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5 - PLANTAS AROMÁTICAS E SEUS ÓLEOS ESSENCIAIS


(ABRANGE AS PLANTAS INICIADAS PELAS LETRAS R, S, e T):

- Rosas (Rosa centifólia), (Rosa damascena) e (Rosa canina)

- Sabina (Juniperus sabina)


- Salsa (Petroselinum sativum)
- Salva (Salvia officinalis)
- Salva-de-espanha (Salvia lavandifolia)
- Salva-esclarea (Salvia sclarea)
- Salva-trilobada (Salvia fruticosa)
- Sândalo (Santalum album)
- Sândalo-australiano (Santalum spicatum)
- Sassafrás (Sassafras albidum)
- Segurelha (Satureja hortenses)
- Segurelha-silvestre (Satureja montana)
- Sugandha kokila (Cinnamomum glaucescens)

- Tanaceto (Tanacetum vulgare)


- Tangerineira (Citrus reticulata)
- Tília-vulgar (Tilia x vulgaris)
- Tomilho (Thymus vulgaris)
- Tomilho-de-creta (Thymbra capitata)
- Toranja (Citrus x paradisi)
- Tuberosa (Polianthes tuberosa)
- Tuia-vulgar (Thuja occidentalis)

ROSAS

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Das roseiras (Rosa spp.), da família das Rosáceas, arbustos vivazes,
provavelmente indígenas do Irão, conhecem-se numerosas espécies tais
como: a Rosa x centifolia e seus híbridos (rosa-das-cem-folhas ou rosa-de-
jericó), a Rosa x damascena e seus híbridos (rosa-de-damasco), a Rosa
gallica L. (rosa-de-alexandria, rosa-de-provença, rosa-francesa-dobrada,
rosa-gálica, rosa-rubra ou rosa-vermelha), a Rosa canina L. (rosa-canina
ou rosa-de-cão) e muitas outras. Embora as três primeiras espécies tenham
interesse industrial para a extração do seu óleo essencial, em Portugal elas
só são cultivadas como ornamentais. Em fitoterapia, as pétalas das rosas,
principalmente da Rosa gallica já foram usadas em colutórios nas
inflamações bucofaríngeas, pois possuem compostos taninosos e óleo
essencial responsáveis pela atividade antissética (Proença da Cunha A. e
col., 2009).

Rosa gallica

A rosa-canina, aparecendo como espontânea, pelos pseudofrutos


vermelhos, geralmente denominados cinorrodos, é usada em fitoterapia, na
prevenção de gripes devido ao seu alto teor em vitamina C (cerca de 1.7
por cento).

Por destilação pelo vapor de água das pétalas, principalmente da R. x


damascena e da R. x centifolia, obtém-se um óleo essencial de preço muito
elevado, devido ao custo da mão-de-obra na colheita e ao seu baixo
rendimento (são necessários cerca de 6000 Kg de pétalas para se obter 1 kg

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de óleo essencial). É indicado para R. damascena ser a produção de óleo
essencial inferior a 100 toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010)
O óleo essencial normalmente apresenta-se sólido à temperatura
ambiente devido à presença de esteropteno (hidrocarbonetos saturados
(desde o heptadecano ao hentriacontano) e de insaturados mais da série cis
de C13 a C29, para além de ácidos gordos saturados e insaturados, álcoois de
cadeia normal e de triterpenoides). Em relação aos principais constituintes
odoríferos terpénicos temos de ter em consideração a matéria-prima
utilizada. Assim, quando obtido da R. x centifolia, em valores médios,
possui de citronelol (18 a 22%), de feniletanol (63%), de geraniol e nerol
(10 a 15%), de esteropteno (6%), de farnesol (0.2 a 2%). Já o óleo essencial
obtido da R. x damascena possui de citronelol (34 a 55%), de geraniol e
nerol (30 a 40%), de esteropteno (16 a 22%), de feniletanol (1,5 a 3%), de
farnesol (0.2 a 2%).
De ambas as rosas se obtém para além do óleo essencial, um
concreto e um absoluto, bem como o hidrolato obtido na destilação pelo
vapor de água das pétalas (Lawless, J., 1999).
No concreto temos constituintes do óleo essencial, parafinas
(esteropteno), ceras, etólidos e outros lípidos.

Rosa canina L.

O absoluto, produto resultante do concreto, não tem lípidos e


praticamente possui só compostos voláteis.
O hidrolato, a água da destilação das pétalas, contem baixo teor de
compostos aromáticos oxigenados com predomínio de feniletanol por ser
bastante solúvel na água.

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A ISO/TC 54 tem uma norma para o óleo essencial de rosa, a ISO
9842:2003 “Oil of rose (Rosa x damascena Miller)”, que o define como o
óleo essencial obtido por destilação pelo vapor de água a partir das flores de
Rosa x damascena Miller, da família Rosaceae, cultivadas na Turquia,
Marrocos e Bulgária. De acordo com esta norma os componentes
representativos e característicos do óleo essencial devem ter os seguintes
teores (mínimo e máximo, por cento) para os 4 tipos (Bulgária / Turquia /
Marrocos / Turquia “peasant”): etanol (- e 2.0/- e 7.0/- e 3.0/- e 2.0),
citronelol (20.0 e 34.0/34.0 e 49.0/30.0 e 47.0/26 e 40.0), nerol (5.0 e
12.0/3.0 e 11.0/3.0 e 11.0/6.0 e 12.0), geraniol (15.0 e 22.0/8.0 e 20.0/6.0 e
23.0/12.0 e 29.0), β-feniletanol (- e 3.5/- e 3.0/- e 3.0/- e 3.0), heptadecano
(1.0 e 2.5/0.8 e 3.0/0.6 e 4.0/0.7 e 3.0), nonadecano (8.0 e 15.0/6.0 e
13.0/7.0 e 16.0/6.0 e 8.5) e heneicosano (3.0 e 5.5/2.0 e 4.0/2.0 e 5.5/1.5 e
4.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
0.848 a 0.880; : 1.4520 a 1.4700; -5o a -1.8o; índice de éster: 7 a 24.

O óleo essencial, em aromaterapia, tem sido usado em problemas


dermatológicos, na depressão, na insónia e nas náuseas.
O principal emprego do óleo essencial, do concreto, do absoluto e do
hidrolato é na perfumaria e na cosmética, devido ao agradável aroma que
possui.
O hidrolato de pétalas amacia e hidrata a pele, sendo o próprio
hidrolato e as loções com hidrolato, também usadas como desmaquilhantes
faciais. Compressas com hidrolato de pétalas, mais de Rosa gallica (rosa-
rubra), tonificam e são úteis para peles secas, irritadas ou sensíveis.

Espécies afins existentes em Portugal

- R. gallica L., var. plena e var. praenestina, a rosa-rubra, plantas


subespontâneas na Beira meridional, Estremadura, Alto e Baixo Alentejo;
também cultivada no Continente e Madeira. As pétalas são usadas,
externamente, como adstringentes e para corarem licores. Espécie de
origem híbrida, mas ainda em formas mais ou menos puras.
- R. laevigata Mich., rosa-mosqueta, encontra-se raramente na
Madeira, das suas sementes obtém-se um óleo fixo rico em ácidos

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insaturados com muito interesse na cosmética e, como diluente de óleos
essenciais, em aromaterapia.
- R. microphylla Roxb., rosa-de-ouriço, planta ornamental um
pouco cultivada nos nossos jardins. É uma espécie híbrida.
- R. multiflora Thumb. var. carnea Red. & Thorn., rosas-de-
toucar ou rosinhas-de-toucar, trepadeira arbustiva, que pode atingir 4 a 6
metros de altura, é frequente nos jardins do Continente e Ilhas Adjacentes.
É uma espécie híbrida.
- R. sempervirens L., roseira-brava, é boa para revestir paredes e
caramanchões, encontrando-se em sebes e margens dos cursos de água do
Centro e Sul do Continente.
- Existem ainda mais 7 espécies espontâneas de roseiras silvestres ou
roseiras bravas no nosso País: R. vosagiaca N.H.F. Desp., R. nitidula
Besser e R. mollis Sm. (três espécies exclusivas do Gerês); R. corymbifera
Borkh. (Centro e Norte montano), R. tomentosa Sm. (Noroeste montano),
R. puzinii Tratt. e R. micrantha Borrer ex Sm., estas últimas mais
frequentes um pouco por todo o País.

- As inúmeras roseiras de jardim são na maioria híbridas, daí terem,


as denominadas flores, dobradas (resultado da hibridação que faz
transformar muitos dos estames em pétalas, fenómeno denominado na
Genética de regressão dos estames), sendo quase todas, híbridos complexos
com a maior participação de três espécies: R. moschata Mill., R. foetida
Herrm. e R. gallica L., estas ainda cultivadas em formas mais ou menos
puras e também da R. chinensis Jacq., R. odorata ( Andrews) Sweet, R.
multiflora Thunb. e R. wichurana Crépin, estas últimas de origem
asiática.

Referências bibliográficas
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Lawless, J., The Illustrated Encyclopedia of Essential Oils, Ed. Element Books, 207,
1999.
- Proença da Cunha, A., Ribeiro, J.A., Roque, O.R., Plantas Aromáticas em Portugal
Caracterização e Utilização, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 204-208, 2009.

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SABINA

A sabina (Juniperus sabina L.), da família das Cupressáceas, é uma


espécie muito polimorfa, tendo o óleo essencial obtido das folhas e ramos
de plantas da Península Ibérica baixo teor em sabineno, cedreno, cadineno
e pinenos e teores mais elevados de sabinol e de acetato de sabinilo, já na
Ásia Central predomina o β-felandreno acompanhado de acetatos de
bornilo e de terpenilo.

Óleos essenciais obtidos no Irão de folhas e cones de plantas


masculinas e femininas, ao serem analisados por GC-MS apresentaram
como principais constituintes o sabineno, o α-pineno, e o mirceno, tendo
mostrado alguma atividade antimicrobiana e fungicida (Asili, J. e col.,
2010).

Numa revisão sobre Juniperus, ”Juniperus in the World” de Adams,


R.P. 2008 (in http://www.juniperus.org/articles) é referida uma publicação
de Adams, R.P. e col., 1987, onde é comparada a composição de óleos
essenciais de Juniperus sabina europeus e outros provenientes da Ásia. Dos
quatro compostos maioritários verifica-se a seguinte variabilidade, em
percentagem, respetivamente nos óleos essenciais europeus e asiáticos:

- sabineno (54.9 a 34.8), (57.1 a 32.5),


- α-pineno (2.0 a 1.5), (15.8 a 3.8),
- terpinen-4-ol (7.2 a 1.4), (4.7 a 3.0),
- acetato de sabinilo (35.0 a 16.2), (18.2 a 15.9).

Por o óleo essencial ser muito tóxico deixou de se usar em


aromaterapia. Já se empregou como vermicida e rubefaciente, tendo hoje
alguma utilização em perfumaria.

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Em relação à toxicidade, um óleo essencial de Juniperus sabina com
50 por cento de acetato de sabinilo mostrou ser abortivo em ratas grávidas
(Pages, N. e col., 1996).

Referências bibliográficas

- Adams, P.R., (1987), Investigation of Juniperus Species of the United States for New
Sources of cedarwood oil, Economic Botany, 41: 48-54.
- Asili, J., Emami, S.A., Rahimizadeh, M., Fazly-Bazzaz, B.S., Hassanzadeh, M.K.,
(2010), Chemical and Antimicrobial Studies of Juniperus sabina L. and Juniperus
foetidissima Willd. Essential Oils, Journal of essential Oils Bearing Plants (Jeobp), 13
(1) 25-36.
- Pages, N., Fournier, G., Baduel, C., Tur, N., Rusnac, M., (1996), Sabinyl Acetate, the
Main Component of Juniperus sabina L'Hérit. Essential Oil, is Responsible for
Antiimplantation Effect, Phytotherapy Research, 10: 438-440.

SALSA

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A salsa (Petroselinum crispum (Miller) Fuss, sin. Petroselinum
sativum Hoffm., sin. P. hortensis aut.), da família das Apiáceas
(Umbelíferas), é uma planta herbácea anual, possivelmente originária do
Sudeste da Europa ou da Ásia Ocidental, sendo cultivada em Portugal e em
quase todo o mundo, surgindo, casualmente, subespontânea como escapada
de cultivo.
É conhecida também pelos nomes vulgares de salsa-comum, salsa-
de-comer e salsa-hortense; no Brasil ainda, por salsa-de-cheiro e salsa-das-
hortas.
São utilizadas as folhas, frutos, óleo essencial dos frutos e raiz, esta obtida
mais da P. crispum subsp. tuberosum (Bernh. ex Rehb.).
A produção do óleo essencial de plantas cultivadas é estimada numa
quantidade inferior a 100 toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

Parte aérea de salsa em floração

Principais constituintes:
– Folhas: flavonóides, vestígios de furanocumarinas, poliínas,
ftálidos, óleo essencial (0.02 a 0.7 por cento).

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- Frutos: óleo essencial (2 a 6 por cento), óleo fixo (cerca de 20 por
cento), flavonóides (apiína), vestígios de furanocumarinas (bergapteno),
sais minerais.
- Raízes: Vestígios de óleo essencial, flavonóides (apíina),
poliacetilenos (falcarinol), furanocumarinas (bergapteno, isoimperatorina e
outros), taninos e sais minerais.
- Óleo essencial dos frutos: apiol, que predomina, miristicina e, por
vezes o 1-alil-2,3,4,5-tetra-metoxibenzeno, segundo a variedade. No óleo
essencial de tipo alemão, existe entre 60 a 80 por cento de apiol, podendo a
miristicina atingir cerca de 49 por cento. Outros constituintes de óleo
essencial são - e -pinenos, outros monoterpenos e sesquiterpenos.

