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Como todas as coisas são determinadas pelo logos ou razão, tudo já está
programado de antemão e ocorre numa inexorável cadeia de causa e efeito, o destino. A
lei da razão universal, que liga todas as coisas, é uma força essencialmente benévola.
Tudo, mesmo o que parece mau, converge para o bem e promove o desígnio final da
razão universal, que é bom. Embora essa doutrina implique uma visão determinista,
os estoicos consideram que certa parcela de liberdade humana está incluída no
plano geral do destino. O homem tem, além disso, a liberdade de acomodar-se
voluntariamente ao que já está determinado, aceitando tudo o que acontece. Assim, as
pessoas são responsáveis pelas próprias escolhas e ações.
O bem supremo, para os estoicos, é a vida virtuosa. A virtude consiste em
“viver como exige a natureza”. Uma vez que a natureza é racional, viver de acordo com
ela é viver uma vida racional, na qual a nossa natureza está de acordo com a natureza do
todo. A pessoa virtuosa amolda-se totalmente ao destino, conforma-se racionalmente à
ordem das coisas, basta a si mesma. Para isso, precisa despojar-se das paixões (apatia) e
alcançar a imperturbabilidade (ataraxia). Só interessam a ela seu próprio caráter e
suas próprias ações, pois é só sobre eles que tem controle racional. Deixar-se afetar
pelos acontecimentos, pelas ações dos outros ou pelas próprias emoções é ter menos
controle racional sobre si, portanto deixar de “viver como exige a natureza” e ser menos
virtuoso.
Para os estoicos, portanto, a pessoa virtuosa é plena senhora de si, não se deixa
perturbar por nada, não está à mercê dos acontecimentos, pode ser feliz em meio às
maiores dores e aos piores males. A pessoa virtuosa é também aquela que ama os seus
semelhantes e coopera com eles. Como são dotados de razão, os seres humanos
participam da razão universal, constituindo entre si uma comunidade da razão.
É esse esqueleto filosófico que ganha carne, sangue e vida nas Meditações.
Tudo indica que Marco Aurélio não as concebeu como livro para publicação nem
imaginou que teriam outro leitor além dele mesmo. A obra é antes uma espécie de diário
ou caderno de anotações, no qual Marco realiza aquilo que o estudioso francês Pierre
Hadot chamou de “exercícios espirituais”: a prática constante de relembrar, reformular
e refinar as mesmas regras para a vida, de modo a sempre reconquistar a ordem perdida
no caos do dia a dia e tomar posse mais uma vez da própria existência.
Essa dança da vida interior é a marca mesma das Meditações, o que as torna
mais preciosas que qualquer tratado formal de filosofia. Aqui não temos só as respostas
lapidadas para publicação, mas todo o processo cognitivo, do drama existencial à
solução luminosa. Temos acesso ao caderno de notas em que, em meio às dúvidas e
hesitações da vida cotidiana, o imperador se bate com as grandes questões da existência
de posse da adaga da filosofia.
Neste momento tão oportuno para a leitura da obra, acaba de ser publicada uma
nova edição das Meditações em português, que os leitores encontrarão nas livrarias com
o nome do autor no original em latim, Marcus Aurelius. Quem estiver em busca do
alívio da filosofia encontrará nas suas páginas as regras para a vida de um homem sábio,
nobre, bom e bem-sucedido. Afinal, nenhum vírus, guerra ou eleição podem impedir os
interessados de levar uma vida feliz e realizada — pois não podem prejudicar o seu
caráter.
APATHÉIA
Significa ausência de paixões e sofrimentos. Mas com viver sem sofrimentos?
Existem três leis que tem por finalidade o livramento de sofrimentos.
1 – O BUDISMO
Um dos pontos mais interessantes do Budismo é quando ele ensina que o nosso
ego é um receptor de ambição e de sofrimento e que todos os sofrimentos da nossa vida,
somente existem por causa do ego.
O Budismo ensina que neutralizando o próprio ego, neutraliza-se também o
captador de sofrimento, quanto menor for o ego, menor será o sofrimento e quanto
maior for o ego, maior o sofrimento e mais suscetível a pessoa ficará a críticas das
outras pessoas e talvez de sí próprio.
