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Livres Uma análise semiolingüística do texto e do
Linguistique / Grammaire discurso
Discours (Médias, Politique) In : PAULIUKONIS, M. A. L. e GAVAZZI, S. (Orgs.) Da língua ao discurso :
reflexões para o ensino. Rio de Janeiro : Lucerna, 2005, p. 11-27., 2005
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Esta última opção, por mais arriscada que seja [9] corresponde à posição que
adotamos já há algum tempo, e que, ao longo dos anos, vem-se tornando mais
precisa. Consiste em relacionar entre si determinados questionamentos que tratam
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do fenômeno da linguagem - sendo uns mais externos (lógica das ações e influência
social), outros mais internos (construção do sentido e construção do texto).
• a causação, pois estes seres, com suas qualidades, agem ou sofrem a ação em
razão de certos motivos (humanos ou não humanos) que os inscrevem numa
cadeia de causalidade. A sucessão dos fatos do mundo é transformada
(explicada) em “relações de causalidade”.
Assim, numa notícia de jornal que tem por título : “Descaso : desaba o telhado
de um supermercado. 15 feridos”, a identificação é marcada por : “telhado”,
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“supermercado” e “feridos”, com modos de determinação particulares desta
identificação : “o”, “um”, “15” ; a qualificação está incluída nas denominações
precedentes : “supermercado” (pela dimensão e peso), “feridos” (pelo estado das
vítimas) ; a ação está expressa por “desaba” ; a causação por “descaso”.
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sentido. É sempre possível construir um enunciado que mobilize as diferentes
operações do processo de transformação, por exemplo : « sua batata está
assando ». Mas o que tal enunciado significa enquanto ato de linguagem ? O que é
que ele propõe como troca ? A qual jogo de transação ele corresponde ? Significa
que “o processo de cozimento não terminou” e que sob a aparência de uma
constatação “pede-se a alguém para olhar o forno” ? Ou que “o presidente perdeu a
confiança em você e seu cargo está ameaçado” ? Ou que “sua mulher descobriu sua
traição” ? Ou que “o que você me fez ontem, faltando ao encontro, não foi
perdoado” ? Isto, sem considerar as significações colaterais que estariam ligadas a
cada uma destas aqui evocadas.
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ato de linguagem. Tal abrangência nos leva a afirmar que o ato de linguagem se
realiza num duplo espaço de significância, o externo e o interno à sua verbalização,
determinando dois tipos de sujeitos de linguagem : os parceiros, que são os
interlocutores, sujeitos de ação, seres sociais que têm intenções – que chamamos
de sujeito comunicante e sujeito interpretante. ; e os protagonistas, que são os
intra-locutores, os sujeitos de fala, responsáveis pelo ato de enunciação – os quais
chamamos de (sujeito) enunciador e (sujeito) destinatário. E embora haja uma
relação de condição entre esses dois tipos de sujeitos, não há entre eles uma relação
de transparência absoluta. [18]
Esta série de hipóteses define, pois, o ato de linguagem como originário de uma
situação concreta de troca, dependente de uma intencionalidade, organizando-se
ao mesmo tempo num espaço de restrições e num espaço de estratégias,
produzindo significações a partir da interdependência de um espaço externo e de
um espaço interno - o que nos leva a propor um modelo de estruturação em três
níveis [19] :
• O nivel do situacional, para dar conta dos dados do espaço externo, e que
constitui ao mesmo tempo o espaço de restrições do ato de linguagem. É o
lugar onde estão determinados : a finalidade do ato de linguagem, que
consiste em responder à pergunta : “estamos aqui para dizer ou fazer o
quê ?” ; a identidade dos parceiros da troca linguageira, em resposta à
pergunta : “quem fala a quem ?” ; o domínio de saber veiculado pelo objeto
da troca, respondendo à pergunta : “sobre o quê ?” ; enfim (mas não se trata
de uma cronologia), o dispositivo constituído pelas circunstâncias materiais
da troca, respondendo à pergunta “em que ambiente físico de espaço e
tempo ?”.
2. O quadro metodológico
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Uma análise do discurso deve pois determinar quais são seus objetivos em
relação com o tipo de objeto construído , e qual é a instrumentalização utilizada, de
acordo com o procedimento escolhido.
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características as reativam ou as transgridem, e, ao mesmo tempo, mostra como
funcionam as estratégias (conscientes ou não) próprias ao projeto de fala do sujeito
comunicante.
Uma vez determinado este objetivo global (não se trata de hipóteses), resta
precisar alguns critérios de construção do corpus.
