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Márcia Braga

COLEÇÃO

Desejos entrelinhas
Educação alimentar
e nutrição

Caso Clínico:
Diabetes Mellitus (DM)

Volume 2
Parimpar
Belo Horizonte
2022
Projeto Editorial: PARIMPAR e Pimpa Estúdio

Capa (concepção): Geraldir E. B. (Gerar)

Revisão: Patrícia Costa

Catalogação da Publicação (CIP)


Ficha catalográfica feita pela Editora Parimpar

B813d
Desejos entrelinhas: educação alimentar e nutrição/ Caso
Clínico: Diabetes Mellitus (DM), (vol. 2)/ Márcia Braga. Belo
Horizonte [MG]: PARIMPAR, 2022.

2,49 MB ePUB.

ISBN 978-65-00-39282-1

1. Nutrição. 2. Comportamento humano. 3. Alimentação. 4.


Saúde/ nutrição. 5 Prevenção. Título.
CDD: 613
CDU: 613.3

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parcial desta obra, de qualquer meio, salvo com autorização ex-
pressa e por escrito da Editora (de acordo com a Lei do Direito Au-
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ra, seus colaboradores e a todos aqueles que trabalham com o livro
no Brasil.
APRESENTAÇÃO

A série Desejos entrelinhas: educação ali-


mentar e nutrição foi criada com o objetivo de
levar ao Leitor informações sobre a impor-
tância de se alimentar com consciência e de
modo saudável.

Os relatos são apresentados pelo olhar da Nu-


tricionista Márcia Braga, advindos do seu
labor na clínica, ou seja, fruto da escuta
diária.

Há, evidentemente, um cuidado ético em


preservar nomes e particularidades,
portanto, em todos os casos que farão parte
desta série, os nomes foram substituídos,
assim como alguns detalhes secundários a
história também foram modificados, para
que as identidades dos envolvidos fossem
preservados.

Espera-se que o conteúdo auxilie o Leitor em


identificar melhor os produtos que escolhe
para compor a sua dieta e a compreender que
o nosso corpo dá sinais, no comportamento,
na forma de se movimentar, na maneira de
pensar e de agir, considerando inclusive, o
que escolhemos para alimentá-lo.

Boa leitura!

Patrícia Costa
Caso Clínico: Diabetes
Mellitus (DM)

Um ano depois de ser diagnosticado com diabetes,


tipo 2, o Sr. Luiz veio ao meu consultório. Ele, com
49 anos de idade, 108 kg e 1,70m de estatura, já
estava, por orientação médica, fazendo uso de hi-
poglicemiante oral.

Ainda assim, persistiam os hábitos alimentares


inadequados. Ele acreditava que alimentar ‘bem’,
conforme o médico o havia orientado, estaria con-
dicionado a empreender muita grana, e ele uma
pessoa trabalhadora, sustentava a esposa e três
filhos pequenos, com o salário recebido como
porteiro de um condomínio de luxo.
A marmita, feita com muito carinho pela esposa,
era recheada de macarrão, arroz, feijão, angu,
pirão e, às vezes, uma carne cozida. Quando
sobrava um torresminho do domingo, ele era sa-
boreado pelo Sr. Luiz, nas feiras, segunda, terça,
quarta, quinta, sexta, enquanto ele pudesse
agregar sabor à marmita, e existisse, é claro! Ah!
Ele me contou, na anamnese nutricional, que
quando o preço da carne está muito salgado, o pé
de frango, miúdos diversos e o que estiver em
promoção e couber no bolso, também recheia as
refeições, não só dele, mas da família. Hum!!!
Outra coisa que ele adorava fazer, como tem filhos
menores, era levar sucos de caixinha e biscoitos
recheados para as crianças, quando sobrava um di-
nheirinho. Como o pessoal do condomínio gostava
muito dele, sempre aparecia um docinho, uma co-
midinha gostosa, que algum morador deixava na
portaria para complementar o almoço e o lanchi-
nho da tarde.
Ele ficou de fato muito assustado quando o médico
prescreveu o acompanhamento de um profissional
nutricionista e, ali se encontrava, no meu consul-
tório, acompanhado da esposa.

