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Objetivos da Unidade:
Entender como funciona a hierarquia do controle dos riscos ocupacionais antes de adotar as medidas de prevenção;
Compreender como deve ser feita a avaliação dos agentes físicos, químicos e biológicos, conforme determina a NR-09;
Aprender sobre a avaliação quantitativa do agente físico ruído e dos agentes químicos;
Compreender quais são os deveres dos trabalhadores e dos empregadores no cumprimento das NRs.
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Aspectos Básicos da NR-01, a Hierarquia do Controle dos Riscos e os Direitos e Deveres dos
Empregadores e dos Trabalhadores no Cumprimento das NRs
A Norma Regulamentadora NR-01 “Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais” é a NR responsável pela gestão de todas as
normas regulamentadoras, que no total são 37. A NR-01 define as disposições gerais, os termos, as definições e o campo de aplicação comuns às
NRs. Além disso, ela explicita os direitos e os deveres tanto dos empregadores quanto dos trabalhadores em cumprir as disposições legais e
Complementarmente, a NR-01 define como dever do empregador: a) informar os trabalhadores sobre: 1 – os riscos ocupacionais do local de
trabalho; 2 – as medidas de prevenção que a empresa adotou para eliminar ou diminuir os riscos; 3 – os resultados dos exames médicos e
complementares que os trabalhadores foram submetidos; e 4 – os resultados das avaliações ambientais que foram feitas nos postos de trabalho;
b) elaborar ordens de serviço sobre SST com a ciência dos trabalhadores; c) autorizar que representantes dos trabalhadores (ex. sindicato)
acompanhem fiscalizações sobre SST; d) estabelecer procedimentos que devem ser adotados em caso de doença ou acidente relacionado ao
trabalho, bem como analisar as causas; e) disponibilizar aos órgãos de fiscalização as informações relativas à SST; e f) implementar medidas de
prevenção, ouvindo os trabalhadores.
Importante!
A implementação das medidas de prevenção para o controle dos riscos ocupacionais deve seguir uma
hierarquia que precisa acompanhar exatamente essa sequência:
chão, o risco da queda em altura é eliminado e nenhuma outra medida de prevenção subsequente da hierarquia precisa ser tomada. Caso essa
mudança no projeto da instalação não seja possível, é preciso adotar o uso de EPC (ex. corrimão, tela protetora, guarda-corpo etc.), recorrer a
medidas administrativas ou de organização do trabalho (ex. diminuir o tempo de exposição e o número de trabalhadores expostos ao risco de
queda em altura, automatização de uma parte do processo etc.) e ao uso de EPI (ex. cinto de segurança) para minimizar os riscos.
A seguir, Figura 1 mostra o conceito da pirâmide invertida da hierarquia do controle dos riscos, em que a base da pirâmide (eliminação) é o ponto
mais seguro e a ponta (EPI) é o ponto mais frágil. A etapa de substituição pode ser entendida como a troca por um material que seja
intrinsicamente mais seguro, e os controles de engenharia são as medidas físicas que controlam o risco (ex. EPC).
#ParaTodosVerem: a Figura 1 mostra uma pirâmide invertida dividida em cinco linhas. A primeira linha (base da
pirâmide, ponto mais seguro) é a eliminação, representada pela cor verde-escuro; a segunda linha é a substituição,
representada pela cor verde-claro; a terceira linha é a dos controles de engenharia, representados pela cor amarela; a
quarta linha é a dos controles administrativos, representados pela cor laranja; e a quinta linha (topo da pirâmide, ponto
menos seguro) é o EPI, representado pela cor vermelha. Fim da descrição.
Muitos empregadores utilizam primeiramente o EPI como meio principal, e alguns, como o único meio para neutralizar o risco, porém na escala
de hierarquia, o EPI deve ser o último meio da prevenção, pois ele é o que tem o elo mais frágil, visto que ele não impede o evento de acontecer,
apenas minimiza as consequências. Por exemplo, se um trabalhador que estiver instalando uma antena parabólica a seis metros de altura cair do
telhado, mesmo usando o cinto de segurança não estará livre da possibilidade de caidela (o cinto não impede a queda), porém, o uso desse EPI,
junto com todo o aparato de segurança para trabalho em altura, irá minimizar drasticamente as consequências da queda, pois se dimensionado
corretamente, o trabalhador não irá sofrer o impacto no solo.
