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The Librarian And The Orc

Orc Sworn
FINLEY FENN

Produzido por fãs

(Sem fins lucrativos)

Tradução e arte: Ravena.

*1 Revisão e edição: Ari.


*2 Revisão, formatação e edição final: Mah.
Índice
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 1
Nada mais queria Rosa Rolfe, neste momento, do que
jogar um livro no rosto bonito e sorridente de Lord Kaspar
Sippola.
Um bom livro de capa dura, ela pensou com firmeza, enquanto
fazia uma reverência baixa, sua cabeça loira curvando-se. Um
tomo enciclopédico, talvez. Algo como os Annals of the
Realm, cheios de pompa, tagarelice e mentiras, assim como o
próprio Lord Kaspar.
"Uma muito boa tarde para você também, meu senhor," disse
Rosa em vez disso, forçando o sorriso em sua boca, a
suavidade em sua voz. "E para o sua estimada convidada,
também. Bem-vinda à Biblioteca Dusbury, senhora."
Ela teve que arrastar os olhos para a linda e bem
vestida mulher que estava ao lado de Lord Kaspar, agarrando-
se a seu braço com uma familiaridade fácil e autoritária. Ela
estava usando o que há de mais moderno em alta moda, seu
vestido de tafetá cortado rente às suas amplas curvas, seu
cabelo castanho brilhante empilhado intrincadamente em
cima de sua cabeça bem formada. E seu olhar de resposta para
Rosa era distante, e depois cada vez mais desaprovador, como
se Rosa fosse um pedaço de miudeza preso em seu sapato
delicado de salto pontudo.
"De fato," disse a mulher, apertando com mais força a
mão manicurada contra o braço de Lord Kaspar. "Sempre
cheira assim, querido Kaspar?"
Seu olhar desdenhoso varreu a biblioteca, como se
condenasse todas as suas
falhas de uma só vez, e Rosa sentiu suas próprias costas
ficarem rígidas, seu sorriso quase doloroso em seu rosto. A
Dusbury Library era um verdadeiro pequeno tesouro, com
uma coleção eclética e muito valiosa, e o prédio em si era
apertado, mas acolhedor, com mesas e cadeiras espalhadas e
grandes janelas cravejadas ao longo das paredes. Não havia
nada mais como isso em toda a província de Sakkin, talvez em
todo o reino, e como essa grande dama ousava se comportar
como se fosse uma choupana infestada de vermes.
Mas Lord Kaspar apenas deu uma risada alta e
calorosa e uma resposta alegre que Rosa não conseguiu ouvir
através do zumbido crescente em seusbouvidos. E quando ele
guiou a adorável dama em direção às estantes altas,
claramente com a intenção de dar-lhe o passeio completo, foi
tudo o que Rosa pôde fazer para se manter no lugar
atrás da mesa de empréstimo. Especialmente quando — seu
corpo inteiro se contraiu — Lord Kaspar virou a cabeça e
atirou-lhe uma piscadela rápida e sub-reptícia por cima do
ombro da bela dama. Insinuando, talvez, a noite anterior,
quando ele levantou o vestido de Rosa, a curvou sobre esta
mesma mesa, e...
As bochechas de Rosa estavam ardendo furiosamente,
mas ela de alguma forma manteve o
sorriso doloroso grudado em seu rosto até que o casal feliz
estivesse totalmente fora de vista. Até que ela finalmente
pudesse afundar seu corpo trêmulo contra a mesa, esfregando
o rosto com as mãos e engolindo profundamente, respirando
lentamente.
O bastardo. O bastardo completo e absoluto.
Mas amaldiçoe-a, Rosa sabia que isso aconteceria,
não sabia? Lord Kaspar era apenas o segundo filho do
alardeado Duque Warmisham da província de Bairia, então,
apesar de seu título de lord, ele não tinha propriedades
adequadas e a renda associada. E em vez disso, ele se
estabeleceu ali, na província de Sakkin, como um dos
cavalheiros acadêmicos mais prestigiados da Dusbury
University e como Grande Patrono da Biblioteca Dusbury.
Tudo isso significava, é claro, que Lord Kaspar estava
sempre precisando de fundos — e, portanto, naturalmente, à
procura de uma esposa rica. E os rumores que estavam
rodando por semanas eram claramente muito verdadeiros, e
esta linda mulher não era outra senão Lady Scall, a recente
viúva de um dos homens mais ricos do reino. E uma mulher
inteligente, eles disseram, com muitas conexões vantajosas,
para começar.
"Quem é a garota?" veio a voz aguda e culta de Lady
Scall, transportando-se facilmente sobre as estantes, alta o
suficiente para fazer Rosa estremecer. "A universidade não a
contratou honestamente como bibliotecária?"
Houve um instante de imobilidade suspensa e, em
seguida, uma risada muito leve de Lord Kaspar. "Oh, ela é
apenas uma assistente," sua voz fria disse. "Ajuda Southall
com buscas e prateleiras, todo esse tipo de coisa. Um
compromisso de caridade."
As mãos de Rosa estavam agarradas com força contra
a mesa de empréstimo, o rugido
subindo novamente em seus ouvidos — mas ela se inclinou
para frente e respirou fundo, silenciosa e revigorante. Ela
tinha que saber. Ela precisava.
"Muito bem vestida para um compromisso de
caridade, você não acha?" veio a resposta de Lady Scall.
"Aquele vestido parecia o trabalho de Madame LeTourney,
aos meus olhos."
"Será?" Lord Kaspar disse, com uma imprecisão
digna de crédito. "Talvez seja algum tipo de refugo.
Certamente essas instituições de caridade estão repletas de
coisas antigas."
Lady Scall não respondeu, mas o coração de Rosa
estava realmente martelando agora, batendo
desesperadamente contra suas costelas. Se Lady Scall já
estava desconfiada — com razão — o que viria depois, uma
vez que Lord Kaspar a pedisse em casamento, uma vez que
eles se casassem? Rosa seria demitida? Expulsa? Mantida
longe de sua preciosa biblioteca, para sempre?
Suas mãos estavam suadas e trêmulas, agarrando-se
inutilmente à mesa, e ela abruptamente se empurrou de trás
dela, agarrando um punhado de livros da mesa mais próxima.
Se seu trabalho fosse apenas arquivar, então ela arquivaria.
Ela faria qualquer coisa. Qualquer coisa.
A grande excursão de Lord Kaspar continuou por
mais uma hora inteira, e incluiu um bom período de silêncio
conspícuo do fundo da biblioteca.
Claramente algum tipo de trapaça, sem dúvida uma tentativa
de provar seu desejo por sua bela nova dama e seu total
desrespeito por sua assistente arrogante. E
quando Lord Kaspar finalmente conduziu Lady Scall porta
afora, e depois
voltou para encontrar Rosa ainda nas prateleiras, ela estava
tão furiosa que mal conseguia falar.
"Meu senhor," ela disse, com os dentes cerrados,
enquanto colocava seus livros na mesa mais próxima. "Lady
Scall gostou do seu passeio?"
Lord Kaspar parecia distintamente desgrenhado e
distraidamente passou a mão pelo cabelo castanho ondulado,
dando a Rosa um sorriso tímido e indulgente. "Bastante, eu
acho," respondeu ele. "Não me diga que você está com
ciúmes, Rosa querida? Ou talvez," — sua cabeça inclinou —
"você tenha medo que ela fique com ciúmes de você?"
Rosa não pôde evitar um estremecimento traidor e, em
resposta, Lord Kaspar soltou uma
risada baixa e conhecedora. "Não se preocupe, querida," ele
disse, enquanto se aproximava um passo fácil. "Vai ser
preciso mais do que uma esposa ciumenta para me fazer
desistir de você, minha esperta leitora de livros.
Especialmente quando" — ele levantou uma mão elegante de
dedos longos para acariciar levemente sua bochecha — "tenho
um novo projeto de pesquisa para você, amor. Um crucial."
Um novo projeto de pesquisa crucial? Rosa não pôde
negar a chama traiçoeira de interesse que surgiu em seus
pensamentos, e o sorriso de Lord Kaspar se alargou quando
ele novamente acariciou sua bochecha. "Eu preciso de você,"
disse ele, "para encontrar uma maneira de acabar com os
orcs."
Os orcs. "Os orcs, meu senhor?" Rosa perguntou,
franzindo a testa para seu rosto satisfeito e expectante. "Os
orcs com quem nossa província acabou de assinar um extenso
acordo de paz? Nenhuma agressão, nenhuma retaliação, de
nenhuma das partes, sob ameaça de consequências graves e
duradouras?"
"Sim, sim, claro," disse Lord Kaspar, com um traço
de impaciência em sua voz. "Aqueles orcs, amor. Fui
encarregado de encontrar uma maneira de contornar
aquele maldito novo acordo de paz, sem sujar as mãos ou
gastar mais de nossos recursos limitados. Precisamos acabar
com esses bastardos selvagens de uma vez por todas, e
realmente ser espertos sobre isso desta vez."
O cérebro de Rosa já estava agitado — quem teria
dado a Lord Kaspar uma tarefa tão alarmante, talvez seu pai
duque, talvez o poderoso Conselho dos Lords do reino? — e
apesar de tudo, ela sentiu sua cabeça dar uma sacudida rápida
e trêmula. "Mas para um projeto desse calibre, meu senhor,"
ela
disse, "você precisa de advogados de verdade. E estrategistas
militares, e afins. Não" — ela respirou fundo — "eu."
Mas a boca de Lord Kaspar se curvou em outro sorriso
frio e avaliador. "Pelo contrário, querida," ele respondeu,
"você é exatamente o que eu preciso. As vias legais e marciais
já foram minuciosamente investigadas e encontradas
atualmente — indesejáveis, neste momento, e muito caras. O
que precisamos agora é de algo novo. Fraquezas. Escândalos.
Atrocidades chocantes. Algum meio infalível de incitar as
massas a marchar sobre aquela maldita Montanha Orc com
forcados."
Oh. Então Lord Kaspar queria provocar uma rebelião
camponesa. Assim ele não teria que pagar por sua própria
guerra maldita. E enquanto Rosa não tinha nenhum carinho
especial por orcs — por todos os relatos, eles eram bestas
selvagens, perigosas e
brutais, que roubavam mulheres para gerar seus filhos
enormes e mortais
sobre elas — este tratado de paz entre homens e orcs havia
sido assinado apenas seis meses atrás. E o acordo original
assinado, completo com um longo e detalhado endosso do
respeitado Lord Otto, havia sido
arquivado aqui, na Dusbury Library.
É claro que Rosa o havia lido — em seus nove anos
de trabalho aqui na biblioteca, ela lerá quase todos os novos
tomos e arquivos que chegavam — e o achará surpreendente,
e talvez desconcertante também. Alegando que os orcs
viciosos, violentos e belicistas realmente ansiavam por paz.
Com camponeses, bem como senhores. Com todos os
humanos.
"Bem," disse Rosa, olhando desamparada para as
estantes, "por que não pedir ajuda à universidade? Certamente
há qualquer número de alunos reais e estudiosos que poderiam
ser suficientes?"
"Absolutamente não," respondeu Lord Kaspar, a voz
entrecortada. "Este projeto é ultra-secreto, e os resultados
precisam vir apenas de mim. Além disso, a maioria desses
alunos são imbecis demais para assumir tal tarefa. Preciso de
inteligência real e imaginação suficiente para isolar as
possibilidades mais promissoras. Alguns conhecimentos
sobre o cérebro camponês comum também são essenciais."
Rosa engoliu em seco, seu olhar caindo para o chão
entre eles, e
embora ela soubesse que agora era obrigada a falar, a
concordar ansiosamente com um projeto tão prestigioso, nada
parecia acontecer. Lord Kaspar e seus companheiros nobres
queriam começar uma guerra. E pior, eles queriam manipular
pessoas inocentes e empobrecidas para lutar por eles. Morrer
por eles.
Houve um instante de silêncio, durante o qual Rosa
quase pôde sentir a desaprovação de Lord Kaspar, penetrando
fundo em sua pele. E então aquele toque se tornou verdade,
com dedos frios e duros agarrando seu queixo e inclinando-o
em direção a ele.
E amaldiçoe-o, mas apesar de ser bem mais de uma
década mais velho do que os vinte quatro anos de Rosa, o
pomposo, marginalmente inteligente e repugnantemente
privilegiado Lord Kaspar também era injustamente,
incrivelmente bonito. Com aqueles cachos escuros e cílios
grossos, o queixo quadrado bem barbeado, as sombras sob
seus olhos cinzentos que falavam de muitas noites passadas
lendo. E seus longos dedos no rosto de Rosa eram fortes,
familiares, como se ele tivesse todo o direito de
tocá-la, de fazer com ela o que quisesse.
O que, claro, ele fazia. E Rosa viu o momento exato
em que ele se lembrou, o calor e a determinação brilhando
naqueles lindos olhos cinzentos.
"Você vai fazer isso por mim, Rosa," disse ele, sua
voz mais baixa, mais suave. "Você não vai, pequena e
inteligente leitora de livros?"
Rosa parecia estar ali, piscando para aqueles olhos, e
Lord Kaspar sorriu novamente, frio, divertido. "Não duvide
de suas habilidades, querida, se é isso que você está pensando.
Eu sei que você possui uma compreensão completa dos
recursos atuais desta biblioteca sobre o assunto e não lhe falta
compreensão de leitura ou imaginação. E, graças ao seu
histórico..."
Ele pelo menos teve a cortesia de não dizer isso, de
apontar o
cérebro camponês comum de Rosa, ou sua educação inferior
na Escola de Caridade para Meninas. Mas Rosa sabia que ele
estava pensando, mesmo assim, e seu sorriso era quase
apologético desta vez, seus dedos apertando o queixo dela
com mais força.
"Você vai, Rosa," disse ele com firmeza. "Você usará
os abundantes recursos desta biblioteca para ajudá-la e falará
com Southall para obter todos os requisitos do relatório e
quaisquer fontes extras que possa precisar. E quando eu voltar
de minhas viagens em três semanas, você terá minha proposta
pronta e esperando, cheia de novas revelações chocantes sobre
aquelas
feras selvagens. Você não quer me decepcionar com isso,
querida. Não agora."
Seus olhos lançaram um olhar breve e significativo
em direção à porta — em direção a Lady Scall, oh deuses.
Lord Kaspar quis dizer isso como uma ameaça. E de repente
o terror estava gritando novamente, espalhando-se pelos
pensamentos de Rosa, ela realmente começaria uma guerra,
para manter seu emprego, sua biblioteca, seu sustento? Tudo?
"Mas, meu senhor," ela ouviu sua voz queixosa dizer.
"E se eu não quiser fazer parte de uma guerra?"
Houve um lampejo de raiva inegável nos olhos de
Lord Kaspar, o suficiente para fazer Rosa estremecer — mas
depois desapareceu novamente, se transformando em algo
que ela não conseguia ler ou seguir. "Você não está, querida,"
ele disse, sua voz estranhamente monótona. "Você está apenas
servindo a seu senhor, que tem sido extremamente generoso
com você nos últimos nove anos. E certamente, agora você
sabe que me agradar em um projeto tão importante só pode
beneficiá-la. Não apenas
financeiramente, mas pessoalmente também."
Financeiramente. Pessoalmente. E foi esse último que
finalmente pegou, segurou, agarrou algo no fundo. Algo que
arrepiou a espinha de Rosa, e ela apertou os olhos, respirou
fundo,
corajosa. Ela poderia dizer isso. Ela poderia tentar novamente.
Ela poderia…
"Pessoalmente?" ela se obrigou a perguntar. "Como
você finalmente me patrocinando como
estudante, meu senhor? Publicamente? Na Universidade?"
Sua voz soou muito alta, muito presunçosa, ecoando
dolorosamente nas estantes, no silêncio repentino de Lord
Kaspar. E quando Rosa piscou de volta para o rosto dele, era
muito fácil ver os mesmos
velhos argumentos cansados, passando um por um em seus
olhos vazios. As mulheres não
pertencem a uma universidade. As mulheres só podem ser
admitidas em circunstâncias excepcionais. Eu já fui além para
garantir a você esta posição aqui na biblioteca, mesmo esta
função deveria por direito pertencer a um homem...
Mas Lord Kaspar não falou nada disso em voz alta.
Insinuando, talvez, que toda a situação era muito mais terrível
do que ele havia indicado a princípio, e Rosa se manteve alta
diante dele, mantendo o olhar em seu rosto pálido. "Porque é
isso que eu quero, meu senhor," ela disse, sua voz um
sussurro. "Mais do que nada. Por favor."
Houve outro instante de quietude, a inquietação e a
irritação
guerreando por trás dos lindos olhos cinzentos de Lord
Kaspar, até que finalmente ele tirou a mão do rosto de Rosa e
deu um suspiro pesado e exasperado.
"Muito bem," disse ele, a voz fina. "Se você me
impressionar com este projeto — se você me impressionar
muito, muito, o suficiente para alcançar nossos objetivos —
então
vou pedir uma isenção para você. No outono."
O coração de Rosa saltou, martelando forte e
selvagem, e ela não pôde evitar um sorriso largo e genuíno
para o rosto de Lord Kaspar. "Obrigada, meu senhor," ela
respirou, apertando ambas as mãos em seu peito. "Obrigada.
Eu vou impressionar você,
você vai ver. Eu vou explodir sua maldita mente."
A irritação havia sumido um pouco dos olhos de Lord
Kaspar, substituída por uma diversão familiar e tolerante.
"Tenho certeza que você vai, querida," ele disse, com aquela
cadência baixa e reveladora em sua voz. "Enquanto isso,
talvez você possa encontrar algo mais para explodir?"
Os deuses amaldiçoam o bastardo, mas sua
sobrancelha arqueada já se ergueu,
suas mãos se movendo para baixo para desabotoar a parte
frontal de suas calças. Sabendo
muito bem que Rosa nunca recusaria, principalmente não
agora, não com uma oferta dessas na mesa.
Mas mesmo assim, por um breve instante de
suspensão, houve novamente o desejo miserável e irresistível
de jogar um livro enorme diretamente em seu rosto
presunçoso e bonito. Para gritar com ele, não, seu grande
babaca preguiçoso, por que você não escreve suas próprias
malditas propostas, começa sua maldita guerra. Faça Lady
Scall te chupar, se ela é tão importante para você...
Mas Rosa precisava desesperadamente desse
emprego, e das roupas ocasionais que ele fornecia, e de seu
escasso salário. Ela precisava desta biblioteca. E se houvesse
a menor chance de finalmente, finalmente, tornar-se uma
estudiosa de verdade, depois de todos esses anos — então ela
precisava engolir isso. De todas as formas possíveis.
Então ela acenou com a cabeça, com apenas uma leve
hesitação, e até conseguiu
outro sorriso para o rosto pomposo e satisfeito de Lord Kaspar
— antes de cair, com força, de joelhos no chão diante dele.
"Claro, meu senhor," ela disse, com os dentes
cerrados, enquanto o segurava firmemente na mão. "Tenho o
maior prazer em servir."
Capítulo 2
Três dias depois, havia um orc. Na biblioteca.
"Um orc?" Rosa repetiu, em direção aos olhos brancos e
arregalados de Susan. "Aqui?"
Susan assentiu freneticamente, acenando com seu
espanador visivelmente trêmulo espanado na direção do canto
mais distante. Bem além das pilhas altas, e
Rosa olhou em direção a ela, e depois de volta para Susan
novamente. Susan era a empregada matinal regular da
Biblioteca Dusbury, uma mulher idosa e dispersa que tinha
um medo profundo de fadas e do submundo, e que mais de
uma vez afirmou ter visto fantasmas flutuando entre as
estantes.
"Você tem certeza que era um orc?" Rosa perguntou,
embora ela sentisse sua voz baixando, seus olhos lançando
outro olhar cauteloso para o canto mais distante. "Como ele
entrou? Tranquei a porta ontem à noite e tenho certeza de que
fiz isso
corretamente."
"Estava trancada quando cheguei," disse Susan, com
sentimento. "Mas então — ele!"
Ele. Suas mãos ainda estavam tremendo, seus olhos
piscando ao redor da sala, e ela deu um passo para trás, em
direção à porta. "Talvez ele tenha cavado um túnel
no porão," sua voz ofegante continuou. "Ou talvez ele tenha
usado a
desagradável magia negra dos orcs. Ou talvez ele esteja aqui"
— sua voz caiu para um sussurro — "para você."
Para você. As palavras enviaram um arrepio inegável
pelas costas de Rosa, e ela respirou fundo e fortificante.
Ninguém além do Sr. Southall, que serviu como diretor da
biblioteca e secretário de Lord Kaspar, sabia sobre a pesquisa
orc de Rosa — certamente ninguém mais sabia — mas o fato
de que um orc apareceu ali, pessoalmente, apenas alguns dias
depois que ela foi encarregada disso...
E graças aos três dias de leitura copiosa de Rosa, ela
agora sabia
mais do que jamais imaginará sobre orcs. Eram feras cruéis e
sanguinárias. Eles usaram sua magia negra e perigosa para
roubar
mulheres infelizes e aterrorizadas, beber seu sangue e infectá-
las com seus filhos enormes e violentos. Seus filhos eram uma
sentença de morte, sua enorme Montanha Orc era uma
armadilha mortal, seus caminhos eram estranhos, sem sentido
e errados. Eles eram um flagelo no reino, e eles mereciam ser
esmagados sob os pés e
queimados vivos, e sua montanha reduzida a cinzas e
pedacinhos.
E até este exato momento, parecia uma completa
besteira. Bobagens absolutas, não comprovadas e risíveis,
com apenas uma fonte primária — e nenhuma fonte orc
genuína — para ser vista.
Mas agora? Agora que aparentemente havia um orc da
vida real, aqui, na biblioteca?
"É melhor você amarrar o cabelo, mocinha," Susan
cortou com firmeza. "E encontrar algo para amarrar seu busto.
E você está usando roupas íntimas adequadas, não é?"
O que? Rosa piscou estupidamente para Susan — na
verdade, ela havia perdido o hábito de usar roupas íntimas
adequadas para trabalhar há muito tempo, a fim de atender
melhor às necessidades muito frequentes de Lord Kaspar —,
mas então ela balançou a cabeça com força. Oh. É claro. O orc
pode estar aqui para — isso. Sequestro. Forçar. Devastar.
"Hum," Rosa conseguiu dizer, em torno de sua língua
estranhamente emaranhada. "Claro que não, Susan. O acordo
de paz assinado, na seção quatro, diz —"
"Quem se importa com o que diz," Susan interrompeu,
com uma nova urgência em sua voz. "Precisamos nos livrar
dele imediatamente. Vou chamar a guarda da cidade agora,
uma dúzia de homens deve ser suficiente para lidar com ele,
você não acha?"
Espere, espere, espere. Uma dúzia de homens?
Lutando contra um orc aqui, na biblioteca?! E bem acima do
resto da bagunça que atualmente atormentava os pensamentos
de Rosa,
havia a visão assustadora e arrepiante de prateleiras
derrubadas, volumes rasgados e pisoteados, sangue subindo e
jorrando por toda parte…
"Não," Rosa sibilou, agarrando o braço de Susan.
"Orc ou não, não haverá luta nesta biblioteca. Se você se
atrever a chamar esses homens aqui, Susan, sinto
muito, mas vou libertá-la. Permanentemente."
O lampejo de medo nos olhos de Susan foi quase o
suficiente para fazer Rosa se arrepender de sua ameaça, mas
não exatamente. A coleção desta biblioteca era absolutamente
inestimável — muitos dos volumes foram copiados à mão e
totalmente insubstituíveis — e como diabos haveria uma
briga acontecendo aqui sob a vigilância de Rosa.
"Então o que você vai fazer com ele?" Susan
lamentou. "Você não pode
simplesmente permitir que um orc entre na biblioteca?"
Era um ponto válido, e Rosa respirou fundo, instável.
Havia um orc na biblioteca. Ela foi confiada com esta
biblioteca. E ela estava
finalmente, finalmente prestes a se tornar uma estudante, e de
jeito nenhum um orc arruinaria tudo isso. Não agora.
"Não, o orc tem que ir," Rosa disse com firmeza.
"Então eu vou dizer a ele para sair."
E antes que ela perdesse a coragem, ela girou nos
calcanhares e entrou nas pilhas em direção a ele.

Capítulo 3
As probabilidades a amaldiçoam, mas Susan estava
certa. Havia um orc, na biblioteca. Rosa meio que esperava
não encontrar nada nos fundos, apenas mais uma prova da
imaginação hiperativa de Susan — mas quando ela caminhou
ao redor da última prateleira, em direção à mesa que ela sabia
estar escondido atrás dela, ela sentiu seu corpo parar, seu
coração batendo contra sua garganta.
Havia um orc. Na biblioteca.
Ele estava sentado à mesa, sua cabeça escura
inclinada sobre um livro aberto, seu rosto escondido na
sombra — mas não havia como confundir seu tamanho
enorme, ou o tom cinza profundo de sua pele. Ou — Rosa
estremeceu toda — as longas e pontiagudas garras pretas nas
pontas de seus dedos, uma das quais lenta e casualmente,
virou para a próxima página de seu livro.
Rosa não pôde evitar um suspiro chocado e
estrangulado, e ao som, o orc olhou para cima. E seu rosto,
seu rosto era duro e carrancudo, seus ossos angulosos e
intransigentes, sua boca uma linha fina e cruel. E os olhos dele
eram de um preto profundo, sem fundo, de cílios longos e
piscando, e ao vê-los a mão de Rosa esvoaçou até seu coração,
seus pés tropeçando e cambaleando para trás.
Havia um orc. Na biblioteca. Lendo um livro.
Sem querer, Rosa sentiu-se girar e correr de volta
pelas pilhas. De volta para Susan, e segurança, onde o mundo
fazia sentido. Onde orcs não liam livros, em bibliotecas.
"Então?" Susan exigiu, uma vez que ela viu Rosa. "O
que aconteceu? Você disse a ele para sair?"
O cérebro de Rosa parecia preso em uma neblina,
nadando sem rumo, e ela agarrou o livro que havia guardado
ansiosamente debaixo da
mesa de empréstimo. The Lady Bright, como se chamava —
tinha sido uma aventura absolutamente deliciosa, até que Rosa
teve que abandoná-la em favor do
projeto de Lord Kaspar — e ela a apertou contra o peito,
respirou o cheiro familiar e reconfortante de papel e tinta e pó.
Havia um orc. Na biblioteca dela.
Lendo um livro.
"Não," ela disse, sua voz saindo curiosamente oca.
"Ele estava — lendo."
"E daí?" Susan respondeu, com ainda mais
beligerância do que antes, sugerindo que talvez uma leitura
orc fosse tão inapropriada quanto uma corrida sobre mutilação
e assassinato. "Por que você não disse a ele para onde ir? Devo
chamar o guarda depois de tudo?"
O pânico surgiu novamente no peito de Rosa, e ela
agarrou o livro com mais força. Não. Não poderia haver luta,
o orc tinha que sair, não importava se ele estava lendo ou não.
Ele tinha que ir.
Ela girou novamente em direção às estantes,
mantendo The Lady Bright perto de seu peito, quase como se
pudesse defendê-la dos caprichos de um orc leitor. Quem teria
imaginado que orcs sabiam ler, ou talvez ele estivesse apenas
fingindo, esperando até que Rosa estivesse sozinha. E então,
ele iria dominá-la, prendê-la, mordê-la, levá-la embora. Ou
pior, exigir que ela abandone sua pesquisa e arruinar suas
chances de se tornar uma acadêmica de verdade para
sempre…
Mas quando Rosa parou diante do orc novamente,
levantando o queixo, ele não parecia interessado em exigir,
prender ou sequestrar. Na verdade, ele não parecia nem um
pouco interessado nela, e apenas franziu a testa para seu livro,
virando outra página com uma garra negra afiada. Ele estava
mordendo o lábio desta vez, mostrando apenas um indício de
uma presa branca pontiaguda, e Rosa não pôde evitar um olhar
furtivo e desaprovador para a lombada do livro. Era um pouco
demais, na verdade, para um orc ignorar completamente uma
mulher jovem, loira e decentemente atraente, que também
estava pesquisando ativamente
a morte de seu povo, em favor de ler um — Antidotarium and
Other Medical Recipes?
"Desculpe-me," disse Rosa finalmente, sua voz saindo
um coaxar. "Senhor."
Os olhos negros do orc olharam para cima novamente,
um sulco aparecendo entre eles, e ele abaixou o livro
ligeiramente. "Sim, mulher?"
A voz dele era baixa e suave, puxando algo tenso e
estranho na
barriga de Rosa, e ela respirou fundo novamente em seu livro,
ainda apertado contra o peito. "Receio," disse ela, "devo pedir-
lhe que deixe esta
biblioteca imediatamente."
O sulco entre as sobrancelhas do orc se aprofundou
acentuadamente, e ele colocou seu livro sobre a mesa —
tomando cuidado, Rosa percebeu de longe, para manter sua
garra em seu lugar na página. "Por que devo ir embora?" ele
respondeu, sua voz baixa cadenciando com um sotaque fraco
e desconhecido. "Não há mais ninguém lendo
aqui, e eu não faço mal nenhum."
Rosa engoliu em seco, procurando um pensamento
racional. "Esta biblioteca," ela engasgou, "é feita para
humanos."
Havia uma curva desdenhosa no lábio do orc,
mostrando mais daquela presa branca pontiaguda. "Esta
biblioteca foi feita para humanos," disse ele, com forte ênfase
na era. "Mas ultimamente, vocês humanos assinaram um
novo tratado com meus parentes. E este tratado afirma que os
orcs podem entrar e utilizar livremente todos os locais
públicos na província de Sakkin, desde que sigam todas as
leis humanas aplicáveis e práticas comuns ao fazê-lo."
Era uma citação direta do tratado escrito, Rosa notou
com uma careta, e ela lutou para entender seus pensamentos
confusos. A biblioteca estava
tecnicamente aberta ao público, sim, contanto que eles não
tirassem nenhum livro — mas a Dusbury University não
aprovaria um orc usando sua biblioteca, tratado ou não. E
apesar desse projeto de pesquisa dele, Lord Kaspar seria o
detrator mais barulhento de todos. Ele ficaria chocado e
surpreso, ele questionaria o julgamento e a sanidade de Rosa,
não importa a qualidade de sua pesquisa, ela estaria jogando
fora suas chances de se tornar uma estudante antes mesmo de
começar...
E o mais aterrorizante de tudo, Rosa certamente
estaria jogando fora esse trabalho
na biblioteca também. Provando-se imprópria, imprudente,
tola demais para guardar adequadamente uma coleção tão
valiosa. E mesmo que ela tivesse a garganta mais profunda
do reino, ainda assim não faria bem uma vez que Lord Kaspar
descobrisse.
Rosa fechou os olhos com força, lutando para
bloquear as visões em espiral de seu futuro arruinado — mas
o orc continuou falando, agora com desprezo velado. "Esta
biblioteca não é um lugar público? E não sigo suas leis e
práticas?"
O pânico continuava a soar mais alto no cérebro de
Rosa, e ela piscou os olhos abertos para encarar o rosto
anguloso e cinza do orc. "Bem," ela conseguiu dizer, "você
invadiu enquanto estávamos fechados. A porta estava
trancada. E, arrombando
e entrando" — ela respirou fundo — "é ilegal. Então aí. Você
infringiu a lei e, conforme o acordo, agora você vai embora."
A última parte saiu com uma satisfação vingativa, mas
o triunfo de Rosa durou pouco. Porque ao invés de
imediatamente discutir — ou sair — o orc visivelmente
estremeceu, suas garras apertando contra a página de seu livro
ainda aberto.
"Ach," ele disse. "Você fecha esta biblioteca à noite?
E este trinco na sua porta era realmente uma fechadura?"
Rosa fez um aceno decisivo e o orc estremeceu
novamente, agora franzindo a testa para seu livro. "Esta
fechadura," ele disse categoricamente, "não manteria ninguém
do lado de fora. Você deveria proteger melhor um lugar de
valor inestimável como este."
Sua mão em garra tinha dado um aceno fluido para o
resto da sala,
e seus olhos se ergueram para franzir a testa novamente para
Rosa, como se ela fosse
pessoalmente responsável por um descuido tão grande. Uma
implicação que irritou profundamente, e Rosa ficou mais alta
e olhou com raiva para o
rosto desaprovador dele.
"Se você quer saber, orc," ela retrucou, "eu tenho
pedido uma
porta nova e fechaduras melhores desde que comecei a
trabalhar aqui. Assim como estratégias de mitigação de
incêndios e inundações. Mas o que eu quero importa muito
pouco por aqui, e se meu patrono descobrisse que eu estava
permitindo que um orc lesse nesta biblioteca" — sua voz
falhou — "eu perderia meu emprego aqui, e meu
acesso à biblioteca completamente. Para sempre."
A carranca no rosto do orc não se moveu — se alguma
coisa, foi ainda
mais profunda — e ele olhou para seu livro, e de volta para
Rosa novamente. "Então
você deve quebrar seu próprio tratado," disse ele, sua voz
dura. "Você chamará homens armados, e eles me forçarão a
sair do meu livro, para que seu —
patrono — fique satisfeito com você."
Havia um latejar crescente atrás dos olhos de Rosa —
ela quebraria o tratado, sujeitaria sua preciosa biblioteca à
destruição, a fim de forçar este orc a se afastar de seu livro?
Um orc de leitura real e honesto, caiu direto no colo de Rosa,
quase imediatamente depois que ela foi encarregada de
pesquisar as fraquezas dos orcs...
Seus pensamentos voltaram para a pilha de recursos
na mesa de empréstimo, incluindo os dezoito livros inteiros
que ela já havia lido, junto com muitos mais panfletos e
tratados. E, além de uma exceção ocasional —
geralmente expressa nas palavras de uma testemunha
feminina supostamente não confiável — as fontes
concordaram universalmente que os orcs eram violentos,
perversos, depravados.
Sequestradores sedentos de sangue, licenciosos,
sequestradores, todos muito ansiosos para
se lançar sobre suas vítimas inocentes, para capturar e
violentar como bem entendessem...
Mas este orc estava olhando ansiosamente para seu
livro novamente, arrastando seu dedo com garras pela página
com uma reverência lenta e cuidadosa. E pela primeira vez,
ocorreu a Rosa procurar armas em volta dele — orcs sempre
estavam armados de forma extravagante, não estavam? —
mas um rápido olhar para cima e
para baixo em sua volumosa forma sentada não mostrou nada
disso. A túnica bege era justa, amarrada no pescoço, revelando
ombros largos e cintura lisa, e as calças, apenas visíveis aos
olhos atentos de Rosa, eram amarradas por um cordão,
sem que se visse cinto de armas ou punhos de espada. Apenas
uma sugestão de suas coxas poderosas sob a mesa, e Rosa
sentiu-se engolir em seco, seus olhos estalando
desconfortavelmente de volta para seu rosto ainda carrancudo.
"Bem, mulher?" ele exigiu, com ainda mais desprezo
do que antes. "Você deve chamar seus homens?"
A garganta de Rosa fez um barulho não muito
diferente de um rosnado, e ela esfregou a
cabeça dolorida. "Olha, você está armado? Você tem uma
espada? Um machado? Uma clava?"
O orc piscou, uma vez, antes de seu rosto se firmar
novamente. "Não,"
ele retrucou. "Eu não traria armas para uma biblioteca. Uma
batalha aqui poderia pôr em perigo muitos tomos de valor
inestimável."
Bem. Rosa sentiu os ombros caírem e lançou um olhar
rápido e inquieto por cima do ombro, para onde Susan estava,
esperançosamente, ainda fora do alcance da voz.
Rosa precisava impressionar Lord Kaspar. Ela precisava ter
sucesso neste maldito projeto de pesquisa. E isso — talvez
fosse uma oportunidade. Ou até mesmo um presente dos
deuses. Um verdadeiro orc vivo, aqui em sua biblioteca,
precisamente quando ela mais precisava de um…
"Ah, tudo bem, tudo bem," disse ela ao orc, baixando
a voz. "Fique se quiser. Mas você precisa se mover. Para lá."
Ela acenou para uma das portas fechadas próximas —
a entrada para o quarto privado dos fundos de Lord Kaspar —
e o breve olhar de surpresa do orc foi
imediatamente substituído por suspeita. "Você procura me
trancar lá," ele
respondeu, "e então chama seus homens."
Caros deuses, este orc, e Rosa revirou os olhos para
ele, ganhando um estranho e visível estremecimento de seu
grande corpo em resposta. "Não, orc," ela atirou de volta.
"Desejo mantê-lo fora de vista. Se mais alguém entrar aqui e
ver você, você vai embora, quer eu queira ou não. Você
entendeu?!"
Aqueles olhos de cílios longos piscaram para ela, mas
ele não falou. E quando Rosa deu um aceno exasperado em
direção à porta, ele finalmente empurrou a
cadeira para trás, pegou seu livro e se levantou suavemente.
E. Por um instante fugaz e congelado, foi como se a
sala tivesse gaguejado, pegando-se na visão bizarra e
inexplicável disso. Um orc alto, largo, de pele cinzenta, com
seus longos cabelos trançados e rosto duro e mandíbula
quadrada — e orelhas pontudas — estava de pé em frente à
mesa de Rosa, segurando um livro em seus dedos compridos
com garras, olhando para ela com um olhar negro sem olhos
fundo.
E talvez pela primeira vez hoje, Rosa teve uma breve
e aguda consciência de sua própria aparência. Ela ficou
acordada até tarde da noite pesquisando, e só teve tempo de
se lavar e se vestir apressadamente esta manhã — em um de
seus próprios vestidos surrados e confortáveis, em vez dos
elegantes e justos que Lord Kaspar forneceu — antes de correr
para trabalhar na chuva. O que significava que seu longo
cabelo loiro ainda estava molhado e desgrenhado, seu vestido
largo e amarrotado, e por que ela estava pensando essas
coisas, ele não era Lord Kaspar, ele era um orc —
"Entre," ela grunhiu, e finalmente, graças aos deuses,
o orc se virou e foi. Abrindo o trinco do quarto com um
movimento fácil de sua mão, e entrando com passos largos e
graciosos antes de fechar a porta atrás dele.
Deixando Rosa ali sozinha ao lado da mesa,
respirando fundo, segurando o livro mais perto do peito. Foi
bom. Ela administrou a situação. Esta foi uma oportunidade.
E quando ela voltou em direção a Susan, foi quase
fácil sorrir para seu rosto desconfiado e colocar The Lady
Bright de volta na
mesa. "Na verdade funcionou," disse ela, tão brilhantemente
quanto podia. "Ele se foi. Mandei-o pela porta dos fundos,
para não assustá-la ainda mais."
O alívio de Susan foi tão palpável que ela realmente
deixou cair o espanador e, quando o pegou novamente, já
estava tagarelando alegremente, de volta ao seu estado
habitual. O que diriam seus vizinhos quando soubessem que
ela tinha visto um orc, se ele realmente ainda fingisse ler, e se
Rosa tivesse conseguido evitar revelar seu cheiro, para que o
orc não a seguisse até a casa e sequestrá-la depois?
"Oh, eu não acho que ele estava nem um pouco
interessado em mim," Rosa disse, sua voz saindo
estranhamente monótona. "Ele só se importava com seu livro.
Um antídoto."
Susan cacarejou e protestou, lembrando-se
gentilmente dos vários homens que perderam a cabeça por
causa de Rosa, e se Lord Kaspar não estivesse tão
envolvido com Lady Scall, Rosa ainda poderia ter uma chance
de desembarcá-lo para
sempre, talvez?
Rosa não perdeu tempo corrigindo Susan dessa ilusão,
e em vez disso assentiu e sorriu nas pausas apropriadas. Até
que Susan finalmente
parou de falar e foi embora, fechando a porta atrás de si com
um estrondo de auto-satisfação.
E finalmente — finalmente — silêncio. O suficiente
para que Rosa finalmente pudesse respirar novamente, apesar
de sua consciência muito presente daquele quarto fechado dos
fundos, com aquele orc alto e desconcertante dentro dele. Na
biblioteca dela. Lendo um livro.
Mas não havia nenhum sinal real dele, apenas o
silêncio, espalhando-se amplamente, perto e familiar. Era
provável que fosse um dia tranquilo, com o clima
desagradável lá fora, e Lord Kaspar certamente estaria fora
por pelo menos mais duas semanas.
E enquanto isso, Rosa faria um plano para este orc.
Ela iria
impressionar Lord Kaspar. E não importava o que custasse,
ela começaria esta maldita guerra.

Capítulo 4
Rosa passou o resto da manhã trabalhando
freneticamente na mesa de empréstimo, esboçando um plano.
Ela precisava ir além de suas fontes, e todas as suas besteiras
inúteis e inverificáveis. Já havia ocorrido uma guerra
interminável entre orcs
e homens, impulsionada por todas aquelas reivindicações
cansadas e familiares — e por mais que Rosa odiasse admitir,
Lord Kaspar estava certo. Para começar uma nova guerra, ele
precisava de
algo novo. Fraquezas, ele disse. Escândalos. Atrocidades
chocantes.
Algo convincente o suficiente para incitar uma rebelião em
grande escala.
E não era como se esse orc fosse oferecer uma
informação tão maldita de bandeja, é claro. Mas Rosa poderia
tentar. Ela poderia tentar
puxar conversa. Construa um relacionamento. Os orcs eram
supostamente atraídos por mulheres, mulheres desejadas — e
Rosa tinha uma vasta experiência em dar a
homens poderosos exatamente o que eles queriam. Ela não?
No momento em que ela encheu sua folha com sua
escrita cada vez mais apertada, sua mão estava trêmula e
úmida, seu coração batendo de forma irregular contra suas
costelas. Mas ela acenou com a cabeça enquanto examinava
seu roteiro limpo e reiterou mentalmente os pontos principais.
Apresentações primeiro. E então ofertas de ajuda. E então,
talvez, admitindo uma verdade parcial de sua pesquisa,
pedindo alguma orientação em algumas questões não
ofensivas. E depois…
Ela colocou a pena de lado com dedos trêmulos, e
novamente pegou The Lady Bright, apertando-a contra o
peito. Era um bom plano. Era o melhor que se podia esperar,
dadas as circunstâncias. Era uma
oportunidade.
Ela se virou e caminhou com passos rápidos em
direção à sala dos fundos, os olhos fixos no chão, seu
batimento cardíaco ecoando ainda mais alto em seus ouvidos.
E antes que perdesse a coragem, ela levantou a mão e bateu
com firmeza na porta ainda fechada.
"Olá?" ela chamou. "Você ainda está aí?"
Houve um som muito parecido com um grunhido em
resposta, então Rosa abriu a porta. Apenas para encontrar o
orc novamente sentado e lendo, desta vez na mesinha sob a
pequena janela da sala.
Seu corpo grande parecia quase comicamente grande
contra a mesa, e ele
parecia estar empoleirado de forma bastante precária no banco
— mas ele também conseguiu, de alguma forma, ainda fazer
a pose parecer fácil, lânguida, relaxada. Ele
ainda não havia terminado seu livro, talvez agora na metade,
e ele ainda estava lendo atentamente, seus olhos examinando
firmemente a página aberta.
E agora que o choque inicial de vê-lo havia passado,
Rosa podia admitir que sua aparência também não
correspondia às descrições de suas fontes. Os orcs deveriam
ser hediondos, tortos, carnudos, quebrados. Sua
pele deveria ser áspera e cheia de cicatrizes, seus cabelos
grossos e emaranhados, seus corpos volumosos e grosseiros e
desagradáveis.
Mas esse orc — os olhos de Rosa se moveram para
cima e para baixo em sua forma sentada — não era nada disso.
Seu rosto era forte, anguloso e de aparência afiada, sim, seu
cabelo trançado comprido e preto, sua pele daquele cinza
desconcertante — mas tudo era suave, equilibrado, sem
marcas de cicatrizes ou doenças. Seu nariz era reto, seu
maxilar quadrado, suas orelhas afiadas com aquelas pontas
elegantes contra seu cabelo grosso e brilhante.
E apesar de seu tamanho, seu grande corpo era tão
bem formado, largo e de aparência forte, os cumes duros de
músculo claramente visíveis sob o
tecido fino de sua túnica. E Rosa sentiu que seus olhos se
demoravam, primeiro em seus antebraços e pulsos tensos, e
depois em suas mãos grandes demais. Notando quão longos e
graciosos eram aqueles dedos em garra, enquanto fechavam o
livro entre eles, novamente tomando o cuidado de marcar a
página.
Algo se retorceu no fundo da barriga de Rosa,
poderoso o suficiente para trazer um suspiro calmo e aquecido
à boca dela — e quando seus olhos finalmente, tardiamente
dispararam para o rosto do orc, ela estava de repente,
intensamente consciente de que ele sabia. E talvez até
aprovasse, seu dente afiado apenas visível contra o lábio, seus
olhos negros varrendo rápido e forte para cima e para baixo o
corpo trêmulo e preso de Rosa.
Mas então, inexplicavelmente, o olhar do orc passou
propositalmente pela
pequena sala, em direção ao catre vazio de Lord Kaspar.
Permanecendo lá por um momento longo e trêmulo, antes de
deslizar de volta para Rosa novamente. E desta vez, havia
apenas uma cautela determinada em seus olhos, e talvez até
desaprovação.
"Mulher," ele disse, a voz monótona. "Para o que você
deseja agora."
Ele falou como se Rosa o estivesse assediando a
manhã toda, e ela mentalmente agarrada por compostura, por
seu plano. "Nós não nos conhecemos
corretamente, não é?" ela disse, com uma tentativa de sorrir.
"Oi, eu sou Rosa. Rosa Rolfe."
O orc continuou franzindo a testa para ela, e ela podia
ver sua garra batendo levemente, irritada, em seu livro
fechado. "E?" ele perguntou. "Isso é tudo o que você queria
abordar?"
A própria irritação de Rosa já estava voltando com
força, e ela apertou The Lady Bright contra o peito. "Não,
claro que não," ela respondeu,
tão suavemente quanto pôde. "Também é meu trabalho
supervisionar os usuários desta biblioteca. Eu precisava
garantir que você ainda estivesse cumprindo nossas regras."
"Senão você deve chamar seus homens para me
matar," o orc disse secamente. "Muito bem,
mulher. Sento-me aqui, como você me pediu, e leio. Isso não
está de acordo com suas regras?"
A boca de Rosa abriu e fechou inutilmente, e ela
lançou um olhar impotente ao redor do pequeno quarto, com
aquele catre e a estante de livros particulares de Lord Kaspar.
Ela nem deveria estar aqui sem ele, certamente não deveria
haver um orc aqui sem ele, deuses, ela
precisava se recompor, focar no plano, esta era sua chance —
O orc ainda estava franzindo a testa para ela, a
desaprovação ainda muito clara em seus olhos escuros, e Rosa
inalou o ar quente e estranhamente doce da sala. "Bem," ela
disse, "hum. Eu — estava esperando que você estivesse
disposto a tolerar uma interrupção momentânea? Conversar?"
Os olhos do orc continuaram olhando para ela, seu
lábio revelando uma curva tênue e zombeteira. "Não é isso
que você já faz?" ele perguntou. "Você ainda tem mais
interrupções para completar?"
Os pensamentos de Rosa se agitaram
desagradavelmente, e ela agarrou seu livro com mais força.
"Sim, eu faço," disse ela, sua voz apenas ligeiramente
vacilante. "Eu estive lendo sobre orcs recentemente, e eu
queria saber se você estaria disposto a responder algumas
perguntas básicas para mim?"
Aqueles olhos piscaram, uma vez, e Rosa não perdeu
a visão daquela grande mão com garras apertando contra seu
livro. "Perguntas," ele repetiu. "Para informar o quê?"
Rosa lutou para assumir seu sorriso mais brilhante e
inocente. "Minha curiosidade," disse ela. "Sobre sua cultura,
sua história, sua casa. É tudo muito fascinante, e as fontes de
nossa biblioteca são excessivamente unilaterais, e nós, como
humanos, somos lamentavelmente desinformados sobre orcs,
em geral."
Ela estava falando muito rapidamente, sua voz
subindo, e em resposta a carranca do orc só se aprofundou,
sua grande mão dando um vago aceno para a biblioteca ao
redor deles. "Você não é o culpada por encher esta biblioteca
com essas fontes unilaterais?" Ele demandou. "Por que devo
corrigir seu descuido? Seus humanos — e sua curiosidade —
devem ser muito mais bem servidos por melhores esforços, de
sua parte, em nome desta biblioteca."
A boca de Rosa estava aberta, mas ela a fechou
novamente, antes que sua resposta à espera pudesse sair dela.
"Eu não sou totalmente responsável por este
descuido," ela disse fracamente. "O trabalho de construir a
coleção da biblioteca cabe à universidade, ao diretor da
biblioteca e ao meu patrono."
Os olhos do orc se voltaram novamente,
inexplicavelmente, para o
catre de Lord Kaspar, e então de volta para Rosa novamente.
Parecendo ainda mais desaprovador, mais desdenhoso do que
antes, e com isso havia uma sugestão de um rosnado baixo,
profundo em sua garganta.
"E você não tem influência com esse seu patrono?"
ele disse sem rodeios. "Não fale falso comigo, mulher. O
cheiro de seu acasalamento com este homem enche esta sala
e, de fato, toda esta biblioteca."
O quê? O rosto de Rosa corou repentinamente e
escarlate, e seu coração deu um pulo
desconfortavelmente, seus olhos se voltaram impotentes para
aquela cama, imaginando todas as coisas que ela e Lord
Kaspar tinham feito lá. Deuses a amaldiçoem por
colocar esse orc aqui, ela deveria ter percebido que ele
cheiraria essas coisas, todas aquelas malditas fontes nem
sequer sugeriram um fato tão terrível —
"Minha vida pessoal," ela disse, "não é da sua conta,
orc."
O desprezo brilhou novamente naqueles olhos e, com
ele, algo quase como satisfação. "Não," disse ele. "E assim, a
minha também não é da
sua, mulher."
Rosa só conseguia ficar ali olhando, enquanto a
vergonha e a frustração subiam e martelavam em sua cabeça.
Este terrível orc a estava julgando. Zombando dela. E ainda
pior — ela engoliu em seco e levantou a mão para esfregar a
têmpora dolorida — ele estava se recusando a ajudá-la. Ele
não estava?
"Então você não vai responder a nenhuma das minhas
perguntas?" ela conseguiu dizer, sua voz saindo fina, quase
queixosa. "Nem mesmo algumas? Nem para ajudar corrigir
alguns equívocos sobre o seu povo?"
Algo escuro e perigoso parecia se instalar no corpo
enrolado do orc, e o sorriso que se curvou em sua boca era
frio, vingativo, cruel. O sorriso de um bruto, de uma fera, de
um monstro.
"Não, sua tola, tonta, mulherzinha inútil," ele rosnou.
"Eu não vou. E se você realmente deseja ser de alguma ajuda
para minha espécie, você deve ir embora imediatamente e me
deixar em paz!"
Capítulo 5
Rosa voltou para a mesa de empréstimo com uma
raiva cega e amarga.
Como ousa um orc zombar dela e insultá-la assim. Como ele
se atreve a falar tão rudemente com ela, depois que ela tão
gentilmente permitiu que ele ficasse. Como ele se atreve a
culpá-la pelas escolhas de toda uma universidade, quando ela
não tinha permissão para se tornar uma maldita estudante?
Ela abriu a capa do livro mais próximo — Orcs Run
Amok — e freneticamente, furiosamente, começou a ler. O
tempo todo lutando contra o desejo crescente e avassalador de
arremessar o livro do outro lado da sala ou voltar e gritar com
a cara horrível daquele orc assustador.
Eu não sou tola, ela queria gritar com ele. Eu não sou
inútil. Estou apenas fazendo a porra do meu trabalho.
Mas não. Não. Ela ficaria parada, continuaria lendo e
descobriria as
atrocidades chocantes de Lord Kaspar. Ela lhe daria sua
guerra. Ela o ajudaria a livrar o mundo de orcs cruéis,
enervantes e terrivelmente mal-educados.
Mas quanto mais ela lia, mais desesperado e fútil
parecia. Era tudo
a mesma besteira, redigida em termos ligeiramente diferentes,
e finalmente Rosa fechou o livro novamente e olhou para seu
plano cuidadosamente escrito.
Tente uma reportagem. Faça algumas perguntas. E depois…
Ela amassou o plano em uma bola apertada e depois o
rasgou em pedaços para garantir — mas o sussurro ainda
estava lá, quieto e aterrorizante em seu crânio. Os orcs
deveriam gostar de mulheres. As mulheres foram as únicas
atípicas em toda a sua pesquisa. E sinceramente, apesar de sua
personalidade abominável, o orc não tinha sido tão hediondo
ou
desagradável como ela esperava. E entao…
Rosa penteou o cabelo com as mãos trêmulas e alisou
a frente do vestido surrado. E então, mais uma vez, ela
caminhou pelo corredor em direção à sala dos fundos, cada
passo mais lento e mais pesado que o anterior. Se ela
conseguisse, ela se tornaria uma estudante. Um estudante de
verdade. Uma estudiosa.
Ela não esperou por uma resposta à sua batida desta
vez, mas apenas abriu a porta e entrou. De volta ao calor
calmo e perfumado, à verdade já degradante de um orc que
ainda continuava lendo, sem lhe dar um único olhar.
"Eu ainda mantenho suas regras," ele disse distante,
seus olhos passando rapidamente pela página. "Seu trabalho
está bem feito, mulher."
Era sarcasmo, ele estava zombando dela novamente, e
Rosa cerrou os dentes, respirou fundo e caminhou mais para
dentro da sala. Para se sentar no catre de Lord Kaspar, onde
ela apertou os joelhos e apertou as
mãos nervosas contra eles.
"Sua zombaria não é apreciada, orc," ela disse
finamente. "Fiz-lhe uma gentileza, permitindo que ficasse
aqui, quando isso poderia me custar meu emprego. A coisa
educada a fazer seria retribuir o favor."
Ela estava olhando para o perfil do orc, agora, para
seu nariz perfeitamente reto, sua mandíbula quadrada e afiada,
flexionando sob sua pele. "É meu direito, por lei, ler nesta
biblioteca," ele respondeu, sem sequer olhar para ela. "Eu não
tenho nenhuma
dívida com você."
"Você me deve," Rosa retrucou, a frustração
aumentando em sua voz. "Você invadiu. Você infringiu a lei."
"E assim devo compartilhar com você verdades
profundas de minha família?" ele exigiu,
quando finalmente olhou para Rosa novamente, seus olhos
brilhando, desaprovando, zombando.
"Muito bem, mulher. Aqui estão algumas verdades para você.
Eu sou um orc. Eu moro no lugar que você chama de
Montanha Orc. Eu carrego garras afiadas, presas afiadas e
orelhas afiadas. Seu povo há muito trava uma guerra cruel e
injusta contra o meu. Eu não posso nem ler pacificamente em
uma biblioteca sem questionamento e culpa. Isso paga minha
dívida com você?"
O estômago vazio de Rosa se mexeu
desconfortavelmente, e ela desviou o olhar de seu olhar
enervante e formigante, em direção à parede oposta. "Olha, eu
não estou tentando — oprimir você," ela disse, estremecendo
com as palavras. "Só estou
pedindo sua visão. Sua ajuda."
Mas mesmo isso soou oco, quebradiço em seus lábios,
e na frente dela o orc fez um som que poderia ter sido uma
risada, dura e desdenhosa. "Minha ajuda," repetiu. "Eu não
consigo entender completamente, mulher, por que eu te
concederia
isso livremente."
Rosa mordeu o lábio, olhou para os joelhos. Ela
poderia fazer isso. Tudo o que precisava ser feito, para se
tornar uma estudante. Uma estudante de verdade. Uma
estudiosa.
"Eu poderia oferecer o pagamento," disse ela, de
joelhos. "Se isso pode ser algum incentivo."
Houve um instante de silêncio vazio e arrebatador, e
quando Rosa arriscou um olhar para cima, o orc estava
novamente olhando para ela, seu olhar brilhante de descrença.
"Que pagamento?" Ele demandou. "Não sinto cheiro de ouro
ou bugigangas nesta biblioteca, nem de comida também. O
que você pode me oferecer? Bens? Livros?"
Sua cabeça se inclinou por último, seus olhos olhando
para a pequena estante de livros de Lord Kaspar, quase como
se ele pudesse realmente considerar trocá-los — e Rosa
acenou freneticamente com as mãos, balançando a cabeça
para frente e
para trás.
"Não!" ela respondeu. "Nenhum livro, claro que não,
os livros não têm preço e não são meus para oferecer. Eu
nunca poderia habilitar o roubo de livros. Eu quis dizer —"
O orc estava olhando para ela novamente, boca
franzida, sobrancelhas levantadas — então Rosa engoliu a
constrição em sua garganta e apertou os
dedos trêmulos nos joelhos. "Eu quis dizer," ela continuou,
sua voz quase um sussurro, "eu poderia, hum, te agradar.
Trazer-lhe satisfação. Hum. Fisicamente."
A quietude parecia um tapa, de repente, chocante e
dolorosa entre eles — e ainda pior foi a risada abrupta e rouca
do orc. "Ach, mulher," ele
disse, ralando, magro. "Eu sou um orc, e assim você acha que
eu vou trocar todas as verdades de minha família, por alguns
golpes rasos em sua boquinha fraca?"
O rosto de Rosa estava queimando furiosamente, o
suficiente para que ela tivesse que levantar as mãos para
esfregar suas bochechas. "Não seria superficial, eu sou boa em
—" ela começou, antes de fechar os olhos com força. "Quero
dizer, poderia ser — outra coisa. Se você preferir."
Houve mais espanto inconfundível, trepidando pela
sala muito pequena — e então outra risada latindo, alta e
profunda. "Você deseja que eu acasale com você?" ele exigiu,
sua voz fria, incrédula. "Você não pode realmente ser esta
tola, pequena mulher?"
Rosa engoliu em seco, mas forçou o queixo a erguer,
os olhos para segurar seu rosto tenso e zombeteiro. E ela podia
ver algo mudar, piscando através daqueles olhos escuros — e
então, um clarão revelador de suas narinas, um leve arco de
sua cabeça. Quase como se estivesse cheirando o ar. Sentindo
o cheiro dela.
E por um breve instante, todos os planos e objetivos
de Rosa se dissiparam no vazio. Perdido no brilho escuro
daqueles olhos, a inspiração profunda daquele peito largo. A
visão lenta e inexplicavelmente atraente de uma língua negra
sinuosa, deslizando para fora para roçar vagarosamente seus
lábios separados e sensuais...
Era como uma compulsão, uma força imóvel,
puxando Rosa para cima de seus pés instáveis. Movendo-a um
passo mais perto, e outro, até que ela estava bem perto dele,
olhando para baixo, observando os
olhos negros semicerrados. E sua mão, sua mão de alguma
forma se ergueu entre eles, seus
dedos trêmulos flutuando pelo ar quente e cheiroso — e então
parando, impossivelmente, contra aqueles lábios quentes e
entreabertos.
O orc respirou de novo, cílios longos esvoaçando, e
enquanto Rosa observava, tensa, presa e congelada, aquela
língua preta e lisa saiu,
rápida e proposital, para se enrolar contra seus dedos. Quente
e úmido e
chocantemente excitante, e não havia nada que ela quisesse
mais, neste
instante, a não ser deslizar os dedos entre os lábios dele, sentir
o calor de sua linda boca líquida, sugando docemente contra
sua pele...
O mundo deu um solavanco e girou ao mesmo tempo,
enviando Rosa cambaleando para trás, mãos quentes e fortes
agarrando seus ombros — e quando ela se encontrou
novamente, ela estava de pé ao lado da cama, tremendo toda,
enquanto um enorme e ameaçador orc pairava sobre ela, seus
lábios rosnando, seus olhos brilhando com amargura e raiva.
"Não, sua pequena humana enganadora," ele
assobiou. "Você não deve me usar para seus próprios
objetivos. Posso ser um orc, mas não sou um tolo. Agora me
deixe em paz. Como eu lhe pedi. De novo e de novo."
Rosa só parecia piscar para ele, enquanto o desgosto
pulsava e
desviava em seu crânio. "Eu não estava tentando usar você,"
ela começou, e talvez isso fosse mesmo verdade — era? "Eu
só queria —"
Você, ela estava prestes a dizer, e meus deuses, o que
havia de errado com ela hoje, ela não queria um orc, ela nunca
iria querer um orc, especialmente um tão frio, cruel e
aterrorizante como este —
Mas a negação não viria, nada viria, e o longo braço
do orc se ergueu para apontar para a porta, lento, proposital,
uma ameaça. "Eu não me importo com o que você quer,
mulher tola," ele rosnou. "Deixe-me."
Rosa ainda não conseguia se mexer, não conseguia
pensar, a raiva dele era dela, estava
dobrando o quarto ao seu redor, engolindo-a viva...
"Saia!" ele rugiu. "Agora!"
E graças aos deuses, finalmente, os pés de Rosa
cambalearam de volta à vida — e com um choro agudo e
miserável, ela correu.

Capítulo 6
O resto do dia passou em um borrão trêmulo e
trêmulo. Com Rosa em seu lugar atrás da mesa de
empréstimo, lutando para manter a
compostura, enquanto as visões daquele orc — e a doce
carícia da sua língua, e seus gritos furiosos — giraram e
rasparam através de seu
cérebro.
Eu não tenho nenhuma dívida com você. Você não
deve me usar. Me deixe em paz. Como eu lhe pedi, de novo e
de novo.
As palavras pareciam tão erradas, tão amargamente
desconfortáveis, quase como se Rosa
tivesse de alguma forma sido a agressora para ele — mas ela
não tinha, tinha? Ele lhe devia um favor. Não era culpa dela
que os orcs fossem vis sequestradores,
monstros matadores, que levaram centenas de anos para
finalmente acabar com sua guerra estúpida. Certo?
Mas o desconforto de Rosa só aumentava a cada
interminável momento que passava, e com a realidade
frustrante de que ela não podia nem arriscar sair da biblioteca.
Mesmo sem o orc, esperava-se que ela cumprisse o horário
adequado, e Southall certamente descobriria — e relataria a
Lord Kaspar — se ela fechasse um minuto mais cedo. Ela
estava presa aqui, sozinha com um orc rude, acusador e
horrível, até o anoitecer.
Pelo menos não havia alunos ou clientes para
enfrentar, graças à
chuva ainda forte lá fora. Assim não houve interrupções, nem
distrações, nem motivos para deixar a mesa de empréstimo, e
Rosa forçou seus olhos vazios e piscando para examinar um
livro e depois outro. Apenas lendo as palavras pela metade,
página após página após página, mais intermináveis bobagens
tendenciosas, até que a luz através das janelas lentamente
desapareceu na escuridão.
Quando finalmente chegou o pôr do sol — o horário
permitido para fechar —, Rosa fechou
seu livro mais recente com um suspiro trêmulo e resignado.
Tinha sido uma homilia terrivelmente
escrita e horrivelmente argumentada contra os terríveis
golpes dos orcs, e por mais que ela atualmente quisesse
concordar com sua retórica furiosa e familiar,
ainda não era nada novo. Nada convincente. Certamente nada
chocante o suficiente para começar outra guerra.
Ela cuidadosamente colocou o livro em cima da pilha,
endireitou os ombros e então, para garantir, puxou seu
exemplar de The Lady Bright. E antes que ela pudesse pensar
melhor, ela caminhou até o canto de trás e abriu a porta.
"É hora de fechar a noite," ela anunciou no calor
escuro e cheiroso. "Você precisa sair."
Era mais difícil avaliar a expressão do orc no
crepúsculo, mas ela
quase podia saborear sua desaprovação familiar, rodopiando
no ar. "Por que devo ir embora?" sua voz profunda respondeu.
"Quero ficar e continuar lendo."
A cabeça de Rosa já estava começando a doer de
novo, mas ela se manteve firme, agarrou o livro mais perto do
peito. "Você não pode ficar aqui sozinho," disse sua voz
instável. "É contra as regras. Você não deveria quebrar as
regras. Lembra?"
Ela podia apenas ver aqueles olhos negros estudando-
a, brilhando na
penumbra. "Então você não pode ficar aqui também," ele
disse, "enquanto eu leio?"
"Não," Rosa retrucou, "não posso. Já lhe dei muitas
acomodações hoje, estou cansada, é hora de fechar e preciso
voltar para a pensão e dormir."
Se o orc foi influenciado por tais argumentos lógicos,
ele não deu sinal disso,
apenas olhou para ela com aqueles olhos ilegíveis. "Você
pode dormir a noite aqui," disse ele, com um movimento de
cabeça em direção ao berço. "Eu posso sentir o cheiro de que
você fez isso muitas vezes, com aquele homem."
O desprezo voltou à sua voz, e Rosa lutou contra a
explosão de sofrimento compulsivo e doloroso. "Não," ela
respondeu. "E honestamente, orc, por que em nome dos
deuses eu lhe concederia tal concessão, quando você apenas
retribuiu minha bondade hoje com julgamento, insulto,
agressão e zombaria?!"
Sua voz soou desigual, desgastada, como se as ações
horríveis desse orc terrível hoje tivessem realmente
machucado, por algum motivo ridículo e insondável. E antes
que ela pudesse se trair ainda mais, ela se virou e voltou para
a mesa de empréstimo, prendendo o livro sobre ela. Ela lhe
daria um quarto de hora para sair. E isso era tudo.
Houve um instante de quietude ao redor, interrompido
apenas pela
respiração ofegante de Rosa — e então, de repente, pelo som
arrepiante e revelador do
piso rangendo. Diretamente atrás dela.
Rosa se virou, tarde demais — e se viu, mais uma vez,
diante do orc. Só que desta vez não havia mesa tranquilizadora
entre eles,
nenhum livro tranquilizador, e em vez disso — ela engoliu em
seco — havia apenas
aquela túnica bege muito fina, aqueles ombros largos, os olhos
negros críticos, brilhando em sua direção.
Deuses, ele era grande. E Rosa nunca foi uma mulher
grande para começar, e nesse instante chocado e afetado,
houve a certeza repentina e estridente de que esse orc poderia
facilmente levantá-la, carregá-la, trancá-la naquele quarto dos
fundos se ela quisesse isso ou não…
"Quero ficar, mulher," ele disse, calmo e autoritário,
como se seu
tom de voz resolvesse o assunto. "Há muita verdade nestes
livros que devo aprender, para levar de volta aos meus
parentes."
"Então talvez você devesse ter pensado nisso antes,"
Rosa respondeu,
sua voz trêmula. "Antes de você decidir gritar comigo, zombar
de mim e me humilhar !"
Houve uma estranha e compulsiva contração do
grande corpo do orc diante dela, uma ligeira inclinação
daquela cabeça escura. E o mais enervante de tudo, aquela
sugestão tênue e familiar de uma língua longa e sinuosa,
saindo curta e negra contra seus lábios curvados e
zombeteiros.
"Ach, pequena mulher," ele disse lentamente. "Eu
machuquei seu orgulho hoje, mandando você embora como
eu fiz. Eu não fiz? Você se achou bonita demais para qualquer
orc recusar?"
O que? Rosa sentiu-se eriçada, seus ombros retos,
seus olhos se estreitando em seu rosto irritantemente atraente.
"Eu estava apenas oferecendo um — um acordo de negócios
mutuamente benéfico," ela retrucou. "O que foi, em
retrospecto, de fato um erro tolo de minha parte. Você não tem
sido nada além de rude, insultante e beligerante comigo, e não
tenho desejo de conceder-lhe
quaisquer favores adicionais, ou passar mais tempo em sua
odiosa e
altamente desagradável presença!"
Os olhos do orc continuaram estudando-a, seu grande
corpo ainda muito perto, e seu lábio se contraiu, mostrando
um vislumbre de um dente branco afiado. "Ach, eu
prejudiquei seu orgulho," ele disse, com uma satisfação fria e
enfurecedora. "Não somente um orc humilde recusou sua boca
e seu útero, mas também recusou suas perguntas tolas. Isso a
irritou acima de tudo, não foi, pequena mulher?"
A acuidade injusta disso pegou Rosa de surpresa, por
um instante longo demais — e o orc soltou uma risada baixa
e sardônica. "Você queria ouvir sobre sangue, morte e
crueldades, não é?" ele continuou, sua voz suave,
quase acariciando, nas palavras. "Você queria ouvir falar de
uma
montanha imunda e mortal, cheia de exércitos negros e
crânios humanos. Você queria ouvir falar de mulheres
forçadas, inchadas e gritando. Você desejou" — sua boca se
torceu — "que uma história sombria e assustadora fosse
vomitada nestes tempos sombrios, para levantar mais ódio e
espadas contra mim e meus parentes."
O corpo de Rosa se pressionou ainda mais contra a
mesa — espere, esse orc amaldiçoado não poderia realmente
saber a extensão de sua pesquisa, poderia? — e precisou de
quase toda sua força de vontade para evitar que seu olhar se
lançasse sobre o ombro, em direção à pilha de fontes atrás
dela.
"Eu não desejava tal coisa," ela conseguiu dizer, tarde
demais. "Eu queria saber a verdade."
Ouviu-se outro som zombeteiro da garganta do orc,
um lampejo de
algo desagradável naqueles olhos sem fundo. "Não fale falso
comigo, mulherzinha," ele assobiou. "Você não busca
nenhuma verdade nisso. Você acha que eu não vi essa pilha
de mentiras que você lê tão ferozmente?"
Rosa estremeceu antes que pudesse evitar, ganhando
outra insolente torção da boca do orc. E então, em um
movimento rápido, sua grande mão alcançou atrás dela,
diretamente em direção a sua pilha de pesquisa. Traçando uma
garra afiada ao longo da borda, suavemente amassando o
papel e o pergaminho enquanto ele passava.
"Vocês humanos desejam essas mentiras," ele disse.
"Você deseja uma causa justa para
causar suas crueldades. Você deseja ter medo."
Rosa não sabia, claro que não, mas esse maldito orc
de alguma forma viu demais, sabia demais, seus olhos fixos
nos dela com uma intenção estreita e poderosa. E então —
Rosa engasgou em voz alta — aquela mão grande lentamente
se ergueu
novamente, e cuidadosamente, gentilmente, roçou um dedo
quente em seu pescoço.
O corpo inteiro de Rosa congelou de uma vez, e ela
sentiu-se engolir, sua garganta
convulsionando contra aquele dedo audacioso e demorado.
Mas ela não se
moveu, ou procurou afastá-lo, e deuses, ele era tão grande, tão
perto...
"Não negue isso para mim, mulher tola," ele respirou,
e isso — isso —
foi a sensação inconfundível, de parar o coração da garra
mortal de seu dedo, traçando suavemente contra a pele
delicada. "Os cheiros fortes de seu medo e sua fome me
invadiu todo este dia. Você deseja por mim. E você deseja ter
medo."
A boca de Rosa se abriu para falar, mas nada saiu, e
aquele dedo
continuou deslizando contra seu pescoço, vagaroso,
deliberado. "Então preste atenção nisso, mulher," ele
ronronou, seus olhos mudando, queimando, parando
novamente. "Eu lhe concederei esta barganha que você pediu,
mas nos meus termos, e não nos seus. Se você me conceder
permissão para ficar aqui — esta noite, e quantas mais noites
eu desejar — agora saciarei seu medo e sua fome."
Ele iria... o quê? Rosa só conseguia olhar boquiaberta
para ele, seu
batimento cardíaco batendo selvagemente contra o peito — e
se houvesse alguma
incerteza em torno de seu significado, foi imediatamente
desperdiçada pela
sensação daquele dedo, lentamente dando lugar a toda a sua
mão. Deslizando forte e suave contra sua garganta
convulsando, em um movimento que deveria ter sido uma
ameaça, mas parecia algo completamente diferente.
"Eu só vou oferecer isso a você uma vez," ele
murmurou. "E você não
terá minha semente, nisto. E, você deve jurar nunca falar com
qualquer outro de mim, ou o que fizemos. Ach?"
Bons deuses. "I-isso é completamente ridículo, orc,"
Rosa gaguejou, sua voz saindo engasgada contra o toque
próximo, emocionante e aterrorizante daquela mão. "Olha, eu
não te fiz essa oferta porque eu realmente queria você. Eu
só queria — conhecimento. E isso foi antes de você se provar
ainda mais arrogante e hipócrita do que eu já pensava que
fosse."
Houve um instante de silêncio ainda — e então a
sensação chocante e de parar o coração da mão do orc em sua
garganta apertando, apenas levemente. Tirando um suspiro
rouco e furtivo da boca de Rosa, e um calor surgindo
profundamente em sua barriga.
"Você mente, mulher," veio a resposta suave do orc.
"Você tem fome de mim desde o primeiro momento em que
estive diante de você. Foi tudo o que senti nesta biblioteca,
durante todo esse longo dia."
O inferno? Rosa gaguejou novamente, se debatendo
contra o toque daquela mão — mas outra flexão suave
daqueles dedos em sua garganta a fez voltar à quietude, e
houve um flash estranho daqueles olhos na luz fraca.
"Você não deve falar mais falsidades para mim,
mulher," ele disse, sua voz sedosa, suave, perigosa. "Aprendi
muito de sua espécie, e não sou
enganado por essas mentiras, jogos e truques. Desejo usar sua
biblioteca; você deseja ser usada por um temível orc. Tudo o
que resta é se você deve jurar pelos meus termos, e" — ele
deu um pequeno passo mais perto, seu corpo enorme pairando
perto e maciço sobre ela — "como você deseja que isso seja
feito."
O coração clamoroso de Rosa parecia que iria escapar
de seu peito, seus olhos
arregalados e procurando no rosto duro, carrancudo e
intransigente do orc. Ele
quis dizer tudo isso, ele realmente quis dizer isso, depois do
que ele disse antes, depois de tudo ?!
"M-mas você," Rosa começou, e então respirou fundo
e desesperadamente. "Mais cedo. Você gritou comigo. Disse-
me para ficar longe de você e parar de oprimi-lo. Você disse
que não se importava com o que eu queria.Lembra?"
A boca do orc traiu uma careta inconfundível, seu
olhar passando rapidamente para a parede atrás dela. "Eu não
me importo," ele disse fracamente, "para ser brincado por uma
pequena humana tonta, que só procura me usar para seus
próprios fins egoístas."
Rosa de alguma forma conseguiu bufar e até mesmo
revirar os olhos. "E agora que você está brincando, para seus
fins egoístas," ela gritou, "você está completamente
confortável com isso?"
Houve uma contração nova e desconhecida no canto
da boca fina do orc, um olhar de soslaio em seu rosto. "Eu
sou," ele disse friamente. "Você também não é?"
Ele ergueu as sobrancelhas para ela, provocando,
zombando, divertindo-se e os deuses a amaldiçoaram até o
inferno e de volta, mas Rosa sentiu sua própria boca se
contorcer também. Enquanto algo parecia incendiar e segurar
no fundo, queimando brilhante e
forte e estranhamente de dar água na boca. Cordialidade.
Compreensão. Saudade.
Mas não, não, ele era um orc, ele era horrível, Rosa
não podia ainda querer isso, tinha sido pura loucura antes
mesmo oferecer tal coisa. E muito pior agora que este orc
estava admitindo usá-la, ele estava admitindo totalmente que
ele era um idiota calculista egoísta —
Mas então ocorreu a ela, repentina e incongruente, que
claramente suas fontes estavam parcialmente corretas, afinal.
Claramente os orcs realmente estavam devastando bestas
insaciáveis, até certo ponto, não importa o quão pacíficos eles
fingissem
ser. E isso não era ainda conhecimento, e talvez tão útil?
Talvez essa fosse a maneira de finalmente descobrir essas
fraquezas, escândalos,
atrocidades chocantes?
E Rosa tinha que impressionar Lord Kaspar. Ela tinha
que aproveitar essa chance única na
vida de se tornar uma estudante. E isso significava — sim, sim
— mais uma vez, ela precisava aceitar isso. Continuar com
isso. Fazer o que for preciso fazer.
Os olhos do orc estavam muito fixos nos dela, ainda
esperando, aquela grande mão ainda
curvada contra sua garganta — e novamente, por um instante,
havia o estremecendo, medo inquieto de que talvez ele
pudesse até mesmo seguir seus pensamentos.
Talvez ele tivesse adivinhado sobre a guerra de Lord Kaspar.
Talvez ele soubesse.
"Ah, tudo bem," Rosa deixou escapar, antes que ela
pudesse se conter. "Eu aceito. Seus termos, quero dizer."
Os olhos do orc tremeluziram, novamente traindo
apenas um traço de diversão, de calor — mas então ele se
aproximou, sólido, forte, firme. Sua mão grande
e quente, tão estranhamente tranquilizadora, e enquanto Rosa
piscava para aqueles olhos observadores, sua outra mão
surgiu, traçando lenta, cuidadosa e silenciosamente contra sua
bochecha.
"Mulher esperta," aquela voz baixa respirou. "Agora,
como você deseja que isso seja feito?"
Todo o corpo de Rosa estremeceu novamente, sua
boca soltando um suspiro áspero e trêmulo — e em resposta
aquela mão em sua bochecha deslizou para sua boca, seu
polegar roçando levemente seus lábios entreabertos. E deuses,
o cheiro dele era de dar água na boca, todo almíscar e doçura,
e os livros também não diziam isso, não diziam nada, nada —
"Fale comigo," ele ronronou, lançando outra chama de
calor no fundo
da barriga de Rosa. "Sem falsidades. Para o que você deseja."
Os olhos
curiosos do orc pareciam saber disso também, seu polegar
ainda roçando suavemente, quase distraidamente, contra sua
boca.
"Ach," ele disse, sua voz um estrondo baixo. "Então,
talvez, você deseja que eu a aceite como eu escolher. Você
realmente deseja ser forçada e assustada por um orc temível,
e usada como um brinquedo bobo, como eu desejo."
Outro estremecimento percorreu as costas de Rosa,
sua respiração saindo
engatada e superficial. Claro que ela não desejava isso,
mesmo a ideia era totalmente terrível, mas se fosse para
pesquisa, talvez, talvez —
"Sem falsidades, mulher," aquela voz insistiu,
aveludada, desesperadamente
emocionante. "Devo ser este orc, para você? Devo assustá-la
e tirar o que
desejo de você?"
Era uma pergunta chocante, uma exigência
impossível de responder — e que foi agravada, terrivelmente,
pelo orc dando um passo rápido e gracioso para trás e
alcançando o fundo de sua túnica. E enquanto Rosa olhava,
atordoada, imóvel e silenciosa, ele tirou a túnica pela cabeça
e a jogou no chão.
E. Seu peito era largo, cinza, musculoso — mas ao
contrário de seu
rosto intocado, era marcado por muitas cicatrizes. Eram garras
profundas, irregulares e feias marcas, e combinados com a
enorme largura dele, elas o faziam parecer escuro, perigoso,
mortal. E então — Rosa abafou um gemido rouco e
inexplicável — o orc pareceu sacudir sua grande forma, fácil
e graciosa, enquanto suas garras quase pareciam estalar ainda
mais do que antes, afiadas, pretas e brilhantes.
E então, uma dessas garras veio até sua grossa trança
preta. Puxando-a com força, o suficiente para sacudir a cabeça
para o lado — mas então ele estava sacudindo o cabelo
também, soltando-o e brilhando sobre seu peito e ombros
musculosos. E Rosa quase choramingou com a visão, seu
corpo inteiro dolorido, sufocando e ansiando, ambas as mãos
subindo para pressionar contra seu
batimento cardíaco poderoso.
O orc estava olhando de volta para ela, varrendo
aqueles olhos negros de repente flamejantes para cima e para
baixo em sua forma, e seu passo suave em direção a ela foi
um clarão, um golpe, um presente dos céus aterrorizante e de
dar água na boca.
"Bem, mulher?" ele rosnou, levantando uma mão em
garra diante dos olhos dela, e mostrando aqueles dentes
brancos e afiados. "É isso que você deseja?"
Oh deuses, era, e a boca traidora e inconfiável de Rosa
gemeu alto, seu corpo finalmente dando lugar a um tremor
completo. Enquanto os olhos do orc brilhavam com triunfo, e
aquela mão com garras voltou ao seu lugar familiar em sua
garganta, circulando perto, perigoso, bonito, tudo.
"Fale isso, mulher," ordenou a ameaçadora e
impressionante fera diante
dela. "Isto, para a sua biblioteca."
Rosa não conseguia pensar, não conseguia
acompanhar, só conseguia olhar, engasgar e respirar. Perdida
neste momento, nesta visão giratória e gritante diante de seus
olhos brilhantes. Ele ia tornar isso verdade, ele faria, isso, para
a biblioteca —
Ele chegou ainda mais perto, aquela grande mão
convulsionando contra seu pescoço, aquele cheiro dele
girando cru e imprudente e delicioso em sua boca. "Fale,
mulher," ele comandou, mais baixo desta vez, aqueles olhos
duros e atentos aos
dela. "Sem falsidades."
E naquele momento desesperador, pendurado, não
havia pensamento de
falsidade, de dissimulação, de busca ou segredos ou guerra.
Apenas um desejo, um desejo furioso, uma promessa, uma
pergunta, uma verdade. Fale.
E sem pensar, sem intenção, Rosa ergueu o queixo,
apertou a garganta contra aqueles dedos quentes e seguros e
falou.
"Sim, meu senhor," ela sussurrou. "Me assuste."
Capítulo 7
As palavras de Rosa caíram como uma pedra,
ondulando através do silêncio oco e doloroso. Sim, meu
senhor, sim, meu senhor, sim.
Me assuste. Me assuste.
Era quase como se ela pudesse senti-las reverberando,
atingindo contra a forma nua do orc. Fazendo sua boca
convulsionar, sua cabeça abaixando e inclinando para o lado,
enquanto aqueles cílios pretos tremulavam contra sua
bochecha cinza. Quase como se Rosa o tivesse golpeado, de
alguma forma, e houvesse um
arrependimento estranho e inexplicável, uma vontade
impossível de retirar as palavras —
E sem querer, a mão trêmula de Rosa estendeu-se em
direção a ele e deslizou contra aquele peito cheio de cicatrizes
e arfante. Seus dedos se abriram,
pressionando contra sua pele quente, pulsando com o
surpreendente poder de seu coração trovejante abaixo.
"Quero dizer," ela sussurrou, "só se você quiser. Você
não precisa."
Ouviu-se um ruído súbito e áspero na garganta do orc
não exatamente um riso — e uma flexão daquela mão enorme
contra seu pescoço. "Você diz isso, mulher," ele respondeu,
estranhamente inexpressivo, "quando eu poderia
simplesmente matá-la, antes que você diga outra palavra."
Rosa sentiu seus dedos se apertarem contra aquele
peito quente e nu, contra as batidas furiosas de seu coração. E
em vez do medo que ela deveria ter sentido, havia apenas uma
consciência estranha e cambaleante. Talvez até —
compreensão.
"Eu sei que você não vai me matar," ela sussurrou.
"Você não faria."
As palavras saíram soando fervorosas, ferozes — e
mesmo quando a boca do orc se contraiu em um breve e
irônico sorriso, seus olhos piscando nos dela parecia perdido,
amargo, quase sombrio. "Você deve me dizer se eu realmente
te assustar," sua voz baixa disse. "Ou se você desejar que eu
pare."
Rosa assentiu, urgente e imediata, quase como se
estivesse compelida — e aquela cabeça escura assentiu
também, aqueles cílios escuros novamente esvoaçando contra
sua
bochecha. E então ele mais uma vez pareceu sacudir seu
grande corpo, quieto e fluido e gracioso, como se estivesse
colocando-o corretamente no lugar.
E então — Rosa estremeceu toda — aqueles olhos se
ergueram novamente, encontrando os dela com uma força
mortal e de tirar o fôlego. Olhos negros, brilhantes, famintos.
Os olhos de um monstro.
Eles vagaram para cima e para baixo em seu pequeno
corpo, poderoso e ganancioso e totalmente desdenhosos,
quase como se eles a estivessem despindo, expondo-a —
enquanto aquele volume enorme e iminente se aproximava
silenciosamente e propositalmente.
"Mulher tonta," sua voz disse, dura, uma ameaça.
"Você não sabe o que os orcs fazem com mulheres maduras
como você?"
Rosa piscou, foi dar um passo instintivo para trás —
mas havia
apenas a sólida e robusta mesa de empréstimo atrás dela,
segurando-a no lugar. Segurando-a aqui, sozinha na
biblioteca, a apenas um palmo de distância de um orc cruel,
poderoso e sem camisa.
"Você não sabe?" ele perguntou novamente, e desta
vez ele sorriu, frio e amargo. E aquela mão enorme surgiu,
brandindo suas garras negras em direção aos olhos dela, antes
de se virar para traçar aquelas garras leves, gentis,
ameaçadoras, pelo lado de sua bochecha.
"Nós marcamos você," ele sussurrou, a verdade dessa
afirmação muito clara naquelas
pontas de garras lentamente traçadas, naqueles olhos negros
brilhantes. "Com nossas garras, nossos dentes, nosso cheiro.
Nós fazemos de você nossa. Para sempre."
Rosa estremeceu, seus dedos agarrando a mesa atrás
dela, quando o orc deu outro passo mortal e rondando mais
perto. Deslizando aquela mão quente por seu pescoço, agora,
sobre sua clavícula, deslizando propositalmente para baixo.
Até que finalmente encontrou a leve ondulação abaixo, e
gentilmente a envolveu totalmente naquela
palma grande e aquecida.
As respirações de Rosa já estavam ficando afiadas e
curtas, seu corpo arqueando na chocante e incrivelmente
excitante sensação da mão de um orc segurando-a assim —
quando de repente, oh deuses, a outra mão dele subiu para
fazer o mesmo
do outro lado. Usando mais força agora, dedos longos
esfregando e
apertando, palmas duras arrochando com força. Enquanto
garras pontiagudas raspavam propositalmente contra o tecido
muito fino de seu vestido, afundando direto
na pele delicada por baixo.
"E nós desnudamos você," ele respirou. "Nós
desnudamos você não apenas para nossos olhos, mas para
todos os nossos parentes. Para quem quiser ver."
Rosa ouviu sua boca dar um gemido estrangulado e
inexplicável, e em resposta o orc sorriu novamente, curvado e
malvado. "Você acha que deseja isso, mulher tola. Até que se
torne verdade."
E então, com um puxão de mão, ele rasgou o vestido
de Rosa. Direto no meio, abrindo botões e rasgando costuras
com força rápida e fácil, de modo que toda a frente de Rosa
estava inteiramente aberta para ele, e seus olhos gananciosos.
Ela não pôde evitar um suspiro assustado, suas mãos
movendo-se instintivamente para se cobrir — mas o orc
apenas deu outro sorriso amargo, e em outro
movimento rápido, ele agarrou seus pulsos juntos e os arrastou
para cima acima de sua cabeça com uma forte mão.
Significando que Rosa estava inteiramente nua, exposta,
tremendo, enquanto aqueles olhos avaliadores subiam,
desciam e subiam.
"Uma mulher tão pequena e frágil," ele zombou,
enquanto sua outra mão veio para beliscar seu mamilo
avermelhado. "Serei capaz de fazer o que quiser com você."
O gemido de resposta de Rosa soou mais como um
grito, especialmente quando aquela mão começou a acariciar
mais abaixo em sua frente, lenta, provocante, impiedosa.
Deixando leves arranhões vermelhos em sua pálida pele nua,
enquanto arrepios se espalhavam de novo e de novo, e aqueles
olhos negros de orc continuavam olhando, avaliando,
julgando.
"Quase muito pequena para caber um filho-orc,"
aquela voz desdenhosa continuou,
seus dedos se espalhando contra sua cintura, a garra de seu
polegar cavando
em seu umbigo. "Mas talvez" — a mão dele deslizou para o
quadril dela, alargando-se sobre a ligeira curva dele —
"apenas o suficiente, se você tiver muita sorte. Você deseja
tentar isso para mim, mulher?"
A primeira chama de medo verdadeiro serpenteou
pela espinha de Rosa — ele disse que ela não teria sua
semente, certo? — e a sacudida de cabeça dela foi
compulsiva, imediata. Trazendo um repentino e profundo
grunhido à garganta do orc, enquanto aquela grande mão
voltava para seu pescoço, circulando perto e poderosamente
ao redor
dele.
"Você esquece, mulher," ele disse, zombando, "eu sou
um orc. E assim" — algo brilhou através daqueles olhos —
"eu terei você, eu vou arar você. Plantarei seu ventre vazio
com meus filhos e o encherei até que estoure."
As palavras trouxeram outro grito sufocado e
desesperado à boca de Rosa, seu olhar procurando seu rosto
duro, amargo e frio e estranhamente triunfante.
E por alguma razão bizarra e incompreensível, ela pareceu
perceber isso, no olhar em seus olhos, na gentileza traiçoeira
e silenciosa daqueles dedos contra seu pescoço.
"Ok," ela se ouviu sussurrar, enquanto sua mão
trêmula alcançou novamente aquele peito quente, para o
batimento cardíaco ainda martelando abaixo dele. "Se isso
significa tanto para você."
Ela não perdeu o brilho de verdadeiro choque
naqueles olhos, ou o movimento duro de sua garganta — e de
repente, de alguma forma, o jogo se foi, a máscara se foi, o
rosto liso do orc contorcido com raiva, dor e desejo. E, sem
aviso, aquelas mãos grandes a agarraram, garras cavando
fundo, e quase a arremessaram de volta para a mesa de
empréstimo, direto para sua pilha organizada de fontes.
Enviando papel e livros deslizando ao acaso, tudo sob as
costas de Rosa, mas neste momento era o menor de seus
pensamentos, com
o enorme orc pairando sobre ela, as mãos apertadas contra os
joelhos nus, o peito arfando com respirações irregulares.
"Mulher tola," ele rosnou, enquanto empurrava
rudemente os joelhos dela. "Você não sabe o que isso pode
fazer com você?"
Mas não havia fala, nenhum pensamento racional
restante, porque
de alguma forma, em vez de calças na virilha do orc, havia...
isso. Um enorme, nu e saliente pau de orc cinza. Longo,
impossivelmente grosso, todo liso. E vazando um fio viscoso
e branco da brilhante e mortal semente de orc.
Rosa estava congelada, olhando, e tarde demais veio
a percepção de que ela
estava de costas na mesa, com as pernas abertas e devassas.
Com todas as partes secretas expostas e abertas para os olhos
deste orc — e para sua
captura. Para isso.
"Você não sabe?" sua voz disse novamente, soando
quase suplicante, quando ele se inclinou ainda mais, empurrou
as coxas de Rosa mais largas. Trazer aquela dureza inchada e
vazando para perto, tão perto que estava apenas fazendo
cócegas em seus cabelos castanhos grossos — e a visão
daquela, ali, uma arma enorme e ameaçadora, esperando para
empalá-la inteira sobre ela, estava causando uma devastação
selvagem, pensamentos gritantes e impensável no corpo de
Rosa.
"Eu sei," ela ouviu sua voz apavorante sussurrar,
trazendo um
gemido tortuoso imediato para a boca do orc — e um suspiro
sustentado, estremecendo, se contorcer para esse
comprimento duro, roçando cada vez mais perto dela. Quase
como
se a estivesse procurando por vontade própria, procurando seu
caminho para dentro, e Rosa podia sentir seu próprio corpo
dando sua resposta frenética e desesperada. Sua umidade
ávida e faminta abrindo e fechando, apertando e
convulsionando, lutando para alcançá-lo, lutando por mais —
"Mulher tola," a voz do orc rouca, mas aquela dureza
contra ela
estremeceu novamente, cavando sua cabeça lisa um pouco
mais fundo. Apenas começando a separá-la em torno dele, e
deuses do céu ele se sentia bem, ele tinha que continuar, a
fome estava agitando uma loucura voadora —
As mãos de Rosa agarraram suas costas largas e nuas,
lutando para arrastá-lo mais fundo, mais fundo, por favor —
mas aquele corpo grande sobre ela parou novamente, exceto
por aquela fenda dura, ainda estremecendo dentro dela. "Você
não pode saber," aquela voz assobiou, ou talvez implorou. "Eu
posso quebrar você, mulher."
A intensidade daquelas palavras pareceu cortar a
loucura por um instante, e de alguma forma a mão trêmula de
Rosa alcançou seu rosto cinza e anguloso. "Eu sei," disse ela
novamente, com uma
convicção inexplicável e urgente. "Mas você me ajudaria
também. Cuidaria de mim. Você não faria?"
Os olhos do orc olhavam para ela, através dela, seu
grande corpo mantido anormalmente imóvel — mas então sua
cabeça se inclinou, seu cabelo solto caindo sobre seu ombro
em um lençol de escuridão sedosa. "Sim," ele sussurrou, quase
insuportavelmente suave. "Eu iria."
Foi isso, então. Isso era tudo que Rosa precisava, e sua
mão em seu rosto a inclinou de volta, trazendo aqueles olhos
para ela. E ela podia ver a fome piscando, a loucura surgindo
contra ela, ele a teria, ela o teria, e a dureza ainda se projetando
contra ela de repente percebeu, queimando e flexionando e
enchendo tudo de uma vez —
E então, oh deuses, houve pressão. Aquela cabeça
enorme e mergulhadora caindo, empurrando seu caminho
para dentro, separando seu corpo molhado, rosado e inchado
ao redor delr. Era quente e sólido e primorosamente suave,
uma invasão de veludo impiedosa e escorregadia, e a umidade
faminta de Rosa estava desesperadamente apertando contra
ela,
arrastando-a para dentro, mais fundo, mais.
"Oh," sua respiração engasgou, seu peito vazio, seus
dedos agarrando impotentes em seu rosto, suas costas. "Oh,
deuses. Meu senhor."
Um gemido rouco e gutural queimou da garganta do
orc, aquela
dureza espessa empurrando mais longe, mais rápido, mais
cheio. Realmente empalando-a agora, prendendo-a
corporalmente no enorme peso dele, chocante, poderoso, vivo.
E a visão disso, piscando nos olhos trêmulos de Rosa,
foi tão
chocante, tão poderosa. Este enorme e musculoso orc
inclinado sobre ela, seu cabelo preto caindo sobre seu rosto,
cada linha dura dele esticada e
brilhante. E em sua virilha, em vez de apenas aquele pênis
saliente, havia também seu próprio corpo inchado, corado
mais cheio e mais escuro do que ela já tinha visto.
Enrolado firmemente em torno daquele pau enorme, levando-
o bem até a metade dentro dela, e ainda havia muito dele,
certamente isso era
impossível —
Mas ele continuou pressionando, empalando-a cada
vez mais profundamente com
cuidado deliberado e requintado. E ela estava tomando, ela o
estava bebendo cada vez mais
fundo, estendendo-se ainda mais, seus nervos à flor da pele, o
mundo gaguejando e se
inclinando para o lado —
E de repente foi como se o mundo tivesse
desaparecido completamente. Suas
mãos faiscando e agarrando-o, seu corpo se debatendo, suas
pernas envolvendo suas costas com força. "Foda-me," ela
engasgou, não se importando com o que isso soava, o que
significava. "Por favor, meu senhor, mais, por favor!"
Estava vivo entre eles, a loucura dela conduzindo a
loucura dele, aqueles olhos escuros brilhando nos dela,
aquelas mãos com garras empurrando poderosamente suas
coxas ainda mais afastadas. E com um único e furioso estalo
daqueles quadris, aquele
pau maciço dirigiu o resto do caminho para dentro, enchendo-
a, dividindo-a,
partindo-a em dois.
Rosa gritou, todo o seu ser se debatendo e arqueando,
agarrado nele,
preso nele — e seu rugido retumbante em resposta era mais
loucura, mais
necessidade, mais prazer ardente. E ela nunca precisou tanto
de algo em sua vida, nunca fez tais sons em sua vida, gritos e
gemidos e soluços histéricos, enquanto aqueles quadris
poderosos finalmente começaram a empurrar contra ela.
Conduzindo aquele enorme pênis de orc ainda mais fundo,
mais apertado, muito apertado para puxar novamente,
prendendo-os com mais força, envolvendo-a mais perto,
cravando-a em sua força. Ela era parte dele, uma com ele,
fundida para sempre, perdida —
Até que houve — euforia. Gritos, gritos, euforia
louca, pulsando selvagem e imprudente, e fervilhando todo o
ser de Rosa. Convulsando de novo e de novo, estremecendo
violentamente ao redor do
pólo quente e inchado dentro dela, enquanto parecia inchar
mais cheio, mais profundo, levando tudo —
E então era ele quem gritava, seu corpo enorme
arqueado, sua cabeça jogada para trás, suas garras afiadas
afundando nos quadris de Rosa — e aquele poder
invadindo-a travou e explodiu. Explodindo de novo e de novo
dentro dela, inundando-a com jorro após jorro de semente de
orc quente e perversa, cheio demais para segurar, demais para
manter, o corpo inteiro de Rosa esticado e usado e à beira de
quebrar...
Houve um puxão, um puxão horrível, golpeando a
própria
alma de Rosa — e então, de alguma forma, o orc estava longe,
separado, longe. E o núcleo usado e escancarado de Rosa
estava espirrando semente de orc quente e grossa, direto para
ele, salpicando aquele corpo musculoso e pesado — e aquele
pênis liso e ainda duro — com fios grossos e gotejantes de
branco brilhante.
O corpo de Rosa também arfava, seus braços e pernas
formigavam, os tremores secundários irradiavam prazer,
desconforto e exaustão ao mesmo tempo. Enquanto o orc
ainda de pé entre as pernas dela parecia ter ficado
instantaneamente,
enervantemente rígido, exceto por seus olhos negros
piscando.
A mão de Rosa o alcançou sozinha, acariciando
aquele braço macio e musculoso, mas ele não a reconheceu,
não se moveu. Apenas ficou lá
e olhou para ela, seus olhos passando de cima a baixo em sua
forma esparramada e saciada
com algo quase como choque.
"Ach," ele respirou, e em uma contração brusca ele se
afastou dela, suas mãos em seu rosto cinza, suas palmas
pressionando em seus olhos. "Helvíti."
A palavra não fazia nenhum sentido — estava na
língua negra primitiva dos orcs, fornecida pelo cérebro
preguiçoso de Rosa — e de repente houve a consciência,
poderosa e quase incrivelmente dolorosa, de que ele se
arrependia
disso. Ele realmente não queria o que acabara de fazer. Talvez
ele nem mesmo a quisesse de verdade. Ele tinha?
Rosa não conseguia respirar, de repente, e ela lutou
para se sentar, para alcançá-lo — mas mais uma vez ele se
afastou dela, suas mãos caindo de seu rosto, seus olhos
novamente percorrendo seu corpo nu e debochado.
"Não," ele disse, sua voz rachada, rouca. "Deite-se,
mulher. Fique."
O corpo trêmulo de Rosa só parecia obedecer,
assentindo e deitando contra a mesa de empréstimo, enquanto
o mundo parecia girar lentamente ao redor. E enquanto o orc
agarrava grosseiramente os últimos restos de seu vestido
esfarrapado, arrancando-o de sua forma flexível, e depois
usando-o para limpar sua própria frente branca e pegajosa,
seus dedos hábeis e familiares contra aquele pau cinza meio
duro, e as bolas penduradas e de aparência suave abaixo.
"Helvíti," ele disse novamente, mais uma maldição
murmurada desta vez, seus olhos se
fechando — mas suas mãos continuaram se movendo,
primeiro jogando o vestido esfarrapado sobre a mesa ao lado
de Rosa, e então descendo e puxando suas
calças, fechando-as apertado na cintura.
Era como se ele estivesse se escondendo dela, e ainda
mais quando ele foi para a túnica no chão, puxando-a
rudemente, e depois
empurrando seus longos cabelos para trás, suas mãos rápidas
amarrando-os em algum tipo de nó frouxo na cabeça dele. E
então ele estava parado diante dela, alto e silencioso e
completamente vestido, o leve brilho de suor em sua bochecha
era a única sugestão que restava do que eles tinham feito.
Exceto, é claro, pelo fato de que Rosa ainda estava
deitada nua
sobre a mesa, sua respiração ainda ofegante, seu corpo macio
e esticado ainda vazando sementes de orcs quentes e grossas.
E ela precisava que ele a tocasse, tão
desesperada que quase chorou com isso — e quando aquela
grande mão finalmente,
cuidadosamente voltou ao seu joelho novamente, ela sentiu
sua respiração engasgar em sua garganta, seu corpo inteiro
novamente precisando se sentar, agarrá-lo, colocar as mãos
naquele rosto cinza silencioso e ameaçador.
Mas sua mão se ergueu, com uma velocidade
surpreendente, para pressionar o peito de Rosa. Segurando-a
ali, gentil, mas firme contra a mesa, enquanto a outra mão
alcançava seu outro joelho e o separava mais.
Ele estava olhando para lá, percebeu Rosa, com um
calor súbito e mortificado. No centro cheio e aberto dela,
ainda vazando sua grossa e quente semente de orc.
"Fique," ele disse novamente, mais baixo, e ele soltou
o peito de Rosa, alcançando novamente seu vestido
esfarrapado. E então ele muito gentilmente, muito
cuidadosamente, começou a limpar a bagunça, com toques
suaves do vestido contra sua pele sensível e inflamada.
Rosa não pôde evitar um suspiro, acalmando suas
mãos contra ela, puxando seus
olhos estreitos para seu rosto. "Isso te machuca?" ele exigiu,
mas ela balançou a cabeça, lutando para ignorar o calor
surgindo em suas bochechas. Ganhando um brilho naqueles
olhos que pareciam quase aliviados, antes que ele voltasse sua
atenção para o que estava fazendo. Agora acompanhado,
inesperadamente, pelo toque emocionante do que parecia ser
dedos nus e delicados, puxando um pouco sua dobra inchada
e depois mergulhando um pouco dentro.
Seu olhar estava muito concentrado no que ele estava
fazendo, seja lá o que fosse, e Rosa ficou lá e deixou que ele
fizesse isso, enquanto seus pensamentos giravam em círculos
estranhos e atrofiados em sua cabeça. Ela tinha acabado de
fazer isso. Ela tinha sido levada por um orc. Ela o quis, pediu
por ele, implorou por ele.
E deveria ter sido uma pesquisa, deveria ter
fornecido uma visão sobre o que tornava esses orcs fracos —
mas agora, a única visão chocante era o quão
desesperadamente Rosa queria isso, e como malditamente
bom tinha sido. Como se este orc se levantasse neste exato
momento, olhasse nos olhos dela e dissesse, novamente, ela
suspiraria, assentiria e o puxaria para
perto.
Mas como estava, ele parecia terminar o que estava
fazendo lá embaixo, porque ele jogou o vestido arruinado no
chão, e mais uma vez se inclinou sobre ela. Não para beijar,
ou acariciar, ou dizer algo gentil, como Rosa poderia ter
esperado, mas sim deslizar um braço forte sob seus ombros, o
outro
sob seus joelhos.
"O-o que você está fazendo?" Rosa conseguiu, sua
voz áspera e fina, mas o orc já a ergueu facilmente contra seu
peito e começou a se afastar. Em direção ao quarto dos fundos,
seus pensamentos rodopiantes apontaram, enquanto seu corpo
traidor parecia se enrolar mais contra ele, naquele peito quente
e poderoso, o baque ainda martelando de seu batimento
cardíaco.
"Você deve descansar," sua voz profunda disse,
retumbando contra ela, antes que ele cuidadosamente a
depositasse em algo macio. No catre de Lord Kaspar, Rosa
percebeu, enquanto piscava para o orc com olhos nebulosos,
e o que em nome dos deuses Lord Kaspar diria se soubesse
que ela tinha feito uma coisa tão terrível? Se ele soubesse que
ela tinha fodido um orc e gostado? Gostado dele?
E mesmo enquanto aquele pensamento alarmante
cravava sem fôlego em seu crânio, sua mão se estendeu por
conta própria, agarrando a túnica do orc. Segurando-o lá, de
onde ele estava prestes a recuar, e ela procurou aqueles olhos
negros. Fechado, distante, quase... com medo.
"Você está bem?" ela sussurrou. "Meu senhor?"
Aqueles olhos pareciam se fechar ainda mais, uma
contração da zombaria fria voltando para sua boca. "Mulher
boba," disse ele, com apenas um leve vacilar em sua voz. "Não
deveria ser você fazendo essa pergunta, nisso."
Houve um silêncio afetado, o rosto do orc se
contorcendo de desgosto, como se ele tivesse acabado de
ouvir a obrigação em suas palavras — mas então ele respirou
fundo, fechou os olhos e os abriu.
"Você está bem," disse ele, muito quieto. "Eu
realmente assustei você para aceitar isso. Eu realmente" —
sua voz ficou ainda mais baixa — "usei você."
Mas Rosa só sentiu um calor crescente, forte o
suficiente para trazer um
sorriso lento e genuíno aos lábios. "Não," ela respirou, suave.
"Eu queria isso. Eu adorei, meu senhor."
Os olhos do orc se arregalaram, sua boca se apertou
— e então um
dedo com garras estalou em seu queixo, inclinando-o para
cima, o resto de suas garras afiadas e ameaçadoras contra seu
pescoço. "Mulher tola," disse ele novamente. "Sem
falsidades."
Mas Rosa apenas segurou aqueles olhos, afundando
no conforto estranho e totalmente
insondável daquelas garras, roçando tão suavemente contra
sua pele. "Não," ela sussurrou. "Sem falsidades."
Algo mudou novamente em seus olhos, mas antes que
Rosa pudesse segui-lo,
ele se afastou, ficando alto e poderoso e de tirar o fôlego sobre
ela. "Durma," disse ele, "e eu ficarei."
E mesmo enquanto essas palavras puxavam algo,
incomodavam algo,
Rosa sentiu-se balançando a cabeça, seus olhos se fechando.
Ela dormiria, ele ficaria, ela o impressionaria e seria digna.
Ele veria.
Capítulo 8
Quando Rosa acordou novamente, estava deitada nua
e aquecida no berço de Lord Kaspar. Sozinha na cama, o que
era estranho — Lord Kaspar sempre dormia até tarde, sempre
ocupava a maior parte da cama e sempre roncava — e Rosa
vagarosamente se espreguiçou, bocejou e sentou-se, piscando
pelo quarto —
Até que ela se viu encarando um orc. O orc. Ele.
As memórias fervilhavam em uma inundação, o calor
surgindo tanto em seu rosto quanto em seu corpo, mais abaixo,
e de longe lhe ocorreu que ela estava bastante dolorida
lá embaixo, e bastante molhada. Não só isso, mas seu corpo
inteiro estava dolorido também — ela havia sido arranhada,
ela percebeu, piscando para as fracas
marcas vermelhas em seus braços e peito — e suas ondas
loiras eram longas e soltas, e ela estava nua.
E o orc estava abertamente, descaradamente olhando
para ela. Estudando seu
torso nu, sua boca franzida, seus olhos negros ilegíveis.
Houve a compulsão, repentina e avassaladora, de se
cobrir, de puxar o cobertor de volta — mas Rosa se manteve
imóvel na cama, deixando-o olhar. Pensando, estranhamente,
naqueles momentos calmos e intensos antes de ela
adormecer. Eu realmente assustei você. Sem falsidades.
E qualquer que fosse a loucura que havia tomado Rosa
na noite passada — qualquer que fosse a insanidade absoluta
que a compeliu a foder um orc, todo o caminho, para pesquisa

