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Mortes por asfixia (asfixiologia forense):


classificação e sinais diagnósticos

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Luiz Fernando Segura 26 Nov. 2020 4 min

Colunistas Medicina Legal e Perícias Médicas

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Entendi
Traumatologia ou Lesonologia Médico-Legal é um dos maiores capítulos dentro do estudo da
especialidade Medicina Legal e Perícia Médica; nele se investiga o mecanismo que originou o trauma e a
lesão por ele provocada (Paradigma médico-legal: a lesão é que caracteriza o agente). Trauma é definido
como uma energia de ordem externa sobre o individuo, modificando seu estado de equilíbrio fisiológico
(com ou sem tradução morfológica) de modo reversível ou irreversível; e lesão é traduzida como alteração
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estrutural proveniente de uma agressão ao organismo.

Leia também: A perícia do alegado erro médico – Medicina Legal e Perícias Médicas

Estratificação
Os agentes vulnerantes são estratificados de acordo com características em comum:

Flamínio Fávero adota a classificação de Borri:


Mecânica, Física, Química, Físico-química, Bioquímica, Biodinâmica e Mista;

Helio Gomes, por sua vez, as divide entre:


Física (mecânica, barométrica, térmica , elétrica, radiante);
Química (venenos, cáusticos);
Físico-Química.

Analisando especificamente as energias de ordem físico-química, são aquelas que impedem a passagem
do ar pelas vias respiratórias e alteram a bioquímica do sangue, produzindo um fenômeno conhecido como
asfixia.

Para que ocorra a Hematose (transformação do sangue venoso em sangue arterial nos alvéolos
pulmonares, através de uma troca de gases devido à diferença de concentração de oxigênio e gás
carbônico por difusão), são necessários diversos fatores como o meio ambiente e composição dos gases
— aéreo, sólido, liquido ou outros gases inertes —, orifícios e vias aéreas permeáveis, elasticidade do tórax,
expansão pulmonar, ventilação pulmonar, circulação e bioquímica sanguínea e pressão atmosférica
compatível; qualquer prejuízo em alguma dessas fases podem gerar déficit na troca gasosa.
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Classicamente o que se estuda na Asfixiologia Forense são os estados em que o prejuízo da ventilação
pulmonar são causadas por meios mecânicos como enforcamento, estrangulamento, esganadura, mas
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também existem outros mecanismos de asfixia que serão detalhados a seguir.
Os efeitos da redução de oxigênio do sangue arterial (hipoxemia) e aumento do teor de CO2 (hipercapnia)
se dividem em fase cerebral, fase de excitação cortical e medular, fase respiratória e cardíaca com o
aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, sonolência, obnubilação, fraqueza muscular,
cefaleia, cianose, náuseas e vômitos, convulsões, coma e morte.

Existem sinais gerais de asfixia, presentes na maioria dos casos, mas importante frisar que não são
patognomônicos, mas orientam quanto a ocorrência de um quadro possivelmente asfíxico, sendo eles
sinais externos e internos.

Sinais externos: Cianose, exoftalmia, hemorragia conjuntival, petéquias em pele e mucosa, protrusão da língua, espuma
na boca e narinas e hipóstases precoces, escuras e abundantes
Sinais internos: Manchas de Tardieu (equimoses diminutas, localizadas na pleura visceral, sulcos interlobares e bordas
dos pulmões, pericárdio, entre outros órgãos abdominais com coloração violácea, número variável, esparsas ou
aglomeradas), congestão polivisceral, sangue fluído e escuro e demais sinais específicos de cada tipo de asfixia (ex:
manchas de Paltauf, máscara equimótica de Morestin, congestão compressiva de Perthes, sinal de Valentin, sinal de
Brouardel, sinal de Niles, sinal de Amussat-Divergie-Hoffmann, entre outros.)

As mortes asfixicas podem ser divididas em naturais (doenças que reduzem a ventilação ou circulação
pulmonar ou que provoque tal dificuldade) e violentas (decorrentes de traumatismo).

