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Dr. Nietzsche Curriculista
Dr. Nietzsche Curriculista
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E de alguns outros amigos (Jean Granier, Alfhonso Lingis, Michel Haar).
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De uma forma ou de outra, os diferentes pensadores da diferença herdam alguns de
suas mais importantes questões da filosofia de Friedrich Nietzsche. Grande parte dos
temas acima sintetizados está já presente na obra de Nietzsche: o perspectivismo, a
visão interpretativa da verdade, a crítica do sujeito, o questionamento do pensamento
identitário, a força e o poder como elementos formadores e constitutivos.
A teorização curricular contemporânea é um dos campos que tem sido
decisivamente afetado pelo pós-estruturalismo ou pelo pensamento da diferença. Pode-
se verificar, em particular, uma forte influência das pesquisas de Michel Foucault, em
suas diferentes fases, enquanto, por outro lado, apenas se começa a descobrir a
produtividade das elaborações teóricas de Deleuze ou Derrida.
É nesse contexto que talvez seja interessante perguntar-se o que a teoria do currículo
pode aprender com o mestre que pode ser considerado o precursor das temáticas depois
desenvolvidas pelos pensadores contemporâneos da diferença. Nietzsche nos deixou
algumas importantes lições sobre a verdade e o conhecimento, sobre o sujeito e a
subjetividade, sobre a força e o poder, sobre a moral e os valores. Se é verdade, como
agora sabemos, que a teoria curricular está estreitamente envolvida com essas questões,
não poderia ela tomar algumas úteis e proveitosas lições com o velho e bom professor
Nietzsche? Dr. Nietzsche, curriculista. Escutemos.
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A idéia do que “quer um currículo” é da curriculista Sandra Corazza (no prelo).
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desejáveis e outros como indesejáveis? Uma teoria do currículo não pode evitar a
questão da valoração. Aqui, de novo, haverá uma grande distância entre as “soluções”
tradicionais e as pós-estruturalistas. Enquanto para as abordagens tradicionais, a questão
dos valores e dos critérios se apóia em alguma espécie de fundamento primeiro ou
transcendental, para a perspectiva pós-estruturalista, a questão é saber de quem são os
valores, para quem e para que servem. No primeiro caso busca-se um fundamento
último para os valores; no segundo faz-se, nietzschianamente, uma pergunta
genealógica sobre as forças por trás do processo valorativo.
Estamos agora, preparados, para as lições do Professor Nietzsche. Escutemos, pois,
o que ele tem a nos ensinar sobre essas quatro inescapáveis questões de qualquer teoria
do currículo.
Referências bibliográficas
CORAZZA, Sandra. O que quer um currículo? Pesquisas pós-críticas em educação.
Rio: Vozes, no prelo.
DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia. Porto: Rés, sd.
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FOUCAULT, Michel. “Nietzsche, a genealogia e a história”. Microfísica do poder.
Rio: Graal, 1985. 5ª ed.
GRANIER, Jean. “Perspectivism and interpretation”. In David B. Allison (org.). The
new Nietzsche. Cambridge: The MIT Press, 1985: 190-200.
HAAR, Michel. “Nietzsche and metaphysical language”. In David B. Allison (org.).
The new Nietzsche. Cambridge: The MIT Press, 1985: 5-36.
LINGIS, Alphonso. “The will to power”. In David B. Allison (org.). The new Nietzsche.
Cambridge: The MIT Press, 1985: 37-63.
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Rio: Ediouro, sd. 3ª ed.
NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro. São
Paulo: Cia. das Letras, 1992. 2ª ed.