Você está na página 1de 13

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho


Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

NR 17 – ERGONOMIA – ANÁLISE ERGONÔMICA DO


TRABALHO
17.3 Avaliação das situações de trabalho

Ainda a respeito da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) e da Análise Ergonômica


do Trabalho (AET), o esquema abaixo faz uma comparação entre esses dois documentos:

AVALIAÇÃO ERGONÔMICA x ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO – AET


PRELIMINAR – AEP
Obrigatória, quando ocorrerem os gatilhos do item 17.3.2:

OBRIGATÓRIA
Gatilhos da AET

Profissional responsável:
Avaliação mais Inadequação ou Agravamento Nexo de Causalidade
A NR não estabelece
aprofundada das insuficiência das da saúde dos entre Acidente ou Doen-
condições de medidas já ado- trabalhadores ças e as condições de
situação tadas – PCMSO trabalho – PGR

Profissional responsável: A NR não estabelece


AET: A Nota Técnica n. 287/2016/CGNOR/DSST/SIT prevê
que a AET deve ser elaborada por profissional de nível supe-
rior com CONHECIMENTO em ERGONOMIA.

É muito provável que a banca tente confundir os candidatos ao misturar a avaliação


ergonômica preliminar e a análise ergonômica do trabalho. Cuidado!

A avaliação ergonômica preliminar sempre deverá ser feita. Ela é obrigatória, con-
forme consta na NR 17. Contudo, a norma não estabelece qual é o profissional que deve
elaborar a AEP; assim, entende-se que um técnico de segurança do trabalho, ou um
engenheiro de segurança do trabalho, ou um fisioterapeuta do trabalho, entre outros,
podem fazê-la.
Já a análise ergonômica do trabalho não é obrigatória ‒ salvo quando ocorrerem os
gatilhos citados no item 17.3.2:

17.3.2 A organização deve realizar Análise Ergonômica do Trabalho – AET da situa-


ção de trabalho quando:

www.grancursosonline.com.br 1
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

a. observada a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação;


b. identificadas inadequações ou insuficiência das ações adotadas;
c. sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do Pro-
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO e da alínea “c” do subi-
tem 1.5.5.1.1 da NR 01; ou
d. indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento de
Riscos – PGR.

Portanto, a avaliação ergonômica preliminar sempre será feita, e deve ser incorpo-
rada ao inventário de riscos do PGR. Entretanto, a análise ergonômica do trabalho só
deverá ser feita quando surgir um ou mais dos quatro gatilhos; nesses casos, a AET se
torna obrigatória. Lembrando que os resultados da AET também são incorporados ao
inventário de riscos do PGR.
A norma também não estabelece qual é o profissional que deve elaborar a análise
ergonômica do trabalho. Porém, a Nota Técnica n. 278/2016, do Ministério do Trabalho,
prevê que a análise ergonômica do trabalho deve ser elaborada por profissional de nível
superior com conhecimento em ergonomia:

3. [...] A AET é considerada uma espécie de laudo, portanto deve ser elaborada por
profissional de nível superior, que se responsabilizará formalmente pelo conteúdo
do documento.

Normalmente, esse profissional é alguém que fez uma especialização em ergonomia


e, assim, tornou-se um ergonomista. Portanto, é razoável que a AET seja elaborada por
estes profissionais.
Reforçando que a avaliação ergonômica preliminar não necessariamente precisa ser
realizada por profissional de nível superior.
Um exemplo: imagine uma empresa que está montando um frigorífico. Durante a
elaboração dos projetos do prédio, já pode ser feita uma avaliação ergonômica preli-
minar. Para tal, basta estudar os projetos do frigorífico e propor alternativas do ponto
de vista ergonômico, para que os trabalhadores não sofram quando da implementação
desse projeto e do início da sua operação.
Neste caso, a empresa está fazendo uma avaliação ergonômica preliminar de um
risco ergonômico potencial ‒ porque ele ainda não existe, mas poderá existir se o projeto
for implementado. Assim, é possível discutir sobre a ergonomia do frigorífico logo na
fase de projeto, junto com os projetistas, e apresentar propostas para que este projeto
seja feito de forma que não traga danos à saúde dos trabalhadores.
5m

