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Fabiano Montebello1
Helvécio de Jesus Jr2
RESUMO
ABSTRACT
Brazil is one of the largest global black pepper exporters. Its largest production
is concentrated in the northern region of the country, specifically in Pará State. Espírito
Santo State holds the second place in the Brazilian ranking. This paper makes a general
analysis of the product and overviews its international historical context, growth,
production and export, and provides analytical tables with emphasis in absolute
numbers for both the export and import markets of the product, considering the
performance of the past five years.
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1
Graduado em Administração (UCAM). Cursando MBA em Logística e Comércio
Exterior (UVV). Email: fabiano.montebello@gmail.com
2
Professor de Metodologia de Pesquisa. Doutor em História – Ufes; Mestre em
Relações internacionais PUC/RJ. Email: helvecio.junior@uvv.br
1
1. INTRODUÇÃO
O objetivo desse trabalho é analisar a cultura, a produção e a exportação da
pimenta-do-reino Piper Nigrum em grão, in natura, desidratada, através do
levantamento da produção e das exportações do produto nos últimos seis anos, através
de gráficos, revisão de leituras existentes e agrupamentos de dados, e enfatizar a
importante e irreversível participação do Estado do Espírito Santo neste contexto.
Pretende também informar e despretensiosamente auxiliar os atuais e novos atores deste
mercado no seu desenvolvimento e nas exportações do produto no estado do Espírito
Santo.
2
pimenta-do-reino. O Estado do Espírito Santo poderá, com as corretas políticas de
incentivo e fomento à produção deste gênero, com mercados produtores devidamente
organizados, com a utilização das mais modernas técnicas de manejo somadas às
condições ideais de clima e solo bem como com as variáveis geográficas e
características logísticas e portuárias favoráveis do Estado, alavancar o setor e contribuir
para o resultado positivo da balança comercial brasileira no que tange às exportações.
3
A pimenta-do-reino, originária da Índia, era uma das especiarias mais
procuradas. Era utilizada para temperar e conservar as carnes. O açafrão era usado para
o mesmo fim. Canela, cravo-da-índia, noz-moscada e gengibre serviam para dar mais
sabor aos alimentos. Além de temperar os pratos, havia a crença de que as especiarias
tinham propriedades medicinais: a canela era considerada um tônico estomacal, o cravo
era utilizado como antisséptico bucal e a noz-moscada para casos de digestão lenta,
reumatismo e gota.
Todas essas características conferiam às especiarias um valor inestimável. Tanto
que muitos comerciantes enriqueceram devido à venda de especiarias. Para se ter uma
ideia, o valor da pimenta era tão alto que alguns estudos apontam que 60 kg do tempero
chegaram a valer 52 gramas de ouro. Algumas fontes também informam que o
navegador português Vasco da Gama obteve um lucro de 6.000% com o comércio de
especiarias, em sua primeira viagem à Índia. O Mosteiro de Jerônimos, em Lisboa, foi
construído com dinheiro vindo do comércio das especiarias que Vasco da Gama trouxe
das Índias – o conjunto arquitetônico em estilo gótico, rico em detalhes, demonstrava a
riqueza de Portugal na época. Hoje pertence ao Patrimônio Mundial da Organização das
Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). Quem tinha acesso às
especiarias eram geralmente os nobres ou então comerciantes muito ricos. Eram
utilizadas, acima de tudo, para ostentar essa privilegiada posição social”.
Vindas do Oriente e consideradas artigos de luxo, pequenas caixas de especiarias
eram oferecidas pelo soberano de uma nação como homenagem. Especiarias também
pagavam serviços, impostos, dívidas, acordos obrigações religiosas, ou seja,
funcionavam como moedas de troca, como dotes, heranças, reservas de capital,
compondo os ativos de um reino (ROSA NEPOMUCENO, 2005).
