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O Papel da Liderança no

desenvolvimento das equipes: Líder


Coach, Mentor, Educador
e Adaptativo

Líder Educador

Finalidade:

Nesta unidade apresentamos o cenário de profundas transformações que afetou as organizações de trabalho
e onde a educação ganhou um papel central, exigindo das lideranças que gerenciem a aprendizagem nessas
organizações. Nos debruçamos sobre a figura do líder educador indicando quais papeis ele ocupa, quais
habilidades ele deve ter e como sua atuação impacta em diferentes níveis os indivíduos, as equipes e as
organizações.

Objetivos:
• Entender o papel do Líder educador e a importância de ter conhecimento sobre o seu relacionamento
com os seus liderados.
• Compreender o contexto no qual essa liderança ganha relevância.
• Identificar quais papeis cabem ao líder educador e as competências desejáveis.
• Refletir sobre como o Líder é capaz de influenciar mudanças que incentivam a produtividade e a motivação
da equipe.
• Conhecer como se dá aprendizagem na vida adulta, com suas dinâmicas e motivações próprias.
Índice
Índice............................................................................................................................ 1

Introdução.................................................................................................................... 2

Seção 1: Aprendizado no ambiente organizacional...................................................... 2


1. Conceitos e definições: Aprendizado no ambiente organizacional
a partir da influencia da Liderança .................................................................. 2
2. Videoaula - Cenário de Educação e Aprendizado nas Organizações................ 5
3. Leituras da Seção............................................................................................. 6
4. Concluindo....................................................................................................... 7

Seção 2: Teorias do aprendizado e o papel Líder Educador.......................................... 7


1. Teoria e Prática do Apredizado........................................................................ 7
2. Videoaula - Papel e competências do Líder Educador..................................... 9
3. Andragogia....................................................................................................... 10
4. Leituras da Seção............................................................................................. 11
5. Concluindo........................................................................................................13

Referências Bibliográficas............................................................................................. 13

1
Introdução

Olá, boas-vindas a todos!


Convidamos vocês a acompanharem nossa série de aulas sobre o papel do Líder Educador. Nós iremos
contextualizar os conceitos, definições e competências necessárias para o fortalecimento do modelo de
gestão de pessoas e equipes.
Para nortear nossa discussão, o tema está dividido em duas frentes:
Inicialmente, traremos uma contextualização sobre os desafios atuais do ambiente de trabalho que tem
exigido da liderança novas habilidades e competências no apoio ao desenvolvimento das equipes.
Em um segundo momento, teremos a oportunidade de aprofundar conhecimentos sobre a teoria do
aprendizado e entender qual o papel do líder educador nesse cenário.
Algumas indicações de leitura comentadas se encontram ao final das seções. Entre os temas abordados por
elas, destaca-se a teoria de Aprendizado de Kolb e sua relação com o papel do Líder Educador, a metodologia
70:20:10, Lifelong Learning e a importância do aprendizado continuo.
E para começarmos, apresentamos uma pergunta para refletir ao longo desta jornada e explorá-la no chat
com o tutor: “Você líder, tem ensinado o seu time a pensar? Como e quais estratégias de aprendizado tem
utilizado com a sua equipe?”
Boa aula a todos!

Seção 1: Aprendizado no ambiente organizacional

Conceitos e definições: Aprendizado no ambiente organizacional


a partir da influencia da Liderança

“Liderança e aprendizagem são indispensáveis uma para a outra”


John f. Kennedy

As transformações que afetam significativamente a vida das pessoas e a sua relação com a sociedade
impactam diretamente na forma como esta reorganiza, acarretando reformulações da visão de mundo, dos
valores básicos e de suas estruturas sociais e políticas. Este cenário implica diretamente em mudanças nas
organizações.
Atualmente, todo a transformação tecnológica e social tem colocado o conhecimento como o mais importante
fator de produção e ferramenta para competitividade nas organizações. Com a utilização do conhecimento
pelas organizações como vantagem competitiva, surgem novos modelos de trabalho, impulsionando
estruturas ágeis e independentes. (1)
Assim, organizações buscam nos conceitos teóricos e práticos algum aporte que aumente seu prestígio social
e os lideres passam a ser vistos como transmissores e propagadores da educação em serviço. Por meio dessa
liderança, a educação se torna uma ferramenta para atingir metas e aumentar resultados (2).

