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LEI DE HESS
6
Lei base da termoquímica
A Lei de Hess afirma que: em uma reação química, o calor liberado ou absorvido é constante e
independente do número de etapas pelas quais a reação passa. Ou seja, a lei estabelece que a variação
de entalpia de uma reação química depende apenas do seu estado inicial e do seu estado final.
Essa lei, base termoquímica, foi desenvolvida experimentalmente por Germain Henry Hess, químico e
médico suíço. Uma das suas principais contribuições foi um livro texto de Química, escrito em 1834, e
adotado por muitas escolas e universidades russas.
Em 1840 Hess apresentou uma lei empírica - que leva o seu nome-, tornando-se uma das principais
bases da termoquímica. Tal lei permite calcular os calores de produção de substâncias que não podem
ser conseguidas, experimentalmente, por síntese direta.
Termoquímica
Durante as reações químicas acontecem trocas de calor, sendo este o objeto de estudo da
termoquímica. Essa área da química também dedica-se à análise da transferência de energia que
acontece durante os processos de transformação física da matéria.
Transferência de calor nas mudanças de estado físico. (Foto: Educa Mais Brasil)
Em qualquer tipo de reação química, ocorre a quebra de ligações dos reagentes para então formar
novas ligações nos produtos. Para que ocorra essas quebra nos reagentes é necessário o fornecimento
de energia. Essa energia é a denominada entalpia (H) e vem de dentro da molécula.
A representação escrita de uma reação química é chamada de equação química. No caso de uma
equação termoquímica, devem ser listados todas os elementos que podem influenciar no resultado da
7
entalpia. Exemplo: estado físico, proporção estequiométrica, pressão, temperatura e variação de
entalpia.
Equações termoquímicas.
Já é sabido que em uma reação química, a variação de entalpia depende apenas do estado inicial e do
estado final. Seguindo a Lei de Hess, o cálculo é realizado na seguinte forma:
H = Hf – Hi
Onde,
H: variação de entalpia
A Lei de Hess também é conhecida como lei da soma dos calores de reação, pois a variação de entalpia é
igual a soma das variações das etapas as quais a reação química passa (reações intermediárias). O
cálculo é realizado da seguinte forma:
Também é importante saber, que pela Lei de Hess, as equações termoquímicas também podem ser
calculadas como se fossem equações matemáticas. Mas algumas observações devem ser seguidas:
• Se invertida a reação química, o sinal da variação de entalpia também deve ser invertido;
8
• Se dividida a equação, a variação de entalpia também deve ser dividida.
Diagrama da entalpia
Considere um sistema. O estado inicial é representado por A e o estado final por D, este último pode ser
obtido por meio de dois caminhos. Independente do caminho decorrido pelos dois estados, a variação
de entalpia será a mesma:
As linhas horizontais indicam as entalpias dos vários estados e de acordo com a Lei de Hess, a expressão
para essa situação é:
Expressão entalpias.
Observe a reação química abaixo e orientações para o cálculo da variação de entalpia pela Lei de Hess:
Equação.
9
O primeiro passo é escrever todas as equações intermediárias de acordo com a reação principal:
Dados da equação.
Na primeira equação, o C (grafite) é o termo comum, então ele deve ser escrito da mesma forma. A
segunda equação, o termo comum é o H2(g), contudo essa equação foi multiplicada, inclusive a
variação. E na terceira equação, o CH4(g) é o termo comum, e sua variação de entalpia teve o sinal
alterado pois a posição da equação foi invertida.
Resultado da equação.
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Pressão Osmótica
A pressão osmótica é uma das propriedades coligativas que fazem parte das soluções químicas. Pode ser
estimada de acordo com a temperatura.
Número de Massa
O número de massa determina a quantidade de partículas subatômicas presentes no núcleo. Por isso, é
dado através da fórmula: A = p + n
Número Atômico
O número atômico, representado pela letra Z, indica a quantidade de prótons no núcleo do átomo e dos
elétrons na eletrosfera.
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BIOFÍSICA
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Para entender o que é fator de Van't Hoff, deve-se saber que esse código matemático é usado para
determinar a influência de um soluto não-volátil em um solvente.
12
O químico Van't Hoff propôs o fator de correção dos efeitos
coligativos
Fator de Van't Hoff é um código matemático de correção e foi proposto pelo físico e químico holandês
Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-1911) com o intuito de corrigir o número de partículas dispersas de
um soluto em um solvente.
A necessidade de corrigir o número de partículas deve-se ao fato de que, quando um soluto iônico
dissolve-se em água, sofre o fenômeno da dissociação (liberação de íons no meio) ou ionização
(produção de íons no meio), aumentando o número de partículas.
O número de partículas de um soluto molecular, entretanto, não necessita ser corrigido pelo fator de
Van't Hoff porque esse tipo de soluto não ioniza nem dissocia e, por isso, não tem sua quantidade
alterada.
Para representar esse fator, Van't Hoff utilizou a letra i, a qual inicia uma expressão matemática que leva
em consideração o grau de dissociação (α) e o número de mol de cada íon liberado na dissolução em
água (q):
i = 1 + α .(q – 1)
Obs.: Como o α é fornecido em porcentagem, sempre que formos utilizá-lo na expressão do fator Van't
Hoff, devemos dividi-lo por 100 antes.
Após calcular o fator de correção de Van't Hoff, podemos usá-lo nas seguintes situações práticas:
13
Para corrigir o número de partículas de um soluto, obtido a partir de uma massa dele;
Para corrigir o efeito coligativo da osmoscopia, ou seja, a pressão osmótica de uma solução:
π = M.R.T.i
Nesse caso, temos a pressão osmótica (π) da solução, a concentração molar (M), a constante geral dos
gases (R) e a temperatura da solução (T).
Para corrigir o efeito coligativo da tonometria, ou seja, corrigir o abaixamento da pressão máxima de
vapor do solvente na solução:
?p = kt.W.i
p2
Para isso, consideramos o abaixamento absoluto (?p) da pressão máxima de vapor, a pressão máxima de
vapor do solvente (p2), a constante tonométrica (Kt) e a molalidade (W).
?θ = kc.W.i
Para corrigir o efeito coligativo da ebuliometria, ou seja, corrigir a elevação da temperatura de ebulição
do solvente na solução:
14
?te = ke.W.i
Para isso, temos a elevação da temperatura de ebulição do solvente (?te), a constante ebuliométrica
(Ke) e a molalidade (W).
1º Exemplo: Qual é o valor do fator de correção do cloreto de ferro III (FeCl3), sabendo que o seu grau
de dissociação é de 67%?
Dados do exercício:
i =?
Analisando a fórmula do sal, temos o índice 1 no Fe e o índice 3 no Cl, logo o número de mol de íons é
igual a 4.
i = 1 + α .(q – 1)
i = 1 + 0,67.(4 - 1)
i = 1 + 0,67.(3)
15
i = 1 + 2,01
i = 3,01
2º Exemplo: Qual é o número de partículas presentes na água quando 196 gramas de ácido fosfórico
(H3PO4), cujo grau de ionização é de 40%, são adicionados a ela?
Dados do exercício:
i =?
Para isso, devemos multiplicar a massa atômica do elemento pelo índice atômico e, em seguida, somar
os resultados:
Massa molar = 3 + 31 + 64
16
Esse cálculo é realizado a partir de uma regra de três e utiliza a massa molar e a massa fornecida pelo
exercício, porém sempre partindo do pressuposto de que em um 1 mol existem 6,02.1023 partículas:
196 gramas-----x
98.x = 1179,92.1023
x = 1179,92.1023
98
x = 12,04.1023 partículas
Analisando a fórmula do sal, temos o índice 3 no H e o índice 1 no PO4, logo o número de mol de íons
será igual a 4.
i = 1 + α .(q – 1)
i = 1 + 0,4.(4 – 1)
i = 1 + 0,4.(3)
17
i = 1 + 1,2
i = 2,2
Para tal, basta multiplicar o número de partículas encontrado no segundo passo pelo fator de correção:
3º Exemplo: Uma solução aquosa de cloreto de sódio apresenta uma concentração igual a 0,5 molal.
Qual é o valor da elevação do ponto de ebulição sofrida pela água, em oC? Dados: Ke da água:
0,52oC/molal; α do NaCl: 100%.
Dados do exercício:
i =?
Ke = 0,52oC/molal
18
1º Passo: Determinar o número de mol (q) de íons liberados.
Analisando a fórmula do sal, temos o índice 1 no Na e o índice 1 no Cl, logo o número de mol de íons é
igual a 2.
i = 1 + α .(q – 1)
i = 1 + 1.(2 - 1)
i = 1 + 1.(1)
i=1+1
i=2
3º Passo: Calcular a elevação do ponto de ebulição sofrida pela água, utilizando os dados fornecidos, o
fator de Van't Hoff calculado no segundo passo, na fórmula abaixo:
?te = ke.W.i
?te = 0,52.0,5.2
?te = 0,52 oC
19
Por Me. Diogo Lopes Dias
DIAS, Diogo Lopes. "O que é fator de Van't Hoff?"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-fator-vant-hoff.htm. Acesso em 24 de
novembro de 2023.
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A equação de van 't Hoff, em termodinâmica química, relaciona a variação da constante de equilíbrio (K)
com a variação da temperatura, proporcional a diferença de entalpia padrão {\displaystyle \ \Delta H^{\
circ }}{\displaystyle \ \Delta H^{\circ }} dividido pelo quadrado da temperatura. Esta equação foi
proposta inicialmente por Jacobus Henricus van 't Hoff.
Se se assume que o calor da reação, entalpia, não varia com a temperatura, a resolução desta equação
diferencial é conduzida por:
({\displaystyle \Delta G^{\circ }=\Delta H^{\circ }-T\Delta S^{\circ }}{\displaystyle \Delta G^{\circ }=\Delta
H^{\circ }-T\Delta S^{\circ }} e {\displaystyle \Delta G^{\circ }=-RT*lnK}{\displaystyle \Delta G^{\circ }=-
RT*lnK}),
22
Portanto, ao representar valores de logaritmo natural da constante de equilíbrio medidos pelo equilíbrio
pelo inverso da temperatura se obtém uma linha reta, cuja pendente negativa é igual a variação da
entalpia dividida entre a constante dos gases e a ordenada na origem é igual a variação de entropia {\
displaystyle \ \Delta S^{\circ }}{\displaystyle \ \Delta S^{\circ }} dividida entre a constante dos gases.
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Equação de Gibbs-Helmholtz
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Três técnicas são comumente usadas para determinar as constantes de taxa no método do relaxamento:
salto de temperatura (Temperature jump), salto de pressão (Pressure jump) e o salto de campo elétrico
(Electric field pulse). Em todos eles o princípio é o mesmo: o sistema é perturbado por um impulso
repentino para determinar as constantes de taxas durante o tempo em que o sistema alcança o novo
estado de equilíbrio.[3]
Salto de temperatura
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24
{\displaystyle \ln K=-{\frac {\Delta G^{o}}{RT}}}
A dependência da temperatura pela Energia de Gibbs de modo que derivando equivale a {\textstyle {\
biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}{dT}}{\biggr )}=\Delta H^{o}}{\textstyle {\biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}
{dT}}{\biggr )}=\Delta H^{o}}. Logo:
Esta equação mostra explicitamente que uma diferença de entalpia é necessária para que haja qualquer
mudança mensurável na composição química do equilíbrio.[4] O sistema, dessa forma, será perturbado
por um salto de temperatura se qualquer uma das reações for caracterizada por uma mudança de
entalpia diferente de zero.[5] Por meio dessa técnica, é possível induzir um aumento de temperatura de
até 10 °C em um microssegundo. Uma série de catalisadores enzimáticos foi estudada desta forma.[2][3]
Salto de pressão
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No salto de pressão, a condição inicial de equilíbrio do sistema é perturbada pela mudança repentina de
pressão. Esse método depende da existência de uma mudança de volume na reação em estudo. Uma
vez que o progresso da maioria das reações químicas em solução é acompanhado por uma mudança no
volume, logo, de acordo com o Princípio de Le Chatelier's, a posição de equilíbrio de uma reação
reversível pode ser deslocada alterando a pressão aplicada à solução a reação.[6]
25
{\displaystyle {\frac {d(\ln K)}{dP}}=-{\frac {1}{RT}}{\biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}{dP}}{\biggr )}_{T}}{\
displaystyle {\frac {d(\ln K)}{dP}}=-{\frac {1}{RT}}{\biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}{dP}}{\biggr )}_{T}}
Como a Energia de Gibbs depende da pressão, logo {\displaystyle {\biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}{dP}}{\
biggr )}_{T}=\Delta H^{o}}{\displaystyle {\biggl (}{\frac {d(\Delta G^{o})}{dP}}{\biggr )}_{T}=\Delta H^{o}}:
Onde {\displaystyle \Delta V^{o}}{\displaystyle \Delta V^{o}} é mudança de volume padrão para a
reação, e {\displaystyle K}K é a constante de equilíbrio.[7] A mudança de volume {\displaystyle \Delta
V^{o}}{\displaystyle \Delta V^{o}} torna possível deslocar as concentrações de reagentes de suas
concentrações de equilíbrio em uma atmosfera, uma vez que:
Logo, ao ser afetado por uma mudança de pressão, a cinética da reação fica:
Essa técnica é eficaz para reações com alterações de volume relativamente altas. O método mais
conveniente de induzir um salto de pressão é por uma onda de choque ou uma liberação de pressão
hidrostática de um diafragma de ruptura.[2][3]
editar
No método de salto de campo elétrico, um campo elétrico repentinamente aplicado muda o equilíbrio
de uma reação que envolve uma mudança no momento dipolo total [2][8]. Este método tem sido usado
para medir constantes de taxa de muitas reações de protonação e desprotonação, todas as quais são
cerca de {\displaystyle 10^{10}dm^{3}.mol^{-1}.s^{-1}}{\displaystyle 10^{10}dm^{3}.mol^{-1}.s^{-1}} .
Essas reações são controladas por difusão.
Base teórica
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26
O equilíbrio do sistema ao ser perturbado por uma das variáveis que determinam a condição de
equilíbrio, alcança um novo estado de equilíbrio, isto é, o sistema relaxa para um novo estado. Logo,
considerando que o equilíbrio inicial esteja em {\displaystyle T_{1}}T_1, tem-se:
{\displaystyle A+B\rightleftharpoons C}
{\displaystyle A+B\rightleftharpoons C}
Onde as velocidades das reações direta e inversa são, respectivamente {\displaystyle v_{1}=k_{1}[A][B]}
{\displaystyle v_{1}=k_{1}[A][B]} e {\displaystyle v_{2}=k_{2}[C]}{\displaystyle v_{2}=k_{2}[C]}. Logo:
Ao ser perturbado pelo aumento repentino de temperatura o sistema relaxa para novas concentrações
em {\displaystyle T_{2}}T_2 favorecendo os reagentes. As concentrações no novo equilíbrio são {\
displaystyle [A]_{eq},[B]_{eq}}{\displaystyle [A]_{eq},[B]_{eq}} e {\displaystyle [C]_{eq}}{\displaystyle
[C]_{eq}}.Fazendo a diferença entre as concentrações dos diferentes equilíbrios, tem-se:
{\displaystyle x=[A]_{eq}-[A]}
{\displaystyle x=[A]_{eq}-[A]}
{\displaystyle x=[B]_{eq}-[B]}
{\displaystyle x=[B]_{eq}-[B]}
{\displaystyle -x=[C]_{eq}-[C]}
{\displaystyle -x=[C]_{eq}-[C]}
A taxa da reação pode ser reescrita em termos de desvio {\displaystyle x}x, isto é, {\textstyle {\frac {d[A]}
{dt}}=-{\frac {dx}{dt}}}{\textstyle {\frac {d[A]}{dt}}=-{\frac {dx}{dt}}}. A equação 1, substituindo {\
displaystyle [A]=[A]_{eq}-x}{\displaystyle [A]=[A]_{eq}-x}, {\displaystyle [B]=[B]_{eq}-x}{\displaystyle
[B]=[B]_{eq}-x} e {\displaystyle [C]=[C]_{eq}+x}{\displaystyle [C]=[C]_{eq}+x}, fica:
27
Quando o equilíbrio é alcançado, a razão {\textstyle {\frac {dx}{dt}}=0}{\textstyle {\frac {dx}{dt}}=0}.
Também o desvio {\displaystyle x}x de {\textstyle [A]}{\textstyle [A]} é pequeno, de modo que {\textstyle
x\ll [A]_{eq}+[B]_{eq}}{\textstyle x\ll [A]_{eq}+[B]_{eq}}.
Integrando:
{\displaystyle \ln {\frac {x}{x_{0}}}=-{\frac {t}{\tau }}}{\displaystyle \ln {\frac {x}{x_{0}}}=-{\frac {t}{\tau }}}
28
Como {\textstyle x=[A]_{eq}-[A]=[C]-[C]_{eq}}{\textstyle x=[A]_{eq}-[A]=[C]-[C]_{eq}}, a equação final
fica:
Aplicações
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O método de relaxamento possui muitas aplicações. Uma dessas aplicações é o fornecimento de dados
de processos elementares em dobramento de proteínas. Um exemplo da aplicação do método é na
obtenção de dados críticos nas escalas de tempo dos processos elementares em dobramento de
proteínas, como a formação α-hélice a e β-grampo, que foram essenciais para a compreensão dos
primeiros eventos no dobramento de proteínas globulares.[9][10] Outra aplicação do método do
relaxamento consiste no estudo do dobramento de oligonucleotídeos. Aqui é utilizado um salto de
temperatura de laser (T-jump), onde a cinética é monitorada medindo a mudança na fluorescência de 2-
aminopurina (2AP), um análogo fluorescente da base de adenina, que é substituído em vários locais ao
longo da haste do grampo de cabelo.[11] Outras aplicações se estendem à dinâmica de reações
enzimáticas. Aqui a espectroscopia de relaxamento de salto de temperatura induzida por laser é ser
usada, juntamente com abordagens computacionais (ou seja, cálculos de dinâmica molecular e assim
por diante) e outros, para determinar a dinâmica do movimento da proteína.[4]
Referências
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short as 10 –9 sec. Application to neutralization and hydrolysis reactions». Discuss. Faraday Soc. (em
inglês) (0): 194–205. ISSN 0366-9033. doi:10.1039/DF9541700194. Consultado em 24 de setembro de
2020
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29
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setembro de 2020
Knoche, W. (1975). Wyn-Jones, E., ed. «Pressure-Jump Methods». Dordrecht: Springer Netherlands.
NATO Advanced Study Institutes Series (em inglês): 91–102. ISBN 978-94-010-1855-5. doi:10.1007/978-
94-010-1855-5_10. Consultado em 24 de setembro de 2020
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setembro de 2020
Chen, Chih-ping; J. Heinsohn, R.; N. Mulay, L. (15 de agosto de 1968). «Effect of Electrical and Magnetic
Fields on Chemical Equilibrium». Journal of the Physical Society of Japan (em inglês) (2): 319–322. ISSN
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investigating biomolecular dynamics». Photochemical & Photobiological Sciences (em inglês) (4). 499
páginas. ISSN 1474-905X. doi:10.1039/b819929a. Consultado em 24 de setembro de 2020
Eaton, William A.; Muñoz, Victor; Thompson, Peggy A.; Henry, Eric R.; Hofrichter, James (novembro de
1998). «Kinetics and Dynamics of Loops, α-Helices, β-Hairpins, and Fast-Folding Proteins». Accounts of
Chemical Research (em inglês) (11): 745–753. ISSN 0001-4842. doi:10.1021/ar9700825. Consultado em
24 de setembro de 2020
Ansari, Anjum; Kuznetsov, Serguei V.; Shen, Yiqing (3 de julho de 2001). «Configurational diffusion down
a folding funnel describes the dynamics of DNA hairpins». Proceedings of the National Academy of
Sciences (em inglês) (14): 7771–7776. ISSN 0027-8424. PMC 35417 . PMID 11438730.
doi:10.1073/pnas.131477798. Consultado em 24 de setembro de 2020
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Equação de Butler-Volmer
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Condução térmica
transferência de calor
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No estudo da transferência de calor, condução térmica ou difusão térmica (ou ainda condução ou
difusão de calor) é a transferência de energia térmica entre átomos e/ou moléculas vizinhas em uma
substância devido a um gradiente de temperatura. Em outras palavras, é um modo do fenômeno de
transferência térmica causado por uma diferença de temperatura entre duas regiões em um mesmo
meio ou entre dois meios em contato no qual não se percebe movimento global da matéria na escala
macroscópica, em oposição à convecção que é outra forma de transferência térmica.[1]
Devido à diferença de condutividade térmica entre os pavimentos que compõem este pátio e o gramado
que circunda o pátio, o calor derreteu a neve na pavimentação, mas não no gramado.
Calor pode ser transferido também por radiação e/ou convecção, e frequentemente mais que um destes
processos ocorre simultaneamente em uma dada situação.