Um óleo essencial obtido dos frutos em que os principais


constituintes são a miristicina (32.75%) e o apiol (17.54%), mostra ter uma
moderada atividade antioxidante, pelo que os autores desta publicação
(Zhang, H. e col., 2006) sugerem o seu uso como antioxidante natural.

A presença de apiol e de miristicina conferem aos frutos ação


digestiva e espasmolítica sobre o organismo, mas, sobre o útero, mais o
óleo essencial, tem uma ação estimulante sobre a sua musculatura, podendo
levar ao aborto. O óleo essencial e os flavonóides provocam diurese devido
à ação irritante sobre o parênquima renal. A raiz tem um efeito diurético
mais suave.

O óleo essencial dos frutos de salsa tem a norma ISO 3527:2000 “Oil
of parsley fruits (Petroselinum sativum Hoffm.)”, onde é definido como o
óleo essencial obtido por destilação pelo vapor de água a partir dos frutos
maduros de salsa cultivada (Petroselinum sativum Hoffm.), da família
Apiaceae. Nesta norma são referidos os seguintes teores dos componentes
representativos e característicos do óleo essencial (mínimo e máximo, por
cento): α-pineno (10.0 e 22.0), β-pineno (7.0 e 15.0), miristicina (25.0 e
50.0), apiol (5.0 e 35.0), 1,2,3,4-tetrametoxi-5-alilbenzeno (1.0 e 12.0) e
elemicina (1.0 e 12.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
1.043 a 1.083; : 1.5130 a 1.5220; : -10o a -4o; solubilidade, a 20oC:
não mais de 6 volumes de etanol a 85%; índice de éster: 1 a 10.

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Em fitoterapia, a raiz é usada em doenças que beneficiam com o
aumento da diurese (infeções urinárias e litíase renal). O fruto ou o seu óleo
essencial emprega-se na amenorreia, dismenorreia e flatulência. O óleo
essencial, devido ao apiol e à miristicina, é dotado de toxicidade pelo que
não deve ser tomado durante a gravidez, amamentação e por crianças com
menos de seis anos, ou doentes com perturbações gastrointestinais graves
ou problemas neurológicos.
As folhas são usadas na alimentação humana, como condimento,
indispensável na maioria dos pratos cozinhados, úteis pela ação aperitiva e
digestiva. A variedade de folhas não lisas é conhecida por salsa-frisada,
muito cultivada, mais pelas folhas.

Do fruto são obtidos para além de um óleo essencial, um concreto e


um absoluto que são usados na indústria alimentar e na perfumaria, em
particular, em perfumes “tipo masculino”. A indústria alimentar obtém
ainda um óleo essencial das folhas destinado à preparação de molhos,
pickles e na aromatização de bebidas.

Espécie afim:

- Petroselinum segetum (L.) W.D.J. Koch, salsa-das-searas, espécie


anual autóctone, aparecendo nos pousios, restolhos, caminhos e terrenos
secos da Beira litoral, Estremadura e Alentejo litoral. Os frutos são
ligeiramente aromáticos.

Referências bibliográficas

- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Zhang, H., Chen, F., Wang, X., Yao, Hui-Y., (2006), Evaluation of antioxidant
activity of parsley (Petroselinum crispum) essential oil and identification of its
antioxidant constituents, Food Research International, Vol 39, Issue 8, 833-839.

SALVA

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A salva (Salvia officinalis L.), da família das Lamiáceas (Labiadas),
é um subarbusto vivaz, originário da região mediterrânica Oriental, é
cultivado em todo o globo em terrenos de clima temperado e com muita
luz, de preferência calcários. A salva, também conhecida por chá-da-
europa, chá-da-frança, erva-dos-rapazinhos, erva-sacra, erva-santa, grande-
salva, salva-comum, salva-das-boticas, salva-da-dalmácia, salva-mansa,
salva-menor e ainda, no Brasil por salva-dos-jardins, salva-ordinária e
sálvia.

Os principais constituintes nas folhas são: óleo essencial;


isoflavonas; flavonóides (glucósidos de luteolol, apigenol); constituintes
amargos (picrosalvina); diterpenóides (ácido carnósico, carnosol);
triterpenóides (ácido oleanólico); ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico,
rosmarínico); taninos (3 a 7 por cento).

A F. P. refere que as folhas inteiras devem conter no mínimo, 15


mL/kg de óleo essencial e, no mínimo, 10 mL/kg de óleo essencial para as
folhas fragmentadas.

A salva, pelo óleo essencial, tem uma ação antimicrobiana sobre


bactérias de Gram-positivo e de Gram-negativo e ação inibidora sobre
fungos filamentosos e leveduras (De Souza, G. e col., 1997; Horiuchi, K. e
col., 2007; Pinto, E. e col., 2007).
A parte aérea tem atividade viral, atribuída aos constituintes
diterpenóides (Tada, M. e col., 1994).
A atividade antioxidante, em relação à peroxidação lipídica, foi
verificada in vitro com extratos metanólicos das partes aéreas, sendo
atribuída a compostos fenólicos (Zupkó, I. e col., 2001). In vivo, também
esta atividade foi comprovada e atribuída aos compostos fenólicos
(Matsingou, T.C. e col., 2003; Lima C.F. e col., 2005).
A atividade anti-inflamatória tem sido verificada e atribuída ao ácido
rosmarínico e de um modo geral a todos os compostos fenólicos (Reuter, J.
e col., 2007).

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Parte aérea florida de salva

A ação anti-inflamatória da tintura de salva foi verificada em relação a


inflamação aguda provocada pela essência de terebintina na pata do rato,
tendo havido significativa redução das percentagens dos leucócitos totais,
dos monócitos e com ativação da circulação dos fagócitos (Oniga, I. e col.,
2007).
Devido à presença de constituintes amargos é estimulante do apetite
e útil em problemas digestivos, indicação, também, referida pela Comissão
E Alemã (Blumenthal, M. e col., 1998).
Tradicionalmente sempre se utilizou a salva e os seus extratos
aquosos para combater a hiper-hidrose, mas estudos clínicos mais recentes
não têm sido conclusivos.

Tanto a Comissão E Alemã como a ESCOP (ESCOP, 2003)


indicam-na internamente para sintomas dispépticos e na excessiva
transpiração, externamente em inflamações da boca e faringe pela sua ação
adstringente e antimicrobiana.

Formas de administração e posologia:


Uso interno:
- Tintura: (1/10, em álcool de 70º): 60 gotas, 2 a 4 vezes por dia.
- Extrato seco (5:1): 0,2 a 1 g por dia.
Uso externo:

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- Cozimento: 30 a 40 g/L, ferver 10 min. Aplicar em forma de
compressas, em lavagens, banhos, colutórios, gargarejos ou irrigações
vaginais.
Em doses elevadas, principalmente se for o óleo essencial, pode
originar neurotoxicidade e ação convulsionante devido à presença das
tuionas (Bielenberg, J., 2007) pelo que, internamente, deve ser usada de
preferência, a salva-esclarea, a salva-trilobada ou a salva-de-espanha que
têm menores teores de tuionas.

A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas e de plantas


espontâneas é estimada numa quantidade inferior a 100 toneladas/ano
(Franz, C. e col., 2010).

Nota:
A Farmacopeia Portuguesa inscreve a “Tintura de salva”, que é
preparada com 1 parte de fármaco fragmentado e 10 partes de etanol a 70
por cento V/V, por um método apropriado. Deve conter no mínimo, 0,1 por
cento m/m de óleo essencial. Substitui por vezes o óleo essencial em
preparações para uso externo.

As folhas têm sido usadas para a obtenção de extratos com atividade


antioxidante.
As partes aéreas floridas são muito empregues para aromatizar
licores, vermutes, saladas e recheios de aves, etc. Um ramo de salva em
vinagre torna-o mais agradável de gosto. Também são usadas para
perfumar a roupa e evitar o desenvolvimento de traças.

O óleo essencial de salva, obtido por arrastamento pelo vapor de


água das partes aéreas floridas, tem como valores médios, monoterpenos
oxigenados [tuionas 35 a 60 por cento (α-tuiona e β-tuiona), cânfora,
borneol, cineol] e baixo teor de hidrocarbonetos monoterpénicos e em
sesquiterpenos (humuleno, β-cariofileno, viridiflorol).

Verifica-se haver uma certa variabilidade na composição do óleo


essencial da salva devido á existência de quimiotipos e de cultivares.

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Perry, N.B. e col., (1999) indicam a existência de três quimiotipos
com diferentes proporções de α- e β-tuiona, respetivamente, a 10:1, a 1.5:1
e 1:10.
Já Raal, A. e col., (2007) tendo em conta os principais constituintes
(1,8-cineol, cânfora, α-tuiona, β-tuiona, borneol e viridiflorol) verificam,
num grande número de amostras, haver uma certa variabilidade em relação
a esses compostos, sem se poder caracterizar a existência de quimiotipos.
Também Oniga, L. e col., (2010) em óleos essenciais obtidos na Roménia
verificam ser a α-tuiona o principal constituinte (31.23 a 52.86%) seguido
da cânfora e do viridiflorol.
O Prof. Manuel Fernandes Ferreira e seus colaboradores [Lima, C.F.
e col., (2006), (2007) e (2008), Sá, C.M. e col., (2009)] têm publicações
sobre atividade antioxidante, cultura in vitro e composição de óleos
essenciais de S. officinalis.

A ISO/TC 54 tem uma norma sobre o óleo essencial de salva, a ISO


9909:1997 “Oil of Dalmatian sage (Salvia officinalis L.), que o define
como o óleo essencial obtido por destilação pelo vapor de água a partir das
folhas de Salvia officinalis L., da família Lamiaceae. De acordo com esta
norma os componentes representativos e característicos do óleo essencial
devem ter os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento): α-pineno (1.0
e 6.5), canfeno (1.5 e 7.0), limoneno (0.5 e 3.0), 1,8-cineol (5.5 e 13.0), α-
tuiona (18.0 e 43.0), β-tuiona (3.0 e 8.5), cânfora (4.5 e 24.5), linalol +
acetato de linalilo (- e 1.0), acetato de bornilo (- e 2.5) e α-humuleno (- e
12.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
0.910 a 0.930; : 1.4580 a 1.4740; +2o a +30o; solubilidade, a 20oC:
não mais de 2 volumes de etanol a 80%.

Este óleo essencial é pouco usado internamente em fitoterapia


devido à sua toxicidade, por vezes em infeções bucofaríngeas, mas
principalmente na composição de algumas preparações farmacêuticas
(pastas dentífricas, colutórios, etc.), na composição de perfumes “tipo
masculino” e de champôs, sendo também em anti-sudoríferos.

Espécies afins existentes em Portugal:

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- Salvia aethiopis L., salva-da-etiópia, aparece em lugares secos e
incultos nos arredores de Bragança e Mirandela. Não há referências à
composição deste óleo essencial obtido em Portugal.

Num óleo essencial obtido de S. aethiopis espontânea no Irão os


constituintes em maior quantidade foram β-cariofileno (24.6%), α-copaeno
(15.5%) e germacreno D (13.5%) (Rustaiyan, A. e col., (1999).

Um óleo essencial desta salva espontânea da parte leste da Anatólia


(Turquia), ao ser analisado por GC/MS, mostrou ter como principais
constituintes: germacreno D (29.0%), α-copaeno (19.8%), β-cubebeno + β-
elemeno (9.9%), biciclogermacreno (9.3%), δ- cadineneo (8.7%) e β-
cariofileno (7.3%) (Güllüce, M. e col., 2006).

- Salvia argentea L., salva-larga, de flores brancas encontra-se em


terrenos incultos, searas e margens dos campos, especialmente no Alentejo
e Algarve. É cultivada, algumas vezes, como ornamental.

Nota
A equipa de investigadores do Prof. J. G. Barroso tem colaborado no
estudo de várias salvas existentes na região do Cabo da África do Sul
(Salvia albicaulis Benth, S. dolomitica Codd, S. africana-caerulea L., S.
africana-lutea L., S. chamelaeagnea Berg., S. lanceolata Lam. e S. muirii
L.Bolus) (Kamatou, G.P.P. e col., 2006, Kamatou, G.P.P. e col., 2006a e
Kamatou, G.P.P. e col., 2007).

Referências bibliográficas

- Bielenberg, J., (2007), Thujon, Med. Monatsschr. Pharm., 30(9): 322-6.


- Blumenthal, M., e col., The Complete German Commission E Monographs,
Therapeutic Guide To Herbal Medicines, American Botanical Council, Texas (USA),
198, 1998.
- De Souza, G., Carvalho, J., Ujikawa, K., Fornari, R., Neto, J., Actividad
antimicrobiana de aceites essenciales extraídos de plantas utilizadas en la medicina
popular brasileña, WOCMAP IIo. Abst. P-377. Mendoza (Argentina), 1997.

15
- ESCOP, Monographs, Ed. European Scientific Cooperative on Phythoterapy 2nd.,
452, 2003.
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
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17
SALVA-ESCLAREA

A salva-esclarea (Salvia sclarea L.), da família das Lamiáceas


(Labiadas), é nativa da região da Ásia Central ao norte do Mediterrâneo,
sendo uma herbácea perene que pode atingir 1 m de altura quando em flor.
Em Portugal é referida a sua presença nos arredores de Bragança,
possivelmente subespontânea e em solos serpentinitos, também
denominados ultrabásicos, do noroeste transmontano (espécie rara).
Em fitotetrapia são usadas infusões das folhas em problemas
digestivos e para provocar diurese. Os cozimentos a 10 por cento são úteis
em peles inflamadas e para tratamento da acne.

Salvia sclarea L.

