GLS Engenharia e Consultoria Ltda

AO PREGOEIRO DO MINISTÉRIO DA GESTÃO E DA INOVAÇÃO EM

SERVIÇOS PÚBLICOS.

PREGÃO ELETRÔNICO Nº 18/2023

Processo Administrativo nº 12600.100866/2023-34

GLS C_098_2023

GLS ENGENHARIA E CONSULTORIA LTDA., pessoa jurídica de direito

privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº 68.558.972/0001-30, com
sede na Rua Artidoro da Costa, nº 66, Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ, CEP.:
20551-140, neste ato representada segundo os seus atos constitutivos, vem
interpor, com base no Edital do procedimento acima referenciado e na Lei nº 14.133 de
2021, subsidiado na Lei 8.666 interpor;

RECURSO ADMINISTRATIVO,

em face de decisão proferida pelo pregoeiro, que faz diante dos princípios, das razões de
fato e de Direito a seguir demonstradas.

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO.

Considerando a sistemática de desenvolvimento dos trabalhos da sessão pública do

pregão, foi oportunizado aos licitantes manifestar suas intenções de recorrer, o que de
fato a recorrente fez, como se vê consignado na Ata da Sessão Pública do Pregão.

A legislação de regência estipula o prazo de 03 (três) dias para apresentação dos

memoriais, ou seja, os licitantes têm até o dia 09/11/2023 para apresentarem suas razões
de recurso, considerando a sistemática de contagem de prazos previstos na legislação
apontada.

Dessa forma, não há que se conjecturar qualquer intempestividade das presentes razões.

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DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO.

A doutrina aponta como pressupostos dessa espécie de recurso administrativo a

legitimidade do recorrente, a existência de interesse recursal em presença de ato
decisório, manifesta tempestividade, contendo fundamentação e pedido de nova decisão.
A legitimidade da recorrente pode ser comprovada pelo fato de ser licitante participante
do certame. É certo, também, que o recurso foi interposto em face do resultado do
pregão e que as razões de recurso foram apresentadas no prazo e oportunidade
legalmente conferidos, resultando disso a sua inquestionável tempestividade.

Do mesmo modo, está presente o interesse recursal, uma vez que para a recorrente
resultaria situação favorável como consequência de uma eventual modificação da
decisão atacada.

Assim, diante de tudo presentado, constata-se que foram igualmente preenchidos os

pressupostos legais, autorizando o exame do mérito, que se pretende favorável à
recorrente, anulando a decisão aqui guerreada.

DOS FATOS

Trata-se de Recurso interposto pela GLS ENGENHARIA, em função do seu TOTAL

INCONFORMISMO com a condução da Licitação do Pregão Eletrônico referenciado,
que se manuseia contra decisão final proferida. Que da forma em que se encontra, fere
de morte os princípios basilares de direito que regem a contratação pública no
procedimento licitatório.

Dito isso, passemos a fundamentação que mostrará de forma clara e cristalina que o
entendimento do ilustre pregoeiro, não obstante grande saber jurídico, merece reforma.

As licitações públicas no Brasil são baseadas em diversos princípios constitucionais e

legais, que têm como objetivo garantir a transparência, a competição, a igualdade e a
eficiência nos processos de aquisição de bens e serviços pelo setor público.

Alguns dos principais princípios constitucionais e legais que fundamentam as licitações

públicas no país incluem:

Princípio da Legalidade; Princípio da Impessoalidade; Princípio da Economicidade;

Princípio da Igualdade; Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório.

Por fim e principalmente, o que se invoca no presente caso é o;

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Princípio do Julgamento Objetivo, onde o processo de seleção deve ser baseado em

critérios objetivos e previamente estabelecidos, de modo a evitar decisões
arbitrárias.

In casu, a recorrente foi suscitada a responder dúvidas da banca examinadora, no

sentido de demonstrar que os seus preços foram realmente praticados em contratos
pretéritos e desta forma, se demonstravam exequíveis para a execução da presente
licitação.