claramente ainda estava aqui, demorando perto e sem fôlego
em sua garganta. Deslizando
seus olhos traidores pelo corpo vestido do orc — ele estava
sentado na
mesinha novamente, um novo livro aberto na frente dele — e
de volta para aquele rosto observador e esperando.
"Bom dia," ela arriscou, e ela sentiu sua boca se
contorcer em um
sorriso fraco e cuidadoso. "Você realmente se sentou aqui e
leu a noite toda?"
O orc deu um breve aceno de cabeça, seus olhos ainda
estranhamente atentos aos dela, então Rosa respirou fundo e
tentou novamente. "Você realmente pode ver bem o suficiente
para ler assim? No escuro?"
Não houve nenhum aceno desta vez, apenas mais
daquele olhar atento e esperançoso,
formigando contra sua pele. Parecendo quase desconfiado, de
alguma forma, os pensamentos de Rosa dispararam de volta
para a pilha — ou melhor, a bagunça — de fontes na
mesa de empréstimo. Isso era para ser pesquisa. Isso foi
pesquisa. E o orc não podia saber disso, ele não podia nem
adivinhar isso, não aqui, não agora,
não assim...
"Deuses do céu, isso parece útil," ela se obrigou a
dizer, com uma tentativa de outro sorriso. "Você deve ser tão
produtivo."
Mas seu rosto não mudou, e aqui estava a percepção,
tarde demais, de que, além da leitura, Rosa não tinha a menor
ideia de como esse orc passava seu tempo. Ou o que ele
gostava, ou por que ele veio aqui, ou até mesmo seu maldito
nome.
"Nós nunca terminamos nossas apresentações, não
é?" ela disse, tão brilhantemente quanto
ela podia. "Qual o seu nome?"
A expressão do orc ainda não mudou, sua boca
permaneceu apertada e sombria — e tarde demais houve outro
lampejo de compreensão, profundo e certo e
inexplicavelmente doloroso. O orc não queria dizer a ela seu
nome. Ele não queria saber quem ela era. E ontem à noite —
Rosa sentiu seus olhos se
fecharem — ontem à noite, ele fez tudo isso por um motivo.
Uma barganha, nos termos dele.
Dê-me licença para ficar aqui, ele disse. Esta noite, e
quantas mais noites eu desejasse.
As mãos de Rosa estavam apertando o cobertor, e ela
tardiamente puxou-o até o queixo, como se pudesse protegê-
la dos olhos enervantes deste orc. E em vez de olhar para ele,
ela forçou sua atenção
para a janela, o céu cinza lá fora, e esperou —
"Já passou do meio-dia?!" ela exigiu, sua voz
falhando, seu olhar correndo para o orc em busca de uma
resposta — e mesmo que ele ainda não falasse, muito menos
se movesse, o olhar em seu rosto falava claramente por ele.
Sim, já passava do meio-dia, e isso deveria ser óbvio para
qualquer um que olhasse pela janela — e
Rosa deveria ter aberto a biblioteca horas atrás, e foi pura
sorte que Susan ou Southall ainda não tivessem aparecido por
algum motivo ou outro.
Bons deuses, como ela pôde ser tão estúpida...
Ela pulou da cama, sem pensar, e olhou em volta
procurando seu
vestido — Lord Kaspar geralmente o deixava no chão em
algum lugar — e então ela sentiu seu corpo inteiro ficar
imóvel, sua respiração saindo pesada e espessa.
Ela não tinha vestido. O orc tinha rasgado o vestido
dela, na noite passada, e então o usou para limpar sua bagunça.
E ela também não tinha roupas íntimas, e estava toda dolorida,
especialmente lá embaixo. E ela estava nua no meio da sala, e
estava frio, e o orc real que ela realmente
fodeu — por uma pechincha — nem mesmo disse a ela seu
nome.
Rosa mordeu o lábio, piscando para o chão, lutando
para engolir o nó inexplicável em sua garganta — quando
houve a sensação repentina e sólida de uma mão quente se
fechando em torno de seu pulso. A mão dele, puxando-a para
sua forma sentada no banco, e então — ela gritou —
levantando-a facilmente pela cintura, e então sentando seu
corpo nu na mesa diante dele, as pernas penduradas para o
lado.
Rosa estava tremendo, piscando para aqueles olhos
negros, e eles não deixaram os dela quando sua grande mão
alcançou o cobertor da cama, apertando-o em suas garras. E,
em seguida, girando-o para se acomodar em torno de seus
ombros, seus dedos habilmente amarrando os dois cantos
juntos, em uma capa improvisada.
"Fique," ele disse, a única palavra de alguma forma
pressionando os estremecimentos de Rosa em silêncio — e
então sua mão roçou sua garganta, em um sinal que só poderia
significar aprovação. E Rosa sentiu o coração martelando, a
respiração presa, enquanto aquela mão descia em direção ao
seio nu. Não quente e sensual, como na noite passada, mas
mais... profissional. Avaliando.
E quando Rosa piscou para baixo, seguindo suas
mãos, foi realmente para perceber que ele a estava
inspecionando. Seus dedos traçando cuidadosamente ao longo
dos arranhões rasos que ele fez na noite anterior, seus olhos
olhando para
o rosto dela, talvez procurando por sinais de dor. Mas não
poderia haver dor, não com sua atenção totalmente sobre ela
novamente assim, e aquelas mãos quentes e cuidadosas
deslizando para baixo, e para baixo, e para baixo.
Os mamilos amaldiçoados de Rosa já tinham
endurecido, e quando aquelas mãos se espalharam contra suas
coxas, guiando-as bem afastadas, ela realmente soltou um
gemido áspero e engasgado, levantando os olhos de volta para
seu rosto. Mas ele sabia, em
um único olhar crítico, ele sabia, e Rosa sentiu suas bochechas
queimarem, seu olhar caindo novamente, vendo-o abrir suas
coxas, mesmo enquanto — ela não pôde
evitar outro gemido abafado e vergonhoso — uma quantidade
surpreendente de semente de orc grossa e
viscosa escorria dela e se acumulava na mesa abaixo.
Os olhos do orc sobre ela pareciam quase presos, e
havia uma respiração afiada de sua boca enquanto ele
firmemente, decididamente empurrou as pernas dela fechadas
novamente. Como se ele estivesse — desaprovado. Com nojo.
Bravo.
"É uma maravilha," ele disse abruptamente, sua voz
curta e monótona, "que seu útero ainda esteja inteiro, mulher.
É uma sorte que esse patrono que você está
fodendo pelo seu trabalho" — seus olhos se estreitaram
desagradavelmente em direção a ela — "não empunha um
pequeno pau, ou um gentil."
O que? Espere — ele sabia disso? A vergonha
percorreu Rosa, do rosto para baixo, porque sim, era verdade,
malditamente. Por trás do belo e erudito exterior de Lord
Kaspar, ele era muito bem dotado, com gostos
surpreendentemente rudes e exigências fortes e decisivas.
E, a princípio, essa combinação inebriante e mortal
parecia atrair todos os desejos secretos e mais vergonhosos de
Rosa ao mesmo tempo. Sendo segurado com firmeza,
protegido, guiado, acariciado, desfrutado, por alguém que era
forte, inteligente e poderoso. Alguém que merecia
completamente sua subserviência, sua
devoção e sua confiança.
Mas então, miserável e incrivelmente doloroso, veio a
rápida
percepção de que não tinha sido apenas Rosa. Foram muitas
mulheres convenientes, criadas e cortesãs e damas casadas —
e, é claro, agora a adorável Lady Scall. E mesmo que Rosa
fosse uma das favoritas de Lord Kaspar, e tivesse sido por
anos, seu serviço voluntário era apenas parte de uma transação
maior. Outra pechincha. Uma que trocou seu emprego fixo
nesta biblioteca pelo uso ilimitado e irrestrito de Lord Kaspar
de seu corpo, seu cérebro, sua pesquisa. Por sua guerra.
Os joelhos de Rosa se afastaram das mãos
repentinamente ásperas do orc, puxando-se para seu peito,
transformando sua já pequena forma em algo minúsculo e
seguro. Ela estava fazendo o que tinha que ser feito. Ela faria
o que fosse preciso para se tornar uma estudante. Ela
precisava. E este orc mostrou-se muito disposto a fazer
compromissos semelhantes na noite passada, o que
significava que ele poderia pegar sua superioridade estúpida e
zombeteira, e enfiá-la.
"Eu agradeceria a você, senhor," ela disse para o chão,
sua voz fina, "não me julgue, quando você não tem
compreensão das minhas
circunstâncias. E particularmente quando você mesmo fez
uma
barganha comigo, ontem à noite, com grande entusiasmo!"
Houve um rosnado fraco e inconfundível na garganta
do orc, trazendo
o olhar de Rosa de volta para ele — e aqueles olhos nos dela
eram desaprovadores,
desdenhosos. "Eu só fiz essa barganha," ele disse, seus lábios
se curvando, "porque você fez isso primeiro. Eu sabia que
você queria trocar seu corpo por mim, então só
usei isso para meu ganho. Eu sabia" — seus olhos se
estreitaram, frios e brilhantes — "que você é uma mulherzinha
tola."
As palavras soaram como um tapa, e Rosa levou
muito tempo para responder, sobre a miséria batendo dentro
de seu peito. "Você foi o único que voltou e
ofereceu," ela rebateu. "E foi você que continuou
pressionando, depois que eu recusei!"
A boca do orc estava totalmente zombadora agora,
mostrando aqueles dentes brancos e afiados. "Você não
recusou," ele disse friamente. "Você desejou muito por isso.
Você me
implorou por isso. E quando lhe dei meia hora da minha
encenação, em
troca você jogou em mim seu útero, sua biblioteca inestimável
e talvez até sua vida!"
Sua voz profunda tinha se elevado a quase um grito,
ecoando pela pequena sala, e por um instante Rosa só
conseguiu encará-lo e abraçar os joelhos mais perto do peito.
Isso não era verdade. Ele não estava atuando. E ela não tinha
dado a ele tudo isso. Ela não tinha...
"Você não me conhece," ele sussurrou para ela, sua
voz suave novamente, mortal. "Você não podia confiar em
mim. E se eu tivesse te matado. E se eu tivesse trazido meus
irmãos para usar você. E se eu tivesse aberto esta preciosa
biblioteca e a queimado?"
O medo sacudiu puro e poderoso pelas costas de Rosa,
seus olhos abertos para o rosto cruel e terrível do orc. "Não
diga essas coisas," ela ofegou para ele, implorou, antes que ela
pudesse se conter. "Você não faria. Eu sei que você
não faria."
Mas o orc balançou a cabeça, seu olhar frio, brilhante,
sem remorso. "Você não me conhece," disse ele novamente.
"Mas eu conheço você, mulher. Você não valoriza
sua biblioteca. Você não faz um bom trabalho em seu nome.
E você só tem esse trabalho aqui porque ensinou seu pequeno
ventre a pegar o pau gordo desse homem rico!"
A dor parecia uma coisa física, rugindo para a vida no
fundo da alma de Rosa, e ela só conseguia olhar para o rosto
do orc, enquanto sua visão começava a nadar, e o mundo
parecia se inclinar ao redor. Eu conheço você. Você não
valoriza sua biblioteca, você não faz um bom trabalho, você
só tem esse trabalho porque…
E de repente, por um momento horrível, terrível, foi
como se Rosa estivesse de volta à Escola de Caridade para
Meninas novamente, pequena e trêmula diante
da mesa do Sr. Sullivan. Sim senhor. Eu sei, senhor. Por favor,
seja gentil, senhor...
Ela pulou da mesa tão rápido que quase caiu, e se
virou para encarar o orc com as pernas bambas, segurando o
cobertor sobre os ombros curvados. Não. Não. Deuses não.
Ela superou isso, ela usou seu cérebro e trabalho duro para ir
além disso, e nunca olhar para trás. Ela era uma bibliotecária,
uma pesquisadora, e algum dia ela seria uma estudante de
verdade, uma estudiosa de verdade, e nenhum desses homens
horríveis e egoístas jamais
a tocaria novamente.
"Muito bem, orc," ela cuspiu, para aqueles olhos
negros brilhantes. "Se você é um perigo para mim e minha
biblioteca, então dê o fora. Agora."
Mas o orc enfurecedor apenas olhou para ela,
silencioso e muito quieto, até que finalmente aquela boca se
curvou, em um lento, frio e impiedoso sorriso de zombaria.
"Eu vou," disse ele. "Mas graças à sua tolice, mulher"
— ele respirou fundo — "você agora deve vir comigo."
Capítulo 9
Ela deve agora ir com ele. Por um longo e gago
instante, Rosa só conseguiu olhar para o orc, enquanto todas
aquelas grandes alegações sobre orcs corriam por seus
pensamentos. Os orcs eram violentos, perversos, depravados.
Eles estavam à espreita para se lançarem sobre suas vítimas
inocentes, para capturar e violentar como bem entendessem...
Exceto. Exceto por como este orc em particular ainda
estava olhando para ela, seu
corpo rígido, seus grandes braços agora cruzados sobre o
peito. E seu rosto áspero quase pingando de desdém, e
desaprovação, e — sim, ainda, arrependimento.
Rosa piscou para isso por mais um momento
interminável, e então respirou fundo, erguendo-se. "Claro que
não vou a lugar nenhum com você, orc," ela disse, sua voz
vacilante. "Você não foi nada além de rude,
desagradável e crítico, e agora você tem a temeridade de me
culpar por algo que você propôs de bom grado. Então eu
prefiro" — ela respirou fundo – "que você deixe esta
biblioteca de uma vez, e nunca mais volte."
Os olhos do orc se fecharam, mas seu corpo não se
moveu, e algo se contraiu em sua mandíbula cerrada. "Não
importa o que você prefere," ele disse categoricamente. "Você
ainda virá comigo, mulher. Partimos para a montanha hoje."
Rosa ficou momentaneamente sem fala, e ela agarrou
o cobertor com mais força ao redor dela, e ergueu o queixo.
"Eu não vou. Não tenho nenhum interesse
em ir a qualquer lugar com você, especialmente para uma
choupana fria, escura e infestada de orcs. E eu tenho muitas
responsabilidades importantes aqui, e meu patrono me
confiou" — ela se pegou, bem a tempo — "com a
administração responsável da biblioteca."
Ouviu-se um bufo incrédulo da boca do orc, um clarão
de algo que Rosa não conseguia ler naqueles olhos fechados.
"Eu não deveria chamar
seu trabalho para esta biblioteca de responsável," disse ele,
sua voz fria, ameaçadora. "Quanto ao seu patrono, ele logo
encontrará outra para servi-lo em seu lugar. Não há nada em
você que outra mulher não possa substituir facilmente."
Rosa estremeceu antes que ela pudesse detê-lo, a
miséria surgindo afiada por dentro. "Bem, se eu sou realmente
tão inútil," ela gritou, "então por que você não vai
embora e encontra outra mulher para sequestrar, e me deixa
em paz!"
Os braços do orc flexionaram contra o peito, e o olhar
em seus olhos era de puro ódio amargo. "Eu não posso deixar
você em paz," ele rosnou. "Você carrega minha
semente, mulher tola. E assim, se eu não falar agora, você
também dará à luz meu filho."
Oh. Ah, inferno. E a lembrança disso, a visão disso,
de repente foi tão forte que Rosa sentiu-se desmaiar. Plantarei
seu ventre vazio com meus filhos, dissera ele, e o encherei até
estourar.
E Rosa havia dito — sim. Deuses, tinha sido pura e
absoluta loucura, e Rosa olhou para o orc com um horror
crescente. Ela deu sua semente. E agora ela daria à luz seu
filho?!
"Você não sabe disso," ela disse, muito rapidamente,
muito frenética. "Foi apenas uma vez. Pode ficar bem."
Mas houve um ruído duro e quebradiço na garganta
do orc, outra
curva desdenhosa de seu lábio. "Não vai ficar bem, mulher
tola," disse ele,
entrecortado. "Você não lançou uma semente ultimamente, e
assim, quando ela chegar em breve, minha semente
certamente alcançará seu fim. Semente orc não falha, nisso.
Não deve, para manter nossa espécie viva, nestes dias
sombrios."
O coração de Rosa estava batendo de forma irregular,
seu olhar preso no rosto horrível desse orc horrível. "Então
você quer dizer," ela sussurrou, "para me levar embora, me
sequestrar e me forçar a ter seu filho?"
Os olhos brilhantes do orc se fecharam brevemente,
os braços movendo-se contra seu
peito. "Não," ele retrucou. "Mesmo se eu quisesse gerar um
filho em você, você é uma mulher muito pequena para arriscar
isso. Mais provavelmente, meu filho deveria matá-la."
Rosa sentiu seus próprios olhos se fecharem, o medo
correndo por suas costas em furiosas sacudidas, e ela lutou por
ar, por clareza. Ela era inteligente, ela era uma pesquisadora,
não importa o que esse orc dissesse, certamente havia alguma
resposta para isso, alguma solução legal…
"Aí — há pessoas que ajudam as mulheres com essas
coisas," disse ela, as palavras saindo em uma onda de alívio
surpreendente e puro. "Existem ervas. Eu vou lidar com isso
dessa maneira."
Mas houve apenas outro som amargo e zombeteiro do
orc, e quando Rosa piscou para ele novamente, ele estava
balançando a cabeça, devagar, deliberadamente.
"Estas ervas não farão nada, contra um filho orc. Filhos de
orcs são muito
mais fortes que bebês humanos."
Rosa deveria ter argumentado isso — como ele sabia,
como ele poderia saber dessas coisas — mas por alguma razão
inexplicável, ela não sabia. "Bem," ela disse
em vez disso, "há pessoas que lidam com esses dilemas — de
outras maneiras. Com
ferramentas, implementos e tal."
Ela não pôde evitar outro estremecimento
involuntário enquanto falava, mas por outro lado se manteve
imóvel, manteve os olhos no rosto impassível do orc.
Certamente nem mesmo um poderoso orc-filho poderia
sobreviver a uma coisa dessas — ela na
verdade acabou de ler vários relatos de outras mulheres
infestadas de orcs lidando com
situações semelhantes assim — e aquele olhar nos olhos do
orc confirmou isso, desgosto e desaprovação e talvez até
desconforto.
"Na verdade," ele disse, sua voz muito fina. "E mesmo
que esses tolos não o machuquem ou o matem com esses
implementos, você deve permitir que meu filho
cresça o suficiente antes de ter certeza de que ele será
alcançado assim. E
o que você dirá ao seu patrono, quando sua barriguinha
inchar? Ele deve acreditar que é dele mesmo? Ele ficará
satisfeito com você?"
Rosa traiu outro estremecimento convulsivo, porque,
apesar de suas preferências íntimas particulares e de sua vasta
gama de conquistas, Lord Kaspar ainda era aparentemente um
homem meticuloso e adequado. Um homem que valorizava
muito sua
reputação erudita e refinada e que, portanto, nutria uma
profunda aversão a boatos malignos e uma aversão particular
a golpes ilegítimos. E embora Rosa soubesse de fato que ele
tinha pelo menos vários desses correndo pelo campo, ela
também sabia que Lord Kaspar nunca
os havia reconhecido, muito menos suas infelizes mães.
"Eu... eu vou lidar com Lord Kaspar," disse Rosa,
embora sua voz soasse inegavelmente fraca. "Vou dar um
jeito."
"Você vai?" perguntou o orc, impiedoso, inexorável.
"E seu patrono deseja que você mantenha este trabalho nesta
biblioteca, depois disso? Será que ele deseja o mundo para ver
a prova do que ele faz quando está sozinho com seu brinquedo
bobo?"
As palavras pareciam um verdadeiro golpe físico,
ecoando os pensamentos exatos de Rosa com uma força cruel
e devastadora. Porque é claro que esse terrível orc estava
certo,
especialmente quando Lord Kaspar estava tão perto de
finalmente ganhar a fortuna de Lady Scall. Se descobrisse que
Rosa estava grávida, certamente não hesitaria em expulsá-la
inteiramente, sem apoio financeiro, longe de sua
amada biblioteca, para sempre.
A respiração de Rosa estava ofegante, seu coração
trovejando
loucamente em suas costelas, e ela deu um passo curto e
trêmulo para trás. O que ela tinha feito. Deuses do céu, o que
ela tinha feito.
"E-e daí, então?" ela conseguiu dizer, sua voz muito
vacilante. "O que devo fazer?"
E por que ela tinha a menor expectativa de que esse
orc horrível
forneceria a menor assistência, ela não conseguia entender —
mas ela estava olhando para aqueles olhos negros proibitivos,
implorando, implorando, precisando. Ele tinha que fazer
alguma coisa. Ele tinha que.
Houve um instante de quietude, e ela podia ver a
garganta do orc se
convulsionando, seus olhos se afastando dela, para a parede
além. "Eu jurei, nisso," ele disse, mais quieto agora, "cuidar
de você. Então você virá comigo, e meus irmãos vão consertar
isso para nós."
Os batimentos cardíacos de Rosa continuavam
clamando, seus pensamentos deslizando inutilmente
por sua cabeça. "Seus irmãos?" sua voz ecoou. "Outros orcs?"
"Sim," ele retrucou. "Tenho irmãos com dons de cura,
que não precisam de ervas nem ferramentas afiadas. Eles
devem ajudá-la."
"Sério?" Rosa perguntou, a palavra saindo aguda,
incrédula.
"Eles me ajudariam — lidar com — um de seus próprios
filhos, dessa
maneira?"
Porque em toda a pesquisa de Rosa, a devoção feroz
dos orcs a seus filhos tinha sido uma das afirmações
aparentemente mais críveis de todos. Insinuando a
possibilidade de afeição real por parte dos orcs, verdadeiro
cuidado paterno por eles mesmos, e por que os humanos se
incomodariam em criar uma falsidade tão inconveniente?
"Sim," o orc disse, sua voz teimosa, seu lábio inferior
se projetando. "Eles farão isso, se eu disser a eles."
E os deuses a amaldiçoam, mas olhando para este orc,
Rosa novamente, de alguma forma, acreditou nele. "E quanto
tempo," ela disse fracamente, "tal esforço leva?"
"Isso, eu não sei," foi a resposta curta do orc. "Eu
deveria esperar apenas dias, mas pode ser semanas. Ela está
pendurada em você, mulher, e quando seu pequeno ventre der
à luz sua semente, para encontrar a minha."
Oh. Por alguma razão ridícula, as bochechas de Rosa
esquentaram com as palavras, e ela tardiamente baixou os
olhos do rosto dele e lutou por um pensamento racional. "Mas
eu não posso deixar a biblioteca por semanas," ela disse
impotente. "Agora não. Eu não posso."
"Você pode," rosnou o orc. "E você vai, mulher. É
isso, ou então
sua vida. Você não pode realmente ser tão tola a ponto de não
entender isso?!"
E Rosa não era, mas Lord Kaspar, a guerra, sua única
chance de se tornar uma estudante, uma estudiosa, alguém
digno, alguém que importava ...
"Mulher tola," o orc rosnou, seu rosto e voz mordazes,
e ele se levantou, abruptamente o suficiente para que o banco
caísse de lado no
chão atrás dele. "Eu nunca deveria ter tocado você assim.
Você não apenas falha em sua biblioteca de valor inestimável
e vende seus favores baratos a qualquer um que peça, mas
também não usa nenhum sentido e nenhuma razão! Eu lhe
ofereço a vida, e ainda assim você se atreve a ficar aqui e se
recusa a receber isso?!"
Não houve resposta, nem discussão com sua forma
alta e berrante, e em dois passos suaves e rápidos ele fechou o
espaço entre eles, pairando perto e poderoso sobre ela. "Meu
filho," ele sussurrou, "vai te rasgar em dois, mulher. Ele a
despedaçará, e você morrerá gritando e em agonia. E por mais
que eu possa acolher esse destino para alguém tão tola como
você, jurei
ajudá-la, então agora estou vinculado a isso e a você!"
O terror e a repulsa surgiram ao mesmo tempo,
sufocados, desesperados e doentios, esmagando-se selvagem
e impiedosamente contra as visões da noite anterior.
Seu corpo entrando nela, suas garras tão gentis em seu
pescoço, ela era uma tola, ele daria boas-vindas a esse destino,
ele realmente preferia que ela morresse, gritando, em
agonia...
"Não," Rosa respirou. "Eu vou morrer, imbecil, antes
que eu esteja ligado a qualquer coisa com uma besta cruel,
violenta e egocêntrica como você. Você pode considerar sua
obrigação completa e nosso desafortunado conhecimento
permanentemente encerrado. Adeus."

Capítulo 10
Rosa correu pela biblioteca, seu rosto ardendo e
quente, seus passos cambaleantes e de lado. Ela daria à luz a
semente de um orc, ela poderia dar à luz seu filho, e ele queria
que ela morresse.
Ela agarrou a porta da frente, puxando-a com força —
mas ela apenas chacoalhou no lugar e permaneceu firmemente
fechada. E quando seus dedos trêmulos foram para puxar o
trinco familiar, foi para a arrepiante e de parar o coração
perceber que estava — mudado. O aço espesso se dobrou
bruscamente contra a porta, garantindo que ninguém pudesse
entrar ou sair.
Rosa olhou para ele por um longo e intenso momento
— o orc tinha feito isso, ele a bloqueou — e então afastou seu
corpo, balançando a cabeça. Não. Não. Tinha que haver outra
maneira, ela sairia pelos fundos, e se ele tivesse bloqueado
isso também ela sairia por uma maldita janela —
Mas quando ela se virou, seu pé descalço escorregou
em algo — algo plano e liso, que não estava lá antes. E quando
seus dedos trêmulos desceram para pegá-lo, virando-o, houve
outro choque de caos, subindo por sua espinha.
Era uma carta. Do Senhor Kaspar. Para ela.
Lord Kaspar nunca havia escrito Rosa em sua vida —
cavalheiros não escrevem cartas para os funcionários da
biblioteca — mas não havia como confundir a escrita em
ângulo, ou o distintivo selo de cera vermelha, ou o fato de
Rosa tê-lo encontrado ali, bem embaixo da abertura para
cartas. E depois de mais um instante olhando para ela, ela a
pegou, quebrou o selo e abriu a carta.
Querida Rosa, dizia. Você ficará feliz em saber que
meu trabalho no projeto que discutimos chegou aos ouvidos
da Cidadela em Wolfen. Meu papai e eu apresentaremos em
breve minhas descobertas ao próprio Conselho, que
prometeu recursos consideráveis para cumprir nossos planos,
se forem considerados satisfatórios.
Estou certo de que não é preciso dizer que este projeto
é agora de primordial importância, arriscando não apenas
minha reputação em grande escala, mas os recursos e planos
de todo o reino — muitos dos quais já foram colocados em
ação, em preparação para minhas próximas revelações.
Esperarei seu melhor trabalho em meu nome, e
concedo-lhe minha permissão para tomar quaisquer medidas
necessárias para conseguir isso, mesmo
que resultem no fechamento temporário da biblioteca.
Voltarei no primeiro dia do mês para receber seu
relatório; se atender aos meus padrões, eu a compensarei de
acordo, conforme prometido. E
se seu trabalho realmente impressionar, também considerarei
recompensas adicionais significativas, além das já discutidas,
que certamente serão muito agradáveis para
você.
No entanto, se você me decepcionar, serei obrigado a
tomar
medidas drásticas — incluindo sua saída imediata da
biblioteca sem
referência e a nomeação de um substituto mais adequado às
minhas necessidades.
Não me falhe.
A carta foi assinada não apenas com os rabiscos familiares de
Lord Kaspar, mas novamente com seu selo também.
Sugerindo a profunda e terrível importância dessa
missiva terrível, os olhos frenéticos de Rosa a leram de novo
e de novo. Até que as mãos que a seguravam começaram a
tremer tanto que ela não conseguia mais seguir as
linhas, e ela deixou a mão cair de lado, os olhos fixos no nada.
A cidadela. O Conselho. Recursos consideráveis,
importância primordial, seu melhor trabalho, não me
decepcione.
E então, essa promessa provocante e tentadora de
recompensas adicionais significativas, pesava contra essa
ameaça clara e chocante. Uma ameaça que Lord
Kaspar já havia insinuado, é claro — na verdade, sempre
sustentava todo o seu conhecimento — mas ele nunca a havia
explicado com tanta ousadia ou crueldade. Sua partida
imediata, sem referência.
E isso, Rosa sabia, destruiria todas as suas aspirações
acadêmicas. Arruinaria qualquer chance que ela pudesse ter
de encontrar trabalho em outra biblioteca ou
universidade. Isso significaria o fim correto e certo de tudo o
que ela sempre se importava, ou ansiava. O fim de sua vida.
Mas então, pendurada tão precariamente no lado
oposto, estava essa
promessa. Eu vou compensar você. Vou considerar adicionais
significativas recompensas, além das já discutidas. Certo de
ser altamente agradável para você. E o que diabos isso
significava? Financeira, sem dúvida, mas altamente
agradando também? Insinuando algo mais íntimo, mais
pessoal,
os pensamentos de Rosa caíram loucamente para trás, para um
dia meses antes, quando ela e Lord Kaspar haviam passado
uma tarde inteira pesquisando e
discutindo um de seus projetos, seguida de uma noite inteira
na cama. E
depois, segurando o corpo saciado dela contra o dele, ele
disse, Sabe,
Rosa, se minha situação fosse diferente, eu gostaria de ter
você como
esposa. Devemos fazer crianças inteligentes, não acha?
Rosa fechou os olhos com força, mas a visão só correu
mais alto, mais rápido em seu cérebro. Lord Kaspar
impressionando o Conselho certamente viria
com dinheiro, favores, elogios. E se a guerra resultante contra
os orcs foi bem sucedida, ainda mais. Isso daria a Lord Kaspar
o tipo de posição
que ele sempre desejou, sem qualquer necessidade de Lady
Scall.
O corpo entorpecido de Rosa finalmente moveu-se
bruscamente para a mesa de empréstimo familiar,
que — ela olhou fixamente para baixo — de alguma forma foi
arrumada
novamente, todos os seus recursos orcs empilhados
exatamente como estavam. Mas ela não conseguia nem
encontrar espaço para pensar sobre isso no momento, e ela
enfiou a carta no livro em cima da pilha, e colocou a cabeça
dolorida em suas mãos.
Esta era sua chance. Este era seu sonho. E tudo o que
ela tinha que fazer, para salvar seu futuro, era descobrir um
motivo impossível para uma guerra impossível, em uma pilha
inútil de fontes de merda. Antes de Lord Kaspar retornar, em
três malditas semanas.
Não havia jeito. Nenhum. Exceto…
Rosa estremeceu com o ruído fraco e proposital da
parte de trás da biblioteca — e depois novamente ao som
característico do piso de madeira rangendo. E quando ela
piscou, através dos olhos turvos e lacrimejantes, lá estava
o orc. Caminhando direto para ela com propósito em seu rosto,
e um livro ainda apertado em sua mão com garras.
O corpo de Rosa parecia recuar por conta própria,
pressionando contra a parede atrás dela, enquanto sua
respiração era superficial e fina, suas mãos
agarrando o cobertor ainda amarrado em seus ombros. Este
terrível orc ainda a mantinha presa. Ele ainda a queria morta.
E talvez ele tivesse percebido como isso seria fácil, como
talvez pudesse resolver todos os seus problemas de uma só
vez...
E realmente, pensou Rosa estupidamente, talvez essa
fosse a solução mais fácil para ela também. Uma morte rápida
e indolor, em vez de um futuro completamente arruinado, ou
uma morte excruciante ao dar à luz o filho desse idiota…
O olhar do orc varreu a forma trêmula de Rosa, e ele
veio parar diante da mesa de empréstimo. Seu grande corpo
ficou enervantemente imóvel, exceto pelos dedos flexionados
contra o livro.
"Paz, mulher," ele disse categoricamente, sua boca
franzindo. "Eu não vou machucá-la."
Mas mesmo o som de sua voz estava fazendo Rosa
estremecer, e ela se
encostou na parede atrás dela. "V-você me trancou," sua voz
trêmula embargou. "V-você quer me sequestrar. Você disse
que quer que eu morra."
O rosto do orc se virou, algo saltando em sua
mandíbula afiada. "Eu
não desejo que você morra," ele disse, quase quieto demais
para ser ouvido. "Eu não deveria
ter falado assim."
Rosa piscou e sentiu seus olhos caírem para o livro em
sua mão, para suas garras flexionadas contra ele. "Bem, você
fez," ela respondeu, igualmente calma. "Isso e muito mais."
Ela podia ouvir a expiração lenta do orc, podia ver isso
no leve
movimento de sua túnica. "Ach," ele disse, estranhamente, e
um olhar furtivo em seu rosto mostrou que ele ainda não
estava olhando para ela, e em vez disso franzindo a testa para
a mesa entre eles. "Eu realmente guardo grande raiva neste dia
pelo que fiz. Mas eu não deveria ter desencadeado isso em
cima de você."
Rosa parecia estar ali encostada na parede, agarrada
ao cobertor, e o orc suspirou novamente e sacudiu a cabeça
bruscamente. "Eu nunca deveria ter feito essa barganha com
você ontem à noite," sua voz disse, mais dura agora. "Eu não
entendia a força do que veio sobre mim. Ouvi meus irmãos
falarem disso, mas me achava sábio demais para ser
influenciado dessa forma. Eu fui tolo, e agora nós dois
devemos sofrer."
O olhar de Rosa se prendeu ao dele, procurando
aqueles olhos negros arrependidos. As
palavras pareciam genuínas, sua voz parecia genuína, mas —
"Quer dizer que você nunca fez isso antes?" ela ouviu
sua voz vacilante dizer, antes que ela pudesse fechar sua boca
tola. "Verdadeiramente?"
Porque — seus pensamentos mudaram de volta — ele
tinha sido tão bom nisso, tão instintivo, tão seguro. Mesmo
que fosse uma encenação, ele sabia exatamente o que dizer,
exatamente onde tocar, e até mesmo a lembrança de suas
garras afiadas e gentis contra o pescoço dela estava enviando
um arrepio estranho e arremessador pela espinha dela —
Sua boca se estreitou, e ele novamente desviou o
olhar, sua garganta balançando sob
sua pele cinzenta. "Eu não tenho," disse ele, "com uma
mulher."
Rosa ficou brevemente, momentaneamente atordoada
— isso não poderia significar o que
parecia, poderia? — mas depois de mais um momento
vasculhando seu perfil tenso e tenso, ela teve uma certeza
abrupta e inexplicável disso. Este orc não teve uma mulher
antes. Mas ele teve outros, claramente outros orcs, e
provavelmente fácil e frequente. E isso não podia, não, ser
uma labareda de ciúme, coagulando nas entranhas de Rosa —
Mas de repente foi totalmente esquecido, pisoteado lá
embaixo, porque essa era uma nova verdade chocante, não
era? E uma que nem sequer foi insinuada, em todas as fontes
de Rosa. Machos tomando outros machos, desafiando
descaradamente as leis firmemente mantidas de todas as
províncias do reino. E enquanto isso por si só provavelmente
não foi suficiente para iniciar uma guerra, foi — alguma
coisa.
A cabeça de Rosa latejava, seguindo o ritmo errático
de seus batimentos cardíacos, e ela respirou fundo, por uma
indiferença que não sentia. Talvez — talvez ela pudesse fazer
isso, afinal. Se ela pudesse apenas se concentrar. Planejar.
Pensar.
"Bem, por que você me ofereceu essa barganha,
então?" ela se obrigou a perguntar. "Se você soubesse que é
tão arriscado, e você nem gosta de mim?"
Sua voz soou terrivelmente lamentosa, o suficiente
para atrair os olhos carrancudos do orc de volta para seu rosto,
e para longe novamente. "Eu estava apenas —
curioso," disse ele, cortado. "Eu queria saber a verdade disso.
Eu procuro estudar essas coisas, e aprender. Procuro ajudar
meus irmãos."
Oh. E na bagunça caótica que estava atualmente
afogando o cérebro de Rosa, a onda mais poderosa de todas
era apenas mais profunda, arrastando a miséria. Ele
realmente não a queria. Ele realmente não gostava dela. E
talvez não tivesse
sido uma pechincha, afinal, mas algo tão frio, tão calculista.
Curiosidade acadêmica. Pesquisa.
E a própria Rosa fez isso exatamente pela mesma
maldita razão, não
foi? Então, por que diabos ela se importava, por que isso
importava, ela precisava se concentrar em sua própria
pesquisa, seus próprios planos. Não me falhe…
"Eu procuro ajudá-la também," o orc disse, mais
quieto agora. "Eu não desejo que você
morra, por minha loucura."
Rosa mal conseguia respirar, piscando para a mesa de
empréstimo, e houve outro suspiro do orc, pesado e resignado.
"Nenhum mal
lhe acontecerá sob meus cuidados. Assim que isso for feito,
eu a devolverei em segurança a esta biblioteca e a este
homem."
Este homem. Senhor Kaspar. E a respiração de Rosa
só parecia ficar mais superficial, suas mãos úmidas, seus olhos
correndo reflexivamente para sua pilha de fontes, e aquela
carta horrível escondida dentro. Tome as medidas
necessárias. Mesmo que resultem no fechamento temporário
da biblioteca... Voltarei no primeiro dia do mês...
Ela tinha três semanas. E isso poderia ser — deveria
ser — tempo suficiente para
aprender o que ela precisava aprender, enquanto também
lidava com sua... situação. Fazia todo o sentido, era a única
solução lógica, mas…
"Mas," Rosa se ouviu dizer, sua voz estranha,
empolada. "Eu não posso — confiar em
você. Você não gosta de mim, você tem sido rude e cruel
comigo, você admite totalmente me usar para seus próprios
fins, e eu nem sei seu nome."
E deuses, por que ela estava insistindo nisso, por que
ela não estava apenas dizendo sim, me leve embora, fazendo
o que tinha que ser feito — mas aqui estava o porquê. Na
verdade estrondosa e de tirar o fôlego deste enorme e mortal
orc detestável, caminhando ao redor da mesa em direção a ela,
e deslizando a mão contra a parte de trás de seu pescoço.
Afundando aquelas garras em seu cabelo, inclinando o rosto
para olhar para ele.
Os olhos de Rosa estavam presos aos olhos dele,
encapuzados, e todo o seu corpo parecia subitamente tenso,
quente, esperando. Precisando desesperadamente disso, de
alguma forma, esse orc horrível olhando para ela, vendo
profundamente em sua alma fraca, quebrada e aterrorizada.
"Eu sou John do Clã Ka-esh," ele disse, quieto, as
palavras faiscando luz e cor em seus olhos hipnotizantes. "E
você, meu pequeno animal de estimação, virá
comigo hoje para minha montanha. Você não vai?"
Rosa só conseguia piscar e olhar, enquanto as
palavras, o calor e a fome pareciam lavar todo o caos
estridente de uma vez. Enquanto o orc se inclinou lentamente,
propositalmente mais perto, oh deuses, oh inferno, e roçou um
beijo suave e gentil em seus lábios entreabertos e ofegantes.
"Você virá comigo, pequena rosa," ele disse
novamente, sua voz toda sedosa e quente. "Sim?"
E amaldiçoe-a, amaldiçoe Lord Kaspar, amaldiçoe
todo o maldito mundo — porque Rosa só conseguia engolir,
assentir e respirar. Ela enfrentaria isso. Ela seria digna. Ela
iria.
"Sim," ela sussurrou. "Eu vou."
Capítulo 11
Seu nome era John.
O cérebro severamente confuso de Rosa só parecia se
maravilhar com isso, uma e outra vez, mesmo quando o orc
— seu nome era John — abruptamente se afastou dela, seus
olhos mais uma vez escondidos, fechados, distantes. John.
E quando o orc — John — começou a se mover pela
biblioteca, rápido, silencioso e determinado, Rosa apenas
piscou e olhou. Observando com uma estranha e empolgada
perplexidade enquanto empilhava uma pilha precária de
livros, arrancados de vários locais por todas as pilhas — e
então acenava para Rosa, com um estalar imperioso de seus
dedos, enquanto cuidadosamente colocava a pilha sobre a
mesa mais próxima. "Dê-me o cobertor," disse ele, a voz
monótona. "Eu não trouxe um pacote para carregar isso, e não
há mais nada aqui que seja suficiente para mantê-los seguros
em nossa jornada."
Espere o que? Os pensamentos agitados de Rosa
finalmente perceberam isso — ele estava planejando levar
esses livros para a Montanha Orc?! — e ela
balançou a cabeça de forma selvagem e meio demente. "Você
não pode tirar livros da biblioteca," ela conseguiu dizer. "A
menos que você seja um estudante na universidade."
John a fitou com um olhar duro e desaprovador, em
total desacordo com o olhar calmo e emocionante em seus
olhos há menos de um quarto de hora. "Mas você vem comigo,
não é?" Ele demandou. "Você não pode pegar livros desta
biblioteca, desde que os devolva em segurança?"
"Não," Rosa retrucou, mais amargamente do que ela
queria dizer. "Não posso. Não sou estudante."
John apenas continuou olhando para ela, lábios
franzidos, e então de volta para sua pilha de livros. Eles
pareciam ser de uma variedade surpreendente de assuntos,
anatomia e botânica e história e geologia e medicina, e sua
mão cuidadosamente subiu e traçou suas espinhas. Com quase
a mesma reverência que ele havia usado no pescoço de Rosa
antes, o próprio pensamento poderoso o
suficiente para enviar um calafrio para baixo em seu corpo —
um movimento que, previsivelmente, estalou seu olhar
estreito e avaliador de volta para ela.
"Eu desejo esses livros, pequena mulher," ele disse,
sua voz mais baixa, mais suave — e seus olhos pareceram
suavizar também, seus cílios grossos pesados contra sua
bochecha. "Eu juro mantê-los seguros, e trazê-los de volta
conosco quando eu trouxer você aqui. Você não vai me
conceder este pequeno favor?"
"Eu não posso," Rosa engasgou. "Eu não sou uma
menina que rouba livros. Nunca."
John deu um passo mais perto, sua mão chegando para
deslizar familiar e maravilhosa contra seu pescoço. "Mas eu
desejo isso para sua alegria também, pequena
rosa," ele murmurou, sua voz toda doce e derretida prazer.
"Você realmente
deseja ser mantida na minha montanha por dias, ou talvez
semanas, sem nada de valor em sua própria língua para ler?"
O pensamento era completamente arrepiante, como
este bastardo desonesto bem sabia, sua cabeça inclinada — e
de repente o calor de seu toque desapareceu, e ele
estava caminhando suavemente em direção à mesa de
empréstimo. Agarrando algo de baixo dele — The Lady
Bright — antes de voltar e colocando-o em cima de sua pilha.
"Você deseja ler este conto, não é?" ele disse,
novamente
levantando a mão, curvando-se contra a garganta dela. "Eu sei
que isso vai agradar você, meu pequeno animal de estimação."
Os olhos de Rosa estavam presos no livro, sentado tão
inócuo e ao mesmo tempo tão tentador em sua pilha, e ela
estremeceu ao sentir aquelas garras igualmente tentadoras,
traçando leves e suaves em sua pele. "Venha, vamos pegar
isso," ele sussurrou. "Se você me conceder isso, talvez eu
possa agradá-la novamente, depois. Como fiz ontem à noite."
As palavras enviaram uma emoção aguda e
desesperada de calor para a virilha de Rosa — ele realmente
consideraria fazer isso de novo?! — e antes que ela pudesse
se conter, ela sentiu sua respiração travar, sua cabeça dando
um aceno trêmulo e brusco. Dizendo — sim.
Havia um brilho de triunfo nos olhos negros de John,
um ruído quase zombeteiro em sua garganta — e antes que
Rosa pudesse digerir isso, reagir a isso, sua mão já havia
alcançado seu cobertor, puxando o nó que ele havia feito, e
tirando-o dos ombros. Deixando-a ali completamente nua
diante dele, tremendo com o frio repentino, enquanto ele a
ignorava completamente, e embrulhava a pilha de livros em
um pacote organizado e completo.
"Frábær," disse ele, na língua negra que soava
estrangeira, e enquanto Rosa observava, ele puxou o cordão
de suas calças e amarrou-o firmemente em volta do pacote. Só
então ele olhou de volta para ela, seus olhos estreitos e frios,
sem o menor traço de interesse, muito menos desejo.
Foi o suficiente para finalmente fazer o cérebro de
Rosa se agitar novamente, a vergonha
subindo forte e quente em suas bochechas. Ele estava...
encenando, como ele chamava.
Fingindo, como antes. Manipulando. Descaradamente
usando-a para conseguir o que queria.
E Rosa também podia fingir, disse a si mesma com
severidade, enquanto mordia o interior da bochecha e
mantinha o corpo nu ereto e imóvel. Ela estava indo junto com
isso por uma razão. Ela estava assistindo. Pesquisando. Ela ia
usar suas três semanas para conseguir a guerra de Lord
Kaspar, e salvar seu futuro, e condenar esse orc horrível ao
inferno.
O terrível orc — John — estava agora estudando Rosa
com sua típica desaprovação, seus olhos desapaixonados
percorrendo sua forma trêmula. "Você não tem mais roupas,
mulher?"
Ela não pôde evitar uma bufada, ganhando em troca
um pequeno e estranho vacilo da boca de John. "Não," ela
retrucou para ele. "Eu não. Você arruinou meu vestido,
lembra?"
John se encolheu novamente, como se até mesmo a
lembrança dele fazendo tal coisa fosse profundamente
desagradável. "Você ainda não tem um casaco ou uma capa?
Choveu aqui por quase dois dias, e você tem pouca carne em
seus ossos minúsculos para mantê-la aquecida."
Rosa tentou dar de ombros desdenhosamente, mas não
conseguiu, ainda de pé aqui nua e com o rosto vermelho — e
aparentemente muito pequena e ossuda — na frente de um
enorme orc totalmente vestido e desaprovador. "Bons casacos
são caros," ela disse finalmente. "Estou economizando, para
um de lã."
Ela omitiu o fato crucial de que Lord Kaspar só estava
disposto a pagar por vestidos, quanto mais frágeis e com
babados melhor — mas John parecia seguir esse
ponto de qualquer maneira, seu rosto ficou ainda mais
desaprovador do que antes. E em um movimento brusco e
inesperado, ele pegou sua própria túnica e puxou-a sobre a
cabeça. Deixando-o largo e sem peito, suas cicatrizes
abundantes parecendo ainda mais assustadoras à luz do dia,
enquanto ele empurrava sua túnica para ela.
Rosa piscou para isso, e depois para seus olhos chatos
e proibitivos.
Falando muito claramente, sem ele falar nada, e ela estava
com frio e muito desconfortável, então ela finalmente assentiu
e vestiu a túnica sobre a cabeça.
Era enorme, até os joelhos, e o decote rendado que
tinha sido inteiramente adequado para ele mergulhava
profundamente entre seus seios, arriscando uma exposição
acidental a qualquer momento. Mas era quente e bem feito, e
cheirava a almíscar e doçura, e Rosa puxou-o para perto e
lançou-lhe um sorriso fraco e relutante. "Obrigada."
Ele apenas desviou o olhar, sua mão alcançando seu
pacote de livros cuidadosamente embrulhado. "Há algo mais
que deve ser feito aqui, antes de você ir?"
Certo, é claro, e Rosa passou a meia hora seguinte
correndo pela
biblioteca, arrumando o quarto dos fundos, procurando seu
vestido arruinado — e John o jogou na latrina ao lado — e
escrevendo cartas enigmáticas para deixar para Southall e
Lord Kaspar. E, finalmente, redigir um grande e novo sinal de
‘temporariamente fechado’ para a porta.
"E você vai consertar a porta?" ela perguntou a John,
uma vez que ela pendurou a placa — e ele se aproximou e
estalou o metal retorcido de volta ao seu lugar anterior, tão
fácil como se tivesse sido feito de barro. E então ele ficou
lá olhando para ela, alto e impaciente e imperioso, parecendo
para todo o
mundo como se Rosa o tivesse deixado esperando por
semanas.
"Preciso carregar você," disse ele, com um olhar de
desaprovação para as botas de couro leves e gastas de Rosa.
"Esses sapatos bobos não valem nada, nesta chuva."
Ele próprio estava usando um par de botas pretas
grandes e de aparência robusta, que Rosa nem se lembrava de
ter visto antes — onde os orcs adquiriam calçados, afinal? —
e ela tardiamente olhou de volta para o rosto dele. "Carregar-
me?" ela ecoou. "Todo o caminho para a sua montanha?"
Devia ser um dia inteiro de viagem, no mínimo, em
terreno acidentado e denso, mas a expressão no rosto de John
não mudou nem um
pouco. "Sim. Agora vem."
Parecia não haver mais nada para isso, então Rosa se
moveu timidamente em direção a ele — e então se viu puxada
para cima com
braços fortes e seguros, e apertada contra seu peito nu. Era
amplo e quente,
expandindo e colapsando lentamente com sua respiração, e
por um breve instante em que ela quis tocá-lo, acariciá-lo,
virar o rosto e saboreá-lo com a língua —
John estava olhando para ela, seus olhos totalmente
ilegíveis, embora ela pudesse ver o duro engolir de sua
garganta. "Você ficará quieta," disse ele, "e não procure falar
ou me distrair. Devo ficar atento, para garantir que não
sejamos vistos."
Com isso, ele a deslocou para o lado, sustentando todo
o seu peso com um maldito braço, e abriu a porta, apenas uma
fresta. Achatando-se, e ela, bem ao lado dele, enquanto ele
inclinava a cabeça em direção à abertura e inalava, longa e
profundamente.
Ele estava cheirando, Rosa percebeu, claramente pela
presença de outros
humanos, mesmo com essa chuva ainda forte — e ela assistiu
em um
silêncio curioso e contido enquanto ele fazia isso de novo e de
novo. Seus olhos distantes, seu corpo enrolado e tenso contra
ela, sua boca franzida em concentração —
E em um movimento trêmulo, ele se esquivou para
fora, para a
chuva torrencial. Fechando a porta da biblioteca
decididamente atrás deles, o trinco
clicando no lugar — e então ele correu para uma corrida.
Afastando-se com
espantosa velocidade do terreno da universidade,
atravessando a estrada, em direção ao campo aberto, seus
passos largos e poderosos, suas garras agarrando quase
dolorosamente a pele já molhada de Rosa.
A floresta estava se aproximando, correndo em
direção a eles — e Rosa não pôde evitar um estremecimento
quando eles surgiram direto na linha espessa de árvores. Mas
não na estreita e constritiva raspagem de galhos e folhas,
como ela talvez esperasse — mas apenas na escuridão
sussurrante e sussurrante, altos troncos de árvores piscando
enquanto John corria de um lado para o
outro, seguindo algum caminho invisível e impossível.
Foi a sensação mais estranha, sendo arrastada pela
floresta nos
braços fortes e seguros de um orc furiosamente correndo — e
ainda mais quando aqueles grandes braços a colocaram mais
ereta, abrindo suas pernas para que ela ficasse montada em
seu quadril. Segurando-a do jeito que uma mãe seguraria uma
criança, quase, de modo que seu corpo estava pressionado
contra ele, seu braço circulado
apertado sob sua bunda.
Ele não tinha olhado para ela assim, ou mesmo com
um passo ligeiramente quebrado, mas Rosa podia sentir como
esta posição seria mais fácil, como seu peso estava distribuído
de forma mais uniforme contra ele. E como — ela se
contorceu um pouco, e
então, em uma explosão de ousadia, enrolou as pernas
firmemente ao redor da cintura dele — ela poderia tornar
ainda mais fácil, trabalhando com seu corpo grande, em vez
de contra ele.
A mão contra sua bunda apertou levemente, quase
como se estivesse em aprovação, e Rosa se sentiu toda corada
quando se inclinou para mais perto e inalou o cheiro
almiscarado de seu peito nu. Estava escorregadio e brilhante
agora, encharcado de chuva e suor, seus mamilos cinza
escuros duros, seus músculos se destacando sob suas
cicatrizes. Havia também mechas de cabelo preto molhado
preso contra ele, saindo longos e soltos de sua trança — e
ainda pior, seu quadril estava roçando impiedosamente contra
a virilha de Rosa, cada passo de sua perna um golpe rítmico
torturante ali. E ela percebeu, com um
desgosto crepitante, que sua túnica havia subido, de modo que
seu calor aberto e inchado estava pressionado diretamente
contra aquela força gloriosa e sólida —
John parou de correr tão abruptamente que o mundo
pareceu gaguejar, e antes que Rosa soubesse o que tinha
acontecido, ele a depositou debaixo de uma grande árvore e
recuou rapidamente. Seus olhos distantes, encobertos
enquanto ele olhava para ela, e ela piscou atordoada de volta,
agarrando-se à árvore para se equilibrar, tentando encontrar
apoio em suas pernas trêmulas.
"Eu devo comer," ele disse, com a voz dura, enquanto
colocava o pacote de livros embrulhado em suas mãos. "Fique
aqui. E mantenha-os secos."
Rosa assentiu, apertando os livros contra o peito,
enquanto seus olhos corriam avidamente para cima e para
baixo em sua forma encharcada de peito nu. E então encontrou
— sua respiração parou — uma protuberância inegável e
impossivelmente grossa, projetando-se forte e faminta contra
a frente de suas calças.
Deuses. A língua traidora de Rosa tinha saído para
lamber seus lábios, e em resposta houve um ruído baixo e
estrangulado do fundo da garganta de John — mas
sem outra palavra, ele se virou e partiu para as árvores.
Rosa o observou ir, seus olhos demorando em suas
costas largas e nuas, a curva dura de sua bunda — e então ela
cedeu contra o tronco de árvore úmido atrás dela, e apertou os
livros contra o peito, com tanta força que doeu.
Isso era para ser pesquisa. Isso deveria dar a Lord
Kaspar sua guerra e poupar Rosa de um destino infernal. E ela
tinha que manter seu juízo sobre ela, e prestar atenção, ao
invés de ser constantemente
confundida por este orc alarmante e assustador.
Mas a situação não foi ajudada pelo inevitável retorno
de John, talvez um
quarto de hora depois. Agora completo com um respingo
generoso de sangue fresco em seu peito nu e brilhante, e —
Rosa quase engasgou — também pingando
vermelho das garras de sua mão direita e do canto de sua boca.
Deuses, ela estava enlouquecendo, e Rosa apertou os
olhos e lutou para encher seu cérebro com imagens horríveis
de qualquer pobre animal indefeso que ele tinha acabado de
devorar. "Melhor?" ela conseguiu. "Bom lanche?"
Sua língua saiu, longa e preta e sinuosa, para lamber
o sangue em
sua boca, e amaldiçoá-la, mas Rosa quase gemeu alto, seus
olhos presos na visão. Enquanto a cabeça de John se inclinava,
sua trança molhada caindo sobre seu ombro, enquanto ele
levava suas garras avermelhadas à boca, e — Rosa quase
gemeu de novo — lentamente as lambeu, uma por uma.
"Sim," ele disse, uma vez que ele terminou, em
resposta à sua pergunta. "Eu deveria
ter lhe trazido um gosto, mas eu sei que vocês humanos só
zombam de boa carne fresca."
Ele estava franzindo a testa para ela novamente, como
se este fato fosse uma falha pessoal da parte dela, e então
caminhou em direção a ela. Assomando muito perto, alto e
sangrento e incrivelmente poderoso, enquanto uma mão
agarrou o pacote de livros que ela ainda estava segurando, e a
outra mão puxou para baixo a gola muito baixa de sua túnica
úmida.
Rosa congelou toda, talvez esperando que ele a
expusesse, ou rasgasse a túnica, do jeito que ele tinha feito
com o vestido dela — mas ele estava apenas franzindo a testa,
primeiro em sua clavícula, e depois mais abaixo, em seu
esterno. "Ainda assim," ele disse, quase mais para si mesmo
do que para ela, "você deve ter fome, mulher. Você pesa
pouco mais que um filhote, e seus ossos minúsculos não
devem ser vistos assim."
Ele novamente falou com forte desaprovação, como
se Rosa tivesse total
responsabilidade por afrontar seus olhos de tal maneira —
isso, quando ele literalmente ainda estava pingando de sangue
— e ela puxou a túnica de volta, escondendo a visão
censurável de seus ossos de seu olhar crítico.
"Bem, desculpe-me por ofender sua sensibilidade
delicada, orc," ela estalou para ele. "Talvez da próxima vez
você possa realmente me trazer um pouco de carne para
comer, e você não terá que ficar com tanta repulsa ao me ver."
Os olhos do orc se voltaram para os dela, algo
estranho mudando dentro deles, e ele balançou a cabeça,
tirando mais cabelos pretos soltos de sua
trança desordenada. "Eu não estou com repulsa," disse ele,
sua língua soando cuidadosa na
palavra. "Eu só não sigo isso. Por que aquele homem rico não
te alimenta, como deveria? Ele deseja manter seu animal de
estimação pequeno e fraco?"
Rosa já havia aberto a boca, prestes a apontar que
alimentá-la
não era responsabilidade de Lord Kaspar nem um pouco — e
mais importante, ela não era o animal de estimação de Lord
Kaspar — mas então ela apertou os lábios,
enquanto as memórias desfilavam atrás de seus olhos. Seu
salário na biblioteca era nominal, destinado a ser um pequeno
honorário para um empregado estudante já rico, e Lord Kaspar
alegou uma total incapacidade de ordenar um aumento para
não ser acusado de favoritismo entre seus colegas menores. E
embora ele tenha dado moedas a Rosa de vez em quando,
quando ela estava
particularmente desesperada, ela sempre foi relutante, irritada,
hesitante.
Eu já fui acima e além para dar-lhe este post, não fui?
ele disse uma vez. Com minha renda sendo o que é, não posso
me dar ao luxo de ter outra amante pendurada em minha bolsa.
Você é melhor que isso, querida Rosa. Você não é?
E enquanto essa menção de outra amante tinha sido
espetacularmente rebaixadora, ao mesmo tempo, também
colocou Rosa em um lugar diferente, uma esfera diferente do
resto. Não apenas outro rosto bonito intercambiável pago por
prazer — mas alguém importante, alguém inteligente, alguém
digno. Eu deveria gostar de tê-la como esposa...
"Lord Kaspar tem — outras prioridades," disse Rosa,
tardiamente, as palavras parecendo grossas em sua boca. "E
princípios, sobre essas coisas."
O ruído da garganta de John era áspero e zombeteiro,
suavizado apenas pelo
toque repentino e quente de sua mão no pescoço de Rosa.
"Este homem é
barato," ele disse categoricamente, "e um tolo. Ele deveria
ficar muito mais satisfeito com um animal de estimação forte,
quente e bem cuidado do que com um fraco, faminto e com
frio. Não é de admirar que seu trabalho em nome da biblioteca
dele tenha sido tão estúpido."
A boca de Rosa se abriu novamente, prestes a tentar
algum tipo de
protesto bem justificado contra a totalidade dessas
declarações terríveis — mas a mão de John havia deslizado
sobre sua boca, suas garras pressionando firme, mas
gentilmente
contra seus lábios entreabertos. "Anoitecerá antes de
chegarmos à montanha. Você deve comer."
Rosa conseguiu dar de ombros — eles não tinham
embalado comida e, com a chuva ainda garoa, não havia como
fazer uma fogueira. E ela não ia comer carne crua — ela não
estava tão longe, ainda — e era muito cedo no ano para frutas
ou bagas, então o que diabos ela deveria fazer?
O orc quase parecia seguir os pensamentos dela, seu
olhar percorreu brevemente a floresta molhada ao redor deles,
antes de voltar para o dela novamente. E desta vez aqueles
olhos eram duros, determinados, decisivos, sua boca se
contraindo
com um desgosto claro e apertado.
"Muito bem," disse ele, as palavras um estalo de seus
lábios. "Você deve se ajoelhar, mulher. E então, você deve
chupar o seu preenchimento do meu pau."

Capítulo 12
Pelo que parecia ser a décima vez desde que se
conheceram, Rosa ficou totalmente muda por esse orc terrível
e insondável.
"Eu vou o quê?" ela finalmente exigiu, contra aqueles dedos,
ainda quentes e próximos e perfumados contra seus lábios.
"Descer e chupar você? Aqui ?! Além disso" — ela olhou para
ele, enquanto a memória pegou e chamejou — "você não se
lembra, ainda ontem, como você zombou de mim por oferecer
tal coisa, e alegou ser bom demais para minha boquinha
fraca?"
O lábio de John se curvou, mostrando uma sugestão
de uma presa branca ainda sangrenta. "Eu não reivindiquei
nada, e isso não está me chupando," disse ele, formando as
palavras com
cuidado visível, e também profunda desaprovação. "Isso é
apenas para sustentá-la. Não te levarei à minha montanha com
frio, com a barriga vazia e o raciocínio confuso. Você está
sujeita a desmaiar de medo, ou pegar um calafrio mortal, e
assim quebrar meu voto de cuidar de você e me ganhar o
desprezo de todos os meus irmãos."
Rosa seguiu isso com esforço — claramente seu
cérebro estava bastante confuso no momento — e respirou
fundo. "Por que," ela conseguiu dizer, "seus
irmãos o desprezariam? Vocês orcs não roubam mulheres
indefesas o tempo todo? Certamente há muitos desmaios,
calafrios e histeria envolvidos nisso?"
John bufou, seus dedos apertando levemente contra os
lábios de Rosa. "Você não deveria prestar atenção em tudo
que lê nesses livros idiotas," ele retrucou. "Nós orcs não
roubamos nenhuma mulher por muitas, muitas luas. E
devemos cuidar
daqueles que temos, mantê-los seguros e contentes, e ganhar
sua força e fidelidade para nós mesmos. Isso, nosso sábio
capitão nos ensinou."
O capitão deles. O atual capitão dos orcs se chamava
Grimarr, Rosa sabia de sua leitura, e ele era supostamente uma
besta grosseira, cruel e astuta que antes do acordo de paz havia
rumores de ter sequestrado e aprisionado uma verdadeira
dama com título — mas esse pensamento altamente horrível
foi arrancado completamente, quando as garras afiadas e
tentadoras de John se arrastaram para baixo, curvando-se
contra a pele úmida do pescoço de Rosa.
"Ajoelhe-se, mulher," ele disse, mais suavemente,
seus olhos estremecendo. "Beba minha boa semente.”
Mas ele estava fazendo isso de novo, sua coisa
manipuladora de fala doce e de toque doce, e eles estavam a
céu aberto, o chão estava frio e encharcado, Rosa não estava
dando nada a esse maldito orc —
"Boa tentativa, orc," ela disse, sua voz apenas
ligeiramente vacilante. "Mas temo que chupar você em uma
floresta molhada esteja muito baixo na minha lista de
prioridades, no momento."
John olhou para ela por um instante muito longo, seus
olhos fechados — mas então ele deu um passo mais perto,
aquela mão quente se estendendo mais contra o pescoço dela.
"Não se faça de tonta comigo, meu pequeno animal de
estimação bobo," ele disse, inclinando o queixo dela para cima
com o polegar afiado. "A semente de orc é doce e rica, tão boa
quanto qualquer carne. É um presente para mulheres fracas e
frágeis como você."
Rosa engoliu em seco contra aquela garra e sacudiu
furtivamente a
cabeça. "Eu me recuso a tolerar qualquer coisa do tipo," ela
engasgou. "É
totalmente ridículo."
"Não é ridículo," John respondeu, aqueles olhos se
estreitando nos dela. "É uma verdade conhecida entre os orcs
desde os primeiros contos. Nossa boa
semente não apenas encherá as mulheres com nossos filhos,
mas também as fará gordas e fortes. Isso ,as torna
companheirps saudáveis e dignos, inteiros e fortes o suficiente
para gerar nossos filhos."
Espere. Ele realmente acreditava nisso, percebeu
Rosa, piscando para seus teimosos olhos negros. E seus
próprios olhos se voltaram contra a vontade para o pacote de
livros, que ele ainda segurava cuidadosamente na outra mão,
e esse orc horrível
certamente não era tão estúpido assim, era?
"Segure isso," disse ele, empurrando os livros para ela
— e então,
sem aviso, sem hesitação, suas mãos agarraram a frente de
suas calças e arrancou seu pau de orc já duro.
Deuses. Era longo e grosso e reto, projetando-se da
massa de cabelo escuro e grosso abaixo dele. E na luz mais
forte, Rosa podia ver cada
veia e crista, e curiosamente, cicatrizes mais desbotadas e
inconfundíveis, subindo por toda a extensão dele, até mesmo
na cabeça lisa e arredondada.
Rosa lançou-lhe um olhar furtivo e inquieto, mas John
apenas olhou
de volta, e então lentamente, deliberadamente, curvou sua
grande mão familiar e fácil ao redor da base dela. E então
deslizou para cima, com um propósito agonizante,
espremendo uma grossa gota branca daquela fenda escura e
brilhante.
Porra. Rosa só conseguia olhar, estupefata, enquanto
ele fazia isso de novo, quase como se zombando dela,
provocando-a, com uma
visão tão audaciosa e pavorosa. E estava quase funcionando,
porque a língua de Rosa lambeu seus lábios secos, o calor
surgindo quente e poderoso em sua virilha.
John não perdeu isso, claro que não, e houve um ruído
rouco e rouco de sua garganta quando sua mão deslizou para
cima novamente, ainda mais lento desta vez. "Ver?" ele
murmurou. "Isso deve agradá-la, animal de estimação."
Rosa continuou olhando, sem respirar, enquanto este
orc descarado movia sua outra mão até aquela fenda profunda,
pegando a gota branca assim que ela caía, formando uma poça
grossa e viscosa em seu dedo com garras. E então, oh inferno,
ele levantou aquele dedo e espalhou aquela brancura espessa,
bagunçada e escorregadia, contra os
lábios de Rosa.
Houve um choque instantâneo — um orc tinha
acabado de limpar seus restos na boca dela?! Mas então já era
tarde demais, a armadilha armada e acionada, porque a língua
traidora de Rosa havia escorregado e provado.
O gemido de prazer de sua garganta foi reflexivo,
gutural, totalmente humilhante, assim como a forma como sua
língua se lançou de volta, lambendo
desesperadamente pelo resto. Porque deuses, ele tinha um
gosto impossível, terrivelmente bom, quase como o doce mel
que ela havia roubado uma vez na escola, e nunca, jamais
esquecera desde...
De repente, ela estava faminta, seu estômago vazio há
muito tempo rosnando audivelmente, e em troca John
realmente riu alto, abertamente, talvez pela
primeira vez em seu conhecimento. E embora Rosa soubesse
que era às suas custas, ela foi brutalmente, bizarramente
apanhada ao vê-lo, o som dele, profundo e rico e rolando, seus
olhos enrugando, seus lábios curvando-se para mostrar todos
aqueles dentes afiados...
"Mulherzinha tola," sua voz disse, ainda sedosa e
quente com sua
risada. "Agora ajoelhe-se e me chupe."
Ele até pegou os livros novamente enquanto falava,
arrancando-os do aperto de Rosa com um único movimento
de sua garra, e levando a outra mão
pesada à cabeça dela. "Agora," ele disse, "antes que eu pense
melhor em lhe conceder tal presente."
O estômago de Rosa ainda roncava, ainda a inundava
de humilhação, mas aquela última ameaça tinha feito seu
trabalho, porque seus joelhos trêmulos caíram no chão,
aparentemente por conta própria. E aquela dureza enorme,
cicatrizada e pingando estava ali, bem na frente de seu rosto,
e por um instante sem fôlego
houve uma pontada distante de sanidade, de racionalidade, o
que ela estava pensando, isso era verdadeiramente,
incrivelmente ultrajante...
Mas então John se inclinou para frente, e sua mão em
garra cutucou aquela cabeça grossa e
lisa entre os lábios ofegantes e entreabertos de Rosa.
Espalhando-os
ao redor dele enquanto ele gentilmente, inexoravelmente se
abateu, mais e mais, enquanto aquele glorioso sabor doce
carregava através dos pensamentos de Rosa, sua consciência,
seu próprio eu...
Ela soltou outro gemido arrastado e miserável,
ganhando outra risada de cima, baixa e suculenta e
zombeteira. E ele era um completo
bastardo, uma besta manipuladora mentirosa — mas mal
havia espaço para seguir isso, para enfrentar isso, quando
alguém estava chupando freneticamente e ruidosamente um
pau enorme, vazando liberalmente e absolutamente delicioso.
Ele não estava nem empurrando, ou se movendo,
apenas parado ali em silêncio e desdenhoso, sem sequer um
suspiro. Como se ser chupado publicamente
por uma mulher desesperadamente faminta fosse uma
ocorrência completamente banal — e o olhar rápido e
vergonhoso de Rosa para cima provava isso, seus
olhos negros nos dela frios, vigilantes, distantes.
E talvez fosse o fato de que seu estômago não estava
tão faminto
agora, sua garganta ansiosa já havia engolido uma quantidade
considerável daquela doçura espessa — ou talvez fosse aquele
comentário cruel que ele fez sobre sua boca fraca, ou mesmo
a visão repentina da noite anterior, de toda a sua distância
cuidadosa arrancada, mostrando a verdade escondida por
baixo. Mas
o que quer que fosse, Rosa estava tomada por uma
necessidade imprudente e furiosa de mostrar a ele, de
impressioná-lo, ela era muito boa nisso, e esse bastardo ia
admitir isso...
Então ela recuou um pouco, deslizando por toda a
extensão dele, aprendendo-o, explorando-o. Aprofundando e
sacudindo a língua por toda a cabeça dele, profundamente
naquela fenda deliciosa, quase como se o bebesse de dentro
para fora — e então, depois de uma respiração espessa e
revigorante pelo nariz, ela o chupou profundamente
novamente, o mais longe possível como ela podia ir,
pressionando-o firme e poderoso contra sua garganta.
Houve apenas uma leve vibração daquelas pálpebras,
seu rosto
ainda distante e composto, então Rosa fez isso de novo, desta
vez com mais força.
Deslizando até o comprimento dele, lambendo e
esbanjando aquela cabeça lisa e macia, e então chupando-o
tão profundamente quanto ela podia, sua garganta trabalhando
e
convulsionando ao redor dele. Ela não conseguia levá-lo até o
fim, mas as
circunstâncias haviam desperdiçado seu reflexo de vômito
anos atrás, e era uma coisa muito próxima, os pelos pretos e
grossos fazendo cócegas em seu nariz...
Houve um som de John que poderia ter sido um
suspiro, mesmo enquanto seu olhar permanecia distante,
impassível. Então Rosa segurou seus olhos piscando para ele,
desafiando-o a ignorar isso, implorando para que ele não
ignorasse isso — e então se preparou e o levou ainda mais
fundo. Sua garganta queimando e se contorcendo e gritando
silenciosamente, cheia de uma enorme pica de orc invasora,
enquanto suas mãos trêmulas se aproximavam e o agarravam,
uma em seu quadril quente, uma
naquelas bolas pesadas abaixo…
Isso rendeu um silvo, um esvaziamento de seu peito
— e de repente Rosa estava dirigindo sua boca para ele, com
toda a força que podia reunir. Tomando-o urgente e poderoso,
afundando para cima e para baixo em todo o seu
comprimento, sua língua torcendo, seus lábios esticados e
chupando, sua garganta gritando enquanto ela
batia seu peso implacável contra ele de novo e de novo, e
deuses ela
precisava disso, ela ansiava por isso mais do que vida —
Os olhos de John ainda não haviam mudado, não
sugerindo o menor interesse em seus esforços, mas isso —
isso — era a sensação inconfundível e emocionante de sua
mão grande, descansando contra sua cabeça. Seus dedos
deslizando levemente, aquelas garras em seu cabelo...
Era tudo, tudo, estimulando Rosa mais forte, mais
rápido, mais fundo. Suas próprias mãos tremendo e
agarrando-se a ele, seu rosto queimando, seus
olhos lacrimejando, aquele pau brutal e exigente golpeando
sua garganta
de novo e de novo e de novo...
Houve outro suspiro de sua boca, quieto, abafado,
inconfundível. E aqueles olhos distantes e desapaixonados
finalmente brilharam, finalmente o traindo, e aqueles quadris
poderosos estalaram para frente, cavando-o tão fundo que ela
quase engasgou...
E então ele se derramou nela, inundando-a, afogando-
a. Enxameando sua boca e sua garganta com onda após onda
de mel espesso derretido, tanto que bloqueou sua garganta,
encheu suas bochechas, deixando-a tossindo e lutando para
engolir — até que ele finalmente se puxou para fora de seus
lábios, e a semente imediatamente surgiu atrás dele, cuspindo
grosso,
humilhante e obsceno da boca ofegante, inchada e
avermelhada de Rosa.
Ela podia sentir seus olhos observando, esperando até
que diminuísse em um drible constante, acumulando
bagunçado e escorregadio em seu queixo. E amaldiçoá-la, mas
mesmo agora sua língua dolorida e trêmula escorregou,
lambendo o que podia, e
engolindo em sua garganta claramente dolorida.
Mas John não riu, nem zombou dela, e quando Rosa
arriscou um
olhar furtivo e vergonhoso para ele, seus olhos não estavam
zangados ou arrependidos, como da última vez. Apenas
vigilante, atento, e aquela grande mão em seu cabelo
lentamente inclinou seu rosto para cima, mostrando a ele a
bagunça total que ele tinha feito dela, seu queixo
ainda pingando com seu branco espesso e pegajoso.
"Pequeno bichinho tolo," sua voz disse, tão baixa que
ela mal podia ouvir. "Ach, você estava com fome."
Rosa não conseguia falar, apenas piscando para ele
através dos cílios estranhamente molhados, seu batimento
cardíaco ecoando errático em seus ouvidos. E a cabeça de
John se inclinou, aquelas garras raspando levemente contra o
couro cabeludo dela, e ele levantou a
outra mão, traçando a parte de trás do dedo na bagunça no
queixo de Rosa.
"Aqui," ele murmurou, enquanto roçava aquele dedo
contra os lábios entreabertos dela — e lá estava apenas
fazendo isso, obedecendo, lambendo e lambendo sua pele. E
novamente, quando ele foi para mais, e depois de novo.
Desesperadamente
bebendo tudo o que ele daria a ela, tanto quanto ele daria a ela,
até que seu rosto estava quase limpo novamente, e ela estava
chupando o último de seus restos daquele dedo gentil e
cuidadoso, agora afundado profundamente em sua boca.
"Não coloque sua língua na minha garra," ele avisou,
ainda suave, quando ela talvez tenha se aproximado demais.
"Isso vai te cortar, se você não souber exatamente como lidar
com isso."
Rosa conseguiu assentir, girando a língua com mais
cuidado, até que a mão dele finalmente se afastou.
Alcançando atrás dele, para onde — os olhos nebulosos de
Rosa lutavam para se concentrar — ele em algum momento
colocou o pacote de livros em uma
pedra próxima. E agora sua outra mão se afastou dela também,
puxando para fora de seu cabelo para virar cuidadosamente o
pacote, como se estivesse inspecionando a
umidade ou danos.
Deixou Rosa ali ofegante de joelhos, fria, trêmula e
intocada, e de repente inundada de vergonha. Por que ela tinha
feito tal coisa, dado a este orc tal coisa, quando ele claramente
mal se importava? Certamente não tanto quanto ele se
importava com os livros, com base em como ele estava
atualmente
franzindo a testa sombriamente em um canto do pacote, e
depois levando-o ao nariz,
inalando profundamente.
Deuses, era tudo loucura, e Rosa esfregou o rosto
ainda pegajoso com as mãos úmidas. Ela estava aqui por uma
razão. Ela estava aqui para pesquisar. Ela estava conseguindo
a guerra de Lord Kaspar e se salvando de um futuro infernal,
e isso era tudo. Três semanas.
Com esforço, ela cambaleou até os pés vacilantes,
agarrando-se à
árvore próxima para se equilibrar, enquanto John continuava
a ignorá-la descaradamente, a favor de desamarrar o pacote e
depois embrulhá-lo com cuidado deliberado. Apenas
lançando um breve olhar de volta para Rosa uma vez que ele
terminou, seus olhos
novamente fechados, em outro lugar.
"Venha, mulher," ele disse, sua voz entrecortada,
totalmente sem o calor de apenas alguns momentos antes.
"Nós demoramos bastante."
A dor surgiu novamente, antes que o cérebro racional
de Rosa pudesse pará-la — não,
não, isso era pesquisa, isso era tudo — e ela se obrigou a
assentir e caminhar com seu corpo trêmulo de volta para ele.
Até que ela estivesse perto o suficiente para que ele pudesse
novamente agarrar aquele braço poderoso ao redor dela, e
levantá-la até seu quadril.
"Você deve segurar firme," disse ele, sem olhar para
ela. "Agora que
renovei minhas forças, correrei com toda a velocidade."
Rosa assentiu silenciosamente, e aquele braço apertou
contra ela — e então, com um chute forte de sua perna, eles
foram embora. Mais uma vez rasgando as árvores em um
ritmo de tirar o fôlego, seguindo algum caminho
desconhecido, em um terreno que se tornava mais áspero e
rochoso a cada momento que passava.
Mas, novamente, Rosa de alguma forma parecia
afundar na segurança curiosa e inexplicável disso. Seu grande
corpo se movendo e caminhando, seu peito fechado e nu e
quente, sua mão forte firme sob sua bunda. Sua outra mão
chegando até mesmo a
tocá-la, às vezes, segurando-a firme contra ele enquanto sua
forma graciosa saltava, esquivava e subia. Quase como se isso
fosse uma brincadeira juntos, ou um jogo, ou talvez até uma
dança.
"Preciso beber," ele disse abruptamente, talvez no
meio da tarde, uma vez que eles se
aproximaram do que parecia ser um penhasco, com o som
distinto de um
riacho abaixo. "Fique."
Ele colocou Rosa na pedra escorregadia, segurando
suas grandes mãos firmemente em
sua cintura enquanto ela se equilibrava em suas pernas
dormentes e formigantes. E então —
ela piscou — ele desapareceu, pulando do penhasco, e quando
ela
olhou cuidadosamente, foi para a visão de sua forma cinza
escalando a descida íngreme, molhada e rochosa, tão
facilmente como se fosse uma colina gramada.
Ela continuou observando, confusa, enquanto ele se
ajoelhava ao lado do riacho abaixo,
primeiro espirrando água no rosto e depois bebendo
profundamente. E então — sua respiração engatou —
puxando sua trança bagunçada com um puxão de sua mão, e
sacudindo o longo cabelo preto ao redor de sua cabeça,
enviando gotas voando.
Parecendo, por um instante, como uma criatura de outro
mundo, um elfo, talvez, ou um príncipe das fadas das trevas,
alto e cheio de cicatrizes e poderoso, e todo molhado...
Mas a ideia desapareceu tão rapidamente quanto
surgiu, quando a cabeça de John girou para olhar para ela. Seu
rosto afiado e cada vez mais desaprovador, e sua mão
deu um aceno curto e significativo para trás. Eu lhe disse para
ficar, dizia, muito claramente. Afaste-se do limite, mulher
tola.
Por alguma razão ridícula, a boca de Rosa se curvou
— esse orc já era tão malditamente previsível — mas ela
obedientemente voltou para onde ele a havia colocado e
esperou. E quando ele voltou, ainda estava com sua típica
desaprovação, e seu cabelo cuidadosamente trançado
novamente — mas também, com suas grandes mãos juntas, e
cuidadosamente segurando uma poça de água clara e
cintilante.
"Você deve beber," ele ordenou, empurrando suas
mãos em direção a ela. "Eu não vou deixar você desmaiar de
sede antes de chegarmos à montanha."
Sua voz era áspera, mas suas mãos estavam firmes,
seguras, esperando. E como ele possivelmente carregou tanta
água até aquele penhasco sem derramar,
ele realmente conseguiu isso só para ela? — e depois de um
olhar furtivo em seus olhos proibitivos, Rosa deu um passo à
frente com cuidado, abaixou a cabeça e bebeu.
Foi a coisa mais estranha, beber água das
mãos estendidas de um orc, até que ela bebeu tudo, e sua
língua estava lambendo levemente as últimas gotas de suas
palmas. E mais estranho ainda que ele a deixou fazer isso,
esperando com
paciência incomum — e então, uma vez que ela finalmente
terminou, ele
levantou a mão úmida para esfregar o queixo dela, onde ainda
estava
pegajoso, dos eventos anteriores da tarde.
"Obrigada, meu senhor," Rosa se ouviu dizer, calma,
seu olhar correndo para o rosto dele — e então imediatamente
para longe novamente, porque por que ela disse
isso, especialmente a parte meu senhor? — mas de repente
houve o roçar suave e aprovador de uma garra contra seu
pescoço, fazendo sua respiração ficar presa na garganta. Ele
— gostou disso. Ser agradecido, ou ser chamado de meu
senhor, ou ambos, depois de cuidar dela dessa maneira. Quase
como se ela realmente fosse seu animal de estimação,
pronta e ansiosa para seguir seu comando, curvar-se ao seu
governo...
"Temos que ir," sua voz curta cortou, e Rosa
silenciosamente assentiu, e deu um passo em direção a ele. E
desta vez, ela quase pulou um pouco em cima dele, seu braço
forte e familiar pegando facilmente ao redor de sua bunda,
como se eles tivessem feito isso centenas de vezes antes — e
então ele saiu novamente, correndo pelas árvores, enquanto
Rosa agarrava firmemente contra ele, respirando o delicioso
aroma almiscarado de seu peito nu suado, e lutando
bravamente para ignorar a
graça fácil de seu corpo, e com isso, aquela pressão constante
e esmagadora de seu quadril duro contra sua virilha.
Eles tiveram que parar várias vezes, geralmente para
escalar o
terreno cada vez mais proibido, com a mão de John segurando
firmemente a de Rosa enquanto ela subia atrás dele. E uma
vez, em uma parede particularmente complicada, ele ordenou
que ela subisse em suas costas e se agarrasse — o que ela fez,
agarrando-se firmemente aos ombros e cintura nus com toda
a força, enquanto seus músculos se moviam e
ondulavam contra ela, seu grande corpo escalando o penhasco
com uma
facilidade rápida e alarmante.
Era anoitecer quando a montanha finalmente chegou
perto, elevando-se alta e
cinzenta e escarpada diante deles, e lançando fumaça para o
céu. E o corpo de Rosa contra John tinha ficado muito tenso e
imóvel, porque esta era a Montanha Orc. Este orc a estava
levando para seu escuro, perigoso e infame covil, nas
profundezas da terra, que diziam estar cheio de minas, traição
e morte. E
provavelmente havia milhares de orcs fervilhando lá dentro,
cruéis e sanguinários, apenas esperando para violentar e
matar...
A corrida de John finalmente diminuiu para uma
caminhada, seu quadril rolando suave e
fácil contra ela, e ele a ergueu um pouco, apertando sua mão
debaixo dela. "Não tenha medo, mulher," ele disse, embora
ele não estivesse olhando para ela, seu olhar fixo na montanha
à frente. "Já lhe disse, você não deve prestar atenção a todas
essas tolices que lê."
Rosa tentou assentir, mas o medo ainda estava
crescendo e coagulando, agitando-se profundamente. E de
alguma forma John viu isso, ele sabia, seus olhos olhando
para ela — e ele parou completamente, antes de outro
penhasco de pedra sólido e escarpado.
"Mulher tola," disse ele, com um suspiro. E então —
Rosa não pôde evitar um suspiro agudo — ele a moveu para
cima e para cima, de modo que ela estava diretamente de
frente para ele, com os braços ainda segurando seus ombros,
as pernas ainda apertadas ao redor de sua cintura. Uma
posição de intimidade inegável, especialmente quando — oh
deuses —
ela podia de repente sentir aquela crista grossa em sua virilha,
pressionando forte e poderoso e totalmente devastador, direto
entre suas pernas abertas.
"Preste atenção nisso," ele disse com firmeza, e aqui
estava aquela mão, deslizando quente e familiar em torno de
seu pescoço, inclinando a cabeça para cima. "Você não sofrerá
nenhum dano aqui, mulher. Vou mantê-la segura. Eu trouxe
você aqui para ajudá-la. E" — aqueles olhos negros se
estreitaram nos dela, quietos, pensativos — "se você deseja se
mostrar uma mulher digna diante de meus irmãos, você
deve ser corajosa, vigilante e sábia. Você não será medrosa e
tola, e assim me envergonhar diante deles."
O coração de Rosa batia forte, o corpo congelado,
preso na intensidade daquelas palavras e na pressão daquela
enorme dureza entre as pernas. Dizendo algo que ele não
estava dizendo, ou talvez estivesse, suas garras
raspando suavemente contra sua pele, sua língua negra saindo
para roçar seus lábios.
"E se você realmente deseja me agradar," ele disse,
sua voz mais baixa ainda, "você deve me obedecer. Você fará
tudo o que eu lhe pedir, sem questionar ou reclamar. Você
será" — aqueles cílios negros tremularam — "um animal de
estimação bom, corajoso e inteligente, para o seu orc."
Deuses, ele não podia estar falando sério, ele estava
usando, manipulando, fazendo isso
de novo, o que quer que fosse — mas mesmo assim, Rosa
sentiu seu corpo rígido relaxando
contra ele, suas mãos deslizando pela nuca dele. Uma
presunção de que ele não parecia se importar, apenas
levantando-a um pouco
mais forte, um pouco mais perto, oh inferno.
"E se eu lhe agradar, meu senhor?" ela ouviu sua voz
audaciosa
sussurrar, contra toda sanidade, toda razão. "E então?"
Sua resposta veio no leve, poderoso e glorioso
movimento de seus quadris, pressionando aquela dureza
sulcada contra ela, arrastando um gemido impotente e
sufocado de sua garganta. Certamente ele não iria, certamente
não agora, certamente isso era apenas mais manipulação,
apenas esse orc terrível querendo seguir seu caminho mais
uma vez...
Mas o medo incontrolável desapareceu quase
inteiramente dos pensamentos de Rosa, empurrado com força
pela sensação dele, a pura força dele, a fome desenfreada e
esmagadora. E por isso, talvez, por isso, Rosa
pudesse se submeter a esse orc, e procurar agradá-lo. Ela
poderia obedecer, impressioná-lo, ser um bom animal de
estimação, uma mulher digna...
E então, em três semanas curtas, ela levaria tudo o que
aprenderia e realizaria os sonhos de uma vida.
"Muito bem, meu senhor," ela sussurrou, para aqueles
olhos negros que esperavam. "Então, por favor, me leve para
sua casa."

Capítulo 13
A casa de John era fria, escura como breu e
abruptamente, terrivelmente aterrorizante.
Eles entraram através do que parecia ser uma pedra sólida na
parede — pelo menos, até que John deu uma complicada série
de empurrões duros com as mãos, e uma abertura estreita de
repente, milagrosamente apareceu na rocha.
"Espere," disse Rosa, franzindo a testa em direção a
ele, esforçando-se para seguir o que quer que ele acabou de
fazer. "Como você fez isso?"
Mas ele apenas a agarrou novamente, empurrando os
dois através da abertura, antes de pressionar um padrão
semelhante na pedra do outro lado. E então a parede se fechou,
deixando-os na escuridão total, apertada e arroxada.
O coração de Rosa tinha começado a bater de novo,
seu corpo agarrado contra o calor sólido de John, mas mesmo
um aperto reconfortante de sua mão contra sua bunda não
conseguia afastar o medo — especialmente, oh deuses,
quando ela
ouvia vozes. Vozes distantes tagarelando, mas subindo
rapidamente, chegando cada vez mais
perto —
As vozes os enxamearam em uma enxurrada,
espalhando-se ao redor, atrás e até acima, e com elas estava a
sensação distinta de — corpos. Corpos grandes e
poderosos, empurrando e empurrando muito perto, enquanto
o caos das vozes cresciam tão alto que era quase ensurdecedor
na escuridão. Não pronunciando nenhuma
palavra que Rosa compreendeia, mas apenas todos os
murmúrios e rosnados guturais, ásperos, agressivos e mortais.
Rosa estava lutando desesperadamente para ser
corajosa, agarrando-se a John com todas as suas forças — mas
de repente, algo a tocou. Escovando contra seu cabelo
comprido solto, quase como se estivesse passando por ele, e
não era John, e Rosa estava tremendo toda, e reprimindo um
grito —
O corpo de John instantaneamente se moveu embaixo
dela, jogando-a para o outro
lado, bem longe de qualquer que fosse aquele toque — e então
Rosa sentiu uma onda dura e enrolada em seu músculo, e um
estranho grito de dor em resposta. E então foi a voz de John
falando na língua negra, as palavras
saindo frias e raivosas, vibrando profunda e poderosas em seu
peito.
O burburinho ao redor pareceu se acalmar um pouco,
e então a voz
falou novamente, ainda na língua negra, mas desta vez soando
quase
arrependida. Ganhando outra resposta curta de John, e então
Rosa pôde sentir seu grande corpo se movendo novamente,
abrindo caminho pela multidão.
Ela não conseguia parar de tremer, mesmo quando
eles finalmente deixaram o caos para trás, as vozes
desaparecendo em um zumbido distante. E debaixo dela o
peito de John exalou bruscamente, e aqui estava a sensação de
sua outra mão, deslizando firme e reconfortante para cima e
para baixo em suas costas.
"Não tema, pequena mulher," sua voz cortada disse.
"Meu irmão idiota não procura levá-la, ou assustá-la. Ele
nunca antes viu um humano carregando ouro na cabeça, como
você."
Oh. Os arrepios de Rosa diminuíram um pouco, e
aquela mão continuou a acariciando contra ela, falando
silenciosamente de tranquilidade, segurança. "Eu disse a eles
para nos deixarem em paz, até de manhã," disse ele. "Mas eu
ainda desejo que você conheça meus irmãos de parentesco
esta noite — um deles estuda como médico — e o curandeiro-
chefe de nossa montanha. Desejo saber onde estamos com seu
ventre e minha semente."
O corpo de Rosa se contorceu contra ele — como ela
quase se esqueceu disso, quando foi a única razão pela qual
ela veio aqui — e ela
assentiu em silêncio, de onde sua cabeça de alguma forma
ficou enterrada em seu pescoço quente e cheiroso.
A mão de John deu um aperto breve e aprovador na
bunda dela, e ele continuou andando pela escuridão, seus
passos firmes parecendo sempre inclinar-se para baixo.
Virando à esquerda e depois à direita e à esquerda novamente,
levando-a profundamente em algum tipo de labirinto
incognoscível, e foram apenas as carícias suaves de sua mão
contra suas costas que a mantiveram silenciosa, sã,
respirando. Ela estava na Montanha Orc. Queridos deuses, ela
estava na Montanha Orc.
Quando os passos de John finalmente desaceleraram,
depois de virar mais uma esquina, Rosa piscou e encontrou —
luz. Não muito, não brilhante, apenas uma única vela acesa —
mas depois de toda a densa escuridão, era absolutamente,
chocantemente maravilhoso.
E a luz — Rosa piscou ao redor com curiosidade
repentina —
iluminava um quarto. Uma sala real, honesta para os deuses,
com paredes de pedra cinzenta lisa e um teto alto e plano,
arredondado suavemente nos cantos. Não havia janelas, é
claro, mas o quarto era fresco, limpo e seco, sem mofo, sujeira
ou água pingando à vista.
E o mais intrigante de tudo, ao longo de várias
paredes, a pedra havia sido cortada para formar o que
pareciam longas bancadas de trabalho embutidas. Estes
foram cuidadosamente abastecidos com uma variedade de
garrafas opacas incompatíveis, bem como uma coleção de
implementos de aço brilhante. Havia várias outras mesas de
pedra
subindo do chão no meio da sala, e Rosa percebeu tardiamente
que estava olhando para algum tipo de clínica médica. Na
Montanha Orc.
"Que fascinante," ela murmurou, e quando ela se
contorceu para baixo, John não resistiu, e cuidadosamente a
colocou no chão de pedra. Dando
permissão, ela de alguma forma sabia, então ela aceitou de
bom grado e trotou até a bancada mais próxima, traçando uma
mão cuidadosa contra a superfície lisa.
"Isso é incrível," disse ela, sem a menor intenção, por
cima do
ombro. "É rocha vulcânica, não é? Como, em nome dos
deuses, você a esculpiu tão suavemente, mesmo contra o grão
da pedra? Essas paredes e mesas são perfeitas."
Houve um estranho brilho nos olhos de John, mas ele
a seguiu até o
banco. "Nossos pais de eras passadas aprenderam os segredos
disso. Eles fundiram uma liga forte o suficiente para cortá-la
e abrasá-la."
Rosa não perdeu a pontada de arrependimento em sua
voz, e olhou para ele. "E você ainda não conhece o processo
para isso agora?"
"Não," ele respondeu, curto, seus olhos se estreitando.
"Nós orcs muitas vezes não tivemos tempo ou meios para
manter tais verdades seguras para nossos filhos. É apenas pura
sorte tola que ainda vivemos."
Oh. Os dedos de Rosa não paravam de deslizar contra
a pedra aveludada, e ela abriu a boca para responder —
quando atrás deles, houve um súbito clarão de movimento, de
vozes mais ásperas e desconhecidas. De mais orcs.
Rosa se virou, seu corpo se contorcendo quase
instintivamente em direção ao corpo sólido de John, enquanto
seus olhos arregalados e rápidos observavam a visão diante
deles. Três orcs enormes, poderosos e de pele cinza, dois deles
ainda maiores que John, e um com um rosto particularmente
marcado e horrendo.
Eles estavam todos olhando diretamente para Rosa,
todos com aqueles
olhos negros puros e brilhantes, e ela encostou seu corpo
trêmulo mais perto de John, no alívio distante e inclinado de
suas garras roçando suas costas. Ele disse que a manteria
segura. Ele disse que iria ajudá-la. Ele não disse?
Houve outro momento de imobilidade latejante,
enquanto aqueles três pares de olhos orcs continuavam
olhando, e a mão de John apertou as costas de Rosa — até que
do nada, um deles riu. Um dos mais altos, seu rosto duro e
quadrado, mas sem marcas, exceto por uma única cicatriz fina
sob o olho.
"Finalmente foi lá, não é, irmão?" ele disse, em língua
comum, sua
voz profunda com um sotaque idêntico ao de John. "Correu
bem, parece?"
John estalou algo de volta em língua negra, as
palavras saindo
ásperas e emaranhadas de sua garganta. Mas o que quer que
fosse, os orcs não pareciam aprovar, porque o grande e feio
franziu a testa, o menor parecia aflito, e o primeiro — o alto
com olhos de cicatriz — apenas riu novamente,
embora soasse mais frágil do que antes.
John latiu outra resposta, mais alta desta vez,
completada com um distinto e desaprovador golpe de seu
dedo em direção à cintura plana de Rosa. Surgindo um calor
mortificado e encolhido em seu rosto — ele estava claramente
dizendo quão pequena, quão magra,
quão inadequada ela era — e ela se sentiu encolher ainda mais,
seus braços cruzando o peito, como se para se proteger da
zombaria desses orcs.
Mas para sua vaga surpresa, eles não pareciam
zombadores. Apenas quase inquietos, seus olhos olhando
entre ela e John, até que finalmente um deles — o grande e
feio — avançou e, para o genuíno espanto de Rosa, fez uma
pequena reverência curta, a mão descansando sobre o coração,
o longo trança caindo sobre seu ombro largo.
"Perdoe nossa grosseria, mulher," disse ele, em
perfeita língua comum, sem qualquer traço de sotaque. "E
bem-vinda à nossa casa. Eu sou Efterar do Clã Ash-Kai, o
Curandeiro Chefe desta montanha. E este é Salvi" — ele
acenou para o alto orc de olhos de cicatriz, e depois o menor
— "e Tristan. Ambos do Clã Ka-esh, como seu John, aqui."
Clã Ka-esh. Seu John. Rosa lançou um breve olhar
para os olhos proibitivos de John — ele se chamava Ka-esh,
na biblioteca, não era? — e então respirou fundo,
fortalecendo, e tentou sorrir para o rosto cheio de cicatrizes do
orc.
"O-obrigada," ela disse. "Sou Rosa Rolfe. De
Dusbury."
O orc — Efterar — inclinou a cabeça, a própria
imagem de boas maneiras, mas por um olhar rápido e
desaprovador para John ao lado dela. "John nos disse," ele
continuou, "que vocês dois se acasalaram, mas que nenhum
de vocês deseja um filho disso. Isso é verdade, mulher?"
Rosa sentiu-se estremecer, seu olhar seguindo o de
Efterar em direção ao rosto tenso e de olhos estreitos de John.
"Sim," ela conseguiu dizer, com a boca seca. "Isso é verdade.
Não posso arriscar perder meu emprego, e ele não quer ficar
preso a uma mulher como eu. E, eu sou muito pequena para
sobreviver a isso, de qualquer maneira."
E por que ela estava falando tão livremente de tais
coisas para este estranho orc hediondo, ela não poderia
entender — mas havia apenas um lampejo de
compreensão, ou mesmo simpatia, nos olhos negros de
Efterar. "Bem, vamos ver sobre isso, por que não?" disse ele,
sua voz visivelmente calma, razoável. "Você se importaria se
eu examinasse você, só para confirmar algumas coisas?"
Rosa arriscou outro olhar para John, que lhe deu um
aceno minúsculo, quase imperceptível. "Mas durante isso,
Efterar permitirá a ajuda de Salvi," John disse
categoricamente. "Ach?"
John olhou bruscamente entre Efterar e Salvi
enquanto falava, insinuando algum significado que Rosa não
conseguia entender — e em troca Efterar suspirou e revirou
os olhos. "Sim, tudo bem," ele retrucou, em um tom que
sugeria que não estava realmente bem. "Agora você poderia,
por favor, deitar, Rosa?"
Não parecia valer a pena discutir, então Rosa
obedientemente subiu para se deitar na mesa, puxando para
baixo a túnica larga. Quase como nas poucas vezes que ela
visitou um médico durante seus estudos, e a inesperada
familiaridade foi estranhamente reconfortante, apesar da
pedra dura e implacável em suas costas, e do fato de que
quatro orcs enormes estavam agora pairando altos e mortais
sobre ela.
"Posso tocar em você?" Efterar perguntou, fazendo
Rosa se contorcer — mas a mão de John havia chegado ao seu
ombro, dando um leve aperto. Dizendo sim, faça isso, seja
corajosa, por favor — e Rosa imediatamente, freneticamente
assentiu, trazendo um olhar para o rosto feio de Efterar que
poderia quase ter sido divertido.
Mas o primeiro toque das mãos de Efterar — de
alguma forma, curiosamente, sem garras — na cintura de
Rosa sobre sua túnica foi cuidadoso, distante,
profissional. Pressionando muito suavemente e, em seguida,
movendo-se para baixo, para a esquerda, para a direita.
"Ela está cheia de sua semente, sim, irmão," ele disse,
enquanto suas mãos continuavam se movendo. "Você se
esvaziou completamente?"
Os dedos de John se contraíram no ombro de Rosa, e
uma olhada em seu rosto mostrou que sua mandíbula estava
apertada, seus olhos estreitos, desaprovadores. "Ach," ele
disse, a voz monótona. "Apenas uma vez."
Efterar deu de ombros, como se isso não fizesse
diferença, e ao lado dele Salvi visivelmente fez uma careta.
"Quando foram seus últimos cursos, mulher?" Salvi interveio,
curto, mas profissional. "São constantes, a cada lua?"
Rosa lançou suas memórias para trás, contando dias e
semanas. "Não, eles não têm sido regulares por um tempo. A
última foi há alguns meses, eu acho."
Para a vaga surpresa de Rosa, Salvi havia tirado um
papel e carvão de algum lugar e estava fazendo anotações,
enquanto Efterar movia lentamente as mãos até sua clavícula,
seu pescoço. Sua cabeça feia inclinada, olhos distantes e
pensativos.
"Então o que exatamente," Rosa se ouviu dizer, antes
que ela pudesse fechar a boca, "você está fazendo agora, Sr.
Efterar? Com isso?"
Os dedos de John em seu ombro estavam apertados,
mas o rosto de Efterar apenas parecia divertido novamente,
sua mão movendo-se cuidadosamente para o lado de sua
garganta,
onde — Rosa lutou para se manter imóvel — ela podia sentir
uma pontada distinta de dor, sem dúvida devido as garras de
John na noite anterior.
"Eu nasci com um certo tipo de poder antigo," disse
Efterar, agora franzindo a testa em direção ao pescoço. "Um
que foi encadeado ao longo da história do meu clã. E com isso,
posso ver — ou talvez, mais precisamente, sentir — em outros
seres vivos. Eu posso sentir o que seus corpos sentem. Eu
posso, acima de tudo, sentir dor, ou o que não lhe pertence."
Isso era realmente fascinante, Rosa tinha que admitir,
especialmente porque era mais um ponto que não havia sido
abordado em todas as suas leituras copiosas. Os
orcs foram repetidamente acusados de magia negra, é claro,
mas sem surpresa, tudo tinha sido direcionado para os fins
horríveis de sempre, como
mutilar, arrebatar e destruir. Não — cura.
"Para você sentir a dor de outra pessoa," disse Rosa,
"e depois? Você pode torná-la melhor? Ou pior?"
Isso parecia uma habilidade excessivamente poderosa
— e perigosa, mas Efterar assentiu novamente. "Há
momentos em que o pior é o que se deseja," disse ele com
firmeza, embora Rosa não perdesse o desgosto inconfundível
em sua voz. "Como John diz que você deseja por enquanto."
Certo. Rosa sentiu uma respiração pesada, seus olhos
novamente correndo em direção a John — mas ele estava
atualmente olhando para Efterar, seu lábio inferior
se projetando. "E o que Efterar não gostaris de dizer," John
retrucou, "é que sua magia Ash-Kai não pode prever, entender
ou explicar. Ele só pode sentir e agir naquele momento, e não
antes ou além. Não é o bastante."
Agora que era um ponto interessante, Rosa sentiu
bastante, enquanto olhava para Salvi, que ainda estava
escrevendo atentamente em seu papel, com a boca franzida.
Efterar estava olhando para Salvi também, seus olhos se
estreitaram e sua mão
caiu abruptamente do pescoço de Rosa.
"E, no entanto, todos os mapas e livros nesta
montanha," ele retrucou, "não mostrarão a você ou a Salvi
todas as marcas fracas que você deixou nesta mulher, e os
hematomas profundos em sua garganta e entre suas coxas.
Não lhe mostrará a escória do medo que ainda perdura em seu
sangue."
O rosto de Rosa ficou vermelho e quente — Efterar
podia ver tudo isso? — e John se inclinou sobre ela, seus olhos
brilhando com raiva, suas garras agarrando
dolorosamente sua pele. "Esta mulher desejou por isso," ele
assobiou. "Ela
se ofereceu para mim sem aviso ou pergunta. Ela desejava ser
marcada, nua e preenchida. Ela queria se engasgar com meu
pau e devorar minha semente. Ela desejava ser usada e
assustada por um orc."
Ele quase cuspiu as palavras, cada uma parecendo
puxar a vergonha mais alto, mais forte. E quando os olhos
negros e raivosos dele caíram para ela, Rosa sentiu-se
estremecer toda, sua respiração engasgada na garganta. Ele
estava zombando dela. Culpando-a. Usando ela…
Mas a verdade disso foi embotada, de alguma forma,
na forma como aqueles olhos estavam olhando para ela, em
suas garras ainda pressionando contra seu ombro. Em sua
outra mão, subindo abruptamente para traçar, lenta e
gentilmente, a lateral de sua bochecha.
"Você queria ser levada," ele disse, sua voz tão suave,
tão racional.
"Você queria ser forçada e assustada por um temível orc, e
usada como um
brinquedo bobo."
Rosa soltou um suspiro agudo e humilhado, seu corpo
se contorcendo reflexivamente contra a pedra dura, e acima
dela a boca de John se abriu em um sorriso escuro e perigoso,
mostrando todos aqueles dentes. "Fale isso, mulher," ele
murmurou. "Você desejou isso. Sim?"
Aquelas garras continuavam acariciando sua
bochecha, incrivelmente suaves,
trazendo a respiração de Rosa mais rápida, mais superficial.
Enquanto sua outra mão estava agora
deslizando contra seu ombro, seu polegar circulando. "E," ele
continuou, "você ainda deseja isso agora. Você não deseja?"
Houve algum tipo de resposta de Efterar, murmurada
na língua negra rosnando — mas Rosa só tinha olhos para
John, inclinando-se perto, seguro, protetor sobre ela. Seu olhar
encapuzado finalmente focado no dela, ambas as mãos
tocando-a com cuidadosa reverência, seus lábios se
separaram, seu perfume quente e doce...
"Você deseja isso," ele ronronou, enquanto a mão em
seu ombro circulava para baixo, movendo-se cada vez mais
perto de seu seio arfante, e seu mamilo já dolorido. "Sim?"
Seus olhos eram como uma chama à luz fraca da vela,
puxando-a para mais perto, afastando o desconforto e a
vergonha. Rosa desejava isso, deuses ela desejava isso, como
esse orc amaldiçoado via tanto, sabia tanto, sua mão
finalmente, finalmente roçando seu mamilo duro através do
tecido de sua
túnica...
Um gemido abafado e estremecedor escapou da
garganta ofegante de Rosa, e John gostou disso, John queria
isso, sua língua negra se curvando contra seus lábios. "Sim?"
ele respirou. "Devo mostrar a eles exatamente o que você
deseja, pequeno animal de estimação?"
Pequeno animal de estimação. E foi isso,
inexplicavelmente, que pareceu levar embora o
último dos orcs, a sala, a vergonha. Deixando apenas isso, ele,
ela seria
corajosa, um bom bichinho de estimação, uma mulher digna
para seu orc...
A cabeça de Rosa assentiu, desesperada e frenética, e
a reação de
calor nos olhos de John, o arranhão aprovador de suas garras
em seu pescoço, parecia tão forte quanto um beijo, um abraço,
uma declaração completa. Ela o agradou, e agora ele a
agradaria, finalmente, ele tinha que...
E quando aquela grande mão se curvou sobre a ligeira
protuberância de seu seio
através de sua túnica, cobrindo-a, havia apenas sensação,
ofegante contra ela, silenciosamente implorando por mais. E
mais, aquelas garras suavemente sacudindo contra seu
mamilo saliente — e então mais, quando ele alcançou a gola
muito baixa da túnica. Puxando-o de um lado para o outro, de
modo que — a respiração de Rosa estremeceu — seu seio,
com seu mamilo rosado, ofegante e humilhantemente duro,
ficou inteiramente nu e exposto ao quarto. Para os orcs
estranhos e desconhecidos.
Houve um súbito engasgo de medo, apertando a
garganta de Rosa — mas John estava ali, sólido e seguro e
poderoso, inclinando-se cada vez mais perto. Aqueles olhos
ainda falando de sua aprovação, seu olhar, enquanto sua
grande mão veio cobrir
seu seio, apertando-o naqueles dedos longos em garras.
Minha, dizia, e Rosa sentiu a cabeça balançando, seu corpo
arqueando-se, apertando-se mais contra o orgulhoso desejo
quente daquela mão.
Quando sua mão finalmente escorregou, deixando seu
seio nu aberto e balançando no ar, não havia vergonha, não
havia necessidade de se esconder. Ela era dele, ele estava
satisfeito com ela, e seus dedos tentadores e maravilhosos
estavam acariciando mais para baixo, arrastando-se contra o
tecido que de repente parecia muito grosso e quente e perto.
E quando John puxou a túnica para cima, expondo sua
metade inferior nua para a sala de observação, os pensamentos
selvagens e rodopiantes de Rosa eram quase, de alguma
forma,
gratos. Ela estava sendo um animal de estimação tão bom,
mostrando a seu senhor tudo o que ele
desejava, e quando aquela mão quente e aprovadora deslizou
sobre o montículo dela, aquelas garras cravando em seu
cabelo áspero, houve apenas aceno de cabeça,
bebendo seu toque, sua aprovação, seu comando.
"Que mulherzinha tão gananciosa," ele murmurou,
seus olhos brilhando, suas garras tão afiadas, tão gentis,
enquanto afundavam cada vez mais. "Você desejou por isso
todo esse longo dia, não foi?"
Os deuses a amaldiçoam, mas a cabeça de Rosa
assentiu freneticamente novamente, falando apenas a verdade
para seu senhor, aqueles olhos, aqueles dedos tentadores e de
tirar o fôlego. E quando aquelas garras se afastaram um pouco,
para pressionar suas pontas pontiagudas no interior de suas
coxas já trêmulas, Rosa obedeceu de boa vontade ao comando
silencioso e abriu as pernas.
Houve uma quietude trêmula por um instante, uma
vibração de aprovação daqueles
cílios pretos — e então outro empurrão significativo daquelas
garras, sob suas coxas desta vez. Guiando-os para cima,
querendo que ela mostrasse tudo — e novamente, Rosa
obedeceu ansiosamente. Trazendo os pés dela até
a mesa, de modo que seus joelhos fossem levantados, altos,
separados.
Isso significava que ela estava deitada lá, nas
profundezas da Montanha Orc, de costas em uma mesa de
pedra, com o mamilo nu vermelho e exposto, a túnica
levantada acima da cintura e as pernas abertas, mostrando a
esses silêncios orcs, assistindo tudo entre eles. Como seu calor
rosado e inchado estava tremendo descontroladamente, ainda
esticado desde seu último uso, agarrando-se repetidas vezes
ao nada, implorando para ser preenchido...
E então — um grito sufocado saiu da garganta de Rosa
— a mão de seu senhor estava ali. Lá. Aqueles dedos longos
e com garras deslizando devagar e de tirar o fôlego pela dobra
molhada dela, e então de volta para cima novamente. Não
mergulhando dentro, não usando aquelas garras para perfurar
ou ferir — mas apenas esfregando plana e suavemente,
deslizando cada vez mais fundo contra sua umidade,
espalhando-a ainda mais.
Foda-se, foi bom. Como uma tortura lenta,
devastadora e bela, a pressão, o calor escorregadio, a
provocação muito leve daquelas garras. Tão mortal, mas tão
dolorosamente gentil, explorando suas partes mais secretas e
vergonhosas com um
cuidado de tirar o fôlego. Abrindo-a para ele, para sua
aprovação, e ele fez aprovando, seus olhos semicerrados e
famintos nos dela, sua outra mão subindo para puxar
levemente seu mamilo ainda arfante.
O toque arrancou outro gemido sufocado da garganta
de Rosa — e
mais alto quando ele fez isso de novo, mais forte desta vez.
Usando-a, jogando-a, exibindo-a como um presente, uma joia
rara, um prêmio duramente conquistado...
"Pequeno bichinho ganancioso," John murmurou,
cada palavra ganhando uma sacudida reflexiva do calor
inchado de Rosa contra sua mão ainda escorregadia. "Você
deve agora me dar tudo o que eu desejo, não é?"
Oh inferno, ele não poderia dizer isso, mas Rosa foi
pega, olhando, tremendo, presa, enquanto aquela mão entre
suas pernas pressionou mais fundo, toda agonia desesperada.
"Você não vai?" ele disse novamente, sua voz tão suave,
aqueles cílios tão
escuros contra sua bochecha. "Se eu desejar empunhar meu
pau orc contra você, e arar seu pequeno útero apertado com
tanta força quanto eu gostaria, você deve dar as
boas-vindas a isso?”
Ele não podia dizer isso, ele não podia, mas a
promessa estava lá em seus olhos, a pressão subindo e subindo
entre as pernas dela. Suas garras raspando, seus
dedos acariciando, seus cílios esvoaçando, enquanto o corpo
indefeso e frenético de Rosa
continuava se contorcendo e alcançando alcançando...
"Você vai?" ele exigiu, com suas mãos, sua voz,
aqueles olhos negros famintos e brilhantes. "O que você diz,
pequeno animal de estimação?"
Oh inferno, oh foda-se, a sanidade de Rosa girando e
gritando, não havia nada além disso, mas seu prazer e sua
regra, aqui por seu
comando —
"Sim, meu senhor," ela engasgou, quase um lamento.
"Sim, meu senhor, por favor, sim!"
O prazer brilhou naqueles olhos, brilhantes e de tirar
o fôlego, aquela mão moeu profundo e forte e absolutamente
glorioso — e então, oh, oh, o êxtase estava ali, explodindo,
rasgando-a em pedaços. Seu corpo inteiro se curvando com o
poder disso, sua boca liberando um som quebrado e reprimido
muito parecido com um grito. Enquanto a mão quente contra
ela rapidamente, rudemente, espalhava seu calor úmido e
latejante ainda mais, mais aberto — bem a tempo de mostrar
os
grossos e poderosos jatos de semente, surgindo branco e
obsceno do fundo de suas pernas.
Era sua semente, da noite anterior, Rosa notou
distante, e como
possivelmente ainda estava lá, ainda escondido dentro dela?
— mas de
repente ela estava exausta demais para se importar, e ela
sentiu seu corpo cair de volta contra a pedra, usado, gasto,
totalmente debochado. Ela mostrou a ele, certamente ela
provou-se a ele, e talvez agora ele a elogiasse, acariciasse ela,
dissesse que ela era digna...
Mas em vez disso, John apenas ficou alto novamente,
seu olhar se afastando propositalmente
do dela. Para longe, em direção — Rosa se encolheu e
congelou por toda parte — em direção aos outros três orcs,
que estavam assistindo, todo esse tempo.
E eles ainda estavam assistindo, oh deuses. Efterar
com uma
carranca marcadamente desaprovadora, seus olhos varrendo
de cima a baixo o corpo esparramado de Rosa — enquanto
Tristan, o orc menor, tinha lábios entreabertos e olhos
distintamente nebulosos.
E ao lado de Tristan, Salvi tinha jogado um braço longo e
musculoso sobre seus ombros, e inclinou a cabeça para
sussurrar algo em língua negra,
mesmo enquanto seus olhos permaneciam firmemente
plantados na visão entre as pernas abertas de Rosa.
Tarde demais, Rosa fechou as coxas, puxando para
baixo sua
túnica muito curta com as mãos trêmulas — mas nenhum dos
orcs pareceu notar e, em vez disso, todos continuaram
olhando, como se ela ainda estivesse totalmente em exibição.
E John, John tinha parado de tocá-la completamente, a favor
de cruzar os braços com força sobre o peito nu, as pontas das
garras cravadas em sua própria pele.
"Você vê?" ele estalou, em direção aos orcs. "Eu falei
apenas a verdade. Essa mulher tola desejou isso e que eu a
tomasse."
Oh deuses. Oh, deuses. A vergonha voltava a invadir
Rosa, golpeando-a onda após onda, e sua respiração estava
curta, atrofiada, esparsa. Não. Não. Ele deveria ser gentil,
deveria ser gentil, o jeito que ele a
acariciou, o jeito que ele olhou para ela...
Efterar estalou algum tipo de resposta para John, mas
John apenas balançou a cabeça, sua trança queimando atrás
dele. "Não," ele atirou de volta. "Eu não. Perguntei a ela de
novo e de novo. Esta é tão tola e inútil e tonta, ela
se jogaria no meu pau mesmo que fosse uma
espada afiada."
As palavras pareciam amassar algo dentro de Rosa,
profundo, poderoso, impiedoso. Ele estava... usando-a.
Zombando dela. Fazendo um show lascivo e repugnante dela,
para julgamento e diversão de seus amigos. Por sua
humilhação.
E por que Rosa acreditara em alguma coisa que aquele
orc horrível disse? Por que ela confiou nele, se agarrou a ele,
viu a verdade naqueles olhos negros.
E agora ela estava aqui, presa na Montanha Orc,
sozinha, indefesa,
indesejada, cercada por bestas zombeteiras, poderosas e
mentirosas. Assim como na escola, assim como na biblioteca,
e o que ela deveria fazer, o que restava, o pânico crescendo e
ressoando ao mesmo tempo, ela precisava escapar para
escapar —
E com uma respiração profunda e estimulante, Rosa
arremessou seu corpo cambaleante e trêmulo para fora da
mesa e correu para a porta.