O ego é uma vontade de satisfação de uma paixão de uma vontade ou capricho
e que por muitas vezes o esforço não vale a pena. Estudos dizem que 80% do esforço
empregado para a satisfação do ego e das paixões não valem a pena, trazendo
sofrimento demasiado desproporcional aos 20% de satisfação.
2 – A BÍBLIA
“ Em João, Jesus disse aos seus discípulos: Porque não sois do mundo, mas a
minha escolha os separou do mundo”. Em Romanos 12, Paulo escreve para a Igreja de
Roma “Não vos conformeis com este mundo, mas transformais-vos renovando a vossa
mente a fim de poderes discernir qual a vontade de Deus, o que é bom, agradável e
perfeito.
Essas passagens bíblicas dão origem a frase Estóica: “Seja do mundo, mas não
faça parte dele”. A vontade de Deus é diferente da vontade do homem, o que é bom para
Deus é diferente do que é bom para o homem, a lei de Deus é diferente da lei dos
homens. Dessa forma, deve-se viver com a finalidade de evitar os sofrimentos, com os
pensamentos voltados mais para as leis de Deus e menos nas ambições terrenas, e criar
esse descolamento do mundo. Estamos no mundo, vivemos nele, mas devemos obter a
indiferença quanto as dores do mundo, as mazelas e sofrimentos terrenos, baseados no
quão passageira é esta vida, refletindo como Sêneca no livro Sobre a Brevidade da Vida,
que em síntese informa o desperdício de tempo que o ser humano faz acrescentando
doenças que nós mesmo criamos, nos causando sofrimentos e tempo perdido.
“O quanto de tua vida não subtraíram sofrimentos desnecessários, tolos
contentamentos, ávidas paixões e tão pouco te restou do que era teu! Compreende que
morres prematuramente”.
“Qual pois o motivo? Viveste como se fosseis viver para sempre, nunca vos
ocorreu que sois frágeis, não notais quanto tempo já se passou, vós o perdeis, como se
ele fosse farto e abundante”
- Sêneca – Sobre a Brevidade da Vida
3 – O Estoicismo
O estoicismo ensina que devemos viver uma vida mais desapegada e que as
ambições trarão mais sofrimento do que satisfação. Diz ainda que o esforço empregado
para se obter satisfação de uma paixão ou prazer é pequeno comparado com o
sofrimento empregado.
Os Estoicos ensinam que o prazer não vale o esforço em quase todas as vezes e
devemos buscar prazer nas pequenas coisas, simples e de acordo com a natureza,
naturalmente. Não se deve buscar conforto nas outras pessoas, ter certo conforto e ter o
poder de auto curar-se sozinho em situações de sofrimento, buscando a diminuição do
ego, ficando afastado das paixões com a finalidade de se alcançar a Apathéia.
A VISÃO DE FELICIDADE PARA O ESTOICISMO – POR MARCO AURÉLIO
Para se ter um entendimento mais aprofundado da visão estóica sobre a
felicidade, deve-se abordar, visando uma maior amplitude os exemplos de dois
pensadores:
- RUSSEL: Faz uma comparação da felicidade da vida humana com a necessidade de
sobrevivência.
“O ser humano que não precisa gastar sua energia vital para garantir a sua
sobrevivência, este naturalmente é um pouco mais infeliz do que aquele que não
precisa”.
A natureza tem mecanismos de recompensa, quando o ser humano necessita de
algo, como: comer e beber, ter orgasmos e outras necessidades, o corpo dispara
endorfina que fazem o ser humano se sentir bem.
É percebido que as pessoas a cada dia o mecanismo de sobrevivência do ser
humano vem sendo mudado com as facilidades da vida, gerando infelicidade e o homem
que precisa se esforçar mais para garantir o seu sustento, sua sobrevivência tende a ser
mais feliz.
Pessoas depressivas, precisam se perguntar diariamente: No que eu estou me
esforçando para garantir a minha sobrevivência? Como terei a recompensa?
