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Volume 10
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Formação em Teologia
Após vinte anos, o governo de Salomão entra em fase de declínio, pois ele se
permitiu contaminar pelas mulheres, costumes e por toda sorte de religiosidade
profana dos outros povos e suas culturas questionáveis, abrindo as portas para o
fim da era de paz, inaugurada nele mesmo, e para a queda do reino.
Veremos a ruptura do reino, numa divisão vista sob duas perspectivas: Norte
e Sul. Infelizmente, a maioria dos governantes reinou de maneira inadequada,
desagradando ao Senhor e trazendo sérias consequências à nação. Mas, apesar da
desobediência generalizada, de monarcas e do povo, e de seus efeitos desastrosos,
nesse livro Deus que revela que a história ainda não chegou ao fim, encorajando as
pessoas a prosseguir.
Todavia, para se saber em que terreno estamos pisando, pode ser útil fazer
duas paradas: uma na história de Israel e outra em sua geografia.
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I História
• Patriarcas - 2.000 a.C.;
• Esdraelom dividida em três seções: Planície Marítima, banhada pelos rios Quisom
e Belus; Planície Central, que forma a parte principal de Esdraelom (Essa é a
planície de Megido, relatada na Bíblia em Zacarias 12:11; Vale de Jezreel (Bate Seã
era a principal cidade desse vale e se acha a 6 km de distância do rio Jordão.
Referência ao local em 2 Samuel 4:4).
• Queda do Reino do Norte. 722 a.C. Israel foi conquistada pela Assíria, que tinha
como estratégia ocupar o território de interesse, despojar, destruir e abandonar.
• Queda do Reino do Sul pela Babilônia. 587 a.C. A estratégia babilônica difere da
assíria pois capturavam o povo derrotado, com fins de empregá-los como mão-de-
obra, e abandonavam os territórios conquistados.
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II Geografia e clima
Enfatizamos a importância da geografia de Israel pois nos possibilita
localizar personagens e fatos ao longo das épocas, contextos históricos e
referências bíblicas, para podermos chegar num panorama mais apurado dos
eventos. Entre montanhas, planícies, vales e desertos, destacamos os principais
lugares retratados no Livro de Reis:
Vale - É uma depressão alongada entre montes. Abaixo, alguns vales de israelitas:
• Soreque. Atravessado por um rio que tem o mesmo nome (Juízes 16: 4);
• Arcor. Fez fronteira com Judá. Onde Acã foi morto a pedradas (Js 7:24-26);
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Clima de Israel - O relevo palestino produz uma variada superfície, com regiões
baixas e elevadas, originando todo tipo de clima, desde o tropical Jordão até o
intenso frio no Hermom (2.815 metros de altura). No litoral a temperatura média é
de 21 graus, e em janeiro chega a 4 graus. É devido a essa variedade de clima que
a Palestina usa toda espécie de cultura agrícola. Tendo visto os locais e suas
referências bíblicas, observe os mapas abaixo:
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As Doze Tribos – A localização das doze tribos no escopo geográfico nos ajudará
a entender o contexto dos personagens e sua respectiva tribo. Além disso, é
fundamental reconhecermos a configuração geopolítica das tribos, especialmente
no período de divisão dos reinos, então listaremos as tribos de acordo com seus
fundadores. Jacó foi o pai do grupo de homens que deu origem às tribos, esses
filhos, por sua vez, vieram de diferentes mães biológicas. Observe:
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Observação – Lembre-se que Efraim e Manassés são filhos de José, não de Israel.
José foi tão importante que seus filhos deram origem a duas tribos. Também vale
lembrar que Levi era filho de Israel, mas sua tribo não recebeu herança em terra
pois foi consagrada ao sacerdócio, cabendo às outras tribos sustentá-la:
III Salomão
Filho de um relacionamento que começa da pior forma possível: um caso de
adultério e assassinato. A misericórdia de Deus é a causa dessa história ter
capítulos felizes. Diz a Palavra que Bate-Seba convenceu Davi a instaurar Salomão
como rei, cumprindo a promessa que fizera a ela:
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Após esse episódio, Roboão reinou apenas sobre a região sul, e assim, outro
personagem importante surge, é Jeroboão. Ainda no primeiro Livro de Reis, alguns
inimigos se levantaram contra a casa de Davi, o primeiro adversário foi Hadade, da
linhagem real de Edom, ainda menino sobreviveu ao ataque devastador do general
de Davi, chamado Joabe. Hadade fugiu para o Egito, onde foi bem acolhido, mas,
quando soube da morte de Davi e do seu general, resolveu voltar a sua terra natal.
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O segundo inimigo que se levantou contra Salomão foi Rezom, que se tornou
rei da Síria. A Bíblia relata que enquanto Salomão viveu “trouxe-lhe muitos
problemas, além dos causados por Hadade” (1 Rs 11: 25).
