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Emissões Automotivas
SISTEMAS DE CONTROLE
DIAGNóSTICO
MTE-THOMSON
Oficina Brasil
Para contatos:
Rua Dr. Flaquer, 115 - conj. 33B - Paraíso
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AGRADECIMENTOS
A Moacyr Mendes de Morais, pelo incentivo.
A Cassio Hervé, Vivian Rodrigues e Alex Haverbeck, do jonal Oficina Brasil, pelo apoio na divulgação da obra.
A Alfredo Bastos Junior, Rogério Aparecido Costa e João Alberto Torres Correia, da MTE, pelo apoio na
divulgação da obra.
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Capítulo 1 Introdução - Simbologia Química 1
SIMBOLOGIA QUíMICA PARA GASES . 2
Capítulo 2 -Torque e Potência 4
.. ENERGIA 4
5
TORQUE
POTêNCIA 8
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Capítulo 3 Combustão e Emissões 12
PROCESSO DE COMBUSTãO 12
TIPOS DE MISTURAS 14
PROCESSO DE COMBUSTãO - CICLO OTTO 15
PROCESSO DE COMBUSTãO - CICLO DIESEL 18
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Capítulo 4 Combustíveis . 23
CARACTERíSTICAS 23
COMBUSTíVEIS AUTOMOTIVOS 24
Capítulo 5- Energia e Eficiência 27
BALANçO ENERGéTICO 27
EFICIêNCIA 29
Capítulo 6- Emissões Automotivas - Gases 34
FONTE DAS EMISSõES 34
EMISSõES OTTO 36
EMISSõES DIESEL 38
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Capítulo 7 Métodos de Controle Emissões e Consumo .. 43
CONTROLE DAS EMISSõES NO ESCAPE 43
ELETRóNICA EMBARCADA E O CONTROLE DAS EMISSõES 53
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Capítulo 8- Tecnologias Avançadas Ciclo Otto 54
COMANDO DE VáLVULAS VARIáVEL 55
CICLOS ALTERNATIVOS - ATKINSON E MILLER 60
COLETOR DE ADMISSãO DE COMPRIMENTO OU GEOMETRIA VARIáVEL ... 64
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Capítulo 9- Injeção Direta Motor de Ciclo Otto 66
TIPOS DE ALIMENTAçãO DE COMBUSTíVEL 66
INJEçãO DIRETA DE COMBUSTíVEL - GDI 67
EXEMPLOS DE APLICAçãO 69
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Capítulo 10- Tecnologias Avançadas Ciclo Diesel 75
TECNOLOGIAS DE INJEçãO DE COMBUSTíVEL 76
SISTEMA "COMMON RAIL" - RAMPA OU DUTO COMUM 76
SISTEMA UIS/UPS (UNIDADE BOMBA/INJETOR) 82
SISTEMA HEUI (HIDRO ELECTRIC UNIT INJECTOR) 84
INJEçãO MúLTIPLA 84
COMBUSTíVEL 86
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Capítulo 11 Emissões de NOx - EGR 87
EGR EXTERNO - CICLO OTTO 90
EGR EXTERNO - CICLO DIESEL 91
EGR COM RESFRIAMENTO 92
EGR DE ALTA E BAIXA PRESSãO 93
Capítulo 12- Indução Forçada 94
GERENCIAMENTO DA ADMISSãO DE AR . 94
DISPOSITIVOS DE CONTROLE PARA OS SISTEMAS DE INDUçãO FORçADA 97
TURBO DE GEOMETRIA VARIáVEL . 99
Capítulo 13- Indução Forçada - Sistemas Sequenciais 101
SISTEMAS SEQUENCIAIS 101
SISTEMAS SEQUENCIAIS - EXEMPLOS 103
TURBOCOMPOUND OU TURBO COMPOSTO 110
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Capítulo 14 Catalisador Automotivo I - de 3 Vias Oxidante - 111
CATALISADOR - MOTOR CICLO OTTO 111
CATALISADOR DE 3 VIAS - VERIFICAçõES 118
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Capítulo 15- Catalisador Automotivo II Adsorvente de NOx - SCR - Adsorvente de HC... 122
CATALISADOR DE ARMAZENAMENTO/REDUçãO DE NOX 122
CATALISADOR REDUTOR SELETIVO - SCR 123
CATALISADOR DENOX 127
CATALISADOR DE 4 VIAS 127
CATALISADOR ADSORVENTE DE HC 127
CATALISADOR DPNR - TOYOTA 128
CATALISADOR AQUECIDO ELETRICAMENTE 128
OZôNIO ATMOSFéRICO 128
Capítulo 16- Filtro de Particulado 129
REGENERAçãO 129
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Capítulo 17- Pós-tratamento das Emissões Ciclo Otto/Diesel 135
PóS-TRATAMENTO - CICLO OTTO 135
PóS-TRATAMENTO DIESEL 137
ENXOFRE E FóSFORO NO COMBUSTíVEL 140
SENSORES DO SISTEMA DE PóS-TRATAMENTO 141
Capítulo 18 - Sistemas Automotivos Híbridos 147
SISTEMAS HíBRIDOS ELéTRICOS . 149
SISTEMA HíBRIDO PARALELO . 151
SISTEMA HíBRIDO SéRIE/PARALELO . 153
VEíCULOS HíBRIDOS - PROPULSãO MECâNICA/HIDRáULICA 159
Capítulo 19- Sistemas OBD II 161
PADRãO OBD II 162
MONITORES . 164
CóDIGOS DE FALHA 165
MODOS DE DIAGNóSTICO OBDII 166
- -
Capítulo 20 Analisador de Gases Qpacímetro 168
ANALISADOR 4/5 GASES 168
OPACíMETRO 169
INSPEçãO OFICIAL DE EMISSõES 169
- -
Capítulo 21 Inspeção Veicular Emissões e Ruído 170
PROCONVE 170
PROGRAMAS DE I/M - GASES 171
PROGRAMAS DE I/M - RUíDO 172
Capítulo 22 - Diagnóstico com Análise de Gases 173
DIAGNóSTICO EM MOTORES DE CICLO OTTO 173
DIAGNóSTICO EM MOTORES DIESEL 188
II
Introdução
•SiMBOiOGiA QUíMICA
- 1
As seguintes são, de forma abrangente, as fontes de poluição veicular a serem consideradas:
Emissão de gases e material particulado no escapamento.
Emissões evaporativas do reservatório de combustível.
> Emissões do cárter.
Materialparticulado proveniente de freios, embreagem, pneus.
Evaporação de combustível nos processos de transferência (reabastecimento).
Emissão de ruído.
Esta publicação aborda principalmente, as emissões de gases no relacionado às suas fontes e métodos de
controle; isto em função de serem estas as de maior impacto atualmente.
n Soluções
Entre as soluções aplicadas nos últimos decénios, para diminuir as emissões de gases, as seguintes são as
mais significativas.
1. Controle eletrónico. Aplicado à maior parte dos sistemas automotivos de eletrónica embarcada.
2. Combustíveis alternativos.
3. Pós-tratamento dos gases de escape.
4. Utilização de novos materiais construtivos. Com materiais mais leves e resistentes, a potência
requerida diminui e com isto, o consumo e as emissões.
5. Eletrificação do veículo. Carro elétrico e híbrido.
6. Implantação de programas de inspeção veicular.
m €missõo de Gases
Em particular, a abordagem ampla do tema emissões automotivas de gases poluentes e material particulado
exige a análise dos seguintes fatores:
1. Sistemas de admissão de carga (ar).
2. Avanços tecnológicos aplicados ao motor.
3. Sistemas de pós-tratamento dos gases de escape.
PÓS-TRATAMENTO
Zn,
O 3Qg|7 MOTOR
> Recirculação dos gases de escape
© ADMISSÃO
-
Emissões evaporativas EVAP
Injeção de ar secundário - AIR
> Ventilação positiva do cárter- PCV
Pré-aquecimento do ar admitido
—:— forçada- *
—Indução Controle do avanço da injeção e da ignição
Controle preciso da quantidade injetada
» Coletor de geometria variave| Comando totalmente variável
[1] Acelerador eletrónico
O motivo disto reside no fato do papel fundamental que estes sistemas desempenharam (e desempenharão)
na diminuição das emissões no escape e do consumo.
Cabe lembrar que foram estes os fatores que balizaram todo o desenvolvimento tecnológico na indústria
automobilística nos últimos 20 ou 30 anos.
0
natureza elétrica. Assim, como mostra a figura, na sigla que
identifica a molécula de um determinado composto químico, o t C2H60
algarismo que acompanha a cada elemento constituinte indica t \
o número de átomos desse elemento, presentes na referida
molécula.
\
Ligação
\
Átomo
Elemento
Químico
[ÿTte.r°
dn®ftgus|a
A figura [3] mostra exemplos com a composição química das [2]
moléculas de alguns gases relacionados com o processo de
combustão.
N2
78% a j A figura [4] apresenta a composição do ar formado por
/ 21% de moléculas de 02 (oxigénio livre), 78% de
moléculas de N2 (nitrogénio livre) e 1% de outros
A y elementos gasosos como argônio (utilizado em
lâmpadas) e C02 (dióxido de carbono).
%
1
:
Argônio e 02
outros gases CO2 21%
1% ,03% [4]
H Formulas Químicas
Por sua vez, para formar outra substancia, os elementos químicos reagem entre si. Numa reação química
como o processo de combustão, por exemplo, 0 que acontece é que as ligações das moléculas originais,
antes da combustão, são desfeitas e os átomos se rearranjam formando as moléculas das novas substâncias.
Assim, na combustão do metano, as moléculas de oxigénio presentes no ar, reagem com as do metano
formando dióxido de carbono e água. O processo de combustão, em teoria, não afeta as moléculas de nitrogénio
presentes no ar.
Esta é uma reação química, representada por uma fórmula química, como mostra a figura [5].
A fórmula expressa que: Combustão do Metano
«• 2 átomos de H (hidrogénio) reagem com 1 átomo
de O (oxigénio) para formar 1 molécula de H2O
_
.. . Dióxido de .
Metano Oxigénio Nitrogénio Carbono Agua Nitrogénio
(água).
2 átomos de O (oxigénio) reagem com 1 átomo de \ l
CH4 + 02 + N2
/ III
C02 + H20 + N2
C (carbono) para formar 1molécula de CO2 (dióxido
de carbono) Ar [5]
p Temperatura
Temperatura é a grandeza física que mede 0 estado de agitação das partículas de um corpo e caracteriza 0
seu estado térmico, representando um papel fundamental nas reações químicas.
Não devem ser confundidos os conceitos de temperatura e calor. Calor é uma forma de energia decorrente de
um diferencial de temperatura entre dois corpos sólidos, líquidos ou gasosos.
Na literatura técnica, a temperatura pode ser expressa em diversas unidades de medida, sendo as mais
usuais:
FóRMULAS DE CONVERSãO
Graus °C =|(Graus °F - 32)
Afigura [6] apresenta as fórmulas de conversão entre unidades. Graus °F =|Graus °C + 32
Graus °K = Graus °C + 273
bl Graus °C = Graus °K - 273
[6]
-ÇHMAutotrônica
Humberto José Manave!la - HM Autotrônica 3
Torque e Potência
2
Os conceitos de torque, trabalho mecânico, potência e rendimento, que
serão abordados a seguir e em próximos capítulos, são fatores fundamentais DESEMPENHO
na determinação das características específicas do motor. Basicamente, os -»€CONOMIR
fatores tradicionalmente considerados no projeto de um veículo foram:
Na maior parte dos casos, o resultado final é um compromisso entre esses fatores. No entanto, nas últimas
décadas foi adicionada a emissão de poluentes à qual, os fatores acima mencionados, devem ser submetidos.
Isto, em função de que as emissões permitidas possuem limites estritos que devem ser respeitados
obrigatoriamente e isto, mantendo a dirigibilidade do veículo.
ENERGIA
O conceito de energia identifica a capacidade de um sistema de realizar trabalho. A maior energia, maior
trabalho realizado. O trabalho realizado se manifesta através de um movimento mecânico, na geração de
calor ou na geração de eletricidade. De uma outra forma, energia é a propriedade que a matéria possui de
realizar trabalho.
B TIPOS DE ENERGIA
Mecânica: Se manifesta através do movimento ou deformação de um corpo.
Ex: Compressão de uma mola; movimento de um veículo.
Térmica: Se manifesta através da variação de temperatura dos corpos.
Ex: Máquina a vapor, onde a água aquecida se transforma em vapor que aciona o pistão.
Química: Se manifesta quando certos corpos são colocados em contato e reagem quimicamente,
liberando energia.
Ex: Pilha elétrica.
Elétrica: Se manifesta através da circulação de cargas elétricas, o que provoca efeitos térmicos,
magnéticos, luminosos, mecânicos.
Ex: Motor elétrico, relé, aquecedor elétrico, lâmpada.
m TRANSFORMADO DA ENERGIA
A energia não desaparece, sempre se transforma. Ou seja, quando uma pilha se descarrega, e sua energia é
consumida alimentando uma lâmpada, essa energia não se perde. Simplesmente, a energia química
armazenada nela, se transforma em calor e luz.
A seguir, alguns exemplos de transformações de energia.
•Química em elétrica: Pilhas, baterias.
•Térmica em elétrica: Termopares, os que, ao serem aquecidos, geram energia elétrica.
•Mecânica em elétrica: Usinas hidrelétricas.
» Elétrica em mecânica: Motores elétricos.
•Química em mecânica: Motores de combustão interna.
•Química em térmica: Na combustão, a energia contida no combustível é transformada em calor.
TRABALHO MECâNICO
Denomina-se “trabalho mecânico” à transferência de energia para um corpo, pela aplicação de uma força
que o movimenta.
Portanto, existe trabalho quando há deslocamento ou rotação de um objeto em virtude da aplicação de uma
força ou de torque (ver adiante). Matematicamente define-se:
a) Trabalho realizado = Força aplicada x Distância percorrida (movimento linear)
b) Trabalho realizado = Torque aplicado x Ângulo de Rotação (movimento de rotação)
É importante destacar que em a), a distância que conta é aquela que coincide com o sentido da força aplicada
(ver exemplo a seguir).
_ TORQUE j _
Torque é um conceito físico-mecânico que dá uma idéia da intensidade com que uma força, aplicada a um
objeto, tende a fazê-lo girar, em torno de um eixo denominado também, “pivô”.
Assim, quando se aplica uma força numa chave de roda, essa força cria um torque sobre o eixo da porca, que
tende a fazê-la girar. O torque representa o esforço que tem de ser aplicado para fazer girar um objeto.
Este conceito é importante para a compreensão do funcionamento tanto do motor de combustão interna como
do motor elétrico, já que define a sua aplicabilidade a determinado uso.
No caso do motor de combustão interna, o torque criado durante o ciclo de expansão é F
utilizado para girar o virabrequim.
Matematicamente, define-se “torque” 7"como o produto da força Fpela distância d ao eixo .D
de rotação (fig.[3]):T= Fx d
A distância d denomina-se braço de alavanca" que é a linha imaginária que une o ponto
de aplicação da força com o eixo de giro. Fica evidente, portanto, que há duas formas de
aumentar o torque: 1) aumentar a força aplicada ou 2) aumentar o braço de alavanca.
%
[3]
No entanto, o torque é gerado só pela componente da força aplicada que é perpendicular
ao braço de alavanca.
Assim: FS=F
\ .FP
Na figura [4a] a força F aplicada se FP=F
desdobra em duas componentes: Fp,
perpendicular ao braço de alavanca, e Fs, D=0
no mesmo sentido. O torque que provoca FP=0
o giro da roda resulta: T = Fp x D. Reparar
Fp é menor que F e que a componente Fs
1 Fs=0» S
(no mesmo sentido que o braço) não
produz torque.
[4a] [4b] [4c]
Na figura [4b] o torque é máximo já que F
é perpendicular ao braço de alavanca (D) e, portanto, toda ela contribui para produzir torque: T = F x D
A figura [4c] mostra o caso em que F é do mesmo sentido que o braço pelo que a componente perpendicular
(Fp) é nula e a roda não gira.
Portanto, as seguintes são algumas das unidades de torque utilizadas na literatura técnica:
Nm (Newton-metro), Ib-ft (libra-pé), kgfm (kilograma-metro ou quilográmetro)
Assim por exemplo, 1 kgfm corresponde ao torque resultante de uma força de 1 kg (kilograma) aplicada a 1
metro do eixo de rotação.
A seguir, alguns fatores de conversão, que servirão para interpretar as especificações de torque de diversos
fabricantes:
1 kgfm = 7,24 Ib-ft 1 Ib-ft = 0,14 kgfm 1 kgfm = 9,8 Nm 1 Ib-ft = 1,35 Nm
F
podem ser enunciadas da seguinte maneira: 1
Trabalho = F x h, para o caso de movimento linear. (fig.[5aj) h
d Com h = distância percorrida e F = força aplicada no mesmo F
a sentido que h.
\
> Trabalho = T x a, para o caso de movimento giratório. (fig.[5b])
Com a = ângulo girado e T = torque aplicado. 7
/////.
Dependendo da intensidade da força e da resistência que o objeto [5a]
[5b] oferece ao movimento de rotação, podem ocorrer duas situações:
1. O torque provocado pela força é maior que a resistência que o objeto opõe à rotação: O objeto gira em
torno do eixo. É o caso de um parafuso que é apertado com chave de fenda, enquanto não atinge a
posição de aperto final.
2. O torque provocado pela força é menor que a resistência que o objeto opõe à rotação: O objeto não gira.
Esta condição se apresenta:
Quando o objeto é fixo e não tem possibilidade de girar (fig.[6j): A viga chumbada na
parede suporta uma carga F a uma distância d. Existe torque T = F x d, mas, não há
F
rotação. Não há, portanto, trabalho realizado. T
O torque aplicado não é suficiente para vencer o atrito do eixo. Nesta situação, também,
não há trabalho realizado. É o caso de um parafuso travado. Neste caso, para fazê-lo
jCJ- d
girar, as possibilidades são:
*
[6]
•Aumentar a força F aplicada.
•Aumentara distância d entre o eixo e o ponto de aplicação da força.
Também, é o caso de um parafuso de cabeçote que atingiu a posição final. Para aumentar o aperto deve
aumentar-se a força aplicada ou o comprimento do cabo da ferramenta de aperto. Nos dois casos, ainda
que o parafuso não gire, aumenta o torque aplicado.
O torque é identificado na literatura técnica, com a denominação de “torque motor”, “par motor” ou
“binário motor". Por sua vez, a resistência que o objeto opõe à rotação denomina-se “torque resistente”
ou “par resistente”.
m
F
PMI
F
Ft=0=>T=0
E§)
M
u m
m
-
-r
M
m
' '
FC IQ.J
R
,~A A figura [7e] não representa com exatidão a evolução do ciclo; representa, de forma aproximada,
/"orAW como se comporta a força F para diversos ângulos de giro do virabrequim; a sua única função é
ilustrar como variam as componentes. Em todas as posições da figura, a força F tem sentido vertical
f quando na realidade, está constantemente alinhada com a biela; como resultado, sua inclinação
varia com o ângulo do virabrequim. O sentido de ação da força F só é vertical no PMS e PMI.
&
No caso de pistões com pino descentrado (fig.[8]), a biela na posição vertical
não está alinhada com o PMS. Como resultado, existe uma componente
perpendicular ao raio de giro do virabrequim pelo que o torque não é nulo.
Isto coincide aproximadamente, com o instante de máxima pressão (máximo
da força F) atuando sobre o pistão.
ff [8]
POTêNCIA
O trabalho mecânico, produzido ao liberar-se a energia de uma fonte (seja esta elétrica ou mecânica), pode
ser realizado de forma rápida ou lenta.
Assim, um motor, instalado em um veículo, consegue transportar uma carga em um intervalo de tempo
determinado. O mesmo trabalho poderia ser realizado por um outro veículo com motor menor, no entanto, em
um tempo maior (menor velocidade).
O trabalho realizado {energia gasta) resulta igual em ambos os casos já que o consumo de energia depende
da carga transportada e não do tempo utilizado.
A diferença está na potência dos motores; aquele de potência maior pode realizar o mesmo trabalho em um
tempo menor, ou seja, mais rápido.
Formalmente, potência é definida como o trabalho realizado na unidade de tempo. Ou seja, a potência
representa a taxa de transformação da energia ao longo do tempo.
8 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 2 - Torque e Potência
Para fins de avaliação do desempenho desses motores, podem ser conceituados 3 tipos de potência: teórica,
indicada e efetiva.
1. Potência teórica. É a potência estimada segundo as propriedades do
combustível e o consumo do mesmo. É uma potência calculada e pressupõe
que toda a energia térmica proveniente da combustão é convertida em
energia mecânica no virabrequim. Potência
2. Potência Indicada. É a desenvolvida, dentro do cilindro, pelos gases em Indicada
l~lÍS..S;
expansão, resultantes do processo de combustão.
A energia contida no combustível é liberada na forma de calor; com isto,
aumenta acentuadamente, a pressão dentro da câmara gerando a força F
m
que impulsiona o pistão.
Devido à combustão incompleta e às perdas de calor no sistema de
arrefecimento, não toda a energia contida no combustível é transformada
em potência indicada.
Potência
Zn:
Efetiva
Esta última é uma potência calculada a partir da curva de evolução da
pressão dentro do cilindro. Só tem relevância durante a fase de projeto do
[9]
motor, em laboratório.
3. Potência Efetiva ou Potência ao Freio. É a potência disponível (útil) no virabrequim, medida com o motor
operando com todos os acessórios necessários ao seu funcionamento, nas condições de utilização: Sistema
de admissão de ar, de escape, gerador elétrico e dispositivos de controle das emissões. A potência ao
freio é medida em função do torque e da rotação do motor utilizando um banco dinamométrico.
Em função das perdas mecânicas, não toda a potência indicada é transformada em potência efetiva.
A figura [9] apresenta de forma simplificada, a localização das potências indicada e efetiva as quais
correspondem a 2 estágios do processo de transformação da energia química do combustível, em energia
mecânica que movimenta o veículo.
O aumento de potência de um motor de combustão interna pode ser conseguido através dos seguintes recursos:
Aumentando o volume da câmara de combustão ou o número de cilindros (aumento da cilindrada).
Aumentando a taxa de compressão. Isto, no entanto, implica na utilização de combustível com
octanagem maior se for um motor de ciclo Otto.
Introduzindo um volume de ar maior que a capacidade da câmara, utilizando mecanismos de indução
forçada.
Resfriando o ar admitido. Recurso utilizado, principalmente, nos motores com indução forçada. A
pré-compressão do ar eleva a sua temperatura diminuindo a sua densidade (menor quantidade de
oxigénio na câmara) e, portanto, menos combustível pode ser “queimado" se não for resfriado
previamente.
Melhorando a admissão e a exaustão. Isto promove o aumento da eficiência volumétrica. Isto pode
ser obtido com quatro válvulas por cilindro e/ou coletor de admissão polido, por exemplo.
Diminuindo o peso dos elementos móveis (válvulas, pistões, virabrequim, etc) o que permite aumentar
por sua vez, o regime máximo de rotação.
m PoTCNcm e Tonouc
Uma conclusão que surge do explicado acima é que os conceitos de potência e de torque estão diretamente
relacionados, sendo que, no motor de combustão interna, a potência desenvolvida é proporcional ao torque e
à velocidade de rotação. Lembrar que:
Trabalho mecânico é igual a torque multiplicado pelo ângulo girado
Potência é igual ao trabalho realizado na unidade de tempo
No entanto, para cada cilindro de um motor de 4 tempos, a cada 2 rotações do virabrequim (ângulo de 720°)
somente há produção de torque durante 180°. Por outro lado, este ângulo de giro resulta proporcional à
rotação. Ou seja, o valor de RPM permite determinar quantos ângulos de 180° são varridos em um minuto,
que é a unidade de tempo considerada.
Assim, da multiplicação do torque pelo valor de RPM resulta o trabalho realizado na unidade de tempo, que é
precisamente, a potência desenvolvida.
Sem entrar em detalhes teóricos, a potência de um motor é dada pelas seguintes relações:
S-J—
Diesel e um outro de ciclo Otto: Torque (T), Potência 65- -140 g
T
(P) e Consumo Específico (C.E.). Ainda que 60- -130
correspondam a motores com tecnologia dos anos 55- -120 *2“
'90, permitem estabelecer uma comparação aceitável i’so- -110
de desempenho de ambos tipos de motores já que as 45-
P,
características básicas permanecem. 40_
<<5
Para tornar a comparação significativa, ambos os |35- O
-ÇHMAutotrônica
Humberto José Manavelia - HM Autotrônica 11
Combustão e (missões
3
Através do processo de combustão, a energia contida no combustível é liberada e transformada em trabalho
mecânico ou potência.
Para que a energia disponível não seja desperdiçada, o processo de combustão deve ocorrer de forma
controlada. Ainda assim, por limitações impostas pelas leis da física, não resulta possível transformar toda a
energia contida no combustível, em trabalho ou potência útil; sempre haverá certa porcentagem não aproveitada.
Assim, o motor de combustão interna tem uma eficiência bem inferior a 100%; na prática verifica-se que o
rendimento está entre 25% e 35%. Ou seja, entre 65% e 75% da energia disponível no combustível é
desperdiçada na forma de calor, por fricção, através do líquido de arrefecimento e nos gases de escape. Estes
últimos, além de energia não aproveitada, contêm agentes poluidores.
PROCESSO DE COMBUSTãO
A ocorrência da combustão só é o possível na presença de três elementos:
Combustível (HC): Os combustíveis utilizados nos motores de combustão
interna são hidrocarbonetos compostos de hidrogénio (H) e carbono (C).
Oxigénio ou comburente. Os motores de combustão interna utilizam o
oxigénio contido no ar. <k
> Calor. Nos motores de combustão interna o calor é gerado pela faísca
(ciclo Otto) ou pela compressão do ar admitido (ciclo Diesel).
Nos motores de combustão interna, a combustão ou queima do combustível, t<
acontece num recinto fechado denominado câmara de combustão.
CALOR
Dentre eles, dois tipos são de interesse para a análise do processo de
combustão:
[CICLO OTTO)
Combustível
Gases de Escape . Calor
1. Motor Ciclo Otto - Ignição por Centelha. Neles, na câmara de
combustão é admitida uma mistura de ar (contendo o oxigénio) e
combustível. Esta é comprimida pelo pistão, e no momento apropriado,
próximo do fim do ciclo de compressão, é fornecido o calor necessário Calor
à combustão na forma de centelha nas velas. A potência desenvolvida CG Ar
pelo motor é controlada variando a abertura da válvula de aceleração
(borboleta) ou a abertura das válvulas de admissão. A taxa de
compressão pode variar entre 8:1 e 12:1. Utilizado, principalmente,
em veículos de passeio e utilitários. Atualmente, a rotação máxima se
encontra na faixa de 5.000 - 7.000 rpm. Potência
[2a]
[CICLO DIESEL) 2. Motor Ciclo Diesel - Ignição por Compressão ou Ignição Espontânea.
Combustível
Na câmara de combustão é admitido somente ar, o qual é comprimido
Gases de Escape intensamente. Isto provoca o aumento da sua temperatura num nível tal
%
mmspÿ que, quando o combustível é injetado, próximo do fim do ciclo de
compressão, ocorre a combustão. O motor diesel foi pateteado em 1 892
Ar e apresentado oficialmente (por Rudolph Diesel) na exposição de Paris
Calor de 1898 utilizando como combustível óleo de amendoim. Por não possuir
U
LJ1 Calor
válvula de aceleração para o controle da carga admitida nos cilindros, a
potência desenvolvida pelo motor é controlada variando a quantidade de
combustível injetado. A taxa de compressão pode variar entre 14:1 e 24:1.
f/M Estes motores podem ser classificados em função da sua rotação.
Potência Diesel lento. Aplicado em embarcações e instalações
estacionárias: 400 - 800 rpm.
[2b] Dieselnormal. Aplicado em veículos pesados: 800 - 2000 rpm.
Diesel rápido. Aplicado em veículos de passeio, comerciais leves
e utilitários: 2000 - 4000 rpm.
Obterá máxima potência com o menor consumo de combustível e menor nível de emissões de poluentes,
compatíveis com tal potência. Em resumo: máxima eficiência com mínimo de emissões.
Os motores de ciclo Otto e Diesel são de combustão interna intermitente, isto porque a combustão
só acontece no fim do ciclo de compressão. Em contraposição, por exemplo, uma turbina de gás
(propulsor de avião) é um motor de combustão interna contínua.
Para compensar a condição de combustão intermitente, os recursos básicos utilizados são:
Aumentar o rendimento térmico: Para otimizar a transformação de energia química do
combustível em energia que impulsione os pistões.
> Maximizar o rendimento volumétrico: Para otimizar 0 enchimento dos cilindros.
> Aproveitar o calor gerado durante a combustão: Para recuperar parte da energia dos gases
resultantes, através daturbo-alimentação.
Alguns dos recursos básicos para aumentar o rendimento termo-mecânico ou total, são:
Minimizar o atrito mecânico: Pistões forjados com saias de grafite; comandos com balancins de ação
por rolamento (roletados) e não por escorregamento.
Aumentar o rendimento volumétrico: Indução forçada, coletores de plástico, mais lisos e com formas
mais aerodinâmicas (caracol, toroidal).
Aumento da eficiência de combustão: Mecanismo de “squizz”, para comprimir 0 ar admitido e forçá-lo
na direção da vela (Otto) ou aumentar 0 turbilhonamento ou redemoinho (Diesel).
Ríinçfio RR/COMBUSTíVU
Este conceito encontra aplicação na análise dos métodos de controle do motor. A Relação Ar/Combustível
representa a proporção das quantidades de ar e combustível que constituem a mistura. É uma relação de
massas definida como:
MASSA DE AR ADMITIDA
[1] RELAçãO AR/COMBUSTíVEL =
MASSA DE COMBUSTíVEL ADMITIDA
Em função das quantidades de ar e combustível resultam 3 tipos de misturas: ideal, pobre e rica.
Mistura Ideal ou Estequiométrica
A mistura ideal ou estequiométrica é definida, teoricamente, como aquela que possui uma quantidade
de ar (quantidade suficiente de oxigénio) capaz de queimar todo o combustível presente na mesma. Ou
seja:
[2] COMBUSTÍVEL(HC)+AR(02 +N2) DIóXIDO DE CARBONO(C02)+ÁGUA(H20)+NITROGÊNIO(N2)
Reparar que depois da combustão completa (situação teórica) não resta nem 02 nem HC. Ou seja,
todas as moléculas de oxigénio contidas no ar da mistura foram completamente utilizadas para reagir
com todas aquelas de combustível.
O valor da relação estequiométrica depende do COMBUSTíVEL COMPOSIçãO RELAçãO
tipo de combustível considerado. A tabela ao lado Gasolina 86% C + 14% H 14.7:1
apresenta a relação ar/combustível Etanol 52% C + 13% H + 35% 0 8.5 a 9:1
estequiométrica para diversos combustíveis. Os
valores são aproximados, Diesel 87% C + 13% H 14.5:1
Ou seja, no caso da gasolina, por exemplo, com Metano (GNV) 75% C + 25% H 17.2:1
uma composição de 86% de carbono e 1 4% de Gasolina + Etanol 77.8% C + 13.8% H +8.4% 0 12.5 a 13:1
hidrogénio, são necessárias 14,7 partes (em
peso) de ar para cada parte (em peso) de gasolina, para se obter uma mistura estequiométrica.
Mistura Rica
Quando a mistura admitida nos cilindros possui menos ar que 0 correspondente à mistura ideal (excesso
de combustível), uma parte do combustível não é queimada, e a combustão torna-se incompleta. Como
resultado, aumenta o nível de emissão de poluentes. Verifica-se, também, que se tal excesso de
combustível ultrapassa certo patamar, a combustão não mais é possível, e 0 motor não funciona (motor
ciclo Otto afogado). As misturas com excesso de combustível denominam-se misturas ricas.
Mistura Pobre
No caso oposto, ou seja, quando a mistura possui menos combustível que 0 correspondente à mistura
ideal (excesso de ar), parte do oxigénio não é utilizado. As mistura com excesso de ar denominam-se
misturas pobres.
m FRTOR LRMRDR
Para facilitar a análise do processo de combustão e a qualidade das emissões no escapamento, é definido um
número denominado Fator Lambda através do qual é normalizada a relação ar/combustível para os diversos
combustíveis. O fator Lâmbda auxilia no raciocínio, e é definido como uma relação de relações [3]:
RELAçãO AR/COMBUSTíVEL REAL
[3] FATOR LAMBDA =
RELAçãO AR/COMBUSTíVEL IDEAL
Sendo a relação real, aquela correspondente à mistura admitida nos cilindros e a relação ideal, a estequiométrica
do combustível utilizado.
O fator Lambda mede o desvio da mistura realmente admitida nos cilindros, com relação à mistura ideal ou
estequiométrica, e pode ser utilizado para caracterizar os diferentes tipos de misturas, independentemente do
combustível utilizado. Assim:
Lâmbda > 1 Identifica as misturas pobres (excesso de ar) O símbolo “>" significa “maior que"
Lâmbda < 1 Identifica as misturas ricas (excesso de combustível) O símbolo “<“ significa “menor que"
Lambda = 1 Identifica a mistura estequiométrica ou ideal
A figura [3] mostra a variação de concentração dos gases em função Ciclo Otto _ Ciclo Otto
do Lambda, salientando as faixas de funcionamento do motor ciclo 3=
(convencional) | (injeção direta)
Otto convencional e de combustão de mistura pobre. Estes últimos
são de injeção direta de combustível (GDi). i
Nos motores de ciclo Otto, a potência liberada é função da carga Sí d
admitida de ar a qual depende da abertura da válvula de aceleração
(borboleta).
Esta nada mais é do que uma restrição variável com a qual se controla Icoi .
i
m
o rendimento volumétrico de 12% a 18% na marcha lenta, até 100%
(em teoria) em plena carga. Isto, para motores aspirados. Os motores
sobre-alimentados superam esta marca de 100%.
II;
Desta forma, o teor da mistura é regulado de acordo com a massa
2
de ar admitida e esta, por sua vez, depende da abertura da borboleta. NOx
!
Nos motores sem borboleta, a massa de ar admitida depende do
curso ou levantamento (variável) das válvulas de admissão. I|8 o'.9 LO l!l
. fator X
[3]
PONTO DE IGNIçãO
Nos motores de ciclo Otto, a combustão se inicia no instante em que aparece a centelha sendo a determinação
deste evento, de fundamental importância para o correto funcionamento. No momento da ignição (inicio da
combustão), na câmara de combustão formam-se duas regiões: Uma com a mistura já queimada e a outra com
mistura ainda por queimar, separadas estas, pela frente de chama que corresponde à mistura em combustão.
Entre a ignição da mistura e sua completa combustão transcorrem aproximadamente, 2 a 2,5 mS.
- -
COMBUSTãO RNOAMBI DéTONBçãO IGNIçãO SUPCRFICIAL
Os dois processos mais significativos de combustão anormal em motores de ciclo Otto, são:
Detonação
Ignição superficial
DCTONRçãO
A teoria sobre o processo de detonação diz que o fenômeno está relacionado com a combustão muito rápida da
mistura que se encontra além da frente de chama e que ainda não entrou em combustão.
Manifesta-se quando a faísca provoca a ignição da mistura antes do pistão atingir o PMS (ponto morto superior),
no fim do ciclo de compressão.
Quando esta mistura entra em combustão de forma abrupta, a elevação da pressão desequilibrada provoca a
ressonância da câmara de combustão e a sua estrutura vibra.
Durante a detonação verificam-se pulsos de pressão de até 150 bar e frequências vibratórias de 6 a 12 kHz
(kilohertz ou kilociclos/segundo), o que pode ser causa de falha nas juntas, erosão do pistão (furo na cabeça),
quebra de anéis, etc.
Basicamente, é o resultado de altas taxas de compressão ou avanços do ponto de ignição além do limite e
acontece, geralmente, com altas pressões absolutas de coletor de admissão (motor sob carga).