Fundamentos
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O fluxo de calor sempre ocorre a partir de uma região de maior temperatura para uma região de baixa
temperatura, e atua no sentido de equalizar as diferenças de temperatura.[2] Genericamente, a
propagação de calor por condução ocorre sem transporte da substância formadora do sistema, ou seja,
através de choques entre suas partículas integrantes ou intercâmbios energéticos dos átomos,
moléculas, e elétrons. A condução térmica pode ser interpretada como a transmissão passo a passo de
31
agitação térmica: um átomo (ou uma molécula) transfere parte de sua energia cinética ao átomo
vizinho, sendo assim um fenômeno de transporte de energia interna provocado pela heterogeneidade
da agitação molecular, sendo assim um fenômeno termodinamicamente irreversível.
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Condução ocorre em todas as formas de matéria, sólidos, líquidos, gases e plasmas, mas não requer
qualquer movimento macroscópico de massa da matéria condutora, mas apenas de seus componentes
subatômicos ou sua vibração, em escala microscópica. A condução é o meio mais importante de
transferência de calor dentro de um sólido ou objetos sólidos em contato térmico. A condução é maior
nos sólidos, porque a rede espacial de relações relativamente fixas entre os átomos contribui para a
transferência de energia entre eles por vibração.[3][4][5]
A transferência inter-molecular de energia pode ser primariamente por impacto elástico como em
fluidos ou por difusão de elétrons livres como em metais ou vibração de fônons como em isolantes. Em
isolantes o fluxo de calor é conduzido quase inteiramente por vibração de fônons.
Em termos mais específicos, em sólidos, se deve à combinação das vibrações das moléculas em um
retículo cristalino e ao transporte de energia por elétrons livres.[6] Os elétrons susceptíveis ao
movimento denominam-se elétrons de condução no modelo do elétron livre.[7] A condução de calor no
interior de um sólido é diretamente análoga a difusão de partículas dentro de um fluido, na situação em
que não há correntes do fluido.
Para quantificar a facilidade com a qual um meio particular conduz calor, os engenheiros empregam a
condutividade térmica, também conhecida como constante ou coeficiente de condutividade, {\
displaystyle k}k. Em condutividade térmica {\displaystyle k}k é definido como "a quantidade de calor, {\
displaystyle Q}Q, transmitida num tempo ({\displaystyle t}t) através de uma espessura ({\displaystyle
L}L), em uma direção normal à superfície de área ({\displaystyle A}A), devido à diferença de temperatura
({\displaystyle \Delta T}\Delta T) [...]." Condutividade térmica é uma "propriedade" do material que é
primariamente dependente da fase do meio, temperatura, densidade, e ligação molecular. [3][5][8][9]
[10]
Efusividade térmica é uma quantidade derivada da condutividade a qual é uma medida da capacidade
de um material para trocar energia térmica com suas redondezas. É, essencialmente, a impedância
térmica de uma amostra, ou seja, a habilidade que uma amostra tem de trocar calor com o meio
ambiente.[11][12]
32
A densidade diminui a realização da condução. Portanto, os fluidos (e especialmente gases) são menos
condutivos. Isto é devido à grande distância entre os átomos de um gás: menos colisões entre átomos
significa menos condução. A condutividade dos gases aumenta com a temperatura. A condutividade
aumenta com a crescente pressão de vácuo até um ponto crítico que a densidade do gás é de tal forma
que as moléculas do gás pode ser previstas como colidindo umas com as outros antes de transferir o
calor de uma superfície para outra. Após este ponto a condutividade aumenta ligeiramente com a
crescente pressão e densidade.
Condutância térmica de contato é o estudo da condução de calor entre corpos sólidos em contato. Uma
queda de temperatura é frequentemente observada uma interface entre as duas superfícies em
contato. Este fenômeno é dito ser o resultado de uma resistência térmica de contato existente entre as
superfícies em contato. Resistência térmica interfacial é uma medida de uma resistência de uma
interface ao fluxo térmico. Esta resistência térmica difere da resistência de contato, já que ela existe
mesmo em interfaces atomicamente perfeitas, nas quais cada átomo de uma superfície esteja em
posição no retículo cristalino dos sólidos, sem interstícios ou soluções de continuidade, defeitos na sua
malha de átomos. Compreender a resistência térmica na interface entre dois materiais é de importância
primordial no estudo de suas propriedades térmicas. Interfaces muitas vezes contribuem de forma
significativa para as propriedades observadas dos materiais.
Em termos mais estatísticos, em fluidos (líquidos e gases), o transporte de energia é resultante da não-
uniformidade do número de choques por unidade de volume, durante seu movimento aleatório,
semelhante ao fenômeno da difusão molecular[1]pg 158. Em sólidos, a condução de calor é fornecida
conjuntamente por condução de elétrons e vibração da rede cristalina (fônon)[1]pg 160.
Os metais (e.g. cobre, platina, ouro, etc.) e suas ligas (e.g. latão, bronze, aço, etc.), sejam sólidos ou
líquidos (como em temperatura ambiente o mercúrio (elemento)), devido às suas elevadas
condutividades térmicas, são excelentes meios de propagação de calor, e são normalmente os melhores
condutores de energia térmica, pela sua relação com o movimento de elétrons livres, que normalmente
está associada à condutividade elétrica.[13]
Isto é devido ao meio pelo qual os metais são quimicamente ligados: ligações metálicas (como opostas a
ligações covalentes ou iônicas) tem elétrons de livre movimentação os quais são capazes de transmitir
energia térmica rapidamente através do metal. O "fluido elétrico" de um sólido metálico condutivo
conduz facilmente todo o fluxo de calor através do sólido. Fluxo de fônons está ainda presente, mas
carrega menos que 1% da energia. Elétrons também conduzem corrente elétrica através de sólidos
condutivos, e as condutividades térmica e elétrica da maioria dos metais tem aproximadamente a
mesma razão. Um bom condutor elétrico, tal como a prata ou o cobre (os metais de mais alta
condutividade elétrica), normalmente também conduz bem calor. O efeito Peltier-Seebeck exibe a
propensão dos elétrons em conduzir calor através de um sólido eletricamente condutivo. A
termoeletricidade é causada pela relação entre elétrons, fluxos de calor e correntes elétricas.[14]
33
Os gases e alguns sólidos, que possuem baixa condutividade térmica, são considerados péssimos meios
de propagação de calor, sendo definidos como isolantes térmicos, e assim aplicados, como se vê em
materiais que causam isolamento pelo aprisionamento de gases ou líquidos, em grandes taxas, como o
poliestireno expandido ou a lã de vidro
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Na condução em estado estacionário, a quantidade de calor que entra uma seção é igual à quantidade
de calor que sai. Na condução em estado estacionário, todas as leis de condução de corrente elétrica
direta (ou contínua) podem ser aplicadas a similares "correntes de calor". Em tais casos, é possível
tomar "resistências térmicas", como o analógico para resistências elétricas. A temperatura desempenha
o papel de tensão e de calor transferido é o analógico da corrente elétrica.
Condução transiente
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Existem também situações de estado não estacionário, nas quais uma alteração de temperatura ou
fonte de calor pode ser repentinamente introduzida, e a condução de calor no interior de um objeto não
tem tempo de se ajustar ao novo fluxo de calor. Em tais situações, os fluxos de calor e as temperaturas
no interior dos objetos mudam com o tempo, até um novo estado estacionário de gradiente térmico, ou
então um estado de temperatura uniforme é alcançado (o que sempre acontece, eventualmente, se as
temperaturas externas e as fontes de calor e seus sumidouros não são alterados). Durante o período de
tempo que a temperatura em qualquer ponto do espaço em um objeto ou uma mudança de fluidos no
tempo, o modo de condução de calor é chamado de condução transiente. A palavra transiente refere-se
a distribuições de temperatura no interior do objeto, que mudam ao longo do tempo e, portanto, são
transitórias.
34
A condução transiente ocorre (por um tempo) em qualquer situação onde há uma alteração na
temperatura das fontes externas ou internas ou dissipadores de calor, causando uma nova fonte de
entrada de calor (ou saída) no interior de um objeto, ou dentro ou fora do objeto (para as
proximidades). Novas fontes de calor "ativadas" no interior de um objeto podem causar o fenômeno
(por exemplo, na partida de um motor em um carro). Novas condições externas também causam esse
processo: a barra de cobre no exemplo acima seria uma experiência de condução transiente pois uma
extremidade estava submetida a uma temperatura diferente da outra. Ao longo do tempo, o campo de
temperaturas no interior do bar chegaria a um novo estado de equilíbrio (um estado estacionário), no
qual um gradiente de temperatura constante ao longo do barra vai finalmente ser criado, e este
gradiente então permaneceria constante, no tempo. Normalmente, esse novo gradiente de estado
estacionário é atingida exponencialmente com o tempo, depois que uma fonte de temperatura ou calor
novo ou dissipação for introduzido. Nesta medida, a fase de "condução transiente" é, então, dominante,
embora o fluxo de calor pode ser ainda continuar em alta potência. Por exemplo, em um automóvel, a
fase transitória de condução térmica seria inicialmente predominante, e a fase de estado estacionário
aparece, logo que o motor tenha atingido o estado estacionário, a temperatura operacional.
Um exemplo de condução transiente mas a que não finaliza-se com uma condução em estado
estacionário, mas não dominada pela transferência de calor por condução mas por convecção, ocorreria
quando uma bola de cobre quente cai em óleo em baixa temperatura. Aqui o campo de temperatura
dentro do objeto começa a mudar em função do tempo, à medida que o calor é removido do metal, o
interesse reside em analisar essa mudança espacial da temperatura dentro do objeto ao longo do
tempo, até desaparecerem por completo todos os gradientes (a bola alcança a mesma temperatura que
o óleo). Matematicamente, esta condição é também atingida exponencialmente; em teoria ela tomaria
tempo infinito, mas na prática é mais, para todos os efeitos, em um período muito curto. Ao final deste
processo sem dissipador de calor, mas as partes internas da bola (as quais são finitas), não existe estado
estacionário se condução de calor a ser alcançado. Tal estado nunca ocorre nesta situação, mas sim o
fim do processo é quando não há condução de calor na totalidade.
A análise de sistemas de condução de estado não estacionário é mais complexa que sistemas de estado
estacionário, e (exceto para formas simples) pede a aplicação das teorias de aproximação e/ou análise
numérica por computador. Um método gráfico popular envolve o uso de cartas de Heisler.
Condução relativística
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A teoria da condução de calor relativística é um modelo que é compatível com a teoria da relatividade
especial. Na maior parte do século passado, foi reconhecido que a equação de Fourier está em
contradição com a teoria da relatividade porque admite uma velocidade infinita de propagação de sinais
de calor. Por exemplo, segundo a equação de Fourier, um pulso de calor na origem seria sentido no
infinito instantaneamente. A velocidade de propagação de informações seria mais rápida que a
35
velocidade da luz no vácuo, o que é fisicamente inadmissível no âmbito da relatividade. Alterações ao
modelo de Fourier prevendo um modelo relativista de condução de calor, evitam esse problema.
Condução quântica
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Segundo som é um fenômeno mecânico quântico no qual transferência de calor ocorre por movimento
na forma de onda, em vez de pelo mecanismo mais comum da difusão. Calor toma o lugar da pressão
nas ondas de som normais. Isto conduz a uma condutividade térmica muita alta. É conhecido como
"segundo som" porque a onda de calor é similar à propagação de som no ar.
Lei de Fourier
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A lei da condução térmica, também conhecida como lei de Fourier, estabelece que o fluxo de calor
através de um material é proporcional ao gradiente negativo de temperatura. Podemos enunciar esta lei
de duas formas equivalentes: a forma integral, em que olhamos para a quantidade de energia que flui
para dentro ou para fora de um corpo como um todo; e a forma diferencial, em que olhamos para os
fluxos de energia localmente. O fluxo de calor é a quantidade de energia que flui através de uma
unidade de área por unidade de tempo.
Lei de Fourier.
Pode-se determinar o fluxo de calor transportado por condução pela Lei de Fourier:
Se a distribuição de temperatura for linear e, neste caso {\displaystyle {\frac {\partial T}{\partial x}}={\
frac {T2-T1}{L}}} \frac{\partial T}{\partial x}= \frac{T2 - T1}{L}, a equação acima toma a forma:
36
A constante {\displaystyle k}k, é a condutividade térmica do material. Entre duas substâncias, a que tiver
condutividade maior conseguirá transferir uma quantidade maior de calor, para uma mesma diferença
de temperatura.
Teorização completa
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Existem várias grandezas envolvidas, mas entre elas existem duas que são de muita importância de
interesse prático no estudo de problemas de condução de calor. Estas grandezas são a razão de fluxo de
calor e a distribuição da temperatura. As razões de fluxo de calor tratam da demanda de energia em um
dado sistema, quando se requer uma distribuição de temperaturas conveniente para desenhar de
maneira adequada no sistema, desde o ponto de vista dos materiais. Em um fenômeno qualquer, uma
vez que seja conhecida a distribuição da temperatura é possível determinar as razões de fluxo de calor
com ajuda da denominada Lei de Fourier (de 1822, estabelecida por Jean Baptiste Joseph Fourier).
O calor transferido {\displaystyle {\dot {Q}}}\dot{Q} é tratado pela lei de Fourier que descreve
especificamente previsões (modelagens) de comportamento para o caso simples de um corpo sólido,
com duas paredes paralelas:[15][16]
37
{\displaystyle \lambda }\lambda a condutividade térmica, geralmente um parâmetro do material
dependente da temperatura, e
Atualmente a transferência de calor é descrita através do conceito mais rigoroso de fluxo de calor {\
displaystyle {\dot {\vec {q}}}}\dot{\vec{q}}, em abordagens que visam reduzir-se aos tratamentos de
Fourier e Newton. A notação {\displaystyle {\dot {\vec {q}}}}\dot{\vec{q}} é formulada a partir da
derivada parcial no tempo do vetor fluxo de calor {\displaystyle {\vec {q}}}\vec{q}. Aplica-se a seguinte
definição:
{\displaystyle {\frac {\partial u({\vec {r}},t)}{\partial t}}=a\,\Delta u({\vec {r}},t)}\frac{\partial u(\vec r,t)}{\
partial t} =a\, \Delta u(\vec{r},t)
Sendo esta equação especial e chamada comumente equação do calor. Note-se que esta forma da
equação do calor é válida somente para meios homogêneos e isotrópicos; noutras palavras, para meios
que possuem a mesma composição em todos os lugares e nenhuma orientação preferencial (ocorrem
orientações preferenciais, por exemplo, em fibras de materiais compostos, mas também por dilatações
de grãos em chapas de aço laminadas, etc). Para estes casos - e apenas para isso , as propriedades
materiais são adotadas com o objetivo de considerar apenas as grandezas dependentes da temperatura.
Estritamente falando, a equação assim formulada não se aplica apenas quando o calor no corpo é
introduzido ou removido por fenômenos estranhos à modelagem utilizada, sendo, neste caso, a fonte
ou "fuga" um termo a ser adicionado ao equacionamento. Com estas restrições, segue-se a seguinte
forma da equação do calor:
Sendo esta a equação diferencial que descreve os processos de transporte em geral (como o processo
de difusão - que é um transporte material, devido a ser compreendido como uma diferença de
concentração ou, no caso da equação do calor, apenas o "andar" da distribuição de temperatura em um
corpo devido a um gradiente de temperatura). A solução analítica dessa equação não é em possível
muitos casos práticos, sendo calculados, atualmente, com a ajuda de métodos tecnicamente relevantes
de cálculos para fenômenos de transferência de calor como o método dos elementos finitos, obtendo-se
como resultado a distribuição temporal da temperatura no espaço (um campo de temperaturas). Assim,
pode-se obter influências, por exemplo, relacionadas ao comportamento de expansão espacial dos
38
componentes (dilatação térmica), que por sua vez influenciará o estado de tensão local. Assim, o campo
de temperaturas torna-se uma base importante para todas as tarefas de engenharia em que o
componente de estresse térmico não pode ser negligenciado no projeto.
Forma diferencial
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A forma diferencial da lei de Fourier da condução térmica mostra que o fluxo de calor local, {\
displaystyle {\overrightarrow {q}}}\overrightarrow{q}, é igual ao produto da condutividade térmica, {\
displaystyle k}k, e o gradiente de temperatura local negativo, {\displaystyle -\nabla T}-\nabla T. O fluxo
de calor é a quantidade de energia que flui através de uma superfície particular por unidade de área por
unidade de tempo.
A condutividade térmica, {\displaystyle k}k, é frequentemente tratada como um constante, embora isto
nem sempre seja verdade. Enquanto a condutividade térmica de um material geralmente varia com a
temperatura, a variação pode ser pequena para uma significativa faixa de temperaturas para alguns
materiais comuns. Em materiais anisotrópicos, a condutividade térmica varia tipicamente com
orientação; neste caso {\displaystyle k}k é representada por um tensor de segunda ordem. Em materiais
não uniformes, {\displaystyle k}k varia com a localização espacial.
Para muitas aplicações simples, a lei de Fourier é usada em sua forma unidimensional. Na direção {\
displaystyle x}x,
Forma integral
editar
Pela integração da forma diferencial sobre a superfície total do material {\displaystyle S}S, chega-se à
forma integral da lei de Fourier:
39
{\displaystyle {\frac {\partial Q}{\partial t}}=-k\oint _{A}{{\overrightarrow {\nabla }}T\cdot \,{\
overrightarrow {dA}}}}{\displaystyle {\frac {\partial Q}{\partial t}}=-k\oint _{A}{{\overrightarrow {\
nabla }}T\cdot \,{\overrightarrow {dA}}}}
{\displaystyle {\big .}{\frac {\partial Q}{\partial t}}{\big .}}\big. \frac{\partial Q}{\partial t}\big. é a
quantidade de calor transferido por unidade de tempo {\displaystyle [W]}[W] e
A equação diferencial acima, quando integrada para um material homogêneo de geometria 1-D entre
dois pontos a uma temperatura constante, dá a taxa de fluxo de calor como:
{\displaystyle {\big .}{\frac {\Delta Q}{\Delta t}}=-kA{\frac {\Delta T}{\Delta x}}} \big. \frac{\Delta Q}{\
Delta t} = -k A \frac{\Delta T}{\Delta x}
onde
Esta lei forma a base para a derivação da equação do calor. A lei de Ohm é o análogo elétrico da lei de
Fourier.
Condutância
editar
Escrevendo-se
40
Lei de Fourier pode também ser enunciada como:
{\displaystyle {\big .}{\frac {\Delta Q}{\Delta t}}=UA\,(-\Delta T).}\big. \frac{\Delta Q}{\Delta t} = U A\, (-\
Delta T).
{\displaystyle {\big .}R={\frac {1}{U}}={\frac {\Delta x}{k}}={\frac {A\,(-\Delta T)}{\frac {\Delta Q}{\Delta
t}}},\quad } \big. R = \frac{1}{U} = \frac{\Delta x}{k} = \frac{A\, (-\Delta T)}{\frac{\Delta Q}{\Delta t}}, \
quad
e é a resistência que é aditiva quando várias camadas condutivas situam-se entre as regiões quente e
fria, porque {\displaystyle A}A e {\displaystyle Q}Q são as mesmas para todas as camadas. Em uma
partição de multicamadas, a condutância total está relacionada com a condutância de suas camadas
por:
Assim, quando trata-se de uma partição de multicamadas, a seguinte fórmula é geralmente usada:
{\displaystyle {\big .}{\frac {\Delta Q}{\Delta t}}={\frac {A\,(-\Delta T)}{{\frac {\Delta x_{1}}{k_{1}}}+{\frac
{\Delta x_{2}}{k_{2}}}+{\frac {\Delta x_{3}}{k_{3}}}+\cdots }}.}\big. \frac{\Delta Q}{\Delta t} = \frac{A\,(-\
Delta T)}{\frac{\Delta x_1}{k_1} + \frac{\Delta x_2}{k_2} + \frac{\Delta x_3}{k_3}+ \cdots}.
Quando o calor é conduzido a partir de um fluido para outro através de uma barreira, às vezes é
importante considerar a condutância da fina película de fluido que permanece estacionária próximo a
barreira. Esta fina película de líquido é difícil de quantificar, suas características, dependendo das
complexas de turbulência e viscosidade, mas quando se lida com os obstáculos finos de alta condutância
por vezes pode ser bastante significativa.
editar
41
{\displaystyle R={\frac {V}{I}}}R = \frac{V}{I},
e a condutância:
onde {\displaystyle \rho }\rho é a resistividade, {\displaystyle x}x é o comprimento e {\displaystyle A}A é
a área de seção tranversal, temos
Para o calor,
{\displaystyle {\big .}U={\frac {kA}{\Delta x}},\quad }\big. U = \frac{k A} {\Delta x}, \quad
{\displaystyle {\big .}R={\frac {\,\Delta T}{Q}},\quad }\big. R = \frac{\, \Delta T}{Q}, \quad
42
{\displaystyle R={\frac {V}{I}}} R = \frac{V}{I}
Cilindros
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Condução através de cilindros pode ser calculada quando conhece-se variáveis tais como o raio interno
{\displaystyle r_{1}}r_1, o raio externo {\displaystyle r_{2}}r_2, e o comprimento notado como {\
displaystyle \ell }\ell.