“A vida é demasiada curta para nos permitir nos interessarmos por todas as
coisas, mas é bom que nos interessamos por tantas quantas forem necessárias para
preencher nossos dias”
- Bertrand Russel
- SCHOPENHAUER: É a visão mais pessimista criando um paralelo entre a
necessidade e no outro extremo o tédio existencial. Se o ser humano está necessitando
de algo, alguma coisa (um orgasmo, fome ou sede) e ele a satisfaz a sua necessidade,
ocorrerá o tédio existencial. O corpo cria uma necessidade e quando satisfeita o ser
humano se sente um pouco infeliz. Sendo assim, o ser humano se sempre variará entre a
necessidade e o tédio existencial e na visão dele os momentos de felicidade da vida, são
aqueles que nós não controlamos e devem estar no meio entre estes dois extremos. Se
acabar aquele sentimento de “Eu preciso melhorar a minha vida, muita coisa morrerá
dentro de ti”
“O dinheiro é uma felicidade humana abstrata, por isso aquele que já não é
capaz de apreciar a verdadeira felicidade, dedica-se completamente a ele”
- Schopenhauer.
- MARCO AURÉLIO: É a visão Estóica e vem com algumas ideais antes: “ Não faça
muitas coisas na tua vida (academia, teatro, futebol, línguas, faculdades, dança...”. O
ideal é fazer duas ou três coisas muito bem feita, dentre elas, uma como Hobby e outra
como trabalho/estudos, pois realizando tarefas as quais se é muito bom, o ser humano
terá prazer em fazer aquilo, trazendo felicidade, ou seja, a visão Estóica de felicidade do
homem se encontra em fazer muito bem feito a sua ocupação.
“Tudo que ouvimos é uma opinião e não um fato, tudo o que vemos é uma
perspectiva e não a realidade”.
- Marco Aurélio.
- EPICTETO: Os seus estudos estóicos se baseavam em como viver uma vida plena e
feliz?
Assim ele entendia que uma vida feliz e uma vida virtuosa eram sinônimos. Afirmava
que a Felicidade e a realização pessoal eram consequências naturais de atitudes corretas.
A grande questão que paira sobre o ser humano é subjetiva no que tange em cada ser
humano ou para cada ser humano, o que ou quais são suas virtudes ou aquelas que
devem ser desenvolvidas.
Para Epicteto felicidade e realização pessoal são consequências naturais de atitudes
corretas.
Portanto, a grande questão a ser analisada são:
- Quais são suas virtudes e seus vícios que os contrapõe?
- O que se define por realização pessoal?
- Quais são as atitudes corretas a serem tomadas?
A mãe de todas as virtudes quando se trata de crescimento pessoal é a DISCIPLINA,
que se subdivide em outras virtudes, como o modo causa que necessita de ser ativada.
O corpo humano naturalmente foi feito para economizar energia por questões de
sobrevivência, portanto o pior dos vícios é a preguiça.
AMOR FATI – 5 LIÇÕES DE FELICIDADE
1 – Não se comparar com outras pessoas
2 – Não idealizar a perfeição (vida, mulher, emprego e bens)
3 – Focar naquilo que você pode controlar
4 – Focar naquilo que já possui, nas conquistas já realizadas.
5 – Transcendência
Amor Fati: Diz que deve-se aceitar o destino que lhe foi imposto pela vida,
principalmente no que diz respeito as TRISTEZAS E INFELICIDADES.
A infelicidade só existe porque há a busca do indivíduo pela felicidade. O amor fati diz
que a felicidade, são lapsos na vida, nas coisas simples e em momentos presentes diante
do caos e da infelicidade do mundo. NÃO SE DEVE ESPERAR NADA DE BOM DO
MUNDO, POIS ESTE NÃO ESTÁ AQUI PARA AGRADAR AO INDIVÍDUO, MAS
PARA OFERECER O CAOS E AS MAZELAS.
- MODO CAUSA OU PROATIVIDADE: O modo causa é o entendimento de que o
mundo é uma sequência de causas e efeitos, ações e reações.
Quando se quer acordar cedo, mas por preguiça não acorda, existiu uma força da
preguiça que te impediu de levantar da cama para realizar suas atividades.
A pessoa proativa deverá gerar uma ação para que se vença essa força, que deve sempre
ser superada.
A preguiça não vai deixar de existir, mas quanto mais se exercita o modo causa, mais
fácil ficará vence-la.
A definição de modo causa ou proatividade é a vontade de realizar algo relacionado a
alguma coisa que tem que ser feita, para que o ser humano consiga realizar coisas
grandes, inclusive deve haver uma certa obsessão para a realização daquilo que se
busca.