www.grancursosonline.com.br 2
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Agora, considere que, na hora de elaborar o projeto, foram consideradas as suges-


tões do responsável pela AEP ‒ lembrando que o frigorífico ainda não existe; mas, como
os projetos já estão prontos, pode-se realizar uma avaliação econômica preliminar. Os
riscos encontrados pela AEP são chamados de riscos potenciais, pois eles não existem
ainda, e só surgirão se o projeto for implementado. Mas, como dito no início do pará-
grafo, as soluções ergonômicas foram consideradas e acatadas durante a implemen-
tação do projeto, que então começou a funcionar sem nenhum problema. Contudo, um
ano depois, vários trabalhadores começam a apresentar problemas de saúde.
Analisando a situação, os responsáveis chegam à conclusão que as propostas que
tiveram origem na avaliação ergonômica preliminar não foram suficientes para resolver
o problema. Nesse caso, é preciso, então, entrar com uma análise ergonômica do tra-
balho, apresentando uma proposta, uma solução para o risco que, agora, efetivamente
existe e está prejudicando os trabalhadores.
Perceba que há uma diferença até mesmo temporal entre a avaliação ergonômica
preliminar e a análise ergonômica do trabalho: a AET só é feita depois que se realizou a
AEP sem que se tenha obtido resultados suficientes.
Logicamente, a avaliação econômica preliminar não se aplica somente para riscos
potenciais. O risco, as condições de trabalho podem já estar ali, e a AEP então é feita
reconhecendo o risco ergonômico existente, e apresenta uma solução. Mas, também é
possível que, um ano depois, os trabalhadores apresentem problemas de saúde, assim
engatilhando uma análise ergonômica do trabalho, na intenção de apresentar soluções
tecnicamente mais adequadas.
Como dito anteriormente, para realizar a AET, um profissional de ergonomia faz um
estudo mais aprofundado e, assim, apresenta soluções mais adequadas.
Continuando, a NR 17 traz o seguinte sobre a abordagem da AET:

17.3.3 A AET deve abordar as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta


NR, incluindo as seguintes etapas:
a. análise da demanda e, quando aplicável, reformulação do problema;
b. análise do funcionamento da organização, dos processos, das situações de tra-
balho e da atividade;
c. descrição e justificativa para definição de métodos, técnicas e ferramentas ade-
quados para a análise e sua aplicação, não estando adstrita à utilização de méto-
dos, técnicas e ferramentas específicos;
d. estabelecimento de diagnóstico;
e. recomendações para as situações de trabalho analisadas; e
f. restituição dos resultados, validação e revisão das intervenções efetuadas, quan-
do necessária, com a participação dos trabalhadores.

www.grancursosonline.com.br 3
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Observe que as etapas de uma AET são bastante previsíveis, sem divergir muito de
uma análise de riscos ocupacionais existentes em um ambiente de trabalho: é preciso
analisar a demanda (que seria, por exemplo, as pessoas que estão adoecendo) e o fun-
cionamento da empresa, para depois continuar, em uma sequência lógica, analisando os
riscos ocupacionais daquele local, mas com foco na ergonomia.

Tratamento Diferenciado para ME, EPP e MEI

É bastante provável que o tratamento diferenciado para microempresas, empresas de


pequeno porte e microempreendedores individuais seja cobrado em provas!