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Competências do Líder Educador
Extrai-se deste cenário quatro características essenciais que devem compor as competências de um líder
educador (2):
1. Liderança é a junção de processos e conexão emocional
2. Liderança envolve influência
3. Liderança ocorre no contexto de um grupo e suas variações culturais
4. Liderança envolver, educar, acompanhar e avaliar pessoas e processos

Tal perspectiva amplia o foco da liderança, colocando-a em uma posição que potencializa a relação entre
(processo) e equipe pautada na relação de construção conjunta processo (bilateral) a partir de múltiplas
dimensões (psicológicas, cognoscente, de interações).

Organizações baseadas no conhecimento e aprendizagem


Esta nova perspectiva dá espaço a um novo tipo de organização, as organizações baseadas no conhecimento
e aprendizagem. (1)(5)
O cerne das atividades desenvolvidas nessas organizações baseia-se essencialmente em ativos intangíveis, o
que exige novas competências e habilidades dos profissionais.
Assim, as inúmeras demandas organizacionais, associadas à inserção em ambientes incertos e complexos,
requerem uma visão ampla e sistêmica, onde as áreas de treinamento, desenvolvimento ou educação devem
ser percebidos como essenciais e suporte para o crescimento institucional (6)(7). Neste contexto a gestão do
conhecimento é fundamental para o papel e atividade da liderança (8).

Para que as organizações atendam à necessidade premente de aprendizado é fundamental que


elas estejam imersas em uma cultura de aprendizagem. No entanto, a forma como aprendemos
! está mudando: os funcionários desejam controlar sua própria aprendizagem, mas também
desejam orientação e apoio da sua liderança.

Aprendizagem organizacional e Organizações de aprendizagem


Os estudos sobre aprendizagem nas organizações demonstram aspectos que vêm discutindo o papel do líder
educador como elemento chave para conduzir as mudanças tecnológicas que vivenciamos. Segundo Leite
e Aquino (9) o espaço das pesquisas no campo da aprendizagem organizacional pode ser dividido em duas
vertentes:

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1. A aprendizagem organizacional, representada preponderantemente pelos pesquisadores acadêmicos.
2. As organizações de aprendizagem, notadamente incrementada pelos consultores e pesquisadores
voltados para a transformação organizacional.

Para Delfino e Silva (10) a aprendizagem trata-se de um fenômeno a partir da diversidade de teorias e
práticas que se direcionam a duas grandes correntes: a Aprendizagem Organizacional (com direcionamento
mais voltado à teoria) e a Organização de Aprendizagem (com direcionamento mais voltado à prática),
direcionando os elementos comportamentais que envolvem: o líder, os liderados, o contexto, e o próprio
processo de liderança.

Protagonismo do líder na Aprendizagem Organizacional


Delfino e Silva (10) contribuem com estes conceitos quando declaram que o líder pode ser visto como ator
de grande influência no processo de aprendizagem organizacional*. Seguem conceituando que líderes
podem fomentar a aprendizagem de suas equipes, contribuindo para que elas se desenvolvam e se adaptem
mais facilmente às mudanças que a organização precisa promover, ou ainda dificultar o encadeamento da
aprendizagem. É fundamental que as habilidades da liderança acompanhem as necessidades atuais das
equipes.
Pode-se afirmar a partir das considerações de Delfino e Silva que a liderança influencia no processo de
aprendizagem a partir de suas crenças e comportamentos. Ela pode fomentar ou dificultar a compreensão
individual do seguidor e a forma como favorecem ou dificultam a transferência de aprendizagem para o nível
organizacional no contexto de uma organização que aprende**.
Os autores defendem ainda que o papel do líder ao facilitar o processo de aprendizagem organizacional implica
na condução das pessoas à reflexão a respeito das suas experiências e acrescentam que um importante papel
da liderança é a criação de meios de gerenciar o conhecimento para que este seja legitimado e transformado
em ação.

O aprendizado é próprio do ser humano. É uma característica predominante já no momento do


nascimento e que o acompanha por toda sua existência. Ao penetrar no ambiente de trabalho,
! essa característica não desaparece. As organizações, para se denominarem organizações de
aprendizado ou de aprendizagem, precisam se ater para esse fato.

