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GERENCIAMENTO

DE RISCOS

Jeanine dos Santos


Barreto
Revisão técnica:
Gisele Lozada
Graduada em Administração de Empresas
Especialista em Controladoria e Finanças

F838g Fraporti, Simone.


Gerenciamento de riscos / Simone Fraporti, Jeanine
Barreto ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre :
SAGAH, 2018.
166 p. ; 22,5 cm

ISBN 978-85-9502-334-5

1. Administração. 2. Gestão de riscos. I. Barreto, Jeanine.


II. Título.

CDU 658.88

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147


Gestão de riscos na
administração pública
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir a gestão de riscos na administração pública.


„„ Relacionar gestão de riscos e governança.
„„ Identificar os benefícios da gestão de riscos na administração pública.

Introdução
O gerenciamento de riscos funciona, no setor público, da mesma forma
como no setor privado: visando agregar valor à instituição, por meio da
diminuição ou da eliminação de fatores de risco negativos e do aprovei-
tamento das oportunidades que surgirem, em decorrência de fatores
de risco positivo.
Neste capítulo, você irá estudar a definição de gestão de riscos na
administração pública, a relação entre a gestão de riscos e a governança
e os benefícios da gestão de riscos na administração pública.

Gestão de riscos na administração pública


No setor público, a gestão precisa de ferramentas que possam auxiliar na tomada
de decisões, da mesma forma que no setor privado. Aspectos como riscos
ambientais, de saúde, econômicos, ergonômicos e outros tantos precisam ser
gerenciados e controlados nas instituições de todas as áreas da administração
pública, uma vez que o bem-estar da sociedade é a essência do serviço público.
É necessário, portanto tomar decisões e usar medidas corretas com relação às
políticas e programas públicos, sendo fundamental adotar estratégicas efetivas
de gestão de riscos (MIRANDA, 2017).
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A humanidade vive, desde sempre, cercada de riscos. Os riscos são essenciais para o
desenvolvimento do homem, pois, sem assumir riscos, não haveria inovação tecnológica
e desenvolvimento social, por exemplo.

Atualmente, o setor público se preocupa em melhorar continuamente a


entrega de seus serviços para a sociedade e, também, com a forma como os
bens públicos são administrados. Por conta disso, no setor público, a gestão de
riscos se preocupa com a qualidade do serviço público oferecido e em oferecer
políticas públicas que sirvam para atender ao bem-estar de todos.
A imprevisibilidade está presente nos processos de todas as áreas das
instituições, envolvendo pessoas, materiais, entregas e recursos financei-
ros. Por isso, o gerenciamento de riscos é fundamental na tentativa de ser
proativo em relação aos imprevistos. Nesse sentido, saber como lidar com a
concretização de um risco torna-se o principal aspecto da gestão de riscos na
administração pública.
O setor público trabalha com os riscos iminentes por meio de deveres, que
se tornam direitos para os cidadãos, como a educação, a saúde, a moradia e a
segurança. A tentativa da administração pública é gerir os riscos de forma que
se consiga diminuir os custos com atividades incertas, aumentando benefícios
oferecidos para a sociedade (MIRANDA, 2017).
Em quase todas as situações que acontecem na administração pública,
uma outra dificuldade se apresenta, além dos aspectos vitais com os quais o
servidor público trabalha, pois quando a equipe de gestão de riscos se depara
com um risco, muitas vezes a estratégia escolhida para o caso tem muito mais
conexão com fatores políticos do que com fatores técnicos.
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Exemplos, no gerenciamento de riscos no setor público, de fatores políticos que se


sobressaem a fatores técnicos:
„„ Gestores não capacitados: quando um empregado é nomeado para uma função
de chefia não tendo capacidade para tal; ou quando um gestor demonstra não
ter capacidade para continuar exercendo a função de chefia e, mesmo assim, não
é retirado da função.
„„ Contratos que não podem ser encerrados: quando uma empresa vencedora
de licitação demonstrou não poder ter capacidade para cumprir o contrato
em diversas ocasiões, mas mesmo assim permanece como parceira, pois o
relacionamento criado não possibilita seu desligamento antes do término do
contrato.