O item 17.3.4 da NR 17 traz que há uma condição diferenciada para microempresas


(ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujo grau de risco seja 1 ou 2 (ou seja, a maioria
dessas empresas), e microempreendedores individuais (MEI):

Tratamento diferenciado para MEI, ME e EPP


17.3.4 As Microempresas – ME e Empresas de Pequeno Porte – EPP enquadradas
como graus de risco 1 e 2 e o Microempreendedor Individual – MEI não são obriga-
dos a elaborar a AET, mas devem atender todos os demais requisitos estabelecidos
nesta NR, quando aplicáveis.
17.3.4.1 As ME ou EPP enquadradas como graus de risco 1 e 2 devem realizar a AET
quando observadas as situações previstas nas alíneas “c” e “d” do item 17.3.2.

observar que o(a) MEI não precisa fazer PGR, PCMSO, nem várias outras coisas que são
obrigatórias para as demais empresas.
Em seguida, o item 17.3.4.1 dispõe que as ME e EPP de grau de risco 1 ou 2 devem realizar a
AET quando observadas as situações previstas nas alíneas “c” e “d” do item 17.3.2, que trata
dos gatilhos da AET. As alíneas “c” e “d” são as que tratam do agravamento da saúde dos
trabalhadores (PCMSO) e do nexo de causalidade entre acidente ou doenças e as condições
de trabalho (PGR), respectivamente. Isso também significa que, mesmo se ocorrerem os
demais gatilhos, ainda assim essas empresas não precisam fazer uma análise ergonômica
do trabalho.
10m

17.3.5 Devem integrar o inventário de riscos do PGR:


a. os resultados da avaliação ergonômica preliminar; e
b. a revisão, quando for o caso, da identificação dos perigos e da avaliação dos ris-
cos, conforme indicado pela AET.

www.grancursosonline.com.br 4
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

O inventário de riscos do PGR deve trazer os resultados da AEP porque ele é, afinal,
um inventário de todos os riscos ocupacionais, incluindo o ergonômico. Por isso, con-
forme consta no item 17.3.5, tanto os resultados apresentados na avaliação ergonô-
mica (AEP) quanto os resultados apresentados na análise ergonômica (AET) constarão
no inventário de riscos do PGR.
Já os planos de ação estão previstos no item seguinte, 17.3.6:

17.3.6 Devem ser previstos planos de ação, nos termos do PGR, para:
a. as medidas de prevenção e adequações decorrentes da avaliação ergonômica
preliminar, atendido o previsto nesta NR; e
b. as recomendações da AET.

Em resumo, os resultados da avaliação ergonômica preliminar e da análise ergonô-


mica do trabalho estarão no inventário de riscos do PGR – esse é o problema identifi-
cado. As soluções para esse problema deverão estar dentro do plano de ação. Juntos, o
inventário e o plano de ação constituem o Programa de Gerenciamento de Riscos Ocu-
pacionais (PGR).
O esquema abaixo relaciona a NR 17 e a NR 01:

1.5.7.3.1 Os dados da identificação dos perigos e das avaliações dos riscos


ocupacionais devem ser consolidados em um inventário de riscos ocupacio-
nais.

Identificar os perigos
e possíveis lesões ou
1.5.4 Processo agravos à saúde.
de identificação Avaliar os riscos ocupa- Inventário de
de perigos e ava- cionais indicando o nível riscos
liação de riscos 1.5.7.3.1
de risco.
ocupacionais
NR n. 01 C/C Classificar os riscos ocu-
NR 17 pacionais.
+ cronograma

Implementar medidas de
1.5.5 Controle prevenção Plano de ação
1.5.5.2.2

dos riscos 1.5.5.2


Acompanhar o controle
dos riscos ocupacionais
1.5.5.2 Planos de Ação
1.5.5.2.1 A organização deve elaborar plano de ação, indi-
cando as medidas de prevenção a serem introduzidas, apri-
moradas ou mantidas, conforme o subitem 1.5.4.4.5.
1.5.5.2.2 Para as medidas de prevenção deve ser definido
cronograma, formas de acompanhamento e aferição de
resultados.

www.grancursosonline.com.br 5
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

No esquema, o item 17.3.5 está dentro da caixa “inventário de riscos”, enquanto o


item 17.3.6 está dentro da outra caixa, chamada de “plano de ação”.
O item seguinte trata do tempo que o relatório deve ficar à disposição da empresa:

17.3.7 O relatório da AET, quando realizada, deve ficar à disposição na organização


pelo prazo de 20 (vinte) anos.