O terceiro inimigo que se levantou contra Salomão foi justamente quem se
tornou o rei de Israel (reino do Norte), Jeroboão era da tribo de Efraim, além de um
dos oficiais de Salomão:
O Profeta Aías profetizou sobre ele dizendo que seria o próximo rei de Israel
sobre 10 tribos. Infelizmente, ao assumir o reino do norte como dádiva do próprio
Deus, Jeroboão se desvia inclinando-se à idolatria.
A monarquia unificada durou cerca de cento e vinte anos. Lembrando que,
após a divisão, o reino do Sul, sediado na capital Jerusalém, ficou sob comando de
Roboão, enquanto o reino do Norte, cuja capital era Samaria, foi governado por
Jeroboão. A citação abaixo deixa claro o quanto a narrativa bíblica priorizava a
conduta do rei, e o quanto esta ditava o comportamento de todo o povo:
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[...] Fica claro que o escritor de Reis não estava muito interessado
nos sucessos militares ou políticos dos reis, mas antes na
fidelidade individual do rei aos mandamentos de Deus.” ³
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Cronologia - Visto que a maioria dos reis incorreu em graves pecados, não é de se
admirar que um ministério profético tenha ganhado vigor nessa época, mas antes
desse tópico, veja a cronologia dos reinos e suas respectivas quedas:
• Assíria invade e domina o reino do Norte, tomando sua capital, Samaria (732 a.C.).
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Elias - Desenvolveu seu ministério no reino do Norte, durante a maior crise religiosa
de Israel. Num contexto desolador, Acabe e Jezabel tentam fazer do reino do Norte
uma nação pagã, onde Israel cultuasse a Baal e a Aserá. Tendo em vista que Baal
era considerado deus da vegetação e da chuva, Elias anuncia uma grande seca:
A intenção do profeta foi mostrar que Deus, e não Baal, detinha a verdadeira
autoridade, pois a seca era um franco desafio à religião de Baal. Durante o período
da estiagem, Elias morou na casa de uma viúva e do filho dela, em Sarepta, que se
localizava na Fenícia, terra da própria Jezabel, esposa do rei Acabe e principal
promotora do culto a Baal.
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Importante notar que até o último minuto, no momento em que o fogo veio
do céu, o povo ainda não havia aprendido quem eram os verdadeiros profetas e o
verdadeiro Deus. Continuavam se deixando seduzir pela idolatria, mas esse incrível
acontecimento demonstra que o fogo é a validação do ministério de Elias.
Seguindo a narrativa bíblica, depois que Elias derrota os profetas de Baal, a
chuva cai sobre a terra, exatamente como havia profetizado. Seguindo o estilo dos
eventos miraculosos que marcaram sua jornada em Israel, o ministério desse
profeta termina quando ele é levado aos céus num redemoinho:
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• Reis 3: 1-27. Jorão, filho de Acabe, reinava sobre Israel e Josafá reinava
sobre Judá. Os moabitas se rebelaram contra Israel, fazendo com que
Josafá e Jorão se unissem para lutar contra eles, mas no caminho para a
batalha não achavam água para seu exército e o gado, então resolveram
consultar um profeta sobre as decisões que deveriam tomar na guerra.
Eliseu os instruiu como proceder e venceram a batalha.
• 2 Reis 4 :1-7. Uma mulher passava por uma situação difícil e constrangedora
após a morte do marido, por conta das muitas dívidas da mulher, o credor
estava exigindo os filhos dela como escravos, Eliseu multiplicou o azeite da
viúva, que foi vendido para pagar as dívidas.
• 2 Reis 4:8-37. Sunamita abrigou o profeta e, por gratidão, ele ora a Deus,
que concede um filho a ela. Tempos mais tarde, a criança morre, mas por
meio da oração do profeta, o menino revive (como fez Elias).
• Reis 4: 42- 44. Alimentou milagrosamente cem homens com vinte pães
(como fez Jesus).
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• 2 Reis 6:24-33 e 7:1-20. Ben Hadade cercou a capital do reino do norte até
haver fome. Eliseu profetiza a ação de Deus para livrar o povo.
• 2 Reis 8: 11-13. Eliseu profetiza que Hazel será o novo rei da Síria e que
provocará muitos males a Israel.
• 2 Reis 13: 14-19. Eliseu profetiza 3 vitórias de Jeoás, rei de Israel, sobre a
Síria.
