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Cavaleiros Imortais 8

Marcy Jacks

Cavaleiro Vingativo

William é um Cavaleiro Imortal encarregado de proteger a


humanidade, mas após a morte de seu companheiro há mil anos, ele se deixou
ficar com raiva e ódio. Enquanto cura sua depressão em um bar, não espera
que alguém o incomode, muito menos seu companheiro, reencarnado e
procurando uma noite de diversão.
August costumava esperar por um cavaleiro de armadura brilhante
para salvá-lo, mas isso é coisa de conto de fadas. Seu irmão deve muito
dinheiro a agiotas, e se August não pagar, seu irmão iria pagar. Quando ele vê
um homem atirando uma grande gorjeta para o barman, ele vê a sua chance.
Mas não esperava a atração imediata.
O sexo é incrível, e August quer ficar, mas tem que salvar seu irmão.
Quando William descobre um grupo de homens ferindo August e outro jovem,
sabe que eles vão sofrer as consequências por isso.

Revisora da Série
Capítulo Um

August Martin às vezes desejava que um cavaleiro de armadura


brilhante viesse salvá-lo. Ele era um romântico, ou costumava ser. Seu irmão
mais velho costumava dizer-lhe que o mundo era um lugar cruel, que ninguém
se importava com ninguém, e que se quisesse sobreviver, precisaria aprender
isso rapidamente.
August nunca tinha realmente acreditado nele. A TV infantil o tinha
ensinado que todos tinham um lado bom, que todos se importavam no fundo e
que os desejos e sonhos se tornavam realidade.
Tinha acreditado em todas essas coisas, e agora, aos dezenove anos,
estava em um bar com sua identidade falsa, completamente cansado e
observando o homem sentado em um banquinho, dando notas de cem dólares
para o barman atrás do balcão.
O mundo era um lugar cruel, ninguém se importava com ninguém, e
a única coisa que importava era a sobrevivência. Um cara rico que estava
bêbado o suficiente para gastar esse tipo de dinheiro, que parecia estar se
embebedando para esquecer algumas dores, era exatamente o tipo de pessoa
que August precisava agora.
Especialmente se pagaria o dinheiro que Bobby queria dele.
Não podia dizer se o cara era gay, hetero ou bi. Seu gaydar não
estava funcionando exatamente.
August costumava persuadir os bêbados. As inibições dos homens
tendiam a ser jogadas pela janela sempre que estavam bêbados. Às vezes, não
funcionava, e August tinha sido espancado por causa disso e obtinha um que
estava excitado para fazer sexo com ele, mas geralmente encontrava alguém
que estava curioso, ou muito bêbado para se importar.
Não gostava de fazer isso. Não queria fazer isso, mas estava com
fome, a vida de seu irmão estava em jogo, e esse cara tinha muito dinheiro
para seu próprio bem.
Inferno, August provavelmente o estava salvando de ser roubado
mais tarde, ele vestia um terno muito caro, mesmo que estivesse muito
enrugado, e o relógio em seu pulso custava provavelmente mais do que o
carro que Bobby dirigia para se mostrar.
Certo. Ninguém no mundo se importava com mais ninguém. August
era apenas mais uma pessoa no mundo fazendo coisas de merda e se
desculpando por elas.
Terminou sua água, saindo da mesa e caminhando até o bar. Não
tinha que fingir ser casual sobre isso. O cara estava tão bêbado que
claramente não notou quando deslizou para o banco ao lado dele.
August não disse nada. Ficou sentado lá, colocando as mãos no bar. O
barman não parou de lavar os copos para atendê-lo. Devia ter imaginado que
August não tinha dinheiro.
August olhou para o cara ao seu lado. Não conseguia ver seu rosto. O
cabelo escuro estava em seus olhos, e seus ombros estavam caídos.
Parecia muito deprimido.
— Você acabou de levar um fora ou algo assim? — Perguntou August.
Os lábios do homem se curvaram.
— Ou algo assim, — disse ele.
August ficou meio chocado que o homem tinha respondido. Tinha
imaginado que estaria muito bêbado para notar que ele estava lá.
— Você quer que lhe compre uma bebida ou algo assim?
— Ou algo assim — respondeu August.
Preferia que esse homem lhe comprasse um sanduíche, mas não se
queixaria. O consumo de álcool não era nada comparado com algumas das
coisas que tinha sido forçado a fazer nos últimos seis meses, e o álcool tendia
a ajudá-lo a controlar seus nervos quando as coisas estavam prestes a
começar.
O homem bêbado com o terno caro acenou para o barman, que veio
rapidamente. Por que não faria isso quando esse cara continuava lhe dando
tanto dinheiro?
— Dê a ele o que quiser e mantenha vindo — disse o terno
amarrotado.
Entregou ao garçom mais uma nota de cem dólares, uma nota
americana de cem dólares, que o homem pegou, balançando a cabeça, e não
pediu para ver a falsa identificação quando August pediu uma cerveja simples.
Estava mais preocupado com a espessura da carteira do homem.
Seus olhos arregalaram quando viu a pilha de notas dentro.
Santa merda. Isso poderia ser o que precisava.
Quando o barman se afastou, August teve que dizer alguma coisa.
— Obrigado pela bebida.
— Não se preocupe com isso.
— Você sabe que não são notas pequenas que está entregando a ele,
certo? Está dando a esse cara uma nota de cem a cada vez.
— Eu sei. — O homem deu de ombros.
Ele sabia? Cristo, quanto era rico?
Talvez realmente tivesse muito dinheiro. August odiava agir assim,
mas precisava levar esse cara em algum lugar onde pudessem estar sozinhos.
— O que quer que esteja te incomodando, posso te ajudar a esquecê-
lo.
— Huh, você pode?
August tomou um longo gole da cerveja, precisando do álcool para
agir. Não gostava muito dessa parte, mas tinha ficado melhor em agir assim.
— Certo. Sou muito bom em ser um ombro para chorar, entre outras
coisas.
— Uh-huh, e vai fazer isso pela bondade do seu coração, não é?
— Não como você não possa pagar.
O homem ao lado dele riu sombriamente.
— Verdade.
August nunca teria sido tão aberto e ousado sobre o que estava
procurando. Às vezes, não dizia aos homens que havia um preço até depois
que chegasse ao quarto, embora não fosse muito frequente que iam a isso.
Havia algo sobre esse homem, no entanto, que o estava deixando à
vontade.
Ou talvez fosse apenas a música tocando no salão de bar mal
iluminado e o álcool também poderia estar subindo um pouco mais rápido do
que esperava. Quem sabia?
Meio que queria que o homem o olhasse. De lado, ele parecia muito
bom, e sua voz era agradável para ouvir, mas isso não era suficiente. August
queria ao menos ver seu rosto.
— Você tem certeza que quer estar comigo esta noite? — Perguntou o
homem. — Posso ser um pouco duro com você.
— Posso cuidar disso.
— Certamente que pode.
August franziu o cenho.
— Do que estamos falando? Não deixo que as pessoas me amarrem
no primeiro encontro.
Não iria arriscar estar com um psicopata, não importava o quanto
este homem o colava à vontade.
— Nada como isso. Só preciso de alguém agora.
— Estive com pessoas que precisavam de companhia. Dou conta
disso.
— Você nunca esteve com alguém como eu.
— Ok, e quem é você?
— Eu sou…
O homem finalmente olhou para August no rosto.
Seus olhos se encontraram, e jurou que era quase como se as
estrelas estivessem se alinhando, cantando. Algo em sua alma o chamava para
esse homem, e todo aquele anuncio da Disney de encontro de almas, destino
bateu naquele momento.
Encontrei você.
Não tinha ideia de onde isso vinha, e estava contente por não ter
falado em voz alta, mas era assim que se sentia. Ele sentiu em seus ossos que
era alguém que estava procurando. Só não sabia disso até agora.
O homem fedia a álcool, mas pelo menos agora August podia ter uma
visão clara de seu rosto.
Era bonito. Havia algo estranho no rosto dele que quase o fazia
parecer muito bonito. Era como se houvesse efeitos especiais do tipo dos
filmes, ou era capa de revista, August não conseguia explicá-lo, mas era quase
como se estivesse vendo uma mentira completa.
Não que se importava porque, naquele momento, a única coisa que
queria fazer era colocar as mãos sobre esse homem e tocá-lo.
Não, não apenas tocá-lo. Queria lambê-lo, montá-lo duro e rápido e
nunca deixá-lo ir.
Cavaleiro em armadura reluzente. Isso era o que estava pensando, e
não sabia por quê.
— Seu nome — disse o homem.
August piscou.
— Huh, desculpe o quê?
O homem estendeu as mãos que tremiam ao tocar as bochechas de
August.
— Diga-me seu nome, — ele falou. — Tenho que saber.
August normalmente não gostava quando as pessoas tocavam seu
rosto. Era muito pessoal para alguém que mal conhecia fazer isso com ele,
mas parecia certo. Era algo em que queria se inclinar e nunca escapar.
— Meu nome é August. August Martin.
— August. August, Agatha, August — disse o homem.
August franziu o cenho. Quem diabos era Agatha? A mulher que tinha
terminado com ele? O homem parecia estar testando o nome de August em
sua língua, como se estivesse vendo quão parecidos soavam juntos.
Ótimo. Provavelmente estava verificando para ver se poderia gemer o
nome desta mulher enquanto estava dentro dele.
August ficou chocado quando seu coração apertou, apenas pensando
nisso. Doeu tanto quando não deveria, mas saber que esse homem estava
apaixonado por outra pessoa e estaria usando seu corpo para esquecê-la por
alguns minutos não era nenhum dos negócios de August.
Quebrou o pensamento que tinha na cabeça sobre um cavaleiro de
armadura brilhante.
August endureceu seu coração. Estava ficando todo sorridente
quando deveria estar trabalhando. Seu irmão estava em apuros, e ter um
breve e fugaz pensamento sobre deixar esta existência de merda não estava
ajudando.
Se quisesse sair dessa situação, então teria de trabalhar para sair.
— Quer sair daqui? — Perguntou August, usando a voz mais sexy que
podia.
O homem assentiu com a cabeça, os olhos brilhantes e largos, como
se acabasse de encontrar a coisa que estava procurando para tornar seu dia
muito melhor.
O sexo normalmente iluminava o dia de um homem.
Pelo menos não colocou mais dinheiro no bar. O barman já tinha
obtido o suficiente. Era hora de que August começasse a trabalhar.
Embora tentasse não se sentir muito animado quando o homem
colocou seu braço possessivamente sobre seu ombro.

William não podia acreditar. Não podia acreditar nisso, e ao mesmo


tempo, não ousava abrir os olhos e descobrir que tudo era um sonho cruel.
Não era um sonho. Não poderia ser um sonho. Seu companheiro
estava aqui. Agatha tinha renascido, e voltou para ele!
William esperava que renascesse no corpo de um homem. Isso era o
que tinha acontecido com todos os outros.
Como se importasse. Seu companheiro estava aqui. William era tão
idiota. Estava tão bêbado, tanto que o som da voz de August, mesmo estando
sentado tão perto dele naquele bar, não tinha sido o suficiente para alertá-lo.
Will teve que olhá-lo na cara.
Entrou no bar só porque, bem, até agora ele era o único de seus
irmãos cujo companheiro morto ainda não tinha voltado. Começara a ficar
deprimido, preocupado que não acontecesse, que Agatha não tinha sido trazida
de volta à vida depois de ter sido morta naquele incêndio.
Não queria que nenhum de seus irmãos também soubesse, por isso
mudou de forma, desligou o telefone e foi para o bar.
Não tinha ideia de quanto tempo esteve sentado lá, mas estava
escuro agora. Estava bêbado e não estava bom para dirigir em qualquer lugar.
De alguma forma, conseguiu ficar um pouco firme em seus pés.
August o levou a um beco entre o bar e a lavanderia. Green Lake era
uma pequena cidade, mas tinha o essencial.
— O que você está fazendo? — Will perguntou.
August olhou para ele, aqueles grandes olhos castanhos piscando em
confusão.
— Precisamos de privacidade.
Oh não, seu companheiro não ia levar Will lá. Era isso que fazia para
viver? Isso ia parar agora.
Merda, desejou não estar tão bêbado.
— Não, vou arranjar um quarto para nós.
— Você precisa de um?
— Definitivamente. Preciso de um banho, uma cama e seu corpo.
Agora mesmo.
— Não vou ficar por muito tempo, então não tem que desperdiçar seu
dinheiro.
— Você definitivamente vai, — disse Will.
Havia um Holiday Inn para os caminhoneiros no final da rua. Era um
pequeno hotel. Campistas utilizavam quando não queriam fazer qualquer
acampamento, apenas a caminhada ao longo das trilhas na floresta, e era
perfeito.
Will segurou firmemente a mão de August. Não se atreveu a deixá-lo
ir, e embebeu todos os sentimentos maravilhosos de calor e pertencimento,
conseguiu isso apenas tocando a mão do outro homem.
Este era sua Aggy. Dele. Voltou para ele. Nunca mais deixaria August
fora de sua vista novamente.
Se não conseguisse uma ereção por causa de toda essa maldita
bebida que tinha bebido, começaria a chorar porque estava muito feliz por ter
seu companheiro de volta, definitivamente arruinaria a noite.
Ok, ele era um cavaleiro dos Deuses antigos. Não ia fazer isso.
Will puxou sua carteira novamente quando chegou a hora de pagar
pelo quarto. Pediu o melhor que tinham, o que não seria a coisa mais chique
do mundo, desde que este era apenas o Holiday Inn, mas seria bom o
suficiente para levar o seu companheiro.
Foi lhe dada a chave e perguntou se precisava que levasse a
bagagem para o quarto no último andar, que era apenas o terceiro andar.
Will não se incomodou com o elevador, que pareceu surpreender
August.
— Ei, você está bem? Você vai... ei!
Will não podia esperar. Aparentemente, não estava absolutamente
prestes a ter problemas de ereção porque seu pênis estava duro como aço
naquele momento e seu sangue bombeava quente e pesado através de suas
veias, a maioria deles empurrando para seu pênis quando agarrou August
pelos quadris e içou o homem sobre seu ombro.
Ele gritou enquanto Will subia as escadas de três em três. Pobre
rapaz. Estava provavelmente assustando-o, fazendo o pobre rapaz pensar que
estava prestes a ser deixado cair por uma pessoa bêbada, louca e forte.
O peito de August subia e caia pesadamente quando chegaram ao
último andar e Will o colocou no chão.
Os olhos escuros do homem eram cômicos. Era meio engraçado olhar
para ele.
— Você está bem? — Will perguntou com uma pequena risada.
— Não, eu não estou fodidamente bem! Você está bêbado como
merda, e poderia ter me deixado cair!
Will inclinou-se para dentro, agarrando rapidamente seu companheiro
pela parte de trás da cabeça, puxando-o para frente e forçando sua boca.
— Mmph!
As mãos de August chegaram imediatamente para empurrar contra o
peito de Will. Will não entendia por que, mas também não recuou.
Ele era companheiro de August. Por que o homem teria medo disso?
Por causa do que estava fazendo antes de se conhecerem?
O coração de Will quebrou um pouco por seu companheiro. Não
queria pensar na pessoa que amava mais do que qualquer um ou qualquer
coisa no mundo inteiro estava sofrendo.
Nunca mais.
Tenho você agora, bebê. Está seguro comigo. Eu prometo.
Parou de empurrar contra o peito de Will, como se sentisse as
intenções, sabendo que estava seguro, que não o machucaria.
As mãos de August deslizaram mais alto. Era quase uma cabeça mais
baixo do que Will, que gostou disso. Gostou ainda mais quando seu
companheiro colocou os braços em volta do seu pescoço e se segurou,
enquanto seus joelhos se curvavam.
A cabeça de Will estava zumbindo. Mal podia pensar. Seu corpo
estava vivo e em chamas da melhor maneira possível.
Não esteve vivendo. Por quase mil anos, Will tinha apenas existido.
Só podia sentir o quão morto tinha estado, agora que tinha seu companheiro
de volta.
E agora estava vivo novamente.
Deus, August até saboreava o mesmo. Claro que sim. Era a mesma
pessoa que tinha sido todos aqueles anos atrás.
A única diferença era que o sabor parecia mais forte. Will não tinha
experimentado isso em tão longo tempo, então agora que estava recebendo de
novo, era quase como a primeira vez que teve.
August chocou Will quando sua palma da mão de repente deslizou
para baixo, colocando-o entre as pernas, acariciando seu pau através das
calças, fazendo-o gemer, fazendo-o estremecer e quer seu companheiro mais
do que já fez.
Se não se movesse, iria foder seu companheiro bem aqui na escada.
Parecia uma boa ideia naquele momento, mas Will estava bêbado e
sujo. Queria fazer isso direito. Queria levar seu companheiro do jeito certo.
Sem mencionar, como homem, August precisaria de alguns
preparativos especiais que não precisaria em sua vida passada como mulher.
Nunca tinha feito sexo com um homem antes. Não gostava da ideia
que seu companheiro teve outros antes dele, mas nesse momento, realmente
não importava. Na verdade, era positivo porque, quando Will abrisse a porta e
o levasse para seu quarto, percebeu que ia ter que pedir a seu companheiro
para explicar como isso era feito.
Will estava indo para foder seu companheiro, mas estava indo para
fazê-lo corretamente.

