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Diretrizes Curriculares

Nacionais para o Ensino


Fundamental

Marisa Henrique Araújo


marisahenriquearaujo@gmail.com
012.023.854-35

Com Guilherme Augusto


Art. 1º A presente Resolução fixa as Diretrizes independentemente da grande diversidade da
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamen- população escolar e das demandas sociais.
tal de 9 (nove) anos a serem observadas na or- Art. 5º O direito à educação, entendido como
ganização curricular dos sistemas de ensino e de um direito inalienável do ser humano, constitui o
suas unidades escolares. fundamento maior destas Diretrizes. A educação,
ao proporcionar o desenvolvimento do potencial
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para humano, permite o exercício dos direitos civis,
o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articu- políticos, sociais e do direito à diferença, sendo
lam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais ela mesma também um direito social, e possibilita
Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/ a formação cidadã e o usufruto dos bens sociais
CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e culturais.
e reúnem princípios, fundamentos e procedimen-
tos definidos pelo Conselho Nacional de Educa- § 1º O Ensino Fundamental deve comprometer-
ção, para orientar as políticas públicas educacio- -se com uma educação com qualidade social,
nais e a elaboração, implementação e avaliação igualmente entendida como direito humano.
das orientações curriculares nacionais, das pro-
postas curriculares dos Estados, do Distrito Fe- (*) Resolução CNE/CEB 7/2010. Diário Oficial da
deral, dos Municípios, e dos projetos político-pe- União, Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção
dagógicos das escolas. 1, p. 34.

Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares § 2º A educação de qualidade, como um direito


Nacionais aplicam-se a todas as modalidades fundamental,
Marisa Henrique Araújo é, antes de tudo, relevante, perti-
do Ensino Fundamental previstas na Lei de Di- nente e equitativa.
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retrizes e Bases da Educação Nacional,012.023.854-35
bem
I – A relevância reporta-se à promoção de
como à Educação do Campo, à Educação Es-
aprendizagens significativas do ponto de
colar Indígena e à Educação Escolar Quilom-
vista das exigências sociais e de desenvolvi-
bola.
mento pessoal.
II – A pertinência refere-se à possibilidade de
FUNDAMENTOS atender às necessidades e às características
dos estudantes de diversos contextos sociais
Art. 3º O Ensino Fundamental se traduz como e culturais e com diferentes capacidades e
um direito público subjetivo de cada um e como interesses.
dever do Estado e da família na sua oferta a to- III – A equidade alude à importância de tratar
dos. de forma diferenciada o que se apresen-
ta como desigual no ponto de partida, com
Art. 4º É dever do Estado garantir a oferta do vistas a obter desenvolvimento e aprendiza-
Ensino Fundamental público, gratuito e de quali- gens equiparáveis, assegurando a todos a
dade, sem requisito de seleção. igualdade de direito à educação.

Parágrafo único. As escolas que ministram § 3º Na perspectiva de contribuir para a erradi-


esse ensino deverão trabalhar considerando cação da pobreza e das desigualdades, aequi-
essa etapa da educação como aquela capaz dade requer que sejam oferecidos mais recur-
de assegurar a cada um e a todos o acesso sos e melhores condições às escolas menos
ao conhecimento e aos elementos da cultura providas e aos alunos que deles mais neces-
imprescindíveis para o seu desenvolvimento sitem. Ao lado das políticas universais, dirigi-
pessoal e para a vida em sociedade, assim das a todos sem requisito de seleção, é preci-
como os benefícios de uma formação comum, so também sustentar políticas reparadoras que
assegurem maior apoio aos diferentes grupos quecimento das formas de expressão e do
sociais em desvantagem. exercício da criatividade; da valorização das
diferentes manifestações culturais, especial-
§ 4º A educação escolar, comprometida com a mente a da cultura brasileira; da construção
igualdade do acesso de todos ao conhecimen- de identidades plurais e solidárias.
to e especialmente empenhada em garantir
esse acesso aos grupos da população em des- Art. 7º De acordo com esses princípios, e em
vantagem na sociedade, será uma educação conformidade com o art. 22 e o art. 32 da Lei nº
com qualidade social e contribuirá para dirimir 9.394/96 (LDB), as propostas curriculares do En-
as desigualdades historicamente produzidas, sino Fundamental visarão desenvolver o educan-
assegurando, assim, o ingresso, a permanên- do, assegurar-lhe a formação comum indispensá-
cia e o sucesso na escola, com a consequente vel para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
redução da evasão, da retenção e das distor- os meios para progredir no trabalho e em estudos
ções de idade/ano/série (Parecer CNE/CEB nº posteriores, mediante os objetivos previstos para
7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010, que esta etapa da escolarização, a saber:
define as Diretrizes Curriculares Nacionais Ge-
rais para a Educação Básica). I – o desenvolvimento da capacidade de apren-
der, tendo como meios básicos o pleno domí-
nio da leitura, da escrita e do cálculo;
PRINCÍPIOS II – a compreensão do ambiente natural e so-
cial, do sistema político, das artes, da tecno-
Art. 6º Os sistemas de ensino e as escolas ado- logia e dos valores em que se fundamenta a
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tarão, como norteadores das políticas educativas sociedade;
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e das ações pedagógicas, os seguintes princí- 012.023.854-35
pios: III – a aquisição de conhecimentos e habilida-
des, e a formação de atitudes e valores como
I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e instrumentos para uma visão crítica do mun-
autonomia; de respeito à dignidade da pes- do;
soa humana e de compromisso com a pro- IV – o fortalecimento dos vínculos de família,
moção do bem de todos, contribuindo para dos laços de solidariedade humana e de to-
combater e eliminar quaisquer manifesta- lerância recíproca em que se assenta a vida
ções de preconceito de origem, raça, sexo, social.
cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
criminação.
II – Políticos: de reconhecimento dos direitos MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL
e deveres de cidadania, de respeito ao bem DE 9 (NOVE) ANOS E CARGA HORÁRIA
comum e à preservação do regime democrá-
tico e dos recursos ambientais; da busca da Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de
equidade no acesso à educação, à saúde, ao 9 (nove) anos, abrange a população na faixa etá-
trabalho, aos bens culturais e outros bene- ria dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade
fícios; da exigência de diversidade de trata- e se estende, também, a todos os que, na idade
mento para assegurar a igualdade de direitos própria, não tiveram condições de frequentá-lo.
entre os alunos que apresentam diferentes
necessidades; da redução da pobreza e das § 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fun-
desigualdades sociais e regionais. damental de crianças com 6 (seis) anos com-
pletos ou a completar até o dia 31 de março do
III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade jun-
ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da
tamente com o da racionalidade; do enri-
Lei e das normas nacionais vigentes.
§ 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos BASE NACIONAL COMUM E PARTE
após essa data deverão ser matriculadas na DIVERSIFICADA: COMPLEMENTARIDADE
Educação Infantil (Pré-Escola).
§ 3º A carga horária mínima anual do Ensino Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem
Fundamental regular será de 800 (oitocentas) uma base nacional comum, complementada em
horas relógio, distribuídas em, pelo menos, 200 cada sistema de ensino e em cada estabeleci-
(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar. mento escolar por uma parte diversificada.

