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Segunda edição

DDS, MS
© Wallace Barbosa

Espero que este material te ajude na compreensão desta


reabilitação maravilhosa. Objetivo desse material é chamar a
atenção para os aspectos mais importantes deste tema e te
convidar a se aprofundar nestes princípios para que você os
domine na sua prática clínica do dia a dia.

Kyodai Academy
Rua Pixinguinha, 145
Jardim Cláudia, São Paulo - SP
www.wallace.odo.br

@wallacefbarbosa
PRÓLOGO
A prótese total é a porta de entrada para o entendimento
do sistema estomatognático principio básico da
reabilitação oral. Gosto de dizer que neste tipo de
reabilitação temos um quadro em branco totalmente aberto
para que possamos devolver o sorriso, a função e a auto
estima dos nossos pacientes da melhor maneira possível.

Vejo que o clinico de maneira geral encontra dificuldades


em decidir qual estratégia clínica seguir diante da vasta
literatura encontrada sobre este tema.

Minha intenção aqui é compartilhar a filosofia de trabalho


baseada naquela ensinada pelo Prof. Catedrático Tadachi
Tamaki e seus alunos (meus professores e mestres) com
quem tiver a oportunidade de estar durante mais da
metade da minha graduação e no período do mestrado.

Espero que seja útil na sua vida profissional,

Boa leitura.
CAPÍTULO 1

ANAMNESE, EXAME
CLÍNICO E EXAMES
COMPLEMENTARES
★ Entrevista com o paciente

★ Histórico médico e odontológico

★ Exame clínico: estomatológico, neuromotor, cognitivo,


fisiologia da cavidade oral e consistência da mucosa
(área basal)

★ Radiografia panorâmica

★ Planejamento

Para próteses totais bimaxilares:

★ Relação óssea (retrognata, prognata ou normal)

★ Linha intermaxilar

★ Rebordo desdentado - nível de reabsorção, consistência


da fibromucosa, forma do rebordo e retentividade
Para próteses totais unimaxilares:

Avaliação do antagonista:

★ Dentes extruídos

★ Dentes hígidos

★ Necessidade de PPR ou PPF

★ Curvas antero-posteriores e vestibulo-linguais


discrepantes

★ Alinhamento dos dentes

★ Relação óssea (retrognata, prognata ou normal)


CAPÍTULO 2

MOLDAGEM ANATÔMICA

Cópia geral da área basal e estruturas


anexas (fundo de sulco, freios e bridas) com material
pesado promotor de afastamento
dos tecidos moles

Silicone de condensação pesado e godiva em barra.


Moldeiras TT (JON)
Seleção da moldeira TT adequada (tamanho) -
abraçamento do rebordo com espaço necessário
para o material de moldagem (1,5 a 2mm em média).

Quantidade de material definida de acordo com o


tamanho do rebordo a ser moldado: 3 porções para a
moldeira 1/4, 4 porções para 2/5 e 5 porções para 3/6.
Correta manipulação do material: proporção
segundo o preconizado pelo fabricante.

Distribuição uniforme e com volume adequado do


material sobre a moldeira.
Assentamento e tração de lábio
adequada (superior); sem tração no
inferior (movimentos de língua no
inferior).

Molde sem sucedido.


Modelo anatômico em gesso comum delimitado.
CAPÍTULO 3

DELIMITAÇÃO DA ÁREA
BASAL E MOLDEIRA
INDIVIDUAL
Delimita-se a área basal da maxila
traçando uma linha de túber a
túber no limite entre o palato
duro e o palato mole

Contorno do túber por


vestibular no fundo de sulco
e processo zigomático da
maxila (terço médio).
Alívio do freio labial e
outras inserções
musculares que possam
existir

Linha paralela ao limite


mucosa móvel/inserida
avançando de 3 a 4mm em
direção ao fundo de sulco

Contorno do freio labial


delimitação da
papila piriforme e
divisão em 3 partes.
Incluir na área basal os
2/3 anteriores

Linha oblíqua
é a referência
vestibular
Mesma coisa no lado oposto até se encontrar na linha
média desviando do freio labial e de outros se estiverem
presentes

Linha milohióidea é a referência lingual (sempre com cantos


arredondados até alcançar a linha média e desviar do freio
lingual)
Delimitação completa mantendo o terço posterior da papila
piriforme FORA da área basal; bordas sempre arredondadas
e utilizando lápis cópia

