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UMA REFLEXÃO ACERCA DO TRABALHO REALIZADO PELO CENTRO


POP BENFICA NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA

(A REFLECTION ABOUT THE WORK DEVELOPED BY THE CENTRO POP


BENFICA IN FORTALEZA CITY)

Ana Paula Mesquita Oliveira1


Emilly de Oliveira Barbosa Cunha2
Emyle de Sousa Santiago3
Karla Nilce Rabelo Silva4
Maria Ivany Bizerra Campos5
Fernanda Sleiman Rodrigues6

RESUMO
Esta pesquisa é resultado do trabalho de conclusão de curso em Serviço Social
do Centro Universitário Uniateneu. O presente artigo trata de uma reflexão
acerca dos serviços oferecidos pelo equipamento Centro Pop localizado no
bairro Benfica em Fortaleza-Ce aos indivíduos em situação de rua. O objetivo
dessa pesquisa é verificar as políticas públicas pautadas para atender esse
público e entender as principais dificuldades enfrentadas pelos Assistentes
Sociais para realização de seu trabalho. Pautando-se no estudo bibliográfico,
realizou-se o estudo de campo, utilizando-se do método de observação
simples. Percebeu-se que há inúmeras dificuldades desde a parte estrutural do
campo até a insuficiência dos serviços mediante a demanda dos usuários.
Dessa forma, concluí-se que, apesar dos inúmeros avanços dos últimos anos,
ainda se faz necessário um olhar mais atento a problemática de pessoas em
situações de rua.
Palavras-chave: Centro Pop Benfica, Situação de rua, Serviço Social.
ABSTRACT
This research is a result of a work of conclusion of the course Serviço Social of
the Centro Universitário Uniateneu. The present article is about a reflection
concerning the services offered by the Pop For equipment, located in Benfica
neighborhood in Fortaleza city, Ceará state to the people who live on the
streets. The objective of this research is to verify the political policies ruled to
serve this public and to understand the main difficulties faced by the social

1
Aluna do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu).
Email:Servicosocialana400@gmail.com
2
Aluna do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu). Email:
Emillybcunha@gmail.com
3
Aluna do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu). Email:
Emyle.mpj@gmail.com
4
Aluna do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu). Email:
Karlarabelo50@gmail.com
5
Aluna do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu). Email:
Ivanybc17@gmail.com
6
Orientadora e professora do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu).
Email: Fernanda.sleiman@professor.uniateneu.edu.br
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assistants to the achievement of their work. Based on the bibliographic study, a


study of field was performed making use of this method of simple observation. It
was noticed that there are several difficulties since the structural part of the field
until the insufficiency of services due to the demands of the users. Thus, it
follows that, although the several advances in the last years, it is still necessary
a look more careful to the problematic of the people who live on the streets.
Keywords: Centro Pop Benfica, Street situation, Social Service

1 INTRODUÇÃO

Devido a presente realidade vivenciada pela situação pandêmica de


Covid-19 que o mundo se encontra, ameaças às políticas públicas no Brasil,
estão cada vez mais notórias por parte do Estado que tem como vertente o
neoliberalismo, política essa que teve suas primeiras introduções nos anos 90
com o governo de Fernando Collor de Mello, mas somente foi consolidada no
governo de Fernando Henrique Cardoso, em que a partir de então, o país
sofreu com o desmonte intenso de políticas públicas e ataques aos direitos
humanos conquistados ao decorrer da história brasileira.
Diante disso, o Brasil passou por diversas mudanças no que concerne às
políticas públicas e sociais, principalmente no governo populista de Luiz Inácio
Lula da Silva, em que houve uma ampliação e a criação da Política Nacional de
Assistência Social (PNAS, 2004); agora no atual governo de Jair Messias
Bolsonaro, o Brasil volta a fazer resgate das práticas negacionistas e
neoliberais dos anos 90.
Mediante às lógicas neoliberais e neodesenvolvimentistas aplicadas pelo
atual governo, é notório um desmonte nas políticas públicas, principalmente às
de cunho socioassistenciais. Porém, essas politicas beneficiam milhares de
usuários que vivem em situações de vulnerabilidade, inclusive os que estão em
situação de rua que, segundo Rezende (2019), estes sofrem por um lado, por
conta do processo de invisibilidade por parte das políticas demográficas e de
acolhimento e, por outro lado, são visíveis por parte do poder público que, por
meio do processo de exclusão, faz uso de políticas higienistas7 e de controle
social contra os indivíduos deste segmento social.

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O “higienismo” surgiu entre os séculos XIX e XX, quando médicos e sanitaristas refletiam
sobre sucessivas ocorrências de surtos epidêmicos de algumas doenças, como por
3

A presente pesquisa tem como intuito discutir o trabalho que é


desenvolvido pelos profissionais socioassistenciais que são atuantes no Centro
Pop Benfica, que é um equipamento de cunho socioassistencial, vinculado ao
SUAS – Sistema Único de Assistência Social.
Deste modo, pretende-se como objetivo geral, analisar como a Politica
Nacional para a População de Situação de Rua atua na defesa do
fortalecimento dos usuários do Centro POP Benfica do município de Fortaleza.
Já como objetivos específicos. pretende-se conhecer como é realizado o
trabalho socioassistencial por parte dos profissionais do Centro Pop Benfica
voltados à pessoas em situação de rua; compreender quais medidas estão
sendo adotadas para abranger as demandas que chegam até o Centro Pop; e
por último identificar as principais dificuldades para a realização dos serviços
propostos pelo equipamento.
A motivação primária para a escolha do tema surgiu a partir das
percepções que uma das integrantes da equipe, mediante ao processo de
estágio no Centro Pop Benfica no município de Fortaleza-Ceará, teve ao
vivenciar as múltiplas realidades e como se dava o trabalho realizado neste
equipamento por parte dos profissionais socioassistenciais com os usuários.
É notório duas coisas: uma, o acirramento da desigualdade social que
emerge no bojo da sociedade capitalista e a naturalização da pobreza e a
marginalização dos sujeitos que não se enquadram à lógica mercantilista do
sistema, dentre estes estão as pessoas em situação de rua, que comumente
são vítimas de estereótipos e estigmas sociais por parte da sociedade e dos
veículos de comunicação. Por isso, é de fundamental importância tal temática
para a sociedade, justamente para abranger esse olhar vinculado ao senso
comum, quebrar estigmas e trazer mais visibilidade para esses sujeitos, que
por muito tempo vêm sendo vítimas de estigmas, preconceitos, privações de
seus direitos e esquecidos.
Temáticas que abordam esse segmento social específico,
principalmente na área das ciências sociais e humanas não é raro, mas
também são questões pouco exploradas por parte dos acadêmicos de Serviço

