Você está na página 1de 4

Timeu (diálogo)

35 línguas
édia livre.
(Redirecionado de Timeu)

Filosofia de Platão

Platonismo

Tópicos filosóficos[Expandir]

Alegorias e metáforas[Expandir]

Escolas e influenciados[Expandir]

Lista de filósofos platônicos antigos

 v
 d
 e

Timeu (em grego clássico: Τίμαιος; romaniz.:Timaios; em latim: Timaeus) é um


dos diálogos de Platão, com um longo monólogo do personagem-título, escrito
por volta de 360 a.C. O trabalho apresenta a especulação sobre a natureza do
mundo físico e os seres humanos. É seguido pelo diálogo Crítias.

Falantes do diálogo são Sócrates, Timeu de Locros, Hermócrates e Crítias.


Alguns estudiosos acreditam que Crítias que aparece no diálogo não é o
mesmo Crítias da Tirania dos Trinta, mas seu avô, que também era chamado
Crítias.[1][2][3]

Personagens
Sócrates, Crítias, Timeu e Hermócrates.
Sinopse
Introdução

Manuscrito de Timeu, tradução para latim


de Calcídio
O diálogo ocorre um dia após Sócrates descrever sua cidade ideal. Tal
discussão é descrita em A República. Sócrates sente que sua descrição de
cidade ideal não fora suficiente para fins de entretenimento e convida Timeu,
Crítias e Hermócrates a darem sequência ao seu relato (20a, 20b).

Hermócrates sugere que Crítias o faça (20d). Crítias começa a contar a história
da viagem de Sólon ao Egito, onde ouviu a história de Atlântida e de como
Atenas costumava ser um estado ideal que, posteriormente, travaria uma
guerra contra Atlântida (25a). Crítias menciona que Timeu contará parte da
história da origem do Universo para o homem. A história de Atlântida é adiada
e escrita então em Crítias. O conteúdo principal do diálogo segue com a
exposição de Timeu.

A Natureza do Mundo Físico


Timeu começa com uma distinção entre o mundo físico e o mundo eterno. O
mundo físico é o mundo que muda e perece: é o objeto de parecer e de
sensação irracional. O mundo eterno não muda nunca: por isso é apreendido
pela razão (28).

Os discursos sobre os dois mundos são condicionados pela natureza distinta


de seus objetos. De fato, "uma descrição do que é imutável, fixo e claramente
inteligível será imutável e fixo", (29b), enquanto uma descrição do que muda,
provavelmente, também vai mudar e ser apenas provável.

Timeu sugere que nada "se torna ou muda" sem causa, então a causa do
universo deve ser um demiurgo ou um deus, uma figura que Timeu refere-se a
como o pai e criador do universo. E já que o universo é justo, o demiurgo deve
ter olhado para o modelo eterno para transformá-lo e não à um modelo
perecível (29a). Assim, usando o mundo eterno e perfeito de "formas" ou ideais
como um modelo, ele começou a criar o nosso mundo, que anteriormente só
existia em um estado de desordem.

Questões relativas à obra


No diálogo Timeu, Platão utiliza a noção de demiurgo como inteligência
ordenadora do Universo, noção esta que Platão recebeu de Anaxágoras[4].
Todavia, diferentemente deste Nous de Anaxágoras, o Demiurgo em Platão
não seria apenas inteligência, uma vez que haveria nele um caráter artesanal,
que constitui, ao lado da persuasão e da ação ordenadora, a atividade prática
desse artífice[5]. O Demiurgo contempla e produz, existindo nele atividades
teórica e prática inseparáveis. Ele não seria um simples artesão, mas aquele
que produz transferindo para as cópias as virtudes de um modelo.[6] O
Demiurgo visa à Ideia do Bem e a espelha na criação:[7]

"Sendo, portanto, a natureza necessária de todas essas coisas, o Demiurgo, do


mais belo e bom, assumiu-as naquele tempo entre as coisas geradas quando
Ele estava engendrando o Deus autossuficiente e mais perfeito; e suas
propriedades inerentes ele usou como causas subservientes, mas Ele mesmo
projetou o Bem em tudo o que estava sendo gerado."[8]
No diálogo, há uma série de analogias ligadas ao trabalho manual do artesão.
De fato, o Demiurgo produz a "Alma do Mundo", a "alma humana" e a "alma
vegetativa" utilizando técnicas de metalurgia (35a-b, 41d, 77a); constitui o
"Corpo do Mundo" como uma construção (semelhante a construção de prédios:
34b, 36d-e); na produção da esfericidade do "Corpo do Mundo" (33b), na
fabricação dos ossos (73e) e do esqueleto (73e - 74a) utiliza técnicas de
cerâmica. Além disso, é qualificado de modelador de cera (74c) e conhecedor
da arte de entrançar (78b-c)[9].

Além disso, no Timeu encontra-se a "teoria das formas inteligíveis", que


explicaria a natureza do mundo sensível[10]. Pelas ideias poder-se-ia explicar a
natureza do universo ou da totalidade das coisas sensíveis. Estas estão
sujeitas a geração e foram criadas de acordo com um modelo (paradigma
eterno). Assim, causas imutáveis seriam aplicadas ao que é instável por
natureza e as coisas sensíveis teriam nas formas inteligíveis a própria
possibilidade de existência[11].

As "formas inteligíveis" existiriam em si mesmas ou teriam em si mesmas seu


próprio princípio de existência (51b-c), não dependendo do Demiurgo para
existir. Elas seriam também eternas (27d, 29a, 37d-e, 52a) e não poderiam
existir no que é apenas imortal, pois o Demiurgo é imortal, mas não é
eterno(12)[12]. O ser das Formas ou Ideias passariam a se manifestar do mundo
inteligível no mundo sensível através do que Platão chamou de um "terceiro
tipo" pelo nome de khôra, um recipiente sem formas ou um "não-ser", e através
da qual todas as Formas seriam "copiadas" e manifestadas nas formas
sensíveis transitórias.[13]

Citação
No diálogo o personagem Timeu, após a fala de Crítias, que inclui curto relato
sobre a Atlântida, inicia sua explicação sobre a origem do universo até a
criação do homem e lança algumas questões fundamentais[14]:

Timeu: ... A meu parecer, será preciso, de início, distinguir o seguinte. Em que
“ consiste o que sempre existiu e nunca teve princípio? E em que consiste o que
devém e nunca é? O primeiro é apreendido pelo entendimento com a ajuda da

razão (em grego: λόγου), por ser sempre igual a si mesmo, enquanto o outro o é
pela opinião (em grego: δόξῃ), secundada pela sensação (em grego: αἰσθήσεως)
carecente de razão (em grego: ἀλόγου), porque a todo instante nasce e perece, sem
nunca ser verdadeiramente. E agora: tudo o que nasce ou devém procede
necessariamente de uma causa (em grego: αἰτίου), porque nada pode originar-se
sem causa.

Referências

Você também pode gostar