Capítulo 14
Rosa sabia que era inútil, antes mesmo de começar —
mas mesmo assim, ela não conseguia parar suas pernas
freneticamente cambaleantes, ou o pânico compulsivo e
rodopiante, gritando em seus pensamentos. Ela teve que fugir.
Ela teve que. Ela tinha que…
Mas ela só deu alguns passos pelo corredor escuro
como breu até que ele a pegou. John a pegou, o cheiro
almiscarado distinto dele um ataque instantâneo em sua
respiração já sufocante — e mesmo quando ela empurrou e
lutou e se debateu contra ele, ele apenas a puxou para mais
perto na escuridão, suas garras afiadas e chocantemente
dolorosas contra a cintura dela.
"Pare com isso," ele ordenou, sua voz profunda e
ensurdecedora sobre os lamentos selvagens e
desesperados de Rosa. "Pare, mulher!"
Mas ele a estava machucando, gritando com ela, a dor,
a miséria e a vergonha uivando ao mesmo tempo, rompendo
seu corpo, sua respiração, seu crânio. O preto ao redor
brilhando com manchas brancas, ela não conseguia respirar,
ela não conseguia ver, ela não conseguia nem ficar de pé —
De repente, de alguma forma, ela estava caindo.
Caindo na escuridão, direto para a familiar força quente,
enquanto as manchas brancas cravejavam largas e poderosas,
e havia mais vozes falantes, rodopiando fracas e distantes,
esmagadas todas juntas. Você engana Ka-esh, o que
aconteceu, ela está tendo um ataque de pânico, você a
esfaqueou. Não, ela não está bem, quando foi a última vez que
ela comeu ou bebeu, de outra coisa que não seja o seu pau —
As palavras foram entrelaçadas com língua negra,
retumbando duramente através do calor contra ela, e
finalmente Rosa estava se movendo pelo espaço,
sendo carregada em braços fortes e tensos. E enquanto ela
deveria ter lutado contra isso, lutado contra ele, seu corpo só
parecia estar pendurado lá, as faíscas brancas ainda
queimando atrás de seus olhos vazios.
Ela estava presa. Sozinha. Tola. Inútil.
Aqueles braços rígidos gentilmente a colocaram no
chão, colocando seu corpo flácido contra algo plano e macio,
e houve mais ordens ladradas, a sensação de uma mão em
garra cuidadosa levantando sua cabeça e trazendo algo frio à
boca. Água, os pensamentos distantes de Rosa notaram, então
ela bebeu e bebeu, até que
as manchas brancas atrás de seus olhos desapareceram e o
mundo piscou para longe.
Ela não sabia quanto tempo ficou ali, entrando e
saindo da
consciência, bebendo o que quer que fosse dado a ela. Não só
água, mas algo que tinha gosto de caldo, e outra coisa que
poderia ser leite de cabra. Sempre dado por aquelas mesmas
mãos com garras familiares, e enquanto parte de Rosa queria
deleitar-se com isso, afundar na segurança do
que isso significava, havia algo mais profundo, algo mais
forte, que se
retorcia apertado e temeroso por dentro. Ele a usou. Zombou
dela. A humilhou. Inútil.
E quando os olhos de Rosa finalmente se abriram
completamente de novo, a primeira coisa que ela viu foi —
ele. Vestindo uma nova túnica cinza, e sentado ali com ela,
recostado na pedra atrás dele. Em uma mão ele segurava um
odre volumoso e a outra segurava um livro aberto — um dos
livros de sua biblioteca, Rosa notou com apreensão — mas ao
invés de lê-lo, ele estava
olhando diretamente para ela, sua boca uma linha fina de
desaprovação.
Um calafrio percorreu a espinha de Rosa, e seu corpo
cansado e dolorido se arrastou para trás, para longe — apenas
para encontrar algo sólido e frio
e totalmente implacável atrás dela. Rocha, ela percebeu,
lançando um
olhar furtivo e desesperado ao redor. Pedra, e mais pedra, ela
estava presa ali, presa na Montanha Orc, presa com ele...
Seu batimento cardíaco estava subindo
perigosamente, sua respiração ficando mais rasa — quando
John abruptamente empurrou o odre em direção a ela. "Beba,"
sua voz baixa
disse. "E não tenha medo. Você não sofrerá nenhum dano."
Isso foi bastante rico, vindo dele — mas a onda de
irritação foi
suficiente, de alguma forma, para Rosa se sentar e pegar o
odre. E
então para beber, e beber, engolindo o maravilhoso líquido
fresco em sua garganta.
Quando ela terminou, enxugando a boca, ela se sentiu
um pouco melhor, mais como ela novamente. Até o ponto em
que ela pudesse pelo menos olhar em volta e fazer um balanço
disso — buraco na rocha, ou o que quer que fosse, em que ele
a prendeu.
E era, de fato, um buraco na rocha. Mas não um
natural, certamente, novamente com as paredes retas, de corte
suave e cantos suavemente curvados. E era profundo e largo,
sem espaço suficiente para Rosa ficar de pé, e ao longo de
todo o lado mais longe havia uma prateleira de pedra
perfeitamente plana, que continha uma
pilha de livros desconhecidos e uma única vela bruxuleante.
E o outro lado comprido estava aberto para o que quer que
estivesse além, talvez — Rosa apertou os olhos na penumbra
— uma sala maior, com dois buracos compridos e parecidos
na parede
oposta. Quase como se fossem beliches profundos e
esculpidos.
"O-onde estou?" Rosa perguntou, sua voz rouca e
rouca, e em resposta John deu um imperioso e revelador
movimento de seus dedos em direção ao odre, ainda agarrado
em sua mão. E por alguma tola razão, ela realmente obedeceu,
bebendo mais uma vez, sentindo o alívio da água fria em sua
garganta seca. E quando John sacudiu a mão novamente,
dizendo devolva, ela obedeceu também, jogando o odre vazio
em seus dedos esperando.
"Você está em nossa montanha, na ala Ka-esh," disse
John agora, com particular lentidão, como se estivesse falando
com uma criança. "E você está na minha cama."
Sua cama. O coração de Rosa acelerou novamente,
seus olhos procurando ao redor dela, mas sim, isso fazia
sentido. Isso explicava a maciez sedosa sob ela — peles, ela
pensou vagamente, esfregando uma mão contra uma — e
outra estava pesada e quente sobre ela, como um cobertor. E
realmente, esta seria uma cama adorável e maravilhosa para
dormir à noite, tão aconchegante, privada e segura — se não,
é claro, pelo fato de pertencer a um orc. Para ele.
As memórias surgiram novamente, arrastando a
humilhação, a zombaria, a vergonha. A imagem, muito forte,
de si mesma de braços abertos nas costas, a mão grande dele
curvada poderosa e proprietária contra seu
calor molhado…
Ela se arrastou para trás, mais perto contra a pedra
atrás dela, puxando o pêlo até o pescoço. Não. Não. Ele era
uma besta cruel e manipuladora. Um monstro.
"V-você," ela respirou, para aqueles olhos negros
desapaixonados, "tem uma chance de explicar suas ações, orc.
Uma."
Aqueles olhos piscaram, uma vez, mas então aquele
sorriso frio e familiar se curvou em sua boca. "O que devo
explicar?" disse sua voz monótona. "Eu só fiz tudo o que jurei
fazer. Eu trouxe você para a minha montanha. Eu te mantive
segura. Eu te alimentei e te vesti e cuidei de você em minha
própria cama."
A cabeça de Rosa já estava começando a doer, e ela
olhou para o rosto dele, para sua
besteira presunçosa e egoísta. "E naquele quarto?" ela exigiu.
"Quando você me usou, zombou de mim e me humilhou?"
Havia um lampejo de algo novo naqueles olhos,
sugerindo frustração ou descrença. "Eu não usei você, ou
zombei de você, ou humilhei você," ele rebateu. "Eu apenas
saciei sua fome e lhe concedi o alívio que você desejava.
Eu te dei alegria. Você desejou isso."
Uma visão breve e involuntária disso surgiu nos
pensamentos de Rosa — ele de pé sobre ela, caloroso e
aprovador, enquanto o prazer brilhou e disparou — mas ela
sufocou, balançou a cabeça. "Você usou isso contra mim, para
fazer um ponto," ela rangeu fora. "E pior, você fez isso na
frente de seus próprios irmãos. Sua própria família."
Aqueles olhos piscaram novamente e, por um
instante, pareciam quase — doloridos. "Eles não são meus
parentes de sangue, do jeito que vocês humanos pensam isso,"
ele retrucou, sua voz ainda mais dura do que antes. "Não tenho
mais nada disso. Tristan e Salvi são meus —"
Ele parou ali, franzindo a testa fortemente para a
parede de pedra ao lado da
cabeça de Rosa, e ela franziu a testa de volta para ele,
relutantemente seguindo os pedaços disso. Ele também não
tinha família. E Tristan e Salvi eram dele — o quê?
Amigos dele? Seus amantes?
O pensamento distorceu as entranhas de Rosa, e ela
puxou a pele para mais perto, cobrindo onde — ela lançou um
breve olhar para baixo — ela ainda estava usando a túnica,
pelo menos. "E você acha," ela conseguiu dizer, “que isso de
alguma forma torna tudo melhor? Que eu gostaria de ser
ridicularizada diante deles assim? Ou que eles gostariam de
ver uma coisa dessas?"
O frio estava de volta no lábio de John novamente, a
frustração brilhando naqueles olhos. "Você acha que meus
irmãos nunca antes testemunharam uma mulher tomando
assim?" ele perguntou, a voz fria. "Nós orcs não sentimos
vergonha em nosso prazer, como os humanos. Quando Salvi
tinha uma companheira, ele transava com ela diante de nós
todas as noites, e a fazia implorar, gritar e jorrar por nossos
olhos. Havia uma
grande alegria nisso."
Espere o que? A boca de Rosa caiu aberta, enquanto
seu cérebro traidor desenterrava
freneticamente imagens assustadoras e absurdamente
convincentes disso — junto com o desejo compulsivo e
avassalador de perguntar o que havia acontecido com a
companheira de Salvi. Mas em vez disso, ela fechou a boca
com segurança e respirou fundo uma série de respirações
profundas. Não. John estava tentando chocá-la. Para
distraí-la. Para fazer suas próprias ações horríveis parecerem
inteiramente esquecíveis.
"Bem, o que você fez," Rosa respondeu, "não teve
nada a ver com alegria. E tudo a ver com você me usando para
fazer uma questão com o Sr. Efterar! Para continuar qualquer
desacordo contínuo que vocês dois tenham entre vocês. Sobre
— sua magia Ash-Kai não ser suficiente para Ka-esh como
você."
O breve e traidor lampejo de surpresa no rosto de John
certamente não era fingido, então Rosa se endireitou um
pouco e seguiu até onde levou. "E você não gostou do Sr.
Efterar questionando você sobre mim," disse ela. "Então
você me usou, para se mostrar justificado. Fazer um ponto.
Para fazer parecer assim" — ela deu um aceno brusco entre
eles — "é tudo devido a eu ser estúpida e tola e inútil, e nada
a ver com você!"
Os olhos de John se fecharam novamente, mas ele não
falou, então Rosa respirou fundo e continuou. "Quando, na
verdade, você é tão responsável por tudo isso quanto eu, se
não mais. Você me fez aquela maldita barganha, quando sabia
o quão perigoso era. Você se ofereceu para me trazer aqui.
Você queria que eu te chupasse na floresta. Você me encheu
com sua semente, e me arranhou com suas garras, e zombou
de mim e me expôs para seus amigos, ou seus amantes, ou o
que diabos eles são. Tudo porque lhe agradou fazê-lo!"
Não havia nada nos olhos de John agora, apenas um
vazio frio em branco, e sua boca latiu um som frágil que
poderia ter sido uma risada. "E eu te disse, mulher," ele disse,
sua voz aumentando, "eu sou um orc. E é isso que os orcs
fazem com mulheres bobas como você. Nós marcamos você.
Nós desnudamos você para todos verem. Nós fazemos de você
nossa. Fazemos o que quisermos com você!"
O último saiu como um grunhido, uma condenação,
uma ameaça. Deixando Rosa
respirando com dificuldade, encostada na parede de pedra, e
com urgência, inexplicavelmente,
querendo discutir isso. Para dizer, não, isso não é realmente
quem você é, eu sei, eu vi você, sem falsidades...
Mas não. Não. Este terrível orc continuou dizendo a
ela quem ele era, e por que em todos os nomes sagrados dos
deuses ela não deveria apenas acreditar nele? Por que ela
deveria
justificar suas ações para ele, dar desculpas para ele, quando
ele repetidamente provou ser indiferente, distante e cruel? O
que a tinha possuído para confiar em um monstro?
Mas de repente, olhando para os olhos negros vazios
e frios do orc, havia a visão inexplicável e incongruente de
Lord Kaspar, e espreitando atrás dele, o odioso Sr. Sullivan.
Fazemos o que quisermos com você. Você vai fazer isso por
mim. Você aprenderá a obedecer seus superiores. Não me
desaponte…
O aperto estava fechando a garganta de Rosa, pesando
contra seus ombros, e ela não conseguiu evitar um breve olhar
ansioso para aquela pequena pilha de livros, tão inócuos na
prateleira. Talvez ela pudesse pegar
um, perder-se nele por apenas alguns momentos. Fujir tempo
suficiente para
esquecer, fingir, ser desejada, ser digna…
Mas eram os livros do orc. Ela estava na cama do orc.
O orc que
não se importava com ela, não além do que quer que ele
quisesse tirar
dela.
Então Rosa entorpecidamente deslizou seu corpo
dolorido para fora da cama, estremecendo com as novas
chamas de dor em seus lados, e então ficou de pé com os pés
trêmulos.
Ela iria.

Capítulo 15
Seu tempo, não havia frenesi, nem corrida, nem
pânico. Apenas uma certeza silenciosa e vazia, preenchendo o
espaço atrás dos olhos de Rosa, e inchando contra sua
garganta.
Seus olhos piscando já haviam encontrado a saída da
sala, um quadrado de escuridão na parede à esquerda, e seus
pés pareciam se virar sozinhos. Ela iria. Ela procuraria ajuda
como pudesse. Talvez o Sr.Efterar estivesse disposto, talvez
ela pudesse oferecer certos favores como pagamento, talvez
ele não se importasse tanto que ela fosse muito pequena, ou
muito tola ou inútil, desde que sua boca pudesse fazer o
trabalho...
Mas quando os pés silenciosamente acolchoados de
Rosa saíram pela porta, ela foi abruptamente confrontada com
a visão dos amigos de John. Seus amantes. Tristan e Salvi, um
de cada lado do corredor, bloqueando completamente seu
caminho.
Ambos pareciam enormes e perigosos na penumbra,
até mesmo Tristan, que — Rosa deu um passo relutante para
trás — estava realmente rosnando para ela, o ruído baixo e
ameaçador de sua garganta. E na frente dele,
Salvi não estava rosnando, mas seus olhos negros estavam
estalando com raiva, seu corpo alto aparecendo tenso e
poderoso sobre ela.
Rosa olhou fixamente entre eles, enquanto o medo
distante e embotado marchava cada vez mais perto, e ela
respirou fundo, por coragem. "Você poderia por favor," ela
engasgou, "com licença? Senhores?"
Houve um rápido e trocado olhar entre os dois que
Rosa não conseguiu acompanhar — mas então, outro olhar
atrás dela que era muito claro. E quando seu corpo rígido
lentamente virou para olhar, é claro, lá estava ele. John. De pé
diretamente atrás dela na porta aberta, sua enorme e
ameaçador forma recortada pela fraca luz das velas, suas mãos
penduradas afiadas e letais ao seu lado.
"Onde," ele sussurrou, suave e mortal, "você pensa em
ir, mulher."
Rosa queria encolher para trás, mas não havia onde se
esconder, então ela envolveu seus braços ao redor de si
mesma, segurando firme, mantendo-se imóvel. "Eu
quero sair," ela sussurrou. "Por favor. Não vou incomodá-lo
mais, vou encontrar meus próprios meios de viajar de volta
para casa e lidar com minha" — ela teve que lutar por ar —
"minha situação, e você nunca precisará pensar em mim
novamente. Por favor, meu senhor."
O último escapou antes que ela pudesse detê-lo, e ela
mordeu o lábio e piscou para o chão de pedra sob seus pés.
Esperando que eles se movessem, para deixá-la ir, por favor,
por favor — mas a forma enorme de John apenas se
aproximou, o cheiro doce distinto dele rodopiando no ar.
"Não," ele disse, a palavra dura, plana, zangada. "Você
concordou em vir aqui, mulher tola. Você queria me agradar."
A respiração de Rosa estava ficando estranha,
soluçando, e ela forçou os olhos piscando para cima, para seu
rosto sombrio e ilegível. "Sim," ela disse, sua voz vacilante.
"Eu fiz. Mas você acabou de falar a verdade sobre você e
sobre mim também. Eu tenho sido tola, e idiota, e facilmente
conduzida. Eu nunca deveria" — ela ofegou para respirar,
arrastou-o em seus pulmões — "procuraragradá-lo, ou confiar
em você, ou segui-lo, como eu fiz. Eu deveria ter sido mais
sábia e inteligente. Eu já deveria saber que homens poderosos
como você não ajudam mulheres como eu. Você não se
importa. Você só nos usa como deseja, para seu próprio
benefício, e nos joga fora quando termina."
Ao lado dela, o rosnado de Tristan havia parado, no
lugar de um silêncio empolado e suspenso, e isso quase piorou
de alguma forma, o medo e a verdade e a escuridão
pressionando por todos os lados. E John se aproximou ainda
mais, o calor dele quase tangível contra ela, e houve uma
sacudida dura e trêmula de sua cabeça. "Eu não sou," ele
disse, frio, quebradiço, "um homem."
Mas ele a estava dispensando novamente, jogando
fora a maior parte de seu argumento sem sequer considerá-lo,
e Rosa lutou desesperadamente para engolir os soluços
crescentes e à espreita em sua garganta. "Sim, eu estou ciente,
obrigada," ela conseguiu dizer. "Mas em suas ações, orc, você
tem sido exatamente o mesmo. Você me dá comida, roupas e
abrigo, mas em troca, você me usa, você me manipula, você
tira seu prazer de mim como quiser. E nem
uma única vez você se digna a falar uma única palavra de
bondade para mim depois, e em vez disso, você zomba de
mim e me despreza, e me chama de magra e tola e
estúpida e inútil, e eu —"
Deuses, ela não podia terminar, não através da onda
de respiração ofegante e trêmula sufocando sua garganta, e ela
teve que pressionar as mãos no rosto, cuspir as palavras contra
elas. "Eu acredito em você, orc," ela soluçou. "Eu acredito em
você. Você não me quer. Você não gosta de mim. Então, por
favor, por favor, deixe-me ir!"
Ainda havia apenas silêncio ao redor, nenhuma
palavra, nenhum movimento. Apenas três orcs enormes,
prendendo-a ali em um corredor, observando-a chorar, sem
dúvida esperando para soltar ainda mais zombaria e escárnio
sobre ela. E o que eles fariam em seguida, o que ele faria,
certamente só poderia piorar a partir dali —
"O que diabos," cortou uma voz, uma nova voz, "está
acontecendo aqui embaixo?!"
Houve movimento em torno de Rosa novamente, a
sensação distinta de corpos se movendo e murmúrios de
desaprovação crescentes. E quando Rosa piscou para olhar,
havia de fato alguém novo no corredor. Uma — mulher?!
Mas sim, sim, era uma mulher da vida real, de carne e
osso, honesta aos deuses, vestindo calças justas, uma cabeça
de longos cabelos escuros, uma barriga distintamente
arredondada e uma lanterna. E ela estava caminhando em
direção a eles com um propósito inconfundível, e também —
Rosa piscou novamente — com uma raiva genuína brilhando
em seus olhos escuros.
"Vocês orcs dissimulados," ela retrucou para eles,
para todos os três, e para a vaga surpresa de Rosa, todos eles
recuaram, até mesmo John. "É verdade que você a escondeu
aqui desde ontem à noite? E ninguém viu a menor necessidade
de mencionar esse fato para mim?!"
Ouviu-se um silvo de Salvi, bem perto de Rosa, seu
grande corpo virado para a nova mulher com evidente
desagrado. "Efterar a viu," ele retrucou. "Ele era o Ash-Kai na
sala."
"Sim, e então ele e Grimarr foram chamados quando
Eyarl foi atacado por aqueles malditos hooligans mascarados
na noite passada, e então quase morreram, em nossa própria
terra maldita!" a mulher cuspiu de volta, e então respirou
fundo, parecendo tensa, como se quisesse se acalmar
novamente. "E eles me contaram agora mesmo, assim que
voltaram, pensando que certamente eu já saberia, porque
certamente um de vocês seria inteligente o suficiente para
pensar em tal coisa!"
Houve apenas silêncio dos três orcs ao redor deles, e
um deslocamento mais desconfortável, e finalmente a mulher
passou a mão irritada pelo cabelo e se virou para Rosa. E então
ela pareceu ficar imóvel, a cor desaparecendo de suas
bochechas avermelhadas, e ela cuidadosamente baixou a
lanterna para o chão a seus pés, e então estendeu as duas mãos
para Rosa.
"Oh, querida," ela disse, sua voz caindo. "Você está
bem?"
E olhando para esta mulher estranha, com suas calças
estranhas e sua sobrancelha franzida e olhos solidários,
parecia desviar alguma coisa, quebrar alguma coisa, nos
pensamentos de Rosa. E de alguma forma, ela se viu agarrada
aos braços surpreendentemente fortes da mulher, e chorando
desesperadamente em
seu ombro.
"Não," Rosa engasgou, através de respirações
quebradas e irregulares, enquanto uma mão firme acariciava
para cima e para baixo em suas costas. "Não estou bem. Eu
quero ir. Por favor."
Houve um instante de imobilidade do corpo da mulher
contra ela, mas aquela mão reconfortante e acariciando não
parou. "Você tem certeza? Agora mesmo?"
"Sim," Rosa implorou, seus olhos bem fechados. "Por
favor. Você vai me ajudar?"
Houve um rosnado estranho e familiar, retumbando
no ar atrás deles — mas a mulher estranha o ignorou
completamente. E em vez disso, Rosa podia sentir
sua cabeça balançando, seus ombros retos, sua determinação
capaz parecendo empurrar para longe todos os obstáculos do
mundo, de uma só vez.
"Claro que vou," disse ela com firmeza. "Agora
venha, amor. Vamos te levar para casa."

Capítulo 16
Escapar da Montanha Orc, descobriu-se, não era uma
tarefa tão difícil quanto Rosa havia previsto — pelo menos,
não quando se tinha uma mulher como essa gerenciando o
trabalho.
"Ezog, preciso que você traga Baldr para mim," disse
ela, em direção à primeira figura sombria que encontraram no
corredor, que provou ser — Rosa não pôde deixar de se
encolher para trás — possivelmente o rosto mais horrível e
arruinado que ela já viu em sua vida. Mas a criatura apenas
acenou com a cabeça e lançou à mulher um sorriso medonho,
que a mulher devolveu com um aplauso caloroso e aprovador
de sua mão em seu enorme ombro antes que ele se afastasse
na escuridão.
"O que," Rosa conseguiu, uma vez que eles
começaram a se mover novamente, "foi isso?"
"Quem, Ezog?" a mulher disse, com um grau
surpreendente de despreocupação. "Oh, você quer dizer a
aparência dele. Ele é do Clã Bautul, sabe, e eles sempre
tiveram que lidar com o pior da luta, e isso causa estragos na
cara de qualquer um, sabe? Ele é realmente um orc adorável."
Ela mostrou a Rosa o que ela claramente pretendia ser
um sorriso tranquilizador por cima do ombro, mas Rosa só
conseguia olhar fixamente. "E quem," ela resmungou, "é
você?"
A mulher derrapou até parar, tão inesperadamente que
Rosa quase colidiu com ela. "Queridos deuses," disse ela,
virando-se para fixar Rosa com um sorriso tímido e
apologético. "Apenas seis meses aqui e minhas maneiras já
estão arruinadas. Eu sou Jule, do Clã Ash-Kai, companheira
do capitão dos orcs, Grimarr. Você talvez me conheça como
Lady Norr, de Yarwood."
"Lady Norr?!" A voz estridente de Rosa ecoou.
"Aquela que o capitão orc sequestrou e aprisionou? E depois
—"
Seus olhos desceram para a cintura redonda
reveladora da mulher, mas a mulher apenas riu e acariciou
uma mão quase carinhosamente contra ela. "De fato," ela disse
secamente. "E então eu desapareci do reino, ou morri no parto,
ou fui morta e comida pelos orcs — dependendo de quem
você perguntar. Eu preciso fazer mais aparições públicas, mas
isso coloca Grimarr em tal estado, eu não gosto de forçar."
Ela atirou a Rosa outro sorriso irônico e significativo,
como se Rosa tivesse certeza de entender orcs superprotetores
mal-humorados, e houve um instante de percepção estranha e
trêmula de que Rosa de alguma forma, talvez, entendesse.
"Certo," ela disse, com alguma confusão. "Hum, eu sou Rosa
Rolfe, a propósito. De Dusbury."
"É tão bom conhecer você, Rosa," a mulher
respondeu, enquanto se virava e continuava andando. "E eu
sinto muito por não saber que você estava aqui mais cedo, pois
eu teria vindo imediatamente. Esta montanha pode ser
bastante aterrorizante no início, e alguns desses orcs são
totalmente ignorantes sobre as mulheres. E eles são
exibicionistas ultrajantes, o que realmente é um choque — até
que eles te acostumem adequadamente, pelo menos."
Essa última parte foi dita com uma piscadela por cima
do ombro, como se ela mesma estivesse — devidamente
acostumada — e talvez até gostasse. E a boca de Rosa abria
e fechava inutilmente, mas nada mais parecia sair, então ela
continuou trotando atrás de Lady Norr — ou Jule, ela disse —
que havia virado bruscamente à direita, por outro buraco
quadrado no muro.
Era outra sala, com aquelas mesmas paredes de pedra
lisa e cantos suavemente arredondados. Mas, em vez de
beliches ou bancadas de trabalho, esta sala apresentava
proeminentemente fileiras de prateleiras, na frente de um
longo balcão de pedra, que atualmente tinha outro orc enorme,
hediondo e com cara de cicatriz atrás dele.
"Bom dia, Hanarr," Jule disse agradavelmente, com
um sorriso caloroso para o orc, mais uma vez não parecendo
nem um pouco enervado por seu rosto terrível. "Estou aqui em
nome da nossa convidada Ka-esh aqui, Rosa. Ela vai precisar
de comida e suprimentos para uma viagem de dois dias. O seu
melhor e mais próximo de humano, se não se importa, por
favor."
Rosa mal estava seguindo neste momento, mas o
estranho orc deu uma olhada para ela, e então imediatamente
assentiu, e saiu para vasculhar as fileiras densamente
estocadas de prateleiras atrás de seu balcão. Prateleiras que —
Rosa não podia negar um distante lampejo de interesse —
parecia incluir
alguns livros reais.
"O que é esse livro?" A voz de Rosa aumentou, antes
que ela pudesse parar. "O pequeno, na ponta ali?"
Era um pequeno volume coberto de couro,
encadernado com um tipo estranho de trança que Rosa nunca
havia encontrado antes — e para sua surpresa, o orc
imediatamente foi arrancá-lo da prateleira e o trouxe de volta
para ela.
"Aqui está você, mulher," disse ele, em uma voz com forte
sotaque. "Você quer que eu o embale com o resto de suas
mercadorias?"
"Oh, não, eu não poderia," Rosa disse, reflexivamente
— mas então, que Deus a amaldiçoe, ela abriu o livro. E este
livro não foi escrito em língua comum, ou qualquer outro
idioma que ela já tinha visto antes — mas em vez disso em
uma escrita escrita à mão absolutamente linda e curva que
quase parecia fluir pela página.
O roteiro estava cravejado de letras maiúsculas e
pequenas iluminuras, algumas
delas incrivelmente intrincadas, e uma das quais — Rosa
aproximou o livro, apertando os olhos à luz fraca da lanterna
— continha um rosto primorosamente desenhado, de traços
duros, com delicadas orelhas pontudas.
Este livro foi escrito por orcs. Em sua língua negra
supostamente primitiva, supostamente selvagem.
E em todas as intermináveis leituras de Rosa sobre
orcs, não houve uma única menção à língua negra como uma
linguagem escrita, muito menos uma tão complexa como esta,
e ela observou seu dedo trêmulo percorrer a página,
sentindo as marcas de um roteiro no pergaminho fino. Uma
linguagem real,
totalmente desconhecida para os humanos. Ali, sob seus
dedos.
"Aqui está você, Lady Capitã, Lady Rosa-Ka,"
interrompeu o orc. "Não devo embalar este livro para você?
Tenho certeza de que John-Ka deve desejar isso, o conforto
de sua companheira em sua jornada."
Ele estava dando a Rosa um sorriso largo, de dentes
afiados, que era tão alarmante que levou um momento para o
resto de suas palavras se
enterrar em seus pensamentos. "John-Ka desejaria isso?" ela
ecoou, sua voz fraca, "para sua companheira?"
"Ach, sim," o orc respondeu, com outro sorriso
ansioso e aterrorizante. "John-Ka sempre cuida bem dos seus.
Uma mulher de sorte, você é. Você será
mantida segura, gorda e satisfeita."
O olhar dele fez algo em direção a Rosa que poderia
ter sido uma
piscadela, mas ela só conseguiaolhar, estupefata, enquanto
suas mãos se agitavam para agarrar o balcão entre eles.
"Hum," ela disse, "eu devo?"
"Ach, sim," o orc insistiu, como se isso fosse
totalmente óbvio.
"John-Ka desejará ter um cuidado especial com sua
companheira. Ele é o último dos Ka, então desejará um filho
forte. Ou muitos, se os deuses forem tão gentis."
Isso foi dito com um olhar significativo e demorado
para a cintura de Rosa, puxando sua mão vacilante em direção
a ela, enquanto sua outra mão continuava segurando o balcão.
"Eu acho que você está — mal informado," disse ela. "Eu não
sou a companheira de John. Somos apenas — desafortunados
conhecidos."
A surpresa nos olhos do orc não era de todo fingida, e
deu lugar à
confusão quando ele deslizou um pacote cuidadosamente
embrulhado pelo balcão em direção a ela. "Você ainda espera
que ele faça os votos?" ele perguntou, sua cabeça inclinada.
"Nós Ka-esh não oferecemos isso com frequência. A boca de
alguém pode falar qualquer número de
palavras vazias, mas seus atos falam apenas a verdade."
Sua mão acenou para cima e para baixo na forma de
Rosa, como se dissesse, veja, aqui está a
prova disso — e Rosa olhou para baixo, seguindo sua mão,
para encontrar — oh. Ela ainda estava vestindo a
túnica de John.
"Mas isso é só," ela gaguejou, e olhou para Jule
pedindo ajuda. "Foi
apenas um empréstimo. Porque ele rasgou meu vestido."
Mas o orc só parecia ainda mais confuso do que antes,
e ao lado de Rosa, Jule fez uma careta meio estremecida, meio
divertida. "Muito obrigada, Hanarr," ela disse, enquanto
pegava o pacote embrulhado, deixando o lindo livrinho no
balcão. "E, por favor, coloque tudo isso na conta de John,
sim?"
O orc assentiu, e Jule conduziu Rosa para fora da sala
e de volta ao
corredor. E quando elas começaram a andar novamente, Rosa
lutou para desviar sua atenção das afirmações desconcertantes
de Hanarr e, em vez disso, para a montanha verdadeiramente
fascinante ao seu redor. As paredes lisas esculpidas, o teto
surpreendentemente alto, as voltas e reviravoltas que na
verdade pareciam seguir o grão da rocha da montanha, talvez
para garantir sua integridade estrutural…
Mas, apesar de todos os seus esforços, os pensamentos
de Rosa continuavam escapando dela e voltando para onde ela
menos queria que fossem. Para John. O último dos Ka, o que
quer que isso significasse. Suas mãos quentes, seus olhos
atentos, a ameaça enervante de seu grande corpo aparecendo
na porta. Eu te mantive
segura, eu cuidei de você, os atos de alguém falam apenas a
verdade...
Mas não, não, não. Rosa lhe dera uma chance de
explicar. Ela lhe deu chances de novo e de novo, ela acreditou
nele, ela confiou nele com todo o seu futuro — e em troca ele
zombou e desprezou ela, chamou-a de mulher boba, fazemos
o que quisermos com você…
Havia umidade brotando novamente nos olhos de
Rosa, ameaçando escorrer por suas bochechas, e ela a afastou
impacientemente com a mão trêmula. Ela teve que engolir
isso, e seguir em frente. Ela tinha que encontrar uma maneira.
Ela teria que lidar com o dele — seu filho, e então…
Ela cambaleou para trás, seu coração batendo em suas
costelas — porque de alguma forma, de repente, John estava
ali. Sua forma enorme girando para a vida no corredor diante
de Rosa e Jule, bloqueando seu caminho, aquele cheiro doce
dele se
desenrolando no ar.
"Esta mulher ainda não pode sair daqui," John
assobiou, seus olhos raivosos passando entre Rosa e Jule. "Ela
ainda carrega minha semente e está sujeita a perecer se lhe for
permitido dar à luz meu filho. Ela é muito pequena para
suportar isso."
Os olhos de Rosa estavam piscando
inexpressivamente em seu rosto sombreado, o medo
balançando alto e amplo — sim, sim, isso era verdade, foi por
isso que ela veio a esta maldita montanha em primeiro lugar
— mas ao lado dela, Jule apenas bufou e continuou andando,
conduzindo-a ao redor da forma rígida e iminente de John.
"Bem, John, talvez você devesse ter pensado nisso
antes de tocá-la," Jule retrucou, por cima do ombro. "Você
não deveria ser o orc inteligente por aqui?"
Rosa sentiu-se estremecer, lançando um olhar tolo e
furtivo para onde John ainda estava parado no meio do
corredor. Parecendo
inegavelmente enfurecido, seus olhos brilhando, suas mãos
cerradas em punhos ao seu lado.
"Esta mulher desejou por isso," ele retrucou, e se
lançou para alcançá-lo novamente, seu corpo enorme quase
vibrando com a tensão quando ele começou a caminhar perto
de Rosa. "Não negue isso, mulher. Você queria vir aqui. Você
desejou um orc."
A última saiu com uma amargura vingativa, apertando
algo profundo e doloroso na barriga de Rosa, mas do outro
lado Jule revirou os olhos e continuou andando. "E agora ela
não quer," ela atirou de volta. "Chocante, John, realmente.
Mais sorte da próxima vez."
Um grunhido baixo e sustentado saiu da garganta de
John, que Jule ignorou inteiramente, em favor de acenar
entusiasticamente para algo no corredor. "Baldr!" ela chamou.
"Venha conhecer Rosa."
Rosa se contorceu toda, porque sim, era mais um orc
enorme e corpulento, correndo em direção a eles — mas após
uma inspeção mais próxima, este não era tão alarmante quanto
alguns dos outros. Suas cicatrizes eram mais rasas, seu rosto
esverdeado um pouco mais jovem e, ao se aproximar, sorriu
para
Rosa, caloroso e genuíno, fazendo seus olhos escuros
brilharem.
"Saudações, nova mulher Ka-esh," disse ele, com uma
pequena reverência fluida. "Bem-vinda à nossa montanha. Eu
sou Baldr do Clã Grisk, mão esquerda do nosso capitão. Como
posso servi-la?"
Seus olhos lançaram um olhar revelador entre John e
Jule, traindo mais consciência do que seu exterior afável
sugeria, e Jule fez uma careta e
virou a cabeça em direção a Rosa. "Rosa está viajando de volta
para Dusbury hoje," ela disse, "e ela vai precisar de uma
escolta. Atualmente não estou em condições de deixar a
montanha" — ela acenou para sua cintura inchada –
"especialmente
com aqueles homens horríveis à espreita, então você se
importaria de acompanhá-la, Baldr? Você e Drafli, talvez?"
O rosnado de John estava aumentando
constantemente, mas Baldr não pareceu notar, seus olhos
firmes nos de Jule. "Ach, mulher, estou feliz em ir. Vou buscar
Drafli e voltar imediatamente."
Com isso, ele fez outra reverência educada, antes de
se virar e correr
de volta pelo corredor. Ao lado de Rosa, o grande corpo de
John parecia
ainda maior, mais perto, sua raiva e agitação quase
estremecendo em sua pele.
"Minha mulher não deve," ele cuspiu em Jule, "ir
embora sozinha, com um Skai!"
Sua mulher. Uma estranha sacudida percorreu a
espinha de Rosa, mas Jule apenas franzir a testa
poderosamente para John, seus olhos brilhando. "O que deu
em você, John?" ela exigiu. "Você não deveria ser o orc mais
inteligente desta
montanha? Drafli não iria tocá-la, e você sabe disso. E eles
não estarão
sozinhos, Baldr estará lá, e eu confio nele com minha vida!"
O som da garganta de John era quase um latido,
profundo, rouco e
angustiado. E em um movimento brusco e trêmulo, ele se
virou para encarar Rosa novamente, sua mão estendendo a
mão para ela — mas então se afastando, apertando contra seu
lado, como se ele tivesse que forçá-la ali.
"Você não pode realmente querer sair daqui assim,
mulher," ele disse, sua voz quase suplicante. "Você ainda não
está bem. Você deve descansar e se curar completamente
primeiro."
Jule o ignorou completamente, puxando Rosa de volta
para uma caminhada — mas John
imediatamente manteve o ritmo novamente, seus olhos
brilhantes fixos em Rosa. "Você deve
descansar," ele insistiu. "Por mais um dia. Jurei cuidar de
você."
Rosa engoliu em seco, seus pensamentos voltando
para aquele momento terrível em sua cama. Para seu rosto, sua
voz, suas palavras. Isso é o que os orcs fazem com mulheres
bobas como você. Fazemos o que quisermos com você...
"Mas você — você não se importa comigo," disse
Rosa finalmente, com a voz embargada. "Você nem gosta de
mim. Você acha que eu sou boba e estúpida e
inútil. Você só quer me usar, para seu próprio ganho."
John piscou para ela, e então balançou a cabeça,
chicoteando sua trança atrás dele. "Eu não desejo usar você,"
ele respondeu, a frustração pesada em sua voz. "Eu vou
mantê-la segura. Cuidarei de você, até que esteja bem. E" —
seus olhos correram freneticamente, pousando na mochila na
mão de Jule. "Eu vou — ler para você, enquanto você
descansa. Vou ler este conto que trouxemos
conosco, de sua biblioteca. The Lady Bright. Você não pode
sair sem este livro."
Merda. Os passos de Rosa vacilaram, porque
caramba, os livros, ela não poderia deixar aqueles livros
preciosos aqui na Montanha Orc — mas ao lado dela Jule
zombou e continuou andando. "Oh, desista, John," ela
retrucou. "Rosa
não vai tolerar mais essa besteira por um livro estúpido."
Jule estava certa, é claro, isso seria uma tolice
absoluta — ou seria,
porque os olhos piscando de John no rosto de Jule eram partes
iguais de incredulidade e raiva. Dizendo, como você se atreve
a descartar e denegrir o poder de um livro assim — e a
comiseração de repente pareceu incendiar, pegando fundo nas
entranhas de Rosa. E apertando ainda mais quando o olhar
furioso de John voltou para o dela, suas sobrancelhas negras
erguidas, como se perguntasse, você acredita que ela acabou
de dizer isso?
E amaldiçoá-la, mas Rosa sentiu, reconheceu,
apreciou — e
este maldito orc viu, ele sabia. E a mão dele se moveu em
direção a ela
novamente, desta vez roçando suavemente e quase
compulsivamente contra seu braço antes de se afastar
novamente, tarde demais.
"Você não pode sair daqui sem seus livros," ele disse
com firmeza, triunfante, seus olhos fixos nos dela. "Você
nunca deveria desejar ser uma menina que
roubava livros. E se você ficar, mulher, eu lhe mostrarei meus
livros. Vou lhe mostrar minha biblioteca."
Espere, ele tinha uma biblioteca? Os pés ainda
andantes de Rosa vacilaram de novo, seus olhos disparando
impotentes para o rosto de Jule. Orcs não tinham bibliotecas.
Eles tinham?
"Não deixe que ele tenha muitas esperanças, Rosa,"
Jule respondeu categoricamente. "É quase uma biblioteca,
mais como uma velha sala vazia. E metade dos livros está
caindo aos pedaços de qualquer maneira."
Mas Rosa sentiu-se totalmente presa no lugar, seu
cérebro saltando de volta para aquele lindo livrinho que
Hanarr lhe mostrara. John realmente tinha mais livros? E eles
não poderiam realmente estar caindo aos pedaços?
Certamente John não permitiria tal caricatura em sua própria
biblioteca?
"Quantas propriedades," Rosa ouviu sua voz traidora
dizer, seus olhos se
estreitando nos de John. "E que tipos? Quantos anos?
Originado de onde?"
Os olhos de John se estreitaram de volta para ela, e
por um instante, ela teve certeza de que quase viu suspeita,
sussurrando dentro deles. Quase como se ele
soubesse. Sobre Lord Kaspar, a carta, as três semanas. Mas
ele não podia saber, certamente ele não podia saber...
"Tenho mais de duzentos volumes," John finalmente
respondeu, devagar. "Alguns são arquivos, muitos são guias e
tratados. Alguns são contos e textos sagrados. Alguns, não sei
o que são. Muitos deles foram mantidos em segurança pelo
meu clã desde os tempos antigos."
Oh. Ah, deuses. Ele não podia. Arquivos, textos
sagrados, alguns que ele não conhecia,
caindo aos pedaços. Mantido seguro por seu clã, desde os
tempos antigos… centenas de
anos, talvez até mais velhos…
O desejo inundou Rosa em uma enxurrada, tão
poderosa que ela teve que engolir o ar, para o pensamento
racional. Este orc tinha uma biblioteca antiga, de fontes orc
genuínas, ele estava se oferecendo para mostrar a ela, era
como se ele estivesse segurando uma
bandeja de prata de bolos doces, fosco com creme e mel…
"E você," ela engoliu em seco, "me permitiria acessá-
los? E lê-los?"
A suspeita brilhou novamente em seus olhos,
acompanhada por um aperto revelador em sua boca. "A
maioria deles está na minha própria língua," disse ele. "Assim,
você não poderia lê-los."
Oh. É claro. Rosa sentiu sua esperança cair
novamente, afundando profundamente, seus olhos caindo no
chão. Claro que ele realmente não queria que ela soubesse,
aprendesse, descobrisse mais sobre seu povo. Oferecer a
biblioteca certamente era apenas mais um gesto vazio, outra
manipulação. E isso era tudo.
Então Rosa mordeu o lábio e continuou andando,
apenas notando distantemente o chão sob seus pés
gradualmente se inclinando para cima, o leve, mas distinto
cheiro de frescor no ar. Até antes dela, o corpo ainda pairando
de John parou novamente, pairando sobre ela, bloqueando seu
caminho.
"Eu vou," Rosa o ouviu dizer, tenso, como se estivesse
com os dentes cerrados, "ler
esses livros para você. Vou até responder às suas perguntas
sobre eles. Se você ficar."
Ele os leria para ela. Foi o suficiente para erguer os
olhos lacrimejantes de Rosa até os dele, procurando a verdade
disso — e aqui, girando para a vida em seu cérebro atrofiado,
estava a percepção de que isso — isso era exatamente o que
ela precisava. Acesso aos próprios trabalhos dos orcs.
Respostas às perguntas dela. Fontes primárias reais,
verdadeiras, nuas e poderosas. E esta era sua
chance única na vida de se tornar uma estudante, de salvar seu
futuro...
Mas em vez de concordar, dizer sim, como certamente
deveria ter feito, Rosa sentiu as mãos pressionando o rosto,
fechando-o, balançando a cabeça com tanta força que doía.
"Mas você não quer que eu fique aqui, John," sua voz fina
engasgou. "Você nem gosta de mim. Você só está tentando
me manipular de novo. Para obter o seu caminho novamente.
Você já jurou me manter segura, e
não me dizer nenhuma falsidade" — sua voz vacilou — "e
veja como isso foi para mim. Você não se importa. Não posso
confiar em você."
E isso era verdade, verdade suficiente para colocar a
tentação contra a realidade. John ainda estava nisso apenas
para si mesmo. Um orc. Uma besta cruel e manipuladora. Um
monstro.
Rosa se obrigou a começar a se mover de novo,
deslizando de lado pela forma rígida e imóvel de John, e por
um momento de suspensão e silêncio, foi feito.
Finalizado. Ela tomou a decisão certa, ela nunca veria este orc
horrível novamente.
E, ela pensou inexpressivamente, mesmo que ela
acabasse destruindo seu futuro,
pelo menos ela não precisaria ser responsável por uma guerra,
afinal. Pela ruína desta montanha surpreendente. Pelas mortes
sangrentas e prematuras desses orcs surpreendentes, que
novamente não pareciam nada com o que suas fontes
afirmavam ser…
"Espere," veio a voz de John, quebrando a palavra.
"Pequena rosa. Por favor."
Rosa sentiu sua mão antes de vê-la, o calor familiar de
repente circulando perto e mortalmente contra seu pescoço nu,
e foi o suficiente para chocá-la em silêncio novamente,
enviando o resto do mundo para longe.
Deixando apenas este enorme e cruel orc, cambaleando mais
uma vez para ficar diante dela,
e — tremendo.
E sim, ele estava realmente tremendo, seus olhos
piscando, seus dedos tremendo contra sua pele. E quando
Rosa piscou de volta para ele, sua outra mão deslizou para
ecoar a primeira, segurando seu pescoço nu entre eles, em algo
que deveria ter sido completamente assustador — mas em vez
disso parecia profundamente íntimo, quase como uma
reverência.
"Eu não," ele disse, sua voz grossa, "realmente desejo
assustá-la, ou prejudicá-la, ou falar falso com você. Eu não
queria — usar você. Eu só" — ele fez uma careta, aqueles
olhos se fechando, abrindo novamente — "Eu nunca antes —
conheci nada, como isso, entre nós. Eu não — entendo."
Rosa só podia continuar piscando, observando-o
puxar outra
respiração áspera. "Você me irrita, mulher, e me confunde, e
— e me chama, mesmo quando eu procuro afastá-la. Isso me
enfraquece, mas" — seu peito ficou vazio — "eu não deveria
liberar minha raiva em relação a você. Deve ser para mim. É
porque eu não entendo. Eu devo preciso — aprender."
Enquanto ele falava, aquelas mãos trêmulas
sacudiram levemente o pescoço de Rosa, quase uma ameaça
— mas não havia nenhuma ameaça nisso, nenhum medo.
Apenas o brilho selvagem urgente
naqueles olhos de orcs negros, tão poderosamente presos aos
dela, finalmente
falando sua verdade.
"Eu nunca vou me perdoar, se você se machucar, por
minha loucura," ele respirou. "Eu desejo que você esteja
segura. Eu desejo cuidar bem do meu" — sua garganta
convulsionou — "meu animal de estimação. Desejo governá-
la com bondade, ganhar sua confiança e trazer-lhe alegria. E
talvez até assustar você — mas apenas da maneira que você
deseja."
As palavras caíram para um sussurro, baixo e
profundamente envergonhado, suave o suficiente para que
Jule — ainda de pé ao lado deles, examinando tudo isso com
as mãos nos quadris — pudesse não ter ouvido. Mas Rosa
ouviu, e o calor de resposta amaldiçoado disparou direto para
sua virilha, e arrastou um suspiro rouco e quebrado
de sua garganta. Seu animal de estimação. Ele queria
governá-la. Assustá-la.
Os olhos de John falavam a verdade, seus cílios
tremulando escuros e arrependidos contra sua bochecha
enquanto seu olhar piscava para longe, em direção à parede
atrás dela. Mas as mãos dele ainda estavam circulando seu
pescoço, com uma reverência tão cuidadosa e afetada, suas
garras raspando suavemente contra sua pele. E neste
momento, havia apenas isso, ele, seu cheiro, seu calor, sua
verdade.
"Isso deve agradar você, minha doce rosa," ele
respirou, seus olhos novamente despidos,
envergonhados pelos dela. "Para ficar aqui até que você esteja
livre do meu filho, e até então, para ser meu bichinho gordo e
feliz. Para ver minha biblioteca. Para ler meus livros. Para
saber
mais dos meus parentes. Para — para levar sua alegria
comigo. Sim?"
Em algum lugar, bem dentro dos pensamentos de
Rosa, estava a percepção de que havia mais orcs se
aproximando, e que Jule estava falando de novo, dizendo algo
que certamente ecoava o próprio cérebro racional de Rosa,
gritando profundamente. Mas o desejo era muito forte, a dor
quase esmagadoramente
poderosa, a compulsão nua e vergonhosa de assentir, sentir
sua garganta se mover contra a força de suas enormes mãos
quentes...
"Sem falsidades?" ela respirou, para aqueles olhos
negros piscando, e ele balançou a cabeça lentamente, seus
dedos apertando um pouco mais. Ainda aqui, ainda segura,
tudo o que ela sempre quis, uma estudante, um animal de
estimação, medo, verdade, pendurado, esperando...
Ela tinha três semanas. E ela tinha que saber. Ela
precisava.
"Então você precisa provar isso para mim, orc," ela
sussurrou. "Ensine-me. Começando agora."
Capítulo 17
Por um instante, todo o resto se desfez, exceto pelo
eco das palavras de Rosa, zunindo contra as paredes de pedra
ao redor.
Prove isso, orc. Ensine-me. Agora.
Os olhos escuros de John piscaram para ela, uma, duas
vezes — e então, em um rápido, movimento ofegante, Rosa
foi sacudida do chão e caiu em seus braços. De volta ao seu
lugar em seu quadril, sua mão forte segurando-a facilmente
contra ele.
Ele caminhou pelo corredor com passos rápidos e
firmes, e sem sequer um aceno de cabeça para trás em direção
a Jule. Mas o olhar furtivo e inquisidor de Rosa por cima do
ombro mostrou Jule parecendo quase satisfeita enquanto ela
estava ali, um pequeno sorriso se contorcendo em sua boca.
"Apenas grite se precisar de ajuda, Rosa," ela gritou
atrás deles, sua voz ecoando pelo corredor. "E nós estaremos
de olho em você, John."
John ignorou completamente isso, e puxou Rosa para
mais perto enquanto virava uma esquina, bloqueando a visão
de Jule. Estava completamente escuro ali, sem sequer um
lampejo de luz de velas, e apesar de si mesma, apesar de tudo,
Rosa sentiu seu rosto inclinar-se contra a pele dele, respirando
seu perfume almiscarado e doce. E em troca, ela sentiu um
deslizar lento e aprovador de sua outra mão por seu ombro,
curvando-se contra seu pescoço.
Deuses. Rosa não deveria ter estremecido, mas ela
tremeu de qualquer maneira, seus olhos estremecendo — e ela
não perdeu a resposta de John, bufando de satisfação sombria.
Mas sua mão ainda estava lá, ainda tão quente e segura, suas
garras raspando suavemente contra sua pele enquanto ele
caminhava.
Ele parou em pouco tempo — talvez mais cedo do que
o corpo traiçoeiro e pegajoso de Rosa gostaria — e ele
cuidadosamente a desceu no chão, antes de se afastar um
pouco. E de repente, houve luz.
Brilhando para a vida de uma lanterna de aço, colocada sobre
uma mesa de madeira sólida.
E na luz, Rosa viu — uma biblioteca. Era uma sala
alta, espaçosa e arredondada, esculpida na já familiar pedra
cinza. E as paredes tinham prateleiras de verdade cortadas
nelas, circulando por toda a sala, do chão até o alto e
abobadado teto de pedra.
E sobre essas prateleiras, havia livros. Manuscritos.
Papéis. Pergaminhos. Não muitos, como Jule havia dito, não
comparados ao que se poderia esperar de uma
coleção humana — mas eles estavam bem organizados, e
mesmo um único olhar inicial já os provava altamente
intrigantes. Encadernações desconhecidas, materiais
desconhecidos, algumas placas de madeira de aparência
fascinante que se pareciam distintamente com tabuletas…
Rosa já havia se aproximado da prateleira mais
próxima, estendendo a mão para puxar cuidadosamente um
livro grosso e encadernado de forma elaborada. E quando ela
abriu, ela
engasgou em voz alta, seus olhos se arregalando com a visão.
Foi — lindo. Um trabalho não muito diferente do
pequeno livro que ela tinha visto antes,
mas este era muito maior em escala, cheio de iluminuras
intrincadas acentuadas com folhas de ouro, e aquela mesma
escrita linda e elegante. Roteiro que — Rosa
cautelosamente virou uma página grossa de pergaminho, e
depois outra — tinha muitas
formas repetidas e era cravejado de pequenos floreios e
enfeites encantadores.
"O que é?" Rosa se ouviu perguntar, sua voz abafada.
"Um livro devocional?"
As iluminações de tirar o fôlego já sugeriam isso,
cheias de imagens detalhadas e fantásticas de humanos e orcs
— e Rosa não ficou surpresa quando John assentiu. "Ele
contém a antiga sabedoria de nossos
antepassados Ka-esh," disse ele. "Nós estudamos isso desde
nossos primeiros dias."
Isso foi profundamente fascinante, assim como o fato
de haver vários volumes semelhantes arquivados juntos. E
uma vez que Rosa havia cuidadosamente colocado o livro de
volta e tirado outro, e outro, ela entendeu que o livro que
Hanarr lhe mostrara também era um desses. Cada um
ligeiramente diferente, embora todos parecessem começar
com o mesmo texto, provavelmente uma oração ou um
encantamento.
"Você poderia recitar para mim?" ela perguntou a
John, ansiosamente brandindo o
pajem para ele. "Esta oração? Certamente você sabe disso?"
John estava imóvel atrás dela, seu olhar totalmente
ilegível, mas ele finalmente assentiu e começou a falar. As
palavras rolando de sua boca na desconhecida língua negra
dos orcs, os sons retumbando do fundo de sua garganta.
Era totalmente estranho, e também inexplicavelmente
bonito, e o som disso, a visão de John falando com tanta
facilidade, parecia apertar algo na barriga de Rosa. Distraindo
o suficiente para que ela quase esquecesse de acompanhar,
mas ela o fez tardiamente, seus olhos se estreitando enquanto
ela lutava para combinar as palavras com o texto.
"Sua linguagem é baseada em letras e fonética," disse
ela, uma vez que ele terminou. "Assim como nossa língua
comum, e que intrigante, John. Qual é o seu nome para isso?"
Ele ainda a observava com cautela, seu olhar baixando
para o
livro aberto em suas mãos, e de volta para seu rosto.
"Aelakesh," disse ele, e Rosa repetiu a palavra em voz alta,
sentindo seu peso desconhecido em sua língua. Aelakesh. Não
é uma língua negra primitiva e analfabeta. Essas malditas
fontes estavam erradas, sem surpresa, novamente.
"E o que significa esta oração?" ela perguntou,
olhando para ele, lembrando daquela promessa dele de
responder suas perguntas. E embora ela não tenha perdido o
aperto em sua boca, ele suspirou e assentiu.
"Ela pede sabedoria," disse ele. "Ela implora por luz,
aprendizado e verdade. Ela exige que um Sacerdote sábio se
levante e nos conduza com conhecimento para os dias
sombrios que virão."
Oh. O primeiro pensamento de Rosa, aleatório e
desconexo, foi que ela aprovava essa visão de Ka-esh sobre
adoração — mas o próximo pensamento já estava aqui, saindo
de sua boca. "E quem é o seu Sacerdote? Uma
figura escatológica? Quero dizer," — ela estremeceu,
percebendo a confusão inconfundível no rosto de John — "um
futuro salvador místico, de alguma forma? Um semideus,
talvez?"
John piscou, e então zombou alto, como se até a ideia
fosse
completamente absurda. "Ach, não. O Sacerdote é um de nós.
Ele é um sábio
orc Ka-esh, com vontade e força para levar nossos parentes à
luz."
Rosa considerou isso, seus olhos estudando aquele
vazio revelador no rosto dele. "E você tem um Sacerdote
agora?"
"Nós não," John respondeu, a voz curta. "Não desde a
morte de meu irmão mais velho Fror, neste inverno passado."
Havia uma inflexão muito fraca no nome deste Fror,
como se ele talvez quisesse dizer mais do que John queria
permitir, e o olhar de Rosa caiu de volta ao livro dela. "Fror
foi um bom Sacerdote? Ele cumpriu os termos desta
oração?"
Houve um instante de quietude, e quando Rosa ergueu
os olhos novamente, os olhos de John estavam distantes, um
sulco entre eles. "Ele procurou. Mas ele também procurou
agradar e abandonar a mudança. Para manter a paz entre seus
parentes."
É claro que esse orc extremamente previsível veria
isso como uma fraqueza, e Rosa sentiu a cabeça inclinar-se,
as sobrancelhas se erguerem. "E você não iria? Se você
estivesse no lugar dele?"
"Não," John retrucou. "Nós orcs não podemos nos dar
ao luxo de não aprender, crescer
e mudar. Agora enfrentamos o fim da nossa espécie. Devemos
fazer tudo ao nosso alcance para evitar nossa morte, antes
que…"
Ele parou com uma careta, claramente não querendo
trair tanto, e os pensamentos agitados de Rosa se agitaram
para trás, para Lord Kaspar, para aquela carta. Precisamos
acabar com esses bastardos selvagens de uma vez por todas.
Arriscando os recursos e planos de todo o reino. Não me
falhe…
Rosa engoliu em seco e virou-se abruptamente para
longe dele, de volta para as
prateleiras de livros tranquilizadoras. A próxima seção
parecia ser composta principalmente de registros e arquivos,
feitos de folhas de papel e pergaminho cuidadosamente
organizados, e cadernos soltos de tamanhos variados.
Estavam todos novamente escritos neste
Aelakesh, mas Rosa reconheceu o suficiente para determinar
que muitos eram registros de nascimento e óbito. Outros
pareciam de natureza mais legal, enquanto outros ainda
eram claramente técnicos, focados no que parecia ser
conteúdo matemático e geográfico, grande parte baseado em
mineração.
E em seguida, para o fascínio cada vez mais profundo
de Rosa, havia livros práticos. Livros de receitas e livros de
caça, e até mesmo livros sobre guerra, com ilustrações vívidas
de cenas de batalha horríveis, retratando orcs e humanos. E a
seguir havia uma grande coleção de volumes médicos,
anatomias, ervas e remédios, muitos deles com pequenas
anotações nas margens.
E então, surpreendentemente, havia uma pequena e
eclética coleção de livros em língua comum. Principalmente
mais volumes médicos, mas também uma variedade de
trabalhos científicos e históricos, e até mesmo algumas sagas
populares.
"Você disse que não tinha nenhum livro humano
aqui!" Rosa virou-se por cima do ombro em direção a John —
embora fosse difícil reunir raiva verdadeira,
quando alguém se depara com possibilidades de leitura tão
deliciosas. "Você mentiu para mim, então eu permitiria seu
roubo de livros da minha biblioteca!"
"Eu não menti, nem roubei," John respondeu, com
uma frieza condenável. "Eu disse que
não havia nada de valor aqui para ler em língua comum. Eu
não disse que eu não tinha nenhum livro."
Rosa fez uma careta para ele, mas ainda se sentia
muito distraída para discutir, e ansiosamente virou-se para a
próxima prateleira, que estava ligeiramente afastada das
outras. E quando ela cuidadosamente abriu um pequeno livro
com uma encadernação muito quebrada, ela se ouviu ofegar
de prazer, porque este era outro livro de orc — mas desta vez,
em vez do já familiar Aelakesh, estava escrito em Osadan. A
linguagem do extremo oeste do reino, e as terras além do
oceano além.
E Rosa não tinha pensado que orcs poderiam saber
falar outras línguas, muito menos escrever um livro inteiro em
Osadan. Ou melhor — ela olhou para a prateleira novamente
e puxou um fólio solto para espiar o roteiro na frente — uma
prateleira inteira?!
E como é maravilhoso finalmente poder ler um dos
livros dos próprios orcs — mesmo que este fosse apenas mais
um livro de receitas. E enquanto Rosa examinava as páginas
de receitas, ela sentiu sua boca se contorcer, o prazer
borbulhando em sua garganta.
"Enguia frita?" ela leu em voz alta, olhando para o
rosto perigosamente inexpressivo de John. "E chifres de alce
secos? E ensopado de esquilo! Complete com enfeite de globo
ocular cozido! Verdade, John?!"
Ela não pôde deixar de rir, especialmente com o olhar
inconfundivelmente perturbado que começou a aparecer no
rosto de John. "Enfeite?" ele repetiu, sua voz cuidadosa na
palavra. "O que é isto?"
Rosa explicou, entre risadas prolongadas, mostrando-
lhe aquela
linha em particular na página — e quando John piscou para
ela, suas sobrancelhas grossas franzidas em concentração,
Rosa de repente entendeu que ele
não conseguia ler. Não muito bem, pelo menos, então ela
prontamente leu em voz alta a receita inteira para ele,
traduzindo para a língua comum enquanto falava.
"… E, finalmente, tempere com muito sal," ela leu, "e
coma este prato muito bom com muito gosto, antes que seu
irmão o roube de você."
Ela lançou outro sorriso divertido para John, e por um
estranho momento, ele não respondeu, apenas piscou para a
página e depois para o rosto de Rosa. E
então ele desviou o olhar atentamente, mas não antes que ela
percebesse uma leve contração no canto de sua boca.
"Esta realmente parece uma boa refeição," disse ele.
"Eu sei que a maioria dos orcs deve comê-lo com gosto, antes
que seja roubado. Acima de tudo esse — enfeite."
O coração de Rosa estremeceu — John estava fazendo
uma piada? — e ela se sentiu
rir de novo, sorrindo para o rosto enganosamente vazio dele.
"Eu preciso ver esta refeição, John. Você precisa me deixar
escrever esta receita e levá-la para sua cozinha. Por favor."
Ela estava apenas meio provocando, mas a boca de
John se contraiu novamente, atraindo os olhos de Rosa para a
visão inexplicavelmente atraente. "Talvez," disse ele, "se você
copiar todo este livro para a língua comum, eu a levarei para
a cozinha."
Oh. E de repente ele não estava brincando, não
realmente — porque ele realmente não conseguia ler este
livro, é o que ele queria dizer. E ele não queria admitir,
talvez tivesse vergonha de admitir — principalmente quando
havia uma estante inteira de livros nesse idioma, aqui em sua
própria biblioteca. E houve
outra onda de compreensão, ou talvez até de consideração, no
fundo da barriga de Rosa.
"Bem, você tem algum pergaminho, ou papel, e uma
pena e tinta que eu possa usar?" ela perguntou, olhando ao
redor da sala. "E se você tiver algum fio e cera, e uma agulha
curva, eu poderia consertar essa ligação enquanto estou
nisso."
John voltou a ficar enervante ainda, piscando para o
rosto de Rosa — mas então ele deu um aceno rápido e brusco.
"Vou encontrá-los e trazê-los," disse ele. "Há mais alguma
coisa que você precise?"
Nada mais. Seus olhos percorreram brevemente sua
pequena coleção, demorando-se em várias encadernações
igualmente gastas, e depois em uma pilha de
fólios que provavelmente deveriam ter sido encadernados em
um ponto, mas não foram. E
então, fraco, mas inconfundível, ele lançou um olhar sombrio
e frustrado para aquela
estante inteira de livros que não conseguia ler. Sem dúvida
provocando-o dia após dia, verdades ocultas há muito
perdidas de seus próprios ancestrais, sentados ali esquecidos
e abandonados,
esperando em vão para serem descobertos novamente.
"Bem," Rosa disse lentamente, "se você tiver alguma
pasta, para organizar, isso seria útil. E uma faca afiada, para
picar e aparar. E se você quiser novas encadernações, você vai
querer tábuas de tamanho adequado para as capas e
possivelmente couro para envolvê-las também."
Mesmo quando as palavras saíram de sua boca, ela
percebeu que eram sem dúvida um grave erro,
comprometendo-a com dias de trabalho, se não semanas
inteiras, e para quê? Então esse orc poderia ter mais alguns
livros para ler? Este horrível e egoísta orc, que tinha sido
indescritivelmente rude e cruel com ela, e que
deveria estar provando a ela por que ela deveria ficar? E
falhando
miseravelmente na tarefa, claro, porque de alguma forma era
Rosa quem o
acomodava, mais uma vez?!
Mas talvez John tivesse seguido isso, seus ombros
subindo e descendo enquanto
seus olhos se fixavam nos dela. Falando de determinação, de
dedicação, de arrependimento…
Seu grande corpo se moveu em direção ao de Rosa,
suas mãos firmes contra sua cintura. E em um movimento
rápido, ele a levantou e a depositou na mesa de madeira
próxima, com as pernas penduradas para o lado.
"O que você está —" Rosa começou, mas então as
palavras saíram em espasmos em sua garganta, porque John
tinha caído de joelhos no chão na frente dela, e agora estava
abrindo suas pernas.
O mundo parou, o corpo inteiro de Rosa parou, seu
coração
batendo contra o peito — e diante dela, a forma ajoelhada de
John hesitou, seus olhos negros piscando para ela, suas mãos
até a metade de suas coxas, onde ele já estava deslizando para
cima sua túnica. Sua túnica.
"Procuro provar para você por que você deve ficar,"
disse ele, lentamente, como se
Rosa fosse uma criança particularmente densa. "Isso é o que
você deseja de mim, não é?"
O que ela desejava. E sentada aqui, de braços abertos
em uma mesa da biblioteca com um orc ajoelhado entre suas
pernas, Rosa quase podia sentir o gosto repentino de desejo,
suave e desesperado e chocantemente poderoso. O que ela
desejava, dele.
Como que para provar seu ponto de vista, John baixou
os cílios, olhou para ela com os
olhos semicerrados — e então ele rosnou. O som profundo,
ameaçador,
assustador, subindo em sua garganta enquanto ele mostrava
seus dentes brancos e afiados para ela...
Rosa ofegou, alto e traidor, suas pernas abertas
gaguejando contra
suas mãos fortes. E em resposta, piscando por trás daqueles
olhos semicerrados, houve triunfo, talvez até zombaria — mas
também amargura. Desolação. Isto é o que você deseja de
mim.
Rosa engoliu em seco, e sua mão trêmula deslizou em
direção à dele, segurando-a contra sua coxa. "Não é tudo que
eu desejo," ela se ouviu dizer, sua voz grossa. "Eu também
desejo" — ela lançou um olhar impotente para as prateleiras
ao redor — "aprender mais sobre sua biblioteca. Sua cultura.
Sua casa. E quero que você me ensine Aelakesh."
A última saiu em uma corrida, sua pronúncia muito
mutilada, mas John tinha claramente seguido, suas
sobrancelhas se unindo. "Por que."
A resposta deu uma guinada sem hesitação, sem a
menor astúcia. "Adoro aprender, John. E eu adoro
especialmente estudar idiomas e descobrir como eles
funcionam. E o seu é tão intrigante. Seria uma tal honra saber
mais sobre isso. Os verdadeiros estudiosos sonham com raras
oportunidades como esta."
Havia uma expressão distintamente incrédula nos
olhos de John, e tarde demais Rosa desviou o olhar e mordeu
o lábio. Bons deuses, ela não deveria estar traindo tanto a este
orc, ela nem deveria se importar. Ela deveria
estar aqui para pesquisar, ela deveria querer aprender a língua
dele para que pudesse encontrar melhor aquelas malditas
atrocidades, salvar seu maldito futuro e
se tornar uma maldita estudiosa. E se John zombasse dela de
novo, e se ele dissesse, eu nunca ensinaria minha própria
língua a uma humana tão tola e inútil...
Mas o olhar em seus olhos não era crítico ou
zombeteiro. Apenas firme, considerando, e Rosa estremeceu
com a sensação inebriante e sacudida de suas grandes mãos se
movendo novamente. Deslizando gentil e inexoravelmente
por suas coxas, deslizando sua túnica enquanto ele ia, mais e
mais e mais...
Rosa engasgou, mas ele não parou. Não até que suas
mãos quentes e decididas
tivessem acariciado todo o caminho até a cintura dela,
revelando tudo por baixo. Todos os seus
lugares mais secretos, mais vergonhosos, nus e espalhados, no
nível de
seus olhos que piscam e observam.
O rosto de Rosa estava dolorosamente quente, e corou
ainda mais quando ela sentiu seu corpo molhado se
contraindo, agarrando-se a nada, o som humilhante realmente
audível na quietude silenciosa. E ainda pior — ela lançou um
olhar temeroso e mortificado para baixo — quando aquela
brancura espessa e reveladora
começou novamente a vazar de dentro dela, acumulando-se
na madeira sólida abaixo.
Foda-se. Tarde demais, Rosa procurou fechar as
pernas, proteger-se daqueles olhos muito próximos — mas as
mãos de John em suas coxas eram muito
fortes, e seu olhar para o rosto dela era duro, talvez até de
desaprovação. E enquanto Rosa olhava, presa, congelada, ele
lentamente, cuidadosamente inclinou sua cabeça escura para
a frente, escorregou sua longa língua negra, e... a lambeu.
Rosa gritou, arranhando-o, empurrando-o para longe
— mesmo quando a
sensação estranha e desconhecida do que ele tinha acabado de
fazer parecia durar, reverberando, iluminando cada nervo sob
sua pele. Ele a lambeu, John fez aquela coisa chocantemente
deliciosa, e ela não conseguia pensar, só conseguia
estremecer, respirar, olhar para a confusão crescente em seus
olhos piscando...
"O que te aborrece, mulher," ele disse, enquanto
aquela língua negra sinuosa sacudia para fora, oh inferno, para
roçar em seus lábios. "Não é isso que você deseja?"
Rosa teve que engolir ar, por razão, mesmo quando
seu corpo atordoado e vergonhoso
começou a pulsar novamente, apertando-o, pingando mais
daquele mortificante branco. Traindo-a com brutal e mortal
imediação, enquanto John apenas baixou os olhos para olhar
para ela, seu olhar clínico, desapaixonado.
"Você deseja isso," disse ele novamente, e desta vez
sua mão deslizou para baixo, a ponta de seu polegar traçando
contra o calor pingando e inchado de Rosa com uma facilidade
que parecia quase proprietária. Despertando ainda mais
choques de
prazer impossível em sua espinha, seu corpo inteiro se
contorcendo na mesa
diante dele.
"Então por que," ele continuou, franzindo a testa para
o rosto dela novamente, "você protesta? Sem falsidades,
mulher."
Rosa ainda estava tremendo de prazer, sua boca
abrindo e fechando,
as palavras borbulhando por conta própria. "Eu nunca," ela
conseguiu dizer, "nenhum homem nunca, quero dizer —"
Sua mão tremendamente trêmula acenou para ele,
para ela, para isso — e ela podia
ver o brilho de compreensão em seus olhos, perseguido por
uma
reprovação quase imediata. "Nenhum desses homens provou
você?" Ele demandou. "Mesmo aquele homem rico tolo não
provou seu próprio animal de estimação?"
Era uma condenação clara, e Rosa estremeceu
novamente, seu olhar desviando-se dele, em direção à
segurança de seus livros. "Não," ela sussurrou, quieta,
envergonhada. "Nunca."
Ela quase podia sentir os olhos de John perfurando-a,
duros e inquietantes. "Mas você mostrou alguma habilidade
com a boca, quando bebeu de mim," disse ele sem rodeios.
"Certamente você aprendeu isso com esses homens?"
Mesmo que uma parte vergonhosa de Rosa se gabasse
interiormente com o elogio — ela mostrou alguma habilidade,
ele gostou — muito mais forte era o desejo desconfortável de
se enrolar. Cubrir-se. Esconder-se…
Mas John ainda estava muito perto, muito poderoso,
ambas as mãos para trás em suas coxas, afastando-a ainda
mais. Expondo, exigindo, esperando. Esperando uma
resposta.
"Sim," ela sussurrou, para suas mãos, ao invés de seu
rosto. "Mas eu te disse.
Os homens não dão. Eles só pegam."
Havia uma quietude áspera e pendurada, carregada de
peso, desconforto, talvez até culpa. Enquanto o corpo indefeso
e esparramado de Rosa
apenas se apertou novamente, expondo-a com descarada,
apavorante flagrante, e seu rosto corou ainda mais,
inundando-a de vergonha. Ela não deveria querer essas coisas,
ela não merecia essas coisas, ela era tola e magra e
inútil...
Mas subindo entre suas pernas, baixo e firme, era um
som. Não dela, mas de John, e quando o olhar dela disparou
furtivamente para o rosto dele, ele estava novamente —
rosnando. Seus dentes à mostra, seus olhos escuros
estreitados e brilhantes, suas garras negras e perigosas
enquanto pressionavam suavemente contra sua coxa nua.
"E eu te disse, mulher," ele disse, profundo,
ameaçador, "eu não sou um homem. Eu sou um orc. E quando
um orc ganha uma mulher" — ele colocou a mão entre suas
pernas abertas, traçou o polegar lentamente, provocando,
totalmente emocionante
entre — "ele a descobre. Ele cobre todas as partes dela com
seu cheiro. Ele bebe o suficiente dela sempre que quer."
Um gemido desamparado e ofegante escapou da
garganta de Rosa — ele não podia estar falando isso, ele não
poderia estar fazendo isso —, mas então tudo o mais piscou
para longe, porque ele estava. Sua cabeça se inclinando mais
perto, seu rosnado subindo enquanto ele inalava, seu peito se
enchendo com o cheiro dela — e então ele novamente
deslizou sua
língua, com um propósito lento e deliberado, e a lambeu.
Rosa instantaneamente gritou e se debateu, a sensação
impossível girando e estremecendo. E em troca, John apenas
riu, sombrio e zombeteiro, e
fez isso de novo. Correndo aquela longa e sinuosa língua
negra até sua dobra inchada, demorando-se onde ele a encheu,
onde mais de seu próprio branco espesso já estava escorrendo
em sua língua penetrante...
Rosa gemeu novamente, piscando, atordoada,
imaginando — ao que John deu aquela risada sombria
novamente, e então usou as pontas de ambos os polegares em
garra para
separar ainda mais o calor gotejante dela. E deuses, a visão
disso, a verdade disso, as garras mortais de um orc cutucando
tão suavemente contra seu
lugar mais vulnerável e secreto, fazendo com ela o que ele
desejava, usando-a como sua…
"Mais, querida," ele rosnou, rouco e aquecido, e ele
não podia dizer que
queria ver mais, provar mais de seus próprios restos — mas o
corpo audacioso e terrível de Rosa já estava obedecendo ao
seu comando com abandono chocante, pulsando e apertando
e empurrando, espremendo mais daquele
branco traidor, de onde estava escondido dentro, talvez
esperando apenas este momento...
John a observou com olhos presos e trêmulos, suas
garras apertando com aprovação contra a coxa dela — e então
ele novamente se inclinou para frente, e pegou seu calor com
a língua. Absorvendo-o com uma ânsia surpreendente
e agora mergulhando mais fundo, seguindo-o até sua fonte —
A respiração de Rosa estava trêmula, seus olhos
grudados na visão, os sons escorregadios, a irrealidade
impossível disso. Este orc frio, distante e raivoso, com a
cabeça enfiada entre suas coxas separadas, sua longa língua
escorregadia
sacudindo e torcendo com tal intenção deliberada, afundando
cada vez mais fundo...
E foda-se, sua língua era enorme, parecia viva, parecia
que uma maldita cobra estava se contorcendo dentro dela.
Uma cobra que estava desenrolando seu delicioso veneno bem
no fundo, fazendo-a sacudir e convulsionar ao redor dele, suas
costas arqueadas, suas mãos agarrando sua sedosa cabeça
negra, ela não podia suportar mais, ela não podia —
Mas ele apenas riu novamente, frio e zombeteiro e
desesperadamente excitante, vibrando dentro dela através de
sua língua enorme e penetrante. E estava empurrando, este orc
estava realmente fodendo ela com sua boca, seus lábios agora
apertados e quentes contra ela, em um beijo quase obsceno,
de boca aberta. E ela podia sentir seus dentes afiados,
ameaçando afundar na pele delicada, enquanto sua língua
continuava a socando-a, reivindicando-a, dividindo seu corpo
agitado em seu
poder furioso e contorcido —
Rosa gritou quando a liberação a rasgou, explodindo
de sua língua ainda dirigindo, consumindo-a inteira em seu
rastro de gritos e arremessos. Destruindo-a de novo e de novo
ao redor dele, sobre ele, seu corpo não mais dela, mas de um
orc.
E a língua do orc ainda estava lá, mas lambendo e
demorando suavemente agora, dando a seu calor trêmulo e
sem vergonha algo para esfregar, apertar, talvez até beijar. Até
que os tremores secundários gradualmente diminuíram, e
aquela língua lisa deu uma lambida final e deliberada — ou
talvez um
beijo de volta — antes que ele se afastasse lentamente,
enxugando o rosto com as costas da mão.
E foi a visão disso, inexplicavelmente, que pareceu
trazer Rosa de volta a si mesma. Na verdade vívida e
inimaginável deste momento, com seu corpo debochado e
ofegante esparramado e caído sobre uma mesa da biblioteca,
generosamente pingando seus excessos sobre ela. Enquanto o
orc totalmente vestido diante dela se mantinha calmamente
alto, alisou a trança ainda arrumada e olhou para
ela com olhos cuidadosamente vazios.
Oh. Oh, deuses. Rosa se ouviu gemer antes de sentir
— o que
ela tinha acabado de fazer — e ela freneticamente se puxou de
volta, juntando as pernas, envolvendo os braços apertados em
volta do peito. Ele ia zombar dela novamente. Ele iria culpá-
la novamente. Ele ia se afastar...
Os soluços estavam à espreita, ameaçadores, prestes a
escapar — como ela
possivelmente foi tão tonta, novamente — quando um rosnado
baixo e sustentado a sacudiu.
Ele estava rosnando, e sua mão quente circulou o
pescoço dela, forte, ameaçador e mortal. "Eu te disse,
querida," ele disse, devagar, uma ameaça. "Enquanto estiver
aqui, você me agradará. E assim, você não deve esconder a si
mesma, ou sua alegria, longe de mim. Você deve mostrar tudo
o que desejo ver e tudo o que fiz a você. Você será
descoberta, tanto diante de mim como diante de meus
parentes, e você não será envergonhada.
Voce entende?"
Rosa piscou para ele, para o comando frio em seus
olhos, para o perigo em sua voz — e por alguma razão bizarra
e inexplicável, ela sentiu seu corpo curvado relaxando, sua
garganta engolindo com força contra a pressão de sua palma.
Um toque que parecia quase reconfortante, de repente, mesmo
quando sua outra mão serpenteava de volta para sua coxa, e
sem cerimônia empurrou sua perna.
"Bom," ele murmurou, suave. "Se você se esconder
assim de mim novamente, pequena rosa, eu posso precisar
puni-la, até que você aprenda a obedecer."
O suspiro de choque de Rosa foi instintivo,
horrorizado — mas havia calor nele também, e fome, e talvez
até alívio. E quando aquelas garras deslizaram
por sua coxa nua, chegando suavemente em seu pedaço
secreto de cabelo escuro, ela sentiu-se estremecer, quente,
viva.
"Eu entendo," ela ouviu sua voz vergonhosa sussurrar,
para aqueles olhos negros que esperavam. "Procurarei
aprender, meu senhor."
Aqueles olhos tremeram, uma vez, seus lábios
ligeiramente entreabertos — mas o aceno de cabeça foi
brusco, profissional, satisfeito. Aprovador.
"Bom," disse ele com firmeza. "Agora você deve vir,
pequeno animal de estimação. Eu lhe ensinarei a verdade de
minha casa."