Art. 11 A base nacional comum e a parte diversi-


ficada do currículo do Ensino Fundamental cons-
CURRÍCULO tituem um todo integrado e não podem ser consi-
Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é deradas como dois blocos distintos.
entendido, nesta Resolução, como constituído
pelas experiências escolares que se desdobram § 1º A articulação entre a base nacional comum
em torno do conhecimento, permeadas pelas e a parte diversificada do currículo do Ensino
relações sociais, buscando articular vivências e Fundamental possibilita a sintonia dos inte-
saberes dos alunos com os conhecimentos histo- resses mais amplos de formação básica do ci-
ricamente acumulados e contribuindo para cons- dadão com a realidade local, asnecessidades
truir as identidades dos estudantes. dos alunos, as características regionais da so-
ciedade, da cultura e da economia e perpassa
§ 1º O foco nas experiências escolares significa todo o currículo.
que as orientações e as propostas curriculares
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§ 2º Voltados à divulgação de valores funda-
que provêm das diversas instâncias só terão
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mentais ao interesse social e à preservação
concretude por meio das ações educativas que
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da ordem democrática, os conhecimentos que
envolvem os alunos. fazem parte da base nacional comum a que to-
§ 2º As experiências escolares abrangem to- dos devem ter acesso, independentemente da
dos os aspectos do ambiente escolar:, aque- região e do lugar em que vivem, asseguram a
les que compõem a parte explícita do currículo, característica unitária das orientações curricu-
bem como os que também contribuem, de for- lares nacionais, das propostas curriculares dos
ma implícita, para a aquisição de conhecimen- Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e
tos socialmente relevantes. Valores, atitudes, dos projetos político-pedagógicos das escolas.
sensibilidade e orientações de conduta são § 3º Os conteúdos curriculares que compõem a
veiculados não só pelos conhecimentos, mas parte diversificada do currículo serão definidos
por meio de rotinas, rituais, normas de convívio pelos sistemas de ensino e pelas escolas, de
social, festividades, pela distribuição do tem- modo a complementar e enriquecer o currículo,
po e organização do espaço educativo, pelos assegurando a contextualização dos conheci-
materiais utilizados na aprendizagem e pelo mentos escolares em face das diferentes rea-
recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas lidades.
pela escola.
Art. 12 Os conteúdos que compõem a base na-
§ 3º Os conhecimentos escolares são aque- cional comum e a parte diversificada têm origem
les que as diferentes instâncias que produzem nas disciplinas científicas, no desenvolvimento
orientações sobre o currículo, as escolas e os das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura
professores selecionam e transformam a fim e na tecnologia, na produção artística, nas ativi-
de que possam ser ensinados e aprendidos, dades desportivas e corporais, na área da saúde
ao mesmo tempo em que servem de elemen- e ainda incorporam saberes como os que advêm
tos para a formação ética, estética e política do das formas diversas de exercício da cidadania,
aluno. dos movimentos sociais, da cultura escolar, da
experiência docente, do cotidiano e dos alunos. bém às comunidades indígenas a utilização de
suas línguas maternas e processos próprios
Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 de aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da
são constituídos por componentes curriculares Constituição Federal.
que, por sua vez, se articulam com as áreas de
conhecimento, a saber: Linguagens, Matemática, § 2º O ensino de História do Brasil levará em
Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As conta as contribuições das diferentes culturas
áreas de conhecimento favorecem a comunica- e etnias para a formação do povo brasileiro, es-
ção entre diferentes conhecimentos sistematiza- pecialmente das matrizes indígena, africana e
dos e entre estes e outros saberes, mas permitem européia (art. 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96).
que os referenciais próprios de cada componente § 3º A história e as culturas indígena e afro-
curricular sejam preservados. -brasileira, presentes, obrigatoriamente, nos
Nconteúdos desenvolvidos no âmbito de todo
Art. 14 O currículo da base nacional comum do o currículo escolar e, em especial, no ensino
Ensino Fundamental deve abranger, obrigatoria- de Arte, Literatura e História do Brasil, assim
mente, conforme o art. 26 da Lei nº 9.394/96, o como a História da África, deverão assegurar
estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o o conhecimento e o reconhecimento desses
conhecimento do mundo físico e natural e da rea- povos para a constituição da nação (conforme
lidade social e política, especialmente a do Brasil, art. 26-A da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei
bem como o ensino da Arte, a Educação Física e nº 11.645/2008). Sua inclusão possibilita am-
o Ensino Religioso. pliar o leque de referências culturais de toda a
Marisa Henriquepopulação
Araújo escolar e contribui para a mudança
Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios das suas concepções de mundo, transforman-
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do Ensino Fundamental serão assim organizados do os conhecimentos comuns veiculados pelo
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em relação às áreas de conhecimento: currículo e contribuindo para a construção de
identidades mais plurais e solidárias.
I – Linguagens:
§ 4º A Música constitui conteúdo obrigatório,
a) Língua Portuguesa; mas não exclusivo, do componente curricular
b) Língua Materna, para populações indíge- Arte, o qual compreende também as artes visu-
nas; ais, o teatro e a dança, conforme o § 6º do art.
26 da Lei nº 9.394/96.
c) Língua Estrangeira moderna;
§ 5º A Educação Física, componente obrigató-
d) Arte; e rio do currículo do Ensino Fundamental, inte-
gra a proposta político-pedagógica da escola e
e) Educação Física;
será facultativa ao aluno apenas nas circuns-
II – Matemática; tâncias previstas no § 3º do art. 26 da Lei nº
9.394/96.
III – Ciências da Natureza;
§ 6º O Ensino Religioso, de matrícula faculta-
IV – Ciências Humanas: tiva ao aluno, é parte integrante da formação
a) História; básica do cidadão e constitui componente cur-
ricular dos horários normais das escolas públi-
b) Geografia; cas de Ensino Fundamental, assegurado o res-
peito à diversidade cultural e religiosa do Brasil
V – Ensino Religioso.
e vedadas quaisquer formas de proselitismo,
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser minis- conforme o art. 33 da Lei nº 9.394/96.
trado em língua portuguesa, assegurada tam-
Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas
de conhecimento devem articular em seus con- PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
teúdos, a partir das possibilidades abertas pelos
seus referenciais, a abordagem de temas abran- Art. 18 O currículo do Ensino Fundamental com
gentes e contemporâneos que afetam a vida 9 (nove) anos de duração exige a estruturação
humana em escala global, regional e local, bem de um projeto educativo coerente, articulado e
como na esfera individual. Temas como saúde, integrado, de acordo com os modos de ser e de
sexualidade e gênero, vida familiar e social, as- se desenvolver das crianças e adolescentes nos
sim como os direitos das crianças e adolescen- diferentes contextos sociais.
tes, de acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do Art. 19 Ciclos, séries e outras formas de orga-
meio ambiente, nos termos da política nacional nização a que se refere a Lei nº 9.394/96 serão
de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educa- compreendidos como tempos e espaços interde-
ção para o consumo, educação fiscal, trabalho, pendentes e articulados entre si, ao longo dos 9
ciência e tecnologia, e diversidade cultural de- (nove) anos de duração do Ensino Fundamental.
vem permear o desenvolvimento dos conteúdos
da base nacional comum e da parte diversificada
do currículo. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
COMO GARANTIA DO DIREITO
§ 1º Outras leis específicas que complemen- À EDUCAÇÃO
tam a Lei nº 9.394/96 determinam que sejam
ainda incluídos temas relativos à condição e Art. 20 As escolas deverão formular o projeto
aos direitos dos idosos (Lei nº 10.741/2003) e político-pedagógico
Marisa Henrique Araújo e elaborar o regimento esco-
lar de acordo com a proposta do Ensino Funda-
à educação para o trânsito (Leimarisahenriquearaujo@gmail.com
nº 9.503/97).
mental de 9 (nove) anos, por meio de processos
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§ 2º A transversalidade constitui uma das ma- participativos relacionados à gestão democrática.
neiras de trabalhar os componentes curricu-
lares, as áreas de conhecimento e os temas § 1º O projeto político-pedagógico da escola
sociais em uma perspectiva integrada, confor- traduz a proposta educativa construída pela
me a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais comunidade escolar no exercício de sua auto-
para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº nomia, com base nas características dos alu-
7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010). nos, nos profissionais e recursos disponíveis,
§ 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de tendo como referência as orientações curricu-
ensino compete a produção e a disseminação lares nacionais e dos respectivos sistemas de
de materiais subsidiários ao trabalho docente, ensino.
que contribuam para a eliminação de discrimi- § 2º Será assegurada ampla participação dos
nações, racismo, sexismo, homofobia e outros profissionais da escola, da família, dos alunos
preconceitos e que conduzam à adoção de e da comunidade local na definição das orien-
comportamentos responsáveis e solidários em tações imprimidas aos processos educativos
relação aos outros e ao meio ambiente. e nas formas de implementá-las, tendo como
Art. 17 Na parte diversificada do currículo do En- apoio um processo contínuo de avaliação das
sino Fundamental será incluído, obrigatoriamen- ações, a fim de garantir a distribuição social do
te, a partir do 6º ano, o ensino de, pelo menos, conhecimento e contribuir para a construção
uma Língua Estrangeira moderna, cuja escolha de uma sociedade democrática e igualitária.
