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90 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

A função administrativa como elemento de organização dos


serviços públicos
M a u r í c io M ondy
(Bacharel em ciências comerciais, consulares c financeiras.
Conselheiro de Organização)

(Da Rcvuc Internationale des Sciences Administrativos — decorrem de um mesmo princípio, o da economia
Pág. 317 — n. 2 —- Bruxelas — 1939) das forças pela especialização de funções. O
Verifica-se constantemente na vida dos ne­ faiolismo, com efeito, cogita apenas do governo
gócios que uma empresa só pode subsistir e pros­ da empresa e o tailorismo só considera a execução
perar quando seus dirigentes são capazés e se material da tarefa ; o primeiro se atem exclusiva­
obsérvam normas precisas que regulam o seu mente ao estudo do trabalho intelectual — con­
funcionamento. Dá-se o mesmo na administração cepção e direção — o segundo ao trabalho material
pública. Para que ela possa fornecer um rendi­ de escritório ou oficina — execução —. Aliás,
mento ótimo, é indispensável que tenha uma dire­ Fayol, ele mesmo, havia salientado uma demar­
ção competente e ativa, um programa de ação niti­ cação entre estas duas atividades da empresa.
damente definido e conhecido e serviços racional­ “Em todas as espécies de empresa, — dizia —
mente organizados. a capacidade essencial dos agentes inferiores é a
capacidade profissional característica da empresa,
A administração deve poder adaptar-se às di­ e a capacidade essencial dos grandes chefes é a
ferentes atividades do Estado, tais como são deter­ capacidade administrativa” (1). A teoria faio-
minadas pelo governo ; elas podem ir desde as.atri- liana de organização, tendo como princípio que
buições decorrentes da soberania ao mais acentuado todas as atividades de uma empresa podem se divi­
intervencionismo econômico. Qualquer que seja o dir em seis grandes funções diferenciadas: técnica,
regime político do país, a ação administrativa terá comercial, financeira, contavel, de segurança, ad­
por alvo promover os interesses culturais, sociais ministrativa, pode e deve constituir um dos ele­
e econômicos da comunidade, levando em conta mentos essenciais da organização da administração
entretanto, as condições internas de existência da pública.
nação e suas relações com os outros estados.
Se se considera o conjunto dos serviços pú ­
A noção — função administrativa ~ reveste-se blicos, é certo que as funções características da
de uma dupla significação. Compreendida no empresa privada se encontrarão no complexo admi­
sentido de política de ação governamental, ela pode nistrativo em questão, pois constituem os elementos
ser definida como a intervenção dos poderes pú­ essenciais, intrínsecos, da atividade de todo orga­
blicos na vida nacional com o fim de realizar os nismo. Esta concepção é ainda verdadeira se se
objetivos do Estado e, tomada como princípio de consideram apenas os serviços de soberania e
organização interna, visa a administração, a direção de gestão — departamentos ministeriais —, com
de um organismo qualquer que tenha carater indus­ exclusão das administrações de carater industrial
trial ou comercial ou mesmo administrativo. E ’ ou comercial — “régies” — que do ponto de vista
este segundo aspecto da organização administrativa da organização podem ser assimilados às empresas
que examinaremos neste estudo. particulares semelhantes. Algumas dessas funções
se apresentarão talvez sob uma forma embrionária
ou atrofiada, ou mesmo sob um aspecto algo dife­
Entre os técnicos de organização que tentaram rente daquele sob o qual estamos acostumados a
aplicar aos serviços públicos os métodos de orga­ distinguí-los.
nização tais como haviam sido definidos por Fayol A administração central pode ser comparada
e Taylor, alguns consideraram estes teorias opos­ a um consortium no qual cada departamento mi-
tas e contraditórias e, o mais das vezes, tomaram
por base de seus estudos exclusivamente um ou
outro desses métodos. Em realidade, no entanto, (1) Henri Fayol, Administration industcielle et gé'
esses métodos se completam harmoniosamente e néralc, 1931, pág. 16, Dunod, Paris.
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nisterial representasse um grupo de empresas espe­ que adaptar-se às circunstâncias sempre variaveis
cializadas cada uma em uma produção determinada, de tempo e lugar.
e onde os serviços do Primeiro Ministro desempe­ Resulta que para alcançar os objetivos visados,
nhassem o papel de orgão central de estudos, de um programa de execução mais pormenorizado
organização, de direção e de controle, conservando, deveria ser elaborado pelos ministros dentro dos
todavia, cada ministro a direção técnica de sua limites traçados pela declaração governamental.
unidade. Este programa deve apresentar uma certa unidade
Neste quadro bem delimitado, a função técnica para que os esforços dos diferentes departamentos
se concretiza pela atividade própria de cada um sejam concordantes e convirjam para um mesmo
dos departamentos, e, de outro lado, como a fim ; sua ação deve ser contínua, ininterrupta ; não
função técnica aplicada à indústria varia segundo deve haver intervalos nem pausas depois de cada
a natureza de cada empresa, a mesma função apli­ etapa ; deve ser flexível, pois as circunstâncias não
cada à administração poderá apresentar aspectos lhe devem impedir o desenvolvimento ; deve ser
diferentes conforme o objeto e especialização de preciso, para que o alvo fixado seja atingido mas
cada departamento ; ela terá pois, conforme o caso, não ultrapassado. Deve ser dinâmico.