Um dos fundamentos para o gerenciamento de riscos é que seja um processo


contínuo e sistemático, porque a adoção de uma gestão de riscos permanente
tende a melhorar os processos de tomada de decisão frente aos riscos para se
obter, consequentemente, melhores resultados.
Outra ideia básica é que haja a participação de todos os empregados da
instituição no programa de gestão de riscos, pois a participação de pessoas
de diferentes áreas garante uma visão global dos fatores de risco existentes
em cada lugar de trabalho. O envolvimento de todos favorece a tomada
de decisões estratégicas e pode contribuir para a realização dos objetivos
organizacionais.
Muitas técnicas e ferramentas foram criadas para facilitar o processo de
gerenciamento de riscos como um todo, inclusive na tentativa de unificar a sua
utilização, tanto pelo setor privado como para o setor público. Nesse sentido,
a maioria dos processos de gerenciamento de riscos organizacionais passam
pelas cinco etapas seguintes (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, 2003):

1. Identificar: a primeira fase de todo gerenciamento de riscos é a


identificação e a definição dos fatores de risco, com um mínimo de
detalhamento que sirva para as etapas posteriores. Existem algumas
técnicas para a coleta de informações de fatores riscos que podem ser
utilizadas individualmente ou quando se reúnem várias pessoas. Entre
elas, as mais conhecidas são:
144 Gestão de riscos na administração pública

■■ Brainstorming: consiste em uma reunião, com todas as pessoas interes-


sadas, mediada por um facilitador, que vai gerar uma lista de todos os
fatores de riscos elencados pelos participantes. Depois disso, os riscos
anotados são reunidos em categorias e definidos com mais detalhes.
■■ Técnica Delphi: consiste em uma reunião, com todas as pessoas
interessadas, mediada por um facilitador, em que a meta é conseguir
um consenso entre os participantes com relação à lista final de fatores
de risco. O facilitador faz várias rodadas de questionários escritos
entre os participantes, fala os fatores de risco elencados para todos,
sem dizer quem identificou cada um deles, e todos têm a chance
de rever seu pensamento até responder novamente ao questionário.
■■ Entrevista: os integrantes da equipe de gestão de riscos entrevis-
tam, de forma individual, todas as pessoas que podem colaborar
identificando fatores de riscos.
2. Avaliar: cada fator de risco deve ser avaliado quanto à probabilidade
de se concretizar e também quanto ao impacto que pode causar, caso
venha a acontecer.
3. Tratar: deve ser definida uma resposta para cada fator de risco, o
que exige da equipe de gestão de riscos conhecer profundamente os
riscos elencados. As estratégias mais conhecidas de respostas a riscos,
principalmente quando se tratam de riscos negativos ou ameaças, são:
■■ Eliminar: consiste na eliminação do fator de risco.
■■ Transferir: não elimina o fator de risco, mas transfere para terceiros
a responsabilidade pelo gerenciamento dele.
■■ Mitigar: consiste na redução da probabilidade de concretização ou
no volume do impacto negativo gerado pelo risco, até que se atinja
um limite aceitável pela organização.
■■ Aceitar: é adotada porque raramente é possível eliminar todas as
ameaças ou todos os fatores de risco, então a equipe de gestão de riscos
decide não fazer nenhuma alteração nos processos e ficar aguardando
a concretização do risco. A aceitação pode ser passiva, quando não
requer nenhuma outra ação além de documentar o fator de risco, ou
ativa, que é a mais provável e acontece quando se estabelece alguma
medida de contingência que será adotada caso o risco se concretize.

Já para os riscos positivos, as principais respostas são:

„„ Explorar: procura eliminar a incerteza de a oportunidade não acontecer,


garantindo que ela aconteça;
Gestão de riscos na administração pública 145

„„ Compartilhar: consiste em envolver um terceiro que tenha mais ca-


pacidade de explorar a oportunidade;
„„ Melhorar: consiste em aumentar a probabilidade de concretização e/ou
os impactos positivos de uma oportunidade, identificando os principais
impulsionadores dela.
4. Monitorar: é fundamental que exista um processo de monitoramento
contínuo, reavaliando os fatores de risco e monitorando as respostas
dadas.
5. Comunicar: essa etapa não existe sozinha, ela deve acontecer em
conjunto com cada uma das etapas anteriores, pois é fundamental para o
processo de tomada de decisões que resulta da gestão efetiva de riscos.

Na Figura 1, você pode observar uma ilustração sobre este ciclo da gestão
de riscos.

Figura 1. Ciclo básico da gestão de riscos.


Fonte: Escola Nacional de Administração Pública (2003, p. 19).

