os muito católicos Marcellos.

Embora para ser justa, Catherine achasse sua família


muito mais católica na aparência do que no comportamento e
ação. Mas aquelas eram coisas que não eram apreciadas quando
apontadas.

“Procure não fazer disso um hábito, no entanto,” sua mãe


disse enquanto subiam as escadas.

“Como?"

“Voltar para casa tarde, Catty.”

Catherine gemeu. “Andino do caralho.”

A risada de sua mãe ecoou pela casa quieta e escura.

“Ele não quis ofender,” disse Catrina, sorrindo


amplamente.

“Mentira. Quem mais o ouviu usar esse apelido para mim?”

“Bem…”

“Bem o quê, mamãe?”

“Todos.”

Ugh.

Maldito Cross.

E Andino.

Todos eles.

Catherine nunca iria perder esse apelido agora.


Ela sabia disso.

“Ah, e Catherine?”

“Sim, mamãe?”

Catrina acenou um dedo em direção à gola de sua camisa


de mangas compridas. “Use algo com uma gola alta amanhã, e
durante algum tempo depois.”

As sobrancelhas de Catherine franziram.

Sua mãe balançou um pulso, como se para explicar suas


próximas palavras. “Dante pode ignorar uma noite atrasada, mas
certamente não uma marca como a da sua clavícula ali. Seu pai
ainda não está pronto para a realidade onde você e os meninos
ficam, Reginella.”

Oh.

As bochechas de Catherine ficaram vermelhas, e ela não


conseguiu chegar a uma resposta apropriada.

“Você está segura com o seu controle de natalidade, certo?


Isso é bom para prevenir a gravidez, mas não para qualquer
outra coisa.”

“Sim, é claro que estou segura, Mamãe,” Catherine disse


rapidamente.

Catherine tinha tomado pílulas anticoncepcionais desde


que tinha onze anos por causa de períodos que se tornaram
quase impossíveis de sair da cama pelos três primeiros dias ou
mais. A pílula ajudou a gerenciar esses sintomas durante anos.
Então, depois que ela completou quinze anos, pediu a sua mãe
para levá-la para um melhor controle de natalidade, mais
confiável. Ela queria o propósito exato de controle de natalidade,
mesmo que ela não tivesse começado a ter relações sexuais
naquele ponto. Era apenas no caso desse tipo de coisa.

“E estou aqui,” sua mãe acrescentou: “se você precisar de


alguma coisa, Catherine. Qualquer coisa.”

“Eu sei mamãe.”

Catherine mal notou o mês de abril entrando no mês de


maio.

De repente ele estava lá, e ela não sabia como.

Poderia ter culpado sua distração com um monte de coisas,


dada a época do ano. As coisas do final de ano escolar estavam
começando a serem planejadas, e a ameaça de exames apareceu,
o que significava que os professores estavam ainda piores do que
já estavam em um dia normal.

Também poderia ter culpado sua distração no fato de que


passava duas horas por dia com uma instrutora de autoescola,
rendendo-lhe horas, no caso dela, para poder levá-la a uma prova
de estrada um mês mais cedo do que era geralmente necessário.

Culparia o fato de que seu irmão se mudaria para Detroit


na primeira semana de junho para que pudesse começar a
Universidade em Ann Arbor. Sua família já estava começando a
sentir os efeitos da mudança, antes dele realmente ter feito isso.
Havia um monte de coisas para ela culpar.

Nenhuma delas era a causa real.

Catherine tinha erroneamente — ou talvez estupidamente


— assumido que o sexo, e ter relações sexuais, mudaria
pouquíssimo a sua vida, ou seu relacionamento com Cross. Ela
pensou que não iria fazer diferença porque já o amava. Eles já
haviam se envolvido de outras maneiras, e era apenas sexo.

Catherine foi boba.

E não sabia de nada.

Sexo mudou as coisas.

E mudou muito.

Ela. Ele. Eles.

Cross deixou as coisas intensas porque aquela opção


estava lá, e, então às vezes, mais frequentemente do que não, ela
queria que ele estivesse lá quando ele não podia estar.

Descobriu que gostava do tipo único de adrenalina que


vinha com tudo, e que a deixava estúpida, porque perseguia isso
com Cross, mesmo quando sabia que não deveria. Ele a deixava,
também, provocar e brincar, mas nunca, jamais negava.

Isso os deixou burros.

Ela só não tinha percebido o quanto.

Catherine veio por trás de Cross no corredor, ignorando o


fato de que ele estava falando com um de seus amigos na fileira
de armários. Sua mão deslizou sob as costas de sua camisa, e ela
sentiu seus músculos saltarem com seu toque. Provocando, ela
arrastou as unhas delicadamente contra sua parte inferior das
costas, fazendo-o endurecer, mesmo que ele continuasse falando.
“Só me manda uma mensagem quando você puder,” ela
ouviu Cross dizer.

“Entendi cara.”

Era isso.

A conversa acabou, e o outro menino tinha desaparecido.

Catherine sorriu quando Cross virou-se para encará-la.


“Você é malvada, Catty. Você sabe disso, certo?”

Ela encolheu os ombros, ficou na ponta dos pés e beijou


sua boca rapidamente antes de se afastar. Ele podia provocar,
claro, mas ela também poderia.

Catherine tinha descoberto que era muito mais fácil para


ela provocar Cross, do que era para ele provocá-la. Ela poderia
trabalhar nele, enrolá-lo em volta de seu dedo mindinho, e levá-lo
a agir tão estupidamente quanto ela queria que ele o fizesse.

Talvez ele nem sequer percebesse isso.

“Aquele beijo foi maldade,” Cross murmurou, fechando o


seu armário.

Catherine piscou. “Você sabe, as últimas aulas são


opcionais hoje, já é o dia de folga dos veteranos.”

“Nós não somos veteranos.”

“Não, mas temos o meu Lexus. O que significa que


podemos simplesmente sair, irmos a qualquer lugar, fazermos
qualquer coisa.”

A língua de Cross saiu para molhar o canto do lábio


quando ele riu. “Catty—”
“Minha casa está cheia de pessoas, caso você não saiba.
Constantemente. Michel está indo embora, então as pessoas
continuam chegando. O tempo todo.”

“Então, vamos fazer alguma coisa neste fim de semana,”


ele sugeriu.

“Não posso. Festa e jantar no sábado para a minha avó, e


tem uma coisa da igreja no domingo, depois da missa eu tenho
que ir.”

Cross gemeu. “Jogue-me um osso aqui, Catherine.”

“O Lexus tem, tipo, janelas realmente escuras.”

“Não esse tipo de osso. Eu juro, eu dirigiria o seu carro de


volta para deixá-la e pegaria o Rover, e seu pai saberia de alguma
forma que eu transei com sua filha na parte de trás daquele
carro.”

“Você deve colocar essa paranoia de volta ou checar antes


que se espalhe.”

Cross revirou os olhos. “Eu amo como você nunca leva


qualquer coisa que eu digo a sério quando se trata daquele
homem, e seu ódio por mim.”

Ela levava.

Nesse momento ela simplesmente não ligava.

“E a escola está praticamente vazia, então...” Catherine


parou com um sorriso, dizendo: “Só vamos embora, hmm.”

“Malvada,” disse ele em voz baixa novamente.

Catherine já estava saindo, rindo por cima do ombro


quando Cross correu para alcançá-la. Ele pegou seu pulso em
suas mãos, virou-a para a parede, e a beijou com força, tirando o
fôlego e fazendo seu sorriso ficar pecaminoso.

“Você tem sorte que o corredor está vazio,” ela disse.


“Nenhum professor para gritar com você por ser... bem, você.”

“Sim, Catherine. A escola está praticamente vazia. Eu ouvi


você bem alto e claro. Você está me provocando por uma razão.
Isso ainda não vai acontecer querida.”

Ela esgueirou a mão sob a camisa dele e deixou suas


unhas arrastarem sobre sua pele novamente. Ela descobriu que
ele gostava muito isso, suas unhas em seu corpo, deixando
marcas e cavando quando ela estava sem fôlego embaixo dele.

“Porra,” Cross murmurou.

“Então... sim?”

“Você vai me matar.”

“Mas vai ser divertido.”

A voz da diretora falava de forma monótona, mas tudo que


Catherine podia ouvir era seu crescente embaraço inundando o
sangue dela e correndo em seus ouvidos. Ainda assim, ela pegou
algumas coisas entre seu desejo de sumir na cadeira e
desaparecer para sempre.
“As câmeras no corredor pegaram o início do... incidente,”
a mulher explicou.

Catherine usou as palmas de suas mãos para esfregar os


olhos.

Estúpida, estúpida, estúpida.

“As câmeras externas, no entanto, só estavam colocadas


para ver uma parte do carro, mas era o suficiente para
suspeitar—”

“Suspeita,” o pai de Catherine interrompeu, “não é prova.”

“Silêncio,” sua mãe havia dito. “Isso não é um maldito


tribunal, Dante.”

“Não, mas estamos discutindo a expulsão de Catherine


agora, Catrina. Expulsão dela. Por um beijo de merda em um
corredor, e a visão de duas crianças escalando o banco de trás de
um carro em vez de sentar na frente. É isso. Isso é o que
sabemos — o que eles sabem. Então, se nós vamos discutir a
expulsão da minha filha de uma escola que eu pago um monte de
dinheiro maldito para ela vir, é melhor ser algo melhor do que a
merda deles suspeitarem.”

“Sr. Marcello, a língua—”

“Foda-se,” Dante rosnou.

A diretora sentou em linha reta em sua cadeira. “Perdão?”

“Eu fui bem claro.”

A mãe de Catherine colocou a mão no ombro de seu


marido. “Relaxe, bello.”
Mais do que nunca, Catherine realmente desejava que
pudesse se esconder do resto do mundo até sua maior merda ter
ido embora para sempre.

Ela não teria tanta sorte.

A mãe dela estava calma.

Seu pai estava puto.

A escola estava... bem, a dois passos de distância de chutá-


la para fora no último mês e meio de aulas, recusando-se a
deixá-la fazer os exames finais, quando eles viessem, o que
efetivamente a seguraria um ano na grade. A grade completa, a
menos que ela pudesse de alguma forma conseguir compensar
cada crédito que perderia no espaço de dois anos até que se
formasse. O que era muito improvável. O incidente iria para o seu
registro, o que efetivamente estragaria suas chances de entrar em
uma universidade de sua escolha, devido à própria natureza da
questão.

Isso era ruim.

Tudo, inteiramente, completamente ruim.

Catherine não tinha pensado em nada quando a escola a


chamou para a secretaria na segunda-feira de manhã, e a deixou
saber que seus pais haviam sido chamados. Nem achou que fosse
nada muito sério, até que uma foto dela e Cross no corredor
começou a rodar, e de repente não havia espaço suficiente na
secretaria para ela se afundar e morrer.

“A coisa é a seguinte,” disse Dante, seu tom voltando para


um estado mais calmo, “você não vai fazer nada com a minha
filha sobre isso, porque você não pode. Você pode tentar, mas eu
vou tornar muito difícil para você continuar qualquer coisa que
você tente. Veja, faça um relatório dela sobre a pequena coisa
corredor porque, foda-se, dois adolescentes que já estão
namorando há quase seis meses se atreveram a se beijar onde
alguém pode vê-los. Mas foda-se você e sua administração se
pensarem por um segundo que eu vou deixar você escrever
qualquer coisa para fora deste edifício. Esse vídeo não mostra
nada, e você não vai usar um pressuposto para punir minha
filha, de tal forma que possa arruinar a sua educação por muitos
anos além deste.”

“Sr.—”

“Experimente,” seu pai interrompeu friamente. “E veja o


quão rápido eu posso trabalhar.”

Catrina olhou para Catherine, e inclinou a cabeça para as


portas do escritório. Catherine entendeu a demanda tácita de sua
mãe e correu com ela, literalmente pulando da cadeira e do
escritório antes que alguém pudesse dizer-lhe de forma diferente.
Cross e seus pais estavam na área da recepção do lado de fora,
provavelmente esperando pela sua vez no escritório. Ela não
parou de andar até que estava fora da maldita escola e escondida
no banco de trás do SUV de seu pai.

Catherine não tinha certeza de quanto tempo tinha


passado, mas, finalmente, sua mãe entrou no banco do
passageiro da frente, enquanto seu pai encostou-se do lado do
motorista. Ele ficou fora do veículo por tempo o suficiente para
que Catherine estivesse começando a ficar preocupada, mas ele
acabou saltando no assento do motorista. Seu olhar se lançou a
ela no retrovisor, e ele estendeu a mão para a ignição, mas parou
no último segundo.

“Catherine.”

“Sim?” Ela perguntou.


“Você percebe o quão incrivelmente estúpida—”

Ela se encolheu.

Sua mãe interviu. “Absolutamente não.”

Seu pai olhou para sua mãe, uma espécie silenciosa de


guerra travada entre os dois antes dele cuspir, “Não está tudo
bem, Catrina. Não que isso tenha acontecido, não que,
provavelmente, vem acontecendo, nada disso. Não está bem.”

“Ela tem dezesseis anos. Isto é o que os adolescentes fazem


Dante. É normal para eles experimentar e essas coisas
acontecem, mesmo que seja estúpido. Dizer a ela para não fazer
sexo, ou fazer um discurso de abstinência vai machucá-la a longo
prazo, assim como o que quer que você esteja pensando em dizer
em sua cabeça faria agora. Você não entende isso? Isto é normal.
É como eles se tornam saudáveis, sexuais—”

“Isso é o suficiente, Cat.”

“Dante, vamos lá.”

“Não é normal ser pego fazendo sexo em um carro, quando


você deveria estar em aula, Catrina.”

“Eu não disse que era certo. Eu disse o sexo é normal. Você
vai fingir que você não fez sexo com a idade dela? E aguente
antes de fazer isso, porque eu gostaria de perguntar se era sequer
com alguém com quem você estava em um relacionamento,
porque ela está. Eu sei exatamente como você era quando
adolescente, então, por favor, não minta para mim. Eu tenho o
resumo para jogar de volta em você.”