um carater técnico particular: social, econômico, Embora único, o programa de execução apre­
financeiro, cultural, militar, etc. senta vários aspectos: técnico, administrativo, fi­
As outras funções, embora não possuam este nanceiro. O programa técnico, assim como o admi­
carater de preponderância, participam, todavia, da nistrativo, é condicionado ao programa financeiro
vida das administrações ; sua ação de intervenção — o orçamento —: toda a despesa nova, com
ê, entretanto, limitada e subordinada à atividade efeito, quaisquer que sejam sua natureza, sua im­
técnica dos serviços. portância, sua rendabilidade, supõe receitas cor­
respondentes imediatas.
Entre essas funções secundárias, a função ad­ A preparação do programa de execução é uma
ministrativa é a mais importante pois ela é o sis­ operação importante, difícil, que requer a colabo­
tema nervoso da empresa, encarregado de regular ração de todas as funções e de todos os serviços.
a atividade das outras funções. Cumpre-lhe manter Compete ao Primeiro Ministro determinar as mo­
a harmonia entre os diferentes orgãos e coordenar dalidades do programa geral de execução, coorde­
os esforços dos agentes. Ela age sobre os homens, nando os programas particulares do departamento,
nias não sobre a matéria. em função do alvo visado e das possibilidades do
Administrar decorre da função administrativa. momento. Esta tarefa pode justificar a criação
Administrar é prever, organizar, comandar, de serviços especiais, que constituam um orgão su­
coordenar e controlar (Fayol) . bordinado ao Primeiro Ministro ( 2 ) .
PREVER
Depois de determinado e aprovado o programa
geral de execução, cada ministro estabeleceria um
Aplicada à administração, a previsão consiste plano de trabalho particular para o seu departa­
em conhecer as condições internas e externas do mento e informaria os chefes de serviço interessa­
serviço público* de maneira a estabelecer um pro­ dos, sobre a parte que lhes incumbiria na execução
do programa ministerial. Quanto menor for o
grama geral que, respondendo ao mesmo tempo campo de ação de um programa, tanto mais facil,
às aspirações profundas do povo, seja suceptivel porem necessário, será estabelecer planos de tra­
de realização efetiva em um futuro próximo. balho minuciosos e precisos. Embora a declaração
A primeira manifestação da previsão admi­ governamental possa ser apresentada sob forma de
nistrativa é a declaração governamental, isto é, uma simples afirmação de princípios, todo chefe de
o programa do governo definido pelo Primeiro serviço deve estar em condições de determinar as
Ministro e aprovado pelo Parlamento. Este progra- conseqüências imediatas que pode ter, para uma
*a, na maioria das vezes, nada mais é do que certa categoria de cidadãos, o alargamento do
u®a simples enumeração das finalidades que o
governo tem em vista ; ele não dá nem pode dar
0 processo que será adotado, nem os meios que (2) Cf. "L'organisation fonctionelle de l'Adminis-
tration — Questions commerciales et administrativos’', No-
serão empragados, pois a política e a ação teem vember — déc. 1938 — 5, rue d'Egmont, Bruxelles.
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campo de aplicação de uma resolução ou o fortale­ rias —com carater consultivo, compostos de perso­
,0

cimento de medidas já impostas. nalidades estranhas à administração. Estes orga­


Alem disso, se o programa de execução e o nismos são os conselheiros da administração e os
plano de trabalho dão à atividade de um serviço seus colaboradores são anônimos e irresponsáveis.
uma direção bem definida, tendo em vista um? Os serviços públicos teem a tendência de descarre­
finalidade precisa e imediata, não é necessário que gar o seu trabalho sobre essas comissões e perdem
este serviço espere um impulso externo para que o hábito de estudar eles próprios os problemas que
seja iniciado o estudo de certos problemas de sua se apresentam. De outro lado, quando as comis­
competência, que sejam iniciados inquéritos para sões perdem o seu carater de orgão consultivo para
os serviços exteriores, que sejam empreendidas intervir mais diretamente na atividade das reparti­
pesquisas pelos serviços de estudos, ou que seja ções, sua ação intervencionista é susceptível de
proposta a organização de comissões ao ministro. paralizar o trabalho administrativo e de atrazar
Um serviço verdadeiramente eficiente deve estar a a execução ; esta ação aniquila o senso de respon­
par' da evolução das questões relativas ao obje­ sabilidade e mata a iniciativa. O funcionário teme
tivo que constitue matéria de sua atividade. fazer uso das prerrogativas decorrentes de seu
cargo e se fia nas decisões da comissão para por­
Diariamente em contacto com a vida, os ser­ menores que ele próprio poderia ter estipulado.