A diferença de temperatura entre a parede interna e externa pode ser expressa como {\displaystyle
T_{2}-T_{1}}T_2 - T_1.
{\displaystyle Q=-kA_{r}{\frac {\mathrm {d} T}{\mathrm {d} r}}=-2k\pi r\ell {\frac {\mathrm {d} T}{\
mathrm {d} r}}}Q = -k A_r \frac{\mathrm{d}T}{\mathrm{d}r} = -2 k \pi r \ell \frac{\mathrm{d}T}{\
mathrm{d}r}
Rearranjando-se:
{\displaystyle Q\int _{r_{1}}^{r_{2}}{\frac {1}{r}}\mathrm {d} r=-2k\pi \ell \int _{r_{1}}^{r_{2}}\mathrm {d}
T}Q \int_{r_1}^{r_2} \frac{1}{r} \mathrm{d}r = -2 k \pi \ell \int_{r_1}^{r_2} \mathrm{d}T
{\displaystyle Q=2k\pi \ell {\frac {T_{1}-T_{2}}{\ln r_{2}-\ln r_{1}}}}Q = 2 k \pi \ell \frac{T_1 - T_2}{\ln r_2 -
\ln r_1}
A resistência térmica é
{\displaystyle R_{c}={\frac {\Delta T}{Q}}={\frac {\ln r_{2}-\ln r_{1}}{2\pi k\ell }}}R_c = \frac{\Delta T}{Q}
= \frac{\ln r_2 - \ln r_1}{2 \pi k \ell}
43
Tendo-se {\displaystyle Q=2\pi k\ell r_{m}{\frac {T_{1}-T_{2}}{r_{2}-r_{1}}}}Q = 2 \pi k \ell r_m \frac{T_1-
T_2}{r_2-r_1}, onde {\displaystyle r_{m}={\frac {r_{2}-r_{1}}{\ln r_{2}-\ln r_{1}}}}r_m = \frac{r_2-r_1}{\ln
r_2 - \ln r_1} sendo importante notar que este é o raio log médio.
editar
Define-se um regime estacionário (ou permanente), quando as temperaturas não dependem do tempo.
A temperatura depende apenas da disposição do ponto em que as medidas são tomadas ao longo do
tempo. Para o restante desta divisão deste artigo, assume-se como estabelecido um estado de
equilíbrio.
editar
O material é um meio condutor térmico delimitado por dois planos paralelos (o caso de uma parede).
Cada plano tem uma temperatura {\displaystyle T}T homogênea por toda a sua superfície.
Consideramos que os planos têm duas dimensões infinitas para superar os efeitos de borda. Por
conseguinte, o fluxo de entrada é igual ao de saída, não há perda de calor nas extremidades.
44
ou
Analogia elétrica
Por analogia com a eletricidade (lei de Ohm) no caso especial onde a área de contato entre cada
material é constante (fluxo superficial {\displaystyle \varphi }\varphi constante), podemos traçar um
paralelo entre as duas expressões:
Pode-se traçar um paralelo da primeira com a tensão e a temperatura, da outra parte a intensidade e o
fluxo de calor:
Pode-se então definir uma resistência térmica, desempenhando a transferência de calor um papel
semelhante ao da resistência elétrica.
editar
45
lambda _{A}}\lambda_{A}, {\displaystyle \lambda _{B}}\lambda_{B} e {\displaystyle \lambda _{C}}\
lambda_{C}.
Os pressupostos são idênticos aos de uma única superfície plana. Consideramos que o contacto entre
cada camada é perfeito, o que significa que a temperatura na interface entre dois materiais é idêntica
em cada material (temperatura não salta na passagem por uma interface).
Finalmente, a área de contato entre cada material é constante, o que implica um fluxo de superfície {\
displaystyle \varphi }\varphi constante.
Demonstração
editar
Globalmente, tem-se
Se decomposto
Com:
46
{\displaystyle T_{1}-T_{4}=(T_{1}-T_{2})+(T_{2}-T_{3})+(T_{3}-T_{4})\,}T_1- T_4= (T_1-T_2)+(T_2-T_3)+
(T_3-T_4)\,
Portanto
O perfil de temperaturas
Analogia elétrica
Da mesma forma que as resistências elétricas em série são adicionadas, as resistências térmicas em
série são somadas.
editar
Considere-se materiais planos justapostos lado a lado. Cada material é homogêneo e delimitado por
dois planos paralelos. Este poderia ser o modelo de uma parede com uma janela. As hipóteses são
idênticas as de uma superfície plana única. Além disso, considera-se que a temperatura da superfície é
47
uniforme em cada elemento ({\displaystyle T_{1}}T_1 et {\displaystyle T_{2}}T_2). Considere-se {\
displaystyle S_{A}~,~S_{B}~e~S_{C}}S_A~, ~S_B ~e ~S_C as respectivas superfícies dos elementos {\
displaystyle A,~B~e~C}A, ~B ~e ~C.
Posteriormente, presume-se que o fluxo seja sempre perpendicular à parede composta; o que não é
realista porque a temperatura da superfície de cada elemento da composição é diferente e há, portanto,
um gradiente de temperatura lateral (a origem das pontes térmicas). Além disso, é necessário corrigir o
fluxo de calor calculado na parede feita com os coeficientes de perda por unidade de comprimento,
específicos para cada ramo de parede (e pode ser insignificante, cf. a regulamentação térmica RT
2000[17]).
Demonstração
editar
como {\displaystyle X}X é igual a {\displaystyle A}A, {\displaystyle B}B ou {\displaystyle C}C
Tem-se, portanto
48
O fluxo total é igual à soma dos fluxos em cada elemento
Mais uma vez, por analogia com as leis elétricas, o inverso da resistência térmica é às vezes chamado
condutividade térmica.
Analogia elétrica
Também é possível fazer uma analogia entre um circuito elétrico de resistências em paralelo.
editar
49
O tubo simples consiste de um material único e homogêneo. A temperatura é uniforme em cada
superfície do tubo. Considera-se o tubo infinitamente longo para superar os efeitos da borda.
{\displaystyle \ T_{1}-T_{2}={\frac {\Phi }{2\pi \lambda L}}\ln {\frac {R_{2}}{R_{1}}}}\ T_1-T_2= \frac{\Phi}
{2 \pi \lambda L } \ln \frac{R_2}{R_1}
Demonstração
editar
Considera-se uma variação {\displaystyle dR}dR dentro do material constituinte do tubo, a lei de Fourier
é então expressa como:
{\displaystyle \Phi =-\lambda 2\pi RL{\frac {dT}{dR}}\,} \Phi= - \lambda 2 \pi R L \frac{dT}{dR}\,
{\displaystyle {\frac {dR}{R}}=-{\frac {2\pi \lambda LdT}{\Phi }}\,}\frac{dR}{R}= - \frac{2 \pi \lambda L dT}
{\Phi}\,
50
{\displaystyle \ T=T_{1}-{\frac {\Phi }{2\pi \lambda L}}\ln {\frac {R}{R_{1}}}\,}\ T= T_1 - \frac{\Phi}{2 \pi \
lambda L } \ln \frac{R}{R_1}\,
{\displaystyle \ T_{1}-T_{2}={\frac {\Phi }{2\pi \lambda L}}\ln {\frac {R_{2}}{R_{1}}}\,}\ T_1-T_2= \frac{\
Phi}{2 \pi \lambda L } \ln \frac{R_2}{R_1}\,
editar
O tubo concêntrico é composto por tubos dispostos em camadas concêntricas. Considere-se que o
contato é perfeito entre os tubos. A temperatura é uniforme em cada superfície do tubo. Considere-se
que o tubo possui um comprimento interminável L para superar os efeitos de borda.
A resistência total do tubo é expressa por uma lei da tipo "série como a parede compondo uma série:
Demonstração
editar
51
{\displaystyle \ T_{1}-T_{3}={\frac {\Phi }{2\pi L}}\left({\frac {\ln {\frac {R_{2}}{R_{1}}}}{\lambda _{A}}}+{\
frac {\ln {\frac {R_{3}}{R_{2}}}}{\lambda _{B}}}\right)\,}\ T_1-T_3= \frac{\Phi}{2 \pi L } \left ( \frac {\ln \
frac {R_2}{R_1} }{\lambda_A} + \frac {\ln \frac {R_3}{R_2} }{\lambda_B}\right )\,
{\displaystyle \ R_{thA}={\frac {\ln {\frac {R_{2}}{R_{1}}}}{\lambda _{A}}}\,}\ R_{thA}= \frac {\ln \frac
{R_2}{R_1} }{\lambda_A}\,
{\displaystyle \ R_{thB}={\frac {\ln {\frac {R_{3}}{R_{2}}}}{\lambda _{B}}}\,}\ R_{thB}= \frac {\ln \frac
{R_3}{R_2} }{\lambda_B}\,
Chegando-se a que resistência total do tubo é expressa por uma lei da tipo "série como a parede
compondo uma série:
editar
A resolução da equação do calor em regime dinâmico é muito mais difícil. Ela usa os conceitos de
transformada de Fourier de produto de convolução e distribuições. Apresentam-se alguns exemplos de
resolução.
editar
Princípio geral
editar
onde {\displaystyle D}D é o coeficiente de difusividade térmica e {\displaystyle P}P representa as fontes
de calor. {\displaystyle P}P pode ser uma função do tempo e da posição da fonte de calor, mas também
uma distribuição. Por exemplo, a injeção instantânea e pontual de uma quantidade de calor pode ser
representada pelo produto {\displaystyle \delta (t)\delta (x)}\delta(t)\delta(x) de uma distribuição de
52
Dirac no instante {\displaystyle t=0}t = 0 por uma distribuição de Dirac em {\displaystyle x=0~,x}x = 0 ~, x
é a abscissa em caso de problema unidimensional ou vetor de posição no caso geral.
Ela também dará o estado inicial do área {\displaystyle T_{0}=~T(0,x)}T_0 = ~T(0,x), que também pode
ser uma função de {\displaystyle x}x ou uma distribuição. Considera-se que {\displaystyle T}T é nulo para
{\displaystyle t~<~0}t ~< ~0.
Aplica-se uma transformada de Fourier sobre a variável {\displaystyle x}x, a todos os termos da equação
diferencial. Isto transforma a derivação com relação a {\displaystyle x}x em um produto. Toma-se {\
displaystyle F(T)(p,t)=\int T(x,t)\exp(-2i\pi px)dx}F(T)(p, t) = \int T(x, t) \exp(-2i\pi px) dx, então a
equação torna-se:
Se {\displaystyle F(P)}F(P) é uma função e não uma distribuição, esta relação se torna, para {\displaystyle
t~>~0}t ~> ~0:
53
{\displaystyle F(T)=\int _{0}^{t}F(P)(\tau )\exp(-4\pi ^{2}Dp^{2}(t-\tau ))d\tau +F(T_{0})\exp(-4\pi
^{2}Dp^{2}t)}F(T) = \int_0^t F(P)(\tau)\exp(- 4\pi^2Dp^2(t-\tau)) d\tau + F(T_0)\exp(- 4\pi^2Dp^2t)
Caso particular
editar
Propagação por condução no plano a partir de um ponto quente. A altura de um dado ponto indica o
valor da temperatura neste ponto.
editar
Se toma-se somente a temperatura inicial {\displaystyle T_{0}}T_0 de uma fonte média independente de
calor ({\displaystyle P=0}P = 0), tem-se que:
{\displaystyle T={\frac {1}{2{\sqrt {\pi tD}}}}\int _{-\infty }^{\infty }\exp \left(-{\frac {(x-u)^{2}}{4tD}}\
right)T_{0}(u)\,du}T = \frac{1}{2\sqrt{\pi tD}} \int_{-\infty}^{\infty} \exp\left(- \frac{(x - u)^2}{4tD}\right)
T_0(u)\, du no caso unidimensional.
54
{\displaystyle T={\frac {1}{8{\sqrt {\pi tD}}^{3}}}\int _{\mathbb {R} ^{3}}\exp \left(-{\frac {(r-s)^{2}}{4tD}}\
right)T_{0}(r)\,dx_{s}dy_{s}dz_{s}}T = \frac{1}{8\sqrt{\pi tD}^3} \int_{\mathbb R^3} \exp\left(- \frac{(r -
s)^2}{4tD}\right) T_0(r)\, dx_s dy_s dz_s no caso tridimensional.
editar
editar
Supondo-se o área limitada pelo plano {\displaystyle x=0}x = 0. Se coloca-se por condição os limites
suplementares {\displaystyle T(0,~t)=0}T(0,~t) = 0 para todo {\displaystyle t}t, então basta estender a
distribuição inicial de temperatura {\displaystyle T_{0}}T_0 por uma função ímpar em {\displaystyle x}x e
aplicar-se o resultado anterior.
O caso mais célebre é o problema de Kelvin. Este considerou em 1860 que a Terra estava inicialmente a
uma temperatura constante {\displaystyle T_{0}}T_0 da ordem de 3000° e que se resfriava por simples
condução. Utilizando o valor atual do gradiente de temperatura em função da profundidade, ele
deduziu uma estimativa para a idade da Terra. Pode-se aplicar o método de resolução acima para
considerar a Terra como plana e infinitamente profunda, delimitado por um plano de sua superfície. O
cálculo conduz a:
{\displaystyle {\frac {\partial T}{\partial x}}={\frac {T_{0}}{\sqrt {\pi tD}}}}\frac{\partial T}{\partial x}= \
frac{T_0}{\sqrt{\pi t D}}
55
10^{-6}\,m^{2}s^{-1}}10^{-6} \,m^2s^{-1}, obtem-se que t vale 100 milhões de anos. Este resultado é
largamente subestimado pois Kelvin ignora os fenômenos de convecção no interior do manto terrestre.
[20] [21]
editar
Transferência de calor por condução em uma área limitada {\displaystyle 0<~x~<~L}0 < ~x ~< ~L. Os dois
limites da área são mantidos a uma temperatura constante . A altura de um dado ponto indica o valor
da temperatura neste ponto
Considere-se uma área limitada por dois planos {\displaystyle x=0}x = 0 e {\displaystyle x=L}x = L.
Supondo-se que são dadas como condições de contorno os limites {\displaystyle T(0,t)=T(L,t)=0}T(0,t) =
T(L,t) = 0. Utiliza-se um método de resolução baseado nas séries de Fourier, procurando-se {\displaystyle
T}T sob a forma:
Esta expressão verifica tanto a equação do calor quanto as condições de contorno nos limites. Se é
tomada a distribuição de temperatura inicial {\displaystyle T_{0}}T_0, é suficiente expandir-se em uma
série de Fourier para determinar-se os coeficientes {\displaystyle b_{n}}b_n.
editar
56
Transferência de calor por condução em uma área circular. O problema de Kelvin: a temperatura inicial é
uniforme, a temperatura no limite do círculo é mantida como zero. A altura de um dado ponto indica o
valor da temperatura neste ponto
Se o caso de propagação se sá em uma área esférica, e onde a temperatura não depede apenas das
distância {\displaystyle r}r ao centro, a equação de calor torna-se a expressão do laplaciano em uma
esfera:
Podemos, então, aplicar os métodos anteriores para determinar {\displaystyle F}F, então deduzir {\
displaystyle T}T dividindo por {\displaystyle r}r.
Assim, resolvendo-se o problema de Kelvin, no caso de uma esfera de raio {\displaystyle R}R
(temperatura inicial uniforme igual à {\displaystyle T_{0}}T_0,a superfície é mantida a uma temperatura
igual a zero) conduz à seguinte expressão para {\displaystyle T}T:
editar
Considere-se a equação:
com {\displaystyle P}P não nulo. Em geral, procura-se uma solução particular para esta equação, de
modo que, uma vez relacionada a {\displaystyle T}T, pode ser reduzida a uma equação sem segundo
57
membro. Apresentam-se alguns exemplos, onde {\displaystyle P}P representa uma densidade de fonte
de calor constante, independente da posição e do tempo.
editar
Transferência de calor por condução em um domínio limitado {\displaystyle 0<x<L}0 < x < L. A área é
aquecida uniformemente, enquanto que a temperatura inicial é zero, e que as duas bordas permanecem
na temperatura zero. A altura de um dado ponto indica o valor da temperatura nesse ponto.
Considere-se uma área limitada pelos dois planos {\displaystyle x=0}x = 0 e {\displaystyle x=L}x = L.
Supondo-se que no momento inicial, a temperatura da área é igual a uma temperaturea de referência
nula, e que as bordas da área se manterão permanentemente esta temperatura nula. {\displaystyle T}T
satisfaz, pois:
Pode-se aplicar o método visto acima na busca de {\displaystyle G}G sob a forma de uma série:
58
que satisfaça as duas primeiras relações. Dado que, por razões de simetria, é esperado que {\
displaystyle G(x)=G(L-x)}G(x) = G(L-x), pode-se supor que os coeficientes {\displaystyle b_{n}}b_n sejam
nulos quando {\displaystyle n}n é par, de maneira que:
Quando {\displaystyle t}t tende ao infinito, a temperatura da área tende a {\displaystyle {\frac {Px(L-x)}
{2D}}}\frac{Px(L-x)}{2D}, o aquecimento tende a se equilibrar com a perda de calor pelas duas bordas.
editar
Propagação de calor por condução em uma área {\displaystyle x>0}x > 0 limitada por uma borda. A área
é aquecida uniformemente, enquanto que a temperatura inicial é nula, e que a borda continua a esta
temperatura nula. A altura de um dado ponto indica o valor da temperatura nesse ponto.
A resolução do mesmo problema do caso em que {\displaystyle x~>~0}x ~>~0 consiste em determinar {\
displaystyle T}T tal que:
59
{\displaystyle {\frac {\partial T}{\partial t}}-D{\frac {\partial ^{2}T}{\partial x^{2}}}=P}\frac{\partial T}{\
partial t} - D \frac{\partial^2 T}{\partial x^2} = P
Pode ser obter a solução deixando {\displaystyle L}L infinito na expressão dada no parágrafo anterior,
igualando a série a uma soma de Riemann. Isto resulta na seguinte expressão:
{\displaystyle erf}erf é a função chamada função erro de Gauss. Pode-se também encontrar esta
expressão pela aplicação do método derivado do princípio geral relativo a uma área ilimitada, depois de
estender a todo o espaço as funções {\displaystyle T~e~P}T ~e ~P em duas funções ímpares em {\
displaystyle x}x, de modo que {\displaystyle T}T se anula em {\displaystyle x=0}x = 0.
Quando {\displaystyle t}t tende ao infinito, {\displaystyle T}T é de cerca de {\displaystyle Pt}Pt, análogo
aquela de uma área infinita. A borda única não é suficiente para dissipar o calor.
editar
Propagação de calor por condução em uma área de borda circular. A área é aquecida uniformemente,
enquanto que a temperatura inicial é zero, e que a borda continua a estar a esta temperatura zero. A
altura de um dado ponto indica o valor da temperatura nesse ponto.
Dado o caso de uma área cuja borda seja uma esfera de raio {\displaystyle R}R, utiliza-se a expressão do
Laplaciano em esfera e tem-se de resolver:
60
Pergunta-se se {\displaystyle G=rT+{\frac {r^{3}P-rR^{2}P}{6D}}}G = rT + \frac{r^3P - rR^2P}{6D}, {\
displaystyle G}G satisfaz o sistema:
O método das séries de Fourier sugere a busca de {\displaystyle G}G sob a forma de uma série {\
displaystyle \sum _{n=1}^{\infty }b_{n}\sin \left({\frac {n\pi r}{R}}\right)\exp \left(-{\frac {n^{2}\pi ^{2}Dt}
{R^{2}}}\right)}\sum_{n=1}^\infty b_n \sin\left(\frac{n\pi r}{R}\right) \exp\left(- \frac{n^2\pi^2 Dt}{R^2}\
right), onde os coeficientes {\displaystyle b_{n}}b_n encontram-se em desenvolvimento {\displaystyle {\
frac {r^{3}P-rR^{2}P}{6D}}}\frac{r^3P - rR^2P}{6D} em série de Fourier. Obtendo-se:
e, portanto:
Quando {\displaystyle t}t tende ao infinito, a temperatura {\displaystyle T}T tende à distribuição limite {\
displaystyle {\frac {R^{2}P-r^{2}P}{6D}}}\frac{R^2P - r^2P}{6D}.
Ver também
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Calor
Condutividade térmica
Fluxo de calor
61
Tranferência de calor
Convecção
Equação de convecção-difusão
Irradiação térmica
Valor U de isolamento
Tubulação de calor
Equação de Churchill-Bernstein
Condução elétrica
Condutância elétrica
Referências
J.Ph. Pérez et A.M. Romulus. Thermodynamique. Fondements et applications, Masson, Paris, 1993. ISBN
2-225-84265-5 pg 153
YOUNG, H.D; FREEDMAN, R.A (2008). Física II: Termodinâmica e Ondas 12 ed. São Paulo: Addison-
Wesley. p. 190. ISBN 978-85-88639-33-1
Halliday, D., Resnick, R., Walker, J., Fundamentos de Física 2 - São Paulo: Livros Técnicos e Científicos
Editora, 4a Edição, 1996. ISBN 978-852-161-904-8
Nussenzveig, H. M. – Física Básica – 2ª ed. - vol. 2 - seção 7.1 – Ed. Edgard Blücher Ltda - 1981. ISBN 978-
852-120-163-2
Sears, F. W. E Zemansky, M. W. – Física - vol. 2, cap. 15, Ed. Universidade de Brasília, Rio de Janeiro –
1973.