A mandíbula de Dante apertou antes dele dizer: “Você


sabia sobre ela e ele, eu suspeito.”
A mãe de Catherine desviou o olhar. “Dante, ela está no
controle de natalidade há anos.”

“O quê?”

“Não para o sexo, mas para outras coisas médicas. Mas


sim, eu sabia que era uma possibilidade que o sexo poderia
acontecer ou já estava acontecendo porque no ano passado ela
quis mudar o controle da natalidade para ter um controle
confiável. Ela veio até mim, porque ela confia em mim. Isso não é
uma coisa ruim.”

“E você não me contou? Você não pensou em trazer para


mim que minha filha está fazendo sexo, ou quer fazer sexo, ou
qualquer coisa? Nada disso, Cat?”

A voz do seu pai tornou-se progressivamente mais alta até


que ele estava simplesmente gritando.

A culpa e a vergonha de Catherine se agravaram mais em


seu peito. Ela não gostava da forma como o olhar de seu pai
pulava sobre ela no espelho, como se ele estivesse decepcionado,
como se ele não soubesse o que pensar da garota que ele estava
vendo.

Ela deveria ser uma garota boa.

E fazer boas escolhas.

Ela fazia coisas boas.

“Você está ficando histérico por causa de sexo, Dante,”


Catrina murmurou. “É isso.”

“Não, não é isso.”

“É uma grande parte disso, bello. Diga-me que não é?”

“Você deveria ter me contado.”


“Por que, então você poderia trancá-la em seu quarto, até
que você sentisse que ela tinha idade suficiente para lidar com
sexo?”

Dante soltou uma respiração dura. “É mais do que isso —


é toda esta situação! Eu não sei o que diabos deu na minha filha.
Eu não sei o tipo de merda que ela está fazendo quando não
estou olhando, ou por que. E eu não a conheço, Cat. Pensei que
eu conhecesse a minha filha, e o que ela estava fazendo, mas,
aparentemente, eu não sei absolutamente nada. Obrigado por
isso, realmente.”

“Dante—”

“Só fique quieta, por favor.”

Isso foi tudo que o seu pai disse.

Sua mãe ficou em silêncio.

Catherine não podia olhar o pai nos olhos quando ele olhou
para ela no retrovisor. Sua decepção irradiava pelo carro e ela se
sentiu, oh, tão pequena sob esse peso.

Esta não era quem ela queria ser.

De jeito nenhum.
Cross fez contato visual com Dante Marcello por cima do
ombro de seu padrasto, e ele soube naquele momento que era
ruim. Ele deduziu que provavelmente era ruim quando Catherine
correu para fora do escritório da diretora sem olhar para ele, mas
realmente não sabia até agora.

“Eu quero essa conversa,” Dante disse a Calisto, “e você se


certifique que ele esteja lá.”

“Contanto que—”

“Contanto que nada, Calisto.”

Dante deixou a área da recepção com sua esposa atrás


dele, e a diretora chamou a família Donati para o escritório ao
mesmo tempo.

Cross desejava que pudesse ficar surpreso com a câmera


de segurança da escola os pegar na sexta-feira anterior, mas ele
realmente não estava. E se os idiotas pensavam que eram os
primeiros filhos a foderem na propriedade da escola, ele tinha
más notícias para eles.

Ainda assim, Cross manteve o silêncio. Ele deixou a


diretora discursar. Algo lhe dizia que seu pai, e sua mãe muito
tranquila, não estavam interessados em ouvi-lo dizer nada.
Trinta longos minutos se passaram antes de Cross ouvir a
diretora dizer: “Claramente não temos prova suficiente, mas as
nossas suspeitas são suficientes para justificar esta reunião, e
algum tipo de ação.”

“Como o quê, exatamente?” Perguntou Calisto.

“Cross está proibido de ter qualquer veículo na propriedade


da escola pelo resto do ano escolar, e Catherine também, apesar
de entendermos que ele era a pessoa que dirigia o carro dela.
Obviamente nós não podemos impedir a relação entre Cross e
Catherine; isso não é para nós decidirmos. No entanto, podemos
fazer uma exigência sobre o que fazer enquanto em nossa
propriedade. Vamos pedir que os dois mantenham distância um
do outro durante os horários escolares.”

“Que porra é essa?”

A primeira vez que Cross falava na reunião provavelmente


não deveria ter sido isso.

Todos os olhos se voltaram para ele.

Ele não dava a mínima para seu carro ser permitido na


escola ou não. Mas, Catherine? Essa era a sua grande linha
vermelha, e ele não ia deixar alguém empurrá-lo para ela.

“Isso é besteira,” Cross disse. “Porque vocês têm algum


vídeo de merda de nós brincando em um corredor e—”

“Você está muito consciente que era mais do que isso,” a


diretora interveio com firmeza, “mesmo se eu não tiver o show
completo, Cross.”

“Nenhum veículo e manter uma distância,” disse Calisto,


dando ao seu enteado um olhar que gritou para ele calar a boca.
“Algo mais?”
“Por enquanto, não. Por favor, retire Cross e seu veículo da
propriedade da escola por hoje. E Cross?”

Ele olhou para a mulher. “O quê?”

“Você tem muita sorte, meu jovem.”

Emma saiu do escritório com um aceno de cabeça.

Calisto mandou Cross seguir a sua mãe, murmurando,


“Sorte depende de quem você pergunta no momento.”

Cross desacelerou no corredor da escola tranquila quando


sentiu o punho de seu padrasto apertar na parte de trás de sua
camisa. Emma continuou a andar, aparentemente sem saber que
seu marido e seu filho estavam ficando para trás.

“Diga-me...” Calisto girou Cross para os dois olharem de


frente um para o outro. Seu padrasto pressionou os dedos em
sua testa. “Jesus Cristo, por favor, me diga que você não estava
fazendo sexo com a menina Marcello no carro dela, na
propriedade da escola, durante o horário escolar, Cross. Vamos,
minta para mim, filho.”

Cross não era um mentiroso, no entanto.

Ele simplesmente omitia os detalhes às vezes.

“Eu estou sempre seguro,” disse ele com um encolher de


ombros.

Calisto soltou um suspiro duro, que ecoou com sua


exasperação. “Só... o que diabos há de errado com você? O que
você estava pensando?”

“Eu não estava.”

“Você nem mesmo entende a merda que você fez, e o que


você fez com isso?”
“Papai—”

“Não,” disse seu padrasto, levantando a mão. “É melhor


que suas próximas palavras sejam o melhor pedido de desculpas
que você já fez, ou alguma merda mágica para fazer isso tudo ir
embora. Se não for isso, eu não quero ouvir você dizer nada,
Cross.”

Cross colocou os braços sobre o peito, mas preferiu ficar


quieto.

Eles estragaram tudo.

Ele sabia disso muito bem.

Calisto esfregou uma mão na mandíbula, e manteve seu


olhar em qualquer lugar, menos em Cross. “Esta era a linha,
filho. Você foi longe demais desta vez. Você nem sequer pensou
nisso. Você simplesmente pulou. Vamos no meu carro.”

Cross fez uma careta. “Meu Rover—”

“Será pego por um dos meus homens, e trancado até que


eu diga o contrário. Você irá para casa comigo e sua mãe. Venha
ao meu maldito carro.”

A viagem parecia mais longa do que nunca, e


estranhamente silenciosa. Sua mãe — uma mulher que
conversava constantemente apenas para preencher espaço — não
disse nada. Ela não o olhou quando saiu do carro em sua casa,
também.

Cross seguiu a sua mãe.

“Fique onde está,” disse Calisto da frente.

Emma virou-se para trás, olhando apenas para seu


marido. “Chame-me, ok?”
“Sim, Emmy.”

Sua mãe se dirigiu até a entrada sem olhar para trás.

“Posso seguir em frente?” Perguntou Cross.

“Você pode ficar onde está por enquanto.”

Calisto deu ré no carro e saiu da garagem.

“Onde estamos indo?”

“Neste momento, e pelo futuro muito próximo, a minha


sugestão é para você ficar o mais silencioso possível, Cross. Na
verdade, não é uma sugestão. É uma ordem, e é melhor ouvi-la.”

Merda.

Ele tinha mais perguntas, mas manteve o silêncio.

Calisto os levou para a cidade, o que significava dirigir


ainda mais e não falar. Cross não teria se importado tanto, se
não estivesse tão preocupado com o que estava acontecendo. Algo
que ele não sabia do que se tratava.

Cross não reconheceu o restaurante em Manhattan onde


seu padrasto estacionou na frente. Não parecia estar aberto e, na
verdade, parecia que poderia estar sob algum tipo de reforma se
as janelas sombreadas e autorizações na porta da frente fossem
qualquer indicação.

Calisto saiu e bateu na janela da porta do Cross; uma


ordem silenciosa para ele seguir. Do lado de fora do carro, seu
padrasto se virou para ele, sem expressão.

“Eu te avisei, não foi?” Perguntou Calisto. “Quando você se


comporta como um adulto e é pego, você sofre consequências
como adulto. Infelizmente para você, quando você é também o
herdeiro de um Don Cosa Nostra, e você se comporta como um
adulto com a filha de outro Don, você tem esses tipos de
consequências, Cross. Você tem que lidar com elas. Eu não posso
ajudá-lo.”

Cross não tinha uma resposta.

E imaginou que Calisto não queria uma.

Dentro do restaurante, mesas e cadeiras cobertas estavam


empilhadas em um canto. O piso tinha sido rasgado, e fios
estavam pendurados no teto.

Cross seguiu atrás de Calisto, seu nervosismo aumentando


a cada passo, até que chegaram a um escritório na parte traseira
do negócio. Calisto bateu uma vez, e a porta abriu-se para expor
um homem que Cross reconheceu.

Lucian Marcello.

Havia algo diferente em Lucian que deixava o homem um


pouco mais intimidante do que seus irmãos. Mesmo com o cinza
colorindo o cabelo na testa, ou se uma pessoa tivesse a sorte de
ter um sorriso dele, o subchefe ainda irradiava frieza.

“Sente-se,” disse Lucian, abaixando a mão para uma


cadeira no meio da sala.

“Eu prefiro ficar de pé,” Cross respondeu.

Lucian suspirou, e olhou para Cross como se ele fosse uma


criança pequena testando sua paciência. “Você vai sentar-se, ou
eu vou fazer você sentar. Você decide meu jovem.”

Calisto encostou-se à parede mais distante do escritório,


observando Cross com olhos frios. “Você o ouviu.”

Que diabos está acontecendo?


Lucian apontou para a cadeira dura de metal mais uma
vez.

Cross sentou sua bunda na cadeira.

O subchefe Marcello sentou empoleirado no canto de uma


mesa coberta de folhas, e deu a sua atenção para a arma que ele
tirou de um coldre de dentro de sua jaqueta. Lucian não disse
nada enquanto esvaziou o clipe na arma, contou as balas, e
colocou-as de volta em uma por uma.

Clink. Clink. Clink.

O homem repetiu o processo mais de uma vez.

De novo e de novo.

O som parecia um pouco alto demais para Cross, mas ele


continuou observando aquela arma, e aquelas balas. Seus anos
de treinamento com Wolf o colocava nessa mentalidade cada vez
que uma arma era levada para fora, e ele estava perto o suficiente
para vê-la.

“Olhos sobre a mesa.” Não significava apenas para ele


manter seus olhos sobre a mesa. Nem sempre era tão literal. Isso
significava que ele precisava manter um olho em qualquer coisa
que pudesse se mover, ameaçar ou roubar.

Simples assim.

A porta do escritório abriu alguns minutos mais tarde,


fazendo Cross pular em seu assento. Ele descobriu de repente
que não estava nem um pouco surpreso ao ver o pai de Catherine
entrar.

Dante atravessou a sala, pegou a única outra cadeira de


metal no canto, e colocou na frente de Cross. Ao contrário de sua
cadeira, a do Dante estava virada de modo que o homem pudesse
montar nela e colocar os braços nas costas.

Por um longo tempo, Dante só sentou lá e olhou para


Cross.

Então, muito calmamente, ele disse: “Explique-se.”

Cross levantou uma sobrancelha. “Seja específico.”

A mandíbula de Dante apertou com sua irritação, e seus


olhos verdes brilharam com um aviso silencioso. “Você tem muito
pouco respeito por homens feitos, Cross. Deixe-me explicar isso
para você, para que entenda daqui em diante. Quando um
homem feito exige algo nesta vida, você salta através do fogo para
dar o que ele quer.”

“Defina melhor,” disse Cross.

Isso foi uma má ideia.

Ele sabia que era uma má ideia.

Ele só era muito arrogante para seu próprio bem.

Dante deixou cair uma mão da cadeira e colocou a palma


para cima ao seu lado. “Lucian.”

Aquela maldita arma foi entregue sem palavras. Dante


voltou o braço, agora com uma arma na mão, para a parte de
trás da cadeira. Ele apenas a segurou, certificando-se de que
Cross fosse forçado a olhar diretamente para o cano, mesmo se a
arma estivesse inclinada um pouco para o lado.

“Mais uma vez,” disse Dante. “Explique.”

“Novamente, seja específico.”


“Calisto deve realmente se preocupar com sua vida, Cross.
Você é muito rude, muito insolente, e isso nunca vai fazer um
homem bom.”

“Mas vai fazer um morto,” Lucian disse calmamente da


mesa.

Calisto limpou a garganta de sua posição contra a parede,


mas ninguém parecia prestar atenção a ele.

Cross não tirou seu olhar da arma, ou de Dante logo atrás


dela. “Se você quer que eu explique o que aconteceu na sexta-
feira, eu não acho que preciso. A escola fez uma pequena
apresentação agradável com vídeos e tudo, Dante.”

“Don,” Dante o corrigiu friamente, “ou chefe.”

“Não meu,” Cross respondeu.

“Cross,” Calisto alertou.

Ele deveria ficar quieto.

Ou fazer o que lhe foi dito.

Claramente, ele estava estragando isso, também.