ficará a cargo da comunidade escolar. § 3º O regimento escolar deve assegurar as
condições institucionais adequadas para a exe-
Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras cução do projeto político-pedagógico e a oferta
modernas, a língua espanhola poderá ser a op- de uma educação inclusiva e com qualidade
ção, nos termos da Lei nº 11.161/2005.
social, igualmente garantida a ampla participa- o desenvolvimento do aluno em todas as suas
ção da comunidade escolar na sua elaboração. dimensões.
§ 4º O projeto político-pedagógico e o regimen- RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS,
to escolar, em conformidade com a legislação INTEGRAÇÃO E ABORDAGENS
e as normas vigentes, conferirão espaço e tem-
po para que os profissionais da escola e, em Art. 24 A necessária integração dos conheci-
especial, os professores, possam participar de mentos escolares no currículo favorece a sua
reuniões de trabalho coletivo, planejar e exe- contextualização e aproxima o processo educa-
cutar as ações educativas de modo articulado, tivo das experiências dos alunos.
avaliar os trabalhos dos alunos, tomar parte em
ações de formação continuada e estabelecer § 1º A oportunidade de conhecer e analisar
contatos com a comunidade. experiências assentadas em diversas concep-
§ 5º Na implementação de seu projeto político- ções de currículo integrado e interdisciplinar
-pedagógico, as escolas se articularão com as oferecerá aos docentes subsídios para desen-
instituições formadoras com vistas a assegurar volver propostas pedagógicas que avancem na
a formação continuada de seus profissionais. direção de um trabalho colaborativo, capaz de
superar a fragmentação dos componentes cur-
Art. 21 No projeto político-pedagógico do En- riculares.
sino Fundamental e no regimento escolar, o
aluno, centro do planejamento curricular, será § 2º Constituem exemplos de possibilidades
considerado como sujeito que atribui sentidos de integração do currículo, entre outros, as
propostas
Marisa Henrique
à natureza e à sociedade nas práticas sociais Araújo curriculares ordenadas em torno de
grandes eixos articuladores, projetos interdis-
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que vivencia, produzindo cultura e construindo
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ciplinares com base em temas geradores for-
sua identidade pessoal e social.
mulados a partir de questões da comunidade
Parágrafo único. Como sujeito de direitos, o e articulados aos componentes curriculares e
aluno tomará parte ativa na discussão e na às áreas de conhecimento, currículos em rede,
implementação das normas que regem as for- propostas ordenadas em torno de conceitos-
mas de relacionamento na escola, fornecerá -chave ou conceitos nucleares que permitam
indicações relevantes a respeito do que deve trabalhar as questões cognitivas e as questões
ser trabalhado no currículo e será incentivado a culturais numa perspectiva transversal, e proje-
participar das organizações estudantis. tos de trabalho com diversas acepções.
Art. 22 O trabalho educativo no Ensino Funda- § 3º Os projetos propostos pela escola, comu-
mental deve empenhar-se na promoção de uma nidade, redes e sistemas de ensino serão arti-
cultura escolar acolhedora e respeitosa, que re- culados ao desenvolvimento dos componentes
conheça e valorize as experiências dos alunos curriculares e às áreas de conhecimento, ob-
atendendo as suas diferenças e necessidades servadas as disposições contidas nas Diretri-
específicas, de modo a contribuir para efetivar a zes Curriculares Nacionais Gerais para a Edu-
inclusão escolar e o direito de todos à educação. cação Básica (Resolução CNE/CEB nº 4/2010,
art. 17) e nos termos do Parecer que dá base à
Art. 23 Na implementação do projeto político-pe- presente Resolução.
dagógico, o cuidar e o educar, indissociáveis fun-
ções da escola, resultarão em ações integradas Art. 25 Os professores levarão em conta a di-
que buscam articular-se, pedagogicamente, no versidade sociocultural da população escolar, as
interior da própria instituição, e também externa- desigualdades de acesso ao consumo de bens
mente, com os serviços de apoio aos sistemas culturais e a multiplicidade de interesses e neces-
educacionais e com as políticas de outras áreas, sidades apresentadas pelos alunos no desenvol-
para assegurar a aprendizagem, o bem-estar e vimento de metodologias e estratégias variadas
que melhor respondam às diferenças de aprendi- aprendizagens significativas, lançando mão de
zagem entre os estudantes e às suas demandas. todos os recursos disponíveis e criando renova-
das oportunidades para evitar que a trajetória es-
Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas as- colar discente seja retardada ou indevidamente
segurarão adequadas condições de trabalho aos interrompida.
seus profissionais e o provimento de outros insu-
mos, de acordo com os padrões mínimos de qua- § 1º Devem, portanto, adotar as providências
lidade referidos no inciso IX do art. 4º da Lei nº necessárias para que a operacionalização do
9.394/96 e em normas específicas estabelecidas princípio da continuidade não seja traduzida
pelo Conselho Nacional de Educação, com vistas como “promoção automática” de alunos de um
