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2023
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RESUMEN:: En 2018, el parlamento israelí siguió con la aprobación de la Ley Básica del
Estado Judío, formalizando la constitución de un Estado de judíos y para judíos y excluyendo
así a más del 20% de la población árabe de las decisiones locales, sin considerar la territorios
palestinos ocupados. Mientras tanto, la imagen de una democracia fuerte, resistente y rodeada
de autoritarismo bárbaro sigue siendo vendida en Occidente y defendida por una población
preocupada por la preservación de sus derechos políticos frente a las reformas en el Poder
Judicial. Entonces, ¿cómo puede Israel proyectarse como “la única democracia en el Medio
Oriente” siendo un Estado judío, es decir, solo para seguidores del judaísmo? La hipótesis
planteada es que Tel Aviv mantiene un discurso hegemónico defensor de los ideales
democráticos gracias al apoyo que le ofrecen las naciones occidentales. Efectivamente, el país
es una etnocracia, es decir, dotado de instituciones políticas que favorecen un régimen racista
y segregacionista a favor de la supremacía judía. Este debate también fue elegido para
presentar el concepto de demowashing (lavado democrático), es decir, el intento de un Estado
de ocultar crímenes de lesa humanidad, Derechos Humanos y Derecho Internacional a través
de la autopromoción como una democracia fuerte y sólida. El artículo en cuestión optó por su
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1. INTRODUÇÃO
Israel tomou-se pelo caos. Pelo trigésimo sábado seguido, mais de 200 mil
manifestantes tomaram as ruas do ‘país’ em represália à reforma do Judiciário1, cujas
primeiras cláusulas já foram aprovadas em julho. Com faixas, cartazes e bandeiras gritando
“nossa democracia está ameaçada”, Tel Aviv, Jerusalém, Haifa, entre outros municípios,
exibem imagens de jovens politicamente engajados e preocupados com o futuro do seu país,
jovens que temem a instauração do autoritarismo. Com isso, o primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu soma uma derrota irreparável à oposição e uma vitória implacável ao chamado
“governo mais conservador da história”, constituído por judeus ultra-ortodoxos e membros da
extrema direita religiosa. Ainda assim, Bibi, como é carinhosamente chamado, garante que a
“única democracia do Oriente Médio” está longe de riscos, e que esta reforma servirá
justamente para deixá-la mais forte e preparada para as ameaças, como são vistos os
palestinos.
Mas Israel é realmente uma democracia? Se levarmos em conta que Netanyahu foi
eleito para um sexto mandato em 2022 após ter sido deposto por suspeita de corrupção, por
que estariam seus eleitores ameaçados? Para entender estes pontos, faz-se necessário retomar
algumas questões.
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A reforma tem como objetivo, principalmente, a “não interferência do Judiciário em outros poderes”, isto é, um
Judiciário isolado, para que o Executivo e Legislativo possam coligar-se em um autogoverno, garantindo certa
isenção em inúmeros aspectos e transformando juízes e magistrados em meros fantoches de parlamentares e
ministros. (POLEG, 2021, p. 1).
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Com estas palavras, Israel tornou-se independente do Reino Unido e disposto a iniciar
a construção de uma nação livre, igualitária e democrática, seguindo os moldes ocidentais de
democracia liberal. Contudo, a conflituosa relação com os ‘vizinhos’ árabes teria,
supostamente, forçado a jovem nação a usar da violência para expatriar milhares de nativos e
fazer de outros, habitantes de uma nação invasora. Hoje, os árabe-israelenses constituem cerca
de 20% da população de Israel. Muitos têm direito ao voto e desfrutam de condições melhores
que seus compatriotas palestinos, contudo, a discriminação e o racismo antiárabe é um
fundamento protegido pela lei israelense, impedindo a minoria de gozar do título de cidadã.
igualdade de direitos e tratamento igual para todos os cidadãos, e o “princípio étnico”, que
visa formar um estado-nação homogêneo e privilegiar a maioria étnica” (SMOOHA, 1997, p.
200). É a combinação perfeita de democracia e etnonacionalismo.
Neste ponto, há duas divergências conceituais: como a democracia, que deveria prezar
pelas liberdades e proteção de seus cidadão, pode estar interligada ao etnonacionalismo, que
prega a supremacia racial de uma etnia majoritária, ou no caso israelense, um grupo religioso
composto por diversas origens distintas?
Para entender o que realmente se passa em Israel, o termo democracia precisa ser
decomposto. Do grego, “demos” é um radical que tem relação direta com o povo, os cidadãos
de uma cidade ou Estado com fronteiras bem definidas, quem de fato faz política; e “cracia”
ou “kratía” significa governo. Isto é, quem faz política, e como fazer política. Agora, basta
substituir o “demos” pelo “etno”, ou seja, fazer referência a uma única etnia ou povo. À
realidade israelense não lhe cabe o termo democracia, mas sim etnocracia, bem como dizem
os principais críticos da teoria de Smooha.
