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Expert

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CAMPBELL
VOLUME 1
1 V
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE OMBRO E DE COTOVELO EM
PRINCÍPIOS BÁSICOS ADULTOS

1 Técnicas e Vias de Acesso Cirúrgicas 2 12 Artroplastia do Ombro e Cotovelo 532


Andrew H. Crenshaw, Jr. Thomas W. Throckmorton

2 Imagem por Ressonância Magnética 13 Artrodese de Ombro


na Ortopedia 127 e Cotovelo 583
Dexter H. Witte Thomas W. Th rockmorton

li
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
VI
DE QUADRIL EM ADULTOS
AMPUTAÇÕES
3 Artroplastia do Quadril 158
James W. Harkess e John R. Crockarell, Jr. 14 Princípios Gerais da Amputação 598
Patri ck C. Toy
4 Recapeamento do Quadril 311
David G. Lavelle 613
15 Amputações do Pé
David R. Richardson
5 Artrodese do Quadril 325
William E. Albers
16 Amputações dos Membros
Inferiores 637
6 Dor no Quadril em Adultos Jovens e Cirurgia
Marc J. Mihalko
Preservadora do Quadril 333
James L. Guyton
17 Amputações do
Quadril e da Pelve 651
Ili Marc J. Miha lko

18 Amputações da Extremidade Superior 659


PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
Kevin B. Cleveland
DE JOELHO EM ADULTOS
19 Amputações da Mão 673
7 Artroplastia do Joelho 376 James H. Calandruccio
William M. Mihalko

8 Artrodese do Joelho 445


William E. Albers VII
9 Procedimentos de Partes Moles e Osteotomias
Corretivas no Joelho 453 INFECÇÕES
Andrew H. Crenshaw, Jr.
20 Princípios Gerais de Infecção 706
Kevin B. Cleveland
IV
21 Osteomielite 725
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Gregory D. Dabov
DE TORNOZELO EM ADULTOS
22 Artrite Infecciosa 749
10 Artroplastia Total do Tornozelo 486 Anthony A. Mascioli e Ash ley L. Park
G. Andrew Murphy
23 Tuberculose e Outras
11 Artrodese de Tornozelo 503 Infecções Incomuns 773
G. And rew Murphy Marc J. Miha lko

xxi
VIII XI
FRATURAS E LUXAÇÕES
TUMORES EM CRIANÇAS

24 Princípios Gerais Dos Tumores 788 36 Fraturas e Luxações em Crianças 1362


Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. S. Terry Cana le e James H. Beaty

25 Tumores Ósseos Benignos e Condições não


Neoplásicas Simulando Tumores Ósseos 859
Robert K. Heck, Jr. e Patrick C. Toy

26 Tumores Benignos/ Agressivos do Osso 887


Robert K. Heck, Jr.
A COLUNA

27 Tumores Malignos dos Ossos 909 37 Anatomia da Coluna Vertebral e


Robert K. Heck, Jr. Abordagens Cirúrgicas 1522
George W. Wood li
28 Tumores de Partes Moles 947
Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. 38 Fraturas, Luxações e Fratura-Luxações
da Coluna Vertebral 1557
Ke ith D. Wil liams

VOLUME li 39 Artrodese da Coluna 1627


George W. Wood li

IX 40 Coluna Cervical Pediátrica 1651


Wi lli am C. Warner, Jr.
TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
DESENVOLVIMENTO 41 Escoliose e Cifose 1689
Wil liam C. Warner, Jeffery R. Sawyer,
29 Anomalias Congênitas e Derek M. Kel ly
dos Membros Inferiores 980
Derek M. Ke lly 42 Dor Lombar e Distúrbios dos
Discos Intervertebrais 1893
30 Anomalias Congênitas e do Raymond J. Ga rdocki e Ashley L. Park
Desenvolvimento do Quadril e da Pelve 1079 1961
Derek M. Kelly
43 Infecções da Coluna Vertebral
Franc is X. Cam illo
31 Anomalias Congênitas do Tronco e das 44 Outras Doenças da Coluna Vertebral 1989
Extremidades Superiores 1119 Raymond J. Ga rdocki e Francis X. Camil lo
Derek M. Kelly

32 Osteocondroses ou Epifisites e Outras


Afecções Diversas 1133 VOLUME Ili
S. Terry Ca nale
XIII
X MEDICINA ESPORTIVA
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 2048
EM CRIANÇAS
45 Lesões no Joelho
Robert H. Miller Ili e Frederick M. Azar

33 Paralisia Cerebral 1202 46 Lesões do Ombro e Cotovelo 2207


Jeffrey R. Sawyer Robert H. Miller 111, Frederick M. Azar
e Thomas W. Throckmorton
34 Distúrbios Paralíticos 1255
Jeffrey R. Sawyer 47 Luxações Recidivantes 2249
Barry B. Ph illips
35 Doenças Neuromusculares 1333
W illiam C. Warner, Jr. e Jeffrey R. Sawyer 48 Distúrbios Traumáticos 2305
Frederick M. Azar
XVII
ARTROSCOPIA MICROCIRURGIA

49 Princípios Gerais da Artroscopia 2358 63 Microcirurgia 3116


Barry B. Phillips Mark T. Jobe

50 Artroscopia de Pé e Tornozelo 2373


Susan N. lshikawa
l~ili• XVIII
~
51 Artroscopia dos Membros Inferiores 2387
Barry B. Philli ps e Marc J. Milhalko
AMÃO
52 Artroscopia de Membro Superior 2461
Barry 8. Phillips 64 Técnica Cirúrgica Básica e
Cuidados Pós-Operatórios 3190
XV David L. Cannon

65 Lesões Agudas da Mão 3211


FRATURAS E LUXAÇÕES David L. Cannon
EM ADULTOS

53 Princípios Gerais de Tratamento 66 Lesões dos Tendões Flexores e Extensores 3237


David L. Cannon
de Fratura 2554
George W. Wood li
67 Fraturas, Luxações e
54 Fraturas de Membros Inferiores 2611 Lesões Ligamentares 3295
Matthew 1. Rudloff James H. Calandruccio

55 Fraturas e Luxações do Quadril 2719 68 Lesões do Nervo 3357


John C. Weinlein Mark T. Jobe

56 Fraturas do Acetábulo e da Pelve 2771


James L. Guyton e Edward A. Perez
69 Distúrbios do Punho 3373
David L. Cannon
57 Fraturas do Ombro, Braço e Antebraço 2823
Edward A. Perez 70 Transtornos Especiais da Mão 3465
David L. Cannon
58 Fraturas Viciosamente Consolidadas 2911
A. Paige Whittle 71 Mão Paralítica
James H. Calandruccio e Mark T. Jobe 3483
59 Retardo de Consolidação
e Pseudartroses 2971 72 Deformidade da Mão na Paralisia
Kevin B. Clevela nd
Cerebral 3523
60 Luxações Agudas 3007 Mark T. Jobe
Anthony A. Mascioli
73 Mão Artrítica 3543
61 Luxações não Reduzidas Envelhecidas James H. Calandruccio
(Luxações Inveteradas) 3039
Wi lliam E. Albers 74 Síndromes Compartimentais
e Contratura de Volkmann 3601
VOLUME IV Mark T. Jobe

XVI 75 A Contratura de Dupuytren


James H. Calandruccio
3613

LESÕES DOS NERVOS PERIFÉRICOS 76 Síndrome do Túnel do Carpo,


Síndrome do Túnel Ulnar e
62 Lesões dos Nervos Periféricos 3052 Tenossinovite Estenosante 3625
Mark T. Jobe and Santos F. Martinez James H. Ca landruccio
77 Tumores e Condições 83 Deformidades dos Dedos Menores do Pé 3965
Tumorais da Mão 3649 G. Andrew M urphy
James H. Ca landruccio e Mark T. Jobe
84 Artroses do Pé 4011
78 Infecções da Mão 3681 David R. Richardson
David L. Cannon
85 Pé Diabético 4041
79 Anomalias Congênitas da Mão 3701 Susan N. lshikawa
Mark T. Jobe
86 Transtornos Neurogênicos 4063
E. Greer Richa rdson
XIX
87 Afecções das Unhas e da Pele 4101
Susa n N. lsh ikawa
O PÉ E O TORNOZELO
88 Fraturas e Luxações do Pé 4123
80 Técnicas Cirúrgicas 3784 Susan N. lsh ikawa
E. Greer Richardson
89 Lesões de Tornozelo em Esportistas 4197
81 Doenças do Hálux 3793 David R. Richardson
E. Greer Richardson

82 Distúrbios de Tendões e Fáscias e APÊNDICE


Pés Planos em Adolescentes e Lista de Técnicas A-1
Adultos 3907
G. Andrew M urphy ÍNDICE 1-1
Video 12-2: Reverse Total Shoulder Arthroplasty
Thomas W. Throckmorton
Video 12-3.· Total Elbow Arthroplasty
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Andrew H. Crenshaw, Jr
DE QUADRIL EM ADULTOS
Video 12-4.· Total Elbow Arthroplasty
3 Arthroplasty of the Hip Thomas W. Th rockmorton
Video 3-1: Mini-lncision Total Hip Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr.
Video 3-2: Extended Trochanteric Osteotomy for Total Hip IX _ _ _ _ _ _ _~
Revision Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr., and Greg D. Dabov TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
Video 3-3: Hip Revision - "....-...- DESENVOLVIMENTO
Wi lliam W. Mihalko
29 Congenital Anomalies of the Lower Extremity
Video 29-1: Polydactyly of the Foot: Toe Amputation
Jeffrey R. Sawyer

PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE JOELHO EM ADULTOS

7 Arthroplasty of the Knee FRATURAS E LUXAÇÕES


Video 7-1 : Posterior Stabilized Total Knee Replacement
EM CRIANÇAS
James L. Guyton
Video 7-2: Total Knee!Ligament Balancing 36 Fractures and Dislocations in Children
James L. Guyton Video 36-1: Supracondylar Fractures of the Humerus:
Pinning Technique
Video 7-3: Minimally lnvasive Total Knee Arthroplasty
James H. Beaty
James W. Harkess
Video 36-2: Screw Fixation of Slipped Capital Femoral Epiphysis
Video 7-4: Bilateral Total Knee Arthroplasty
William C. Warner, Jr.
Gregory Dabov

9 Soft Tissue Procedures and Corrective


Osteotomies about the Knee
Video 9-1: Supracondylar Osteotomy for the Arthritic
Valgus Knee
Andrew H. Crenshaw, Jr

38 Fractures, Dislocations, and


Fracture-Dislocations of the Spine
Video 38-1 : Anterior Cervical Discectomy and Fusion
Keith D. Will iams
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE TORNOZELO EM ADULTOS
41 Scoliosis and Kyphosis
10 Total Ankle Arthroplasty Video 41 - 1: VEPTR lnsertion
Video 10- 1: Chevron Osteotomy for Hallux Valgus Jeffrey R. Sawyer
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 41-2. VEPTR Adjustment
Jeffrey R. Sawyer
Video 41 -3.· Posterior Segmentai lnstrumentation
Using Pedicle Screws and Direct Vertebral Rotation
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO for !diopathic Scoliosis
DE OMBRO E DE COTOVELO EM Barney L. Freeman Ili
ADULTOS
42 Lower Back Pain and Disorders of
12 Shoulder and Elbow Arthroplasty Intervertebral Discs
Video 12-1: Total Shoulder Arthroplasty
Video 42- 1: Lumbar Microdiscectomy
Thomas W. Th rockmorton
Keith D. W illiams

*Disponíveis exclusiva mente em inglês no ExpertConsult.com.


xxv
44 Other Disorders of the Spine 57 Fractures of the Shoulder, Arm, and Forearm
Video 44- 1: Posterior Cervical Fusion Video 57- 1· Open Reduction and Internai Fixation of
Francis X. Ca millo Clavicular Fracture
George W. Wood li
Video 57-2: lntramedullary Nailing of Forearm Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr.

MEDICINA ESPORTIVA

45 Knee Injuries
Video 45- 1: ACL Reconstruction Using Central Third
Patellar Tendon
Robert H. Mi ll er Ili
AMÃO
Video 45-2 .· Osteochondral Allograft 69 Wrist Disorders
Frederick M. Azar Video 69- 7: Scaphoid Repair: Dorsal Approach
Video 45-3: Autologous Chondrocyte lmplantation George W. Wood li
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Ili
Video 45-4: Operative Treatment of Recurrent Lateral
71 Paralytic Hand
Video 7 7- 1: Ligamentous Reconstruction of the Thumb with
Patellar lnstability
Tenodesis lnterposition Graft Using Biotenodesis Screw
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Il i
Mark T. Jobe
Video 45-5: Allograft 8-PT-B Preparation for ACL Reconstruction
Frede rick M. Aza r
Video 45-6: Hamstring Graft Harvest
Frederick M . Aza r
Video 45-7." Tibial Tuberosity Allograft
Frederick M. Azar

48 Traumatic Disorders
Video 48- 1: Four Compartment Fasciotomy of the Leg 81 Disorders of the Hallux
Edward A. Perez Video 8 7- 7: Modified Keller Bunionectomy
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 81-2: Chevron Osteotomy for Hallux Balgus
E. Greer Richardson

82 Disorders of Tendons and Fascia and


ARTROSCOPIA Adolescent and Adult Pes Planus
Video 82- 7: Surgical Repa ir of Subluxation or Dislocation
52 Arthroscopy of the Upper Extremity of the Peroneal Tendons
Video 52-1: Rotator Cuff Repair E. Greer Richardson
Barry Phillips Video 82-2: FHL Transfer for lnsertional Achilles Tendinosis
G. Andrew Murphy
Video 82-3 .· Posterior Tibial Tendon Reconstruction with
Calcaneal Osteotomy and Flexor Digitorum Longus Transfer
G. Andrew Mu rphy
Video 82-4: Surgical Repair of Longitudinal Split Tear of
FRATURAS E LUXAÇÕES
Peroneus Brevis Tendon
EM ADULTOS G. Andrew Murphy and E. Greer Richardson
54 Fractures of the Lower Extremity Video 82-5: Surgical Repair of Anterior Tibial Tendon Rupture
Video 54-1: Percutaneous Plating of Distal Femoral Fractures David R. Richardson
George W. Wood li
88 Fractures and Dislocations of the Foot
55 Fractures and Dislocations of the Hip Video 88- 7: Open Reduction and Internai Fixation of
Video 55- 7: Reconstruction Nailing of Femoral Fractures Ca/caneal Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr. G. Andrew Murphy
PARTE

1
TÉCNICAS CIRÚRGICAS 3 Acessos Media is 30 ARTICULAÇÃO SACROILiACA 88
TORNIQUETES 3 TIBIA 31 Acesso Posterior 88
RADIOGRAFIAS NA SALA DE Acesso Anterior 32 Acesso Anterior 89
CIRURGIA 5 Acesso Medial 32 Acesso a Ambas as Articu lações
POSICIONAMENTO DO PACIENTE 6 Acesso Posterolatera 1 32 Sacroilíacas ou ao Sacro 89
PREPARAÇÃO LOCAL DO PACIENTE 6 Acesso Posterior à COLUNA 90
Soluções para Irrigação de Ferida 7 Região Superomedial ARTICULAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR 90
COLOCAÇÃO DO CAMPO CIRÚRGICO 7 da Tíbia 32 ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR
Colocação do Campo Cirúrgico nas FIBULA 34 E PROCESSO CORACOIDE 91
Bordas da Incisão 8 Acesso Posterolateral 34 OMBRO 91
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO JOELHO 35 Acessos Anteromed iais 91
DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA Acessos Anteromedia l e Acesso Axi lar Anterior 93
HUMANA 8 Antero latera l 35 Acessos Antero laterais 94
PREVENINDO OS ERROS 9 Acessos Posterolateral e Acesso Tra nsacromia l 95
TÉCNICAS OPERATÓRIAS Posteromedia l 38 Acessos Posteriores 95
ESPECIAIS 9 Acessos Mediais ao Joelho e ÚMERO 101
MÉTODOS DE FIXAÇÃO DO Estruturas de Suporte 39 Acesso Anterolateral 101
TENDÃO AO OSSO 9 Acesso Transverso ao Menisco 42 Acesso Posterior ao Úmero
ENXERTIA ÓSSEA 12 Acessos Laterais ao Joelho e Proxima l 102
Estrutura dos Enxertos Ósseos 13 Estruturas de Suporte 42 Acessos à Diáfise Distal do
Fontes dos Enxertos Ósseos 13 Acesso Extenso ao Joelho 46 Úmero 103
Banco de Ossos 13 Acessos Diretos Posterior, COTOVELO 106
Substitutos de Enxerto Ósseo Posteromedial e Posterolatera l 47 Acessos Posteriores 106
Esponjoso 14 FÊMUR 51 Acessos Laterais 110
Indicações para Várias Técnicas de Acesso Antero latera l 51 Acesso Medial 112
Enxerto Ósseo 14 Acesso Latera l à Diáfise do Fêmur 51 Acesso Medial e Latera l 113
Cond ições Favoráveis para Acesso Postero lateral à Diáfi se do Acesso Global 113
Enxertia Óssea 17 Fêm ur 53 RÁDIO 116
Preparação dos Enxertos Ósseos 17 Acesso Posterior 53 Acesso Posterolatera l à Cabeça e
Enxertos Ósseos Esponjosos da Acesso Medial à Superfície 116
ao Colo do Rádio
Crista Ilíaca 19 Posterior do Fêmur no Acesso aos Terços Proximal e
ACESSOS CIRÚRGICOS 21 Espaço Poplíteo 55 Médio da Superfície
ARTELHOS 22 Acesso Lateral à Superfície Posterior 117
Acesso às Articu lações Posterior do Fêmur no Acesso Anterolateral à Diáfise
lnterfalângicas 22 Espaço Poplíteo 56 Proxima l e Articulação do
Acessos à Articu lação Acesso Latera l à Diáfi se Cotovelo 118
Metatarsofalângica do Hálux 22 Proximal e Reg ião Trocantérica 57 Acesso Anterior à Metade
Acesso às Articu lações QUADRIL 58 Distal do Rádio 118
Metatarsofa lângicas dos Artelhos 23 Acessos Anteriores 58 ULNA 121
CALCÂNEO 23 Acessos Laterais 61 Acesso ao Terço Proximal da
Acesso Medial 23 Acessos Posteriores 68 Ulna e ao Quarto Proxima l do
Acesso Lateral 24 Acesso Medial 72 Rádio 121
Acesso em Forma de U 24 ACETÁBULO E PELVE 73 PUNHO 121
Acesso de Kocher (L curvo) 25 Acessos Anteriores 73 Acessos Dorsais 121
TARSO E TORNOZELO 25 Acesso Posterior 77 Acesso Valar 121
Acessos Anteriores 25 Acessos Extensos ao Acetábulo 78 Acesso Lateral 123
Acessos Laterais 28 ÍLIO 86 Acesso Medial 124
Acessos Posteriores 30 SÍNFISE PÚBICA 87 MÃO 125

2
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

A pressão exata pela qual o torniquete deve ser inflado não foi
TÉCNICAS CIRÚRGICAS determinada. A evidência indica que pressões mais altas do que o
necessário têm sido usadas há muitos anos. A pressão correta
Existem várias técnicas cirúrgicas especialmente importantes na depende da idade do paciente, da pressão arter ial e do tamanho da
ortopedia: uso de torniquetes, uso de radiografias e intensificadores extremidade. Reid, Camp e Jacob utiliza ram pressões do torniquete
de imagem na sa la de cirurgia, posicionamentos do paciente, prepa- pneumático determinadas pela pressão necessária para anular o
ração local do paciente, e colocação do campos cirúrgicos na parte pulso periférico (pressão de oclusão do membro) usando urna sonda
ou partes apropriadas. Para evitar a repetição em outros capítulos, d e Doppler; então, eles adicionaram 50 a 75 mrnHg para permitir
também são d escritas as técnicas operatórias comuns a muitos pro- circulação colateral e alterações da pressão arterial. Pressões do tor-
cedimentos, à fixação de tendões ou fáscia ao osso, e à enxertia óssea. niquete de 135 a 255 mmHg para a extremidade superior e de 175
a 305 mmHg para a extremidade inferior foram satisfatórias para a
manutenção da hemostasia. Younger et ai. mostraram, com o pro-
TORNIQUETES tótipo de um aparelh o automatizado de pressão de oclusão do
membro, que as pressões do torniquete poderiam ser reduzidas em
As operações nas extremidades são facilitadas pelo uso de um tor- 43%. Atualmente, dispositivos deste tipo são disponibilizados por
niquete. O torniquete é um instrumento potencialmente perigoso várias empresas.
que deve se r usado com cuidado e conhecimento adequados. Em De acordo com Crenshaw et al., manguitos de torniquetes largos
a lguns procedimentos, o torniquete é um luxo, enquanto em outros, são mais eficazes em pressões de inflação mai s baixas do que os estrei-
como operações delicadas na mão, é urna necessidade. O torniquete tos. Pedowitz et ai. mostraram que torniquetes curvos nas extremida-
pneumático é mais seguro do que um torniquete de Esmarch ou des cônicas requerem pressões de oclusão arterial significativamente
urna bandagem d e borracha de Martin. mais bai,xas do que torniquetes retos (retangulares) (Fig. 1-1). Deve
Um torniquete pneumático com bomba manual e man ômetro ser evitado o uso de torniquetes retos nas coxas cônicas, em especial
prec iso é, provavelm ente, o mais seguro, mas um torniquete de em indivíduos extremamente muscu losos ou obesos.
pressão constantemente regu lada é satisfatório, se for m antido e Não se deve permitir que qualquer solução aplicada à pele
verificado de m aneira adequada. O torniquete deve ser aplicado por esco rra por baixo do torniquete, o que pode provocar uma queima-
uma pessoa com experiência no seu uso. dura química. O escorrimento de soluções por baixo do torniquete
Vários tamanhos de torniquetes pneumáticos estão disponí- é evitado por um campo cirúrgico plástico adesivo circunferencial
veis para as extremidades sup erior e inferior. A parte superior do
braço ou a coxa é envolvida com várias camadas de acolchoa-
mento de a lgodão ortopédico suavemente aplicado. Rajpura et a i.
mostraram que a aplicação de mais de duas camadas de acolchoa-
mento resultou em uma redução significativa na pressão rea l
tran smitid a. Ao aplicar o torniquete em um paciente obeso, um
assistente segura manualmente o tecido da extremidade im edia -
tamente distal ao nível da aplicação do torniquete, e puxa firm e
este tecido no sentido di stal antes da colocação do acolchoamento
de algodão. A tração sobre o tecido mole é mantida enquanto o
acolchoamento e o torniquete são aplicados, e o últim o é fi xa do.
O assistente solta o tecido, o que resulta em uma maior proporção
de tecido sub cutâneo ainda em posição distal ao torniquete. Este
tecido volumoso tende a suportar o torniquete e empurrá- lo para
uma posição mais proximal. Todo o ar é expelido do esfigmoma - A
nôm etro o u torniquete pneumático antes da aplicação. Quando
um manguito de esfigmomanômetro é usado, ele deve ser envol -
vido com uma bandagem de crepom para evitar o seu desl iza -
mento durante a inflação. A extremidade é elevada por 2 minuto s,
ou o sangu e é expelido por uma bandagem de borracha estéril ou
uma bandagem elástica de algodão. Iniciando na ponta dos d edo s
ou no s artelhos, a ext remidade é envolvida prox imalmente a 2,5
a 5 cm do torniquete. Se uma bandagem de borrach a de Martin
ou uma bandagem elástica for aplicada até o nível do torniqu ete,
este último tende a desli zar distalmente no momento da infla ção.
O torniqu ete d eve se r inflado rapidamente para ev itar o enchi-
mento da s veias sup erficiais antes do fluxo arterial ser ocluído.
Todos os esfo rços são feitos para diminuir o tempo de torniquete; B
muitas vezes, a extremidade está preparada e pronta antes d e o
torniquete ser inflado. Hirota et al., usando ecocardiografia tran- iâ[ijl!;M1i9 A, Os torniquetes retos (retangulares) se ajustam
sesofágica durante a cirurgia artroscópica do joelho, mo straram de maneira ideal aos membros cilíndricos. B, Torniquetes curvos
que uma embolia pulmonar assintomática pode ocorrer dentro d e são mais adequados para membros cônicos. (De Pedowitz RA, Ger-
1 minuto após a liberação do torniquete. Eles também observaram shuni DH, Botte MJ, et ai: The use of lower tourniquet inflation pressu-
que o número d e pequenos êmbolos depende da duração d a infla- res in extremity surgery faci litated by curved and wide tourniquets and
ção do torniquete. integrated cuff inflation system, Clin Orthop Re/at Res 287:237, 1993.)
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

lfu=hh' ~
APLICAÇÃO
Modificação das Dez Regras de Bruner por Braithwaite e Klenerman
Aplique somente em um membro saudável ou com cuidado em um membro não saudável
TAMANHO DO TORNIQUETE Braço, 1O cm; perna, 15 cm ou mais largo em pernas grandes
LOCAL DE APLICAÇÃO Braço superior; coxa média/superior idealmente
ACOLCHOAMENTO De pelo menos duas camadas de algodão ortopédico
PREPARAÇÃO DA PELE Oclua para evitar o umedecimento do algodão. Use 50 a 100 mmHg acima da pressão sistólica
para o braço; o dobro da pressão sistólica para a coxa; ou 200-250 mmHg para o braço e
250-350 mmHg para a perna (manguitos grandes são recomendados para membros maiores em
vez de aumentar a pressão)
TEMPO Máximo absoluto de 3 h (recupera-se em 5-7 dias), geralmente não exceder 2 h
TEMPERATURA Evite o aquecimento (p. ex., luzes quentes), frio se viável, e mantenha os tecidos úmidos
REGISTRO Duração e pressão calibrada pelo menos semanalmente com manômetro de mercúrio ou
manômetro de teste de manutenção; manutenção a cada 3 meses
Modificado de Kutty 5, McElwain JP: Padding under tourniquets in tourniquet controlled surgery: Bruner's ten rules revisited, lnjury 33:75, 2002 .

aplicado sobre a pele imediatamente distal ao torniquete. Tornique- 10 minutos e então inflá-lo novamente. Foi observado que 40
tes pneumáticos estéreis estão disponíveis para operações ao redor minutos são necessários para que os tecidos retornem ao normal
do cotovelo e do joelho. O membro pode ser preparado e envolto após o uso prolongado de um torniquete. Consequentemente, a
em campos cirúrgicos antes da aplicação do torniquete. Eventual- prática anterior de desinflar o torniquete por 10 minutos parece ser
mente, uma lesão superficial da pele pode ocorrer na margem supe- inadequada. A síndrome pós-torniquete, como reconhecida primei-
rior do torniquete na região da prega glútea. Esta lesão geralmente ramente por Bunnell, é uma reação comum à isquemia prolongada
ocorre em indivíduos obesos e, provavelmente, está relacionada ao e é caracterizada por edema, palidez, rigidez articular, fraqueza
uso de um torniquete reto em vez de um curvo. motora e parestesia subjetiva. Acredita-se que esta complicação seja
Torniquetes pneumáticos devem ser mantidos em bom estado, relacionada à duração da isquemia, e não ao efeito mecânico do
e todas as válvulas e manômetros devem ser verificados rotineira- torniquete. A síndrome pós-torniquete interfere com o movimento
mente. O tubo interno deve ser completamente vedado num invó- precoce e resulta em maior necessidade de narcóticos. A resolução
lucro para evitar que se inche por meio de uma abertura, permitindo espontânea ocorre geralmente dentro de 1 semana.
a queda da pressão ou causando um "rompimento''. O manguito Síndrome compartimentai, rabdomiólise e embolia pulmonar
também deve ser inspecionado com cuidado. Torniquetes descartá- são complicações raras do uso de torniquete. Complicações vas-
veis estéreis de uso único são os preferíveis, uma vez que torniquetes culares podem ocorrer em pacientes com arteriosclerose grave ou
reutilizáveis devem ser completamente descontaminados após cada enxertos protéticos. Um torniquete não deve ser aplicado sobre
uso a fim de evitar a colonização microbiana. um enxerto protético vascular.
Qualquer manômetro aneroide deve ser calibrado com fre- Torniquetes pneumáticos geralmente são aplicados na parte
quência. Os manômetros mais recentes possuem fichas de instru- superior do braço e da coxa, e um torniquete bem acolchoado na
ções. Os torniquetes são vendidos com manômetros de teste para panturrilha proximal é seguro para a cirurgia do pé e do tornozelo.
que tenham sua calibração adequada testada. No entanto, o manô- As orientações gerais para o uso seguro de torniquetes pneumáticos
metro de teste também é um manômetro aneroide, e está sujeito a estão descritas na Tabela 1-1.
erro. A precisão do manômetro de teste deve ser testada por meio O torniquete de Esmarch ainda está em uso em algumas áreas
de um manômetro de mercúrio. O manômetro de teste deve ser e é o mais seguro e mais prático dos torniquetes elásticos. Ele é usado
verificado uma vez por semana, e cada manômetro do torniquete somente nos terços médio e superior da coxa. Este torniquete tem um
deve ser testado com um manômetro de teste antes de seu uso. Se uso definido, embora limitado, uma vez que pode ser aplicado em
houver uma discrepância de mais de 20 mm entre o torniquete e uma posição mais alta na coxa - diferentemente do torniquete pneu-
o manômetro de teste, o equipamento deverá ser descartado. Um mático. O torniquete de Esmarch é aplicado em camadas, uma em
dos maiores perigos no uso de um torniquete é um manômetro cima da outra; uma faixa estreita produz menos danos aos tecidos do
com registro indevido; já foram observados manômetros de teste que uma larga.
com erro de calibração de 300 mm. Em muitas lesões por torni- Uma bandagem de borracha de Martin pode ser usada com segu-
quete, os manômetros foram posteriormente verificados, e foi des- rança como um torniquete para procedimentos rápidos no pé. A eleva-
coberto que eles estavam totalmente imprecisos, causando uma ção e a exsanguinação da perna são feitas envolvendo a bandagem de
pressão excessiva. borracha nos maléolos do tornozelo e fixando-a com uma braçadeira.
A paralisia de torniquete pode ser resultante de (1) pressão A porção distal da bandagem é liberada para expor a área operatória.
excessiva; (2) pressão insuficiente, resultando em congestão passiva Atenção especial deve ser dada ao se usar torniquetes nos
da parte, com infiltração hemorrágica do nervo; (3) permanência do dedos e artelhos. Um torniquete de anel de borracha ou um torni-
torniquete por muito tempo; ou (4) aplicação sem considerar a quete feito com dedo de luva trançado ao redor do dedo não devem
anatomia local. Não há nenhuma regra sobre por quanto tempo um ser usados, pois podem ser inadvertidamente deixados no lugar
torniquete pode ser inflado com segurança. O tempo pode variar com sob um curativo, resultando na perda do dedo. Um dedo de luva
a idade do paciente e o suprimento vascular da extremidade. Em um ou dreno de Penrose podem ser colocados ao redor da porção
adulto saudável normal com menos de 50 anos de idade, nós preferi- proximal do dedo, esticados e fixados com uma pinça hemostática.
mos manter o torniquete inflado por não mais de 2 horas. Se uma Este é um método muito mais seguro para a cirurgia dos dedos. É
operação na extremidade inferior durar mais de 2 horas, é melhor difícil incluir inadvertidamente uma pinça hemostática em um
terminá-la o mais rápido possível do que desinflar o torniquete por curativo dos dedos.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS E VIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

Olijil;f4i1!9 A e B, Configuração da fluoro scop ia portátil com intensificador televisivo de imagem de braço C para a reparação de
fraturas . O braço C gira 90 graus para obter uma visão lateral. C e D, Técni ca para radiografias em dois planos durante a cirurgia de
quadril com uma máquina portátil para visões anteroposterior e lateral. O cassete do filme para visão lateral é posicionado sobre o
aspecto superolateral do quadril.

Torniquetes de an el de borracha descartáveis estéreis estão dis - Quando um cassete de radiografia não es téril for introduzido
poníveis para uso nas extremidades superior e inferior. Estes torni- no campo es téril, ele deve se r colocado dentro de uma fronha dupla
quetes são envoltos por uma malha tubular e aplicados trançando o ou saco plástico es téreis dobrados de modo que o exterior perma-
anel de borracha e a malha tubular até a extremidade, exsanguinando, neça estéril. A fronha ou o saco plástico são cobertos por uma toalha
assim, a extremidade. A malha tubular é, então, cortada no local grande es téril, garantindo pelo menos duas camadas de campos
operatório. Torniquetes de anel de borracha não são indicados na cirúrgicos estéreis no cassete. A ferida operatória deve ser coberta
presença de malignidade, infecções, lesões cutâneas sign ificativas, fra- com uma toalha estéril quando são feitas radiografias da visão ante-
turas ou luxações instáveis, fluxo sanguín eo periférico insuficiente, roposterior a fim de evitar a possível contaminação da máquina
edema ou trombose venosa profunda. O tamanho destes torniqu etes durante sua colocação na posição.
é baseado na pressão arteri al sistólica. A fluoro scopia portátil com intensificador televisivo de imagem
de braço e permite um a ava liação instantânea da posição dos frag-
mentos da fratura e di spositivos de fixação interna. Muitas dessas
RADIOGRAFIAS NA SALA DE CIRURGIA máquinas têm a capacidade de fazer radiografias permanentes.
Quando usada próxima ao campo estéril, a parte do braço C da
Muitas vezes, é necessá rio obter radi ografias durante um procedi- máquina deve ser envolvida de acordo com as técnicas de esterili zação
mento o rtop édico. Os técnicos em radio logia que trabalham na (Fig. l- 2A e B) . Com o em qualquer dispositivo eletrônico, pode
sala de cirurgia devem usar as mesmas roupas e máscaras utili za - ocorrer fa lha do intensificador de imagem. Neste caso, radiografias
das pelo pessoal circulante. Estes técnicos deve m ter um claro simples de suporte são necessárias. Podem ser fe itas radiografias em
entendimento das técn icas cirúrgicas assépticas e da colocação do dois planos, até mesmo do quadril quando necessário, usando-se
campo cirúrgico para evitar a contaminação no campo operatório. equipamentos portáteis (Fig. l -2C e D). As técnicas de fixação da
As unidades portáteis de radi ografi a usada s na sala de cirurgia haste intramedular fechada ou de fixação percutânea das fraturas
deve m ser limpas reg ul arm ente e, idea lmente, não devem ser podem precisar ser substituídas por urna técnica aberta caso haja falha
usadas em qualquer outra área do hospital. do intensificador de image m.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo escaleno
médio

,,,,,,,,,,,.----'..,....,,_;;===~ Primeira
costela

Músculo peitoral menor

O(ê\il;t;:i1E9 Relacões anatômicas do plexo braquial quando o membro é hiperabduzido. Inserção, Com o paciente na posição de
Trendelenburg, a cinta no ombro não está em boa posição, uma vez que o membro foi abduzido e colocado na mesa de braço.

Todo o pessoal da sala de cirurgia deve evitar exposição a externa enquanto um gesso de corpo é aplicado, uma vez que esta
radiografias. Aventais de chumbo adequados devem ser usados sob posição pode causar uma paralisia do plexo braquial. Em vez disso,
os aventais cirúrgicos estéreis. Protetores de tireoide, óculos impreg- o braço deve ser suspenso em flexão em uma estrutura suspensa, e
nados com chumbo e luvas de borracha estão disponíveis para dimi- a posição deve ser mudada frequentemente. A Figura 1-4 mostra a
nuir a exposição. posição do braço na mesa cirúrgica que pode causar pressão sobre
o nervo ulnar, particularmente se alguém da equipe cirúrgica se
inclinar sobre o braço. Nunca se deve permitir que o braço fique
POSICIONAMENTO DO PACIENTE pendurado na borda da mesa. O acolchoamento deve ser colocado
sobre a área onde um nervo pode ser pressionado contra o osso (ou
Antes de entrar na sala de cirurgia, o cirurgião e o paciente, este seja, o nervo radial no braço, o nervo ulnar no cotovelo, e o nervo
acordado e alerta, devem estar de acordo sobre o local cirúrgico, e o fibular no colo da fíbula).
cirurgião deve marcar isso claramente para evitar um erro de "local
incorreto". A posição do paciente na mesa cirúrgica deve ser ajustada
para permitir as máximas segurança e conveniência para o cirurgião. PREPARAÇÃO LOCAL DO PACIENTE
Uma via respiratória deve ser mantida livre em todos os momentos,
e deve-se evitar pressão desnecessária sobre o tórax ou o abdômen. Os resíduos superficiais de pele e óleo são removidos com uma assep-
Isso é particularmente importante quando o paciente estiver na posição sia completa com água e sabão por 10 minutos. Nós preferimos um
prona; nela, sacos de areia são colocados sob os ombros, e um traves- agente de limpeza de pele que contenha 7,5% de solução de iodopo-
seiro fino é colocado sob a sínfise púbica e os quadris para minimizar vidona, que é diluída em aproximadamente 50% com soro fisiológico
a pressão no abdômen e no tórax. Rolos de tórax grandes e modera- estéril. O agente de limpeza contendo hexaclorofeno é substituído
damente firmes, estendendo-se desde a crista ilíaca às áreas clavicu- quando o paciente tem ou suspeita-se que tenha alergia a frutos do
lares, podem servir à mesma finalidade. mar ou iodo. Após a assepsia, a pele é seca com toalhas estéreis. Esta
Quando o paciente estiver na posição supina, o sacro deve ser assepsia pode ser realizada no quarto do paciente antes da cirurgia ou
bem acolchoado; e, quando o paciente estiver em decúbito lateral, o na sala de cirurgia. Se for realizada fora da sala de cirurgia, a extre-
trocânter maior e o colo da fíbula devem ser protegidos da mesma midade deve ser envolvida com segurança com lençóis estéreis.
maneira. O perigo de alongamento de um nervo ou de um grupo de Após o torniquete ser colocado, se isto for necessário, devem ser
nervos aumenta quando um medicamento relaxante muscular é removidos os curativos estéreis aplicados durante a preparação ante-
usado. A Figura 1-3 mostra a tração sobre o plexo braquial devido rior. Deve-se tomar cuidado com a contaminação do campo operató-
ao posicionamento inadequado do braço. O plexo braquial pode ser rio, uma vez que a eficácia da preparação seria parcialmente perdida.
alongado quando o braço estiver em uma mesa de braço, particu- Com o paciente na posição adequada, as soluções são aplicadas, cada
larmente se estiver hiperabduzido para dar espaço ao cirurgião ou uma com uma esponja de cabo estéril separada, iniciando-se na área
assistente, ou para a administração de terapia intravenosa. O braço central do local da incisão e seguindo perifericamente. A tintura de
nunca deve ser amarrado acima da cabeça em abdução e rotação iodo contendo 85% de álcool ainda é amplamente usada como
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

li@ihH1E9 Pontos em que os nervos do braço podem ser lesionados pela pressão. Inserção, Uma pressão é aplicada à face medial
do braço, pois o paciente está mal posicionado na mesa cirúrgica.

preparação da pele. Uma vez pintada, permite-se que ela seque e, em Brown et al. e outros recomendam que, antes da artroplastia
seguida, é retirada com álcool simples. Alguns cirurgiões usam roti- total da articulação, a extremidade deve ser segurada por um assis-
neiramente a solução de iodopovidona, em especial quando o risco tente paramentado, pois isso reduz a contagem do ar bacteriano em
de uma queimadura química devido à tintura de iodo é significativo. quase a metade. Eles também recomendam que os pacotes de ins-
O campo operatório imediato é preparado primeiro; a área é ampliada trumentos não sejam abertos até que a preparação da pele e a colo-
para incluir uma maior pele circundante. As gazes usadas para prepa- cação do campo cirúrgico sejam concluídas.
rar a colwrn lombar são conduzidas em direção à fenda glútea e ânus, Quando estas preparações são feitas às pressas, o avental ou as
e não na direção oposta. As gazes não devem ser saturadas, pois a luvas do assistente estéril que está preparando a área podem ser con-
solução ultrapassaria o campo operatório e deveria ser removida. taminados sem o co nhecimento do mesmo. Para evitar isso, um enfer-
O iodo em excesso, mesmo no campo operatório, deve ser removido meiro ou anestesista deve ser convocado para assistir este estágio de
com álcool para evitar dermatite quúnica. Se os lençóis sobre a mesa preparação.
ou os campos cirúrgicos estéreis se tornarem saturados com soluções
antissépticas fortes, eles devem ser substituídos por novos lençóis ou • SOLUÇÕES PARA IRRIGAÇÃO DE FERIDA
campos. Não se deve permitir que as soluções escorram por baixo de Na nossa instituição, rotineiramente irrigamos as feridas cirúrgicas
um torniquete. Soluções à base de álcool devem ser removidas do limpas com soro fisiológico estéril ou solução de Ringer com lactato
campo, uma vez que podem provocar incêndio a partir de uma faísca a fim de mantê-las úmidas. Às vezes, se o risco de contaminação da
de uma unidade de cauterização. ferida for alto, soluções antim icrobianas para irrigação são usadas.
Se um paciente é alérgico a iodo, álcool simples pode ser usado Dirschl e Wilson recomendam uma solução antibiótica tripla de
na preparação da pele. Antissépticos coloridos, comumente usados bacitracina, neomicina e polimixina, pois esta fornece a mais com-
em cirurgia abdominal, não são adequados para cirurgia das extre- pleta cobertura para feridas limpas e contaminadas. As soluções
midades quando há preparação dos artelhos ou das unhas. A maioria antibióticas devem permanecer na ferida por pelo menos 1 minuto.
destas soluções é difícil de remover, e a cor vermelha, rosa ou laranja Sistemas de lavagem pulsátil são mais eficazes na irrigação da ferida
residual dificulta a avaliação da circulação após a cirurgia. do que seringas simples do tipo alinhavo.
Quando há feridas traumáticas, a tintura de iodo e outras
soluções que contenham álcool não devem ser usadas para a prepa-
ração antisséptica da ferida . Em vez disso, soluções de iodopovidona COLOCAÇÃO DO CAMPO CIRÚRGICO
ou hexaclorofeno sem álcool devem ser usadas para evitar a morte
do tecido. A colocação do campo cirúrgico é um passo importante em qualquer
Nas operações ao redor do terço superior da coxa, da pelve ou procedimento ci rúrgico e não deve ser atribuída a um assistente inex-
da coluna lombar inferior em pacientes do sexo masculino, a genitália periente. A colocação casual que resulta na exposição de áreas despre-
deve ser deslocada e mantida longe do campo operatório com fita paradas da pele no meio de uma operação pode ser catastrófica. É
adesiva. Da mesma maneira, uma tira de fita longa e larga ajuda a necessário ter uma experiência considerável na colocação do campo
cobrir a fenda glútea, onde há potencial de infecção. Nas pacientes do cirúrgico não só para evitar a sua desorganização durante a operação,
sexo feminino, a área gen ital e a fenda glútea também são cobertas mas também para evitar a contaminação do cirurgião e dos campos.
longitudinalmente com tiras de fita adesiva. Panos cirúrgicos plásti- Se há a menor dúvida quanto à esterilidade dos campos ou do cirur-
cos, aderentes e estéreis podem ser usados para essas finalidades. gião quando a colocação for concluída, todo o processo deve ser
Antes da preparação do campo operatório na região da coluna repetido. A menos que os assistentes sejam bem treinados, o cirurgião
lombar inferior, articulações sacroilíacas ou nádegas, a fenda glútea deve realizar a colocação dos campos no paciente.
é limpa com uma esponja com álcool e gaze seca estéril é inserida Na camada de base dos campos ci rúrgicos, ganchos de toalha ou
ao redor do ânus, para evitar que o iodo ou outras soluções escorram grampos de pele são colocados através dos can1pos e da pele a fim de
para esta região, causando dermatite. evitar o escorregamento dos campos e a exposição da pele contaminada.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Otêii@Hl 9 Pacote de campo cirúrgico descartável para O[rii!;Hllm Campo cirúrgico plástico ades ivo impregnado
cirurgia do joelho. com iodofórmio.
(Fig. 1-7). Um grande campo cirú rgico plástico adesivo transparente
pode ser envolvido inteiramente ao redor da extremidade ou em
todo o campo operatório para que a malha tubular não seja neces-
sária. A incisão é feita através do material e da pele ao mesmo tempo.
As bordas da incisão são envolvidas de maneira adequada, e o
campo operatório fica praticamente impermeável; isso evita que os
camp os cirúrgicos se tornem úmidos com sangue em algumas áreas,
o que pode ser uma fo nte de contaminação. O campo adesivo plás-
ti co minimiza a necessidade de ganchos de toalha ou grampos ao
redor da borda da ferida, e permite que todo o campo operatório
não envolvido seja visto fac ilmente. A vis ibili dade é especialmente
importante quando há cicatrizes de lesões ou ciru rgias anteriores
que devem ser adaptadas pela nova incisão.

PREVENÇÃO DA TARANSMISSÃO DO VÍRUS


DA IMUNODEFICIENCIA HUMANA
iâ@ll;f!ji19 Pacote de campo cirúrgico descartáve l
para cirurg ia do quadri l. Na nossa instituição, estamos de acordo com as recomendações da
força-tarefa da American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS)
Em cada caso, os campos de base devem ser colocados para sobrepor a sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), que vão
área preparada da pele em pelo menos 7,5 cm. Durante a colocação, as além das recomendações para profissionais da saúde fei tas pelos
mãos enluvadas não devem entrar em contato com a pele preparada. Centers for Disease Control and Prevention e pela American Hospital
Campos de pano estão sendo substituídos por papel descartável Association. Todos os esforços devem ser feitos para evitar a trans-
e pacotes de campo cirúrgico plástico são projetados especifica- missão do vírus da imunodeficiência humana (HIV)/ AIDS em todas
mente para a área a ser envolvida (Figs. 1-5 e 1-6). Um pacote de as áreas de assistência médica. Para recomendações específicas, o
campo cirúrgico descartável deve ter pelo menos uma camada feita leitor é remetido para as diretrizes da Força-Tarefa da AAOS. Estamos
de plástico impermeável para evitar que líquidos umedeçam as áreas totalmente de acordo com as segui ntes recomendações da AAOS
despreparadas do corpo. Pacotes de campo cirúrgico para a cirurgia sobre as precauções quanto ao HIV na sala de cirurgia:
bilateral do joelho e do pé também estão disponíveis. O campo de papel 1. Não acelere uma operação. A velocidade em excesso resulta
libera fiapos acumulados em superfícies horizontais expostas na sala de em lesão. O cirurgião mais experiente deve ser o responsável
cirurgia, caso essas superfícies não sejam limpas diariamente. pelo procedimento cirúrgico se o risco de lesões ao pessoal da
sala de cirurgia for alto.
2. Use paramentação cir úrgica que ofereça proteção contra o
• COLOCAÇÃO DO CAMPO CIRÚRGICO NAS contato com sangue. Devem ser usados propés cirúrgicos
BORDAS DA INCISÃO impermeáveis na altura do joelho, aventais ou roupas interio-
A mão enluvada não deve entrar em contato com a pele antes de a res impermeáveis, e gorros.
incisão ser feita. Para as extrem idades, uma seção de malha tubular 3. Luvas duplas devem ser usadas em todos os momentos.
estéril é puxada proximalmente sobre o campo operatório. A malha 4. As máscaras cirúrgicas devem ser trocadas, caso fiquem {unidas
tubular é segurada proximal e distalmente, e cortada com tesoura para ou tenham respingos.
expor a área da incisão proposta. Suas bordas cortadas são separadas, e 5. Uma proteção ocular (óculos de proteção ou escudo facial) que
a área é coberta por tun material de revestimento adesivo transparente cubra a pele exposta e as membranas mucosas deve ser usada.
CAPÍTULO 1 TÉ CNICAS E VIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

6. Para evitar lesões inadvertidas ao pessoal cirúrgico, o cirur-


gião deve:
• Usar ligações de instrumento e outras técnicas de suturas
"sem toque" e instrumentos cortantes quando possível.
• Evitar amarrar com uma agulha de sutura na mão.
• Evitar a passagem de instrumentos cortantes e agulhas de
mão em mão; em vez disso, eles devem ser colocados em
uma bandeja intermediária.
• Anunciar quando instrumentos cortantes estão prestes a
serem passados.
• Evitar ter dois cirurgiões realizando a sutura da mesma ferida.
• Tomar muito cuidado ao realizar exames digitais dos frag-
mentos de fratura ou feridas que contenham fios ou instru-
mentação cortante.
• Evitar contato com osteótomos, brocas e serras.
Usar paramentação do tipo traje espacial quando os respin-
gos são inevitáveis, como ao irrigar feridas grandes ou no
uso de equipamentos de energia. A B e
• Ver ificar regularmente se há contaminação em aventais,
máscaras e propés do pessoal da sala de cirurgia durante o Olffil;@i19 A-C, Fixação do tendão ao osso. VEJA AS TÉCNI·
procedimento cirúrgico, e trocá-los se necessário. CAS 1·1 e 1·5.

PREVENINDO OS ERROS
isso seja impossível. Em vez disso, o periósteo pode ser
O local da cirurgia deve ser marcado antes da entrada na sala de suturado às bordas do tendão.
cirurgia por, pelo menos, um membro da equipe cirúrgica, de pre- • Coloque uma sutura na extremidade do tendão usando
ferência o cirurgião, de modo a evitar que o procedimento seja feito uma das técnicas descritas no Capítulo 71 . Com esta
no local incorreto. sutura, puxe o tendão dista lmente, removendo toda a
Uma vez que o paciente esteja sob anestesia, um membro desig- folga, e determine o ponto de fixação.
nado da equipe deve indicar o nome do paciente, o procedimento e •Faça um furo no sentido transversal dentro do osso ime-
o local correto. Todos os membros da equipe devem estar de acordo. diatamente distal a este ponto.
• Passe as suturas em cada face do tendão através deste
furo em direções opostas e amarre-as firmemente sobre
TÉCNICAS OPERATÓRIAS ESPECIAIS a diáfise do osso (Fig. 1-8A)
• Se o tendão for longo o suficiente, passe a extremidade
Técnicas operatórias especiais são usadas em diversos procedimen- através do furo no osso e suture o tendão a si mesmo
tos e são descritas aq ui para que não seja necessária a repetição em (Fig. 1-8B). Se a passagem do tendão ou pedaço da fáscia
outros capítul os. Os métodos de fixação de tendão ou fáscia ao osso através do furo perfurado no osso for difícil, construa
e de enxertia óssea são discutidos aqui. Os métodos de sutura do uma ma lha ch inesa caseira a partir de dois pedaços de
tendão são discutidos no Capítulo 66. sutura TNT ao redor do tendão (Fig . 1-9) .
• Se uma tira da banda iliotibial situada distalmente será inse-
rida ao osso, enrole em uma forma cil índrica a parte da banda
MÉTOpos DE FIXAÇÃO DO que será inserida e envolva um comprimento adequado de
TENDAO AO OSSO uma sutura forte e não absorvível ao redor da fáscia de
maneira cruzada, iniciando cerca de 4 cm proximais à extre-
Os princípios de sutura do tendão são descritos no Capítulo 66, que midade da tira. Na extremidade da tira, amarre a sutura em
versa sobre as mãos; no Capítulo 48, em que são discutidos os dis- um nó, deixando as extremidades longas (Fig. 1-9A).
túrbios de músculos e tendões; e na discussão sobre transferências • Envolva um segundo pedaço de sutura ao redor da f áscia
do tendão no Capítulo 71. A discussão a seguir lida somente com da mesma maneira, mas separado do primeiro pedaço
os métodos de fixação de um tendão ao osso. (Fig . 1-9B), e amarre-o na extrem idade.
•Passe as extremidades da sutura através do furo no osso
(Fig. 1-9C), seguidas pela tira fascial enrolada.
FIXAÇÃO DO TENDÃO AO OSSO •Por f im, corte as suturas imediatamente proximais aos nós

TÉCNICA llm..._______ ~ no ápice da malha chinesa e remova-as uma de cada vez.

• Escarifique as superfícies apostas do osso e tendão para


acelerar a fixação incisando o periósteo e elevando-o o Para músculos maiores, uma fixação óssea larga e firme deve ser
suficiente para expor a superfície óssea. Após a conclusão assegurada (Fig. 1-SC). A vantagem deste método é que a perfuração
de um furo transversal através da diáfise do osso é desnecessária; às
da fixação do tendão, uma tentativa deve ser feita para
fechar o periósteo sobre o tendão, embora geralmente vezes, tal procedimento é difícil em feridas profw1das, e a exposição
requer a retirada de uma considerável porção dos tecidos moles do osso.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

FIXAÇÃO DO TENDÃO AO OSSO


USANDO SUTURA COM PONTO
TRAVADO
Krackow, Thomas e Jones cria ram uma sutura com ponto
travado que é re lativamente simples de usar e especialmente
A adequada para fixar ao osso estruturas planas tais como o
ligamento colatera l tibial, a cápsu la articular ou o tendão
patelar. Ela permite a aplicação de tensão à estrutura, resiste
à retirada, e não causa o encordoamento da sutura em bolsa
ou o agrupamento. Uma dupla sutura com material forte é
quase duas vezes mais resistentente que a fixação do grampo
ao osso. Quando a sutura é usada em combinação com um
grampo, a fixação é significativamente melhorada.

TÉCNICA
(KRACKOW, THOMAS, JONES)
B
•Aborde o tendão ou o ligamento a partir da extremidade
distal e coloque três ou mais pontos travados ao longo
de cada face da estrutura.
• Aplique tensão durante o procedimento para remover o mate-
rial de sutura em excesso dentro dos pontos travados. Essa
sutura pode ser reforçada proximalmente à primeira sutura.
• Fixe o tendão ou ligamento e a sutura ao osso através dos
furos perfurados no osso, ou amarre a sutura sobre um
parafuso ou grampo fixado no osso.

e
h!§ihfu11!9 Técni ca de Krackow e Cohn para a passagem do
tendão ou fáscia através de um furo no osso. A, A sutura é envolvida FIXAÇÃO DO TENDÃO AO OSSO
de maneira cruzada ao redor da extremidade distal do tendão ou
fáscia e amarrada em um nó, deixando as extremidades da sutura
USANDO FIO DE SUTURA
longas. B, Uma segunda sutura é envolvida de maneira semelhante, Devido à escassez de tecido mole circundante e da natu-
mas separada da primeira sutura. C, Uma sutura de malha chinesa reza do osso, o método de Cole é especia lmente apli cável
é ajustada firmemente ao redor do tendão ou fáscia, permitindo a para a fixação de tendões ao dorso do tarso, ao ca lcân eo,
entrada no furo sem dificuldade. (Redesenhado de Krackow KA, Cohn ou às falanges dos dedos.
BT: A new technique for passing tendon through bane: brief note, J Bane
Joint Surg 69A:922, 1987.) VEJA A TÉCNICA 1-1. TÉCNICA
(COLE)
FIXAÇÃO DO TENDÃO NO •Prepare o tendão, e coloque uma sutura tipo pu/1-out na

--
CANAL INTRAMEDULAR extremidade do mesmo, conforme descrito para suturas
terminotermina is (Cap. 66)

~
TÉCNICA •Reflita um pequeno retalho do osso com um cinzel, e no
ápice do retalho perfure um túnel através do osso.
•Após colocar a sutura na extremidade do tendão e deixar • Coloque ambas as extremidades do fio de sutura em uma
dois fios longos e livres, crie um alçapão no osso, expondo agulha longa e reta.
o cana l medular no ponto predeterminado de fixa ção . • Passe a agulha através do furo no osso e conduza para
•Imediatamente distal ao alçapão, faça dois furos através fora através da pele na face oposta, puxando a extrem i-
do córtex dentro do canal medular. dade do tendão para dentro do túnel.
•Passe as extremidades livres da sutura através do alçapão • Ancore o fio firmemente sobre um laço de gaze ou um
e conduza para fora através dos dois furos. botão acolchoado. Se uma considerável tensão forneces-
• Aplique tensão nas suturas e puxe a extremidade do tendão sária, como no tendão de Aquiles, a pele deve ser acol-
através do alçapão para dentro do canal medular. choada com feltro pesado .
• Substitua parcialmente o alçapão ou quebre-o em peque- • Aplique um gesso com os fios projetando-se pelo fundo
nos fragmentos, colocando-o dentro do defeito como um do mesmo. Após o gesso ser colocado, ancore o fio sobre
enxerto. um botão no lado externo do gesso.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

A B e D

h@il;lj11Jl!a Técnica de Krackow, Thomas e Jones para a fixação do ligamento ou tendão ao osso . A-G, Detalhe da co locação da
sutura no tendão largo. (Redesenhado de Krackow KA, Thomas SC, Jones LC: Ligament-tendon fixation: ana lysis of a new stitch and comparison
with standard techn iques, Orthopedics 11 :909, 1988.) VEJA A TÉCNICA 1-3.

' 11
fl
li
li
li
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A
li

~ O@ihfüllm Implantes de ancoragem de sutura. A, O dispo-


sitivo de ancoragem de sutura Statak (Zimmer) é perfurado no
O!ê\l@HIJ• Método de Cole de ancoragem de tendões ao osso. B, A âncora de sutura QuickAnchor (Mitek) consiste em um
osso. As extremidades do fio de sutura são passadas em uma dispos itivo de gancho com sutura que está ancorado no furo
agulha reta através de um furo perfurado no osso . A agu lha é
perfurado no osso.
puxada através da pele na face oposta . Os fios de sutura são
ancorados ao longo de um tubo de borracha ou botão. Para evitar
possuem um teste de resistência significativamente maior do que as
a necrose da pele quando a sutura estiver sob considerável tensão,
âncoras biodegradáveis. Bottoni et al. observaram que a sutura usada
as extremidades do fio podem ser passadas através do fundo do
geralmente falhava antes da âncora de sutura em um modelo animal.
gesso. Posteriormente, o fio é ancorado sobre o botão no lado
externo do gesso. VEJA A TÉCNICA 1-4.
Âncoras de sutura feitas de cimento de metilmetacrilato são úteis em
ossos osteopênicos (Fig. 1-13). Giori et ai. observaram que a adição
de metilmetacrilato às âncoras de sutura melhorou consideravelmente
Os fispo sitivos de ancoragem de sutura também são úteis para a força de extração no osso osteopênico de cadáver.
fixar o tendão, o ligamento ou a cápsula ao osso (Fig. 1-12). A força Um tendão ou ligamento também pode ser fixado ao osso
de extração destes dispositivos é pelo menos igual à de uma sutura através de um furo perfurado usando-se um parafuso para ajuste de
passada através dos furos perfurados no osso, e esses dispositivos são interferência, como nos procedimentos de reconstrução do ligamento
especialmente úteis em feridas profundas em espaço limitado, como cruzado anterior (Cap. 45). O aloenxerto de osso cortical está agora
no ombro. Tingart et al. observaram que as âncoras metálicas de sutura sendo comercialmente maquinado em parafusos para tal finalidade.
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

E
E
o
f\

A B e

O(ê\l!;f·S1E9 Fixação da inserção óssea do tendão ao osso. A,


Fi xação com parafuso ou pinos rosqueados. B, Fixa ção com sutura
tipo colchão do fio de aço através de furos perfurados no osso.
C, Fixação com laços de arame. VEJA A TÉCNICA 1-5.

>3mm

lj!§l!;MIJl9 Âncora de sutura de metilmetacrilato. O nó em


forma de oito aumenta o teste de resistência à carga.

FIXAÇÃO J>A INSERÇÃO ÓSSEA


DO TENDAO AO OSSO
Quando músculos maiores são transferidos, como o qua-
dríceps ou os músculos abdutores do quadril, uma fixação
melh or é garantida se o tendão for removido com uma
porção de sua inserção óssea.

TÉCNICA ~
~~~~~~~~-~
•Remova osso suficiente para assegurar uma superfície iâ!§ii@ll:m Grampo de Stone, usado com mais frequência
esponjosa. para a ancoragem do tecido tendinoso ao osso. VEJA A TÉCNICA 1-5.
• Puxe o segmento ósseo no sentido distal, e determine o
loca l de sua reinserção.
•Eleve o periósteo, escarifique a superfície da diáfise e fixe ENXERTIA ÓSSEA
a inserção do tendão à área primária com dois pinos ros-
queados inseridos obliquamente ou com um parafuso (Fig. As indicações para a enxertia óssea são:
1-14A). Grampos de Stone e du Toit também são úteis para • Preencher cavidades ou defeitos resultantes de cistos, tumores ou
a ancoragem de um ligamento ou um tendão ao osso (Figs. outras causas.
1-1 5 e 1-16), e amarri lh os de aço passados pelos furos • Fazer uma ponte entre as articulações e fornecer a artrodese.
perfurados no osso (Fig . 1-148 e C) são eficientes. Em vez • Fazer uma ponte entre defeitos grandes ou estabelecer a conti-
de metálicas, suturas pesadas podem ser usadas para a nuidade de um osso longo.
fixação dos tendões de músculos menos poderosos. • Fornecer blocos de osso para limitar o movimento articular
• Se desejar, crie uma cavidade na diáfise do osso, reba ixe (artrorrise).
a fixação óssea do tendão para dentro do defeito e segu- • Estabelecer a consolidação em pseudartrose.
re-a com uma sutura, conforme ilustrado na · Figura 1-8. • Promover consolidação ou preencher defeitos em consolidação
retardada, consolidação viciosa, fraturas recentes ou osteotomias.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

As desvantage ns do uso da tíbia como uma área doadora são:


(1) um membro normal é comprometido, (2) a duração e a magni-
tude do procedimento aumentam, (3) a deambul ação deve ser retar-
dada até que o defe ito na tíbia es teja parcialmente consolidado, e (4)
a tíbia deve ser pro tegida por 6 a 12 meses para evitar fratur as. Por
essas razões, os autoe nxertos estruturais da tíbi a são agora rara-
mente usados.
Os dois terços proximais inteiros da fíbul a podem ser removi-
dos sem incapacita r a perna. A maioria dos pacientes aprese nta
queixas e fraqueza muscular moderada após a remoção de uma
porção da fíbula. A configuração da extremid ade proximal da fíbula
é um a vantagem. A ex tremidade proximal tem uma saliência arre-
dond ada que é parcialmente coberta pela ca rtilagem hialina, e
permite um transplante satisfatório para substituir o terço distal do
rádio ou o terço distal da fíbul a. Após o transplante, é provável que
a cartil agem hialina se degenere de maneira rápida em uma sup er-
fície fibrocartilaginosa; ainda assim, essa superfície é preferível ao
osso primário.
O[dll;tjllm Grampos de du Toit modificados. As farpas tornam O terço méd io da fíbula tamb ém pode se r usado como um
a extrusão do grampo menos provável. Diversas larguras e compri- autoenxerto vascul ar izado livre baseado no pedículo da artéria e
mentos dos grampos estão disponíveis. VEJA A TÉCNICA 1-5. veia fibul ares usand o-se a técnica microvascular. Porções da crista
ilíaca também podem ser usadas co mo autoenxerto vascularizado
livre. O uso de autoe nxe rtos vasc ularizados livres tem indicações
• ESTRUTURA DOS ENXERTOS ÓSSEOS limitadas, requer técn ica microvasc ular especializada, e pode causar
Os enxertos ósseos corticais são usados principalmente para o m orbid ade no local doador.
suporte estrutural, e os enxe rtos ósseos esponjosos são usado s para
a osteogênese. O suporte estrutural e a osteogê nese podem se r 1 ENXERTOS ALOGÊNICOS
combinados; esta é um a das principais vantagens do uso de enxerto Um enxer to alogênico, ou aloenxerto, é aqu ele que é obtido a partir
ósseo. No entanto, esses dois fatores variam co m a estrutu ra do de um indivíduo que não seja o paciente. Em crian ças pequenas,
osso. Provavelmente todos ou a maioria dos elemen tos celul ares os locais doadores habituais não fornecem enxe rtos corticais
nos enxertos (em parti cular os enxe rto s corticais) morrem e são grandes o suficiente para fazer uma ponte entre defeitos, ou o osso
lentamente repostos por substitui ção gradual; o enxerto age apenas esponjoso disponível pode não se r suficiente para preencher uma
como um arca bouço para a forma ção do novo osso. No osso cor- grande cavidade ou cisto; a possibilidade de lesionar um a fise
tical duro, esse processo de substituição é consideravelmente mais tamb ém deve ser co nsiderada. O aloenxerto é o preferido nes ta
lento do qu e no osso es ponjoso. Apesar de o osso esponjoso ser situação. Aloenxertos es truturais maiores têm sido usados com
mais osteogênico, ele não é forte o suficiente para fornecer um sucesso por muitos anos nas rev isões da cirurgia articular total,
suporte est rutural eficiente. Ao selecionar o enxe rto o u a combi- fraturas periprotéti cas de ossos longos e reconstruções após a
nação de enxe rtos, o cirurgião deve es tar ciente destas du as dife- excisão do tumor. At ualmente, os aloenxertos osteocondrais têm
renças fund am entais na estrutura óssea. Quando um enxerto se sido usado s com ce rto sucesso em algumas instituições para o
consolida co m o hospedeiro e é forte o suficiente para permitir o tratam ento de osteonecrose fem oral distal. Aloenxertos osteocon-
uso sem proteção d a parte, a remodelação da estrutura óssea drai s grand es, como o fê mur distal, são usados em procedimentos
ocorre em proporção às demandas funcion ais. de sa lvamento de membros após ressecção de tumor. As várias
propr ied ades do s enxe rtos ósseos autógenos e alogênicos são resu-
• FONTES DOS ENXERTOS ÓSSEOS mid as na Tabela 1-2.

1 ENXERTOS AUTÓGENOS 1 ENXERTOS HETEROGÊNEOS


Quando os enxertos ósseos provêm do próprio paciente, eles são O uso de material de enxerto heterogêneo (osso de outra espécie)
geralmente removidos da tíbia, fíbula ou ílio. Estes três ossos forne- não é recomendado e não está disponível comercialmente.
cem enxe rtos corticais, transplantes de todo o osso, e osso esponjoso.
Raram ente uma costela ressecada é adequada. • BANCO DE OSSOS
Quando os apa relhos de fixação interna ou externa não são As opiniões diverge m entre os ciru rgiões ortopédicos a respeito do
usados, o que atualmente é raro, a resistência é necessária em um uso de osso alogênico preservado, embora tenha muitas van tagens
enxerto usado para fazer a ponte de um defeito em um osso longo, práticas. Geralm ente, o osso autógeno fre sco deve ser obtido por
ou até mesmo para o tratamento de pseudartrose. O aspecto ante- meio de uma segunda incisão, o qu e aumenta o tamanho e a duração
romedi al subcutâneo da tíbia é uma excelente fonte de autoenxertos da operação e a perda de sangue. Após a remoção de um enxe rto
estruturais. Em adultos, após a remoção de um enxe rto cortical, o cor tical da tíbia, a perna deve ser protegida para evitar fratura no
platô tibial fornece o osso esponjoso. Aparentemente, deixar o periósteo local doador. Às vezes, não é possível obter osso autógeno suficiente
fixado ao enxerto não apresenta vantagens; no entanto, a sutura para para satisfazer as necessidades da operação.
o periósteo sobre o defeito tem vantagens definidas. O periósteo Se a osteogênese é a principal preocupação, o osso autógeno
parece servir como uma membrana limitante para evitar calos irregu- fresco é o melhor enxe rto. O osso au tógeno é preferível ao realizar
lares quando o defeito na tíbia é preenchido pelo novo osso. As poucas a enxe rtia de pse udartroses de fraturas de ossos longos. Se um
células ósseas que são retiradas com o periósteo podem ajudar na enxerto não requer estabilidade, enxertos autógenos esponj osos
formação do osso necessári o para preencher o defeito. ilíacos são superiores aos enxertos autógenos da tíbia. Os aloenxertos
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

PROPRIEDADES
ENXERTO OSTEOGÊNESE OSTEOCONDUÇÃO OSTEOINDUÇÃO MECÂNICAS VASCULARIDADE
AUTOENXERTO
Medula óssea ++ ± +
Esponjoso ++ ++ + +
Cortical + + ± ++
Vascularizado ++ ++ + ++ ++
ALOENXERTO
Esponjoso ++ + +
Cortical ± ± ++
Desmineralizado ++ +++
De Kahn SN, et ai: The biology of bane grafting, J Am Acad Orthop Surg 13:80, 2005.

são indicados para crianças pequenas, idosos, pacientes que apresen- • SUBSTITUTOS DE ENXERTO ÓSSEO ESPONJOSO
tam riscos operatórios, e pacientes a quem não está disponível osso O interesse por substitutos de enxerto ósseo multiplicou nos últimos
autógeno aceitável o suficiente. O osso autógeno esponjoso pode ser anos. Uma dúzia de produtos existe para uso geral ou para ensaios
misturado em pequenas quantidades com o osso do aloenxerto, clínicos. Para melhor compreender as propriedades destes produtos,
agindo como "sementes" para fornecer o potencial osteogênico. Este os seguintes processos de síntese óssea precisam ser entendidos
tipo de enxerto ósseo misto incorpora mais rapidamente do que o (Tabela 1-2). A osteogênese é a capacidade dos elementos celulares
aloenxerto sozinho. dentro de um enxerto de sobreviver ao transplante para sintetizar o
Para fornecer eficientemente um material de aloenxerto seguro novo osso. A osteoindução é a capacidade de um enxerto de recrutar
e útil, é necessário um sistema de banco de ossos que faça triagem células-tronco mesenquimais hospedeiras para o enxerto para dife-
minuciosa de doadores, coleta rápida e processamento seguro e renciar-se em osteoblastos. Proteínas morfogenéticas ósseas e outros
estéril. Devem ser seguidas as normas descritas pela U.S. Food e fatores de crescimento no enxerto facilitam este processo. A osteo-
Drug Administration (FDA) e pela American Association ofTissue condução é a capacidade de um enxerto de faci litar o crescimento
Banks. Os doadores devem ser analisados em relação a infecções interno do vaso sanguíneo e a formação do osso em uma estrutura
bacterianas, virais (incluindo HIV e hepatite) e fúngicas. Maligni- de arcabouço.
dade (exceto carcinoma basocelular da pele), doença vascu lar do Os substitutos de enxer to ósseo podem se colocados no lugar
colágeno, doen ça metabólica óssea, e presença de toxinas são as de enxertos autólogos ou alogênicos, ou expandir uma quantidade
contraindicações para a doação. Nenhum sistema é perfeito, e a existente do material de enxerto disponível. Os enxertos autólogos
transmissão de doenças pelo material de aloenxerto a partir de doa- esponjosos e corticais ainda são os "padrões-ouro" em relação aos
dores únicos para vários receptores tem sido relatada. quais todas as outras formas de enxerto são julgadas. Os substitutos
Osso e li gamento e osso e tendão estão agora sendo arma- de enxerto ósseo são classificados com base nas propriedades des-
zenados no banco para o uso como aloenxertos. O uso de aloen- critas na Tabela 1-3. Os substitutos de enxerto ósseo amplamente
xerto de ligamentos e tendões na cirurgia de joe lho é discutido usados são comparados na Tabela 1-4. As aplicações aprovadas pela
no Capítulo 45. O osso pode ser armazenado e esterilizado de FDA para estes produtos variam e sempre mudam. Os cirurgiões
várias formas . Ele pode ser coletado em um amb iente limpo e não devem analisar cuidadosamente as indicações e as instruções de uso
estéril; esterilizado por irradiação, ácido forte ou óxido de etileno; estipuladas pelos fabricantes. Para discussões mais detalhadas sobre
e liofilizado para armazenamento. Ossos sob condições estéreis os eventos biológicos na incorporação do enxerto ósseo, veja as
podem ser ultracongelados (70ºC a 80ºC negativos) para armaze- análises de Khan et al. e Gardiner e Weitzel. O Orthopaedic Trauma
namento. O osso fresco congelado é mais forte do que o osso lio- Association Orthobiologics Committee (DeLong et al.) divulgou
filizado, e mais eficiente como material de aloenxerto estrutural. uma análise da literatura sobre enxertos ósseos e substitutos de
A cartilagem articular e os meniscos também podem ser criopre- enxerto ósseo, e forneceu reco mendações à com unidade ortopédica
servados dessa maneira. Assim como os enxertos autógenos espon- baseadas nos níveis de evidência.
josos, os aloenxertos esponjosos incorporam -se ao osso hospedeiro.
Estes aloenxertos são minerali zados e não são osteoindutores, • INDICAÇÕES PARA VÁRIAS TÉCNICAS DE
embora sejam osteocondutores. Os aloenxertos esponjosos podem ENXERTO ÓSSEO
ser obtidos em uma forma desmineralizada qu e aum en ta o poten-
cial osteogênico, mas diminui significativame nte a resistência às 1 ENXERTOS CORTICAIS ONLAY (SOBREPOSIÇÃO)
forças compressivas. Até serem disponibilizados metais relativamente inertes, o enxerto
Enneking e Mindell observaram que os aloenxe rtos corticais ósseo onlay (Cap. 59) era o tratamento mais simples e eficaz para a
são invadidos pelos vasos sanguíneos hospedeiros e substituídos maioria das fraturas diafisárias com pseudartrose. Geralmente, o
lentamente pelo novo osso hospedeiro a um grau limitado, especial- enxerto cortical era complementado pelo osso esponjoso para a
mente em aloenxertos maciços. Isso provavelmente explica a alta osteogênese. O enxerto onlay ainda é aplicável a um grupo limitado
incidência de fraturas nestes enxertos, uma vez que o osso morto de fraturas recentes com consolidação viciosa e pseudartrose, bem
não pode se remodelar em resposta à carga cíclica e à falha. como após osteotomias.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

•&NH4 1-3 Classificação dos Substitutos de Enxerto ósseo

PROPRIEDADE DESCRIÇÃO CLASSES


Osteocondução Fornece um arcabouço poroso passivo para Sulfato de cálcio, cerâmica, cimentos de fosfato de
suporte ou direcionamento da formação óssea cálcio, colágeno, vidro bioativo, polímeros sintéticos
Osteoindução Induz a diferenciação de células-tronco em Matriz óssea desmineralizada, fatores de crescimento
células osteogênicas de proteína morfogenética óssea, terapia genética
Osteogênese Fornece células-tronco com potencial Aspirado de medula óssea
osteogênico, que estabelece diretamente o
novo osso
Combinado Fornece mais de uma das propriedades Compostos
mencionadas acima
De Parikh SN: Bone graft substitutes in modem orthopedics, Orthopedics 25:1301, 2002.

Não só para a osteogênese mas também para a fixação, os enxer- 1 MÚLTIPLOS ENXERTOS DE LASCAS ESPONJOSOS
tos corticais também são usados para fazer uma ponte entre as arti- Múltiplas lascas de osso esponjoso são amplamente usadas para a
culações para produzir a artrodese. Como regra, a fixação é mais bem enxertia. Os segmentos do osso esponjoso são o melhor material
fornecida por dispositivos metálicos internos ou externos. Somente osteogênico disponível. Eles são particularmente úteis para o preen-
em uma situação extremamente incomum que um enxerto cortical chimento de cavidades ou defeitos resultantes de cistos, tumores
onlay seria indicado para a fixação, e ainda assim somente em ossos ou outras causas; para o estabelecimento de blocos de osso; e para
pequenos e quando pouco estresse é esperado. Para a osteogênese, o osteotomias em cunha. Por ser macio e friável, este osso pode ser
enxerto cortical espesso foi amplamente substituído pelo osso cortical colocado em qualquer canto ou fenda. O ílio é urna boa fonte de
e esponjoso fino do ilio. Os enxertos ósseos onlay duplos são úteis 110 osso esponjoso; e, se alguma rigidez e força são desejadas, os ele-
tratamento de pseudartroses difíceis e incomuns ou para fazer uma mentos corticais podem ser mantidos. Na maioria dos proced i-
ponte entre defeitos maciços (Cap. 59). O tratamento de uma pseu- mentos de enxertia óssea que utilizam o osso cortical ou os dispositivos
dartrose próxima a uma articulação é difícil, uma vez que, de modo metálicos para fixação, lascas ou tiras complementares de osso
geral, o fragmento mais próximo à articulação é pequeno, osteoporó- esponjoso são usadas para acelerar a consolidação. Os enxertos espon-
tico e predominantemente esponjoso, tendo somente um córtex fino. josos são particularmente aplicáveis à artrodese de coluna, uma vez
Muitas vezes, ele é tão pequeno e macio que a fixação com um enxerto que a osteogênese é a principal preocupação. Os enxertos esponjosos
único é impossível, pois os parafusos tendem a sair e os fios de sutura da crista ilíaca podem ser facilmente coletados a partir da crista ante-
o atravessam. Enxertos duplos fornecem estabilidade, pois seguram o rior usando-se uma trefina acetab ular, conforme descrito por
pequeno fragmento como um fórceps . D ick, com excelentes resultados e sem complicações relacionadas ao
As vantagens dos enxertos duplos para fazer uma ponte entre enxerto, conforme relatado por Brawley e Simpson.
defeitos são as seguintes: (1) a fixação mecânica é melhor do que a Os enxertos ósseos esponjosos de grande volume podem ser
fixação por um enxerto ósseo onlay único; (2) os dois enxertos coletados a partir do canal femoral usando-se urn a trefina irrigadora
aumentam a força e a estabilidade; (3) os enxertos formam um vale aspiradora, conforme descrito por Newman et al.
no qual o osso esponjoso pode ser colocado; e (4) durante a consoli-
dação, os enxertos duplos, ao contrário do enxerto único, evitam 1 ENXERTOS SEMICILÍNDRICOS
contrair o tecido fibroso a partir do osso esponjoso transplantado Os enxertos semicilíndricos são adequados para a obliteração de
comprometido. Um enxerto de toda a fíbula geralmente é melhor do defeitos grandes da tíbia e do fêmur. Um enxerto cortical semici-
que enxertos duplos para faze r uma ponte entre defeitos na extremi- líndrico maciço do osso afetado é colocado através do defeito e
dade superior, exceto quando o osso é osteoporótico ou quando a complementado pelo osso esponjoso ilíaco. Um procedimento dessa
pseudartrose está próxima a uma articulação. magnitude tem somente um uso limitado, mas é aplicável para a
As desvantagens dos enxertos duplos são as mesmas encontra- ressecção de tumores ósseos quando a amp utação é evitada .
das nos enxertos corticais únicos: ( 1) eles não são tão fortes quanto
os dispositivos metálicos de fixação; (2) geralmente, uma extremi- 1 TRANSPLANTE DE TODO O OSSO
dade deve servir como um local doador caso enxertos autógenos A fíbula fornece o enxerto mais prático para faze r uma ponte entre
sejam usados; (3) eles não são tão osteogênicos quanto os enxertos defeitos longos na porção diafisária dos ossos da extremidade sup e-
autógenos da crista ilíaca, e a cirurgia necessária para obtê-los apre- rior, a menos que a pseudartrose esteja próxima a uma art iculação.
senta mais riscos. Um enxerto fibular é mais forte do que um enxerto de espessura
total da tíbia. Quando o tecido mole é escasso, uma ferida que não
1 ENXERTOS INLAY (EMBUTIMENTO) pode ser fechada por enxertos duplos pode ser fechada por um
Pela técnica inlay, uma fenda ou um defeito retangular é criado no enxerto fibular. A deficiência após a remoção de um enxerto fibular
córtex do osso hospedeiro (Cap. 59), geralmente com uma serra é inferior àquela após a remoção de um enxerto tibial maior. Em
elétrica. Um enxerto do mesmo tamanho ou ligeiramente menor é crianças, a fíbula pode ser usada para abranger uma longa lacuna na
colocado dentro do defeito. No tratamento das pseudartroses diafi- tíbia, geralmente por um procedimento em dois estágios (Cap. 59).
sárias, a técnica onlay é mais simples e eficiente, e quase substituiu A forma da extremidade proximal da fíbula a torna um substituto
o enxerto inlay. Este último ai nda é às vezes usado em artrodeses, satisfatório para a extremidade distal da fíbula ou a extremidade
principalmente no tornozelo (Cap. 11). distal do rádio.
- :1:.':'".;p~~,
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CATEGORIA DO
ENXERTO
Matriz óssea
desmineralizada
'~ ~,
Substitutos de Enxerto ósseo Disponíveis Agrupados por Categoria e Mecanismo de Ação

MECANISMO DE
AÇÃO
Osteocondutor e
osteoindutor
EMPRESA
Allosource
PRODUTO
Allofuse
Allogro
FORMAS DISPON(VEIS
Massa e gel injetável
Massa
(demineralized Biomet lnterGro Pasta injetável
bone matrix - PlatFORM Folhas flexíveis
DBM) Exactech Opteform Discos maleáveis
Optefil Pasta injetável
lsoTis Accell Putty Massa moldável
Orthobiologics Accell Plus Massa que engrossa sob temperatura
Accell TBM corporal
Tiras pré-formadas
LifeNet Cellect DBM Fibras misturadas com lascas esponjosas
l/C Graft Chamber Partículas misturadas com lascas
Optimum DBM esponjosas em câmera de mistura
especializada
Massa e gel injetável
Osteotech Grafton Massa, gel, pasta, tiras, folhas flexíveis,
plugues
Regeneration BioSet Pasta injetável condensável
Technologies
Synthes DB Massa, pasta, ou misturadas com lascas
corticoesponjosas
Wright Medical Allomatrix Massa injetável e moldável
Technology Osteoset 2 DDM Pastilhas de DBM combinadas com
sulfato de cálcio
Sulfato de cálcio Osteocondutor Biomet BonePlast Pasta endurecida injetável/moldável
Synthes Calceon 6 Pastilhas
Wright Medical Osteoset MllG Pastilhas e esferas
Technology Cimento injetáve l
Fosfato tricálcico Osteoindutor DePuy Conduit Grânulos
Medtronic MasterGraft Grânulos
Sofamor Granules Tiras, massa e formas extrudáveis
Danek Vitoss Grânulos
Orthovita BoneSave Grânulos e blocos pré-formados
Stryker ChronOS Grânulos em câmera especializada para
Synthes Cellplex combinar com o aspirado de medula
Wright Medical óssea
Technology
Hidroxiapatita Osteocondutor Biomet ProOsteon 200R Grânulos pequenos
coralina Proosteon SOOR Grânulos e blocos
Cimento de Osteocondutor Stryker Hydroset Cimento injetável
fosfato de cálcio Synthes BoneSource BVF Cimento condensável
Norian SRS Cimento injetável
Produtos Osteocondutor DePuy Healos Hidroxiapatita e colágeno em tiras
combinados com Medtronic MasterGraft Blocos pré-formados de colágeno
colágeno Sofamor Matrix embebidos em grânulos de fosfato
Danek MasterGraft Putty tricálcico
Zimmer Collagraft Massa maleável de colágeno embebida
em grânulos
de fosfato tricálcico
Hidroxiapatita, ~-fosfato tricálcico e
colágeno em tiras
Sintético Osteocondutor Smith & Nephew TruGraft Grânulos
reabsorvível Trufit Plugues
Trublock Blocos
Truwedge Cunhas
rhBMP-2 Osteoindutor Medtronic INFUSE Pó fi xado em uma esponja de colágeno
rhBMP-7 Osteoindutor Sofamor OP-1 lmplant Pó liofilizado reconstituído para formar
Danek OP-1 Putty material com consistência de "areia
Stryker biotech molhada"
Pó liofilizado reconstituído para formar
massa
rhBMP, proteína morfogenética recombinante.
De Gardiner A, Weitzel: Bone grah substitutes in sports medicine, Sports Med Arthrosc Rev 15:160, 2007.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

iTABELA 1 ·~5 · Fatores ~ocais e Sistêmic~s que


líiílíi. Influenciam a lncorporaçao do
Enxerto
Tuberosidad e tibial
FATOR POSITIVO NEGATIVO
Locais Bom suprimento Radia ção
va scular no Instabilidade mecânica
leito da tu moral
en xertia Doença óssea local
Grande área de Denervaçã o
contato Infecçã o
Estabilidade
mecân ica
Carga mecânica
Fatores de
crescimento
Estimula ção
el étrica
Sistêmicos Hormônios de Corticosteroides
crescimento Anti-inflamatórios não
Hormônios da hormonais
tiroide Quimioterapia
Somatomed inas Tabagismo
Vitaminas A e D Sepse
Insulina Diabetes
Hormô nio Desnutri ção
paratiroide Doença
osteometabó lica
Modificado a partir de Kahn SN, et ai: Th e biology of bone grafting, J Am
Acad Orthop Surg 13:80, 2005.
Meio da diálise
O autoenxerto fibular vascularizado livre tem o maior potencial
osteogênico para a incorporação, mas se u uso é tecnicamente muito
mais exigente. Transplantes ósseos que consistem em segmentos intei-
h(ijl!;fflllm Método de remoção do en xerto tibial. O en xerto
é mais largo prox imalm ente do que distalmente. Antes do corte,
ros da tíbia ou do fêm ur, geralmente liofilizados ou frescos congela-
um furo é perfurado em cada ca nto para diminuir o ef eito do
dos, estão disponíveis. Seu maior uso se dá no tratamento de defeitos
aum ento do estresse da borda cortante após a remoção do
dos ossos longos produzidos por ressecções maciças para tumores
enxe rto. O córtex é cortado em um ângulo oblíquo.
ósseos ou revisões totais de articulações complexas (Cap. 59).

• CONDIÇÕES FAVORÁVEIS PARA ENXERTIA ÓSSEA


• Devido à fo rma da t íbia, o enxerto é geralm ente ma is
Para um procedimento de enxertia óssea ser bem-sucedido, os fatores
largo na extrem idade proxima l do que na extremi dade
relacionados ao paciente, como sua condição geral e a preparação do
dista l. Isso iguala a fo rça do enxerto, uma vez que o
local receptor, devem ser os ideais, conforme descrito na Tabela 1-5.
córtex é mais fi no proximalmente do que dista lmente.
Antes de cortar o enxerto, faça um furo em cada canto
• PREPARAÇÃO DOS ENXERTOS ÓSSEOS da área prevista (Fi g. 1-1 7).
• Com uma lâm ina única de serra, remova o enxerto cortando
REMOÇÃO DE UM ENXERTO TIBIAL o córtex em um ângulo oblíq uo, preservando as bordas
anterior e medial da tíbia. Não corte além dos f uros, espe-
~ cialmente ao corta r at ravés das extremidades; neste caso, o
TÉCNICA ~~~~~~~--'~ corte excessivo enfraquece o osso doador e pode servir
•Para evita r a perda excessiva de sang ue, use um torni - como ponto de partida de uma fratura fut ura. Isso é parti-
quete (de preferência pneumáti co) ao remover o enxerto cularmente verdadeiro na extremidade distal do enxerto.
tibial. Após a remoção do enxerto, o torni quete pode ser • Enqua nto o enxerto é erguido de se u leito, um assist ent e
li berado se m desordena r os campos cirú rg icos estéreis. deve segurá-lo f irmeme nte, evitando, assim , que ele ca ia
•Faça uma incisão longitudin al li ge iramente curva sobre a no chão .
superfície anteromed ial da tíb ia, coloca ndo-a de modo a • Antes de fec har a ferida, remova o osso esponjoso ad i-
evitar uma cicat riz dolorosa sobre a crista. ciona l da extrem idade proxima l da tíb ia com uma cureta .
• Sem rebate r a pe le, in cise o periósteo ao osso. Tome cuidado pa ra evita r a superfície arti cul ar da t íbia ou,
• Com um elevador periostea l, afaste o periósteo no sentido em uma cri ança, a fi se.
medial e latera l, expondo a superfície inteira da tíbia entre a • O peri ósteo sob re a tíbi a é re lativa mente espesso em
crista e a borda medial. Para a mel hor exposição em cada crianças e geralmente pode se r suturado co mo uma
extremidade da incisão longitu dinal, incise o periósteo t rans- camada sepa rada. Em adultos, ele é fino e muitas vezes
versalmente; a incisão através do periósteo é em forma de 1. o fec hamen to pode fi ca r insa ti sfató ri o ; ge ralm ente, é )
- )
PARTE 1 PRINC[PIOS BÁSICOS

prudente suturar o periósteo e a parte profunda dos tecidos


subcutâneos como uma única camada.
• Se o enxerto foi cortado de maneira adequada, pouca mol-
•Rebata os músculos f ibu lares anteriormente após a dis-
secção subperiosteal.
• Inicie a retirada no sentido distal e avance no sentido proximal
dagem é necessária. Nossa prática é remover a face endos- de modo que a origem oblíqua das fibras musculares do osso
teal do enxerto, pois (1) a porção endosteal fina permite ao tenda a pressionar o elevador periosteal em direção à fíbula.
enxerto ser colocado através do enxerto cortica l; e (2) a • Faça pequenos furos através da fíbula nas extremidades
superfície endosteal, sendo áspera e irregular, deve ser proximal e distal do enxerto.
removida para assegurar o bom contato do enxerto com o •Usa ndo a pinça saca-bocado, conecte os furos com vários
osso hospedeiro. pontos pequenos para rea lizar a osteotomia do osso; caso
contrário, o osso pode ser esmagado. Uma serra de Gigli,
uma serra elétrica oscilante ou uma broca cortante pneu-
mática e fina podem ser usadas. Um osteótomo pode
REMOÇÃO DE ENXERTOS FIBULARES dividir ou fraturar o enxerto. A artéria nutriente entra no
osso próximo ao meio da superfície posterior e, às vezes,
Três pontos devem ser considerados na re moção de um uma ligadura pode ser necessária .
enxerto fibular: (1) o nervo fibular não deve estar danifi- • Se o transplante for para substituir a extremidade distal do
cado, (2) o quarto distal do osso deve ser deixado para rádio ou a extremidade distal da fíbula, resseque o terço
manter um tornozelo estável, e (3) os músculos fibulares proximal da fíbula através da extremidade proximal do acesso
não devem ser cortados. de Henry, e tome cuidado para não danificar o nervo fibular.
• Exponha o nervo primeiro no aspecto posteromedial da
TÉCNICA extremidade distal do tendão do bíceps femoral, e siga-o
distalmente até onde ele termina ao redor do colo da
• Para a maioria dos proced imentos de enxertia, resseque f íbula . Neste local, o nervo está coberto pela origem do
o terço médio ou a metade média da fíbula por meio de músculo f ibu lar longo. Com as costas da lâmina em direção
um acesso de Henry. ao nervo, divida o deslizamento fino do músculo fibular
• Disseque ao longo da superfície anterior do septo entre longo fazendo uma ponte. Desloque o nervo do seu leito
o músculo fibular longo e o múscu lo sóleo. normal para uma posição anterior.

,,,,.- Linh a de incisão


/ para enxerto tibial
~__,_,.._- En xerto tibial

Músculos f1bulares
longo e curto

Fíbula
Linh a de incisão
para enxerto fibular -
Músculo sóleo -~~;:'"'<l~

Corte 93 Corte 97
Nível da tuberosidade tibial Nível próximo à junção dos terços
superior e médio da tíbia

Músculos fibulares
longo e curto--

Linha de incisão
para enxerto fibular _ _ _....._

Corte 101
Nível da junção dor terços médio e inferior da tíbia

0[§1l;f.jlJE9 Cortes transversais da perna mostrando a linha do acesso para a remoção de transplantes de toda a fíbula ou enxertos
fibulares. O segmento colorido mostra a parte da tíbia a ser removida. Os ângulos espessos e fortes da tíbi a não são violados. VEJA A
TÉCNICA 1-7.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

Nervo fibul a r
.........
comum--"'---,;,,;;~~

Músculo
gastrocnêmio ---7."~'"- .

- - - Músculos
~~~iiiiiiiii~,---:l.;---- Músculo
bíceps m__
f
fibulares
(rebatidos)
Músculo

