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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - INSTITUTO

DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS.

Aluna: Sarah Silva Affonso

Matéria: Ciência Política e Teoria Geral do Estado

Atividade 5: Questionário Schmitt

1. O que caracteriza a sociedade moderna para Carl Schmitt e por qual


processo passou a Europa Ocidental para constituir tal sociedade?

A formação da modernidade política é a existência de um processo de


secularização de conceitos como Deus, progresso, liberdade, Estado e esfera
pública. Segundo o pensamento schmittiano, o ápice desse processo traz
consequências significativas em vários aspectos. No âmbito cultural, por exemplo,
houve o predomínio do Antropocentrismo, que consiste na ideia do homem ser o
centro de todas as coisas, saindo da visão Teocêntrica, predominante até então.
Valores como racionalidade e emoção passaram a ser exaltados na sociedade
moderna.

Segundo a tese de Schmitt, quatro grandes passos caracterizaram a história


europeia moderna: houve o predomínio da esfera teológica durante o século XVI
onde se acreditava que Deus havia criado leis para a regularização da sociedade,
no predomínio do teísmo, onde Deus se interferia na realidade, seguido pelo estágio
da metafísica, no século XVII, quando, ainda no teocentrismo como forma de
compreensão da realidade, entendia-se o mundo numa visão teísta, onde os
monarcas seriam representantes de Deus na terra, podendo criar exceções entre as
leis, respeitando os limites; já no século XVIII, viveu-se a época humanitário-moral
com o predomínio do racionalismo, onde Deus deixa de ser a explicação da
realidade, numa visão Antropocêntrica, e, finalmente no século XIX, perpetuou-se a
era econômica, que se torna o sentido da sociedade moderna, e tem como
expressão política o romantismo político, ou seja, o liberalismo. As transformações
espirituais pelas quais passou a Europa e os fundamentos da civilização construída
no século XIX culminaram com a estetização da política operada pelo liberalismo.
2. Por que o liberalismo é o romantismo político?

Carl Schmitt associa o liberalismo ao romantismo, vendo a ordem política moderna


como resultado de um processo de despolitização. O sujeito romântico tem a
mesma atitude espiritual do sujeito burguês: ambos mantém uma relação
individualista com o mundo, transformando-o em mera ocasião de gozo estético. No
romantismo, o mundo é visto como uma espécie de objeto pessoal, e o significado
da realidade deriva de uma opção estética individual. Transposta para a política,
esta visão romântica estetiza os conflitos reais, e a religião, a moral, a ciência e a
política são tratadas como temas da crítica de arte ou para a produção artística pura
e isolada do indivíduo.

3. Diante dos vários agrupamentos possíveis nas sociedades, o que distingue


a unidade propriamente política? Quais são os seus atributos distintivos
fundamentais?

Carl Schmitt disserta sobre a teoria da condição de pluralismo do Estado, que afirma
que o Estado não deve se sobrepor às demais instituições sociais, sendo
coordenador das negociações, teoria na qual Schmitt discorda, ele afirma que a
legitimação da ordem política não se dá pela via jurídica a não ser que ela esteja
fundada na autoridade existencial da decisão soberana do Estado, que é
hierarquicamente maior que as demais associações, tendo o poder de
coercibilidade. Nesse sentido, o Estado é quem decide o inimigo.

4. Por que, para Carl Schmitt, o Soberano é “quem decide sobre o estado de
exceção”?

O conceito de soberania se caracterizaria pelo estado de exceção, onde, diante da


intensidade do conflito político, torna-se evidente a unidade política soberana. Tanto
o reconhecimento da existência da situação excepcional concreta como a ação
levada a cabo para constituir a normalidade jurídica e social são atributos
específicos do Soberano. A soberania Schmittiana tem como objetivo regular a
ordem jurídica numa situação de desordem somente mensurada de forma objetiva
pelo próprio soberano.

5. Quais as acepções do conceito de Constituição em Carl Schmitt e como


elas se relacionam com o conceito de soberania?

Não é necessário responder.


6. Quais são as especificidades do conceito jurídico de estado de exceção?

Ele é um instrumento de defesa da nação em Constituição, funciona como elemento


criador de condições concretas de normalidade, essenciais para que qualquer
ordenamento jurídico possa ter validade, tendo a finalidade de resolver situações
emergenciais e de proteger o Estado.

7. Qual é a crítica fundamental que Carl Schmitt estabelece ao liberalismo, em


particular à representação parlamentar na sua pretensão de garantir a
democracia?

A crença no parlamentarismo pertenceria ao mundo intelectual do liberalismo, não


pertencendo à democracia. Assim, se o parlamentarismo não é naturalmente um
instrumento da democracia, mas sim do liberalismo, o princípio representativo
torna-se inviável e sem sentido. Tentar encontrar um novo princípio para a
legitimação do parlamento, no pensamento schmittiano, seria não perceber a nova e
desprezível configuração de classe. Para se chegar à identificação de uma
“verdadeira democracia”, “liberalismo e democracia deveriam ser separados, para
que se reconheça a estrutura heterogênea que constitui a moderna democracia de
massas''.

8. Como o conceito de democracia substantiva se relaciona com a vontade


geral de Rousseau e com a ideia de homogeneidade nas sociedades
modernas pluralizadas?

Para Carl Schmitt, se as decisões do Estado democrático devem ser as decisões da


unidade política do povo, a democracia depende de um princípio de identidade entre
Povo e Estado que se expressa de modo mais puro no modelo da democracia direta
de Rousseau, inspirando-se nele para criticar a política liberal. Para Rousseau, a
política deve ser regulamentada através de uma visão republicana e todos devem
participar da constituição das leis caracterizando um processo essencial para o
desenvolvimento da capacidade crítica da população, não transferindo a sua
participação a outros. Trata-se da homogeneidade política substancial, derivada da
igualdade como manifestação institucional de uma organização social determinada.

9. Como se garante, na teoria de Carl Schmitt, que o Estado democrático


decida de fato segundo a vontade do povo?

O Estado democrático define-se pela permanente finalidade da homogeneização,


garantindo a igualdade substancial da sociedade que é condição para a
continuidade da unidade política do povo, onde o Estado teria um perfil que se
identificasse com a população. Para Schmitt, o povo pode alcançar e manter de dois
modos distintos a situação da unidade política. Pode ser capaz de atuação política,
já em sua realidade imediata – por virtude de uma homogeneidade forte e
consciente em consequência de firmes fronteiras naturais ou por quaisquer outras
razões, e então é uma unidade política como magnitude real, atual em sua
identidade imediata, consigo mesma.

10. Quais são as distinções fundamentais entre o modelo de Estado de Carl


Schmitt e o modelo de Estado de Hans Kelsen?

Não é necessário responder.

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