Capítulo Dois

August não conseguia explicar a forma como esse homem o beijava,


mas absolutamente gostava.
Tinha tido outros homens beijando-o apaixonadamente antes,
geralmente quando queriam fingir que August era outra pessoa ou queriam
esquecer a merda que suas vidas eram por um curto período de tempo, mas
isso era diferente. Havia algo sobre a forma como tocava os lábios com August
que o fez se sentir quase especial.
Essas mãos, aquelas mãos grandes e fortes, e aqueles dedos
surpreendentes acariciando os cabelos de August, apertando fortemente,
segurando a cabeça para trás, enquanto era beijado mais apaixonadamente do
que jamais tinha sido beijado em toda a sua vida.
Seu corpo estava quente, tão insuportavelmente quente, enquanto
estava sendo pressionado contra a parede, o peito deste homem apertando
contra o de August.
Seu nome era William. Normalmente não gostava de saber seus
nomes, e não tinha intenção de saber o de William, mas o homem tinha sido
forçado a informar enquanto alugava o quarto, então agora sabia disso.
Desejou não saber. Só ia tornar as coisas mais difíceis quando fosse
forçado a sair depois que tudo terminasse.
Oh bem, pelo menos estava com alguém que o beijava bem. August
gemeu enquanto a língua de William deslizava em sua boca. Sugou como se
precisasse fazê-lo para respirar. Queria mais. Mesmo que o calor do corpo do
homem era insuportável, e cheirava a álcool, Precisava disso para sobreviver.
Não podia ir mais um minuto sem ter esse homem dentro dele.
Nunca estivera tão ansioso para fazer sexo com um cliente antes.
Sempre fingiu que os queria, porque tinha que fazê-lo, porque sua vida, e a
vida de seu irmão, dependia disso.
Deus, isso era muito diferente. Sentia como se fosse desmaiar se não
conseguisse o que seu corpo já queria tão desesperadamente.
Desta vez, a mão de William foi para baixo, segurando August entre
as pernas, suavemente agarrando e acariciando seu pênis. August gemeu. Já
estava duro, pulsando pelo contato. Se tivesse sido pele com pele, tinha
certeza de que teria gozado. Não teria como se segurar, e também não queria.
Isso era tão bom. Era tudo o que sempre quis e muito mais.
Estava seguro. Estava em casa.
August piscou os olhos abertos e empurrou para trás. Casa? Teria ele
realmente pensado nisso?
— O que há de errado? — A voz de Will era baixa e sexy como o
inferno. Foi o suficiente para puxar August de volta para o humor.
Ele balançou sua cabeça.
— Nada está errado. Desculpa. A cama está muito bom agora.
Este era um dos quartos mais confortáveis que August tinha estado.
Alguns homens o levaram para motéis ou seus carros, ou mesmo um beco
escuro.
Não era a coisa mais bonita do mundo, mas estava limpo, o quarto
era grande, e porque William tinha encomendado o melhor quarto no prédio,
havia até mesmo um quarto separado com sofás e uma televisão.
— Banho primeiro — disse William. Pegando August pelas mãos,
puxou-o para o banheiro.
August poderia precisar de um banho. Não teve um, desde antes de
ontem, e se limpar para ter o melhor sexo incrível parecia o melhor plano
possível do mundo.
Seguiu William com facilidade. Não precisava ser conduzido ou ter a
mão segurada, mesmo que gostasse disso.
William podia andar onde quer que quisesse, e August sentia como se
pudesse seguir o homem onde quer que fosse, como se fosse um cão sendo
conduzido pela coleira.
O banheiro era grande. August ficou chocado com o quão grande era.
Havia uma banheira que quase parecia mais como uma Jacuzzi, e era mais do
que suficientemente grande para ambos.
O chuveiro era elegante, com azulejos de pedra e portas de vidro.
August não sabia qual deles queria mais, a banheira ou o surpreendente
chuveiro, que provavelmente tinha uma excelente pressão de água.
Um banho onde William o dobraria contra a parede e o foderia por
trás, enquanto August gemeria e mal se agarraria.
Depois, havia a banheira. Uma banheira onde poderia montar William
enquanto a água borbulhava em volta deles. Poderia jogar a cabeça para trás e
realmente se divertir.
Deus, as duas opções soavam incríveis. August mal sabia qual queria
mais.
William já parecia saber o que queria quando tirou seu casaco.
Atirou-o para o balcão de mármore, a gravata seguindo, antes de desabotoar a
camisa branca.
Quando se virou e olhou diretamente para August, ele engoliu em
seco.
Ele estava vestindo apenas uma simples jaqueta de couro, uma tão
velha e rachada em lugares que era basicamente inútil. Tirou-a, seu rosto ficou
vermelho quando sua camiseta da Rock e Morty foi em seguida. Depois, havia
seu jeans com buracos nos joelhos, e não eram assim porque os tinha
comprado desse jeito.
Quando finalmente estava nu, suas roupas ficaram caídas no chão ou
no balcão do banheiro com as de William, August se viu aconchegando
facilmente nos braços do outro homem.
Suspirou quando William colocou os braços em volta dos ombros.
Desejava poder ficar aqui para sempre. Isso era algo que nunca
conseguiria ter, mas por enquanto, estava bem.
— Seu corpo está todo trêmulo. — Perguntou William, parecendo
mais divertido do que qualquer outra coisa.
August sorriu.
— Você não parece um vampiro brilhante ou qualquer coisa, mas
posso dizer que é diferente. Você quase parece muito bonito para ser real.
William limpou a garganta. O elogio o deixou nervoso? Por que teria
alguma razão no mundo para ficar nervoso? Ele era incrível para se olhar.
August sentiu ciúmes dele. Desejou poder ficar com ele para sempre.
William levou-o para o chuveiro. August não ousou tirar os olhos do
outro homem por um segundo. Estava paralisado e excitado além de toda
razão.
William ligou a água, mas se assegurou de se colocar entre o spray
frio e o corpo de August antes de fazê-lo, como se quisesse proteger August do
primeiro spray inicial de água fria.
Foi incrível e tão maravilhoso. Tinha que ser outra coisa que o fez
fazer isso, mas estava mais do que feliz naquele momento para se deixar
acreditar que William tinha feito isso por sua causa.
Ele se inclinou sobre os dedos dos pés, curvando os braços ao redor
do pescoço de William mais uma vez, beijando o homem enquanto a
temperatura da água esquentava ao redor dele.
Não haveria muito a dizer agora. August estava aqui. Queria isso.
Não, precisava dele, então estava indo para obtê-lo.
Abriu a boca, persuadindo William a empurrar a língua para frente
novamente.
Queria isso. Choramingou impotente sem ele, e depois gemeu quando
conseguiu.
August sugou a língua de William, amando-a, adorando-a, e então
saltou e empurrou seus quadris para frente quando as mãos fortes de William
se esticaram, pegando as bochechas da bunda de August em cada uma de
suas grandes palmas e apertou-as com força.
A ereção de August pareceu pressionar mais contra a coxa e o pênis
do outro homem enquanto seus pelos pubianos ásperos tocavam sua, o
fazendo se sentir como se estivesse pegando fogo.
August teve que interromper o beijo. Estava demasiado quente.
Estava ficando muito difícil para respirar, e precisava ser capaz de respirar.
Ofegou para respirar, segurando firmemente os ombros de William.
Se não o fizesse, iria desmoronar e não haveria nada que pudesse fazer a
respeito.
— Bem assim, — disse William, quase arrulhando as palavras, suas
mãos fortes ainda massageando o traseiro de August. — Isto é meu, você é
meu. Senti tanto a sua falta.
August teve que tinha escutado direito essa última parte.
A menos que não tivesse, e William não estava realmente falando
com ele, mas com a pessoa que estava tentando esquecer.
A garganta de August fechou. Certo. Este era um trabalho, e era um
substituto para a pessoa que William realmente queria. Ele parecia a mulher,
ou o homem, que William estava tentando esquecer? Ou não era isso e William
estava apenas fingindo aqui?
August não esperava que os olhos dele queimassem como faziam.
Tentou ignorar isso. Não importava, e não iria estar aqui depois de uma hora
de qualquer maneira.
William virou o queixo de August, forçando seus lábios novamente.
August gemeu, inclinando-se para frente, precisando, precisando esquecer que
não era nada para este homem.
Seu coração doía.
Seu corpo estava pegando fogo, no entanto.
Mais. Ele precisava de mais. Não importava se ambos estavam
usando um ao outro neste momento. August tinha que experimentar isso. Seu
corpo ansiava por ele como se nunca tivesse desejado nada em toda a sua
vida.
William de repente gemeu, seu pênis se inclinando para frente,
fodendo contra o estômago e a coxa de William. Ele era como um animal,
poderoso e com fome, luxurioso e intoxicante.
August foi capaz de esquecer seu próprio desgosto e concentrar-se no
prazer, na coisa pela qual estava realmente aqui, quando William de repente se
afastou ofegante.
— Merda, oh Deus, preciso diminuir a velocidade.
August sacudiu a cabeça.
— Não, você não. Não diminua a velocidade.
— Preciso — disse William, sorrindo, como se fosse suposto ser
divertido que estivesse prolongando seu sofrimento aqui.
August rosnou para o homem. Não acreditava que tivesse rosnado
para alguém em toda a sua vida.
— Espero que tenha uma boa razão para isso.
William sorriu, mostrando seus dentes perfeitamente retos e brancos.
— Eu faço. Essa é minha primeira vez.
August ficou boquiaberto, o mundo inteiro parou. O único som era o
barulho da água correndo ao redor dele.
— Você... não, você não é. Isso é besteira.
— Sou, — William respondeu, piscando estupidamente para ele, como
se não entendesse por que August definitivamente não acreditava.
August olhou para o homem.
— Você nunca vai me fazer acreditar que você é virgem. A menos
que…
— Você está dizendo que nunca fez isso com um homem antes.
— Certo — disse William. — Tive sexo anal antes com uma mulher,
mas acho que isso vai ser diferente. Isso é natural. Preciso que me avise se te
machucar ou se é muito, entendeu?
Acenou com a cabeça, embora pensasse que o outro homem poderia
estar um pouco louco. Se ele já tinha feito sexo com uma mulher assim, então
sabia muito bem o que fazer.
Parecia quase como se estivesse tentando tomar um pouco de
cuidado extra com o corpo de August. Isso era lisonjeiro, e ele quase não podia
acreditar que estava acontecendo.
Esse homem se importava bastante com alguém que ele não
conhecia, alguém que provavelmente não valia a pena, para cuidar durante o
sexo, para pedir a August para dizer a ele o que gostava e não gostava.
Ninguém nunca tinha feito isso antes.
Os olhos de August queimaram novamente. Agiu rapidamente antes
de William notar, estendendo a mão, agarrando o cabelo do homem em seus
punhos, e arrastando-o para baixo para um beijo duro e esmagador.
Era bom fazer os olhos de William arregalarem, quando August enfiou
a língua na boca do homem mais alto, saboreando o mesmo sentido de lar e
familiaridade. Não parou de beijar o homem até ter certeza de que não parecia
estar chorando no chuveiro. Foi só então que recuou para olhar William nos
olhos.
Havia luxúria lá. Estava tão claro como o dia, mas havia algo mais
dentro desses olhos que fez August parar e realmente olhar para o outro
homem.
Não, tinha que estar errado. Aquele era um erro porque não havia
nenhuma maneira no inferno que um estranho iria importar-se com ele, olhá-
lo-ia como se...
Recusou-se tanto a pensar na palavra A.
Estendeu a mão e agarrou na primeira coisa que poderia encontrar,
que acabou por ser uma daquelas pequenas garrafas de condicionador do
hotel.
— Use isso, estique-me, seja generoso, siga seu instinto.
Isso era um conselho tão bom quanto August poderia dar. Esperava
que fosse um bom conselho.
Deve ter sido a forma como a luz entrou através das portas de vidro
do chuveiro, porque, naquele momento, August pensava que tinha acabado de
ver os olhos de William brilharem.
Então não viu nada além do azulejo preto da parede do chuveiro,
quando de repente se virou e forçou a encará-lo.
— Espalhe seus joelhos, — disse William, mesmo quando afastou os
pés de August.
August estava mais do que ansioso para fazer isso. Finalmente eles
estavam começando as coisas boas.
Ele gemeu suavemente, quase gritando quando finalmente sentiu
aqueles dedos grossos empurrarem contra sua bunda.
— Deus, você é tão bonito, — disse William. Ele pressionou seu rosto
para o ombro de August por trás. — Aggy.
Pelo menos não o chamou de Agatha, mas era esse o apelido dela?
August mordiscou a onda de dor que inchou em seu peito e garganta.
Empurrou isso para o lado.
Não importava. Não ia se importar.
August concentrou-se apenas no prazer enquanto William empurrava
os dedos para frente e para trás contra seu ânus, suavemente as pontas de
seus dedos lisos passavam pelo músculo antes de puxar para trás, sempre
antes que pudesse ter qualquer profundidade real.
August gemeu, retrocedendo contra aqueles dedos, mas cada vez que
parecia que estava prestes a conseguir mais, prestes a conseguir o que tão
desesperadamente precisava, William sempre se afastava.
O homem estava brincando com ele, provocando-o, fazendo-o gemer
e tremer de maneiras que nunca pensou que iria acabar fazendo.
Era assim que era estar com alguém que tomava seu tempo? Alguém
que realmente se importava com seu prazer? August às vezes sentia prazer
com um dos homens ou mulheres com quem estava, mas nunca o levaram ao
limite. Sempre foi sobre eles, porque August não era ninguém para eles.
Isso era diferente. Era quase como se William estivesse fazendo o seu
melhor para ter certeza de que August gozasse. Para ter certeza que ele tinha
prazer nisso.
August foi com ele. Não estava prestes a questionar isso, e queria
gozar. Só de estar com William uma única vez teria sido suficiente, mas agora
que a chance de ter seu próprio prazer estava à vista, Deus, ele queria tanto.
Ao mesmo tempo, não se importaria de gozar, ao invés de ser
provocado assim.
— Maldição, Will, um homem de noventa anos poderia fazer melhor
do que isso. Você poderia parar de brincar e me foder já?
Ele nunca fazia exigências aos clientes assim. Se Bobby descobrisse
alguma coisa, socaria alguns dos dentes de August.
Mas não podia evitar, e os dentes de William fizeram aquela coisa
brilhante outra vez. Era super sexy, fazia-o ficar mais excitado, com essa coisa
brilhante.
Não podia deixar de olhar para o homem, e quando William o beijou
de novo, os lábios quentes apertando contra seus lábios, ele empurrou a
cabeça grossa de seu pênis contra seu ânus esticado, August abriu a boca e
gemeu.
William aproveitou, para deslizar a língua para dentro enquanto
deslizava seu pênis para o corpo de August.
Foi bom. August choramingou impotente, sentindo completamente
envolvido nos braços do homem mais forte, mas amou isto. Não achava que
iria gostar de sentir-se pequeno e dominado, mas nesse caso, era perfeito. Era
exatamente o que queria, o que precisava, e empurrou seu traseiro para mais.
William o esticou com seu pênis, tocando todas as paredes internas
que poderiam ser tocadas, acendendo o fogo de August de dentro para fora, e
queria mais. Queria mais desse sentimento de segurança e casa, mas não
podia pedir mais porque, mesmo que William parasse de beijá-lo, o cérebro de
August estava tão frito que não havia nada que pudesse fazer, não saberia
como dizer as palavras que queria.
Estava montando esta onda. Estava deixando isso acontecer porque
tinha precisamente controle zero nisso, e estava tudo bem para ele. Não
precisava de mais controle. Isso era exatamente o que estava querendo, o que
estava precisando.
Estava apaixonado por esse homem. Era tão estúpido, e tinha que ter
sido injetado em algo para sequer pensar em algo tão ridículo como isso, mas
era a verdade. Estava apaixonado por um cara que acabara de conhecer, e
cada vez que ouvia William chamar alguém chamado Aggy, sentia dor no
coração.
Não importava. O mundo era cruel, e ninguém se importava com
mais ninguém. Só porque August se preocupava com as pessoas não
significava que eles sempre fariam bem a ele, ou até mesmo devolver seus
sentimentos.
August só estava aqui por causa de seu irmão, então durante os
próximos dois minutos, ia fingir que esse homem realmente estava apaixonado
por ele, que este era o fim de um encontro fabuloso, que eles se
aconchegariam a noite e tudo entre eles seria perfeitamente perfeito.
Depois voltaria ao mundo real.

Capítulo Três

William gemeu enquanto seu companheiro sugava sua língua, através


do prazer de empurrar seu pênis dentro de seu corpo incrível.
William sentiu quando seu companheiro relaxou contra ele, seu corpo
se abrindo, permitindo que deslizasse o resto do caminho até que estivesse
profundamente e não pudesse ir mais longe.
Era uma sensação tão boa que William estava quase gozando. A
pressa, a doçura, a felicidade, era algo que honestamente pensava que nunca
iria experimentar novamente em toda a sua vida.
Agora estava aqui. O corpo de Agatha sentia-se diferente, mas ainda
assim era seu companheiro. O sabor da pele de August, a suavidade. Embora
sua Aggy estivesse agora no corpo de um homem, William notou mesmo que
os sons de seus gritos mais suaves eram quase os mesmos.
Gostava de notar essas diferenças bonitinhas em seu companheiro,
da mesma forma que amava fodê-lo.
— Aggy, Aggy, — William gemeu. Ele enrolou os braços ao redor da
cintura de August, pressionando seus olhos para a parte de trás da cabeça do
homem menor. Era tudo o que podia fazer para evitar que gozasse. August
estava liso do condicionador que usara, e sentia-se tão bem deslizando seu
pênis de um lado para outro.
William nem sequer estava se movendo tão rápido. Tomou seu
tempo, querendo ter certeza de que não acabaria machucando seu
companheiro.
Poderia fazer rápido e furioso em mais alguns minutos. Esta era a
primeira vez que levava seu companheiro... bem, literalmente séculos. Agora
não era o momento para ser áspero. William era sensual enquanto empurrava
seu pênis de um lado para o outro, saboreando a sensação de seu
companheiro apertando seu ânus em torno do eixo de William.
— Tão bom. Foda-se, eu senti tanto a sua falta. — William apertou
um beijo no pescoço de August e depois o lambeu porque tinha que fazê-lo.
Ele não podia se transformar em um animal do jeito que o resto de
seus irmãos poderia. Só podia mudar sua forma física real em outra pessoa,
mas naquele momento, William se sentiu como um animal. Seu lado mais
selvagem, o lado que queria apostar uma reivindicação, estava começando a
aparecer. O prazer de William crescia, em seu pênis e em seus testículos.
Inchava dentro dele, logo abaixo de sua barriga, enquanto empurrava para
frente e para trás, para frente e para trás, uma e outra vez. William arquejou
uma respiração, lutando por qualquer tipo de controle, mas estava perdendo.
Estava indo gozar, apesar de todos os seus melhores esforços, e instinto
exigiam que fizesse, e gozasse duro e rápido.
— É melhor você estar pronto para isso — advertiu William.
Se estava indo para ter um orgasmo seu companheiro teria que gozar
junto com ele. Alcançou a frente de August, encontrando o pênis duro do
homem e levando-o na mão. William empurrou seus quadris com força,
fodendo o outro homem como se fosse a última vez que iam fazer algo assim,
como se estivesse olhando para ser o melhor orgasmo de sua vida, e fez
questão de manter o ritmo de sua mão no mesmo ritmo de seus quadris.
August gemeu, jogando a cabeça para trás e quase acertando William
no queixo. Foi maravilhoso, vendo seu companheiro ir selvagem assim e
sabendo que tinha sido o único a fazê-lo. William não sabia exatamente o que
estava fazendo aqui, então foi um bom golpe para seu ego.
— Vos amo. Aggy, eu te amo, — ele gemeu, beijando e chupando o
lado da garganta de August até que estava certo de que iria deixar
hematomas.
Não, ele os deixaria. Iria marcar o seu companheiro em todo o seu
corpo se precisasse, porque August, de agora em diante, pertencia apenas a
ele.
Nunca deixarei você sair da minha vista novamente.
August gemeu, empurrando as mãos para cima da parede molhada,
como se estivesse procurando por algo para se segurar, algo para dar-lhe a
pressão para que pudesse empurrar de volta contra o pau de William.
Will tomou seu companheiro pelos pulsos, puxando-os para cima,
esticando-o, e gemendo com a visão encantadora que isso fez.
August gritou, mas também empurrou para trás contra o pênis de
William, seu corpo arqueando, como se estivesse quase lá, como se estivesse
tão perto da borda que pudesse provar.
William sabia disso porque também estava lá. Não só isso, o sentia da
maneira como seu companheiro engasgava, ofegava e tremia.
— Você está se contendo — acusou William, embora pensasse que
era algo genial. — Não faça isso. Você quer gozar, deve fazê-lo. — William se
inclinou, mordendo suavemente a ponta sensível da orelha de seu
companheiro, apreciando a forma como gemeu e estremeceu. — Faça. Quero
sentir sua bunda apertando em torno do meu pau.
— Oh, Deus — gemeu August, como se estivesse sendo torturado
tanto quanto estava sendo satisfeito.
— Você precisa de um pouco de ajuda? — William segurou os dois
pulsos de August em uma mão, trazendo sua outra mão de volta para baixo
para onde devidamente pertencia, no pau de August.
August gemeu tão docemente, bufando e ofegante enquanto William
o acariciava. William nunca teve uma preferência para o pau de um homem
antes, mas agora que seu companheiro era um homem, sabia que era assim
que gostava melhor.
— Não se segure, apenas faça, — William disse calorosamente ao
ouvido de August. Colocou a boca de volta no lado da garganta de August,
retornando à sua missão anterior de colocar pelo menos um chupão na pele de
seu companheiro.
August gemeu, lutando para puxar as mãos livres do aperto de
William, mas Will não permitiria. Não estava deixando-o fazer uma coisa
maldita, não até que atingisse seu orgasmo.
Felizmente, parecia que não precisava esperar muito mais tempo.
— Estou... estou gozando. Oh Deus, eu não vou... não posso... —
August gritou, seu ânus apertando dolorosamente, tão docemente em torno do
pênis de William.
William gemeu, cheirando a pressa do orgasmo de August no ar,
sentindo o calor do sêmen de August em seus dedos e aquela sensação de
aperto. Deus, era tão bom. William teve que apertar os olhos fechados em
torno do desejo de se deixar ir, para ir primal. Seu corpo quase mudou de volta
em sua forma original, mas lutou contra isso. Não queria assustar seu
companheiro ainda por deixá-lo saber que ele poderia mudar em outras
pessoas.
Quando Will descobriu que podia se mover novamente sem muito
desconforto, o fez. Soltou absolutamente tudo o que estava segurando antes
de August gozar. William estava tão desesperado para dar ao seu companheiro
a chance de gozar em primeiro lugar que quase morreu de bolas azuis.
Agora estava vivo novamente. Estava em chamas, e era uma corrida
até o fim agora que tinha dado ao seu companheiro a chance de gozar
primeiro.
O cheiro de seu orgasmo, o sabor da pele de August sob a água e o
som de seus gemidos suaves de prazer enquanto William o ordenhava tudo o
que tinha dentro dele.
A corrida bateu nele, e bateu duro. O súbito inchaço de prazer
explodiu dentro dele, e correu para fora como um lançamento de foguete.
William grunhiu, empurrando seus quadris quando entrou
profundamente dentro de seu companheiro pela primeira vez em séculos,
desde antes que o fogo o tivesse tirado dele.
Segurou o homem, deixando que o prazer o reivindicasse, apertasse
ao redor dele, e depois o soltasse, permitindo que Will se agarrasse a August
enquanto ofegava através das réplicas de seu prazer.
William não podia parar de beijar seu companheiro depois disso. Em
todos os lugares em que pudesse alcançar, ele beijava, mostrando a esse
homem todo o carinho que podia lhe dar, todo o amor que estava ali para
tomar.
Beijou sua garganta, seus ombros, sua mandíbula, e então, virando a
cabeça de August para o lado, capturou sua boca.
A melhor parte foi quando August fechou os olhos. Um sinal seguro
de quando alguém estava no beijo era quando fechava os olhos.
William fez o mesmo, e deixou-se cair no fato de que ele ainda tinha
que despertar a partir disto.
Continuou pensando que isso era realidade, que não era um sonho,
mas cada vez mais parecia que realmente não estava prestes a despertar do
mais belo sonho que já teve em sua vida, estava disposto a realmente
acreditar que isso estava acontecendo.
Poderia morrer agora e ser o homem mais feliz na face da terra.
Levou a William alguns segundos antes de perceber que seu
companheiro estava tremendo, ofegante, de alguma forma conseguindo ficar
de pé, mas definitivamente estava tremendo.
— Deus, isso foi incrível, — ele disse com um suspiro, pressionando
sua testa contra o azulejo.
William riu, beijando a nuca de August.
— Você foi incrível. — William abraçou seu companheiro firmemente.
— Maldição, não posso acreditar que te encontrei.
Ele podia ou não estar confundido seu companheiro com todas as
coisas que estava dizendo, mas naquele momento, realmente não importava. A
única coisa que importava era isto, os dois, aqui e agora.
William lutou contra o inchaço súbito em sua garganta e a queimação
em seus olhos.
Não ia chorar por isso. Lágrimas felizes ou não, este era seu
companheiro bem aqui, e ia provar a ele que era capaz de protegê-lo, apesar
da maneira que William tinha falhado tão espetacularmente todos aqueles anos
atrás.
Nunca mais ia fracassar. Inferno, no momento, nem sequer queria
sair do corpo de August.
Sorriu enquanto abraçava e acariciava seu companheiro. Nunca teria
pensado que seria tão confortável segurando e abraçando outro homem assim.
Não era apenas qualquer homem, no entanto. Este era seu
companheiro, milagrosamente trazido de volta à vida, e era um presente que
William nunca iria desperdiçar.
August subitamente deu de ombros, pegando a atenção de William
naquele momento.
— Uh, William?
— Mmm?
— Você acha que talvez possa, você sabe, puxar agora?
Provavelmente devo me limpar um pouco, sabe?
William abraçou seu companheiro um pouco mais apertado.
— Não — gemeu contra o ombro de August. — Parado.
August riu um pouco depois disso.
— Bem, sabe, você não pode me segurar assim para sempre.
— Claro que posso, — William disse, sorrindo novamente na pele
macia do homem. — Além disso, o que te faz pensar que eu terminei com
você?
Ele deu um impulso suave, testando para frente.
William estava apenas semiereto naquele ponto, embora seu pau
ainda estivesse interessado, ainda ansioso.
William ainda era um cavaleiro imortal. Claro que ia ter excelente
resistência. Simplesmente adorava que finalmente fosse capaz de compartilhá-
lo com seu companheiro depois de todo esse tempo.
August gemeu suavemente, em seguida, estremeceu quando William
segurou seu pau no lugar, meio duro, mas ainda provocando a próstata do
homem.
— Deus, você está brincando? — perguntou August, ofegante. — O
que você é? Sr. Universo?
William bufou. Não tinha certeza de onde seu companheiro teria
obtido essa referência. William era alto, e tinha músculos, mas ele não estava
todo musculoso do jeito que esses caras eram, e esteroides não faziam algo
para o desejo sexual?
Mais uma vez usou seus dentes para brincar com a orelha de August,
gostando da maneira como seu companheiro respondia a ele sempre que fazia
isso.
— Não exatamente. Sou melhor do que isso, e você e eu temos toda
a noite para aprender sobre o outro.

Quando August acordou do que devia ser a melhor noite de sono que
tinha tido em muito tempo, sentia-se como se tivesse acabado de ficar
acordado depois de dormir em uma nuvem.
Uma nuvem que por acaso tinha um homem sexy, muito nu nela.
August não queria se mover. Ainda estava escuro. Ele se virou para o
lado, seus olhos inchados de sono. Eram cinco e meia da manhã. O sol
nasceria em menos de uma hora, e August tinha que ir.
O pensamento o deixou doente. Ele se acomodou de volta no peito de
William. Parecia que, depois de ficar cansado demais para ficar acordado
durante o resto da noite, acabara por cair sobre o outro homem em algum
momento, adormecendo.
Não só o colchão e os lençóis sob ele eram super confortáveis, mas
dormir com um belo homem que era bom na cama, era luxuoso, também.
Não queria se mover. Realmente não queria ter que sair.
Mas tinha.
August ficou imóvel por mais um minuto. Só queria fingir por um
pouco mais de tempo que aqui era onde deveria estar. Queria fingir que ele era
realmente seu amante e que ele e William iriam sair e ter um felizes para
sempre ou algo assim.
Fazerem suas refeições juntos, sair em encontros e, de vez em
quando, levar o irmão de August, Nathan, também para jantar.
William tinha irmãos ou irmãs? Ele tinha os dois?
Algo sobre ele fez com que tivesse certeza de ter alguns irmãos. Não
conseguia explicar por que, mas era verdade.
Também era verdade que já estava atrasado. Nem deveria estar aqui
agora. Bobby esperava que voltasse com o dinheiro que tinha coletado de seus
trabalhos.
August sentou na cama. Olhou para o homem que dormia no colchão.
Esfregou seu peito, apenas sobre seu coração. Não funcionou para
aliviar a dor. Tinha que ir. Tinha que deixar este lugar e a fantasia que se
deixara sentir na noite anterior.
Era falso. Não era real, e precisava voltar para o mundo real.
O mundo real era cruel.
August saiu da cama, deslizando lentamente seus pés para o tapete
debaixo dele, tentando tudo o que podia para ser devagar e silencioso. Não
queria ter que acordar William. Não porque estivesse preocupado que o outro
homem pudesse machucá-lo, mas mais ou menos porque estava assustado
que iria implorar para William para deixá-lo ficar, para deixar August segui-lo
para casa e viver com ele como um cão perdido à procura de um mestre.
Merda. August parou enquanto colocava sua camiseta, e então
deslizou a coisa sobre sua cabeça, imaginando o que diabos deveria fazer
agora.
Ele e William não tinham discutido um preço. William tinha que saber
o que August era, e mesmo assim o trouxe aqui de qualquer maneira, teve
relações sexuais com ele de uma maneira tão doce e terna que quase poderia
ser como fazer amor.
Talvez William fosse apenas super-baunilha, mas de qualquer forma,
não era um homem estúpido. Sabia o que August fazia para viver.
Então esperaria que pagasse como era devido... não é?
August pegou o casaco, sentou-se na beira da cama, e ficou imóvel
por um momento.
Pegar a carteira de outra pessoa parecia um movimento de um
ladrão, mesmo se lhe devia o dinheiro. Queria que a noite passada tivesse sido
sobre uma conexão que eles compartilharam, uma chance de algo mais.
Mas seu irmão precisava desse dinheiro, e quanto mais pensava
sobre isso, mais se lembrava de como estava com fome. Estava morrendo de
fome, e não tinha dinheiro para comer nada.
Apertou os punhos, tomando uma decisão, sabendo que isso
significaria que nunca mais voltaria a ver William, e se o fizesse, então não
seria bom, isso era certo.
Encontrou facilmente a carteira de William. Estava na calça do
homem no banheiro. Tinha estado sob a jaqueta de August.
Respirou fundo, enviou uma silenciosa desculpa ao homem que ainda
dormia e abriu-a.
Não podia acreditar quanto dinheiro estava lá dentro. Apenas lá,
dinheiro.
Tinha que ser alguns milhares de dólares. Alguns eram americanos,
mas a maior parte era canadense.
Ele ficaria mais irritado se August tomasse as notas americanas? Ou a
mesma quantidade de raiva se August apenas pegasse as notas canadenses?
Não queria empurrar sua sorte. August contou mil dólares em notas
canadenses, esperando que William o perdoasse por isso.
Realmente não estava roubando, e isso tinha sido sua taxa quando
tinha começado. Essa taxa tinha diminuído significativamente ao longo dos
meses, mas August gostava de pensar que era o que valia a pena. Além disso,
ele e Will tiveram um monte de sexo, então parecia uma quantidade adequada.
Guardaria uma de vinte para si mesmo para que pudesse comprar um
sanduíche e uma bebida, depois daria o resto a Bobby e esperaria que fosse
suficiente.
August colocou a carteira de volta. Olhando aquelas notas lá o fez
tentado a pegar tudo dentro dessa carteira.
Não gostava que tivesse tido a tentação. Era errado. Ele se sentiu
sujo, e um pouco irritado que tinha caído tão baixo para começar.
Tinha que escrever uma nota para William. Devia tanto ao homem.
William tinha estado chamando por alguém na noite passada,
quebrando ocasionalmente o humor que August havia criado em sua cabeça,
mas ao mesmo tempo, ainda era um amante atencioso, o mais gentil, o
melhor que tinha tido.
Não sabia que era possível ter um orgasmo quando alguém o
penetrasse sem que August precisasse se tocar. Às vezes não conseguia um
orgasmo, mesmo quando o fazia. Era assim que poucas pessoas podiam ser
indiferentes.
Se não parasse de pensar nisso, iria ficar de mau humor durante o
dia, e hoje era um dos poucos dias em que acordou sentindo-se bem com o
mundo.
Deixou a nota na mesa de cabeceira com o nome de William nela. Ele
deu um último olhar de despedida para o homem adormecido na cama e
suspirou enquanto se dirigia para a porta.
Talvez em uma vida passada, isso poderia ter sido capaz de
acontecer, mas não agora. Ninguém queria um parceiro com tanta bagagem
quanto August tinha, e realmente, o que William poderia fazer sobre isso de
qualquer maneira? August estava preso a fazer isso até que as dívidas de seu
irmão fossem pagas e, no mundo real, precisava encontrar uma maneira de
salvar a si mesmo e seu irmão, e não trazer alguém que não sabia nada sobre
as pessoas horríveis que August se encontrava envolvido.
Tentou não pensar muito sobre William quando chegou aos
elevadores. Teve que esfregar os olhos apenas um pouco quando as portas se
fecharam.