O óleo essencial de salva-esclareia é obtido por arrastamento pelo


vapor de água dos ramos floridos, frescos ou secos. Caracteriza-se pelo
baixo teor em tuionas (menos de 0.2 por cento) e teor elevado de acetato de

18
linalilo (45 a 75%) e de linalol (10 a 30%), ao contrário do da salva (Salvia
officinalis L.). Possui esclareol que constitui matéria-prima para a indústria
de perfumes e para dele se prepararem derivados triterpénicos usados como
fixadores de perfumes. A produção deste óleo essencial de plantas
cultivadas é estimada numa quantidade entre 100 e 1000 toneladas/ano
(Franz, C. e col., 2010).
A sua composição depende, contudo, da área geográfica e do
quimiotipo presente.
A Farmacopeia Portuguesa, na respetiva monografia, identifica o
óleo essencial pelas características físico-químicas, por cromatografia em
camada fina, usando como padrões α-terpineol, acetato de linalilo e linalol
e por determinação do perfil cromatográfico em fase gasosa.
Indica que os teores dos constituintes que intervêm no perfil
cromatográfico devem estar compreendidos entre os valores seguintes (em
percentagem):
- acetato de linalilo: 56.0 a 78.0,
- linalol: 6.5 a 24.0,
- D-germacreno: 1.0 a 12.0,
- esclareol: 0.4 a 2.6,
- α-terpineol: menor que 5.0,
- α-tuiona e β-tuiona: menor que 0.2.

Um óleo essencial obtido de um quimiotipo “linalol”, proveniente de


planta espontânea colhida na Grécia, ao ser analisada por GC e GC/MS,
apresentou como principais constituintes, linalol, acetato de linalilo,
terpineol, acetato de nerilo, geraniol, acetato de geranilo, nerol, e esclareol
(Souleles, C. e col., 1997).

Um outro óleo essencial obtido de planta florida de S. sclarea da


região de Urbino (centro de Itália), contendo como principais constituintes
linalol (24.5%), acetato de linalilo (20.9%), acetato de geranilo (6.3%), (E)-
β-ocimeno (5.7%) e óxido de cariofileno (5.3%), mostra ter elevada
atividade antifúngica atribuída ao linalol e ao acetato de linalilo (Fraternale,
D. e col., 2005).
Possui, ainda, as seguintes características físico-químicas
(Bauer, K. e col., 2001): densidade relativa, a 20oC: 0,890 a 0,908; índice
de refração, a 20oC: 1.4560 a 1.4660; poder rotatório, a 20oC: -10o a -26o;

19
solubilidade, a 20oC: não mais de 3 volumes de etanol a 80%; número de
saponificação: 180 a 235.

É marcadamente um óleo essencial com atividade antifúngica. Em


aromaterapia usa-se para relaxar o corpo e a mente, sendo incluído em
banhos ou em óleo de massagem (seis a dez gotas em cada 30 mililitros de
óleo fixo).

O óleo essencial de salva-esclarea tem vantagens em aromaterapia


em relação ao de Salvia officinalis pois, tendo tuionas em baixa
concentração, é de fraca toxicidade. Também é preferido em perfumaria
pelo teor elevado em acetato de linalilo e em linalol.

Referências bibliográficas

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Preparation and Uses, Fourth edition, Wiley-VCH Verlag GmbH, 2001.
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
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S., Curini, M., (2005), Composition and Antifungal Activity of Essential Oil of Salvia
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20
SALVA-DE-ESPANHA

A salva-de-espanha [Salvia lavandulifolia Vahl, actualmente


considerada sinónimo de Salvia officinalis subsp. lavandulifolia (Vahl)
Gams], da família das Lamiáceas (Labiadas), é uma herbácea nativa do sul
de Espanha e de França, crescendo em solos rochosos e, muitas vezes,
acompanhada por alecrim e giesta. As folhas são opostas e parecem crescer
em cachos, exalando um aroma cineólico quando friccionadas.

As folhas, em fitoterapia, são utilizadas pela ação depurativa,


digestiva e expectorante em infusões. Também têm sido usadas na
obtenção de extratos com ação antioxidante devido à presença de
compostos fenólicos. São, ainda, usadas para aromatizar alimentos.

O óleo essencial, obtido das sumidades floridas da planta, possui


como principais constituintes cânfora e 1,8-cineol, não contendo
praticamente tuionas. A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas
é estimada numa quantidade inferior a 100 toneladas/ano (Franz, C. e col.,
2010).
Uma publicação recente de Herraiz-Peñalver, D. e col.,
(2011) onde se refere a análise de óleos essenciais provenientes desta
espécie colhida em Castilla-La Mancha (Espanha) mostram a presença
como principais constituintes, por ordem decrescente de teor, os seguintes:
1,8-cineol, limoneno, cânfora, α-pineno, canfeno, mirceno, borneol, β-
pineno, p-cimeno, viridiflorol, humuleno, acetato de bornilo, terpinen-4-ol
e cadineno.

Este óleo essencial tem a norma ISO 3526:2005 “Oil of sage,


Spanish (Salvia lavandulifolia Vahl)”, onde é definido como o óleo
essencial obtido por destilação pelo vapor de água a partir da parte aérea
em floração de Salvia lavandulifolia Vahl, da família Lamiaceae,
espontâneas ou cultivadas em Espanha ou em qualquer outro local. Nesta

21
norma são referidos os seguintes teores dos componentes representativos e
característicos do óleo essencial (mínimo e máximo, por cento): α-pineno
(4.0 e 11.0), sabineno (0.1 e 3.5), limoneno (2.0 e 6.0), 1,8-cineol (10.0 e
30.0), linalol (0.3 e 4.0), cânfora (11.0 e 36.0), borneol (1.0 e 7.0),
terpinen-4-ol (- e 2.0), acetato de linalilo (0.1 e 5.0), acetato de α-terpenilo
(0.5 e 9.0) e acetato de sabinilo (0.5 e 9.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
0.907 a 0.932; : 1.4650 a 1.4730; : +7o a +17o; solubilidade, a 20oC:
não mais de 2 volumes de etanol a 80%.

A F. P. inscreve o óleo essencial obtido das partes aéreas floridas de


Salvia lavandulifolia, indicando o seu perfil obtido por cromatografia em
fase gasosa com indicação dos constituintes seguintes (em percentagem):
- α-pineno: 44.0 a 11.0,
- sabineno: 0.1 a 3.5,
- limoneno: 2.0 a 6.5,
- tuionas: menos de 0.5,
- cânfora: 11.0 a 36.0,
- linalol: 0.3 a 4.0,
- acetato de linalilo: menos de 5.0,
- terpinen-4-ol: menos de 2.0,
- acetato de sabinilo: 0.5 a 9.0,
- acetato de α-terpenilo: 0.5 a 0.9,
- borneol: 1.0 a 7.0.

O óleo é usado em perfumaria e para aromatizar bebidas licorosas.


Também é empregue em aromaterapia, mais em problemas do aparelho
respiratório (tosse e bronquite).

Referências bibliográficas
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Herraiz-Peñalver, D., Usano-Alemany, J., Cuadrado, J., Jordan, M.J., Lax, V.,
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Salvia lavandulifolia Vahl. from Castilla-La Mancha (Spain), Biochemical Systematics
and Ecology ,Vol 38 no.6, 1224-1230.

22
SALVA-TRILOBADA

A salva-trilobada (Salvia fruticosa Mill. sin. S. triloba L. fil.), da


família das Lamiáceas (Labiadas), é um subarbusto vivaz, espontâneo na
Grécia e em algumas zonas de Itália e Chipre. É cultivada em muitos países
da Europa Oriental. Encontra-se na serra da Arrábida e no Algarve.
Também é conhecida por salva-grega e sálvia-grega.
Segundo a F. P. são usadas as folhas inteiras ou fragmentadas que
devem conter nas inteiras, no mínimo, 18 mL/kg de óleo essencial e no
mínimo, 12 mL/kg de óleo essencial nas fragmentadas.

Folha de salva-trilobada com os dois lóbulos


As folhas possuem óleo essencial (2 a 3 por cento), com
monoterpenos [o cineol é maioritário (cerca de 60 por cento), tuionas não
mais de 5 por cento, hidrocarbonetos terpénicos (pinenos, mirceno)
cânfora, linalol] e pequenas quantidades de sesquiterpenos (humuleno,
cariofileno); isoflavonas; flavonóides (cerca de 2 por cento) glucósidos de
luteolol, apigenol, salvigenina e outros; constituintes amargos

23
(picrosalvina); diterpenóides (ácido carnósico, carnosol); triterpenóides
(ácido oleanólico); ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico, rosmarínico);
taninos (cerca de 5 por cento).
A salva-trilobada tem uma atividade farmacológica muito
semelhante à salva, mas menos tóxica, pois é baixo o teor em tuionas.

A existência de compostos fenólicos justifica a ação anti-inflamatória


confirmada num estudo farmacológico (Kaileh, M. e col., 2007), onde é
referido ter também ação antitumoral.

É indicado possuir a salva-trilobada também atividade fungicida


(Exarchou, V. e col., 2002; Pitarokili, D. e col., 2003).

É utilizada mais em uso externo, nas inflamações das mucosas, como


adstringente e antimicrobiana, em cozimento: 30 a 40 g/l, ferver 10 min.
Aplicar em forma de compressas, em lavagens, banhos, colutórios,
gargarejos ou irrigações vaginais.
A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas e de plantas
espontâneas é estimada numa quantidade inferior a 100 toneladas/ano
(Franz, C. e col., 2010).

Referências bibliográficas

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Salvia fruticosa as antifungal agents in soilborne pathogens, J. Agric. Food Chem.,
51(11): 3294-301.

24
SÂNDALO

O sândalo (Santalum album L.), da família das Santaláceas, é uma


espécie arbórea das regiões montanhosas do Sudoeste da Ásia (Índia,
Vietname e Arquipélago malaio).
Hoje é cultivada nessas e noutras regiões quentes da Ásia, Oceânia e
América do Sul.
Portugal apoiou a iniciativa de reflorestação de sândalo em Timor
“Eu aposto no sândalo”, que prevê o plantio de 6.500 pés de sândalo, em
cinco escolas de cada um dos 13 distritos do país. Timor foi rico em
florestas de sândalo, que um desbaste incontrolado fez desaparecer.
O sândalo originário da Índia é considerado o mais aromático e o que
produz óleos essenciais mais apreciados. Na Índia, o sândalo é uma árvore
sagrada, e o governo declarou-a propriedade nacional para a preservar da
depredação a que tinha sido exposta. Só é permitido o seu corte quando o
exemplar possuir mais de trinta anos, momento em que naturalmente
começa a envelhecer. Um tronco do sândalo demora 25 anos para adquirir
uma espessura de 6 cm.
O óleo essencial de sândalo proveniente da espécie Santalum album
é obtido por destilação pelo vapor de água, de preferência a baixa pressão
do cerne da raiz e do caule, depois de reduzidos a pó grosso. Na sua
composição predominam os álcoois sesquiterpénicos (cis-α-santalol e cis-
β-santalol). A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas é
estimada numa quantidade entre 100 e 1000 toneladas/ano (Franz, C. e col.,
2010).
O óleo essencial, em aromaterapia, é principalmente usado para
acalmar a mente e com efeito antissético em problemas respiratórios. Muito
empregue na produção de incenso e em perfumaria como fixador nos
perfumes de qualidade.

Para um óleo essencial comercial (stock # SAV-105), obtido por


destilação pelo vapor de água da madeira de Santalum album da Índia, no

25
Outono de 2009, ao ser analisado por cromatografia em fase gasosa,
apresenta a seguinte composição, em percentagem,
(www.aromaticsinternational.com):
Sesquiterpenos: α-curcumeno 0.36, α-santaleno 1,28, α-trans-bergamoteno
0.22, β-curcumeno 0.22, β-santaleno 2.02, epi-β-santaleno 1.39 e santeno 0.17;
Sesquiterpenois: (Z)-α-trans-begamotol 5.12, bisabolol 0,62, cis-α-santalol 43.30, cis-
β-santalol 18.40, epi-β-santalol 3.62, lanceol 1.51 e isómeros de santalol 11.0;
Aldeídos: α-santalal 2.76 e β-santalal 0.45.

Viveiros de sândalo em Timor

A ISO/TC 54 tem uma norma sobre este óleo essencial, a ISO


3518:2002 “Oil of sandalwood (Santalum album L.)”, que o define como o
óleo essencial obtido por arrastamento pelo vapor de água do cerne da
madeira de Santalum album L., da família Santalaceae. De acordo com esta
norma os componentes representativos e característicos do óleo essencial
devem ter os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento): Z-α-santalol
(41.0 e 55.0) e Z-β-santalol (16.0 e 24.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o o
0.968 a 0.983; : 1.5030 a 1.5090; : -21 a -12 ; solubilidade, a 20 C:
não mais de 5 volumes de etanol a 70%; índice de éster: no máximo 10.

Referências bibliográficas

- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Lawless, J., The Illustrated Encyclopedia of Essential Oils, Ed. Element Books Ltd.,
214, 1999.

26
SÂNDALO-AUSTRALIANO

O sândalo-australiano (Santalum spicatum A. DC.), da família das


Santaláceas, é uma árvore pequena (não ultrapassa os 6m de altura) semi-
parasita, nativa de regiões semi-áridas do litoral do sudoeste da Austrália.

Da madeira e raízes fragmentadas obtém-se por destilação pelo vapor


de água um óleo essencial que se caracteriza, em relação ao de S. album,
por ter menor teor em santalois.

Valder, C. e col., (2003) indicam que um óleo essencial comercial


produzido de raízes de S. spicatum, ao ser analisado por GC e GC/MS,
mostram para além de santalois e de outros sesquiterpenos, a presença,
referida pela primeira vez, dos seguintes constituintes: (Z)-Beta-curcumen-
12-ol, (Z)-12-hidroxisesquicineol, 6,10-epoxibisabol-2-en-12-ol e nor-
helifolen12-al.
Num artigo de Howes, M. R. e col., (2004) compara-se a qualidade
de diversos tipos de sândalo pela análise dos seus óleos essenciais por
GC/MS.