“Não,” Dante disse, inclinando-se apenas o suficiente para


inclinar a arma em linha reta, “Eu quero que você me explique o
que você diria para justificar colocar a minha filha no tipo de
posição que você a colocou. Veja, você é egoísta, Cross, como a
maioria dos garotos de sua idade. Espero isso, até certo ponto,
mas o que eu exijo será sempre respeito. Especialmente pela
minha filha.”

Espera, o quê?
Ele não tinha colocado Catherine em qualquer tipo de
posição. Ele não iria culpá-la, também, porque ambos estragaram
tudo fazendo o que eles fizeram, mas não era tudo ele.

Ainda assim, Cross manteve sua expressão vazia. Ele não


colocaria Catherine em apuros, não em mais do que ela
provavelmente já estava.

Ele levaria a merda por isso.

Tanto faz.

“Você não pensa com a cabeça aqui em cima,” disse Dante,


batendo na testa de Cross com o cano da arma. Em seguida, ele
tirou a trava de segurança e puxou para trás o gatilho da nove
milímetros, antes de apontá-la para baixo na virilha de Cross.
“Não, você está ocupado demais pensando com a cabeça menor
aqui embaixo, porque isso é gratificação fácil.”

Cross deveria estar nervoso quanto à arma.

Qualquer outra pessoa estaria.

Ele apenas ficou parado.

Dante se levantou da cadeira, e a empurrou de lado. Sua


arma permaneceu firmemente apontada para baixo, um tiro
preciso direto para a virilha de Cross se o homem puxasse o
gatilho.

Então ele puxou o gatilho.

Cross não vacilou.

Ele não pulou em seu assento.

A arma estalou.

Vazia.
Ele tinha observado Lucian brincar com aquelas balas e o
clipe. Ele sabia que a maldita coisa estava vazia, mas a ideia de
uma arma era suficiente para deixar uma pessoa nervosa.

Cross olhava para frente, sem se importar. “Terminamos?”

“É melhor esperar que nós nunca tenhamos que voltar a


esta conversa, Cross, ou mesmo uma marginalmente parecida
com essa.” Dante deixou cair a arma no colo de Cross. “Se você
colocar minha filha em uma posição dessa novamente, isso vai
acabar muito diferente para você. Francamente, nós não
deveríamos ter que nos preocupar com isso de qualquer maneira
porque você vai manter distância de Catherine daqui em diante.”

Não.

Mas por uma questão de sair daquela sala maldita, Cross


concordou.

“Está certo.”

“Está bem, o quê?” Dante latiu.

Cross se levantou da cadeira, olhou Dante no olho, e


sorriu. “Tudo bem, nada.”

“Catherine espere!”

O grito de Cross parecia passar completamente por


Catherine, mas ele sabia que não era o caso. Mesmo quando ela
foi para sua próxima aula do dia, ele a viu olhando por cima do
ombro com olhos cansados.

Olhos tristes.

Aparentemente, Cross não precisava ser quem manteria


distância de Catherine afinal de contas. Ele não precisava fazer
nada. Ela estava fazendo isso por eles.

Maio derreteu em junho, e tudo o levava para o mesmo


lugar. Um lugar de merda. Catherine o evitava, tanto na escola,
como por telefone. Quanto mais ela o evitava, mais irritado ele
estava com isso.

Ele suspeitava que não era inteiramente culpa dela.

Ainda assim o machucava.

Muito.

“Foda-se,” ele murmurava, socando a coisa mais próxima a


ele.

Uma parede de concreto.

Os nós dos dedos cortaram e doíam, mas Cross mal sentia


no final das contas. Ele não era de demonstrar, mas muitos
pares de olhos corriam em sua direção com suas ações.

Cross não se preocupava em esconder seu olhar sobre os


outros alunos da Academy quando se dirigiam de volta pelo
corredor. Aulas de merda.

Ele não estava aqui para esta merda.

Só queria falar com Catherine.

Cross não foi para suas duas próximas aulas. E ignorou


seu telefone zumbindo porque a escola tinha provavelmente
ligado para Calisto para que ele soubesse que não tinha
aparecido para a sua terceira e quarta aulas. Não se preocupou
em atender a chamada.

Afinal, já estava sendo mantido afastado da única coisa


que realmente importava de qualquer maneira. Não havia
qualquer outra coisa que alguém pudesse fazer-lhe que fosse
fazer a mínima diferença agora.

Cross se inclinou na porta de uma classe vazia. Sua


posição era apenas longe o suficiente para que as pessoas não
parecessem notá-lo enquanto caminhavam, ou pelo menos não
até que já estivessem bem na sua frente. Esperou até a única
pessoa que ele sabia que estaria andando por esse local para sua
última aula, e agarrou o braço dela no segundo em que a viu.

O calmo suspiro de Catherine ecoou na sala de aula vazia


quando Cross a puxou para dentro. Ele chutou a porta fechada
atrás deles.

Por um longo tempo, ela só o olhou, sem dizer nada.

Cross não a fez falar.

Finalmente, ela disse: “Eu sinto muito.”

Sua voz estava cansada, e suas palavras, fracas.

Como se doesse dizer isso, mas ela tinha que fazer.

E Cross sabia.

Naquele momento, ele sabia.

Catherine ia fazer isso com ele novamente. Ia quebrar o


coração dele novamente. Talvez fosse pelas mesmas razões como
da primeira vez, ou talvez não fosse.

Cross não sabia ao certo.


Mas pressentia isso.

“Você está me evitando,” disse Cross.

Catherine assentiu, sem sequer se preocupar em negar a


acusação. “Nós temos que manter uma distância; regras da
escola.”

“Foda-se a escola. E você tem um telefone, também. Você


não sabe como pegá-lo mais?”

Ela desviou o olhar. “Você já sentiu como se talvez nós


fomos muito rápidos aqui?”

“O quê?”

Não.

“Porque eu penso,” ela continuou em um sussurro, “às


vezes, Cross. Eu me sinto como uma garota estúpida, fazendo
coisas estúpidas. Eu não quero ser essa pessoa.”

“Você não é.”

“Eu sou,” ela respondeu, “com você.”

“Catty.”

Catherine deu de ombros, e reajustou sua bolsa em seu


ombro. “Meu pai disse que ele não sabia quem eu era, e eu
realmente não sei, também. Isso doeu, no meu peito, como doeu.
Eu realmente estraguei tudo aqui, Cross, e não quero continuar
fazendo isso.”

“Sim, tudo bem,” ele disse, ainda incerto em seu coração e


frio em seus dedos. “É sobre seus pais?”

“Não tudo. Eu preciso dar um passo atrás, me entender


sem...” Catherine acenou entre eles, dizendo: “Toda essa loucura.
Não quero ser uma garota estúpida que faz coisas estúpidas
apenas porque ela ama alguém.”

“Você faz coisas estúpidas, porque você quer fazer,


Catherine.”

Se concordasse com ela, ou ela concordasse com ele, isso


era apenas um subproduto.

“Talvez. Podemos fazer isso, Cross? Dar um passo para


trás, diminuir... sermos amigos?”

Catherine não era uma boa mentirosa. Cross sabia quando


ela mentia como qualquer outra pessoa. Isso era sobre seus pais,
pelo menos em algum grau. Ou o pai dela, mais provável. Talvez
ela quisesse ser algum tipo de filha perfeita, mas essa merda
simplesmente não era possível.

Ela não poderia ser perfeita para eles.

Ela o amava demais, apesar do que estava acontecendo.


Ele sabia que ela o amava; era por isso que suas mãos estavam
tão apertadas ao redor da alça da sua bolsa. Seus nós dos dedos
estavam brancos. Catherine achava que estava escondendo seus
dedos trêmulos, mas Cross ainda podia vê-los. Ela o amava o
suficiente para não olhar em seus olhos enquanto os ferrava,
porque pensava que poderia esconder as lágrimas.

Catherine estava errada.

Ela não poderia ser perfeita.

Ela não foi feita para ser.

E sempre tinha sido esperta demais quando ninguém


estava olhando.
Catherine tinha que perceber essa merda por conta
própria, no entanto. Cross não poderia ser quem lhe mostraria as
coisas que ela não estava pronta para ver sobre si mesma.

Mas se era o que Catherine queria, quem era ele para dizer
alguma coisa?

Ninguém.

Ninguém mesmo.

“O que você precisar,” ouviu-se dizer.

Catherine assentiu com um falso sorriso nos lábios. Cross


estendeu a mão para trazê-la para um abraço, um beijo, alguma
coisa, mas ela se afastou.

Cross aprendeu alguma coisa então.

Realmente aprendeu uma coisa.

Ele não sentiu dor verdadeira até que Catherine se afastou.


Não era real até que ela fez isso dessa forma, e não com palavras.

Ele tinha levado socos, quebrado ossos, e machucado. Ele


tinha lutado com as mãos limpas até que elas fossem fitas de
sangue, se machucou em um campo de futebol mais vezes do que
ele sabia que estava bem, e foi aos limites que nem sabia que seu
corpo tinha até encontrá-los.

Ele conhecia a dor.

Isso não era a mesma coisa.

Era uma dor profunda, inquietante, que começava em


algum lugar em seu peito e irradiava para fora. Ela estava em sua
mente, também, e em sua alma. Rompendo veias e rasgando
tendões. Era uma dor que ele sentiu uma vez antes; uma dor que
Catherine tinha causado naquela época, também.
Embora lá, tivesse sido menor, ele pensou. Cross não tinha
entendido porque, ou como, mas era mais fácil respirar. Talvez
porque fosse mais jovem, mais estúpido, e encontrasse distrações
fáceis ao redor dele para deixar melhor. Talvez porque ele não
entendesse.

Cross não entendia o amor, mesmo que fosse isso o que


sentia.

O primeiro amor era o pior.

Ele sabia disso agora, também.

O primeiro amor era veneno.

Infectava como uma doença, e se espalhava como fogo


selvagem. Era algo que não conseguia se livrar. Ele não
conseguia se livrar dessa maneira como se sentia, mesmo quando
Catherine estava quebrando a porra do seu coração novamente.
Isso o abria como um oceano, e puxava para trás como uma maré
pronta para arrastar e afogar.

O primeiro amor era bonito e perigoso.

O primeiro amor tornava difícil deixar ir.

Cross beijou o topo da cabeça de Catherine, e então seus


lábios passaram sobre a linha dos seus cabelos, e sua testa.
Macia e gentil, lenta e suave. Mas ainda a deixou se afastar
quando ele tinha acabado.

Mesmo que doesse.

Mesmo que o matasse.

“Eu sinto muito. Sinto muito,” Catherine sussurrou.

Ele encolheu os ombros.


Isso era fácil, também, certo?

“Eu só preciso entender alguns—”

“Está tudo bem, Catty.”

Só que não estava.

De jeito nenhum.

Cross usou seu polegar para enxugar as lágrimas


esgueirando pelos cantos dos olhos verdes de Catherine. Ele não
precisava perguntar se ela entendia o que estava fazendo com ele
— de novo — porque também podia ver muito bem que ela estava
fazendo isso para si mesma.

Ele não sabia se isso era melhor ou pior.

“Amigos,” disse ele, com a voz em um murmúrio áspero.


“Isso é o que você disse, certo?”

Ela assentiu com a cabeça. “Sim.”

Cross não podia ser apenas amigo de Catherine Marcello.


Não sabia como ser qualquer coisa com uma garota que tinha
certeza de amar desde que ela tinha treze anos. A menina que o
observava com seus olhos bonitos, e ele sorriu de volta com a
boca sangrando. Cross não sabia como ser qualquer coisa com
ela, mas não tinha escolha.

Ele enganchou seu dedo mindinho com o dela, segurando


firme.

“Amigos, então,” disse ele.

“Amigos,” Catherine repetiu.


Os dedos de Cross circularam apertado em volta do pulso
de Catherine por um segundo rápido, e seu polegar passou sobre
seu pulso para sentir sua pulsação. Ela corria.

Tal como a sua também.

“Se você precisar de qualquer coisa, você sabe onde estou


Catherine. Eu estarei sempre com você, não importa o que. Para
qualquer coisa, certo?”

“Sim, Cross.”

Mais um beijo na testa, e ele limpou a última lágrima na


ponta dos cílios dela, antes de dizer: “Você sabe que eu te amo.”

“Promete?”

Era uma tortura.

Brutal.

Imperdoável.

Ele odiava pra porra o primeiro amor.

Mas não o odiava, também.

Ele não podia odiá-la.

Mesmo quando ela estava quebrando seu coração.

Promete?

“Sempre, Catherine.”
Cross fez bem, ou tão bem quanto foi capaz. Ele suportou
uma semana, e depois duas. Fez o seu caminho através dos
exames finais de Junho, e mal piscava todo o tempo.

Mas sentia-se morto.

Ou talvez ainda estivesse morrendo por dentro.

Não tinha certeza.

Ele não tinha certeza de como fazia algo; levando sua


bunda à escola, mantendo a calma enquanto queria se enfurecer,
e vendo Catherine todos os dias.

Talvez ele estivesse tentando provar a si mesmo que podia


fazer exatamente o que ela pediu. Eles podiam ser amigos, e nada
mais. Não tinha que ser uma mentira se dissesse isso e
acreditasse.

Ainda assim.

Cross passou essas duas semanas, apesar de como a


pressão continuava a crescer dentro dele. Como nuvens
rodopiando, a parte mais perigosa, o funil, era como se estivesse
pronta para finalmente aterrissar e fazer um tornado, ele sendo o
olho.

Começou com uma porta batida, e depois outra. Sua irmã,


provavelmente. E Cross realmente só queria tranquilidade em
sua mente, mas isso estava começando a ser muito difícil. Sua
irritação aumentou de novo, mas a ignorou. Sabia por
experiência que ignorar sua ira, em vez de alimentá-la ou fazer
algo para acabar com ela, só levaria a algo ruim.

O problema não era culpa de ninguém, somente seu. Como


eles poderiam saber que a raiva estava escondida até que se
transformasse em ira e dor, até que se transformou em agonia? E
agora, em vez de sangrar lentamente, ia explodir.

Eles não sabiam de nada porque Cross não contou. Em vez


disso, ficou escondido em seu quarto porque lá ele não tinha que
falar. Ou relaxava na biblioteca; poderia tocar música no piano
ou no violão até seus dedos sangrarem, e abafarem a tentativa de
outra pessoa em conversar, ao mesmo tempo.

