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GESTAÇÃO MÚLTIPLA
CÓDIGO REVISÃO PÁGINA
PT.CO.023 000 1 de 16
1. OBJETIVO
Este documento tem por objetivo apresentar as condutas frente as pacientes gestantes internadas no
Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro, com diagnóstico de gestação múltipla
(gemelar e trigemelar)
2. CAMPOS DE APLICAÇÃO
Pacientes internadas na Maternidade e/ou Centro Obstétrico do Hospital e Maternidade Municipal Dr.
Odelmo Leão Carneiro.
4. RESPONSABILIDADES
ATIVIDADE RESPONSABILIDADE
Controlar o cumprimento deste procedimento e revisá-lo Centro Obstétrico
Seguir as determinações deste procedimento Equipe Multidisciplinar
Analisar e aprovar esse procedimento Gerência Administrativa, Clínica e de Enfermagem
CONTROLE DE EMISSÃO
ELABORADO POR: APROVADO POR:
Graciele Barbosa Noronha Cristiane Ribeiro Ambrósio
Juliana Samora dos Santos Walid Makin Fahmy
Paula Machado H. Guimarães
5. DETALHAMENTO
5.1. Introdução:
5.2. Objetivos: Desenvolver estratégias para a melhor assistência às demandas desse grupo populacional,
reduzindo riscos de complicações e melhorando desfechos para mãe-bebês.
5.3. Abrangência: Centro Obstétrico e Maternidade do Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão
Carneiro (HMMDOLC).
A corionicidade está relacionada à zigoticidade. Se cada óvulo for fecundado por um único
espermatozóide, estamos nos referindo à uma gestação polizigótica; se um único óvulo for
fecundado e se dividir, ocorre uma gestação monozigótica. Nas gestações polizigóticas, os
indivíduos são geneticamente diferentes, enquanto nas monozigóticas eles são idênticos. O
momento da clivagem do ovo é que determinará o tipo de gestação monozigótica.
Após 14ª semana pode ser determinada pelo nº de massas placentárias ou discordância de sexo
entre os fetos.
Diante da impossibilidade de ser definida, a gestação deve ser considerada monocoriônica. Nível de
evidência: 3
Em resumo no 1º trimestre:
- Dicoriônica: 2 sacos gestacionais separados por córion espesso
- Monocoriônica/Diamniótica: 1 saco gestacional com membrana interamniótica, em geral com 2
vesículas vitelinas
- Monocoriônica/Monoamniótica: 1 saco gestacional sem membrana interamniótica, em geral com
1 vesícula vitelina
• Assistência pré-natal:
- Prescrição de:
✓ Suplementos nutricionais, incluindo ferro, folato, vitamina D e cálcio
✓ Dose profilática de aspirina (81 a 150mg/d): início entre 12 e 28 semanas, idealmente antes
de 16 semanas.
- Intervalo entre as consultas (pode ser reduzido em qualquer época da gravidez, de acordo com a
necessidade):
✓ Abaixo 30 semanas: 3/3 semanas
✓ 30 a 34 semanas: 2/2 semanas
✓ Acima de 34 semanas: semanal
• Vigilância fetal:
- Dicoriônicas:
2º US entre 18 e 22 semanas. A partir de então, repete a cada 4 semanas nas gestações não-
complicadas.
Avaliar: anatomia, biometria, líquido e placentação
- Monocoriônicas:
2º US com 16 semanas. Repete a cada 2 semanas.
Avaliar: anatomia, biometria, líquido, placentação, Doppler (AU e PVS ACM)
• Vias de parto:
Depende: amnionicidade, apresentação do 1º gemelar, idade gestacional e experiência do médico
assistente.
• Manejo pós-parto:
Manejo ativo do 3º período: Ocitocina 10 UI IM (parto vaginal) ou 5 UI EV (parto cesáreo)
imediatamente após o nascimento do 2º gemelar e antes do clampeamento do cordão.
