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ANÁLISE DO USO DE EPI’s POR VENDEDORES DE PEIXES NAS PRINCIPAIS

FEIRAS DE PESCADO DE SANTARÉM, ESTADO DO PARÁ

Lucas de Andrade Roma¹, Ana Carolina Caetano Vasconscelos², Hillary Lyn Soares Coelho³

Clemerson Lira Lopes4 ,Gabriel dos Santos Prado5

1
Lucas de Andrade Roma, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará,

Brasil.
2
Ana Carolina Caetano Vasconscelos, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará,

Brasil.

3
, Hillary Lyn Soares Coelho, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará,

Brasil.
4
Clemerson Lira Lopes, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil.
5
Gabriel dos Santos Prado5, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará,

Brasil.

Número de palavras do texto principal: 1388.

Número de referências: 13.

Fonte de financiamento: Nenhuma.

Conflitos de interesse: Nenhum.

Endereço para correspondência:

Hillary Lyn Soares Coelho

Rua Silvério Sirotheau, 2430

E-mail: hillarypaschoal121@gmail.com
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Resumo

A segurança do trabalho é uma área que visa proteger a saúde e a integridade física dos

trabalhadores, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais. As medidas de segurança no

trabalho envolvem diversas atividades, como a implementação de programas de prevenção, a

realização de treinamentos e a inspeção regular dos ambientes de trabalho. Nas feiras e

mercados que comercializam pescado na cidade de Santarém foi verificado a falta do uso dos

Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), o que muitas vezes pode causar acidentes graves

que poderiam ser evitados. Muitas vezes a falta do uso desses Equipamentos de Proteção

Individual (EPI’s) está relacionado diretamente a falta de incentivo ao uso desses equipamentos.

O presente trabalho tem como objetivo verificar o uso dos equipamentos de proteção individual

utilizados pelos permissionários nas feiras e mercados de Santarém-Pará.

Palavras-chave: segurança do trabalho; epi’s; feiras e mercados; uso de EPI’s.


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Abstract

Occupational safety is an area that aims to protect the health and physical integrity of workers,

preventing accidents and occupational diseases. Occupational safety measures involve several

activities, such as the implementation of prevention programs, training and regular inspection

of work environments. At fairs and markets that sell fish in the city of Santarém, the lack of use

of PPE was verified, which can often cause serious accidents that could be avoided. Often the

lack of use of these PPE is directly related to the lack of incentive to use this equipment. The

present work aims to verify the use of personal protective equipment used by permit holders at

fairs and markets in Santarém-Pará.

Keywords: occupational safety; PPE; fairs and markets; use of PPE.


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Introdução

A segurança do trabalho é um campo essencial para garantir a proteção e o bem-estar

dos trabalhadores em diversos setores da atividade. No Brasil, a preocupação com a segurança

ocupacional tem crescido ao longo das últimas décadas, impulsionada pela necessidade de

prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, bem como pela busca por ambientes

laborais saudáveis e produtivos (CHAGAS,2011; MATTOS,2011). Nas indústrias de

alimentos, há exposição de riscos ocupacionais como cortes, queimaduras, quedas e

contaminação alimentar, que pode resultar em acidentes graves e impactar negativamente a

produtividade e a qualidade dos produtos alimentícios, sendo a NR-36 a norma

regulamentadora que diz respeito à segurança no trabalho em empresas que atuam com o abate

e o processamento de carnes e derivados (Brasil,2023; Tecnotri,2023). Mas analisando de forma

mais minuciosa, olhando para a utilização de equipamento de proteção individual, a norma

regulamentadora, NR-6 é quem vai estabelecer requisitos para aprovação, comercialização

fornecimento e a utilização de EPI (Brasil, 2022).

No contexto da segurança do trabalho em feiras, o uso de equipamentos de proteção

individual é essencial para garantir a segurança e saúde não só dos trabalhadores envolvidos

nessas atividades, a exemplo dos permissionários que trabalham com a venda de pescado,

fazendo uso principalmente de objetos cortantes, interagindo com temperaturas baixas e

manipulação de animais mortos, mas também da população que vai a procura de produtos com

boa qualidade para o consumo (MONTELO,2011; NAZIN,2014; VARELA,2016).

Segundo Brandão (2014), em Santarém os parâmetros das feiras não estão dentro de

critérios de qualidade básica para a comercialização, faltando higiene dos manipuladores e

conservação adequada. Com o objetivo de observar se esses parâmetros melhoraram, e os

vendedores de pescado nas feiras de Santarém estão utilizando equipamentos de proteção

individual adequado, para assim estarem garantindo sua segurança e disponibilizando produtos
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de qualidade, esse artigo analisou quais desses equipamentos estão sendo utilizados de maneira

correta e os que estão sendo negligenciados.