O risco não significa necessariamente um prejuízo, um perigo ou algo ruim,


mas, certamente, significa incerteza, não saber o que acontecerá ao certo.
146 Gestão de riscos na administração pública

Essa percepção da incerteza e a vontade de entender como agir no momento


em que algo incerto se concretiza é o grande propósito do gerenciamento de
riscos atualmente, principalmente no setor público.
Quanto mais uma instituição souber responder à concretização dos riscos,
mais madura ela pode ser considerada. Nem sempre um risco se torna uma
ameaça, por vezes, ele pode ser uma oportunidade. Mesmo assim, sem saber o
que fazer diante da possibilidade de algo positivo, a chance será desperdiçada
e nada de bom acontecerá.

Gestão de riscos x governança


A governança está presente em organizações públicas e privadas, mas se mostra
ainda mais necessária no setor público, devido as suas características. No
setor privado, a pressão por resultados e o poder dos clientes fomentam a boa
gestão das organizações, ou seja, as empresas precisam ser competitivas para
lidar com concorrentes e atrair ou manter os clientes. Já no setor público, essas
questões são mais indiretas e a governança se constitui como um importante
mecanismo de incentivo à boa gestão. Dessa forma, como uma gestão efetiva
envolve o gerenciamento de riscos, você pode considerar que a governança
colabora para que a gestão de riscos seja mais eficiente e eficaz.

Acesse o link ou código a seguir para saber mais sobre


governança corporativa.

https://goo.gl/cDwgM5

O gerenciamento de riscos é parte fundamental da governança, e faz parte


das responsabilidades da alta administração das instituições. É o instrumento
de apoio à tomada de decisão que tem o propósito de melhorar o desempe-
nho da organização por meio da identificação de oportunidade de ganhos e
também da diminuição da probabilidade de concretização e do impacto de
Gestão de riscos na administração pública 147

riscos negativos, ultrapassando as barreiras das atividades desempenhadas de


forma regular pela administração pública (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007).
As atividades da equipe de gestão de riscos devem favorecer a longevidade
da organização, que é um dos principais propósitos da governança e que
pretende atender aos objetivos estratégicos e estatutários. Para isso, é muito
importante que as instituições mantenham uma estrutura de governança
atuante, que ultrapasse as barreiras da formalidade e seja composta de pelo
menos um conselho administrativo, um conselho deliberativo e um conselho
consultivo, ou outra nomenclatura para os órgãos que a organização prefira
adotar.
Com relação ao gerenciamento de riscos, é fundamental que o conselho
administrativo tenha em mãos uma identificação prévia dos principais fa-
tores de risco aos quais a sociedade está exposta, a sua probabilidade de se
concretizar, o tamanho do impacto que vão gerar e, também, quais serão as
medidas e as ações adotadas para sua prevenção ou mitigação. De posse da
listagem de fatores de riscos que podem afetar o negócio da organização, é
essencial que se adote uma atitude proativa com relação aos fatores de risco e
à sua concretização iminente (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, 2003).
As diretrizes do modelo de gerenciamento de riscos devem ser estabele-
cidas pelo conselho administrativo, mas as ações devem ser tomadas pelos
gestores, a fim de possibilitar, da forma mais segura possível, o atingimento
das metas organizacionais.
É importante lembrar que a atividade de identificação de fatores de riscos
pode resultar também na identificação de oportunidades. Por esse motivo,
é preciso envolver nessa atividade pessoas capacitadas e com visão global
dos negócios institucionais, para que possam reconhecer, entre uma série
de fatores de riscos, aquelas ameaças que terão impacto negativo e poderão
acarretar prejuízos ou, também, as oportunidades, que terão impacto positivo
e poderão agregar valor, melhorar a imagem e beneficiar a instituição de
alguma forma.
Em vista disso, entende-se que a expressão que define o gerenciamento
de riscos é a antecipação. Uma das ferramentas mais conhecidas de auxílio à
gestão institucional para antever os problemas é o ciclo PDCA, palavra formada
pela inicial das palavras em inglês Plan, Do, Check e Act, que significam
Planejar, Fazer, Verificar e Agir, em português (PROJECT MANAGEMENT
INSTITUTE, 2014).
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O ciclo PDCA, como você pode observar na Figura 2, é um método de


gestão iterativo, formado por quatro passos que são executados em forma de
ciclo. É utilizado para o controle e a melhoria dos processos institucionais,
mas também é largamente usado para o controle de riscos. Ele é iterativo,
porque se baseia na repetição que é aplicada de forma sucessiva nos processos,
buscando, a cada ciclo, uma melhoria continuada que garanta o alcance das
metas estipuladas e a sobrevivência da instituição.