Moldeira em acrílico (RAAQ ou fotopolimerizável) com


bordas arredondas seguindo a delimitação e com a
espessura uniforme de 2 a 3 mm. Cabo retangular (1 x 1 x
1,5mm) inclinado para vestibular no superior (30º) e reto
(90º) no inferior.
CAPÍTULO 4

MOLDAGEM FUNCIONAL

Copia em detalhes da área basal com material


fluído por meio de uma moldeira individual

Pasta OZE - material bom e de baixo custo para moldagens


funcionais

Poliéter - material padrão ouro para moldagem funcional


Silicone de adição (leve) - excelente alternativa,
porém de custo elevado

Objetivos da moldagem funcional

1 - desenho da borda da prótese (vedamento)


2 - copia em detalhes da área basal (assentamento)
3 - equilíbrio das zonas de compressão e alívio
(biomecânica)

Para alcançarmos os 3 objetivos executamos a


moldagem em 2 etapas (2 camadas)
1º camada:

Maxila:

Após a confecção da moldeira (1 e 2), carregar a moldeira


com o material (3), posicionar na arcada e fazer força
compressiva para assentamento e espalhamento do
material por 3 a 5 segundos. Após esse período aguardar a
fase plástica (de acordo com o material selecionado) e fazer
tração labial e do bucinador para se desenhar a borda da
prótese (4).

Mandíbula:

Após a confecção da moldeira (1 e 2), carregar a moldeira


com o material (3), posicionar na arcada e fazer força
compressiva para assentamento e espalhamento do
material por 3 a 5 segundos. Após esse período aguardar a
fase plástica (de acordo com o material selecionado) e fazer
tração labial e do bucinador para se desenhar a borda
vestibular da prótese e movimentos com a língua para
desenhar a borda lingual (4).
Após a 1º camada:

I - desenho da borda
II - cópia em detalhes da área basal
III- equilíbrio das zonas de compressão e
alívio

2º camada:

Devemos desgastar a moldeira aparente nas regiões de


alívio (que não podem sofrer compressão) principalmente
na borda (5). Ao desgastar ajustamos a moldeira para
alcançarmos o item III porém, perdemos o item I e o item II
no processo. Agora repetimos a moldagem (igual a 1º
camada) (6). Molde final da mandíbula (7) e da maxila antes
do post-damming (7) e depois do post-damming (8).
1 - desenho da borda
2 - cópia em detalhes da área basal
3 - equilíbrio das zonas de compressão e
alívio

Aspecto final da moldagem funcional:


MOLDAGEM COMPLEMENTAR DO SELADO
POSTERIOR (POST-DAMMING)

O selado posterior pode ser aprimorado utilizando-se uma


moldagem complementar com cera 7 líquida e pincel.
Aplicamos essa cera liquida sobre a região posterior do
molde funcional superior criando uma sobre compressão
na região do limite entre o palato duro e palato mole sem
tecido duro por baixo.
CAPÍTULO 5

PLANOS DE ORIENTAÇÃO

Modelo funcional com


gesso especial

Base de prova (1,5 mm de espessura)


com resina RAAQ ou
fotopolimerizável

Confecção do plano de cera


superior com cera 7
Parâmetros faciais
para desenho do sorriso

CURVA LÁTERO-LATERAL EMOLDURADA PELO


LÁBIO INFERIOR NO AMPLO SORRISO

CORREDOR BUCAL

LINHA BIPUPILAR PARALELA AO PLANO OCLUSAL

LINHA ALTA DO SORRISO


CURVA LÁTERO-LATERAL EMOLDURADA PELO
LÁBIO INFERIOR NO AMPLO SORRISO

PLANO OCLUSAL

LINHA DOS CANINOS

LINHA ALTA DO SORRISO

LINHA MÉDIA
Técnica para relações maxilomandibulares
Vertical (D.V.O) e horizontal (P.O)

Determinar a DVO (DVO = DVR - EFL)

Confeccionar plano de cera inferior (técnica do


amassamento) - Atenção com a posição mandibular
(relação maxilomandibular horizontal)

Conferência da DVO usando a técnica de Silverman (teste


fonético) por meio da pronúncia de fonemas com a letra “s"
e a observação do espaço entre dois planos (3mm).

Conferência da P.O. usando a técnica de House e


verificando a posição da mandíbula (abertura e fechamento
repetidamente) com relação a maxila. O plano inferior deve
ser travado na posição estável.

