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Hannah Arendt e o

Totalitarismo
Comentários sobre a obra da
filosofa política alemã de origem
judaica.
Publicado por Claudio Henrique Amaral
há 5 anos

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A partir da obra de Hannah Arendt, ob-


servamos a sua relação com o totalita-
rismo, como ela o encara e tenta por
meio do texto "Ideologia e terror: Uma
nova forma de governo", obter a essên-
cia do regime de que forma ele se dife-
rencia dos demais regimes autoritários.
Para a autora, o totalitarismo, como
partido único, onde não há possibilida-
de de qualquer concorrência ou oposi-
ção, promove uma manipulação das
massas, substituindo o sistema partidá-
rio. O princípio do medo anula a esfera
política, ou seja, o terror paralisa as dis-
cussões e espontaneidade humanas de
querer transformar a sua realidade, o
que dificulta a sua própria condição de
existência.

Os movimentos do totalitarismo num


contexto histórico é de fácil identifica-
ção, basta observar o cenário da ascen-
são dos nazistas ao poder na Europa e,
consequentemente dos seus represen-
tantes, Hitler e Stalin. Com a subida de
Hitler ao poder, os judeus já não ti-
nham mais um lugar na sociedade ale-
mã e, passaram a ser então, alvo do ter-
ror dos nazistas. Os judeus perdem o
seu valor, sendo vistos como aqueles
que não possuíam raízes em nenhum
país e nem pensavam em quaisquer in-
teresses políticos, mas sim nos própri-
os. Tomar o povo judeu como vítima do
terror, não foi uma atitude sem reflexão
ou planejamento, mas sim uma mano-
bra política, que serviu para a perma-
nência do totalitarismo, o que só seria
possível com a aprovação da maioria,
do medo e terror, como estratégia de
controle político. Os grandes ditadores
tinham o consentimento de agir com o
uso da força e do mal, eram forças legí-
timas consideradas instrumentos políti-
cas eficientes para o monopólio do po-
der e o controle das populações. É rele-
vante ainda, destacar que os nazistas
assumiram posições de comando na
Alemanha, com o apoio da grande po-
pulação. Os comandantes, principal-
mente Hitler e Stalin, utilizaram a pro-
paganda como meio de difundir o mal
como um atrativo sedutor.

Uma das armas deste regime sem dúvi-


das, foi a exposição manipulada da mí-
dia fazendo com que, as massas pudes-
sem confiar nos nazistas, hipótese in-
dispensável para a manutenção destes
no poder. Faz-se fundamental a ressal-
va de que totalitarismo surgiu por meio
de mecanismos como a polícia, a propa-
ganda e o terror, considerados como o
tripé orientador do totalitarismo, e não,
por meio de um golpe de um ditador
desenfreado. Desta forma, o desenvolvi-
mento do Estado-nação está intrinseca-
mente relacionado ao antissemitismo
moderno, o qual banaliza atitudes
cruéis, através de assassinos que matam
impiedosamente, com o único objetivo
da concretização da conquista nazista
ao poder totalitário. A consolidação dos
regimes totalitários se deu pela susten-
tação do apoio das massas. Por sua vez,
os elementos principais do projeto de
regime totalitário tinham pressupostos
como utilizar o terror como meio de
disseminação do medo e dor, transfor-
mar classes sociais em massas e promo-
ver movimentos de massas, bem como
transferir o poder do exército para a
polícia. Assim sendo, a prática do ter-
ror, assumiu a forma política e ideológi-
ca do regime totalitário, o que permitiu
com que os grupos opressores agissem
sem impedimentos, já que o princípio
do medo neutralizava a ação política
dos homens. De acordo com Hannah
Arendt, o terror não poderia apenas ser
considerado uma disseminação do
medo, mas um instrumento político,
que determinava a forma de governo
dos que mandavam aos que obedeciam,
ou seja, com a aprovação das massas.
Desta forma, o medo, como principal
ferramenta do totalitarismo, anulava a
participação e a crítica, bem como a
ação política dos homens. Assim, a legi-
timidade do poder dos líderes no regi-
me totalitarismo foi marcada intensa-
mente pelo apoio das massas. A crítica
da razão governamental totalitária de
Hannah Arendt ainda é pertinente na
atualidade, tomando como exemplo, os
genocídios, a acumulação de refugiados
e outras questões atuais.

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Claudio Henrique Amaral

Sobre o autor
Estudante na Faculdade de Direito do Sul de
Minas (FDSM)

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