Pode-se dizer, portanto, que a detonação, também conhecida como “batida de pino”, é o resultado da “explosão”
da mistura, em contraposição à queima gradual, necessária ao correto funcionamento.
Em resumo, é uma forma de combustão descontrolada que provoca perda de eficiência, além do aumento das
emissões, e pode resultar na destruição de elementos mecânicos; sobretudo, se for de longa duração nas altas
velocidades.
Não confundir detonação com “auto-ignição" ou “efeito diesel” dos motores carburados, situação
esta em que o motor continua a funcionar ainda depois de a ignição ter sido desligada.
A auto-ignição é o resultado da presença de pontos quentes na câmara de combustão e não pode
ser controlada modificando o avanço. As causas, geralmente, residem no acúmulo de carvão na
câmara de combustão (ponto quentes) ou velas inapropriadas (velas quentes).
Nos motores equipados com sensor de detonação (KS) o fenômeno é controlado pela UC, modificando (atrasando)
o ponto de ignição.
Nos casos em que o motor não possui sensor KS, o fenômeno da detonação merece um cuidado especial já
que, como mencionado, se persistir por um período prolongado, pode provocar sérios danos ao motor.
Nos modernos motores com sistema de ignição do tipo CSI (“Compression Sense Ignition”, do inglês,
Ignição com Sensoriamento de Compressão) ou ICS (“Ion Current Sensing", do inglês, Sensoriamento
da Corrente de Ionização) a detecção da detonação é feita por métodos que dispensam o uso do
sensor KS. No entanto, devido a sua aplicação restrita, estes sistemas serão tratados numa futura
publicação.
• Limite de Detonação
O motor ciclo Otto apresenta, em função de condições de projeto e do combustível utilizado, um limite máximo
de avanço (denominado Limite de Detonação Inferior ou LDi) que pode ser aplicado. Avanços superiores a
este limite provocam o aparecimento do fenômeno de detonação.
Pirólise é uma reação de decomposição de uma substância pela ação do calor. Durante o processo
e em função da alta temperatura, ocorre a ruptura da estrutura molecular do composto num ambiente
com pouco ou nenhum oxigénio.
18 -
Humberto José Manavella HM Âutotrônica
CAPíTULO 3 - Combustão e Emissões
A figura [8] mostra a curva de potência típica em função da relação ar/ FATOR LAMBDA
combustível, a velocidade constante. Reparar que o desejável seria o 1.0 1.3 2.0 2.6
funcionamento com baixas relações ar/combustível, onde a potência é
máxima, mas, isso acarretaria a emissão de particulado em excesso.
Por não possuir borboleta de aceleração, o rendimento volumétrico (no motor <
diesel aspirado) em teoria, independe do regime de rotação e carga ao qual zH :
está submetido. A admissão de ar só é restrita pelo atrito com as válvulas, K ; A alta concentração
paredes do coletor e pelo filtro de ar. £ gí|fr de fumaça
Assim, um motor diesel aspirado, funcionando a 2000 rpm, admite
praticamente, a mesma quantidade de ar independentemente do regime de
carga. O que varia é a quantidade injetada de combustível. 1 1 l
15 20 30 40
A relação ar/combustível da mistura não está dentro de uma faixa específica roí
RELAçãO AR/COMBUSTíVEL
1 J
e é totalmente dependente da potência requerida.
A sonda Lambda ou o sensor de 02 de banda larga encontrado na maioria dos modernos sistemas
de pós-tratamento para diesel, é utilizado para monitorara composição dos gases de escape.
Já, no caso de um motor diesel turbo, sendo que a pressão de sobre-alimentação é resultado do processo de
combustão, para uma mesma rotação, essa pressão e consequentemente, 0 enchimento dos cilindros, dependerá
do estado de carga. Assim, com carga alta, a pressão de sobre-alimentação é maior 0 que resulta no aumento
do rendimento volumétrico já que 0 ar admitido resulta mais denso e são eliminadas todas as perdas por fricção
nas paredes do coletor e a restrição imposta pelo filtro de ar.
O sensor MAP encontrado na maioria dos motores diesel com indução forçada é utilizado para evitar
a injeção de combustível em quantidade maior que a necessária, no regime de carga baixa quando a
pressão de sobre-alimentação é também, baixa.
TORQUE EM MOTORES DIESEL
Tradicionalmente, os propulsores de veículos pesados são motores diesel. A razão reside no fato que estes
desenvolvem um torque maior que similares de ciclo Otto. Nestes últimos, a combustão finaliza aproximadamente,
25° após 0 PMS. No caso de motores diesel, a combustão é mais demorada pelo que continua gerando pressão
por um ângulo de giro maior do ciclo de expansão.
Um outro fator que contribui é que nos motores diesel, geralmente, o maior curso do pistão com relação ao
diâmetro do cilindro, gera uma alavanca maior sobre 0 virabrequim (maior torque).
-
TIPOS DE INJEçAO DE COMRUSTíVEL CICLO DIESEL
Ainda existindo variações, os seguintes são os 3 tipos básicos de câmara de combustão:
| INJEçãO COM PRé-CÂMARA| INJEçãO DIRETA COM | INJEçãO DIRETA |
CâMARA DE TURBULêNCIA
combustível
—
pré-câmara combustível
combustível-
câmara de
turbulência
; '
vela de
aquecimento
O /»
[9a]
O
[9b]
vela de
aquecimento
[9c]
Ifo
Injeção com pré-câmara (fig.[9aj): Emite menos NOx que no caso da configuração de injeção direta.
O combustível é injetado na pré-câmara onde 0 alto turbilhonamento (agitação) produz uma queima
que projeta um jato dento da câmara principal 0 que favorece a combustão da mistura.
Injeção direta com câmara de turbulência profunda (fig.[9b]): Configuração principalmente utilizada
em motores que trabalhavam com pressão de injeção moderada.
Injeção direta com câmara rasa (fig.[9c]): Esta configuração é mais eficiente termicamente. Requer
altas pressões de injeção. A injeção com alta pressão produz a diminuição do tamanho das partículas
do combustível atomizado 0 que promove uma melhor mistura com o ar. Como resultado aumenta a
eficiência térmica e diminui a emissão de particulado. Por outro lado, como será analisado em capítulo
posterior, a injeção múltipla e as altas pressões permitem ter um funcionamento menos ruidoso.
A vela de aquecimento é utilizada para facilitar a partida e pode ficar ativada ainda depois do arranque para a
diminuição das emissões da fase fria. _
Humberto José Manavella - HM Autotrônica 19
CAPíTULO 3 - Combustão e Emissões
B RCTARDO OU Rmnso DC IGNIçãO
Denominado também, Retardo de Combustão. A figura 10 mostra uma curva típica de como evolui a pressão
dentro da câmara de combustão, durante as 4 fases de um ciclo diesel.
Dela surgem os seguintes fatores que caracterizam o processo de combustão nestes motores:
Instante de começo da injeção do
combustível (ponto 1) o qual é medido Admissão Compressão Combustão Escape
em graus de giro do virabrequim com S60_ ¥
relação ao PMS. É denominado “avanço mm A 7
da injeção’’ (A). | 50- v -d
Começo da combustão ou auto-ignição
(ponto 2).
í 40-
I 2
Intervalo R (entre 1 e 2) denominado ° 30-
1. /
20- !
“retardo de ignição” ou “retardo de (/) R
combustão ou de inflamação”. $ 10- í
'
1
Constitui fator principal na diminuição do
ruído característico do motor diesel e
* 0-
PMS PMI PMS PMI PMS
contribui decisivamente na estabilidade [10]
do processo de combustão.
Outro fator importante é a temperatura da câmara, necessária à auto-ignição, a qual deve superar os 600°C ou
700°C, no fin do ciclo de compressão. Isto, como resultado da compressão do ar admitido, que eleva a pressão
na câmara, para a faixa de 30 a 40 bar.
B CICLO Dí COMBUSTãO
Afigura [11a] apresenta curva do ciclo de combustão com
a evolução da pressão dentro do cilindro. Fim da
Injeção
__
PMS
5
<->
E
Período A-B: Atraso de injeção. A injeção do Fim da
combustível não começa logo que a UC ativa o pulso de o 'D Combustão
comando do injetor. Verifica-se uma demora devido a que Q 2
<H>
o aumento de pressão na saída do injetor não é Fi
instantâneo. Ou seja, existe um tempo para a formação
d
o Ignição - Evolução
da pressão necessária no bico do injetor. Este atraso é o
Início da
mais evidente nos sistemas mecânicos e eletromecânicos da Pressão
Injeção sem Injeção
com unidade injetora tipo UPS, por exemplo, onde o bico 3
está separado da bomba, (ver Capítulo 1 0 “Tecnologias
GO
00
m
Início da I,
Avançadas - Ciclo Diesel’) Pressão .V
Q- de lnjeção\ y 3*
Período B-C: Retardo de ignição. Fase de combustão A A
(oxidação) sem chama. A combustão não começa assim 1 5 mSeg
que o combustível é injetado. Durante este período, o
combustível absorve calor se misturando com o ar em ÂNGULO DE GIRO DO VIRABREQUIM
movimento turbulento até atingir a temperatura de ignição.
Nesta fase, as primeiras partículas de combustível se [1]: Atraso de injeção
aquecem e oxidam com limitada produção de calor
[2]: Atraso de ignição
enquanto continua a acumulação combustível injetado,
mas, sem queimar. Assim, o aumento de pressão nesta [3]: Período de injeção
fase é devido unicamente, ao trabalho de compressão [4]: Período de combustão
do pistão. [5]: Período de pós-combustão [11a]
Este atraso depende de fatores tais como:
Tipo de injetor
Pressão e temperatura na câmara no fim do ciclo de compressão
Tipo de combustível
Tipo de câmara de combustão
É desejável que o atraso seja o menor possível, mas, há fatores que limitam este tempo. O principal é o
índice cetano do combustível (ver Capítulo 4, “ Combustíveis”). Um índice cetano de 40 é considerado o
mínimo sendo que índices maiores produzirão atrasos menores.
Atrasos longos implicam na posterior combustão abrupta o que leva ao aumento exagerado da pressão e
consequentemente, da temperatura na câmara. Com isto verifica-se a tendência à detonação e aumento
das emissões de NOx.
• evolução da pressãcf-
ruído produzido pelo motor.
10 — sem combustão f-
2. Combustão rápida (B-C). A massa de combustível acumulado Àini
entra em combustão de forma abrupta, o que provoca um rápido
aumento da pressão que, no ponto B está em torno de 25 bar. 60_ 40 20 PMS 20 40 60
3, Combustão controlada (C-D). O combustível, que continua a ÂNGULO DO VIRABREQUIM [GRAUS]
ser injetado, queima gradualmente. [11b]
a DcTONnçfto
A quantidade de combustível que se acumula durante a fase de retardo da ignição, quando excessiva, dá
origem a uma explosão violenta no início da combustão provocando o fenômeno de detonação.
O que se deseja é a rápida auto-ignição do combustível inicialmente injetado na câmara, para que o injetado
posteriormente não se acumule e queime bruscamente.
Quanto maior é o atraso de ignição (maior a quantidade acumulada de combustível sem queimar) maior será a
potência da explosão e consequentemente, mais significativa a detonação.
A detonação, tanto no motor ciclo Otto como no ciclo Diesel, ocorre pelo aumento excessivamente brusco da
pressão. Assim como no motor ciclo Otto, a condição de detonação é particularmente perigosa também, no
motor diesel.
A* *-"B A-
NB
t
30 PMS Ângulo 30 PMS 30 PMS Ângulo
A B A B A B Referências
'9'a/rasòv' O atraso O O O A: inicio da injeção
atraso
Q Q B: inicio da combustão
Q: quantidade de com¬
|<3 —
-
tempo total de injeção tempo total de injeção tempo total de injeção bustível injetada du¬
rante o atraso
[12a] [12b] [12c]
Figura ]12a]: Atraso mínimo o que resulta numa quantidade acumulada de combustível que promove um
aumento aceitável da pressão na segunda fase. Reparar que a pressão máxima acontece logo após o
PMS favorecendo a ação da força exercida sobre o pistão.
Figura [12b]: O aumento do atraso provoca um aumento acentuado da pressão na fase de combustão
rápida. Neste caso, o máximo da pressão, coincidindo com o PMS, é indicação de que o pistão encontrou
uma força oposta significativa já no fim do ciclo de compressão, o que poderá resultar em perda de
desempenho e aumento do ruído produzido pelo motor.
Figura [12c]: Devido ao atraso maior, a quantidade de combustível acumulada, quando em combustão,
provoca aumento exagerado da pressão na câmara, com aparecimento do fenômeno de detonação.
O procedimento utilizado no motor diesel para evitar a detonação, consiste na diminuição do atraso de ignição
através de providências tais como:
Utilização de combustível com elevado índice de cetano o que resulta na ignição facilitada. Isto promove
a diminuição da duração da fase de atraso de ignição e como consequência, um aumento menos
acentuado da pressão na segunda fase.
Pulverização conveniente do combustível injetado (injetores operando corretamente). Quanto melhor a
pulverização tanto mais fácil resulta o processo de oxidação (reação do combustível com o oxigénio).
Redução do avanço de injeção Ainj (fig.[11]). Com isto, o combustível só é injetado quando a compressão
e temperatura na câmara são elevadas resultando no início mais rápido da combustão.
Correta vedação da câmara. Isto, em função de que toda redução na compressão provoca um menor
aquecimento do ar e consequentemente, falha de combustão ou combustão deficiente.
CHM Autotrônica
CARACTERíSTICAS \ I /
Número de Octcmo
O número de octano, índice de octano ou octanagem se relaciona com a resistência à detonação de
combustíveis usados em motores de ciclo Otto: gasolina, álcool, GNV, GLP.
O índice faz referência à resistência à detonação de uma mistura de 2 hidrocarbonetos: o isoctano (C8 H18) e
o heptano (C7 H16). O isoctano tem um índice de resistência à detonação igual a 1 00 enquanto que o hept’8ano
possui índice igual a 0.
Assim, uma gasolina de octanagem 87 apresenta resistência à detonação equivalente a uma mistura de 87%
de isoctano e 13% de heptano. Entretanto, são possíveis valores superiores a 100 para a octanagem. Uma
gasolina com octanagem 120 apresentará, na mesma escala, uma resistência 20% superior à do isoctano.
O índice de octano se relaciona com a qualidade de combustão do combustível. Quanto mais elevado for o
índice, mais resistente é o combustível à detonação.
Número de Cetano
O número de cetano de um óleo diesel corresponde ao percentual volumétrico de cetano nele contido.
& O Cetano é um hidrocarboneto parafínico usado como padrão na avaliação das propriedades de
autoignição do diesel, propriedades estas, identificadas pelo número de cetano (NC).
COMBUSTíVEIS AUTOMOTIVOS _
Gasolina. Formada por um número significativo de hidrocarbonetos os que, por sua vez, são compostos
que contém átomos de Ce de H nas suas moléculas. Genericamente, os hidrocarbonetos são identificados
com a sigla HC. A gasolina pura tem uma fórmula aproximada equivalente a CsHi7.
•Relação estequiométrica: 14,7:1
* Temperatura de ignição: Aproximadamente, 300°C.
Gasolina Oxigenada. É a gasolina com adição de álcool anidro (etanol) em proporção variável. Assim:
® E1 0 identifica gasolina com 1 0% de etanol; relação estequiométrica: 1 3,8:1
No Brasil a gasolina é do tipo E22 com relação estequiométrica: 13:5. Portanto, os veículos Flex estão
preparados para trabalhar com combustíveis E22 a E100.
Hexano (C6Hu). Flidrocarboneto utilizado na calibração dos analisadores de gases. É um gás puro (ao
contrário da gasolina, que é formada por vários hidrocarbonetos) equivalente à gasolina.
Ou seja: Uma concentração de 1 00 ppm de gasolina nos gases de escape é aproximadamente igual a 1 00
ppm de hexano.
Observações
Os níveis de CO2 resultantes da combustão são influenciados pela relação entre o número de átomos de H
e 0 de C que compõem a molécula do combustível. Assim, combustíveis com maior número de átomos de
H para cada um de C produzem mais H2O e menos CO2 para a relação estequiométrica.
Por exemplo, 0 etanol tem uma relação hidrogênio/carbono de 3(H):1(C) enquanto que a da gasolina é de
aproximadamente, 2(H):1 (C). Portanto, os gases resultantes da combustão de etanol conterão mais H2O e
menos CO2 se comparados com aqueles resultantes da combustão de gasolina.
Importância da Qualidade de Lubrificantes e Combustíveis
A qualidade de combustíveis e lubrificantes afeta de forma direta
0 desempenho dos diversos sistemas de
pós-tratamento. Os requisitos básicos atuais são:
1. Gasolina sem chumbo para permitir 0 uso do catalisador de 3 vias.
2. Óleo diesel com baixo teor de enxofre (menor que 50 ppm tendo como meta 10 ppm) para permitir 0 uso de
filtros de particulado de regeneração contínua e catalisadores de acumulação/redução de NOx. Estes
últimos precisarão de combustível com teor menor que 10 ppm.
Isto tem como resultado:
Redução da emissão de C02 como consequência do crescimento da frota de veículos com
combustão de mistura pobre e de veículos diesel com sistemas avançados de pós-tratamento.
Redução da emissão de NOx devido à melhora no desempenho dos catalisadores.
3. Lubrificantes com mínimo teor de fósforo que gera cinza que afetam o desempenho de alguns tipos de
catalisadores.
-ÇHMmtotrôniea
O conceito de Balanço Energético é de importância fundamental para a análise e controle das emissões.
Através dele é possível evidenciar como se distribui a energia contida no combustível após o processo de
combustão.
Afigura [1a] apresenta uma distribuição típica para um
motor de combustão interna de ciclo Otto ou Diesel. Os
valores apresentados são meramente ilustrativos de Rodas
motores atuais; têm variado nos últimos 20 anos, de Conteúdo Total
acordo com os avanços tecnológicos. Assim: de Energia do
Combustível
Só de 25% a 30% da energia contida no combustível [100%]
são utilizados para impulsionar o veículo. O resto,
70% a 75%, é liberado na forma de calor, sem -y:
\ Radiação/Convecçào
Atrito
produzir potência útil. 10%
Arrefecimento
O sistema de arrefecimento é responsável por 30% 30%
e o de escapamento por outros 30% a 35%.
0 10% restante correspondem ao calor liberado por Escapamento
radiação, convecção e atrito das peças móveis.
[1a] Otto: 35%
Diesel: 30%
A energia liberada por radiação se deve ao
aquecimento do próprio motor (bloco e cabeçote). É o calor que se sente ao abrir o cofre do motor.
A energia liberada por convecção corresponde, principalmente, ao calor retirado pelo ar que atravessa o
cofre do motor quando o veículo está movimento.
Observar que a potência assim calculada é uma média da potência desenvolvida pelo motor durante 1 hora de
funcionamento.
Reparar que a energia teórica contida no combustível representa o equivalente a 92 kW, mas, que a potência
efetiva obtida no virabrequim é somente, 23 kW. Isto explica a razão pela qual os esforços tecnológicos focam
o aumento da eficiência dos motores de combustão interna.
EFICIêNCIA
O rendimento ou eficiência define o percentual de energia que é realmente aproveitado em uma máquina
térmica, mecânica ou elétrica, com relação ao total de energia fornecido. O restante é “rejeitado” para o
ambiente e constitui as perdas.
Reparar que os motores são caracterizados principalmente, pela sua potência máxima o que só acontece
para uma faixa estreita de funcionamento (rotação e carga), ou seja, quando solicitado e consegue fornecer
tudo aquilo que nele foi projetado.
Na literatura técnica o rendimento ou eficiência é identificado com a letra do alfabeto grego “rf.
CFICIêNCIA x POTêNCIA
Tendo analisado nos itens anteriores, os conceitos de potência e rendimento, a sua aplicação permite responder
a seguinte pergunta:
Como um motor pode ser ao mesmo tempo, mais eficiente e menos potente?
A razão para isto reside nas seguintes definições:
.
1 EFICIêNCIA = Trabalho realizado por unidade de peso do combustível consumido
2. POTêNCIA = Trabalho realizado na unidade de tempo
Assim, um motor que oferece a metade da potência de um outro, mas, consome um terço de combustível,
será menos potente, mas, mais eficiente.
-
CFICléNCin l)€ COMBUSTfiO MOTOB ClCLO OTTO
De certa forma, a eficiência de combustão pode ser considerada como fazendo parte do rendimento térmico.
A seguir, este conceito será analisado separadamente e com maior detalhe, em função de que poderá auxiliar
como ferramenta de diagnóstico.
Basicamente, o rendimento de combustão reflete com que grau de eficiência, a energia química contida no
combustível é transformada em energia térmica ou calor, durante o processo de combustão.
O resultado deste processo é o aumento da temperatura na câmara e o consequente aumento da pressão, o
que por sua vez, gera a força que impulsiona o pistão. O rendimento máximo de combustão (pressão máxima)
é obtido quando todo o HC é oxidado, transformando-se em H2O e CO2. Qualquer problema (admissão;
escape; ignição) implicará na formação de outros componentes (CO, por exemplo) 0 que impedirá atingir a
máxima pressão possível naquela situação.
ENERGIA LIBERADA PELA COMBUSTãO
Assim [8]: [8] 11comb=EFICIENCIA DE COMBUSTãO-
ENERGIA QUíMICA CONTIDA NO COMBUSTíVEL
Em teoria, 0 processo de combustão perfeita consiste em transformar a energia química contida no combustível
(hidrocarbonetos, HC) em energia mecânica (através da liberação de calor) dando como resultado a formação
de água (H2O) e monóxido de carbono (CO2).
Portanto, o processo pressupõe que todo 0 hidrogénio do HC será transformado em água e todo o carbono,
em CO2. No entanto, 0 processo de combustão real resulta na formação de outros gases. Dentre eles, 0 que
interessa para 0 cálculo da eficiência de combustão é 0 monóxido de carbono (CO) assim como a presença de
HC residual. Quanto maior é a proporção destes gases no escape, menor será a eficiência, já que indicará
que não todo 0 HC foi transformado em CO2 e água.
32 -
Humberto José Manavelia HM Autotrônica
CAPíTULO $ - Energia e Eficiência
CFICICNCíR Dí COMBUSTãO C O DIAGNóSTICO Dí FALHAS
O procedimento apresentado a seguir foi desenvolvido pelo Eng. Robert Schrader da empresa Bridge Analizers
- Califórnia e é aplicável ao motor de ciclo Otto.
O método proposto não tem por objetivo apresentar uma análise precisa e completa da eficiência de combustão
(somente focaliza a eficiência de oxidação do carbono sem considerar a parte correspondente ao hidrogénio,
a qual é mais difícil de medir e avaliar), mas, uma forma adequada e intuitiva de auxílio ao diagnóstico. O
método pressupõe a disponibilidade de um analisador de 4 gases para a medição das concentrações de CO,
CO2 e HC residual.
Valores típicos de eficiência de combustão calculados por este método: Pré-catalisador. 0,95 ou 95%
Pós-cataiisador. 0,99 ou 99%
O aumento de eficiência pós-catalisador se deve que nele se completa 0 processo de combustão, com a
oxidação (queima) do HC residual.
Para obter os valores de concentração pré-catalisador, ver os métodos apresentados no Capítulo 22 “Diagnóstico
com Análise de Gases”.
-ÇfiMAutotrônica
Monóxido de carbono (CO), Dióxido de carbono (CO2), Combustível residual (HC), Óxidos de
nitrogénio (NOx), Vapor de água (H2O), Dióxido de enxofre (SO2), Nitrogénio livre (N2), Oxigénio
livre (O2), Material particulado (MP), Aldeídos.
Cabe lembrar que alguns autores diferenciam material particulado, constituído de micro partículas
não visíveis, da fumaça, constituída basicamente de nano partículas de carvão que são visíveis.
Efeito estufa: A maior parte da energia do sol é irradiada na forma de luz que não é absorvida
& pela atmosfera e assim, aquece a terra. A terra quente irradia calor para a atmosfera na forma
de radiação infravermelha que é absorvida pelos gases de efeito estufa 0 que evita o seu
esfriamento.
Aldeídos: São gases irritantes do sistema respiratório. Promovem a formação de formaldeídos, os que
podem ser causa de doenças como asma. Presentes em maior proporção, nos gases de escape
resultantes da combustão de álcool combustível.
CONCLUSfiO
De forma geral, a redução das emissões em motores de combustão interna requer basicamente:
Tecnologias avançadas aplicadas ao motor
•Projeto da câmara de combustão.
•Controle preciso da injeção (ciclo Diesel): Preparação da mistura e avanço da injeção.
•Controle preciso da ignição (ciclo Otto).
•Admissão de ar com indução forçada.
•Sistema de recirculação de gases de escape (EGR).
•Sistema de injeção de ar secundário (ciclo Otto).
•Sistema de recuperação das emissões evaporativas (ciclo Otto).
> Tecnologia integrada de pós-tratamento
•Catalisador oxidante, para as emissões de HC e CO (ciclo Diesel).
•Filtro de material particulado (ciclo Diesel).
•Catalisador seletivo redutor (SCR), para as emissões de NOx (ciclo Diesel).
•Catalisador adsorvente de NOx ou catalisador acumulador de NOx (ciclo Diesel e Otto).
•Catalisador de 3 vias (ciclo Otto).
Combustível com baixo teor de enxofre [S]
_ EMISSõES DIESEL _ _ m
HSs m
..V,
A figura [6a] mostra a extremidade do um injetor com amortecimento hidráulico. Parte do combustível
injetado fica retida no reservatório hidráulico de amortecimento, o que promove o fechamento gradual e
evita o recuo abrupto da agulha.
A figura [6b] mostra a extremidade de um injetor com reservatório reduzido o que assegura a precisão
necessária já que qualquer resto de combustível injetado depois de esgotado o tempo de injeção, afeta
negativamente, a quantidade calculada pela unidade de comando. Cabe lembrar que em sistemas de
rampa comum, com injeções múltiplas e durante o processo de regeneração do filtro de particulado, há
injeção de combustível após o fim da combustão. No entanto, de forma controlada.
KL
1 2 3 4
propiciem a diminuição de par¬
ticulado resultam no aumento da NOx [g/kWh]
emissão de NOx (indicado peia
seta B). [8]
Portanto, para atender, por exemplo, a norma Euro 5 que rege na Europa desde 2008, é necessário implementar
soluções de pós-tratamento que promovam a diminuição simultânea, tanto do particulado (indicado pela seta
C) como do NOx (indicado pela seta D).
Cabe salientar que a diminuição na emissão de NOx pode ser obtida tanto com métodos de pós-tratamento
como com EGR, como será analisado em próximos capítulos.
Como mencionado, há, todavia, 0 compromisso entre as medidas de melhorias no motor que promovam a
redução de NOx e aquelas para reduzir 0 consumo.
Em resumo, as emissões a serem controladas são HC, CO, material particulado e NOx. Um conjunto de
tecnologias para 0 controle de CO, HC e particulado e um outro para 0 controle de NOx.
L
0 1 2 3456789 10
IEURO 5l NOx [g/kWh]
&
m IMPACTO
As normas brasileiras Proconve seguem aproximadamente, as referidas normas. Até 2011 vigoruo
a fase 5 do Proconve, equivalente à norma Euro 3. A partir de 2012 foi implantado o Proconve 7,
norma similar à Euro 5.
NUS FORMULAçõES DOS LUBRIFICANTES PARA DIESEL
De acordo com a indústria de aditivos, quando a solução adotada para o controle do NOx e material particulado
é a recirculação dos gases EGR, juntamente com um atraso na injeção de combustível e um filtro de
materialparticulado, observa-se um aumento no nível de fuligem no óleo lubrificante, aumentando o desgaste
e a necessidade de aditivação.
Além disso, como resultado da recirculação dos gases de escape, há necessidade de uma maior quantidade
de aditivo no óleo lubrificante. Isto torna muito mais difícil formular um óleo com baixos teores de fósforo, que
é contaminante dos catalisadores. No caso de se adotar para as emissões de NOx, a redução catalítica
seletiva- SCR, juntamente com um avanço no tempo de injeção, observa- se um baixo nível de fuligem no
óleo lubrificante, reduzindo assim o desgaste e a necessidade de aditivo, tornando-se mais fácil utilizar uma
formulação com baixo teor de fósforo.
Autotrônica
E isto, mantendo níveis aceitáveis de desempenho. Em grande parte, esses objetivos foram atingidos com a
aplicação intensiva de tecnologias de controle eletrónico.
Como mencionado em capítulo anterior, existem três fontes geradoras de emissões de gases ligadas ao trem de
forçado veículo:
Os gases de escape.
A evaporação de combustível armazenado no tanque e na cuba do carburador (emissões
evaporativas em ciclo Otto) e os vapores de combustível que escapam durante o
reabastecimento.
Os vapores de combustível não queimado, acumulados no cárter, resultantes do vazamento de
mistura através da folga existente entre os anéis e as paredes dos cilindros.
Cabe salientar que, em paralelo com as emissões, a redução do consumo é o outro fator determinante da
evolução tecnológica no desenvolvimento do motor de combustão interna. Isto, em função de que a redução no
consumo contribui para a diminuição das emissões de CO2.
———
4. Os relacionados ao uso de combustíveis alternativos/eletricidade
1. PROJETO DO MOTOR
Deve contemplar a inclusão de dispositivos e procedimentos que
contribuam especificamente com a redução das emissões e do
consumo: m Pi
—v
RECIRCULAçãO DOS GASES DE ESCAPE (EGR) [1]
A recirculação de uma parte dos gases de escape (até 1 5%-
20% em ciclo Otto e 25%-35% em ciclo Diesel), integrando-
os à carga admitida nos cilindros, mostrou-se uma medida
eficiente para a redução do nível de NOx.
Sn
1 FILTRO DE CARVãO ATIVADO (EVAP/canister) [2]
Em motores ciclo Otto os vapores de combustível gerados no
tanque de combustível são temporariamente retidos num filtro
de carvão ativado (canister) para, posteriormente, no momento
apropriado, serem integrados à mistura admitida e queimados.
[1]
[3]
44 Humberto José Manavella - HM Autotrônica
CAPITULO 7 - Métodos de Controle - Emissões e Consumo
CONTROLE DO AVANçO DA INJEçãO —s 70 Admissão Compress. Combust. Escape
Em motores ciclo Diesel a qualidade da combustão
depende da determinação precisa do instante de início
da injeção do combustível.
2
s bU“
T A
Armazenamento/Motor desligado
Líquido aquecido Aquecedor
Líquido arrefecido Sensor de Internoÿ*
Temperatura Bomba do
(motor)'v Aquecedor U Reservatório de
m —
\ Internoÿ*
"W-N
-J
Válvula
Rotativa w- Pré-aquecimento
\ Sensor de
®| (pré-aquecimento)
desligada
\ Sensor de
Temperatura
\
\
ts (pré-aquecimento)
Afigura [6d] corresponde à fase normal de aquecimento com o motor já em funcionamento. O líquido é
impulsionado pela bomba do motor, sem passar pelo radiador. A bomba de pré-aquecimento está desligada.
Nesta condição não há armazenamento de líquido no reservatório. Afigura ilustra o caso em que a bomba
de aquecimento interno está ligada e o líquido circula também, pelo aquecedor interno.
Aquecimento do Motor
Líquido aquecido Aquecedor
Líquido arrefecido Sensor de
Interno'ÿ
mperatura Bomba do tf Reservatório de
(motor)
Aquecedor
w-
Pré-aquecimento
— —f\|Rotativa
-
-- Válvula
\ ' Sensor de
Temperatura
(pré-aquecimento)
BE Jj desligada
A figura [6e] corresponde à fase de operação normal com motor já aquecido. O líquido, a temperatura
normal de operação, é impulsionado pela bomba do motor passando pelo radiador e pelo reservatório.
Nesta fase o ventilador é acionado com a velocidade necessária à manutenção da temperatura de operação.
A figura ilustra o caso em que a bomba de aquecimento interno está ligada e o líquido circula também,
pelo aquecedor interno. Ao desligar o motor, a bomba de pré-aquecimento continua a funcionar por alguns
segundos.
Armazenamento/Conducão
~~ Líquido aquecido
ZZZ Líquido arrefecido Sensor de
Aquecedor
Interno'ÿ
Temperatura Bomba do
— Vácuo
-.Reservatório de
(motor) Ac|uecedoM!
Pré-aquecimento
Válvula
Rotativa
I \ . Sensor de
Z\ (pré-aquecimento)
desligada
Módulo
IS
jrjST[
é desligado e somente, Vbat e Vaux Carga
Alternador de Controle
alimentam a carga. [7e]
Durante a partida Vbat deve alimentar o motor de arranque o que pode requerer um transitório de corrente
que pode chegar a 200A ou mais, provocando uma queda de tensão de até, 6 V e desativar outros
componentes do circuito elétrico do veículo impedindo a sua partida.
Para prevenir esta situação, o controlador desativa Q1 desconectando assim, Vbat do circuito elétrico do
veículo, que continua a ser alimentado por Vaux.
Após uma partida bem sucedida, com a unidade funcionando como alternador, Q1 é ativado novamente.
O controlador dispõe ainda, de proteção para o caso de conexão das baterias com polaridade invertida.
1
0
São seus componentes: /y. 1
<*ÿ/sístemo'
1 Clétrico
> Alternador de tensão variável (12V-25V). Gera energia Capacitor* Conversor DC/DC
do
Veículo,
durante as desacelerações ou quando necessário à [8a] (25 -> 12)
recarga da bateria.
> Supercapacitor. Armazena energia. Com carga máxima, a sua tensão é 25V. A tensão diminui com a perda
de carga. A carga mínima é aquela em que a tensão do capacitor é 1 2 V.
Conversor DC/DC. Adapta a tensão do super-capacitor (entre 1 2 e 25V) à tensão de operação do sistema
elétrico do veículo (1 2V).
Durante as desacelerações o alternador gera energia que é Acelerador Acionado
armazenada no supercapacitor em poucos segundos. Ao D
ser acionado o acelerador
»T0 [8b]
do
Veículo
Nesses casos, portanto, o capacitor supre toda a energia elétrica necessária. No entanto, na condição de
longo período com velocidade constante (sem desaceleração) como no caso de condução em estrada, o
alternador é ligado para manter a carga do supercapacitor e como resultado, a da bateria (detalhe A, fig.[8b]).
carga
« CONTROLE DO ALTERNADOR
O objetivo deste sistema é ajustar o corrente de carga da
bateria de forma a diminuir a carga mecânica que o alternador
exerce sobre motor. Com isto, se verifica uma melhora no €LD
consumo de combustível. C
[O
Funcionamento Regulador 15) ST
A seguir e a título de exemplo, será analisado o sistema de
controle de carga utilizado em veículos Honda cuja
configuração básica é a da figura [8c].
J
[8c]
O objetivo básico das soluções aplicadas ao sistema de admissão de carga é o aumento do rendimento volumétrico
e com isto, o aumento de desempenho com motores menores e consequentemente, menor consumo.
INDUçãO FORçADA
Para este fim, no circuito de admissão de ar é incluído um compressor que
pode ser acionado diretamente pelo virabrequim (super-compressor) ou pelos í.i r O
gases de escape através de uma turbina (turbo-compressor). g
Na atualidade, uma vez aplicados os métodos de controle descritos nos itens 1
anteriores, só resta o recurso de diminuir a cilindrada dos motores para reduzir
o consumo e as emissões resultantes. Isto impõe, no entanto, uma queda de
desempenho.
Para resolver este conflito inerente à diminuição de cilindrada, a indução forçada §ÿyC5 .§
se torna um recurso muito importante, tanto em motores de ciclo Otto como
nos de ciclo Diesel.
«j ?i
A figura [9] apresenta uma configuração típica de indução forçada com turbo- «n- -rar ,Q,
alimentação e “intercooler” (pós-resfriador). Turbina Compressor L J
Uma descrição detalhada da composição e funcionamento do sistema de indução forçada pode ser encontrada
no Capítulo 12 “Indução Forçada” e no Capítulo 13 “Indução Forçada Sequencial’.
