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Influência da autoridade e do

pensamento de grupo na cognição:

1. Introdução:
As atitudes e ações socializadoras e de aprendizagem da família referem-se principalmente a:
cuidados físicos, relações interpessoais, formação de vínculos, atividades lúdicas, inserção
escolar e social, atividades produtivas (Lane, 1999). Reis (1999) salienta que a maneira como
o processo socializador se desenvolve ocorre a partir da permissividade ou da rigidez dos
pais, estando associada ao modelo cultural de valores e de personalidade e influenciando na
forma como é conduzida a dinâmica familiar.

2. Pensamento de grupo:
De forma breve, para o Professor de Psicologia (Yale) Janis (1982) define pensamento de
grupo como um modo de pensar que se torna habitual quando as pessoas sentem-se
profundamente envolvidas com um grupo coeso, cuja marca mais saliente é a busca de
unanimidade, desprezando quaisquer motivações para apreciar visões alternativas.

3. Sintomas do pensamento de grupo:


Janis (1982) destaca os principais sintomas de pensamento de grupo:
a) ilusão de invulnerabilidade – tudo vai funcionar porque somos um grupo muito
especial;
b) crença na moralidade inerente do grupo – nossa posição é a de apontar falhas de
segurança, e não o contrário;
c) racionalização coletiva – adesão a raciocínios enganosos ou a concepções errôneas,
levando a não ver erros ou a analisar possíveis falhas;
d) autocensura – como proteção das decisões que se encaminhem para a unanimidade,
considerando equivocadas as contribuições dissonantes;
e) culto à unanimidade – os gerentes perpetuam a ficção de que todos estão de acordo,
não pontuando hesitações ou dúvidas;
f) pressão direta sobre os discordantes, em função do medo de ser visto como inepto,
perdendo futuros contratos por descrédito junto ao público, os dissidentes não são
convidados para revisões finais (Longley & Pruit, 1980). Esses sintomas
convertem-se em normas de comportamento do grupo, revelando-se, através de
atitudes e posicionamentos de seus membros, como princípios básicos que acentuam
os sentimentos do orgulho de pertencer.

4. Substituto do pensamento crítico:


O pensamento crítico é substituído pelo pensamento do grupo, evitando desgastes que, por
sua vez, leva a não criar argumentos discordantes, empobrecendo o pensamento do grupo e
tendo como resultado decisões equivocadas. O grupo comporta-se como se estivesse num
túnel, com visão única, o que produz uma constante pressão à conformidade (Esser &
Linoerfer, 1989).

5. A família:

A organização familiar delimita e qualifica as experiências vivenciadas pelos membros que a


compıem (Baumrind, 1980; Minuchin & Nichols, 1982; Reis, 1999). Valendo-se de diversos
mecanismos, tais como estilos educativos, transmissão, e valores e crenças, a família vai
modulando as características do indivíduo (Musito & Cava, 2001; Ruiz & Esteban, 1999).

5.2. Pais como agentes ativos na formação da cognição:


Os pais ensinam a seus filhos como se relacionar com os outros, de quem gostar e não gostar,
quem evitar e depreciar, como expressar amor e ressentimento, e também como e quando
reprimir seus sentimentos e atitudes. A criança, por perceber a si por intermédio dos olhos de
seus pais, aprende a perceber suas próprias características e valores. Mais tarde, sua
auto-imagem é acrescentada e/ou alterada pelas atitudes para com os outros adultos e/ou
outras crianças (Baumrind, 1965, 1996; Buri, Murphy, Richtsmeier & Komar, 1988).

5.3. Tipos de estilos parentais:


Baumrind (1965) diferencia três tipos de estilos parentais, os quais permeiam as atitudes dos
pais para com os filhos: estilo autoritário, estilo permissivo e estilo autorizante.
a) Os pais autoritários acreditam em medidas calcadas na obediência como virtude, em
fatores punitivos, em medidas de força.
b) O adulto permissivo parte de uma postura afirmativa, de aceitar. Os pais vêem a si
como um recurso para a criança utilizar quando desejar, mas não como um agente
ativo e responsável por ensinar e alterar os caminhos e comportamentos futuros da
criança.
c) Os pais autorizantes encorajam as verbalizações, dividem com os filhos as razões por
trás do policiamento parental, do espaço para argumentos. As atitudes autônomas e
disciplinadas são valorizadas (Baumrind, 1965)

6. Pensamento de grupo para Milgram:


Milgram (1974) desenvolveu estudos aprofundados sobre obediência, demonstrando o que
acontece quando a pessoa obedece cegamente à autoridade, seja de seu superior hierárquico,
seja do grupo, deixando de lado a sua capacidade de discernir e julgar nas muitas decisões
que a vida impõe.

