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Manifesto Vegano

Considerando as atuais preocupações mundiais com a paz e com a preservação do


meio ambiente, reivindicamos por meio deste texto a libertação dos animais como
mercadoria. Os recursos ambientais não são infinitos, e, por mais assustador que isso seja, não
podemos ignorar o que acontece diante de todos nós. Em um mundo onde se prega amor e
proteção, o consumo de todo e qualquer produto derivado de um animal é uma grande
hipocrisia.

A pecuária está rapidamente esgotando os recursos da terra e contribuindo com o seu


aquecimento. Conforme dados apresentados no documentário “Cowspiracy”, 45% de todo o
planeta é ocupado por animais destinados ao consumo, sendo estes responsáveis por 51% da
emissão de gases que atenuam o efeito estufa. A grande quantidade de fezes gerada por essa
indústria é, principalmente, despejada nos oceanos, causando a morte de toda vida marinha
nas áreas afetadas.

Dor e tortura são os únicos elementos presentes na vida de um animal confinado, e os


trabalhadores dos abatedouros não hesitam em maltratá-los. Mesmo que exista uma
legislação para regular esse setor da economia, ela não é suficiente para garantir que os seres
vivos tenham uma morte digna, assim, eles acabam morrendo engasgando em seu próprio
sangue e sentindo toda a agonia que os nossos métodos rudimentares de abate proporcionam.
A produção de ovos e laticínios causa tanto sofrimento quanto a de carne: galinhas são
mantidas em minúsculas gaiolas e acordadas 24 horas por dia para aumentar sua
produtividade. Assim como mulheres, as vacas precisam dar cria para que produzam leite, e
seus filhotes são tirados delas alguns momentos depois de seu nascimento, pois o que deveria
ser seu alimento está sendo destinado a seres humanos. Esse tipo de tratamento diminui
drasticamente a expectativa de vida dessas fêmeas, a exemplo das vacas que duram 4 anos em
vez de 20 e morrem de exaustão.

Não apenas uma questão ambiental e de direitos animais, a demanda por carne
prejudica intensamente a sociedade. No momento em que a prioridade das grandes empresas
agropecuárias é destinar água e grãos para os bilhões de animais em fazendas, pessoas deixam
de ter acesso a esses recursos, morrendo de fome e sede. Ao comprar um acessório de couro
ou pele, a maioria de nós não pensa nas pessoas que trabalharam em condições terrivelmente
insalubres lidando com químicos tóxicos, assim como não reflete que, para que uma peça de
pele não perca sua “qualidade”, ela deve ser retirada do animal com ele ainda vivo e
senciente. O fato de que a maioria das pessoas não reflete sobre esse tipo de exploração deixa
clara a perda da nossa capacidade crítica - não podemos e não devemos aceitar essa indústria.

Analisando todos esses tristes dados, fica claro que a única solução para o problema é
o veganismo. Vegetarianismo não basta, pois os animais confinados para a produção de leite e
ovos ainda necessitam de quantidades absurdas de recursos e também sofrem muito. As
pessoas convencem a si mesmas que são superiores a seus companheiros animais, mas
insistem em agir conforme seu instinto, sendo comandadas por cheiros e sabores. Ainda que
possa ser difícil, nós não temos o direito de privar de um ser vivo de sua maior necessidade - a
vida - para satisfazer essa nossa necessidade tão simplória - uma refeição gostosa. A vida de
nenhum outro animal pertence a nós, assim como seus subprodutos. Apenas quando isso for
reconhecido e a libertação animal for instituída, se encerrará o ciclo de exploração e
sofrimento que o ser humano criou. Exigimos a recuperação da compaixão e da sensibilidade e
o reconhecimento que a diversidade existente entre os seres não os faz superiores ou
inferiores, apenas diferentes.

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