ASHCROFT, N. W & MERMIN, N. D. Solid State Physics. l.ed. New York: Holt, Rinehart and Winstone,
1976. 826p.
ASHCROFT, N. W & MERMIN, N. D. Solid State Physics. l.ed. Cengage Learning, 2011, ISBN 8-131-50052-7
Carlos Ariel Samundio Pérez;O MODELO DO ELÉTRON LIVRE DE DRUDE COMPLETA 100 ANOS -
www.periodicos.ufsc.br
Kim S., Kim M. C., Kim K. Y., 2003, “Estimation of Temperature-Dependent Thermal Conductivity With a
Simple Integral Aproach”, Int. Comm. Heat Transfer, vol. 30, nº 4, p. 485-494.
62
Lesnic D, et all, 1995,A Note on The Determination of Thermal Properties a Material in a Transient
Nonlinear Heat Conduction Problem Department of Applied Mathematical Studies, University of Lees,
Int.Comm.Heat Mass Transfer, Vol.22, No.4, pp.475-482.
Touloukian, Y. S., Powell, R. W., Ho, C. Y. and Klemens, P. G., 1970, Thermophysical Properties of Matter
- Volume 2, Thermal Conductivity: Nonmetallic Solids, IFI/Plenum, New York, 933 p. ISBN 0-306-67022-4
BEIN, B. K.; PELZL, J. Analysis of surfaces exposed to plasmas by nondestructive photoacoustic and
photothermal techniques. Plasma Diagnostics., n. 6, p. 211-326, 1976.
DRUDE, P. Zur electronen theorie der matalle. Annalen der Physik, v.1, p. 566, 1900; v.3, p.369, 1900
E.R.G. Eckert e R.M. Drake, Analysis of Heat Mass Transfer, McGraw-Hill, New York, 1972.
E.R.G. Eckert e R.M. Drake, Analysis of Heat Mass Transfer, CRC Press; 1986. ISBN 0-891-16553-3
Fricke, Jochen; Borst, Walter L.: Energie, Ein Lehrbuch der Physikalischen Grundlagen Oldenbourg
Verlag München Wien 1984.
Kittel, Charles: Einführung in die Festkörperhysik. Mit 519 Bildern, 59 Tabellen. ISBN 978-348-632-763-2
Laurent Schwartz, Méthodes mathématiques pour les sciences physiques, Hermann, (1965) ISBN 2-705-
65213-2
Uma segunda fonte de erros, mais marginal, provém do fato de que Kelvin também negligencia o termo
fonte de energia devido à radioatividade. Ver: Voir England P, Molnar P, Richter F, Kelvin, Perry et l'âge
de la terre, Pour la Science, février 2008, p.32-37, traduzido para o francês de artigo da American
Scientist Arquivado em 6 de setembro de 2013, no Wayback Machine.
Bibliografia
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John H Lienhard IV and John H Lienhard V, A Heat Transfer Textbook, Third Edition, Phlogyston Press,
Cambridge Massachusetts ISBN 0-971-38352-9 [3]
Dehghani, F 2007, CHNG2801 – Conservation and Transport Processes: Course Notes, University of
Sydney, Sydney
Çengel, Yunus A.; Heat Transfer - A Practical Approach, McGraw Hill, 2002. ISBN 0-07-011505-2
63
Holman, J.P.; Heat Transfer, McGraw-Hill, 1998. ISBN 0-07-114320-3
Ligações externas
editar
Newton's Law of Cooling (lei do resfriamento de Newton) por Jeff Bryant baseado em um programa por
Stephen Wolfram, Wolfram Demonstrations Project. (em inglês)
Notas
(Quando estará pronto meu peru ? ) é um exemplo de equações de condução de calor similares
aplicadas à lei do resfriamento de Newton a qual prevê o tempo de cozimento de perus e outros
assados..
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QUÍMICA
Lei de Raoult
Em 1887 o químico francês François Marie Raoult estudou as pressões de misturas e as transformou em
expressões matemáticas, que foram chamadas de Lei de Raoult.
Esta lei fala sobre a maneira como acontece à variação da pressão parcial de um solvente, quando se
adiciona um soluto. Sendo assim, a pressão parcial do vapor de um solvente e sua fração molar precisa
ser proporcional.
Todas as soluções que se aplicam a esta lei são chamadas de ideais, e todas precisam ser diluídas e com
o número de entalpia que esteja mais perto do zero.
O que é osmose?
É quando a água se movimenta de uma membrana a outra livremente. A pressão na qual a água
atravessa a membrana é chamada de pressão osmótica.
A osmose é influenciada pelo número de partículas do soluto. As soluções que contém uma quantidade
semelhante de partículas (sendo ela medida por unidade de volume) há a mesma pressão osmótica, e
são chamadas de isotônicas.
O que mede a pressão osmótica em soluções é o osmômetro, um tubo de vidro fechado com membrana
impermeável, onde se deposita a solução, que é colocado em um recipiente com água destilada.
65
Com certeza! As formulas acima não podem ser aplicadas em soluções iónicas, somente em soluções
moleculares onde ocorre a dissolução de moléculas de soluto.
As soluções que possuem íons, que vem da ionização ou então de uma dissociação iónica proveniente
de uma solução que vou dissolvida, só conseguem contar a quantidade de íons baseado em qual soluto
foi dissolvido, ou seja, qual seu tipo.
Sendo assim, o físico e químico Holandês Jacobus Henricus Van’t Hoff propôs um fator de correção em
fórmulas que precisam ter soluções iônicas calculadas. Este fator de correção recebeu o nome de Fator
de Van’t Hoff.
Ou seja, é a soma da quantidade de íons que foram gerados durante a dissociação iônica ou da ionização
de um soluto.
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QUÍMICA
As propriedades coligativas estão muito presentes no nosso dia a dia. É muito comum, por exemplo,
colocarmos sal na água para preparar o macarrão do almoço. Isso faz com que a água demore mais
tempo para entrar em ebulição. Porém, essa atitude faz o alimento cozinhar mais rapidamente. Por que
isso acontece?
68
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A água com sal entra em ebulição a uma temperatura maior do que a água pura, o que acelera o
cozimento do macarrão. Esse aumento na temperatura de ebulição do solvente não depende da
substância que foi adicionada, mas sim da concentração de soluto presente na mistura.
As propriedades coligativas são características das soluções que dependem apenas da concentração das
partículas de soluto presentes no meio, e não da sua natureza. Isso pode ser considerado como a lei
geral das propriedades coligativas. O efeito dessas substâncias nas propriedades físicas das soluções
pode ser visto como no caso do sal na água usada para o preparo do macarrão.
Solvente
O solvente — também conhecido como dispersante — é a substância que dissolve o soluto. Ela permite
que o soluto dissemine-se em seu interior e está presente em maior quantidade na solução.
Soluto
O soluto é a substância dissolvida na solução, e é também conhecido como o dispersor. Quando falamos
em dispersões, estamos tratando de sistemas nos quais o soluto sólido está espalhado de maneira
uniforme por toda a mistura.
Antes de compreender o que é a tonoscopia, é preciso entender o conceito de pressão de vapor — que
é a pressão que o vapor de água exerce sobre a superfície de um líquido. Ela depende da constituição e
da temperatura em que o líquido está. Dessa forma, a tonoscopia, ou efeito tonoscópico, é a diminuição
da pressão de vapor de um líquido por meio da adição de um soluto não volátil.
Vamos imaginar moléculas de sacarose que se dissolvem na água e espalham-se entre as moléculas do
solvente. Para a dissolução ocorrer, é preciso que aconteça uma interação entre as substâncias. Essa
interação ocorre pela ação das forças intermoleculares.
As interações entre as moléculas de água e sacarose dificultam o escape do vapor do solvente. Dessa
forma, é possível perceber que a pressão de vapor de uma solução é menor que a do soluto puro.
69
Lembre-se de que o fator determinante para a diminuição da pressão de vapor é a concentração de
soluto presente na solução, e não a sua natureza. Assim, soluções de mesmo solvente com a mesma
concentração de partículas apresentarão pressões de vapor iguais.
Quando a temperatura de um líquido diminui, a energia de agitação das suas moléculas também reduz,
o que possibilita a formação de uma estrutura mais organizada: o sólido. A temperatura de solidificação
da água pura, ao nível do mar, é de 0°C.
Porém, a temperatura de congelamento de uma solução de água com sal é diferente. Quando essa
mistura é resfriada, apenas a água congela, enquanto o cloreto de sódio fica separado. Por esse motivo,
os icebergs são constituídos apenas de água doce.
Como dissemos no começo do artigo, a água com sal entra em ebulição a uma temperatura acima de
100°C, ao nível do mar, o que diminui o tempo de cozimento dos alimentos. Novamente, quanto mais
concentrada estiver a solução, maior será essa temperatura — ou seja, maior o seu efeito ebulioscópico.
Dessa forma, é fácil entender que o fenômeno conhecido como ebulioscopia significa o aumento da
temperatura de ebulição da água, causado pela presença de um soluto não volátil.
Pense na sua rotina: ao temperar uma salada com sal, é possível observar que as folhas murcham em
poucas horas — ou seja, elas perdem água. Mas, afinal, por que isso acontece?
70
As células dos vegetais são formadas por água e fluidos salinos. Quando adicionamos sal à sua
superfície, a água que está dentro das células sai espontaneamente. Isso acontece pela diferença de
concentração entre o meio externo e o meio interno das células.
Caso o meio externo esteja menos concentrado do que o interno, o contrário acontece e as células dos
vegetais incham.
Portanto, a osmose é a passagem de solvente do meio menos concentrado para o mais concentrado,
através de membranas semipermeáveis.
Leis da Osmometria
Existem duas Leis da Osmometria, definidas por Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-1911), químico
holandês e primeiro vencedor do Prêmio Nobel de Química. São elas:
a primeira lei diz que, em temperatura constante, a pressão osmótica de uma solução é diretamente
proporcional à sua molaridade;
na segunda Lei da Osmometria temos que, em molaridade constante, a pressão osmótica de uma
solução é diretamente proporcional à sua temperatura.
π=C×R×T×i
em que:
π é a pressão osmótica;
T é a temperatura em Kelvin;
71
Experimentos realizados em laboratório mostraram que a pressão de vapor de uma solução líquida é
diretamente proporcional à fração em quantidade de matéria do soluto. A partir desses dados, foi
possível formular a Lei de Raoult, definida como:
em que:
As propriedades coligativas estão presentes no nosso dia a dia, seja na cozinha, na secagem das roupas
ou na preparação de soros fisiológicos. Em alguns países, por exemplo, é necessário acrescentar sal à
neve para diminuir o ponto de congelamento da água e conseguir abrir passagem nas estradas.
Antes de finalizar os seus estudos, faça seu plano de estudos personalizado com o Stoodi e faça muitos
exercícios sobre propriedades coligativas!
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A forma canônica de Jordan (português brasileiro) ou forma canónica de Jordan (português europeu) é
uma forma de representar uma matriz ou operador linear através de uma outra matriz semelhante à
original que é quase uma matriz diagonal. No corpo dos números complexos, esta forma é uma matriz
triangular superior, em que os únicos elementos não-nulos são aqueles da diagonal ou imediatamente
acima da diagonal.
74
Definições
editar
Seja T um operador linear de um K-espaço vetorial V de dimensão finita, sendo K o corpo {\displaystyle \
mathbb {R} }\mathbb{R} ou {\displaystyle \mathbb {C} }\mathbb{C}.
Caso Real
editar
com {\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}}{\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}} se {\
displaystyle r\neq s}{\displaystyle r\neq s}.
Chama-se de um bloco de Jordan de ordem r à matriz quadrada de ordem r {\displaystyle J(\lambda ;r)}
{\displaystyle J(\lambda ;r)} dada por [1]
75
onde N é uma matriz nilpotente, pois {\displaystyle N^{r}=0}{\displaystyle N^{r}=0}.
Caso Complexo
editar
onde {\displaystyle \alpha _{r}+i\beta _{r}}{\displaystyle \alpha _{r}+i\beta _{r}} é uma raiz complexa de
pT, com {\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}}{\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}} e {\
displaystyle (\alpha _{r},|\beta _{r}|)\neq (\alpha _{s},|\beta _{s}|)}{\displaystyle (\alpha _{r},|\beta
_{r}|)\neq (\alpha _{s},|\beta _{s}|)} se {\displaystyle r\neq s}{\displaystyle r\neq s}.
Se {\displaystyle \alpha +i\beta }{\displaystyle \alpha +i\beta } é uma raiz complexa de {\displaystyle
p_{T}(\lambda )}{\displaystyle p_{T}(\lambda )}, define-se, analogamente à matriz {\displaystyle J(\
lambda ;r)}{\displaystyle J(\lambda ;r)},
onde
76
{\displaystyle A={\begin{bmatrix}\alpha &\beta \\-\beta &\alpha \end{bmatrix}}}{\displaystyle A={\
begin{bmatrix}\alpha &\beta \\-\beta &\alpha \end{bmatrix}}} e {\displaystyle {\bar {1}}={\
begin{bmatrix}1&0\\0&1\end{bmatrix}}}{\displaystyle {\bar {1}}={\begin{bmatrix}1&0\\0&1\
end{bmatrix}}}
editar
com {\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}}{\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}} se {\
displaystyle r\neq s}{\displaystyle r\neq s}, {\displaystyle \lambda _{r}\in \mathbb {C} }{\displaystyle \
lambda _{r}\in \mathbb {C} }, então existe uma base na qual a matriz de T é da forma
onde {\displaystyle J_{1},\ldots ,J_{p}}{\displaystyle J_{1},\ldots ,J_{p}} são da forma {\displaystyle J(\
lambda ;r),\,r\in \mathbb {N} }{\displaystyle J(\lambda ;r),\,r\in \mathbb {N} } e {\displaystyle \lambda \
in \{\lambda _{1},\ldots ,\lambda _{n}\}}{\displaystyle \lambda \in \{\lambda _{1},\ldots ,\lambda
_{n}\}}.
onde {\displaystyle \alpha _{r}+i\beta _{r}}{\displaystyle \alpha _{r}+i\beta _{r}} é uma raiz complexa de
pT com {\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}}{\displaystyle \lambda _{r}\neq \lambda _{s}} e {\
displaystyle (\alpha _{r},\beta _{r})\neq (\alpha _{s},\beta _{s})}{\displaystyle (\alpha _{r},\beta _{r})\neq
(\alpha _{s},\beta _{s})} se {\displaystyle r\neq s}{\displaystyle r\neq s} ({\displaystyle \beta _{r}>0}{\
displaystyle \beta _{r}>0}), então existe uma base com relação à qual a matriz de T é da forma
77
{\displaystyle J=\operatorname {diag} \ (J_{1},\ldots ,J_{n},R_{1},\ldots ,R_{k}),}{\displaystyle J=\
operatorname {diag} \ (J_{1},\ldots ,J_{n},R_{1},\ldots ,R_{k}),}
onde {\displaystyle J_{1},\ldots ,J_{p}}{\displaystyle J_{1},\ldots ,J_{p}} são da forma {\displaystyle J(\
lambda ;r),\,r\in \mathbb {N} }{\displaystyle J(\lambda ;r),\,r\in \mathbb {N} } e {\displaystyle \lambda \
in \{\lambda _{1},\ldots ,\lambda _{n}\}}{\displaystyle \lambda \in \{\lambda _{1},\ldots ,\lambda _{n}\}}
e {\displaystyle R_{1},\ldots ,R_{q}}{\displaystyle R_{1},\ldots ,R_{q}} são da forma {\displaystyle R(\
alpha ,\beta ;n),\,n\in \mathbb {N} }{\displaystyle R(\alpha ,\beta ;n),\,n\in \mathbb {N} } e {\
displaystyle (\alpha ,\beta )\in \{(\alpha _{1},\beta _{1}),\ldots ,(\alpha _{k},\beta _{k})\}}{\displaystyle (\
alpha ,\beta )\in \{(\alpha _{1},\beta _{1}),\ldots ,(\alpha _{k},\beta _{k})\}}.
Corolário
editar
A matriz de um operador T com relação a uma base qualquer é semelhante a uma matriz da forma {\
displaystyle J=\operatorname {diag} \ (J_{1},\ldots ,J_{p})}{\displaystyle J=\operatorname {diag} \ (J_{1},\
ldots ,J_{p})} (caso complexo) ou {\displaystyle J=\operatorname {diag} \ (J_{1},\ldots ,J_{p},R_{1},\
ldots ,R_{q})}{\displaystyle J=\operatorname {diag} \ (J_{1},\ldots ,J_{p},R_{1},\ldots ,R_{q})} (caso real).
Observações
editar
editar
{\displaystyle {\begin{bmatrix}42&1&0&0\\0&42&0&0\\0&0&42&0\\0&0&0&42\end{bmatrix}}\,}{\
displaystyle {\begin{bmatrix}42&1&0&0\\0&42&0&0\\0&0&42&0\\0&0&0&42\end{bmatrix}}\,},
78
em que {\displaystyle \lambda _{1}=\lambda _{2}=\lambda _{3}=\lambda _{4}=42\,}{\displaystyle \
lambda _{1}=\lambda _{2}=\lambda _{3}=\lambda _{4}=42\,}, {\displaystyle m_{1}=2\,}{\displaystyle
m_{1}=2\,} e {\displaystyle m_{2}=m_{3}=1\,}{\displaystyle m_{2}=m_{3}=1\,}.
Unicidade
editar
Referências
Bibliografia
editar
(em inglês) Daniel T. Finkbeiner II, Introduction to Matrices and Linear Transformations, Third Edition,
Freeman, 1978.
(em inglês) Gene H. Golub and Charles F. Van Loan, Matrix Computations (3rd ed.), Johns Hopkins
University Press, Baltimore, 1996.
(em inglês) Shafarevich, Igor R., Remizov, Alexey O. Linear Algebra and Geometry, Springer, 2012, ISBN
978-3-642-30993-9
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GENÉTICA
Os grupos sanguíneos são um aspecto fundamental da medicina moderna e têm grande importância em
diversos campos, incluindo transfusões de sangue, transplantes de órgãos e estudos de genética. Essa
classificação é determinada pela presença ou ausência de antígenos específicos na superfície das
hemácias do sangue.
Existem quatro tipos principais de grupos sanguíneos: A, B, AB e O. Pessoas com sangue tipo A possuem
antígenos A, enquanto aqueles com sangue tipo B possuem antígenos B. Já as pessoas com sangue tipo
AB possuem ambos os antígenos, enquanto as com sangue tipo O não apresentam nenhum dos
antígenos.
Além dos antígenos A e B, o sangue também contém anticorpos correspondentes, que reagem com os
antígenos estranhos. Pessoas com sangue tipo A possuem anticorpos anti-B, enquanto as com sangue
80
tipo B possuem anticorpos anti-A. Já as pessoas com sangue tipo AB não possuem anticorpos anti-A nem
anti-B, enquanto as com sangue tipo O possuem ambos os anticorpos.
A classificação dos grupos sanguíneos também é importante em estudos de genética, uma vez que o
tipo sanguíneo é determinado por genes específicos. Os genes que determinam o tipo sanguíneo são
herdados de forma dominante ou recessiva, o que significa que uma pessoa pode ter um gene para o
tipo A e outro para o tipo B, mas expressará apenas um desses tipos.
Além disso, o tipo sanguíneo pode ter implicações em diversos aspectos da saúde, incluindo o risco de
certas doenças. Por exemplo, pessoas com sangue tipo A podem ter um risco aumentado de doenças
cardíacas, enquanto aquelas com sangue tipo O têm um risco menor.
Em resumo, os grupos sanguíneos são uma classificação importante na medicina moderna, com
implicações críticas em transfusões de sangue, transplantes de órgãos e estudos de genética. É
importante entender como essa classificação é determinada e como ela pode afetar a saúde e o bem-
estar das pessoas.
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Ciência
Mais de um século depois da descoberta, ainda não sabemos ao certo o motivo pelo qual temos tipos
diferentes de sangue. Eles realmente importam?
21.8.2019
CARL ZIMMER*
Ainda é um mistério para a ciência o verdadeiro motivo por que temos diferentes tipos sanguíneos
(Foto: Pixabay)
AINDA É UM MISTÉRIO PARA A CIÊNCIA O VERDADEIRO MOTIVO POR QUE TEMOS DIFERENTES TIPOS
SANGUÍNEOS (FOTO: PIXABAY)
Quando meus pais me informaram que meu tipo sanguíneo era A+, senti um estranho orgulho. Se A+
era a nota mais alta na escola [no sistema escolar norte-americano, A+ é o equivalente a 10], então
certamente A+ era o melhor tipo sanguíneo — uma marca biológica de distinção.