exemplo: febre amarela, tifo, varíola e tuberculose, as quais aumentavam em estatísticas de


mortes entre populações urbanas. Tais acontecimentos chamaram a atenção sobre as razões
de sua ocorrência, originando-se uma linha de pensamento denominada de higienismo, em que
defendiam-se padrões sociais e de comportamento em nome da saúde.
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Social, isso talvez aconteça pela falta de mais materiais e referenciais


bibliográficos sobre o assunto ou por conta dos estigmas, que mesmo durante
a graduação, objetivamos quebrar, todavia ainda sim prevalecem. Diante dessa
problemática das privações que essa população que vive em situação de rua
perpassa, os acadêmicos e profissionais já formados em Serviço Social devem
ter como pilar e fundamentação os estudos, teses, publicações nessa linha de
raciocínio para fortalecer mais ainda a importância das políticas públicas de
assistência social e fazer frente às políticas de cunho neoliberal e higienistas
de controle social.

2 METODOLOGIA

Este trabalho de conclusão de curso possui caráter de natureza


qualitativa, que segundo Minayo (1994, p. 58) “(...) ela trabalha com o universo
dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações (...)”, ou seja, trata-se de
objetivações que não se resumem a números, perpassa a projeção de
quantidade, demandando as ciências sociais.
Também utilizamos o método de pesquisa bibliográfico baseados em
artigos e documentos extraídos de fontes de consulta confiáveis como sites de
amostra de artigos científicos abordando o assunto e dados coletados do
campo pesquisado de maneira descritiva.
Além disso, esse estudo valeu-se da pesquisa documental, identificando
e explorando os documentos oficiais, tais como leis, decretos e portarias.
Destarte, tanto a pesquisa bibliográfica quanto a documental oportunizou o
levantamento de dados, possibilitando uma compreensão crítica dos
significados apresentados e contribuindo no amparo teórico da análise de
dados. O estudo documental teve como foco principal o Decreto 7053 de 2009,
o qual dispõe sobre a Política para População em Situação de Rua. No
entanto, recorreu-se também à Constituição Federal de 1988 e à política de
assistência social
Chegando ao campo da pesquisa, o andamento do percurso
metodológico se deu com a observação simples, acompanhando a rotina do
equipamento e as relações sociais que se apresentavam no local, atenta às
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falas e comportamentos, sobretudo das pessoas em situação de rua que


chegavam para serem atendidas. Esse período se estendeu entre setembro a
dezembro de 2020, na ocasião do cumprimento do Estagio Supervisionado
cumprido por umas das pesquisadoras.

3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Contexto Histórico da População de Rua no Brasil

A população em situação de rua não é algo novo no Brasil, pelo


contrário, sua aparição no cerne do contexto da sociedade brasileira irá se dá
mais precisamente no período do Brasil pré-industrial, quando a escravidão era
a principal fonte de economia do país. A população escravizada era
comumente usada para trocas cambiais entre comerciantes e seus senhores,
logo não eram entendidos como indivíduos dotados de direitos. (IANNI, 1994;
THEODORO, 2004).
Muitos escravos, “ao se verem donos de si”, em condições de fuga ou
alforriados por seus senhores adeptos do movimento de viés elitizado
abolicionista, não tinham condições higiênicas e socioeconômicas para se
manter após deixar sua antiga condição de escravo, bem como a população
imigrante pobre que chegava aqui em busca de trabalho e consequentemente
isso aumentaria o contingenciamento dessa população às ruas. Theodoro
(2004) explica que, a grande maioria, principalmente ex-escravos sobreviviam
do trabalho braçal voltado a atividades de subsistência consideradas inferiores
por parte da pequena elite branca; já que a ideia de trabalho possuía uma
conotação negativa e atrelada à escravidão e condições de pauperismo.
(THEODORO, 2004)
Em meados de 1888, a Lei Aurea, sancionada com vistas a pôr fim ao
sistema econômico escravocrata brasileiro, ato puramente político e com
objetivos econômicos estratégicos, oportunizava aos recém libertos o direito à
liberdade, porém, sem condições dignas de higiene e saneamento por parte do
Estado.
Com a era das revoluções industriais na Europa, principalmente na
Inglaterra, se fez necessário ressignificar o sentido de trabalho, antes visto com
o teor negativo por parte da nobreza; agora, o trabalho passava a ser
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assalariado, porém, ainda com práticas degradantes, que proporcionava o


aumento do que Marx denomina de exército industrial de reserva, ou seja, a
grande massa de desempregados e marginalizados. (THEODORO, 2004)
Com o fim do regime escravista no Brasil, após a Lei Aurea, apesar da
industrialização tardia, foi necessário que o Estado reformulasse às atividades
econômicas com fins de manter a ordem e reestruturar a economia brasileira;
logo os centros das grandes cidades começaram efervescer e o êxodo rural foi
um fator crescente para a constituição das capitais.
O trabalho assalariado foi atrelado a valorização do homem, recebendo
assim significado positivo e ideia de crescimento; em contrapartida a isso, a
mão de obra nacional disponível (ex escravos e pobres livres), possuía uma
resistência a essa nova modalidade de configuração trabalhista, já que faziam
muito uso de práticas de subsistência e não percebiam o trabalho assalariado
como sendo algo favorável. (IANNI, 1994; VALLADARES, 1991)
Mediante a grande demanda e pouca oferta de postos de trabalhos, foi
necessário importar mão de obra imigrante para suprir às demandas das
fabricas que começaram a se formar ao redor dos centros das grandes
cidades.
Conforme o pensamento de Silva (2009), as desigualdades expostas na
relação capital/trabalho decorrentes do processo histórico do sistema
capitalista propicia um cenário crescente do número de indivíduos do exército
industrial de reserva, ou seja, pessoas descartadas da produção capitalista que
geram números para escala de desempregados no país e acabam tornando-se
sobreviventes dos espaços urbanos das cidades.
Assim, logo após o período de industrialização, que gerou longa
demanda de mazelas para a classe trabalhadora, ficou notório a ineficácia das
estratégias criadas pelo Estado na época, e logo deram espaço de
responsabilidade das instituições religiosas e do terceiro setor para dar
respaldo a população em situação de rua, por meio da benesse. Somente com
a instauração da Constituição de 1988, é que ocorre a transição de
assistencialismo para as políticas de assistência social.
Com o grande contingenciamento nas cidades, muitas pessoas
começaram a se alocar às margens da sociedade, dando início ao processo de
favelização. É de suma importância ressaltar que aqui já temos expressas as
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disparidades e contradições assinaladas por Marx e Engels (1988) que fazem