A maioria dos documentos deve ser arquivada por um período de 20 anos, com algu-
mas exceções (especialmente na NR 32, ao tratar dos trabalhadores expostos à radiação
ionizante), devendo estar disponíveis por 30.
O esquema a seguir resume o que foi estudado até então:

ERGONOMIA

Adaptação das CONDIÇÕES DE TRABALHO às


características psicofisiológicas do trabalhador

Avaliação Ergonômica Preliminar – AEP


Se necessário, nos termos do 17.3.2,
faz-se uma:
Análise Ergonômica do Trabalho – AET
Considerando
Organização do
Materiais Posto de Trabalho
Trabalho
Condições
Levantamento, Transporte, Descarga Mobiliário Equipamentos
Ambientais
Homem Mulher Jovem

Como foi visto, a NR 17 estabelece requisitos para a adaptação das condições de tra-
balho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Mas, para que essas ade-
quações e adaptações sejam feitas, é preciso, antes, conhecer o problema. Para isso,
faz-se uma avaliação preliminar de todo o trabalho da empresa, checando os materiais,
levantamento, transporte, descarga, além de tudo o que está e diz respeito ao posto de
trabalho, como mobiliário, maquinário, ferramentas, condições ambientais (como tem-
peratura e umidade, por exemplo), e da própria organização do trabalho.
Caso a avaliação econômica preliminar não apresente resultados adequados e,
depois, apareça algum dos gatilhos dispostos no item 17.3.2, será preciso realizar a aná-
lise ergonômica do trabalho.

www.grancursosonline.com.br 6
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Considerando

Organização
Materiais Posto de Trabalho
do Trabalho
Condições
Levantamento, Transporte, Descarga Mobiliário Equipamentos
Ambientais
Homem Mulher Jovem

Com a elaboração da AEP e, sendo necessário, AET, o que ITEM 17.4: SERÁ VISTO A
fazer para deixar o ambiente ergonomicamente adequado? SEGUIR

Após a elaboração da avaliação ergonômica preliminar (e, se necessário, da análise


ergonômica), o que se deve fazer para deixar o ambiente ergonomicamente adequado?
Isso é o que traz a NR 17 no item 17.4: Organização do Trabalho: uma adaptação para
cada uma das situações de trabalho. .
15m

Obs.: Na opinião do professor Nunes, a NR 17 poderia muito bem terminar aqui, trazendo
apenas que a empresa deve fazer a avaliação ergonômica preliminar (e, se preciso,
a AET), como acontece na NR 01, que é mais uma norma de gerenciamento da
empresa. Contudo, a NR 17 continua, e agora passa a apresentar soluções para a
organização do trabalho – coisa que a NR 01 não faz.

Primeiramente, serão estudadas as soluções para a Organização do Trabalho; depois,


também serão vistas as soluções que a norma apresenta para o posto de trabalho, com
relação ao mobiliário, equipamento, condições ambientais etc. Em seguida, a norma traz
as soluções para a adaptações dos materiais.

17.4 Organização do trabalho


Em relação à organização do trabalho, o item 17.4.1 traz:

17.4 Organização do trabalho


17.4.1 A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração:
a. as normas de produção: são as normas - escritas ou não - que o trabalhador deve
seguir para executar a tarefa;
b. o modo operatório, quando aplicável: designa as operações executadas pelo tra-
balhador para chegar ao objetivo da tarefa;
c. a exigência de tempo: designa o tempo exigido para a realização de determi-
nada tarefa;
d. o ritmo de trabalho: a cadência refere-se à velocidade dos movimentos que se
repetem em uma dada unidade de tempo para a realização de uma tarefa;
e. o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis: designa o
modo como o trabalhador percebe as condições de seu trabalho;

www.grancursosonline.com.br 7
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

f. os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do tra-


balhador: envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção,
a memória, o raciocínio, etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual.