Métodos

• Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada na cidade de Santarém, estado do Pará (Figura 1), situada nas

coordenas Latitude -2.42 e Longitude -54.71, 2° 26’ 22’’ Sul, 54° 41’ 55’’Oeste. Localizada a

697.24km da capital Belém, possuindo uma área total de 17.898km² e uma estimativa

populacional de 331.937 habitantes (IBGE,2022). Para objeto de coleta de dados, foram

escolhidas as três principais feiras de venda de pescado da cidade: Mercadão 2000, Feira do

Pescado e Mercado Modelo (Figura 2).

Figura 1. Cidade de Santarém (Fonte: Google Earth).


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Figura 2. Localização das três principais feiras (Fonte: Google Earth).

• Coleta dos Dados

A coleta de dados foi feita de maneira visual, por meio de observação direta, em equipe

(FREITAS, 2002; BELEI, 2008), sem entrevistas e sem contato com os vendedores de peixe.

O material utilizado para checar os Epi’s utilizados pelos feirantes foi um checklist (Anexo 1)

adaptado pelos autores baseados na norma regulamentadora NR – 36, na norma

regulamentadora NR-6. O critério para escolha dos Epi’s a serem monitorados foi tão somente

as normas e observação dos autores quanto ao local de trabalho dos permissionários, sendo

descartado o equipamento protetor auricular.

• Equipamentos no Checklist e suas funções

Luva: Garantia do manuseio seguro do peixe e proteção durante processo de beneficiamento.

Luvas com resistência térmica são de importância no manuseio de alimentos congelados.


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Toucas: Evita a queda de cabelo no alimento, e pode proteger o usuário de algum acidente que

envolva contaminação química ou biológica.

Avental: Aventais protegem o peitoral, o tronco e as coxas contra risco de contaminações,

cortes, queimaduras e choques físicos.

Bota: As botas indicadas são a de PVC (borracha), garantem que o vendedor não escorregue e

caia. As botas também mantêm os pés seguros contra objetos cortantes e substâncias químicas.

Máscara: Previne que a saliva atinja o produto, peixe ou pescado e comprometa a segurança

alimentar.

Óculos: Garante proteção aos olhos em operações como processamento de alimentos. Olhos

são partes sensíveis a detritos mesmo que minúsculos que o atinjam, podendo acarretar cegueira

em alguns casos.

Mangote: Protegem de cortes, queimaduras e outras lesões em braços e antebraços. Há também

mangotes térmicos, que ajudam a proteger de altas e baixas temperaturas.


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Resultados

Tabela 1. Dados amostrais da feira Mercadão 2000.


EPIs Usa (n) Usa (%) Não usa (n) Não usa (%) Uso incorreto (n) Uso incorreto (%)
Luva 1 0,00 15 93,75 1 6,25
Touca 7 43,75 9 56,24 7 43,75
Avental 15 93,75 1 6,25 0 0,00
Bota 15 93,75 1 6,25 0 0,00
Máscara 0 0,00 16 100,00 0 0,00
Óculos 0 0,00 16 100,00 0 0,00
Mangote 0 0,00 16 100,00 0 0,00
Total Amostral 16 0,00 16 0,00 0 0,00

Na Tabela 1 é apresentado os resultados da feira do Mercadão 2000 (Tabela 1), dos 16

profissionais analisados, 15 utilizam avental e bota. Os outros equipamentos, máscara,

óculos e mangote não estavam presentes. Apenas 1 pessoa utilizava luva, porém de

maneira incorreta. A touca era utilizada por 7 profissionais, mas todos os 7 estavam

utilizando incorretamente. O avental e bota foram os equipamentos mais utilizados,

apenas 1 pessoa não usava.


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Tabela 2. Mercado Modelo


EPIs Usa (n) Usa (%) Não usa (n) Não usa (%) Uso incorreto (n) Uso incorreto (%)
Luva 0 0,00 11 100,11 0 0,00
Touca 4 27,27 7 36,36 4 36,36
Avental 5 45,45 6 54,55 0 0,00
Bota 8 72,72 3 27,28 1 9,09
Máscara 1 0,00 10 90,00 1 0,00
Óculos 0 0,00 11 100,00 0 0,00
Mangote 0 0,00 11 100,00 0 0,00
Total Amostral 11 0,00 11 0,00 0 0,00

No mercado modelo foram encontrados 11 profissionais no total (Tabela 2), 4 desses utilizavam

touca, porém de maneira incorreta. O avental foi utilizado de maneira correta por todos os 5

trabalhadores que usavam. 7 pessoas utilizavam a bota corretamente e apenas 1 de maneira

incorreta. A mascará foi utilizada por apenas 1 pessoas e de maneira incorreta. Os equipamentos

óculos e mangote não estavam presentes em nenhum dos profissionais do Mercado Modelo nos

dias desta pesquisa.