Capítulo 18
Para surpresa de Rosa, a excursão de John pela Orc
Mountain começou não com minas, forjas ou cenas caóticas
de orcs ferozes lutando juntos — mas com uma parada na
mesma sala de troca com Hanarr.
"Precisamos de comida e bebida," John anunciou a
Hanarr, sem sequer um olá. "Ainda bem que você tem, irmão."
Hanarr parecia excessivamente satisfeito com o
pedido, correndo ao
redor de suas fileiras de prateleiras, enquanto também lançava
olhares furtivos e brilhantes por cima do ombro para Rosa.
"Ach, isso vai agradar você, John-Ka," ele chamou, atrás de
uma prateleira. "E você, Lady Rosa-Ka."
John estremeceu visivelmente com isso, mas por outro
lado apenas ficou ali, suas garras
batendo impacientemente no balcão, até que Hanarr voltou
trazendo uma cesta
que parecia estar transbordando de comida. "Aqui, John-Ka,"
disse ele com orgulho. "Bagas, nozes e carne seca, para Lady
Rosa-Ka!"
John estremeceu novamente, mas agradeceu
brevemente a Hanarr por seus esforços. E então, em vez de
levar Rosa para outro lugar para comer — uma sala de jantar,
talvez, ou até mesmo seu quarto — ele a colocou no balcão à
sua frente e colocou a cesta em suas mãos.
"Coma," ele ordenou. "Devagar, para que você não
fique doente."
Rosa provavelmente deveria ter protestado contra a
manipulação, ou a ordem, mas seus olhos já estavam
percorrendo o conteúdo da cesta, seu estômago roncando
audivelmente. A comida parecia principalmente comestível,
embora bastante incomum — as
nozes não eram nada que ela já tivesse visto antes — e depois
de outro aceno impaciente da mão de John, ela
cuidadosamente começou a comer.
Os olhos de John não a deixaram o tempo todo,
mesmo quando ele e Hanarr começaram algum tipo de
discussão sobre linhas de suprimentos e origem de produtos,
repleta de palavras ocasionais de língua negra — ou melhor,
Aelakesh. Rosa ouvia com interesse enquanto comia, notando
particularmente a suposta autoridade na voz e nos modos de
John, e a maneira surpreendente como Hanarr adiava tudo o
que ele dizia.
"Hum, você comanda Hanarr?" ela perguntou a John,
uma vez que ela terminou de comer, e ele estava mais uma vez
a conduzindo pelo corredor escuro, lanterna na mão. "E as
cadeias de suprimentos da sua montanha?"
"Está é a única cadeia de suprimentos Ka-esh," John
respondeu vagamente, sem olhar para ela. "Agora vem. Em
seguida, desejo levá-la aos meus médicos."
Seus médicos? Essa declaração estranha foi
acompanhada por uma curva acentuada em outra sala, que —
Rosa piscou — ela reconheceu. Era a
clínica médica que John a trouxe na outra noite, quando ele
fez dela um exemplo para Efterar e seus amigos. Ou seus
amantes, ou o que diabos eles eram.
E um desses amantes estava ali. O alto, de olhos
cheios de cicatrizes, chamado Salvi,
debruçado sobre uma bancada de trabalho, misturando algo
em uma garrafa. Enquanto do outro lado da sala, outro orc
magro e de rosto liso estava curvado sobre um livro aberto e
escrevendo dentro dele.
Os pés de Rosa começaram a se arrastar, seus olhos se
demorando primeiro naquela mesa no
meio da sala, e em seguida neste Salvi, que agora estava lhe
dando um sorriso cauteloso e de dentes afiados. Como se ele
não a tivesse visto recentemente nua e
exposta neste mesmo quarto, e então tentou impedi-la de sair.
"Este é Eben, um dos meus médicos," John disse,
gesticulando em direção ao novo orc, que estava dando a Rosa
um aceno cuidadoso. "E Salvi você conheceu."
Rosa acenou silenciosamente para Eben e Salvi,
embora ela sentisse seus pés se movendo para o lado, de volta
para a porta. Um movimento que Salvi pareceu notar, e ele
avançou abruptamente, segurando sua garrafa em uma mão
que de alguma forma, de repente, não tinha garras.
"Ach, mulher," disse Salvi, ainda com aquele sorriso
hesitante. "Eu sei que não nos conhecemos nos melhores
termos, e por isso, peço seu perdão. Nós, Ka-esh, ainda não
estamos à vontade com as mulheres em nossa casa, e" — ele
olhou para
John — "de todos os nossos irmãos, não esperávamos que
John fosse o primeiro a trazer uma mulher aqui."
Ele ofereceu a Rosa outro sorriso, rápido e
esperançoso, e ela sentiu sua resistência diminuir — pelo
menos, até que ela compreendeu uma das possíveis
implicações dessa última afirmação. "E foi porque," ela disse,
antes que ela pudesse parar com isso, "porque John já tinha,
er, obrigações, com você? Ou, hum" — ela limpou a garganta
— "para Tristan?"
Salvi piscou para ela, uma vez, e então lançou a John
um olhar que Rosa não conseguiu
ler. "Ach, John e eu sabemos que não devemos procurar isso
agora, um com o outro," ele respondeu, sua voz não muito
leve. "Eu sei que eu arrancaria a cabeça dele, e ele meu pau."
Mas ele não disse nada sobre Tristan, Rosa notou,
enquanto seu
cérebro amaldiçoado voltava para o que John havia dito sobre
Salvi e sua companheira. Ele
transou com ela diante de nós todas as noites. Havia uma
grande alegria nisso…
Salvi pigarreou ruidosamente e depois jogou a garrafa
que estava
segurando na direção de Rosa. "Um presente para você,
mulher," disse ele, com uma jovialidade que
parecia um pouco forçada. "Beba."
Rosa olhou para a garrafa com desconfiança — era
marrom escuro, então o conteúdo era uma incógnita — e John
a empurrou propositalmente para ela. "É um tipo de leite que
fizemos, que vai te ajudar a ficar mais forte," disse ele. "Você
já bebeu isso, na minha cama, e deu as boas-vindas. Isso não
te fará adoecer."
Rosa timidamente pegou a garrafa e deu uma cheirada
cuidadosa. "O que há nele?"
"Leite das cabras novas dos Ash-Kai,
principalmente," Salvi disse prontamente, com uma piscada.
"E um pouco mais. Nada que possa prejudicá-la.
John estava guiando-o em direção a ela novamente,
agora com aquela reveladora teimosia em seus olhos. "Este é
um remédio comprovado para a fraqueza, querida," disse ele
com firmeza. "Nós estudamos isso longamente com orcs e
mulheres. Salvi marcou tudo isso em seus livros, se você
quiser lê-los mais tarde."
Oh. Bem. A determinação de Rosa estava novamente
vacilante — especialmente se eles
realmente pesquisaram e documentaram adequadamente —
então ela cuidadosamente levou a garrafa aos lábios e provou.
Era realmente a mesma coisa que ela
lembrava vagamente de beber na cama de John, e na verdade
não era terrível, e uma vez que ela terminou, ela foi
recompensada com um carinho satisfeito da mão de John em
suas costas.
"Bom bichinho de estimação," disse ele, baixo e
aprovador, enviando um choque inesperado de arrepios na
espinha de Rosa. "Agora, Salvi deve examiná-la."
Ser inspecionada, descobriu-se, aparentemente
significava a mesma coisa que ser
medido e pesado. Rosa humildemente obrigou desta vez,
ganhando mais tapinhas e murmuros de elogios de John em
recompensa, e quase ficou desapontada quando Salvi
terminou, virando-se para escrever uma longa lista de
números em uma folha de papel, e depois dividindo-os em
algum tipo de equação matemática.
"Bem?" John perguntou, preso nas costas de Salvi.
"Salvi?"
Salvi virou-se e estendeu o papel para John, que o
pegou com força surpreendente, seus olhos estreitos
percorrendo a página. "Como pensamos," John disse, sua voz
curiosamente monótona, sua mão empurrando o papel para
trás. "Obrigado, irmão."
Salvi deu de ombros com aparente descuido e jogou o
papel no balcão. "Você pode perguntar novamente a Efterar,"
ele disse casualmente, embora seus olhos estivessem fixos nos
de John. "Ou mesmo Sken. Eles podem ver qualquer coisa que
nós não podemos."
John respondeu com uma bufada, e rapidamente
conduziu Rosa de volta para fora da
sala, e para o corredor novamente. Deixando-a piscar para seu
rosto sombrio à luz de sua lâmpada, seus pensamentos
girando, instáveis. "O que foi isso?" ela perguntou. "E quem
é Sken? E há — há algo de errado comigo?"
Ela não conseguiu esconder o tremor em sua voz, e
talvez John também o tenha ouvido, hesitando no corredor
para encará-la. "Sken é outro dos meus irmãos com
um dom antigo e poderoso," disse ele sem rodeios. "Mas eu
nunca deveria confiar em sua
visão enigmática contra a clara verdade da pesquisa de Salvi,
quando isso provou novamente o que já sabíamos. Se você der
à luz meu filho, provavelmente será pequena demais para
sobreviver a ele."
Certo. Rosa estremeceu, olhando para ele, digerindo
tudo isso. "E eu ter seu filho ainda era — uma possibilidade,
para você?" ela perguntou. "Você realmente não
queria isso, certo? Comigo?"
John não respondeu e, em vez disso, continuou
andando, os olhos fixos à frente, a
boca apertada. Sua não-resposta falando tanto quanto uma
resposta real
teria, e o entendimento pareceu colidir contra Rosa de uma só
vez, poderoso o suficiente para que ela se sentisse fraca.
John queria um filho. Mesmo que fosse com ela.
Mas não, não, todos os orcs queriam filhos. Tinha sido
um tema constante na vida de pesquisa de Rosa, não foi? Orcs
queriam filhos, orcs faziam grandes esforços para ganhar
filhos, um orc roubava, pilhava e matava, para ganhar um
filho. E Rosa estava aqui para ver o que mais esses orcs
podiam fazer, que outras atrocidades eles escondiam nesta
montanha, três semanas…
Ela se sentiu estranhamente frenética, de repente, seus
olhos correndo pelo corredor —
e felizmente o alívio veio, na forma de outra abertura na
parede. Esta emanando um cheiro forte e acre, e uma luz fraca
e trêmula, que — os passos de Rosa diminuíram, seus olhos
espiando dentro — era devido a várias pequenas fogueiras
controladas, acima das quais vários orcs desconhecidos
estavam segurando mais garrafas de vidro.
"Espere," disse Rosa, sua voz inexplicavelmente
estridente. "John, isso é um laboratório?"
Ela tinha lido sobre laboratórios, é claro, embora
como mulher, e
portanto não uma estudante ou uma estudiosa, ela nunca teve
permissão para entrar em um — e ela esperava que John a
ignorasse e continuasse andando. Mas seus olhos se fecharam,
brevemente — e então ele realmente assentiu e a conduziu em
direção à porta.
Rosa olhou para ele, totalmente estupefata — e ainda
mais quando
John disse algo alto em Aelakesh para os três orcs lá dentro, e
todos eles
pararam seu trabalho de uma vez. Estavam novamente todos
relativamente magros e
de rosto liso, e todos fizeram pequenas reverências propositais
para John, antes de parecerem fixar sua atenção coletiva em
Rosa.
"Ach, irmãos," John disse ao lado dela, empurrando-a
para frente. "Esta é Rosa. Ela deseja ver o seu trabalho."
Rosa novamente olhou boquiaberta para John com
espanto genuíno, mas ele apenas olhou de volta para ela, suas
sobrancelhas se erguendo. Não é isso que você queria,
perguntou seu rosto, sem que ele precisasse falar nada. Você
disse que queria aprender.
Rosa não pôde evitar um sorriso encantado, e até
mesmo um aperto apreciativo em seu braço. E antes que ele
pudesse mudar de ideia, ela deu alguns passos cuidadosos em
direção ao orc mais próximo, que tinha um conjunto de
pequenos frascos dispostos em uma bandeja diante dele.
"Obrigada por me receber," disse ela, com um sorriso
hesitante e esperançoso. "Qual o seu nome? Em que você está
trabalhando?"
Os olhos negros do orc nos dela estavam
inegavelmente cautelosos, disparando novamente em direção
a John — mas com o aceno impaciente revelador da mão de
John, Rosa pôde ver a garganta do orc engolir, sua cabeça
balançando. "Eu sou Aaron, do Clã Ka-esh," ele disse, sua voz
com um leve sotaque. "Eu estudo sangue e quais tipos de
sangue melhor se adaptam a outros tipos."
Aaron, que estuda compatibilidade sanguínea? Rosa
já estava muito intrigada e passou a próxima meia hora
enchendo Aaron e
os outros dois pesquisadores — Brandr e Marcus — com
tantas perguntas como ela poderia pensar. Eles responderam
com uma paciência digna de crédito, chegando ao ponto de
permitir que ela mesma tentasse usar uma de suas pequenas
chamas — elas eram pequenas e inteligentes queimadores —
para ajudar a criar algum tipo de desinfetante destilado. E
quando John a conduziu para fora novamente, Rosa estava
corada de prazer e uma gratidão surpreendente e trêmula.
"Obrigada, John," ela disse, com um sorriso genuíno
em seu rosto cuidadosamente neutro. "Sempre quis ver direito
dentro de um laboratório, você não tem ideia da emoção que
foi. Além disso, não posso dizer que já imaginei orcs
estudando compatibilidade de sangue — essa é uma ciência
realmente experimental, sabe, ouvi dizer que eles estão
fazendo muitas pesquisas sobre isso na Dusbury University
agora. Como você se envolveu nisso?"
A resposta de John foi um encolher de ombros
excessivamente casual, uma ligeira tensão em sua boca.
"Perdemos muitas vidas por perda de sangue," disse ele, sua
voz cuidadosamente monótona. "É sábio que estudemos isso."
Nós, quase como se ele fosse novamente uma parte
crucial disso, e Rosa inclinou a cabeça, considerando-o —
pelo menos, até que eles passassem por outra porta. Este com
uma luz brilhante e ofuscante emanando de dentro dele, junto
com um som ritmado e ensurdecedor.
"O que há neste?" Rosa perguntou, parando para
espiar dentro. "Oooh,
esta é a sua forja?"
Ela certamente estava testando a paciência de John
neste momento, mas novamente, ele apenas
suspirou e a conduziu até a porta. Onde ele silenciosamente
sinalizou para os quatro orcs mascarados, batendo lá dentro,
que, assim como os pesquisadores, pararam seu trabalho
imediatamente, deixando de lado suas ferramentas. Esses orcs
eram todos maiores, suados e sem camisa, e quando ergueram
suas máscaras para olhar para John, Rosa percebeu que eles
também eram mais velhos e de aparência mais áspera do que
ele, seus rostos marcados com linhas e cicatrizes. Mas,
novamente, todos se curvaram com deferência
para ele e depois focaram sua atenção em Rosa.
John fez outra rodada de apresentações — os orcs
aparentemente se chamavam Asger, Soren, Harald e Gary —
e eles explicaram que a
forja Kaesh funcionava dia e noite, com vários turnos
trabalhando em uma série de projetos. "Nós forjamos e
fazemos todas as mercadorias aqui," disse Gary, com orgulho
inconfundível, "mas agora que a guerra acabou, nós Ka-esh
nos voltamos principalmente para
ferramentas, lâmpadas e jóias."
O ansioso pedido de elaboração de Rosa logo levou a
uma visita a uma pequena sala contígua, que abrigava uma
variedade de seus trabalhos. Ainda havia algumas armas,
principalmente as cimitarras curvas distintivas dos orcs, mas
também coisas como picaretas, pás e cinzéis. Ao longo de
outra parede havia ferramentas menores, facas, alicates e
pinças que, Gary explicou, eram usados pelas equipes médicas
de Kaesh em seu trabalho. E a seguir havia até um conjunto
de lindas lâmpadas de ferro forjado, que, Gary continuou,
acabariam sendo instaladas em corredores ao longo da
montanha, para fornecer luz para que hóspedes como ela
pudessem ver.
"E aqui," acrescentou Gary, conduzindo Rosa em
direção a uma prateleira menor, "estão as jóias. Acabei este
kraga hoje, depois de dez dias de trabalho nele."
Seu peito inchou enquanto ele falava, sua garra
cutucando contra uma das várias peças brilhantes que estavam
na prateleira. E quando Rosa se aproximou para olhar, este
kraga provou ser uma peça sólida e circular de ouro e prata
batidos, com um fecho elaborado de um lado. Mais ou menos
como um colar, ou talvez um torc, mas feito de pequenas
cordas todas enroladas, formando um
todo bonito e inteligentemente intrincado.
"É lindo, Gary," disse Rosa, com um sorriso sincero
para ele. "Você é um verdadeiro mestre."
Gary pareceu surpreendentemente afetado pelo
elogio, suas bochechas cinzentas ficando com um tom
brilhante de vermelho. Ao que John deu uma bufada
inconfundível, e então
agradeceu brevemente aos orcs antes de conduzir Rosa de
volta ao corredor.
A próxima sala que Rosa vislumbrou parecia ser uma
sala de reuniões, com obras de arte abstratas esculpidas nas
paredes, e a próxima era o que parecia ser um santuário,
atualmente vazio, mas com uma coleção de figuras de pedra
habilmente esculpidas. E então uma sala que continha vários
outros orcs, cuidadosamente curvados
sobre mesas com tampo em ângulo, com penas em suas mãos.
"Mais um passeio rápido?" Rosa perguntou a John,
com um pequeno sorriso esperançoso.
"Por favor?"
John respondeu com um gemido baixo e irritado, mas
mais uma vez, ele obedeceu. E desta vez, Rosa foi presenteada
com uma
explicação esclarecedora — embora bastante incompreensível
— do ambiente geológico da Montanha Orc, e todo o
planejamento, engenharia e matemática que
aparentemente foram necessários para sustentar uma casa
subterrânea tão complexa.
Os três orcs — Tvalli, Orval e Ronan —
voluntariamente incluíram John em suas explicações, e uma
vez que as perguntas de Rosa desapareceram, a discussão se
transformou em uma análise detalhada de uma nova
escavação de passagem que eles estavam dirigindo, e como
resolver algum problema geológico inesperado que havia
surgido. E embora Rosa mal entendesse metade do que foi
dito, no final, ela estava olhando para John com uma
apreciação crescente e inquietante.
"Como você aprendeu tudo isso, John?" ela perguntou
cautelosamente, uma vez que eles estavam novamente
andando pelo corredor. "E você está no comando de todos
esses orcs?"
O encolher de ombros de John foi definitivamente
muito casual desta vez, seu olhar fixo no corredor à frente.
"Eu aprendi essas coisas desde que eu era um filho orc," ele
disse. "É dever do Ka."
Rosa ponderou sobre isso, franzindo a testa para ele.
Então ele quis dizer que ele estava no comando de tudo isso.
Não foi?
"E quem são os Ka?" ela perguntou. "Hanarr me disse
que você era o último. E esses orcs continuam chamando você
de John-Ka."
Ela podia ver a mandíbula de John apertando, mas ele
novamente respondeu à pergunta, sua voz enérgica. "Nós orcs
estamos divididos em cinco clãs — Ash-Kai, Bautul, Skai,
Grisk e Ka-esh. Desde os tempos antigos, os Ka-esh tiveram
dois lados — Ka e Esh. O Ka foi peneirado por muitos anos,
e agora que
Fror está morto, eu sou o último deles."
Ele falou com naturalidade, como se isso fosse um
pequeno detalhe de pouca importância, em vez da enervante
sugestão de guerra, tristeza e devastação que
era. Os Ka foram peneirados.
"Você conheceu seus pais?" Rosa perguntou, sua voz
calma. "Antes de morrer?"
John não respondeu e, em vez disso, virou
bruscamente uma esquina e caminhou
por outro longo corredor. Este se inclinando ligeiramente para
cima sob seus pés, e Rosa sentiu o cheiro surpreendente do
que parecia ser ar fresco.
"Para onde vamos agora?" ela perguntou, inalando
profundamente o doce frescor. "Fora?"
Sua voz realmente vacilou com o pensamento —
deuses, parecia que fazia dias desde que ela tinha visto o céu
— e John lançou-lhe um olhar de soslaio quando parou contra
uma parede de pedra sólida, e deu vários empurrões
propositais com as mãos.
"Não espere muito, querida," disse ele. "Não está do
lado de fora, como você pode pensar."
A parede caiu para o lado enquanto ele falava,
movendo-se no que Rosa agora via ser uma trilha de aço
abaixo dela, que antes estava totalmente escondida
pela pedra. "Que maravilha," ela engasgou, curvando-se sobre
ele — mas então houve uma rajada de luz e vento, e tudo o
mais desapareceu enquanto ela estava ali,
sentindo e respirando.
Era, de alguma forma, outro quarto. Uma sala que
parecia na beira da montanha, e que teve parte do teto
recortada, revelando o céu azul claro acima. Havia rachaduras
semelhantes nas grossas paredes de pedra, mostrando faixas
brilhantes de rocha e árvores, e quando Rosa correu para olhar
mais de
perto, percebeu que estava olhando para uma planície rochosa
na base da montanha. E do lado de fora, esta pequena sala
inteligentemente projetada
provavelmente se pareceria com outra parte da rocha, e não
como uma sala.
"Que maravilha é isso," disse Rosa a John, que ainda
estava parado
perto da porta, com a mão sobre os olhos. Protegendo-se
contra a luz brilhante do sol, ela percebeu, com uma contração
de surpresa. "É para vigilância?"
Ele deu de ombros e acenou com a outra mão em
direção a alguns bancos de pedra que Rosa ainda não havia
registrado, que foram colocados diretamente sob a abertura
para o céu. "Foi usado assim," disse ele. "Mas foi construído
para as mulheres Ka-esh,
que ainda precisam de sol, quando nós não precisamos."
Oh. Outro olhar mais cuidadoso ao redor da sala
mostrou que ela realmente parecia destinada ao conforto —
havia mais obras de arte brancas abstratas esculpidas nas
paredes, e o piso era de ladrilhos com um padrão de pedra
inteligente. E havia mais bancos ao longo das paredes, e até o
que pareciam ser alguns
vasos de flores vazios cravejados.
"É lindo," disse Rosa, e ela quis dizer isso. "Seria um
lugar perfeito para vir e ler, e também ficar de olho em
quaisquer acontecimentos externos. Como aquele orc, John.
O que ele está fazendo?"
Seus olhos se detiveram em uma figura em
movimento a uma curta distância, descendo a ladeira rochosa
próxima. Ele era um orc realmente enorme, de longe o maior
que Rosa já tinha visto — e mesmo a essa distância ele estava
profundamente
marcado, seus enormes ombros inclinados cobertos com
linhas profundas e entalhes. Ele
estava vestindo apenas um kilt escuro, seu cabelo comprido
firmemente puxado para trás em uma grossa trança preta, e em
sua mão estava uma daquelas distintas cimitarras curvas,
brilhando branco prateado na luz brilhante.
John correu para ficar ao lado de Rosa, olhando
furiosamente para o orc por entre os dedos. "Helvíti," ele
sussurrou, sua voz surpreendentemente irritada, seu corpo
enrolado. "Aquele tolo, tolo Skai. Ele não deve, ele não pode
—"
Rosa piscou para ele, e depois para o estranho orc, que
acabara de assentar seu corpo maciço sobre uma grande pedra
e agarrou uma pedra menor com seu punho enorme. E então,
apoiando a espada no joelho, ele começou a afiar o fio da
lâmina, o som estridente assobiando no ar aberto.
"O que você quer dizer?" Rosa perguntou, franzindo
a testa para o desgosto visível na forma de John, que estava
quase vibrando ao lado dela. "Ele não está fazendo nada, ele
está apenas sentado lá —"
Mas John estava balançando a cabeça, cuspindo o que
parecia ser outra maldição de Aelakesh. "Ele arrisca tudo o
que fizemos," ele rosnou. "Ele convoca a
guerra sobre nossas cabeças."
O que? Rosa continuou piscando para John, sem
entender nada, porque enquanto ele ocasionalmente parecia
irracional antes, ele nunca foi totalmente
desequilibrado, certo? E certamente não havia como um orc
sentado em uma rocha estar chamando a guerra?
Ela abriu a boca para falar, para perguntar — mas
antes que uma palavra saísse, a mão de John cobriu seu rosto,
e ele a arrastou para trás
da abertura na parede. Enquanto Rosa tardiamente o chutava
e empurrou, os gritos abafados em sua palma quente — e de
repente a outra mão estava em seu pescoço, e apertando.
Não foi difícil, não realmente, mas ainda o suficiente
para provocar um verdadeiro choque de terror na espinha de
Rosa, seus olhos procurando os dele descontroladamente, que
agora estavam brilhando de raiva e talvez até medo.
"Silêncio," ele engasgou, áspero, em seu ouvido. "Ou
você sofrerá, mulher."
Era uma ameaça, John estava ameaçando ela, ele
prometeu ser gentil, ele prometeu — mas o grito que estava
subindo na garganta de Rosa pareceu quebrar com o olhar em
seus olhos piscando, com a maneira como eles continuavam
disparando em direção à luz. Em direção aos — homens?
Sim, bons deuses, para os homens. Os homens
estranhos e silenciosos que estavam
rastejando ao redor do orc sentado, emergindo de trás de
rochas e árvores. O homem que estava atualmente rondando
na frente de sua parede, tão perto que Rosa poderia ter
esticado a mão pela fresta e tocado sua manga vestida de
preto.
Eles estavam todos vestidos de preto, todos tinham
armas nas mãos enluvadas e todos usavam máscaras no rosto,
cobrindo o nariz e a boca. Deixando apenas os olhos, olhando
de um para o outro, organizando, comunicando-se, enquanto
se aproximavam cada vez mais do orc sentado. Planejando um
ataque.
E antes deles, o enorme orc continuou sentado lá. Sem
se mexer, sem olhar para cima, sem mostrar nenhum sinal de
ter notado os homens invasores. Apenas raspando sua pedra
de novo e de novo, o som alto e enervante no silêncio tenso.
O coração de Rosa batia forte, sua cabeça tremia, seu
corpo se esticando contra as garras de John. Alguém tinha que
avisar o orc desavisado, os homens estavam prestes a matá-
lo, certamente John faria alguma coisa —
Mas as garras de John estavam cavando, sua forma
poderosa arrastando Rosa mais para trás, para longe. "Não,
querida," ele sussurrou em seu ouvido. "Por favor. Ele sabe o
que faz. Ele sabe."
E antes que Rosa pudesse pensar, reagir, resistir, os
homens baixaram suas espadas em direção ao orc e atacaram.
Capítulo 19
Aqui estava um instante de quietude estridente, o
coração de Rosa gritando em sua garganta, a mão de John
tapando sua boca. Enquanto homens correndo enxameavam o
orc sentado, gritos finalmente se elevando quando o primeiro
homem balançou, sua lâmina piscando em arco direto em
direção ao pescoço exposto do orc —
Quando em uma respiração, o orc saltou. Voando para
fora da rocha com surpreendente força e velocidade, seu corpo
maciço girando no ar, sua cimitarra girando em um anel
brilhante de luz. Jogando vários dos homens para trás, sangue
espirrando de um de seus braços, enquanto mais homens se
arrastavam para frente, espadas balançando —
O enorme orc os derrubou com outro giro de sua
espada, e então agarrou a lâmina reluzente do próximo homem
com a mão nua, e a arremessou de ponta a ponta no ar.
Golpeando outro homem direto na cabeça, e enviando-o
cambaleando para trás até cair, sua própria espada batendo na
pedra.
Isso deixou seis homens ainda de pé, e eles estavam
se aproximando do enorme orc com mais cuidado agora,
rastejando por todos os lados. Enquanto o orc mantinha sua
forma imóvel, observando, esperando —
Os homens surgiram em um enxame de preto, lâminas
esfaqueando e balançando com força, precisão, morte certa e
certa — e das profundezas da massa de
corpos se contorcendo e espadas retinindo, um uivo desumano
cortou o ar, quebrado, amargo, de gelar o sangue. Dolorido o
suficiente para fechar os olhos de Rosa, com a cabeça tonta e
latejando, aquele orc ia morrer, ela não suportaria vê-lo
morrer, por favor, deuses, por favor —
Mas então, abrupto e enjoativo, houve mais silêncio.
Soando grosso e
horrível nos ouvidos de Rosa, trovejando em seu peito.
Silêncio que foi quebrado, finalmente, por um suspiro
exasperado da respiração de John contra seu ouvido.
E quando Rosa arriscou abrir os olhos, piscando em
direção à luz,
foi para a visão surpreendente e impossível do orc. De pé alto,
inteiro e encharcado de sangue, enquanto uma massa de
homens feridos gemia e se contorcia a seus pés.
"Helvíti," John silvou novamente, mas seu aperto no
rosto e pescoço de Rosa
finalmente afrouxou, e ele esfregou os olhos ainda
semicerrados. "Venha,
mulher. Não há tempo a perder."
Rosa não teve como argumentar — seu corpo
começou a tremer convulsivamente — e ela permitiu que John
a puxasse para longe da luz, longe da visão daquele orc imóvel
e coberto de sangue. De volta às profundezas da montanha, de
repente tão escura que nem a lâmpada de John parecia
penetrá-la.
John correu pelos corredores, arrastando o corpo
cambaleante de Rosa atrás dele, até que irrompeu na clínica
médica, onde Salvi e Eben ainda trabalhavam. "Há dez
homens feridos," John disse a eles, cortado. "No seixo, lado
norte. Faça tudo o que puder, de uma vez."
Salvi e Eben imediatamente entraram em movimento,
antes mesmo de John terminar de falar. Eben saiu correndo
pela porta, correndo a toda velocidade, enquanto Salvi
agarrava uma mochila enorme que Rosa não tinha visto antes,
amarrando-a nas costas. "Alguma morte?" ele exigiu para
John, seu olhar penetrante, afiado. "Ou desertores?"
"Ainda não," John disse de volta. "Vou chamar para
uma busca."
Salvi assentiu e colocou algum tipo de viseira sobre
os olhos antes também passando por eles e saindo da sala.
Deixando John e Rosa inteiramente sozinhos novamente, e
por um instante John apenas ficou ali, as palmas das mãos
pressionadas contra o rosto, os ombros subindo e descendo
com o peso de sua respiração.
"Você está bem?" Rosa perguntou a ele, hesitante,
colocando uma mão cuidadosa em seu braço. "John?"
Ela podia sentir novamente a tensão, vibrando através
de sua forma, apertando sua mandíbula. "Só eu," ele começou,
e baixou as mãos, encontrando os olhos dela. "Devo agora
resolver isso, de uma vez. Será melhor, talvez" — ele
respirou fundo — "se eu te levar para outro lugar para esperar,
enquanto eu trabalho."
O que? A cabeça de Rosa já estava tremendo, seus
dedos agarrando a manga dele. "Não," ela disse. "Eu quero
ficar com você. Por favor. Você prometeu ensinar-me."
John lançou-lhe um olhar de frustração inconfundível
e enervante antes esfregando em seu rosto. "Eu não posso te
ensinar nada, nisso," ele retrucou. "Eu também não terei
tempo para acalmá-la, e tudo isso a deixou realmente com
medo, ach?"
Certo. Rosa sentiu sua determinação endurecer e
tentou dar de ombros, um sorriso trêmulo em seus olhos. "Só
fiquei surpresa, só isso," disse ela. “Eu nunca vi uma batalha
real antes e, claro, foi altamente estimulante. E é claro que
vou tentar ficar fora do seu caminho, porque é claro que você
precisa se concentrar em seu — seu trabalho agora. Porque
você está no comando, John. Do Ka-esh. Você não está?"
Um barulho muito parecido com um rosnado
retumbou da garganta de John — mas então ele
abruptamente se abaixou e agarrou Rosa. Colocando-a perto
de seu
quadril, de volta ao mesmo lugar familiar, enquanto ele se
virava e começava a correr,
correndo pelo corredor escuro.
Ele havia deixado sua lanterna para trás, o que
significava que Rosa não podia ver para onde
eles foram em seguida, ou com quem ele estava falando em
seu Aelakesh áspero. Mas suas mãos permaneceram firmes
nela o tempo todo, seu corpo quente e próximo. E sempre que
ele ficava particularmente rígido, suas garras cravando-se na
pele de Rosa, ela se sentia acariciando suas costas, inclinando-
se para mais perto dele, até que ela pudesse senti-lo relaxar
um pouco novamente.
Ela não sabia quanto tempo ele passou correndo ao
redor da montanha no escuro, segurando-a em seus braços.
Mas quando finalmente houve luz novamente, e ele a colocou
gentilmente de pé, Rosa não pôde negar uma decepção
distante, mesmo quando ela olhou com interesse ao redor
deste novo e desconhecido quarto.
Era grande e aberto, com um pequeno fogo crepitando
na extremidade oposta, e
várias camas com armação de metal espalhadas. Parecendo
não muito diferente de outra clínica, ou mesmo de um
pequeno hospital, e Rosa reconheceu Efterar, de pé sobre uma
cama do outro lado do quarto.
E naquela cama — Rosa se contorceu, seus olhos se
arregalando — estava o orc. Aquele orc. Aquele que lutou
contra dez homens de uma vez. E de perto, ele parecia ainda
maior e mais alarmante do que antes — especialmente porque
seu corpo enorme e de ombros largos estava de fato coberto
por feridas frescas e de aparência cruel, várias das quais ainda
pingavam sangue.
Mas não havia simpatia no olhar brilhante de John
sobre o orc sangrento, apenas desprezo, ou talvez até raiva.
"Helvitis hálfviti," ele rosnou, enquanto atravessou o quarto
em direção à cama, arrastando Rosa atrás dele. "Seu idiota
amaldiçoado, Simon. Você não sabe o que fez?!"
O orc ferido estava olhando para John com olhos
cautelosos e estreitos, o lábio inferior saliente. "Eu lutei contra
dez homens," disse ele, sua voz profunda com forte sotaque.
"Eu ganhei."
Era um ponto justo, pensou Rosa, mas o rosnado de
resposta de John foi imediato, surpreendentemente veemente.
"Você arriscou todo o nosso tratado,
Simon," ele assobiou. "Deixe para um Skai jogar fora anos de
trabalho e
planejamento, para que você possa desfrutar de uma briga sem
rumo e imprudente com bandidos!"
"Eles atacam primeiro," Simon disse teimosamente.
"E eu não matei."
O latido de John era pura frustração, sua mão puxando
seu cabelo. "Só porque eu tenho seis médicos lutando para
mantê-los vivos!" ele gritou. "Você não sabe quanto isso vai
nos custar? Você não sabe
que histórias esses homens contarão, quando voltarem para
Preia para relatar a seus senhores famintos de guerra?!"
Para Preia. Para a casa de Lord Kaspar. A casa de seu
pai, o duque Warmisham. E espere, aqueles homens vieram
mesmo de Preia? E eles estavam à espreita ao redor da
Montanha Orc, à espreita de quaisquer orcs infelizes que
possam
encontrar? Isso não poderia ser uma coisa que estava
realmente acontecendo ali, poderia? Especialmente se fossem
os homens quebrando seu próprio tratado?
"Homens quebram tratados," Simon retumbou de
volta, em um eco enervante dos próprios pensamentos de
Rosa. "Os homens atacam oito orcs solitários nesta lua. Eyarl
quase o matou, duas noites atrás. Agora, os homens têm medo.
Homens não atacam novamente. Orcs mais fracos estão
seguros."
Ele acenou com a mão enorme para John, como se
sugerisse que John era um desses orcs mais fracos — um
sentimento que John claramente discordava, seu corpo inteiro
vibrando de raiva. "E esse plano foi feito com cuidado, com
todos os cinco clãs, foi? Com aqueles que agora devem lidar
com as consequências de seus
atos? Ou, talvez" — seus lábios se curvaram — "você pediu
licença do capitão para fazer isso?"
Enquanto falava, ele lançou um olhar raivoso por
cima do ombro, para onde mais duas pessoas estavam
entrando na sala. Uma delas era Jule, dando a Rosa um sorriso
de aparência cansada — e atrás dela estava outro orc enorme.
Não tão grande quanto este Simon, mas ainda
surpreendentemente grande, com enormes
ombros inclinados e um rosto sombrio e cheio de cicatrizes.
"Simon não pediu licença de mim," o novo orc disse
a John, sua
voz poderosa fortemente tingida de perigo. "Mas você
também não ganhou para condená-lo em meu lugar, irmão."
John traiu um leve estremecimento, um olhar sombrio
para Simon. "E você deve agora condená-lo, Capitão?" ele
perguntou friamente. "Você deve esconder dele a ajuda e as
ferramentas que seu clã precisa para fazer seu trabalho? Você
deve colocar sobre ele os mesmos cheques que você colocou
sobre mim?"
Este capitão atravessou a sala em direção a eles,
estendendo uma mão enorme para bater no ombro de John.
"Já falamos sobre isso longamente, irmão," disse ele com
firmeza. "Quando se trata de mulheres, devemos agir com
muito cuidado. Ach, nova mulher Ka-esh?"
Seus olhos escuros pousaram nos de Rosa enquanto
ele falava, sua boca se curvando em algo que poderia ser um
sorriso, mas ainda assim fez Rosa se encolher, mesmo assim.
E por trás desse novo orc, felizmente, Jule se aproximou
também, e deu um revirar de olhos exasperado enquanto o
puxava de volta para uma
distância um pouco menos intimidante.
"Eu não te disse, Rosa, boas maneiras são uma causa
perdida por aqui," ela disse. "Rosa, este é meu companheiro
Grimarr, do Clã Ash-Kai, o capitão dos orcs. Certo,
Grimarr?"
"Ach, ach," disse este Grimarr, com um olhar de
soslaio para Jule que parecia quase afetuoso, ou divertido.
"Nós damos as boas-vindas à nossa montanha, nova mulher.
Agora, irmão" — seu olhar deslizou para John — "você pode
ficar e se vangloriar, enquanto eu condeno Simon pelo que ele
fez? Ou seu tempo será mais bem gasto cuidando de sua nova
mulher e buscando meios para nos ajudar com isso?"
Ele estava criticando John, Rosa percebeu, quando
John já estava trabalhando nessa situação pelo que pareciam
horas — e John visivelmente endureceu, seu rosto
empalideceu, sua boca fina e apertada. "Eu vou," disse ele,
muito suavemente. "Mas primeiro eu gostaria de ver Efterar,
por um curto período de tempo, quando ele estiver livre."
A cabeça de Efterar virou para olhar para John, suas
sobrancelhas se erguendo — e depois de uma breve conversa
com Simon, ele caminhou em direção a eles. E, a pedido de
John, Rosa logo se viu alvo de mais um exame, enquanto John
silenciosamente observava, com os braços cruzados, os olhos
ainda brilhando de raiva.
"Você está melhor, Rosa," Efterar disse a ela, uma vez
que ele cuidadosamente
descansou suas mãos primeiro em sua cabeça, e depois em sua
barriga. "Mas você ainda está severamente desnutrida e
cansada. Depois disso, você deve descansar bastante, comer
pelo menos três vezes ao dia, tomar sol e fazer atividades
regulares e beber conforme muito da semente de John como
você pode. Você vai querer mais sementes frescas em seu
útero
também, especialmente se você se apegar ao filho, porque este
é" — ele
franziu a testa para a cintura de Rosa — "dois dias de idade,
agora?"
Espere o que? O cérebro severamente sobrecarregado
de Rosa estava lutando para
acompanhar isso, e ela elaborou seus pensamentos
esfarrapados, forçou-se a falar. "Hum, o que isso tem a ver
com alguma coisa? Não que eu não queira — quero dizer —
eu ainda não estou grávida, estou?!"
Ela lançou a John um olhar envergonhado e temeroso,
mas ele só continuou olhando para
Efterar, que por sua vez ainda estava concentrado na barriga
de Rosa. "Não, ainda não," Efterar respondeu vagamente.
"Mas a semente fresca faz um filho mais forte e ajuda
a preparar uma mulher para seu crescimento e nascimento.
Basta perguntar a John, ele e seus médicos afirmam serem os
especialistas por aqui."
A palavra médicos foi pronunciada com inconfundível
desprezo, e Rosa não se surpreendeu quando John rosnou de
volta, baixo e áspero em sua garganta. "E assim eu
e meus médicos sabemos, Ash-Kai, quando você não sabe,"
ele retrucou, "que esta mulher é muito pequena para dar à luz
um filho orc. Como lhe dissemos. Você deseja
que ela se junte às vinte mulheres mortas que nós orcs já
fizemos nos últimos doze meses?"
A cabeça de Rosa virou na direção de John, seu
cérebro sitiado novamente girando descontroladamente, mas
Efterar parecia totalmente despreocupado. "Você não deveria
colocar
tanto peso nisso," ele rebateu. "Você é um pequeno orc, irmão,
e você, Ka-esh, tem os nascimentos mais bem sucedidos de
todos nós, uma vez que você realmente começa a
trabalhar. Não é como se você fosse Simon, aqui."
Rosa lançou um olhar inquieto para Simon, que agora
estava mergulhado em uma
conversa aparentemente desagradável com Grimarr e Jule. As
palavras reais
abafadas por outro grunhido de John ao lado de Rosa, soando
engasgadas, frustradas, ofendidas.
"Nossa pesquisa, que é fundamentada em pesquisa,"
disse ele, cortado," deu a essa mulher uma probabilidade de
cinquenta por cento de dar à luz meu filho vivo. Você tem algo
de valor a dizer sobre isso, Ash-Kai, além dessa profunda
percepção de que eu sou
Ka-esh, e não Simon?"
Efterar deu de ombros, seus olhos ainda franzindo a
testa para a barriga de Rosa. "Não," disse ele. "Mas o corpo
dela parece gostar de sua semente. Ela quer mais. Eu posso
apenas — sentir."
O rosto de Rosa se inundou de calor, e felizmente John
parecia tão provocado quanto ela, outro latido áspero vibrando
de sua garganta. "Ach, isso muda tudo," ele rosnou de volta.
"Vamos apostar a vida dela no que você sente, Ash Kai.
Quando você terminar aqui, talvez você vá ver como você se
sente sobre todos os homens Preia que Simon quase matou em
nosso nome hoje. Homens que só agora vivem graças aos
meus médicos!"
Com isso, John girou nos calcanhares e saiu da sala.
Arrastando Rosa atrás dele, de volta para a escuridão do
corredor. Seus passos longos, rápidos, furiosos. E embora
Rosa não pudesse mais ver seu rosto, a força de sua raiva
parecia crepitar na escuridão ao redor deles. Raiva de Simon,
que aparentemente arriscou um tratado de paz inteiro com o
que ele fez. Em Efterar, que ignorou os pontos aparentemente
legítimos de John, em favor de seus próprios
sentimentos completamente infundados. E raiva, até mesmo,
contra este capitão, que censurou John na frente de seus
irmãos, e o colocou em cheque, o que quer que isso
significasse.
E no turbilhão do cérebro de Rosa, o mais forte de
tudo era a necessidade, compulsiva e irracional, de estender a
mão livre para John. Para acariciá-lo, suave e proposital,
assim como ela tinha feito hoje cedo. Sentir a tensão se
dissipar, apenas um pouco, sob seu toque.
"Em uma escala dos tipos de dias que você costuma
ter," ela se ouviu se aventurar, suavemente, na escuridão em
espiral, "quão foi ruim hoje?"
Ao lado dela, John grunhiu, o som amargo,
zombeteiro. "Ach, ruim o suficiente," sua voz estalou. "Esses
homens estão procurando por essa briga há muitas luas agora.
E agora que eles ganharam isso, eles devem correr de volta
para Preia, ostentar suas feridas que estancamos e alegar que
atacamos sem motivo. Devemos esperar que Lord Otto ainda
esteja gordo e contente o suficiente para mais uma vez vir em
nosso auxílio e nos impedir de mais guerras e mais…"
Ele parou bruscamente, como se tivesse acabado de se
lembrar com quem estava
falando, e Rosa sentiu sua garganta engolir, seu coração
batendo descompassado na escuridão. Os homens correriam
de volta para Preia. Ao Duque Warmisham. O pai de Lord
Kaspar, que aparentemente os armou para isso.
Mas o Duque não estava esperando a pesquisa de Lord
Kaspar? A pesquisa de Rosa? Ele não disse que a guerra total
era indesejável — pelo menos, até que os
camponeses pudessem ser induzidos a lutar por eles?
O batimento cardíaco de Rosa soou mais alto, e ela
lutou para manter seus passos firmes, um após o outro. "Mas
certamente os senhores do reino não querem outra guerra com
orcs agora?" ela fez sua voz oca dizer, mentindo, mentindo.
"Não consigo
imaginar por que o duque Warmisham estaria ordenando a
seus homens que quebrassem secretamente seu tratado. Quero
dizer, ele e Lord Otto são supostamente aliados, e Otto
defendeu publicamente seu tratado, repetidas vezes, e
denunciou esse tipo de
comportamento."
A risada de John era fria, frágil, incrédula. "Mulher
tola," disse ele. "Lord Otto só vai denunciar isso enquanto o
mantivermos rolando em
riqueza, e mesmo assim, ele não faz nada de verdadeira
substância contra seus companheiros
senhores. Mesmo agora, Lord Culthen de Tlaxca procura
incitar conflitos na
cidadela capital deste reino, incitando esses senhores à guerra.
Lord Anton de Dunburg
procura bloquear nosso comércio e ataca qualquer carga de
mercadorias que contratamos. E o Duque Warmisham de
Preia" — John cuspiu o nome como se fosse uma maldição —
"não apenas envia homens para nos incitar a ataques como
este, mas também procura incitar o medo e a fúria das pessoas
comuns. Ele envia homens pagos a
tabernas e mercados para espalhar a notícia de nossa maldade.
Ele espalha livros e sinais e tratados cheios de histórias sobre
a mortal e imunda Montanha Orc, e
os exércitos negros e mulheres espancadas dentro dela."
Oh. Rosa sentiu-se perigosamente tonta, de repente,
piscando para onde ela sabia que o rosto de John estava,
enquanto a inegável realidade por trás de suas palavras
fluía lentamente por seu crânio. Este projeto é agora de
primordial importância, dizia a carta de Lord Kaspar.
Arriscando os recursos e planos de todo o reino…
E enquanto Rosa sabia, é claro, intelectualmente, o
que isso poderia significar, ouvir John realmente dizer tudo
em voz alta, aqui nesta escuridão amarga,
parecia torcer apertado e doloroso na confusão que já girava
em sua cabeça.
Claro que Duke Warmisham tinha um plano mais
amplo. É claro que ele estaria
procurando incitar os orcs a ações tolas que poderiam ser
usadas contra eles. É claro que ele estaria procurando
despertar o sentimento anti-orc, antes de anunciar as
atrocidades recém-descobertas e profundamente chocantes da
Montanha Orc. Enquanto seus companheiros senhores se
preparavam para apoiar tal anúncio, impedindo os orcs de
obter suprimentos e angariando apoio na capital do reino —
E o pior de tudo, o Duque Warmisham tinha
claramente enganado o trabalho de pesquisar as atrocidades
dos orcs para seu filho chamado inteligente. Quem então, é
claro, se virou e jogou todo o trabalho em Rosa. Quem estava
agora aqui, na própria montanha dos orcs, espionando,
observando, mentindo.
A deglutição dura de Rosa era audível no silêncio, e
ela ouviu John rir novamente, o som ainda mais frio, mais
amargo do que antes. "Ach, mulher tola," ele disse, sua voz
quase zombeteira. "Duque Warmisham, cujo segundo filho, é
seu patrono nesta biblioteca. O homem cujo perfume ainda
enche sua
boca e seu ventre. O tolo barato e egoísta que deixa seu
próprio animal de estimação passar fome,
enquanto ela trabalha ansiosamente por ele."
Merda. Merda, merda, merda. John não sabia sobre a
pesquisa de Rosa, não podia saber por que ela estava aqui —
mas ela não podia ver o rosto dele, não conseguia evitar que
seu próprio rosto se inundasse de calor. E John podia ver isso,
oh deuses, o que ele diria, ele não poderia saber que Rosa faria
uma coisa dessas, ele não poderia...
"Eu odeio Lord Kaspar," ela deixou escapar, antes que
ela pudesse parar, antes que ela pudesse pensar. "Eu o odeio,
John. Você está certo, ele é barato e tolo, e porque ele é
marginalmente inteligente, ele consegue infringir o
esforço real em todos os outros, e ser elogiado como um gênio
raro. Ele nunca ficou sem, ele nunca teve que sofrer, ele nunca
teve que lutar ou trabalhar por algo em que acredita. Ele usa
as pessoas — especialmente as mulheres — e as joga fora sem
pensar duas vezes. Eu o odeio, John. Eu odeio que você ainda
possa sentir o cheiro dele em mim."
Sua voz tinha ficado dura e fervorosa, sua mão
agarrando o
sólido braço nu de John, e ela sentiu sua outra mão agarrar seu
rosto, sentindo a linha afiada de sua mandíbula em sua
escuridão. "Eu o odeio," ela disse novamente, grossa e rouca.
"Você tem que acreditar em mim, John."
Não fazia sentido, nada disso fazia sentido, nem as
palavras de Rosa, nem a forma como suas mãos de repente o
agarravam, nem a imobilidade abrupta de seu corpo sólido
contra ela. E certamente não a confusão que gritava na
cabeça de Rosa, não pânico, mas apenas pura necessidade
desesperada, ela precisava provar, esconder, John precisava
saber, ele nunca poderia, nunca saberia —
Ela empurrou a forma imóvel de John, empurrando-o
contra a
parede de pedra do corredor, e ele não resistiu. Nem mesmo
quando suas mãos trêmulas e formigantes tatearam pela frente
de suas calças, onde de alguma forma sabiam que
encontrariam sua longa e grossa dureza, inchada e faminta,
pulsando contra seus dedos através do tecido.
"Por favor, meu senhor," ela se ouviu sussurrar, as
palavras profundamente
vergonhosas, mesmo quando ela alcançou dentro e o puxou
para fora, sentiu a força de veludo grosso dele balançando nua
e viva sob seu toque. Foda-se, ele era grande, e ele estava
inchando ainda mais em seus dedos, sua cabeça lisa e
arredondada já riscando a umidade contra sua palma. E
amaldiçoá-la, mas a mão de Rosa havia se aproximado de sua
boca, por vontade própria, então sua língua ansiosa poderia
lamber sua palma limpa, gemendo em voz alta enquanto o
doce mel dele explodiu em sua consciência —
Ela podia ouvir um gemido curto e estrangulado,
podia senti-lo em seus ossos — e em um movimento brusco e
cambaleante, ela caiu de joelhos nus no
chão de pedra. Estremecendo com a dor, agarrando as coxas
fortes de John para se equilibrar no escuro — e então
respirando fundo, virando o rosto para cima. Lambendo os
lábios, abrindo-os, esperando na súbita quietude de
observação...
A sensação da fenda dura e sedosa de John em sua
língua era uma oferenda, uma
revelação, e Rosa quase soluçou enquanto chupava, lúgubre,
profundamente. Ganhando um enxame de líquido em troca,
todo doce mel escorregadio, e ela engoliu mais fundo,
sugando-o todo o caminho para dentro. Até que seus lábios
estavam tão abertos quanto podiam, e ele estava aninhado
grosso e poderoso contra sua garganta freneticamente
convulsiva, pingando sua rica recompensa diretamente para
ela.
Porra, Rosa nunca sentiu tanta fome em sua vida, e o
desejo de continuar chupando, continuar bebendo, estava se
elevando acima de tudo, pisoteando o mundo em seu rastro. E
quando ela sentiu John puxar para fora, tirando esse presente
dela, ela realmente gemeu em protesto, agarrou inutilmente
sua bunda tensa e inflexível...
Mas então ele afundou novamente, fluido e fácil,
colocando sua cabeça gotejante de volta em seu lugar em sua
garganta. Seu mel parecia mais espesso agora, mais
abundante, e a compreensão mergulhou e disparou quando
Rosa acenou em volta dele e lentamente recuou, assim como
ele havia feito. Sentindo seu comprimento espesso deslizar
entre seus lábios molhados, correndo sua língua faminta ao
longo de cada cicatriz e veia e cume, até que ela estava
sacudindo sua fenda escorrendo, provando e provocando,
extraindo aquele mel delicioso de sua fonte...
Ele afundou profundamente com um poder
surpreendente desta vez, enfiando aquela cabeça vazando com
força em sua garganta, e Rosa estremeceu de alívio com o
gosto disso, a verdade disso. John a queria. Ele queria um
animal de estimação faminto e disposto, que pudesse
engoli-lo profundamente, que pudesse ordenhar sua semente,
que o chupasse em um corredor escuro como breu. Um animal
de estimação que ficaria do lado dele contra seus próprios
irmãos e contra esses homens horríveis, que só queriam mais
guerra, mais morte —
Então Rosa o esbanjou, o adorou, chupando-o mais
fundo e mais forte do que jamais havia tomado antes, sua
garganta trabalhando e convulsionando, aprendendo a aceitar
sua força. Até que ela sentiu a exultação frenética e rodopiante
de seus lábios ao redor da base real dele, seu rosto esmagado
contra seu cabelo espesso e almiscarado, ela tinha o pau
inteiro de um orc em sua boca e ela tinha que ser digna, ele
tinha que estar satisfeito, ele tinha que ser...
Sua liberação se espalhou sem nenhum aviso, apenas
a pura e chocante emoção daquele pênis enorme e devorador
na boca de Rosa, vomitando direto em sua garganta
espasmódica e se acumulando em sua barriga. Enquanto seu
membro grosso em sua boca se esforçava e estremecia, sua
virilha peluda pressionando ainda mais contra os lábios
esticados de Rosa. Sua respiração saindo em um gemido
áspero e rouco, incendiando a escuridão com a verdade
profunda e violenta de sua alegria.
Rosa não parou de chupar até que ele terminou
completamente de esvaziar-se, sua dureza suavizando em sua
boca, seu grande corpo cedendo contra a parede atrás dele. Só
então ela finalmente se afastou dele, cuidadosa,
reverente, sentindo o deslizamento escorregadio de seu
comprimento gasto deslizando entre seus lábios entreabertos.
Ela se demorou no final, cutucando sua língua contra
aquela fenda suavemente aberta, e ocorreu a ela, distante e
embotada, que ela não queria que isso acabasse ainda. Ela não
queria se separar dele. E se ela começasse de novo, persuadi-
lo de volta à dureza, e...
O gemido dele foi baixo, quase doloroso, e pela
primeira vez ela sentiu as mãos dele, quentes, guiando seu
rosto para longe, puxando-o para fora. Deixando-a vazia,
tonta, à beira de choramingar, enquanto ela o sentia se
movendo diante dela, talvez se escondendo novamente.
"Pequeno bichinho faminto," ele murmurou, as
palavras tão suaves que Rosa quase não as ouviu — mas ela
ouviu, e ela inclinou a cabeça para ele, lambendo os lábios,
quase como se estivesse em súplica. Por favor, meu senhor,
por favor...
Sua oração foi respondida não com um toque, ou uma
carícia, como ela poderia ter desejado — mas sim com a
verdade gloriosa de
braços fortes circulando ao redor dela e a agarrando.
Aconchegando-a com força contra sua força sólida e
reconfortante enquanto ele mais uma vez começou a caminhar
de volta pelo corredor, como se nada tivesse mudado.
Mas algo havia mudado. Algo na facilidade relaxada
de seu corpo contra o de Rosa, na lenta estabilidade de sua
respiração, o baque fácil de seu batimento cardíaco sob seus
dedos abertos. Em como o focinho de Rosa em seu pescoço
foi recebido por uma inclinação quase tolerante de sua cabeça
em direção a ela, seu cabelo fazendo cócegas em sua testa.
"Você nunca deve dizer a Efterar que você fez isso,
logo depois que ele disse a você," ele disse, sem aviso, sua
voz suave. "Eu sei que a semente ajuda você, mas eu não
gostaria que ele soubesse que eu deveria seguir seus
sentimentos tolos."
Rosa poderia facilmente ter argumentado sobre várias
dessas afirmações, mas em vez disso ela se viu rindo no
pescoço de John, o som rouco, não fingido.
"Claro que não," ela murmurou de volta. "Efterar parece um
pouco
hipócrita às vezes de qualquer maneira, não é?"
John realmente riu, e a puxou para mais perto dele.
"Shhh, mulher," disse ele. "Ele e sua magia Ash-Kai são
frequentemente vistos como o salvador de nossa montanha."
Mas a cabeça de Rosa se ergueu para procurar o rosto
de John, mesmo que ela não pudesse vê-lo, enquanto seu
cérebro surpreendentemente calmo reunia tardiamente todos
os pedaços aparentemente díspares. Reunindo uma pequena
piscina de clareza, de todo o caos inimaginável do dia.
Os livros que John havia tirado de sua biblioteca. Os
livros em sua biblioteca. Os médicos. O leite, a pesquisa, a
probabilidade matemática, as ferramentas médicas, talvez até
a compatibilidade do sangue. As vinte mulheres mortas. Ele
deveria ser o especialista. Você deve bani-lo de seu trabalho.
Quando se trata de mulheres, devemos pisar com muito
cuidado…
Sua magia Ash-Kai não pode prever, entender ou
explicar. Não é suficiente.
"Você está tentando ajudar mulheres como eu, não
está?" Rosa se ouviu dizer, quieta. "Você está tentando
aprender como nos manter seguras, enquanto carregamos seus
filhos. É nisso que você quer se concentrar agora, em vez
dessa guerra tola e sem fim."
Ela podia sentir o espanto de John, pinicando o ar ao
redor deles, apertando suas garras contra ela. Mas então, para
sua surpresa distante, ele assentiu, seu cabelo roçando sua
bochecha.
"Ach," ele respondeu finalmente. "Há muito mais que
devo fazer, muito outro trabalho a ser feito — mas somente
este é meu maior chamado. O verdadeiro objetivo da minha
vida."
Rosa assentiu também, fechando os olhos, deslizando
a mão cuidadosamente para acariciar as linhas duras do rosto
dele. "Então você é o verdadeiro salvador de sua montanha,
John," ela sussurrou. "Você é quem vai resgatar seu povo. Sem
magia, mas com conhecimento. Ainda melhor do que mágica,
porque contanto que você anote e coloque em uma biblioteca,
o conhecimento pode ser compartilhado com qualquer
pessoa. Para sempre."
Ela podia ouvir o fervor em sua voz, podia senti-lo em
seu toque
contra a pele dele. E embora John não respondesse, havia um
traço suave e revelador de suas garras, curvando-se contra a
nuca de Rosa. Falando sua aprovação, sem falar nada.
O calor se desenrolou afiado e poderoso, o suficiente
para fazer os olhos de Rosa tremerem, sua respiração presa na
garganta. Ela o agradou. Ela poderia ser digna, talvez, afinal,
contanto que ele nunca, jamais descobrisse. Mesmo depois
que isso acabou em três semanas, mesmo quando ela voltar
para Lord Kaspar, e...
Rosa forçosamente empurrou esse pensamento
inquietante para longe, e se aconchegou mais contra a força
de John, enquanto um enorme bocejo escapou de sua boca. E
em troca, ela sentiu ao invés de ouvi-lo rir, seu peito vibrando
quente e tolerante contra o dela.
"Rosinha sonolenta," ele sussurrou. "Descanse agora.
Eu cuidarei de você."
Era como se Rosa estivesse cheia até a borda, de
repente, tão quieta e fácil e segura, envolta nos braços de seu
senhor inteligente. Então ela acomodou a cabeça no ombro
dele, respirou fundo, satisfeita, e dormiu.

Capítulo 20
Quando Rosa acordou na manhã seguinte, ela meio
que esperava encontrar uma
montanha em guerra. Cheio de orcs armados e furiosos,
prontos para lutar
contra os duques e lords — incluindo, talvez, Lord Kaspar —
que batia com espadas e catapultas na porta dos orcs. Mas em
vez disso, havia apenas um John surpreendentemente calmo,
sentado completamente vestido na extremidade oposta da
cama, e segurando outra cesta cheia de comida e leite. "Sim,
esses idiotas ainda estão vivos e provavelmente partirão
hoje," disse ele secamente, em resposta à pergunta cuidadosa
de Rosa, enquanto passava
sobre a cesta. "Agora teremos alguns dias de paz antes do que
virá a seguir. Agora coma, descanse e beba, enquanto eu leio
para você."
Rosa piscou como uma coruja em direção ao rosto
dele e depois para a outra mão. Que, incrivelmente, estava
segurando um livro. E não qualquer livro, mas — seu coração
deu um tamborilar desequilibrado — seu livro. The Lady
Bright.
"Verdadeiramente?" ela perguntou, sua voz aguda, e
ela tardiamente enfiou um pedaço de queijo em sua boca.
"Você, então — talvez — consideraria recomeçar? Então você
saberia o que está acontecendo?"
A garra de John já havia aberto o livro ao meio,
exatamente onde Rosa havia parado de ler. Mas, por sugestão
dela, ele deu de ombros e gentilmente voltou para a primeira
página.
Sua voz era baixa e suave quando ele começou a ler,
falando sobre a senhora injustiçada presa na prisão vil, e Rosa
sentiu-se suspirar com profundo e inegável contentamento
quando as palavras a invadiram. Quem poderia
imaginar que um orc pudesse ler tão lindamente, sua voz fácil
e expressiva, o conto ganhando vida colorida e vívida a cada
página que ele virava...
Rosa estava realmente arrependida quando ele parou,
sua cestinha de café da manhã inteiramente vazia — mas
então foi a descoberta igualmente excitante de que John tinha
realmente providenciado para ela tomar um banho. E que uma
porta sombria na parede de trás de seu quarto era na verdade
uma latrina inteira, completa com algum tipo de engenhoca
de tubulação notável para trazer água quente.
"Bons deuses, John," Rosa ofegou, quando ela aliviou
seu
corpo de repente imundo na bacia de aço que ele encheu, e na
poderosa e
fundamental emoção de prazer quente e líquido por toda parte.
"Esta é uma maravilha absoluta."
John não respondeu, mas apenas entregou a ela o que
parecia ser uma barra de sabonete genuíno de cheiro forte. Era
uma ordem, claro, mas uma que Rosa não podia nem fingir
resistir, e ela imediatamente começou a se esfregar toda.
Enquanto John — sua mão esfregando, congelou — se moveu
para se ajoelhar atrás dela e começou a pentear seu cabelo com
suas garras.
Levava a um orc lavando silenciosamente o cabelo de
Rosa, em uma latrina escura, com paredes de pedra,
surpreendentemente aconchegante. E naquele momento, com
a cabeça inclinada para trás de bom grado e as garras de John
raspando suavemente em seu couro cabeludo, Rosa não pôde
evitar a crescente e incômoda suspeita de que em outro
mundo, outra vida, tornar-se o animal de estimação de um orc
poderia ser uma ocupação que vale a pena explorar
seriamente.
"Obrigada, meu senhor," ela murmurou, uma vez que
John a puxou para fora da banheira novamente, seu corpo nu
completamente limpo, seu cabelo úmido agora trançado nas
costas em uma nova trança. "Isso foi — excessivamente gentil
de sua parte."
John levou sua forma nua de volta para fora da latrina,
e para o calor escuro do quarto maior, iluminado por
lamparinas. "Eu jurei cuidar de você," disse ele,
parando ao lado de uma prateleira de pedra que Rosa não
havia notado antes, e tirou o que parecia ser uma túnica cinza
limpa. "Agora, vou vestir você."
Rosa piscou, mas obedeceu de bom grado quando ele
puxou a túnica sobre sua cabeça. Era tão grande quanto o seu
último, caindo até as
coxas, encaixando-se muito mais como um vestido volumoso
— mas desta vez, John também
pegou uma longa tira de couro preto e amarrou-a frouxamente
em volta da cintura. Criando um efeito quase como um
vestido, se não fosse pelo comprimento mais curto
dele, ou pela fenda perigosamente profunda no pescoço.
"Bom," John disse, lançando um olhar avaliador para
cima e para baixo na forma de Rosa.
"Agora vem."
Mais uma vez, não houve nenhum pensamento de
recusar. Apenas deslizando a mão dela na mão quente dele, e
permitindo que ele a conduzisse para fora da porta e para o
corredor. Ele trouxe novamente uma lâmpada, iluminando as
paredes de pedra com um brilho laranja trêmulo, e Rosa sentiu
sua esperança aumentar enquanto caminhavam, o
corredor se inclinando para cima sob seus pés descalços.
"Para onde você está me levando?" ela perguntou. "A
biblioteca?"
John lançou-lhe um olhar de soslaio, um breve aceno
de cabeça. "Você disse que queria trabalhar na minha
biblioteca, e aprender Aelakesh. Sim?"
O suspiro de prazer de Rosa borbulhou por conta
própria, e ela não pôde evitar sorriso brilhante e ansioso em
direção ao seu rosto vazio. "Sério, John?" ela disse, apertando
a mão em seu coração. "Eu adoraria isso."
John assentiu novamente, como se não esperasse
menos, e então virou bruscamente uma esquina. E ali,
novamente, estava sua biblioteca, espaçosa, de pé-direito alto
e adorável.
Mas desta vez — os passos de Rosa hesitaram atrás
de John — havia outros orcs nele. Dois orcs, na verdade, de
tamanhos bastante díspares, sentados lado a lado na grande
mesa de madeira da sala. E quando um dos orcs se virou para
olhar para eles, piscando com os olhos de cílios longos, a
respiração de Rosa engasgou em sua garganta, sua barriga se
contorcendo.
Era Tristan, amante de John. O orc que, junto com
Salvi, tentou impedi-la de sair no outro dia, e que rosnou para
ela com tanta ferocidade. E quem, Rosa notou com profunda
apreensão, parecia ainda mais bonito do que ela se lembrava.
Sua pele cinza prateada, seus olhos grandes e expressivos, sua
boca sensual e cheia.
"Você deve trabalhar e estudar aqui com Tristan
hoje," John anunciou para Rosa, as palavras cortando o
turbilhão de ciúmes atualmente nublando seu cérebro. "Ele é
nosso melhor escriba e deve ensiná-la bem. Eu também trouxe
essas ferramentas que você desejava."
Ele acenou com a mão para o lado vazio da mesa, que
de fato ostentava uma impressionante variedade de
ferramentas de escrita e encadernação. Mas isso significava
— Rosa
estremeceu — John realmente queria que ela trabalhasse aqui,
do outro lado da mesa de seu
amante. Quem por acaso estava sentado ao lado — ela se
contorceu novamente, e então olhou abertamente — o orc
enorme e mortal que lutou sozinho com todos aqueles homens
ontem. Simon, do Clã Skai.
Ele estava vestindo uma túnica hoje e parecia estar
com uma saúde surpreendentemente boa em comparação com
seu estado sangrento na enfermaria. Mas as partes dele que
Rosa podia ver — seu rosto escarpado, seu pescoço, seus
enormes antebraços e mãos cheias de veias — ainda estavam
fortemente marcados por cortes e cicatrizes, alguns ainda crus
e com aparência de raiva. E seus olhos brilhantes estavam
olhando diretamente para Rosa, com um olhar que só podia
ser suspeita, ou talvez até desgosto.
Rosa não pôde evitar um estremecimento reflexivo e
um olhar amedrontado e inquieto
para o rosto de John. "Hum," disse ela. "E você vai ficar
também, John, não vai? E ajudar a me ensinar? E ler para mim,
como você disse?"
As sobrancelhas de John franziram juntas, sua cabeça
dando uma sacudida decisiva. "Há muito que devo abordar
hoje," disse ele sem rodeios. "Graças ao nosso
sábio e previdente Skai" — sua boca se estreitou, seus olhos
se estreitando em direção à forma volumosa de Simon —
"agora devo passar estes próximos dias atolado em planos e
reuniões, afastando as novas tramas de guerra dos homens."
Oh. Rosa lutou para esconder sua decepção, mas
provavelmente falhou miseravelmente. "E eu não posso — ir
com você? Como ontem? E aprender?"
"Você deve aprender melhor aqui," John respondeu,
sua voz firme. "Isso é o que você desejou, animal de
estimação."
Rosa sentiu uma careta, seus olhos disparando em
direção a Tristan — que estava
olhando de volta para eles, sua testa delicadamente franzida.
"E talvez, John-Ka," ele disse suavemente, "você deve
retornar para nós ao meio-dia e revisar nosso
trabalho."
John lançou a Tristan um olhar pesado com um
significado tácito,
provocando outro enervante lampejo de ciúme no fundo do
estômago de Rosa. "Ach, vou tentar fazer isso," John retrucou.
"Isso te acalma, mulher?"
Apazigua você. Como se Rosa estivesse subitamente
atirando nele com exigências insaciáveis, e ela se sentiu
encolher um pouco para trás, os braços cruzados contra o
peito. "Ok," ela se ouviu dizer. "Eu suponho."
Os olhos de John se fecharam brevemente, e ela pôde
ver seus ombros subirem e descerem — e então ele se
aproximou propositalmente dela, e circulou sua mão
suavemente ao redor de sua nuca. Para onde era familiar,
estável, seguro —
e ainda mais quando aquela mão inclinou a cabeça para cima,
atraindo seus olhos para os dele.
"Você deve ficar aqui, pequeno animal de estimação,
enquanto eu faço o que deve ser feito," disse ele, sua voz
suave, tranquilizadora. "Você fará um bom trabalho e
procurará me agradar quando eu voltar. Enquanto eu estiver
fora, você fará suas perguntas a Tristan e saberá que ele a
ajudará em meu nome e a manterá segura."
Manterá segura. Os olhos de Rosa dispararam
novamente para a mesa, desta vez demorando-se no gigante
de Simon, observando a forma — mas um pequeno
movimento proposital dos
dedos de John estalou seu olhar de volta para ele novamente.
"E você não deve temer Simon," ele continuou. "Ele
jurou apenas trabalhar aqui hoje, e não assustá-la, para não
arriscar a ira do capitão. Ach?"
Rosa só conseguiu engolir e assentir, totalmente
capturada pelo poder brilhante daqueles olhos. "Muito bem,"
ela ouviu sua voz dizer,calma, vergonhosa. "Procurarei
agradá-lo, meu senhor."
John deu um grunhido de satisfação, um tapinha
triunfante na
bochecha quente de Rosa — e então, sem outra palavra, ele
girou nos calcanhares e saiu da sala.
Rosa observou-o ir embora, com os braços ainda
apertados na cintura, enquanto o calor da sensação de
contentamento que a enchia a manhã inteira parecia se esvair
um pouco, desaparecendo na pedra ao redor. Porque isso, bem
ali, tinha sido John — manipulando-a. Novamente. Não foi?
E por mais que Rosa não pudesse negar que ela tinha
se apaixonado por isso, de novo — ou que ela talvez até
gostasse, no momento — ainda era um lembrete frio e
perturbador do que ele realmente era. O que tudo isso
realmente era. A
comida, o banho, a leitura.
John queria provar isso para ela. Ele queria que ela
ficasse. Não porque gostasse dela ou a valorizasse, mas
porque não queria o sangue dela em suas mãos.
E agora que Rosa sabia sobre os objetivos de John —
ajudar mulheres como ela era o verdadeiro objetivo de sua
vida, ele disse — tudo fazia muito mais sentido do que antes.
Isso era pessoal, para John. E não era sobre ela. Era sobre o
trabalho dele.
E se Rosa aprendeu alguma coisa com o caos de
ontem, foi
o quanto John se importava com seu trabalho e suas
responsabilidades. E deixar morrer uma mulher como Rosa —
ou até deixá-la fugir dele —
certamente colocaria em questão sua competência, sua
integridade. Isso enfraqueceria sua posição como líder diante
de seu povo.
John realmente não se importava. Rosa não era
realmente seu animal de estimação. Ele precisava que ela
ficasse.
E não importava, não importava, Rosa estava ali apenas para
salvar seu próprio futuro, três semanas, e isso era tudo...
Rosa sentiu-se engolir em seco, os olhos fixos no chão
sem ver — até que deu um pulo ao som de uma tosse vindo
da mesa. "Se você quiser se juntar a nós, Rosa," disse uma voz
suave — a voz de Tristan — "eu poderia ensinar você e Simon
nossos formulários de letras juntos."
Rosa não pôde evitar um olhar desconfiado e
miserável para ele, e seu rosto de orc irritantemente bonito e
simétrico. Que piscou de volta para ela por um instante, seus
olhos arregalados e escuros, antes de ele abaixar a cabeça, as
pontas das orelhas ficando com um leve tom de rosa.
"Ou não," ele disse, ainda mais suave do que antes.
"Como quiser."
Rosa fez uma careta, seu olhar inexplicavelmente se
lançando para o enorme orc Simon — que, como se viu,
estava olhando diretamente para ela com uma carranca feroz
e medonha. "Mulher tola orgulhosa demais para aprender,"
disse ele, em tom de profunda convicção. "Ou muito estúpida.
Esqueça ela, pequeno Ka-esh."
A incredulidade de Rosa cresceu em um enxame
furioso — ela certamente não era muito
orgulhosa ou estúpida demais para aprender outra língua — e
ela sentiu seu corpo de joelhos fracos se aproximar da mesa e
cair na cadeira em frente a
eles. "Claro que eu quero aprender," ela retrucou. "O que eu
preciso?"
Tristan ainda não estava olhando nos olhos dela, mas
cuidadosamente deslizou sobre algumas folhas de papel
áspero, bem como outra folha coberta com
formas de carta cuidadosamente escritas. Uma espécie de
quadro explicativo, percebeu Rosa, e notou que, do outro lado
da mesa, Simon também tinha um.
"Você se lembra de como preparar a pena, ach?"
Tristan perguntou baixinho, em uma pergunta claramente
destinada a Simon, e não a ela. "Uma vez feito isso,
talvez comecemos escrevendo cada formulário e revisando
seu som."
Simon estava raspando cuidadosamente a ponta de
sua pena com uma garra negra afiada, franzindo a testa em
intensa concentração, e Rosa lutou para ignorá-lo enquanto
preparava sua própria pena e tinta, e fazia alguns traços
experimentais no papel. Era uma pena decente,
surpreendentemente, e ela escreveu algumas linhas apenas
para testá-la, para sentir a certeza familiar e reconfortante de
caneta e tinta em seus dedos.
"Mulher fanfarrona," veio a voz de Simon do outro
lado da mesa, pesada com antipatia. "Mãos pequenas
facilitam."
Ele estava olhando furiosamente para o jornal de
Rosa, e Rosa ignorou a
gagueira desagradável em seu peito enquanto olhava
diretamente de volta. "Eu tenho feito isso a maior parte da
minha vida," ela retrucou para ele, sem pensar. "Ao contrário
de algumas pessoas, aparentemente, que gostam de começar
guerras por diversão."
O rosnado súbito e ameaçador de Simon fez os
cabelos da nuca de Rosa se arrepiarem, e ao lado dele as mãos
de Tristan estavam esvoaçando, do papel para a pena e vice-
versa. "Forma um," disse ele, sua voz mais aguda do que
antes, "é chamada sa. Faz um som sibilante e é desenhado de
baixo para
cima, assim.”
Sua mão trêmula desenhou uma letra
surpreendentemente elegante, e Rosa engoliu uma pontada
infeliz do que parecia quase culpa enquanto a imitava em seu
próprio papel e fazia algumas anotações sobre o som e a
maneira de desenhá-lo.
Simon levou muito mais tempo para fazer sua forma,
sua grande mão segurando a pena com cuidado visível, a letra
resultante grande e infantil. Mas Tristan o recompensou com
um sorriso rápido e silenciosamente deslumbrante, e então
passou para a próxima forma, e a próxima.
Tristan era um bom professor, Rosa podia admitir,
paciente e meticuloso, sem a superioridade ou
condescendência que ela sempre detestou em seus próprios
professores. E Aelakesh era realmente uma língua fascinante,
e também muito agradável de escrever, e enquanto
funcionavam, Rosa sentiu sua própria inquietação se esvaindo
sob a força de sua crescente e incômoda curiosidade.
"Por que você está aprendendo a escrever agora?" ela
se ouviu perguntar a Simon, antes mesmo de perceber sua
boca se abrindo. "Você não aprendeu sua própria
língua quando criança?"
O olhar feroz de Simon foi o suficiente para fazer
Rosa largar sua pena, para a qual a mão de Tristan estalou
sobre a mesa e a devolveu para ela. "Nossa linguagem escrita
quase se perdeu em toda a guerra,"
respondeu a voz calma de Tristan. "Assim, muitos de nossos
parentes nunca tiveram a chance de aprender. Simon aprende
agora a pedido do capitão, para melhor ajudar ele e nosso
Sacerdote John-Ka a enfrentar essas novas ameaças que
surgiram agora."
Havia bastante coisa para desempacotar nisso, e Rosa
inclinou a cabeça, considerando. "Você quer dizer que seu
capitão está fazendo Simon aprender a ler, para compensar
aquela briga não autorizada ontem?" ela disse, meio sorrindo
apesar de si mesma com o olhar malicioso de resposta no rosto
de Simon. "E você acabou de chamar John de seu Sacerdote?
Ele me disse que não havia um Sacerdote na Montanha Orc
desde que Fror morreu."
Tristan traiu uma careta inconfundível, e ao lado dele
Simon bufou, seu olhar carrancudo se transformando em
satisfação. "Só Ka-esh pensa em Sacerdote e John," disse ele.
"Todos os outros orcs sabem melhor. Até John sabe."
Os olhos de Tristan se estreitaram bruscamente, no
primeiro sinal de desagrado que Rosa tinha visto dele hoje.
Mas ele não falou, o que novamente deixou Rosa
para fazer a pergunta, porque é claro que tinha que ser feita,
desesperadamente, depois de um comentário enigmático
como esse.
"O que há de errado com John?" ela exigiu, as
palavras soando
inexplicavelmente defensivas. "Por que ele não pode ser o
Sacerdote da sua montanha? Ele foi criado para isso, é muito
inteligente e obviamente se importa muito com você, mesmo
que você tenha o hábito de fazer coisas incompreensivelmente
tolas. Como incitar os homens a brigar com você, quando você
deveria estar vinculado a um tratado de paz!"
Foi um argumento decisivo, realmente, e Rosa foi
brevemente apaziguada pelo olhar de apreciação de Tristan
para ela. Mas ao lado dele Simon bufou novamente, e cravou
sua enorme garra negra na mesa de madeira, fundo o
suficiente para deixar uma marca.
"John convenceu você a dizer isso, mulher tola," ele
retrucou. "Eu sei que você viu. Senti seu cheiro no esconderijo
de Ka-esh. Você sabe que eu não sou um aguilhão, eu sentei,
eu afiei minha própria lâmina, na minha própria montanha.
Isso é tudo."
Certo. Rosa sentiu-se estremecer, sem querer, e Simon
certamente viu, cutucando a mesa novamente. "John balança
você," ele continuou categoricamente. "Ele
usa você. Ele é um orc duro. Orc frio. Egoísta. Ele critica Skai
por nossos caminhos, quando seus próprios pecados são cruéis
e graves. Quando" — ele lançou um olhar sombrio para
Tristan ao seu lado — "ele matou o filho do irmão do próprio
clã."
Espere o que? Rosa piscou, totalmente surpresa —
mas havia verdade no olhar brilhante de Simon, e ela não
perdeu o estremecimento revelador na boca de Tristan.
Dolorido, arrependido e talvez até — culpado.
"John matou o filho de seu próprio irmão?" Rosa
ecoou, em branco, seus olhos não se fixaram em Simon, mas
em Tristan. "Não é seu filho, Tristan?"
Era terrível, realmente, quão inquietante era esse
pensamento, e quão
poderoso o alívio queimou quando Tristan deu um aceno de
cabeça.
"Não meu," ele disse, quieto. "Salvi. E" — seus olhos
voltaram para Simon, quase teimoso agora — "o filho orc
ainda não havia nascido, e assim ainda era a escolha de sua
mãe a fazer. John só a ajudou a conquistar
seus próprios desejos. Ele era" — sua garganta visivelmente
engolida — "um bom Sacerdote, nisso."
Simon rosnou novamente, furioso e ameaçador, sua
garra novamente cravando na mesa. "Não," ele sussurrou de
volta, embora seus olhos estivessem em Rosa, em vez de
Tristan. "John se volta contra sua própria espécie, pelo que ele
acha melhor. Ele fez isso comigo, neste dia passado, quando
eu apenas mantenho a salvo meus parentes. E agora John
trama com novo companheiro" — ele apontou a mão para
Rosa — "para fazer isso, para
possuir filho. Não serve para ser Sacerdote."
Espere. Simon — sabia disso? Rosa ficou presa, de
repente, na
veemência de seu olhar sobre ela, e foi preciso muito esforço
para encontrar uma resposta na confusão que gritava em seu
cérebro. "Eu não sou a... er... companheira de John," ela disse,
sua voz estranhamente distante. "E ele está preocupado com a
minha sobrevivência, e isso dificilmente é um Sacerdote ruim,
não é? Você não sabia que vinte mulheres morreram no ano
passado, dando à luz seus filhos?"
A risada de resposta de Simon foi imediata, irritante.
"E quantos orcs morreram de espadas humanas este ano?" Ele
demandou. "Muitos vinte. Isso não é diferente."
"É diferente," retrucou Rosa, inexplicavelmente
furiosa. "Mulheres como eu estão do seu lado. Nós nos
importamos. Queremos ajudá-lo."
Mesmo enquanto ela piscava com aquelas palavras
desconcertantes saindo de sua boca, e
a seriedade surpreendentemente fervorosa por trás delas, a
risada de Simon enviou
outro calafrio em sua espinha. "Mulheres não se importam
com orcs," ele disse categoricamente.
"Algumas querem emoção de foda orc. Algumas entediadas
ou sozinhas ou prejudicadas por homens.
Algumas desejam moeda ou abrigo. Quase todas presas em
vínculo, como você. Não há cuidado."
Rosa não podia negar uma comiseração estranha e
arrebatadora enquanto Simon falava,
quase como se ela tivesse sentido sua dor, vivido — pelo
menos, até o último pedaço. Presa em vínculo. Como — você?
Ao lado de Simon, Tristan estava visivelmente
estremecendo novamente, e Rosa podia sentir seu batimento
cardíaco subindo, pulsando mais alto em seus ouvidos. "Pega
em vínculo," ela
repetiu, cuidadosamente. "O que — o que isso significa?"
Simon riu de novo, quase divertido dessa vez, mas não
exatamente. "Ach, esse bom Sacerdote e não falou isso com o
próprio companheiro?" ele disse. "Vinculo vem com todos os
orcs. Orc fode mulher, põe cheiro nela, enche de semente.
Mulher, então, tem fome, e segue, e obedeçe."
Ele estava sorrindo para Rosa, e enquanto ela olhava
com horror crescente lentamente, ele
levantou sua mão enorme e a circulou em volta do próprio
pescoço, garras cavando profundamente em sua própria pele
cinza.
"Mulher deseja servir orc," disse ele, em uma voz
provocante que arranhou os ossos de Rosa. "Gostaria de dizer,
ach, meu senhor, eu vou agradá-lo. Deseja acreditar que todos
os orcs falam, mesmo que ele minta. Mesmo que as palavras
traiam os próprios olhos da mulher."
O olhar de Rosa estava fixo nas garras de Simon
contra seupescoço, e sua respiração estava ficando muito rasa,
seu coração sacudindo de forma selvagem sob sua pele. Isso
não era verdade. Não podia ser verdade. John não poderia ter
feito uma coisa dessas com ela. Fazer um — um vínculo.
Poderia ele?
"Mulher deseja até matar," Simon continuou, sua voz
zombeteira ficando mais baixa, completamente assustadora.
"Deseja matar o próprio filho, se o orc comandar. Se isso
ganhar o seu fim. Faça parecer altruísta, nobre Sacerdote.
Ach?"
Isso não podia ser verdade, não podia — mas os
pensamentos de Rosa instantaneamente
fervilharam com as imagens disso, a sensação das garras de
John contra sua pele, sua
voz suave e firme. Sua constante — manipulações. Mesmo
aquele não apenas uma hora atrás, o jeito que ele colocou a
mão em volta do pescoço dela, segurou seus olhos nos dele...
E Rosa sabia, ela sabia, John estava nisso por si
mesmo, não estava? Para seu próprio trabalho, seus próprios
objetivos. E certamente ele usaria qualquer recurso em seu
comando, mesmo que fosse — um vínculo. Magia. Uma
mentira.
O medo começou a escorrer, visceral e intensamente
doloroso, enquanto o cérebro de Rosa saltava para trás, para
trás. Encontrar, com muita facilidade, todos os momentos em
que ela não deveria ter obedecido a John, não deveria ter
concordado — mas ela
o fez. Deuses a amaldiçoam, ela fez.
"Isso não é," a voz de Tristan interrompeu, soando
muito distante, "toda a verdade, Simon, e você sabe disso.
Esse vínculo entre orcs e mulheres existe, ach, mas não
controla. As mulheres deixam orcs o tempo todo. O
companheiro de Salvi o
deixou. O capitão perdeu dois companheiros antes deste. E me
diga, quando foi a última vez que um Skai manteve um
companheiro por mais de doze meses?"
Tristan ficou de pé, seus olhos fixos nos de Simon —
mas então Simon se levantou também, deliberado e mortal.
Seu corpo enorme elevando-se sobre Tristan,
fazendo Tristan — que teria sido um homem alto — parecer
pouco mais que uma criança, e Rosa não perdeu o tremor
muito leve na forma de Tristan, mesmo enquanto ele
teimosamente manteve seu olhar furioso em Simon.
Enfrentando.
"Não me provoque, pequeno Ka-esh," rosnou Simon,
profundo e mortal. "Você não sabe o que fala."
O arrepio de Tristan foi visceral desta vez, sua
garganta balançando, mas ele não tirou os olhos do rosto de
Simon. "Ach, eu sei," ele disse, sua voz quase
devastadoramente calma. "Nós vimos o que alguns de vocês
Skai fazem em segredo, para essas mulheres que você não
pode manter."
A tensão ondulou pela enorme forma de Simon, suas
mãos enroladas em punhos maciços em seus lados. "Você não
entende, pequeno Ka-esh," ele sussurrou, "então você está
errado em culpar. Clã Skai morrendo."
"Ach, porque suas mulheres estão morrendo,"
respondeu Tristan, embora sua voz
vacilou, e ele deu um passo brusco para trás. "E ainda assim,
você não vai
nos permitir —"
"Não," Simon interrompeu, tão profundo que quase
vibrou a sala. "Nós não mostramos às nossas mulheres
nenhum Ka-esh falso, bonito e de fala mansa. Então você não
roube e mate os filhos Skai!"
"Nós não queremos matar seus filhos," a voz de
Tristan respondeu, embora
estivesse tremendo agora. "Queremos ajudá-los. E suas mães.
Seus
companheiros."
Mas Simon apenas riu, o som era frio, ensurdecedor,
aterrorizante. "Você
mente," ele sussurrou, enquanto dava um passo ameaçador em
direção a Tristan. "Ka-esh sempre
tem um plano secreto. Segredo dos orcs. Segredo dos
humanos. Você quer que eu faça você dizer a verdade, lindo
Ka-esh? Você deseja falar alto do mais novo
plano, do bom Sacerdote, para que todos aprendam?"
Simon lançou um olhar sombrio e zombeteiro em
direção a Rosa, e diante dele o rosto cinza de Tristan parecia
mortalmente doente, suas mãos com garras tateando a parede
atrás dele, sua garganta convulsionando. "Por favor," disse
ele, sua voz embargada. "Não faça. Eu — falei errado. Por
favor eu —"
O estômago de Rosa estava revirando, faíscas de
verdadeiro e genuíno terror subindo por
sua espinha — quando de repente, graças aos deuses, outro
orc entrou. Olhando, forma de aparência capaz, quando ele
deu uma olhada em Tristan e Simon, e se arremessou através
da sala para pairar rosnando e furioso entre eles.
"Que porra é essa," Salvi rosnou, seu olhar
procurando o rosto caçado e de olhos arregalados de Tristan
— e então ele se virou para encarar Simon, suas garras para
fora, seus dentes à mostra. "Ele estava ensinando você, Skai,
por ordem do capitão, para que você pudesse ajudar a sair do
buraco em que nos meteu. E é assim que você retribui a ele?
Eu podia sentir seu medo no meio da montanha!"
Tanto Tristan quanto Simon fizeram uma careta, e
felizmente Simon deu meio passo para trás, embora ainda
fosse uma boa cabeça mais alto que Salvi, e
provavelmente duas vezes mais largo. "Vá embora, falso
curandeiro fjandi," ele assobiou. "Eu nunca
machucaria o fraco Ka-esh. Mesmo quando Ka-esh me atiça.
Provoca-me. Fala mentiras de Skai."
"Não são mentiras se forem verdade," Salvi disparou
de volta. "E John estava louco para permitir um Skai como
você em sua biblioteca no primeiro lugar, muito menos com
eles. Agora, por que você não gentilmente sacode sua bunda
enorme para fora daqui, antes que eu leve tudo isso para o
capitão, e te chame por quebrar seus votos para o resto de nós,
pela segunda vez em dois malditos dias?!"
Os lábios de Simon se curvaram para trás, mostrando
uma boca cheia de dentes brancos e afiados. "Eu não quebro
nada. Eu mantenho seguro. Eu faço cumprir. Eu não me afasto
dos votos, como o falso curador Ka-esh, que não é meu ou
forjado, como Ka-esh deveria. Em vez disso, age como
médico
e não cura nada!"
"Oh, foda-se," Salvi rosnou, sua voz profunda com
ódio. "Se John não é o Sacerdote desta montanha, então você
com certeza não é nosso Executor. E se eu não sou um
médico, então me diga por que diabos nenhum daqueles
homens que você lutou ontem está queimando em cinzas em
uma pira, apesar de seus melhores esforços!"
Os olhos de Simon brilharam perigosamente, seus
punhos se erguendo, e por um momento, Rosa pensou que ele
ia bater Salvi direto no rosto — mas então ele girou
abruptamente em direção à porta, seu corpo enorme mantido
muito rígido. "Agradeço por ensinar, pequeno Ka-esh," disse
ele, para o corredor, sem olhar para trás — e então se afastou,
deixando para trás um silêncio pedregoso e crepitante.
"Foda-se ignorante saltitante," Salvi assobiou,
viciosamente, no silêncio,
antes de se voltar para Tristan novamente — e então seu corpo
parecia imóvel, e suas mãos estalaram no rosto de Tristan,
inclinando-o para olhar para ele. "Ei,"
ele respirou, quieto. "Ei, sæti. Você está bem. Ach?"
Parecia uma cena insuportavelmente privada, de
repente, e Rosa se obrigou a desviar o olhar quando ouviu
Tristan fungar, ouviu a mudança de roupas e pele. "Ach, você
está bem," disse Salvi, tão suave que Rosa quase não
conseguiu ouvir. "Estou aqui. Ninguém está tocando em você
além de mim. Ach?"
Houve outra fungada, seguida de silêncio, e quando
Rosa arriscou um olhar em direção a ela, Tristan estava
enfiado no peito de Salvi, a mão em garra de Salvi acariciando
repetidamente seu cabelo. Enquanto o próprio Salvi olhava
para a parede, sua mandíbula apertada e sombria.
Mas então Tristan se afastou propositalmente,
abaixando-se
completamente do abraço de Salvi e enxugando os olhos com
as palmas das mãos. "Eu deveria," ele disse, sua voz grossa,
"encontrar John-Ka."
Salvi imediatamente enrijeceu, os ombros curvados,
as mãos cerradas ao lado do corpo. "Por que?" Ele demandou.
"O que você precisar dele — "
Mas Tristan lançou um olhar aguçado para Rosa, que
agora foi pega olhando descaradamente para os dois, e de fato
desejando, desconexa, que John aparecesse, exatamente como
Salvi. Que ele a pusesse em seus braços, a acariciaria e lhe
diria que tudo ficaria bem...
Mas não. Não. John tinha mentido para ela,
novamente. Ele não tinha contado a ela sobre isso — vínculo
mágico. E quanto mais Rosa ficava aqui e considerava isso,
mais tudo fazia um sentido doentio e devastador. John a havia
manipulado, repetidas vezes. Ele intencionalmente,
sistematicamente usou esse vínculo contra ela. As mulheres
desejam servir, obedecer, acreditar...
E no horror que crescia lentamente e perigosamente,
havia a terrível e fundamental percepção de que talvez toda a
sua pesquisa estivesse certa sobre isso, afinal. Os orcs
realmente exerciam magia negra. Não apenas magia de cura,
como a de Efterar. Mas magia que poderia prender. Coagir.
Controlar.
Foi uma crueldade. Uma atrocidade. Talvez até o
suficiente para começar uma guerra. Os braços de Rosa
agarraram sua cintura, seu batimento cardíaco batendo
dolorosamente contra suas costelas, e ela só notou de longe
Salvi xingando, e então saindo pela porta. Deixando-a sozinha
com Tristan novamente, mas Rosa não conseguia nem olhar
para ele, só conseguia ficar ali parada e piscar para o chão.
Esperando, esperando, por —
Ele. John. Avançando para o quarto, levantando o
olhar de Rosa em direção ao dele,
quase como se fosse um comando silencioso. Como se por um
vínculo de controle secreto e ilícito, e a certeza amarga e
pungente disso só aumentou quando ele se aproximou, os
olhos fixos, os passos rápidos no chão de pedra. E quando a
mão firme e profissional dele segurou a nuca dela, Rosa
procurou resistência,
coragem. Os orcs seduzidos, controlados, mágicos…
"Mulher," a voz de John estalou, não gentilmente.
"Fale comigo."
Rosa estava realmente, desesperadamente, tremendo,
piscando para seu áspero rosto. Ele era um orc duro. Um orc
frio. Ele mentiu. E ela descobriu o que veio buscar, ela
contaria a Lord Kaspar e salvaria seu futuro, e ela não se
importava, ela não...
"Mudei de ideia," ela se ouviu dizer, trêmula,
resignada, morta por dentro. "Eu quero que você me leve para
casa."