/
~ sóleo
i..-,----'~c-?...,--f-- Nervo Fíbula
li bular
comum

B e
h[§i!;HllJ!9 Ressecção da fíbula para transplante. A, Linha de incisão da pele; são indicados os níveis de cortes transversais mos-
trados na Figura 1-18. B, Rela ção do nervo fibul a r comum com a cabeça e o colo da fíbula. C, Método de Henry de deslocamento do
nervo fibular para expor a cabeça e o colo da fíbula. VEJA A TÉCNICA 1-7.

• Ao continuar com a dissecção, proteja os vasos tibiais do osso for desejável, o terço posterior ou anterior da crista do ílio
anteri ores que passam entre o co lo da fíb ula e a tíbia por é um local doador satisfatório. Pa ra enxertos de cun ha, os cortes são
meio de uma dissecção subpe riosteal. fe itos em um ângul o direito à crista. Jones et ai. observaram que
•Após a ressecção se r co ncluída, suture o tendão do bíceps enxertos ilíacos de espessura total coletados com uma serra elétrica
e o ligamento co lateral fibular aos tec idos moles adja- são mais fortes do que os enxertos coletados com um osteótomo,
centes. presumivelmente devido ao número menor de microfraturas do
osso com a serra.
Se o paciente estiver na posição prona, o terço posterior do
ílio é usado; se estiver na posição supina, o terço anterior está dis-
ponível (Fig. 1-20). Nas crianças, a fise da crista ilíaca é geralmente
• ENXERTOS ÓSSEOS ESPONJOSOS DA CRISTA preservada junto aos músculos fixados. Para isso, um corte é feito
ILÍACA paralelo e abaixo da apófise, e este segmento é fraturado em galho
A menos que uma força considerável seja necessária, o enxerto verde na extremidade posterior. Normalmente, somente um córtex
esponjoso atende a praticamente qualquer exigência. Independente- e o osso esponjoso são removidos para enxertos, e a crista fraturada,
mente de as células no enxerto permanecerem viáveis, os resultados junto com a apófise, é substituída em contato com o ílio remanes-
clínicos indicam que os enxertos esponjosos incorporam-se mais cente e mantida no lugar com suturas pesadas não absorvíveis.
rápido ao osso hospedeiro do que os enxertos corticais. Quando os enxertos de espessura total são removidos do ílio em
O enxerto esponjoso grande e o cortico esponj oso podem ser ad ultos, um procedimento semelhante pode ser realizado, preser-
obtidos a partir da crista ilíaca anterossuperior e da crista ilíaca vando a crista do ílio e se u contorno externo. O paciente não
posterior. Enxertos esponjosos pequenos podem ser obtidos a partir consegue detectar rap idamente a ausência do osso, e o resultado
do trocânter maior do fêmur, do cônd ilo femoral, da metáfise pro- estético é sup eri or. Também é menos provável que esse método
ximal da tíbia, do maléolo medial da tíbia, do olecrano e do rádio resulte em uma hérnia por "deslizamento". Wolfe e Kawamoto des-
distal. Pelo menos 2 cm do osso subcondral devem permanecer para creveram um método para retirar o osso de espessura total do ílio
evitar o colapso da superfície art icular. an terior; a crista ilíaca é divid ida oblíqua, medial e lateralmente de
Se forma e resistência são desnecessárias, múltiplos enxertos modo que as táb uas da crista possam ser reaproximadas após a
de lascas ou chips podem ser removidos. Quando a preservação da excisão do osso (Fig. 1-2 1). Eles também us aram este método em
crista ilíaca é desejável, o córtex externo do ílio pode ser removido crianças mais velhas sem qualquer evidência de distúrbio de cres-
junto com o osso esponjoso considerável. Se um pedaço mais rígido cimento da fise da crista ilíaca.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

~EMOÇÃQ DE UM ENXERTO informar sobre as técnicas de artrodese do quadril) também


resultaram em hérnia quando ambos os córtices foram
OSSEO ILIACO removidos. Com esse enxerto, os múscu los abdutores e a
A coleta do osso de autoen xerto do ílio tem as suas com- camada de periósteo são latera lmente removidos com o
plicações. O desenvolvimento de hérn ias tem sido relatado enxerto. A repara ção cu idadosa das estruturas de suporte
em pacientes de quem foram retirados enxertos ilíacos remanescentes após a remoção de um enxerto ilíaco é
maciços de espessura tota l. Os enxertos de múscu lo/pedí- importante e, provavelm ente, o melhor método de evitar
cu lo para a artrodese do quadril (veja o Capítu lo 3 para se estas hérnias. É menos provável que as janelas de espessura
total feitas abai xo da crista ilíaca levem à formação da
hérnia . Além da formação da hérnia, lesões nervosas,
lesões arteriais ou deform idade estética podem ser um
prob lema após a coleta do osso ilíaco . O nervo cutâneo
femora l latera l e o nervo ilioinguina l estão em risco durante
a coleta do osso a partir do ílio anterior. Os nervos cluneais
superiores estão em risco se a dissecção for conduzida além
de 8 cm da parte latera l à posterossuperior da espinha
ilíaca (Fig. 1-22) . Os vasos glúteos superiores podem ser
danificados pela retração contra o teto da incisura ciática.
A remoção de enxertos grandes de espessura total a partir
do íli o anterior pode altera r o contorno da crista anterior,
prod uzindo deformidade estética significativa (Fig. 1-24).
Fístu la arteriovenosa, pseudoaneurisma, lesão ureteral,
avulsão da espinh a il íaca anterior e instabil idade pél vica
têm sido relatados como as principa is compli cações da
coleta do enxerto da crista ilíaca.

TÉCNICA ~
~~~~~~~~-~
•Faça uma incisão ao longo da borda subcutânea da crista
ilíaca no ponto de contato do periósteo com as origens
do músculo glúteo e do músculo do tronco; conduza a
incisão até o osso .
Ht§il;f.jlE!Jt Cortes coronais (A-D) a partir da porção anterior • Quando a crista do íli o não for necessária como parte do
do ílio. O acompanhamento dos cortes transversa is mostra a enxerto, divida a face lateral ou ambas as faces da crista
largura do osso e sua estrutura esponjosa . Os enxertos ilíacos para em contin uidade com o periósteo e os músculos fixados .
a fusão da co luna são normalment e removidos do terço posterior Para evitar hemorragia, disseque subperiostealmente .
da cr ista (E-G).

/
/\1
l I
\.. __/

A D

H@iii!·)l&lt Técn ica de Wolfe-Kawamot o d e retirada do enxerto ósseo ilíaco. A e B, As t ábuas externas da crista ilíaca são divididas
obliquamente com reten ção das fixações musculares e periosteais. C e D, Fech amento do local doador. Note o deslocamento anterior
da reinserção da cri sta à espinha ilíaca anterossuperior (D). (Redesenhado de Wo lfe SA, Kawa moto HK: Taking th e iliac-bone graft: a new
technique, J Bane Joint Surg 60A :411, 1978. )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DEAC ESSO CIRÚRG ICAS -

Linha de dissecção
S Nervos cluneais
/ / \ superiores

Espinha ilíaca
posterossuperior -

H@l!;f411!9 Método de remoção do segmento coronal de


espessura total do ílio. (Redesenhado de Abbott LC: Th e use of iliac
bone in the treatment of unun ited fractures, AAOS lnstr Course Lect
2:13, 1944.) VEJA A TÉCNICA 1-8.

Otijii;Hl:lm Vista post eroa nterior da pelve mostrando os


nervos cluneais superiores cruzando a cr ista ilíaca posterior in i-
cia ndo-se a 8 cm da parte lateral à espinh a ilíaca posterossuperior. da compressa e da pressão local. Gelfoam e cera para osso
VEJA A TÉCNICA 1-8. são materiais estrangeiros. A cera para osso aparenta retar-
dar a consolidação óssea, e Gelfoam em grandes quantida-
• Se um enxerto esponjoso com um córtex é desejado, des tem sido associado com a drenagem serosa estéril de
eleve somente os múscu los da t áb ua interna ou externa feridas. Foi relatado que o colágeno microcristalino é mais
do ílio. A tábua cortical interna com osso esponjoso sub- eficiente na redução de perda sanguínea do osso esponjoso
jacente pode ser preferível devido ao biotipo do corpo. do que o pó de trombina ou a espuma de gelatina umede-
• Para enxertos de espessura total, retire também o músculo cida com trombina . Sucção suave da ferida por 24 a 48
ilíaco da tábua interna do ílio (Fig. 1-23). horas, combinada com a obliteração meticu losa do espaço
• Quando enxertos de lascas ou chips são necessá rios, remo- morto, é satisfatória para o manejo destas fe ridas.
va -os com um osteótomo ou goiva da superfície exterior •Ao coletar o osso a partir do ílio posteri or, Colterjohn e Bednar
da asa ilíaca, retirando somente um córtex. recomendaram fazer a incisão paralela aos nervos cluneais
• Após a remoção da crista, osso esponjoso considerável superiores e perpendicular à crista ilíaca posterior (Fig. 1-22).
pode ser obtido pela inserção de uma cureta dentro do
espaço esponjoso entre os dois córtices intactos.
• Ao remover um en xerto cortica l da tábua externa , pri-
meiro delineie a área com um osteótomo ou serra elé- ACESSOS CIRÚRGICOS
trica. Em seguida, descole o enxerto com movimentos de
alavanca leves com um osteótomo largo. Enxertos de Urna abordagem cirúrgica deve fornecer acesso fácil a todas as estru -
cunha ou enxertos de espessura total podem ser removi- turas consideradas. A incisão deve ser longa o suficiente para não
dos de maneira mais fác il com uma se rra elétrica; essa dificultar qua lquer parte da operação. Qua nd o realizada, deve -se
técnica também é menos traumática do que quando são igualar ou pelo menos cons iderar as dobras naturais da pele a fim
usados um osteótomo e um martelo. Para esta finalidade, de evitar cicatrizes indesejáveis. Urna incisão longitudinal na super-
uma serra oscilante ou uma broca cortante pneumática fície flexora ou extensora de uma arti culação pode causar urn a cica-
são satisfatórias. Evite o ca lor excessivo irrigando com tri z grande e inestética, ou mesmo um queloide que pode restringir
soro fisiológico à temperatura ambiente. Evite remover permanentemente o movimento. Uma incisão rnediolateral longitu-
demais a crista no sentido anterior e deixar uma defor- dinal, especialmente em um dedo ou polegar ou na borda ulnar da
midade inestética posteriormente (Fig. 1-24). mão, produz poucas cicatri zes, um a vez que está locali zada onde
• Após a remoção dos enxertos, junte e suture com preci- os movimentos da pele são relativamente reduzidos. O acesso
são o periósteo e as origens musculares com suturas também deve causar o menor dano possível nas estruturas mais
interrompidas fortes. profundas. Ele deve seguir as lin has de clivagem e os planos da
• Às vezes, o sangramento do ílio é profuso; evite usar fáscia, e, quando possível , passar entre os músculos, em vez de
Gelfoam (espuma de gelatina) e cera para osso, e depender através deles. Nervos e vasos importantes devem ser poupados por
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

cirúrgica menos traumática, e o tempo necessário para a operação


mais curto. Além disso, em um campo seco, os nervos cutâneos são
identificados e protegidos de maneira mais fácil, e muitas vezes eles
podem ser usados como guias para as estruturas mais profundas.
A identificação, a dissecção e a ligadura dos vasos também são facili-
tadas. Embora a extremidade esteja temporariamente isquêmica,
uma unidade de eletrocautério deve ser usada para cauterizar vasos
pequenos que cruzam a incisão. Uma unidade de eletrocautério é
ainda mais útil nos locais cirúrgicos onde um torniquete não pode
ser empregado, como o ombro, o quadril, a coluna e a pelve.

ARTELHOS

ACESSO Àf. ARTICULAÇÕES


INTERFALANGICAS
TÉCNICA ~
~~~~~~~~---~
• Para procedimentos na articulação interfalângica do hálux,
faça uma incisão de 2,5 cm de comprimento no aspecto
medial do hálux.
•Para as articulações interfalângicas do quinto artelho,
faça uma incisão lateral.
li@i@HII• Defeito no ilia após um enxerto grande ser •Aborde as articu lações interfalângicas do segundo, ter-
removido. A borda anterior do ílio que incluía a espinha ilíaca ceiro e quarto artelhos por meio de uma incisão im edia-
anterossuperior foi preservada; porém, como o defeito era muito tamente lateral ao tendão do extensor correspondente.
grande, a deformidade era visível mesmo sob a roupa. A perda •Conduza a dissecção através do tecido subcutâneo e da
estética do contorno foi melhorada pela remoção de mais ossos fáscia até a cápsu la da articulação.
da crista posteriormente. VEJA A TÉCNICA 1-8. • Afaste as bordas da incisão com cuidado para evitar dano
aos vasos e nervos digitais dorsais ou plantares; retraia os
nervos e vasos dorsais dorsalmente, e os nervos e vasos
plantares plantarmente .
•Para expor as superfícies articulares, abra a cápsula no
meio de sua localização e proteção ou evitados completamente;
sentido transversal ou longitudinal.
quando uma estrutura importante estiver em perigo imediato, ela
deve ser exposta. Além de aprender os acessos descritos por outros,
o cirurgião deve conhecer a anatomia tão bem que uma abordagem
pode ser modificada quando necessário. • ACESSOS À ARTICULAÇÃO
Nem todos os acessos são descritos neste capítulo; somente METATARSOFALÂNGICA DO HÁLUX
aqueles que eu e meus colegas consideramos adequados para a maioria A articulação metatarsofalângica do hálux pode ser exposta de
das operações ortopédicas agora em uso. Acessos adicionais são diversas maneiras. Duas dessas são descritas.
descritos em outras seções deste livro. Há um interesse recente nas
artroplastias totais de articulações menos invasivas. Esses acessos
são descritos nos Capítulos 3, 7, 10 e 12.
Cicatrizes desnecessárias e desfiguração devem ser evitadas. ACESSO MEDIA~ À ARTICULAÇÃO
É injustificável fazer uma incisão longa paralela à cicatriz de uma METATARSOFALANGICA DO HALUX
incisão longa anterior. Uma incisão através de uma cicatriz antiga se

-------~
consolida tão bem quanto uma nova incisão; e ainda que a cicatriz TÉCNICA
possa não estar em um local ideal, as estruturas mais profundas
podem ser alcançadas pela retração da pele e dos tecidos subcutâ- •Faça uma incisão curva de 5 cm de comprimento no
neos. Uma segunda incisão fei ta paralela e próxima a uma cicatriz aspecto medial da articulação (Fig. 1-25A). Inicie a incisão
antiga pode afetar a circulação na tira de pele entre as duas, resul- imediatamente proximal à articulação interfalângica, curve-a
tando em necrose da pele. sob re o dorso da articulação metatarsofalângica medial
A posição do paciente para a cirurgia também é importante. até o tendão do extensor longo do hálux, e termine no
Isso deve ser devidamente estabelecido antes do início da operação, aspecto medial do primeiro metatarsal a 2,5 cm proximal
e devem ser adotadas medidas para evitar alterações indesejáveis na à articulação.
posição durante a operação. O cirurgião deve ser capaz de alcançar •Conforme a fáscia profunda é incisada, retraia lateral-
facilmente todas as partes do campo operatório. mente o ramo medial da primeira artéria metatarsal dorsal
Um torniquete, a menos que especificamente contraindicado, e o ramo medial do nervo dorsomedial (um ramo do nervo
deve sempre ser usado em cirurgias nas extremidades; o campo seco fibular superficia l), que supre a face medial do hálux.
que ele fornece faz com que a dissecção seja mais fácil, a técnica
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

ACESSO DORSOMEDIAL À
-
TÉCNICA
_____
ARTIC,ULAÇÃO METATARSOFALÂNGICA
DO HALUX
_____.~

•Inicie a incisão imediatamente proximal à articul ação inter-


fa lâng ica e continue-a no se ntido proximal por 5 cm para-
lelo com e med ial ao tendão do extensor longo do hálux.
•Para expor a cápsula, divida a fáscia e afast e o tendão.
Incisão na pele • A cáps ul a pode se r incisada pela formação de um retalho
com sua fixação na base da primeira falange, como no
acesso anterior, ou pela continu ação da dissecção no
plano da incisão da pele.

ACESSO ÀS ART!CULAÇÕES
METATARSOFALANGICAS DO ARTELHO

---------'~
TÉCNICA
• A segu nda, a terceira e a quarta articulações metatarso-
fa lângicas são alcançadas por uma incisão dorsolateral
paralela ao tendão do extenso r correspondente (Fi g. 1-26).
Base da falange proximal • A quinta articu lação metatarsofalângica é mais bem exposta
por uma incisão reta ou curva dorsal ou dorsolateral.
• As cápsulas articulares podem ser abertas tran sversa l ou
long itudin almente, conforme necessário.

CALCÂNEO

Os acessos ao calcâneo são reali zados de maneira mais fác il com o


e pacien te na posição prona. No entanto, o acesso medial pode ser feito
Cabeça do primeiro metatarso com o paciente na posição supina com o joelho flexionado e o pé
cru zado na perna oposta. O acesso lateral também p ode se r feito com
o paciente na posição supin a colocando um saco de areia sob a nádega
h!§ii;MIJm A-C, Acesso medial à articul ação metatarso-
ipsilateral, girando intername nte o quadril e evertendo o pé.
falângica do hálu x (veja texto) . (Modificado de Hoppenfeld S, deBoer
P: Surgical exposures in orthopaedics: the anatomic approach, Philadel-
phia, 2003, Lippincott Williams & Wi lkins.) VEJA A TÉCNICA 1-10.
ACESSO MEDIAL AO
CALCÂNEO

---------'~
TÉCNÍCA.
•Disseq ue a fáscia a partir do dorso até a bursa sob re o
aspecto medial da cabeça metatarsal. •In icie a incisão a 2,5 cm anterior e a 4 cm inferior ao
•Faça uma incisão curva através da bursa e da cápsu la da maléolo medial, conduzindo-a no sentido posterior ao
articulação (Fig. 1-25 8); ini cie a incisão sob re o aspecto longo da supe rfície med ial do pé até o te ndão de Aquiles.
dorsomedial da articul ação, co ntinue-a proximalm ente •Divida a gordura e a fáscia, e defina a margem inferior
dorsal à cabeça metata rsa l, e plantar e distalmente ao dos abd utores dos hálu ces.
redor da articu lação. Termin e no sentido distal no aspecto •Mobilize o ventre muscular e retraia- o dorsalmente para
medioplantar da articulação metatarsofalãngica. Essa expor os aspectos med ial e inferomedial do corpo do
in cisão forma um reta lh o elípti co em forma de raquete calcâ neo.
fi xado na base da fa lange proximal (Fig. 1-25C). Embora • Conti nu e a dissecção distalmente dividindo a aponeurose
a refl exão dista l deste retal ho exponha amplamente a plantar e os músculos f ixados ao ca lcâneo ou retiran do
primeira articulação metatarsofa lângica, o uso de um estes do osso com um ost eótom o. Com cui dado, evite o
acesso dorsomed ial é preferível, uma vez que a consoli- nervo medial do ca lcâ neo e o nervo do abd utor do dedo
dação do retalho de pele pode se r retard ada. mínimo. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Ramos do nervo

'""'" '"''"'"'' ~
- - - - - N ervo
fibular
Extensor profundo
longo~-------;­
dos dedos

safena

Tendão do extensor
longo dos dedos - ' - - - - - - - - --+-;'=,/
\\
---'"""'- - - - Base da
falange
proximal
articula r

e D
li@ii;ffl1E9 Acessos às articulações metatarsofalângicas do segundo, terceiro, quarto e quinto artelhos. A, Incisão da pele. B, Incisão através
da fáscia profunda medial até os t endões. C, Incisão longitudinal na cápsu la articular. D, A articulação é exposta. (Modificado de Hoppenfeld S,
deBoer P: Surgical exposures in orthopaedics: the anatomic approach, Philadelphia, 2003, Lippincott Williams & Wilkins.) VEJA A TÉCNICA 1-12.

A superfície inferior do corpo do calcâneo pode ser exposta • Se necessário, e se não há infecçã o, divida os tendões por
)
subperiostealmente. Z-plastia e repare-os mais t ard e.

ACESSO EM FORMA DE U
ACESSO LATERAL AO CALCÂNEO AO CALCÂNEO
~ ~
TÉCNICA TÉCNICA
--~~~~~~~--~ '---~~~~~~--~
•I nicie a incisão na margem latera l do tendão de Aqu iles • Com o paciente na posição prona, apoie a perna em um
próximo à sua inserção, e passe-o distalmente a um ponto saco de areia grande.
4 cm inferior ao e 2,5 cm anterior ao maléolo lateral (Fig. •Para o acesso a toda a superfície plantar do ca lcâneo,
1-28). faça uma incisão grande em forma de U ao redor dos
• Divida as fáscias superficiais e profundas, isole os tendões quatro quintos posteriores do osso (Fig. 1-29).
fibulares, e incise e eleve o periósteo abaixo dos tendões • Após as dissecções descritas, retraia um retalho que consiste
para expor o osso . de pele, coxim gorduroso do calcanhar e fáscia plantar.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

A e
O[ijlljf,I ~ Acesso medial ao calcâ neo. A, Incisão da pele. B, Incisão da fáscia. C, Isolamento do feixe neurovascular. (Mod ifica do
de Burdea ux BD: Reduction of calcaneal fractures by t he McReynolds medial approach technique and its experimental basis, Clin Orthop Relat Res
177:93, 1983.) VEJA A TÉCNICA 1-13.

~"f--------Tendão
fibular longo

''
' ', .... ......

Incisão da pele Incisão no periósteo Calcâneo


A B do calcâneo e
O@l!;t.)1&9 Acesso latera l ao calcâ neo. A, Incisão da pe le. B, Incisão no periósteo do calcâneo . C, O calcâneo é exposto. VEJA A
TÉCNICA 1-14.

ACESSO DE KOCHER (L CURVO) •Para alcançar a superfície superior, libere todos os tecidos
abaixo do tendão de Aquiles cortado.
AO CALCÂNEO •O ca lcâneo pode ser enucleado com ou sem suas fi xações

-------~
periosteais.
TÉCNICA
• O acesso de Kocher é adequado para a excisão completa
do calcâneo em casos de tumor ou infecção. TARSO E TORNOZELO
• Incise a pele sobre a borda media l do tendão de Aquiles
a partir de 7,5 cm proximais à tuberosidade do calcâneo
• ACESSOS ANTERIORES
até o aspecto inferoposterior da tuberosidade, conti-
nuando t ransversalmente ao redor do aspecto posterior do
calcâneo e distalmente ao longo da superfície lateral do pé
ACESSO ANTEROLATERAL
até a tuberosidade do quinto metatarsal (Fig. 1-328). AO CALCÂNEO
• Divida o tendão de Aquiles na sua in serção e conduza a A abordagem anterolateral oferece um acesso excelente à
dissecção até o osso. articu lação do tornozelo, ao tálus e à maioria dos outros )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

_ _ Tendão
de Aquil es

A B

- - - Aponeurose
plantar e
músculos
aponeurose retraídos
plantar e nos
músculos

e D

O@l!;§i1Jl!9 Acesso em forma de U aoca lcâneo. A, Incisão da pele. B, Incisão periosteal. C, In cisão na aponeurose plantar e nos músculos.
D, A aponeurose plantar e os múscu los são retraídos. VEJA A TÉCNICA 1-15.

articulações tarsa is, e evita todos os vasos e nervos impor- •I ncise a fáscia e os retináculos do extensor superior e
)
tantes. Uma vez que tantas operações reconstrutivas e inferior até o periósteo da tíbia e a cápsula da articulação
outros procedimentos envolvem as estruturas expostas, do tornozelo. Essa dissecção geralmente divide a artéria
esse acesso poderia ser chamado de " incisão universal" maleolar anterolateral e a artéria tarsal lateral.
para o pé e o tornozelo. Ele permite a excisão do tálus • Enquanto é feita a retra ção das bordas da ferida, identi-
inteiro, e as únicas articu lações tarsa is que não consegue fique e proteja os ramos cutâneos dorsais intermediários
alcança r são aquelas entre o navicular e o segundo e pri- do nervo fibular superficial.
meiro cuneifo rmes. •Divida o músculo extensor curto dos dedos na di reção
de suas fibras, ou separe-o de sua origem e reflita-o

------~
TÉCNICA dista l mente.
• Retraia mediaimente os tendões extensores, a artéria
• Inicie a incisão sobre o aspecto antero lateral da perna dorsa l do pé e o nervo fibu lar profundo, e incise a cápsula.
med ial à f íbula e 5 cm proxima is à articulação do tor- • Exponha a articu lação talonavicu lar dissecando profun-
noze lo, conduzindo-a no sent ido dista l sobre a articu- damente até os tendões, e incise sua cápsula transver-
lação, o aspecto anterolateral do corpo do tálus e a salmente.
articulação calcaneocubóidea, e terminando na base • Continue a dissecção no sentido lateral através da cápsula
do quarto metata rsa l (Fig. 1-30A). A incisão pode da articulação calcaneocubóidea, que se encontra no
iniciar mais prox im almente ou terminar mais distal- mesmo plano da articulação ta lonavicu lar.
mente, ou qualquer parte pode ser usada, conforme •I ncise a massa de gordura lateral e inferior ao colo do
necessário. tá lus para expor a articu lação subta lar.
CAPÍTULO 1 TÉCNI CAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGI CAS -

~!*----+----Mú sc ulo exten sor


longo dos dedos

--';----Ligamento
transverso crural
\ Linh a de incisão Tíbia-+----,-,--;;=,- -
----;;--;----- Ligamento Tálus- +-=-;i'=--- - - -
, \ cruzado crural

~ ~\P\ Musculo extensor


l-\\\\_'\_: longo dos dedos

A B

ij@li;ffllJm A e B, Acesso anterolateral à articulação do t ornozelo e ao tarso. VEJA A TÉCNICA 1-17.

• Estenda a dissecção distalmente para forn ecer acesso à


articulação entre o cuboide e os quarto e quinto metata r-
sa is e ent re o navicular e o t erceiro cuneifo rme (Fig. 1-30B).

ACESSO ANTERIOR PARA EXPOR A


ARTICULAÇÃO 09 TORNOZELO E
AMBOS OS MALEOLOS
M uitas vezes, ao rea lizar a fusão do t orn ozelo por meio do
acesso anterolateral, é difícil expor a parte da arti culação
do torn oze lo entre o maléolo medial e a faceta arti cular
medial do corpo do t álu s. No entanto, por meio do acesso
anterior, ambos os ma léolos podem ser faci lment e expos-
tos. Geralmente, o acesso é desenvolvido entre o tendão
do extensor longo do hálux e do extenso r longo dos dedos
(Fi g. 1-3 1), mas ele também pode se r dese nvolvido entre
o tend ão do t ibial anterior e do extensor longo do hálux.
Neste caso, o f eixe neurovasc ul ar é retraído lat era lme nte
com os tendões do extensor longo dos artelhos, e o ten dão
do t ibia l anterior é retraído mediai mente.

TÉCNICA
•Inicie a incisão no aspecto anteri or da perna 7,5 a 10 cm
proxima l ao tornozelo, e estenda-a distalmente até cerca
de 5 cm distais à articulação. Se u compri me nto varia de
aco rd o com a in dicação cirúrgica.
•Divida a fáscia prof un da alinhada com a incisão da pele.
•Isole, faça a ligad ura e divida a artéri a maleolar anterola-
teral e a artéria tarsal latera l, expo nha o fe ixe neurovas-
cular com cuidado e retraia-o media imente.
14!§1@'1119 Acesso anterior à articula ção do tornozelo. O
tend ão do extensor longo do hálu x e do tibial anterior, junto ao
•In cise o peri ósteo, a cápsul a e a sinóvia alinh ados com a
feixe neurovascular, são retraídos mediaimente. Os tendões do
in cisão da pele, e exponh a a largura total da arti culação ) músculo extensor longo dos dedos são retraídos lateralmente.
VEJA A TÉCNICA 1-18.
- PARTE 1 PRINC[PIOS BÁSICOS

ACESSO DE OLLIER AO TARSO


A
O acesso de Ollier é excelente para uma artrodese tríplice:
as três articu lações são expostas através de uma pequena
B abertu ra sem muito retração, e a ferida gera lmente se
cicatriza bem, uma vez que o retalho proxima l é dissecado

fjº em espessura total e as bordas da pele são proteg idas


durante a retração (Cap. 84).

TÉCNICA ~
--~~~~~~~--~
•I nicie a incisão da pele sobre o aspecto dorsolateral da
articu lação ta lonavicular, estenda-a no sentido obl íquo
inferoposterior, e term ine a cerca de 2,5 cm inferiores ao
maléolo lateral (Fig . 1-32C).
H@i!ihillm A, Acesso de Koch er ao tornozelo . B, Acesso de •Divid a o retin ácu lo do extensor superior na linha de
Kocher ao calcâneo. C, Acesso de Ollier à articu laçâo mediotársica incisão da pele.
e à articu lação subtalar. VEJA AS TÉCNICAS 1-16, 1-19 E 1-20. • Na parte superior da incisão, exponha os t endões do
extensor longo aos artelhos e retraia-os media imente, de
preferência sem abrir suas ba inhas.
do tornozelo anteriormente por meio da dissecção sub- • Na parte inferior da incisão, exponha os tendões f ibu lares
)
capsular e subperiostea l (Fig. 1-31). e retraia -os infer iorm ente.
• Divida a origem do múscu lo extensor curto dos dedos,
retraia-o distalmente, e exponha o seio do tarso.
• ACESSOS LATERAIS AO TARSO E AO • Estenda a dissecção para expor as articulações subta lar,
TORNOZELO calcaneocubóidea e talonavicular.

ACESSO LATERAL DE KOCHER AO


TARSO E AO TORNOZELO
ACESSO POSTEROLATERAL AO
O acesso de Kocher oferece excelente exposição das arti-
culações mediotársica, subtalar e do tornozelo (Fig . 1-32A).
TORNOZELO
A desvantagem deste proced imento é que pode ocorrer O acesso posterolateral de Gatellier e Chastang permite a
um esfácelo da pele próximo às margens da incisão, espe- redução aberta e a fixação interna de fraturas do t ornozelo
cialmente se a luxação do tornozelo for necessária, como em que o fragment o do lábio posterior da tíbia (maléolo
em uma talectomia . Geralmente, os tendões fibulares devem posterior) é grande e está lateralmente situado. Esse acesso
ser divid idos. Na maioria dos casos, a incisão anterolateral usa o fato de que, geralmente, a fíbula está fratu rada em
é mais satisfatória. tais lesões; caso esteja intacta, ela é osteotomizada a cerca
de 10 cm proximais à ponta do ma léo lo lateral. O acesso

------~
TÉCNICA também é usado para a osteocondrite dissecante que envolve
a parte lateral do domo do tálus e pa ra a osteocondromatose
• A partir de um ponto im ediatamente latera l e distal à do tornozelo.
cabeça do tálus, curve a incisão 2,5 cm inferior à ponta

------~
do maléolo latera l, e depois no sentido posterior e proxi- TÉCNICA
mal. Termine-a 2,5 cm posteriores à fíbula e a 5 cm
proximais à ponta do maléolo lateral ou, se desejar, 5 ou (GATELLIER E CHASTANG)
7 cm mais proximalmente, paralelo e posterior à fíbula
(Fig. 1-32A) . •I nicie a incisão a cerca de 12 cm proximais da ponta do
•I ncise a fásc ia até os tendões f ibulares e retraia-os poste- maléolo latera l e estenda-a distalmente ao longo da
riormente, protegendo a veia safena parva e o nervo sural margem posterior da fíbula at é a ponta do ma léolo.
posicionados imediatamente posterior à incisão. Curve a incisão anteriormente por 2,5 a 4 cm na linha
• Se for necessário um campo operatório maior, divida os dos tendões f ibul ares (Fi g. 1-33) .
tendões por Z-plastia e retraia-os. • Exponha a f íbul a, incluindo o maléolo latera l subperios-
• Aprofunde a dissecção dista lmente, divida o li gamento tea lmente, e incise as bainhas dos retináculos e tendões
calcaneofibu lar, e exponha a articulação subtalar. A fibulares, permitindo que os tendões sejam deslocados
articulação ca lcaneocubóidea e a articulação talonavi- anteriormente.
cular podem ser alcançadas através da parte distal • Se a fíbula não estiver fraturada, divida-a 1O cm proximais
desta in cisão. à ponta do maléolo lateral e liberte o fragmento dista l
• Após a divisão dos ligamentos talofibulares, luxe o torno- dividindo a membrana interóssea e os ligamentos
zelo por tração media l se o acesso a toda a sua superfície • Com cu idado, preserve os ligamentos ca lcaneofibular e
articular for desejado. ta lofibular para servir como uma dobradiça e para manter
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS . .

'r

O@ii;MIJ:i9 Acesso posterolateral de Gatellier e Chastang. A, Os tendões fibulares foram deslocados anteriormente, e a fíbula foi
dividida; o fragmento distal foi virado lateralmente após a divisão da membrana interóssea e dos ligamentos tibiofibulares anterior e
posterior. B, A fíbula distal foi substituída e fixada à tíbia com um parafuso de sindesmose. VEJA A TÉCNICA 1-21.

a integridade do tornozelo após a operação. Vire a fíbul a


no sentido lateral nesta dobradiça, e exponha os aspectos
lateral e posterior da tíbia dist al e o aspecto latera l da
articulação do tornozelo. Deve-se tomar muito cuidado
em crianças para evitar a ocorrência de uma fratura
através da fise fibular distal ao refletir a fíbula .
•Ao fechar a inci são, reposicione a fíbula e fixe-a com um
parafuso que se estenda tran sversalmente a partir da
parte proximal do maléolo lateral, através da sindesmose
tibiofibular, e até a tíbia imediatamente proximal e para-
lela à articulação do tornozelo.
•Perfure novamente o furo feito na fíbula para permitir a
A B
compressão através da si ndesmose. Faça a dorsiflexão da
articulação do tornozelo enqu anto o parafuso é aper-
h@i!;Ml:lm Acesso anterolateral de Tochigi, Amendola, Muir
tado, pois o domo talar é mai s largo na sua metade
e Saltzman ao tálus. A, Vista anterior da osteotomia . B, Vista lateral
anterior do que na metade posterior. A falha na nova
da osteotomia. (De Toch igi Y, Amendo la A, Muir D, et ai : Surg ical
perfuração da fíbula pode resultar em abertura da sindes-
approach for centrolateral ta lar osteochondral lesions with an anterolateral
mose e mortalha do tornozelo, com consequente dege-
osteotomy, Foot Ankle lnt 23:1038, 2002.) VEJA A TÉCNICA 1-22.
neração artrítica da articulação tibiotalar. Adicione mais
fixação com uma pequena placa e parafusos, se desejar.
• Reposicione os tendões, repare as bainhas e os retiná cu -
los, e feche a incisão.

----------"~
•Após a consolidação da osteotomia ou da fratura, remova TÉCNICA
o parafu so para evitar que ele se solte ou quebre.
(TOCHIGI, AMENDOLA, MUIR E SALTZMAN)

•Fa ça uma incisão vertical de 1O cm ao longo do canto


ACESSO ANTEROLATERAL AO DOMO anterolateral do tornozelo, evitando o ramo lateral do
LATERAL DO TÁLUS nervo fibular superficial.
• Delineie a osteotomia da tíbia anterolateral para incluir o
Como alternativa à osteotomia maleol ar lateral , Tochigi et ligamento tibiofibular anterior. A superfície cortical do frag-
ai. descreve ram uma abordagem anterolateral ao domo mento deve ser de pelo menos 1 cm 2 (Fig. 1-34). Pré-perfure
lateral do tálus para extensas lesões osteocondrais late- o fragmento para aceitar um parafuso esponjoso de 4 mm.
rais. Todos, exceto o quarto posterior do tálus lateral , •Use uma micro-serra oscilante para iniciar a osteotomia
podem se r expostos. É necessá ria uma osteotomia da tíbia em dois planos. Conclua a osteotomia com um osteó-
anterolateral. tomo pequeno e estreito, alavancando-o suavemente no )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo fl exor
longo do hálu x ~lí Tíbia

~k ~~~~~~i;~,
Tálus
Artéria tibia
posterior

~~~ Músculo flexor


longo do hálux

-+-- - Tendão
A B gastrocnêmio e
h@l!millm Acesso poste ri o r ao t orn oze lo . A, Incisão da pe le. B, Di visão po r Z-p lasti a e refl exão do tend ão de Aquiles. C, Expos ição
da art iculação do torn oze lo e da articu lação subt alar após a retração do ten dão do fle xor longo do hálux e a ca psu lot o mi a posterior.
VEJA A TÉCNICA 1-23.

sentido externo e giratório. A superfície carti laginosa da • ACESSOS MEDIAIS AO TORNOZELO


)
tíbia é "rachada" enquanto o fragmento é girado.
• No fechamento da ferida, gire o fragmento de volta para
sua posição e fixe-o com um parafuso esponjoso de 4 mm
ACESSO MEDIAL AO
e uma arruela. TORNOZELO
Koenig e Schaefer abordaram o tornozelo a partir da face
medial usando um método semelhante em princípio ao da
ACESSO POSTERIOR AO TORNOZELO exposição da face postero latera l de Gate llier e Chastang.
Se somente a tíbia dista l anterolateral precisa ser exposta, Este não é um método popu lar, uma vez que, apesar do
a osteotomia tibial anterolateral é omitida e o nervo fibular maior cuidado, é possível lesionar os vasos e o nervo da
superficial é protegido até que a sua posição se torne mais tíbia. No entanto, ele pode ser útil para a fratura/luxação
posterior ao entrar na fáscia profunda. do tá lus, para outras lesões traumáticas da articu lação do
tornozelo, e para a osteocond rite dissecante do tá lus.

------~
TÉCNICA

-------~
• Com o paciente na posição prona, faça uma incisão de
TÉCNICA
12 cm ao longo da borda posterolateral do tendão de
Aquiles até a inserção do tendão no ca lcâneo (Fig. 1-35). (KOENIG E SCHAEFER)
• Divida as fáscias superficial e profunda, divida o tendão de
Aqui les por Z-plastia ou retraia-o, e incise a gordura e o • Curve a incisão imed iatamente proxima l ao maléolo
tecido areolar à superfície posterior da tíbia no espaço entre media l (Fig. 1-36A), e divida o maléolo com um osteó-
o tendão do flexor longo do hálux e os tendões fibulares. tomo ou uma serra elétrica pequena; preserve a fixação
• Retraia o tendão do flexor longo do hálux mediaimente do ligamento deltoide.
pa ra expor 2,5 cm da extrem idade dista l da tíbia, o aspecto • Sub luxe o tá lus e o ma léo lo latera lmente para alcança r
posterior da articulação do tornozelo, a extremidade pos- as superfícies articulares .
terior do tálus, a articulação subtalar, e a parte posterior • Mais tarde, reposicione o maléolo e fixe-o com um ou
da superfície superior do ca lcâneo. dois parafusos esponjosos. Para a fixação ser mais fác il ,
• Se a dissecção for mantida na lateral ao tendão do flexor fa ça os furos para os parafusos antes da osteotomia,
longo do hálux, os vasos t ibiais posteriores e o nervo tibial insira o parafuso, e então o remova. No final da operação,
não estarão em risco, uma vez que este tendão os protege. reins ira os parafusos e feche a ferida.
Como alternativa, o tendão de Aquiles pode ser dividido • As superfícies do osso osteotomizado são suaves, e o
imediatamente acima da articulação do tornozelo no sentido maléolo pode girar em um único parafuso. Dois parafu-
dista l até a sua inserção no osso do ca lcanhar. Hammit, sos são usados para evitar a rotação do maléo lo media l
Hobgood, e Tarquinio descobriram uma taxa menor de osteotomizado (Fig . 1-37). A técnica interfragmentária
complicação da ferida sem sacrificar a exposição usando (Cap. 53) deve ser usada para a fixação do parafuso do
esta técn ica em vez dos acessos-padrão posteromedia l e ma léo lo media l a f im de fornece r a compressão através
posterolateral. do local da osteotomia.
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

Tendão flexor longo do hálux

Artéria tibial posterior


O@ii;t.)llm Incisões para os acessos mediais à articulação do
tornozelo: Koenig e Schaefer (A), Broomhead (B), e Colonna e H@il;fü11?9 Acesso posteromedial de Colonna e Ralston à
Ralston (C) . VEJA AS TÉCNICAS 1-24 E 1-2S. tíbia distal. Os tendões do tibial posterior e do fle xor longo dos
dedos foram retraídos anteriormente, e o tendão do fle xor longo
do hálux, os vasos ti biais posteriores e o nervo tibial foram retraí-
dos posterior e lateralmente. VEJA A TÉCNICA 1-2S.

longo do hálux junto ao feixe neurovascular posterior e


mediaimente.
Colonna e Ralston descreveram a seguinte modificação
do acesso de Broomhead.

TÉCNICA
---~-----~
(COLONNA E RALSTON)

•Inicie a incisão em um ponto cerca de 1O cm proximais e


2,5 cm posteriores ao maléolo medial e curve-a no sentido
anterior e inferior através do centro do maléolo medial,
e a 4 cm no sentido inferior e posterior em direção ao
ca lcanhar (Fig . 1-36C)
• Expo nha o maléolo medial refletindo o periósteo, mas
preserve o ligamento deltoide.
•Di vida o retináculo do flexor, e retraia o tendão do
flexor longo do hálux e o feixe neurovascular posterior
O@ll;fulJm Osteotomia do maléolo medial para o acesso ao e latera lmente.
domo medial do tálus. Note a linha de osteotomia. VEJA A TÉCNICA 1-24. • Retraia medial e anteriorm ente os tendões do tibial pos-
terior e do flexor longo dos dedos para expor a fratura
ti bial posterior (Fig. 1-38)

ACESSO MEDIAL AO LÁBIO


POSTERIOR DA TÍBIA Além dos acessos descritos, os acessos medial curto, lateral e
Broomhead recomendou uma incisão curva medial para dorsal podem ser feitos para expor pequenas áreas das articulações
as fratura s da parte medial do lábio posterior da tíbia que tarsais e metatarsais. Em todos, vasos, nervos e tendões devem ser
requerem redu ção aberta. A linha de abordagem se encon- protegidos.
tra num ponto intermedi ário entre a borda posterior da
tíbia e a borda medial do tendão de Aqu iles, se curva infe-
riormente ao maléolo medial até a bord a medial do pé, e TÍBIA
permite a exposiçã o dos maléolos medial e posterior (Fig.
1-368). Estes últimos são expostos pela reflexão da A tíbia é um osso superficial que pode se r exposto anteriormente de
cápsu la e do periósteo e pela retração dos tendões dos maneira fácil sem danificar qualquer estrutura importante, exceto
músculos tibial posteri or, flexor longo dos dedos e flexo r os tendões dos múscu los tibial anterior e extensor longo do hálux,
que atravessam a tíbia anteriormente em seu quarto inferior.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

posterior originad o na mesma (Fi g. 1-39 E). A artéri a tibial


ACESSO ANTERIOR À TÍBIA posterior e o nervo tibial são posteriores e separados da

--"'--~---...~
dissecção pelos músculos tibia l posterior e fl exor longo
TÉCNICA do hálux (Fig. 1-39 F).
•Faça uma incisão long itu dinal em ambas as faces da • Siga a membrana interóssea até a borda lateral da tíb ia
borda anterior do osso. e separe subperiostea lmente os músculos que têm origem
•Rebata a pe le, e incise e eleve o periósteo sobre a área na superfície posterior da tíbia (Fi g. 1-39G e H)
desejada. • A metade posterior da fíbula se encontra na parte latera l
•Retire o mín im o possível do periósteo, uma vez que sua da fer ida; toda a sua diáfise pode ser explorada. A super-
circu lação é uma fonte de nutrição para o osso. fície posterior plana da diáfise da tíbia pode ser comple -
tamente exposta, exceto o se u qua rto proxima l, que se
encontra em estre ita relação com o músculo poplíteo e
com as pa rtes proximais dos vasos tibiais posteriores e do
nervo tibial.
ACESSO MEDIAL À TÍBIA • Quando a operação for concluída, libere o torniquete,
garanta a hemostasia, e permita que a massa muscular
Em algumas consolid ações retardadas e pseudartroses, posterior vo lte para seu lugar.
Phemister inseriu um enxerto ósseo em um leito preparado •Feche livremente a f áscia profunda na face lateral da
na superfície posterior da tíbia. perna com poucos pontos separados.

-------~
TÉCNICA
(PHEMISTER)
ACESSO POSTERIOR
•Faça uma incisão longitudinal ao longo da borda poste- À REGIÃO SUPEROMEDIAL
romedia l da tíb ia.
•Incise os tecidos subcutâneos e a fáscia profunda, e reflita
DA TÍBIA
o periósteo a partir da superfície posterior para a distância O acesso posterior à região superomed ial da tíbia é útil para
necessária. a fixação de fraturas divididas (splít) posteromediais do
platô tibial.

TÉCNICA

ACESSO POSTEROLATERAL À TÍBIA (BANKS E LAUFMAN)


O acesso postero latera l é va li oso nos dois terços médios
•O paciente deve esta r na posição prona. Inicie o seg-
da tíbia quando os aspectos anterior e anteromed ial da
mento t ran sversal de uma incisão em forma de taco de
perna estão gravemente cicatrizados. Ele também é satis-
hóquei (Fig. 1-40A) na extrem idade lateral da dobra de
fatório para a remoção de uma porção da fíbu la para
flexão do joelho, e estenda-a através do espaço popl íteo.
transferência.
Vire a in cisão dista lm ente ao longo da face medial da
~ panturrilha por 7 a 1O cm .
TÉCNICA
~~~~~~~~--~ •Desenvolva o retalho angu lar da pele e tecido subcutâ-
neo, e incise a fáscia profunda alinh ada com a incisão da
(HARMON, MODIFICADO) pele (Fig. 1-40B). Identifique e proteja os nervos cutâneos
e os vasos superfi ciais.
•Posicione o paciente na posição prona ou na latera l com •Defin a o intervalo entre o tendão do músculo sem itend i-
a extrem idade af etada virada para cima. noso e a cabeça medial do músculo gastrocnêm io.
• Faça a incisão da pele no comprimento desejado ao longo •Retraia o semitendinoso proximal e med iaim ente, e o
da borda lateral do músculo gastrocnêm io no aspecto componente gastrosóleo distal e latera lmente; os múscu -
posterolateral da perna (F ig. 1-39A). los poplíteo e flexor longo dos dedos se encontram no
• Desenvolva o plano entre os músculos gastrocnêmio, assoa lh o do intervalo (Fi g. 1-40C).
sóleo e flexor longo do hálux posteriormente, e os mús- •N o sentido subperiosteal, eleve o músculo flexor longo
cu los fibulares anteriormente (Fig. 1-39B). dos dedos dista l e lateralmente e o múscu lo poplíteo
•Encontre a borda lateral do músculo sóleo e retraia este proxima l e mediaimente, e exponha a superfície posterior
e o músculo gastrocnêmio medial e posteriormente; o do quarto proximal da tíbia (Fig. 1-40D). Uma maior
fl exor longo do hálux tem origem na superfície posterior elevação do poplíteo irá expor a fossa do li gamento
da fíbula (Fi g. 1-39C). cruzado posterior.
• Sepa re da fíbula a parte dista l da origem do músculo • Se necessário, estenda a incisão distalmente ao longo da
sóleo, e retra ia-a posterior e media imente (Fig. 1-39D). face medial da panturrilha, continuando a dissecção no
•C ontinue a dissecção no sentido medial através da mem- mesmo plano intermuscular. O nervo tibia l e a artéria
brana interóssea separando estas fibras do múscu lo tibial tib ial posterior se encontram sob o músculo sóleo.
Fáscia sobre o sóleo
Massa gastrocnêmio-sóleo Fáscia sobra a cabeça
A B lateral do gastrocnêmio

Fibular curto (retraído)


Fibular Sóleo (origem)
Fáscia sobre o sóleo
Extensor
dos dedos
Gastrocnêmio

Músculo
tibial anterior
Sóleo
Artéria
Artéria tibial anterior
fibular

Nervo tibial
Flexo r longo do hálux
Artéria tibial posterior Sóleo (retraído)

e Músculo tibial posterior D Sóleo (separado)

Extensor
Flexor longo do hálux longo dos
Flexor longo do hálux dedos

Músculo
Sóleo tibial anterior
Artéria Artéria
fibular tibial anterior
Nervo
Nervo tibial

~
fibular
Artéria tibial ,,,------t•~\---- profundo
posterior Tíbia

Músculo tibial posterior


E Sóleo (separado) F

Fibular longo Membrana interóssea


(retraído)

Borda lateral da tíbia

G Sóleo (retraído) Flexor longo do hálux (retraído} H Periósteo

O@il;f411m Acesso posterolateral à tíbia . A, Incisão da pele. B, É desenvolvido o plano entre os músculos gastrocnêmio, sóleo e
fle xo r longo do hálux posteriormente, e os músculos fibulares anteriormente. C, Flexor longo do hálu x com origem na superfície pos-
terior da fíbula. D, A parte distal da origem do sóleo é separada da fíbula e retraída posterior e mediaimente. E, A dissecção é feita
no sentido medial através da membrana interóssea separando-se as fibras do músculo tib ial posterior. F, A artéria tibial posterior e o
nervo tibial são protegidos pelos músculos tibial posterior e flexor longo do hálu x. G e H, Os músculos são separados subperiostealmente
da superfície posterior da tibia. (Modificado de Hoppenfeld S, deBoer P: Surgical exposures in orthopaedics. the anatomic approach, Phil adelphia,
2003, Li ppincott W illiams & Wi lkins, 2003.) VEJA A TÉCNICA 1-28.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo semitendinoso
Lateral

A B

e D

H@ii;tti111!9 Acesso posterior de Banks e Laufman à regi ão superomedial da tíbia . A, A incisão se estende no sentido transversal
através da fossa poplítea, e então curva dista lmente na face medial da panturrilha . B, A pele e a fáscia profunda foram incisa das e
refletidas. C, A linha tracejada indica a incisão a ser feita entre o poplíteo e o fle xo r longo dos dedos. D, O poplíteo e o fl exor longo
dos dedos foram elevados subperiostea lmente para expor a t íb ia . VEJA A TÉCNICA 1-29.

FÍBULA
• Apontando a lâm in a no sentido proximal e anterior,
ACESSO POSTEROLATERAL
separe a parte do músculo f ibu lar longo que tem origem
À FÍBULA na superfície lateral da cabeça da fíbu la proximal ao
TÉCNICA
m:m~~~~--~ ne rvo f ibular comum. Retraia o nervo sob re a cabeça da
fíbula.
(HENRY) •Loca lize o plano fascia l entre o múscu lo sóleo posterior-
mente e os múscu los fibu lares anteriorm ente, e apro-
•I niciando a 13 cm proxima is ao maléolo lateral, incise a funde a dissecção ao longo do plano até a fíbula.
pele proximalmente ao longo da margem posterior da • Exponha o osso retraindo os músculos fibulares anterior-
fíbula até a ma rg em posterior da cabeça do osso, e con - mente e incisando o periósteo. Ao retrair estes músculos,
tinue mais proximal mente por 1O cm ao longo do aspecto evite lesionar os ramos do nervo fibular profundo que se
posterior do tend ão do bíceps. encontram nas suas superfícies profundas e estão em
• Divida as fáscias superficial e profunda. Isole o nervo contato próximo com o colo da fíbula e a 5 cm proximais
fibular comum ao longo do aspecto posteromedial do à diáfise.
tendão do bíceps na parte proximal da ferida, e liberte-o • O quarto distal da fíbula é subcutâneo no seu aspecto
dista lmente até sua entrada no músculo fibular longo lateral e pode ser exposto por meio de uma incisão lon-
(Fi g. 1-41). gitudinal através da pele, fáscia e periósteo.
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

Nervo cutâneo
Músculo bíceps femoral

Músculo
gastrocnêm io f;;9==9"'"" *"""'~-- Músculo fibular longo ~b.~-!!;:;;,,,~~~~
,.~~==--- Músculo sóleo

A B

O!§l!;tijlllJt Método de mobiliza ção e retra ção do nervo fibular comum ao acessar a fibula proximal. A, Rela ções anatômicas. B,
A parte do músculo fibular longo com origem na supe rfície latera l da cabeça da fíbul a proximal ao nervo fibular comum foi separada,
permitindo a retra ção do nervo sobre a cabeça da fíbula. VEJA A TÉ CNICA 1-30.

JOELHO
Músculo reto
• ACESSOS ANTEROMEDIAL E ANTEROLATERAL f emo ra l------=~:

Músculo vasto
ACESSO PARAPATELAR medial (
ANTERO MEDIAL Patela - -

Ao realizar qua lquer acesso anteromedial, incluindo um Tendão \


para meniscectom ia, o ramo infrapatelar do nervo safeno patelar--
deve ser proteg ido (Fi g. 1-42). O nervo safeno percorre
no sentido posterior até o músculo sartório, e então
perfura a fáscia lata entre os tendões dos músculos sar-
tório e grácil, tornando-se subcutâneo no aspecto medial
da perna; no aspecto medial do joelho, ele prod uz um
ramo infrapate lar grande para fornecer a pele sobre o
aspecto anteromedia l do j oelho . Existem diversas varia -
ções no local e na distribuição deste ramo infrapatelar. gastrocnêmio
Consequentemente, nenhuma incisão ún ica no aspecto
antero-media l do joelho pode evitá-lo com certeza. O nervo
deve ser localizado e protegido . O!ijil;Mllm Relações anatômicas das estruturas superficiais
no aspecto medial do joelho .
TÉCNICA
(VON LANGENBECK)

•In icie a incisão na borda med ial do tendão do quadríceps fásc ia superficia l sobre a patela por meio da dissecção
7 a 1O cm proxima is à patela, curve-a ao redor da borda romba à borda medial da patela.
medial da patela e de vo lta em direção à linh a média, e •Divida e retraia a fáscia.
termine-a na tuberosid ade tibial ou distal à mesma. •Aprofunde a dissecção entre o músculo vasto medial e a
Como uma alternativa mais esteticamente agradável, borda media l do tendão do quadríceps, e in cise a cápsu la
uma incisão longitudina l centrada sobre a patela pode ser e a sinóvia ao longo desta borda medial e ao longo da
fe ita, refletindo mediaimente o tecido subcutâneo e a borda medial da patela e do tendão patelar. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁS ICOS

' F='í~~"ii- Músculo


reto femoral

Músculo
sartório

Músculo
Côndilo vasto
femoral medial
lateral

Tuberosidade
tibial-----;'~--
extensor
longo dos .,_-~~~- Músculo
dedos---. tibial anterior

O(êjl!;hi11!9 Acesso anteromedial à articulação do joelho . VEJA A TÉCNICA 1-31 .

• Retraia a patela. lateralmente e fl exione o joelho par.a


) obter uma boa visão do compartimento anterior da arti-
ACESSO SUBVASTO (SUL)
culação e da bursa suprapate lar. Divida o ligam ento ANTEROMEDIAL AO JOELHO
mucoso, se necessário (Fig. 1-46). Os problemas com luxação patelar, sub luxação e osteone-
• Obtenha um acesso mais amplo à articulação das seguin - crose após a artroplastia tota l do joelho realizada por meio
tes maneiras: (1) estenda a incisão proxima lmente, (2) de um acesso parapatelar anteromedial leva ram à redesco-
estenda a pa rte proxima l da incisão no sentido oblíquo e berta do acesso subvasto (ou ao su l) anteromedial, descrito
medial e separe as fibras do vasto medial, (3) divida lon- pela primeira vez por Erkes em 1929. De acordo com
gitudinalmente a prega alar medial e o coxim gorduroso Hofman n et ai., esse acesso preserva a vasculari zação da
adjacente, e (4) mobilize a parte medial da inserção do pate la, poupando o ramo articular intramuscular da artéria
tendão patelar subperiostea lmente. genicu lar descendente, e preserva também o tendão do
• Se a contratura do quadríceps impede uma exposição quadríceps, fornecendo mais estabilidade à articu lação
adequada, separe a tuberosidade tibia l e reinsira mais patelofemoral na artrop lastia total do joelho. Esse acesso
tarde com um parafuso. Fernandez descreveu uma osteo- é útil para proced im ent os menores do joelho anteromed ial
tomia extensa da tuberosidade tibial (Fi g. 1-54) e a reinser- e medial. As con traindi cações relativas a essa abordagem
ção da tuberosidade com três parafusos interfragmentários são a artrop lastia do joelho anterior de grande porte e peso
envolvendo o córtex posterior da tíbia. Essa técnica obtém superi or a 90 kg, o que torna difícil a eversão da patela.
uma f ixação rígida e permite uma reabilitação pós-ope- Em um estudo retrospectivo de 143 joelhos em 96 pacien-
ratória precoce. tes, ln et ai. observaram que, em pacientes com uma
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRG ICAS

A B

~
?/ ~ Retin áculo
Y · medial
da patela

Ligamento Músculo
e D colateral medial vasto medial

li@l!;Hllm Acesso subvasto anteromedial. A, A fásc ia superficial é incisa da media l à pate la. B, A f áscia superfi cia l é elevada de
fo rma romba da fásci a perim uscu lar do vast o medi al at é a sua inserção no retin ácul o patel ar med ial. C, Inserção te nd inosa eleva da por
dissecção romba. A linh a ind ica a artrotom ia. D, A pat ela é everti da, e o joe lh o é fl ex ionado. VEJA A TÉCNICA 1-32.

circunferência de coxa maior do que 55 cm, a patela não • Identifique a borda inferior do vasto medial, e faça a dis-
poderia ser evertida com o uso do acesso subvasto para a secção romba do periósteo e do septo intermuscu lar por
artroplastia tota l do joelho. uma distância de 1O cm proximais ao tubércu lo do adutor.
• Identifique a inserção tendinosa do músculo no retinácu lo
patelar medial (Fig. 1-44C), levante o músculo vasto
TÉCNICA ~
'--~~~~~~~...... ~ medial no sentido anterior e realize uma artrotomia em
forma de L iniciando mediaimente através da inserção do
(ERKES, DESCRITO POR HOFMANN, PLASTER E vasto no retinácu lo pate lar media l e cond uzindo-o ao
MURDOCK) longo da borda med ial da pat ela.
• Libere parcia lmente a borda media l do tendão patelar e
• Realize a exsanguinação do membro e infle o torniquete everta a patela latera lmente com o joelho estendido (Fig .
com o joelho flexionado a pelo menos 90 graus para 1-44D).
evitar a tenodese do mecanismo extensor.
• Faça uma incisão reta anterior da pele iniciando a 8 cm
acima da patela e conduzindo-a no sentido distal imedia-
tamente medial e 2 cm distais ao tubérculo tibial. ACESSO ANTEROLATERAL AO JOELHO
•I ncise a fáscia superficial ligeiramente medial à patela (Fig. Geralmente, o acesso anterolateral não é tão satisfatório
1-44A), e faça a dissecção romba desde o músculo vasto quanto o anteromedia l, principa lmente porque é mais
med ial até a inserção do músculo (Fig. 1-44B). difíci l deslocar a patela no sentido media l do que no lateral. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
reto femoral

- - Músculo sartório

A Tendão do bíce ps - -

Í Patela

Côndilo ------------ ·· . -' / í Li gamento - - Ramo


fe moral lateral ~ cruzado Músculo infrapatel ar do
posterior fibul ar.longo - - nervo safeno

Li gamento Musculo
Menisco l ate ra l ~ ~cruzado extensor longo
ante rior dos dedos - - - gastrocnêmio

Ugameoto~I
Músculo
tibial anterior 4'\F=''!-;ffi~ -t'ff"~- Superfície
medial da tíbi a
colateral fibul ar
B

Cabeça~
da fíbula

O@l!;ljilJm A-C, Acesso antero late ral de Koc her à arti cul ação do joe lho. VEJA A
TÉCNICA 1-33.

\ Ele também requer uma incisão ma ior, e mu itas vezes o pate la e do tendão patelar; e term ine-a 2,5 cm distais à
f tendão pate lar deve ser parcialmente li bertado no sent ido tuberosidade ti bial.
subperiosta l ou subcortica l. A banda il iotibial pode ser li be- • Aprofu nde a dissecção através da cápsu la articu lar.
rada ou alongada, e o canto estreito postero latera l pode • Retra ia a patela media imente com os tendões fixados a
ser li berado fac il mente. A cabeça da fíbula pode ser resse- ela, e exponha a superfíc ie articu lar da articu lação .
cada pela mesma incisão para fazer a descompressão do
nervo f ibu lar, se necessá rio.

TÉCNICA
(KOCHER)
• ACESSOS POSTEROLATERAL E POSTEROMEDIAL
•Inicie a incisão 7,5 cm proxima is à patela na inserção do Em alguns pacientes, um septo mediano separa o aspecto posterior
múscu lo vasto lateral até o tendão do quadríceps; conti - do joelho em dois compartimentos. O ligamento cruzado posterior é
nue-a dista lmente ao longo da borda lateral deste, da extrassinovial e se projeta anteriormente no septo; ele contribui para
a partição entre os dois compartimentos posteriores. A artéria
CAPÍTULO 1 TÉCNI CAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS --

retraia-o posteriormente, e exponha o aspecto posterola-


teral da cápsu la articular.
•Faça uma in cisão long itudin al através da cápsu la e da
sinóvia do compartimento posterior. Para visua lizar a
in serção das fibras musculares da cabeça cu rta do
Fenestra músculo bíceps na cabeça longa do bíceps, desenvolva
no septo o intervalo entre a cabeça lateral do músculo quadríceps
intercondilar
e da cabeça longa do tendão do bíceps. Para isolar o
Artéria nervo fibular comum, disseque diretamente posterior à
genicular cabeça longa do bíceps. Estes intervalos são úteis na

Liga:::::~~
reparação do canto posterolateral do joelho.

cruzado posterior •
Ligamento
cruzado anterior
Bowers e Huffman revisaram a técnica de Hughston e Jacobson
para a exposição do canto posterolateral por osteotomia de "wafer"
da inserção do li gamento colateral latera l no epicôndi lo lateral do
fêmur com reflexão distal do li gamento.
H[dil;@111'9 Septo mediano que separa os dois comparti- Como alternativa, se uma fratura do côndi lo femoral lateral
mentos posteriores do joelho. Note a fenestra no pólo proximal. necessita ser tratada, uma osteotomia do tubérculo de Gerdy pode
O septo sinovial envolve os ligamentos cruzados e contém ramos ser realizada com a reflexão proximal da banda iliotibial, conforme
da artéria genicular média . VEJA A TÉCNICA 1-31 . descrito por Liebergall et ai.

ACESSO POSTEROMEDIAL
gen icular média percorre an teriormente no septo para nutrir os AO JOELHO
tecidos da incisura intercondilar do ligamento do fêmur (F ig. l -46).

------~
A presença desse septo pode assum ir grande importância na explo- TÉCNICA
ração do aspecto posterior do joelho por um corpo livre ou na
drenagem da articulação nos casos raros em que a artrite piogênica (HENDERSON)
do joelho requer uma drenagem posterior. Neste último caso, ambos
os compartimentos posteriores devem ser abertos para a drenagem, •Com o joelho flexionado a 90 graus, faça uma incisão
em vez de somente um (Cap. 22). curva, ligeiramente convexa e com aproximadamente 7,5
cm de comprimento no sentido anteri or, distal ao tubér-
cu lo do adutor e ao longo do percurso do ligamento cola-
teral tibial, anterior aos tendões relaxados dos músculos
semimembranoso, sem itendíneo, sartório e grácil.
•Exponha e incise a parte oblíqua do li gamento colatera l
ACESSO POSTEROLATERAL tibial, e incise longitudinalmente a cápsu la e entre no
AO JOELHO compartimento posteromedial do joelho posterior ao li ga-
mento colateral tib ial , retraindo os tendões isquiotibiais
TÉCNICA
(HENDERSON)
-------~-----1~ posteriormente.

•C om o joelho flexionado entre 60 e 90 graus, faça uma


incisão curva na face latera l do joelho imediatamente
anterior ao tendão do bíceps femoral e à cabeça da • ACESSOS MEDIAIS AO JOELHO E ESTRUTURAS
fíbu la , e evite o nervo fibular comum, que passa sobre o DE SUPORTE
aspecto lateral do colo da fíbula. Gera lmente, todo o menisco medial pode ser excisado por uma
•Na parte proxim al da incisão, siga a superfície anterior do incisão parapatelar medial com cerca de 5 cm de comprimento. Se
septo intermuscular lateral até a linh a áspera 5 cm proxi- o corno posterior do menisco não pode ser excisado por meio dessa
mais ao cônd ilo femoral latera l. incisão, outro acesso posteromedial de Henderson pode ser reali-
•Exponha o côndilo femora l lateral e a origem do liga- zada (F ig. 1-48). No entanto, os compartimentos anterior e posterior
mento colateral fibular. podem ser acessados por meio de uma abordagem em que somente
•O tendão do músculo poplíteo se encontra entre o tendão uma incisão é feita através da pele, mas duas incisões são usadas
do bíceps e o ligamento colateral fibular; mobilize e através das estruturas mais profundas; este tipo de abordagem é
raramente indi cada.
-- PARTE 1 PRINC[PIOS BÁSICOS

~---Músculo reto femoral

~Músculo vasto lateral


Músculo ~ ~ Banda iliotibial
bíceps femoral
Cabeça lateral
do músculo
gastrocnêmio - - - -
Nervo fibular
comum

Músculo
Músculo
fibular longo
tibial anterior

Nervo fibular comum

Côndilo
femoral lateral

H(êili;@IJm Acesso posterolateral de Henderson à articulação do joelho. VEJA A TÉCNICA 1-34.

ACESSO MEDIAL AO JOELHO em uma curva semelhante à da incisão da pele, e termina


imediatamente distal à linha articular (Fig. 1-49).
O acesso de Cave é uma incisão curva que permite a expo- •Para expor o compartimento posterior, faça uma segunda
sição dos compartimentos anterior e posterior. incisão profunda posterior ao ligamento colateral tibial a
partir do nível do epicôndilo femoral distal até distal-
mente através da linha articular.

-------~
TÉCNICA

(CAVE) ACESSO MEDIAL AO JOELHO

------~
• Com o joelho flexionado em um ângu lo reto, identifique TÉCNICA
o epicôndilo femoral medial e inicie a incisão a 1 cm
posterior a e num nível cerca de 1 cm proximal à linha (HOPPENFELD E DEBOER)
articu lar. Conduza a incisão no sentido distal e anterior
até um ponto 0,5 cm distal à linha articula r e anterior à •C om o paciente na posição supina e o joelho afetado
borda do tendão patelar. flexionado a cerca de 60 graus, coloque o pé na canela
• Após a reflexão dos tecidos subcutâneos, exponha o compar- oposta, e abduza e gire externamente o quadril.
timento anterior por meio de uma incisão que inicia anterior •In icie a incisão a 2 cm proximais ao tubércu lo do adutor
ao ligamento colateral tibial, continua distal e anteriormente do fêmur, curve-a no sentido anteroinferior a cerca de 3
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

Músculo
reto femoral -------=~

Tendão do
quad ríceps--+- / M ú sculo
Músculo vasto / grácil
media l --;--~,_
_ _ Músculo
semimembranoso

semite ndíneo
~~=---- Ramo infrapatelar
do nervo safena

A B

Côndilo
femoral medial ~""=-'$'ii~~~

Menisco medial ---+----'

O@il;t!Hlll• A-C, Acesso posteromedi al de Henderson à articulação do joe lho. VEJA A TÉCNICA 1-35.

cm mediais à borda medial da patela, e termine-a a 6 cm • Retraia todos os três componentes da pata de ganso
distais à linha articular no aspecto anteromedial da tíbia posteriormente, e exponha a fixação tibial do ligamento
(Fig. 1-SOA). colateral tibial, que se insere 6 a 7 cm distais à linha
• Rebata os retalhos de pele para expor a fásc ia do joelho, articu lar (Fig. 1-SOD).
e estenda a exposição a partir da linha média anterior- • Para abrir a articulação anteriormente, faça uma incisão
mente até o canto posteromedial do joelho (Fig. 1-508). parapatelar medial long itudina l através do retináculo e da
• Corte o ramo infrapatelar do nervo safeno e encubra sua sinóvia (Fig . 1-SOE)
extremidade na gordura; preserve o próprio nervo safeno • Para expor o terço posterior do menisco medial e o canto
e a veia safena magna. posteromedial do joelho, retraia os três componentes da
•I ncise longitud inalmente a fáscia ao longo da borda ante- pata de ganso posteriormente (Fig. 1-SOF) e sepa re, por
rior do sartório a partir da fixação tibia l do músculo e meio de uma dissecção romba, a cabeça media l do
estendendo até 5 cm proximais à linha articular. músculo gastrocnêm io a parti r da cápsula posterior do
• Flexione mais o joelho e permita que o sartório retraia joelho até quase a linha média (Fig. 1-SOG).
posteriormente, expondo os músculos semitendíneo e • Para abrir a articulação posteriormente, faça uma incisão
gráci l (Fig. 1-SOC). através da cápsula posterior ao ligamento colateral tibial.
- PARTE 1 PRI NC ÍPIOS BASICOS

Côndilo femora l Côndilo femora l medial

Incisão na cápsula

A 8 e

O@l!;Hllm Exposição dos co mpartim entos anterior e posterior da articula ção do joe lh o por meio de uma inc isão da pele conforme
a de Cave. A, Incisão ún ica da pele. B, Duas in cisões at ravés das estruturas profundas. C, Remoção do menisco. VEJA A TÉCNICA 1-36.