emergir no bojo da sociedade às expressões da questão social, fruto da
desigualdade social entre as classes.
Com o aumento do processo de favelização nos grandes centros
urbanos (processo que propiciou o aumento de construção de estalagens,
cortiços, casebres etc. com déficits em saneamento básico e condições
higiênicas saudáveis), movimentos sanitaristas com viés higienistas
começaram a emergir como resposta por parte do poder estatal às
problemáticas e ao aumento da criminalidade, decorrente da desigualdade
social; ao aumento de doenças e falta de estruturação social urbanística.
O higienismo urbano, muito frequente nos centros das grandes cidades,
não se findou no tempo do Brasil Colônia, pelo contrário, na atualidade, é
possível identificar essas práticas em alta nos centros das grandes cidades,
como a exemplo da população da região da “cracolândia”, em São Paulo e
outras capitais do país. As práticas higienistas ganham força por parte do poder
público e cada vez mais tem o apoio da sociedade civil que visa a “limpeza do
ambiente urbano, com o objetivo de atrair turistas e evitar focos de epidemias
locais. (CALDEIRA, 2003)
Mediante a essas práticas, muitas pessoas em situação de rua e em
situação de dependência química são cada vez mais negligenciadas de seus
direitos e estigmatizadas como: “vadios”, “vagabundos”, “desocupados”, e
“vitimistas” por parte da sociedade civil e, com ênfase da mídia que ajuda a
propagar essa ideia de que: “se não produz, logo deve estar à mercê das
margens da sociedade e beirando à criminalidade. (CALDEIRA, 2003)
Diante do contexto histórico, é perceptível que a condição das pessoas
em situação de rua sempre foi gritante aos olhos do poder público, porém, por
vezes naturalizada ou encarada como sendo um problema de “desajuste
social” que se dividia entre a mendicância aceitável (tolerável) e a inaceitável.
Sendo a primeira referente aos realmente pobres que era invalidados de sua
capacidade laborativa, e a segunda, referente aos considerados indigentes
validos, que viviam no ócio, mesmo validados para práticas laborativas
(CASTEL, 1998).
O contexto que essa população está inserida expõe e denuncia um
Estado aquém de suas obrigações objetivas e que essa questão vai muito além
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de questões restritas a temas referentes somente à habitação. (BRASIL, 1998)

3.2. O Serviço Social e Desafios em Relação aos Direitos das


Pessoas em Situação de Rua

Para compreendemos a amplitude profissional da área do Serviço


Social na luta e defesa pelos direitos sociais, civis e econômicos da sociedade,
se faz necessário discutirmos acerca do processo histórico que a profissão
transcorre, desde sua gênesis e institucionalização no Brasil, até seu
amadurecimento na contemporaneidade.
O Serviço Social no Brasil surge em meios as mudanças econômicas,
sociopolíticas e teóricos culturais, tendo como pano de fundo um grande
movimento social da doutrina pregada pela Igreja Católica, como colocam
Iamamoto e Carvalho (2011),:
[...] A implementação do Serviço Social não é um processo
isolado. Relaciona-se diretamente as profundas
transformações econômicas e sociais. [...] “Seu Surgimento se
dá no seio do bloco católico, manterá por um período
relativamente longo um quase monopólio de formação de
agentes sociais especializados, tanto a partir de sua própria
base social, como doutrina e ideologia. Assim, nesse momento
de “reação católica”, a igreja utiliza seu discurso para atenuar
seus interesses e tentar reafirmar seus princípios a fim de
resgatar ideais morais e doutrinários para a sociedade.”
Em uma perspectiva assistencialista e paternalista para atender as
demandas que surgiam do sistema capitalista, nascem as primeiras instituições
assistenciais, consideradas como protoformas do Serviço Social. Iamamoto e
Carvalho (2014), assinalam: “sendo a Associação das Senhoras Brasileiras e a
Liga das Senhoras Católicas, ambas criadas em 1920 e 1923 em São Paulo,
as primeiras bases organizacionais da doutrina do apostolado laico.” A
Confederação Católica, fundada em 1922, protagonizando a ação católica, terá
grande colaboração para materializar os desejos de tais instituições,
expandindo a ação social idealizada pela Igreja Católica e dando espaço para o
surgimento das primeiras escolas de Serviço Social.
Com o intuito de efetivar as ações de caridade e filantropia do laicado,
em 1932 surge o Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), que
tinha como principal objetivo "promover a formação de seus membros pelo
estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação
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doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais".


(IANAMOTO, CARVALHO, 2011). A partir do CEAS, é criada a primeira escola
de Serviço Social no ano de 1936 em São Paulo.
Desse modo, nota-se a ideia expressa para embasar os indivíduos
envolvidos na ação em conformidade com as metamorfoses da época,
seguindo a perspectiva ideológica de atitude homogênea para lidar com a
questão social. Logo, nesse momento de grandes transformações, com o
governo de Getúlio Vargas propondo a modernização e industrialização do
país, o Serviço Social se institucionaliza com práticas reguladoras da ordem,
moral e higiene.
De acordo com Aguiar (2011), no Rio de Janeiro em 1937, funda-se a
segunda escola de Serviço Social, demandando preparar profissionais em
formação, especialmente doutrinária, para as crises que apareciam no
momento advindas do desenvolvimento contraditório do modo de produção
capitalista.
Os anos 60 traz consigo em seu bojo a tentativa de renovação do
Serviço Social em meio a autocracia burguesa colocada pelo período ditatorial.
A respeito do Serviço Social, Netto (2009) aponta:

"atendia a duas necessidades distintas: a de preservar os


traços mais subalternos do exercício profissional, [...]
contando com um firme extrato de executores de políticas
sociais localizadas bastante dócil e ao mesmo tempo, de
contrarrestar projeções profissionais potencialmente
conflituosas com os meios e objetivos que estavam
alocadas as estruturas organizacional-institucionais em que
se inseriam tradicionalmente os assistentes sociais"