Aspectos comportamentais do Líder educador


Diante deste cenário, é possível destacar aspectos comportamentais que envolvem o líder educador:

Manter estruturas
Disposição em assumir Baixa indicação de
organizacionais
riscos raciocínio defensivo
descentralizadas

* Aprendizagem organizacional pode ser definida como a pratica de gerar de conhecimentos, habilidades,
valores, Processo de reflexão,
convicções e atitudes que acentuem a manutenção, o crescimento Um
e oprocesso
desenvolvimento
maduro da
flexibilidade e tolerância para Baixa resistência à
organização. (11)
trabalhar as falhas e
de detecção e
mudança
correção de erros
oportunidades de gestão
** Uma organização que aprende é uma organização habilitada na criação, na aquisição e na transferência
de conhecimento e em modificar seu comportamento para refletir novos conhecimentos e percepções. (12)
Prática constante da 4
Incentivo a geração de
reorientação de
Manter estruturas
Disposição em assumir Baixa indicação de
organizacionais
riscos raciocínio defensivo
descentralizadas

Processo de reflexão,
Um processo maduro
flexibilidade e tolerância para Baixa resistência à
de detecção e
trabalhar as falhas e mudança
correção de erros
oportunidades de gestão

Prática constante da
Incentivo a geração de
reorientação de
conhecimento no
comportamento individual
ambiente de trabalho
e do grupo

Videoaula - Cenário de Educação e Aprendizado nas Organizações

Não é possível compreender as competências ou papel de Líder Educador sem entender o contexto histórico
da Educação no ambiente de trabalho.
Os primeiros registros e grande marco de Educação em serviço aconteceu na década de 1950, impulsionado
pela Unesco, que discutiu os fins e os métodos para a educação de adultos. Este encontro fomentou discussões
sobre a compreensão de que todo conhecimento sofre transformações, sendo necessário aprender, capacitar-
se e reaprender de forma continua.

O lema vigente na época era “Há de ajustar-se a um mundo novo em mutação“. Nada diferente
? do que temos hoje, talvez em proporções diferentes, mas com a mesma finalidade.

O segundo momento histórico manifesta-se na década de 1960 e tem como princípio aceitar o adulto como
passível de aprender. Surgiram neste período os primeiros projetos de incentivo à capacitação de mão-de-
obra.
Em 1970, surge o pensamento de que o homem “educa-se a partir da realidade que o cerca, a partir de
interação com os outros e com o ambiente em que está inserido”.
A jornada iniciada na década de 1950 mantem-se presente e faz parte da estratégia do negócio hoje.

Transformação da relação profissional com a educação no trabalho


Na cadeia cliente-fornecedor, nos deparamos com os gaps decorrentes da falta de relação do sistema

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educacional com as organizações e a realidade do trabalho. Além disso, temos a entrada da tecnologia e das
novas gerações que exigiram das organizações estruturas que promovessem o aculturamento, treinamento
e desenvolvimento.
Um exemplo dessas novas exigências é a visão holística sobre o trabalho. Com base nos elementos contratuais,
experimentais e de conexão com o propósito trouxe para as organizações o papel do líder como educador.
Na década de 40 e 50, o modelo contratual predominava. Os profissionais eram movidos, motivados pelo
salário e benefícios que recebiam. Como moeda de troca, produziam.
O modelo contratual evoluiu e os profissionais começaram a buscar as experiências de desenvolvimento
no ambiente de trabalho. Ponto crucial para a criação das áreas e incentivos educacionais, trazendo o líder
para o papel de educador, isto é, aquele que ensina, aconselha e prepara seus liderados para assumir novos
desafios ou áreas.
A aprendizagem organizacional, representada preponderantemente pelos pesquisadores acadêmicos.
As organizações de aprendizagem, notadamente incrementada pelos consultores e pesquisadores voltados
para a transformação organizacional.
Para Delfino e Silva (10) a aprendizagem trata-se de um fenômeno a partir da diversidade de teorias e
práticas que se direcionam a duas grandes correntes: a Aprendizagem Organizacional (com direcionamento
mais voltado à teoria) e a Organização de Aprendizagem (com direcionamento mais voltado à prática),
direcionando os elementos comportamentais que envolvem: o líder, os liderados, o contexto, e o próprio
processo de liderança.