Para evitar isso, faça uma incisão oblíqua com 7,5 cm de com-
ACESSO TRANSVERSO primento centrada sobre a linha articular (Fig. 1-52).
AO MENISCO • Na cápsula, faça uma incisão do tipo " bastão de hóquei"
O uso de um acesso transverso ao menisco med ial tem a que percorra transversalmente ao longo da linha da articu-
vantagem de que a cicatriz não ten ha qualquer contato lação e faça a curva obliquamente proximal ao longo da
com a superfície articu lar do fêmur. borda anterior da banda iliotibia l por uma curta distância.
• Retraia a cápsu la e a incisão da membrana sinovial trans-
TÉCNICA versa lmente como descrito anteri ormente.

•Faça uma incisão transversa l de 5 cm de comprim ento ao


nível da superfície articu lar da tíbi a que se estenda late-
• ACESSOS LATERAIS AO JOELHO E ESTRUTURAS
ra lmente a partir da borda media l do tendão patelar à
borda anterio r do li gamento colatera l tibia l (Fig . 1-5 1). DE SUPORTE
•Faça uma incisão na cápsu la ao longo da mesma lin ha, e Os acessos laterai s permitem um a boa exposição para a excisão
disseque a borda proxima l da cápsula divid ida da sinóvia completa do m en isco lateral. Eles não req uerem a divisão ou a libe-
subjacente e retraia-a proximalmente. ração do ligamento colateral fibular.
• Abra a sinóvia ao longo da borda proximal do menisco
media l. Charn ley aconselhou fazer uma abertura preli minar
de 1,5 cm no pequeno saco sinovial abaixo do menisco
ACESSO LATERAL AO JOELHO

-------~
introduzindo um gancho sem corte nela e virando o gancho
para que sua extremidade fique sobre a superfície proximal
TÉCNICA
do menisco. Através do corte na ponta do gancho, pode-se (BRUSER)
fazer a incisão sinovial no nível mais distal.
•D ivida o anexo anterior do menisco, retraia o ligamento
• Coloque o paciente deitado em posição supina, e enrole
colatera l tibial e complete a excisão do menisco da maneira
o membro para perm itir a fl exão comp leta do joelh o.
usual (Cap. 45).
Flexione o joelho tota lmente de forma que o pé fique
• Ao fechar a incisão, coloque a primeira sutu ra na mem-
plano na mesa de operação.
brana sinovia l do lado media l perto do ligamento colate-
• Comece a incisão anteriormente onde o tendão patelar
ral enqua nto o joelho ainda estiver fl exionado; se o joelho
atravessa a linha lateral da articulação 1, continue posterior-
for estend ido antes da primeira sutura ser inserida, a
mente ao longo da linha da articulação, e termine em uma
parte posterior da incisão si novial irá retra ir sob o liga- linha imaginária que se estenda a partir da extrem idade
mento colatera l tibial. Para completa r a linha de sut ura, proximal da fíbula até o côndilo femora l lateral (Fig. 1-52A).
estenda a articu lação.
• Faça uma incisão no tecido subcutâneo e exponha a
• A incisão transversa não é satisfatória para a remoção do
banda iliotibial, cujas fibras são paralelas à incisão na pele )
menisco lateral, pois exigiria a divisão parcial da banda iliotibial. quando o joelho está tota lmente flexionado (Fi g. 1-52B)
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRG ICAS

Tu berosidade tibial -,- Tubérculo adutor

Retináculo
medial da patela
(retraído)_
Vasto
medial--;-----.--~"""'=
Cápsula articular
Sartório anterior
Retináculo
medial -+----<~ Menisco
da patela medial ---;-- """"

Ligamento---'~""**,__...--,..--.,,..
colateral
tibial
superficial

B e

Retináculo
medial da patela
(retraído)

Ligamento
colateral tibial
superficial
e sua
inserção--\------,~~
tibial

Olijii;Mll19 Acesso medial ao joelho e estruturas de suporte. A, Incisão da pele. B, Os reta lhos da pele foram retraídos. C, O sartório
foi retraído posteriormente, expondo o semitendíneo e o grácil. D, Todos os três componentes da pata de ganso foram retraídos pos-
ter iormente para expor a fixação tibial do li gamento co latera l tibial. E, A incisão parapatelar medial foi feita através do retináculo e
da sinóvia.
- PARTE 1 PRINC[PIOS BÁSICOS

Côndilo
Cápsula articular
femoral medial ~--'------- 7-\
posteromedial ~ - _,-_-_- -- -7- \ /- 1 1
/- 1 I \
Retin áculo medial : \ } Retinácu lo medial __.,.--; \ /
da patela ......---1 -'--/ da patela ~ . .A /- --
(retraído) - -,- ~... -~ / (retraído) - \- -
'1 - 'F. j Cabeça m~dial
1 lj Cabeça medial ) do gastroc nem10
Ligamento colateral '' do gastrocnêmio Ligamento
tibial superficial ----i~-*iF co lateral tibial
superf1c1al \

Sartóno - \ --ie"!'-·

F Visão Posteromedial G Visão Posteromedial

ht§lhbl1Ji•Mil !.!0 F, Três componentes da pata de ganso foram retraídos posteriormente para expor o can to posteromedia l. G,
A cabeça medial do gastrocnêmio foi separada da cápsula posterior do joelho e foi retraída . A capsulotomia é feita posteriormente ao
liga mento colateral tibial. (Modificado de Hoppenfeld S, deBoer P: Surgical exposures in orthopaedics: the anatomic approach, Phil adelphia,
2003, Lippin cott Wi ll iams & Wilkins) VEJA A TÉCNICA 1-37.

•Incise a sinóvia. O menisco lateral se encontra na profun-


didade da incisão e pode ser excisado comp letamente
(Fi g. 1-52C)
• Com o joelho flexion ado a 90 graus, feche a sinóvia (Fig.
1-52D); e com o joelho estendido, feche a fáscia profunda.

ACESSO LATERAL AO JOELHO


Brow n et ai. desenvolveram uma abordagem para a menis-
cectomia latera l em que o joelho é flexionado para perm itir
que estruturas im portantes caiam posteriormente como no
acesso de Bruser. Além disso, uma tensão em varo é criada
para abrir o espaço latera l da articu lação.

i#[ijihtj[E9 Acessos transve rsos aos meniscos. O menisco TÉCNICA


medial é abordado por meio de incisões tran sversais na pele e na
cáps ula; o menisco lateral é abordado por meio de uma incisão (BROWN ET AL.)
ob líqua na pele e de uma in cisão do t ipo " bastão de hóquei" na
cápsu la . VEJA A TÉCNICA 1-38. • Co loque o paciente deitado em posição supina com a
extremidade reta e com um pequeno saco de areia sob
o quadril ipsi latera l.
•Faça uma incisão vertical, oblíqua ou transversal da pe le
Divida a banda em linha com suas fibras. Posteriormente, no aspecto anterolatera l do joelh o.
)
tome cu idado para evitar ferir o ligamento colatera l •Identifique a borda anterior da banda il iotibial, e faça uma
fibular relaxado; ele é protegido por tecido areolar, que incisão na fáscia de 0,5 a 1 cm anterior à banda em li nha
o separa da banda il iotibia l. com as suas fibras.
•Retraia as margens da banda il iotib ial; é possível conse- • Incise a membrana sinovial de acordo com esta incisão,
guir isso sem mu ita força porque a banda fica relaxada e inspecione a articu lação .
quando o joelho e o quadril estão flexionados. •Por meio de dissecção aguda, liberte o corno anterior do
•Loca lize a artéria genicu lar inferior lateral, que f ica fora menisco.
da membrana sinovial entre o ligamento colateral e o • Flexione o joelho, cruze o pé sobre o joelho oposto, e empurre
aspecto posterolatera l do menisco. com firmeza em direção ao quadril oposto aplicando uma
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS --

A B

Artéria genicular
lateral inferior

e D

H@lhffl ~ Acesso lateral de Bruser ao joe lh o. A, Incisão da pele (veja texto). B, A linha tracejada indica a incisão proposta na
band a iliotibial, cujas fibras, quando o joelho está totalmente fle xionado, ficam paralelas à incisão da pele. e, o joelho foi ligeiramente
estendido, e o menisco lateral está sendo excisado. D, O menisco lateral foi excisado, e a sinóvia está sendo fechada . (Modif icado de Bruser
DM A direct lateral approach to the lateral compartment of th e knee joint, J Bane Joint Surg 42B:348, 1960.) VEJA AS TÉCNICAS 1-38 E 1-39.

força em varo ao joelho. Assegure-se de que a coxa do lado e termine-a 4 a 5 cm distais à linh a articu lar. Complete a
envolvi do esteja em linha com o plano sagital do tronco, o incisão proximalmente curvando-a ao longo da linha do
quadril esteja flexionado cerca de 45 graus, e a rotação fêmur (Fig. 1-53A) .
externa seja de cerca de 40 graus. Empurre, como descrito, • Mobilize amplamente as abas cutâneas anteriormente e
até que o espaço da articulação abra 3 a 5 mm. Se neces- posteriormente.
sá rio, gire internamente a tíbia para fazer com que o platô •Incise a fáscia entre a banda iliotibial e o bíceps femoral,
tibial latera l fique em melhor visão; no entanto, isso tende evitando cu idadosamente o nervo fibular comum no
a fechar o espaço das articu lações. aspecto posterior do tendão do bíceps (Fig. 1-538) .
• Com afastadores adequados, exponha todo o menisco, que •Retraia a banda iliotibial anteriorm ente e o bíceps femora l
pode ser excisado completamente pela dissecação aguda. e o nervo fibular comum posteriormente para expor o
ligamento colatera l fibular e o canto posterolateral da
cápsula do joelho (Fi g. 1-53C).
ACESSO LATERAL AO JOELHO •Para expor o men isco latera l, faça uma incisão parapatelar
lateral separada através da fáscia e da cápsula articular

---------"~
TÉCNICA (Fi g. 1-538)
• Para evitar o corte do menisco, comece a artrotomia 2 cm
(HOPPENFELD E DEBOER) proxima is à linha articular.
•Para expor o corno posterior do menisco latera l, localize
• Co loq ue o paciente deitado em posição supina com um a ori gem da cabeça lateral do múscu lo gastrocnêmio na
saco de areia abaixo do glúteo ipsi latera l, e fl exione o superfície posterior do cônd il o femoral latera l.
joel ho em 90 graus. • Disseque entre ele e o canto posterolateral da cápsu la
• Comece a incisão em 3 cm laterais ao centro da patela, articular; ligue ou cauterize os ram os arteriais geniculares
estenda-a distalmente sobre o tubérculo Gerdy na tíb ia, superi ores latera is loca lizados nesta área. )
-- PARTE 1 PRI NC ÍPIO S BÁSICOS

Retináculo _
patelar l ateral ~------ -,,

~~ r,
Banda iliotibial .
"..,. - -
...
"
,\ I
,
1

_,!.,
Tubérculo ",... / 1
1

- - - de Gerdy ',
Bíceps femoral ,--- ~ - '

Nervo
,\--/ , ' \ /-\

f1bular ~ /
comum ( \ ,\
1 1 \
1 1 1

A B J : :

º'''"' ªª"''"'"
posterolateral ~ ~
Cabeça late ra l
\--,
--~
Banda iliotibial
\
do gastrocnêmio 0 j Côndilo femoral
(retraído) A• 4
I lateral

C Côndilo femoral lateral

O!§mffl11i9 Acesso lateral ao joelho e estruturas de suporte . A, Incisão da pele. B, Incisão entre o bíceps femoral e a banda ilioti-
bial. C, Dissecção profunda (veja texto). (Modificado de Hoppenfeld S, deBoer P: Surgical exposures in orthopaedics: the anatomic approach,
Philadelphia, 2003, Lippincott Williams & Wi lkins ) VEJA A TÉCNICA 1-41 .

•Faça uma incisão lon gitudinal na cápsu la começando procedimentos reconstrutivos adu ltos. Parte dela ou toda esta
)
bem proximal à linha de articulação para evitar danos no abordagem pode ser usada, se necessário, para alcançar a
menisco ou no tendão poplíteo. Inspecione a metade exposição necessária . A f ixação de parafusos rígidos da tube-
posterior do compartimento lateral posterior ao liga- rosidade da tíbia envolvendo o córtex posterior da tíbia
mento colatera l f ibu lar (Fig. 1-53C). perm ite movi mento precoce do joelho no pós-operatório.
Perry et ai. relataram pela primeira vez a transecção do
corno anterior do menisco latera l para auxi li ar a exposição
da fratura do platô tib ial lateral. A lternativamente, a super-
ACESSO EXTENSO AO JOELHO fície articu lar do platô tibial pode ser abordada com uma
Fernandez descreveu uma abordagem anterior extensa ao exposição sub men iscal soltando a ligação periférica do
joelho com base em uma abordagem anterolateral que menisco no ligamento coronário e elevando o menisco,
permite fáci l acesso aos compartimentos med iais e laterais das conforme descrito por Gossli ng e Peterson.
segu intes maneiras: (1) por uma extensa osteotomia da tube-

--------'~
rosidade da tíbia, que permite a reflexão proximal da patela, TÉCNICA
tendão patelar, e corpo adiposo retropatelar; e (2) pelo corte
transversal do corno anterior e porção anterior do ligamento (FERNANDEZ)
coronário do menisco medial ou menisco lateral, ou ambos,
conforme necessá rio para obter uma exposição adequada. • Coloque o paciente deitado em posição supina e enrole
Esta abordagem pode ser usada para a ressecção de tumor, o membro para permitir uma flexão de pelo menos 60
reconstru ção ligamentar, redução da fratura e f ixação, e graus do joelho.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

•Inicie uma incisão latera l parapatelar 1O cm proximais à • ACESSOS DI RETOS POSTERIOR,


linha art icu lar latera l; continue-a distalmente ao longo da POSTEROMEDIAL E POSTEROLATERAL AO
borda lateral da patela, tendão pate lar, e tuberosidade da
JOELHO
tíbia; e termine-a 1 5 cm distais à linha articu lar lateral
(Fig. 1-54A) O acesso posterior na linha média envolve estruturas que, se danifi-
•Desenvolva as abas de pele profunda no tecido subcutâ- cadas, podem produzir uma deficiência grave permanente. O conhe-
neo estendendo-as med iaimente à borda anterior do li ga- cimento profundo da anatomia do espaço poplíteo é essencial.
mento colateral tibial e latera lmente, e expondo a banda A Figura 1-55 mostra a relação entre a dobra de flexão da linha da
iliotibial e as origens proximais dos músculos tibia is e articu lação, e a Figura 1-56 mostra a circulação colateral em torno
fibular anteriores (Fig. 1-548) do joelho posteriormente. Esta abordagem proporciona o acesso à
•Para expor a metáfise t ibial latera l, retire o músculo tibial cápsula posterior da articulação do joelho, à parte posterior dos
anterior, retraia-o distalmente e eleve a banda iliotib ial men iscos, aos compartimentos posteriores do joelho, ao aspecto
dividindo-a transversa lmente na linha da articulação o~ posterior dos côndilos femorais e tibiais, e à origem do ligamento
por meio da rea lização de uma osteotom ia plana do cruzado posterior. Todos os acessos posteriores são realizados com
tubércu lo de Gerdy (Fig. 1-54C) Se a exposição da porção o paciente na posição supina.
posteromedia l da metáfise t ibial for necessária, divida a
inserção tibia l das patas de ganso ou eleve-a como uma
aba osteoperiosta l.
•Fernandez defende uma osteotomia estendida na crista
ACESSO DIRETO POSTERIOR
da tíbia na presença de uma fratura bicondi lar no platô AO JOELHO
tibial para se assegurar de que o fragmento de osteoto-

--------'~
mia está firmemente f ixado na diáfise da t íbia aba ixo do TÉCNICA
nível da fratura. Uma osteotomia menos extensa pode ser
utilizada de forma adequada. (BRACKETT E OSGOOD, PUTTI, ABBOTT E CARPENTER)
• Real ize uma osteotom ia trapezoida l extensa da tuberosi-
dade tibia l da seg ui nte manei ra: •Faça uma incisão curvilínea de 1O a 15 cm de compri -
1. Marque com um osteótomo um local com 5 cm de mento sobre o espaço pop líteo (Fig. 1-57 A) com o
comprimento, 2 cm de largura proxima lmente, e 1,5 membro proxima l segu indo o tendão do músculo semi-
cm de largura dista lmente. tendíneo dista lmente ao nível da articu lação . Curve-a
2. Faça três furos para a fu t ura re inserção da tuberosi- latera lmente através da face posterior da articu lação em
dade t ibial. cerca de 5 cm e distalmente sobre a cabeça latera l do
3. Conclua a osteotomia com um osteótomo plano. múscu lo gastrocnêmio.
•Rebata a pele e os tecidos subcutâneos para expor a
•E leve a tuberos idade da tíbia e do tendão patelar, e incise
fáscia pop lítea.
a cápsula articu lar t ransversalmente, mediaimente e late-
• Identifique o nervo cutâneo posterior da panturrilha (o
ra lmente na linha da articulação.
nervo cutâneo sural medial) debaixo da fáscia e entre as
• Leve cada membro da incisão capsu lar proximal ao nível
duas cabeças do múscu lo gastrocnêm io, pois essa é a
da borda anterior do múscu lo vasto med ial e vasto latera l
pista para a dissecação. Lateral a ele, a pequena veia
(Fig. 1-54C e D).
safena perfura a fáscia poplítea para se juntar à veia poplí-
• Se for necessária uma exposição mais profunda da super-
tea no meio da fossa. Procure o nervo cutâneo posterior
fície articu lar do platô tib ial, separe um ou ambos os
da panturril ha (o nervo cutâneo sural med ial) proxima l à
men iscos por mei de transecção do corno anteri or cor-
sua origem a partir do nervo t ibia l, pois o conteúdo da
tando o ligamento transverso e divid indo a porção ante-
fossa pode ser dissecado com precisão e segurança uma
rior do ligamento coron ário. O men isco pode ser elevado
vez que este nervo seja loca lizado. Procure o nervo tibia l
e mantido com uma sutura de ancoragem (Fi g. 1-54E).
dista lmente e exponha seus ramos nas cabeças do gastroc-
• Ao fechar o ferimento, repare o menisco anterior, o liga- nêmio, no planta r, e nos músculos sóleos; esses ramos são
mento coronário e o ligamento transverso com suturas acompanhados por artérias e veias. Siga o nervo t ibia l
2-0 não absorvíveis. Use pontos quadrados para reparar proximalmente ao ápice da fossa onde ele se junta ao
o men isco e dois ou três pontos em forma de U para nervo fib ular comum (Fi g. 1-578). Disseque o nervo f ibu lar
estab il izar a perife ria do menisco. comum dista lmente ao longo da borda media l do músculo
• Amarre os pontos sobre a cápsula articu lar após o fecha- do bíceps e tendões, e proteja o nervo cutâneo lateral da
mento das artrotomias mediais e latera is (Fig. 1-54F). panturril ha e a anastomose do nervo f ibu lar.
• Fi xe novamente o múscu lo t ibial ante rior e a pata de •Exponha a artér ia pop lítea e as ve ias, que se encontram
ganso ao osso com suturas interrompidas. diretamente ante riores e media is ao nervo t ibial . Retraia
•Fixe novamente o tubércu lo de Gerdy com um parafuso gentil mente a artéria e a veia, loca li ze e rastreie os
i nterfragmentá rio. vasos gen icu lares supero laterais e superomedia is que
•Fixe rigidamente a osteotom ia da tuberosidade da tíb ia passa m debaixo dos múscu los isqu iot ibiais em ambos
com parafusos interfragmentários, obtendo bom ganho os lados proxima is às cabeças de origem do gastrocnêmio
no córtex posterior da tíbia. (Fi g . 1- 56).
• Feche a artrotomia com suturas interrompidas (Fig. •Abra os compartimentos posteriores da articu lação com
1-54G). o joelho estend ido e exp lore-os com o joelho levemente )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
vasto
~MO~"'º ~ 1

::~fal itJ \)'j_


lateral
Incisão

1 ) j

\
-Ba_nda Tubérculo :_ -1 - _: capsular
illotibial - -\- de Gerdy __,X e 1 1: - - Pata de
'~ ) ganso
~~~~~~ Yv-~:~~~e A
Músculo _)\~ ~:i;~~~d~ a
0 1

tibial
anterior

A B e

~
Menisco
medial

511

D E F G

u@i!;f;i1&9 Acesso extenso anterior de Fernand ez. A, In cisão antero lat era l. B, O mecanismo exte nsor é exposto. C, A banda iliotib ial
é refletida com o tubérculo de Gerdy. O com part imento anterior e a pata de ganso são separados e elevados conforme necessário . A
osteotomia da t uberosi dad e tibial é de lineada, e os furos do parafu so são pré-perfurados (veja text o) . D, A patela, o tendão patelar e
a tuberosidade tibial são eleva das. E, Os meniscos medial e lateral são separados anterior e perifericamente e são elevados. F, O reparo
do men isco é rea lizad o com suturas não absorvíveis 2-0 (veja texto) . O tubérculo de Gerdy é recolocado com um parafuso interfrag-
mentário . O tibial anterior e a pata de ganso são reatados . G, A tuberosidade da t íbi a é presa com parafusos interfragmentários
envolvendo o córtex posterior da tíbia . A cápsula é fechada com suturas int errompidas. As suturas na periferia dos meniscos estão
agora ama rradas (veja t exto). (Modificado de Fernandez DL: Anterior approach to the knee with osteotomy of the t ibial tubercle fo r bicondylar
t ibial fractu res, J Bane Joint Surg 70A:208, 1988.) VEJA A TÉCNICA 1-42.
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS Q,ÇM
flexionado. A cabeça medial do gastrocnêmio surge em compartimento latera l entre o tendão do bíceps femoral e
)
um nível mais proximal do côndi lo femoral do que da a cabeça lateral do músculo gastrocnêmio.
cabeça lateral, e o sulco que ela forma com o semimem- • Ao fechar o ferimento, coloque suturas interrompidas na
branoso propicia uma abordagem segura e relativamente cápsula, na fáscia profunda e na pele . A fáscia poplítea
avascular em comparação ao compartimento medial (Fig. é melhor fechada colocando-se todas as suturas antes de
1-57C). Vire a origem tendinosa da cabeça medial do apertá-las. Amarre as suturas uma por uma.
gastrocnêmio latera lm ente para servir como um retrator
para os vasos e nervos poplíteos (Fig. 1-57D).
• Um maior acesso pode ser alcançado através da ligação de
um ou mais vasos gen icu lares. Se o aspecto posterola- Nicand ri et ai. informaram que a cabeça medial do gastroc-
teral da articu lação necessitar ser exposto, eleve a cabeça nêmio pode ser deixada intacta identificando e ligando os ramos
latera l do músculo gastrocnêmio do fêmur e aproxime o anter iores da artéria geniculada méd ia e dissecando livremente
os ramos motores da tíbia para a cabeça medial do gastrocnêmio.
Isso permite mobilização su ficiente da cabeça medial do gastroc -
nêmio para expor a inserção do ligamento cruzado posterior na
tíbia posterior.

ACESSO DIRETO POSTEROMEDIAL


AO JOELHO PARA FRATURA DO
PLATÔ TIBIAL
Ga lla e Lobenhoffer descreveram um acesso direto poste-
romedial para o tratamento da fratura do platô tibial. Esta
abordagem não envolve a dissecção das estruturas neu-
rovasculares do poplíteo e usa o intervalo entre o com -
plexo semimembranoso e a cabeça medial do múscu lo
gastrocnêmio.

------~
TÉCNICA

(GALLA E LOBENHOFFER, DESCRITOS POR FAKLER ET AL.)

•Faça uma incisão reta de 6 a 8 cm de comprimen to lon-


gitudina l na pele ao longo da borda media l da cabeça
medial do músculo gastrocnêmio começando no nível da
linha articular.
• Incise o tecido subcutâneo e a fáscia poplítea conjun-
'it§ihfd11i9 Joelho com fio de Kirschner enrolado com fita tamente.
adesiva junto à dobra de fl exão. Observe a rela ção do fio co m a •Libere a cabeça medial do músculo gastrocnêmio sem
linha da a rticula ção . A fle xão da dobra cede distalmente em separá-la e recolha-a lateralmente. )
indiv íduos idosos ou obesos. VEJA A TÉCNICA 1-31.

Artéria genicular )
superior medial _ _-;;;..........~, ..
Cabeça medial do
músculo gastrocnêmio -r- ~~~l'-- Cabeça lateral do
Artéria IU músculo gastrocnêmio
genicular média -li'=--~~~ .
Tendão do
músculo comum
semimembranoso - -
.~o=!:!i:=:,.,#;J.-- Artéria genicular
Artéria genicular \
inferior latera l
inferior medial - -

H(slii;H11'?9 Circulação colateral ao redor do


joelho posteriormente. VEJA A TÉCNICA 1-43.
lllEi9 PARTE 1 PRI NCÍPIOS BÁS ICOS

Músculo ~-......;--- Nervo


- - Fáscia
profunda fibular
da coxa comum
\
-~;--- Fáscia Nervo tibial
poplítea \
_....V-- Nervo cutâneo
Cabeça medial / ~ sural lateral
'-~~- Ramo comunicante

1
Nervo do músculo
gastrocnêmio -~===~ do nervo fibular
cutâneo
sural medial - ""="""- -
,t"=;~::--- Cabeça lateral
do músculo
gastrocnêmio

A B

Músculo semimembranoso

Cabeça medial
do músculo
gastrocnêm io----;;-=~" ''

e Nervo cutâneo sural medial D

ii!êiii;fu ~ Acesso posterior à articula ção do joelho , A, Incisão curvi línea posterior, Nervo cutâneo posterior da panturrilha exposto
e retraído, B, Nervo ciático e sua divisão definid a, C, Cabeça medial do músculo gastrocnêmio exposta , D, O tendão de origem da cabeça
medial do músculo gastrocnêmio é dividido, expondo a cápsula da articulação do joelho, Se for necessár ia uma maior exposição, a
cabeça lateral do gastrocnêm io é definida, incisada e retraída de maneira seme lhante, VEJA A TÉCNICA 1-43.

•Disseque conjuntamente o complexo semimembranoso e


)
reco lh a-o mediaimente (Fi g, 1-58),
ACESSO DIRETO POSTEROLATERAL
•Id entifiqu e a bord a superior do mú scul o poplíteo e
AO JOELHO
retire-a subperiostalm ente, expo ndo o platô ti bia l poste- M inkoff. Jaffe e M enendez descreve ram um acesso pos-
ro med iaL terolatera l lim itado à tíbia lateral proximal e ao joelho,
• Se for necessária uma exposição maior, incise a inserção t ibial El e ut iliza o interva lo entre os músculos só leo e pop líteo,
do músculo semimembranoso de forma subperiosteaL e expõe a po rçã o superolat era l da metáfi se t ibia l post erior
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS --

Músculo •Desenvolva o intervalo entre a cabeça latera l do gastroc-


semimembranoso
nêm io e os múscu los sóleo, e retraia a cabeça latera l do
gastrocnêm io med iaim ente.
•Afaste a artéria popl ítea, a veia e o nervo tibia l, junta-
mente com a cabeça lateral do gastrocnêm io (Fig. 1-59 B).
Disseque livremente a origem fibu lar do múscu lo sóleo e
afaste-o dista lmente.
Músculo ( •Afaste o múscu lo pop líteo subjacente media imente para
sem it endíneo -~
expor o aspecto posterior do platô tibi al lateral e a arti-
cula ção tibiofi bular proximal.
Músculo poplíteo ~u,~~~~
parcialmente "'
destacado

FÊMUR

ACESSO ANTEROLATERAL
AO FÊMUR
O acesso anterolateral expõe o terço médio do fêmur, mas
aderências pós-operatórias entre os múscu los individ uais
do grupo quadríceps e entre o vasto interméd io e o fêmur
podem limitar a fl exão do joe lh o. O meca ni smo do quadrí-
ceps deve se r manuseado com cuidado. As infecções do
terço méd io da diáfise são ma is bem abordadas posterola-
tera lmente. Quando a diáfise necessitar ser abordada a
partir do lado medial, este acesso anterolateral, em vez de
l:!!§ii;f.Hlll• Acesso posteromedial de Galla e Lobenhotfer. um anteromedia l, é indicado.
(Modificado de Fakler JKM, Ryzewicz M, Hartshorn C, et ai: Optimi zing

------~
the management of Moore type 1 posteromed ial spl it fracture dislo- TÉCNICA
cations of the tibia l head: description of the Lobenhoffer approach,
J Orthop Trauma 21330, 2007.) VEJA A TÉCNICA 1-44.
(THOMPSON)

•Incise a pele ao longo do terço médio do fêmur em uma


linha entre a esp inha ilíaca anterossuperior e a margem
lateral da patela (Fig . 1-60).
e a articul ação tibiofibular proximal Embora esta abor-
•Incise a f áscia superfi cial e profunda, e separe os mús-
dage m tenha sido desenvo lvida para exc isa r um osteoma
culos reto femoral e vasto late ral ao longo de seu septo
osteoide do platô tibia l latera l, ela pode ser uti li zada
inte rmu scular. O múscu lo vasto interméd io é colocado
para outras cond ições que afetem o aspecto posterior
a vista.
do joelh o.
•Divida o múscu lo vasto interm édio da linha de suas f ibras
dista lmente em direção ao fêmur.
TÉCNICA •Exponha o fêmur pela refl exão su bperi ostea l do músculo
vasto intermédio in ciso .
(MINKOFF, JAFFE E MENENDEZ)

• Comece a incisão na pele 1 a 2 cm abaixo da prega


pop lítea ligeiramente med ial à linha média do joelho, Henr y tornou exposta toda a diálise femoral estendendo esta
continuando tran sversa lmente e curvando-a dista lmente incisão proximal e distalmente. O acesso não é recomendado para
apenas media l e para lelamente à cabeça da fíbula, termi- operações no terço proximal do fêm ur porque expo r o osso neste
nando 5 a 6 cm distais a ele. local é difíci l sem ferir a artéria circu nflexa femora l late ral e o nervo
•Rebata inferomed ialmente a pele e a aba subcutânea. no músculo vasto lateral. Dista lmente, a incisão pode se r estendida
•Isole o nervo cutâneo lateral da panturri lha, afaste-o late- 12 a 15 cm dentro da articu lação do joelho; neste ponto, no entanto,
ralmente e preserve-o. a inserção do músculo vasto lateral no tendão quadríceps é encon-
•Identifique a veia safena parva superficia l à fáscia, ligue-a trada, ass im como a bursa suprapatelar mais distal.
e a divida.
• Ab ra a fáscia cuidadosame nte em linh a com a incisão.
O nervo sural enco ntra-se profundo à fáscia ape nas ACESSO LATERAL À DIÁFISE
superficial às cabeças do músculo gastrocnêmi o e deve
ser protegido (Fig. 1-59A). DO FÊMUR
•Identifique o nervo fibul ar comum e afaste-o latera l- Anatom icamente, a diáfise femo ral inteira pode ser expost a
mente. pelo acesso latera l, mas apenas as suas formas menos )
-- PARTE 1 PRI NCÍPIOS BÁSICOS

Medial Lateral

A
l Nervo
sural

Cabeça lateral
do músculo
gastrocnêmio

Vasos geniculares
inferiores laterais

B e
O!§ii;M111!9 Acesso postero lateral de M inkotf, Jatfe e Menendez. A, Dissecção superficial. B, O gastrocnêm io e os vasos poplíteos
são retraídos medi aimente e a origem f ibul ar do só leo é refl etida dista lmente. C, O pop líteo est á retraído media imente, expondo o
aspecto posterior do plat ô tib ial e a articul ação ti biofi bular proxima l. (Modificado de Minkoff J, Jaffe L, Menendez L: Li mited posterolateral
su rgical approach to the knee fo r excision of osteoid osteoma , Clin Orth op Relat Res 223 :237, 1987.) VEJA A TÉCNICA 1-59.

extensivas são reco mendadas . É preferível o acesso poste- • Incise a fáscia superficia l e profunda .
)
rolat era l sempre que possível para evitar a divisão do vasto • Divida os músculos vasto lat era l e vasto int erméd io na
lateral. direção de suas f ibras, e abra e rebata o peri ósteo para a
dist ância adequada.

-------~
TÉCNICA • Um ramo da arté ri a ci rcu nf lexa f emoral lat era l é
encont rado ao expor o quarto pro ximal do fêmur e
• Faça uma incisão com o comprimento desejado ao longo da artéria genicu lar lateral superio r no qu arto dista l;
da face latera l da coxa ao longo de uma linha a pa rti r do estes po dem ser grampeados, divididos e lig ados sem
trocâ nter ma ior para o côndilo femora l lateral (Fig. 1-61 A). da nos.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRG ICAS - -

I
/ ...... _......
/

1 /
I I
Artéri a ci rcunflexa 1
1
femoral late ral ~ ~
' \

' \
Nervo para o m úscu l o~
~
' ,.., vasto lateral
1
I '-
1
1 \...._...-

Múscu lo vasto ---~~~~--,;;t/tli


interm édio
Múscu lo -----~nF9f'F-----"'ª!fil'
reto femo ral

1
1
1
1
I
I '
/ ...... - - -, \
1 1 1 1
1 1 I I
) , I I
1.._ ......, __ ,,,.._ __ ,1

A Músculo vasto lateral B

0[§mf.j1Jm9 Acesso antero lat eral ao f êmur. A, Incisão da pele. B, Fêmu r exposto pe la sepa ração do ret o f emora l e vast os lat erais,
e a divisão do múscul o vasto interm édi o . VEJA A TÉCNICA 1-46.

ACESSO POSTEROLATERAL ACESSO POSTERIOR AO FÊMUR


À DIÁFISE DO FÊMUR

-------~
TÉCNICA

--------~
TÉCNICA
(BOSWORTH)
• Vire ligeiramente o paciente pa ra elevar o lado afetado.
•Faça a incisão a part ir da base do t rocânter ma ior seguindo •Com o paciente deitado de bruços, incise a pele e a fásc ia
dista l mente a li nha até o cônd ilo lat era l (Fig. 1-61 B). profunda long itudinalmente no meio do aspecto poste-
• Incise a fáscia superficial e a fáscia lata ao longo da borda rior da coxa, a partir da dobra glútea à margem proxima l
anterior da banda iliotibial. do espaço poplíteo.
•Exponha a parte posterior do músculo vasto lateral e •Uti li ze a cabeça longa do bíceps como um gu ia. Por
afaste-a anteriormente (em ind ivíduos muscu losos, essa dissecção conjunta com o dedo ind icador, apalpe a
retração pode ser difíc il); continue a dissecção até o osso superfíc ie posterior do fêmu r no meio da coxa. Para
ao longo da superfície anterior do septo intermuscular expor três quintos médios da li nha áspera, use os
latera l, que é ligado à linha áspera. dedos para afastar a ligação do múscu lo vasto med ial
• Afaste as estruturas profundas, e divida o periósteo na e late ral.
linha de incisão. • Para expor a parte dista l dos t rês qu intos méd ios do
• Com um elevador periosteal, libere a conexão do múscu lo fêmur. continue a dissecção romba ao longo da borda
vasto intermédio na med ida do necessário. latera l da cabeça longa do bíceps, desenvolvendo o plano
• No terço méd io da coxa, o segundo ramo perfurante da fascia l entre a cabeça longa do bíceps e do múscu lo vasto
artéri a femora l profunda e a veia correm transversalmente latera l, e afaste a cabeça longa do bíceps mediaimente
a partir do bíceps femoral pa ra o vasto latera l. Ligue e (Fi g. 1-62A).
divida esses vasos. • Para expor a parte proximal dos três quintos méd ios do
• Para evitar dan if icar o nervo ciático e a artéria femora l fêmur, continue a dissecçã o ao longo da superfície medial
profunda e veia, não separe as cabeças longa e curta do da cabeça longa do bíceps, desenvolvendo o plano fascial )
bíceps femo ral. entre a cabeça longa do bíceps e do semitendinoso, e
-- PARTE 1 PRIN CÍPIOS BÁS ICOS

Incisão A Incisão B

Aspecto anterior
do septo
intermuscular--+---'~*-

Músculo vasto
intermédio

Músculo vasto
lateral

Corte transversal

H@ii;tij11!19 Acessos postero latera l e late ral ao terço médio do fêmur. Acesso lateral (A) . O músculo vasto lateral e o vasto inter-
médio foram incisados alinhados com suas fibras. O corte transversa l mostra esses acessos. Acesso posterolateral (B) ao longo do septo
intermuscul ar lateral. VEJA AS TÉCNICAS 1-47 e 1-48.

afaste a cabeça longa do bíceps e do nervo ciático late- ramo do nervo ciático pode ser sa lvo ou dividido, depen-
)
ralmente (Fig. 1-62B). dendo das exigências da incisão, pois não compõe o
•Para expor todos os três quintos media is do fêmur, con- sup rimento nervoso inteiro desta parte do bíceps.
tinue a dissecção em busca da li nha áspera lateral para a • Depois de expor a linha áspera , libere os ligamentos mus-
cabeça longa do bíceps, divida o últi mo múscu lo na parte cu lares por meio de uma dissecção aguda e exponha o
distal da ferida, e desloque-o mediaimente Juntamente fêmur por meio de uma dissecção subperi osteal.
com o nervo ciático (Fig. 1-62(). • Bosworth ressa lta que os três quintos mediais inteiros do
•Parte do suprimento nervoso para a cabeça curta do fê mur nunca devem ser expostos pela retra ção da cabeça
bíceps atravessa a exposição perto de seu centro; este longa do bíceps e do nervo ciático lateralmente porque

li
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS Cllll

Músculo
semitendíneo -----.,,G,~

Músculo
semi-
Cabeça longa
membranoso ~
do músculo

Cabeça longa
do músculo
Nervo ciático---- ~\~~~~~ bíceps femoral
Cabeça curta
bíceps femoral Linha áspera--~~==~ do músculo
bíceps femoral

e D

O[riii;HIJm Acesso posterior de Bosworth ao fêmur. A, Para expor parte proximal de três quintos médios do fêmur, a cabeça longa
do bíceps femoral foi recolhida mediaimente. Inserido, Incisão da pele. B, Para expor parte distal dos três quintos médios do fêmur, a
cabeça longa do bíceps femoral e o nervo ciático foram recolhidos lateralmente . C, Para expor todo os três quintos médios do fêmur,
a cabeça longa do bíceps femoral foi dividida na parte distal do ferimento, e este músculo e o nervo ciático foram recolhidos mediai-
mente. D, O nervo ciático estaria sujeito a lesão se todo os três quintos médios do fêmur fossem expostos pela retração do bíceps
femoral lateralmente. VEJA A TÉCNICA 1-49.

isso põe desnecessariamente em perigo o nervo ciático brusco e o afastamento prolongado ou extenuante do
(Fig . 1-620) nervo podem causar sintomas dolorosos após a cirurgia ou,
•Qu ando a extrem idade distal da cabeça longa do bíceps eventualmente, uma incapacidade permanente na perna.
necessitar ser dividida, co loque suturas no segmento
distal do músculo antes da divisão ser realizada; isto faz
com que a sutura do músculo seja mais fácil quando a
ferida estiver sendo fechada. ACESSO MEDIAL À SUPERFÍCIE
• Após a sutura do bíceps, feche a ferida suturando apenas POSTERIOR DO FÊMUR NO
a pele e o tecido subcutâneo, pois as outras estruturas se ESPAÇO POPLÍTEO
alinham na posição.
• Ao desenvolver este acesso, o ci rurgião deve ter em mente Quando possível, o acesso medial à superfície posterior
a possibilidade de danificar o nervo ciático. O manuseio do fêmur no espaço poplíteo deve ser usado preferencial- )
111119 PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculovas~

Artéria poplítea
A Espaço poplíteo

O@lht.!11!!9 Acessos medial e lateral de Henry à superfície posterior do fêmur no espaço poplíteo. A, Acesso medial. B, Acesso
lateral. VEJA AS TÉCNICAS 1-50 e 1-51 .

______
) mente ao acesso anteromedial, porque neste último o vasto •Divida a fáscia fina posterior ao te ndão adutor por me io
medial deve ser separado do reto femoral e porque o de uma dissecção romba à superfície posterior do fêmur
vasto interméd io deve ser dividido. no espaço poplíteo.
• Afaste os grandes vasos e nervos posteriormente; os
____,~
TÉCNICA ramos dos músculos para o osso podem ser isolados,
fixados e divid idos .
(HENRY) •Retraia o tendão adutor magno e uma parte do músculo
vasto medial anteriormente, e exponha o osso. Os nervos
• Com o joelho ligeiramente flexionado, inicie a incisão 15 tibial e fibular comum não são encontrados porque eles
cm proxima is ao tubérculo adutor e continu e-a distal- ficam lateralm ente e posteriormente à linha de incisão.
mente ao longo do tendão adutor seguindo o ângu lo do
joelho a 5 cm dista is do tubérculo (Fig. 1-63A).
•N a parte distal da incisão, realize a dissecção posterior-
mente à borda anterior do músculo sartório im ediata-
ACESSO LATERAL À SUPERFÍCIE
mente proxim al ao nível do tubérculo adutor. POSTERIOR DO FÊMUR NO
• Libere a fáscia profunda proxima lmente sobre este músculo ESPAÇO POPLÍTEO
tomando cuidado para evitar a perfuração da membrana

---------'~
sinovia l, que fica abaixo do músculo quando a articu lação TÉCNICA
é flexionada. Após este procedimento, o sartóri o cai pos-
teriormente, expondo o tendão do múscu lo adutor magno. (HENRY)
Proteja o nervo safena, que segue o sartóri o em sua super-
fície profunda; a veia safena magna é superficial e não • Com o joelho levemente flexionado, incise a pele e a fáscia
corre perigo, se a incisão for feita corretamente. superficial por 15 cm ao longo da borda posterior da banda
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

iliotibial e siga o ângulo do joelho até a cabeça da fíbula ACESSO LATERAL À DIÁFISE
(Fi g. 1-638).
• Divida a fáscia profunda imediatamente posteri or à banda
PROXIMAL E REGIÃO
il iotibial. TROCANTÉRICA
•Bem proximal ao cônd ilo, separe a ligação da cabeça
O acesso lateral é excelente para a redução e a fixação
curta do bíceps da superfície posterior do septo intermus-
interna de fraturas trocantérica ou para ost eotomias sub-
cu lar lateral; alcance o espaço popl íteo por meio de uma
trocanterianas sob visão direta.
dissecção romba entre essas estruturas .
• Ligue e divida os ramos dos vasos perfurantes e retraia ~
os vasos poplíteos posteriormente na parede posterior do
TÉCNICA o..-~~~~~~----~
f erimento. O nervo tibial se encontra posterior aos vasos • Inicie a incisão cerca de 5 cm proximais e anteriores ao tro-
popl íteos, e o nervo f ibular comum segue a borda medial cânter maior, curvando-a distalmente e posteriormente sobre
do bíceps . o aspecto posterolateral do trocânter e distalmente ao longo
•Exponha a superfície do fêmur por meio de incisão e da superfície lateral da coxa em paralelo com o fêmur por 1O
elevação do periósteo . cm ou mais dependendo da exposição desejada (Fig . 1-648) )

Músculo tensor da fáscia lata

ç__ _
Incisão
Músculo
vasto
lateral
B

O@ihf41D9 Acesso lateral à di áfi se proximal e região trocantérica do fêmur. A, O corte transversal mostra o nível de abordagem
no trocânter menor. B, A fáscia lata foi incisada em linha com a incisão na pele. O vasto lateral foi incisado transversalmente apenas
distal ao trocânter maior e está sendo incisado longitudinalmente a 0,5 cm da linha áspera . Inserção, Incisão da pele. C, O corte trans-
versal mostra acesso ao nível da extremidade distal da incisão na pele. D, O acesso foi concluído dissecando o vasto lateral subperios-
talmente do fêmur. A articulação do quadril pode ser exposta pelo acesso contínuo proximalmente como no acesso de Watson-Jones.
VEJA A TÉCNICA 1-52.
llllilI9 PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

•Aprofunde a dissecção na linha da incisão até a fáscia lata. Músculo vasto lateral
)
•Na parte distal do ferimento, incise a fáscia lata com um
bisturi e divida-a proximalmente com uma tesoura. Na
parte proximal do ferimento, divida a fáscia imediata-
mente posterior ao músculo tensor da fáscia lata para
evitar a divisão deste músculo.
•Por meio de retração, coloque à vista o músculo vasto
lateral e sua origem a partir da borda inferior do trocânter
maior. Divida a origem do músculo transversalmente ao Músculo quadrado
longo desta borda até a superfície posterolateral do femoral
fêmur. Artéria femoral
•Divida o vasto lateral e sua fáscia longitudinalmente com circunflexa medial
uma tesoura, começando pela sua superfície posterolate- Músculos obturador interno e gêmeo
ral, a 0,5 cm da sua ligação à linha áspera.
•Alternativamente, divida primeiro a fáscia muscular O@il;M[lm As estruturas anatômicas profundas relevantes
sozinha lateralmente em vez de posterolateralmente, dis- da face posterior do quadril mostram o curso da artéria circun-
seque o músculo de sua superfície profunda posterior- flexa femoral medial para a cabeça femoral. (De Nork SE, Schar M,
mente, e divida o músculo perto da linha áspera (fechando Pfander G, et ai: Anatomic considerations for the choice of surgical appro-
a fáscia lata, então, é mais fácil). O músculo é dividido ach for hip resurfacing arthroplasty, Orthop Clin North Am 36: 163, 2005.)
onde é fino ao invés de grosso, como necessário em uma
abordagem múscular direta (Fig. 1-64A e C). Seccione
não mais que 0,5 cm do músculo ao mesmo tempo.
Mantenha o corpo do músculo vasto recolhido anterior- medial não tem nenhuma consequência. Se o recapeamento do
mente; assim, se uma das artérias perfurantes for divi- quadril, o reparo de fratura no colo femoral ou a osteotomia deva
dida, ela pode ser pinçada e amarrada antes de se retrair ser realizado, os acessos anterolateral, anterior ou mediais são mais
para além da linha áspera. desejados para evitar a osteonecrose da cabeça femoral. Acessos
•Depois de dividir o músculo ao longo do fêmur na dis- laterais que exigem osteotomia do trocânter maior têm uma taxa
tância necessária, eleve-o com um elevador periosteal e de não união significativa devido à osteotomia, o que também deve
exponha as superfícies lateral e anterolateral da diáfise do ser considerado.
fêmur (Fig. 1-64D).
•Por meio de uma subsequente elevação subperiosteal da
• ACESSOS ANTERIORES
parte proximal do vasto lateral e músculos intermédios,
exponha a linha intertrocantérica e a superfície anterior
do fêmur logo abaixo desta linha.
ACESSO ILIOFEMORAL ANTERIOR
•A base do colo do fêmur pode ser exposta através da
AO QUADRIL
divisão da cápsula da articulação na sua fixação à linha Smith-Petersen melhoraram e renovaram o interesse
intertrocantérica. pelo acesso iliofemoral anterior e, agora, ele é usado
•Se uma exposição mais ampla for desejada, eleve a frequentemente.
parte distal do glúteo mínimo a partir da sua inserção
no trocânter. TÉCNICA
•No fechamento, o músculo vasto lateral cai sobre a super-
fície lateral do fêmur. Suture a fáscia lata e feche o res- (SM ITH-PETERSEN)
tante do ferimento da forma tradicional.
•Comece a incisão no meio da crista ilíaca ou, para uma
exposição mais ampla, posteriormente na crista conforme
desejado. Continue-a anteriormente à espinha ilíaca anteros-
superior e distalmente e um pouco lateralmente 1O a 12 cm.
QUADRIL •Divida as fáscias superficial e profunda, e libere as liga-
ções dos músculos glúteo médio e tensor da fáscia lata
Inúmeros novos acessos ao quadril têm sido descritos desde a década da crista i 1íaca.
de 1990; a maioria é baseada em abordagens mais antigas e é modifi- •Com um elevador periosteal, tire o periósteo com as
cada por um procedimento cirúrgico específico. Nesta seção, são des- ligações dos músculos glúteo médio e mínimo da super-
critos os acessos gerais que achamos mais úteis. Os acessos específicos fície lateral do ílio. Controle o sangramento dos vasos
utilizados na revisão de artroplastia total do quadril estão descritos nutrientes envolvendo o intervalo entre o ílio e os mús-
no Capítulo 3. culos refletidos.
A abordagem selecionada deve ser baseada no acesso neces- •Continue a dissecção através da fáscia profunda da coxa
sário, no potencial de complicações, no procedimento a ser reali- e entre o tensor da fáscia lata lateralmente e o sartório e
zado, e na experiência do cirurgião. A necessidade de manter o reto femoral medial.
fornecimento de sangue para a cabeça femoral (artéria circunflexa • Clampe e ligue o ramo ascendente da artéria circunflexa
femoral medial e seus ramos ascendentes) deve ser considerada femoral lateral, que fica 5 cm distais à articulação do
antes do procedimento (Fig. 1-65). Na artroplastia total do quadril, quadril.
o rompimento dos ramos ascendentes da artéria circunflexa femoral
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚ RG ICAS

Músculo
glúteo
médio--# =
111'1"*-~~------4- Músculo tensor
da fásci a lata
Músculo ~""=~==1:- Músculo
glúteo sartório

Cabeça e
colo do fêmur

.~~=~==i- Músculo
sartório
'l#=,Í=="""'-~====l- Músculo
Banda tensor da
iliotibial --+------"'~ '-'= =- - Músculo
fáscia lata
reto
A femoral B

h!ijii;@llm Line Acesso ili ofemora l anterior de Smith-Pete rsen ao quadril. A, Linha de incisão da pel e. B, Exposição da articulação
após ref lexão do tensor da fáscia lata e dos músculos glúteos da superfície latera l do ílio e divisão da cápsu la. VEJA A TÉCNICA 1-53.

•O nervo cutâneo femoral lateral passa sobre o sa rtório pode ser realizada posteriormente na medida da origem do glúteo
2,5 cm distais à espinha anterossuperior; afaste-o para o máximo. O tenso r da fáscia lata, o glúteo médio e as ligações mus-
lado medial. culares do glú teo mínimo são subp eriostalmente dissecados distal-
•Se as estruturas na espin ha anterossuperior são contraí- mente para expor a cápsula da articulação do quadril. Os abd utores
das, libere a espinha com um osteótomo e permita que ela e rotadores exte rno s curtos podem ser di ssecados a partir do tro-
se retra ia com seus músculos ligados a um nível ma is distal. câ nter maior, conforme necessário para a artroplastia total de
•Exponh a e incise a cápsula transversalmente, e revele a quadril, para a substituição da prótese da cabeça do fêmur ou para
cabeça do fêmur e a ma rgem proxim al do acetábu lo. a artrodese do quadril. No fechamento, o fragmento ilíaco da osteo-
A cápsu la também pode ser seccion ada ao longo de sua tomia é recolocado com suturas 1-0 não absorvíveis passadas por
ligaçâo com o lábio acetabu lar (ligamento cotiloide) para furos de broca no fragmento e no ílio.
dar a exposição necessá ria.
• Se necessário, o ligamento redondo pode ser dividido
com uma lâmina curvada ou com uma tesoura, e a cabeça ACESSO ANTERIOR AO QUADRIL
do fêmur, deslocada, dando acesso a todas as partes da USANDO UMA INCISÃO TRANSVERSAL
articu lação.
Somerville descreveu um acesso anterior usando uma incisão
transversa l "b iquíni " para luxação congên ita irredutível do
quadril em uma criança. Esta abordagem permite a expo-
sição suficiente do ílio, e o acesso ao acetábulo é satisfa-
Quase toda a ciru rgia da articu lação do quadril pode ser rea- tório mesmo quando ele está em uma localização anormal.
lizada por meio deste acesso, ou partes separadas podem ser usadas Para a redução de uma luxação congênita do quadril, as
para diferen tes fins . A incisão femoral anterior expõe a articu lação, seg uintes etapas seq uenciais devem ser executadas: teno-
mas é inadeq uada para operações reconstrutivas. Todo o ílio e a tomi a do psoas; capsu lotom ia medial comp leta, incluindo
articulação do quadril podem ser alcançados através da parte ilíaca o li gamento t ransverso do acetábu lo; excisão do ligamento
da incisão; todas as es truturas ligadas à crista ilíaca da espinha redondo hipertrofiado; e redução da cabeça femora l no
ilíaca posterossuperior à espinha ilíaca anterossupe ri or são libera - acetábu lo verdadeiro. As indicações específicas e os cuida-
das e são refletidas a partir da superfície lateral do ílio; a dissecção dos pós-operatórios para a luxação congênita do quadri l
é realizada distalmente à espinha ilíaca anteroinferior. Smith-Pe- são discutidos no Capítu lo 30.
tersen também m odificou e melhorou esta abordagem para uma
~
extensa cirurgia do quadril, refleti ndo o músculo ilíaco da super- TÉCNICA :....__ _ _ _ _ _...J~
fície medial da parte anterior do ílio e separando o músc ulo reto
femora l de sua origem. (SOMERVILLE)
Schaub el modificou o acesso anterior de Smith-Petersen
depois de achar difícil o reatamento da fáscia lata à fáscia na crista •Coloque um saco de areia abaixo do quadril afetado.
ilíaca . Em vez de dividir a fáscia lata na crista ilíaca, uma osteoto- • Faça uma incisão direta na pele, começando anteriormente
mia da saliência da crista ilíaca é realizada entre as ligações do inferior e medial à espinha anterossuperior e cursando )
músculo oblíqu o externo medial e da fáscia lata. A osteotomia
-- PARTE 1 PRINC ÍPIOS BÁSICOS

h@l!;tijllm Técni ca de Somervi ll e de redução aberta. A, Incisão biq uíni. B, Divi são dos t en dões dos músculos sa rtório e ret o f emoral
e da epífi se da cri sta ilíaca. C, Incisão em form a de T da cáps ul a. D, Capsu lotom ia do qu adril e uso do li gamento redondo para encontra r
o ve rdadeiro acetá bul o. E, Incisões rad iais no lábio acetabu lar e remoção de todo o t eci do da prof un didade do verdadeiro acetáb ulo.
F, Capsu lorrafia após excisão da cáps ula redu nda nte. VEJA A TÉCNICA 1-54.

obliquamente superi or e posterior para o meio da crista force-o até sua base; separe de sua periferia aquela
)
ilíaca (Fig. 1-67 A). Aprofunde a incisão para expor a crista. parte do láb io que se encontra anterior ao gancho até
• Rebata os múscu los abdutores subperiostalmente da asa que o gancho sa ia.
ilíaca distalmente à cápsula da articu lação . Aumente a • Com o fórceps do tipo Kocher, segure o lábio pelo final,
exposição da cápsula, separando o tensor da fáscia lata liberando e excisando-o, assim, com tesouras curvas fortes,
do músculo sartório cerca de 2,5 cm inferiores à espinha ou faça incisões radiais em forma de T para everter os
anterossuperior. membros e permitir a redução da cabeça femoral (Fig. 1-67E).
• Exponha a cabeça refletida do reto femoral, e separe-a • Reduza a cabeça no acetábu lo, abduzindo a coxa 30
do acetábu lo e cápsula, deixando a cabeça reta ligada à graus e rodando-a internamente. Segure a arti cu lação
espinha anteroinferior (Fig. 1-678) A cabeça reta pode nesta posição e feche a cápsula (Fig. 1-67F).
ser separada para aumentar a exposição. • Fixe novamente os músculos à crista ilíaca, feche a pele
• Perto da borda do acetábu lo, faça uma pequena incisão e ap li que um gesso para imobi liza r.
na cápsula e estenda-a anteriormente para um ponto
profundo ao reto e posteriormente à margem posteros-
superior da articulação (Fig. 1-67C). ACESSO ILIOFEMORAL
• Exerça tração sufic iente no membro para afastar a ANTEROLATERAL MODIFICADO
carti lagem da cabeça femoral do acetábulo cerca de
0,7 cm .
AO QUADRIL
• Examine o interior do acetábu lo visualmente (Fig. Smith-Petersen descreveu uma modificação do acesso ilio-
1-670). Se nenhum lábio invertido for visto, insira um femoral anterior que ele usou para a redução aberta e
gancho sem corte e apa lpe a articulação para liberar a fixação interna de fraturas do colo do fêmur. Este acesso
borda de um lábio invertido. Se um for encontrado, conserva as vantagens de um acesso iliofemoral anterior,
coloque a ponta do gancho profundamente no láb io e mas expõe a região trocantérica latera lmente; isso torna
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

mais fác il o alinhamento de uma fratura ou osteotomi a do


colo do fêmur e a inse rção de pinos, parafusos ou pregos Músculo
sob visão direta. Este acesso também é úti l em procedimen- tensor
tos de reconstrução, como a osteotom ia para deslizamento da fáscia
lata
da epífise femoral proximal e os procedimentos para não
Glúteo
união do colo do fêmur. Isso fornece uma expos ição con- médio - -t-;li=-==;
tínua do aspecto anteri or do quadril a partir do lábio do
Glúteo
acetábulo até a base do trocânter. mínimo
~=-+-- Sartório

------~
TÉCNICA ~~-- Capsula
articular
(SMITH-PETERSEN) anterior
-~=~---~~'\.~ ""if--,f--- Reto
•Faça a incisão na pele ao longo do te rço anterior da crista femoral
ilíaca e ao longo da borda anterior do músculo tensor da
f áscia lata; curve-a posteriormente através da inserção
deste músculo na banda iliotibial na região subtrocante-
riana (gera lmente em um ponto 8 a 1O cm aba ixo da base
do grande trocânter) e termin e-a ali .
•Incise a fásc ia ao lon go da borda anterior do músculo
tensor da fásc ia lat a. Ide ntifique e proteja o nervo cutâneo
femo ral latera l, que normalmente é medial à borda li[riil;MIElJt Acesso anterolateral de Smith-Petersen . VEJA A
medial do tensor da fáscia lata e está perto da borda TÉCNICA 1-55.
lateral do sartório.
•Incise cuidadosame nte as li gações musculares até a face
lateral do ílio ao longo da crista il íaca para fazer a refl exão
do periósteo de forma mais fácil. Rebata-o como uma
estrutura contínua , sem desgaste, distalmente à margem
supe ri or do acetáb ul o.
•D ivida as ligações musculares entre a espinha il íaca
anterossuperior e o lábio acet abu lar. A aba posterior
refl etid a consiste, portanto, no tensor da fáscia lata,
no g lúteo míni mo, e na pa rte an t erio r do g lúteo médio
(Fi g. 1-68). A
• Inferiormente, rea lize a in cisão da fáscia através da inser-
ção do tensor da fásc ia lata na banda iliot ibi al, e exponha
a parte latera l do reto femoral e a parte ant erio r do
músculo vasto lateral.
• Comece a incisão capsu lar no aspecto inferior da cápsu la
imediatamente lateral ao lábio acetab ular; a partir deste
ponto, estenda-a proximalmente em para lelo com o lábio
acet ab ular para a face superior da cápsu la, e curve-a
latera lmente, continuando para além da cápsu la até a
base do grande trocânter. Esta in cisão divide essa parte
da cabeça refletida do reto femo ral que se mistura com
a cápsula inferior à sua inserção na margem superior do
acetábu lo. Rebatendo-a com a cápsu la, a aba capsu lar é B Músculo glúteo médio Músculo vasto lateral
reforçada, e a reparação fica mais fácil.
o@•i;MIE9 Acesso lateral de Watson-Jones à articulação do
quadril. A, Incisão da pele. B, O acesso foi concluído, exceto a
incisão da cápsula articular. VEJA A TÉCNICA 1-56.
• ACESSOS LATERAIS

TÉCNICA
(WATSON-JONES)
__________
ACESSO LATERAL AO QUADRIL
__,.~
sobre a face lateral do grande trocânter e a superfície
latera l da diáfise femora l a 5 cm distais da base do
trocânter.
•Localize o interva lo en tre o glúteo médio e o tensor da
•Inicie uma incisão 2,5 cm distais e latera is à espin ha ilíaca fáscia lata. A delineação deste interva lo muitas vezes é
anterossuperior e curve-a distalmente e posteriormente difícil. Brackett ressaltou que isso pode ser f eit o mais )
--
) fac
PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

il mente começando a separação a meio caminho entre


a espinha anterossuperior e o grande trocãnter antes que
o tensor da fásc ia lata se misture com sua inserção fasc ial.
• Continue a incisão na fáscia lata proximal mente em linh a
com a in cisão na pele, liberando a fáscia que cobre o
glúteo médio.
O ventre grosso e a direção das f ibras do glúteo médio • A exposição do aspecto posterior do trocânter maior, a
ajudam a distingui-los a partir da estrutura mais fina do inserção dos rotadores externos curtos, e a pa rte posterior
músculo tensor da fáscia lata. da cápsula da arti cu lação são limitadas pela pa rte poste-
•Faça a dissecção proxima lmente para expor o ramo infe- rior da fáscia lata e pelas fibras do glúteo máximo inseri-
ri or do nervo glúteo superior, que inerva o múscu lo tensor das nela. Para obter amp la expos ição posteri orm ente e
da fáscia lata. proporcionar um espaço em que a cabeça do fêmur possa
•Incise a cápsula da arti cu lação long itu dinalmente ao ser deslocada, faça uma incisão ob líqua curta na superfí-
longo da superfície anterossuperi or do colo do fêmur. Na cie profunda da fáscia lata posteriormente refletida,
parte dista l da in cisão, a origem do vasto latera l pode ser estendendo-a para a substância do glúteo máximo (Fi g.
rebatida distalmente ou dividida longitudinalmente para 1-70A). Comece esta incisão no nível do meio do trocân-
expor a base do trocânter e a parte proxim al da diáfise t er maior, e estenda-a med ial e proximalmente para o
femoral. glúteo máximo para lelo às suas fibras por 4 cm.
• Se um campo mais vasto for desejado, sepa re as fibras •Rebata anteriorm ente a parte anterior da banda ili otibial
anteriores do tendão do glúteo médio do trocânter ou e o tensor da fáscia lata, que formam a aba anterior,
rebata a parte anterossuperior do grande trocânter pro- passando um elevador periostea l ao longo da cápsula
xima lmente com um osteótomo juntamente com a inser- anterior do acetábulo.
ção do músculo glúteo médio. Isso preserva a inse rção do •Libere os múscu los abdutores osteotom izando o trocân-
glúteo médio de tal forma que ele pode ser fac ilmente ter maior da segu inte forma (Fi g. 1-708): rebata distal-
religado posteriormente. mente a orig em do vasto latera l; coloque um instrumento
entre os músculos abdutores e a superfície superior da
cápsul a articu lar, e direcione a osteotom ia supe ri o rm ente
e mediaimente a partir de um ponto 1,5 cm distal ao
ACESSO ~ATERAL PARA A EXTENSA tubércu lo do vasto lateral até a superfície superior do colo
EXPOSIÇAO DO QUADRIL do fêmur.
Harris recomenda o segu inte acesso lateral para a extensa •Libere a parte superior da cápsu la da articu lação do tro-
exposição do quadril. Ele permite o deslocamento da cabeça cânter maior. Durante essas manobras, proteja o nervo
do fêmur anterior e posteriormente. Esse acesso requer uma ciático usando um retrator suave.
osteotom ia do grande trocânter, porém com o risco decor- 1. Divida o piriforme, o obturador externo e o obturador
rente de bursite trocantérica ou não un ião . Além disso, interno das suas inserções femorais (Fi g. 1-70C).
conforme relatado por Testa e Mazur, a incidência de ossifi- 2. Exc ise as partes anteriores e posteriores da cápsula
cação heterotópica significativa ou incapacitante é aumen- sob visão direta tão proximalmente quanto o ace-
tada após a artroplastia total do quadril com uso de um tábulo.
acesso late ral transtrocantérico em comparação com •Prossiga com a operação anteri ormente. Profundamente
um acesso latera l direto. ao reto femoral, insira um afast ador Bennett pequeno
sem ponta cortante para que seu gancho seja colocado

-----------"~
TÉCNICA sobre a espin ha ilíaca anteroinferior.
• Rebata superiormente o trocânter maior e os seus mús-
(HARRIS) culos abdutores li gados para expor as partes supe ri ores e
anteriores da cápsula.
• Coloque o paciente sobre o quadril não afetado e eleve • Coloque um afast ador f in o entre a cápsu la e o iliopsoas
o afetado em 60 graus; mantenha esta posição usando para expor as partes anteriores e inferiores da cápsu la.
sacos de areia ou um rolo espesso e longo de coberto r, Traba lhando a partir dos aspectos anterior e posterior da
que se estenda desde abaixo da escápu la ao sacro. articulação, excise a quantidade de cápsu la desejada; se
• Faça uma incisão na pele em fo rma de U com a sua base o músculo iliopsoas necessitar ser transplantado, deixe o
na borda posterior do grande trocânter como se segue (Fig. coto da parte anteri or da cápsula intacto.
1-70A) Comece a incisão a cerca de 5 cm posteriores e •Des loq ue a cabeça do fêmur anteriormente esten -
ligeiramente proximal à espinha ilíaca anterossuperior, dendo, aduzindo e girando externamente o fêmur.
curve-a distal e posteriormente para o canto posterossu- Antes ou depo is do quadril ter sid o des locado, faça o
perior do trocânter maior, estenda-a long itud inalmente por trocânter menor ficar à vista flexionando e girando
cerca de 8 cm, e, finalmente, curve-a gradua lmente ante- externamente o fêmur e, se desej ar, divida o ili opsoas
ri or e distalmente formando um U simétrico. sob visão direta .
• Começando dista l mente, divida a band a iliotibial em linha •Exponha a circunferência comp leta da cabeça do fêmur
com a incisão na pele; no trocânter maior, coloque um colocando o trocânter maior e seu pedículo muscu lar no
dedo profundamente à banda, sinta a inserção femoral acetábu lo e gi rando externamente o fêmur (Fi g. 1-70D).
do glúteo máximo na tuberosidade glútea, e ori ente a • Para expor todo o acetábu lo, retraia o trocâ nter ma ior
in cisão na fáscia lata posteriormente, mas mantenha superiormente, e desloque a cabeça do fêmur poste ri or-
a largura de um dedo anterior a essa inserção. mente (Fig. 1-70E) f lexionando e aduzindo o joelho e )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

máximo

Trocânter maior
osteotomizado
posicionado
no acetábulo

E Cabeça femoral deslocada posteriormente ao acetábulo

O@lh@llJ:!9 Acesso lateral de Harris ao quadril. A, A banda iliotibial foi dividida proximal ao trocânter maior. Um dedo foi colocado
na inserção do glúteo máximo na banda, e a fáscia lata deve ser incisada com um dedo de largura anterior à inserção (linha tracejada)
sem corte na inserção do glúteo má ximo. B, Para obter ampla exposição posteriormente e proporcionar um espaço em que a cabeça
do fêmur possa ser deslocada, uma incisão oblíqua curta foi feita na fáscia lata posteriormente refletida estendendo-se para o glúteo
má ximo (veja texto) . O trocânter maior deve ser osteotomizado (veja te xto) . C, O trocânter maior foi osteotomizado e retraído supe-
riormente; a parte superior da cápsula articular foi liberada; e as inserções de piriforme, obturador externo e obturador interno devem
ser divididas. D, A circunferência completa da cabeça do fêmur foi exposta colocando o trocânter maior e seu pedículo muscular no
acetábulo e girando externamente o fêmur. E, O acetábulo inteiro foi exposto pela retração do trocânter maior superiormente e des-
locando a cabeça do fêmur posteriormente. VEJA A TÉCNICA 1-57.
--
)
PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

flexionando e girando internamente o quadril . Flexionar


o joelho reduz a tensão sobre o nervo ciático enquanto
a cabeça é deslocada posteriormente.
suture-os na área não dissecada do vasto latera l, na pro-
funda inserção do glúteo máximo, e na parte proximal do
quadrado femoral.
•Ao fechar o ferimento, coloque o membro em abdução
quase completa e em cerca de 1O graus de rotação externa.
Desloque o trocânter maior distalmente, e fixe-o direta-
mente ao lado lateral da diáfise do fêmur com dois amarri-
lhos de arame, parafusos ou cabo. Para uma descrição mais
detalhada de fixação do trocânter maior, veja o Capítu lo 3.
ACESSO LATERAL TRANSGLÚTEO
AO QUADRIL
Hardinge descreveu uma modificação transglútea úti l do
acesso latera l direto de McFarland e Osborne baseada na
ACESSO LATERAL AO.QUADRJL observação de que o glúteo médio se insere no grande
PRESERVANDO O GLUTEO MEDIO trocânter por um te ndão forte, móvel que se curva ao redor
do ápice do trocânter. Esta abordagem pode ser feita facil-
McFarland e Osborne descreveram um acesso latera l ao

._.. .____
mente com o paciente em posição supina. A osteotom ia
quadril que preserva a integridade do músculo glúteo do grande trocânter é evitada.
médio. Eles observaram que os músculos glúteo médio e
vasto lateral podem ser vistos como estando em continui -
dade funcion al direta através do periósteo grosso que TÉCNICA __.~
cobre o trocânter maior.
(HARDINGE)

-------~
TÉCNICA
• Coloque o paciente em supino com o trocânter maior na
(MCFARLAND E OSBORNE) borda da mesa e os músculos das nádegas liberados a
partir da borda.
•Faça uma incisão mediolateral na pele (Fig . 1-71 A) cen - •Faça uma incisão posteriormente direcionada em forma
trada sobre o trocânter maior; o seu comprimento depende de J centrada sobre o grande trocânter (Fig. 1-72A).
da quantidade de gordura subcutânea. Exponha a fáscia •Divida a fáscia lata em linh a com a incisão da pele e
glútea e a banda iliotibial, e divida-as em uma linha reta centrada sobre o trocânter maior.
mediolateral ao longo de to da a extensão da incisão na •Retraia o tensor da fáscia lata anteriormente e o glúteo
pele (Fig . 1-718). máximo posteriormente, expondo a origem do vasto
•Retra ia a glúteo máximo posteriormente e o tensor da latera l e da in serção do glúteo médio (Fig. 1-728).
fáscia lata anteriormente. •In cise o tendão do glúteo médio obliquamente pelo
•Exponha a glúteo médio, e separe-o do piriforme e do trocânter maior, deixando a metade posterior ainda
glúteo mínimo por meio de uma dissecção romba . li gada ao t rocânter. Continue a in cisão proximalmente
•Identifique a borda posterior proeminente do glúteo em linha com as fibra s do glúteo médio na junção do
médio onde ele se junta com a borda posterior do tro- terço médio e posterior do músculo . Esta divisão do
cânter maior. A partir deste ponto, faça uma incisão glúteo médio não deve ser mais de 4 a 5 cm a partir da
aba ixo do osso através do periósteo e da fáscia obliqua- ponta do grande trocânter para evita r dano ao nervo
mente e distalmente ao trocânter maior até o meio do g lúteol superior e artéria. Distal mente, continue a incisão
aspecto lateral do fêmur; continue-a distalmente no vasto anteriormente, de acordo com as f ibras do músculo
lateral até a extrem idade dista l da incisão da pele (Fig. vasto lateral até o osso ao longo da superfície anterola-
1-71 C). teral do fêmur (Fig . 1-728)
• Com uma faca ou um cinzel afiado, descasque a partir •Eleve as inserções tendíneas das porções anteriores do
do osso em uma única peça a inserção do glúteo médio, glúteo mínimo e do vasto lateral. A adução da coxa expõe
o periósteo, a jun ção tendinosa entre o glúteo médio e a cápsula anterior da articulação do quadril (Fig. 1-72C).
o vasto lateral, e a origem do vasto latera l. A porção do •Incise a cápsula como desejado.
vasto lateral descascada inclui aquela ligada à parte pro- •Durante o fechamento, repare o tendão do glúteo médio
xima l da linha áspera, a borda distal do trocânter maior, com suturas trançadas não absorvíveis.
e uma parte da diáfise do fêmur.
•Retraia anteriormente toda a massa muscular combinada,
que consiste no glúteo médio e no vasto latera l com sua
junção tendinosa (Fig. 1-71D). Separe, divida e retraia pro-
ximalmente o tendão do músculo glúteo mínimo para Frndak et al. modifi caram o acesso transglúteo lateral direto
expor a cápsu la da articu lação do quadril (Fig . 1-7 1E). de Hardinge, colocando o abdutor "separado" mais anterior, dire-
Incise a cápsula como desejado (Fig. 1-7 1F). tamente sobre a cabeça e colo do fêmur (Fig. 1-73). O "separado"
•Durante o fechamento, suture a cápsu la e o glúteo mínimo não deve se estender mais do que 2 cm acima da borda lateral do
como uma única estrutura. Aduza o quadril, retorne o acetábu lo para evitar danos ao feixe neurovascular glúteo. Visto
glúteo médio e o vasto lateral à sua posição original, e que o abdutor "separado" é mais anterior, a exposição da cabeça e
colo do fêmur requer menos retração.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

B e D

01§11;!-'lll• Acesso lateral ou posterolateral de McFarland e Osborne ao quadril. A, Incisão da pele. B, A fáscia glútea e a banda
iliotibial são divididas em linha mediolateral. C, A incisão é feita ao osso obliquamente através do trocãnter e distalmente no vasto
lateral . D, A massa muscular combinada, que consiste no glúteo médio e no vasto lateral com sua junção tendinosa, é elevada e retraída
anteriormente. E, O tendão do glúteo mínimo é separado e dividido proximalmente antes da retra ção. F, A cápsula foi aberta para
expor a articulação. (De McFarland B, Osborne G: App roach to t he hip: a suggested improvement on Kocher's method, J Bane Joint Surg 368:364,
1954 ) VEJA A TÉCNICA 1-58.
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo glúteo Músculo


B máximo e vasto lateral

h(§lh@lllJI Acesso transglúteo latera l direto de Hardinge. A, Incisão lateral em forma de J da pele. B, Os tensores da fáscia lata
são retraídos anteriormente e o glúteo máximo é retraído posteriormente. A incisão através do tendão do glúteo médio está delineada.
A metade posterior é deixada conectada ao trocânter maior. C, A cápsu la anterior da articulação é exposta. (Modificado de Hardinge K:
The direct lateral approach to the hip, J Bane Joint Surg 64B: 17, 1982.) VEJA A TÉCNICA 1-59.

Músculo
A vasto lateral B

iê(§ll;b'lli9 Acesso transglúteo lateral direto modificado. A, abdutor "separado" é determinado pela loca lização do colo do fêmur.
B, Incisão capsular paralela à borda sué rior.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRG ICAS -

É expl icado porque separar os múscu los glúteos do íl io e


ACESSO LATERAL TRANSGLÚTEO interferir na fun ção da banda iliotibia l são desnecessários,
AO QUADRIL a reabi litação após cirurgia é rápida.
Mclauch lan descreveu um acesso latera l transg lúteo direto

-------~
ao quadri l através do glúteo médio usado por muitos anos TÉCNICA
por Hay no Hosp ita l Stracathro. É também baseado na
observação anatômica feita por McFarland e Osborne men - (GI BSON)
cionada anteriormente, que o glúteo médio e o vasto
latera l estão em continuidade funcional através do periós- •Coloque o paciente em uma posição latera l.
teo espesso que cobre o trocânter maior. •Comece a incisão no membro proxima l em um ponto de
6 a 8 cm anterior à espinha ilíaca posterossuperior e logo
distal à crista ilíaca, na linha recobre a borda anterior do
TÉCNICA músculo do glúteo máximo. Estenda-a à borda anterior
do trocânter maior e mais distalmente ao longo da linha
(HAY, DESCRITO POR MCLAUCH LAN) do fêmur por 15 a 18 cm (Fig. 1-75A)
• Por dissecção romba, rebata as abas de pele e gordura
•Coloque o paciente na posição de decúbito latera l, com subcutânea da fáscia profunda subjacente a uma curta
o quadri l afetado mais alto. distância anterior e posteriormente.
•Faça uma incisão longitudinal latera l na pele (Fig. 1-74A) • Incise a banda iliotibial em linha com as suas fibras, come-
centrada no meio do cam inho entre as bordas anteriores çando na extremidade dista l do fer imento e estendendo-a
e posteriores do trocânter maior e estendendo a uma proximalmente para o grande trocânter.
distância igual proxima l e dista l à ponta do trocânter. Em •Abduza a coxa, insira o dedo enluvado através da extre-
deformidades rotacionais laterais do quadri l, coloque a midade proximal da incisão na banda, loca lize por palpa-
incisão mais posteriormente. ção o sulco na borda anterior do múscu lo glúteo máximo,
• Incise o fáscia profunda e o tensor da fáscia lata em linha e estenda a incisão proxima lmente ao longo deste sulco.
com a incisão na pele.
Aduza a coxa, retraia as massas anterior e posterior, e
• Retraia estas estruturas anteriormente e posteriormente
exponha o trocânter maior e os múscu los que são inseri-
para expor o trocânter maior com o glúteo médio ligado
dos nele (Fig. 1-758)
a ele proximalmente e o vasto latera l ligado dista lmente
• Separe a borda posterior do múscu lo glúteo médio do
(Fig. 1-748)
tendão piriforme adjacente por dissecção romba.
•Separe o glúteo médio na linha de suas fibras por uma
•Divida os músculos do glúteo médio e mínimo em suas
distância de não mais que 4 a 5 cm para evitar danos ao
inserções, mas deixe o suficiente dos seus tendões ligados
feixe neurovascular glúteo superior. Eleve duas fat ias
ao trocânter maior para permitir fácil fechamento do
retangulares de trocânter ma ior, uma anteriormente e
ferimento. Rebata estes músculos (inervados pelo nervo
outra posteriormente com um osteótomo. Estas fatias de
glúteo superior) anteriormente (Fig. 1-75C) As partes
trocânter têm o glúteo médio ligado à elas proximal-
anteriores e superiores da cápsu la articular agora podem
mente e o vasto latera l ligado dista lmente (Fig. 1-74C).
ser vistas.
•Retraia anteriormente e posteriormente para revelar o
• Incise a cápsu la superiormente no eixo do colo do fêmur
glúteo mínimo.
a partir do acetábu lo à linha intertrocanteriana; incise o
•Gire o quadri l externamente, e separe o glúteo mínimo
tanto da cápsula quanto necessário ao longo da linha da
na linha de suas fibras ou separe-o do trocânter maior.
articu lação anteriormente e ao longo da linha intertrocan-
• Incise a cápsula da articulação do quadril, insira retratores
térica latera lmente. O quadril agora pode ser deslocado,
de haste anterior e posteriormente ao longo das bordas
do acetábulo, e desloque o quadri l anteriormente por flexionando o quadril e o joelho, abduzindo e girando
flexão e rotação externa (Fig. 1-740) . O colo do fêmur e externamente a coxa (Fig. 1-750).
o acetábulo são bem expostos para artrop lastia total do •Uma exposição suficiente do quadri l pode ser obtida
quadri l de rotina ou para revisões difíceis. muitas vezes com menor divisão dos múscu los inseridos
•Ao fechar, suture a cápsu la o suficiente dela que foi deixado. no trocânter; a extensão da divisão depende do tipo de
•Gire o quadril internamente e suture as fatias trocantéri - operação proposta, a quantidade de exposição necessá-
cas ao periósteo e com os tecidoss moles cubra o trocân - ria, a tensão dos tecidos moles, e a presença ou ausência
ter. As fatias trocantéricas se unem sem qua lquer de contraturas em torno da articulação. Por outro lado,
prob lema, e a função do abdutor retorna rapidamente. quando a exposição amp la da articu lação é necessária,
•Com cuidado, feche a fáscia profunda com suturas especia lmente do acetábu lo, uma divisão ma is extensa
interromp idas. dos múscu los pode ser necessária. Gibson pensou ser
adequado re ligar os múscu los no trocânter ma ior por
suturas interrompidas.
•Para preservar a inserção dos músculos abdutores, osteo-
tomize o trocânter e depois o rel igue com duas voltas de
ACESSO POSTEROLATERAL fio, parafusos interfragmentários de 6,5 mm, ou cabo. As
Gibson é o responsáve l pela redescoberta do acesso pos- vo ltas de f io passam através da inserção dos múscu los
terolateral ao quadri l na América do Norte, descrito pela proxima l ao trocânter e através de um furo feito com
primeira vez e recomendao por Kocher e Langenbeck. broca na diáfise do fêmur 4 cm dista is à osteotomia.
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

A B
Músculo Músculo Músculo Músculo
glúteo glúteo glúteo glúteo
mínimo médio mínimo médio

e D

O@'hf!illJ:9 Acesso lateral transglúteo do quadril de Hay A, Incisão da pele. B, Grande trocânter é exposto com o glúteo médio
ligado a ele proximalmente e o vasto lateral distal mente. A linha tracejada indica incisão a ser feita em tecidos moles. C, Fatias retan-
gulares do trocânter maior foram elevadas anteriormente e posteriormente. D, Articulação do quadril foi aberta e pode ser deslocada
como descrito. (Modificado de Mclauchlan J: The Stracathro approach to the hip, J Bane Joint Surg 668:30, 1984.) VEJA A TÉCNICA 1-60.

Figura 1-76 mostra uma modificação da abordagem de Gibson ressecção e a inserção de uma prótese femoral proximal. Se a viabi-
por Marcy e Fletcher para a inserção de uma prótese, em que o lidade da cabeça femoral for necessária, como na artroplastia de
quadril é deslocado por rotação interna e a parte anterior da cápsula recapeamento do quadril ou reparo de fratura; a artéria circunflexa
articular é preservada para impedir que o quadril desloque anterior- femoral medial e seus ramos ascendentes devem ser protegidos (Fig.
mente após a cirurgia. 1-65). Os piriformes, obturador interno e músculos gêmeos devem
ser separados bem longe do aspecto posterior do trocânter maior
• ACESSOS POSTERIORES (Fig. 1-77) e as ligações do obturador externo e do quadríceps
Acessos posteriores são ideais para procedimentos em que a viabi- femoral devem ser preservadas. Outras abordagens, mais anteriores,
lidade da cabeça do fêmur é desnecessária, como a artroplastia de frequentemente são mais adequadas para estes procedimentos.
CAPÍTULO 1 TÉCNI CAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS --

Músculo
glúteo
máximo ~
Músculo
piriforme ~
Músculos rotadores ·
externos curtos ~

f
Quadrado
femoral_/
~~
A

Músculo
vasto
l ate ra l--~~~A-""\ Inserções dos
glúteos médio
e mínimo

e D

O[ijli;fdlla Acesso posterolateral de Gibson à articulação do quadril. A, Incisão da pele. B, Massas musculares anteriores e poste-
riores foram retraídas para expor o trocânter maior e os músculos que se inserem nele. C, Glúteo médio e mínimo foram divididos
perto de suas inserções no trocânter maior e retraídos. A incisão na cápsula é mostrada. D, A articula ção do quadril foi lu xa da fazendo
a fle xã o, abdu ção e rota ção externa da coxa. VEJA A TÉCNICA 1-61.

os ramos da artéria g lútea inferi or e o nervo (Fig .


ACESSO POSTERIOR AO QUADRIL 1-77B)
•Divida a inserção do glúteo máximo na f ásc ia lata por

--------~
TÉCNICA 5 cm, que corresponde ao membro longitudinal da
in cisão.
(OSBORN E) •Gire a coxa internamente, sepa re os tendões dos múscu-
los piriforme e gêmeos perto de suas inserções no trocân -
• Comece a incisão 4,5 cm distais e laterais à espinha ilíaca ter, e retraia os músculos mediaimente. Os gêmeos protegem
posterossuperior, e con tin ue-a latera lmente e distalmente, o nervo ciático (Fig. 1-77C)
mantendo-se em paralelo com as fibras do músculo glúteo •A cápsul a da articu lação pode agora ser vista e incisada
máximo, até o ângulo posterossuperi or do trocânter ma ior, longitudinalmente para expor a superfície posterior do
e dista lmente ao longo da borda posterior do trocânter por colo do fêmur e a borda posteri or do acetábulo. A expo-
5 cm (Fig. 1-77 A). sição maior pode ser obtida através da retração do músculo
• Separe as fibras do glúteo máximo para lelame nte com glúteo médio proximalmente e o músculo quadrado femoral
a linh a de inc isão, não ma is do que 7 cm para proteger dist almente.
- PARTE 1 PRIN CÍPIOS BÁSICOS

Músculo
glúteo
máximo X ~ Y< M~scu l o
gluteo
médio
'
,\ V Tmcânter
)/ \ maior

Liberação dos
rotadores
externos

li[ijll;fJ.illZJt Modifica ção do acesso postero lat era l de Gibson ao quadril. A part e anterior da cápsula articular é preservada para
imped ir que o quad ril desloque após a cirurg ia. O acetábulo não é bem exposto, mas o acesso é suficiente para a remoçã o da cabeça
do f êmur e inserção de prótese .

• Comece a incisão aproximadamente 1O cm dist al à esp inh a


ACESSO POSTERIOR AO QUADRIL ilíaca post erossu perior, e estenda-a distalmente e latera l-
mente em paralelo com as f ibras do glúteo máximo à
TÉCNICA
(MOORE)
mm"'-----~ ma rgem posterior do trocânter ma ior. Direcione a incisão
dista lmente 1O a 13 cm, paralelamente com a diáfise fe-
moral (Fig. 1-78A)
• Exponha e divida a fáscia profunda em linha com a incisão
• O acesso de Moore foi esp irituosamente chamada " a na pele.
exposição su lista". Coloq ue o pacient e sobre o lado não • Por dissecção romba, separe as f ibras do glúteo máximo,
af et ado . não mais de 7 cm da ponta do t rocâ nter, para evitar
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DEAC ESSO CIRÚRGICAS -

Nervo
ciático

Músculo
obturator
inte rn o

gêmeos

e
O[ril!ifd ~ Acesso posterior de Osborne à articul ação do q uad ril. A, Incisão da pele . B, Glúteo máxi mo fo i abe rto em linha com
as suas f ib ras e retraído. C, Piriforme, gêmeos e obturador interno foram d ivi didos em su as inse rções e refletidos mediaim ente para
expor o aspecto post eri or da cáps ul a artic ul ar. VEJA A TÉCNICA 1-62.

lesões aos ramos da artéria glútea inferior e o nervo (Fig. femora l e gêmeo inferior, que contém f ibras sensori ais
1-788). para cápsu la articu lar.
• Retraia as fibras proximais do glúteo máximo proxi - • Exponha e divida os gêmeos, obturador interno e, se
ma lmente, e exponha o trocânter ma ior. Retraia as desejar, o tendão do múscu lo piriforme em sua inser-
f ibras distais dista lmente, e divida parcia lmente sua ção no f êmur, e retraia os músculos medi aimente.
inserção na linha áspera em linha com a pa rte dista l Ma rque estes para reatamento ma is tarde ao t rocânter,
da inci são. se desejar.
• Exponha o nervo ciático e retraia-o com cu idado. (Após • A parte posterior da cápsula articular está agora bem
o cirurgião se tornar familiarizado com essa abordagem, exposta (Fig. 1-78C); incise-a de dista l para proximal ao
o nervo ciático raramente precisa ser exposto.) Divida longo da linha do colo femora l até a borda do acetábu lo.
um pequeno ramo do plexo sac ral para o quadrado • Separe a parte distal da cápsu la do fêmur. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

e D

O!§ii;M1El9 Acesso posterior de Moore à articulação do quadril. A, Incisão da pele. B, Glúteo máximo foi dividido de acordo com
as suas fibras e retraído para expor o nervo ciático, trocânter maior, e os músculos rotadores externos curtos. C, Músculos rotadores
externos curtos foram liberados do fêmur e retraídos mediaimente para expor a cápsula articular. D, Cápsula articular foi aberta, e
articulação do quadril foi deslocada por flexão, adução e rotação interna da coxa. VEJA A TÉCNICA 1·63.

•Flexione a coxa e o joelho a 90 graus, gire internamente


)
a coxa, e luxe o quadril posteriormente (Fig. 1-780).
ACESSO MEDIAL AO QUADRIL
Ferguson, Hoppenfeld e deBoer descreveram um acesso
media l com base na abordagem da Ludloff com o intervalo
muscu lar superficia l entre o grácil e adutor longo e o pro-
• ACESSO MEDIAL
fundo entre o adutor curto e adutor magno (Fi g. 1·79).
O acesso medial ao quadril, descrito pela primeira vez por Ludloff em
1908, foi desenvolvido para permitir a cirurgia em um quadril conge-
nitamente deslocado, com o quadril flexionado, abduzido e girado TÉCNICA
externamente. Com o quadril nesta posição, a distância a partir da
pele ao aspecto medial da cabeça femoral e trocânter menor é de cerca (FERGUSON; HOPPENFELD E DEBOER)
de metade daquela presente quando a quadril está na posição normal.
Acredita-se que o intervalo muscular para a abordagem de •Faça uma incisão longitudinal no aspecto médio da coxa,
Ludloff seja entre o sartório e adutor longo, com o intervalo mais começando cerca de 2,5 cm distal ao tubérculo púbico e
profundo sendo entre o iliopsoas e pectíneo, embora Ludloff não ao longo do intervalo entre os músculos grácil e adutor
tenha definido com precisão os planos em seus artigos originais em longo.
alemão. Uma avaliação por Mallon e Fitch esclarece os intervalos
anatômicos para os vários acessos mediais.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

Músculo
grácil

longo

Músculo adutor
A B magno

Feixe neurovascular
do músculo grácil

Plano de
clivagem

Músculo
adutor
magno-+---;;==~

e D
magno

iâ@ii#j111li9 Acesso medial de Ferguson; Hoppenfeld e deBoer à articulação do quadril. A, Incisão da pele. B, Plano entre os mús-
culos adutor longo e grácil a ser desenvolvido. C, O adutor longo foi retraído anteriormente, e o grácil e o adutor magno foram
retraídos posteriormente. D, O trocânter menor foi exposto. VEJA A TÉCNICA 1-64.

•Desenvolva o plano entre os músculos adutor longo e posteriores do acetábulo e da pelve. O procedimento para a
curto anteriormente e os músculos grácil e adutor magno redução aberta e fixação interna de fraturas do acetábulo é deta-
posteriormente. lhado no Capítulo 56. As complicações associadas a estes acessos
•Exponha e proteja o ramo posterior do nervo obturador mais extensos levaram ao desenvolvimento de técnicas de redução
e o feixe neurovascular do músculo grácil. O trocânter indireta e fixação percutânea para fraturas do acetábulo utilizando,
menor e a cápsula da articulação do quadril estão locali- se possível, apenas partes destes acessos. Muitas dessas abordagens
zados no assoalho da incisão. podem ser adaptadas para a difícil artroplastia total primária do
quadril ou sua revisão.

ACETÁBULO E PELVE • ACESSOS ANTERIORES

A tomografia computadorizada e a digitalização computadorizada ACESSO ILIOINGUINAL


tridimensional têm ajudado muito na caracterização da configura-
ção de fraturas e no planejamento pré-operatório para a redução
AO ACETÁBULO
de fraturas da pelve e do ace tábulo. Modificações de acessos mais Letournel desenvolveu o acesso ilioinguinal em 1960 como
tradicionais foram desenvolvidas para fraturas do acetáb ulo ante- uma abordagem anterior ao acetábulo e à pelve para o
rior, posterior e lateral. Acessos extensos foram desenvolvidos tratamento operatório da parede anterior do acetábulo e )
para fraturas mais complexas que envolvem as colunas anteriores e
- PARTE 1 PRINC ÍPI OS BÁSICOS

da coluna anterior das fraturas pélvicas. A superfície arti- • Para gan har mais exposição media imente, ret raia o cordão
)
cu lar do acetábulo não é exposta, o que é uma desvanta- espermático e o ligamento redondo latera lmente, expondo
gem. Este acesso proporciona exposição da tábua interna a fáscia transversa l e o tendão conjunto, que formam o
do osso inominado da sínfise púbica ao aspecto anterior assoalho do ca nal ingu inal.
da articulação sacroi líaca, incluindo, no entanto, a superfí- •Divida o tendão conjunto do oblíquo interno e transverso
cie quad rilateral e os ramos púb icos superi or e inf erior. A do abdo me e o te ndão do músculo reto abdomi nal em
musc ulatu ra abd utora do quadril é deixada intacta, e uma suas inserções no púb is para abrir o espaço retropúb ico.
ráp ida recuperação pós-operatória é possível. • As estruturas abaixo do ligamento ingu ina l estão dentro
Um conhecimento profundo da anatomia cirúrg ica desta de dois compa rt imentos ou lacunas. A lacuna muscular é
área é necessário para evitar complicações desastrosas. lat era l e cont ém o múscu lo iliopsoas, o nervo f emoral e
o nervo cutâneo femoral lateral. A lacuna vascular é medial

------~
e contém os vasos ilíacos externos e linfáticos. A fáscia
TÉCNICA
ili opectínea , ou bainha do psoas, separa os do is com-
partimentos (Fig. 1-80E). Eleve cuidadosamente os vasos
(LETOURNEL E JUDET, DESCRITO POR MATTA) ilíacos externos e linfáticos da fáscia iliopectínea por
meio de uma issecção romba e genti lme nte os retraia
•Posicione o paciente em posição supina sobre uma mesa med iaimente.
de fratura com t ração esq uelética ap licada sobre o lado •El eve a fásc ia ili opectínea do ili opsoas subjacente e
cometido por meio de um pino femoral dista l. A tração divida-a com uma tesoura até a em inência pectínea
não deve ser uti lizada na presença de fraturas de ramos (Fig. 1-80 F e G), e continue a dissecção lateralmente
púb icos inferior e supe rior contra laterais po rque a defor- sob o il iopsoas at é o múscu lo e a fáscia circundante
midade do anel pélvico anterior ocorre pela pressão a estarem livres da cavidade pélvica subjacente. Passe um
partir do períneo. Aplique a tração lateral, se necessário, dreno Penrose sob o iliopsoas, o nervo femoral e o
por meio de um parafuso de tração introduzido no tro- nervo cu t âneo femora l latera l para o uso como um
cânter ma ior e ligado a um suporte lateral na mesa de afastador.
fratura. •U sando dissecção romba com o dedo, comece mobili-
• Comece uma incisão 3 cm acima da sínfise púb ica e za ndo os vasos ilíacos extern os e linfát icos trabalhando
continue-a lateralmente através da pa rte inf eri or do de late ral para med ial. Proc ure a arté ria obturadora e os
abdômen at é a espi nha ilíaca anterossuperior. Continue-a nervos medial e posterior aos vasos. Ocasiona lmente, a
posteri ormente ao longo da crista il íaca até a junção dos artéri a o u a ve ia do obturador t em uma anastomose
terços méd io e posterior da crista (Fig. 1-80A). anômala com o ilíaco externo ou com a artéria ou a veia
• Eleve conjuntamente as origens dos músculos abdom inais epigástrica inferior (Fig. 1-8 1). Isto é conhecido como
e do músculo ilíaco da crista. carona mortis ou "coroa de mort e" porque, se a anas-
• Eleve o ilíaco por meio de uma dissecção subperiosteal a tomose for acidentalmente cortada, a hemostasia torna-se
partir da tábua interna do ílio até a face anterior da arti- difícil de ser realizada. Se o vaso obturador anômalo
cu lação sacroilíaca. Continue a incisão anteriormente estiver presente, prenda, ligue e divida -o para evitar uma
através da fáscia superficial até a aponeurose do oblíquo lesão avu lsiva de tra çã o. Co loque um terce iro dreno de
externo e a fásc ia externa do múscu lo reto abdom inal Penrose em torno dos vasos ilíacos externos e linfáticos.
(Fi g. 1-80 B). De ixe o t ecid o areo lar em torno dos vasos e lin fáti cos
•I ncise conj unta mente a aponeurose do ob líquo ext erno e intacto.
a fásc ia externa do músculo reto abdom ina l pelo menos • Para expor a fossa il íaca interna e a cavidade pélvica
1 cm proxima l ao anel inguina l ext erno e em li nha com adjacente, retraia o iliopsoas e o nervo femora l media i-
a incisão na pele. mente. Continue a elevação do músculo ilíaco subpe-
• Abra o canal inguinal elevando e refletindo a borda distal riostalmente até a superfície quadrilateral da pe lve
da aponeurose oblíqua externa e da fáscia adjacente do confo rme necessário. Evit e fer ir os vasos ilíacos inter-
músculo reto abdominal (Fig . 1-80C). Proteja o nervo nos e glúteos conforme a dissecção continua proximal-
cutâneo femora l lateral, que pode estar adjacente à mente ao longo do espaço quadrilateral (Fig. 1-80 H e 1).
espinha ilíaca anterossuperior ou 3 cm med ial a ela . Para aume nta r a exposição do ramo púbico superior,
•Identifique o cordão espermático ou ligament o redondo retraia os vasos il íacos latera lmente e libere a origem
e o nervo ilioingu ina l adjacente. Libere conjuntamente do músc ul o pectíneo.
essas estruturas e prenda-as com um dreno Penrose. • Para obter acesso à toda a cavidade pélvica dista lmente à
•Li mpe o tecido areolar do ligamento inguinal, e incise face latera l do ramo púbico superior, à parede anterior do
cu idadosamente o ligamento ao longo de seu compri- acetábulo, à superfície quadrilateral e ao aspecto superior
ment o com um bisturi deixando 1 mm ligado aos mús- do forame obturador, retraia o iliopsoas e o nervo femora l
cu los oblíquo interno e transverso do abdome e à fáscia lateralmente e os vasos ilíacos externos mediaimente
t ransversa l (Fig. 1-80D). Tenha muito cu idado para não (Fig. 1-80J). Para obter acesso ao aspecto superior do forame
danifica r as estrut uras aba ixo do ligamento ingu ina l. obturador e ao ramo púbico superior, retra ia os vasos
•Tendo liberado a origem comum do oblíquo interno e ilíacos externos lateralmente e o cordão espermático ou
transverso do abdome do ligamento inguinal, a ba inha ligamento redondo med iaimente. Durante a retração dos
de psoas é abordada. Continue a proteger o nervo vasos ilíacos externos em qua lquer direção, verifique o
cutâneo femora l lat era l abaixo do ligamento inguina l. pu lso da artéri a il íaca interna com frequência e diminua a
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

Nervo
cutâneo

Aponeurose
refletida -----'-'-----=--=-,.,---

Vasos ilíacos
D externos
ilioinguinal

HMll;Mll!m Acesso ilioinguinal de Letournel and Judet. A, In cisão da pele. B, As origens dos músculos abdominais e ilíacos foram
elevadas a partir da crista ilíaca. A linh a tracejada mostra a incisão atravé s da fásc ia superficial e da aponeurose oblíqua externa . C, O
nervo cutâneo femoral lateral foi exposto, e a aponeu rose do oblíquo externo foi inci sada. O ilíaco foi refletido na t ábua interna do
ílio. O cana l inguin al foi aberto, refletindo a aba in cisada da aponeurose oblíqua extern a distalmente. O oblíquo interno, o ligam ento
inguinal e o cordão espermático ou ligamento redo nd o foram expostos. D, O ligamento inguinal foi incisado, liberando a origem
comum dos músculos oblíquo interno e transverso abdominal.

força de tração se o pulso for interrompido. Para obter •Reconecte o tendão do músculo reto abdominal ao peri-
acesso ao aspecto media l do ramo púbico superior e da ósteo do púbis.
sínfise púbica, retraia o cordão espermático ou ligamento •Reconecte a fáscia tran sversa l e os músculos ob líquo
redondo latera lmente (Fig. 1-SOK) interno e transverso abdomina l ao ligamento inguinal.
• Se necessário, liberte o ligamento inguina l e o músculo •Repare a fáscia il iopectínea que separa o iliopsoas da
sartório da espinha ilíaca anterosuperior, e eleve o tensor fáscia do músculo reto abdomina l e da aponeurose do
da fásc ia lata e os músculos glúteos a partir da superfície ob líquo externo.
externa da asa ilíaca.
•Na reparação de uma fratura pélvica, preserve tod os os
ligamentos muscu lares substanci ais para os fragmentos ACESSO ILIOFEMORAL
da fratura para evitar a desvitalização do osso.
•Antes de fechar o ferimento, insira drenas de sucção no
AO ACETÁBULO
espaço retropúbico e na fossa ilíaca interna cobrindo o O acesso anterior ilioingu inal de Letournel e Judet pode ser
espaço quadrilateral. utilizado de forma bilatera l para exposição extensa de tod a
•Reconecte a fáscia abdom inal à fásc ia lata na crista ilíaca a metade anterior do anel pélvico, sínfise púbica, fossa ilíaca,
com suturas fortes. e aspectos anteriores de ambas as articu lações sacroilíacas. )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
iliopsoas

Vasos ilíacos
E F externos

H@ii;t.)l§:l•M!•l1i E, A fáscia iliopectínea separa a lacuna muscular e a lacuna vascular. F, A fáscia iliopectínea é inci sada em
direção à eminência pectínea . G, Os vasos ilíacos internos foram separados e retraídos mediaimente da fáscia iliopectínea. H, Três regiões
da pelve expostas durante o acesso.

) A incisão na pele descrita na Figura 1-80 é contin uada •Desenvolva o intervalo entre o tensor da fáscia lata lateral-
através do ramo púbico superior oposto à espinha ilíaca mente e o sa rtório mediaimente, expondo o reto femoral.
anterossuperior e, em seguida, posteriormente ao longo da •Divid a o sartório na sua ligação à espinha ilíaca anteros-
crista ilíaca (Fig. 1-82). As inserções de ambos os músculos superior.
reto abdominais são liberadas. O restante da exposição é •Divida o ramo externo do nervo cutâneo femora l lateral.
desenvolvido como descrito na abordagem ilioinguina l •Incise a musculatura abdomina l anterior da crista ilíaca e
unilateral. reflita-a mediaimente.
Letournel modificou e melhorou o acesso de Smith-Pe- •Exponha a fossa ilíaca, elevando o músculo ilíaco (Fig.
tersen, ou iliofemoral. Os músculos na parede interna do 1-838). Proteja cuidadosamente o nervo femoral, os vasos
ílio são elevados para se ter acesso à coluna anterior dire- e os demais ramos do nervo cutâneo femora l lateral que
tamente dentro da pelve. se encontram logo mediais ao plano da dissecção.
• Separe as duas origens do reto femoral, e retraia o múscu lo
mediaimente para expor a superfície anterior da cápsula
~
TÉCNICA articu lar do quadril e a parede anterior do acetábulo.
~~~~~~~~-~ O tendão de iliopsoas pode ser dividido para proporcionar
(LETOURNEL E JUDET) maior acesso à coluna anterior. Preserve a musculatura
sobre a superfície externa da asa ilíaca nesta abordagem.
• Comece a incisão na pele no meio da crista ilíaca. Con- Um maior reflexo do ilíaco e da musculatura abdominal
tinue-a anteriormente sobre a espinha ilíaca anterossupe- posteriormente e mediaimente permite exposição da
rior e distalmente ao longo da borda medial do sartório parede interna do ílio até a articulação sacroilíaca. Ante-
até o terço médio da coxa anterior (Fig. 1-83A). riormente, o ramo púbico superior pode ser exposto, mas
•Divida as fáscias superficial e profunda. a sínfise púbica, não.
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

