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Dr. João Eclair M.

Padilha
OAB/RS 29.349
Dra. Rayssa F. M. Padilha
OAB/RS 113.515

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 2ª VARA JUDICIAL DA


COMARCA DE PORTÃO/RS

Processo nº. 5000106-66.2022.8.21.0155

ALCEU JERONIMO DA SILVA, já qualificado nos autos do processo


epigrafado, por intermédio de seu procurador signatário, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar a presente

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

, pelos fundamentos a seguir expostos.

I. BREVE SÍNTESE DA DEMANDA

Se trata de analisar a ação declaratória de nulidade de negócio


jurídico e indenizatória proposta pela parte autora, fundada, em síntese, no fato de que
fraude em assinatura na contratação de empréstimo consignado em benefício
previdenciário, vez que nega ter firmado o contrato sub judice. Diante de tal fato, requer seja
declarado nulo o negócio realizado mediante fraude e indenizado por danos morais sofridos.

O pedido liminar foi indeferido (Evento 03).

Houve contestação (Evento 13).

Em contestação, alega a ré, em apertada síntese, em sede de


preliminar; (i) da necessidade da designação de audiência de instrução e julgamento para
oitiva do autor; e no mérito, (ii) da regularidade da contratação e legitimidade do débito; (iii)
da ausência de dano moral; e por fim, (iv) da inversão do ônus da prova.

Com base nessas alegações, pede, a contestante, em preliminar, a


extinção do processo sem resolução de mérito, e, no mérito, a improcedência dos pedidos
com a condenação da parte autora aos ônus sucumbenciais, e, subsidiariamente, os
pedidos acima informados.

No entanto, não obstante o esforço empregado pelo procurador da


parte adversa em contestação, desgarrada de fundamentos e provas aptas a afastar as
ilegalidades as quais foram veiculadas na exordial.

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II. RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

DA PRELIMINAR

Conforme a narrativa fática da exordial, amparada em fundadas


evidências, a parte autora repisa que não assinou o contrato em liça, sendo completamente
inócua a tentativa infundada da contestante em produzir prova em audiência. Além disso, se
tratando de impugnação de autenticidade de documento, cabe à demandada à prova nos
termos do art. 429, do CC. Assim, impugnado o pedido.

IMPUGNAÇÃO DE AUTENTICIDADE DE ASSINATURAS.


OCORRÊNCIA DE FRAUDE

Insta destacar, conforme ilustra-se abaixo, a comparação da


assinatura (falsa) que consta no contrato sub judice e a genuína, conforme o documento de
procuração e CNH, são diferentes, aptas a demonstrar de forma inequívoca a prática,
perpetrada pela ré ou por sua correspondente, de falsificações grosseiras de assinaturas.

É importante destacar que a contrafação denunciada nestes autos,


em tese, é praticada por operadores da ré utilizando como molde para falsificar a assinatura
uma cópia do documento de identificação da autora que por alguma razão teve acesso
prévio, razão pela qual, geralmente, a assinatura se assemelha mais com a que consta no
documento de identificação, do que a verdadeira assinatura, fidedigna e atual, da parte
autora.

As assinaturas que alega a contestante serem legítimas, são, em


verdade, diferentes, e demonstra de forma cabal a falsificação grosseira de assinaturas,
conforme se verifica nas imagens abaixo.

Assinatura (fraudulenta) que consta no contrato:

Agora, vejamos a assinatura genuína da parte autora extraída da


procuração:

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É importante destacar que a contrafação denunciada nestes autos,


em tese, é praticada por operadores da ré utilizando como molde para falsificar a assinatura
uma cópia do documento de identificação da autora que por alguma razão teve acesso
prévio, razão pela qual, geralmente, a assinatura se assemelha mais com a que consta no
documento de identificação, do que a verdadeira assinatura, fidedigna e atual, da parte
autora.

Vejamos a CNH:

Com isso, não há falar em regularidade contratual por se tratar de


contratação sem o consentimento de uma das partes, e mediante fraude de assinaturas,
conforme narrado na exordial.

Ademais, o fato da contestante ter posse de cópia de identidade da


parte autora em nada contribui com a sua tese de regularidade da contratação, sendo crível,
repise-se, que utilizou-se do referido documento, provável que de relações que teve com a
autora, para fins de reproduzir, mediante fraude, a assinatura na contratação em liça.

Portanto, diante das assinaturas demonstradas acima, não há o que


se falar em ausência de comprovação por parte da autora.

Não merecem guarida as legações de legalidade e regularidade na


contratação, conforme as razões veiculadas em exordial, e amparadas em vasta
jurisprudência.