Como dever do trabalhador, a NR-01 define que ele deve colaborar com a organização para aplicação das NRs, submeter-se aos exames médicos
previstos nas NRs e usar os EPIs fornecidos pelo empregador.
Sempre que o trabalhador constatar uma situação de grave e iminente risco para sua saúde e sua segurança, ele poderá interromper suas
atividades, informando imediatamente ao seu supervisor hierárquico. Caso fique comprovado essa situação pelo empregador, os trabalhadores
não poderão voltar às atividades até que as medidas corretivas sejam tomadas e não poderá haver sanção aos trabalhadores por exercerem o seu
direito de recusa.
Quando o trabalhador mudar de função e isso alterar os riscos ocupacionais, é obrigatório que o empregador o instrua sobre os novos riscos, os
meios adotados para prevenção, os meios para controlar e prevenir os riscos, os procedimentos de emergência e as atitudes que devem ser
adotadas pelo trabalhador, caso constate uma situação de grave e iminente risco. Sempre que o trabalhador for alocado para outra função ou
outra situação que envolva novos riscos, ele deve ser treinado. O mesmo procedimento serve para trabalhadores recém-admitidos.
Portanto, o GRO não é um documento físico ou virtual que deve ser elaborado pela empresa, mas ele engloba e conecta todos os documentos que
fazem parte da sua gestão, por exemplo, o Programa de Conservação Auditiva (PCA) para controle do agente físico ruído. Caso a empresa tenha
presente em seu ambiente de trabalho o agente físico ruído acima do nível de ação, então ela deve elaborar o PCA, e esse documento integra o
GRO. Se porventura a empresa quiser elaborar um documento titulado GRO, não há problema, pois o importante é seguir as diretrizes exigidas
pela NR-01 e apresentar as medidas de controle para os riscos ocupacionais.
Há uma certa confusão entre alguns profissionais de SST quanto à diferença entre o GRO e o PGR. O PGR é um dos documentos que integra o GRO
e tem por finalidade o gerenciamento de todos os riscos ocupacionais. Conforme o item 1.5.7.1 da NR-01, dentro do PGR deve haver no mínimo os
documentos de inventários de riscos e o plano de ação, sendo que demais documentos podem integrar o PGR de acordo com a necessidade de
cada organização para controlar seus riscos.
O PGR entrou em vigor em 03 de janeiro de 2022 e substituiu, nessa data, o extinto Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) que era
contemplado na NR-09 e que tinha por objetivo controlar especificamente os riscos físicos, químicos e biológicos. Atualmente, a NR-09
“Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos” ainda se refere especificamente ao controle dos
agentes físicos, químicos e biológicos, porém, ela dá diretrizes para o controle desses riscos dentro do PGR. Contudo, o PGR engloba todos os
tipos de riscos ocupacionais, incluindo além desses, os riscos ergonômicos/psicossociais e de acidentes (mecânicos).
Portanto, o PGR é um programa ainda mais amplo que o extinto PPRA e a sua implantação foi um avanço para a área de SST, visto que agora há
uma obrigação de ter um controle ainda maior sobre os riscos ergonômicos/psicossociais e de acidentes.
De acordo com o item 1.5.3.1 da NR-01, a organização deve implementar o GRO por estabelecimento e o item 1.5.3.1.1.1 define que fica a critério da
organização implantar o PGR por setor, atividade ou unidade operacional. O PGR pode ser atendido por sistemas de gestão, desde que estes
cumpram com os requisitos previstos na NR-01 e nas exigências legais de SST. O PGR necessita conter ou estar integrado com programas,
planos e outros documentos previstos na legislação de SST.