Figura 2. Etapas do ciclo PDCA.


Fonte: TIME Consultoria (2017).

O PDCA pode ser utilizado em qualquer ramo de atividade, para qualquer


porte de instituição, desde que o desejo seja de melhorar a gestão dia após
dia. Com a sua aplicação, os processos da instituição tendem a se tornar mais
ágeis, mais claros e objetivos, e a entregar resultados de mais qualidade, mas
ele exige planejamento, padronização de procedimentos e documentação para
que funcione efetivamente. As etapas do PDCA são as apresentadas a seguir
(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2014).

„„ Planejar: é a etapa que traduz o gerenciamento de riscos. O planeja-


mento deve sempre vir antes de qualquer tipo de atividade de execução
para que seja possível se antecipar a erros, prevenir cenários negativos,
Gestão de riscos na administração pública 149

preparar-se para aproveitar oportunidades e elaborar respostas aos


fatores de risco que se concretizarem. O planejamento deve ser revisto
sempre que for identificada a concretização de um fator de risco, visando
analisar o cenário atual para poder antever situações novas.
„„ Fazer: tomando como referência o planejamento que foi feito e as
possíveis consequências da execução de cada processo, nessa etapa as
atividades são executadas. Caso algum fator de risco se concretize, é
o momento de colocar em prática as respostas aos riscos, elaboradas
na fase do planejamento.
„„ Verificar: um bom planejamento e uma execução perfeita de atividades
não garante o sucesso de um processo. Por isso, a ação de verificar é
muito importante, pois consiste no monitoramento das atividades, com
o objetivo de verificar sua conformidade com o que foi planejado e
executado. É nesse momento que se verifica se o resultado estipulado
conseguiu ser entregue, e se a resposta ao risco funcionou de forma
efetiva depois de aplicada.
„„ Agir: envolve postura de proatividade e prevenção com relação às neces-
sidades de mudança quanto à forma de encarar os riscos concretizados,
para que se possa iniciar outro ciclo pelo planejamento.

Somente pela antecipação aos fatores de risco e o estabelecimento de


respostas para cada um deles é que será possível ter um gerenciamento de
riscos efetivo. O gerenciamento de riscos deve identificar e ter uma resposta
para cada evento que possa acontecer e que venha a afetar de alguma forma
os objetivos estratégicos ou a imagem da instituição.
Não há um padrão para a forma de implementar o gerenciamento de riscos
na administração pública, pois isso depende da área de atuação, do porte, das
especificidades e das características de cada instituição, cabendo à gestão
decidir a melhor maneira de efetivar a gestão de riscos. Essa liberalidade
precisa existir por não ser possível, por exemplo, obrigar uma instituição
de pequeno porte a gerir seus fatores de riscos da mesma forma que uma
instituição de grande porte.
O importante é que a instituição decida introduzir a prática de tratar seus
fatores de risco de forma crítica, aberta e transparente, fazendo a identificação,
o tratamento e estimando os impactos de maneira integrada entre todos os
componentes da instituição. O gerenciamento de riscos configura um processo
de implantação demorada, cujos resultados mais significativos demoram a
parecer, sendo necessário um esforço de aperfeiçoamento contínuo. Mesmo
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assim, certamente ele trará muitos benefícios para a instituição depois de


efetivado.