Assim, na hora de organizar o trabalho a ser realizado, a empresa deve levar em con-
sideração esses seis pontos: as normas de produção; o modo operatório, quando aplicá-
vel; a exigência de tempo, o ritmo do trabalho; o conteúdo das tarefas; os instrumentos
e meios técnicos disponíveis; e os aspectos cognitivos que possam comprometer a segu-
rança e a saúde do trabalhador.

É muito provável que esse tema caia nas provas!


Usualmente, a banca traz enunciados como, por exemplo, “A organização deve levar em
consideração, para efeito de aplicação dessa norma, as atribuições do trabalhador” – o que,
conforme estudamos, não é verdade. As atribuições do trabalhador não constam na lista de
itens que a empresa deve levar em consideração, segundo a norma, uma vez que isto não
é possível: o trabalhador vai realizar o que a empresa, com base em estudos, determina.
Afirmar que a atribuição do trabalhador está envolvida é como dizer que é preciso adaptar o
trabalhador às características e condições do trabalho, quando, como vimos, é o contrário:
são as condições de trabalho que devem se adaptar aos trabalhadores e trabalhadoras.

Destrinchando esses conceitos:


a. as normas de produção: são as normas – escritas ou não – que o trabalhador deve
seguir para executar a tarefa;
b. o modo operatório, quando aplicável: designa as operações executadas pelo tra-
balhador para chegar ao objetivo da tarefa;
c. a exigência de tempo: designa o tempo exigido para a realização de determi-
nada tarefa;
d. o ritmo de trabalho: a cadência refere-se à velocidade dos movimentos que se
repetem em uma dada unidade de tempo para a realização de uma tarefa;

Um exemplo bastante expressivo de organização do trabalho é um frigorífico. Esses


locais têm uma espécie de esteira que leva o animal ao longo da linha de produção; assim,
em uma granja, por exemplo, o frango fica pendurado na esteira para passar pela linha
e por cada trabalhador. Se a velocidade dessa esteira mudar, toda a organização de tra-
balho será afetada; um aumento de 15 segundos na velocidade já seria suficiente para
mudar o ritmo do trabalho, o que pode ser prejudicial à saúde do trabalhador. Então,
muitas vezes, basta reduzir o tempo de passagem do frango, assim diminuindo o ritmo
de movimentos do trabalhador, para solucionar o problema.

www.grancursosonline.com.br 8
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

É muito importante observar esses detalhes, levando em consideração que o traba-


lho em um frigorífico já é bem acelerado: uma granja pode chegar a matar 200 mil fran-
gos por dia, dependendo do ritmo. Agora, imagine um trabalhador de uma granja, que
vê 200 mil frangos passando na sua frente todos os dias; uma pessoa corta a cabeça do
frango, outra retira os ossos, e outra tira a coxa, ou o coração, ou fígado etc. É uma linha
de produção impressionante; se essa velocidade não for bem pensada, se não for feita
uma boa análise ergonômica desse trabalho, não há ser humano que aguente esse ritmo. .
20m
O mesmo pode ser dito de outros frigoríficos, locais que abatem porcos, bois, peixes,
entre outros. Cada um tem suas características (por exemplo, um abatedouro pode
matar mil bois por dia) e defeitos próprios, que devem ser observados para manter a
saúde dos trabalhadores.
De toda forma, tudo isso deve ser levado em consideração na hora de fazer a análise
ergonômica do trabalho ou avaliação ergonômica preliminar de toda empresa.

Continuando:
e. o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis: designa o
modo como o trabalhador percebe as condições de seu trabalho;
f. os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do tra-
balhador: envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a
memória, o raciocínio, etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual.

Obs.: O professor Nunes dá um exemplo de sua própria experiência, apontando que o


setor de pendura de frango é um dos piores postos de trabalhos em relação aos
aspectos cognitivos do trabalhador: ele não leva em consideração o pensamento,
a linguagem, a percepção, a memória; é como se o trabalhador fosse uma espécie
de máquina que não pensa, não reflete, e é isenta de qualquer sentimento.

