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Conhecendo a Arte por meio da Filosofia

Texto base: Estética e


Filosofia da Arte: a estética
antecedente
Benedito Nunes
O que caracteriza a Estética não é simplesmente o estudo do Belo. Os
filósofos antigos trataram do assunto, empregando a noção de Beleza em
muitas acepções. A originalidade da Estética, na qualidade de disciplina
filosófica, é vincular esse estudo a uma perspectiva definida, já
vislumbrada pelos tímidos teóricos das artes dos fins do século XVII e do
século XVIII, mas que só na primeira parte da Crítica do Juízo (1790), de
Kant, configurou-se integralmente.

Em suas Reflexões críticas sobre a poesia e a pintura (1719), o Abade


Du Bos via no deleite do espírito o efeito essencial do Belo. Que mais se
poderá dizer senão que esse efeito, provocado, sob certas condições,
tanto pelas coisas como pelas obras do homem, é imediato? Dois
sentidos, a vista e o ouvido, desempenham função primordial na
produção de tal deleite. O Belo, que não reside nas impressões visuais e
auditivas, manifesta-se principalmente por intermédio delas a uma
espécie de visão interior, da qual, na primeira metade do século XVIII,
Shaftesbury (1671-1713) falava.

Mais próxima do sentimento do que da razão, essa visão interior


constitui, para Addison (1672-1719), uma faculdade inata, específica, que
é privilégio da espécie e que permite ao homem deleitar-se com o
reconhecimento do Belo. Esse deleite não se compara com qualquer
outro: é um prazer do espírito, em função do qual as coisas naturais
agradam ou desagradam. Ao julgarmos, segundo o agrado ou desagrado
que sentimos, que uma coisa ou uma obra é bela, é o deleite
experimentando o fundamento dos nossos juízos de gosto.

Originando-se da qualidade das impressões recebidas, ele acompanha


determinadas formas, relações ou particularidades da matéria, captadas
pelo ouvido e pela visão. Francis Hutcheson (1694-1746), um dos
pioneiros da Estética, ao afirmar que a Beleza reina onde quer que a
percepção apreenda relações agradáveis, deixava bem claro que o Belo é
espiritual, mas que sua produção depende da sensibilidade.

Não é pela faculdade de conhecimento intelectual que o Belo é captado,


nem a sua impressão corresponde à experiência rudimentar da
satisfação de um desejo físico. Apreendendo-o, relacionamo-nos
imediatamente com uma determinada ordem de impressões, de
sentimentos, de emoções, cujo efeito geral, o deleite, é plenamente
satisfatório, no sentido de que se basta a si mesmo. Assim, de tudo que
produz essa satisfaçãosui generis, podemos dizer que é Belo, que
possui a dimensão da Beleza, dimensão aberta ao espírito pela
sensibilidade. Em grego, a palavra aisthesis, de onde derivou estética,
significa o que é sensível ou o que se relaciona com a sensibilidade.

o Vídeo 1: Arte Serve para quê?

o Vídeo 2: O que é Arte?

A arte e a Sociedade: Uma Experiência de


transformação Social

Texto base: Indústria


cultural, meios de
comunicação de massa,
cultura de massa
José Teixeira Coelho Netto (O que é indústria cultural, Col. Primeiros Passos.
São Paulo: Brasiliense, 1980. p. 10-11).
A indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de
massa surgem como funções do fenômeno da industrialização. E esta,
pelas alterações que produz no modo de produção e na forma do trabalho
humano, determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de
cultura (a de massa), implantando numa e noutra os mesmos princípios
em vigor na produção econômica em geral: o uso crescente da máquina e
a submissão do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina; a
exploração do trabalhador; a divisão do trabalho. Estes são alguns dos
traços marcantes da sociedade capitalista liberal, em que é nítida a
oposição de classes e em cujo interior começa a surgir a cultura de
massa. Dois desses traços merecem uma atenção especial: a reificação
(ou transformação em coisa: a coisificação) e a alienação. Para essa so-
ciedade, o padrão maior (ou único) de avaliação tende a ser a coisa, o
bem, o produto, a propriedade: tudo é julgado como coisa, portanto tudo
se transforma em coisa — inclusive o homem. E esse homem reificado só
pode ser um homem alienado: alienado de seu trabalho, trocado por um
valor em moeda inferior às forças por ele gastas; alienado do produto de
seu trabalho, que ele mesmo não pode comprar, pois seu trabalho não é
remunerado à altura do produzido; alienado, enfim, em relação a tudo,
alienado de seus projetos, da vida do país, de sua própria vida, uma vez
que não dispõe de tempo livre nem de instrumentos teóricos capazes de
permitir-lhe a crítica de si mesmo e da sociedade. Nesse quadro, também
a cultura — feita em série, industrialmente, para o grande número —
passa a ser vista não como instrumento de crítica e conhecimento, mas
como produto trocável por dinheiro e que deve ser consumido como se
consome qualquer outra coisa. (...

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