A junção deste cenário de trabalho e tecnologia nos conecta com o famoso conceito VUCA, do
! convívio em um contexto de incerteza, volatilidade, ambiguidade e complexidade. O que exige
das lideranças novas competências, como a de aprender e ensinar continuamente.

Considerações finais
Neste contexto, é importante refletir sobre qual tem sido seu papel para a educação organizacional, seja
como participante ou como educador.
Mediante o caos que estamos vivendo, recomendamos a você como líder ou colaborador que desenvolva
suas atividades sempre saindo do ponto CURIOSO.
Curioso, para aprender, ouvir, conhecer e principalmente para se relacionar com suas equipes, com seus
pares e com o seu ambiente de trabalho. Busque, ferramentas e metodologias que apoiem você no processo
de ensino e aprendizado. É importante descobrir como eu aprendo e como a minha equipe aprende. A partir
disso se consegue potencializar e desenvolver novas habilidades.

Leituras da Seção

O Papel Do Líder No Processo De Gestão Do Conhecimento


Julival De Queiroz Santana, Edivando Luiz Tecchio, Cristiano José Castro De Almeida Cunha
X Coloquio Internacional sobre Gestión Universitaria en America del Sur
Mar del Plata, Argentina, 2010.
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O artigo destaca aspectos importante para a atuação do líder como educador, em especial a transparência e a
autenticidade das interações pelo modo como são capazes de promover a socialização do saber e proporcionar
aprendizado contínuo no ambiente de trabalho. Recomendamos o artigo pela reflexão conceitual sobre
liderança e gestão do conhecimento, assim como pelas questões que pode suscitar no leitor ao refletir sobre
seu próprio ambiente de trabalho.

Concluindo

Na seção apresentada, reforçamos que:


• O conhecimento tornou-se um elemento central na produção e competitividade nas organizações.
• Tais as organizações, baseadas no conhecimento e aprendizagem exigem novas habilidades e
qualificações de seus profissionais e lideranças.
• Ao Líder Educador cabe a gestão do conhecimento, fomentando uma cultura de aprendizagem contínua.
• Tendo em vista as rápidas mudanças que o trabalho e as organizações atravessam, o líder deve contribuir
para que as equipes se desenvolvam e se adaptem mais facilmente.
• A educação no trabalho ganha relevância na década de 1950, marcada por um encontro da UNESCO, e
desde então esta importância aumenta.

Seção 2: Teorias do aprendizado e o papel Líder Educador

Teoria e prática do aprendizado

Seja com intuito de melhorar o desempenho e aumentar a competitividade das organizações, ou visando
proporcionar crescimento e desenvolvimento para os profissionais, torna-se visível o aumento nos estudos
sobre aprendizagem organizacional em termos de diversidade e especialização (10). No entanto, o aprendizado
organizacional é um tema complexo e que exige busca continua de caminhos que viabilizem a aplicação da
teoria na prática.
A relação entre teoria e prática pode ser intensificada por fatores relacionados ao ambiente em que os
indivíduos estão inseridos, considerando que eles são moldados pela cultura organizacional, pela tecnologia
e pela influencia que a liderança exerce sobre o grupo. Tais aspectos são contextualizados por Porter (13),
tendo como pano de fundo o processo de aprendizagem nas organizações:
“A nova forma de pensar e perceber a liderança nas organizações é centrada em atividades, os
líderes são inovadores, reativos a conformidade e professores ou educadores dos seus grupos.
Apoiam na construção da identidade e valores das organizações proporcionando um ambiente
onde os profissionais expandem continuamente suas capacidades de entender a complexidades,
apoiando na formatação de modelos mentais compartilhados, que estimulam a aprendizagem.” (13)
Neste sentido, Delfino e Silva (10) reforçam que a aprendizagem mediada pela liderança não envolve mais uma
questão de poder, mas sim de influencia. Onde o líder precisa compreender que a capacidade de reaprender,
ensinar e inovar de forma continua são as habilidades essenciais para o enfrentamento do cenário incerto e
de constante transformação no qual as empresas estão imersas.

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Desenvolvimento do indivíduo e da organização
No entanto, ao discorrer sobre aprendizagem nas organizações é necessário clarificar que este processo
começa com o aprendizado individual, para depois alcançar o coletivo (grupo), a equipe e, por fim, a
organizacionação.
Dessa forma, a aprendizagem organizacional passa a ser uma ferramenta para a geração de informações e do
modo como os sistemas organizacionais respondem aos desafios da transformação.