à criação de um ambiente propício à aprendiza- ano, série ou ciclo para o seguinte, e para que
gem, com base: o combate à repetência não se transforme em
descompromisso com o ensino e a aprendiza-
I – no trabalho compartilhado e no compromis- gem.
so individual e coletivo dos professores e de-
mais profissionais da escola com a aprendi- § 2º A organização do trabalho pedagógico in-
zagem dos alunos; cluirá a mobilidade e a flexibilização dos tem-
pos e espaços escolares, a diversidade nos
II – no atendimento às necessidades específi- agrupamentos de alunos, as diversas lingua-
cas de aprendizagem de cada um mediante gens artísticas, a diversidade de materiais, os
abordagens apropriadas; variados suportes literários, as atividades que
mobilizem o raciocínio, as atitudes investigati-
III – na utilização dos recursos disponíveis na
vas,
Marisa Henrique as abordagens complementares e as ativi-
Araújo
escola e nos espaços sociais e culturais do
dades de reforço, a articulação entre a escola
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entorno; 012.023.854-35
e a comunidade, e o acesso aos espaços de
IV – na contextualização dos conteúdos, asse- expressão cultural.
gurando que a aprendizagem seja relevante
Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias
e socialmente significativa;
e conteúdos das mídias como recurso aliado ao
V – no cultivo do diálogo e de relações de par- desenvolvimento do currículo contribui para o im-
ceria com as famílias. portante papel que tem a escola como ambiente
de inclusão digital e de utilização crítica das tec-
Parágrafo único. Como protagonistas das nologias da informação e comunicação, reque-
ações pedagógicas, caberá aos docentes equi- rendo o aporte dos sistemas de ensino no que se
librar a ênfase no reconhecimento e valorização refere à:
da experiência do aluno e da cultura local que
contribui para construir identidades afirmativas, I – provisão de recursos midiáticos atualizados
e a necessidade de lhes fornecer instrumentos e em número suficiente para o atendimento
mais complexos de análise da realidade que aos alunos;
possibilitem o acesso a níveis universais de
explicação dos fenômenos, propiciando-lhes II – adequada formação do professor e demais
os meios para transitar entre a sua e outras profissionais da escola.
realidades e culturas e participar de diferentes ARTICULAÇÕES E CONTINUIDADE
esferas da vida social, econômica e política. DA TRAJETÓRIA ESCOLAR
Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os
professores, com o apoio das famílias e da co- Art. 29 A necessidade de assegurar aos alunos
munidade, envidarão esforços para assegurar o um percurso contínuo de aprendizagens torna
progresso contínuo dos alunos no que se refere imperativa a articulação de todas as etapas da
ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de educação, especialmente do Ensino Fundamen-
tal com a Educação Infantil, dos anos iniciais e siderar os três anos iniciais do Ensino Funda-
dos anos finais no interior do Ensino Fundamen- mental como um bloco pedagógico ou um ciclo
tal, bem como do Ensino Fundamental com o En- sequencial não passível de interrupção, voltado
sino Médio, garantindo a qualidade da Educação para ampliar a todos os alunos as oportunida-
Básica. des de sistematização e aprofundamento das
aprendizagens básicas, imprescindíveis para o
§ 1º O reconhecimento do que os alunos já prosseguimento dos estudos.
aprenderam antes da sua entrada no Ensino
Fundamental e a recuperação do caráter lúdico § 2º Considerando as características de desen-
do ensino contribuirão para melhor qualificar a volvimento dos alunos, cabe aos professores
ação pedagógica junto às crianças, sobretudo adotar formas de trabalho que proporcionem
nos anos iniciais dessa etapa da escolarização. maior mobilidade das crianças nas salas de
aula e as levem a explorar mais intensamen-
§ 2º Na passagem dos anos iniciais para os te as diversas linguagens artísticas, a começar
anos finais do Ensino Fundamental,especial pela literatura, a utilizar materiais que ofereçam
atenção será dada: oportunidades de raciocinar, manuseando-os e
explorando as suas características e proprie-
I – pelos sistemas de ensino, ao planejamento
dades.
da oferta educativa dos alunos transferidos
das redes municipais para as estaduais; Art. 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental,
os componentes curriculares Educação Física e
II – pelas escolas, à coordenação das deman-
Arte poderão estar a cargo do professor de re-
das específicas feitas pelos diferentes profes-
ferência
Marisa Henrique da turma, aquele com o qual os alunos
Araújo
sores aos alunos, a fim de que os estudantes
permanecem a maior parte do período escolar,
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possam melhor organizar as suas atividades
ou de professores licenciados nos respectivos
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diante das solicitações muito diversas que
componentes.
recebem.
Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Funda- § 1º Nas escolas que optarem por incluir Lín-
mental devem assegurar: gua Estrangeira nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, o professor deverá ter licenciatu-
I – a alfabetização e o letramento; ra específica no componente curricular.

