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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 03
2. HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS ..................................................... 04
3. CONCEITO, FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS ................................................ 05
4. COMUNICAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS ............................................. 09
5. DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM DO SOFRIMENTO HUMANO ..................... 12
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INTRODUÇÃO AOS CUIDADOS PALIATIVOS
1. INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO AOS CUIDADOS PALIATIVOS
No Brasil
• 1983: Primeiro serviço de Cuidados Paliativos - Professora Miriam Martelete no
Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em
Porto Alegre
• 1998: Fundação da SOTAMIG
• 1998: Unidade IV – INCA – Exclusivamente dedicado aos Cuidados Paliativos
• 2004: I Congresso Internacional de Cuidados Paliativos e Dor promovido pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA)
• 2005: Criação da ANCP
• 2009: Manual Brasileiro de Cuidados Paliativos (2ed em 2012, 3ed 2021)
• 2011: Reconhecimento de Medicina Paliativa como área de atuação (Resolução
do CFM 1973/2011)
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INTRODUÇÃO AOS CUIDADOS PALIATIVOS
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INTRODUÇÃO AOS CUIDADOS PALIATIVOS
Conceito:
“Cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e
seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através
da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e
tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual” OMS,
2002.
O Cuidado Paliativo não se baseia em protocolos, mas sim em princípios. Não se
fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida. Indica-se o cuidado
desde o diagnóstico, expandindo nosso campo de atuação. Não falaremos também em
impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da
doença, desta forma afastando a ideia de “não ter mais nada a fazer”. Pela primeira vez,
uma abordagem inclui a espiritualidade dentre as dimensões do ser humano. A família
é lembrada, portanto assistida também após a morte do paciente, no período de luto.
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Todo e qualquer paciente que possui doença crônica e/ou ameaçadora da vida
poderá se beneficiar com os Cuidados Paliativos - crianças, adultos e idosos. A
necessidade de cuidados paliativos está presente em todos os níveis de atendimento,
primário, secundário e serviços especializados.
A concomitância da abordagem paliativa com o tratamento curativo é
perfeitamente viável. Da mesma forma, ações paliativas desenvolvidas na fase do
diagnóstico e do tratamento de uma doença não exigem a presença de uma equipe
especializada e podem ser desenvolvidas por qualquer profissional na área da saúde. À
medida que a doença progride e o tratamento curativo perde o poder de oferecer um
controle razoável dela, os Cuidados Paliativos crescem em significado, surgindo como
uma necessidade absoluta na fase em que a incurabilidade se torna uma realidade.
Há necessidade da intervenção de uma equipe de profissionais adequadamente
treinada e experiente no controle de sintomas de natureza não apenas biológica,
excelente comunicação, para que paciente e seu entorno afetivo entendam o processo
evolutivo que atravessam, e conhecimento da história natural da doença em curso, para
que se possa atuar de forma a proporcionar não apenas o alívio, mas a prevenção de um
sintoma ou situação de crise.
Na fase final da vida, entendida como aquela em que o processo de morte se
desencadeia de forma irreversível e o prognóstico de vida pode ser definido em dias a
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Aplicabilidade e benefícios
• Melhor planejamento prévio de cuidados,
• Melhora da qualidade de vida,
• Redução de sintomas desagradáveis,
• Maior satisfação dos pacientes e do núcleo cuidador e
• Menor utilização do sistema de saúde (KAVALIERATOS et al., 2016).
• Familiares: Fator protetor para o desenvolvimento de depressão e luto
complicado (MIYAJIMA et al., 2014; YAMAGUCHI et al., 2017)
Domicílio x Hospital
O local mais indicado é onde o paciente que necessita deste tipo de cuidado
estiver, ou seja, no domicílio, na instituição hospitalar, ambulatório, instituição de longa
permanência ou hospice. No lugar onde ele possa ter o melhor controle de sintomas
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- Não pretende antecipar e nem postergar a morte: Porém, sabe que ao propor
medidas que melhorem a qualidade de vida, a doença pode ter sua evolução retardada.
As ações são sempre ativas e reabilitadoras, dentro de um limite no qual nenhum
tratamento pode significar mais desconforto ao doente do que sua própria doença.
- Oferece um sistema de suporte que auxilie o paciente a viver tão ativamente quanto
possível, até a sua morte: Este princípio determina a importância das decisões e a
atitude do paliativista. Segui-lo fielmente significa não poupar esforços em prol do
melhor bem-estar e não se precipitar, em especial, na atenção à fase final da vida,
evitando-se a prescrição de esquemas de sedação pesados, exceto quando diante de
situações dramáticas e irreversíveis, esgotados todos os recursos possíveis para o
controle do quadro. A sedação está indicada em situações de dispneia intratável,
hemorragias incontroladas, delirium e dor refratária a tratamento (Doyle, 2000), o que,
com todo o conhecimento atual de analgésicos e procedimentos adequados, é situação
rara.