Subtipos:

Anoxia ou hipóxia — causas externas ou internas;


Anoxia de ventilação ou anóxica;

Anoxia anêmica;
Anoxia de circulação e de estase;
Anoxia tissular ou histotóxica;
Apneia sem acumulo de gás carbônico;

Asfixias mecânicas;

Anoxia com acapneia;


Anoxia com hipercapneia: acumulo de gás carbônico.

Classificação (Oscar Freire e Flamínio Fávero):

Alteração da dinâmica respiratória:

Constrição cervical:

1. Enforcamento: asfixia mecânica produzida por constrição cervical por meio de um laço acionado pelo peso da própria
vitima (pode ser por suspensão completa ou incompleta, e na maioria das vezes é de origem suicida).
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2. Estrangulamento: tal monitoramento.
asfixia por constriçãoConfira nossa Politica
do pescoço por umde cookies.
laço acionado por meio diverso ao peso da vitima
(podendo ser homicida ou acidental).
3. Esganadura: asfixia por constrição do pescoço exercida pelas mãos do agressor.
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1. Carga aproximada para obliteração das vias aéreas e vasos do pescoço:
1. 2 Kg obliteram as jugulares

2. 5 Kg obliteram as carótidas

3. 25 Kg obliteram as artérias vertebrais


4. 10 Kg obliteram a laringe

5. 25kg obliteram a traqueia.

Obstrução das vias aéreas ou impedimento da expansão da caixa torácica:

1. Sufocação direta: asfixia mecânica com obstrução à penetração do ar nas vias respiratórias desde o nariz/boca até a
traqueia. (ex: engasgue – corpo estranho)

2. Sufocação indireta: Aquela causa pela compressão externa do tórax, impedindo os movimentos respiratórios.

* Sufocação Posicional: Crucificação ou individuo em posição de “cabeça para baixo” — Mecanismo de


morte: Fadiga aguda dos músculos da respiração, seguida de apneia e anoxia.
* Pela compressão torácica há dificuldade no retorno venoso pelas veias cavas superior e inferior e o
enchimento cardíaco. O sangue fica acumulado no sistema venoso, com grande aumento da pressão nas
extremidades venosas dos capilares e vênulas.
* Face de cor arroxeada bem escura devido a numerosas petéquias, conhecida como Máscara Equimótica
de Morestin.
* Fratura de costelas, sinais externos de luta ou araste podem ser encontradas nesse e em outros casos.
* Em movimentos de imobilização onde se projeta o peso do corpo sobre o outro, em soterramentos,
dispersão de grandes multidões com pisoteamento ou compressão em locais confinados, esse mecanismo
de sufocação indireta também pode ser encontrado, a depender dos sinais encontrados no exame
necroscópico.

Saiba mais: Medicina Legal e Pericias Médicas: áreas de estudo e atuação profissional

Modificações do meio ambiente:

1. Soterramento (meio pulvurulento)

2. Afogamento (meio líquido)


Fisiopatologia do óbito:

1. Fase de defesa, resistência e exaustão ao afogamento.

2. Fase de surpresa e de dispneia

3. Fase de resistência com a parada movimentos respiratórios


4. Fase de exaustão: inspiração profunda, asfixia com perda da consciência, insensibilidade, convulsões e morte.
3. Confinamento (ambientes fechados, por vez acidental ou aglomerações)

4. Gases inertes: Asfixia produzida pela substituição do ar por um gás inerte não tóxico.
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A conclusão de um laudo em morte por asfixia depende de diversos fatores particulares em análise com
um exame necroscópico detalhado, podendo ser complementado com estudo químico-laboratorial; a
Entendido local dos fatos, depoimento de testemunhas,
complementação da investigação depende da análise
entre outros para identificação do suspeito e outras elucidações do caso.
Referências bibliográficas:

França GV. Medicina Legal, 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p. 01.

Hercules, HC. Medicina Legal – Texto e Atlas. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.

Autor(a):

Luiz Fernando Segura

Graduado em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (FMUMC) ⦁ Médico residente em
Medicina legal e Perícia médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (HCFMUSP) ⦁ Pós-graduado em Medicina legal e Perícia médica pelo Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) ⦁ Pós-graduando em
Medicina do Trabalho no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (HCFMUSP) ⦁ Pós-graduando em Medicina do Tráfego na Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo.

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