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Tabela 3. Feira do Tablado


EPIs Usa (n) Usa (%) Não usa (n) Não usa (%) Uso incorreto (n) Uso incorreto (%)
Luva 0 0,00 15 100,00 0 0,00
Touca 8 55,33 7 44,67 8 55,33
Avental 5 33,33 10 66,67 0 0,00
Bota 4 26,67 11 79,33 0 0,00
Máscara 0 0,00 15 100,00 0 0,00
Óculos 0 0,00 15 100,00 0 0,00
Mangote 0 0,00 15 100,00 0 0,00
Total Amostral 15 0,00 15 0,00 0 0,00

Na Feira do Tablado no total foram analisados 15 vendedores de pescados (Tabela 3), destes 8

utilizavam touca, mas todos de maneira incorreta, 5 usavam avental e todos os 5 de maneira

correta. A bota foi utilizada por 4 profissionais e todos de maneira correta. Os demais

equipamentos, máscara, óculos e mangote não foram utilizados pelos vendedores.

Discussão

Nesta pesquisa, foi examinado quais EPIs estavam sendo utilizados nas principais feiras

de Santarém-PA para garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos e na qualidade do

pescado. Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que a feira que mais utilizou

equipamentos de forma correta foi a do Mercadão 2000, cerca de 93,75 usavam a bota e o

avental, este EPIs sendo o mais encontrado em todas as feiras. Apenas 4 equipamentos são

listados nas feiras apesar do essencial ser 7, o que demonstra a falta de responsabilidade com a

segurança alimentar.

Em uma reportagem do ano de 2014 na emissora Globo, foi possível observar os

comerciantes manuseando o pescado sem nenhum tipo de equipamento, como luvas e máscaras.

(Site: Inforpesca/SP). Infelizmente o presente trabalho relata a continuidade deste entrave no

comércio de pescado.

Dessarte, no trabalho de Brandão 2014, é demostrado que o maior problema nesta cadeia

está relacionado à falta de informações quanto as condições de qualidade nos ambientes de


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comércio pelos profissionais em Feira e falta de cursos específicos de Boas Práticas de

Manipulação do Pescado. O projeto de extensão apresentado no artigo citado deve ter

continuidade semestral ou bimestral nas feiras de Santarém com a presença de entidades como:

Divisão de Vigilância Sanitária, Sindicato dos Nutricionistas do Pará, Ministério Público e de

Cooperativas da Região.

Além de capacitações serem disponibilizadas aos comerciantes, os clientes das feiras

devem solicitar e exigir informações sobre a qualidade e manuseio correto com os órgãos

responsáveis, a criação de uma caixa de sugestão ou telefone disponibilizado á reclamações e

denúncias para quantificar quais são as negligências encontradas durante a comercialização nas

feiras.

Referências

CHAGAS AMR, SALIM CA, SERVO LMS (organizadores). Saúde e segurança no


trabalho no Brasil: aspectos institucionais, sistemas de informação e indicadores. 2011.
Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/3033
MATTOS U, MÁSCULO F. Higiene segurança do trabalho. Elsevier Brasil; 2011.
TECNOTRI. Fique por dentro da NR 36 e o seu papel em frigoríficos [Internet].
Tecnotri Novas - Possibilidades em Plástico. 2023 [citado 28 de junho de 2023].
Disponível em: https://tecnotri.com.br/fique-por-dentro-da-nr-36-e-o-seu-papel-em-
frigorificos/
Brasil, Ministério da Economia. Norma Regulamentadora 36 – Segurança e Saúde em
Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. Brasília,DF: Ministério da
Economia, 2022
Brasil, Ministério da Economia. Norma Regulamentadora 6 – Equipamento de Proteção
Individual (EPI). Brasília,DF: Ministério da Economia, 2022.
MONTELO RO, DE SOUZA MARTINS GA, TEIXEIRA SMF. Avaliação das
condições de higiene e segurança do trabalho: estudo de caso na Feira Livre do
Agricultor em Palmas–Tocantins. Journal of Health Sciences. 2011;13(4).
G1 GLOBO - Pesquisa analisa manuseio de pescado em feiras de Santarém, PA –
Notícia disponível na página do Instituto de Pesca / São Paulo - Fonte:
http://www.pesca.sp.gov.br/noticia.php?id_not=15311- novembro de 2014.
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ZANIN, Laís Mariano et al. Avaliação dos aspectos higiênico-sanitários da manipulação


de pescado a partir da perspectiva de trabalhadores da cadeia produtiva do pescado.
2014.
VARELA GM. Manual de higiene e segurança no trabalho lota de Vila Real de Santo
António-Docapesca. 2016. Tese de Doutorado. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.12207/4652.
BRANDÃO et al. Agravantes Ambientais que Influenciam na Carne e no Pescado do
Mercado Municipal de Santarém-PA. Revista Em Foco / IESPES. Santarém.
2014;11(21).
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo
Brasileiro 2022. Santarém,PA: IBGE,2022.
BELEI RA, et al. O uso de entrevista, observação e vídeo gravação em pesquisa
qualitativa. Cadernos de Educação. 2008;(30).
Freitas H, Moscarola J. Da observação à decisão: métodos de pesquisa e de análise
quantitativa e qualitativa de dados. RAE electron [Internet]. 2002Jan;1(1):1–30.
Available from: https://doi.org/10.1590/S1676-56482002000100006.

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