Essa proatividade demandará uma CONSTÂNCIA DE MELHORAMENTO nos
aspectos necessários e o quanto você quer pagar o preço das tuas próprias regras e o
quanto elas são eficazes, coerentes e realistas.
Os planos traçados devem ser realistas, devendo se ter autoconhecimento para saber até
que ponto se consegue manter a disciplina, qual o esforço a mais para cumprir a própria
palavra, até que ponto você consegue fazer o que foi estipulado.
A proatividade ou modo causa é um ponto de partida em qualquer jornada de
desenvolvimento pessoal, de construir algo grande, de progredir na vida e melhorar em
todos os aspectos.
A vida deve ter este caminho não só algo grande de conquista, mas traçar um plano de
objetivo é aplicar constantemente o seu melhoramento. Esse melhoramento e
continuidade é fruto da disciplina.
Deve-se para e pensar o quanto você quer pagar o preço das tuas próprias regras, o
quanto as tuas regras são eficazes, coerentes e realistas e serem realistas e se ter
autoconhecimento para saber até que ponto você consegue manter a disciplina, até que
ponto se consegue fazer o que você mesmo estipulou o que iria fazer e qual o esforço a
mais que é possível de se fazer para cumprir a tua própria palavra.
O que diferencia o sucesso do fracasso é o quanto você segue a tua própria palavra, a
tua regra e tua lei.
O modo causa é entender que o mundo é uma sequência de causas e efeitos, de ações e
reações. Para isso deve-se tomar uma ação, uma proatividade vencendo a força da
preguiça que é a vilã de toda a disciplina.
A preguiça não vai deixar de existir e é exatamente por isso que ela deve sempre ser
superada e com o tempo é mais fácil de superar ela. É como um músculo, caso não dê
continuidade em vencer a preguiça, você enfraquece e os pesos ficam mais difíceis de
serem levantados.
A proatividade é uma vontade dentro de ti relacionado ao que tem que ser feito em seu
alcance e é exatamente o oposto das pessoas que esperam as coisas da vida e empurram
com a barriga, esperando as coisas acontecerem sem ação, sem esforço.
Para que se consiga coisas grandes, o sucesso na vida, você deve ter uma certa obsessão
por aquilo. Será criado até um certo desconforto quando você tiver um dia que não fez
aquilo que se propôs.
“As escolhas que você fez no passado são responsáveis pelo resultado de hoje e as suas
escolhas hoje, definirão o resultado da sua realidade no futuro”.
CONSTÂNCIA – A VERDADEIRA VIRTUDE QUE COMPÕE A
CONSTRUÇÃO DA REALIDADE
Inicialmente deve-se ter consciência de que terá que dar o máximo de sí no seu objetivo.
A constância é continuar realizando a tua tarefa, mesmo não subindo nenhum degrau
por dia. O que mais impulsiona as pessoas é a sensação de progresso, o auto-
reconhecimento de que quando se está fazendo algo e está dando certo. Mas se percebe
a verdadeira constância quando ela consegue seguir desmotivada, fraca e ir para frente
mesmo as coisas dando erradas.
As pessoas que se destacam não começaram ontem e conforme aquela frase “respeite a
minha história”, são justamente as pessoas que já se esforçaram há tempos atrás, mas
que as pessoas só reconhecem o presente e o sucesso daquela pessoa bem-sucedida.
A constância é um posicionamento de um grande valor e todas as pessoas que se
destacam tem anos de constância, anos de aprimoramento. Você seria capaz de
continuar 5, 10 anos realizando a mesma coisa, se aprimorando? Aí sim você será o
melhor no que faz e esse é o propósito de crescer e de se obter sucesso, dedicando
tempo do teu dia, todos os dias.
Deve-se colocar a constância como valor e estar SEMPRE pensando nela e relacionando
a constância com as tuas atitudes diárias, os micros hábitos, esse é o objetivo.
A INDIFERENÇA
É uma das virtudes mais importantes que se deve aprender durante a vida. A
indiferença é um pilar Estóico e prega o distanciamento do mundo.
Ela pode ser empregada em vários aspectos, como por exemplo ter como
motivação a tua causa própria, uma guerra individual ao qual esteja lutando e saber que
a única maneira de conseguir é se ter indiferença ao mundo e suas mazelas e seguir seu
próprio caminho em busca de seu grande objetivo de vida, com certa obsessão.