COLETOR DE ADMISSãO VARIáVEL OU DE GEOMETRIA VARIáVEL
Tem por objetivo controlar o comprimento do coletor de admissão (ciclo Otto) para aumentar ou diminuir a
distância percorrida pelo ar admitido de forma a favorecer o torque em baixa rotação e a potência disponível
em alta. Este tema é abordado com maior detalhe no Capítulo 8 “Tecnologias Avançadas - Ciclo Otto”.
52 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 7 - Métodos da Controle - Emissões e Consumo
Ainda com as providências anteriores, existe sempre uma porcentagem de componentes poluentes nos gases
presentes no coletor de escape.
Em função da diminuição dos níveis de emissões estabelecidos pelas regulamentações, o pós-tratamento dos
mesmos é uma necessidade tanto em motores ciclo Otto como ciclo Diesel.
A seguir, os principais dispositivos de pós-tratamento utilizados.
Conversor catalítico de 3 vias (ciclo Otto)
Filtro de particulados (ciclo Diesel)
> Catalisador oxidante (c\c\o Diesel)
Catalisador adsorvente de NOx (ciclo Diesel e ciclo Otto com “combustão de mistura pobre")
> Catalisador seletivo redutor de NOx (ciclo Diesel)
Catalisador de enxofre (ciclo Diesel)
Cabe lembrar que, em função da constante evolução tecnológica, há ainda, outras soluções em fase de
desenvolvimento que poderão ser adotados em futuro próximo.
Este tema é abordado com maior detalhe nos Capítulos 14,15,16 e 17.
4. COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS/ELETRICIDADE
-
Os principais combustíveis alternativos à gasolina e ao óleo diesel, são na atualidade: Etanol, GNV, biodiesel e
eletricidade.
ELETRICIDADE
Atualmente, a eletricidade como fonte de energia para movimentar o veículo, é utilizada nos veículos elétricos e
nos híbridos. Esta tecnologia é abordada com maior detalhe no Capítulo 18 “Sistemas Automotivos Híbridos".
Veículo Híbrido-Elétrico
Os sistemas automotivos híbridos elétricos combinam duas fontes de potência:
Um motor de combustão interna (Otto ou Diesel)
Um (ou dois) motor/gerador elétrico
Veículo Elétrico
Basicamente, seus componentes são: Bateria de alta tensão e motor elétrico. A carga da bateria depende,
basicamente, de fonte externa de energia elétrica. Parte da energia se recupera durante a frenagem regenerativa.
_
Como já mencionado, o controle eletrónico desempenha um papel importante e definitivo no controle das emissões
automotivas, sendo que a eletrónica embarcada assume uma parcela significativa do custo do veículo. Isto
resulta evidente avaliando o número de sensores utilizados no controle do sistema de admissão, motor e sistema
de pós-tratamento. Por exemplo, veículos Ford equipados com motor diesel PowerStroke V8 6.7L possuem até
12 sensores de temperatura e 8 sensores de pressão.
CHM Ãutotrônica
2. Comando variável com comutação de ressaltos. Permite que as válvulas permaneçam abertas durante
tempos diferentes. Isto, por sua vez, resulta também, em cursos de abertura (levantamento) diferentes.
3. Comando totalmente variável. Identificado como “comando variável inteligente", que implementa duas
ações independentes: Controle do Levantamento
® Controle variável da calagem (faseamento) do
comando. Consiste no controle dos instantes de
abertura e fechamento das válvulas.
Válvula
de Escape Válvula de
Admissão í-
o Controle do levantamento ou curso de abertura das
o
§ w \ Vy \y
válvulas. A figura [2b] mostra o gráfico de um motor
com levantamento (curso) variável de válvulas. A ° V \\ u
distância L representa o intervalo de variação. Este
recurso permite implementar o tempo de abertura
variável. [2b] Ângulo do Virabrequim
Por sua vez, o controle variável pode ser aplicado:
Ao comando de admissão.
Ao comando de exaustão.
> Ao comando de admissão e de exaustão de forma igual.
Ao comando de admissão e de exaustão de forma independente.
A seguir, a título de exemplo, são apresentados alguns sistemas de comando variável, dentre os muitos
existentes no mercado, representativos dos tipos mencionados.
• Funcionamento
A figura [5a] apresenta de forma simplificada, a configuração básica do
yy
Elemento
sistema Valvetronic 2 utilizado em motores BMW. O carne de controle de Carne de L Acionador
abertura é controlado por um motor de passo (não representado nas figuras) Controle de Eixo Comando
Abertura ,
comandado pela UC. ® m
L__v Balancim
Roletado
H
[5a]
A 'cÿL [5b]
M:
[5c]
:
[5d]
-
Humberto José Mana veila HM Autotrônica 59
CAPíTULO 8 - Tecnologias Avançadas - Cido Otto
Quando a válvula de 3 vias está ativada aberta Válvula Aberta
(ativada)
(fig. [6b]) as câmaras dos pistões ficam
desacopladas. Nesta situação:
1. A válvula de admissão não segue o movimento
imposto pelo carne.
2. Retorna à condição de repouso (fechada) pela
ação da mola.
3. O óleo volta ao reservatório através da válvula
de 3 vias.
O final do percurso de fechamento da válvula é
controlado por um freio hidráulico dedicado (não
mostrado na figura), para garantir uma fase de
assentamento suave e regular em qualquer condição
operacional.
Lembrar que num sistema convencional, a válvula ê
acompanha o perfil do carne constantemente, o que
não sucede nos casos de fechamento antecipado
no MultiAir. [6b]
Quando o pistão 1retorna à posição de repouso, a sua câmara recebe, se necessário, óleo a alta pressão
para um próximo acionamento.
Através da abertura/fechamento da válvula de 3 vias pode obter-se uma variada gama de cursos de
abertura da válvula de admissão.
•Modos de Operação
Curso Completo Fechamento Antecipado Fechamento Antecipado Abertura Atrasada Abertura Múltipla
\
/ \
\ / \ /
\ \
[6c] [6d]
l\
[6e]
\
\ //A\ [6f] [6g]
\
Para máxima potência (fig.[6c]), a válvula de 3 vias permanece fechada com o que se consegue máximo
curso de abertura o qual acompanha totalmente, o perfil do carne, Este é especificamente projetado para
maximizar potência em alta rotação do motor (longo tempo de abertura).
Para obter torque nas baixas rotações, a válvula de 3 vias é aberta perto do fim do perfil do carne o que
resulta no fechamento antecipado da válvula de admissão (fig.[6d]). Isto elimina o fluxo de retorno ao
coletor e maximiza a massa de ar retida no cilindro.
Em cargas parciais, a válvula de 3 vias é aberta (fechamento da válvula de admissão) bastante
antecipadamente (fig.[6e]) para controlar o ar retido na câmara necessário ao torque solicitado.
Alternativamente, as válvulas de admissão podem ser abertas parcialmente e com atraso, fechando a
válvula de 3 vias uma vez que a ação mecânica do carne tem-se iniciado (fig.[6f]). Neste caso, o fluxo de
ar é admitido com velocidade maior provocando uma maior turbulência na câmara.
Os modos de operação ([6e] e [6f]) podem ser combinados num mesmo ciclo de admissão (fig.[6g]) o que
favorece o aumento da turbulência e a taxa de combustão nas cargas baixas.
I Cu -
ALTERNATIVOS ATKINSON E MILLER _
Num motor de ciclo Otto ou de ciclo Diesel convencionais, a relação de compressão é igual à relação de
expansão após a combustão.
Assim, se a mistura é comprimida com uma determinada taxa (por exemplo, 10:1), após a ignição, os gases
se expandem com a mesma taxa, resultado da energia liberada pela combustão.
No entanto, a melhor taxa de expansão para máxima extração de energia permitida pelas características do
combustível, é maior que a taxa de compressão.
Reparar que ao abrir a válvula de exaustão, a pressão dos gases dentro do cilindro é superior à atmosférica.
Nesse momento, esta energia disponível é perdida pelo escapamento. Portanto, uma expansão adicional dos
gases poderia aumentar o trabalho realizado a cada ciclo.
CICLO ATKINSON
O ciclo de Atkinson aplicado a um motor de 4 tempos é caracterizado por manter a válvula de admissão aberta
por um tempo maior que aquele correspondente a um motor ciclo Otto. Com isto a fase de compressão resulta
reduzida o mesmo acontecendo com a taxa de compressão.
Como consequência disto:
Em função do ciclo de expansão permanecer o mesmo, a taxa de compressão resulta menor que a taxa
de expansão.
> A energia da combustão impulsiona o pistão fazendo com que o volume de ar se expanda além do volume
que tinha no começo da fase de compressão.
> Quanto maior for a taxa de expansão com relação à de compressão, maior será a energia convertida em
trabalho mecânico útil (e menor a perda de energia calórica pelo escape), aumentando assim, a eficiência
do motor.
Em função do atraso no fechamento da válvula de admissão, verifica-se um fluxo reverso de mistura para
o coletor de admissão, que será readmitida no próximo ciclo.
Desta forma, o motor de ciclo Atkinson utiliza o comando variável para obter efetivamente, o ciclo de compressão
menor que o de expansão.
Um motor com ciclo Atkinson pode ser entre 10% e 15% mais eficiente que um similar de ciclo Otto convencional,
em plena carga. O ganho de rendimento resulta da redução do trabalho de compressão e do maior
aproveitamento da energia, contida nos gases após combustão, durante o ciclo de expansão.
A desvantagem de um motor com ciclo Atkinsom, em comparação com o de ciclo Otto de igual cilindrada, é a
diminuição de eficiência volumétrica. Como uma porção menor do curso do pistão é dedicada à compressão,
um volume menor de ar é comprimido. Ou seja, não todo o volume da câmara é preenchido com mistura.
Assim, a densidade de potência é sacrificada em função do aumento de eficiência.
©
PMS © lAdmissão
Válvula 9°
_ Válvula
O de Admissão 18” 1 O15 de Escape 45°
Abre rT\ l Fecha 45°
Compressãi Válvula Válvula
© de Admissão © de Escape
©
105"
1 Fecha PMI
[7a]
Abre
DPMI Expansãoi
r\
-t A figura [7b] representa a calagem com o máximo
atraso de 1 05° DPMI das válvulas de admissão. Esta
Exaustão é a condição de menor taxa de compressão.
72 ©
DPMI
JL
Admissão
34“
Válvula Válvula
© de Admissão
Fecha
PMI
[7b]
© de Escape
Abre - -
-_
Válvula
,
©de Admissão 18°
PMS
lo»
f 15”
Válvula
O de Escape
Abre Fecha
© ;
Compressão
Afigura [7c] representa a calagem para o caso de
máximo avanço (72° DPMI). Nesta condição, a taxa \©/0
de compressão é a máxima para este motor e,
portanto, a de máxima potência.
105°
DPMI
\ /
O uso do sistema VVT-i permite ajustar
continuamente, a calagem das válvulas de © Expansão
admissão entre a correspondente ao ciclo Atkinson
72”
1
1 Exaustão
(fig. [7b]) e aquela de um comando mais
DPMI
convencional (fig.[7c]). No caso deste motor, a ação
VVT-i é de 33°.
O importante a ser salientado é que desta forma, Admissão
pode ser maximizada a eficiência sempre que for
possível, produzindo máxima potência quando 34
requerido. Válvula Válvula
©de Admissão PMI © de Escape
, Fecha Abre
&
No caso do Prius, o fluxo reverso de mistura,
provocado pelo fechamento atrasado da válvula de
admissão, é retido num reservatório existente no
próprio coletor.
EE I
'o
C
A £
CARACTERíSTICAS MOTOR 1NZ-FXE (TOYOTA PRIUS) i 1
MOTOR 4 cilindros em linha
16 válvulas; duplo comando
MECANISMO DE VáLVULAS no cabeçote com VVT-i
[8a] [8b]
SISTEMA DE COMBUSTíVEL Multiponto sequencial
CILINDRADA 1497 cm3 A título de exemplo, a tabela ao lado apresenta as
TAXA DE COMPRESSãO 13:1 características básicas do motor a gasolina utilizado
no Toyota Prius.
POTS'!CIA MáXIMA 76 HP
CICLO MILL€R
Aproveitando o conceito de taxas de compressão/expansão diferentes, do motor de ciclo Atkinson, o engenheiro
Ralph Miller o adaptou (fim dos anos '30) ao motor de ciclo Otto. No ciclo Miller, a diferença de taxas é
conseguida atrasando o fechamento da válvula de admissão uns 30° a mais que no ciclo Otto. Desta forma, a
compressão efetiva acontece durante 70% do ciclo de compressão. Na versão original o atraso é fixo para
toda a faixa de funcionamento já que o comando utilizado não é variável.
Ein função deste atraso no fechamento, parte da mistura admitida é retornada para o coletor de admissão,
situação esta, contornada utilizando um supercompressor.
Nas aplicações recentes, o comando utilizado é variável o que também, permite o funcionamento como motor
de ciclo Otto convencional.
CALAGEM MILLER CALAGEM CONVENCIONAL
[O Válvula de Admissão Abre] PMS [QVálvula de Escape Fecha] PMS
2| 5 Válvula de 15°
O Admissão 15”
Abre
Compressão \-
w
Compressão Válvula de
Admissão Escape
• /Amoas as Fecha
•- ;'
\ Válvulas
Abertas
0 Expansãoi— Expansão
70" © Válvula de
DPMI Exaustão Válvula de Exaustão
Admissão Escape
47° Fecha Abre
APMI 45" '45"
I Admissão
[QVálvula de Admissão Fecha j PMI [QVálvula de Escape Abre] PMI
[9a] [9b]
A figura [9a] salienta o fato do ciclo de compressão ser menor que o de expansão com o fechamento da
válvula de admissão 70° DPMI. Comparar com a calagem convencional (fig.[9b]).
Como no caso do ciclo Atkinson, verifica-se uma diminuição do rendimento volumétrico (menor quantidade de
carga no cilindro para combustão) que resulta em perda de potência. No entanto, no ciclo Miller esta perda é
compensada pela inclusão de indução forçada na forma de super-compressor.
iDI
Tem por objetivo controlar o comprimento do coletor de admissão (ciclo Otto) para aumentar ou diminuir a
distância percorrida pelo ar admitido (antes de entrar na câmara) de forma a favorecer o torque em baixa
rotação e a potência disponível em alta.
A abertura cíclica das válvulas induz ondas de pressão dentro do coletor de admissão. Quando o período
destas ondas está em fase com a abertura das válvulas, verifica-se um efeito de sobre-alimentação, fenômeno
este que depende do comprimento do coletor.
Num sistema com coletor de comprimento fixo, ao abrir-
se a válvula de admissão, com o pistão descendo, se
estabelece uma onda de vácuo, no entorno da válvula n ( 4- ©
de admissão, que se propaga na direção do plenum do <2>
coletor, onde atua sobre o volume do ar presente nele Tubo
o qual possui uma pressão significativamente maior. Ressonante Coletor
Este diferencial gera uma onda de pressão que
impulsiona a massa de ar na direção da válvula de
admissão (fig.[10aj). [10a]
Ou seja, a onda de vácuo se reflete no extremo do plenum (1), gerando uma onda de pressão no sentido
contrário que, com a válvula ainda aberta, impulsiona o ar para dentro do cilindro.
Este processo continua até que as pressões dentro e fora do cilindro se igualam. Neste caso, o cilindro é
preenchido com o máximo volume de ar que admite, ou seja, com Eficiência Volumétrica = 1 ou maior.
No entanto, o processo é interrompido se a válvula de admissão fechar antes das pressões se igualarem.
O tempo necessário para as ondas de vácuo e de s
pressão percorrerem a distância S, independe da rotação
do motor (fig.[10bj).
Pelo contrário, o tempo durante o qual a válvula
permanece aberta depende da rotação do motor. Na
medida em que esta cresce, o tempo durante o qual a
válvula de admissão permanece aberta e ar pode entrar
na câmara, diminui.
No caso de comprimento S fixo, para uma determinada => Onda de vácuo
Onda de pressão
faixa de rotação do motor, as ondas se sincronizam com
a abertura/fechamento da válvula. Neste caso o coletor [10b]
(comprimento S) se transforma num “tubo ressonante".
Portanto, resulta evidente que seriam necessários tubos de diferentes comprimentos para obter o efeito de
carga máxima em toda a faixa de rotação do motor. Comprimentos maiores nas baixas rotações com relação
àqueles de menor comprimento, mais apropriados à alta.
A solução geralmente adotada, no entanto, consiste em aplicar a tecnologia de “coletor de geometria variávet’
ou “coletor sintonizado" de 2 estágios.
Com isto, a eficiência volumétrica resulta otimizada para duas faixas: 1) comprimento maior para baixa rotação
(torque) e 2) comprimento menor para alta rotação (potência).
Por outro lado, os motores com indução forçada não precisam deste recurso devido a que a pressão de sobre-
alimentação determina o volume de ar admitido.
64 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 8 - Tecnologias Avançadas - Cic/o Otto
COL6TOR VRRIÓm cJe 2 €STftGIOS
A figura [10c] apresenta o esquemático com a configuração típica. A figura [1Od] mostra curvas de torque
correspondentes com valores meramente ilustrativos.
Reparar no alto torque para uma ampla faixa de rotação se comparado com o caso de coletor de comprimento
único.
•Funcionamento
Com a válvula na posição A, % 250
Coletor
***VCurto
Duto -£ 200-
o ar é admitido pelo coletor 0 Curto
longo o que favorece o
Duto A
|l50- /•
Coletor***.
\
desempenho em baixa
LONGO
§ 100-
C3 Longo \ \
rotação.
AàL 50-
Com a válvula na posição B. JB
o ar é admitido pelo coletor I
1
l
2 3
I I
4 5
curto o que favorece o Coletor RPM (x I000)
desempenho em alta [10c]
rotação. [1Od]
a
Torque Coletor de
Admissão
[10e]
Válvula Rotativa Coletor de
de Comutação < ípPotência
Na alta rotação as válvulas abrem (fig.[10f]) conectando o
Duto dec Coletor de coletor de potência aos cilindros, através dos dutos de
Potência Torque% potência correspondentes. Nesta situação, o ar é admitido
tanto do coletor de potência como do coletor de admissão. A
onda de vácuo se reflete principalmente, no coletor de
potência e o comprimento efetivo dos dutos ressonantes
Duto de <2> diminui para 35cm (VR5) e 45cm (VR6).
Torque Coletor de O coletor de potência é
Admissão suprido de ar através dos dutos de
torque e de potência correspondentes aos cilindros que nesse
instante, não estão no ciclo de admissão.
[10f]
<HM 'Autotmica
w
I
m O
> Carburação (fig.[1a]): Difícil adequação do teor da mistura às diversas condições de rotação e carga.
Condensação/evaporação do combustível nas paredes do coletor dependendo da condição de carga o que
altera o teor da mistura de forma não controlada.
Injeção indireta monoponto - SP/(fig.[1b]): Maior precisão e controle na formação da mistura. A injeção
de combustível possibilita a implementação do controle integrado do motor. No entanto, há imprecisão
quanto à quantidade que cada cilindro recebe. Persiste o problema de condensação/evaporação nas paredes
do coletor.
Injeção indireta multiponto - MPI (fig.[1cj): São os sistemas “common rail’. Precisão e controle total sobre
a quantidade de combustível que cada cilindro recebe.
Injeção direta - GDI (Gasoline Direct Injection ou injeção direta de gasolina) (fig.[1dj): É também, um
sistema “common rail” (rampa comum). Permite o funcionamento no modo “combustão de mistura pobre" o
que propicia uma acentuada redução das emissões de CO e HC e do consumo. Possibilita também, um
controle preciso do processo de combustão.
©
Afigura [1e] mostra de forma qualitativa, as diferenças em economia 1
que oferecem os diversos tipos de alimentação de combustível utilizados 1-Q
ao longo dos últimos 30 ou 40 anos. Reparar que o Lambda utilizado
na injeção GDI é similar ao dos motores diesel.
tf
.2
MPI
8 (Carburação)
£
©
FATOR X Pobre £>
[1e]
injetores
Nos sistemas GDI, os injetores trabalham com pressões bem superiores àquelas dos sistemas de injeção
indireta e devem permitir a injeção da quantidade de combustível necessária em um tempo bem menor.
Nos sistemas de injeção indireta, a injeção da quantidade necessária tem um tempo teórico máximo equivalente
a 2 giros completos do virabrequim.
1. Injetor acionado por solenoide. O pulso de acionamento está na faixa de 2,5 a 3,5mS.
2. Injetor piezo-elétrico. O pulso de acionamento está faixa de 0,2 a 0,3mS.
i EXEMPLOS DE APLICAçãO
A seguir, alguns exemplos de sistemas GDi através dos quais é analisado o princípio de funcionamento da
injeção direta de combustível.
SISTEMO GDi MITSUBISHI
Este foi um dos primeiros sistemas de injeção direta a ser lançado no mercado Carga Estratificada
(meados da década de 1 990).
As suas características relevantes podem ser resumidas nos seguintes pontos:
&
1. Coletor de admissão vertical (1, fig.[4a]) que permite um controle otimizado
do fluxo de ar na câmara. 1
2. Cabeça de pistão curva (2, fig.[4a]) que contribui para a formação da mistura
estratificada.
3. Combustível injetado a alta pressão (50 bar), o que favorece a atomização
yfO
da mistura. /
BaJ[
> Combustão com mistura homogénea: Nesta condição (fig.[4b]), a injeção
acontece durante o ciclo de admissão com mistura em torno da estequiométrica
ou levemente rica. Neste caso, o motor funciona de forma similar àquele com
sistema MPI (injeção indireta) e oferece máxima potência para atender a
solicitações de aceleração e carga. Este enriquecimento é necessário para
que a mistura entre em combustão. Caso houvesse na câmara, uma mistura
homogénea com Lambda superior a 1.5, a ignição não seria possível.
©
[4b]
ê 5% Por outro lado, a injeção durante a fase de admissão contribui ao
S GDI
resfriamento do ar o que promove um aumento da eficiência
volumétrica, como mostra a figura [4c]. As curvas foram obtidas de
I forma experimental, em motores Mitsubishi de características similares.
O resultado foi um aumento da eficiência volumétrica de 5% ao longo
:! MPI de toda a faixa de funcionamento.
£
UJ Por outro lado, a injeção direta oferece uma melhoria na partida a frio e
transitórios de transição, já que a injeção de combustível, finamente
© atomizado, evita o retardo de evaporação característico dos sistemas
2000 4000 6000 de injeção indireta.
Rotação (rpm)
[4c]
Humberto José Manavella - HM Autotrônica 69
CAPíTULO 9 - Injeção Direta - Motor de Cido Otto
SISTCWm GDI BtNfluiT-
Para resolver algumas deficiências do sistema GDI da Mitsubishi, que funciona sob o princípio de combustão
de mistura pobre, a empresa Renault, adotando um enfoque totalmente diferente, desenvolveu um sistema
GDI que funciona com mistura estequiométrica e taxa de recirculação de Injetor
gases de escape (EGR) de até 25% durante o funcionamento na condição
de baixa carga. Esta taxa, em motor de ciclo Otto, resulta elevada quando
comparada com EGR de 10% a 15% de um sistema convencional.
Como já mencionado em capítulo anterior, a recirculação dos gases de
escape propicia uma diminuição de consumo decorrente da redução das
Ií
perdas de bombeamento, mas, com queda de desempenho nas cargas
parciais, situação esta em que há recirculação.
No entanto, no caso do sistema GDI da Renault, a boa estabilidade do
processo de combustão, ainda com elevados valores de EGR, foi conseguida
re-posicionando o injetor e a vela dentro da câmara, com o que se obteve
um efeito similar ao de mistura estratificada.
A figura [5] mostra a disposição aproximada dos elementos dentro da câmara
com o injetor próximo da vela a que, por sua vez, fica posicionada no caminho [5]
do jato de injeção o que garante uma combustão eficiente.
SIST€AAfl GDI BOSCH
Ainda que possuindo características básicas similares às já enunciadas, o sistema GDI da Bosch aplicado a
motores VW/Audi, será utilizado como exemplo no detalhamento de outros conceitos da injeção direta.
A principal diferença entre o motor com injeção GDI e aquele com injeção convencional, reside no sistema de
alimentação de combustível pelo que, a seguir, só este será abordado.
Basicamente, a Bosch possui dois sistemas GDI no que diz respeito da alimentação de combustível:
.
1 Alimentação por demanda. O regulador de pressão está integrado na bomba de alta pressão pelo que na
rampa, só circula o combustível que abastece os injetores. Por tanto, não há linha de retorno para o tanque.
2. Alimentação contínua. O regulador de pressão está instalado na rampa pelo que nesta circula um volume
de combustível maior que o necessário. Existe, portanto, linha de retorno ao tanque.
-
GDI SISTEMA DE COMBUSTíVEL
(bomba mono-êmbolo) Válvula Limitadora de Pressão-
Biucl 2)
Sensor de Alta Pressão
1
[51
—,
"Common Rail”
1 1
Sensor de W
\
Baixa Pressão
L
Módulo de
Controle da
Eletrobomba ja í R-Hbar]
50-100bar
2. ALIMENTAçãO CONTíNUA
A figura [6b] apresenta o sistema de alimentação de combustível. Os componentes são controlados por uma
UC Bosch MED.
-
GDI SISTEMA DE COMBUSTíVEL
(bomba rotativa)
Válvula Reguladora de Alta Pressão —
Bomba de Alta Pressão (mecânica)- Sensor de Alta Pressão
“Common Rail”
íl
O
a
SL
Comando de Admissão-
JT''
50-1OObar
1 . i
I t«
1 I
!
íl
L I*
3-5,8bar| 1 Válvula Dosificadora
(reguladora de volume)
Regulador L—ál baixa pressão
deBaixa
A_ Eletrobomba de
Pressão
3 |ãp Bftg.tsS alta pressão
I I retorno
Baixa Pressão
[6b]
Bomba de alta pressão: Bomba mecânica rotativa de 3 êmbolos acionada pelo comando de admissão.
Fornece combustível em excesso à rampa dos injetores. O combustível que não é injetado volta ao tanque
pela linha de retorno, pela ação do regulador de pressão.
Válvula Reguladora de alta pressão: Instalada na rampa dos injetores. Sob comando da UC, regula a alta
pressão entre 50 e 100 bar. Na marcha lenta o motor opera com pressão mínima o que propicia a redução
da resistência mecânica a que está submetida a bomba contribuindo para o aumento da eficiência. Na
plena carga o sistema opera com pressão máxima para máximo desempenho.
> Válvula dosificadora (reguladora de volume): Instalada entre a linha de baixa pressão que alimenta a
bomba de alta pressão, e o regulador de baixa pressão. Com o motor em funcionamento, a válvula permanece
desativada aberta permitindo a passagem do combustível para o tanque, através do regulador de pressão.
Com isto, a pressão na linha de baixa pressão é de 3 bar (calibragem do regulador de baixa pressão).
Durante uma partida a quente, com a temperatura do líquido arrefecedor superior a 110°C e a do ar admitido
superior a 50°C, a UC comanda o fechamento da válvula dosificadora durante aproximadamente, 50
segundos, fechando a passagem para o regulador de pressão. Como resultado, a pressão na linha de baixa
pressão sobe para um máximo de 5,8 bar, pressão esta, fixada por uma válvula limitadora interna à eletro-
bomba. Este aumento de pressão evita a formação de bolhas no lado de sucção da bomba de alta pressão.
Eletro-bomba de baixa pressão: Comandada diretamente pela UC. Com o motor em funcionamento, a
pressão na linha de baixa é controlada pelo regulador de baixa pressão, em 3 bar. Durante a partida a
quente, com a válvula dosificadora fechada, a pressão aumenta para 5,8 bar, valor este, fixado por uma
válvula limitadora, interna à eletro-bomba.
Sensor de alta pressão: Instalado na rampa dos injetores.
Regulador de baixa pressão: É do tipo mecânico e regula a pressão na linha de baixa pressão em 3 bar.
m
na câmara) o que propicia uma melhor formação da mistura
num curto espaço de tempo e aumenta a velocidade e
estabilidade da combustão. Este recurso também é utilizado
em condições desfavoráveis para a combustão, como no caso
de funcionamento em baixa temperatura.
MODO HOMOGéNEO
[7a]
9 MODOS DE COMBUSTãO
1. Modo estratificado. Para cargas baixas até 3000 rpm, o combustível é injetado no final do ciclo de
compressão, entre 60° e 45° APMS. Em função da movimentação do ar e do formato da cabeça do pistão,
a mistura resulta levemente rica no entorno da vela, sendo pobre no resto da câmara de combustão.
Nesta condição, o Lambda varia entre 1 .6 e 3. A determinação do ângulo (com relação ao PMS) em que
acontece a injeção, é um fator crítico para a ignição da mistura:
Um ângulo maior propicia uma maior homogeneização da mistura dentro da câmara com perda de
estratificação.
Um ângulo menor entre a injeção e a ignição, afeta negativamente, a formação da mistura adequada,
em torno da vela.
2. Modo homogéneo. Com válvulas de clapeta abertas já que a admissão de ar, somente através de uma
parte do duto, reduziria sensivelmente, a eficiência volumétrica. Éste modo é utilizado na condição de alta
carga e rotação. A injeção se inicia já, durante o ciclo de admissão (em torno de 300° APMS) pelo que há
tempo suficiente para a formação de uma mistura homogénea em toda a câmara. Neste modo, a mistura
é estequiométrica. Nos sistemas em que as válvulas são controladas por um servo-motor, estas são de
abertura variável o que permite um melhor controle da combustão em comparação com o sistema de
acionamento por atuador pneumático. Na configuração com servo-motor a abertura das válvulas é mínima
para cargas baixas, aumentando assim que as condições de rotação e carga o solicitam.
3. Modo de combustão de mistura pobre homogénea. É utilizado na transição entre os modos estratificado
e homogéneo. Nesta situação, o motor admite mistura pobre homogénea com Lambda em torno de 1 ,6.
Esta relação pode ser obtida com uma maior re-circulação de gases de escape.
4. Modo de carga homogênea/estratificada. Neste modo há duas injeções de combustível. Uma primeira
injeção com 75% do combustível (aproximadamente), durante o ciclo de admissão. Isto propicia uma
distribuição homogénea da carga. O restante, 25%, é injetado no final do ciclo de compressão logo antes
da centelha. Com isto, uma zona de mistura rica é criada em torno da vela. O combustível total corresponde
à mistura estequiométrica. Esta estratégia é utilizada na transição do modo homogéneo para o estratificado.
5. Modo estratificado para aquecimento. Utilizado para o aquecimento rápido do catalisador de 3 vias. O
combustível é injetado em duas fases: A primeira injeção a 300° APMS e a segunda a menos de 45°
APMS o que propicia uma combustão com atraso e o aumento da temperatura dos gases de escape
devido que a combustão ainda se processa no momento da abertura da válvula de exaustão.
6. Modo de carga homogénea rica. Utilizado para regenerar o catalisador acumulador/redutor de NOx.
72 -
Humberto José Manavella HM Âutotrônica
CAPíTULO 9 - Injeção Direta - Motor de Ciclo Otto
• SENSORES MAF, MAP E IAT (temperatura do ar admitido)
Estes sistemas GDI possuem sensores MAF, MAP e IAT. Além da função que cumprem no cálculo do tempo
de injeção (quantidade de combustível a ser injetada), a sua informação é utilizada no cálculo da taxa de
recirculação dos gases de escape (EGR). Com a informação dos sensores MAP e IAT, a UC calcula a massa
da carga admitida nos cilindros de forma similar ao cálculo realizado nos sistemas velocidade/densidade de
injeção indireta. Por outro lado, a informação do sensor MAF reflete a massa de ar realmente admitida. A
diferença entre ambas é a massa dos gases re-circulados.
SISTCffln TOVOTfl P4-S
É um sistema de injeção dupla - direta e indireta - constituído de um Toyota D4-S
injetor de inieção direta e um outro de injeção indireta, instalado, este Injeção
Indireta
último, no coletor de admissão (fig.[8aj).
Durante a partida é utilizada a injeção indireta convencional. m í®'
Na condição de baixa rotação e alta carga, ambas as injeções são i Injeção
Direta
utilizadas simultaneamente, sendo que aproximadamente, 60% do
combustível é fornecido pela injeção indireta. tf
Na alta rotação e carga, 100% do combustível é fornecido pela injeção
direta para máximo desempenho.
Nas faixas intermediárias ambas as injeções operam simultaneamente,
diminuindo a proporção da injeção indireta e aumentando a da direta
assim que aumenta a rotação. A injeção simultânea, ajustada às
condições de rotação e carga, facilita a formação da mistura permitindo
o funcionamento com “combustão de mistura pobre".
\J\m- r\
[8a]
A figura [8b] apresenta a configuração do sistema de alimentação de combustível.
o
u
Bomba de
Alta Pressão-)
(mecânica) Sensor de —.
a Alta Pressão |
J3L
i
Unidade de
Acionamento T3T
dos Injetores
n > / m
IJ
i Regulador de
Módulo da
Eletrobomba Baixa Pressão m
1
I; 11 baixa pressão _ Válvula Reguladora
alta pressão de Alta Pressão Common Rail
I i retorno de Alta Pressão — Válvula
—
L/ _ Eletrobombade
Baixa Pressão
Carne de Acionamento
(injeção direta)
(eixo comando de exaustão)
Limitadora
de Pressão
[8b]
Eletrobomba de baixa pressão. Controlada pelo módulo com sinal de ciclo de trabalho variável; opera em
3 velocidades e pressões entre 2 e 6 bar; alimenta também, a bomba de alta pressão. A alimentação da
injeção indireta multiponto é do tipo “sem linha de retomo".
> Bomba de alta pressão: Bomba mecânica mono-êmbolo acionada por um carne no comando de exaustão.
Opera “sob demanda", fornecendo somente, o combustível necessário à injeção. O excedente retorna ao
tanque com baixa pressão. Desta forma, é reduzida a potência consumida pela bomba. Um amortecedor,
incorporado à bomba, evita que as oscilações de pressão, provocadas pela operação do regulador, sejam
transmitidas à linha de baixa pressão.
Um elemento incorporado ao motor diesel que adere à norma OBDII, é 0 sensor MAP A sua função,
entre outras, é auxiliar no cálculo preciso do volume de gases re-circulados pelo sistema EGR.
Sistemas Bomba/injetor
H SlSTCMRS DC AlIMCNTfiÇftO DlCSCl
Afigura [1] apresenta uma possível classificação dos BOMBA ROTATIVA
sistemas de alimentação de combustível em função MECâNICOS
BOMBA LINEAR
do conjunto bomba/injetor:
UNIDADE BOMBA/INJETOR
ELETRóNICOS ELETRO-HIDRáULICA
ICOMMON RAIL (RAMPA COMUM)
INJETOR SOLENOIDE
INJETOR PIEZO-ELÉTRICO
[1]
Em função da evolução tecnológica verificada na atualidade, a seguir, serão abordados os sistemas eletrónicos.
Estes injetores, que serão analisados nos itens a seguir, atendem à demanda de desempenho no que diz
respeito a baixo consumo e baixo nível de emissões do motor diesel. Três fatores são críticos para a obtenção
desses requerimentos:
Taxa de injeção (velocidade de abertura e fechamento da agulha). Os
injetores acima podem atender qualquer condição de funcionamento
de motor já que ao serem controlados eletronicamente (e não
mecanicamente), a taxa com a qual o combustível é injetado não S
depende da velocidade de rotação. Também, permitem realizar múltiplas
injeções a cada ciclo. Isto contribui para a diminuição do nível de ruído
e para um melhor controle da combustão.
ff
O
*
Diesel Eletrónico
Tempo de injeção. Tanto o início como o fim da injeção, são controlados .S00
eletronicamente. Não estão limitados pela velocidade de rotação de 00
%
elementos mecânicos como nos sistemas convencionais. Q- Diesel Convencional
Pressão de injeção. Conseguem-se pressões de injeção bem superiores
àquelas obtidas nos sistemas mecânicos convencionais e isto, para ROTAçãO DO MOTOR
toda a faixa de operação do motor. A figura [2] mostra de forma [2]
qualitativa as curvas de pressão de um sistema eletrónico em
comparação com um sistema mecânico convencional.
