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IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE RISCO NA CONSTRUÇAO CIVIL:

LUAN LIMA

RESUMO

O setor da construção civil possui diversas atividades diversificadas e com muita complexidade o que
acaba ocasionando riscos significativos durante o desenvolvimento dessas atividades tanto para a segurança dos
trabalhadores como para a conclusão do projeto sem prejuízos. Por isso a gestão de risco é de extrema
importância para a identificação, análise e controle dos riscos presentes no ambiente. Este artigo tem como
finalidade de destacar os benefícios da gestão de riscos na construção civil e o impacto que a gestão causa.

Palavras-chaves: Gerenciamento de Risco. projeto

ABSTRACT

The civil construction sector has several diversified and highly complex activities, which ends up
causing significant risks during the development of these activities, both for the safety of workers and for the
completion of the project without losses. Therefore, risk management is extremely important for the
identification, analysis and control of risks present in the environment. This article aims to highlight the benefits
of risk management in construction and the impact that management causes.

Keywords: Risk Management. Project

1. INTRODUÇÂO

As atividades da construção civil estão propensas a diversos perigos, assim sendo


imprescindível a gestão de riscos para minimizar os possíveis danos que podem ser gerados
para as empresas e seus trabalhadores.

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Neste trabalho iremos apresentar a definição dos riscos, o que é o processo de
gerenciamento de riscos e todas suas fases desde a identificação até a fase final de controle e
monitoramento dos riscos, os principais riscos e técnicas de resposta aos riscos. Também
ressaltar a importância da existência de um programa de gerenciamento de riscos em uma
empresa do ramo da construção civil

A grande problemática de empresas que apresentam uma gestão de risco deficiente ou


não existe um programa de gestão de risco são consequências graves como o impacto na
atividade operacional, perda financeira, problemas de violação de leis e regulamentações,
queda no valor de mercado dentre outros. Em resumo além dos problemas financeiros
imediatos para a empresa a ineficácia de uma gestão ruim pode gerar problemas de
confiabilidade de mercado, assim dificultando atrair recursos, parcerias e investimentos de
terceiros para futuros projetos desta empresa.

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância de ter um programa de


gerenciamento de ricos para que possa amenizar ou prevenir danos e prejuízos causados por
riscos existentes na construção civil.

2. DEFINIÇÂO DE RISCO

Antes de falar sobre gerenciamento de risco é preciso definir o seu conceito e trazer
uma diferenciação conceitual entre risco e perigo. De acordo com Galante, o Gerenciamento
de Riscos é um processo complexo que aplica sistematicamente políticas de gestão,
procedimentos e práticas orientados para a realização de oportunidades e o manejo dos efeitos
adversos. (Galante apud Baldo, 2017, p.3).

Segundo a Norma Regulamentadora nº 10 (2004) “define o Risco como a capacidade


de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

Então pode-se dizer que o risco é a probabilidade de ocorrer um evento ou situação


perigoso à saúde e a integridade física do colaborador.

A Norma Regulamentadora nº 10 (2004) define o Perigo como a situação ou


condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou danos à saúde das pessoas por ausência de
medidas de controle.

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Ou seja, toda qualquer fonte que tenha potencial para causar danos à saúde e a
integridade física do colaborador. Definido os conceitos outro fator importante para a gestão
de riscos e saber como identificá-los.

2.1. Gerenciamento de Riscos

Segundo o Guia PMBOK 5ª Edição (2013) o gerenciamento de riscos possui quatro


processos que são: identificação, análise, planejamento de respostas e controle de riscos. Estes
processos têm como objetivo ampliar a probabilidade de impactos positivos e reduzir a
probabilidade de impactos negativos.

Figura-1. Visão geral do gerenciamento do risco em projeto.

Fonte: PMBOK 5ª edição

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2.2. Identificação de Riscos

A identificação de riscos é a primeira etapa do processo e é de extrema importante para o


gerenciamento de riscos, pois a partir dela que irá se adotar as medidas para controle ou
eliminação dos riscos analisados. Vale lembrar que identificar riscos é uma tarefa complexa
que exige uma percepção apuradas de situações que nunca ocorreram ou que não se imagina
que possa ocorrer o que torna uma tarefa difícil identificá-los. Uma estratégia adotada para
essa tarefa consiste na montagem de equipe com pessoas, assim sendo possível uma
abordagem de identificação de riscos mais apurada e com maior eficácia, pois cada pessoa vai
ter uma perspectiva diferente das situações de riscos que possam estar presente na
determinada situação.

