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Caro(a) professor(a),
Equipe COADE
Secretaria da Educação do Estado do Ceará
Comentários referentes ao conteúdo abordado nesta unidade
Ao considerar o ser pensante como ser atuante e cidadão, faz-se necessário trilhar o
caminho de explorar uma leitura de mundo de modo crítico, racional. Saber detectar, na
leitura de mundo, a intenção comunicativa expressa no texto através do reconhecimento
dos efeitos de humor e ironia é uma das habilidades necessárias para desencadear um
nível adequado de proficiência leitora.
Será a partir dessa lógica que exploraremos a discussão em torno das orientações
pedagógicas que sugeriremos para o professor trabalhar em sala de aula, realizando as
adaptações que julgar necessárias a fim de obter rendimentos exitosos no descritor em
estudo.
Realizar a inferência de reconhecer os efeitos de humor e ironia em uma publicação
(verbal/ não verbal) mobiliza, no âmbito da leitura e produção de sentido, diversas
estratégias sociocognitivas que acionam alguns sistemas de conhecimento, tais como o
conhecimento linguístico, o conhecimento enciclopédico e o conhecimento interacional.
É o que aponta os estudos realizados por Koch (2018), que fundamentará o enfoque
da linha de análise do descritor em questão.
Considerando o impacto que esses sistemas de conhecimento surtem na
compreensão e produção de sentido da habilidade requerida pelo descritor em estudo,
delinearemos uma síntese das definições apontadas pela autora nos tópicos a seguir a fim
de proporcionar uma perspectiva panorâmica dos conceitos que sustentarão a base
sociocognitiva para o estudo proposto neste material estruturado.
No texto lido, pressupõe-se que o leitor saiba, pelo conhecimento de mundo, que a
leitura dinâmica é um método caracterizado por técnicas que propiciam uma leitura com
muita rapidez e que há quem recorra a esse método para justificar “uma olhadinha” (e
claro, sem pagar) em livros, revistas e jornais expostos em bancas de jornais, livrarias ou
lugares afins, caso contrário a compreensão do texto estará comprometida. Na figura em
destaque, a pressuposta desculpa dada por leitores, que funciona como justificativa para
“ler sem pagar” é usada na tirinha como justificativa para o pagamento.
➢ Conhecimento interacional: Refere-se às formas de interação por meio da
linguagem e engloba os conhecimentos: Ilocucional; comunicacional;
metacomunicativo; superestrutural.
➢ Conhecimento comunicacional:
Diz respeito à:
- quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta, para
que o parceiro seja capaz de reconstruir o objetivo da produção do texto;
- seleção da variante linguística adequada a cada situação de interação;
- adequação do gênero textual à situação comunicativa;
Bras, Tereza Yamashita; Bras, Luiz. Folha de São Paulo, 21 maio 2005. Folhinha, p. 8.
“Que bela surpresa você me aprontou”, dito por alguém num momento de fúria não será
entendido como uma expressão de alegria.
Comentários pedagógicos referentes aos exercícios desta unidade
Fonte: https://micarlamichelle.wordpress.com/2015/09/29/efeitos-de-sentido-a-ironia-e-o-humor/
03) Para alertar sobre as consequências do desmatamento, esse texto usa a estratégia
A) da abordagem social, pois relata as dificuldades dos moradores de áreas rurais.
B) da investigação, devido à dúvida demonstrada pelas duas crianças.
C) da ironia, fazendo um trocadilho com as palavras “meio” e “inteiro”.
D) do discurso infantil, apresentando um diálogo entre duas crianças.
E) do senso comum, devido à generalização pelo uso da palavra “homem”.
Fonte: BEIQ.
Leia a charge.
05)
Fonte: https://borafazer.wordpress.com/2011/12/15/bandeirantes-outdoor-3/
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um
caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se
seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de
avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude,
e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era
muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato
alegado este particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde
eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os
fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo
modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações
sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos
filhos, e na dor que padeceu quando perdeu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável,
acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até
irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza;
verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-
lhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
07) Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás
Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia.
Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a
percepção irônica ao:
A) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança
paterna.
B) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava
os escravos.
C) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da
filha Sara.
D) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias
irmandades.
E) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um
retrato a óleo.
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
São Paulo: Contexto, 2018.