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Estratégias de

Metodologias Ativas
Módulo

3 A aprendizagem em
ambientes ativos
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Educação Continuada


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Educação a Distância


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Ana Claudia Loureiro (Conteudista, 2021).
Lidia Hubert (Conteudista, 2021).
Juliana Bordinhão Diana (Designer Instrucional, Implementadora RISE, 2021)
Karina Novais Lago (Revisora textual, 2021)
Monique Lopo (Diagramadora, 2021)
Pablo Augusto da Silva Marques (Implementador Moodle, 2021)
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Curso produzido em Brasília 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1 – Competências do século XXI e metodologias ativas........ 5
1.1 O conceito de competência...............................................................................5
1.2 As competências essenciais para o século XXI..................................................6

Unidade 2 – Abordagens e estratégias para a aprendizagem ativa... 11


2.1 Sala de Aula invertida......................................................................................11
2.2 Problem Based Learning (PBL).........................................................................13
2.3 Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP).....................................................15
2.4 Peer Instruction...............................................................................................17
2.5 Movimento Maker...........................................................................................20

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3
Módulo
A aprendizagem em ambientes
ativos
Unidade 1 – Competências do século XXI e metodologias
ativas

Objetivo de aprendizagem:
Reconhecer tecnologias como apoio às estratégias ativas.

1.1. O conceito de competência


As metodologias ativas de aprendizagem estão fundamentadas no protagonismo do aluno, na
reflexão-ação e na colaboração. Têm como foco um ensino centrado no aluno, no desenvolvimento
de competências com base na aprendizagem ativa, colaborativa e na interdisciplinaridade. E o
que é competência?

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Destaque,h
A competência compreende:

▪ Os conhecimentos (aquilo que uma pessoa sabe).


▪ As habilidades (o que a pessoa sabe fazer).
▪ As atitudes (o saber ser).

Fleury e Fleury (2001) apontam que, desde o final dos anos 1990, o tema competência entrou
para a pauta das discussões acadêmicas e empresariais, associado a diferentes instâncias de
compreensão.
Nível da pessoa
A competência do indivíduo.
Nível das organizações
As core competences.
Nível dos países
Sistemas educacionais e formação de competências.

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Muitos pesquisadores e educadores vêm se debruçando sobre questões que permeiam a
formação dos cidadãos e profissionais para bem viver e produzir em um mundo em constantes
mudanças, de modo que estejam aptos para atuarem em setores e mercados que ainda não
existem hoje.
Alguns pesquisadores e teóricos buscaram respostas a partir da proposição de competências
fundamentais que devem ser desenvolvidas para qualificar os sujeitos para atuarem com
sucesso em um mundo profissional incerto e desafiador. Essas competências são denominadas
“competências para o século XXI”.

1.2. As competências essenciais para o século XXI


Assista ao vídeo a seguir e confira a prof.ª Ana Claudia Loureiro falando sobre a necessidade de
mudar o modelo de formação atual para que os cidadãos e profissionais possam viver e produzir
em um mundo em constante mudança.

VÍDEO (Aula/cena n°: 4. As competências essenciais para o


século XXI

Entre as muitas perspectivas teóricas que discutem quais são as competências necessárias,
elegemos as competências apontadas por Tony Wagner, fundador do Change Leadership Group
da Harvard Graduate School of Education. Ele acredita que os alunos precisam desenvolver sete
habilidades de sobrevivência para estarem preparados para a vida, para o trabalho e para a
cidadania do século XXI.
Segundo Wagner (2010), as competências essenciais para o século XXI são:

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Para Filatro e Cavalcanti (2018), as competências propostas por Wagner estão alinhadas à
concepção do uso de metodologias ativas em contextos educacionais e formativos, na educação
presencial, a distância e corporativa, e podem ser adotadas para desenvolver as competências
essenciais do século XXI.