Na perspectiva organizacional, a gestão do conhecimento é um processo de desenvolvimento que


desencadeia a realização do potencial em diferentes esferas – física, espiritual e afetiva. Portanto,
! a educação tem o propósito de formar e desenvolver o indivíduo em uma sociedade, a fim de
conservar e transmitir a herança cultural de um determinado povo. (14)

Atribuições do Líder Educador


Para Eboli, “o papel dos líderes e gestores é vital [...] porque será por meio de sua atuação exemplar que eles
serão percebidos como lideranças educadoras, cujo modelo de comportamento deve ser seguido e buscado
pelos demais colaboradores da empresa”. (14)
Considerando que o líder tem papel determinante no processo de aprendizagem organizacional, é necessário
entender os papeis que desempenha como Educador, correlacionando com competências essenciais e estilos
de aprendizado.
Seus papeis são organizados por Eboli em quatro categorias:

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Parceiro de Negócios Pensador do Sistema

É ser um estudante dos negócios; conhecer Esboça uma visão de como adequar as operações
a direção estratégica da empresa e como de aprendizagem e desenvolvimento para
ela está posicionada no mercado global. que elas foram um sistema unido por ações
inter-relacionadas.

Os quatro
papeis do Líder
Educador

Formador de alianças
Diretor de Educação
Cria parcerias com os gerentes internos,
É o especialista em educação. Precisa moldar a clientes externos, líderes sindicais e reitores
visão de aprendizagem contínua, fixando de instituições de educação superior. Precisa
metas grandiosas, e até mesmo audaciosas operar estrategicamente, formulando um plano
para a organização. empresarial e recomendando como implementá-lo.

Quadro 1. Quatro papeis do Líder Educador. (14)

Com base nos papeis do líder educador, apontados por Eboli (15), é perceptível que lideranças neste papel
precisam permear a organização em seus diferentes níveis, criando conexões entre a estratégia do negócio e
a base profissional, atuando de modo integrado e estratégico.

Videoaula - Papel e competências do Líder Educador

Atuação do líder educador


Para se entender o papel e as competências do Líder Educador, é preciso compreender primeiramente que
existem diferenças e similaridades em todos os conceitos utilizados para o ato de educar nas organizações.
Por exemplo, ouvimos falar de: Educação corporativa e T&D, Educação, Ensino, educação permanente ou
continuada, universidade corporativa...
E na prática? Como isso funciona? Você já parou para pensar qual é a verdadeira função de um Líder Educador?
O líder educador tem como atividade treinar e desenvolver as equipes para atividades corriqueiras do dia
a dia e para novos desafios. Sendo assim, trataremos “do conceito de desenvolvimento que engloba o de

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educação, que engloba o de treinamento, que por sua vez, engloba o de instrução e informação”.
E vamos usar também o conceito de treinamento que percorre “a forma mais corriqueira de pensar o processo
de aprendizagem transformar o conhecimento em competências”.
O treino e o desenvolvimento das equipes demanda do líder as seguintes ações:
• Conhecer a direção estratégica da organização
• Pensar no sistema como um todo, as interações entre as áreas e processos
• Criar uma cultura de aprendizado continuo, pautada na mensuração de resultados
• Ter um plano estratégico que interligue o interno com o externo

Competências exigidas
Espera-se de um líder Educador que ele:
• Mantenha postura reflexiva
• Tenha capacidade de observar e inovar
• Aprenda a reaprender
• Comunique de forma clara e objetiva.

Estas são posturas e habilidades necessárias para que cumpra com suas responsabilidades de:
• Gerenciar a equipe como uma comunidade educativa.
• Redefinir o trabalho como um espaço de aprendizagem.
• Cooperar para o desenvolvimento de novas competências.

Como recomendação, é importante ter consciência de que para se tornar um líder educador é imprescindível
assumir a responsabilidade pelo grau de desenvolvimento de sua equipe. Não importa o tempo que os
colaboradores irão compor a equipe, não importa o grau de rotatividade dentro da unidade, o que importa
é que a premissa de Líder Educador seja permanente.