Benefícios da gestão de riscos na administração


pública
O gerenciamento de riscos é parte integrante das boas práticas administrativas,
seja no setor privado, ou no setor público. Aprender a gerenciar os riscos de
forma eficiente e eficaz vai permitir que a instituição melhore os resultados
que apresenta, por meio da identificação, da análise e do monitoramento de
uma infinidade de fatores de riscos que podem trazer impactos negativos.
Para isso, os impactos negativos precisam ser evitados, controlados, ou até
mesmo transformados em oportunidades, o que vai favorecer o atingimento
dos objetivos e das metas institucionais.
A coragem de assumir e enfrentar os riscos é o que diferencia as organi-
zações, podendo levá-las ao sucesso ou, ao fracasso, dependendo do tipo de
resposta dada aos riscos concretizados. Os riscos podem e devem ser geridos
de forma a facilitar a tomada de decisão, com o propósito de cumprir prazos,
entregar resultados e alcançar os objetivos organizacionais (ESCOLA NA-
CIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2014).
A aplicação do gerenciamento de riscos nas instituições necessita da adoção
de um modelo de gerenciamento de riscos corporativos, possibilitando aos
gestores da instituição que trabalhem com a incerteza de modo eficiente e
eficaz, na tentativa de alinhar o desempenho esperado, o retorno obtido, e os
riscos associados a cada processo.
Executar o gerenciamento de riscos de maneira organizada e estruturada
servirá para motivar e envolver as pessoas, além de fornecer estímulo para
a identificação das melhores oportunidades para a melhoria contínua dos
processos, por meio da inovação, conseguida muitas vezes quando se enfrenta
um risco.
Além disso, servirá de auxílio para esclarecer incertezas pela utilização
de métodos sistêmicos para a identificação, avaliação, tratamento e moni-
toramento dos fatores de risco, sempre mantendo uma comunicação efetiva
entre todos os envolvidos.
A implantação de um modelo de gestão de riscos bem estruturado e sistema-
tizado vai trazer, como principais benefícios para a instituição, independente-
mente de seu porte, estrutura ou área de atuação (INSTITUTO BRASILEIRO
DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007):
Gestão de riscos na administração pública 151

„„ preservação do valor atual e/ou aumento do valor da instituição, pela


redução da probabilidade de concretização e do impacto resultante de
eventos negativos, combinada com a diminuição dos custos resultantes
da falta da percepção de riscos;
„„ promoção de maior transparência nas relações, por meio da comuni-
cação e da informação, a todos os interessados e, principalmente, à
sociedade, sobre os riscos aos quais a instituição está sujeita, quais as
medidas adotadas para a sua mitigação ou eliminação, e quais foram
os resultados da aplicação delas;
„„ melhoria nos padrões de governança, por meio da divulgação do método
de gestão de riscos adotado, combinada com a cultura institucional;
„„ uniformidade de conceitos em todos os níveis institucionais, da alta
gestão, passando pelos servidores administrativos, até os servidores
da operação.

Além dos benefícios diretos elencados, com a implantação de um geren-


ciamento de riscos institucionais é possível perceber vários outros aspectos
positivos para a organização como um todo (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007):

„„ desenho claro e objetivo dos processos que serão utilizados para fazer a
identificação, o monitoramento e a mitigação ou eliminação dos fatores
de riscos mais relevantes;
„„ aperfeiçoamento das ferramentas ou controles internos utilizados para
fazer a medição, o monitoramento e a gestão dos fatores de riscos;
„„ economia de recursos financeiros;
„„ redução de surpresas vindas dos acontecimentos internos e externos
à instituição;
„„ melhoria da comunicação e da relação entre todas as partes interessadas,
internas ou externas;
„„ identificação e priorização dos riscos considerados mais relevantes;
„„ definição de uma metodologia consistente para fazer a mensuração e
a priorização de todos os fatores de riscos identificados;
„„ definição e implantação de um modelo de governança capaz de fazer
a gestão da exposição aos fatores de riscos, traçando processos ou
políticas internas e definindo responsáveis;
„„ identificação das pessoas competentes para fazer a antecipação dos
riscos mais relevantes, com capacidade para executar a sua mitigação
depois de uma análise de custo-benefício;
152 Gestão de riscos na administração pública

„„ melhoria do entendimento da posição da instituição em comparação


com as suas concorrentes do mesmo setor;
„„ melhoria da imagem dos gestores perante os empregados;
„„ aproveitamento das oportunidades decorrentes de riscos positivos;
„„ melhoria em planejamento, desempenho, eficiência e eficácia dos re-
sultados apresentados pela instituição;
„„ bem-estar de todos os envolvidos, desde os empregados até as pessoas
da sociedade, que vão usufruir dos bons serviços públicos prestados;
„„ tomada de decisão baseada em informações consistentes e verdadeiras;
„„ melhoria da imagem da instituição perante a sociedade;
„„ promoção da transparência, para todas as partes interessadas, de todo
e qualquer fator de risco que possa valorizar ou prejudicar a instituição
de alguma forma.