Capítulo 21
Rosa esperava que seu grande anúncio fosse recebido
com raiva, ou descrença, ou talvez mais exortações,
promessas ou súplicas. O que ela não esperava era que John
desse um breve e exasperado suspiro, e apertar a mão dela, e
a puxar em direção à porta.
"Espere," disse ela, olhando impotente para
trás,olhando a cara igualmente confusa, de Tristan. "Você
realmente — você vai — concordar?"
John continuou andando, arrastando Rosa pelo
corredor escuro como breu, tão rápido que ela teve que correr
para acompanhá-lo. Mas ele ainda não tinha falado, e ela
olhou em vão na escuridão, e puxou seu braço em seu aperto.
"John," ela disse, inquieta, exasperada. "O que você está
fazendo?"
Ele parou abruptamente no corredor, e Rosa ouviu um
clique estranho e fora de lugar — e então sua mão a arrastou
novamente, até que houve o som inconfundível e
incongruente de uma porta se fechando atrás deles. E então
— Rosa piscou e protegeu os olhos — houve luz,
ganhando vida a partir de uma lâmpada em uma pequena mesa
de madeira.
E a mesa estava em — uma nova sala. Um — quarto
humano. Estranhamente, mas
inconfundivelmente, com sua porta de madeira fechada e bem
ajustada, e sua falta de características rígidas e esculpidas. Em
vez disso, este quarto era pequeno e aconchegante, com um
teto mais baixo do que a maioria dos outros quartos que Rosa
tinha visto até agora, e
paredes caiadas de branco. E colocado dentro dele havia um
conjunto de móveis de madeira resistentes, mas
inegavelmente feitos pelo homem. Incluindo uma cama de
dossel, completa com uma colcha, e ao lado dela, um pequeno
berço vazio.
Rosa olhou para o berço por um instante muito longo,
sua barriga
balançando desconfortavelmente — e ela se virou para olhar
boquiaberta para John. O rosto de olhos vazios. O que ainda
traía cada traço de suas besteiras, manipulação e mentiras.
"Você está me prendendo aqui?" ela exigiu para ele,
sua voz estridente. "Você não vai me deixar sair?"
"Não," John respondeu, frio, implacável. "Eu não vou.
Você se tornou aborrecida, temerosa e sobrecarregada. Jurei
cuidar de você e não permitirei que você fuja e arrisque sua
própria vida por um capricho infundado e temeroso. Acima de
tudo, um que foi desencadeado por um estúpido Skai, que
certamente fez isso para me provocar, mesmo depois de jurar
ao capitão que não faria isso!"
O primeiro lampejo de raiva brilhou nos olhos de
John, e Rosa sentiu sua própria raiva acender para igualar,
seus braços cruzando com força sobre o peito. "Não é um
capricho sem fundamento," ela retrucou. "É você mentindo
para mim, de novo. Você guarda segredos de mim. Você está
me manipulando, com sua merda de Ka-esh de fala mansa!"
"Ach, agora você soa como um Skai," John
respondeu, cortando. "O que você vai reivindicar de mim em
seguida. Eu roubo as mulheres dos meus irmãos e, em
seguida, mato seus filhos, enquanto rabisco no meu livro
covarde e cacarejo de alegria?"
As palavras pegaram Rosa de repente, e por um súbito
e arrebatador instante,
houve uma vontade selvagem, ridícula e terrível de rir — mas
ela se livrou disso e olhou diretamente para ele.
"Você não me contou," ela sussurrou, "sobre este
vínculo, entre nós. O vínculo de controle. Aquele que
aparentemente me faz querer agradá-lo, e
obedecê-lo, e até mesmo matar nosso filho, desde que ajude
sua campanha para se tornar Sacerdote!"
Algo gaguejou nos olhos de John, tão fugaz que Rosa
quase não percebeu, antes que ele sacudisse a cabeça com
força, chicoteando sua trança preta atrás dele. "Minha
campanha para me tornar Padre está morta," ele retrucou. "E
esse vínculo não é destino ou regra. É apenas uma verdade da
natureza, que existe em todas as criaturas, e também entre
mulheres e homens. Não me diga" — seus lábios
se curvaram — "que você não queria agradar seu senhor rico
e barato? Você não quis obedecê-lo e sugar a semente de seu
pau gordo?"
Sua voz tinha ficado fria, zombeteira, e graças aos
deuses havia apenas mais raiva, afastando aquela imagem
coagulante e desagradavelmente enervante. "Não," Rosa
retrucou, seus dentes cerrados. "Eu já te disse, seu idiota
presunçoso, que eu não suporto Lord Kaspar, e que eu só fiz
isso pela biblioteca. Pela minha educação e pela minha
existência contínua. Eu nunca quis que ele fodesse minha
garganta em uma floresta encharcada, ou em um maldito
corredor público. E eu com certeza não queria que ele
rosnasse para mim, ou me assustasse, ou colocasse suas
garras em volta do meu pescoço!"
John estava olhando para ela novamente, seus olhos
quase dolorosamente frios, sua boca fina e apertada. "Eu não
fiz nada que você não desejasse. Eu procuro agradá-la e
ajudá-la."
"Ajudar-me?" Rosa gritou de volta. "Me ajudar ?!
Não, você procura mentir para mim, me manipular e me
silenciar para ser seu animal de estimação! Você procura
encobrir a verdade evidente e repugnante de que você lançou
algum tipo de feitiço vil de orc em mim!"
A garganta de John fez um barulho que poderia ter
sido um gemido, ou um bufo. "Não
se gabe, mulher," ele retrucou. "Se eu realmente quisesse
lançar alguma
magia absurda sobre uma mulher, você pode ter certeza de que
eu não deveria ter escolhido você! Uma pequena prostituta
ossuda, irritante e inconstante, que se considera esperta, mas
é
lançada em um ataque de fúria tolo por causa de algumas
palavras de um Skai !"
A boca de Rosa estava abrindo e fechando inutilmente
— John tinha acabado de chamá-la de prostituta?! — mas
antes que ela pudesse falar, ele deu um passo rápido e perigoso
para mais perto, garras à mostra, um grunhido baixo saindo de
sua garganta.
"Eu deveria ter escolhido," ele sussurrou, "uma
mulher alta, forte, saudável e serena. Alguém que não se
vende pelo maior lance, nem faz
perguntas constantes a cada respiração, ou finge ser mais sábia
do que realmente é!"
As palavras pareciam atingir Rosa uma a uma,
pegando e
reverberando em algo profundo e fundamental dentro dela.
Forte o suficiente para fazê-la cambalear para trás, suas mãos
agarrando seu
batimento cardíaco, e parecia que havia gelo, de repente,
estalando por dentro, quebrando.
Uma prostituta, que se vende. Perguntas rabugentas.
Finge ser
inteligente...
A respiração de Rosa estava saindo em goles finos e
agudos, o som muito alto neste adorável quartinho, e seu
engolir em seco também era audível, atingindo seus ouvidos.
Bons deuses, o que havia de errado com ela, o que
importava, ela era uma espiã, ela veio para ajudar a começar
uma guerra, John era frio e duro, ele era, ela sairia daqui e
correria de volta para Lord Kaspar e ela não se importava...
Ela podia ouvir o suspiro pesado de John sobre sua
respiração engasgada, podia senti-lo se aproximando — e
então o calor abrupto e trêmulo de sua mão em seu pescoço.
Sua mão, gentil, inclinando a cabeça dela para cima para
encontrar seus olhos inconstantes, e ele estava abrindo a boca,
ele estava prestes a falar...
"Por favor, não," Rosa se ouviu ofegar, seus olhos
molhados piscando para os dele.
"Não diga nada. Não assim, não agora. Por favor."
Os olhos de John se fecharam brevemente — mas
então ele assentiu, rápido e furtivo, sua
garganta convulsionando. E enquanto Rosa estava ali,
olhando para ele, era quase como se ela pudesse ver seu
arrependimento, sua determinação, subindo, estremecendo
em seu
rosto...
O movimento se agitou em uma corrida, o quarto
girando amplo e
lateralmente, correndo até as costas de Rosa — e quando se
acalmou novamente, ela estava
deitada na cama de dossel, seus membros esparramados
contra a colcha macia. E John, John estava pairando sobre ela,
escuro e enorme e ameaçador, e ela estremeceu ao senti-lo
puxando o cinto de couro preto que ele lhe dera,
juntando sua túnica solta contra sua cintura. E então — Rosa
gritou alto — ele agarrou os dois braços dela com uma mão
em garra, arrastou-os
sobre sua cabeça e usou o cinto para prendê-los à cabeceira da
cama com uma facilidade graciosa e devastadora.
Deixou Rosa esparramada e amarrada em uma cama,
com o peito arfando impotente, toda a bunda meio exposta e
inteiramente nua para o quarto. E para o orc, o odioso, cruel e
mentiroso orc, que estava ajoelhado entre suas pernas abertas,
e olhando para ela com olhos brilhantes e perigosos.
"Que porra," Rosa ofegou, "você está fazendo."
A expressão de John não mudou, seu corpo enorme
perto, enrolado, mortal. "Eu jurei que deveria cuidar de você,"
ele assobiou. "Assim, serei um senhor bondoso e lhe
concederei o que você tanto precisa, em sua angústia. O que
você deseja."
Rosa gaguejou para ele, prestes a dizer que essa era a
última coisa que ela desejava, de todas as coisas que desejava
em toda a terra — mas então, que deuses o amaldiçoe, John
rosnou para ela e tocou sua coxa nua.
O toque era gentil, cuidadoso, talvez quase hesitante,
em total desacordo com aquele som áspero e aterrorizante de
sua garganta — mas juntos, era quente, primitivo e
maravilhoso. Arrastando a respiração sibilante de Rosa por
entre os dentes, seus cílios esvoaçando furiosamente, e acima
dela John realmente riu, não tão zombeteiro desta vez.
"Mulher boba," disse ele. "Você deseja isso também,
ach? Você deseja por mim? Mesmo que você ainda pense que
eu lancei algum feitiço cruel sobre você?"
Sua mão começou a deslizar pela coxa de Rosa, lenta,
deliberada, gloriosa, deixando sua pele faiscando em seu
rastro. E ela estava se contorcendo sem querer, sugando o ar,
sentindo a força do couro macio dele contra os pulsos
amarrados dela — e lutando contra a vontade quase
avassaladora de acenar. Para dizer continue, não pare, por
favor...
"Você tinha que ter feito alguma coisa," Rosa
respondeu, embora sua voz soasse sem fôlego em seus
ouvidos. "É a única coisa que faz sentido."
"É?" John rebateu, erguendo as sobrancelhas,
enquanto aquela mão continuava deslizando. Não
escorregando entre as pernas separadas de Rosa, como seus
pensamentos traiçoeiros poderiam esperar, mas sim raspando
suavemente suas garras sobre seu quadril, curvando-se contra
sua cintura. Puxando a túnica solta com ela, e Rosa não
conseguia pensar, especialmente quando — sua boca deu um
gemido estrangulado — ele expôs seu seio nu, e então puxou
seu mamilo, gentil, determinado, proprietário.
"É?" ele perguntou novamente, seus olhos frios,
exigindo dela, enquanto aquela mão quente deslizou para o
outro lado, e fez o mesmo ali, puxando, torcendo,
provocando. "Ou pode ser, talvez, que eu jurei cuidar de você,
e eu fiz isso? Eu vi o perigo que nós tolamente cortejamos,
então eu trouxe você para
minha montanha, eu lhe dei boa comida e leite, eu cuidei de
você em minha própria cama, eu lavei você em meu próprio
banheiro. Eu lhe mostrei minha casa e respondi suas
perguntas e lhe dei licença para trabalhar na minha biblioteca.
Ach, eu provei você, quando nenhum homem o fez, e lhe
concedi a emoção do medo que você deseja. Mesmo agora eu
acaricio você e acalmo você, mesmo depois de você ter
tentado se colocar em perigo ao sair, e me culpar pelo que eu
não fiz. Ach?"
O completo idiota, e Rosa tentou um olhar, o que
provou ser surpreendentemente
desafiador quando ele levantou a outra mão, agora brincando
com ambos os mamilos endurecidos e pontudos ao mesmo
tempo.
"Você gritou comigo também, orc," ela engasgou. "E
você também me amarrou a uma cama e me chamou de idiota,
tagarela, ossuda e prostituta!"
A cabeça de John se inclinou, seus olhos se fixaram
nos dela, enquanto suas mãos se aninhavam mais perto contra
a leve protuberância de seus seios, acariciando-os suavemente
contra as
palmas das mãos. "Você é ossuda e tagarela," disse ele, com
uma frieza abominável. "Mas eu não te chamei de estúpida,
ou de prostituta. Eu disse que você se acha mais inteligente
do que é, o que é verdade, se você se vê enganado por um
Skai. E você se vendeu para o maior lance, e agora" — sua
boca se curvou,
presunçosa — "este sou eu, querida."
Ele pontuou as palavras com um beliscão insolente em
ambos os mamilos, puxando um gemido acalorado para a boca
de Rosa, e algo que poderia ter quase foi um sorriso — que
ela mordeu de volta, com força, enquanto as mãos dele
acariciavam sua cintura nua.
"Você — você me chamou de prostituta," Rosa
conseguiu, sua voz soando abominavelmente quente. "Uma
rameira!"
A boca de John realmente se contraiu, breve, mas
verdadeira — e com uma sobrancelha arqueada, ele
finalmente, finalmente, deslizou a mão para baixo e a traçou
levemente entre as pernas separadas de Rosa. Ganhando um
estrangulamento frenético e desesperado de sua
garganta, e um aperto igualmente desesperado de sua umidade
inchada
contra seu dedo gentilmente penetrante.
Foi humilhante e altamente traidor, e John realmente
riu alto, real e genuíno, apenas pela segunda vez em todo o
seu conhecimento. Seu rosto se iluminando, seus olhos
escuros enrugando nos cantos, seu olhar caloroso e divertido
e talvez quase... afetuoso.
"Você é uma prostituta, animal de estimação," disse
ele, com grande satisfação. "Você
despreza o homem rico, poderoso e titulado que o reivindica,
para que você possa ser presa e levada por seu inimigo. Por
um orc."
E enquanto ele falava, era quase como se a verdade
sombria e amarga disso tivesse
voltado para a sala, em seus olhos. Fechando o calor atrás
dele, trancando-o em uma distância fria novamente, e de
repente Rosa precisava dele de novo, ansiava por ele
novamente. Essa versão rara e oculta de John que provocava
e ria, e discutia sobre tecnicalidades, e... a queria. Cuidava
dela.
A certeza estranha e estrondosa disso pareceu se
infiltrar,
contorcendo-se profundamente — e ainda mais profundo
quando ela viu os ombros dele subirem e descerem,
seus olhos se fechando novamente. E quando abriram desta
vez, eram escuros, perigosos, mortais.
Seu rosnado áspero e fundamental pareceu acender
todos os nervos sob a pele de Rosa ao mesmo tempo,
sufocando sua garganta, apertando a fome em sua
barriga. Seus olhos estremecendo, seu corpo se contorcendo,
puxando em vão suas restrições, preso sob o poder puro e
devastador de um orc feroz e diabólico.
Suas garras acariciando eram mais afiadas desta vez,
raspando linhas vermelhas contra sua pele, mas Rosa apenas
resistiu e engasgou, gemendo com a agonia requintada e
provocante. E quando aquelas garras abriram suas pernas e se
arrastaram tão gentilmente contra seu calor trêmulo e
gotejante, houve apenas uma sacudida ondulante em
suas costas, um som de sua garganta que poderia ter sido um
grito.
"Oh," ela respirou, enquanto ele fazia isso de novo,
seus olhos quentes, escuros, famintos por
sangue. "Oh deuses, John, por favor, por favor!"
Ela não tinha ideia do que estava implorando — ou
tinha, enquanto aqueles dedos com garras se arrastavam
novamente, circulando, circulando. Tão afiado, tão letal, tão
pesado com a promessa de dor, de dano real. Tão pesado, de
repente, com uma questão de — confiança.
"Por favor," Rosa sussurrou, para aqueles olhos
crepitantes. "Por favor, meu senhor."
John viu, ele sabia, a consciência rápida, mas segura,
estremecendo com verdade. Com a emoção impossível e
gritante de uma daquelas mãos com garras,
deslizando para pressionar suavemente contra o pescoço de
Rosa — enquanto a outra
abria mais suas coxas, empurrava seu calor inchado e
apertado.
"Você não deve se mover, uma vez que eu te violar,"
ele sussurrou, suavemente. "E você deve falar ao primeiro
sinal de dor. Você deve jurar isso para mim. Sem
falsidades."
Rosa estava assentindo fervorosamente, sua garganta
se contraindo contra a mão dele, e suas pernas se alargaram
ainda mais, aparentemente por conta própria. "Eu juro, John,"
ela sussurrou, implorou, para aqueles olhos. "Sem falsidades."
Seu aceno de resposta foi rápido, brusco — mas seu
dedo mortal abaixo, movendo-se devagar e gentilmente, foi
tudo menos isso. Traçando contra ela com
cuidado impossível, aquela garra pontiaguda suavemente,
silenciosamente, docemente, afastando seu
calor inchado.
Rosa podia sentir a umidade pingando — se ainda era
dele, ou dela, ela não sabia — mas naquele momento não
havia vergonha, não havia necessidade de se esconder. John
não permitiria isso de qualquer maneira, seus pensamentos
distantes a tranquilizaram, ele a queria nua e ansiosa — mas
mais do que isso, ela prometeu a ele que não iria se mexer, e
ela precisava agradá-lo, provar que ela era digna...
E ela estava, ela tinha que estar, porque aquele único
dedo de ponta afiada estava
lentamente, com certeza, deslizando dentro dela. A garra
mortal real de um orc, afundando no lugar mais macio, mais
fraco e mais vulnerável de Rosa, e ela manteve seu corpo
muito imóvel enquanto o sentia abrindo-a, invadindo-a, o
prazer nu, a fome e o desejo batendo sob sua pele.
Mas não havia dor, pelo menos não ainda, mesmo
quando Rosa se sentiu apertando e queimando em torno de sua
invasão mortal. Querendo-o mais fundo,
lutando para arrastá-lo mais fundo, e John bufou outra risada
enquanto sua outra mão flexionava em seu pescoço, seu olhar
passando rapidamente para seu rosto.
"Você jurou não se mexer," ele sussurrou, embora não
soasse totalmente descontente. "Mulher tola."
Rosa engoliu em seco, seus cílios estremecendo com
a sensação de sua garganta
se movendo contra a pressão suave de sua mão. "Eu n-não
posso evitar," ela respirou. "Perdoe-me, meu senhor."
Seus olhos quase pareceram escurecer à luz da
lâmpada, brilhando nus e com fome, e Rosa sentiu aquele
único dedo afundar um pouco mais. Puxando
outro aperto contínuo e convulsivo de seu calor úmido em
torno dele, e deuses, ele se sentia bem, ele sempre se sentia
bem, mesmo quando ele tinha sua garra afundada até a
metade dentro dela...
"Mais," ela engasgou. "Todo o caminho. Por favor,
meu senhor."
Seu olhar de resposta para o rosto dela parecia quase
atordoado desta vez, mas sua a cabeça assentiu, seus olhos
caindo de volta para o que ele estava fazendo entre as pernas
dela. E o olhar de Rosa também caiu, e foi violenta e
fatalmente pego nele, suas partes mais vulneráveis
escancaradas e sem vergonha, enquanto
a enorme mão cinzenta de um orc se aproximava, seu dedo
médio longo e com garras desaparecia, sugado, bem no
fundo…
O corpo de Rosa estava apertando, pingando,
segurando firme, sua boca sufocando
um fluxo constante de suspiros e gemidos enquanto ele
afundava mais, mais fundo. Ainda sem dor, ainda não,
embora, pela primeira vez, houvesse a sensação chocante e
derretida de nitidez por dentro, tão profundo, oh inferno.
"É dor," John ofegou, seus olhos brilhando com
alarme, e quando Rosa
freneticamente balançou a cabeça, ele imediatamente relaxou,
sua garganta balançando. "Eu alcancei a cabeça de seu útero,"
ele murmurou, "mas eu procuro deslizar por trás dele. Como
fiz com meu pau, quando te fodi assim."
Bons deuses, essa admissão, essas palavras,
escorregando tão quente e fácil de sua boca. Este maldito orc
estava pensando em anatomia quando ele a fodeu, ele estava
pensando nisso agora — e o pensamento era tão selvagem,
completamente convincente que Rosa traiu um grito rouco e
ofegante, seus olhos
imediatamente correndo para sua virilha. Sua virilha deliciosa
e tensa, com uma mancha incriminadora de umidade em suas
calças, bem na cabeça de seu comprimento maciço...
"Foda-me de novo?" ela resmungou para ele, e
embora ela tivesse jurado não se mover, ela estava quebrando,
tentando arrancar seus braços de suas restrições, a
necessidade de alcançá-lo, tocá-lo, de repente tão forte que ela
se sentiu fraca. "Por favor?"
A gargalhada de resposta de John foi ofegante,
divertida, mesmo quando seus olhos pareciam escurecer ainda
mais, sua cabeça balançando. "Ach, não," ele respirou. "Você
não deseja meu filho, você sabe que eu lancei um feitiço sobre
você. Você
quase me deixou hoje, por causa disso."
Quase o deixou. Falou sem nenhum traço de
amargura, e Rosa foi
pega piscando para ele, ofegante, seu corpo invadido ainda
pulsando e convulsionando ao redor dele. E por um momento
de martelada e pendurada, ela sentiu
sua boca aberta, totalmente prestes a dizer, eu não me importo,
eu realmente não iria embora ainda, por favor, apenas faça
isso de qualquer maneira, eu preciso sentir isso de novo, por
favor...
Mas ela engoliu de volta, bem a tempo, e lutou para
respirar, por
um pensamento coerente. "Então me mostre. Preciso ver você.
Por favor, meu senhor."
Ela tinha certeza de que ele recusaria, abruptamente,
absolutamente certo disso — mas então, sem aviso, sua mão
caiu para a frente de sua calça, rápida e cambaleante, e se
puxou para fora.
E. A visão disso novamente. A forma como suas
garras o agarraram tão facilmente, tão casualmente. A força
longa e poderosa dele, o fio branco e grosso gotejando da
fenda, as linhas dessas cicatrizes ao longo de todo o
comprimento. E Rosa estava novamente se contorcendo
contra suas amarras, precisando desesperadamente tocá-lo,
sentir aquela suavidade sedosa sob seus dedos, saborear
aquele doce mel em seus
lábios...
"Fique quieta, querida," John ordenou, embora sua
voz soasse tão desgastada quanto
ela se sentia. "Ou vou escondê-la novamente."
Oh deuses, ele não podia, e o corpo de Rosa
imediatamente congelou no lugar, apertando ainda mais forte
ao redor daquele dedo — aquela garra — ainda quase todo
dentro dela. E em troca John realmente riu de novo, sua
cabeça inclinada para trás, o som quente, rouco, tão bonito que
ela poderia quebrar...
"Por favor, meu senhor," ela implorou, contra todo
pensamento, todo melhor julgamento.
"Por favor. Mostre-me."
Sua risada de resposta foi mais profunda desta vez,
mais forte, áspera com promessa — e então, enquanto Rosa
olhava, pegava, ansiava, ele deslizou seus dedos em garra por
seu próprio comprimento, lentamente. Inclinando-se sobre os
joelhos ao fazê-lo, de modo que — Rosa engasgou — a
resultante e espessa corrente de líquido caiu para se acumular
em sua barriga nua, brilhando contra sua pele trêmula.
Foi uma das visões mais emocionantes de toda a vida
de Rosa, lá em cima, quando esse enorme pênis se projetava
dentro dela, e seu gemido era alto, longo, totalmente irrestrito.
Ganhando outra risada curta da boca de John, outro espesso e
visível respingo branco de sua fenda profunda e deliciosa.
"Porra," a voz de Rosa gemeu, sozinha. "Não pare,
meu senhor.
Por favor."
Seu gemido em resposta significava que ele não iria,
ele não poderia, e seus dedos em
seu comprimento cheio de cicatrizes e veias lentamente
deslizaram para cima novamente — desta vez, enquanto seu
dedo entre as pernas de Rosa afundou um pouco mais. Como
se ele estivesse fodendo os dois
ao mesmo tempo, e Rosa arfou e estremeceu com a verdade
disso, movendo-se, mas não se importando, mesmo quando
ela sentiu a nitidez cutucar novamente, bem
no fundo, oh inferno.
"Mais," ela implorou, procurando seu rosto, bebendo
seus olhos trêmulos. "Por favor."
Ele fez, ele obedeceu, sua cabeça balançando
enquanto a garra entre suas pernas
cutucava ainda mais fundo, enquanto sua outra mão acariciava
seu comprimento novamente, ordenhando mais daquele
branco balbuciante, acumulando-o mais grosso na pele nua de
Rosa. Marcando-a, mesmo que ele não estivesse transando
com ela, e ela sentiu seu corpo arqueando, desviando,
dirigindo para aquele dedo invasor, precisando dele, mais...
"Fique quieta," ele sussurrou, um lampejo de raiva
faiscando em seus olhos, mas isso só piorou, fez o corpo de
Rosa se contorcer mais forte, exibindo-a, desafiando-a.
Precisando apenas se lançar na garra de um orc, se aprofundar
mais, sentir a verdade impossível e alucinante dos nós dos
dedos de um orc, pressionados contra seu calor pulsante e
úmido...
"Não posso," ela engasgou com ele, as faíscas
brilhando mais brilhantes, a sala piscando ao redor,
estreitando para isso, apenas isso, fome e desejo e sensação
louca, gritando. "Por favor, meu senhor, por favor John-Ka,
por favor !"
E oh, ele estava com ela, de repente, ele estava ali,
aquele longo dedo com garras finalmente, finalmente
deslizando para dentro e para fora um pouco, combinando
com os golpes duros e brutais de
sua mão em seu pênis inchado e pingando. Parecendo um deus
vingador sombrio, um belo monstro furioso, seus olhos
rolando para trás, seus lábios entreabertos, seu corpo inteiro
empurrando em sua mão...
"Abra a boca," ele sussurrou, quase inaudível, mas
Rosa obedeceu, imediatamente, impotente — e então, foda-
se, aquele pau em sua mão visivelmente parado, as enormes
bolas sob ele apertando — e então ele disparou. Espalhando
fios de um branco espesso e leitoso, por todos os seios e
barriga de Rosa e até mesmo seu rosto, respingando em sua
boca aberta, faíscas brilhantes
e quentes em sua língua.
E a visão disso, a realidade disso — o enorme pau de
um orc pulverizando-a com sua semente enquanto ele a
cravava com sua garra — finalmente libertou o alívio
desesperado e devastador de Rosa. O prazer gritando
furiosamente, pulsando ao redor da invasão apertada de seu
dedo, enquanto seu corpo se contorcia e se agitava, e o calor
branco queimava em seus olhos, golpeando seu coração.
Consumindo-a limpa, inteira e pura, enquanto a garra do orc,
e o pênis ainda cuspindo, a marcavam, a brutalizavam, a
reivindicavam para si.
Os tremores secundários continuaram a convulsionar,
mesmo quando o prazer gradualmente desapareceu, enquanto
o jato daquela fenda profunda se reduzia a um lodo gotejante,
novamente se acumulando no rosto de Rosa.
Enquanto aquele dedo invasor lentamente,
cautelosamente saiu dela, e então levantou para seus próprios
lábios levemente trêmulos, e deslizou para dentro.
Isso significava que Rosa foi deixada amarrada a uma
cama, suas pernas esparramadas, seu corpo nu coberto por um
brilho grosso e bagunçado de semente de orc. Enquanto sua
língua traidora
continuava saindo, quase por conta própria, para lamber a
bagunça, enquanto seus olhos estavam presos, presos, na
visão desse orc lindo e furioso, corado e desfeito, seu próprio
dedo — que acabara de entrar ela —
sugou profundamente e gananciosamente em sua própria
boca.
Seus olhos piscaram uma vez, com cílios longos e
quase surpresos — e então seu dedo arrancou de entre os
lábios, rápido o suficiente para que Rosa esperasse ver sangue
em seu rastro. Mas não havia nada, apenas um aperto em sua
boca enquanto seu olhar subia e descia por seu corpo
debochado e gotejante.
"Você está com dor," disse ele, rígido, com os lábios
ainda franzidos, e Rosa considerou isso, e então balançou a
cabeça. Mesmo quando sua própria língua amaldiçoada
varreu novamente, lambendo impotente em mais da maldita
deliciosa bagunça,
e ela podia ver os olhos de John seguindo a visão, o mais leve
clarão de calor sacudindo atrás deles.
"Tolo animal de estimação," ele murmurou, mas seu
longo braço se esticou, facilmente, para
limpar um pouco da mancha na bochecha de Rosa. E então ele
o deslizou entre os lábios dela, o gosto explodindo em sua
língua — mas misturado, desta vez, com
algo mais nítido, menos familiar. E quando sua língua
cuidadosamente cutucou a garra dele, houve a percepção
sacudida e fervilhante de que este era aquele dedo. O que
estava dentro dela, e a enchia com um prazer tão furioso e
proibido.
"Obrigada, meu senhor," ela sussurrou, e John
reconheceu isso com um aceno silencioso enquanto ele fazia
isso de novo, novamente. Limpando a bagunça que ele tinha
espalhado em seu rosto, alimentando-a, com um cuidado
silencioso e intenso que parecia de repente, totalmente em
desacordo com a versão dele que tinha feito a bagunça em
primeiro lugar.
Ou foi, porque outro lampejo de calor cruzou seus
olhos quando ela chupou mais forte em seu dedo — e então
ainda mais quando ela o mordeu levemente, segurando-o no
lugar, cuidadosamente enrolando sua língua contra sua garra.
"Você ainda deseja partir?" ele perguntou agora, sua
voz fria, enquanto ele gentilmente mergulhou seu dedo mais
fundo, aquela garra cutucando muito suavemente contra a
parte de trás de sua garganta. "Ou você deve ficar, e ser grata
pelo meu cuidado com você?"
Era ele sendo um idiota arrogante dominante de novo,
o cérebro racional de Rosa notou, de algum lugar muito
distante — mas ao mesmo tempo, também — não era. Porque
ele ainda estava... perguntando. Ainda, talvez, oferecendo. E
mesmo que ele a tivesse amarrado a uma cama e a coberto
com sementes de orc, mesmo que tudo isso tivesse sido algum
tipo de distração maligna — Rosa, de fato, se sentiu
surpreendentemente calma novamente. Recolhida novamente.
Cuidada.
"Você sabe que eu realmente não queria ir," ela ouviu
sua voz terrível
murmurar, uma vez que ele puxou aquele dedo novamente.
"Embora eu realmente apreciaria se você me dissesse coisas
assim, John. Eu não posso confiar em você, se você guardar
segredos de mim."
As sobrancelhas de John se ergueram, traindo uma
presunção que era claramente suportada pelo fato vergonhoso
de que ela havia confiado nele o suficiente para levar sua
garra dentro dela. Mas então seu olhar se desviou e ele se
abaixou ao lado da cama, onde sua mão produziu, para vaga
surpresa de Rosa, o que parecia ser um trapo — e que ele
levou até o rosto dela, limpando-lhe cuidadosamente as
bochechas.
"Eu respondi dezenas de suas perguntas tagarelas,
querida," disse ele, com os olhos fixos em seu trabalho. "O
que mais você deseja saber?"
Rosa mostrou a língua para ele, puramente por esse
ponto de tagarelice — e em troca ele prontamente beliscou
sua língua com o pano, arrancando uma
risada relutante e borbulhante de sua garganta. "Bem," disse
ela, observando-o,
criando coragem. "Por que você nunca retrai suas garras,
como os outros orcs fazem? É que você não quer?"
Era algo que ela estava querendo perguntar, desde que
ela notou que as garras de Efterar se retraíram em sua primeira
noite aqui — mas era por isso que ela não tinha, o jeito que os
olhos de John se fecharam de uma vez, toda a distância gélida
e guardada. Mas ela esperou, observando-o, enquanto ele
terminava de enxugar seu rosto, e
descia o pano para acariciar, gentilmente, seu pescoço.
"Eu vivi, por muitos anos, com orcs que não eram —
gentis," ele disse
lentamente. "Procurei manter a salvo aqueles de quem me
importava, e tolamente pensei que se eu nunca puxasse
minhas garras, deveria estar sempre pronto para defendê-los.
Até que um dia, descobri que não poderia puxar minhas garras
novamente."
O coração de Rosa pareceu apertar-se, seus olhos
cravados em seu
rosto distante e desapaixonado. E antes que ela percebesse
isso, seus braços haviam puxado suas amarras novamente,
tentando se libertar, tocá-lo, enxugar aquele olhar, trazer o
calor de volta aos olhos dele...
"E você não poderia tentar consertá-las?" ela
perguntou, estremecendo ao ouvir as palavras, porque é claro
que ele teria tentado, ele era John. "Nada funcionou?"
Ele balançou a cabeça, uma contração de amargura
em sua boca. "Eu fundi o osso," disse ele, sua voz
enganosamente firme. "No momento em que cheguei aqui,
mesmo a alardeada magia de Efterar não poderia alterar isso."
Oh. Rosa estremeceu, mesmo seguindo essa sugestão
de trás para frente, para
a implicação de que ele nem sempre viveu aqui, afinal. "E
onde você morava antes disso? Com quem?"
John fez uma careta visivelmente desta vez, seu trapo
escorregando para o ombro dela, movendo-se talvez com
menos gentileza do que antes. "Os Ka-esh costumam abrigar
seus companheiros e filhos longe da montanha, em
acampamentos nas profundezas da terra," disse ele. "Meu pai
me criou em um desses, talvez por oito verões, até que ele foi
morto. Então fui transferido entre outros campos, muitas
vezes
com Tristan e Salvi, que também perderam seus parentes de
sangue."
Ele disse tudo com uma naturalidade curta e distante,
como se não significasse nada para ele, essa história horrível
de devastação e perda. "E você não conhecia sua mãe? Rosa
sussurrou, embora quase doesse fazer a pergunta. "Você não
poderia ter ido morar com ela?"
John soltou uma risada sombria, amarga. "Matei
minha mãe, com meu nascimento," disse ele. "Assim como
tantos da minha espécie."
Mas a miséria só apertou mais forte, cruel, raspando,
mesmo quando o trapo de John caiu sobre os seios de Rosa,
limpando-os com uma doçura agonizante. "Eu…" ela
começou, um coaxar. "Eu matei a minha também."
A mão de John parou abruptamente, seus olhos
piscando sem ver — e então disparando para cima, breve, para
o rosto dela. Procurando por ela, sobrancelhas franzidas,
quase como se ela pudesse estar mentindo, como se ela tivesse
que estar mentindo — mas ela se sentiu tentando um sorriso
para ele, não um sorriso.
"Meu pai só conseguiu alguns anos depois disso," ela
ouviu sua voz oca dizer. "Algum tipo de doença, nunca
consegui descobrir o quê. Mas ele era um estudioso, você
sabe, na Dusbury University, ele se especializou em línguas,
e antes de sua morte ele arranjou para mim" — ela arrastou
para respirar — "para ir para um internato. Até o dinheiro
acabar, pelo menos, mas depois disso, eu aprendi…"
Os olhos de John estavam muito atentos aos dela, suas
mãos muito quietas, esperando, ouvindo, seguras — então
Rosa de alguma forma encontrou mais ar, o resto das palavras.
"Aprendi que havia — outras maneiras de pagar," ela
sussurrou. "Com homens.
Como Lord Kaspar. E antes dele, meu mestre-escola.
Sr.Sullivan. Eles cuidaram de mim, me deram educação,
desde que eu" — ela engoliu em seco — "obedecesse."
Ela podia sentir seu batimento cardíaco batendo, sua
respiração presa em sua garganta,
seus olhos fixos, presos, impotentes nos de John. Quase como
se dissesse a ele, agora você sabe, eu realmente sou uma
mulher que se vende, uma prostituta. E o que ele faria agora,
a repulsa brilhar em seus olhos, ele
a chamaria de tola, estúpida e inútil...
Mas em vez disso, para sua vaga surpresa, John
apenas continuou limpando. Movendo o pano até a cintura
dela, gentilmente limpando sua bagunça. Franzindo o cenho
quando ele pareceu
encontrar um ponto teimoso — onde ele pingou primeiro nela,
talvez — e então ele realmente cuspiu em sua pele, um silvo
áspero e direto de saliva, antes de
esfregar novamente. E então prendendo o pano ensopado
entre os dentes
enquanto ele acariciava as duas mãos para cima e para baixo
na frente e nas laterais de Rosa, suavemente, demorando,
como se quisesse ter certeza de que ele fez seu trabalho bem,
e pegou todos os pontos.
Em seguida, cuspiu o trapo também, de lado no chão,
e finalmente
alcançou onde os pulsos de Rosa ainda estavam amarrados à
cabeceira da cama. E com alguns puxões do couro, ela estava
livre novamente, seus dedos apenas levemente formigando, e
ele estava segurando cuidadosamente suas mãos, e virando-
as, como se as inspecionasse em busca de qualquer sinal de
dano.
"Essa ligação acalmou você, ach?" ele disse, mais
para as mãos dela do que para o rosto. "Será que ajudaria mais
se eu amarrar suas pernas também, da próxima vez que você
estiver irritada?"
O calor e a fome surgiram nus e espontâneos,
escapando em um gemido impotente da boca de Rosa.
Fazendo os lábios de John se contorcerem, seus olhos se
fixando nos dela — e então segurando ali, um instante longo
demais, antes de desviar o olhar novamente.
Mas havia falado algo, revelado algo, mesmo assim.
Evocando aquela memória de Hanarr
falando, dizendo, nós Ka-esh não costumamos fazer votos. As
ações de alguém falam apenas a verdade.
E as ações de John diziam, muito claramente, que ele
não queria que Rosa fosse embora. Mas também, talvez, que
ele não se importasse com o passado dela, com os homens.
Que talvez isso não fosse tudo sobre seu trabalho, ou sua
reputação. Talvez ele se importasse com ela.
Esse pensamento foi de repente, inexplicavelmente
alarmante, assim como a
parte chocante e descarada de Rosa que agarrou seus ombros
largos — ele ainda estava vestido, o bastardo — e o arrastou
para a cama ao lado dela. Ele gozou de boa vontade, seu corpo
grande pesando sobre a colcha, e Rosa tomou a liberdade de
se aconchegar contra ele, a cabeça em seu ombro, seu braço e
perna rastejando sobre ele para segurá-lo perto.
"Se eu sou uma prostituta," ela murmurou, em seu
pescoço, "você é um — um canalha, John-Ka. Um réprobo
impiedoso e desonesto."
"Um réprobo," ele repetiu, devagar, como se testando
a palavra em sua
língua. "Por que é isso? Porque eu acabei de te dar tudo o que
você desejou?"
Rosa beliscou seu pescoço e foi recompensada com
um estremecimento de corpo inteiro embaixo dela, um
rosnado sibilante de sua garganta. "Você não fez," ela rebateu.
"Eu ameacei deixar você, então você me xingou, me amarrou
a uma cama e — e me estuprou. Com sua garra."
John suspirou, e houve o toque delicioso e
emocionante de sua mão,
vindo descansar contra suas costas. "Eu não deveria ter te
insultado, como eu fiz," ele disse, quieto. "Isso estava errado.
Eu deveria ter te acalmado melhor desde o
início. Não me agradou," — sua garganta engoliu, audível —
"ver você tão aborrecida, querida."
Oh. Foi — um pedido de desculpas. Lançando outro
choque de calor nas costas de Rosa, e antes que ela se
controlasse, ela deu um beijo suave em seu pescoço
perfumado. "Obrigada", ela sussurrou. "John-Ka. Meu
senhor."
E não fazia sentido, Rosa estava aqui como espiã, ela
estava aqui para ajudar a começar uma guerra, esse orc
poderia muito bem ter lançado algum tipo de feitiço terrível
sobre ela — mas de alguma forma, tudo o que parecia
importar era o aperto de resposta de seu corpo poderoso, o
calor de sua expiração.
"Então eu provei isso para você," ele disse, suas garras
gentilmente acariciando suas costas. "E você ainda deve ficar,
pequena rosa, e ser meu animal de estimação, até que tudo isso
seja feito. Ach?"
E neste momento, encolhido em segurança e contente
contra um orc mortal e de fala mansa, não havia como recusar,
não havia como ouvir aquela voz distante gritando. Muito
longe, muito longe, três semanas, ou melhor, mais dezenove
dias...
"Sim, meu senhor," ela respirou. "Eu vou ficar. Até
que seja feito."
Capítulo 22
Quando Rosa saiu daquele quartinho de portas de
madeira novamente, de mãos dadas com um orc alto e
silencioso, foi como se algo, de novo, tivesse
mudado. Algo que tinha varrido toda a sua incerteza, e a
substituiu por uma curiosidade brilhante e vibrante.
"Por que você tem um quarto humano aqui, John?" ela
perguntou, quando eles começaram andando novamente pelo
corredor. "Para os hóspedes?"
O rosto de John, previsivelmente, ficou em branco e
ilegível na luz da lâmpada, bloqueando Rosa. Negando que
este quarto significasse alguma coisa, fingindo que ele não se
importava... e isso, combinado com aquele
berço altamente conspícuo, era resposta suficiente.
"Ah, entendo," disse Rosa, mais calma do que antes.
"É realmente um quarto adorável, e tenho certeza que
qualquer mulher ficaria encantada em vir e ficar lá. Já abrigou
outros companheiros Ka-esh antes? Salvi, talvez?"
Ela provavelmente estava empurrando com essa
pergunta, mas John respondeu de qualquer maneira, apesar do
olhar ainda vazio em seu rosto. "A companheira de Salvi
nunca veio aqui. Ela não queria viver com orcs."
Oh. Rosa arquivou isso, estudando a expressão de
John, a leve
inflexão de suas palavras. "E ela também não queria ter um
filho de orc?" ela perguntou com cuidado. "Isso é verdade, o
que Simon disse que você fez?"
John murmurou algo em Aelakesh que incluía a
palavra Skai, e
soou suspeitosamente como uma maldição — mas então ele
suspirou enquanto conduzia Rosa
em uma esquina. "Isso é verdade," disse ele, a voz monótona.
"A companheira de Salvi precisava da minha ajuda, então eu
dei. Efterar também deu sua ajuda, quando eu insisti nisso" —
ele franziu a testa para a parede — "mas ninguém ainda o
culpa."
Sem querer, Rosa esbarrou no braço de John com o
ombro, lançando-lhe um sorriso rápido e pesaroso. "Claro que
não," disse ela. "Todos sabem que você é o cérebro por trás
de toda essa operação nas montanhas, John, mesmo que não
queiram admitir. Quero dizer, estou aqui há apenas alguns
dias, e já posso dizer que sem você Ka-esh, seu povo teria sido
extinto há vários milênios."
Ela realmente quis dizer isso, e sentiu uma onda
reflexiva de prazer na pontada de aprovação na boca de John.
"Há Ka-esh tolo também,
mulher tola," disse ele. "Mas junto com toda essa culpa que
carrego, pelo menos agora tenho o poder entre os irmãos do
meu clã para expulsar os tolos."
"Pequenas misericórdias," respondeu Rosa, com um
sorriso genuíno. "O que você faz,
tira-os da mineração? Colocá-los para cavar túneis por
algumas semanas ou meses?"
A expressão no rosto de John sugeria que ele fez
exatamente isso, e Rosa não pôde evitar uma gargalhada,
outra pancada no ombro dele.
"Orc desonesto," ela disse. "Então, por que você não é
Sacerdote da Montanha Orc, afinal?"
Sua voz era leve, mas o significado por trás dela não
era — e ela quase podia sentir o peso se instalando novamente,
pesando nos ombros de John. "O Sacerdote exerce muito
poder," ele disse lentamente. "Ele caminha diante do capitão
na escuridão e guia nossa espécie para o desconhecido. Ele
comanda fundos, trabalho e recursos. E assim, todos os cinco
clãs devem concordar com essa
escolha. Eu não" — ele fez uma careta — "ganhei esta bênção,
do Skai. E assim, dos outros também."
Ah. Ahhhh. Isso explicava muito, na verdade,
incluindo a clara animosidade de John
contra os Skai, e o jeito que parecia quase pessoal para ele.
Uma pontada de irracionalidade, até mesmo, uma rachadura
em toda a sua compostura externa, e Rosa ainda estava
considerando isso enquanto ele a levava de volta para a
biblioteca. Que, felizmente, agora estava ocupada apenas por
Tristan, que estava curvado sobre a mesa, escrevendo em uma
folha de papel em uma língua comum limpa e elegante.
"Há mais coisas que devo fazer longe daqui hoje,"
John disse, enquanto se virava para Rosa, e descansava ambas
as mãos pesadas em seus ombros. "Você deve ficar
calmamente aqui sem mim, ou devo voltar para encontrá-la
preso em outro frenesi infundado?"
Rosa tentou encará-lo, mas não conseguiu. "Não foi
infundado," ela rebateu. "Era inteiramente lógico e
empiricamente sólido,
baseado nas informações que eu possuía na época."
As sobrancelhas de John se ergueram, mas também o
canto de sua boca, contorcendo-se com inconfundível
diversão. "Animal de estimação bobo," disse ele. "Voltarei."
Com isso, ele se inclinou para frente, o cheiro dele
queimando profundamente nos pulmões de Rosa, e então, oh
deuses, ele — a beijou. Beijou-a em cheio nos lábios, apenas
pela segunda vez em todo o seu conhecimento, e mesmo
enquanto Rosa
calculava e lamentava essa verdade, sentiu-se
imediatamente afundando nela, afogando-se na maravilha
dela. A boca macia, quente e de sabor delicioso de um orc,
todos os lábios inteligentes e língua longa e dentes afiados,
beijando com meticulosidade cuidadosa e calculada, assim
como ele fazia com todo o resto. E a fome já estava surgindo
de novo, a boca de Rosa ansiosa e gemendo, talvez ele a
colocasse de novo na mesa, ajoelhasse de novo,
e então —
Ele se afastou cedo demais, deixando Rosa de boca
aberta e ofegante, os lábios inchados e avermelhados, o rosto
muito quente. Enquanto John, o réprobo furioso, parecia
apenas friamente, presunçosamente satisfeito, e acariciou
levemente sua bochecha antes de se virar e sair pela porta
novamente.
"Bastardo desonesto," Rosa murmurou, uma vez que
ela encontrou fôlego para falar novamente. "Ele sempre é tão
—"
Ela fechou a boca, olhando com culpa para Tristan —
mas Tristan estava sorrindo de volta, quente e
surpreendentemente deslumbrante, as pontas de suas orelhas
novamente ficaram com um leve tom de rosa. "Ach, John-Ka
sempre foi assim," disse ele. "Acho que é mais fácil ceder
desde o início."
Rosa olhou para ele por um instante, enquanto seu
cérebro retomava seus gritos frenéticos e selvagens, cuspindo
o que só poderia ser um ciúme mais abominável e enervante.
"Hum," disse ela, enquanto seus olhos procuravam
desesperadamente pela
sala, e se fixaram na folha de papel de Tristan. "Certo. Hum,
no que você está trabalhando?"
Os olhos de cílios longos de Tristan piscaram uma
vez, mas ele olhou para seu papel e alisou a borda com a mão.
"Eu escrevo cartas para os humanos, em nome do nosso
capitão," disse ele. "Com isso, procuramos
expressar nossos arrependimentos pelo que nosso irmão
errante fez e tranquilizá-los de que ele foi confinado em nossa
montanha e forçado a trabalhos duros."
Trabalho duro? Apesar de tudo, Rosa sentiu sua boca
se curvar, seus olhos olhando para as cartas de Tristan em
cima da mesa. "Aprender a ler é um trabalho árduo?"
"Ach, para um orc como Simon, é," respondeu
Tristan, com um meio sorriso. "A maioria dos Skai são
ensinados apenas a lutar desde o nascimento, ao custo de
todos os senão. Isso foi para nosso ganho, mas talvez não" —
seu sorriso se torceu — "para o deles."
Oh. Essa era outra peça intrigante do quebra-cabeça
— uma dica, talvez, de que Tristan não compartilhava as
opiniões de John sobre o Skai — e Rosa mentalmente a
arquivou com todo o resto. "E você acha que essas cartas vão
realmente ajudar?" ela perguntou em seguida, tão casualmente
quanto pôde. "Será que eles vão evitar mais guerras?"
Ela estava pensando novamente em seu prazo de três
semanas, em Lord Kaspar. Do fato de que ela deveria estar
ajudando nessa maldita guerra. Aprendendo tudo o que podia,
procurando mais atrocidades, salvando seu futuro...
Rosa esfregou com força suas bochechas formigando,
mas felizmente Tristan não
pareceu notar, seus olhos ainda fixos em sua carta. "As cartas
nos ajudaram, no passado," disse ele. "Muitos humanos não
acham que os orcs são capazes de raciocinar, então nossas
cartas se opõem a isso. Com estas, também pedimos para
atender, e muitas vezes fazer ofertas e enviar presentes. Algo
que possamos fazer" — ele novamente alisou a borda da carta
— "para lembrar aos humanos que não somos monstros. Que
não podemos suportar mais guerras e mais mortes."
Oh. Houve uma veemência repentina e brilhante em
seus olhos, drenando o calor do rosto de Rosa. E qualquer tipo
de resposta apropriada parecia presa na garganta dela, claro
que vocês não são monstros, claro que não queremos mais
guerra...
"Rosa!" interrompeu uma voz, e Rosa virou-se
agradecida para ela. Era Jule, alta, grávida e sorridente,
entrando na sala e dando
um tapinha amigável no ombro de Tristan antes de se sentar
na cadeira ao lado dele. "É tão bom ver você ainda de pé.
Diga-me, como você está se saindo? John está se comportando
bem?"
A língua de Rosa ainda parecia completamente
emaranhada, mas de alguma forma ela conseguiu dar uma
resposta que não revelava muito — ela queria divulgar que
John a amarrou a uma cama, ou pior, que ela gostou? — e
então direcionou a conversa para as coisas fascinantes que
John lhe mostrara ao redor da montanha até agora, e seus
estudos atuais sobre Aelakesh.
Jule parecia intrigada com isso — seu próprio
Aelakesh era extremamente rudimentar, ela confessou,
principalmente ouvindo Grimarr e os outros orcs falarem. Um
fato realmente lamentável, sentiu Rosa, e ela se lançou
avidamente em uma explicação detalhada das muitas virtudes
de Aelakesh. Ganhando um sorriso caloroso e aprovador de
Tristan, que silenciosamente ofereceu
sua ajuda da maneira que fosse necessária — e logo eles
passaram por um teste altamente hora agradável praticando
frases e pronúncias juntos, e rindo de seus muitos erros.
"Uma outra coisa, Rosa," Jule disse, uma vez que ela
relutantemente se levantou para sair novamente. "Se você não
se importa que eu pergunte — qual é a situação entre você e
Lord Kaspar Sippola? Eu ouvi" — sua cabeça escura inclinou
— "que você trabalha para ele?"
Sua voz era cuidadosa, com uma ligeira inflexão na
palavra trabalha, e o coração de Rosa de repente começou a
bater forte, seus olhos caindo para a mesa. Bons
deuses, Jule provavelmente conhecia Lord Kaspar, de sua
vida anterior como Lady Norr,
e ela não poderia adivinhar, ela não poderia saber, John nunca
poderia descobrir...
"Na verdade, eu não trabalho para Lord Kaspar,"
Rosa deixou escapar, sem pensar. "Ele é o patrono da
biblioteca onde trabalho. E ele é" — ela endireitou os ombros
— "um verdadeiro idiota, na verdade. Acha que é um
brilhante cavalheiro estudioso, quando na verdade é apenas
marginalmente inteligente, com poder suficiente para arrancar
o verdadeiro trabalho de todos os outros ao seu redor e depois
levar o crédito por isso. Enquanto ele fode com suas esposas
e
camareiras."
Sua voz se tornou fria, estranhamente amarga, e ela
estava distantemente surpresa ao ver Jule dar um aceno
conciso e conhecedor, seus braços cruzando firmemente sobre
o peito.
"Kaspar forçou-se em uma das minhas criadas mais
jovens," ela
disse, a voz monótona. "Quando ele veio para Norr Manor
com seu pai em uma visita diplomática, alguns anos atrás. E
quando ela engravidou, Kaspar se recusou a ajudá-la ou a
reconhecer a criança como sua. Estou feliz por você estar
longe
dele, Rosa. Francamente" — ela fez uma careta — "a pobre
Louisa também merece coisa melhor. Ela já teve que tolerar
muita besteira de escória como ele."
Louisa. Lady Scall, ela quis dizer. E como Rosa ainda
estava digerindo isso, Jule se virou e se afastou, deixando
apenas uma agitação repugnante e desconfortável na barriga
de Rosa. Realmente não havia ocorrido a ela que Lord Kaspar
poderia estar
machucando Lady Scall também — e embora Rosa não
tivesse ouvido antes aquela história em particular da criada,
soava muito como muitos dos outros sussurros e avisos que
ela ouviu falar de Lord Kaspar ao longo dos anos.
E de repente Rosa não suportava pensar nisso, nele, e
ela se levantou da cadeira e foi em direção à prateleira mais
próxima. A prateleira, ao que parece, com todos aqueles livros
escritos em Osadan, e Rosa gentilmente, agradecida, traçou
seus dedos ao longo de suas ligações. Arrastando no cheiro
fraco e familiar de papel e poeira, enquanto desejava que seu
batimento cardíaco acelerado diminuísse. Lord Kaspar
não estava aqui. Ela ainda tinha dezenove dias...
Ela passou a próxima meia hora arrancando os livros
um por um, e depois de alguma orientação de Tristan,
traduzindo seus títulos para o catálogo mestre bem organizado
de John. Em seguida, ela puxou aquele livro de receitas,
franzindo a testa para a página com seu delicioso ensopado de
esquilo — e então ela
deliberadamente colocou de volta e tirou outro em seu lugar.
Isso a levou a trabalhar silenciosa e amigavelmente na
mesa em frente a Tristan, fazendo uso completo de todos os
materiais de escrita e encadernação que John havia adquirido
para ela. Alguns deles eram claramente improvisados, e não
para os padrões que ela estava acostumada, mas ela
perseverou, e logo estava de posse de meia dúzia de cadernos
pontiagudos, pautados e dobrados, limpos e prontos para
serem copiados.
A tradução em si era a parte divertida, especialmente
considerando as muitas
expressões curiosas — e muitas vezes muito divertidas — que
o autor orc usou. Rosa frequentemente precisava pedir
orientação a Tristan, mas ele não parecia se
importar e, à medida que a tarde passava, ocorreu a Rosa que,
novamente, ela
estava realmente se divertindo. Gostando de estar preso na
biblioteca de Orc Mountain, fazendo trabalho intensivo em
nome dos orcs, enquanto trocava comentários geniais com um
orc gentil, bonito e de fala mansa que pode ou não estar
recebendo as atenções de John.
Mas Rosa conseguiu afastar esse pensamento
também, junto com várias outras dúvidas igualmente
desconfortáveis. E quando
John voltou, várias horas depois, era quase fácil sorrir para
ele, e até mesmo estender a mão para deslizar contra sua
cintura.
"Você está de volta!" ela disse. "Você teve uma tarde
produtiva? O que você tem feito?"
Os olhos de John tinham um tom decididamente
lupino, movendo-se para cima e para baixo na forma de Rosa.
"Ach, muito," ele disse distraidamente, quando sua mão veio
descansar em seu ombro, suas garras tamborilando levemente
contra sua pele. "Que trabalho você fez, bichinho?"
Seu olhar caiu para a mesa, franzindo a testa, e Rosa
brandiu uma de suas novas perguntas para ele, sentindo suas
bochechas inexplicavelmente aquecerem. "Bem," ela
começou, "eu sei que você queria o livro de receitas, e aqueles
reparos em suas encadernações quebradas, mas Tristan me
ajudou a catalogar todos os livros de Osadan" — ela lançou-
lhe um sorriso rápido através da mesa — "e depois disso,
pensei que você poderia ter uma tradução desta, para
começar."
John tinha cuidadosamente tomado seu livro em suas
mãos, piscando para baixo no
título que ela escrevera ordenadamente no topo. Um Tratado
sobre o Ganhoso Nascimento de Filho Orc.
"É um manual de obstetrícia," disse Rosa
alegremente," com uma variedade de estudos de casos. Ele
discute uma variedade de técnicas manuais e remédios
fitoterápicos para reduzir a taxa de mortalidade materna,
embora, é claro — ela fez uma careta —
"isso seja principalmente com o objetivo de obter mais filhos
de uma única mulher. Homens típicos, certo? No entanto, fala
sobre uma mulher pobre em Osada que aparentemente deu à
luz sete filhos orc totais, você pode imaginar? Na verdade,
ainda não
traduzi essa parte — provavelmente levarei mais alguns dias
para chegar tão longe — mas achei relevante, não acha?"
Ela percebeu tardiamente que estava balbuciando e,
decididamente, fechou a boca, enquanto uma ansiedade
inexplicável marchava por seu cérebro. E se John tivesse
preferido os reparos, ou o livro de receitas. E se isso tivesse
sido exagerado, ou tolo, ou inútil...
Tristan tossiu levemente do outro lado da mesa, um
som que chamou a atenção de John para ele, os olhos se
estreitaram — mas então Rosa pôde ver sua
garganta convulsionar, seus olhos voltando para o rosto dela.
Parecendo quase — atordoado. Desnorteado. Abalado.
"Eu não," ele começou, e ele visivelmente engoliu em
seco novamente, "eu não sabia que este livro estava aqui. Na
minha biblioteca."
Algo quente estava borbulhando na barriga de Rosa, e
ela lhe deu outro sorriso rápido. "Claro que não," disse ela.
"Como você faria, se não tivesse aprendido Osadan? Quero
dizer, é uma linguagem terrivelmente complicada, mesmo
com um professor talentoso, provavelmente levei três anos
para acertar as conjugações verbais, e mesmo agora ainda
preciso pensar sobre isso."
John ainda estava olhando para ela, seus olhos quase
dolorosamente atentos — mas então ele baixou seu olhar de
volta para seu trabalho, e cuidadosamente o folheou com sua
garra. Esquadrinhando as linhas de caligrafia perfeitas e
perfeitas de Rosa, cobrindo página após
página.
"Quantas línguas," ele perguntou, sua voz muito
regular, "você
aprendeu, querida?"
Rosa deu de ombros, embora seu rosto ainda estivesse
quente. "Apenas três, realmente,"
disse ela. "A língua comum, e Osadan, e Albajan. Eu posso
ler um pouco de kraitish, mas não bem. E, suponho" — ela
vasculhou os papéis sobre a mesa, e pegou sua folha de papel
mais cedo naquele dia — "agora estou aprendendo Aelakesh,
não estou, Tristan?"
Tristan respondeu com um sorriso gratificante, que
John não viu, pois estava muito ocupado franzindo a testa para
a nova folha de Aelakesh de Rosa. "Ach,"
ele disse, o som profundo em sua garganta. "Isso é tudo —
seu?"
Ele lançou um olhar para Tristan que poderia estar
acusando, mas Tristan estava
acenando de volta, uma única sobrancelha ligeiramente
arqueada. Ao que John visivelmente
engoliu em seco novamente, endireitou os ombros e fixou os
olhos em Rosa.
"Isso é bom, animal de estimação," disse ele. "Seu
trabalho me agrada."
O calor parecia lamber todo o corpo de Rosa, dos pés
ao seu rosto, e ela não pôde evitar outro sorriso rápido e tímido
para ele. "Realmente machucou você dizer isso, não foi?" ela
disse levemente. "Não negue, John, você parece que acabou
de comer esquilo podre."
Houve um som engasgado de Tristan na mesa, e uma
inconfundível e profundamente satisfatória peculiaridade no
canto da boca de John. "Pequena peste rude," ele disse, mesmo
enquanto sua mão se levantava para acariciar sua bochecha,
breve, aprovando. "Da próxima vez, você deve inclinar sua
linda cabeça e dizer, obrigada, meu senhor."
Rosa não pôde evitar uma gargalhada, outra onda de
calor com aquela emocionante palavra bonita. "Eu não vou,
seu réprobo desonesto. Eu sei exatamente onde isso leva."
"Ach, você?" ele perguntou, erguendo as
sobrancelhas. "Então eu sei que você vai receber isso, meu
pequeno animal de estimação faminto, e me implorar por
mais."
A resposta inteligente de Rosa foi engolida pela onda
de desejo puro e de tirar o fôlego — e é claro que John sabia
disso, o idiota, lançando-lhe um sorriso presunçoso e
deslumbrante. "Agora venha," ele disse com firmeza,
enquanto pegava o abajur sobre a mesa. "Você deve comer.
Vou lhe mostrar a cozinha e, se você se comportar, depois
disso posso recompensá-la."
Rosa fez o possível para se comportar — como não
poderia, com um incentivo como esse — e, portanto, ficou ao
lado de John, fazendo perguntas a ele em voz baixa e sorrindo
educadamente enquanto ele a apresentava a vários
novos orcs estranhos e alarmantes. Ela até conheceu outra
mulher real, chamada Stella, que parecia perfeitamente
satisfeita em ser maltratada publicamente por seu
companheiro — um enorme orc do clã Bautul chamado Silfast
que, Rosa decidiu, era
possivelmente o ser vivo mais hediondo que ela já tinha visto,
e que ela
ainda conseguiu cumprimentar com um sorriso.
“Eu fui boa o suficiente?” ela perguntou a John, uma
vez que eles finalmente estavam de volta em sua cama, e ela
estava correndo as mãos para cima e para baixo em sua forma
deliciosa. Mesmo tomando a liberdade de tirar a túnica, uma
presunção de que ele não parecia se importar, apenas
levantando os braços acima da cabeça e olhando para ela com
olhos famintos e semicerrados.
"Ach, você foi justa, querida," disse ele, todo o
comando frio e imperioso. "E você me fez apenas dezesseis
perguntas durante tudo isso. Como sua recompensa" —
ele acenou com a mão insolente em direção a sua virilha –
"você pode me chupar."
Rosa protestou e deu uma cotovelada nele, rindo, e
apesar de suas melhores tentativas de resistência, ela logo se
viu de fato ajoelhada sobre ele, freneticamente sugando sua
recompensa enquanto ele gemia e corcoveava em sua
garganta.
"Bom animal de estimação," ele respirou depois, sem
avisar, seus cílios tremulando no teto. "Ach, sua garganta é
tão doce, pequena rosa."
O calor resultante pareceu envolver Rosa por toda
parte, durando não apenas aquela noite, mas todo o dia
seguinte. Um dia em que ela propositalmente se recusou a
pensar em guerras ou em Lord Kaspar, e em vez disso se
concentrou apenas em aprender.
Ela aprendeu Aelakesh com Tristan e Simon,
praticando os novos sons e formas de letras até que eles
fossem incorporados em seu cérebro. Ela aprendeu mais sobre
a biblioteca de John — não apenas continuando a traduzir o
livro de obstetrícia, mas também fazendo pausas para
atualizar seu catálogo, limpar e organizar suas prateleiras e
consertar várias de suas
encadernações mais esfarrapadas. E ela ainda aprendeu mais
sobre orcs, fazendo a Tristan e Simon
tantas perguntas aparentemente inócuas quanto ela ousou,
ignorando as não-respostas sarcásticas de Simon, e
encontrando-se apreciando profundamente as respostas
completas e atenciosas de Tristan.
E enquanto parte do que ela aprendeu não era
surpreendente — orcs comiam quase qualquer coisa, eles
precisavam de menos sono do que os humanos, eles tinham
uma vida útil semelhante – outras revelações foram realmente
intrigantes. Os orcs levavam os votos muito a sério. Eles
muitas vezes procuravam acasalar por toda a vida, seja com
outro orc ou um
humano. Seu olfato era muito desenvolvido, a ponto de
poderem até cheirar certas emoções. E cada clã tinha sua
própria
cultura e papel dentro da montanha, embora muito de sua
história e habilidades coletivas tivessem sido perdidas nas
guerras constantes.
Mais de uma vez, Rosa sentiu um desejo compulsivo
de buscar a opinião de John — mas John ficou longe a maior
parte do dia desta vez. Um fato que começou a arrastar um
pouco no calor persistente de Rosa — pelo menos, até que ele
finalmente voltou, e imediatamente atravessou a sala em
direção a ela. Ignorando totalmente Tristan e Simon, em favor
de dobrar a cabeça em seu pescoço e inalar lenta e
profundamente.
"Ach, pequeno animal de estimação," ele respirou.
"Você fez um bom trabalho para mim
hoje?"
Seu corpo estava estranhamente tenso, e Rosa
deslizou os braços ao redor dele, os dedos
se abrindo, instintivamente esfregando a tensão para longe.
"Eu acho que sim," ela murmurou de volta. "Você gostaria de
ver?"
Isso a levou a exibir timidamente tudo o que havia
feito naquele dia, como uma aluna esperançosa procurando
agradar a um professor exigente — mas John
parecia satisfeito, e novamente, talvez até surpreso. E quando
ele se abaixou abruptamente e deu a Rosa um daqueles beijos
profundos e deliciosos, ela realmente cambaleou de alívio e
prazer, e teve que segurá-la para ficar de pé.
"Posso ir com você agora?" ela perguntou a ele,
terrivelmente esperançosa. "Certamente
eu mereço algum tipo de recompensa por todo o meu trabalho
duro, John-Ka?"
Ele respondeu com um meio sorriso
surpreendentemente tolerante, um raspar suave de suas garras
contra o pescoço dela. "Ach, você sabe, bichinho. O que deve
agradá-la?"
"Gostaria de ver mais da sua montanha," respondeu
Rosa prontamente. "E visitar o laboratório novamente. E
talvez você possa me dizer o que fez hoje."
Os olhos de John se fecharam instantaneamente, mas
ele acenou com a garra na bochecha dela e a guiou em direção
à porta. "Eu fiz muito trabalho," disse ele
vagamente. “E muitas reuniões. Agora, você sabe que pode
encontrar o laboratório daqui, sem que eu o conduza?"
O desafio teve o efeito desejado, é claro,
desviando a atenção de Rosa de suas contínuas não-
divulgações e para a esplêndida oportunidade de explorar a
Montanha Orc, com seu senhor indulgente ao seu lado. Levou
algum tempo para encontrar o laboratório, mas valeu a pena

especialmente quando John fez um pequeno experimento com
ela, comparando duas soluções desinfetantes separadas em
que Marcus estava trabalhando e discutindo suas observações
juntos.
Em seguida, John a encarregou de encontrar o
santuário, o que exigia muito mais esforço, e em seguida, seu
quarto. O que se mostrou surpreendentemente impossível, e
levou Rosa a correr loucamente de sala em sala com a
lâmpada enquanto John a
seguia, claramente tentando não rir. "Você está gostando do
sofrimento do seu animal de estimação, seu réprobo," Rosa
ofegou por cima do ombro, embora também estivesse rindo.
"Apenas me diga onde está, você —"
Mas então o prazer parou de uma vez, estremecendo
em silêncio, porque Rosa tinha disparado para outra porta que
deveria ser o quarto de John. Mas não era, era algo
completamente diferente — e Rosa ficou congelada no lugar,
seus olhos arregalados, sem piscar, enquanto as visões na sala
pareciam brilhar em sua visão, uma após a outra, imprimindo
com força impressionante.
Era uma sala de — libertinagem. De talvez uma dúzia
de orcs, todos em diferentes estágios de nudez, todos se
divertindo uns com os outros. Ou melhor, alguns estavam
tendo prazer — como aquele, esparramado em um banco com
as calças abaixadas, enquanto outro orc se ajoelhava entre
suas pernas, sua cabeça
balançando sobre sua virilha. Ou o orc nu em suas mãos e
joelhos, cabeça baixa, enquanto outro orc se ajoelhava atrás
dele, seus quadris batendo ruidosamente contra a bunda nua
do primeiro orc.
Mas. Logo atrás deles, havia outro orc nu,
algemado, de cara, na parede de pedra. Havia
algemas de metal enormes e de aparência cruel em torno de
seus pulsos e tornozelos, e atrás dele estava outro orc
— na verdade, Gary, o orc prestativo da forja Ka-esh —
dando tapas fortes em sua bunda nua com uma mão em garra.
Outro orc estava igualmente
algemado do outro lado da sala, mas atrás dele outro orc
estava empurrando seus quadris contra sua bunda, enquanto
mais dois orcs observavam famintos, suas calças
visivelmente levantadas. Quase como se — esperassem sua
vez.
E o mais chocante — ou convincente — de tudo foi o
orc nu de joelhos diante do pequeno fogo crepitante, seus
olhos lacrimejantes fixos na luz. Suas mãos estavam
amarradas atrás dele, e parecia haver algum tipo de mordaça
em sua boca, e algo mais saindo de sua bunda nua. E em volta
do pescoço havia um grosso anel de metal, que — a
compreensão bateu nos pensamentos estridentes de Rosa —
parecia muito com a peça que Gary lhe mostrará na forja de
Ka-esh. O que ele chamou de kraga, o que ela pensou ser um
colar adorável e inócuo. E presa ao kraga do orc ajoelhado
havia uma corrente pesada, e segurando essa corrente estava
— Aaron, do laboratório. De pé calmamente e
completamente vestido atrás do orc ajoelhado, com um fino
bastão de madeira na mão.
E enquanto Rosa olhava fixamente, seu coração
ameaçando saltar do peito, Aaron bateu o bastão na bunda nua
do orc, fazendo-o estremecer e gemer, lutando contra suas
restrições — e então um jato contínuo de tiro branco de sua
virilha, respingando no fogo diante dele.
Bons deuses. Rosa passou metade da vida aprendendo
as profundezas ocultas dos
desejos dos homens — mas mesmo assim, havia apenas pura
descrença, reverberando aguda e poderosa por todo o seu ser.
Orcs faziam essas coisas? Gostavam dessas coisas? E
certamente — certamente John sabia?!
De alguma forma, ela lançou um olhar frenético e
acusador por cima do ombro para John — e o encontrou
parecendo tão congelado quanto ela. Seus olhos e seu corpo
travaram, presos e — os olhos arregalados de Rosa dispararam
para baixo, para sua virilha visivelmente tensa — traído-o.
John queria essas coisas. Ele — gostou dessas coisas?!
As memórias estavam se agitando agora, perfurando
o estômago agitado e gritante de Rosa. "V-você", ela
gaguejou, enquanto cambaleava alguns passos cambaleantes,
mais fundo no corredor. "Você gosta disso. Você não?
Deuses, John, você — ontem você me amarrou a uma cama.
Você — você ameaçou me punir. Você quer que eu te
obedeça."
E de repente o jogo acabou, essa brincadeira alegre e
inocente que eles estavam jogando de um senhor e seu animal
de estimação. E tinha sido uma farsa, claro que tinha, Rosa era
uma espiã, ela tinha dezoito dias para encontrar uma
atrocidade
que valesse a pena recomeçar uma guerra, e espere, espere...
"Você sabe que eu nunca deveria fazer nada que
pudesse realmente prejudicá-la, mulher," a voz áspera de John
interrompeu, plana, fria. "Os humanos não podem curar ou
suportar a dor como os orcs. E a maioria dos humanos não foi
criada para misturar dor, medo, poder e prazer, como nós."
Como nós. Como ele tinha? O horror de Rosa estava
surgindo novamente, e ela ficou boquiaberta com o rosto dele,
com a amargura brilhando em seus olhos. "Todos vocês?" ela
conseguiu. "Todos os orcs nesta montanha?!"
E sim, sim, talvez este fosse o escândalo digno de
guerra, a atrocidade que ela
precisava gritar dos telhados. Os orcs forçam uns aos outros,
eles batem uns nos outros, eles se amarram nas paredes e então
se revezam…
"Nem todos os orcs procuram isso, ou encontram
prazer nisso," John respondeu, sua voz visivelmente tensa.
"Talvez seja mais profundo entre os Ka-esh do que
os outros clãs, mas mesmo entre nós, muitos não aceitam isso.
Ach, Tristan vai chorar se eu —"
O coração de Rosa despencou com força esmagadora,
suas pernas
tremendo muito, e as mãos de John dispararam para estabilizá-
la, mesmo quando seu rosto visivelmente fez uma careta, seus
olhos se fecharam. Claramente não querendo compartilhar um
fato tão maldito e crucial, e entre o choque e a raiva de Rosa,
havia uma dor poderosa e angustiante.
"Então é por isso que você não está acasalado com
Tristan, então," disse ela, frágil.
"Porque ele não compartilha de suas — propensões. Porque
você seria de outra forma, não é?"
Os olhos de John se abriram novamente, suas
sobrancelhas franzidas, mas o bastardo
não negou — então Rosa continuou a falar, cada palavra uma
verdade mordaz e miserável. "Você não tem que fingir, John.
Quero dizer, é claro que você gosta dele, como não poderia,
ele é realmente muito adorável e…"
Ela não conseguia terminar, sua voz presa em sua
garganta fechada — pelo menos, até que outra percepção,
ainda pior que a primeira, pareceu dar um tapa em seu rosto.
"E — e quando você disse," ela engasgou, "que você queria
uma mulher alta, forte e saudável — é por isso, não é? Para
que ela possa lidar com todas essas coisas que você quer fazer
com ela?!"
As mãos de John ainda estavam agarrando os braços
de Rosa, apertados o suficiente para ser quase doloroso, e ele
latiu um rosnado profundo em sua garganta. "Preste atenção
nisso, mulher," ele assobiou. "Eu me importo com Tristan,
talvez mais do que qualquer outro orc ainda vivo. Mas nunca
procurarei tomá-lo como companheiro, e não o toco há muitas
luas. Não só porque não buscamos os mesmos prazeres, mas"
— ele fez uma careta novamente — "também porque ele e
Salvi ainda não resolveram as questões entre eles."
Oh. O cérebro atormentado de Rosa voltou-se para
Salvi confortando Tristan, Tristan empurrando-o para longe
— até que John rosnou novamente, pairando enorme e
ameaçador sobre ela. "E meu desejo por uma mulher sã e
saudável vem apenas do meu desejo de ter um filho ao longo
da vida. E meu desejo de não matar a própria mãe do meu
filho com seu nascimento!"
Oh. John – John estava finalmente admitindo isso,
agora. Uma saudade de uma vida inteira. E quando Rosa
piscou para ele, digerindo isso, sua mão agarrou seu queixo,
sacudindo-o um pouco, enquanto uma risada dura e
zombeteira escapou de
sua garganta.
"Ach, e você realmente sabe, pequeno animal de
estimação," ele disse, zombando, "que você não poderia
suportar o que mais eu poderia querer fazer com você? Você
já me levou em cheio em sua pequena garganta, e seu pequeno
ventre. Você já me deu
permissão para amarrá-la e perfurá-la com minha garra. Você
não poderia suportar um pequeno castigo quando me
desagradar? Você não poderia usar um lindo
kraga em seu pequeno pescoço? Você não poderia me chupar
diante de meus parentes, e exibir
para eles sua garganta funda? Você não poderia" — ele se
aproximou, seus
olhos desdenhosos, perversos — "me receber no único lugar
dentro de você que eu ainda não ocupei? O lugar onde ainda
sinto o cheiro daquele homem em cima de você?"
Ah, foda-se. John não tinha acabado de dizer tudo
isso, ele não tinha, e a barriga de Rosa
não podia estar esquentando assim, sua respiração saindo
ainda mais curta, em pequenos goles desesperados. Um
pequeno castigo. Um pequeno e bonito kraga. Chupe-me
diante dos meus parentes. Dê-me as boas-vindas ao único
lugar, onde ainda sinto o cheiro daquele homem...
O coração de Rosa batia forte, seu olhar fixo no rosto
dele, naquela
raiva amarga e zombeteira em seus olhos brilhantes. Ele a
estava desafiando, provocando-a, talvez ainda zombando
dela. Ele era um orc duro, um orc frio, egoísta, cruel, ele
mentiu para ela sobre esse maldito vínculo, e agora sobre seus
irmãos Ka-esh aparentemente civilizados e intelectuais
também tendo um antro secreto de devassidão.
Sobre ele aparentemente querendo puni-la, marcá-la, exibi-la
e...
A boca de Rosa estava seca, sua garganta engolindo,
e amaldiçoou o
completo idiota, ele viu, ele sabia. Ele estava se aproximando,
o cheiro doce e aquecido dele se desenrolando no ar, e a fome
em seu rosto era tão
forte, tão cruel, tão incrivelmente atraente...
"Não brinque comigo, pequeno animal de estimação,"
ele ronronou. "Você não deseja nada mais, esta noite, do que
eu levá-la para minha cama, puni-la como você merece, e
depois foder seu lindo traseiro vermelho. Ach?"
O suspiro de resposta de Rosa foi alto, desgastado,
chocando até mesmo para seus próprios ouvidos, e em troca o
idiota presunçoso apenas riu, a alegria queimando breve, mas
verdadeira em seus olhos. "Ach, meu pequeno animal de
estimação é tão depravado quanto seu orc," ele sussurrou, com
fria satisfação. "Você só não gosta de admitir essas coisas,
ach? Você deseja que eu seja o único a comandar você e
amedrontá-la, e assim não é sua verdade suportar?"
E maldito seja, porque Rosa não conseguiu reunir uma
única palavra para negá-lo, bastardo astuto que ele era. E
quando ele inclinou o rosto dela para cima, suas garras
dançando contra sua garganta, era como se ele estivesse
brincando com ela, seduzindo-a,
desviando-a de todas as coisas que ela deveria estar se
concentrando. Ela não estava aqui para aprender sua língua,
ou ajudá-lo em sua biblioteca, ou cumprir suas exigências
depravadas e audaciosas. Ela estava aqui para procurar
atrocidades. Ela deveria ajudar a começar uma guerra. Ela era
uma espiã...
E ainda assim, Rosa engoliu. Respirou fundo.
Segurando aqueles olhos perigosos e
brilhantes com uma fome imprudente, compulsiva e
desesperada...
"Muito bem, meu senhor," ela sussurrou. "Por favor,
comande-me."

Capítulo 23
As palavras de Rosa foram uma traição. Outra traição,
em uma linha cada vez mais longa deles, torcido um após o
outro por este maldito orc desonesto degenerado.
Mas ela não pegou de volta. Não desviou o olhar. E
John também não estava desviando o olhar, seu olhar escuro
e atento, seu corpo enorme e agressivo, sua língua negra
correndo para lamber, devagar, em seus lábios...
Mas então sua cabeça torceu para o lado, seus olhos
se fecharam, e Rosa pôde ver a tensão estalando em seus
ombros, seu rosto. Bloqueando-a, dizendo que ele poderia não
fazer nada disso, afinal, a
decepção de Rosa explodiu com uma força irracional e
inexplicável.
"O que," ela ofegou, sem fôlego, mesmo quando sua
mão deslizou em direção a ele,
acariciando sua frente dura contra sua túnica. "Por que não,
meu senhor."
A boca de John fez uma careta, seu peito enchendo e
esvaziando, pesado contra a mão dela. "Eu sou," ele disse,
entre respirações, "um orc. Eu ainda posso" — ele inalou
mais ar — "provar seu medo, nisso."
Seus olhos se voltaram para o antro de prazer
próximo, do qual
emanava uma variedade de sons reveladores de tapas, bem
como um grito áspero e estrangulado. E enquanto o choque de
Rosa ainda estava lá, em algum lugar, zunindo dentro de seu
crânio, mais forte ainda era a fome crescente. John queria
puni-la, ele queria levá-la e...
E foi loucura, foi pura autoimolação imprudente, mas
em vez
de implorar, argumentar ou mesmo tentar convencê-lo, Rosa
— de alguma forma — mostrou a língua para ele. E então,
para garantir, espetou-o no peito com o dedo.
"Porque você, seu réprobo horrível," ela retrucou, sua
voz não muito uniforme, "mais uma vez, não me avisou. A
propósito, você não pensou em mencionar,
bichinho bobo, nós Ka-esh gostamos muito áspero, e você
pode ver algumas coisas por aqui" — ela o cutucou de novo
— "que podem fazer seu cabelo enrolar. Mas nãooo, você só
me mostra médicos e acadêmicos e bibliotecas, porque como
sempre, você é um idiota manipulador calculista, que quer
parecer perfeitamente manso e racional e iluminado, quando
você não é!"
E oh, havia a raiva, acendendo fraca, mas segura
naqueles olhos piscando, afugentando algo que poderia quase
ter sido alívio. "Perto de você, animal de estimação tolo," ele
disse, sua voz fria, "eu sou racional e iluminado. Minha
escolha de não falar de tais coisas para você só se mostra
sábia, quando você grita, se debate e me golpeia assim, como
um filho orc mal-humorado e mal-educado."
Mal-humorado e mal-educado? Como um filho orc
mal-humorado?! A vontade breve e irresistível de rir de Rosa
foi aplacada por uma indignação genuína, e ela novamente
golpeou seu
peito. "Eu não sou," ela disse, "mal-humorada. Ou mal-
educada. Ou golpeei.”
Mas aqui, fazendo o coração de Rosa gaguejar, estava
o sorriso. Espalhando dentes afiados, travessos, implacáveis
em seus deliciosos lábios curvados. "Você fez, tolo animal de
estimação," ele respondeu, "e você irá."
Com isso, ele cambaleou para frente, tão rápido que
Rosa mal o viu se mover — e então ela estava sendo agarrada
à força, maltratada e jogada por cima do ombro largo de John.
Sua cabeça pendurada nas costas dele, suas pernas
chutando tardiamente contra sua frente, contra o aperto forte
e poderoso de seu braço contra suas coxas.
"Batendo," disse ele, incrivelmente frio, enquanto
caminhava pelo corredor com a lâmpada ainda na mão,
ignorando inteiramente os chutes e gritos de protesto de Rosa.
"Gritando. Golpeando. Você é muito fácil, animal de
estimação."
"Eu não sou," Rosa retrucou, sua voz estranhamente
nasal por estar pendurada de cabeça para baixo, "fácil !"
John riu alto com isso, profundo e rico, e em retaliação
ela tentou golpear sua bunda, que estava terrivelmente perto
de seu rosto — mas isso só o fez puxá-la para mais perto,
agarrando sua própria bunda por cima de sua túnica curta
demais.
"Tolo animal de estimação," disse ele, enquanto
aquela mão deliberadamente espalmou para ela, e então — oh
deuses — começou a deslizar sua túnica para cima. "Você
deseja que eu comece
sua punição agora? Enquanto algum de meus parentes que
passam verá?"
"Não!" Rosa gemeu, enquanto continuava se
debatendo com ele, redobrando seus esforços para escapar.
"Não, por favor, meu senhor!"
Ela sentiu ao invés de ouvi-lo rir desta vez, seus
ombros tremendo
sob ela, o calor emaranhado com a indignação e a humilhação
e o maldito desejo frenético. E quando John entrou em outro
quarto — seu quarto, finalmente — o alívio de Rosa a
atravessou, formigando em suas mãos e pés. Mesmo quando
John a arrastou para sua cama, e então — ela gritou —
empurrou-a para baixo, sobre suas mãos e joelhos sobre as
peles macias,
enquanto ele se ajoelhava perto, forte e ameaçador atrás dela.
"Quando você lutar comigo, querida," ele disse, sua
voz mortalmente suave, "você
aprenderá seu lugar. Você deve ser treinada" — a mão dele
lentamente, deliberadamente puxou a túnica dela — "para se
render ao seu senhor. Para me agradar."
Oh inferno, ele expôs a bunda nua de Rosa, e agora
estava arrancando sua túnica completamente, seus dedos
rápidos, hábeis. E, em seguida, descendo pelas costas dela, até
que as garras dele estavam brincando levemente em sua
nádega, abrindo arcos selvagens de prazer, faíscas e
respingos.
"Eu não vou," Rosa ofegou para ele, incitando-o, as
palavras tomando quase cada fragmento de sua resolução.
"Seu idiota absoluto."
A risada baixa e triunfante de John enviou mais calor
espalhado, antecipação formigando desenfreada sob sua pele
exposta e vulnerável. E aquela mão gentilmente
se afastou, deixando-a tremendo, ofegante, intocada,
esperando, por favor...
Seu tapa foi gentil, cuidadoso, intencional — mas
ainda um caos de disparos de gritos, obliterando tudo o mais
em sua força pura e derretedora. Lançando um
estremecimento de corpo inteiro por toda a forma ajoelhada
de Rosa, tão poderosa que ela mal podia ouvir sua risada,
rouca, quente.
"Você deseja ser ensinada, querida," ele ronronou,
enquanto sua mão ainda persistente se afastava suavemente
novamente — e então aterrissava em outro tapa girando a
terra, apenas um pouco mais forte desta vez. "Você deseja ser
controlada por seu senhor. Por um orc."
A forma trêmula de Rosa se curvou levemente, quase
como se para se esconder do poder humilhante daquela
afirmação — mas de repente ambas as mãos
agarraram sua bunda, inclinando-a para cima e para fora, e
então — Rosa gemeu alto — empurrando suas coxas nuas
para longe. Mostrando a ele muito mais do que antes,
expondo toda a linha de seu vinco, todos os seus lugares mais
escondidos descobertos e abertos para a punição brutal de um
orc...
Isso tornou seu próximo tapa ainda mais poderoso,
mais perigoso, mesmo que ainda fosse gentil, cuidadoso.
Mesmo quando — Rosa arqueou e lamentou — aquela mão
permaneceu desta vez, traçando sua garra por todo o seu
vinco, antes
de recuar, batendo novamente, oh inferno.
"Você aprendeu a lição, bichinho?" sua voz
perguntou, zombando, enquanto ele novamente
traçava aquela linha humilhante dela, tão suave, tão
proprietária. "É
melhor você procurar agradar seu senhor?"
Isso, pelo menos, provocou um choque de fúria
genuína, embora fosse distante, atrofiado, sob o prazer ainda
ardente daquela única
garra deliberadamente traçada. "Eu procurei agradá-lo," ela
engasgou, olhando por cima do ombro para ele — o que foi
um erro grave, porque a forma como ele parecia, seus olhos
escuros e mortalmente brilhantes, seus lábios entreabertos,
suas bochechas inconfundivelmente
coradas.
"Eu, hum" — ela teve que puxar o ar, mas ela não
conseguia desviar o olhar, mesmo quando seus olhos se
tornaram zombeteiros novamente, desafiadores. "Eu trabalhei
por dias para você. Eu tolerei uma variedade de ultrajes
injustificados de você. E" — onde estavam as palavras, o ar
— "ég er að læra Aelakesh, John-Ka."
Foi uma das poucas frases estúpidas que ela pediu a
Tristan para ensiná-la — estou aprendendo Aelakesh — mas
deuses, valeu a pena, com base apenas no olhar de John.
Verdadeiro espanto, e depois descrença, e
então — fome. Pura, potente, ardente com desejo nu e
poderoso.
E então ele a golpeou novamente, o idiota. O rosto
dele ficou totalmente em branco
novamente, revelando totalmente que ela havia se alongado
demais — mas se ela estava sendo
exposta assim, se ela estava provocando um orc maldito
desonesto para golpeá-la como um filho orc mal-humorado,
ele certamente poderia muito bem admitir isso, ele estava
gozando com ela falando sua maldita língua.
"Mer líkar Aelakesh," Rosa engasgou, formando as
palavras desconhecidas com o maior cuidado possível. "Mer
líkar við — John-Ka."
Eu gosto de Aelakesh. Eu gosto — John.
Seus olhos se arregalaram, suas narinas dilataram, e
Rosa não perdeu a visão inebriante e de dar água na boca de
sua mão livre, indo a roçar brevemente contra suas calças
maciças. O que também — Rosa engoliu em seco — traiu uma
mancha visível e crescente de umidade na frente.
"Mer líkar við typpið þitt," John respirou, seus olhos
queimando nos dela, seus lábios mal se movendo. "Você gosta
do meu pau. Fale isso."
Rosa teve que lamber os lábios, respirar fundo, seu
olhar desesperadamente correndo entre seus olhos e sua
virilha. "Mer líkar við," ela disse, tão claramente quanto
podia, "typpið þitt, John-Ka."
O gemido de John foi reflexivo, gutural, o próprio
som fazendo o
corpo nu de Rosa freneticamente apertar e incendiar. A ponto
de — ela teve que forçar seus membros trêmulos a
permanecerem no lugar — ela podia sentir um traço de
umidade, escorrendo de sua virilha inchada, descendo por sua
coxa.
"Ég er," a voz estrangulada de John disse, seus olhos
brilhantes caindo, fixos na visão, "svo blaut. Tão molhada."
Rosa lutou por ar, por pensamento consciente, sobre
o grito estridente de seu
batimento cardíaco. "Ég er svo blaut, John-Ka."
Seu gemido soou perigosamente perto de um grito
desta vez, seus olhos se fechando. "Refsaðu mér," ele sibilou,
e sua mão na bunda de Rosa recuou — e então a esbofeteou
novamente, forte o suficiente para doer desta vez. "Refsaðu
mér."
A compreensão ricocheteou através de Rosa,
clamando contra o
furioso prazer arremessador. "Refsaðu mér, John-Ka," ela
respirou, enquanto sua
bunda nua parecia empurrar-se para ele, brandindo-se para
ele, implorando. "Refsaðu mér!"
Seu tapa em resposta foi quase doloroso, mas foi tudo,
tudo, até mesmo a maneira como ele deslizou ao aterrissar, e
então escorregou para patinar contra seu calor inchado,
apertado e aberto. Fazendo-a engasgar e ofegar e ávida, e
ainda mais, oh inferno, quando ele levou os dedos trêmulos ao
nariz e inalou.
"Deuses," Rosa engasgou, sem querer, seus cílios
esvoaçando loucamente, seu corpo novamente empurrando de
volta para ele. "Porra. Ég er svo blaut, John-Ka."
Sua forma inteira visivelmente, visceralmente imóvel,
sua mão pairando contra sua
boca, seus olhos mais negros do que Rosa jamais os tinha visto
— e de repente suas mãos caíram para sua virilha manchada
de umidade, e arrancou seu pau. Enorme, raiado, brilhante e
pingando um grosso fluxo de branco brilhante e suculento.
Rosa quase chorou com a verdade disso, seu peso
enorme vibrando com força contra as pontas dos dedos com
garras — e então novamente quando sua mão se levantou para
pegar o branco espesso em sua palma. E então ela se enrolou
nele, cobrindo-se com seu brilho escorregadio, a visão quase
poderosa demais para os olhos fixos e piscantes de Rosa. E
então — ela gritou, longamente, alto — ele ergueu a mão
ainda pingando, e esfregou aquela umidade profunda
e proposital entre suas nádegas abertas.
E deuses, ele disse que queria isso, e agora que estava
acontecendo — estava acontecendo? — a trepidação, a
antecipação e o puro anseio estavam furiosos e gritando ao
mesmo tempo. Precisando disso, desejando isso, como
ela poderia fazer isso, oh, diabos, ela tinha que fazer isso...
"Como eu digo," ela ofegou para ele, "foda-me."
E foda-se o idiota, porque ele realmente riu, rouco,
genuíno, desgastado. "Ríddu mér," ele respirou, enquanto se
levantava para se ajoelhar atrás dela. Seu corpo tão quente, tão
perto, e Rosa soltou um uivo cru e agudo quando aquela
dureza escorregadia e lisa deslizou entre suas bochechas
separadas, apenas cutucando onde estava — não era —
deveria estar. E era enorme, e Rosa não era, e ela continuou
puxando o ar, lutando contra o turbilhão de pânico
fervilhante...
"Respire, meu animal de estimação," veio a voz rouca
de John, sua mão correndo para cima e
para baixo em seu flanco. "Andaðu, dúllan mín. Você foi
fodida assim antes. Ach?"
Até mesmo as palavras enviaram um arrepio duro e
torcedor nas costas de Rosa, e ela
sacudiu um aceno veemente. "Ach," ela engasgou. "Quero
dizer, sim, mas você é muito maior, John-Ka."
Saiu soando como um apelo, mas ambas as mãos de
John estavam acariciando seus lados trêmulos agora, grandes,
quentes, capazes. "Eu também serei mais gentil," ele disse,
suave, "e mais úmido. E vou parar, ao primeiro sinal de dor
real. Você deve falar isso com seu senhor, querida. Ach?"
Rosa assentiu de novo, sim, sim, e aquelas mãos
acariciando deslizaram até suas
nádegas, afastando-as delicadamente. Abrindo-a mais para
ele, para a cabeça lisa e lisa dele, e ela podia sentir mais
daquele líquido quente
saindo dele, cobrindo-a, talvez até penetrando dentro...
"E você será a primeira a me levar," ele murmurou.
"Assim como
fizemos com sua garganta. Você me aliviará em você, até que
você esteja cheia. Ach?"
Era ao mesmo tempo incrivelmente excitante e
profundamente reconfortante, e o cérebro completamente
confuso de Rosa se apegou a isso, agarrou-se a isso, enquanto
ela ofegava com a respiração sufocada e procurava relaxar
contra seu peso calmamente pressionado. Para apenas senti-lo
lá, não empurrando ainda, apenas vibrando contra ela,
estremecendo mais daquele calor escorregadio e viscoso em
sua entrada apertada e resistente.
Porra, era bom, mesmo assim. A cabeça de pênis
enorme e molhada de um orc cutucando contra ela, beijando-
a, procurando abri-la em torno dele. Para explorar suas partes
mais escuras e secretas, para torná-la totalmente sua, e quando
Rosa se acomodou um pouco mais perto, ela podia senti-lo
queimando de volta,
falando seu prazer...
"Você pode," ela ouviu sua voz sussurrar, enquanto se
aproximava ainda mais, sentindo que ela a abria um pouco
mais, "falar comigo, meu senhor? Por favor?"
A dureza contra ela estremeceu novamente, e foi tão
bom, e Rosa sentiu seu corpo resistente se abrindo um pouco
mais, acolhendo sua invasão — e então, oh deuses, John
começou a falar.
"Þú ert svo falleg, dúllan mín," ele engasgou. "Ég
elska hvernig þú lætur
mér líða."
As palavras saíram tão facilmente de sua boca, suaves
e baixas e certamente cheias de sujeira, e Rosa sentiu-se
arquear e gemer de desejo, de fome, com a necessidade
gritante de ter esse orc, tomar esse orc, sentir a força dele
dentro dela. Para ganhar a aprovação de seu senhor, ganhar
sua confiança,
abrir-se para ele, mostrar-lhe o quanto ela precisava dele...
"Mer líkar við typpið þitt, John-Ka," ela respirou,
enquanto se sentia relaxar um pouco mais, recuando ainda
mais. Começando a sentir todo o peso dele agora, significando
que ele estava realmente afundando dentro dela, e seus
gemidos pareciam subir juntos, as mãos de John apertadas em
sua bunda, sua respiração áspera deslizando contra sua pele.
"De novo," ele sussurrou, sua voz falhando. "Mais,
bichinho."
Então Rosa disse de novo, e afundou ainda mais,
engolindo-o mais fundo dentro, sentindo uma leve queimação
de dor desta vez. Mas o pulsar firme do líquido sedoso parecia
ajudar, assim como sua paciência com isso, com a maneira
como ele não estava se movendo, apenas acariciando-a com
aquelas mãos, esperando. E um olhar furtivo para trás
mostrou-o observando também, a cabeça escura inclinada, a
trança caindo sobre o ombro, os olhos brilhantes concentrados
na visão de seu pau enorme, que de alguma forma estava
enterrado até a metade dentro dela...
O gemido de Rosa atraiu seu olhar para o dela, seus
lábios entreabertos, sua língua
roçando lentamente contra eles. Dizendo que gostava disso,
ele gostava dela, e enquanto ela observava, ele deslizou a mão
de volta para o lado dela, as garras raspando suavemente, até
que ele
alcançou a parte de trás de seu pescoço, e circulou quieto,
terno, aprovando ao redor.
"Bom bichinho de estimação," ele disse, sua voz
falhando quando ela empurrou um pouco mais para trás,
levando-o ainda mais fundo. "Isso me agrada."
E oh, era bom, essa verdade em sua voz, o
estremecimento de acompanhamento de seu pênis tão
profundo dentro dela. Fazendo o corpo de Rosa estremecer ao
redor dele em troca, um aperto rítmico apertado que fez seus
olhos rolarem para trás, sua dureza dentro do inchaço dela
ainda mais cheio, mais profundo, foda-se...
E Rosa estava fazendo isso, ela estava se empalando
em um orc, ela precisava de tudo dele, agora — e ela
empurrou para trás, com força, todo o caminho. Gritando
quando ele afundou inteiro e completo dentro dela, sua virilha
pressionada contra as
bochechas de sua bunda, seus testículos salientes aninhados
perto de seu
calor molhado. Enquanto atrás dela ele realmente rugiu, seus
quadris já circulando, movendo o corpo inteiro de Rosa com
ele. O que significava que ela estava realmente presa, agora,
espetada, presa inteira em cima de um orc, e o mundo inteiro
estava trovejando com isso, gritando ao seu redor, desfiando-
se branco e selvagem atrás de seus olhos.
"Ríddu mér," ela ofegou para ele. "Ríddu mér, meu
senhor, por favor!"
Seu gemido era grosso, rachado, tão desesperado
quanto ela se sentia, e aqueles quadris circulou novamente,
mortalmente forte, movendo-a inteira com eles. Atingindo a
percepção afiada e rodopiante de que ele não ia realmente
empurrar, era
muito apertado, muito perigoso — mas neste momento Rosa
não se importou, não queria sua maldita gentileza calculada, e
ela lutou para se puxar longe dele, sentir a deliciosa agonia de
seu senhor a separando, refazendo-a com o golpe violento
daquele pau...
O rosnado de John foi visceral desta vez, seu corpo
enorme quase vibrando quando ele
prendeu Rosa ainda mais forte nele — e então, sem aviso, ele
rolou para trás. Deitado de costas, arrastando Rosa para cima
dele, agarrando-a em seu abraço apertado, deixando-a mal
capaz de se mover. E seu único recurso possível era moer sua
bunda contra ele, encontrando-o
enquanto seus quadris subiam, seu enorme pênis circulando
levemente dentro. Ele estava
mantendo-a segura, fazendo-a sua, ofegando e gemendo
Aelakesh em seu ouvido enquanto sua mão deslizou para
baixo e acariciou, uma vez, contra seu calor úmido e
gotejante...
A liberação de Rosa arrancou dela com um grito, com
a euforia furiosa de seu corpo preso torcendo uma e outra vez
no belo peso de seu senhor, adorando sua força, torcendo seu
prazer. Precisando de mais, desejando mais tanto que doeu,
sentindo o êxtase sacudir e rachar e
explodir —
E então, dentro dela, John explodiu. Sua força
invasora se espalhando com tanta
força que Rosa podia senti-la vibrando contra ela, inundando-
a, banhando-a com fluxo após fluxo de sementes de orc
quentes e fervilhantes. Enquanto debaixo dela seu corpo
quente e poderoso arqueava os dois para o céu, sua boca
uivando, suas garras em sua barriga raspando afiadas e
profundas e totalmente, completamente perdidas.
Quando ele finalmente relaxou de novo, caindo na
cama, foi como se toda a tensão se acumulasse no corpo de
Rosa também, deixando-a mole, trêmula e pegajosa. Ainda
presa em um orc, deitada de costas em cima dele, e com um
gemido baixo John rolou os dois para o lado, seu grande corpo
dobrado bem perto de seu muito menor, sua dureza lentamente
amolecida ainda escondida no fundo.
"Mulher boba," ele sussurrou, sua voz grossa, áspera.
"Eu disse a você para manter isso gentil. Você pode ter tirado
seu sangue, com toda a sua agitação."
Rosa lhe deu uma cotovelada, mas por outro lado se
sentiu muito saciada, muito cheia de
calor que se desenrolava, para montar um argumento
adequado. "Acho que provavelmente também fiquei um
pouco" — ela respirou fundo — "envolvida."
A mão de John estava deslizando para baixo de seu
lado, sobre a curva de seu quadril até
sua coxa, e de volta para cima novamente. "Ach, mér líkar
þetta," disse ele, as palavras deliberadas o suficiente para que
Rosa pudesse entender o que ele queria dizer. Ele gostou
disso. "Mas
devemos cuidar do seu corpinho."
Sua mão continuou acariciando, quente, calmante, tão
completa e absolutamente deliciosa que a próxima pergunta
de Rosa pareceu escapar sozinha, sem qualquer pensamento
consciente. "Você vai me levar de novo do jeito normal?
Como fizemos da primeira vez?"
E ela certamente não deveria ter perguntado isso, com
base no súbito endurecimento do corpo de John contra ela, o
aperto de sua mão quando ela parou em seu quadril. "Eu sei
que é melhor," ele disse, muito calmamente, "se eu não fizer
isso."
Oh. Certo. Porque isso ainda era apenas uma coisa de
curto prazo, um exercício prolongado para evitar a prole
mortal. E isso — o corpo de um orc enrolado quente, protetor
e seguro atrás dela — ainda era apenas ele a atraindo para
ficar, até que tudo isso fosse feito. Cuidando dela, como ele
havia prometido.
E se a ideia de um orc de cuidar de uma mulher
também envolvia amarrá-la, ou puni-la, ou abraçá-la depois
de ter saqueado sua bunda, o que isso importava? Por que
Rosa se importava? Ela estava aqui para aprender, para
espionar, dezoito dias...
"Como vou saber se estou grávida, a partir desse
momento?" ela se obrigou a perguntar, seus olhos piscando
em direção à parede de pedra. "Será que Efterar será capaz de
dizer?"
"Ach," veio a resposta calma de John atrás dela. "Mas
também poderei sentir o cheiro de nosso filho em você,
quando ele vier."
Nosso filho. Quando ele vier. Como se já estivesse a
caminho. Uma inevitabilidade.
Um estremecimento involuntário percorreu as costas
de Rosa, e a mão de John de repente começou a se mover de
novo, deslizando para cima e para baixo em seu lado com
segurança proposital. "Não tenha medo, pequena rosa," ele
disse, embora sua voz soasse estranhamente grossa. "Eu vou
mantê-la segura."
E neste momento, com o corpo de um orc tão perto do
dela, a mão dele
acariciando tão intensamente sua pele, ocorreu a Rosa que —
ela acreditou nele. Ela confiou que ele quis dizer isso. Ele a
manteria segura. Deuses, ele até fez isso agora, não foi?
Garantindo que ela não se machucasse, tendo seu prazer desta
forma, ao invés daquela maneira. Mesmo agora, bem aqui,
acariciando-a, acalmando-a, ficando com ela.
Era o tipo de coisa que Lord Kaspar nunca teria feito
— seu descaso casual pelo desconforto de Rosa sempre foi
total e absoluto — e algo parecia estar inchando no peito de
Rosa, chutando seu coração de forma instável. Ela confiava
em John. Ela... gostava de John. Ele era controlador, secreto,
desonesto, perigoso — e amaldiçoa-a, ela gostava dele. Um
orc.
"Eu acho que você pode ter uma percepção distorcida
de segurança, John-Ka," ela disse, tentando manter sua voz
leve. "Quero dizer, nos últimos dias, fui amarrada a uma
cama, punida e empalada em algo que poderia se parecer
melhor com um poste de luz."
A risada de John atrás dela era calor, tranquilidade,
consolo. "Ach, e eu sei que você nunca esteve tão contente
como esta noite, animal de estimação tolo."
Ele estava certo, maldito seja, e Rosa soltou um
suspiro que não estava muito ofendido. "E," ela continuou,
mais alto, como se ele não tivesse falado, "eu fui
submetida à visão pavorosa de seu — seu segredo de prazer
Ka-esh.
Um antro de prazer, John! No final do corredor do seu
quarto!"
A sacudida do corpo de John atrás dela foi mais longa,
sustentada, e sua mão desceu por sua frente, para beliscar
suavemente seu mamilo maldito e pontudo. "Gritando de
novo, bichinho de estimação," ele ronronou, sua voz cheia de
malícia. "Não brinque comigo. Eu sei que você está curiosa
sobre isso. Você pode até querer voltar a assistir e aprender
mais. Ach?"
Assitir. Aprender mais. Outro calafrio percorreu as
costas de Rosa, nem perto do medo desta vez, e John riu
novamente enquanto arranhava seu mamilo com uma única
garra afiada. "Eu sei que você não gosta de admitir isso,
querida," ele murmurou. "Você tem vergonha de sua fome por
essas coisas. Mas por que?"
Rosa engoliu em seco, alto o suficiente para que ele
certamente ouvisse. Por que. E por que ela queria dizer isso,
por que ela queria dizer a esse orc abominável, de todas as
pessoas...
"Porque é vergonhoso," ela sussurrou. “Querer ser
usada e dominada. Querer ter — medo."
A zombaria de John atrás dela foi rouca, imediata.
"Quem disse isso?" ele exigiu. "Isso não prejudica ninguém,
querida. Não me faz mal, não faz mal a você. Você estava
contente hoje, por trabalhar para mim e ser totalmente meu
animal de estimação. Você está em paz. Eu posso provar isso
em você. Mesmo agora."
Rosa engoliu novamente, e ela podia sentir a mão
dele, novamente acariciando para cima e para baixo em seu
lado, certo, seguro. "O único mal está," ele disse, mais baixo,
"com aqueles homens. Os homens que te prejudicaram, para
roubar seus presentes para eles próprios. Os homens que
ensinaram você a se envergonhar, então você deve manter
seus segredos obscuros em segurança."
A respiração de Rosa tinha parado, o mundo inteiro
ainda estremeceu, exceto por
aquela mão quente, acariciando seu flanco de cima a baixo.
"Há orcs que fazem isso também," ele continuou, sua voz um
sussurro. "Há orcs que fizeram isso comigo. Mas eu não
deveria sentir vergonha pelas ações dos outros. Minhas ações
e
meus desejos são meus."
O cérebro de Rosa gritou, se rebelou — orcs fizeram
o que com ele? — mas então gaguejou, pegando, encontrando
algo para se agarrar no
caos de repente estridente.
"Mas você fica envergonhado às vezes, John," ela
rebateu. "De ser um orc. De fazer coisas, ou gostar de coisas,
que fazem de você um orc. Como se os orcs fossem todos
monstros violentos e agressivos."
Agora era John engolindo em seco, o silêncio de John,
a mão de John imóvel contra sua pele. E Rosa se ouviu soltar
uma gargalhada amarga, quebrada, talvez até zangada, porque
era tão doloroso, e tão malditamente bobo...
"Eu sabia que era besteira antes de conhecer um de
vocês," disse ela, sua voz subindo, vacilante. "E eu sei muito
mais agora. Vocês orcs são muito mais interessantes, únicos e
vivos, do que eu jamais poderia imaginar. E você é o meu
favorito, John, você é tão inteligente, você trabalha tão duro,
você é tão comprometido e consistente e — e nobre. Você
deve se orgulhar de quem você é."
Houve outra quietude sufocada, quebrada nem mesmo
pelo som de uma respiração — até que atrás dela John se
moveu, erguendo-se sobre o cotovelo, inclinando a cabeça
para cima para que seus olhos se encontrassem. Aguardando.
Fale. Sem falsidades.
"Você é maravilhoso, John," Rosa sussurrou.
"Qualquer mulher adoraria ser seu animal de estimação."
Houve mais quietude, seus cílios negros piscando, sua
garganta convulsionando. "Ach, bem," ele disse, finalmente,
sua voz soando menos segura do que Rosa jamais o ouvira. "É
sorte, então, talvez, que você tenha conquistado essa honra."
Rosa deu uma cotovelada nele, observando o calor
derramar em seus olhos,
sentindo-o derramar profundamente dentro de sua barriga.
"Não é sorte," ela rebateu. "São os
deuses fazendo sua cruel vingança contra mim e me dando um
senhor que pensa que sou tagarela, ossuda e uma prostituta!"
Mas a risada de John era quase insuportavelmente
gentil, e ele baixou a boca, beijou suavemente a bochecha
dela. "Ach," ele respirou, "e ainda assim, você
também é um animal de estimação digno para seu senhor,
pequena rosa. Exatamente o que um orc deve desejar."
O calor brilhou mais profundo, mais brilhante,
subindo pela espinha de Rosa, envolvendo seu coração.
Exatamente o que um orc deve desejar. Valiosa. Digna.
Ela não conseguia parar de sorrir, de repente, sorrindo
encantada para
os olhos dele, e uma risada brilhante escapou de seus lábios.
"Você está apenas dizendo coisas doces, seu réprobo," ela
murmurou, "então eu vou esquecer tudo sobre o seu
antro de prazer secreto."
"Ach, não," John disse de volta, sua boca
maliciosamente curvando-se, todo um
perigo delicioso e desonesto. "Eu digo essas coisas para que
você se lembre, querida."
Rosa ignorou a onda imediata de calor em favor de
mostrar a língua para ele — uma ação que ele retornou com
um pequeno estalar de dentes em direção a ela, enviando outro
arrepio de corpo inteiro profundamente em seus ossos.
"Desejo que você deixe toda essa vergonha, querida,"
disse ele, suave, mas firme. "Você
deve me obedecer, nisto."
"Só se você deixar também," Rosa respondeu,
batendo o nariz dele com o dela. "E seja o orc desonesto,
calculista e desviante que você realmente é. Completo com
garras, dentes e um poste de luz entre as pernas."
O rosnado de John não era de raiva, mas de prazer,
calor, fome. "Você deve tomar cuidado com suas palavras,
querida," ele respirou. "Caso contrário, este poste de luz pode
ensiná-la a fazer isso."
E Rosa era um bom animal de estimação, um animal
de estimação tão bom, porque ela apenas ofegou, sorriu
docemente e o beijou. "Estou aqui para aprender, meu
senhor," disse ela.
"Faça o seu pior."
Capítulo 24
Nos dias seguintes, Rosa se jogou de cabeça em sua
nova existência estranha e surreal. Ela não era uma espiã, nem
uma bibliotecária universitária, nem a amante secreta de um
lord. Ela não era, por enquanto, nem mesmo um erro do orc.
Em vez disso, ela era um animal de estimação Ka-esh,
mimado, protegido e obediente, vivendo apenas para servir
seu senhor e atender a todos os seus caprichos com um
sorriso.
Certamente, ajudava que os caprichos de John não
fossem particularmente onerosos, e que consistentemente
parecessem acomodar as próprias preferências de Rosa. Se
John desejava fornecer cafés da manhã fartos todas as manhãs
e depois ler The Lady Bright para ela na cama enquanto ela
comia, que defeito havia nisso? Se ele insistia que ela
estudasse Aelakesh com Tristan e Simon até o meio-dia todos
os dias, e depois passasse as tardes lendo, vagando pela
biblioteca e trabalhando em seus próprios projetos de livros
como ela desejasse, como ela poderia reclamar disso também?
E se ele a levava para a cama todas as noites — evitando
cuidadosamente aquele tipo particular de prazer, mas fazendo
uso completo, glorioso e repetido de todo o resto —
certamente não valia a pena protestar também?
A única coisa que havia para reclamar — além da
bagunça constante enfiada no cérebro de Rosa, e que tinha
começado a cheirar
distintamente a culpa — era o trabalho de John. Trabalho do
qual ele continuou mantendo Rosa cuidadosamente separada,
falando apenas nos termos mais vagos de
reuniões, prazos e vários projetos em andamento. Deixando
bem claro para Rosa, sem falar claramente sobre isso, que não
importa o quão boa, obediente e digna ela fosse, ele ainda não
a queria envolvida em suas atividades do dia-a-dia.
Especialmente quando tinha algo a ver com os homens e a
ameaça iminente de guerra.
Mesmo Tristan e Simon ficaram surpreendentemente
de boca fechada sobre a situação com os homens, a ponto de
Tristan ter dito a Rosa, em tom afetado, que talvez fosse
melhor fazer perguntas a John-Ka. E quando ela
tentou perguntar a Jule — que continuava a parar na biblioteca
quase diariamente para conversar — Jule apenas revirou os
olhos e murmurou sombriamente sobre malditos senhores
tolos que não conseguiam deixar bem o suficiente sozinhos, e
quem seria melhor gastar seus tempo e dinheiro limitados em
suas esposas e filhos negligenciados, ou na falta disso, seus
cavalos.
"Você realmente precisa trabalhar de novo, meu
senhor?" Rosa tentou perguntar a John
novamente, tarde da noite em sua cama. "O que poderia ser
tão importante?"
Sua voz saiu baixa e preguiçosa, suas mãos
acariciando seus ombros nus com uma facilidade familiar e
satisfeita. Ela acabou de passar uma boa meia hora chupando-
o, durante a qual ele arrastou sua metade inferior totalmente
em cima dela, para que ele pudesse tomá-la com a língua ao
mesmo tempo. Tinha sido absolutamente espetacular, e neste
momento, Rosa só queria deleitar-se com a satisfação disso,
de seu senhor olhando para ela com olhos tão fáceis e
tolerantes.
"Ach, eu devo," ele disse, mas havia uma verdadeira
relutância em sua voz, na torção irônica em sua boca. "Há
muito que ainda devo abordar hoje."
Rosa estava ficando melhor em avaliar dias e noites
na escuridão perpétua da montanha — os orcs mantinham
horários consistentes de várias maneiras, desde as refeições
até as horas em que as fogueiras ficavam acesas, e John
continuava a levá-la para seu solário Ka-esh em um
regularmente — e Rosa, sem entusiasmo, cutucou
seu peito nu com um dedo. "Não é hoje, é hoje à noite," ela o
corrigiu. "E sempre há algo que você precisa resolver. Até os
orcs precisam dormir um dia, John-Ka."
John descartou esse ponto inteiramente razoável com
um encolher de ombros descuidado,
embora seus olhos lançassem um olhar revelador através da
sala em direção a onde Tristan tinha, de fato, acabado de
entrar, dando-lhes um breve aceno antes de deslizar para o
beliche em frente. Tristan, Rosa agora sabia, dormia horas
semelhantes às dela, embora tivesse o hábito de esperar até
que ela e John terminassem suas atividades noturnas regulares
antes de ir para a cama. E enquanto Rosa ainda sentia vontade
de se cobrir sempre que ele aparecia, John, é claro, tinha pouca
paciência para tal pudor, especialmente em sua própria cama.
"Estarei aqui quando você acordar, querida," ele disse
com firmeza, com um tapinha satisfeito em seu seio nu, e
então um beliscão em seu mamilo ainda pontiagudo. "Ouvi
dizer
que os caçadores de Bautul trouxeram um pouco de mel hoje.
Vou trocar por isso e trazer um pouco para o seu café da
manhã amanhã."
Rosa não podia negar a faísca de ansiedade por isso
— John já havia deduzido, e aproveitado ao máximo, sua
preferência por doces — mas quando ele fez novamente para
sair do beliche, ela agarrou-se a ele, puxou-o de volta
contra ela. Ele não resistiu, olhando para ela com as
sobrancelhas levantadas, e ela engoliu em seco, acariciou um
dedo cuidadoso na linha dura de sua mandíbula.
"Seu trabalho é realmente tão importante," ela
arriscou, "que você não pode ficar nem mais um pouco? Se
você realmente não precisa dormir, talvez você possa
até ler comigo por um tempo?"
Ela apontou com a cabeça para a pequena pilha de
livros dele na prateleira próxima — para alguém que amava
livros tanto quanto ele, ele certamente parecia passar muito
pouco tempo lendo-os — e seu olhar de soslaio para os livros
parecia quase arrependido. "Eu não posso, querida," disse ele.
"Preciso me encontrar primeiro com o capitão, e depois com
Eben, e depois examinar o novo túnel do norte. Também
acabamos de saber de mais duas mulheres carregando filhos
orcs Skai, e isso deve ser tratado imediatamente. E os homens
—"
Ele parou ali, fazendo uma careta, mas ainda era mais
detalhes do que ele havia dado a ela em dias, e Rosa se agarrou
a isso, a ele. Ela era apenas um animal de estimação, curiosa
e
interessada, ela não precisava aprender nenhuma informação,
ou retornar a Dusbury, nunca, e especialmente em dez curtos
dias...
"Os Lords já responderam alguma de suas cartas?" ela
perguntou, tão levemente
quanto pôde. "Já teve notícias de Preia? Houve alguma
resposta ao ataque de Simon e aos homens feridos?"
O rosto de John traiu uma leve contração, e ele se
afastou de Rosa, tirando sua forma totalmente nua da cama
inteiramente. Curvando-se para agarrar suas calças
do chão, mostrando uma visão breve, mas impressionante de
seu traseiro nu antes de puxá-las.
"Não," ele disse secamente, enquanto vestia a túnica
sobre a cabeça. "Não nos foram enviadas cartas de retorno."
Oh. Rosa o observou silenciosamente, algo se
contorcendo profundamente em sua barriga. "Você acha que
os Lords ainda estão pressionando pela guerra? Mesmo apesar
de todos os seus esforços para evitá-la?"
Mas John apenas descartou as perguntas com um
encolher de ombros e deu um passo em direção à porta, como
se fosse sair. Mas então ele estendeu a mão para trás,
abruptamente, e passou a mão no cabelo já despenteado de
Rosa.
"Não se preocupe," disse ele. "Vamos cuidar de tudo isso.
Você deve dormir, pequeno animal de estimação. Você
precisa desse descanso."
Com isso, ele se virou e foi embora, deixando Rosa
sozinha em sua cama, piscando atrás dele à luz de sua vela.
Pensando, com uma
miséria surpreendentemente fervorosa, em Lord Kaspar e nos
dez míseros dias que lhe restavam. E depois disso, a guerra
certamente viria…
E apesar da relutância contínua de John em discutir
esta guerra iminente com ela — ou talvez por causa dela —
Rosa não tinha perdido os sinais crescentes de preparativos ao
seu redor. Os bandos de orcs de aparência assustadora e
totalmente armados nos
corredores. Os constantes clangores e gritos do que ela agora
sabia ser uma sala de sparring, apenas um nível acima da
biblioteca. Os murmúrios na cozinha e nos corredores sobre
homens, escaramuças e estratégias. Tudo falado em Aelakesh
rápido e curto, e embora a compreensão de Aelakesh de Rosa
ainda fosse extremamente rudimentar, ela começou a ouvir
com muita atenção e pedir a Tristan que traduzisse palavras e
frases que ela
ouvia com frequência. Coisas como armadas, bandos de
homens, nenhum ataque ainda. Sugerindo que, talvez, a
guerra estivesse ainda mais perto do que John queria
permitir…
Mas talvez fosse apenas paranóia. Talvez fosse apenas
Rosa meditando, pensando demais. Lord Kaspar havia dito a
ela que não havia dinheiro, não disse? Ele disse que eles
estavam esperando por suas revelações. Então talvez a
situação com Simon não tivesse realmente mudado nada.
Talvez tudo estivesse realmente bem, pelo menos até que ela...
Rosa forçosamente engoliu esse pensamento e olhou
para a silhueta escura de Tristan no beliche em frente — talvez
se ele estivesse muito cansado, ele poderia deixar escapar
alguma coisa? — mas essa esperança foi frustrada pelo súbito
aparecimento de Salvi, entrando alto e silencioso no quarto e
indo direto para a cama de Tristan. Algo que ele fazia quase
todas as noites, Rosa havia notado, embora até agora ela só os
tivesse visto falando um com o outro por alguns minutos, as
palavras calmas e cortadas, antes de Salvi ir para seu próprio
beliche para dormir.
Mas desta vez, não houve fala. Sem dormir. Apenas
Salvi primeiro
despiu a túnica e as calças no chão, expondo sua forma alta,
de pele cinzenta e totalmente nua aos olhos piscantes de Rosa
— e depois se jogou na cama com Tristan. Prendendo o corpo
menor e ainda vestido de Tristan perto dele, e cortando o ruído
óbvio de protesto de Tristan com um beijo profundo e
poderoso.
Rosa olhou para este novo desenvolvimento,
inesperadamente intrigada, enquanto Tristan
parecia derreter em Salvi, seus olhos se fechando, sua boca
beijando de volta
com uma ânsia fluida e familiar — mas então ele de repente,
visivelmente endureceu, e empurrou Salvi para longe. E Rosa
podia ouvir o grunhido de desaprovação de Salvi, ou
talvez frustração, e quando Tristan falou algumas palavras
ofegantes de Aelakesh, Salvi franziu a testa, e então — olhou
diretamente para Rosa. Seus olhos escuros, irritados,
insatisfeitos.
"Você não deve ficar irritada, mulher," ele disse, seco,
"se eu tiver Tristan aqui, ach? Isso vai assustá-la, ou qualquer
outra coisa?"
O rosto de Rosa fervilhava de calor, mas ela já estava
balançando
a cabeça freneticamente, afastando a pergunta. "Não, não,
claro que não," ela respondeu, rápido demais. "Minhas
desculpas, eu não quero ser rude —"
Ela tardiamente se atrapalhou para apagar sua vela,
mergulhando o quarto na escuridão total. Ao que se ouviu uma
risada satisfeita do beliche
em frente, um som de movimento silencioso. "Ach, você
poderia ter assistido," veio a voz de Salvi, rouca, presunçosa.
"Agora, alguma outra desculpa tola, sæti?"
Não houve resposta audível, mas Rosa podia ouvir
mais movimento, os sons de pele e peles deslizando, de mais
tecido sendo jogado no chão. E então um gemido áspero e
estrangulado de Tristan, e a risada baixa e triunfante de Salvi
em troca. "Gott," Salvi respirou. "Þú ert svo fallegur, sæti."
Rosa agora conhecia Aelakesh o suficiente para
reconhecer isso pelo que era — você é tão lindo, meu doce —
e a resposta suave de Tristan foi igualmente acalorada,
ganhando uma meia risada, meio gemido de Salvi. E então
foram apenas gemidos sem fôlego e os elogios ásperos de
Salvi, os sons de pele acariciando e batendo, ficando cada vez
mais alto até que a voz de Tristan se arqueou em um
uivo, e a de Salvi em um rosnado profundo e gutural.
Então lentamente se estabeleceu em apenas suas
respirações, arfando juntas, quase como uma. Deixando Rosa
estranhamente sem fôlego, piscando na escuridão, e
novamente sentindo aquela torção inexplicável e compulsiva
em sua barriga. John
voltaria, pela manhã. Ele tinha trabalho a fazer. Ela era apenas
um animal de estimação, e isso era tudo...
Demorou muito para Rosa adormecer de novo,
mesmo com as peles macias sobre ela, com as duas mãos
cruzadas protetoramente sobre a cintura. John
voltaria. Ele a queria tanto quanto Salvi queria Tristan. E é
claro que ele não iria contar tudo sobre seu trabalho, sobre
uma guerra, ela era apenas
uma…
Os sonhos de Rosa eram tensos, desconfortáveis,
cheios de bibliotecas, estudantes, um certo senhor bonito —
mas quando ela finalmente acordou na
manhã seguinte, John estava realmente esperando lá, como
havia prometido. Sentado na
extremidade oposta da cama, e segurando sua habitual garrafa
de leite, ao lado de uma tigela cheia do que parecia ser frutas
e sementes, toda regada com mel grosso e marrom-dourado.
Rosa arrancou dele com prazer genuíno, e logo
provou ser a refeição mais deliciosa que ela já comeu em toda
a sua vida. E uma vez que ela demoliu tudo, e John terminou
o último capítulo de The Lady Bright, ela o agradeceu
empurrando-o de volta para a cama, ajoelhando-se entre suas
pernas e arrastando com entusiasmo um tipo totalmente
diferente de doçura. Engolindo tudo sem perder uma gota, até
que seu estômago parecia muito perto de estourar.
"Pequeno bichinho faminto," John disse, enquanto a
puxava para cima novamente, e passou ambas as mãos sobre
sua cintura levemente arredondada. "Me agrada ver sua
barriguinha tão cheia. Você vai beber mais de mim esta noite,
ach?"
A promessa acalorada disso permaneceu com Rosa
durante o resto da manhã, mesmo quando John mais uma vez
saiu para seu misterioso trabalho, deixando-a para estudar na
biblioteca com Tristan e Simon. Tristan estava exibindo um
novo conjunto de marcas de dentes de aparência raivosa no
pescoço, mas além das pontas das orelhas coradas, ele não fez
nenhuma referência à noite anterior e, em vez disso, informou
a Rosa que ele e Simon estariam trabalhando em uma carta
para o próximo tempo, e talvez ela preferisse continuar em
seus próprios projetos?
Rosa sim, é claro, e ela trabalhou com feroz
concentração durante toda a manhã, o suficiente para que ela
mal notasse a
aparição abrupta de Salvi, várias horas depois, chegando para
vigiar o
ombro de Tristan. Pelo menos, até que Salvi inclinou a cabeça
para o pescoço ferido de Tristan,
beijando-o suavemente com lábios e língua — e Tristan
realmente rosnou para ele, alto o suficiente para Rosa pular, e
a cabeça de Simon se erguer para olhar para Salvi com uma
veemência surpreendente.
"Vá embora, fjandi," Simon sibilou. "Pequeno
professor não quer você. Não quer
mentiroso Ka-esh. Destruidor de votos. Filho-assassino."
Salvi imediatamente rosnou de volta, seu corpo
estalando alto e rígido atrás de Tristan. "Ele é Ka-esh também,
seu idiota gigante," ele atirou de volta. "E se ele não me quer,
por que ele cheira ao meu cheiro hoje?"
A última parte saiu com uma satisfação viciosa, mas
na frente de Rosa Tristan estremeceu, enquanto Simon bufou
alto e zombeteiro. "Todos os orcs precisam foder," ele
retrucou. "Isso não significa que ele confia em você. Não
significa que ele queira você incomodando o trabalho."
Algo frio formigou na barriga de Rosa — isso era
verdade para todos os orcs? — e seus olhos procuraram o
rosto tenso e pálido de Salvi, o inconfundível desconforto em
sua boca.
"É claro que Tristan confia em mim," disse ele, com
uma jovialidade que não combinava com sua expressão.
"Estamos juntos desde que éramos orcs. Parentes-irmãos para
a vida. Certo, sæti?"
Sua mão caiu para apertar amigavelmente contra o
ombro de Tristan,
e em troca Tristan deu um aceno rápido e brusco, seus olhos
fixos em seu papel. Ao que Simon apenas bufou novamente,
cruzando os braços sobre o peito enorme.
"Ele mente," disse ele, apontando uma garra para
Tristan. "E você mente, fjandi. Como todos os Ka-esh. Eu
ouço o que você faz com o amável professor. Eu ouço como
você faz dele seu companheiro, como ele despreza todos os
outros por você, até mesmo seu falso Sacerdote. E como
você o rejeita em seguida, por uma mulher. Por filho. E em
seguida" — ele se inclinou para frente, lançando o dedo em
direção ao peito de Salvi — "você e o falso Sacerdote matam
filho! Traí pequeno professor, por nada!"
Rosa não conseguia parar de olhar entre os três,
enquanto o
frio em sua barriga era mais frio, mais profundo. "Espere," ela
disse, sem
querer. "Vocês dois costumavam ser acasalados? E então
você" — ela franziu a testa
para Salvi — "você deixou Tristan? Ele? Por uma mulher?"
Houve uma careta coletiva de Tristan e Salvi, e um
gole visível na garganta de Salvi. "Nós não tínhamos," Salvi
disse fracamente, "votos falados."
"Mas eu pensei que Ka-esh não falava votos com
frequência," Rosa respondeu, sua voz monótona. "Você não
deveria mostrar sua afeição através de suas —
ações?"
Seu cérebro traidor tinha disparado para mais cedo
naquela manhã, para John trazendo mel em seu café da manhã
— mas esse pensamento secretamente emocionante foi
imediatamente repelido pela risada alta e amarga de Simon.
"Ach," ele assobiou. “Não falam votos, esses mentirosos Ka-
esh, então nada para quebrar. Mas isso ainda faz. Ele ainda
mente. Ele brinca de amor pelo professorzinho gentil, até
achar mulher pra foder! E quando ela inchar com filho, ele
mata!"
Bons deuses. Tristan parecia quase mortalmente
doente, piscando rapidamente para seu jornal, e atrás dele
Salvi balançava em seus pés, suas garras para fora, sua boca
quase cuspindo de raiva. "Seu idiota gigante de merda," ele
rosnou. "Você não tem ideia do que está falando. Nós Ka-esh
precisamos de filhos tanto quanto os Skai, e você sabe disso.
Pelo menos contribuímos
para esta montanha e para a continuidade da existência de
nosso povo, em vez de correr como bárbaros sem sentido,
iniciando conflitos desnecessários e deixando dezenas de
mulheres mortas em nosso rastro!"
O grunhido de Simon foi ficando cada vez mais
profundo, seu corpo enorme erguendo-se sobre o de Salvi,
seus dentes arreganhados e mortais. "Skai lutam e morrem
para salvá-lo. Skai mantem o fraco Ka-esh seguro!"
"Bem, talvez não precisemos mais de você," Salvi
disparou de volta. "Por uma vez, graças aos deuses, os
cérebros estão finalmente comandando o show!"
Simon fez um som profundo e grave muito parecido
com um latido, aterrorizante o suficiente
para fazer os cabelos da nuca de Rosa se arrepiarem.
"Mentirosos," ele rosnou. "Ladrões. Orcs duros. Culpa Skai,
mas quebra seus próprios votos e matam seus próprios filhos.
Falham mesmo com esses grandes cérebros para manter
muito mais homens longe da montanha! Homens que não
apenas vagam. Homens que agora ficam. Homens que fazem
um exército!"
Muitos mais homens. Quem agora ficam. Um
exército. O corpo de Rosa estava
muito tenso e imóvel, os olhos fixos no rosto de Simon, e ela
mal percebeu a resposta rosnada de Salvi, algo sobre Simon
ser metade da causa
dessa confusão em primeiro lugar. Porque seu coração estava
batendo forte, seu estômago se
revirando, mais homens, talvez mais homens de Duque
Warmisham, ali, e
espere, não disse John, ontem à noite...
"Quantos mais homens?" Rosa ouviu sua voz cortada,
curiosamente oca. "Há quanto tempo eles estão aqui?"
Tristan estava falando, de repente, mas a risada de
Simon era mais alta, áspera, sombria. "Muitos, muitos dias,"
disse ele. "E em breve, se esses cérebros não encontrarem um
caminho para isso, teremos guerra."