É desejável criar mecanismos para mensurar resultados do desenvolvimento. É possível avaliar


e medir índices de desempenho a partir do resultado das avaliações, recrutamento interno,
! sucessão... E é interessante se desafiar ou desafiar sua equipe nestes resultados, aumentando-os
gradativamente.

Considerações Finais
Pratique o aprendizado coletivo, promova a interação e trocas de experiências entre membros da sua equipes
e equipes da organização.
Estimule a cocriação, participação e desafie sua equipe a pensar diferente o tempo todo. E lembre-se
que novos paradigmas não se internalizam de um momento para o outro, o líder educador deve se fazer
persistente.

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O verdadeiro sentido do líder educador está em conhecer a motivação humana para guiar os indivíduos ao
desenvolvimento pela educação e propósito organizacional.

Andragogia

Considerando tudo que vimos até aqui, pode-se perceber como é fundamental que o líder educador entenda
os princípios do aprendizado adulto, a andragogia.
Para explorar e aprofundar este conceito recomendo o livro “The Adult Learner”, de Malcolm Knowles.
A versão brasileira entitulada como “Aprendizagem de resultados” traz os seis princípios da andragogia,
elementos essenciais para qualquer desenho ou ação educacional nas organizações. (16)

Seis princípios básicos da andragogia:

Aprendiz de saber

Adultos, reagem e demonstram interesse para o desconhecido a partir de respostas como: Por que
eu preciso aprender isso? O “o quê” e o “como”? vou aprender. O primeiro principio demonstra o
quanto a clareza das informações e a interação prévia entre participante e educador contribuem para
o engajamento do grupo.

Autoconceito e Autonomia no saber

Adultos tendem a ser mais autônomos e autodirigidos na busca do conhecimento. Relacionam o seu
aprendizado a objetivos ou propósito pessoal e profissional. Partem do conhecimento de lacunas e
buscam o que realmente precisam aprender.

Experiência anterior

Diferentemente das crianças, adultos já tiveram muitas vivências, logo estas experiências formaram
um repositório de significados prévios e também delinearam um modelo mental de como ele enxerga
e lida com o mundo e situações que o cercam.

Prontidão para aprender

Adultos se sentem preparados e a sua necessidade de aprender é impulsionada pela vontade de se


adaptar ao mundo e não a de cumprir tarefas para aprender.

Orientação para aprendizagem

Adultos valorizam a aprendizagem quando esta associa-se a resolução de problemas ou atividades


complexas de seu dia a dia, a partir da contextualização e interação com os objetos de aprendizagem.

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Motivação para aprender

Os fatores de aprendizado que geram motivação para aprender está em fatores intrínsecos, ou seja,
sua satisfação, com o reconhecimento obtido e sua auto realização.

Os princípios da andragogia não devem ser analisados de forma isolada, há necessidade de entender a Teoria
do aprendizado. Como as pessoas aprendem?

Saiba mais
Convido você a acessar o material indicado para leitura ao final da seção, “Teoria Dos Estilos De
Aprendizagem”, a partir do entendimento dos princípios da andragogia e da forma com que os adultos
aprendem. Tal leitura pode auxiliar ao exercício de suas atividades de Líder Educador, construindo um
ambiente diverso e interativo que potencializa o aprendizado do individuo ou grupos.

Leituras da Seção

O papel dos líderes no processo de educação corporativa


Patricia Tristão
Georgia Tiepolo Schmidt Rogel
ReCaPe Revista de Carreiras e Pessoas São Paulo. V.02 n.03 Set/Out/Nov/Dez 2012.

OO artigo faz uma análise do papel dos líderes no processo de aprendizagem dos indivíduos nas organizações,
explorando como este aprendizado ocorre no contemporâneo sistema de Educação Corporativa. O texto
procura expor como a liderança participa do desenvolvimento de inovação e colaboração nas organizações.
Para tanto, identifica e correlaciona o papel desses líderes a partir das definições de: Liderança, Treinamento
e Educação em serviço.

A Teoria Dos Estilos De Aprendizagem: Convergência Com As Tecnologias Digitais


Daniela Melaré Vieira Barros
Revista SER: Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP. v.1, n.2, Jul.-Dez./ 2008.