Não levou muito tempo para que eu percebesse o quão bobo era esse sentimento. Mas não aprendi
muito mais sobre o que realmente significava ter tipo sanguíneo A+. Ao me tornar um adulto, tudo o
que eu realmente sabia era que se acabasse em um hospital precisando sangue, os médicos teriam que
ter certeza de que fariam uma transfusão com o tipo de sangue adequado.
E ainda assim permaneceram algumas perguntas insistentes. Por que 40% dos caucasianos têm tipo
sanguíneo A, enquanto somente 27% dos asiáticos o têm? De onde vêm os diferentes tipos sanguíneos e
o que eles fazem? Para conseguir algumas respostas, fui aos especialistas — hematologistas,
geneticistas, biólogos evolucionários, virologistas e cientistas da nutrição.
Em 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner descobriu os tipos sanguíneos pela primeira vez,
vencendo o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1930 por sua pesquisa. Desde então, cientistas
desenvolveram ferramentas ainda mais poderosas para desvendar a biologia dos tipos sanguíneos. Eles
descobriram algumas pistas valiosas — traçando a ancestralidade, por exemplo, e detectando
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influências dos tipos sanguíneos em nossa saúde. E ainda assim descobri que em muitas maneiras os
tipos sanguíneos permanecem estranhamente misteriosos. Cientistas ainda têm que conseguir uma boa
explicação para a existência deles.
“Não é incrível?”, diz Ajit Varki, um biólogo na Universidade da Califórnia, San Diego. “Quase cem anos
depois que o prêmio Nobel foi dado para essa descoberta, ainda não sabemos exatamente para que eles
servem”
Meu conhecimento de que sou tipo A foi possível graças a uma das maiores descobertas da história da
medicina. Porque médicos conhecem os tipos sanguíneos, eles podem salvar vidas ao fazerem
transfusões em pacientes. Mas pela maior parte da história, a noção de colocar o sangue de uma pessoa
em outra era um sonho febril.
SAIBA MAIS
Médicos da Renascença imaginavam o que poderia acontecer se colocassem sangue nas veias de seus
pacientes. Alguns pensavam que poderia ser um tratamento para todos os tipos de doenças, até
insanidade. Finalmente, nos anos 1600, alguns médicos testaram a ideia, com resultados desastrosos.
Um médico francês injetou sangue de bezerro em um homem louco, que começou a suar, vomitar e
urinar com a cor de fuligem. Depois de outra transfusão, o homem morreu.
Tais calamidades deram uma má reputação a transfusões sanguíneas por 150 anos. Até no século 19
somente alguns médicos ousavam tentar o procedimento. Um deles foi o britânico James Blundell.
Como os outros médicos de seu tempo, ele viu muitas mulheres morrerem de hemorragia no parto.
Depois da morte de uma paciente em 1817, ele concluiu que não poderia se conformar com a forma
como as coisas eram. “Eu não poderia deixar de considerar que a paciente poderia ter sido salva por
uma transfusão”, ele escreveu.
Pacientes humanos deveriam receber somente sangue humano, Blundell decidiu. Mas ninguém nunca
havia experimentado realizar tal transfusão. Blundell começou desenhando um sistema de funis de
seringas e tubos que poderiam canalizar o sangue de um doador a um paciente em necessidade. Depois
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de testar o aparato em cachorros, Blundell foi chamado para atender um homem que estava com
hemorragia. “A transfusão poderia dar a ele uma chance de viver”, ele escreveu.
Alguns doadores deram a Blundell 415 ml de sangue, os quais ele injetou no braço do homem. Depois
do procedimento, o paciente disse a Blundell que se sentiu melhor — “menos tonto” — mas dois dias
depois ele morreu.
Mesmo assim, a experiência convenceu Blundell de que a transfusão sanguínea seria um grande
benefício para a humanidade, e ele continuou colocando sangue em pacientes desesperados nos anos
seguintes. Ele teria feito dez transfusões. Somente quatro pacientes sobreviveram.
Embora outros médicos também tenham feito experiências com transfusão sanguínea, suas taxas de
sucesso eram igualmente baixas. Diferentes tentativas foram feitas, incluindo as dos anos 1870 de usar
leite nas transfusões (o que sem surpresas era ineficaz e perigoso).
Blundell tinha razão em acreditar que humanos deveriam somente receber sangue humano. Mas ele
não sabia de outro fato crucial sobre o sangue: que humanos deveriam receber sangue somente de
certos outros humanos. É provável que a ignorância de Blundell sobre esse fato simples tenha causado a
morte de alguns de seus pacientes. O que torna essas mortes ainda mais trágicas é que a descoberta dos
tipos sanguíneos, algumas décadas depois, foi o resultado de um procedimento relativamente simples.
As primeiras pistas sobre por que as transfusões do início do século 19 falharam foram os coágulos de
sangue. Quando cientistas no fim de 1800 misturaram sangue de diferentes pessoas em tubos de teste,
eles notaram que às vezes as células de sangue vermelhas grudavam. Mas porque o sangue geralmente
vinha de pacientes doentes, os cientistas ignoraram os coágulos pensando se tratar de alguma patologia
que não valia a pena investigar. Ninguém se interessou em ver se o sangue de pessoas saudáveis
também geraria coágulos, até Karl Landsteiner imaginar o que aconteceria. Imediatamente, ele pode ver
que as misturas de sangue saudável às vezes também coagulavam.
O austríaco descobriu que os coágulos ocorriam somente se ele misturasse o sangue de certas pessoas.
Ao desvendar todas as combinações, ele separou os sujeitos em três grupos e deu a eles os nomes
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arbitrários de A, B e C. (Mais tarde, C foi renomeado O, e alguns anos depois outros pesquisadores
descobriram o grupo AB. Na metade do século 20, o pesquisador norte-americano Philip Levine
descobriu outra forma de categorizar o sangue, baseado na presença do fator Rh. O sinal de adição ou
subtração no fim das letras de Landsteiner indica se a pessoa tem o fator ou não.)
Quando Landsteiner misturou o sangue de pessoas diferentes, descobriu que havia algumas regras. Se
misturasse o plasma do grupo A com células vermelhas de outra pessoa do grupo A, o plasma e as
células permaneciam líquidos. A mesma regra ocorria para o grupo B. Mas se Landsteiner misturasse o
plasma do grupo A com as células vermelhas do grupo B, as células coagulavam (e vice-versa).
O sangue das pessoas no grupo O era diferente. Quando Landsteiner misturava células vermelhas de A
ou B no plasma de O, as células coagulavam. Mas ele podia adicionar o plasma de A ou B às células
vermelhas de O sem nenhuma coagulação.
É essa coagulação que tornam as transfusões sanguíneas tão potencialmente perigosas. Se um médico
acidentalmente injetasse sangue tipo B em meu braço, meu corpo ficaria repleto de pequenos coágulos.
Eles atrapalhariam minha circulação e me fariam sangrar absurdamente, lutar para respirar e
potencialmente morrer. Mas se eu recebesse sangue tanto do tipo A ou O, eu ficaria bem.
Landsteiner não sabia o que precisamente distinguia um tipo sanguíneo de outro. Gerações seguintes
descobriram que as células vermelhas em cada tipo sanguíneo são decoradas com diferentes moléculas
em suas superfícies. No meu sangue tipo A, por exemplo, as células constróem essas moléculas em dois
estágios, como dois pisos de uma casa. O primeiro piso é chamado antígeno H. No topo do primeiro
piso, as células constróem um segundo, chamado antígeno A.
Pessoas com sangue tipo B, por outro lado, constróem o segundo andar da casa em um formato
diferente. E pessoas com sangue tipo O constróem uma casa de somente um andar, como um rancho:
eles constróem somente o antígeno H e não seguem adiante.
O sistema imunológico de cada pessoa se torna familiar com seu tipo sanguíneo. Se um indivíduo recebe
uma transfusão do tipo de sangue errado, o sistema imune responde com um ataque furioso, como se o
sangue fosse um invasor. A exceção para essa regra é o tipo O. Ele só tem antígenos H, que estão
presentes também em outros tipos de sangue. Para uma pessoa com tipo A ou B, ele parece familiar.
Essa familiaridade torna pessoas com tipo O doadores universais, por isso seu sangue é valioso para
bancos sanguíneos.
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Landsteiner relatou seu experimento em um artigo curto em 1900. “(...) as observações relatadas
podem ajudar na explicação das diferentes consequências de transfusões sanguíneas terapêuticas”, ele
concluiu em uma subavaliação primorosa. A descoberta de Landsteiner abriu o caminho para
transfusões seguras em larga escala, e até hoje bancos sanguíneos usam o método básico de observar a
reação das células sanguíneas como um teste rápido e confiável de tipo sanguíneo.
Mas enquanto respondia a uma questão antiga, Landsteiner levantou outras novas. Para que os tipos
sanguíneos servem? Por que as células vermelhas se preocupam com construir suas casas moleculares?
E por que as pessoas têm casas diferentes?
Respostas científicas sólidas a essas perguntas têm sido difíceis de encontrar. Enquanto isso, algumas
explicações científicas ganharam enorme popularidade. “Tem sido ridículo”, suspira Connie Westhoff,
diretora de Imuno-hematologia, Genômica e Sangue Raro do Centro de Sangue de Nova York.
Em 1996, um naturopata chamado Peter D’Adamo publicou um livro chamado A Dieta do Tipo
Sanguíneo. D’Adamo argumentou que devemos comer de acordo com nossos tipos sanguíneos, a fim de
harmonizar com nossa herança evolutiva.
A partir dessas suposições, D’Amado então afirmou que nosso tipo sanguíneo determina que comida
devemos comer. Com meu tipo de sangue A, baseado na agricultura, por exemplo, eu deveria ser
vegetariano. Pessoas com o tipo O, de antigos caçadores, devem ter uma dieta rica em carne e evitar
grãos e laticínios. De acordo com o livro, comidas que não são adequadas ao nosso sangue contêm
antígenos que podem causar todos os tipos de doenças. D’Adamo recomendou sua dieta como forma de
reduzir infecções, perder peso, lutar contra câncer e diabetes, além de retardar o processo de
envelhecimento.
O livro de D’Adamo vendeu 7 milhões de cópias e foi traduzido em 60 línguas. Foi prosseguido por uma
corrente de outros livros de dieta do tipo sanguíneo; D’Adamo também vende suplementos alimentares
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para cada tipo sanguíneo em seu site. Como resultado, médicos frequentemente são questionados por
seus pacientes se dietas de tipo sanguíneo de fato funcionam.
A melhor forma de responder a essa pergunta é fazer um experimento. No livro, D’Adamo escreveu que
ele estava no oitavo ano de um teste que duraria uma década de dietas do tipo sanguíneo em mulheres
com câncer. Após 18 anos, no entanto, os dados desse teste ainda não foram publicados (o texto foi
escrito em 2014).
SAIBA MAIS
Remédio para cólica pode ser usado para tratar esquistossomose, diz estudo
Recentemente, pesquisadores na Cruz Vermelha da Bélgica decidiram ver se havia alguma outra
evidência favorável à dieta. Eles buscaram na literatura científica experimentos que mediam os
benefícios de dietas baseadas em tipos sanguíneos. Embora tenham examinado mais de mil estudos,
seus esforços foram inúteis. “Não há evidência direta apontando benefícios à saúde das dietas de tipos
sanguíneos”, disse Emmy De Buck, da Cruz Vermelha da Bélgica-Flanders.
Depois que De Buck e seus colegas publicaram a revisão no American Journal of Clinical Nutrition,
D’Adamo respondeu em seu blog. Apesar da falta de evidências publicadas que apoiam sua dieta, ele
afirmou que a ciência por trás dela está certa. “Existe boa ciência por trás das dietas de tipo sanguíneo,
do mesmo modo como havia boa ciência por trás dos cálculos matemáticos [sic] que levaram à Teoria da
Relatividade”, ele escreveu.
Não obstante as comparações a Einstein, os cientistas que de fato fazem pesquisas sobre tipos
sanguíneos categoricamente rejeitam tais afirmações. “A promoção dessas dietas é errado”, um grupo
de pesquisadores declarou no Transfusion Medicine Reviews.
Mesmo assim, algumas pessoas que seguem a dieta do tipo sanguíneo veem resultados positivos. De
acordo com Ahmed El-Sohemy, um cientista nutricional na Universidade de Toronto, não há razões para
pensar que os tipos sanguíneos têm algo a ver com o sucesso da dieta.
El-Sohemy é um especialista no novo campo da nutrigenômica. Ele e seus colegas recrutaram 1500
voluntários, acompanhando os alimentos que eles comem e a saúde deles. Os cientistas estão
analisando o DNA dos sujeitos para ver como os genes podem influenciar a forma como a comida os
afeta. Duas pessoas podem responder de formas diferentes à mesma dieta dependendo de seus genes.
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“Quase toda vez que dou palestras sobre o assunto, alguém no final me pergunta ‘é como a dieta do
tipo sanguíneo?’”, diz El-Sohemy. Como um cientista, ele considerou o livro A Dieta do Tipo Sanguíneo
incompleto. “Nenhuma das coisas no livro é baseada na ciência”, ele disse. Mas El-Sohemy percebeu
que como ele conhecia os tipos sanguíneos de seus 1500 voluntários, era possível ver se a dieta do tipo
sanguíneo de fato era boa para as pessoas.
El-Sohemy e seus colegas dividiram os participantes de acordo com suas dietas. Alguns tiveram a dieta
rica em carnes recomendada por D’Adamo para o tipo O, outros comeram uma dieta vegetariana
recomendada para o tipo A, e assim por diante. Os cientistas deram a cada pessoa no estudo uma
pontuação para quão bem aderiram a cada dieta do tipo sanguíneo.
Os pesquisadores descobriram que, de fato, algumas das dietas poderia fazer bem. Pessoas que
aderiram à dieta do tipo A, por exemplo, tiveram redução do IMC, da cintura e da pressão sanguínea.
Pessoas na dieta do tipo O tiveram índices de triglicerídeos menores. A dieta do tipo B — rica em
laticínios — não trouxe nenhum benefício.
“O truque”, diz El-Sohemy, “é que não tem nada a ver com o tipo sanguíneo das pessoas.” Em outras
palavras, se você tem tipo de sangue O, você pode se beneficiar de uma dieta do tipo A tanto quanto
uma pessoa com sangue tipo A — provavelmente porque os benefícios de uma dieta principalmente
vegetariana podem ser aproveitados por qualquer um. Assim como quem adere a uma dieta do tipo O,
que corta muitos carboidratos, também vai ter vantagens. Do mesmo modo, uma alimentação rica em
laticínios não é saudável para ninguém — não importa o tipo sanguíneo.
Um dos atrativos da dieta do tipo sanguíneo é a história da origem de como adquirimos nossos
diferentes tipos sanguíneos. Mas essa história se parece pouco com a evidência que cientistas coletaram
sobre a evolução dos tipos de sangue.
90
coagula com meu sangue tipo A não necessariamente significa que o macaco herdou o mesmo tipo de
gene A que eu carrego de um ancestral comum que nós compartilhamos. O tipo de sangue A pode ter
evoluído mais de uma vez.
A incerteza lentamente começou a se dissolver, começando nos anos 1990 com cientistas decifrando a
biologia molecular de tipos sanguíneos. Eles descobriram que um único gene, chamado ABO, é
responsável por construir o segundo andar da casa do tipo sanguíneo. A versão A do gene se difere do B
por algumas mutações-chave. Pessoas com sangue tipo O têm mutações no gene ABO que as previne de
fazer a enzima que constrói o antígeno A ou B.
Cientistas poderiam então começar comparando o gene ABO de humanos com outras espécies. Laure
Ségurel e seus colegas no Centro Nacional de Pesquisa Científica em Paris lideraram a pesquisa mais
ambiciosa de genes ABO em primadas feita até o momento. E descobriram que nossos tipos sanguíneos
são profundamente velhos. Gibões e humanos ambos têm variantes tanto para sangue tipo A quanto B,
que vêm de um ancestral comum que viveu há 20 milhões de anos.
Nossos tipos de sangue podem ser até mais velhos, mas é difícil saber quão velhos. Cientistas ainda têm
que analisar os genes de todos os primatas, portanto não podem ver quão presentes nossas próprias
versões estão em outras espécies. Mas a evidência que cientistas coletaram até agora já revela uma
história turbulenta de tipos sanguíneos. Em algumas linhagens as mutações acabaram com um tipo de
sangue ou outro. Chimpanzés, nossos parentes mais próximos ainda vivos, têm somente tipos A e O.
Gorilas, por sua vez, só têm B. Em alguns casos, mutações alteraram o gene ABO, transformando o tipo
A no tipo B. E mesmo em humanos, cientistas estão descobrindo que são frequentes as mutações que
previnem a proteína ABO de construir um segundo piso na casa do tipo sanguíneo. Essas mutações
transformaram tipos de sangue A ou B em O. “Existem centenas de maneiras de ser tipo O”, diz
Westhoff.
Ser tipo A não é um legado dos meus ancestrais fazendeiros, em outras palavras. É um legado dos meus
ancestrais macacos. Sem dúvida, se meu tipo sanguíneo sobreviveu por milhões de anos, ele deve estar
me fornecendo alguns benefícios biológicos óbvios. Caso contrário, por que minhas células sanguíneas
se preocupam em construir estruturas moleculares tão complicadas?
Ainda assim, cientistas lutam para identificar qual benefício o gene ABO fornece. “Não existe uma
explicação boa e definitiva para ABO”, diz Antoine Blancher da Universidade de Toulouse, “embora
muitas respostas tenham sido dadas.”
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O fenótipo de Bombaim
A demonstração mais chamativa da nossa ignorância sobre o benefício de tipos sanguíneos foi
evidenciada em Bombaim, em 1952. Médicos descobriram que um punhado de pacientes não tinha tipo
de sangue ABO — não A, não B, não AB, não O. Se A e B são casas de dois andares, O é uma de um
andar, então esses pacientes de Bombaim só tinham um terreno vazio.
O fenótipo de Bombaim prova que não há vantagem imediata de vida ou morte em ter tipos de sangue
ABO. Alguns cientistas pensam que a explicação para os tipos sanguíneos pode estar em suas variações.
Isso porque diferentes tipos de sangue podem nos proteger de doenças.
Médicos notaram pela primeira vez uma conexão entre tipos de sangue e enfermidades na metade do
século 20, e a lista continua a crescer. “Existem muitas associações sendo descobertas entre grupos
sanguíneos e infecções, cânceres e uma variedade de doenças”, Pamela Greenwell, da Universidade de
Westminster, me disse.
Foi Greenwell que me explicou, para meu descontentamento, que meu tipo de sangue A aumenta o
risco de eu desenvolver alguns tipos de câncer, como certos tumores no pâncreas e leucemia. Sou
também mais propenso a infecções por varíola, doenças cardiovasculares e malária severa. Já pessoas
com tipo O, por exemplo, têm maior probabilidade de ter úlceras e ruptura no tendão de Aquiles.
Essas conexões entre tipos sanguíneos e doenças têm uma arbitrariedade misteriosa, e cientistas apenas
começaram a compreender as razões por trás delas. Por exemplo, Kevin Kai, da Universidade de
Toronto, e seus colegas têm investigado por que pessoas com tipo O têm maior proteção contra malária
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severa do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Seus estudos indicam que células imunes têm mais
facilidade em reconhecer células de sangue infectadas se elas são do tipo O do que outros tipos.
Mais confusas são as conexões entre tipos de sangue e doenças que não têm nada a ver com o sangue.
Veja o norovírus. Esse patógeno nojento é o terror de cruzeiros, visto que pode atacar centenas de
passageiros, causando casos severos de vômito e diarreia. Ele faz isso ao invadir as células intestinais,
deixando as sanguíneas intocadas. Mesmo assim, o tipo de sangue de cada um influencia o risco de ser
infectado por uma variedade em particular de norovírus.
A solução para esse mistério pode ser encontrada no fato de que células sanguíneas não são as únicas a
produzirem antígenos de tipo de sangue. Eles também são produzidos por células nas veias sanguíneas,
no sistema respiratório, na pele e no cabelo. Muitas pessoas até secretam antígenos de tipo sanguíneo
na saliva. Os norovírus podem nos deixar doentes ao se agarrarem aos antígenos produzidos por células
no intestino.
Ainda assim, um norovírus só se agarra firmemente a uma célula se suas proteínas couberem
confortavelmente no antígeno de tipo sanguíneo da célula. Então é possível que cada cepa de norovírus
tenha proteínas adaptadas para se agarrar firmemente a certos antígenos de tipo de sangue, mas não
outros. Isso poderia explicar por que nosso tipo de sangue pode influenciar qual cepa de norovírus pode
nos deixar doentes.