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Saiba mais
Na palestra “Metodologias Inov-ativas e o Papel do Professor na Educação
Presencial e a Distância”, a prof.ª Andrea Filatro traz importantes contribuições
e reflexões sobre o que abordamos até aqui, a respeito das competências para
ensinar.

https://www.youtube.com/watch?v=NDqixn8jU_0

Referências
FILATRO, A.; CAVALCANTI, C. C. Metodologias Inov-ativas na educação presencial, a distância e
corporativa. São Paulo, Saraiva Uni, 2018.
FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Revista de administração
contemporânea, Curitiba, v. 5, n. spe, p. 183-196, 2001. Disponível em: www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 12 ago.
2021.
WAGNER, T. The global achievement gap: why even our best schools don’t teach the new survival
skills our children need – and what we can do about it. New York: Basic Books, 2010.

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Unidade 2 – Abordagens e estratégias para a
aprendizagem ativa
Objetivo de aprendizagem
Identificar estratégias ativas que podem compor o planejamento de um curso, disciplina ou aula.

2.1 Sala de Aula invertida


A aprendizagem invertida é um modelo ativo de aprendizagem, que faz todo o sentido em um
mundo conectado, móvel e digital. Bergmann e Sams (2017) foram os pioneiros de algumas
estratégias de sala de aula invertida (Flipped Classroom), quando propuseram o uso do vídeo para
gravar suas aulas conceituais e disponibilizá-las às suas turmas da Woodland Park High School
(uma escola de ensino médio no Colorado, EUA). O objetivo dos professores era disponibilizar
as videoaulas como material de estudo prévio, permitindo que cada aluno tivesse acesso às
informações básicas iniciais sobre um tema ou problema, de forma flexível e personalizada. Nessa
proposta o professor considerava que o aluno poderia assistir às aulas no seu ritmo, quantas
vezes fossem necessárias, solicitando, sempre que julgar importante, a colaboração dos colegas
e pais.
A aprendizagem invertida transfere para o digital uma parte do que era explicado em aula
pelo professor. Os estudantes acessam materiais, realizam pesquisas no seu próprio ritmo
e como preparação para a realização de atividades de aprofundamento, debate e aplicação
– predominantemente em grupo – feitas na sala de aula presencial, com orientação docente
(BERGMANN & SAMS, 2016). Esse é um conceito amplo de aula invertida. Há muitas estratégias
que podem ser adotadas dentro dessa abordagem, além das videoaulas. Confira a seguir três
etapas básicas que podem ser realizadas.
Pesquisa inicial
O professor pode pedir que o aluno faça uma pesquisa sobre determinado tema/conceito, assista
a um vídeo, a uma animação, leia um texto/artigo, acesse informações disponíveis na internet ou
na biblioteca escolar.
Avaliação diagnóstica
Em seguida a essa primeira etapa, é importante que seja feita uma avaliação diagnóstica para
verificar o que a turma compreendeu daquele tema. Uma rápida avaliação, com três ou quatro
questões sobre o assunto, que permita ao professor ter uma visão geral do que foi aprendido e
os pontos em que os alunos necessitam de ajuda.
Socialização e aplicação do estudo
Em sala de aula, o professor utiliza o tempo presente com o aluno para orientar aqueles que
ainda não adquiriram o básico para que possam avançar. Ao mesmo tempo, oferece problemas
mais complexos a quem já domina o essencial, agrupa os alunos em pares para que discutam os
assuntos previamente estudados (os que tiveram maior compreensão podem discutir e explicar
os assuntos aos alunos que tiveram menor compreensão do tema).

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Em suma, podemos definir que a inversão se refere à prática exercida no ensino tradicional,
no qual a sala de aula serve para o professor transmitir informação para que o aluno, após a
exposição do tema/conteúdo feita pelo professor, estude o assunto que foi transmitido e realize
alguma atividade de avaliação para mostrar que esse conteúdo foi assimilado.

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Destaque,h
Como pontos positivos na inversão da aula temos:

▪ A personalização e a individualização da aprendizagem.


▪ O uso de diversas linguagens (textos, vídeos, áudios, entre outros) que
são mais coerentes com os alunos que temos (usuários de diversos recursos
digitais; sujeitos conectados com as mídias).
▪ Maior interação do professor com os alunos (o professor passa a circular
na sala de aula).
▪ Uso de um “programa reverso de aprendizagem para o domínio”, no qual
os alunos progridem dentro do seu próprio ritmo.