Capítulo Quatro

William piscou os olhos abertos quando ouviu um clique suave em


algum lugar.
Ele se levantou na cama.
Normalmente tinha o sono leve, mas por alguma razão, dormira até
que algo o assustasse. Olhou para o seu lado. Seu companheiro não estava lá.
O coração de Will congelou. Estendeu as mãos para fora, colocando-
as naquele local onde tinha certeza de que August estava dormindo. Em algum
ponto da noite, antes de William ter adormecido, August tinha se enrolado em
seu peito, como um gatinho que estava tentando absorver o calor.
Certamente não estava lá agora, mas quando William tocou os
lençóis, ainda estavam quentes.
Prova de que houve outra presença no quarto. Prova de que William
não tinha apenas imaginado a coisa toda.
Levantou na cama. O clique era provavelmente da porta do banheiro.
Seu companheiro estaria de volta a qualquer segundo, e então William poderia
se enrolar nele novamente.
Ele queria se aconchegar, pois estava cansado. Mesmo um cavaleiro
imortal poderia ficar cansado de vez em quando, e depois de todo o sexo
incrível que tinha tido na noite passada, e a falta de sono, William precisava
disso.
Preferiria se tivesse seu companheiro na cama com ele.
Quando August não voltou do banheiro depois de dez minutos,
William se esticou, saindo da cama.
Franziu a testa quando se aproximou da porta do banheiro e
encontrou-a já aberta e August não estava dentro.
O pânico congelou seu sangue.
Ainda não havia motivo para entrar em pânico. Se August tivesse
saído do quarto do hotel, então o faria por vontade própria. Poderia ter ido
para a máquina de bebidas ou a máquina de gelo, qualquer coisa realmente.
Talvez o restaurante estivesse aberto e ele foi pegar algo para comer. William
tinha trabalhado muito com ele ontem à noite.
Só que algo estava errado. Não tinha certeza do que era, mas estava
errado.
Não teria sido Keaton. O irmão assassino de William, o idiota
responsável por matar August, em primeiro lugar, todos aqueles anos atrás
naquele incêndio terrível, estava causando problemas para William e para o
resto de seus irmãos, ultimamente.
Ele tinha raptado o companheiro de Alistair, atacado sua casa com
suas bruxas escuras várias vezes, e quase enfeitiçado Yuki para machucar
severamente seu próprio companheiro.
Disse a si mesmo repetidas vezes que isso não poderia ser Keaton.
Se Keaton soubesse que William tinha dormido profundamente aqui com seu
companheiro, teria atacado os dois.
Olhou ao redor dos quartos. Obviamente August tinha se vestido
antes de sair, mas era o fato de que sua jaqueta se fora que o preocupava
mais.
Encontrou uma nota com seu nome na mesa de cabeceira. Agarrou-a,
abrindo e começou a ler.
— Que merda é essa?
Bateu a nota de volta para a mesa de cabeceira, rachando a madeira.
William pegou suas roupas e saiu do quarto. Era hora de partir.
Estava indo para obter o seu companheiro de volta.

August não gostou disso. Odiava encontrar-se com Bobby, e tinha que
ignorar a chance de conseguir qualquer coisa para comer por causa das
mensagens de texto que tinha encontrado em seu telefone.
Aparentemente, Bobby estava tentando contatá-lo a noite toda.
Não era bom. Isso não era bom.
August tinha pelo menos algum dinheiro para ele. Enfiou uma nota de
vinte na meia, esperando que Bobby não a encontrasse, mas estava mais do
que preparado para entregar o resto.
Não pagaria a dívida de Nathan, mas seria melhor do que nada, isso
era para ter certeza.
Encontraria Bobby no estacionamento de trás do bar onde conhecera
William, curiosamente.
Embora, considerando que esta era uma cidade pequena, havia
muitos lugares obscuros que duas pessoas poderiam encontrar-se.
Mais do que duas, na verdade. Bobby tinha três de seus homens lá,
dois dos quais segurava Nathan pelos braços enquanto estava de joelhos. Ele
tinha um olho preto. August tentou não estremecer com isso.
O outro homem estava ao lado de Bobby, um bastão de beisebol em
suas mãos e uma expressão presunçosa em seu rosto, como se pensasse que
ele era Negan do The Walking Dead. A única coisa que estava faltando era o
arame farpado.
— Onde diabos você esteve? — Bobby estalou. — É como se tivesse
um telefone para nenhum uso. Você estava me ignorando ou algo assim?
August apressou-se em seu passo. Ele não se atreveu a hesitar
quando Bobby estava tão irritado e seu irmão estava ali.
— Não, me desculpe. Eu estava com um cliente.
— Melhor ter sido um bom. O que você tem?
August olhou para seu irmão e fechou os olhos quando enfiou a mão
no bolso da jaqueta e puxou a pequena pilha de notas.
— Há quase mil dólares.
Bobby ergueu as sobrancelhas. Quase parecia que ia começar a sorrir.
— Tudo isso? Santa merda, quem você fodeu desta vez?
August conteve um estremecimento. Sabia o que ele era, o que tinha
se transformado para manter seu irmão seguro, mas isso não significava que
gostava de ser lembrado por Bobby.
— Algum cara da cidade. Acho que alguém quebrou seu coração e
estava sozinho.
— Jesus Cristo, não quero uma história aqui, apenas me dê o maldito
dinheiro.
Bobby estendeu a mão e August avançou, colocando o dinheiro nela.
Ele e seu irmão se entreolharam enquanto Bobby contava.
August pensou que poderia tentar sua sorte.
— Bobby, você sabe que vou te pagar. Posso levar Nathan para casa
comigo?
— Vamos ver — disse Bobby, ainda examinando as notas.
Ele sempre dizia isso.
— Seria mais fácil se ele estivesse comigo. Podemos trabalhar juntos
para pagá-lo mais rápido.
Nathan devia a Bobby dez mil, mas August já tinha certeza de que,
entre os dois, haviam dado ao homem quinze mil dólares no total, e ainda
assim Bobby ainda parecia pensar que tinha mais a receber.
Bobby rosnou, revirando os olhos.
— Maldição, poderia esperar dez segundos enquanto conto essa
merda? Agora tenho que começar tudo de novo.
August mordeu os lábios juntos. Queria dizer mais, mas um rápido
olhar para seu irmão, e parou. Nathan balançava a cabeça suavemente,
dizendo-lhe para não empurrar a questão ainda mais.
E ele tinha o olho preto. Se August estava sendo forçado a se vender
para pagar a dívida de seu irmão, então não queria pensar no que Bobby
estava fazendo com ele para ganhar seu dinheiro de volta.
Bobby parou na última conta quando terminou de contar. Franziu a
testa, olhando para o dinheiro em suas mãos.
— Está tudo ai — disse August.
— Isso é tudo o que ele te deu?
— Tudo isso.
Bobby olhou para ele, seus olhos se estreitaram.
— Mil e oitenta dólares é uma quantia estranha para dar. Você cobrou
demais, ou ele simplesmente deu isso a você?
Uh-oh.
— Eu pedi mil, mas ele não tinha.
— Ele não tinha mais uma nota de vinte dólares? O que, isso veio de
sua carteira ou de uma máquina de banco por aqui? Por que não lhe daria mais
vinte para torná-lo mesmo grande?
August começou a tremer. Devia ter sabido. Devia ter percebido que
isso ficaria estranho.
— Eu juro, não é... eu não...
— Foda-se, alguém procure nesse idiota.
— Espere!
August tentou recuar, mas os homens de Bobby não o deixaram
escapar. Os dois que estavam ao seu lado o agarraram por seus braços e
puxaram-no de joelhos. Começaram a procurar nos bolsos.
August olhou para seu irmão. A expressão de Nathan era de
derrotada, quase morta. Ninguém mais o segurava, mas ainda não se movia, e
isso assustou ainda mais August.
— Alguma coisa? — Bobby perguntou.
— Nada ainda.
Talvez eles não encontrassem. Talvez não verificassem seus sapatos.
E iria fugir com isso, e seria bom. Por favor, só desta vez e, em seguida, seria
mais esperto da próxima vez que algo como isso acontecesse. Ele o esconderia
melhor. Bobby nunca teria que saber o que tinha feito.
Não. As mãos que o seguravam desceram até as pernas. Eles até
sentiram a sua virilha antes de arrancarem o sapato direito.
August lutou quando isso aconteceu.
Bobby bateu palmas com prazer.
— Oh! Aqui vamos nós. Algo lá dentro que você não quer que eu
veja, não é? — Ele riu.
— Por favor não! Não é desse jeito!
Os sapatos dele saíram, e as mãos que se agarraram a ele eram
muito fortes para que fizesse qualquer coisa. Não conseguia detê-los, e quando
revistaram sua meia, encontraram o enrolado, e agora fedorento, a nota de
vinte escondida ali.
— Aqui vamos nós. Alguém me entregue o resto do meu dinheiro, por
favor? — Bobby perguntou, segurando a mão novamente, como se toda aquela
coisa fosse apenas um aborrecimento para ele, um desperdício de seu tempo.
Fez uma careta quando a nota foi posta em sua mão.
— Ugh, merda. Dinheiro de pé. Seja como for, acho que eles dizem
que você deveria lavar as mãos toda vez que você lida com dinheiro de
qualquer maneira, certo? Você nunca sabe onde foi.
August se empurrou de joelhos, derrotado e vazio. Se era assim que
se sentia, então só podia imaginar como seu irmão se sentia, como estava
sobrevivendo a isso.
Bobby aproximou-se dele, caindo para seus quadris para que
estivessem mais perto do nível dos olhos.
— Agora, você quer me explicar por que achou que era legal estar
roubando minha grana?
August não podia olhá-lo nos olhos. Simplesmente não podia. Era
muito covarde, estava muito assustado. O que diabos ia fazer sobre isso
agora?
— Ei? Olá? De repente você está surdo ou algo assim? — Bobby deu
um tapa na cabeça dele. Não doeu, mas ainda era suficiente para fazer August
encolher.
— Você e seu irmão me devem uma merda de dinheiro. O que dei
não era suficiente? Você quer mais? É isso?
August sacudiu a cabeça.
Ficou chocado ao ouvir a voz de Nathan.
— Bobby, por favor, é minha culpa. Desconte em mim, se for preciso.
Bobby parecia congelar naquilo. Ele se virou devagar, como se fosse
um predador que tinha cheirado sangue no ar.
O rosto de Nathan estava abatido, derrotado, como se soubesse que
havia uma punição para os dois, mas estava apenas apostando em pelo menos
poderia salvar August da ira de Bobby.
August jurou sentir seu coração parar quando Bobby se levantou,
quase tão lento e deliberado quanto se ajoelhou. Aproximou-se de Nathan, e
August estava tão amedrontado de medo por seu irmão que sentiu suas
entranhas congelar, mas por alguma razão, não conseguiu chamar Bobby,
pedir ao homem para parar ou mesmo para implorar por alguma misericórdia.
Estava totalmente petrificado, e não havia nada que pudesse fazer
sobre isso quando Bobby acertou Nathan direto em seu olho já preto.
Nathan gritou. A dor tinha que ser pior agora por causa da contusão
que já tinha.
A primeira reação de August foi ir ao seu irmão, tentar impedi-lo de
se machucar, impedir que alguém quisesse fazê-lo sofrer, mas os capangas de
Bobby o agarraram pelos ombros, e eles se seguraram firmemente.
— Você acha que pode me dizer o que fazer? Seu pedaço de merda.
Ele só está aqui por sua causa!
Bobby agarrou Nathan pelo colarinho, puxando-o para cima de modo
que estavam nariz a nariz, de modo que Bobby estava rosnando bem em seu
rosto.
— Você acha que pode mandar em mim e nada vai acontecer? Você?
Ele jogou Nathan no chão úmido e sujo. Nathan parecia que queria
voltar, mas não porque temia mais retaliação.
August assistiu, aterrorizado, incapaz de se mover, mesmo que os
homens de Bobby não estivessem segurando-o, quando Bobby voltou para ele.
Bobby fez um gesto para seus homens. Eles retiraram as mãos dos
ombros de August e deram um passo para trás enquanto Bobby voltava para
os calcanhares novamente, certificando-se de nunca colocar os joelhos na
calçada.
— Por que você faz essa merda? Não está bravo com ele? Não está
nem um pouco chateado?
August piscou, não completamente compreendendo.
Bobby suspirou, batendo em August em cada bochecha, levemente,
mas ainda machucando.
— Ok, olá? Responda-me. Não gosto de esperar.
— Não entendo — admitiu August. O que mais poderia dizer, para
isso?
Bobby o agarrou pelo queixo, se levantando ao lado dele, forçando-o
a olhar para seu irmão enquanto Bobby apontava.
— Ele, esse saco de merda. Emprestou dinheiro de mim que não
poderia pagar, e por isso, você está vendendo a si mesmo para homens que
estão fazendo merda só sabe o que para você. Você gosta disso? Quero dizer,
acho que se estivesse com caras, não seria tão ruim. Você parece atrair os
maricas mais do que as senhoras.
Não achava que Bobby entenderia se ele explicasse que não
importava com quem ele dormisse. Fazer sexo com estranhos por dinheiro,
sem amor, era degradante, não importando o quê.
— Então não te incomoda? Você nem está perto de me pagar, e tudo
o que aconteceu é por causa dele.
August olhou para seu irmão. Nathan não estava mais olhando para
ele. Seus olhos estavam apertados fechados, sua boca torcida enquanto
claramente lutava para não chorar. O coração de August quebrou, e naquele
momento, se sentiu mais sombrio e sozinho do que já esteve em toda a sua
vida.
Nunca tinha visto seu irmão chorar antes. Nem mesmo quando seus
pais morreram. Vê-lo agora, ou prestes a acontecer, era a coisa mais louca,
mais fodida que já tinha experimentado em toda a sua vida, e que incluía
vender-se a estranhos por dinheiro.
Estava zangado com seu irmão naquele momento, e também odiava
isso. Isso era culpa de Nathan por ter seu vício de jogo estúpido. Era culpa de
August por tentar ajudar, e era culpa de Bobby por ser um maldito, ganancioso
tubarão de empréstimo.
August desviou o olhar de seu irmão. Não podia enfrentá-lo. Não
queria enfrentar nada disso.
Bobby suspirou. August não o viu vir quando o homem maior o socou
no lado da cabeça.
Viu branco quando caiu.
Nathan gritou.
— Segure-o de volta!
August continuou segurando a cabeça, tentando desesperadamente
deter o horrível dolorido e latejante. Sua visão girou, e não era apenas sua
visão. O chão debaixo dele se inclinava e girava.
Abriu os olhos, vagamente consciente de Bobby de pé sobre ele.
— Agora, por mais tocante que fosse, você realmente pensou que nós
íamos deixar passar isso? Que você poderia tentar roubar parte do meu
dinheiro e eu apenas deixaria sair ileso?
A bota de Bobby chutou duro e rápido, acertando August no intestino
antes que pudesse fazer qualquer coisa para tentar se proteger. Ele exalou um
duro suspiro, tossindo fora qualquer ar restante em seus pulmões e incapaz de
sugar mais de volta dentro.
— Pare com isso! Bobby! Desculpe, pare! Pagarei de volta seu
dinheiro, tudo, — disse Nathan.
— Você não está pagando nenhuma merda, — Bobby estalou. — Este,
por outro lado, é um soldado. Ele provou a si mesmo. Está disposto a fazer
qualquer coisa para me pegar o que você me deve. Quero bater muito nele,
mas estou tentando segurar porque posso ser paciente às vezes, e sei que,
como um prostituto, ele vai ter que se manter bonito para me trazer mais
dinheiro.
— Posso fazer isso, também. Eu farei. Vou ganhar o dinheiro. Eu
prometo. Já pagamos muito.
August ouviu o tapa, embora ainda estivesse com tanta dor que não
conseguiu olhar quando seu irmão gritou.
— Seus merdinhas não pagaram nada de volta. Você tem alguma
ideia de quantos juros acumulou todo esse tempo? Isso não é nada. Ainda me
deve. Ainda vai me pagar, pelo resto de suas vidas, se tiver que fazê-lo, e vai
sair com ele e vai vender seu traseiro se for necessário, não que seja bom, não
mais.
August não achava que seu coração pudesse afundar mais, mas fez.
O que diabos isso deveria significar? O que Bobby e seus homens
fizeram com Nathan?
Ele não se mexeu. Era melhor não se mover, não chamar a atenção
para si mesmo. Terminaria logo, e talvez Bobby deixasse Nathan ir com ele.
Eles poderiam encontrar um lugar para dormir e descobrir o que iriam fazer na
parte da manhã.
Exceto que Bobby notou August, e voltou para ele, pisando em
direção a ele, seu rosto enrugado como se algo tivesse sugado de volta em seu
crânio. Ele se abaixou, agarrando August por um punhado de cabelos e
puxando-o de joelhos.
— Você, sua cadela, você vai...
— É o bastante.
Tudo estava em silêncio. Tudo estava frio. O som da brisa correu
entre August e Bobby, mas isso foi tudo o que August ouviu naquele momento
depois que aquela voz profunda os interrompeu.
Então Bobby ergueu os olhos e os estreitou.
— Quem diabos é você?
Capítulo Cinco

A voz era tão familiar, mas August não se atrevia a olhar.