Bomba de
Alta Pressão
_ Válvula Reguladora
de Fluxo
i
Bosch EDC "COMMON RAIL”
(mecânica)
baixa pressão 1ÉÍP > Rampa de Combustível
Regulador
=> alta pressão Filtro de Pressão • Válvula (common rail) Sensor de
retorno Pressão
\ Ia
.ÿLimitadora
, de Pressão
/
“ah-,
I
Bomba de
Baixa Pressão
(elétrica)
\
n [2
:<Ff. o]
Serpentina Tfí
[3a]
São seus componentes:
Bomba de alta pressão. Constituída de:
•Três câmaras com 3 pistões acionados por um rotor excêntrico. Responsável pela geração da alta
pressão.
•Bomba de transferência. Responsável pela transferência do combustível do tanque para a bomba de
alta pressão. Pode ser [1] uma bomba de engrenagens instalada no mesmo corpo da bomba de alta
pressão ou [2] uma bomba elétrica instalada no tanque ou fora deste. Há sistemas que possuem as
duas bombas. No caso de bomba elétrica, o circuito de acionamento possui um interruptor inercial que
interrompe o circuito de aterramento na eventualidade de uma forte desaceleração do veículo provocada
por acidente.
A seguir, a título de exemplo, valores de pressão máxima de alguns dos sistemas “common rail’ atualmente
no mercado:
- Bosch: 1250 bar (Geração 1); 1600 bar (Geração 2); 2000 bar+ (Geração 3)
- Denso: 1 450 bar (Geração 1) ; 1 800 bar+ (Geração 2)
- Delphi: 2000 bar
Válvula reguladora de volume. Regula o fluxo ou volume de combustível admitido pela bomba de alta
pressão. É controlada pela UC com sinal de ciclo de trabalho variável de 180 Hz (ciclos/segundo).
•Com a válvula desenergizada (aberta; ciclo de trabalho = 0%) verifica-se máximo volume de combustível
retornando ao tanque e mínimo volume sendo admitido pela bomba de alta pressão.
•Com a válvula energizada (fechada; ciclo de trabalho = 100%) verifica-se mínimo volume retornando
ao tanque e máximo volume sendo admitido pela bomba.
Variando o ciclo de trabalho do sinal, a UC ajusta o volume de combustível às condições de funcionamento.
Assim, como resultado da ação da válvula reguladora de volume:
•Somente a quantidade de combustível necessária à condição de funcionamento do motor é admitida no
duto comum.
® O combustível que retorna ao tanque tem uma temperatura menor que aquela no caso de passar
SPR
if
Filtro
Secundário
Sensor
de Agua
VRP
VRP válvula reguladora de pressão
=£> baixa pressão VRV válvula reguladora de volume
alta pressão
retorno [3b] E UC! STC sensor de temperatura do combustível
SPR sensor de pressão da rampa
[4c]
i L 5A/div
500uS/divl
[4d]
_
onda de corrente resultante.
No pulso de corrente da injeção principal reparar no pico D (aproximadamente, 20A) e a corrente de manutenção
E (aproximadamente, 1 2A). No pulso de tensão, o pico de corrente é obtido com tensão de 1 2V (detalhe F) e
a corrente de manutenção, comutando o sinal com ciclo de trabalho de 50% (detalhe G) o que resulta em
aproximadamente, metade da corrente. Os picos de tensão A e B (60V) têm por objetivo provocar a abertura
rápida do injetor.
Observar que o pulso correspondente à injeção piloto não tem fase de manutenção, isto, devido a que é de
curta duração.
Sisi ui
Unidade UPS
Bomba
Como fica evidente, nestes sistemas o momento de início e fim da injeção, ou
Injetor ’E
seja, o débito de combustível é controlado pela UC, independentemente da
òê posição do ressalto.
Tubo de Pressão
Uma configuração similar à UIS e que utiliza a mesma tecnologia, é a UPS. A
diferença entre estas configurações é que nesta última (fig.[6dj), a bomba
está separada do bico injetor. A conexão é através de um tubo de pressão.
A pressão de injeção nos sistemas UIS/UPS pode variar de 1600 bar até
2200 bar.
[6d]
-
Humberto José Mana velia HM Autotrônica 83
CAPíTULO 10 - Tecnologias Avançadas - Cido Diesel
SlSTEMA HEUI (HIDRO ELECTRIC UNIT INJECTOR)
O elemento principal do sistema HEUI, desenvolvido retorno
entrada de óleo entrada
pela Caterpillar, é a unidade injetora (uma para cada de óleCÿji de óleo :
cilindro) acionada hidraulicamente e controlada
eletricamente (fig.[7a]).
rji
Para seu funcionamento utiliza energia hidráulica no
lugar de energia mecânica como é o caso do injetor Câmara de ,
do sistema UIS/UPS. Baixa Pressão r
b—=-=
I I—. í
A energia hidráulica é provida por uma bomba de Válvula Pb
Solenoide §S1
alta pressão. Esta fornece óleo com pressão, entre Amplificador HR!: ’ :
50 bar e 220 bar, regulada por um regulador Hidráulicohpg-S' »
de Pressão
(incorporado à bomba) controlado eletronicamente
pela UC. Câmara de, hl
entrada de
V
INJEçãO MúLTIPLA
COMBUSTíVEL
Nesta área, a ênfase é na produção de óleo diesel com baixo teor de enxofre o que contribui para:
Melhorar o desempenho do catalisador oxidante.
Evitar a degradação dos catalisadores de NOx e filtros de particulado.
Reduzir o teor de materialparticulado nos gases de escape.
Reduzir a formação de ácido sulfúrico, principal componente da denominada “ chuva ácida".
Como exemplo, no Japão, no início dos anos '90 o teor de enxofre permitido era de 5.000 ppm (0,5%) sendo
que na atualidade é de 50 ppm (0,005%) e em alguns casos, de até 10 ppm (0,001%).
Um outro fator importante a ser salientado é a possibilidade que existe com o motor diesel, de utilizar uma
gama mais ampla de combustíveis se comparado com o motor de ciclo Otto. Um exemplo disto é o bio-diesel.
MOTOR BI-COMBUSTÍVEL
etÿnol
Este motor trabalha com óleo diesel e etanol (fig.[11]) os quais ficam óleo diesel
armazenados em tanques separados. Para o óleo diesel é utilizada a injeção
direta “common raif’-, para o etanol a injeção é indireta multiponto. O etanol é
utilizado na condição de carga parcial estabilizada. Neste caso, em todo ciclo
de compressão é injetada uma pequena quantidade de óleo diesel para
provocar a ignição da mistura.
O
[ui
C«M,mtotrônica
No que segue, o termo “carga" é utilizado para designar 0 volume de mistura (motor de ciclo Otto)
ou de ar (motor de ciclo Diesel) admitido no cilindro.
Como os gases re-circulados substituem igual porcentagem de carga, os cilindros recebem uma quantidade
menor desta última, em relação a sua capacidade volumétrica. Assim, a pressão média efetiva e a temperatura
máxima da câmara de combustão também diminuem. Como resultado, 0 motor desenvolve uma potência
menor.
De uma outra forma, a re-circulação diminui a densidade de potência expressada em termos de potência
desenvolvida por litro de cilindrada. A re-circulação de gases de escape dilui a carga admitida reduzindo a
porcentagem de O2 disponível para a combustão. Como resultado, diminui a potência desenvolvida pelo
motor.
Em resumo, a ação EGR propicia a diminuição da temperatura máxima na câmara e como consequência, a
diminuição do nível de NOx.
CGR ÍXTíRNO
A configuração básica do sistema EGR externo aplicado tanto no motor Válvula
de ciclo Otto como no de ciclo Diesel, é a da figura [2], O que tem EGR
mudado, conforme os avanços tecnológicos ao longo dos últimos 30
anos, foi o tipo de válvula EGR e o método de controle da mesma.
A quantidade de gases re-circulados em cada regime de funcionamento T
é controlada pela EGR, o principal componente do sistema, instalada jc,
na tubulação existente entre o coletor de escape e o coletor de
admissão. O acionamento da EGR pode ser: PE
Pneumático. Acionamento por vácuo. Utilizada, princípalmente, em PA
ciclo Otto.
Eletromecânico. Acionamento elétrico através de solenoide (EGR
linear), motor de passo ou motor de contínua (EGR motorizada).
Uma condição fundamental para o funcionamento do sistema é que a
pressão no escape (Pe) deverá ser sempre superior à pressão no fluxo de gases recirculados
coletor de admissão (Pa), isto, para que exista fluxo de recirculação. <=£> fluxo de ar admitido_ [2]
Ou seja: Pe > Pa.
Para uma descrição detalhada dos diversos sistemas EGR, sua evolução e procedimentos de
'Úo diagnóstico, podem ser consultados, entre outros, os livros “Controle Integrado do Motor" e
“Diagnóstico Automotivo Avançado” do mesmo autor.
CGR INTCRNO
Como mencionado, a diluição da mistura (efeito EGR) só pode acontecer em condições bem específicas de
carga parcial estabilizada. Assim, com base nesta premissa, a retenção de uma parte dos gases produzidos
na combustão só é possível em motores com pelo menos, o comando de exaustão variável. No caso contrário,
ou seja, com comando fixo, o efeito EGR afetaria todos os regimes de funcionamento do motor.
88 -
Humberto José Manavella HM Âutotrônica
CAPíTULO II - Emissões de NOx - EGR
Para exemplificar o processo, as figuras mostram o diagrama de calagem de válvulas de um motor com
comando de exaustão variável, para duas condições de funcionamento.
A figura [3] apresenta uma configuração típica de
| QVálvula de Admissão Abre] PMS IO Válvula de Escape Fechai
10 41410 marcha lenta. Reparar no cruzamento das válvulas
O de 8o em torno do PMS, onde a válvula de admissão
abre em 4o APMS e a de escape fecha em 4o DPMS.
7I IO Válvula de Admissão Abre] PMS OVálvula de Escape Fechai
Ambas as! ; ..«10 4|4io
f Válvulas !! 26
Abertas 9 Admissão
Compressão]
I
©
'\obiS Câmara
Compressão 1 Admissão
,t)
\ Exaustão
Expansão,
© ©
IQVálvula de Admissão Fechai PMI jQVálvula de Escape Ábrê]
[3]
Afigura [4] apresenta a configuração para o caso em
que o comando de exaustão é adiantado 30° com 30
&
relação à situação de marcha lenta. Nesta condição, PMI IO Válvula de Escape Abre |
a válvula de escape fecha em 26° APMS e a de iQVálvula de Admissão Fechai [4]
admissão continua a abrir em 4o APMS.
Não há, portanto, cruzamento de válvulas. Pelo contrário, durante 22° de giro do virabrequim ambas as válvulas
permanecem fechadas. Como resultado, uma parte dos gases de escape é retida dentro da câmara gerando
o efeito EGR. Nesta situação e em função do pequeno deslocamento do pistão, com velocidade praticamente
nula, os gases retidos não sofrem compressão apreciável.
Como resultado, a quantidade de gases retidos depende do ângulo de avanço do comando de exaustão.
Assim, controlando este ângulo, a UC consegue ajustar a porcentagem de EGR aplicada.
Esta conclusão resulta da análise da figura [5] que mostra
a relação entre o deslocamento linear do pistão e o ângulo
m de giro do virabrequim para duas situações.
A mesma ilustra o deslocamento resultante quando o
virabrequim gira um ângulo de 26°.
Na figura [5a1] o pistão está 26° APMS;
(O: m na [5a2] o virabrequim girou um ângulo
de 26° (dos quais 22° com ambas as
válvulas fechadas) e o pistão está no
I PMS. O esquema [5c] indica que o
pistão se deslocou uma distância d1
PMS com velocidade praticamente nula.
dt
A figura [5b], ilustra a condição com o
m pistão em torno da metade do ciclo de
[5a] exaustão com máxima velocidade de
62
deslocamento, expulsando os gases
P resultantes da combustão. Em [5b3]
está a 103° APMS e em [5b4] a 77°
APMS totalizando, como no caso
PMI [5c] anterior, um ângulo de 26°.
(§)
(®) O esquema [5c] ajuda a salientar que
o deslocamento do pistão, para um
mesmo ângulo de rotação do vira¬
% yf4
brequim, depende da sua posição:
® Quando se desloca em torno da
metade do ciclo, a sua velocidade é
máxima e percorre uma distância d2.
[5b]
•Quando próximo do PMS, sua
velocidade é praticamente nula e
percorre uma distância d1.
-
EGR EXTERNO CICLO OTTO |
Nesta configuração, uma parte dos gases de escape é re-circulada para o coletor de admissão integrando-se
à mistura e diluindo-a. Com isto, verifica-se uma diminuição da potência do motor. Como resultado, a temperatura
e pressão máximas na câmara de combustão, também diminuem.
No motor ciclo Otto, a recirculação só deve acontecer com o motor quente e no regime de carga parcial.
Não há recirculação de gases na marcha lenta e durante o período de aquecimento; nesses casos
verificam-se baixos níveis de formação de NOx, e a recirculação provocaria uma marcha lenta
irregular.
Não há recirculação de gases em regime de plena carga (borboleta totalmente aberta), já que isso
provocaria perda de potência.
A figura [6a] mostra a configuração típica para uni motor Fluxo EGR limitado
Válvula pela válvula
de ciclo Otto. Nela estão especificados valores de pressão EGR
nos coletores de admissão (Pa) e de escape (Pe) para o Pressão
atmosférica
regime de carga parcial estabilizada. (15 psi)
É esse diferencial de pressão que favorece a recirculação.
No caso da figura, o diferencial é de 6 a 8 psi. 4".
4-W
Reparar que a pressão no escape é a atmosférica mais a
contrapressão dos gases de escape, a que, em regime PE
de carga parcial, pode oscilar entre 1 e 3 psi. Pressão PA
no escape Pressão absoluta em
(16 a 18 psi) carga parcial (10 psi)
[6a]
r~<L o_
Uma característica relevante dos sistemas EGR
L atualmente em uso, é que o fluxo de gases re-circulados
D pode ser descarregado: 1) numa única porta, no coletor
de admissão (fig.[6a]), ou 2) distribuído em quantidades
Válvula iguais no duto de admissão individual de cada cilindro,
EGR como mostra a figura [6b].
Duto de
© distribuição
-
EGR EXTERNO CICLO DIESEL
O apresentado com relação ao motor de ciclo Otto pode ser aplicado aos motores diesel, mas, com algumas
considerações adicionais resultantes de características próprias destes motores.
Por não dispor de válvula de aceleração (borboleta), nos motores diesel, a re-circulação não contribui para
reduzir perdas de bombeamento como acontece nos motores de ciclo Otto.
No entanto, altas taxas de re-circulação (de 30% ou 40%) de gases de escape contendo basicamente,
C02 e vapor de água, contribuem para diminuir a temperatura máxima de combustão. Com isto, se reduz
a formação de NOx e aumenta o rendimento térmico, já que diminui o diferencial entre a temperatura de
combustão e a temperatura das paredes do cilindro. Como resultado, diminui a quantidade de energia
calórica transferida ao líquido arrefecedor, que é energia desperdiçada.
VáLVULA
EGR
1. Provocar o aumento do vácuo (diminuição da pressão absoluta)
de coletor de admissão colocando uma borboleta reguladora
denominada, geralmente, borboleta de admissão. (fig.[7a])
BORBOLETA
VáLVULA
EGR
PE Wt\ BORBOLETA
DE ADMISSãO
DE ESCAPE
[7a]
D VáLVULA
u-r-j [7b] EGR
Li. BORBOLETA
DE ADMISSãO
Nos motores equipados com turbo, este pode criar uma sobre-
pressão que, associada à ação da borboleta de admissão, faz *•
Pe maior que Pa. (fig.[8a]).
Pej£ 1
Pa
VáLVULA
Venturi i ?
TJ
o
EGR
Lt U-
Pa
(
Intercooler
Pe Pa ;i
O A Sensor de <
Pressão fluxo de gases de escape
Õ fluxo de ar admitido
Turbina Compressor
[8a]
Um outro recurso é substituir a borboleta de admissão por
00
Intercooler um dispositivo venturi (fig.[8b]). Desta forma, o fluxo de ar,
I ao passar pelo venturi é acelerado e a sua pressão Pv resulta
í-f fluxo de gases de escape menor que Pa. Como resultado, o diferencial que provoca a
O fluxo de ar admitido re-circulação é Pe - Pv. A informação do sensor de pressão
diferencial é utilizada para estimar o fluxo de gases re-
Turbina Compressor [8b] circulados e controlar a válvula EGR.
Com aplicação da recirculação de gases de escape em motores diesel, verifica-se uma redução significativa
da formação de NOx; no entanto, simultaneamente aumenta a emissão de particulado.
-ÇHMAutotrônica
Humberto José Manavelia - HM Autotrônica 93
Indução Forçado
•Sistemas de Compressor Únieo
_
—
GERENCIAMENTO DA ADMISSãO DE AR
12
O mecanismo de sobre-alimentação ou indução forçada desempenha já, um papel importantíssimo no relativo
à diminuição de emissões e consumo. Como já mencionado, são estes, os fatores que balizaram o
desenvolvimento tecnológico na indústria automobilística nos últimos 20 ou mais anos.
A implantação destes sistemas - que é quase total em veículos diesel, tanto pesados e comerciais leves como
em carros de passeio - está se acelerando significativamente, em veículos com motores ciclo Otto, abrangendo
todas as faixas de cilindrada.
Nesse sentido, cabe mencionar que os principais fabricantes de sistemas de sobre-alimentação oferecem turbo-
compressores com turbinas de 30 a 38 mm de diâmetro, especialmente projetadas para aplicação em motores
de baixa cilindrada que poderão fornecer até 1 00 ou 120 HP.
A concretização desta tecnologia é complementada com técnicas de produção robotizada, o que redunda em
qualidade e custo reduzido.
n
(forçado) previamente. O resultado é a admissão de uma quantidade maior
de ar e com isto, uma quantidade maior de oxigénio disponível para a
combustão.
Assim, o cilindro é preenchido com ar mais denso que admite
proporcionalmente, uma quantidade maior de combustível o que resulta no
desenvolvimento de uma potência maior. Ou seja, verifica-se um aumento do Compressor
rendimento volumétrico decorrente da “sobre-alimentação” do motor. \IHI
Com base neste conceito, os motores “ aspirados” são aqueles que não
possuem mecanismo de indução forçada. /
QçYUQ
No caso do motor diesel, ainda, a utilização de indução forçada contribui para
a redução da emissão de particulado; isto, em função da compressão prévia
do ar com o que aumenta o oxigénio admitido na câmara e que resulta numa [1a]
combustão mais completa com o conseguinte aumento de eficiência. No
entanto, o aumento da pressão de combustão resulta também, no aumento
da emissão de NOx. CPTi!
Basicamente, os sistemas de indução forçada incluem um compressor na
4 jyÿjj5
linha de admissão de ar e as tecnologias atualmente utilizadas se diferenciam,
em princípio, no método de acionamento do mesmo. Os dois tipos atualmente
tf
utilizados são:
Ps o'
Supercompressor (“supercharger ou “blower = “soprador”). Neste
caso, o compressor é acionado pelo virabrequim. (fig.[1aj) Pe
*Turbocompressor. O eixo do compressor está ligado a uma turbina
-
QJ
Zji iâ
A
// V\
<= ,t,
/ M <F=> <5=
cr [2a]
0,
,
/ it
[2b]
e
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 95
CAPíTULO 12 - Indução Forçada
Turbina TURBINA DE FLUXO RADIAL
A mais difundida atualmente, é a turbina de fluxo radial (fig.[3]). -Fluxo Radial
Consiste de um prato ou roda com pás, e uma carcaça com Pás
Fluxo Axial
formato de espiral ou voluta com os quais, a energia cinética
(energia de movimento produzida pela velocidade dos gases) (u\
contida nos gases de escape é convertida em energia
mecânica que impulsiona o compressor centrífugo montado
sobre o mesmo eixo.
PM)
y sS-J
Ou seja, a função da turbina é extrair energia do fluxo de
exaustão através da diminuição da sua velocidade e Carcaça
temperatura nas pás. [3]
Na carcaça, a pressão na entrada é convertida em energia cinética e os gases de escape na periferia
da espiral são direcionados à roda da turbina onde se processa a conversão da energia cinética em
torque que movimenta o eixo.
O desempenho da turbina aumenta com o aumento do diferencial de pressão entre a entrada e a saída,
ou seja, quanto maior é a quantidade de gases represados na entrada como resultado de uma rotação
maior do motor ou um aumento da temperatura dos gases. Lembrar que para um mesmo fluxo de
gases, o aumento de temperatura é acompanhado por um aumento da pressão.
A turbina utilizada em praticamente, todas as aplicações automotivas, é do tipo radial. Como mostra a
figura [3], o fluxo de entrada dos gases é centrípeto, ou seja, em direção ao centro do prato, e a saída
é axial (paralela ao eixo). O fluxo dos gases sofre uma variação de 90 graus. No entanto, há no mercado,
aplicações que utilizam turbinas de fluxo axial, nas quais o fluxo não sofre modificação de sentido, ou
seja, é paralelo ao eixo.
Vantagens da Turbo-alimentação
Se comparado com um motor aspirado da mesma potência, o turbo apresenta:
Um consumo menor devido a que uma parte da energia que seria desperdiçada contribui para o
aumento da eficiência. Por outro lado, por ser de cilindrada menor apresenta menores perdas térmicas
e por fricção.
Uma melhor relação peso/potência. Motor mais leve. Com isto, se verifica uma melhora significativa
na potência específica, principalmente, nos de ciclo diesel.
> Em função da ignição da mistura acontecer no final do ciclo de compressão, o motor de ciclo Diesel
não apresenta problemas de detonação; isto permite uma pressão de sobrealimentação maior se
comparado com o de ciclo Otto.
Melhor desempenho na altitude. Em função da menor pressão do ar, a perdade potência de um motor
aspirado é considerável. Pelo contrário, a turbina do turbo melhora o seu desempenho com a altitude
como resultado do maior diferencial de pressão entre aquela de entrada (coletor de escape), que
praticamente, independe da altitude, e a de saída que é a ambiente, que diminui com a altitude. Por
outro lado, o compressor, ainda que admitindo ar a menor pressão, consegue fornecer a sobre-pressão
necessária, pelo que não se verifica perda apreciável de potência.
Turbo-alimentação em Motores Ciclo Otto
A turbo-alimentação está se tornando de suma importância devido a que contribui de forma significativa para
resolver a condição de diminuição de cilindrada (para diminuir o consumo e emissões) sem perda de desempenho.
Verifica-se que a turbo-alimentação associada à injeção direta de combustível é a estratégia mais efetiva para
aumentar a eficiência do motor ciclo Otto o que redunda numa diminuição de até 20% no consumo; isto, se
comparado com um motor aspirado de potência similar.
Assim, como mencionado no início, a entrada no mercado de turbos de reduzidas dimensões contribui para a
popularização da turbo-alimentação em motores ciclo Otto.
Como exemplo de aplicação destes turbos, em motores de até 130 HP, a turbina pode atingir velocidades em
torno de 240.000 rpm (4.000 rps) e temperatura de escape próxima de 1050 °C.
Retardo de Atuação
É também conhecido pela denominação em inglês: “ turbo-laçf ’. Duas causas podem ser associadas a este fator:
Inércia do conjunto turbina/compressor: Determinada pelo tamanho dos elementos rotativos: rodas da
turbina e do compressor.
> No motor de ciclo Otto, a alta pressão de sobre-alimentação na faixa de rotação mais elevada acarreta o
risco de detonação. Uma solução é a diminuição da taxa de compressão, o que resulta na perda acentuada
de desempenho na baixa rotação, enquanto o turbo não entra em ação.
Como será visto adiante, existem mecanismos para contornar estas limitações.
'MOTA, As informações básicas, utilizadas pela UC para o controle do sistema de admissão de ar, são:
temperatura do motor, temperatura do ar, operação do sistema EGR, RPM e carga do motor.
m VáLVULA UJRSTCGATC
Esta válvula é o dispositivo de controle típico utilizado nos sistemas com turbo-compressor. Regula a pressão de
sobre-alimentação do turbo, permitindo que parte dos gases de escape que impulsionam a turbina, seja desviada
diretamente para a tubulação de saída. É uma medida efetiva para controlar a velocidade do turbo-compressor
e a pressão de sobre-alimentação.
Assim, em situações de excesso de pressão, a abertura da válvula reduz o fluxo de gases de escape que passa
pela turbina limitando, desta forma, a rotação do conjunto turbina-compressor.
De Controle Mecânico
O turbo compressor é projetado para desempenho adequado em baixa rotação com válvula de alívio fechada.
Com isto se assegura uma boa resposta sem hesitação. Nos sistemas convencionais, com controle do tipo
pneumático não-eletrônico, assim que a rotação aumenta, a válvula começa a abrir quando atingida a pressão
de sobre-alimentação pré-calibrada. Isto tem o efeito de diminuir a capacidade de absorção de fluxo da turbina,
reduzindo a potência no eixo e limitando a rotação máxima do rotor.
As figuras 5a e 5b mostram a configuração típica utilizada nos sistemas mecânicos onde o atuador é acionado
diretamente, pela pressão de sobre-alimentação gerada pelo compressor.
Por exemplo, o processo de regulagem da sobre-pressão durante o funcionamento pode ser o seguinte:
Pressão de
Sobre-alimentação
I m
—
¥
Btl
Pressão de
Sobre-alimentação
<s ti
Eletro-válvula \\ÿ> Válvula
de 3 Vias y Atuador >*) de Alívio
X Pneumático
Pressão de Pressão de Pressão de Pressão de
Atmosférica Atmosférica Atmosférica Atmosférica
[6a] [6b]
Com a eletro-válvula de 3 vias desativada (fig.[6a]) o atuador pneumático fica com pressão atmosférica a
ambos os lados do diafragma. A força da mola, portanto, retrai a haste o que provoca o fechamento da
válvula de alívio.
Com a eletro-válvula de 3 vias energizada, o atuador fica conectado à saída do compressor, com pressão
de sobre-alimentação suficiente para vencer a força exercida pela mola; assim, estende a haste abrindo a
válvula de alívio.
Utilizando um sinal de ciclo de trabalho variável (fig.[6b]) a UC controla a abertura da válvula de forma contínua
e independente da pressão de sobre-alimentação. Com isto, por exemplo, a UC consegue gerar uma sobre-
pressão maior na faixa média de rotação (2000 a 3000 rpm) sem exceder o limite máximo recomendado.
Além da utilização mencionada como elemento de limitação da pressão de sobre-alimentação, a válvula de alívio
é utilizada, em motores ciclo Otto, para o controle preciso da massa de ar admitida. Também, como será visto
adiante, nos sistemas sequenciais esta válvula tem a função de distribuir a pressão de sobre-alimentação entre
as turbinas. Nos sistemas de geometria variável, é a própria turbina que cumpre a função da válvula wastegate.
forçada (fig. [7], A diminuição da temperatura resulta no aumento da densidade do ar o que melhora a eficiência
de combustão.
Uma desvantagem das altas pressões de sobre-alimentação em motores de combustão interna é que a
compressão do ar admitido nos cilindros aumenta a sua temperatura.
No caso do motor de ciclo Otto este é um fator negativo já que estes toleram um aumento limitado de
temperatura do ar, antes da ocorrência de detonação.
> Por outro lado, o aumento da temperatura do ar admitido provoca também, uma degradação da eficiência
volumétrica em ambos os tipos de motores: Otto e Diesel.
Neste sentido, o efeito do aumento de temperatura pela compressão do ar pode ser compensado precisamente,
pela inclusão do pós-resfriador no circuito de admissão.
Geralmente, é um trocador ou permutadorde calor ar-ar. Ou seja, o ar de admissão aquecido pelo compressor
é arrefecido pela passagem de ar impulsionado por uma ventoinha exclusiva ou por aquela de arrefecimento do
motor sendo que, nesse caso e para cumprir a sua função, o pós-resfriador deve ser instalado na frente ou ao
lado do radiador.
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 99
CAPITULO 12 - Indução Forçada
A solução para esta limitação e o turbo-compressor de geometria variável que tem a capacidade de comprimir
o ar com eficácia tanto em baixa como em alta rotação.
Este se diferencia do turbo convencional pela utilização de uma turbina com prato ou coroa, no qual estão
montadas aletas moveis as que podem ser orientadas, em conjunto, num ângulo determinado, mediante um
mecanismo de vareta e alavanca acionado por uma cápsula pneumática, como mostra a figura [8].
Este atuador pneumático é comandado pela UC através de uma eletro-válvula de 3 vias, de forma similar àquela
utilizada no controle da válvula “wastegate”, como explicado anteriormente.
Para conseguir a máxima compressão do ar em baixa rotação do motor, as aletas são giradas de forma que a
seção entre elas diminua; com isto, aumenta a velocidade dos gases de escape que, desta forma, incidem com
mais força sobre as pás da turbina (menor seção = maior velocidade dos gases).
Quando o motor aumenta de rotação, aumenta como consequência, o fluxo de gases de escape o que provoca
o aumento da pressão de sobre-alimentação no coletor de admissão. Como resultado, a UC comanda a eletro-
válvula de 3 vias de forma a provocar o deslocamento do diafragma do atuador pneumático o qual, através da
haste, movimenta o prato para que aletas adotem uma posição de abertura tal, que faça diminuir a velocidade
dos gases de escape que incidem sobre a turbina (maior secção = menor velocidade).
As figuras ilustram as situações acima descritas. ir.
Cápsula Pneumática
Na figura [8a] as aletas adotam uma posição fechada com Prato ou Coroa /Q"
?
espaço mínimo (A) para a passagem dos gases de escape.
Esta posição corresponde a motor em baixa rotação quando
a velocidade dos gases de escape é mínima. Desta forma,
ao passar pelo estreito espaço que fica entre as aletas, os
gases aumentam a sua velocidade com o que incidem com à Eletroválvula
m-
mais força sobre a turbina.
Também, as aletas adotam esta posição quando o motor é
solicitado partindo de uma rotação relativamente baixa, com
I Turbina
de 3 Vias
SgSfe à Eletroválvula
de 3 Vias Esta configuração das aletas cumpre a função realizada pela
válvula de alívio (wastegate) nos turbos convencionais. Ou
seja, limita a velocidade da turbina quando o motor gira em
alta rotação e a pressão de sobre-alimentação é muito alta no
[8b] coletor de admissão.
Uma posição intermediária das aletas corresponde ao funcionamento do motor em regime médio de rotação e
carga. Neste caso, o turbo de geometria variável se comporta como um do tipo convencional. As aletas nesta
posição intermédia não interferem na passagem dos gases de escape, os quais incidem sobre a turbina sem
variar a velocidade que possuem no coletor de escape.
Ainda que as configurações de sobre-alimentação com turbo de geometria variável (VGT) possam
dispensar o uso da válvula de alívio (wastegate), há casos em que esta está presente.
Um exemplo disto é o motor diesel Ford Powerstroke V8-6. 7L com turbo VGT de duplo compressor.
Neste, a válvula de alívio é acionada nas situações em que o VGT não consegue reagir com a rapidez
suficiente às mudanças de carga, para reduzir a pressão de sobre-alimentação. Nestes casos, ao
abrir a válvula diminui a pressão exercida pelos gases de escape sobre a turbina o que resulta na
redução da sua rotação.
Autotrônica
• Operação
A figura 2 mostra a configuração de um sistema sequencial básico.
Turbina
de Baixa
É constituído por dois turbo-compressores: Uma unidade de alta
pressão (maior relação de pressão) e pequeno volume e outra
tTSSV
Pressão_ J
Y_
j
Pressão
* >Funcionamento
Operação em baixa rotação (700 a 3.500 rpm) (fig.[4aj)
Nesta condição as válvulas EGCV e IACV permanecem fechadas; como resultado, o turbo #2 está inativo.
Através da válvula de alívio WGV a UC controla a pressão de sobre-alimentação do turbo #1. A operação
nesta faixa de rotação se processa da mesma forma que em um sistema convencional, não-sequencial.
EBV
Escape
WGVll
Turbo #1
Cf
v
WGV Válvula de alivio
EBV Válvula de desvio do escape
IACV Válvula de controle do ar admitido
EGCV Válvula de controle dos gases de escape [4a]
00*5
Válvula
Unidirecional
de Palheta
InterCooler
€ Turbo #2
b
ft
_<ÿ=Admissão
IACV
Borboleta
r<
de
Aceleração O EGCV
O
o EBV
a Escape
a WGV
o Turbo #1
Cf
WGV Válvula de alivio
EBV Válvula de desvio do escape
IACV Válvula de controle do ar admitido
EGCV Válvula de controle dos gases de escape [4b]
IACV
Borboleta
de
Aceleraçãi O EGCV
O
d 7* EBV
Escape
O WGVjl
O
o Turbo #1
Cf
WGV Válvula de alívio
EBV Válvula de desvio do escape
-
IACV Válvula de controle do ar admitido
EGCV Válvula de controle dos gases de escape [4c]
TWINTURBO - GM/OPíI
Este sistema, denominado de “TwuinTurbo” pela GM, foi aplicado inicialmente, a um motor 1 .9 diesel que equipava
veículos de passeio. Consta de dois turbo-compressores de geometria variável, trabalhando em série. Em função
disto, esta configuração não possui válvula “wastegate”. O controle da relação de pressão de ambos os turbos é
feito regulando a abertura da válvula de escape, a qual desvia o fluxo de gases do turbo de alta pressão, de
menor tamanho. Por sua vez, o controle da pressão de sobre-alimentação de cada turbo é feito regulando a
geometria das turbinas.
A pressão média efetiva de um motor é o valor da pressão média que atua sobre o pistão durante o
processo de combustão. Quanto maior é este valor, maior é a potência desenvolvida.
TWIN TURBO - GM
•EmOPERAçãO S'
Válvula de
Escape Pós-resfriador
Válvula dá
Bloqueio! Cf 1
i : Cf .TAP Admissão Escape
[6a]
Em rotações médias (fig.[6b]), entre 1800 e 3000 rpm, a válvula de
escape abre progressivamente. Com isto, o turbo maior (TBP) entra
Pós-resfriadore
em operação e ambos funcionam simultaneamente. O turbo maior
TBP pré-comprime o ar que é resfriado pelo primeiro pós-resfriador para
Admissãoi im» Escape na sequência, receber a compressão final no turbo menor.
A válvula de bloqueio permanece fechada já que a sobre-pressão
[6b] gerada pelo turbo maior é inferior àquela do turbo menor.
TWIN TURBO GM -
Pós-resfriador Em rotações superiores a 3000 rpm (fig .[6c]) só o turbo maior (TBP)
Cf Á funciona, já que sobre-pressão gerada por este, supera o valor de
•***ÿ***> i calibração da válvula de bloqueio e a abre. Desta forma, é anulada
a ação do turbo de alta pressão. Nesta fase, a válvula de escape
está totalmente aberta fazendo com que todo o fluxo de gases circule
f Válvula de pelo turbo maior.
Válvula de Escape
Bloqueio) e?
m TAP
n
Pós-resfriador
TBP
Admissão Escape
[6c]
r Pós-resfriador
I
ií
ÇL
VDCAP
yt
Admissão
*
X
*5
mr i
t>° 5n'2 *
S3ri.
[7a] VRAP VRBP W
I
Escape
Para rotações entre 1 500 e 3200 rpm (fig.[7b]) a válvula reguladora da etapa de alta pressão (VRAP), abre
parcialmente, desviando parte do fluxo de escape com o que diminui a ação do turbo menor e aumenta a
contribuição do de baixa pressão.