Ou seja, mesmo que a profissão na época tivesse intenção de novas


formas de pensar e intervir na realidade, os profissionais de Serviço Social
estavam limitados a executarem práticas resumidas as burocracias técnicas
das instituições sob o comando da hegemonia do capital.
Na década de 80 o Serviço Social passa por um amadurecimento na
produção teórica profissional, trazendo grandes avanços e conquistas em
diferentes campos de ações. Bourguinon (2007) explica que consolidou-se um
modo mais sistemático, sendo a universalidade a grande protagonista desse
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processo, que é marcado com a ruptura do conservadorismo presente na


constituição da profissão.
Esse processo gerou para a profissão uma cultura que reconhece a
pluralidade teórico-metodológica e se fortalece na orientação marxista com
direção hegemônica para o projeto ético-político profissional, tendo como valor
central os princípios a democracia, liberdade, justiça social e dignidade
humana, explicitados e garantidos no Código de Ética de 1993, que foi marco
de suma importância para a profissão na década de 1990. (BOURGUIGNON,
2007)
A década de 1980 também marca o reencontro do Serviço Social
consigo mesmo, na busca de novas bases para a compreensão do seu
passado histórico. Bourguignon (2005) explica que, ainda nessa década, o
Serviço Social enfrenta questões como por exemplo, a consolidação das
políticas públicas nas áreas da seguridade social, que engloba o tripé: saúde,
assistência e previdência social, dentre outras instâncias das políticas públicas,
que passam a ser pauta em debates na profissão, pois vivemos em uma
sociedade em que as demandas sociais torna-se cada vez mais complexas na
sua interface com o Estado.
Nessas áreas tais preocupações contribuíram para que o Serviço Social,
juntamente com a sociedade civil enfrentasse os impasses, desafios e os
dilemas que a democracia, cidadania e os direitos sociais sofrem.
Não obstante, a Constituição Federal de 1988 vêm tendo avanços
significativos nas investigações sobre a sociedade civil. Bourguignon (2005)
assinala que a assistência social trazida pela referida Cosntituição traz dois
institutos no art.204 que visam dar maior amplitude e garantia de direitos aos
necessitados. O primeiro prevê a descentralização política administrativa. O
segundo trata da participação da sociedade nas discussões afetadas ao tema.
É importante esclarecer que a Constituição Federal prevê a assistência
social “a quem dela necessitar, independente de contribuição à seguridade
social, garantindo assim os direitos sociais dos cidadãos, por uma vida digna,
com acesso à justiça, proteção à infância, moradia, educação, saúde,
alimentação, trabalho etc.” (BRASIL, 1988)
No contexto da realidade brasileira, a intervenção por parte do Estado
acontece no período desenvolvimentista baseado nos modelos Fordista-
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Keynesiano de bem estar-social que o mundo estava vivenciando, o qual


também há novas preocupações com a classe trabalhadora. Em seguida, no
cenário que se iniciava no Brasil, houve a tentativa de introdução de um estado
de bem-estar social (Welfare State) que, por sua vez, marcou um processo de
modernização que teve como resposta o crescimento econômico que não
logrou tanto êxito como o esperado devido a uma industrialização tardia e falta
de estrutura estatal com as políticas públicas.
Tais momentos afetam mais uma vez a classe trabalhadora, e vai
surgindo mais demandas diante das questões sociais. Na contemporaneidade,
as crises econômicas andam lado a lado com as expressões da questão social.
Diante de todo um arcabouço histórico construído no decorrer da
profissão e sabendo que as crises sempre estiveram presente na forma de agir
do Assistente Social, tal forma de agir também foi muito presente no meio da
classe trabalhadora, já que eram eles quem o Estado queria de certa forma
calar, foi nessa classe que o Serviço Social sempre interveio.
Conforme Iamamoto (2007, p. 164), quando as múltiplas e diferenciadas
expressões da questão social são desvinculadas de sua fundamentação
comum, desconsiderando os processos sociais em sua dimensão de totalidade,
pulverizam e fragmentam as diversas expressões da questão social, resultando
na autonomização de suas múltiplas expressões, transformando-as em
problemas sociais, despolitizando e individualizando o seu enfrentamento,
tendo como foco de responsabilidade os indivíduos e suas famílias. A
pulverização da questão social camufla a sua origem imanente ao sistema
capitalista maduro.
É indiscutível a participação do Serviço Social no meio das
desigualdades sociais existentes. Tendo em vista que o profissional não ver "a
questão social" e sim ver a fome, o desemprego, o analfabetismo, a violência, a
pobreza, a falta de moradia, a dificuldade em ter acesso à saúde e a educação,
discriminação e tantas outras. A intervenção do profissional é vista como uma
forma de atender as demandas e as principais necessidades de uma
sociedade, para assim ter o devido acesso às políticas sociais. (YASBEK,
2009)
A desigualdade e a pobreza é algo que permeia toda a nossa história,
porém é algo que vem sempre se modificando. A população em situação de
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rua é por sua vez a parte em que expressa várias expressões da questão
social, dentre elas a pobreza, as relações de vínculos fragilizados com seus
familiares, precarização no mercado de trabalho, desemprego e outras. Essa
população tem seus direitos violados, assim como são duramente
discriminados e vale destacar que, a atuação da/o Assistente Social deve ser
crítica, ética e propositiva, procurando romper com as diversas formas
discriminatórias em relação à população em situação de rua, como afirma o
CRESS-PR. (CRESS, 2019)
O Assistente Social realiza ações e luta diariamente pela defesa dos
direitos das pessoas em situação de rua, porém também é notório e andam
lado a lado os impasses enfrentados por esses profissionais para o fazer do
seu exercício profissional na garantia de direitos. (CFESS, 2017). O Assistente
Social deve atuar de forma crítica, ética e propositiva para romper ações
discriminatória, respeitando, acima de tudo, as particularidades de cada
usuário, e prestando um atendimento satisfatório (coisa que nem sempre é
possível), dentre tantas outras dificuldades encontradas para atender as
principais demandas dessa população.
Sabendo que cada vez mais pessoas se enquadram nesse grupo, seja
por conta da violência ou a situação econômica e da atual pandemia de Covid-
19 do país, se torna ainda mais difícil atender todas ou as principais demandas
envolvendo esse grupo. O profissional deve sempre elaborar projetos e
técnicas com base nos princípios do Código de Ética e da Lei que regulamenta
a profissão. Dito isso, vale salientar que nem sempre a falta de moradia ou de
trabalho ou até mesmo o rompimento dos vínculos familiares estão em torno
desse fenômeno, podendo haver ainda mais motivos (CFESS, 2007).
Somente com um atendimento que possa debater sobre a realidade
social de cada usuário, fará com que o Assistente Social não faça seu papel
apenas de um simples assistencialismo e sim, para que haja diferente, mas
como foi dito, os impasses existem e é em cima deles que os profissionais
percebem que necessitam cada vez mais melhorar.