Músculo
reto
abdominal

O!§ll;!·H§:l1M;.J,\ 1, O nervo cutâneo femoral lateral , o iliopsoas e o nervo femoral foram retraídos medianamente para expor
a fossa ilíaca interna . J, A cavidade pélvica e a eminência pectínea foram expostas por retração lateral do iliopsoas e do nervo f emoral e
retra ção medial dos vasos ilíacos externos. K, O aspecto medial do ramo púbi co superior e sínfise púbica foram expostos pela liberaçã o
do músculo reto abdominal e retração lateral dos vasos ilíacos exte rnos e cordão espermático ou ligamento redondo. VEJA A TÉCNICA 1-65.

ilíaca posterossuperior (F ig. 1-84A). A incisão pode ser


ACESSO POSTERIOR estendida distalmente sobre a superfície lateral da coxa
AO ACETÁBULO por ap roximadamente de 1O cm, conform e necessário.
A comb inação do acesso de Koche r com o acesso de •D ivida a fáscia lata em linha com a incisão na pele con-
Langenbeck, descrito como acesso posterior de Kocher- juntamente com o glúteo máximo de acordo com as suas
Langenbeck por Letournel e Judet, fornece a exposição da fibras musculares por uma distância de não mais de 7 cm
parede e da coluna posterior do acetáb ul o. (Fig. 1-84B), protegendo o ramo do nervo glúteo inferior,
na parte ant erossuperior do glúteo máximo, para evitar
denervação dessa parte do músculo.
~
TÉCNICA •Identifiqu e e proteja o nervo ciático cobrindo o quadrado
---~~~~~~~-~ femoral (F ig. 1-84C). In cise os rotadores externos curtos
(KOCHER-LANGENBECK, LETOURNEL E JUDET) em suas inserções tendíneas no trocânter maior, e reba-
ta-os med iaim ente para proteger aind a mais o nervo
• Coloque o paciente em posição lateral com o quadri l ciáti co (Fi g. 1-84D). Deixe o quadrado femo ral e o obtu-
afetado mais alto. Se uma mesa de fratu ra e um pin o de rador externo intactos para proteger o ramo ascend ente
tração femora l supracondi lar forem usados, mantenha a subjacente da artéria femoral ci rcunflexa medial. A inser- ·
articu lação do joelho em pelo menos 45 graus de flexão ção tendinosa do glúteo máximo no fêmur pode ser
para evitar tração excessiva sobre o nervo ciá ti co. incisada para aumentar a exposição.
•C omece a incisão na pele sobre o trocânter maior e •El eve os glúteos médio e mínimo subperiostalm ente a
estenda-a proximal mente para dentro de 6 cm da espinha partir do ílio posterior e latera l. A retração destes músculos )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Placa da
sínfise - --:1111'11,
A

Artéria carona mortis

iâ@il;@11l19 A artéria corona mortis atrás do ramo púbico


superi o r. (Modificado de Daramains S, Lewis A, Bircher M: Corona mortis:
an anatomica l study with cl inica i implications in approaches to the pelvis
and acetabu lum, Clin Anat 20:453, 2007.) VEJA A TÉCNICA 1-65.

pode ser mantida pela inserção de dois pinos de Steinmann


) B
lisos no ílio acima da incisura ciática ma ior. Identifique e
proteja o nervo e os vasos do glúteo superior conforme
eles saem da incisura ciática maior. O acetábu lo posterior
intei ro e a coluna posterior estão agora expostos. Uma IU§ll;@ ~ Acesso ili o inguina l bil at eral. A, A incisão d a pe le
exposição maior pode ser adquirida por uma osteotom ia e a dissecção profund a fo ram rea li za d as co nforme descr ito para
do trocânter maior e reflexão das origens dos isquiotibiais o acesso ili oinguina l uni lat eral (Fig . 1-80) . B, As inserções de ambos
da tuberosidade isqu iática (Fi g. 1-84E). os múscul os reto abdom inais fo ram libert adas, e a sínfi se e os
• Reconecte o trocânter ma ior com dois parafusos interfrag- ramos púb icos supe riores foram expost os.
mentários de 6,5 mm durante o fechamento da ferida.

anterior e posterior. No entanto, isso exige incisão das


origens e inserções dos glúteos mín imo e médio da crista
ilíaca e do trocânter ma ior. Deve-se tomar muito cuidado
• ACESSOS EXTENSOS AO ACETÁBULO
para não danifica r os vasos glúteos superiores para evitar
Dado que a exposição completa das colunas anterior e posterior necrose isquêm ica dos abdutores do quadril. Na presença
do acetábulo requer abordagens anterior e posterior separadas, de uma fratura através da incisura ciática ma ior e de evi-
vários cirurgiões desenvolveram acessos extensos ao acetábulo dência arteriográfica de danos aos vasos glúteos superio-
para evitar os problemas encontrados quando se usa estes acessos res, este acesso não deve ser uti lizado .
distintos. Incluem -se aqui os acessos que eu e meus colegas acre-
ditamos serem os mais úteis. Para uma aná lise mais completa dos TÉCNICA
acessos extensos do acetábulo, consulte o livro de Mears e Rubash
(ver Referências).
(LETOURNEL E JUDET)

• Coloque o paciente em decúbito latera l sobre uma mesa


de fratura, se a tração femoral distal for necessária. Se a
tração não for necessária, uma mesa de operação normal
ACESSO EXTENSO ILIOFEMORAL pode ser uti lizada. Mantenha o joelho flexionado em mais de
Letournel desenvolveu um acesso iliofemora l estendido 45 graus para evitar tração excessiva sobre o nervo ciático.
que proporciona uma exposição completa das tábua • Comece a incisão na espinha ilíaca posterosuperior, estenda-a
interna e externa das colunas do ílio, do acetábulo, e ao longo da crista ilíaca sobre a espinha ilíaca anterossuperior,
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS --

Músculo
ilíaco

O!§il;tli11!!9 Acesso iliofemoral de Letournel e Judet. A, Incisão da pele. B, O aspecto anterior da articulação do quadril e a coluna
anterior são expostos liberando o sartório e o reto fem o ral, e refletindo os ilíacos medi aimente. VEJA A TÉCNICA 1-66.

e continue distalmente até a metade do aspecto anterolateral • Abra a articu lação do quadril por meio de uma capsulo-
da coxa (Fig. 1-85A). tomia em torno da borda do acetábu lo.
•Eleve os músculos glúteos e o tensor da fáscia lata do • A exposição da superfície interna do ílio e da coluna
tábua externa da asa do il íaco tão anteriormente distante anterior procede conforme o acesso iliofemoral de rotina.
quanto a espinha ilíaca anterossuperior. A divisão de alguns •Eleve os músculos abdomina is e il íacos da crista ilíaca e
dos ramos posteriores do nervo cutãneo femoral latera l é divida os li gamentos do sartório e o ligame nto inguinal
inevitável, mas proteja o tronco principal do nervo. subperiosta lmente a partir da esp inha ilíaca anterossupe-
• Abra a fáscia que cobre o trocãnter maior e o vasto latera l rior. Divida as origens das cabeças direta e refletida do
long itudin almente . reto femoral para expor a porção anterior da cápsula da
•I so le, ligue e divida a artéria circun fl exa femora l lateral articulação do quadril (Fig. 1-85 E)
(Fi g. 1-85B). • Durante o fechamento do acesso, reconecte o reto femoral,
•C ontinue a dissecção posteriormente à incisura ciática o sartório, as camadas fasciais da musculatura abdutora
maior. Cuidadosamente, identif iqu e e proteja os vasos e do quadril e o tensor da fáscia lata à asa ilíaca com suturas
o nervo glúteos superiores. passadas através do osso.
• Divida os tendões dos glúteos mínimo e médio, disseque • Repare os tendões dos glúteos mínimo e médio anatomi-
esses músculos da cápsu la da articu lação do quadri l, e camente.
rebata-os posteriormente (Fig. 1-85C). • Reconecte os tendões do pi riforme e do obturador interno
•D ivida os tendões do pirifo rme e do obtu rad or interno ao trocânter maior também com suturas transósseas.
em suas inserções no trocân ter maior, e eleve esses mús-
cu los da cápsu la da articulação do quadril. O nervo ciático
sa i do incisura ciática maior, aba ixo do músculo piriforme,
e deve ser protegido. Um afastador pode ser colocado na
incisu ra ciática maior; uma ret ração suave expõe a colun a
posterior (Fig. 1-85D). Evite uma lesão de tração ao nervo
ciático nesta exposição. Deixe o músculo quadrado
ACESSO EXTENSO ILIOFEMORAL
femora l intacto para proteger o ramo ascendente da Reinert et ai. desenvolveram uma modificação do acesso
artéria femo ral circunflexa medial. extenso iliofemoral de Letournel e Judet conceb id o para )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

O@l!;H1E9 Acesso posterior de Kocher-Langenbeck. A, Incisão da pele. B, Incisão da fáscia lata e separação do glúteo máximo
delineado. C, O glúteo máximo foi retraído, expondo rotadores curtos externos, nervo ciático, e vasos g lúteos superi ores. O ramo
ascende nte da artéria circunflexa femora l sustenta o obturador externo e o quadrado f emora l. D, A cápsu la articular do quadril foi
exposta pela divisão e posterior reflexão de rotadores externos curtos. O quadrado femora l e o obturador externo são dei xa dos intactos
para proteger o ramo ascendente da artéria circunflexa medial. E, Osteoto mia do trocânter maior e reflexão das origens dos isquiotibia is
da tuberosidade isquiática ampliaram a exposição. VEJA A TÉCNICA 1-67.

permitir procedimentos posteriores reconstrutivos. Ele fornece de reconstrução posterior, o mesmo local da ciru rgia pode ser
)
a exposição para o reparo de fraturas complexas de ambas as abordado uti lizando-se parte ou a totali dade da mesma
colunas do acetábu lo. A incisão na pele é posicionada mais incisão da pele, conforme necessário.
lateralmente. Além disso, os abdutores do quadril são
mobilizados pela osteotom ia de suas origens e inserções. TÉCNICA
O reatamento rígido de osso a osso destes músculos permite
a reabilitação precoce com menor risco de falha do que (REINERT ET AL.)
quando os abdutores são religados através dos tecidos moles.
Tal como acontece com o acesso extenso il iofemoral, a • Coloque o paciente na posição de decúbito latera l. Enrole
patência da artéria glútea superior é necessária para evitar a extremidade inferior livre no lado da lesão pélvica.
necrose catastrófica dos abdutores do quadril. Na presença • Comece a incisão na pele 2 cm posteriores à espinha ilíaca
de uma fratura deslocada na incisura ciática, recomenda-se anterossuperior, e continue posteriormente ao longo da
uma arteriografia pré-operatória. Se for necessário um processo crista ilíaca por 8 a 12 cm. Faça a parte vertical da incisão )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

Vasos e nervo
glúteos superiores

Músculos
glúteos____,,....,,,,,,----"""#

Vasos femorais
Tensor da circunflexos laterais
fáscia lata -----';;;~*l

A
B

Músculo
piriforme

Músculo
sartório

D E

h!§ii;@llm Acesso extenso iliofemoral de Letournel and Judet. A, Incisão da pele. B, Os músculos glúteos e tensor da fáscia lata
foram parcialmente elevados e recolhidos posteriormente. Os vasos circunflexos femorais laterais foram isolados. C, O tendão do glúteo
mínimo foi completamente cortado da face anterior do trocânter maior. O tendão do glúteo médio foi parcialmente incisado. D, A
reflexão do piriforme, do obturador interno e dos músculos glúteos expôs a superfície externa do osso inominado. E, A superfície
interna do ílio, o acetábulo anterior e a articulação do quadril foram expostos pela reflexão do ilíaco, do sartório e do reto femoral
(veja texto) . VEJA A TÉCNICA 1-68.
- )
PARTE 1 PRINCÍPIOS BASICOS

em forma de T curvilíneo através da porção média da


in cisão da crista ilíaca até a face lateral da coxa em um
ponto 15 cm distais ao trocânter maior (Fig. 1-86A).
• Durante o fechamento, religue as origens do reto femoral
com suturas fortes através de furos feitos com broca na
espinha il íaca anteroinferior.
• Desenvolva a borda anterior dissecando o tecido subcutâ- • Repa re todas as osteotom ias por meio de fixação com
neo da fáscia profunda até a espinha ilíaca anterossuperior parafuso interfragmentário.
e o intervalo entre os músculos sa rtório e tensor da fáscia •Repare a fá scia lata, e recone cte os múscu los ilíacos e
lata serem atingidos. Proteja o nervo cutâneo femoral abdominais à crista ilíaca com suturas fortes.
latera l. Desenvolva a borda posteri or da mesma forma.
•Flexione o quadril em 45 graus e abduza-o. Incise a fáscia
lata longitudina lm ente a parti r do ce ntro do trocâ nter
maior distalmente até um ponto a 2 cm da inserção do
músculo tensor da fáscia lata.
•I ncise a fáscia glútea e divida o glúteo máximo de acordo ACESSO EXTENSO TRIRRADIADO
com suas fibras até o nervo glúteo inferior e os vasos AO ACETÁBULO
serem encontrados.
Mears e Rubash modificaram a abordagem inicial de
• Divida a porção anterior da fáscia lata transversalmente
artropl astia total do quadri l de Charnley e dese nvo lveram
2 cm distais à inserção do mú scu lo tensor da fáscia lata.
um acesso extenso aceta bul ar que dá exposição ao ace-
Libere a porção proximal da inserção do glúteo máximo
tábulo, às colunas ante rior e posterior, à parede interna
no fêmur.
• Desenvolva de forma romba o intervalo entre o tensor da do ilíaco, ao aspecto an terior da art icu lação sacroilíaca,
fásc ia lata e o sa rtório . e ao aspecto externo do osso ilíaco . Este acesso trirra-
• Continue a dissecção profunda anterior e posterior ao diado foi desenvolvido para a redução e reparação de
tensor da fásc ia lata separando-o sartório e o reto femoral. fraturas complexas do acetábulo. El e evita a potencial
• Cui dadosamente, identif ique, ligue e divida a ramo ascen- comp li cação de necrose isquê mi ca em grande quanti-
dente da artéria circunflexa femoral latera l na parte proxi- dade dos abdutores do quadril ca usada por lesão dos
mal da dissecçã o. A reanastomose microvascu lar desta vasos glúteos superiores, o que é uma possibi lidade quando
artéria pode ser usada como um substituto para a restau- o acesso iliofemoral estend ido é usado.
ração da circulação colatera l dos abdutores do quadril
quando a artéria glútea superior estiver gravemente dani- TÉCNICA
f icada durante o procedimento.
• Eleve os músculos abdom inais e il íacos da crista ilíaca (MEARS E RUBASH)
subperiostalm ente Estenda a dissecção posteriormente
para expor o aspecto anterior da arti cu lação sacroil íaca e • Coloque o paciente na posição de decúbito lateral em uma
a incisura ciática, se necessá ri o. mesa de operação convencional. Uma mesa de fratura
• Realize uma osteotom ia da espinha ilíaca anterossuperior, pode ser utilizada se a t ração esq uelética fo r necessá ria .
e rebata o sa rtório li gado e o li gamento inguinal mediai- Mantenha o joelho flexionado em, pelo menos, 45 gra us
mente junto com os músculos abdomina is e ilíacos. para evitar t ração excessiva sobre o nervo ciático.
• Com um osteótomo ou uma serra elétrica de corte de 90 • Comece a parte longitud inal da incisão trirradiada na
graus, realize uma osteotomia da porção tricortical da crista ponta do trocânter maior, e continue distalmente 6 a 8
ilíaca começando ao longo da tábua interna e produzindo cm. Conduza a parte da incisão anterossuperior da ponta
um fragmento de 1O a 12 cm de compri mento e 1,5 cm de do trocân ter maior até a espin ha ilíaca anterossuperior.
altura (Fig. 1-86B e C). Deixe os músculos abdutores do Comece a parte da incisão posterossuperior da incisão na
quadril ligados ao fragm ento, e rebata esta peça músculo- ponta do trocânter maior e continue até a espinha ilíaca
-óssea lateralmente. posterossuperior, formando um ângu lo de aproximada-
• Eleve os abdutores su bperiostal mente da tábua externa mente 120 grau s (Fig. 1-87A).
do ílio durante esta reflexão. Proteja cu idadosamente os • Divida a fáscia lata em linha com as suas fib ra s no memb ro
vasos e o nervo glúteos superi ores . long itudinal da in cisão.
• Realize uma osteotomia trocantérica-padrão e libere os • Incise a fáscia lata e o revestimento fascial do tensor da
abdutores da cá psula da articulação do quadri l. fáscia lata em linha com a parte anterossuperior da incisão
• Rebata cu idadosamente os abdutores ligados ao trocân- (Fig. 1-87B)
ter maior posteriormente (Fig . 1-86D e E). Libere os rota- • Disseque a borda anterior do tensor da fáscia lata de sua
dores externos curtos do trocânter maior. O quadrado fáscia sobrejacente e eleve a origem do múscu lo da crista
femoral é preservado para proteger o ramo ascendente ilíaca. Eleve subperiostalmente, a partir da crista ilíaca, as
da artéria femora l ci rcunflexa medial. origens dos glúteo méd io e mínimo de anterior para pos-
•Identifique e proteja o nervo ciático. Evite ainda ma is as terior e dista lmente à cápsula da articulação do quadril.
lesões de tração ao nervo ciático mant endo o quadril •Incise a fásc ia do glúteo máximo de acordo com a parte
estendido e o joelho flexionado por pelo menos 45 graus. posterossuperior da incisão, e sepa re o múscu lo em linha
• Se for necessá ria uma exposição mais ampla anterio r, com as suas f ib ras (Fig 1-87C).
libere as cabe ças direta e refletida do reto femoral (Fig . • Realize uma osteotomia do trocânter ma ior, e rebata pro-
1-86 E). Incise a cápsu la articular do quadril em linha com xi mal mente o trocânter com as inserções ligadas dos
a circunferência do lábio acetabu lar. glúteos médio e mínimo. )
0@ii;ffl1Jlm Acesso iliofemoral modificado de Reinert
et ai. A, Incisão da pele. Os retalhos cutâneos foram desen-
volvidos. A linha tracejada indica a incisão através da fáscia
lata. B e C, Osteotomias da crista ilíaca, da espinha
ilíaca anterossuperior e do trocânter maior. D, As osteo-
tomias foram concluídas e os retalhos musculares foram
refletidos, expondo a coluna anterior. E, A coluna pos-
terior foi exposta . A linha tracejada representa a
incisão para a liberação do músculo reto (veja texto) .
(De Reinert CM, Bosse MJ, Poka A, et ai: A modified exten-
sile exposure for the treatment of com plex or malunited
acetabula r fractures, J Bane Joint Surg 70A:329, 1988. )
VEJA A TÉCNICA 1-69.

\~Coluna
~ ~ anterior

X anterior

Cúpula de
sustentação de peso

Coluna
posterior

B posterior

Artéria e nervo
glúteos superiores

···__ Espinha ilíaca


anterior superior

D E
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

anterior
superior

Ot§il@ll'm Acesso extenso trirradiado de Mears e Rubash.


A, Incisão da pele. B, Incisão da fáscia superficial. C, A origem do
tensor da fáscia lata foi elevado a partir da crista ilíaca anterior.
O glúteo máximo foi separado de acordo com as suas fibras até
o nervo e os vasos glúteos inferiores. D, O trocânter maior foi
osteotomizado e rebatido posteriormente, expondo o nervo ciático
e os rotadores externos curtos. Os músculos glúteos e tensor da
fáscia lata foram elevados da tábua externa do ílio e da cápsula
articular do quadril e rebatidos posteriormente. E, Os rotadores
externos curtos foram cortados do trocânter maior e rebatidos
posteriormente. O quadrado femoral permanece intacto. Os mús-
culos glúteos e tensor da fáscia lata foram retraídos superiormente
e mantidos com pinos Steinmann para expor a coluna posterior.
A cápsula articular foi cortada em circunferência com o acetábulo.
F, Os músculos abdominais foram incisados e os músculos ilíacos,
elevados subperiostalmente do ílio e rebatidos mediaimente para
expor a tábua interna do ílio (veja o texto e a Fig. 1-85E). (Modifi-
cado de Mears DC, Rubash HE : Pelvic and acetabular fractures,
Thorofare, NJ, 1986, Slack.) VEJA A TÉCNICA 1-70.

Músculo
piriforme

Nervo
ciático

articular

E F
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS cm
) • Eleve conjuntamente os glúteos médio e mínimo a partir ACESSO EXTENSO AO
da cápsula da articu lação do quadril preservando a cápsu la
durante a dissecção. Continue a dissecção na incisura ACETÁBULO
ciática maior, e identifique e proteja os vasos glúteos supe-
Carnesa le combinou a reflexão do glúteo máximo de Hen ry
riores (Fig . 1-87D).
com vários outros acessos à articulação do quadril para
• Divida as inserções dos rotadores externos curtos sobre o
formar uma abordagem extensa para redução aberta de
fêmur proximal, incluindo o terço superior do quadrado
fraturas complexas do acetábulo. A parte posterior ou ante-
femoral. Deixe intacto o restante deste músculo e o ramo
rior do acesso pode ser usada sozinha, como indicado no
ascendente subjacente da artéria femoral circunflexa
exemplo dado; raramente é necessária toda a abordagem.
media l.

-------~
• Rebata os rotadores externos curtos divididos posterior-
mente para expor o aspecto posterior da cápsula da TÉCNICA
articu lação do quadril e a coluna posterior.
• Mantenha a exposição da coluna posterior inserindo cui- (CARNESALE)
dadosamente afastadores de Hohmann sem ponta nas
incisuras ciáticas maior e menor. • Fi xe o paciente sobre o lado não lesionado em uma mesa
•Fixe os músculos abdutores superiormente inserindo dois de operação-padrão para que a mesa possa ser inclinada
pinos de Steinmann no ílio 2,5 cm e 5 cm acima da inci- para ambos os lados .
sura ciática maior (Fig . 1-87E). • Prepare a pele a partir do meio da caixa torácica até
•Incise conjuntamente as origens dos isquiotibiais para abaixo do joelho.
expor a tuberosidade isqu iática . • Envolva a extrem idade para perm itir sua manipu lação livre
•Para expor a coluna anterior e a tábua interna do ílio, •Comece a incisão na pele na esp inha ilíaca posterossupe-
estenda a parte anterossuperior da incisão da pele 6 a 8 rior, estenda -a paralela anteriormente à crista ilíaca, e
cm mediais à crista ilíaca anterossuperior. termin e-a logo proximal à espinha ilíaca anterossuperior
•I ncise a muscu latura abdominal da crista ilíaca anterior, (Fig. 1-88A). Se a parte anterior do acesso deve ser utili-
e eleve subperiostalmente o músculo ilíaco da tábua zada, estenda a incisão na dobra da virilha (Fig . 1-88G).
interna do ílio. Continue a dissecção posteriormente Perpendicular a esta incisão, incise a pele distalmente na
para expor o aspecto anterior da articul ação sacroil íaca linha média lateral da coxa, cruze o centro do trocânter
(Fig . 1-87F). maior e, na prega glútea, gire a incisão 90 graus poste-
•Para aumentar ainda mais a exposição, divida a origem riormente e estenda-a à linha média posterior da coxa;
do sartório da espinha ilíaca anterossuperior e as se necessário, estenda-a dista lmente na linha média pos-
origens das cabeças direta e refl etida do reto femoral terior da coxa por 4 ou 5 cm.
da espinha ilíaca anteroinferior e da cápsula da articu- •Levante as bordas da pele investindo a fáscia anterior-
lação do quadril. mente e posteriormente (Fig. 1-88B).
• Incise a aponeurose do músculo oblíquo externo 1 cm • Rebata o glúteo máximo deixando-o ligado media imente
proximal ao anel inguinal externo e em linha com o liga- à sua origem pélvica, como descrito por Henry conforme
mento inguinal, como descrito para o acesso ilioinguinal. se segue :
•Desenvolva cu idadosamente o interva lo entre os vasos •Na parte dista l da incisão, localize o nervo cutâneo
il íacos externos mediaimente e o músculo psoas lateral- posterior da coxa logo abaixo da fáscia profunda . Abra
mente. Em seguida, desenvolva o intervalo entre os vasos essa fáscia e siga o nervo até a borda distal do glúteo
ilíacos externos e o cordão espermático ou ligamento máximo; o nervo será liberado mais tarde a partir do
redondo (Fig . 1-80B a K) músculo.
• Use os interva los longitudinais desenvolvidos, e exponha •Libere o lado femoral do glúteo máximo dividindo lon-
subperiosta lmente o ramo púbico superior e a superfície gitudinalmente a parte da banda iliotibial que desliza
quadrilateral da pelve. sobre a diáfise do fêmur e o trocânter ma ior.
•I ncise a cápsula da articu lação do quadril em linha com • Estenda a incisão na banda iliotibial ligeiramente proxi-
a circunferência da borda do acetábu lo tão anteriormente mal; neste ponto, insira um dedo, loca lize a borda supe-
e posteriormente quanto necessário, mas deixe o lábio rior do glúteo máximo onde ele se junta à banda iliotib ial
acetabular intacto. e, com a tesoura, libere esta borda do múscu lo proxima l
• Durante o fechamento, reconecte com suturas fortes a à crista il íaca (Fig . 1-88C e D).
f áscia abdomina l à fáscia lata ao longo da crista ilíaca. •Levante a ponta dista l do glúteo máxim o e o nervo
• Reconecte as origens do músculo glúteo e o tensor da cutâneo posterior da coxa, e divida a inserção espessa
fáscia lata à crista ilíaca. do músculo no fêmur. Controle os vasos constante-
•Faça pequenos furos com uma broca no ílio e use suturas mente encontrados nesta inserção.
fortes para reconectar as origens dos músculos reto • Separe o nervo cutâneo posterior da coxa da superfície
femoral e sartório. profunda do glúteo máximo, e gentilmente rebata o
•Fixe a osteotomia trocantérica com dois longos parafusos músculo mediaimente articulado ao seu ligamento pélvico
esponjosos de 6,5 mm com arruelas. (Fig. 1-88E)
•Feche os três porções fasciais da incisão trirradiada come- •Separe os rotadores externos curtos do trocânter maior,
çando com uma única sutura apical. rebata-os mediaimente, e tire-o s subperiostalmente
• Conclua o fechamento de cada parte da incisão. do ílio o suficien te para expor a parede posterior do )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
glúteo máxi mo

B e

Músculo glúteo
máximo rebatido

externos
rebatid os ---:=~~~~
Nervo
ciático -=-=.-~~~

D E

H!ijlht;jllm A-J , Exposição extensa de Carnesale do acetábu lo (veja texto). VEJA A TÉCNICA 1-71.

acetábulo. Se for necessária a expos ição ma is superior •Ti re o ilíaco subperiostalmente e, se necessário, o obtu-
)
do acetábu lo, osteotomize o trocânter maior e, com rador interno da parede pélvica medial, expondo o
ele, reflita os abdutores do quad ril proxima lmente (Fig. aspecto anterior do acetábu lo (Fig . 1-88J).
1-88F).
•Nas fraturas da face anterior do acetábulo, continue a

______
incisão na pele anteriormente à dobra da viri lha, como já ÍLIO
descrito (Fig. 1-88G).
• Localize o nervo cutâneo femoral lateral e preserve-o ACESSO AO ÍLIO
(Fig. 1-88H). .......... ~
• Separe o ligamento inguinal, o sartório e o reto femoral TÉCNICA
da pe lve, mas deixe o tensor da fáscia lata intacto (Fig .
1-881). •I ncise a pele ao longo da crista ilíaca a partir da espinha
anterossuperior até a espinha posterossuperior.
CAPÍTULO 1 TÉ CN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

Tensor da
fáscia Nervo cutâneo
femoral

Músculo
sartório

Músculo
reto
femoral

•Rebata os ligamentos dos músculos g lúteos subperios- de um pequeno hemostato ou, se necessário, co m cera
ta lmente de prox imal para dista l tanto quanto a borda de OSSO.
superior do acetábulo, e exponha a superfíc ie latera l
do ílio .
• Rebata subperiostalmente a ligação dos músculos abdo- SÍNFISE PÚBICA
mina is da crista ilíaca ou osteotomize a crista, deixando
os músculos abdom ina is li gados ao fragmento superior. ACESSO À SÍNFISE PÚBICA
Nas crian ças, faça a osteotomia da crista infe ri or à placa
TÉCNICA
------~~
epifisária. Rebata subperiostalmente o músculo ilíaco
da supe rfície media l do ílio . Também divida em suas
origens as estruturas ligadas à esp inh a anterossuperior (PFANNENSTIEL)
e a borda anterior do íl io. A maior parte do íli o pode ser
descoberta. •Col oq ue o paciente em posição sup ina e insira uma sonda
•N este procedimento, é dividida uma artéria nutrente na de Foley para identifi cação intraoperatória da base da
superfície latera l do íli o 5 cm infer iores à crista e perto bexiga e da uretra.
da jun ção dos terços anterior e médio . Visto que a liga- •Faça uma incisão curvilín ea t ransversal 2 cm cefá li cos ao
dura é impossíve l, contro le a hemo rrag ia com o ponto ramo púbico superior (Fi g. 1-89A) )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

A B e
li[êjil;f411m Acesso transverso de Pfannenstiel à sínfise púbica . A, Incisão da pele. B, As inserções do músculo reto abdomina l foram
liberadas. C, Toda a sínfise púbica foi exposta. VEJA A TÉCNICA 1-73.

Incisão

Espinha
ilíaca
posteroinferior - - -

''
''
A

H[êjii;f411%!9 Acesso posterior à articulação sacroi líaca . A, A incisão para o acesso post erior à articu lação sacro ilíaca é vertica l a partir
de um ponto logo acima da espinha ilíaca posterossuperior distal mente cerca de 1 cm. B, A dissecção mais profunda envolve uma incisão
na fáscia do g lúteo má xi mo e a elevação do má xi mo subperiostalmente fora do íl io im ediatamente latera l à espin ha ilíaca posterossu-
perior. VEJA A TÉCNICA 1-74.

•I ncise a aponeurose oblíqua externa paralela ao ligamento • Repare cuidadosamente a aponeurose oblíqua externa para
)
inguinal. evitar uma hérnia inguinal.
•I dentifique o cordão espermático ou li gamento redondo
e os nervos ilioinguinai s adjacentes. Libere a inserção
aponeurótica de ambas as cabeças do músculo reto abdo- ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
minal do ramo púbico superior (Fig . 1-898)
•Exponha subperiostalmente as superfícies superior, ante- ACESSO POSTERIOR À
rior e posterior de ambos os ramos lateralmente por 4 a ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
5 cm, conforme necessário (Fig. 1-89C). Durante esta

-------~
dissecção, identifique a uretra e a base da bexiga por TÉCNICA
meio de palpação manual da sonda de Foley.
• Ao fechar o ferimento, insira um dreno de sucção no •Faça uma incisão ao longo da borda lateral do terço
espaço retropúbico e repare o músculo reto abdominal posterior da crista ilíaca até a coluna posterossuperior
com suturas interrompidas pesadas. (Fig . 1-90A)
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

•Aprofunde a dissecção até a crista, separe a fáscia dorso-


lombar, retire e rebata mediaimente a aponeurose do
músculo sacroespinal juntamente com o periósteo, e
exponha a margem posterior da articulação sacroilíaca .
Esta exposição é suficiente para a fusão extra-articular.
•Para expor as superfícies articulares da articulação para a
drenagem ou fusão intra-articular, continue a incisão na Ligamento
sacroil íaco
pele lateralmente e distalmente a 5 a 8 cm da espinha
anterior
posterossuperior. Divida o músculo glúteo máximo na
linha de suas fibras ou incise sua origem na crista ilíaca,
na aponeurose dos sacroespinal e no sacro, e rebata-o
latera lmente e dista lmente para expor o aspecto posterior
do ílio (Fig. 1-90B). Ramos da artéria e do nervo glúteos
inferiores podem estar presentes .
• Para expor mais o ílio, rebata o glúteo médio anterolate-
ralmente. O glúteo médio não pode ser rebatido anterior-
mente muito distante devido à presença da artéria e do
nervo glúteos superiores.
• Com um osteótomo, remova uma seção de espessura
total do ílio com 1,5 a 2 cm de largura começando na
sua borda posterior entre as espinhas posteroinferior e
posterossuperior, e prosseguindo latera lmente e ligeira-
mente cefálico por 4 a 5 cm. A borda inferior desta H@il;f41E9 Acesso anterior à art icu lação sacro il íaca. VEJA
seção encontra-se paralela à borda superior da incisura AS TÉCNICAS 1-74 E 1-75.
ciática maior.
• A exposição da articulação é limitada pelo tamanho da
seção removida .

•Para expor o aspecto anterior da articu lação, estenda


ainda mais a incisão posteriormente no plano intermus-
cu lar ao longo da crista ilíaca.
ACESSO ANTERIOR À
ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
Às vezes, a artrite supurativa primária da articulação sacroi-
líaca pode se localizar anteriormente; Avi la acessa esta ACESSO A AMBAS AS
região através de uma via intrapélvica . Esse acesso também
é útil para a redução aberta e fixação da luxação da arti-
ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS
cu lação sacroi líaca. OU AO SACRO
~ Quando lesões sacroilíacas instáveis e bilaterais ou fra-
TÉCNICA ~~~~~~~~~~ turas verticais cominutivas do sacro ocorrem como parte
de uma ruptura do anel pélvico, Mears e Rubash abordam
(AVILA) isso por meio de uma incisão transversal feita em toda
a porção média do sacro. Estas lesões podem ser esta-
• Com o paciente em posição supina, faça uma incisão bilizadas com uma placa de reconstrução contornada
de 1O a 12 cm 1,5 cm proximal e em paralelo com por meio desta abordagem.
a crista ilíaca começando na espinha ilíaca anteros-
~
superior (Fig. 1-9 1). TÉCNICA o--~~~~~~~~~
• Disseque distalmente à crista ilíaca, e separe os múscu los
abdominais dela sem perturbar a origem dos músculos (MODIFICADA DE MEARS E RUBASH)
glúteos.
•Incise o periósteo e destaque o múscu lo ilíaco subperios- •Com o paciente deitado de bruços, faça uma incisão reta
talmente segu indo a superfície media l do ílio mediai- transversal através da porção média do sacro 1 cm inferior
mente e ligeiramente dista l. às espinhas ilíacas posterossuperiores (Fig. 1-92A). Se um
•Retraia o ilíaco media imente e complete a remoção à mão ou ambos os nervos ciáticos necessitem ser exp lorados,
com o dedo enluvado coberto com gaze. Prossiga até os curve as extremidades da incisão distalmente para permi-
ligamentos laterais do ligamento sacroilíaco anterior; t ir uma exposição dos nervos ciáticos do sacro até a
separe-os e apalpe a articulação. incisura ciática maior. )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

A B

h[dii;J.)llm Exposi ção de ambas as articu lações sacroi líacas ou do sacro . A, Incisão da pele. B, As cristas ilíacas posteriores, os
múscu los g lúteos máximos e os músculos paraespinhosos foram expostos. C, Contorno de osteotomias de espinhas ilíacas post erossu-
periores para ap li cação de placa e parafusos. D, Osteotomias foram realizadas, e os músculos g lúteos foram rebatidos latera lm ente.
VEJA A TÉCNICA 1-76.

• Estenda a incisão através da fáscia profunda para expor COLUNA


)
as porções superiores das origens de ambos os músculos
glúteos máxi mos sobre as espinhas ilíacas posterossupe- Os acessos cirúrgicos à coluna são discutidos no Capítulo 37.
riores (Fig . 1-92B).
• Eleve os múscu los paraespinhais das espinhas ilíacas pos-
terossuperiores e realize uma osteotomia de cada espinha
posterior ao sacro de medial para lateral, deixando as
ARTICULAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR
origen s dos músculos glúteos máximos intactas (Fig .
1-92C e D). Isto proporciona uma superfície lisa para a
aplicação de uma placa . ACESSO À ARTICULACÃO
• Eleve os músculos paraespinhais subperiostalmente do ESTERNOCLAVICULAlf
sacro e as espinhas ilíacas posterossuperiores adjacentes
para fornecer um túnel para a ap li cação de uma placa .
• Remova as pontas dos processos espinhosos do sacro, se
TÉCNICA mm_____~
necessário. • Faça uma incisão medial de 4 cm ao longo da clavícula
• Se uma exposição ainda maior for necessária para a drena- sobre a articu lação esternoclavicu lar até a linha média
gem da articu lação sacroilíaca ou uma fusão intra-articu lar, do esterno. Incise a fáscia e o periósteo; rebata subpe-
separe o músculo glúteo máximo para esse lado ou incise riostalmente as origens dos principais músculos ester-
sua origem a partir da espinha ilíaca posterossuperior e nocleidomastóideo e peitoral, o primeiro superiormente
rebata -o lateralmente para expor o aspecto posterior do íli o. e o segundo inferiormente; e exponha a articulação
• Realize uma osteotomia maior do ílio posterior como esternoclavicular. Quando a superfície profunda da arti-
descrito para o acesso posterior-padrão à articu lação culação necessitar ser exposta, evite perfurar a pleura
sacroil íaca (Técnica 1-7 4) ou danificar um vaso intratorácico.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRG ICAS --

O@IJ;bi11!9 Exposição de Robert s da art i-


cu lação acromioclavicu lar e processo coracoi de
da escá pu la. A, In cisão da pele. B, M úsculo
de lto ide sepa rado da clavícul a e do acrôm ío
A expondo a articul ação acromioclavícul ar e send o
retraíd o dista lme nte para a exposição do pro-
B cesso co racoide. VEJA A TÉCNICA 1-78.

ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR E margem anterior do terço lateral da clavícu la e distal-


PROCESSO CORACOIDE mente ao longo da margem anterior do múscu lo deltoide
para um ponto de dois terços da dist ância entre sua
ACESSO À ARTICULAÇÃO origem e a inserção.
•Exponha a margem anterior do deltoide. A veia cefá lica
ACRO MIOCLAVICULAR E PROCESSO e os ramos para o de ltoide da artéria tóracoacromial se
CORACOIDE encontram no intervalo entre os múscu los principa is
deltoide e peitoral (o su lco deltope itora l), e embora a

--------------~
TÉCNICA veia cefálica possa ser retraída mediaimente junto com
algumas fibras do músculo deltoide, ela pode ser dani-
(ROBERTS) ficada durante a operação. Ligar esta veia proxima l-
mente e dista lmente assim que ela for ating ida pode ser
• Faça uma incisão curva ao longo da margem anterossupe-
indicado.
rior do acrômio e do qua rto latera l da clavícula . •Defina a origem do múscu lo deltoide na clavícul a; sepa-
• Exponha a origem do deltoide, li bere-a da clavícula e da re-a, dividindo-a perto do osso ou no osso, juntamente
margem anterior do acrômio, e exponha a cápsula da com o periósteo adjacente ou através da remoção de parte
art icu laçã o acromioclavicular. (Retra indo-se o deltoide do osso intacto com ela . Preferimos o primeiro método,
distalmente, o processo coracoid e também pode ser deixando tecido mole suficiente ligado à clavícula para
expost o.) Para expor apen as a articulação acromiclavicu- permitir a sutura do deltoide à sua origem mais tarde.
lar, utilize o terço lateral da incisão.
•Rebata lateralmente a parte anterior do músculo deltoide
para expor as estruturas em torno do processo coracoide
e a parte anterior da cápsula articular.
OMBRO •Para expor os aspectos profundos da articu lação do
ombro com mais fac il idade, incluindo a margem anterior
• ACESSOS ANTEROMEDIAIS da glenoide, osteotomize a ponta do processo coracoide.
Primeiramente, incise o periósteo do aspecto superior do
ACESSO ANTEROMEDIAL coracoide; em seguida, corte através do osso e reflita
AO OMBRO mediaimente e dista lmente a ponta do osso, juntamente
com as origens ligadas dos coracobraquia l, peitora l
TÉCNICA mm_~;..;;;...;;..;;--~ menor, e a cabeça curta do bíceps.
•Para uma exposi ção mais ampla, divida o subescapu lar
(THOMPSON; HENRY) em sua junção múscu lotendinosa cerca de 2,5 cm media is
à sua inserção na tuberosidade do úmero menor; separe
• Comece a incisão sobre o aspecto anterior da articulação o tendão mediaimente da cápsu la subjacente e exponha o
acromioclavicu lar, passando-a media imente ao longo da lábio glenoida l. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

-~~Mú scu lo
peitoral maior

Cabeça longa do
músculo bíceps

A B

h!§IJ;J41E9 Acesso anteromedia l à articu lação do ombro. A, Incisão da pele . A parte tran sversal da incisão foi feita ao longo da
borda anterior da clavícula e a parte longitudinal foi feita ao longo do intervalo entre o deltoide e peitoral maior. B, O deltoide fo i
se parado da clavícula e rebatido lateralmente para expor a face anterior da articulação. VEJA A TÉCNICA 1-79.

• Ao fechar o acesso, alguns ciru rgi ões reposicionam o


)
topo do coracoide; se isso for feito com um parafuso, é
úti l fazer um furo no processo coracoide antes da osteo-
tomia . Preferimos exti rpar a ponta subperiost almente e
suturar as origens do coracobraqu ial, peitora l menor, e a
cabeça curta do bíceps ao coracoide.
• Suture o deltoide no luga r, e feche o ferimento de forma
hab itual.
• Se uma exposição extensa não for necessária, as incisões na
pele e a dissecção profunda podem ser limitadas à parte
deltopeitoral da abordagem. O músculo deltoide anterior
não precisa ser separado da clavícula. Aborde a articulação
anteriormente sem uma osteotom ia do processo coracoide, h@ii;hillm Tirante de Henry ou in cisão de su spe nsão. VEJA
retraindo a cabeça curta do músculo bíceps em uma direção A TÉCNICA 1-79.
medial. Tome cuidado para evitar uma lesão de tração ao
nervo musculocutâneo que se encontra debaixo da cabeça
curta do bíceps na parte distal desta exposição. ACESSO ANTEROMEDIAL
• Em vez dessa abordagem anteromed ial curvilínea, Henry AO OMBRO
usou, posteriormente, uma incisão em arco que funciona
como um tirante sobre o ombro, da parte anterior à poste- Se for necessária uma exposição mais ampla, a abordagem
rior. Essa incisão é semelhante à parte deltopeitoral de sua anteromed ial pode ser modificada conforme sugerido por
abordagem original, mas em sua extremidade superior, ela Cubbins, Ca llahan e Scuderi.
procede diretamente sobre o aspecto superior do ombro e
distalmente em direção à espinha da escápula . Mobilize TÉCNICA
uma aba lateral, dissecando entre os tecidos subcutâneos e
a fáscia profunda, e exponha as margens lateral e posterior (CUBBINS, CALLAHAN E SCUDERI)
do acrômio e a espinha da escápu la adjacente . Separe
quanto deltoide for necessário para alcançar as estruturas •Faça a parte anterior da incisão de Cubbins semelhante
desejadas mais profundas. a do acesso anteromedial . Estenda a incisão lateralmente
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS --

A
Músculo
infraespinhoso

u!Ciil;füllm Cu bbins et ai. aborda ram os aspectos ante ri or, superior e posterior da articulação do o mbro. A, Incisão da pele. B,
Origem do delto ide rebat ida da clavícul a, acrôm io e espi nha da escápu la; cáps ul a post eri or incisada vertical mente. C, Cápsu la ret ra ída,
expondo part e posterior da g leno ide e úmero . VEJA A TÉCNICA 1-80.

ao redor do acrômio e media imente ao longo da metade abordagem, as fibras do múscu lo deltoide não são divididas
lateral da esp inha da escápula (Fig. 1-96A). e o nervo axilar que inerva o deltoide não é perturbado.
• Separe a origem do deltoide do acrôm io e da parte
exposta da espinha da escápu la, e rebata o deltoide infe-
riormente e lateralmente para expor as partes anterior,
superior e posterior da cápsula articu lar. Qualquer parte dos acessos para o ombro descritos até agora
• Alcance a articulação anteriormente ou posteriormente por podem ser usadas para operações em regiões mais limitadas ao
meio de uma incisão correspondente da cápsula (Fig. 1-968). redor do ombro.
Para expor a superfície articular do úmero e glenóide, incise
a cápsula continuamente, de anterior para posterior, sobre • ACESSO AXILAR ANTERIOR
a cabeça do úmero; tome cuidado pa ra não romper o O acesso axilar anterior, muitas vezes usado em operações para
tendão da cabeça longa do bíceps (Fig. 1-96C) Nesta corrigir uma ltu:ação anterior recorrente do ombro, é discutido no
Capítulo 47. Este acesso é indicado quando a cosmese é um fator.
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

• ACESSOS ANTEROLATERAIS Origem


escapular
ACESSO ANTEROLATERAL
LIMITADO DA DIVISÃO DO
DELTOIDE AO OMBRO
O acesso limitado da divisão do deltoide é adeq uado para
operações limitadas que necessitam apenas expor os
tendões inseridos na tuberosidade maior do úmero e alcan-
ça r a bursa subdeltóidea. Borda Área
posterior operável

TÉCNICA
• Comece a incisão na ponta anterolateral do acrômio, e
continue-a distalmente ao longo do músculo deltoide
cerca de 5 cm.
• Defina a rafe avascular 4 a 5 cm de comprimento entre
o terços anterior e médio do deltoide; divida o múscu lo
fornecendo uma abordagem avascular razoável às estru-
turas subjacentes.
• Para exposição máxima, separe o deltoide até a margem
do acrôm io, mas não o separe dista lmente mais de 3,8 Inserção
cm da sua orig em , pa ra evitar danificar o nervo axilar e
paralisar a parte ant erior do deltoide (Fig. 1-97). (O nervo O!ril!@11.i9 Superfície profunda do deltoide esquerdo mos-
axilar cursa transversa lmente imediatamente proxima l ao trand o o local do nervo axilar. O nervo cu rsa transversa lmente em
ponto médio entre a margem lateral do acrômio e da um nível de cerca de 5 cm distais à origem do músculo. Um ramo
inserção do deltoide.) do nervo foi exposto totalmente para mostrar que a incisão que
•In cise a parede fina da bursa subdeltóidea e explore o divide o músculo, mesmo na área operacion al, danifica ramos
manguito rotado r conforme desejado, rodando e abdu- menores do nervo. VEJA A TÉCNICA 1-81.
zindo o braço para trazer diferentes partes do mesmo à
vista na base do acesso.
•U ma incisão transversal da pele de cerca de 6,5 cm de
comprim ento pode ser usada ao invés da incisão longitudi-
nal para deixar uma cicatriz menos visível (Fig. 1-98). Posi-
cione-a cerca de 2,5 cm distais à borda inferior do acrômio,
disseque os retalhos de pele do músculo deltoide subja-
cente, e separe o músculo na linha de suas f ibras. O resto
do acesso é a mesmo que o que acabamos de descrever.
•Para abordar um aspecto mais posterior, co loque a in cisão
na pele mais latera lmente e separe o deltoide logo abaixo
dela . Para manter um campo seco, cauterize os vasos
intramusculares encontrados .

ACESSO EXTENSO ANTEROLATERAL


AO OMBRO
Gardener et ai. demonstraram que o acesso limitado de
divisão do deltoide pode ser estendido com sucesso, iso-
lando o nervo axi lar e a artéri a circunflexa posterior. Este
iâ@ii;fti1Jl9 Opções de incisão para um acesso anterolateral
limitado da divisão do deltoide ao manguito rotador anterior.
acesso antero lateral extenso é muito úti l para a fixação com
VEJA A TÉCNICA 1-81.
placa nas fraturas proximais do úmero (Fig. 1-99).
•Estenda esta incisão delicadamente e insira um dedo
TÉCNICA lateralmente abaixo da rafe. Alcance a superfície inferior
do deltoide do úmero proxima l. Apa lpe o nervo axi lar
•Faça uma incisão começando na ponta anterolatera l do semelhante a um cordão em sua superfície inferior.
acrômio, e continue-a dista lmente por 8 a 10 cm. • Incise cuidadosamente ainda mais a rafe e identifique o
• Por meio de uma dissecção romba, identifique a rafe avas- nervo axi lar e a artéria circunflexa umeral posterior. Isole-os
cular entre o terço anterior e médio do músculo deltoide. e marque-os com dreno . Eleve completamente essas estru-
•Faça uma incisão de 2 cm na rafe do deltoide a partir da turas mediaimente e latera lmente para libera r o deltoide
sua ligação no acrômio. e permitir a fáci l passagem de uma placa.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

deles; a melhor maneira é a abordagem entre os tendões


subescapula r e supraesp in ha l através do ligamento cora-
coumeral.
•Feche o manguito por sutura lado-a-lado, chanfre o coto
do acrôm io, e suture a borda do deltoide à fáscia no coto .

Kuz et ai. recomendaram uma osteotom ia transacromial corona l


logo anterior à espinha da escápula e paralelo a ela para hemiartro-
plastia e artroplastia total do ombro. A osteotomia é reparada com
duas grandes suturas tipo figura de oito com fio absorvível 1-0, pas-
sadas por furos ósseos perfurados. Kuz et ai. relataram uma taxa de
união de 87% utiliza ndo esta osteotomia, com as demais tendo uma
união indolor, fibrosa e estável.

• ACESSOS POSTERIORES
Acessos posteriores à articu lação do ombro foram similarmente des-
critos por Koche r, McWhorter, Bennett, Rowe e Yee, Harmon, entre
outros. Para q ualquer acesso ser reali zado com segu rança , o co nh e-
cimento minucioso da anatomi a do aspecto poster ior d o ombro é
fundamenta l (F ig. 1-102).
lâ@l!;t'.;)1E9 Acesso extenso anterolat eral da divisão do de l-
toide. O nervo axila r se encontra, aproximad a mente, 3,5 cm
di stais à proeminência lateral da tuberosid a d e maior. O nervo é
então identificado e proteg ido. VEJA A TÉCNICA 1-82. ACESSO POSTERIOR DA DIVISÃO
DO DELTOIDE AO OMBRO
W irth et ai. descreveram um acesso posterior da divisão do
deltoide (Fig. 1-1 03). Tal como acontece com os acessos
mais anteriores, ele é limitado pela loca li zação do nervo
axilar e da artéria circunflexa posterior. Karacha lios et ai.
usaram sse acesso para redu zi r com sucesso uma luxação
posterior negligenciada do ombro.
ACESSO TRANSACROMIAL
AO OMBRO
---------'~
TÉCNICA
O acesso transacromial é excelente para a cirurgia do man-
gu ito musculotendinoso e para fratura-luxação do ombro. (WIRTH ET AL.)

--------'~
• Coloque o paciente em decúbito lateral.
• Faça uma incisão reta de 1O cm começando no aspecto
(DARRACH; MCLAUGHLIN) posterior da articulação acromioclavicular e contin ue-a
em direção à dobra axilar posterior (Fig. 1-103).
•I ncise a pele imed iatamente lateral à articulação acromio- •Levante retalhos subcutâneos suficientes e identifique o
clavicular do aspecto posterior do acrômio superiormente, septo fibroso entre o terço médio e o posterior do múscu lo
como um tirante, e anteriormente a um ponto 5 cm deltoide. A separaçã o do músculo não deve ser superior
distais à borda anterior do acrômio (Fig. 1-100). a dois terços do comprimento do músculo para evitar
• Aprofunde a parte anterior da incisão através do músculo danos ao nervo axilar e à artéria circunflexa umeral pos-
deltoide, sepa re o deltoide de sua origem acromial, e terior (Figs. 1-103 e 1-1 07)
divida o ligamento coracoacrom ial. •Identifique a inserção das duas cabeças do múscu lo infra-
• Para reparar o manguito rotador, uma osteotom ia oblíqua esp inhoso e separe-as em uma direção medial, expondo
do acrôm io (Fig. 1-101 A) dá exposição suficiente, e o a cápsu la posteri or da articu lação glenoumeral.
resultado estético é satisfatório; para expor a art icu lação
complementar, Mcl aughlin aconselh a o uso da técn ica de
osteotomia mostrada na Figura 1- 101 B. Em ambos os
ca sos, extirpe o segmento separado do acrômio . Arms-
trong aconselha a acromionectomia completa (Fig.
1-101 C) se o impacto subacromial do manguito rotador
ACESSO POSTERIOR
for um prob lema.
AO OMBRO
•Para expor a articulação, sepa re qualquer um dos tendões Um dos acessos posteriores mais práticos para a articulação
do manguito em linha com suas fibras ou separe dois do ombro e escáp ula inferior é o acesso posterior (Judet). )
- PARTE 1 PRIN CÍPIOS BÁSICOS

Local de

º'"otom;aA =-\, ' , '


í Incisão

rntâo"

) ,'-.;:,
Local de ~
~
"
~ ~,

osteotomia B
A B

e D

H@i!ity)llm Acesso transacromial à articulação do ombro . A, Incisão da pele. B, Fibras do delto ide separadas. C, Osteotomia do
acrôm io. D, Lin ha de incisão através do li gamento coracoumeral. O segme nto separado do acrôm io geralmente é descartado. VEJA A
TÉCNICA 1-83.

Músculo
B e supraespinhoso

f
\
1
1
1
1 Músculo
redondo
menor ~~"""""""'""""~
Músculo
infra-
espinhoso - - -
Hl§ii@llD Linh as de osteotomia do acrômio . Osteotomia
oblíqua (A) é adequada para a reparação de lesão com um no
manguito do ombro. A ressecção do acrômio em B é preferível
quando é necessária a exposi ção completa da articu lação do
ombro. Linha de osteotomia para acromion ectomia completa (C) . lj@ll:J!111D Anatomia do aspecto posterior da articulação
VEJA A TÉCNICA 1-83 . do ombro.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS --

estend ido med iaimente, expondo ma is da escápula inferior


para a fixação da fratura. Estenda a incisão dista lmente ao
longo da borda medial da escápula, se necessário.

ACESSO POSTERIOR SIMPLIFICADO


AO OMBRO
Brodsky, Tullos e Gartsman descreveram um acesso poste-
rior simp lificado ao ombro apresentado a Tullos por J.W.
King. Baseia-se no fato de que a ampla abdução do braço
levanta a borda inferior do deltoide posterior ao nível da
articulação glenoumeral. Este acesso pode ser utilizado
para uma grande va riedade de proced imentos e não neces-
sita da libertação de grandes porções do deltoide posterior
da espinha escapu lar ou da divisão do de ltoide; imobiliza -
ção no pós-operatório para a cicatrização do múscu lo é
desnecessária . Reabilitação do ombro pode ser iniciada
assim que tolerada pelo paciente, se o procedi mento espe-
cífico realizado não necessitar de imobilização.
H@ii;tijllD Acesso posterior da divisão do de ltoide. As linhas
tracejadas represent am a divisão do deltoide. VEJA A TÉCNICA 1-84.
TÉCNICA
(KING, DESCRITO POR BRODSKY ET AL.)
)o intervalo entre os músculos infraespinhoso (inervado pelo
nervo supraescapu lar) e redondo menor (inervado pelo • Coloque o paciente na posição prona ou lateral.
nervo axilar) pode ser estendido med iaimente, expondo uma •Envolva o braço e ombro livres, e abduza o ombro a 90
grande parte da metade inferior da escápu la. graus, não mais que isso, evitando a tração excessiva
sobre os vasos axilares e plexo braquial.