2. DESENVOLVIMENTO
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Outrossim, Israel é um dos poucos países que não dispõe de uma constituição escrita,
governando basicamente por meio de jurisdições, restringindo ainda mais o acesso dos povos
originários à estrutura de poder. Tudo isso fundiu-se em um sentimento inexplicável de ódio
contra os árabes, principalmente palestinos, que são vistos como “terroristas” ou “inimigos”
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Ethnocracy’ means a regime in which the state is appropriated by a dominant ethnonational group and used to
advance its own ‘ethnicising’ political and territorial agendas over contested space, resources, and power
structures (SAND, 2012, p. 96. Tradução nossa)
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O termo “sionismo” deriva de “Sião” – o nome bíblico de uma das colinas de Jerusalém que se tornou sinônimo
da Terra de Israel. O sionismo visava dar uma resposta ao “problema judaico”, que surgiu a partir de dois fatos
básicos: os judeus estavam dispersos em vários países do mundo, e em cada país constituíam uma minoria
(SHLAIM, 2012, p. 53).
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da democracia; “selvagens” que não aceitam o modelo perfeito de convivência proposto pelos
sionistas em 1947.
Tal etnocracia é a principal justificativa que Israel encontra para legalizar o etnocídio
travado contra os nativos, quer por meio do envenenamento de aquíferos, incêndios às
plantações, colonização dos territórios ocupados, quer pela venda de uma alegoria ao conto de
Davi e Golias, onde o povo de Israel, um Estado rico, desenvolvido e democrático, sofre
constantemente as ameaças do povo árabe, uma raça inferior, subdesenvolvida, homofóbica,
misógina e ultrapassada. Essa imagem que Israel vende ao exterior é peça-chave em sua
diplomacia e Política Externa, um dos principais suportes de sua legitimidade.
Em suma, Israel vale-se de uma imagem democrática e liberal à medida que segue
com seu projeto devastador de colonização definitiva da Palestina e criação de um Estado
judaico. Para o centro do sistema internacional, ou seja, Europa e América, isto é
perfeitamente aceitável e plausível, visto que “Israel tem o direito de se defender”. O
demowashing (do inglês, democratic washing, ou lavagem “democrática”) é um princípio
norteador.
Ruth Gavison, em seu artigo da página Israel Studies, refuta as críticas recebidas por
Sammy Smooha, alegando que “todos os seus cidadãos têm direitos civis e políticos. Tem
eleições regulares e livres. Tem um judiciário independente. Tem impressionante liberdade de
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3. CONCLUSÃO
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Under these conditions, Jews enjoy relatively ‘equal’ and privileged political and legal positions, while
Palestinians are divided into a series of protogroups, each enjoying different and inferior packages of rights and
capabilities. Moreover, Palestinians are increasingly confined to the equivalent of ‘black’ and ‘coloured’ ghettoes
while Jews reside in relatively open localities, in both Israel and the Judaised West Bank (YIFTACHEL, 2012, p.
96. Tradução nossa).
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poderia ser colocado nas urnas. Em se tratando de eleições justas, vejo a eleição de Benjamin
Netanyahu como justa e legítima apenas se levarmos em conta o desespero da população
frente à presença árabe em Israel que permitiu a ascensão de déspotas comprometidos com a
“proteção” do povo.
Em relação aos direitos civis que os autores juram haver, a segregação sofrida pelos
palestinos e o apelido carinhosamente dado a Israel como “Estado de apartheid” já induzem o
leitor a acreditar se realmente os civis são tratados com equidade na terra do leite e mel. Por
fim, conforme o já mencionado, as ruas do país estão repletas de habitantes de todas as idades,
gêneros e orientações, exigindo a defesa e manutenção da democracia do país frente às atuais
reformas, que removerão o status de “judiciário independente” da definição de Smooha.
Dificilmente se encontra, em meio à multidão, alguém protestando pelo fim da etnocracia e do
regime de segregação racial e religiosa no Estado Judeu. A população israelense foi levada a
acreditar que vive em um arquétipo de civilização, que fez jorrar água em meio ao deserto e
que esbanja tecnologia e sofisticação mesmo com as ameaças do Hamas, Hezbollah, Irã e
demais inimigos imaginários. A harmonia, agora em caos e à beira de um colapso, é
sustentada pela boa imagem que Israel inseriu no mundo: um exemplo de povo unido e forte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agência EFE. Mais de 200 mil pessoas voltam a protestar contra a reforma judicial em Israel.
Gazeta do Povo. 2023. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/mais-de-200-mil-pessoas-voltam-a-protestar-contra
-a-reforma-judicial-em-israel/. Acesso em 31 jul 2023.
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