TWIN TURBO BMW-
f
VDCAP Admissão
Pós-resfriador
51
m
mi
6,0ÿ5
m
«
1
[7b]
4
VRAP
awlM
VRBP
I
'4-
Escape
Entre 3200 e 4200 rpm (fig.[7cj) a válvula reguladora (VRAP) e a de desvio do compressor da etapa de
alta pressão (VDCAP), abrem totalmente. Assim, o turbo de alta pressão funciona em vazio e a pressão
de sobre-alimentação é gerada pelo turbo maior de baixa pressão.
A presença da válvula VDCAP permite derivar parte do fluxo de ar admitido nas altas rotações. Com isto,
o tamanho do turbo de alta pressão pôde ser diminuído ainda mais.
TWIN TURBO BMW-
r Pós-resfriador Ar
VDCAP Admissão
4
fS
r*l
ss
t
pi
5.'i m
[7c] VRAP VRBP
i
'4
Escape
Si
>o t
[7d]
VRAP VRBP 3Escape
Cabe salientar que o controle da geometria dos turbos nesta aplicação do sistema R2S, complementa
a função das válvulas reguladoras e de desvio.
—I
m 210 <
*
o fabricante, sem aumento expressivo de s\ \
consumo. Reparar no aumento, tanto do
torque como da potência.
UJ
340
310
/
/
15»
150
I
|
° 280 120
250
/
—
—
Motor 3.0 c/R2S
Motor 3.0 c/turbo único ! 90
220 60
1000 2000 3000 4000 5000
ROTAçãO [RPM]
[8]
Lembrar que o fator de conversão de torque é: 1 libra.pé = 0, 14 kgf.m. Ou seja, os valores máximos de
torque para ambos os motores, são: 430 libra.pé = 60 kgf.m
380 libra.pé = 52 kgf.m
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 109
CAPíTULO 13 - Indução Forçada - Sistemas Sequenciais
TURBOCOMPOUND OU TURBO COMPOSTO
Este sistema é utilizado principalmente, em motores diesel de veículos pesados. É uma tecnologia que envolve
o uso de uma segunda turbina instalada após o turbo-compressor. O seu eixo fornece potência adicional ao
virabrequim, através um trem redutor de engrenagens. Como resultado, há um incremento da eficiência térmica,
ou seja, uma maximização da recuperação de energia liberada no processo de combustão.
A temperatura dos gases de escape, na saída do turbo-compressor está na faixa de 500°C a 600°C o que num
motor diesel de serviço pesado representa um potencial significativo de recuperação de energia.
Ao passar pela turbina, a sua pressão e temperatura diminuem em função da energia extraída e devido a perdas.
Por outro lado, a potência retirada dos gases de escape resulta em teoria, aproximadamente, o dobro da
correspondente a um motor turbo-alimentado convencional.
Como consequência, a pressão no coletor de escape deve ser maior o que aumenta o trabalho do pistão no ciclo
de exaustão. Assim, o incremento real de potência resulta inferior ao mencionado acima, em torno de 10% da
potência máxima do motor.
O aumento de eficiência (economia de combustível) está em torno de 3 a 5% e isto em condições de alta carga.
O impacto em cargas baixas é mínimo ou negativo, ou seja, há perda de potência.
O aumento da contrapressão no coletor de escape tem como efeito secundário, que parte dos gases ficam
retidos na câmara de combustão no fim do ciclo de exaustão o que resulta numa forma de EGR interno e
contribui para a diminuição das emissões de NOx.
à Embreagem 4ÿ"@
MM
Trem Redutor
> J
\ EEfflHi
Escape $ Trem Redutor
Acoplamento
Turbina Hidráulico
|<=» Admissão
de Potência
/
[9] 9
Turbo/Compressor
# Funcionamento
A figura 9 mostra uma configuração típica onde os gases entram na turbina do turbo-compressor a 650°C e saem
a 550°C. Esta diminuição da temperatura é uma medida da energia calórica transformada em energia mecânica
no compressor e que é utilizada para comprimir o ar admitido.
A seguir, o processo de transformação da energia dos gases prossegue na turbina de potência onde a energia
mecânica resultante é utilizada para se juntar à produzida pelo motor.
Para isso, primeiramente, a rotação do eixo da turbina, que pode estar entre 50.000 e 60.000 rpm, deve ser
reduzida para a faixa entre 1.800 e 2.000 rpm o que resulta no aumento do torque. Isto é feito através de dois
trens redutores.
Por sua vez, o acoplamento hidráulico é necessário para evitar que as vibrações de torção do virabrequim
danifiquem a turbina.
Reparar que no exemplo apresentado, que reflete um caso típico, a diminuição de temperatura na turbina de
potência é da mesma ordem que naquela do turbo-compressor indicando que as energias extraídas dos gases,
em ambos os casos, são de valores similares.
*Autotrônica
Elemento Catalisador
Por definição, catalisador é toda substância que propicia a reação química de outras substâncias
sem mesmo participar da mesma. Ou seja, sem participar da reação, fazem que esta se produza
muito mais rapidamente do que se realizaria sem a sua presença. Por exemplo, metais nobres como
a platina ou o ródio aceleram a transformação de CO (instável quimicamente) em CO2 quando em
presença de 02. Como será analisado a seguir, este é o caso do conversor catalítico, onde a reação
leva alguns milissegundos. Fora do conversor, no ambiente, a reação também se processaria, mas,
num tempo bem maior. Os principais agentes catalíticos utilizados nos catalisadores são:
Platina e paládio. Metais catalisadores oxidantes de HC e CO.
Ródio. Metal catalisador redutor de NOx.
Cério. Promove o armazenamento de oxigénio e melhora a eficiência de oxidação.
O processo de oxidação consiste na associação de um elemento químico com o oxigénio.
& Assim, 0 HC e 0 CO presentes nos gases, são oxidados formando CO2 e H2O.
O processo de redução consiste na decomposição de um gás em seus componentes
básicos. Assim, 0 NOx presente num catalisador “redutor” é separado em N2 e O2.
No que segue, serão abordados 0 Catalisador de 3 Vias e 0 Catalisador Oxidante. Este último, utilizado
atualmente, só no motor diesel.
Antes de prosseguir é importante lembrar que a combustão da mistura acontece duas vezes antes dos gases
atingirem a saída do escapamento:
Combustão primária. Se processa na câmara de combustão e determina a composição dos
gases de escape a que, por sua vez, afeta a eficiência do catalisador.
Combustão secundária: Se processa no catalisador oxidante e no de 3 vias.
No próximo capítulo serão analisados os catalisadores utilizados no pós-tratamento dos gases de escape do
motor ciclo Diesel e do motor ciclo Otto com combustão de mistura pobre.
°t
1
— í substrato metálico
50 100 150 200 250 300
FLUXO DE GASES [M3/H]
fibras cerâmicas.
[2]
CATALISADOR OXIDANTE
É o primeiro tipo de catalisador, desenvolvido e aplicado em Catalisador Oxidante
meados da década de 70.
É de corpo único, e sua função é provocar a combustão dos
HC
CO
hidrocarbonetos HC não queimados e a oxidação do Vi
monóxido de carbono CO (reações a) e b) da fig.[3b]),
transformando-os em dióxido de carbono C02 e água H20.
Não mais utilizado em motores de ciclo Otto pelo que
atualmente, só é aplicado no pós-tratamento diesel. [3a] w
Os agentes catalíticos utilizados são os metais nobres platina e
paládio, sendo que, para que ocorra a oxidação, é necessário que CATALISADOR OXIDANTE
exista excesso de ar dentro do catalisador. São, portanto,
monóxido de dióxido de
adequados para o pós-tratamento em motores diesel que funcionam carbono_ oxigénio| carbono
normalmente, com mistura pobre, fator este que impede a utilização 1/
do catalisador de 3 vias. a) CO + 02 -r* C
[rêagêml
Na aplicação diesel, além de converter o CO e HC, contribui para
diminuir parte da massa de particulado (até 30%), isto, através \hidrocarbonetos\\oxigênmdicarbonoe\\água\ o
da oxidação dos hidrocarbonetos adsorvidos nas partículas de
carbono presentes no material particulado.
[reagem] x
Um efeito secundário no catalisador oxidante, na presença de o
excesso de oxigénio (funcionamento na condição de mistura pobre), monoxido de _ dióxido de
é o representado pela reação c) da figura [3b], em que o monóxido nitrogénio I oxiaêniol nitrogénio
de nitrogénio NO é oxidado formando dióxido de nitrogénio NO2.
Este comportamento, como será analisado no capítulo 16 “Filtro
de Particulado", é relevante no mecanismo de regeneração do filtro [reãger
de particulado em motores diesel.
[3b]
--
nos gases de escape. Por sua vez, 0 processo de redução resulta Fator Lambda (X)
mais eficiente quando é mínimo 0 conteúdo de oxigénio. - Nível de emissões pós-catalisador
Nível de emissões pré-catalisador
Portanto, como se observa na figura, 0 processo do catalisador é
uma solução de compromisso: [5a]
> Para mistura admitida pobre, há uma sensível diminuição do CO e HC (efeito oxidante).
Para mistura admitida rica, há máxima diminuição de NOx (efeito redutor).
--
para Lambda = 1 (concentrações C e D). Fazendo os cálculos, para 09 095 1.0 1.05 1.1
Lambda = 0,94 (aplicando a fórmula [2]), a eficiência está em torno Fator Lambda (A.)
de 35% sendo que para Lambda = 1 (aplicando a fórmula [3]) gira em
torno de 90%.
- Nivel de C0 pós-catalisador
Nível de C0 pré-catalisador
[5b]
%°
%CO(A°~ÿ(B) ... . -
%CO(C) %CO(D)
=-0/ÿ0(C)
(2) Eficiência (X= 0,94) = (3) Eficiência (X= 1)
*
Portanto, a verificação da eficiência com o motor funcionando na condição de Lambda = 0,94, levaria a considerar
defeituoso um catalisador que de uma outra forma, pode estar em boas condições.
Dai a importância de verificar o Lambda da mistura antes de realizar a medição. O Lambda calculado deverá
estar entre 0,98 e 1,02 (janela de máxima eficiência de conversão).
[6a]
Eficiência < 65%
__ -
CATALISADOR DE 3 VIAS VERIFICAçõES
Os testes a seguir são alguns dos que podem ser aplicados no diagnóstico do catalisador de 3 vias. Dentre
eles, os que medem as concentrações antes do catalisador (pré-catalisador) e no escapamento (pós-catalisador)
permitem avaliar além do seu funcionamento, a eficiência de conversão e são, portanto, os mais conclusivos.
Condições Iniciais
As seguintes condições, previas à realização dos testes de avaliação da eficiência conversão,
asseguram a validade dos mesmos.
a) Os parâmetros de ajuste de combustível (de curto e de longo prazos) devem estar na faixa de
valores nominais (+/- 5%).
b) O sensor de 02 pré-catalisador deve ter autoridade sobre 0 controle da mistura admitida. Como
resultado, o teor desta deverá estar em torno de Lambda = 1. Isto pode ser confirmado com o
scanner ou com o próprio analisador quando este fornece o valor de Lambda. Lembrar que o
catalisador não modifica o Lambda da mistura admitida. Como resultado, 0 sinal do sensor deve
oscilar em torno de 0,5 volts 0 que poderá ser constatado com o scanner (quando disponível tal
parâmetro no modo Contínuo) ou com osciloscópio.
No caso do sensor pré-catalisador ser um sensor de Relação Ar/Combustível (sensor de 02 de
Banda Larga), o sinal não oscila pelo que, a condição de Lambda = 1 só poderá ser verificada
através do scanner ou através de procedimento recomendado pelo fabricante do veículo.
c) Verificar a concentração de O2 a qual deverá estar em torno de 0,5%; concentração superior a
1% é indicação de possível diluição dos gases de escape por vazamento.
As verificações (a) e (b) asseguram que 0 catalisador esteja funcionando na janela de máxima
eficiência de conversão.
Na maioria dos casos, a condição (a) resulta suficiente para assegurar o funcionamento do motor
sem falha de ignição ou de injeção; se necessário, poderá ser complementada com a condição (b).
0 10 20 30 40 50 seg
[8]
-
Humberto José Manaveila HM Autotrônica 119
CAPíTULO 14 - Catalisador AutomotivoI- De 3 Vias - Oxidante
Em princípio, este teste só é viável nos casos em que é possível desligara ignição sem desativara
injeção. No entanto, um procedimento alternativo consiste em:
Realizar o pré-condicionamento (passo 1 acima).
Desabilitar rapidamente a injeção e ignição.
Dar partida durante 10 segundos, borrifando algum tipo de micro-óleo (WD40, por exemplo) ou
combustível e continuar o procedimento com o passo 4 e seguintes.
TéSTí INTRUSIVO
Permite avaliar o funcionamento e a eficiência de conversão. É o teste mais conclusivo se realizado também,
sob carga. Isto porque a eficiência de conversão pode variar dependendo da condição de carga.
O importante a ser salientado é que para que este teste seja válido, o sistema de injeção deverá estar
funcionando corretamente e não existir vazamento no escapamento.
Portanto, antes de realizar o teste, funcionar o motor até atingir a temperatura de operação (motor aquecido)
e verificar o apontado acima, no item Condições Iniciais".
Para a realização do teste, no escapamento
ANALISADOR
deve ser instalado um rebite com rosca (fig.[9j) 4/5 GASES
e nele, conectada a sonda do analisador. De CATALISADOR O
DE 3 VIAS
preferência, a posição do rebite é a indicada
na figura. Após as medições, fechar com O
Q
parafuso apropriado.
Uma limitação deste teste é que não pode ser
aplicado em veículos em que o catalisador /
está instalado logo após o coletor de escape.
X) flexível adaptador
[9]
c/rosca
f
sonda do analisador
É importante salientar que a instalação do rebite pode acarretar, em alguns casos, a perda de
garantia. Por outro lado, em todas as situações, é conveniente contar com a aprovação prévia do
proprietário do veículo.
SISTEMAS OBD II
Os testes acima citados podem ser aplicados a sistemas OBDII, sendo que estes últimos possuem, também,
a capacidade de auto-avaliar a eficiência do catalisador, isto, através da ação do Monitor do Catalisador. Este
monitor não é de execução contínua e só é ativado quando são cumpridos os critérios de habilitação. Cabe
salientar, no entanto, que o monitor avalia a eficiência de conversão de forma indireta.
Para uma descrição detalhada do funcionamento dos monitores OBD II, pode ser consultado, entre
outros, o livro Diagnóstico Automotivo Avançado do mesmo autor.
Como mencionado acima, existem dois métodos de verificação da eficiência de conversão aplicados nos
monitores OBDII (ver neste capítulo, os itens Monitoramento do Nível de Atividade do Sensor Pós-catalisador
e Capacidade de Armazenamento de Oxigénio) :
> Monitoramento do nível de atividade da sonda pós-catalisador.
Monitoramento da capacidade de armazenamento de oxigénio.
Os códigos genéricos relacionados com o(s) catalisador(es) estão na faixa de P0420 a P0439, sendo os mais
frequentes P0420 (banco 1) e P0430 (banco 2).
Ãutotrôma
APLICAçãO
Encontra aplicação tanto em motores de ciclo Otto com “combustão de mistura pobre" (basicamente, nos
motores de injeção direta GDI) como em motores diesel, os que normalmente trabalham pobres.
FUNCIONAMENTO
O princípio de funcionamento se baseia no mecanismo de adsorção do NOx pelo agente catalisador que
pode ser bário (Ba), titânio (Ti) ou potássio (K). O exemplo a seguir supõe que o agente de adsorção é bário.
Adsorção é o mecanismo pelo qual as moléculas de um fluido (gás ou
f*£kr} líquido) se aderem à superfície de uma substância sólida. Os sólidos
porosos como o carvão, são bons adsorventes. No carvão ativado, o Sem Tratamento Superficial
mecanismo de adsorção é acentuado pelo aumento de superfície devido
à erosão propiciada pelo tratamento superficial (fig.[1]).
Absorção é o mecanismo de fixação de um gás por um sólido ou um Com Tratamento Superficial
líquido, ou de fixação de um líquido por um sólido. A substância absorvida [1]
se mistura à substância que absorve.
Cabe salientar que este tipo de catalisador tem uma capacidade limitada de acumulação de NOx pelo que,
periodicamente deve ser regenerado.
MISTURA POBRE
Fase de adsorção ou acumulação (fig. [2a]): Durante 0 C0t
funcionamento com mistura pobre, os gases contém um alto
porcentagem de NOx e O2. Ao entrar no catalisador de NOx (os #2°
NOx formados basicamente, por NO e NO2) e pela ação catalítica C02
da platina, 0 monóxido de nitrogénio (NO) é transformado (oxidado)
em dióxido de nitrogénio (NO2), que a seguir, é “armazenado” como
H°*.
nitrato de bário. Qi
[2a]
MISTURA RICA
Fase de regeneração (fig.[2b]): Quando a unidade de controle do
motor determina que a camada de bário está saturada, por alguns H*
segundos enriquece a mistura. Com isto, diminui a quantidade de
O2 e NOx e se eleva a concentração de HC e CO. O NOx
armazenado é liberado e a ação catalítica da platina promove a
reação química que resulta na formação de CO2 (dióxido de cOÀ
carbono), H2O (água) e N2 (nitrogénio livre). & [2b]
Reparar que a necessidade de regeneração do catalisador afeta o consumo de combustível. Tipicamente, a
fase de adsorção pode levar entre 5 e 10 minutos e a de regeneração entre 10 e 30 segundos. Estes são
valores orientativos e podem variar dependendo da aplicação.
c_
que dá como resultado PI Ba Pt la
dióxido de nitrogénio (NO2). 1
Este por sua vez, reage com Operação c/Mistura Pobre f Operação c/Mistura Rica
substrato
0 bário resultando em nitrato
[2c] cerâmico [2d]
de bário (N03Ba) que fica
adsorvido sobre 0 agente catalisador. Esta é a fase de acumulação.
2. Durante o funcionamento com mistura rica (fase de redução) (fig.[2d]) o catalisador é regenerado, ou seja,
os gases de escape compostos com alto porcentagem de HC e CO, reagem com o nitrato de bário liberando
NOx (NO + NO2).
Em contato com a platina: O NOx é reduzidos a N2
O HC e 0 CO são oxidados formando CO2 e H2O
3. Com o catalisador saturado (fig.[2e]), 0 NOx não é adsorvido
Catalisador Saturado
pelo que se apresenta na saída do catalisador e pode ser
Gaises da Combustão
detectado por um sensor de NOx. de Mistura pobre NOx 02
Catalisador Regenerado O2 + NO
N03Ba
ses da
Gases Combustão
oa uombus N02
de Mistura Rica Ik Ba
H2O CO2 HC + CO
[2e] Operação c/Mistura Pobre
A uréia é composta de nitrogénio, hidrogénio, carbono e oxigénio; sua principal utilização é como
fertilizante.
(NHÿÇO + H2O— NH3 + CO2 sf
A figura [3] mostra uma configuração Uréia rn uréia aTon a
Câmara de
*
«dglBB*
típica de sistema SCR, e a forma Z Hidrólise
como se processam as reações
químicas assim que os gases de
escape percorrem os elementos do
sistema.
> O catalisador oxidante [1] trata
as emissões de CO, HC residual
NiBr Catalisador
|0xidante[1]|<\ Redutor . Catalisador] Catalisador
0xidante[21
e parte do material particulado.
Por outro lado, o sistema SCR
tem uma janela de temperatura
CO + O2—+CO2
[HC] + 02 C02 + H20
Seletivo I
-
(amónia)
NH3 + NO2 + NO— N2 + H2O NH3 02
*
W
N2
—-
+ H20 —
dentro da qual a conversão do NO 02 - N02
[3]
NOx é máxima. Assim, o
catalisador oxidante [1] associado a uma dosagem maior de combustível (enriquecimento), permite
atingir a temperatura adequada de máxima conversão. A maior dosagem de combustível pode ser obtida
através da injeção atrasada no cilindro ou bem através de um injetor dedicado no escapamento, antes do
catalisador oxidante.
Por sua vez, o catalisador oxidante contribui para converter 0 NO (monóxido de nitrogénio) em NO2 (dióxido
de nitrogénio) o qual resulta mais favorável à conversão em nitrogénio livre no sistema SCR.
Lembrar que o NOx é formado basicamente, de NO (90%) e NO2 (10%).
O vapor de água resultante, tanto da combustão como da ação do catalisador oxidante [1], é utilizado, na
câmara de hidrólise, para decompor a uréia injetada, em amoníaco e dióxido de carbono. Para que a
hidrólise se processe corretamente, a temperatura dos gases deve ser superior a 170°C ou 200°C. A
câmara de hidrólise funciona também, como misturador dos gases de escape com 0 amoníaco.
No interior do catalisador redutor seletivo SCR 0 amoníaco reage com o NO2 para formar nitrogénio
livre (N2) e água.
Em função de ser 0 amoníaco (NH3), um composto altamente tóxico, 0 catalisador oxidante [2] (catalisador
oxidante pós-catalisador SCR) tem por objetivo eliminar todo resíduo de amónia não utilizado pelo SCR,
transformando-o em H2O (água) e N2 (nitrogénio livre).
A figura [4a] apresenta a configuração genérica do sistema SCR. Não representa nenhuma aplicação em
particular e seu único objetivo é mostrar, de forma ampla, a funcionalidade dos elementos do sistema que
podem ser encontrados nas aplicações de mercado.
à UC (motor)
CAN
° Módulo de
Sensor de Nível •Bomba Compressor L'' Controle
Sensor de Temperaturaÿ * Unidade deÿr 1 iAr
Sensor de Uréia--'* Dosagem uréia + ar
Reservatório de Uréia /
u m Si
f \ )
> O sensor de temperatura [1] é utilizado para controlar a janela de máxima eficiência de conversão do
catalisador seletivo, que está na faixa de 200°C a 450°C.
Sensor de
Sensor de Pressão M
Pressão =§> [4b] Diferencial
ão
KDÇEF Diferencial
Sensor de, A figura [4c] apresenta 0 caso de veículos diesel da GM
Temperatura
com motor Duramax, nos quais 0 filtro de particulado, depois
=a do catalisador SCR, está integrado ao mesmo.
=0 Um outro exemplo é 0 dos veículos Ford que utilizam o
— motor Powerstroke V8 6.7L nos quais, segundo 0 modelo,
T 0 filtro pode estar antes ou depois do catalisador SCR.
Sensor Catalisador Filtro de
de NOx SCR Particulado
Sensor
[4c] de NOx
Catalisador Oxidante
[1] Uréia
Catalisador
_ Sensor de
I Amoníaco
Sensor de
SCR Temperatura [2]
de uréia.
[4d]
CATALISADOR DE 4 VIAS
Esta unidade é utilizada em veículos diesel pesados. CATALISADOR DE U VIAS
Como mostra a figura [5], o conjunto integra as funções
de catalisador oxidante, filtro de particulado (DPF) e Filtro de Catalisador
Particulado' Oxidante [1]
catalisador seletivo redutor (SCR). Assim, num conjunto
de reduzidas dimensões (60cm, aproximadamente) é feito NOx
o tratamento das emissões de HC, CO, material NOx
particulado e NOx. CO
Os gases de escape entram primeiramente, no H20 HC
câmara de MP
catalisador oxidante [1] onde o HC e CO são convertidos hidrólise'
em C02 e H2O. Na sequência, passam pelo DPF onde é NOx N2
retido 0 material particulado.
A seguir, os gases passam pela câmara de hidrólise onde
NH3 -SCR: Oc02
C02 H20
é injetada uréia que é convertida em amoníaco (NH3)
H20
utilizado no SCR para reduzir 0 NOx em nitrogénio livre 4
Uréia
(N2) e vapor de água. Catalisador Catalisador
Redutor Seletivo ' Oxidante [2]
Finalmente, 0 catalisador oxidante [2] reduz qualquer (amónia)
resto da amónia não utilizado pelo SCR. [5] 63 cm
É basicamente, um catalisador de 3 vias com a adição de uma camada externa de material adsorvente de
hidrocarbonetos. Tem a capacidade de diminuir as emissões de HC durante a fase de aquecimento do catalisador
de 3 vias.
Afigura [6] mostra a composição interna. Aválvula de desvio (“by-pass”) é acionada por um atuador pneumáiiLU
comandado pela unidade de comando do motor. Adsorvente
Uma das suas aplicações foi na primeira geração do Atuador
/~ de HC
híbrido Toyota Prius.
> Com o motor frio e 0 catalisador de 3 vias inativo (não
atingiu a temperatura de acendimento) a válvula de
desvio permanece fechada (fig.[6aj). Nesta condição, Q =H>
os gases de escape são direcionados primeiramente,
através da camada de material adsorvente de HC í
(onde os hidrocarbonetos permanecem retidos) Válvula de Catalisador
entrando, a seguir, no catalisador de 3 vias. By-pass de 3 Vias
(fechada)
Com 0 catalisador de 3 vias em funcionamento, a UC [6a]
abre a válvula de desvio (fig.[6bj) permitindo a
passagem dos gases diretamente, para 0 catalisador
de 3 vias. Por sua vez e em função da temperatura
do catalisador, os hidrocarbonetos retidos no material
adsorvedor evaporam sendo arrastados pelos gases
de escape. A seguir, no catalisador de 3 vias, são
convertidos em H2O e CO2. =4
Durante as desacelerações, a UC fecha a válvula de
desvio (fig.[6aj). Com isto, os gases de escape Válvula de
passam, na sua totalidade, através do material By-pass
adsorvente arrastando assim, 0 HC residual para ser (aberta) [6b]
oxidado no catalisador de 3 vias.
Jh L Substrato Filtrante
@
Camada
Catal"'
itica
Poros
[7a]
1 dos Gases
A figura [7a] apresenta um corte do catalisador com a ampliação de uma porção Catalisador Adsorvedor
do substrato totalmente poroso, cuja superfície está recoberta pelos agentes de NOx DPNR
catalisadores que promovem a acumulação/redução do NOx. Estes são a platina
e a substância de acumulação (bário; potássio). O material particulado é retido
nos poros até a regeneração do filtro.
A figura [7b] mostra uma evolução do conversor em que o DPNR está associado
a um catalisador acumulador/redutor de NOx. Este último ajuda a elevar a
temperatura dos gases o que por sua vez, serve à dessulfatação do DPNR nos [7b]
casos em que o combustível possui um teor de enxofre superior a 50 ppm.
OZôNIO ATMOSFéRICO
Diferentemente do ozônio estratosférico, presente entre 15
e 50 km de altitude e que protege contra os raios ultravioleta,
Ozônio
o ozônio atmosférico (até 1 000 metros de altitude) é o principal
componente da “névoa seca”.
Os maiores geradores deste poluente são os hidrocarbonetos
O Atmosférico
02
(HC) e os óxidos de nitrogénio (NOx) os que, pela ação dos
raios solares, dão origem ao ozônio atmosférico. HC NOx =«>•Q-=*t> 03
CHM Autotrônica
128 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
Filtro de Particulado
16
Este dispositivo, utilizado no sistema de pós-tratamento diesel, tem por objetivo a eliminação ou redução do
material particulado presente nos gases de escape. Em operação, as partículas são separadas dos gases de
escape utilizando filtros de cerâmica porosa. Como mostra a figura [1], estes filtros apresentam uma grande
quantidade de canais com paredes de 0,3 a 0,4 mm de espessura e 15 a 50 canais por cm2. Os canais
adjacentes estão fechados (por
tampões) em extremos opostos. Os tampão de fechamento
gases devem atravessar as paredes
porosas onde ficam retidas as partículas. &
Os filtros conseguem reter partículas
entre 0,01 e 0,1 mm de diâmetro as que pN
v:
-
I _í REGENERAçãO
As tecnologias de regeneração atualmente utilizadas se enquadram em uma das seguintes categorias:
> Aumento da temperatura dos gases de escape comandado pela UC através do mecanismo de
pós-injeção na câmara de combustão ou no coletor de escape.
Filtro de particulado catalisado. O agente catalisador está incorporado nas paredes do filtro.
> Filtro de particulado de regeneração contínua. Um catalisador oxidante está associado ao filtro.
Combustível catalisado. O agente catalisador é adicionado, como aditivo, ao combustível.
Como mencionado, o processo de regeneração pode ser automático - comandado de forma autónoma pela
UC do motor - ou estacionário - sob solicitação do operador, com o veículo parado.
R€G€N€RRÇftO AUTOMÁTICA
Os filtros têm uma capacidade limitada de acumular particulado pelo que todos os sistemas implementam
mecanismos de limpeza dos mesmos, de forma periódica ou contínua, para evitar o entupimento. Um filtro
demasiadamente carregado de partículas pode provocar danos ao motor, em função de contrapressão
excessiva, ou até, ser, ele próprio danificado.
O processo de eliminação do particulado denomina-se “regeneração do filtro" e consiste na oxidação ou
combustão das partículas de carbono [C] e de hidrocarbonetos [HC] adsorvido nas mesmas.
Como será analisado adiante, no caso da regeneração não-contínua, a mesma deve ser realizada antes que
o filtro atinja a “carga crítica”, a qual se caracteriza por aquela quantidade máxima de partículas armazenadas,
que se ultrapassada, pode provocar um aumento descontrolado da temperatura interna do filtro, podendo
atingir 1 000°C ou mais, o que resultará na sua degradação ou destruição. Com a tecnologia atual, a temperatura
máxima na entrada do filtro não deve superar 650°C.
Dependendo do material utilizado, a carga crítica pode estar entre 5gr a 10gr de particulado por litro de volume
do filtro.
Portanto, o monitoramento da contrapressão no escape, através de um sensor de pressão na entrada do filtro,
é de fundamental importância para o correto funcionamento. Também, pode ser utilizado um sensor de pressão
diferencial que monitora a diferença de pressão entre a de entrada do filtro e a de saída.
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 129
CAPíTULO 16 - Filtro de Particulado
Existem dois métodos básicos de regeneração para a remoção das partículas:
1. Combustão com oxigénio (O2). Para a regeneração é utilizado 0 oxigénio presente nos gases de
escape, resultante da combustão de mistura pobre.
Requer que a temperatura dos gases, na entrada do filtro, seja da ordem de 550°C a 650°C ou de
400°C quando utilizado um agente catalisador no combustível (combustível catalisado).
(C) + 02 C02 (HC) + 02 C02 + H20
2. Combustão com dióxido de nitrogénio (NO2). A temperatura de combustão diminui para 250°C,
aproximadamente. 0 NO2 deve ser gerado a partir do NO presente nos óxidos de nitrogénio (NOx)
dos gases de escape. A composição do NOx é de, aproximadamente, 10% de NO2 e 90% de NO.
(C) + N02 CQ2 + NO (HC) + N02 C02 + H20 + NO
Como mencionado acima, espontaneamente, sem 0 auxílio de nenhum outro mecanismo de ativação, a
oxidação (combustão) do carbono [C] com o excesso de O2 presente nos gases de escape diesel, resultado
do funcionamento com mistura pobre, acontece em torno de 550°C ou 600°C.
Tais temperaturas são difíceis de serem atingidas em funcionamento normal já que estão fora da faixa, como
mostra a figura [2].
Assim, foi necessário desenvolver sistemas de pós- FAIXA DE TEMPERATURA
tratamento que permitam regenerar o filtro de forma DO ESCAPE DIESEL
previsível.
o
Um fator importante a ser considerado com .2 si
relação à regeneração, é a temperatura dos
gases de escape na entrada do filtro de « s
5
particulado. Esta pode variar bastante em o combustão r*m
I
função do tipo de veículo (passeio, comercial o com A/02 L-V/
leve ou pesado) e 0 regime de rotação » S —|1 combustão
//V—
(marcha lenta, carga parcial, plena carga). -2 / com 02
Observar também, que a presença de turbo- 5
alimentação contribui para diminuir a -g 7-
Regeneração Ativa
Consiste em provocar a combustão do particulado (principalmente C com 0 HC adsorvido) com 0 O2 presente
nos gases de escape.
(C; HC) + 02 -» CO2 + H2Õ~l
I
Em princípio, a regeneração ativa é utilizada quando a temperatura dos gases não é a necessária para a
combustão do particulado acumulado.
Durante 0 ciclo de regeneração ativa, caso não haja suficiente O2 no catalisador oxidante, pode haver aumento
das emissões de CO.
Por outro lado, durante 0 ciclo de regeneração é desativada a re-circulação de gases de escape (EGR) podendo
resultar no aumento das emissões de NOx.
Os sistemas ativos requerem para seu funcionamento, de um controle eletrónico associado pelo que devem
ser considerados já na fase de projeto do motor.
No entanto, ainda no caso da regeneração ativa, será desejável maximizar 0 uso da regeneração passiva
quanto possível, já que esta última ao contrário da ativa, não requer energia adicional para sua ação.
Um exemplo disto é 0 filtro CRT (do inglês: Continuous Regenerating Trap ou filtro de regeneração contínua)
utilizado, entre outros, em alguns motores diesel da Volkwagen. Assim que 0 volume de partículas retidas
supera 30% da carga crítica, 0 filtro entra no processo de regeneração contínua que se interrompe assim que
0 volume cai por debaixo dos 20%. Para a regeneração, é utilizado NO2 produzido por um catalisador oxidante
integrado no mesmo filtro pelo que a temperatura de combustão está em torno de 300°C. Para os regimes de
funcionamento que não permitem atingir essa temperatura, a UC utiliza um mecanismo de regeneração ativa,
como a pós-injeção de combustível, recurso este que será analisado a seguir.
Uma evolução do filtro CRT é 0 CCRT (do inglês: Catalysed Continuously Regenerating Trap ou filtro catalisado
de regeneração contínua). É um filtro CRT ao qual é adicionado um catalisador oxidante (platina) nas paredes
do filtro, 0 que propicia uma diminuição ainda maior, da temperatura de combustão do particulado.
Nos sistemas ativos 0 processo de regeneração é controlado pela UC através do monitoramento do aumento
de contrapressão na entrada do filtro ou 0 diferencial entre a pressão de entrada e a pressão de saída.
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 131
CAPíTULO 16 - Filtro de Particulado
Se assim não for, o filtro continuaria a armazenar material particulado até entupir, tornando o motor inoperante
em curto espaço de tempo.
Os procedimentos de regeneração ativa consistem, basicamente, em:
Aumentar a temperatura dos gases por alguns segundos ou minutos, até atingir 550°C.
Diminuirá temperatura de auto-ignição das partículas para 450°C utilizando algum meio catalítico.
Ainda que pouco utilizado atualmente, existem aplicações em que a regeneração é obtida aquecendo
eletricamente o filtro a aproximadamente, 800°C.
1. PÓS-INJEÇÃO „ . Catalisador
Sensorde Oxidante _
Sensor de Filtro Sensorde
A maioria destas técnicas opera elevando a Temperatura Temperatura J u Temperatura
temperatura dos gases a apro-ximadamente, 550°C, <3> [2] [3]
condição em que o particulado entra rapidamente
em combustão. Para isto, periodicamente, o
conteúdo de HC dos gases de escape é aumentado
i
com algum destes mecanismos:
Com pós-injeção no motor
Com injeção diretamente no escapamento
A figura [4a] mostra a configuração básica de um
[4a] Sensor de /-§ÿ
sistema com regeneração ativa. A figura [4b]
apresenta o gráfico do processo de regeneração ao
o/tóãS
longo de um período de 1 200 segundos; com o eixo
de temperatura à esquerda e o de.pressão
diferencial (contra-pressão) à direita.
sensorde Período de sensorde
0 - 200 seg
A temperatura no sistema está em torno
dos 260PC e o diferencial de pressão em 650 0.12
0,08 bar. 600 -
-
200 400 seg ? 550 - / diferencial de
- 0.10 -
Combustível é injetado antes do "< 5QO - / 11 - 0.08 <õ
pressão no filtro
catalisador ou a mistura é enriquecida % / / 11 5
H 450 -
com pós-injeção. // sensor de u
- 0.06 £i
A temperatura antes do catalisador “j 400 - // temperatura w
permanece no patamar anterior, mas, a 350 -
!/
// 1] - 0.04 5w
temperatura após o catalisador e após o
filtro sobe rapidamente, para 600PC.
O diferencial de pressão (contra-pressão)
3QQ
250
.
