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28/02/2024, 19:50 UNINTER

ARTES VISUAIS, HISTÓRIA E


SOCIEDADE
AULA 5

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Profª Danielly Sandy

CONVERSA INICIAL

Nesta aula, vamos aprender sobre alguns dos movimentos artísticos do início do século XX até a

sua primeira metade, ou seja, temos também aqui um recorte temporal com destaque em alguns

movimentos e seus respectivos artistas mais atuantes ou reconhecidos na história da arte. Isso mostra

o quanto a arte é realmente ampla e sua história precisa ser estudada para que venha a ser

compreendida.

Vale destacar que no início do século XX havia outros movimentos como o expressionismo, o

fauvismo, o cubismo, os quais foram abordados em outra ocasião, portanto, poderão eventualmente

serem mencionados, mas não serão tratados aqui. Assim, recomendamos que, para além da presente

aula, o leitor ainda se aprofunde mais nos assuntos que aqui são abordados ou mesmo sugeridos. Da

mesma forma, indicamos que a leitura e pesquisa permaneçam sempre em dia com o intuito de

conhecer também outros tópicos que não se apresentarem nesse recorte proposto. Dessa forma,

seguimos a seguinte sequência nos assuntos:

Futurismo;

Abstracionismo;
Dadaísmo e Surrealismo;

Pop Art; e
Op Art.

CONTEXTUALIZANDO

MOVIMENTOS ARTÍSTICOS DO INÍCIO DO SÉCULO XX

No início do século XX havia vários movimentos artísticos e tendências estéticas que


acompanhavam as mudanças e principais eventos que marcaram toda a estrutura das sociedades e,

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consequentemente, a história da arte. Dentre esses eventos, destacamos as Grandes Guerras

Mundiais, juntamente com as suas dolorosas consequências que influenciaram a arte do século XX.

Realmente, as vanguardas europeias marcaram fortemente a primeira metade do século XX ao

propor novas tendências estéticas a partir de questionamentos que buscavam colocar a arte,
produzida até então, em xeque. Da mesma forma, a sociedade era questionada e criticada por esses

artistas que trabalhavam muitas vezes com ideias anticonvencionais e conceitos novos. Tudo isso
trouxe seus desdobramentos e contribuições para a arte na contemporaneidade tal como a

conhecemos.

Vale destacar que, além dos movimentos que aqui serão tratados, a história da arte ainda foi

contemplada com muitos outros, como o Sincronismo, Orfismo, Suprematismo, Construtivismo,

Pintura metafísica, Art decó, Arte concreta, Realismo social, Realismo socialista, Arte bruta, Arte

cinética, Minimalismo, Arte conceitual, Body art, Arte povera etc. Assim, fica a proposta de que a

pesquisa sobre a arte do século XX, tanto no início do século como em seu decorrer, seja uma

constante para maior aprofundamento e compreensão das diferentes propostas e novas linguagens

que respaldam as bases da arte contemporânea.

TEMA 1 – O FUTURISMO

O Futurismo, também conhecido como a estética da guerra, é considerado uma das primeiras

tendências estéticas da arte moderna e teve origem na Itália, no início do século XX, sendo um

movimento fundado por Filippo Tommaso Marinetti. No discurso dos artistas futuristas podemos

perceber determinada ênfase na modernidade e tecnologia, sendo o início do século um momento


repleto de novas possibilidades e, consequentemente, de muita excitação. É comentado por Marjorie

Perloff (1993, p. 80) que “o momento futurista foi uma breve fase utópica do modernismo inicial,
quando os artistas sentiram-se às vésperas de uma nova era; mais excitante, promissora e mais
inspiradora do que qualquer outra precedente”.

O Futurismo apresenta o seu Manifesto, escrito por Filippo Tommaso Marinetti e publicado no

jornal francês Le Figaro, em 20 de fevereiro de 1909. O Manifesto Futurista fragilmente intencionava


romper com o passado apresentando ideias pouco convencionais e visando à identificação do

homem com uma máquina para o seu desenvolvimento futuro. Assim, o mencionado manifesto
apresenta 11 tópicos, os quais podemos ler a seguir.