Seus pais e irmã provavelmente pensavam que ele estava


bem. Então ficou um pouco quieto, e mais escondido. Cross já
fazia isso, de qualquer maneira. Estava ocupado com o fim do
ano, e isso podia desculpar sua falta de sair como normalmente
faria também. Mesmo Wolf tinha largado a monitoria, porque
queria que Cross estudasse.

Nada fora do comum.

A raiva e a irritação de Cross cresceu até que transbordou.


“Pare de bater essas malditas portas, Camilla! Você vai arrancar
uma da maldita dobradiça, Cristo. Faça isso de novo, e eu vou
arrebentar você.”

“Cross!”

O grito do seu padrasto lá embaixo subiu pela escada. Ele


ouviu um aviso semelhante flutuar do andar superior, também.
Todos eles falaram ao mesmo tempo; mas ele não queria ouvir
nada disso.

“O que você acabou de dizer?” Perguntou Camilla, saindo


de seu quarto no final do corredor.

Ela era bocuda e falava mais alto e mais irritada agora que
ela tinha treze anos, quase quatorze. Ela não aguentava muita
merda dele, ou de qualquer outra pessoa.
“Eu disse, pare de bater as malditas portas,” repetiu Cross.
“Entendeu dessa vez?”

“Foda—se,” disse sua irmã por cima do ombro.

Era tão irreverente, tão indiferente, e risível.

Porra, era hilariante.

Qualquer outra vez, e Cross teria rido só para irritar mais


sua irmã. Mas ele não o fez. O que queria fazer meio que o
assustou. Ele queria socar o punho através de sua porta, e
acabar com ela.

Sim, porra.

Cross precisava sair.

Precisava dar o fora daqui.

Hoje. Agora. Ontem.

Cross já deveria ter ido embora, porque essa era apenas a


sua natureza. Ele fodia quando precisava reiniciar ou se
recompor, e não devia ter pensado que podia fazer isso de forma
diferente.

“Cross, o que você está fazendo?” Calisto perguntou da


porta do quarto.

Ele não respondeu; só jogou alguns jeans e camisas em


uma mala. Para um par de dias, e um moletom também. A arma
que ficava em seu colchão foi para a mala também.

“Eu preciso sair daqui,” disse Cross.

“Você tem—”

Cross passou por seu padrasto na porta, agindo como se


não ouvisse seu grito atrás dele. Sua bota Doc Martens bateu
contra a madeira conforme desceu as escadas três degraus de
cada vez. Como um morcego fugindo do inferno, ele só precisava
ir embora.

“O que diabos aconteceu lá em cima?” Calisto exigiu.

Cross não parou ou desacelerou.

Ele não falou.

“Cross!”

“O que há de errado?” Ele ouviu a mãe gritar para baixo.

Cross já estava se dirigindo para a porta da frente, e pegou


as chaves do carro da tigela de vidro na prateleira.

“Apenas me dê um segundo, Emma,” Calisto gritou de


volta.

Merda, Cross queria ser o que seus pais precisavam, e o


que eles continuavam esperando. Ele queria ser capaz de mostrar
que ouvia quando seu padrasto falava, mesmo que Calisto não
pensasse tanto assim. E queria se estabelecer. Queria o equilíbrio
que seu padrasto falava.

Mas não podia ser essas coisas ou o que eles precisavam.


Cross não podia porque não tinha isso. Ele nunca teve.

Ele era inquieto, inseguro, instável, e entediado com muita


frequência. Era difícil, diferente, cansado, e aqui. Sempre aqui,
ou ali, ou em algum lugar. Ele tinha que ir, ir, ir, e se mover.
Havia um nervosismo em seu sangue, bombeando seu coração,
porque relaxamento só vinha fácil quando estava com alguém
que ele não tinha mais. Foi um tolo por pensar que seria
diferente.
Cross não sabia como explicar isso, no entanto. Era mais
fácil simplesmente ir porque era o que fazia bem. Selvagem, eles
o chamavam. Tinham dito isso desde que era pequeno. E
estavam certos, mas estavam errados também. Ele não podia ser
resolvido, ou equilibrado, ou qualquer outra coisa quando nunca
tinha sido realmente essas coisas para começar.

“Cross,” seu padrasto gritou pela porta da frente. “Espere


um minuto, filho.”

Ele já estava batendo a porta do motorista de seu Rover, e


ligando a ignição.

Que porra ele deveria dizer?

A merda aconteceu.

Está tudo bagunçado.

Eu não quero me sentir assim.

Ser amigo é uma mentira.

Nada disso explicava o suficiente, Cross sabia. Sem mais


palavras, e mais tempo sendo gasto tentando apenas respirar.

Ele não podia fazer isso.

As mãos de Calisto envolveram em volta da janela


abaixada, e seus dedos ficaram brancos da pressão. “Cross, fale
comigo.”

“Eu vou para o Zeke por uns dias.”

Pronto, ele os deixou saber.

Não precisavam se preocupar.

Ele disse a eles.


“Os exames—”

“Terminei o último hoje,” Cross o interrompeu.

Talvez ele devesse ter esperado por isso, e não deixar isso
surpreendê-lo tanto. Tinha sido iminente de qualquer maneira,
esta espiral em que estava atualmente.

“Cross.”

Cross apostava que seu padrasto podia ver isso em seus


olhos, mesmo porque o que ele sentia estava refletido nas íris
escuras familiares. Dor e tristeza e insegurança. Fraqueza que
não queria mostrar para outra pessoa; uma ferida que ele
precisava estancar antes que sangrasse demais. Calisto podia
ver. Eles compartilhavam os mesmos olhos, afinal de contas.
Pretos e muito profundos. Não escondia nada lá. Não sabia como.

E ele já tinha escondido por duas longas semanas.

“Estou bem, estou bem,” Cross murmurou, colocando o


Rover em marcha à ré.

“Você não está bem.”

“Estou.”

"Filho—”

“Ela continua quebrando a porra do meu coração,” ele


proferiu, desejando que tivesse saído mais baixo do que foi. Em
vez disso, sua voz estava quebrada e rouca, mas clara e dolorida.
“Ok, ela continua fazendo isso, então foda-se.”

Calisto soltou a janela.

Cross teve certeza que seus pneus cantassem no


caminho para fora da casa.
Os últimos dias da escola foram um tipo especial de
inferno para Catherine. Ela terminou seus exames nos primeiros
dias da última semana, o que deixava mais três dias em que
tinha que ir todos os dias, querendo ou não.

Era ir, ou ficar em casa e não fazer nada.

Mas só tinha seu telefone na escola, e era para ligar para


alguém se precisasse de alguma coisa. Em casa, ela o entregava
de volta para seu pai.

Havia uma tensão em sua casa que ela não tinha sentido
antes, também. Uma luta silenciosa que constantemente crescia
entre a mãe e o pai, alimentada por ressentimento e teimosia. Os
dois não se falavam, ou quando faziam, falavam muito pouco.

Sua mãe levou Michel para Detroit na primeira semana de


junho. Dante escolheu ficar em casa com Catherine.

A culpa de Catherine era um assassino. Sentia como se


tudo o que estava acontecendo ao seu redor fosse inteiramente
sua culpa. E era.

Ela não queria seus pais brigando por sua causa, mas eles
estavam. Não queria impedir seu pai de levar Michel para Detroit
como ele tinha planejado por um ano inteiro, mas o fez. Não
queria que o café da manhã e o jantar fossem carregados de
silêncio e olhares instáveis.

Esta não era a sua família.

De jeito nenhum.

Talvez se toda a sua tristeza estivesse focada em apenas


seus pais, então Catherine podia lidar. Podia deixar as coisas
melhores, fazer o que ela precisava fazer, e ser quem eles
queriam que ela fosse.

Só que não era.

Havia Cross também.

Cross era demais

Catherine odiava mais a escola porque doía e seus olhos


queimavam e seus pulmões doíam cada vez que tinha que passar
por ele no corredor. Sorrisos forçados e olhos reservados era a
coisa favorita deles, agora. Ele não vinha muito perto, e ela se
abaixava e desviava apenas para evitar de esbarrar pelo corredor,
se pudesse.

Amigos.

Isso é o que ela tinha dito.

Amigos.

Catherine tinha certeza que ser amigos não deveria doer


tanto assim.

Isso era agonia, e era um saco.

Depois de terminar com Cross há duas semanas em uma


sala vazia, seu único objetivo agora era chegar até o fim do ano.

Chegar e não quebrar.


Ela tinha dez minutos.

“Ei, Catherine.”

Incerta se tinha realmente ouvido seu nome ser chamado,


como se estivesse fora de sintonia com um fone de um ouvido, e
um livro aberto na sua frente, ela não olhou para cima. A
biblioteca tinha se tornado um refúgio seguro nos últimos dias de
aula, quando não precisava participar, mas ia simplesmente para
evitar outra conversa com seu pai. Esconder-se na biblioteca
quando não precisava participar de orientação ou assembleias
finais significava que ela não precisa arriscar encontrar Cross ou
fingir estar tudo bem.

Ela não estava nada bem.

Sem ele, essa era a sua coisa.

Aparentemente.

“Catherine,” um cara disse novamente.

Ele puxou o fone dela.

Catherine encontrou um dos amigos de Cross ao lado de


sua mesa. “O quê?”

“Você sabe onde Cross está?”

“Hum... não.”

O cara – Erin – franziu a testa. “Ele não apareceu nos


últimos dois dias.”

“Talvez ele não tivesse exames nesses dias.”

“Claro, mas nenhum de nós consegue uma mensagem de


volta dele, também.”
Catherine segurou a ansiedade irritante borbulhando em
seu peito. “Desculpe, eu não sei onde ele está.”

“Sim, tudo bem. Obrigado, eu acho.”

Ela esperou até que Erin tivesse desaparecido de sua vista,


antes de pegar seu celular. Ia, provavelmente, custar-lhe outra
punição por usar o telefone para algo diferente do que seu pai
exigiu, mas ela estava disposta a correr esse risco.

Só pra ter certeza…

Está tudo bem?

Catherine olhou para o telefone, e enviou a mensagem para


Cross antes que pudesse pensar melhor.

Demorou alguns minutos antes que finalmente tivesse uma


resposta.

Por quê?

Era isso.

Isso foi tudo o que ele respondeu.

Você não veio para a escola nos últimos dias, então eu


pensei que talvez algo estivesse acontecendo. Amigos podem se
preocupar ou perguntar coisas assim, certo?

Deus, ela se sentiu estúpida até mesmo em dizer isso.

E maldição, doía.

Amigos podem. Até mais, Catty.

O sinal tocou em cima da cabeça de Catherine, sinalizando


que as aulas do dia tinham acabado. Mas realmente não ouviu
porque estava muito ocupada olhando para a resposta de Cross.
Ele não respondeu a pergunta, Catherine percebeu. Cross
não disse que estava bem, ou qualquer outra coisa.

A gota de umidade que sentiu na parte de trás da sua mão


fez Catherine piscar. Mais gotas caíram. Suas lágrimas. Ótimo.
Rapidamente as limpou, mas elas continuavam se formando. As
coisas estúpidas continuavam a cair.

Catherine já havia esvaziado seu armário. Sua mãe estava


provavelmente esperando no estacionamento, e ela só queria ir
para casa. Catherine manteve o rosto escondido inclinando a
cabeça para baixo, embora os corredores estivessem quase
vazios, de qualquer maneira.

Com certeza, Catrina esperava em seu Porsche branco, um


carro que ela só dirigia nos meses de verão. Catherine deslizou
para dentro do veículo, deixou cair a bolsa no assoalho, e
prendeu o cinto de segurança. Manteve o olhar fora da janela do
passageiro, determinada a não chorar de novo, e para não deixar
sua mãe saber que estava chateada.

Catrina Marcello nunca tinha sido muito boa com


lágrimas. Ela não tinha tempo para elas. Catherine se lembrava
de várias vezes quando criança quando sua mãe repetia que
lágrimas não ajudavam nada e ninguém.

Meninas como ela, Catrina sempre dizia, não choram.

Catherine não queria aquela lenga-lenga novamente.

“Como foi o último dia?” Perguntou a mãe, saindo do


estacionamento da escola.

“Longo.”
“Aposto que sim.” Catrina estendeu a mão e deu um
tapinha no joelho de sua filha. “O próximo ano será um novo ano.
Pode ser um ano melhor, Catherine.”

Ela manteve seu ombro virado. “Sim, mamãe, eu sei.”

Catrina não era o tipo de mulher que enchia o silêncio com


conversas inúteis, por isso a longa viagem para Freeport foi
basicamente quieta. Foi apenas quando Catherine estava em
segurança dentro da casa Marcello que finalmente sentiu como
se pudesse respirar novamente.

Soltando sua bolsa e chutando os sapatos, Catherine nem


sequer se preocupou em guardá-los.

A implicância número um de Catrina.

“Não deixe essas coisas jogadas, Catty. Eu não sou sua


escrava nesta casa.”

Catherine se encolheu com o apelido, e enquanto sua mãe


o usar deveria ter sido um sinal de que ela não estava com raiva,
seu instinto de consertar, consertar, consertar chutou com força.
Isso não a deixava sozinha recentemente. “Sim, tudo bem. Sinto
muito, mamãe.”

Rapidamente pegou suas coisas e foi para o armário do


corredor.

“Catherine, espere,” disse sua mãe.

“É minha culpa, mamãe. Desculpe, eu vou guardar.”

“Catherine, olhe para mim.” Sua mãe agarrou seu braço e


puxou com força, girando Catherine para encará-la. O olhar de
Catrina passou por Catherine rapidamente, seus olhos
amolecendo, e seu aperto afrouxando. “Por que você está
chorando, Reginella? Eu só estava brincando, eu—”
Catherine sacudiu a cabeça, e tirou o cabelo que tinha
caído em seu olho para fora do caminho. “Está tudo bem,
mamãe. Foi um longo dia, e eu estou realmente cansada.”

“Você está mentindo.”

“Eu não estou, estou—”

“Mentindo para mim,” sua mãe interrompeu suavemente.