----------'~
TÉCNICA •Comece uma incisão vertical na face posterior do acrômio,
e continue-a inferiormente por 1O cm (Fig. 1-1 OSA e B).
(JUDET MODIFICADO) • Rebata o de ltoide posterior superiormente (Fig. 1-1 OSC)
e, se necessário, libere os 2 cm med iais de sua origem a
• Comece a incisão na pele imediatamente lateral à ponta partir da espinha escapu lar.
do acrômio, passe-a mediaiment e e posteriormente ao • Desenvolva o interva lo entre os múscu los infraespinhoso
longo da borda do acrômio, curva-a ligeiramente distal à e redondo menor.
esp inha da escápu la, e term ine-a na base da espinha da •I ncise a cápsu la da articulação de uma forma dependente
escápula (Fig. 1-104A) do proced imento a ser rea lizado; pa ra prevenir lesão ao
• Rebata a pele e a fáscia, e exponha a origem do múscu lo nervo axilar e aos vasos ci rcunflexos posteriores do úmero
deltoide da espinha da escápula . Separe esta parte do del- abaixo da borda inferior do redondo menor, evite dissecar
toide do osso por meio de dissecção subperiosteal, e muito inferiormente (Fig. 1-1 OSD) .
rebata-a distalmente e latera lmente, tomando cuidado
para evitar lesão do nervo axi lar e vasos à medida que
su rgem a partir do espaço qua drangu lar e entram no
músculo (Fig. 1-1048). Como precaução contra a lesão
deste nervo, não retraia o deltoide distal ao músculo ACESSO POSTERIOR EM U
redondo menor, e para evitar a lesão do nervo supraes-
capular, não entre no músculo infraespinhoso.
INVERTIDO AO OMBRO
•Depois de rebater o deltoide, expon ha a supe rfíc ie pos- O músculo deltoide tem três pa rtes - t rês cabeças de origem
terior da cápsula articu lar, destacando os dois terços infe- - e dois intervalos relativamente avasculares que separam
riores do tendão infraespinhoso perto de sua inserção no as três. A parte anterior (que se origina no terço latera l da
úmero e afastando a parte destacada mediaimente. clavícula e a borda anterior do acrômio) e a parte posterior
• Alternativamente, a parte posterior da articu lação pode ser são compostas principa lmente por longas fibras musculares
exposta por uma incisão oblíqua entre os múscu los infra- para lelas que se estendem desde a origem até a inserção.
espinhoso e redondo menor (Fig. 1- 104C); e, em segu ida, A parte do meio é mu ltipenada, com f ibras curtas inserindo
uma abertura da cápsula da articulação por meio de uma obliquamente em bandas tendinosas paralelas . O intervalo
incisão longitudinal ou transversal, ou por uma combi- entre as partes posterior e média pode ser encontrado
nação de ambas, conforme necessário. O intervalo entre começando a dissecção no ângulo do acrôm io, e prosse-
os músculos infraespinhoso e redondo menor pode ser guindo através do septo f ibroso; com cuidado, a divisão )
-- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
infraespinhoso
Músculo
redondo menor
Músculo
deito ide

A B

",.,..,,,-- Nervo
supraescapular

,___:;~--N ervo
axilar

h[riii;@llD Acesso posterior modificado de Judet à articulação do ombro. A, Deltoide sendo separado da espinha da escápula e
do acrômio. Inserção, Incisão da pele. B, Deltoide foi retraído para expor o intervalo entre o infraespinhoso e redondo menor. C, lnfra-
espinhoso e redondo menor foram retraídos para expor o aspecto posterior da cápsula articular. Inserção, Rela ções de nervos (circun -
flexos) supraescapular e axi lares para o campo operatório. VEJA A TÉCNICA 1-85.

) pode ser estendida distalmente através dos dois terços Tendo em vista essa divisão tripartite, Abbott e Lu cas
proximais do músculo, sem comprometer o suprimento descreveram acessos em forma de U-invertido para chegar
nervoso, porque o ram o posterior do nervo axi lar abrange aos aspectos anterior, latera l e posterior da articulação do
a parte posterior do músculo e o ramo anterior abrange as ombro, dissecando o deltoide distalmente nos dois inter-
partes anteriores e médias . O intervalo entre as partes valos descritos e sepa rando o terço adequado do músculo
anteriores e médias é menos distinto; ele se estende distal- da sua origem. Eles também alertam que, para separar os
mente a partir do ápice anterior do ombro formado pela terços anterior e médio distalmente por mais de 4 a 5 cm,
ponta anterolatera l do acrômio . o tronco do nervo axi lar é colocado em ri sco (Fig . 1-106).
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS --

A B
Cabeça lateral do Espaço quadrangular com
músculo tríceps artéria circunflexa umeral
posterior e nervo axi lar

Músculo
deltoide

Músculo redondo
e menor D

iâ@*hMIJID Acesso posterior simplificado de King. A, Incisão da pele. B, Músculo deltoide posterior foi elevado ao nível da arti-
cu lação por abdução do braço a 90 graus. C, Deltoide foi retraído superiormente expondo músculos do manguito rotador. D, A cápsu la
foi exposta . (Modificado de Brodsky JW, Tullos HS, Gartsman GM: Simplif ied posterior approach to the shoulder joint: a techn ica l note, J Bane
Joint Surg 71A:407, 1989.) VEJA A TÉCNICA 1-86.

TÉCNICA ângulo do acrômio. Curve a incisão dista lmente por cerca


de 7,5 cm acima do interva lo tendinoso, entre os terços
(ABBOTT E LUCAS) posterior e médio do músculo deltoide (Fig. 1-107 A).
•Libere o deltoide subperiosta lmente da espinha da escápula,
divida-o distalmente no intervalo, e gire a aba resultante
• Comece a incisão de pele 5 cm distais à espinha da escápula de pele e o músculo distalmente por 5 cm para expor os
na junção dos seus terços méd io e interno, e estenda-a músculos infraespinhoso e redondo menor e o espaço
su periormente ao longo da esp inha e lateralmente ao quadrangular (Fig. 1-1078). A artéria circunflexa posterior )
. , PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

artéria
toracoacromial
" ' - - Ramo
deito ide
1'-" ' - - - - - Artéria circunflexa
B umeral anterior

O[rilhfijllm Nervo e fornecimento de sangue ao músculo deltoide. A, Divisões anteriores e posteriores do nervo axilar para o
músculo deltoide . B, Fornecimento de sangue ao múscu lo deltoide pela artéria circunflexa posterior do úmero e pelos ramos da anas-
tomose de artérias adjacentes.

Cápsula

A
Artéria
circunflexa
umeral
posterior

B e

O(ril!:Qlll!i,I Acesso do tipo U invertido do aspecto posterior do ombro . A, Incisão na pele. B, Retalho de músculo e de pele virado
para bai xo, expondo espaço quadrangular e aspecto posterior do mangu ito rotador e músculos. C, Manguito rotator e incisão da
cápsula, expondo a cabeça umeral. VEJA A TÉCNICA 1-87.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

Músculo
deltoide ---~

~~-Linh a da
incisão

=,,,.....,.;----Músculo
bíce ps
~~*-- Músculo Músculo
bíceps braq uial ----1-'~~ii=---~.-

A B

H@ii;§illm Acesso anterol at eral à diáfi se do úmero . A, Incisão da pele. B, Múscul os delto ide e bíceps retraídos; múscul o braquial
incisad o longitudinalmente, expondo a di áfi se. VEJA A TÉCNICA 1-88.

do úmero e o nervo axi lar se dividem em ramos anteri or e a inserçã o, dista lmente ao nível da sua inserção, e pros-
)
posterior, de modo que divisão do deltoide entre seus siga em linha com a borda latera l do múscu lo bíceps 7,5
terços posteri or e médi o não as preju dica. cm para dent ro da art icu lação do cotovelo (Fi g. 1-1 08) .
• Continue esta divisão do deltoide até sua inserção para •Divida as fáscias superficial e profunda, e ligue a veia
dar pleno acesso ao espaço quadrangu lar, se desejado. cefál ica.
•Para expor a arti cu lação glenoumeral, incise o mangu ito • Na parte proxima l do acesso, retraia o de lto ide latera l-
do ombro em sua parte tendinosa, e retraia os múscu los; mente e os bíceps media imente pa ra expor a diáf ise do
em seg ui da, divida a cápsula (Fi g. 1- 107C). úmero.
• Se fo r necessá ria a exposição de ambas partes posterior •D istal à inserçã o do múscu lo deltoide, expo nha o múscu lo
e anterior do ombro, t raga a porção latera l da incisão ao braqu ial, separe-o longitud inalmente do osso, e retraia-o
redor do acrô mio lat era lm ente depo is med iaimente ao subperiosta lme nte, a metade latera l pa ra o lado lat eral e
longo da clavícu la ant erior (Fi g. 1-98A). a metade medial para o medial. A retração é mais fáci l
qua ndo o tendão do braqu ial é relaxado pela fl exão do
cotovelo a um ângu lo reto. A meta de latera l do múscu lo
braq uia l protege o nervo rad ial conforme ele passa em
torn o da diáfise do úmero (Fi gs. 1-1 08 e 1-1 09).
ACESSO ANTEROLATERAL
AO ÚMERO
TÉCNICA ~
Se desejado, a extrem ida de distal deste acesso pode ser conti-
~~~~~~~~...........~
nuada dentro de 5 cm dos côndilos do úmero e a extremidade
(THOMPSON; HENRY) proximal mais proximamente, tal como no acesso anteromedial do
ombro. As vantagens deste acesso são que o músculo braquial geral-
•I ncise a pele em lin ha com a borda anterior do músculo mente é inervado pelos nervos musculoc utâneos e rad ial, que pode
deltoide de um ponto intermed iário entre sua origem e ser dividido longitudinalmente sem paralisia, e que a metade lateral
do músc ulo braquial protege o nervo rad ial.
llllD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

O!ijl!;@llD Cortes tran sversa is em vários níveis do braço (Fig. 1-108) para mostrar o acesso através das estruturas profundas e a
relação com o nervo radial.

O aspec to anterior da diálise do úm ero, na junção dos seus


terços médio e distal, também pode se r abordado entre os múscu-
los bíceps e braquial mediaim ente e o braquiorradial latera lmente
TÉCNICA am____
(BERGER E BUCKWALTER)
__.~
(Fig. 1-109). Em um estudo retrosp ec tivo, King e Johnston relata -
ram qu e, na incisão original antero latera l da pele descrita por • Posicione o paciente em decúbito lateral com a extremi -
Henry (Figs. 1-109 e 1-110), os ramos do n ervo cutâneo braquial dade livre coberta e posicionada sob re o peito do paciente.
lateral inferior eram frequentemente seccionados, resultando na Começando 5 cm distais ao aspecto posterior do acrôm io,
formação dolorosa de neuroma, dormênci a ou formigamento em faça um a incisão em linha reta sobre o intervalo entre os
torno da cicatriz em 62% dos 30 pacientes. Isto foi confirmado por músculos deltoide e tríceps, e estenda-a distalmente no
um estudo anatômico de sete braços de cadáveres. King e Johnston nível da tuberosidade do deltoide.
recomendaram uma incisão posicionada mais anteriormente (Fig. •Desenvolva delicadamente o interva lo entre a cabeça
1-111) na zona divisora entre o braquial la teral inferior e os nervos lateral do tríceps e do deltoide (Fig. 1-112)
cutâneos braquiais m ediai s. •Exponha o periósteo do úmero, e incise-o lon gitudinal-
mente.
•Eleve o periósteo mediaimente, retraindo, assim, a cabeça
lateral do tríceps mediaimente.
ACESSO POSTERIOR AO ÚMERO •C ontinue a elevação subperiostea l do tríceps proximal-
PROXIMAL mente até sua origem do úmero proximal ser atingida.
Berger e Buckwalter descreveram um acesso posterior ao Retraia o tríceps mediaimente com cuidado para evitar
terço proximal da diáfise do úmero para ressecção de um lesão ao nervo radial, uma vez que ele entra em contato
osteoma osteoide. Este acesso expõe o osso através do com o periósteo cerca de 3 cm proximais ao nível da
interva lo entre a cabeça lateral do múscu lo tríceps inervado tuberosidade do deltoide.
pelo radial e o mú sculo deltoide inervado pelo axi lar. Apro- •El eve o periósteo lateralmente, retraindo, assim, o del-
ximadamente 8 cm do osso podem ser expostos, com a toide lateralmente.
abordagem limitada proximalmente pelo nervo axi lar e a • Para estender a exposição proximalmente, continue cuida-
artéria circunflexa umeral posterior e distalmente pela dosamente a dissecção subperiosteal até a origem proximal
origem do músculo tríceps da borda lateral da linha espira l da cabeça lateral do tríceps. Proteja o nervo axilar e a artéria
e pelo nervo radial subjacente. circunflexa posterior na borda proximal desta exposição.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

Músculo
braquiorradial

A B
Periósteo

Músculo
braquiorradial/

e D

O@mMlllI!) Expos içã o do úmero na junção dos t erços médio e distal através do acesso anterolateral. A, Incisão da pe le. B, O
interva lo entre os músculos bíceps e braquial mediaimente e o músculo braqui orrad ial lateralmente é desenvo lvido, e os músculos são
retraídos . C, Nervo radial identificado e retraído. D, O nervo é retraído, e os múscu los braquiorradiais e braqui ais são separados, expondo
a diáfise do úmero.

• Pa ra estender a exposição distalmente, libere parcial- do epicôndilo medial. O nervo ulnar é liberado do músculo tríceps
mente a inserção do músculo deltoide com cu idado e e retraído mediaimente; o tríceps é, então, separado da superfície
evitando o nervo radia l, que está abaixo da borda latera l posterior do septo intermuscular medial e da diáfise do úmero adja-
do tríceps (Fig. 1-112). cente. Se este acesso é estendido proximalmente à margem inferior
do músculo deltoide, deve-se manter o nervo radial em mente e
evitar o se u trajeto.

• ACESSOS À DIÁFISE DO ÚMERO DISTAL


Henry descreveu um acesso posterior que divide o tríceps pa ra ACESSO POSTEROLATERAL À
expor a diáfise do úmero posterior em seus dois terços médios. Este DIÁFISE DO ÚMERO DISTAL
acesso, às vezes, é valioso quando é necessário extirpar tumores
que não podem ser alcançados pelo acesso anterolateral. Mediai- Moran descreveu um acesso latera l modificado à diáfise do
mente, a diáfise do úmero pode ser abordada posterior ao septo úmero dista l para fixação de fraturas. Este acesso utiliza o )
intermuscular, ao longo de uma linha que se estende proximalmente
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Nervo cutâneo '-(


lateral superior -

Nervo
intercostobraquial r-\--4
Nervo cutâneo
braquial lateral
~.
inferior---,

Nervo cutâneo J
braquial medial ___/ •
Y

A B

H@ll;ffllllll A, Relação entre o nervo cutâneo braquial lateral inferior e a incisão na linha média anterior na pele. B, Relação entre
o nervo cutâneo braquial lateral e a incisão-padrão anterolateral na pele de Henry. (De King A, Johnston GH: A modification of Henry's
anterior approach to the humeru s, J Shoulder Elbow Surg 7:21 O, 1998.)

intervalo entre os músculos tríceps e braquiorradial, e não


Nervo axilar e )
envolve a divisão do tendão ou músculo tríceps.

~
TÉCNICA
---~~~~~~---~
(MORAN)

• Coloque o paciente na posição prona ou em decúbito lateral.


•Faça uma incisão na pele longitudinal de 15 a 18 cm de
comprimento sobre o aspecto posterolateral do braço
(Fig. 1-113A). Estenda a incisão distalmente a meio
caminho entre o epicôndilo lateral do úmero e a ponta
do olécrano 4 cm distais até a articulação do cotovelo. A
porção proximal da incisão está localizada a 4 cm poste-
riores do septo intermuscular lateral.
•A partir do ponto médio do acesso, disseque lateralmente
até o septo intermuscular lateral ser atingido.
•Incise a fáscia do tríceps longitudinalmente alguns milí-
Cabeça lateral do
músculo tríceps
metros posteriores ao septo intermuscular, e separe cui-
dadosamente o músculo tríceps do septo intermuscular
trabalhando de distal para proximal.
• Distalmente, incise a fáscia na borda lateral do ancôneo
e continue-a 4 cm distais ao epicôndilo lateral.
•Retraia o músculo ancôneo e a fáscia em continuidade
H(ciil;tJ.i1B9 Acesso posterior de Burger e Buckwalter à com o tríceps.
diáfise do úmero proximal. A linha tracejada indica o percurso •Identifique e proteja o nervo cutâneo antebraquial pos-
do nervo radial sob a cabeça lateral do músculo tríceps (veja terior, uma vez que ele deixa compartimento posterior no
texto) . (Mod ificado de Berger RA, Buckwalter JA: A posterior su rgica l septo intermuscular lateral (Fig. 1-1138 e D) .
approach to the proximal part of the humerus, J Bane Joint Surg •Retraia a nervo radial anteriormente. O nervo radial passa
71A:407, 1989 .) VEJA A TÉCNICA 1·89. através do septo intermuscular lateral na junção dos terços
médio e distal do úmero (Fig. 1-1138). )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

Nervo cutâneo
antebraquial
posterior
~
~F~~-- Artéria braquial
profunda

'~~-4l'----- Cabeça lateral do


músculo tríceps braquial

A B

1
I
I
I
I
I
I
I Posterior
I
I
I
1
' 1

Cabeça lateral
do músculo ! ~~==-~--Artéria braquial
tríceps braquial -~~-~,_ profunda Nervo radial

Músculo
braquiorradial

ii@lhfü llll:t Acesso posterolateral modificado ao úmero distal posterior. A, Incisão da pele. B, O intervalo entre a cabeça lateral
do tríceps e o septo intermuscular lateral é desenvolvido. C, A retração medial do tríceps expõe o aspecto posterior do úmero . D, Corte
transversal da parte superior do braço no ponto médio da incisão na pele. VEJA A TÉCNICA 1-90.
llllD
)
PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

•Retraia a músculo tríceps mediaimente para expor a


diáfise do úmero posterior (Fig . 1-11 3C). Se for necessária
uma exposição mais proximal, siga cuidadosamente o
nervo radial proximalmente e disseque-o del icadamente =, 16
_ ;~~~ Resumo dos Acessos Cirúrgicos
\,;ef\®\f·!;:'
!!!l~~~""
para. Ombro e Antebraço
Proximal

a partir da região do sulco espira l. AUTOR PLANO DO TECIDO


•Para fec har o acesso, permita que o músculo tríceps caia ACESSOS POSTERIORES
anteriormente em sua posição, e aproxi me a fáscia com Campbell Divisão da linha média do tríceps
suturas interrompidas.
Campbell Língua com aponeurose do tríceps
Kocher/Ewald EUC e ancôneo/tríceps
estendido
ÚMERO Wadsworth Língua da aponeurose do tríceps e
cabeça profunda de espessura total
Bryan, Morrey Elevar o mecanismo do tríceps a
ACESSO EXTENSO POSTEROLATERAL partir do olécrano medial e afastar
(COLO) AO ÚMERO DISTAL lateralmente
Boyd Borda lateral do tríceps/ulna e
Lewisky, Sheppa rd e Ruth descreveram como o acesso pos-
ancôneo/EUC
terolateral pode ser estend ido proximalmente e distalmente
Muller, Osteotomia do olecrano - transversa
para expor a maior parte da diáfise do úmero posterior e a
MacAusland ou Chevron
articu lação do cotovelo para o tratamento de fraturas com-

____
plexas. Eles descreveram um acesso extenso combinando ACESSOS LATERAIS
uma osteotomia do olécrano, a divisão da inserção do del- Kocher Entre FCU e ancôneo
toide e poupando a porção lateral do tríceps (C OLD). Cadenat Entre ERCC e ERLC
Kaplan Entre ERCC e EUC
____. ~
TÉCNICA ~ Key, Conwell Entre BR e ERLC
ACESSO MEDIAL
(LEWISKY. SHEPPARD E RUTH) Hotchkiss Entre FUC e PUFRC; braquial afastado
lateralmente com PUFRC/PR
•C onduza a parte distal da incisão distalmente ao longo
Molesworth Osteotomia epicondilar medial
da borda subcutãnea da ulna longe o suficiente para
ACESSO GLOBAL
permitir uma osteotomia do olécrano e a transposição
Patterson, Bain, Intervalo de Kocher; ± osteotomia
anterior do nervo ulnar.
Mehta epicondilar lateral; ± intevalo de
•Estenda a parte proximal da incisão para permitir uma
Kaplan; ± intevalo de Hotchkiss; ±
maior mobilização da cabeça lateral do músculo tríceps e
intevalo de Taylor
a exposição da in serção do músculo deltoide no úmero
proximal. A dissecção pode ser estendida tão proximal- ACESSO ANTERIOR
mente quanto o nível do ramo posterior do nervo axi lar Henry Entre o compartimento latera l e o
em sua posição subdeltóidea. tendão do bíceps; elevar o supinador
•Preste muita atenção para isolar e proteger o nervo radi al a partir do rádio
e a artéri a braquial profunda (Fig . 1-114). BR, braquiorradial; ERCC, extensor radial curto do carpo; ERLC, extensor
longo radial do carpo; EUC, extensor ulnar do carpo; FRC, flexor radial do
carpo; FUC, flexor ulnar do carpo; FPD, flexor profundo dos dedos; PL,
palmar longo; PR, pronador redondo.
De Mehta JA, Bain GI: Surgical approaches to the elbow, Hand Clin 20;375,
COTOVELO 2004.

Houve um aumento signi ficat ivo no conhecimen to referente à cirur-


gia do cotovelo. A Tabela 1-6 fornece um res umo dos acessos cirúr-
gicos para o cotovelo e o antebraço proximal. Apenas os acessos mais TÉCNICA
comumente utilizados são descritos a seguir.
(CAMPBELL)

• ACESSOS POSTERIORES • Comece a incisão na pele 1O cm proximais ao cotovelo


no aspecto posterolateral do braço, e continue-a distal-
mente por 13 cm (Fig. 1-11 SA).
ACESSO POSTEROLATERAL • Aprofu nd e a dissecção através da fá scia, e expon ha a
AO COTOVELO aponeurose do tríceps tão distalmente quanto sua inser-
Campbell usou uma abordagem posterolateral ao cotovelo ção no olecrano.
para operações ext ensas, como o tratamento de luxações • Quando o músculo tríceps for contra ído pela extensão
antigas posteriores, fraturas do úmero distal envolvendo a f ixa do cotovelo, libere a aponeurose de proximal para
articu lação, e artrop lastias. dista l em um retalho em forma de língua, e retraia-o até )
Componente da
osteotomia
do olécrano

Mdll;HllDJ O acesso COLO, descrito por


Lewicky, Sheppard e Ruth, com o paciente em
decúbito lateral (braço direito retratado). O
componente da osteotomia do olécrano é reba-
tido proximalmente, enquanto a dissecção pros-
segue ao longo do septo intermuscular lateral.
O nervo radial é visto obliquamente cruzando o
úmero distal à divisão da inserção do deltoide.
(Modificado de Lewicky YM, Sheppard JE, Rut h JT:
The comb ined olecranon osteotomy, lateral para t ri-
intermuscular cipita l sparing , deltoid insert ion spli tting approach
lateral for concom itant distal intra-articu lar and humera l
shaft fractu res, J Orthop Trauma 21: 135, 2007 .)
VEJA A TÉCNICA 1-91.

Cabeça - - Cabeça lateral


longa do do músculo
músculo - - tríceps
tríceps

--Músculo
braquiorradial

- - Músculo extensor
radial longo
do carpo

Músculo ancôneo
Músculo flexor .....__~ _ __,_ Aponeurose
ulnar do carpo - - Músculo extensor do tríceps
ulnar do carpo

A B

Cabeça radial

e
H(dil;MllD Acesso posterolateral de Campbell à articulação do cotovelo na contratura do tríceps. A, Incisão da pele. B, A língua
da aponeurose do tríceps foi libertada e rebatida distalmente. C, A articulação do cotovelo foi exposta por dissecção subperiosteal.
O nervo ulnar foi identificado e protegido. VEJA A TÉCNICA 1-92.
lllD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

sua inserção distalmente (Fi g. 1-11 SB); incise as fibras anexada aos tríceps para o reparo posterior, comece a dissec-
)
muscu lares restantes ao osso na linha média. ção aguda na superfície medial da porção proximal do ole-
• Se o músculo tríceps não foi con traído, divida o múscu lo crano, estenda-a proximalmente ao longo do tendão do
e a aponeurose longitud ina lmente na lin ha média e con- tríceps, lateralmente, e distalmente através do tendão ao
tinue a dissecção através do periósteo do úmero por meio aspecto posterior do epicôndilo lateral . A partir deste ponto,
da cápsu la articul ar e ao longo da borda latera l do ole- desvie a incisão distalmente e mediaimente através da apo-
crano (Fi g. 1-11 SC). neurose do tríceps para separar o ancôneo do extensor ulnar
•E leve o periósteo em conjunto com o músculo tríceps a do carpo (Fig . 1-11 6B).
partir da superfície posterior do úmero dista l por 5 cm. •Divida a cápsu la posterior na mesma linha.
•Para ma ior exposição, continue removendo-o subperios- • Rebata o tendão do tríceps distalmente, dividindo o tecido
tealmente em cada lado, liberando as li gações musculares muscular com cuidado de uma forma oblíqua para o dano
e capsulares aos cõnd il os e expondo a supe rfície anterior, mínimo à parte profunda do músculo; fique bem longe do
tomando cuidado para não lesar o nervo ulnar. nervo radial.
•Tire o periósteo do osso da fo rma mais conservadora pos- •Rebata o ancôneo e a cápsula subjacente mediaimente.
sível porque danos graves ao suprimento de sangue do • Atrás do epicôndilo lateral, a incisão f ica entre o músculo
osso causam osteonecrose . A cabeça de rádio se encontra ancôneo e a origem tendinosa comum dos músculos exten-
na extrem idade distal do ferimento. sores do antebraço. Para aumentar a exposição, rebata pa r-
•Quando o cotovelo for fixado em extensão comp leta cia lmente, a partir do úmero, a origem comum dos extensores,
com um músculo tríceps contra íd o, ele deve ser flexio- o ligamento colateral lateral, e a cápsula adjacente.
nado em um ângu lo certo para o fechamento da ferida . • A exposição excelente é facilmente alcançada (Fig. 1-11 6C);
Preencha a pa rte dista l do defeito no tendão do tríceps aumente a exposição, colocando uma pressão em varo na
com a parte em forma de V invertido da fáscia do tríceps, articulação do cotovelo.
e feche a parte proxima l sutu rand o as duas margens •Durante o fechamento, repare o tendão do tríceps, cápsu la
restantes do tríceps. posterior e aponeurose do tríceps com fortes sutu ras inter-
romp idas.

Em um estudo anatômico comparativo, Wilkinson e Stanley


ACESSO EXTENSO mostraram que uma osteotomia do olécrano expõe significativamente
POSTEROLATERAL AO COTOVELO uma superfície mais articular do úmero distal do que um acesso de
reflexão do tríceps.
Para alcançar o máximo de exposição segura do cotovelo
e articu lações rad io ulnar proximal, Wadsworth modificou
os acessos postero laterais conhecidos . Seu acesso extenso
é útil para as fratu ras articu lares dista is do úmero desloca- ACESSO POSTERIOR AO COTOVELO
das, sinovectomia, artroplastia total do cotovelo, e outros POR OSTEOTOMIA DO OLECRANO
procedimentos que requerem ampla exposição.

------~
TÉCNICA
TÉCNICA
(MACAUSLAND E MÜLLER)
(WADSWORTH)
• Exponha o cotovelo posteriormente através de uma incisão
• Com o paciente na posição prona e o cotovelo fl exionado começando 5 cm distal à ponta do olecrân io e estendendo
90 graus sobre um suporte e o antebraço pendente, inicie proximalmente medial à linha mediana do braço de 1O a
uma incisão curva na pele sobre o centro da superfície pos- 12 cm acima da ponta olecrân io.
terior do braço no limite proximal do tendão tríceps e esten- •Rebata cuidadosamente a pele e o tecido subcutâneo
da-a distalmente para o aspecto posterior do epicõndi lo pa ra ambos os lados para expor o olécrano e o tendão
lateral e mais distalmente e med iaimente à borda posterior do tríceps .
da ulna, 4 cm distais à ponta do olécrano (Fig. 1-11 6A). •E xponha o úmero dista l através de um acesso transo-
•Disseq ue o retalho cutâneo medial suficientemente longe lécrano.
mediaimente para expor o epicõndilo medial, e eleve sua- •Isole o nervo ulnar e, gentil mente, retraia-o a parti r de
vemente o reta lh o cutâneo latera l a uma curta distância; seu loca l com um dreno de Penrose ou uma fita úmida.
mantenha os dois reta lhos cutâneos retraídos com uma •Faça um furo na ponta do olécrano pelo canal medular;
única sutura em cada. em segu ida, rosque ie o buraco com o diâmetro que cor-
•Identifique o ne rvo ulnar proxim almente e li be re-o de seu responda a um parafuso esponjoso grande (6,5 mm) AO
tú nel através da divisão do li gamento arqueado que passa com 8 a 1O cm de comprimento (Fi g. 1-117 A).
entre as duas cabeças do múscu lo flexor ulnar do carpo; •Divida três quartos do olécrano transversalmente com um
recolha-o gentil mente com uma fa ixa de borracha. osteótomo ou serra oscilante fina aproximadamente 2 cm
• Para formar uma língua do tendão do tríceps com sua base de sua ponta. Frature o último quarto da osteotom ia
ligada ao olecra no, deixando uma borda periférica tendinosa (Fi g.1- 11 7BeC). )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

··t;;~"'""iiiii'i!- Músculo
tríceps

ancôneo

A B e
ij[§ii;f.HllD Acesso extenso posterolateral de Wadsworth ao cotovelo. A, Incisão da pele. Direita, Paciente pronado com o cotovelo
fle xionado a 90 graus e o braço apoiado, como mostrado. B, É formada uma língua baseada distalmente ao tendão do tríceps com
borda periférica intacta. O nervo ulnar está protegido. C, A exposição está concluída (veja te xto ). (Re desenhado de Wadsworth TG:
A modified posterolatera l approach to the elbow and proximal radioul nar joi nts, Clin Orthop Relat Res 144: 151, 1979.) VEJA A TÉCNICA 1-93.

4,5mm

3,2mm
2

3
A

B e D

iâ(êjil;@lllfa Osteotomia do olécrano. A, Preparação de buraco para parafuso esponjoso de 6,5 mm. B, Osteotomia incompleta feita
com ferramenta fina ou osteótomo. C, Osteotomia concluída por rachaduras do osso. D, Parafuso interfragmentário (6,5 mm), e fixação
do fio e banda de tensão. Esta técnica também é útil para fixação interna de fraturas no olécrano. VEJA A TÉCNICA 1-94.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

• Rebata o olécrano e o tríceps ligados proxima lmente para de 20 a 30 graus, para aliviar a tensão sobre os tecidos,
)
dar excelente exposição da face posterior da extremidade e, em segu ida, rebata a porção restante do mecanismo
inferior do úmero. do tríceps.
• Altern ati va mente, a osteotomia pode ser feita em uma •Para expor a cabeça rad ial, rebata o ancôneo subperios-
forma de V para aumentar a área de su perfície do osso talmente da ulna proximal; a articu lação inteira está,
para a consolid ação e para control ar a rota ção. ago ra, amplamente exposta (Fig. 1-118D)
• Ao fechar o acesso, reduza a fragmento proximal e insira • A cá psula posterior geralmente é refletida com o meca-
um parafuso esponjoso usando a buraco previamente nismo do tríceps, e a ponta do olecrano pode ser resse-
perfurado e rosqueado no canal medula r. cada para expor o tróclea claramente (Fig. 1-11 SD).
• Faça um furo transversal na ulna distal ao local da osteo- • Para alcançar a retração da articulação na artroplastia
tomia, e passe um fio nº 20 através deste buraco ao redor total do cotovelo, libere o ligamento colatera l medial do
da cabeça do parafuso, e aperte-o no formato de um oito úmero, se necessário.
(Fig . 1-117 D). • Du rante o fechamento, repare cui dadosamente o ligamento
colatera l medial quando sua liberação for necessária.
• Retorne o tríceps à sua posição anatômica e suture-o
diretamente ao osso através de furos no aspecto proxima l
Em nossa experiência, a placa posterior e o parafuso de fixação da ulna.
da osteotornia ap resentam um a taxa de uni ão maior, mas a ferragem, • Suture o periósteo à fáscia superfi cial do antebraço tão
muitas vezes, tem que ser removida após a uni ão por causa de sua longe quanto a margem do flexor ulnar do carpo (Fig.
locali zação subcutânea. 1-118E)
•Feche o acesso em camadas, e deixe um dreno no feri -
mento. Na artroplastia tota l da articu lação, faça um cura-
tivo no cotovelo com a articulação flexionada cerca de 60
graus, para evita r a pressão direta sobre o ferimento pela
ponta do olécrano.
ACESSO EXTENSO POSTERIOR
AO COTOVELO
Bryan e Morrey desenvolveram um acesso posterior modifi-
cado à articu lação do cotovelo, que fornece excelente expo- • ACESSOS LATERAIS
sição e preserva a continu idade do mecan ismo do tríceps, o
que permite uma fáci l reparação e reabilitação rá pida.
ACESSO LATERAL AO COTOVELO

------~
TÉCNICA O acesso lateral é uma excelente abordagem a uma fratura
do côndilo latera l porque a origem comum dos músculos
(BRYAN E MORREY) extensores está li gada ao fragmento do côndilo e não
precisa ser perturbada.
• Co loque o paciente em decúbito lateral ou inclinado de
45 a 60 graus com sacos de areia colocados sob as costa s TÉCNICA
e qua dril. Coloque o membro no peito .
•Faça uma incisão posteri or reta na li nha média do membro, • Comece a incisão aproximadamente 5 cm proximais ao
estendendo de 7 cm distal da ponta da olecrânio a 9 cm epicôndilo late ral do úmero, e con tinue- a dista lmente
proximais a ele. ao epicôndi lo e ao longo da superfície anterolateral do
•Identifique o nervo ulnar proximalmente na borda medial antebraço por cerca de 5 cm.
da cabeça medial do tríceps, e disseque-o li berando-o do • Para expor a borda lateral do úmero, desenvolva distal-
seu túnel distalmente ao seu primeiro ramo motor (Fig. mente para proximalmente o intervalo entre o tríceps
1-118A) posteriormente e as origens do extensor radial lon go do
•Na artroplastia tota l da articulação, transponha o nervo ca rpo e braquiorradial anteriormente. No ângulo proximal
anteri ormente no tecido subcutâneo (Fig . 1-11 SB). do acesso, evite o nervo radial, onde ele entra no inter-
•Eleve o aspecto medial do tríceps do úmero, ao longo do va lo entre os múscu los braquial e braquiorradia l.
septo intermu scu lar, ao nível da cápsu la posterior. • Com um pequeno osteótomo, sepa re a origem comu m
•Incise a fáscia superficial do antebraço distal mente por dos múscu los extensores do epicôn dilo lateral , junt a-
cerca de 6 cm até o periósteo da face medial do olecrano. mente com uma tira fina de osso, ou divida essa origem
• Rebata cu idadosame nte como uma ún ica unidade do apenas dista l ao epicônd ilo lat era l.
periósteo e fásc ia de mediaimente para late ralmente • Rebata a origem comum dista lmente, e exponha a arti-
(Fi g. 1-1 1SC). A parte medial da junção entre a inserção cu lação radioumeral. Proteja o ramo profundo do nervo
do t ríceps e da fáscia superficial e do periósteo da ulna radial que entra no músculo supinador.
é a parte mais fraca do tecido rebatido. Tome cuidado •E leve subperiosta lm ente as origens dos músculos bra-
para mant er a continuidade do mecan ismo do tríceps quiorradial e extensor radial longo do carpo, e incise a
neste ponto; disseque cuidadosamente o tendão do cápsu la para expor a face lateral da articulação do
tríceps do olécrano quando o cotovelo estiver estendido cotovelo.
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS -

-4-~-=~="""'f-- Fáscia superficial


do antebraço
~-=~;----,;~~--Linha da incisão

Músculo
tríceps --'iõ;-;-:,,,=.=---~tl

=f.----.$~-- Nervo u1nar


~'----;"'"""~~- Músculo tríceps

e
Músculo

~~~.--=;~;"--- Ligamento
colateral ulnar

D E

O@ii;f411D A-E, Acesso extenso posterior de Bryan e Morrey ao cotovelo (veja texto). VEJA A TÉCNICA 1-95.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo
braquiorradial

Músculos extensores
radiais longo e

Músculo
wrto~o "''º
braquiorradial

Músculo extensor
radial longo
do carpo

Nervo cutâneo
antebraquial dorsal
J '
1

Músculo tríceps
braquial
A

Músculo bíceps
braquial

Músculo ~ ~-z__ Músculo


extensor radial _J ~ tríceps braquial
longo do carpo
""= Nervo cutâneo
B antebraquial dorsal

H(§lhh)llJD Acesso lateral à articulação do cotovelo. A, O corte transversal mostra o acesso ao nível _da parte proxim_al da incis~o;
direita, incisão na pele e sua relação com estruturas profundas. B, Corte transversal mostra o acesso ao n1vel apenas proximal aos con-
dilos umerais; direita, o acesso foi concluído. VEJA A TÉCNICA 1-96.

• Rebata anteriormente a origem comum dos músculos


ACESSO LATERAL EM FORMA extensores do ep icônd il o latera l por dissecção subperios-
DE J AO COTOVELO tea l ou por desprendimento do epicôndilo.
•Incise a cápsu la articu lar longitudin almente.
TÉCNICA ~
'--~~~~~~--~ • Rebata o ancôneo subperiosta lmente da ulna proximal
para deslocar e exam in ar a articula ção sob visão direta
(KOCHER) (Fig. 1-120B).

•C omece a incisão 5 cm proximal ao cotove lo sobre a crista


supracondi liana latera l do úmero, estenda-a distalmente
ao longo desta crista, continue-a 5 cm distais à cabeça ACESSO lVIEDIAL COM OSTEOTOMIA
radial , e curva-a mediaimente e posteriormente para ter- DO EPICONDILO MEDIAL
minar na borda posterior da ulna (Fig. 1-120A).
•Disseque entre o músculo t ríceps posteriormente e o bra-
o acesso medial com osteotom ia do ep icôndi lo medial foi
desenvolvido por Molesworth e Campbell , trabalhando de
quiorradial e extensor radial longo do carpo anterior-
forma independente um do outro. Cada um deles utilizou
mente, para expor o côndi lo lateral e a cápsu la sobre a
este acesso para tratar uma fratura do epicôndilo medial
superfície lateral da cabeça radial.
do úmero. No paciente de Campbell, o fragmento foi des-
•Dista l à cabeça, separe o extensor ulnar do carpo do
locado distalmente e lateralmente e ficou preso na cavi-
ancôneo e divida as f ibras distais do ancôneo em li nha
dade articular. Durante a cirurgia, Campbell achou que o
com as partes curvas e transversais distais da incisão da
rádio e a ulna poderiam ser deslocados no úmero de modo
pele. Rebata o periósteo das superfícies anterior e poste-
que todas as partes da articulação, incluindo todas o super-
rior do úmero distal.
fícies articu lares, pudessem ser inspecionadas .
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

Músculo
braquiorradial

Epicô ndilo
lateral

A Músculo Múscu lo extensor


B
ancôneo ulnar do carpo

IUriil;ijllE!) Acesso lateral em J de Kocher à articulação do cotovelo. A, Incisão da pele . B, O acesso foi concluído e a articulação
do cotovelo foi lu xada. VEJA A TÉCNICA 1-97.

TÉCNICA ~ da articu lação (Fig. 1-122) Na face medial, com cu idado,


'--~~~~~~~~~ evite o nervo ulnar.
(MOLESWORTH; CAMPBELL; FIG. 1-121) • Incise a cápsu la no sentido proximal até distal em cada face.

• Com o cotovelo flexionado a um ângulo reto, faça uma


incisão medial ao longo da ponta do ep icônd ilo media l 5 ACESSO GLOBAL AO COTOVELO
cm distais da articu lação e cerca de 5 cm proximais a ela.
O acesso "g loba l" permite a exposição circunferencial do
•Isole o nervo ulnar em seu sulco posterior ao ep icônd ilo,
cotovelo. Os li gamentos colaterais, o processo coro noide e
libere-o e recolha-o posteriormente.
a cápsu la articu lar anterior podem ser alcançados por meio
• Disseque todos os tecidos moles do epicôndi lo, exceto a
desta abordagem.
origem comum dos músculos flexores, retire o epicôndilo

~~~~~~~~---'~
com um pequeno osteótomo, e rebata-o distalmente em
conjunto com os seus anexos tendinosos não perturbados.
TÉCNICA
•Por dissecção romba, contin ue dista lm ente, refletindo os (PATTERSON, BAIN E MEHTA)
múscu los que se originam a partir do ep icônd ilo medial.
Proteja os ramos do nervo mediano que inervam estes •Faça uma incisão posterior reta na linha média.
músculos, entrando ao longo de suas margens laterais. •Disseque agudamente através da fáscia profun da até o
•Libere o aspecto medial do processo coronóide, incise a tendão do tríceps e a borda subcutânea da ulna.
cápsu la, e t ire o periósteo e a cápsu la anteriorm ente e •Se o aspecto med ial do cotovelo necessitar ser exposto,
posteriorm ente a partir do úmero, tão proximal quanto o abra o túnel cubital, isole o nervo ulnar, e transponha-o
necessá rio . Evite les ionar o nervo mediano, que passa anteriormente. Proteja-o durante todo o procedimento
sobre a face anterior da articu lação. com um dreno Penrose (Fig . 1-1 23A).
• Com a cápsu la lateral atuando como uma dobradiça, • Desenvolva a espessura total medial ou as abas laterais fas-
desloque a articulação. ciocutâneas, dependendo do procedimento a ser realizado.

ACESSO POSTEROLATERAL
•Desenvolva o interva lo Kocher entre o ancôneo e o
músculo extenso r ulnar do carpo para expor a cápsu la do
ACESSO MEDIAL E LATERAL AO cotove lo e o epicôndi lo latera l.
COTOVELO •Para expor a fossa do olécrano e o aspecto posterior do
úmero distal, rebata a ancôneo e o tríceps mediaimente.
TÉCNICA ~ •Para expor a cabeça radial, eleve a origem comum do
~~~~~~~~---~ extensor ante riormen te da cápsu la subjacente, liga-
• Quando a exposição exte nsa não for necessária, uma mento colatera l lateral ulnar, e epicôndil o late ral (Fig.
in cisão de 5 a 7 cm de comp rim ento pode ser feita em 1-1 238).
um ou em ambos os lados da arti cu lação apenas anterior •Faça uma artrotomia ao longo da borda anterior do li ga-
aos côndi los e paralelo com as cri stas epicond ilares do mento colatera l lateral ulnar e continue-a distalmente,
úmero. A prega de fl exão do cotovelo é proximal à linha dividindo o ligamento anular. )
-- PARTE 1 PRINCÍPI OS BÁSICOS

A B Tendão flexor
Linh a da incisão cutânea comum

H@lhfdllD Acesso medial de Campbell à articu lação do cotove lo. A, Incisão da pele . B, O nervo ulnar fo i recolhido posteriormente,
e o epicôndi lo med ial está sendo liberado. C, O epicônd il o e a origem comum anexa dos músculos flexores foram rebatidos distalmente.
A cápsu la articular deve ser incisada long itudina lmente. D, O acesso foi concluído e a articu lação do cotove lo foi lu xa da. VEJA A TÉCNICA 1-98.

•Se for necessária a exposição ad icion al da cabeça radia l,


)
realize uma osteotomia em forma de V do ep icônd il o
lateral (Fig. 1-123C)
•Perfure e rosqueie os buracos para aceita r um ou dois
parafusos esponjosos de 4 mm ou corticais de 3,5 mm.
Uti lize uma pequena serra sagital ou osteótomo para
executar o corte.
• Eleve os músculos da crista supracondi lar subperiostal-
mente, mantendo-os em continuidade com o epicôndilo
latera l e a origem comum dos extenso res.
•Desenvolva o interva lo entre o extensor comum dos
dedos e os extensores rad iais longo e cu rto do carpo até
o nível do ramo profundo do nervo ra dial (interósseo
posterior) onde entra no supinador na árcada de Frõhse.
Isso permite a reflexão da origem comum dos extensores,
li gamento colatera l latera l ulnar, e epicônd ilo latera l con -
juntamente em direção anterior e dista l.
•Se for necessá ri a a exposição adiciona l da cabeça do rádio,
colo e diáfise proximal, faça a pronação do antebraço para
trazer o nervo interósseo posterior anteriormente (Fig .
1-1230) e divida o ligamento anu lar 5 mm da borda da
fossa sigmoidea menor (Fig. 1-123C). Eleve uma aba da
H@il;MllD O fio de Kirschner foi co lado ao longo da dobra cápsu la posterior, se necessário. Isso viola o ligamento cola-
de fle xão do cotove lo. Observe a rela ção do fio com a linh a tera l ulnar latera l, que deve ser reparado no fechamento. )
comum . VEJA A TÉCNICA 1-99 .
CAPÍTULO 1 TÉCNI CAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRG ICAS -

Li gamento - - - Músculo extensor


colateral ulnar do carpo
lateral ulnar +---'5!;.----=""~ ~~~""T- Ligamento
colateral
radial

Capsulotomia
anterior ao ligamento
colateral lateral ulnar
Ligamento
anular
B

Músculo extensor
ulnar do carpo e
osteotomia do
Tendão d o _ / epicôndilo lateral
tríceps
retraído

ancôneo Li beração subperiosteal


e retraído do músculo supinador

h(§ihf;ill:D Acesso globa l à articu lação do cotove lo. A, Incisão inicial e isolamento do nervo ulnar. B, Componente latera l. C, Osteotomia
Chevron do epicônd il o lateral.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

~ N ervo ulnar

/
.~;;;r •
Epicô ndilo
medial

ante rior
.:.__----.,,~=-:--- Caps u loto mi a
ao ligamento colateral
medial

- - - - Tendão do tríceps
E
Faixa da fáscia profunda para
reparação das inserções dos flexores

1El~!§~l!l!i-~1111§~fi!INDR~.]D,\•t D, Transposição do ne rvo interósseo poste ri or com pro nação do ante braço. E, Compo nent e medial. VEJA A
TÉCNICA 1-100.

• Libere o músculo supinador da crista supinadora da ulna, experimenta l em cadáveres, Strachan e Ellis recomendaram
)
e recolha-o Juntamente com o nervo interósseo posterior uma posição de pronação completa do antebraço para a
para expor o rádio proximal. proteção máxima do nervo durante este acesso (Fig. 1- 123D).
ACESSO POSTEROMEDIAL
• Para estender o acesso med iaimente, libere os músculos TÉCNICA
flexores ulna r do carpo e profundos dos dedos subperios-
ta lmente de suas origens ulnar. • Comece uma incisão oblíqua sobre a superfície posterior
• Retraia-os anteriormente para expor o processo coro- do cõnd ilo umeral lateral e continue-a ob liquamente,
nóide, parte anterior do comp lexo ligamentar med ial e dista lmente e media imente a um ponto sobre a borda
anteriores da cápsu la articu lar (Fig. 1- 123 E). posterior da ulna de 3 a 5 cm dista l à ponta do olecrano
(Fig. 1-124).
• Divida o tecido subcutâneo e a fásc ia profunda ao longo
da linha de incisão, e desenvolva o plano fascial entre os
músculos extensores ulnar do carpo e ancõneo. Este
RÁDIO plano pode ser encontrado mais fac ilmente na parte
dista l do que na parte proxima l da incisão, porque na
parte proxima l os dois músculos se misturam em sua
ACESSO POSTERQLATERAL À CABEÇA
origem.
E AO COLO DO RADIO • Retra ia o ancõneo para o lado ulnar e o extensor ulnar
Um acesso oblíquo posterolatera l expõe, de forma segura, do ca rpo para o lado rad ial, expondo a cá psu la art icu lar
a cabeça e co lo do rád io; que corresponde à parte distal do na prof undidade da pa rte proxima l do acesso .
membro da abordagem lateral-J de Kocher ao cotovelo. É a • Note que as fibras do supinador cruzam, em um ângulo
melhor abordagem para a excisão da cabeça do rádio, direito, o ferimento, perto de seu centro e profundo
porque não é só extensa proximalmente como distalmente, (anterior) ao extensor ulnar do carpo; retraia as fibras
sem perigo aos vasos ou nervos maiores, mas também pre- proximais do sup inador distalmente.
serva o fornecimento de nervos ao ancõneo. É ma is seguro •Loca lize a cápsula articu lar na prof undidade do acesso,
do que um acesso que separa o extensor ulnar do carpo do incise-a e exponha a cabeça e co lo do rádio (Fig.
extensor comum aos dedos, ou uma que separa o último 1-124). O ramo profundo do nervo radia l, que se situa
músculo dos extensores rad iais, porque ambas colocam em entre os dois planos do supinador permanece sem
perigo o nervo interósseo posterior. Depois do traba lho lesões.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS

Músculo
braquial ----l~

Músculo
braqu iorradial ---;~

Músculos
/--
extensores /
radiais longo e 1
1
cu rto do ca rpo 1
- -Músculo 1
flexor ulnar 1
do carpo 1
1
1
~~~-M úsc ul o 1
ancô neo 1

~----'-- M ú scu l o
extensor
ulnar do carpo
~~~~--- M ú scu l o
extensor
comum
dos dedos

Músculos extensores
radiais longo
e cu rto do ca rpo

Nervo cutâneo
antebraquial dorsal ~Q~
Tendão extensor comum ::::5"~ ·J
Acesso

H[êjihMIJ!II Acesso post erol at eral à ca beça do rá di o. O cort e t ransversa l mostra a re lação da di ssecção cirúrgica co m a anat omi a
adj acente. VEJA A TÉCNICA 1-101.

ao epicôndi lo umera l lateral (Fig. 1- 125A); quando o


ACE~SO AOS TERÇOS, PROXIMAL antebraço estiver pronado, esta linha será quase reta.
E MEDIO DA SUPERFICIE • Exponha a borda lateral (radia l) do múscu lo extensor
POSTERIOR DO RÁDIO comum aos dedos na parte distal da incisão.
• Desenvolva o int ervalo entre este múscu lo e o extensor
A exposição do terço proxima l do rádio é difíc il, porque o
radia l curto do carpo, e retraia essas estrutu ras para a
ramo profundo do nervo rad ial (interósseo posteri or) o
ulnar e rad ial.
atravessa dentro do múscu lo supinador; deve-se manter
• O múscu lo abdutor longo do polegar é visível; retra ia-o
este nervo sempre em mente e tomar cuidado para prote-
distalmente e em di reção à ulna para expor parte da
gê-lo de lesões.
superfície posterior do rádio.
TÉCNICA • Continue a dissecção proximal mente entre o extensor
comum aos dedos e os extensores curtos e longos radiais
(THOMPSON) do carpo ao ep icônd ilo umeral lateral.
• Rebata o extensor comum aos dedos em direção à ulna para
• Faça a incisão na pele ao longo dos terços proxima l e expor o múscu lo supinador, ou para uma visão mais ampla,
médio do rádio ao longo de uma li nha traçada a partir separe o extensor dos dedos de sua origem no epicôndilo
do centro do dorso do pu lso a um ponto 1,5 cm anterior latera l e ret raia-o ainda mais mediaimente (Fig. 1-1 25B). )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Músculo extensor
radial longo
do carpo
Linha da incisão Rádio
no músculo
Ramo supinador
interósseo do
nervo radial Músculo
extensor
comum
Músculo extensor dos dedos - -
radial curto
do ca rpo
Múscu lo pronador Músculo
A redondo (inserção) abdutor
longo do
polegar --+----'>
,,:!!!!!;;~~- Músculo adutor
longo do polegar

~ Músculo extensor
curto do polegar

~ Músculo extensor
longo do polegar
B e

H(êilh1ª1JD Acesso de Tho mpson aos te rços proxi mal e méd io da superfície posterio r do rád io. A, Inc isão da pe le. B, Relações do
sup in ador e ramo profundo do nervo radial co m o t erço proximal do rá di o. C, O acesso foi concl uído. VEJA A TÉCNICA 1-102.

•Exponha a parte do rádio coberta pelo supinador por uma antebraço em linha com a incisão na pele, tomando o
)
das duas maneiras. Ou divida as fibras muscu lares até o cuidado de proteger os vasos radiais (Fig . 1-126B e C).
ramo profundo do nervo rad ia l e retraia cuidadosamente • Isole e ligue a veia e a artéria radial recorrente imediata-
o nervo, ou liberte o músculo do osso subperiostalmente mente; caso contrário, as extremidades cortadas podem
e rebata-o proximalmente ou dista lmente, juntamente retrair, resultando em um hematoma que pode causar
com o nervo; a última é o melhor método, se a exposição contração isquêmica (Volkmann) dos músculos flexores
for suficientemente grande (Fig. 1-125C). do antebraço. Flexione o cotovelo em um ângulo certo
para permitir a retração ma is completa dos múscu los
braquiorradial e extensores radiais do carpo para expor o
sup inador.
•I ncise a bursa bicipita l, que fica no ângulo entre a margem
ACESSO ANTEROLATERAL À DIÁFISE latera l do tendão do bíceps e do rádio e, deste ponto
PROXIMAL E ARTICULAÇÃO DO distalmente, tire o supinador su bperiostalmente do rádio
COTOVELO e rebata -o lateralmente; ele ca rrega consigo e protege o
ramo profundo do nervo radial (Fig . 1- 1260 e E).
TÉCNICA
mm~~~~--~ • Faça pronação do antebraço e exponha o rádio por dis-
secção subperiosteal.
(HENRY)

• Com o antebraço supinado, inicie uma incisão longitudinal


em forma de serpentina em um ponto imediatamente lateral
e proximal ao tendão do bíceps e estenda-a distalmente no ACESSO ANT~RIOR À METADE
antebraço ao longo da borda medial do braquiorradial e, se
necessário, continue até o estiloide radial (Fig . 1-126A).
DISTAL DO RADIO
• Exponh a o tendão do bíceps por incisão da fáscia pro- A superfície volar (anterior) da metade distal do rádio é
funda em sua região lateral; divida a fáscia profunda do larga, plana, e lisa e proporciona um leito ma is satisfatório )
CAPÍTULO 1 TÉCNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS

Músculo .ILl'IA'f,~-----Músculo
braquiorradial bíceps
? ~~~----Ne~o
radial Incisão na
cápsula aberta