SAIBA MAIS
Também pode ser uma dica de por que uma variedade de tipos de sangue sobreviveram por milhares de
anos. Nossos ancestrais primatas estavam presos em uma batalha interminável contra patógenos,
incluindo vírus, bactérias e outros inimigos. Alguns desses patógenos podem ter se adaptado para
explorar diferentes tipos de antígenos de tipo de sangue. Os patógenos que se encaixavam melhor nas
variedades sanguíneas mais comuns podem ter sobrevivido melhor, porque tinham a maior parte de
hospedeiros para infectar. Mas, gradualmente, eles podem ter destruído essa vantagem ao matar os
hospedeiros. Enquanto isso, primatas com tipos de sangue mais raros prosperaram, graças à proteção
que tinham contra alguns dos inimigos.
Enquanto contemplo essa possibilidade, meu tipo de sangue A permanece tão intrigante quanto quando
eu era um menino. Mas é um estado mais profundo de perplexidade que me traz algum prazer. Eu
percebo que a razão para meu tipo de sanguíneo pode, afinal, não ter nada a ver com sangue.
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*Texto originalmente publicado no site Mosaic Science
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QUAL A IMPORTÂNCIA DA TIPAGEM SANGUÍNEA?
A tipagem sanguínea é uma importante ferramenta na área da saúde que permite identificar qual é o
tipo sanguíneo de um indivíduo. Existem quatro tipos sanguíneos principais: A, B, AB e O, e a presença
de determinados antígenos na superfície das hemácias (glóbulos vermelhos) determina o tipo
sanguíneo.
O exame de tipagem sanguínea é um exame de sangue comum feito através da coleta da amostra de
sangue de um indivíduo é levado a um laboratório para análise. Coloca-se uma gota de sangue em cima
de uma lâmina para cada tipo de antígeno.
A Tipagem Sanguínea é o processo de coleta e análise do sangue do paciente para identificar a qual
grupo sanguíneo ele pertence. Além de facilitar na hora do atendimento, também é importantíssimo
saber o tipo sanguíneo para doações de sangue, transfusões, gestação e outros atendimentos médicos.
O procedimento de descoberta é rápido e indolor.
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No Brasil apenas 1,8% da população é doadora de sangue, embora a meta da Organização Mundial de
Saúde seja alcançar 3%. Isso ocorre por muitos fatores e, mesmo entre os poucos cidadãos dispostos a
doar sangue, há altas taxas de impedimento. Quem doa pode ser motivado por amigos ou família, mas o
principal objetivo é salvar vidas.
Portar documento oficial e original de identidade com foto que contenha CPF e esteja dentro do prazo
de validade (RG, Carteira Profissional, Carteira de Habilitação);
Ter entre 16 e 69 anos de idade*, sendo que a primeira doação deve ter sido feita até 60 anos
incompletos;
Estar alimentado, porém tendo evitado refeições pesadas (gordurosas) nas 3 horas que antecedem a
doação.
Além disso, a tipagem sanguínea também é importante para determinar a compatibilidade entre doador
e receptor em transplantes de órgãos. Por exemplo, um paciente com sangue tipo A só pode receber um
órgão de um doador com sangue tipo A ou O, enquanto um paciente com sangue tipo B só pode receber
um órgão de um doador com sangue tipo B ou O.
96
Outra importância da tipagem sanguínea está relacionada à gravidez. Caso uma mãe tenha sangue tipo
Rh negativo e o pai tenha sangue Rh positivo, o feto pode herdar o fator Rh do pai, o que pode
desencadear uma reação imunológica da mãe contra o feto. Isso pode levar à doença hemolítica do
recém-nascido, que pode causar anemia, icterícia e até mesmo danos cerebrais.
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TIPAGEM SANGUÍNEA: O QUE É E POR QUE É IMPORTANTE?
tipagem-sanguinea
A Tipagem Sanguínea é o processo de coleta e análise do sangue do paciente para identificar a qual
grupo sanguíneo ele pertence. Além de facilitar na hora do atendimento, também é importantíssimo
saber o tipo sanguíneo para doações de sangue, transfusões, gestação e outros atendimentos médicos.
O procedimento de descoberta é rápido e indolor.
Em casos de transfusão de sangue, saiba de quem você pode receber e para quem você pode doar:
A+ A+ A- O+ O- A+ AB+
A- A- O- A+ A- AB+ AB-
B+ B+ B- O+ O- B+ AB+
B- B- O- B+ B- AB+ AB-
O+ O+ O- O+ A+ B+ AB+
O- O- Todos
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Esta é uma doença hemolítica por incompatibilidade Rh e acontece quando uma mãe Rh- (e que já
tenha entrado em contato com sangue Rh+ por gestação ou transfusão sanguínea inadequada) dá a luz
a um filho com sangue Rh+.
Após o parto do primeiro filho ou transfusão acidental, o sangue da mãe produz anticorpos conta o
sangue Rh+. Por isso, no parto da segunda gestação, os anticorpos podem causar hemólise (alteração,
dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue) do bebê. Isto resultará em uma anemia
profunda, e pode gerar incapacidade prolongada, danos cerebrais e insuficiência hepática, além de
poder levar à morte a mãe ou o filho.
A sua tipagem sanguínea e de fator Rh são automaticamente feitas em exames de sangue. Observe os
resultados e saiba informar seu grupo sanguíneo em procedimentos médicos.
No Brasil apenas 1,8% da população é doadora de sangue, embora da meta da Organização Mundial de
Saúde seja alcançar 3%. Isso ocorre por muitos fatores e, mesmo entre os poucos cidadãos dispostos a
doar sangue, há altas taxas de impedimento. Quem doa pode ser motivado por amigos ou família, mas o
principal objetivo é salvar vidas. Confira os requisitos para ser um doador e compareça ao Hemocentro
da sua cidade regularmente.
Requisitos básicos:
– Ter entre 16 e 69 anos (menores de idade precisam de autorização dos pais responsáveis);
100
– Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores;
Colabore e salve vidas: uma única bolsa de sangue pode atender até 4 pessoas.
Para auxiliar a comunidade escolar, o curso técnico de Análises Clínicas promoveu a Mostra de Análises
Clínicas e realizou o atendimento e a tipagem sanguínea de alunos e professores.
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O curso também é conhecido como Patologia Clínica ou Auxiliar de Laboratório. Em 18 meses, você
aprende a preparar e processar amostrar biológicas nos laboratórios, vivencia as práticas de coleta e
análise e participa de projetos sociais, mostras, eventos e estágio para aprender a profissão no dia-a-dia.
Entre as áreas de atuação estão indústrias alimentícias, farmacêuticas e cosméticas, laboratórios de
instituições de ensino privadas ou públicas, produção de reagentes para laboratórios, e muito mais.
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O tipo sanguíneo é determinado pela presença de antígenos e anticorpos nas hemácias. Os antígenos
podem ser do tipo A ou B. O tipo sanguíneo pode fornecer informações importantes sobre nosso
organismo.
Uma dessas informações está relacionada à nossa ascendência, afinal, nossa tipagem sanguínea e fator
RH são herdados de nossos pais. Mas esse não é o motivo mais importante para se conhecer mais sobre
seu próprio sangue.
Pensando nisso, no artigo de hoje vamos falar sobre tipagem sanguínea e sua importância. Confira!
Fator Rh
O fator Rh ou Rhesus, é uma proteína que pode ser encontrada na superfície dos glóbulos vermelhos
(células do sangue responsáveis por transportar o oxigênio).
Este fator é extremamente importante pois está relacionado à presença ou ausência de outro tipo de
antígenos nas hemácias.
106
Dessa forma, o fator Rh é positivo quando o antígeno está presente e negativo quando está ausente.
Enquanto os anticorpos, que estão presentes no plasma, são responsáveis por “atacar” os antígenos.
O cenário mais seguro para a doação de sangue é realizá-la utilizando o mesmo tipo sanguíneo e fator
Rh entre o doador e receptor. Porém, em casos de emergência, a doação pode ser feita através de tipos
sanguíneos distintos mas compatíveis.
O: doador universal;
A tipagem sanguínea é feita através de um exame laboratorial. Para isso, é coletada uma amostra para
análise da presença dos antígenos em um exame de sangue simples.
A tipagem sanguínea oferece informações importantes sobre nosso organismo. Além disso, existem
outros motivos que precisam ser mencionados.
Um exemplo disso é que uma mulher que possui o fator Rh do sangue negativo e engravida de uma
criança cujo fator Rh do sangue seja positivo desenvolve anticorpos ao longo da gestação.
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Sendo assim, na próxima gravidez de um bebê com fator Rh positivo, esses anticorpos podem atacar o
novo embrião, causando um aborto. Para resolver esse problema, basta que a mãe tome uma
medicação específica.
Outro motivo é que em casos de acidentes graves com perda significativa de sangue, nem sempre há
tempo de enviar uma amostra de sangue para o laboratório para descobrir o seu tipo e fator Rh. Por
esse motivo, ter essas informações disponíveis na carteira pode agilizar o atendimento e salvar a vida da
pessoa.
Por fim, conhecer o seu tipo sanguíneo é extremamente importante e pode salvar vidas. Então, se você
ainda não sabe qual é o seu, não perca tempo e agende seu exame!
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seus resultados prontos no mesmo dia.
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Realizada a partir da coleta de amostras de sangue para análise laboratorial, a tipagem sanguínea é
muito importante para a saúde. É um dado relevante e que pode contribuir para evitar problemas e a
ter uma assistência médica adequada.
Neste conteúdo, você irá entender o que é a tipagem sanguínea e por que é um método importante
para sua saúde. Continue a leitura e veja, também, quais são os grupos, como é o exame e muito mais
para esclarecer suas dúvidas sobre o tema!
O processo de tipagem sanguínea é um método utilizado para identificar o grupo sanguíneo a que um
indivíduo pertence. Basicamente, consiste em uma análise laboratorial, que avalia a presença ou
ausência de antígenos no sangue.
Nesse sentido, o sangue pode ser classificado em diferentes grupos, por exemplo:
110
Tipo A negativo ou positivo.
O que define se o tipo de sangue é positivo ou negativo é o antígeno Rh, que é um tipo de proteína.
Quando um indivíduo apresenta o Rh, ele tem o sangue do tipo positivo. Por outro lado, quem não tem
é classificado dentro do grupo sanguíneo negativo.
O sangue tem um papel vital no organismo, sendo responsável por transportar oxigênio, promover a
coagulação e proteger contra infecções, por exemplo. Fundamentalmente, é composto por partes
líquidas e sólidas, cada uma com sua finalidade.
Plasma: é a parte líquida, composta de sais minerais, vitaminas e água, representando 50% do volume
do sangue.
Os grupos sanguíneos mais comuns no Brasil, ou seja, os tipos de sangue predominantes são os do
grupo O positivo e do grupo A positivo. Pelo menos é essa a conclusão do mapa-múndi do sangue,
publicado pelo Gizmodo. Essas classes são as mais identificadas nas pessoas que realizam a tipagem.
O grupo sanguíneo considerado mais raro no Brasil, pelo menos a partir dos bancos de sangue, é o AB
negativo. No entanto, em estudo recente, descobriram que há um sangue chamado “Sangue Dourado”,
111
que não é nem Rh positivo nem negativo. Por falta de carga é que ele recebeu este nome, segundo um
dado do Canal Tech.
O tipo sanguíneo de uma pessoa pode ter relação com a propensão ao desenvolvimento de
determinadas doenças. Esse assunto é alvo de muitos estudos científicos, como o An agnostic study of
associations between ABO and RhD blood group and phenome-wide disease risk, realizado pelo Instituto
Karolinska e pela Universidade de Lund, na Suécia.
De acordo com a pesquisa, mulheres com sangue Rh positivo têm maiores possibilidades de desenvolver
hipertensão induzida pela gravidez. Por outro lado, pessoas portadoras do sangue tipo B têm menores
chances de ter pedras nos rins.
Além disso, no estudo Genomewide Association Study of Severe Covid-19 with Respiratory Failure, os
pesquisadores concluíram que o tipo sanguíneo A tem 45% de risco de desenvolver complicações da
Covid-19. Já o tipo O, que é outro muito comum no país, tem uma redução de 35% de chance.
Os estudos são importantes para que cada pessoa tenha atenção à probabilidade de desenvolver
doenças e, por meio dessas informações, tenham a chance de investir em métodos preventivos. Esse é
um dos principais motivos pelos quais é importante saber qual o tipo de sangue.
O exame de tipagem sanguínea acontece por meio de uma análise laboratorial, que analisa os antígenos
presentes ou ausentes do sangue. Para isso, é preciso coletar uma amostra do sangue do indivíduo para
fazer a avaliação.
112
Qual é a importância da tipagem sanguínea?
Em outras palavras, o grupo sanguíneo é considerado pelos médicos para avaliar possíveis tratamentos
e cuidados com a saúde. Inclusive para direcionar ações preventivas e no caso de pessoas que estão
mais suscetíveis a riscos de doenças.
Por esse motivo, saber o próprio tipo de sangue é indispensável para qualquer pessoa e em todas as
idades — mesmo para quem não pretende doar sangue ou não esteja em tratamento, pois é um dado
crucial para cuidar da saúde preventivamente.
Apesar de ser uma informação considerada básica, muitos brasileiros não sabem seu tipo de sangue.
Esse cenário é um problema sério, pois dificulta o atendimento médico em situações de risco e
emergenciais.
Por ser um dado que pode ajudar a evitar reações imunológicas negativas e incompatibilidades em caso
de algum atendimento médico, é importante avaliar a possibilidade de realizar o teste. Afinal, uma
simples avaliação tem potencial para salvar vidas e impedir a ocorrência de quadros graves.
No Laboratório Padrão, você encontra uma estrutura moderna para realizar exames de sangue com toda
segurança. Uma rede de mais de 30 unidades em Goiás e um time de profissionais especialistas para
oferecer o melhor atendimento.
Além das diversas unidades, você tem à disposição o serviço de atendimento móvel do Laboratório
Padrão, o SaudeMob. Um veículo adaptado para coletar amostras e aplicar vacinas onde estiver, seja em
casa, no trabalho ou em outro local.
113
Como notamos neste artigo, a tipagem sanguínea é um procedimento essencial, seja por questões
preventivas, tratamentos, doação de sangue ou cuidados na gestação. Uma informação básica para
qualquer pessoa e que deve sempre estar acessível.
Gostou do post? Agora que entendeu sobre esse importante tema, não deixe de saber qual o seu tipo de
sangue! Procure uma das unidades do Laboratório Padrão para fazer o exame de tipagem sanguínea
com toda segurança e precisão.
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Responsável técnico Dra. Marise Cardoso Cortês CRBM-3-761 RQE 38422 - CNPJ: 01.588.888/0001-98
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114
Paula Tostes
Lab
Muitas pessoas se preocupam com as doenças que podem estar presentes no sangue, mas o tipo
sanguíneo também pode fornecer informações importantes sobre seu organismo.
Uma delas está relacionada à sua ascendência 1 afinal, tanto a tipagem sanguínea quanto o fator RH são
herdados dos pais. Mas esse não é o motivo mais importante para se conhecer mais sobre seu próprio
sangue.
Neste texto, vamos explicar cada um dos tipos de sangue e falar sobre a importância não apenas de
saber, mas de ter essa informação anotada sempre junto de si. Confira!
O sangue humano pode ser classificado entre 4 tipos diferentes, além de 2 fatores Rh. Vamos entender
melhor como funciona a definição de cada tipo a seguir.
Tipagem sanguínea
Os tipos sanguíneos são determinados pela presença de antígenos e anticorpos nas hemácias. Os
antígenos podem ser do tipo A ou B enquanto os anticorpos, que estão presentes no plasma, são
responsáveis por “atacar” os antígenos. Sendo assim, o sangue pode ter apenas um dos tipos, ambos ou
mesmo nenhum deles.
115
tipo B: presença do antígeno B e do anticorpo A;
Fator Rh
O fator Rh do sangue está relacionado à presença ou ausência de outro tipo de antígenos nas hemácias.
Dessa forma, o fator Rh é positivo quando o antígeno está presente — do contrário, ele é negativo.
Compatibilidade
Para os casos de transfusão de sangue, o cenário mais seguro é realizá-la utilizando o mesmo tipos
sanguíneo e fator Rh entre doador e receptor. No entanto, em casos de emergências, é possível fazer o
procedimento com tipos sanguíneos compatíveis. Em tais situações, é preciso ter bastante cuidado, pois
cada tipo de sangue possui anticorpos que podem causar um choque anafilático em caso de contato
com o tipo errado. Sobre o fator Rh a regra é:
A tipagem sanguínea é feita por meio de exame laboratorial. Para isso, é coletada uma amostra para
análise da presença dos antígenos em um exame de sangue simples, realizado por qualquer laboratório
de confiança.
116
Por que essa informação é importante?
Como mencionamos no início deste texto, a tipagem sanguínea pode fornecer informações importantes
sobre uma pessoa, como os possíveis tipos sanguíneos dos seus pais e dos seus filhos.
No entanto, existem motivos muito importantes que valem a pena ser mencionados. Ainda nessa
questão parental, por exemplo, uma mulher que possui o fator Rh do sangue negativo e engravida de
uma criança cujo fator Rh do sangue seja positivo desenvolve anticorpos ao longo da gestação.
Sendo assim, na próxima gravidez de um bebê com fator Rh positivo, esses anticorpos atacam o novo
embrião, causando um aborto. Para resolver esse problema, basta que a mãe tome uma medicação
específica. No entanto, isso mostra a importância de ter o conhecimento sobre a tipagem sanguínea.
Outra situação em que a informação sobre o tipo de sangue pode ser vital é em casos de acidente mais
graves, com perda significativa de sangue. Nessas situações emergenciais, nem sempre há tempo de
enviar uma amostra de sangue para o laboratório para descobrir o seu tipo e fator Rh. Por esse motivo,
ter essas informações disponíveis na carteira, por exemplo, pode agilizar o atendimento e salvar a vida
da pessoa.
Como vimos, conhecer o seu tipo sanguíneo é muito importante e pode salvar vidas (de amigos,
parentes e até dos seus próximos filhos). Então, se você ainda não sabe qual é o seu, não perca tempo e
faça já o seu exame!
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próxima!
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9 comentários
Missão
30/07/2021 às 08:57
O meu grupo sanguineo é: O- não sei qual é a importancia desse grupo sanguineo?! Mas estou grata, e
muita grata mesmo pelo conteudo. Peço mais informaçoes relacionadas com Tipagem sanguínea.
Responder
Felipe Tostes
09/09/2021 às 15:25
Muito bacana o seu comentário, a sua dúvida é compartilhada por muita gente, vamos sim escrever
sobre este assunto em breve.
abraço
Responder
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Frequências fenotípicas dos grupos sanguíneos Kell, Duffy e Kidd em doadores de sangue do
Hemonúcleo de Apucarana, sul do Brasil
120
Phenotypic frequencies of the Kell, Duffy and Kidd blood groups in blood donors from Apucarana Blood
Center, southern Brazil
Recebido em 27/07/2017
DOI: 10.21877/2448-3877.201800605
121
Resumo
Objetivo: O objetivo desse estudo foi determinar as frequências fenotípicas dos grupos sanguíneos Kell,
Duffy e Kidd em uma população paranaense. Métodos: Foram avaliadas as frequências desses grupos
sanguíneos em 1.759 doadores de sangue fenotipados no Hemonúcleo de Apucarana, sul do Brasil. A
fenotipagem foi realizada pela aglutinação em gel-teste e os dados foram obtidos pelo sistema Report
Smith-Access, da rede Hemepar. Resultados: Essa população apresentou uma distribuição das
frequências fenotípicas de Kell, Kidd e Duffy compatível com populações caucasianas. Para averiguar
esse fato, nós comparamos nossos dados com aqueles de uma população da mesma região do Paraná,
composta principalmente por caucasianos. O fenótipo Fy(a+b-) foi mais frequente na população de
Apucarana do que na população de Maringá (22,68 vs. 12,50%, P<0,001), enquanto que o fenótipo Fy
(a+b+) foi menos frequente (37,24 vs. 48,0%, P<0,001). Conclusão: As frequências fenotípicas de três
grupos sanguíneos foram determinadas e poderão ser utilizadas pelos Serviços de Hematologia e
Hemoterapia na busca de unidades de concentrados de hemácias com fenótipos desejados e no cálculo
da incidência de doadores compatíveis, em casos de receptores com múltiplos aloanticorpos, além de
poderem ser utilizadas para comparações antropológicas e em estudos de associação com doenças.