II – o desenvolvimento das diversas formas de § 2º Nos casos em que esses componentes cur-
expressão, incluindo o aprendizado da Lín- riculares sejam desenvolvidos por professores
gua Portuguesa, a Literatura, a Música e de- com licenciatura específica (conforme Parecer
mais artes, a Educação Física, assim como CNE/CEB nº 2/2008), deve ser assegurada a
o aprendizado da Matemática, da Ciência, da integração com os demais componentes traba-
História e da Geografia; lhados pelo professor de referência da turma.

III – a continuidade da aprendizagem, tendo


em conta a complexidade do processo de al- AVALIAÇÃO: PARTE INTEGRANTE
fabetização e os prejuízos que a repetência DO CURRÍCULO
pode causar no Ensino Fundamental como
um todo e, particularmente, na passagem do Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada
primeiro para o segundo ano de escolaridade pelos professores e pela escola como parte in-
e desteM para o terceiro. tegrante da proposta curricular e da implemen-
tação do currículo, é redimensionadora da ação
§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a pedagógica e deve:
escola, no uso de sua autonomia, fizerem op-
ção pelo regime seriado, será necessário con- I – assumir um caráter processual, formativo e
participativo, ser contínua, cumulativa e diag- VII – possibilitar a aceleração de estudos para
nóstica, com vistas a: os alunos com defasagem idade-série.
a) identificar potencialidades e dificuldades Art. 33 Os procedimentos de avaliação adotados
de aprendizagem e detectar problemas pelos professores e pela escola serão articulados
de ensino; às avaliações realizadas em nível nacional e às
congêneres nos diferentes Estados e Municípios,
b) subsidiar decisões sobre a utilização de criadas com o objetivo de subsidiar os sistemas
estratégias e abordagens de acordo com de ensino e as escolas nos esforços de melhoria
as necessidades dos alunos, criar con- da qualidade da educação e da aprendizagem
dições de intervir de modo imediato e a dos alunos.
mais longo prazo para sanar dificuldades
e redirecionar o trabalho docente; § 1º A análise do rendimento dos alunos com
c) manter a família informada sobre o de- base nos indicadores produzidos por essas
sempenho dos alunos; avaliações deve auxiliar os sistemas de ensino
e a comunidade escolar a redimensionarem as
d) reconhecer o direito do aluno e da famí- práticas educativas com vistas ao alcance de
lia de discutir os resultados de avaliação, melhores resultados.
inclusive em instâncias superiores à es-
cola, revendo procedimentos sempre que § 2º A avaliação externa do rendimento dos
as reivindicações forem procedentes. alunos refere-se apenas a uma parcela restri-
ta do que é trabalhado nas escolas, de sorte
II – utilizar vários instrumentos e procedimen-
Marisa Henrique que as referências para o currículo devem con-
Araújo
tos, tais como a observação,marisahenriquearaujo@gmail.com
o registro des- tinuar sendo as contidas nas propostas políti-
critivo e reflexivo, os trabalhos individuais e co-pedagógicas das escolas, articuladas às
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coletivos, os portfólios, exercícios, provas, orientações e propostas curriculares dos siste-
questionários, dentre outros, tendo em conta mas, sem reduzir os seus propósitos ao que é
a sua adequação à faixa etária e às carac- avaliado pelos testes de larga escala.
terísticas de desenvolvimento do educando;
Art. 34 Os sistemas, as redes de ensino e os
III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos projetos político-pedagógicos das escolas devem
da aprendizagem do aluno sobre os quanti- expressar com clareza o que é esperado dos alu-
tativos, bem como os resultados ao longo do nos em relação à sua aprendizagem.
período sobre os de eventuais provas finais,
tal com determina a alínea “a” do inciso V do Art. 35 Os resultados de aprendizagem dos alu-
art. 24 da Lei nº 9.394/96; nos devem ser aliados à avaliação das escolas e
IV – assegurar tempos e espaços diversos de seus professores, tendo em conta os parâme-
para que os alunos com menor rendimento tros de referência dos insumos básicos necessá-
tenham condições de ser devidamente aten- rios à educação de qualidade para todos nesta
didos ao longo do ano letivo; etapa da educação e respectivo custo aluno-qua-
lidade inicial (CAQi), consideradas inclusive as
V – prover, obrigatoriamente, períodos de recu- suas modalidades e as formas diferenciadas
peração, de preferência paralelos ao período de atendimento como a Educação do Campo, a
letivo, como determina a Lei nº 9.394/96; Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar
Quilombola e as escolas de tempo integral.
VI – assegurar tempos e espaços de reposição
dos conteúdos curriculares, ao longo do ano Parágrafo único. A melhoria dos resultados de
letivo, aos alunos com frequência insuficien- aprendizagem dos alunos e da qualidade da
te, evitando, sempre que possível, a reten- educação obriga:
ção por faltas;
I – os sistemas de ensino a incrementarem os ria mediante o desenvolvimento de atividades
dispositivos da carreira e de condições de como o acompanhamento pedagógico, o refor-
exercício e valorização do magistério e dos ço e o aprofundamento da aprendizagem, a ex-
demais profissionais da educação e a ofere- perimentação e a pesquisa científica, a cultura
cerem os recursos e apoios que demandam e as artes, o esporte e o lazer, as tecnologias
as escolas e seus profissionais para melho- da comunicação e informação, a afirmação da
rar a sua atuação; cultura dos direitos humanos, a preservação
do meio ambiente, a promoção da saúde, entre
II – as escolas a uma apreciação mais ampla outras, articuladas aos componentes curricula-
das oportunidades educativas por elas ofere- res e às áreas de conhecimento, a vivências e
cidas aos educandos, reforçando a sua res- práticas socioculturais.
ponsabilidade de propiciar renovadas opor-
tunidades e incentivos aos que delas mais § 2º As atividades serão desenvolvidas dentro
necessitem. do espaço escolar conforme a disponibilidade
da escola, ou fora dele, em espaços distintos
da cidade ou do território em que está situa-
A EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE da a unidade escolar, mediante a utilização de
TEMPO INTEGRAL equipamentos sociais e culturais aí existentes
e o estabelecimento de parcerias com órgãos
Art. 36 Considera-se como de período integral
ou entidades locais, sempre de acordo com o
a jornada escolar que se organiza em 7 (sete)
respectivo projeto político-pedagógico.
horas diárias, no mínimo, perfazendo uma carga
horária anual de, pelo menos, 1.400 (mil e qua-
Marisa Henrique§ Araújo
3º Ao restituir a condição de ambiente de
trocentas) horas. aprendizagem à comunidade e à cidade, a es-
marisahenriquearaujo@gmail.com
cola estará contribuindo para a construção de
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Parágrafo único. As escolas e, solidariamente, redes sociais e de cidades educadoras.
os sistemas de ensino, conjugarão esforços
objetivando o progressivo aumento da carga § 4º Os órgãos executivos e normativos da
horária mínima diária e, consequentemente, da União e dos sistemas estaduais e municipais
carga horária anual, com vistas à maior quali- de educação assegurarão que o atendimento
ficação do processo de ensino-aprendizagem, dos alunos na escola de tempo integral possua
tendo como horizonte o atendimento escolar infraestrutura adequada e pessoal qualificado,
em período integral. além do que, esse atendimento terá caráter
obrigatório e será passível de avaliação em
Art. 37 A proposta educacional da escola de tem- cada escola.
po integral promoverá a ampliação de tempos,
espaços e oportunidades educativas e o com-
partilhamento da tarefa de educar e cuidar entre EDUCAÇÃO DO CAMPO, EDUCAÇÃO
os profissionais da escola e de outras áreas, as ESCOLAR INDÍGENA E EDUCAÇÃO
famílias e outros atores sociais, sob a coordena- ESCOLAR QUILOMBOLA
ção da escola e de seus professores, visando al-
cançar a melhoria da qualidade da aprendizagem Art. 38 A Educação do Campo, tratada como
e da convivência social e diminuir as diferenças educação rural na legislação brasileira, incorpora
de acesso ao conhecimento e aos bens culturais, os espaços da floresta, da pecuária, das minas
em especial entre as populações socialmente e da agricultura e se estende, também, aos es-
mais vulneráveis. paços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extra-
tivistas, conforme as Diretrizes para a Educação
§ 1º O currículo da escola de tempo integral, Básica do Campo (Parecer CNE/CEB nº 36/2001
concebido como um projeto educativo integra- e Resolução CNE/CEB nº 1/2002; Parecer CNE/
do, implica a ampliação da ornada escolar diá- CEB nº 3/2008 e Resolução CNE/CEB nº 2/2008).
Art. 39 A Educação Escolar Indígena e a Edu- ral, assim como as práticas ambientalmente
cação Escolar Quilombola são, respectivamente, sustentáveis que utilizam;
oferecidas em unidades educacionais inscritas III – reafirmação do pertencimento étnico, no
em suas terras e culturas e, para essas popula- caso das comunidades quilombolas e dos
ções, estão assegurados direitos específicos na povos indígenas, e do cultivo da língua ma-
Constituição Federal que lhes permitem valorizar terna na escola para estes últimos, como ele-
e preservar as suas culturas e reafirmar o seu mentos importantes de construção da identi-
pertencimento étnico. dade;
§ 1º As escolas indígenas, atendendo a nor- IV – flexibilização, se necessário, do calendário
mas e ordenamentos jurídicos próprios e a escolar, das rotinas e atividades, tendo em
Diretrizes Curriculares Nacionais específicas, conta as diferenças relativas às atividades
terão ensino intercultural e bilíngue, com vistas econômicas e culturais, mantido o total de
à afirmação e à manutenção da diversidade ét- horas anuais obrigatórias no currículo;
nica e linguística, assegurarão a participação
da comunidade no seu modelo de edificação, V – superação das desigualdades sociais e es-
organização e gestão, e deverão contar com colares que afetam essas populações, tendo
materiais didáticos produzidos de acordo com por garantia o direito à educação;
o contexto cultural de cada povo (Parecer CNE/ § 2º Os projetos político-pedagógicos das esco-
CEB nº 14/99 e Resolução CNE/CEB nº 3/99). las do campo, indígenas e quilombolas devem
§ 2º O detalhamento da Educação Escolar contemplar a diversidade nos seus aspectos
sociais,
Marisa Henrique
Quilombola deverá ser definido pelo Conselho
Araújoculturais, políticos, econômicos, éticos
e estéticos, de gênero, geração e etnia.
marisahenriquearaujo@gmail.com
Nacional de Educação por meio de Diretrizes
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Curriculares Nacionais específicas. § 3º As escolas que atendem a essas popu-
Art. 40 O atendimento escolar às populações lações deverão ser devidamente providas pe-
do campo, povos indígenas e quilombolas requer los sistemas de ensino de materiais didáticos
respeito às suas peculiares condições de vida e e educacionais que subsidiem o trabalho com
a utilização de pedagogias condizentes com as a diversidade, bem como de recursos que as-
suas formas próprias de produzir conhecimentos, segurem aos alunos o acesso a outros bens
observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais culturais e lhes permitam estreitar o contato
Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/ com outros modos de vida e outras formas de
CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010). conhecimento.
§ 4º A participação das populações locais pode
§ 1º As escolas das populações do campo, dos também subsidiar as redes escolares e os sis-
povos indígenas e dos quilombolas, ao contar temas de ensino quanto à produção e à oferta
com a participação ativa das comunidades lo- de materiais escolares e no que diz respeito a
cais nas decisões referentes ao currículo, esta- transporte e a equipamentos que atendam as
rão ampliando as oportunidades de: características ambientais e socioculturais das
I – reconhecimento de seus modos próprios comunidades e as necessidades locais e regio-
de vida, suas culturas, tradições e memórias nais.
coletivas, como fundamentais para a cons-
tituição da identidade das crianças, adoles-
centes e adultos; EDUCAÇÃO ESPECIAL