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1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.

2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.


3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos

exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o


murro.

4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da

velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de


hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo

que a Vitória de Samotrácia.


5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada

a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.

6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o


entusiástico fervor dos elementos primordiais.

7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode
ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças

ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.

8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se
queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram

ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade omnipresente.


9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o

gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da
mulher.

10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo o tipo, e combater o

moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.


11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação;

cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o
vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas

eléctricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas

suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a
ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os

navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se
empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o voo

deslizante dos aviões, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir

como uma multidão entusiasta. (Martin, 2005, p. 7).

O futurismo, bem como outros movimentos artísticos, esteve presente em diferentes campos

como na literatura, no cinema, na arquitetura, e é necessário pontuar que havia interesse político na
propagação de suas ideias que serviam muito bem ao fascismo da época. Os artistas futuristas

apresentavam uma ligação com o fascismo, mas se mostravam teoricamente mais revolucionários do

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que na arte na qual tentavam insistentemente representar o movimento e velocidade das coisas

também por meio da sobreposição de imagens.

No entanto, tais ideias não foram muito adiante, pois puderam observar na prática os horrores de

uma guerra reconhecendo erros em seu discurso, pois “a Primeira Guerra Mundial marca
evidentemente o debandar do grupo futurista original” (Martin, 2005, p. 21). Em relação a isso, de

acordo com Lynton (1991, p. 76):

A guerra de 1914-1918 precipitou o fim do futurismo. A “única higiene do mundo” eliminou

Sant’Elia e Boccioni em 1916. Os restantes artistas futuristas transferiram-se para estilos e atitudes
mais tradicionais. Marinetti satisfez seus ideais políticos ajudando o Fascismo a conquistar o poder

na Itália. Alguns adeptos mais jovens do movimento, como Prampolini, lograram levar alguns
aspectos do futurismo até à década de 1930, mas várias tentativas de reavivar o futurismo depois de

1918 tiveram pouco impacto.

Mas, como pontua Wataghin (2003, p. 86):

a idolatria pela velocidade, o caos emocional, a sensação imediata, a mudança contínua, são, todavia
obrigadas a lidar com um presente angustiante, com um passado que volta, daí surge como solução

a dissolução da memória através da guerra”. Dentre as características futuristas se encontram ideias


antitradicionais, contra elementos convencionais e considerados burgueses, a exaltação da

tecnologia e velocidade como futuro da humanidade, a exaltação de máquinas como carros, aviões

e motocicletas e a exaltação da violência e da guerra como “higiene do mundo.

Dos artistas futuristas, mencionamos Umberto Boccioni (1882-1916), sendo a escultura


intitulada Formas únicas na continuidade do espaço uma das obras mais conhecidas do Futurismo. A

partir da mencionada obra de Umberto Boccioni, o historiador e crítico Argan (2006, p. 441) pondera:

Boccioni quer estudar os efeitos físicos da velocidade sobre a forma do corpo humano, mas quer

também erguer o monumento ao Homem Veloz da civilização dinâmica. O fator psicológico é


importante; com esta estátua, Boccioni inventou a forma aerodinâmica, que se tornará uma das

formas típicas da morfologia e da iconografia de nossa época.

Figura 1 – Escultura Formas únicas na continuidade do espaço, 1913, 1,10 de altura

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Crédito: Everett Collection / Shutterstock.

Boccioni se tornou uma das figuras-chave do movimento futurista ao lado de Marinetti,

mudando-se para Milão em 1907 com o intuito de melhor acompanhar os avanços desse movimento.
Além de Boccioni, há muitos outros artistas futuristas dos quais citamos Luigi Russolo (1885-1947),

Carlo Carrá (1881-1966), Giacomo Balla (1871-1958), Ardengo Soffici (1879-1964), Gino Severini
(1883-1966), Anton Giulio Bragaglia (1890-1960), Fortunato Depero (1892-1960).

Figura 2 – Selo com reprodução de pintura futurista de Giacomo Balla

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Crédito: Francesco Messuri / Shutterstock.