Capítulo 25
Teremos guerra. Rosa não podia seguir, não podia se
mover. Só podia olhar para Simon, em Salvi — e depois em
Tristan. Tristan, cujo rosto estava todo escrito com desgosto,
miséria e culpa.
Ele sabia.
"Mas John," Rosa engoliu em seco, olhando. "John
disse — ele me disse — que não tinha ouvido nada. Dos
homens."
E Lord Kaspar me disse que eles não tinham dinheiro,
ela queria gritar. Eles estão esperando minha pesquisa, em
nove dias — Mas mesmo quando o pensamento surgiu e se
rebelou, Rosa sentiu sua ingenuidade, sua tolice risível. O que
importava, o que Lord Kaspar havia dito a seu
bibliotecário semanas atrás? Claramente, muita coisa havia
mudado desde então. Simon lutou e feriu dez homens, ela viu
com seus próprios olhos, e então ela viu os preparativos por
toda esta montanha, e o quanto John trabalhou nos últimos
dias. Claro que houve uma resposta dos homens, por que ela
esperava que não houvesse...
"Eu falei isso com você, mulher," veio a voz de
Simon, áspera,
triunfante. "De novo e de novo. Mentirosos Ka-esh. Até Skai
vê o quanto esse
falso Sacerdote não diz a seu próprio companheiro. Eu sei que
você ainda não sabe nada de seus planos profundos. Você não
sabe nada de seus truques secretos. Você não sabe nada de
como ele —"
"Pare!" interrompeu a voz de Tristan, ecoando em tom
agudo pela sala. "E saia. Vocês dois. Por favor!"
Houve um instante de imobilidade espasmódica, em
que Simon e Salvi se sacudiram para olhar para Tristan. Que
estava mordendo o lábio trêmulo com um dente branco afiado,
os olhos piscando com força, a mão segurando a pena que
ainda estava segurando.
"Por favor," Tristan repetiu, e depois de outro instante
franzindo a testa para sua cabeça curvada, Salvi girou nos
calcanhares e saiu, com o
corpo enorme de Simon balançando atrás dele. Deixando
Rosa sozinha com Tristan, e olhando fixamente por cima da
mesa para seu rosto pálido e abatido.
Ele havia mentido para ela. John havia mentido.
E Rosa queria gritar com Tristan, perguntar como ele
podia esconder tal coisa dela — mas as palavras não saíram,
e ela colocou os braços em volta da cintura, apertando forte.
Não deveria importar. Ela não se importava. Ela não.
"Sinto muito, Rosa," veio a voz oca de Tristan. "Eu
disse a John-Ka para falar sobre isso com você. Eu disse a
ele."
Ele parecia à beira de chorar, Rosa percebeu, e ela
baixou seus próprios olhos piscantes para a mesa. "Eu sabia
que ele estava escondendo alguma coisa," ela se obrigou a
dizer, através de sua própria boca trêmula. "É o jeito Ka-esh,
aparentemente."
O silêncio entre eles parecia espesso, de repente,
pesado com acusação. Insinuando, talvez, as mentiras de Salvi
para Tristan também — e um olhar para cima
mostrou a garganta de Tristan convulsionando, seus dedos em
garra flexionando contra sua
pena.
"Ka-esh nem sempre é assim," disse ele, muito quieto.
"Salvi nunca falou falso comigo. Ele não me traiu de verdade,
como Simon disse. Eu" — com os
ombros retos — "eu lhe dei permissão para fazer tudo o que
ele fez."
Rosa continuou olhando fixamente para ele, enquanto
seu cérebro agitado evocava uma memória do que parecia
semanas atrás, uma vida inteira atrás. Quando Salvi tinha uma
companheira, John tinha dito, ele transava com ela antes de
nós todas as noites. Havia uma grande alegria nisso…
"O que, então você simplesmente correu de volta para
os braços de John," disse ela, mais fria
do que queria, "e então vocês dois sentaram e assistiram ao
show
juntos?"
O rosto pálido de Tristan não mudou, seus olhos fixos
em sua pena. "Ach, nós fizemos," ele respondeu, sua voz dura.
“John-Ka me mostrou muita bondade nisso. E se eu não
pudesse ter Salvi para mim, eu ainda poderia me alegrar ao
vê-lo ter tanto prazer em sua companheira, e em enchê-la com
sua semente, e acendendo seu filho dentro dela. Ele é" — sua
garganta convulsionou — "impressionante, em sua alegria."
O estômago de Rosa revirou, com força suficiente
para que ela tivesse que colocar a mão na boca. "Bons deuses,
Tristan," disse ela, abafada. "Se eu visse — alguém com quem
me importasse — fazer tudo isso com outra pessoa,
especialmente depois que ele me deixou, eu nunca seria capaz
de ver o lado bom nisso, muito menos perdoá-lo por isso.
Nunca."
Os ombros de Tristan subiram e desceram, seus olhos
piscando onde ele estava agora segurando sua pena entre as
duas mãos. "Eu não perdoei Salvi," ele
sussurrou, tão baixo que era quase inaudível. "Mas eu deveria.
Ele queria uma mulher e um filho. Todos nós queremos isso.
Devemos."
Mas a pena em suas mãos de repente se partiu em
duas, o barulho
irritantemente alto na quietude silenciosa. E tinha coberto de
tinta os
dedos de Tristan, e ele os esfregou, com força, enquanto
cambaleava
para ficar de pé.
"Eu deveria," ele disse, sem olhar para ela, esfregando
novamente, "ir. Eu devo —"
Ele não terminou, virou-se e cambaleou para longe, na
escuridão.
Deixando Rosa completamente sozinha na biblioteca, pela
primeira vez desde que
chegara a esta montanha, e ela olhou inexpressivamente para
as prateleiras já familiares, e depois para os papéis sobre a
mesa. Suas notas de Aelakesh, e então colocado
cuidadosamente em cima, sua tradução de Um Tratado sobre
o
Ganhoso Nascimento de Filho Orc.
Ela tinha acabado de terminá-lo mais cedo naquela
manhã, e ela estava inexplicavelmente animada para mostrá-
lo a John — mas agora ela só conseguia piscar para ele, para
a capa embrulhada em couro brilhante, os pontos perfeitos de
sua
encadernação. John tinha mentido para ela. Ele sabia que os
homens estavam aqui, ele estava
trabalhando para abordar esta guerra talvez o tempo todo, e
ele intencionalmente a manteve um animal de estimação
ignorante e alheio. Tolo. Inútil.
Rosa não ergueu os olhos quando o ouviu entrar na
biblioteca, algum
tempo depois. Apenas continuou olhando para o livro dela, o
coração dela batendo dolorosamente, enquanto ele suspirava
e se aproximava para ficar ao lado dela.
"Ouvi dizer que Simon aborreceu você de novo," sua
voz cortada disse. "Você deveria saber, querida, para não
permitir que um Skai a provoque assim."
A cabeça de Rosa se ergueu, seus olhos se estreitando
no rosto desaprovador e estupidamente atraente de John.
"Você vai me dizer de novo que Simon estava
mentindo, então?" ela perguntou, sua voz fina. "Você vai
continuar fingindo que ele e o Skai são todo o problema aqui,
ao invés do exército de
homens que aparentemente estão acampado na sua porta?!"
John não se moveu ou falou, não traiu uma única
contração, mas Rosa o conhecia, sabia que era verdade, e ela
apertou as mãos na cadeira embaixo dela. "Você mentiu para
mim, John," ela retrucou. "Você fingiu que nada estava
acontecendo com os homens. Você me deixou acreditar que
tem passado
seus dias fazendo pesquisas científicas e cavando túneis, ao
invés de planejar uma guerra!"
O rosto de John ainda não havia mudado, seus olhos
irritantemente fixos nos de Rosa. "E por que, mulher," ele
disse, sua voz muito cuidadosa, "você deseja saber tanto desta
guerra."
Houve uma pulsação de pânico repentino, profundo e
escondido por dentro, mas
graças aos deuses a boca de Rosa já estava falando,
resgatando-a com
surpreendente veemência. "Porque estou tentando confiar em
você, John! Estou tentando servi-lo e agradá-lo, esquecer a
vergonha e me aceitar como seu"— ela teve que respirar,
trêmula — "seu animal de estimação. E como devo fazer isso,
como devo me sentir segura com você, quando você continua
mentindo para mim!"
John apenas continuou olhando para ela, sem falar, e
Rosa mordeu o lábio, piscando para o chão de pedra. "E eu
odeio ser ignorante, John," ela sussurrou. "Eu odeio não saber
das coisas. Achei que você soubesse disso."
Ela podia ouvir a expiração pesada de John, a ligeira
mudança de sua forma. E quando ela olhou para cima
novamente, com os olhos inexplicavelmente úmidos, ele
estava recostado na mesa diante dela, seu olhar fixo na
prateleira atrás dela.
"Esses homens marcharam de Preia dois dias depois
do ataque de Simon," ele disse, as palavras muito uniformes.
"Não é um exército completo — o Duque Warmisham ainda
não tem fundos para levantar um exército completo — mas
dois regimentos. Duzentos
homens armados. Eles montaram acampamento na base da
montanha, mas ainda não montaram um ataque ou tentaram
abrir caminho."
Rosa olhou para ele com os olhos arregalados, seu
coração pulando. Duzentos homens. Ainda não atacado.
Ainda não…
"Os Lords Otto, Anton e Culthen ainda não enviaram
seus próprios homens para se juntar a
eles," a voz firme de John continuou. "Mas Otto também não
impediu que esses regimentos cruzassem suas terras. Sabemos
que esses senhores — Duque
Warmisham e Lord Kaspar entre eles — ainda se reúnem em
sua Cidadela para incitar a guerra, e eles contratam ainda mais
homens para atacar nosso comércio. Eles se espalham ainda
mais contos e tratados pela terra de nossa grande maldade, e
estes viajam com grande velocidade."
Oh. Rosa estava sentada muito ereta e imóvel na
cadeira, as mãos agora agarradas no colo, os dedos frios e
úmidos. "Então, o que você está fazendo em troca?" ela disse,
através de sua boca estranhamente seca. "O que vem depois?"
John encolheu os ombros, seus lábios afinando.
"Trabalhamos e esperamos. Enviamos
muitos batedores, enviamos cartas e convocamos conselhos.
Apresentamos queixas a
cada ataque aos nossos vagões comerciais. Mais uma vez,
proibimos qualquer orc de pisar acima do solo ou encontrar
qualquer homem em batalha. Bloqueamos todas as saídas
superiores para nossa montanha. Mas" — ele passou a mão
pelos cabelos, os olhos ainda cravados na estante — "os
homens ainda ficam. Eles também esperam."
Parecia difícil falar, de repente, o olhar de Rosa agora
fixo em suas mãos. "E o que," ela resmungou, "eles estão
esperando?"
O silêncio tornou-se espesso, opressivo, maculado —
e o rápido e furtivo olhar de Rosa para cima mostrou John
finalmente olhando para ela, seus olhos tão
distantes, tão frios. Então… aguardando.
"Sabemos que eles procuram mais homens," disse ele,
muito suave. "Mas não sabemos de onde esses homens virão.
Destes senhores que mais
nos pressionam, só Lord Otto tem a riqueza para financiar um
exército grande o suficiente para realmente nos ameaçar. Mas
ele não o fez. Ainda."
Algo começou a agitar os pensamentos de Rosa,
saltando selvagem e em pânico para escapar. Estão esperando
os camponeses, quis gritar.
Eles estão esperandopara espalhar a palavra de suas novas
atrocidades e desencadear uma
rebelião pública. E certamente, certamente eles enviaram
esses homens treinados aqui para se preparar, estabelecer
planos e linhas de suprimentos, direcionar e reforçar qualquer
ataque quando vier —
"Assim, eu gostaria de perguntar a você, querida,"
veio a voz de John, suave e aveludada,
desencadeando mais pânico no crânio de Rosa. "Você sabe
alguma coisa disso? Você trabalhou para Lord Kaspar e
dividiu sua cama por muitos anos. Ele falou com você sobre
seus planos? Ele procurou sua ajuda?"
Oh deuses. Ah, deuses. Rosa estava olhando para o
rosto de John, seu rosto inexpresivo, e ela se sentiu presa em
sua cadeira, sua respiração travada em seus pulmões. John não
podia saber. Ele não podia. Ele nunca poderia descobrir.
Mas talvez, ela percebeu, com um horror lentamente
rastejante, ele suspeitava. E talvez... talvez fosse por isso que
ele mentiu para ela todo esse tempo. Foi por isso que ele
manteve os planos de guerra tão secretos. Ele não confiava
nela, e ele não podia, nove dias, ele não podia...
E o que ela poderia dizer, para um orc, que achava que
seu animal de estimação estava mentindo para ele,
espionando-o, vendendo-o para seus inimigos. Um orc que —
Rosa não pôde evitar um doloroso estremecimento de corpo
inteiro — sabia o que ela estava lendo naquele dia na
biblioteca. Um orc que ela tentou subornar, naquele primeiro
dia,
para lhe contar a verdade sobre seu povo...
"Lord Kaspar me pediu para pesquisar você," ela
deixou escapar, antes que pudesse parar. "Ele me deu uma
lista de fontes para ler. Então eu os li e achei que eram lixo
total, então é por isso que tentei aprender mais com você na
biblioteca. Isso é tudo. Eu nem mesmo" — ela suspirou — "vi
Lord Kaspar, desde então."
John estava olhando para ela, seus olhos quase
dolorosamente concentrados em seu rosto, e Rosa sentiu seu
peito afundar, suas bochechas quentes e doloridas. Ele não
podia
saber. Ele não podia…
"Eu também não quero vê-lo," ela continuou, mais
calma, as palavras soando agradecidamente,
abominavelmente verdadeiras. "Deuses, tem sido um alívio
estar longe dele, todo esse tempo. Fazer algo — que vale a
pena."
E espere, ela não quis dizer isso, não é? Seu trabalho
na Biblioteca de Dusbury certamente valeu a pena, mesmo
que metade dele envolvesse
acomodar os impulsos senhoriais de Lord Kaspar — mas o
olhar de Rosa parecia pegar, e segurar, seu novo livro sobre a
mesa. E então em suas pilhas de notas e exercícios de
Aelakesh, e então — ela engoliu — na biblioteca ao seu redor.
Não mudou significativamente desde quando ela chegou, mas
as diferenças ainda estavam lá. Era mais limpo, mais
organizado, mais brilhante. Mais fácil de usar, apreciar,
desfrutar. Tinha sido... cuidado.
Assim como ela tinha sido, algo sussurrou, profundo
e forte por dentro, enquanto seu estômago se retorcia e se
revirava, seu olhar fixo novamente nos olhos de John, que
observavam e pesavam. Tendo talvez não tanta suspeita como
antes, mas mais — consideração. Deliberação.
"Agora você sabe onde estamos, com esta guerra,"
disse ele finalmente. "Há algo mais que você gostaria de me
perguntar sobre isso? Ou me dizer?"
Ele estava se oferecendo para responder a mais
perguntas, percebeu Rosa, piscando para seu
rosto muito distante — e ele também estava dando a ela mais
uma chance. Mais uma oportunidade. Mais uma oportunidade
para dizer que Lord Kaspar a subornou para espioná-lo e
ajudá-lo a começar esta guerra...
Mas John não podia saber. Nunca. E Rosa engoliu o
bloqueio em sua garganta, e fez sua cabeça balançar para
frente e para trás. Dizer não, não, nada, nunca...
E talvez ela estivesse imaginando isso, o leve brilho
de algo novo nos olhos de John, a severidade adicional em sua
boca. Mas ele acenou com a cabeça, uma vez, os olhos fixos
na prateleira atrás dela, os braços cruzados sobre o peito.
"Então me diga, talvez," ele disse, tão suave, "o que
você fez
hoje."
Sim, sim, deuses sim, qualquer outra coisa, e o alívio
espasmo na barriga de Rosa quando ela assentiu
freneticamente, seu olhar caindo para a mesa. Para sua
tradução pura e novinha em folha do Tratado.
"Bem," ela disse, sua voz muito aguda. "Eu terminei
seu livro, John. E você sabe, no começo eu não tinha certeza
sobre isso — pelo menos parte disso tinha que ser exagerado
— mas quanto mais eu lia, mais eu realmente achava que
poderia ajudá-lo. Todos vocês."
John olhou para o livro, as sobrancelhas levantadas,
mas ele não falou nada. Esperando que Rosa continuasse —
ouvindo-a, seus
pensamentos sussurravam, enquanto seu estômago se contraía
novamente —, então ela
respirou fundo, soltou o ar.
"Este autor afirma ter estudado centenas de mulheres,
com uma
metodologia aparentemente rigorosa," disse ela. "E ele
desenvolveu listas abrangentes de quais alimentos e ervas
provaram ser mais benéficos e descrições detalhadas de
alongamentos e massagens que ajudaram a preparar as
mulheres
para o parto. E esta parte" — ela estendeu a mão para abrir o
livro com a mão trêmula — "é um argumento crível para
induzir o nascimento pelo menos dois meses completos antes,
se você tiver um orc como Efterar para ajudá-lo. Ele também
tem uma seção sobre parto na água, e esta parte é sobre como
garantir que você descole e pese adequadamente a placenta.
Aparentemente, as placentas dos orcs são maiores e
metabolicamente mais ativas do que as humanas, o que é
bastante fascinante, você não acha?"
Ela estava balbuciando, definitivamente, mas John
não parecia aborrecido — na verdade, seus olhos se
estreitaram com seu foco revelador deliberado — então Rosa
continuou falando, folheando outra parte do livro. "E o mais
importante, de acordo com sua pesquisa, as mulheres cujos
orcs ficam com elas durante a gravidez aparentemente têm
uma taxa de sobrevivência muito maior. Ele atribui isso à
terapia imunológica — essencialmente aclimatando o corpo
da mulher ao longo do tempo à composição genética
particular do orc e
ensinando-o a acolher sua prole. E, também, ele alega
aumento da nutrição materna. A partir de. É. Todos os" — ela
não pôde evitar um sorriso fraco e envergonhado — "beber
sementes. É saudável, aparentemente. Como
você continua dizendo."
John não sorriu de volta, embora seus olhos tivessem
adquirido um tom distintamente incrédulo. Quase como se ele
não pudesse acreditar que Rosa estava dizendo
coisas tão absurdas, mas ela continuou, cavando mais fundo.
"E eu
realmente acho," ela disse, "que as implicações disso são
enormes, você não acha? O fato de que relacionamentos orc-
mulheres bem-sucedidos podem ser a chave para sua
sobrevivência, em vez de apenas nascimentos bem-sucedidos.
Então, talvez você precise mudar algum foco para lá. Talvez
você precise dar aos seus orcs melhores ferramentas para se
comunicar. Talvez, em vez de todas as suas rixas tolas com os
Skai, você precise realmente ensiná-los como tratar as
mulheres, ou como falar a
língua comum, ou mesmo como escrever. E não apenas como
punição."
John ainda não estava falando, apenas olhando para
ela com aqueles olhos incrédulos, e Rosa engoliu em seco, deu
de ombros inquieta. "Se você ler até o fim," ela continuou,
mais calma, "o autor finalmente afirma ter uma taxa de
sucesso de oitenta e cinco por cento de nascimento de orcs, se
todas as medidas forem seguidas. Mesmo com mulheres
pequenas. Como eu."
A sala ao redor deles de repente ficou muito quieta,
muito quieta, e Rosa podia sentir a expiração lenta de John, a
maneira como ela ficou presa em sua garganta. A forma como
seus olhos estavam agora brilhando, suas mãos apertadas ao
seu lado, sua mandíbula tensa e quadrada.
"E você," ele disse finalmente, tão suave, tão
malditamente perto de zombar, "realmente confia em tudo
isso, mulher. Um livro estranho, de um orc estranho e há
muito perdido de eras passadas. Um livro que eu nem sabia
que tinha."
Rosa lutou para considerar objetivamente a questão,
mesmo com o coração batendo de forma irregular, a boca
completamente seca. "Pode ser?" ela se ouviu
dizer. "Quero dizer, quase tudo que sei, aprendi com os livros.
Da leitura. É como nos comunicamos com pessoas que não
podemos ver, com as pessoas que vêm depois de nós. É o
conhecimento, John, e o conhecimento informa novas
escolhas, novas ações. O conhecimento nos muda, se o
aceitarmos. O conhecimento muda tudo."
Sua voz tinha ficado baixa, fervorosa, talvez quase
suplicante, e seu batimento cardíaco continuava trovejando,
sua respiração ficando superficial e rápida. E John continuou
olhando para ela, seus olhos semicerrados, cílios escuros
piscando — e
então, oh graças aos deuses, lá estava sua língua, curta, preta,
deslizando contra
seus lábios. O traindo.
Rosa mal se sentiu se levantando, estendendo a mão
em direção a ele — mesmo enquanto observava suas mãos
agarrarem seus ombros e empurrá-lo para baixo na cadeira em
que estava sentada, isso foi uma traição também. E ainda mais
quando os dedos formigantes de Rosa tatearam em busca de
sua túnica, e a arrancou, jogando-a no chão.
Os olhos escuros e piscantes de John percorreram para
cima e para baixo, bebendo a visão de sua forma nua, e Rosa
se aproximou, entre suas coxas separadas. Inclinando o rosto
para cima com uma mão trêmula, pegando e segurando
aqueles olhos piscantes e traidores com os dela.
Rosa não conseguia falar, não suportava quebrá-lo,
mas de alguma forma ela empurrou a mão até sua virilha,
sentiu o peso inchado familiar através de suas calças.
Agarrando-o, esperando por isso, e quando suas próprias mãos
vieram, obedeceu, puxando sua dureza grossa e gotejante para
o ar, parecia uma promessa. Uma revelação.
E não precisava ser falado, apenas tomado. Só fez
verdade quando Rosa se aproximou, subindo naquelas coxas
poderosas. Abrindo-se
sobre ele, sobre aquele perigo duro, pingando, muito real — e
então se abaixando sobre ele, devagar, firme. Encontrando a
cabeça grossa, escorregadia e trêmula dela, aprendendo,
provando, beijando a glória dela com os lábios molhados e
inchados.
Sentindo-o falar de volta, inchar de volta, queimando e
jorrando, afundando cada vez mais fundo nela, lá dentro,
respiração por respiração. Pela primeira vez, desde
aquela noite fatídica em outra biblioteca, outra vida...
Porra, era bom, parecia tudo, parecia nada mais que
Rosa jamais conhecera. Como se os olhos nus e piscando
desse orc nela fossem tão fortes quanto o enorme e despido
pênis orc dirigindo seu caminho dentro dela, esticando-a,
dividindo-a em duas ao redor. E foi preciso todo o fôlego de
Rosa, toda a sua coragem, para continuar olhando, continuar
afundando, tomando mais e mais, tão apertada e cheia que ela
sentiu que poderia quebrar — até que sua virilha afundou
contra a dele, sua enorme
dureza totalmente enterrada dentro. Enquanto seu corpo
esfomeado e esticado tremia e se agarrava a ele, ansiando,
empalado, preso. Onde ele pertencia, onde ela pertencia.
Casa.
"Oh, meu senhor," ela sussurrou, sem saber,
seguindo-o. "Ríddu mér. Por favor."
As palavras brilharam nos olhos de John, no brilho
sustentado de seu peso invasor trancado dentro dela — e ele
girou os quadris, gentil, mas o suficiente para se enfiar um
pouco mais cheio, um pouco mais profundo. Inclinando-se na
ponta certa da dor, e oh, foi bom, e quando ele fez isso de
novo, Rosa se balançou de volta, encontrando-o. Sentindo seu
corpo arquear e levantar, agarrando-se à verdade maciça e
irreconciliável dele, disso. Seu orc, seu senhor, dentro dela,
levando-a, ali, assim, até...
"Sem falsidades?" ela sussurrou para ele, suave,
abalada, e ela sentiu o gole de sua garganta, afogado na
vibração de seus olhos.
"Não," ele sussurrou de volta. "Ríddu mér, minha
valente rozinha."
E foi tudo, o mundo inteiro esmagado para isso, para
elogios e olhos e pênis de um orc, sua voz acalorada dizendo
em sua própria língua, foda-me. E o corpo de Rosa estava se
contorcendo e balançando sozinho, arqueando e gemendo,
dirigindo, empalando, se divertindo. Precisando disso mais do
que a vida, precisando ser presa e espetada inteira no forte
pênis de seu senhor, mais, mais, mais —
Suas mãos estavam agarrando seu rosto, seus olhos
atordoados e frenéticos sobre os dele, sua respiração
deslizando ao ver sua língua, curvando-se contra dentes
afiados. Piscando para a vida imagens dele na floresta, seus
dentes pingando vermelho, e então o pescoço de Tristan
naquela manhã, e...
E era impensável, inconcebível, mas Rosa estava
fodendo um orc onde importava, ela era dele, ela iria agradá-
lo, mostrar a ele, ser digna.
As mãos dela agarrando a parte de trás de sua cabeça,
arrastando-o para baixo, emocionando-se com a sensação
chocante de sua língua em seu pescoço, percebendo distante
que ele nunca tinha feito isso antes, nunca nem a beijou ali. E
talvez fosse por isso, o jeito que seus dentes já estavam
raspando, procurando, sua respiração saindo áspera,
angustiada...
John puxou para trás, atordoado, mas ainda lambendo
os lábios, de novo, de novo, combinando cada movimento
suave e emocionante de seus quadris contra ela. "Você
é," ele ofegou, com esforço, "fraca. Pequena. Isso pode —
quebrar você."
Mas eles já tinham superado isso, Rosa não tinha
paciência para isso, não mais. "Você é um bom senhor," ela
respirou, entre gemidos. "Cuide de
mim. Confio em você."
E ele não acreditou nisso, ou acreditou, seus olhos
novamente indo para algum lugar que ela não podia seguir.
Pensando, talvez, de volta para onde eles estavam
antes disso, há algo mais que você possa querer me dizer…
E de repente, Rosa não podia suportar a visão disso, o
próprio pensamento disso. Assim não. Não com seu núcleo,
ela mesma, cheia dele,
aberta para ele — "Por favor, John-Ka," ela engasgou. "Ég vil
þig."
Quero você. Eu quero você, eu preciso de você, eu
adoro você — e ela podia ver sua capitulação, podia sentir
isso, o pólo invasor dentro dela inchando ainda mais,
impedindo qualquer fuga. E a cabeça baixa, lenta, reverente,
a boca macia
patinando contra a pele delicada, a língua provando e os
dentes raspando, saboreando,
procurando...
E então ele a mordeu. Rápido, hábil, implacável, seus
dentes afiados afundaram profundamente no pescoço real de
Rosa, e ela podia sentir seu sangue aquecendo para encontrá-
lo, respondendo-o, enchendo-o. Afogando-se em seus goles
duros e famintos, a doce tomada de sua língua deslizando. O
gemido rouco e firme de sua garganta, a protuberância de seus
quadris sob ela, seu pênis duro perfurando mais fundo,
inchando mais, estremecendo e esticando, enquanto suas
bolas abaixo subiam, inchavam, pegavam, inclinando-se na
borda...
Sua explosão dentro dela foi cruel, impiedosa,
gloriosa. Pulverizando jorro após jorro de semente de orc
quente, espessa e mortal, inundando a barriga de Rosa com
ela, enchendo-a. Enquanto sua garganta continuava
engolindo, enchendo-o com ela por sua vez, e estava certo e
era bom — e quando a própria liberação de Rosa disparou e
gritou em fogo pulsante, ela entendeu. O mundo inteiro
mergulhou em total clareza, alívio perfeito. John era dela, ela
era dele, igualada, digna,
sábia, inteira.
John estremeceu enquanto lentamente puxava a
cabeça para trás, os olhos atordoados e piscando, a boca
manchada de vermelho. Rosa está vermelha, mas não houve
choque com isso, não mais. Sua semente, por seu sangue. O
comércio que as mulheres fizeram com esses orcs, talvez
totalmente desiguais em seu rosto, mas não se sentindo assim,
não neste momento. Não com ele.
"Você está bem, meu senhor?" sussurrou Rosa. "John-
Ka?" Ele piscou novamente, seu grande corpo se sacudindo
debaixo dela — e foi quase como se sua consciência tivesse
recuado também, a presença estalando em seus olhos.
Levando a mão à boca, enxugando o sangue — e então seus
olhos piscando para a mão, agarrados, presos.
"Helvíti," ele respirou, ainda olhando, quase como se
estivesse compelido — e depois
baixando os olhos arregalados para o pescoço ferido de Rosa,
e depois mais para baixo.
Ao ver isso, a virilha de Rosa se abriu e se afundou contra a
dele,
ainda presa, aberta, com ele enterrado por dentro.
"Ach," disse ele, balançando a cabeça, apertando os
olhos fechados, escondendo-se. Afundando em sua própria
vergonha, de ser um orc. E ele não podia, não agora, não
assim. De novo não. Não depois disso.
"Sabe, eu gostaria de entender," a voz de Rosa disse,
quase firme, mas não exatamente, "se essa mordida que vocês
orcs parecem perseguir instintivamente também pode
fornecer algum tipo de benefício imunológico no parto
subsequente da mulher. Pode ser uma hipótese fascinante, não
acha?"
John estava piscando para ela de novo,
suficientemente pego de surpresa pelo menos no momento,
então Rosa continuou falando, deixando as palavras se
desenrolarem como
desejavam. "Imagino que provavelmente até trocamos uma
quantidade similar de fluidos corporais, você não acha? Quer
dizer, eu nem me sinto um pouco tonta, então você não pode
ter bebido muito, certo? E também" — ela cutucou seu peito
ainda vestido, enquanto mais compreensão fervilhava —
"você ia me dizer que isso era algo que você queria fazer?
Achei que você
deveria estar abraçando sua verdadeira natureza orc, John-Ka.
Fazia parte do acordo."
Sua voz se elevou com inconfundível triunfo, sua
boca se contorcendo
em um sorriso inexplicável, e John apenas olhou para ela,
ainda piscando, ainda com o sangue dela nos lábios. E a visão
era tão completa, poderosamente de tirar o fôlego, tão
impossivelmente cativante, que Rosa teve que desviar o olhar,
respirar fundo.
"E aqui eu pensei," ela continuou, "eu ouvi tudo isso,
com seu antro de prazer secreto, e todo aquele negócio com as
correntes, e punições, e cópula pública, e tal. Você é um
réprobo intrigante, John-Ka."
E ele era o bastardo calculista, então por que Rosa
ainda sorria para ele, bebendo o langor ainda atordoado em
seus olhos ainda piscando. "O que mais você quer comigo,
John?" ela exigiu. "Diga-me."
Ele não respondeu imediatamente, mas seu olhar
encapuzado caiu, breve, para onde seus corpos ainda estavam
unidos. Para a realidade ainda impossível disso, seu pênis de
orc se projetava dentro dela, e o calor fervilhava novamente
quando Rosa percebeu o que ele queria dizer. Ele queria isso.
Ele
queria isso e, talvez, tudo o mais que veio com isso...
"Eu quero tudo o que você deseja me dar, querida,"
ele disse finalmente, devagar, sua
voz toda suave calor líquido. "Mas eu ainda não desejo
realmente assustá-la, ou trazer-lhe vergonha ou tristeza. E" —
seus olhos mudaram — "não desejo enredá-la ainda mais em
uma guerra contra sua própria espécie."
Oh. Espere. A compreensão explodiu, vívida e
contundente, enquanto Rosa piscava
para ele, absorvendo o peso daquelas palavras. Tinha todo o
seu sigilo sobre isso apenas foi, talvez, outra tentativa mal
orientada de protegê-la? Para manter seu animal de estimação
seguro?
De repente, o mundo inteiro parecia brilhante, vivo, e
de repente foi fácil, tão fácil, para Rosa revirar os olhos para
ele e dar um aceno altivo de cabeça. "Gosto de ficar assustada
no quarto, e você sabe disso," ela respondeu
afetadamente. “E acho que devo decidir o quão enredada
desejo estar em
qualquer conflito armado, muito obrigada. Quanto à vergonha
e tristeza" —
sua voz baixou — "já estamos lidando com o ponto da
vergonha, não é? E até agora, a maior parte da minha dor por
você vem de todos esses
segredos que você esconde de mim. Laços secretos, antros de
prazer secretos, sede de sangue secreta. Exércitos secretos."
John continuou olhando para ela com aqueles lindos
olhos piscando, e Rosa prendeu a respiração, verdade. "Por
que você esconde todas essas coisas, John?" ela sussurrou.
"Eu tenho sido um animal de estimação leal e obediente para
você, não tenho? Por que você não pode me dizer?"
Porque ele não confiava nela, ainda era a resposta,
provocando no fundo, mas Rosa a empurrou com firmeza,
ferozmente para longe. "Dê-me uma chance," ela continuou,
mantendo seu olhar no dele. "Deixe-me mostrar como posso
ser um animal de estimação ainda melhor para você. Como
posso agradá-lo e ajudá-lo. Quero dizer, não acabei de fazer a
descoberta do nascimento orc filho do século, enquanto me
escravizava gratuitamente, trancada dentro de sua biblioteca?"
O olhar de John não vacilou, embora sua garganta
visivelmente convulsionasse. "Talvez," ele disse, e isso era
uma mesada, uma verdadeira concessão, não era? "Mas achei
que te agradava trabalhar na minha biblioteca e aprender
Aelakesh."
"Sim," disse Rosa fervorosamente, colocando ambas
as mãos no peito dele, sentindo as batidas poderosas de seu
batimento cardíaco sob ele. "Adoro, John. Eu só
quero — mais."
Era verdade, malditamente verdade, saindo tão
fervoroso e fácil dos lábios de Rosa. Ela estava sentada
empalada em um orc mentiroso e desonesto, que acabara de
mordê-la — e ela ainda queria mais, muito mais. Não
segredos e atrocidades, mas apenas — conhecimento.
Verdade. Fazer parte não apenas da biblioteca de John e de
sua cama, mas de sua vida.
"Eu conheço você, John," ela sussurrou, enquanto
suas mãos flutuavam de volta para seu rosto, acariciando
contra as linhas familiares dele. Tão severo e ameaçador à
primeira vista, mas escondendo um calor surpreendente, uma
profundidade insondável. "Eu posso te ajudar. Eu posso te
agradar. Se você me deixar, eu posso ser o animal de
estimação que você sempre sonhou."
Para provar seu ponto, ela se contorceu sobre ele
novamente, apertando aquele peso levemente amolecido
dentro dela — e quando estremeceu, engrossou, ela não pôde
evitar um gemido áspero, um arrepio de corpo inteiro. Deuses,
era bom, ele se sentia bem, e seus olhos a observavam com
uma intenção quase dolorosa. Ele estava considerando isso.
Ele era…
"O que você diz, meu senhor," ela sussurrou. "Por
favor? Ensine-me? Tudo?"
Ela balançou sobre ele novamente enquanto falava,
sentindo a chama de resposta no fundo — mas ainda mais
forte eram seus olhos, sua verdade, sua alma.
"Ríddu mér," disse ele, uma maldição, uma ordem, um
juramento. "Eu tentarei."

Capítulo 26
Fiel à sua palavra, John prontamente iniciou a
educação ampliada de Rosa naquela mesma noite. Não, como
ela poderia esperar, com reuniões e conselhos de guerra —
mas sim com uma visita improvisada ao antro de prazer Ka-
esh.
"Se você realmente deseja conhecer todos os anseios
ocultos dos orcs," John disse enquanto a conduzia em direção
a ela, "é aqui que você deve aprender melhor, querida."
A sala estava realmente tão chocante quanto da última
vez, cheia de orcs tendo seus prazeres juntos da maneira mais
surpreendente. Mas John parecia totalmente despreocupado
— tanto com os acontecimentos alarmantes quanto com o
número de olhares cautelosos que estavam recebendo — e
levou Rosa para se sentar em um banco vazio contra a parede
oposta.
"Agora, querida," ele murmurou, enquanto a puxava
para perto de seu colo. "Vamos assistir juntos, e eu
responderei suas perguntas. E se você estiver irritada, você
deve falar."
Não havia como argumentar isso, especialmente
quando sua voz baixa e acalorada realmente começou a
responder às perguntas de Rosa com firmeza fácil e sem
vergonha. Ach, sim, Marcus deseja isso. Não, golpes de cana
como este, para um orc, devem
curar completamente em um dia. Ach, Brandr está casado com
Benjamin, é por isso que nenhum outro o toca.
"Você realmente fez todas essas coisas, John?" Rosa
finalmente perguntou, sem fôlego, talvez quase com medo da
resposta. "E você, hum, gostaria de fazer todos elas?
Comigo?"
Seu coração estava batendo de repente,
descontroladamente, seu olhar fixo onde vários orcs estavam
brutalmente tirando seu prazer com um único gemido. Os
olhos de John seguiram os dela, estreitando-se com a visão, e
então ele a puxou para mais perto dele, suas mãos se
espalhando amplamente contra sua
barriga.
"Já fiz muito disso, ach," respondeu ele, com notável
frieza. "Mas nunca me agradou estar à mercê de outra pessoa.
E nunca deveria me agradar compartilhar meu animal de
estimação com outro, ou causar danos verdadeiros ou
duradouros. Você é muito pequena e preciosa para isso."
As palavras se contorceram e fracassaram no fundo —
preciosas, ele disse — e combinadas com as visões muito
fascinantes diante delas, Rosa
começou a sentir a boca seca e estremecer por toda parte. E
quando John deslizou a mão quente sob a túnica curta e
cuidadosamente enfiou o dedo em garra no calor inchado dela
— que ainda estava pingando, graças às suas próprias
atividades emocionantes mais cedo na biblioteca — Rosa
sentiu apenas prazer, fome, mais.
"Isso te agrada, bichinho?" John murmurou, enquanto
acenava para os orcs que Rosa estava olhando descaradamente
— um Ka-esh ajoelhado chamado Abjorn, que atualmente
tinha outro orc ajoelhado atrás dele, empurrando em seu
traseiro nu enquanto vários outros orcs observavam. "Você
gostaria de fazer isso comigo?"
Rosa engasgou e se contorceu em resposta, ganhando
uma leve pitada de desaprovação da mão livre de John — nada
de se contorcer com o dedo assim, queria dizer — e ela
respirou fundo. "Eu posso querer?" ela sussurrou, hesitante,
exposta, deploravelmente verdadeira. "Talvez apenas — com
alguém
assistindo, para começar?"
Ela estava muito excitada para se envergonhar, seus
pensamentos se demorando em todas as
emocionantes visões possíveis disso, e o dedo de John
afundou um pouco mais fundo, sua voz um ronronar acalorado
em seu ouvido. "Gott," ele murmurou. "Nós devemos."
Essa promessa girou e cantou a noite toda, mesmo
quando Rosa novamente montou John em sua cama, seu pênis
enterrado profundamente, onde importava, onde pertencia.
Mesmo quando ela de alguma forma adormeceu presa em sua
forma quente e suada, suas garras gentilmente arranhando
suas costas — e então acordou novamente, horas depois, com
ele ainda lá. Com ele realmente dormindo, seu peito subindo
e descendo ritmicamente sob ela.
Certamente era de manhã, então Rosa
cuidadosamente estendeu a mão para acender a vela — e então
o estudou com uma afeição crescente e inclinada. Bebendo em
seus cílios levemente esvoaçantes, as leves contrações de seus
membros, a surpreendente suavidade de suas feições durante
o sono. Deuses, ele era um lindo orc, todos os ângulos afiados
e pele lisa, e ele se sentia lindo também. Ainda escondido,
macio e seguro dentro dela, até que — Rosa ofegou — seus
olhos se abriram abruptamente. Piscando em direção a ela
primeiro com visível confusão, e depois com uma fome
crescente e inegável.
"Ríddu mér," ele ordenou, sem sequer um bom dia,
mas Rosa não podia nem protestar, não com aquela dureza
crescendo dentro dela assim, enchendo-a com sua vida, seu
calor. Então ela o montou novamente, balançando em cima de
seus quadris enquanto ele cavava e circulava profundamente
dentro. Mantendo os braços cruzados atrás da cabeça o tempo
todo, o idiota, mesmo quando sua boca se curvava, e seus
olhos encapuzados varriam para cima e para baixo seu corpo
com apreciação preguiçosa e insolente.
Não foi até que eles encontraram novamente seu
prazer juntos, seus quadris se arqueando enquanto ele se
derramava dentro dela, que Rosa ouviu um som
da cama em frente. E quando sua cabeça virou em direção a
ela, ela percebeu, com verdadeiro choque, que Tristan ainda
estava lá, deitado de lado, de frente para eles, bem acordado.
E ele não estava sozinho, Salvi estava enrolado atrás dele, e
ambos estavam descaradamente olhando para John e Rosa. E

Rosa engoliu — a mão de Salvi estava enterrada nas calças de
Tristan, deslizando para cima e para baixo com um propósito
fluente e familiar.
Um beliscão no mamilo de Rosa chamou sua atenção
de volta para John, que a observava com as sobrancelhas
levantadas e céticas. Silenciosamente dizendo, claramente,
não é isso que você queria? O que eu prometi a você?
E Rosa já não podia estragar isso, não importa o
quanto ele fosse um réprobo desonesto — então ela mostrou
a língua para ele, e então deu outra pedrada dura e pontiaguda
contra seus quadris. Como se dissesse, o que você está
esperando, então?
O calor dentro dela que novamente se abrandou
consideravelmente — brilhou com uma força deliciosa,
imediata e mortal. E em um súbito e assombroso solavanco,
as mãos fortes de John a puxaram para baixo, perto de seu
peito nu e então virou seu corpo, fácil e poderoso. De modo
que ela estava de costas, piscando para ele, enquanto ele se
apoiava em seus antebraços sobre ela, encaixotando-a,
cobrindo-a com calor, fome e segurança.
"Horfðu á mig," ele respirou. Olhe para mim. Mas não
havia como
desviar o olhar, era uma impossibilidade absoluta, e as mãos
reverentes de Rosa deslizaram em torno de suas costas,
acariciando-o, adorando-o, enquanto ele lentamente,
deliberadamente, a fodia
em sua cama. Cada golpe um choque suave, emocionante e
impossivelmente poderoso de sensação, de faísca de calor, de
puro êxtase crepitante.
Ele terminou com um uivo, a parte superior de seu
corpo erguendo-se enquanto seus quadris se esfregavam
contra ela, seu pênis novamente disparando por dentro.
Inundando-a com ele, de novo, e Rosa podia sentir o líquido
inchando, esticando-a, até sentir dor,
e ela estava prestes a explodir —
A consciência brilhou nos olhos de John, e ele
arrancou-se dela, para longe. Tão rápido que Rosa gritou,
agarrando-se a ele — mas era tarde demais, ele se foi, e em
seu lugar havia — uma inundação. Surgindo de entre as
pernas dela com uma força surpreendente, jorrando sobre ele,
borrifando por toda a cama, e — suas mãos trêmulas desceram
para as peles, tarde demais, tarde demais — até se acumulando
da cama e caindo no chão.
"Merda," ela respirou, lançando um olhar mortificado
através da sala, para onde Tristan e Salvi definitivamente
ainda estavam assistindo — mas aqui estava a mão de John,
segurando seu rosto, e torcendo-o de volta para ele.
"Você deseja aprender, querida," ele respirou, tão
suavemente que ela mal o ouviu. "E você deseja que eu seja
um orc. Assim, vou me orgulhar de meu bichinho indefeso se
contorcendo na minha cama. E se você mostrar mais
vergonha disso," — seus olhos se voltaram para Tristan e
Salvi — "vou fazer você lambê-lo limpo novamente, nu,
enquanto todos observamos você."
Maldito inferno. A gargalhada de Rosa certamente
podia ser ouvida em todo o quarto, mas ela assentiu, seu rosto
queimando, ignorando a risada baixa de Salvi da cama em
frente. E John, John estava gostando muito disso, e seu sorriso
era realmente de tirar o fôlego, mostrando seus dentes afiados,
enrugando os olhos nos cantos.
"Agora você deve ficar de pé, querida," ele ronronou.
"E me mostrar como você está, depois de ter sido fodida cinco
vezes em uma noite. E talvez" — aqueles olhos brilharam com
maldade — "você também deva me agradecer."
Os deuses amaldiçoam os malditos réprobos, mas
Rosa estava fazendo isso, ele estava testando-a, ele a tinha
tomado assim cinco vezes, quando até agora ele repetidamente
se recusou a fazê-lo — então ela assentiu e obedeceu.
Empurrando-se para fora da cama, ficando de pé sobre as
pernas trêmulas, nua, mantendo os olhos nos de John.
Enquanto lutava bravamente para ignorar a bagunça que
piorava, escorrendo por suas coxas, enquanto três orcs
observavam. E quando o dedo de John fez um pequeno gesto
giratório que claramente significava, vire-se.
Rosa o fez, apesar do calor ainda crescente em suas
bochechas, e ela até conseguiu sorrir para John quando seus
olhares se encontraram novamente. "Obrigada, meu senhor,"
ela respirou, sua voz vacilante. "Por me levar assim, cinco
vezes. E" — ela respirou fundo — "ficar comigo, como você
fez, esta noite."
A aprovação reluziu naqueles olhos, brilhantes e de
tirar o fôlego, e finalmente John teve pena dela, levantando-
se da cama também e pegando um dos trapos que ele mantinha
na mão. "Bom animal de estimação," ele murmurou, enquanto
começava a limpá-la. "Isso me agradou."
O calor borbulhou mais alto quando ele a vestiu, e
escovou seu cabelo com suas garras, e o trançou de novo.
Enquanto ele a conduzia para fora do quarto,
acenando um adeus casual para Tristan e Salvi, que ainda
estavam juntos na cama, embora o rosto de Salvi estivesse
agora enterrado no ombro de Tristan, e os olhos de Tristan
olhavam sem ver o teto.
"Sabe, milorde," disse Rosa, dando um tapinha no
braço dele com o dela, uma vez que estavam a uma boa
distância do corredor. "Você também deixou de me contar a
verdade sobre Tristan e Salvi. Que eles foram realmente
acasalados, antes. Até que Salvi traiu Tristan, por uma
mulher."
John olhou vagamente para ela, franzindo as
sobrancelhas. "Ach, eu
te disse que havia assuntos inacabados entre eles, não disse?"
ele
disse. "Esta mulher desejou por Salvi, e poucos orcs
desprezariam essa chance de ter um filho. Os filhos são o
futuro da nossa espécie. Eles são" — seus olhos desviados,
para o corredor — "o que muitos de nós mais anseiam, desta
vida."
Certo. Rosa não conseguia encontrar uma resposta
para isso, no momento, ou mesmo uma pergunta. Talvez
porque — seu olhar deslizou para o perfil afiado dele, e se
manteve ali — havia um novo tipo de honestidade nele. Uma
franqueza que ela não tinha ouvido antes. O mesmo tipo de
abertura, talvez, que ele mostrou a ela em seu antro de prazer,
e até mesmo na forma como ele a tomou, e a fez mostrar para
ele depois. Cinco vezes.
Quase como se John realmente tivesse decidido
confiar nela. Quase como se ele tivesse decidido torná-la
totalmente seu animal de estimação.
E ao fazer isso, ele também decidiu torná-la mais.
A certeza disso gaguejou, levemente, quando Rosa
percebeu que John carregava ela para a biblioteca — ele não
iria simplesmente deixá-la de novo? — mas não, não, ele
apenas caminhou até a mesa, pegou o novo livro dela e o
colocou em suas mãos antes de arrastá-la de volta para a porta.
"Eu me encontro com o capitão e sua companheira
todas as manhãs," disse ele, sem
Rosa sequer perguntar. "Hoje, desejo que você fale com eles
sobre essa descoberta que você fez."
Não havia como recusar, é claro, especialmente
depois que John levou Rosa pela ala Ash-Kai, apontando
várias salas de interesse ao longo do caminho. E logo ela se
viu conduzida a uma sala de reuniões aconchegante e
iluminada, que — Rosa se contorceu — continha não apenas
Jule e Grimarr, mas também Baldr e Drafli, dois orcs que Rosa
não reconheceu e Simon.
Eles estavam todos sentados ao redor de uma mesa
baixa, e John fez uma rápida rodada de apresentações — o orc
com cicatrizes, mas de olhos quentes ao lado de Baldr se
chamava
Nattfarr, do Clã Grisk, e o enorme e hediondo orc ao lado de
Simon se
chamava Olarr, do Clã Bautul. Cumprimentaram Rosa com
uma polidez surpreendente — Nattfarr até lhe deu um sorriso
rápido e genuíno —, mas Rosa também não perdeu os olhares
trocados ao redor da sala, os claros indícios de incerteza, ou
talvez até de cautela, em sua presença inesperada.
"Minha mulher fez uma descoberta, na minha
biblioteca," John anunciou a eles, uma vez que ele e Rosa
estavam sentados à mesa. "Gostaria que ela falasse disso com
vocês."
Rosa congelou — John queria que ela fizesse o quê?
— mas a expressão branda em seus olhos dizia claramente, de
novo: Era isso que você queria, não era ? Você queria fazer
parte da minha vida. Mostre-me que bom animal de estimação
você pode ser.
E o desafio nisso, o comando nele, de alguma forma
tornou mais fácil.
Possibilitou que Rosa abrisse o livro e começasse a falar, com
uma voz um pouco vacilante. Fazendo uma apresentação
acadêmica real, para uma sala cheia de orcs enormes,
intimidadores e aterrorizantes.
Mas eles ouviram. E fizeram perguntas. E então, para
espanto contínuo de Rosa, eles até iniciaram uma discussão
animada e surpreendentemente inteligente. Debatendo
primeiro a credibilidade do autor — o pai do pai de Olarr tinha
morado em Osada, aparentemente, e havia falado de um
especialista em orcs lá — e depois se alguma das descobertas
já havia sido replicada, para o conhecimento de alguém. E
então quais descobertas valeram a pena tentar
replicar e quais ações, se houver, devem ser seguidas.
John participou ativamente da conversa, fazendo
pontos com
impressionante rapidez e eloquência, e mostrando-se
inteiramente sem medo de chamar seus companheiros orcs —
ou mesmo de lançar em torno do ponto potencialmente
incendiário da atual gravidez de Jule. Ele também incluiu
Rosa em seus argumentos, dando-lhe aberturas, quase como
se a testasse — e depois do choque inicial, Rosa mordeu a isca
com gosto. Expandindo seus pontos com tanta coerência
quanto ela poderia reunir, muitas vezes invocando passagens
específicas do livro para reforço adicional.
No final, não apenas Rosa estava se divertindo
completamente, mas John conseguiu obter a permissão de
Grimarr para pesquisar mais várias das principais afirmações
do livro, enquanto também requisitava novos recursos — mais
quartos, certos orcs de outros clãs, mais tempo de Efterar, e
algo chamado créditos comerciais. Para o espanto de Rosa,
John até apresentou sua ideia de dar aulas de língua comum
para melhorar os
relacionamentos orc-mulheres, o que pareceu ser uma
surpresa genuína para todos na
mesa.
"Você Ka-esh, realmente ofereceria isso?" Grimarr
perguntou a John, a suspeita muito clara em seus olhos
avaliadores. "Para todos os clãs? Não apenas Ka-esh?"
Seu olhar se desviou, com propósito, para Simon, que
junto com Drafli havia permanecido o orc mais quieto da sala,
e cujos olhos agora estavam
estreitos e desconfiados no rosto de John. "Ka-esh não deseja
ensinar Skai,"
Simon disse, com um distinto ar de finalidade. "Ka-esh deseja
que Skai permaneça estúpido e sozinho, e morra."
Rosa não perdeu o súbito enrijecimento de John ao
lado dela, seu lábio se curvando. "Nós não desejamos tal
coisa," ele retrucou, sua voz fria. "Se você Skai realmente
deseja aprender, teremos o prazer de ensiná-lo. Tristan não lhe
serviu bem assim, nos últimos dias?"
Claro que ninguém poderia argumentar contra
Tristan, nem mesmo Simon — e logo John foi encarregado de
criar uma proposta adicional sobre o
assunto para apresentar na semana seguinte. Uma ordem que
ele aceitou com tanta indiferença quanto o resto, embora Rosa
não perdesse o brilho revelador de satisfação em seus olhos.
"Correu bem, não foi?" ela perguntou a ele, uma vez
que eles se
despediram e estavam novamente andando pelo corredor.
"Você está satisfeito, certo?"
O olhar de soslaio de John para ela era de fato
satisfeito, e talvez até orgulhoso. "Ach," ele respondeu. "Isso
é mais do que ganhei pelo meu trabalho em muitos meses.
Ajudou, eu sei, ter a própria voz de uma mulher nisso."
Rosa lutou para ignorar a onda de calor em resposta,
e inclinou a
cabeça, olhando para ele à luz do lampião. "Mas certamente
Jule apoiou seu trabalho, até agora? Ela é uma mulher
inteligente. E também grávida. Com o filho de um orc."
Mas John deu de ombros, conduzindo Rosa ao virar
da esquina com um roçar de sua mão. "O capitão a mantém
segura aqui, onde Efterar pode cuidar dela todos os dias,"
disse ele. "E assim, ela não teme por sua vida, como a maioria
das mulheres no estado dela. E ela é mais leal ao capitão, cujos
assuntos mais urgentes são os homens e a paz entre os clãs. E"
— John deu de ombros novamente — "ela não é uma
estudiosa, como você é."
Como você está. Ele realmente quis dizer isso, Rosa
percebeu, piscando para seu rosto impassível. Ele disse isso,
ele não parecia preocupado ou mesmo
desconfortável, na verdade, ele mal parecia notar que ele disse
isso…
"Você realmente," disse Rosa, sem fôlego, "acha que
sou uma estudiosa?"
"Ach, você não é?" John disse, distraidamente
guiando-a em torno de outro canto. "Você estudou cinco
idiomas, leu legiões de livros, é rápida e curiosa. Você
encontra o peso oculto dentro do que vê e lê, e então fala com
clareza e facilidade. Até mesmo um dos humanos mais
poderosos do reino roubou você para si mesmo, para que ele
conseguisse ganhar com seus conhecimentos."
Ninguém jamais havia dito algo tão adorável para
Rosa em toda a sua vida — e sem pensar, ela se lançou em
direção a John, apertando os braços ao redor de sua cintura,
enterrando o rosto em seu peito quente. "Obrigada, meu
senhor," ela respirou. "Obrigada."
Ele momentaneamente endureceu, claramente
assustado — mas então ela o sentiu relaxar novamente, uma
mão acariciando suas costas, a outra vindo para inclinar o
rosto para ele. Para onde ele estava olhando confuso, mas
talvez até
afetuoso também.
"Mascote bobo," disse ele. "Você não ficará tão
agradecida, talvez, quando eu ordenar que você planeje este
esquema tolo de ensino Skai ao qual você me obrigou agora.
E então você deve propor seu plano em uma semana, assim
como o capitão
pediu, em meu lugar."
Rosa cutucou seu lado com o cotovelo, mas ela não
conseguia parar de sorrir para ele, ou mesmo ficar na ponta
dos pés para dar um beijo rápido e furtivo em seu pescoço. Ele
queria que ela escrevesse uma proposta. Ele queria que ela o
apresentasse. Como não o trabalho dele, mas o dela.
"E," John continuou, mais baixo, embora sua cabeça
tivesse inclinado para longe, quase como se para expor melhor
seu pescoço à boca dela. "você sabe que essas aulas vão
precisar de professores, mulher. Mais do que apenas Tristan."
A voz dele parecia casual desta vez, mas certamente,
certamente não era — e Rosa sentiu seu corpo travar contra o
dele, seu coração batendo loucamente, descontroladamente. O
que ele estava dizendo. O que, bons deuses, ele estava
dizendo.
Mas um olhar fugaz e de olhos arregalados para o
rosto cuidadosamente inexpressivo de John disse tudo para
ele. Ele estava dizendo a mesma coisa que ele disse na noite
passada na biblioteca. E quando ele a tomou assim, cinco
vezes. Quando ele dormiu a noite inteira com ela em sua
cama, e mostrou a ela seu antro de prazer, e pediu que ela
apresentasse suas descobertas para um quarto cheio de orcs.
E a mesma coisa que Rosa dissera, talvez, quando
concordou com tudo isso. Quando ela finalmente descobriu
todos os segredos deste orc desonesto, todas as
profundezas ocultas de sua depravação, e ainda disse,
Obrigada, meu senhor.
Seus olhos estavam tão cautelosos, tão malditamente
distantes. Então — com medo. E Rosa deveria ter medo
também. Da guerra, do futuro, de sua biblioteca, Lord Kaspar,
daquele prazo que de alguma forma se reduziu a oito curtos
dias...
Mas em vez disso, ela estava — assentindo.
Balançando a cabeça, segurando aqueles olhos
e dizendo — sim. Sim, para uma pergunta que ele mal havia
feito, mas de repente ela sabia que ele estava perguntando.
Com cada ação hoje. Cada
pergunta respondida.Cada toque, cada olhar de seus olhos.
Vou tentar, ele disse na noite passada, e ele quis dizer
isso. Sem falsidades.
"Sim, meu senhor," Rosa sussurrou, e era tão forte
quanto um vínculo, um voto, uma palavra escrita a tinta em
uma nova página. "Eu irei."

Capítulo 27
O próximo dia passou em um turbilhão de atividades
deliciosas, levando Rosa e John por toda a Montanha Orc.
A primeira parada foi encontrar-se com Salvi e Eben na
clínica médica de Ka-esh, conversando sobre os termos de seu
novo projeto de pesquisa. Em seguida foi uma reunião com
um orc Grisk exigente chamado Ymir, que aparentemente
estava encarregado dos créditos comerciais da montanha. E
então houve uma consulta com Hanarr sobre suprimentos
necessários, enquanto Rosa comia a cesta transbordante de
comida que Hanarr havia adquirido para ela.
"Em seguida, querida, vamos nos encontrar com
Efterar," disse John, com prazer, assim que deixaram o
depósito de Hanarr. "Ele não ficará satisfeito, eu sei."
Efterar de fato não gostou de saber que aparentemente
fora
requisitado para a pesquisa de John. "O capitão ofereceu meu
apoio ao seu último esquema maluco?" ele estalou, fixando
John com um olhar todo-poderoso.
"Por causa de algum livro antigo que você encontrou
apodrecendo em sua biblioteca?"
A expressão de John começou a oscilar entre a
incredulidade e a pura malícia, mas antes que ele pudesse
responder uma resposta igualmente amarga, Rosa se colocou
entre eles e lançou-se no que esperava ser um argumento
convincente a favor do plano. Evocando vários dos pontos do
livro com os quais Efterar parecia concordar anteriormente,
incluindo a parte sobre sementes frescas de orcs para um filho
mais forte e adição de nutrição extra também.
"E talvez," continuou Rosa com firmeza, "você
poderia permitir que Salvi e Eben trabalhassem com você
nisso, apenas a curto prazo? Dessa forma, você pode delegar
o que precisar para eles e eles podem se reportar a John em
seu nome?"
A expressão irritada de Efterar mudou — não para um
acordo, mas para algo mais ponderado, enquanto seu olhar
percorria a forma de Rosa. "Impressionante," disse ele, para a
confusão de Rosa, quando ele estendeu a mão grande para
levantar o queixo dela, franzindo a testa em seus olhos. "Há
quanto tempo você está aqui de novo? Uma semana?"
"Quatorze dias," Rosa respondeu automaticamente,
com um leve estremecimento. "Por que?"
Efterar ainda estava franzindo a testa, seus olhos
caindo para seus seios, e então sua
barriga. "Seus ganhos são consideráveis," disse ele, quase
mais para si mesmo do que para ela. "Você ganhou mais peso
do que eu poderia esperar em tão pouco tempo, sua massa
muscular aumentou e seus olhos e pele clarearam quase
inteiramente. Bem, exceto pela mordida e arranhões, mas" —
seus olhos fixos no pescoço de Rosa, antes de olhar para baixo
para permanecer em sua virilha através da túnica – "parece
que seu companheiro foi cuidadoso em outro lugar, e nada
está infectado, então é bom o suficiente. Você se sente mais
mentalmente alerta também?"
Demorou um momento para Rosa digerir tudo isso —
John ainda não era seu
companheiro, com certeza — mas talvez ela tivesse se sentido
mais alerta mentalmente ultimamente? E quando ela lançou
um olhar incerto para baixo em seus próprios pulsos, houve a
surpreendente percepção de que talvez eles não parecessem
tão magros quanto antes?
"Ach, ela melhorou muito," John disse finalmente, no
silêncio, quando Rosa ainda não conseguia falar. "Seguimos
todos os seus conselhos com cuidado, irmão. Ela bebe
sementes frescas e leite todos os dias, e come tudo que eu
trago para ela. Ela também dorme bem à noite, vê o sol com
frequência e fica ocupada com seu trabalho. Foi ela quem
encontrou este livro e depois o escreveu em
língua comum, para que todos possamos ganhar com isso."
O olhar no rosto de Efterar ecoou exatamente como
Rosa se sentia — John realmente prestou tanta atenção em
implementar o conselho de Efterar? Mas a teimosa
mandíbula de John sugeria que, apesar de toda sua aparente
animosidade em relação a
Efterar e sua magia não científica, ele tinha.
"Oh," Efterar disse finalmente, ainda com
perplexidade visível. "Bem. Tudo bem, então, suponho. Envie
Salvi e Eben, se for preciso."
Agora foi a vez de John parecer surpreso, seus olhos
se arregalando brevemente antes de ele assentir, seco, e
desviar o olhar atentamente. "Bom," disse ele. "Isso vai
ajudar, irmão. Eu valorizo seu trabalho e sua orientação."
Com isso, John se virou e saiu, deixando Rosa para
dar a Efterar um sorriso de desculpas, e depois perseguir para
alcançá-lo. E ao invés de provocar John sobre a concessão
extremamente difícil que claramente tinha sido, ela o esbarrou
com o ombro e lançou-lhe um sorriso rápido e alegre. "Quanto
tempo vai
demorar, você acha," ela disse levemente, "antes que ele e
Salvi se matem
?"
Ela podia ver o relaxamento na forma de John, quase
podia se vangloriar com o brilho de gratidão nua e genuína em
seus olhos. "Três dias no máximo, eu sei," disse ele, enquanto
a puxava para perto, e deu um beijo suave e arrepiante no topo
de sua cabeça. "Agora venha, bichinho. Há muito mais para
resolver hoje."
Rosa obedeceu, é claro, seu corpo ainda quente
enquanto John a levava para a forja, revendo as prioridades do
dia com seus orcs, e depois o laboratório. E então, para outra
reunião, esta novamente com Grimarr, Nattfarr, Baldr, Drafli
e Olarr, e alguns outros. Embora desta vez, os orcs falassem
principalmente em Aelakesh, e o principal ponto de discussão
parecia ser os homens atualmente acampados na montanha. A
guerra.
Rosa escutou com a maior atenção possível, pegando
pedaços aqui e ali, e lutando para ignorar a emocionante
distração das garras de John distraidamente acariciando sua
nuca. Os homens aparentemente acamparam no lado sul da
montanha, eles tinham suprimentos suficientes para durar
pelo menos
mais dez dias, eles ainda não mostraram nenhum sinal de
realmente atacar. Ainda.
Algo começou a roer o peito de Rosa enquanto ela
ouvia, seus olhos lançando olhares inquisitivos para John ao
lado dela. Ele estava novamente ativamente
envolvido na discussão, seu Aelakesh enxuto e seguro de si,
suas opiniões claramente respeitadas por todos na mesa. E ao
final da reunião, ele novamente parecia satisfeito com suas
conclusões, um sorriso sombrio brincando em sua boca.
"Não se preocupe com esses homens, querida," John
disse, uma vez que eles estavam de volta ao corredor
novamente. "Já lhe disse, meus irmãos e eu cuidaremos de
tudo isso.
Não seremos derrotados por meros duzentos homens. E você
nunca mais precisará suportar aquele lord barato e cruel, que
tão descuidadamente te prejudicou. Vou mantê-la segura."
Oh. A barriga de Rosa balançou com isso, sua
respiração ficando mais curta, mais superficial. John a
manteria segura. Ela nunca precisaria ter Lord Kaspar
novamente. E tão profundamente, poderosamente
convincente como esse pensamento de repente foi, Rosa ainda
tinha apenas sete dias restantes. Sete dias antes, Lord Kaspar
a esperava
na biblioteca, armada com revelações explosivas. E se ela não
voltasse? O que então? Porque era isso que John estava
dizendo, não era?
Foi, ela percebeu, com outra guinada profunda em sua
barriga. Novamente. Ele realmente queria que ela — ficasse.
"Você está segura aqui, querida," ele repetiu, seus
olhos apontando para o rosto de Rosa. "Venha. Eu sei o que
pode acalmá-la."
Rosa assentiu com gratidão e o acompanhou até outra
sala — a clínica médica Ka-esh. Onde Salvi e Eben estavam
trabalhando atualmente,
assim como Aaron, Brandr e Marcus. Todos eles hesitaram ao
ver Rosa e John, principalmente quando John conduziu Rosa
pela sala e a ergueu sobre a mesa de exame.
"Meus médicos estão pedindo minha licença para
estudar você há muitos dias," ele disse a Rosa, ignorando
completamente os orcs que observavam ao redor deles. "A
maioria dos orcs acasalados com mulheres se recusam a isso,
então é raro que tenhamos uma mulher para pesquisar. Eu não
queria assustá-la com isso, mas" — seus dedos
levantaram o queixo de Rosa, prendendo seus olhos nos dele
— "Eu sei que agora você deve aceitar isso para mim, ach?"
Estudo de seus médicos? — e ela não pôde evitar um
rápido e inquieto olhar ao redor para os cinco orcs que
observavam. Todos tinham sido nada além de gentis e
respeitosos com ela nos últimos dias, mas...
"Eles precisarão — me tocar?" ela perguntou a John,
sua voz não muito
uniforme. "Ou, hum, fazer coisas, para mim?"
A incerteza tinha começado a queimar, seu corpo se
curvando sobre si mesmo — até que John sacudiu seu queixo
gentilmente, mas de propósito, arrastando seus olhos de volta
para
os dele. "Eles não devem tocar em você," disse ele com
firmeza. "Só eu farei isso, enquanto eles observam e
aprendem. E se você deseja interromper a lição, você deve
apenas falar isso. Ach?"
Havia uma queimadura baixa e sussurrante na barriga
de Rosa — John ia usá-la para ensinar uma lição aos médicos
— e de alguma forma, o desconforto piscou
completamente, substituído por algo que quase parecia
ansiedade. Ela ajudaria John, nisso. Ela seria um bom animal
de estimação para seu senhor. Ela estava segura, cuidada,
digna.
Era uma certeza estranha, talvez, especialmente
depois que ela deu um pequeno aceno de cabeça, e John
prontamente tirou a túnica pela cabeça. Deixando-a
sentada ali completamente nua em uma mesa, e sentindo a
atenção plena e ponderada do resto dos orcs da sala, todos os
quais deixaram seu trabalho para trás, e vieram para ficar ao
redor da mesa.
"De costas," John disse, suavemente, uma ordem — e
Rosa engoliu em seco ao obedecer, deitando seu corpo nu de
volta na pedra lisa. Olhando para o rosto dele, em vez dos
outros orcs, embora ela pudesse sentir seus olhos, próximos,
formigando, enervantemente presentes.
"Todos nós estudamos longamente nossa própria
espécie," John disse a ela, acariciando gentilmente seu braço,
deixando um rastro de arrepios para trás. "Então vou mostrar
a eles as partes de você que diferem das nossas. Ach?"
Rosa assentiu, lutou para manter a respiração estável,
para ignorar a forma como seus
mamilos endureceram no ar frio da sala. Mas John tinha
notado, certamente,
dando-lhes um olhar breve e revelador que parecia quase
satisfeito. "Bom animal de estimação," ele murmurou.
"Agora, abra a boca."
Demorou vários segundos para Rosa obedecer, seus
olhos disparando descontroladamente para observar os orcs
— até que um beliscão suave em seu lado atraiu seu olhar de
volta para John
novamente. Ele estava esperando, paciente, quase se
divertindo com o desconforto dela — então
Rosa finalmente abriu a boca, o coração batendo forte, e
esperou.
"Você vê os dentes dela," a voz casual de John disse,
como se isso — seu animal de estimação nu em uma mesa,
com a boca aberta, enquanto uma sala cheia de orcs espiava
dentro — fosse uma atividade cotidiana perfeitamente
normal. "Eles são pequenos e contundentes, com pequenas
presas fracas. Eles não são feitos para rasgar ou matar, como
os nossos."
Um dos orcs — talvez Marcus — fez uma pergunta,
algo sobre pressão, e em resposta John ordenou que Rosa
mordesse seu dedo, o mais forte que pudesse. Um comando
que, novamente, parecia surpreendentemente difícil de
obedecer, mas Rosa finalmente o reprimiu, com toda a força
que conseguiu reunir. Ganhando nem mesmo o mais leve
olhar de dor nos olhos de John, mas apenas um caloroso e
aprovador divertimento.
"Viu?" ele disse para Marcus, mostrando-lhe a leve
marca vermelha que ela havia feito em seu dedo. "Não dá para
falar."
Os outros orcs pareciam intrigados com isso e
iniciaram uma
conversa fascinante sobre como o tamanho da mandíbula pode
afetar a pressão total da mordida. Depois disso, os dedos de
John se moveram para as orelhas de Rosa, acariciando suas
pontas arredondadas, enquanto os orcs discutiam a hipótese
aceita de que a forma alterada proporcionava um espectro de
audição diferente.
Em seguida, John mostrou aos orcs onde havia
mordido o pescoço de Rosa, explicando
como ela havia começado a se curar, mas muito mais devagar
do que um orc faria. Levando a uma discussão envolvente
sobre o tratamento de feridas, que durou tempo suficiente que
Rosa tinha quase relaxado de novo — pelo menos, até que a
mão quente de John
deslizou para baixo e gentilmente se curvou sobre seu seio nu.
Seu corpo inteiro enrijeceu, e John certamente viu
isso, sua testa franzida, seus olhos pegando os dela. Mas sim,
sim, ela poderia fazer isso, ela queria fazer
isso — e em seu aceno fervoroso, sua outra mão gentilmente
desceu para
espelhar a primeira, cobrindo ambos os seios no calor de suas
grandes palmas.
"Suas tetas são pequenas," disse ele, "mas bem
formadas. Agrada-lhe tê-las em concha e acariciadas, e seus
pontos beliscados e provocados."
Oh inferno, ele não tinha acabado de dizer isso — mas
agora ele estava demonstrando,
beliscando suavemente os mamilos já pontudos de Rosa,
rolando-os entre os
dedos. "É preciso ainda ser gentil," ele continuou calmamente.
"Eu não deveria morder isso, ou usar garras, como faria com
outro orc."
O peito de Rosa subitamente arfava, seus olhos se
estreitavam, e o
olhar de John de volta era enganosamente brando, sua boca se
curvando. "E ela é tão ciumenta quanto qualquer orc
acasalado, também," ele disse, com uma frieza condenável.
"Embora ela não goste de admitir isso, ach, meu animal de
estimação?"
O bastardo. Rosa fez uma careta para ele, mesmo
quando sua respiração ficou mais profunda — ele tinha
acabado de compará-la a um orc acasalado? — e quase não
ouvi a
próxima pergunta chocante dos orcs que observavam, desta
vez sobre se suas tetas minúsculas ainda seriam suficientes
para amamentar um orc.
"Ach, eu sei," veio a resposta igualmente chocante de
John, enquanto ele dava outro beliscão suave no mamilo dela.
"Elas já incharam mais do que eram. Vou procurar engordá-la
ainda mais, também, antes que isso aconteça."
Antes que isso aconteça. E novamente, bons deuses,
ele estava dizendo isso. Dizendo isso, com o olhar rápido e
furtivo de seus olhos para ela, com aquele toque suave e
tranquilo em sua pele muito sensível. "Não tenha medo,
pequeno animal de estimação," ele murmurou. "Orc filhos
não mordem enquanto amamentam, como você deve ter lido."
Rosa estava realmente boquiaberta para ele agora —
sim, ele estava dizendo isso, ele poderia muito bem estar
gritando para a sala. E o bastardo desonesto sabia muito bem,
seus olhos caindo assim, escondendo, enquanto sua mão
acariciava a frente de Rosa com um propósito alarmante e
perturbador.
"Abra suas pernas, querida," ele disse, mais
secamente do que antes. "A seguir, mostrarei o teu ventre."
O corpo entorpecido de Rosa obedeceu sem pensar
desta vez, suas coxas se separando de bom grado, seu olhar
ainda preso em seus olhos traidores e piscando — pelo menos,
até que aquelas mãos gentis propositalmente, atentamente,
trouxeram seus pés para cima da mesa, abrindo os joelhos.
Mostrando todo o vinco aberto de Rosa para a sala, para mais
cinco pares de olhos orcs — Mas o olhar brilhante de John
voltou-se para o dela, novamente dizendo todas as coisas que
ele não estava dizendo. Me agrade. Deixe-me exibir você para
eles. Deixe-me mostrar a eles o quanto eu me importo com
você. Como você procura me obedecer.
Então Rosa assentiu, mesmo enquanto suas bochechas
queimavam furiosamente, enquanto a mão de John
deslizava para baixo. Enquanto aqueles dedos quentes e
familiares deslizavam ao longo de sua dobra, e então
espalhavam seus lábios inchados, mostrando tudo o que
estava escondido
entre eles.
"Há muito aqui para ver e aprender," disse John, sua
voz fria
talvez trazendo apenas um tom de rouquidão. "Aqui" — sua
garra tocou, muito gentilmente, fazendo Rosa ofegar e
estremecer — "é de onde seu prazer se acumula. Gosta de ser
esfregado, tanto por fora quanto por dentro."
E então, amaldiçoe-o, ele demonstrou novamente,
deslizando a ponta do
dedo para cima e para baixo contra ela — e Rosa não pôde
evitar outro
contorcer-se frenético, um gemido sufocado e impotente. Mas
John gostou, John aprovou, lançando-lhe um sorriso breve e
verdadeiro antes de novamente baixar os olhos...
"E aqui," ele continuou, enquanto seu dedo acariciava
mais abaixo, "está o caminho para o útero dela. Deve ser
aberto, assim."
Ele estava acariciando-o com uma intenção gentil e
proposital, de fato guiando-a mais aberta, mais afastada. E em
troca o corpo de Rosa estava queimando de volta para
ele, apertado, ganancioso, exposto. Mostrando sua fome
inchada e vergonhosa para uma sala cheia de orcs
observadores e julgadores, e então — seu corpo inteiro
congelou —
cuspindo mais daquela umidade espessa e familiar, por todos
os
dedos ainda acariciantes de John, por toda a mesa embaixo…
Os olhos de Rosa se fecharam com força, suas mãos
subindo para seu rosto quente e mortificado, enquanto John, o
bastardo, continuava fazendo isso. Continuou acariciando,
persuadindo mais, sua mão agora molhada e escorregadia com
sua própria semente maldita, enquanto cinco outros orcs
observavam em silêncio absoluto e atônito.
"Ela muitas vezes se suja, com minha semente gasta,"
a voz de John disse, enquanto seu
dedo molhado e com garras cuidadosamente, gentilmente
começava a deslizar para dentro. "Ela está envergonhada por
isso, mas me agrada testemunhar suas pequenas bagunças e
limpá-la com minha língua."
Oh. Ah, foda-se. A sala parecia carregada, de repente,
faiscando com o calor da fome crescente de Rosa — mas ela
se manteve quieta, tão quieta, um animal de estimação tão
bom, enquanto aquele dedo deslizava mais fundo, suave,
aprovando. Ele gostou. Agradou-lhe testemunhar isso…
Ela mal ouviu um dos orcs perguntar, um pouco
afetado, se ela não estava com medo de ser quebrada por uma
garra como aquela — mas a resposta baixa de John
só aumentou mais fome, mais desejo. "Ela sabe que farei isso
com o maior cuidado," disse ele. "Levou tempo, mas ganhei a
confiança dela. E, em troca, ela se submeteu totalmente à
minha vontade e aprendeu a acolher meu domínio, seja como
for que eu queira usá-la."
O gemido ofegante de Rosa escapou por conta
própria, pegando um olhar escuro e acalorado dos olhos
semicerrados de John. Bons deuses, ele queria isso também,
ele estava fazendo isso de propósito, ele estava se gabando
dela, exibindo-a,
exibindo-a para uma sala de orcs famintos e olhando...
"Certamente ela não pode lidar com todo o seu uso,"
disse um dos orcs, de algum lugar muito distante. "Suas
pequenas aberturas parecem pequenas demais para
isso. Mesmo a companheira do capitão mal pode embainhá-
lo, e ela é uma mulher muito maior."
Parecia um desafio, gritavam os pensamentos
agitados de Rosa, e com certeza, com certeza John não o faria
— mas os deuses a amaldiçoem, amaldiçoem-no, porque ele
estava olhando para ela, as sobrancelhas levantadas, e sua
língua havia deslizado para fora, devagar, roçando lábios
entreabertos…
"Vou provar isso, se todos quiserem ver," disse ele,
sua voz sedosa,
mortal. "Se ela concordar."
Mas Rosa já estava assentindo, furtiva, mas urgente,
porque sim, ela
queria isso, precisava disso, ela era um bom animal de
estimação, precisava dele para ostentá-la, usá-la, do jeito que
ele quisesse...
Claramente os orcs não se opuseram, certamente não
havia objeção possível. E John silenciosamente levantou o
corpo de Rosa, virou-a e depois de puxar uma pele de algum
lugar, colocou-a sobre suas mãos e joelhos trêmulos sobre a
mesa subitamente macia. E então deu a volta para ficar diante
de seu rosto,
sua virilha quase alinhada com seus olhos atordoados
piscando...
E então ele puxou as calças para baixo e tirou aquela
dureza gotejante cheia de cicatrizes e veias. Expondo-se não
só a ela, mas a uma sala cheia de orcs silenciosos e atentos.
"Sjúga mig," ele ordenou, rouco. "Djupt."
Chupe-me, isso significava. Profundo.
E antes que Rosa pudesse segui-lo, acenar com a
cabeça, falar — sim, sim, claro, meu senhor — aquela cabeça
escorregadia e pingando estava abrindo seus lábios ao redor
dela, afundando suave e firme por dentro. Cada vez mais
fundo, sem parar, doçura invadindo sua língua e sua
respiração, abrindo-a — até que ele estava enterrado por todo
o caminho, sua boca nivelada com a base grossa e vibrante
dele, sua cabeça lustrosa enfiada profundamente em sua
garganta.
"Gott," ele respirou, ou talvez engasgou. "Horfðu à
mig."
Olhar para ele. Rosa estava olhando, piscando com os
olhos arregalados para o rosto dele, bebendo no escuro, prazer
perigoso naqueles olhos que observam e aprovam. E enquanto
ela engolia desesperadamente, ele lentamente,
propositalmente puxou novamente, todo o caminho. Até que
ela estava apenas chupando na ponta dele, suave, doce — e
então ele empurrou de volta para dentro, mais forte, abrindo
sua boca e sua garganta
com fluida e intransigente facilidade.
"Você vê?" ele disse para os orcs que observavam, sua
voz terrivelmente equilibrada. "Estou afundado em minhas
bolas. Minha semente pinga direto em sua barriga."
Os gemidos de resposta de Rosa foram impotentes,
estrangulados, presos em um enorme espeto de orc e, graças
aos deuses, ele soltou novamente, deixou-a respirar
novamente. E outro orc fez uma pergunta, uma que Rosa não
ouviu através do barulho em seus ouvidos, mas levou John a
deslizar novamente, lento,
devastador, impiedoso, até que sua boca estava novamente em
contato com sua virilha, sua
garganta freneticamente convulsionando em torno de sua
invasão espessa e implacável.
"Parece melhor do que qualquer outra coisa que eu já
conheci," disse John, quieto, e o cérebro gritando de Rosa
registrou que era a resposta a uma pergunta, qualquer que
fosse a pergunta do orc. "É uma verdadeira alegria, exercer tal
comando sobre uma pequena garganta humana apertada e
senti-la sufocar e espasmar em você."
Malditos deuses, o bastardo, ele não tinha acabado de
dizer isso sobre ela, para todos esses orcs — e de alguma
forma, perdida no redemoinho de desejo furioso, Rosa — o
mordeu. Com seus dentes. Algo que ela nunca se atreveu a
fazer antes, com ninguém, muito menos um orc, seu senhor
— e a vergonha e o desgosto surgiram com força implacável,
seus olhos arregalados e de repente aterrorizados no
rosto surpreso e piscando de John. Porra, ela não tinha a
intenção de fazer isso, mas ele era um maldito réprobo, dizer
essas coisas para eles e não para ela, e se ele a punisse, e se
ela o desagradasse, e se ele mudasse de ideia...
Ele saiu dela, lentamente expondo aquela nova linha
vermelha de seus dentes em seu eixo, e Rosa percebeu, com
verdadeiro choque, que suas outras
cicatrizes lá embaixo — cicatrizes sobre as quais ela nunca
havia perguntado a ele, talvez
porque ela não queria saber — todas pareciam muito com esta.
Como
se ele tivesse sido mordido. Repetidamente. Talvez até mesmo
em retaliação por ações desagradáveis como essa…
E ele tinha, ele gostou, seus olhos ainda mais famintos
do que antes, sua mão circulando perto e ameaçadora e
deliciosa em torno do pescoço exposto de Rosa.
"Tolo animal de estimação," ele ronronou, rouco, sem
fôlego. "Quando você se atreve a morder seu senhor, pequena
rosa, você sabe que será punida."
O aceno de Rosa foi instintivo, compulsivo, uma
loucura. "Sim, meu senhor," ela sussurrou. "Obrigada, meu
senhor."
Ele gemeu alto com isso, e sua outra mão desceu para
roçar sua nova marca em seu eixo, acariciando-o, seus dedos
reverentes, quase
incrédulos. "Bom," disse ele, tão suave, seus olhos piscando
em direção a ele. "Você deve me dizer se eu realmente te
assustar. Ou se você desejar que eu pare."
Eram as mesmas palavras que ele disse a ela naquela
primeira noite, na biblioteca — e quase parecia que eles
estavam lá novamente, hesitantes,
vigilantes, explorando. Aprendendo um ao outro, testando um
ao outro, sozinhos na sala, no mundo. Sem falsidades.
Rosa assentiu, seus olhos piscando desesperadamente
nos dele, e ele assentiu também, brusco, descontrolado. E
então se afastou dela, longe de seu rosto, dando a volta para
ficar atrás dela. Puxando seu corpo de volta para a borda da
mesa, empurrando suas pernas bem afastadas.
Mas Rosa não se importava mais com o que ele via, o
que eles viam. Apenas inclinou sua bunda para cima, para
fora, exposta, esperando — e quando o primeiro tapa de John
veio, rápido
e proposital, foi uma sacudida afiada e perfeita de prazer
inimaginável e indescritível. Deixando seu corpo arqueado e
uivante em chamas com um calor súbito e crepitante — e
então subindo mais alto, mais apertado, enquanto aquela
dureza exigente se projetava entre seus lábios entreabertos,
esperando, aguardando...
E então ele bateu para dentro, todo o caminho. Forte
o suficiente para que os dentes de Rosa batessem, seu corpo
inteiro tremeu, quase caindo da mesa — mas John a pegou,
John a segurou, espetou e a prendeu em seu pau enorme e
latejante, mesmo quando sua mão deu outro tapa rápido,
pungente e magnífico em sua bunda nua.
"Você aprenderá, querida," engasgou sua voz atrás
dela, enquanto ele saía, devagar — e então novamente batia
para dentro, no mesmo ritmo de outro tapa pungente de sua
mão. "Você deve saber o que é desagradar um orc. Um orc
que deseja desnudar você" — outro tapa — "e marcá-la e
torná-la dele.
Para sempre."
Dele. Para todo sempre. E Rosa estava balançando a
cabeça, tremendo, lutando para controlar isso, suas costas
arqueadas, seu corpo trêmulo. Precisando desesperadamente
mostrar a ele, provar a ele, espalhar-se mais, levá-lo mais
fundo, acolher cada golpe doloroso daquela mão quente e
familiar. Falando tão firmemente, tão
fundamentalmente, de sua consideração, sua afeição — para
sempre, ele disse — mesmo quando ele agarrou rudemente
sua nádega ardendo, e puxou-a ainda mais aberta, afastando-
a.
E essa era sua outra mão, segurando do outro lado,
expondo totalmente o último dos esconderijos de Rosa no
quarto, para sua tomada. E é claro que deveria, ele tinha todo
o direito de usá-la como quisesse, ela era um bom animal de
estimação, uma companheira digna, e ela queria isso, tudo
isso, tão primitivo e poderoso que estava à beira de chorar...
"Sim, meu senhor," ela engasgou, através de suas
respirações arrastadas. "Para todo sempre. Por favor."
E John estava dizendo isso de volta, com mais um tapa
daquela mão, mais gentil desta vez. Com o ajuste igualmente
suave de sua enorme e molhada
cabeça de pênis para aquele franzido vulnerável de pele.
Enquanto ele lentamente, gentilmente,
impiedosamente se abateu, abrindo-a sobre ele, partindo-a em
duas,
enchendo-a de puro poder, necessidade e amor.
O pensamento recuou e se rebelou, mesmo enquanto
continuava subindo, continuava afundando, até ficar trancado,
preso, todo o caminho. Pulsando e flexionando, esticando e
apertando, seu senhor pegou com ela, dentro dela, seu animal
de estimação, sua companheira, sua
bibliotecária, seu amor.
O próximo tapa de sua mão tremeu, deslizou, gritando
tão alto quanto
aquela força enterrada dentro dela, e Rosa gritou, brutalizada,
quebrada por um orc. Um orc que a desnudou, a marcou, a
reivindicou como sua. Um orc que a estava arrebatando,
comandando-a, esfolando-a em carne viva no altar de seu
governo...
Sua liberação chamejou, brilhou, explodiu.
Consumindo-a com um êxtase gritante e alarmante, com todo
o seu eu exposto e nu e possuído — e inundado, de repente,
com explosão após explosão de pura euforia, enquanto seu
senhor se pulverizava de novo e de novo. Preenchendo-a com
sua
essência, sua promessa, sua verdade. Para todo sempre.
Segurança. Casa.
Rosa mergulhou nessa verdade, perdida na maravilha
cintilante, resplandecente e incrivelmente pacífica dela. No
som da respiração ofegante de seu companheiro atrás dela, nos
tremores secundários que pareciam estar percorrendo os dois
ao mesmo tempo, rajadas persistentes de prazer sob suas peles
unidas.
E então John desmoronou contra ela, pesado e quente
e suado, seu peito pressionado contra suas costas nuas. E seu
rosto estava aqui, perto do dela, seus olhos piscando com
força, seus lábios entreabertos, suas bochechas coradas mais
vermelhas do que Rosa
jamais as tinha visto.
"Você está bem," ele sussurrou, sem fôlego, em seu
ouvido. "Eu realmente assustei você. Ou prejudiquei."
Era impossível encontrar palavras coerentes, neste
momento, então Rosa apenas balançou a cabeça, rápida,
contundente. E então se deleitou com o estremecimento de
resposta daquele corpo quente contra ela, o peso adicional de
seu alívio tácito em sua pele.
"Pequeno animal de estimação inteligente e tonto," ele
murmurou, tão suave, na curva de seu
pescoço. "Você nunca deve morder seu orc, para não querer
lançá-lo em um frenesi, diante de todos os seus parentes."
Espere. O cérebro flutuante e contente de Rosa tinha
esquecido completamente os orcs — oh deuses, os médicos,
assistindo — mas quando sua cabeça se ergueu,
seus olhos procurando freneticamente, eles se foram.
Desapareceram. Como se nunca tivessem
estado lá.
"Eu os mandei embora," John disse, com uma risada
baixa. "Você nem percebeu, ach? Muito perdids em seus
gritos e agitações, eu sei."
Rosa tentou dar uma cotovelada em direção a ele, mas
falhou miseravelmente, ao que
John puxou cuidadosamente o cabelo solto de seu pescoço e
deu um beijo suave e quente contra sua pele marcada. "Ach,
isso me agradou," ele sussurrou.
"Você é um animal de estimação digno, minha pequena rosa,
e uma mulher corajosa e inteligente. Eu nunca poderia ter
pensado" — ela podia ouvir ele engolir — "que você poderia
ser isso. Para um orc."
Havia uma pontada daquela amargura familiar em sua
voz, e Rosa lutou para se concentrar nela, para encontrar
palavras no miasma rodopiante de
felicidade pura e saciada. "Para você, John-Ka," ela respirou.
"Você. Orc. Estudioso. Líder. Senhor. Sacerdote legítimo da
Montanha Orc. Melhor foda do reino. E" — ela
respirou fundo — "reprovador raivoso e desonesto. Você."
A quietude ecoou por um instante, ressoando através
de sua forma acima dela — e então se estabeleceu novamente,
em outro beijo insuportavelmente suave daqueles lábios
quentes contra seu pescoço. Falando de novo, tão alto quanto
um grito, sem falar
nada.
Rosa não sabia quanto tempo eles ficaram ali juntos,
o mundo
girando e balançando com um contentamento impossível —
mas ela piscou completamente
acordada com a sensação dele finalmente saindo dela, para
longe. E então habilmente limpando a bagunça, antes de puxá-
la de volta para se sentar novamente.
"Você deve estar com fome," ele disse, seus olhos não
encontrando os dela na luz do lampião. "Talvez eu leve você
para a cama e traga um jantar para você?"
Seu rosto ainda estava inexplicavelmente,
adoravelmente corado, sua mão trêmula
esfregando sua boca, e a própria boca de Rosa já estava lhe
dando um
sorriso lento, cheio de calor e afeto. "Estou com fome," ela
confessou. "Mas em vez de dormir, talvez pudéssemos ir à
biblioteca? E ler juntos,
por um tempo?"
O calor aumentou com o aceno de resposta
espasmódico de John, e ainda mais alto quando ele a vestiu
silenciosamente novamente, trançou seu cabelo, e então
agarrou
seu corpo ainda formigante em seu quadril. E então a carregou
pelos
corredores, acariciando gentilmente seu pescoço — até que
ele de repente recuou um passo, quando um orc correu direto
pelo corredor em direção a eles.
"John!" o orc chamou, e Rosa percebeu que era Baldr,
com os olhos arregalados
de urgência. "O capitão precisa de você agora. Eles finalmente
concordaram em se
encontrar."
Eles. Os homens, ele tinha que dizer, e o estalo de
tensão em toda
a forma de John confirmou isso, sua boca ficou fina e sombria.
"Ach," disse ele.
"Dê-me um momento, irmão."
Com isso, ele girou e correu pelo corredor, Baldr logo
atrás dele, até que eles invadiram a biblioteca. Tristan já
estava lá, virando-se para piscar em direção a eles, e John
caminhou para colocar Rosa em sua
cadeira habitual, seus dedos gentilmente, com pesar,
inclinando-se para cima de seu rosto.
"Você fica aqui e lê com Tristan, pequeno animal de
estimação," disse ele. "Voltarei
assim que terminarmos."
O coração de Rosa batia com uma irregularidade
inexplicável, e ela agarrou sua mão, segurou-a perto. "Não
posso ir com você? Por favor?"
Ela não perdeu a sombra que cruzou o olhar de John,
ou o rápido olhar
que ele lançou a Baldr por cima do ombro. "Não desta vez,"
disse ele. "Mas vou lhe contar tudo o que aprendemos. Ach?"
Ele seguiu isso com um beijo duro e fervoroso, seus
lábios famintos e quentes nos
dela, e quando ele se afastou, Rosa sentiu-se balançando a
cabeça, seu corpo relaxando, sua boca inclinada para cima.
"Então boa sorte, John-Ka," ela murmurou. "Vejo você em
breve."
Ele sorriu de volta, pequeno, mas verdadeiro, e deu
um tapinha firme na bochecha dela antes de se virar e sair,
deixando Rosa sorrir vagamente para suas costas recuando,
para a linda curva tensa de sua bunda. E quando ela finalmente
piscou, olhando tardiamente para Tristan, ele a observava com
uma
aprovação silenciosa e inconfundível.
"Você e John-Ka resolveram as questões entre vocês,
ach?" ele perguntou, e no aceno de resposta de Rosa, ele
sorriu, lento e atordoante. "Agrada-me testemunhar isso,
Rosa-Ka. Meu irmão desejou um companheiro por tanto
tempo."
Rosa-Ka. Um companheiro. O calor girou novamente,
a felicidade crescendo para
afastar quase tudo — exceto, é claro, por aquela última,
constante e
inacabada verdade, lançada novamente em nítido alívio com
este maldito encontro repentino. Os homens. As atrocidades.
A guerra.
Lord Kaspar.
Rosa respirou fundo, soltou. Ela poderia fazer isso.
Ela queria isto. Ela estava segura. Casa.
"Se eu escrever uma carta para Dusbury, Tristan," ela
disse, "existe uma maneira de enviar para lá, daqui? Agora?"
Tristan assentiu, novamente com aquela aprovação
reveladora em seus olhos, e prontamente passou uma folha de
papel nova. Que Rosa olhou por um longo e tortuoso
momento, antes de pegar sua pena e começar a escrever.
Era uma carta curta, mas dizia tudo o que ela precisava
dizer. E uma vez que ela secou a tinta, e silenciosamente
devolveu a carta por cima da mesa, houve apenas um alívio
abafado e estremecedor.
Tristan pegou sem falar, mas ele estava novamente
sorrindo para Rosa, caloroso, aprovando. "Vou levar isso para
Eyarl agora," disse ele. "Ele supervisiona
esses assuntos e deve enviá-lo esta noite. Voltarei em breve."
Rosa assentiu com gratidão, e uma vez que ele saiu,
ela caiu de volta em sua cadeira, seus olhos olhando ao redor
para a biblioteca familiar e adorável. Já havia se tornado tão
querido para ela, tão parecido com o lar, e até mesmo o
pensamento de deixá-lo agora — deixar John — era quase
dolorosamente doloroso.
Mas ela não tinha que sair agora. Eles resolveram as
questões, como Tristan havia dito. John havia perguntado. Ela
havia respondido. Ela o agradou, ganhou sua
aprovação e elogios e até mesmo seu nome. Ela seria o animal
de estimação — e a parceira — que ele sempre sonhou. Ele
veria.
Mas foi nesse momento que dois orcs passaram,
falando
juntos em Aelakesh. Dois orcs que eram totalmente
desconhecidos — mas
não foi isso que fez Rosa se sentar em sua cadeira, seu
estômago torcendo, suas mãos agarradas firmemente à mesa.
Eles estavam falando sobre ela.
"Er þetta konan?" um deles disse. "Konan sem leiddi
til þess að Lord Kaspar kom með seu pecado?"
É aquela mulher, isso significava. A mulher para
quem Kaspar trouxe seu exército.
Espere. A mulher para quem Kaspar trouxe seu
exército?!
O coração de Rosa chutou e bateu, seu cérebro
guinchando em seu crânio, e seu corpo subitamente nervoso e
formigante saltou da cadeira e correu para a porta. E escutou
desesperada e fervorosamente, através do tinido selvagem em
seus ouvidos.
"Ach," o outro orc disse. "En John-Ka neitar. Hann
vill Halda henni."
Sim. Mas John se recusa. Ele quer mantê-la.
Os orcs ainda estavam andando, suas vozes
desaparecendo na escuridão — mas atrás deles, era como se
algo tivesse esfaqueado Rosa direto no estômago e a
esmagado contra o batente da porta.
Lord Kaspar trouxe o exército. Para ela?! E era sobre
isso que tinha sido a reunião de John
com os homens? Ele estava se encontrando com Lord Kaspar?
Lord Kaspar estava realmente ali?!
Não havia ar, de repente, apenas goles vazios
arrastando, raspando na garganta de Rosa. Não. Não podia ser
verdade. Não podia. Certamente John teria lhe
contado a verdade. Eles concordaram com isso. Eles
resolveram as coisas. Não há mais segredos. Ele queria que
ela ficasse...
Mas o pânico de Rosa continuou sacudindo, cada vez
mais alto a cada respiração estrangulada. Vou tentar, John lhe
dissera. Ele insinuou no futuro, sim, em compartilhar todos os
seus segredos com ela — mas ele realmente disse alguma
coisa disso?
Certamente ele tinha?
O cérebro de Rosa estava vasculhando as memórias
freneticamente, agarrando e descartando, encontrando apenas
mais pistas, olhares e silêncios mais significativos. E John
nunca disse quem estava liderando os homens, ele disse que
eles estavam esperando, há mais alguma coisa que você queira
me perguntar...
Rosa sentiu-se à beira de gritar, e ela tateou no batente
da porta,
procurando por um pensamento racional. Não. Ainda tinha
que haver algum engano.
Porque certamente, Lord Kaspar nunca teria vindo para a
Montanha Orc. Não
com um exército, não para ela. Ele era um estudioso, não um
combatente ou comandante, estava viajando, estava ocupado,
ocupado demais para se importar com o paradeiro de sua
bibliotecária...
E Rosa nem lhe dissera, naquela primeira carta que
deixou, para onde ia. Ela só havia escrito que estava
dedicando um tempo para pesquisar melhor, assim como ele
havia sugerido. Não havia como ele ter descoberto, ninguém
sabia que havia um orc na Biblioteca Dusbury naquele dia...
Ou tinha. Porque Susan sabia. Bons deuses, Susan
sabia, e ela até disse a Rosa, naquela manhã, talvez ele esteja
aqui para você...
Rosa apenas vagamente registrou a visão de outro orc
caminhando pelo corredor — mas espere, era Simon, Simon
— e Rosa correu em direção a ele, agarrando sem pensar seu
braço enorme e sólido. "Simon," ela engasgou. "Lord Kaspar
está aqui? Na Montanha Orc? Com um exército? Para mim?"
Simon olhou para ela, sem piscar, e Rosa deu uma
sacudida frenética no braço dele, lutando para ignorar a
umidade repentina brotando atrás de seus olhos. "Por favor,
Simon," ela implorou. "Eu preciso saber. A verdade. Lord
Kaspar está aqui para mim? John está se encontrando com ele
agora? Por favor."
Os olhos de Simon sobre ela não mudaram, e por um
instante, ela pensou que ele iria afastá-la. Rir. Chamá-la de
mulher estúpida e idiota, presa em um vínculo, acreditando
em tudo o que um orc Ka-esh mentiroso diz —
Mas então Simon assentiu. Assentiu.
"Ach," disse ele. "Isto é verdade."