Artéria radial
~~~-v--Tendão do bíceps
Periósteo
rebatido---='=""""'~
=--~---Músculo
pronador
redondo

D E

O!flil;f.HlfD Acesso anterolateral modificado de Henry à articulação do cotovelo. A, Incisão. B, A fáscia foi incisada para expor o
braquiorradial lateralmente e o bíceps e o braquial mediaimente. Lacertus fibrosus foi dividido para permitir que a dissecação seja
aprofundada entre o tendão do bíceps e o pronador redondo mediaimente e o braquiorradial lateralmente. C, Dissecção foi aprofun-
dada para expor nervo radial. Nervo e seu ramo sensitivo estão protegidos, e a artéria radial recorrente é ligada e dividida. D, A linha
tracejada representa a incisão a ser feita através de cápsula articular e ao longo da borda medial do supinador para expor o rádio
proximal e o capítulo . E, Antebraço foi supinado, e o acesso foi concluído pela reflexão do supinador. Nervo radial, que corre no supi-
nador, está protegido. VEJA A TÉCNICA 1-103.
llE!) PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

) para uma placa ou um enxerto do que a superfície convexa na linh a de fronteira entre as estruturas inervadas por
dorsal (posterior). nervos diferentes."
•Identifique e proteja o ramo sensitivo do nervo radial, que
fica abaixo do músculo braquiorradial. Cu idadosamente,
TÉCNICA mobilize e retra ia mediaimente o tendão flexor radial do
carpo e a artéria e veia radial. O flexor superficial dos
(HENRY) dedos, flexor longo do polegar, e os músculos pronador
quadrado estão agora expostos.
•Com o antebraço em supinação, faça uma incisão longi- •C omeçando na borda anterolatera l do rádio, eleve subpe-
tudinal de 15 a 20 cm sobre o intervalo entre os músculos riostalmente o flexor longo do polegar e os músculos
braquiorradia l e flexor radial do carpo (Fig. 1-127 A a C); pronador quadrado (Fig. 1-1270 a F) e rebata-os mediai-
este intervalo, como indicado por Kocher, "encontra-se mente (na direção da ulna).

Artéria radial
Incisão

A
------
----~ !----

B
Ramo sensitivo
Músculo flexor Músculo do nervo radial
longo do polegar braquiorradial
Tendão do
músculo extensor
radial do carpo

E
Artéria radial

li!êiii;Z.HID Acesso anterior de Henry à metade distal do rádio . A, Incisão da pele. B, Fá scia foi incisada, o braquiorradial foi afas-
tado lateralmente e o flexor radial do carpo mediaimente. Artéria radial e ramo sensitivo do nervo radial devem ser protegidos, porque
eles passam profundamente pelo braquiorradial. C, Vasos radiais e o tendão do fle xo r radial do carpo foram afastados mediaimente,
para expor os músculos fle xores longos do polegar e dos dedos e o pronador quadrado. D, Antebraço foi pronado para expor o rádio
lateral ao pronador quadrado e flexor longo do polegar. E, a linha tracejada indica a incisão a ser feita através de periósteo. F, O periósteo
foi incisado, e o flexor longo do polegar e o pronador quadrado foram elevados subperiostalmente da superfície anterior do rádio.
VEJA A TÉCNICA 1-104.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS -

ULNA retináculo dorsal do ca rp o e defina as partiçôes fibrosas


que separam as bainhas dos tendôes no dorso do rádio
ACESSO AO TERÇO PROXIMAL e ulna.
DA ULNA E AO QUARTO PROXIMAL • Divida esse retináculo e o periósteo subjacente sobre o
DO RÁDIO tubércu lo tomando cuidado para não ferir o tendão do
extensor longo do polegar; disseque entre os t endões
Visto que uma parte da superfície posterior da uln a em extensores do polegar e dedos.
toda sua extensão se encontra logo abaixo da pele, qual- •Eleve o periósteo dos últimos centímetros distais do rádio,
quer parte do osso pode ser abordada por incisão na pele, mas preserve, o quanto for possível, as bainhas dos
fáscia e periósteo ao lon go desta superfície. tendões extensores.
O seguinte acesso é especialmente útil no tratamento •Retraia os tendões dos extensores dos dedos mediai-
das fraturas do terço proximal da ulna associadas ao des- mente (em direção a ulna) para expor a superfície dorsal
lo_
camento da cabeça do rádio. Ela também pode ser usada da articulação do punho e para permitir uma incisão
pa ra expor o quarto proximal do rádio sozinho, com menos transversal da cápsula (Fig. 1-12 98)
perigo para o ramo profundo do nervo radial, do que com
outros acessos.

, TÉCNICA mm____~
(BOYD)
ACESSO DORSAL AO PUNHO
•In icie a incisão de ce rca de 2,5 cm proximais à articula-
ção do cotovelo logo latera l ao tendão do tríceps, con-
tinue-a distalmente sobre o lado lateral da ponta do
TÉCNICA llmll~~~~~~
olecrano e ao longo da margem subcutânea da ulna, e •Inicie uma incisão transversal cu rvada da pele sobre a face
termine-a na junção do terço proximal e médio da ulna media l da cabeça da ulna, e estenda-a em todo o dorso
(Fig. 1-128A). do punho para um ponto 1,5 cm proximal e posterior ao
•Desenvolva o intervalo entre a ulna no lado medial e o esti loide radial (Fig . 1-129A).
ancôneo e extensor ulnar do carpo na face lateral. •Retraia a pe le e a fásc ia superfici al e profunda, e retraia
•Tire o ancôneo do osso subperiosta lmente na parte pro- os tendões, como descrito na primeira técnica, expondo
xima l da incisão; para expor a cabeça radial, rebata o o lado rad ial do dorso do punho.
ancôneo radialmente. •Para expor o lado ulnar, faça uma incisão long itu dina l
• Distal à cabeça radial, aprofunde a dissecção da mem- através do retináculo dorsal do carpo entre o extensor
brana interóssea depois de rebater a parte do sup inador próprio do quinto dedo e os tendões extensores comuns
que surge a partir da ulna subperiostalmente. dos dedos. Retraia os tendões extensores comuns para o
•Desprenda o supinador do quarto proximal do rádio, e lado radial e os tendões do extensor próprio quinto dedo
rebata radialmente toda a massa muscular, incluindo e o extensor ulnar do carpo para o lado ulnar, e incise a
este músculo, o ancôneo e a parte proximal do extensor cápsu la transversalmente.
ulnar do carpo (Fig. 1-1 288). Isso expôe amp lamente a • Ao combinar estas incisões profund as e alternadamente
superfície late ral da uln a e do quarto proximal do rádio. retraindo os tend ões dos extensores comuns dos dedos
A substância do supinador refletido protege o ramo pro- para o lado radia l ou ulnar, pode-se chegar ao aspecto
fundo do nervo radial (Fig . 1-128C e D). dorsal inteiro da articulação .
•Na parte próxima! do acesso, divida a artéria interóssea
recorrente, mas não a artéria interóssea dorsal.

ACESSO VOLAR AO PUNHO


O acesso valar muitas vezes é usado para remover ou
PUNHO
reduzir um osso sem ilun ar luxado.
• ACESSOS DORSAIS
TÉCNICA
ACESSO DORSAL AO PUNHO •Faça uma incisão transversa l em todo o aspecto valar do
punho na prega de flexão distal (Fig . 1-130). (A incisão
TÉCNICA
lllim~~~~--~ longitudinal cu rvada tem sido usada, mas é menos dese-
jável porque cruza as pregas de flexão produzindo uma
• At ravés de uma incisão curvilínea de 1O cm dorsal cen- cicatriz que pode causar uma contratura em flexão .)
trada sobre o tubérculo Lister (Fig . 1-129A), exponha o •I ncise e retraia a fáscia superfici al e profunda. )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Tendão do tríceps - - - - -

="'°"""""~- Músculo flexor


A profundo dos dedos

Olécrano

1
e 2 3 4

Nervo
radial
Músculo
flexor
profundo
dos dedos--

ancôneo
ancôneo

3 Membrana 4
interóssea
Ulna
Músculo Músculo Músculo
flexor flexor supinador
profundo ' profundo
dos dedos-- Nervo
radial dos dedos-- Nervo
radial
Incisão _ ___;=i._I~~ ~ Músculo Incisão
Músculo ~ sup1nador Artéria
ancôneo Músculo extensor interóssea
D ulnar do carpo ancôneo recorrente

O@iiit.HID Acesso de Boyd ao terço proximal da ulna e ao quarto do rádio. A, Incisão da pele . B, O acesso foi concluído. C e D,
Relação do ramo profundo do nervo radial com as porções superficia l e profunda do supinador. C, Os números 1, 2, 3 e 4 correspondem
aos níve is de cortes transversais em D, com os mesmos números . VEJA A TÉCNICA 1-105.
CAPÍTULO 1 TÉCN ICAS EVIAS DE AC ESSO CIRÚRGICAS . .

/Tendão do
extensor
longo do
polegar
/
- +--Tendão do
extensor
ulnar
do carpo
extensor transversa
comum através - - +=-= curva
dos dedos da prega
Tendão do --+---.,,,---;==-==;---,-- flexora ----;--Nervo mediano
extensor distal
·--=---~-Tend ão do
próprio do palmar longo
dedo
A mínimo
A

! Tendões
flexores _...,=-;~~,.___=-.....,...,.

( SemUooa<

H@ll;hillm Acessos dorsais ao punho. A, As linhas contínuas


representam incisões cutâneas curvas longitudinais e transversa is.
Linhas tra cej adas representam incisões através do retináculo
dorsa l do carpo (veja texto) . B, Escafoi de, sem ilunar e rádio distal
foram expostos através de incisão na pele curva transversal e
através de uma incisão no retináculo dorsal do ca rpo centrada
sobre o tub érculo Lister. VEJA AS TÉCNICAS 1-106 E 1-107.

H!§ii;Hllm Acesso va lar ao punho. A, Incisões cutâneas opcio-


nais transversais ou curvas longitudinais. B, Tendões flexo res e nervo
mediano afastado como em um corte transversal, expondo o osso
) •I dentifique o tendão do palmar longo. Loca lize e isole o semi lunar e a extremidade distal do rádio . VEJA A TÉCNICA 1-108.
nervo mediano; ele gera lmente é profundo e li geira-
mente radia l ao tendão do pa lmar longo. Em pacientes
com ausência congênita do tendão do palmar longo, o
nervo mediano é a estrutura longitudina l mais superficial ACESSO LATERAL AO PUNHO
na face vo lar do punho. Gentilmente retraia os tendóes

-------~
do palmar longo (se houver) e do flexor do longo do TÉCNICA
po legar para o lado rad ial. Retraia o flexor supe rf icial
dos dedos e os tendões profundos para o lado ulnar (Fig. •Faça uma incisão lateral curvilínea de 7,5 cm na pele em forma
1-130A). de uma baioneta, no lado radial do punho (Fig. 1-131A).
•I ncise a cápsu la articular, expondo a extremidade distal •Retraia para o lado vola r do punho o tendão extensor
do rádio e do semi lunar (Fig. 1-130B). curto do polegar, os tendões abdutores do polegar, a )
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Nervo sensitivo Tendão do extensor


Incisão curto do polegar artéria radial, e o ramo terminal lateral superficial do
superficial radial )
nervo radial; retraia o tendão extensor longo dos dedos
dorsalmente. Essa retração expõe a tuberosidade do esca-
foide (Fig. 1-131 B)
• Divida longitudinalmente o ligamento colateral radial e a
cápsu la para expor a face lateral da articu lação do pulso.
Tome cuidado para proteger a artéria radi al, que passa
entre os tendões do abdutor longo e extensor curto do
polegar lateralmente, o ligamento colatera l rad ial mediai-
mente, e os ramos superficiais do nervo radia l, que inervam
a pele do dorso do polegar.

ACESSO MEDIAL AO PUNHO


O acesso medial pode ser utilizado para a artrodese de
punho quando tran sferências de tendão em torno do
dorso do punho são contempladas (Cap. 71) Smith-Pe-
tersen o usou para artrodese do punho, quando a articu-
lação radioulnar distal estava doente ou perturbada; em
sua técnica (Fig. 1-132), os 2,5 cm distais da ulna são
ressecados.

------~
TÉCNICA
•Faça uma incisão curvilínea medial centrada sobre o estilóide
ulnar. A parte proximal da incisão é paralela à ulna; ao nível
O@lhijlJIIt Acesso lateral à articulação do punho. A, Incisão do estilóide ulnar, ela faz uma curva dorsalmente e em
da pele . B, O acesso foi concluído. VEJA A TÉCNICA 1-109.

Linha da incisão cutãnea

--~ I ..)

UI°' \_Rã~lo
A
B

Periósteo
refletido

1
- -.:." ......

e D Rádio Carpo
Coto ulnar

O@lhfflll!!I Acesso medial de Smith-Petersen ao punho . A, Incisão curvilínea medial. B, Ulna osteotomizada obliquamente 2,5 cm
proximais ao processo estiloide. C, Ulna distal ressecada e periósteo do rádio incisado. D, Articulação radiocárpica exposta pelo afasta-
mento da cápsula e dos ligamentos do carpo e a extremidade distal do rádio. VEJA A TÉCNICA 1-110.
CAPÍTULO 1 TÉ CNICAS EVIAS DE ACESSO CIRÚRGICAS cm
Parikh SN: Bane graft substitutes in modern arthapedics, Orthope-
direção à palma para a extremidade proximal do quinto
dics 25:1301, 2002.
metacarpo e a parte distal da incisão segue paralela ao
Rajpura A, Somanchi BV, Muir LTSW: The effect of taurniquet
quinto metacarpo por cerca de 2,5 cm. Durante a incisão
padding an the efficiency af taurniquets of the upper limb, J Bane
na pele e no tecido subcutãneo, cuidadosamente evite ferir
Jaint Surg 89B:532, 2007.
o ramo dorsal do nervo ulnar, que cruza ao redor do dorso
Tingart MJ, Apreleva M, Lehtinen J, et ai: Anchor design and bane
do pu lso imediatamente distal à cabeça da ulna e se divide
mineral density affect the pull-aut strength of suture anchors in
em seus três ramos cutãneos fornecendo sensibilidade para
rotator cuff repair: which anchors are best to use in patients with
o quinto dedo e a metade ulnar do dedo anelar.
low bone quality? Am j Sparts Med 32:1466, 2004.
•Incise a fáscia, e abra a cápsula longitudinalm ente. Não
Younger ASE, McEwen JA, Inkpen K: Wide contoured cuffs and
machuque a fibrocartilagem triangular ligada ao esti lóid e
automated limb occlusion measurement allow lower tourniquet
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TARSO E TORNOZELO
MÃO
Hammit MD, Hobgood ER, Tarquinio TA: Midline posterior appro-
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JOELHO

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Mehta JA, Bain GI: Surgical approaches to the elbow, Hand Clin
20:375, 2004.
TECNOLOGIA E QUADRIL 137 CONDIÇÕES PATOLÓGICAS
TÉCNICA 127 OSTEONECROSE 137 DO LABRUM 144
CONTRAINDICAÇÕES 128 OSTEOPOROSE TRANSITÓRIA 139 OUTRAS CAUSAS DE DOR
PÉ E TORNOZELO 129 TRAUMATISMO 140 NO OMBRO 145
LESÕES TENDÍNEAS 129 COLUNA VERTEBRAL 140 PUNHO E COTOVELO 145
LESÕES LIGAMENTARES 129 DOENÇA DO DISCO RUPTURA DO LIGAMENTO
LESÕES ÓSSEAS 129 INTERVERTEBRAL 141 CARPAL 146
OUTRAS DOENÇAS DE PÉ E DORSALGIA PÔS-OPERATÓRIA 142 OUTRAS CONDIÇÕES PATOLÓGICAS
TORNOZELO 132 TUMORES DA COLUNA 143 DA MÃO E DO PUNHO 146
JOELHO 133 TRAUMATISMO MEDULAR 143 COTOVELO 147
CONDIÇÕES PATOLÓGICAS OMBRO 143 DIAGNÓSTICO POR
DOS MENISCOS 133 CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DO
IMAGEM DE TUMORES 149
LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO 135 MANGUITO ROTADOR 144 CONCLUSÃO 151
OUTROS PROBLEMAS DO JOELHO 136 SÍNDROME DO IMPACTO NO OMBRO 144

Além da radiografia de rotina, nenhuma modalidade de imagem aproximadamente por força de campo. Os escâneres de alto campo
tem um impacto tão grande sobre a prática atual de ortopedia possuem ímãs supercondutores considerados com uma intensidade
como a imagem por ressonância magnética (RM). A RM fornece de campo superior a 1 Tesla (T). Os escâneres de baixo campo
excelente resolução de contraste de tecidos moles e capacidade operam em intensidades de campo de 0,3 a 0,7 T. Os escâneres mais
multiplanar com reso lução espacial que se aproxima da tomografia novos de ultrabaixo campo operam abaixo de 0,1 T, mas geralmente
computadorizada (TC) . Consequentemente, a RM substitu iu os são limitados a est udar a anatomia apend icular. A força do campo
antigos métodos de diagnóstico por imagem, como mielografia, magnético se correlaciona diretamente com o sinal disponível para
artrografia, e até mesmo angiografia. Nos últimos 30 anos, a res- criar a imagem de ressonância magnética. Os escâneres de alto
sonância magnética foi aperfeiçoada para se tornar um compo- campo geram imagens com alta relação si nal-ruído, permitindo
nente fundamental da prática ortopédica moderna. menor tempo de digitalização, digitalização de cortes mais finos e
Ao contrário da radiografia ou da TC, a imagem de RM é campos de visão menores. Na intensidade de campo mais baixa, o
gerada sem a utilização de radiação ionizante potencialmente preju- campo de leitura de vista ou espessura de corte deve ser aumentado
dicial. As imagens de RM são criadas por meio do posicionamento (comprometendo a resolução) ou o tempo de imagem deve ser pro-
do paciente em um campo magnético forte (cerca de 30 mil vezes longado para compensar o sinal mais baixo. Antigamente, os escâ-
mais forte que o campo magnético da Terra). A força magnética afeta neres de força de campo menor apresentavam a vantagem de uma
os núcleos dentro do campo, especificamente os núcleos de elemen - entrada "aberta", o que ajudou a minimizar a claustrofobia e permi-
tos com números ímpares de prótons ou nêutrons. O elemento mais tir um posicionamento mais confortável do paciente mediante o
abundante que satisfaz esse critério é o hidrogênio, que aparece em diagnóstico por imagem de estruturas fora do eixo, como cotovelos
grande quantidade em água e gordura. Esses núcleos, que são essen- e punhos. No entanto, a atual geração de escâneres de alto campo
cialmente prótons, possuem um spin quântico. Quando os tecidos do tem entradas de maior diâmetro e comprimento mais curto, elimi-
paciente estão sujeitos a esse campo magnético forte, os prótons se nando, assim, essa vantagem de baixo campo. Sistemas ainda mais
alinham em relação ao campo. Uma vez que todas as imagems são potentes (3 T) estão atualmente disponíveis em termos comerciais.
feitas dentro dessa força magnética constante, este se torna o estado Até hoje, as vantagens da tecnologia de 3 T vêm impactando princi-
estacionário, ou de equilíbrio. Nesse estado estacionário, se aplica o palmente o diagnóstico por imagem na neurologia e na cardiologia.
pulso de radiofrequência (RF), o qual excita os prótons magnetizados O valor potencial desse equipamento de campo maior de resistência
no campo e perturba o estado estacionário. Após a aplicação desse de imagem músculoesquelética ainda será determinado.
pulso, um a bobina receptora ou antena recebe um sinal de RF Uma imagem pode ser adquir ida na bobina principal (o
emitido, que é gerado conforme esses prótons excitados passem a tubo oco em que o paciente se encontra durante o exame) . Isso
relaxar ou voltar ao estado de equilíbrio. Esse sinal emitido é então pode ter um resultado satisfatório quando se est uda o peito,
utilizado para criar a imagem de ressonância magnética. abdome ou pelve, onde uma grande área será avaliada. No sistema
musculoesquelético, os quadris, as coxas e as pernas podem ser
examinados dessa forma. No entanto, para a avaliação de estr u-
TECNOLOGIA E TÉCNICA turas articulares menores, tais como os meniscos do joelho ou do
Uma grande variedade de sistemas de imagens de RM está manguito rotador, são necessários rolos de superfície especializados.
comercialmente disponível. Os escâneres podem ser agrupados Vários tipos de bobinas de superfície estão disponíveis, incluindo

127
lllD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁS ICOS

bobinas ad aptadas p ara p artes esp ecíficas d o corp o, com o a colun a ce rtos parâm etro s de dig italização. Além di sso, o sinal d e gordura
vertebral, ombro, punho e articulações temp oro mandibulares, bem em im agens pela técn ica d e fas t spin-echo pe rma nece bastante
como bobinas fl exíveis versáteis e bobinas extrem am ente circunfe- in tenso, um problem a que pode ser elimin ad o pelas técnicas d e
renciais. Essas bobinas ser vem com o anten as colocad as próxim o ao vari ação química com supressão de gordura (Fig. 2- 1). A supressão
volume de im age ns, melhorando significativamente o sin al e a reso- d e gordura p o de ta mbém ser alcan çad a através d a utili zação d e urna
lu ção. A única d esvantagem d a utili zação d e bobinas de sup erfíc ie técnica d e recuperação d a inversão com T I curto (STIR). Essas
é que apenas áreas limitadas p od em se r estudad as. Assim , bobinas técnicas d e supressão de gordura podem se r úteis na detecção d e
m aio res fo ram desenvolvidas com tecnologia phased-array, ofe re- edem a na m edul a óssea e no tecid o mole; e, por conseguinte, desem -
cendo um sinal m elhorad o em relação ao visto em bobinas m en ores, penh am um papel importante no diagnóstico por im agem de traum as
com uma área d e cobertura expandida. Essas bobinas phased-array e neoplasias. Outro métod o de im age m rápi da, a técnica gradient-e-
estão disp oníveis p ara o joelho, ombro e tronco, e ago ra são o pad rão cho, é utili zado seletivam ente muitas vezes para geração de imagens
na maioria d os escâ neres d e última geração. A seleção d a bo bina d e cartilagem (co mo para o labrum gleno ida l). A maio ri a d os estudos
ideal é essen cial para imagens de alta qualid ade d as artic ul ações o u d e RM é composta de um número de sequências de imagem ou séri e,
d e pequenas partes. e ad aptada para detecta r e determin ar um certo processo patológico.
Apesar d e to dos os estudos envolvere m a m agneti zação e os Com o os plan os de imagem (axial, sagita l, coron al, oblíq uo ) e o tipo
sin ais d e RF, o m étod o e o tem po de excitação e d e aquisição do sin al de sequên cia (T I , T2, gradient-echo) são escolhid os n o início, é
podem ser variados p ara afetar a intensid ade d o sin a l dos vá ri os necessá rio co nh ecimento avançad o do problema cl ínico para executar
tecidos n o volu me. Os exam es de RM mu sculoesquelé tica utiliza m um a di agnóstico por im agem de alta qualidade.
principalm en te a técnica d e spin-echo, que p ro du z im age ns pon -
d eradas em Tl , com base na d ensid ad e d e próto ns (spin), e as
ponder ad as em T2. TI e T2 são características específicas d o tecido. CONTRAINDICAÇÕES
Ess es valores refl etem as m edições d a taxa de relaxam ento para o
estad o estacion ário. Ao variar o tempo da aplicação d e p ulsos d e RF Alguns pacientes não são candidatos à RM. As contraindicações abso-
(TR, o u tempo de repetição) e o tem po de aqui sição d o sin al de lutas para RM inclu em clips de an eurisma intracerebral, d esfibril ad o-
retorno (TE, o u tempo de eco), uma sequência de im agens pod e res autom áticos, aparelhos auditivos internos, e co rpos estranh os
acentuar as característi cas do tecido T I ou T2. Na m aioria dos casos, orbitais metálicos. A grande m aio ria dos m arca-passos cardíacos não
a gordura tem um sin a l alto (br ilhan te) nas imagens p onderad as em é segura par a realização da RM; no entanto, foi recentemente desen -
T I e o fluid o tem um sin a l alto n as im agens po nd erad as em T2 . As volvid a uma nova geração de marca- passos co mpatíveis com a RM.
estruturas que p ossuem p ouca água ou gordu ra, com o o osso co rti - As próteses valvares cardíacas podem ser verificadas de fo rma segura.
cal, os tendões e os li ga m entos, são hipointensas (escuras) em todos As contraindicações relativas incluem gravid ez no primeiro trim estre
os tipos d e sequências. As melh orias nas técnicas d e RM têm e stents intravasculares colocados dentro de 6 sem anas. Ge ralmente,
p ermitido imagens muito m ais rápidas. Sequências d e im agens mais é seguro escanear os materiais d e síntese internos e próteses
curtas são m ais bem toleradas pelos pacien tes e p ermitem men os ortopédicas; apesa r dos metais fe rrosos poderem cri ar artefatos locais
ar tefatos por m ovim ento. Um a d essas m elh ori as, a té cnica d e fast e obscurecerem os tec idos adj acentes. A gravid ad e de artefatos de
sp in-echo, p o d e re du zir o comprim e nto d as sequ ênc ias p o nder a- meta is depende do volume do material de síntese, orientação, e tipo
d as em T2 em do is terços o u m a is. Algum as sequ ên c ias d e fast de m ateri al. Por exemplo, as próteses de titânio geram muito menos
spin-echo podem introdu zir artefa tos d e ind efini ção, qu e pode m artefato em relação às de aço inoxidável (Fig. 2-2) . Alguns ajustes nos
obsc urece r p equen as alterações, tais co rn o lesões m enisca is. Esse parâmetros de digitalização po dem reduzir, mas não eliminar, os arte-
probl e ma poten cial po d e se r elimi nado prest an do -se aten ção a fatos dos m etais. As próteses de metal também po dem aqu ecer-se

h!c\IJmiflm Técnica de supressã o de gordura por vari açã o química . A, Imagem a xial fast spin-echo ponderada em T2 de grande
massa de tecido mole na panturrilha. A gordura hiperintensa se mistura às margen s anterior e posterior da lesão . B, A adição de
supressão de gordura permite uma melhor delimita ção das ma rgen s do tumor.
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA

h(riii;@flm RM com mater ia l ortopéd ico em um paciente com doença pu lmonar metastática. A, A radiografia latera l do fêmur
proxima l mostra uma lesão suti l no córtex posterior adjacente ao componente femoral de uma prótese total de t itânio do quadr il
(seta). B, A imagem de recuperação de inversão da supressão de gordura sagital mostra uma metástase imediatamente adjacente ao
mater ial (seta). Observe que o artefato mínimo é gerado pela haste de titânio.

durante o exame, embora isso seja raramente notado pelo paciente e o tendão calcâneo engrossa e se torna oval ou circular em secção
qu ase nunca exija o término do estudo. Os pacientes com dispositivos transversal. O tendão alargado mantém baixo sinal em todas as
de fixação externa de metal não devem se r subm etidos ao exame de sequências. Q uando parcialmente rompido, o tendão demonstra
RM. Se há um questionamento sobre a co mpatibilidade de um dispo- espessamento focal ou fusiforme com áreas intercaladas de edema ou
sitivo implantável com a RM (p. ex., estimulador de dor, bomba de hemorragia que brilham na sé ri e T2 (Fig. 2-3). Com ruptura com-
infusão), o fabricante deverá ser consultado. pleta, há descontinuidade das fibras do tendão. Da mesma forma, as
anormal idades do tendão tibial posterior podem ser confiavelmente
diagnosticadas com ressonância magnética. Um aumento de líquido
PÉ E TORNOZELO na bainha do tendão indica tenossinovite. Tendões insuficientes ou
rompidos podem aparecer engrossados, atenuados ou mesmo descon-
Duas das regiões anatôm icas mais complexas do corpo hw1iano são tínuados (Fig. 2-4). Menos frequentemente, anormalidades similares
o pé e o tornozelo. A complexidade das articulações do mediopé e do são vistas nos tendões flexores e tendões fibulares (Fig. 2-5) . A divisão
retropé e a var iedade de condições patológicas nos tendões e ligamen- longitudinal do tendão fibular geralmente é muito bem vista em cortes
tos tornam a avaliação difícil do ponto de vista clínico e de imagem. axiais de ressonância magnética (Fig. 2-6).
A maioria dos exa mes do pé e tornozelo é realizada para avaliar
tendinopatia, distúrbios articu lares, e condições patológicas ósseas,
geralmente após traumatismo. A ressonância magnética pode ser bas- LESÕES LIGAMENTARES
tante útil quando o exame é voltado para resolver um determinado
problema clínico, mas o seu valor como um estudo de triagem para Embora as lesões ligamentares do tornozelo sejam comuns, a resso-
dor inespecífica é mais limitado. Dado o pequeno tamanho das estru - nância magnética tem um papel limitado em sua avaliação. Os liga-
turas a se rem examinadas, o diagnóstico por imagem ideal é alcan- mentos es tabilizadores medial e lateral das articulações tibiotalar e
çado em um forte campo magnético de alta intensidade, e a utilização talocalcâneas, bem corno os ligame ntos tibiofibulares distais, geral-
de um a bobina de superfície, tipicamente uma bobina de extremi- mente podem ser vistos com o posicionamento adequado do pé. O
dad e, é obrigatória. Preferencialmente, a aprese ntação clínica permite estado das imagens dos ligamentos do tornozelo, no entanto, não
que o exame seja direcionado para qualquer parte do antepé ou tor- muda o tratamento na maioria dos pacientes. A RM tem sido útil
nozelo/retropé. Essa divisão arbitrária permite um campo de visão na avaliação do recesso lateral da articulação do tornozelo em
suficientemente pequeno (de 10 a 12 cm) para gerar imagens de alta pacientes com entorse crônica e pinçamento do tornozelo. Regiões
resolução. As imagens podem ser prescritas em planos ortogonais ou de fibros e frequentemente são vistas na goteira lateral, especialmente
oblíquos, com combinações e sequências em padrão Tl, padrão T2 e quando está presente líquido na artic ul ação do tornozelo.
supressão de gordura. O exame deve ser adaptado para melhor definir
o problema suspeitado clinica mente.
LESÕES ÓSSEAS
LESÕES TENDÍNEAS Conforme os demais ossos do esqueleto, a RM tem especial indica-
ção na ava liação de lesões patológicas ocultas no osso do pé e tor-
A RM se destaca na avaliação das condições patológicas nos numero- nozelo (Fig. 2-7). As fraturas por es tresse são retratadas como áreas
sos tendões sobre a articulação do tornozelo. Os tendões calcâneo e com edema medu lar antes de aparecerem alterações radiográficas.
tibia l posterior são os mais comumente afetados. Na tendinite crônica, A RM apresenta tant a se nsibi lid ad e quanto a cintilografia, apesar
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

1Uffil;@fl9 Ruptura parcial do tend ão calcâ neo. A, A imagem sag ital ponderada em T1 demonstra o tendão calcâneo marcada-
mente espessado co ntendo áreas de sinal intermediário (seta). B, A imagem ponderada em T2 sag ital com supressão de gordura exibe
fluidos dentro da substância do tendão, indicando ruptura parci al (seta).

mijlh@flm Ruptura do tend ão tibial


posterior. A, A imagem axial ponderada em
T1 revela a região edemaciada, mal definida
com intensidade do sinal intermediária, repre-
sentando fluido e tendão anormal (seta). B, A
imagem axial ponderada em T2 com supressão
de gordura mostra tendão espessado (seta )
ce rcado por fluido hiperintenso.
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSON ÂN CIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA

iâ@ih@fl9 Ruptura do tendão fibular longo. A, A imagem coronal ponderada em T1 através do mediopé demonst ra aumento
do diâmetro do tendão f ib ular longo (setas) . B, A imagem corona l com supressão de gordura ponderada em T2 revela sina l de fluido
dentro do tendão rompido (seta) .

0[rill;t.)fl9 Osteonecrose do tálus. A imagem ponderada


em densidade de prótons com sup ressão de gordura revela foco de
sinal ano rmal na cúpu la ta lar (seta) após a fratura do colo do tá lus.

de aind a prover maior especificad ade e detalh amento anatômico.


A capacidade multiplanar da RM é útil na avaliação do tornozelo e
da arti culação subtalar. Com image ns de alta qu alidade, a excelente
caracterização de lesões osteocondrais do tálus pode ser útil no pla-
H[rimt.!!19 Ruptura do tendão fibu lar curto. A imagem axia l nejamento cirúrgico. Hepple et ai. dese nvolveram uma classificação
ponderada em densidade de prótons com supressão de gordura no das lesões osteocondrais do tálus com base nas evidênci as da RM. A
nível da articu lação do tornoze lo mostra uma divisão long itudinal estabilidade da lesão pode ser inferida pela inspeção da cartilagem
do tendão fib ul ar curto (seta) entre o ma léolo lateral anterior- articular superficial e a interface óssea subj acente (Fig. 2-8). A tomo-
mente e o tendão fibular longo posteriormente. grafia computadorizada desempenha um papel complementar à RM,
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

1Uril!;f4!Jl9 Osteocondrite dissecante do tálus em um universitário jogador de futebol americano. A, A imagem coronal ponderada
em T1 mostra fragmento osteocondral na cúpula talar medial. A perda do sinal de gordura sugere esclerose ou fibrose (seta). B, A
imagem coronal com supressão de gordura ponderada em T2 demonstra sinal de fluido entre a lesão e o osso subjacente (pontas de
seta), indicando fragmento instáve l. C, A técnica coronal gradient-echo com supressão de gordura revela sinal anormalmente reduzido
(seta) na cartilagem articular sobrej acente, indicando defeito confirmado por artroscopia.

H@ii;@flm Osteomielite do cuboide. A, A imag em sagit al ponderada em T1 mostra sinal anormalmente hipointenso da medula
ao longo do cuboide (seta). B, Imagem sag ital ponderada em T2 com supressão de gordura mostrando marcante edema de medula
compatível com osteom ielite (seta) .

se houver suspeita de avulsões ósseas ou pequenas calcificações intrar- A RM também é uma modalidade de imagem valiosa na avaliação
ticulares. Outros processos patológicos medulares, tais como a osteo- de pacientes com suspeita de infecção óssea ou nos tecidos moles.
necrose e tumores, tamb ém podem se r ava liados. Devido à excelente representação da medula óssea, a osteomielite pode
ser detectada muito cedo, talvez de 7 a 10 dias antes das anomalias
radiográficas serem visíveis (Fig. 2-9). A informação anatômica forne-
OUTRAS DOENÇAS DE PÉ E TORNOZELO cida pela RM pode auxiliar no planejamento cirúrgico por meio da
defi nição da extensão da doença. Certas sequências de supressão de
Assim como em outras partes do co rpo, a RM é uma ferramenta gordura são tão sensíveis que o edema da medula reativa (osteíte) pode
fundament al no manejo de um paciente com um tum or ósseo ou de ser visto mesmo antes de osteomielite franca. Apesar de a sensibilidade
tecido mole. A informação anatômica multiplanar excelente forne- da RM para a osteom ielite se aproximar de 100%, a especificidade
cida pela RM permite a detecção e a defi ni ção de massas no pé. Uma relatada é menor. Alguns autores têm sugerido maior confiabilidade em
massa específica do pé é o neuroma de Mo rto n. No rm almente substi tuição da medul a Tl em vez de anormalidade de sinal em T2
encontrada no terceiro espaço interm etatarsal distalmente, é na (edema) para aumentar a especificidade. Em doentes neuropáticos, a
maioria das vezes um diagnóstico clínico baseado na presença de especificidade das alterações de sinal de RM é reduzida; portanto, a
dor na sup erfície plantar do pé nesse local. Dife rentemente da propedêutica atual de osteomielite no pé diabético muitas vezes envolve
maioria dos outros tumores, esta lesão carece de aum ento de sinal uma combinação de cintilografia, RM, dados laboratoriais e exame
nas sequências pond eradas em T2. A avaliação da RM acerca de físico. Para a avaliação da infecção do tecido mole circundante, a RM
outras neoplasias se rá discutida mais ad iante neste capítul o. é o método de escolha. A adi ção de sequências aprimoradas com
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA -

contraste é útil na fracas defini ções de coleções/abscessos com fluidos Estas áreas de aumento de sinal foram classificadas como grau 1 (glo-
e de tec ido desvascularizado ou gangrenado. Embora o pé diabético bular), grau 2 (linear) e grau 3. As a.Iterações do sinal dos graus 1 e 2 não
possa ser um diagnóstico desafi ador, o sinal regular da medula à RM se estendem à superfície artic ular do menisco e, portanto, não repre-
exclui a osteomielite com segurança. sentam rupturas. Estas mudanças de sinal co rrespondem a áreas de
degeneração mu coide que não são visíveis artroscopicamente.
Por outro lado, um sinal de grau 3 é uma anormalidade linear
JOELHO qu e se estende para a superfície arti cular superior ou inferior. Um
sinal de anorm alidade grau 3 represe nta um a ruptura (Figs. 2- 1O a
O joelho é a região m a.is estud ada do esqueleto apendicular. Bobi - 2- 12) . Emb ora tenh a sido suge rid o qu e as mud anças grau 1 e gra u
nas- padrão de extremidades permitem imagens de alta resolução 2 prog ridam para rupturas meniscais, os exam es de acompanh a-
das estrutu ras internas co mumente lesadas do conjunto. O exame mento não mostraram essa prog ressão. Ge ralmente, anormalidades
RM de rotin a do joelho é co mposto de sequências spin-echo obtidas de sin al vistas em apenas um a image m não devem ser consideradas
nos plan os sagital, coronal e, geralmente, axial. A m aioria dos exa- ruptu ras, a menos que haja di storção anatômica assoc iada do
minadores prefe re avaliar os m eniscos em cortes sagitais ponderadas menisco. O m enisco deve ser definid o pela localização (corno ante-
em densidade de prótons (spin ). As imagens sagitais são presc ritas ri or, corpo, co rn o posterior, bord a livre, perife ri a) e pela orientação
num plano paralelo ao curso do ligam ento cru zado anterior de (hori zontal, vertical, radial, co mpl exa). Deve-se suspeitar de com -
aproximadamente 15 graus rod ado intern amente ao verdadeiro plicações de ruptu ras, como fragmentos deslocados (rupturas em
plano sagital. As imagens coronais são úteis na avaliação das es tru - alça de balde, fragmentos medi ais desviados inferiormente), qu and o
tu ras med ial e lateral de apoio. A articul ação patelofemoral é m ais a parte reta do menisco é pequena ou trun cada. Um exame cuid a-
bem obse rvada no plano axial. doso da ar ticulação, muitas vezes no plano coronal, irá revelar os
fr agmentos mes niscais deslocados e h ipointensos (Figs. 2-13 e 2- 14) .
A sensibilidade e a especific idade da RM na detecção de lesões
CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DOS MENISCOS meniscais rotineiramente ultrapassa m os 90%.
Os estu dos mostraram que muitos fa tores afetam a precisão de
Um a grande porcentagem de dor no joelho ou deficiência é causada RM co m relação à avaliação do menisco, incluindo a experiência tanto
por condições patológicas dos meniscos. Os meniscos são co mpostos do radi ologista nos estudos de interpretação como do ortopedista no
de fibro cartilagem e aparecem co mo estruturas de baixo si nal em momento em qu e está realizando a artroscopia. Existem muitas arm a-
todas as sequências de pulsos. Os m eniscos são mais bem estudados dilh as na interpretação. Ao estudar as par tes ce ntrais dos meniscos, o
em image ns sagital e coronal. Em imagens sagitais, os meniscos apa- liga mento meniscofemoral e o ligam ento m eniscal transverso podem
recem co mo tri ângulos negros na porção central da articulação e criar problemas. A separação meniscocapsul ar muitas vezes é difícil
assumem uma configuração de "gravata borboleta" na periferia da de detectar na ausência de uma separação completa e do corpo livre
articul ação. Muitas vezes podem ser vistas regiões com aumento de meniscal res ul tante. Os idosos muitas vezes aprese ntam um grande
sinal dentro da fibrocartilagem normalmente escura dos meniscos. aum ento de sinal intram eniscal que pode ser confundido com uma

O@il;f4 fliiJI Ruptura meniscal. A imagem sagital ponderada


em densidade de prótons demonstra aumento de sinal linear O!ijih@f.119 Ruptura meniscal. A imagem sag ita l ponderada
atravessando o corno posterior do menisco media l, indicando e m densidade de prótons revela um pequeno defe ito na borda
ruptu ra ob líqua (seta) . livre do corpo do menisco latera l, ind icando ruptura radial (seta).
-- PARTE 1 PRIN CÍPIOS BÁSICOS

h@ii;tglfl!9 Fragm ento do menisco medial deslocado infe-


riormente. A imagem ponderada com supressão de gordura em
hf§ii;MElm Cisto meniscal. A imagem sag ital do joelho com
supressão de gordura ponderada em densidade de prótons densidade de prótons demonstra parte do menisco medial deslo-
cada inferior e profundamente ao ligamento colateral medial (seta) .
mostra um cisto meniscal hiperintenso (seta grossa) adjacente ao
menisco medial. Existe ruptura associada na superfície articular
inferior do menisco (seta curva).

h@ihtglflm Ruptura em al ça de balde do menisco medial. As imagens (A) corona l e (B) axial ponderadas em densidade de prótons
com supressão de gordura demonstram parte centra lmente deslocada de menisco medial (setas) .

ruptura. A especificidade da RM para ruptu ra meniscal é reduzida em (a rtrorressonância m agnética) pode aj ud ar a dife renciar as rupturas
pac ientes que se submeteram anterior mente à cirurgia do menisco. cicatri zadas ou reparadas de novas lesões.
A maioria dos exa min adores, no enta nto, continu a a confiar na RM O ut ras ano rmalidades morfol ógicas dos men iscos e es trutu -
de tais pacientes, tend o cautela co m os meni scos que têm maior ras adjacentes são muito bem mos tra das na RM. O menisco dis-
grau de ressecção cirúrgica. O co nh ecimento de qualqu er histó- coide alargado ou ach atado anormalmente é visto mais comumente
ri co de debridamento m eniscal o u reparaçã o prévia pode afetar no lad o lateral. Embora a co nfiguração em "gravata de borboleta"
a interpreta ção do exam e e deve se r fo rn ecido ao médi co para do menisco lateral no plano sagital em mais de três imagens adj a-
interpretação. Ocasionalmente, a injeção intra-articular de gadolínio ce ntes indique um menisco discoide, a secção transversal geralmente
CAPÍTULO 2 IMAG EM POR RESS ONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA -

O@ii;Wflm Menisco discoide em menino de 3 anos de idade. A, A imagem sagital ponderada em densidade de prótons reve la
menisco lateral espesso anormalmente (seta). B, A imagem coronal ponderada em densidade de prótons com supressão de gordura
demonstra extensão do menisco discoide central (seta) na parte de supo rte de carga do compartimento lateral.

OMm@Elm Ruptura aguda do ligamento cruzado anterior. A, A imagem ponderada em densidade de prótons com supressão de
gordura mostra fibras distorcidas irregulares do LCA rompidas (setas). B, Edema da medula óssea hiperintenso no côndilo femora l lateral
(seta) é um sinal secundário visto frequentemente com a lesão aguda do LCA.

ano rm al é bastante evidente nas imagens coro nais (Fig. 2- 15). Os co m áreas de sinal intermediário. O LCA cursa de sua inserção
cistos meniscais, que geralmente estão assoc iados com e adjacentes femo ral no cô ndilo lateral na extensão pos teri or da foss a intercon-
a lesões meniscais, muitas vezes podem ser fac ilmente vistos como dil ar ao as pec to anterior da eminência tibial. Nas imagens sagitais,
coleções discretamente hiperintensas em T2 localizadas medi ai- a ori entação da LCA norm al é paralela ao teto da fossa interco n-
mente ou lateralmente (Fig. 2-1 2) . dilar. Os sinais co nfi áveis de ruptura do LCA incluem um curso
anorm al hori zo ntal, uma ondulação ou aparência irregular, ou
lac un as cheias de líquido em um ligamento descontínuo (Fig.
LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO 2- 16) . Rupturas crôni cas podem revelar espessam ento ligamentar
sem edema ou, muitas vezes, completa atrofia. Existem vários
A RM é o úni co meio de demonstrar os liga mentos cru zados por sinais secun dá rios de ruptura do LCA. Em lesões agud as, as con-
imagens não invasivas. Como descrito anteriorm ente, o plano de tusões ósseas são manifes tadas como regiões de edema na região
imagem sagital do exame do joelho é presc rito para aproximar o óssea sub co ndral, tipi camente no compartim ento la te ral. A ca rti-
plano do liga mento cru zado anteri or (LCA) . O LCA normal lagem da sup erfície articular deve ser cuidadosamente inspecio-
aparece com o uma fa ixa linear de fib ras hip ointensas intercaladas nada para sinais de lesão. Essas contusões ósseas no rm almente
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

O@il;tfifJ:m Ruptura do ligamento cruzado posterior. A imagem


sagital ponderada em T2 mostra sinal luminoso anormal (seta) no
O@IJ;tgifll9 Ruptura do ligamento colateral medial. Em imagem
coronal com supressão de gordura ponderada em densidade de
interior normalmente escuro do ligam ento cruzado posterior.
prótons, é demonstrada uma ruptura completa da porção proxi-
Também é visto fluido sobre a extensão proximal do LCP parcial-
mal do ligamento co lateral medial (seta); essa aparência sugere
mente roto.
uma lesão de grau 3 ao LCM .

d esapa rece m d entro de 6 a 12 sem anas de lesão. A translação


OUTROS PROBLEMAS DO JOELHO
anteri or d a tíbi a em relação ao fê mur, equiva lente imaginol óg ico
d o sin al d e gave ta, é a ltam ente específica d as rupturas agudas ou Os ferimentos graves no m ecani smo exten so r do joelh o são clinica-
crôn icas. M uitas vezes estão prese ntes curva turas do ligam ento mente óbvios; mas, qu ando há suspeita de ruptura parcial dos
cruzad o pos terior, mas es te sin al é m a is subj etivo. Embo ra geral- tendões patelar ou quadricipital, a RM po de confirm ar o diagnós-
m ente m ais bem avaliad o no plano sagita l, o LCA pode e deve se r tico. A d escontinuidad e das fibras tendíneas e a exis tência de fluido
visto também nos planos coron al e axial. Em grandes séries corre- em urna lac una dentro d o tendão são vistas com o rupturas comple-
la cionadas com d ados de ar troscopia, a RM alcançou urn a acurácia tas. As rupturas in co mpl etas m ostram espessa mento do tendão com
d e 95% n a ava li ação d as condições patológicas d o LCA Infeliz- ed ema intercalados. Geralm ente, a tendinite d emon stra espessa-
m ente, co mo ocor re com freq uência com o exam e fí sico, a RM mento do tendão, enqua nto o sin al norm al baixo é m antido. Poste-
muitas vezes não é útil n a difere ncia ção das rupturas parciais e riormente, cistos poplíteo ou de Baker são observados na face m edial
completas. A RM po d e representar prec isa me nte o LCA recons- d a fossa poplítea. Esses cistos pod em romp er para os músculos
tru ído dentro d a fossa interco ndilar e d efinir a posição dos túnei s gastrocnêmio, imitando tromb oflebite. A RM dem onstra fluido dis-
ósseos. Um en xerto redundante ou ause nte à RM sugere falência secante para este músculo d a panturrilh a. Todo cuid ado deve ser
do en xe rto. Co mo o processo d e revasc ul arização normal pode usado quando se avalia m assa hiperinten sa poplítea da fossa T2
res ultar em á reas d e sinal aumentado dentro e ao redor do enxerto, porque outras lesões, co mo aneurismas d a artéria poplítea e tumores,
as alterações edernatosas no período pós-operatório imediato são comuns neste lo cal. A demonstração do colo de um cisto poplí-
devem se r inte rpretadas co m cautela. teo e d e sua comuni cação com a ar ticulação entre o gastrocnêmio
Em exte nsão, o liga mento c ru za d o posterior é uma banda m edial e o tendão semimembran oso vai ev itar p otenciais erros de
suavem ente c ur va d e tec id o fibroso qu e ap arece co rno urna estru- di agnóstico (Fig. 2- 19) .
tura homogê nea h ip o intensa d e esp ess ura uniforme no corte Outros probl emas po tenci ais no joelho para os quais a RM é
sagital da RM. A desco ntinuidad e d o li ga m ento ou sinal d e fluido adequada são osteonecrose, patologias sin oviais, contusões ósseas
d entro d e sua substâ ncia indica urn a ruptura (Fig. 2-17) . No plano (Fig. 2-20), e fraturas ocultas (F ig. 2-2 1). A RM coro nal e sagital
de im agem coronal, o ligam e nto colateral m edial (LCM) aparece direta é útil para ava li a r as co mplicações das lesões fi sárias em crian -
como um a banda fina escura de tecido estreitamente aplicada à ças (F ig. 2-22) e pa ra d em onstrar osteocondrite disseca nte. Sequên-
p eriferia do m en isco m ed ial. Lesões leves res ulta m em ed em a cias ponderadas em T2 ou gradient-echo podem mostrar o líquido
sobre o liga m ento d e o utra m a neira no rmal. Um forte estiram ento que envolve um fragm ento instável. A RM também é útil na deter-
ou ruptura provoca o espessam e nto ligarn entar o u d escontinui- mina ção da integridade da cartil agem articular. A sequência ponde -
d ade franca (Fig. 2- 18). Apesar d as lesões de graus leves ao LCM rada em d ensid ade de prótons com supressão de gordura é mais
se co rrelacionarem bem com o que é visto na RM, a im agem é co rnumente usada na ava li ação de cartilagem hi alina no exame de
m eno s precisa na class ificação d e lesões m ais graves. Lesões d as rotina n o joelho. Sequências com supressão de gordura,fast spin -echo,
es truturas d e suporte latera is, incluindo o ligam ento colateral próton ou gradient-echo ob tid as com a técnica volumétrica são úteis
li.bular, a banda iliotibial, o bíce ps femora l e o tendão poplíteo, p ara a avaliação da ca rtil agem articular no joelho e de muitas outras
também são retratadas co m a RM . articulações (F ig. 2-23; veja também Fig. 2-8) . Corpos livres são
CAPÍTULO 2 IMAGE M POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA -

mais bem obse r vados na presença d e derram e articular com as QUADRIL


radiografias convencionais corno referência. As novas técnicas de
imagem da cartilagem, tais como mapeamento T2 e ressonância A RM tornou-se uma ferramenta extremamen te útil para a avaliação
magnética com gadolínio de cartilagem (D-GEMRIC), ainda não do quadril e da pelve. Com a capacidade insuperável d e im agem da
têm aceitação geral por causa do tempo adic ional necessário para medula no fêmur proximal, a RM pode detectar um espectro de
executar as sequências ou da adição de contraste intravenoso o u patologias do quadril. Ao avaliar pacientes para processos que podem
intra-artic ul a r no exam e. ser bilaterais, como osteonecrose, ou condições que possam envo lver
o sacro ou as articulações sacroilíacas, o exame deve incluir tanto os
quadris quanto toda a pelve. Quando disponíveis, as bobinas de
superfície como um tronco, ou uma grande bobina envoltóri o de
modelo phased array, combinam um sin al melhorado para imagens
de alta resolução juntam ente com uma grande cobertura d e campo
de visão. Para os pacientes com suspeita de con dições unilaterais, tais
como fraturas por estresse do fêmur ou suspeita de traumatismo
oculto, um estud o unilateral com um campo de visão menor é dese-
jável e as bobinas de sup erfície são obrigatórias. As sequên cias de
spin-echo geralm ente são realizadas em planos axiais e coronais. As
imagens sagitais são bastante úteis na investigação de osteonecrose.

OSTEONECROSE

Uma das indicações m ais freq uentes para o diagnóstio por im agem
do quadril é a ava li ação de osteonecrose, po is o diagnóstico p recoce
é desejável se o tratamento conservador o u cirúrgico for conside-
rado. Embora as radiografias iniciais sejam muitas vezes normais,
ci ntil ografia ou RM podem con firmar o diagn óstico. Das duas téc-
nicas, a RM é a mais sensível na detecção de osteonecrose precoce
e a que melhor destaca a exte nsão da n ecrose da medu la.
A porcentagem d o envolvim en to da cortical de suporte d e
carga da cabeça do fêmur defin ida pela RM pode ser útil na previsão
hl§lhfiiflm Cisto da fossa poplítea . Im agem ax ia l ponderada do prognóstico e no valor da inte rvenção cirú rgica. Nas imagens
em padrão de densidade de prótons demon stra um fluido hipe- ponderadas em T l , o aparec imento clássico de osteonecrose à RM
rintenso qu e se estende do joelho à fossa poplítea entre o tend ão é o de um a região geográfica com diminuição do sinal medular ósseo
semimembra noso (seta reta) e o tendão gastrocnêmio medial dentro da gord ura normalmente brilhante da cabeça do fêmur
(seta curva) . (F ig. 2-24). Essa área de sinal anormal frequentemente é rodeada

H[rilh@fll!9 Lu xa ção patelar. A e B, As imagens axiais com supressão de gordura ponderada em densidade de prótons através da
articulação femoropate lar demonstram reg iões de sinal aumentado, representando edema da medula óssea aba ixo da faceta medial
da patela (seta longa) e na face latera l do cõnd il o femoral lateral (seta grossa ). Este padrão d e contusão óssea ind ica um rece nte des-
locamento la teral da patela. Observe o níve l de hematócrito no edema articular (pontas de seta).
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

h@ii;tgif!Jlt Fratura Salter li oculta do fêmur distal em um menino de 14 anos de idade. A, A imagem coronal ponderada em T1
revela sinal reduz ido mal definido em metáfise medial distal do fêmur. B, A imagem com supressão da gordura ponderada em T2
demonstra fratura hipointensa irregular (seta) cercada por edema de medula hiperintenso. O edema continua ao longo da fise lateral,
indicando extensão da fratura .

H@il;tgif&9 Lesão condral . Im agem sagital em densidade de


prótons com supressão de gordura do joelho revela um pequeno
defeito de espessura total cheio de líquido bem definido na car-
tilagem articular do côndilo femoral posteromedial (seta).

h!ijil;@flm Barra fisária em menino de 12 anos de idade . A ao longo do curso da doença de acordo com o grau de hem orragia,
imagem sagita l gradient-echo do joelho demonstra interrupção go rdura, edema, ou fibro se. Achatamento da cabeça femoral, perda
da extensão posterior da fise femoral distal (seta). A ponte óssea de cartilagem , edema med ular reativo e derrame articular são vistos
resultou em posterior angulação da superfície articular do fêmur em casos mais ava nçados de osteonecrose.
distal. As carti lagens articu lar e fisár ia exibem sinal aumentado
com a maioria das técnicas de gradient-echo .
OSTEOPOROSE TRANSITÓRIA
por uma banda de baixo sinal, que representa o osso isquêmico. As
imagens ponderadas em T2 revelam uma seg und a banda intern a de Uma segu nd a condição também bem represe ntada pela RM é a
alta intensidade, e a aparência resultante tem sido chamada de sinal osteoporose transitória do quadril. Este processo unilateral, descrito
da "dupla linha". Este sinal é patogno mônico de osteonecrose. A área inicialmente em gestantes no terceiro trimestre, é mais com um ente
ce ntral do osso necrótico pode demonstrar vários padrões de sinais visto em homens de meia- idade. A osteoporose transitória é um
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGN ÉTICA NA ORTOPEDIA --

O[êiii;tjfll9 Osteonecrose bi lateral da cabeça femoral induzida por corticostero ides. A e B, As imagens corona is ponderadas em
T1 e as imagens de recuperação de inversão através de ambos os quadris reve lam o foco geográfico da substit uição da medula na
região de supo rte de carga da cabeça femoral esquerda, indicando osteonecrose (setas só lidas). Uma doença mais avançada é observada
na cabeça direita do fêmur com o co lapso da sup erfície art icu lar, edema da medula adjacente (setas abertas) e derrame artic ul ar.

U[êiil;tjfla Osteoporose tra nsitória do quadri l em um homem de 30 anos de idade . A, A imagem corona l ponderada em T1 reve la
redução da intensidade do sinal dentro da cabeça e colo do fêmur direito. B, A sequência de rec uperação de inversão coro nal demons-
trou um edema de medula óssea hiperintenso em um padrão mais difuso qu e o visto em osteo necrose.

processo autolimitante de etiologia ince rta, e muitos pacientes têm suporte de carga da cabeça do fêmur indica um a fratura por insu-
posterior envo lvimento de articu lações próximas, como o quadril fi ciênci a no osso desmin erali zado. Sequências ponderadas em Tl
oposto. D evido a essas características, alguns autores têm sugerido retratam edema difu so como relativo baixo sinal co ntrastando com
que a do ença esteja relacionada com distrofia simpaticorreflexa e fund o m edular gord uroso. O edema se torna hiperintenso nas
menos comumente com osteoporose regional mi gratória. As rad io- image ns ponderadas em T2 e é acentuado quando as técni cas de
grafias iniciais podem ser normais o u revelar um a osteopenia supressão de gordura são utili zadas (F ig. 2-25) . Esta aparência d e
difusa d a cabeça femoral com a preservação do espaço articular. med ul a fo i den omin ada co mo um padrão de edema de medula
A aparência à RM é de edema difu so na cabeça do fêmur se esten - óssea. Relatos de casos raros documentaram este padrão, qu e se
dend o para a região intertrocantéri ca . Na osteoporose transitória, apresenta como a fase mais inicial da osteonecrose. Por esta ra zão,
ge ralm ente não es tão presentes alterações foca is de sinal à RM se as rad iografia s iniciais são normais, repetir as imagens 6 a 8
como as vistas na osteonecrose. Raramente, urna pequena lesão sema nas após o início dos sintom as deve dem onstrar a osteopenia
foca l, e frequentemente lin ear, na região medu lar subcorti cal de da cabeça do fêmur, co nfirmand o o diagnóstico de osteoporose
mD PARTE 1 PRI NCÍPIOS BÁSICOS

transitória. A osteoporose transitória do quadril geralmente se de delaminação acetabular na cartilagem e elas podem ser difíceis
resolve sem tratamento dentro de 6 m eses, e as radiografi as e a de examin ar. Em pacientes com sintomas mecânicos no quadril ou
aparência da RM voltam ao normal. possível impacto anteri or, a ad ição de um a injeção do an estésico no
mo mento da artrog rafia é útil para confi rm ar a origem da dor intra -
-a rti cul ar. Portanto, neste momento, a artrorressonância do qu adril
TRAUMATISMO combinada com injeção anestésica para o diagnóstico parece ser a
técnica mais apropri ada no tratam ento da lesão !abra! e do impacto
Frequentemente, a RM pode se r útil na avaliação do quadril após fe mu roace tabular.
traumatismo. As radiografias são frequentemente negativas ou não
co nclusivas para fratura do fêmur proximal em idosos. Embora a
cintilografia óssea tenha sido usada para confirmar ou excluir a COLUNA VERTEBRAL
fratura, este estudo pode ser fa lsamente negativo em pacientes idosos
nas primeiras 48 horas após a lesão. As anormalidades da Riv! são A RM da coluna vertebral é responsável por um a grande porce nta-
aparentes imedi atamente, com áreas lineares de baixo sinal fa cilmente gem de exames na maiori a dos centros. A RM permite um a avalia-
visíveis na medula gordurosa nas im agens ponderadas em Tl e edema ção não invasiva da coluna vertebral e do canal espinhal, incluindo
circundante visto nas imagens ponderadas em T2 (Fig. 2-26). Além a medula espinhal. A anatomia da coluna ve rteb ral, medul a, raízes
disso, a info rmação anatômi ca fo rnecida pode ajudar a determin ar o nervosas e ligam entos da coluna vertebral é complexa. Como essas
tipo de fixação exigida. De fa to, muitas fratu ras radiograficamente estruturas cruciais são pequenas e podem ter seu di agnósti co por
ocultas posteriormente descobertas por RM são confinadas ao trocân - imagem feito adequ adamente com o uso de bobinas de superfí cie, a
ter maior ou transversais inco mpletas no colo do fê mur, sendo, em coluna ve rtebral geralmente é dividida em três seções: ce rvical, torá-
alguns pacientes, tratadas de for ma conservadora. cica, e lombar. Os es tudo s d as colunas to rác ica e lombar são rea -
Um grand e esforço é direcionado para a avaliação do labrum li zados co m bobinas de sup erfície convencionai s ou phased array.
acetabular. As revisões originais da acurácia da RM convencional na A coluna cervical é mais bem estud ada co m uma bobina posterior
avaliação das condições patológicas !abrais fora m decepcionantes ce rv ical com contorn os específicos ou co m uma bobina de cabeça/
porque ainda não havia image ns co m grand e ca mpo de visuali zação pescoço circunferencial. Os exam es da coluna vertebral incluem a
e com um a resolução adequ ada. O adve nto da artrorresso nância série obtida tanto em axial quanto sagital. As imagens co ron ais
com bobina de sup erfície ou técnica phased array melhorou muito podem se r úteis em doentes com escoliose signifi cativa. Não há
a visualização do labrum ca rtil aginoso. Infelizmente, a geometri a do correta construção da visuali zação e a composição do estudo
labrum do qu adril demonsta uma ampla ga ma de variação normal, depend e de muitos fatores, incluindo o tipo e a intensidade do
mesmo em indivíduos assintomáticos. A maiori a das rupturas campo do ímã, a disponibilidade de m ateri al (bobin as) e de software,
!abrais é encontrada no labrum ante ri or ou anterolateral, e esses e as preferênci as do examin ado r. No en tanto, todos os estud os
segmentos !abra is devem se r cuidadosamente avaliados para a pre- devem pro duzir image ns que possa m detec tar e definir condi ções
sença de fend as intralabrais pro fundas ou irregulares suges tivas de patológicas do cordão medular, saco teca], corpos vertebrais e
uma ruptura labral. Muitas vezes estão prese ntes regiões adj acentes di scos intervertebrais.

0!§11;füfE9 Fratura do colo femoral radiograficamente oculta em uma mulher idosa. A, Uma questionável ruptura cortica l é
obse rva da na radiografia do quadril esquerdo, obtida após a queda. B, A imagem coronal ponderada em T1 confirma maior fratura
no trocânter, manifestada como banda orientada verticalmente de sinal reduzido (seta curva) e m relação ao sina l de gordura brilhante
normal do colo do fêmur. C, A sequência coronal de recupera ção de inversão mostra edema na fratura .
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA - -

DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL em T2. O processo de enve lh ecimento res ulta em um a resseca-
mento gradual do m ater ial do disco e, por conseguinte, a perda
A indicação mais comum para RM da colu na ver tebral é a ava lia- desse sinal. Hérnias discais ou extrusas aparecem como massas
ção de doença do disco intervertebral. A RM é atua lmente o pro- convexas ou polipoides estendendo-se posteriormente para o
cedimento de escolha para a triagem de pacientes com lombalgia espaço epidural ventra l, frequentemente m antendo uma intensi-
ou ciatalgia. Nas colunas lombar e torácica, a RM suplantou a dade de sinal semelhante à do disco de origem (Fig. 2-27). Cortes
mielografia por TC por ser não invasiva e menos dispendiosa. A sagitais ponderados em T2 ou imagens gradie nt-echo criam um
combinação de alto contraste de tecidos moles e de alta resolução efeito "mielográfico" e são úteis na avaliação do comprometimento
permite a avaliação ideal dos discos intervertebrais, raízes nervosas, do espaço sub aracno ide. No entanto, as imagens sagitais pondera-
ligamento longitudinal posterior e forame interver tebral. Além das em TI devem ser cuid adosamente exami nadas para identificar
disso, a RM proporciona excelente delineação da medula espinhal. estreitamento do forame neural. A gord ura perineural hiperin-
Por causa de est ruturas ósseas, como osteófitos e fragmentos de tensa normal no forame oferece excelente contraste com o material
ossos, a mielografia por TC é, ainda, ocasionalmente útil em mais escuro do disco deslocado. Hérnias discais laterais são mais
pacientes com radiculopatia na coluna cervical. Independe nte- bem vistas em imagens ax iais selecion adas que são localizadas
mente da reg ião da coluna que está sendo avaliada, cortes sagitais através dos níveis discais. Fragmentos de discos livres aparecem
fornecem uma avaliação inici al do s discos intervertebral e do liga- descontínuos com o disco intervertebral, geralmente de sinal T l
mento longitudina l posterior. Devido ao seu alto teo r de ág ua, um intermediário em contraste com o fluido cefalorraquidi ano hip oin -
disco normal apresen ta sinal hipertenso nas imagens ponderadas tenso. De grande importân cia nas colun as ce rvical e torácica é a

H@il;fü f!J9 Extrusão do disco cervica l (hérnia) . A, A imagem sagita l ponderada em T1 da co lu na ce rvical reve la disco CS-C6 extruso
(seta). B, A imagem sagital gradient-echo produz efeit o "mielográfico", mais uma vez demonstrand o material do disco deslocado (seta
preta) isointenso de nú cleo pulposo. Ost eófi tos ante ri ores (seta bra nca) neste nível são ace ntu ados com a técnica gradient-echo.
C, A imagem ax ial gradient-echo mostra extrusão paracentral direita (seta) do cordão cervica l obliterado .
llllD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁS ICOS

O!ijii;fufll9 Extrusão discai lombar recorrente (hérnia). A, A imagem sagital ponderada em T1 demonstra sinal intermediário no
material do disco L4-LS (seta) cerca do por líqu ido cefalo rraquidi ano hipointenso . B, A imagem sag ital ponderada em T2 mostra o disco
deslocado com material adjacente ao disco intervertebral. O fluido cefalorraquidiano hipointenso proporciona maior contraste. C, A
imagem sagital ponderada em T1 após a administração de gado lín io demonstra a va loriza ção do plexo ve noso epidural (seta curva) e
o tecido de granulação sobrejacente (pontas de seta), mas sem realce do material do disco.

capacidade da RM de detectar sign ificativo comprometimento da imediato, o material do disco (na ausência de infecção) não irá
medula espinhal. O edema dentro da medula é fac ilmente demons- aumentar. Por esse motivo, os exames realizados em pacientes co m
trado como hip erin tensidade na ponderação em T2. histó rico de cirurgia de disco nos últimos 20 anos são feitos com
A termino logia de cond ições patológicas do disco interverte- e sem contraste intravenoso. Os hematomas epidurais e os absces-
bral é confusa. Em um esforço para padronizar a terminologia, sos aparece m como coleções dentro do canal espinhal, demons-
Jensen et al. propõem os seguintes termos. Uma protuberância é uma trando realce periférico com gadolí nio nas imagens ponderadas
extensão circu nfere ncial e simétrica do disco para além do espaço em Tl. Os agentes de contraste de gadolínio também são úteis
intermédio em torno das placas terminais. Uma protrusão é um a na ava liação pós-operatória da coluna verteb ral para discite.
extensão foca l ou assimétrica do disco para além do espaço inter- Mudanças no espaço de disco e nas placas ve rtebrais adjacentes
médio, com a base contra o disco de origem m ais ampla que são vistas com frequência após a cirurgia na coluna, mesmo
qualquer out ra dimensão da protrusão. Uma extrusão é uma exten- quando não oco rrem complicações, embora a tríade de aumento
são mais extrema do disco para além do espaço intermédio, com de sin al da placa te rminal do corpo vertebral, aumento de sin al
a base co ntra o disco de origem mais estreita que o diâmetro do no espaço no disco, e aume nto de sinal do ligame nto longitudinal
próprio material de extrusão ou com nenhuma li gação entre o posterior seja altamente suges tiva de discite pós-operatória (F ig.
material e o disco de origem. Finalmente, um sequestro refere-se 2-29). Muitas vezes é necessária correlação co m a taxa de sedi-
especificamente a um fragmento de disco que está completamente mentação de eritrócitos, proteína C-reativa, cintilografia com gálio
sepa rado do disco de origem. ou com leucócitos marcados e aspiração percutânea.
Em bora o diagnóstico da infecção no espaço do disco em um
paciente não submetido a cirurgia em geral seja mais simpl es e
DORSALGIA PÓS-OPERATÓRIA direto, a apa rência na RM da doença degenerativa do disco é variada
e pode ser confusa. Embora o edem a da placa terminal ve rtebral e
Em um paciente com dorsalgia persistente no pós-operatório, até mesmo o realce ocorram na ausência de infecção, a presença de
devem ser considerados disco residual, hematoma epidural ou abs- realce do espaço do disco sugere forteme nte uma infecção. A infec-
cesso e discite. Antes do advento dos agentes de contraste de ção piogênica e fúngica/tuberculosa frequenteme nte está assoc iada
gadolí nio intrave nosos, era muitas vezes impossível fazer a distin- com abscessos epidurais e paravertebrais. Na coluna lombar, a exten-
ção entre o mate rial do disco recorrente ou residua l e cicatrizes ao são para os músculos psoas adjacentes é mais bem demonstrada em
usa r mielografia por TC ou RM; no entanto, o uso desses agentes sequências axiais ponderadas em T2 porque o fluido e o edema
melho rou a ava liação pós-operatória da colu na vertebra l. Após a hiperintensos invadem a musculatura normal hipointensa. A propa-
admin istração de gadolínio, ao se repetirem as imagens ponde- gação subligamentar de infecção com relat iva preservação do disco
radas em Tl, no rmalm ente se demonst ra uma maior definição intervertebral deve levantar a suspeita de espondilite tubercu losa.
da cicatri z ou fibrose (Fig. 2-28). Após o período pós-operatório Ambas as infecções piogênicas e tuberculosas demonstram realce
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGN ÉTICA NA ORTOPEDIA

iâ@'h(;.ifE9 Discite pós-operatória. A, A imagem sagital ponderada em T1 exibe sinal de medula óssea reduzida adjacente ao disco
intervertebral L4-L5 estreito. B, A imagem sagital ponderada em T2 revela áreas hiperintensas correspondentes a edema medular ver-
tebral (setas). C, Após a administração de gadolínio, a imagem sagita l ponderada em T1 exibe melhora na visualização da medu la
vertebra l, do disco intervertebral (seta curva) e do ligamento long itudina l posterior (ponta de seta).

anorma l com a administração de gadolíni o. Dada a fa lta de perfu são A descontinuidade dos liga mentos norm almente hipointensos causa
central, os abscessos são realçados apenas na periferia. hemorragia e edema, podendo ser observada nas imagens sagitais
ponderadas em T2. No cenári o traumático, a RM é geralmente reser-
vada para pacientes com alteração neurológica cujos exames de TC
TUMORES DA COLUNA são negativos ou para os pacientes nos quais a redução da fra tura
vertebral é planejada e a patologia discai associada deve ser excluída.
Embora as imagens de tumores em geral sejam discutidas mais O papel da RM na avaliação de vértebras comprimidas não traumá-
adia nte nesse texto, a RM mostrou- se valiosa na avaliação de neo- ticas e na excl usão de qualquer condição patológica subj acente é fun-
plasias espinhais. Uma excelente delimitação da medula do corpo dam ental. A preservação do sinal medu lar normal em uma porção do
ve rtebral perm ite a detecção tanto de doença primária qu anto corpo vertebral comprimido, especialmente com um padrão linea r de
metastáti ca co m alta sensibilidade nas sequências ponderadas em sinal de anormalidade, é sugestiva de uma fratura provocada por um
T l. No rmalm ente, o sinal da medul a do co rpo vertebral aumenta processo beni gno, tal como a osteoporose. A substituição completa da
progressivamente com a idade, refl exo de um a percentagem grada - medul a ou a presença de sinal da medul a óssea anormal focal adicio-
tivam ente m aior de medula gordurosa. Doenças como anem ia nal em outros níveis devem levar à consideração de biópsia. A asso-
crôni ca res ultam de uma m aior porcentagem de medul a hem ato - ciação de uma massa de tecido mole irregular ou assimétrica ou a
poiética, tornando difusamente menor, po rtanto, esse sinal ponde- convexidade da cortical vertebral dorsal também são sugestivas de
rado em Tl. Focos tumorais ve rtebrais apa recem como áreas neoplas ia subj acente. Em casos duvidosos, um acompanh am ento de
discretas de sinal Tl diminuído. Como é típico para os tumores, RM de 6 a 8 semanas pode demonstrar uma reconstituição do sinal
essas lesões tornam-se hip erintensas em relação ao redor da medula normal da medula em torno de fraturas osteoporóticas.
nos estudos ponderados em T2, e melho ra m com o contraste. As
neoplasias di fusamente envolvidas na medula ve rtebral, como o
mieloma múltiplo, são mais problemáticas, pois a diferenciação da OMBRO
medula hem atopoiética é, por vezes, difícil.
As indicações para avaliação de RM do ombro incluem três proble-
mas interrelac ionados: ruptura do manguito rotador, síndrome do
TRAUMATISMO MEDULAR impacto e in stabilidade. A compl exa anatomi a do ombro requ er
plan os oblíquos de im age ns e técni ca d e bobina de sup erfíci e.
A TC continua sendo a técn ica de image m ava nçada m ais úti l para O exa me típico de RM do ombro inclui sequências axiais spin-echo
traum atismo medular. O contraste inerente fo rn ecido pelo osso e ou gradient-echo para avaliar o labrum. As imagens coronais oblí-
a resolução espacial inigual ável faz a TC se r o exa m e inicial prefe- quas prescritas no plano do tendão supraespinhal detec tam melhor
rid o para os pacientes com traumat ismo. A RM é útil em pacientes as cond ições patol ógicas do manguito rotador. As imagens sagi tais
co m suspeita de lesão da medul a espinhal, hematoma epidural ou oblíquas co nfirmam anor malidades dos tendões do manguito e
hérnia de disco traum ática. Lesões dos tecidos mo les, tais co mo avaliam os múscul os do man gui to rotador na secção transversal.
rupturas do s li gamentos, pod em ser id entificada s na fase aguda. Ta nto a artrografi a convencional quanto a RM podem detectar
llD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

rupturas completas do manguito rotador. No entanto, ao passo que em T2 ou ausência completa do tendão. Normalmente, as zonas de
a artrografia mostra as rupturas de espessura total e parcial na fluido normal podem ser observadas em outras partes da articu lação
superfície ao longo da superfície articular (inferior), a RM não do ombro para referê ncia. As anormalidades difusa ou focal de sinal
invasiva também detecta rupturas de espessura parcial na superfí- menos intensivas do que o fluido devem ser consideradas tendinose.
cie bursal e pode determinar confiavelmente o tamanho dos defei- Usando a técn ica de spin-echo convencional, a RM mostrou 80% a
tos de espessura total. 97% de sensibilidade na detecção de ruptura de espessura total do
manguito rotador. Para a ava liação das lesões parciais, a sensibili-
dade é de 67% a 89%. A adição da supressão de gordura tem sido
CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DO mostrada para melhorar a detecção de rupturas parciais. A avaliação
MANGUITO ROTADOR por RM do manguito rotador reparado deve ser feita com cautela.
Um aumento de sinal ponderado em T2 normalmente pode ser visto
As imagens coronais oblíquas spin-echo ponderadas em T2 detectam com um tendão em cicatrização, provavelmente representando as
de forma otimizada a m aioria das condições patológicas do man - áreas de tecido de granulação. Por esta razão, o diagnóstico de rup -
guito rotador. Com o úmero em posição neutra para rotação externa, turas parciais no ombro pós-operatório deve ser evitado. No entanto,
o plano coronal oblíquo é escolhido paralelamente ao tendão do os defeitos maiores, de espessura total e cheios de líquido, e a retra-
músculo supraespinhal. Como é o caso com todos os outros tendões, ção do tendão correlacionam bem com reparos fa lhos ou rerruptu-
os tendões dos músculos supraespinhal, infraespinhal e redondo ras. A artrorressonância muitas vezes é útil na avaliação do manguito
menor normalmente mantêm um sinal baixo em todas as sequências rotador pós-operatório.
de pulsos. Rupturas do manguito rotador aparecem como áreas de
aumento de sinal ponderado em T2, o que representa fluido dentro
da substância do tendão. Esse sinal pode percorrer toda a substância SÍNDROME DO IMPACTO NO OMBRO
do tendão, indicando uma ruptura de es pessura completa (Fig.
2-30). Alternativamente, fibras intactas do manguito podem persis- Apesar de o impacto poder se r sugerido por uma técnica de diag-
tir ao longo da superfície articular, da superfície bursal, ou ambas, nóstico por imagem, ele continua a ser um diagnóstico clínico. A
como se vê nas rupturas parciais. O fluido pode ser identificado na RM pode ser útil para confirmar a compressão clínica ou fornecer
bursa subacromial-subdeltóidea. Em pacientes com rupturas grandes informações adicionais. Os achados de imagem que sugerem a pos-
ou crônicas, o m anguito pode estar tão atrofiado que sua identifica - sibilidade de impacto incluem estreitamento do espaço subacrom ial
ção não é possível. Nesses casos, o fluido se comunica livremente por esporões ou osteófitos, uma morfologia do acrômio curva ou
entre a articu lação glenoumeral e a bursa subacromial, e a cabeça ganchosa, e anormalidades de sinal do manguito indicando tendi-
do úmero muitas vezes migra superiorm ente. A retração excessiva nose ou tendinopatia.
dos tendões do manguito e a atrofia da musculatura do m anguito
pressagiam um resultado cirúrgico ruim.
Muitos examinadores usaram o termo tendinose ou tendinopa- CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DO LABRUM
tia para descrever anormalidades focais de sinal dentro do manguito
que não atingem a intensidade do sinal do líquido nas imagens Muitos estudos foram dirigidos para a ava liação por RM do com-
ponderadas em T2. Devido aos artefatos ocorrerem com frequência plexo labioligamentar do ombro. A anatomia seccional do labrum
dentro de tendões nas imagens ponderadas em T l e gradient-echo, normal é muito variável, e os ligam entos glenoumeral adjacentes
o diagnóstico de ruptura do manguito rotador não deve ser fe ito na criam muitas armadilhas potenciais no diagnóstico (Fig. 2-31).
ausência de anormalidades discretas nos sinais de focos de fluidos Por essas razões, a avaliação RM convencional da articulação

iâcê1ii;fi1flI!ll Ruptura de espessura total do mangu ito rotador. A, A imagem coronal oblíqua ponderada em T1 pouco diferencia o
te ndão normal da condição pato lógica . B, No mesmo local, a imagem corona l oblíqua de supressão de gordura ponderada em T2
mostra claramente uma ruptura de espessura tota l cheia de líquido (seta) no tendão supraesp inhal.
CAPÍTULO 2 IMAG EM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDI A - -

glenoumeral para instabilidade tem alcançado res ultados mistos. a artrorressonância, foram relatadas um a se nsibilidade de 91% e
A maioria dos autores concorda que a adição de contraste intra-ar- uma especificida de de 93% na detecção de condi ções patológicas
ticular melhora muito a avaliação das condições patológicas !abrais do labrum. A precisão da RM na avaliação de lesões SLAP é um
e a origem do tendão do bíceps. A artrorressonância utiliza gadolí- pouco menor. Alguns investigadores propuseram artrografia indi-
nio di lu ído como um agente de con traste, e as sequências ponde- reta como um método alternativo de opacifi cação da articul ação.
radas em T l subsequentes nos planos axial, sagital oblíquo e Nesta técnica, o realce intra-articular retardado é obtido por meio
coronal oblíquo são realizadas em um a posição- padrão com o do exercício da arti cul ação depo is da administração intravenosa
braço ao lado do paciente (Fig. 2-32). Imagens adicionais podem de gadolínio. Embora essa técn ica seja men os invasiva, o gra u de
se r rea li zadas com o úm ero em abdução e rotação externa d istensão é menor que o obtid o co m ar trografia direta.
(posição ABER) para avali ação do ligamen to glenoume ral infe-
ri or e sua fixação labral. As lesões do labrum anterior são mais
bem vistas no plano axia l, enquanto as anorma lidades do labrum OUTRAS CAUSAS DE DOR NO OMBRO
superior ou lesões SLAP (superior labrum anterior posterior) são
mais bem representadas nas imagens ax iais ou coronais. Usando-se A RM também pode demonstrar outras causas de dor no omb ro,
ta is como fraturas ocultas ou osteonecrose (Fig. 2-33). Condi ções
patológicas do tendão da cabeça longa do bíceps, entre elas ruptura,
luxação ou tendinite, devem ser detectadas no exame de RM de
rotina. Uma ca usa rara de dor no ombro, a compressão do nervo
supraescap ular, pode ser causada por cistos sinoviais da incisura
espinoglenoidal. Como os cistos sinoviais em outras localizações,
estas lesões aparecem como coleções lobulares, multisseptadas e
hiperintensas nas sequências ponderadas em T2 ou gradient-echo
(Fig. 2-34). A presença desses gânglios deve iniciar uma busca cui-
dadosa por um a lesão labral assoc iada. O plexo braqui al não aparece
no exame RM de rotina do ombro e, se houver suspeita de uma
condição patológica do plexo braquial, deve ser realizado um exa me
desta região anatômica.

PUNHO E COTOVELO
A RM tem um papel m ais limitado, mas crescente, na avaliação de
condições patológicas do cotovelo e do punho. Um estudo de sucesso
de ambas as articulações requer imagens de alta resolução, qu e são
mais bem obtidas com a técnica de bobina de sup erfície e o sistema
de alto campo. Normalmente, essas artic ulações são examin adas na
O@il;§if1J9 Ruptura labra l. A imagem axial gradient-echo bobina de extremidade, exigi nd o extensão do braço para cima no
através da articulação do ombro mostra desvio do fragmento centro do campo mag nético. É difícil manter essa posição em
lab ral ante rior avulsionado (seta curva) . Um liga mento glenou- pacientes idosos. Os furos de maior di âmetro encontrados com escâ-
meral médio hipointenso (ponta de seta) situa-se ent re o fra g- neres de baixo campo ou de alto campo de gerações anteriores
mento lab ral e o tend ão do subescap ul ar, e não deve ser podem permitir imagens fora do eixo com o braço ao lado. Bobinas
confundido com uma parte do labrum . dedicadas ao punho, quando disponíveis, ou bobinas de superfície

O!ffil;HE!m Ruptura labral anterior. A, A imag e m ponderada e m T1 com supressão de gordura mostra contraste hiperintenso
delineando a ruptura do labrum a ntero inferior (seta). B, Na rotação de abd uçã o externa (ABER), o ligame nto glenoumeral infe rior
traciona o labrum rompido da glenoide (seta) .
11119 PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

O@'hflfl!9 Osteonecrose complicando fratura cominutiva do úmero proximal. A, A imagem coronal oblíqua ponderada em T1
demonstra fratura deslocada através do colo do úmero proximal (seta curva). A região geográfica da medula anorma l dent ro do frag-
mento articular é característica da osteonecrose (seta longa) . B, A imagem corona l ponderada em T2 oblíqua com supressão de gordura
mostra borda hiperintensa do tecido reativo (seta) circundando agora a h ipointe nsa gordura medular avascular.

RUPTURA DO LIGAMENTO CARPAL

No punho, a indicação mais comum para RM é a ava liação dos


ligamentos intrínsecos do carpo. Com a técnica adequada, as
lesões no complexo da fibrocarti lagem triangular podem ser
demonstradas com RM. O complexo da fibrocartilagem triangular
(TFC) é composto de fibrocartilagem com baixo sinal, e as perfu-
rações no TFC aparecem com o defeitos lin eares ou lacunas preen-
chidas com fluido hiperintenso em sequ ências coronais em T2 ou
de pulso gradient-echo (Fig. 2-35). Embora a avaliação do escafo-
semilun ar e dos liga mentos lunotriquetrais seja mais desafiadora,
com a técnica e o equipamento ideais, a integri dad e destas est ru -
turas pode ser constantemente avaliada. A ad ição de contraste por
artrografia melhora a visua li zação destes li gamentos em imagens
de RM. Os ligamentos ext rín secos do carpo podem se r identifica-
dos com a digitalização vo lumétrica tridimensional e posterior
reconstrução; no entanto, a avaliação por RM desses ligamentos
1Ud";f4m9 Cisto dos tecidos moles e m ombro dolorido . A tem pouco impacto sobre o tratamento.
imagem axial gradient-echo do ombro direito revela lesão lobulada
hiperintensa homogênea na incisura espinog lenoidal (seta branca).
Cistos e outras massas no local podem estar associados com a com- Ol!TRAS CONDIÇÕES PATOLÓGICAS DA
pressão do nervo supraescapular. Observe a sutil hiperintensidade MAO E DO PUNHO
indicando edema no músculo infraespinhoso ao longo da escápula
posterior relacionada a denervação (setas pretas). A RM também tem papel limitado na avali ação da síndrome do
túnel do carpo. Embora continue a ser um diagnóstico clínico, a
imagem axial ponderada em T2 pode exibir claramente massas
dentro dos limites do túnel do carpo, bem co mo edema e inchaço
do nervo mediano. A RM é útil na detecção de anormalidades da
acopladas, também são projetadas para imagens desta articulação medula na osteonecrose, como visto no semilunar na doença de
com o braço ao lado do paciente. Mais uma vez, o exame de RM Kienbõck (Fig. 2-36) ou no escafoide após a fratura (Fig. 2-37).
deve ser direcionado para a solução de um problema ou questão Como no tornozelo, as tenossinovites e as lesões nos tendões do
clínica específica. punho e da mão podem se r avaliadas (Fig. 2-38) .
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA CElll

0!§1@1flm Perfuração da fibrocarti lagem triangular (TFC).


A imagem corona l do punho com supressão de gordura ponde-
rada em densidade de prótons demonstra perfuração centra l da O[ijll;fdfliJI Osteonecrose do escafo ide seguida de fratura .
TF C (seta longa). Observe o flu ido na articu lação radioulnar distal A imagem coronal ponderada em T1 mostra sina l reduzido nos
(seta curva). O ligamento escafo lunar (seta aberta) está intacto fragmentos proximais (seta reta) e distais (seta curva), ind icando
neste punho. osteonecrose. O sinal da medula óssea normal é preservado no
aspecto mais distal do escafoide (seta aberta).

h@ll;fuElm Imagem da ruptura do tendão flexor profundo


h@ih@flm Osteonecrose do semi lunar (doença de Kienbõck). dos dedos no dedo longo feita 2 semanas após o reparo . A
A imagem corona l ponderada em T1 do punho mostra a perda imagem de recuperação de inversão sag ita l demonstra desconti-
de gordura de alto sinal normal no sem il unar (seta), indicando nuidade abrupta do tendão flexor (seta) com frouxidão do seg-
osteonecrose . mento de tendão mais proxima l.

na ava liação de instabilidade medial e no estudo do ligamento cola-


COTOVELO teral ulnar (Fig. 2-41). O ligamento colateral ulnar é normalmente
visível como uma estrutura hipointensa linear ao longo do aspecto
Na RM do cotovelo, é útil uma ava liação dos tendões do bíceps e medial da articulação em todas as sequências. O fluido é visto dentro
tríceps. Embora as rupturas completas destes tendões muitas vezes são e em torno do ligamento interrompido. A inserção do ligamento cola-
clinicamente aparentes, a RM pode ajudar no planejamento cirúrgico teral ulnar pode demonstrar um a aparência variável à RM; portanto,
(Figs. 2-39 e 2-40) . A RM também pode detectar rupturas parciais. A a artrorressonância pode ser útil especialmente na avaliação das rup-
RM convencional e a artrorressonância têm um papel fundamental turas ligamentares de espessura parcial.
- PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

O@i@iflm Ruptura do tendão do bíceps distal. A imagem


sagital de recuperação de inversão do cotovelo demonstra ruptura o@•l;Mflm Lesão parcial do ligamento colateral ulnar à
do tendão do bíceps distal. O tendão proximal (seta) foi retraído artrorressonância do cotove lo. A imagem coronal ponderada em
vários centímetros, e existe edema nos tecidos do músculo bra- T1 com supressão de gordura revela contraste no rastreamento
quial anterior. profundo para fixação ulnar do ligamento colateral ulnar (seta) .

O@IJ;Mflm Avulsão do tendão do t ríceps . A, A imagem sagital do cotovelo ponderada em densidade de prótons com supressão
de gordura demonstra o tendão do tríceps avulsionado (seta longa) retraído proximalmente do olécrano (seta grossa). B, A imagem
sagital de supressão de gordura ponderada em T2 demonstra fluido hiperintenso (setas) no espaço entre o osso e o tendão solto .
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESSONÂNC IA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE ponderadas em T2 delineiam a extensão de tecidos moles porque a


maioria das neo plasias torna-se hiperintensa em contraste com o
TUMORES músculo e a gordura circundante (Figs. 2-42 e 2-43). A ad ição de
técnicas de supressão de go rdura, quando disponível, pode ser ines-
Talvez o impacto mais profundo da RM na ortopedia seja sobre o tim ável na defini ção de focos sutis de tumor ou edema. O papel do
campo da oncologia cirúrgica. O ótimo co ntraste de tecidos moles gadolínio intravenoso no estudo da oncologia musculo esquelético
em combinação com a anatomia detalhada e capacidade multiplanar es tá em expansão. Na ava liação de massas de tecidos m oles,
colocou a RM na vanguarda dos métodos de diagn óstico por imagens ponderadas em Tl com contraste podem diferen ciar
imagem de tumores musc uloesqueléticos. A excelente delin eação de lesões císticas de sólidas, e podem auxiliar no planejamento da
medula óssea é mais útil na definição da extensão do tumor e no biópsia distinguindo tumores at ivos de necrose. Infeli zmente,
planejam ento do tratamento cirúrgico e da radioterapia. A RM é como o tumor ativo, o edema tum oral e o tecido de granulação
