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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO MULTIDISPLINAR DE CARAÚBAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Carlos Ernane Bezerra de Morais


Luis Gustavo Ferreira Lopes
Saulo Gabryel Alves de Almeida
Rafael Gonçalves Diniz Sobreira

Relatório de Laboratório de Eletricidade e Magnetismo

Caraúbas
2022
Carlos Ernane Bezerra de Morais
Luis Gustavo Ferreira Lopes
Saulo Gabryel Alves de Almeida
Rafael Gonçalves Diniz Sobreira

Relatório de Laboratório de Eletricidade e Magnetismo

Relatório de Laboratório de Eletricidade e


Magnetismo apresentado ao Curso de
Bacharelado em Ciência e Tecnologia, do
Departamento de Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
como requisito de avaliação para a primeira
unidade da disciplina de Laboratório de
Eletricidade e Magnetismo ministrada pelo
professor Dr. Mackson Mateus Franca
Nepomuceno.

Caraúbas
2022
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES

INTRODUÇÃO
Podemos dizer que o capacitor é um componente largamente utilizado
em circuitos elétricos, considerado um dispositivo simples com capacidade de
acumular cargas elétricas. Historicamente, em 1975 o primeiro elemento capaz
de armazenar cargas elétricas surgiu, criado acidentalmente por Ewald Georg
von Kleinst, o capacitor foi chamado de garrafa de Leiden ou Leyden. A
descoberta foi por acaso num experimento com eletricidade, tocando seu
gerador elétrico num prego preso à cortiça de um frasco de remédio, sofrendo
um grande choque ao tocar no prego. No entanto, os créditos desta descoberta
são atribuídos a outro inventor [1].
De modo geral, os capacitores são elementos bastante úteis. Os
capacitores podem ser associados de diferentes maneiras, senda a terceira a
junção das outras duas formas de associação. Estas associações são
essenciais pois podemos encontrar pontos específicos em um circuito que
precisa de uma capacitância especifica. Um capacitor pode substituir vários
capacitores em um circuito, ou seja, a soma das capacitâncias de vários
capacitores pode ser substituída por um capacitor com capacitância
equivalente.
Portanto, neste relatório são apresentados uma fundamentação teórica
de capacitores e com base nisso fazer o experimento de associação de
capacitores. Serão expostos os dados obtidos dos valores medidos e com base
nisso compara-los com os valores teóricos.

PROBLEMA
Atualmente, o mundo moderno traz consigo grandes inovações que
possibilitam uma série de soluções para os mais diversos contextos que
existam no passado. A maioria dessas inovações diz respeito a ciência e
tecnologia que são baseados em aspectos tecnológicos e eletrônicos. Com
esses avanços a busca pela simplicidade de eletrônicos é cada vez mais
possível. Diante disso, podemos citar o caso de placas mãe que compõe vários
equipamentos, esses itens são circuitos compostos por vários componentes,
dentre eles os capacitores. Diante do exposto surge a seguinte pergunta, para
que serve um capacitor em um circuito elétrico? E por que vários capacitores
dentro de um circuito elétrico? É possível associar os mesmos afim de obter
um equivalente para fazer a mesma função? Existe formas de associação de
capacitores?

REFERENCIAL TEÓRICO
Em geral, os circuitos elétricos são constituídos de vários componentes,
e estes podem ser associados de diferentes maneiras. Os capacitores é um
exemplo de componente presente em um circuito elétrico. Este componente é
um dispositivo que tem a função de armazenar cargas elétricas. Ele tem a
capacidade de fornecer energia em um pequeno intervalo de tempo,
geralmente são utilizados em equipamentos que precisam dessa energia em
um curto período de tempo. O flash de câmeras fotográficas utiliza da energia
fornecida aos capacitores para ser acionado, desfibriladores também utilizam
de capacitores para que seja fornecida energia em um curto intervalo de tempo.
Os capacitores consistem basicamente de duas placas condutoras separadas
por um material isolante. A figura mostra duas placas condutoras separada por
um material isolante, que neste caso é o ar, as placas tem carga q e -q,
salientando que essas cargas possuem o mesmo valor em módulo.

Figura 1 – exemplo de capacitor

Fonte: autoria própria

O princípio de funcionamento de um capacitor acontece quando uma


tensão elétrica é aplicada entre suas placas condutoras.
Como o capacitor tem capacidade de acúmulo de cargas elétricas,
existe uma capacitância associado a esse capacitor, logo podemos dizer que
a capacitância é uma propriedade do capacitor. A expressão para capacitância
é dada por:
𝑞
𝐶= (1)
𝑉

Onde q é a carga e V a diferença de potencial ou tensão. Sua unidade


no SI é Farad, representado pela letra F.