viços exteriores estão em condições de dar aos Todavia, se esta tendência da administração
chefes dos serviços centrais indicações preciosas de se desfazer cada vez mais de sua responsabili­
sobre a maneira como são observadas as disposições dade é em si lamentavel, no domínio da legislação
legais e regulamentares e sobre as dificuldades social e econômica, onde a evolução é constante e
encontradas no exercício de sua missão ; podem onde convem manter uma certa unidade na política
tambem chamar a sua atenção sobre a oportuni­ geral, é indispensável consultar de maneira per­
dade de se iniciarem pesquisas e de se imporem manente a opinião das pessoas competentes, inteira­
novas medidas. mente ao corrente dessas questões por sua prática
Por meio de uma documentação rigorosamente quotidiana dos negócios. Esta instituição apresenta
em dia, por contactos numerosos com o mundo cien­ a grande utilidade de permitir uma melhor utili­
tifico, por estudos prosseguidos sistematicamente, zação das personalidades não políticas.
por comparação dos progessos alcançados no es­ A criação de comissões temporárias pode tam­
trangeiro nos domínios análogos, cada chefe de bem ser justificada quando convem que o governo
serviço pode dar à atividade de sua repartição uma conheça a opinião de grupos .de interesses e que
orientação permanente e caracterizada. sejam formulados claramente desejos menos vagos
que não figuram nos programas dos partidos.
Cada departamento, cada serviço, cada fun­ Ainda de um outro ponto de vista, os conselhos
cionário deveria ter um plano de estudos que se podem ter a sua razão de ser quando se trata de
enquadrasse em um plano geral. Embora não seja gerir organismos especiais que não podem ser inte­
possivel ao funcionário conhecer as intenções do grados na atividade normal dos serviços públicos.
parlamento, das comissões parlamentares, dos
partidos políticos, nem tentar penetrar na opinião ORGANIZAR
íntima das massas, não é menos verdade que ele
deve, para ser um funcionário eficiente seguir de à organização administrativa tem por fim
maneira contínua e constante, a evolução técnica estabelecer a estrutura da administração em função
dos problemas de sua competência. O funcionário, de seu papel, de suas dificuldades, de seus re­
cujo campo de ação será nitidamente delimitado e cursos ; determinar a natureza e o número de
que foi informado sobre o programa geral de ação, orgãos necessários à sua ação e definir-lhes as
saberá fazer sempre propostas uteis e oportunas. atribuições ; fixar a qualidade e o número de agen­
Já não se dará o mesmo se a finalidade de sua ação tes indispensáveis ao seu funcionamento. Escolher
não for definida. Esta será menos eficaz, dadas a pára cada atividade o método de trabalho mais
falta de interesse e ausência de finalidade. Tentou- racional e, por fim, dotar o organismo administra­
se remediar ao afastamento da vida ativa dos servi­ tivo de pessoal e material necessários.
ços técnicos por meio da criação de conselhos, de Para que a organização seja verdadeiramente
comissões, de comitês — permanentes ou temporá­ eficiente, deve tender a diminuir o número de graus,
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fundindo as funções vizinhas e suprimindo as mento qualitativo e quantitativo dos funcionários


ocupações intermediárias. Em conseqüência disso, pertencentes a cada especialidade, o serviço de or­
ela deveria procurar descarregar os chefes de tare­ ganização estaria em condições de organizar perio­
ias que podem com facilidade ser confiadas a fun­ dicamente um quadro da atividade geral do depar­
cionários jovens, ativos e inteligentes, atribuindo tamento e do pessoal necessário ao seu funciona­
a0 pessoal subalterno poderes mais amplos. Esta mento. Ser-lhe-ia possivel, de outro lado, à medida
Prática aceleraria a expedição dos negócios e faci­ que os métodos se fossem aperfeiçoando, estabelecer
litaria a formação de uma elite de jovens funcio­ um plano para os funcionários em excesso. Estes
nários, que constituiriam na realidade o próprio últimos poderiam, segundo o caso e sem que se
fundamento da administração. tocasse em sua situação administrativa, ser designa­
dos para outros serviços onde o pessoal fosse con­
Embora o trabalho administrativo passe por siderado insuficiente ou destacados para um depar­
três fases sucessiveis, a concepção, a execução ,o tamento vizinho por meio de um plano interminis-
controle, toda a atividade dos serviços públicos terial.
pode se distribuir entre os orgãos de direção e os
serviços de execução. Em última análise, a con­ Este plano interministerial justifica a criação
cepção e o controle fazem parte das atribuições de um serviço central de organização (3) cuja
dos orgãos de direção, pois somente a autoridade missão seria não somente organizar e rever, de
que deu a ordem pode julgar se esta ordem foi maneira contínua, a estrutura geral da adminis­
Pontual e corretamente executada. As duas ativi­ tração mas tambem coordenar os estudos, as expe­
dades funcionais características — direção e exe­ riências, as decisões das repartições ministeriais
cução — devem ser rigorosamente separadas em de organização. As novas medidas propostas por
todos os graus da organização e é da maior impor­ estas últimas só poderiam ser postas em vigor
tância que a responsabilidade inerente a cada uma depois de terem sido discutidas e aprovadas pelos
dessas funções seja atribuídas a pessoas ou orgãos delegados dos diferentes departamentos. Nessas
distintos. reuniões, poderiam ser comunicadas as conclusões
tiradas da aplicação de medidas tomadas anterior­
A O rg an ização a d m in is tra tiv a re q u e r a c ria - mente e assuntos práticos de estudos e experiências
Ção, em c a d a m in istério , d e serv iç o s esp e c ia is d e poderiam ser propostos ao exame de vários dele­
o rg a n iz a ç ã o e d e c o n tro le . gados .