-
m - 0.02 .5
M
in
LU
também aumenta em função do aumento 200 -0 *
do fluxo de gases provocado pela 0 200 400 600 800 1000 1200
combustão no catalisador. TEMPO (S) [4b]
400 - 1000 seg
Quando a temperatura no filtro atinge 600°C, o particulado entra em combustão e é expelido na forma
de gás. Com isto, a contra-pressão cai acentuadamente.
Após 1000 seg
Assim que a injeção extra é suprimida, a temperatura retorna ao nível de 260°C e o efeito de contra-
pressão provocado pela combustão do particulado, cessa.
Como no caso da regeneração passiva, estes sistemas requerem um catalisador oxidante antes do filtro
ou incorporado a ele, cujo objetivo é a combustão do combustível extra para elevar temperatura dos gases.
132 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 16 - Filtro de Particulado
Os mecanismos utilizados para enriquecer os gases de escape são:
a) Pós-injeção no motor. O aumento da temperatura é obtido agindo sobre a fase de injeção. A injeção
principal é atrasada e é introduzida uma pós-injeção já no ciclo de expansão. O combustível da pós-
injeção pode queimar parcialmente na câmara e o resto no catalisador oxidante ou só entrar em
combustão neste último. Para uma descrição do mecanismo de pós-injeção, ver o Capítulo 10
“ Tecnologias Avançadas-Ciclo Diesel’.
O ciclo de regeneração dura entre 10 e 15 minutos e é ativado a intervalos de 300 a 800 km de rodagem
em função da informação do sensor de contrapressão.
O processo de regeneração se inicia automaticamente se o veículo roda a mais de 1 00 ou 120km/h por
alguns minutos evitando assim, a necessidade da pós-injeção.
O filtro pode ainda, possuir uma camada de platina (filtro catalisado) que promove a diminuição da
temperatura de oxidação das partículas.
b) Injeção no escapamento antes filtro de particulado. Similar à pós-injeção no motor, este mecanismo
tem a função de elevar a temperatura dos gases até a faixa de 550-600°C necessários à combustão do
particulado.
A figura [5] ilustra de forma simplificada, | Piezo Injetor Filtro de
uma configuração utilizada pela Renault em Particualdo
veículos de passeio e comerciais leves.
Nela não estão considerados os sensores
de temperatura e de pressão necessários
ao gerenciamento do sistema.
Catalisador Catalisador
O catalisador oxidante [1] converte o CO [5] Oxidante [1] Oxidante [2]
e HC durante o funcionamento normal. Na
fase de regeneração do filtro, combustível extra é injetado através do piezo injetor.
Nesta condição, o catalisador oxidante [2] cumpre a função de queimar o combustível de pós-injeção
promovendo o aumento da temperatura dos gases que entram no filtro.
A injeção no escapamento tem a vantagem que pode ser implementada sem modificações no
gerenciamento do motor.
2. COMBUSTíVEL CATALISADO
Solução de pós-tratamento utilizada em veículos de passeio e comerciais leves que tem como base a
adição de pequenas quantidades de metais catalisadores (cério, ferro) ao combustível (entre 4 e 20 ppm).
A combustão da mistura ar/combustível juntamente com o aditivo resulta na formação de material particulado
catalisado que contribui para a diminuição da temperatura de oxidação de 600°C para 450°C ou até para a
faixa de 300-350°C, dependendo do metal catalisador utilizado. Atualmente, os dois aditivos mais difundidos
são: Eolys (a base de cério) e Satacen (a base de ferro).
Uma característica relevante é que o processo não produz emissão adicional de NO2. Por sua vez, no caso
do Satacen, a adição do agente catalítico torna 0 combustível mais tolerante ao conteúdo de enxofre, 0 que
permite 0 uso de diesel com teor de enxofre superior a 50 ppm.
Após a fase de regeneração, 0 aditivo catalisador fica retido no filtro, na forma de cinzas, as que são
retiradas por um processo de lavagem, durante a manutenção do sistema de pós-tratamento.
No entanto, só 0 uso de combustível catalisado não assegura a regeneração do filtro em todas as condições
de funcionamento do motor. O controle da temperatura é um fator crítico no processo de regeneração: se
aumenta além do limite, coloca em risco a integridade do filtro; se não é atingida a temperatura necessária
à regeneração, 0 filtro pode entupir.
Para contornar esta última situação, deve-se recorrer à regeneração ativa através do mecanismo de pós-
injeção.
•AEXEMPLO l
figura [6a] mostra o esquemático de Reservatório rN.
rc UC de
iagem
um sistema de regeneração por de Aditivo h/ mmm
combustível catalisado, no qual o aditivo Bomba de ,-\. p .j Pressão
Sensor de
(Satacen) é injetado diretamente na linha Dosagem V L < Diferencial
de combustível.
Desta forma, só há adição do mesmo Combustível
quando necessário. Para isso, o sistema ArO
dispõe de uma unidade de dosagem n o
dedicada. Quando 0 diferencial de
pressão atinge a carga crítica, a UC de
lQ Filtro de
Particulado
dosagem aciona a bomba de dosagem [6a]
na medida do necessário. Como
resultante do processo de combustão, forma-se material particulado “catalisado" que, no filtro, queima a
uma temperatura compatível com a dos gases de escape.
Zís Recalque
quantidade de aditivo é injetada Sensor de
Temperatura Reservatório
em proporção ao volume de Sensor de Catalisador Filtro de de Aditivo
combustível adicionado duran¬ Temperatura Oxidante Particulado
te o reabastecido. No caso
analisado, o reservatório de
aditivo tem capacidade sufi¬
t
Turbo de Geometria
X
Variável
ciente para 80.000 km.
OPERAçãO
Sensor de Pressão ,_
Com o motor funcionando, o
agente catalisador, contido
[6b] Diferencial
X\
C3
no aditivo, é retido no filtro juntamente com o material particulado já que não há processo de regeneração
em andamento, em função da temperatura dos gases de escape estar na faixa de 150-200°C.
Quando a UC detecta a condição de “carga crítica” do filtro de particulado (com base na informação do
sensor de pressão diferencial), inicia o processo de regeneração ativa que consiste em elevar a temperatura
dos gases de escape, na entrada do filtro, para 450°C. Isto, através do mecanismo de pós-injeção
durante o ciclo de combustão, já na fase de expansão.
A seguir, o combustível não queimado na câmara, resultante da pós-injeção, entra em combustão no
catalisador oxidante com o que, a temperatura supera os 450°C necessários ao processo de regeneração.
Após a regeneração, estes aditivos catalisadores formam cinzas juntamente com resíduos de óleo
lubrificante, que obstruem progressivamente o filtro e aumentam a contrapressão no escape.
Reparar que o sistema possui também, EGR que contribui para o controle das emissões de NOx.
3. FILTRO CATALISADO
Outro mecanismo, que permite uma regeneração segura e contínua, sem necessidade de aditivos, é a
aplicação de revestimento de platina (que funciona como agente catalisador) sobre a cerâmica porosa do
filtro (tecnologia CCRT). Desta forma, o HC residual continua a ser oxidado dentro do filtro aumentado a
sua temperatura e permitindo a continuação do processo de regeneração (combustão do particulado).
Como resultado, diminui a temperatura mínima necessária na entrada do filtro para a faixa de 300°C a
450°C. Como consequência, diminui também, a quantidade necessária de combustível de pós-injeção.
RíGíNíRRçSO CSTRCIONRRIR
Para o caso em que, durante a operação normal do veículo, não for possível a regeneração automática, os
fabricantes oferecem a possibilidade de realizar o processo com o veículo parado, utilizando o equipamento
de diagnóstico ou um interruptor de solicitação dedicado. Uma condição importante é que este procedimento
só pode ser executado na ausência de códigos de falha relacionados com o filtro de particulado. Em função de
não existir uma padronização, a regeneração estacionária deve ser realizada seguindo as instruções particulares
de cada fabricante.
cmzns
Uma pequena parte do particulado não é queimada; são as denominadas “cinzas” cuja fonte pode ser:
Aditivos presentes no óleo lubrificante
Aditivos metálicos catalisadores adicionados ao combustível e utilizados na regeneração.
As cinzas devem ser retiradas através de limpeza mecânica (água sob pressão) do filtro, a intervalos que
variam de 80.000 km a 120.000 km rodados. No entanto, alguns fabricantes já desenvolveram filtros cuja
vida útil é similar à do veículo.
'Autotrônica
f de 3 Vias
H02Sxx: Sensor de 02
H02S21—í H02S22 J [1]
A figura [1] mostra as configurações utilizadas em motores em linha e em “V”, com a localização das sondas
pré e pós-catalisador segundo especificado pela norma OBDII.
Já, para atender à especificação “zero de emissões” (especificação ZLEV) a configuração utilizada é mais
complexa. A figura [2a] apresenta como exemplo, o sistema de pós-tratamento aplicado em veículos Honda.
Neste caso, o baixo nível de emissões é atingido em 3 etapas:
1. Durante a partida com motor frio, através
do comando variável (sistema VTEC), uma
das válvula de admissão (2 em cada
cilindro) tem um curso maior o que provoca "I Catalisador Catalisador
um redemoinho que propicia uma melhor _rrx Catalisador Adsorvedor Aquecido
homogeneidade da mistura admitida e com nil de 3 Vias deHC Eletricamente
isto uma melhor combustão já, na fase fria.
2. O catalisador principal está instalado logo
após o coletor de escape com o objetivo de
obter uma entrada em funcionamento mais H02S11ÿ H02S12ÿ
rápida. No entanto, parte das emissões
(principalmente de HC) escapa da ação do [2a]
catalisador de 3 vias, mas, é retida no
catalisador adsorvedor de HC. Nesta fase,
as emissões de NOx são ainda, baixas.
3, Finalmente, o HC não retido no catalisador adsorvente (de aquecimento mais lento), é convertido no
catalisador aquecido eletricamente que entra em funcionamento em poucos segundos.
—
nk
\ Catalisador
de 3 Vias
Catalisador
de 3 Vias
Afigura [2b] apresenta a configuração utilizada no Toyota
Prius (híbrido) a partir de 2004. O catalisador [1] está
[Jj. -o- instalado logo após o coletor de escape. Por isto último e
por ser de volume menor, o seu aquecimento é rápido
H02S1lJj
iffS>
H02S12ÿ
entrando em operação em torno de 20 segundos.
Modelos anteriores do Prius (até 2003) utilizaram uma
configuração similar à da figura [2a], mas, sem o
catalisador aquecido eletricamente.
[2b]
136 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPITULO 17 - Pós-tratamento das Emissões - Cicio otto/Diesel
PóS-TRATAMENTO DIESEL _ :
Neste capítulo serão apresentados exemplos de aplicação das duas configurações de pós-tratamento mais
utilizadas atualmente:
.
1 Filtro de particulado e catalisador SCR.
2. Filtro de particulado e catalisador acumulador/redutor de NOx.
MAF
Válvula
MAP Borboleta
de Admissão InterCooler
d Válvula EGR
Admissão
Baixa Pressão
Compressor,
Resfriador EGR
Turbina,
Sensor de Sensor de 02
Temperatura de Banda Larga
Sensofde NOx
Válvula EGR
Alta Pressão
Catalisador
Oxidante . / DPF
\ de Escape
/
Escape
[4]
[1] r
Sensor de 02
(sonda Lambda)
AT«or
Sensor de Pressão
Diferencial
Catalisador
de Sulfeto
de fre
H SOLUçõES INTERIMS
Injeção múltipla para obter uma combustão suave e completa e como auxílio à regeneração do filtro de
particulado, do catalisador acumulador/redutor de NOx e do catalisador de sulfeto de enxofre.
EGR de baixa pressão com resfriador e de alta pressão sem resfriador.
Os temas injeção múltipla e EGR foram abordados no capítulo 10 e no capítulo 11 pelo que o leitor
é remetido aos mesmos para os detalhes de operação.
a SOLUçõES EXTERNAS
O sistema de pós-tratamento consta de:
Catalisador oxidante (integrado ao filtro). Converte o CO e HC em CO2, H2O e o NO (um dos componentes
do NOx) em NO2.
Filtro de particulado catalisado (DPF). O agente catalisador é platina. Com isto a temperatura de combustão
do particulado diminui para 450°C.
Catalisador acumulador/redutor de NOx. Como agente catalisador a platina e como acumulador uma
camada de carbonato de bário.
Catalisador de SH2.
& O sulfeto de enxofre (SH2) ou gás sulfídrico tem, entre suas características, 0 cheiro de “ovo podre”.
OUTRRS CnnncTcnísTicns
O sensor MAP é utilizado para evitar a injeção de combustível em quantidade maior que a necessária no
regime de carga baixa quando a pressão de sobre-alimentação é também, baixa.
O sensor MAF é utilizado para 0 cálculo preciso da quantidade de gases re-circulados (EGR).
As borboletas de admissão e escape são utilizadas para criar vácuo na admissão e contra-pressão no
escape para favorecer a recirculação dos gases (EGR) principalmente, dos de baixa pressão.
Depósito
DEF de Uréia
InterCooler EGRl
f
t ""2=Admissão Particulado
Filtro de
(DPF) Unidade de
Dosagem
Borboleta
It Ê
Diesel ft
(
3
(P
DEF
Misturador
Catalisador
Redutor
Seletivo
==
E
C \ Catalisador
Catalisador de Hidrólise de Amónia
( ) Oxidante
Injeção de DEF ISCI
V TGV
Turbo de
Geometria Variável [5]
O catalisador oxidante tem como função reduzir as emissões de HC e CO. Através do mecanismo de pós-
injeção, a UC do motor o utiliza para elevar a temperatura dos gases ao valor de regeneração do DPF.
O catalisador SCR propicia a redução do NOx recebendo amoníaco gerado no reator de hidrólise a partir da
injeção de DEF (solução com 32% de uréia utilizada nos Estados Unidos, similar ao AdBlue utilizado na
Europa e ao Arla 32 utilizado no Brasil).
No reator de hidrólise, com temperatura dos gases superior a 170°C, a solução de uréia é convertida em
amoníaco. O catalisador de amónia converte qualquer resto de amoníaco não utilizado pelo SCR, em N2 e
vapor de água. Na maioria dos casos é um catalisador do tipo oxidante.
A recirculação dos gases de escape (EGR) complementa a função do SCR na redução do NOx. A borboleta
diesel é utilizada para gerar 0 vácuo necessário à operação do sistema EGR de alta pressão. Em algumas
aplicações, este sistema é do tipo arrefecido.
A figura [6] mostra a configuração de pós-tratamento de motores Cummins com o objetivo de apresentar o
conjunto básico de sensores cuja informação é utilizada pela UC para o controle do sistema. Em função de
características particulares, outras aplicações poderão diferir em número e tipo de sensores utilizados.
Reservatório
de DEF
InterCooler EGR í
mr W.8
Diferencial
Borboleta 1
Diesel 'm
(
.5
i Catalisador
Seletivo/Redutor
«*-
Catalisador
( * Turbo de Oxidante
M1
Reator de Catalisador
Geometria Hidrólise Oxidante [2]
Variável A
m
3
w SCRi Escape
Sensor de
Temperatura [1]
„ Sensor
Filtro de
, de . Particulado
HenNS0°í
Temperatura [2] (DPF) [6]
Sensor de temperatura [1]. Mede a temperatura dos gases no coletor de escape. Esta informação é utilizada
pela UC para avaliar a temperatura dos gases. Caso não esteja na faixa necessária à regeneração do
DPF, a UC comanda o mecanismo de pós-injeção de combustível com 0 objetivo de aumentar o nível de
HC. No catalisador oxidante [1] a conversão do HC promove o aumento da temperatura dos gases na
entrada do DPF.
Sensor de temperatura [2], Mede a temperatura dos gases na entrada do DPF. Esta informação complementa
a do sensor de temperatura [1] e serve para o ajuste da temperatura necessária à regeneração do filtro.
Sensor de pressão diferencial. Mede 0 diferencial de pressão entre a entrada e saída do filtro. Esta
informação é utilizada pela UC para determinar a necessidade regeneração ativa do DPF.
Sensor de NOx. Esta informação é utilizada pela UC para determinar 0 nível necessário de injeção de
DEF/AdBlue/Arla32.
Compressor
( Sensor de
Turbina DES
'í Injetor de 1 Sensor de
( Combustível Temperatura [2]
/ Sensor de 02 de
/ Banda Larga
Válvula EGR
Alta Pressão L
Sí/ V !T ffl Escape
Resfnador
Catalisador
[7] Temperatura [1] “HW" Oxidante
Para atendera norma Proconve 7 (Euro 5) alguns fabricantes oferecem soluções de pós-tratamento
que dispensam o uso de catalisador SCFt. O tratamento das emissões de NOx é feito só com
sistema de re-circulação EGR. Este é o caso de veículos com motor MAN D08 que é utilizado tanto
em configurações com EGR como com SCR.
& Os sensores de 02 são tratados, entre outras publicações, nos livros “Controle Integrado do Motor”
e “Diagnóstico Automotivo Avançado” do mesmo autor, pelo que não serão abordados neste.
SENSOR de PRESSÃO
Os sensores de pressão utilizados nos sistemas de pós-tratamento trabalham em baixa pressão e alta
temperatura. Sua principal aplicação é a de medir a contrapressão no escape antes do filtro de particulado ou
0 diferencial de pressão entre a entrada e saída do filtro.
Micromaquinado piezo-resistivo
Basicamente, há dois tipos utilizados atualmente:
Capacitivo cerâmico.
[9b]
Sensor de NOx
(+)•*—ÿ =£>(-) |pi V1 UC
do
(+) |R2 Motor
Célula de
Injeção"
Vr2=0,45V
NOxÿ ©> Vivi(-) IP(-) T
Gnses C02
m
02
Câmara 1
n
NO
Câmara 2 __ (retorno) 1 :Módulo
€SCfi#€
uc
$2 I CQtHC==» C02+H20
1 =$> |N0=t>N2-rQ2|
d®
N2
mo.
mm Controle
Mediçãoi*.
Célula de
21% de 02
VM
+
V1
ff
Câmara de
Referência I +
Vr1=0,45V
Aquecedor
PWM 3 T CAN
[9c] Comparador
Associado ao conjunto há, geralmente, um módulo de controle cujas funções são:
Medir a tensão Vm da célula de medição e as correntes Ip1 e Ip2.
Gerar as tensões de V1 e V2 de controle das câmaras da célula de injeção ou bombeamento.
Controlar 0 aquecedor do sensor.
> Disponibilizaras informações do sensor na rede CAN. Como resultado, da UC do motor é retirada a
função de controle do sensor; só continua com a funcionalidade de interpretar e processar as mensagens
recebidas do módulo de controle. Isto facilita significativamente, a integração do sensor aos diversos
sistemas de eletrónica embarcada.
TENSãO V1 DE CONTROLE DA CâMARA 1
Durante a operação, o circuito comparador do módulo, ajusta a tensão V1 de forma a estabilizar Vm em
450mV. Ou seja, manter a câmara 1 com a concentração de oxigénio correspondente à mistura estequiométrica
na medida em que os gases de escape se difundem nela.
Assim, em função do teor de oxigénio presente nos gases, moléculas de O2 são retiradas ou admitidas na
câmara, com 0 objetivo de manter a concentração dentro da mesma, no valor correspondente à mistura
estequiométrica.
O sentido de circulação dos ions de O2 é determinado pelo valor da tensão V1.
Com Vi positiva com relação à massa, moléculas de oxigénio são retiradas da câmara.
> Com V1 negativa com relação à massa, moléculas são admitidas na câmara.
A função do circuito comparador é a de comparar a tensão da célula de medição Vm com uma tensão de
referência Vn, igual a 450 mV, e ajustar a tensão V1 de forma a estabilizar Vm em 450mV.
Quando Vm é menor que Vn (mistura pobre), o comparador comanda V1 para um valor positivo e 0
excesso de O2 é retirado da câmara 1.
> Quando Vm é maior que Vn (mistura rica), 0 comparador comanda V1 para um valor negativo e O2 é
injetado na câmara 1.
No momento, menos difundido, existe no mercado um sensor de NOx que funciona sob o princípio
de redução catalítica e não requer múltiplas etapas de bombeamento de O2 nem célula de referência.
Por outro lado, é de resposta mais rápida e menos sensível ao enxofre
V Motor
referência, de platina, e um outro de
sensoriamento de NH3. O sensor é %kj_A
N. Eletrodo w
fabricado com tecnologia planar. Gases de Escape
de Referência
=U
w
Pela ação catalítica da platina, 0
jyr
O
eletrodo de referência libera íons de
O2 (O') que atravessam a célula de
r.,sa(> T
medição para, no eletrodo sensor de Gases de Escape
amoníaco, provocar a oxidação Aquecedor [) \k ESS SSI'S®
deste, gerando H2O e N2. Como
resultado, o fluxo de íons gera uma
diferença de potencial (tensão V)
entre os eletrodos, tensão esta,
[10a] PWM 3 CAN—J
Sensor de Temperoturo
Nos sensores utilizados nos sistemas de pós-tratamento, o elemento Termistor
Elemento
termistor fica alojado na extremidade de uma cápsula de proteção, Termistor
em contato com os gases de escape (fig.[11fj). (NTC)
Em função da sua faixa de temperatura limitada a uma centena de |_
graus, são pouco utilizados nos sistemas de pós-tratamento. n
Encapsulamento
[11f] Protetor
CHMmtotrênica
146 Humberto José Manavella HM Autotrônica -
Sistemas Automotivos Híbridos
i
18
Sistemas automotivos híbridos são aqueles que possuem, para sua propulsão, 2 ou mais fontes de geração
de potência. As tecnologias atualmente utilizadas nos veículos automotivos são:
Híbrido de propulsão mecânica/elétrica. A fonte mecânica é um motor de combustão interna, ciclo
Otto ou Diesel. A fonte elétrica é constituída de gerador/motor elétrico e bateria de armazenamento.
Híbrido de propulsão mecânica/hidráulica. A fonte mecânica é um motor de combustão interna, ciclo
Otto ou Diesel. Afonte hidráulica é constituída de um conjunto motor/bomba hidráulico, reservatório de
fluido e acumulador de alta pressão.
Uma característica importante, presente de todos os sistemas híbridos, é a frenagem regenerativa'' Esta
funcionalidade possibilita o reaproveitamento da energia cinética gerada durante a fase de frenagem
transformando-a em: 1) energia elétrica para recarga da bateria ou 2) energia hidráulica para pressurização
do fluido.
€L€TMFICIKÃO DO V€ÍCULO
Identifica o processo pelo qual dispositivos elétricos foram sendo incorporados ao veículo como elementos
acessórios ou de tração.
Começou no início do século 20 com introdução do carro elétrico, período em que este representava quase
30% dos carros que rodavam nos EE UU e cuja autonomia estava em torno de 1 0Okm por carga de bateria.
No entanto, a baixa densidade de energia (ver adiante) da bateria de chumbo-ácido com relação à da gasolina
e o baixo custo desta última, resultaram no declínio e desaparecimento do carro elétrico. A densidade de
energia da gasolina é quase, 500 vezes maior que a da bateria de chumbo-ácido.
O processo de eletrificação continuou, no entanto, com a incorporação de outros dispositivos elétricos tais
como iluminação, rádio, motor de partida.
A partir da década de 1980, com o desenvolvimento de novas tecnologias de baterias (níquel-metal-hidreto;
lítio-íon) o carro elétrico se apresentou, novamente, como uma opção viável.
Primeiramente, a tração elétrica foi incorporada ao veículo com motor de combustão dando origem assim, ao
híbrido-elétrico.
Em paralelo, continuou o desenvolvimento do carro totalmente elétrico (elétrico puro) que, no entanto, sofreu
atraso na sua introdução no mercado, entre outros fatores, devido às características das baterias di&poi n veis.
No entanto, como era de se esperar, a evolução tecnológica tem diminuído (mas, não eliminado) o impacto de
tais fatores negativos, alguns dos quais são analisados a seguir.
Peso e volume. As primeiras baterias utilizadas foram as de NiMH (hidreto metálico de níquel) mais
volumosas e de baixa densidade de energia. Atualmente, são utilizadas as de Li-íon (íon-lítio). Ainda assim,
num carro elétrico pesam entre 150 e 300 kg e ocupam um espaço considerável. Num carro híbrido o peso
está entre 30 e 50 kg.
O Nissan Leaf, por exemplo, cujo peso é de 1600 kg, aproximadamente, carrega aproximadamente, 270 kg
de baterias para uma autonomia de somente, 120 kms.
Por outro lado, o “pack” de baterias de NiMH precisa de arrefecimento. Nas baterias de chumbo-ácido ao
aumentar a temperatura, aumenta a tensão. Nas de NiMH, pelo contrário, o aumento de temperatura provoca
a diminuição da tensão.
Densidade de energia. Corresponde à energia (W) que pode
fornecer por hora de funcionamento e por kg de peso. O quadro Densidade de Energia
ao lado apresenta um comparativo, com valores aproximados, GASOLINA 12.200 Wh/kg
entre os diversos tipos de baterias disponíveis e o óleo diesel e
a gasolina. ÓLEO DIESEL 12.700 Wh/kg
A densidade é apresentada em watt-hora por kg (Wh/kg). BATERIA LI-ION 150 Wh/kg
Reparar que a densidade da gasolina é 80 vezes superior à
oferecida pela bateria de Lítio-lon. BATERIA NIMH 100 Wh/kg
> Autonomia. Depende em grande parte dos hábitos de BATERIA CHUMBO/ÁCIDO 25 Wh/kg
condução, mas, está entre 80 e 1 20 km. No caso dos elétricos
de faixa estendida (GM Volt), o motor de combustão interna
amplia esta autonomia de forma considerável.
m CONFIGURAçõES
O processo de eletrificação do automóvel, que se desenvolveu nos últimos 1 0 a 1 5 anos, teve como resultado
o aparecimento das seguintes configurações:
HÍBRIDO
Bateria a=> Carga da Bateria
1. Veículo híbrido elétrico (fig.[1aj). É aquele cuja fonte Excitação do Motor
primária de energia é um motor de combustão interna de
ciclo Otto ou diesel. A energia elétrica funciona como fonte
adicional ou alternativa de potência. O dispositivo de
M
Inversor/
Retificador
— Energia Mecânica
Energia Elétrica
ft
Motor/
ÇeradornSr Mudan?as
HíBRIDO 3QQC í=s> Carga da Bateria
“Plugável” Bateria Excitação do Motor Motorde
Combustão
Inversor/
Retificador
—
wm Energia Mecânica
Energia Elétrica
Interna
[1a]
ft
através de fonte externa ao veículo.
Motor de ELéTRICO
Combustão
Interna
Bateria [mm
[ib] s=> Carga da Bateria
Excitação do Motor
iii
Inversor/
Retificador/
3. Veículo elétrico puro (fig.[1cj). A única fonte de energia é uma bateria Energia Mecânica
que deve ser carregada, através de fonte externa ao veículo. ——
-- Energia Elétrica
Carregador
-— ,
1IH Motor I
—
ELéTRICO
FAIXA ESTENDIDA
s=> Carga da Bateria
Excitação do Motor
Energia Mecânica
Energia Elétrica
Bateria
mI ít
Inversor/
Retificador/
Carregador
«hrH
4. Veículo elétrico de faixa estendida (fig.[1dj). Dispõe de um
motor de combustão interna que aciona um gerador para
recarga da bateria quando necessário. Pode ser considerado,
&
Uma outra opção a ser adicionada ás descritas acima, é a oferecida pelo híbrido Toyota Crown 3.5/
V6 com a que é possível escolher (pressionando um botão) o modo "veículo elétrico", modo este
em que o veículo é operado somente com o motor elétrico.
IMPORTANTE
Em função das altas tensões envolvidas, o acesso aos elementos de potência (motor/gerador elétrico, bateria,
módulos de controle) deve ser feito seguindo as recomendações do fabricante. Em todos os casos, lembrar:
Os fios de alta tensão são de cor laranja.
Todos os sistemas possuem um interruptor geral que deve ser retirado e conservado pelo responsável
durante todo o procedimento de diagnóstico e reparo.
> Em híbridos e elétricos de faixa estendida, caso não tenha sido retirado o interruptor geral, lembrar que
com a ignição ligada o motor de combustão pode entrar em funcionamento comandado pelo módulo de
gerenciamento de energia.
SISTEMASHíBRIDOS ELéTRICOS
No que segue e em função da maior quantidade de modelos atualmente no mercado, os sistemas híbridos
serão abordados com maior detalhe.
Nestes, as duas fontes de potência são: [1] um motor de combustão interna (Otto ou Diesel) e [2] um motor/
gerador elétrico. Desta forma, é possível aproveitar os benefícios destes propulsores e compensar as eventuais
deficiências.
COMPONENT» Básicos
São aqueles presentes em todos os sistemas híbridos atuais:
Motor de combustão interna. Pode ser de ciclo Otto ou de ciclo Diesel.
Motor/Gerador elétrico. O sistema pode possuir 1 ou 2 unidades. Em todos os casos são do tipo trifásico
com rotor de imã permanente e, portanto, sem escovas.
Bateria de alta tensão. Utilizada para o acionamento do(s) motor(es) elétrico(s). Em função do modelo de
veículo, a tensão varia entre 100V e 300V. A alta tensão de trabalho contribui para a diminuição da corrente
de operação e com isto, da bitola dos fios de conexão e dos bobinados do motor/gerador. Como resultado
verifica-se a diminuição do peso do conjunto e a diminuição das perdas por calor na cablagem.
CORRENTE E TENSãO DE OPERAçãO
Para toda carga elétrica (um motor elétrico em particular) se verifica que:
Potência consumida = Corrente que circula x Tensão aplicada.
Assim, a corrente requerida por um motor de 10 kW (10.000 W) alimentado com uma bateria de 12 V
resulta igual a 820 A, aproximadamente. Por outro lado, a corrente para o caso em que a tensão de bateria
é 200 V, resulta igual a 50 A. Isto resulta na diminuição do diâmetro dos condutores de conexão da bateria
ao motor já que, para o cobre, por exemplo, a corrente máxima recomendada está em torno de 10A/mm2
de seção. Como será analisado a seguir, a consequência disto é a redução das perdas.
CORRENTE E POTêNCIA DISSIPADA
Todo material condutor possui uma resistência elétrica intrínseca Rc que é
diretamente proporcional ao seu comprimento L (aumenta com o aumento do
comprimento) e inversamente proporcional ao seu diâmetro d (aumenta com a L-
diminuição do diâmetro) (fig.[1ej).
A existência dessa resistência implica em que, quando circulado por uma corrente, V
haverá uma dissipação de potência elétrica na forma de calor o que representa
energia desperdiçada. *dVA [1e]
Se a corrente for excessiva com relação ao diâmetro do condutor, este poderá se
comportar como um fusível. Lembrar que a potência dissipada é igual a I2 x R *
(quadrado da corrente multiplicado pela resistência do condutor).
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 149
CAPITULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
« Exemplo
Um condutor de cobre de 2 m de comprimento e 2 mm2 de seção possui uma resistência de 0,018
ohms calculada a partir da constante de resistividade do cobre.
> Quando circulado por uma corrente de 10 A a potência dissipada é 1,8 W.
> Quando circulado por uma corrente de 50 A a potência dissipada é 45 IN.
Portanto, e com base na fórmula acima, diminuindo a corrente (e consequentemente, o diâmetro),
a potência dissipada diminui mais do que proporcionalmente. Mas, reparar que, como mencionado
acima, a diminuição do diâmetro acarreta o aumento da resistência Rc do condutor.
No entanto, como será visto no exemplo a seguir, este aumento é mais do que compensado pela
diminuição da corrente.
® Exemplo
Um condutor [1] de cobre de 2 m de comprimento e 2 mm2 de seção, circulado por uma corrente de
20 A (máximo recomendável), e um outro, [2], de 2 m de comprimento e 1 mm2 de seção, circulado
por uma corrente de 10 A. O condutor [1]possui uma resistência de 0,018 ohms enquanto que a do
condutor [2] é 0,036 ohms.
Para o condutor [1] (maior diâmetro e menor resistência) a potência dissipada é 7,2 W enquanto
que para o [2] (menor diâmetro e maior resistência) a potência dissipada é 3,6 W.
Verifica-se assim, que a diminuição da corrente permite a diminuição do diâmetro do condutor e
consequentemente, da potência dissipada.
CONFIGURAçõES
1. Sistema Híbrido Série (fig.[2a]). Nesta configuração, o motor
de combustão interna aciona o gerador elétrico que por sua
HÍBRIDO SÉRIE
HÍBRIDO PRRRL€LO
Esta configuração é utilizada, entre outros, em veículos Honda Insight, Civic e Accord.
a COMPONENTES DO SISTEMR HíBRIDO PRRRLELO
No caso do Honda Insight (fig.[3a], que será utilizado como exemplo no que segue, os principais componentes
do sistema híbrido paralelo são:
> Motor de combustão interna. Dependendo do ano/modelo, o Honda Insight pode estar equipado com:
a Motor 1 .0 de 3 cilindros de 50 kW (68 HP). Funciona sob o princípio de “ combustão de mistura pobre".
9 Motor 1 .3 de 4 cilindros de 65 kW (88 HP). Injeção multiponto sequencial.
Motor/Gerador elétrico. É solidário ao virabrequim do motor
de combustão. Quando operado como motor elétrico atua
como complemento do torque fornecido pelo motor de
combustão que é a fonte primária de energia.
Quando operado como gerador, recebe energia mecânica
do motor de combustão ou das rodas e a transforma em
*=> Carga da Bateria
—
Excitação do Motor
Energia Mecânica
Energia Elétrica
I
Bateria
Inversor/
Retificador
energia elétrica para recarga da bateria de alta tensão.
Nas desacelerações e frenagens, funcionando como
Motor/Geradot -—Volante
gerador, implementa a “frenagem regenerativa" que
transforma a energia cinética decorrente da movimentação
J\ — i >—i jpjgl Embreagem
Caixa de
do veículo, em energia elétrica para ser armazenada na Mudanças
bateria de alta tensão. Ou seja, recupera energia que de
Cb-%
uma outra forma seria desperdiçada.
Também é utilizado como motor de partida. Permite atingir
rotações de 600rpm ou mais o que resulta em partidas
imediatas. Ainda que utilizado como motor de partida na
maioria dos casos, o sistema possui um outro (auxiliar) [3a]
convencional alimentado com a bateria auxiliar de 12V.
Na configuração com propulsor 1 .0, o motor elétrico desenvolve uma potência máxima de 10 kW (7 HP).
Com propulsor 1.3, o motor elétrico desenvolve uma potência máxima de 1 8 kW (13 HP).
152 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
HÍBRIDO SÉRI€/PRRRL€LO
Esta configuração é a utilizada no Toyota Prius, Ford Fusion e Ford Escape, entre outros. Afigura [4a] apresenta
o conjunto do trem de força.
COMPONENTES DO SISTEMA HíBRIDO SéRIE/PRRRLEI.0
No caso do Toyota Prius, que será utilizado como exemplo, os principais componentes do sistema híbrido
série/paralelo são:
Motor de combustão interna. No caso do Toyota Prius é
um motor a gasolina de 1.5 litros de cilindrada, ciclo Conjunto
Atkinson, com comando variável e acelerador eletrónico. MG1 Planetário MG2
Desenvolve uma potência máxima de 57 kW ou 78 HP.
Motor/Gerador 1 (MG1). Como gerador re-carrega a
bateria de alta tensão e fornece energia para o
acionamento do MG2, quando necessário. Como motor
elétrico opera a partida do motor de combustão. Também,
i—íHt
tem a função de controle do conjunto planetário.
No Prius 1ra. geração a tensão de operação é 270 VAC,
valor este, similar à tensão nominal da bateria.
A partir de 2004 (2da geração) a tensão de operação
passou para 500 VAC e mais recentemente (3ra geração),
para 650 VAC. Neste caso, um módulo interno do inversor/ [4a] Silenciosa
retificador cumpre a função de adequar esta tensão à de
operação da bateria (270 V).