Considerar as condições de trabalho quanto aos termos definidos pela NR-17 “Ergonomia”;
Prevenir e evitar os riscos ocupacionais que possam ser ocasionados no trabalho e avaliar esses riscos indicando o nível deles;
Especificar os riscos ocupacionais para estabelecer a necessidade de adoção de medidas de prevenção;
Instaurar medidas de prevenção conforme a classificação de risco, respeitando a ordem de prioridade da hierarquia do
controle dos riscos;
Ouvir os trabalhadores e consultá-los quanto à percepção dos riscos ocupacionais, bem como consultar as manifestações da
CIPA;
Com o intuito de mostrar sucintamente quais os procedimentos, as medidas e os documentos que estão englobados dentro do PGR e do GRO, a
Figura 2, a seguir, tem por objetivo ajudar a entender o que deve conter, no mínimo, cada um deles e compreender a diferença entre o GRO (mais
amplo) e o PGR (parte do GRO).
Figura 2 – Organograma do GRO
#ParaTodosVerem: a Figura 2 mostra o organograma do GRO, o qual se ramifica em sete partes, representadas por sete
retângulos, sendo: primeira parte o PGR; segunda parte o levantamento preliminar de perigos (item 1.5.4.3 da NR-01);
terceira parte a avaliação de riscos ocupacionais (item 1.5.4.4 da NR-01); quarta parte o controle dos riscos ocupacionais
(item 1.5.5 da NR-01); quinta parte os procedimentos de emergência (item 1.5.6 da NR-01); sexta parte a capacitação e o
treinamento (item 1.7 da NR-01); e sétima parte o ouvir e consultar os trabalhadores quanto à percepção dos riscos, e a
CIPA (item 1.5.3.3 da NR-01). O PGR (primeira parte do organograma geral) se ramifica em mais outras três partes,
sendo: primeira parte o inventário de riscos ocupacionais (item 1.5.7.3 da NR-01); segunda parte o plano de ação (item
1.5.5.2 da NR-01); e terceira parte outros documentos pertinentes de SST. Ainda, o controle dos riscos ocupacionais
(quarta parte do organograma geral) se ramifica em mais outras duas partes, sendo: primeira parte as medidas de
prevenção (implementação e acompanhamento); e segunda parte a análise de acidentes e doenças relacionadas ao
trabalho. Fim da descrição.
As empresas do tipo ME e EPP que não forem obrigadas a constituir SESMT e optarem por utilizar ferramenta(s) de avaliação de risco
disponibilizada(s) pela SEPRT poderão estruturar o PGR conforme o relatório produzido por essa(s) ferramenta(s) e o plano de ação.
As empresas do tipo ME e EPP que se enquadrarem nos graus de risco 1 ou 2, e que no levantamento preliminar de perigos não identificarem
riscos ocupacionais relacionados aos agentes físicos, químicos e biológicos, conforme a NR-09, e que declarem as informações digitais no
disposto do item 1.6.1 da NR-01, ficam dispensadas de elaborar o PGR. Porém, essas empresas devem seguir as outras exigências cabíveis das
NRs, incluindo também o MEI.