O gerenciamento de riscos aumenta de forma considerável o controle de uma


instituição, o que aumenta a possibilidade de os objetivos institucionais serem
atingidos, de haver uma melhoria na execução das atividades dos processos
e na qualidade dos resultados oferecidos, e de existirem formas predefinidas
de mitigação de imprevistos e consequente prejuízo à sociedade, principal
cliente do setor público.
Apesar de todos os benefícios apresentados, como toda e qualquer atividade
de gestão que é adotada, pode haver aumento na carga laboral de servidores
que, porventura, já estejam sobrecarregados. A partir do momento em que
a instituição toma a gestão de riscos como uma obrigatoriedade, pode haver
também a necessidade de novas funções, novos cargos, novos departamentos,
novos níveis de hierarquia, gratificações por desempenho, divisão do trabalho
existente, redesenho de processos e muitos outros aspectos. Mesmo que o
gerenciamento de riscos traga alguns problemas por um lado, por outro, ele
trará benefícios que certamente terão um grande potencial para superar os
aspectos ruins.
Portanto, o gerenciamento de riscos institucionais é o processo que pre-
tende preservar e agregar valor a uma instituição. Ele contribui de maneira
fundamental para a realização dos seus objetivos estratégicos e, também,
para que as metas de desempenho sejam atingidas, indo além de um conjunto
de atividades, procedimentos ou políticas que devem simplesmente ser
executadas por obediência à legislação, prática comum das instituições do
setor público. Na verdade, é um instrumento que favorece a adaptação da
instituição aos preceitos legislativos e de regulação, que são fatores críticos
para a sua continuidade.
Gestão de riscos na administração pública 153

1. Quais as principais etapas 4. Assinale a alternativa que melhor


do gerenciamento de preenche a frase abaixo:
riscos organizacionais? Somente por meio _____ aos fatores
a) Identificação, avaliação, de risco e estabelecendo _____ para
tratamento, monitoramento, cada um deles é que será possível
probabilidade. ter _____ efetivo(a).
b) Identificação, avaliação, tratamento, a) da resposta; fatores; uma
monitoramento, comunicação. governança corporativa.
c) Identificação, avaliação, b) do tratamento; comunicações;
treinamento, monitoramento, um recrutamento de pessoal.
comunicação. c) da antecipação; respostas; um
d) Identificação, avaliação, gerenciamento de riscos.
tratamento, nivelamento, d) da identificação; matrizes;
comunicação. um ciclo PDCA.
e) Identificação, eliminação, e) da proatividade; governança;
tratamento, monitoramento, um monitoramento
comunicação. probabilidade versus risco.
2. Assinale a alternativa que contém os 5. Assinale a alternativa que
tipos mais conhecidos e utilizados contém benefícios da gestão
de respostas aos riscos negativos: de riscos no setor público:
a) Compartilhamento, a) Conceitos sobre riscos
transferência, mitigação. diferenciados por área; tomada
b) Aceitação, melhoria, eliminação. de decisão mais elaborada e,
c) Exploração, compartilhamento, por isso, mais demorada.
melhoria. b) Eliminação da necessidade de
d) Eliminação, compartilhamento, comunicação entre as áreas;
exploração. todos sabem os conceitos de
e) Eliminação, transferência, risco de maneira uniforme.
mitigação, aceitação. c) Desaparecimento da
3. Quais são as etapas do ciclo PDCA, probabilidade de riscos
uma das ferramentas mais conhecidas negativos; tomada de decisão
no auxílio da gestão institucional no rápida, por ter que decidir
sentido de antever os problemas? o que fazer quando o risco
a) Planejar, fazer, verificar, agir. ocorre, sem planejamento.
b) Prevenir, elaborar, d) Aumento da transparência e
monitorar, reagir. da comunicação entre todos;
c) Planejar, refazer, controlar, tomada de decisão mais assertiva.
comunicar. e) Desaparecimento do impacto
d) Preparar, entender, negativo das ameaças; diminuição
responder, motivar. da comunicação entre os
e) Identificar, planejar, níveis hierárquicos; redução
tratar, comunicar. do nível de comunicação.
154 Gestão de riscos na administração pública

ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Gerência de projetos: teoria e


prática. Brasília, DF: ENAP, 2014.
ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Uma base para o desenvolvimento
de estratégias de aprendizagem para a gestão de riscos no serviço público. Brasília, DF:
ENAP, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia de orientação para
gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007.
MIRANDA, R. F. Implementando a gestão de riscos no setor público. Belo Horizonte:
Fórum, 2017.
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Um guia do conhecimento em gerenciamento de
projetos: guia Pmbok. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
TIME CONSULTORIA. Conceito do ciclo PDCA. [S.l.], 2017. Disponível em: <http://www.
timerh.com.br/blog/conceito-do-ciclo-pdca/>. Acesso em: 17 jan. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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