Capacitores Geométricos
Em casos particulares a capacitância de capacitores pode ser calculada
de acordo com sua geometria. Existem 4 casos que a capacitância é calculada
com base na sua geometria, são esses:

Capacitor retangular de placas paralelas:


a figura 2 mostra duas placas retangulares paralelas, separadas por
uma distância d, em que o campo elétrico sai da placa positiva até a negativa.

Figura 2 – placas retangulares paralelas

Fonte: Halliday Resnick (pág 269)

Aplicando a lei de Gauss podemos determinar o campo elétrico desse


tipo de capacitor e relaciona-lo com a diferença de potencial. Assim,
𝑞𝑒𝑛𝑣
∮ 𝐸⃗ ⅆ𝐴 = (2)
𝜀0

Ou
𝑞𝑒𝑛𝑣
∮ 𝐸ⅆ𝐴𝑐𝑜𝑠𝜃 =
𝜀0
Como o campo elétrico é radial e o elemento de área também, logo o
ângulo formado entre eles é 0°, cosseno de 0° é 1, logo;

𝑞𝑒𝑛𝑣
𝐸𝐴 =
𝜀0
𝑞 = 𝐸𝐴𝜀0 (3)

Como a equação que relaciona a diferença de potencial com o campo


elétrico é dado por,
𝑓

𝑉 = − ∫ 𝐸⃗ ⋅ ⅆ𝑟
𝑖

Ou
𝑓

𝑉 = − ∫ 𝐸ⅆ𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑖

A integração é feita a partir da placa negativa em direção a placa positiva,


ou seja, o elemento de área faz um ângulo de 180° com o campo elétrico, logo,
+

𝑉 = − ∫ 𝐸ⅆ𝑟𝑐𝑜𝑠180°

Assim,
𝑉 = 𝐸ⅆ (4)

Relacionando as equações 1 e 4, temos

𝑞
= 𝐸ⅆ (5)
𝑐

Inserindo a equação 5 em 3, temos;

𝜀0 ⋅ 𝐴
𝐶= (6)

Capacitor cilíndrico:
A figura 3 mostra a vista de uma seção de placas paralelas cilíndricas
com cargas q e -q com raio a e b.

Figura 3 – Capacitor cilíndrico

Fonte: Halliday Resnick (pág 270)

Usando a lei de Gauss podemos determinar o campo elétrico nessa


superfície, assim;
𝑞𝑒𝑛𝑣
∮ 𝐸⃗ ⅆ𝐴 =
𝜀0
O ângulo formado entre o elemento de área e o campo elétrico é 0°, e,
cosseno de 0° é 1, assim,
𝑞𝑒𝑛𝑣
𝐸𝐴 =
𝜀0

Mas a área 𝑨 do cilindro é 2𝝅rL, então;


𝑞
𝐸= (7)
𝜀0 2𝜋rL

Com a relação de diferença de potencial entre as placas, temos:

𝑉 = ∫ 𝐸⃗ ⋅ ⅆ𝑟 𝑉
𝑎
𝑏

∫ 𝐸ⅆ𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 (8)
𝑎
Como o ângulo formado entre o campo elétrico e o elemento 𝒅𝒓 é 0° e
já temos o campo elétrico, o potencial elétrico é

𝑏
𝑞 ⅆ𝑟 𝑞
𝑉= ∫ => 𝑉 = 𝐿𝑛(𝑟)|𝑏𝑎
𝜀0 2𝜋L 𝑟 𝜀0 2𝜋L
𝑎

Portanto;
𝑞
𝑉= 𝐿𝑛(𝑏/𝑎) (9)
𝜀0 2𝜋L

Usando a definição de capacitância, temos;

𝑞 𝑞 𝑏
= 𝐿𝑛 ( )
𝐶 𝜀0 2𝜋L 𝑎

2𝜋𝜀0 L
𝐶= (10)
𝐿𝑛(𝑏/𝑎)

Capacitor esférico:
A figura 3 acima também pode representar uma vista em seção reta de
um capacitor esférico, passando pelo centro. Assim, pelos mesmos princípios
anteriores, ou seja, pela lei de Gauss temos que o campo elétrico de uma
esfera é dado por;
𝑞
𝐸= (11)
4𝜋𝜀0 𝑟 2

Assim, substituindo na equação 8 temos;