Palavras-chave
INTRODUÇÃO
Essas estruturas são dotadas de imunogenicidade, ou seja, são capazes de induzir a produção de
anticorpos sempre que o sistema imune do indivíduo reconhece essas estruturas como estranhas. Isso
pode acontecer em situações em que o organismo não possua esses antígenos e seja exposto a eles,
como em transfusões sanguíneas, transplantes de órgãos ou tecidos e gestações, sendo o anticorpo
gerado chamado de aloanticorpo. Também pode ocorrer no caso de doenças autoimunes, nas quais o
122
organismo, erroneamente, reconhece estruturas próprias como estranhas e, nesses casos, será
chamado de autoanticorpo.(1) Esses antígenos são de grande interesse na medicina transfusional devido
ao risco de induzir a produção de aloanticorpos eritrocitários envolvidos nas incompatibilidades
sanguíneas, os quais podem provocar graves reações hemolíticas imediatas e tardias, além de estarem
envolvidos na Doença Hemolítica Feto e Recém-Nascido (DHFRN).(4,5) Na prática transfusional atual,
devido a esses riscos, tem-se recomendado a transfusão de hemácias fenotipicamente compatíveis com
os antígenos eritrocitários do paciente. Isso é particularmente importante no caso de pacientes
politransfundidos (neoplasias, doenças hematológicas e insuficiência renal crônica), quando o risco de
aloimunização aumenta a cada transfusão recebida.(4,6,7)
Além da importância destes grupos sanguíneos em Hemoterapia, destacam-se os recentes estudos que
correlacionam certas doenças, como por exemplo, a malária, câncer e periodontites, com a presença ou
ausência destes antígenos e a utilização em comparações antropológicas.(2,11-13)
MATERIAL E MÉTODOS
123
Jkb), Lewis (Lea, Leb), Lutheran (Lua, Lub) e MNS, mas neste trabalho foram analisados somente os
antígenos dos grupos Kell, Duffy e Kidd.
As amostras de sangue desses doadores foram imunofenotipadas, no período de 2005 a 2015, pela
metodologia de aglutinação em coluna gel-teste (Diamed Ag®, Morat, Switzerland).
Os resultados dos exames foram armazenados em um banco de dados, pelo software Report Smith-
Access, desenvolvido pelos técnicos da Secretaria de Saúde do Paraná (SESA), para a Hemorrede
Hemepar. As frequências antigênicas e fenotípicas foram obtidas por contagem direta em planilhas do
Excel (Microsoft® Office Excel 2003). O programa estatístico SNPStats foi usado para verificar se as
frequências dos fenótipos estavam em equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW).(15)
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Universidade Estadual de
Maringá (UEM – Parecer nº 925.467, 14/12/14) e pelo Comitê de Ética do Hospital do
Trabalhador/SES/Pr.
RESULTADOS
As frequências dos antígenos dos grupos sanguíneos Kell, Duffy e Kidd encontrados em doadores de
sangue do Hemonúcleo de Apucarana se encontram na Tabela 1. As frequências fenotípicas desses
antígenos e sua comparação com aquelas da região de Maringá se encontram na Tabela 2.
A distribuição dos fenótipos estava em equilíbrio de HW nessa população de estudo, com exceção dos
antígenos Duffy.
DISCUSSÃO
124
No norte do estado do Paraná (localização 22°29’30”-26°42’59″S e 48°02’24”-54°37’38″W), sul do Brasil,
região da qual Apucarana faz parte, observa-se a existência de cinco grandes grupos de imigrantes
europeus: portugueses, poloneses, ucranianos, alemães e italianos e, a partir do século IXX, outro grupo
étnico imigrou para a região, os japoneses; além de grande migração da população de outros estados,
principalmente, São Paulo e Minas Gerais, os quais com sua variada carga genética ajudaram a compor
esse mosaico racial.(13) Assim, devido a essa grande miscigenação característica de nosso país, houve a
necessidade de identificarmos a distribuição desses antígenos de grupos sanguíneos nessa região.
Comparando-se a distribuição das frequências dos antígenos e fenótipos dos grupos sanguíneos Kell,
Duffy e Kidd pesquisados nos doadores de sangue do Hemonúcleo de Apucarana com aquelas
observadas em caucasianos, negros e asiáticos, disponíveis na literatura, nós pudemos observar uma
semelhança com o perfil dos caucasianos. Concordante com a classificação do IBGE, de que a população
norte-paranaense é, predominantemente, caucasiana, mesmo considerando o fato de a grande maioria
dos doadores ter sido classificada baseado em suas características físicas.(9,16,17)
Para averiguar esse fato, nós comparamos as frequências fenotípicas desses antígenos eritrocitários,
obtidas por meio da fenotipagem eritrocitária, nesse estudo, com as frequências fenotípicas relativas
descritas por Guelsin et al.(19) em uma população de etnia semelhante da região de Maringá, norte do
Paraná, obtidas por meio da genotipagem. Não houve diferenças significativas entre essas distribuições
para os sistemas Kell e Kidd.
Quanto ao sistema Duffy, houve diferença das frequências de Fy(a+b-) (22,68% vs. 12,50%) e Fy(a+b+)
(37,24 vs. 48,0%) entre as populações. Esse fato pode ser explicado pela diferença de metodologias,
uma vez que a fenotipagem realizada no presente estudo não detecta a mutação GATA-1. Essa mutação
ocorre no promotor eritroide durante a transcrição e resulta na ausência de expressão dos antígenos
Fyb apenas no eritrócito.
O antígeno Fyb foi detectado em maior proporção na região de Maringá, pela genotipagem, porque
alguns indivíduos que apresentavam a informação genética para expressar o antígeno Fyb não o faziam
nas hemácias pela presença da mutação GATA-1. No entanto, sabemos que nos demais tecidos essa
expressão é normal, ou seja, os indivíduos com essa mutação não desenvolvem anticorpos anti-Fyb.(1,2)
O grupo sanguíneo Duffy é o que apresenta a maior diversidade de distribuição de grupos antigênicos
nas diferentes etnias. O antígeno Fya possui uma alta frequência em asiáticos e uma baixa prevalência
em negros. Por sua vez, o antígeno Fyb é muito mais frequente em caucasianos do que nas duas outras
etnias. O fenótipo Fy(a-b-) é considerado um dos marcadores da raça negra por ter uma alta incidência
125
na mesma (60-80%); enquanto que, em outras raças é muito raro.(9,16,18) Em nosso estudo, apenas
3,64% dos doadores apresentaram esse fenótipo.
CONCLUSÕES
Finalmente, acreditamos que os resultados possam ser úteis, para a formação de um banco de dados
nacional com doadores de sangue fenotipados, o que contribuiria para o desenvolvimento de uma
logística nacional de fenótipos raros e garantiria aos politransfundidos uma transfusão fenótipo-
compatível, aprimorando a medicina transfusional no Brasil.
Agradecimentos
Agradecemos às instituições envolvidas pela disponibilização dos dados dos doadores voluntários de
sangue e aos mesmos por fazerem parte desse trabalho.
Abstract
Objective: The main of this study was to determine the phenotypic frequencies of the Kell, Duffy and
Kidd blood groups in a population from Parana. Methods: The frequencies of these blood groups were
evaluated in 1,759 donors of blood in Apucarana-PR, southern Brazil. The phenotyping was performed
by agglutination gel-test and the data were obtained by the Report Smith-Access system from Hemepar.
Results: This population presented a distribution of phenotypic frequencies of Kell, Kidd and Duffy
compatible with Caucasian populations. To confirm this fact, we compared our data with those of a
population from the same region of Parana, composed mainly of Caucasians. The Fy(a+b-) phenotype
was more frequent in the Apucarana population than in the Maringa population (22.68 vs. 12.50%,
P<0.001), while the Fy(a+b+) phenotype was less frequent (37.24 vs. 48.0%, P<0.001). Conclusion:
Phenotypic frequencies of three blood groups were determined and could be used by the Hematology
126
and Hemotherapy Services to search for units of red blood cells with desired phenotypes, and to
calculate the incidence of compatible donors in cases of multiple alloantibody receptors; besides being
able to be used for anthropological comparisons and in studies of association with diseases.
Keywords
REFERÊNCIAS
Girello AL, Kühn TIBB. Fundamentos da Imuno-Hematologia Eritrocitária. 1ª ed. São Paulo: Senac; 2002,
p. 17-30.
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sanguíneos eritrocitários, Coleção Fundamentum, nº 79. Maringá: Universidade Estadual de Maringá;
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Poole J, Daniels G. Blood Group Antibodies and Their Significance in Transfusion Medicine. Transfus Med
Rev. 2007;21(1):58-71.
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Higgins JM, Sloan SR. Stochastic modeling of human RBC alloimmunization: evidence for a distinct
population of immunologic responders. Blood. 2008;112(6):2546-53
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transfusion: factors influencing incidence and specifity. Transfusion. 2006;46(2):250-6.
Ministério da Saúde (Brasil). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 158, de 04 de fevereiro
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Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0158_04_02_2016.html05
Acessado em julho de 2017.
127
Daniels, Geoff, and Imelda Bromilow. An introduction to blood groups. Essential Guide to Blood Groups.
1rd. Oxford: Blackwell Publication; 2007, p. 4-44.
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Ministério da Saúde (Brasil). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada –
RDC nº75, de 02 de maio de 2016. Dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue. Diário Oficial da
União, 03 de maio de 2016. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2799547/RDC_76_2016.pdf/d4a12302-b37a-4ef3-a65a-
968d7784ad69. Acessado em julho de 2017.
Dean L. Blood groups and red cell antigens, Bethesda (MD), National Center for Biotechonology
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Flôres MA, Visentainer JE, Guelsin GA, Fracasso AS, Melo FC, Hashimoto MN, et al. Rh, Kell, Duffy, Kidd
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Guelsin GA, Sell AM, Castilho L, Masaki VL, de Melo FC, Hashimoto MN, et al. Genetic polymorphisms of
Rh, Kell, Duffy and Kidd systems in a population from the State of Parana, southern Brazil. Rev Bras
Hematol Hemoter. 2011;33(1):21-5.
Correspondência
Hemonúcleo de Apucarana
128
© 2023 Revista RBAC - Todos os direitos reservados | Desenvolvido por IdeaShake e Marcelo H Cortez
ISSN: 1984-6290
DOI: 10-18264/REP
Para a Sociologia, a família é um grupamento de pessoas cujos membros possuem entre si laços de
parentesco, podendo ou não habitar a mesma casa. Por exemplo, um pai separado continuará fazendo
parte da família de seu filho (mas não de sua ex-mulher), embora esteja morando em outra casa.
Quando a família é composta por pai, mãe e filhos, ela é chamada de “família nuclear”. Quando outros
parentes, como avós ou tios, convivem com o casal e seus filhos, essa família é chamada de “família
extensa”. Os casamentos ou uniões conjugais podem ser classificados de duas formas:
129
atribuída somente à família, são cada vez mais divididas com outras instituições como o Estado, a escola
e as creches, além da influência dos meios de comunicação.
Entretanto, é preciso que se esclareça que não há uma escala evolutiva das sociedades humanas que
caminham das famílias poligâmicas para as monogâmicas. Essas duas formas básicas de casamento
sempre coexistiram em toda a história da sociedade humana, o que indica que não há relação de
superioridade ou de inferioridade entre elas. Em alguns grupos sociais verificou-se mesmo a existência
de ambas no mesmo tempo histórico. É correto afirmar que a família é uma instituição que surge das
necessidades naturais do ser humano (como a procriação, por exemplo) ou uma construção cultural,
embasada em regras e valores. Porém, a Antropologia tem informado que, mesmo nos mais remotos
grupos humanos, existem regras que proíbem ou autorizam alguns tipos de união, como não casar com
irmãos ou tios; essa prática é chamada “incesto”. Uma relação incestuosa seria uma relação proibida, ou
negada, em dada sociedade.
Nos dias de hoje, estamos acostumados com o fato de cada filho ter apenas um pai. No entanto, em
algumas sociedades é comum que cada filho tenha vários pais e várias mães. Nos casos das sociedades
em que a poligamia é permitida, os filhos são considerados comuns e responsabilidade de todos.
Em sua origem latina, a palavra família provém do vocábulo famulus, que significa escravo doméstico;
família é o conjunto dos escravos pertencentes a um mesmo homem. O direito romano conferia ao pai o
direito de vida e morte sobre todos que viviam sob suas ordens – esposa, filhos, escravos etc. Esse tipo
de instituição familiar era chamado “família patriarcal”.
Podemos encontrar exemplos de família patriarcais muito próximos de nossa história, no período
colonial de nosso país. O protótipo da família patriarcal brasileira era a família latifundiária, embora esse
modelo também pudesse ser encontrado nos meios urbanos entre as classes não proprietárias de
terras, como os profissionais liberais, comerciantes, militares etc. No momento de organizar suas
famílias, não havia dúvida de que cabia ao pai o papel principal e determinante de todas as outras
relações entre mães, filhos e empregados. Nesse tipo de família, o pai era o grande proprietário: das
terras, dos bens e das pessoas que habitavam seus domínios, não importando se estariam ligadas por
laços sanguíneos ou não. O pai concentrava todas as decisões referentes aos destinos dos bens ou das
pessoas, como chefe de um clã. As mulheres (esposa e filhas) eram figuras quase invisíveis. Saíam
pouquíssimas vezes (geralmente nas festas religiosas), não apareciam para os visitantes, eram proibidas
de estudar, envelheciam cedo, pois se casavam ainda meninas (em torno dos 13 ou 14 anos), tinham
vários filhos. Os maridos para as filhas eram escolhidos pelo pai; o principal critério era o volume de
posses do pretendente. Muitas vezes, as meninas eram obrigadas a casar com homens mais velhos, mas
já estabelecidos economicamente.
130
Os filhos homens tinham outras funções: ao mais velho cabia herdar e administrar os bens paternos; ao
segundo, cabia seguir a carreira eclesiástica. Constituía motivo de orgulho e quase uma obrigação de
toda família “de bem” formar um padre. O terceiro filho deveria prosseguir os estudos na capital ou na
Europa, tornando-se “doutor”, provavelmente bacharel em direito ou médico.
Esse modelo de família nuclear e patriarcal tornou-se, ao longo da nossa história, sinônimo de honra e
respeitabilidade, modelo a ser seguido não só pelas elites, mas também pelas classes médias. Esse tipo
de organização familiar exerceu profunda influência na formação social e cultural da população
brasileira. O poderio do homem resultou em atitudes como o machismo, a subserviência da mulher, a
educação diferenciada de meninos e meninas, o preconceito e o desrespeito contra os empregados
domésticos, mesmo quando eles não são mais escravos.
Outro tipo de arranjo que tem crescido nos últimos tempos é o de famílias monoparentais – quando um
dos cônjuges vive com os filhos, com a presença ou não de outros parentes na mesma casa. Nesse tipo
de família há um predomínio de mulheres chefes de família. Segundo o IBGE, esse tipo de família em
1995 representava 89,6%; eram 10,4% os homens na mesma situação. Essas mulheres são
predominantemente separadas ou divorciadas, o que não ocorria na década de 1970, quando eram
principalmente viúvas. São muitos os fatores que têm contribuído para essa situação: aumento do
número de separações e divórcios; o número de mulheres é superior ao de homens, o que justifica as
relações poligâmicas; a mortalidade masculina é superior e mais precoce do que das mulheres; o
aumento do número de mães solteiras etc. Os fatores econômicos e financeiros têm contribuído
decisivamente para o abandono do lar, principalmente pelos homens; os conflitos constantes com a
esposa devidos às dificuldades de manter a família, algumas vezes chegando à violência doméstica. São
essas algumas das justificativas para o alto número de mulheres chefes de família entre as camadas
populares, situação que tem chegado também às camadas médias da sociedade.
131
Por muitos séculos, na cultura ocidental as crianças e os adolescentes eram tratados como adultos. Até
o século XVII, não existia uma concepção de especificidade da infância (Ariès, 2006). Essa concepção foi
sendo construída no decorrer dos séculos, considerando os aspectos sociais de cada época (mortalidade
infantil, trabalho escravo de crianças, entre outros), compreendendo, portanto, as peculiaridades do ser
infantil. A criança deixa de ser um miniadulto e a infância adquire novos significados.
A Idade Média, no período final do feudalismo, e o sistema político, social e econômico de tal período
sofreram grande influência da Igreja; Ariès contextualiza as concepções e as posições que crianças e
adolescentes foram ocupando desde a Idade Média até a contemporaneidade:
a criança a infância e a família foram entendidas de maneiras diferentes no decorrer dos tempos e sua
significação pode mudar ainda hoje, de acordo com a metodologia que fundamenta sua análise,
modificando seu conceito conforme o olhar que recebe, seja ele histórico, sociológico, antropológico,
filosófico ou psicológico (Ariès, 2006, p. 19).
No século XV, o conceito de família diferenciava-se das características de amor, afeto e cuidado. Nessa
época, segundo Ariès (2006), os pais biológicos enviavam seus filhos para outras famílias quando
completavam sete anos, idade em que a criança era batizada (pela Igreja Católica) e, por conseguinte,
tornava-se “imortal” (assim fixada pela literatura moralista e pedagógica), visto que era comum a morte
de crianças antes dessa idade, devido aos altos índices de mortalidade infantil. Segundo Ariès (2006),
era tamanho o descaso com as crianças que a Igreja Católica ponderava que a criança era pura e
inocente, como um anjo; logo, se ela morresse, nasceria outra para substituí-la. Entretanto, nessa outra
família à qual eram enviadas, essas crianças recebiam ensinamentos para o trabalho e para o serviço
doméstico. Esse aprendizado era difundido por todos, independentemente da classe e da condição
social da família. Ariès (2006) afirma que:
as pessoas não conservavam as próprias crianças em casa: enviavam-nas a outras famílias, com ou sem
contrato, para que morassem e começassem suas vidas, ou, nesse novo ambiente, aprendessem as
maneiras de um cavaleiro ou um ofício, ou mesmo para que frequentassem uma escola e aprendessem
as letras latinas (Ariès, 2006, p. 157).
Nesse período, que se estende até o século XVIII, a criança necessitava cumprir deveres dentro da
própria casa. Isto é, as atitudes que ela possuía é que demonstravam o quão educada ela era. Uma
maneira de mostrar-se bem educada era a sua atitude ao servir a mesa dos pais, visitas e demais
pessoas. O “serviço da mesa continuou a ser a tarefa dos filhos de família e não dos empregados” (Ariès,
2006, p. 157). Essa concepção possuía tamanho destaque que se encontrava presente até nos manuais
de civilidade, como boas maneiras.
132
A criança e a escola: a concepção de educação
A escola, nesse momento, era limitada a alguns. Enquanto que esses privilegiados (em sua maioria
clérigos e latinófonos) possuíam acesso à escola, outras crianças sequer a conheciam ou participavam da
educação escolar. Com o passar do tempo, essa exceção se alterou e passou a ser vista como regra,
como afirma Ariès (2006):
a escola, a escola latina, que se destinava aos clérigos, aos latinófonos, aparece como um caso isolado,
reservado a uma categoria muito particular. E a escola era na realidade uma exceção, e o fato de mais
tarde ela ter se estendido a toda a sociedade não justifica descrever, através dela, a educação medieval:
seria considerar a exceção como regra (Ariès, 2006, p. 157).
A partir de meados do século XVII, a criança assumiu lugar central dentro da família ocidental. Nesse
contexto, houve o surgimento da escola, o que antes acontecia em ambientes particulares, isto é, era
ensinado pelo pedagogo em casas e para algumas crianças apenas. Nesse momento, a educação passou
a ocorrer em um prédio centralizado. A criança passou a estudar em uma instituição de ensino devido à
influência das transformações sociais introduzidas pelas novas formas de organização política,
econômica e social, ditadas pela Revolução Científica e pela Revolução Industrial.
O ensino passou a ser ofertado de maneira técnica; ensinava-se para determinados fins, como para a
equitação, para a caça ou para as armas (Ariès, 2006, p. 159). A educação, estando vinculada à escola,
acabou por influenciar a relação das crianças com os pais e consequentemente com a família, passando
esta a estar mais próxima da criança. “A substituição da aprendizagem pela escola exprime também
uma aproximação da família e das crianças, do sentimento da família e do sentimento da infância,
outrora separados” (Ariès, 2006, p. 159).
Foi a partir do século XVIII que os pais passaram a se preocupar com a educação escolar de seus filhos,
começando a enviá-los a colégios distantes, nos quais permaneciam em pensionatos particulares ou na
casa de seus mestres, com o intuito de receber educação. Os pais preferiam enviá-los à escola a ficar
com eles em casa. Porém essa escolarização “não afetou uma vasta parcela da população infantil, que
continuou a ser educada segundo as antigas práticas de aprendizagem” (Ariès, 2006, p. 160). As meninas
permaneceram sendo educadas em casa, ou na de parentes, vizinhos ou outros.
Na sociedade ocidental, o século XVIII é considerado um marco para a família, pois a relação com os
integrantes familiares passou a ser privada, o que antes se estabelecia como instituição pública, em que
todos interferiam, como a igreja e a sociedade, entre outros. Outro marco histórico que contribuiu para
a efetividade familiar foi, no século XIX, a Revolução Industrial e a migração de grandes contingentes
populacionais para os centros urbanos, surgindo, a partir daí, o controle da natalidade, com as famílias
passando a ter menos filhos, fazendo com que essa redução do número de filhos aproximasse mais os
pais dos filhos e o surgimento da afetividade, até então inexistente. Esse sentimento se protagonizou
133
nos séculos seguintes, tendo a solidariedade e a sensibilidade dos familiares proporcionando uma
ligação afetiva de abnegação e desambição nos meios familiares.
Atualmente, a família é vista como um “sistema inserido numa diversidade de contextos e constituído
por pessoas que compartilham sentimentos e valores formando laços de interesses, solidariedade e
reciprocidade, com especificidade e funcionamento próprios” (Simionato; Oliveira, 2003, p. 58),
assumindo, portanto, uma instituição que difere daquela configuração de pai, mãe e filhos.