Recomendamos a leitura deste texto que aborda os Estilos de Aprendizagem e o Modelo de Kolb como um
material complementar aos princípios da andragogia, anteriormente apresentados. Trata-se de fundamentos
complementares e essenciais para o pensar das ações educacionais na organização, considerando o aspecto
individual e coletivo.
Destacamos a reflexão do texto sobre os estilos de aprendizagem, que podem ser definidos como uma evolução
interligada e interdependente das diferentes características do indivíduo, contemplando a personalidade, a
maneira de processar as informações recebidas, as interações sociais e o modo como se concentra, entende
e retêm as novas informações. Tais estilos são modos distintos de aquisição de conhecimentos, habilidades e
atitudes, desenvolvidos pelos indivíduos por meio do estudo ou das experiências. Trata-se da maneira como
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cada um se comporta durante o processo de aprendizado de acordo com as características pessoais e as
perspectivas cognitivas, afetivas, físicas e ambientais.

A Aprendizagem Informal e o Conceito 70:20:10


Humberto Mariotti
Cristina Zauhy

O material traz um recorte de um estudo da década de 1990, realizado pelos professores Morgan McCall,
Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, na Carolina do Norte (EUA). Eles
desenvolveram o modelo de aprendizagem chamado 70 : 20 : 10. Tal estudo resultou na percepção de que a
expansão da aprendizagem e o estímulo à novas experiências se dão a partir de diversas situações, teóricas
e práticas, e apoiam diretamente na motivação dos colaboradores.
Tais ideias são proveitosas para o líder educador, pois estimula a liderança a criar soluções práticas que
suportam o processo de gestão e aprendizado organizacional. O modelo proporciona um framework que
permite pensar fora do formalismo dos processos de educação formal voltada para aulas, cursos, seminários,
workshops e assemelhados. Dessa forma, a aprendizagem se estende para além dos ambientes oficiais dos
cursos e passa a abranger e integrar três contextos: o formal, o social e o ambiente de trabalho.
Realizar a conexão das demandas de aprendizado organizacional com os tópicos 20% e 10% é tarefa
intimamente ligada ao papel do líder educador, coaching e adaptativo que estão sendo abordados nesta
disciplina. Eles retratam como forma de aprendizado as interações com os outros no ambiente de trabalho e
os diálogos/feedbacks, além de ressaltar como é fundamental a identificação e observação de profissionais
que possam servir como modelos e inspiração.

Concluindo

Na seção apresentada, reforçamos que:


• O Líder Educador deve ter um papel mediador e estratégico, permeando todos os níveis da organizações.
• A aprendizagem mediada por ele deve pautar-se na influência, não na autoridade.
• Um ambiente de aprendizagem adequado exige cultura de aprendizado contínuo. Cabe ao líder
fomentá-la.
• A gestão do conhecimento impacta o desenvolvimento dos indivíduos de uma organização no âmbitos
físico, espiritual e afetivo.
• O aprendizado dos adultos denomina-se andragogia. Ele tem dinâmicas próprias considerando as
experiências prévias e a natureza das motivações

Referências Bibliográficas

1. DRUCKER, 1993
2. NORTHOUSE, 2004.
3. HEIFETZ, 1994
4. YUKL, 2008
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5. ALVESSON, 2004
6. SCHON, 1971;
7. SENGE, 1990.
8. Souza IM, Franzoni AMB. Gestão Universitária: identificação das práticas da gestão do conhecimento
na UFSC. VII Colóquio Internacional sobre Gestão Universitária na América do Sul. Mar del plata; 2007.
9. Leite NR, Aquino LM. Aprendizagem Organizacional, Liderança, Responsabilidade: fatores propulsores e
inibidores. Revista Pretexto. 2008; 9(2).
10. Delfino IA, Silva AB. O processo de liderança como facilitador da aprendizagem organizacional no Sebrae.
Revista Gestão Organizacional. 2013; 6(2).
11. GUNS, 1998, p. 33
12. KIERNAN, 1998, p. 198
13. Porter (2006, p.368)
14. Eboli M. Papéis e Responsabilidades na Gestão da educação Corporativa. In: Amorim WAC, Eboli M,
Fischer AL, Moraes F. Educação Corporativa: Fundamentos, evolução e implantação de projetos. São
Paulo: Atlas; 2010.
15. Eboli M. Educação Corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora Gente; 2004. p.32
16. Knowles MS, Holton-III EF, Swanson, RA. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para
aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009.

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