Levantamento preliminar de perigos: o levantamento preliminar de perigos deve ser feito antes do início do funcionamento do
estabelecimento ou das novas instalações. Deve ser realizado para todas as atividades existentes na empresa, nas mudanças e
na introdução de novas atividades ou novos processos de trabalho. Quando o risco não puder ser evitado, a empresa deve
instalar o processo de identificação de perigos e fazer a avaliação dos riscos;
A fase de identificação de perigos deve englobar: descritivo dos perigos e prováveis agravos à saúde do trabalhador e lesões;
identificação das fontes ou das circunstâncias geradoras de perigo; e apontamento do grupo de empregados suscetíveis aos
riscos ocupacionais;
Avaliação de riscos ocupacionais: todos os riscos identificados no levantamento preliminar de perigos devem ser avaliados
pela organização para que seja possível obter informações sobre as medidas de prevenção para cada um deles. Para cada risco,
é necessário indicar o seu nível, que é obtido pela combinação da severidade com a probabilidade de o evento indesejado
ocorrer. É obrigatório que seja levado em consideração na gradação do nível do risco, a magnitude das consequências e o
quantitativo de empregados que possam ser afetados;
A empresa, na gradação da probabilidade de o evento indesejado ocorrer, deve levar em consideração as medidas de prevenção
adotadas, as exigências que a atividade impõe e a comparação do perfil de exposição ocupacional nos valores de referência da
NR-09 (referente aos riscos físicos, químicos e biológicos);
A avaliação de riscos deve ser instaurada em um processo contínuo e ser revisada a cada dois anos, ou quando: a) após
modificações ou atualizações nas tecnologias, nos processos, nas atividades, nos procedimentos e nos ambientes, que
resultem em novos riscos ou alterem os riscos presentes; b) mudança nas legislações de SST pertinentes; c) ocorrência de
doenças ocupacionais ou acidentes do trabalho; d) logo após a implantação das medidas de prevenção, a fim de verificar se há
riscos residuais no sistema; e) identificado algum problema nas medidas de prevenção. Na hipótese de a empresa ter
certificação em sistema de gestão em SST, o prazo de revisão pode ser estendido para três anos.
O inventário de riscos engloba a avaliação de riscos, portanto, o prazo de vigência do PGR na empresa é de dois anos, ou três anos se a empresa
tiver certificação em sistema de gestão em SST.
Medidas de prevenção: a empresa deve elaborar as medidas de prevenção a fim de eliminar, diminuir ou controlar os riscos
ocupacionais quando: a) houver previsão nas NRs e nos dispositivos legais cabíveis; b) o processo de categorização dos riscos
determinar; e c) o controle médico identificar evidências de associação entre os riscos ocupacionais e as situações de trabalho
com as lesões e os agravos à saúde dos trabalhadores. A organização deve alertar os trabalhadores sobre as limitações das
medidas de prevenção instauradas e sobre os procedimentos necessários para cada medida.
Logo após as medidas de prevenção serem colocadas em prática, a empresa deve acompanhar
de forma planejada a execução das ações para conter os riscos, inspecionar o ambiente de
trabalho e os equipamentos, e fazer o controle do nível de exposição dos agentes nocivos e das
condições ambientais. Sempre que for verificada alguma incongruência na eficácia do
desempenho das medidas de prevenção, deve-se corrigir a falha;
Plano de ação: esse documento, obrigatório no PGR, tem por exigência da NR-01, que ele seja elaborado apontando as novas
medidas de prevenção a serem introduzidas na empresa e aquelas que devem ser mantidas ou aperfeiçoadas. Dentro do
documento, é necessário especificar em um cronograma os prazos para o atendimento das solicitações encontradas, das
medidas de prevenção, as formas de acompanhamento e os meios para aferir os resultados esperados
Análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho: a empresa necessita analisar os acidentes e as doenças do trabalho. A
análise deve levar em consideração toda a situação que gerou o evento (ambiente de trabalho, material, equipamento,
organização do trabalho, atividade que era desenvolvida, fatores relacionados) e fornecer evidências para dar subsídio na
revisão das medidas de prevenção;
Procedimentos de emergência: o GRO deve levar em consideração as situações de falhas não previstas nas atividades,
portanto, a empresa deve elaborar procedimentos de emergência para esses casos, levando em consideração os riscos, as
circunstâncias e as particularidades das atividades. Esses procedimentos devem considerar os meios necessários para os
primeiros socorros, o abandono e o resgate dos acidentados. Além disso, deve-se considerar se os riscos ocupacionais das
atividades executadas na organização podem gerar acidentes ampliados.
Acidente ampliado é quando o acidente de trabalho ultrapassa os limites fabris (os muros) da empresa e suas consequências atingem um
quantitativo maior de vítimas, além dos trabalhadores, ocasionando problemas presentes e/ou futuros para a sociedade, incluindo também
danos ambientais. O acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, é um exemplo de acidente ampliado.