Essa esperança conseguiu escorrer dentro dele de qualquer maneira,
não importava o que quisesse e não importava o quanto isso não ajudaria.
Olhou para o lado, seu coração levantando e inchando em algo bom,
algo esperançoso e leve quando viu o homem com quem passou a noite.
William.
Estava no final do estacionamento, o brilho rosa e laranja do sol que
vinha destacando no horizonte atrás dele. Ainda estava escuro, as estrelas
ainda lutavam para brilhar, mas havia algo simbólico no modo como ele estava
lá, do lado do sol nascente, as mãos nos bolsos e olhando para os homens
diante dele, como se não fossem nada, como se ele fosse o único maioral.
A esperança de August rapidamente o deixou. Oh, Deus, este rico
homem da cidade pensou que ia fazer alguma coisa. Pensou que estava no
controle aqui quando não estava. Não conhecia essas pessoas. Bobby não era
nada como os homens que este sujeito provavelmente comandava em seu
prédio de escritórios.
Esses caras significavam negócios. Eles provavelmente mataram
pessoas antes, e mesmo que August não conhecesse esse homem, mais do
que qualquer outra coisa no mundo, queria que não se machucasse.
Não queria que esse homem fosse espancado, ferido ou morto porque
pensava que poderia controlar uma situação com membros de gangues.
— Fuja — disse August.
Bobby jogou August no chão, indo para cima de William.
— Quem diabos você pensa que é? Sua pequena puta, vindo aqui e
me dizendo o que...
Bobby se calou muito rápido quando William estendeu a mão atrás
dele e agarrou algo que August nem percebeu que estava ali. Puxou o que
parecia uma espada de suas costas.
Era longa e reluzente no amanhecer da manhã, e Bobby se segurou
quando William colocou a lâmina em sua garganta.
August não ousou se mover. Mal podia respirar. Tudo o que podia
fazer era observar o que aconteceria e perguntar-se se já estava morto, se isso
era real.
Isso tinha que ser real, certo? Era a vida real? Ou ainda estava
naquele quarto, dormindo nos braços de William e apenas sonhando em ser
resgatado assim?
William colocou uma grande mão na parte de trás do pescoço de
Bobby, inclinou-se para perto e sussurrou algo tão pequeno e macio que
August não conseguiu entender.
Estavam perto o suficiente para se beijar, e August não conseguiu ver
o rosto de William.
Quando William se afastou, não era William... era... Bobby?
Havia dois Bobby. August ofegou, um calafrio duro correndo por sua
espinha.
Para onde William tinha ido? A espada ainda estava lá, e este outro
Bobby sorria cruelmente, seus olhos brilhando, como se soubesse que estava
no controle.
— Chefe? — Perguntou um dos homens. Eles deviam estar tão
confusos quanto August.
Bobby, o falso, olhou para os dois homens.
— Seus idiotas, talvez devessem se afastar daqueles dois na calçada
antes que eu corte suas gargantas, começando com este.
Ele até parecia Bobby, mas não podia ser. Era impossível. Isso tinha
que ser William, mas como diabos conseguiu fazer isso? Nada disso fazia
sentido.
Os dois homens que trabalhavam para Bobby olharam um para o
outro e depois se afastaram de August e Nathan.
— Idiotas! O que diabos acham que está fazendo! Merda, me ajudem!
— Bobby gritou.
— Saiam daqui, corram, — disse o falso Bobby, que agarrou a coisa
real pela parte de trás do pescoço e, com uma mão, levantou-o para o ar.
Bobby gritou enquanto seus pés balançavam.
August não conseguia se mover diante daquela força.
— Eu sei como fazer todos vocês sofrerem de maneiras que nunca
poderia imaginar!
— Jesus Cristo!
Os dois homens correram. Eram como camundongos com a maneira
como se arrastaram para uma fuga.
August olhou de volta para eles e observou enquanto corriam para o
veículo. Bobby gritou para não deixá-lo lá, mas deve ser algo assustador, até
mesmo estranho, sobre ver dois homens que pareciam com seu chefe, um dos
quais era definitivamente mais assustador do que o outro.
A mente de August atravessava qualquer número de possibilidades,
desde fantasmas até possessões demoníacas.
Realmente estava começando a desejar que não tivesse assistido ao
O Exorcista na semana passada.
Quando os homens de Bobby entraram no caminhão em que haviam
chegado, saíram com os pneus chiando do estacionamento, Bobby ainda
gritava, para que voltassem por ele. Ele parou apenas quando ficou claro que
definitivamente não iriam voltar e salvá-lo. Estava completamente sozinho, e
até August estava tão apavorado que não sabia o que fazer.
Nathan empurrou-se para seus pés, correndo até August.
— Você está bem?
August acenou com a cabeça para seu irmão, mas não pôde evitar o
olhar para o homem que tinha vindo e... os salvado? Ele ainda não sabia.
— Você é um idiota. Vou matá-lo por isso, — disse Bobby, cuspindo e
ameaçando enquanto suas pernas continuavam a chutar. — Você não tem ideia
com quem fodeu. Vou te encontrar e fazer me pedir por perdão. Entendeu?
August assistiu, paralisado, enquanto o falso Bobby voltava para
William. A única diferença era seu cabelo. Não estava escuro, como tinha
estado quando August o encontrara no bar. Era mais pálido, mais parecido com
um louro arenoso. Seus olhos eram verdes, também, uma sombra bonita de
verde. August sentiu um calor correndo em seu rosto quando notou como era
bonito.
Ele já tinha notado que era bonito, mas assim, era como se seus
traços já bonitos fossem destacados.
Ainda era o mesmo homem, no entanto. August podia dizer isso.
Seus olhos estavam duros quando abaixou Bobby para seus pés,
batendo na parte de trás de seus joelhos e forçando-o a ir para baixo.
Bobby grunhiu.
— Solte-me, seu grande e estúpida aberração!
William deixou a espada voltar. Apoiou a borda plana no ombro de
Bobby, o que sem dúvida era para intimidá-lo a se calar.
Parecia funcionar bem, já que Bobby não disse nada depois disso.
— Quem é? — Perguntou Nathan.
August sacudiu a cabeça porque, naquele momento, não tinha ideia
de quem era.
— Seja o que for que você acha que August lhe deve, essa merda
acabou de agora em diante. Você me entende?
Bobby parecia zangado. Seu rosto ficou vermelho, seu corpo inteiro
tremendo enquanto apertava seu punho até que seus nós fossem brancos.
— Foda-se!
— Hmm, — William disse, e então alcançou o bolso lateral de Bobby e
arrancou o dinheiro que August tinha originalmente tirado dele.
August não podia respirar naquele momento. Queria morrer pela
vergonha que o atingia, especialmente quando William encontrou seus olhos.
August não conseguiu segurar o olhar de William. Estava tão
envergonhado de si mesmo. Não podia olhar para o outro homem. Era demais
e ele... ele...
Nathan colocou os braços em torno dos ombros de August,
segurando-o perto. August permitiu isso porque precisava sentir como se
alguém o estivesse protegendo naquele momento. Ele estava tão cansado de
tudo.
Este homem, que não conhecia, mas ainda gostava, o viu como um
ladrão e um prostituto. Não podia ficar mais baixo do que isso.
— Matar humanos é contra meu código, mas não seria a primeira vez
que eu faria isso, — disse William.
Os olhos de August voaram largamente quando ouviu a palavra
matar.
Olhou para ele.
— Não o mate!
— Do que você está falando? — Perguntou Nathan. — Sim! Por favor,
mate-o!
William olhou para August. Então olhou para Bobby, e August soube
naquele momento que, por mais que odiasse Bobby, tanto quanto o lado mais
escuro dele queria que o sangue do homem fluísse por todo esse
estacionamento sujo, ele não queria isso em sua cabeça para o resto de sua
vida. Também não queria que William fizesse algo que obscurecesse sua alma
mais do que já estava.
O que era estranho. Como August iria até saber que havia uma
escuridão sobre sua alma? Era quase como se pudesse sentir isso.
— Por favor, não o mate. Eu... eu não quero que você o mate.
William olhou para ele. August não pensou que iria ouvir. Um homem
que carregava uma espada como aquela, fazia isso porque tinha que ser seu
trabalho, certo? Era a única coisa que fazia sentido.
William olhou para ele, e olhou duro. August não conseguia desviar os
olhos desta vez. Era como se eles estivessem trancados. Havia algo que o
prendia a este homem, e realmente esperava que William pudesse senti-lo,
também, porque não queria que ninguém morresse hoje.
— Bem, não vou matá-lo, — William disse, como se estivesse
relutantemente oferecendo para deixar Bobby viver.
Bobby riu.
— Oh, ho, ho, é melhor você me matar, seu pequeno pimentão. Você
tem alguma ideia do que diabos vou fazer com você se não fizer isso? Vou te
encontrar e te foder. Vou fazer aquela cadela lá, engolir meu pau na sua frente,
e ele vai gostar também.
August estremeceu.
— Bobby, não diga isso.
William era um cara sério. August sentia tudo sobre ele agora que
tinha afugentado os homens de Bobby. Claramente era mais poderoso e tinha
algo estranho sobre ele que o deixava se transformar em outras pessoas. Era
forte como o inferno, e carregava uma espada ao redor.
E, no entanto, Bobby o ameaçava. Estava fazendo o mais provável
para salvar o homem, porque estava envergonhado por deixar-se bater, mas
realmente achava que neste momento que ainda tinha qualquer controle aqui?
Ele realmente pensava que William não estava falando sério? Que William não
podia ou não iria machucá-lo?
Porque agora August podia ver o quanto William estava se segurando.
William grunhiu para o homem, olhou para August e depois para
Bobby.
— Afaste os olhos, Aggy. Isso não vai ser bonito.
— Espere, não!
William virou Bobby, pisou em sua mão, e tudo o que August ouviu
foram os gritos.
Não sabia por que, mas quase correu para William, para tentar detê-
lo, mas seu irmão foi quem o reteve antes que pudesse fazer qualquer coisa
que lamentasse.
— Não, não, não. Ele é louco.
Ele não era louco.
Essa foi a primeira coisa que apareceu na cabeça de August, apesar
de tudo estar dizendo a ele o contrário.
E ainda podia ouvir os gritos enquanto William fazia alguma coisa
com a outra mão de Bobby.
As pessoas iam ouvi-los. As pessoas viriam checar.
William jogou Bobby com uma força tal que o outro homem voou
contra a parede de tijolos do prédio ao lado deles. Aterrissou com força e não
voltou a levantar. William curvou-se e pegou algo, enrolando-o, antes de voltar
para trás e se aproximar de August e Nathan.
Nathan se levantou, ficando entre August e William.
— Corra, August!
Ele não podia correr agora. Não queria, mesmo que estivesse
apavorado e uma parte dele quisesse mesmo correr.
A outra parte dele queria ficar. Queria correr nos braços de William e
enterrar-se lá, implorar perdão por tomar seu dinheiro e fugir.
Também queria irromper em lágrimas por quão embaraçado e
envergonhado estava.
Simplesmente ficou onde estava, seus olhos queimando, sua
garganta se fechando, e seu corpo tremendo.
— Quem diabos é você? — William perguntou, olhando seu nariz para
baixo da mesma maneira que tinha feito para Bobby e seus homens, bem
antes que os tivesse expulsado.
Nathan tentou encher o peito, mas não era muito mais alto do que
August, e definitivamente era muito menor do que William.
— Sou seu irmão.
William levantou uma única sobrancelha, e então inclinou seu corpo
para o lado o suficiente para dar uma boa olhada em August.
August acenou com a cabeça.
— Ele é meu irmão.
— Huh, — William disse, de repente agarrando Nathan pela
mandíbula.
— Ei!
William não prestou atenção a suas lutas. Apenas virou a cabeça de
Nathan daquele jeito e assim, examinando-o, como se tivesse certeza de que o
dano em seu rosto era real antes de soltá-lo com um suspiro pesado.
— Acho que você está vindo comigo, também.
— O que? Ei, nós não vamos com você!
William enfiou a espada atrás das costas.
— Certo. É o que você acha — disse ele, e então agarrou Nathan e o
levantou por cima do ombro, como se Nathan não pesasse nada.
— Ei! Ponha-me para baixo!
— Fique quieto, ou vou derrubá-lo! — Disse William.
Parecia ser suficiente para assustar Nathan, para fechar sua boca.
William se aproximou de August. Parecia muito mais alto enquanto
August estava de joelhos no chão sujo.
William não o acertou nem o amaldiçoou, chamou-o de nomes. Nada
disso. Ele ofereceu sua mão.
August só podia olhar para ele naquele momento, assustado. Olhou
para William, não tinha certeza se era um truque.
— O que...?
— Você pode andar? Posso te carregar se precisar.
A raiva que August sentia ao redor dele era real, mas não parecia
dirigida a ele. Sua voz era suave, também, como se realmente não tivesse
nada contra ele pelo que tinha feito.
— Eu... eu acho que posso andar.
— Então pegue minha mão. Precisamos sair daqui, agora mesmo.
August fez como lhe foi dito. Pegou a mão de William, permitindo que
o outro homem o puxasse para seus pés.
Assim que se pôs de pé, William segurou a mão com tanta força que
o fluxo sanguíneo foi cortado e se viu correndo, tão rápido que seus pés
estavam praticamente sendo tirados do chão.
Tentou não gritar, manter os olhos abertos, mas era como se William
estivesse correndo à velocidade de um carro, e a única razão por que August
não estava caindo em seu rosto quando eles entraram nas árvores e subiram a
colina era porque William o segurava com tanta força.
Segurava August como se pertencesse a ele e só a ele, e era tão
bom, tão maravilhoso que não se importava como aconteceu que tinha
chegado aqui. Estava feliz por estar aqui.
Sempre esperou, ingenuamente, e talvez estupidamente, por um
cavaleiro de armadura brilhante. Era meio interessante que o homem que o
salvou realmente tivesse uma espada.
Capítulo Seis

Quando William voltou para a segurança de sua casa, dentro onde ele
e seu companheiro não seriam encontrados por ninguém, nem pela polícia,
nem por aquele idiota no estacionamento da Rua Principal, ele soltou a mão de
August.
August ofegou para respirar, caindo de joelhos, ofegante.
William deixou cair o homem que estava segurando,
descuidadamente no chão. Ele não se mexeu. Seus olhos estavam abertos,
mas estava aparentemente atordoado de tudo o que tinha acontecido.
William não se importava com ele. Sua única preocupação era para
seu companheiro.
Colocou as mãos nas bochechas de August, notando o pouco de
sangue no lado de sua cabeça em seu cabelo. Um daqueles homens tinha
batido nele, e William estava feliz por ter cortado os dedos fora aquele pedaço
de merda. Talvez lhe ensinasse uma lição.
— Aggy, bebê, você está bem?
— O quê... — August respirou fundo. — O que diabos aconteceu?
Certo, ele também ficou atordoado. William deveria ter carregado os
dois, mas não tinha pensado que iria levá-los tão rápido. Arrancar August ao
longo, forçando-o a correr assim, mesmo enquanto tentava manter os pés fora
do chão, tanto quanto possível, provavelmente tinha sido demais.
— Trouxe você para casa comigo. Você está seguro agora. Nunca vai
ter que trabalhar para esse homem, nunca mais. Entendeu? Você está em
casa.
— Casa?

August não entendia nada disso, mas compreendeu que confiava em


William, mesmo que parecesse diferente do que quando se encontraram pela
primeira vez naquele bar.
August e seu irmão poderiam ter morrido em toda aquela agitação.
— Sim. Você está em casa comigo.
As mãos de William eram gentis. Acalmaram-no em um toque, e
August se inclinou, aproximando-se do peito de William, para onde aquela
sensação reconfortante estava mais forte.
Nunca queria deixar este lugar.
Ia fazer suas perguntas depois. Agora, a única coisa que se importava
era com isso. Esse calor, esse calor e o som do batimento cardíaco de William.
— Pensei que nunca mais te veria de novo, — ele admitiu, seus olhos
ainda queimando de tudo o que tinha acontecido.
Era quase engraçado porque, nesse momento, August sentiu como se
tivesse conhecido esse homem antes.
William o abraçou com força, quase com força. Isso doía, mas não
havia nenhuma maneira no inferno que August ia pedir para ele parar. Não
podia. Queria mais. Queria empurrar-se para o corpo desse homem e ficar lá.
— Nunca mais me assuste assim. — A voz de William era rouca, e só
então percebeu o modo como o outro homem tremia.
Era quase imperceptível, e a única razão pela qual August percebeu
foi porque estava pressionado firmemente contra o peito do homem.
— Não vou, — disse August, sabendo muito bem que não havia como
fazer uma promessa dessa maneira. Não conhecia esse homem, não era nada
para este homem, e teve sorte que William se preocupou em salvá-lo.
Não importa o fato de August ainda pode estar em apuros por tirar
dinheiro de sua carteira.
August sentiu a pressão dos lábios contra sua têmpora, em seguida,
seus cabelos antes de se moverem para o lado de sua bochecha e mandíbula,
em seguida, sua boca.
Tão bom. O beijo estava quente e bom, e naquele momento, August
esqueceu completamente seu irmão, ainda atordoado no chão a poucos metros
de distância dele.
Só podia sentir o beijo.
Então a agitação em seu estômago aconteceu, o zumbido em seus
ouvidos seguindo logo após como a adrenalina, o perigo, e a corrida, tinha
acabado de alcançá-lo.
August se afastou da boca de William e tropeçou alguns metros atrás,
precisando estar o mais longe possível do homem antes de vomitar.
William foi para o seu companheiro, colocando as mãos nos ombros
de August.
— Está bem. Você vai ficar bem.
Merda. O que poderia ter feito isso? Tudo estava se aproximando
dele? Ou era a maneira que William o tinha arrastado até a colina e longe da
cidade? Poderia ser ambos?
Tinha ficado tão feliz de ter seu companheiro de volta, mesmo que
fosse nesse corpo diferente, que quase esquecera o fato importante de que
August era um ser humano. Ele não estava feito para estar correndo do jeito
que vieram.
August tossiu e cuspiu e então se lançou um pouco mais, a bile
subindo, mas nada. Seu estômago estava completamente vazio.
Se não era agradável para William, então definitivamente não era
agradável para seu companheiro.
— Venha. Vou te ajudar. Vou buscar o seu irmão mais tarde. Não se
preocupe com ele. Apenas venha comigo.
Felizmente, August não estava em condições de lutar contra os
desejos de William quando William o puxou-o e o levou na porta da frente.
August estremeceu e tossiu, as mãos na boca e no estômago, como se
tentando impedir que o resto saísse.
— Há um banheiro aqui. Deixe-me ajudar...
William não teve a chance de terminar essa frase, ou ir ao banheiro
com seu companheiro para ajudá-lo a limpar ou ficar doente, o que mais
precisava.
Num segundo, August desatou a correr para o banheiro. Bateu a
porta fechada atrás de si mesmo, e William ouviu o som da fechadura clicando
antes de sua mão tocar a maçaneta.
— Will? Você está bem?
Merda. Will olhou para trás. Oscar estava lá, óculos escuros para
esconder a escuridão e o estômago pronto para estourar com a criança dentro.
Kevin estava ao lado dele, segurando seu próprio filho pequeno, que tinha tido
com Alistair.
— Estou bem, estou bem. Ei, não vão lá na frente. Há um cara lá fora
que pode entrar em pânico.
A última coisa que precisava era de alguém que não soubesse, desse
uma olhada em Kevin e Oscar, principalmente aqueles que faziam parte
daquela gangue que William acabara de expulsar e atacar.
Não que Will pensasse que havia muitas pessoas que iriam atacar
alguém segurando uma criança, mas não ia correr o risco com seu sobrinho e
sobrinha por nascer.
Os dois homens se entreolharam e, Will ouviu a torneira girar em
plena explosão, mas não foi suficiente para encobrir os sons dolorosos de
vomito.
Seu coração apertou. Ele tinha feito isso. Tinha sido muito duro, e
agora seu companheiro estava doente.
— Você quer que nós vamos buscar alguém? — Kevin perguntou.
William esfregou a mandíbula.
— Sim, pegue alguém que puder, diga a ele que há um homem lá
fora e precisa ser trazido. Eu encontrei meu companheiro.
— O homem lá fora é seu companheiro? — Kevin perguntou,
parecendo confuso e exaltado ao mesmo tempo.
William sacudiu a cabeça.
— Não, o que está aqui é. Ele está doente. O cara lá fora é seu irmão.
Não tenho certeza se confio nele ou não.
Especialmente se tudo que tinha ouvido antes revelasse verdade.
Seu companheiro tinha sido forçado a vender seu corpo para ganhar
dinheiro para o homem lá fora. Isso era doentio. Mesmo se eles se amassem
como irmãos, William não se importava. Estava indo para fazer com que o
bastardo aprendesse uma lição que nunca esqueceria.
Kevin e Oscar saíram. William não tinha ideia de onde seus outros
irmãos estavam. William não devia ter ficado bêbado naquele bar. Alistair
estava na casa em algum lugar ou andando em torno na sua forma de leão ao
redor do território, certificando-se que Keaton não tinha conseguido quebrar os
feitiços novamente.
Foi Yuki que desceu correndo as escadas primeiro, usando short
preto, como se tivesse acabado de acordar.
Ele praticamente desceu as escadas, mas era um dragão. Seus olhos
se encontraram com William quando passou por ele.
— Na frente?
Will concordou com a cabeça.
— Não seja muito duro com ele, — disse, em seguida, focou o resto
de sua atenção na porta. Do som, August tinha ligado o ventilador, também.
— August? Você deveria me deixar ai com você se está doente.
William ouviu os ruídos de gemidos dentro.
— De jeito nenhum. Não quero que você olhe para mim assim.
William sorriu, com a vaidade de seu companheiro mesmo quando
estava doente.
— Se você está preocupado, eu vi e cheirei muito pior do que você
está fazendo ai dentro.
O cheiro da morte era geralmente pior do que o cheiro da doença,
embora em parte pudesse entender por que seu companheiro não queria
William ali.
William certamente não queria que August o visse também, mas isso
era diferente.
Ele era mais velho e mais forte. Estava destinado a ser o provedor
entre os dois, e não queria deixar seu companheiro em tal estado.
August soltou um gemido.
— Só... por favor me dê alguns minutos. Em breve estarei fora.
Se essa era a única coisa que seu companheiro queria que William
oferecesse naquele momento, mesmo que não fosse o que queria dar, iria
aceitar.
— Muito bem.
William esperou fora do pequeno banheiro. Estava à direita, próximo
à porta da frente. Não havia chuveiro lá, nada que pudesse ser usado para se
machucar, mesmo acidentalmente. Não que William pensasse que August iria
se machucar, isso permitiu que William recuasse mais facilmente, dando a
August o espaço que precisava.
Enquanto esperava, Yuki voltou para a casa, segurando aquele outro
homem, que parecia um pouco como August, sobre seus ombros. Levou-o para
o porão o trancando. William o interrogaria mais tarde.
Se fosse verdade e isso fosse um grande mal-entendido, iria ser
libertado.
Aggy não tinha irmãos na vida anterior que tinham compartilhado
juntos, então isso ia ser um pouco difícil. William teria que aprender a lidar
com isso.
Depois de vinte minutos mais ou menos, depois que Kevin, Felix e até
mesmo Joey vieram perguntar se William estava bem, August abriu a porta,
revelando-se.
Ainda tinha uma mão no estômago, a boca posta em uma linha torta.
O ventilador do banheiro ainda estava ligado, levando o cheiro de sua
doença, mas William apressou-se para seu companheiro, puxando-o para seu
colo e August não lutou.
— Você está bem?
August acenou com a cabeça, cansado.
— Eu... lavei minha boca o melhor que pude. Bebi muita água
também. Tentei não fazer uma bagunça.
William olhou para dentro do banheiro. Ainda podia sentir o cheiro
persistente e ácido dos vestígios de vômito e doença, mas parecia tão
imaculado quanto a última vez que tinha sido limpo.
Olhou para seu companheiro, sorrindo para ele.
— Você não precisava fazer isso.
— Desculpe por ter feito uma bagunça no seu gramado.
— Pare de pedir desculpas.
— Esse é o seu companheiro, William? — Kevin perguntou. Ele não
tinha mais o filho em seus braços. Parecia excitado para encontrar o
companheiro que seu feitiço tinha ajudado a trazer de volta à vida.
— Este é ele, mas eu sinto muito, Kevin, ele não está se sentindo tão
bem. Vou levá-lo para o meu quarto. Vou perguntar a ele se quer te ver mais
tarde.
— Kevin? — Perguntou August, franzindo o cenho quando olhou para
o outro homem.
— O que... o que há de errado com seus olhos?
— Você gosta deles? — Kevin perguntou. — Nasci com eles.
— Diferentes cores, — disse August, recostando-se nos braços de
William.
William tinha tantas coisas que queria perguntar a seu companheiro.
Queria saber se August se lembrava de Kevin, se lembrava que esta era sua
verdadeira família. O fogo. Qualquer coisa.
August estava olhando um pouco verde demais ao redor da linha da
mandíbula, então William tomou a decisão de que isso poderia esperar até
mais tarde.
— Desculpe, Kevin, mas preciso levá-lo lá para cima. Vou deixá-lo
descansar, e então posso começar a perguntar-lhe se ele se lembra de
qualquer um de vocês.
— Lembrar?
William sorriu para seu amante.
— Vou explicar tudo mais tarde. Eu prometo. Vou levá-lo lá em cima
agora.
— OK.
William estava preocupado sobre como fraco seu companheiro soava.
Não gostava disso. Ia ter que pensar em algo para fazer.
Enviou uma rápida desculpa aos companheiros de seus irmãos, mas
tinha que subir.
Acabou de ter a sensação de que se ele tivesse August em seu quarto
com ele, onde estava seguro, onde o perfume de William estaria por perto,
estava esperando que os Deuses, mortos e vivos, que seria o suficiente para
ajudar seu companheiro a curar tudo o que era que o estava enfraquecendo.
Não passou por nenhum de seus outros irmãos. Yuki tinha sido o
único a guardar a casa? Isso não era bom, mas William se sentiu um pouco
melhor quando voltou para seu quarto e estava dentro desse lugar
reconfortante.
Fechou e trancou a porta atrás dele, empurrando para a vasta área
em direção à cama.
— Estamos aqui, bebê. Estamos em casa.
Gentilmente colocou seu companheiro para baixo. Ele se sentia tão
pequeno. Mesmo como um homem, parecia menor agora do que tinha sido
quando mulher, em sua vida passada, embora William soubesse que era
impossível.
— Casa?
William tocou as faces frias de August.
— Sim, estamos em casa. Você ainda está se sentindo doente? O
nosso quarto tem um banheiro conectado, e tem uma banheira gigante dentro
e um chuveiro.
Ia ter que limpar os dois antes que entrasse lá porque não era como
se a empregada aparecesse e fizesse toda a limpeza por aqui para ele ou seus
irmãos. William tinha um hábito muito ruim de deixar tudo ir para a merda
sempre que estava em um humor deprimido.
— Fique aí, bebê. Vou pegar um copo de água.
Enquanto estivesse fazendo isso, iria pegar todas as toalhas que
tinham sido atiradas para o chão e jogá-las no cesto de roupa suja.
Ele se levantou para ir, para fazer exatamente o que dissera que ia
fazer, quando August subitamente estendeu a mão e agarrou-o pelo pulso.
— Não vá.
William parou. Olhou para baixo em August. Seus olhos estavam
meio fechados, e só então William percebeu quão enorme estava sua cama. Ou
poderia ter sido que August só pareceu especialmente pequeno para ele.
William sentou-se ao lado dele.
— Não vou, se você não quiser.
August acenou com a cabeça, fechando os olhos.
— Bom.
William deixou seu polegar deslizar sobre a mão de August,
acariciando sua carne, desejando que soubesse o que fazer. Parecia tão fraco.
— Posso te ajudar num banho. Pode ajudar com qualquer dor que
esteja sentindo.
Se ele tivesse chegado lá antes. Não teria que se preocupar com
nada disso. Poderia ter poupado-o de ser espancado.
William ainda tinha os dedos do sujeito nos bolsos. Precisava se livrar
deles.
August não queria que William matasse o homem, mas precisava ser
punido, então William se assegurou de que nunca mais estaria machucando
outra pessoa.
Era difícil ferir alguém quando não conseguia segurar um lápis.
August fechou os olhos e não os reabriu. Ele desmaiou?
William inclinou-se, pressionando sua orelha para o coração do
homem. Ouviu os suaves ruídos da respiração, o batimento constante de seu
coração. Ele estava bem, apenas fraco e cansado.
O que acontecera com ele? Por que estava assim?
William gentilmente puxou sua camisa, levantando-a e estremecendo
no grande hematoma que florescia em todo seu estômago e até mesmo em
parte de seu peito.
Maldição, aquele imbecil o chutou com força.
William suspirou. Havia também mancha de sangue ao lado de sua
cabeça. Talvez a batida o fez doente. Poderia ser isso. William se levantou e foi
para o banheiro. Colocou todas as toalhas sujas no cesto e enxugou toda a
bagunça o mais rápido que podia antes de voltar com um pano limpo e úmido.
Usou para limpar August.
William deveria ter perguntado se seu companheiro estava vendo
dobrado. Isso poderia ter sido o que causou a náusea.
O súbito rugido e grunhido que ouviu chamou sua atenção.
Olhou para o hematoma no estômago de August, então esperou até
que ouviu esse barulho novamente.
Soube imediatamente o que era. Seu companheiro estava com fome.
Maldição, Will podia ser um idiota às vezes.
Ele se inclinou para perto, pressionando um beijo suave na boca de
August, precisando beijá-lo, para prová-lo mais uma vez antes que ousasse se
puxar para trás.
— Vou te arranjar algo bom para comer. Prometo que volto já. Esteja
aqui quando eu voltar desta vez, — ele disse, e então saiu do quarto para
conseguir tudo o que seu companheiro precisaria para uma rápida
recuperação.
Capítulo Sete