6.2. Exemplo Guerra do Vietnã:


Dá como exemplo o massacre de My Lai – guerra do Vietnã -, que envolveu muitos soldados
que apenas cumpriam ordens. O treinamento militar é típico, pois se sustenta na quebra dos
conceitos individuais, para instituir a corporação, a unidade e a disciplina. Isso é bom e é
ruim, é bom quando as pessoas aceitam as normas conscientemente, mantendo equilíbrio e
autocontrole emocional, sua moralidade e seu senso de justiça nas relações do grupo com o
ambiente e as circunstâncias. É ruim ou desastroso, quando as pessoas abdicam de seu
próprio pensamento e de sua inteligência, comportando-se mecanicamente, como se fossem
robôs, dirigidos por controle remoto.

7. Experimento:
Com base nas nossas pesquisas, gerimos dois questionários para exemplificarmos a influência
do pensamento de grupo e identificar as características de alguns sistemas parentais;
7.2. Experimento 1:
a) Metodologia: Foi aplicado um questionário com 8 questões entre alguns jovens, com
a finalidade de ponderar qual o sistema parental mais frequente entre os jovens. Para
isso foram utilizadas algumas perguntas do teste de PAQ (Parental Authoritative
Questionnaire) em formato de múltipla escolha, onde os jovens iriam escolher as
alternativas de acordo com o que estivesse mais próximo da sua realidade parental,
existiam 4 perguntas de caráter autorizante, 4 de caráter autoritário e se não pontuasse
em nenhum desses modelos o sistema parental pode ser considerado permissivo;
- Os jovens não sabiam que havia um sistema de pontuação e foram instruídos a
responder de acordo com sua vivência.
b) Dados coletados:
● Quantos jovens responderam a pesquisa: 13;
● Quantos eram mulheres e quantos eram homens: 5
homens e 8 mulheres;
● Idade mínima, máxima e média: Mínima 18, máxima 22,
média: 20;
● Média da autoavaliação da influência dos pais: 8,3;
● Média de pontuação: 6,4;
c) Considerações do experimento:
A partir do questionário conseguimos perceber a ocorrência das
respostas que indicavam um sistema parental Autorizante, autoritário e
permissivo. Por mais que a média em geral da pontuação do
questionário tenha sido baixa (6/16) duas das quatro perguntas de
caráter autoritário empataram com um maior número de ocorrência.

7.3. Experimento 2:
a) Metodologia: Um grupo de jovens foi reunido para responderem pessoalmente 6
perguntas desse mesmo teste de PAQ (Parental Authoritative Questionnaire),
julgando se em cada questão existia presença ou ausência de autoridade. Inicialmente,
cada um deles respondeu 3 perguntas de maneira individual, sem contato com as
respostas dos demais. Em seguida, eles foram reunidos para continuar o experimento
de maneira coletiva, da questão 4 até a 6. Um dos participantes foi escolhido nessa
fase para ser o "Influenciador", ele iria responder a pergunta 4 rapidamente e com
entusiasmo, que a autoridade dos seus pais ou responsáveis seria de 5, numa escala de
0 a 10. E com sua fala, poderia influenciar os demais nas respostas seguintes. Assim
analisaremos se eles foram influenciados ou se condiz com a visão que eles tinham
quando respondiam de maneira individual.
b) Dados coletados:
● Quantos jovens responderam a pesquisa: 5 jovens.
● Quantos eram mulheres e quantos eram homens: 3 mulheres e 2 homens.
● Idade mínima, máxima e média: Eles tinham de 14 à 17 anos. As mulher
tinham 14/15/16 anos. Já os homens tinham 15 e 17 anos.
8. Considerações finais:
Com todas as pesquisas que foram vistas e a conclusão dos experimentos podemos concluir
que a influência parental é de alta relevância para os seus filhos ao longo da sua formação
cognitiva e isso terá muitos impactos a longo prazo na construção de personalidade do
indivíduo, o tornando mais autônomos ou não. Também foi visto os impactos do pensamento
de grupo, o qual pode apresentar resultados positivos ou negativos, assim como os
exemplificados por Milgram e Janis.

9. Referências:
1. Boeckel, M. G., & Castellá Sarriera, J.. (2005). Análise fatorial do Questionário de
Estilos Parentais (PAQ) em uma amostra de adultos jovens universitários. Psico-usf,
10(1), 01–09. https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000100002;
2. Barros, L. A. B. de C.. (2018). DECISÕES CORPORATIVAS EM GRUPO: UMA
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL. Revista De Administração De Empresas,
58(6), 576–580. https://doi.org/10.1590/S0034-759020180606;
3. Milgram, S. (1974). Obedience to authority. New York: Harper and Row.;
4. Lane, S. T. M. (1999). O processo grupal. Em S. T. M. Lane (Org.). Psicologia social:
o homem em movimento. (pp. 115-130). São Paulo: Brasiliense.
5. Marques, Juracy C.: PENSAMENTO DE GRUPO: O risco de decisões equivocadas e
a diversidade de perspectivas na solução de problemas; Psicol. Argum., Curitiba, v.
27, n. 57, p. 141-149, abr./jun. 2009.

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