A sala de aula invertida possibilita o desenvolvimento das competências do século XXI, uma vez
que promove o protagonismo e proatividade do aluno, exercitando sua curiosidade e imaginação,
colaboração, acesso a informações, análise e reflexão e, finalmente, permite trabalhar de forma
mais significativa com o conhecimento (VALENTE, 2014).
As regras básicas para inverter a sala de aula, segundo o relatório Flipped Classroom Field Guide
(2014), são:
Questionamentos
As atividades em sala de aula envolvem uma quantidade significativa de questionamentos,
resolução de problemas e de outras atividades de aprendizagem ativa, obrigando o aluno a
recuperar, aplicar e ampliar o conteúdo aprendido on-line.
Feedbacks
Os alunos recebem feedback imediatamente após a realização das atividades presenciais.
Incentivo à participação
Os alunos são incentivados a participar das atividades on-line e das presenciais, sendo que elas
são computadas na avaliação formal do aluno, ou seja, valem nota.
Materiais estruturados e bem planejados
Tanto o material a ser utilizado on-line quanto os ambientes de aprendizagem em sala de aula
são altamente estruturados e bem planejados.

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O tipo de material ou atividades que o aluno realiza on-line e na sala de aula varia de acordo com
a proposta implantada, criando diferentes possibilidades para essa abordagem pedagógica.

2.2 Problem Based Learning (PBL)


A aprendizagem baseada em problemas (PBL) surgiu na década de 1960 na Universidade
McMaster, no Canadá, e em Maastricht, na Holanda, inicialmente nos cursos das Escolas de
Medicina. Atualmente, a PBL tem sido utilizada em várias outras áreas do conhecimento, em
cursos de Administração, Arquitetura, Engenharias, Computação, Pedagogia, entre outros.
Estas são as fases da PBL na Harvard Medical School:

Formulação de hipóteses
Solicitação de dados adicionais
Identificação de temas de aprendizagem
Elaboração do cronograma de aprendizagem
Estudo independente

Crítica e aplicação das novas informações


Solicitação de dados adicionais
Redefinição do problema
Reformulação de hipóteses
Identificação de novos temas de aprendizagem
Anotação das fontes

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Síntese da aprendizagem
Avaliação

A PBL tem como base de inspiração os princípios da escola ativa, do método científico, de
um ensino integrado e integrador dos conteúdos, dos ciclos de estudo e das diferentes áreas
envolvidas, em que os alunos aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas
relativos às suas futuras profissões. De forma ampla, a PBL propõe uma matriz não disciplinar
ou transdisciplinar, organizada por temas, competências e problemas diferentes, em níveis de
complexidade crescentes. Tem sido muito utilizada para estruturar todo o currículo de cursos de
ensino superior e para moldar projetos na educação corporativa (FILATRO; CAVALCANTI, 2018).
Como proposta de reestruturação curricular, a PBL sugere as seguintes ações:

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A PBL pode ocorrer de forma individual (o aluno trabalha sozinho) ou em grupo, proposta que
desenvolve mais competências, como interação humana, aprender a ouvir, partilhar ideias, aceitar
e assimilar críticas, colaborar, comunicação oral e liderança. Falamos aqui das competências-
chave para o século XXI.

2.3 Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP)


A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é uma metodologia ativa capaz de atender às novas
demandas da educação, sendo considerada uma das estratégias de ensino e aprendizagem mais
apropriadas para o século XXI (BENDER, 2014; BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION, 2008).

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Destaque,h
Como pontos positivos na invA ABP deve ser considerada uma abordagem
de ensino que pode ajudar o professor a criar um ambiente de aprendizagem
em que professores e alunos “formam uma comunidade de aprendizagem
poderosa focada na realização, no autodomínio e na contribuição para a
comunidade” (BIE, 2018, p. 20).