“Por que está mentindo para mim?”

Algo doloroso tomou conta da garganta de Catherine, mas


ela colocou as palavras para fora de qualquer maneira. “Eu não
quero continuar causando problemas, mamãe. Não importa o que
está errado, eu posso lidar com isso, ok? Há problemas
suficientes nesta casa sem eu adicionar algo que não vai ajudar
em nada, então, por favor, deixa para lá.”

“Problemas.” Catrina soltou uma respiração lenta, e ainda


se manteve segurando a mão Catherine, recusando-se a deixá-la
se mexer. “Não há problemas, Catty.”

“Isso é besteira, mamãe, mas que seja. Se não há nada de


errado com você, então não há nada de errado comigo. Sem
mentiras e segredos, certo? É a coisa nova do papai — sem
mentiras ou segredos aqui.”

Catherine saiu das mãos de sua mãe, e jogou suas coisas


no armário sem cuidado.

“Por favor, fale comigo,” disse Catrina.

“Não há nada para falar.”

“Então por que você ainda está chorando?”

“Porque sim, Mamãe!”


Catrina piscou e se endireitou um pouco em seus saltos.
“Catherine.”

“Tudo está uma merda agora, porque eu fiz algo estúpido.


Se não é você ignorando o papai, então é ele ignorando você, ou
ele me ignorando, ou ele bravo porque você levou Michel para
Detroit. Não podemos nem mesmo jantar, sem que seja silencioso
e estranho, já que ninguém quer falar ou mesmo olhar um para o
outro! Eu, eu fiz isso, e eu só queria que isso não tivesse
acontecido. Sinto muito, Mamãe. Eu errei, eu sei. Sinto muito.”

“Não é culpa sua, Catherine. Você tem que saber isso. É


mais do que você, especialmente com o seu pai e eu.”

“É mesmo, Mamãe? Porque ele está bravo porque você não


lhe disse o que sabia sobre mim, ou das escolhas que você fez por
mim, e isso ainda é sobre mim. Você pode girar os detalhes, mas
tudo volta a isso, então. E então—” Catherine parou bem a
tempo, murmurando, “Não importa, eu só quero ir para a cama
pelo resto do dia.”

“Não, você deve terminar,” sua mãe pediu.

“Eu não quero.”

Catherine se virou e seguiu pelo corredor. Catrina só a


deixou ir alguns passos antes de se virar olhando para sua mãe
no rosto mais uma vez.

“Termine,” Catrina disse gentilmente.

Catherine não estava acostumada a esse tipo de tom de


sua mãe.

“Cross,” Catherine sussurrou. “Tem ele também. Mas isso


não importa, porque ele não chega a esta casa porque o papai
não quer que ele venha. Então, sim, Mamãe, apenas deixe para
lá.”

“Dê a seu pai algum tempo com Cross,” disse Catrina,


encolhendo os ombros. “É tudo o que você pode fazer.”

“Já é tarde demais, Mamãe.”

Catrina estendeu a mão e usou a palma de sua mão para


enxugar as lágrimas de Catherine. “Por favor, não chore, mia
bambina. Dói em mim quando você chora, e eu não sei como
consertar. Não sou como você, Catherine, não mostro essas
coisas como você. Então, eu só... não sei o que fazer por você.”

“Eu sinto muito. Por tudo, Mamãe.”

Catrina puxou Catherine para um abraço apertado que


doeu, mas aliviou ao mesmo tempo. “Não se desculpe, minha
menina. Nem tudo é para você corrigir.”

Talvez não.

Mas ela ainda era a causa.

“Sinto muito sobre Cross, também,” sua mãe murmurou.

Catherine deu de ombros. “Eu queria deixar isso melhor.”

Somente o deixou pior.

Ainda doía.

Muito.

Pelo menos sua mãe a fez sentir como se ela não fosse
quebrar toda no chão. Não nesse momento, de qualquer maneira.
A antiga mansão Marcello era uma enorme propriedade
que Catherine amava. Ela guardava as melhores recordações de
sua família – da família inteira – porque eles frequentemente se
reuniam na casa de seus avós como um grupo para tudo, de
jantares a festas. Claro, à medida que eles ficaram mais velhos, e
mais ocupados, as festas e jantares tinham diminuído, mas o
sentimento nostálgico que sentiam quando pisavam no grande
saguão da frente ainda era o mesmo.

Era como chegar em casa.

“Eis a minha menina Catty,” seu avô, Antony, disse.

Para um homem com quase oitenta anos, seu avô quase


nunca perdia nada.

“Ei, vovô,” disse Catherine, tomando seu abraço.

“Deve ser diferente sem o seu irmão em casa o tempo todo,


não é?”

“Ele foi embora há um mês, agora. Está tudo bem.”

Antony riu, o rosto enrugado pela idade. “Tenho certeza de


que você sente falta dele.”

Catherine piscou. “Eu tenho certeza que sinto, também.”

“Vá, encontre um de seus primos. Sua avó está pela


cozinha, pairando sobre os ombros de todos como ela faz.”
E Catherine iria certificar-se de evitar a cozinha só por
causa disso. Sua avó, Cecelia, era uma tirana na cozinha, mas
mais agora que ela tinha deixado as mulheres de seus filhos
cozinharem seus grandes jantares. Ela tinha que se certificar que
tudo estava perfeito. Catherine não conseguia se lembrar de sua
mãe, ou suas tias, algum dia reclamarem sobre isso.

Era definitivamente uma coisa italiana.

“Você sabe onde John está?” Perguntou Catherine,


referindo-se a seu primo mais velho, Johnathan.

A testa de Antony franziu. “Na sala de jantar, da última vez


que vi. Ele e Andino estavam brincando com meu baralho velho.”

“Papai, você deveria estar sentado em algum lugar.”

O pai de Catherine entrou na casa, seguido por Catrina.

“Oh, é melhor não começar com esse absurdo hoje, Dante,”


Antony murmurou, indo na direção oposta de seu filho. “Não
estou velho demais para—”

“Não se exalte, agora,” seu pai respondeu, seguindo atrás


de Antony. “Eu estava brincando.”

“Você não estava, e você sabe disso. Eu só pareço velho.”

“É o que você continua dizendo,” disse Dante.

“É o que eu sei!”

Catrina revirou os olhos, e passou por sua filha com um


sorriso.

Catherine finalmente encontrou seu primo mais velho


sentado na sala de jantar, mas ele estava entretendo sua irmã
mais nova, Lúcia. John era alguns anos mais velho do que
Catherine, e totalmente enraizado no negócio da família.
E era exatamente por isso que Catherine precisava falar
com ele...

Às vezes, John podia ser um pouco tenso, ou era assim que


sua família gostava de dizer. É assim que todos sempre tinham
descrito John. Tenso, difícil de se concentrar, e um pouco
selvagem para seu próprio bem. Quando ele tinha uns dezessete
anos, eles finalmente souberam por que John, às vezes, explodia
como ele fazia. Ele se concentrava em certas coisas como se fosse
uma obsessão que não podia deixar passar, ficava acordado por
dias, ou ia atrás de tudo o que lhe deixava ligado. Meninas,
drogas, coisas perigosas. Qualquer coisa.

John podia ir de estar para baixo para realmente alto com


seu humor em um prazo muito rápido, e aparentemente curto de
tempo. Isso não apenas afeta o seu humor, mas também seu
comportamento, e como ele reagia àqueles em volta dele e no seu
meio ambiente. Seus episódios maníacos quando adolescente
eram ruins, e eles só pioraram até que o diagnóstico foi feito, e a
medicação foi dada.

Ele sofria de Transtorno Bipolar, também conhecido como


psicose maníaco-depressiva.

Agora, John estava indo bem. Catherine realmente queria


que seu primo continuasse a ficar bem. Ele era próximo de seu
pai, como um segundo filho, de certa forma. E sempre lembrava
de John na casa dela quando ela estava crescendo, às vezes mais
do que ele estava em sua própria. Tinha sido difícil ver Dante em
pânico e tentar tudo o que podia quando John desapareceu por
semanas uma vez, apenas aparecendo em um hospital, ou por
causa das drogas, ou por briga, ou simplesmente porque ele
desabava. Quando seu corpo não aguentava mais, ele só
desabava, Catherine pensava que aqueles momentos tinham sido
os piores para toda sua família.
“John?”

Ele não olhou para cima da sua irmã contando as cartas


conforme disse: “Oi, Catty.”

“Jesus, eu odeio todos vocês, agora. Todo mundo usa esse


nome estúpido, sabe.”

John riu. “Ele se encaixa, no entanto.”

Não pelas razões que você sabe...

Ela viu seu tio Lucian, pai de Johnathan, enquanto ele


passava pela sala de jantar com seu tio Giovanni bem atrás dele.
Uma vez que eles estavam fora do alcance de ouvir, sua atenção
voltou para o seu primo.

“Eu tenho uma pergunta,” Catherine disse baixo.

“Manda garota.”

“Você sabe que eu tenho dezesseis anos, certo?”

“Você sabe que eu gosto de massas, certo?”

As sobrancelhas de Catherine franziram. “O que isso tem a


ver com o que eu disse?”

John sorriu e olhou para ela. “Nada, eu só queria ferrar


com você. O que foi?”

Ela pegou seu celular, trouxe à tona uma série de


mensagens de texto que ela tinha recebido de alunos que
frequentavam a Academy nas últimas quatro semanas desde que
a escola tinha terminado, e colocou sobre a mesa. John olhou
para a tela, em seguida, usou seu dedo para percorrer as
mensagens, assentindo com a cabeça.
“Sim, eu imaginei que isso ia acontecer quando Michel
fosse embora.”

Catherine se mexeu, e lançou um olhar por cima do ombro.


Ela não sabia por que estava assim tão nervosa, pois realmente
não deveria estar. Essa coisa toda era exatamente o que pagava
as roupas que ela estava usando, o carro que eles dirigiram para
chegar aos seus avós, e a casa onde ela estava em pé.

Drogas, crime e todo o resto.

Isso era o que pagava por tudo.

Ainda assim, ela não tinha feito essas coisas.

No entanto, parecia haver um monte de estudantes de sua


escola que continuavam mandando mensagens, pois achavam
que ela absolutamente poderia fornecer o que eles queriam.
Catherine suspeitava que porque Michel não estava mais
prontamente disponível para abastecer, as crianças da Academy
não tinham interesse em comprar sua merda de alguém na rua
dado as suas disposições mimadas, então eles pediram a
Catherine.

Ela conhecia alguém?

Ela poderia conseguir o que eles precisavam?

Dinheiro, dinheiro, dinheiro.

Isso é o que ela ouvia, mas não era o que chamava sua
atenção. Catherine estava simplesmente curiosa. Como
funcionava, como vender, ou lidar... o que quer que fosse.

John beijou Lucia no topo da cabeça e disse: “Vá encontrar


a mamãe, hein? Traga um lanche para mim, topina.”

“E eu?” Lucia perguntou.


“E para você.”

A prima mais nova de Catherine saiu num piscar de olhos,


pronta para deixar seu irmão mais velho feliz, e alimentar-se,
também.

John virou-se para Catherine. “Quero dizer, eu posso


conseguir alguém para lidar com eles. Você só vai precisar passar
um número de telefone e um nome. Eventualmente, eles vão
parar de mandar mensagem para você para tudo isso.”

“Sim, mas... é que, como, como Michel fazia isso? Eles


simplesmente ligavam, e ele entregava?”

Seu primo riu. “Não, não exatamente.”

“Bem, como?”

“Michel era um tipo de situação de oferta e procura. Ele só


fazia um esforço se houvesse um grande número de pessoas que
queriam o que ele tinha a qualquer momento. É meio por isso
que ele principalmente fazia às sextas-feiras ou segundas-feiras,
e ia para as festas. Tinham que fazer valer a pena o esforço dele
ir para onde quer que eles estivessem. Não ligavam para o jogo de
Michel porque eles são muito privilegiados e preguiçosos para
descobrir como ter um distribuidor que vá atendê-los. Não são
realmente viciados alimentando um problema, apenas crianças
ricas com muito dinheiro e muito tempo de sobra.”

John encolheu os ombros, acrescentando: “As pessoas


ricas são estúpidas assim, e seus filhos ricos são ainda piores,
Catherine. É como ter seu próprio traficante pessoal na discagem
rápida que é do mesmo padrão, educação, e privilégios que eles, o
que eu acho, os faz sentir como se fossem melhores do que o
usuário normal na rua. É uma forma de pensar, e Michel gostava
de jogar assim. Ele jogava muito bem com eles. Por isso
provavelmente eles estão mandando mensagens para você,
agora.”

“A minha mãe e meu pai sabiam o que Michel estava


fazendo?”

“Ah sim.”

“Mesmo?”

John apenas olhou para ela, entediado. “O que eles


diriam?”

Huh.

Em seguida, o olhar de seu primo correu por cima do


ombro dela antes de perguntar: “É algo em que você está
interessada, Catty?”

“O que, traficar?”

“Quero dizer, lógico. Sua mãe fez; seu pai é um chefe da


máfia. Nosso sobrenome é Marcello. Não aja como se eu estivesse
perguntando algo que seja anormal para nós.”

“É anormal para mim.”

“Só porque você é um pouco dissimulada para o seu


próprio bem,” seu primo respondeu. “Você sabe, eu frequento
alguns círculos onde você já esteve também. Coisas que você fez e
foi pega fazendo, eu ouvi sobre isso. Seu garoto, lá... Cross—”

“Ele não é meu nada,” Catherine interrompeu, ignorando a


pontada de dor no peito.

Ela não tinha visto ou falado com Cross desde a última


mensagem um mês atrás.

No momento, era melhor ficar desse jeito.


“Que seja,” disse John, acenando com a mão. “O meu
ponto é, só porque você gosta de se comportar mal por baixo dos
panos, não significa que as pessoas não saibam sobre isso,
Catherine. E talvez se você pensasse nesse absurdo um pouco,
você não se encontraria em apuros quando foi pega.”

“Você está saindo do assunto.”

“Eu não estou na verdade, se você pensar sobre isso.”