> Motor/Gerador 2 (MG2). Funciona como motor fornecendo a potência necessária em baixa velocidade e
torque suplementar nas altas velocidades. Durante a frenagem regenerativa funciona como gerador
carregando a bateria de alta tensão.
Até o ano 2003 a tensão de funcionamento é 270 VAC, valor este, igual à tensão nominal da bateria.
A partir de 2004 a tensão de operação é 500 VAC. Neste caso, um módulo interno do inversor/retificador
cumpre a função de adequar esta tensão à de operação da bateria (270V).
Como motor, desenvolve uma potência máxima de 33 kW ou 45 HP (até 2003) e 50 kW ou 68 HP (a partir
de 2004).
Conjunto planetário (trem TREM EPICICLOIDAL-TE TREM EPICICLOIDAL-TE
epicicloidal-TE). A Toyota o (conjunto planetário) (vista explodida) Roda de Coroa
denomina PSD (“Power Split Planetário/Satélites O
Device” ou Elemento Distribuidor Roda de
O
de Potência).
Planetário Coroa \ MG2
É um trem epicicloidal (conjunto MG1
planetário) que funciona como
elemento distribuidor de torque
Motor de
j§|= MG2 v
Porta-satélites [4c]
(figs.[4b][4c]).
Inversor/Retificador. Controla o fluxo de energia entre MG1, MG2 e a bateria de alta tensão. Converte a
tensão contínua de bateria em tensão alterna trifásica para a alimentação de MG1 e MG2 quando estes
funcionam como motores. E retifica a tensão alterna (a transforma em tensão contínua para carga da
bateria) produzida por MG1 e MG2, quando estes funcionam como geradores.
Complementando as funções de inversor/retificador, em modelos mais recentes, este módulo adapta as
tensões de trabalho dos MGs (500 V) à tensão da bateria de alta tensão (270 V).
Possui, também, um conversor DC-DC (tensão contínua para tensão contínua) da alta tensão contínua
para 12 V necessários à carga da bateria de baixa tensão utilizada na alimentação dos acessórios do
veículo. Quando em operação, o Inversor/Retificador gera uma potência considerável na forma de calor
razão pela qual, o módulo é arrefecido por água resfriada por um radiador integrado ao radiador do motor
de combustão.
Bateria de alta tensão. Armazena a energia produzida por MG2, quando da frenagem regenerativa, e a
produzida por MG1. O conjunto opera com tensão de 270 V.
Unidade de comando de alta tensão (UC AT). Controla o inversor/retificador e através deste, a operação
de MG1 e MG2.
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 153
CAPíTULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
©pfíinçno DO SISTCMR
A figura [5] ilustra como se distribui o torque gerado entre o motor de combustão, MG1 e MG2.
Inversor/ [5a]
MG1 Retificador
2. Movimentação em condições normais estabilizadas (fig.[5b]).
Entre 25 e 70 km/h o motor de combustão funciona e o torque
MG2 gerado é dividido pelo conjunto planetário:
Uma parte aciona mecanicamente MG1 que por sua vez,
TE ©Id como gerador, aciona eletricamente MG2 (B).
O resto do torque aciona as rodas diretamente (C).
[5b] A alocação de potência é controlada de forma a maximizar a
eficiência.
— Energia Mecânica
Energia Elétrica
Fluxo de Energia
eInversor/
3. Aceleração (fig.[5c]). A potência extra necessária é fornecida MG1 Retificador
diretamente pela bateria (A). Isto complementa a ação do motor
de combustão (C) e de MG1 (B).
Nos casos de aceleração ou de velocidade máximas, a bateria IMG2
fornece energia ao MG1 que passa a funcionar como motor.
Gira em sentido contrário ao do motor de combustão gerando
uma condição de “sobremarcha” que ajuda a atingir a velocidade
ÍE ©P><?
máxima.
— Energia Mecânica
Energia Elétrica
Fluxo de Energia
e
9
[5c]
O ©
MG2 requerida por MG2 para funcionar como gerador. Esta frenagem
e desaceleração regenerativas recuperam a energia cinética
(energia de movimento) do veículo convertendo-a em energia
1
TE
elétrica para carga da bateria (D).
— 1
[5d] Energia Mecânica
Energia Elétrica
[5e]
I
combustão e de MG1 . Em particular, E1
tem funcionalidade similar à de uma cinta
de freio. Quando acionada, trava a roda E1,2,3 embreagens
de coroa à carcaça da transmissão, MG1 motor/gerador auxiliar
Planetário Roda de MG2 motor/gerador principal
impedindo a sua movimentação. 4 Coroa
O conjunto planetário, MG1, MG2 e as 3 Satélite E1 [6b]
embreagens estão integrados na
transmissão automática controlada eletronicamente que dispõe ainda, de bomba hidráulica mecânica acionada
pelo motor de combustão quando este está em funcionamento, e de bomba elétrica, utilizada na condição de
motor de combustão desligado.
O sistema é controlado por uma unidade de comando (UC) com as seguintes funções básicas:
Controle da traçãocom base nas solicitações do condutor do veículo. Isto é feito controlando eletronicamente
os inversores/retificadores de forma a fornecer a energia necessária ao torque requerido por MG2 e, quando
necessário, por MG1.
Controle da frenagem regenerativa. A recuperação de energia cinética é realizada na medida em que o
torque negativo e a potência gerada estejam dentro dos limites de operação de MG1 e MG2 e que o estado
de carga da bateria seja inferior ao limite máximo; isto, para evitar a situação de sobrecarga. No caso de
atingir este máximo, o excesso de frenagem necessário é realizado através do freio hidráulico convencional.
Controle do estado de carga da bateria. É realizado através de MG1 e o motor de combustão. A estratégia
consiste em ligar o motor de combustão quando o estado de carga atinge o mínimo e desliga-lo quando
atinge o máximo. Desta forma, pode ser operado na sua condição de máxima eficiência em função de que
o seu funcionamento independe da potência de tração requerida.
156 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
MICRO-HÍBRIDO
É um sistema de configuração paralela em que o alternador é substituído por um motor/gerador que cumpre
as funções de motor de partida e de alternador.
n FUNCIONAMENTO
Durante as desacelerações é cortada a injeção de combustível e o motor é desligado com o veículo parado na
condição de marcha lenta. O sistema opera em dois modos:
Como motor. O motor/gerador fornece o torque de partida para arrancar o motor de combustão ao soltar o
pedal de freio (câmbio automático) ou quando é apertada a embreagem ou engatada a marcha (câmbio
manual). É esta a função “start-stop” (arranque/parada).
Como gerador. Com o motor de combustão funcionando, é utilizado na carga da bateria (alternador
convencional) e na frenagem regenerativa, para recuperara energia cinética.
CONFIGURAçõES Tensionador) Alternador
Motor de Partida
O micro-híbrido se apresenta em duas configurações:
1. Configuração BAS ou B-ISG. O motor/gerador que
substitui o alternador, está ligado por correia serpentina
ao virabrequim.
0
A figura [7a] mostra o sistema BAS da Valeo. Durante a
partida, o alternador, funcionando como motor, gera o
torque motor e o virabrequim o torque resistente. Com
o motor de combustão funcionando os torques se
invertem.
A figura [7b] mostra um exemplo de configuração
elétrica do sistema com o armazenamento feito numa Torque Motor
bateria convencional e em um supercapacitor (ver item Torque Resistente [7a]
seguinte).
A carga do supercapacitor depende da tensão
aplicada que é variável em função dos ciclos
de carga e descarga a que é submetido. A
HH—ri
a
energia nele armazenada é utilizada para
absorver a demanda de potência durante a í
partida e a sua tensão diminui em função do
tempo que dura a partida.
Durante a frenagem regenerativa o
i
16-35V
O M 14V
Embreagem _
Motor/Gerador
_ Caixa de
2. Configuração C-ISG (fig.[7c]). Nesta configuração, o
motor/gerador que substitui o alternador, faz parte do
» Mudanças volante do motor e pode funcionar com 42V ou com alta
340V
Baterias Ê
I «II
H
Inversor/
Retificador
I realizado por uma bateria de chumbo/ácido e uma outra
de Li-ion; esta última fornece a energia durante a partida.
Em ambos os casos (B-ISG e C-ISG), ainda sendo
sistemas classificados na categoria de micro-híbridos, o
motor/gerador pode cumprir a função de motor de partida
e de fornecimento de potência auxiliar ao motor de
24V combustão nas acelerações o que o transforma num
[7c] híbrido “leve”.
UITRRCRPRCITOR
Outras denominações deste componente são: supercapacitor ou capacitor eletroquímico de duas camadas
Possui características construtivas diferentes daquelas dos capacitores utilizados nos circuitos eletrónicos,
apresentando uma alta densidade de potência (watts por kg) com relação às baterias automotivas. No entanto,
apresenta uma densidade energia (kW.hora por kg) muito inferior. Como será analisado a seguir, isto 0 torna
adequado para fornecer picos de solicitação de energia por um curto espaço de tempo.
As seguintes são as características mais relevantes, que 0 convertem numa opção adequada como elemento
de armazenamento de energia nos veículos híbridos ou elétricos.
Oferece uma alta capacidade e rápida resposta a transitórios de solicitação de potência.
Em função da baixa resistência interna apresenta alta eficiência durante 0 ciclo de carga e descarga e isto,
independentemente da temperatura. Característica esta que simplifica 0 sistema de gerenciamento da
recuperação de energia cinética.
> Vida útil superiora 1 milhão de ciclos de carga/descarga. Com isto, o ultracapacitorpode durar o tempo de
vida útil do veículo, sem necessidade de manutenção e com melhor desempenho a temperaturas extremas.
> Ciclo de carga completa de 1 seg. Reparar que o das baterias automotivas, em geral, é superiora 1 hora e
que, quando submetidas a frequentes ciclos de carga rápida, sua degradação é acelerada. Esta diferença
se deve a que o processo de carga do ultracapacitor, depende da movimentação (rápida) de íons dentro do
eletrólito enquanto que o das baterias depende de reações químicas (lentas) que se baseiam no rompimento
de ligações de átomos dentro de moléculas.
Como resultado disto, 0 supercapacitor encontra aplicação em veículos com alta demanda de picos de corrente
como é 0 caso dos híbridos, elétricos e aqueles equipados com sistemas de “start-stop” (partida-parada),
direção elétrica ou com um alto número de sistemas de eletrónica embarcada. Nestes casos, verificam-se
picos de corrente que superam 200A ou mais, que podem resultar na desativação de sistemas vitais ao
funcionamento do motor; isto, devido a que estes transitórios provocam quedas acentuadas da tensão de
alimentação do circuito elétrico do veículo.
158 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
Neste sentido, o supercapacitor funciona como “ estabilizador’’ de tensão ou como fator de nivelamento de
carga, eliminando as perturbações provocadas pelos transitórios de solicitação de potência.
No entanto em função da sua baixa densidade de energia, o fornecimento de potência tem duração limitada
pelo que o supercapacitor não é utilizado, na maior parte dos casos, como dispositivo de assistência nas
acelerações prolongadas.
FUNCIONAMENTO
A título de exemplo de operação, a figura [8] apresenta a configuração do circuito elétrico de potência de um
micro-híbrido.
Durante a frenagem regenerativa ou
desaceleração (fig.[8a[), o alternador 110A 40A
fornece uma corrente (110A) que
supre a carga do supercapacitor 70A LL i i
(70A) e atende a carga elétrica do
veículo e a manutenção da carga da
bateria (40A). O conversor DC/DC
controla o processo de carga do
ultracapacitor cuja tensão pode variar
,
14V
f H I
16-35V
I O H 14V
O
-
M2 P* 1gg[ i
-O-
14V
O
Motor/ Ultracapacitor Conversor Bateria Carga
velmente e o torque disponível para Gerador DC/DC [8b]
a aceleração, aumentado.
> Durante a partida, o ultracapacitor pode suprir o excesso de corrente requerido pelo motor de arranque e
assim evitar a queda de tensão do circuito elétrico do veículo mantendo-a estável em 12-1 4V.
-
Humberto José Manavella HM Autotrônica 159
CAPíTULO 18 - Sistemas Automotivos Híbridos
1. Híbrido Série
Afigura [9a] apresenta a configuração básica do sistema híbrido série. Nesta configuração o veículo é acionado
só pela energia hidráulica armazenada no acumulador de alta pressão. O motor de combustão não aciona
diretamente, as rodas. Sua função é pressurizar o fluido. Uma unidade de comando dedicada, em comunicação
com a UC do motor de combustão, controla a operação da bomba e do motor bomba.
B FUNCIONAMENTO
Acionada pelo motor de combustão, a Híbrido Série Acumulador de
Alta Pressão
função da bomba é pressurizar o fluido
retirado do reservatório.
Diretamente ligado ao eixo de tração, a
função do conjunto motor/bomba é:
a) Operando como motor, assiste o motor © ©
de combustão nas acelerações © ©
utilizando a energia hidráulica
£
Motor/Bomba
armazenada no acumulador (sentido 1). Bomba1 Transmissão
b) Operando como bomba, pressuriza o
fluido durante a frenagem regenerativa
{sentido 2). [9a]
30
Reservatório
Na condição de baixa pressão no acumulador, a bomba, acionada pelo motor de combustão, pressuriza
novamente o fluido.
Uma característica própria do sistema série é a possibilidade de desligar o motor de combustão na condição
de veículo parado ou quando em situações com frequentes acelerações e desacelerações onde a energia
utilizada na movimentação do veículo é recuperada em parte, pela frenagem regenerativa. Nestes casos,
o motor de combustão só é acionado para repor a energia não recuperada.
2. Híbrido Paralelo
A figura [9b] apresenta a configuração básica do sistema híbrido paralelo. Nesta configuração o motor de
combustão aciona diretamente, as rodas. O sistema hidráulico só assiste nas acelerações até determinada
velocidade, por exemplo, 40 km/h. A partir desse ponto, o sistema hidráulico é desacoplado e o veículo se
movimenta só com a potência fornecida pelo motor de combustão. Uma unidade de comando, em comunicação
com a UC do motor, gerencia todas as operações do conjunto hidráulico e a caixa de transferência.
Portanto, quando comparada com a configuração série, o sistema paralelo apresenta a desvantagem que o
motor de combustão funciona constantemente, o que afeta negativamente, o consumo.
FUNCIONAMENTO
Durante as acelerações, o motor/bomba, Híbrido Porolelo Acumulador de
acoplado ao eixo de tração através de um Alta Pressão \
mecanismo de embreagem, assiste o motor Motor/Bomba e
Caixa de Transferência
de combustão, operando como motor,
acionado pelo fluido sob pressão, armazenado Eixo de Tração
no acumulador (sentido 1).
Durante a frenagem regenerativa, o conjunto .
motor/bomba, acoplado ao eixo de tração, e Transmissão ©O
impulsionado por este, opera como bomba,
pressurizando o fluido (sentido 2).
[9b] Reservatório
<HM mtotrônica
3 A denominação OBD deriva do inglês “On Board Diagnostics” que significa “diagnóstico de bordo”
realizado pelas próprias unidades de eletrónica embarcada.
As disposições estabelecidas pelo padrão OBDII são uma evolução daquelas promovidas pelo padrão OBDI
(que vigorou entre 1988 e 1995, nos Estados Unidos).
A partir de 1988 o CARB (Comité de Recursos do Ar do Estado da Califórnia) estabeleceu que todos os
veículos vendidos no estado da Califórnia incorporassem na sua unidade de comando, um sistema de
diagnóstico capaz de detectar defeitos nos elementos e sistemas de controle de emissões. Este padrão,
conhecido como OBDI, especifica que um aviso luminoso deve ser ligado na presença de falha relacionada
com o controle das emissões. A luz deve ser desligada assim que a falha desaparece.
Após um curto período, CARB concluiu que o padrão OBDI não era suficientemente eficiente na determinação
rápida do elemento que provocou o defeito; em alguns casos, veículos com falha passavam os procedimentos
oficiais (denominados l/M; inspeção e manutenção), sem que elas fossem detectadas.
Por tanto, um novo conjunto de especificações foi desenvolvido pelo CARB, que a EPA (Agência de Proteção
Ambiental dos EE UU) incorporou ao seu conjunto de normas em 1990.
Este novo conjunto de especificações resultou na reformulação do sistema de diagnóstico. Surgiu assim a
norma OBDII, a qual deveria ser aplicada, nos Estados Unidos, a partir de 1994-1996. A partir do ano 2000, foi
implantada na Europa com modificações e é denominada EOBD.
OBDBr
Aos poucos, normas similares ao padrão OBDII vão sendo aplicadas em outros países. No Brasil existe
já uma resolução do CONAMA, a de número 354/2004, que “dispõe sobre os requisitos para adoção de
Diagnose de Bordo-OBD, nos veículos automotores leves, objetivando preservara funcionalidade dos
sistemas de controle de emissão".
Esta resolução complementa outras anteriores como, porexemplo, a CONAMA 315/2002 que estabelece
as fases IV e V do PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículo Automotor
estabelecido pela Resolução CONAMA 1 8/1986), no sentido de promover a adoção das novas tecnologias
que permitam atingir os níveis de emissões estabelecidos para as referidas fases.
A resolução 354/2004 prevê a utilização de sistema de diagnose de bordo (OBD) introduzido em duas
etapas complementares e consecutivas denominadas OBDBr-1 (2007) e OBDBr-2 (2010).
A especificação OBDBR-1, estabelecida pela Instrução Normativa 126-2006 do IBAMA, possui
características mínimas para a detecção de falhas nos componentes típicos de controle de emissões:
MAP, MAF, ECT, ACT, H02S, VSS, CMP, CKP, EGR, KS, Injetores, Ignição, UC, Lâmpada de anomalia
(LIM).
A especificação OBDBr-2, estabelecida pela Instrução Normativa 24-2009 do IBAMA, complementa a
anterior com: detecção de falhas de combustão, deterioração dos sensores de oxigénio, deterioração
da eficiência de conversão do catalisador, válvula de purga do canister.
O IBAMA, através da Instrução Normativa 4-2010, estabelece os requisitos técnicos e de homologação
para os sistemas OBD a serem instalados em todos os veículos pesados a diesel.
O IBAMA, através da Instrução Normativa 6-2010, estabelece os procedimentos a serem aplicados na
inspeção de veículos ciclo Otto e Diesel.
O IBAMA, através das Instruções Normativas 126/2006, 24/2009 e 4-2010, estabelece que os protocolos
de comunicação dos equipamentos de diagnóstico (“scanner”), suas interfaces, e a padronização das
informações fornecidas devem obedecer ao especificado na norma ISO 1 5031.
a
Aviso luminoso para defeitos relacionados com emissões
nas unidades de comando de todos os sistemas Proteção completa do catalizador
de eletrónica embarcada relacionados com as
emissões, basicamente, motor e transmissão
automática ou semi-automática. REQUERIMENTOS
Leitura das falhas armazenadas
Em princípio, o objetivo do padrão foi o de definir as condições de através de "scanner” genérico
verificação dos dispositivos e sistemas relacionados com as emissões
veiculares e especificar um acesso uniforme aos resultados de tais Códigos de falha padronizados
verificações e parâmetros de funcionamento. Isto, através de um único Conector de diagnóstico padronizado
tipo equipamento “genérico” ou padrão para todos os veículos que
aderem à norma. Indicação das condições de funciona¬
mento no momento da falha
Parâmetros de funcionamento do
motor padronizados
A
'UOTA, Para uma descrição mais detalhada do padrão OBD II, o leitor pode consultar, entre outros, o livro
“Diagnóstico Automotivo Avançado" do mesmo autor.
MONITORES
Em todo sistema de eletrónica embarcada, a memória da UC correspondente é compartilhada pelo programa
principal e pelo programa de diagnóstico, sendo este último, responsável pela verificação do funcionamento
do sistema e pela realização de testes. No caso de defeito, um código de falha deve ser gravado. Quando em
comunicação com o equipamento de teste (“scanner”), o programa de diagnóstico é responsável, também,
pelo fornecimento das informações solicitadas.
São os “monitores de diagnóstico”, que fazem parte do programa gravado na UC, os encarregados de
organizar a execução dos testes de diagnóstico atendendo às condições de funcionamento do motor.
Ou seja, um monitor é um conjunto de auto-testes (testes automáticos) executados pela UC para avaliar a
operação ou integridade de um componente ou sistema. As verificações realizadas são:
Teste elétrico: verificação de sensores e atuadores no relativo a continuidade, curto-circuito e sinais fora
da faixa de operação.
> Teste de racionalidade ou de plausibilidade. Quando aplicado ao sinal de um sensor, determina se a
informação recebida é coerente com as condições de operação; isto, em função da informação de outros
sensores. Quando aplicado a um atuador, determina se o seu estado é coerente com o valor comandado.
Os monitores podem ser de monitoramento contínuo e não-contínuo.
> Monitoramento contínuo. Neste caso, o dispositivo ou sistema monitorado é verificado (“testado”)
constantemente, com frequência não inferior a 2 vezes por segundo.
Monitoramento não-contínuo: O dispositivo ou sistema é verificado uma única vez a cada ciclo de
condução.
A norma prevê que os monitores, ao serem executados, realizem testes passivos e testes ativos.
Teste passivo: Efetua o monitoramento, de forma passiva, verificando o estado do circuito elétrico do
sistema (curtos e interrupções) e avaliando a plausibilidade das informações recebidas dos sensores.
> Teste ativo (intrusivo): Quando executado, realiza alguma ação no sistema sem, em princípio, afetá-lo
de forma perceptível. No entanto, em alguns casos, quando executados, podem alterar o nível de emissões.
Geralmente, os testes ativos são realizados após um teste passivo cujo resultado não foi satisfatório. Ou
seja, quando o simples monitoramento passivo não for conclusivo, o sistema de diagnóstico executa testes
ativos, nos quais, os atuadores do sistema sob verificação, são acionados a fim de avaliar a resposta dessa
ação. Uma resposta não plausível, ou seja, que não esteja dentro do esperado, é indicação de defeito.
CRITéRIOS DS HRBIUTRçAO
As condições ou critérios de habilitação são os requisitos necessários para que um determinado teste de
diagnóstico (ativo ou passivo) seja realizado pelo monitor correspondente. Tais condições formam um conjunto
de critérios de habilitação particular a cada teste.
Ex. Para avaliar o nível de atividade da sonda Lambda pré-catalisador é necessário que, previamente,
sejam cumpridas as seguintes condições:
® O sinal do sensor TPS deve estar estabilizado, sem apresentar variações.
» O sistema de controle da mistura deve estar funcionando em malha fechada.
Só nesse momento é que o sistema de diagnóstico poderá fazer a verificação passiva do nível de
atividade do sinal da sonda e determinar se está operando corretamente.
A norma OBDII contempla, atualmente, a utilização dos seguintes monitores de diagnóstico:
Monitor abrangente de componentes. Verifica o funcionamento de todos os dispositivos de entrada
(sensores) e de saída (atuadores) relacionados com as emissões. Basicamente, verifica a presença de
curto-circuito ou interrupções, e a “racionalidade” (plausibilidade) dos sinais dos sensores.
Monitor de falhas de combustão. Verifica a presença de falhas de combustão em função, basicamente,
da informação do sensor de rotação do motor. Nos motores diesel equipados com vela de aquecimento
com sensor de pressão, a informação deste último é utilizada para a detecção de falhas de combustão.
164 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 19 - Sistemas OBD II
Monitor do sistema de ajuste de combustível (controle de mistura),
Monitor do sensor de O2 e de relação ar/combustível.
Monitor do aquecedor do sensor de 02. Verifica a presença de falha no circuito de alimentação do
resistor aquecedor.
Monitor do catalisador de 3 Vias (ciclo Otto). Verifica a eficiência de conversão; utiliza as informações do
sensor de 02 pré-catalisador e do sensor de O2 pós-catalisador.
Monitor do sistema de controle das emissões evaporativas (ciclo Otto).
Monitor do sistema EGR.
Monitor do resfriador EGR (ciclo Diesel)
Monitor do sistema de injeção de ar secundário (ciclo Otto).
Monitor da válvula termostática. Verifica que a temperatura do motor atinja um determinado valor após
um determinado tempo de funcionamento com carga superior a um limite mínimo.
Monitor da válvula PCV (“blow-by”) (ciclo Otto).
Monitor do catalisador Oxidante (ciclo Diesel).
Monitor do catalisador de NOx.
Monitor do catalisador SCR (ciclo Diesel).
Monitor do filtro de particulado (ciclo Diesel).
Monitor da pressão de sobre-alimentação.
& ESTADO
Por ser o padrão OBDII uma norma dinâmica e em função dos avanços tecnológicos, o número de
monitores poderá aumentar.
CóDIGOS DE FALHA
No ambiente OBDII os códigos de falha são denominados DTC. Cada DTC se compõe de uma letra e 4
algarismos. A letra pode assumir os seguintes valores:
P - Identifica as falhas correspondentes ao conjunto de força (motor e transmissão)
C - Identifica as falhas associadas aos sistemas eletrónicos da estrutura do veículo (chassi)
B - Identifica as falhas associadas aos sistemas eletrónicos da carroçaria
U - Identifica as falhas associadas aos sistemas de comunicação entre as diferentes UCs.
Adefinição dos DTCs do tipo POxxx e P2xxx está padronizada pela norma OBDII. São os códigos genéricos.
A definição correspondente aos do tipo P1xxx fica a critério dos fabricantes. São os códigos proprietários.
Neste caso, um mesmo DTC pode ter significado diferente dependendo do fabricante.
TIPOS DC FRLHRS
As falhas OBDII relacionadas diretamente com as emissões podem ser de 2 tipos.
Tipo A: Correspondem a dispositivos ou sistemas, monitorados de forma contínua. O DTC
correspondente é gravado como confirmado, e lâmpada LIM é acesa, no primeiro ciclo de
condução em que a falha é detectada. Juntamente com 0 DTC e se este for o de maior prioridade,
serão armazenados os Dados Congelados associados à falha.
Tipo B: Correspondem a dispositivos ou sistemas monitorados de forma não contínua. No primeiro
ciclo de condução em que é detectada a falha, o DTC correspondente é gravado como pendente.
O DTC é gravado como confirmado, e a LIM acesa, no segundo ciclo de condução consecutivo
no qual 0 sistema de diagnóstico detecta a mesma falha, dentro de condições de funcionamento
do motor, similares àquelas do ciclo anterior. O conjunto de Dados Congelados é atualizado.
O “scanner” genérico deve poder recuperar ambos os tipos de DTCs, devidamente identificados como
confirmados ou pendentes.
Nomenclatura
Os documentos da SAE utilizam a sigla “Modo $0ti” para identificar os diversos modos de teste. Ao
igual que a norma ISO (que substituiu a norma SAE), a norma OBDBr identifica os diferentes modos
com a denominação “Serviço $0x”
A forma “$0x” identifica um número expressado na notação “hexadecimal'. É o formato utilizado no
protocolo de comunicação entre o equipamento de teste e as unidades de eletrónica embarcada, para
definir de forma precisa o modo ou parâmetro solicitado.
166 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 19 - Sistemas OBD II
Serviço $01: Monitoramento dos parâmetros de funcionamento do motor. Este modo permite:
•A leitura dos parâmetros do modo contínuo; ou seja, dos parâmetros de funcionamento.
•Conhecer a condição do sistema de diagnóstico com a indicação do estado dos monitores
(completados ou não). Esta é a informação contida na “Palavra de Estado i/M'.
•Conhecer o estado em que deve encontrar-se a lâmpada LIM.
Serviço $02: Apresentação dos “Dados Congelados’’ (“freeze frame”)
O padrão OBDII especifica que, para a falha mais prioritária relativa às emissões, devem ser
gravadas as informações do estado de funcionamento, no momento de detecção da falha.
Serviço $03: Solicitação dos códigos de falha armazenados (DTC de emissões). Este modo reporta os
códigos DTC “confirmados?’, (ver também, Modo 7)
Serviço $04: Apagar códigos de falha “confirmados" e “pendentes” (DTC de emissões)
Serviço $05: Apresentar resultados dos testes relativos aos sensores de oxigénio. Devem ser
apresentados os valores numéricos assim como os limites que servem de comparação.
Serviço $06: Resultados dos testes de diagnóstico dos monitores (contínuos e não-contínuos)
Serviço $07: Códigos pendentes para os sistemas monitorados de forma contínua e não-contínua
O Modo 7 reporta o resultado de testes de componentes do motor e transmissão, relacionados
com as emissões, que são monitorados tanto de forma contínua como não-contínua.
Para que um DTC seja reportado no Modo 7, a única condição é que o monitor que pode gerar
esta falha esteja operando, mesmo que depois não seja completado.
Serviço $08: Solicitação do controle de sistemas, testes e componentes (testes de atuadores)
Serviço $09: Solicitação de informações do veículo. São apresentadas, entre outras:
9 Número de identificação da calibração (CID) que identifica o software gravado na UC.
<HM Motrônica
-
Humberto José Manavelia HM Autotrônica 167
Analisador de Gases Opocímetro
CnnncTERísTicns DE UTIUZãçãO
- - 2Q
Estes equipamentos encontram utilização:
Na oficina, como instrumentos de diagnóstico e de verificação.
São operados por técnicos automotivos. Os valores apresentados servem como base de raciocínio para
o diagnóstico de defeitos e para verificação de reparos. A operação dos equipamentos deve ser o mais
flexível possível e sem sequências pré-estabelecidas.
Com a implantação da verificação anual de emissões, ambos equipamentos serão necessários com o
objetivo de garantir os serviços efetuados em veículos que devam passar pela inspeção oficial.
> Em centros de inspeção, como instrumentos de verificação.
São operados geralmente, por técnicos não especializados em diagnóstico e reparação de defeitos. Os
valores apresentados sevem somente para a aprovação ou não do veículo testado. A operação dos
equipamentos é pouco flexível e com sequências pré-estabelecidas rígidas. Isto obedece a dois motivos:
•Evitar adulteração de resultados.
o Permitir a operação por técnicos sem especialização no diagnóstico e reparação de defeitos.
/aft-» O valor de Lambda apresentado nos analisadores de 4 gases, resulta da aplicação da fórmula de
/*OTAkm
4ÿ
Brettschneider a qual utiliza para o cálculo, os valores medidos de CO2, CO, O2 e HC. Nos
analisadores de 5 gases, a fórmula utiliza também, o valor medido de NOx.
/
Todos os 4 ou 5 gases apresentados pelo analisador, são excelentes parâmetros a serem utilizados no
diagnóstico de problemas, permitindo também, verificar a efetividade de um reparo, comparando os valores
medidos, antes e depois de realizado 0 serviço.
Os analisadores atualmente no mercado, são do tipo de absorção. O princípio de funcionamento se baseia na
absorção de luminosidade que o CO2, CO e HC provocam num facho de luz infravermelha.
A figura [1] mostra a configuração básica:
O emissor emite um facho infravermelho que Sensores de
atravessa a câmara de medição. Emissor Filtros Infravermelho
t Os filtros ópticos selecionam a parte do facho Infravermelho Opticos / _
específica a cada componente.
/ - iri 00.0 Iço
> A concentração de cada gás na câmara Câmara de
determina a quantidade de luminosidade que Medição 00.0 co;
atinge 0 sensor correspondente 0 qual avalia
assim, 0 grau de absorção que cada um Bomba de 0000 HC
provoca. Membrana .1
As concentrações de 02 e NOx são medidas Medidor/* Display
através de sensores instalados fora da câmara HJ de Fluxo
de medição.
m UNIDADES DE MEDIçãO
CO2, CO e O2 são medidos em porcentagem [%] de volume.
HC e NOx são medidos em partes por milhão [ppm] de volume. Lembrar que: 1 00 ppm = 0,01%
168 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 20 - Analisador de Gases - Opacímetro
OPACíMETRO
Equipamento fundamental na inspeção veicular e na verificação do estado de frotas.
No ambiente de oficina e em função do seu alto custo, pode ser dispensado como instrumento de diagnóstico
de defeitos.
Atualmente, a principal utilidade é na verificação de reparos efetuados para atender à inspeção oficial e na
manutenção de frotas.
Afigura [2] mostra a configuração básica do opacímetro de fluxo parcial:
A luz emitida por uma lâmpada alógena é concentrada por um conjunto óptico que produz um facho
de aproximadamente, 10 mm.
O facho atravessa a câmara de medição até
o espelho que o reflete de forma a atingir o
elemento fotossensível. Desta forma, é fumaça saída da fumaça fumaça
possível obter uma coluna de medição de
40 cm com uma câmara de
aproximadamente, 20 cm. Espelho
residual
tt £ residual
jgff
«1
'
Elemento
Fotosensível
Refletor B A Bjki*/
A ventilação forçada de ar nas câmaras de
proteção (B) impede que as impurezas da
fumaça se depositem sobre os elementos
ópticos, falseando a medição.
UNIDRDCS IX Mcciçfio
Inicialmente, os opacímetros apresentavam os
ar
200 mm A A
ar *\
Lâmpada
Alógena
valores em unidades de opacidade, em
porcentagem (%). A câmara de medição
Atualmente, a unidade definida nas B câmara de proteção
regulamentações e, portanto, apresentada nos
opacímetros, é o coeficiente de absorção de [2] O
entrada da fumaça
luz, representado pela sigla [nr1]. Mede a
dificuldade de penetração do facho luminoso nos
gases de escape.
Modos de Operação
Os equipamentos disponíveis atualmente no mercado (analisadores e opacímetros), para atender à inspeção
oficial de emissões, possuem as seguintes características:
São equipamentos controlados por software, e podem trabalhar em dois modos:
1. Modo Diagnóstico. Para ser utilizado no diagnóstico de defeitos de dirigibilidade ou para verificação de
reparos efetuados.
2. Modo Teste Oficial. Para ser utilizado em centro de inspeção ou na oficina, para verificação final que
assegure a aprovação do veículo na inspeção oficial.
<HM mtotrônica
-
Humberto José Manave!la HM Autotrônica 169
Inspeção Veicular
•Emissões e Ruído
21
PROCONVí
PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIçãO DO AR POR VEíCULOS AUTOMOTORES
Este programa trata dos limites a serem aplicados na homologação de veículos novos. Foi instituído através
da resolução CONAMA Nro. 18/1986. Entre os pontos relevantes, podem ser destacados:
Estabelecer limites máximos de emissão de poluentes para veículos novos.
Criar programas de Inspeção e Manutenção (l/M) para veículos em uso.
Promover a melhoria das características técnicas dos combustíveis líquidos.
O programa foi evoluindo em etapas (fases), sempre no sentido da diminuição dos limites máximos de emissões.
Para veículos equipados com motores ciclo Otto, o PROCONVE regulamenta os limites de CO, NOx, HC
e aldeídos. Isto último, aplicado aos veículos que utilizam combustíveis oxigenados (etanol). As provas
de homologação são realizadas com o veículo em condição de marcha, em dinamômetro de rolos e os
limites são avaliados em g/km (grama por quilómetro rodado).
Para veículos diesel o PROCONVE regulamenta os limites de CO, NOx, HC e material particulado (MP).
As provas de homologação são aplicadas aos motores e não ao veículo completo. São realizadas em
dinamômetro de bancada e os limites, avaliados em g/kWh (grama por kilowatt hora de funcionamento).
As resoluções do CONAMA, que estabelecem as diversas fases, diferenciam os veículos leves (até 3856 kg;
ciclo Otto e ciclo Diesel) dos veículos pesados (acima de 3856 kg; ciclo Diesel).
VEíCULOS Leves
Proconve L-4 (veículos leves, fase 4): Vigorou a partir de 2005/07.
Proconve L-5: Devia entrar em 2009, mas, foi cancelado em função da impossibilidade de fornecimento
de óleo diesel com teor de enxofre de 50 ppm.
Proconve L-6: A partir de 201 3 para veículos diesel leves e a partir de 201 4 para veículos com motores
ciclo Otto. Regulamentado pela resolução CONAMA 415/2009.
VEíCULOS PESADOS
Proconve P-5 (veículos pesados, fase 5): Vigorou desde 2004/06.