Ainda segundo o BIE, a ABP, assim como qualquer outro método de ensino, pode ser utilizada
de maneira efetiva ou não. Caberá ao professor saber focalizar ideias centrais e questões focais
em seu programa de ensino para criar atividades envolventes e instigantes na sala de aula,
promovendo uma aprendizagem autônoma entre os alunos e isso a ABP é capaz de fazer.
A proposta metodológica da ABP destacada nas pesquisas do BIE é reafirmada por Bender
(2014) quando esclarece que “a ABP envolve uma mudança para a aprendizagem centrada no
aluno, baseada em questões e problemas autênticos e envolventes, além do uso crescente de
ferramentas web 2.0 e de outras tecnologias de ensino no processo de ensino-aprendizagem”.
(BENDER 2014, p. 29). Diferentemente do ensino tradicional, ao trabalhar com a metodologia
de projetos, os alunos assumem um papel muito mais ativo e participativo, além de possibilitar
uma oportunidade para o ensino diferenciado, para a aprendizagem de conteúdos e para o
desenvolvimento de competências.
A ABP, segundo Moran (2018, p. 19), “é uma metodologia de aprendizagem em que os alunos
se envolvem em tarefas e desafios para resolver um problema ou desenvolver um projeto que
tenha ligação com sua vida fora da sala de aula”. O autor aborda três níveis de desenvolvimento
de projetos, apresentados no quadro a seguir.

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Diferentes níveis de desenvolvimento de projetos

O reconhecido educador brasileiro Paulo Freire defendeu que a autonomia é fator fundamental
para o processo de aprendizagem e de formação humana. O autor indica que autonomia é a
capacidade de uma pessoa agir por si mesma e de tomar decisões que refletem, posteriormente,
em suas ações (FREIRE, 1996).
Paulo Freire ainda explica que a construção da autonomia deve ocorrer a partir de experiências
estimuladoras, que permitam a tomada de decisão e a possibilidade daquele que está em
formação de assumir a responsabilidade por sua própria aprendizagem e prática. Assim, Freire
considera que a autonomia produz autoconfiança ao permitir que a pessoa que está sendo
formada assuma um papel ativo no processo de aprender.

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Destaque,h
A ABP adota o princípio de aprendizagem colaborativa, baseada no trabalho
coletivo, uma vez que viabiliza a construção da autonomia, a tomada de
decisão, promove o protagonismo e o engajamento dos alunos de forma
mais significativa e profunda. É uma das estratégias que pode desencadear
processos disruptivos e inovadores em contextos educacionais.

2.4 Peer Instruction


Peer Instruction (Instrução por Pares) é uma metodologia ativa que consiste em uma mudança
na relação aluno-professor e aluno-aluno. Desenvolvida por Eric Mazur no início dos anos
1990, na disciplina de Física Básica na Universidade de Harvard, essa técnica passou a ganhar
reconhecimento nacional e internacional. Além disso, as pesquisas realizadas por Mazur e sua
equipe (MAZUR, 1997; CROUCH, MAZUR, 2001; LASRY, MAZUR, WATKINS, 2008) passaram a ser
utilizadas em muitas escolas e universidades e em diferentes áreas do conhecimento.
A metodologia combina a aula invertida e a aprendizagem em grupo. Ela consiste na utilização
do espaço da sala de aula para explorar o conteúdo de ensino, por meio do diálogo e de
questionamentos que surgem de forma individual ou coletiva. Para isso, o aluno acessa o
conteúdo/tema antes do período de aula, devendo ser incentivado a realizar a leitura do
conteúdo de forma autônoma para que possa desenvolver capacidades interpretativas, criativas
e críticas. A partir disso o próprio material adquire maior relevância e significado, na medida em
que na sala de aula surgem diferentes perspectivas e questões que até mesmo o professor não
teria optado por abordar.
O método consiste em uma série de procedimentos que se iniciam antes da aula. Para se ter sucesso
ao adotar essa metodologia em qualquer contexto educativo, é fundamental que o professor
inicie sua disciplina dialogando com os alunos sobre metodologias ativas de aprendizagem, além
de apresentar a proposta de instrução por pares, seus objetivos e estratégias de avaliação.
Hoje, a aplicação da metodologia se diversificou muito, mas as etapas do método são:

O professor indica o conteúdo e o material de referência a serem abordados em sala de aula


(manuais, livros didáticos e textos relevantes à área de estudo).