Ocorre que, não obstante o esforço da recorrente em demonstrar que os valores por ela
oferecidos, espelhavam a sua realidade e desta forma se adequavam aos requisitos
técnicos da manutenção licitada. Parece que o Sr. Pregoeiro foi levado a error in
procedendo uma vez que a justificativa da recorrente GLS não fora adequadamente e
profundamente analisada pela equipe.

Ao se avaliar uma suposta inexequibilidade de uma proposta de qualquer licitante, deve

a equipe técnica se aprofundar nos argumentos trazidos de forma que a decisão seja
justa e fundamentada.

Foi devidamente apresentado pela recorrente a descrição dos contratos de referência e

dos critérios de avaliação.

Ocorre que, diante da simplória resposta no “Diálogo do Pregoeiro”, parece que os

valores e as cláusulas apresentadas de outros contratos não foram avaliados de forma
técnica adequada, carecendo de uma análise mais aprofundada e técnica para determinar
a exequibilidade da proposta.
As evidências trazidas nas peças que novamente se junta, sustentam a posição de que a
proposta da GLS Engenharia é exequível, mesmo porque fora praticada em outros
órgãos da administração pública com êxito e eficiência.

A recorrente demonstra situação financeira sólida na sua habilitação, evidenciando a sua

capacidade de execução. Além disso os contratos apresentados comprovam a sua
experiência prévia em projetos similares, que atestam sua capacidade de cumprimento
do contrato.
A documentação juntada comprova as previsões da proposta, como planilhas de custos
planejadas oriundas de fontes confiáveis de suprimentos, que sequer foram
diligenciadas. A simples análise de mercado justifica os valores propostos.

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DO MÉRITO

Antes de começarmos a discorrer sobre a forma como a proposta de preços da empresa

GLS Engenharia foi avaliada pela equipe técnica da Comissão de Licitação, devemos
nos ater naquilo que está estabelecido no Edital, uma vez que o princípio da vinculação
ao Instrumento Convocatório ainda rege os processos licitatórios.

Neste caso, vejamos o que está estabelecido no Edital:

6.6. Verificadas as condições de participação e de utilização do tratamento

favorecido, o pregoeiro examinará a proposta classificada em primeiro lugar
quanto à adequação ao objeto e à compatibilidade do preço em relação ao
máximo estipulado para contratação neste Edital e em seus anexos,
observado o disposto no artigo 29 a 35 da IN SEGES nº 73, de 30 de
setembro de 2022 .

6.7. Será desclassificada a proposta vencedora que:

6.7.1. contiver vícios insanáveis;

6.7.2. não obedecer às especificações técnicas contidas no Termo de

Referência;

6.7.3. apresentar preços inexequíveis ou permanecerem acima do preço

máximo definido para a contratação;

6.7.4. não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela

Administração;

6.7.5. apresentar desconformidade com quaisquer outras exigências deste

Edital ou seus anexos, desde que insanável.

6.8. No caso de bens e serviços em geral, é indício de inexequibilidade das

propostas valores inferiores a 50% (cinquenta por cento) do valor orçado
pela Administração.

6.8.1. A inexequibilidade, na hipótese de que trata o caput, só será

considerada após diligência do pregoeiro, que comprove:

6.8.1.1. que o custo do licitante ultrapassa o valor da proposta; e

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6.8.1.2. inexistirem custos de oportunidade capazes de justificar o vulto da

oferta.

6.9. Se houver indícios de inexequibilidade da proposta de preço, ou em

caso da necessidade de esclarecimentos complementares, poderão ser
efetuadas diligências, para que a empresa comprove a exequibilidade da
proposta.

6.10. Caso o custo global estimado do objeto licitado tenha sido decomposto
em seus respectivos custos unitários por meio de Planilha de Custos e
Formação de Preços elaborada pela Administração, o licitante classificado
em primeiro lugar será convocado para apresentar Planilha por ele
elaborada, com os respectivos valores adequados ao valor final da sua
proposta, sob pena de não aceitação da proposta.

