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Liderança - FGV: Estudo de Caso - Coach

Carter

Giulianna Cavallaro

Engenheira de Processos Plena (Process Engineer)


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24 de julho de 2022
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O líder escolhido para estudo é o personagem Ken Carter (Samuel L. Jackson), retratado
no filme Coach Carter - Treino para a vida (2005). A obra dirigida por Thomas Carter se
passa em Richmond, Califórnia, 1999.

O líder retratado no filme é Ken Carter, ex-aluno e jogador de basquete da escola


Richmond, localizada em uma região marginalizada da cidade. Se tornou dono de uma
loja de esportivos sido convidado a ser o treinador do time de basquete em que um dia
jogou.

Podemos dizer que Carter influenciou todos aqueles que presenciaram sua jornada
de liderança, desde os familiares dos jogadores, a comunidade escolar e até
professores da escola, mas é inquestionável que seu grande impacto de liderança e
influência tenha sido nos próprios adolescentes que jogavam basquete em sua vigia.

O treinador Carter é um líder hierárquico, coordenador, metódico, focado, com


pulso de ferro, mas acolhedor nos momentos certos. Por ele ter sido criado naquela
região e na mesma realidade dos seus jogadores, ele conseguia enxergar o que o futuro
reservava para os garotos, se eles continuassem no caminho que estavam inicialmente.
Por ele ter sido um garoto negro, pobre e de uma zona marginalizada da Califórnia,
ter presenciado inúmeras injustiças e violências, ter perdido amigos e conhecidos
precocemente, podemos dizer que ele tenha criado uma estratégia para sair daquela
realidade e conseguir uma vida melhor. Essa estratégia se baseava na disciplina,
seriedade, objetivos, educação, moralidade, linguagem corporal e modo de se
portar perante aos outros.

E foi justa essa estratégia que ele espelhou para seu filho e seus jogadores. Sempre
se apresentando com uma boa postura e expressão facial tranquila, bem-vestido e
educado, mas extremamente sério e disciplinado, impondo sua liderança até com
força física quando se fez necessário. Confrontando seus jogadores e exigindo ótimos
resultados, tanto no meio esportivo, quanto no meio acadêmico, com o intuito genuíno
de fazer diferença em suas vidas e mudar a previsão de seus futuros.

O estilo de liderança de Carter era coercitivo, um líder autoritário, pulso de ferro,


com o famoso lema “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Nada mais
coerente para colocar nos trilhos a vida de “delinquentes” em um curto espaço de
tempo, aumentando as chances deles terem um futuro melhor e até de irem para a
faculdade.

Podemos citar alguns aspectos desse estilo que Carter utilizou, como a elaboração de
um contrato, a obrigatoriedade de vestimenta formal para os jogos, a intolerância a
atrasos, a obrigatoriedade de um rendimento escolar alto, o fechamento da quadra, o
não comparecimento aos jogos até as notas melhorarem aumentadas.

A gestão vertical foi o tipo de poder utilizado, onde o poder é centralizado no


treinador Carter, embora a estrutura seja enxuta de imediato (treinador/jogadores),
se faz presente, comandos, subordinação, ordem, disciplina, regras, regulamentos e
procedimentos.

E apesar de sua liderança ter sido coercitiva durante o ano que treinou os jogadores,
Carter apenas teve resistência durante um período do ano, pois ganhou a confiança e
respeito dos jogadores, que compreenderam o seu objetivo e passaram a compartilhá-
lo, passando de uma liderança com um papel mais de coordenador para um mais
próximo de mentor.

Para um grupo de jovens, baderneiros, sem responsabilidade e senioridade, a


liderança coercitiva é considera uma boa opção para colocar as coisas em seu devido
lugar. Ela é muito utiliza em períodos de crise e bem enquadra no cenário da obra, já
que os jogadores se encontravam no último ano da escola, prestes a saírem para a vida
a adulta. Através dela o treinador conseguiu mudar a forma com que os meninos se
portavam, a forma que enxergavam o mundo e principalmente como se enxergavam,
recuperando assim, as chances dos jogadores terem uma vida melhor, como próprio
nome da obra diz, foi um treino para vida.

Essa liderança é indicada para um curto prazo, e foi exatamente isso que aconteceu,
antes do final do ano escolar, o treinador já havia consolidado o seu senso de confiança
e autenticidade entre os jogadores, que não sendo mais obrigados a obedecerem a suas
ordens após o julgamento judicial, continuaram a seguir seu ideal, permanecendo
estudando para melhorar suas notas, antes que voltassem a quadra para jogar.

Como sugestão, fica a necessidade de um acompanhamento psicológico escolar para os


jovens jogadores, já que muitos estavam desestruturados, se sentindo desamparados,
como por exemplo os jogadores que presenciaram um assassinato e principalmente o
jogador que entrou para o mundo do tráfico e segurou seu primo morto em seus
braços. Embora o treinador tenha acolhido esses jogadores após mais um momento tão
traumático, a história do filme se passou nos anos 90 e alguns pontos como esse, ainda
não eram tão bem trabalhados.

Qualquer um que tenha assistido à obra, constata que o treinador Carter, alterou o
destino dos jogadores em 180°. A liderança de Carter é inspiradora, pois ele sentiu
muita resistência do grupo de pessoas que era a sua própria motivação para assumir
esse posto de treinador e líder. Ele teve a visão de que conseguiria melhor as
chances desses garotos de uma vida melhor, e se jogou de cabeça nesse projeto
até concretiza-la.

Concluo esse estudo de caso com um grande desejo de recomendar essa obra para
quando alguém estiver desmotivado ou com dificuldades de seguir com disciplina,
quando estiver enfrentando uma situação de crise e desorientação na liderança.

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