O setor de pendura de frango funciona da seguinte forma: os frangos chegam dentro


de caminhões, gritando e fazendo uma verdadeira bagunça, e vão para um ambiente
escuro, onde o trabalhador retira os frangos de suas caixas e os pendura na esteira, um
após o outro. Não apenas é uma tarefa de movimentos repetitivos realizados 8 horas
por dia, 6 dias por semana, como também é feita em um ambiente escuro e malchei-
roso, com os frangos gritando em seus ouvidos. Por essas razões, pode-se afirmar, sem
a menor dúvida, que esse ambiente de trabalho é prejudicial para a saúde humana, espe-
cialmente em relação aos aspectos cognitivos.

www.grancursosonline.com.br 9
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Continuando:

17.4 Organização do trabalho


17.4.2 Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do
tronco, do pescoço, da cabeça, dos membros superiores e dos membros inferiores,
devem ser adotadas medidas técnicas de engenharia, organizacionais e/ou ad-
ministrativas, com o objetivo de eliminar ou reduzir essas sobrecargas, a partir da
avaliação ergonômica preliminar ou da AET.

Isso significa que, quando uma determinada atividade exige um esforço intenso do
trabalhador, a empresa deve adotar medidas de engenharia e medidas organizacionais
para não o sobrecarregar.

17.4.3 DEVEM SER IMPLEMENTADAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO, a partir da avalia-


ção ergonômica preliminar ou da AET, que evitem que os trabalhadores, ao reali-
zar suas atividades, sejam obrigados a efetuar de forma CONTÍNUA E REPETITIVA:
a. posturas extremas ou nocivas do tronco, do pescoço, da cabeça, dos membros
superiores e/ou dos membros inferiores;
b. movimentos bruscos de impacto dos membros superiores;
c. uso excessivo de força muscular;
d. frequência de movimentos dos membros superiores ou inferiores que possam
comprometer a segurança e a saúde do trabalhador;
e. exposição a vibrações, nos termos do Anexo I da Norma Regulamentadora n. 09
– Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e
Biológicos; ou
f. exigência cognitiva que possa comprometer a segurança e saúde do trabalhador.

Um exemplo de exigência cognitiva é o caso do trabalho de pendura de frango,


comentado anteriormente pelo professor Flávio de Oliveira Nunes.
O que a norma traz é que a empresa deve tomar medidas de prevenção para evitar
que os trabalhadores sejam prejudicados ao realizar, de forma contínua e repetitiva,
algum dos subitens descritos. Para isso, deve-se realizar uma análise ou uma avaliação,
para saber o que pode ser feito.
O item 17.4.3.1 traz medidas de prevenção que podem ser utilizadas para evitar que
os trabalhadores se exponham aos riscos do item anterior:
25m

17.4.3.1 As MEDIDAS DE PREVENÇÃO devem incluir duas ou mais das seguintes


alternativas:
a. pausas para propiciar a recuperação psicofisiológica dos trabalhadores, que de-
vem ser computadas como tempo de trabalho efetivo;
b. alternância de atividades com outras tarefas que permitam variar as posturas,
os grupos musculares utilizados ou o ritmo de trabalho;

www.grancursosonline.com.br 10
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

c. alteração da forma de execução ou organização da tarefa; e


d. outras medidas técnicas aplicáveis, recomendadas na avaliação ergonômica pre-
liminar ou na AET.

Há uma hierarquia dentre as alternativas sugeridas, e que está disposta no item


17.4.3.1.1:
17.4.3.1.1 Quando não for possível adotar as alterna-
tivas previstas nas alíneas “c” e “d” do subitem 17.4.3.1,
HIERARQUIA devem obrigatoriamente ser adotadas pausas e alter-
nância de atividades previstas, respectivamente, nas alí-
neas “a” e “b” do subitem 17.4.3.1.