TEMA 2 – O ABSTRACIONISMO

A arte abstrata não possui relação imediata com a realidade, ou seja, não apresenta uma relação

representativa da realidade. Dessa forma, apresenta maior liberdade na expressão de sentimentos e


sensações do mundo externo, contribuindo para impulsos visuais a partir da apresentação de formas

arbitrárias e o mesmo na disposição das cores sobre o plano. No entanto, conforme aponta Gombrich

(1999, p. 570), “tem sido frequentemente observado que a palavra “abstrata” não foi uma escolha
muito feliz, sugerindo-se a sua substituição por ‘não-objetiva’ ou ‘não-figurativa’. Mas a maioria dos
rótulos em curso na história da arte é fortuita. O que importa é a obra de arte, e não a sua etiqueta”.

A arte abstrata apresenta determinada influência da arte cubista, embora o cubismo claramente

não tenha intencionado abstrair as formas representadas a ponto de lhes tirar a identificação. Isso
porque o intuito era sintetizar as formas buscando estudá-las em diferentes aspectos e ângulos.

Dentre os principais artistas abstracionistas citamos Wassily Kandinsky (1866-1944), Piet Mondrian
(1872-1944), Kazimir Malevich (1878-1935), Paul Klee (1879-1940), Georgia O'Keeffe (1887-1986),

Jackson Pollock (1912-1956).

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Figura 3 – Jardins do sol, pintura de aquarela sobre papel de Paul Klee, 1913

Crédito: Everett Collection / Shutterstock.

Destacamos então que o pintor russo Kandisnky foi o criador da arte abstrata sendo o primeiro a

deixar de referenciar a realidade em suas obras a partir de particular experiência, no ano de 1910, em
seu atelier:

Fui subitamente confrontado com um quadro de indescritível e incandescente beleza. Intrigado,

parei para olhar. O quadro não tinha tema algum, não representava qualquer objeto identificável e
era totalmente composto de manchas coloridas. Por fim, aproximei-me e, somente então, reconheci

o que era – meu próprio quadro, virado de lado no cavalete (Kandisnky, 1910 citado por Strickland,
1999, p. 143).

A partir de então, Kandinsky passa a defender a pintura abstrata, ou representação não figurativa,
como uma maneira muito mais ampla para a expressão da síntese da natureza e das coisas. Enquanto

a pintura figurativa se limita à interpretação de apenas uma pequena parcela da natureza, a pintura
abstrata pode reunir diversos aspectos da natureza inteira, como um todo. Essa natureza inteira, a que
Kandinsky referencia, engloba tanto as relações da natureza externa como as relações da natureza

interna do homem (Barros, 2006, p. 161). Sendo assim, reconhecemos no abstracionismo relações

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com a sinestesia, pois as experiências diante de uma tela abstrata podem ser múltiplas e simultâneas.

De acordo com Argan (2006, p. 446):

Kandisnky se propôs reproduzir experimentalmente o primeiro contato do ser humano com um

mundo do qual não se sabe nada, nem sequer se é habitável. É apenas algo diferente de si: uma
extensão ilimitada, ainda não organizada como espaço cheia de coisas que ainda não têm lugar,

forma ou nome.

Kandisnky estudou Direito e Economia na Universidade de Moscou e em 1896 recusou o convite

para se tornar professor da Universidade de Dorpat, pois intencionava se dedicar à pintura. E isso
ocorreu porque havia se deparado com experiências ímpares após visitar uma exposição de artistas

impressionistas em Moscou e uma Ópera de Richard Wagner, o que inclusive lhe instigou a se
mudar para Munique (Barros, 2011).

Em 1922, Kandisnky foi convidado para lecionar na Bauhaus, sendo que “seu conceito de síntese

e suas convicções críticas, a respeito dos elementos fundamentais da criação, vieram ao encontro dos

ideiais de Walter Gropius” (Barros, 2011, p. 155). Na Bauhaus, pôde se desenvolver com intensidade

intelectual, mas precisou se mudar para Paris anos depois, em decorrência da forte pressão nazista

que sofreu pelo fechamento dessa escola e por sua arte moderna abstrata.