O serviço de organização se encarregaria da Uma tarefa corolária do serviço de organiza­
organização material e funcional dos serviços, da ção deveria ser a padronização dos impressos, do
determinação dos métodos do trabalho, da elabo- material, dos fornecimentos para escritório. Seria
raÇão das instruções, da coordenação das ativida­ extremamente util que esse serviço fizesse o estudo
des, do controle da presença e dos rendimentos sistemático de todos impressos utilizados, estudo
dos funcionários e, em último lugar, da atividade
9eral do serviço. Sua tarefa essencial consistiria
rever permanentemente os processos de traba­ (3) A redação deste artigo estava terminada quando
lho, em suprimir os trabalhos inúteis ou em du-\ foi publicado o decreto real de 30-3-1939 de criação de
um serviço de administração geral ("Moniteur Belge", de
Pacata, em propor trabalhos úteis ou indispensáveis. 2-4-1939). Esta decisão do poder executivo de criar um
Para isso, sua intervenção deveria ser prevista obri­ orgão especializado encarregado de elaborar, propor e coor­
denar as medidas relativas à organização administrativa
gatoriamente quando novas disposições legais ou fortalece a tese, por nós defendida, da necessidade de espe­
regulamentares tivessem como conseqüência, seja cializar as diferentes funções técnicas e administrativas dos
serviços públicos. O Serviço de Administração Geral cons­
tornar mais dificil a execução de um trabalho de tituirá um serviço permanente e pertencerá ao orgão subordi­
u®a repartição, seja provocar um aumento do nú­ nado ao Primeiro Ministro. Terá como principal função for­
necer ao gabinete do Primeiro Ministro e à Comissão do Or­
mero dos funcionários. çamento, todos os elementos de informação necessários para
esclarecer èsses organismos sobre certos aspectos técnicos
De posse de todos os elementos de apreciação dos assuntos submetidos a seu estudo. Sua intervenção na
de um serviço dado: programa de ação delimitado vida administrativa se manifestará sob a forma de sugestões,
conselhos, inquéritos, quando as questões a serem resolvidas
Pelas leis e decretos que este serviço deve aplicar, disserem respeito aos métodos de trabalho: por meio de rela­
natureza e volume dos negócios tratados, forneci­ tórios ao Primeiro Ministro, quando se tratar de problema
de estrutura. O Serviço de Administração Geral é chamado
dos respectivamente pela análise das intervenções a desempenhar um papel capital na realização efetiva da
e pelos relatórios periódicos de atividade, rendi­ reforma administrativa,
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feito não somente do ponto de vista do uso e é condicionada à permanência das necessidades, e
finalidade, mas tambem do formato, da qualidade, novas necessidades exigem instituições renovadas.
da disposição dos textos. Alem disso ele deveria Em lugar de, de cinco em cinco anos ou de seis em
procurar, de acordo com os outros departamentos, seis, haver reformas profundas dos serviços pú­
adquirir o material de elementos padronizados per­ blicos, reformas que só são consideradas geral­
mutáveis e extensíveis, que tivesse sido aprovado mente indispensáveis quando a opinião pública foi
e satisfizesse às diferentes necessidades dos ser­ despertada, seja pelo aumento do número dos fun­
viços. O material de escritório tambem lucraria em cionários seja pelo crescimento das despesas pú­
ser padronizado. Todas as encomendas deveriam blicas de natureza administrativa, seria mais racio­
ser indistintamente transmitidas, em data certa, a nal que essa reorganização se efetuasse de uma
uma repartição central, que seria a única encarre­ maneira contínua, acompanhando a evolução das
gada dos fornecimentos ; seria conveniente, em todo idéias e dos fatos. Essas reformas periódicas por
o caso, que um prazo máximo fosse fixado para seu carater radical, influem desfavoravelmente na
a execução dessas encomendas. Competiria tam­ carreira dos funcionários e assim enervam e para­
bem à repartição manter uniforme a qualidade lisam a atividade do corpo legislativo.
dos fornecimentos e, para isto, depois de haver N a maquinaria administrativa atual, o ser­
estabelecido os tipos padrões ela exigiria que as viço de organização poderia tornar-se um dos mais
entregas correspondessem estritamente aos tipos seguros colaboradores dos inspetores de finanças.