Inventário de riscos ocupacionais: esse documento, obrigatório no PGR, deve ser sempre atualizado e conter as informações
sobre as avaliações de risco e os dados sobre a identificação dos perigos. A empresa deve armazenar os arquivos de atualização
desse documento por um período mínimo de 20 anos, ou pelo tempo estipulado em norma específica cabível.
O inventário de riscos deve conter no mínimo: a) avaliação dos riscos, incluindo os critérios
utilizados e as decisões tomadas; b) descrição dos processos, dos ambientes de trabalho e das
atividades realizadas; c) descrição do(s) perigo(s), o(s) correlacionando ao(s) seu(s) risco(s),
possíveis lesões e agravos à saúde dos empregados, identificação dos grupos homogêneos de
riscos, e medidas de prevenção adotadas; e d) informações da análise preliminar ou do
monitoramento dos agentes físicos, químicos e biológicos, bem como os resultados da
avaliação ergonômica preliminar ou da análise ergonômica do trabalho, conforme estipulado
pela NR-17.
Importante!
Prazo de vigência do PGR: devido ao PGR estar interligado com a avaliação dos riscos ocupacionais, o seu
prazo de vigência é de dois anos, ou três anos se a empresa tiver sistema de gestão em SST. O PGR deve ser
Capacitação e treinamento em SST: a empresa deve obrigatoriamente treinar e capacitar os trabalhadores para exercerem as
atividades. A capacitação deve levar em conta o treinamento inicial, periódico e eventual. O treinamento inicial deve acontecer
antes de o empregado exercer suas atividades na empresa, ou quando há alguma previsão normativa (ex. atualização de algum
treinamento de uma NR, ou um novo treinamento requerido na NR). O treinamento periódico é quando há um prazo
preestabelecido para o treinamento ser feito em um determinado período, sendo esse prazo concebido por uma NR ou, na
ausência da NR, o prazo determinado pelo empregador. O treinamento eventual pode ocorrer em três ocasiões: a) retorno de
trabalhador que ficou mais de 180 dias afastado do trabalho; b) ocorrência de acidente grave ou com fatalidade, que presuma
pela investigação a necessidade de um novo treinamento; e c) quando ocorrer mudança nas condições de trabalho, atividades,
procedimentos, operações, que resultem em novos riscos ocupacionais.
O item 1.7.1.3 da NR-01 define que a capacitação pode conter: a) estágio prático com supervisão
de profissional ou orientação no serviço; b) habilitação para a operação de veículos,
embarcações, equipamentos e máquinas; e c) exercícios simulados. Tanto as informações do
treinamento quanto da capacitação devem ficar disponíveis na ficha do empregado. O tempo
despendido para o treinamento e para a capacitação dos trabalhadores deve ser contado como
horas trabalhadas;
O anexo II da NR-01 estabelece as diretrizes e os requisitos mínimos para as capacitações poderem ser feitas na modalidade de
ensino semipresencial e à distância.
Saiba Mais
Capacitação na língua portuguesa é sinônimo de treinamento, porém, na área de SST as duas palavras são
complementos. Por isso, não podem ser usadas para exatamente o mesmo significado. Capacitação vai
além do treinamento. É quando a organização garante realmente que o trabalhador absorveu todo o
conteúdo passado no treinamento teórico e/ou prático e está apto a desenvolver o que aprendeu com
segurança. Apenas o treinamento não garante que o trabalhador possa desempenhar as suas funções com
proteção, pois a organização também precisa dar condições viáveis e seguras para ele possa colocar em
prática o que aprendeu no treinamento e se certificar que isso ocorreu.