O que propomos, é construir uma tipologia, não das formas nem dos sentidos,
mas das condições de realização dos textos – isto é, dos “contratos de
comunicação” – considerando que existem contratos mais ou menos gerais que
englobam outros, e que cada um destes pode comportar variantes. Por exemplo, o
contrato de comunicação “propagandista” engloba contratos particulares como os
do “discurso publicitário” e do “discurso eleitoralista”, e, no âmbito do discurso
publicitário, encontram-se variantes tais como a publicidade de “rua”, de “revista”
ou de “anúncios televisionados” [26]. Do mesmo modo, o contrato de comunicação
do “debate” comporta contratos particulares como os do “debate midiático”,
“debate científico”, “debate político” (parlamentar), e no interior do “debate
midiático” encontramos variantes como o debate “cultural”, debate “social”ou “talk
show” [27]. Tal modelo permite estudar as modificações eventuais sofridas por um
contrato através do tempo, assim como as diferenças na realização de um mesmo
contrato em contextos socioculturais diferentes [28]].
Estes contrastes podem ser internos. São estabelecidos em torno de alguns dos
dados do contrato. Por exemplo, para o estudo da publicidade, poder-se-á construir
um corpus em torno de um mesmo produto, contrastando-se as “marcas”(Peugeot,
Fiat, Ford, etc), ou um corpus transversal aos produtos, contrastando certas
“representações” (a mulher na publicidade / o homem na publicidade), ou ainda
um corpus em torno de uma mesma marca, contrastando os “suportes” (a
publicidade das revistas / os anúncios televisionados / os out-doors).
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contexto (inferências contextuais) ou com um corpus (que seria “virtual”) –
constituído este último por um certo saber experiencial compartilhado (inferências
intertextuais) [29]. Isso tudo tem a ver com a análise de texto.
para determinar :
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• as estratégias particulares que se encontram nesses textos e que apontam
para projetos de fala individuais [32]. Apesar de todas essas características
comuns, a especificidade dos textos dialógicos e monológicos requer a
utilização de instrumentos de análise diferenciados (ver alinea c).
No que diz respeito à questão do lugar que devem ocupar, numa análise de
discurso, os diferentes componentes da forma semiológica de um texto, a resposta
não é simples. Isto é comprovado pela terminologia diversificada que se encontra
nos trabalhos que abordam o domínio da relação entre o verbal e o não-verbal :
“multicanalidade”, “pluricódico”, “plurimodal”, “multi” ou “pluri-semiológico” (cf.
N. Nel, 1990, p. 53).
1. Todo sujeito linguageiro, para engajar-se num ato de linguagem (seja ele
momológico ou dialógico) deve resolver o problema de saber como ocupar o
espaço de fala. Ele deve pois, de uma maneira ou de outra, legitimar e/ou
justificar sua “tomada da palavra”, sua fala.
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destinatários visados). Ele deverá, pois, usar de estratégias discursivas para
criar relações de aliança ou de oposição com relação a seu(s) destinatário(s).
Estas três hipóteses determinam três espaços de estudo dos atos de linguagem,
os quais designamos como espaço de locução, espaço de relação, espaço de
tematização-problematização [35].
Traduzido por :
Angela Maria da Silva CORRÊA
Do original inicialmente publicado na
Revista Langages, mars 1995
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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langagiers”, in Verbum, Tomme XII, Fasc. 1, revue de l’Université de Nancy II.
CHARAUDEAU P., 1989b, “La conversation entre le situationnel et le linguistique”,
in Connexions N° 53, ARIP-ERES.
CHARAUDEAU P., 1991, “Contrats de communication et ritualisations des débats
télévisés”, in La Télévision. Les débats culturels. “Apostrophes”, collection
Langages, discours et sociétés, Paris, Didier Erudition.
CHARAUDEAU P., 1992, Grammaire du sens et de l’expression, Paris, Hachette.
Notes
• uma dimensão semiótica, termo que tomaremos aqui num sentido amplo,
cujos problemas dizem repeito à relação entre a construção do sentido e a
construção das formas : como se faz a semantização das formas ? Como se faz
a semiotização do sentido ? Correlativamente, esta semiotização seguirá um
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processo idêntico se considerarmos os diferentes níveis - da palavra, da frase
ou do texto ?
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2014 sur le site de Patrick Charaudeau - Livres, articles, publications.
URL: http://www.patrick-charaudeau.com/Uma-analise-semiolinguistica-do.html
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