August abriu os olhos com o cheiro de comida. Então levantou de


repente, sibilou, e caiu de volta para o colchão mais macio que já tinha estado
em sua vida. Pensou que o colchão no quarto do hotel tinha sido bom, mas
isso era muito melhor.
Ele gemeu.
— Não se empurre se está com dor.
Essa era a voz de William. Os olhos de August voaram abertos.
Ignorou completamente a dor em seu estômago e corpo e sentou-se.
Seus olhos arregalaram. Era ele. Ele estava sorrindo enquanto
cutucava a porta atrás dele com o pé. Havia uma bandeja em suas mãos com
comida.
— Você acordou mais rápido do que eu pensava que faria, mas eu só
coloquei algumas coisas juntas. Espero que esteja tudo bem. Está com fome?
Estava absolutamente morrendo de fome, mas não queria admiti-lo.
Queria fazer tantas perguntas. Queria saber quem era William. O que ele era.
Queria saber como foi que William conseguiu se parecer com Bobby e como
seu cabelo era mais claro, ao invés de um tom escuro de marrom.
Mas seu estômago grunhiu, e o sentimento de fome estava
definitivamente dominando a necessidade de saber o que diabos estava
acontecendo.
— Eu estou... sim, por favor.
Ainda se sentia muito sujo por toda parte, mas pelo menos depois de
lavar a boca na pia antes de desmaiar, sentiu como se pudesse comer. Queria
comer desde antes de encontrar William naquele bar, e agora o homem estava
realmente agindo como um cavaleiro de armadura brilhante oferecendo a
comida.
William sorriu quando colocou a bandeja.
— Prometo que normalmente sou um melhor cozinheiro, mas não
havia muito tempo.
— Parece incrível.
E fazia. Sanduíches de manteiga de amendoim e geleia, uma garrafa
de suco de laranja, uma pequena tigela de frutas cortadas, queijos, bolachas e
carnes.
Começou com os sanduíches. Sim, era meio infantil, mas gostava de
manteiga de amendoim e geleia. Tinha sido um de seus favoritos desde que
era criança.
Em seguida, abriu a garrafa de suco de laranja, tomando um gole
antes de começar a comer carne e biscoitos.
— Tente não comer tão rápido. Não quero que fique doente
novamente.
William estendeu a mão, tocando a bochecha de August, fazendo o
calor dele subir do fundo de seus dedos do pé até o topo de sua cabeça. Fez
uma pausa antes que pudesse colocar outro biscoito na boca.
Como? Como era possível que um único toque desse homem pudesse
excitá-lo assim? Tinha acabado de envergonhar-se estando doente no banheiro
do homem, e agora estava comendo tudo, e ainda um único toque foi mais do
que suficiente para fazer seu coração começar a bater, e todo o sangue em seu
corpo parecia estar fluindo para seu pênis, fazendo seu pau contrair.
A vergonha que sentira voltou. Vergonha por dormir com William por
causa do dinheiro, por fugir, por estar doente no seu gramado e no seu
banheiro... tudo.
— Qual é o problema? Precisa que eu pegue algo para você?
— Por que é tão atencioso?
August mal conseguia olhar para o outro enquanto fazia a pergunta.
Ainda estava tão envergonhado.
William não o deixaria esconder o rosto, no entanto. Estendeu a mão,
pegando August pelo queixo e forçando-o a olhar para ele.
— Por que está tão inseguro?
A pergunta o assustou. Foi o suficiente para fazê-lo virar a cabeça
para longe.
— Que... que tipo de pergunta é essa?
— Não tem feito nada a não ser pedir desculpas a mim, desde que, o
tirei daquele estacionamento. Eu faria qualquer coisa por você.
August estremeceu, um pequeno e louco pedaço dele querendo
acreditar nessas palavras tão mal, mas e não conseguiu fazer isso.
— Você nem me conhece.
— Eu conheço você.
August franziu o cenho.
— Eu não...
— Shhh. — William se inclinou, sua boca se aproximando até que
estava beijando os lábios de August tão suavemente e docemente que era
quase o suficiente para fazer seu coração doer. — Você me conhece, e eu
conheço você, — disse William, suas palavras suaves, seu hálito reconfortante
sobre a pele de August.
August engoliu em seco.
— Eu acabei de te conhecer.
Estava ficando quente e incomodado. Seu pênis estava duro e
palpitante por atenção, e isso foi depois que William mal o tocou.
— Você vai se lembrar de mim em breve. Provavelmente já estou um
pouco familiar para você. Só não consegue ver isso ainda.
August não podia dizer nada sobre isso. Como poderia responder
quando era quase verdade? Sentiu como se houvesse algo sobre William que
era familiar, algo que estava perto de casa.
Não podia explicar, mas estava lá. Não podia negar, mas não queria
admitir isso em voz alta porque era simplesmente muito louco.
— Tente não pensar nisso, — disse William, sua voz, o calor de seu
corpo, tudo sobre ele excitava August. — Apenas se concentre em mim, e isso
será suficiente.
Quando seus lábios se encontraram novamente, August foi com ele.
Queria ser varrido, queria ser amado, querido e protegido, e William estava
certo. Isto o fez sentir como casa. Era como se tivesse acabado de encontrar o
propósito de sua vida, e queria se deixar levar por isso.
William quebrou o beijo para retirar brevemente a bandeja com a
comida.
— Vou dar isso de volta para você depois que terminar. Depois vou
levá-lo ao chuveiro comigo.
August estremeceu. Isso soou incrível, e quando William subiu em
cima dele, se deixou beber no outro homem.
— Você não tem namorada?
William piscou, de repente olhando com os olhos arregalados.
— O que? Não, claro que não. — Ele sorriu. — Confie em mim, você é
o único para mim.
— Mas pensei que estava naquele bar porque alguém terminou com
você, e continuou me chamando de Aggy.
— Bem, — Will começou, — meu coração estava quebrado antes de
te ver, e você é Aggy.
— Eu sou?
August não tinha percebido que tinha sido dado um apelido tão cedo.
A ideia deveria ter irritado-o, pelo menos, um pouco, mas não. Na verdade,
gostava disso, especialmente agora que sabia que William não estava
chamando outra pessoa enquanto estava dentro dele.
— Você realmente pensou que diria o nome de outra pessoa
enquanto estava com você? — William perguntou, refletindo os pensamentos
de August.
Maldição, aquela vergonha voltou para ele duro e forte, e que diabos
deveria fazer sobre um sentimento assim quando tinha tanto controle sobre
ele?
— Eu... eu acho que sim.
Algo piscou nos olhos de William.
— Desculpe. Nunca vou lhe dar uma razão para pensar que não pode
confiar em mim novamente.
August queria dizer-lhe que não importava, que este homem não lhe
devia nada, nem abrigo, nem explicações, nem nada, mas aparentemente
queria entregá-los de qualquer forma, e August era incapaz de detê-lo.
Especialmente quando o toque de sua boca era tão doce. August
gemeu suavemente e então ofegou quando a mão de William se moveu entre
suas pernas, acariciando seu pau através de sua calça.
A boca dele abriu-se, William aproveitou, deslizando a língua para
dentro e pegando o que era dele. August deixou. Suas mãos agarraram os
ombros de William o mais forte que podia. Não estava disposto a deixá-lo ir.
Puxou o homem para baixo mais firmemente em cima dele porque precisava
disso. Precisava de mais, e iria fazer qualquer coisa e tudo ao seu alcance para
ter certeza de que conseguia.
Era a mesma sensação de calor que sentira quando ele e William
estavam sozinhos naquele quarto de hotel, fazendo sexo. Parecia mais fazer
amor. Não podia chamá-lo disso ainda, mas definitivamente não tinha sido
uma foda. Por enquanto, ia chamá-lo de sexo, o mesmo que isso. Isso era
sexo. Este era o sexo que já se sentia incrível, que fazia seus dedos do pé
curvarem e seu corpo se iluminar com todos os tipos de fogos que nunca tinha
experimentado em sua vida, e William quem estava dando a ele enquanto
lambia em torno dele.
August foi impotente contra esse movimento. Queria fazer algo, fazer
qualquer coisa para este homem se desfazer, para lhe dar o mesmo prazer que
estava recebendo agora, mas estava muito preso no prazer, também preso
nessa névoa de calor e sensação.
Sugou a língua de William. Era a única coisa que podia pensar em
fazer além de segurar firmemente seus ombros e certificar-se de que não fosse
a lugar algum.
Chupou aquela língua, e fez isso duro, e quando William gemeu por
ele, estava no céu.
Esse era o som que tanto queria. Esse era o som que fez sua pele
arrepiar e seu sangue correr quente em suas veias.
William foi quem quebrou o beijo, também, o que fez August
estupidamente orgulhoso.
— Maldição, senti tanto a sua falta.
Lá estava novamente, dizendo coisas que não faziam sentido, mas o
que poderia dizer quando soava tão bom ouvir?
William empurrou a mão para cima da camisa de August, e só então
percebeu o quão imundo devia estar nessas roupas e estava deitado no que
devia ser a cama de William.
— Vou deixar sua cama suja.
— Então nós devemos tirá-lo dessas roupas o mais rápido possível.
August estremeceu. Deus, até mesmo a forma como ele estava
falando era simplesmente muito perfeita. Estava indo para superaquecer.
Fez tudo que podia para ajudar William a despi-lo, mas August estava
mais machucado do que pensava, porque cada vez que tentava fazer alguma
coisa, acabou puxando o músculo ferido em sua barriga.
Quase se esquecera da dor que sentia, com o quão bom William o
fazia sentir, mas por mais que estivesse envergonhado por precisar de alguma
ajuda para se despir, ficou contente por ter sido William quem o estava
ajudando. Era a única coisa que o fazia se sentir melhor agora. O toque das
mãos em seu estômago, em seguida, seus mamilos, provocando-o e
acariciando-o antes que se inclinasse para baixo e lambesse a língua perversa
sobre cada um dos mamilos de August foi quase o suficiente para fazê-lo
explodir.
Ofegou e se contorceu sob o outro homem.
Se isto era um sonho, nunca iria querer despertar dele. Talvez
estivesse em coma, depois que Bobby o atingiu com tanta força na cabeça.
Deus, este era o coma mais incrível do mundo. Talvez tivesse sorte e nunca iria
acordar.
— Você ainda é tão sensível. Odeio esse machucado. Odeio o que ele
fez com você.
August odiava também, mas gostava quando William o tocava.
Gostava que o outro homem não estaria mantendo suas mãos fora do seu
corpo.
— Faça-me esquecê-lo, — suplicou August.
William hesitou apenas um pouco, mas foi o suficiente para August
para perceber.
August apertou o rosto contra o ombro de William, não querendo
olhar o homem nos olhos enquanto fazia um pedido tão embaraçoso.
— Quero esquecer tudo sobre ele, o que fez para nós. Faça-me sentir
bem, por favor. Eu preciso de você.
Cristo, até mesmo para seus próprios ouvidos, isso parecia patético e
egoísta, como se queria William apenas para o sexo. Era mais do que isso.
Queria esquecer, mas não porque qualquer um faria. Só William faria, só ele
poderia fazer se sentir bem e fazê-lo esquecer tudo o que tinha acontecido.
Essa era a única razão pela qual jamais pediria algo assim.
— Tudo o que você precisa, bebê. Eu te amo. Vou dar-lhe o que
quiser.
A boca de William estava de repente, e sem aviso, de volta em
August. Era maravilhoso e aconchegante. August sentia-se como se estivesse
sendo verdadeiramente dominado, e naquele momento, isso era exatamente o
que precisava.
August abriu a boca, lambendo os lábios do outro homem, gemendo
com o arranhão que sentia na mandíbula de William, e depois gritou quando
sentiu a língua empurrar dentro de sua boca, reivindicando-o, dominando-o.
Era aquele mesmo sentimento quente e familiar que sentia cada vez
que este homem o beijava e tocava voltou para ele. William parecia saber
exatamente onde tocá-lo.
Como estava fazendo isso? Por que isso era tão familiar? Por que era
tão certo?
Não importava. Absolutamente não importava, e não ia mais
questioná-lo. Não fazia sentido. Não quando tudo o que fazia se sentia tão bem
e esse homem que ele não conhecia, tinha acabado de conhecer, tinha dito que
o amava, e em vez de ficar estranho com isso, como provavelmente deveria
ter estado, sentiu alívio e gratidão.
Ele era amado, e amava esse homem de volta. Não ia admitir isso,
mas era verdade, e era incrível.
William empurrou-se entre os quadris de August, como se
pertencesse aquele lugar, como se estivesse lá mil vezes antes, e August quase
teve uma sensação de déjà vu naquele momento, porque de certa forma se
sentia assim. Na verdade, tinha estado nessa posição antes, e não apenas
naquele motel.
As mãos de William continuaram a se mover, a deslizar sobre a pele
de August, a apertar seus mamilos, e então se mexeu para o pênis, fazendo-o
gemer através de seu beijo.
William engoliu aquele som com um sorriso antes de se afastar, seu
rosto corado e lábios inchados por seus beijos.
— Senti tanto a sua falta.
— Sento a sua também — disse August, porque parecia a coisa mais
natural a dizer. Sentira falta desse homem. Mesmo que não o conhecesse,
sentia falta dele. Só estava percebendo isso agora que estava com ele, mas
toda a sua vida, tinha estado sem, e nem sequer sabia.
A expressão de William se tornou esperançosa.
— Você se lembra de mim?
Lembrar... sim, isso estava certo. Ele e William se conheciam. Deveria
estar com William. August não conseguia explicar por que ou como, mas tinha
memórias desse homem que estava trancado dentro de sua cabeça, não
apenas um déjà vu.
— Eu... eu acho que sim. Sei que deveria estar com você. Sei que
doeu quando não o tinha, e doeu tanto quando tive que deixar você para trás.
— Não pense nisso. — William apertou um beijo reconfortante na
boca de August. — Isso não importa mais. Você está comigo, e isso é tudo que
precisa pensar.
William deixou sua testa cair contra o peito de August. Ele a
pressionou lá, estendendo a mão, pegando-o pelas mãos, e entrelaçando os
dedos.
— Nunca vou deixar que algo ruim aconteça com você novamente. Eu
juro.
August acreditou nele. Essa foi a melhor parte sobre a coisa toda.
Acreditava neste homem, acreditava que estava seguro com ele.
— Encontrei meu cavaleiro em armadura brilhante.
William olhou para ele com um sorriso que mostrava os brancos de
seus dentes, e então esmagou suas bocas juntas de uma maneira que fez
August gemer.
Era quase um beijo doloroso, mas alcançou as mãos dele no cabelo
de William e segurou firme porque tinha que segurar. Precisava aguentar.
Gemeu e ofegou para respirar enquanto William empurrava seus
pênis juntos. A fricção, o calor e o prazer ascendente se uniram de uma
maneira que era quase demais para lidar. Precisava de muito mais do que isso,
no entanto. Não queria gozar até William estar dentro dele.
Tinha sido importante quando estavam sozinhos naquele quarto de
hotel, e era muito importante agora.
— Pare, pare — disse August.
William gemeu. Parecia quase como um rosnado, mas parou e se
afastou, seu rosto ainda corado pelo prazer.
— O que é?
August recusou-se a soltar os cabelos.
— Quero você dentro de mim. Vou gozar, e não quero fazer isso até
que esteja em mim.
August pensou ter visto mais um brilho nos olhos de William. Era
definitivamente um brilho ansioso.
— O que você precisar, mas vai ter que soltar meu cabelo por um
tempo.
Ele fez, seus dedos imediatamente liberar seu firme aperto, chocado
consigo mesmo que estava realmente tão excitado que mal percebeu o que
estava fazendo.
William saltou da cama e entrou no banheiro, como se fosse um
garoto no Natal. August se ergueu sobre os cotovelos. Observou o homem no
banheiro, notou o sorriso no rosto de William e sentiu sua ânsia.
A pele de August imediatamente formou arrepios. Ele se sentia mais
vivo agora, mais ansioso, do que jamais sentira por nada antes.
Quando William voltou, segurando uma pequena garrafa na mão,
mexendo-a nos dedos, August deitou-se para ele, afastando os joelhos, mais
do que ansioso para deixar o homem entrar.
Não era um sonho. Isso era real, e quando William despia suas
roupas, August não fazia ideia do que o homem realmente havia feito com
Bobby, ou de onde viera, mas estava feliz por estar realmente aqui com ele.
Levantou as mãos para as bochechas de William, sentindo a áspera
sensação de barba rasteira contra as palmas das mãos.
— Isso é real?
William piscou para ele e sorriu.
— Isso é definitivamente real.
August ofegou quando sentiu dois dedos empurrando para dentro.
Deus, esta era a melhor realidade do mundo.

Capítulo Oito

August ainda estava preparado e esticado de seu tempo no quarto de


hotel. Não tinha sido a muito tempo, afinal de contas, e embora achasse que
estava mais do que pronto para William empurrar seu pau para dentro e tomar
o que tão desesperadamente queria dar, gostou que o outro homem estava
tomando seu tempo em prepará-lo.
Foi doce. Havia algo íntimo sobre ter este homem tomando tanto
cuidado com ele. August não achava que fosse tão sentimental, que não lhe
importava quando todos os outros com quem tinha estado eram rudes,
preocupados apenas com eles e não com ele.
Não, isso era melhor. Isso era algo que definitivamente gostava.
— Bem ali, — ele suspirou, sentindo as pontas desses dedos
apertando sua próstata. Ficaram ali, fazendo-o estremecer e tremer. Isso era o
que estava esperando por toda a vida.
William cutucou seus dedos, empurrando um terceiro dentro dele,
fazendo-o queimar e grunhir.
— Você está bem?
— Sim, — August ofegou, e então empurrou contra o peito de
William. — Quero ficar em minhas mãos e joelhos.
William sorriu, deixando August se mover.
August gostava de estar cara a cara com o outro homem, mas
também queria que William pudesse deslizar tão profundamente dentro dele
quanto pudesse. Isso parecia ser a maneira de fazê-lo.
Estendeu a mão, segurando alguns dos travesseiros e puxando-os
debaixo de seu corpo antes de olhar para trás por cima de seu ombro. Olhou
para trás a tempo de assistir enquanto o outro homem se inclinava e
pressionava sua língua para seu ânus.
August sugou um duro suspiro. Imediatamente agarrou os lençóis sob
ele enquanto seus olhos inchavam quando sentiu o toque daquela língua contra
seu ânus.
Gemeu, longo e alto do calor escorregadio, o modo como a língua
mexia dentro dele. Foi bom. Deus, se sentiu tão bem. Não conseguia nem
fazer barulho, apenas barulhos de ar enquanto tentava desesperadamente se
recompor.
Que merda, o que diabos estava acontecendo?
William se afastou.
— Alguém já fez isso com você antes?
August sacudiu a cabeça. Não podia falar. Não havia nenhuma
maneira no inferno que iria ser capaz de obter as palavras que queria, o
suficiente, embora realmente queria dizer algo.
Do som da voz de William, ele estava sorrindo.
— Bom. Mas deixe-me saber se não se sente bem. Sou um pouco
novo para isso.
Jesus, August nunca teria sabido se o homem não tivesse dito nada,
porque estava indo tão bem agora.
William continuava a empurrar sua língua cada vez mais para dentro
do corpo de August. Quando o tocou, foi positivamente selvagem. Ele jogou a
cabeça para trás e gritou, empurrando seu traseiro para aquela língua,
precisando de mais. Seu pau latejava. Sentiu como se estivesse balançando na
beira do melhor orgasmo de sua vida, mas simplesmente não conseguia se
mover para sobrevoar a borda. Estava bem ali. Queria tanto. Sentiu vontade
de pegá-lo, mas não conseguiu, porque esse prazer parecia ter um ponto final,
e foi exatamente antes de atingir o pico alto que estava tentando alcançar.
August ofegou por respirar. Seu rosto caiu sobre o colchão e lençóis
sob ele. Não podia se concentrar. Tentou recuperar o fôlego, e ter seu rosto nos
lençóis provavelmente não estava ajudando nada, mas Deus, não podia
aguentar mais.
Foi bom. O prazer era intenso, mas isso não iria trazê-lo para fora.
August se mexeu, desesperado para agarrar seu pau, mas William
deve ter visto isso, porque empurrou a mão de August afastado com um
movimento rápido.
August gritou, levantando o rosto dos lençóis e olhando para o outro
homem.
Os olhos de William eram duros, como os de um animal, enquanto
olhava fixamente para August. Estremeceu quando outra onda de prazer
ondulou através de seu corpo.
— Eu... eu preciso... dentro de mim. Agora mesmo. — Ele não
conseguia nem mesmo soltar as palavras. Era assim que sua cabeça estava
enevoada.
Quando aquela língua deixou seu corpo, August gritou. Tinha sido
provocado, com certeza, mas não queria que parasse. Sentia-se bem.
Olhou para trás, assim como William tomou sua ereção na mão,
pressionando a cabeça contra seu traseiro.
— É isso que você quer?
August queria muito mais do que isso, mas era um começo.
— Sim, sim.
William continuou provocando-o com seu pênis. August sentiu a
maneira como o outro homem empurrava a cabeça para frente e para trás,
contra seu ânus. Era como se estivesse deixando-o saber quem estava no
controle, como se estivesse provando seu domínio.
Ele não precisava provar nada. August estava mais do que disposto a
admitir para si mesmo, e qualquer outro que quisesse ouvir, que este era o
homem que estava no comando aqui. William estava no comando, ele era um
alfa total, e August queria ser dominado por ele.
— Por favor, por favor, preciso. — August estremeceu. Ele nunca tinha
tremido assim antes. Sentia-se pequeno e desamparado nos braços de William,
mas estava tudo bem porque confiava no homem com tudo o que possuía.
Estava bem ser vulnerável em torno dele.
August sentiu a mais suave pressão dos lábios contra a nuca. Era um
beijo lá, mas queimou no lugar onde ele tinha sido tocado, e gemeu disso.
O pau de William se afastou muito brevemente, e August ouviu os
ruídos molhados que vinham com o lubrificante sendo aberto e espremido.
Quando August sentiu a pressão quente do pau de William contra seu
ânus mais uma vez, ele suspirou. Era isso. Estava finalmente acontecendo.
A pressão do primeiro impulso para frente estava lá. August esperava
isso, mas seu corpo acomodou o outro homem muito mais fácil do que
pensaria ser possível. Deve ter sido por causa de quão recentemente eles
tiveram relações sexuais, mas ele suspirou quando suas paredes internas se
abriram, permitindo que o outro homem deslizasse dentro.
O suspiro áspero e retumbante que William soltou foi um prazer de
ouvir.
— Tão apertado. Deuses, — ele gemeu.
O que era bom. Fez August se sentir melhor sabendo que este
homem estava satisfeito com ele, que poderia fazê-lo se sentir bem.
Queria fazê-lo se sentir ainda melhor, então apertou seu ânus em
torno do eixo do outro homem.
August ouviu o suspiro suave da respiração e depois a risada que se
seguiu.
— Você quer ser um pouco safado, não é?
August acenou com a cabeça.
— Definitivamente.
Precisava manter algum senso de controle sobre si mesmo. Ele tinha.
Mas a forma como William o agarrou pelos quadris, inclinando-se
para frente e para trás, empurrando mais para dentro dele do que tinha sido
ontem à noite, era quase demais.
— Assim mesmo — gemeu August.
A forma como seu corpo foi empurrado e puxado para frente e para
trás, os sons de sua respiração pesada e de William no quarto, a sensação de
seu corpo tocando em todos os lugares que poderiam ser tocados, tudo estava
estimulando-o da melhor maneira possível. August estava impotente contra
isso. Queria mais, mas só podia deixar-se arrastar.
— Monte aqui — exigiu William, puxando August até que ele não
estivesse mais de joelhos e agora, em vez disso, estava sentado no colo do
outro homem, o peso de seu corpo apertando o pênis de William, mantendo-o
no lugar.
Ele ofegava, incapaz de se mover, de fazer qualquer coisa enquanto
aquele belíssimo pau tocava em toda parte dentro dele, esticando-o.
— Você gosta disso, não é? — Perguntou William, levantando os
dedos e brincando com os mamilos de August. Eles já estavam duros, mas o
prazer trazido quando os acariciava era imenso.
— Você deveria se ver agora mesmo. Você é tão lindo assim. Seu
corpo está corado, e está ofegante para respirar em meu pau.
William o surpreendeu ao se abaixar e curvar os dedos ao redor da
base da ereção de August. Ele a acariciou, fazendo seu pau saltar, e ele teve
que gritar.
— É isso — disse William, lambendo o pescoço de August antes de
rolar os quadris. — Isso é meu. Você é meu.
Empurrou para August um pouco mais duro desta vez, realmente
certificando-se de que sentia a corrida do prazer cada vez que a cabeça de seu
pau tocava a próstata de August.
— Diga — exigiu William.
August nem sequer tinha que pensar nisso. Apenas deixou as
palavras saírem.
— Sou seu.
Eram fáceis de dizer porque eram verdadeiras. August não queria
pertencer a mais ninguém. Esse era o único homem no mundo que o tocaria
de novo se tivesse alguma coisa a dizer sobre isso.
William chupou seu pescoço com força, o suficiente para que não
houvesse nenhuma dúvida na mente de August de que um hematoma seria
deixado lá, mais tarde. Bom. Queria isso. Queria que todos no mundo vissem
que ele pertencia a este homem, que não deveria ser tocado por ninguém além
de William.
William não disse mais nada para ele. Nada além dos barulhos de
rosnar animalescos que fazia enquanto bombeava seus quadris, empurrando
tão profundamente dentro do corpo de August como poderia possivelmente ir.
August perdeu-se. Era embaraçoso, e não podia evitar, mas foi isso
que aconteceu.
— Eu te amo, — ele gritou então tinha seus lábios capturados por
William enquanto o outro homem magistralmente bombeava nele, acariciando
seu pênis, fazendo-o gozar, fazendo-o gozar porque era o que Will queria que
fizesse.
August estourou. Não havia nada que pudesse fazer para retê-lo, e
não queria segurá-lo de volta. Gemeu contra a boca do outro quando gozou
tão maravilhosamente. A corrida de prazer parecia forçar-se a sair dele, e não
havia nada que pudesse fazer sobre isso, então por que se incomodar em
lutar?
O calor de seu esperma em seu estômago e tórax o atingiu primeiro.
August estava ciente de quão rápido William bombeava nele, quanto mais
errático e responsivo seus movimentos se tornaram. August estava
positivamente pulando para cima e para baixo no pênis do homem.
Suspirou quando sentiu-se triturado de tudo o que tinha, mas havia
mais. William soltou o pau de August em um ponto, suas mãos se movendo
para o estômago de August e os ombros, como se estivesse tão desesperado
para se fixar que não se importava com o que estava empurrando as mãos.
A força e o poder por trás de cada um de seus ataques se tornaram
tão intensos que August foi forçado a ficar preso. Estava honestamente
preocupado que seria lançado fora do colo de William, e as réplicas prazerosas
que vieram após seu orgasmo ainda estavam fazendo seu corpo chiar, ainda
fazendo-o gemer, responder e reagir.
Tão bom. Poderia fazer isso para sempre. Desejou poder.
— Me diga de novo.
— Eu sou seu, — disse August, ofegante.
— Não, a outra coisa. — William mordeu e lambeu a garganta de
August mais uma vez, e sabia o que o outro homem estava lhe pedindo.
— Eu te amo.
William soltou um duro gemido, um ruído que quase o fez soar como
se estivesse sofrendo. Então, não, ele segurou August firmemente em torno da
cintura, pressionando seu rosto no ombro dele, e August gemeu quando sentiu
a corrida quente de sêmen inundar dentro dele enquanto William se torcia,
espasmava e gemia.
Como se tivesse medo de que August desaparecesse se o deixasse ir.
Nunca iria a lugar algum.
Nunca mais.