3.3 Assistência e Legislação Direcionadas as Pessoas em Situação


de Rua.
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A Constituição de 1988 demarcou grande avanço no que tange uma


nova reformulação dos princípios da matriz de assistência social brasileira,
fazendo parte do tripé de seguridade social. Assim, o horizonte de direitos inicia
uma passagem de centralização burocrática que o Estado reproduzia, com
suas estratégias ineficazes e uso incorreto de recursos públicos, para
universalização do acesso a direitos previstos em lei e responsabilidade
estatal. Para Sposati, Boneti, Yasbeck e Carvalho (2014 p.92):

"A assistência social, através de seus programas, torna-se,


assim, o conjunto de práticas que o Estado desenvolve direta
ou indiretamente, junto às classes subalternizadas, com
aparente caráter compensatório das desigualdades sociais
geradas pelo modo de produção". Ou seja, o Estado intervém
nas mazelas próprias das contradições do sistema capitalista,
num ciclo vicioso, de modo que não atende corretamente os
conflitos sociais.”
Nesse processo, a proteção social amplia-se no sentido de redistribuir
benefícios articulada as políticas sociais, com intuito de garantir direitos e
manter os princípios de dignidade humana. Para Vaitsman, Andrade e Farias
(2009), a concepção de proteção social gira em torno de serviços e benefícios
assegurados como direitos, quanto para uma gama de programas e ações
dirigidas ao enfrentamento de diferentes níveis de privação, risco e
vulnerabilidade, prestadas por diversas instituições, públicas ou privadas. Logo,
serão todas as ações e estratégias desenvolvidas por diferentes âmbitos da
sociedade para demandar as expressões da questão social.
Desse modo, conforme a Norma Operacional - NOB SUAS (2004), a
assistência social deve desenvolver programas e serviços sociais que cubram,
reduzam ou previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, atendendo
as necessidades emergentes ou permanentes decorrentes dos problemas
pessoais ou sociais de seus usuários.
Mesmo que de forma lenta e discreta, a assistência social avança para
além do clientelismo de anos passados, sendo confirmada como política
pública após a Constituição Federal de 1988. Na contemporaneidade, esta
prevê a descentralização do Estado e responsabilidade estatal, apoio fortificado
das esferas governamentais em conjunto com a sociedade civil, tendo
articulação das demais políticas sociais. Com isso, surgem legislações que
respaldam a população usuária, na intenção de garantia de direitos.
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Sabendo que a principal luta da Política de Assistência Social é contra


as expressões que emergem das contradições da sociedade capitalista, tais
como a pobreza, miséria e falta de acesso a diversos serviços, foi criada a Lei
8.742 de 7 de dezembro de 1993, ou apenas a Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), com o objetivo de amparar os direitos do cidadão.
Os atendimentos podem ocorrer diante de dois modos principais,
podendo ser: 1. Proteção Social Básica - que atende famílias em situação de
vulnerabilidade ou risco social, para assim fortalecer os vínculos familiares e os
da comunidade onde vivem; 2. Proteção Social Especial - que tem o intuito de
reconstruir famílias e comunidades que tiveram seus direitos violados.
De acordo com os artigos 203 e 204: art. 203.
“A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem
por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância,
à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e
adolescentes carentes; III- a promoção da integração ao
mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária; V- a garantia de um salário
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei. art. 204. (LOAS,1993)
As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas
com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além
de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I-
descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos
programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades
beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio
de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das
ações em todos os níveis.
É na LOAS (1993), que assitimos a regulamentação de um benefício
bastante importante e pouco conhecido, o BPC (Benefício de Prestação
Continuada). Conforme o art. 203, inc. V, da Constituição, é estabelecido a
garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. O
15

Benefício de Prestação Continuada – BPC, está disposto no art. 20 da Lei nº


8.742, de 1993;
Em 15 de outubro de 2004 é a aprovada a Resolução nº 145, que
instituiu, mediante o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), a nova
Política de Assistência Social (PNAS, 2004) substituindo a que vigorava desde
a Constituição Federal de 1988.
A PNAS (2004), irá compor em seu escopo como principais diretrizes a
descentralização político-administrativa e territorialização; matricialidade
sociofamiliar; primazia do Estado; financiamento partilhado etc., e terá como
finalidade a implantação do SUAS (Sistema Único de Assistência Social,
mediante ao que é previsto na LOAS (BRASIL, 1993).
A Política Nacional de Assistência Social – PNAS- tem como principal
objetivo a implementação do SUAS e visa ampliar a participação dos usuários
da política de assistência social na tomada de decisões e controle social, pois
essa é uma das maiores dificuldades e desafios que os profissionais atuantes
da política enfrentam referente aos usuários, já que por muito tempo a
assistência social foi encarada como prática meramente filantrópica e
clientelista, e seus usuários na condição de “vitimas”, “desamparados”,
“clientes” etc.
A PNAS, no que tange aos direitos previstos e regulamentados aos
usuários em situação de vulnerabilidade social, dentre esses a população em
situação de rua prevê dois tipos de proteção a esse público usuário que são:
proteção social de média complexidade e proteção de alta complexidade,
sendo ambas trabalhadas na perspectiva especial de proteção que a política de
assistência dispõe aos usuários que dela necessitar. (PNAS, 2004)
Os tipos de proteção social que são destinadas as pessoas em situação
de vulnerabilidade social; em situação de rua e que possuem vínculos
rompidos com seus familiares são de suma importância para o fortalecimento
desses vínculos e desmistificar os estigmas a respeito do perfil dos usuários da
política de assistência social que por vezes são julgados como
“marginalizados” e “preguiçosos” por parte da sociedade civil.
Se faz conveniente ressaltar a importância também de decretos
municipais como o de nº 13.471 que dispõe a Politica Municipal em Situação
de Rua do município de Fortaleza. Tal decreto enfatiza a importância das
16

legislações já supracitadas (LOAS, PNAS, SUAS) que tem como objetivo


proporcionar as pessoas em situação de rua direitos socioassistenciais,
mediante aos serviços ofertados nos equipamentos como Centro Pops; casas
de passagens; albergues; refeitório social; acolhimento institucional de homens
e mulheres etc, serviços esses que proporcionam o que rege a Constituição
Federal em seu art 1º, inc. III, a dignidade da pessoa humana. (BRASIL,
1988).
Em 2005 houve a concretização do Sistema Único de Assistência
(SUAS), que tem como intuito romper com a lógica tradicional do
assistencialismo e da fragmentação de ações, com o modelo de gestão
participativo, articulando os reforços e os recursos dos três níveis de Governo,
os Municípios, Estados e a União.
Conforme Gomes, Gording, Falsarella, Lucena, Silva e Quintana (2020),
o Sistema Único de Assistência (SUAS) é um sistema público de caráter não
contributivo, seu objetivo é gerir e organizar os programas, serviços e os
benefícios garantidos na política de assistência social do país, buscando
efetivar essas políticas conforme as necessidades impostas, respeitando as
diferenças econômicas, culturais e políticas, seja ela urbana ou rural.
Apesar desse sistema ser público, conta com a oferta de serviços
socioassistenciais do terceiro setor, com isso operacionaliza entidades de
assistência social que não são reconhecidas pelo SUAS, porém independente
da instituição em si, o Sistema adota como eixo estruturante a matricialidade
sociofamiliar.
Entende-se que o SUAS organiza as proteções sociais conforme os
níveis das complexidades que as demandas apresentam, sendo elas
estabelecidas por proteção básica e especial de média e alta complexidade.
A proteção básica é o atendimento a família e aos indivíduos em
situação de vulnerabilidade social, tendo como caráter preventivo, ou seja, atua
no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários evitando o rompimento
deles.
Já na proteção especial, atua-se nas demandas que já apresentam
situações de risco social e pessoal, nesse caso é constatado a fragilidade e o
rompimento em seus vínculos, assim também na violação de direitos,
17