II – valorização dos saberes e do papel dessas Art. 41 O projeto político-pedagógico da escola


populações na produção de conhecimentos e o regimento escolar, amparados na legislação
sobre o mundo, seu ambiente natural e cultu- vigente, deverão contemplar a melhoria das con-
dições de acesso e de permanência dos alunos estabelece o art. 37, § 1º, da Lei nº 9.394/96.
com deficiência, transtornos globais do desenvol-
vimento e altas habilidades nas classes comuns Art. 44 A Educação de Jovens e Adultos, volta-
do ensino regular, intensificando o processo de da para a garantia de formação integral, da alfa-
inclusão nas escolas públicas e privadas e bus- betização às diferentes etapas da escolarização
cando a universalização do atendimento. ao longo da vida, inclusive àqueles em situação
de privação de liberdade, é pautada pela inclusão
Parágrafo único. Os recursos de acessibilida- e pela qualidade social e requer:
de são aqueles que asseguram condições de
acesso ao currículo dos alunos com deficiência I – um processo de gestão e financiamento que
e mobilidade reduzida, por meio da utilização lhe assegure isonomia em relação ao Ensino
de materiais didáticos, dos espaços, mobiliá- Fundamental regular;
rios e equipamentos, dos sistemas de comuni-
II – um modelo pedagógico próprio que permita
cação e informação, dos transportes e outros
a apropriação e a contextualização das Dire-
serviços.
trizes Curriculares Nacionais;
Art. 42 O atendimento educacional especializa-
III – a implantação de um sistema de monitora-
do aos alunos da Educação Especial será promo-
mento e avaliação;
vido e expandido com o apoio dos órgãos com-
petentes. Ele não substitui a escolarização, mas IV – uma política de formação permanente de
contribui para ampliar o acesso ao currículo, ao seus professores;
proporcionar independência aos educandos para
a realização de tarefas e favorecer a Marisa
sua auto-
HenriqueV Araújo
– maior alocação de recursos para que seja
nomia (conforme Decreto nº 6.571/2008, Parecer ministrada
marisahenriquearaujo@gmail.com por docentes licenciados.
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CNE/CEB nº 13/2009 e Resolução CNE/CEB nº Art. 45 A idade mínima para o ingresso nos cur-
4/2009). sos de Educação de Jovens e Adultos e para a re-
alização de exames de conclusão de EJA será de
Parágrafo único. O atendimento educacional 15 (quinze) anos completos (Parecer CNE/CEB
especializado poderá ser oferecido no contra- nº 6/2010 e Resolução CNE/CEB nº 3/2010).
turno, em salas de recursos multifuncionais na
própria escola, em outra escola ou em centros Parágrafo único. Considerada a prioridade de
especializados e será implementado por pro- atendimento à escolarização obrigatória, para
fessores e profissionais com formação espe- que haja oferta capaz de contemplar o pleno
cializada, de acordo com plano de atendimento atendimento dos adolescentes, jovens e adul-
aos alunos que identifique suas necessidades tos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, com
educacionais específicas, defina os recursos defasagem idade/série, tanto na sequência do
necessários e as atividades a serem desenvol- ensino regular, quanto em Educação de Jovens
vidas. e Adultos, assim como nos cursos destinados à
formação profissional, torna-se necessário:
I – fazer a chamada ampliada dos estudantes
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS em todas as modalidades do Ensino Funda-
mental;
Art. 43 Os sistemas de ensino assegurarão,
gratuitamente, aos jovens e adultos que não II – apoiar as redes e os sistemas de ensino a
puderam efetuar os estudos na idade própria, estabelecerem política própria para o atendi-
oportunidades educacionais adequadas às suas mento desses estudantes, que considere as
características, interesses, condições de vida e suas potencialidades, necessidades, expec-
de trabalho mediante cursos e exames, conforme tativas em relação à vida, às culturas juve-
nis e ao mundo do trabalho, inclusive com A IMPLEMENTAÇÃO DESTAS
programas de aceleração da aprendizagem, DIRETRIZES: COMPROMISSO
quando necessário; SOLIDÁRIO DOS SISTEMAS E
III – incentivar a oferta de Educação de Jovens REDES DE ENSINO
e Adultos nos períodos diurno e noturno, com
avaliação em processo. Art. 48 Tendo em vista a implementação destas
Diretrizes, cabe aos sistemas e às redes de en-
Art. 46 A oferta de cursos de Educação de Jo- sino prover:
vens e Adultos, nos anos iniciais do Ensino Fun-
damental, será presencial e a sua duração ficará I – os recursos necessários à ampliação dos
a critério de cada sistema de ensino, nos termos tempos e espaços dedicados ao trabalho
do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como reme- educativo nas escolas e a distribuição de
te o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução materiais didáticos e escolares adequados;
CNE/CEB nº 3/2010. Nos anos finais, ou seja, do
6º ano ao 9º ano, os cursos poderão ser presen- II – a formação continuada dos professores e
ciais ou a distância, devidamente credenciados, e demais profissionais da escola em estreita
terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de duração. articulação com as instituições responsáveis
pela formação inicial, dispensando especiais
Parágrafo único. Tendo em conta as situações, esforços quanto à formação dos docentes
os perfis e as faixas etárias dos adolescentes, das modalidades específicas do Ensino Fun-
jovens e adultos, o projeto político-pedagógico damental e àqueles que trabalham nas esco-
da escola e o regimento escolar viabilizarão um las do campo, indígenas e quilombolas;
modelo pedagógico próprio para essa modali-
Marisa HenriqueIIIAraújo
– a coordenação do processo de implemen-
dade de ensino que permita amarisahenriquearaujo@gmail.com
apropriação e tação do currículo, evitando a fragmentação
a contextualização das Diretrizes Curriculares dos projetos educativos no interior de uma
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Nacionais, assegurando: mesma realidade educacional;
I – a identificação e o reconhecimento das for- IV – o acompanhamento e a avaliação dos pro-
mas de aprender dos adolescentes, jovens e gramas e ações educativas nas respectivas
adultos e a valorização de seus conhecimen- redes e escolas e o suprimento das necessi-
tos e experiências; dades detectadas.
II – a distribuição dos componentes curriculares Art. 49 O Ministério da Educação, em articula-
de modo a proporcionar um patamar igualitá- ção com os Estados, os Municípios e o Distrito
rio de formação, bem como a sua disposição Federal, deverá encaminhar ao Conselho Nacio-
adequada nos tempos e espaços educativos, nal de Educação, precedida de consulta pública
em face das necessidades específicas dos nacional, proposta de expectativas de aprendi-
estudantes. zagem dos conhecimentos escolares que devem
Art. 47 A inserção de Educação de Jovens e ser atingidas pelos alunos em diferentes estágios
Adultos no Sistema Nacional de Avaliação da do Ensino Fundamental (art. 9º, § 3º, desta Re-
Educação Básica, incluindo, além da avaliação solução).
do rendimento dos alunos, a aferição de indica-
dores institucionais das redes públicas e priva- Parágrafo único. Cabe, ainda, ao Ministério
das, concorrerá para a universalização e a me- da Educação elaborar orientações e oferecer
lhoria da qualidade do processo educativo. outros subsídios para a implementação destas
Diretrizes.
Art. 50 A presente Resolução entrará em vigor
na data de sua publicação, revogandose as dis-
posições em contrário, especialmente a Resolu-
ção CNE/CEB nº 2, de 7 de abril de 1998.
Marisa Henrique Araújo
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