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Consiste no estudo prévio do conteúdo/tema pelos alunos.

Em aula, o professor faz uma breve exposição oral do assunto, dando ênfase a questões
conceituais centrais à compreensão do conteúdo.

O professor propõe uma questão para os alunos responderem individualmente fazendo uso do
método Polling (método pelo qual os dados estatísticos podem ser coletados de um grupo de
pessoas), pode ser por um aplicativo como o Kahoot, Socrative, Mentimeter, Google Forms, ou
utilizando cartões físicos com alternativas de respostas.

Os alunos refletem sobre as questões e respondem individualmente.

Os alunos apresentam as respostas ao professor e, a partir dos resultados, o professor deve


avaliar se é possível seguir o conteúdo ou se os alunos devem interagir para formular novas
respostas.

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Se o número de acertos for inferior a 35%, o professor deve repetir a explicação; se a média de
acertos estiver entre 35% e 70%, então se propõe a discussão da questão entre pares, objetivando
chegar a consensos sobre quais seriam as respostas corretas.

O professor aplica o teste conceitual novamente como forma de avaliar se os alunos chegaram a
uma melhor compreensão do conteúdo a partir da interação com os colegas.

O professor analisa o resultado junto com os estudantes: se o resultado for superior a 70% o
professor pode fazer uma síntese da resposta e seguir para um novo conteúdo, se ainda for
inferior a 70%, precisará propor uma nova questão conceitual do tema discutido.

A instrução por pares promove uma aula dinâmica e engajadora. Ela propõe que a exposição do
conteúdo, bem como a aplicação dos testes, ocorra em um período curto de tempo.

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Destaque,h
O importante nesta metodologia é a combinação da estratégia da aula
invertida com a aprendizagem em grupo, através de discussões ou atividades
para aprender ativamente, com a supervisão do professor.

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2.5 Movimento Maker
Há hoje um grande estímulo da cultura maker, ou seja, de experimentar desde a ideia até o
produto, desenvolvendo o pensamento computacional como uma nova linguagem que organiza,
expressa e comunica ideias, desenvolve a criatividade e permite que os estudantes transformem
suas ideias em produtos.

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Destaque,h
Maker significa “fazer” e o movimento maker defende o “do it yourself”, “faça
você mesmo”, incentivando que professores e estudantes criem e desenvolvam
seus projetos.

Michel Resnick do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sintetiza a aprendizagem criativa


e mão na massa de crianças em quatro Ps (Projetos, Pares, Propósito e Play/lúdico). Para ele, as
crianças aprendem melhor realizando projetos, aprendendo com sentido e com um propósito
mais amplo, trabalhando em grupo e de forma lúdica.
Comunidades como a Aprendizagem Criativa compartilham suas experiências e são um espaço
muito útil para os professores encontrarem inspirações para aplicar à sua realidade específica. Há
hoje um grande estímulo da cultura maker, de experimentar da ideia ao produto, desenvolvendo
o pensamento computacional, como uma nova linguagem que organiza, expressa e comunica
ideias, desenvolve a criatividade e permite que os estudantes transformem suas ideias em
produtos.

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Destaque,h
O Movimento Maker apresenta algumas características: o uso de ferramentas
digitais para o desenvolvimento e a prototipagem de projetos de novos
produtos; a cultura de compartilhamento de projetos e de colaboração entre
comunidades e a adoção de formatos comuns de arquivos de projetos.