dependendo do agravamento é direcionado o caso aos serviços de média e


alta complexidade.
Dentre as situações descritas como situações prioritárias, a Política
Nacional de Assistência Social (PNAS) reconheceu no ano de 2004 que a
população em situação de rua tem como prioridade no que se refere ao
atendimento na proteção social especial ou na média quanto na alta
complexidade.

4 Resultados e Discussões

4.1 Apresentação do Centro Pop Benfica: Quem são os Sujeitos


que o Compõem.

O Centro Pop Benfica, localizado na Avenida João Pessoa 4180, no


município de Fortaleza - Ceará é um equipamento de natureza pública e
estatal, garantido pelo decreto n° 7.053/2009 e pela Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais, constituindo-se em uma unidade de referência da
PSE (Proteção Social Especial) de média complexidade. Está vinculado a
política de assistência social que está em consonância com os regulamentos
do SUAS, que atende ao público de pessoas em situação de rua e
vulnerabilidade. O equipamento conta com serviços e programas diversos e
equipe multidisciplinar especializada.
Dados de 2020 constatam que o número de pessoas que passaram a
procurar pelos serviços ofertados no Centro Pop cresceu de forma exorbitante.
Em 2019 o número de atendimentos que o equipamento teve foi de 125.432 e
em 2020, no princípio da pandemia de Covid-19, esse número cresceu para
223.545; a respeito do Refeitório Social, principal serviço do equipamento, teve
no ano de 2019 em torno de 6 mil atendimentos e, no ano de 2020, com
agravante da pandemia de Covid-19, esse número passou a ser de 12 mil
atendimentos. (RAULINO, 2021)
A respeito dos Programas o equipamento dispõe do Cadastro Único
(CadÚnico), Programa de Locação Social e Programa Novos Caminhos, que
são ofertados como projetos e programas voltados a complementar os serviços
do equipamento.
18

O Cadastro Único é um instrumento de coleta de dados das pessoas de


baixa renda. Através dele é possível analisar a situação socioeconômica dos
usuários, a partir de informações sobre todo o núcleo familiar, dando acesso a
serviços públicos fundamentais, haja vista a necessidade de documentos para
realizar a inserção no sistema e muitos não disporem, pois segundo Brasil
(2013, p.97), “[. . . ] a falta de documentos tem implicações diversas, que vão
desde a dificuldade para obtenção de emprego formal, o acesso aos serviços e
programas governamentais e o exercício da cidadania de forma mais geral.”
Sendo assim, os usuários que são cadastrados podem ser selecionados pelo
governo federal, mediante seguimentos dos critérios exigidos, a diversos
programas e benefícios, como o Programa Bolsa Família, Carteira do Idoso e
Benefício de Prestação Continuada, que são um dos mais acessados pelo
público do campo.
Segundo a SDHDS, o programa de Locação Social ou Aluguel Social
se configura em um auxílio financeiro de R$ 420,00 pago por mês para famílias
ou indivíduos que se encaixem nas situações previstas pela lei 10.328/2015,
sendo estas condições a falta de meios para adquirir moradia. As vagas
disponibilizadas são administradas pela HABITAFOR (Secretarias Municipais
do Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza) e SASEC (Segurança Cidadã).
Os usuários contemplados permanecem com o benefício por dois anos, tendo
reavaliação semestral para avaliar a condição que demandou o ingresso do
beneficiário. Todo mês os usuários prestam contas no equipamento,
completados seis meses estes são encaminhados a prestar contas no CRAS
(Centro de Referência da Assistência Social), visto que possuindo suas
moradias não são mais demandas do Centro Pop
Já o Programa Novos Caminhos é realizado pela Secretaria dos Direitos
Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza - CE (SDHDS), que tem
como objetivo oferecer oportunidades de inclusão social por meio de
treinamentos e capacitações para o mundo do trabalho à pessoas em situação
de rua. De acordo com Plano Municipal de Assistencia Social de Fortaleza
(2018 – 2021), o Projeto Novos Caminhos foi disposto em quatro eixos:
convívio social, qualificação profissional, inclusão produtiva e provisão para
moradias.
19

A respeito dos sujeitos que compõe o equipamento: O Centro Pop é


composto por uma hierarquia organizacional que é representada por: Prefeitura
Municipal de Fortaleza; SDHS; coordenação do equipamento institucional;
técnicos (Direito, Psicologia e Serviço Social), educadores sociais; apoio
administrativo (Suporte de Gestão), codificadores (Cadastro Único) e serviços
Gerais (Limpeza e organização).

4.2 Serviço Social e Centro Pop

O Serviço Social no Centro Pop existe desde a criação e inauguração da


instituição em julho de 2011, uma vez que o atendimento prestado à
população em situação de rua possui sua particularidade onde a realidade
dos usuários é envolta de acontecimentos que demandam a intervenção do
Assistente Social para lhes apresentar seus direitos e garantir a efetivação
dos mesmos. Pois, segundo Iamamoto (1997, p. 14)

os assistentes sociais trabalham com a questão social nas


suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os
indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área
habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc.