A ISO/TC 54 tem também uma norma sobre o óleo essencial de


sândalo australiano, a ISO 22769:2009 “Oil of Australian sandalwood
[Santalum spicatum (R. Br.) A. DC.]”, que o define como o óleo essencial
obtido por destilação pelo vapor de água do cerne da madeira de Santalum
spicatum (R.Br.) A. DC., originária do oeste da Austrália. De acordo com
esta norma os componentes representativos e característicos do óleo
essencial devem ter os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento): Z-
α-santalol (15.0 e 25.0), epi-α-bisabolol (2.0 e 12.5), Z-β-santalol (5.0 e
20.0), epi-β-santalol (0.5 e 3.5), Z-α-trans-bergamotol (2.0 e 10.0), E,E-
farnesol (2.5 e 15.0), Z-nuciferol (2.0 e 15.0) e Z-lanceol (1.0 e 10.0).

27
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o o
0.945 a 0.980; : 1.5000 a 1.5170; -16 a +4 ; solubilidade, a 20 C:
não mais de 5 volumes de etanol a 70%.

Nota
Já foi referido em monografia a amiris (Amyris balsamifera L.), da
família das Rutáceas, e o seu óleo essencial obtido por destilação pelo
vapor de água da madeira, que por ter um aroma muito semelhante ao do
óleo essencial de sândalo, é designado, por óleo essencial de sândalo-das-
índias-ocidentais.

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Sandalwood Oil-New Constituents of Santalum spicatum (R. Br.) A. DC. (Santalaceae),
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28
SASSAFRÁS

O sassafrás [Sassafras albidum (Nutt.) Nees], da família das


Lauráceas, é uma espécie arbórea de crescimento rápido, cerca de 1 m por
ano, podendo atingir 25 m, nativa do leste da América do Norte, desde o
Canadá à Florida. Também denominado canela-de-sassafrás, termo
igualmente usado para designar a espécie brasileira Ocotea odorifera
(Vell.) Rohwer, da qual também se extrai um óleo essencial de composição
muito semelhante.
Do lenho da raiz do sassafrás, depois de reduzida a pequenos
fragmentos, prepara-se um óleo essencial por destilação, pelo vapor de
água sob pressão. É de cor amarela ou amarela-avermelhada, escurecendo e
tornando-se mais viscoso com o tempo, mais rapidamente se não estiver ao
abrigo do ar e da luz. A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas
é estimada numa quantidade superior a 1000 toneladas/ano (Franz, C. e
col., 2010).

Sassafras albidum
In Koehler, 1887

29
O principal constituinte é o safrol (79.6 a 88.3%) acompanhado pela
cânfora (cerca de 6%) e por hidrocarbonetos monoterpenos (α-pineno,
felandreno) e sesquiterpenos (cadineno e outros) que não ultrapassam os
10%; também, em quantidades reduzidas, eugenol (cerca de 0.5%) e
aldeído coniferílico.

A raiz do sassafrás e óleo essencial, em aromaterapia, têm sido


usados como depurativos e sudoríficos, no reumatismo (dose média de 0,1
mL, mais como antissético e desinfetante em problemas bucofaríngeos.
Usa-se como aromatizante de alimentos, condimentos e bebidas
alcoólicas, no fabrico de inseticidas (repelente de mosquitos) e na
perfumaria.
A indústria química de síntese extrai do óleo essencial o safrol, para
dele obter a heliotropina (piperonal) usada em perfumaria.

Nota
Da Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer sin. Ocotea pretiosa (Ness)
Mez, uma Laurácea da flora brasileira, vegetando da Baía até ao Rio
Grande do Sul, conhecida também por canela-de-sassafrás, obtém-se de
toda a planta óleo essencial. Quando obtido da raiz tem maior teor em
safrol (podendo atingir os 84%) e teores baixos de propenil e alilbenzenos,
sendo menor da casca e da ramagem. Existem variedades da planta com
percentagens muito baixas de safrol e outras, em que predomina o metil-
eugenol (Lorenzi, H. e col. 2002). A produção deste óleo essencial de
plantas espontâneas é estimada numa quantidade inferior a 100
toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

Referências bibliográficas

- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Lorenzi, H., Matos, F.J.A., Plantas Medicinais no Brasil nativas e exóticas, Ed.
Instituto Plantarum de estúdios da Flora Ltda, 268-9, 2002.

30
SEGURELHA

A segurelha (Satureja hortensis L.), da família das Lamiáceas


(Labiadas), é uma espécie anual, nativa da região mediterrânica, não sendo
espontânea no nosso País, mas apenas cultivada. Tem como nomes
vulgares os de alfavaca-do-campo, remédio-do-vaqueiro, segurelha-anual,
segurelha-de-jardim e segurelha-de-verão.
Utilizam-se as folhas, as sumidades floridas e o óleo essencial obtido
destas, por arrastamento pelo vapor de água. A produção deste óleo
essencial de plantas cultivadas e de plantas espontâneas é estimada numa
quantidade inferior a 100 toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

Segurelha (Satureja hortensis)

Principais constituintes:

31
– Folhas e sumidades floridas: óleo essencial (0.5 a 3.0 por cento),
ácidos fenólicos (cafeico, p-hidroxibenzóico, p-cumárico, ferúlico,
rosmarínico e outros), taninos (3 a 8 por cento), flavonóides livres e sob a
forma de heterósidos ácidos triterpénicos (oleanólico, ursólico).

- Óleo essencial: carvacrol (30 a 35 por cento), p-cimeno (5 a 10 por


cento), timol (1 a 5 por cento), β-terpineno (1 a 10 por cento) α- e β-pineno,
limoneno, borneol, α-terpineol.

As folhas e sumidades floridas têm ação digestiva e antiespasmódica.


O óleo essencial tem principalmente ação antimicrobiana. Em publicação
de Mihajilov-Krstev1, T. e col., (2010) é indicado que o óleo essencial tem
como principais constituintes carvacrol (67.00%), γ-terpineno (15.3%), p-
cimeno (6.73%), α–terpineno (1.29%), β-cariofileno (1.90%) e β-
bisaboleno (1.01%), mostrando atividade antimicrobiana.

Em fitoterapia, as infusões das folhas e das sumidades floridas são


usadas para estimular o apetite e auxiliar a digestão.
Em aromaterapia o óleo essencial diluído emprega-se para
gargarejar em amigdalites e faringites e em compressas, como revulsivo,
em problemas reumáticos e respiratórios. Não aplicar o óleo essencial,
externamente, a crianças com menos de seis anos ou a pessoas com alergias
respiratórias.
As partes aéreas são muito usadas como condimento em sopas,
guisados, etc.

O óleo essencial é empregue em perfumaria e na indústria alimentar


principalmente na obtenção de molhos e na aromatização de pizas.

Referências bibliográficas
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Mihajilov-Krstev1, T., Radnović, D., Kitić, D., Tojanović-Radić, Z., Zlatković, B.,
(2010), Antimicrobial Activity of Satureja hortensis L. Essential Oil against Pathogenic
Microbial Strains, Arch. Biol. Sci., Belgrade, 62 (1), 159-166.

32
SEGURELHA-SILVESTRE

A segurelha-silvestre (Satureja montana L.), da família das


Lamiáceas (Labiadas), é uma espécie vivaz, de cerca de 45 cm, espontânea
em locais pedregosos no Nordeste transmontano, caracterizando-se por ter,
normalmente, maior quantidade de carvacrol, sendo por vezes cultivada.
Também é denominada segurelha-de-inverno.

Esta segurelha apresenta uma certa variabilidade na composição do


seu óleo essencial. Em publicação de Ibraliu, A e col. (2010) é referido que
em óleos essenciais, obtidos de diversas populações espontâneas na
Albânia, ao ser analisados por GC e GC/MS se encontraram percentagens
de carvacrol variando de 2.21 a 55.95%.

Parte aérea florida de segurelha-silvestre

Tanto a planta como o seu óleo essencial, têm uma utilização


semelhante à segurelha-hortense, desde que o teor em carvacrol se encontre
dentro dos limites normais.

33
Espécies afins:
- Micromeria varia Benth. subsp. thymoides (Sol. ex Lowe) P.
Pérez, sin. Satureja thymoides Sol., denominada hissopo na Madeira, onde
é espontânea e muito cultivada. É aromática, tendo sido estudada
recentemente a variedade thymoides, endémica na Madeira, em relação ao
seu óleo essencial. Tem como compostos principais, nos óleos essenciais
obtidos da planta florida e não florida, o α-pineno (20 a 35%) e o geranial
(16%) e trans-nerolidol (15%) no período vegetativo. Durante a floração o
trans-nerolidol é substituído parcialmente pelo epóxido do β-cariofileno
(12%) no óleo essencial (Pedro, L.G. e col., 1995).

- Satureja calamintha (L.) Scheele var. glandulosa é uma espécie


vivaz sublenhosa, ramosa e muito aromática, de folhas pecioladas, ovadas e
crespo-hirsutas e corolas lilacíneas ou branco-rosadas, pubescentes. É
conhecida por nêveda, calaminta, clinopódio ou erva-das-azeitonas, sendo
utilizada como aromática e condimentar, sendo o seu óleo essencial muito
rico em pulegona. É autóctone, mesmo vulgar no nosso País em locais
ruderizados, não devendo ser confundirda com a Nepeta cataria L., outra
Lamiácea aromática também conhecida por nêveda ou nêveda-dos-gatos.

Referências bibliográficas
- Ibraliu, A., Dhillon, B.S., Faslia, N., Stich, B., (2010), Variability of essential oil
composition in Albanian accessions of Satureja montana L., Journal of Medicinal
Plants Research, Vol 4(14), 1359-1364.
- Pedro, L.G., Cristina Figueiredo, A., Barroso, J.G., Fontinha, S.S., Looman, A.,
Scheffer, J.J.C. (1995), Composition of the essential oil of Micromeria varia Benth. ssp.
thymoides (Sol. ex Lowe) Pérez var. thymoides, an endemic species of the Madeira
archipelago, Flavour and Fragrance Journal, 10: 199-202.

34
SUGANDA KOKILA

A espécie suganda kokila, (sughanda kokila, em inglês)


(Cinnamomum glaucescens (Nees) Hand.-Mazz., sin. C. cecidodaphne
Meisn), da família das Lauráceas, é uma arbórea da região Central do
Nepal, vegetando a uma altitude de 1500 m. Dos seus frutos obtém-se, por
arrastamento pelo vapor de água, um óleo essencial denominado “óleo
essencial de bagas-de-cinamomo”, que tem tido muito interesse comercial,
pelo seu emprego em aromaterapia (em massagens auxilia a contração
dos vasos sanguíneos, diminuindo a inflamação; é relaxante, combatendo a
insónia e a tensão nervosa), sendo também utilizado em perfumaria e
cosmética (Sthapit, V.M. e col., 1993).
Tuladhar, B.S. e col., (1992) indicam que o óleo essencial obtido dos
frutos desta espécie possui como principais constituintes 1,8-cineol (13%),
cinamato de metilo (14%) e α-terpineol (10%).
A Empresa Aromatics International, Inc. comercializa um óleo
essencial obtido de frutos de Cinnamomum glaucescens, lote # SUG-102,
do Nepal no final de 2009, cuja composição determinada por GC é a
seguinte:
Monoterpenos: α-felandreno 4.65, α-pineno 2.68, α-terpineno 1.02, α-tuieno
0.43, β-mirceno 1.35, β-felandreno 1.80, β-pineno 3.63, γ-terpineno 1.66, d-limoneno
1.81, p-cimeno 6.39 e sabineno 1.86; Sesquiterpenos: α-copaneno 1.68, α-santaleno
0.84, α-trans-bergamoteno 0.27, β-cariofileno 1.75, β-santaleno 0.35, δ-cadineno 1.45,
α-humuleno (α-cariofileno) 0.51 e outros sesquiterpenos 2.67; Monoterpenóis: α-
terpineol 5.01, linalol 2.45, nerol 0.10, sabinol 0.99 e terpinen-4-ol 3.77;
Sesquiterpenóis: espatulenol 1.04 e outros sesquiterpenóis; Aldeídos: geranial 0.60 e
neral 0.24; Cetonas: criptona 0.41; Ésteres: cinamato de metilo 9.69; Óxidos: 1,8-
cineol 23.51; epóxido de cariofileno 0.73; Fenóis: carvacrol 0.60; Éteres: elemicina
0.48, metil-eugenol 0.10 e miristicina 1.77; Ácidos: ácido cáprico 0.80 e ácido láurico
0.50.
Referências bibliográficas

- Sthapit, V.M., Tuladhar, P.M., (1993), Sugandha Kokila Oil, Journal of Spices &
Medicinal Plants, Vol 1, Issue 4, 31-35.
- Tuladhar, B.S., Sheak, A., Posthumus, M.A., Lelyveld, G.P., (1992), Investigation of
Nepalese essential oils. I. The oil of Cinnamomum glaucescens (Sugandha kokila),
Journal of essential oil research, Vol 4(2): 151-15

35
TANACETO

O tanaceto (Tanacetum vulgare L.), da família das Asteráceas


(Compostas), é uma planta herbácea vivaz, de caules com 30 a 150 cm,
ramificados no cimo, das zonas temperadas do hemisfério Norte, crescendo
em terrenos incultos perto da água. É subespontâneo, encontrando-se em
sebes, matos e margens dos campos do Continente.

Também é conhecido por atanásia, atanásia-das-boticas, erva-de-são-


marcos, erva-dos-vermes, estárgia, tanásia; no Brasil ainda por pluma-
amarga.

Parte aérea florida de tanaceto

36
São utilizadas as partes aéreas floridas e óleo essencial obtido destas
por arrastamento pelo vapor de água. A produção deste óleo essencial de
plantas cultivadas e de plantas espontâneas é estimada numa quantidade
inferior a 100 toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

As partes aéreas floridas têm como principais constituintes óleo


essencial (cerca de 1 por cento), fitoesterois, taninos, resinas, ceras,
constituintes amargos (tanacetinas), flavonóides e ácidos aromáticos.