Outro aspecto que se pode observar a indiferença é sobre seus valores, seu
sistema de valores e atribuir a sí mesmo que você é uma pessoa acima da média.
Suponhamos que há uma discussão entre você e outra pessoa, mesmo com uma
pessoa próxima, mas ao entrar nesta discussão, automaticamente você está baixando
seus valores. Ainda que a pessoa te ache um covarde, deve-se aplicar a indiferença para
não haver um abalo emocional.
Os ignorantes merecem a tua indiferença, o seu silêncio e que você sequer
exista para eles e eles para você. Para atitudes ignorantes deve-se aplicar a indiferença,
principalmente com pessoas próximas.
Deve se ter como lei a indiferença sobre a ignorância das pessoas e do mundo,
dar atenção para sí mesmo e se melhorar em todos os aspectos individualmente.
- BLACK PILL ESTÓICA – Fase ao qual deve-se colocar a indiferença a sentimentos
bons e ruins, diminuindo o ego. Assim, com a finalidade de se garantir a Aphatéia
assegurando a Ataraxia que é a completa ausência de perturbações ou inquietações da mente,
concretizando o ideal tão caro à filosofia helênica da tranquila e serena felicidade obtida através do
domínio ou da extinção de paixões, desejos e inclinações sensoriais.
Momento da vida aonde nada te satisfaz, o bom não causa nenhuma excitação e ruim
nenhum sofrimento, o sentimento é de inércia, apatia é como estar morto. O lado ruim é
porque é difícil sair disso, mas o lado bom é que esse estado melancólico produz
indiferença e é aí que descobrimos o quanto do mundo é ilusão.
Os filósofos Estóicos eram conhecidos como os filósofos melancólicos que pregavam
ausência de emoções e uma vida de melancolia, evitando assim o sofrimento.
Eles diziam que era uma fase ao qual o ser tinha que passar, uma condição que aquele
como seguidor da escola Estóica tinha que se colocar e dessa maneira, na sua fase de
melancolia, você percebia o quanto desse mundo é ilusão, ou seja, melancolia não era
um fim, mas um meio, para o ser humano perceber quanto do mundo hoje é ilusório.
Depois de percebido isso, aí então você vai para a fase da Apathéia que em grego
significa, livre de perturbações ou paixões, sendo a Apathéia (aquilo que não é doença,
prefixo em grego “a” significa aquilo que não é e apatia (doença), o caminho para a
Ataraxia, que é a firmeza de espírito, o resultado final de uma vida Estóica sem
perturbação e uma condição apenas de um sábio.
A questão da Apathéia significa uma vida, uma condição, uma conduta em que você se
livra das paixões, dos sofrimentos, das coisas ruins da sua vida que tiram a tua paz
mental ou que lhe geram preocupações.
Já a palavra Apatia significa uma neutralidade em relação ao mundo. Uma pessoa
apática ela é meio que quase depressiva. A apatia é você não reagir aos estímulos
externos, mas não no sentido de não ser vulnerável a sentimentos ruins, mas também ser
completamente neutro a coisas boas. Apatia é uma fase que nós vivemos, todos passam
por isso de vez em quando e é aquele momento onde você fica sem vontade de fazer
nada, fica letárgico, nada lhe anima e a coisa que tu mais gosta não faz a menor
diferença para você ficando totalmente neutro é como se estivesse morto.
A BLACK PILL é muito relacionada a relacionamentos amorosos, mas a melhor
definição a ser dada a ela é APATIA.
Como os Estóicos pregavam que você deve passar por uma fase de melancolia, para
saber o quanto do mundo é ilusão, A BLACK PILL é isso, é a decadência na sua vida,
um mal necessário, que você tem que consumir, uma fase que você tem que passar para
entender de maneira apática 100% fria, o quanto do seu mundo, da sua realidade, da sua
vida é ilusão.