Capítulo 28
Isto é verdade. Verdade.
John estava mentindo.
O corredor escuro começou a girar lentamente, os joelhos de
Rosa realmente batendo juntos. Sua respiração saindo em
pequenos goles curtos e agudos, Lord Kaspar estava ali, com
um exército, John estava mentindo...
Ela apenas vagamente sentiu a mão enorme de Simon
em seu cotovelo, firmando-a, mantendo-a de pé. O toque
surpreendentemente suave, e a cabeça de Rosa se ergueu, seus
olhos piscando freneticamente em seu rosto carrancudo. Ele
sabia também, ele sabia o tempo todo, e talvez — talvez ele
até tenha tentado avisá-la —
"Você poderia," ela engoliu em seco para ele, "me
levar para John? Agora? Por favor, Simon?"
A irritação visivelmente brilhou em seus olhos, ele
não queria, é claro que não, ele nunca foi capaz de suportá-la
— e Rosa engoliu um soluço e se afastou dele, cambaleando
pelo corredor escuro. Ela
encontraria alguém. Alguém. Por favor…
O aperto repentino de uma mão em seu cotovelo a fez
pular, seus braços se debatendo — mas era apenas Simon
novamente. Simon, que apesar do olhar ainda presente de
aborrecimento visível em seu rosto, começou a conduzi-la
pelo corredor.
Os pés de Rosa se moviam sozinhos, lutando para
acompanhá-los, cambaleando na escuridão. Ela tinha
esquecido completamente a lâmpada, ainda acesa lá atrás na
biblioteca, e o corredor escuro como breu parecia estreito,
claustrofóbico, completamente
desorientador. O passo de Simon era muito maior que o de
John, e o corredor parecia seguir um caminho tortuoso e
errático que seu mapa mental áspero não conseguia
identificar, mas talvez isso se devesse ao contínuo guincho
selvagem em seu crânio, ao baque ensurdecedor de seu
batimento cardíaco.
Lord Kaspar estava ali. John havia mentido.
Houve um barulho crescente à frente deles, vozes e
comoção enchendo a escuridão, e de repente a luz explodiu
nos olhos de Rosa. De uma tocha, que estava de alguma forma
queimando na mão de Simon — e à frente vários orcs jogaram
seus braços na frente de seus rostos, vários deles xingando em
voz alta.
Mas John estava entre eles, ele estava andando ao lado
de Nattfarr, embora sua forma tivesse parado no meio do
passo, sua mão também protegendo seus olhos. E com eles
também estava o capitão, e Jule, e Baldr e Drafli e Olarr, todos
piscando com a aparição claramente inesperada de Simon e
Rosa.
"Rosa!" Jule disse, com aparente surpresa genuína. "O
que você está fazendo aqui? Você deveria estar na reunião?
Sinto muito, acabamos de
terminar."
A reunião. Os olhos de Rosa dispararam
reflexivamente em direção a John, examinando seu
rosto — e sim, sim, oh deuses, tinha sido um encontro com
Lord Kaspar, John estava mentindo…
"Eu só," a voz de Rosa engasgou, soando como a de
outra pessoa. "Precisava ver John."
Ninguém discutiu, é claro, e John se afastou
abruptamente do grupo, caminhando em direção a ela. Mas
seu rosto, seus olhos, ele não gostou que
ela viesse aqui, ele estava frustrado, irritado, desaprovado...
"Podemos conversar?" Rosa conseguiu, através de sua
língua muito grossa. "Em
particular? Agora? Por favor?"
A cabeça de John assentiu, curta e rápida, e ele sem
palavras agarrou a tocha da mão de Simon, e então gesticulou
na direção oposta do grupo, o movimento brusco. Como se
estivesse realmente zangado, com Rosa, quando foi ele quem
mentiu para ela, todo esse tempo. E com o crescente
choque e incredulidade de Rosa, houve uma dor trêmula e
inquietante.
Mas John não pareceu notar, ele a estava conduzindo
para um novo quarto estranho, um que — a cabeça de Rosa
virou, seus olhos arregalados — tinha
algemas de verdade embutidas nas paredes e correntes
enroladas como cobras no chão de pedra.
Era uma prisão.
Rosa olhou para John, como ele enfiou a tocha em
uma parede suporte, e girou para encará-la. Seus braços
cruzados, toda a sua forma emanando raiva, frustração,
desaprovação. Mas ele não falou, ele estava esperando por ela.
Para ela explicar ações, talvez, e Rosa respirou fundo, por
coerência. Ele era o mentiroso aqui. Ele não tinha direito.
Nenhum.
"Quando você ia me contar," ela engasgou, "sobre
Lord Kaspar?
Vindo aqui? Para mim?"
Os braços de John flexionados sobre o peito, seus
lábios se curvando, seus olhos estreitos
brilhando à luz das tochas. "Eu deveria ter lhe contado isso,"
disse ele, as palavras nítidas, "quando você me perguntou."
Os pés de Rosa torceram-se de lado por baixo dela,
lançando-a contra a parede de pedra, e ela agarrou-se a ela,
puxando o ar. Era verdade. Bons deuses,
era verdade, talvez tivesse sido verdade, todo esse tempo...
"Você mentiu para mim," ela ouviu sua voz dizer,
desgastada, trêmula. "Novamente.
Você mentiu sobre tudo. O vínculo. A guerra. Os homens.
Lord Kaspar. Até mesmo a devassidão secreta do seu clã. Nós
concordamos com isso, John! Você jurou que me contaria a
verdade! Sem falsidades! Você disse!"
A raiva surgiu novamente em seus olhos, brilhante e
inexplicável. "Eu disse que
deveria tentar," ele respondeu, sua voz entrecortada. "Eu lhe
dei permissão para me perguntar mais sobre isso. Ach, eu a
exortei a isso. Você não. Eu pensei, talvez," — sua mandíbula
se contraiu — " que você não queria saber."
"Claro que eu queria saber!" Rosa gritou de volta,
estridente. "É claro que eu quero saber que meu patrono de
nove anos inteiros trouxe um exército para a Montanha Orc
para me resgatar !"
As palavras saíram soando erradas, de alguma forma,
e diante dela John vacilou visivelmente. Mas não falou,
apenas continuou olhando para ela com aqueles olhos errados
e brilhantes, enquanto o coração de Rosa batia cada vez mais
alto em seu peito.
"Há quanto tempo Lord Kaspar está aqui," ela se
ouviu dizer, de
algum lugar distante. "A verdade, John."
Seus olhos se fecharam brevemente, sua boca fazendo
uma careta. "Ele veio com o primeiro
bando de homens," disse ele categoricamente. "Onze dias
passados."
Onze dias. Queridos deuses, Lord Kaspar esteve aqui
quase todo o tempo que Rosa esteve, enquanto John fingiu que
não havia guerra, nem homens,
nada. Enquanto ele a seduziu, brincou com ela, a distraiu com
sua
biblioteca e seus afetos e suas mentiras…
"E Lord Kaspar está perguntando por mim?" A voz
oca de Rosa
sussurrou. "Todo esse tempo?"
John não se mexeu, nem mesmo fingiu se incomodar
em responder, mas como sempre sua não resposta falou por
ele, tão alto quanto um grito penetrante e arrepiante.
Lord Kaspar estava perguntando por Rosa. Por onze dias.
E isso — a percepção atravessou o crânio de Rosa
com
poder ensurdecedor — era por isso que os homens não
estavam atacando. Era por isso que parecia errado, por que
não tinha se encaixado. Os homens deveriam estar esperando
pela rebelião camponesa, sim, e talvez ainda estivessem. Mas
esses homens — esses dois regimentos — só vieram por ela.
"Seu idiota total," Rosa cuspiu em John, quase sem
fôlego com a
raiva vacilante e avassaladora. "Seu idiota arrogante
enganador. Como você se atreve a esconder algo assim de
mim. E" — ela respirou fundo, enquanto mais compreensão
girava — "o que diabos você tem dito a Lord Kaspar sobre
mim, todo esse tempo? Você disse a ele que vai me torturar,
ou me matar, se ele tentar te atacar? Ou alguma outra besteira
orc ?!"
O corpo de John estremeceu novamente, e ela quase
podia sentir sua própria raiva se agitando, surgindo pela sala,
batendo para combinar com a dela. E não fazia
sentido, ele não deveria estar com raiva, ele não tinha o
direito, não quando ele fez isso com ela...
"Nós dissemos a este homem," John respondeu
finalmente, sua voz tão fria, a de outra pessoa, "tudo o que
você me disse. O que você reivindicou como sua verdade. Que
você não queria voltar para ele. Que você o odiava. Que você
sentiu apenas alívio, por estar livre dele, e que você nunca
queria encontrá-lo novamente."
Os olhos de Rosa se fecharam com força, seus dentes
rangendo com tanta força que doía. "Você não tinha," ela
respirou, "nenhum direito de dizer isso a ele, em meu nome.
Eu lhe disse isso em confiança."
"Você também disse isso para Tristan," John rosnou
de volta. "E para a própria companheira do capitão. Tudo isso
foi confidencial também?"
Rosa lutou contra a vontade de rosnar para ele e cerrou
os punhos.
"Então, o que Lord Kaspar disse?" ela exigiu. "Quando você
disse a ele tudo isso."
E por que havia esperança, de repente, esperança de
que John dissesse, talvez, que Lord Kaspar deu meia-volta e
foi embora, para nunca mais voltar — mas não, não, John
havia mentido para ela, sem parar, por semanas, e agora ele
estava falando para ela
assim, gritando com ela assim, logo depois que eles
supostamente resolveram as coisas, mas talvez isso também
fosse mentira. Talvez tudo isso tenha sido uma mentira, para
manter Rosa longe de Lord Kaspar, porque...
"Esse homem disse," John respondeu, cada palavra
caindo, uma
pedra devastadora, "que ele só vai acreditar nisso quando ver
você. Sozinha. Quando você falar isso na cara dele."
Algo estava arranhando dentro da barriga de Rosa,
lutando e lutando para escapar, e por um longo e doloroso
momento ela não conseguiu responder, não conseguiu
respirar. "Você não — concordou com isso," ela de alguma
forma disse, sua voz um
sussurro. "Você fez?"
A raiva estremeceu e brilhou nos olhos de John, em
seu punho
batendo abruptamente, batendo contra a parede de pedra
sólida atrás dele. Forte o suficiente para que ela pudesse ouvir
seu suspiro de dor, podia ver o sangue se formando nos
vergões frescos em seus dedos.
"O capitão concordou," disse ele, rouco, um tom
monótono, deixando cair a mão ensanguentada de volta ao seu
lado. "Você deve falar assim com Lord Kaspar. Amanhã.
Sozinha."
Rosa iria para Lord Kaspar? Sozinha?! A sala
estremeceu completamente ao redor dela, e de repente houve
pânico, socos, golpes, destruição.
"E então," ela engoliu em seco, "o que acontece?"
John a encarou por um instante longo demais,
enquanto as paredes pareciam fivela e torcer — e então ele
riu. O som áspero, amargo, e ele não ria assim há tanto tempo,
ele não deveria mais rir daquele jeito, estava errado, tudo
estava errado —
"Diga-me você, querida," disse ele, e ele estava
sorrindo para ela, todos os dentes afiados mortais. "Você me
diz. O que você diz, quando você está sozinha com este
homem amanhã? O que você faz?"
Não havia resposta para isso, nenhuma maneira
possível, mesmo quando uma parte distante de Rosa começou
a cantar, ou talvez a gritar. Eles realmente não a deixariam
sozinha com Lord Kaspar, eles não podiam, e se o fizessem,
o que ela diria, o que ela faria? Encontrei várias atrocidades
possíveis, agora, por favor, me leve para casa e me torne um
estudante como você prometeu? Por favor, me use para
começar sua guerra?
Não, não, foda-se não, mesmo o pensamento era
doentio, revoltante,
dolorosamente recuando nas entranhas de Rosa. Mas o que
mais restava fazer, dizer, ser? Eu quero ficar aqui, na
Montanha Orc? Onde o orc que eu pensei que estava
acasalado mentiu para mim por semanas a fio? Mentiu para
mim, de novo e de novo, me usou, me
manipulou, desde o primeiro maldito dia em que nos
conhecemos, porque, porque…
John estava rondando mais perto, seus movimentos
fluidos, mortais. "Por que eu gosto do seu medo, querida,"
disse ele, tão fácil, com um movimento rápido de sua língua
no ar. "Eu nem toquei em você. Eu não rosnei ou mostrei meu
pau. Não sinto o cheiro de sua fome. O que causa isso,
mulher?"
As palavras soaram como um tapa no rosto, o corpo
trêmulo de Rosa encostado na parede, as mãos agarrando
freneticamente a pedra fria. Ela deveria
dizer alguma coisa, por que ela não podia dizer alguma coisa,
ele nunca poderia saber...
"Você está com medo de me responder," John
continuou, rondando mais perto, estalando um dedo afiado
para inclinar suavemente o queixo dela. "Por que isso, animal
de estimação? O que há com este homem, e esta guerra, que
você tem medo de falar comigo?"
A ponta de sua garra desceu pela garganta dela,
devagar, enquanto ele novamente sorriu, mostrando todos
aqueles dentes, errado, errado. "Fale isso comigo, querida,"
ele ronronou,
enquanto sua mão deslizou ao redor para se curvar, perto e
familiar e primorosamente horrível,
contra seu pescoço trêmulo. "Por que você esconde todas
essas coisas? Por que você não pode me dizer?"
Eram suas próprias palavras, percebeu Rosa, com um
estrondo de pavor, ditas até mesmo numa paródia de seu
próprio sotaque, de sua própria voz. E a boca dela
foi abrindo, fechando, mas não saiu nada, nada, ela estava
mentindo, ele estava mentindo, tudo era mentira...
A mão estranhamente úmida de John circulou mais
perto de seu pescoço, e talvez pela primeira vez, Rosa sentiu
a verdadeira força disso, o perigo real por trás disso. O flash
de consciência de que ele poderia matá-la, tão facilmente,
levaria apenas um momento…
"Pare com isso, John," sua voz vacilante disse, de
algum lugar muito distante. "Este não é você."
Sua risada era dura, quebradiça, agonizante. "Ach,
mas este sou eu," disse ele, seus olhos brilhando à luz da
tocha. "Eu sou um orc. Eu disse isso a você, repetidas vezes,
e você disse que desejava isso. Por mim. Por John, do Clã Ka-
esh. Mas" — seu peito arfava — "isso não era verdade, era,
minha linda rosa? Era?"
Oh deuses, oh deuses, o medo estava guinchando,
raspando, marcando bem no fundo. Como John estava
esperando uma resposta, ele ia fazer Rosa responder, e então...
"Você realmente não deseja isso," ele rosnou, com
uma onda brusca para baixo em seu corpo, ele mesmo. "Você
não deseja um orc que não seja só paciência e prazer. Você
não deseja um orc que anseie por assustá-la e conquistá-la, e
puni-la. Você não deseja um orc que foi criado para duvidar,
para misturar fome e medo, saber que o poder sempre vencerá
a razão, e os humanos sempre mentirão, trapacearão e
planejarão ainda mais guerra. Não
importa o quanto um orc se esforce para dar a eles!"
Ele estava gritando no final, sua voz ressoando por
esta sala escura e aterrorizante, seus dedos cravados no
pescoço de Rosa. Enquanto o medo
gritava e ricocheteava, esmagando tudo sob sua força, ele
poderia matá-la, John poderia realmente matá-la —
De repente, ele cambaleou para trás, cambaleando,
como se tivesse levado um empurrão — mas Rosa não se
moveu, não falou. Apenas olhou para ele, para John, seu John,
que de alguma forma estava quebrado, a mão ensanguentada
esfregando a boca, os olhos brilhando de dor.
"Já que parece que você nunca vai falar sobre isso,
bichinho," ele disse, tão suave, tão mordaz, tão morto por
dentro, "então talvez eu fale. Você deve se encontrar com
Lord Kaspar amanhã. Você deve dizer a ele" — seu peito
arfava novamente — "que você se destacou na tarefa que ele
lhe deu. Você deve dizer a ele que descobriu algum novo
escândalo da Montanha Orc, talvez de magia negra, ou orcs
acasalando, ou correntes e espancamentos. Você deve então
ajudá-lo a espalhar a palavra disso, para que ele possa
despertar ainda mais medo e ódio contra meus
parentes."
Rosa olhou, atordoada, horrorizada. Palavras se
chocando, colidindo, enfiadas caóticas e viscerais em seu
crânio. John — sabia?! Sobre a missão, a espionagem, as
atrocidades?!
Não. Não. Não. John não podia saber. Ele não poderia
saber. Não era possível, ele nunca poderia saber —
"P-por que," Rosa gaguejou, tão longe, "você diz
essas coisas. Lord Kaspar t-te disse isso. Ele mente, John."
Algo desconhecido brilhou nos olhos de John e, por
um instante, houve o pensamento, breve, distante,
descontroladamente esperançoso, de que talvez ainda
houvesse uma fuga. Talvez Rosa ainda pudesse culpar Lord
Kaspar por tudo. Ele mentiu, isso era verdade, tudo foi culpa
dele, por favor, por favor, ela ainda podia salvar isso, ainda
havia uma saída...
"Mulher estúpida," John respondeu, finalmente, sua
voz um coaxar amargo e furioso. "Não brinque comigo.
Conheço essa verdade desde o início. Desde o primeiro dia
que nos conhecemos. Você está aqui para me espionar e
desencadear uma guerra."

Capítulo 29
John sabia. Ele sabia desde o começo?!
Todo o eu de Rosa tinha um espasmo em dormência,
derramado muito cheio de choque e terror até para respirar.
Apenas capaz de olhar para o rosto furioso de John, enquanto
seu batimento cardíaco batia com um estranho e brilhante
branco atrás de seus olhos.
Ele sabia. O tempo todo. Sobre a missão de Rosa. Que
ela viria aqui para espioná-lo, e seus irmãos, e sua casa. Para
ajudar a começar uma guerra.
E John viu o choque dela, talvez até provou, porque
ele riu mais uma vez, o som era áspero, feio e frio nos ouvidos
de Rosa. "Você se achou tão inteligente, mulher tola," ele
rangeu. "Com sua pilha de livros e
tratados. Com como você se ofereceu para mim naquele dia.
Como se eu não pudesse ver além de sua encenação idiota
com uma única cheirada em você."
A boca de Rosa estava aberta, a descrença latejando,
atordoada, arrastada. Ele sabia, todo esse tempo. Era
impossível. Impossível…
"E então, aquela carta," John cuspiu para ela,
implacável, implacável. "Aquela carta
daquele homem, vindo à noite, instigando você a fazer isso,
em troca de suas recompensas. Esta carta com o selo dele, que
você abre e enfia em um
livro, com seu cheiro pesado sobre ela — e depois você me
deixa sozinho com isso, enquanto você brinca com sua
biblioteca. Como se eu não pudesse cheirar? Ou ler?!"
Oh. Oh, deuses. Rosa não conseguia pensar, não
conseguia entender, o que estava
acontecendo, por que, por que, por que...
"Por que," ela de alguma forma engoliu em seco para
ele, quase inaudível, "você fez isso,
então. Por que você" — ela engasgou por ar — "concordou.
Para me tocar."
John latiu outra risada, fina, odiosa. "Como sempre,
bichinho, com as perguntas diretas, ach?" ele zombou.
"Talvez eu desejasse assustá-la.
Talvez eu quisesse ensinar-lhe o seu lugar. Talvez eu
desejasse ver a tola, presunçosa e favorita putinha de Lord
Kaspar
presa e gritando e
implorando por um orc!"
Queridos deuses, isso não pode ser verdade, John não
pode estar dizendo isso, isso
não pode estar acontecendo, por quê. E ele não podia querer
dizer — ele não podia —
"Você não fez," Rosa sussurrou, seu coração
acelerado, sua respiração curta e
superficial. "Foi para a biblioteca, apenas para chegar a Lord
Kaspar. Só para me seduzir. Para me afastar dele e arruinar
meu futuro. Você fez?"
Algo brilhou naqueles olhos, algo como descrença, ou
talvez até dor. Mas ele não respondeu, não se mexeu, e por
que Rosa se sentia tão desesperada e precariamente à beira de
chorar, seus olhos quentes e úmidos e piscando loucamente...
"Mas você," ela ofegou, sobre os soluços à espreita
em sua garganta. "Você me trouxe aqui. Você foi gentil
comigo. Você me fez seu animal de estimação. Sua — sua —
"
Ela não podia dizer isso, de repente, não podia
suportar ouvi-lo dizer que não era verdade, e John se afastou
dela, as mãos pressionadas contra o
rosto.
"Ach," ele disse, e quase soou como um soluço
também. "E eu fui o
tolo, nisso. Eu sabia que não deveria confiar em você, eu
sabia que deveria mantê-la separada, esconder nossas
verdades de você, até que esse erro tolo e estúpido de nosso
filho pudesse ser resolvido. Mas —"
Mas. Rosa estava esperando, engasgada com a
respiração ofegante, olhando
indefesa, tremendo, para as costas dele. "Mas o que, John."
"Mas você foi mais inteligente do que parecia," ele
disse, em uma voz que ela nunca tinha ouvido antes. "Você
me fez acreditar que tinha mudado. Você foi tão
longe para me convencer a isso. Você me pegou com tanta
ânsia, você foi tão quente e doce, você riu e falou e brincou
comigo. Você fez um bom
trabalho na minha biblioteca e escreveu este livro que mudou
o mundo para mim. Você me deu total permissão para
governar sobre você. Você não me mostrou nenhum
julgamento pelo que eu
era. Você me mostrou que era uma estudiosa."
Os braços de Rosa estavam apertados contra sua
cintura, seu corpo balançando para frente e para trás, e quando
John lentamente se virou novamente, seus olhos estavam lá
também. Na cintura dela. Na — na —
"Eu sabia que você falava falso quando eu perguntei a
você sobre este homem, e esta guerra," John disse, tão quieto,
seu olhar sem ver, sem piscar. "Mas então você disse que
queria arriscar tudo para ter meu filho. Eu" — sua garganta
convulsionou — "eu ansiava por isso com um ardor tão
estúpido, que escolhi olhar além de sua falsidade. Eu escolhi
acreditar que você realmente lamentou suas ações passadas, e
agora desejava isso. Para mim. Por ele."
Ele. O filho deles. Rosa não conseguia falar, só
conseguia se balançar no lugar, os braços
agarrados à cintura. Ele não quis dizer isso. Ele não podia. Ele
não tinha dito. Ele mentiu...
"Quando você," sua voz embargada, "ia me contar?
Sobre ele?
Nosso" — ela teve que forçar as palavras — "nosso filho?"
Os olhos de John ainda estavam em sua cintura, ainda
brilhando com algo que poderia ter sido ódio, ou desejo, ou
ambos. "Eu disse a você," disse ele, e por um instante ele soou
quase — suplicante. "Não brinque comigo, mulher. Você
sabe."
E talvez ela tivesse, mas ainda era besteira, ele ainda
mentiu, ele mentiu. "Eu?" Rosa atirou de volta. "Desde
quando, John? Há quanto tempo isso — eu estive —"
Ela não podia dizer isso, ela mal conseguia ficar de pé
neste momento, e John ainda estava olhando para a cintura
dela, ainda com aquela agonia terrível em seus olhos. "Desde
aquela noite, dois dias atrás," disse ele. "Quando você me
mostrou este livro que você fez, e levou minha semente em
seu ventre de novo e de novo, e me fez acreditar —"
Ele não terminou, e graças aos deuses havia raiva de
novo, gritando,
chacoalhando dentro do crânio de Rosa. "Oh, claro," ela disse,
sua voz grossa, zombeteira. "Você também sabe disso há dias.
Você manteve minha própria gravidez em segredo de mim.
Estou chocada, John, chocada."
John rosnou, sua garra espetando no ar em direção a
ela, seus olhos amargos, brilhantes de miséria. "Você sabia,"
ele respirou. "Você fez. Eu vi você. Eu cheirei você."
"Sim, e você ainda não me contou!" Rosa gritou de
volta. "Novamente! De novo, e de novo, e de novo! Você
nunca disse nada, John! Não sobre nosso filho, não sobre a
guerra, não sobre Lord Kaspar. Não sobre o nosso futuro, ou
o que deveria acontecer depois disso, ou mesmo o que diabos
tudo isso realmente era, entre nós! Você não disse nada!"
E aqui, vívida e horrível, estava a memória de Simon.
Dizendo,
repetidamente, como o Ka-esh mentia. Como eles não
falavam votos, porque
isso significava que não havia nada para quebrar. E Rosa tinha
visto com seus próprios olhos, em como Salvi tratou Tristan,
apenas supondo que ele seria perdoado por trocá-lo por uma
mulher, sem que nenhum deles realmente dissesse porra
nenhuma.
"Você sabia," John disse novamente, dando um passo
afiado e perigoso para mais perto.
"Você não é uma tola. Você sabia. Você disse que ficaria,
quando eu pedi."
"Não, seu idiota, eu não sabia!" Rosa gritou de volta,
e isso era verdade,
talvez, talvez. "Eu sou um humano! Eu não sou um orc, eu não
corro por aí mentindo, e fodendo com a afeição de outras
pessoas, e batendo em pessoas que eu deveria me importar!
Eu sou um humano, pelo amor dos deuses, não sou um
monstro!"
As palavras ecoaram pela sala, cruéis e poderosas, o
suficiente para empurrar a cabeça de John para o lado, longe
dela, seus olhos bem fechados. Como se Rosa tivesse acabado
de machucá-lo, acertá-lo no rosto, mas ele merecia, ela estava
grávida de seu filho mortal e ele merecia —
Mas então sua cabeça se voltou para ela, tão lenta, tão
desumana, tão letal. Seus olhos brilham com amargura, com
raiva, com angústia.
"Talvez eu seja um monstro," ele disse, sua voz
falhando. "Talvez tenha me agradado governar sobre você e
atiçar seu medo e sua fome. Mas eu nunca" — sua boca se
torceu, seu peito afundando — "tirei uma criança ferida,
ansiosa e órfã de sua escola, contra a vontade dela, para que
eu pudesse usá-la sozinha como quisesse. Eu nunca deixei
uma criança passar fome, então ela poderia ficar pequena,
fraca e feminina para mim. Eu nunca tive um filho e depois o
esqueci. Eu nunca peguei o trabalho de uma mulher
inteligente e o reivindiquei como meu. Eu nunca" — ele deu
um passo repentino mais perto, sua raiva aumentando,
fundindo — "usei meu poder como o último dos Ka, ou como
um pretenso Sacerdote, para usar aqueles que não me
desejam, ou aprisionar aqueles que me temem!"
Suas garras ainda estavam em seus lados, elas
estavam, mas parecia que ele as tinha arrastado
profundamente na frente de Rosa, deixando trilhas sangrentas
em sua pele. Como se ele a tivesse
esfolado por inteiro, exposto tudo o que estava tão seguro
escondido lá dentro, e Rosa queria chorar, vomitar,
desaparecer. Ele era o monstro. Ele era. Ele tinha que ser…
"Você — você é," a voz de Rosa soluçou, enquanto
ela se encolhia contra a parede, tremendo toda, seus braços
apertados. "Você é, você é, você é!"
E ele era, ele prendeu Rosa neste quarto, para gritar e
zombar dela e desprezá-la, para torná-la indigna,
desconhecida, não amada, descuidada. E qualquer outra coisa
tinha sido uma ilusão de qualquer maneira, ele não se
importava, ela não era seu animal de estimação, ela não era
nada, ele era um monstro —
Ele estava cambaleando para trás, para longe, as mãos
pressionadas no rosto, a
cabeça balançando. "Então vá," ele murmurou. "Então me
deixe!"
Saiu um rugido, uma ordem, crua, brutal e terrível. O
golpe final de um senhor no coração nu e sangrando de seu
animal de estimação derrotado…
E Rosa obedeceu. Agarrando suas feridas, sufocando
seus soluços, ela fugiu.
Capítulo 30
Rosa tropeçou no corredor escuro, agarrando-se à
parede de pedra proibitiva, sua respiração superficial,
ofegante e desesperada. Vá, ele disse, mas como, por que,
onde —
"Rosa," veio uma voz, próxima e aterrorizante — e ela
gritou, encolheu-se para trás, apertou as mãos sobre a cintura

"Rosa," a voz disse novamente, mais calma, mais
calmante. "Sou eu. Tristan. Eu não vou te machucar."
Oh. Os olhos de Rosa se fecharam com força, seu
corpo trêmulo cedendo contra a parede, e de repente havia a
estúpida, estúpida esperança de que John também estivesse
aqui, de que John corresse, a pegasse nos braços e dissesse
todas as coisas gentis e sem sentido que ela tanto
desesperadamente queria ouvir. Me desculpe, eu assustei
você, me desculpe, eu machuquei você e usei você, me
desculpe, eu sou um mentiroso compulsivo de merda...
Mas não havia nada, apenas o som muito fraco da
respiração de Tristan, e Rosa tateou freneticamente por
pensamentos, por palavras. "J-John," ela engoliu em seco, "m-
me disse para ir. Para deixá-lo. V-você pode me ajudar?"
Ela podia sentir a hesitação de Tristan, podia ouvir sua
expiração lenta, podia até imaginar o olhar inquieto em seu
rosto. "Você não deveria tomar todas as palavras de John-Ka
como verdade," ele disse, quieto. "Principalmente quando
falado com raiva. Você pode ficar aqui, Rosa, pelo tempo que
desejar."
"Eu posso mesmo?" ela atirou de volta, sua voz
falhando. "Mesmo se eu viesse aqui
para espionar você? Para ajudar a começar uma guerra contra
você?!"
Ela de alguma forma começou a chorar novamente, a
água escorrendo por suas
bochechas — e o silêncio afetado de Tristan na escuridão de
repente foi tão alto como qualquer resposta. Porque ele sabia
também, foda-se esses Ka-esh mentirosos que ela
conheceu, e ele ainda lhe ensinou sua língua e respondeu a
todas as suas perguntas e a tratou com nada, nada, mas
bondade.
"Eu n-não posso ficar," Rosa resmungou, através da
miséria, da culpa, da vergonha. "Eu não posso, Tristan. Agora
não. Por favor."
Houve outro instante de quietude, outro suspiro lento
na escuridão. "Para onde você quer ir?" ele perguntou, sua voz
muito uniforme. "Voltar para aquele homem?"
Aquele homem. Lord Kaspar. E a cabeça de Rosa
estava tremendo descontroladamente, forte
o suficiente para que faíscas brilhassem atrás de seus olhos.
Não. Não Lord Kaspar. Nunca. O homem que tirou uma
criança da escola e a deixou com fome, porque...
"De volta à minha biblioteca," ela conseguiu. "Para
Dusbury. Sem" — ela engoliu — "Lord Kaspar saber disso.
Ou me seguir. Por favor."
Tristan ficou em silêncio por mais um suspiro, e
houve a súbita e crescente certeza de que ele diria não, eu não
posso, você é inútil, inútil, você merece voltar para este
homem —
"Ach," ele disse, a palavra um grito, estremecendo
alívio. "Nós iremos."
Capítulo 31
Tristan conduziu Rosa pelos corredores em silêncio.
Enquanto uma miséria escura e desesperada descia sobre ela,
pingando de seus olhos em um fluxo constante e amargo de
sal.
John havia mentido. Ele era um monstro. Ela estava
indo embora.
Mas as lágrimas só escorriam mais rápido, os pés de
Rosa cambaleando na lisa pedra abaixo, seu corpo mantido
em pé apenas pelo aperto duro de sua mão no braço sólido de
Tristan. Ela voltaria para Dusbury. E depois…
"Pequeno professor?" cortou uma voz, profunda e
vagamente familiar. A voz de Simon. "Onde você vai?"
"Norte," respondeu Tristan, cortado. "Eu levo Rosa de
volta para Dusbury hoje à noite."
O rosnado de Simon foi imediato, feroz, enviando
mais medo pela espinha de Rosa. "Você não faça isso," ele
assobiou. "Quebra a regra do capitão. Os homens ficam à
espreita. Homens atacam."
"Então vamos ficar no subsolo, até que tenhamos
passado pelos homens," disse Tristan irritado. "Isso é
importante, Simon. Para John-Ka. Para mim."
Ele soou surpreendentemente feroz, de repente, e seu
corpo contra o de Rosa
nem sequer vacilou com o rosnado áspero de resposta de
Simon. "Então eu vou" Simon respondeu, a voz monótona.
"Manter o pequeno professor seguro."
Tristan bufou, sua mão apertando o braço de Rosa.
"Você só pode vir," ele retrucou, "se você for encontrar Salvi,
e o trouxer com você. E diga-lhe para trazer uma lamparina,
comida humana e um manto quente para Rosa. Ach?"
Simon murmurou algo em Aelakesh, algo sobre falsos
médicos e humanos inúteis que não conseguiam sobreviver a
uma jornada de um dia sem mimar — mas Tristan rosnou
novamente, e finalmente Rosa pôde ouvir Simon murmurando
seu assentimento e saindo na escuridão.
E então foi apenas mais uma caminhada, uma
caminhada miserável interminável pelo que
pareceu uma eternidade, enquanto as lágrimas continuavam
escorrendo pelo rosto de Rosa, escorrendo de seu queixo. John
tinha mentido para ela. John nunca se importou
verdadeiramente com ela. John era um monstro.
Ela nunca foi digna. Ela nunca havia sido cuidada.
Tudo tinha
sido uma mentira.
Ela apenas levemente registrou um barulho crescente
atrás deles, uma dança distante
de luz — e de repente Simon apareceu novamente, correndo
pelo
corredor, uma cimitarra brilhante batendo em seu lado. Logo
atrás dele estava Salvi, alto e de aparência sombria, com sua
enorme mochila amarrada às costas, os olhos estreitos fixos
no rosto de Tristan. Para onde Tristan parecia pálido e cansado
à luz da lâmpada, mas também inconfundivelmente aliviado.
"Ei, sæti," Salvi disse, sua voz áspera, enquanto ele
caminhava direto para Tristan, e o puxava em seu peito. "Você
está bem. Ach?"
Os olhos de Tristan se fecharam brevemente, suas
garras se enroscando na túnica de Salvi. "Ach," ele murmurou
de volta. "Mas precisamos levar Rosa-Ka para Dusbury. Esta
noite."
"Eu ouvi," disse Salvi, no cabelo de Tristan. "Essas
mulheres nos causam nada além de problemas. Novamente."
O corpo frio e entorpecido de Rosa já estava
encostado na
parede mais próxima, piscando entre Simon e Salvi, tremendo
de medo cada vez maior. Porque talvez eles também
soubessem, e se gritassem com ela, ou
dominassem Tristan, o fizessem mudar de ideia —
"Paz, mulher," disse Salvi, seus olhos piscando em
direção a ela por cima da cabeça de Tristan. "Você não tem
nada a temer de nós. Agora, coloque isso, antes
que você pegue um resfriado, e assim ganhe a ira imortal de
John."
Sua mão livre jogou algo em direção a ela — uma
capa, Rosa percebeu, agarrando-a, olhando fixamente para
seu grosso peso de lã. A ira de John. Mas John não se
importava. Não mais. Ela não era digna. Não era desejada. Ele
mentiu.
"John não vai se importar," ela ouviu sua voz oca
dizer, mesmo quando ela de alguma forma puxou a capa,
enrolando-se em seu calor áspero. "Ele quer que eu vá
embora. Com razão, porque" — ela engoliu em seco, esfregou
o rosto com a capa, ela podia dizer, eles tinham que saber —
"Eu estava aqui para espionar você. Para ajudar a começar
uma guerra."
Mas não havia um traço de surpresa nos olhos de
Salvi, ou mesmo de Simon. E bons deuses, todos eles sabiam,
todo esse tempo?
"Ach, mulher," disse Salvi, enquanto enganchou o
braço em volta do pescoço deTristan e começou a puxá-lo
pelo corredor. "Você sabe que não adivinhamos por que
a mais esperta e favorecida de um poderoso lord de repente
ficou tão ansiosa para
servir a um orc? Por que ela nunca parava de nos questionar
sobre nossa montanha e nossos costumes? Por que ela lutou
tão ferozmente para se enfiar no pau de John e, assim, em seu
coração morto e frio?"
Ele realmente piscou para Rosa por cima do ombro,
como se quisesse suavizar o golpe
daquelas palavras chocantes, mas ainda parecia que ele a
atingiu direto no peito, tirou todo o ar de seus pulmões. Todos
eles sabiam, e eles pensavam — eles realmente pensavam —
"Mas eu só — eu só fiz perguntas porque queria
aprender," disse Rosa, sua voz abominavelmente queixosa,
vacilante, novamente à beira do choro. "E eu gostava de John.
Eu me importava com John."
Ninguém respondeu, nem mesmo Tristan, e
finalmente Simon grunhiu de onde estava andando atrás de
Rosa com passos surpreendentemente silenciosos. "Apanhada
em vínculo," disse ele, a voz monótona. "Como todas as
mulheres. Não há cuidado."
O corpo trêmulo de Rosa se encolheu, e ela se virou
para encará-lo, a
miséria pegando, sufocando, chorando. "Eu me importei," ela
atirou de volta. "Eu fiz. John é um
idiota mentiroso detestável, mas ele também é determinado,
atencioso e brilhante. E ele teve que aturar muita merda, de
todos vocês,
dos homens, de" — ela arrastou o ar — "de mim. E eu disse a
ele que
ficaria, concordei em ser sua companheira, concordei em ter
seu filho, mesmo que isso ainda pudesse me matar, porque eu
sei o quanto isso significa para ele!"
As palavras ecoaram pelo corredor com dolorosa
estridência, com espantoso fervor. Com todos os três orcs
hesitando em se virar e olhar para ela, Simon com descrença
em seus olhos, Salvi com confusão e Tristan com — com
aprovação. Com um sorriso pequeno e cuidadoso.
"Ach, eu te disse," ele disse, suavemente, olhando
para Salvi. "Ela deseja para o filho deles, também."
Ela fazia? Mas, ah, meus deuses, talvez ela soubesse,
e ao lado de Tristan, Salvi estava franzindo a testa para Rosa,
a cabeça inclinada, como se ela fosse um quebra-cabeça que
ele
não conseguisse resolver. Enquanto Simon apenas bufava
novamente, o som era áspero, amargo, raivoso.
"Mulher mente," ele rosnou. "Ela sai. Em seguida, ela
mata o filho. Caminho Ka-esh."
Os olhos ainda úmidos de Rosa se voltaram para
encará-lo novamente, suas mãos contra sua cintura, a resposta
explodindo por conta própria. Ela queria isso. Ela queria isso?
"Eu quero meu filho," ela engoliu em seco para ele.
"Eu faço. E farei tudo ao meu alcance para vê-lo nascer. John
não será o último dos Ka, mesmo que eu nunca
mais fale com o idiota."
Simon não se moveu, apenas olhou para ela por um
longo e tortuoso momento. Quando os dedos de Rosa se
abriram um pouco mais em sua cintura, confirmando que era
verdade, era real. John era um monstro, e ainda assim ela
queria ter um filho de monstro, um orc, e o que isso
significava, o que diabos havia de errado com ela...
Mas aqui, fervilhando seus pensamentos, estava a
memória, vívida, agudamente dolorosa, de estar deitada na
cama de John, nos braços quentes de John.
Eu não deveria sentir vergonha pelos atos dos outros,
ele disse. Minhas ações e meus desejos são meus.
Não parecia mentira, não parecia, e na época Rosa
tinha certeza — certeza — de que ele falava sério sobre ela
também. Sobre sua vergonha e suas escolhas.
Dizendo a ela, talvez, que suas escolhas eram válidas. Valiosa.
Só porque eram dela.
Rosa lutou para reprimir o pensamento, para longe,
bem no fundo, onde ele pertencia — mas ele não parecia se
mover. Falando tão forte, tão
implacável, que ela engoliu em seco, enxugou o rosto, ergueu
o queixo...
"Eu quero meu filho," sua voz disse novamente, firme,
clara, na quietude. "Eu quero ele. Eu quero que John o tenha."
Não fazia sentido, nada disso fazia mais sentido —
mas isso era verdade, isso era dela, e Rosa estava se agarrando
a isso com todas as suas forças. E os olhos de Simon nela
estavam brilhando, acusando, enervando, quase — inquietos.
"Eu exploro lá em cima," disse ele abruptamente,
girando nos calcanhares e saltando para uma pequena
saliência na rocha que Rosa não havia notado antes. "Talvez
homens do passado agora."
Seu grande corpo empurrou para cima novamente,
movendo-se com surpreendente facilidade através do que
parecia ser uma pequena rachadura na rocha rústica acima.
Deixando Rosa ali de pé piscando atrás dele, sua respiração
ofegante, seus dedos ainda abertos em sua cintura.
John havia mentido. Ele gritou com ela, e a assustou,
e a usou, e a machucou. E agora ela era tola o suficiente,
patética o suficiente, para tentar agradar ele de novo? Para
impressioná-lo novamente? Para ligá-lo a ela, talvez para
sempre, com esta criança?
Mas sua cabeça estava balançando, de repente, suas
mãos esvoaçando para pressionar contra seus olhos ainda
úmidos. Minhas ações e meus desejos são meus.
Seu próprio.
Ela queria isso. Com John, ou sem John. Da mesma
forma que ela queria ler. Do jeito que ela precisava aprender.
A maneira, inclusive, que ela queria ser cuidada. Ser —
dominada.
Esse pensamento perturbador foi quebrado por um
uivo alto e de gelar o sangue. Profundo, cruel e angustiante,
arrepiando as costas de Rosa, lançando seu olhar atrofiado e
piscando para o buraco no teto. Esse tinha sido o grito de
Simon, Simon tinha subido para procurar homens, e espere,
espere —
O uivo soou novamente, ondulando com raiva e dor.
E ao lado de Rosa Salvi pulou para cima, pegando uma pedra
plana próxima para segurar acima de sua cabeça, enquanto
carregava sua enorme mochila mais alto em seus ombros.
"Fique, sæti," ele respirou em Tristan. "Ég elska þig."
Com isso, ele arremessou sua forma magra em direção
ao buraco acima, ignorando
o som engasgado de Tristan que poderia muito bem ter sido
um soluço. "Espere, Salvi," disse Tristan, sua voz rouca.
"Elskan!"
Mas não houve resposta, apenas um leve ruído surdo
vindo de cima — e então um coro de
gritos distantes e crescentes. Eram homens, Simon e Salvi
estavam sendo atacados por homens, e o medo súbito de Rosa
foi esmagado pelo puro terror nos olhos arregalados de
Tristan.
"Helvíti," ele respirou, gritou. "Salvi!"
Ele se jogou em direção ao buraco, e as mãos
irrefletidas de Rosa agarrou-se a ele, puxou de volta em seu
braço. "Não, Tristan," ela engasgou. "Você
precisa ficar. Não é seguro!"
Raiva brilhou nos olhos de Tristan, e por um instante
Rosa pensou que ele poderia gritar com ela, ou jogá-la para
longe — mas em vez disso ele cambaleou para trás, seu corpo
visivelmente tremendo, enquanto um som de lamento rasgou
de sua garganta. A dor e o medo dele pareciam atingir a alma
de Rosa, e ela sentiu o estômago revirar, as mãos apertando-o
com força.
"Você não pode, Tristan," ela engoliu em seco para
ele. "Você não pode. Você tem que ficar
seguro. Você não pode se machucar ou morrer, nunca, esta
guerra não pode tocá-lo, esta guerra é injusta, cruel e errada!"
A voz dela ecoou pelo corredor, ecoando nas paredes
— e mais uma vez ela foi atingida por suas próprias palavras,
pela força com que ela quis dizer elas. Esta guerra é injusta,
cruel e errada. Houve um baque alto acima deles, mais perto
do que antes, e Tristan correu em direção ao buraco no teto.
Em direção a onde Salvi estava saltando de repente, e
arrastando algo atrás dele. Algo enorme,
mole e coberto de sangue. Simon.
Por um longo e horrível momento, Rosa só conseguiu
ficar ali, lutando para respirar, lutando para afastar a escuridão
que formigava nas bordas de seus olhos. Ela nunca tinha visto
tanto sangue em sua vida, e estava escorrendo do corpo de
Simon, escorrendo espesso e vermelho pela frente, pela coxa.
Enchendo suas narinas com ferro amargo afiado, até mesmo
se acumulando em seus pés —
Ele não estava morto. Ele estava morto?!
Tristan cambaleou para o lado de Salvi, ajudando-o a
acalmar o corpo flácido de Simon no chão de pedra —
movimento que arrastou um som profundo e estrangulado da
boca de Simon. Mas ele estava vivo, oh deuses ele estava vivo,
e finalmente Rosa pôde se mover novamente, cambaleando
em direção a eles, suas mãos tremulando
inutilmente no ar.
"O que aconteceu?!" ela engasgou. "O que podemos
fazer?"
"Fodidas bestas," Salvi disparou de volta, suas mãos
ensanguentadas freneticamente vasculhando sua mochila. "E
ele arrancou os parafusos de suas artérias, o idiota, e sæti,
encontre as amarras, por favor, temos que nos mover —"
O corpo de Salvi torceu de volta para Simon,
pressionando suas mãos nuas com força
contra o ombro e coxa de Simon, enquanto mais sangue
espesso escorria
entre seus dedos. Enquanto Tristan se virava e começava a
puxar coisas da mochila de Salvi, tiras de couro e tecido, e
depois as empurrava para Salvi,
que então teve que puxar a mão do ombro de Simon, o sangue
espirrando para longe...
"Porra," Salvi engasgou — mas graças aos deuses, o
cérebro de Rosa entrou em ação novamente, e ela disparou
para frente, e empurrou ambas as mãos contra o ombro de
Simon, exatamente onde Salvi estava. Sentindo o sangue
quente, pegajoso e
nauseante pulsando sob seus dedos, mas estava ajudando, de
alguma forma, a libertar Salvi para agarrar o pano de Tristan
e começar a amarrá-lo em torno da coxa ensanguentada de
Simon. Amarrando-o, pegando outro, Tristan ajudando desta
vez, puxando os nós apertados.
A enbolação já estava cheia de vermelho, mas as mãos
ensanguentadas de Salvi
agora empurraram as de Rosa para longe e começaram a fazer
o mesmo no ombro de Simon. "Segure o braço dele," ele
ordenou a ela, então ela o fez, lutando contra o peso
surpreendente disso, até que eles amarraram outro curativo em
volta do ombro de Simon.
A cabeça de Simon começou a tombar para o lado, sua
respiração alta e superficial, e Rosa se encolheu ao ver Salvi
lhe dando um tapa no rosto, com força. "Para cima, seu
idiota," ele retrucou. "Agora."
E isso, Rosa percebeu, com outra pontada de horror,
era porque havia vozes acima. Homens. Os homens sabiam
que estavam perto, os homens iam encontrar o túnel, os
homens iam descer e matá-los...
Mas Tristan e Salvi estavam conversando em
Aelakesh rápido, e de alguma forma,
impossivelmente, Salvi tinha arrastado o corpo maciço de
Simon para cima. E embora Simon cambaleasse muito,
grunhindo de dor, ele estava de pé, estava
se movendo, estava vivo.
"Pegue o pacote, Rosa," Salvi engasgou para ela. "E
corra!"
Capítulo 32
Rosa obedeceu sem pensar. Correndo para colocar a
mochila pesada nas costas, correndo para pegar a lâmpada,
para alcançar Salvi — e então perceber, de repente, que
Tristan ainda estava atrás deles. E ele estava sozinho, suas
mãos com garras arranhando freneticamente a parede de
pedra, enquanto o som das vozes dos homens se elevavam
cada vez mais alto —
"Vamos, Rosa!" A voz fina de Salvi assobiou,
enquanto Tristan cambaleava para longe da
parede em que estava cavando e começou a correr a toda
velocidade em direção a eles. Seus olhos arregalados, sua
trança reta atrás dele, sua mão agarrando a de Rosa,
arrastando-a atrás dele —
Quando inexplicavelmente, impossivelmente, toda a
terra tremeu. Tão poderoso que Rosa cambaleou para o lado,
quase colidindo com a parede — mas a parede
também estava tremendo, e Tristan a pegou, seus dedos
apertados e fortes
ao redor dela enquanto corriam, enquanto o trovão ribombava
atrás deles, poeira e sujeira
escorrendo pelo ar —
Tristan havia desmoronado o túnel. Para parar os
homens. Para mantê-los seguros.
Rosa correu como nunca antes deslizando e
escorregando na pedra, tossindo e engasgando com a poeira
espessa e rodopiante. Correu e correu, pelo que
pareceram horas, até que suas pernas mal conseguiam ficar
em pé, seus pulmões mal conseguindo respirar —
Até que, de repente, parou. Parou, no que parecia ser
uma pequena e apertada sala de pedra. Com uma porta de
pedra que, após um poderoso empurrão de
Tristan, se fechou, bloqueando o barulho e a poeira atrás dela.
Rosa engasgou, respirando fundo, cedendo contra a
parede de pedra mais próxima, suas mãos ensanguentadas
segurando dolorosamente seus joelhos. Eles estavam vivos. E
contra toda a razão, de alguma forma, eles estavam seguros.
Ou eram, porque o corpo tenso de Salvi se lançou em direção
a Rosa — em direção à mochila que ainda estava em suas
costas, seus pensamentos rodopiantes registrados, mesmo
quando ela se afastou dele, o terror novamente sufocando em
sua garganta.
"Desculpe," disse Salvi com uma careta, enquanto
cuidadosamente tirava a mochila dos ombros de Rosa. "Não
quis te assustar. Estou apenas um pouco inquieto, ach?"
A boca de Rosa fez um som que poderia ser uma
risada ou um soluço. E assim que Salvi se afastou novamente,
ajoelhando-se sobre a
forma manca de Simon — mas ainda respirando visivelmente
—, Rosa deslizou pela parede, enterrou a cabeça nos joelhos
e lutou para encontrar ar novamente.
Eles estavam vivos. Ela estava viva. Porque esses orcs
— os orcs com quem ela veio para começar uma guerra, os
orcs que ela traiu — a mantiveram segura. Eles desabaram
seu próprio túnel e levaram virotes de besta para mantê-la
segura.
Quando ela piscou novamente, Tristan e Salvi
estavam ambos pairando sobre Simon. Tristan arrancando a
túnica de Simon, aparentemente inspecionando-o em busca de
mais feridas, enquanto Salvi desembrulhava o curativo em sua
coxa. Que ainda escorria sangue escuro e espesso, embora
talvez menos livremente do que antes.
"Simon vai ficar bem?" Rosa perguntou, sua voz
muito aguda na
pequena sala. "Ele não vai — morrer, vai?"
A miséria repentina e distorcida disso era quase
poderosa demais para suportar — até que foi quebrada pelo
som distinto de um grunhido rouco e desaprovador. O
grunhido de Simon, ao qual Salvi deu uma risada irônica, uma
sacudida de sua cabeça escura.
"Vai levar mais do que algumas flechas de besta para
matar esse bastardo," ele disse,
enquanto tirava o que parecia ser um odre de sua mochila, e
derramou
sobre a coxa de Simon, e então sobre suas próprias mãos. "Por
mais que todos nós possamos
desejar o contrário, ach, sæti?"
Ele lançou um sorriso rápido e afiado para Tristan, e
Rosa podia ver Tristan relaxando, seus ombros caídos. "Nós
não desejamos que Simon seja morto," ele respondeu
fracamente. "E se você está costurando isso, Salvi, você
deveria dar-lhe uma bebida para a dor."
Salvi, que de fato havia pescado uma agulha curva que
se parecia muito com a de Rosa para encadernação, soltou um
suspiro exasperado, mas remexeu
em sua mochila e tirou uma pequena garrafa, puxando a rolha
antes de
empurrá-la para Simon. E para a vaga surpresa de Rosa,
Simon o pegou sem reclamar, usando o braço bom — que
ainda parecia um pouco trêmulo — para enfiá-lo goela abaixo.
"Ach, assim está melhor," Simon disse depois de um
momento, sua voz grossa e rouca
"Obrigado, doce professor."
Houve uma batida de quietude, durante a qual Tristan
estremeceu levemente, e Salvi lançou a Simon um olhar
escuro e irritado. "Oh, pare com isso, seu grande asno," Salvi
estalou, enquanto enfiava rapidamente sua agulha e, em
seguida, mergulhou em outra
garrafa que Tristan tinha tirado do pacote. "Você não acha que
eu não
notei você zombando de Tristan por semanas agora? Ele é
meu, seu idiota, e ele é muito legal para repreender você, e
estou ficando cansado disso."
Sua voz vacilou no final, sugerindo que talvez ele não
estivesse tão
composto quanto parecia, e ele espetou a agulha na coxa de
Simon com força surpreendente, o suficiente para que todo o
corpo de Simon sacudisse com dor visível.
"Professor não é seu," Simon disse, através de
respirações que soavam difíceis. "Você mente. Você o trai.
Deixa-o fazer filho. Então você permite que o falso
Sacerdote mate o filho e traia sua própria espécie!"
Os ombros de Salvi enrijeceram visivelmente, embora
seus olhos permanecessem concentrados em seu
trabalho, em sua mão puxando o fio através da carne crua e
ensanguentada de Simon.
O movimento suave, cuidadoso, em total desacordo com o
olhar furioso em seu rosto.
"Oh, foda-se com essa merda, Skai," disse ele, sua voz
novamente vacilante, um tom muito agudo. "Não foi isso que
aconteceu."
"Então o que acontece," Simon disse, entre
respirações. Dando a Rosa a nítida impressão de que falar era
uma distração, bem-vinda, para combater a dor de seus
ferimentos e o que Salvi estava fazendo com sua perna. "Diga-
me a verdade, mentiroso Ka-esh."
Salvi realmente rosnou, embora suas mãos
continuassem costurando cuidadosamente. "Você
quer um pouco de verdade, idiota?" ele sibilou, em direção à
coxa de Simon. "Ok, aqui está
um pouco de verdade. John não traiu sua própria espécie
quando ele fez isso, porque eu pedi a ele para fazer isso.
Inferno" — Salvi puxou o fio com força, fazendo Simon fazer
uma careta — "Eu o fiz fazer isso."
A sala pareceu voltar ao silêncio, súbito e trêmulo —
enquanto Tristan e Simon olhavam para Salvi, o olhar de
Tristan amplo e sem piscar, o de Simon nebuloso,
desaprovador.
"Você fez John matar filho," Simon repetiu, sua voz
arrastada. "Quão. Por quê."
Por um instante, Rosa pensou que Salvi certamente
não responderia — mas então
ele se sentou sobre os calcanhares, sua agulha enfiada ainda
cuidadosamente em seus dedos, enquanto esfregava o rosto
com as costas da outra mão. Seus
olhos não estavam em Simon, mas em Tristan.
"Olha, eu sei que todos os orcs deveriam — querer
filhos," Salvi disse,
inexpressivo. "Nosso povo está morrendo. Nosso clã está
morrendo. Então devemos desistir de tudo pelos filhos, certo?
Mas" — seu peito se expandiu — "eu não queria um filho. Eu
não queria minha companheira. Nada disso. Em tudo."
O silêncio deslizou mais espesso, mais profundo, e
ninguém falou, ou se moveu, além dos olhos arregalados e
piscando rapidamente de Tristan. E agora Salvi também
piscava, o dente branco e afiado visível contra o lábio.
"Eu só queria você de volta, sæti," ele disse, em um
sussurro. "Porra, eu senti sua falta. O jeito que você olhou para
mim, quando eu estava com ela. Deuses, era uma tortura. E
ver você se virar para a porra do John…"
Os olhos de Tristan se fecharam brevemente, e Rosa
pôde ouvir a inspiração de Salvi, chacoalhando em sua
garganta. "E ela sabia," ele continuou, vazio. "Ela me disse
que não queria ter um filho com alguém que não a amasse
assim. Eu poderia ter tentado convencê-la, esconder melhor.
Mas eu não. Eu estava tão fodidamente aliviado."
O silêncio continuou girando, cada vez mais amplo,
até que Salvi engoliu audivelmente, sua garganta
convulsionando. "Então eu fui direto para Efterar," ele disse,
mais quieto, "e claro, o idiota recusou. Nem consideraria.
Porque filhos são tudo, certo? Então eu fui até John, e quando
ele
recusou também, eu empurrei, eu o empurrei. Eu disse a ele
que era isso, ou ele me perdia. Você me perde.
Permanentemente."
O rosto de Tristan se contraiu, mas ele ainda não
falou, e Salvi deu uma
risada baixa, amarga. "E John provavelmente até me deixaria
sair, se fosse
necessário — mas nós dois sabemos que a maneira de fazê-lo
fazer qualquer coisa é foder com as pessoas de quem ele está
cuidando. Para foder com você, sæti. Então ele conseguiu tudo
para mim. Gerenciou o capitão, Efterar, seu. Levou todo o
calor para isso, provavelmente queimou todas as suas chances
de se tornar Sacerdote para sempre. Por minha causa."
Houve mais quietude, quebrada por um estranho som
de engolir na garganta de Salvi, seu olhar voltando para seus
próprios dedos levemente trêmulos,
novamente passando o fio cuidadosamente pela coxa de
Simon. "E eu escondi
de você, sæti," ele disse, tão quieto. "Eu não te disse, porque
eu nunca
quis que você pensasse que era sua culpa. Não era. Era
minha."
Tristan ainda não respondeu, embora houvesse
umidade visível escorrendo por suas bochechas à luz da
lâmpada, e Salvi ainda não estava olhando para ele, seus dedos
puxando a linha novamente, novamente. "Então aqui está a
sua verdade, Simon," ele disse, sua voz sombria. "John estava
cuidando do nosso amável, lindo e incomparável professor.
Assim como ele sempre fez. Mesmo se" — ele latiu outra
risada amarga — "isso significasse que ele teria que levar isso
na bunda de idiotas Skai como você. De novo."
A quietude parecia diferente, de repente, ainda mais
pesada do que antes, como se aquela
última declaração tivesse sido algum tipo de — desafio. Um
desafio que Simon não parecia querer enfrentar, de alguma
forma, seus olhos caindo para a costura lenta e metódica de
Salvi em sua coxa.
"Ach, não finja que você não sabia, Simon," Salvi
continuou, áspero,
cru. "Foi a parada secreta favorita dos escoteiros Skai por
anos. O acampamento do extremo oriente com os três Ka-esh
fracos, bonitos e órfãos, com seus rostos suaves e palavras
fáceis. Quase como mulheres, não éramos?"
Rosa quase se sentiu em outro lugar, em outra pessoa,
enquanto a voz de Salvi havia falado — mas com essas
últimas palavras, tão pontiagudas, tão quebradas, foi como se
o horror tivesse esmagado a distância embotada de seus
pensamentos, enrolando-se profundamente em suas
entranhas.
Isso não podia ser verdade. Não sobre Tristan e Salvi.
Não sobre John. Mas ele disse — ele não disse — espere —
"Skai errado, fez isso com você," Simon disse
finalmente, com força, seu olhar ainda em sua coxa. "Eu
nunca permitiria tal erro. Não desde que eu sou Executor. Eu
mutilo qualquer Skai que tenha sussurrado sobre isso. Se este
erro foi feito agora, ou muitos verões passados."
Salvi deu outra risada frágil e se inclinou para morder
o fio, cuspindo a ponta solta no chão de pedra. "Isso é
verdade," ele disse, enquanto agarrava novamente o odre,
derramando-o sobre o que agora parecia ser uma
pequena e limpa linha vermelha na coxa de Simon, um grande
contraste com o corte sangrento que tinha sido antes. "Eu vou
te dar isso, Simon, de graça, porque você faz tudo isso. Mas e
as mulheres reais? E as
mulheres escondidas em seus próprios acampamentos? As
mulheres que você finge que não existem, que continuam
morrendo carregando seus filhos? Muitos delas sem nenhuma
necessidade, só porque você é muito teimoso, estúpido e
paranóico para nos deixar
dar a elas qualquer tratamento médico adequado que não seja
mágica?!"
A voz de Salvi se elevou enquanto ele falava,
berrando pela sala.
O suficiente para que até ele parecesse chocado, e em um
único movimento trêmulo, ele jogou fora o trapo com que
tinha começado a esfregar as mãos e ficou de pé.
"Foda-se," ele engasgou, girando em direção à porta.
"Porra, eu preciso de uma corrida, uma caçada, eu só…"
Mas atrás dele, Tristan também se levantou,
cambaleando
em direção a ele — e Salvi se virou, bem a tempo de pegar
Tristan, para envolvê-lo em seu peito arfante.
"Ach, sæti," Salvi respirou, no cabelo de Tristan.
"Você deveria gritar comigo. Desprezar-me. Eu ocultei todas
essas verdades de você. Por tanto tempo."
Mas Tristan não gritou, não desprezou. Apenas
enterrou o rosto na túnica de Salvi, seus ombros
estremecendo, sua mão apertando as costas de Salvi. "Você
é um tolo, elskan," ele sussurrou. "Um idiota estúpido,
ignorante."
Todo o corpo de Salvi parecia afundar no de Tristan,
seus braços envolvendo-o mais apertados, sua cabeça dobrada
em seu pescoço. "Eu sei," ele respondeu,
suave. "Ég elska þig, sæti minn. Fyrirgefðu mér."
Eu te amo, meu doce, isso significava. Me perdoe
Tristan estava acenando fervorosamente no peito de
Salvi, seus olhos vazando fechados espremidos. Arrastando
em várias respirações longas e profundas, até que ele
finalmente recuou, enxugando o rosto.
"Agora vá caçar, elskan," disse Tristan, lançando a
Salvi um pequeno sorriso trêmulo. "Bem longe de qualquer
humano, ach? E eu estarei esperando aqui quando você voltar.
Como sempre."
Parecia uma promessa, como algo que se estendia
muito além
deste momento, e Salvi parecia saber disso também, sua
cabeça dando um aceno brusco,
seus olhos extraordinariamente brilhantes.
"E eu sempre voltarei," disse ele, enquanto suas mãos
trêmulas tateavam o rosto de Tristan, inclinando-o em direção
ao seu. "Sempre, sæti. Para você. Só você. Enquanto você me
tiver. Isso, eu" — sua garganta convulsionou — "eu prometo
a você, Tristan do Clã Ka-esh."
Tristan acenou de volta, seus olhos fixos nos de Salvi,
outro traço de
umidade escorrendo por sua bochecha — e então Salvi
abaixou a cabeça e
o beijou. Duro, completo, desesperado, como se todo o mundo
dependesse
disso, e talvez, neste momento, dependesse.
Quando eles se separaram novamente, Tristan parecia
atordoado, atordoado, piscando — e também mais feliz do que
Rosa jamais o tinha visto, sua boca se curvando em um sorriso
lento e verdadeiramente impressionante. "Pensei que você
fosse caçar, elskan," ele murmurou, suas mãos deslizando
pelo peito de Salvi para enrolar ao redor de seu pescoço.
"Traga-me de volta um gosto?"
"Ach, eu vou te trazer mais do que um gosto, meu sæti
faminto," disse Salvi, com uma piscadela e um aperto
proposital de sua mão contra a bunda de Tristan. E depois de
outro beijo duro na boca de Tristan, Salvi girou com
surpreendente velocidade, empurrou a porta de pedra e partiu.
Deixando Tristan parado ali, corado e sorrindo, com uma
protuberância visível em suas calças ainda ensanguentadas.
Era quase como se a felicidade de Rosa tivesse
aumentado ao longo de tudo isso,
florescendo para combinar com a deles — mas de repente, a
visão das calças de Tristan, de todas as coisas tolas, fez seu
coração disparar novamente. Tristan e Salvi tinham resolvido
as coisas, talvez. Mas ela ainda estava inquieta, indesejada,
descuidada. John ainda a seduziu, e a usou, e depois a jogou
fora, para sempre.
Ele ainda mentiu, assim como Salvi. Ele ainda tinha
feito todas aquelas promessas,
aqueles votos sem palavras, e os quebrado. Ele não se
importava.
Rosa, distante, sentiu algo quente afundar ao lado dela
— Tristan —
e o joelho dele bateu contra o dela, amigável, gentil. "Como
vai você, Rosa-Ka?" ele perguntou. "Lamento tê-la envolvido
em tudo isso."
A boca de Rosa fez um barulho estranho, algo como
uma risada. "Não se
desculpe, Tristan," disse ela, sua voz fina. “Estou tão feliz por
vocês dois. E você não me atraiu para nada, fui eu que te
arrastei para essa confusão toda. Eu deveria ter" — ela puxou
seu cabelo — "Eu deveria ter pensado. Feito direitinho. Eu
deveria ter ido até a Jule, buscar suprimentos, batedores e
coisas assim, eu sei que ela teria me ajudado, eu nunca deveria
ter colocado esse tipo de coisa em você —"
O joelho de Tristan bateu contra o dela novamente,
mais forte desta vez. "Pare com isso,
Rosa-Ka," ele interrompeu, sua voz firme. "Você é uma de
nós. Você é o companheiro de John-Ka.
Estamos felizes em ajudá-la."
Mas Rosa sentiu-se perigosamente perto de chorar, e
ela balançou a cabeça,
envolvendo os braços em volta dos joelhos. "Você não
deveria, Tristan," ela engasgou. "Você não deveria, porque eu
não sou. Eu menti para John. Eu o traí e traí você. E em troca,
ele me traiu. E talvez" — ela engoliu
o ar — "eu posso até ter merecido, Tristan."
Tristan não respondeu desta vez, não ofereceu
aprovação ou condenação, então Rosa continuou falando,
tateando, buscando sua verdade. "Porque eu
continuei mentindo para ele," ela sussurrou. "Ele perguntou-
me. Ele me deu a chance de dizer a ele. Ele queria que eu
dissesse a ele. E eu não. Eu apenas continuei me escondendo.
Mentindo."
Tristan ainda não falou, apenas ouviu, e Rosa esfregou
os olhos molhados. "Eu só queria fingir," ela respirou. "Eu
queria acreditar que era
real. Que ele realmente se importava, e eu era realmente dele
— seu animal de estimação. Que não era apenas sobre eu
espionar. Ou ele não querer meu sangue em suas mãos."
Ao lado de Rosa Tristan fez um som de bufada, seu
ombro cutucando contra o dela. "John-Ka não costuma falar
dessas coisas," ele disse, sua voz suave. "Mas tenho certeza
que não foi só isso, para ele. Ele não teria cuidado de você
como fez, se você não significasse nada para ele. Ele não teria
permitido
que você entrasse na biblioteca dele. Ele não lhe teria
concedido tal liberdade em nossa casa, nem teria respondido
a tantas de suas perguntas. Ele nunca" — seu
ombro bateu no dela novamente — "trocaria uma quinzena de
seus próprios jantares, para ganhar mel para você por um
único café da manhã."
Rosa não pôde evitar um olhar hesitante e rápido para
ele — certamente John não tinha feito isso? — mas o olhar
nos olhos de Tristan claramente sugeria o
contrário. "John-Ka dará muito por aqueles de quem se
importa," disse ele, resoluto. "Ele dará tudo."
Os olhos de Rosa se fecharam, pensando nas palavras
de Salvi de mais cedo, e ela sabia que Tristan estava pensando
nisso também. "John-Ka deu tudo por mim e por
Salvi," ele continuou, sua voz baixando. "Eu sei que ele fará
o mesmo por sua companheira e seu filho."
Rosa fez uma careta convulsiva, uma sacudida
frenética da cabeça. "Ele me mandou embora," disse ela, sua
voz desgastada, suplicante. "Ele disse que
me faria encontrar com Lord Kaspar. Sozinha. Ele" — ela
estremeceu, a cabeça se abaixando mais perto dos joelhos —
"ele jogou Lord Kaspar na minha cara. Contei a ele o que Lord
Kaspar fez comigo, confiei isso nele, e ele —"
Ela não conseguiu terminar, não suportou, e ao lado
dela Tristan soltou um suspiro lento, arrependido. "John-Ka
não deveria ter feito isso," disse ele. "Eu não posso desculpar
isso. Mas" — ele suspirou novamente — "isso também é,
talvez, tudo o que ele sabe. Para derrotar um monstro, John-
Ka joga sua verdade de volta na cara dele. Ele vence suas
batalhas não pela força, mas pelo conhecimento."
Conhecimento. Conhecimento, para derrotar um
monstro. Um monstro como Lord Kaspar. O Skai. Rosa. Ele
mesmo.
O conhecimento informa novas escolhas, novas ações.
O conhecimento nos muda, se o aceitarmos. O conhecimento
muda tudo.
A cabeça de Rosa estava tremendo, seus olhos
lacrimejando com um calor perigoso. Ela não podia. Ela não
podia. John mentiu, ele não se importou, ele gritou com ela e
a traiu e a levou para longe dele.
E sem John, sem Lord Kaspar, o que era Rosa? Quem
era ela? Uma prostituta barata com um futuro arruinado, uma
praga tagarela que fazia muitas perguntas, um
mentirosa descarada. E agora, aparentemente, a tola, pretensa
mãe do filho de um orc, perdida e sem valor, quando o próprio
orc não prometeu nenhuma falsidade, prometeu mantê-la
segura, e então —
Era demais para suportar, muito conhecimento, grosso
o suficiente para engasgar e morrer — e Rosa finalmente
baixou a cabeça, cobriu os olhos e chorou.

Capítulo 33
Era uma noite longa, escura e sombria. Quebrada
apenas pelos soluços sufocados e abafados de Rosa, que
irrompiam dela sem padrão ou aviso, enquanto ela lutava e
não conseguia encontrar alguma aparência de sono na pedra
dura.
Salvi voltou em algum momento da noite, trazendo
para Tristan e Simon enormes pedaços de carne crua, e assim
que terminaram de comer, Salvi empurrou Tristan para baixo
e lambeu o sangue de seus lábios. E então eles ficaram ali
juntos, sussurrando e lançando ocasionais olhares
significativos para Rosa, até que ela finalmente adormeceu
novamente, seu corpo enrolado em sua capa.
Quando ela acordou novamente, havia um fraco fluxo
de luz brilhando através de uma rachadura distante no teto, e
Simon estava sentado ao lado dela, bebendo de um odre. Ele
ainda estava coberto com uma espessa camada de sangue com
aparência de crosta, mas fora isso parecia bem o suficiente, e
depois de olhar para Rosa por um momento, ele realmente
passou para ela o odre, seus olhos ilegíveis.
Rosa não pôde deixar de lhe dar um olhar duvidoso,
mas estava com sede, então bebeu até se saciar e até conseguiu
fazer um aceno de agradecimento. Ganhando um aceno de
cabeça em troca que parecia quase de aprovação, antes de
Simon se encostar na parede, e propositalmente passar os
olhos pela sala. Em direção a onde Tristan
e Salvi estavam embrulhados sob uma capa, os ombros nus de
Salvi ondulando enquanto ele balançava sobre Tristan, seus
rostos enterrados no pescoço um do outro.
Eles não pareciam notar que Rosa havia acordado, e
seus olhos turvos não conseguiam se afastar da visão. De
como a garganta de Salvi
estava engolindo lenta e vagarosamente, puxando goles
suaves na boca do pescoço de Tristan, enquanto os longos
cílios de Tristan tremulavam, suas garras marcavam
suavemente as costas nuas de Salvi, sua respiração saindo em
pequenos suspiros roucos.
"Professor gentil, tão doce, em sua alegria," Simon
disse a Rosa, com uma tristeza surpreendente. "Desperdiçado
com um curandeiro barulhento e rude."
A mão de Salvi saiu da capa para dar a Simon um
gesto lascivo,
mesmo enquanto ele continuava chupando o pescoço de
Tristan — mas os olhos de Tristan se
abriram, suas orelhas rapidamente ficando rosadas, sua cabeça
virando em direção a Rosa. Novamente sendo tão atencioso
com ela, como sempre, e o sorriso pesaroso de Rosa para ele
parecia caloroso, surpreendentemente genuíno.
"Não ouse parar por minha causa, Tristan," disse ela.
"Simon está certo. Vocês dois são adoráveis juntos."
Ao lado de Rosa, Simon soltou um grunhido alto de
desaprovação — ao qual Salvi levantou a cabeça do pescoço
perfurado de Tristan e arrastou a língua ensanguentada contra
os lábios inchados, lento, deliberado, provocador.
"Ele é meu, Skai," disse ele, com satisfação viciosa,
rolando os quadris
contra os de Tristan sob a capa, torcendo um suspiro áspero e
faminto da garganta de Tristan. "Olhe, seu grande asno, e
chore."
Simon rosnou de volta para ele, mas ele realmente não
discutiu — nem mesmo quando Salvi jogou a capa para longe,
expondo seus corpos magros e poderosos para
o ar frio da sala. E enquanto Rosa observava, estranhamente
sem fôlego, os quadris de Salvi novamente se apoiavam entre
as coxas separadas de Tristan, enquanto Tristan se arqueava
em direção a ele, encontrando-o, seus braços e pernas
apertados contra as linhas ondulantes das costas de Salvi,
contra sua bunda musculosa e arredondada.
"Isso lhe agrada, ach, sæti minn?" Salvi murmurou
para Tristan. "Você gosta de ser fodido lento e profundamente
por seu companheiro ligado? Pelo primeiro pau que você já
teve, e agora o último também?"
Isso foi dito com um olhar sombrio em direção a
Simon, mas as mãos com garras de Tristan viraram o rosto de
Salvi de volta para o dele, suas longas línguas negras se
entrelaçando
enquanto os quadris de Tristan se arqueavam, encontrando o
círculo de Salvi para baixo, de novo, de novo, de novo. Como
se esta fosse uma dança fácil, fluida e familiar que eles
aprenderam há muito tempo, seus corpos unidos balançando,
subindo, fluindo como um.
E quando Salvi recuou, arrastando a
metade inferior de Tristan para cima em seu colo, eles não
perderam uma batida, ainda circulando, separando-se,
encontrando-se
novamente. Embora a visão disso fosse muito mais vívida
agora, com a
frente nua de Tristan inteiramente exposta, seus músculos
magros flexionando e relaxando, seu pênis longo, fino e
pingando queimando para cima com cada impulso dos quadris
de Salvi.
Ao lado de Rosa Simon soltou um gemido
estrangulado, sua mão enorme agarrada contra sua própria
virilha tensa, e neste momento Rosa
quase podia sentir isso também, o desejo lambendo a fome,
iluminando o quarto como uma chama. Brilhando mais alto e
mais forte a cada respiração, enquanto os golpes de Salvi se
tornavam mais duros, mais longos, como Rosa agora podia
ver seu comprimento liso e grosso, mergulhando com
profundidade e poder sob as coxas de Tristan.
"Foda-se, sæti," Salvi ofegou, seus olhos
semicerrados percorrendo
a frente nua de Tristan, demorando-se em seu pênis
suavemente queimando, então em suas bochechas
avermelhadas, seus lábios entreabertos, seus olhos piscando
de cílios longos. "Porra, você é lindo. É tão bom pra caralho."
Tristan respondeu com um movimento trêmulo de
seus dedos, o movimento em total
desacordo com as estocadas fluidas de seus quadris, a gosma
constante de branco de seu pênis pulsante. E com a visão Salvi
gemeu, seu aperto mudando nas
coxas de Tristan — e então ele rolou de costas, puxando o
corpo arqueado de Tristan com ele. De modo que Tristan
estava agora montado nele, sacudindo seu longo cabelo preto
enquanto colocava as mãos no peito arfante de Salvi, seus
quadris ainda rolando, encontrando-se, se contorcendo em seu
ritmo fluente e ininterrupto.
Mas a visão disso era ainda mais obscena,
especialmente com o
comprimento corado e constantemente vazando de Tristan
agora balançando descaradamente e duro como pedra sobre o
abdômen ondulado de Salvi — e com a forma como as mãos
de Salvi estavam deslizando para baixo no líquido acumulado
com algo quase como reverência. Quando uma mão lisa e sem
garras acariciou todo o caminho até a boca de Tristan,
deslizando dois
dedos entre os lábios entreabertos, enquanto a outra mão
circulou familiar, gentil, em torno da base do pau pulsante de
Tristan. E então deslizando para cima, ordenhando mais
branco cuspido, no tempo perfeito com seus próprios
impulsos lentos, suaves e sensuais dentro.
As costas de Tristan arquearam, sua boca chupando os
dedos de Salvi, seu rosto
avermelhado e extasiado — e Salvi continuou, trabalhando
Tristan com os quadris e as mãos, seu olhar encapuzado
brilhando, concentrado no rosto de Tristan. E quando os olhos
de Tristan se fecharam completamente, Salvi rapidamente se
enrolou, dobrando sua metade superior quase em dobro, para
que ele pudesse de alguma forma — impossivelmente —
chupar a gosma escorregadia e vazando de Tristan em sua
boca.
O gemido chocado e gutural de Tristan assobiou pela
sala, seus olhos se abriram, bebendo a visão crua e
emocionante de seu amante fodendo-o,
chupando-o, acariciando-o e saqueando sua boca, tudo ao
mesmo tempo. Nem uma vez perdendo seu ritmo, sua própria
dança hipnotizante, e ao lado de Rosa, Simon murmurou uma
maldição baixa e frustrada, seus olhos fixos no pênis
balançando de Tristan, agora mergulhando dentro e fora entre
os lábios apertados de Salvi.
"Curandeiro fanfarrão," disse ele, com profunda
desaprovação. "Corpo magro facilita. Mime o belo professor
assim."
Mas Rosa não podia invejar o fato de Tristan ser
mimado, não se isso o fizesse parecer assim, soar assim. Seu
corpo magro e liso e ondulado, coberto com um leve brilho de
suor. Seu espesso cabelo preto balançando atrás dele, caindo
comprido sobre seus ombros. Suas bochechas e orelhas
pontudas estavam coradas, sua boca desesperadamente
chupando os dedos de Salvi, seus quadris
balançando para encontrar os de Salvi com uma graça tão
fervorosa e fluida. E sua garganta
gemendo, escura e profunda, enquanto seu pênis inchava mais
entre os lábios de Salvi, suas
mãos afundando no cabelo de Salvi —
E de repente os gemidos de Tristan aumentaram,
agudos, quase um grito — e o ritmo parou, congelado no
lugar, enquanto todo o seu corpo parecia acender,
crepitando com calor e fogo e puro desejo faísca —
Seu membro pulsava abruptamente, visivelmente,
claramente inundando a boca de Salvi cheia de sua fome,
enquanto a garganta de Salvi engolia grossa e avidamente,
seus próprios quadris se retorcendo mais uma vez, duros,
veementes — e então ele estava gemendo também,
engolindo freneticamente, mesmo quando sua virilha
estremeceu e se esticou contra Tristan, derramando-se
profundamente dentro.
Houve um último instante de imobilidade, mantido
ali, pendurado — até que finalmente Tristan afundou,
enquanto Salvi habilmente se desenrolou, rápido o suficiente
para pegar o peso de Tristan em seus braços. E então eles
caíram no chão, Salvi de costas e Tristan esparramado em
cima, suas respirações pesadas subindo e descendo
juntas, como uma dança mais doce e suave que ainda
pertencia apenas a eles.
As mãos de Salvi começaram a acariciar as costas de
Tristan, seu cabelo, seu rosto — e
quando Tristan fez um som suave de gemido, Salvi descobriu
seu próprio pescoço e
gentilmente inclinou a cabeça de Tristan em direção a ele.
Uma oferta silenciosa que Tristan imediatamente aceitou,
seus dentes cerrando, suas pálpebras trêmulas enquanto ele
engolia.
"Tome o quanto quiser, sæti minn," Salvi murmurou,
suas mãos ainda acariciando,
acalmando, acariciando. "Quando quiser. Sua doce e
deslumbrante criatura. Porra, eu te adoro."
Um calafrio em resposta percorreu as costas de
Tristan, forte o suficiente para que o comprimento
visivelmente amolecido de Salvi escorregou completamente
para fora dele. Expondo primeiro o corpo usado e aberto de
Tristan, e depois um grosso fluxo de branco, riscando sua
bunda musculosa.
Tristan nem se mexeu, como se ele nem se importasse
que Rosa e Simon estivessem vendo coisas tão chocantes.
Como se realmente não houvesse vergonha em ser fodido,
ostentado, satisfeito. E Rosa não conseguia parar de olhar, de
repente, enquanto ao lado dela Simon soltava outro gemido
baixo e estrangulado.
"Desperdiçado," disse ele novamente, a voz
monótona. "Embora eu conceda isso ao curandeiro, ele sabe
como agradar o professor. Ele valoriza, como deveria."
Rosa assentiu silenciosamente, mas sob o choque e a fome
sussurrante, havia, novamente, a miséria. A infelicidade que
tinha sido seu companheiro constante e terrível
durante toda esta jornada, torcendo-se mais a cada hora que
passava. A cada hora que John não estava lá para tocá-la
assim, ou
olhar para ela assim, ou até mesmo exibi-la assim, porque ele
a mandou
embora. Porque ela mentiu para ele. E ele mentiu para ela.
E olhando para o corpo lânguido e bonito de Tristan,
Rosa não pôde evitar outro pensamento sombrio,
surpreendentemente amargo. John tinha feito isso com Tristan
também, não tinha? E Tristan tinha essa aparência, e talvez
eles tivessem seu próprio ritmo secreto, e John poderia ter
dado um tapa em sua linda bunda, feito
ele obedecer —
"Ach, Rosa, eu posso sentir seu cheiro irritante," disse
Salvi, do nada, sua cabeça virando, seus olhos nebulosos
fixando-se em seu rosto. "Não se preocupe, Tristan
nunca foi tão bom com John. Certo, sæti?"
Ele falou com arrogância surpreendente, e Rosa
piscou ao ver o fervoroso aceno de concordância de Tristan.
Embora seus olhos ainda não tivessem aberto, sua boca não se
movia do pescoço de Salvi.
"Ele estava sempre empurrando você demais," disse
Salvi, seu olhar de volta na cabeça escura bagunçada de
Tristan, suas mãos ainda acariciando suavemente. "Sempre
querendo estar no comando, colocar você no seu lugar. Nunca
seguindo sua liderança."
Tristan assentiu novamente, ainda sem abrir os olhos,
e o cérebro retorcido de Rosa avaliou a verdade disso, do que
ela tinha acabado de ver. Não tinha sido Salvi
dominando ou empurrando. Tinha sido Tristan marcando o
ritmo, sem palavras, e Salvi encontrando-o, combinando com
ele. Tristan vai chorar, John havia dito, se eu...
E piscando em direção a eles, o ciúme de Rosa
pareceu se acalmar novamente, mesmo
quando a miséria subiu mais alto para tomar seu lugar. Porque
ao contrário de Tristan, ela gostou disso em John. Deuses, ela
adorava isso nele. Sua
autoridade fácil e dominante, tão instintiva, tão segura.
Querendo dominá-la, querendo exibi-la, fazê-la obedecer.
Querendo ser seu senhor.
E ela queria isso também. Queria ser dirigida,
ostentada, usada, apreciada. Queria ser seu animal de
estimação.
"Embora," Salvi continuou, um pouco mais sombrio
agora, seus olhos indo para Simon, "talvez não possamos
culpar John por isso, podemos?
Considerando quem o ensinou a ser assim?"
Simon estremeceu visivelmente, e Rosa estremeceu
também, seu olhar caindo para suas
mãos. Seus pensamentos fervilhando, de repente, com outra
verdade, amarga e desconfortável e... surpreendente.
Os desejos de John tinham, talvez, sido moldados por
seu próprio passado também. Por coisas horríveis e injustas
que não estavam sob seu controle. Mas ele não tinha dado
lugar à culpa, ou vergonha, por quem ele era agora. Eu não
deveria sentir vergonha pelos atos dos outros, ele disse.
Minhas ações e meus desejos são meus.
Rosa podia ouvir o suspiro lento de Simon, pesado de
arrependimento. "Mesmo Executor," ele disse, "não pode
corrigir todos os erros do passado. Mas" — ele suspirou
novamente — "depois disso, eu procuro influenciar Skai, de
mulheres em campos. Procuro conceder permissão a Ka-esh
para
vir e cuidar-se."
A cabeça de Salvi virou para olhar completamente
para Simon, seus olhos arregalados com espanto genuíno, e
até Tristan parou brevemente de engolir, seus olhos
atordoados piscando no rosto de Simon. E Simon não estava
olhando para nenhum deles, com o olhar fixo na coxa, ainda
exposta através da
calça rasgada. Ainda mostrando a linha vermelha de sua
ferida, mantida unida pelos pontos cuidadosos de Salvi.
E aqui, de repente, havia mais compreensão, filtrando-
se no cérebro de Rosa. Simon também estava com medo. Com
medo, talvez, de que os Ka-esh pudessem se vingar pelo que
os Skai haviam feito com eles. Não mostramos às nossas
mulheres nenhuma
Ka-esh bonita e de fala mansa. Então você não rouba.
"Ajudaria," disse Rosa, afetada, "se outra mulher
aparecesse também? Para conhecer seus companheiros e
ajudar a cuidar deles?"
O olhar de Simon para ela era estreito, desconfiado.
"Não ajudaria," ele retrucou, "se a mulher matar o próprio
filho. Se a próxima mulher oferecer isso aos outros."
Seu olhar carrancudo foi para a cintura de Rosa, e ela
revirou os olhos para ele, mesmo quando sua mão foi para sua
barriga, seus dedos se abrindo, quase
protetores. "Eu já te disse," ela retrucou, "meu filho não vai a
lugar nenhum. Além disso, talvez vocês idiotas precisem
aceitar que nem toda mulher vai querer passar por um parto
aterrorizante e potencialmente mortal — e isso provavelmente
nunca vai mudar. Mas quanto mais seguro você pode torná-
los, e melhores parceiros vocês podem ser para elas" — ela
apontou o dedo em relação a Simon — "mais provável será
que eles queiram ter seus filhos. E,
de acordo com nossa pesquisa, maior a probabilidade de eles
sobreviverem também."
Simon ainda estava franzindo a testa para ela, mas ele
quase parecia estar considerando isso, sua cabeça inclinada.
"Então por que você deseja um filho?" Ele demandou. "John
é bom
parceiro? Deixar você segura?"
Soou como uma provocação, como se ele estivesse
zombando dela, porque claramente John
a havia mandado embora, e então eles foram perseguidos por
homens, e quase mortos — mas Rosa engoliu a garganta
grossa e assentiu. "Ele
era," disse ela, sua voz um sussurro. "Ele era tão atencioso,
meticuloso
e gentil. Ele me fez sentir segura. Desejada. Valiosa. Em paz."
Ninguém falou, e Rosa esfregou irritada seus olhos
piscando e formigando. A miséria subindo e se desviando
novamente, desta vez arrastando suas próprias
palavras, sua própria vergonha, as coisas horríveis que ela
jogou na cara de John.
Eu não sou um orc. Eu não corro por aí mentindo, e
fodendo com a afeição de outras pessoas, e batendo em
pessoas que eu deveria me importar. Eu sou um humano, pelo
amor de Deus, eu não sou um monstro.
E o pior, talvez, de tudo: Não, seu idiota. Eu não sabia.
Você não disse
nada. Você não me contou.
Mas Rosa sabia. Sobre sua gravidez, sobre John
querendo que ela
ficasse, querendo fazer dela sua companheira. Ele não disse
em voz alta, não, mas ainda deixou muito claro. E em vez de
fazer a pergunta simples para torná-la ainda mais clara, Rosa
ficou em silêncio. Ela também não tinha falado a verdade.
Assim como Salvi, ela não tinha feito um voto, porque então
não havia nada para quebrar.
Você só não gosta de admitir essas coisas, John lhe
dissera naquele dia, em sua cama. Assim, não é sua verdade
para suportar.
Os olhos de Rosa estavam vazando completamente
agora, deixando ainda mais umidade em suas bochechas, e ela
não enxugou desta vez. Apenas deixou vir, deixou-se
enfrentar todas as verdades miseráveis e dolorosas das quais
ela estava se escondendo. Verdades não apenas
sobre John, mas sobre ela mesma.
Ela espionou. Ela mentiu. Ela tinha traído. Ela pegou
os segredos de
alguém com quem se importava e os usou com raiva para
machucá-lo. Ela estava com medo. Com medo de seu passado,
seu futuro.
E ainda, também, ela se importava. Ela tinha
aprendido. Ela ganhou quantidades incríveis e
impossíveis de conhecimento. Ela tinha encontrado uma nova
biblioteca, novos amigos,
novas ideias que nunca tinha considerado antes. Ela até
encontrou coragem, talvez, para começar a encarar suas
verdades. Ela queria aprender. Ela queria ser
dominada. Ela queria buscar sua alegria, sem vergonha, sem
arrependimento.
O conhecimento nos muda, se o aceitarmos. O
conhecimento muda tudo.
"Não tenha medo, Rosa-Ka," cortou a voz de Tristan,
e quando ela piscou, ele estava olhando para ela com
preocupação genuína, sua testa franzida, seus lábios ainda
manchados de um vermelho profundo. "John-Ka não deixará
de cuidar de você, mesmo que agora estejam separados. Ele
nunca vai parar."
Ele disse isso com a maior certeza, sabendo disso
porque ele viveu isso, e Rosa respirou fundo e assentiu.
Concordando, finalmente, porque mesmo agora, este quarto,
este momento, com esses orcs — mesmo o fato de que
Rosa ainda estava viva, ainda segura — seria porque John
ainda se importava.
E talvez — talvez — fosse hora de alguém cuidar dele.
"Estamos perto de Dusbury agora?" Rosa perguntou,
levantando o queixo, enxugando suas bochechas molhadas.
"Vamos chegar lá hoje?"
"Antes do meio-dia," Simon disse, sua voz curta. "Se
as perninhas da mulher se manter."
Rosa mostrou-lhe o mesmo gesto lascivo que Salvi
havia usado antes, mas sentiu sua cabeça novamente
balançando a cabeça, sua determinação circulando firme. John
tinha fodido tudo, mas ela também. E ela ia cuidar disso. Ela
ia cuidar das pessoas, da casa, da vida, ambos se importavam.
Minhas ações e meus desejos são meus.
"Bom," disse ela com firmeza. "Então eu quero que
você me leve para o lado norte da cidade. Estou fazendo uma
visita há muito esperada a Lady Scall."

Capítulo 34
Se Lady Scall ficou chocada com o súbito
aparecimento de uma bibliotecária enlameada e
ensanguentada em sua bela sala de estar, ela certamente não
demonstrou.
"A que devo esta... chamada?" ela disse, uma vez que
ela fechou a porta atrás delas, e deslizou para se sentar em uma
cadeira estofada do outro lado da sala. Ela estava usando um
vestido de montaria simples, em vez da confecção requintada
que ela ostentava da última vez que se conheceram, embora o
olhar em seu rosto fosse talvez tão apertado, tão desaprovador.
Mas Rosa passou semanas na Montanha Orc, lidando
diariamente com orcs irritantes e rabugentos. E depois disso,
foi quase fácil manter os olhos fixos nos de Lady Scall, para
falar.
"Preciso falar com você," disse ela. "Sobre Lord
Kaspar."
As sobrancelhas de Lady Scall se arquearam, suas
mãos bem cuidadas se dobrando no colo dela. "Você."
"Sim," disse Rosa com firmeza. "Você deveria saber
que Lord Kaspar dormia comigo. Desde que eu tinha quinze
anos. Ele veio à minha escola e" — ela
respirou fundo — "disse ao diretor que ele precisava de
alguém pequeno e discreto para ajudá-lo em sua biblioteca.
Ele me escolheu de uma escalação."
O rosto de Lady Scall era uma máscara, de repente,
impossível de ler, mas essa era a verdade de Rosa, ela estava
falando, ela podia. "No começo, eu pensei que ele me amava,"
ela continuou, com uma risadinha amarga. "Ele me deixou
acreditar nisso —
queria que eu acreditasse nisso. Mas então eu aprendi a
verdade. Eu era apenas uma das muitas, muitas mulheres. Ele
dormia com suas empregadas. Com suas
conhecidas. Com cortesãs. Ele tem várias amantes. Múltiplos
filhos ilegítimos que ele se recusa a reconhecer ou apoiar."
Lady Scall ainda não se moveu, nem reconheceu nada
disso, e Rosa respirou mais fundo, mais verdade. "Mas eu
ainda sou especial para ele," ela disse, mais calma. "O
suficiente que ele me disse, naquele dia em que ele trouxe
você para a biblioteca, que ele nunca iria desistir de mim uma
vez que se casasse com você. Porque" — Rosa engoliu em
seco, ela podia dizer — "sou pequena, e prestativa, e boa com
a boca. Mas acima de tudo, porque venho pesquisando e
escrevendo a maioria de seus trabalhos acadêmicos na última
meia década."
O rosto de Lady Scall começou a ficar pálido, mas
Rosa ainda não tinha terminado. "Recentemente, fiz uma
viagem inesperada," disse ela, "sem contar a Lord
Kaspar exatamente para onde tinha ido. E sabe o que ele fez?
De alguma forma, ele conseguiu dois regimentos inteiros e foi
até lá para me resgatar. Não, eu lhe garanto" — ela fez uma
careta para o chão — "porque ele sentiu
tanto a minha falta. Mas porque eu deveria estar escrevendo o
maior artigo de sua carreira."
Quase doeu dizer essa última parte, porque mesmo
agora, parte de Rosa esperava que Lord Kaspar realmente se
importasse, de alguma forma, mas ela teve tempo demais para
pensar nos últimos dias, e juntar apenas o que deve ter
acontecido. Susan deve ter contado a Southall sobre a aparição
de John na biblioteca e depois o súbito desaparecimento de
Rosa. A pesquisa de Rosa — seus livros, seus tratados, seus
papéis — tudo ficou para trás. E enquanto as cartas de Rosa
procuravam explicar a situação, elas eram reconhecidamente
vagas e escritas às pressas, e provavelmente foram facilmente
descartadas por terem sido escritas sob coação. Ao comando
de um cruel sequestrador orc, determinado a frustrar a
pesquisa de Lord Kaspar e sua guerra.
O que talvez fosse pelo menos uma verdade parcial.
Talvez John tivesse ido à biblioteca com a intenção expressa
de seduzi-la. E enquanto o pensamento disso ainda apertava
dolorosamente a barriga de Rosa, ela não conseguia nem mais
conter a indignação. Esta guerra foi injusta. Os homens
estavam quebrando o tratado, repetidas vezes, e o fizeram
diante dos olhos de Rosa. E John daria tudo para manter a
salvo aqueles de quem ele se importava.
"A última vez que Kaspar me escreveu," a voz de
Lady Scall finalmente disse, muito calma, "ele me disse que
tinha sido enviada para a Montanha Orc."
Seus olhos estavam estreitos nos de Rosa, o desafio
daquelas palavras claro no ar entre elas, e Rosa assentiu
lentamente. Verdade.
"Sim," ela disse. "Eu realmente fui para a Montanha
Orc. Você gostaria de saber como isso aconteceu?"
Lady Scall deu de ombros bruscamente, o que Rosa
tomou como um sim — então ela respirou fundo e começou a
história inteira desde o início. Encontrando John na biblioteca.
Sua pesquisa, seu prazer frenético juntos, a amarga
realidade da manhã seguinte. A fuga. A montanha.
Ela falou com tanta coerência e urgência quanto pôde
reunir, quase como se esta fosse outra apresentação
acadêmica, talvez a mais crucial de sua vida. Ela precisava
convencer Lady Scall. Ela precisava cuidar de John. Ela
precisava parar esta guerra.
Quando Rosa finalmente terminou, talvez uma hora
depois, seu rosto estava corado, sua respiração ofegante, suas
mãos instintivamente agarradas à cintura. Mas Lady Scall
tinha escutado sem interrupção, seu olhar agora atento,
perscrutador, penetrante.
"Sabe, eu poderia não ter acreditado em você," ela
disse abruptamente,
inesperadamente, "ou até mesmo entretido você, ou uma
história tão louca. Se não fosse por" — suas mãos se moveram
em direção ao bolso do vestido e tirou um pedaço de papel
dobrado — "por isso."
Ela se levantou para entregá-lo, seus passos não muito
firmes no tapete macio, e Rosa pegou o papel e o desdobrou.
Era uma carta
de — Jule?
E sim, sim, era, e era datado do dia anterior. E era —
os olhos de Rosa percorreram a página, sua descrença
aumentando — era um pedido de ajuda de Lady Scall.
Invocava sua amizade passada e aludia a alianças alteradas e
as atrocidades cometidas pelos homens contra seu próprio
tratado. Ela até apresentou Rosa, sugerindo que ela poderia
retornar em breve a Dusbury, e que ela era uma querida amiga
de Jule, bem como uma estudiosa brilhante e inteligente — e
poderia Lady Scall conceder-lhe o favor de uma visita e
manter a mente aberta para o que quer que ela possa ter a
dizer?
"Apareceu na minha porta esta manhã," disse Lady
Scall, acomodando-se novamente na cadeira, alisando o
vestido. "Eu não tenho notícias de Jule há mais de um ano,
embora é claro que eu tenha ouvido os rumores, e esperava
que ela ainda estivesse viva e bem. E agora —"
Ela acenou com a mão trêmula para Rosa, a boca
apertada, os olhos brilhantes — e de repente Rosa percebeu
que ela parecia quase à beira do choro. Esta mulher
equilibrada, rica e bonita, parecendo tão nua e
quebrada quanto Rosa se sentia.
"Sinto muito por ter chateado você," disse Rosa,
calma. "E me desculpe por não ter contado antes. Mas achei
importante você saber. Porque o conhecimento muda tudo."
Lady Scall assentiu, uma vez, e visivelmente
endireitou os ombros, e encontrou os olhos de Rosa.
"Concordo," disse ela. "Agora, me diga o que você
precisa."

Capítulo 35
Uma semana depois, Rosa destrancou a porta da
Biblioteca Dusbury e entrou.
Ela usava um vestido velho, mas bem-feito — um
refugo de uma das sobrinhas de Lady Scall — e apertava uma
pilha de papéis nítidos contra o peito. E seu coração batia alto
e erraticamente, seu olhar percorrendo as pilhas familiares,
procurando por qualquer sinal de movimento ou vozes ou
respiração —
Mas havia apenas silêncio. Ela estava sozinha. Por
enquanto.
Rosa caiu para trás contra a porta fechada, fechando
os olhos, seus papéis mais apertados. Era a primeira vez que
pisava na biblioteca desde seu retorno a Dusbury — na
verdade, sua primeira vez em público — mas hoje era o dia.
Seu prazo de três semanas finalmente havia chegado, e hoje
era quando Lord Kaspar havia prometido voltar.
E se as fontes de Lady Scall estivessem corretas, Lord
Kaspar realmente tinha entrado na cidade na noite anterior. E
logo, com certeza, ele viria.
Rosa empurrou sua forma trêmula para fora da porta,
em direção à mesa de empréstimo familiar. Em direção a onde
— ela congelou, piscando — sua pilha de pesquisa orc ainda
estava parada, imóvel. Intocada. Como se estivesse esperando
seu retorno, todo esse tempo.
As memórias fervilharam com força repentina e cruel,
passando por seus olhos. O dedo afiado de John, arrastando
para baixo a borda da pilha. Seus olhos, quando ele rasgou o
vestido dela ao meio, e a jogou sobre esta mesma mesa. Sua
voz, como ele disse todas aquelas palavras, aquelas ameaças,
aquelas promessas.
Nós marcamos você. Com nossas garras, nossos
dentes, nosso cheiro. Nós fazemos de você nossa. Para
sempre.
Os olhos de Rosa estavam formigando, pelo que
parecia ser a milésima vez naquela
semana, e ela os fechou com força, lutando para respirar. Ela
manteve contato regular com Tristan nos últimos dias, por
meio de uma cesta escondida no jardim de Lady Scall — mas
não houve uma única menção de John nas cartas de Tristan,
muito menos qualquer palavra do próprio John. Mesmo
quando a verdade do que eles tinham feito dentro de Rosa
tinha começado a ficar mais forte e mais segura a cada dia,
entre a constante náusea silenciosa, seus seios cada vez mais
macios e a dureza desconhecida em sua barriga.
A única esperança tola e desesperada de Rosa, de
todas as coisas, era o leite. O doce e característico leite que
John lhe dera tão consistentemente na montanha e que
continuava a aparecer em sua cesta secreta todas as
manhãs. Insinuando, talvez, que John estava providenciando
para eles. Talvez, de alguma forma, ele ainda se importasse.
Mas quanto mais Rosa ruminava sobre isso nos
últimos dias, mais desanimada ela ficava. Ela mentiu para
John, uma e outra vez. Ela se aproveitou de sua hospitalidade
e bondade. Ela teve a audácia de astigá-lo por não
compartilhar todos os seus segredos, quando ela foi para sua
casa com o propósito expresso de começar uma guerra.
E neste ponto, tudo o que ela podia fazer era tentar.
Ela poderia mostrar a John que ela se
importava. Ela poderia fazer tudo ao seu alcance para reparar
o que tinha feito.
O que significava — Rosa olhou em volta para a
biblioteca e respirou fundo — ela poderia encarar a verdade.
Ela poderia enfrentar Lord Kaspar.
Ela colocou sua nova pilha de papéis ordenadamente
na mesa de empréstimo, alinhando as bordas, alinhando os
ombros. Ela trabalhou com uma intensidade quase maníaca
esta semana, escrevendo e revisando freneticamente,
derramando tanta verdade persuasiva fervorosa em suas
palavras quanto possível. Ela tinha um plano. Esta era sua
chance.
Mas de repente — a cabeça de Rosa se ergueu, seu
corpo ficou imóvel — houve um som. Um som pequeno,
quase imperceptível, do fundo da biblioteca. Um som como
— como uma página virando.
O medo gaguejou e sufocou, as mãos de Rosa
agarrando desesperadamente a mesa, porque talvez —
certamente — fosse Lord Kaspar. Lord Kaspar, já
aqui, em seu quartinho, esperando por ela. Talvez até lendo na
cama, despido, esperando que ela entrasse, subisse a bordo e

Rosa teve que tapar a boca com a mão,
respirar fundo, lutar contra a náusea crescente. Ela poderia
fazer isso. Ela poderia enfrentar isso.
Ela agarrou sua pilha de papéis novamente, e então se
forçou a sair de trás da mesa, e pelo corredor entre as pilhas.
Passo,
após passo, mais perto, mais perto, enquanto o medo e o pavor
raspavam e gritavam —
Mas quando ela virou a última prateleira, foi como se
o mundo tivesse parado, oscilando à beira de um penhasco.
Porque não era Lord Kaspar.
Era um orc. Na Biblioteca. Lendo.
Era John.

Capítulo 36
Por um momento longo e vacilante, Rosa não
conseguia se mexer, respirar, pensar. John estava ali. Na
biblioteca. Lendo um livro.
Sua cabeça escura estava curvada sobre o livro, seu rosto
escondido na sombra — mas enquanto Rosa olhava,
congelada, ele lentamente levantou a cabeça e encontrou os
olhos dela. Parecendo estranhamente cansado, com manchas
profundas sob os olhos, linhas fracas ao redor da boca, um
corte ainda mais nítido em sua mandíbula e maçãs do rosto. E
suas mãos em garra fechando o livro, deixando-o de lado, não
se preocuparam em manter seu lugar, como se ele realmente
não o estivesse lendo.
O estômago de Rosa estava perigosamente
balançando, arrastando sua mão instável para baixo para
pressionar contra sua cintura — um movimento que atraiu
aqueles olhos para baixo também. Quase como se pudessem
ver através dos papéis que ela ainda segurava, através de suas
roupas e sua própria pele, o que estava escondido embaixo.
Ao filho deles.
O olhar de John parecia quase agonizante, de repente,
e Rosa agarrou os dois, as mãos de volta para seus papéis, e
puxou uma respiração trêmula e afetada. John estava ali. John
estava ali, bons deuses, ela poderia dizer alguma coisa,
alguma coisa —
"Hum," ela disse, sua voz grossa. "Você está aqui."
Foi o comentário mais estúpido, completamente
estúpido, mas felizmente John não torceu o lábio, nem revirou
os olhos, nem qualquer outra coisa que ele poderia muito bem
ter feito. Apenas assentiu, rápido e curto, enquanto cruzava os
braços sobre o peito, os dedos apertados e pálidos contra a
túnica cinza.
"Ach," ele disse finalmente. "Você está bem,
mulher?"
Sua voz estava como sempre, baixa, uniforme e suave,
mas neste momento parecia mais um grito ou um tapa. Tão
dolorosamente, brutalmente familiar, tão perto e ainda tão
longe. Rosa havia mentido para ele. O feriu. O traiu.
"Eu estive — tudo bem," ela se obrigou a dizer,
embora não conseguisse manter os olhos em seu rosto duro e
sombreado. "Eu, hum, eu fui para Lady Scall. A quase noiva
de Lord Kaspar, você sabe. E ela tem sido
surpreendentemente gentil, ela me hospedou em sua casa todo
esse tempo, me alimentou e vestiu, e disse a todos que eu sou
sua prima perdida há muito tempo que se meteu em algum,
hum, problema" — ela deu um vago, gaguejante acenar em
sua cintura — "então todo mundo me deixou em
paz, o que foi um alívio. E ela até me ajudou a manter contato
com Tristan todos os dias, e ela não tem sido crítica, e é tão
tolo que eu a odiei tanto, quando na verdade —"
Rosa estava balbuciando, ela percebeu, tarde demais,
e enquanto fechava a boca à força, ela também percebeu que
sabia o jeito que John estava olhando para ela. Tão vazio, tão
intencionalmente cuidadoso, mas ainda de alguma forma
traindo que nada disso era novo para ele. E espere, isso
significava que ele sabia de tudo, e claro que sabia, ele era
John, e —
Os olhos de Rosa estavam pinicando de novo, e ela
esfregou um deles com impaciência,
e respirou fundo novamente. Ela poderia fazer isso. Ela podia.
"Sinto muito, John," ela disse, sua voz falhando.
"Deuses, eu sinto muito. Por espionar você. Mentir para você.
Por" — ela engoliu mais ar — "por dizer todas aquelas coisas
horríveis para você, no dia em que parti. Por te chamar de
monstro."
John não falou, não se mexeu, e Rosa abraçou seus
papéis,
agarrando-se às palavras, à verdade. "Eu estava errada," disse
ela. "Eu estava errada em julgá-lo e jogar seu passado na sua
cara. Eu estava errada em acusá-lo de mentir para mim,
quando eu estava mentindo para você o tempo todo. Eu estava
errada em fingir que não sabia de coisas que você deixou
muito claro para mim."
Os cílios escuros de John piscaram uma vez, mas seus
olhos ainda eram planos, distantes, uma máscara.
Significando, talvez, ele realmente não se importasse mais,
talvez fosse tarde demais, mas Rosa tinha que continuar,
continuar divulgando. "Eu sabia," ela disse, através
do crescente nó em sua garganta. "Eu sabia que você queria
que eu ficasse. Eu sabia que
estava grávida. E é claro que eu sabia que você não era um
monstro, você era tão gentil comigo. Você me alimentou, me
deu banho e me vestiu. Você me deu um trabalho importante
e a liberdade de fazê-lo como eu desejava. Você me ajudou
a aprender e crescer. Você me chamou de estudiosa."
Nada mudou ou se moveu em seu rosto, e a náusea de
Rosa se agitou novamente, seus olhos caindo para a mesa
diante dele. Ela poderia dizer isso. Ela poderia lhe dizer a
verdade.
"E você me ensinou," ela conseguiu, "como aceitar
meus desejos, ao invés de ter vergonha deles. Você me
ensinou a encarar meu passado, em vez de fingir que não
aconteceu. Você me mostrou que eu ainda era digna, apesar
de tudo isso. Você me deu — paz."
Houve apenas mais silêncio, estremecendo desolado e
doloroso ao redor deles,
e Rosa forçou os olhos para cima, de volta para seu rosto
ilegível. "Você foi um senhor brilhante, John-Ka," ela
sussurrou. "Adorei ser seu animal de estimação. Eu nunca,
nunca vou esquecê-lo."
Um traço de umidade escapou de seu olho, escorregou
por sua bochecha, e ela o afastou com a mão trêmula. "Eu
sinto muito," ela engasgou. "Mer þykir
þetta svo leitt. Espero que, algum dia, você possa me perdoar."
E foi isso, isso era tudo o que ela precisava dizer, e ela
se manteve quieta, baixou os olhos piscando de volta para a
mesa. Esperando, se preparando, para que ele dissesse alguma
coisa, qualquer coisa, e se ele não dissesse, e se ele
realmente tivesse terminado, e se isso fosse apenas um adeus

"Ach," John disse finalmente, e quando os olhos de
Rosa dispararam para cima, ele estava
esfregando a boca, seus olhos mudando, brilhando com algo
que ela não conseguia nomear. "Ach, animal de estimação. Eu
—"
A porta da biblioteca se abriu — e Rosa pulou, seu
coração vacilando, sua pele arrepiando com um medo
crescente e vacilante. Não poderia ser. Ainda não. Agora não.
Por favor…
"Rosa!" chamou uma voz familiar e revigorante,
misturada com uma raiva inconfundível. "Saia e explique-se.
De uma vez só!"