No óleo essencial predomina a α-tuiona (60 a 80 por cento) para


além de cânfora, 1,8-cineol, borneol, cetona artemisia e hidrocarbonetos
monoterpénicos.
O tanaceto possui quimiotipos que se distinguem pelo teor elevado
de alguns destes constituintes.

Em publicação de Danute, M. e col., (2004) é referida a existência de


4 tipos de óleos essenciais provenientes da destilação de plantas floridas
espontâneas do distrito de Vilnius (Lituânia). É indicado o quimiotipo
cânfora (10 amostras) com cânfora (22.3 a 41.4%) e 1,8-cineol (10.6 a
26.4%); o quimiotipo tuiona (6 amostras) com α-tuiona (25.7 a 71.5%) e
1,8-cineol (11.3 a 22.3%); o cineólico (3 amostras) com 1,8-cineol (24.5 a
32.7%) e cânfora (8.3 a 23.8%) e o quimiotipo cetona artemisia (1 amostra)
com cetona artemisia (30.5%) e cânfora (23.0%).

As partes aéreas e o óleo essencial têm ação aperitiva e anti-


helmíntica (hoje pouco utilizado).
Em fitoterapia, foram usados como aperitivo, para combater os
vermes intestinais e como emenagogo, mas hoje o seu uso deve ser
contrariado, principalmente o óleo essencial, devido ao seu elevado teor em
tuiona (cetona dotada de toxicidade).
O óleo essencial é usado, por vezes, em perfumes herbáceos.

Espécies afins:

- Tanacetum annuum L., a joina-das-searas, planta indígena do


nosso País, cujo óleo essencial já revelou a presença de tuiona.

37
-Tanacetum microphyllum DC., dos terrenos de pousio da Beira
Meridional também é aromática, com um óleo essencial onde predomina a
tuiona e a presença de compostos azulénicos quando obtido na altura da
floração.

Nota
Existem espontâneas no nosso País mais as seguintes espécies deste
género: Tanacetum corymbosum (L.) Sch. Bip., T. gracilicaule (Rouy)
Franco, T. mucronulatum (Hoffm. & Link) Heywood, T. parthenium
(L.) Sch. Bip., mas cujos óleos essenciais não foram estudados em
Portugal.

Referências bibliográficas
- Danute, M., Asta, J., (2004), Composition of the essential oils of Tanacetum vulgare
L. growing wild in Vilnius district (Lithuania), Journal of essential oil research, Vol 16,
no6, 550-553.
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.

38
TANGERINEIRA

A tangerineira (Citrus reticulata Blanco sin. Citrus deliciosa Ten.),


da família das Rutáceas, é uma árvore cultivada em regiões temperadas.
Dela se obtém o óleo essencial do pericarpo de tangerina por meios
mecânicos, sem aquecimento, a partir do pericarpo fresco dos frutos da
tangerineira. A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas é
estimada numa quantidade entre 100 e 1000 toneladas/ano (Franz, C. e col.,
2010).

O óleo essencial tem como principais constituintes hidrocarbonetos


monoterpénicos (cerca de 96 por cento), limoneno, 3-careno, β-mirceno, α-
pineno, β-pineno, terpinoleno e sabineno, dos quais, em certos cultivares, o
limoneno representa cerca de 75 por cento. Dos compostos oxigenados
refere-se a presença de linalol, óxido de limoneno, decanal, 4-terpineol, α-
tuiona e citronelol, indicados por ordem decrescente em relação ao seu teor
no óleo essencial.
A F. P. inscreve este óleo essencial, identificando-o pelas
características físico-químicas, por cromatografia em camada fina e por
cromatografia em fase gasosa. Apresenta um perfil cromatográfico em fase
gasosa, indicando que os teores, por cento, dos constituintes do óleo
essencial, devem estar compreendidos entre os seguintes valores:
- α-pineno: 1.6 por cento a 3.0 por cento,
- sabineno: menos de 0.3 por cento,
- β-pineno: 1.2 por cento a 2.0 por cento,
- β-mirceno: 1.5 por cento a 2.0 por cento,
- p-cimeno: menos de 1.0 por cento,
- limoneno: 65.0 por cento a 75.0 por cento,
- γ-terpineno: 16.0 por cento a 22.0 por cento,
- N-metilantranilato de metilo: 0.30 por cento a 0.60 por cento.

Para um óleo essencial comercial (stock # MAN-104), obtido por


destilação pelo vapor de água a partir do pericarpo fresco das cascas dos
frutos de Citrus reticulata de Espanha na primavera de 2010, ao ser

39
analisado por cromatografia em fase gasosa, apresenta, em percentagem, a
seguinte composição de constituintes, (www.aromaticsinternational.com):
Monoterpenos: α-pineno 0.63, β-mirceno 1.90, β-felandreno 0.39, β-pineno
018, γ-terpineno 1.84, d-limoneno 92.90, sabineno 0.26 e terpinoleno 0.21;
Monoterpenois: linalol 0,29; Aldeídos: decanal 0.21 e octanal 0.16.

Citrus reticulata Blanco

A ISO/TC 54 tem a norma ISO 3528:1997 “Oil de mandarin. Italian


type (Citrus reticulata Blanco)”, que está em revisão pela norma ISO/DIS
3528 com o mesmo título, na qual se define este óleo essencial como sendo
obtido por expressão, sem aquecimento e com ou sem separação prévia da
polpa e casca dos frutos frescos de C. reticulata Blanco, da família
Rutaceae. De acordo com esta norma os componentes representativos e
característicos do óleo essencial devem ter os seguintes teores (mínimo e
máximo, por cento) para óleos essenciais de três cores
(verde/amarelo/vermelho): α-pineno (1.6 e 2.7/1.6 e 2.7/2.0 e 3.0), β-
pineno (1.0 e 2.0/1.0 e 2.0/1.2 e 2.0), mirceno (1.4 e 2.0/1.4 e 2.0/1.5 e 2.0),
n-octanal (0.0 e 0.14/0.0 e 0.14/0.0 e 0.08), γ-terpineno (17.0 e 22.0/16.0 e
22.0/16.0 e 22.0), limoneno (65.0 e 74.0/65.0 e 75.0/65.0 e 75.0), linalol
(0.05 e 0.2/0.05 e 0.2/0.03 e 0.2), decanal (0.04 e 0.14/0.04 e 0.14/0.04 e
0.12), n-metil-antranilato de metilo (0.4 e 0.7/0.3 e 0.6/0.3 e 0.6) e α-
sinensal (0.2 e 0.5/0.2 e 0.5/0.1 e 0.5).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas para
óleos essenciais de três cores (verde/amarelo/vermelho): : 0.855 a 0.874
/ 0.846 a 0.854 / 0.844 a 0.853; : 1.4732 a 1.4758 / 1.4726 a 1.4753 /
1.4722 a 1.4746; +69 a +75 / +69o a +76o / +70o a +79o; solubilidade,
o o

a 20oC: não mais de 7 a 10 volumes de etanol a 90%.


40
Também são obtidos óleos essenciais de folhas da tangerineira, mas
a composição depende da composição das folhas do cultivar. Um artigo de
Kasali, A.A. e col., (2010) refere a composição determinada por GC e
GC/MS de óleos essenciais de tangerina obtidos por hidrodestilação de
folhas de seis cultivares de Citrus reticulata Blanco da Nigéria, indicando a
existência de seis quimiotipos, sabineno/careno, sabineno, linalol,
limoneno, α-pineno e terpineno.

A ISO/TC 54 tem uma norma para o óleo essencial de folhas,


rebentos e pequenos frutos verdes a ISO 8898:2003 “Oil of mandarin
petitgrain (Citrus reticulata Blanco)”, na qual se define este óleo essencial
como sendo obtido por destilação por vapor de água das folhas, rebentos e
possivelmente pequenos frutos verdes de C. reticulata Blanco, da família
Rutaceae. De acordo com esta norma os componentes representativos e
característicos do óleo essencial devem ter os seguintes teores (mínimo e
máximo, por cento): α-pineno (2.0 e 3.0), β-pineno (2.0 e 3.0), limoneno
(8.0 e 11.0), γ-terpineno (22.0 e 27.0), p-cimeno (4.0 e 6.0), n-metil-
antranilato de metilo (8.0 e 11.0) e metil-antranilato (0.0 e 0.2).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o
0.9340 a 1.0440; : 1.4980 a 1.5470; +2 a +13 ; solubilidade, a
o
20 C: não mais de 5 volumes de etanol a 85%; índice de éster: 136 a 210.

Tanto para o óleo essencial obtido da casca como para o das folhas
são indicadas como principais propriedades terapêuticas a ação antissética,
anti-espasmódica e sedativa, pelo que são usados em problemas digestivos.
Também diminuem o stress.
São usados em massagens e em banhos em cremes e loções. Também
como aromatizantes.
São considerados de baixa toxicidade, não irritantes, nem
sensibilizantes, mas com alguma fototoxicidade devido à presença de
bergapteno nos óleos essenciais obtidos por expressão.
Referências bibliográficas
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Kasali, A.A., Lawal, O.A., Abanikannda, O.T.F., Abayomi A., Olaniyan, A.A., Setzer,
W.N., (2010), Citrus Essential Oils of Nigeria Part IV: Volatile Constituents of Leaf
Oils of Mandarins (Citrus reticulata Blanco) From Nigeria, Rec. Nat. Prod., 4:3, 156-
162.

41
TÍLIA-VULGAR

A tília-vulgar (Tilia x vulgaris Heyne), da família das Malváceas, é


uma árvore de grande porte com folhas em forma de coração e flores
brancas amareladas, nativa da Europa, cultivada em várias regiões do
globo. Também é designada por tília-intermédia.

Utilizam-se as inflorescências inteiras e secas, indicando, ainda, a F.


P. para além das de Tilia x vulgaris, as de Tilia cordata Miller (tília-de-
folhas-pequenas) e as de T. platyphyllus Scop. (tília-de-folhas-grandes),
que se podem também usar ou a mistura destas espécies.

Inflorescências de tília-vulgar

Principais constituintes:
- Inflorescências: mucilagens (aproximadamente 10 por cento),
predominando arabinogalactanas com ácidos urónicos; flavonóides (não
menos de 1 por cento) tilirósido, astragalósido, rutósido, hiperósido,
quercitrósido e outros; óleo essencial (cerca de 0.02 por cento);
proantocianidóis; ácidos fenilpropanóicos (cafeico, clorogénico); taninos
(cerca de 2 por cento).
- Óleo essencial: 2-feniletanol, farnesol, eugenol, α-terpineol,
geraniol, acetato de geranilo, monoterpenos, sesquiterpenos e outros
constituintes em quantidades vestigiárias.

42
Naef, R. e col., (2004) num estudo efectuado em néctar recolhido do
estômago de abelhas visitando tílias (T. cordata) identifica numerosos
compostos fenilpropanóides [3-(4-metoxifenil)-propanal e o
correspondente álcool] para além do composto principal 2,4,5,7a-tetra-
hidro-3,6-dimetilbenzofurano.
Mais recentemente, a análise por GC/MS de um óleo essencial
obtido de inflorescências de Tilia platyphyllos, realizada por Rădulescu, V.
e col., (2008) mostrou como principais constituintes, por cento, os
seguintes:
- 2-feniletanol: 26.07,
- butanoato de 2-feniletanol: 12.01,
- 2-metoxi-4-vinil-fenil-ol: 8.35,
- δ-3-careno: 5.95,
- p-cimen-8-ol: 5.60,
- cis-p-menta-2,8-dien-1-ol: 2.51,
- eugenol: 2.43,
- α-terpineol: 2.29.

As inflorescências originam efeito sedativo e ansiolítico pelos


flavonóides e calmante da tosse devido às mucilagens (Vanaclocha, B. e
col., 2003; Barreiro-Arcos, M.L. e col., 2006).

O efeito antiespasmódico que os extratos das inflorescências


apresentam seria devido aos flavonóides, mas também aos ácidos
fenilpropanóicos e seus derivados (Lanza, J. e col., 1993; Tyler, V.E.,
1993).

A atividade anti-inflamatória e antinociceptiva das inflorescências


das tílias é atribuída, ainda, aos flavonóides principalmente aos derivados
do campferol e da quercetina, como foi verificado na pata do rato com estes
derivados em doses de 50 mg/kg (Toker, G. e col., 2004).

É usado como sedativo e antiespasmódico; na tosse e bronquite.


A Comissão E Alemã (Blumenthal, M. e col., 1998) aprova o uso das
inflorescências nas gripes, tosse e bronquite, numa dose diária de 2 a 4 g de

43
flores. Normalmente em infusões, 1 a 2 colheres de sobremesa por
chávena, 2 a 4 chávenas por dia.

O óleo essencial, dado o fraco rendimento não é comercializado, mas


sim um concreto e o respetivo absoluto obtidos das inflorescências secas. O
concreto é escuro muito rico em ceras, o absoluto é amarelado de
consistência semi-sólida, ocasionalmente empregue em perfumes de
qualidade.
Em aromaterapia concreto diluído a 5% em óleo fixo é usado em
massagens para facilitar o aparecimento de sono.

