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Fichamento Critica da Filosofia do Direito de Hegel

Prof: Fernando Solto


Elaborado por: Marcelo Rodrigues Mota Borges
Sociologia 3
MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo Fernando Souto 04 - X -
Editorial. 2º edição revista.

pg 29
“Em face das esferas do direito privado e do bem privado, da família e da sociedade
27 civil, o Estado é, de um lado, uma necessidade externa e sua potência superior, a cuja
natureza as leis daquelas esferas, bem como seus interesses, encontram-se
subordinados e da qual são dependentes; porém, de outro lado, é o Estado seu fim
imanente e tem sua força na unidade de seu fim último geral e no interesse particular
dos indivíduos, na medida em que tais indivíduos tem deveres perante ele assim como,
ao mesmo tempo, tem direitos.”

27
De um lado, o Estado é, em face das esferas da família e da sociedade civil, uma
"necessidade externa", uma potência á qual "leis" e "interesses" são "subordinados" e
da qual são "dependentes". Que o Estado seja, em face da família e da sociedade civil,
uma "necessidade externa", isso já se encontrava em parte na categoria da "transição",
em parte em sua "relação consciente" para com o Estado. A "subordina ção" ao Estado
ainda corresponde plenamente a essa relação da "necessidade externa".

29
Mas Hegel não fala, aqui, de colisões empíricas; ele fala da relação das "esferas do
direito privado e do bem privado, da família e da sociedade civil" com o Estado;
trata-se da relação essencial dessas próprias esferas. Não apenas seus "interesses", mas
também suas "leis", suas determinações essenciais são "dependentes" do Estado e a ele
"subordinadas".

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A Ideia é subjetivada e a relação real da família e da sociedade civil com o Estado
é apreendida como sua atividade interna imaginária. Família e sociedade civil são os
pressupostos do Estado; elas são os elementos propriamente ativos; mas, na
especulação, isso se inverte. No entanto, se a Ideia é subjetivada, os sujeitos reais,
família e sociedade civil, "circunstâncias, arbítrio" etc. Convertem objetivos da Ideia,
irreais e com um outro significado.

30
Racionalmente, as sentenças de Hegel significam apenas que:
A família e a sociedade civil são partes do Estado. Nelas, a mattria do Estado
é dividida "pelas circunstâncias, pelo arbítrio e pela escolha própria da determinação".
Os cidadãos do Estado são membros da família e membros da sociedade civil.

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O sujeito é, aqui, a "necessidade na idealidade", a "Ideia dentro de si mesma"; o
predicado é a disposição política e a constituição política. Em linguagem clara: a
disposição política é a substância subjetiva do Estado e a constituição política sua
substância objetiva. O desenvolvimento lógico da família e da sociedade civil ao
Estado e, portanto, pura aparência, pois não se desenvolve como a disposição familiar,
a disposição social; a instituição da família e as instituições sociais como tais
relacionam-se com a disposição política e com a constituição política e com elas
coincidem.

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A frase: "os diferentes lados do Estado são os diferentes poderes" é uma verdade
empírica e não pode se passar por uma descoberta filosófica. Tal frase não é, ademais,
de modo algum o resultado de um desenvolvimento anterior. Porém, ao determinar o
organismo como o "desenvolvimento da Ideia", ao falar das distinções da Ideia e ao
intercalar, em seguida, o fato concreto dos "diferentes poderes", produz-se a aparência
de que se desenvolveu um conteúdo determinado. é sentença: "a disposição toma seu
conteúdo particularmente determinado dos diferentes lados do organismo do Estado",
Hegel não poderia ajuntar: "esse organismo", mas "o organismo é o desenvolvimento
da Ideia etc.".

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Outra determinação é a de que os "diferentes poderes" são "determinados pela natureza
do Conceito" e que, por isso, o universal os "engendra de modo necessário". Os
diferentes poderes não são, portanto, determinados por sua "própria natureza", mas por
uma natureza estranha. Do mesmo modo, a necessidade não é extraída de sua própria
essência, nem tampouco demonstrada criticamente. Sua sorte é, antes, predestinada
pela "natureza do Conceito", encerrada nos registros sagrados da Santa Casa (da
Lógica). A alma dos objetos, no caso presente, do Estado, está pronta, predestinada
antes de seu corpo, que não é propriamente mais do que aparência. O "Conceito" é o
filho na "Ideia", determinante e diferenciador. "Ideia" e "Conceito" são, aqui,
abstrações autônomas.

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