Linhas de referência :

• Média
• Alta do sorriso
• Dos caninos
CAPÍTULO 6

SELEÇÃO DOS DENTES


ARTIFICIAIS

Linhas de referência:
Linha dos caninos - tamanho (mésio-distal)
dos 6 dentes anteriores superiores em
curva
Linha alta do sorriso - tamanho (cérvico-
incisal) dos incivos centrais

Usar a carta molde do fabricante


selecionado para escolher o dente

★ Tamanho
★ Forma
★ Cor
Carta molde dos dentes Ivostar da Ivoclar Vivadent.
CAPÍTULO 7

MONTAGEM NO
ARTICULADOR E
MONTAGEM DOS DENTES
Recomendamos a montagem no articulador para enviar ao
laboratório. É possível realizar a moldagem sem o arco
facial mas recomendo apenas para quem tem mais
experiência e sabe exatamente o que está fazendo. Se você
não estiver seguro, recomendo usar o arco facial e seguir o
passo a passo.

I. Fixação do plano de cera superior no garfo

II. Posicionamento do arco facial usando o ponto násio

III. Apartamento de todos os parafusos

IV. Transferência para o articulador

V. Encaixe do modelo funcional superior na base de


prova / plano de orientação superior e fixação com
gesso do modelo superior no ramo superior do
articulador calibrado em 30º / 15º (guia condilar /
angulo de Bennett)
VI. Após cristalização do gesso, voltar o plano de
orientação superior na boca do paciente, grampear os
planos (superior + inferior) na P.O e levar o conjunto
grampeado ao modelo superior e fixar com cera

VII. Encaixar o modelo funcional inferior no plano de cera /


base de prova inferior e verter o gesso fixando no ramo
inferior

A montagem dos dentes via de regra é efetuada no


laboratório de prótese baseado nos seus planos de
orientação, linha média e no dente selecionado por você na
etapa clínica anterior.

Recomendamos a duplicação dos planos de orientação


para que você não perca as referências de construção da
prótese e possa se certificar que seu plano e suas
referências foram seguidas a risca pelo laboratório.
CAPÍTULO 8

PROVA DOS DENTES


A prova dos dentes é uma etapa crítica na confecção da
prótese total pois é o momento onde o paciente poderá
materializar o resultado final da prótese aprovando (ou não)
a montagem, cor, forma e disposição dos dentes de
maneira geral.

Prova dos dentes artificias:


verificar DVO, estética (dentro dos
padrões faciais),
alinhamento dos dentes, oclusão
e
fonética.

Seleção da cor da gengiva


(escala Tomaz Gomes)
CAPÍTULO 9

PROCESSAMENTO,
INSTALAÇÃO E
CONTROLE POSTERIOR
O processamento da prótese total consiste na substituição
da cera da base da prótese por resina acrílica na cor
escolhida na prova dos dentes. Esta etapa laboratorial deve
ser feita seguindo rigorosos processos para que não
tenhamos problemas na estrutura do acrílico decorrentes
da polimerização inadequada, choque térmico ou ainda
mudanças na posição dos dentes após a prova. O grau de
contração da resina acrílica deve ser o menor possível e
permanecer dentro de uma margem tolerável o que é
perfeitamente possível se o processo for seguido a risca
pelo técnico.

Na instalação da prótese total podemos listar os principais


itens a serem observados pelo profissional e as instruções
necessárias aos pacientes.

Antes de inserir a prótese na boca do paciente verificar:

★ Acabamento

★ Bolhas
★ Pérolas

★ Trincas

★ Qualquer outra anormalidade estrutural

Após a inserção:

★ Movimentos com lábios e as bochechas

★ Manter a MIC por 2 a 3 minutos

★ Testes de retenção

★ Teste fonético

Instruções ao paciente:

★ Não mastigar alimentos muito duros

★ Colocar pequenas porções de alimento de cada vez

★ Mastigar devagar e em ambos os lados

★ Higienização apoiada (não deixar a prótese cair)

★ Escovação das próteses, boca, palato e língua após


todas as refeições

★ Não usar adesivos


O controle posterior é fundamental e natural em um
tratamento por próteses totais. Devemos realizar desgastes
seletivos na prótese em íntimo contato com regiões da
mucosa ulceradas ou com hiperemia utilizando brocas
maxicut e dando acabamento posteriormente. É
imprescindível que o paciente alcance o conforto em uma
ou duas sessões e controle.

Aqui também é fundamental a realização de ajuste oclusal


garantindo uma oclusão bilateral balanceada e
contribuindo para a estabilidade da prótese nos
movimentos mastigatórios.
Caro colega, espero que esse conteúdo tenha sido de
alguma maneira útil pra você. Qualquer dúvida ou
necessidade de aprofundar seus conhecimentos não deixe
de entrar em contato.

Obrigado,
AUTOR

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