Os Estudos indicam que 80% da nossa vida é ilusão, coisas infundadas criadas pela
nossa cabeça. O simples fato de o ser humano ser motivado pela vaidade, pelo orgulho,
pelo ego, pode ser considerado uma ilusão. Existe, é impossível que a gente elimine
isso, isso oscila, às vezes a vaidade está mais alta, às vezes mais baixa. Não temos que
se preocupar em eliminar isso, mas as vezes vamos passar pela fase Black Pill, pela fase
da melancolia estóica para saber o quanto disso é real e o quanto disso é ilusão e molda
a minha vida.
Passado a fase da BLACK PILL, você entra na fase denominada apathéia, no estado
mental onde você é livre de paixões no sentido grego, vício, sentimento emocional,
descontrole emocional. Então tem-se que viver livre disso para poder ter uma existência
tranquila, apesar de não estar livre das emoções, em momento algum, não estarei
abominando as emoções, mas eu eliminar o pathos, a paixão e aí sim, depois senti-la,
depois dominá-la e aí sim eu sei que pode agir sobre mim como um vício, agir sobre
mim como uma irritação.
“A BLACK PILL ESTÓICA É UMA FASE QUE TODOS NÓS VAMOS PASSAR, NÃO
POR DECISÃO PRÓPRIA, MAS MUITAS VEZES, INDUZIDOS POR UMA
DESILUSÃO E ALÉM DELA SER UM RESULTADO DE UMA DESILUSÃO OU DE
UM FRACASSO, ELA PRODUZ MUITAS OUTRAS DESILUSÕES. O LADO BOM É
QUE UM HOMEM DESILUDIDO, NÃO SE ILUDE COM MAIS NADA. QUANDO
ESSE SENTIMENTO PASSAR, NASCERÁ A APATHÉIA OU A AUSÊNCIA DE
PAIXÕES E PERTUBARÇÕES”.
“Para quem tem um porquê para viver, pode suportar todos os comos - Nietzsche
Essa frase é uma verdade, mas não se pode levar ao pé da letra, porque às vezes os
nossos porquês, que são os nossos motivos ou propósitos só existem por que atribuímos
significados a eles. A saída da caverna forja uma mudança em todos esses significados,
então perdemos os nossos porquês, aí fica difícil suportar os comos, essa é a fase
BLACK PILL. Mas boa notícia é que isso é temporário, quase como um ritual de
passagem, um mal necessário.
Porque a nomenclatura para diferenciar a RED PILL DA BLACK PILL?
A RED PILL é a pílula vermelha que traz um conhecimento que estava oculto, aquele
ditado de “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, são as verdades
inconvenientes que estavam imersas e não se tinha noção que elas existiam. A RED
PILL tende a trazer uma libertação que em tese é algo positivo.
Já a BLACK PILL não traz uma libertação, ela traz confusão, sendo bem diferente da
RED PILL, enquanto esta traz em tese a libertação e esperança a BLACK PILL mata
todas as esperanças. Toda vez que se ouvir o termo BLACK PILL, está se referindo ao
Niilismo. A origem da palavra Niilismo, seria o Nadismo é o nada importa.
A filosofia Niilista acredita que o universo veio do nada e para o nada ele voltará, ou
seja se você veio do nada e vai para o nada, então tanto faz, uma INDIFERENÇA
TOTAL em relação a vida, este é o resultado da BLACK PILL.
Até certo ponto ele não é um resultado positivo. O fato é que é normal as pessoas
ficarem meio depressivas melancólicas, tristes, sem perspectiva, quando buscam um
conhecimento aprofundado, daí vem a frase “a ignorância é uma benção”, porque
quando você não conhece o funcionamento das mazelas da humanidade, você meio que
não sente elas, está amortecido, mas quando você se desamortece, se torna sensitivo a a
elas, você tende a sofrer mais, então o conhecimento e as pessoas que o buscam,
entendem que nem tudo faz sentido, nem tudo precisa de sentido e não conseguem lidar
com essa falta de sentido das coisas, afinal crescemos em um país majoritariamente
cristão e isso já torna implícito que as coisas precisam de um propósito baseado na
esfera espiritual ou na fé e quando se pensa sobre algo e não se encontra um propósito
então se perde o sentido das coisas e muitas pessoas não sabem lidar com isso e entram
em uma depressão. Quando não se encontra um propósito, seja em se relacionar, em
trabalhar, estudar...a pessoa incorre em uma ausência total de esperança em alguma
melhora, entrando no mundo Niilista que nada mais é do que a BLACK PILL.