Senti o nervosismo e tentei acalmá-los:

- Sr. Luiz, que bom que o Senhor veio acompanha-


do da sua esposa. Vejo aqui que a sua luta contra o
diabetes tem sido árdua, mas fica tranquilo, vocês
estão no lugar certo. Alimentação saudável e
ajustada às necessidades de cada pessoa podem e
devem ser simples e acessíveis e às vezes pequenas
alterações trazem excelentes resultados. Estou
aqui pra orientá-los.

Iniciaremos o caminho para entender o que é


diabetes, pois é de grande valia o conhecimento
apropriado para que o paciente tenha esclareci-
mento sobre o assunto de forma correta e sem
mitos e sinta segurança quanto às escolhas ali-
mentares e estilo de vida que contribuirão no
sucesso do tratamento.

Lembrando que a individualização fisiológica e pa-


tológica são fatores importantes, sendo desta
forma imprescindível o acompanhamento de uma
equipe multiprofissional.

Então Seu Luiz, vamos lá prá uma aulinha bem


rápida e de fácil compreensão. Tentei explicar de
forma bem simples sobre o conceito desta doença e
quais os tipos existentes. Notei que eles com-
preenderam bem a minha forma de explanação e,
para deixá-los mais tranquilos ainda, fiz até umas
perguntinhas básicas e diante das respostas,
chequei o entendimento deles.

- E aí Sr. Luiz? Agora mais calmo, o Senhor


concorda que encaixando-se, clinicamente, no
caso Tipo 2, será fundamental que o Senhor, com a
ajuda da sua esposa sigam um plano alimentar,
para manterem a saúde em dia. Isso também
ajudará na manutenção da qualidade de vida da
família.

Neste caso, as refeições foram fracionadas e o por-


cionamento ajustado.

Aconselhei sobre o reaproveitamento dos alimen-


tos de forma que casca, folhas, talos podem tornar
uma excelente fonte de nutrientes e fibras, desde
que preparados corretamente. Eles podem se
tornar sopas, caldos e sucos havendo inúmeras
possibilidades de preparo, e, ainda, que com este
aproveitamento o custo com a alimentação reduz
consideravelmente.

Orientei quanto a não utilização de bebidas al-


coólicas, sucos industrializados e refrigerantes.
O plano alimentar foi realizado de forma individual
considerando a patologia, o quantitativo
adequado, preferências alimentares, horários de
alimentação foram ajustados conforme a rotina do
paciente.
APONTAMENTOS

Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica de


origem múltipla, decorrente da falta de insulina
que causa a hiperglicemia, que é o aumento de
glicose no sangue do indivíduo.

Os principais tipos de diabetes são do tipo 1 e do


tipo 2, mas existem a diabetes gestacional,
diabetes auto imune latente (LADA) e diabetes tipo
Maturity Onset Diabetes of the Yong (MODY);
todas apresentam algumas diferenças com relação
a sua causa, seguem sucintas explicações:

DM tipo 1: doença auto imune que destroem as


células do pâncreas que produz insulina, conse-
quentemente causando acúmulo de glicose no
sangue (hiperglicemia). Geralmente este tipo de
diabetes é diagnosticado na infância ou adolescên-
cia por meio da mensuração dos níveis de glicose
no sangue, quando o paciente está em jejum, caso
o nível esteja acima de 126 mg/ dL, o paciente já é
considerado diabético. Essa doença não tem cura
sendo necessário o uso da insulina por toda vida,
de forma que seguir um plano de tratamento é uma
rotina na dieta e o exercício físico contribuirá para
o bom controle da doença, proporcionando boa
qualidade de vida.

