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Questão 01 mesmo sem a direção de outrem.

Tem
Há por fim um imperativo que, sem se basear coragem de fazer uso de teu próprio
como condição em qualquer outra intenção a entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
atingir por um certo comportamento, ordena A preguiça e a covardia são as causas pelas
imediatamente este comportamento. [...] quais uma tão grande parte dos homens,
Não se relaciona com a matéria da ação e com depois que a natureza de há muito os libertou
o que dela deve resultar, mas com a forma e o de uma condição estranha, continuem, no
princípio de que ela mesma deriva; e o entanto, de bom grado menores durante toda
essencialmente bom na ação reside na a vida.
disposição [...], seja qual for o resultado. KANT, I. Resposta à pergunta: o que é
KANT, Immanuel. Fundamentação da esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985
metafísica dos costumes . Lisboa: Edições 70, (adaptado).
2007. Kant destaca no texto o conceito de
Sobre o imperativo apresentado no texto, é Esclarecimento, fundamental para a
CORRETO afirmar que compreensão do contexto filosófico da
Modernidade. Esclarecimento, no sentido
A) simboliza a influência do pensamento empregado por Kant, representa
mitológico na sociedade e dialoga com
fundamentos das religiões ortodoxas. A) a reivindicação de autonomia da
B) representa uma lei moral que os capacidade racional como expressão da
indivíduos trazem dentro de si e que está maioridade.
baseada na racionalidade. B) o exercício da racionalidade como
C) defende a relativização dos significados das pressuposto menor diante das verdades
ações realizadas pelos seres humanos.  eternas.
D) converge com os postulados filosóficos C) a imposição de verdades matemáticas, com
desenvolvidos por Jeremy Bentham.  caráter objetivo, de forma heterônoma.
E) apresenta resultados que contradizem a D) a compreensão de verdades religiosas que
liberdade humana. libertam o homem da falta de entendimento.
E) a emancipação da subjetividade humana
Questão 02 de ideologias produzidas pela própria razão.
Esclarecimento é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A Questão 03
menoridade é a incapacidade de fazer uso de TEXTO I
seu entendimento sem a direção de outro Duas coisas enchem o ânimo de admiração e
indivíduo. O homem é o próprio culpado veneração sempre crescentes: o céu estrelado
dessa menoridade se a causa dela não se sobre mim e a lei moral em mim.
encontra na falta de entendimento, mas na KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa:
falta de decisão e coragem de servir-se de si Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II na filosofia. Nele, confrontam-se duas
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e posições filosóficas que
o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia A) assumem pontos de vista opostos acerca
completa. São Paulo: Hedra, 2015. da natureza do conhecimento.
A releitura realizada pela poeta inverte as B) defendem que o conhecimento é
seguintes ideias centrais do pensamento impossível, restando-nos somente o
kantiano: ceticismo.
C) revelam a relação de interdependência os
A) Possibilidade da liberdade e obrigação da dados da experiência e a reflexão filosófica.
ação. D) apostam, no que diz respeito às tarefas da
B) Aprioridade do juízo e importância da filosofia, na primazia das ideias em relação aos
natureza. objetos.
C) Necessidade da boa vontade e crítica da E) refutam-se mutuamente quanto à
metafísica. natureza do nosso conhecimento e são ambas
D) Prescindibilidade do empírico e recusadas por Kant.
autoridade da razão.
E) Interioridade da norma e fenomenalidade Questão 05
do mundo. Os ricos adquiriram uma obrigação
relativamente à coisa pública, uma vez que
Questão 04 devem sua existência ao ato de submissão à
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento sua proteção e zelo, o que necessitam para
se devia regular pelos objetos; porém, todas as viver; o Estado então fundamenta o seu
tentativas para descobrir, mediante conceitos, direito de contribuição do que é deles nessa
algo que ampliasse nosso conhecimento, obrigação, visando a manutenção de seus
malogravam-se com esse pressuposto. concidadãos. Isso pode ser realizado pela
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não imposição de um imposto sobre a
se resolverão melhor as tarefas da metafisica, propriedade ou a atividade comercial dos
admitindo que os objetos se deveriam regular cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos
pelo nosso conhecimento. e de uso dos juros obtidos a partir deles, não
KANT, I. Critica da razão pura. Lisboa: para suprir as necessidades do Estado (uma
Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado). vez que este é rico), mas para suprir as
O trecho em questão é uma referência ao que necessidades do povo.
ficou conhecido como revolução copernicana KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru:
Edipro, 2003.
Segundo esse texto de Kant, o Estado C) linguagem trágica.
D) explicação fisicalista.
A) deve sustentar todas as pessoas que vivem E) suspensão judicativa.
sob seu poder, a fim de que a distribuição seja
paritária. Questão 07
B) está autorizado a cobrar impostos dos Immanuel Kant, um dos pensadores mais
cidadãos ricos para suprir as necessidades dos influentes do século XVIII, nos deixou três
cidadãos pobres. obras que conhecemos como as obras críticas:
C) dispõe de poucos recursos e, por esse a Crítica da razão pura, a Crítica da razão