2.3. Análise de Riscos

A fase de análise de riscos compreende dois processos que são a realização da análise
qualitativa de riscos e realização da análise quantitativa de riscos. Conforme Guia PMBOK 5ª
Edição (2013) a análise qualitativa é o processo em que se prioriza os riscos conforme sua
probabilidade de impacto e de ocorrência. Desse modo reduz o nível de incerteza e foca nos
riscos de alta prioridade e a análise quantitativa é o processo que analisa numericamente os
riscos identificados, beneficiando a produção de informações quantitativas dos riscos e
norteando as tomadas de decisões.

Uma ferramenta normalmente usada para essa fase do processo de análise qualitativa é
a matriz de probabilidade e impacto. Segundo Guia PMBOK 5ª Edição (2013) essa matriz tem
como função especificar combinações de impacto e probabilidade, assim obtendo uma
classificação dos riscos em relação sua prioridade, podendo ser de prioridade alta, baixa ou
moderada. E cada risco tem sua classificação definida por sua probabilidade de ocorrência e
impacto em um objetivo, ele ocorrendo ou não. Especificamente na figura 2 as áreas em cinza
escuro (com os maiores números) representa as áreas de alto risco a área em cinza médio
(com menores números) o baixo risco e o cinza claro (com números intermediários) risco
moderado

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Figura 2: matriz de probabilidade e impacto

Fonte: PMBOK 5ª Edição

2.4. Planejar respostas aos Riscos

A próxima etapa é o planejamento de respostas aos ricos, Segundo Heldman (2006)


nesta etapa vai se planejar as medidas rápidas e fáceis especificamente para cada risco
identificados e analisando para diminuir as ocorrências desses riscos ou possivelmente saná-
las. E para esse planejamento há s diversas estratégias reconhecidas para combater as
ameaças, dentre elas estão: aceitar, mitigar, transferir e prevenir

De acordo o Guia PMBOK 6ª edição (2018) a estratégia de aceitação consiste em


reconhecer a existência do risco e não tomar nenhuma ação efetiva para combatê-lo
geralmente essa estratégia e adotada para riscos de baixas prioridades e quando não é possível
eliminar o risco ou n viável economicamente resolvê-lo.

Conforme o Guia PMBOK 6ª edição (2018) a estratégia de mitigar é adotada em


situações de diminuição da probabilidade da ocorrência do risco ou redução do seu impacto,
sendo mais efetivo do que se realizar a reparação do dano depois que o evento de risco
ocorreu.

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Segundo o Guia PMBOK 6ª edição (2018) a estratégias de prevenir e consiste em agir
para eliminar o risco, é adotada para riscos de altas probabilidades e com alta prioridade e por
seu objetivo de eliminar a probabilidade de ocorrência dos ricos a zero podem afetar o plano
de gerenciamento do projeto. Já a estratégia de transferir consiste em passar a
responsabilidade de lidar com os riscos para terceiros e geralmente envolve um pagamento
para quem assume a responsabilidade de gerir os riscos, como uma espécie de prêmio.

2.5. Controle dos Riscos

A última fase consiste em controlar os ricos que foram identificados, analisados e


tiveram os seus seguimentos de ações planejados. Quando essas ações são colocadas em
prática devem ser monitoradas. Segundo o Guia PMBOK 6ª edição (2018) o controle de
riscos é um processo em que os planos de respostas aos riscos são implementados, os riscos
identificados são acompanhados, novos riscos são identificados e analisados e por fim uma
avaliação da eficácia dos processos de riscos, assim esse processo traz o benefício de habilitar
decisões no projeto com base nas informações atuais.

2.6. Principais tipos de riscos

Uma má gestão faz surgir para a empresa uma variedade de riscos, com capacidades
distintas de impacto, ou seja, podendo ter um alto impacto ou um baixo impacto a empresa.
Entre esses riscos podemos ter um risco operacional que está diretamente ligada a operação
diária da empresa, sendo estes: os funcionários, maquinários defeituosos, falhas em sistemas.

Outro risco principal é o risco de liquidez que já envolve a parte financeira da


empresa, o seu fluxo de caixa, que possuindo uma administração ruim pode causar falhas nos
compromissos financeiros da empresa afetando suas datas de pagamentos o que pode
ocasionar em pagamentos de juros e outros problemas monetários para empresa.

Por fim temos o risco de crédito que é uma consequência dos problemas gerados pelo
risco de liquidez, pois uma empresa com dívidas e que não consegue arcar com seus
pagamentos acaba gerando uma desconfiança financeira o que vai dificultar esta empresa em

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conseguir aprovações de créditos, investimentos e fechar negócios futuros. O risco de crédito
também causa um dano a imagem da empresa perante os clientes gerando a desconfiança por
parte deles em uma futura transação comercial com esta empresa.