estabelecidos. Um exemplar numerado de cada Esses funcionários nem sempre dispõem de ele­
um dos formatos e qualidades poderia ser depo­ mentos de informação suficiente para permitir-lhes
sitado permanentemente no almoxarifado de cada tomar uma decisão com completo conhecimento de
departamento. causa : a organização estrutural varia de serviço
M as não se deve considerar a atividade do para serviço, as atribuições dos funcionários não
serviço de organização como um fim em si. O são claramente definidas; os métodos de trabalho
papel deste serviço deve consistir principalmente diferem segundo as repartições ; em resumo, para
em isolar, das informações gerais e particulares que um funcionário estranho a um serviço dado, não
recebe regularmente dos diferentes serviços, dados existe critério algum — temporário ou permanente
que possam servir de base a propostas concretas de — que lhe permita apreciar a eficiência da organi­
reform a. zação, nem fazer comparações com os serviços
Se se quer que a reforma administrativa que se vizinhos ou similares.
realiza atualmente em nosso país alcance os fins Dada a escassez do quadro desses funcioná­
a que ela se propôs, é indispensável que seja rios, ser-lhes-á materialmente impossível controlar
confiada a um organismo permanente que receba sistematicamente a atividade geral de um departa­
do Primeiro Ministro o encargo de organizar e mento. Só poderão intervir nos serviços acidental
controlar os serviços do estado. Não se deve e temporariamente e, a maior parte das vezes, fa-
permitir que os esforços do Comissário real, lo-ão por um pedido de pessoal ou material, consi­
alguns que já produziram realizações positivas derado inoportuno a priori; só mais raramente fis­
e construtivas tais como a elaboração e o estatuto calizarão outros serviços -7- talvez mal organiza­
dos funcionários do Estado e a organização cien­ dos e com pessoal em excesso. De outro ponto
tífica do recrutamento, não sejam continuados. Os de vista, como sua missão apresenta um carater
melhores trabalhos, os relatórios mais bem estu­ nitidamente preventivo e como sua formação pro­
dados, as conclusões mais pertinentes, ficam este- fissional, pela subordinação ao Ministério de Fi­
reis e sem finalidade se um homem ou um orgão, nanças, depende da técnica particular desse depar­
por uma vontade tenaz e um esforço de todos os tamento, eles serão levados insensivelmente a negli­
instantes, não tende a aplicar e observar as regras genciar os problemas que se prendem exclusivamen­
que esses estudos produziram. te à técnica da organização para se dedicarem prin- 1
De outro lado, sendo a vida social uma evolu­ cipalmente aos problemas de ordem orçamentária
ção constante, as regras fixadas pelo legislador só cujo interesse é mais imperativo.
podem ser provisórias, e compete aos poderes pú­ E ’ por estes motivos que o serviço de organi­
blicos adaptar constantemente as instituições às zação, por meio de suas intervenções quotidianas
condições do momento. A permanência dos orgãos sistemáticas, coordenadas, na vida das repartições,
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Parece susceptível de fornecer a esses altos funcio­ fundamentais que devem presidir a toda reforma
nários, dados essenciais à elaboração de seus re­ construtiva da administração. Somos de opinião
latórios . no entanto, que não convem, principalmente no
que toca a nossa país, que essas noções descentra-
COMANDAR lizadoras sejam consideradas intagiveis e inevi­
táveis, pois, se é certo que a técnica administra­
Comandar é pôr em ação o organismo admi­ tiva tende para uma ação cada vez mais direta
nistrativo e fazer funcionar o pessoal. Esta função da autoridade superior, não é menos verdade que
se reparte entre os diferentes graus da hierarquia, se assiste atualmente a concentrações de poderes
tendo cada chefe o encargo e a responsabilidade cada vez mais importantes. Deve-se procurar
de sua unidade. um meio termo entre esses extremos.
Em cada um desses escalões orgânicos, deve
íl unidade de direção ser assegurada e mantida
Por comitês formados pelos chefes das unidades COORDENAR
cuja ação deve ser dirigida, e presididos pelo chete
da unidade imediatamente superior. Esses comi­ Coordenar é ligar, unir, harmonizar as ativi­
tês podem às vezes ter por assistentes funcionários dades das diferentes unidades do organismo admi­
especializados em um dado setor. Assim, a unidade nistrativo, tendo em vista a realização do objetivo
de direção é realizada entre os ministérios pelo fixado pelo programa governamental; é, aplicado
Conselho dos Ministros presididos pelo Primeiro a um fato particular, levar em conta as conseqüên­
Ministro ; entre as direções gerais de um mesmo cias que este fato pode ter sobre a ação dos diferen­
departamento, pelo comitê de direção composto tes orgãos ; é dar aos serviços atribuições em rela­
Pelos diretores gerais e presidido pelo Secretário ção com a sua função ; em uma palavra, é adaptar
G eral; entre os serviços de uma mesma direção. os meios aos fins. Cada unidade trabalha de perfei­
Pelos chefes de serviço reunidos sob a presidência to acordo com as outras unidades e, no interior de
do Diretor geral. O Ministro é representado no acordo com as outras unidades e, no interior de
comité de direção por um alto funcionário do seu cada célula, cada funcionário conhece perfeitamen­
9abínete, cuja missão é verificar se as diretivas te a parte que lhe incumbe no trabalho coletivo e
®inisteriais são observadas pelo serviço. A uni­ tambem o auxilio eventual que ele pode vir a ter
dade de direção exige uma direção única, compe­ que prestar a outro funcionário.