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Tudo isso aconteceu porque os israelitas haviam pecado contra o Senhor, que
os tirara do poder do faraó, rei do Egito. Eles prestaram culto aos outros deuses e
seguiram os costumes das nações que o Senhor havia expulsado de diante deles,
bem como os costumes que os reis de Israel haviam introduzido, praticaram o mal
secretamente contra Deus, desde torres de sentinela até cidades fortificadas, eles
mesmos construíram altares idólatras em todas as suas cidades:
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• Elias era conhecido pelo modo peculiar de se vestir. Quando Acazias enviou
mensageiros para consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom, os emissários se
depararam no caminho com uma figura misteriosa que os mandou de volta
ao rei. Quando o rei lhes perguntou: "Qual era a aparência do homem que
vos veio ao encontro?", os mensageiros responderam: "Era homem vestido
de pelos, com os lombos cingidos de um cinto de couro" (2 Rs 1: 7,8). A partir
dessa mínima descrição, o rei soube imediatamente que seus enviados
haviam se encontrado com Elias. Quando João Batista começou sua
pregação, Mateus o apresentou dizendo: "Usava João vestes de pelos de
camelo e um cinto de couro" (Mt 3:4). Essa singular vestimenta evocava a
memória de Elias.
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• Talvez não exista nenhuma outra parte do Antigo Testamento tão farta em
milagres quanto à narrativa de Eliseu, após conceder a porção dobrada de
espírito pedida pelo profeta, Deus demonstrou sua aprovação a Eliseu e
testificou a mensagem por ele proclamada através dos milagres que
acompanharam o seu ministério. Do mesmo modo se deu a multiplicação de
milagres quando Deus testificou o ministério do seu próprio Filho (Hebreus
2: 3,4). Supunha-se que o aparecimento de Elias inauguraria aquele grande
e terrível dia do Senhor, o dia em que Deus julgaria o mal, enquanto
preservaria o seu povo. Durante sua prisão, João Batista ouviu que Jesus
estava ensinando e pregando na Galileia.
Interessante notar que este último tópico remete ao paralelo entre Eliseu e
Jesus, pois em grande parte, é a lista dos milagres de Eliseu:
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Ele restabeleceu visão a um cego (2 Rs 6); curou a lepra (2 Rs 5); trouxe um morto
à vida (2 Rs 4; 8:4; 13:21) e trouxe boas-novas ao destituído (2 Rs 1-7; 7: 1-2; 8: 6).
Tal lista de milagres de Eliseu se confunde com a do Servo prometido do Senhor
(Is 61: 1-3). Jesus, com efeito, estava dizendo a João, "O sucessor de Elias chegou.
Eu sou aquele que você está procurando".
IX Elias e Moisés
Na esteira dos paralelos, devemos notar a associação da figura de Moisés
(lei) e Elias (profetas), com a própria ideia de que o messias viria para restaurar
Israel. Elias e Moisés aparecem juntos no texto bíblico, nas referências ao Dia do
Senhor (Ml 4:4,5), no Monte da Transfiguração (Mt 17:3-4; Mc 9:4-5; Lc 9:30-33)
e em Apocalipse (Ap 11:3-6), e isso acontece pois eles são testemunhas de Jesus.
X Conclusão
De um lado a idolatria traz um desfecho inevitável: Canaã, que mana leite e
mel, deixa de ser experimentada. A promessa ainda tem valor, mas o povo perde
seu direito de usufruto. A idolatria os afasta da promessa e dos direitos que vêm
com a terra. Foi assim com o reino do Norte, com o reino do Sul, e assim é conosco.
Por outro lado, vemos o escritor do Livro de Reis demonstrar a fidelidade de Deus,
relatando as promessas feitas a Davi e o registro ininterrupto da dinastia davídica,
enfatizando a história de Judá (reino do Sul) por mais de três séculos.
O Livro de Reis se revela uma batalha, a mesma que ainda hoje travamos no
coração: a idolatria luta contra a graça de Deus – vencedora em si e garantida pelo
Senhor. Por isso esse livro termina com esperança, revelando que nem o exílio ou a
dominação estrangeira, nem as circunstâncias mais terríveis são suficientes para
impedir que a graça alcance os descendentes do Israel de Deus, nem que Suas
promessas se cumpram, pois agindo Deus, nada impedirá Seu amor e providência.
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Notas:
Todas as notas de 1 a 4 foram extraídas da obra Introdução ao Antigo Testamento de
Dillard e Longman
Bibliografia sugerida:
MONEY, Netta Kemp. Geografia Histórica do Mundo Bíblico (Tradução: Etuvino Adiers-
São Paulo Editora Vida. 2002)
PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica (Thomas Nelson/ Randall Price e H Wayne
House. Tradução: Wilson Ferraz de Almeida- Rio de Janeiro: Thomas Nelson. 2020)
Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery; tradução: Lucy Yamakami. Hans
Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida Nova,2001)
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DOUGLAS, J. O Novo Dicionário da Bíblia (São Paulo: Edições Vida Nova, 1986)
RAWLINSON, George. The Historical Evidence of the Truth of the Scripture Records
(1892)
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