Proconve P-6: Devia entrar em 2009, mas, foi cancelado em função da impossibilidade de fornecimento
de óleo diesel com teor de enxofre de 50 ppm.
Proconve P-7: A partir de 201 2. Regulamentado pela resolução CONMA 403/2008.
170 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
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CAPíTULO 21 Programas de Inspeção Veicular - Emissões e Ruído
PROGRAMAS DE I/M
Como mencionado, os programas de l/M estão regulamentados por resoluções do CONAMA, que estabelecem
os procedimentos e normas a serem aplicados e que podem ser implementados de duas formas:
Centralizada. Empresas credenciadas montam centros de inspeção sem nenhuma relação com a
área da reparação automotiva. Este é o caso do Brasil.
Descentralizada. Oficinas credenciadas, durante a realização da verificação e através da internet, se
conectam com um órgão central de inspeção ao qual são enviadas, em tempo real, as medições
realizadas. Finalizado o procedimento, a central emite o relatório.
Cabe salientar que esta forma pode propiciar a fraude para certos tipos de defeito.
H Resoiuçõts DO CONRMR € OS IPROGRRMRS D£ Í/M (A PARTIR DE 2010)
Para 2010, as resoluções anteriores foram revogadas e passou a vigorar a Conama 418/2009, que regulamenta
o conjunto de emissões: ciclo Otto, ciclo Diesel e ruído.
Dispõe sobre critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular - PCPV e para a implantação
de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - l/M pelos órgãos estaduais e municipais do
meio ambiente e determina novos limites de emissão de gases poluentes e de ruído. Os procedimentos
para a avaliação do estado de manutenção de veículos em uso, assim como os métodos a serem aplicados
nas medições são objeto de portarias específicas de cada município ou estado; no entanto, deverão estar de
acordo com a resolução do Conama.
FATOR DE DILUIçãO
Até 2009 vigorou o parâmetro Diluição calculado aplicando a rÿiJ =
Diluição %C0 + %C02
fórmula [1]. Para a aprovação, o valor devia ser superior a 6%.
1
--—Í%1
—-E2 edido
Ciclo Diesei
PROCEDIMENTO DE INSPEçãO
Os ensaios devem ser feitos de acordo com o especificado na norma brasileira NBR 13037. Assim, após
condicionamento do motor devem ser efetuadas entre 4 e 10 acelerações livres, da marcha lenta até a rotação
de corte. O motor deve ser mantido nesta rotação por no máximo, 5 segundos, tempo durante o qual o
opacímetro registra o valor de opacidade.
A primeira aceleração serve para eliminar eventuais resíduos acumulados no escapamento e deve ser
desprezada. O valor de opacidade a ser considerado é a média aritmética de um grupo de 3 valores consecutivos
com uma variação máxima de 0,5 nr1 entre eles.
DECIBEL
O som é uma oscilação na pressão do ar capaz de ser percebida pelo ouvido humano. É caracterizado por
duas magnitudes físicas: Sua frequência, medida em Hertz(Hz) ou kilohertz (kHz), e sua potência ou intensidade
sonora, medida em Watts (W). As escalas utilizadas para representar estas magnitudes são lineares.
No entanto, as variações de potência e de intensidade dos sons captados pelo ouvido humano cobrem uma
ampla faixa de variação.
Por exemplo, um ser humando gritando pode irradiar uma potência de 0,001 W enquanto que um avião a jato
chega a emitir 1 00.000 W. Neste caso, uma escala não linear (comprimida) é mais adequada para representar
essa ampla gama de valores.
Assim, surge o decibel que, através de uma função matemática denominada “logaritmo”, relaciona um
determinado valor de potência ou intensidade sonora, com um outro valor tomado como referência. Desta
forma, consegue-se uma compressão da escala de valores. O decibel é identificado com a sigla dB; para
ruído é utilizada a sigla dB(A).
Assim, por exemplo, um som próximo do silêncio tem uma intensidade
somora de 0 db(A), enquanto uma conversa normal irradia 30 dB(A) e dB(A) W/Wo
uma buzina de automóvel pode chegar a 110dB(A). A distância afeta a —
70 | r 10.000.000
intensidade do som; assim, com o afastamento da fonte de som, dimui a
intensidade percebida pelo ouvido humano. 60- - 1.000.000
Os valores acima correspondem a medições realizadas próximas da fonte.
Cabe salientar como exemplo, que a exposição a um som de 1 40 dB, por 50- - 100.000
1 segundo, pode já causar danos irreversíveis.
Com relação às escalas, a figura ao lado apresenta a escala linear de 40- - 10.000
dB(A) juntamente com a escala comprimida de relações de potência 30- -1.000
sonora. A escala de W/Wo representa a relação que existe entre uma
determinada potência de ruído (W) e o valor de referência (Wo). Assim, 20- - 100
por exemplo, um valor de ruído de 30 dB(A) corresponde a uma potência
de ruído 1.000 vezes maior que a potência de referência. Já, 50 dB(A) 10- L 10
representa uma potência 100.000 vezes maior que a de referência. Escala Escala
O valor de referência Wo foi escolhido arbitrariamente como sendo próximo Linear Comprimida
do mínimo que o ouvido humano consegue perceber.
Hidrocarbonetos (HC)
A quantidade de hidrocarbonetos presente nos gases de escape é medida (nos analisadores disponíveis no
mercado) em partes por milhão (ppm) ou quantidades de moléculas de HC por milhão (1.000.000) de moléculas
amostradas. O nível de HC nos gases de escape é função, principalmente, dos seguintes fatores:
Lambda da mistura que entra em combustão.
Ângulo de avanço da ignição (ciclo Otto) ou de avanço da injeção (ciclo diesel)
Ângulo de cruzamento (calagem) de válvulas -
[ppm]
Temperatura do motor
1000
Relação superfície/volume da câmara rica «Ipobre
Um nível excessivo de HC é resultante de falhas de combustão as que 750-
HC
podem ser causadas por:
500-
Defeito na alimentação de combustível que resulta na admissão de
mistura muito rica ou muito pobre. Quanto mais afastada da 250-
estequiométrica estiver, maior o nível de HC (fig.[1aj).
Defeito no sistema de ignição. Ainda admitindo a mistura correta, a 7AIX)
combustão pode não acontecer ou acontecer de forma incompleta. 1
Oxigénio (02)
O nível de 02 no escape é medido em percentual (%) do volume total
amostrado. [%]
Como mostra a figura [1c], a concentração de O2 é um indicador da condição 15
de mistura pobre, ou seja, a sua taxa cresce de forma gradual assim que a ricai pobre
mistura se torna mais pobre. Isto, quando no cilindro acontece a combustão.
Neste caso, a concentração de O2 é afetada basicamente, pelo Lambda da 10-
mistura admitida: o2
> Para misturas pobres 0 teor de O2 aumenta. 5-
Para misturas ricas o nível cai, praticamente, a zero já que, quase todo o
O2 é utilizado no processo de combustão. 0-H=
No entanto, na presença de falhas de combustão, os teores de 02 aumentam 1 0.7 1.4 ai
acentuadamente já que, nesta situação, a mistura passa inalterada pela
câmara de combustão. [1C]
Com a mistura no nível apropriado e sistema de escapamento funcionando corretamente, a taxa de 02deverá
estar entre 1% e 3%. Para motores com injeção eletrónica, o valor deverá ser inferior a 1%.
[1e]
Fator Lambda e Diluição
Além dos valores de concentração dos gases, 0 fator Lambda e a diluição são parâmetros importantes a
serem considerados também, durante 0 diagnóstico.
Fator Lambda
Os analisadores de 4/5 gases atuais fornecem, além das concentrações dos 4/5 gases, o valor do
Lambda, calculado a partir das referidas concentrações. Isto resulta numa importante ferramenta para
corroborar as conclusões derivadas dos valores lidos.
Por outro lado, 0 valor de Lambda fornecido pelo analisador, associado à informação do sensor de
oxigénio pré-catalisador e aos parâmetros de ajuste de combustível, constitui uma ferramenta de
diagnóstico bastante conclusiva. Lembrar que o Lambda da mistura admitida não é modificado pela
presença do catalisador.
Diluição
Um fator importante a ser considerado é a possível diluição dos gases, provocada por vazamento no
escapamento, já que isto pode invalidar as conclusões resultantes da análise das leituras.
Se 0 vazamento se localiza antes da sonda, esta detectará condição de mistura pobre 0 que resultará
na alteração dos parâmetros de ajuste de combustível no sentido do enriquecimento da mistura.
Por outro lado, independentemente da localização do vazamento, a diluição invalida o valor de Lambda
informado pelo analisador. Portanto, para certificar-se que a amostra não está sendo diluída:
Somar os valores de %CO e %C02, 0 resultado deverá estar próximo do máximo de CO2; superior
a 12%-13%. Isto é indicação de que o motor está funcionando eficientemente, ou seja, sem
problemas de alimentação, ignição ou compressão. Levar em consideração que todo problema
que afeta a eficiência de combustão faz o nível de CO2 cair sensivelmente.
>A concentração de oxigénio no escape deve ser inferior a 1%.
Os analisadores homologados para a inspeção veicular oficial, já fornecem 0 valor do fator de diluição
e os valores de CO e HC corrigidos. No entanto, para 0 diagnóstico é recomendável utilizar os vaiores
de concentração não corrigidos
HC < 1 00 ou 200 ppm CO < 0.5% O2 entre 0.3% e 0,8% CO2 > 13% - 1 4%
CO2 oito
Condição de combustão normal CO = 02
HC boixo
CO2 boixo
Condição de mistura rica CO oito
O2 boixo
HC levemente oito
A condição de mistura rica (Lambda menor que 1 ) resulta no aumento do nível de CO
CO2 boixo
Condição de mistura pobre CO boixo
02 oito
HC oito
co -7
-15 02
-6000 -6 -3
- 14 *
- 13
- 12 -5
-11 - ! l
-4000 -1000 - 10 -4 -2
/
\ !
/ÿ. -3
/ \*.
\ / \
-2000 -500 -5
% ;
\X*
-2 -1
\ V -1 -0.5
JNÕXK X -0.5
Lo L o LO L 0 Lo
Av A. A. 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 A A,
NOx HC , C02 fator X 02 co
[2]
A seguir são apresentas algumas regras gerais que podem orientar inicialmente o diagnóstico.
Como mostra o gráfico, quando o CO aumenta o 02 diminui e vice-versa. O CO é um indicador de
funcionamento com mistura rica e o O2, de funcionamento com mistura pobre. Para mistura estequiométrica
as concentrações de CO e O2 são aproximadamente iguais.
Se o HC aumenta como resultado de falha de combustão, 0 nível de O2 também aumenta.
O nível de C02 diminui nos casos anteriores por causa do desbalanceamento da mistura ou falha de
combustão.
Um aumento de CO não necessariamente resulta num aumento proporcional de HC. HC extra só é gerado
na presença de combustão incompleta por causa de mistura rica (nível de CO superior a 4%). No processo
de combustão o oxigénio reage primeiramente, com 0 HC para formar CO e numa segunda fase, para
formar CO2. Se a quantidade de oxigénio for suficiente para consumir grande parte do HC, mas, não para
transformar todo o CO em C02, 0 resultado será baixo nível de O2 e CO2, alto de CO e médio de HC 0 que
se configura como combustão incompleta. Se a mistura admitida continua a enriquecer será atingida a
situação na que não mais haverá combustão 0 que provocará 0 aumento acentuado de HC e O2.
Alto HC, baixo CO e alto 02 indicam falha de combustão devido a mistura pobre ou diluição da mesma por
fluxo excessivo de EGR. Quando há falha de combustão 0 combustível não queima; ou seja, o HC e o O2
não reagem passando inalterados para o escape.
Alto HC, alto CO e alto 02 são indicação de falha de combustão ou combustão incompleta por mistura
excessivamente rica. Nesta situação, as falhas de combustão acontecem geralmente, de forma aleatória
em todos os cilindros 0 que resulta em alto nível de HC e O2 e baixo de CO. Simultaneamente, nos
cilindros que não apresentam falhas, a combustão é incompleta por causa da mistura excessivamente rica
0 que resulta em alto nível de HC e CO e baixo de 02.
Alto HC, CO normal ou levemente baixo e alto 02 são indicação de falha de combustão devido a problema
mecânico ou de ignição. Isto, independentemente do teor da mistura admitida.
HC normal ou levemente alto, CO normal ou levemente baixo e alto 02 são indicação de falha de combustão
devido a possível vazamento de ar ou mistura levemente pobre.
/A"1 No que segue, o termo “não controlado" é utilizado para indicar que o empobrecimento ou
/ jp enriquecimento da mistura ocorre sem intervenção direta da UC de controle do motor.
178 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
___ CAPíTULO 22 - Diagnóstico com Análise de Gases
Como resultado verifica-se um enriquecimento da mistura admitida. No entanto, dependendo do grau de
restrição e com base na informação do sensor de 02, a UC poderá compensar até certo ponto, a condição
de enriquecimento, aplicando correções negativas (empobrecimento) nos ajustes de combustível.
Pelo contrário, nos sistemas com MAF, a mistura admitida poderá ser aquela correspondente às reais
condições de funcionamento do motor. No entanto, a restrição provocará uma diminuição da eficiência
volumétrica 0 que pode resultar na perda de desempenho.
Dependendo do grau de enriquecimento “não controlado”, e em função da informação do sensor de
O2, a UC pode compensar 0 excesso diminuindo o tempo de injeção. Nestes casos, os valores de
ajuste de combustível indicarão empobrecimento. No entanto, isto depende em grande medida,
das estratégias de controle implementadas na UC.
Por outro lado, em função de informação incorreta de sensor(es), a UC pode provocar o
enriquecimento “controlado” da mistura. Na maioria destes casos, os ajustes de combustível refletem
esta condição assumindo valores positivos de correção (de até +10% ou mais).
Como já mencionado, para um diagnóstico mais conclusivo, geralmente é necessário levar em consideração
outros gases. Por exemplo:
Em alguns casos, 0 valor de concentração de oxigénio pode ajudar a determinar uma condição de mistura
rica quando a sua concentração é excessivamente baixa, sendo isto, uma indicação de falta de O2 em
relação à quantidade de combustível presente na mistura.
Um aumento de CO não implica necessariamente, num aumento proporcionalmente similar de HC. Nível
de HC excessivo somente aparece a partir do ponto onde surgem falhas de combustão por mistura rica.
Entre 3% e 4% de CO em veículos com catalisador.
Num motor sem defeito mecânico ou na alimentação de combustível, quando 0 CO aumenta o 02 diminui,
e inversamente, quando o CO diminui, o O2 aumenta.
Em todos os casos, o nível de CO2 diminui, com relação ao normal, devido a um desbalanceamento da
mistura ou a falha de combustão.
Por outro lado, lembrar que a ação de um catalisador funcionando eficientemente pode mascarar defeitos já
que completa o processo de combustão, reduzindo os níveis de CO e HC. Neste caso, 0 teor de 02 pode
auxiliar no diagnóstico. Por outro lado, esta situação salienta a importância das medições pré-catalisador no
diagnóstico de defeitos.
Causas de Nível Alto de HC
Nível alto de HC pode ser o resultado de:
> Falha de combustão. Em alguns cilindros/ciclos não há queima da mistura. A causa pode ser defeito
mecânico, no sistema de ignição ou de alimentação de combustível. Nestes casos, além do nível de HC
alto e de CO baixo, verifica-se também, um aumento no nível de O2.
Combustão incompleta. Geralmente, resultado de problemas na alimentação de combustível ou na
admissão de ar. Neste caso, além do nível de HC alto, 0 nível de O2 resulta baixo e 0 de CO alto.
Os seguintes são alguns dos fatores que contribuem para 0 aumento do nível de HC:
Falha no sistema de ignição. A centelha não acontece ou acontece com energia insuficiente. O resultado
é 0 aparecimento de falhas de combustão.
Avanço excessivo da ignição ou ajuste incorreto do avanço inicial (nos casos em que se aplica). Isto pode
resultar em falha de combustão ou em combustão incompleta.
Mistura pobre. Geralmente, resulta em combustão incompleta com: alto nível de HC, baixo nível de CO e
alto de O2. Se excessivamente pobre, produz falha de combustão com: nível excessivo de HC, baixo nível
de CO e alto de O2. Alguns fatores que provocam a admissão de mistura pobre são:
•Injetor(es) entupido(os) ou com restrição. Ao desligar 0 motor, a ponta do injetor fica impregnada com
combustível. Os componentes mais voláteis evaporam restando resíduos sólidos que originalmente,
estavam dissolvidos no combustível. Isto faz com que 0 injetor emita um jato no lugar de atomizar.
•Sensor de O2 com defeito.
•Baixa pressão de combustível: Bomba fraca, restrição na linha de combustível ou regulador com defeito.
•Em sistemas com sensor MAF, vazamento no coletor de admissão. O sensor informa uma massa de ar
menor que aquela realmente admitida nos cilindros.
Mistura rica. As possíveis causas são similares àquelas enumeradas no item anterior: “Causas de Nível
Alto de CO’.
Se a admissão de mistura rica resulta em combustão incompleta, verifica-se, também, alto nível de CO
com baixo nível de O2. No entanto, se a mistura admitida é excessivamente rica, o resultado será 0
aparecimento de falhas de combustão com alto nível de O2 e baixo nível de CO. Isto é, em alguns cilindros/
ciclos não há combustão da mistura pelo que não há formação de CO.
Exemplo
C exemplo trata de um veículo 2.0 a gasolina, com catalisador, reprovado no teste de emissões. O motor não
apresenta falha no sistema de ignição. O teste de compressão mostra valores aceitáveis e uma contribuição
equilibrada dos cilindros. Não há códigos de falha gravados na memória. Verificado com osciloscópio, o sensor
de O2 apresenta oscilações normais (0,1 V a 0,9V), mostrando que tem autoridade sobre o controle da mistura.
Durante aceleração brusca, continua a oscilar normalmente sem apresentar perturbações na forma da onda 0
que é indicação de ausência de falhas de combustão.
cursor-ÿ r aceleração a 2000 rpm A figura [4a] apresenta 0 gráfico com a evolução das
concentrações no teste que se inicia com o motor na marcha
III [~ lenta que a seguir, é acelerado a 2000 rpm.
§£.400
tPPm] Os valores da figura [4b] correspondem à condição de marcha
200Í lenta (cursor). Da sua análise surgem algumas conclusões
0.98] iniciais:
CO 0.90k>j
l/oj 0.82 f Na presença de falhas de combustão (sem
0.74 combustão em alguns dos cilindros), 0 nível
PWJ66 1Í
c% CS
de HC deveria se maior e 0 de CO, talvez,
C02 14 menor com relação aos apresentados.
[%i O nível de O2 num motor funcionando sem
falha de combustão deve ser inferior a 1%.
02 2
Neste caso, portanto, 0 valor 1 ,81 % pode ser c,??r».5i
uma primeira indicação de entrada de ar
t%] falso no escape. Se for antes da sonda
poderia ser a causa do nível elevado de CO.
ii«r78<ri
[4a] [4b]
A figura [4c] apresenta os valores estabilizados na condição de 2000 rpm. As conclusões
HC
ppm FJOPJ são:
Com a diminuição dos níveis de CO, HC e O2, foram eliminadas as possíveis causas de
% falha de combustão. Isto em função de que, na presença de falhas de combustão ou
02
% F1'00! combustão incompleta, os níveis de CO e HC aumentam com 0 aumento da carga.
C02
%
RPM
oso
rioool
Um vazamento no escape tem um impacto maior (maior nível de O2) na baixa rotação
(baixa carga) devido a maior contrapressão negativa provocada pelo baixo fluxo dos gases.
Já, sob carga, sua influência diminui (menor nível de O2) em função da contrapressão
positiva resultante do alto fluxo de gases. Comparando as leituras de 02 na marcha lenta
[4c] e a 2000 rpm, surge, portanto, que é esta a situação do caso analisado.
No caso do exemplo, uma restrição aplicada na saída do escapamento na marcha lenta não provocou a
parada do motor, mas, 0 aparecimento de um som agudo saindo do protetor térmico do coletor de escape.
Retirando 0 protetor verificou-se a existência de vazamento através de várias frestas no coletor.
Oxigénio e NOx
A maior parte dos analisadores de 4/5 gases existentes nas oficinas, não têm implementada a opção de
medição de NOx pelo que não é possível a avaliação desse gás.
No entanto, 0 nível de O2 pode auxiliar, de forma indireta, na avaliação da eficiência da ação redutora de NOx
do catalisador de 3 vias.
Num motor funcionando em malha fechada e sem falha, 0 nível de O2 deve estar na faixa de 0,5% a 1% no
coletor de escape. Nessa condição, e se os níveis de HC e CO estiverem dentro da faixa normal, 0 NOx
também, estará sendo reduzido com eficiência apropriada.
No entanto, verifica-se experimentalmente que a cada 0,1% de aumento no nível de O2, a capacidade do
catalisador reduzir NOx decresce 100 ppm, aproximadamente. Quando 0 nível de O2 atinge 3% no coletor de
escape, cessa a ação redutora do catalisador.
182 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 22 - Diagnóstico com Análise de Gases
MEDIçõES PRé E PóS-CATALISADOR
Quando o analisador é utilizado como ferramenta de diagnóstico, é importante lembrar que a combustão da
mistura acontece duas vezes antes que os gases atinjam a saída do escapamento:
Combustão primária. Se processa na câmara de combustão e determina a composição dos gases de
escape a que, por sua vez, afeta a eficiência do catalisador.
Combustão secundária: Se processa no catalisador de 3 vias. Como mencionado em capítulo anterior,
nele acontecem duas reações químicas:
1. Oxidação: | HC + CO + 02 H2O + CO2] 2. Redução: | NOx + CO N2 + CO2 |
No diagnóstico de falhas de emissões, caso estas superem os limites permitidos pelas regulamentações, o
ponto importante é verificar a composição dos gases na saída do escapamento, não interessando se a
combustão ocorreu na câmara ou no catalisador.
Constatada a condição de falha, 0 processo continua com na determinação do elemento ou sistema causador
do defeito: falha de combustão, combustão incompleta, vazamento no escapamento ou catalisador.
No entanto, no diagnóstico de problemas de dirigibilidade, nos quais o nível de emissões está dentro dos
limites, a ação do catalisador pode mascarar fatos importantes, que de uma outra forma, podem ser detectados
analisando os valores de concentração dos gases antes do catalisador (valores pré-catalisador).
m
1 Instalar um rebite com rosca (onde será conectada a 4/5 GASES
CATALISADOR
sonda do analisador) na tubulação de escape, antes DE 3 VIAS
O
do catalisador. De preferência, a posição do rebite é a
indicada na figura [5]. Depois de realizada a medição,
fechar com parafuso apropriado. Esta configuração
permite, também, a instalação de um manómetro para /
flexível adaptador
verificara contrapressão no escape.
ou [5]
c/rosca t
sonda do analisador
2. Aquecer o motor a temperatura normal de funcionamento. Desligar 0 motor por aproximadamente, 15
minutos para o esfriamento do catalisador; o motor estará ainda, próximo da temperatura de operação.
Ligar o motor e realizar as medições imediatamente antes (10 a 15 segundos) que 0 catalisador atinja
novamente, a sua temperatura de operação e isto, com 0 objetivo que a ação catalítica seja nula. Estas
são, portanto, as medições pré-catalisador.
Não existindo no mercado ferramenta específica para a instalação do rebite no escapamento, há a
possibilidade de utilizar uma rebitadeira manual (tipo tesoura) para rebites M8 ou M10. No entanto,
por não ser uma ferramenta desenvolvida especificamente para esta função, a instalação do rebite,
na posição recomendada, poderá ser difícil em veículos em que 0 espaço é reduzido. Por outro
lado é importante salientar que a instalação do rebite pode acarretara perda de garantia. Portanto,
em todas as situações, é conveniente contar com a aprovação prévia do proprietário do veículo.
A importância das medições pré-catalisador pode ser demonstrada através dos seguintes exemplos em que
as medições pós-catalisador são normais. Ou seja, a combustão secundária que se processa no catalisador,
completa a oxidação dos gases de escape e mascara 0 problema.
•hesitação
EXEMPLO 1 (fig.[6aj). Uma falha de combustão leve se manifesta como
durante a aceleração. Nesse caso, os gases de escape pré-
HC alto
COS baixo
catalisador mostram um aumento de HC, CO e O2, e uma redução do CO2. Pré-catalisador 02 alto
co alto
No entanto, com catalisador em bom estado, 0 processo de oxidação
HC normal
continua, fazendo com que 0 HC e O2 diminuam e 0 CO2 aumente e com Pós-catalisador C02 normal
isto, obtendo leituras normais na saída do escapamento. 02 normal
CO normal
Sendo que não foi verificado vazamento no escapamento, 0 alto nível de
O2 aponta para possível falha de combustão. [6a]
O nível alto de CO se deve principalmente, ao enriquecimento da mistura em função da informação da
sonda. Os cilindros que não apresentam falha de combustão recebem mistura rica.
® EXEMPLO 2. Um pequeno vazamento antes da sonda Lambda provoca uma falsa indicação de mistura
pobre. Com isto, a UC enriquece a mistura para trazer o sensor de oxigénio novamente, para a faixa
normal de operação. Mais uma vez, as leituras na saída do escapamento podem ser normais devido à
ação do catalisador. A única manifestação da falha é 0 aumento de consumo de combustível.
9.
<5— 14,9%
0,87
[8d]
Cabe lembrar que há no mercado, analisadores que fornecem leitura máxima de até 10.000 ppm.
No entanto, mesmo não refletindo a real concentração de HC num caso similar aos apresentados,
uma leitura de 10.000 ppm aponta para uma condição de severa falha de combustão.
5. Verificação de falha de combustão. A figura [8e] apresenta os valores de concentração na marcha lenta com
catalisador frio (antes de “light-off”) :
As altas concentrações de HC e de O2 apontam para falha acentuada de combustão. 1
Reparar que o Lambda calculado indica que 0 motor está admitindo mistura HC rm
ppml 5500
estequiométrica. No entanto, em função do mencionado em item anterior com relação ao co rtc
Lambda calculado no caso de níveis de HC acima de 1 .000 ppm, 0 Lambda real resulta % L
35
menor que 0 indicado pelo analisador. Ou seja, 0 alto nível de O2 está provocando o
enriquecimento nos cilindros que não apresentam falhas de combustão. O enriquecimento ÇL”
resulta numa condição de combustão incompleta 0 que gera o alto nível de CO. cP!>j
O diagnóstico deverá prosseguir com a avaliação do valor de ajuste de combustível de
longo prazo (LTFT) 0 qual indicará, muito possivelmente, correção no sentido do
enriquecimento “controlado". Ou seja, a UC, com base na informação da sonda que, nesta
situação, tem "autoridade” no controle da mistura, aumenta 0 tempo de injeção. Em função [8e]
da severidade da falha, a sonda poderá indicar tensão baixa constante e 0 LTFT com valor superior a 1 0%
ou 15%. Desta forma, ficaria eliminado 0 sistema de alimentação de combustível, como fonte da falha de
combustão. Restariam, portanto, os sistemas mecânico e de ignição como possíveis fontes do defeito.
Por sua vez, se 0 veículo for OBDII, será possível consultar a memória de falhas para verificar a existência
de código P03xx o que confirmaria a presença de falha de combustão. O código P0300 corresponde a
detecção de falha de combustão em mais de um cilindro. Por sua vez, um código do tipo P030x indica falha
no cilindro “x”. A verificação da intensidade da falha e o(s) cilindro(s) envolvido(s) pode ser feita através do
Monitor de Falhas de Combustão.
iiDil
[8g]
8. Afigura [8h] apresenta os valores de um motor funcionando com mistura muito rica que
resulta em combustão incompleta: Alto CO e baixo O2. A admissão de mistura rica é
provocada pelo sensor de temperatura do motor aberto o que é interpretado pela UC
?[« 1
como motor frio. 02
%
0.15~]
C02 9.9
ira %
..
X 0.77
¥ GS [8h]
% 9. Afigura [8j] apresenta valores de concentração normais, no entanto, 0 valor de Lambda
C02
% UHJ indica que 0 motor está admitindo mistura levemente pobre, no limite da faixa de máxima
eficiência. Neste caso, portanto, é importante continuar 0 diagnóstico verificando as
X 1 1 03 I concentrações pré-catalisador assim como, os parâmetros de ajuste de combustível.
[8j]
10. Verificações ern EVAP, EGR e PCV. O motor é uma bomba de vácuo que admite não importando a fonte.
Pode ser ar através do coletor, combustível extra do canister, vapores do cárter através da válvula PCV ou
gases de escape através da EGR. Nestes casos a leitura do nível de O2 pode auxiliar no diagnóstico.
Verificação do sistema EGR. Se a válvula EGR está travada aberta, provavelmente, o motor não terá
marcha lenta. Se parcialmente aberta, a marcha lenta será irregular e as causas podem ser:
A. Partículas de carvão impedem 0 seu total fechamento.
B. Para EGR controlada por vácuo, possível vazamento de vácuo a mantém aberta. Neste caso,
retirar a mangueira do vácuo de controle com o motor na marcha lenta. A leitura de O2 não deve
sofrer variação. Pelo contrário, uma variação de 0,1% ou 0,2%, é indicação que a EGR está
recebendo vácuo na marcha lenta e fechou ao ser retirada a mangueira. O diagnóstico deve
prosseguir com a verificação do circuito de vácuo, principalmente, a válvula de controle
Verificação do sistema PCV (ventilação positiva do cárter).
e Uma possível causa de CO alto pode ser defeito no sistema PCV. Neste caso, retirar a mangueira de
entrada da PCV do lado do motor e mantê-la afastada do motor de forma que admita ar. Se 0 CO
diminui e 0 O2 e 0 CO2 aumentam, 0 sistema está funcionando normalmente.
No entanto, se 0 CO diminui em mais de 1% é sinal de que há acúmulo de HC no cárter; excessiva
diluição do óleo do motor.
•
Bloquear a entrada da válvula com um tampão e funcionar o motor a 1500 ou 2000 rpm. Se o nível de
O2 não se modifica, é indicação de possível entupimento da mangueira, da válvula PCV ou do orifício
de entrada no coletor de admissão ou no filtro.
m Verificação do sistema EVAP (emissões evaporativas). Para esta verificação podem ser aplicados
dois procedimentos.
A. Com a sonda do analisador instalada antes do catalisador, monitorar 0 nível de CO enquanto se
bloqueia a mangueira de purga entre o canister e 0 coletor. A diminuição do nível de CO em mais de
1%, é indicação que o canister está saturado de HC.
B. Se não há a possibilidade de realizar a medição antes do catalisador, um outro procedimento a ser
aplicado pode ser 0 de aproximar a sonda ao canister aguardando entre 10 e 15 segundos em
função do atraso na resposta do analisador. A presença de HC será indicação de vazamento.
Este procedimento de detecção de vazamentos pode ser aplicado também, em todo 0 sistema de
combustível tendo 0 cuidado de manter a sonda por alguns segundos em cada ponto com
probabilidade de ter vazamento. É recomendável de colocar a sonda num nível inferior em função de
serem os vapores de combustível, mais pesados que 0 ar. Evitar também, as correntes de ar
11. Avaliação do nível de contaminação do óleo do cárter através do analisador de 4 gases. A contaminação a
ser avaliada é aquela provocada pela diluição de HC no óleo do motor, resultado do excesso de vapores
de combustível não queimado que penetram no cárter através do processo de “blow-by".
Neste processo, vapores de HC passam da câmara de combustão, para 0 cárter, durante 0 ciclo de
compressão, devido à folga existente entre os anéis e as paredes do cilindro. Em função do desgaste,
entre 1% e 2% da mistura que é admitida pode passar para 0 cárter. No entanto, isto não significa que
esses vapores se diluam imediatamente no óleo já que a função do sistema de blow-by é precisamente,
recircu lar tais vapores e reintegrá-los à mistura.
/iáèi.
A utilidade do opacímetro como ferramenta de diagnóstico, se limita a informar o valor de opacidade
/NOTAjÊ dos gases de escape. Para obter 0 valor a ser considerado no diagnóstico pode ser aplicado um
procedimento similar ao utilizado no programa de inspeção, (ver Capítulo 21 “Inspeção Veicular”)
CAUSAS DE ALTA OPACIDADE
• RESTRIçãO NAADMISSãO AR DE
Qualquer restrição no fluxo de entrada pode causar emissões excessivas de fumaça. Além de restrição no
duto de entrada e filtro, a pressão do turbo pode afetar a emissão de fumaça. Também, uma restrição na
exaustão, sob certas circunstâncias, pode causar uma redução no fluxo de admissão.
188 -
Humberto José Manavella HM Autotrônica
CAPíTULO 22 - Diagnóstico com Análise de Gases
® AVANçO DA INJEçãO
Deve ser verificado que a injeção seja dirigida ao cilindro correto e com o avanço especificado.
• QUALIDADE INJEçãO
DA
Obstrução nos injetores pode causar excessiva fumaça. Outros defeitos como: assento da agulha gasto,
agulha travada ou pressão de abertura do injetor incorreta, podem ser, também, causa de excessiva fumaça!
Para verificar os injetores, estes devem ser retirados.
• SISTEMA EGR
Excessivo fluxo de EGR pode incrementar significativamente, a emissão de fumaça. O volume re-circulado
maior não permite a admissão do ar necessário à combustão. A mistura resulta rica.
• CATALISADOR OXIDANTE
O desempenho do catalisador afeta a emissão de fumaça já que até um 30% desta é eliminado no catalisador
oxidante.
• FILTRO PARTICULADO
DE
Se com desempenho reduzido, não filtra convenientemente o particulado. Se saturado, provoca o aumento
excessivo da contrapressão.
• COMPRESSãO
Acompressão estática (durante a partida) é uma indicação do grau de estanqueidade do cilindro. Deve respeitar
a especificação do fabricante e não diferir em mais de 10% entre cilindros.
• BOMBA DE INJEçãO
Se as verificações acima estão corretas, no caso de sistemas mecânicos, deve ser calibrada ou reparada.
CARACTERíSTICAS DA FUMAçA
Afuligem ou fumaça do gás de escapamento é constituída por partículas suspensas que obscurecem, refletem
ou refratam a luz. A coloração da fumaça pode ajudar no diagnóstico de falhas. Observar que este não é um
método preciso já que depende da apreciação do técnico que realiza o diagnóstico. Há 3 cores básicas de
fumaça: preta, azul e branca.
• FUMAçA PRETA
Constituída por partículas de carbono (menores que 1 micrómetro) com HC adsorvido. É provocada pela
relação ar/combustível incorreta; o sistema de injeção está fornecendo combustível em excesso ou o motor
não está admitindo o ar necessário. Entre as possíveis causas:
Injetores defeituosos
Bomba de alta pressão com falha
Filtro de ar com restrição
Defeito no turbo ou no intercooler
Cabeçote, válvulas com carbonização devido a defeito no sistema de recirculação (EGR); principalmente
em motores com EGR de alta pressão, nos que a recirculação se efetua antes do filtro de particulado.
© FUMAçA BRANCA
Constituída por partículas de vapor de água condensado maisgotículasde HC não queimado. Indica, portanto,
que o combustível não está queimando corretamente. Quando o veículo é operado por períodos prolongados
na marcha lenta ou baixa rotação, antes de funcionar com maior carga e rotação, algo do HC acumulado nos
filtros não entra em combustão e é liberado como fumaça branca.
Entre as possíveis causas:
Sincronismo motor/bomba incorreto (sistemas mecânicos)
Nos sistemas mecânicos, falta de combustível na bomba que provoca erros no ajuste do avanço da injeção.
Baixa compressão de cilindro
Combustível adulterado
Água no combustível ou vazamento pela junta do cabeçote
® FUMAçA AZUL
É indicação de queima de óleo lubrificante. Entre as possíveis causas:
Estanqueidade de cilindro insuficiente: Anéis com folga, válvulas gastas; guias de válvula com folga.
Nível de óleo excessivo.
Defeito na bomba de alta pressão que permite a mistura do combustível com o óleo lubrificante.
Cm míotrônica