Portanto, impugnada a tese defensiva.

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MÁ-FÉ. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO

Embora os bancos coloquem todo o empenho em combater o


reconhecimento de que os serviços que prestam se destinam a consumidores, e assim
tenham que se submeter ao que eles consideram o “odioso” Código de Defesa do
Consumidor - CDC, é certo que estão sujeitos às disposições do Código, o que inclusive se
encontra até já sumulado pelo STJ (Súmula nº 297). E o CDC assegura, ao consumidor
cobrado em quantia indevida, o direito à repetição do indébito em dobro conforme
estabelece o parágrafo único do artigo 42 da legislação consumerista.

Dessa forma, resta evidente a má-fé praticada pela ré, fazendo jus
seja aplicado in casu a repetição do indébito em dobro, conforme defendido em tópico II.5
da peça inicial.

DO DANO MORAL CONFIGURADO

A contestante alega que não evidenciou qualquer dano, prejuízo


moral ou material. É evidente que todos os danos e prejuízos sofridos pela autora, foram
causados pelo banco requerido. A autora sofreu prejuízos materiais, face os descontos
indevidos, diminuindo seu benefício previdenciário. De igual modo, amargou prejuízos
morais, uma vez que a diminuição de sua renda causou-lhe aborrecimento e muita
preocupação – além de ter seus dados e seu nome usado indevidamente para a contratação
de empréstimo consignado.

A requerente sente receio que futuramente a contestante ou qualquer


outra instituição financeira recorra à mesma prática abusiva de imputar indevidamente
contratos de serviços em seu nome, o que demonstra ser corriqueiro. O dano moral deve
corresponder à extensão da lesão, a culpa do banco requerido e as condições da parte,
sempre analisando a realidade dos fatos, bem como sua consonância com os fundamentos
jurídicos.

No caso em tela, já restou comprovado o dano, bem como, sua


extensão. Já é pacífico o entendimento na jurisprudência pátria, de que a situação ora
descrita constitui prática comercial abusiva e, portanto, indenizável, conforme podemos
notar da redação do enunciado da súmula 479, do STJ.

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“Súmula 479/STJ - As instituições financeiras respondem objetivamente


pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.”

Tal entendimento também encontra guarida em previsão expressa


da lei, que enquadra a conduta da instituição Ré como prática abusiva no art. 39, III do
Código de Defesa do Consumidor quando dispõe da seguinte forma:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas: (…) III - enviar ou entregar ao consumidor, sem
solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço. Grifei. A
garantia da reparabilidade é absolutamente pacífica tanto na doutrina
quanto na jurisprudência.”

O dano moral tem caráter compensatório. Contudo, deve levar em


consideração seu caráter pedagógico, com o fito de que a contestante não continue a
praticar a conduta lesiva.

A constatada falha na prestação de serviço por meio de prática


temerária e irregular da ré redundou em insatisfação e transtornos à parte autora que
extrapolam a medida do ordinariamente vivenciado, para além de sofrer redução de seu
crédito que possui caráter alimentar.

Ademais, a aplicação de danos morais em casos como o presente


coaduna com remansosa jurisprudência do Tribunal de Justiça do RS, e medida de, além de
reparar os transtornos sofridos pela vítima de fraude, guardar relação com caráter punitivo-
pedagógico e o desestimular a reiteração de tal prática, conforme sustou-se na exordial.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO DO ART. 429,


II, DO CC.
A inversão do ônus da prova está devidamente alicerçada na
legislação consumerista, e diante da verossimilhança das alegações e na hipossuficiência
da parte autora.
Ademais, se tratando de hipótese de impugnação de autenticidade
de assinaturas, a regra do ônus da prova está disciplinada no art. 429, II, do Código Civil.
Impugnada a tese defensiva.

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Ademais, nenhum documento foi apresentado em contestação pela


demandada apto afastar a higidez dos fatos narrados pelo autor na exordial amparados no
direito em prova documental. Portanto, impugnada, tese a tese, a peça defensiva.

III. DO PEDIDO

EX POSITIS:

Requer-se seja a presente réplica conhecida, acolhidas as


manifestações veiculadas para efeitos de rechaçar as teses ventiladas em contestação.

Pede a total procedência dos pedidos aduzidos na exordial.

Termos em que pede e espera deferimento.

São Leopoldo/RS, 02 de maio de 2022.

P.p. Rayssa F. Maggio Padilha P.p. João Eclair Padilha

OAB/RS 113.515 OAB/RS 29.349

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