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Análise Jurídica da atividade do Jogo Online em


Portugal: Implicações Regulamentares e Fiscais

O DL nº 66/2015 de 29 de abril aprova o Regime Jurídico dos


Jogos e Apostas Online e altera o Código da Publicidade,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de outubro, a Tabela
Geral do Imposto do Selo, e o Decreto-Lei n.º 129/2012, de 22 de
junho.

A análise da atividade de jogo online em Portugal, segundo o

Relatório do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ)

referente ao terceiro trimestre de 2023, vai além dos números

expressivos, levantando questões jurídicas e fiscais de grande

importância.

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O SRIJ, enquanto entidade reguladora, desempenha um papel

fundamental na supervisão das atividades de jogo em Portugal,

sendo que a regulação dos casinos físicos é regida pela Lei do

Jogo (Decreto-Lei nº 422/89), ao passo que o Regulamento do

Jogo e Apostas Online (RJO) estabelece as regras para o jogo

online (Decreto-Lei nº 66/2015). Esta diferenciação normativa

reflete a necessidade de abordagens regulatórias específicas

para cada modalidade.

Impostos Aplicáveis e Isenção para o Consumidor:

Existem três tipos de impostos aplicáveis a diferentes formas


de jogo:

 Imposto de Selo (este imposto é aplicado aos jogos que


estão disponíveis nos postos de venda JSC, como a
raspadinha, o Euro milhões e o Placard (apostas físicas);
 Imposto Especial de Jogo (Art.84º, Decreto-Lei nº 422/89
de 2 de dezembro);

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 Imposto Especial de Jogo Online (IEJO) (art.88º e
seguintes DL 66/2015).

Imposto Especial de Jogo Online (IEJO):

O IEJO incide sobre as receitas das apostas e é suportado pelas


entidades exploradoras, de acordo com o Art. 88º RJO. A
distinção nas taxas é evidente, com 25% incididos sobre a
receita bruta da entidade exploradora nos casos de jogos de
fortuna e azar, enquanto que nas apostas desportivas à cota a
taxa varia para 8% incidindo desta vez sobre as receitas
resultantes do montante das apostas efetuadas.

Este imposto tem sido alvo de inúmeras criticas tendo como


base a discriminação no IEJO entre jogos de fortuna ou azar e
apostas desportivas à cota, destacando uma clara violação do
princípio da neutralidade, igualdade fiscal e proporcionalidade.
E desta forma apela-se para uma revisão fiscal para corrigir
essa discriminação e promover equidade no mercado de jogo
online em Portugal.

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Assim é importante salientar que o utilizador não tem de
declarar impostos sobre os seus ganhos numa plataforma legal
em Portugal, desde que esses ganhos provenham de um site de
apostas ou casino legal, e sejam originados numa plataforma
online, não física.

Destino das Receitas do IEJO:

O Art. 90º detalha a distribuição das


receitas do IEJO, contribuindo esse
valor para diversas áreas: 3,17%
para o Estado, 48,05% para políticas
sociais, 22,88% para a saúde, 5,24%
para segurança interna e 20,66%
para a juventude e desporto.

Distinção entre Jogo Online e Jogo Territorial:

A distinção entre o jogo online e territorial é evidenciada na


tributação. Neste contexto, é importante salientar que a oferta
de apostas offline é exclusivamente controlada pela Santa Casa
da Misericórdia.

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Esta categoria inclui não só o Placard, mas também outros
jogos geridos pela Santa Casa, tais como Euro milhões, Lotaria
Nacional, etc…. Nestas situações, é o próprio, enquanto
jogador, que suporta o Imposto de Selo (20%), sempre que o
prémio exceder os 5.000 euros.

A estrutura fiscal em vigor tem sido alvo de críticas devido à


perceção de benefícios injustos concedidos ao Placard. Além
disso, durante o ano passado, surgiram polémicas devido a
cortes nos apoios ao desporto federado por parte da Santa
Casa, uma resposta motivada por perdas financeiras incorridas
pela própria entidade.

Desafios e Alegações das Casas de Apostas:

Apesar da estrutura regulatória e tributária estabelecida, as


casas de apostas expressam sérias preocupações acerca da
carga tributária imposta às suas operações. Alegam que esta
tributação é considerada excessiva, colocando desafios
significativos à sua competitividade, especialmente quando
comparadas com o jogo ilegal, que muitas vezes opera em
ambientes fiscais mais favoráveis.

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A discussão em torno da possibilidade de rever as taxas
tributárias aplicadas ao setor de apostas online é um tema
frequentemente debatido e de grande importância. As casas de
apostas argumentam a necessidade de uma avaliação mais
equitativa das taxas, procurando um equilíbrio que permita a
sustentabilidade financeira para os operadores, ao mesmo
tempo em que mantém um ambiente competitivo e dissuade o
jogo ilegal.

A manutenção de um ambiente tributário equitativo é crucial,


não apenas para assegurar a viabilidade económica das
operadoras legais, mas também para promover a integridade e
segurança do mercado de apostas online como um todo. O
debate contínuo sobre este assunto destaca a importância de
encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade de
receitas fiscais e a preservação de um setor regulamentado e
atrativo para os operadores legais.

Conclusão:

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Em síntese, a legislação atual em Portugal proporciona isenção
de impostos para jogadores em plataformas legais, mas os
desafios enfrentados pelos operadores e as preocupações com
a carga tributária destacam a necessidade de uma abordagem
equilibrada na formulação e revisão das políticas fiscais.
Adverte-se para possíveis alterações legislativas futuras,
enfatizando a importância do jogo responsável em plataformas
regulamentadas, assegurando uma experiência segura e justa
para todos os intervenientes.

31 de janeiro de 2024

Nuno Sousa Marques

A presente Newsletter destina-se a ser distribuída exclusivamente entre Clientes e Colegas e a informação nela contida é prestada de forma
geral e abstrata, não devendo servir de base para qualquer tomada de decisão sem a assistência profissional qualificada e dirigida ao caso
concreto.

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