Isso significa que, quando não for possível mudar a forma de executar o trabalho
(alínea “c”), nem adotar medidas de engenharia para alterá-la, é obrigatório adotar
pausas e alternância. Por exemplo: como não há uma boa ideia para melhorar o trabalho
de pendura de frango, a empresa implementa rodízios e pausas – por exemplo, a pessoa
trabalha na pendura de frango por apenas 2 horas e, depois, vai trabalhar em outro setor
(como de desossa, de evisceração, de abate etc.).
Portanto, pode-se dizer que há uma hierarquia na implementação dessas medidas de
forma que, não sendo possível resolver o problema ergonômico, adota-se outras medi-
das administrativas ou de organização do trabalho.

c. alteração da forma de execução ou organização da tarefa; e


Proteção Coletiva
NR - 17 - Hierarquia das
Medidas de Prevenção

d. outras medidas técnicas aplicáveis, recomendadas na avalia-


ção ergonômica preliminar ou na AET.
continua o risco ↓ ↓
a. pausas para propiciar a recuperação psicofisiológica dos tra-
balhadores, que devem ser computadas como tempo de traba-
Medidas Administrativas / lho efetivo;
Organização b. alternância de atividades com outras tarefas que permitam
variar as posturas, os grupos musculares utilizados ou o ritmo
de trabalho;
continua o risco ↓

www.grancursosonline.com.br 11
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Agora, imagine uma empresa que implementou pausas para os funcionários e, para
compensar esse tempo, decide aumentar o ritmo de trabalho. Isso não é permitido! As
pausas servem para resolver o problema psicofisiológico do trabalhador; ao aumentar o
ritmo, o problema não é resolvido.

Isso está disposto no item 17.4.3.2:

17.4.3.2 Para que as PAUSAS possam propiciar descanso e recuperação psicofisio-


lógica dos trabalhadores, devem ser observados os requisitos mínimos:
a. a introdução das pausas não pode ser acompanhada de aumento da cadência
individual; e
b. as pausas devem ser usufruídas fora dos postos de trabalho.

É importante que a pausa do trabalhador seja usufruída fora do ambiente de traba-


lho. Imagine uma pessoa que trabalha em uma granja e que, durante sua pausa, continua
na linha de produção, encarando os frangos passando na esteira; nessa situação, não
é possível descansar por completo. Por isso, os trabalhadores devem usufruir de suas
pausas fora do local de trabalho, para sua recuperação psicofisiológica.
Ainda em relação à organização do trabalho, o item 17.4.4 traz o seguinte:

17.4.4 Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remu-


neração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercus-
sões sobre a saúde dos trabalhadores.

A norma não está dizendo que é proibido implementar avaliações de desempenho


(nem mesmo aquelas feitas para remunerar o trabalhador que tem um desempenho
melhor, por exemplo). As empresas podem, sim, implementar avaliações de desempe-
nho para efeito de remuneração em vantagem de qualquer espécie; porém, elas devem
demonstrar que a implementação desta avaliação não prejudica a saúde do trabalhador.

Relendo o item:

17.4.4 Todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remu-


neração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercus-
sões sobre a saúde dos trabalhadores.

Portanto, é possível implementar um sistema de avaliação, desde que haja um estudo


que demonstre que isso não é prejudicial à saúde do trabalhador.

www.grancursosonline.com.br 12
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
NR 17 – Ergonomia – Análise Ergonômica do Trabalho
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

17.4.5 A concepção dos postos de trabalho deve levar em consideração os fatores


organizacionais e ambientais, a natureza da tarefa e das atividades e facilitar a al-
ternância de posturas.
17.4.6 As dimensões dos espaços de trabalho e de circulação, inerentes à execução
da tarefa, devem ser suficientes para que o trabalhador possa movimentar os seg-
mentos corporais livremente, de maneira a facilitar o trabalho, reduzir o esforço do
30m trabalhador e não exigir a adoção de posturas extremas ou nocivas.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Flávio de Oliveira Nunes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

www.grancursosonline.com.br 13

Você também pode gostar