Referências bibliográficas

- Barreiro Arcos, M.L., Cremaschi, G., Werner, S., Coussio, J., Ferraro, G., Anesini, C.,
(2006), Tilia cordata Mill. Extracts and scopoletin (isolated compound): differential cell
growth effects on lymphocytes, Phytother. Res., 20(1): 34-40.
- Blumenthal, M., e col., The Complete German Commission E Monographs,
Therapeutic Guide To Herbal Medicines, American Botanical Council, Texas (USA),
163, 1998.
- Lanza, J., Steinmetz, M., (1986), Actions comparées des extraits aqueux de graines de
Tilia platyphylla et de Tilia vulgaris sur l’intestin isolé de rat, Fitoterapia, 57 : 185.
- Naef, R., Jaquier, A., Velluz, A., Bachofen, B., (2004), From the linden flower to
linden honey - volatile constituents of linden nectar, the extract of bee-stomach and ripe
honey, Chemistry and Biodiversity, 1: 1870-1879.
- Rădulescu, V., Oprea, E., (2008), Analysis of Volatile Compounds of Officinal Tiliae
flos by Gas-Chromatography Coupled with Mass Spectrometry, Farmacia, Vol LVI, 2,
129-138.
- Toker, G., Kupeli, E., Memisoglu, M., Yesilada, E., (2004), Flavonoids with
antinociceptive and anti-inflammatory activities from the leaves of Tilia argentea
(silver linden), J. Ethnopharmacol., 95(2-3): 393-397.
- Tyler, V.E., The Honest Herbal, 3th ed., Ed. Pharmaceutical Products Press, 203-4,
1993.
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44
TOMILHO

Sob a designação de tomilho as Farmacopeias, caso da F. P.,


permitem a utilização tanto da espécie Thymus vulgaris L. como de
Thymus zygis L. ou a mistura das duas espécies, da família das Lamiáceas
(Labiadas), desde que contenham no mínimo, 12 mL/kg do óleo essencial e
no mínimo, 40 por cento de timol e carvacrol, sendo ambos os teores
calculados em relação à planta seca.
O Thymus vulgaris é um subarbusto, nativo da Europa Meridional, e
cultivado em todo o mundo, existindo em Portugal só cultivado. O Thymus
zygis é espontâneo em Portugal Continental, apresentando duas
subespécies, Thymus zygis subsp. zygis e Thymus zygis subsp. sylvestris
(Hoffmanns & Link) Coutinho, sendo a subespécie zygis mais frequente na
Terra Quente Transmontana, no Centro-este e no sueste e a subespécie
sylvestris mais confinada aos barrocais calcários do Centro-oeste, Arrábida,
Centro-sul e Barrocal Algarvio. A coloração das flores tem tonalidades
mais esbranquiçadas no T. zygis e cor-de-rosa no T. vulgaris.
Os nomes vulgares para o T. vulgaris são arçã, arçanha, tomilho-
ordinário e tomilho-vulgar; no Brasil ainda, poejo-segurelha. Para o T.
zygis: ocinha, sal-da-terra, sal-purinho, tomilhinho e sal-da-terra.

O Thymus zygis, assim, como de um modo geral, todos os tomilhos, é


uma espécie com polimorfismo químico, que se traduz no aparecimento de
diversos quimiotipos, para além de existirem em Portugal as duas
subespécies acima referidas, algo diferentes na sua composição, pelo que
tem de haver sempre um controlo da planta em relação à composição do seu
óleo essencial, pois algumas não satisfazem o teor em fenóis exigido pelas
Farmacopeias e as normas nacionais e internacionais.

De acordo com o indicado na tese de Doutoramento de Salgueiro,


L.M.R.P. (1994) no T. zygis subsp. zygis existem os quimiotipos: timol,
carvacrol, acetato de geranilo/geraniol e acetato de geranilo e acetato de

45
mircenilo e no T. zygis subsp. sylvestris, cinco quimiotipos: carvacrol,
timol/p-cimeno, timol/1,8-cineol, geraniol/acetato de geranilo e linalol.

Tymus vulgaris L.

São utilizadas as folhas e as flores destacadas dos ramos previamente


secos e o óleo essencial obtido das partes aéreas floridas. A produção deste
óleo essencial de plantas cultivadas de T. vulgaris e de T. zygisé estimada
numa quantidade superior a 1000 toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

Principais constituintes:
– Partes aéreas floridas: óleo essencial (1.0 a 2.5 por cento);
flavonóides derivados do apigenol e luteolol; ácidos fenólicos (cafeico,
rosmarínico); taninos (10 por cento); saponósidos triterpénicos de geninas
dos ácidos ursólico e oleonólico.
- Óleo essencial: predominam os compostos fenólicos (timol e
carvacrol) e menores quantidades de geraniol, terpineol, linalol e de
hidrocarbonetos monoterpénicos e compostos sesquiterpénicos.
Contudo, dado o polimorfismo químico muito acentuado no género
Thymus, este origina uma grande variabilidade na composição deste óleo
essencial, o que obriga a um apropriado controlo analítico.

A parte aérea florida das duas espécies possui ação antiespasmódica,


brônquica, expectorante e antissética pelo óleo essencial. Também têm
atividade antioxidante verificada em diversas publicações, destacando a
recentemente efectuada por Grosso, C. e col., (2010).

46
Thymus zygis L.

Em fitoterapia, a parte aérea florida (folhas e flores) é usada nos


problemas das vias respiratórias (gripe, catarros e bronquite) e na tosse
produtiva. Também nas digestões lentas, gastrites crónicas, meteorismo e
dores espasmódicas do tubo digestivo. Externamente, principalmente o
óleo essencial, em infeções cutâneas, dores reumáticas, otites, rinites,
sinusites e estomatites.
A Comissão E Alemã (Blumenthal, M. e col., 1998) indica-o nos
sintomas de bronquite e coqueluche e nos catarros da parte superior do
aparelho respiratório.

Formas de administração e posologia:


Uso interno
- Infusão: uma colher de sobremesa, ou 1 a 2 g por chávena, 3
chávenas por dia, antes ou depois das refeições.
- Tintura (1:10): 50 gotas, 1 a 3 vezes por dia.
Uso externo
- Tintura 5 a 10 por cento (álcool de 50º): em fricções.
- Em pomadas, cremes, geles, linimentos, incorporar 5 por cento de
óleo essencial.

A parte aérea é muito usada para condimentar saladas e muitos


outros alimentos.

47
O óleo essencial é usado na aromatização de alimentos pré-
preparados, como componente de perfumes, na aromatização de
detergentes, etc.

O Thymus zygis, assim como, de um modo geral todos os tomilhos, é,


como referimos, uma espécie com polimorfismo químico no qual têm sido
estudadas diversas atividades farmacológicas, confirmando, algumas delas,
o seu uso tradicional.
Salgueiro, L.M.R.P. (1994) na sua dissertação de Doutoramento e em
publicações posteriores, faz um estudo exaustivo sobre os tomilhos
existentes em Portugal Continental, analisando os seus óleos essenciais,
pondo em evidência o seu polimorfismo químico e referindo algumas das
suas propriedades biológicas (antifúngica, principalmente sobre Candida
spp., anti-Giardia e citotóxica (Pina-Vaz, C. e col., (2004); Figueiredo,
A.C., 2008; Vale-Silva, L.A., 2010; Gonçalves, M. e col., 2010; Gonçalves,
M., e col., 2010a; Machado, M. e col., 2010).
Outros investigadores do Departamento de Biologia Vegetal da
Faculdade de Ciências de Lisboa estudaram tomilhos de Portugal
Continental (Figueiredo, A.C. e col., 1993; Salgueiro, L.R. e col., 1996;
Figueiredo, A.C. e col., 2001; Faleiro, M.L. e col., 2003: Miguel, M.G. e
col., 2003; Miguel, M.G. e col., 2004; Miguel, M.G. e col., 2005; Miguel,
M.G. e col., 2005a; Mendes, M.D. e col., 2007; Dandlen, A.S. e col., 2010;
Lima, A.S. e col., 2010) e das Ilhas dos Açores e da Madeira (Pereira, S.I. e
col., 2003; Santos, P.A.G. e col., 2005; Trindade, H. e col., 2008; Trindade,
H. e col., 2009).

O “Óleo essencial de tomilho”, segundo a F. P. é obtido destilando,


por arrastamento pelo vapor de água, as partes aéreas floridas recentes de
Thymus vulgaris L. ou de T. zygis Loefl. ex L. ou a mistura das duas
espécies.
É um líquido fluido, límpido, de cor amarela a castanho-avermelhada
muito escura, de cheiro característico, aromático, picante, lembrando o do
timol.
A Farmacopeia Portuguesa identifica o óleo essencial pelo perfil
obtido por cromatografia em camada fina e pelas bandas no cromatograma
obtido com a amostra: violeta (hidrocarbonetos monoterpénicos) (linha do
solvente), rosa-acastanhada (timol), violeta-pálida (carvacrol), violeta

48
(linalol), violeta (α-terpineol). Refere os ensaios de qualidade seguintes:
densidade relativa: 0.915 a 0.935; índice de refração: 1.490 a 1.505.
Determina ainda o perfil cromatográfico por cromatografia em fase
gasosa, indicando para os principais constituintes os valores dos teores em
que deverão estar compreendidos:
- β-mirceno: 1.0 a 3.0 por cento,
- γ-terpineno: 5.0 a 10.0 por cento,
- p-cimeno: 15.0 a 28.0 por cento,
- linalol: 4.0 a 6.5 por cento,
- terpineno-4-ol: 0.2 a 2.5 por cento,
- timol: 36.0 a 55.0 por cento,
- carvacrol: 1.0 a 4.0 por cento.

O óleo essencial de tomilho tem a norma ISO 14715:2010 “Oil of


thyme containing thymol, Spanish type [Thymus zygis (Loefl.) L.]”, onde é
definido como o óleo essencial que é obtido por destilação pelo vapor de
água, a partir das inflorescências de Thymus zygis (Loefl.) L., da família
Lamiaceae, produzidas essencialmente em Espanha. Nesta norma são
referidos os seguintes teores dos componentes representativos e
característicos do óleo essencial (mínimo e máximo, por cento): α-tuieno
(0.2 e 1.5), α-pineno (0.5 e 2.5), mircenol (1.0 e 2.8), α-terpineno (0.9 e
2.6), γ-terpineno (4.0 e 11.0), p-cimeno (14.0 e 28.0), hidrato de trans-
sabineno (vestígios e 0.5), linalol (3.0 e 6.5), terpinen-4-ol (0.1 e 2.5), éter
metílico de carvacrol (0.1 e 1.5), timol (37.0 e 55.0), carvacrol (0.5 e 5.5) e
β-cariofileno (0.5 e 2.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
0.910 a 0.937; : 1.494 a 1.504; : 0o a - 6o; solubilidade, a 20oC: não
mais de 3 volumes de etanol a 80%.

Espécies afins:

- Thymus albicans Hoffmanns. & Link, o tomilho-alvadio, pouco


frequente no Algarve, tem três variedades químicas, uma cineólica, outra
linalólica e a terceira com linalol e cineol.

- Thymus caespititius Brot. tomilho-rasteiro ou tomilho-


tormentelo), espécie espontânea prostrada, de locais descampados, secos e
pedregosos, sobretudo em taludes soalheiros, formando belas moitas de
49
vistosa floração estival, rosa-purpurescente. Espécie de feição subatlântica,
sendo mais frequente no Noroeste e Centro-oeste montano. O óleo
essencial caracteriza-se por percentagem elevada de α-terpineol e de
sesquiterpenos.

Thymus caespititius

Esta espécie também está difundida nos Açores e Madeira,


apresentando os seus óleos essenciais marcado polimorfismo químico
como é referido em várias publicações (Pereira, S.I. e col., 2003; Santos,
P.A.G. e col., 2005; Trindade, H. e col., 2008; Trindade, H. e col., 2009).

- A espécie híbrida Thymus x citriodora, tomilho-limão, é muito


cultivada em jardins pelo seu intenso e agradável aroma cítrico, sendo
também usada em tisanas como digestivo.

Parte aérea florida de tomilho-limão

50
- Thymus camphoratus Hoffmanns. & Link, prefere solos arenosos,
charnecas e matos xerofíticos perto do mar, sendo um endemismo da zona
litoral e sublitoral do Sul e do Sudoeste de Portugal, conhecido como
tomilho-do-mar. O borneol, a cânfora o linalol e cineol são os compostos
mais representados nos óleos essenciais das suas cinco variedades químicas
até agora identificadas.

Thymus camphoratus

- Thymus capitellatus Hoffmanns. & Link, é um endemismo dos


estuários e parte jusante das bacias do Tejo e do Sado, sendo conhecido por
tomilho-do-mato ou erva-ursa. O estudo dos óleos essenciais provenientes
de exemplares de diferentes regiões mostrou a existência de três
quimiotipos, o cineólico com 47.5% de 1,8-cineol, o 1,8-cineol/borneol
com 28.8% e 19.5% respetivamente e o 1,8-cineol/acetato de linalilo/linalol
com 27.5%, 20.0% e 17.0%, respetivamente. A determinação da atividade
antifúngica destes óleos essenciais em Candida, Aspergillus e outros
fungos dermatófitos, mostrou serem activos, com maior atividade para o
quimiotipo 1,8-cineol/acetato de linalilo/linalol (Salgueiro, L. e col., 2006).

- Thymus carnosus Boiss., o tomilho-das-praias aparece


geralmente nas dunas litorais, menos nas arribas arenosas no litoral
estremenho, alentejano e algarvio, tendo vindo a desaparecer de algumas
praias devido ao pisoteio provocado pela pressão turística. O cis- e o trans-
hidrato de sabineno, o borneol e o canfeno são compostos característicos
dos seus óleos essenciais que estão incluídos em três variedades químicas.

- Thymus hirtus Willd., atualmente considerado sinónimo de


Thymus willdenowii Boiss., encontra-se na região Ocidental atlântica da

51
Península, tendo já sido referida a sua presença em outeiros secos e
isolados da Estremadura.

- Thymus lotocephalus G. López & R. Morales, é um endemismo


ibérico presente na costa do Sotavento algarvio, pouco frequente e, por
isso, uma espécie a proteger. É conhecido por tomilho-cabeçudo ou erva-
ursa, com variedades químicas em que o 1,8-cineol pode atingir 60 por
cento, sendo o linalol, a cânfora, os acetatos de geranilo e de linalilo os
outros compostos mais representados nos seus óleos essenciais.