A realidade da situação da infância e da adolescência no Brasil, em especial das classes mais excluídas da
sociedade, faz-nos refletir acerca dos atos conflitantes com a lei cometidos por crianças e adolescentes.
Talvez um fator que ocasione a necessidade de crianças e adolescentes entrarem em conflito com a lei é
o empobrecimento das famílias brasileiras, que constitui, por si só, um aspecto imperativo e
determinante na busca de “reforços” financeiros. Diversas transformações ocorridas na sociedade,
como o aumento das separações conjugais, as desigualdades sociais e educacionais, regionais e raciais
também obrigam os membros da família, inclusive crianças e adolescentes, a buscar condições materiais
que garantam a sua existência.
Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição casamento intimamente ligados à família
passaram e passam por intensas transformações. A ocorrência mais marcante dessas transformações
ocorreu no final da década de 1960. De acordo com Simionato e Oliveira (2006), naquela década
“cresceu o número de separações e de divórcios, a religião foi perdendo sua força, não mais
conseguindo segurar casamentos com relações insatisfatórias”. A igualdade passou a ser um
pressuposto em muitas relações matrimoniais. A partir daí, surgiram inúmeras organizações familiares
alternativas: casamentos sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões; casais
homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros isolados ou mesmo cada um
vivendo com uma das famílias de origem; e, mais ultimamente, duplas de mães solteiras ou já separadas
compartilham a criação de seus filhos (Simionato; Oliveira, 2006).
Essas alterações nos papéis sociais levaram a adaptações dos homens e das mulheres, não sem
relutância de ambas as partes, pois, da mesma forma que foi difícil para o homem abandonar o papel de
senhor absoluto do modelo tradicional de família, para a mulher foi penoso abrir mão do papel de
rainha do lar, frágil e submissa, ao qual estava secularmente acostumada, e do qual comumente
angariava algumas vantagens secundárias, numa espécie de poder paralelo no mundo privado
(Simionato; Oliveira, 2006).
134
Na estrutura familiar da atualidade, as crianças são os membros mais vulneráveis às situações de
conflitos no grupo e, neste sentido, estão mais expostas que os demais, justamente por não terem
autonomia e capacidade plena de defesa e de resolução.
Com relação aos adolescentes, a situação de vulnerabilidade é praticamente a mesma da criança, com o
agravante de que, muitas vezes, eles são depositários de expectativas e esperanças de ascensão do
grupo familiar, sofrem com as frustrações dessas expectativas tanto pelo contexto familiar de
sobrevivência como pelo contexto de possibilidades de inserção social.
Como mencionado anteriormente, infância e adolescência não são apenas etapas cronológicas, mas
sobretudo construções sociais, culturais e históricas. Ao refletir sobre a adolescência, Calligaris (2000)
nos faz ver que
nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Batalham com seus corpos, que se esticam e
se transformam. Lidam com as dificuldades de crescer no quadro complicado da família moderna. Como
se diz hoje, eles se procuram e eventualmente se acham. Mas, além disso, eles precisam lutar com a
adolescência, que é uma criatura um pouco monstruosa, sustentada pela imaginação de todos,
adolescentes e pais. Um mito, inventado no começo do século XX, que vingou sobretudo depois da
Segunda Guerra Mundial (Calligaris, 2000, p. 9).
Assim como a infância, a adolescência é também compreendida hoje como uma categoria histórica,
pois, para a maioria dos estudiosos do desenvolvimento humano, ser adolescente é viver um período de
mudanças físicas, cognitivas e sociais, além de psicológicas, que, juntas, ajudam a traçar o perfil dessa
população. Atualmente fala-se da adolescência como uma fase do desenvolvimento humano que faz
uma ponte entre a infância e a idade adulta. Nessa perspectiva, a adolescência é compreendida como
um período atravessado por crises, que encaminha o jovem na constituição de sua subjetividade. Porém
a adolescência não pode ser compreendida somente como uma fase de transição. Na verdade, a
adolescência é também mais do que isso: é um período entre a puberdade e a fase adulta. A palavra
adolescência vem do latim adolescentia, adolescer. É comumente associada à puberdade, referindo-se
ao conjunto das transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem
progressiva da infância à adolescência. Essa perspectiva prioriza o aspecto fisiológico, quando sabemos
que ela não é suficiente para se pensar a adolescência.
Ariès (2006) acredita que a adolescência também nasceu sob o signo da modernidade, a partir do século
XX. Segundo esse autor, somente após a implantação do sentimento de infância, no século XIX, tornou-
se possível a emergência da adolescência como uma fase com características peculiares e únicas,
distinta das outras fases do desenvolvimento. Existe atualmente uma clareza teórica de que a
135
heterogeneidade de realidades e situações impede a vivência da adolescência do mesmo modo para
todos. Mas essa clareza não foi sempre presente. O pai da Psicologia da adolescência, Stanley Hall,
considerava que a adolescência era a retirada dramática das crianças do paraíso da infância, se
constituindo, desse modo, num período de crises, tempestades e tormentas. Ou seja: uma fase difícil,
geradora de crises, um foco de patologias, um poço de sofrimento para os jovens e seus familiares.
Para a professora Ana Maria Monte Coelho Frota (2007, p. 157), em seu artigo Diferentes concepções da
infância e adolescência: importância da historicidade para a sua construção, a adolescência deve ser
pensada para além da idade cronológica, da puberdade e das transformações físicas que ela acarreta,
dos ritos de passagem ou de elementos determinados. “A adolescência deve ser pensada como uma
categoria que se constrói, se exercita e se reconstrói dentro de história e tempo específicos”.
Ainda segundo esses autores, a vivência da adolescência não é um processo uniforme para todos os
indivíduos, mesmo partilhando uma cultura, pois há pessoas que passam por essa fase sem manifestar
maiores problemas e dificuldades de ajustamento. Além disso, é necessário ressaltar que o processo de
adolescência não afeta apenas os indivíduos que estão passando por esse período, mas também as
pessoas que convivem diretamente com eles, principalmente a família, constituindo-se o processo, em
sua grande maioria, difícil e doloroso tanto para os adolescentes quanto para seus pais e familiares. Por
esse motivo, o diálogo nessa etapa do desenvolvimento assume papel ainda mais importante, apesar de
algumas vezes o adolescente buscar se fechar em “seu mundo próprio”. Devido a essa tendência à
reclusão e à busca de refúgio na fantasia e no devaneio, o diálogo com os membros da família é
essencial, pois é nesse período que ele mais necessita da orientação e da compreensão dos pais, amigos
e familiares em geral.
Nesse contexto, Drummond & Drummond Filho (1998) salientam que, além do recurso do diálogo,
quando a família busca desde cedo estabelecer relações de respeito, confiança, afeto e civilidade entre
os membros, tende a lidar com essa fase do desenvolvimento de maneira mais adequada e com menos
dificuldades do que quando esses valores não são praticados. Dessa forma, atualmente, além das
preocupações dos pais com a questão de como lidar com a adolescência dos filhos, ainda existem dois
grandes problemas que os afligem: a iniciação sexual precoce e a questão das drogas, as quais trazem
consigo as preocupações com a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, entre elas a
Aids, uma vez que tem crescido assustadoramente o número de adolescentes infectados. Esses dois
136
aspectos, além de todos os outros, se destacam na pauta de preocupações de pais e responsáveis, uma
vez que as influências do contexto no qual os adolescentes se desenvolvem, família e ambiente
macrossocial, são associadas às características de imaturidade emocional, impulsividade e
comportamento desafiador que frequentemente estão presentes nessa fase do desenvolvimento
humano.
Considerações finais
Essas preocupações emergem tanto nas publicações a respeito da infância quanto nas dedicadas à
adolescência. Considerando que o adolescente se desenvolve no contexto familiar e nele permanece por
um período que tem se estendido cada vez mais – em países da América Latina esse período de convívio
com a família de origem é maior do que o observado em outras culturas –, torna-se essencial considerar
a situação familiar e o meio social nos estudos sobre adolescência (Kalina apud Pratta, 2007).
Assim, pode-se dizer que, apesar das transformações significativas vivenciadas pela família nas últimas
décadas do século XX e início do XXI, a humanidade continua depositando na instituição familiar a base
de sua segurança e bem-estar, o que por si só é um indicador da valorização da família no contexto do
desenvolvimento humano, apesar de toda a transformação pelas quais tem passado essa instituição.
Conforme apresentado, pode-se perceber que a família continua em transformação, não sendo possível
hoje concebê-la como modelo estático e único, conforme se transforma a sociedade nas diferentes
maneiras do ser e do agir da família.
Assim, acreditamos que a família desempenha papel fundamental na sociedade, não só na relação com
os seus membros como lócus de afiliação e/ou de reafiliação social dos seus membros, mas também em
relação ao Estado, na perspectiva de instituição social decisiva no desenvolvimento do processo de
integração, inclusão social daqueles que a ela pertencem.
Referências
137
ARIÈS, P. A história social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006.
DRUMMOND, M.; DRUMMOND FILHO, H. Drogas: a busca de respostas. São Paulo: Loyola, 1998.
FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Diferentes Concepções da Infância e Adolescência: a importância da
historicidade para sua construção. Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, UERJ, v. 7,
n. 1, p. 147-160, abr. 2007.
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BIOLOGIA
139
Chamamos de alelos às versões diferentes de genes que surgem através de mutações. Para algumas
características, podem existir, numa determinada população, três ou quatro versões de um gene,
fenômeno para o qual damos o nome de alelos múltiplos. É bom lembrar que, mesmo existindo três ou
quatro alelos na população (para uma determinada característica), cada indivíduo possui em suas células
apenas um par de genes alelos localizados em regiões correspondentes de seus cromossomos
homólogos.
Um exemplo de alelos múltiplos são os genes envolvidos na determinação dos grupos sanguíneos do
sistema ABO nos seres humanos. Os tipos sanguíneos do sistema ABO relacionam-se a características do
sangue que envolvem a presença ou ausência de dois tipos de substâncias: uma delas localiza-se nas
hemácias e é chamada de aglutinogênio e a outra localiza-se no plasma sanguíneo e é chamada de
aglutinina.
Existem dois tipos de aglutinogênios ? A e B ? e dois tipos de aglutininas ? anti-A e anti-B. Assim, para o
sistema ABO, dizemos que uma pessoa possui sangue tipo A, se ela possui, em suas hemácias,
aglutinogênios A, e, no plasma, aglutininas anti-B. Observe os outros casos na tabela:
A presença ou ausência de aglutinogênios no sangue das pessoas é determinada pelos genes IA, IB ou i.
Os genes IA e IB são dominantes sobre o gene i. O gene IA, por exemplo, determina a produção de uma
enzima que sintetiza o aglutinogênio A. Portanto, se uma pessoa possui o genótipo IA IA e uma outra
pessoa apresenta o genótipo IA i, as hemácias de ambas apresentam o aglutinogênio A, ou seja, elas
apresentam tipo sanguíneo A.
Algo semelhante ocorre no caso de pessoas de tipo sanguíneo B. Mas as pessoas de tipo AB possuem
genótipo IA IB, pois não há dominância entre esses dois genes. Essas pessoas são capazes de sintetizar
tanto o aglutinogênio A como o B. Por fim, uma pessoa do tipo O possui genótipo ii, ou seja, não possui
as enzimas necessárias para a fabricação de nenhum dos dois aglutinogênios. Resumindo:
140
A descoberta do médico austríaco Karl Landsteiner, em 1900, de que havia incompatibilidade entre o
sangue de certas pessoas, abriu caminho para a identificação de vários tipos sanguíneos, entre eles os
do sistema ABO. Embora não seja o único sistema de grupos sanguíneos, este é o de maior importância
prática nos momentos de transfusão.
O que acontece se uma pessoa de sangue tipo A, receber sangue do tipo B? Uma vez que, no plasma do
receptor, existem aglutininas anti-B, essas substâncias agem como anticorpos contra os aglutinogênios B
existentes nas hemácias do doador, provocando o rompimento dessas hemácias e uma reação
conhecida como reação de aglutinação. Note que a mesma reação vai ocorrer se a pessoa do tipo A
recebe sangue de uma pessoa do tipo AB.
As pessoas de tipo AB não possuem nenhuma das aglutininas do sistema ABO e isso significa que elas
podem receber, por transfusão, sangue de qualquer tipo. Essas pessoas são chamadas de receptores
universais e os portadores de sangue tipo O são doadores universais. Isso significa que eles podem doar
sangue para qualquer pessoa, uma vez que suas hemácias não possuem aglutinogênios. Mesmo que o
receptor possua aglutininas, estas não terão nenhuma substância contra a qual reagir.
O Fator Rh
O sistema ABO não é o único a ser considerado, quando se fala em transfusão de sangue. Existe outro
aspecto importante que deve ser levado em conta: o fator Rh, ou fator Rhesus. Essa característica
sanguínea foi descoberta em 1940 por dois pesquisadores chamados Landsteiner e Wiener, que
realizaram transfusões de sangue experimentais em macacos rhesus.
Para que alguém apresente anticorpos anti-Rh, é preciso que esse indivíduo seja exposto ao antígeno
Rh. Isso pode ocorrer tanto por transfusão de sangue, como em condições de gravidez, em que o fator
Rh seja negativo na mãe, e positivo no feto. Nesses casos, desenvolvem-se aglutininas anti-Rh e tanto a
pessoa que recebeu a transfusão, como a que está grávida ficam sensibilizados.
O problema, em ambas as situações está no segundo contato com sangue de Rh positivo. No caso de
outra transfusão sanguínea, nas mesmas condições, o sangue do receptor pode sofrer aglutinação ou
suas hemácias podem se romper (hemólise). Já em relação à gravidez, se novamente a mulher estiver
141
gerando um bebê de Rh positivo, as aglutininas anti-Rh da mãe podem atravessar a placenta, causando
a aglutinação dos eritrócitos do feto — doença conhecida como eritroblastose fetal.
Em relação às transfusões de sangue, pessoas portadoras de Rh positivo (Rh+) podem receber doações
de mesmo Rh e também de Rh negativo. Já portadores de Rh negativo, só podem receber o seu tipo,
caso contrário, haverá o risco de aglutinação sanguínea e hemólise.
Diversidade genética
De acordo com a primeira, os genótipos do fator Rh são representados por três pares das letras C, D e E,
os quais são chamados de alelos. As variações genotípicas ocorrem desde pares dominantes
homozigotos (CC,DD,EE), pares heterozigotos (C_, D_, E_), até pares recessivos (cc, dd, ee), sendo que
cada um desses genótipos corresponde a um tipo diferente de antígeno Rh. Já a teoria de Wierner
afirma, de modo geral, que para cada par de alelos há um antígeno.
Mesmo assim, existem ainda situações relacionadas ao fator Rh que nenhuma dessas teorias explica,
como a síndrome do Rh Null. Nessa doença, o indivíduo não apresenta antígenos do sistema Rh e isso
está associado a uma anemia hemolítica. Essas “lacunas” quanto aos genótipos do fator Rh são o foco de
inúmeras pesquisas, que a imuno-hematologia tenta esclarecer.
Segurança e privacidade
OUTROS CONTEÚDOS
142
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Importância do Autoconhecimento dos Grupos Sanguíneos (ABO e Rh) de Alunos de Tangará da Serra-
MT
Autores
DOI: https://doi.org/10.17921/2447-8938.2013v15n3p%25p
Resumo
Os sistemas ABO e Rh são importantes do ponto de vista das transfusões sanguíneas, o que os tornam
muito utilizados nas seleções de doadores. O autoconhecimento dos grupos sanguíneos ABO e Rh entre
os estudantes vem sendo incentivado, com o intuito de promover um maior esclarecimento com relação
à captação de doadores de sangue. Sendo assim, esse estudo tem como objetivo avaliar o
autoconhecimento dos alunos da Escola Estadual 13 de Maio -Tangará da Serra-MT sobre os grupos
sanguíneos ABO e Rh e transmitir aos alunos os fundamentos do sistema sanguíneo através de palestras,
além de incentivar a prática da doação de sangue e a conscientização da importância da captação de
doadores. Para isso, foram aplicados questionários fechados a 120 alunos da 1ª série do ensino médio
(04 questões). Os dados foram avaliados estaticamente por frequência relativa. Em seguida, foram
oferecidas palestras teórico-práticas e incentivada a doação de sangue. Dos avaliados, mais de 90%
tinham entre 15-16 anos e apenas 27% sabiam a qual grupo sanguíneo pertenciam, dos quais apenas
48% pertenciam ao grupo sanguíneo O+, não tendo sido observado indivíduos do grupo AB. Sendo
assim, foi possível concluir que poucos jovens têm conhecimento sobre o seu tipo sanguíneo e que a
população tangaraense tende a ser predominantemente composta por indivíduos O+, enquanto que
poucos indivíduos seriam tangaraenses de tipo sanguíneo AB. Esse trabalho comprova também a
necessidade de se realizar mais trabalhos nesse assunto, principalmente com o enfoque na doação
sanguínea.
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Publicado
2015-07-02
143
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Edição
v. 15 n. 3 (2013)
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RESULTADOS
19 de ago. de 2022
3 min
Desde que o sistema de grupos sanguíneos ABO foi descoberto no início do século XX pelo médico
austríaco Karl Landsteiner, as transfusões de sangue puderam se tornar mais seguras. Em suas
pesquisas, o médico observou que ao juntar o sangue de diferentes pessoas eles podiam se misturar ou
não. E a este fenômeno, deu o nome de compatibilidade sanguínea.
Os grupos sanguíneos são resultantes da combinação entre os antígenos que estão presentes na
superfície das hemácias do sangue do doador e do receptor e podem ser classificados em 4 tipos:
Pessoas com sangue do tipo O (ou tipo zero), não apresentam nenhum dos antígenos.
145
Mas, a sua incompatibilidade está relacionada aos anticorpos presentes no sangue. Se o indivíduo possui
tipo sanguíneo A, ele possui anticorpos contra as hemácias do tipo B e vice-versa.
Indivíduos com sangue do tipo AB, podem receber todos os tipos sangue dado que não possuem
anticorpos contra hemácias do tipo A nem do tipo B. Por outro lado, os indivíduos com tipo sanguíneo O
possuem anticorpos contra ambas as hemácias e, por isso, só podem receber doação do mesmo tipo
sanguíneo.
No entanto, após essa descoberta, alguns tipos sanguíneos continuavam incompatíveis quando o
sistema ABO era respeitado.
Outro sistema de tipagem sanguíneo muito estudado é o fator Rhesus (Rh), que determina a presença
ou ausência do antígeno D nas hemácias. Quando presente, o indivíduo é classificado como Rh positivo e
não possui anticorpos contra este antígeno.
Em contrapartida, quando não expressa o antígeno Rh, seu sangue é classificado como Rh negativo.
Embora estes indivíduos não apresentem anticorpos contra o antígeno D, podem apresentá-los quando
expostos à sangues com fator Rh positivo.
Para que a transfusão se torne possível e mais segura, é importante conhecer o tipo sanguíneo do
indivíduo. Pessoas com sangue do tipo O são consideradas doadoras universais, uma vez que elas não
possuem antígenos A ou B em suas hemácias. Por outro lado, indivíduos com sangue AB são conhecidas
como receptores universais, dado que possuem ambos os antígenos. Já os indivíduos com sangue do
tipo A ou B, podem receber apenas o seu próprio tipo sanguíneo.
146
Conhecer o seu tipo de sangue ajuda a evitar a incompatibilidade entre os tipos sanguíneos que ocorrem
na doença hemolítica fetal (entre a mãe e o bebê) e o distúrbio hemolítico pós-transfusional (entre
receptor e doador).
Além disso, a tipagem sanguínea auxilia no diagnóstico e na prevenção de várias doenças, como alguns
tipos de câncer e as doenças cardiovasculares.
Indivíduos com sangue do tipo O, por exemplo, parecem possuir menor risco de desenvolver
tromboembolismo (formação de um coágulo que se desprende e cai na circulação, onde restringe o
fluxo de sangue) do que pacientes com sangue do tipo A. Estes indivíduos também são mais propensos à
desenvolver a doença isquêmica cardíaca e infarto do miocárdio.
Alguns pesquisadores também sugerem que o tipo sanguíneo pode desempenhar um papel relevante na
Covid-19. Neste estudo, os cientistas sugerem que indivíduos com tipo sanguíneo não O e com fator Rh
positivo são mais propensos a desenvolver a doença. No entanto, mais pesquisas devem ser feitas para
compreender melhor a relação entre o tipo sanguíneo e as doenças.
Referências científicas:
Lymperaki E, Stalika E, Tzavelas G, Tormpantoni E, Samara D, Vagdatli E, Tsamesidis I (2022). The clinical
utility of ABO and RHD systems as potential indicators of health status, a preliminary study in Greek
population. Clinics and Practice.
147
Zietz M, Zucker J, Tatonetti N. P (2020). Associations between blood type and Covid-19 infection,
intubation, and death. Nature Communications.
7.641
148