Mas o mundo é cíclico e depois de algum tempo esses aspectos se tornam melhores e
vendo em uma cosmovisão, macro você percebe que o universo é cíclico, então as
coisas, os fatores da humanidade vão se reciclando, ciclo após ciclo.
A jornada das pessoas acontecem mais ou menos assim: Elas vivem a vida delas e
percebem que algo está muito errado, então elas buscam o conhecimento, esse
conhecimento é a RED PILL que as pessoas tomam, a verdade inconveniente, mas as
vezes, essa verdade é tão inconveniente, que elas percebem que não há o que elas
possam fazer com relação as outras pessoas e aos outros problemas do mundo, que hoje
se baseia bastante sobre as superficialidade das pessoas porque nós vivemos em uma
humanidade egóica, tudo é basicamente controlado pelo ego, pela matrix, o que se pode
fazer em relação a isso? Mudar as Pessoas? Não tem como. O que se pode fazer é sofrer
menos por isso e dar um passo para trás, somente isso, não o que se possa fazer para
mudar, apenas para não se contaminar. Quando percebemos que as coisas não têm
solução caímos no Niilismo, no abismo que está depois de sair da matrix.
Digamos que saímos da matrix, tomamos as RED PILLS necessárias para sair dela e ao
sair encontramos um abismo, esse abismo é o Niilismo. O Niilismo não é uma fase
constante na sua vida é um espaço de tempo que deve ser superado, então digamos que
não se toma a BLACK PILL, não se escolhe a BLACK PILL, as vezes as coisas se
tornam BLACK PILL, se tornam negativas, se tornar depressivas, se tornam Niilistas,
só que quando você percebe que não precisa ficar paranóico, buscando sentido ou
solução nas coisas como se tudo fosse um problema, apenas entendê-las, aí está
acontecendo a superação do niilismo.
Como dito, o Niilismo é uma corrente filósofica e existem vários tipos de niilismo, e
dentre eles, um é o niilismo ativo, onde ele funciona mais ou menos assim: VOCÊ
ENTENDE QUE AS COISAS NÃO PRECISAM DE SENTIDO E AO INVÉS DE
VOCÊ SE SENTIR PERDIDO EM RELAÇÃO A ISSO, VOCÊ SE SENTE LIVRE. Se
certas coisas não tem explicação, se eu não preciso necessariamente seguir aquele
caminho que todo mundo segue, o ciclo do sucesso, a corrida dos ratos, se eu não
preciso necessariamente disso, então eu sou livre, chegando-se a superação.
Basicamente estamos dizendo que a falta de sentido nas coisas deixa a vida mais livre,
se nós conseguirmos complementar isso com outras coisas como viver no momento
presente, ter mais atenção voltada a momentos pequenos, de agora, de aproveitamento
de vida, ao invés de colocar toda energia no ciclo da matrix, na corrida dos ratos, aquele
processo que a gente repete todos os dias, nossos hábitos, trabalhos, estudo, as coisas de
sempre.
Quando a BLACK PILL começar a fazer efeito em você, ou seja, quando o Niilismo
começar a ser superado em você, você vai entender algumas coisas. Tu vai entender que
ninguém liga para você, e isso é uma libertação, você vai entender que no fundo nós
ainda somos animais que vivemos ou de ego, ou de nossos instintos sexuais, com nossa
violência que ainda está presente na humanidade. Você vai entender que talvez nada
mude nunca e que talvez você não tem que mudar, mas sim dar um passo para trás e
apenas se contaminar menos, isso é uma libertação, vai entender, algo bem difícil de
aceitar, mas que talvez as chances de crescimento para as pessoas, não sejam para todo
mundo, seja só para algumas pessoas e muito provavelmente você está dentro destas
pessoas, vai entender que o mundo é muito egóico e que vai continuar assim por muito
tempo, e que isso tem seu lado positivo, quanto mais egóico o mundo for, mais as
pessoas estão presas e você não precisa tentar libertar as outras pessoas, você precisa se
libertar e viver a própria vida além do ego, além da mente.