Thymus mastichina subsp. mastichina

- Thymus mastichina L., é um endemismo ibérico, estando a


subespécie Thymus mastichina subsp. mastichina amplamente difundido de
Norte a Sul do País, formando, por vezes, grandes manchas. É conhecido
por amor-de-deus, bela-luz, cabeças-de-homem, mangerona-brava,
mangerona-de-espanha, sal-puro. Apresenta polimorfismo químico, sendo
o cineol, o limoneno e o α-terpineol os compostos que predominam no óleo
essencial. Em Espanha obtém-se, industrialmente, desta subespécie um
óleo essencial conhecido por manjerona-silvestre ou manjerona-brava,
sendo cultivada para a obtenção do óleo essencial destinado à perfumaria.

A ISO TC-57 tem uma norma sobre este óleo essencial, a ISO
4728:2003 “Oil of Spanish wild marjoram (Thymus mastichina L.)”, que o
define como o óleo essencial obtido por destilação pelo vapor de água a
partir das inflorescências de Thymus mastichina L.) da família Lamiaceae,
produzidas em diferentes locais de Espanha. De acordo com esta norma os
52
componentes representativos e característicos do óleo essencial devem ter
os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento):
α-pineno (1.0 e 4.5), β-pineno (2.0 e 5.0), limoneno (1.0 e 6.0), 1,8-cineol
(30.0 e 68.0), linalol (3.0 e 48.0), cânfora (0.1 e 2.0), δ-terpineol (0.2 e 2.0),
borneol (0.1 e 1.8), terpinen-4-ol (0.2 e 1.2), acetato de linalilo (0.2 e 4.0) e
β-cariofileno (0.5 e 1.5).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
0.890 a 0.920; : 1.460 a 1.470; -4o a +6o; solubilidade, a 20oC: não
mais de 3 volumes de etanol a 70%.

Existe também a norma portuguesa sobre o quimiotipo


linalólico desta espécie presente em Portugal, a NP 4183:1994, intitulada
“Óleo essencial de mangerona-brava (Thymus mastichina L.), tipo
linalólico. Características”, que o define como o óleo essencial obtido por
destilação pelo vapor de água da parte aérea florida, seca, do Thymus
mastichina L., muito frequente em Portugal. De acordo com esta norma os
componentes representativos e característicos do óleo essencial devem ter
os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento): linalol (55.0 e 85.0),
1,8-cineol (5.0 e 15.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o o
0.870 a 0.920; : 1.4620 a 1.4720; -17 a -8 ; solubilidade, a 20 C:
não mais de 2 volumes de etanol a 70%.

A outra subespécie, Thymus mastichina subsp. donyanae R. Morales


é um endemismo hispânico, também existente no Algarve.

- Thymus pulegioides L. é uma planta nativa da região mediterrânica


de zonas húmidas, particularmente dos prados montanhosos. Em Portugal
vegeta a Norte, principalmente em Trás-os-Montes, Beira Alta e Alto
Minho. É conhecida por serpão, serpilho ou tomilho-das-serras.
São utilizadas as partes aéreas floridas e o óleo essencial obtido
destas.
Principais constituintes:
– Partes aéreas floridas: óleo essencial (0.3 a 0.6 por cento);
taninos (3 a 7 por cento); saponinas derivadas do ácido oleanólico e
ursólico; constituinte amargo (serpilina), ácidos fenólicos [(cafeico,
rosmarínico (2.3 por cento)]; flavonóides (derivados do apigenol, luteolol,
diosmetol, escutelarenol).

53
- Óleo essencial: predominam os fenóis (25 a 45 por cento) com
timol e carvacrol, α-pineno, 1,8-cineol, p-cimeno, terpineno, β-cariofileno,
terpineol, geraniol, linalol e acetato de geranilo em menores quantidades. A
composição do óleo essencial é variável em virtude de esta espécie
apresentar cinco quimiotipos.

Thymus pulegioides

Pelos fenóis, o óleo essencial tem ação antimicrobiana e antifúngica.


Pinto, E. e col., (2007) verificaram num óleo essencial, com elevado
conteúdo em carvacrol e timol, a sua atividade antifúngica sobre Candida,
Aspergilus e outras espécies dermatófilas.
Pelo óleo essencial e constituinte amargo tem também propriedades
estimulantes do apetite, espasmolíticas, carminativas e antisséticas. Os
ácidos fenólicos e flavonóides aumentam a ação antissética para além de
serem diuréticos.
Em fitoterapia, o serpão é ligeiramente menos activo que o tomilho,
mas sendo usado de modo semelhante em afecções das vias respiratórias
(tosse e bronquite) e do aparelho digestivo como dispepsias hipossecretoras,
flatulência, cólicas gastrointestinais. Externamente, em infeções cutâneas e
estomatites.
Utiliza-se em banhos para diminuir dores e espasmos musculares.
É uma planta, tradicionalmente empregue como condimentar.

- Thymus × viciosoi (Pau) ex R. Morales (= T. bracteatus forma


viciosoi Pau; T. variabilis Hoffmanns. & Link) é um híbrido entre o T.

54
pulegioides L. e o T. zygis L. subsp. zygis, existente na Serra da Nogueira
em Portugal.
O óleo essencial possui uma composição intermédia (tem como
principais constituintes carvacrol 30,0%, p-cimeno 18,0% e timol 17,3%)
entre o óleo essencial do T. pulegioides, tipo timol e o de T. zygis subsp.
zygis, tipo carvacrol (Salgueiro, L.R. e col., (1993).

Thymus x viciosoi (Pau) Morales (a) habitat; (b) ramo; (c) folha superior; (d) folha
inferior; (e) cálice;(f) corola; (g) ovário e estames (esquema), in C. Aguiar & F.
Neto s.n. In (Salgueiro, L.R. e col. 1993)

Publicação posterior (Vale Silva, L.A. e col., 2010) refere ter este
óleo essencial atividade antifúngica em relação a Candida albicans,
Cryptococcus, Aspergillus e outras espécies dermatófitas.

- Thymus villosus L. apresenta duas subespécies: Thymus villosus


subsp. villosus e Thymus villosus subsp. lusitanicus (Boiss.) Coutinho. A
primeira encontra-se geralmente em solos ácidos, mais em xistos, urzais e
matagais abertos ou pinhais no Centro e Sul de Portugal, sendo conhecida
por tomilho-peludo ou azeitoneira, para a qual foi verificada a presença de
variedades químicas, com óleos essenciais possuindo cânfora, álcoois
monoterpénicos, p-cimeno, ésteres e 1,8-cineol. A outra subespécie,
encontra-se na Estremadura e Beira Litoral e é conhecida por pimenteira
ou erva-santa. Apresenta polimorfismo químico com pelo menos seis tipos
diferentes de óleos essenciais, mas onde os fenóis, também não estão
representados significativamente. É uma subespécie de flores vistosas que
está a ser usada como ornamental.

55
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- Santos, P.A.G., Barroso, J.G., Figueiredo, A.C., Pedro, L.G., Salgueiro, L.R.,
Fontinha, S.S., Deans, S.G., Scheffer, J.J.C., (2005), Chemical polymorphism of
populations of Thymus caespititius grown on the islands Corvo, Flores, São Miguel and
Terceira (Azores) and on Madeira assessed by analysis of their essential oils, Plant
Science, 169: 1112-1117.
- Trindade, H., Costa, M.M., Lima, A.S.B., Pedro, L.G., Figueiredo, A.C., Barroso,
J.G., (2008), Genetic diversity and chemical polymorphism of Thymus caespititius from

57
Pico, São Jorge and Terceira islands (Azores), Biochemical Systematics and Ecology,
36: 790-797.
- Trindade H., Costa, M.M., Lima, A.S.B., Pedro, L.G., Figueiredo, A.C., Barroso J.G.,
(2009), A combined approach using RAPD, ISSR and volatile analysis for the
characterization of Thymus caespititius from Flores, Corvo and Graciosa islands
(Azores, Portugal), Biochemical Systematics and Ecology, 37: 670-677.
- Vale-Silva, L.A., Gonçalves, M.J., Cavaleiro, C., Salgueiro. L., Pinto, E., (2010),
Antifungal Activity of the Essential Oil of Thymus viciosoi against Candida,
Cryptococcus, Aspergillus and Dermatophyte Species, Planta Med, 76: 1-7.

58
TOMILHO-DE-CRETA

O tomilho-de-creta [Thymbra capitata (L.) Cav. sin. Coridothymus


capitatus (L.) Rchb. f.], da família das Lamiáceas (Labiadas), é nativo da
região circum-mediterrânica, preferindo terrenos basófilos, secos não
cultivados e não sombreados. Não suporta geadas, estando em Portugal
particularmente bem difundido no Barrocal Algarvio. É também conhecido
por tomilho-de-dioscórides.

Parte aérea florida de tomilho-de-creta

São utilizadas as partes floridas (folhas e flores) e o óleo essencial


obtido destas. A produção deste óleo essencial de plantas cultivadas e de
plantas espontâneas é estimada numa quantidade inferior a 100
toneladas/ano (Franz, C. e col., 2010).

Principais constituintes:
- Partes aéreas floridas: óleo essencial (2.0 por cento); flavonóides;
taninos (cerca de 5 por cento); substâncias amargas; ácidos polifenólicos.
- Óleo essencial: predomina o carvacrol (60 a 63 por cento), γ-
terpineno, p-cimeno, mirceno, tuiona, baixo teor em sesquiterpenos, sendo
o β-cariofileno o mais representado e com percentagens não superiores a
0.3 por cento de timol. Dentro dos tomilhos o tomilho-de-creta é o de
maiores teores de carvacrol no seu óleo essencial. Na publicação de

59
Proença da Cunha, A. e col., (1986) indica-se por determinação por GC a
composição de um óleo essencial obtido de plantas da região do Carvoeiro
(Algarve) onde o teor em carvacrol foi de 69,0%.

Existe a norma ISO 14717:2008 intitulada “Oil of origanum, Spanish


type [Coridothymus capitatus (L.) Rchb.f.]”, que define o óleo essencial
como sendo obtido por destilação pelo vapor de água a partir das
inflorescências de Coridothymus capitatus (L.) Rchb. f., da família
Lamiaceae, produzido essencialmente em Espanha. De acordo com esta
norma os componentes representativos e característicos do óleo essencial
devem ter os seguintes teores (mínimo e máximo, por cento): α-tuieno (0.5
e 2.0), α-pineno (0.5 e 2.0), mirceno (1.0 e 3.0), α-terpineno (0.5 e 2.5), γ-
terpineno (3.5 e 10.0), p-cimeno (5.5 e 9.0), linalol (0.5 e 3.0), terpinen-4-
ol (0.5 e 2.0), timol (vestígios e 5.0), carvacrol (60.0 e 75.0) e β-cariofileno
(2.0 e 5.0).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o o
0.930 a 0.955; : 1.500 a 1.513; -5 a +2 ; solubilidade, a 20 C: não
mais de 4 volumes de etanol a 70%.

A planta tem essencialmente ação antissética, antioxidante e anti-


fúngica. Salgueiro, L. e col., (2004) verificaram a atividade anti-fúngica de
óleos essenciais obtidos das partes aéreas de Thymbra capitata sobre
Candida, Aspergillus e outros dermatofitos, cujos principais constituintes
determinados por GC e GC-MS foram carvacrol (60.0 a 65.8 %), γ-
terpineno (8.2 a 9.5 %) e p-cimeno (6.0 a 7.5 %).

Em fitoterapia, é relativamente pouco usado internamente, mais


externamente em problemas da orofaringe. O óleo essencial também tem
sido usado em preparações dérmicas para combater a acne.

As folhas são muito empregues como condimento, particularmente


nas pizas, substituindo, muitas vezes, o orégão, pelo que esta planta
também é conhecida por orégão-espanhol e em língua inglesa por “Spanish
oregano”. Da parte aérea florida obtêm-se extratos usados, como inibidores
de oxidação, em alimentos (Figueiredo, A.C. e col., 2008).

60
O óleo essencial é um dos componentes de muitos perfumes “tipo
masculino”, entrando na preparação de molhos e como condimento de
muitos alimentos pré-preparados.

Referências bibliográficas

- Figueiredo, A.C., Barroso, J.G., Pedro, L.G., Salgueiro, L., Miguel, M.G., Faleiro,
M.L., (2008), Portuguese Thymbra and Thymus species volatiles: chemical composition
and biological activities, Curr Pharm Des, 14(29): 3120-40.
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Proença da Cunha, A., Roque, O.R., (1986), Contribuição para o estudo analítico do
óleo essencial de Thymus capitatus, Bol. Faculdade de Farm. Coimbra, 10:2, 31-41.
- Salgueiro, L., Pinto, E., Gonçalves, M.J., Pina-Vaz, C., Cavaleiro, C., Rodrigues, A.,
Palmeira, A., Tavares, C., Costa-Oliveira, S.G., Martinez-de-Oliveira, J., (2004),
Chemical composition and antifungal activity of the essential oil of Thymbra capitata,
Planta Medica, 70, 572-575.

61
TORANJA

A toranja [Citrus x paradisi Macfad., sin. Citrus decumana L. var.


racemosa Roere. (1846), Citrus grandis (L.) Osbeck var. racemosa
(Roem.) B.C. Stone (1985)], da família das Rutáceas, resulta do
cruzamento entre a laranjeira-doce (C. sinensis) e o pomelo (C. maxima
sin. C. grandis), sendo os frutos de tamanho intermédio entre as duas
espécies, mas ao contrário de um dos progenitores, é ácida em vez de
doce.
A toranja também conhecida por grapefruit foi trazida para a Florida
no início dos anos 1800, dos Barbados nas Índias Ocidentais, onde se
acredita ter originado. Os Estados Unidos são o maior produtor,
principalmente na Florida e Califórnia, e menor no sul do Texas e Arizona.