DM tipo 2: doença crônica caracterizada pelo


excesso de açúcar no sangue é a forma mais
comum da doença e dados comprovam que sua in-
cidência tem significativo aumento em todo
mundo. O desencadeamento da doença, diferente
da DM tipo 1, está aliada a uma predisposição
genética associada a fatores ambientais e estilo de
vida da pessoa acometida.

O controle adequado para o portador da DM tipo 2


pode incluir tanto medidas medicamentosas
quanto não medicamentosas, mas para o controle
da doença são necessárias algumas alterações na
dieta e no estilo de vida, para que com controle se
possa evitar as complicações da doença, visto que
uma vez diagnosticada com DM o indivíduo terá
que ter monitoramento e cuidados regulares.

Quando descompensado o DM o indivíduo pode ter


sintomas de insaciedade (fome constate),
sensação de sede, perda de peso sem causa,
vontade de urinar com frequência, dificuldade na
cicatrização de ferimentos e visão turva.

DM gestacional: pode acontecer na gravidez devido


a alterações hormonais, predisposição genética
e/ou hábitos de vida não saudáveis, como alimen-
tação excessiva em açúcares e gorduras. O trata-
mento é realizado com alteração alimentar e exer-
cício físico, entretanto em vários casos faz-se ne-
cessário o uso de insulina para controlar a glicose
no sangue. Existe a tendência de desaparecer logo
após nascimento do bebê.

Diabetes Latente Auto Imune do Adulto (LADA): é


uma forma autoimune da diabetes que acontece
em adultos, o que caracteriza esta enfermidade é o
comprometimento da função do pâncreas aconte-
cer de forma rápida, sendo necessário o uso da
insulina logo que detectada a patologia.

Diabetes tipo MODY (Maturity Onset Diabetes of


the Young): acontece em jovens e pode ser conse-
quência de: defeito genético, doenças do pâncreas,
doença endócrinas ou devido a uso medicamento-
so como corticoide.

O número de casos desta patologia tem aumentado


e acredita-se estar relacionado a obesidade
infantil.
Orientações Nutricionais
para os pacientes Diabéticos,
independentemente do tipo
diagnosticado.

Água é o santo remédio: sempre entre as refeições.

EVITE:

o consumo de açúcares simples como bolos,


geleias, balas, pudins, chocolates, refrige-
rantes, açúcar, dentre outros;

o consumo de outros alimentos nos interva-


los.

Nada de se alimentar desesperadamente,


mastigue os alimentos calmamente.
Para que um prato de ‘dois andares’, o volume não
significa qualidade, então obedeça aos horários
estabelecidos no seu plano alimentar.

As fibras são muito importantes no controle da


glicemia, além de auxiliar no controle do intestino.
Por isso coma frequentemente legumes, verduras,
frutas, aveia e pães integrais.

Substitua o açúcar por adoçante, preferencialmen-


te os a base de stevia ou sucralose.

Para quem come batata, cará, inhame, mandioca,


farinha de mandioca, macarrão e massas em geral,
diminua a quantidade de arroz ingerida.

Coma moderadamente abóbora, moranga, beter-


raba, cenoura, batata e ervilha, banana, uva,
melancia, caqui, etc.
Evite consumo elevado de carne gorda, leite
integral, queijos gordurosos e frituras.

Prepare os alimentos ao forno ou de forma


grelhada ao invés de fritá-los.

A prática de atividade física é muito importante no


controle do diabetes. Se possível, faça alguma ati-
vidade física. Caminhar é legal e o custo é baixo,
mas faça isso, no mínimo três vezes por semana,
com moderação.
Márcia Braga

É graduada em Nutrição pelo Centro


Universitário UNA - BH; Pós-graduada em
Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo -
BH. Foi Assessora técnica Conselho Regional
de Nutricionistas da 9ª Região, Nutricionista
no Hospital Público Regional de Betim, além
de realizar Atendimento Clínico em
consultório.

SAIBA MAIS
parimpar.com.br/marcia-braga

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