Ouvir os trabalhadores e a CIPA: não é um documento que integra fisicamente o GRO, porém o processo de escuta dos
trabalhadores e da CIPA é fundamental para a construção de todas as etapas que compõem o GRO. Ferreira (2015) explica que
na área de SST é preciso que os gestores escutem os trabalhadores em suas demandas, seus problemas, suas opiniões, suas
críticas, suas aprendizagens, suas sugestões e suas dúvidas para que eles possam aprender sobre o trabalho real que é
executado na empresa. Os trabalhadores possuem o conhecimento do trabalho real (aquele que é executado na prática) e a
empresa sobre o trabalho prescrito (aquele que é executado no papel, formal, burocrático), por isso é importante a interação e
a troca de conhecimento entre gestores, engenheiros, direitos, supervisores etc., com os trabalhadores.
Guérin e colaboradores (2001) mencionam que o trabalho prescrito é diferente do trabalho real
devido às diversas variabilidades que aparecem no trabalho conforme ele é executado. Por mais
que a empresa se esforce muito para que não ocorram imprevistos no trabalho, algumas vezes
eles poderão acontecer, por causa das diversas variáveis que compõem o trabalho, e por ele
estar sempre inserido em um sistema complexo de múltiplas variáveis. Logo, a empresa deve
entender que nem sempre o trabalho irá sair exatamente como ela planejou, por isso é preciso
compreender as dificuldades dos trabalhadores no dia a dia, a fim de que mesmo com as
adversidades o trabalho possa ser executado sempre com segurança. Para que isso seja
possível, é preciso dar voz ativa aos trabalhadores, permitindo que eles participem dos
processos de tomada de decisão e sejam protagonistas nas ações de SST, e não apenas meros
espectadores das decisões que são tomadas sem os consultar.
Rocha (2015) explana que os trabalhadores armazenam a realidade do trabalho para si próprios
no momento que são impossibilitados de respeitar todas as regras, devido ao fato de estarem
sob o controle da empresa e poderem ser punidos por ela. O texto de Rocha explica que quando a
empresa tem uma gestão de caráter punitivo, que pune o trabalhador caso ele faça algo que ela
entenda como errado por não seguir o trabalho prescrito, o trabalhador tende a guardar a
realidade do seu trabalho para si mesmo, pois ele tem medo de conversar com os gestores.
Em virtude dos fatos mencionados, a NR-01 exige em seu texto normativo que a empresa abra
um espaço de diálogo com os trabalhadores e a CIPA, para que todos participem do processo de
melhoria contínua.
A identificação para esses três agentes deve considerar no PGR: a) identificação do grupo homogêneo de risco dos trabalhadores expostos; b)
características do agente identificado e formas de exposição; c) medidas de prevenção existentes; d) fatores da exposição; e) possíveis lesões ou
piora da saúde dos trabalhadores expostos; e f) descrição das atividades executadas.
O grupo homogêneo de risco é a junção de todos os trabalhadores em um grupo teórico que separa todos aqueles que estão expostos aos mesmos
riscos ocupacionais.
Deve ser feita uma análise preliminar das atividades executadas e das informações disponíveis sobre os agentes físicos, químicos e biológicos,
para que possam ser estabelecidas medidas de prevenção ou a necessidade de elaboração de avaliações qualitativas ou quantitativas sobre os
riscos ocupacionais dos agentes.
A avaliação quantitativa deve ser realizada para certificar o controle da exposição ocupacional dos agentes, dimensionar a exposição do grupo
homogêneo de risco e dar subsídio para as medidas de prevenção.
Importante!
É importante entender a diferença entre avaliação qualitativa e quantitativa para controlar os riscos
ocupacionais. Para ficar mais fácil de entender a diferença entre elas, imagine um caso de exposição
ocupacional ao agente físico ruído.
Avaliação qualitativa: o profissional de SST vai até a empresa e com sua experiência profissional avalia o ambiente de trabalho,
as atividades, os equipamentos, as máquinas, os EPIS, os EPCs etc., relacionados a esse risco. Além disso, ele conversa com os
trabalhadores para ter um diagnóstico mais assertivo sobre os efeitos do ruído na empresa;
Avaliação quantitativa: o profissional de SST vai até a empresa com aparelhos de dosimetria para medir numericamente o nível
de exposição ocupacional ao ruído. Além disso, ele avalia as condições ambientais, avalia os aspectos organizacionais e
conversa com os trabalhadores sobre os efeitos do risco.