𝑏 𝑏
𝑞ⅆ𝑟 𝑞 ⅆ𝑟 𝑞 1 𝑏
𝑉=∫ = ∫ 2 = − |
4𝜋𝜀0 𝑟 2 4𝜋𝜀0 𝑟 4𝜋𝜀0 𝑟 𝑎
𝑎 𝑎

𝑞 1 1 𝑞 𝑏−𝑎
𝑉= ( − )= ( )
4𝜋𝜀0 𝑎 𝑏 4𝜋𝜀0 𝑎𝑏

Usando a definição de capacitância, temos


𝑞 𝑞 𝑏−𝑎
= ( )
𝐶 4𝜋𝜀0 𝑎𝑏
𝑏−𝑎
𝐶 = 4𝜋𝜀0 ( ) (12)
𝑎𝑏

Com a equação 12 é possível encontrar a expressão para a capacitância


de uma esfera isolada, assim, considerando que a = R e b → ∞ , temos que

𝑎𝑏
𝐶 = 4𝜋𝜀0 ( 𝑎 )
𝑏(1 − )
𝑏

Como b tende ao infinito, e a igual a R, temos;

𝐶 = 4𝜋𝜀0 𝑅 (13)

Tipos de Associação
Vários capacitores presentes em um circuito elétrico podem ser
substituídos por apenas um capacitor equivalente, ou seja, as capacitâncias
podem se combinar e obter uma capacitância equivalente. O cálculo realizado
para calcular essas capacitâncias depende da forma que estão associados.
Existe três formas de associação.

Série
Compartilham da mesma carga acumulado e cada capacitor contribui
com uma DDP para a DDP total. Assim, V 𝑻 = 𝑽𝟏 + 𝑽𝟐 + ⋯ + 𝑽𝑵 e a
capacitância equivalente pode ser dada por;
1
𝐶𝑒𝑞 =
1 1 1 (14)
𝑐1 + 𝑐2 + ⋯ + 𝑐𝑛

A figura 4a mostra um circuito com três capacitores ligado a uma fonte


de tensão onde o valor da carga é a mesma. Já a figura 4b mostra o circuito
com um capacitor equivalente ligado a uma fonte de tensão.
Figura 4 – Associação em série de capacitores

Fonte: Halliday Resnick (pág 276)

Paralelo
Compartilham da mesma diferença de potencial e cada capacitor
contribui com q para a carga total. Assim, 𝒒𝑻 = 𝒒𝟏 + 𝒒𝟐 + ⋯ + 𝒒𝒏 e a
capacitância é dada por;

𝐶𝑒𝑞 = 𝑐1 + 𝑐2 + ⋯ + 𝑐𝑛 (15)

A figura 5a mostra três capacitores em paralelo ligados a uma fonte de


tensão, assim a tensão é a mesma para todos. Já a figura 5b mostra o capacitor
equivalente ligado a uma fonte de tensão, esse capacitor corresponde a soma
dos outras três.
Figura 5 – Associação em paralelo de capacitores

Fonte: Halliday Resnick (pág 276)


Mista
A última associação é a mista, onde é feito cálculo de capacitância em
série, com a equação 14 e em paralelo, com a equação 15, ou seja, existe os
outros dois tipos de associação no circuito elétrico.
A figura 6 mostra a associação mista de capacitores, é possível observar
que C2 está em paralelo com C3 e C1 em série com a junção de C2 e C3, ou seja,
com C2,3.
Figura 6 – Associação mista de capacitores

Fonte: Autoria própria

Erro relativo percentual


Em experimentos práticos é corriqueiro ocorrer diferenças entre os
valores teóricos e os valores experimentais, desta forma, para que seja
possível observar a porcentagem de erro entre os valores reais e calculados
pode-se utilizar a expressão do erro relativo percentual. Logo,

vT
ⅇ = |1 − | × 100% (16)
vM

METODOLOGIA
A seguir serão descritos os materiais utilizados e o procedimento
experimental realizado no experimento de associação de capacitores.
➢ Três capacitores;
➢ Placa protoboard;
➢ Fios conectores tipo jacaré;
➢ Multímetro;
Procedimento experimental:
Primeiramente as instruções foram dadas pelo professor, em seguida
os três capacitores foram montados na placa protoboard para medir a
capacitância de cada um, e posteriormente fazer o cálculo teórico da
capacitância equivalente. Os fios tipo jacaré foram colocados no multímetro, o
cabo preto foi colocado na porta comum, ou seja, no borne preto enquanto o
vermelho foi colocado na porta que média capacitância. A figura 7 mostra os
capacitores montados na placa protoboard, a forma que os fios tipo jacaré
foram colocados no multímetro e a medição da capacitância de um dos
capacitores.
Figura 7 – capacitores montados e medição da capacitância de um
capacitor

Fonte: Autoria própria

A capacitância dos três capacitores foi medida e anotada.