Capítulo 37
Lord Kaspar tinha chegado. Os olhos de Rosa se
fecharam e, por um instante horrível e arrebatador, ela não
sabia se poderia desmaiar, gritar ou vomitar nos pés.
Lord Kaspar estava ali. Ela enfrentaria isso. Ela iria.
Antes que o corpo sentado de John se enrijecesse, seus
olhos se estreitassem, brilhando, perigoso. E merda, havia um
orc na biblioteca, e Lord Kaspar estava ali, se ele descobrisse
que haveria guardas, sangue, morte —
Mas John não saiu de trás da mesa. Levantou apenas
um único dedo aos lábios, seu significado muito claro —
então Rosa engoliu em seco, deu um
aceno brusco, e então forçou seus pés pesados a se moverem.
Voltar entre as pilhas, as mãos trêmulas e suadas nos papéis,
o coração apertando a garganta.
Lord Kaspar estava ao lado da mesa de empréstimo,
de costas para Rosa, seus dedos batendo impacientemente
contra sua coxa. Ele estava vestido com roupas de viagem,
suas botas sujas de lama, e seu cabelo escuro tinha crescido
mais do que o normal, enrolando sobre as orelhas. E em outro
mundo, outra vida, Rosa
poderia ter se escondido atrás dele, deslizado os braços ao
redor de sua cintura fina e dito, como posso servi-lo, meu
senhor?
Mas hoje, Rosa sentiu seus pés rasparem até parar a
uma boa distância, bem fora do alcance de Lord Kaspar.
Enquanto ele se virava lentamente para encará-la, alto e
imperioso e inegavelmente lindo, e lançava um olhar frio e
tenso por todo o corpo dela, e de volta para cima.
"Você retornou, afinal," ele disse finalmente,
calmamente, embora a raiva palpável
brilhasse naqueles lindos olhos cinza. "É melhor você ter algo
muito
impressionante para mim, amor. E uma explicação e tanto."
Seu olhar parecia uma força tangível, e Rosa lutou
contra isso, ergueu o queixo. "O que eu preciso explicar?" ela
perguntou, com firmeza credível. "Você me ordenou
pesquisar os orcs e tomar as medidas
necessárias. Então eu fiz."
A boca de Lord Kaspar se contraiu, latindo um som
que poderia ser uma risada. "Então você foi voluntariamente
para aquele inferno," ele disse, sua voz grossa com desprezo.
"Bons deuses, Rosa, pensei que você tivesse sido sequestrada.
Porque certamente nem você poderia ser tola o suficiente para
acreditar que um lord ordenaria que
sua amante fosse para a Montanha Orc, para pesquisa!"
Sua amante. Tola o suficiente. Palavras que não
deveriam ter sido uma surpresa, mas ainda estalavam com
uma miséria que tirou o fôlego de Rosa. O suficiente para que
suas próprias palavras parecessem presas em sua garganta, seu
corpo preso no lugar, enquanto Lord Kaspar se aproximava
um passo rápido e perigoso.
"Então, se você realmente escolheu ir para a
Montanha Orc," disse ele, muito calmamente, enquanto
enfiava a mão no bolso do casaco, "então o que diabos você
quis dizer com isso?!"
Isso. Era uma carta. Um que parecia muito familiar, e
quando Lord Kaspar o abriu, o coração de Rosa apertou ao
vislumbrar seu próprio
roteiro, escrito em linhas ordenadas na página.
"Para Lord Kaspar," ele leu em voz alta, com uma
voz nítida. "Escrevo para informar que não voltarei a
Dusbury nem ao meu trabalho na biblioteca. Encontrei uma
nova vida, com um novo trabalho, novos amigos e um novo
parceiro que realmente respeita e cuida de mim. Não espero
que nos encontremos novamente. Adeus."
Rosa engoliu em seco, mas não se moveu, e Lord
Kaspar jogou a carta na mesa de empréstimo e se aproximou
mais um passo. "Passei quase duas semanas acampado
naquela choupana, tentando resgatá-la," ele assobiou. "E
pelos meus esforços extraordinários em seu nome, recebi
isso?! Que diabo de jogo
você está jogando, Rosa! Os orcs forçaram você a escrever
isso?!"
Havia uma ligeira oscilação em sua voz, algo que
Rosa não conseguia se lembrar de ter ouvido dele antes, e ela
se obrigou a segurar seu olhar, respirar fundo. Ela podia falar
a verdade. Ela podia.
"Os orcs não me forçaram a fazer nada," ela disse,
calma mas segura. "A carta é verdadeira. Eu estava feliz lá.
Eu queria ficar."
Os olhos de Lord Kaspar se arregalaram para ela, sua
boca caindo aberta, e ele balançou a cabeça bruscamente,
como se tivesse ouvido mal. "Você queria ficar," ele repetiu,
pronunciando cada palavra. "Com os orcs. Com isso —
parceiro. Um orc. Quem, eu presumo, também esteve fodendo
você esse
tempo todo?!"
Rosa não estava falando sobre isso com lord Kaspar,
ela não falaria — mas o olhar em seu rosto deve ter falado de
qualquer maneira, porque ele ficou boquiaberto por
outro instante, o desgosto e o desdém queimando em seus
olhos furiosos.
"Bons deuses, Rosa," ele disse, enquanto se
aproximava mais um passo. "Você perdeu a porra da cabeça?
Você deliberadamente entende mal minhas ordens, você
me humilha, você desperdiça duas semanas da minha vida
extremamente ocupada — e agora você desabafa com essa
insanidade total?! Você queria me deixar, um lord, para poder
ir morar na Montanha Orc e foder uma fera analfabeta
nojenta?!"
Sua mão estalou enquanto ele falava, agarrando com
força o queixo de Rosa. "Última
chance, sua vadia tola," ele disse categoricamente. "Você
precisa ficar de joelhos, agora, e me implorar por minha
misericórdia. E você também precisa me apresentar um
trabalho de pesquisa tão explosivo, que vai explodir toda a
porra da montanha em
cinzas, sem que eu levante outro dedo!"
O medo que estava se acumulando na barriga de Rosa
estava aumentando constantemente, batendo contra seu peito
— mas mais profundo ainda era sua própria determinação,
seu próprio desprezo em fusão. E além disso, em algum lugar,
estava — John. John, ainda aqui, na biblioteca, escondido,
ouvindo, esperando. E não importa o que acontecesse aqui,
John a manteria segura. Ele iria.
"Olha, me desculpe se eu te assustei ou perdi seu
tempo," Rosa disse
finalmente, para os olhos furiosos de Lord Kaspar. "Mas eu
não vou te implorar por nada. Porque" — verdade, verdade
— "isso precisa acabar, entre nós. Deveria
ter acabado há muito tempo, quando percebi o que realmente
era. Você vem me manipulando e tirando vantagem de mim
há anos. Está acabado."
O choque em seus olhos parecia visceral,
verdadeiramente horrorizado, como se ninguém tivesse
ousado falar essas coisas com ele antes — e antes que ele
pudesse rebater, Rosa continuou, soltando. "E eu não tenho
um trabalho de pesquisa para você," disse ela com firmeza.
"Não tenho nenhuma informação nova, nenhuma nova
atrocidade ou escândalo. Os orcs não são o que dizemos que
são. São diferentes, sim,
com uma cultura diferente, uma língua diferente, uma forma
diferente de conviver. Mas nada disso valia uma guerra. Nada
disso vale a pena quebrar este tratado."
Lord Kaspar ainda estava olhando, sua mão frouxa no
queixo de Rosa, e ela respirou mais fundo, mais coragem.
"Nós, humanos, somos os que quebram o tratado," disse ela.
"Eu vi com meus próprios olhos. Testemunhei vários atos
de agressão injustificada contra orcs e ouvi relatos confiáveis
de muitos outros. Eles precisam parar. Você precisa parar com
isso."
Houve uma estranha contração no rosto de Lord
Kaspar, no aperto de seus dedos em sua pele. "Eu," ele
respondeu, sua voz grossa. "Explique como,
Rosa."
Uma esperança repentina e vacilante sussurrou nas
entranhas de Rosa, e ela segurou seus olhos, tornando sua voz
o mais convincente possível. "Você precisa ir ao seu pai," ela
disse, "e aos outros senhores daquele Conselho, e dizer a eles
exatamente o que eu disse a você. Não há atrocidades. Não
houve nenhuma nova agressão
dos orcs. Nós somos os opressores. Somos nós que estamos
quebrando
o tratado. Essa tentativa tola de outra guerra é um completo
desperdício de seu tempo e dinheiro, e há assuntos muito mais
importantes a serem abordados. Como" — ela endireitou os
ombros — "cuidar dos camponeses como eu em todo o reino
que estão sofrendo há anos, graças à negligência e injustiça
da nobreza e crueldade e ganância. Essa é a verdadeira
atrocidade aqui. Esse é o
escândalo. Não os orcs."
O rosto de Lord Kaspar se contorceu novamente,
contorcendo-se em algo que Rosa não reconheceu, e por outro
instante a esperança cresceu, se esticou, se
espalhou — e então se transformou em pó, enquanto Lord
Kaspar ria.
Ria, com uma alegria verdadeira, brilhante e insensível
dançando em seus lindos olhos.
"Ah, Rosa," disse ele, entre gargalhadas. "Você
realmente perdeu sua mente boba. Suponho que os orcs
fodendo você provavelmente quebraram sua sanidade
completamente. Eu deveria saber melhor" — sua risada
sumiu, sua cabeça inclinada — "do que esperar verdadeira
força mental de uma camponesa mal-educada, não importa o
quão inteligente você fingisse ser."
Seus olhos se estreitaram um pouco, sua mão
segurando o rosto dela com mais força.
Despertando o medo novamente, cru e virulento,
estremecendo sob a pele de Rosa.
"Mas," ele disse lentamente, "talvez você ainda possa
ser útil para mim, afinal. Talvez eu possa apresentá-la como
uma exposição do que acontece quando uma mulher é roubada
e brutalizada por orcs. Talvez você possa ser minha
atrocidade, minha
queridinha de cabeça vazia. E certamente" — sua outra mão
subiu e roçou os lábios dela — "sua garganta funda ainda
funciona, eu presumo? Contanto que os orcs não tenham
quebrado isso também?"
Sua voz era leve, como se de repente tudo isso fosse
uma boa piada. Como se Rosa fosse uma piada, uma
ferramenta, um recipiente vazio para sua diversão. O que,
talvez, ela sempre tivesse sido, todo esse tempo.
"Por que não tentamos, querida," ele disse
suavemente. "Deuses sabem que eu
preciso de um golpe decente, depois de tudo isso. E quem
sabe, talvez uma boa garganta profunda limpe um pouco da
névoa de sua linda cabecinha."
Ele soltou o queixo de Rosa rudemente, em favor de
pegar os papéis de seus dedos trêmulos e frouxos. Ao mesmo
tempo em que abaixava a outra
mão para desabotoar as calças, enquanto seus olhos varriam
para cima e para baixo a frente de Rosa, fixando-se
estreitamente na leve protuberância de seus seios.
"Que porra você andou comendo?" ele perguntou, a
voz irritada. "Deuses, Rosa, você está começando a parecer
uma maldita matrona."
O medo e a bile subiram na garganta de Rosa, e de
alguma forma, graças aos deuses, seu corpo congelado foi
empurrado para trás, longe dele, longe daquela visão
repentinamente repulsiva em sua virilha exposta.
"Não," ela engasgou. "Eu não estou tocando em você,
Lord Kaspar. Nunca mais. Eu te disse, acabou."
Mas ele apenas riu de novo, avançando mais perto,
uma mão em seu
pênis nu e inchado, a outra ainda segurando seus papéis. "Tem
certeza, querida Rosa?"
ele perguntou. "Ah, acho que você pode se convencer. Talvez
eu faça de você uma estudante. Talvez eu até faça de você
minha esposa. Isso serve, por enquanto?"
Ele estava zombando dela, percebeu Rosa, com uma
miséria doentia e sacudida. Ele
estava dizendo que nunca lhe daria essas coisas, ele nunca
faria dela uma aluna de verdade, muito menos sua esposa. Seu
futuro sempre foi justo — isso. Presa servindo a esse homem
horrível e vazio, até que ele se cansou dela e a jogou fora.
"Você precisa ser grata, Rosa," ele continuou, quase
em tom de conversa. "Você tem sorte de poder ser de alguma
utilidade para mim. Especialmente depois do inferno que você
me fez passar nas últimas semanas, sem uma única porra de
papel para mostrar!"
O corpo de Rosa começou a tremer, recuando para a
prateleira mais próxima, seu coração batendo forte, sua
respiração ofegante. "Você é o único que está fodido, Kaspar,"
ela engasgou. "Você está mentindo idiota. Não me toque!"
Mas ele a estava alcançando, agarrando seu ombro,
empurrando-a
contra a prateleira. "Oh, não seja tímida comigo," ele retrucou.
"Nós dois
sabemos que você gosta de um pouco de força com sua porra
de qualquer maneira, não é? Agora fique de joelhos, antes que
eu te nocauteie e te coloque lá."
O medo gritava, arranhava, e Rosa se afastou dele,
agarrando-se à prateleira atrás dela. Pois o livro que ela sabia
que estava lá, tinha que estar lá — e ela engoliu em seco
enquanto o arrastava, suas mãos contra seu peso. Eram os
Annals of the Realm, cheios de pompa,
besteira e mentiras, assim como o próprio Lord Kaspar — e
Rosa o jogou na direção dele com toda a força. Não em sua
cabeça, como seu impulso inicial poderia ter sido, mas direto
em sua virilha exposta e inchada.
O estalo vicioso, e Lord Kaspar gritou com
estridência satisfatória, seu rosto se contorcendo de agonia
enquanto ele
cambaleava de volta para o chão. Enviando os papéis de Rosa
voando por toda parte, flutuando pelo ar, acomodando-se ao
redor de seu corpo esparramado e gemendo.
"Putinha desonesta," ele resmungou, segurando
ambas as mãos em sua virilha. "Você vai pagar por isso,
porra, você —"
Sua voz quebrou abruptamente, como se tivesse sido
estrangulada — porque ele estava
piscando, boquiaberto, para o papel. A única folha de papel
que se acomodou em sua coxa, suas letras maiúsculas claras,
flagrantes, brilhantes. Gritando, golpeando, no súbito silêncio
mortal.
BASTARDOS DO SENHOR KASPAR , dizia. A
chocante verdade por trás do erudito cavalheiro mais
aclamado do reino.
"O que. Porra," sibilou Lord Kaspar, sua voz
venenosa, "é isso."
Rosa sentiu o queixo levantar, a compostura e a
convicção subindo, o corpo endireitando-se em toda a sua
altura. "Oh aquilo?" disse ela, com surpreendente frieza. "Esse
é meu último tratado. Um título bastante atraente, você não
acha? Já providenciei a impressão de mil exemplares, com
ampla
distribuição a começar na próxima semana."
Lord Kaspar olhou boquiaberto para ela, seus olhos
redondos e bulbosos, seu rosto em um tom doentio de branco.
"Você não fez" ele engasgou. "Você nunca faria."
Rosa sentiu-se sorrir para ele, fria, amarga. "Ah, não
é?" ela disse. "Da mesma forma que você não começaria uma
guerra injusta, ou faria promessas que nunca quis cumprir, ou
se forçaria a alguém que não quer você? Alguém que só fez o
melhor para agradá-lo nos últimos nove anos, apesar de tudo
que você fez com ela?!"
A boca de Lord Kaspar estava abrindo e fechando, sua
garganta trabalhando, seus olhos subitamente dando uma
olhada nos outros papéis espalhados por toda parte. Muitos
deles cheios de texto tipográfico elegante — cortesia de uma
das muitas conexões de Lady Scall — e vários outros com
títulos grandes, impressos nas mesmas
letras maiúsculas grossas.
DENTRO DA MONTANHA ORC: Uma Conta
Verdadeira, uma lida. ORCS EM
JULGAMENTO: Mitos e assim chamados escândalos, leia
outro. E então, AS ATROCIDADES
REAIS DO REINO: Um relato em primeira mão da ruína de
uma inocente de um Senhor.
E então, o último, o projeto de estimação de Rosa —
NASCIMENTO DE ORC FILHO: Um resumo das melhores
práticas para proteger a saúde das mulheres.
Lord Kaspar parecia ter sido atingido na virilha — de
novo — e
seus olhos atordoados piscaram para os títulos, de novo, de
novo, como se realmente não pudesse
acreditar que fossem reais. E com um movimento brusco e
rápido, ele agarrou o papel mais próximo e o rasgou em
pedaços com dedos visivelmente trêmulos.
"Você não vai," ele disse, sua voz falhando enquanto
ele agarrava outra folha, e a rasgava de novo e de novo, "ousar
manchar a reputação impecável de um lord com falsidades tão
sujas e infundadas. Você não vai."
Mas Rosa estava sorrindo novamente, dura e sombria.
"Você me entendeu mal, Lord Kaspar," ela disse
categoricamente. "Farei isso, quer você aprove ou
não. Eu só vou reconsiderar se você fizer o que eu pedi, e falar
com seu pai e o Conselho, e implorar a eles que parem com
esta guerra injusta."
Lord Kaspar estava olhando para ela de novo, e Rosa
pegou o papel mais próximo — outra página de rosto para
Bastardos Do Senhor Kaspar — e estendeu para ele. "E
enquanto você está nisso," ela disse friamente, "você vai
procurar seus filhos — incluindo as meninas — e dar a cada
um deles seu apoio e uma educação adequada. Então, e só
então, me absterei de distribuir esses tratados. Caso contrário,
usarei todos os meios à minha disposição para entregar cópias
a todas as cidades, vilas e bibliotecas do reino. Você tem uma
semana."
Um ódio puro e maníaco passou pelos
olhos piscantes de Lord Kaspar — e em uma explosão de
movimento, ele ficou de pé e se lançou em Rosa. Suas mãos
pegajosas e pegajosas encontraram o pescoço dela e a
apertaram com força.
O pânico aumentou e gritou, o corpo inteiro de Rosa
chutando e se contorcendo contra ele, contra a força
horripilante daquela pressão chocante e perigosa. Totalmente
diferente de tudo que ela já havia sentido antes, diferente de
tudo que John já havia feito, e sua visão já estava manchando,
abrindo buracos negros no rosto bonito, malicioso e furioso
de Lord Kaspar.
"Você não vai," ele engasgou, através de suas
respirações ofegantes. "Porque você
estará morta. Morta nas mãos de um orc, que se atreveu a
entrar na minha porra biblioteca e tentou roubar o que é meu!
Você quer começar uma guerra, minha estúpida leitora de
livros, é assim que começamos uma guerra!"
Não. Não. Os pés de Rosa estavam escorregando, sua
visão gaguejando, Lord Kaspar
ia matá-la, tudo era em vão, tudo, John —
John. Erguendo-se atrás de Lord Kaspar, como um
deus enorme, violento e vingador. Seus olhos brilhavam com
uma raiva feroz e desumana, quando seu braço poderoso
passou sobre a cabeça de Lord Kaspar e esmagou com força
contra seu pescoço. Arrastando Lord Kaspar para longe de
Rosa, seu rosto pálido de repente contorceu-se de
dor, seus olhos esbugalhados, sua boca gritando sem nenhum
som.
"Ela é minha, humano vil," John assobiou,
profundamente, perto do ouvido de Lord Kaspar. "E por isso,
você morre."

Capítulo 38
Em um instante sufocado e cambaleante, Lord Kaspar
lutou e se debateu contra o aperto mortal de John, seus braços
batendo e balançando freneticamente.
Mas John só puxou mais forte, os músculos
flexionando em seu braço poderoso, e os movimentos de Lord
Kaspar gradualmente, visivelmente mais lentos. Tornando-se
mais lento e errático, seus olhos revirando, sua boca caindo
aberta.
E enquanto Rosa observava, piscando, estranhamente
distante, havia a consciência, enervante, mas certa, de que ela
não se importava se Lord Kaspar morresse.
Que ele tinha sido realmente horrível, tanto para ela quanto
para os orcs, e para todos ao seu redor. John poderia matá-lo,
com a bênção dela.
Mas então, um estrondo. Alto, profundo, bem no
fundo da biblioteca. Quase como uma porta se abrindo, e o
cérebro atordoado e embotado de Rosa finalmente voltou ao
movimento, mais pânico surgindo e subindo. E se fossem
homens armados. E se Lord Kaspar tivesse de alguma forma
chamado guardas? E se houvesse uma briga na biblioteca, e
se John fosse descoberto, capturado, morto —
Mas era — Tristan? Sim, Tristan, correndo, saltando
sobre uma mesa com surpreendente facilidade, enquanto Salvi
se esquivava atrás dele. E em vez de ir para a forma
rapidamente flácida de Lord Kaspar, como Rosa poderia ter
esperado, ambos se lançaram em direção a — John?
"Pare, John-Ka," Tristan sibilou, agarrando com
garras o braço de John, ainda preso ao redor do pescoço de
Lord Kaspar. "Você não deve. Por favor."
Salvi agarrou o outro braço de John, puxando-o para
trás, e John rosnou para ele, sacudindo-o com um puxão forte.
"Eu vou," ele rosnou para Salvi. "Este homem vil deve esta
morte. Você não testemunhou o que ele
tentou fazer com minha companheira, que dará à luz meu
filho?!"
"Nós ouvimos," disse Tristan, sua voz baixa e
calmante, suas mãos ainda puxando o braço de John, suas
garras negras afundadas na pele de John. "Nós sabemos. Mas
você não deve matá-lo. Você deve, assim, quebrar o nosso
tratado. O capitão nunca mais fará de você Sacerdote, depois
disso."
"Isso não altera nada," John cuspiu para ele, embora
seu aperto no
pescoço de Lord Kaspar parecesse ter afrouxado um pouco,
permitindo que Lord Kaspar renovasse sua agitação
selvagem. "O capitão nunca me fará Sacerdote agora!"
Mas ao lado de Tristan, de repente, havia... Simon.
Elevando-se sobre todos
eles, e encarando a forma de Lord Kaspar com uma
repugnância palpável. "Capitão pode," ele disse, sua voz
profunda e monótona. "Se Skai perguntar. Mas John se
enfurece comigo por me sentar na pedra, quando ele matará
um homenzinho fedido? Skai nunca perguntará, depois
disso."
Isso pareceu finalmente chamar a atenção de John,
seus olhos estreitos voltados para Simon — e quando Tristan
puxou o braço de John novamente, ele abruptamente soltou
Lord Kaspar, arremessando para longe sua forma tossindo e
cambaleando com força viciosa.
"Idiota, barata, idiota egoísta," John cuspiu nas costas
de Lord Kaspar. "Você nunca deve tocar em Rosa ou assustá-
la novamente. Ela é minha e superou você, e você fará tudo o
que ela pedir!"
O corpo vacilante e trêmulo de Lord Kaspar se virou
para encarar os orcs, suas mãos visivelmente trêmulas
abotoando a frente de suas calças. "Vou chamar os guardas e
soldados," ele engasgou. "Vou mandar matar todos vocês."
"Não, você não vai, Kaspar," disse outra voz, suave,
cortante. E quando Rosa virou a cabeça, seguindo os olhos
atônitos de Lord Kaspar, lá estava — Lady Scall. De pé no
corredor com as mãos nos quadris, sua expressão era de
desdém total e impiedoso. E espere, ela estava escondida no
quarto dos fundos também? Com Tristan, Salvi e Simon?!
"Eu ouvi muito mais de você do que eu teria
preferido," disse ela para Lord Kaspar, em tons frígidos. "Eu
não vou tolerar um massacre injustificado debaixo do meu
nariz, e certamente não a mando de um pedaço de escória tão
intrigante. Por que recebi uma proposta de casamento de
gente como você, não consigo entender."
Lord Kaspar começou a falar, balbuciando palavras
que ninguém estava ouvindo, e Lady Scall ergueu a mão fria
e imperiosa. "Silêncio," ela retrucou. "E você deve concordar
com tudo o que Rosa pede, em compensação por seu
comportamento repreensível em relação a ela. De uma vez."
Por um instante, Lord Kaspar piscou para Lady Scall
com algo quase como admiração, mas então seus olhos
voltaram para Rosa, e ela
pôde ver a raiva acendendo, alimentando, queimando. "Eu
não vou," ele sussurrou. "Depois de tudo que fiz por ela, essa
camponesa me usou, mentiu para mim e me traiu com um orc"
— ele lançou um olhar maligno e odioso para John — "e agora
ela tem a audácia de me chantagear?!"
John estava novamente tentando escapar de Tristan e
Salvi, que em algum momento se agarraram novamente a cada
um de seus braços, mas Lord Kaspar nem pareceu notar,
dando dois passos cambaleantes em direção a Rosa. "Você
nunca será uma estudante ou uma estudiosa," ele disse a ela,
irritante, triunfante. "Você nunca mais pisará em uma
biblioteca. Sem mim, você vai acabar vivendo
empobrecida nas ruas, chupando pau para o seu jantar!"
Rosa estava recuando novamente, em direção à
segurança da estante, e piscou ao ouvir John rindo, duro,
sombrio, quase diabólico. "Ela não vai," ele cuspiu. "Ela será
mantida gorda, feliz e contente. Ela administrará sua própria
biblioteca, prosseguirá seu trabalho como erudita e escreverá
quantos tratados quiser. Ela o destruirá com cada página de
sua caneta. Ela será para sempre conhecida como a salvadora
de inúmeras vidas de mulheres, e a bela e inteligente mãe do
último dos Ka!"
As palavras ecoaram pela sala, disparando uma onda
estranha e retorcida direto para a virilha de Rosa. E embora
ela pudesse vagamente ouvir Lord Kaspar falando novamente,
soava turvo, distorcido, e seus olhos estavam fixos apenas no
rosto cruel, bonito e furioso de John.
“Você é um idiota, para falar tais mentiras," John
continuou, cada palavra certa, forte, feroz. "Todos nós
sabemos a verdade disso. Você tinha uma mulher gentil,
inteligente e ansiosa, que procurava obedecer e agradar com
uma doçura tão impressionante, e que possui talvez a garganta
mais profunda do reino. E você falou falsamente com ela, e
realmente a assustou, e a prendeu aqui como sua serva. Você
permitiu que ela ficasse gelada, esquelética e fraca. Você a
provocou com verdadeiro aprendizado, mas o tempo todo
manteve isso fora do alcance dela e, em vez disso, reivindicou
o bom trabalho dela como seu. Você nem ouviu quando ela
falou sobre como proteger sua própria biblioteca inestimável.
Você deveria se afogar em sua pura desgraça."
John havia se soltado dos braços de Tristan e Salvi
enquanto falava, e deu um passo brusco para mais perto de
Lord Kaspar. Seu corpo tenso e musculoso aparecendo alto e
poderoso sobre a forma encolhida e de repente pequena de
Lord Kaspar.
"Você deve cumprir os termos dela," John rosnou,
estendendo a mão para Rosa, dedos em garra esticados. "Ou
ainda morrerás."
Ninguém parecia disposto a discutir desta vez, nem
mesmo Lord Kaspar, e os olhos de Rosa se fixaram na mão de
John. Estendendo a mão em direção a ela, esperando, em uma
oferta silenciosa, mas firme —
E em um movimento brusco e trêmulo, Rosa pegou.
Cambaleando em direção a ele, e encontrando-se
abruptamente apertada contra ele, suas costas pressionadas
contra seu peito quente e familiar, suas mãos abertas e
protetoras contra sua cintura.
De tão perto, ela podia sentir o batimento cardíaco
dele, trovejando forte e reconfortante em suas costas, e ela se
sentiu afundar nele, na quente, maravilhosa e
fundamental justeza disso. De seu companheiro, ali.
Segurando-a, mantendo-a segura em seus braços, mesmo
enquanto eviscerava seu maior inimigo com sua verdade.
Tristan e Salvi começaram a avançar em direção a
Lord Kaspar, suas garras e dentes à mostra, e o cérebro
rodopiante de Rosa apontou o quão pequeno
Lord Kaspar parecia. Até Tristan, que nos pensamentos de
Rosa de alguma forma parecia pequeno, se elevou uma cabeça
sobre ele, e Rosa pôde ver o arrepio de resposta de Lord
Kaspar, seus olhos correndo para cima e ao redor, demorando-
se desesperadamente na porta da frente fechada.
"Nós não permitiremos que você vá," disse Tristan,
sua voz estranhamente assustadora em sua certeza suave e
cortante. "Não até que você cumpra."
"Você não pode fazer isso comigo," Lord Kaspar
balbuciou. "Você está quebrando seu próprio tratado!"
Desta vez foi Salvi quem riu, mostrando seus dentes
brancos e afiados. "Nós não somos, você helvítis ógeð," ele
disse, "e você sabe disso. Agora pare de desperdiçar nosso
tempo, e vá logo com isso. A menos que você realmente
queira ser conhecido para sempre como" — ele se abaixou e
pegou um dos papéis espalhados de Rosa — "o cruel,
descuidado e insensível destruidor de inúmeras mulheres
ingênuas."
O corpo de Lord Kaspar estava inclinado em direção
à porta, uma expressão de caça
brilhando em seus olhos. "Ninguém vai acreditar na palavra
de uma camponesa insana sobre mim. Ninguém!"
"Oh, eu discordo," interveio Lady Scall, que
continuou a assistir a tudo isso com desgosto frio, com os
braços cruzados sobre o peito. "Acho que o
público ficará muito curioso com essas revelações.
Especialmente se forem amplamente conhecido por ter se
originado com outro membro da nobreza, que tem um grande
conhecimento em primeira mão sobre este assunto em
particular."
Um ruído de asfixia escapou da garganta de Lord
Kaspar, seus olhos agora abertos para o rosto duro de Lady
Scall. "Você não iria," disse ele, "endossar isso
publicamente."
"Eu faria," respondeu Lady Scall, com determinação.
"Eu não aceitei gentilmente sua busca dedicada de minha mão
em casamento, sob pretextos tão completamente fabricados.
Você é um pai ausente, um falso estudioso e um trapaceiro."
A rebelião se acendeu novamente nos olhos de Lord
Kaspar, e seu lábio se curvou, sua boca se abriu para falar —
e então ficou frouxa novamente, porque desta vez, era Simon
caminhando em direção a ele. Seus passos pesados,
ameaçadores, seu corpo maciço elevando-se sobre Lord
Kaspar enquanto ele estalava propositalmente seus dedos
enormes, um por um.
"Homem tolo orgulhoso demais para aprender," disse
ele, sua voz profunda com desprezo. "Ou muito estúpido. O
Executor deve ensinar melhor."
O rosto de Lord Kaspar perdeu toda a cor, seus olhos
arregalados e aterrorizados nos punhos de Simon, quando uma
repentina poça de umidade manchou a frente de suas calças.
Ganhando uma risada zombeteira de Simon e uma risada fria
e aterrorizante de John.
"Você está cercado por todos os lados, seu tolo
barato," John assobiou. "Agora ceda. De uma vez."
Lord Kaspar finalmente pareceu murchar, seus
ombros caindo, seus lábios murmurando inutilmente, seus
olhos esbugalhados ainda fixos nos punhos enormes de
Simon. "Eu —" ele engasgou. "Maldição. Eu — eu admito.
Eu vou fazer isso."
Rosa exalou, áspera e estremecendo, o alívio tão
visceral que ela sentiu-se cair de volta na força sólida de John.
Lord Kaspar faria isso. Ele tentaria parar a guerra. Ela ganhou.
Naquele exato momento, a porta da frente da
biblioteca se abriu atrás dele — e entrou Susan, a empregada
matinal da biblioteca. Parecendo alegre e de olhos brilhantes
enquanto ela fechava a porta atrás dela — até que ela se virou,
viu os quatro orcs e gritou.
Era estridente, ensurdecedor, perfurando a sala. E com
o som, o corpo já oscilante de Lord Kaspar se inclinou,
desviou e cambaleou — e depois caiu no chão em um
desmaio.
Capítulo 39
Os próximos momentos foram puro caos. Consumido
pelo ataque histérico de Susan, as atenções frenéticas de Salvi
para o corpo inerte de Lord Kaspar e as gargalhadas altas e
incontroláveis de Simon.
Rosa se concentrou em acalmar Susan, uma tarefa que
se mostrou profundamente enfurecedora, principalmente
porque Susan continuava ameaçando chamar vários guardas e
regimentos para expulsar os orcs da biblioteca à força. Uma
visão de sangue e livros arruinados que ainda coagulava as
entranhas de Rosa, e mesmo sua bronca mais severa não
parecia calar Susan, especialmente quando ela percebeu que a
forma prostrada no chão aos pés dos orcs não era outro senão
o próprio Lord Kaspar.
Finalmente Salvi conseguiu reviver Lord Kaspar, que
então vomitou nos sapatos caros de Lady Scall. Ganhando em
troca uma bronca feroz e eloquente de Lady Scall sobre
senhores patéticos que não conseguiam se controlar, ou
aceitar quando foram derrotados, ou pararam de contribuir
para o fedor profano que emanava desta maldita e odiosa
biblioteca.
Lord Kaspar logo se sentou, segurando a cabeça, e
gritou para Susan parar de gritar, a menos que ela quisesse ser
arremessada sob as rodas da próxima carroça que passava. O
que deu a todos um momento de trégua, pelo menos até Lord
Kaspar desmaiar novamente, e Simon irromper em mais
gargalhadas ruidosas, enquanto Susan lançava outro coro de
gemidos ensurdecedores, e John — que estava de pé ao lado
de Rosa, seus braços cruzados apertados sobre o peito —
apareceu à beira de arrancar a cabeça de alguém,
provavelmente a de Susan, ou Simon, ou Lord Kaspar, ou
todos os três.
"Você deveria ir, John-Ka," interrompeu a voz de
Tristan, logo atrás de John. "Vamos abordar o resto daqui,
ach?"
O olhar angulado de John para Tristan era pura e
descarada gratidão, e ele imediatamente acenou com a cabeça,
sua mão apertando o braço de Rosa. "Agradeço-lhe,
meu irmão," disse ele, baixo e fervoroso. "Venha, querida."
Rosa se contorceu e piscou para ele — venha,
querida, ele disse — e sua forma tensa pareceu se apertar
ainda mais, seus olhos se fechando brevemente. "Eu deveria
dizer," ele emendou, sua voz grossa, "se você quiser vir
comigo, Rosa, eu ficaria honrado em trazê-la para casa. Para
a nossa montanha."
Casa. Para a nossa montanha. Cada palavra era um
sino profundo, soando turbulento e poderoso, e Rosa olhou
para John, para a incerteza nua e crua em seus olhos.
Esperando ela falar. Para — escolher.
Os olhos de Rosa continuaram piscando, formigando
com uma esperança repentina e sussurrante, e sua cabeça de
alguma forma balançou a cabeça, por conta própria. Lançando
uma onda de alívio irrestrito no rosto de John, e dentro de uma
respiração ele a pegou em seus braços, perto, quente, segura.
"Encontro você na montanha, irmão," disse ele a
Tristan. "Mais uma vez, eu agradeço."
Tristan apenas sorriu para eles com uma satisfação
inconfundível, e então se virou para Salvi, que estava
xingando o rosto ainda morto de Lord Kaspar. Uma visão que
fez Rosa fazer uma careta e, felizmente, John se afastou
abruptamente, puxando-a para mais perto enquanto
caminhava para a porta.
Rosa o viu abrir a porta com cuidado, sentindo o
cheiro do ar além, esperando — e então ele correu para o sol.
Em um mundo que parecia surpreendentemente sombrio e
vazio, mais cedo naquela manhã, mas de repente parecia
exuberante, brilhante e vivo, piscando com sussurros de
esperança.
John não vacilou nem uma vez em seu passo, indo
direto para a cobertura das árvores. E enquanto ele se
esquivava e pulava, passando por cima de rochas e sob galhos,
era quase como se o tempo tivesse deslizado, virado, virando
para trás e para frente e para trás novamente. Todo o caminho
até o aperto familiar firme da mão de John contra a bunda de
Rosa, o movimento implacável de seu quadril entre suas
pernas abertas.
Mas foi diferente, desta vez. John não carregava
livros. Não havia mais segredos. E esta não era uma missão
de resgate selvagem, ou uma reação contra a
fraqueza mal pensada de uma noite, ou uma tentativa tola de
pesquisar uma guerra. Foi — o quê?
O olhar de John se inclinou para Rosa, onde ela
estivera procurando abertamente seu perfil severo. E era quase
como se ele pudesse ver sua alma, a consciência piscando em
seus olhos estreitos. E com um puxão duro de seu corpo contra
ela, ele parou. Parado inteiramente, ali sob a manchada luz do
sol da manhã, apanhada no murmúrio da floresta, observando
o silêncio.
"Ach, bichinho," ele disse, sua voz falhando. "Eu devo
— falar com você, eu sei."
Rosa piscou para ele, seus pensamentos voltando às
palavras de Hanarr naquele primeiro dia. Nós Ka-esh não
fazemos votos com frequência. A boca de alguém pode falar
qualquer número de palavras vazias, mas seus atos falam
apenas a verdade.
E as ações de John hoje certamente tinham falado
muitas coisas surpreendentes. Ele tinha vindo para a
biblioteca. Ele estava lá quando Rosa enfrentou
Lord Kaspar. Ele quase matou Lord Kaspar, para mantê-la
segura. E ele a ajudou a conquistar Lord Kaspar, suas
verdades ferozes e empolgantes ao lado dela.
E, também, ele disse essas coisas para Lord Kaspar.
Todas aquelas coisas adoráveis e impossíveis, sobre Rosa ser
mantida em segurança, administrar sua própria biblioteca e
perseguir seus próprios interesses como acadêmica. Sobre ela
ser a mãe do último dos Ka.
Mas ele não tinha dito tais coisas para ela. Bons
deuses, a última vez que eles realmente se falaram, ambos
disseram todas aquelas coisas horríveis um para o outro, e ele
gritou para Rosa deixá-lo.
Ela podia ver a consciência disso nos olhos de John, e
ele a moveu em seus braços para que ela o encarasse de frente,
as pernas entrelaçadas nas costas dele. Seu peito subindo e
descendo, levantando-a suavemente junto com ele.
"Você deveria saber," ele disse finalmente, desigual,
"a verdade de por que eu vim pela primeira vez à sua
biblioteca. Eu não fui para cortejá-la ou prejudicá-la. Eu só
fui" — ele suspirou e endireitou os ombros — "para saber
mais sobre esse homem sujo. Há muito procuramos pesquisar
todos esses senhores e seus filhos mimados, e há muito tempo
desejo visitar esta biblioteca. Então, assim, eu fui."
Ele tinha ido à biblioteca para pesquisar. E se não
fosse tão ridículo, Rosa poderia ter rido — mas ela não
conseguia nem respirar, percebi o olhar nos olhos de John, a
instabilidade de sua voz.
"E esta biblioteca," ele disse, "cheirava a você,
querida. Você estava em cada último livro e papel. Até nas
penas e nos tinteiros. E acima de tudo sobre as mesas e
escrivaninhas, e aquela cama. Todos os lugares para onde esse
homem imundo levou você."
Rosa engoliu em seco, esperando, e John sufocou uma
risada sem calor. "Eu mal conseguia ler, pela força disso,"
continuou ele. "E então você veio até mim. Você não
desmoronou ou gritou ou chorou ao me ver. Em vez disso,
você discutiu comigo. Você me fez perguntas com clareza e
inteligência. E em seguida você ouviu minhas palavras,
atendeu-as como verdade e me concedeu permissão para ficar.
Você me surpreendeu."
Oh. Rosa sentiu a boca se contorcer relutantemente —
só John expressaria tal aprovação por ter sido discutido —
mas seus olhos estavam sérios, suas mãos apertando contra
ela. "E depois," ele disse, sua voz
baixando, "você se ofereceu para mim. E eu sabia a verdade
por trás disso, eu sabia que você desejava me usar para obter
seus próprios fins, e ainda" — seus olhos
fechados — "eu ansiava por você, querida. Fiquei pensando
em você durante todo este dia. Sua fome era tão doce, sua
rendição era tão ansiosa e seu medo —"
Ele fez uma careta, sua cabeça se afastando, como se
não pudesse suportar admitir isso, neste momento — mas as
mãos de Rosa estavam em concha em seu rosto,
trazendo-o de volta, atraindo aqueles olhos de volta para ela.
"Isso despertou você," ela sussurrou. "Eu sei. Também me
excitou."
Houve um vislumbre de sua língua, sacudindo entre
seus lábios, e ele sufocou outra risada curta. "Eu ansiei!por
isso," disse ele. "Eu ansiava por isso. Eu não me importava se
eu te enchesse com meu filho. Eu não me importava com este
homem imundo cujo fedor manchou seu cheiro. Meu único
pensamento era a minha necessidade de ter você. Para foder
você até que você gritasse e jorrasse para mim. Para possuir
você, animal de estimação."
A vergonha manchou seus olhos novamente,
sussurrando de arrependimento, mas Rosa manteve as mãos
em seu rosto, seu olhar fixo no dele. Recusando-se a julgar
seus desejos, ou condená-los, da mesma forma que se recusou
a julgar os dela.
"Eu me gloriei nisso," ele sussurrou. "Em foder você
sem sentido naquela mesa, onde você lia todas essas mentiras
tolas, e procurava com tanta seriedade desfazer meus parentes.
Eu nunca tinha provado fome ou poder como este. Mas depois
que foi feito —"
Ele parou, mais uma vez fazendo careta, mas Rosa
observou, esperou, até que ele falou novamente. "Eu jurei,
naquela noite, que abordaria isso e não mais
cederia ao seu chamado. Mas eu não podia parar. Eu fiz isso
de novo e de novo — e cada vez havia novos segredos para
aprender, novas alegrias para encontrar. Cada vez que você
me prendeu mais fundo sob seu feitiço."
Uma de suas mãos deslocou-se de sua bunda,
levantando-se para roçar seus lábios, seu dedo com garras
cutucando entre eles. "Lutei contra isso com toda minha
vontade," ele respirou. "Eu lutei contra o vínculo que
tínhamos forjado. Eu lutei com você. Mas eu falhei."
As palavras pareceram cravar-se nas entranhas de
Rosa, preenchendo todos aqueles espaços vazios, cheios de
calor, de saudade. Mesmo quando os olhos de John
escureceram novamente, afastando-se dela, seu dedo caindo
de seus lábios.
"Eu não poderia suportar perder você para este
homem, quando ele veio para você," ele
continuou, rígido agora. "Então eu escondi isso de você. Eu
escolhi acreditar em suas palavras de ódio contra ele, em vez
de buscar sua verdade."
Oh. O rosto de John estava deslizando novamente
para a velha máscara, frio e distante,
sua mandíbula rígida sob o toque de Rosa. "Eu falhei com
você, nisso," disse ele. "E eu falhei com você novamente,
quando eu a atingi desprevenida com a verdade do que esse
homem sujo tinha feito com você. E então, novamente,
quando eu não vi a força do seu medo deste homem, e
enfrentei você para conhecê-lo, sem mim. E
então novamente" — sua mandíbula apertou mais sob os
dedos dela — "quando eu me enfureci com você, e mandei
você fugir de mim, e lancei seus cuidados sobre meus
parentes, e um Skai. Quando empurrei você e meu filho para
um verdadeiro perigo, onde não pude mantê-los seguros."
As palavras não pareciam vir, de repente, presas na
garganta de Rosa, e o peito de John inchou contra ela, oco
novamente. "Eu nunca deveria ter feito isso," disse ele, sua
voz tão baixa, tão amarga. "Eu fui um tolo. Eu permiti que
minha dor e minha raiva me engolissem. Eu me curvei ao
medo de perder você e meu filho para sempre para este
homem. Eu não vi, eu não aprendi. Eu não" — seus olhos
foram para os de Rosa, breves, envergonhados — "confiei na
minha própria
companheira."
Sua própria companheira. Essa palavra carregada e
mortal, realmente dita de sua própria boca, a verdade dela
brilhando em seus próprios olhos. Rosa tinha sido sua
companheira. Ela era.
Rosa sentiu a cabeça balançar para cima e para baixo,
os dedos deslizando sobre a pele dele. Seus olhos procurando
os dele, vendo novamente aquela amargura, a culpa. "Mas eu
também não confiei em você," ela sussurrou, sobre o nó ainda
entupindo sua garganta. "Eu menti para você o tempo todo,
John."
O ombro de John encolheu os ombros, empurrando
Rosa junto com ele. "Ach, mas eu sabia de todas as suas
mentiras," respondeu ele, rouco. "Eu sabia o que você estava
a perder, e quão profundamente este homem a machucou.
Você ainda era minha companheira. Você ainda carregava
meu filho. Eu deveria ter mantido você a salva."
Seus olhos estavam novamente piscando além dela,
vazios, sem ver, e de repente Rosa não podia suportar a visão
disso, de seu belo e poderoso companheiro perdido em tanta
miséria, tanto arrependimento. "Você me manteve segura," ela
disse, balançando a cabeça de propósito. "Você sabia que eu
estava com Tristan. Não foi?"
O olhar de John disparou em direção a ela, mudando,
enquanto ele assentiu, uma vez. Confirmando o que Rosa já
sabia, e de alguma forma ela até sorriu para ele, piscando seus
próprios olhos úmidos demais. "Você confiou em Tristan para
me manter segura," ela disse, "e ele fez. Ele é maravilhoso,
John. E sua lealdade a você é absoluta. Mas tenho certeza que
você sabe disso, não é?"
John assentiu novamente, rápido e sombrio, e Rosa
assentiu também, suas mãos
acariciando as linhas duras de seu rosto. "Ele me contou o que
você fez por ele e Salvi, todos esses anos atrás," ela sussurrou.
"E Salvi nos contou o que você fez
por ele, com sua companheira. Você os manteve seguros. E
você sabia que eles fariam o mesmo por mim."
A garganta de John convulsionou, mas houve outro
aceno de cabeça, e Rosa tentou outro sorriso, e enfiou um
dedo fraco em seu peito. "Sabe, eu odiei brigar com você, e
me separar de você, seu grande réprobo," ela disse, tão
levemente quanto pôde. "Mas no final, acho que deu certo.
Você não acha? Eu — precisava de tempo, eu acho. Para
chegar a um acordo com você e comigo. Para enfrentar meu
próprio passado e minha própria verdade. Para entender
minhas próprias ações em relação a você. As maneiras que eu
menti para você. Como eu queria fazer as pazes com você."
Ela estava balbuciando de novo, talvez, mas John não
parecia se importar, e sua
boca até se contraiu, seus ombros caíram. "Isso não foi uma
emenda," ele disse, rouco. "Esta foi uma batalha completa,
montada, encenada e vencida. Isso foi —
brilhante, meu pequeno animal de estimação inteligente. Foi
uma peça bem digna de um Ka. De — você."
O calor percorreu a barriga de Rosa, grosso, rico e
cheio, e ela lhe deu outro sorriso rápido e genuíno. "Bem, não
teria funcionado sem você," disse ela, e ela quis dizer isso.
"Obrigada por estar lá, meu senhor."
Seus olhos pareciam quase dolorosamente atentos aos
dela, e seu aceno foi lento desta vez, determinado. "Eu sabia
que nunca mais deixaria você enfrentar essas provações
sozinha," ele murmurou. "Jurei mantê-la segura, e o farei."
O calor borbulhou de novo, mais cheio e brilhante,
tanto que Rosa sentiu-se radiante para ele, suas pernas
apertando em torno de sua cintura, seus braços
enrolando em volta de seu pescoço. "Mesmo que eu não seja
alta, robusta ou serena?" ela perguntou. "Como aquela outra
mulher que você queria?"
Ela não sabia muito bem por que havia perguntado —
talvez porque fosse o último sussurro irritante, arrastando-se
contra sua felicidade — e John estava olhando para ela
estranhamente, seus olhos vazios. "Quem?"
Rosa tentou dar outro sorriso, mas desta vez não
conseguiu. "Ah, você sabe," disse ela, tão
despreocupadamente quanto podia. "A mulher que você me
disse que queria naquele dia, quando você me amarrou na
cama. Aquela que não se vende, nem tagarela constantemente,
nem finge ser mais esperta do que é."
John piscou para ela, verdadeiro espanto brilhando em
seu rosto — e lá estava a compreensão, lenta, incrédula. "Você
sabe que eu quis dizer isso?" ele
disse, e de repente ele latiu uma risada muito alta. "Helvíti,
mulher. Depois disso, você pegou minha garra em seu ventre,
e me implorou para vomitar minha semente em você, e
inundar seu lindo rosto de mim, e me agradeceu. E então
sorriu para mim o dia inteiro como se eu fosse um deus,
enquanto
cheirava meu perfume fresco. Você sabe que eu deveria
pensar em alguma outra mulher falsa, depois
que você me derrubou com isso?"
Oh. O calor estava voltando, estremecendo seu alívio
com tanta força que Rosa sentiu-se desmaiar — embora John
ainda estivesse franzindo a testa, seus olhos ainda escuros com
descrença. "Eu desejo por você, mulher," ele estalou. "Você é
rápida, curiosa e inteligente. Você leu mais do que qualquer
outra coisa que eu conheço.
Você é uma estudiosa. Você estudou cinco línguas, uma delas
minha.
Você encontrou um livro que altera o futuro de minha espécie,
e livremente me concedeu, e em seguida escreveu um tratado
sobre isso para compartilhar com os humanos, para que todos
possam ganhar com seu conhecimento. Você pode ter parado
uma guerra hoje, com sua caneta, seus conhecimentos e sua
verdade. E" — ele inalou, sua voz se aprofundando — "sua
garganta é uma maravilha, seu pequeno útero apertado pinga
sementes de orc por dias, e quando eu empurro e assusto você,
isso a excita, e você me implora por mais. E agora você
carrega meu filho e jurou aos meus parentes que não serei o
último dos Ka. Como eu poderia não desejar você, e um filho
seu, com todo o meu ser?"
Oh. Não havia palavras possíveis, nenhuma maneira
possível de falar — então, em vez disso, Rosa se empurrou
para mais perto dele. Agarrando seu corpo sólido com toda
sua força, enterrando seu rosto na pulsação rápida de seu
pescoço, sentindo seus olhos vazando contra sua pele.
"Seu canalha desonesto," ela sussurrou. "Deuses,
John-Ka, eu te amo."
Ela podia senti-lo apertar ainda contra ela — e de
repente havia mãos com garras familiares, inclinando o rosto
molhado para cima. Seus próprios olhos molhados de cílios
longos piscando com força, procurando os dela, esperando.
Querendo que ela dissesse de novo,
querendo vê-la dizer — então ela fez.
"Eu te amo, John-Ka," ela respirou. "Meu Senhor.
Faça-me seu companheiro ligado?
E seu animal de estimação leal e obediente?"
E naqueles olhos, havia vida, alegria, admiração.
Calor diferente de tudo que Rosa já tinha visto ali antes, e
quando eles finalmente sorriram para ela, tão lento, tão
afetuoso, ela pensou que poderia quebrar com a força dele.
"Ach, minha linda rosa," ele sussurrou, enquanto se
inclinava para selá-la com um beijo, doce, suave, dela, para
sempre . "Eu farei."
Capítulo 40
O resto da viagem para a montanha passou num
turbilhão de calor, luz e cor. De John realmente sorrindo,
realmente rindo, talvez com mais facilidade do que Rosa
jamais vira, e atormentando ela impiedosamente com cada
movimento firme de seu quadril entre suas pernas.
"Ach, meu pobre animal de estimação está com tanta
fome hoje," ele ronronou, uma vez que ele fez uma pausa para
alimentá-la com uma quantidade generosa de carne seca do
bolso dele, e ela então começou a chupar avidamente seus
dedos. "Você perdeu profundamente os
cuidados e alimentação de seu senhor, não é?"
Rosa nem sequer fingiu negar, contorcendo-se contra
a força capaz de seu corpo, sua mão gananciosa deslizando
para baixo para segurar em sua virilha tensa — mas mesmo
enquanto ele assobiava um rosnado acalorado, ele a pegou de
volta em seus braços, e novamente chutou em uma corrida.
"Logo, querida," disse ele, enquanto se lançava e
saltava, de volta a essa adorável
brincadeira familiar, essa dança. "Assim que tivermos você a
salva."
Por causa dos homens, percebeu Rosa, que
provavelmente ainda estavam à espreita, esperando para
atacar a qualquer momento. Embora talvez não por muito
tempo, se Lord Kaspar realmente tentasse persuadir seu pai e
o Conselho a abandonar suas tentativas tolas de guerra.
E ele iria, Rosa pensou com firmeza. Sua reputação e
posição sempre foram a maior prioridade de Lord Kaspar,
bem acima de sua família ou de quaisquer disputas políticas,
e Lady Scall, de fato, já tinha todos os tratados de Rosa
impressos, prontos para serem distribuídos a qualquer
momento. Tristan também havia assegurado a Rosa, em suas
cartas até hoje, que a partir de agora os batedores e espiões de
Skai teriam Lord Kaspar monitorado de perto, e
certamente saberiam de qualquer tentativa de fraude.
O sol estava quase se pondo quando a Montanha Orc
finalmente apareceu diante deles, enorme e escarpada,
lançando sua fumaça para o céu. E olhando para ele, em vez
do medo que Rosa sentiu da última vez, só havia alívio.
Antecipação. Excitação, pura e brilhante e de tirar o fôlego.
"Bem-vindo ao lar, bichinho," John disse, sua voz
grossa em sua garganta, enquanto ele os aliviava da mesma
forma que tinha feito da última vez, fechando a porta de pedra
atrás deles. Um som que deveria ser perturbador, talvez,
especialmente combinado com a escuridão repentina — mas
novamente Rosa só sentiu mais calor, mais excitação, mais
paz.
"Obrigada, meu senhor," ela sussurrou, em seu
pescoço. "Mer líkar þetta."
Sua mão segurou gentilmente e aprovandora sua
bunda, sua respiração exalando em seu cabelo, como se ele
estivesse prestes a falar — mas então houve um barulho à
frente, e a dança distinta da luz do fogo.
"John-Ka!" gritou uma voz vagamente familiar, e
quando Rosa piscou em direção a ela, era Aaron. E Brandr, e
Marcus, e Gary, e Hanarr, e meia dúzia de outros Ka-esh,
todos sorrindo e falando ao mesmo tempo. E entre eles
também estavam Jule e Grimarr, e Baldr e Drafli e Nattfarr —
e em um instante John e Rosa foram cercados por um bando
de orcs tagarelando alto, perguntando como a operação tinha
sido, e dando as boas-vindas a Rosa de volta à montanha, e
oferecendo seus entusiásticos parabéns.
John, para a vaga surpresa de Rosa, não traiu nenhum
sinal externo de aborrecimento com a repentina confusão, e
na verdade começou a presentear a massa de orcs com um
breve resumo dos eventos do dia. Falando com clareza e
orgulho inconfundível dos tratados inteligentes de Rosa, e sua
corajosa ofuscação de Lord Kaspar, e as profundezas a que
esse homem tolo havia sido reduzido sob seu hábil manuseio.
E então, para a surpresa crescente de Rosa, John
cuidadosamente a colocou no chão, virou-se para Grimarr e
Jule, e curvou-se, a mão em punho sobre o coração.
"Agradeço-lhe, Capitão, Senhora Capitã," disse ele, "pelo seu
planejamento inteligente e apoio aos meus objetivos. E eu
devo também" — ele se virou para a forma alta e silenciosa
de Drafli, e se curvou novamente — "agradecer aos Skai,
pelos muitos batedores e espiões que eles livremente me
concederam nestes últimos dias, e pelo empréstimo contínuo
de seu Executor. Você me manteve, meu companheiro, e meus
irmãos de parentesco seguros. Eu sou grato. Ég er þakklátur."
Com isso, ele acenou por cima do ombro, para onde
mais três Skai altos e esguios estavam caminhando
silenciosamente atrás deles. De fora, de onde eles — e
aparentemente também Simon — estavam seguindo John e
Rosa? Espionando? Mantendo-os seguros? Não só hoje, mas
durante toda a semana passada?
Mas sim, isso tinha que ser o que John quis dizer,
porque antes deles Drafli tinha inclinado a cabeça, sua própria
mão em punho sobre o peito exatamente no mesmo
gesto. Enquanto a outra mão dava alguns movimentos rápidos
e pontiagudos, seu olhar escuro se inclinava para Baldr ao
lado dele.
"Drafli diz: ‘Os Skai veem esse elogio,’" disse Baldr,
com satisfação. "‘Estamos honrados em manter a salvo nossos
sábios parentes Ka-esh.’"
John curvou-se novamente para Drafli, ao qual Drafli
retribuiu um aceno de cabeça. E logo os murmúrios ao redor
se transformaram em conversas e gritos,
durante os quais vários orcs encheram John com mais
perguntas, e Jule se aproximou para puxar Rosa para um
abraço apertado e caloroso.
"Estamos tão felizes que você voltou," disse Jule com
firmeza enquanto se afastava novamente, mostrando a Rosa
seu largo e contagiante sorriso. "Trabalho incrível lidando
com Kaspar. Espero que não tenha sido muito horrível?"
Rosa deu de ombros e sorriu de volta, com os olhos
voltados para John, que ainda estava conversando com Baldr.
"Algumas partes foram," ela disse com
sinceridade, "mas Lady Scall foi tão prestativa e tão
surpreendentemente gentil. Estou muito grata a você por
solicitar a ajuda dela, como você fez."
Jule acenou para longe, seus olhos brilhando. "Era o
mínimo que podíamos fazer," disse ela. "E para ser bem
honesta, nenhum de nós queria morar com ele" —
sua cabeça virou na direção de John — "depois que você foi
embora. Eu realmente não tinha ideia de que Ka-esh
pudesse ser tão malditamente malévolo. Era como se ele
estivesse possuído."
John tinha ouvido claramente isso, seu olhar estalando
em direção a Jule, seu lábio se curvando maliciosamente — e
Jule riu alto enquanto enxotava Rosa de volta para ele. "Bons
deuses, ainda está lá," disse ela. "Vá se foder com ele, Rosa,
por favor, pelo bem de todos nós."
O rosto de Rosa se inundou de calor, mas a ideia era
repentina e desesperadamente atraente — um sentimento que
John parecia compartilhar, sua mão abruptamente apertando
sua bunda e guiando-a pela multidão.
"Agora, para onde você quer ir, bichinho?" ele
perguntou, uma vez que ele pegou uma lâmpada de alguém, e
eles se afastaram do pior do barulho. "Para a cama? Ou talvez
sua biblioteca?"
Ambas as opções pareciam realmente deliciosas,
embora Rosa se sentisse franzindo a testa tardiamente para
ele, inclinando a cabeça. "Minha biblioteca?"
"Ach," John disse, com um encolher de ombros.
"Você abriu mão de sua própria biblioteca
para meu ganho e sabe mais do que qualquer outra nesta
montanha a melhor maneira de cuidar de uma. É justo que
agora você tenha a minha."
Tenha a dele. Este orc estava dando a ela uma
biblioteca, friamente, facilmente, como se não fosse nada.
Mas ao olhar para ele, procurando aquela distância cautelosa
em seu rosto, Rosa sabia que isso significava alguma coisa.
Importava. — Este foi um presente monumental, foi John
entregando talvez seu maior tesouro, para ela. Mostrando sua
verdade através de suas ações, como sempre fez, desde o
primeiro dia em que se conheceram.
Rosa atirou-se para ele, seus braços envolvendo sua
cintura, seu rosto enfiado em seu peito quente. "Obrigada,
John," ela sussurrou. "Ninguém nunca me deu algo tão
adorável."
Os braços de John se fecharam ao redor dela,
apertando com tanta força que lhe roubou o fôlego. "Animais
de estimação tolo," ele murmurou, embora as palavras
estivessem carregadas de emoção. "Você não ficará tão
agradecida quando realmente ver todo o trabalho ao qual isso
o obrigará. Não apenas isso, mas também seu ensino, seus
estudos de Aelakesh e sua escrita. Tudo isso enquanto seu
corpo minúsculo também cresce meu filho orc. E
por tudo isso" — sua voz endureceu — "você perderá para
sempre seu sonho de estudar nesta universidade."
Mas o calor era tão brilhante, parecia que Rosa iria
explodir com ele, e ela recuou para encontrar seu olhar, ambas
as mãos espalhadas contra seu peito. "Eu não preciso estar em
uma universidade para aprender," ela sussurrou. "Eu quero
estar aqui, John-Ka, aprendendo com você. E também" — ela
deu um sorriso para ele — "servir você, como seu animal de
estimação leal."
Algo gaguejou, mudou naqueles olhos, e ele sem
palavras agarrou a mão de Rosa na sua e a conduziu pelo
corredor. Em direção ao seu quarto, Rosa percebeu, e uma vez
que eles estavam lá dentro, ele se virou novamente para ela,
seus olhos estranhamente ilegíveis na luz bruxuleante.
"Eu tenho mais um presente para você," ele disse,
muito quieto. "Você deve escolher aceitá-lo."
Rosa sentiu suas sobrancelhas se erguerem, mas ela
assentiu, esperou — e de debaixo da pilha de roupas em sua
prateleira próxima, John tirou algo.
Algo liso, brilhante, dourado e prateado.
Era — um colar. Ou, mais precisamente, um kraga.
Um dos da forja Ka-esh, como os que Rosa tinha visto no
antro do prazer. Mas muito
menores e mais finos do que aqueles, feitos de delicados
fragmentos de ouro e prata batidos juntos. E quando Rosa
piscou mais perto, bebendo a beleza absoluta dele, ela
percebeu que também tinha roteiro escrito no interior, tudo
lindo fluindo Aelakesh.
"Você pode ler para mim?" ela sussurrou, suavemente
traçando seu dedo contra ele. Sentindo os detalhes da gravura,
a beleza impossível e irreal do trabalho em metal, feito com
cuidado e habilidade surpreendentes. Um presente. Para ela?!
"Em cima dele está escrito: ‘Eu pertenço a John, do
Clã Ka-esh,’" disse John, sua voz muito baixa. "‘Ele promete
me manter segura, alimentada e realizada, enquanto for
capaz.’"
Oh. Os olhos arregalados de Rosa saltaram para o
rosto de John, procurando aqueles malditos olhos vazios e
distantes — e ainda os lendo, de alguma forma, tão facilmente
como se estivessem escritos em uma página.
Este foi o seu voto. Esta era sua promessa. Este era
John admitindo, sem palavras, que ele tinha feito isso para ela,
especificamente para ela, e Gary não disse que um desses
levou dias —
A garganta de Rosa se apertou, e seus dedos traçaram
sobre aquela maldita linha reveladora, de repente gritando
com ela com a força nua e violenta de sua verdade. Por
exemplo, tilheyri John. Eu pertenço a John.
"Assim que eu fechar isto em volta do seu pescoço,"
a voz de John disse, rouca, "não abrirá novamente. Deve então
ser quebrado ou derretido."
Os olhos de Rosa não paravam de piscar, primeiro
com o poder daquelas palavras, e depois com o rosto dele. Seu
rosto, tão vazio, tão cauteloso, tão — com medo.
"É um costume tolo dos orcs, eu sei," ele disse, muito
rapidamente, enquanto baixava abruptamente o kraga ao seu
lado. "Ou melhor, um Ka-esh. Um desejo tolo de
reivindicar completamente outro, e ostentar isso para seus
parentes. Não significa nada, eu sei, quando alguém pode usar
tão facilmente o próprio cheiro e os dentes para marcar, e
talvez eu deixe isso de lado, até —"
Ele estava balbuciando, Rosa percebeu, com um afeto
súbito e trêmulo tão aquecido que parecia derreter suas
entranhas — e John estava se afastando dela, ele estava
escondendo-o de volta em sua prateleira. E depois de um
instante de silêncio chocado, Rosa se lançou corporalmente
para aquele braço, aquele kraga, antes que pudesse
desaparecer para sempre —
"Pare," ela engasgou com ele, suas mãos arranhando,
suas unhas realmente arranhando a pele dele. "Não se atreva
a guardar isso, meu senhor. É meu! "
Sua respiração estava ofegante, seu corpo formigando
por todo o corpo, e contra ela John
ficou imóvel, seus olhos fixos em seu rosto, suas narinas
dilatadas, seus dentes à mostra. Um rosnado baixo queimando
de sua garganta, e a emoção do medo desesperado e
maravilhoso era tão visceral, tão poderoso, a própria pedra
cambaleou sob os pés de Rosa.
"Você é um orc," ela sussurrou para ele. "E você não
é tolo, suas práticas não são tolas, sua cultura é sua e você é
você. E você é um maravilhoso réprobo desonesto, e eu te
amo, já lhe disse que serei seu animal de estimação e sua
companheira e a mãe de seu filho — então é claro que quero
usar um presente tão lindo, pelo amor dos deuses, John!"
Ela estava quase gritando com ele, e também
realmente à beira de chorar — até que tudo parou de uma vez,
quebrando em silêncio, enquanto as mãos de John circulavam
em torno de sua garganta.
Ele ainda estava rosnando, e o kraga brilhante foi
empurrado para cima em seu braço, liberando ambas as mãos
para isso. Por envolver totalmente o pescoço de Rosa com
tanto propósito, tanta força, tanta ternura.
Rosa estava totalmente congelada no lugar, sem se
mover, sem pensar, e a cabeça de John acenou com a cabeça
em aprovação, seu rosnado retumbando mais baixo, quase
como um ronronar.
"Gott," ele respirou. "Então você deve se despir para
o seu senhor, querida."
O calor brilhou sob a pele de Rosa, atingindo sua
barriga, virilha, coração — e ela, sem palavras, estendeu a
mão atrás dela para pegar a fileira de botões do vestido. Eles
eram pequenos e abundantes, correndo em uma longa linha
pelas costas, e os dedos trêmulos de Rosa se atrapalharam
contra eles, seu olhar preso na
fome mortal que atravessava os olhos impacientes e
imperiosos de seu companheiro.
"Mulher boba," ele zombou, enquanto sua mão descia
do pescoço para a clavícula — e com um puxão rápido e cruel,
ele rasgou o vestido de Rosa. Rasgando-o direto ao meio,
cortando costuras e aparado e rendado com uma força de tirar
o fôlego. Até que o vestido caiu do corpo de Rosa no chão,
deixando-a ali nua, totalmente exposta, diante dos olhos
gananciosos de seu senhor.
E ele estava olhando, seus olhos encapuzados
varrendo para cima e para baixo, sua língua deslizando para
fora para roçar seus lábios. Seu olhar se deteve, de repente, na
ligeira nova ondulação em sua cintura, a inconfundível nova
plenitude em seus seios formigando.
O gemido de John era cru, gutural, e em uma explosão
de movimento ele estava ali, perto dela. Suas mãos percorriam
sua pele, cobrindo sua barriga quase inteira entre eles, e então
curvando-se contra seus seios com uma reverência suave e
surpreendente.
"Minha linda pequena rosa finalmente floresce para
mim," ele respirou. "Você é tão justa, e tão doce, e tão
corajosa, minha inteligente Rosa-Ka."
Ele estava lhe dando seu nome, os pensamentos de
Rosa sussurraram descontroladamente, junto
com seu voto e seu elogio — mas ela ignorou o trovão
crescente em seu
coração e obedientemente esperou, ficou quieta, fixou os
olhos em seu rosto duro, bonito e incrivelmente terno.
Suas mãos tremiam levemente enquanto agarravam o
kraga, guiando-o gentilmente até a garganta de Rosa.
Acomodou seu peso leve e frio contra sua pele vulnerável,
contra a batida rugindo de seu pulso.
Seus olhos nunca deixaram os dela, talvez procurando
por hesitação ou medo, mas não havia nenhum. Apenas um
desejo repentino e jubiloso quando o kraga se aproximou,
lento, cuidadoso, seguro — até que na parte de trás do
pescoço, ela ouviu um estalo profundo e definitivo.
As mãos de John se afastaram, visivelmente trêmulas
agora, e em seu lugar, Rosa pôde sentir o beijo frio e leve do
kraga. Não apertado, não doloroso, não constringindo de
forma alguma — mas definitivamente lá. Falando de John,
sussurrando o nome de John, roçando o voto de John
suavemente contra sua pele.
Os olhos de John estavam fixos na visão, mais negros
e famintos do que Rosa jamais os vira, e ela ergueu um dedo
trêmulo para traçar o metal frio, sentindo o peso delicado dele,
mas também a força. A maneira — seu dedo traçando para
cima, ao redor, atrás dela — não havia de fato nenhuma
costura que ela pudesse sentir, nenhuma saída fácil.
Mas não era uma maldição. Não era uma armadilha.
Não era como Lord Kaspar, com seus vestidos de babados e
promessas vazias. Era um reflexo do que já era, do caminho
que Rosa já havia escolhido.
Ela enfrentou sua verdade. Ela queria John, e ela
queria esta vida. Ela queria aceitar sua alegria, seus desejos,
suas escolhas, sem vergonha, sem arrependimento.
O conhecimento muda tudo.
John ainda estava olhando para ela, tão faminta que
Rosa podia sentir o gosto, seus olhos varrendo para cima e
para baixo seu corpo nu. Sua própria forma era enorme e
tensa, suas mãos fechadas em punhos, e suas calças estavam
maciçamente esticadas, estremecendo, exibindo uma mancha
de umidade rapidamente.
"O que você acha, meu senhor?" Rosa finalmente
conseguiu, tão levemente quanto pôde, uma mão ainda
acariciando o frio círculo de seu kraga, a outra agarrando a
suave ondulação de sua barriga nua. "Como estou?"
Seu grunhido era rouco, impotente, seus olhos
trêmulos, suas bochechas e orelhas coradas de vermelho.
"Animal de estimação tolo," ele resmungou. "Parece que você
precisa de um linda corrente, para o seu novo kraga. E uma
noite de boa foda dura, no pau de seu companheiro e senhor."
A fome era um maremoto, uma catástrofe gigantesca
e oscilante, contida apenas pela força daquele voto na
garganta de Rosa, sua verdade beijando sua pele. Ela era dele.
Ele era dela. Ela estava em casa. Segura.
"Eu não poderia concordar mais, meu senhor," ela
sussurrou. "Então, por favor, leve-me ao seu antro de prazer,
e me exploda."

Capítulo 41
Rosa nunca imaginou sentir o tipo de fome que a
pisoteou enquanto seu companheiro totalmente vestido — seu
senhor — silenciosamente conduzia seu corpo nu, marcado e
grávido pelo corredor escuro, e para o antro de prazer
aquecido e iluminado pelo fogo de Ka-esh.
Ela podia ouvir os tapas e gemidos desaparecendo
enquanto John a conduzia, enquanto todos os olhos chocados
e observadores da sala pareciam formigar ao mesmo tempo
sobre sua pele nua. Mas não importava, nada importava,
apenas John, apenas a fome, enquanto ele sem palavras
agarrou algo da parede e prendeu no kraga de Rosa com um
movimento suave de sua mão.
Era uma corrente, realmente era, uma fina linha
dourada que agora serpenteava do pescoço de Rosa, até o
aperto fácil de sua palma. E enquanto Rosa estava
boquiaberta, com a boca seca, John deslizou a corrente por
entre os dedos, entrelaçando-a entre eles com uma facilidade
surpreendente, como se isso fosse algo que ele já tivesse feito
centenas de vezes antes.
E a razão para isso — aquela mão agarrou o queixo de
Rosa, inclinando-o para encontrar seus olhos brilhantes — era
para que ele ainda pudesse usar a mão como quisesse, sem
perder o controle da corrente. E também, talvez, para que seu
animal de estimação pudesse sentir a força daquele ouro
envolto em seus dedos, o sussurro de seu perigo silencioso em
sua pele.
"Quando um Ka-esh acorrenta um animal de
estimação," sua voz rouca, "o animal de estimação se ajoelha.
De uma vez. Sempre."
Um gemido rouco e impotente escapou da garganta
entupida de Rosa, mas ela imediatamente assentiu e caiu de
joelhos. O chão abaixo dela estava felizmente coberto com
pelo macio, mas ela mal notou, não com a alta forma poderosa
de seu senhor agora pairando sobre ela, sua virilha perto e
visivelmente inchada sob as calças, o cheiro doce e perigoso
dele enchendo sua boca, sua respiração.
A língua de Rosa lambeu seus lábios secos, e sua mão
trêmula e formigante alcançou aquela protuberância linda e
desesperadamente tentadora — até que um leve, mas muito
duro, puxão em seu kraga acalmou seus dedos no ar, seus
olhos correndo para o rosto dele.
"E você não toca," ele respirou, olhando para ela
através dos olhos encapuzados. "Você não faz nada além de
olhar para mim e respirar meu cheiro, até que eu lhe dê licença
para mais."
Outro gemido sufocado saiu da garganta de Rosa, mas
ela assentiu freneticamente e juntou os dedos no colo nu,
apoiando-se nos calcanhares. Porra, ela queria tocá-lo, ela
precisava tanto que doía, e ela teve que morder o lábio
enquanto arriscava outro olhar para ele, no
comando frio e fácil daqueles olhos imperiosos e
observadores.
"Gott," disse ele. "Agora fale comigo, bichinho. Na
minha própria língua."
Seus dedos flexionaram na corrente enrolada entre
eles enquanto ele falava, sugerindo uma ameaça real se Rosa
falhasse — e a emoção de uma mistura de medo, desejo e
fome era tão de tirar o fôlego que ela mal conseguia encontrar
as palavras.
"Ég vil vera þín, John-Ka," ela respirou, enunciando
tão claramente quanto podia. "Ég tilheyri þér."
Eu quero ser sua, John-Ka, isso significava. Eu
pertenço a você.
A língua de John deslizou para fora, suas narinas
dilatadas, sugerindo talvez uma gagueira na boca, seu controle
frio — então Rosa engoliu mais ar, manteve os olhos fixos nos
dele. "Mer líkar við typpið þitt, John-Ka. Ég elska hvernig þú
bragðast."
Eu amo seu pau, John-Ka. Eu amo o seu gosto.
"Por favor, deixe-me vê-lo, meu senhor," ela
sussurrou. "Eu preciso ver você. Por favor."
E John gostou disso, ele queria isso, a aprovação e o
carinho e a pura necessidade brilhando naqueles olhos — e
Rosa estremeceu ao ver as mãos dele lentamente, caindo com
indulgência até a virilha e puxando-se para fora.
E foda-se, ele era enorme. Inchado e gordo mais do
que Rosa jamais o vira, grosso, cheio de cicatrizes e corado, e
pingando daquela cabeça lisa, em um fluxo constante de
branco. A visão e o cheiro eram tão malditamente magníficos
que Rosa estava estranha e agudamente ciente de que eles não
estavam sozinhos na esta sala, esta sala estava cheia de orcs
— alguns dos quais John claramente tinha
antes, talvez assim. E sua beleza e seu poder deveriam ser
dela, apenas dela, e um olhar furtivo ao redor de fato mostrou
muitos orcs olhando, observando, vendo o pau espetacular de
seu companheiro, alguns deles até lambendo os lábios —
Outro puxão leve de sua corrente arrastou o olhar de
Rosa de volta para o rosto de John — mas ela não conseguiu
esconder seu estremecimento, seu desgosto, seu súbito ciúme
crescente. Talvez, até, sua vergonha.
Houve um instante de suspensão, a cabeça de John
inclinando — e em um movimento rápido, ele estava
agachado diante dela. Deslizando sua mão cravejada de
correntes gentilmente contra o pescoço dela, sua fome
fervendo atrás de algo que parecia quase — preocupação.
"Bichinho," ele respirou. "Minha rosa. Você está
bem."
Um calafrio percorreu o corpo ajoelhado de Rosa, e
os olhos de John procuraram os dela, cavando fundo, tão
poderosos que parecia que ele estava roçando
sua própria alma. "O que te irrita, querida," ele sussurrou.
"Fale comigo. Podemos parar, ou sair, a qualquer momento,
se você desejar."
O cuidado feroz e potente disso, de alguma forma
trouxe um sorriso vacilante à boca de Rosa, quando outra onda
de fome disparou através de sua virilha. "Não," ela engasgou.
"Por favor. É que" — ela lançou um olhar indefeso para os
orcs que observavam — "todos eles podem ver você. E você
é meu."
A compreensão brilhou nos olhos de John, junto com
um alívio inconfundível. "Ach, eu sou," ele disse, a frieza
rastejando de volta em sua voz. "Eu sou seu companheiro
ligado. Eu sou o pai do seu filho. E assim, nunca mais
tocarei em outro. Mas" — aquelas garras traçadas, macias,
contra seu kraga — "ainda sou um orc. Eu ainda sou o último
dos Ka. E se ficarmos, ostentarei minha fome, minha boa
semente e meu poder sobre você. Vou ostentar meu lindo e
obediente animal de estimação, enquanto você chupa, grita e
jorra em cima de mim."
Era um aviso do que estava por vir, percebeu o cérebro
agitado de Rosa — mas também era John falando sua própria
verdade, talvez até aceitando-a. Eu sou seu companheiro. Eu
sou um orc. O último do Ka.
E não havia o menor traço de relutância nisso. O
menor sinal de vergonha. Tinha sido falado com uma
facilidade suave e ininterrupta, com a ameaça de uma corrente
ainda roçando sua garganta.
"Mas se você quiser ir, querida," ele disse, mais
quieto, "nós iremos. E nada alterará entre nós. Ach?"
E isso, pensou Rosa, com uma certeza repentina e
selvagem, também era verdade. Sua
verdade. Ele era um orc, e defendia ferozmente aqueles de
quem se importava, até mesmo de si mesmo — e nisso, ele
não se desviava ou vacilava. Ele era dela, e
ele sempre seria.
A fome estava borbulhando novamente, colidindo
contra uma devoção pura e furiosa. A necessidade, quase
avassaladora em sua força, de servir a um senhor tão forte,
gentil e poderoso, que merecia tão completamente sua
lealdade, sua afeição e sua confiança.
"Eu entendo, meu senhor," Rosa sussurrou, sua mão
se levantando para tocar seu rosto — mas então parando no
ar, bem a tempo. "Obrigada. Mas prefiro ficar aqui e servi-lo,
como quiser."
Os olhos de John se fecharam brevemente, quase
como se sentisse dor, ou alívio — e depois de outro arranhão
suave contra o pescoço dela ele se levantou novamente, rápido
e gracioso, elevando-se sobre ela. Seu comprimento duro
diminuiu um pouco enquanto eles falavam,
mas agora ele visivelmente inchou novamente, queimando e
enchendo diante dos olhos grandes e gananciosos de Rosa.
E diante dos olhos de todos esses orcs observadores
também — mas a consciência disso parecia muito menos
poderosa, menos significativa do que antes. Especialmente
com John olhando para ela assim, com tanto calor e fome e
orgulho em seus olhos de pálpebras pesadas. Dela.
"Posso tocar em você?" Rosa sussurrou, sem querer.
"Ou provar você? Por favor, meu senhor?"
Algo perverso brilhou em seu rosto, e sua mão envolta
em corrente moveu-se suavemente para sua dureza espessa,
agarrando-se perto dela — e então ele lentamente,
deliberadamente, acariciou. Ordenhando uma longa e
gotejante corda branca, pendurada escorregadia e viscosa
diante dos olhos de Rosa.
"Você ainda não pode me tocar," ele ronronou, com
satisfação mortal. "Mas você pode abrir sua boquinha e beber
isso."
Rosa só pôde piscar por um instante, suas bochechas
queimando. Até que um puxão suave na corrente a puxou para
frente — e de alguma forma, seu coração batendo
desesperadamente, ela obedeceu. Inclinando-se para ele, e
inclinando a cabeça para trás, a boca aberta, para que ela
pudesse pegar o fio pendente da semente de seu senhor entre
os lábios entreabertos famintos.
O gosto explodiu em sua língua, tão suculento e doce
que ela gemeu, alto e irregular, o som ecoando pela sala
silenciosa demais. Um som que foi respondido por risadas,
não apenas de John acima dela, mas de vários orcs ao redor
deles — mas a vergonha de Rosa foi assustada, quebrada, por
outro empurrão gentil e proposital em seu kraga. Chamando
sua atenção de volta para seu senhor, que estava
vagarosamente, generosamente bombeando-se novamente.
Escorrendo mais daquela semente grossa e deliciosa, em uma
corda brilhante e escorregadia que se estendia de sua fenda e
se acumulava na língua rapidamente lambendo de Rosa.
"Pegue cada gota, bichinho," veio sua voz, baixa,
comandando. "E depois, talvez, eu vá permitir que você chupe
de mim."
Foda-se, as palavras e a voz dele e a promessa disso,
quebrando direto na virilha inchada de Rosa, arrancando outro
gemido fervoroso de sua garganta gananciosa. Não se
importando mais com o que isso parecia, como ela deveria
parecer, ajoelhada nua diante de um orc com um anel em volta
do pescoço, seus mamilos pontiagudos e formigando, sua
boca aberta engolindo desesperadamente o fio grosso de
branco bombeando constantemente do lindo pau com
cicatrizes de um orc.
E ela estava sendo um animal de estimação tão bom,
a aprovação e o triunfo brilhando no olhar atento de John
enquanto ele puxava a corrente para cima, em outro comando
silencioso. Um que Rosa obedeceu imediatamente, ficando
mais alta de joelhos, mantendo a boca aberta e engolindo,
mesmo quando aquele pau inchado queimava bem diante de
seus olhos, tão perto...
Seu dedo caiu em seus lábios, abrindo sua boca ainda
mais com um roçar firme de sua garra. E então sua corrente a
puxou para mais perto, mais perto — até que ele
finalmente encheu sua boca aberta com a cabeça sedosa e
arredondada de seu pênis inchado e pingando.
O gemido de Rosa era puro êxtase, e ela não se
importava com quem visse, quem ouvisse. Porque tudo o que
importava era isso, o pau de seu senhor finalmente em sua
boca, onde deveria estar, onde ela poderia prodigalizá-lo e
adorá-lo — e ela o mergulhou profundamente, quase todo o
caminho. Ganhando um gemido imediato e inconfundível de
John acima dela, e até mesmo vários suspiros de surpresa da
sala silenciosa.
Rosa o chupou com toda a força que podia suportar,
engasgando-se ansiosamente com a invasão que penetrava em
sua garganta, e suas mãos trêmulas e formigantes se ergueram
sozinhas, querendo agarrar sua bunda, para dar a si mesma
força para ir mais fundo — mas então ela gemeu em pura e
estrangulada frustração, suas mãos congeladas no ar, seus
dentes levemente cerrados sobre o grosso eixo entre elas.
John riu novamente, baixo e rico, seus olhos
enrugando com verdadeira alegria, sua mão pesada
acariciando seu cabelo. "Animal de estimação bobo", ele
murmurou. "Eu concedo você para me tocar, mas apenas para
que você possa me sugar mais profundamente. E eu
avisei sobre seus dentes, não avisei?"
Foda-se, sim, ele tinha, e foi por isso que Rosa os
deixou raspar novamente, mais forte desta vez — uma ação
chocante e incompreensível que fez os olhos de John
brilharem, seu comprimento grosso arrancando com muito
mais força do que antes. E sim, sim, foi só por isso que Rosa
fez isso, e ela apertou as mãos em sua
linda bunda, e puxou-o para mais perto. Tão profundo que ela
mal podia respirar, beijando e sugando na base dele, seu rosto
enfiado em seu cabelo áspero e cheiroso, enquanto ele pingava
suave e firme em sua garganta, direto em sua barriga faminta.
"Ach, isso combina com você, meu animal de
estimação," John disse, sua voz vacilando enquanto ele moía
contra sua garganta descontroladamente convulsiva. "Você é
tão bonita, com um kraga de orc e uma corrente em seu
pequeno pescoço. Com o pau dele esticando seus pequenos
lábios, enfiado em sua pequena garganta profunda."
Rosa estremeceu com o elogio, mesmo quando sentiu
seus olhos se estreitarem para ele, seus gemidos escurecendo.
Ele não a estava provocando de novo, querendo isso de novo,
ou ele estava —
"É uma alegria tão profunda," ele continuou, seus
olhos acesos com um calor diabólico, enquanto sua mão
afundou mais fundo em seu cabelo, seus quadris moendo seu
poderoso pênis mais fundo em sua garganta. "Ver meu animal
de estimação indefeso lutando e chupando com tanta fome.
Saber que você não me fará uma única pergunta tola, enquanto
eu continuar enchendo sua boquinha e entupindo sua garganta
com todo o meu pau —"
Os deuses amaldiçoam o bastardo, porque ele
certamente estava fazendo isso de novo. Provocando-a,
empurrando-a, sua língua negra varrendo seus lábios, seu
olhar brilhando com uma ganância tão escura e mortal. E
Rosa ia fazer isso, porra, ela ia fazer...
Ela mordeu com força. Mais forte do que ela jamais
imaginou morder outro ser vivo, muito menos este — e em
troca John realmente uivou, sua cabeça se erguendo para trás,
suas garras raspando afiadas no couro cabeludo de Rosa. Não
fazendo o menor movimento para se afastar, nem mesmo
quando a boca de Rosa fervilhava com o gosto de seu sangue,
grosso, ferro picante, escorrendo contra sua língua.
Meus deuses, o que diabos ela tinha acabado de fazer,
e Rosa tardiamente recuou, trêmula, lambendo os lábios — e
olhou, congelada, para a fina linha vermelha que ela havia
deixado para trás. Quase na base dele, mais acima do que
qualquer um dos outros, como se ela o tivesse marcado.
Ostentando o quão profundo ela o levou,
reivindicando sua reivindicação sobre seu companheiro
ligado...
John estava olhando também, piscando, traçando uma
garra instável contra ela — e quando sua cabeça se ergueu,
lentamente, seus olhos estavam ardendo de raiva, fome e
orgulho.
"Eu te avisei, querida," ele sussurrou, aquecido,
mortal, sua voz vibrando direto para a virilha inchada e
faminta de Rosa. "Não morda seu senhor. Acima de tudo
diante de seus parentes."
Seu polegar havia puxado para os lábios dela,
abrindo-os, talvez olhando para a visão de seu sangue em sua
boca — e em um súbito e furioso lampejo de força, ele puxou
Rosa para cima, girou-a e apertou seu
rosto para a parede mais próxima. Seus pés encontraram apoio
em uma pequena saliência que ela não havia notado antes,
elevando-a ao nível de John, e logo acima dela — Rosa
engoliu em seco — pendia uma corrente pesada e poderosa,
com duas algemas presas.
Mas sim, sim, John estava indo para lá, levantando os
braços dela com uma força fluida e implacável. E então
agarrando um pedaço de tecido de aparência inócua que
estava pendurado na parede, e enrolando-o rápido e
habilmente em torno de seus pulsos, antes de puxar as algemas
de aço para perto e fechá-las com um estalo poderoso e
angustiante.
"Porra," Rosa engasgou, tentando e falhando em
puxar suas mãos para longe daquele aperto de ferro, e atrás
dela John deu uma risada sombria e diabólica. Sua mão
provocando, acariciando sua coxa nua, agarrando sua bunda
exposta...
E então aquela mão se afastou, atenta, deliberada — e
a esbofeteou. A sensação brilhante e gritante, explodindo um
gemido chocado e indefeso da garganta de Rosa, seu corpo
todo tremendo, sua respiração irregular e
sufocada —
"Ach," John rosnou, puxando sua cabeça para trás
pela corrente, para que ele pudesse olhar para ela, segurar seus
olhos frenéticos. "É isso que você deseja, meu animal de
estimação desobediente? Para receber o castigo que você
merece, por ousar provocar seu senhor assim?"
Oh deuses, oh foda-se, porque as mãos dele estavam
puxando sua bunda atrás dela, empurrando suas pernas
trêmulas e mostrando à sala de observação tudo, tudo — e
então ele novamente golpeou sua bunda nua e curvada
com outro frio e pungente, tapa proposital.
Rosa gritou e lamentou, contorceu-se e retorceu-se,
seus olhos arregalados e selvagens
enquanto eles bebiam a fúria justa e presunçosa em seu rosto
cruel e triunfante. "Seu idiota desonesto," ela ofegou,
desejando, deleitando-se com o calor de resposta instantânea
queimando através daqueles olhos. "Eu só quero que você me
foda."
Um grunhido profundo e assustador saiu de sua
garganta, e aquela mão bateu novamente, subindo chuvas de
faíscas sob a
pele já macia de Rosa.
"Animal de estimação tonto," ele rosnou. "Você deve ganhar
a porra de seu orc. Você deve ceder avidamente ao meu
comando e me mostrar sua fome por mim."
A pura necessidade frenética estava gritando,
borbulhando pelo corpo de Rosa, deslizando com o próximo
tapa firme daquela mão. E mesmo quando uma parte distante
dela gritou para continuar lutando com ele, para ver o quão
longe ele iria, sua
mão golpeou novamente, ainda mais forte — e então, oh
inferno, deslizou contra seu calor molhado. Provocando-a,
atormentando-a, deslizando para o que era dele, onde ele
pertencia — e quando se afastou novamente, deixando-a
vazia e intocada, parecia que o desejo estava prestes a
explodir, perdido na pura e gritante necessidade. Na
necessidade feroz e fundamental de Rosa de agradá-lo, senti-
lo, aceitá-lo, ser. Minhas ações e meus desejos são meus.
Ela sentiu sua cabeça balançando freneticamente, seu
corpo tremendo, faiscando,
ofegando por ar — e então ela de alguma forma abriu mais
suas pernas trêmulas, projetando sua bunda despida, ardendo
e avermelhada ainda mais. Desnudando o aperto
vergonhoso e ganancioso de seu calor vazio direto para John,
para a sala aberta. Mais exposta do que jamais esteve, em
qualquer ponto de toda a
sua vida, implorando silenciosamente para seu companheiro
olhar, saber, tomar o que era dele, dar o que era dela.
"Por favor, meu senhor," ela engasgou. "Ríddu mér.
Ég vil þig."
Foda-me. Quero você. As palavras pousando como
pedras, ondulando em silêncio, no ruído audível de seus lábios
inchados e cerrados — e então, o súbito, vergonhoso e
chocante fio de sua própria umidade,
descendo por sua coxa.
"Por favor, John-Ka," ela engasgou, na quietude
tensa. "Meu Senhor. Meu Sacerdote. Sou sua. Seu animal de
estimação, seu companheiro, sua adoradora. No entanto, você
quer me usar. Eu preciso de você" — ela respirou fundo —
"para me levar, e me arar, e me encher até eu estourar."
Ela podia sentir a intensidade da atenção de John
sobre ela, o peso do
silêncio na sala quieta, de observação — e não havia mais
vergonha, nenhuma
hesitação, enquanto Rosa abria ainda mais as pernas, se
expunha ainda mais, sentia a prova de sua a fome realmente
pingando direto dela, acumulando-se no chão de pedra.
"Por favor, meu senhor," ela sussurrou. "Ríddu mér.
Ég elska þig."
Foda-me. Eu te amo.
A quietude fechou, pendurou, tremeluziu — e
finalmente, finalmente, John se moveu. Seu corpo
empurrando para frente, até que — um grito rasgou da boca
de Rosa — ela podia sentir a força lisa e escorregadia daquele
pênis, roçando contra seu calor apertado e aberto. Inchando e
queimando e chegando até ela, quase como se a procurasse,
encontrando seu caminho. Enquanto seu corpo inchado e
desesperado se esforçava para encontrá-lo, convulsionando na
cabeça dele, implorando, lutando por mais —
Seu golpe dentro foi brutal, furioso, mortal — e
naquele único e
devastador impulso, o prazer de Rosa se enrolou, agarrou e
explodiu. Sua boca realmente gritando, suas mãos puxando
inutilmente suas algemas, enquanto
aquele pau enorme e duro como pedra voltava para casa de
novo e de novo e de novo. Partindo-a em dois sobre ele,
esfolando-a, sucos jorrando e pingando, enquanto seu grito
continuava rasgando a sala, sua liberação ainda latejando,
ainda agarrada, ainda gritando sua fervorosa adoração a seu
companheiro, seu Sacerdote, seu senhor. A única dona desse
ferroado espeto, essas garras pontiagudas afundadas em seus
quadris, esses dentes cruéis raspando em sua garganta, e Rosa
arqueou para trás, desnudou o pescoço para ele, implorou e
balbuciou e quebrou —
Os dentes se apertaram, enquanto seu pênis se trancou
em quietude, suas bolas
salientes — e então, com um rugido sufocado, ele explodiu.
Soprando a semente com tanta força que a jogou de volta para
fora dela, o jorro espirrando em sua bunda avermelhada,
descendo por suas pernas nuas, enquanto aqueles dentes
afiados ainda seguravam seu pescoço, seus goles gananciosos
grossos e audíveis no ouvido de Rosa, sua garganta gemendo
com êxtase aquecido e quebrado.
Rosa de alguma forma ficou ali, deleitando-se com o
prazer flutuante e suspirante, ainda tão ferozmente poderoso
que era quase insuportável — pelo menos, até que a
intensidade da mordida de John finalmente desapareceu na
sensação de uma língua suavemente lambendo e beijando
suavemente os lábios. Quando o cérebro distante e rodopiante
de Rosa notou vagamente que ele também tinha seu kraga em
sua boca, ele a mordeu, talvez apenas para sentir sua força em
seu pescoço enquanto o fazia. Da mesma forma que — seu
corpo formigou, gemeu sob o toque — a mão dele escorregou
para baixo, deslizando quase ansiosa na bagunça total que ele
fez dela. Sua umidade ainda escorrendo por suas coxas
abertas, pingando liberalmente de sua
bunda exposta e avermelhada.
Mas suas pernas começaram a tremer muito, seu
corpo exausto se arrastando contra as algemas em seus pulsos
— e de repente John estava aqui, segurando-a. Sustentando
todo o seu peso com um braço forte e gentil, enquanto o outro
habilmente desamarrava as algemas dos pulsos e a puxava
para baixo.
Puxando cuidadosamente o pano e, em seguida,
virando uma mão e depois a outra, examinando-os claramente
em busca de qualquer sinal de dano.
Em seguida, ele começou a alisar o pano contra ela,
limpando sua
bagunça pegajosa e escorregadia com uma intenção suave e
silenciosa. Trabalhando nas costas de Rosa, acariciando seu
cabelo solto, e então movendo-se para sua bunda, suas pernas,
até onde ele de alguma forma colocou em seus pés.
Só então ele a virou novamente, apoiando-a contra a
parede, prendendo-a com os braços. Quase como se agora
para esconder a visão dela longe da sala — ou talvez para
esconder a verdade de sua própria boca inchada, o calor
corado de suas bochechas, o brilho brilhante em seus olhos
piscando.
"Você está bem, bichinho,"ele sussurrou. "Eu
prejudiquei você. Ou realmente assustei você."
Mas os pensamentos de Rosa só fervilhavam de calor,
de contentamento, de uma euforia arrebatada e crescente que
parecia muito próxima do triunfo. "Claro que não," ela
sussurrou, suavemente. "Eu queria isso. Eu adorei, meu
senhor."
As palavras eram vagamente familiares, como algo
que ela disse há muito tempo, e os olhos de John se
arregalaram brevemente antes de se fecharem, sua respiração
expelindo em uma única bufada áspera. "Sem falsidades," ele
sussurrou, como se ainda não acreditasse muito nela — então
Rosa colocou os braços trêmulos em volta do pescoço dele, o
arrastou para perto. E o beijou com lábios e dentes e língua
até que ele a beijou de volta, tão doce e reverente que cantou
profundamente em sua alma.
"Eu ainda teria parado," ele respirou, uma vez que eles
se separaram, sua testa dobrada para a dela. "Se você tivesse
perguntado uma vez. Ou cheirava a medo verdadeiro."
"Eu sei," Rosa sussurrou, e ela sabia, suas mãos se
espalhando
contra o peito dele, sentindo o baque de seu batimento
cardíaco — e, também, sentindo o tecido. Sua túnica.
"Espere," disse Rosa, puxando para trás para piscar
para ele, vendo-o pelo que parecia ser a primeira vez. "Você
ainda estava vestido esse tempo todo?! E" — ela
procurou a trança dele, e ergueu sua brilhante arrumação preta
diante de seus olhos — "seu cabelo ainda está assim? Você
pulverizou sua semente na minha!"
Os últimos traços de inquietação haviam se dissipado
inteiramente do rosto de John, e em seu lugar havia uma tenra
e trêmula travessura. "Eu não ouvi você reclamar, querida,"
ele murmurou. "Ocupada demais gritando e se debatendo para
notar, eu sei. De novo."
Rosa tentou dar uma cotovelada nele, mas ela estava
muito cambaleante e lenta, e em um súbito turbilhão de
movimento, John a pegou em seus braços, e então soltou a
corrente de seu kraga. Jogando fora para outra pessoa, e então
latindo uma ordem em rápido Aelakesh antes de agarrar sua
lâmpada e
sair da sala.
"Você tem certeza que está bem, querida," ele
murmurou em seu cabelo enquanto caminhava. "Eu desejo
que você jure isso para mim."
"Eu juro, John-Ka," disse Rosa, com um revirar de
olhos para ele, mas ela ainda estava sorrindo para ele, do
mesmo jeito. "Eu sou um bom animal de estimação para você,
não sou?"
John acenou para ela com absoluta seriedade, e a
puxou um pouco mais perto. "Você é — alegria, meu animal
de estimação," ele respirou. "Você é tudo que eu poderia ter
sonhado. Tão ansiosamente desejando ser descoberta,
marcada e usada. Com tanta fome de servir ao seu senhor. Eu
vou" — sua garganta se convulsionou — "Eu vou
guardar para sempre esta noite, minha doce rosa. Eu te amarei
para sempre."
O calor estava prestes a explodir no peito de Rosa,
ameaçando explodir em gargalhadas ou em um choro histérico
de felicidade, e ela jogou os braços em volta das costas dele e
enfiou o rosto vazando com força em seu pescoço. "Eu
também te amo," disse ela, rouca, abafada. "Mesmo se você
for um réprobo impiedoso e vestindo roupas. Que
secretamente gosta de ser mordido, em lugares onde os dentes
não têm o direito de estar."
Ela podia sentir o leve retorno de seu desconforto, o
traço de rigidez sob sua pele. "Você — pegou isso, então."
Rosa não pôde evitar uma risada estrangulada, uma
mordidinha afetuosa em sua garganta de cheiro delicioso.
"Acho que todos na sala perceberam isso, John-Ka. Todos na
montanha, provavelmente. E especialmente a mulher com seu
pau na boca, que você realmente queria que te mordesse."
John deu uma risadinha também, e então se virou,
caminhando para o calor familiar de seu quarto. Colocando a
lanterna no chão, antes de colocar seu corpo nu sobre as peles
macias de sua cama.
"É outro jeito de orc, eu sei," ele disse, quieto,
enquanto se sentava ao lado dela. "Eu não deveria culpá-la,
querida, se isso a chocou ou a repulsa."
Ele se virou por um instante, e Rosa percebeu que
alguém havia lhe entregado uma cesta — Hanarr, ela notou
vagamente, enquanto ele acenava alegremente e se afastava
novamente — e estava cheia de carne, queijo e pão de
aparência deliciosa, e outra garrafa distinta daquele leite. Tão
maravilhosa e repentinamente familiar que o coração de Rosa
parecia inchar em seu peito, e ela imediatamente arrancou a
tampa e bebeu, enquanto John observava com calma e
afetuosa aprovação em seus olhos.
"Você não pode me repelir, John-Ka," disse Rosa,
enxugando a boca,
lançando-lhe um sorriso caloroso e irônico. "Eu continuo
dizendo a você, não é? Você é apenas — você. Estudioso.
Líder. Senhor. Orc. Sacerdote legítimo da Montanha Orc.
Bastardo desonesto que gosta de ser mordido. Reprovador. É
tudo de bom. Todo você."
Os olhos de John estavam piscando para ela
novamente, quase atordoados, como se ela
não pudesse ser real — pelo menos, até que houve um som na
cama em frente. Um bufo, percebeu Rosa, e quando ela e John
se sacudiram para olhar, era Salvi. Deitado totalmente nu na
cama de Tristan, com um igualmente nu — e muito excitado
— Tristan enrolado em seus braços.
"E logo o verdadeiro Sacerdote da Montanha Orc
também," Salvi disse, enquanto sua mão acariciava
suavemente, descaradamente, o comprimento balançando de
Tristan. "Obrigado a mim, por dar uma bronca muito
necessária em Simon em seu nome, enquanto também
costurava sua enorme e" — ele estremeceu — "perna muito
peluda."
Tristan fez um ruído fraco de protesto, seus olhos
correndo impotentes entre John e Salvi, mesmo quando Salvi
acariciou novamente, fazendo-o estremecer e arfar. "Não foi
só isso, elska," Tristan engasgou, "e você sabe disso. Eu tenho
ensinado Simon, todo esse tempo. Rosa-Ka conquistou seu
respeito por seu trabalho, e foi ela quem propôs essas novas
aulas de língua comum. E ouvimos falar de seu agradecimento
público ao Skai hoje, John-Ka. Muito sincero, me disseram."
Era surpreendente, Rosa notou distante, como todos
esses orcs pareciam sempre saber sobre tudo — e até mesmo
John parecia totalmente perplexo com essa revelação,
franzindo a testa com os olhos estreitos em direção a eles.
"Simon já falou com o capitão disso?"
"Amanhã," respondeu Tristan, embora sua voz soasse
cada vez mais desgastada, enquanto a mão de Salvi mantinha
seus movimentos suaves e familiares. "Ele me jurou
que faria."
"Ach, meu pequeno sæti sorrateiro," Salvi disse, com
uma careta exagerada. "Enrolando aquele idiota horrível e
estúpido em torno de sua linda garra. Qualquer coisa por
John-Ka."
"Oh, silêncio, elskan," Tristan ronronou, enquanto ele
arqueava languidamente mais perto do toque de Salvi. "Você
também faria. Mais difícil. Ach."
John revirou os olhos e se acomodou na cama ao lado
de Rosa, embora um pequeno sorriso curioso e satisfeito
brincasse em sua boca. "Coma, querida," disse ele,
empurrando a cesta de comida mais perto dela. "Você tem um
Ka para crescer, você sabe. Devemos fazer tudo ao nosso
alcance para garantir que você dê à luz a ele com segurança."
Rosa obedeceu humildemente, mas não conseguia
parar de olhar para ele, sorrindo também. "Você realmente
acha que eles vão fazer de você Sacerdote?" ela perguntou,
entre mordidas. "Porque você seria tão brilhante, John-Ka.
Imagine o que você poderia fazer se tivesse uma montanha
inteira para cuidar."
O sorriso ainda permanecia em sua boca, caloroso,
esperançoso, lindo. "Ach, como se eu não tivesse o suficiente
para cuidar agora," ele disse friamente, mesmo enquanto a
colocava mais perto, aconchegando-a sob o peso de seu braço,
suas garras suavemente fazendo cócegas no kraga em seu
pescoço. "Agora descanse e ouça."
Ele estendeu a mão para ela para pegar um livro —
The Lady Bright, Rosa percebeu, com um verdadeiro choque
alarmante. Porque ainda estava ali, e eles realmente
roubaram todos aqueles livros da biblioteca de Dusbury?!
"Espere," ela disse, sua voz estridente. "Somos
ladrões de livros?! Bons deuses, John, somos ladrões de
livros!"
O olhar de John para ela foi divertido, suas
sobrancelhas se erguendo, sua garra
abrindo o livro no último lugar que eles leram. "De tudo o que
você enfrentou nas últimas semanas," disse ele, com uma
calma abominável, "isso é o que mais te irrita?"
Rosa continuou olhando para ele, mesmo quando sua
boca se contraiu abominavelmente, e John a puxou ainda mais
para perto de seu calor sólido. "Animal de estimação tolo," ele
ronronou. "Eu sou um orc, ach? E assim, invadi esta biblioteca
e roubei o que desejava. Esses livros agora são meus.
Exatamente como você é, com seu lindo e
novo kraga e seu pequeno útero cheio."
Rosa poderia ter argumentado, ela supôs, mas ela
ainda não conseguia parar de sorrir para ele, bebendo o
maldito triunfo em seus olhos brilhantes e
satisfeitos. "Demônio desonesto," ela murmurou. "Estou
realmente começando a me perguntar se não há alguma
verdade em tudo que li sobre vocês orcs, afinal."
Seu sorriso lento e de dentes afiados de volta era pura
e pura alegria, toda a retidão do mundo embrulhada em seu
lindo e amado rosto. No próprio senhor de Rosa? Seu próprio
companheiro. Seu Sacerdote, sábio e perverso e digno. Seu
orc.
"Você não deveria prestar atenção em tudo o que lê,"
ele disse, suas garras roçando suavemente contra o pescoço
dela, antes de se abaixar para virar a página. "Agora descanse,
minha pequena rosa, e aprenda."

Continua no livro 4...

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