Catherine revirou os olhos para o céu. “Só... que seja. É


isso que essas pessoas estão procurando em mim, alguém como
Michel?”

John soltou uma risada. “Você não pode ser como Michel,
garota.”

“Por que não?”

“Porque você é uma garota, Catty. É um jogo totalmente


diferente quando você está fornecendo como mulher. Você tem
que trabalhar com eles diferente, e jogar diferente. É assim que
funciona.”

Catherine cruzou os braços. “Como minha mãe fez, você


quer dizer?”

“Mais ou menos, com certeza. Catrina era incrível no que


ela fazia, e ela fez uma carreira fornecendo à maior parte da elite
deste país. As pessoas ligavam para ela simplesmente porque era
ela, sabe? Então, sim, mais ou menos.”

“Eu não quero ser a minha mãe.”

John inclinou a mão como se quisesse dizer, meh. “Você


não pode ser ela, também. Haverá sempre só ela para fazer o que
ela fez em qualquer tempo. O que você está vendo no seu telefone
não é como Catrina, é apenas lidar com filhos pequenos que
pensam que são grandes. E não são. Mas eles pagam, é dinheiro,
e é assim que o nosso negócio funciona. Nada mais, nada
menos.”

Agora, Catherine estava ainda mais curiosa.

E isso era ruim.

Ela sabia que era ruim porque as coisas estavam realmente


bem ultimamente. Para ela, e seus pais. As coisas estavam
resolvidas, a tensão tinha desaparecido, e seu pai não olhava
para ela como se não soubesse para quem diabos ela estava
olhando de volta.

Ainda assim…

Catherine tinha um hábito terrível de perseguir coisas


ruins.

Ou alguma coisa assim.

Ainda não tinha entendido o que havia com ela. Não sabia
o que queria ser, a não ser boa para seus pais, e alguém que
poderia ser motivo de orgulho quando a olhassem. A casa dela
estava calma novamente, e seus pais estavam felizes.

“Você poderia aprender,” John sugeriu, trazendo Catherine


de seus pensamentos. “Como qualquer coisa, você apenas tem
que aprender a fazê-lo, Catty.”

“Aprender a traficar.”

“Aprender a fornecer.” Ele sorriu novamente. “Use palavras


que não façam as pessoas sentirem como se estivessem fazendo
algo errado ou sujo. Você nunca quer fazer alguém se sentir como
se não devesse vir a você para o que querem. É ruim para os
negócios.”
“Ruim para os negócios,” ela repetiu.

“Lição número um.”

A atenção de Catherine pegou seu pai indo através do


outro lado da sala de jantar, com sua mãe ao seu lado. Eles
riram sobre algo, mas mal prestaram qualquer atenção em
Catherine e John.

“Eu não tenho certeza se quero fazer isso,” ela admitiu.

“Mas você está curiosa.”

Catherine deu de ombros. “Você não estaria?”

“Eu estive – foi como eu acabei onde estou e fazendo o que


faço.”

O olhar de John foi para onde Dante e Catrina


permaneciam na entrada entre a sala de jantar e a cozinha. Sua
mãe sussurrou algo no ouvido de seu pai, fazendo-o sorrir. Eles
estavam bem novamente, e não lutando sua guerra silenciosa de
ressentimento e teimosia. Embora, Catherine não tivesse certeza
de como os dois resolveram seus problemas. Isso aconteceu a
portas fechadas, e logo depois daquela conversa que ela teve com
sua mãe.

Catrina tinha razão.

Nem tudo era para ela consertar.

“Você nunca vai saber como é a menos que tente, e só


assim saberá se é algo que quer fazer,” acrescentou John. “Você
está brincando com fogo com sua mãe e seu pai, no entanto.
Você não pode mostrar-lhes uma cara, e fazer outra quando eles
estão de costas. Isso é ruim para a família.”
“E se eles não quiserem que eu seja como você, ou como
eles?”

“Você realmente não sabe disso, sabe? Você nunca


perguntou.”

Catherine não tinha que perguntar.

Ela sabia.

“Se você quiser aprender,” disse John, “então você liga para
Andino, e com o resto nós podemos nos preocupar em outro
momento.”

“Apenas ligo. É isso?”

“Sim.”

Ela pegou seu telefone de volta. “Certo. Obrigada.”

“Mas não leve muito tempo para decidir,” John avisou.


“Essa é a natureza deste negócio, Catherine. Alguém está sempre
pronto para entrar onde você não está. Você é apenas outra para
quebrar o caminho de alguém para o topo.”

Sim, ela entendeu.


“Pelo menos você deixou a porta da garagem fechada dessa
vez,” Calisto disse.

Cross tinha ouvido a aproximação do seu padrasto, mas


continuou seu trabalho de limpar a metralhadora que ele tinha
desmontado na mesa de metal. “Não há necessidade de assustar
os vizinhos.”

Novamente.

“Wolf lhe deu isso?”

“Mais como eu peguei depois que ele fez um acordo com


uma dúzia delas.”

Calisto chegou mais perto, admirando a arma antes de


dizer: “Certifique-se de travá-la depois que acabar. Nós não
precisamos de ninguém acidentalmente tropeçando nela ou algo
assim.”

“Sim, entendi.”

“Seu interesse por isso nunca foi realmente embora, não


é?”

Cross olhou para seu padrasto, mas rapidamente voltou ao


seu trabalho. “Armas? Não, não realmente.”
Calisto pegou o clipe grande, e virou de ponta cabeça para
baixo na palma da mão. “As armas são uma parte
particularmente muito pequena do nosso lado dos negócios,
Cross. Nós não somos a família que ganha dinheiro com a venda
de armas ilegais no país. Nós mantemos um suprimento para o
nosso território vender, mas é realmente só isso.”

“Poderia ser uma parte maior, se você se esforçasse.”

“Nós fazemos muito bem na nossa área, focando no que


fazemos.”

Cross deu de ombros. “Estou só dizendo.”

“Você sabe que não pode se concentrar em traficar ou


negociar armas, e também em la famiglia, certo? É impossível
quando significa ter sua atenção em duas direções
completamente diferentes.”

“Sim, você já disse isso antes. E Wolf. E Zeke, também.”

E cada homem que pegou o interesse de Cross pelo


contrabando e tráfico de armas.

No entanto, Cross ficava imaginando...

“Eu não me importo com o que você faz, Cross. Você sabe
disso, não é, filho? Você pode trabalhar com isso,” disse Calisto,
acenando com a mão para a arma desmontada. “Ou, você pode
continuar treinando com Wolf para o nosso lado das coisas.
Sempre foi sua escolha, independentemente do que qualquer
outra pessoa diga. São apenas barulhos de fundo.”

“Barulhos altos,” Cross murmurou sob sua respiração.

“O que você quer dizer?”


“Nada.” Cross passou um pano no cano longo, querendo
mudar de assunto. “Não é nada, papai.”

“Os homens dizem coisas para você? Homens da Famiglia?”

Eles estavam dizendo coisas para ele por toda a sua vida.

Principalmente quando Calisto estava de costas.

“Como o quê?” Calisto perguntou quando Cross ficou


quieto.

“Deixa para lá. Não é importante.”

“É para mim se alguém está pressionando—”

Cross riu. “O que, como a pressão dos colegas, para ir para


máfia e ao crime? Temos algo menos juvenil para chamar isso?”

Calisto suspirou profundamente. “Persuadindo?


Influenciando?”

Aqueles eram um pouco melhores.

“Ninguém está me obrigando a fazer nada na família,” disse


Cross. “Eles falam muito. Eles tentam. Eles gostam de apontar
quem eu sou e de onde vim, como se fosse fazer diferença com o
que devo ou não fazer. Alguns soam como se isso fosse tudo que
posso fazer. Eu ouço, é tudo. Fica difícil quando ouço mais
frequentemente do que não ouço.”

“Esta sempre foi sua escolha, Cross.”

Sim, ele sabia disso, também.

Ele não tinha que estar nos negócios da família. Podia


largar isso hoje ou amanhã. Sempre que quisesse, ele podia
parar. Podia ir para a faculdade se quisesse, depois que se
formou no colegial. Ele podia fazer qualquer coisa.
Mas isso era o que queria.

Sempre quis.

Cross simplesmente preferia certos aspectos dos negócios


deles mais do que outros – como armas.

“E se eu tentasse?” Cross perguntou a seu padrasto.

“Tentasse o quê?”

“O contrabando de armas e a Cosa Nostra.”

Calisto pigarreou. “Então eu acho que você descobrirá que


fará sacrifícios para um mais frequentemente do que irá lidar
com o outro. Porque essa é a natureza deste negócio, Cross. Você
dá o seu tudo para uma coisa, e ela dá certo. Você se espalha
entre muitas coisas, e você falha. É por isso que existem apenas
três grandes famílias de distribuição em Nova York, uma
controlando Vegas e a Outfit, em Chicago. É porque cada uma
dessas organizações criminosas colocaram seu foco no que elas
fazem melhor, enquanto as pequenas famílias em volta delas se
afogaram tentando fazer demais.”

“Você esqueceu-se de uma.”

“Hmm?”

“Os canadenses — Guzzi,” Cross apontou. “a Cosa Nostra,


tudo, desde armas, drogas, o que eles quiserem.”

“Eles são um caso muito especial.”

“Por quê?”

“Suponho que porque eles têm o controle das principais


cidades do Canadá há setenta anos ou mais, Cross. Eles
controlam as gangues através de uma pirâmide de envolvimento
de terceiros, é de onde muito do seu tráfico de armas vem. Isso é
algo que você constrói durante anos. Não foi uma coisa da noite
para o dia.”

“Obviamente,” disse Cross. “O ponto é que isso é possível.”

“Mas não por um homem, filho. Isso é com muitos homens.


É toda uma família de homens. São gerações e gerações de
homens que constroem esse tipo de controle. Não um homem.”

Cross franziu a testa. “Quem iria assumir para você, se eu


não fizesse quando chegasse a hora?”

“Isso é daqui um longo tempo, ainda.”

“Eu não perguntei quando. Perguntei quem.”

Calisto coçou o queixo; uma atitude que Cross sabia que


era um tique nervoso que seu padrasto não poderia se livrar.
“Bem, eu nunca realmente considerei isso, Cross.”

Porque a resposta era óbvia.

Não havia ninguém.

Calisto sempre só assumia que seria Cross, como todo


mundo lhe dizia. Príncipe, é quem ele era. O príncipe Donati
adequado.

“Mas eu posso fazer qualquer coisa, certo?” Ele perguntou,


quase sarcasticamente.

“Cross, agora—”

“Como eu posso fazer qualquer coisa quando até mesmo


você sempre pensou que eu iria fazer o que você quer para mim?”
Cross balançou a cabeça e voltou para a arma. “Quer saber, não
importa. É por isso que eu não falo sobre isso. Não tem por que.”

“Cross, ei.”
Quando ele ignorou seu padrasto, Calisto simplesmente
pegou a arma de suas mãos, e empurrou seu ombro para virá-lo.
Face a face, os dois olharam fixamente um para o outro.

“Isso sempre foi a sua escolha,” Calisto repetiu com


firmeza. “Você pode ser um homem feito, um traficante de armas,
ou nenhuma das opções acima. Pode ser ou fazer qualquer coisa,
Cross. Eu terei certeza disso. E serei tão orgulhoso de você, se
estiver sentado no meu lugar daqui a vinte anos, ou tocando em
uma orquestra. É simples assim.”

“Eu posso mesmo? Você seria orgulhoso?”

“Eu nunca tive escolha. Você sempre terá uma.”

“O que isso significa – que você nunca teve uma escolha?”

Calisto deu de ombros. “Outra história para outro dia.”

“Vou cobrar isso de você, papai.”

“Você não esquece, eu sei.” Calisto encostou-se contra a


mesa. “Que tal isso, Cross? Você continua fazendo o que quer
fazer agora – treinando sob o comando de Wolf, mergulhando os
pés neste tipo de água, e continue aprendendo. Você gosta disso,
sempre gostou, certo?”

“Certo.”

“Então continue fazendo isso. Não vai doer. E, quanto mais


você estiver envolvido, mais famílias e pessoas você conhecerá
neste negócio. É chamado de abertura de portas, filho. Quanto
mais amigos você fizer, mais portas se abrem.”

“Ok.”

Calisto bateu os nós dos dedos na mesa de metal. “E no


segundo em que você tiver a chance de fazer o que realmente
quer, porque você abriu a porta certa, eu espero que você a
pegue.”

Cross parou. “Mesmo?”

“Você nunca saberá, se não tentar.”

“E se eu tiver meu passe até lá?”

Sua entrada para a família, ele queria dizer.

Só porque ele era um Donati, não significava que ele era


um homem feito. Ele tinha um passe para ganhar, ainda. Um
juramento a dizer. Uma promessa para fazer.

Uma vez homem feito, sempre um homem feito.

Assim eram suas vidas.

Eram suas regras.

“Se você tiver a chance, você precisa pegá-la,” Calisto disse


novamente. “O resto são detalhes, Cross, e você ainda tem anos
antes de ter que se preocupar com isso.”

Exceto... que ele faria dezoito anos em apenas três meses.

Mais um ano de ensino médio.

Sua hora de escolher ou resolver isso estava rapidamente


chegando a um fim rápido.

“Falando de outra questão, estou contente de ver que você


está mais estável,” disse Calisto, enfiando as mãos no fundo dos
bolsos de sua calça. “Sua mãe está agradecida por isso, também.”

“Você quer dizer, quando eu fui embora durante um mês e


você me arrastou de volta para casa quando me encontrou?”

“Detalhes, Cross. Esses são detalhes.”


“Não é como você chamou quando ameaçou me enfiar no
porta malas do carro,” Cross apontou.

Calisto sorriu. “Sim, bem, eu trouxe sua bunda para casa.”

Verdade.

“Eu estou... melhor, quero dizer.”

Demorou um pouco.

Ele tentou ficar entorpecido por grande parte do tempo.


Usou qualquer coisa que pudesse levá-lo para aquele lugar feliz,
anestesiado.

Não funcionou.

Isso só o distraiu.