As características físico-químicas de resistência e durabilidade - o que hoje se
denomina validade - colaboraram ainda mais para se facilitar o comércio das
especiarias: mofos e pragas não eram comuns e não degradavam estes produtos, que
suportavam bem as longas travessias por mar ou por terra. Organizações como as
Companhias das Índias Ocidentais e Orientais surgiram neste contexto. A oportunidade
comercial tornou-as capazes de levantar capital (recursos de investidores cotistas)
necessário às expedições para buscar as especiarias tanto no sul da Ásia, do atual
Paquistão à Indonésia, quanto no continente americano. Segundo ANA ROSA R.
SANTOS, acredita-se que o comércio das especiarias deu origem ao mercado de ações e
de futuros, pois muitas vezes comprava-se a carga do navio que ainda ia partir em
4
expedição – ou seja, comprava-se um produto que ainda não existia, o que se pratica
atualmente nas bolsas de mercados futuros.
Expedições marítimas e terrestres necessariamente implicavam em altos custos e
na precificação das especiarias, elevando seu valor. A figura dos atravessadores também
colaborava para manter o preço elevado. Era necessário, portanto, uma alternativa
econômica para mitigar esta questão. Portanto, países como Portugal e Espanha
passaram a buscar rotas alternativas para chegarem às fontes das mercadorias, reduzindo
despesas, cortando custos e maximizando resultados, potencializando e aumentando o
lucro. É fato que as especiarias não eram o único produto comercializado na era das
grandes navegações: marfim, seda, perfumes, tapetes eram objetos de desejo de
consumidores e alvo dos navegadores.
A Era dos descobrimentos se inciara então com esta busca por novas rotas
marítimas, que fossem livres de domínio ou da ameaça e presença de piratas. “O
processo de efetiva ocupação da América pelos Europeus a partir do Século XVI foi
ocasionado, inicialmente, pela necessidade desses povos em traçar novas rotas para
tornar mais acessível o comércio de especiarias” (RODRIGUES E DA SILVA, 2010).
Várias nações se lançaram ao mar, em busca de novas rotas para consolidar o
comércio de especiarias. Portugal e Espanha, seguidos por Inglaterra e Holanda eram os
principais atores da época, com total destaque e vantagem para os dois primeiros países,
que detinham mais tecnologia e conhecimentos de navegação. Sua presença cultural e
econômica ao longo da costa Africana e da Ásia, assim como a chegada às Américas é o
legado desta era. A importância histórica do comércio de especiarias e das navegações é
imensa, pois havia um intercâmbio natural de história, de cultura e costumes destes
diversos povos com os quais se estabelecia contato. Esta diversidade econômica,
cultural e social mudou a alimentação, o comércio e inclusive o mapa mundi.
2. DEFINIÇÃO:
A pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) é uma planta trepadeira, originada da
Ásia, na região da Índia. É a mais importante especiaria comercializada mundialmente e
é usada em larga escala como condimento, e também em indústrias de carnes e
conservas (CONAB, 2015).
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Segundo a ANVISA, Pimenta-do-reino - é o fruto da Piper nigrum, L, colhido
antes da maturação e dessecado (pimenta preta) ou fruto maduro, desprovido do
pericarpo (pimenta branca). O produto é designado "pimenta-do-reino-preta"ou
"pimenta-do-reino-branca" e, quando moída, "pimenta-do-reino-moída".
3. CARACTERÍSTICAS GERAIS
A pimenta-do-reino deve provir de frutos maduros ou próximos da maturação,
sãos, limpos e dessecados. Os frutos têm forma globular, medindo de 4 a 7 mm de
diâmetro com superfície rugosa.
4. CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉTICAS
Aspecto: grão globular de superfície rugosa (pimenta preta) ou grão globular de
superfície lisa (pimenta branca) ou pó heterogêneo, grosso ou fino.
Cor em grão: preta ou branco-acinzentada, de acordo com o estado de maturidade e
tratamento;
Cor em pó: cinza-escuro, mesclado de partículas acinzentadas (pimenta preta) ou
acinzentada (pimenta branca).
Cheiro: pungente.
Sabor: picante.
5. INTRODUÇÃO NO BRASIL:
A sua introdução no Brasil se originou no século XVII no Estado da Bahia
primeiramente, e sendo levada em seguida para os Estados da Paraíba, Maranhão e Pará.
