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RESUMO EXPANDIDO - EIXO TEMÁTICO 2 - FORMAÇÃO DOCENTE E

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL NO CONTEXTO


ATUAL: CONTRIBUIÇÕES DE EDITH STEIN PARA A EDUCAÇÃO

Danilo Cortez Gomes (danilo.cortez@ifrn.edu.br)

Muitas instituições de ensino fundamentam suas ações pedagógicas com base


na formação humana integral. Para o IFRN (2012, p. 68), “a formação humana
integral constitui a força motriz da prática pedagógica”. Por meio do PPP, o
IFRN se compromete em promover um ensino de qualidade socialmente
referenciada, sob os princípios da formação humana integral, sendo que estes
baseiam suas as ações e políticas conjuntas no intuito de promover a
interdisciplinaridade, a contextualização de conhecimentos, bem como a
investigação científica e a interação com as mais variadas instâncias sociais.
Entretanto, surge um questionamento provocativo que julgo pertinente: Quais
são os desafios da formação humana integral no contexto atual permeado de
fragmentações? Este trabalho parte dessa pergunta provocativa e busca, com
base na obra da filósofa Edith Stein, encontrar contribuições para a educação
no tocante à formação humana integral.

Observa-se, inicialmente, que o processo formativo do ser humano parte


primordialmente de um conhecimento de quem é o ser humano. Para Stein
(2020, p. 152):
Se entendermos por formação o modo pelo qual se desenvolve um ser, seja
por um processo involuntário que vem de dentro, seja pelo trabalho de
formação livre, realizado pelo próprio indivíduo ou realizado nele por outros,
será fundamental para a compreensão desse processo que saibamos o que
está sendo formado. Se limitarmos o conceito de formação ao trabalho de uma
formação sistemática, exigir-se-á necessariamente que se conheça a natureza
da pessoa para a qual esse trabalho é feito.

De acordo com Rus (2015, p. 26), “a questão O que é o ser humano?


constitui o eixo que permite uma decifração unificada da obra steiniana”, visto
que esta está fundamentada nos pressupostos da fenomenologia e no
pensamento cristão durante sua atuação como conferencista e professora. A
concepção de educação de Edith Stein é ampla e não se coaduna com a visão
estreita implementada em muitos ambientes. Para ela, “a educação é a arte
suprema cujo material não é nem a madeira nem a pedra, mas a alma humana.
(...) É a vida interior que é o fundamento último; a formação se faz do interior
para o interior” (STEIN, 2003, p. 576). A esse respeito, Rus (2015, p. 12),
afirma:

A educação é esse gesto antropológico integral preciso por meio do qual cada
pessoa encaminha-se para a plenitude de sua essência, no respeito de sua
destinação natural e sobrenatural. Trata-se, pois, de uma verdadeira aventura
interior: nela, o pensamento e a vida são indissoluvelmente unidos.

Em suma, educar significa guiar outros seres humanos, de modo que eles se
tornem aqueles que eles devem ser (STEIN, 2003). Seu entendimento de
processo formativo trilha diversos caminhos – pedagógico, psicológico,
teológico, filosófico, antropológico – em busca de compreender melhor o outro
com suas individualidades, visando ter uma compreensão integrada por meio
dos elementos que compõem o ser humano, ou seja, o ser humano se realiza
na integração harmônica de uma estrutura cujos elementos são o corpo, a alma
e o espírito. A estrutura é tríplice: no alto, o espírito; para fora, o corpo; no
meio, a alma (GARCIA, 1987). Aqui percebe-se que Edith Stein leva em
consideração o ser humano como um todo. Seu processo de formação é
comparado com o de uma planta cujo objetivo principal é tornar possível o
crescimento da semente:

Cada ser humano tem em si energias básicas, disposições da própria alma que
como sementes vivas precisam desenvolver-se. Não se trata de matéria inerte,
sem vida, como argila na mão do artista ou pedra sujeita aos influxos do clima.
Trata-se de uma raiz vital que tem em si as energias (forma interior) para
desenvolver-se em determinada direção, justamente aquela direção na qual
crescerá e maturará a figura perfeita, o quadro completo que brota da semente
(GARCIA, 1987, p. 66).

Essa formação humana integral pressupõe o desenvolvimento integral de


fatores internos e externos (clima, qualidade do terreno e tudo o que virá a
caracterizar o estado adulto da planta). Cada planta tem sua individualidade e
“Edith Stein se dá conta de que somente considerando a individualidade de
cada pessoa humana é que se pode construir um projeto educacional capaz de
conduzir o indivíduo ao reconhecimento de sua singularidade” (ALFIERI, 2014,
p. 95). Contudo, na obra steiniana existem as comunidades formadoras:

“Stein também é convicta disso e considera que o trabalho formativo deve ser
desenvolvido por uma comunidade de formadores, ou seja, por três entidades
originais que têm obrigações específicas, que não devem ser delegadas a
outrem nem renegadas ou reduzidas a uma abordagem simplista” (SBERGA,
2020, p. 214)

Por fim, é preciso dizer que a educação possui um fim: “Também para Edith
Stein o fim da educação está ligado ao fim do homem e, sem medo de errar,
ela afirma que só vale a formação para a verdadeira santidade” (GARCIA,
1987, p. 71) ou educar para a eternidade (ROCHA, 2021).

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