freq uentemente útil na definição entre processos agressivos contra demo nstram avan ço, e esse avanço não pode separa r o tumor das
processos indolentes; no entanto, a contribuição das radiografias de alteraçõ es reativas circundantes. A melhora do con traste dinâmico
rotina não pode ser sub estimada. No diagnóstico por imagem de tem se mostrado promissora na distinção entre tumor e edem a
tumores, interpretar estudos de RM sem radiografias é arriscado. circund ante com base em taxas de melh oria relativas, mas essa
A maioria dos exames oncológicos por RM é realizada após a técnica não está amplamente disponível. Atualmente, o uso roti -
detecção radiográfica de uma lesão óssea ou a descoberta de uma neiro de gadolínio intrave noso na avaliação inicial de neoplasia
massa clinicamente palpável de tecidos moles. Tanto no caso de provavelmente não é necessário. Por outro lado, em um paciente
d iagnós tico por imagem de ossos como de neoplasias de tecidos que foi submetido a cirurgia, a presença de áreas nodulares com
moles, os conceitos básicos são semelhantes. Se a lesão for suficien - realce de contraste no leito cirúrgico é sugestiva de neoplasia resi-
temente pequena ( < 20 cm), a técnica da bobina de sup erfície é a dual ou recorrente, e o uso de gadolíni o intravenoso é recomen -
preferida. Massas maiores ou lesões na pelve ou na coxa geralmente dado nesses pacientes. A angiografia por RM pré-operatória com
são mais bem visuali zadas na bobina de co rpo ou com um a bobina realce por gadolínio pode fornecer informações importantes so bre
de tronco do tipo phased array. O diagnóstico por imagem deve ser o suprimento de sa ngue de lesões muito vasculari zadas.
realizado em pelo menos dois planos, um dos qu ais deve se r o axial O d iag nóstico diferencial da maioria dos tumores ósseos é
(o u transversal). Este plano é mais útil para definir a relação da lesão obtido a partir de rad iografias de rotina, e o papel da RM é definir
co m unidades anatômicas próximas como músc ulos e estruturas a extensão da doença. Com a exceção das lesões densamente escleró-
neurovasc ulares, ass im como a extensão extraóssea de tumores ti cas, como osteoma osteoide, a RM substituiu a TC para a avaliação
ósseos. A anatomia compartimenta! também é mais bem demons- de tumores esqueléticos.
trada nesse plano de image m. As image ns sagitais ou coronais A detecção de massas de tecido mole depende mais do histórico
definem as extensões proximais e distais dos ossos ou o envolvi- e do exame físico, dada a pouca frequência de alterações radiográficas.
mento dos tecidos moles. Imagens ponderadas em T l são úteis na A maioria das lesões dos tecidos moles apresenta uma aparência ines-
identificação de áreas de medula substituíd as por edema. Sequências pecífica em RM, geralmente isointensas para músculo nas imagens

OMl@ifl!JI Tumor de células gigantes do rádio


distal. A, A imagem sagital ponderada em T1 obtida
através do punho mostra a região bem demarcada de
redu ção do sinal da medula (seta), definindo a extensão
intraóssea da neoplasia. B, A imagem sagital ponderada
em densidade de prótons com supressão de gordura
define a extensão do tecido mole (pontas de seta).
. , PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

H@il@fl!9 Condrossarcoma proveniente de


osteocondroma . A, A radiografia reve la ossificação
irregular em toda a exostose do fêmur distal. B, A
imagem coronal ponderada em T1 demonstra sinal
hipointenso da medula dentro da lesão e extensão
anormal deste sinal no canal medular do fêmur
(setas) . C, A imagem axial ponderada em T2 com
supressão de gordura demonstra hipersinal típico de
tecido neop/ásico (setas) em contraste com os tecidos
normais circundantes .

O@li;f;'flm Lipossarcoma mixoide da fossa poplítea. A, A imagem sagital ponderada em T1 mostra massa homogênea bem definida
de sina l intermediário (seta). B, A imagem sagital ponderada em T2 revel a sinal de aumento da heterogeneidade no interior da lesão.
Em contraste com o lipossarcoma bem diferenciado, o sina l de gordura gera lmente não é visto nesse subtipo do tumor.
CAPÍTULO 2 IMAGEM POR RESS ONÂNCIA MAGNÉTICA NA ORTOPEDIA -

O@ihtijflm Lipoma intramuscular do músculo sóleo. A, A imagem coronal ponderada em T1 através da panturrilha demonstra
marcante infiltração de gordura do músculo sóleo (seta) . B, A imagem de recupera ção de inversão coronal demonstra a completa supressão
do sinal de gordura dentro da massa . As fibras musculares se apresentam um pouco mais escuras que o sinal de gordura (seta) .

O@il;tijflm Hemangioma de tecido mole do pé. A, A imagem coronal do mediopé ponderada em T1 demonstra massa infiltrada
do sinal de aumento da heterogeneidade (seta). B, A imagem ponderada em T2 com supressão de gordura correspondente demonstra
um sinal bastante aumentado dentro da massa (seta). A morfologia e as característica s de sinal dessa lesão (sinal de hiperintensão
ponderado em T1 e T2) sã o típicas de hemangiomas.

p ond eradas em Tl e hip erinten sas p a ra mú sc ul o e go rdur a n as de sangue de escoamento lento no interi or da lesão. Situada dentro
image ns ponderadas em T2 (Fig. 2-44) . Certas lesões exibem padrões ou ao redor das articulações, a sinovite vilonodular pigmentada revela
que permitem um diagnóstico específico de tecido. Por exemplo, os hipointensidade acentu ada quando ponderada em T2 devido à pre-
lipomas de tecidos moles revelam a intensidade do sinal de gordura sença de hemossiderin a (Fig. 2-47). Em geral, as massas de tecidos
homogêneo em todas as sequências (Fig. 2-45). Na verdade, é moles malignas são bem definid as, subfasciais, grandes (> 5 cm) e
notoriamente difícil obter imagens de lipomas subcutâneos devido à heterogêneas. As exceções a essas regras são abundantes, e a distinção
falta de contraste com a gordura subcutânea circundante. Alguns sub - entre doença benigna e maligna deve ser feita com cautela.
tipos de lipossarcoma exibem regiões com e sem sinais de gordura.
Portanto, o diagnóstico de lipoma deve ser restrito àquelas lesões que
contêm septos fibrosos apenas de gordura e quase imperceptíveis. CONCLUSÃO
Contrariamente aos hem angiom as intraósseos, os hemangiom as de
tecidos moles mostram áreas de sinal hiperintenso tanto nos estudos Essa discussão so bre a RM tentou resumir seu importante papel
ponderados em Tl com o em T2 (Fig. 2-46). Estas características de na ortopedi a. O uso de bobinas menores e m ais esp ecializadas
sinal res ultam da prese nça de gordura e de grand es qu antid ades permite maior resolução e campos menores de visualização, mantendo
llllD PARTE 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS

H(rilhh)flm Sinovite vilonodu lar pigmentada. A, A imagem sagita l do pé ponderada em T1 mostra um tecido anorma l com sinal
de intensidade red uzida ao redor do méd iopé (setas). B, A imagem sagital ponderada em T2 reve la uma hi point e nsidade de sinal
pers istente, resultante da deposi ção de hemoss iderina (setas) .

satisfatórias proporções de sinal-ruído em imagem. As contínuas Kerr R: Magnetic resonance imaging of the foot and ankle, Semin
melhorias em hardware e software co ntinuarão a encurtar ai nda mais Roentgenol 35:306, 2000.
o tempo de imagem e a melhorar a qualidade da imagem. Não foram Leffier S, Disler DG: MR imaging of tendon, ligament, and osseous
discutidas inúmeras situações clínicas em que a RM pode ser usada. abnormalities of the ankle and hindfoot, Radial Clin North Am
As técn icas descritas estão amplam ente disponíveis na maioria dos 40: 11 47, 2002.
sistemas comerciais de diagnóstico por imagem. A melhor qualidade Morrison WB: Magnetic resonance imaging of sports injuries of the
de imagem pode ser obtida somente quando é dada atenção meticu- ankle, Top Magn Reson Imaging 14:178, 2003 .
losa à técnica de imagem tanto pelo radiologista quanto pelo técnico Morshirfar A, Campbell JT, Khan na J, et al: Magnetic imaging of the
de ressonância magnética. Uma maior interação entre ortopedistas e ankl e: techniques and spectrum of disease,] Bane ]oint Surg Am
radi ologistas irá assegurar que os estudos sejam realizados de forma 85:7, 2003.
adequada para solucionar o problema clínico espedfico. Petersen B, Fitzgerald J, Schreibman K: Musculotendinous magnetic
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BIOMECÂNICA APLICADA 159 CIRURGIA ASSISTIDA LESÕES VASCULARES 234
FORÇAS QUE ATUAM POR COMPUTADOR 203 DISCREPÂNCIAS NOS
SOBRE O QUADRIL 159 OSTEOTOMIA TROCANTÉRICA 203 COMPRIMENTOS DOS MEMBROS 23 5
TRANSFERÊNCIA DE TENSÃO PROBLEMAS CIRÚRGICOS LUXAÇÃO (DESLOCAMENTOS) 237
PARA O OSSO 161 RELAT!VOS A DOENÇAS FRATURAS 241
DESENHO E SELEÇÃO ESPECIFICAS DO QUADRIL 207 PSEUDOARTROSE TROCANTÉRICA 248
DE COMPONENTES DOENÇAS ARTRÍTICAS 207 INFECÇÃO 250
TOTAIS DO QUADRIL 163 Osteoartrite (Artrite Hipertrófica
Profi laxia Antibiótica 250
COMPONENTES FEMORAIS 164 Primária ou Secundária, ou
Classificação 251
Componentes Femorais Cimentados 166 Artrite Degenerativa) 207
Diagnóstico 251
Componentes Femorais Artrite Reumatoide 208
Como Conduzir 252
Não Cimentados 168 OSTEONECROSE 208
Reconstrução após Infecção 254
Componentes Femorais PROTRUSÕES ACETABULARES 209
AFROUXAMENTO (SOLTURA) 255
Especializados e Personal izados 172 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO
DO QUADRIL 211 Afrouxamento Femoral 256
COMPONENTES ACETABULARES 172
Componentes Acetabulares NANISMO (PACIENTES Afrouxamento Acetabular 259
Cimentados 172 COM BAIXA ESTATURA) 217 Diagnóstico 260
Componentes Acetabulares DISTÚRBIOS PÓS-TRAUMÁTICOS 217 OSTEÓLISE 261
Não Cimentados 173 Fraturas Agudas do Colo Femoral 217 REVISÃO DA
Cirurgias de Fratura do Quadril ARTROPLASTIA
Superfícies Alternativas 175 TOTAL DO QUADRIL 263
INDICAÇÕES PARA Malsucedidas 220
INDICAÇÕES E
ARTROPLASTIA TOTAL Fraturas Acetabulares 221
DO QUADRIL 178
CONTRAINDICAÇÕES 263
PROCEDIMENTOS
RECONSTRUTIVOS MALSUCEDIDOS 222
PLANEJAMENTO PRÉ-O PERATÓRIO 264
CONTRAINDICAÇÕES
PARA ARTROPLASTIA Osteotomia e Deformidade
VIA DE ACESSO CIRÚRGICA 265
TOTAL DO QUADRIL 179 Femoral Proxi mal 222 Remoção do Cimento Femoral 273
AV~LIAÇÂO, Remoção de Componente
Osteotomia Acetabular 223
PRE-OPERATORIA 180 Artrodese e Anquilose 224
Acetabular Cimentado 277
RADIOGRAFIAS RECONSTRUÇÃO DE
DISTÚRBIOS METABÓLICOS 225
PRÉ-OPERATÓRIAS 181 DEFICIÊNCIAS ACETABULARES 279
Doença de Paget 22 5
PREPARAÇÃO E Classificação 279
Doença de Gaucher 226
POSICIONAMENTO Condução 280
DO PACIENTE
Anemia Falciforme 226
183 Defeitos Segmentares 282
Insuficiência Rena l Crônica 227
VIAS DE ACESSO E Defeitos Combinados 285
TÉCNICAS CIRÚRGICAS 184
Hemofilia 227
Descontinu idade Pélvica 286
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES
DOENÇAS INFECCIOSAS 227
RECONSTRUÇÃO DE
ACETABULARES NÃO Artrite Piogênica 227 DEFICIÊNCIAS FEMORAIS 288
CIMENTADOS 189 Tuberculose 228 Classificação 288
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES TUMORES 228 Como Conduzir 290
ACETABULARES CIMENTADOS 191 DOENÇAS NEUROMUSCULARES 228 Defeitos Segmentares 290
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES COMPLICAÇÕES 228 Defeitos Cavitários 290
FEMORAIS NÃO CIMENTADOS 193 MORTALIDADE 228 Defeitos Maciços 296
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES FORMAÇÃO DE HEMATOMAS 229 Deformidade Femora l 299
FEMORAIS CIMENTADOS 197 OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA 229
CONDUÇÃO PÓS-OPERATÓRIA
TÉCNICAS MINIMAMENTE TROMBOEMBOLISMO 230 DA ARTROPLASTIA
INVASIVAS 200 LESÕES NERVOSAS 233 TOTAL DO QUADRIL 300

158
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L -

A artroplastia total do quadril é o procedim ento de reconstrução avaliar novos conceitos e implantes, também é necessário um conhe-
de quadril mais comum em adultos. Este capítulo discute as artro - cimento prático acerca de princípios biomecânicos, de materiais e
plastias cimentadas e não cimentadas, considerando as escolhas e do projeto do componente.
as tend ências atuais quanto às técnicas minimamente invasivas.
Além disso, a cirurgia de revisão da artroplastia de quadril, a qual
engloba uma quantidade crescente de procedimentos, também BIOMECÂNICA APLICADA
será revisada.
Os resultados da artroplastia total de quadril de Charnley são os A biomecânica da artroplastia total do quadril é diferente dos parafu -
referenciais para a avaliação do desempenho de outros tipos de artro- sos, placas e pinos utili zados em fixações ósseas, pois estes implantes
plastia. As contribuições laboratoriais e clínicas de Charnley melho- proporcionam apenas um suporte parcial até que o osso se recupere.
raram a qualidade de vida de muitos pacientes. Entretanto, o histórico Os componentes da artroplastia total do quadril devem suportar
da artroplastia de quadril tem sido dinâmico, com pesquisas continua- mu itos anos de carga cíclica igual a pelo menos três vezes o peso do
mente melhorando os resultados, especialmente em pacientes jovens. corpo. São necessários conhecimentos básicos da biomecânica do
As pesquisas tomaram diversos caminhos, incluindo (1) a melhoria quadril e da artroplastia total do quadril para a realização correta do
da durabilidade da fixação do implante, (2) a redução do desgaste das procedimento, para a gestão de problemas ocorridos durante e após
superfícies articulares, e (3) as modificações técnicas no procedi- a cirurgia, para selecionar os componentes de forma inteligente e para
mento para acelerar a reabilitação e reduzir os erros de posiciona- aconselhar os pacientes acerca de suas atividades físicas.
mento do implante.
Em resposta ao afrouxamento da haste e da cúpula com base
em supostas falhas do cimento ósseo, foram dese nvo lvidas hastes FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O QUADRIL
e cúpulas com encaixe por pressão, com revest imentos porosos e
com revestimentos de hidroxiapa tita de m odo a eliminar o uso Para descrever as forças que agem sobre a articulação do quadril, o
de cimento ósseo e uti li zar os crescimentos interno e externo do peso corporal pode se r rep resentado como uma ca rga aplicada sobre
osso com o objetivo de alcançar uma fixação esquelética dura- uma alava nca que se estende a partir do centro de gravidade do
doura. Apesar de alguns dos proj etos iniciais de implantes não co rpo até a cabeça femoral (Fig. 3- 1). A musculatura abdutora,
cimen tad os terem sido bem-sucedidos, outros foram marcados ag indo em um braço de alavanca que se estende da face lateral do
por falhas prematuras e progressivas causadas por fixação inicial trocanter maior até o centro da cabeça femoral, deve exercer um
inadequada, desgaste excessivo e perda óssea periprotética secun- movimento igual para manter a pelve nivelada quando o indivíduo
dária devido à osteólise induzida por partículas. Conforme apoia-se sobre apenas um a perna e um movimento maior para incli-
adquire-se experiência, a importância de cer tos parâmetros no nar a pelve para o mesmo lado durante a caminhada. Como a razão
proj eto dos componentes fica evidente e o uso de fi xação não entre o co mprimento da alavanca do peso corporal e a alavanca da
cimentada para os componentes femorais e acetabulares torna-se musculatura abdominal é aproximadamente de 2,5:1, a força dos
mai s comum . músculos abdutores deve se r aproximadamente 2,5 vezes o peso
Diversas técnicas diferentes evoluíram para melhorar a fixação co rporal para manter a pelve nivelada ao apoiar- se sobre apenas uma
femoral cimentada, incluindo a injeção de cimento ósseo de baixa perna. A carga estimada sobre a cabeça femoral quando o corpo
viscosidade, a oclusão do canal medular, a redu ção da porosidade, encontra-se nessa posição durante o caminhar é igual à soma das
a pressurização do cimento e a ce ntralização da haste. Técnicas forças criadas pelos múscu los abdutores e pelo peso corporal, sendo
similares não obtiveram tanto sucesso na melhoria da fixação ace- calculada co m sendo três vezes o peso corporal. A carga sobre a
tabular. A fratura da haste foi praticamente eliminada devido ao uso cabeça femo ral durante o levantamento da perna estendida é esti-
corrente de superligas em sua fabricação. mada como sendo de mesmo valor.
Conforme os avanços tecnológicos melhoram a longevidade Uma parte integrante do conceito de Charnley sobre a artro-
da fixação do implante, os problemas relacion ados ao desgaste das plastia total do quadril é o encurtamento do braço de alavanca do
superfícies articulares tornaram-se proeminentes. Os polietilenos peso corporal por meio do aprofundamento do acetábulo, bem
reticulados demonstraram desgaste reduzido e atualmente pratica- como o alongamento do braço de alavanca do mecanismo abdutor
mente substituem o polietileno convencional de peso molecular por meio da fixação lateral do troc anter maior osteotomizado.
altamente elevado. Foram utilizadas articulações cerâmica-cerâmica O movimento produzido pelo peso corporal diminui e a força
e metal-metal devido a seus baixos coeficientes de fricção e caracte- oposta qu e o mecanismo abdutor deve exercer também diminui.
rísticas de desgaste in vitro superiores, apesar de apresentarem resul- O braço de alavanca do mecanismo abdutor pode ser encurtado por
tados menos favoráveis. Além disso, o uso desses suportes resistentes artrite ou outros distúrbios do quadril, nos quais parte da cabeça ou
a desgaste levo u ao uso de componentes maiores e a modificações toda ela é perdida ou o colo é encurtado. Ele também é encurtado
dos regimes pós-operatórios. quando o trocanter está localizado posteriormente, como ocorre em
É importante considerar os problemas dos materiais anteriores deformidades rotacionais externas, e em muitos pacientes com dis -
e as modificações de projeto que não se tornaram aparentes até um plasia do desenvolvimento do quadril. Em um quadril com artrite,
número suficiente de estudos de acompanhamento de 5 anos ou a razão entre o comprimento do braço de alavanca do peso corporal
mais estar disponível. Não se questio na que os resultados dos pro- e o comprimento do braço de alavanca dos abdutores pode ser
cedimentos de revisão são menos satisfatórios e que a artroplastia aproximadamente de 4:1. Os comprimentos dos dois braços de ala-
total primária de quadril oferece as melhores chances de sucesso. va nca podem ser alterados cirurgicamente para faze r com que a
A seleção do paciente adequado, os implantes corretos e o desem- razão aproxime-se de 1: 1 (Fig. 3-1 ). Em teoria, isso reduz a carga
penho técnico da operação são de suma importância. total sobre o quadril em 30%.
Os procedimentos da artroplastia total do quadril requerem É importante entender os benefícios decorrentes da mediali-
que o cirurgião conheça os diversos detalhes técnicos da operação. zação do acetábulo e do alongamento do braço de alavanca do meca-
Para tratar com sucesso os diversos problemas que ocorrem e para nismo abdutor, mas nenhuma dessas técnicas é enfatizada atua lmente.
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECON STRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

X X X

A B e
O[ijii;tljE19 Alavancas ag ind o na art icul ação do qu ad ril. A, O impulso produzido pelo peso co rporal ap li cado ao centro de gravi-
dade do corpo, X, agindo sobre a a lavanca, B-X, deve ser contraba lan ceado pelo impulso produzido pelos abdutores, A, agindo sobre
uma alavanca mais curta, A-B. A alavanca A-B pode se r mais curta em um quadril com artrite . B, A medialização do acetá bul o encurta
a alavanca B-X e a utiliza ção de um co lo com desv io maior a longa a alavanca A-B . C, A fi xa ção latera l e distal de um trocanter maior
osteotomizado alonga a a lavanca A-B e tenciona a musculatura abd utora.

O princípio da mediali zação deu lugar à prese rvação subcondral na


pelve e ao aprofundam ento mínim o necessá rio do acetábu lo pa ra
obter- se cobertura óssea para a cúpula. Corn o a maior parte d os
procedimentos no quadri l é atu alm ente reali zada sem osteotomia d o
trocanter maio r, o braço de alava nca do m ecani smo abdutor é alte-
rado apenas em rel ação ao desv io d a cabeça em relação à haste. Essas

!
concessões nos princípios bi omecânicos ori gin ais da artropl as ti a
total do qu adril evoluíram para obter co mpensações benéficas d e
natureza bi ológica para p reserva r o osso pélvico, especialmente o
osso subcondral, e para evitar p ro blemas relacion ados à osteoss ín-
tese d o trocanter maior.
O pi co d as forças d e co nta to na arti c ulação d o qu adril
duran te a caminh ad a vari a d e 3,5 a 5 vezes o peso corpora l, che-
ga ndo a até 6 vezes o peso corp ora l qu a nd o se apoia sobre apenas
urna perna . As forças m edid as experim e ntalm ente na articul ação
do qu adril utili zando-s e próteses instrum entadas são geralm ente A B
menores qu e as forças preditas no s m o d elos analíticos, es ta nd o na
fai xa d e 2,6 a 3 vezes o p eso corpo ra l du ra nte o apo io sobre apen as H!§i!;tjEJ9 Forças produzindo torção da haste. As forças que
um a p ern a. Ao se levanta r peso, correr o u saltar, entretanto, a ca rga agem sobre o qua dril no plano corona l (A) tendem a desviar a
po d e a lca nça r até 10 vezes o peso co rpo ral. Peso co rporal excess ivo haste media im e nte, enquanto as forças que agem no plano sag ita l
e aum ento da atividade físi ca co ntribu em signifi cativam ente pa ra (B), especia lmente com o quadril flexionado ou ao levantar peso,
as forças qu e agem para a fro uxa r, torce r ou romp er a has te d o tendem a desviar a haste posteriormente. Combinadas, essas forças
comp o nente femor al. resu ltam na torção da haste .
As forças que agem so bre a arti cul ação d o quadril não age m
apen as no plan o coronal; m as, como o cent ro d e gravidade do co rpo
(na linh a média anterior até o co rp o d a segund a vértebra sacra!) é
posterior ao eixo da articulação, age m também no plano sagital para Os componentes fem o rais implantados devem ser capazes d e
torcer a has te posteriormente. As forças que atu am n essa direção são sup o rtar fo rças de torção mesmo n o início do período pós-o perató -
aumentad as qu ando o qu adril é fl exionado, com o ao leva ntar -se d e ri o. Por consequência, os comp onentes fem orais utili za dos sem
uma cad eira, ao subir ou d escer escad as ou ra mpas, ou ao leva nta r cim ento ósseo d eve m se r projetados e implantados d e mo d o qu e
peso (F ig. 3-2) . Durante a caminh ad a, as fo rças são direcionad as sejam im ediatam ente es táveis rotacio nalm en te no fêmur. De mo d o
contra a cabeça femoral protética d e um â ngulo polar entre 15 e 25 similar, a fo rma do imp lante cimentado d eve proporcionar estabili-
graus ante rio rmente ao plano sagita l d a prótese. Ao subir escad as e dade rotacional dentro do manto de cimento.
ao levantar a perna estendida, a fo rça res ulta nte é aplicad a so bre um A loca li zação d o cent ro d e ro tação d o quadril n o eixo su pe-
ponto m ais anterior da cabeça. Ta is fo rças causam deflexão posteri o r ri o r-in fer ior também afeta as fo rças aplicad as sobre o implante. Em
ou retroversão do componente fe m oral. Essas fo rças "fora do pl an o" um mo delo matem áti co, a fo rça de reação d a articulação fo i m ais
foram med idas como sendo equivalentes a 0,6 a 0,9 vez o peso baixa quando o centro d o qu adri l es tava posicionado na pos ição
corporal. anatô mi ca em comparaçã o com posições superiores e laterais ou
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

O@ifalji!19 Categoriza ção radiográfica da parte proximal do fêmur de acordo com formato; correlação com a espessura cortica l
e com a d imensão do cana l. (De Dorr LD, Faugere MC, Macke l AM, et ai Structura l and cel lular assessment of bone quality of proximal femur, Bane
14:23 1, 1993 .)

posteriores. O deslocamento superior isolado, sem lateralização, posteriores. O di âmetro do canal intramedul ar é grand e, parti cu-
produz aumentos relativam ente pequenos na tensão exercida sobre larmente em radiografias laterais. O osso em formato de chaminé
o osso periacetab ul ar. Isso possui importância clínica no tratam ento do fêmur tip o C é geralm ente encontrado em mulh eres m ais ve lhas
da displas ia do desenvolvimento e na cirurgia de revisão quando o qu e passaram da menopausa, o qu e cria um ambiente m enos favo-
osso superior é deficiente. A colocação do componente acetabul ar rável para a fixação do implante.
em uma posição levemente cefálica permite melhor cobertura ou O mate rial do qual a haste é feita, a geo metri a e o tamanh o da
contato com osso viável. Entretanto, estudos clínicos docu mentara m haste, bem co mo o método de fixação alteram dramaticam ente a
uma maior incidência de radiolucências e migração de componentes forma na qu al a tensão é transferida para o fêmur. O remodelamento
em pacientes em situações de protrusão, displasia e revisão quando adaptativo do osso causado pelo estresse compromete o suporte do
o centro de rotação do qu adril es tá em posição não anatômica. implante e ca usa predisposição a fraturas do fê mur ou do implante.
A transferência de estresse para o fêmur é desejável, pois propor-
ciona um estí mul o fisiológico para a manutenção da massa óssea e
TRANSFERÊNCIA DE TENSÃO PARA O OSSO prevenção de osteoporose por falta de uso. A diminuição no m ódulo
de elasti cidade da haste diminui o es tresse sob re a haste e aumenta
A qualidade do osso antes da cirurgia é determinante para a o estresse sobre o osso adjacente. lsso é verdadeiro para hastes feitas
seleção do implante mais adequado, do m elhor método de fixação, de metais com menor mód ul o de elasti cidade, tais como a liga de
da resposta do osso ao implante e para o sucesso da artroplas tia. titâni o, se o di âmetro transve rsal for rel ativam ente pequen o. Hastes
Dorr et ai. propuse ram uma categorização rad iog ráfica dos fêmures com diâmetros maiores feitas dos mesmos m ateriais são mais fortes,
com base em se u forma to, co rrelacionando-os com medi ções da mas são mais rígidas e menos elásticas. O aumento do diâmetro
espessura cortical e dim ensõ es do canal (Fig. 3-3) . Os fêmures do transversal também anul a quaisquer benefícios reais do menor
tipo A possuem corticais mais es pessas, em uma visão anteropos- módulo de elasticidade. A rigidez de uma haste é proporcional à
terior, e uma grande co rti cal posterior, em um a observação lateral. quarta potência de seu diâmetro, sendo qu e pequenos aumentos no
O canal distal estreito dá ao fêmur proximal um formato acentuado diâmetro da haste resultam em aumentos maiores em sua rigidez.
de funil ou taça de champanhe. O fêmur do tipo A é mais comum Quando a haste é fi xada ao fêmur por crescimento ósseo, a carga é
em hom ens e pacientes mais jovens, per mitindo boa fi xação de preferencialmente sustentada por uma es trutura mais rígid a, ali-
hastes com ou sem cimento ósseo. Os fêmures do tipo B apresen- viando o estresse sobre o osso do fêmur proximal.
tam perda óssea das corticais mediais e posteriores, resultando em Os exa mes detalhados do estresse sobre o fêmur após substi-
uma largura maior no canal intramedular. O formato do fêmur não tuição total não cimentada do quadril desco briram que quase todos
é afetado e a fixação do implante não represe nta um problem a. Os os fêmures aprese ntavam reabsorção proximal moderad a ou grave
fêmures do tipo C perderam muito de suas corticais mediais em hastes co m di âmetros sup eriores a 13,5 mm. Com um encaixe
lllD PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRI L EM ADULTOS

iâ(riii;ME19 Reposta do osso à carga . A, Radiografia pós-operatória de haste com revestimento poroso. B, Após 2 anos, a densidade
de ossos corticais e esponjosos no fêmur proxima l diminuiu como resul tado da reabsorção.

por pressão no istm o e evidências radiog ráficas do crescimento ósseo, exa to. Um a h as te co m an el e en caixe fr ouxo pode causar es tresses
a reabsorção foi ma is evidente. A utili zação de revest imento poroso proxi mais maiores do que no fêmur intacto, apesar de as co nsequên-
extenso em hastes m enores não causa uma reabsorção tão grave. ci as de um a haste fro uxa n egarem qu aisqu er potenciais benefí cios
Aco mp anham entos recentes com tam anhos maiores de hastes mos- p roporcionados pelo anel. Quando a haste sustenta carga, ela produ z
traram , entreta nto, maior reabsorção com hastes mais exten siva- es tresses circulares no fêmur proximal. O ac unhamento de um
m ente reves tid as (F ig. 3-4). Pode-se observar hi pertrofia óssea im plante sem anel pode gerar es tresses circulares qu e ca usa m fr a-
locali zada em locais onde hastes com revestim ento poroso estão em tu ras int rao peratórias e p ós-operatórias n o fê mur proximal.
contato co m o córtex. Gera lmente, isso é observado na extremid ade O fo rm ato da haste tamb ém parece afe tar o estresse qu e é
distal do reves timento poroso co m um a haste extensivam ente reves- tra nsferid o para o osso. Em cirurgias de revisão com três tipos di fe-
ti da. Tal hipertrofia é men os acentuada quando a superfíc ie porosa rentes de hastes de titânio trapezo idais, Mallory, Head e Lombardi
está confinada à porção p roximal da haste. descobri ram incidên cia de atrofia óssea femoral proximal em apenas
Ao utili za rem videoden sitometria para analisa r fêmures obtidos 6% das 748 artroplastias an alisadas. A p erd a óssea p roximal foi
em autópsias, Malon ey et ai. descobriram que, para implantes com maior em pacientes com hastes de geo metri a cilíndrica distal que
ou sem cimento, as áreas com maior diminuição na de nsidade mineral preenchiam a diálise.
óssea ocorreu no córtex medi al proxi mal. Se a prótese p ossuir um Estudos em cadáveres identifi caram uma grand e va ri abilidade
anel apoiado sobre a superfí cie do colo, postula-se que a ca rga axial no grau e na locali zação do remodelamento ósseo em indivídu os
do osso ocorre ri a nessa área. É tecnicam ente di fíc il, entretanto, obter co m artroplasti as bem -sucedid as e fixação sólida. Foi es tabelecida,
esse contato d ireto entre o anel e a superfície do osso. Apesar do ent retan to, um a fo rte cor relação entre a densidade min eral do osso
p apel qu e o anel desempenh a no afrouxamento do comp onente n o fê mur oposto e o percentual de perd a m ineral no fêmur operado,
fe moral cimen tado não ter sido claramente estabelecido, qualquer independ entemente do m étodo de fixação do implante. Aparente-
ca rga sobre o colo medial proximal provavelmente diminui a reab- mente, pacientes com menor densidade óssea antes da cirurgia apre-
sorção e red uz o estresse no cimento proximal. O an el tam bém se ntam maior risco de perda óssea sign ificativa após artroplastias
fun ciona como um método simples para determin ar a profundid ade to tais de quadril cimentadas e não cimentadas.
da inserção do componente fem oral, pois a visão é obscurecida A quanti dade tota l de reabsorção ace itável n o ce nári o clín ico
tempo rariam ente pela extrusão do cimento. A prese nça de um anel é d ifíc il de ser determin ada. Ap ós 2 an os, alcança-se um ponto de
sobre comp on entes fe morais não cimentados é mais co ntroversa, equilíbri o e a perda óssea geralmente não p rogride mais. Em um a
p ois ele pode evitar o assentamento co mpleto da haste, tornand o-a sé ri e de 208 artroplast ias acomp anh adas por, em médi a, 13,9 anos,
frouxa no implante. Engh et ai. re lataram qu e pacientes co m rea bsorção evidente em
Dependendo do tamanho da has te e da extensão do revesti- radi ografias apresentaram , em média, avaliações e esco res d imi-
m ento poro so, has tes n ão cimentad as geralmen te ca usam estresses nu ídos, mas n ão apresentaram aumen to em outras co mpli cações,
sobre osso que são mais fisiológicos que os estresses causados por hastes além de demo nstrare m menor necessidade de cirurgias de revisão
cimentadas. Descobriu-se que estresses sobre o osso medial proximal devi do a afro uxam ento d a haste ou os teólise. Apesa r de a reabsor-
representam 65% do estresse sobre hastes sem anel e com encaixe por ção óssea n o fêmur proximal aparentemente não afetar adve rsa-
pressão, e 70% a 90% sobre hastes com colar e com encaixe proximal mente os res ultados clíni cos em curto ou médi o pra zo, a experi ên cia
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

com a falh a de implantes cimentados tamb ém indicou que a cirur-


gia de revisão to rn a-se mais co mplexa quando há perda óssea
femoral. As inves ti gações cor rentes sobre m ater iais com menores l
m ódulos de elast icidade e so bre geo metri as de has te que diminuem
a rigidez provavelmente serão benéficas para a redu ção de rem o-
del amento femoral adverso.
Em relação à pelve, as análi ses indicaram que, co m o uso de
uma cúpul a de polietil eno cimentada, o pico de estresse desen -
volve-se no osso pélvico. Cúpulas co m supo rte metálico e revesti-
mento de polietil eno redu zem as áreas de estresse e distribu em o
estresse m ais uni fo rmemente. Es tu dos similares indicaram qu e os
picos de estresse desenvolve m-se no osso trabec ular quando o osso
subcondral é rem ovido e qu e a diminui ção do pico ocorre quand o
-
é utilizad o um co mp onente co m suporte metálico. Os m aio res H@ii;@E19 Desestabiliza ção da cúpula por estresses mediais
estresses sobre o ci mento e sobre o osso trab ecular ocorrem à borda.
qu ando é utili zado um componente acetabul ar de polietileno co m
paredes fin as e quando o osso sub co ndral é rem ovido. Em contra- A reabso rção óssea do osso periacetabular por implantes não
posição às cúpul as de paredes fin as, uma cúpul a de polietileno de cimentados recebeu menos atenção do que a reabsorção em com-
paredes grossas, de 5 mm o u mais, tende a redu zir os estresses ponentes fe mo rais, mas ela tamb ém oco rre. Utili zando um novo
sofrido s pelo osso trab ecul ar de modo simil ar ao efeito produzido método de osteodensitometri a ass istida por tomografi a computa-
por cúpulas co m sup orte metálico. A preservação do osso subco n- dorizada, Mueller et ai. ava li aram a densidade óssea ao redor de
dral no ace tábulo e a utili zação de cúpul as co m sup orte m etálico componentes ace tabulares de titânio n ão cimentados 10 di as e l
ou paredes mais grossas diminu em os picos de es tresse no osso ano após a cirurgia. A densidade óssea cortical cefalicam ente ao
trabecular da pelve. implante aum entou 3,6%. Em contrapartida, a densidade óssea
Os resultados preliminares favoráve is co m a utilização de com- porosa d iminu iu 18%, com a área de maior perda se ndo anteri o r
ponentes acetab ul ares cimentados com suporte me tálico levaram à à cúp ul a. A impor tância clínica da reabso rção óssea acetab ul ar
difusão de sua utilização no passado. Os estudos de acompan ha- ainda não fo i dete rmin ada.
mento mais longos, entretanto, não revelaram a manutenção dos
benefíci os da utili zação de implantes com suporte metálico e, em
algum as séries, a sobrevida de comp onentes acetabulares cimenta- DESENHO E SELEÇÃO DE
dos com supo rte metálico mostrou-se inferi or em comparação aos COMPONENTES TOTAIS DO
componentes sem suporte metálico. A utilização de componentes de QUADRIL
polietileno com paredes grossas e a manuten ção do osso subcondral
do acetábulo são du as etapas qu e parecem proporcionar um meio- Atualm ente, es tão di spo ní ve is componentes femorais e acetabu -
termo satisfatóri o entre reabso rção óssea excessiva e co ncentração lares para a rt ro pl as ti a to tal do qu adril feitos de diversos m ateriais
de estresse. e em di ve rsos fo rm atos. Alguns desenhos de implantes provam -
Para os co mponentes ace tabulares não cimenta dos, é neces- se claramente sup eri o res ou inferi ores aos demais. Algumas
sá rio um sup orte metálico para fi xação esqueléti ca . Idealmente, o carac terísti cas de impl antes es pecíficos p odem proporcionar van -
metal deve aprese ntar um a área de co ntato ampla com o osso tage ns em ce rtas situações . A seleção e o implante adequ ado do s
sub condral ace tabular para evitar a co ncentração do estresse e pa ra comp o nentes po dem aprese ntar resultados satisfatório s em um
m ax imizar a supe rfície disponível para fi xação biológica. A prec i- g rand e pe rce ntu al dos pac ientes . Não há um desenho o u sistema
são da prepa ração ace tabul ar, bem com o o fo rmato e o tam anho adequado pa ra to dos os pac ientes, e o conh ecimento ge ral so bre
do implante em relação à cavidade prepara da, afetam dramatica- a vasta ga ma de co mp onentes e se us pontos positi vos e negativos
mente a área de co ntato ini cial e o es tresse transfe ri do do implante é um a fe rra menta útil para o cirurgião. A seleção baseia-se nas
para a pelve. Se um componente hemisféri co apresentar um necess idades do pacie nte, em sua longevid ade e nível de ati vidade
tam anh o leve mente menor em co mparação co m o acetábulo, o prev istos, na qu alid ade e nas dim ensões ósseas, na disponibili-
es tresse é tra nsfe rid o ce nt ra lmente pelo polo do co mponente, com d ade d os imp lan tes e da ins trum entação adequ ada, e na experi-
potencial para hiatos periféricos entre implante e osso. Em con tra- ência d o cir urgião.
pa rtid a, se o co mp onente fo r leve mente m aior do qu e a cavidade Rotineiramente, utili zamos diversos sistemas de fabricantes
preparada, a transferência de es tresse ocorre peri fe ricamente, co m di fe rentes. Apresentamos aqui um a visão geral sobre os sistemas
potencial para fratur as da bo rd a acetabular durante o implante disponíveis, enfa ti za ndo as ca rac terísticas similares e as caracterís-
(consulte a seção sobre o implante de co mp onentes acetabulares ti cas úni cas. Diversos pesq uisadores e fabri cantes alteraram se us
não cimentados) . Hiatos polares ta mbém podem se r causados po r desen hos dent ro de um período de temp o relativam ente curto para
assentamento inco mpleto do co mp onente. incorpora r co nceitos novos, confundindo muitos cirurgiões or topé-
O modo pelo qu al oco rre a transferência de estresse de um di cos e pac ientes. As reco mendações do cirurgião devem ser tem-
co mp onente acetabular não cimentado para o osso acetabular adj a- peradas pelo fa to de que mud anças nem sempre trazem melhorias
cente determin a sua es tabilidade inicial. Confo rme a cúpula é inse- e que o aband ono ra di cal de co nceitos comprovados leva a resulta-
rid a no ace tábulo, as fo rças geradas pela resposta elástica do osso dos desco nh ecidos em longo prazo.
estabilizam o im plante. Estresses pe riféricos agindo sobre um a fo rça Os co mponentes fe morais e acetabulares são geralmente comer-
de vetor pe rpendicular à tange nte da borda estabilizam a cúpula. cializados em conjunto co mo um sistema. Apesar de esses sistemas
Es tresses medi ais à borda ge ram um a força qu e empurra a cúpul a serem frequentemente co nveni entes, a diversidade de tamanhos com
lateralmente e a desestabiliza (F ig. 3-5). a maiori a dos componentes femorais permite a utilização de outros
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTO S

Offset
me dial
...
1 1
•'

· ~A l t u ra

,. ,.
/ vertical
,. ,.
,. ,.
Compriment:~_.,."
do co lo ,. ,.

- Altura
da haste
H[rill;tfi1!9 Cabeças modu lares para compone ntes femorais.
Co los trapezo ida is com cabeças femora is modu lares. Ausê ncia de
movimento entre a cabeça e o co lo . Estão disponíveis cabeças de
diâmetros d iferentes com diversas extensões de co lo. O colo esten-
dido de componentes mais longos possu i um diâmetro maior que
os componentes convenciona is, diminuindo o arco de movimento
do quadril.

h@ilm)IJ9 Características dos componentes femorais. O com-


primento do colo é medido a pa rtir do centro da cabeça até a
base do a nel. O desvio entre a cab eça e a haste é medido do
ce ntro da cabeça até o ei xo da pa rte distal da haste . O compri-
me nto da ha st e é me dido da base me dial do anel à e xtremidade
da haste. O â ngulo do col o é me dido da intersecção entre o
centro da cabeça e o colo a o longo da borda lateral da metade
distal da haste. A plataforma é a ext e nsão medial do anel . Cabeça sem cone Cabeça com cone de
A de prolongamento B prolongamento ("saia")
tipos de compo nentes acetabul ares caso necessá ri o. Os componentes
fe mo rais e acetabulares são di scutid os separadam ente.
O@l!millll Razão cabeça -co lo dos implantes. Cabeças de
diâmetros maiores com co los trapezoidais (A) apresentam uma
gama de mov imentos maior e menos contato do que cabeças com
COMPONENTES FEMORAIS diâmetros menores com colos modulares com acetábu lo (B).

A fun ção primári a d o co mponente fe moral é a substituição d a


cabeça e d o colo femorais após a ressecção d o segmento artrítico ou na parte trapezoidal (Fig. 3-8). Pa ra cabeças com diâmetros supe -
nec ró ti co. O obj etivo fin al é um a a rticul ação estável e biomecanica- rio res a 32 mm , não é necessá ri a a utilização d e saias m esmo para
mente saud ável, o qu e é alcançad o po r meio de uma cuidadosa colos de comprimentos maio res.
atenção ao centro d e ro tação no rma l d a cabeça femoral. Esse local A altura (d esvio ve rti ca l) é d eterminad a pelo comprimento
é dete rmin ado por três fato res: (1 ) altura (desvio vertical) (ojfset base do colo da prótes e somado ao co mprim ento obtido pela cabeça
ve rti cal ), (2) o.fjset medial (ojfset hori zo ntal o u simplesm ente offse t) , modular utili zada. Alé m di sso, a profundidade de inserção do
e (3) ve rsão d o colo fem o ra l (otfset anteri or) (Fig. 3-6). A altura implante no canal femo ra l a ltera o d esvio vertical. Para implantes
ve rti ca l e o d esvio hori zo ntal aum enta m co nfo rme o colo é alon - cimentad os, a altura po d e se r ajustad a também pela variação no
gado, e a reconstrução ad equ ad a de ambas as ca racterísticas é o nível d a osteotomi a d o colo fe mo ral. Essa fl exibilidad e adicional
pro pósito d a seleção d o co mprim ento do colo femoral. Na m aioria pod e não esta r di spo n ível qu an d o são utili zados componentes fem o -
dos sistem as m odern os, o co mp ri me nto d o colo é ajustado utili - rais não cim entad os, po is a profundid ade d e inserção é d etermin ad a
za nd o-se cabeças mo dul ares co m recessos in te rn os variáve is qu e mais pelo encaixe dent ro d a metáfise fe m oral do que pelo nível da
se e nca ixa m sobre um trapézio no co lo da has te (F ig. 3 -7). O osteo metri a d o co lo.
co m p rim en to d o co lo ge ralmente va ri a de 25 a 50 mm , co m ajuste O d esvio (o u seja, o desvio h ori zo ntal ou simp lesm ente offset)
d e 8 a 12 mm para d etermin ad os tam a nh os d e has te. Quando é é a distân cia do cent ro d a cabeça fe m o ral à linha do eixo d a parte
necessá ri o um co lo lo ngo pa ra ca beças co m até 32 mm d e di â m e- di stal d a haste, se ndo prima ri am ente uma fun ção do desenh o d a
tro, po d e se r necessá ria a utili zação d e um a "sa ia" para estend er o has te. A restau ração in adequada d o offset encurta a alavanca da
aspec to infe rior d a cabeça de mo d o a obter-se um encaixe completo mu sc ulatura abdutora e res ulta em um aumento da força de reação
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTI A DO QUADRIL

A B

O!§ii;ME19 Variações nos colos dos componentes femorais


para aumentar o offset. A, Ângulo reduzido entre colo e haste.
B, O colo é fixado mais mediaimente na haste.

da articulação, flacidez e contato com o osso, o que pode resultar


em deslocamento da articulação. O offset pode ser aumentado sim-
plesmente utilizando-se um colo modular maior, mas fazê-lo lâ!di@!IJI!9 Colo femoral modular com junções trapezoidais
também aumenta o offset vertical, o que pode resultar em um com- para o corpo da haste e para a cabeça femoral. Diversas configu-
primento exacerbado do membro. Para tratar das variações indivi- ra ções permitem o ajuste independente do comprimento, do offset
duais na anatomia femoral, diversos componentes são fabricados em
e da versão.
versões-padrão e versões com desvios altos. Isso é alcançado pela
diminuição do ângulo entre colo e haste (geralmente cerca de 127
graus) ou pela fixação do colo à haste em uma posição mais medial
(Fig. 3-9). Desse modo, o desvio pode ser aumentado sem o alon-
gamento do membro.
A versão refere-se à orientação do colo em relação ao plano
coronal, sendo denotado como anteversão ou retroversão. A restau-
ração da versão do colo femoral é importante para a obtenção de
estabilidade na articulação protética. Um fêmur normal possui de
10 a 15 graus de anteversão no colo femoral em relação ao plano
corona l quando os pés estão voltados para a frente, e o colo femoral 0[ril@iEIJ9 Amplitude de movimentos com cabeças de
deve aproximar-se desses valores. A versão correta do colo é geral- tamanhos diferentes. Para um dado diâmetro do colo, os implan-
mente obtida girando-se o componente dentro do canal femoral. tes com cabeças femorais menores (A) apresentam um arco de
Isso não representa muitos problemas quando é utilizado cimento movimento menor do que os implantes com cabeças maiores (B).
ósseo para fixação; mas, na utilização de encaixe por pressão (press-jit),
o componente femoral deve ser inserido com a mesma orientação
do colo femoral para maximizar o preenchimento do fêmur proxi-
mal e obter estabilidade rotacional no implante. Esse problema pode
ser solucionado pelo uso de componentes femorais modulares nos
quais a haste é girada independentemente da parte da metáfise. As
denominadas "hastes anatômicas" possuem uma leve curvatura pos-
terior proximal para reproduzir o contorno do endósteo femoral,
predeterminando o alinhamento rotacional do implante. A maioria
de tais hastes possui alguns graus de anteversão em seus colos para
compensar esse fato, sendo necessárias hastes direitas e esquerdas
O@i!;tjEJm "Salto". Com sub luxação, a cabeça menor (A) tem
separadas. Por fim, componentes femorais novos com colos comple-
de percorrer uma distância menor para escapar da borda do com-
tamente modulares e dotados de geometrias e comprimentos dife-
ponente acetabular em comparação com uma cabeça maior (B).
rentes permitem o ajuste do comprimento, do desvio e da versão
independentemente (Fig. 3-10).
O tamanho da cabeça femoral, a relação entre os diâmetros da maiores aumenta a relação cabeça-colo e, portanto, a gama de movi-
cabeça e do colo e o formato do colo do componente femoral mentos antes do colo entrar em contato com a borda do encaixe será
possuem um efeito substancial sobre os movimentos do quadril, maior (Fig. 3-11). Quando ocorre tal contato, a cabeça femoral é
sobre o grau de contato entre o colo e a borda do encai,xe, e sobre a alavancada para fora do encaixe. O "salto" é a distância que a cabeça
estabilidade da articulação. Esse contato pode causar deslocamentos, deve percorrer para escapar da borda do encaixe, geralmente apro-
desgastes acelerados do polietileno, afrouxamentos dos componen- ximada como sendo metade do diâmetro da cabeça (Fig. 3-12). Por
tes acetabulares, bem como desencaixe ou fratura do revestimento. ambas essas razões, cabeças de diâmetros maiores são teoricamente
Para um dado diâmetro do colo, a uti li zação de cabeças femorais mais estáveis que cabeças de diâmetros menores. A introdução de
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRI L EM ADU LTOS

Abdução a longevidad e das próteses foi direcionada para uma melhoria na


Abdução fixação do implante dentro do canal femora l. Muitas hastes femo -
rais estiveram em uso clínico por períodos variáveis desde a década
Extensão de 1990. Entretanto, o reconhecimento do perfil radiográfico de
Flexão Extensão uma haste é geralmente benéfico para o planejamento de cirurgias
de revisão. Para essa informação, direcionamos os lei.tores para as
Adução versões anteriores deste texto e para outras referências históricas.
Os componentes femorais estão disponíveis em variantes cimen-
Adução
A B tadas e não cimentadas.

O@mtijgm Efeitos do tam a nho da cabeça e da geometria do • COMPONENTES FEMORAIS CIMENTADOS


colo so bre os movimentos. A, Ao se a lterar o colo de 28 mm (som- Com a introdução da artroplastia de baixo atrito de Charnley, o
breado escuro) para 32 mm (sombreado claro), há um aumento de cimento acríli co tornou-se o padrão para a fixação de componentes
8 graus na fl exão antes do contanto. B, Grande afin ame nto circular femorais. Os avanços nos desenhos das hastes e na aplicação do
diminui dramaticamente os movimentos devido ao contato (som- cimento melhoraram dramaticamente a sobrevida em longo prazo
breado claro). A cabeça modular com sa ia (sombreado escuro) das hastes cimentadas. Apesar desses avanços, a utilização de cimen-
diminui a inda mais os movimentos. (De Barrack RL, Lavernia C, Ries tos ósseos para a fixação femoral diminuiu vertiginosamente ao
M, et ai: Virtual reality computer animation of the effect of component longo da última década, havendo pouca inovação recente nos dese-
position and design on stability after total hip arthroplasty, Orthop Clin nhos de implantes.
North Am 32 569, 2001.) Algumas características dos desenhos de hastes cimentadas
tornaram-se geralmente aceitas. A haste deve ser fabricada de uma
superliga de alta resistência. A maioria dos fabricantes utiliza ligas
de cromo-cobalto, pois seu maior módulo de elasticidade pode
reduzir o estresse dentro do manto proximal de cimento. O corte
transversal da haste deve possuir uma borda medial larga e, prefe-
Colo rencialmente, uma borda lateral ainda mais larga para suportar o
trapezoidal -~===-'-- manto proximal de cimento ósseo na compressão. Bordas afiadas
produzem áreas de fadiga loca.is, o que pode iniciar urna fratura do
manto de cimento, devendo então ser evitadas. Anéis auxiliam na
determinação da profundidade da inserção e podem diminuir a
reabsorção óssea no colo medial.

lil!l'::l.;6YI.111' mm
Comparação dos cortes transversais de co los cir-
cul ares e trapezoidais.
As evidências sugerem que as falhas de h astes cimentadas
são iniciadas no contato entre prótese e cimento, com descolamento
e subseq uente fratura. Há vá rios tipos de macrotexturização de
superfícies para melhorar a união na interface (Figs. 3-15 a 3-1 7).
A prática de pré-revestir a haste com polimetilmetacrilato (PMMA)
supe rfíci es de sustentação avançadas permitiu vários tipos de utili - está associada a uma taxa de falha maior do que o normal com
zação para cabeças de tamanhos maiores em relação àqueles utiliza- alguns desenhos de hastes, sendo amplamente abandonada. Formas
dos tradicionalmente no passado. não circulares, tais como retângulos arredondados ou elipses, bem
Em uma simulação da amplitude de movimentos com implantes como irregularidades sup erficiais, tais como ranhuras ou sulcos lon-
digitalizados em um software de realid ade virtual, Barrack et al. des- gitudinais, também melhoram a estabilidade rotacional da haste
cobriram uma melhoria de 8 graus de flexão do quadril quando o dentro do manto de cimento (Fig. 3-17).
tamanho da cabeça é aumentado de 28 mm para 32 mm. O alcance Há preocupações de que, mesmo com as modificações de
dos movimentos foi. reduzi.do dramaticamente pela utilização de um superfície, a haste possa não permanecer unida ao cimento. Caso
colo circul ar, especialmente em combinação com cabeças modulares isso ocorra, hastes com superfícies ásperas ou texturizadas geram
com saia, o que aumenta o diâmetro do colo femoral (Fig. 3-13). Colos mais resíduos decorrentes do movimento do qu e hastes com super-
trapezoidais resultaram em maior gama de movimentos sem contato fícies lisas e polidas. Foram encontradas maiores taxas de afrouxa-
em comparação com colos circulares (Fig. 3-1 4) . Em um modelo mento e reabsorção óssea com o uso de uma haste de Exeter com
experimental com cabeças de tamanhos superiores a 32 mm, Burroughs superfície fosca em comparação com um a haste idêntica com sup er-
et ai. descobriram que o contato entre os componentes protéticos fície polida. Descobertas similares foram relatadas ao comparar a
podia ser, em sua maior parte, eliminado. Quando foram utilizadas haste original polida de Charnley com sua subsequente modificação
cabeças de tamanhos superiores a 38 mm, entretanto, o único contato fosca. Por essa razão, o interesse pelo uso de hastes polidas foi reno-
que ocorreu foi o con tato osso-osso, sendo dependente da anatom ia vado para utili zações com cimento ósseo. Ling recomendou um
óssea e independente do tamanho da cabeça. A configuração ideal da desenho sem anel, polido e trapezoidal em dois planos (Fig. 3-1 8)
cabeça e do colo protéticos constitui-se de um colo trapezoidal e uma que permita um pequeno descolamento e a manutenção de forças
cabeça de diâmetro maior sem saia (Fig. 3-18). Em termos práticos, compressoras dentro do manto de cimento ósseo.
o diâmetro da cabeça femoral é limita.do pelo tamanho do acetábulo As hastes devem estar disponíveis em diversos tamanhos (geral-
independentemente dos materiais de suporte utilizados para a cabeça mente de quatro a seis variações) para permitir que a haste oc up e
femoral e para o acetáb ulo. aproxi madamen te 80% do corte transversal do canal medular com
Todos os sistemas de artroplastia total do quadril atualmente um manto medindo aproximadamente 4 mm proximalmente e 2
em uso fixam a prótese femoral com uma haste metálica inserida mm distalmente. A locali zação neutra da haste dentro do canal
no ca ~ a l medular. Uma grande parte das inovações para aumentar atenu a a chance de ocorrência localizada de áreas fin as no manto,
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL . .

lij!§il@!lm Haste do tipo "omnifit EON". Uma texturização


proximal normalizada converte forças de cisalhamento em forças
H@ihf411L9 Haste do tipo "summit". Espaçadores proximais de compressão . A, Desvio-padrão. B, Offset melhorado. (Cortesia
de Stryker Orthopaedics, Kalamazoo, MI.)
de PMMA e um centralizador adicional facilitam o posiciona-
mento correto e uniforme do manto. (Cortesia de DePuy Orthopaedics,
lnc., Warsaw, IN)

H!§i!;tjl'1I9 Haste do tipo "CPT" para quadril. O desenho


hl§ii@Elm Haste do tipo "spectron EF". O formato retan- trapezoidal, sem anel e polido permite descolamento controlado
gular arredondado e o sulco longitudinal proporcionam estabili- e manuten ção das forças de compressão dentro do manto. (Cor-
dade rotacional. (Cortesia de Sm ith & Nephew, Memphis, TN.) tes ia de Zimmer, Wa rsaw, IN.)
~ PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

as quais podem fragmentar-se e ca usar o afro uxa mento da haste. hidroxiapatita, foram utili zadas para melhorar a fixação do implante.
Muitos sistemas possuem centralizadores pré-moldados de PMMA Muitos desen hos de componentes femorais não cimentados possuem
fixados aos aspectos proximais ou distais (o u ambos) da haste antes combinações dessas modifi cações de superfície. Apesar do tipo e do
do implante de modo a centrali za r a haste dentro do canal femoral tamanho necessários para o revestim ento serem controversos, a
e proporcionar um manto mais uniforme (Fig. 3-15). Os centrali za- mai ori a dos especialistas concorda que ele deve ser arredondado no
dores unem-se ao novo cimento, sendo incorporados ao manto. limi te proxima l. Alguns dos primeiros desenhos de hastes porosas
Por fim, o comprimento ideal da has te depende da geometria utili zava m pedaços de revestimento poroso interpostos com áreas
e do tamanho do canal femoral. A has te do componente original de lisas, o que permitia que o fluido articu lar transportasse detritos de
Charnley media cerca de 13 cm. Ela era longa o bastante para obter partículas até o aspecto distal da haste. Schmalzried et al. referiram-se
uma fixação firme na metáfise e na diálise proximal do fêmur. Hastes a essas extensões de fluido articular como "espaço efetivo da articu -
de comprimentos maiores, as quais ent ram em con tato com o istmo, lação''. Essa propriedade foi associada com o início do desenvolvi-
reduzem os erros ao se posicionar a haste em varo. Como resultado mento da osteólise na extremidade da haste, apesar de ocorrer
do arqueamento anterior normal do canal femora l, a extrem idade cresci mento ósseo proximalmente. O revestimento poroso circular
da haste pode pressionar o córtex anterior ou até mesmo perfurá-lo do aspec to proximal da haste proporciona uma barreira mais eficaz
caso o córtex seja fino. Além disso, é tecnicamente difícil oclu ir o co ntra a entrada de partículas, limitando o desenvolvimento precoce
canal abaixo do nível do istmo de maneira adequada, podendo resul- de osteólise na face distal da haste.
tar em uma coluna de cimento ósseo inadequad a ao redor da haste O crescimento ósseo sobre o revestimento poroso demons-
e em sua extremidade. Os comprimentos dos desenhos atuais de trou fi xação durável em diversos dese nhos de hastes não cimenta-
haste var iam de 120 a 150 mm . Hàstes mais longas estão disponíveis das. Tradicionalmente, os revestimentos porosos têm sido criados
caso o córtex tenha sido perfurado, fraturado ou enfraquecido por por grânulos ou entrelaçamento de fibras (Fig. 3-19A e B) aplica-
parafusos ou outros dispositivos de fixação internos, particular- do s à has te por processos de sinteri zação ou de união por difusão.
mente para cirurgias de revisão. Ambos os processos requerem o aquecimento do substrato e podem
causar redução significativa da dureza do implante. Várias pesqui-
• COMPONENTES FEMORAIS NÃO CIMENTADOS sas determi naram o tamanho ideal do s poros para o crescimento
Na década de 1970, foram relatados problemas quanto à fixação ósseo para dentro de uma superfície porosa como sendo entre 100
dos componentes femorais com cim ento acrí lico. Co mo resultado, e 400 µm. A maioria dos implantes com revestimento poroso dis-
pesquisas laboratoriais e clínicas consid eráve is foram reali zadas poníveis atualmente possui poros com tamanhos dentro dessa
para eliminar a utilização de cimento ósseo e permitir uma fi xação faixa. Metais altamente porosos, tais como o tântalo, foram inicial-
biológica dos componentes femorais. Os dois pré-requisitos para mente utili zados para a fixação não cimentada dos componentes
a fixação biológica são a estabilidade mecânica im ed iata na ocasião acetabu lares, mas atualmente têm sido aplicados também às hastes
da cirurgia e o contato íntimo en tre a sup erfície do implante e a femorais (Fig. 3- 19C) . Metais porosos apresentam maior porosi-
sup erfície viável do osso. Para atende r esses requisitos, foram pro- dade do que os revestimentos tradicionais e seu coeficiente de
jetados implantes que se encaixavam tão proximamente quanto fricção com o osso esponjoso pode melhorar a estabilidade inicial.
possível na cavidade endosteal do fêmur. Entreta nto, o fêmur deve O tântalo poroso é semelhante à estrutura do osso esponjoso. Foi
ser preparado para, até cer to ponto, receber adequadamente a relatado um crescimento ósseo rápido e extensivo sobre a superfí-
haste implantada. De modo geral, a seleção do tipo e do tamanho cie desse implante.
do implante, bem como da técnica cirúrgica e da instrum entação O crescimento ósseo também pode ocorrer sobre uma superfí-
a serem utili zadas, deve ser mais precisa do que em suas co ntra- cie rugosa (mas não porosa). Tais superfícies são criadas por técnicas
partes cimentadas. Os desenhos atuais de hastes não cimentadas de jateamento ou pulveri zação por plasma . O jateamento envolve
são diferentes quanto aos materiais, ao revestimento d e superfície a utilização de um spray pressuri zado de partículas de óxido de alu-
e ao formato. mínio de modo a produzir uma superfície irregular de 3 a 8 µm de
As experiências foram limitadas ao uso de dois materiais: (1) profundidade (Fig. 3-20A). As técnicas de pulverização por plasma
liga de titânio com dive rsas melhorias de superfície e (2) liga de utilizam a aplicação em alta velocidade de material derretido sobre o
cromo-cobalto com superfície sinterizada. Ambos os materiais pro- substrato em um vácuo ou ambiente de gás de argônio, produzindo
varam-se satisfatórios até o mom en to. O titânio foi recomendado uma superfície altamente texturizada (Fig. 3-20B). Não é necessário
por diversos fabricantes devido à sua melhor biocompatibilidade, o aquecimento do implante e, portanto, há pouca redução na força do
maior força e menor módulo de elasti cidade. O titânio, entretanto, material em comparação à ap licação de revestimentos porosos.
é mais sensível a entalhes do que a liga de cromo-cobalto, tendo A hidroxiapatita e outros revestimentos osteocondutivos à base de
predisposição ao surgimento de rachad uras por defeitos metalú rgi- fosfato de cálcio também podem ser aplicados aos implantes por meio
cos e nos locais de fixação dos revestimentos porosos. Quando a da pulverização por plasma (Fig. 3-20C). A espessura do revestimento
haste é feita de substrato de titânio, a superfície porosa deve ser geralmente varia de 50 a 155 µm. Apesar da literatura relatar resulta-
restrita às partes proximais mais fortes, sendo evitada em áreas que dos co ntraditórios em relação ao uso do revestimento de hidroxiapa-
sofrem maiores estresses, tais como a borda lateral da haste. A liga tita, não há evidências de que a técnica seja prejudicial.
de titânio foi recomend ada como o me lh or material porque se u A evolução da fixação femora l não cimentada resultou em
módulo de elasticidade é aproximadamente metade do módulo de diversos implantes. O formato da haste não cimentada determina as
elasticidade da liga de cromo-cobalto, se ndo, portanto, menos asso- áreas do canal femoral onde pode ser obtida fixação, bem como as
ciada com dores na região da coxa. Lavem ia et ai. relataram o uso técnicas cirúrgicas necessárias para o implante. Geralmente, os
em 241 pacientes de implantes de has tes feitas de liga de titânio e de resultados são mais dependentes da geometria da haste do que dos
liga de cromo-cobalto, ambas com o mesmo desenho trapezoidal. materiais ou melhorias de superfíci e. Khanuja, Vakil, Goddard e
As dores na coxa não estavam relacionadas ao material da haste, Mont propuseram um sistema de class ificação para hastes não
sendo mais comuns em pacientes com hastes de tamanho mai or. cimentadas co m base em seus formatos. Os tipos de 1 a 5 são hastes
Diversas modificações de superfície, incluindo revestimentos retilíneas, com a área de fixação aumentando de acordo com o tipo.
porosos, jateamento, pulverização por plasma e revestimento com O tipo 6 possui um formato anatômico.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

h@il;@Elm Tipos de superfícies porosas para crescim ento ósseo. Superfícies tradicionais obtidas pela sinteri zação de grânulos (A)
e pe lo entrelaçamento de fibras por difusão (B). C, O tântal o altamente poroso assemelha-se à estrutura do osso trabecular. (A cortesia
de Sm ith & Nephew, Memphis, TN; B e C cortesia de Zimmer, Warsaw, IN.)

O@IJ;f4EE19 Tipos de superfícies rugosas para crescim ento ósseo. A, Superfície jateada. Superfícies altamente texturizadas obtidas
por meio de pulverização por plasma: titânio (B) e hidroxiapatit a (C) . (A cortesia de Zimmer, Warsaw, IN; B courtesy of Biomet Orthopedics,
Warsaw, IN; e cortesia de Stryker Orthopaedics, Mahwah, NJ.)

As hastes do tipo 1 são co mum ente d enom in adas "h astes de As hastes do tipo 2 ligam-se ao cór tex fe moral proxim al n o
cunha única''. Elas são achatadas no pl ano a ntero posterior e plan o medio lateral e n o pl ano a nteroposteri or. Os d esenhos d e haste
trapezoida is no plano medi olatera l (F ig. 3-2 1). Sua fixação é realizad a com cu n ha dupla p ree nchem a metáfi se fe moral proxim al de mo do
apenas por fixação co rtical no pl a no m ediolatera l e po r uma fixação mais completo do que as hastes d o tipo 1 (F ig. 3.22) . A preparação
em três po ntos ao lo ngo d o comprim ento d a haste. O canal fe m ora l fe m ora l ti picam ente requ er o alargam ento di stal seguido p ela per-
é prepa rad o apen as por perfuração, sem a largam e nto d istal. fu ração do fêm ur proxima l. Elas pod em se r utili zadas com segu-
Consequentem e nte, é impo rtante assegurar-se de que a haste te nha rança em fê m ures Do rr d o tipo A.
fo rmato trapezo idal proxim alm ente. Em fê mures D o rr d o tipo A, O tipo 3 representa u m gr upo ma is heterogênio de impla ntes.
ap enas o co ntato distal cria riscos de fraturas ou instabilidade rota- Essas hastes são trapezo idais em dois planos, m as a fixação é obtida
cional. Essas h astes aprese nta ram bom desempenho em fê mures mai s na junção entre metáfise e di áfi se d o qu e proxim almente, com o
Dorr de tipos B e C. ocorre com os tip os 1 e 2. As hastes do tipo 3A são trapezoidais com
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECON STRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

O@ihbJllJ:9 Haste do tipo "taperloc". O desenho de cunha H@i!;ME1!9 Haste modular de restauração. A geometria distal
única é trapezoidal no plano medial-lateral (A) e achatado no trapezoidal e cônica com estrias longitudinais está disponível em
plano anteroposterior (B). A superfície proximal é pulverizada por vários comprimentos para cirurgias primárias e de revisão . Os seg-
plasma . (Cortesia de Biomet Orthopedics, lnc., Warsaw, IN.) mentos proximais estão disponíveis em diversos comprimentos e
com diversos offsets para tencionamento do tecido mole. (Cortesia
de Stryker Orthopaedics, Mahwah, NJ.)

uma geo metri a distal arredond ada e cônica. Estri as longi tudin ais
foram adi cionadas às hastes do tipo 3B (F ig. 3-23). Recentemente,
esse tipo de implante ganhou popularidade em casos de revisão
co mpl exas. Os implantes do tipo 3C são retangulares e proporcio-
n am suporte rotaci onal de quatro pontos (F ig. 3-24). Tais implantes
têm sido utili zados extensivam ente co m sucesso na Europa.
O tipo 4 engloba implantes extensivam ente revestidos com
fixação ao longo de todo o comprimento da haste. A preparação do
canal requer alargamento distal cilíndrico e perfuração proximal (Fig.
3-25). Esses implan tes alcançaram resultados excelentes em longo
prazo. Reabsorção óssea femoral e dores na coxa foram relatadas em
diversos desenhos. Sua utilização em fêmures Dorr do tipo C pode
ser problemática devido à necessidade de hastes de diâm etros largos.
As hastes do ti po 5 ou modulares p ossuem mangas sep aradas
para a metáfise e a di áfise, com tamanhos e instrumentaçôes indepen -
dentes. Tais implantes são recomendados para pacientes com an ato-
mi a fe moral alterada, particularm ente aqueles com desalinhamentos
rotacionais, tais como di splasia de desenvolvi mento. Ambos os seg-
mentos da haste são preparados com alargadores, levando a um
encaixe preciso com estabilidade rotacional obtido tanto proxi mal-
mente qu anto distalmente. Essa característica torna as hastes modu -
lares uma opção atrativa quando é necessária uma osteotomia femoral
H@l@!EJm Haste do tipo "synergy". O desenho de cunha (F ig. 3-26). Hastes modul ares podem se r utili zadas para todos os tipos
dupla é trapezoidal nos planos medial-lateral (A) e anteroposte- de osso da classifi cação de Dorr, mas o maior custo e os potenciais
rior (B). As estrias longitudinais proporcionam estabilidade rotacional problemas co m as junçôes dos módulos devem ser considerados.
adicional. Mostrado com cabeça de zircônia oxidada. (Cortesia de Os componentes fe morais do tipo 6, ou anatômicos, incorporam
Smith & Nephew, Memphis, TN. ) um arqueamento posteri or na pa rte da metáfise e, variavelmente, um
:

li@ll;@E1Z9 Haste do tipo "alloclassic". Haste retilínea cônica


com corte transversa/ retangular e superfície não porosa jateada.
(CCortesia de Zimmer Orthopaedics, Warsaw, JN .)
H!ijii;@Efm Hastes com revestimento poroso extenso. A, Haste
AML para artroplastias primárias e de revisão quando o istmo está
intacto. B, Haste longa revestida utilizada para revisões quando a
perda óssea proximal é grave. C, Haste longa de substituição calcar.
(Cortesia de Johnson & Johnson, DePuy, Wa rsaw, IN .)

,.

:
H@i@)1'E9 Haste modular 5-ROM . A, Di ve rsos tamanhos de
mangas proximais podem ser combinados com tamanhos especí-
ficos de hastes. A haste pode ser rotacionada em relação à manga H!§il;tljE'fm Haste anatômica. O formato assimétrico da metá-
para corrigir deformidades rotacionais do fêmur. Estrias distais fise é mais próximo à geometria femoral proximal. O colo
melhoram a estabilidade rotacional. B, Haste curvilínea e longa. femoral possui anteversão de 5 graus, sendo necessárias hastes
A parte distal da haste possui ranhuras no plano coronal para diferentes para os membros direito e esquerdo. (Biomet Orthope-
diminuir a rigidez . (Cortesia de DePuy Orthopaed ics, Wa rsaw, IN.) dics, lnc., Wa rsaw, IN.)
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

arqueamento anterior na diáfise correspond endo à geometria do canal


femoral (Fig. 3-27). São necessárias hastes direitas e esquerdas, e a
anteversão deve ser incorporada ao segmento do colo. A variabilidade
anatômica na curvatura do fêmur geralm ente requer algum alarga-
mento do canal. Se a extremidade da haste for posicionada excentri-
carnente, ela pressionará o córtex anterior. Sugeriu -se que esse ponto
de pressão é uma fonte de dor durante o pós-operatório. A populari-
dade das hastes anatômicas diminuiu durante a última década em
detrimento dos desenhos mais retilíneos.
Para dispositivos não cimentados, os requisitos para preenchi-
mento do canal frequentemente apontam para o fato de que a haste
deve possuir um diâmetro considerável. Como a rigidez de uma haste
é proporcional à quarta potência do diâmetro, é observada uma m aior
prevalência de reabsorção óssea em hastes maiores. A discrepância de
ri gidez entre o implante e o osso também foi citada como fonte de
dores no pós-operatório. Os desenhos atuais de hastes lidam com esse
problema de diversos modos. O módulo da haste pode ser alterado
para permitir maior flexibilidade sem alterar o diâmetro do implante,
de modo que a estabilidade não seja comprometida. A adição de
sulcos longitudinais profundos reduz a rigidez à torção e à dobra. A
rigid ez no terço distal da haste também pode ser red uzida substan-
cialmente pela divisão da haste no plano coronal, similar a um pren-
dedor de roupa (Fig. 3-26) . Hastes com geometria distal trapezoidal
são in erentemente menos rígidas do que hastes cilíndricas (F ig. 3-22), :
sendo associadas com dores mínimas na coxa.

• COMPONENTES FEMORAIS ESPECIALIZADOS E


0!§m§ilfl9 Haste curta para quadri l do tipo "metha". Pro-
jetada para cirurgias menos invasivas com retenção do co lo femoral
PERSONALIZADOS e fixação na metáfise (mostrado com colo modular). (C ortesia de
A adoção de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas gerou inte- Aesculap lmplant Systems, LLC, Center Val ley, PA.)
resse por implantes mais curtos que prese rvem o osso. Alguns são
implantes inovadores proj etados para encaixa rem-se dentro do an el
intac to do osso femoral (Fig. 3-28). O utros são versões mais curtas proximal, deslocamento congênito do quadril, fêmures demasiada-
de d esenhos existentes descritos anteriormente. Esses implantes mente gra ndes e anatomia altamente anormal, bem como quando há
foram utili zados mais comumente em abordagens anteriores mini - ocorrência de fratura abaixo da extremidade da haste femoral. Com
mamente invasivas nas quais o acesso ao canal femo ral é mais difícil. a proliferação de novos desenhos de hastes e de novas técnicas de
Os dados que sustentam esse tipo de impla nte são limitados. osteotomia femoral para cirurgias de revi são, as hastes personalizadas
Apesar d a grande quantidade de componentes femorais dispo- raramente são necessárias na prática.
níveis, d eformidades ou perdas ósseas causadas por condições congê-
nitas, traumas, tw11ores ou cirurgias anteriores podem impossibilitar
o encaixe de qualquer haste convencional ou a restauração adequada COMPONENTES ACETABULARES
da posição da cabeça femoral. D iversos tipos de componentes femo-
rais com substituição calcar (Fig. 3-25C) estão disponíveis para Os componentes acetabulares podem ser categorizados como
pacientes com perda de quantidades variáveis do fêmur proximal no cimentados ou não cimentados. Os anéis de reconstrução acetabular
lugar da utili zação de enxertos ósseos. Os procedimentos de recupe- também serão discutidos nesta seção.
ração do membro em relação a tumores malignos e benignos de ossos
ou de tecidos moles podem necessitar de compon entes personaliza- • COMPONENTES ACETABULARES CIMENTADOS
dos. Hastes de substituição segmentar modular também são utilizadas Os enca ixes originais para implantes cimentados possuíam cúpulas
em pacientes com perda extensiva do osso femoral decorrente de de polietileno com paredes espessas. Sulcos hori zo ntai s e verticais
artropl astias malsucedidas e fraturas periprostéti cas (Fig. 3-29). Rara- eram frequentemente adicionados à superfície externa para melho-
mente, pode ser necessária uma prótese que substitua o fêmur por rar a estabilidade dentro do manto d e cim ento enquanto marcadores
completo, incorporando artroplastias do quadril e do joelho. eram fixados ao plástico para permitir m elhor avaliação da posição
Próteses personalizadas e não cimentadas fabricadas com nas radiografias pós-operatórias. Muitos d esses desenhos ainda são
auxilio de computadores e de tomografias com putadorizadas têm sido utili zados regularmente. Os desenhos mais recentes possuem modi-
recomendadas quando o planejamento pré-operatório indica que ficações que asseg uram um manto mais uniform e. Espaçadores de
uma prótese convencional não proporcionará encaixe adequado ou PMMA, geralmente com 3 mm de altura, asseguram que o manto
quando seria necessária remoção excessiva do osso. Tais implantes seja uniform e e ev itam um fenômeno que res ulta em um manto fino
requerem uma tomografia computadorizada cuidadosa do acetábulo, e não contínuo (F ig. 3-30) . O flange na borda do componente auxilia
da articulação do quadril e do fêmur durante o pré-operatório. Um na press urização do cimento ósseo conforme a cúpula é pressionada
perfurador idêntico é fornecido com o implante para preparar o até sua posição.
fêmur. Componentes femorais personalizados também foram reco- Apesa r d e tais mudanças nos d esenho s dos implantes, a sobre-
mend ados para cirurgias de revisão em casos com osteólise femoral vida em lon go prazo dos componentes acetabulares cimentados não
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Gii

...
..• .

H@mf411J9 "Zimmertrabecular metal". (Zimmer Orthopaedics,


Warsaw, IN .)

foi melhorada substan cialmente. Consequentemente, há uma ten -


dência para a utili zação de fixações não cimentadas dos componen-
O!iji!;fii1B9 Componentes femorais especializados para subs- tes ace tabulares na maiori a dos pacientes. A simplicidade e o baixo
tituição de diversos comprimentos do fêmur proximal. O Sistema custo de co mponentes feitos completam ente de polietileno os tornam
Orthogenesis de Preservação do Membro utiliza uma haste seg- uma opção satisfatóri a em pacientes mais velhos.
mentar modular para substituição de grandes segmentos do fêmur A fixação acetabular cimentada tamb ém é utilizada em algumas
proximal. A haste pode ser combinada com uma substituição total reconstruções após tumores e quando as circunstâncias operatórias
do joelho para repor o fêmur em sua totalidade. (Cortesia de indi ca m qu e o crescimento ósseo sobre um a sup erfície p o ro sa é
Johnson & Joh nso n, De Puy, Warsaw, IN .) impro váve l, co mo, por exe mplo, em urn a a rtroplastia de revisão
na qu al fo ra m necessári os extensivos en xertos ósseos acetabu lares.
Nesses casos, o componente acetabular cimentado é utilizado com um
an el de reconstrução ace tabular (Fig. 3-34).

• COMPONENTES ACETABULARES NÃO


CIMENTADOS
A maioria dos componentes acetabulares não cimentados é revestid a
por materi al poroso em toda sua circunferência para crescimento
ósseo. A instrum entação geralmente proporciona implantes de
tamanho até l a 2 mm maior qu e o acetábulo alargado, de modo que
haja fixação por pressão. A fixaç ão do revestimento poroso com para-
fu sos transacetabulares tornou- se um a prática corrente, mas repre-
senta certo ri sco aos vasos intrapélvicos e às vísceras, sendo necessá-
rios instrumentos fl exíveis para a inserção dos parafusos. As an álises
de componentes acetabul ares porosos removidos mostraram que o
crescimento ósseo ocorre mais co nfi avelmente ao redor dos disposi-
tivos de fixação, tais como pinos e parafu sos. O maior crescimento fo i
relatado em componentes inicialmente fixa dos com um ou mais para-
O@l!;tj11I!9 Componente acetabular desenhado para fixa ção fu sos. Pinos e entalhes inse ridos em recessos preparados no osso
cimentada. Superfície texturizada e espa çadores de polimetilme- proporcionam alguma estabilidade rotacional, mas não tanto quanto
tacrilato melhoram o manto de cimento e o contato entre cimento parafusos. A utilização desses outros tipos de di spositivos suplemen -
e prótese. (Co rtes ia de Smith & Nep hew, Memph is, TN .) tares de fixação diminuiu conforme os fabricantes incorporaram
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

ao aro para suportes rígidos. O mecanismo de trava de polietileno


pode ser retraído dentro do escudo para um local onde seja menos
suscetível a danos caso haja contato com o colo femoral (Fig. 3-32B).
Por fim , a questão do desgaste excessivo dos componentes de
polietileno mais finos representa um grande problema. O suporte metá-
lico deve possuir uma espessura suficiente para evitar falhas por des-
gaste, devendo haver uma diminuição correspondente na espessura do
revestimento de polietileno para os componentes com determinados
diâmetros externos. Podem acontecer níveis elevados de estresse no
polietileno quando a espessura do plástico é inferior a 5 mm, expondo
o componente a um risco prematuro de falha causada por desgaste. Para
manter uma espessura adequada, uma cabeça menor deve ser utllizada
em componentes acetabulares com diâmetros externos menores.
A maioria dos componentes acetabulares modernos possui
diversas opções de revestimentos de polietileno. Alguns desenhos
incorporam uma elevação em parte da circunferência do aro enquanto
outros reorientam completamente a abertura do encaixe em até 20
graus. Outros ainda simplesmente lateralizam o centro do quadril sem
reorientar a face de abertura (Fig. 3-33). A lateralização também
permite o uso de cabeças de diâmetros maiores e a manutenção de
uma espessura adequada para o polietileno. Tais desenhos podem
compensar pequenas alterações na colocação do escudo metálico e
melhorar a estabilidade da articulação. Entretanto, a elevação dos
revestimentos pode aumentar os movimentos em algumas direções e
diminuí-los em outras. Uma elevação posicionada incorretamente no
revestimento pode causar contato em vez de aliviá-lo, tornando a
articulação instável. Com cabeças femorais de diâmetros maiores,
revestimentos elevados são utilizados menos frequentemente.
Os componentes acetabulares com trava incluem um meca-
nismo para travar a cabeça femoral prostética no revestimento de
polietileno. O mecanismo tripolar possui um pequeno suporte interno
bipolar que se articu la com um revestimento externo (Fig. 3-34A).
O segmento bipolar é maior do que a abertura do revestimento
externo, evitando deslocamentos. Outros desenhos utilizam um
O[dl!@m . Componente acetabular R3. A, Escudo hemisfé- revestimento com adição de polietileno na borda, a qual se deforma
rico com fixação idea l por parafusos e revestimento de titânio para capturar a cabeça femoral. Um anel de trava é aplicado à borda
altamente poroso. B, O mecanismo de trava é retraído para evitar para evitar que a cabeça escape (Fig. 3-34B). As indicações para os
o polieti leno fino do aro e aceitar diversos insertos de sustentação . revestimentos com trava incluem insuficiência de tecidos moles, defici-
(Co rtesia de Smith & Nephew Orthopaedics, Memphis, TN .) ência dos abdutores do quadril, doenças neuromusculares, e quadris
com deslocamento recorrente apesar dos implantes estarem bem posi-
revestimentos de metal altamente porosos com melhor fixação por cionados. Os revestimentos acetabulares com trava apresentam um arco
encaixe (Figs. 3-31 e 3-32). de movimento menor em relação aos insertos convencionais. Conse-
A maioria dos sistemas poss ui um escudo metálico de diâm e- quentemente, eles são mais passíveis de falhas causadas por contato com
tro externo variando entre 40 e 75 mm, se ndo utilizado com um a prótese. Esses revestimentos constrictos não devem ser utilizados para
revestimento modular. Com essa combinação, cabeças femorais de compensar componentes posicionados incorretamente e não devem ser
diversos tamanhos, geralmente de 22 a 40 mm, podem ser acomo- utilizados junto com cabeças femorais com saias.
dadas de acordo com as necessidades do paciente e com as prefe- Os componentes personalizados para reconstru ção acetabular
rências do cirurgião. O revestimento deve se r fixado de forma firme raramente são indicados. A maioria dos acetábulos pode ser restaurada
à concha metálica. Esses mecanismos de fixação estão passando por a um formato hemisférico, e os componentes acetabulares-padrão, mas
avaliações crescentes, pois foi relatada a dissociação in vivo de reves- grandes, podem ser inseridos. Em pacientes com grande deficiência
timentos de polietileno de seus suportes metálicos. Além disso, óssea segmentar superior, o recesso acetabular resultante é elíptico em
micromovimentos entre o lado não articu lar do revestimento e a vez de hemisférico. Podem ser utilizados componentes acetabulares não
parte interna da concha metálica podem gerar resíduos de polieti- cimentados com melhorias modulares de metal poroso (Fig. 3-31) em
leno ou desgaste localizado atrás desta concha. O reconh ecimento vez de w11 grande enxerto estrutural ou de uma colocação excessiva-
desse problema originou melhorias na fixação do revestimento mente alta do componente hemisférico. Reforços de vários tamanhos
dentro da concha metálica, e alguns desenhos passaram a incluir o são parafusados em defeitos ósseos para sustentar o componente ace-
polimento da parte interna desta cúpula. tabular. Eles são unidos ao implante por meio de cimento ósseo.
Com a adoção de novas superfícies de sustentação, tais como Historicamente, anéis metálicos, malhas metálicas e outros materiais
desenhos com contatos de cerâmica sobre cerâmica ou de metal sobre foram utilizados para melhorar a fixação acetabular. Esses dispositivos
metal, os fabricantes introduziram componentes acetabulares que tinham como fun ção reforçar o cimento ósseo e, de modo geral, seu
podem aceitar diversos tipos de insertos. Os mecanismos de trava desempenho em longo prazo foi ruim. Mais recentemente, diversos
mais novos geralmente incorporam uma junção trapezoidal próxima an éis de reconstrução acetabular foram introduzidos para permitir o
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL

o@•i;M11!9 Série de opções de revestimentos com sistemas acetabulares modulares contemporâneos: revestimento plano-padrão
(A); borda poster io r sem anteversão (B); plano lateralizado de 4 mm (C); anteversão de 20 graus (D) . (Cortesia de Smith & Nephew,
Memphis, TN .)

h!Ciii;H1E9 A, Desenho tripolar com pequeno escudo bipolar dentro das linhas externas. B, Desenho com anel de trava periférico.
(A cortesia de Stryker Orthopaedics, Kalamazoo, MI; B, cortesia de Biomet Ort hopedics, lnc. , Wa rsaw, IN .)

enxerto ósseo do acetábulo deficiente atrás do anel em vez de se confiar arredondados são colocados antes das placas serem fixadas à superfície
no cimento ósseo em ambos os lados do dispositivo. (O cimento ósseo externa do í.lio. Os resultados obtidos até o momento são mell1ores
é utilizado apenas para fixar ao anel os componentes acetabulares feitos quando o dispositivo é sustentado superiormente por um osso hospe-
completamente de polietileno.) O anel de reconstrução proporciona deiro intacto em vez de por meios de enxertos ósseos. Esses implantes
suporte imediato ao componente acetabular e protege os enxertos não proporcionam fixação biológica em longo prazo e são mais propen-
contra estresses prematuros durante a união. Esses dispositivos são sos a fraturas e afrouxamento. O advento de implantes de metais alta-
comumente denominados anéis e dispositivos antiprotrusão. mente porosos reduziu a necessidade de dispositivos antiprotrusão na
Os dispositivos preferenciais são aqueles com placas extensoras prática atual. Raramente, um desses dispositivos pode ser utilizado em
superiores e inferiores que proporcionam fixação ao í.lio e ao ísquio (Fig. conj unto com um escudo acetabular durante revisões. Essa reconstru-
3-35). O sucesso desses dispositivos depende da seleção do dispositivo ção possui maior potencial para fixação biológica.
adequado e da atenção cuidadosa à técnica. O implante do dispositivo
antiprotrusão requer exposição total da superfície externa da co luna
posterior para que se realize o posicionamento e a inserção dos para- • SUPERFÍCIES ALTERNATIVAS
fusos de modo seguro. Alternativamente, a placa inferior pode ser inse- A osteólise secundária devido a partículas de polietileno emergiu
rida em um recesso preparado no ísquio sem a necessidade de parafusos como um dos mais notáveis fatores de risco à sobrevida em longo
colocados inferiormente. Para todos os tipos de dispositivos, parafusos prazo de substituições totais de quadril. Diversos suportes alternativos
-- PARTE li PRO CEDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTO S

livres residuais. Métodos de fabricação mais novos buscaram atenuar


os efeitos prejudiciais do derretimento. Banhar o polietileno que
recebeu radi ação em vitamina E parece ser eficaz na redu ção dos
radicais li vres sem o processo de derretim ento. Outro processo
aplica a radiação em três doses menores, recozendo o material após
cada estágio. A esterilização terminal é mais frequentemente reali-
zada com gases no estado de plasma ou com óxido de etil eno, pois
a rad iação gam a geraria mais radicais livres. Os processos utilizados
pelos fa bricantes para obter polietilenos altamente reticulados são
propriedade de cada empresa e diferem na resi na inicial utilizada,
na qu antidade e no tipo de radiação, no processo térmico pós- ra-
diação e no método de es terilização. Apesar dos resultados clínicos
preliminares para todos os métodos serem encorajadores, os desem-
penhos a longo prazo desses materiais pode variar e devem ser
estudados individua lmente.
Dados de tes tes em simuladores contemporâneos indicaram
uma redução de 80% a 90% no desgaste com a utilização de polie-
tilen os altamente reticul ados. Quando testados em condições de
desgaste por partículas abrasivas ou superfície de contato áspera, o
polietileno reticulado reduziu substancialmen te o desgaste em com-
paração com o polietileno convencional. Muratoglu et ai. mostraram
que a taxa de desgaste desse material não está relacionada ao
tamanho de cabeças femorais com di âmetros entre 22 e 46 mm.
O@li;J.!Elm O dispositivo antiprotrusão possui um ane l de Consequentemente, cabeças femorais maiores podem ser utilizadas.