A Bauhaus surgiu na Alemanha no início do século XX, a partir da junção da Academia de Belas

Artes de Weimar e uma escola de artes e ofícios. Foi fundada por Walter Gropius, mais precisamente
em 1919, e permaneceu até 1933 quando teve que ser fechada mediante cobrança do governo
nazista que considerava a arte moderna uma expressão doente e degenerada, bem como seus artistas

e simpatizantes. A Bauhaus buscou unir diferentes gêneros artísticos em uma mesma linguagem sem

fronteiras, pois tinha uma ideia bastante democrática sobre a arte, procurando vencer as barreiras que
separam uma arte considerada vulgar de uma arte considerada elevada, e propondo uma parceria

entre arte e indústria (Barros, 2011).

Não obstante, as ideias de Kandinsky também possuem relação com as ideias do movimento

expressionista alemão e muitas de suas obras mostram bem a relação do expressionismo com sua
pintura. Kandisnky desenvolveu sua própria teoria da cor e desenvolveu sua arte a partir de

impressões, improvisações e composições fazendo relação de sua pintura com a música. Seu
abstracionismo é repleto de linhas e formas orgânicas, por isso é considerado um abstracionismo

informal ou lírico, devido ao seu resultado biomórfico e subjetividade. Para Gombrich (1999),

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Kandinsky foi praticamente um “místico” ao destacar seu livro Do Espiritual na Arte (1912), a partir do

qual:

Ele destacou os efeitos psicológicos da cor pura, o modo como um vermelho brilhante pode afertar-

nos como o toque de um clarim. A sua convicção de que era possível e necessário gerar desse
modo uma comunhão de espírito a espírito estimulou-o a expor essas primeiras tentativas de

música cromática, que inauguraram efetivamente o que passou a ser conhecido como “arte
abstrata” (Gombrich, 1999, p. 570).

Figura 4 – Improvisação 27, 1912, Pintura abstrata de Kandisnky

Crédito: Everett Collection / Shutterstock.

O próximo artista a quem aqui daremos destaque será mais pelo resultado pictórico abstrato de

suas obras e não necessariamente por seu estilo considerando algumas especificidades de seu
trabalho que se encaixariam, de acordo com Janson e Janson (1996), no expressionismo abstrato e

que se desenvolveram como uma nova abordagem na arte a partir do movimento surrealista. Trata-se

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do pintor norte americano Jackson Pollock, o qual desenvolveu a técnica do gotejamento chamada da

action painting, ou pintura de ação, a partir do gestualismo na pintura.

Pollock fora cativado pelo Surrealismo, mas descartou gradualmente as imagens fantásticas que

tinham obcecado suas telas, optando pelos exercícios de arte abstrata. Impacientando-se com os
métodos convencionais, colocou suas telas no chão e pingou, derramou ou arremessou suas tintas,

acabando por obter configurações surpreendentes (Gombrich, 1999, p. 602).

A action painting implica técnica de dripping, que significa gotejar ou esborrifar a tinta, e isso é

feito sobre uma superfície plana, uma tela, disposta no chão no qual o gestual do artista permitirá

que a pintura se forme (Argan, 1992). Ainda, segundo Argan (1992, p. 532), a action painting pode ser

comparada com o jazz com toda a sua liberdade por ser uma música “sem projeto”, pois “rompe

todos os esquemas espaciais da pintura tradicional” e, “num quadro de Pollock, cada cor desenvolve

seu ritmo”.

Figura 5 – Grupo de crianças visitando a pintura de Pollock no Museu de Arte Moderna de Nova York

Crédito: TLF Images / Shutterstock.

Outro artista que abordaremos é o holandês Piet Mondrian, o qual deu a sua contribuição no que

se refere ao abstracionismo geométrico com apenas linhas retas e cores puras. A objetividade é

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elemento presente nessa modalidade de abstração que conta com formas geométricas em sua

composição passando a descartar as linhas orgânicas e biomórficas. Mondrian, para o historiador

Argan (2006, p. 412):

O postulado moral de Mondrian é “eliminar o trágico da vida”; e é trágico tudo o que provém do

inconsciente, dos complexos de culpa ou de poder, de inferioridade ou superioridade. É trágico o


que Mondrian chama, com acrimônia, de “barroco moderno”: o Expressionismo, o Surrealismo, mas

também a eterna alegria de viver de Matisse, as explosivas deformações de Picasso, o riso entre
lágrimas de Chagall.