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Prognóstico
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ESCUTA ATIVA
É fundamental lembrar que, quando a comunicação envolve algum assunto
sensível, delicado ou difícil, precisa também ser feita de maneira sensível, de forma que
possa ser entendida, sem pressa, num ambiente adequado (com poucos ruídos e
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EMPATIA
A empatia autêntica nos permite perceber com precisão aquilo que o outro está
sentindo, para poder acompanhá-lo no processo. É uma habilidade essencial. Cognitiva
e afetiva. Conexão e ressonância.
COMPAIXÃO
Profunda consciência do sofrimento de outrem, associada ao desejo de aliviá-lo,
abordagem proativa, motivação virtuosa de aliviar o padecimento. A compaixão é a
empatia empoderada!
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PROTOCOLO SPIKES:
O protocolo SPIKES é dividido em seis etapas, cada uma delas tem a sua
importância e não é recomendado pular qualquer uma delas ou mesmo reorganizar a
ordem de realização. Veja abaixo o que significa cada letra da sigla e aprenda como
aplicar:
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tempo diferente para processar as informações, portanto qualquer reação por parte
dele, nesse momento, deve ser encarada com normalidade.
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Dimensão do Cuidado
Toda relação de cuidado envolve disponibilidade (física e emocional),
identificação de necessidade e prazer. Se não sabemos identificar e expressar o que
precisamos, dificilmente saberemos pedir ajuda e é neste ponto que a exaustão
profissional aparece, quando falamos especificamente de profissionais de saúde.
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• Tendo curiosidade e interesse para saber o que ele te conta, afinal ele e quem
conhece bastante o próprio corpo e a própria história. Não podemos pressupor
respostas;
• Sendo empático;
• Aprendendo a ouvir, acolher e respeitar valores dos pacientes/familiares que
sejam diferentes dos seus como profissional;
• Expressando emoções de maneira suave e conectada, buscando prazer na
relação com o cuidado.
Cuidando do Cuidador
É claro que o profissional é o maior responsável pelo seu autoconhecimento, sua
autocritica e autocuidado, porém existem algumas ferramentas de reasseguramento
que serão descritas a seguir:
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Equipe – a equipe de trabalho pode ser fonte de grande suporte. Uma relação de
confiança e troca tanto na tomada de decisões e condutas técnicas quanto no
compartilhamento de sentimentos difíceis que surgem no processo de cuidado e ideal.
Podem ser organizadas reuniões técnicas frequentes para discutir condutas de cuidados
de casos mais difíceis e em outro momento reuniões de suporte e apoio emocional entre
a equipe. Um membro da equipe pode organizar a reunião de apoio e este lugar deve
ser ocupado por todos os profissionais em algum momento. A tarefa é apenas ser o
movimentador dos conteúdos, puxar comentários sobre os casos que foram percebidos
como aqueles que mais mobilizaram a equipe durante a semana ou situações em que
toda a equipe experimenta uma sensação de fracasso e desamparo perante um cuidado
realizado. A aproximação afetiva entre as pessoas da equipe permite adequada
intimidade para observar quando o colega está sobrecarregado e manifestar sinais de
exaustão física ou emocional. Essa conexão e cumplicidade permite a aproximação e o
questionamento para verificar se ele precisa conversar um pouco ou gostaria de outro
tipo de ajuda.
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O objetivo é evitar
• Perda de sentido no cuidar e distanciamento;
• Sensação de não reconhecimento no trabalho;
• Isolamento emocional no trabalho (não compartilhar sentimentos);
• Sobrecarga física (cefaleia, insônia etc.) e emocional (irritabilidade, humor
deprimido, ansiedade, desinteresse);
• Reações intensas ao estresse;
• Absenteísmo;
• Despersonalização;
• Diminuição da realização pessoal.
BURNOUT
A Síndrome de Burnout é uma reação à tensão emocional crônica de pessoas que
cuidam cotidianamente de outros seres humanos. Ela tem três componentes
relacionados: exaustão emocional, despersonalização e diminuição de realização
pessoal.