tente e vigorosa. A coordenação pressupõe uma divisão lógica
A unidade de comando terá por finalidade do trabalho operada segundo uma centralização
evitar que no conjunto do organismo administra­ das atividades de mesma natureza ; ela exige a
tivo e em cada célula se estabeleça uma dualidade subordinação do interesse particular ao interesse
de comando ; este deve se exercer sem tropeços geral e a execução rápida das decisões tomadas.
nem intrometimentos. Para cada tarefa determi- E' comum que questões do interesse de vários de­
nada, cada serviço ou funcionário deve receber partamentos sejam estudadas por cada um deles,
•nstruções de uma só autoridade. Da unidade de separadamente, e as decisões tomadas individual­
comando decorre a necessidade de manter a perma­ mente ; se elas visam uma mesma atividade ou um
nência no comando e assim surge a questão das mesmo objeto, arriscam-se a perturbar gravemente
substituições; um serviço deve poder funcionar o funcionamento dos serviços. Por outro lado, os
Sempre normalmente na ausência de seu chefe. problemas tratados já foram talvez resolvidos por
um departamento vizinho ou são susceptíveis de
A função de comando se concretiza pela sê-lo em um futuro próximo. De qualquer maneira,
hierarquia. Esta será determinada em funçao das a falta de coordenação das atividades é nefasta à
tarefas a serem cumpridas: a uma atividade ca- unidade de doutrina e impede que certos serviços
racterística corresponderá uma função determinada se aproveitem da experiência adquirida por outros,
e a toda divisão orgânica de uma mesma função talvez a custa de longas e áridas pesquisas.
c°rresponderá um certo grau. A hierarquia acha
Sua expressão no quadro de organização. A má- As atividades do Estado devem ser cuidadosa­
Xlma “governar de longe, administrar de perto” mente coordenadas e o papel de cada organismo,
sempre considerada como um dos princípios deterieiinado em função do dos outros.
REVISTA DO SERVIÇO PUBLICO

De fato, o problema da coordenação é domi­ feita pelo Conselho de direção ; cabe ao secretário
nado por duas verificações : a multiplicidade dos geral dirigir a ação dos serviços na direção deter­
serviços e a instabilidade ministerial. E ’ pois indis­ minada pelo Ministro, coordenar sua atividade,
pensável que os orgãos coordenadores apresentem evitar as dualidades e os mal entendidos.
um carater de permanência e que planem acima das Quanto à coordenação de execução, dever-se-
contingências políticas e técnicas, principalmente ia prever no escalão “departamento”, a criação de
quando as decisões que eles devem tomar se pren­ comitês interministeriais dependentes dos serviços
dem a técnicas diferentes, próprias a cada uma das do Primeiro Ministro. Cada ministro nele seria
unidades representadas, podendo ter conseqüências representado por um alto funcionário perfeitamente
muito graves para a coletividade. ao corrente da atividade técnica geral de seu de­
Para obviar a esses inconvenientes que se partamento, e um delegado do Primeiro Ministro
manifestam em todos os graus da coordenação é seria seu presidente. No escalão “serviço” as reu- \
absolutamente necessário que sejam dados os dele­ niões dos chefes do serviço trariam mais coesão à
gados dos vários escalões, cuja ação se deve co­ execução, unidade de vista nas decisões e, por
ordenar, representantes das escalões superiores, conseguinte, mais continuidade na doutrina e no
senhores de uma competência mais ampla, pouco método. Para que a intervenção dos orgãos coor­
especializados ou nada, e cuja missão seria orientar denadores fosse verdairamente eficaz, seria indis-
e animar os debates. Esses representantes dos ser­ . pensavel que cada um deles fornecesse anualmente
viços gerais deveriam possuir uma cultura geral um relatório da atividade desenvolvida no correr
muito ampla, ser capazes de assimilar prontamente do ano, isto independentemente da redação das
os princípios básicos das questões discutidas e de atas das sessões.
