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Entrevista:

Eduarda: Bom dia, o tema de hoje, infelizmente, está cada vez mais presente na
sociedade e foca-se na seguinte pergunta: será que a guerra é uma
consequência de uma atitude etnocêntrica?
Antes de mais é importante ter em conta que a resposta a esta pergunta varia de
acordo com a opinião de cada um e vou começar por explicar o porquê de este tipo
de conflitos gerar tanta desilusão e nos fazer questionar o porquê de tanta
destruição.
A guerra gera desilusão ao expor as brutalidades e o sofrimento humano em grande
escala. Testemunhar a destruição, a perda de vidas e as diversas consequências
negativas leva as pessoas a questionarem os motivos subjacentes ao conflito. O
contraste entre os objetivos políticos ou ideológicos que podem ter iniciado a guerra
provoca muitas vezes uma profunda reflexão sobre a racionalidade e a moralidade
do conflito armado e a procura pelo sentido ou propósito da destruição massiva
pode gerar questões sobre a natureza humana e a busca por alternativas pacíficas.
Como já referi, a guerra expõe o sofrimento humano em grande escala e queria
começa por perguntar à Rita quais são os impactos de uma guerra na sociedade?
Rita:
Bom dia, a guerra possuí inúmeros impactos sociais bastante significativos,
afetando a sociedade e as comunidades de diversas formas como por exemplo:
· Perda de vidas: um dos impactos mais devastadores de uma guerra é a
perda de vidas humanas. Soldados e civis são frequentemente afetados,
o que resulta em tragédias pessoais e impactos de longo prazo nas
comunidades

· Crises migratórias e crises de refugiados (deslocamento de pessoas):


conflitos armados levam muitas vezes ao deslocamento em massa de
civis, pessoas que são forçadas a deixar as suas casas e as suas vidas
para procurar segurança noutros países ou regiões, o que provoca crises
de refugiados

· Destruição de infraestruturas: as guerras causam danos extensos nas


infraestruturas incluindo estradas, pontes, escolas, hospitais, o que pode
ter efeitos duradouros no desenvolvimento económico e social do país
em questão. Devido aos danos provocados, os jovens, por exemplo, são
forçados a abandonar os estudos, causando também um impacto
significativo na educação

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· Desorganização social: a guerra pode levar à desorganização social
devido afalhas por parte das instituições governamentais, sistemas de
justiça a entrar em colapso, o que resulta em forte instabilidade e
violência
· Impacto na saúde mental: a exposição à violência, a perda de entes
queridos e as condições precárias em tempos de guerra provocam
sérios efeitos na saúde mental das pessoas, sobretudo nas crianças,
provocando, muitas vezes, transtornos psicológicos

· Desafios humanitários: conflitos armados podem criar situações de


emergência humanitária, como dificuldades no fornecimento de
alimentos, água potável, cuidados de saúde adequados e outros
serviços básicos, o que provoca um aumento da mortalidade e um
aumento da propagação de doenças e desnutrição

· Trauma intergeracional: o trauma causado pela guerra pode ser


transmitido de uma geração para a seguinte. Crianças que crescem em
contexto de guerra enfrentam muitas vezes desafios duradouros no seu
desenvolvimento como por exemplo os transtornos psicológicos já
referidos.

Por fim, os impactos sociais de uma guerra podem variar de acordo com a natureza
da guerra, a sua duração, intensidade e o contexto social e cultural em que ocorrem.

Eduarda: Obrigada Rita, pergunto agora à Catarina a sua opinião relativamente à


origem dos conflitos armados serem ou não uma consequência de uma atitude
etnocêntrica, mas antes de mais o que é o etnocentrismo?

Catarina: Bom dia, o etnocentrismo é a visão preconceituosa e unilateralmente


formada sobre outras culturas, religiões ou etnias. Este conceito refere-se, portanto,
ao hábito de julgar inferior uma cultura diferente da sua própria cultura,
considerando absurdo tudo o que dela deriva e considerando a sua a única correta.
O extremo oposto do etnocentrismo é o relativismo cultural, o que tende a olhar para
as diferenças e peculiaridades de outras culturas e reconhecê-las igualmente
legítimas.
Relativamente à primeira questão, alguns conflitos podem ser originados devido a
atitudes etnocêntricas, como por exemplo a Segunda Guerra Mundial, um conflito
originado pela superiorização da cultura nazi perante as restantes. A ideia nazi
divulgada por Hitler contestava a existência de uma raça ariana, isto é, uma raça
pura e nobre, superior a todas as outras. Os nazis idealizavam os arianos como
sendo altos, louros de olhos azuis e atléticos. Todavia, muitas pessoas
consideradas pelos nazistas como alemães arianos não possuíam tais

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traços como por exemplo o próprio Adolfo Hitler, que tinha cabelo castanho e altura
média. Esta teoria afirmava que as habilidades e os comportamentos das pessoas
eram inerentes à sua raça e passavam de geração em geração. As características
arianas, de acordo com os nazistas, não eram apenas físicas, mas também mentais,
e interferiam nas habilidades e no pensamento intelectual e criativo. Neste sentido,
os nazis procuravam eliminar as outras raças, consideradas impuras e inferiores.
Esta ideia foi principalmente adotada contra os judeus que foram duramente
perseguidos durante o período de toda a Segunda Guerra Mundial. Durante este
conflito, cerca de seis milhões de judeus foram exterminados. Hitler afirmava que a
raça judaica era perigosa e prejudicava as restantes, referindo-a como “raça
parasita”. Em particular, acreditavam que os judeus eram parasitas que destruíam a
raça ariana, o que levou os nazistas a persegui-los. Pretendiam separar os judeus
dos alemães arianos e, inicialmente, tentaram forçar os judeus a abandonar a
Alemanha. Pessoas identificadas como arianas pelos nazis beneficiaram de
políticas económicas e sociais nazistas, já as identificadas como não-arianas
(incluindo os judeus) foram brutalmente perseguidas e discriminadas.

Eduarda: E relativamente às origens dos conflitos atuais?

Catarina: No que toca aos conflitos que estão a ocorrer creio que nenhum foi
iniciado devido a uma atitude ou pensamento etnocêntrico, uma vez que no conflito
entre o Hamas e Israel tudo começou como um conflito territorial, mas ao longo dos
anos as divergências religiosas começaram a influenciar e no conflito entre a Rússia
e a Ucrânia a origem é também uma guerra de territórios.

Eduarda: Obrigada, até à próxima!


Catarina/ Rita: Obrigada!

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