Entre as principais modalidades de cuidados que se propõem a cuidadores citamos:
• Atividades de lazer para a equipe, o que pode estreitar laços de amizade e
companheirismo;
• Psicoterapia, cuidados psicológicos, plantão psicológico como espaço de
acolhimento, capaz de cuidar da dor e do sofrimento do profissional, além de
ampliar o autoconhecimento;
• Cursos, workshops e vivências, abordando temas relativos a Cuidados Paliativos
como dor, morte, perdas, processo de luto, comunicação de más notícias e
acompanhamento das famílias. Transmissão de conhecimento de forma significativa
para o profissional é também um cuidado;
• Supervisão individual e em grupo, discutindo os casos atendidos. Aprender a lidar
com as dúvidas, debater formas alternativas de cuidados e esclarecer pontos
obscuros podem trazer mais abertura de discussão e favorecer o sentido de
competência, o trabalho em equipe, diminuindo o sentimento de solidão.
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Muldisciplinaridade
Interface Extínseca: A interação com outros profissionais deve ocorrer sempre que nos
depararmos com dificuldades. Vale usar os recursos possíveis, com criatividade e
persistência. Mesmo em locais com menores recursos não devemos hesitar em incluir
na terapêutica, por exemplo, colegas anestesistas, preparados para nos auxiliar na
realização de um eventual bloqueio anestésico, ou na analgesia controlada por paciente
com bomba de infusão. Cirurgiões gerais podem nos ajudar, realizando, se necessária,
uma intervenção cirúrgica paliativa, como traqueostomia, gastrostomia, colostomia,
toracocentese, peritoneocentese, debridamento de tecidos desvitalizadas de um tumor
exofítico e outros procedimentos destinados a aliviar o sofrimento dos nossos pacientes.
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Interface Intrínseca: Temos uma interface que denominamos de intrínseca por designar
os profissionais que fazem parte da equipe de Cuidados Paliativos, tais como assistente
social, farmacêutico(a), fisioterapeuta, fonoaudiólogo(a), terapeuta ocupacional,
enfermeiro(a), psicólogo(a), nutricionista, dentista e outros, unidos na atenção não só
ao paciente, mas também aos familiares, em suas necessidades vinculadas a um bom
atendimento, conforme a definição da Organização Mundial de Saúde.
Não é possível explanar de forma sintética as particularidades apresentadas
pelos pacientes. Mas vale a lição de que cada indivíduo tem a sua história de vida: não
é um ser simplesmente biológico, e sim, alguém que tem a sua vida cronológica a ser
considerada, incluindo seus terrenos cultural, religioso e social. Os profissionais da
saúde devem adentrar neste espaço sem medo, para que estes pacientes possam ser
atendidos da forma mais íntegra possível, quer isto seja no centro ou posto de saúde,
num ambulatório de hospital público, numa enfermaria, num programa de assistência
domiciliar, dentro de um hospital-dia, até mesmo, no âmbito do Programa de Saúde da
Família.
Consciência de Finitude
• Exclusivo do ser humano
• Sabe que vai morrer e se organiza para isso
Multidisciplinaridade ou multiprofissionalidade
Profissionais de diferentes áreas trabalham isoladamente, refere-se à atuação
geralmente sem cooperação e troca de informações, prevalecendo apenas o sistema de
referência e contrarreferência.
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Interdisciplinaridade ou interprofissionalidade
Há reciprocidade, enriquecimento mútuo, com tendência à horizontalização das
relações de poder entre as áreas envolvidas, permitindo a troca entre áreas de
conhecimento
CONCLUSÃO
O que devemos buscar em nosso país é a mudança de consciência, ou seja,
atentar para o fato de que a nossa morte faz parte da nossa vida. Enfim, que o processo
de viver engloba e contempla a morte, e que, portanto, não há por que ficar
“improvisando” o processo de morrer. Há sempre tempo para aprimorar as nossas vidas,
enquanto vivermos.
Cuidado Paliativo é um conjunto de atos multiprofissionais que têm por objetivo
efetuar o controle dos sintomas do corpo, da mente, do espírito e do social, que afligem
o homem na sua finitude, isto é, quando a morte dele se aproxima. O Cuidado Paliativo
prolonga-se após a morte sob a forma de atendimento do luto dos familiares. A família
é também abraçada pela equipe multiprofissional, pois ela compartilha do sofrimento
do paciente.
Lembremos sempre: “O sofrimento humano somente é intolerável quando
ninguém cuida.” Cicely Saunders.
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REFERÊNCIAS
BIFULCO, Vera Anita. CAPONERO, Rocardo (orgs.). Cuidados paliativos: um olhar sobre
as práticas e as necessidades atuais – Barueri, SP: Manole, 2018.
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SOBRE A PROFESSORA
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