Assim, o abstracionismo geométrico se apresenta como o oposto do abstracionismo informal ou

lírico, tendo a racionalização e intelectualização da composição como caminho. Da mesma forma, a

aplicação das cores é realizada de maneira racional e equilibrada em oposição à subjetividade

encontrada em outras propostas de abstracionismo. Ainda de acordo com Argan (2006, p. 412), sobre

os valores de cor, Mondrian considerava que “não devem existir relações de força, e sim relações

métricas proporcionais”.

Figura 6 – Pintura abstrata geométrica do artista Piet Mondrian, propondo uma composição apenas

com linhas retas e cores puras

Crédito: Mark Rademaker / Shutterstock.

TEMA 3 – O DADAÍSMO E O SURREALISMO

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O Dadaísmo é um movimento de vanguarda que se apresenta na primeira metade do século XX,

primeiramente em Zurique e depois nos Estados Unidos, a partir de 1913. Os artistas dadaístas fazem

da arte um meio para mostrar as suas contestações, também usando objetos de uso comum,

escolhidos ao acaso, para se tornarem obras de arte ao serem inseridos em um contexto propício
promovendo questionamentos e reflexões.

Inclusive o nome dadá também foi escolhido ao acaso quando, ao procurarem um título para o
movimento em questão, os artistas procuraram aleatoriamente em um dicionário. Assim, a palavra

francesa dadá significa cavalinho de pau, daqueles que as crianças usam para brincar como se

estivessem montadas em um cavalo de verdade.

Além de tamanha ironia, outro sentimento que paira sobre os artistas dadaístas é o pessimismo

em relação ao mundo e seus desdobramentos. De acordo com Janson e Janson (1996, p. 381):

O Dadaísmo não era totalmente negativo. Em sua irracionalidade calculada havia também a

liberação, uma viagem às regiões desconhecidas da mente criativa. A única lei respeitada pelos
dadaístas era a do acaso; e a única realidade, a de sua própria imaginação. Essa era a mensagem dos

ready-mades de Duchamp, que o artista criou simplesmente deslocando seu contexto utilitário para
o estético.

Para a arte dadá, tudo pode ser usado como meio de criação, incluindo jornais, poesias, sons etc.,

além de objetos tirados do uso cotidiano para se tornarem o que chamam de ready-made (já pronto).
Isso permite aos artistas ressignificar objetos, tornando-os obras de arte, porém muito mais pelo seu

conceito e possibilidades para se fazer pensar. Assim, percebemos não apenas uma forte relação
dessa arte com o acaso, mas também com a irreverência ao propor críticas severas ao sistema

econômico capitalista, à arte institucionalizada, consumismo, guerra e mais, a partir da apresentação


de objetos já prontos. O conceito de nonsense (absurdo) pairava nas ideias dadaístas e, conforme

aponta Argan (1992, p. 356):

A reação psicológica e moral à guerra leva a polêmica contra a sociedade da época aos seus

extremos. A guerra era um acontecimento em contradição com o racionalismo sobre o qual se


pretendia baseado o progresso social; os intelectuais que não queriam compartilhar da

responsabilidade das classes dirigentes que desejaram a guerra teriam de assumir uma posição, e
havia apenas duas posições possíveis. Primeiro: considerar a guerra como um passo em falso, um

desvio da razão através de uma ação mais ou menos enérgica (reforma ou revolução) [...]. Segundo:

considerar falsa a direção tomada pela civilização, e encarar a guerra como consequência lógica do
progresso científico e tecnológico [...].