O movimento tem incentivado os projetos interdisciplinares como o STEAM, que integram várias
disciplinas como Matemática, Ciência, Engenharia, Artes e Tecnologia.
Os ambientes maker são espaços de experimentação e criação em que ocorrem muitas
simulações que podem ser feitas em laboratórios físicos e também remotamente, de qualquer
lugar. O conceito mais rico de espaço maker é o que integra as diversas áreas de conhecimento
em um espaço maior – hub – com impressoras digitais, em que podemos desenvolver a cultura do
aprender fazendo em projetos multidisciplinares. Há uma combinação de situações práticas de
aprendizagem que, em alguns momentos, exigem a presença física de todos e em outros podem
ser realizadas remotamente. O mais importante nos espaços maker é poder experimentar, testar
novas ideias e transformá-las em produtos.

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Saiba mais
Neste espaço, trazemos mais alguns conceitos sobre as estratégias ativas que
viabilizam uma educação inovadora. Apresentaremos, também, outras novas
para que ampliem suas pesquisas em busca de estratégias e métodos ativos
aplicáveis ao contexto educacional em que atuam.

Estratégias Ativas

Sala de aula invertida: uma revisão sistemática


Sala de aula invertida
Flipped Classroom – Sala de aula invertida

Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP): um método de


Aprendizagem Baseada em aprendizagem inovador para o ensino educativo
Problemas (PBL)
EVS – Aprendizagem Baseada em Problemas

Aprendizagem Baseada em Projetos: a educação diferenciada


Aprendizagem Baseada em para o século XXI
Projetos (ABP)
Por que investir na Aprendizagem Baseada em projetos?

Contribuições e desafios da metodologia instrução entre


Peer Instruction pares: um estudo de caso no ensino técnico
(Instrução por Pares) Peer Instruction (Instrução por Pares) e Just-in-Time Teaching
(Ensino sob Medida)

Estudo de caso Estudo de caso como abordagem de ensino

Team-based learning Aprendizagem baseada em equipes: da teoria à prática

Design thinking para educadores


Design Thinking Design Thinking na educação | Destino Educação – Escolas
Inovadoras (EUA)

Laboratório maker e suas Você ainda vai ser um Maker | Heloísa Neves | TEDxIbmec
aplicações na educação Especial Tecnologia na Educação – FabLab Porto Seguro

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Referências
BACICH, L.; MORAN, J. M. (org.) Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI.
Porto Alegre: Penso, 2014.
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Tradução
Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. [Reimpr.]. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
BIE Buck Institute for Education. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de
ensino fundamental e médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
CROUCH, Catherine H.; MAZUR, Eric. Peer Instruction: ten years of experience and results.
American Journal of Physics, v. 69, n. 9, set. 2001.
CROUCH, Catherine H.; WATKINS, Jessica; FAGEN, Adam P.; MAZUR, Eric. Peer Instruction:
engaging students one-on-one, all at once. Research-Based Reform of University Physics, v. 1,
n. 1, p. 40-95, abr. 2007.
FILATRO, A; CAVALCANTI, C. C. Metodologias Inov-ativas na educação presencial, a distância e
corporativa. São Paulo: Saraiva Uni, 2018.
LASRY, Nathaniel; MAZUR, Eric; WATKINS, Jessica. Peer instruction: from Harvard to the two-year
college. American Journal of Physics, v. 76, n. 11, p. 1066-1069, nov. 2008.
MAZUR, Eric. Peer instruction: getting students to think in class. AIP Conference Proceedings, v.
399, n. 1, p. 981-988, mar. 1997.
MORAN, M. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: Bacich, L.; Moran, J.
M. (org.) Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática.
Porto Alegre: Penso, 2018.
MORAN, M. Metodologias ativas na educação. In: Especialização em Inovação e Tecnologias na
Educação. Disciplina Metodologias Ativas – Referências básicas 3, 4, 5, 6 – Professor José Moran,
2020.
VALENTE, J. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula
invertida. In: Educar em Revista, Curitiba, Edição Especial n. 4/2014, p. 79-97. Editora UFPR.
Disponível em: www.scielo.br/pdf/er/nspe4/0101-4358-er-esp-04-00079.pdf. Acesso em: 21
ago. 2020.
WAGNER, T. The global achievement gap: why even our best schools don´t teach the new survival
skills our children need – and what we can do about it. New York: Basic Books, 2010.

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