6.11. Erros no preenchimento da planilha não constituem motivo para a

desclassificação da proposta. A planilha poderá́ ser ajustada pelo
fornecedor, no prazo indicado pelo sistema, desde que não haja majoração
do preço e que se comprove que este é o bastante para arcar com todos os
custos da contratação;

É importante destacar a menção feita no Instrumento Convocatório à IN SEGES nº 73,

de 30 de setembro de 2022, estando assim previsto no caput que trata da
inexequibilidade da proposta:

Inexequibilidade da proposta

Art. 33. No caso de obras e serviços de engenharia, serão consideradas

inexequíveis as propostas cujos valores forem inferiores a 75% (setenta e
cinco por cento) do valor orçado pela Administração.

Art. 34. No caso de bens e serviços em geral, é indício de

inexequibilidade das propostas valores inferiores a 50% (cinquenta por
cento) do valor orçado pela Administração.

Parágrafo único. A inexequibilidade, na hipótese de que trata o caput, só

será considerada após diligência do agente de contratação ou da comissão de
contratação, quando o substituir, que comprove:

I - que o custo do licitante ultrapassa o valor da proposta; e

II - inexistirem custos de oportunidade capazes de justificar o vulto da
oferta.

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Embora o teor do texto presente na IN SEGES nº 73 esteja parcialmente transcrito no

Instrumento convocatório, pois o edital omitiu o artigo 33 da Instrução Normativa, faz-

se necessário sua referência no recurso, pois o caput referenciado no instrumento

convocatório diz respeito a “Da fase de julgamento”, ao passo que o caput da IN
SEGES nº 73 é claro e objetivo em se tratar da Inexequibilidade da proposta.

A grande questão nesse caso está no fator analisado pela equipe técnica e que objetivou
a desclassificação da empresa GLS Engenharia do presente certame licitatório.

Conforme afirmado pela equipe técnica que analisou as planilhas e propostas da

empresa GLS, os valores firmados nos contratos apresentados da empresa GLS
mostraram-se maiores que os valores apresentados na proposta de preços para o item 2
da presente licitação.

Antes de abrir a discussão sobre o entendimento equivocado da equipe técnica, é preciso

destacar que os preços firmados nos contratos celebrados pela GLS Engenharia não
devem ser confundidos com o custo de prestação do serviço.

Assim sendo, determinar que os valores presentes na proposta apresentada são

inexequíveis por serem menores que os preços de outras licitações ganhas pela GLS
Engenharia, vai contra aquilo que está estabelecido no Instrumento Convocatório.

Então vejamos novamente o parágrafo único do caput “Inexequibilidade da

proposta”, presente na IN SEGES nº 73, documento este vinculante ao Instrumento
Convocatório, conforme determinado no item 6.6 do Edital:

Parágrafo único. A inexequibilidade, na hipótese de que trata o caput, só

será considerada após diligência do agente de contratação ou da comissão de
contratação, quando o substituir, que comprove:

I - que o custo do licitante ultrapassa o valor da proposta; e

II - inexistirem custos de oportunidade capazes de justificar o vulto da
oferta.

O texto é claro e objetivo, a inexequibilidade deve ser comprovada através da

comprovação que o custo é maior que o valor da proposta, assim sendo, fazer qualquer
afirmação baseada nos valores de outras propostas da empresa GLS Engenharia, não
atende ao que está determinado na IN SEGES nº 73, bem como no Instrumento
Convocatório.

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Quanto ao rito processual pertinente a análise da exequibilidade da proposta, é preciso

destacar que uma vez efetivada a análise das propostas pelo setor técnico requisitante, o
pregoeiro deve dar publicidade à manifestação técnica no campo “avisos” do “quadro
informativo”, bem como informar no chat que a análise se encontra disponível e
transcrita no aludido campo do sistema, porém não foi possível evidenciar a referida
análise, apenas algumas manifestações feitas pelo Pregoeiro no próprio chat.