A instituição possui duas Assistentes Sociais, uma é contratada por meio


de terceirização e a outra participou de uma seleção pública realizada pela
Prefeitura Municipal de Fortaleza, Secretaria de Direitos Humanos e
Desenvolvimento Social, Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, e
pelo Instituto Municipal de Desenvolvimento de Recursos Humanos.
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social (2011), para se efetivar
o trabalho social e os serviços prestados pelo Centro Pop, orientado pela
resolução do Conselho Nacional de Assistência Social n°17/2011, é necessário
que a unidade tenha dois assistentes sociais se caso seja feito
acompanhamento a no mínimo 80 casos por mês na unidade, dentre os outros
profissionais, haja vista a complexidade de casos dos usuários em um contexto
sócio-econômico.
Atualmente na unidade Centro Pop Benfica, o Serviço Social não possui
setor nem núcleo próprio. Assim, a ação realizada pelas assistentes sociais é
entendida como Atendimento Social em um espaço reservado para a equipe
20

técnica. No atual momento de pandemia, que necessita de uma sala com


capacidade para ventilação, as profissionais juntamente com a psicóloga (em
mesas separadas), atendem os usuários em uma área similar a uma varanda
no andar superior.
A respeito de suas funções, são atribuições das Assistentes Sociais o
atendimento social técnico a população em situação de rua, encaminhamentos
para a rede intersetorial da Prefeitura de Fortaleza, acompanhamento técnico à
equipe de abordagem social, orientações gerais sobre os benefícios sociais
(BPC, Bolsa Família, Carteira do idoso, Passe Livre, etc), visita institucional,
visita técnica e elaboração de relatórios.
A respeito da Política Social implementada, o Centro Pop é garantido
pela Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais que descreve os
serviços do SUAS e através disso executa a Política Nacional Para População
em Situação de Rua, decreto n°7.053/2009.

4.3 Perfil dos Usuários

A partir de amostra de 50 prontuários dos usuários que utilizam os


serviços do campo, afim de compreender o perfil dos usuários que faziam do
local espaço de sobrevivência, constatou-se que 40 eram indivíduos do sexo
masculino; 9 do sexo feminino e 1 cadastro de usuário homossexual. Estes
números demostram que os homens são maioria. Silva (2009, p. 148) explica:

“[...] é sabido que fatores culturais também influenciam essa


tendência de predominância do sexo masculino na composição
da população em situação de rua”. E isto deocorre por diversos
fatores, no Brasil culturalmente os homens provém a famílias,
garantindo o sustendo. E devido a crescente taxa de
desemprego e dificuldade, essas pessoas estão fora do
mercado de trabalho, perdendo a capacidade de sustentar
suas familias. Incapazes de assumir tal papel e junto a pressão
que sofrem, optam sair de suas casas e viverem nas ruas
Já as mulheres representam um menor número, pois como explica Silva
(2009, p. 149), “Assim, o papel reservado às mulheres como reprodutoras e
responsáveis pelos cuidados com a prole, bem como a violência contra elas,
inibe-as de recorrer a essa estratégia de sobrevivência, de fazer das ruas
espaço de moradia e sustento.”
Os usuários são pessoas com idade entre 20 a 60 anos, tendo como
predominacia a raça/cor: parda/negra. Em relação a ensino e educação, são
21

indivíduos que não chegaram a concluir o ensino fundamental e também não


alfabetizados.
Sobrevivem de empregos informais como vendedores de água nas ruas
de Fortaleza, ‘bicos’ que surgem de atividades como corte de grama ou árvores
ou situações parecidas, como também são pedintes de tudo aquilo que eles
consideram importante para seu cotidiano. No que tange os serviços públicos
que colaboram com essa questão, grande parte dessas pessoas são inclusas
no Cadastro Único e beneficiárias do programa Bolsa família.
Tais usuários possuem situação de vínculos rompidos ou fragilizados
com seus familiares, ou seja, quase não possuem contato com familiares, seja
por questão de distância (alguns dos usuários vieram de outros municípios em
busca de seus objetivos em Fortaleza e acabam perdendo contato com a
família) ou até mesmo por questões pessoais. Observou-se que a grande
incidência de usuários que fazem uso de SPA (Substância Psicoativas), sejam
drogas ilícitas ou lícitas. Silva (2009, p. 132-133) explica:
A inexistência de trabalho regular e o consumo frequente de
álcool e outras drogas são as citadas. [. . . ] Compreende-se
que a ausência de trabalho e renda regulares já está
comtemplada na noção de pobreza extrema, e que o uso
frequente de álcool e outras drogas se impõe muito mais como
uma estratégia de subsistência, capaz de ampliar a alienação
acerca da situação de rua do que como uma condição ou
característica que ajuda a definir esse contingente
populacional. (SILVA, 2009, p. 132-133)

Foi possivel constatar que não é somente questões de moradia que leva
os usuários a buscar o atendimento no Cetro Pop Benfica, mas também outros
fatores como: procura por documentação civil, Cadastro Único para programas
sociais, realizar higiene pessoal, atividades socioeducativas e artísticas,
alimentação, questões jurídicas, encaminhamentos para outros equipamentos
e socio-espaços etc.
Pois, como previsto na Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistencias (2009, p. 41) as propostas do Centro POP deverão ser de:

Ter vivência pautada pelo respeito a si próprio e aos outros,


fundamentadas em princípios éticos de justiça e cidadania; -
Construir projetospessoais e sociais e desenvolver a
autoestima; - Ter acesso à documentação civil; - Alcançar
autonomia e condições de bem estar; - Ser ouvido para
expressar necessidades, interesses e possibilidades; - Ter
22

acesso a serviços do sistema de proteção social e indicação de


acesso a benefícios sociais e programas de transferência de
renda; - Ser informado sobre direitos e como acessá-los; - Ter
acesso a políticas públicassetoriais; - Fortalecer o convívio
social e comunitário. (TIPIFICAÇÃONACIONAL DE SERVIÇOS
SOCIOASSISTENCIAS, 2009, p. 41).

Mediante o exposto, é possível observar a complexidade e as


peculiaridades que envolvem os usuários do Centro Pop, no qual são envoltos
de situações em suas realidades que fogem do nosso ideal de bem estar de
sobrevivência na sociedade, nos fazendo perceber a falta de garantia de
direitos previstos em nossa constituição e o quanto isso passa despercebido
dos olhares de muitos que não compreendem a problemática e naturalizam
essa situação, ainda por cima em tempos de pandemia que vivemos na
atualidade, haja vista que no período desses cadastros, a vida dos usuários já
se tornava precária, quanto mais em momentos que se procura estar em casa
e mantendo distância de todos, o que para essa população se torna uma
máxima inviável e fora de alcance e somente fragiliza a tentativa de
sobrevivência destes.

