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FLUIDOS
Definir cavitação.
Explicar o efeito da cavitação em bombas e turbinas.
Identificar maneiras de evitar a cavitação.
Introdução
A cavitação é um fenômeno que ocorre em máquinas hidráulicas, cau-
sando efeitos negativos em sua performance e danos irreparáveis. Por ser
recorrente em sistemas de potência e de propulsão, como de bombas,
turbinas, compressores, hidrofólios, propulsores de navios, é um fenômeno
amplamente estudado.
Neste capítulo, você aprenderá mais sobre a cavitação: sua definição,
a descrição de suas características, a ocorrência em máquinas hidráulicas
e as formas de evitá-la.
Definição
Cavitação é o termo usado para descrever o fenômeno de transformação
líquido-vapor e vapor-líquido que ocorre em equipamentos hidráulicos, que,
conforme Çengel e Cimbala (2015), acontece quando a pressão do fluido reduz
abaixo da pressão de vapor à temperatura constante, formando bolhas de vapor
(transformação de líquido em vapor). Essas bolhas, ao encontrarem regiões
de maiores pressões, colapsam, voltando ao estado líquido (transformação de
vapor em líquido). Isso causa danos indesejados aos equipamentos. O nome
cavitação se deve ao fato de as bolhas de vapor formarem cavidades ocas
no interior do fluido. Ao entrarem nas regiões de maior pressão, as bolhas
colapsam devido à pressão do líquido circundante, gerando pressão maior que
7000 atm (GERMER, 2017). Esse processo de formação das bolhas e colapso
2 Cavitação
ocorre com alta frequência, centenas de vezes por segundo. O material acaba
falhando por fadiga, devido ao movimento repetitivo.
A Figura 1, a seguir, ilustra o diagrama de transformação de fases para
água e as duas formas de transição da fase líquida para a fase gasosa.
760
Líquido
Pressão (mmHg)
Sólido
Vapor
0 100
Temperatura (°C)
Figura 1. Processos de mudança de fase da água: a pressão constante e a temperatura
constante.
Fonte: Adaptada de O que é... (2017, documento on-line).
Por sua característica danosa aos equipamentos, a cavitação deve ser con-
siderada nas fases iniciais de dimensionamento de um projeto hidráulico.
Após a finalização dele, durante as fases de manutenção, é um fenômeno
que precisa ser monitorado e diagnosticado o mais breve possível, a fim de
se evitar custos e perdas.
A Figura 2, a seguir, ilustra a consequência do processo de cavitação sobre
uma superfície metálica, mostrando, em 2a, as cavidades de vapor formadas
devido à diminuição brusca de pressão no equipamento e, em 2b, a mesma
superfície seca, em que se pode observar as deformações erosivas devido
ao impacto do colapso das bolhas de vapor sobre as superfícies. Note que a
superfície do metal que sobre cavitação fica com um aspecto poroso e áspero,
característica clássica do processo.
(a) (b)
Para mais detalhes sobre cavitação, recomenda-se a leitura de Germer (2017), White
(2018) e Khurana, Navtej e Singh (2012).
Cavitação 5
Cavitação em bombas
Ao bombear líquidos para seu interior, é possível que ocorra cavitação ao
longo da linha de sucção de uma bomba. A redução de pressão no processo
de sucção e o posterior aumento de pressão, em regiões posteriores ao olho
do rotor, fazem com que as bolhas que colapsam no seu interior causem
sérios dados.
6 Cavitação
Formação Colapso
Microbolhas Microbolhas
Tempo
Figura 3. Processo de cavitação ao longo de uma linha hidráulica, que ocorreu devido à
restrição de uma placa de orifício usada para medir a vazão do fluido.
Fonte: Adaptada de O que é... (2017, documento on-line).