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Ou seja, a Primeira Guerra Mundial, realizada entre os anos de 1914 e 1918, foi um evento de

grande impacto para o cerne pessimista e irracional da lógica nonsense do dadaísmo. Sendo assim,

recapitulamos as principais características da arte dadá como o caráter revolucionário e de vanguarda,

a constante da improvisação e acaso, presença de pessimismo, caos, ironia, radicalismo, desordem,


anarquia e agressividade e forte crítica ao sistema capitalista juntamente com rejeição à guerra e ao

modo de vida da burguesia. Os dadaístas “acreditavam que a única esperança para a sociedade era

destruir aqueles sistemas baseados na razão e na lógica, substituindo-os por valores ancorados na
anarquia, no primitivo e no irracional” (Dempsey, 2003, p. 115).

Dentre os artistas do movimento Dadá citamos Hugo Ball, (1886-1927), Marcel Duchamp (1887-

1968), Hans Arp (1886-1966), Raoul Hausmann (1886-1971), Francis Picabia (1879-1953), Man Ray

(1890-1976).

Um dos maiores expoentes do dadaísmo e influenciados da arte contemporânea foi o artista

francês Marcel Duchamp que negava as técnicas artísticas como operações programadas, atingindo

seu ponto máximo na arte com a criação dos ready mades (Argan, 1992). Duchamp é realmente um

artista provocativo que, como enxadrista que era, jogava com a arte e suas possibilidades de maneira

irônica e jocosa. Uma de suas obras implicou colocar bigodes em uma reprodução da obra Mona Lisa

de Leonardo da Vinci com a intenção de contestar a veneração do público pela arte do passado.

Mas a obra mais conhecida de Marcel Duchamp foi o ready made intitulado A fonte. Essa obra foi

criada em 1917 e se trata de um urinol assinado R. Mutt e “levou o mundo da arte a se posicionar
sobre sua tão propalada largueza de visão, ao mesmo tempo em que fazia um comentário instigante
sobre o peso que uma assinatura tem na avaliação de uma obra de arte” (Dempsey, 2003, p. 115).

Figura 7 – A fonte, famoso ready-made de Marcel Duchamp

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Crédito: robson.miguel / Shutterstock.

Já a arte surrealista teve início no ano de 1924, com o poeta francês André Breton (1896-1966) ao

lançar seu primeiro manifesto surrealista, inspirado nas teorias da psicanálise e filosofias ocultistas. Em

oposição ao dadaísmo, o surrealismo apresentava ideias mais otimistas a partir de seus conceitos e
base filosófica. Dessa forma, podemos compreender que:

Os surrealistas pretendiam nada mais, nada menos do que a total transformação do modo de

pensar das pessoas. Ao derrubar as barreiras entre seus mundos interiores e exteriores, ao modificar
o modo como elas percebiam a realidade, o surrealismo libertaria o inconsciente, reconciliando-o

com o consciente, e também livraria a humanidade dos grilhões da lógica e da razão, que até então
haviam conduzido unicamente à guerra e à dominação (Dempsey, 2003, p. 153).

Com a forte influência da psicanálise nas cenas e temas propostos como característica central do
surrealismo, observamos todo o tipo de representação que vai além da realidade passando a juntá-la
com o mundo dos sonhos ou inconsciente. Mas observamos nas cenas para além do real que as

pinturas rompem com a realidade, no entanto, mantêm os traços figurativos pela presença do
automatismo subconsciente para a criação. Outro aspecto presente na arte surrealista é a presença de

símbolos e imagens oníricas, além da ausência de uma lógica ou linearidade de ideias nos temas
apresentados. Conforme aponta Argan (2006, p. 360) sobre o surrealismo:

O inconsciente não é apenas uma dimensão psíquica explorada com maior facilidade pela arte,

devido à sua familiaridade com a imagem, as é a dimensão da existência estética e, portanto, a


própria dimensão da arte. Se a consciência é a região do distinto, o inconsciente é a região do

indistinto: onde o ser humano não objetiva a realidade, mas a constitui uma unidade com ela. A

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arte, pois, não é representação, e sim comunicação vital, biopsíquica, do indivíduo por meio de

símbolos.