4.4 Problemas Identificados no Campo

A Política para População em Situação de Rua surgiu para intervir nessa


problemática com o intuito de garantir direitos desses indivíduos, prevendo
ações intersetoriais, que em conjunto se articulem para executar as estratégias
desenvolvidas pelo Estado. Entretanto, nota-se falhas no momento em que se
é feito o atendimento aos usuários e logo são encaminhados a outras redes
municipais para dar andamento ao caso conforme a situação.
São inúmeras ações que garantem o contemplamento dos usuários a
vários serviços e dependendo do motivo demandado, é necessário que o
usuário passe por um determinado atendimento para depois ser encaminhado
para outro equipamento ou serviço. Porém, a demora de retorno da rede, bem
como algumas vezes a escassez de recursos faz com que ocorra uma demora
para concluir os casos.
Pode-se dar como exemplo a demora para os agendamentos de carteira
de identidade dos usuários pelo Vapt Vupt. O Centro Pop tem uma parceria
com tal instituição a fim de garantir a retirada de documentos da população em
23

situação de rua, haja vista suas particularidades, no qual é solicitado pela


equipe técnica o agendamento do RG, assim, aguarda-se a resposta do local
com os dados de dia e horário do agendamento que são repassados ao
usuário. Há solicitações que logo são atendidas, já outras são atrasadas por
meses, o que dificulta o atendimento em várias circunstâncias, pois para o
usuário ter acesso aos benefícios, atendimentos, frequentar instituições e ter
garantida sua cidadania, é necessário que possua no mínimo sua identidade.
Outra questão existente no campo é a pouca abrangência dos
programas e projetos ofertados pelo equipamento. O número de vagas do
Projeto Novos Caminhos não supre a demanda de usuários que se interessam
em participar das ações, são poucas vagas que logo se esgotam no período de
inscrições. O projeto é fundamental para oferecer oportunidades de
especialização para o mundo do trabalho aos usuários que vivem em situação
de desemprego e pauperização.
A pequena parcela de vagas do Programa de Locação Social também
causa dificuldades ao atender todos os indivíduos que se enquadrem no perfil
exigido, uma vez que todos os usuários que procuram os serviços do Centro
Pop vivem em situação de miséria sem a garantia de um lar, logo esperam ser
contemplados com uma vaga. Todavia, a assistência ainda possui caráter
seletista dentro do sistema capitalista que somente oferta benefícios em casos
extremos, selecionando alguns e excluindo outros, segregando a população
que necessita desse benefício e passa por um período de espera que causa
revolta e desconforto nestas pessoas.
Quanto a estrutura física do equipamento, percebe-se algumas falhas
que são reclamadas pelos usuários. No local somente existe um banheiro
(utilizado pela população masculina e feminina), que falta muitas vezes
sabonetes e utensílios para banho, objetos estes que são ganhos pelo
equipamento por meio de doações. O bebedouro dos usuários apresenta
problemas para resfriamento da água, onde a água sempre está quente para
consumo.
A instituição não possui estrutura adequada para receber usuários que
tenham limitações físicas e no equipamento aparecem várias pessoas que têm
deficiências com uso de muleta, cadeira de rodas etc, em que o atendimento
técnico é realizado no andar de cima da instituição, onde é necessário subir
24

escadas e estes usuários não podem fazer tal esforço, desse modo, a técnica
que for fazer o atendimento atende o usuário na recepção, junto aos
educadores sociais e a outras pessoas que aguardam atendimento também,
não garantindo o sigilo profissional.
Alguns usuários que frequentam o equipamento não compreendem
como se efetua a organização dos serviços, mostrando-se agressivos e
inconsequentes quando vão em busca de algo na instituição e não tem no
momento. Acabam não querendo cumprir regras nem orientações, fazendo o
uso de ameaças à funcionários e tentativas de danos ao campo. Isto gera
dificuldades no atendimento e medo por parte de pessoas envolvidas na
situação.
Já realização do fazer profissional do Serviço Social na instituição não
passa por muitas dificuldades, salvo o atual momento de pandemia, os serviços
estão sendo prestados de uma forma diferenciada do habitual conforme o
modo adequado para atender os usuários. Nesse sentido, a equipe técnica
necessita de EPI’s para segurança durante o trabalho, o que algumas vezes
falta pelo repasse da gestão municipal.
Outro ponto questionável é a falta de computadores exclusivos para as
Assistentes Sociais. Mesmo que os atendimentos sejam feitos de maneira
manuscrita e os prontuários criados armazenados em pastas, as profissionais
em certas ocasiões precisam digitar relatórios, o que precisa ser utilizado
computadores para tal ação, assim, elas utilizam os computadores da
coordenação ou do cadastro único, quando disponíveis.
A questão do ambiente reservado para atendimento técnico é um
problema no sentido de que seria mais interessante as técnicas atenderem em
salas separadas, mas devido ao momento pandêmico, é preciso que se utilize
um local com ventilação e aberto, logo os atendimentos são feitos pela
assistente social junto a psicóloga no mesmo ambiente. Em relação a outros
recursos, não existem outras problemáticas, o fluxo de atendimento consegue
seguir um rumo tranquilo com êxito.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
25

Conforme todas as questões que estão vinculadas a problemática das


pessoas em situação de rua, se pode perceber a necessidade de um
equipamento vinculado a politica de assistência social para atender as
demandas de forma a garantir os direitos desses indivíduos que vivem às
margens da sociedade, e que por anos historicamente foram tratados como
invisíveis por parte do Poder Público. O Centro Pop é um equipamento
fundamental que tem em sua composição uma equipe multidisciplinar para
viabilização de direitos básicos da população que estão em situação de rua.
Através dessa pesquisa, foi possível uma reflexão sobre como ocorre a
atuação do Serviço Social no equipamento Centro POP Benfica no Município
de Fortaleza. Pelo referencial teórico citado, pode-se construir uma
fundamentação que deu sustentação aos capítulos e observação em campo.
Durante a investigação pode-se perceber as principais necessidades
demandadas pelos usuários, quanto às que os levam a procura pelo
equipamento. Observou-se pelas participações frequentes dos usuários que
utilizam os serviços prestados pelo Centro POP que o mesmo tem cumprido
com seu papel de ser um órgão que presta assistência aos moradores em
situação de rua garantindo seus direitos, porém, ainda é necessário a
ampliação de vagas nos programas para atender a demanda que só cresceu
durante a Pandemia de COVID-19.
Perceber, no entanto que algumas questões levantadas não dependem
somente da Política de Assistência, mas como também de outras políticas
como Saúde, Habitação e Trabalho e do próprio Poder Público. Por conta disto,
torna-se difícil atender este usuário com excelência. Dado a importância do
tema, compreende-se que esta pesquisa contribui para que novas
investigações sejam realizadas e com isto sejam possíveis avanços nas
políticas sociais para esta população.
Percebe-se a necessidade de se revisitar as políticas públicas para este
grupo. Dessa forma, acredita-se que este trabalho não termina por aqui, pois a
busca constante de renovações das práticas do serviço social é ainda um
desafio, incentivando a uma busca de novas soluções para uma sociedade
mais justa e igualitária.
26

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