Os resultados das avaliações qualitativas ou quantitativas dos agentes físicos, químicos e biológicos devem ser colocados no inventário de riscos.
As medidas de prevenção devem ser colocadas no plano de ação.
O conceito de nível de ação definido na NR-09 é essencial para o controle dos agentes. O nível de ação pode ser entendido como um valor limite
na exposição ocupacional de determinado agente que, caso seja superado, devem ser implementadas ações de controle sistemático para reduzir a
probabilidade de que as exposições ocupacionais possam superar os limites de exposição. O nível de ação para o ruído é metade da dose e para os
agentes químicos é metade do limite de tolerância que é definido na NR-15.
Tabela 1 – Trecho da tabela do limite de tolerância para ruído contínuo e intermitente do anexo 1 da NR-15
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
Nível de Máxima Exposição Diária Permissível
Ruído dB (A) (h)
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 45 minutos
99 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
O Cn na fórmula representa o tempo de exposição que o trabalhador fica exposto a um determinado nível de ruído e o Tn significa o tempo de
exposição diário permissível para a exposição que o trabalhador está exposto (referente ao próprio Cn).
Para ficar mais plausível de entender o cálculo da dose do ruído, imagine o seguinte exemplo:
Um empregado trabalha no setor de estamparia em uma metalúrgica em uma jornada de 8 horas diárias. Durante o seu dia, ele
acaba exercendo quatro atividades diferentes e cada uma delas possui um nível de ruído diferente, conforme a seguinte relação:
Os numeradores são os tempos que os trabalhadores ficam expostos na empresa sobre determinado ruído e os denominadores são os tempos
máximos permissíveis pela NR-15 para esse mesmo nível de ruído. O fator de dobra do ruído perante a NR-15 é a cada 5 dB, ou seja, a cada faixa de
5 dB a mais de ruído, a pressão sonora dobra, por isso o tempo máximo de exposição diário para 85 dB é de 8 horas, e para 90 dB é de 4 horas,
consequentemente 95 dB é de 2 horas. O ruído não segue uma escala linear aritmética, mas sim, logarítmica. Portanto, 80 dB é o dobro do tempo
máximo de exposição de 85 dB, por isso o tempo máximo de exposição diário é de 16 horas.
No exemplo, a dose do ruído foi de 1,136 ou 113,6% (pode ser expressa das duas maneiras). Alguns profissionais de SST acreditam que a dose
máxima do ruído é 85 dB, porém a resposta correta é que a dose máxima é de 1,0 ou 100%, devido a esse cálculo que é feito.
Importante!
O nível de ação é quando o cálculo da exposição ocupacional do agente gera um resultado igual ou superior
a 0,5, se estendendo até o limite de 1,0. O nível de ação é importante para a empresa tomar providências e
medidas de SST antes de o agente superar o limite de exposição, a fim de que não resulte na possibilidade
de gerar lesões e agravos à saúde dos trabalhadores.
anexos 11 ou 12, visto que trazem uma abordagem quantitativa sobre o agente químico. O anexo 13 (abordagem qualitativa) é apropriado para os
agentes químicos que não se enquadram nos anexos 11 ou 12 e cuja relação de atividades e operações se encaixa com o estabelecido no anexo 13.
O item 9.6.1.1 da NR-09 define que se a NR-15 e seus anexos não trouxerem os limites de tolerância do agente químico, os valores de referência
devem ser pegos da American Conference of Governmental Industrial Higyenists (ACGIH) para adoção das medidas de prevenção.
Para entender os conceitos fundamentais da NR-15 quanto ao controle de segurança de exposição dos agentes químicos, é mostrado na Tabela 2
um trecho do Quadro 1 da tabela dos limites de tolerância do anexo 11 da NR-15, a fim de que seja possível entender os principais termos técnicos
utilizados nessa NR, e sobre como estabelecer o nível de ação para os agentes químicos e compreender o nível máximo de exposição para cada
agente químico.