“Não se esqueça de guardar a arma,” Calisto disse


conforme virou para ir para fora da porta lateral da garagem.

“Eu não vou.”

“E troque as placas do seu Rover esta noite antes de sair.”

Cross endureceu, e depois soltou uma risada. “Ouviu sobre


as corridas de rua, hein?”

“Filho, eu ouço tudo. Mesmo quando você pensa que não.”

Estacionado perto das docas, procure por chamas.


Cross xingou quando estacionou seu Rover, e olhou a
mensagem de Zeke. Como esperado, muitos veículos estavam
bloqueando seu caminho para ir mais longe, e então tinha que
caminhar até seu amigo. Provavelmente um bom quarteirão,
talvez mais.

Ele colocou o capuz do seu casaco sobre sua cabeça, e as


chaves do seu Rover no bolso. Não ia participar das corridas de
rua desta vez, mas gostava do show. Zeke tinha encontrado as
corridas há dois meses, mas não era uma coisa fácil de entrar.
Os organizadores faziam uma situação só para um público
convidado, e este convite vinha como uma mensagem aleatória.
Locais, horários, ruas, e nada mais.

Às vezes, vinha uma mensagem, e, em seguida no meio do


dia, uma nova chegava com horários e lugares mudados. Cross
suspeitava que era porque alguém tinha ficado sabendo que os
policiais poderiam aparecer.

Quase sempre, as corridas começavam em lugares


abandonados ou que tinham pouca atividade. Os carros se
alinhavam nas ruas, porta-malas e capôs abertos, e música
estridente enquanto os motores ronronavam. Meninas se
empoleiravam sobre os tetos dos carros, bebendo qualquer que
fossem as bebidas que tinham nas mãos, e o ar geralmente tinha
o cheiro distinto de maconha a cada poucos veículos.

A coisa sobre as corridas de rua era que a velocidade


passou a ser apenas uma parte da equação quando a pista de
corrida eram ruas da cidade, ou às vezes, um estado inteiro.
Quem quer que esteja ao volante tinha que saber para onde
estava indo, e onde eles precisavam chegar dentro de um
determinado período de tempo, e, de preferência, na primeira
posição. Se eles tivessem a capacidade de usar atalhos, melhor
ainda.
Não havia muitas regras.

Apenas um começo e um fim.

Cross não era grande no aspecto de corrida onde seu


prazer entrava em jogo — o Rover não foi feito para esse tipo de
coisa. Gostava de ver os veículos e fazer sua aposta, no entanto.

E ele tinha dinheiro.

“Donati!”

Cross acenou para o cara gritando seu nome, mas


continuou seguindo seu caminho pela rua. Esquivando-se
através de veículos estacionados, ele avistou as chamas
iluminando as docas. Alguns carros distantes, viu Zeke recostado
sobre o capô do seu Camaro vermelho cereja, com um baseado
nos dedos.

“Você está atrasado pra caralho,” disse Zeke.

“Sim, eu sei.” Cross subiu no para-choque do Camaro e


sentou a bunda no capô ao lado de Zeke. “Cam veio falar comigo
antes de eu sair.”

“Ela é mimada como o inferno.”

Cross deu de ombros. “Como sua irmã, não é?”

“Minha irmã tem dezoito anos e está grávida, então a pose


de inocente voou pela janela não muito tempo atrás, obrigado.
Ninguém está estragando-a agora.”

“Onde está a sua garota?”

Zeke se levantou em uma posição sentado, e deu uma


tragada forte no baseado, deixando uma nuvem inebriante de
fumaça subindo para o céu. “Em algum lugar. Ela queria pegar
alguma acho.”
Jade – o brinquedo do Zeke do mês – não era a pessoa
favorita de Cross, mas ele lidava com a garota. Não sabia como
seu amigo ficava com garotas como aquela para começar; umas
com gostos caros, temperamentos estragados, e hábitos que não
podiam largar.

Cross não estava pronto para essa merda.

Zeke tinha um hábito também. Garotas como aquela.

“Alguma coisa que ela vai aspirar pelo nariz?” Cross


perguntou.

Zeke deu um olhar para Cross. “Cuida da sua, cara, e eu


cuido da minha.”

Claro, claro.

“Qual é o mínimo da noite?”

“Vinte mil dólares para entrar, quatro e mais para apostas.


Encontre um dos agentes de apostas e entre nessa, Cross.”

“Merda, eles subiram o valor?” Cross perguntou.

Zeke assentiu. “Alguém foi pego na última corrida, então


qualquer um que queira estar em um carro na rua precisa ter
certeza que terá o suficiente para pagar por isso, eu imagino.”

“Quem está correndo?”

“O bando habitual, menos aquele cara que veio de Vegas


da última vez. Acho que o seu carro ficou acabado em um
capotamento há um mês.”

“O Porsche?”
Zeke balançou seu baseado para o chão, e soltou um
último sopro de fumaça com cheiro de erva. “Sim. Porra, aquele
era um carro legal.”

Cross fez uma careta para o céu escuro. “Era em quem eu


queria meu dinheiro esta noite.”

"Que pena. Cinco para um no—”

“Não importa. Eu queria Vegas.”

“Você só tem ereção pelos Porsches.”

Isso também era verdade, mas isso não significava que ele
admitiria isso.

“Aí está você, garota,” Zeke disse conforme uma ruiva


familiar veio ficar na frente do carro. Em um vestido curto e justo
demais e saltos quinze, a atenção de Jade estava em alguma
coisa na rua em vez de no seu homem. “Você achou o que
precisava, ou não?”

Jade virou para Zeke e Cross. Seus olhos cheios de cocaína


os encarou.

A coca era uma cadela viciosa, cara. Podia fazer uma


pessoa se sentir invencível, mas sem ela, essa mesma pessoa de
repente se tornava inútil. Cross sabia o quão perigoso um
relacionamento com a cocaína podia ser, e é por isso que ele
ficava longe dela. Mas era a melhor amiga de Jade. Duas linhas
limpas a tiravam do chão na parte da manhã, e quatro linhas
tremulamente feitas a impediam de dormir à noite.

Cross não sabia como diabos Zeke fazia isso, considerando


que o cara nunca usava mais do que erva ou álcool. Talvez não
fosse pelo tipo de garotas que ele saía que Zeke tinha um mau
hábito, mas seu desejo de consertar essas meninas.
“Alguém estava segurando,” disse ela, “mas não era quem
eu pensei que seria essa noite. Não importa; eles têm merda
melhor de qualquer maneira.”

“Oh?” Perguntou Zeke.

Jade fungou. “Andino Marcello está fornecendo cerca de


vinte carros. O primo dele também.”

“John?” Cross perguntou, surpreso com isso.

John era um pouco velho para estar traficando drogas em


algo como isso, considerando que ele estava trabalhando em seu
passe para a família Marcello. Bem, isso era o que Cross ouviu de
conversas que ele não deveria ouvir. Além disso, John era um
pouco louco — ele era mais provável de ser um dos bastardos
atrás de uma corrida de carros, se fosse para estar aqui.

O olhar paranoico de Jade virou para Cross. “Não, a


garota. Todo mundo a chama de Catty quando ela está com ele.
Às vezes ela trafica, às vezes não. Esta é a primeira vez que os vi
nas corridas, no entanto.”

Cross endureceu.

Zeke riu ao lado dele. “Merda, é mesmo?”

“Você tem certeza que é como eles a chamaram?” Cross


perguntou.

“Sim.”

“E ela está traficando?”

Jade revirou os olhos. “Foi o que eu disse.”

“Não, você não especificou de quem você comprou.”

“Bem, Andino,” Jade disse, como deveria ter sido óbvio.


“Então Catherine não está traficando,” Cross respondeu.

"Não, ela está. Apenas para pessoas como ela, entende?


Bonita como um anjo, mas que sorri como um demônio. Ela não
está aqui para eu olhar.”

Huh.

Cross não tinha certeza se acreditava naquele absurdo, ou


se gostava disso. Não que fosse da conta dele gostar de algo que
Catherine escolhesse fazer ou não. Isso era problema dela.

Zeke lhe lançou um olhar. “Quando isso aconteceu?”

“Não sei,” Cross disse honestamente. “Nós terminamos


umas semanas antes da escola acabar. Estou mais interessado
em saber por que, eu acho.”

“O irmão dela estava indo para Detroit no verão, certo?”

“Sim.”

“Ele ainda estava fornecendo quando saiu, e agora ele não


está; aí está o motivo,” Zeke murmurou, recostando-se sobre o
capô para ficar confortável novamente.

“Isso não é coisa da Catherine.”

“Não era,” seu amigo corrigiu. “Qualquer coisa pode ser a


coisa de qualquer um, Cross, contanto que a pessoa encontre
uma razão boa o suficiente para fazê-la.”

Certo.
A curiosidade matou o gato, idiota.

Não, a curiosidade ia matar Cross porque ele não podia se


preocupar com seu próprio negócio.

A música soava do som montado no porta-malas de um


Mustang envenenado, cinquenta e sete. Cross deu uma olhada
no carro conforme passou por ele, mas seu olhar não se demorou
nele por muito tempo. Não podia, não quando ele teve a imagem
de Catherine Marcello em sua visão periférica a apenas seis
metros de distância.

A saia do vestido de verão azul-celeste que Catherine usava


girou ampla em volta dos seus joelhos, mostrando um flash
rápido das coxas suaves, conforme ela se virou para rir de algo
que seu primo disse. Cross não estava dando a mínima atenção
para Andino, apenas para Catherine. Saltos estilo anabela a
faziam parecer mais alta do que realmente era, e lhe davam uma
excelente vista de suas pernas. Clavículas delicadas apareciam
da jaqueta jeans aberta cobrindo os ombros, e o longo colar de
pérolas até embaixo descansando no topo das ondas de seus
seios.

Cross não tinha certeza do porquê, mas ele olhou para a


mão dela.

Ele queria ver, saber...

Com certeza ela usava o soco inglês de ouro branco que ele
tinha feito para seu aniversário de dezesseis.
Isso o fez sorrir.

Talvez devesse ter o irritado, ou, pelo menos, o provocado.


Não o fez. Em absoluto.

Cross avançou entre outro carro estacionado, observando


as caixas abertas de cerveja na parte de trás, e ignorando a
garota chegando até ele quando passou. Seu olhar foi de volta
para a posição de Catherine, apenas para descobrir que ela
estava falando com alguém novo. Um cara.

Ele entendeu o que Jade quis dizer naquele momento.

Catherine parecia cada centímetro doce e inocente e linda.


Tudo o que tinha que fazer era sorrir para o cara se inclinando
um pouco perto demais para o gosto de Cross, e o cara não
parecia notar qualquer outra pessoa em volta deles.

Apenas Catherine.

Ela encolheu os ombros; o cara riu.

Ele estendeu a mão para tocá-la no braço, mas ela já


estava se movendo para trás com um sorriso maroto. Os braços
largos do cara e a gargalhada só fizeram Catherine piscar, e
levantar as unhas perfeitamente pintadas de vermelho.
Vermelho, como o batom na sua boca maliciosa. Ela nunca
deixou o cara chegar perto o suficiente para tocar, mas ela com
certeza parecia deixá-lo pensar que podia.

O que era, provavelmente, tudo que o cara queria.

Cross meio que viu isso então.

Um jogo.
Ela estava fazendo um jogo com ele. Outro sorriso. Outro
passo mais perto. Outro movimento feito por ele. Outro jogo
provavelmente ganho por ela.

Por pessoas como ela...

As palavras de Jade ecoaram.

Então, Cross viu a troca, apesar de ter sido rápida, entre


as mãos abaixadas, e quando as cabeças viraram. Palmas
deslizando juntas, um flash de dinheiro sendo escondido em um
bolso, e depois o cara saiu da atenção de Catherine porque ela
conseguiu o que queria. Ele não tinha mais nada para dar.

Cross queria estar surpreso com o que estava vendo, mas


realmente não estava nem um pouco. Como ele poderia estar
chocado, quando Catherine era claramente boa no que quer que
esteja fazendo. Ela sempre foi um pouco astuta demais para o
seu próprio bem, e esta era apenas outra maneira dela colocar
isso em uso.

E os homens eram burros o suficiente para não notar.

Cross ainda não gostava disso, no entanto. Catherine


estava colocando-se em situações perigosas apenas por fazer o
que estava fazendo — negociar drogas sempre vinha com perigos
óbvios e ocultos. Não importa o quanto de controle que ela pensa
que tenha, havia sempre a possibilidade de algo ruim acontecer.

Esse era um subproduto de merda do negócio.

Mesmo sabendo de tudo isso, Cross ainda sentia seu ciúme


queimando forte como fogo dentro do seu peito. Tentou sufocá-lo,
ignorá-lo, mas nada deu certo.

Por que ele ficava tão puto quando se tratava dela?

Por quê?
Cross saiu de seus pensamentos quando se aproximou de
Catherine e Andino. Ambos estavam sentados na parte de trás do
para-choque do Cadillac SUV e Andino o viu se aproximar
primeiro.

“Cross,” Andino cumprimentou, saindo do para-choque


para ficar alto. Com um metro e noventa e dois, Andino ficou no
nível dos olhos com Cross. “Não sabia que você estava por aí essa
noite.”

“Eu tinha um favorito para correr,” Cross disse com um


encolher de ombros, “mas não deu certo.”

“Que pena.”

O olhar de Cross pulou para Catherine, que o observava


sob os cílios baixos, mesmo que estivesse tentando agir como se
suas unhas fossem mais interessantes. “Ouvi dizer que estavam
distribuindo, então eu achei que deveria vir dizer oi. Respeito, e
tudo mais.”

Andino assentiu. “Contanto que você não vá comprar.”

“Não é o meu estilo, cara.”

“Bom, muito bom.” Cross viu que Catherine estava olhando


para ele de novo, e Andino não perdeu. “Então, a corrida está
prestes a começar. Eu quero ver a largada, já que estava muito
ocupado trabalhando para ver os carros. Você está bem, Catty?”

Os olhos verdes de Catherine se moveram entre seu primo


e Cross. “Sim, Andi.”