O óleo essencial de toranja é obtido por expressão mecânica, sem


aquecimento, a partir do pericarpo fresco dos frutos, ou por destilação pelo
vapor de água das cascas dos frutos. A produção deste óleo essencial de
plantas cultivadas é estimada numa quantidade inferior a 100 toneladas/ano
(Franz, C. e col., 2010).
O sumo dos frutos é muito rico em vitamina C, sendo usado em
bebidas tipo ginger ale e cola. Os defensores da dieta "grapefruit" afirmam
que o baixo índice glicémico da fruta, provoca um aumento no catabolismo
da gordura corporal. Contudo, foram verificadas, recentemente, diversas
mortes que foram atribuídas a overdose provocada pelo consumo
exagerado de toranja ou de sumo de toranja, juntamente com a
administração de uma dosagem normal de medicamentos. Este facto é
explicado por, possivelmente, determinados compostos de toranja
reduzirem a atividade do citocromo P450 3A4 (CYP3A4) da parede
intestinal, o que leva a um aumento na atividade de alguns medicamentos
(Bailey, D.G. e col., 1998; Elbe, D., www.powernetdesign.com/grapefruit).

62
Os principais constituintes do óleo essencial são limoneno (86.27%),
α-tuieno (0.15%), mirceno (6.28%), α-terpineno (2.11%), α-pineno
(1.26%), citronelol (0.50%) e caprinaldeído (0.31%).
Quando é obtido por destilação não é fototóxico, pois não possui
bergapteno. Tem uma utilização semelhante ao da laranja.

Um óleo essencial comercial (stock # GRF-107), obtido por


expressão mecânica, sem aquecimento, a partir do pericarpo fresco dos
frutos de Citrus x paradisi da África do Sul em Janeiro de 2011, ao ser
analisado por cromatografia em fase gasosa, apresenta em percentagem, a
seguinte composição de constituintes (www.aromaticsinternational.com):
Monoterpenos: α-pineno 0.52, α-tuieno 0.01, β-myrceno 1.64, β-pineno 0.11, d-
limoneno 95.41 e sabineno 0.69; Sesquiterpenos: β-cariofileno 0.22; Aldeídos: decanal
0.12.

A ISO/TC 54 tem uma norma para o óleo essencial de toranja


(grapefruit), a ISO 3053:2004 “Oil of grapefruit (Citrus x paradisi
Macfad.), obtained by expression”, na qual se define este óleo essencial
como sendo obtido por processos mecânicos, sem aquecimento, a partir
da parte externa do pericarpo dos frutos de Citrus x paradisi Macfad., da
família Rutaceae. De acordo com esta norma os componentes
representativos e característicos do óleo essencial devem ter os seguintes
teores (mínimo e máximo, por cento): α-pineno (0.2 e 0.6), sabineno (0.1
e 0.4), β-pineno (0.05 e 0.1), mirceno (1.5 e 2.5), limoneno (92.0 e 96.0),
n-octanal (0.2 e 0.8), n-nonanal (0.04 e 0.1), n-decanal (0.1 e 0.6), neral
(0.02 e 0.04), β-cariofileno (0.25) e notocatono (0.01 e 0.8).
Inscreve, ainda, as seguintes características físico-químicas: :
o o
0.8520 a 0.8600; : 1.4740 a 1.4790; +91 a +96 .

Referências bibliográficas
- Bailey, D.G., Malcolm, J., Arnold, O., Spence, J.D., (1998), Grapefruit Juice-Drug
Interactions, Br. J. Clin. Pharmacol., 46: 101-110.
- Elbe, D., B.Sc. (Pharm.) Grapefruit Juice-Drug Interaction Web Site:
<http://www.powernetdesign.com/grapefruit>
- Franz, C., Novak, J., 3 Sources of Essential Oils in Baser, K.H.C., Buchbauer, G., eds.
Handbook of Essential Oils, Science, Technology and Applications. CRC Press, 2010.
- Lawless, J., The Illustrated Encyclopedia of Essencial Oils, Ed. Element Books Ldt.,
123, 1999.

63
TUBEROSA

A tuberosa (Polianthes tuberosa L.), da família das Agaváceas


(Asparagáceas), é uma planta de cerca de 50 cm, perene, de flores brancas
muito odoríferas, possivelmente nativa do México ou da América Central,
cultivada nos países asiáticos, mas também na Europa (França), no Egipto e
em Marrocos. Existem vários cultivares, uns de flores simples (os mais
cultivados), como o cultivar “Calcutta simples” e os de flores duplas, sendo
um dos mais conhecidos, o “ Pearl”.

Tuberosa (parte aérea florida e bolbo) (desenho)

Também é denominada angélica, angélica-de-bastão, angélica-dos-


jardins e jacinto-da-índia.

Na Índia, as flores entram em diversos rituais, simbolizando a pureza


e a saúde. No Hawai elas enfeitam os noivos, entrando na confecção de
arranjos florais, buquês e de coroas para as noivas, na festa do casamento.

64
Os antigos aztecas usavam o óleo essencial da flor para aromatizar o
chocolate.
Toda a parte aérea da planta e o bolbo possuem glicósidos de
natureza esteróide (espirostanois derivados do colestano) e saponinas de
núcleo de espirostanol tendo mostrado, algumas delas, ação citostática
(Mimaki, Y. e col., 2000; Mimaki, Y. e col., 2002). Posteriormente Jin,
J.M. e col., (2004) isolam dois novos espirostanois e quatro glicósidos
furostanois que também mostram atividade citostática.

Das flores interessa a obtenção, principalmente para a perfumaria, o


absoluto. Para isso, as flores recentes antes de abrirem são submetidas a
uma extração pelo éter de petróleo, seguindo-se a sua evaporação a pressão
reduzida para originar o concreto. Este concreto, ao ser tratado a frio com
álcool e após a sua eliminação, origina o absoluto usado na alta perfumaria
(cerca de 150 kg de flores originam 1 kg de absoluto). Nos últimos anos o
absoluto de tuberosa tem sido incluído em perfumes de qualidade, como foi
o caso do “Poison” da firma Dior.

Perfume Poison

A indústria também por enflorage tem obtido uma pomada


aromatizada, mantendo as flores por 48 horas entre caixilhos de vidro
revestidos com a pomada a saturar pelo perfume das flores ou por imersão
destas em um óleo vegetal.
Os seus principais constituintes são álcool benzílico, acetato
benzílico, acetato de metilo, benzoato de benzilo, salicilato de metilo,
antranilato de metilo, eugenol, geraniol, nerol, farnesol e respectivos
acetatos, para além de várias γ- e δ-lactonas, tais como o 6(Z),9(Z)-
dodecadieno-4-olido, o tuberolido e a tuberolactona, só existentes na

65
tuberosa, mas responsáveis pelo seu particular perfume (Maurer, B. e col.,
1982; Kaiser, R. e col., 1976).

Sebastian, E. e col., (2005) indicam a seguinte composição para o


absoluto: acetato de benzilo (3.01%), geraniol (0.09%), feniletanol (0.3%),
antranilato de metilo (2.25%), indol (1.66%), benzoato de benzilo
(15.29%), metileugenol (0.87%), eugenol (0.59%) e trans- metil isoeugenol
(19.78%). Refere ainda que tem atividade antifúngica o que foi confirmado
também por Nidiry, E.S. e col., (2005).

6(Z),9(Z)-dodecadiene-4-olido tuberolido tuberolactona

A Empresa Veejay Organic (http:// www.veejayorganic.com) indica


para um absoluto de cor amarelada a acastanhada, que comercializa, as
seguintes características físico-químicas: densidade: 0.8990 a 1.1820,
índice de refração a 20º C: 1.46 a 1.56, rotação óptica: -2º a -4º.

Lodhia, M.H. e col., (2005) indicam que o óleo essencial de tuberosa


(que aparece em pequenas quantidades no comércio internacional) tem
atividade antibacteriana.

Referências bibliográficas
- Jin, J.M., Zhang, Y.J., Yang, C.R., (2004), Spirostanol and furostanol glycosides from
the fresh tubers of Polianthes tuberosa, J Nat Prod, Jan; 67(1): 5-9.
- Lodhia, M.H., Bhatt, K.R., Thaker, V.S., (2009), Antibacterial activity of essential oils
from palmarosa, evening primrose, lavender and tuberose, Indian J Pharm Sci., Mar;
71(2): 134-6.
- Maurer, B., Hauser, A., (1982), Identification and synthesis of new gamma-lactones
from tuberose absolute (Polianthes tuberosa), Helvetica Chimica Acta, 65(2): 462-476.
- Kaiser, R., Lamparsky, D., (1976), Das Lacton der 5-hydroxy-cis-2,cis-7-

66
Decadiensaeure und weitere Lactone aus dem Absolue der Blueten von Polianthes
tuberose, Tetrahedron Letters, 20: 1659-1660.
- Mimaki, Y., Yokosuka, A., Sakuma, C., Sakagami, H., Sashida, Y., (2002),
Spirostanol pentaglycosides from the underground parts of Polianthes tuberosa, J Nat
Prod, Oct; 65(10): 1424-8.
- Mimaki, Y., Yokosuka, A., Sashida, Y., (2000), Steroidal glycosides from the aerial
parts of Polianthes tuberose, J Nat Prod, Nov; 63(11): 1519-23.
- Nidiry, E.S., Babu, C.S., (2005), Antifungal activity of tuberose absolute and some of
its constituents, Phytother Res, May; 19(5): 447-9.
- Sebastian, E., Nidiry, J., Bujji Babu, C.S., (2005), Antifungal Activity of Tuberose
Absolute and Some of its Constituents, Phytother. Res., 19, 447-449.

67
TUIA-VULGAR

A tuia-vulgar (Thuja occidentalis L.), da família das Cupressáceas,


é uma árvore nativa do nordeste dos EUA e do sudoeste do Canadá,
estando aclimatada na Europa desde o século XVI.
Esta espécie resinosa de folhagem escamosa e de frutos em forma de
falsas gálbulas, distinguindo-se das verdadeiras gálbulas, típicas dos
géneros Cupressus e Chamaecyparis, por terem um curto eixo e as escamas
lenhosas protectoras das sementes, em formato de cabeça de prego, estão
umas, mais na base e outras, mais no cimo. As referidas folhinhas em
forma de escama são um pouco mais grossas e maiores neste género Thuya
do que nos referidos outros dois géneros de Cupressáceas.

Parte aérea com frutos de tuia-vulgar

Também é conhecida por árvore-da-vida e cedro-branco; no Brasil


ainda, por tuia e árvore-do-paraíso.

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São utilizadas em fitoterapia as partes aéreas jovens, e destas, por
arrastamento pelo vapor de água, o óleo essencial.

Principais constituintes:
- Partes aéreas jovens: óleo essencial (1 a 2 por cento);
polissacáridos; flavonóides; (glucósidos de campferol, quercetina,
mearusitrina); biflavonóides (amentoflavona); linhanos; taninos (5 por
cento).
- Óleo essencial: α-tuiona (cerca de 60 por cento), β-tuiona (7 a 10
por cento), fenchona, (10 a 15 por cento), monoterpenos (limoneno e
cânfora), ésteres (acetato de bornilo e acetato de terpenilo), sesquiterpenos
(eudesmol e outros) e diterpenos (beyereno e rimueno).

Svajdlenka, E. e col., (1999) ao analisarem por GC/MS amostras de


óleos essenciais de Thuja occidentalis “malonyana” verificaram para os
principais constituintes os valores seguintes: α-tuiona (30.4 a 40.5%), 15-
beyereno (8.3 a 13.7%), fenchona (6.7 a 11.1%), β-tuiona (6.5 a 9.0%),
cânfora (1.1 a 2.4%) e acetato de bornilo (2.9 a 6,3). Valores que se
enquadram nos obtidos com tuia-vulgar da América do Norte.
Um artigo de Tsiri, D. e col., (2009) refere que óleos essenciais,
obtidos de Thuja occidentalis “globosa”, T. occidentalis “aurea”, T.
plicata e T. plicata “gracialis” cultivadas na Polónia, ao serem analisados
por GC e GC-MS, mostraram que a percentagem de cetonas (α- e β-tuiona
e fenchona) de todas as amostras, variam de 54.30 a 69.18%. Indicam
ainda, que a α- e β-tuiona são os compostos que mostram maior atividade
antimicrobiana.

Em fitoterapia, já foram empregues as partes aéreas como


emenagogo e anti-helmíntico, mas hoje, dada a presença de tuionas (têm
ação carcinogénica), praticamente, só externamente, sob a forma de tintura
para eliminação das verrugas, de condilomas e de papilomas. O óleo
essencial é utilizado como revulsivo, em dores reumáticas e em entorses. O
óleo essencial é, ainda, muito usado em sprays com ação antissética e como
componente de alguns perfumes.
As partes aéreas são empregue em preparações homeopáticas.

Espécies afins:
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- Thuja orientalis (L.) Endl., a biota-da-china, cedro-da-china ou
cedro-do-japão, é originária da China, encontrando-se em Portugal como
ornamental, sendo muito boa para formar sebes. A madeira compacta,
odorífera, com o cerne castanho-escuro e o alburno creme ou branco, pelo
que tem interesse em marcenaria.

- Thuja plicata D. Don, tuia-gigante, por poder atingir os 75 metros


de altura, é de longa longevidade, pois admite-se que pode atingir 200 a
250 anos. Em Portugal é empregue unicamente como ornamental, sendo a
madeira clara, leve e odorífera.

Referências bibliográficas
- Svajdlenka, E., Mártonfi, P., Tomasko, I., Grancai, D., Nagy, M., (1999), Essential Oil
Composition of Thuja occidentalis L. Samples from Slovakia, J. Essent. Oil Res., 11,
532-536.
- Tsiri, D., Graikou, K., Pobłocka-Olech, L., Krauze-Baranowska, M., Caroline
Spyropoulos, C., Chinou, I., (2009), Chemosystematic Value of the Essential Oil
Composition of Thuja species Cultivated in Poland - Antimicrobial Activity, Molecules,
14, 4707-4715.

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