Dos principais artistas surrealistas destacamos Salvador Dalí (1904-1989), Francis Picabia (1879-

1953), Max Ernst (1881-1976), René Magritte (1898-1969), André Masson (1896-1987), Paul Delvaux

(1897-1994), Joan Miró (1893-1983), Paul Klee (1879-1940) e Frida Kahlo (1907-1954).

Figura 8 – A persistência da memória, óleo sobre tela, Salvador Dalí

Crédito: kumachenkova / Shutterstock.

O artista espanhol Salvador Dalí se tornou um dos nomes mais conhecidos do surrealismo
trabalhando com uma técnica pictórica bastante precisa e associações inusitadas. Sobre Miró,

podemos evidenciar que o seu estilo, embora possa parecer um tanto quanto abstracionista e
inclusive fora chamado de abstração biomórfica devido às formas que se organizavam no espaço

bidimensional pelo uso deliberado de linhas orgânicas, enquadra-se no surrealismo. Assim,


reconhecemos também em Miró determinado hibridismo entre estilos e movimentos, o que

naturalmente ocorre com muitos outros artistas.

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TEMA 4 – A POP ART

A Pop Art surgiu nos anos de 1950, na Inglaterra, mas desde o início tem influência da mídia

norte-americana. Nas discussões propostas pela pop art, vinham à tona questões relacionadas à
“crescente cultura de massa que se manifestava no cinema, na propaganda, na ficção científica, no

consumismo, na mídia e nas comunicações, no design de produtos e nas novas tecnologias que se

originaram nos Estados Unidos mas que então se espalhavam por todo o Ocidente” (Dempsey, 2003,

p. 217). Vale destacar a constante inspiração que Roy Lichtenstein (1923-1997) encontrava nas
histórias em quadrinhos e sua reprodutibilidade em tamanhos superiores para exposição:

O que fascina Lichtenstein nas histórias em quadrinhos – e o que ele nos faz ver pela primeira vez –
são as rígidas convenções de seu estilo, tão firmemente estabelecidas e tão distantes da vida quanto

as regras da arte bizantina. Como um ícone, sua pintura espelha dessa forma os ideais e esperanças
de nossa cultura, e o faz de uma forma que todos saber “ler” (Janson; Janson, 1996, p. 396).

Figura 9 – Obras de Lichtenstein expostas no Museu de Arte Moderna de Viena

Crédito: Radu Bercan / Shutterstock.

Dentre as características mais marcantes da Pop art destacamos o trabalho com imagens e

personalidades da cultura pop, ou cultura de massa, possui influência do Dadaísmo, trabalha

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deliberadamente com a reprodutibilidade das obras, faz uso de cores vibrantes. E, “ao contrário do

Dadaísmo, a Pop Art não é motivada pelo desespero ou animosidade contra a civilização atual;

considera a cultura comercial sua matéria-prima, uma fonte inesgotável de material pictórico, mais do

que um mal a ser combatido” (Janson; Janson, 1996, p. 395).

Também podemos citar outros artistas pop como Andy Warhol (1928-1987), Jasper Johns (1930),

Richard Hamilton (1922-2011).

Figura 10 – A bandeira, obra de Jasper Johns

Crédito: Ms Y Bailey / Shutterstock.

Figura 11 – Reprodução de retratos de Marilyn Monroe em serigrafia, obra de Andy Warhol

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TEMA 5 – OPTICAL ART

A Optical Art, também conhecida como Op Art, é uma tendência estética que propõe uma arte

óptica cujo movimento culminou na década de 1960, nos Estados Unidos. A proposta da Op Art é
trabalhar com recursos e elementos visuais que promovam a ilusão de ótica em detrimento da
expressão de algum sentimento ou reprodução naturalista de alguma cena ou objeto. No ano de

1965, foi realizada, no Museu de Arte Moderna de Nova York, a primeira exposição do movimento Op
Art, intitulada O olho que responde.

Apesar de ter ganhado força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um
desenvolvimento relativamente lento. A op Art não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop

Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do
que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da

ciência e da tecnologia (Janson; Janson, 1996, p. 392-393).