Cross tomou o lugar desocupado de Andino assim que o


cara desapareceu. “Você vai quebrar seu pescoço nesses saltos,
querida.”

Ela sorriu. “Nunca.”


“Como você está?”

“Ocupada.”

“Posso ver isso,” disse Cross.

Catherine levantou uma sobrancelha. “É por isso que você


veio?”

“Inteiramente. A curiosidade levou a melhor sobre mim


quando alguém mencionou que estava traficando com o seu
primo.”

“Sim, bem.”

Ela não disse mais nada.

Cross não perguntou.

“Então eu vi você fazendo sua coisa,” disse Cross, falando


cada palavra lentamente.

“E?”

“E nada, Catty. É o seu jogo para jogar, certo? Eu posso ver


por que alguém pode cair na armadilha, com certeza.”

Catherine brincou. “Menos você, certo?”

Cross sorriu para ela. “Eu acho que isso é parte de sua
força com eles, querida. Eu já estive lá com você. Seja qual for a
diversão que você está tentando balançar para mim, eu já tive.
Ela perde o seu apelo uma vez que você entrega, isso é tudo.”

Ela puxou uma respiração afiada, e ele imediatamente


ouviu o seu erro ecoando de volta para ele.

“Ai Cross.”
“Você sabe que eu não quis dizer isso assim, Catherine,”
disse ele mais baixo.

O olhar dela evitou o dele inteiramente. “Eu não entendo


você dizer coisas que não quer dizer, então—”

“Eu quis dizer o que eu disse, mas não o que você pensou.
Há uma diferença, querida. Você é terrivelmente bonita, e quando
você usa isso para a sua vantagem, os caras ficam burros. Esse é
o negócio, no entanto, entende. Eles estão gostando do que não
estão recebendo, porque quando eles vêm para você para o que
eles realmente querem, acabam jogando um pequeno jogo,
também, mesmo se perderem. Aqui está a coisa, Catty, eles
sabem que não têm chance com você, mas eles continuam
jogando.”

Cross se debruçou de volta no carro, esticando as pernas e


cruzando as botas uma sobre a outra. “Eu não preciso jogar
nenhum jogo quando se trata de você, e nunca precisei. Nunca
irei. Apenas vou te dizer o que quero, você vai concordar ou não.
Assim sou eu, assim é você — assim somos nós. Você não pode
foder comigo como fode com eles; não é nem perto disso.”

“Você é tão arrogante,” ela bufou.

“Eu também estou certo, no entanto, negue.”

Ela não o fez.

Cross sorriu.

“Gosto de controle,” Catherine admitiu.

“Aposto que sim.”

“Eu não tenho nenhum com você.”

Errado.
Ela tinha muito.

Ele não lhe disse isso.

“Mas sempre há regras, e isto, e aquilo,” disse Catherine,


suspirando. “É sempre algo com Andino e John. Então, é
divertido, e depois vou para casa, e estou entediada de novo.”

Cross franziu a testa. “Regras como o quê?”

Catherine chutou seus saltos contra o pavimento. “Como,


não posso ficar fora da visão deles, por exemplo.”

Ele acenou entre eles. “Onde está Andino agora?”

“Você está aqui, Cross. É por isso.”

“Mmhmm. Porque ele sabia que eu não caminhei até aqui


para falar com ele, Catty. Não mesmo.”

Ela olhou para ele de lado sob os cílios longos e um sorriso


recatado. A expressão dela dizia que ela estava pensando em
alguma coisa, e, em seguida, suas próximas palavras deixaram
seu pau duro em um instante. “Você quer se divertir um pouco
comigo, Cross?”

“Isso depende do tipo de diversão.”

“Não quero ficar entediada quando for para casa esta noite.
Quero estar somente cansada, não acordada. Estou bem
excitada, e não consigo me acalmar, e isso não é divertido. Então,
talvez eu só queira fazer algo diferente desta vez, porque sempre
somos divertidos juntos, não somos?”

“Alguém,” disse Cross. “Fazer algo, você quer dizer.”

“Você,” ela respondeu, “se você quiser.”

Ele ainda não sabia como dizer não a essa maldita garota.
“Este não é um bom lugar para isso, Catherine.”

“O Cadillac tem filme escuro e um assento traseiro grande.”

“Da última vez que fodemos em um carro, tudo virou


merda.”

Fale menos, imbecil.

O olhar dela brilhou com algo que ele não podia entender,
mas se foi tão rápido quanto veio. Então ela o beijou com força
suficiente para fazê-lo esquecer que sequer tinha pensado, para
começar. Seus dentes morderam o lábio inferior dele, e suas
unhas arranharam contra a pele de sua garganta quando ela
segurou seu capuz.

Ele estava pensando com seu pau de novo.

Ele tinha ideias realmente boas.

“Banco de trás, agora,” Cross murmurou na boca


sorridente de Catherine. Ele segurou o vestido dela e a puxou em
seus braços, ao mesmo tempo em que se levantou do para-
choque, trazendo-a com ele o tempo todo. “Foda-se, agora,
garota.”

Catherine tropeçou com sua pressa; ele a pegou com


facilidade. A porta de trás abriu rapidamente com Cross, e
Catherine não perdeu tempo entrando, nem ele quando entrou
atrás dela. Tudo o que viu foi um flash da tanga preta e a bunda
firme e sexy dela, e ele não conseguiu fechar rápido o suficiente a
maldita porta.

Cross já estava descendo seu jeans e cueca pelos quadris,


mas não ia perder tempo tirando tudo. Somente tirou sua jaqueta
de couro, mas não antes de pegar o único preservativo que tinha
no bolso interno.
“Eu gosto de você de joelhos assim,” ele disse, vindo por
trás de Catherine para levantar seu vestido em suas costas.
Aquela tanga preta estalou suavemente com um puxão de seu
dedo, e Catherine suspirou. “Dá uma bela vista.”

Ela riu. “Eu vou ficar com ela para você.”

“É melhor.”

Cross beijou o lugar na parte inferior das costas dela, logo


acima da curva da sua bunda, conforme ele rasgou o pacote de
preservativo e rolou o látex para baixo do seu comprimento duro.
“Eu não estou jogando — eu só quero foder.”

“Então pare de falar e comece a fazer isso, Cross.”

Está certo.

Ele deslizou a calcinha de lado com os dedos, e então


estava deslizando para dentro. Todo o caminho para o céu. Um
céu quente e úmido.

A metade de cima da Catherine caiu no assento com um


arrepio. Cross agarrou o quadril dela e puxou seu corpo para
mais. Porque ela podia levar isso, tudo isso, e ele sabia que ela
gostava disso, também.

“Sim, faz muito tempo,” ele gemeu.

“Ainda é tão bom.”

A voz dela era toda rouca e sexy.

Ele gostava do jeito que ela cheirava a pecado e cerejas


quando ele enfiava.

“Tão bom,” ele concordou.


A batida frenética do coração de Cross acompanhava o
ritmo de suas estocadas. Mesmo segurando o quadril dela pouco
adiantava, porque Catherine continuava empurrando de volta
para ele de qualquer maneira. Ela dava tanto quanto tinha, e isso
o deixava louco.

Porque ele sempre queria mais.

Com Catherine, essa necessidade vinha fácil.

Era ruim para ele.

Ela era ruim para ele.

Mas Cross podia fazer isso, apenas sexo, e não tinha que
importar.

Isso é o que ela queria.

Ele podia fazer isso.

Cross se sentia bem pra caralho entre as coxas dela,


querendo mais profundo em cada impulso, e via que ela estava
tão apertada ao redor dele que era ridículo. Louco. Estúpido.
Delirante. Seus dedos pressionaram mais profundo em seus
quadris deixando belas marcas rosadas para trás e fazendo-a
suspirar quando ela voltou para entrar nele de novo.

Catherine era sempre mais doce e mais bonita com um


vestido levantado para que ela pudesse ser fodida, sua bunda
levantada, calcinha puxada de lado, e ele dentro dela. Seu pau,
seus dedos ou sua língua. Cross não se importava, ela
simplesmente parecia perfeita assim.

“Eu quero gozar,” ela reclamou contra o banco, “Eu quero


gozar.”
Ele meio que amava isso também. Como suas palavras
gaguejavam, e suas inibições iam embora. Como ela não se
importava como soava, ou como parecia, contanto que se sentisse
bem.

E porra, ela era incrível.

“Dê isso para mim, então,” ele exigiu.

Cross soltou o quadril dela para puxá-la para cima, uma


de suas mãos deslizando em torno da garganta dela, para agarrar
um pedaço do seu pescoço doce e o colar que ela usava. A outra
mão dele foi ao seu cabelo, tirando as ondas desarrumadas do
seu rosto para que ele pudesse beijar sua bochecha, e morder o
canto da boca.

Olhos selvagens piscaram para ele.

Lábios trêmulos se separaram quando ele os beijou.

“Você não vai dar isso para mim, Catty?”

Deus, ela deu.

Forte, tremendo, gritando, e marcando linhas sobre a mão


dele em sua garganta, tudo ao mesmo tempo. Dezesseis anos e
tão doce, e ah, tão linda assim, ele pensou.

Catherine não tinha nem terminado seu caminho ofegante


pelo orgasmo até ele gozar, também, se esvaziando no látex
enquanto os músculos dela drenavam. "Jesus Cristo."

“Sim,” Catherine murmurou, seu rosto ainda pressionado


nos lábios dele.

Cross precisava respirar.

Puxou para fora e para longe dela, mesmo porque, quanto


mais tempo ficasse assim, melhor se sentia. Ele não ia lidar com
esses sentimentos e essa merda esta noite. Catherine rolou de
joelhos para o banco traseiro, e se inclinou no banco.

“Eu preciso de uma porra de guardanapo ou algo assim,”


disse Cross.

Catherine jogou sua bolsa para ele que estava no chão. “Aí
dentro.”

Cross encontrou um pacote de lenços na bolsa Prada, e se


livrou do maldito preservativo colocando-o no bolso depois de ter
embrulhado. O jogaria fora mais tarde. Uma vez que se vestiu
novamente, e fechou o zíper, ele olhou para ela.

“Você está bem?” Cross perguntou.

Catherine esticou os braços para o alto, e então arrumou


sua tanga e vestido. “Um pouco mais úmida do que eu deveria
estar, mas sim.”

Ele riu. “Isso não é uma coisa ruim.”

“Estou ciente.” Ela olhou de lado para ele. “Isso é uma


coisa de uma vez só, no entanto. Eu não sou o tipo de garota de
transa, Cross.”

Isso era com Catherine.

Cross não estava oferecendo qualquer outra coisa.

Não estava pronto.

Ela também.

“Liga para mim se isso mudar,” disse ele, estendendo a


mão para a porta de trás.

“Por você, pode ser,” ela murmurou. “Ainda amigos?”


Cross engoliu em seco, e empurrou a porta aberta. “Sim,
definitivamente amigos.”

Agora.

Ele saiu da parte de trás do SUV conforme vestiu sua


jaqueta de couro de volta sobre seu moletom. E ignorou a forma
como o chão parecia fraco sob suas Doc Martens — foder
Catherine sempre o deixava um pouco estúpido da cabeça.

Dois carros pararam em frente, o olhar de Andino pegou o


de Cross, embora ele estivesse conversando com outra pessoa.
Cross percebeu que ele provavelmente deveria pedir desculpas, já
que o Cadillac era do Andino para começar. Seja qual fosse a
conversa que Andino estava tendo não podia ser muito
importante porque ele a deixou sem aviso e veio na direção do
Cross.

“Desculpe,” disse Cross.

Ele não parecia muito apologético.

Andino sorriu. “Não vi nada, cara.”

Bem então…

“Eu te devo uma."

“Vou cobrar um dia, Cross.”

Sim.

Os Marcellos sempre cobravam.


“Desde quando você começou a namorar o Derik de novo?”
Liliana perguntou.

Catherine fez uma cara e tomou um gole de vinho em seu


copo vermelho. “Desde que a escola começou, mas a gente não
está namorando de verdade. Nós saímos, tipo, duas vezes em três
semanas.”

“Certo, então por quê?” Sua prima deu ao jogador em


questão uma olhada do outro lado da sala, mas Derik não
percebeu. “Porque eu me lembro de você me dizendo que ele era
um idiota e ele realmente é.”

“E um porco,” concordou Catherine.

Esses detalhes não mudaram tanto assim. Derik estava


levemente melhor, mas na maioria das vezes, saíam de sua casa
nos finais de semana sem um de seus primos mais velhos
exigindo que eles a seguissem depois. Catherine não se
arrependeu de sua escolha para lidar com Andino, e sob a
direção do John ela simplesmente desejava que eles lhe dessem
mais margem de manobra. Michel foi capaz de fazer o que diabos
quisesse, sem supervisores.

Não foi dada a Catherine esse benefício.


Exceto quando ela saía com Derik.

Os pais dela nunca pareceram questionar quando ela saia


com seus primos, embora. Geralmente, apenas Andino. Algumas
vezes Catherine não disse a eles onde ou com quem ela estava
saindo. Ainda não tinha muita certeza se ela queria continuar
lidando com isso, ou se ela queria deixar seus pais a par do que
estava fazendo.

Ela não os vê felizes sobre o assunto.

Ou orgulhosos.

Mas foi divertido. Catherine tinha o controle, mais do que


teve antes. Ela também era desejada, mas por sua escolha, e
inteiramente inalcançável, também por sua escolha. Como um
jogo. Aquilo era viciante.

A coisa toda era viciante.

“Vou dizer a ele pra dar o fora em breve,” Catherine disse.

Liliana esconde seu sorriso atrás do copo. “Vergonha.”

“Certo?” Catherine revirou os olhos, adicionando, “Eu


estava conversando com alguém no corredor outro dia e Derik
teve um ataque sobre isso. É a mesma merda de antes, quando
nós realmente namoramos. Eu sou uma posse no seu bolso ou
alguma coisa. Estou farta.”

“Esse alguém que você estava conversando não era Cross


Donati, era?”

Catherine molha os lábios. “E daí se era?”

“Certo, então Derik é um completo idiota e como ele é


liderado por qualquer garota que o conhece, nunca vou entender.
Mas…”

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