Em alguns casos extremos como guerras, pandemias ou crises financeiras mundiais


empresas com o gerenciamento de riscos deficientes e que esteja diante da situação de algum
dos ricos citados ou até esteja sujeito a dois ou mais dos riscos podem ter maiores problemas
no processo de recuperação, podendo levar a empresa a falência ocasionando o encerramento
das atividades desta empresa.

2.7. Impacto gerado pela ineficiência do gerenciamento

Com a sua definição e os processos já bem demonstrados pode-se então fazer uma
análise dos prejuízos causadas quando há uma ineficácia no gerenciamento de riscos. O
engenheiro Frank Bird desenvolveu um estudo analisando mais de 90.000 acidentes
desenvolvendo uma proporção de entre acidentes com morte ou lesão incapacitante, lesões
não incapacitantes, acidentes com dano à propriedade.

Figura 3: Pirâmide de Bird

Fonte: Loss Control Mangement., 1976

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Em um caso modelo foi contabilizado o prejuízo gerado pelos acidentes, em dólares,
durante o período de um ano, aplicando a proporção da pirâmide criada por Bird.

Figura 4: Caso modelo quantidade de acidentes numa empresa X

Fonte: Loss Control Mangement., 1976

Figura 5: Custo indireto por lesão

Fonte: Loss Control Mangement., 1976

Por meio desse modelo criado por Frank Bird pode-se ter parâmetros para se analisar o
custo causados por lesões. Por exemplo em obra essas lesões podem influenciar em outros

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aspectos danosos para a empresa (construtora) como o atraso do cronograma da obra, danos a
propriedades (equipamentos, materiais ou a própria construção).

2.7. Apresentação de estudos de caso

Visto todas as fases do processo de gerenciamento de riscos, nesta etapa serão


apresentados estudos de casos feitos sobre o gerenciamento de riscos em obras da construção
civil.

Mann (2013) Em um estudo de caso foi aplicado um questionário em cinco obras de


duas empresas diferentes de Curitiba. Com perguntas direcionadas aos engenheiros residentes
sobre o conhecimento e a utilização das técnicas de gerenciamento de risco e foi feita uma
lista dos riscos para serem identificados e classificados de acordo seu grau de impacto. Com
os dados dos questionários notou-se que as empresas e suas obras não possuem políticas de
gerenciamento de risco e nem registro dos riscos identificados, mesmo os engenheiros
conhecendo as ferramentas não as utilizam resultando em uma lista de riscos frequentes nas
obras e sem nenhum plano de ação para agir rapidamente contra esses riscos ou até prevenir
possíveis riscos.

Segundo Yamanouchi (2019) fez um estudo de caso em uma obra de construção de um


prédio em Guarapuava- PR onde foi listados os riscos identificados na execução das tarefas de
revestimento interno e externo da obra e através da técnica APR (Análise preliminar de riscos)
que consiste em identificar os riscos, suas possíveis causas e consequências, frequência e
severidade e por fim medidas de correção para os riscos. Como resultados foram obtidos
diversos riscos com o nível de severidade variando de moderado ao crítico e com esses dados
executam umas medidas corretivas de treinamento e o uso de EPI assim contribuindo para a
prevenção de acidentes.

Pode se notar que ambos os estudos de casos buscaram listar os riscos que possam
ocorrer durante a execução da obra e através dessas informações planejar planos de respostas
para aquele risco e mesmo sem a utilização de técnicas ou sem o conhecimento das técnicas
foi identificados riscos de baixo a alto impacto, evidenciando que mesmo sem um plano de
gerenciamento de riscos definido eles irão existir e poderão causar acidentes que vão
ocasionar prejuízos para a execução da obra.

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3. CONCLUSÂO

Este trabalho buscou ressaltar a importância de as empresas do ramo da construção


civil adotarem um programa de gerenciamento de riscos para seus projetos e obras sendo
apresentado todo escopo de um plano de gerenciamento de riscos desde sua definição até suas
fases e etapas de execução, foram mencionados os danos e prejuízos que a falta do
gerenciamento de risco pode causar as empresas. Também foram mencionados dois estudos
de caso de autores diferentes que evidenciaram a ocorrência de riscos em obras em diferentes
etapas da obra e de como o plano de respostas de risco foram cruciais para obter respostas
rápidas aos ricos identificados assim ajudando a prevenir possíveis prejuízos.

REFERENCIAS

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