formular um julgamento preciso e imparcial. Essas Seria racional que as sessões dos comitês inter­
qualidades requerem capacidades especiais e prin­ ministeriais se realizassem em um local especial­
cipalmente um senso crítico e lógico muito agudo mente destinado para este fim e que o secretariado
que permitirá, depois de uma análise rápida e obje­ desses comitês competisse aos serviços do Pri­
tiva dos problemas, definir as diretivas que deve­ meiro Ministro. Esta centralização teria com°
rão ser impostas às partes. A ação dos orgãos vantagem uma melhor coordenação do funciona­
coordenadores deveria atender em particular a uma mento porque, estando dè posse do todos os ele­
execução mais uniforme das decisões tomadas pelos mentos de organização, o serviço competente po­
serviços de direção, pois as medidas que visam uma deria determinar metodicamente os dias, horas e
mesma atividade de departamentos e serviços dife­ locais das reuniões, baseando-se, de um lado, no
rentes, devem ser aplicados em cada um deles de número de salas disponíveis e na composição numé­
maneira idêntica. rica dos comitês convocados e tomando em consi­
A coordenação das atividades administrativas deração, de outro lado — para os funcionários que
pode ser encarada de dois pontos de vista dife­ fizessem parte de várias comissões ou cuja ativi­
rentes : direção e execução. dade profissional necessitasse deslocamentos fre­
N a realidade, o Conselho dos Ministros é o qüentes —, o tempo gasto ou susceptível de ser
orgão supremo que, dando aos trabalhos da admi­ gasto por essas reuniões ou deslocamentos.
nistração uma direção determinada, coordena-lhe A centralização das reuniões, dos comitês
a realização e lhe controla o resultado. O secreta­ interministreriais em um mesmo local e a prepara­
riado desse Conselho cabe ao gabinete do Primeiro
Ministro ; é a ele que incumbe o cuidado de esta­ ção das sessões por um serviço único permitiria,
belecer os programas das sessões, as ordens do dia, alem disso, uma melhor utilização da atividade doS
de preparar os processos relativos às questões que taquígrafos que conviria adir a cada um dos comi­
serão discutidas, de convocar os ministros e de tês. Esta maneira de agir facilitaria muito a ela­
redigir as atas das reuniões. Ele é encarregado da boração das atas das sessões e dos relatórios
ligação efetiva e permanente com os ministérios, o anuais.
que implica para ele a necessidade de seguir os Uma aplicação extremamente interessante da
problemas que são comuns a vários departamentos passerele deveriam ser as reuniões dos funcio'
ou que ultrapassam o campo de ação de um deles. nários. Nós defendemos a idéia da criação de ser­
Em cada ministério, a coordenação da direção é viços especializados, quer na função técnica, quef
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na função administrativa, e da designação, em cada objeto de conclusões práticas. Deve-se, no entanto,
serviço especializado, de um funcionário pertencen­ agir de maneira que o controle não sobrepuje o
te ao quadro administrativo, a quem seriam con­ comando, pois ele é um meio e não um fim.
fiados, exclusivamente, todos os negócios de carater A fiscalização da realização do programa
administrativo relativos a certos serviços adminis­ geral de ação compete aos serviços do Primeiro
trativos gerais —- Estatística,. . . •— e especiais- Ministro ; a do programa ministerial de execução,
Orçamento, Contabilidade, Organização,. . . — A ao Gabinete do ministro interessado. Relatórios
organização dessas reuniões permitiria aos chefes periódicos, que poderiam ser exigidos de cada grau
dos serviços administrativos dar aos dirigentes ad­ da hierarquia, permitiriam às autoridades competen­
ministrativos dos serviços especializados, uma mes­ tes julgar se as previsões feitas pelo programa de
ma formação profissional, e, iniciá-los gradual­ ação foram realizadas e assegurar-se da execução
mente nas diferentes técnicas administrativas espe­ normal desse programa. Quanto à execução do
ciais e, quando necessário, provocar sugestões su- plano de trabalho de cada serviço, seu controle
ceptiveis de simplificar e aperfeiçoar o trabalho, requer a intervenção de vários organismos especia­
^esta maneira, os chefes dos serviços técnicos não lizados: a legalidade das medidas encaradas com­
deveriam mais ocupar-se dos pormenores de exe­ pete ao serviço jurídico ; a oportunidade destas
cução das diretivas estranhas à atividade técnica medidas, ao serviço de estudos; a utilização dos
e poderiam dedicar todo o seu tempo à sua especia­ meios financeiros, ao serviço de cantabilidade ; e
lidade. enfim é reservado ao serviço de organização o con­
Em outra ordem de idéia, quando as questões trole dos funcionários e da atividade geral.
se prendem a serviços diferentes, sua instrução O serviço de organização centralizaria os
seria facilitada e melhorada por meio de reuniões dados relativos à atividade do pessoal e dos ser­
de equipes de trabalho formadas dos delegados viços para submetê-los aos orgãos competentes,,
de serviços cuja intervenção é requerida. Esses sob forma de quadros sintéticos ou comparativos.