Valor teto: valor de limite de tolerância que o agente químico não pode ultrapassar de maneira alguma em nenhum momento
da jornada de trabalho, mesmo que seja por pouco tempo. Os agentes químicos que estão assinalados com um “+” são os que
possuem um valor teto, e esse valor é exatamente o valor do limite de tolerância expresso na tabela, ou seja, para o ácido
clorídrico, o seu valor teto é de 4ppm ou 5,5 mg/m³;
Absorção também p/ pele: além da preocupação com a inalação do agente químico pelo trato respiratório, os agentes químicos
que possuem um “+” nessa coluna podem ser absorvidos pela pele (via cutânea) e, devido a isso, exigem que na sua
manipulação sejam usadas luvas adequadas e outros EPIs necessários para a proteção do corpo do trabalhador;
Limite de tolerância de exposição: valor quantitativo que, caso o agente químico ultrapasse na exposição ocupacional ao
trabalhador, pode gerar agravos e lesões à saúde do trabalhador. A NR-15 define os limites de tolerância dos agentes químicos
para um período de exposição do trabalhador até 48h/semana, portanto, para trabalhos em que os empregados executam suas
atividades até uma jornada de 48 horas na semana, basta consultar os valores do quadro 1 do anexo 11 da NR-15. Nos casos das
jornadas de trabalho que ultrapassam as 48h/semana, a NR-15 define que deve ser cumprido o art. 60 da CLT.
O limite de tolerância é definido com base na média aritmética das medições das concentrações no local de trabalho, e ele só
será considerado como ultrapassado quando essa média for superior ao definido no quadro 1 do anexo 11 da NR-15;
Insalubridade: situações que podem agravar a saúde do trabalhador. Caso a exposição do agente químico ultrapasse o limite de
tolerância, a atividade pode ser considerada como insalubre. Apenas o limite de tolerância define a insalubridade, e não apenas
a exposição ao valor teto ou o valor máximo de tolerância;
Valor máximo de tolerância: para todos os agentes químicos que não estão assinalados com um “+” na coluna do valor teto no
quadro 1 do anexo 11 da NR-15, é necessário definir um valor máximo de tolerância, utilizando um fator de desvio, que é
definido no quadro 2 do anexo 11 da NR-15 (tabela 3). Caso em algum momento da jornada de trabalho uma das medições
ultrapasse o valor máximo de tolerância, a atividade deve ser considerada como risco grave e iminente.
Limite de Tolerância
Fator de Desvio
(ppm ou mg/m3)
0a1 3
1 a 10 2
10 a 100 1,5
Enunciado: encontre todos os parâmetros definidos no anexo 11 da NR-15 para o agente químico Acetaldeído;
Resposta:
Como esse agente não tem valor teto, então é preciso fazer o cálculo do valor máximo de tolerância. Caso ele tivesse valor teto, não seria feito o
cálculo do valor máximo de tolerância, pois o valor teto já seria o máximo admissível.
Olhando a Tabela 3 (quadro 2 do anexo 11 da NR-15), no cálculo em ppm do valor máximo de tolerância, o fator de desvio é 1,5, portanto:
Sites
ACESSE
ACESSE
Vídeos
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria n° 6.730, de 09 de março de 2020. Aprova a nova redação
da Norma Regulamentadora nº 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. (Processo nº 19966.100073/2020-72). Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 09 mar. 2020. n. p. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-6.730-de-9-de-marco-de-
2020-247538988>. Acesso em: 01/10/2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Gabinete do Ministro. Portaria n° 426, de 07 de setembro de 2021. Aprova o Anexo I - Vibração e o
Anexo III - Calor, da Norma Regulamentadora nº 09 - Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais e Agentes Físicos, Químicos e
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(Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis), nº 22 (Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração), nº 29 (Segurança e
Saúde no Trabalho Portuário), nº 32 (Segurança e Saúde nos Trabalhos em Serviços de Saúde) e nº 34 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho
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