Posteriormente os capacitores foram colocados em série para que pudesse ser
medida a capacitância equivalente dos três capacitores. A figura 8 mostra o
esquema feito para medir a capacitância equivalente dos três capacitores e o
valor encontrado.
Figura 8 – capacitores em série e valor da capacitância equivalente

Fonte: Autoria própria


Esses valores medidos foram anotados para ser comparado com os
valores teóricos e posteriormente ser calculado o erro experimental.

OBJETIVOS
Objetivos Geral
Observar e analisar os tipos de associação de capacitores, assim como
calcular a capacitância dos mesmos.
Objetivos Específico
➢ Associar os capacitores em série e em paralelo;
➢ Calcular a capacitância equivalente destas duas formas de
associação;
➢ Calcular erro relativo da capacitância medida em serie e em
paralelo com o valor teórico dos mesmos;
➢ Fazer uso do multímetro para realizar as medições.

ANÁLISE DE DADOS
Logo abaixo são mostrados os valores teóricos da capacitância dos três
capacitores de acordo com o que foi medido no multímetro. Os capacitores
utilizados no procedimento foram nomeados como C1, C2 e C3,
C1 = 1,09 𝑥 10−3 𝐹
C2 = 319,4 𝑥 10−6 𝐹
C3 = 226,4 𝑥 10−6 𝐹

Para calcular a capacitância equivalente em série e em paralelo teórica


basta utilizar as equações 14 e 15, respectivamente. Assim;
1
Ceq em série teórica =
1 1 1
−3 + −6 +
1,09 x 10 F 319,4 x 10 226,4 x 10−6

Ceq em série teórica = 1,1813 x 10−4 𝐹

Ceq em paralelo teórica = 1,09 x 10−3 + 319,4 x 10−6 + 226,4 x 10−6

Ceq em paralelo teórica = 1,6358 x 10−3


Para calcular a capacitância equivalente em série e em paralelo
experimental os capacitores C1, C2 e C3 foram colocados em suas respectivas
formas de associação na placa protoboard e com o auxílio do multímetro os
valores obtidos foram os seguintes;

Ceq experimental em série = 117,4 x 10−6 𝐹


E
Ceq experimental em paralelo = 1633 x 10−6 𝐹

Com base nos valores obtidos o erro experimental pode ser calculado
para a capacitância equivalente em série e em paralelo, assim, utilizando a
equação 16 o cálculo pode ser realizado.
Para a capacitância equivalente em série:

1,1813 x 10−4
ⅇ𝑠é𝑟𝑖𝑒 = |1 − | × 100%
117,4 x 10−6

ⅇ𝑠é𝑟𝑖𝑒 = 0,6218%

já para a capacitância equivalente em paralelo, temos:

1,6358 x 10−3
ⅇ𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = |1 − | × 100%
1633 x 10−6

ⅇ𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = 0,17146%

Observa-se que o erro experimental é muito pequeno nas duas


situações. Assim, essas pequenas variações podem ser esperadas já que a
capacitância de alguns capacitores pode ser alterada de acordo com sua
geometria, como também pode acontecer uma pequena falha na montagem
do experimento, ou problemas com os equipamentos.

CONCLUSÃO
Com tudo que foi analisado diante da teoria estudada e da prática
realizado pode-se concluir para este caso em especifico que não houve
diferença muito significativa entre a capacitância equivalente em série e em
paralelo teórica da experimental. Além disso, foi possível conhecer as
expressões que podem ser utilizadas para calcular a capacitância equivalente,
assim como, aprender a montar uma associação em série e em paralelo de
capacitores e ter conhecimento que apenas um capacitor pode substituir outros
a depender da necessidade. Mais uma vez o uso do multímetro foi de
fundamental importância para auxiliar na medição das capacitâncias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER, J. Fundamentos da Física. 10. ed. Rio de Janeiro:


Livros Técnicos Cientifico, 2016. V3.

[1] KILHIAN, Kleber. Um pouco sobre capacitores. Disponível


em: https://www.obaricentrodamente.com/2013/08/um-pouco-sobre-capacitores.html. Acesso
em: 18 set. 2022.

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