a9entes poderiam resolver em comum as questões Essas informações sçriam fornecidas periodica­
í ue estudam. Os vistos e as aprovações, em lugar mente pelos serviços interessados e poderiam cons­
de serem dados serviço após serviço, sê-lo-iam tituir objeto de formulários especiais, padronizados,
simultaneamente durante uma sessão. Essas reu­ especialmente estudados. A questão da organi­
niões seriam, para a administração, o mesmo que zação funcional, que visa principalmente a ativida­
as sessões de compensação representam para os de particular dos funcionários já foi estudada no
bancos . capítulo relativo a organização e não voltaremos
Para serem eficazes, essas duas aplicações da mais a ela. Quanto ao controle da atividade geral
Passeree/e postulam a cessão aos agentes manda­ dos serviços, poderia ser feito, automaticamente,
tários de delegações de poderes que podem variar pela apresentação, por parte de cada unidade, no
Naturalmente segundo a natureza e importância fim do ano, de um relatório sobre a sua atividade,
dos negócios a serem tratados. durante o exercício decorrido. Seria, todavia, ne­
cessário, que esses documentos fossem estabelecidos
CONTROLAR de forma idêntica. Para isso propomos o esquema
seguinte :
Controlar é fiscalizar para que tudo seja exe-
Cutado de acordo com o programa fixado, com as RELATÓRIO GERAL
0rdens dadas, com as normas estabelecidas. O
c°ntrole tem por fim assinalar as faltas e negligên- Capítulo I ■— Organização geral do serviço.
Clas, para que as conseqüências possam ser atenua- Serviço central e serviços exteriores.
das e a repetição, impedida. Para que o controle
seja eficaz é preciso que abranja o conjunto Quadro, hierarquia.
d& atividade administrativa encarada do ponto de Atribuições do pessoal.
^ista legal , técnico, financeiro ou administrativo
^Ur° ; para que atinja o seu fim, deve ser feito a Capítulo II. -— Campo de ação do serviço.
tempo e acompanhado de sanções, e os ensina- Novas atribuições.
mentos que deles se desprendem devem constituir M odificações.
98 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

Capítulo III. — Atividade legislativa. vida das repartições, pela direção que imprimem à
Leis, decretos, regulamentos. atividade destas, os serviços de direção constituem
Doutrina, interpretação. o fator determinante do bom rendimento dos ser­
Jurisprudência. viços públicos. Eles são ao mesmo tempo a arma­
Questões de princípio. dura que dá ao corpo administrativo toda a sua
Capítulo IV . — Atividade técnica. rigidez e toda a sua flexibilidade, o cérebro que
concebe, raciocina, comanda e controla.
Inquéritos gerais e especiais. A ação dos serviços de direção se exerce por
em perspectivas meio da função administrativa. Esta, por intermé­
Estudos em curso dio de seus orgãos especializados, serve de traço
terminados de união entre a direção e a execução ; ela é o
sistema nervoso do organismo que transmite as
Particularidades notadas. ordens, dá impulso aos centros motores, pondo-os
Capítulo V . — Atividade administrativa. em movimento e coordenando-lhes a ação. E ’ ainda
ela quem transmite aos orgãos de concepção os ele­
Estatísticas. mentos de informação recolhidos no conjunto dos
Capítulo VI — Anexos. serviços.
Confiando aos funcionários dirigentes de sua Se se quer obter um rendimento ótimo dos
unidade a elaboração dos capítulos relativos a serviços públicos é essencial que sejam organizadas
sua atividade particular, todo chefe de serviço po­ racionalmente as relações entre a direção e a exe­
deria por-se a par, de maneira completa, da efi­ cução, e que sejam evitados os atritos e as perdas
ciência desenvolvida por seus subordinados no de energia. Como o rendimento de uma máquina
exercício de sua função. Poderia, todavia, reser­ depende do bom funcionamento dos orgãos de
var para si a parte do relatório relativa a regula­ transmissão, a eficiência dos serviços públicos é
mentação ; seus auxiliares técnicos se encarrega­ função da boa organização dos elementos de liga­
riam da parte técnica, e o funcionário administrativo ção entre as unidades administrativas.
dirigente se incumbiria da parte referente a ati­ Alguns dos orgãos citados para ilustrar nossa
vidade administrativa. Esta colaboração de todos definição da função administrativa já existem, mas
em uma obra comum estreitaria os laços entre os conviria que suas atribuições fossem definidas e
funcionários do serviço, pois, embora destribuindo especializadas ; outros ainda não existem, embora
a cada um deles uma responsabilidade bem deter­ sua criação se torne cada vez mais indispensável.
minada, ela lhe deixaria uma certa iniciativa no Pode-se afirmar, sem temor, que sua ausência na
domínio próprio de sua atividade. organização atual é, em grande parte, a causa do
A generalização deste método teria como prin­ fraco rendimento dos serviços públicos em geral, e
cipal vantagem para anualmente ao ministro, ao da falta de dinamismo dos serviços e dos funcio­
secretário geral, ao comitê de direção, em uma nários em particular.
centena de páginas, uma vasta síntese da atividade Não nos foi possível definir nem prever todas
do Departamento. as engrenagens que, normalmente, deveriam con­
cretizar a função administrativa. Tivemos que
nos limitar a indicar as mais características dentre
Os princípios fundamentais da direção cien­ elas, isto é, aquelas que se podem ou que se deve­
tífica das empresas devem ser a base da organi­ riam encontrar em toda administração científica,
zação administrativa. Intervindo diariamente na e racionalmente organizada.

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