A exploração econômica, no Brasil, só veio ocorrer de fato a partir de 1933, quando
imigrantes japoneses, que se destinavam ao Pará, trouxeram algumas mudas da
variedade Cingapura (Kuching) e as plantaram em Tomé-açu (PA). Apesar de produzir
pimenta-do-reino, o Brasil importava parte do que produzia e só na década de 1950
tornou-se autossuficiente (DESER, 2008). As poucas mudas introduzidas foram sendo
multiplicadas e, a partir de 1955, com o uso de adubações pesadas, tutores mortos e
outras tecnologias, a cultura proporcionou um incremento rápido na produção brasileira.
Na década de 1980 o Brasil chegou a atingir o nível de maior produtor mundial. Porém,
com a queda do valor da pimenta-do-reino na década de 90 e problemas com doenças
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como a fusariose fizeram com que caísse de posição. E só no final da década de 90, em
1999 veio a crescer novamente, coincidindo com uma nova subida de preços. No
entanto, continua sendo um dos maiores produtores de pimenta-do-reino (CONAB,
2015).
O Pará representa mais de 80% da área plantada no País, sendo o maior produtor
nacional, seguido do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro,
mas a média de produtividade é inferior a 2,5 quilos de pimenta preta por planta. No
entanto, já existem tecnologias disponíveis que permitem obter uma produção superior a
3,5 quilos de pimenta preta por planta e aumentam a longevidade de cultivo (DESER,
2008).
6. PRODUÇÃO MUNDIAL
Os maiores produtores de pimenta-do-reino em escala mundial são, a Índia,
oscilando entre a segunda posição Brasil e Indonésia.
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A Nomenclatura Comum do Mercosul, utilizada para identificar a natureza da
mercadoria pimenta-do-reino segue:
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2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg
Descrição
Líquido Líquido Líquido Líquido Líquido Líquido Líquido
JAN 2.248.028 2.543.957 2.408.432 3.492.071 4.333.012 4.303.089 3.373.029
FEV 2.791.492 1.679.013 2.294.000 3.106.579 2.439.608 3.943.150 3.930.070
MAR 2.862.597 2.016.148 2.332.786 2.531.680 1.925.126 3.720.732 4.601.502
ABR 2.336.500 1.433.704 2.537.100 1.662.240 2.756.091 1.745.506 3.204.194
MAI 1.600.740 1.705.419 2.659.024 1.011.516 1.434.951 1.136.202 3.234.013
JUN 1.532.002 1.461.933 1.839.198 1.016.303 1.362.200 1.062.997 2.449.016
JUL 745.286 2.265.796 1.980.060 1.544.485 1.511.730 473.358 -
AGO 1.960.374 2.623.942 1.508.876 1.901.526 1.946.502 740.129 -
SET 4.551.436 2.790.004 2.946.170 3.230.409 3.361.220 2.435.414 -
OUT 4.706.079 3.893.493 4.226.089 4.936.975 5.682.642 3.939.880 -
NOV 3.412.923 3.491.811 3.328.575 4.785.317 5.759.770 3.509.813 -
DEZ 3.898.958 3.182.031 2.514.655 4.952.960 5.386.205 3.871.382 -
Fonte MDIC
Entre os anos de 2011 a 2015, observa-se que São Paulo e Mato Grosso do Sul
diminuíram drasticamente a exportação de pimenta-do-reino e o estado de Pernambuco
começa a exportar em 2015.