(a)
Pd
Ps
Pressão de vapor
Sem formação de bolhas (c)
Descarga
Sucção Olho Descarga
Olho
Sucção
Pd
Ps
Pressão de vapor
Formação de bolhas
Figura 4. Processo de cavitação em uma bomba: (a) pressão da linha suficiente para não
ocorrer cavitação; (b) pressão de sucção baixa que gera formação de bolhas no olho do
rotor: (c) regiões de sucção, olho do rotor e descarga em uma bomba centrífuga.
Fonte: Adaptada de: NPSH... (2004, documento on-line).
Cavitação em turbinas
Conforme Marinho (2015), há diferentes tipos de cavitação dentro de uma
turbina, sendo que as mais recorrentes são: em bolhas itinerantes, em nuvem,
em vórtice de Von Kármán e no tubo de descarga. Entretanto, Marinho (2015)
ressalta que os tipos mais erosivos e recorrentes em turbinas são a cavitação
em bolhas itinerantes e a cavitação em nuvem.
A cavitação em bolhas itinerantes ocorre devido à rápida passagem da
lâmina do rotor, gerando uma diminuição de pressão momentânea e conse-
quentes bolhas de vapor que, posteriormente, colapsam. A Figura 5a ilustra a
região em um rotor de turbina Francis, em que essa cavitação ocorre.
Cavitação em nuvem ocorre devido às flutuações de pressão pela interação
entre rotor e estator e ondas estacionárias de pressão na voluta. Danifica o
bordo de ataque das lâminas do rotor. É um tipo de cavitação com muito poder
erosivo e que pode induzir anomalias na operação da máquina. Caracteriza-se
8 Cavitação
(b)
(a)
Pe Ve2 Pv
NPSHDisponível = ρg + 2g + ρg (1)
Pa Pv
NPSHDisponível = ρg – (Ze – Z0) – hpe – ρg (2)
10 Cavitação
2g
fluido, e Z é a energia potencial.
Para que essa equação seja válida, o fluido deve ser incompressível, e o escoamento
sem viscosidade (dessa forma, não se considera as perdas por atritos ou choques).
NPSHRequerido
σ= (4)
H
onde H é a elevação proporcionada pela bomba, em metros, para deter-
minada vazão.
Cavitação 11
100
80
H
60
m
40
20
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Q m3/h
8
NPSH
4
m
Figura 6. Exemplo de curva de NPSHRequerido por uma bomba KSB da família 25-200. Essa
curva usualmente é apresentada junto com as curvas de desempenho e potência consumida.
Fonte: Adaptada de Manual... (2013, p. 4).
12 Cavitação
(Pe Ve2
)
Pv
NPSHDisponível = ρg + 2g – ρg (7)
Pe Ve2 P0 V02
+
ρg 2g + Ze
= ρg + 2g + Z0 + hpe (8)
P0 Pv
NPSHDisponível = ρg – (Ze – Z0) – ρg + hpe (9)
NPSH - Net Positive Suction Head. The Engineering Toolbox, [S. l.], 2004. Disponível em:
https://www.engineeringtoolbox.com/npsh-net-positive-suction-head-d_634.html.
Acesso em: 10 mar. 2019.
O QUE É Hidrocavitação. Wastewater Treatment and Environmental Sustainability, São
Paulo, dez. 2017. Disponível em: http://wwtes.com/fenomeno-da-hidrocavitacao/.
Acesso em: 10 mar. 2019.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2018. 864 p.
Leituras recomendadas
ANDRADE, A. S. Máquinas hidráulicas AT-087. Curitiba: Engenharia Industrial Madeireira,
Universidade Federal do Paraná, 2013. 49 p. (Notas de aula). Disponivel em: http://www.
madeira.ufpr.br/disciplinasalan/AT087-Aula10.pdf. Acesso em: 10 mar. 2019.
ANDRADE FILHO, C. Dúvidas Frequentes - NPSH e Cavitação. César Produtos para In-
dústria, Agropecuária e Jardinagem, Natal, 2015. Disponível em: http://www.cesarnatal.
com.br/bombas/npsh-e-cavitacao.html. Acesso em: 10 mar. 2019.
POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Bookman, 2018. 258 p.