• Complicações:
- Maternas
- Fetais:
o Prematuridade / Baixo peso ao nascimento
o RCF seletiva
o Óbito de um dos fetos
o STFF *
o TAPS*
o TRAP*
o Gestação monoamniótica*
o Gêmeos conjugados / Gemelaridade imperfeita *
o RCF seletiva
Definição: Diferença ≥ 20 % entre o peso dos fetos e/ou Peso de um dos fetos abaixo do Percentil
10 (Nível de evidência 2 ++)
- Nas dicoriônicas: similar ao das gestações únicas (ver protocolo institucional de RCF):
Observação: em geral coexistem outras complicações como: STFF, TAPS, anomalias fetais.
MC DC
Óbito do 2º gemelar 15% 3%
Prematuridade do 2º gemelar 68% 54%
Dano cerebral do 2° gemelar 34% 16%
- Nas monocoriônicas: parto se risco de morte iminente acima de 26 semanas ou conservador com:
Definição: desequilíbrio do fluxo entre anastomoses arteriovenosas das circulações fetais levando a
um desequilíbrio hemodinâmico. Geralmente ocorre entre 16 e 26 semanas.
Doador Receptor
≥ 6cm < 16 semanas
≤ 2 cm ≥ 8 cm 16 a 20 semanas
≥ 10 cm > 20 semanas
Classificação de Quintero:
Estágio I Sequência polidrâmnio - oligohidrâmnio
Estágio II Não identificação da bexiga do gêmeo doador
Alteração do Doppler (diástole zero ou reversa da AU, onda A reversa do DV,
Estágio III
ou fluxo venoso pulsátil da VU)
Estágio IV Hidropsia de um ou ambos os gêmeos
Estágio V Morte de um ou ambos os gêmeos
Taxa de mortalidade se nada for feito em estágios ≥ III abaixo 26 semanas: 70 a 100%.
Tratamento de escolha: ablação a laser das anastomoses via fetoscopia a partir do estágio II (grau
de recomendação A).
Parto: IG 34 a 36 semanas
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina
PROTOCOLO
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o TAPS
Definição: desequilíbrio do fluxo entre anastomoses arteriovenosas de pequeno calibre (< 1 mm)
ocasionando um distúrbio hematológico. Geralmente ocorre a partir de 26 semanas, de forma
espontânea ou consequente ao tratamento da STFF.
Diagnóstico:
Doador Receptor
PVS-ACM > 1,5 MoM < 0,8 MoM
anemia policitemia
Simpson,2013 (Adaptado)
*Comprometimento fetal: AU com diástole zero ou reversa OU VU com fluxo pulsátil OU DV com aumento
de IP ou onda A reversa.
o TRAP
o Gestação monoamniótica:
Apresenta elevada taxa de mortalidade (20%) devido ao entrelaçamento dos cordões umbilicais e
risco aumentado para anomalias cardíacas.
Manejo:
- Admissão hospitalar entre 26-28 semanas para vigilância fetal (CTG 2x/semana por 1 hora)
- Acima de 28 semanas:
- Corticoterapia com 28 semanas.
- Interrupção: Parto cesáreo IG 32 - 34+0.
Observação: Doppler não está indicado de rotina em fetos com crescimento adequado.
9. REFERÊNCIAS
1. American College of Obstetricians and Gynecologists. Multifetal Gestations: Twin, Triplet and Higher-
Order Multifetal Pregnancies. Vol 137, No.6, Jun 2021 ACOG Practice Bulletin 231
2. Febrasgo. Manual de Assistência Pré-Natal; 2014.
3. Fetal growth restriction: Diagnosis. Última revisão: Jun 27, 2018.
4. ISUOG Practice Guidelines: role of ultrasound in twin pregnancy. Ultrasound Obstet Gynecol 2016; 47:
247–263
5. NICE Guideline Twin and Triplet Pregnancy, Sep 2019
6. Royal College of Obstetricians and Gynecologists. Management of Monochorionic Twin Pregnancy, Nov
2016
7. Update on twin-to-twin transfusion syndrome. C. Bamberg, K. Hecher / Best Practice & Research Clinical
Obstetrics and Gynaecology 58 (2019)
8. Up To Date. Twin pregnancy: Overview. Última revisão: Nov 19, 2021.
9. SMFM. Twin-twin transfusion Syndrome. Am J Obstet Gynecol 2013