Tabela 3- Principais estados que mais exportam pimenta-do-reino (em dólares americanos):
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do Sul
Paraná 934 1.529 760 1.584 282 581
Minas Gerais 1.824 37.192 45.497 59 189 0
Goiás 0 9.603 0 640 122 0
Pernambuco 0 0 0 0 51 0
Rio de Janeiro 0 1.937 0 0 0 0
Fonte MDIC
Maranhão 0 0 0 0 15.000 0
Rio Grande
6.000 8.002 11.000 6.000 5.000 0
do Sul
Mato
Grosso do 10.050 16.904 6.750 12.100 1.500 6
Sul
Paraná 194 137 85 143 258 60
Minas
106 3.047 20.074 5 12 0
Gerais
Goiás 0 595 0 48 120 0
Pernambuco 0 0 0 0 4 0
Rio de
0 120 0 0 0 0
Janeiro
Fonte MDIC
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importação do produto. E o Distrito Federal, a partir de 2012, não importou mais a
pimenta-do-reino.
Países dos quais o Brasil mais importa: Itália, Espanha, África, Vietnam,
Indonésia, México, Índia, Honduras, China e França.
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Tabela 7- Estados que mais importam pimenta-do-reino, em dólares americanos.
Distrito
760 0 0 0 0 0
Federal
Distrito Federal 6 0 0 0 0 0
12
Bahia 0 0 765 0 17 95
Fonte MIDC.
Fonte. MDIC.
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8. A PIMENTA-DO-REINO NO ESPÍRITO SANTO:
O estado do Espirito Santo é o segundo maior produtor e exportador nacional de
pimenta-do-reino, com uma média de 6,7 mil toneladas produzidas. Concentrando o seu
plantio na região norte do estado, com destaques nas cidades de São Mateus e Jaguaré,
equivalente a 75% da área cultivada e da produção (CONAB,2015).
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ANO ÁREA (hectares) PRODUCAO (toneladas)
2010 2.322 7.478
2011 2.340 6.589
2012 2.381 6.670
2013 2.383 6.728
2014 2.565 7.290
2015 3998 13863
Fonte: IBGE.
9. A ACEPE
Com o objetivo de estabelecer a representatividade do setor de especiarias e
contribuir para a regulamentação do setor, impulsionando as soluções de entraves que
ainda atingem os empresários locais, além de fomentar a melhoria no padrão de
qualidade das especiarias capixabas ofertadas ao mercado internacional, foi fundada a
Associação Capixaba dos Exportadores de Pimentas e Especiarias, a ACEPE. Seu atual
presidente, Sr. Rolando Martin, entrevistado pelo autor, gentilmente colaborou com este
trabalho respondendo à algumas questões sobre o cenário atual e a posição do Estado do
Espírito Santo no setor. A transcrição da entrevista, na íntegra, segue abaixo:
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Estabeleceria um programa de EDUCAÇÃO do produtor rural, (através
do INCAPER e IDAF), para produzir uma pimenta dentro dos padrões exigidos
pelos mercados consumidores, e em especial a C.E.E., já que esse é nosso
melhor mercado;
Construiria um laboratório para análise de resíduos químicos no centro
da produção de pimenta-do-reino, no norte no ES, para fazer a análise de 600
moléculas. Com isso poderíamos monitorar qual o produtor que esta aplicando
pesticida irregularmente e pesticidas proibidos pelos mercados consumidores.
Proibiria a produção e compra de secadores com fogo direto, pois este
tipo de secagem gera uma pimenta com resíduo antraquinona, restringindo as
exportações da pimenta para a C.E.E.
Certificaria internacionalmente os produtores rurais que queiram produzir
um produto de qualidade.
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4. Na sua opinião, o que se pode esperar do Brasil perante o
mercado global nos próximos 10 – 20 anos? Onde se pretende e se
consegue chegar?
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importam e os estados brasileiros que exportam. Focamos na ênfase ao estado do
Espirito Santo, que investe mais a cada dia mais nesta atividade agrícola fomentando o
mercado produtor da commodity.
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12. SITES ELETRÔNICOS
http://www.ceplac.gov.br/radar/pimentadoreino.html
http://www.incaper.es.gov.br/
Anvisa - http://www.portal.anvisa.gov.br
http://www.revistacampoenegocios.com.br/pimenta-do-reino-alta-rentabilidade-atrai-
produtores-para-a-atividade/
http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_08_26_16_06_06_conjuntura_de_pi
menta-do-reino_2015_.pdf
http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?lang=&sigla=es
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