motivo, é obrigado a cobrar impostos prática e a Crítica da faculdade do juízo. Com
idênticos dos seus membros. essas obras ele se estabeleceu como um marco
D) delega aos cidadãos o dever de suprir as para o pensamento moderno, pois buscou
necessidades do Estado, por causa do seu resolver um conflito entres duas vertentes
elevado custo de manutenção. sempre constantes na história da filosofia: de
E) tem a incumbência de proteger os ricos das um lado os filósofos racionalistas, e de outro,
imposições pecuniárias dos pobres, pois os os empiristas. Para resolver o antagonismo
ricos pagam mais tributos. entre esses dois lados, Kant desenvolveu sua
filosofia crítica, também conhecida como:
Questão 06
Sócrates: “Quem não sabe o que uma coisa é, A) Filosofia analítica;
como poderia saber de que tipo de coisa ela é? B) Filosofia transcendental;
Ou te parece ser possível alguém que não C) Filosofia dialética;
conhece absolutamente quem é Mênon, esse D) Filosofia imanente;
alguém saber se ele é belo, se é rico e ainda se é E) Filosofia da desconstrução.
nobre”? Parece-te ser isso possível”? Assim,
Mênon, que coisa afirmas ser a virtude?”. Questão 08
PLATÃO. Mênon. Rio de Janeiro: Leia o texto a seguir.
PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001 Estes problemas inevitáveis da própria razão
(adaptado). pura são Deus, a liberdade e a imortalidade, e
A atitude apresentada na interlocução do a ciência que, com todos os seus requisitos,
filósofo com Mênon é um exemplo da tem por verdadeira finalidade a resolução
utilização do(a) destes problemas chama- -se metafísica. O seu
proceder é, de início, dogmático, isto é,
A) escrita epistolar. aborda confiadamente a realização de tão
B) método dialético.
magna empresa, sem previamente examinar a Não pago há seis anos o imposto individual,
sua capacidade ou incapacidade. pré-requisito para votar. Por causa disso, certa
(KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. de vez fui colocado na prisão, onde passei uma
Manuela Pinto dos Santos e Alexandre noite. E, enquanto contemplava as paredes de
Fradique Morujão. 3.ed. Lisboa: Fundação rocha sólida, com dois ou três pés de
Calouste Gulbenkian, 1994. p.40.) espessura, a porta de madeira e ferro de um pé
Com base no texto e nos conhecimentos de espessura e a grade de ferro que filtrava a
sobre a concepção de filosofia no pensamento luz, não pude deixar de me espantar com a
de Kant, assinale a alternativa correta. insensatez daquela instituição que me tratava
como mero amontoado de carne, sangue e
A) Destaca o conhecimento da essência das ossos a ser trancafiado. (...) Percebi que, se
coisas como condição própria da razão. havia uma parede de pedra entre mim e meus
B) Impõe o caráter superior da metafísica ao concidadãos, havia um muro ainda mais
lidar com questões transcendentes. difícil de transpor ou travessar para que eles
C) Reforça o conhecimento empírico fossem tão livres quanto eu. (...) Desse modo,
científico ao limitar-se à verdade da natureza. o Estado nunca confronta intencionalmente
D) Reivindica uma depuração crítica da razão a consciência, intelectual ou moral, de um
que aponte os limites da metafisica. homem, mas apenas seu corpo, seus sentidos.
E) Valoriza a lógica como instrumento Não dispõe de inteligência ou honestidade
possível para o conhecimento da metafísica. superiores, mas só de força física maior. Não
nasci para ser coagido. Respirarei à minha
Questão 09 própria maneira. Vamos ver quem é mais
O cidadão não pode recusar-se a pagar os forte.
impostos que lhe são exigidos; a crítica Henry D. Thoreau. A desobediência civil.
insolente de tais impostos no momento em Porto Alegre: L&PM (com adaptações).
que ele tem a obrigação de pagá-los pode até Tendo como referência os textos precedentes,
ser punida como um escândalo (que poderia de Immanuel Kant e Henry David Thoreau,
provocar rebeliões gerais). Mas não está em julgue o item que segue.
contradição com seu dever de cidadão se, Nos textos apresentados, os autores destacam
enquanto erudito, ele manifesta a faculdade da razão para pensar de forma
publicamente sua oposição a tais imposições crítica a cobrança de impostos injustos.
inoportunas ou mesmo injustas.
Immanuel Kant. Resposta à pergunta: o que C) Certo
é o Esclarecimento? E) Errado
Questão 10 E) o entendimento.
Menoridade é a incapacidade de servir-se de
seu entendimento sem a orientação de um Gabarito
outro. Esta menoridade é autoimposta 1)B
quando a causa da mesma reside na carência 2)A
não de entendimento, mas de decisão e 3)E
coragem em fazer uso de seu próprio 4)A
entendimento sem a orientação alheia. Sapere 5)B
aude! Tenha coragem em servir-te de teu 6) B
próprio entendimento! [...] 7) B
8) D
Nada é exigido além da liberdade; e mais
9) Certo
especificamente a liberdade menos danosa
10)C
de todas, a saber: utilizar publicamente sua
razão em todas as dimensões. [...] Mas agora
escuto em todos os cantos: nãoraciocineis!
O oficial diz: não raciocineis, exercitai-vos! O
Conselho de Finanças: não raciocineis, pagai!
O líder espiritual: não raciocineis, crede! (um
único senhor no mundo pode dizer:
raciocinai o quanto quiser, e sobre o que
quiser, mas obedecei!)

KANT. In: MARCONDES, Danilo. Textos


básicos de Ética: de Platão a Foucault. 3. ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. pp.88-90.

Considerando o fragmento de texto, pode-se


dizer que o movimento de utilizar
publicamente a razão, servir-se do próprio
entendimento segundo Kant é

A) a menoridade.
B) a liberdade.
C) o esclarecimento.
D) a dúvida.

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