Capítulo Nove

Entraram no chuveiro depois disso. August precisava demais. Ele se


sentiu sujo, mas ainda bastante brincalhão depois do que tinham feito e
estupidamente apaixonado.
O que era insano, mas parou de se importar. Não parou de questioná-
lo, mas não se importava mais. Estava se divertindo demais e quando William
queria dar a August outro lembrete de como era forte, empurrando August
contra a parede de azulejos pretos de seu chuveiro, empurrando dentro dele
novamente, bem, August estava muito feliz em deixar.
Deus, esse cara era como um garanhão ou algo assim. Como diabos
era possível que pudesse ter tanta resistência? Melhor ainda, como era capaz
de fazê-lo tão quente e incomodado como assim? August teve relações sexuais
com ele naquele quarto de hotel, esteve muito assustado no estacionamento,
sexo novamente, e estava no chuveiro fodendo como se tivesse sido segurando
um acúmulo pelas duas últimas semanas.
Não que fosse reclamar. Isso era ótimo.
A respiração morna de William ao longo de seu ombro, sua orelha, o
som de sua voz, e a sensação escorregadia de suas mãos enquanto acariciava
todo o corpo de August foi maravilhoso.
August gozou enquanto William mordia a ponta de sua orelha,
preguiçosamente fodendo-o. Poderia ter caído de joelhos se o outro homem
não o tivesse apanhado.
— Vamos. Tenho que te manter em pé se você for conhecer a família
— disse William com uma risada.
August apenas grunhiu, seus olhos se fecharam quando se inclinou
contra o outro homem. Estava indo deixá-lo fazer o que quisesse. Ele parecia
feito de gelatina e totalmente não queria se mover.
William limpou e enxaguou os dois. August tentou o máximo para se
manter de pé, mas cada vez que tentava ficar sozinho, seus joelhos acabavam
tremendo.
Foi embaraçoso. Pelo menos William parecia pensar que era bonito.
Ele ria e beijava August toda vez que tentava se mover.
— Estou tentando não parecer tão patético aqui — resmungou
August.
William beijou-o no lado de sua garganta.
— Nunca pensaria que você era patético.
Com um gemido, August puxou-se para trás sob as cobertas.
— Confortável.
Os lençóis estavam limpos. Antes do banho, Will os havia trocado.
August tinha tentado ajudar, mas o homem insistia em fazê-lo sozinho.
Fez um trabalho incrível, também. Não parecia o tipo que fazia
camas.
— Você pode comer um pouco mais, ou está cansado?
— Cansado, — disse August. — Que horas são?
Quase nove da manhã.
Uau, isso era tarde. Ou muito cedo. Será que eles realmente estavam
tendo relações sexuais por tanto tempo?
Os olhos de August estavam fechados quando William inclinou-se e
beijou-o na boca. Ele gemeu um pouco com isso. Era bom ser beijado
enquanto dormia.
— Vou deixar você dormir um pouco. Você teve um dia muito difícil.
August abriu os olhos, embora se sentissem pesados.
— Você vai ficar aqui comigo?
Ele estendeu a mão, encontrando o pulso de William e segurando
forte. Não queria deixar o outro homem ir por qualquer coisa.
William piscou para ele, como se estivesse confuso, mas então sorriu.
— Certo. Contanto que você precise de mim.
Ele subiu na cama atrás de August, aconchegando-se atrás dele.
August o observou, sentiu o calor de seu corpo, a força de seu músculo. Ambos
estavam nus. William estava em cima das cobertas, e August estava debaixo
delas, mas ainda se sentia tão perto do outro homem como poderia
possivelmente estar.
Gostava disso. Estava gostando tanto que era ridículo.
Nunca precisou de ninguém ao lado dele para dormir antes. Porque
agora?
Tanto faz. Estava cansado e precisava fechar os olhos. Faria mais
perguntas depois que tivesse dormido algumas horas.
William observou seu companheiro enquanto sua respiração se
equilibrava e cochilou se acomodando em um sono mais profundo.
Acariciou sua mão sobre o cabelo loiro macio, deixando suas pontas
do dedo rastejarem sobre a pele do ombro de August e então sua mandíbula.
Ainda estava fascinado com a mudança. Seu companheiro era um
homem, não mais uma mulher. Imaginava que isso aconteceria, mas era
interessante ver.
E perceber que isso não lhe importava absolutamente.
William se considerava uma pessoa egoísta e superficial. Aparência
importava, mas quando vinha de seu companheiro, aparentemente, não
importava em tudo. Tudo que podia ver era a pessoa que amava.
Agradeça aos deuses que estava fazendo tudo certo quando se
tratava de agradá-lo. William tinha estado preocupado que faria algo errado,
machucá-lo-ia, ou, pior, que seria chato para ele.
Não. Todos aqueles pequenos barulhos felizes que August fazia
pareciam provar que William era fabuloso na cama, não importando o sexo de
seu companheiro.
William queria ficar aqui para sempre, para examinar que outras
diferenças poderia haver com seu amante, mas não. Tinha algo para cuidar.
Ou seja, onde diabos estavam seus irmãos e por que Yuki era o único
na casa. Além disso, William precisava verificar aquele outro homem que tinha
trazido aqui. August tinha dito que era seu irmão, mas William acreditava
nisso?
Se o fizesse, então o que diabos faria com ele? Considerando que
August tinha sido colocado em perigo por causa dele e tudo mais.
Afastou-se cuidadosamente para fora da cama, certificando-se de não
acordar seu companheiro.
William se aproximou da cômoda, pegou algumas roupas limpas e se
vestiu silenciosamente e rapidamente. Com um último olhar de despedida, saiu
do quarto.
Hora de descobrir o que diabos estava acontecendo nesta casa.

O fogo ao redor dele queimava em sua pele, em suas roupas. August


tentou afastar-se disso, mas quase sentiu como se estivesse correndo dentro
de uma sala de pedra. Sempre voltava para o mesmo lugar. As janelas eram
apenas mais do que fendas finas que poderia caber seu braço através, e não
haveria nenhuma fuga por lá. August também tentou. Sacudiu os braços para
fora das janelas, pedindo ajuda, chamando William, mas não havia nada e
ninguém ali. Ninguém estava vindo para salvá-lo, e quanto mais percebia,
mais gritava pelo outro homem.
Não me deixe aqui. Por favor, venha por mim. Não quero estar aqui.
Outras pessoas choravam e gritavam na sala de pedra. Alguns
tossiam para respirar. Havia crianças ao seu redor, e junto com o cheiro de
madeira queimada, óleo e tecidos era o cheiro inquietante de cabelos ardentes.
August estava em chamas. Estava em chamas, e ia morrer. Não
queria morrer. Queria ver William novamente.
Através dos gritos de terror e dos gritos desesperados, August quase
não percebeu que não estava sofrendo qualquer tipo de dor. Na verdade,
quando olhou para as mãos, o fogo queimou-as, descascando a pele, mas não
havia dor lá. Não fazia sentido. Deveria estar chorando da pior dor que já
sentira em toda a sua vida, mas não havia nada ali.
Quanto mais August percebia isso, mais era capaz de pensar, de se
concentrar.
Por que não estava sofrendo? Por que não estava machucado? Isso
não fazia sentido algum. As pessoas ao seu redor estavam chorando e
gritando. Oh, Deus, havia bebês aqui. Algumas pessoas batiam contra a porta
antes de cair da fumaça que estavam inalando.
Mas quanto mais August se acalmava, mais percebia que estava bem.
Ele não estava morrendo. Ainda estava respirando, mas não estava sufocando.
Isso era um sonho? Estava sonhando?
Acima do barulho do fogo brilhante, August quase não notou, mas
havia uma mulher no chão. Ela estava deitada de costas, como se a dor do
fogo que cobria seu vestido, das chamas que se estiam para lamber seu rosto
e cabelo, fosse um fardo demais para superar.
Ela recitava alguma coisa. As lágrimas secaram em suas bochechas
quase tão rapidamente como apareceram. Seus olhos eram... eles não
combinavam. August não tinha certeza por que estava percebendo isso agora
enquanto a observava queimar. Ela estava em chamas. Suas roupas e cabelos,
e era horrível de assistir.
Pior foi quando percebeu o que significava a protuberância em seu
estômago. Esta mulher estava grávida, e ia morrer aqui.
Mas ele foi puxado pelo poder de sua voz, mesmo que continuasse a
enfraquecer, e mesmo quando seu corpo se enrugava com tosse, tosse que a
interrompia, e a dor que fazia seu canto parecer ainda mais difícil de sair.
Sabia o que estava fazendo. Ninguém iria vir salvá-los. Era muito
tarde, mas tinha algo sobre ela, algo especial, que significava que poderia
chamá-los de volta, para voltar para seus companheiros em outra vida.
Realmente não desapareceram, apenas foram separados até suas
almas se recuperarem.
E assim, August sabia quem era aquela mulher. Ele a vira antes. Vira
na casa quando William o trouxe aqui.
Esse era o jovem que tinha visto lá embaixo. Aqueles eram os
mesmos olhos mal combinados, só que o homem tinha um filho em seus
braços.
Isso foi... merda, isso foi...
August sugou um suspiro, lançando-se para cima e para longe da
cena horrível, caindo fora da cama.
Caiu duro no chão, os lençóis, emaranhados em suas pernas,
tornando difícil segurar a si mesmo.
— Ow, — ele gemeu, empurrando e chutando-se fora dos lençóis.
Segurou seu rosto. Merda, isso realmente doeu, mas pelo menos nada parecia
quebrado.
Depois de ser esmurrado por Bobby, não pensou que se machucaria
mais, mesmo que fosse de sua própria estupidez.
— William?
August olhou para cima e ao redor do grande quarto em que estava.
A riqueza que o cercava era intensa, diferente de tudo o que já tinha visto
antes. Não era que o mobiliário era banhado em ouro, mas era o tamanho do
lugar, a cama king-size, a TV de tela plana na parede, para não mencionar o
banheiro. Azulejo de mármore com uma banheira enorme e cabine de banho.
August supunha que fazia sentido. Ele morava em um castelo com
William. Ele e seus irmãos sempre foram ricos.
Eram cavaleiros. Criado dos velhos Deuses e encarregado de proteger
a humanidade das trevas.
Era por isso que William não queria matar Bobby, embora tivesse dito
que Bobby iria merecer isso. Ele não queria ir contra a sua honra.
August... ele se lembrou. Nem tudo, mas foi o suficiente. Tinha
certeza de que era real. Tinha que ser. Aggy realmente era ele. Esse era seu
apelido, quando era uma mulher chamada Agatha.
Santa merda.
— Will? — August se levantou. Agora, mais do que nunca, sentia-se
como se precisasse encontrar seu companheiro, colocar os olhos no homem e
vê-lo por si mesmo.
Maldição, ele estava nu.
August rapidamente procurou por suas roupas. Tinham sido levadas
embora. Achava que William o perdoaria por roubar algumas de suas roupas.
Claro que eram todas enormes para ele, mas era melhor do que
nada. Teve que usar um dos cintos de William e apertar até o último buraco
para manter o jeans em seu quadril.
Não se incomodou com meias ou sapatos quando saiu do quarto.
Havia um longo corredor com várias portas. Não tinha ideia de onde
estava.
Deveria ter prestado mais atenção quando tinha sido trazido para cá,
mas merda, estava tão doente no começo. Todo o estresse e adrenalina tinham
acabado de sugá-lo.
Uma extremidade do corredor terminou num beco sem saída. O outro
realmente parecia ir a algum lugar. Decidiu tentar nesse.
— Olá?
Tinha que haver outras pessoas nesta casa. Tinha visto algumas
pessoas quando tinha sido trazido.
Um deles era Kinsey. Tinha que ser. O homem com os olhos mal
combinados... tinha que ser Kinsey. Ele era a razão pela qual August estava
aqui, por que estava vivo.
Também precisava encontrar seu irmão.
August finalmente chegou a um conjunto de escadas. Podia subir ou
descer. Para baixo parecia o melhor caminho a percorrer, especialmente porque
podia ouvir alguém falando lá embaixo.
— Isso é insano. Como diabos ele entrou pelas suas defesas?
Essa era a voz de William. August soltou um suspiro aliviado. Depois
do sonho que tinha tido, embora não tivesse muito sentido, tinha ficado
preocupado por não encontrar o outro homem.
— Nós não temos certeza, mas ele fez isso, e levou Gary. Teríamos
pedido sua ajuda, mas você partiu ontem à noite.
A voz que inicialmente soou desconhecida clicou em algo dentro da
cabeça de August. Não, ele conhecia aquela voz. Esse era o irmão de William,
Yuki. O shifter dragão.
August baixou-se calmamente pelo resto da escada. As vozes
pareciam estar vindo de uma área da cozinha. August podia ver armários e
piso de ladrilhos quanto mais perto chegava.
— Pelo menos você encontrou seu companheiro. — O homem com os
olhos incompatíveis! — Quero dizer, é melhor assim. Se você não o tivesse
encontrado primeiro, as bruxas de Keaton o encontrariam.
— Ele não estava muito bem quando o encontrei. Você conseguiu
alguma coisa com o irmão?
Nathan? August parou. O que eles estavam fazendo com Nathan?
— Ele está chateado. Continua perguntando sobre o seu
companheiro. Não o machuquei nem nada, mas estava pirando, então eu o
amordacei.
— Certifique-se de tratá-lo bem. Não sei o que estava acontecendo
com ele, mas August parece se importar. Não quero machucá-lo.
Ok, agora August tinha que intervir. Eles estavam falando sobre
machucar seu irmão? Que diabos?
Entrou na cozinha, observando todos os homens em torno de uma
ilha e expressões sombrias em toda parte.
— Onde está o Nathan?
Todos levantaram a cabeça e olharam para ele. Quase todos os rostos
da cozinha eram alguém que August descobriu reconhecer em algum nível
primordial, mesmo que não tivesse nunca visto seus rostos antes em sua vida.
Ninguém lhe respondeu, e não gostou.
— Onde está meu irmão? — Ele olhou para William desta vez.
August provavelmente parecia um pouco ridículo, de pé ali com as
roupas de tamanho grande de William, mas estava começando a ficar irritado,
e esperava não descobrir que seu amante tinha ferido seu irmão.
Will suspirou. Ele e Yuki olharam um para o outro e voltaram para
August.
— Ele está no porão.
August piscou.
— Por que ele está no porão?
— Onde mais eu ia colocá-lo? — Yuki perguntou.
August olhou para o outro homem, um fluxo de lembranças vindo
para ele. Yuki tinha um companheiro, um jovem chamado Joseph. De fato,
aquele era Joseph ali mesmo, parado ao lado de seu companheiro.
— Foi para a segurança dele e de todos os outros, bebê — explicou
rapidamente, caminhando, pressionando as mãos nos ombros de August. —
Nós não o conhecemos, e você me disse que ele tinha se envolvido com
algumas pessoas muito más.
August tinha dito a Will muito mais do que isso, mas teve a sensação
de que seu companheiro estava censurando-se aqui desde que eles tinham
companhia.
August mordeu os lábios juntos.
— Ele é... ele não é mau. Ele só correu na direção errada. Ele não
queria, e nós dois estamos bem agora.
William levantou uma sobrancelha.
— Ele não vai correr de volta para essas pessoas e ficar em apuros?
Ele não vai tentar trazer problemas aqui? Não achamos que ele possa
encontrar o caminho de volta, mas há crianças nesta casa para pensar, e
Tomas trabalha na cidade com Felix e alguns dos outros companheiros.
— Ele não causará nenhum problema. Eu prometo, — disse August,
mas naquele momento, honestamente não sabia se acreditava nisso ou não.
— Se ele tentar voltar, não vou impedi-lo. Vou... vou deixá-lo ir.
August não podia continuar se envolvendo nas coisas ruins que seu
irmão se metia, para salvá-lo. Ele não iria querer deixar Nathan ir, mas iria.
Tinha William agora, e August absolutamente nunca iria querê-lo deixar ir.
William olhou para August como se não acreditasse completamente
nele, seu aperto permanecendo direito em seus ombros.
— Você tem certeza? Se precisar de algum tempo para pensar sobre
tudo, vou te dar isso. Você acabou de me conhecer. Tudo bem ficar confuso.
August encolheu-se. Will estava oferecendo a chance de recuar. Will
sabia quem era August e o que eram um para o outro, mas estava tentando
não colocar muita pressão sobre ele.
Todo o amor que August sentia por este homem, em sua vida
passada e agora mesmo, veio inundar à superfície.
— Eu lembro de você.
Sentiu a pontada no aperto de William.
August olhou para o homem. Sabendo que esta era a verdadeira
forma de William. Estendeu a mão, tocando a áspera bochecha de Will,
sentindo a rude barba lá, maravilhando-se como se sentia, como se esta fosse
a primeira vez que se permitiu tocar outra pessoa.
— Lembro de você. Você é um metamorfo. Você pode se transformar
em outras pessoas. Você... não olhou desse jeito no bar porque queria ficar
sozinho, mas te vi e fui puxado para você de qualquer maneira.
August notou a maneira como os olhos de Will se dilatavam, como
suas narinas queimavam.
— Você lembra?
— Lembro-me bastante. Lembro-me de estar com você, um
incêndio... — August parou, olhando para o homem com os olhos mal
combinados. — Você nos trouxe de volta.
Não era uma pergunta. Era uma declaração. Aquele homem ali era
especial. Ele tinha dons diferentes de tudo o que Will tinha, e quando todos
estavam morrendo e entrando em pânico, aquele homem ali trabalhara para
garantir que todos voltassem à vida.
— Sim, — ele disse, parecendo quase tímido sobre isso. — Desculpe
por ter feito você voltar como um cara. Espero que não seja um problema.
August quase se esquecera disso. Ele não tinha sequer pensado
nisso, realmente.
— Imaginei que era apenas porque havia uma chance de cinquenta
por cento que eu faria.
Havia apenas duas coisas que ele poderia voltar como, afinal, mas se
sentiu normal e confortável como um homem. Não se sentia como uma mulher
presa no corpo de um homem, então não havia nada para se queixar. Na
verdade não.
— De qualquer maneira, estou feliz por estar de volta.
— Estou feliz que você também esteja, — William disse, puxando
August mais fundo em seus braços, abraçando e segurando-o firmemente. Sua
voz soou estrangulada. — Estou tão feliz por você ter voltado. Eu estava tão
fodidamente assustado que você não voltaria para mim.
August não sabia o que dizer a isso. Duas horas atrás, ele não tinha
suspeitado que poderia haver alguém lá fora que estava procurando por ele.
Alguém que amou e cuidou dele e queria que ele voltasse.
Agora estava aqui, nos braços de William, em sua casa, cercado por
pessoas que August conhecera em uma vida anterior, mas havia tantas coisas
que eram diferentes, tantas coisas que teria que se acostumar.
— Eu te amo, — disse August.
— Eu também te amo, — respondeu William, como se fosse um alívio
falar essas palavras.
— Quero ver meu irmão agora. Posso fazer isso?
William hesitou antes de puxar para trás. Olhou para os olhos de
August, que retornou o olhar.
— Sim, claro.