Caso a exteriorização do setor técnico tenha indicado alguma proposta a ser

desclassificada, não cabe ao pregoeiro reavaliar a questão, em razão do cunho
manifestamente técnico. Contudo, as alegações da área técnica pela recusa de propostas
devem expor, detalhadamente, as inadequações identificadas perante o instrumento
convocatório e anexos, com motivação explícita, clara e congruente.

Dessa forma, caso haja indicação para desclassificação de algum licitante, sem a devida
motivação, o pregoeiro deve suspender o certame e diligenciar para que o setor técnico
declare expressamente suas razões de motivação. Isto pois, expressões como “não
atende o TR/edital”, por si só, não são suficientes para motivar o ato administrativo de
recusa da proposta.

É fato que nenhum relatório ou análise detalhada foi disponibilizado pela equipe
técnica, estando evidenciado no chat, apenas a seguinte informação:

Pregoeiro fala: Sobre o G2 – GLS ENGENHARIA E CONSULTORIA

LTDA A área informa que considerou os preços inesquecíveis e assim
sendo procederemos a desclassificação da empresa.

Pelo que foi evidenciado acima, mostra-se claro que o rito processual passou muito
longe do formalismo necessário, porém o mais crítico na conduta tomada pela equipe
técnica e pelo Pregoeiro é que as respostas apresentadas pela GLS Engenharia na
segunda diligência realizada dia 30/10/2023, supriam as informações solicitadas, uma
vez que demonstravam licitações ganhas pela empresa GLS com valores similares ou
menores que os praticados no presente processo licitatório.

Para esta segunda diligência, o mais absurdo foi o total silêncio, seja do Pregoeiro ou da
equipe técnica, que findou simplesmente com a divulgação via chat que a área técnica
considerou os preços inesquecíveis.

Ainda sobre a manifestação do setor técnico, que tenha indicado alguma proposta a ser
desclassificada e a questão possa ser sanada, seja pela apresentação de mais
informações que se façam necessárias ou como nos casos de planilha inconsistente

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dentre outros erros formais ou vícios sanáveis por meio de diligência, e que não alterem
a substância das propostas ou majorem os preços, o pregoeiro deve conceder prazo
razoável ao licitante para a correção das falhas.

Cabe destacar que, não há um limite para convocação que vise sanar esses erros ou
falhas, observados, precipuamente, os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, uma vez que o foco do interesse público é a persecução da proposta mais
vantajosa, conforme presente no Parecer nº 01050/2023/NJUR/E-
CJU/ENGENHARIA/CGU/AGU, de 24 de julho de 2023.

Atuando faz décadas no mercado de engenharia em ambiente público e privado,

incontestável que a recorrente GLS Engenharia tem grande capacidade técnica e
experiência além de possuir um plano sólido para a execução do contrato, obedecendo e
cumprindo as normas legais e editalícias.

Assim, diante do teor do presente recurso, fica demonstrado que a proposta da GLS
Engenharia cumpre com todas as normas e regulamentos aplicáveis à licitação.

DO PEDIDO

Dessa forma, urge que o Senhor Pregoeiro reconsidere sua decisão para declarar
exequível a proposta da GLS Engenharia, sob pena de afronta ao princípio do
julgamento objetivo e o da legalidade.

Pede deferimento.

GLS Engenharia.

Por Carlos Eduardo Correa de Souza - OAB RJ 157049.

Rio de Janeiro, 09 de novembro de 2023.

RONALDO Assinado de forma

SOLANGE Assinado de forma
digital por RONALDO digital por SOLANGE
ALVES ALVES SUSINI DO SUSINI DO
KARAM:1905 KARAM:19055285749
Dados: 2023.11.09 CARMO:78
CARMO:7872837170
4
5285749 11:28:09 -03'00'
728371704
Dados: 2023.11.09
11:29:16 -03'00'

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