“VOCÊ PRECISA SUPERAR E CONVIVER COM O FATO DE AS COISAS NÃO
TEREM SENTIDO”
Caso você tenha chegado a essa conclusão, caso você tenha alguma espécie de
melancolia, alguma espécie de depressão, alguns colapsos mentais que as vezes você
não têm nem vontade de levantar da cama, tem que conviver com o fato de que algumas
coisas não fazem sentido, algumas coisas não têm propósito, não precisam de propósito
e não precisam, não tendo a necessidade de buscar a causa de tudo, tentar entender tudo,
algumas coisas não tem explicação.
Niilismo, Nadismo é o significado do termo BLACK PILL, e é algo que você não tem
que ficar buscando, isso vai acontecer uma hora ou outra na tua vida e com ela virá a
sensação de Niilismo, de as coisas perderem o sentido, ou passar por um momento de
letargia.
Ainda, aplicando ainda o caminho óctuplo de Buda, que são:
1 - Compreensão Correta: Literalmente visão correta ou opinião ou entendimento
correto. Compreensão de acordo com as quatro nobres verdades, de maneira a entender
as coisas como elas realmente são.
1.1 – As quatro nobres verdades: são a essência central do Budismo em torno da qual todos os
demais ensinamentos budistas se baseiam. Segundo Shariputra, um dos principais discípulos do
Buda, as Quatro Nobres Verdades englobam todos os darmas.
A primeira Nobre Verdade refere-se a um sofrimento, conhecido em Pali como dukkha,
caracterizado por uma dor multifacetada que se expressa tanto como tristeza, insatisfação,
aflição, desilusão como desespero, podendo inclusivamente assumir formas subtis como o tédio
ou uma sensação generalizada de que nada corresponde às expectativas. [1] Dukkha é fruto do
apego gerado do contacto entre os sentidos e uma diversidade de fenómenos, sejam eles internos
ou externos, essencialmente impermanentes e, por conseguinte, incapazes de providenciar uma
satisfação sustentável e duradoura.[3][4][1][5] A Segunda Nobre Verdade trata-se da constatação das
causas de Dukkha; a Terceira Nobre Verdade anuncia que há um caminho que leva ao fim do
dukkha; a Quarta Nobre Verdade detalha o caminho que leva ao Nibbana, a cessação de todo o
sofrimento.
O motivo pelo qual o Buda teria ensinado as nobres verdades com o objetivo de compreender o
mecanismo do sofrimento ou insatisfação e alcançar uma felicidade real e estável. [9] Diz-se que
ele alcançou este objetivo meditando debaixo da árvore bodhi próximo ao rio Neranjana. As
Quatro Nobres Verdades são a conclusão de seu entendimento sobre a natureza do "sofrimento",
[10]
sobre a causa fundamental de todo o sofrimento, sobre a fuga do sofrimento e sobre o esforço
que uma pessoa pode fazer para alcançar a felicidade.[9]
A Realidade do Sofrimento:
Muitas vezes a primeira Nobre Verdade proferida por Buda Shakyamuni após sua iluminação é
traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe sofrimento", sempre indicando a natureza
sofrida da vida. Em um primeiro momento esse ensinamento pode parecer demasiado pessimista
e deprimente. Mas isso se deve à tradução simplista do termo. A primeira Nobre Verdade diz
respeito à dukkha, que não tem uma tradução literal, mas que pode significar todos os níveis de
desconforto desde a insatisfação até ao sofrimento. De uma maneira geral, dukkha diz respeito
ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre
boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento). Todos os seres buscam a
felicidade e procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da
própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros. Podemos pensar da
seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos
medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim;
e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver então
que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesma pode se tornar
causa de uma experiência de sofrimento. Além disso, as experiências são impermanentes, as
ideias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam. Por isso, dentro da
experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é
impermanente e irá mudar.
“O homem não se preocupa tanto com os problemas reais, quanto com as ansiedades
imaginárias sobre os problemas reais”
“Toda busca que gera prestígio, também gera desconforto, mas o abandono total da
busca, gera um desconforto ainda maior”
- Epicteto
Deve-se entender a transcendência como uma adversidade, problemas que apontaram
em sua direção e transpassar por você sem que mexa com a sua essência, a não retenção
destes problemas, por mais que naquele momento seja difícil, se permita sofrer por
alguns instantes, pelo menor tempo possível e deixar passar, não permitindo retê-lo,
pois o fato de remoer o problema trará ainda mais dor.