Capítulo Dez

Will ainda não podia acreditar que tinha havido um problema na casa
de Carlisle e que não tinha percebido.
Cada instinto protetor que tinha para seu companheiro se
intensificou. Se não tivesse perdido o que tinha acontecido, não teria
encontrado August, e não teria sido capaz de salvá-lo daqueles idiotas naquele
beco.
Mas agora que August estava aqui, isso significava que teria de se
envolver em todas as batalhas futuras que William teria com Keaton, e haveria
muitas outras.
Tanta coisa para pensar. William dispersou todos esses pensamentos
enquanto estava parado na porta, onde o irmão de seu companheiro e
companheiro conversavam.
O porão era separados em vários quartos. Um deles era uma pequena
prisão.
A porta estava aberta agora, e August e Nathan estavam dentro,
falando suavemente enquanto William dava aos dois homens sua privacidade
encostando-se à parede do lado de fora, ao lado da porta.
Nathan parecia estar tentando fazer a coisa protetora de irmão
convencendo August que tudo o que William tinha feito ou oferecido era bom
demais para ser verdade.
Demorou muito para William não ir lá e lembrar ao idiota que a única
razão pela qual August estava em perigo, para começar, era por causa da
estupidez de Nathan.
— Está tudo bem, Nathan. Eu prometo. Will está comigo. Eu o
conheço. Não me pergunte como agora, porque não posso explicar, mas ele
cuidará de nós.
Will estremeceu com isso.
Ele não estava muito ansioso para cuidar do irmão de August, um
viciado em jogos de azar. De fato, considerando a merda que tinha sido
forçado a fazer para proteger Nathan, Will teve dificuldade em não ir lá e
espancar o homem.
Mas se isso fazia August feliz, então William estava, pelo menos,
tentando. O resto seria inteiramente problema de Nathan. William ia fazer
apenas o possível por ele antes que lavasse as mãos dele. Esperava que
August não permitisse que sua vida inteira fosse ditada por se preocupar se
um viciado queria se recuperar ou não.
William suspirou. Talvez devesse apenas ver onde isso levaria antes
de julgar com dureza, mas não podia evitar. Estava além de chateado com
aquele cara lá dentro.
— Ninguém faz nada de graça, August. Eles têm que querer algo de
você.
— Eles não querem nada de mim, ou de você. Querem nos ajudar, e
vamos deixá-los. Você vai deixar que eles te ajudem.
Will ficou bastante orgulhoso com a dureza que ouviu na voz de seu
companheiro naquele momento. Aggy não tinha sido um imbecil em sua vida
anterior juntos, e parecia que não era um agora.
A vida não tinha sido amável com ele até agora, mas pelo menos não
o tinha quebrado. William ficaria eternamente grato por isso quando se tratava
de seu companheiro.
— Eu... ok. Vou tentar — disse Nathan.
— Venha aqui.
William deu um pulo ao redor da porta aberta. Os irmãos estavam se
abraçando. Teve que desviar o olhar do que parecia ser um momento
particular. Maldição, agora estava ouvindo algum choro. Algumas desculpas.
Isso era muito pessoal. Este era seu companheiro, mas esta era uma vida que
seu companheiro tinha vivido antes de encontrar William novamente. August
lembrou-se de que tinha tido irmãos em sua vida passada? Isso devia ter sido
estranho para ele se lembrar disso. Will tinha certeza de que ficaria um pouco
desconfortável se acordasse um dia e percebesse que não tinha irmãos ou que
tinha mais irmãos do que sabia o que fazer.
— Will? Estamos saindo — disse August depois de alguns momentos.
— Bem aqui.
August saiu do quarto com Nathan. Os dois homens estavam
realmente de mãos dadas, como crianças pequenas, mas William não os
culpava por isso. Tudo isso tinha que ser tão novo e estranho para os dois.
William olhou para Nathan.
— Vocês dois tiveram uma conversa.
Nathan assentiu, abaixando a cabeça, como se estivesse
envergonhado.
— Sim.
— Bom, porque para ficar nesta casa, você está recebendo algum
aconselhamento severo. Você nunca vai colocar August naquele tipo de posição
novamente, entendeu?
— Está tudo bem, Will.
— Não está — insistiu William. Não se atrevia a afastar os olhos do
outro homem. — Quero ouvir você dizer isso.
Nathan engoliu em seco e depois assentiu com a cabeça, olhando
para ele.
— Compreendi.
Will podia sentir que estava dizendo a verdade, mas se esse homem
era um verdadeiro viciado, então não importava o quanto estivesse dizendo a
verdade agora. Mais tarde, conseguiria romper essa promessa.
Por agora, William ia ter que aceitá-lo, e teria que encontrar alguém
para esse cara com quem conversar e logo se quisesse diminuir as chances de
uma recaída.
— Tudo certo. Vamos lá em cima. Nós vamos mostrar-lhe ao redor. —
Embora William estivesse esperando que esse cara não fosse acabar ficando
por muito tempo. Outro ser humano ao redor era apenas uma má ideia, e não
estava acasalado com ninguém aqui, mas August queria seu irmão por perto.
Pelo menos até que William tivesse certeza de que aqueles homens
não estariam voltando, era o melhor plano que tinham atualmente.
— Você pode realmente se transformar em outras pessoas? —
Perguntou Nathan.
— Você viu por si mesmo na noite passada. O que você acha? —
Perguntou William.
— Ele pode, e seus irmãos podem se transformar em animais — disse
August, aparentemente sem perceber o humor de William com Nathan, ou
preferindo ignorá-lo por enquanto. — Esses caras são os melhores. Espere até
encontrá-los.
— Já conheci um deles.
— Isso foi diferente, confie em mim sobre isso. São nossos amigos.
Isso fez Will sorrir. Sabendo que seu companheiro lembrava o
suficiente que confiava em William e em seus irmãos de forma tão sincera,
faria com que tudo valesse a pena.
— Não quero ser portador de más notícias ou qualquer coisa, — disse
Will, precisando ter certeza de que seu companheiro estava claro sobre isso, —
mas quando Alistair, Garrick e os outros voltarem, provavelmente não vão ser
tão festivos. Não leve isso a sério — acrescentou, olhando para Nathan
enquanto subia as escadas.
Nathan assentiu, ainda parecendo muito desconfortável com a coisa
toda.
— Certo.
— Certo, uh, eles tiveram um problema na casa de seus primos. Não
foi tão bom, — disse August.
Maldição, William estava tão orgulhoso de como August estava
aprendendo a manter certas coisas longe de seu irmão. Parecia ter um dom
natural para saber o que compartilhar e o que não compartilhar.
Já era bastante ruim que esse cara já tivesse visto William mudar
para uma pessoa de aparência totalmente diferente à sua frente, mas sabendo
que um dos irmãos de William ficara louco há cem mil anos atrás, fez uma
série de matanças e agora estava perseguindo o seu companheiro.
Pelo menos os companheiros pareciam acolher Nathan com facilidade
e fazer tudo parecer normal, e August parecia ter lembranças suficientes deles,
mesmo com suas feições mudadas.
Era quase como assistir as coisas nos velhos tempos. William cruzou
os braços, encostando-se ao batente da porta na sala de estar enquanto
August deixava Kevin o apresentar todos.
Nathan parecia inseguro, e um pouco confuso, ao ver Oscar, que
estava realmente atrasado neste momento para ter seu filho, mas parecia
educado o suficiente quando apertou a mão de todos.
— Em que você está pensando? — Yuki perguntou.
William suspirou.
— Que estranho é que haja alguém na casa.
— Se ele causar problemas, não poderemos mantê-lo aqui.
— Eu sei. — William não queria quebrar o coração de August, no
entanto, que era por isso que era importante ter as sessões de
aconselhamento sendo feitas.
— Alguma notícia de Alistair?
— Ainda não, mas a última vez que ouvi, foi antes de você aparecer.
Era definitivamente Keaton, e agora ninguém sabe onde está Gary. Carlisle
está saindo.
— Por quê? — Perguntou Will, afastando-se dos companheiros
enquanto recebiam Nathan, dando a seu irmão toda a atenção. — Gary não
quer estar com Keaton, mas Keaton nunca machucaria seu companheiro.
— É isso mesmo, Carlisle parece pensar que Gary é seu companheiro,
não o de Keaton.
Will piscou para isso, deixando aquelas palavras absorverem e então
soprando um longo suspiro.
— Deuses, isso é fodido.
— Exatamente. Keaton faria mal a Gary se Gary não pertencesse a
ele.
— Mas ele faz. — William olhou para seu companheiro, seu
companheiro que havia renascido no corpo de um homem e não uma mulher,
um homem que tinha um irmão desta vez.
As coisas eram diferentes com August. Inferno, eles eram diferentes
com a maioria dos companheiros, na verdade.
— Talvez seja uma possibilidade.
— O que você quer dizer? — Yuki perguntou.
Deixou seu irmão saber o que estava pensando, embora soasse louco
até mesmo a seus próprios ouvidos enquanto disse.
— Isso é profundo, — Yuki assobiou. — Renascer e ter dois
companheiros.
— Não há nenhuma maneira que Keaton iria querer compartilhar.
— Você acha que ele vai machucar Gary por querer escolher um
sobre o outro?
William olhou para seu irmão. O que viu naqueles olhos azuis frios
não o fez se sentir tão bem para as chances de Gary.
— Eu não sei. Nenhum de nós sabe nada sobre o que Keaton está
pensando. Talvez não machucasse o homem intencionalmente, mas se Gary
disser que sente qualquer tipo de atração em direção a Carlisle, então Carlisle
estará em apuros se Keaton puder atravessar suas defesas novamente.
William voltou-se para seu companheiro. August estava se instalando
bem enquanto falava com Oscar. Parecia que quanto mais tempo tinha com os
outros companheiros, as coisas ficavam mais amigáveis, como se todos
estivessem se reaproximando um após outro, em vez de renascerem mil anos
depois de suas mortes.
Parecia tão caseiro. Tão certo e natural. Will mal podia acreditar que
tinha passado tantos anos sem isso.
— Você estava com medo de que seu companheiro não voltasse, —
Yuki disse, e era muito claramente uma constatação e não uma pergunta.
William sorriu, balançando a cabeça, embora fosse verdade.
— Merda, e não estaria? Que diabos estou dizendo? Você estava
ficando preocupado, e então Joey apareceu.
Yuki desviou o olhar. Não corou, ou algo tão óbvio como isso, mas era
claro pela expressão em seu rosto que Will tinha estado.
— Não queria me preparar para a decepção caso o feitiço de Kevin
não esticasse para todos. Isso foi tudo.
Will teve que admitir que tinha sido exatamente o que estava
fazendo.
William se deixou excitar. Obter-se ansioso. Os companheiros mortos
de seus irmãos foram todos, um por um, lentamente começando a retornar a
eles. Kevin veio primeiro, e com ele o conhecimento de que lançou um feitiço
para essa exata razão.
Todo mundo lentamente começou a voltar, também. Tomas veio em
seguida, depois Oscar, e Felix e Joey, e era ainda mais estranho quando
descobriram Gary, o companheiro de Keaton, que nem sequer tinha estado lá
quando o fogo tinha acontecido.
O companheiro de Keaton tinha morrido muito antes disso, e ainda o
feitiço de Kevin tinha conseguido trazê-lo de volta, também.
Com todos os companheiros retornando, exceto para William, ele
tinha caído sob o feitiço deprimente de que Yuki falou. Will se deixou ficar
deprimido e assustado. Ele se encheu de esperança, e quando seu
companheiro não apareceu, ele caiu.
Era por isso que estava naquele bar, que era uma sorte, agora que
pensou sobre isso, porque se não estivesse lá, nunca poderia ter encontrado
seu companheiro, e tanto August e seu irmão provavelmente ainda estaria nas
mãos desses bandidos.
— A propósito, — disse Yuki. — O que você estava fazendo
enterrando aqueles dedos no quintal?
— Esperava que não visse isso — admitiu William. Oscar estava
mostrando uma grande preocupação sobre o olho negro de Nathan. Will
pensou que era melhor deixá-lo sozinho.
— Bem, eu fiz. Preciso saber a quem eles pertencem, ou se isso não
importa?
— Não importa.
Yuki assentiu.
— Certo, as pessoas que estavam machucando August então. Acertei.
— Ei, eu não os matei.
Yuki olhou para ele, e William encontrou seus olhos.
Um entendimento passou entre eles, e voltaram sua atenção para os
outros homens na sala.
Certo. Os dias de colocar seu dever atrás deles acabaram. Mesmo
que William não quisesse nada além de matar aquele idiota e se vingar de seu
companheiro, não poderia fazê-lo. Não era o seu jeito. Não era coisa honorável
para fazer como cavaleiro.
Não se rebaixaria de tal maneira, especialmente não agora que tinha
August aqui, e William iria ter certeza de que seu companheiro ficava
orgulhoso de quem estava acasalado. Fazer isso exigiria muito mais esforço da
parte de William do que simplesmente poupar um criminoso e um cafetão.
— Você e eu vamos ter que sair na busca quando os outros voltarem
para descansar, — disse William.
— Tenho a certeza que Alistair vai deixar você ficar para trás.
— Não. Eu quero ir.
Yuki franziu a testa, olhando para ele.
— Você acabou de encontrar o seu companheiro novamente. Alistair
vai lhe dar o tempo que precisa para conhecê-lo novamente.
— Não é sobre isso, e tenho certeza que August vai entender.
Algumas de suas memórias estão voltando.
O mesmo não poderia ser dito para o resto dos companheiros. Alguns
deles estavam aqui simplesmente por instinto e tinham poucas lembranças, e
acreditavam que as histórias lhes eram contadas, mas Kevin era quem mais se
lembrava. August podia estar ali com ele, pelo que William estava agradecido.
— Preciso ir lá e proteger o inocente. Esse é o meu trabalho. Ele vai
entender isso.
— Ok, mas não se empurre nem nada, — disse Yuki.
Will bufou.
— Você provavelmente não deveria falar como se eu estivesse me
oferecendo para me pregar uma cruz. É apenas uma patrulha.
Yuki deu um risinho nisso, e eles voltaram a cuidar de seus
companheiros enquanto os outros homens da sala riam e conversavam.
August ainda estava maravilhado com o quão diferente, todos ao seu
redor pareciam. Devia ter sido interessante de sua perspectiva, também,
considerando que ele tinha memórias da maioria das pessoas ao seu redor
como diferentes sexos.
O único que parecia confuso, e um pouco assustado, era Nathan, mas
já tinha visto Will transformar uma vez antes. Devia ter sido difícil negar que
havia coisas sobre o mundo que ele não entendia depois de testemunhar algo
assim.
Will tinha rapidamente dito a Yuki sobre o problema do homem, e
Yuki concordou que precisaria ser assistido. Pelo menos até que aprendessem
mais sobre como o vício funcionava, Yuki não queria que houvesse um risco na
casa mais do que William fazia.
August levantou os olhos naquele momento, como se sentisse que os
pensamentos de Will estavam sobre ele.
Quando August sorriu para ele, Will jurou que sentiu suas entranhas
se dissolverem.
Como chocolate. Algo que poderia ser banido. August podia lambê-lo
sempre que quisesse, e seria incrível.
Will ia gostar de ter seu companheiro de volta, mas antes que
pudesse relaxar, também teria que ter certeza de que o mundo em que viviam
era seguro para August habitar.
Isso significava encontrar Keaton e pôr fim a suas besteiras de uma
vez por todas.
Capítulo Onze

Gary abriu a janela, finalmente, depois de quebrar a fechadura. A


janela era de madeira, e estava chovendo.
Felizmente, eles não pareciam estar de volta naquela montanha onde
tinha neve gelada por todo o lugar, mas o deserto à noite não parecia muito
melhor.
Estava disposto a arriscar.
Quando Keaton apareceu, Gary teve que se afastar da segurança dos
feitiços com ele. Realmente, o que mais poderia fazer quando Keaton estava
ameaçando queimar a casa?
Com Carlisle dentro dela. Da mesma maneira Keaton tinha queimado
a casa de Alistair com todos os companheiros e crianças trancados dentro,
também.
Gary estava sozinho agora e ia tentar fugir.
Saiu da janela e começou a correr.
Bem, correr o melhor que podia, considerando que não tinha sapatos
e a única proteção para seus pés eram suas meias.
Keaton tinha tomado seus sapatos quando trouxe Gary aqui. Não
tinha jaqueta, nenhuma lanterna, só ele.
Escolheu uma direção e esperou que o conduzisse para algum lugar.
Por favor, Deus, deixe-o levar a uma estrada, outra casa, qualquer
coisa ou alguém que pudesse ajudá-lo. Ele não queria estar aqui. Keaton
estava louco. Estava louco, e Gary queria ir para casa.
Queria voltar para Carlisle.
O problema era que, mesmo se não estivesse chovendo, estava
escuro. Não conseguiu ver nada, no instante em que alcançou as árvores e
fora do alcance da luz fraca das janelas da cabana.
Poderia ter sido uma cabana luxuosa, mas não era onde Gary queria
estar.
Ele se viu abrandando, com as mãos estendidas na frente dele,
tentando afastar qualquer ramo que quisesse esfaqueá-lo na cara, e se moveu
a passo de caracol.
Qualquer lugar que estivesse longe daqui era melhor do que nada.
Cada passo que dava estava a um passo longe de um assassino sequestrador.
A chuva não estava fria, então pelo menos não tinha que trabalhar
contra isso.
Gary cegamente estendeu a mão, tentando ver para onde estava
indo, tentando alcançar qualquer coisa que o impedisse de escorregar.
Quando sua mão tocou algo quente, algo que não era uma árvore,
algo que parecia dedos, ele gritou e caiu para trás.
— Cuidado, eu tenho você.
— Que diabos? — Gritou Gary, tentando, e falhando, afastar-se dos
braços de Keaton. — De onde você veio?
— A melhor pergunta é, o que você está fazendo aqui? Você vai se
conseguir morto.
Gary não podia ver o rosto de Keaton, mas ele podia sentir a irritação
no tom do homem, mesmo quando sentiu uma jaqueta sendo puxada em torno
de seu ombro.
— Não está frio.
— Use-a de qualquer maneira. — O aperto em sua parte superior do
braço era firme antes de Keaton puxar Gary acima e carregá-lo no colo. Como
se Gary não soubesse andar sozinho ou algo assim. Tão degradante.
— Posso andar também.
— Você não está usando sapatos. Poderia se cortar se pisar em algo
afiado.
Gary decidiu não dizer mais nada. Keaton estava bravo, e este era
um cara com imensa força e poder. Gary não pensou que seria uma boa ideia
chatear alguém como ele. Alguém que raptou pessoas grávidas, que matou
outras pessoas...
Eles voltaram para a cabana em um período de tempo
vergonhosamente curto, como se Gary não tivesse chegado tão longe.
Bem, Keaton estava usando sapatos, e seu passo estava mais
confiante e seguro. Quase como se pudesse ver no escuro.
Gary estremeceu ao pensar nisso, de Keaton observando-o enquanto
tropeçava na chuva, esperando pacientemente que Gary entrasse diretamente
nele.
Keaton foi até a porta da frente, e não colocou Gary no chão até que
estavam dentro.
Gary tentou não se encolher com o som da porta se fechando e
trancando atrás dele.
— Venha comigo, — Keaton comandou, embora não desse a Gary
muito de uma escolha para obedecer quando o tomou pelo braço e o levou
para o banheiro.
Keaton pegou algumas toalhas debaixo da pia. Jogou uma sobre seus
ombros, jogando a outra sobre a cabeça de Gary.
— Seque-se.
Gary fez. Não queria que esse homem visse seu rosto de qualquer
maneira.
Talvez se fingisse que não tinha acontecido, Keaton iria deixá-lo ir.
Certo, claro que ia ser demais esperar que ele fosse tão sortudo.
— Temos de conversar.
Gary se encolheu, mas manteve a cabeça baixa e continuou secando
o cabelo. Ele não falou.
— Sei que fizeram alguma coisa com você — disse Keaton. — Sei que
eles tentaram te enganar, tentaram te lavar o cérebro, mas ainda sou eu.
Ainda sou seu companheiro.
Gary puxou a toalha de sua cabeça. Olhou para ele por um momento
antes de olhar para Keaton.
Desejou que a expressão do homem não ficasse tão magoada.
Keaton era o vilão aqui, não Gary.
— Você dormiu comigo — disse Keaton. Gary tentou não se encolher
ao pensar nisso. — Da última vez que estivemos juntos. Estava na cama
comigo, e estava bem. Você sabe que eu não vou te machucar, e ainda assim
está fugindo de mim. Por causa deles. Por causa dele.
A voz de Keaton tomou uma borda distinta quando disse isso. Gary
não precisava perguntar quem era ele. Carlisle.
Gary não disse nada. Não queria dizer nada, e não queria que Keaton
visse o medo ao falar.
Infelizmente, isso pareceu irritar o homem ainda mais. Agarrou Gary
pelos ombros, firmemente o suficiente para que suas garras cavassem em sua
pele. Gary sibilou, com os olhos arregalados. Keaton não pareceu notar.
— Por que você fugiu de mim? Por que está sendo manipulado por
eles? Eu sou seu companheiro! Eu te amo!
Oh Deus, isso doeu tanto. Gary às vezes esquecia que Keaton
mudava para sua forma de falcão, e agora, suas garras estavam fora. Elas
doíam tanto que estavam tomando qualquer palavra que poderia ter dito para
sair de sua boca.
— Responda-me! — Keaton o sacudiu. Gary gritou, finalmente capaz
de deixar o homem saber que estava com dor.
Keaton arregalou os olhos. Olhou para os ombros de Gary, como se
de repente percebesse o que estava fazendo. Ele os soltou e recuou. Gary caiu
de joelhos, ofegante por causa da dor. Suas mãos tremiam quando as ergueu
para segurar em seus ombros. Merda que só piorou.
Keaton amaldiçoou. Gary ouviu a torneira da pia ser aberta, antes
que Keaton estivesse de joelhos com um pano.
— Merda, querido, sinto muito. Aqui, deixe-me ver.
Keaton puxou a jaqueta que Gary tinha tirado de seus ombros e
então rasgou um buraco na camisa de Gary, como se fosse a coisa mais fácil
do mundo fazer algo assim. Gary só podia ficar quieto, completamente
congelado, deixando o outro fazer o que quisesse com ele.
Santa merda, isso era loucura, mas estava acontecendo com ele.
Mesmo agora, apesar do querido, apesar de sua raiva, Gary estava sendo
embalado pelo aroma de Keaton. Queria se apoiar nele, para buscar conforto,
mas não podia.
Não se deixaria levar por um assassino, por alguém que se recusava
a mudar.
— Eu sinto muito, amor. Não quis te machucar, — Keaton disse,
limpando os pontos ensanguentados com uma mão gentil, uma mão que quase
fez com que Gary esquecesse como tinha vindo para estar aqui em primeiro
lugar.
Gary não pôde evitar. Ele se inclinou para dentro. Deixou sua testa
descansar contra o ombro de Keaton. Keaton ficou tenso.
— Por que você tem que ser o cara mau? — Gary perguntou.
Era uma coisa estúpida de perguntar. Não deveria ter dito isso, mas
estava fora, e precisava saber.
— Foi o que eles disseram? Que eu sou o cara mau? — Keaton
perguntou.
— Você é o cara mau. Você matou pessoas. Matou crianças.
— Você não sabe o que me fizeram! — Gritou Keaton, afastando-se
de Gary, deixando-o frio e sozinho.
Ficou de joelhos enquanto Keaton empurrava-se e andava em volta
do banheiro.
— Eles me trancaram por anos. Esqueceram de mim. Você foi
assassinado, pregado em uma maldita cruz com nosso filho dentro de você, e
aqueles miseráveis pedaços de merda, os aldeões que você tentou salvar, eles
mataram você. Quando eu precisei de meus irmãos mais do que qualquer
coisa, eles me traíram e me trancaram como um criminoso.
— Então, seu plano era fazê-los sentir sua dor matando seus
companheiros e filhos? Isso não é exatamente a coisa mais inteligente a fazer.
— O que você sabe? — Keaton bateu com o punho tão duro no balcão
do banheiro que o azulejo rachou, no balcão e todo o caminho para baixo no
chão entre as mãos de Gary.
Os olhos de Gary se arregalaram ao vê-lo, e ele foi lembrado uma vez
mais que não era a melhor ideia no mundo fazer uma pessoa poderosa como
Keaton ficar com muita raiva.
Mas Keaton não tinha terminado. Estendeu a mão, atirando várias
garrafas no balcão e no banheiro.
— Acha que sabe alguma coisa sobre o meu sofrimento? Você foi
tirado de mim e depois levado de novo! Eles estão virando você contra mim, e
nem consegue ver! Você estava feliz por estar comigo. Estava ansioso, e agora
foge de mim!
Gary não queria sentir pena dele, realmente não, mas não podia
evitar.
Mesmo se Carlisle estivesse certo e Gary era seu companheiro, isso
não mudava o fato de que sentia essa atração em direção a Keaton, que
amava e queria Keaton em um nível tão primal que o deixava confuso.
Mas Keaton era um cara mau. Esta era a segunda vez que raptava
Gary, e matava pessoas. Ele fez isso sem remorso, também. Essa era
provavelmente a única coisa sobre tudo isso que tornou difícil para Gary
esquecer.
— Gary? Desculpe, não queria assustá-lo.
Isso era outra coisa que Gary não poderia exatamente se acostumar.
Era a maneira constante que Keaton parecia ir e voltar com Gary. Passou de
estar insanamente chateado, para mortificado com seu comportamento e
depois para irritado novamente. Esta não era a primeira vez que ele tinha
danificado algo também.
Keaton caiu de joelhos, colocando os braços em volta dos ombros de
Gary, puxando-o para um abraço apertado, segurando-o firmemente.
Gary fechou os olhos, respirando o cheiro do homem que queria mais
do que qualquer outra pessoa em toda a sua vida.
Não, não mais. Keaton não cheirava a Carlisle. Ele não cheirava a
segurança, nem a casa.
Essa foi a parte mais difícil de tudo isso. Gary nunca pensou que
estaria lutando contra seus próprios instintos antes. Era uma espécie de
loucura como isso estava acontecendo.
— Desculpe por ter deixado você partir — disse Keaton, esfregando a
mão no cabelo de Gary, como tentando acalmá-lo. — Vou fazer com que
paguem pelo que nos fizeram. Eu juro.
Gary fechou os olhos, puxando para trás.
— Não! Não faça isso!
Keaton olhou furioso.
— Eles devem sofrer pelo que fizeram!
Gary sacudiu a cabeça.
— Não, eles não precisam fazer nada. Apenas deixe ir. Deixe isso ir, e
estarei com você e ficarei feliz com isso. Pare de tentar se vingar das pessoas
por algo que aconteceu há mil anos. Eu não aguento!
Bom. Ele disse e colocou tudo na mesa. Agora era ver o que Keaton
fazia com aquela informação.
Gary ficou desapontado antes que Keaton tivesse a oportunidade de
abrir a boca e dar sua resposta. Gary apenas sabia o que o outro homem
estava prestes a dizer pelo olhar em seus olhos.
— Não. Não é bom o suficiente. Eles têm que saber. Eles têm que
pagar pelo que fizeram. Pelo que permitiram que acontecesse com você.
Oh Deus, lá estava de novo. Esse mesmo desgosto que Gary sentira
quando pedira a Keaton que deixasse Kevin ir.
Keaton tinha sequestrado Gary e Kevin, mas Gary havia se deixado
arrastar pelo acasalamento. Ficara feliz por ser segurado por esse homem, por
ser amado e beijado por ele. Haviam feito amor, e Gary havia se deixado
esperar que o amor fosse suficiente para curar Keaton de sua raiva, para tirá-
lo da escuridão em que se deixara cair durante todos esses anos.
Não, não tinha sido. Keaton queria sua vingança naquela época, e
ainda queria isso agora. Nada que Gary jamais fizesse iria mudar isso.
— Por que você está com medo de mim? Não há motivo para me
temer.
Ele parecia tão desgostoso com esse fato, mas não havia nada que
Gary pudesse fazer por ele. Não havia nada que pudesse dizer para o outro
homem que faria qualquer coisa melhor.
— É por causa deles, não é?
Gary fechou os olhos. Não podia olhar para o outro homem enquanto
continuava seu discurso. Outro discurso, ele deveria dizer, porque era isso que
era. Keaton estava furioso. Socou o espelho no banheiro, estilhaçando-o,
derramando vidro por todo o chão de azulejos. Gary observou o reflexo do
outro homem no chão enquanto andava por aí, agitando os punhos e xingando
os irmãos, e Carlisle, pelo que pensava que haviam feito com Gary.
Gary não sabia como lhe dizer que não tinham feito nada para ele.
Esta era a sua própria decisão, mas não só tinha medo de Keaton não acreditar
nisso, estava aterrorizado que o outro homem iria virar a raiva para ele, então
não abriu a boca.
Keaton caminhou para ele. Gary levantou os olhos muito tarde
quando as mãos arranharam alcançando-o, agarrando-o pelo ombro ferido e
puxando-o de pé.
Seus olhos estavam vermelhos. Eram desumanos e cruéis quando
Keaton empurrou Gary de volta contra a parede do corredor, apenas fora do
banheiro.
Esmagou Gary, pressionando as bocas juntas em um beijo que não se
sentiu como um beijo tanto quanto parecia que suas bocas estavam sendo
dolorosamente esmagadas juntas.
Gary gemeu. Empurrou contra o peito e os ombros de Keaton. Isso
machucava. A boca do homem doía, suas mãos nos ombros de Gary doíam,
tudo doía, e não queria, mas Keaton estava ignorando-o enquanto empurrava
sua língua para frente, forçando a boca de Gary abrir, forçando-o a tomar o
que Keaton queria dar a ele
Gary fez, odiando toda essa coisa, ele fez.
Pensou em morder a língua do homem, mas também não queria
machucar Keaton. Apenas deixou acontecer. Não participou. Gary forçou seu
corpo a ficar calmo.
Estranhamente, isso pareceu ser quando Keaton soltou seu aperto
firme nos ombros de Gary. Ele se afastou de seu beijo, e desta vez foi ele
quem pressionou sua testa para o ombro de Gary. Gary mal notou a dor dessa
vez.
— Por quê?
Gary não sabia o que queria dizer com isso, então esperou que
continuasse.
— Por que me rejeita agora?
Essas palavras quebradas rasgaram o coração de Gary. Enrolou seus
braços em torno dos ombros de Keaton, abraçando-o.
— Você não está certo, — ele disse suavemente. — Você está doente.
Fez algumas coisas ruins. Não posso estar com você se não vai pelo menos
tentar torná-las melhores.
Um breve grito deixou a garganta de Keaton. Suas mãos apertaram
em volta dos antebraços de Gary, como se estivesse aterrorizado de que Gary
iria voar para longe dele se afrouxasse seu aperto.
Estava tão perto de cortar a pele de Gary novamente, mas Gary não
reclamou. Deixou o outro homem aguentar. Se isso era o que precisava, então
Gary não iria dizer nada para impedi-lo de tomar o que precisava para
acalmar-se.
Não podia estar com esse homem, mas ainda o amava.
Eles se abraçaram por alguns longos minutos. Gary podia ouvir o som
calmo do coração de Keaton.
Foi isso? Teria finalmente chegado ao outro homem? Keaton iria ouvir
e deixar de lado sua necessidade de vingança?
Então eles poderiam estar juntos. Então Gary estava disposto a dar-
lhe uma chance.
Gary sorriu, aumentando seu domínio sobre seu companheiro quando
sentiu algo escuro se encaixar dentro de Keaton. Foi na tensão em seus
ombros, e a maneira em que a paz em torno deles se quebrou de repente, e o
outro homem, sem aviso, empurrou Gary tão forte contra a parede que a parte
de trás da cabeça bateu na madeira.
— Não!
Gary ofegou.
Essa escuridão, aquela louca insanidade, estava de volta aos olhos de
Keaton. Olhou para Gary. Rosnou para ele. Ele parecia mais um animal do que
nunca, mesmo nos pesadelos de Gary.
Keaton tremia com a intensidade de sua raiva. Parecia incapaz de
segurá-la.
— Você... você se virou contra mim, assim como eles.
Gary sacudiu a cabeça.
— Não, eu...
— Cale a boca! — O punho de Keaton veio tão rápido que Gary mal
viu voar. Rachou forte na parede ao lado de seu rosto, centímetros de distância
de sua orelha.
Gary ficou atônito em silêncio. Não havia nada que pudesse fazer
senão dar ao outro homem toda a sua atenção agora que Keaton tinha.
— É como eles. Você me jogaria fora porque é conveniente. Eles
merecem morrer! Esses seres humanos merecem morrer! E também os meus
irmãos bastardos pelo que me fizeram! O que eles fizeram para nós!
Gary sacudiu a cabeça.
— Não, Keaton, não é assim. Eles, ur...
Qualquer outra coisa que Gary estivesse prestes a dizer foi
imediatamente cortado quando Keaton o agarrou pela garganta. Não apertou,
mas levantou Gary para que seus pés estivessem fora do chão. Gary segurou o
pulso de Keaton por sua vida enquanto seus dedos já não sentiam o chão
debaixo dele.
— Cale-se. Você... você é muito bom, não é? É tão fácil para olhar
para mim e ver o que eu fiz de errado. Tudo que fiz foi para você! E vai deixá-
los entrar na sua cabeça?
Estava gritando como um assassino sangrento no rosto de Gary
agora, e Gary mal podia acreditar que este era o mesmo homem que tinha
feito amor, o mesmo homem que tinha tocado e o segurado como se Gary
fosse a melhor coisa no mundo para ele.
Esta não era a mesma pessoa. Ou talvez tenha sido e isso estava
apenas sob a superfície da insanidade.
— Diga-me o que você teria feito diferente! Hã? Conte-me!
— Keaton, — Gary ofegou. — Não consigo respirar.
Os braços de Gary estavam ficando cansados quando ele tentou se
segurar, e estava colocando mais pressão em seu pescoço, mais pressão em
suas vias aéreas. Ele não parecia conseguir ar suficiente, e estava matando-o.
Este homem que alegou amá-lo ia matá-lo, e não havia nada que
Gary pudesse fazer sobre isso.
Keaton de repente piscou o nevoeiro de seus olhos. Clareza assumiu,
e sem aviso, deixou Gary de volta a seus pés.
Gary não esperava, e seus joelhos cederam. Ele caiu no chão,
apertando a garganta, tossindo para respirar.
— Oh deuses, me desculpe. Querido, sinto muito.
Gary sentiu as mãos de Keaton em seus ombros, mas estava fraco
demais para empurrar o outro homem para longe e com medo de fazê-lo,
mesmo que tivesse força.
— Eu não queria. Sinto Muito. Espere aqui.
Keaton saiu do seu lado e correu para o banheiro. A torneira foi
aberta, e quando Keaton voltou, tinha um copo de água em suas mãos.
Ele ofereceu a Gary, e Gary pegou. Tomou tudo, sentindo-se melhor
quando o copo estava vazio.
Keaton pegou o copo dele, colocando-o de lado.
Gary manteve os olhos baixos, não querendo olhar o outro homem
nos olhos agora. Não poderia fazê-lo. Era demais para suportar, especialmente
se visse algo ali que ele amava.
Este não era o mesmo homem que estava apaixonado. Era outra
pessoa. Alguém que tinha passado muitos anos sozinho e planejando sua
vingança que não era nada como o companheiro que Gary se lembrava.
Gary não estava apaixonado por Keaton. Estava apaixonado pelo que
Keaton que costumava ser, não pelo que era agora.
Talvez fosse o que Carlisle queria dizer. Gary não era a mesma pessoa
que tinha sido em sua vida passada, e nem Keaton. Talvez por isso se tivesse
aberto a ideia de ter outro companheiro.
— Venha aqui, querido. Venha aqui.
Keaton puxou Gary para um abraço, e Gary sentiu o outro homem
tremer, mas naquele momento, Gary desejou que fosse Carlisle quem estava
com ele. Era quem mais queria.
Não que alguma vez dissesse isso a Keaton. O homem estava se
acalmando, e estava começando a controlar sua raiva por Gary.
Keaton ajudou Gary a levantar-se, notando suas feridas, e se
ofereceu para levar Gary a um quarto para se deitar.
Gary deu uma desculpa sobre estar cansado e fraco, e achou que
Keaton acatou porque o homem não tentou entrar na cama com ele.
O que era bom, e era na maior parte a verdade de qualquer maneira.
Gary estava cansado, e estava fraco, emocionalmente e fisicamente esgotado.
E com medo. Keaton se ofereceu para ficar ao lado dele enquanto Gary
dormia. Gary não pensou que qualquer coisa que diria teria se livrado do
homem, e parte dele se sentiu melhor tê-lo no quarto de qualquer maneira.
Pelo menos dessa maneira podia ver onde Keaton estava, ver por si mesmo
que Keaton não estava fazendo maldade.
Gary estendeu a mão, pegando Keaton pela mão e apertando os
dedos.
Algo nos olhos de Keaton mudou naquele momento, iluminado com
um toque de esperança.
Eles não disseram nada um ao outro, mas Gary silenciosamente orou
aos deuses antigos de que Keaton estava constantemente falando. Implorou
que a Keaton devolvesse a sua sanidade, para dar ao outro um pouco de sua
antiga vida e felicidade de volta.
Não achava que aqueles Deuses o ouviram porque Gary certamente
não sentiu nada sendo respondido a ele.
Ele só sentiu o medo e a piedade que tinha por um homem
enlouquecido que estava apaixonado e se perguntou como diabos tinha vindo a
se apaixonar e se acasalar com duas pessoas ao mesmo tempo.
Não importava o que acontecesse, só sabia que iria ter seu coração
esmagado em pedaços sobre isso. Não estava saindo disso sem se machucar.