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O artista precursor do mencionado movimento foi Victor Vasarely (1908-1997), ainda na década

de 1930 como resultado de seus estudos abstracionistas. Dentre outros artistas temos Alexander

Calder (1898-1976), Luiz Sacilotto (1924-2003), Adolph Frederick Reinhardt (1913-1967), Jesús-

Raphael Soto (1923-2005), Kenneth Noland (1924-2010), Richard Allen (1933-1999).

Figura 12 – Exposição com obras de Victor Vasarely

Crédito: Dedo Luka / Shutterstock.

Como principais características da Op Art, podemos evidenciar o uso deliberado de efeitos de cor

e perspectiva para a obtenção de resultados visuais ópticos diversos, aplicação de cores diversas e
formas geométricas e efeitos de ilusão de ótica. Tais efeitos de ilusão de ótica podem inclusive mudar

conforme o ângulo de observação, por isso é necessário o estudo de física sobre a parte de óptica
para a obtenção de resultados diretamente na retina do observador.

Outro artista de destaque da Op art foi Josef Albers que primeiramente frequentou a Bauhaus
como aluno, entre os anos de 1920 e 1923, para, posteriormente, tornar-se professor dessa mesma

instituição. Albers desenvolveu a sua própria técnica de estudo e metodologia didática voltada à
experimentação e ensino das cores.

A preocupação de Albers é, portanto, enxergar o que acontece entre as cores, ou seja, entender a

interação cromática. Seu objetivo é conscientizar os alunos, antes de tudo, de que as cores se

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apresentam num fluxo contínuo, instável, em constante interação com as cores vizinhas e suscetíveis

às alterações da luz (Barros, 2011, p. 224).

Tais ideias “motivam o aluno a ‘descobrir’ os efeitos e as leis dos contrastes simultâneo e

sucessivo, ao mesmo tempo que condicionam neles a necessidade cromática figura-fundo, ou seja,
estabelecendo sempre uma inter-relação entre as cores” (Barros, 2011, p. 217).

NA PRÁTICA

Com base no que aprendemos nesta aula:

vamos escolher um artista de cada um dos tópicos de nossa aula e realizar uma breve pesquisa

sobre a sua produção artística;


em seguida, vamos refletir sobre a poética e os temas mais trabalhados por esses artistas para

escolhermos apenas um, conforme nossa afinidade;

agora, vamos pensar em um objeto de nosso meio que possa ser usado como inspiração para a

criação de uma obra de arte;

esse objeto pode ser transformado em ready-made ou mesmo reproduzido bidimensional ou

tridimensionalmente conforme a sua escolha; e

por fim, escreva um texto crítico filosófico que o contextualize no momento de sua criação

considerando também a sua região e fatores culturais – lembre-se de informar sobre todo o seu

processo criativo.

FINALIZANDO

Nesta aula, aprendemos sobre o Futurismo na arte com suas principais características como o

antitradicionalismo e exaltação da velocidade, tecnologia e violência. Assim, apresentamos o


manifesto futurista e passamos pelo abstracionismo destacando a sua libertação das formas

reconhecíveis e representativas rumo à subjetividade nas formas, mostrando também o


abstracionismo geométrico com a obra do artista Piet Mondrian.

Os movimentos estéticos seguintes foram o surrealismo e o dadaísmo com seus respectivos


ideais e principais artistas. Após isso, demos destaque na Pop Art. Por fim, tratamos sobre a Optical

Art que foi o movimento estético com início na década de 1950 com estudos da física no campo da

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óptica trazendo dois artistas surpreendentemente significativos para esse movimento: Victor Vasarely

e Josef Albers.

REFERÊNCIAS

ARGAN, G. C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

BARROS, L. R. M. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe. 4.

ed. São Paulo: Editora Senac, 2011.

DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999.

JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

LYNTON, Norbert. Futurismo. In. STANGOS, N. (Org.). Conceitos de arte moderna. Tradução de

Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.

MARTIN, S. Futurismo. Colônia: Taschen, 2005.

PERLOFF, M. O momento futurista: avant-garde, avant-guerre e a linguagem da ruptura.

Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Ed. USP, 1993.

WATAGHIN, L. (Org.). Brasil & Itália: Vanguardas. São Paulo: Ateliê Editorial. 2003.

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