Capítulo Doze

August não reconheceu as outras pessoas que vieram para a casa.


Da palavra que circulava com os companheiros, eles pareciam ser
outros cavaleiros imortais, assim como William e seus irmãos.
August achou que era fascinante como o inferno. Ele não sabia que
seu companheiro tinha mais irmãos. Não tinha visto isso antes. No início,
percebeu que era porque todas as suas memórias ainda tinham que voltar,
mas logo percebeu a verdade.
Não, esses caras eram novos. Tinham chegado depois que August e
seus amigos tinham sido mortos naquele fogo, e estavam tentando colocar em
ordem todo o trabalho que Alistair, William e todos os outros não haviam feito
enquanto estavam de luto.
Foi difícil para August ter que aprender tudo isso enquanto tentava
espionar as conversas acontecendo lá embaixo, mas conseguiu fazer isso.
— Acho que Carlisle se acasalou com Gary, — disse Kevin.
— E isso é ruim porque Gary é companheiro de Keaton, certo? —
Perguntou August, apenas para esclarecer.
Kevin acenou com a cabeça, sua expressão sombria enquanto
segurava o bebê adormecido em seus braços.
Ele não disse mais nada, e August teve a impressão distinta que não
devia perguntar, tampouco.
Algo tinha acontecido entre Kevin e Gary, e Kevin estava claramente
preocupado com o outro homem.
August nem sequer conhecia Gary, e ele estava preocupado. Era a
atmosfera à sua volta. Ele não queria que seus amigos se preocupassem.
Nathan tentou acompanhar tudo o que podia, mas ainda estava lutando com
seus novos arranjos de vida.
Pensou que ele e August deveriam fugir, antes que as drogas que
tinham sido injetadas neles os matassem.
August o acalmou o convencendo de que tudo ao seu redor era real,
mas parecia que ia demorar um pouco até que Nathan chegasse a um acordo
com seus novos arranjos de vida.
Ter um bando de grandes caras no andar de baixo em pânico, falando
de sequestro, bruxas escuras, monstros do mal e assassinos, era
definitivamente algo para se acostumar.
Inferno, tudo o que August ouviu soou meio familiar, e estava tendo
dificuldade em se adaptar a tudo.
O homem de cabelos loiros chamado Carlisle parecia estar lutando
com tudo especialmente.
Devia se preocupar muito com Gary. Do modo como o resto do seu
grupo o tratava, parecia ser o líder de seus irmãos, da mesma forma que
Alistair era o líder sobre seus irmãos nesta casa.
Mas estava claramente no limite, pronto para a briga na menor
provocação. August sentiu pena dele. Desejava que houvesse algo que
pudesse fazer por ele, mas não era especial, não do mesmo modo que Kevin
era especial. Inferno, mesmo Oscar teve um dom com magia escura de Keaton
ao ponto onde poderia, pelo menos, canalizá-la um pouco.
August era normal. Não havia nada fora do comum sobre ele, e a
única coisa que poderia esperar era que algo fosse feito.
Quando William subiu as escadas para estar com ele, August e todos
já haviam se espalhado, embora, claro, isso não parecesse impedir Will de
saber que ele e seus irmãos estavam sendo espiados.
— Desculpe, — disse August, sentindo-se estúpido sobre a coisa toda,
sentando-se de pernas cruzadas na cama.
William se sentou ao lado dele com um suspiro pesado, como se
estivesse cansado. August apoiou-se contra seu ombro, tentando confortar-se.
— Não quis escutar. Bem, eu fiz, mas eu só queria saber o que estava
acontecendo.
William deu uma risada, beijando August em seu cabelo.
— Eu sei — disse ele.
— Sério? — Perguntou August. — Esse cara, Carlisle, parecia que ia
perder a cabeça.
— Ele pode — admitiu William. — Não temos certeza do que está
acontecendo, mas ele está convencido de que Gary é seu companheiro.
Estamos tentando descobrir maneiras que poderiam ser possíveis, mas até
agora não podemos pensar em nada que dite que é impossível, você sabe?
August não sabia, mas balançou a cabeça de qualquer maneira.
— Keaton machucará seu companheiro se ele achar que Gary está
apaixonado por outra pessoa?
William ficou em silêncio por um longo minuto.
— Eu não sei. Já não conhecemos nosso irmão. Nenhum de nós
pensou que ele realmente machucaria nossos companheiros.
August estremeceu.
Desde então, ele havia dito a William o que ele lembrava do incêndio,
e foi o suficiente para colocar os dois na borda. Felizmente, August não se
lembrava da dor, apenas dos sons e cheiros. Os gritos tinham sido os piores.
Esperava que nunca se lembrasse da dor. Queimar vivo era suposto ser
excruciante. Esperava que tivesse se asfixiado antes de queimar. Pelo menos
então haveria alguma misericórdia para ele.
Ainda assim, apenas pensar sobre aquela pessoa horrível, aquele
louco que lhe tinha feito coisas tão terríveis, que ainda estava tentando
aterrorizar seus irmãos, fez August querer rastejar diretamente para o colo de
William e ficar lá.
Estava se sentindo um pouco pegajoso naquele momento, e não
podia realmente evitar, quando se inclinou e beijou Will no lado da garganta.
— Eu te amo, — ele disse.
William olhou para ele, um sorriso suave puxando os cantos de sua
boca.
— Eu também te amo.— Ele estendeu a mão, tirando alguns dos
cabelos de August de seus olhos. — Vou te proteger desta vez. Você tem
minha palavra. Não vou decepcioná-lo de novo.
August acreditava nele, mas não era por isso que se sentia tão fofo
naquele momento.
Para ser honesto, era parte do medo dele. Temia ser separado de
William novamente, e estava grato que tinha encontrado William, também.
Em um acaso. Seus caminhos tinham cruzado em um acaso total.
Bobby tinha acabado de passar por esta cidade. Eles estavam indo para a Ilha
Victoria e nem sequer deveriam estar aqui.
August ainda não havia dito a William o quão perto eles haviam
chegado de nunca se encontrarem. Dizer tudo em voz alta parecia torná-lo
real, e August não queria que isso fosse real.
Era assustador saber que tinham chegado tão perto de nunca
encontrar um ao outro. Foi assustador pensar nisso agora, August poderia
estar com outro cliente, em seguida, sendo espancado por Bobby por não
trazer de volta dinheiro suficiente. Inferno, Nathan poderia estar morto. Muitas
coisas poderiam ter acontecido ou dado errado.
— Quase posso ouvir as rodas girarem na sua cabeça — disse
William. — O que está acontecendo?—
August mordeu os lábios juntos. Quase não queria falar sobre isso.
— Tem certeza de que não o incomoda? O que eu estava fazendo
quando nos conhecemos?
Não esperava que William estendesse a mão e o pegasse pela mão,
unindo seus dedos.
— Não, em nada.
— Mas você sabe o que eu...
— Shh. — William o pegou pelo queixo, levantando seu olhar para
que seus olhos se encontrassem. — Você não precisa se preocupar com uma
maldita coisa. Eu não me importo. Você estava fazendo o que tinha que fazer
para sobreviver. Isso é tudo que importa para mim. Todo o resto pode ir para o
inferno.
Santo Deus, os olhos de August começaram a queimar naquele
momento. Nunca pensou que seria tão romântico para ouvir o homem que
amava dizer-lhe que estava tudo bem em ter se prostituído, não importando
que razões tinha. August odiava ter tido que fazê-lo, e odiava ter deixado
William no meio da noite. Não se sentia como se realmente tivesse obtido um
perdão tão aberto e claro. Pelo menos ainda não.
Mas aqui estava.
— Pare de pensar nisso. Posso ver que ainda está pensando, — disse
William.
August esfregou os olhos.
— Não posso evitar quando você diz coisas assim.
Ele teve que beijar o outro homem. Não havia nenhuma maneira que
ia ouvir algo assim e não beijar seu companheiro.
William estava, como de costume, a bordo com a ideia quando
August o beijou.
August levantou as mãos tocando as bochechas de William e
segurando-as firmemente. Nunca queria deixar este homem ir. Esse homem
era seu mundo absoluto, e queria fazer qualquer coisa e tudo o que pudesse
para defender essa nova felicidade que tinha.
Ainda não sentia como se merecesse ser tão feliz, então iria fazer o
que fosse necessário para ganhar esse direito.
Subiu no colo de William, beijando-o mesmo quando sentiu os lábios
de William puxarem para trás em um sorriso.
— O que você está fazendo? — Ele perguntou entre beijos.
— Fazendo amor com você. Cale-se. Não estrague o momento.
William riu, permitindo-o empurrá-lo para baixo e levantar sua
camisa e depois beijar aquele estômago surpreendentemente musculoso, antes
que movesse sua atenção para o peito e os mamilos de William.
Não podia acreditar no quão bom Will era. Era como um real, modelo
de capa de revista. Era uma loucura.
August tinha sido informado por algumas pessoas que ele era bonito,
até mesmo sexy, mas ao lado de William, se sentiu claramente bem abaixo.
— Você não precisa fazer isso se não estiver com disposição — disse
William.
August rosnou, estendendo a mão e pegando a mão do outro
homem, abaixando-a entre as pernas para que pudesse sentir o seu pau.
— Parece que não estou com disposição?
William continuou olhando para ele com aquele sorriso estupidamente
sexy. Deus, por que tinha que fazer o interior do seu estômago embrulhar
sempre que sorria assim? Realmente não era justo.
Beijou seu caminho de volta pelo corpo de William até que estava de
joelhos entre as pernas do homem. William se apoiou nos cotovelos, olhando
para baixo para August enquanto trabalhava para abrir o cinto do homem.
August precisava disso. Naquele momento. Precisava fazer William se
sentir bem, fazer-se sentir bem. Se não poderia ser de alguma utilidade para o
homem em ajudá-lo a encontrar seu amigo sequestrado, então estava pelo
menos dando ao seu companheiro um inferno de uma noite selvagem.
As mãos de William já estavam no cabelo de August, enroscando-se
através das mechas, agarrando suavemente enquanto August lambia ao longo
do espesso e ligeiramente curvo eixo do pênis de William.
A exalação profunda e gutural que William soltou, o gemido que este
homem forte soltou, fez com que valesse a pena ouvir aquele barulho.
— É isso, merda, sim.
O pênis de William estava duro e latejante contra a língua de August,
e tomou seu tempo, lambendo e provocando seu companheiro. Quando August
colocou a cabeça entre seus lábios molhados, parou ali, assegurando-se de não
afundar mais.
Sabia o quanto isso deixava Will selvagem, e queria ver um pouco
disso antes de continuar.
É claro que seu cavaleiro não o decepcionou. Segurou na parte de
trás da cabeça de August e tentou empurrá-lo para baixo, mas ele estava no
controle aqui, e não o permitiria. Apenas se afastou e sorriu para o homem,
sabendo o que isso estava fazendo com ele.
O rosto corado de William era perfeito.
— Você está... foda-se... realmente testando a minha paciência.
August tentou não rir muito quando torceu a língua e chupou a coroa
do pau de William.
Will podia reclamar tudo o que queria, mas August sabia o quanto
amava isso. Mesmo sem suas lembranças de suas vidas passadas juntas, eles
passaram mais do que tempo suficiente reaprendendo, para August estar
bastante confiante no que estava fazendo.
Sabia como fazer seu companheiro gemer e tremer.
O problema era como isso também estava tendo seu efeito em
August. Os ruídos que William fazia eram dignos de sua própria pornografia
on-line. Cada gemido, cada empurrão para frente que o empurrava mais
profundamente na sua boca, estimulava-o da maneira mais primitiva e
animalesca.
Não ajudou quando William realmente deixou seu pé deslizar entre as
pernas de August, e aplicou apenas a quantidade certa de pressão para
chamar sua atenção.
August abriu os olhos a princípio, achando que era uma espécie de
ameaça de brincadeira, mas quando o pé e o tornozelo de William continuaram
a empurrar para frente e para trás, ele percebeu o que era, e August gemeu
em volta de sua boca.
— Você gosta disso, hein? — William perguntou, mordendo seu lábio
inferior e jogando sua cabeça para trás. — Merda, vamos lá.
August estava próximo. Podia sentir isso, assim como podia sentir
que seu companheiro estava perto. Era da maneira que o pênis de William
latejava em sua língua.
August gemeu, usando o som para aproximar ainda mais a William.
O gemido profundo e pesado que vinha da garganta de William valia
a pena, e quanto mais Will empurrava suavemente seu pênis para frente, mais
August descobria que poderia lidar com isso. Ele afundou seus lábios mais e
mais longe em torno do eixo, provando o máximo dele possível, até sentir a
cabeça tocar suavemente na parte de trás de sua garganta.
August manteve-se bem. Apesar de ter que vender seu corpo para o
bem de seu irmão, isso era algo que nunca tinha conseguido se acostumar.
Ser capaz de fazer isso para William, e fazê-lo bem, foi um prazer.
Continuou, encorajado pelos sons de prazer de William, pelo gosto
em sua língua. Ele se moveu de volta para a cabeça, provando a gota de
esperma que tinha surgido lá, e lambendo-a.
— Oh, merda. — William estremeceu, e a onda de calor na boca de
August foi suficiente para fazer seu corpo reagir.
August engoliu o melhor que conseguiu, seu corpo vibrando e
estando vivo, o prazer que estava segurando ameaçando irromper.
Então não podia segurá-lo mais.
August teve de se afastar antes de terminar com William. Sentiu uma
suave explosão de calor contra sua bochecha quando sua mão desceu.
Empurrou o dedo por baixo da cintura de seu jeans, levando seu pênis na mão
apenas quando seu prazer explodir.
Gemeu impotente contra isso. Mal tinha conseguido seus dedos em
torno de seu eixo quando sentiu o prazer irromper fora dele.
Ofegou por respirar, caindo contra a coxa de William. Sentiu os dedos
de Will empurrando seu cabelo, e se inclinou para ele.
— Bem, isso foi muito divertido.
August resfolegou, puxando para trás.
— É isso aí? Apenas diversão?
— Fantasticamente incrível, — Will corrigiu. — Agora se levante aqui
para que eu possa devastá-lo.
August fez isso ansiosamente.
William iria ter que sair e ajudar a encontrar seu amigo logo, então
August iria aproveitar tanto tempo com ele quanto pudesse.

FIM

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