Os polieti lenos altamente reticulados permanecem dentro dos
titânio fi xado ao ílio e ao ísquio por me io de parafusos. Alterna-
tivamente, um estabil izador inferior pode ser inserido no ísquio padrões da Sociedade Norte-A mericana para Testes e Materiais, mas
sem parafusos . (Cortesia de Smith & Nephew, Memphis, TN .) foram levantadas questões sobre o potencial para fa diga, delamina-
ção e frat ura dos implantes quando são utili zados revestimentos
fino s para acomodar cabeças de tamanhos maiores. Tentativas
prévias de melhorar o desemp enho do polietileno fa lharam univer-
foram defendidos para atenuar o problema, especialmente em pacien- salmente. Reforço com fibra de carbon o, pressão a quente e Hylamer
tes mais jovens e ativos, os quais apresentam maior risco de desgaste (DeP uy, Warsaw, IN) são exemplos notáveis.
rápido do polietileno. Novos tipos de polietilenos altamente reti cul a- Os res ultados clínicos preliminares mostraram que as reduções
dos, articulações de metal sobre metal e suportes de cerâmica sobre no desgaste são menores do que as previstas em simuladores. O pro-
cerâmica podem, por fim , supl antar o polietileno convencional, mas cesso de asse ntamento é idêntico ao processo com polietilenos reti -
cada um deles possui seus defeitos. culados e convencionais, tendo impacto sobre os cálculos das taxas
de desgaste em estudos clínicos a curto prazo. São necessários acom-
1 POLIETILENO ALTAMENTE RETICULADO panhamentos mais longos para avaliar a real redução no desgaste
(CROSSLINKED) após o processo estar concluído e um nível estável de desgaste ser
Histo ricamente, os implantes de polietilen o têm sido esterilizados alcançado. Também é importante entender os relatos de "redução"
sendo expostos a 2,5 Mrad de um feixe de elétrons ou radiação de desgaste no contexto da qualidade e do desempenho do material
gama. Entretanto, esses processos criam radi cais livres no material, utilizado como controle.
causando uma predisposição do polietileno à oxidação e tornando-o Alguns estudos a médio prazo publicaram dados demons-
mais suscetível a desgaste. Altas quantidades de radiação podem trand o taxas de desgaste lineares mui to abaixo do limite de os teó -
produzir polietilenos com estr uturas moleculares altamente reticu- lise geralmente aceito de 0,1 mm/ano. Dorr et ai. relataram uma
ladas. Os testes iniciais com esse mate rial demonstraram um a resis- taxa de desgaste média de 0,029 mm/ano após 5 anos; com média
tência notável contra desgaste. A reticulação é alcançada por meio de 6,8 anos, McCalden et ai. descobriram um a taxa de desgaste de
de radiação gam a ou rad iação de feixe de elétrons em quantidades apenas 0,003 mm /ano, enqu an to Bragdon et ai. relataram um des-
entre 5 e 1O Mrad. Entretanto, a radiação também gera radi cais gaste essencialmen te desp rezível após 8 anos sem evidências de
livres. Caso eles sejam mantidos, o material torna -se mais suscetível osteólise e sem cirurgias de revisão para desgas te ou fratura do
a oxidação. A co ncentração de radicais livres pode ser diminuída revestimento. Os dados publicado s estão disponíveis apenas para
por meio de um processo de aquecimento pós-radiação, seja ele cabeças entre 28 e 32 mm. Tower et ai. relata ram quatro fraturas
derretimento ou recozimento. O derretimento consiste de aquecer de um revestimento de polietileno altame nte reticulado em um
o material até uma temperatura acima de seu ponto de fusão (apro- dese nho com polietileno fi no na borda e um a posição relativa-
ximadamente 135ºC) . Os radicais livres são virtualmente eliminados mente vertical do componente acetabular.
nesse processo, mas a cristalinidade do m ate rial res ultante também Os revestim entos de polietileno altamente reticulado da maioria
é redu zida. A diminuição da cristalinidade redu z as propriedades dos fa brica ntes são compatíveis com os componentes acetabu lares
materiais do polietileno, particu larm ente a resistência a fraturas e a modulares atuais. O revestimento pode ser colocado sobre o mate-
força final. O recozimento é o processo de aquecer o material até um a rial mais novo sem revisão da cúpula acetabular no caso de cirur-
temperatura imediatamente abaixo do ponto de fusão. Isso evita a gias de revisão para os teólise, deslocamento, ou durante a revisão
redução na cristalinidade e a consequ ente redução das propriedades do compon ente femoral. Diversas opções de revestimentos estão
mecânicas. Porém, a técnica é menos eficaz na redução dos rad icais disp o níveis, como é o caso do polietileno co nvencional (Fig. 3-33) .
CAP ÍTULO 3 ARTROPLASTI A DO QUADRIL -

1 SUPERFÍCIE DE METAL-M ETAL Willert descreveu um tipo tardio de hipersensitividade em


A experiência clínica com artrop lastias de metal-metal ultrapassa os aproxi mad amente 0,3% dos pacientes com artroplastias de quadril
40 anos. Apesar de alguns implantes haverem sobrevivido co m taxas de metal-metal. Os tecid os locais são caracterizados por uma infil-
de desgaste notavelmente baixas, outros falharam devido à seleção tração linfocí ti ca perivascular na biópsia, sendo sua apresentação
equivocada dos materiais, às baixas resistênci as na fabr icação, aos histológica denominada lesão asséptica linfocitária associada à vas-
espaçamentos inadequ ados en tre os implantes, e ao impacto. A citlite (ALVAL). Os pacientes apresentam dores localizadas no
remoção durante autópsia de implantes que sob reviveram em longo quadril com ou sem evidênci as de afrouxamento da articulação.
prazo provou-se valiosa na determin ação das características desejá- Atualmente, não há exame sa nguín eo ou cutâneo disponível para
veis para a nova geração desses implantes. confirmar o diagnóstico. Pode ser necessária um a cirurgia de revisão
As ligas de cromo-cobalto com altos teores de carbono (> 0,20% do implante para aliviar os sintomas.
de carb ono) apresentaram menores taxas de desgaste do que as ligas Mais recentemente, diversas reações adversas nos tecidos
com baixo teor de carbono. Após a produção da liga de cromo-cobal to locais foram relatadas em associação a articulações de metal-metal.
com alto teor de carbono, grandes blocos de carbonetos são precipi- Os pacientes aprese ntam diversos sintomas, incluindo dor,
tados pela m atriz de metal. Eles são aproximadamente cinco vezes ac úmulo de fluido periarticu lar, formação de massas sólidas (os
mais duros do que a matriz, tendo aproximadamente a mesma dureza chamados pseudotumores) e, raramente, necrose extensiva de
da ce râmica alumina. O alto teor de ca rbonetos confere resistência tecidos, incluindo os abdutores do quadril. Aparentem ente, o fe nô-
às articulações de metal so bre metal, sendo esta um a carac terística meno está relac ionado a resíduos de desgas te e co rrosão. O posi-
desejável. O material forjado possui granul ação menor com uma cionamento in co rreto do implante, parti cul arm ente com altos
distribui ção fina e homogênea dos carbonetos. ângul os de abd ução acetabular (> 50 graus), es tá assoc iado com o
O espaçamento diametral refere-se ao espaço entre os dois aum ento do desgaste e com reações do tecido local. A anteversão
implantes no equador da articulação e pode ser a vari ável mais excessiva também pode se r prejudicial. Mulheres e outros indiví-
importante que afe ta o desgaste do acoplamento. Espaçamentos duos com cabeças femo rais de di âmetros menores aprese ntam
menores tendem a produzir lubrificação fl uida e redução do des- maior risco. A incidência real de reações do tecido local perm anece
gaste. Entretanto, espaçamentos inadeq uados resul tam em contato indetermin ada, mas em abril de 20 10 ela fo i considerad a sufici ente
equatorial entre os implantes e o maior torque friccionai resultante para qu e a Agência Reg ul atória de Remédios e Produtos de Saúde
pode ser responsável pela alta taxa de afrouxamento observada em do Reino Un ido emitisse um alerta sob re as ar troplastias de quadri l
alguns dos primeiros implantes de metal-metal. Por outro lado, com ar ticul ações de metal-metal. As recomendações para pacien-
espaça mentos muito grandes redu ze m a sup erfíc ie de co ntato e tes sintomáti cos incluem a medição do nível de íons de cobalto e
resultam em perdas de lubrificação e desgaste acelerado. Depen- cro mo no sa ngue e/o u di agnóstico por imagem do corte transver-
dendo do diâmetro da cabeça, os implantes atuais promovem prin- sal, incluind o ressonância magnética ou ultrassom.
cipalmente o contato polar com espaçamento entre 100 e 200 µm . A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados
Com componentes acetabulares metálicos de peça única (mono- Unidos (FDA), departamento que con trol a alimentos e medicamen-
bloco), a deformação elástica que oco rre durante a implantação tos, não emitiu tal alerta, mas fez reco mendações extensivas para os
pode reduzir o espaçamento. fabr icantes em seu website. Os problemas recentes com sup ortes de
Esse acoplamento foi descrito co mo "autocura'; pois pequenos metal-metal levaram a uma diminui ção ve rtiginosa de sua utiliza-
danos superfi ciais podem ser polidos ao longo do tempo. Dados de ção. Devido à natureza desses problemas, os cirurgiões que escolhe-
simuladores e de análises de próteses removidas revelaram taxas de rem implantar esses dispositivos devem seguir as recom endações
desgaste combinadas inferiores a 10 µm/ano para as ar ticul ações atuais dos departamentos regulatórios e órgãos de classe.
mod ernas de metal-metal. Cabeças de di âmetros m a i o res( ~ 54 mm) Diversas opções de implantes estão disponíveis ao se selecio-
têm sido associadas a desgastes redu zidos. Entretanto, o taman ho nar suportes de metal -metal. Os componentes acetabulares podem
da par tícula é muito menor do que com o polietileno e o núm ero ser um bloco único ou modulares. Os implantes modulares são
de partículas é maior. construídos com urn a co nch a metálica alojada em um revestimento
Pacientes com substitui ções articulares de metal-metal apre- de polietileno e por um inse rto metálico modular que se encaixa
sentam níveis elevados de íons de cobalto e cromo no soro, nos eri - nesta concha. Essas interfaces potencialmente podem se tornar
trócitos e na urina em comparação com pacientes com articu lações fontes alternativas de partículas ou íons. Além disso, caso haja neces-
de metal sobre polietileno. Os métodos para mensuração desses sidade, a cúpula modul ar pode não aceitar revestimentos de tipos
níveis são complexos e não há padrões uniformes para os relatóri os. diferentes do suporte. Os reves tim entos de polietileno com desvio e
A exposição prolongada a esses íons levanta preocupações quanto com bordas que são populares não estão disponíveis para suportes
ao surgi mento de tumores. Um estudo de acompanhamento em de metal-metal. Para os componentes acetabulares de bloco único
longo prazo de 579 pacientes co m artroplasti as metal-metal condu- ou modulares, não há um modo prático de reorientar o acetábulo
zido por Visuri et al. não encontrou aumentos nas taxas de incidên- sem revisar todo o imp lante. Como as articulações de metal-metal
cia de câncer. Um a série substancialmente m aior seria necessária podem acomodar cabeças femorais maiores, a incidência de deslo-
para ter significânc ia estatística e descartar tal associação, mas atu- camentos pode provar-se m enor do que em outros tipos de ar ti-
almente não há relação causal entre os níveis elevados de íons metá- cul ação. Co rn o o tam anho da cabeça, o grau de espaçamento e a
licos e o dese nvolvimento de tumores. metalurgia va riam entre os sistemas de implantes, cabeças e compo-
Os íons metálicos são excretados pela urina. As fun ções renais nentes acetabulares de fa bricantes diferentes nunca devem ser utili-
podem ser prejudicadas por grandes aumentos dos níveis de cobalto zados em conjunto.
e cromo no soro. Esses implantes são co ntraindicados para pacientes
com problemas renais estabelecidos ou iminentes. Alguns dados 1 SUPERFÍCIE DE CERÂMICA-CERÂMICA
sugerem preocupação com o transporte placentário dos íons metá- A cerâmi ca alumi na possui dive rsas propri edad es que a tornam
licos. Seria prudente evitar esses tipos de implantes em mulheres em urna sup erfície de contato desejável para a artroplastia de quadril.
idade reprodutiva. Devido à sua alta densidade, os implantes possuem um acabamento
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECON STRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

de sup erfície mais liso do que os implantes metálicos. Sua natureza O zircó nio oxidado (OXINIUM, Smith & Nephew, Memphis,
hidrofílica, ou seja, a habilidade de abso rve r umidade, promove a TN) é um a liga metálica de zircónio qu e passa por um processo de
lubrificação. A ce râmi ca é mais dura do qu e o metal e tamb ém m ais oxidação para resultar em implantes com superfície de cerâmi ca
resistente a arranh ões ca usados por partíc ulas res iduais cri adas zircônia. A sup erfície melhorada é integ ral ao substrato metálico,
pelo desgaste. A taxa de desgaste linea r d as arti cul ações de alumi- não sendo um revestim ento sup erficial. Os chamados metais ce ra-
na-a lumina mostro u-se 4 mil vezes inferior à taxa de desgaste das mizados não são suscetíve is a lasca mento, particularização ou
articul ações de liga cromo-cobalto sobre polietil eno. Ham adouche fr atu ra, ao co ntrári o de outros tipos de cerâmi ca. Em comparação
et al. mediram o desgas te da cerâmica co mo send o in fe rior a 0,025 com a liga de cro mo-cobalto, o materi al não contém traços de
mm /a no em um a séri e de pacientes co m, no mínim o, 18,5 anos de níqu el, sendo, portanto, recomendado para pac ientes que de mons-
aco mpanhame nto. tram hipersensibilidade ao metal. O zircónio oxidado está disponí-
Os primeiros implantes ce râmi cos ob tive ram res ultados clíni- vel apenas para os componentes da cabeça fem oral acoplados com
cos decepcionantes devido a projetos de implantes falhos, fi xação polietileno, e não para acoplamentos de cerâmica-cerâmica. Foi
inco rreta, fraturas e casos ocasionais de desgaste acelerado com relatado um menor desgaste quand o o zircónio oxidado acopla-se a
osteólise. Dive rsas melhori as fo ram feitas no processo de fabricação componentes acetabulares de polietileno. Os estudos correntes com
da ce râmi ca alumina desde a década de 1980. A prensagem isostá- cerâmi cas co mpostas de alumina e zircônia (BIOLOX delta, Ceram -
tica a quente e um a redu ção de três vezes no tamanho dos grâ nulos Tec GmbH, Plochinge n, Ge rmany) são promisso res qu anto a melho-
melhoraram substancialmente a fo rça do material. Os aperfe içoa- ri as nas propriedad es m ateriais desses implantes. No momento desta
mentos nas tolerâncias da conicidade de Mo rse reduziram ainda publicação, estão disponíveis nos Estados Unidos comp onentes
mais a incidência de fratu ras em cabeças de ce râmica. Além disso, femorais de cerâmica co mposta, apesa r das articulações de cerâ-
os testes validam a fo rça de cada implante antes de seu lança mento. mi ca-cerâmi ca serem utili zadas intern acionalmente.
A taxa de fra tura das cabeças de ce râmi ca é de aproxi madamente 4 Os co mponentes acetabulares são co mpos tos por um inserto
em 100.000. cerâm ico qu e se encaixa em uma cúpul a metálica por meio de urn a
O co ntato entre o colo fem oral e a bord a d o compo nente junção trapezoidal. Como ocorre com componentes de articulações
ace tabul ar cri a pro blem as úni cos para esse tip o de arti cul ação. de metal-metal, não estão disponíveis revestim entos com bordas e
A fo rça de impacto na borda pode lascar ou fr aturar co mpleta- com desvios. Os mecanismos de trava para implantes específicos
mente o suporte acetabular. Um contato rep etitivo nos pontos podem não ser compatíveis com outros tipos de insertos. Em dive r-
extremos do movi mento també m pode causa r entalhes no colo sas séries, fo i relatado o lascarn ento do inserto durante o implante.
fe moral metálico e iniciar fa lhas nessa par te relativamente fin a do Devem se r tomados cuidados especiais du rante a m ontage m do
implante. No passa do, o desgaste da cerâmi ca era mai or qu and o o componente acetabular para ga rantir que o inse rto es teja orientado
com ponente acetabular era impl anta do em ori entação excessiva- corretamente antes de se r inserid o. Foi defendido o uso de um
mente ve rti cal. Artroplas tias de cerâmi ca-cerâmica podem ser sup orte metálico para evitar lascamentos dura nte a inserção e para
mais se nsíve is quanto ao posicionam ento incor reto dos implantes pro tege r a borda da ce râmi ca contra pressionamento. Cabeças
do qu e os dem ais tipos. "Desgas tes em faixa" fo ram relatados em fem orais de cerâ mi ca alumina são fa bricadas com um número
cabeças fe morais fe itas de cerâmi ca. Esse term o desc reve um a área limitado de comprimentos de colo, e as cabeças co m sai as não
dani fica da alongada e fin a res ultante do contato entre a cabeça e a es tão disp oníveis. O planejamento cuid adoso do pré-operató rio é
bord a do revestimento ce râmico. A microsseparação dos implantes necessário pa ra assegurar qu e a ressecção do colo seja fei ta no nível
durante a caminh ada é um fe nômeno conh ec ido. Walter et al. adequado para a restauração das características mecânicas do qu adril
mapearam o posicionamento das fa ixas nos impl antes rec uperados com os comprimentos disponíveis para o colo.
e propuseram que ela oco rre devido à fo rça aplicad a so bre a borda
quand o o quadril es tá flexionado, como quando o paciente levanta-se
de um a cadei ra ou so be um a escada. INDICAÇÕES PARA
O entusiasmo com os implantes de cerâmica-cerâmica tem sido ARTROPLASTIA TOTAL
recentemente temperado por relatos de ru ídos reproduzíveis, princi-
DO QUADRIL
palmente ra ngidos (squeaking) . A incidência desse fenômeno é geral-
mente baixa, mas excedeu 10% em algumas séries, representando uma Originalm ente, a indicação principal pa ra a artropl as ti a total de
fonte de insatisfação e necessitand o de revisões. Os rangidos geral- qu adril era o alívio de do res artríticas incapac itantes em pac ien-
mente começam cerca de 1 ano após o implante e o desenvolvimento tes com m ais de 65 anos de idade, cuj as do res não podiam ser
de fa ixas de desgaste fo i apontado como um dos responsáveis pelos aliviadas sufi cientemente por meios não cirúrgicos e para os
ruídos. Um componente femoral não cimentado com metalurgia e quai s a úni ca altern ativa cirúrgica era a ressecção da articul ação
conicidade únicos também foi apontado como apresentando falhas do qu adr il (a rtropl asti a de ressecção de Girdles ton e) . A melhoria
em dive rsos relatórios. As vibrações causadas pelas superfícies articu- da fun ção d o quadril tinh a imp ortância sec und ári a. Ap ós a ope-
lares podem ser ampliadas por hastes flexíveis, resultando em eventos ração se r d oc um entada co mo notavelm ente bem -s ucedid a, as
audíveis. A eti ologia dos rangidos ainda não foi completamente elu- indicações fo ram ·expandidas para incl uir os outros distúrbi os
cidada, provavelmente se ndo multi fa tori al. listado s n o Quadro 3- 1.
Foi relatada os teólise na primeira geração de impl antes de Historicamente, pac ientes co m idades entre 60 e 75 anos foram
ce râmi ca alumina em casos com grand es desgastes. As partículas co nsiderados os candidatos mais aprop riados para a artroplastia total
resultantes do desgaste são geralmente produzidas em menor do quadril, mas desde a década de 1990 essa faLxa etária fo i expandida.
núm ero e são de ta man ho menor do qu e as obse rva das co m poli e- Com o envelhecimento da população, muitos outros indivíduos mais
tileno. A respos ta celular às partíc ulas de cerâmi ca parece se r velhos estão tornando-se candidatos para a cirurgia. Em uma revisão
meno r. A ce râmi ca alumina é in erte e não oco rre a fo rmação de de 99 procedimentos em pacientes com 80 anos de idade ou mais,
íons. Fo ram relatados efe itos sistêmicos adve rsos com a utili zação Brander et ai. descobriram que as taxas de complicação e a duração
de articul ações de cerâmi ca. da intern ação hospitalar não eram substancialmente diferentes de um
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL cm
1
doenças bilaterais são diferentes dos problemas em doenças unila-
IQUADRO 3_1 Distúr~ios da Articu~ação do terais, (3) o tratamento de quadris artríticos com boa amplitude de
i~~7·-' Quadril para os quais a
movimento é diferente do tratamento de quadris com baixa ampli-
~:;i ' - Artroplastia Pode Ser Indicada
tud e de movimento, e (4) as demandas impostas sobre o quadril de
Artrite um trabalhador manual são maiores do que aquelas impostas sobre
Reumatoide o quadril de um trabalhador sedentário. Deve-se enfatizar o poten-
Artrite reu matoide juvenil (doe nça de Stil l) cial para falhas em pacientes mais jovens e o aumento no risco de
Espondilite anquilosante infecção e de outras complicações caso sejam necessários procedi-
Doença degenerativa das articulações (osteoartrite, mentos de revisão.
hipertrófica ) A osteotomia femoral ou periacetabular deve ser considerada
Primária para pacientes mais jovens com osteoartrite caso a articulação não seja
Secundária grosseiramente incongruente e permita movimentos satisfatórios.
Epifisiólise A osteotomia periacetabular em pacientes com displasia pode dimi-
Deslocame nto ou displasia cong ênita do quadril nuir a necessidade de enxertos ósseos estruturais caso seja necessária
Coxa plana (doença de Legg-C alvé-Perthes) uma posterior conversão para artroplastia. Se a osteotomia atenuar os
Doen ça de Paget sintomas por 10 anos ou mais e nesse ponto a artroplastia se tornar
Deslocamento traumático necessária, o paciente terá sido capaz de desempenhar mais atividades
Fratura do acetábulo físicas, o osso terá sido preservado e o paciente será então mais velho
Hemofilia e menos ativo fisicamente, necessitando da artroplastia por um
Osteonecrose período menor. A descompressão do quadril, os enxertos fibulares
Após fratura ou deslocamento vasc ularizados e a osteotomia devem ser considerados para pacientes
Idiopática com osteonecrose idiopática da cabeça femoral, especialmente quando
Epifi siólise o envolvimento é limitado. A condução do impacto femoro acetabular
Hemoglobinopatias (anemia falciforme) deve ser considerada nos candidados adequados. A artrodese ainda é
Doenças renais uma opção viável para pacientes jovens e vigorosos com doenças
Induzida por cortisona unilaterais do quadril e especialmente para homens jovens e ativos
A lcoolismo com osteonecrose ou artrite pós-traumática. Caso seja necessária mais
Doença de Caisson tarde na vida do paciente, a artrodese pode ser convertida em uma
Lúpus artroplastia total do quadril.
Doença de Gaucher Antes que qualquer grande procedimento de reconstrução do
Não uni ão, fraturas do colo femoral e troca ntéricas com quadril seja recomendado, medidas conservadoras devem ser sugeri-
envolvimento da cabeça das, incluindo perda de peso, utilização de analgésicos, modificação
Artrite piogênica ou ost eom ielite razoável de ati vidades e, possivelmente, o uso de bengalas. Essas
Hematogê ni ca medidas frequentemente aliviam os sintomas o suficiente para tornar
Pós-operatóri a um procedimento cirúrgico desnecessário ou, pelo menos, protelar a
Tubercu lose necessidade por um período significativo. Quando é antecipada a
Subluxação ou deslocamento congênito necessidade de um procedimento cirúrgico em pacientes jovens com
Fusão do quadri l e pseudoartrose ocupações fisi camente exigentes, deve ser considerada durante o pré-
Recon struçã o malsucedida operatório a mudança para ocupações mais sedentárias. Caso a
Osteotomia demanda sobre o quadril seja atenuada, a necessidade da realização de
Artroplastia de cúpu la um procedimento cirúrgico pode ser protelada e, idealmente, o paciente
Prótese da cabeça femoral poderá manter-se empregado de modo satisfatório após a cirurgia.
Procedimento de Girdlestone A cirurgia é justificada se, apesar dessas medidas, as dores
Substituição total do quadri l noturnas e durante o movimento forem intensas o bastante para
Artrop lastia de reco mposição de superfície evitar qu e o paciente desempenhe seu trab alho ou suas atividades
Tumores ósseos envolvendo o fêmur proximal ou o acetábulo diári as. Em processos destrutivos da articulação do quadril eviden-
Distúrb ios hereditários (p. ex., acondroplasia) ciados em diagnósticos por imagem, a dor é a indicação primária
para a cirurgia. Em nossa opinião, pacientes com limitação de movi-
mentos, claudi cação ou diferenças nos comprimentos das pernas,
grupo de controle com pacientes mais jovens e que os ganhos funcio- mas que apresentem pouca ou até mes mo nenhuma dor, não são
nais eram similares. A idade avançada não é, em si, uma contra indi - candidatos para a artroplastia total do quadril.
cação para a cirurgia. Os resultados ruins parecem estar relacionados
mais a comorbidades do qu e apenas à idade isoladamente.
O Relatório Consensual dos Institutos Nacionais de Saúde CONTRAINDICAÇÕES PARA
sobre a Substituição Total de Quadril, de 1994, concluiu qu e a "ATQ ARTROPLASTIA TOTAL DO
[artroplastia total de quadril) é um a opção para quase todos os QUADRIL
pacientes com distúrbios no quadril que causam desconforto crônico
e deficiência funcional significativà'. Entretanto, em indivíduos mais A artroplastia total do quadril é um procedimento cirúrgico importante
jovens, a artroplasti a total de quadril não é o único procedimento de associado com um número significativo de complicações e com taxa
reconstrução disponível para dores no quadril. Charnley alertou que de mortalidade entre 1% e 2%. Consequentemente, quando a artro-
(1) os procedimentos adequados para pacientes mais velhos podem plastia parece ser o procedimento indicado, os pacientes devem ser
não ser adequados para pacientes mais jovens, (2) os problemas em avaliados cuidadosamente, especialmente quanto à presença de doenças
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

sistêmi cas ou debilidade geral que possam ser contraindicativos para A palpação suave do quadril e da coxa pode revelar áreas sensíveis
procedimentos cirúrgicos eletivos. São recomendadas consultas ou massas de tecido mole. A força da musculatura abdutora deve ser
médicas pré-operatórias. Ficamos impressionados com o número de determinada pelo teste de Trendelenburg. Os comprim entos das
pacientes cujas avaliações pré-operatórias identificaram problemas extremidades inferiores devem ser comparados e quaisquer defor-
inesperados que necessitaram de correção antes da cirurgia de quadril, midades devem ser anotadas. A contratura do quad ril na adução
tais como doenças cardíacas, pulmonares, hepáticas, genitourinárias ou pode produzir um encurtamento aparente do membro apesar dos
metabólicas, além de hipertensão e tLm1ores não detectados. co mprimentos medidos se rem iguais. Por outro lado, a contratura
Em nossa opinião, contraindicações específicas e absolutas para na abdução produz um alongamen to aparente. A deformidade do
a artroplastia total do quadril incluem infecções ativas do quadril ou quadril durante a fl exão fixada fo rça a coluna lombar em lordose
qualquer outra região do corpo e quaisquer doenças instáveis que quando o indivíduo está em pé, podendo agravar as dores dorsais.
aumentem significativamente o risco de morbidade ou mortalidade. Por outro lado, deformid ades da espinha lombar decorrentes de
De acordo com Charnley, a artroplastia total do quadril pode ser escoliose ou espondilite anquil osante podem resultar em obliqui -
realizada na presença de uma infecção crônica e de baixa importância dade pélvica, a qual deve ser co nsiderada ao se posicionar os impl an-
no quadril contralateral. As contraindicações relativas incluem quais- tes. Quando tanto o quadril quanto o joelho sofrem demais com
quer processos que estejam destruindo o osso rapidamente, artropatia artri te, o quadril deve geralmente ser operado primeiro. A artropl as-
neuropáti ca, falta ou insufic iência da musculatura abdutora e doenças ti a do quadril pode alterar o alinhamento e a mecânica do joelho.
neurológicas de avanço rápido. A artroplastia do joelho também é tecnicamente mais difícil quando
o qu adril está rígido, prejudica ndo a reabilitação.
Diagnósticos alternativos ou adicionais devem ser considerados.
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA A queixa de "dores no quadril" pode ser motivada por diversas aflições,
e a artrite da articulação do quadril é uma das menos comuns. A ver-
A avaliação cuidadosa do paciente antes da cirurgia é importante na dadeira dor na articulação do quadril é sentida na região inguinal e,
artroplastia total do quadril, pois há a possibilidade de diversas ocasionalmente, na parte anterior da coxa e no joelho. A dor artrítica
complicações após a cirurgia - algumas catastróficas ou até fatais. geralmente piora com a atividade física e melhora com descanso e ati-
É de primordial importância determinar se o nível de dor é sufi- vidades limitadas. Dores em locais atípicos ou de natureza atípica
ciente para justificar uma grande cirurgia. A expectativa de vida do devem motivar a busca por outros problemas. Dores isoladas nas
paciente é razoável ou ele estaria confinado a uma cam a ou cadeira nádegas ou na parte posterior da pelve frequentemente são irradiadas
de rodas após a cirurgia devido a alguma outra do ença incurável? A da espinha lombar, do sacro ou da articulação iliosacral. A artrite fre-
condi ção geral do paciente é boa o bas tante para tolerar uma grand e quentemente coexiste no quadril e na espinha lombar. Uma artroplastia
ope ração, durante a qual poderá haver perda de uma quantid ade total do quadril, realizada para aliviar sintomas predominantemente
signifi cativa de sangue? Comorbidades reconhecidamente inerentes reportados na espinha lombar, melhoraria muito pouco a condição do
a pacientes mais velhos devem se r consideradas, especialmente paciente. Do mesmo modo, intervenções cirúrgicas em wn quadr il com
doenças cardiopulmonares, infecções e tromboembolismo. As limi - artrite moderada, quando a dor é na verdade causada por claudicação
tações funcionais de um quadril artrítico podem limitar o desenvol- vascular, bursite trocantérica, fratura do ramo púbico ou problemas
vimento de sintomas de doenças vascula res coronárias ou perifé ri - intra-abdominais, expõem o paciente a riscos desnecessários.
cas. Uma avaliação médica co mpleta, incluindo testes laboratoriais, Os sistem as de Harris, Iowa (Larson), Jud et, Andersson, d'Au-
é um pré-requisito reconhecido que permite ao médico a oportun i- bigné e Postei para registrar o estado do quadril antes da cirurgia
dade de descobrir e tratar diversos problemas antes da ci rurgia. são úteis para avaliar os resultados pós-operatórios. Dor, habilidade
A utili zação de aspirinas, anti-inflamatóri os e antiplaquetares de caminh ar, fun ção, mobilidade e alterações radiográficas são regis-
deve ser interrompida de 7 a 10 dias antes da cirurgi a, e a utilização trad as. Até o momento, não fo i adotado uniformemente nenhum
de anticoagulantes, tais como a varfarina, deve ser interrompida com sistema de classificação do quadril em particular. O sistema de Harris
antecedência adequada para que os exames de coagulação sejam é o mais frequentemente utilizado (Q uad ro 3-2).
normais. Um programa de transição com anticoag ulantes de ação A adoção de um sistema de classificação único pela comunidade
curta, como a enoxaparina, pode ser necessário para interromper o ortopédica ajudaria a padronizar os relatórios de resultados. Os siste-
uso da varfarin a. Os detalhes devem ser coord enados com o médico. mas de classificação foram criticados por serem subjetivos, por
Muitos medicamentos fitoterápicos e suplementos nutricionais podem menosprezarem a importância do alívio da dor e por enfatizarem o
causar au mento na perda sanguínea perioperatória, sendo recomen- arco de movimento em vez das capacidades funcionais como resultado
dada a interrupção do seu uso durante o pré-operatório. Lesões de dos movimentos do quadril. A melhoria dos movimentos do quadril
pele piogênicas devem se r erradicadas. A retenção urinária ca usada representa pouco benefíci o se o indivíduo permanecer incapaz de vestir
por doen ças da próstata ou da bexiga, bem como problemas dentá- meias ou sapatos, ou de cortar as w1has do pé. O fodice de Osteoartrite
rios, devem ser resolvidos antes da cirurgia. das Universidades de Western Ontario e McMaster (WOMAC) consi-
Caso o paciente possua um históri co de cirurgias, drenagem dera as habilidades fun cionais dos pacientes com artrite no quadril em
de pus do quad ril ou outras indicações de in fecção, são aconselhá- mais detalhes do que os sistemas de classificação específicos. A SF-36
veis exames laborato riais antes da cirurgia, incluindo velocidade de é uma pesquisa mais genérica sobre saúde e bem es tar. Essas duas
hemossedimentação (VHS), proteína C- reativa (PCR), exames nuclea- ferramentas são frequentemente utilizadas em conjw1to com os siste-
res e determinação de sensitividade. Deve-se suspeitar de infecções mas de classificação do quadril para relatar os resultados. Uma discus-
se parte do osso subcondral do acetábulo ou da cabeça femoral esti- são franca quanto às expectativas do paciente em relação à operação
verem erodidos ou se houver reabsorção óssea ao redor de disposi- pode revelar metas impossíveis de serem atingidas ou sugerir que
tivos de fixação internos. procedimentos alternativos podem ser mais adequados.
Os exames físicos devem incluir a coluna e as extremidades Pode ser utilizadas anestesia geral por inalação ou anestesia
superiores e inferiores. Os tecidos moles ao redor do quadril devem regio nal para essa cirmgia. A escolha deve ser realizada em conjunto
ser examinados quanto a inflam ações ou lesões no local da incisão. com o anestesiologista e deve ser baseada em protocolos institucionais
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

3-2 Avaliação do Quadril de Harris (Harris Hip Evaluation modificada)

Dor Sentar
D Ne nhuma ou ignorável D Confortavelmente em cadeira comum
D Fraca, ocas ional , não compromete nenhuma atividade D Em cadeira a lta por meia hora
D Dor moderada, sem efeito em atividades médias, dor moderada D Incapaz de sentar confortavelme nte e m qualquer cadeira
por atividades não usuais, pode -se tomar aspirina
Entra em transporte público: D Sim D Não
D Dor moderada, tolerável , mas fa z concessões à dor, limitação
em a lguma atividade co mum ou trabalho, demanda medicamen- Contratura em flexão: _____ (graus
to analgésico mais forte do que aspirina _ _ _ _ (cm)
Discrepância de comprimento de perna :
D Dor forte , séria limitação de atividades
D Totalmente inabilitado, incapacitado, de cama Ausência de Deformidade (todas Sim =4; < 4 = O)
<30 graus de contratura em flexão fi xa D Sim D Não
Claudicação
< 10 graus de adução fi xa D Sim D Não
D Nenhuma D Moderada <10 graus de rotação interna D Sim D Não
D Leve D Intensa em extensão
Suporte
Comprimento da discrepância do D Sim D Não
membro < 3,2 cm
D Nenhum D Duas bengalas Amplitude de Movimento
D Benga la para longas caminhadas D Duas muletas Meça o total de graus, e então confira a ampl itude para
D Bengala na maior parte do tempo D Incapaz de andar obter o resultado
D Uma muleta Flexão Rotação externa
Distância Percorrida (* 140 graus): _ _ __ (*40 graus):
D Sem lim ite D Apenas dentro de casa Abd ução Rotação interna
D Seis quadras D Apenas em cama e cadeira (*40 graus): (*40 graus):
D Duas ou três quadras Adução (*40 graus): _ _ __
Escala da Amplitude de Movimento
Degraus
211-300 graus (5) 61-100 graus (2)
D Normalmente se m utilizar o corrimão 161-210 graus (4) 31-60 graus (1)
D Normalmente utilizando o corrimão 101- 160 graus (3) 0-30 graus (O)
D De qualquer maneira
Resultado da Amplitude de Movimento: _ _ _ __
D Incapaz de subir deg raus
Total no Harris Hip Score: _ _ _ __
Calçar Sapatos ou Meias
Readmissão no Hospital : D Sim D Não
D Com facilidade D Com dificuldade D In capaz
Data de Readmissão : __!__!__
Data de Remoção do Implante: __!__!__

Comentários: _ _ _ _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ __ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __

Assinatura do Avaliador: _ __ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ Data: _ !_ !_ (mm/dd/aa)

ou nas necessidades do paciente. A introd ução de protocolos de gestão


multimodal de dor tem sido um complemento importante à anestesia
RADIOGRAFIAS
cirú rgica. A analgesia preliminar, incl uin do bloqueio do plexo lombar, PRÉ-OPERATÓRIAS
celecoxibe e analgésicos orais de ação prolongada, também é úti l.
A operação em ambos os lados do quadril durante uma única Antes da cirurgia, radiografias do quadril são revistas e, caso neces-
sessão não aumenta substanci almente as com plicações locais ou sário, são obtidas radiografias da coluna e dos joelhos. A vista ante-
gerais em comparação com procedimen tos escalonados, e os custos roposterior da pelve mostrando o fêmur proximal e a vista lateral do
podem ser reduzidos em 30%. A principal indicação é para pacientes quadril e do fêmur proximal representam o mínimo necessário. As
medicamente saudáveis co m envolvimento bilateral grave e rigidez radiografias da pelve devem ser revisadas especificamente para
ou deformidade de flexão, pois a reabi li tação pode ser difícil se a avaliar a integridade estrutural do acetáb ulo, para estimar o tamanho
ci rurgia for realizada apenas de um lado. Pacientes idosos com outras do implante que se rá necessário e quanto alargamento será preciso,
comorbidades, tais como doenças cardíacas, insuficiência respirató- e para determinar se será necessário enxerto ósseo. Protrusões sig-
ria ou diabetes, não são candidatos adequados para esse procedi - nificativas e fo rmações de osteófitos periacetabulares podem dificu ltar
mento. Persistências do canal arteria l ou defeitos de septo são o deslocamento do quadril. Em pac ientes com displasia de desenvol-
contraind icações absolutas. É recomend ado um monitoram ento vimento, a pelve deve ser avaliada tomando cuidado especial para
intraoperatório mais intensivo, incluindo o monitoramento da linha determinar a quantidade óssea disponível para fixação. Devem ser
arterial, do cateter arterial pulmonar e do cateter urinário. O cirur- obtidas, além das imagens anteroposteriores de rotina, imagens de
gião deve decidir em conjunto com o anestesiologista se o segund o fraturas e deslocamentos antigos, imagens do obturador e imagens
procedimento pode ser concluído com segurança. oblíquas do ílio, pois pode haver defeitos significativos na parede
llD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

posterior. Uma tomografia computadorizada tridimensional também


• Os gabaritos são marcados de acord o com seu grau de
é útil na avaliação do acetábulo nesses casos complexos.
amp liação. Considere quaisquer discrepâncias durante a
A espessura do canal medular também é registrada, pois ela
marcação.
pode ser estreita, especialmente em pacientes jovens e pacientes
• Desenhe uma linha no nível das tuberosidades isquiais e
com displasia ou nanismo. Nesses casos, pode ser necessário um
paralela a elas intersectando o trocanter menor de cada
componente femoral com haste retilínea ou com uma haste pequena
lado (Fi g. 3-36A), compare os dois pontos de intersecção
feita sob medida. No caso de doen ça de Paget, de fraturas antigas
e meça a diferença para determ inar o encurtame nto do
da diáfise proximal ou de anormalidades congênitas, uma radiogra-
membro.
fia lateral do fêmur proximal pode revelar arqueamento anterior
• Coloque os gaba ri tos de sob rep osiçã o acetabu lares sobre
significativo, o qual pode dificultar a preparação do canal. Nos
o f ilme e selecione o tamanho que corresponde ao con -
casos de arqueamentos excessivos ou deformidades rotacionais,
torno do acetábu lo do paciente sem remoção excessiva
pode ser necessária uma osteotomia femora l antes da artroplastia
do osso subcond ral. A posição medial do gabarito aceta-
ou em conjunto com ela. Os instrumentos adequados devem estar
bular está sobre a "gota de lágrima" do quadril e a margem
disponíveis para a remoção de quaisquer dispositivos de fixação
inferior no nível do forame do obturador. Marque o ce ntro
internos implantados em cirurgias prévias (consulte a seção sobre
do componente acetabu lar na rad iografia (Fig. 3-3 68).
fa lhas de procedimentos reconstrutivos). Caso contrário, o proce-
Isso corresponde ao centro de rotação do quad ril.
dimento pode ser estendido desnecessariamente.
• Coloque os gabaritos de sobreposi ção do fêmur sobre o
O planejamento do pré-operatório deve incluir o uso de guias
f ilme e selecione o tamanho que se enca ixa mais preC1Sa-
de sobreposição feitos de plástico fornecidos pelo fab ricante da
mente ao contorno do canal proxima l e o preenche ma is
prótese. Sua utilização cuidadosa antes da cirurgia elimina uma
comp letamente (Fig . 3-36C). Considere a espessura do
grande quantidade de cojecturas realizadas durante o proced imento,
manto de cimento ósseo, caso seja utilizado cimento.
podendo encurtar o tempo da operação eliminando a repetição de
• Selecione o comprim ento adeq uado do colo para restaurar
etapas. A vasta gama de tamanhos de implantes e comprimentos de
o comprimento e o offset do fêmur. Caso não haja encur-
colo femoral pe rmite encaixe preciso ao paciente, mas também cria
tamento o centro da cabeça deve corresponder ao centro
a possibilidade de erros importantes durante a medição do implante
do acetibu lo marcado anteriormente. No caso de discre-
e do membro quando não há um planejamento cuidadoso. A utili-
pâncias, a distância entre o centro da cabeça femoral e o
zação de guias auxilia na seleção do tipo de implante que restauraria
centro do acetábulo deve ser igual à discrepância do com -
o centro de rotação do quadril e proporcionaria o melhor encaixe
primento dos membros medida anteri ormente (Fig . 3 -3 ~ D ).
femoral, bem como na avaliação do nível de ressecção óssea e na
• Após a seleção do comprim ento do colo, marque o n1vel
seleção de um colo de comprimento correto para restaurar os com-
planejado de ressecção do colo e meça sua distância d.o
primentos dos membros e o desvio (offset) femoral.
topo do trocanter menor para utilizar como referência
du rante a operação. Marque o fêmur na vista lateral de
GABARITOS PRÉ-OPERATÓRIOS modo simila r para garantir que o implante determinado
(TEMPLATES) PARA ARTROPLASTIA na vista anteroposterior possa ser inserid o sem remoção
TOTAL DO QUADRIL óssea excessiva (Fig . 3-36E).
llml~~~~---.~ • Meça o diâmetro do cana l abaixo da extrem idade da
TÉCNICA haste para determinar o tamanho do tampão medular,
caso seja utilizado cimento.
(CAPELLO) • Se houver uma deformação rotacional externa fixa no
quadril, as marcações torna m-se imprecisas.
•Tire uma radiografia anteroposterior da pelve e uma • Caso não existam deformidades no lado oposto, faça as
radiografia lateral do quad ril afetado. O film e pé lvico marcações no quadril normal e transponha essa gabari-
deve incl uir a parte superior de ambos os fêmures e toda tagem para o lado que será operado como uma verifica-
a articu lação do quad ril. ção secundária.
•Posicione o quadri l com 15 graus de rotação interna para
de li near melhor a geometria e o offset do fêmur. O offset
femoral será subestimado quando os quadris estão posi-
cionados em rotação externa.
Diversas modificações dessa técnica são utili zadas frequente-
•E m vista lateral, coloque o fêmur de modo plano sobre o
mente. Para determinar a discrepância entre os comprimentos das
chassi radiográfico para evitar distorções e incluir a parte
superior do fêmur. pernas, as linhas entre a margem inferior da "gota de lágrima" ace-
tabular ou a parte inferior do forarne obturador podem ser utilizadas
•Em cada visão, fixe um marcador de ampl iação (com
como referência. Medições perpendiculares do aspecto proximal de
esferas de chumbo com 100 mm entre si) ao quadril de
cada trocan ter menor são comparadas para calcular a discrepância
modo que o marcador esteja pa ralelo ao fêmur e esteja
entre os comprimentos das pernas.
à mesma distância do filme que o osso.
Radiografias digitais são, atualmente, uma prática ortopédica
•Fixe o marcador à parte medial superior da coxa para a
com um. A marcação de imagens digitais requer um software espe-
vista anteriorposterior e mova-o para a parte anterior da
cializado e urna biblioteca de guias precisos fornec idos por cada
coxa para a vista lateral.
fabricante, os quais podem ser manipulados em monitores de alta
•M eça a distância entre o centro das esferas para estimar
definição de maneira similar ao descrito para filmes convencionais.
a amp liação da radiografia. Para radiografias-padrão da
Diversos pacotes de software estão disponíveis comercialmente, os
pelve, a amp liação é de aproximadamente 20%.
quais podem ser adquiridos individualmente ou como parte de um
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADR IL -

arquivo de imagens ou sistema de comun icação. A ampliação é


avaliada de modo similar às radiografias convencionais, com mar-
PREPARAÇÃO E
cadores de tamanhos conhecidos colocados no nível da articulação POSICIONAMENTO DO PACIENTE
do quadril. O software, então, calibra a imagem e os gabaritos são
redimensionados para corrigir o grau de ampliação. As etapas sub- É recomendada uma mesa de operação que possa ser inclinada com
sequentes são específicas do software utilizado; mas, de modo geral, faci lidade, especialmente se o paciente for colocado em posição
imitam o processo descrito para gabaritos de acetato utilizados em latera l. Caso o paciente não esteja posicionado com firmeza, é difícil
radiografias impressas. Iorio et ai. e Whiddon et ai. obtiveram pre- determinar a posição correta para a colocação do componente ace-
cisão aceitável com marcações digitais. A eliminação do custo dos tabular. Diversos dispositivos de posicionamento pélvico estão dis-
filmes impressos e a criação de um arquivo permanente do plano poníveis comercialmente para esse propósito. Os dispositivos de
pré-operatório são vantagens claras dos métodos digitais. posicionamento devem ser colocados de modo que não impeçam os

H[êiihf4Elm Gabaritagem de radiografias para planejamento pré-operatório (Capel lo). A, Uma lin ha é t raçada na parte inferior
da pelve. A diferença no ponto de intersecção com o f êmur é uma medida aproximada do encurtamento do membro. B, O gabarito
acetabular que corresponde mais proximamente à p laca do osso subcondra l com cobertura lateral adequada é colocado em posição
adequada e o novo centro de rotação do quadril é marcado. C, O gabarito femora l que corresponde mais proximamente aos tamanhos
proximais e distais e ao contorno da metáfise femoral é colocado na orientação correta. D, O compr imento do colo e o offset são
avaliados. Nesse caso, o comprimento +O indica a altura necessária para corr ig ir o encurtamento do membro marcado abaixo, e o offset
alto da haste é necessário para restaurar o offset. O níve l antecipado de resecçã o do colo é marcado .
llD PARTE li PROC EDI MENTO DE RECO NSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

iij[êiii;t.)iil.S;.],j E, Tamanho femoral confirmado na visã o late ral de Lowenstein . F e G, A artrop lastia concluída corresponde
ao plano pré-operatório . Os implantes possuem o tamanho adequado, e o comprimento da perna e o offset foram restaurados com
sucesso. VEJA A TÉCNICA 3-1.

movimentos do quadril du ran te a operação. Caso contrário, a ava- bactericida adequada. Preferencialmente, o pé é revestido com um
liação da estabilidade será dificultada. Eles também devem se r colo- invólucro, e as coberturas fin ais deve m se r fe itas co m material imper-
cados contra a sín fise púbica ou co ntra as espinhas ilíacas supe rio res meável para permitir irrigação abundan te sem medo de co ntam ina-
anteriores de modo que não seja apli cada pressão sobre os trígo nos ção. Se fo r antecipado o deslocamento anterior do quadril na posição
fe morais para qu e não oco rra neuropati a por co mpressão. Também lateral, o sistema de cobertura que incorpora uma bolsa estéril sus-
podem ser utilizadas bolsas para esse propósito, as qu ais podem ser pensa sobre o lado anteri or da mesa de operação pode ser útil. Isso
esvaziadas por me io de sucção, mas os dispositivos específi cos para permi te que a pern a seja colocada na bolsa enquanto o fêmur é pre-
o posicionamento do quadril são mais seguros. As prominências parado e recolocado na mesa sem contaminar o campo estéril.
ósseas e o nervo fib ular devem se r protegidos, especialmente se for
esperado um procedimento longo. Caso o pacien te deva ser operado
em posição supin a, é colocada um a pequena almofada so b a nádega VIAS DE ACESSO E TÉCNICAS
do lado afetado. Isso é particul arm ente útil em pac ientes obesos, CIRÚRGICAS
pois tende a permitir que o tecido adiposo solto não fi que sobre o
local onde se rá rea lizada a incisão. Diversas var iações evoluíram as abordagens e técnicas utilizad as
As bordas adesivas de um revestimento de plástico em formato para artrop lastias totais do quad ril. Isso alinha-se à tend ência
de U são aplicadas sobre a pele para selar as áreas perineais e glu tea is, natural dos cirurgiões de individualiza r as operações de acordo
enquanto o quad ril e o membro são preparad os com solução co m suas próprias experiê ncias clínicas e edu cacionais. As vias de
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

acesso cirúrgicas diferem entre si principalmente quanto à posição completamente familiarizados com toda a instrumentação antes de
do paciente durante a operação (lateral ou supina) e se o quadril prosseguir com o procedimento operatório. Uma sessão de prática com
é deslocado anteriormente ou posteriormente. modelos ósseos feitos de pl ástico é útil antes de se utilizar novas próteses
A escolh a da via de acesso cirúrgica para a artroplastia total pela primeira vez.
do quadril é, em grande parte, uma questão de preferência pessoal Considerando o número de modelos de artroplastia total de
e de treinamento. O protocolo cirúrgico para um dado sistema de quadril atua lm ente em uso, este texto não pode discutir as parti-
substi tui ção total do quadril pode advogar uma determinada abor- cul aridades de qualqu e r um deles. Uma diretriz técnica gera l é
dagem, conforme refletido no manual da técnica. Virtualmente, apresentada para a exposição e para a inserção de componentes
todos os componentes femorai s e acetabulares podem ser implan - femorais e acetab ul ares cim entados ou não cimentos, junto com
tados corretamente por diversas vias de acesso, contanto que seja pontos relevantes para di ve rsos tipos de implantes. São necessárias
obtida exposição adequada . Cada via de acesso possui vantagens e etapas ad icionais para a preparação e a inserção de certos implan-
desvantagens relat ivas. tes, deve ndo- se seguir sempre a técnica do fabr icante nesses casos.
A técnica original de Charnley utilizava a via de acesso cirúrgica A técnica apresentada utili za a via de acesso posterolateral. A pre-
anterolateral com o paciente na posição supina, osteotomia do trocan - paração do fêmur e do acetábu lo é id êntica para as demais via de
ter maior e deslocamento anterior do quadril. Como resultado dos acesso (Cap. 1) . Será apresentada uma via de acesso tradicional.
problemas relatados em relação à fixação do trocanter maior, essa Enquanto uma exposição me nos extensa pode ser apropriada em
abordagem é utilizada muito menos comumente hoje em dia. Amstutz muitos casos (consu lte seção sobre técn icas minimamente in vasi-
defendeu a via de acesso anterolateral com osteotomia do trocanter vas), é importante que os c irurgiões entendam a totalidade das
maior, mas com o paciente na posição lateral em vez de na posição lib erações que podem ser necessárias em quadris rígidos, bem
supina. A técnica de Müller também utiliza a via de acesso anterola- como os procedimentos mais complexos.
teral com o paciente na posição lateral, mas inclui liberação apenas
da parte anterior do mecanismo abdutor. A via de acesso lateral direta
de Hardinge é realizada com o paciente na posição supina ou lateral. ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL
É realizada uma incisão entre o glúteo médio e o glúteo mínimo para PELA VIA DE ACESSO POSTEROLATERAL
permitir deslocamento anterior do quadril e obter uma excelente COM DESLOCAMENTO POSTERIOR DO
exposição do acetábulo. Fraqueza residual dos abdutores e claudica-
ção após essa via de acesso podem ser resultado da avu lsão do reparo
QUADRIL
da parte anterior dos abdutores ou de danos diretos ao nervo glúteo A via de acesso posterolateral é uma modificação das aborda-
superior. A variação de Dali dessa via de acesso envolve a remoção da gens posteriores descritas por Gibson e por Moore (Cap. 1).
parte anterior dos abdutores com uma pequena camada óssea da A via de acesso pode ser estendida proximalmente pela
margem anterior do trocanter maior de modo a facilitar reparos pos- osteotomia do trocanter maior com deslocamento anterior
teriores. A função abdutora é melhorada após a refixação das porções do quadril (consu lte seção sobre osteotomia trocantérica).
anteriores desses músculos. Head et ai. utilizaram uma modificação A via de acesso pode ser estend ida distalmente para per-
da via de acesso lateral direta, na qual o paciente fica em posição mitir uma abordagem posterolateral a toda diáfise femoral .
lateral e o vasto lateral é refletido anteriormente em continuidade ao Utilizamos a via de acesso latera l para cirurgias primárias e
manguito anterior dos abdutores. Essa via de acesso permite maior de revisão da artroplastia total do quadril.
exposição do fêmur proximal do que a abordagem de Hardinge, e é
mais adequada para cirurgias de revisão. Keggi descreveu uma via de TÉCNICA
acesso anterior pela margem medial do músculo tensor da fáscia lata.
Variações dessa abordagem tornaram-se populares recentemente, • Com o paciente firmemente ancorado em posição latera l
sendo defendidas por apresentarem menor risco de deslocamento reta, faça uma incisão ligeiramente curvilínea centrada sobre
posterior. A v ia de acesso posterolateral com deslocamento posterior o trocanter maior. Inicie a incisão cutânea proximalmente
do quadril requer a colocação do paciente na posição lateral e provou- em um ponto nivelado com a espinha ilíaca anterossuperior
se satisfatória para cirurgias primárias e de revisão. A exposição do seguindo uma linha paralela à margem posterior do trocan-
aspecto anterior do acetábulo pode ser difícil e, historicamente, a taxa ter maior. Estenda a incisão distalmente até o centro do
de deslocamentos pós-operatórios é maior do que na via de acesso trocanter maior seguindo o curso da diáfise femoral até um
posterolateral do que na via de acesso anterolateral ou na abordagem ponto localizado dista lmente a 1O cm do trocanter maior
lateral direta. (Fig. 3-37 A). É necessária extensão adequada da parte supe-
A técnica específica para a implantação de um dado sistema de rior da incisão para o alargamento do canal femoral a partir
artroplastia total do quadril varia de acordo com o método de fixação de uma direção superior, e a extensão distal da exposição é
esquelética; a preparação de dispositivos de fixação auxiliares para o necessária para a preparação e inserção do componente
acetábulo; o formato do componente femoral; o comprimento da haste; acetabular a partir de uma direção anteroinferior.
bem como a montagem das partes modulares do componente acetabu- •Divida os tecidos subcutâneos ao longo da incisão cutânea
lar, da cabeça femoral e, em alguns sistemas, do componente femoral em um único plano até a fáscia lata e a fina fáscia que
em si. A instrwnentação fornecida com um determinado sistema é reveste o glúteo máximo superiormente .
especifica para aquele sistema e deve sempre ser utilizada. O fabricante •Realize a dissecção dos tecidos subcutâneos a partir do
fornece, junto com o sistema, um manual técnico que apresenta wna plano fascia l por aproximadamente 1 cm anteriormente
descrição precisa dos instrumentos e do modo como eles são utilizados e posteriormente de modo a facilitar a identificação desse
para o implante correto dos componentes. Apesar dos instrumentos de plano ao fechar as incisões.
diversos sistemas possuírem funções semelhantes, há diversas diferen- •Divida a fáscia alinhada com a pele que reveste a parte
ças substanciais em suas configurações e no modo como são montados central do trocanter maior. )
e utilizados. O cirurgião e o instrwnentador encarregado devem estar
lllD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRI L EM AD ULTOS

A e

D E

O!dll;f.!E:lm A, In cisão cutâ nea para vi a de acesso post ero late ral ao q uadril. B, Di ssecção co ncluíd a do t ec id o mo le post erio r.
C, Corte pla nejado no co lo com níve l e ângulo adequados utiliza ndo-se co mponent es de teste do t aman ho adequa do . D, Cápsul a
anter ior dividi da ao longo da bainha do ten dão do psoas. E, Fêmu r retraído anteriormente pa ra perm itir acesso irrestrit o ao acet ábul o.
(A, B, e E redesenhados de Capei lo WN: Uncemented hip rep lacement, Tech Orthop 1:11, 1986; also cou rtesy of Indiana Un ive rsity School of
Medicine.) VEJA A TÉCNICA 3-2.

• Divida o glúteo máximo proximalmente na direção das cuidado para não prender o nervo ciático posteriormente
)
f ibras e coagule quaisquer vasos dentro do músculo. sob o afastador.
• Estenda a incisão fascial dista l mente de modo suficiente • Divida a bolsa trocantérica e movimente-a post eriormente
para expor a inserção tendínea do glúteo máximo no para expor os ·rotadores externos curtos e a margem
fêmur posterior. posterior do glúteo méd io. A margem posterior do glúteo
•Realize a dissecção das margens anteriores e posteriores médio está praticamente alinhada com a diáfise femoral
da fáscia de quaisquer fibra s subjacentes do gl úteo e sua borda anterior abre-se anteriormente.
médio que se inserem na superfície inferior dessa fáscia. • Mantenha o quadril em extensão durante a dissecção
Suture toalha s úmidas ou esponjas de laparotomi a às posterior. Flexione o joelho e rode internamente o
margens fascia is anteriormente e posteriormente para quadri l estend ido para tencionar os rotadores externos
excluir a pele, evitar a disseca ção de tecidos subcutâneos curtos.
e coletar resíduos de cimento e osso gerados durante o • Apalpe o nervo ciático no local onde ele passa superfi-
proced imento. cia lmente ao obturador interno e ao gêmeo. Não é neces-
• Insira um afastador autoestático Ch arn ley ou dispositi vo sá ria a exposição completa do nervo, a não ser que a
similar sob a fáscia lata no nível do trocanter. Tome anatomia da articulação do quadril esteja distorcida .
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

• Coloque um gancho sob o colo femoral no nível do trocan-


ter menor para elevar genti lmente a cabeça para fora do
acetábu lo. O ligamento redondo geralmente é separado da
cabeça femoral durante o deslocamento. Entretanto, em
pacientes mais jovens, pode ser necessária a divisão prévia .
• Caso o quadri l não possa ser faci lmente deslocado, não
force a rotação interna do fêmur, pois isso pode causar
fratura da diáfise. Em vez disso, assegure-se de que as partes
superiores e inferiores da cápsula foram soltas o mais ante-
riormente possível. Remova quaisquer osteófitos ao longo
da borda posterior do acetábu lo que possam estar pren-
dendo a cabeça femoral. Caso não seja possível deslocar o
quadril sem força excessiva (ma is frequentemente em defor-
midades de protrusão), divida o colo femoral com uma serra
oscilante no nível apropriado e, subsequentemente, remova
o segmento da cabeça femoral com um instrumento heli-
coidal ou divida-o em diversas partes.
• Após o deslocamento do quadri l, direcione o fêmur pro-
ximal para a incisão com um retrator plano e amp lo.
• Realize a excisão do tecido mole ao longo da linha intertro-
cantérica e exponha a margem superior do trocanter menor.
•Marque o nível e o ângu lo da osteotomia proposta para
Htiji!;f.)1E9 Dispositivo para medição do comprimento da o colo femora l com um eletrocautério ou com um
perna durante a operação. Um pino afiado é colocado na pelve pequeno corte realizado com um osteótomo. Muitos
acima do acetábulo ou da cr ista ilíaca, sendo então feitas medi- modelos possuem um instrumento específico para esse
ções em um ponto fixo do trocanter maior. O aparato ajustáve l é propósito. Se não for o caso, planeje a osteotom ia utili-
calibrado para a medição do comprimento da perna e do desvio zando uma prótese de teste (Fig. 3-37C). Utilize hastes e
f emoral. VEJA A TÉCNICA 3-2. colos de teste com compri mentos e tamanhos determi-
nados nas ma rcações pré-operatórias .
• Alinhe a haste de teste com o centro da diáfise femoral,
• Apalpe as inserções tendíneas do piriforme e do obtura- fazendo a correspondência entre o centro da cabeça
dor interno, e faça suturas nos tendões para posterior femoral da prótese de teste com a do paciente . O nível
identificação durante o fecha mento das incisões. do corte real izado no colo deve esta r à mesma distância
• Divida os rotadores externos curtos, incluindo pelo menos a da parte superior do trocanter menor determinada pelas
metade proximal do quadrado femoral, tão próximo às suas gabaritagens pré-operatórias.
inserções no fêmur quanto possível. A manutenção do com- •Realize a osteotomia com uma serra osci lante ou recipro-
primento dos rotadores curtos facilita seu reparo posterior. cante (movimentos de vaivém - serra t ico-tico). Caso esse
Hemostasie os vasos localizados ao longo do tendão do corte est eja abaixo da junção da face lateral do colo com
piriforme e os ramos terminais da artéria circunflexa medial o trocanter maio r, será necessário um corte long itudina l
localizada dentro do quadrado femoral. Reflita os rotadores lateral separado. Evite entalh ar o trocanter maior na
externos cu rtos posteriormente, protegendo o nervo ciático. junção entre esses do is cortes, pois isso pode pred ispor o
• Disseque o interva lo entre o glúteo mínimo e a cápsula trocanter a fraturas.
superior. Insira retratores cobra ou Hohmann superior- •Remova a cabeça femora l da incisão dividindo qua isquer
mente e inferiormente para expor as porções superiores, fixações de tecido mole restantes . Mantenha a cabeça
posteriores e inferiores da cápsu la em suas tota lidades. femoral sobre um campo estéril , pois ela pode ser neces-
• Divida toda a porção exposta da cápsula imediatamente sária como uma fonte para enxertos ósseos.
adjacente à sua fixação femoral. Retraia a cápsula e pre-
serve-a para reparos posteriores (Fig. 3-378) . EXPOSIÇÃO E PREPARAÇÃO DO ACETÁBULO
•Para determinar o comprimento da perna, insira um pino •Isole a cápsu la anteri or passando uma pinça de pressão
de Steinmann no ílio, superiorm ente ao acetábulo, e faça curvada dentro da bainha do tendão do psoas.
uma marca em um ponto f ixo do trocanter maior. Meça •Retraia o fêmur anteriormente com um gancho para ten-
e registre a distância entre esses dois pontos para deter- cionar a cápsu la.
minar o comprimento do membro após os componen tes •Cuidadosamente, divida a cápsu la anterior entre as pontas
de teste serem inseridos. Faça todas as medições subse- da pinça de pressão (Fig . 3-37D).
quentes com o membro em posição idêntica . Pequenas • Coloque um retrator cobra ou Hohmann curvado no
alterações na abdução do quadril podem causa r altera- intervalo ent re a borda ante rior do acetábu lo e o
ções aparentes nas medições do comprimento da perna . tendão do psoas (Fi g. 3-37E) . A co locação equivocada
Atualmente, usa-se um dispositivo que permite as medi- desse retrator sobre o psoas pode lesionar o nervo
ções do comprimento da perna e do desvio (Fig. 3-38). femora l ou os vasos adjacentes. Coloque um retrator
•Desloque o quadril posteriormente flex ionando-o, adu- ad icional sob o lig amento acetabular transverso para
zindo-o e rotacionando-o internamente de modo gentil. expô-lo infe riormen te. )
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

• Retraia o tecido mole posterior com um retrator em ângulo


)
reto colocado sobre uma esponja de laparotomia de modo
a evitar compressão ou tração excessiva do nervo ciático.
Alternativamente, coloque pinos Steinmann ou retratores
pontiagudos na coluna posterior. Evite perfurar o nervo
ciático ou colocar pinos dentro do acetábulo, onde podem
interferir com a preparação.
•Retraia o fêmur anteriormente e mediaimente, rotacio-
nando-o ligeiramente para determinar a posição que pro-
porciona melhor exposição do acetábu lo. Se o fêmur não
puder ser totalmente retraído anteriormente após a con-
clu são da capsulotomia, divida as inserções tendíneas do
glúteo máximo deixando um pedaço de 1 cm de compri-
mento do tendão no fêmur para posterior re ligamento.
•Complete a excisão do labro. Coloque os tecidos moles
no acetábulo e divida-os em um ponto imediatamente
adjacente à borda acetabular. Mantenha o bisturi sempre
dentro dos limites do acetábulo para evitar lesões ante-
riormente e posteriormente às estruturas importantes.
•Exponha as margens ósseas da borda do acetábulo em
toda sua circunferência para facilitar o posicionamento
correto do componente acetabular.
H@lhfdl'lm Alargamento do acetábulo (veja o
texto).
•Utilize um osteótomo para remover quaisquer osteófitos
que se projetem além dos limites ósseos do acetábu lo retraído anteriorm ente de modo incorreto, os alargado-
propriamente dito. res podem ser forçados posteriormente, causando um
•Inicie a preparação óssea do acetábulo. O procedimento alargamento excessivo da coluna posterior. Utilize alar-
para a remoção de cartilagem e alargamento do acetá- gadores progressivamente maiores em incrementas de
bu lo é similar para componentes acetabulares cimentados 1 ou 2 mm.
e não cimentados. •Irrigue o acetábulo frequentemente para avaliar o alarga-
•Realize a excisão do ligamento redondo e faça a cureta- mento e ajustar sua direção de modo que seja realizado
gem de qualquer tecido mole remanescente na região do em uma circunferência. O alargamento estará concluído
pulvinar. Pode ocorrer leve hemorragia nos ramos da quando toda a cartilagem for removida, quando os alar-
artéria do obturador durante esse procedimento, o que gadores tiverem cortado o osso até a periferia do acetá-
vai necessitar de cauterização. bulo e quando o formato hemisférico for obtido.
•Apalpe o assoa lho do acetábu lo dentro do su lco cotiloide. •Exponha o leito do osso subcondral, mas mantenha o
Ocasiona lmente, osteófitos hipertróficos podem recobrir máximo possível da placa óssea.
completamente o sulco e prejudicar a determinação da • Realize a curetagem de qualquer tecido mole remanescente
localização da parede medial. Remova os osteófitos com no assoalho do acetábu lo e realize a excisão de qualquer
osteótomos e goivas saca-bocado para localizar a parede tecido mole na periferia do acetábulo. Busque cistos sub-
medial. Caso contrário, o componente acetabu lar pode ser condrais dentro da acetábulo, removendo seus conteúdos
colocado em uma posição excessivamente lateralizada. com curetas pequenas e curvadas.
•Prepare o acetábulo com alargadores motorizados. (Fig. • Preencha as cavidades com pedaços de osso esponjoso
3-39). Comece com um alargador menor do que o obtidos da cabeça femora l do paciente ou dos resquícios
tamanho final esperado e direcione-o media imente até a do alargamento do acetábulo pressionando o enxerto
parede medial, mas não ultrapassando-a. Faça verifica- com um instrumento sacador pequeno.
ções frequentes quanto à profundidade do alargamento •Antes da inserção do componente acetabular, certifique-
para assegurar a integridade da parede medial. Isso se de que o paciente permanece na posição lateral verda-
permite o aprofundamento do acetábulo em alguns milí- deira. Caso a pelve tenha sido rotacionada anteriormente
metros com melhor cobertura latera l do componente. pela retração anterior forçada do fêmur, o componente
•Ocasionalmente, o ligamento acetabular transverso é acetabular pode ser faci lm ente colocado em retroversão,
hipertrófico e deve ser rea lizada uma excisão para permitir o que pode causar uma pred isposição a deslocamentos
que alargadores maiores entrem no acetábulo. Disseque no pós-operatório. A maioria dos sistemas possui compo-
cuidadosamente anterior e posteriormente o ligamento de nentes acetabu lares de teste que podem ser inseridos
suas fixações ósseas. Mantenha o bisturi em posição super- antes da seleção final do implante para determinar a
ficial, pois ramos dos vasos do obturador passam sob ele correção do encaixe, a presença de contato ósseo e a
e uma hemorragia nessa área pode ser de difícil controle. correção da cobertura óssea do componente. A utilização
•Direcione todos os alargadores subsequentes no mesmo de componentes de teste também permite que o cirur-
plano da abertura do acetábulo. gião faça anotações mentais sobre o posicionamento do
•Retraia o fêmur anteriormente de modo que os alarga- componente antes do implante f inal.
dores possam ser inseridos a partir de uma direção •Realize o implante do componente acetabular cimentado
anteroinferior sem exercer pressão. Caso o fêmur seja ou não cimentado.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

nervo e os vasos obturató ri os. Parafusos colocados nos qu adrantes


posteross uperior e postero in fe rior não em e rgem dentro d a pelve, m as
podem penetrar a incisu ra isquiática e colocar o nervo ciático e os
vasos glúteos superiores em perigo. Entretanto, as roscas de parafu sos
Linha A e fresas podem se r pa lpadas nas redondezas da incisura isquiática de
tal forma qu e podem ser evitados dan os a essas estruturas. O qua-
drante posterossuperio r é o m ais segu ro, e parafusos de comprim en-
tos superiores a 25 mm podem frequen tem en te ser colocados no osso
d essa área. O quadran te anterossuperior deve ser evitado, se possível.
Em um es tudo posterior, Wasielewski et ai. descobriram que apenas
as metades perifér icas dos quadrantes posteriores eram seguras para
a colocação de parafu sos quando o com ponente acetabular foi implan-
tad o co m um centro elevado.

IMPLANTACÃO DO_S COMPONENTES


Anteroinferior
ACETABULÃRES NAO CIMENTADOS

--------'~
TÉCNICA
• Posicione a mesa de opera ção em uma posição comple-
tamente nivelada e asseg ure-se de qu e o paciente per-
maneça em posição lateral.
O@il;full:m Si st ema de quadrantes acet abu lares descrito por • Expon ha o acetá bulo circunfere ncialmente e rea lize a
Wasielewski et ai. para determinaçã o do posicionamento seg uro retração ou excisão de quaisquer tecidos moles redun-
de parafu sos. Os quadrantes sã o form ados pelas intersecções das dantes que possam ent rar no acetábu lo durante a inser-
linhas A e B. A linha A estend e-se da espinh a ilíaca ant erior supe- ção do componente .
rior (E IAS) pelo ce ntro do acetábu lo até o aspect o poste ri or da • Prepare os recessos apropriados para os dispositivos de
fóvea, divid indo o acetá bul o no me io . A linha B é traçad a perpen- f ixa ção auxilia res presentes no comp onente conform e
dicular à li nha A no ponto médio do acetábu lo, dividindo-o em especificado pelo fa brica nte.
quatro quad ra ntes: anterossuperior, anteroinferi or, post erossupe- • Fixe o componente acetabu lar ao posici na dor acet ab ular
rior e posteroi nf erior. (Redesenhado de Wasiel ewsk i RC, Cooperstein incluído com a instrumentação do sistema. Certifiqu e-se
LA, Kruger MP, et ai: Acetabular anatomy and the transacetabular fixation sobre o modo como o dispositivo de posiciona mento
of screws in tota l hip arthroplasty, J Bane Joint Surg 72A:501, 1990.) orienta a cúpu la. Gera lmente, uma hast e do posicionador
aceta bu lar é o ri entada de modo paralelo o u perpendicu-
lar ao solo pa ra determi nar o ângu lo correto de abdu ção
IMPLANTAÇÃO DQS COMPONENTES (ou inclinaçã o) (Fig . 3-41 A). Uma exten são adiciona l do
ACETABULARES NAO CIMENTADOS dispositivo de ali nhamento determina a anteversão (ou
flexão para a frente) em re lação ao eixo do t ro nco do
As caracte rísticas dos componentes acetabulares não cimentad os paciente (Fig. 3-41 B). A incl inação ideal do co mponente
são apresentad as na seção anterior sobre com pone n tes ace tab ulares est á entre 40 e 45 gra us. O grau idea l de anteve rsão é
não cim entados. O tam anh o d o im plante é determin ado pelo d iâ - de 20 gra us.
metro d a última fre sa utili zad a. Componentes acetabu lares co m o •Se o componente femo ral fo r anatôm ico, com a ante-
m esmo tam anho do últi m o alargador u ti li zado aprese ntam contato versão incorporada ao colo femo ral, posicione a cúpula
íntimo com o osso, m as ne n hu ma es tabilidade intrín seca. A fi xação com anteversão de apenas 1O a 1 5 graus. Nesse caso,
d eve ser m elh orad a com a utilização de haletas, pinos o u parafuso s. a anteve rsão excessiva da cúpu la pode resultar em des-
Um com ponen te com tam anh o superior em 1 ou 2 mm p ode ser locamento anterior. Reava lie cuid adosamente o posicio-
en caixado para proporciona r um m aior grau de estab ilidade inicia l. namento do imp lante antes de inseri-lo, po is pode ser
As tentativas de inserir componentes acetabu lares m uito m aiores difícil de re movê-l o o u reposi cioná-lo caso estej a mal
resultam em di mi nuição d a congruência en tre o osso e a superfície posicionado. As margens do componente devem apre-
porosa, além de assentam ento in comple to d o compo nente con tra a senta r correspon dênci a com a posição do imp lante de
parede m edial. Ta mb ém pod em ocorrer fra turas d o acetábulo. test e. Caso contrário, rea valie cuidadosa mente o posi-
O s grandes vasos e nervos intra e extrapélvicos sofre m risco de cionamento do paciente e do inserto.
lesão com parafu sos transacetabulares posicionados incorretamente. •Mantenha o alinhamento do posicionador conforme o
Wasielewski et ai. desenvolveram um sistema clinicamente útil para componen te é colocado em posição. Pode ser ouvida
determ inar as áreas seguras para a colocação de parafusos. O sistem a uma alteração no ruído conforme o imp lante asse nta-se
baseia-se em d uas linhas, uma traçada da espinha ilíaca an terossupe- contra o osso subcond ral. Reava lie o posicionamento.
rior, passa ndo por dentro d o centro d o acetábulo, e a segunda traçada Caso seja sa t isfatóri o, remova o posicion ador.
perpend icular à primeira, criando q uatro quadrantes: an terossupe- • Examine a placa do osso subco nd ral por quaisquer orifí-
rior, anteroinferior, posterossuperior e posteroinferior (Fig. 3-40). cios disponíveis no componente para confirmar que há
Parafu sos colocados no quadrante anterossupe rior em ergem de ntro cont ato ínti mo entre im plante e osso. Caso haja uma
da pelve, perigosamen te próximos à artéria e à veia llíaca externa.
folga , pressione mais o co mpon ente. )
Parafusos colocados n o quad ran te anteroin fe rior pod em d anificar o
-- PARTE 11 PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

e
O@il;HEIJ9 A, Posicionamento da cúpu la acetabu lar em abdução. B, Anteversão. C, Inserção do revestime nto. VEJA
AS TÉCNICAS 3-3 e 3-4.

• Caso devam ser utilizados pa rafusos para a f ixação auxiliar, para manter o alinhamento do parafuso conforme ele é atar-
)
coloque-os preferencia lmente no quadrante posterossupe- raxado. O alinhamento não será mantido quando for utilizada
rior. Utilize uma fresa flexível e uma chave de parafusos com uma chave com junta universal. Certifique-se de que a cabeça
articulação un iversal para inserir os parafusos a partir de do parafuso esteja completamente assentada e esteja retraída
dentro da concha metálica. Utilize um gu ia de broca para abaixo da superfície interna da concha acetabular de modo
centralizar o orifício com o orifício no componente acetabu- que o revestimento possa ser completamente assentado.
lar. Caso o orifício seja aberto excentricamente ou em um • Caso os parafusos sejam inseridos nos quadrantes posterio-
ângu lo muito acentuado, a rosca do parafuso pode pressio- res, apalpe a parede posterior colocando um dedo dentro
nar a borda do orifício da concha metálica e levantá-la do da incisura isquiática de modo a proteger o nervo ciático.
osso conforme é inserido. Caso isso ocorra, será necessário •Caso a fresa deixe o osso muito próximo ao nervo ciático,
reposicionar e reinserir o implante. Além disso, se o parafuso utilize um parafuso ligeiramente menor do que o com -
for colocado excentricamente, a margem da cabeça pode primento medido ou escolha um orifício diferente .
ficar em uma posição profunda no orifício, evitando a inser- • Caso devam ser colocados parafusos nos quadrantes ante-
ção do revestimento. Geralmente, pode ser obtida ancora- riores para obter fixação, realize a perfuraçã o e a coloca-
gem bicortical com parafusos nos quadrantes posteriores. ção dos pa rafusos com extremo cuidado. Ut ili ze a fresa
• Confirme o comprimento do parafuso com um medidor de mais cu rta com pressão leve para evitar penetração no
profundidade angular. Utilize preferencialmente parafusos córtex oposto. Interrompa o procedimento frequente-
autoperfurantes de 6,5 mm. Utilize uma pinça de pressão mente e pressione a fresa genti lmente para certificar-se
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

de que ela ainda está dentro do osso. Evite inserir exces- do polietileno ou pelo diâmetro externo do polietileno somado ao
sivamente o medidor de profundidade. Parafusos com tamanho adicional proporcionado pelos espaçadores de PMMA.
Geralmente, isto adiciona cerca de 6 mm ao diâmetro externo do
comprimentos inferiores a 20 mm gera lmente são neces-
implante. O tamanho do acetábulo fresado deve ser igual ao diâme-
sários para esses quadrantes, exceto se o parafuso puder
tro externo do componente, incluindo os espaçadores. Caso contrá-
ser direcionado para dentro do ramo púbico superior.
rio, o componente não poderá ser completamente assentado.
•Após a inserção dos parafusos, teste a estab ilidade do
componente. Não deve haver movimentos observáveis
entre o im plante e o osso. Caso a fixação esteja instável,
IMPLANTACÃO DE COMPONENTE

..
coloque parafusos adicionais ou considere a utilização de
um componente acetabular cimentado.
ACETABULÃR CIMENTADO

~-----~
• Com um osteótomo curva do, remova quaisquer osteófitos
que se projetem além da margem do componente aceta- TÉCNICA
bular. Preste atenção especial à margem anteroinferior. A
•Coloque a mesa de operação em posição completamente
retenção de osteófitos nesse local pode causar o pressio-
nivelada.
namento do fêmur em flexão e rotação interna, reduzindo
•Obtenha uma exposição circunferencia l da margem óssea
o movimento e predispondo-o a deslocamentos .
do acetábu lo.
• Irrigue quaisquer resíduos de dentro do escudo metálico.
•Retraia o fêmur anteriormente para permitir a passagem
•Insira o revestimento de polietileno certificando-se de que
livre do implante para dentro do acetábu lo.
não haja a interposição de tecido mole entre o revesti-
• Verifique novamente o posicionador do componente para
mento e seu suporte de metal, pois isso evitaria o assen-
assegurar-se de que seu mecanismo para ori entação do
tamento e o encaixe completo do mecanismo de trava (Fig.
componente está na posição correta . Certifique-se também
3-41 C) Caso o sistema possua disponibil idade de diver-
de que o posicionador possa ser facilmente removido do
sas opções de revestimento (Fig . 3-33), ele geralmente é
componente de modo que não desloque o componente
acompanhado por um conjunto de revestimentos de teste.
no cimento durante a polimerização. Utilize um compo-
A seleção final do grau de elevação da borda e a rotação
nente de teste para avaliar o encaixe e a cobertura óssea
do offset dentro da concha metálica podem ser proteladas
do componente em posição idea l (Fig . 3-41 ). Observe
até a redu ção de teste. O centro do offset é gera lmente
também a relação entre as margens do componente de
posicionado superiormente ou posterosuperiormente .
teste e a margem óssea de modo a reproduzi-la quando o
Utilize o menor desvio possível para proporcionar uma
componente final for cimentado .
estabi lidade satisfatória.
• Posicione o implante no posicionador de modo que esteja
disponível imedi atamente quando o cimento ósseo for
misturado. Não contamine a superfície do imp lante com
Alterações na posição da pelve durante a operação podem afetar sangue ou resíduos que possam comprometer o contato
a precisão da orientação do componente acetabular. A abdução do entre cimento e prótese.
quadril ou a tração do membro podem rotacionar a pelve no plano •Perfure diversos orifícios de 6 mm na placa do osso sub-
cra.niocaudal, levando a erros no ângulo de abdução. A retração condral do ílio e do ísquio para penetração de cimento
forçada do fêmur rotaciona a pelve para a frente com a tendência a (Fig . 3-42) A lternativamente, podem ser perfurados ori-
posicionar o componente acetabular com anteversão inadequada caso fícios de 12 mm no ílio e no ísquio com orifícios de 6 mm
o cirurgião utilize apenas um guia de posicionamento fixado no dis- entre eles. Não perfure a parede media l, pois isso permi -
positivo de inserção. O cirurgião também deve avaliar a posição do tiria que o cimento entrasse na pelve .
componente em relação aos marcos ósseos. Em posição ideal, a •Obstrua quaisquer penetrações da parede medial com
margem inferior do i.n1plante deve estar dentro do ligamento trans- enxertos ósseos ou uma pequena malha metálica.
verso e ser paralela a ele. O grau de cobertura lateral do implante • Realize a curetagem de quaisquer pedaços de osso soltos
também deve ser comparado com a estimativa durante as marcações nos orifícios e remova os resíduos e a medula óssea da
pré-operatórias. superfície do acetábu lo com uma lavagem pulsátil.
•Seque o acetábulo completamente e promova a hemos-
tasia com diversas esponjas absorventes gelatinosas ou
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES gaze embebida em solução tópica de trombina ou solução
ACETABULARES CIMENTADOS de epinefrina 1:500.000.
• Misture um pacote de cimento para pacientes menores e
As características dos componentes acetabulares cimentados são dois pacotes para pacientes com acetábulos maiores ou caso
apresentadas na seção anterior sobre componentes acetabulares não seja utilizada uma pistola injetora para a inserção do cimento.
cimentados. Muitos componentes incorporam diversas cápsulas de Reduza a porosidade do cimento com mistura por vácuo ou
PMMA, que garantem um manto de cimento de 3 mm (Fig. 3-31). centrifugação. Injete o cimento em um estág io inicial de
Apesar de alguns desenhos incorporarem desvios ou elevações mistura. Se o cimento for resfriado ou injetado em um estado
da borda no polietileno, os componentes não são modu lares e de viscosidade extremamente baixa, ele escorrerá para fora
devem ser inseridos corno urn a un idade. A rotação do offset deve do acetábu lo e a pressurização será dificultada.
ser selecionada antes de cimentar o componente. Implantes feitos • Seque o acetábulo e rea lize a sucção dos orifícios de
integralmente de polietileno geralmente es tão disponíveis em um fixação com um pequeno cateter imediatamente após a
número relativamente pequeno de tamanhos. Dependendo do injeção do cimento. Injete primeiro cada um dos orifícios
tamanho do acetábulo, pode haver certa variâ ncia na espessura de fixação. Utilize um bocal de injeção para cimento ósseo, )
do manto. O tamanho do implante pode ser denotado pelo diâmetro
- PARTE li PROCEDIM ENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

Troqu e seu par de luvas externas por um novo antes de


manusear o cimento. A massa de cimento é colocada no
acetábulo após não mais aderir às luvas secas e quando
sua superfície torna-se ligeiramente rugosa.
• Com o dedo, coloque uma porção menor de cimento em
cada um dos orifícios de fixação preparados anteriormente.
Distribua o restante do cimento de modo uniforme sobre a
superfície do acetábulo e pressurize-a. Remova os resquícios
de sangue da superfície do cimento com uma esponja seca.
•Insi ra o componente acetabu lar uti lizando o posicionador
adequado. Posicione o ápice da cúpula no centro do cimento
de modo a distribuir o cimento uniformemente. Note a
relação entre a borda do componente e as margens ósseas
do acetábu lo para verificar que a posição do componente
de teste foi reproduzida . Caso não sejam utilizados espaça-
dores, evite uti lizar pressão excessiva, pois a cúpula pode
produzir uma descontinuidade no manto de cimento.
• Mantenha o posicionador imóvel durante o início de poli-
merização do cimento. Quando o cimento tornar-se mode-
radamente pastoso, cuidadosamente remova o posicionador.
Estabilize a margem do componente com um instrumento
O!ijii;f!illm Orifícios de f ixação para cimento ósseo no ace- durante a remoção do posicionador.
tábu lo. VEJA A TÉCNICA 3-4. •Substitua o posiconador por um instrumento com ponta
esférica inserido na cúpula para manter a pressão con-
forme o cimento endurece.
• Remova as rebarbas de cimento ao redor das margens do
componente retirando todos os resíduos de cimento da área.
•Após o cimento endurecer completamente, verifique a
estabi lidade da cúpula recém-imp lantada empurrando-a
em diversos pontos da circunferência com um impactar.
Caso haja movimento, ou caso apareça sangue ou bolhas
na superfície de contato, o componente está solto, devendo
ser removido e reimplantado (co nsult e a seção sobre
remoção da cúpula e do ci mento do acetábulo).
•Remova quaisquer osteófitos ou cimento residuais que se
projetam para além da borda do implante, pois eles podem
causar impacto e deslocamento no pós-operatório.
• Os resultados a longo prazo com os componentes acetabu-
lares cimentados estão correlacionados com a presença de
radiolucências em radiografias feitas imediatamente após a
operação, o que enfatiza a importância da técnica e da obten-
ção de um leito seco para a penetração do cimento no osso
O!ijmfdllm Pressurizador de cimento acetabu lar. A ponta de esponjoso. Berend e Ritter descreveram uma técnica para a
si lástico fl exível veda a borda do acetábulo quando é exercida colocação de um cateter de sucção no ílio para melhor
pressão manu al. VEJA A TÉCNICA 3-4. secagem da superfície acetabular durante a cimentação.

EXPOSI ÇÃO E PREPARAÇÃO DO FÊMUR


•Coloque uma esponja para laparotomia nas partes inter-
o qual possu i um pequeno selo oclusivo que permite a nas do acetábulo para proteger o componente acetabu lar
)
pressurização dos orifícios. Preencha o restante do acetá- e evi tar a entrada de resíduos durante a preparação e a
bulo com cimento uti lizando a pistola injetora. Pressurize inserção do componente femoral .
a maior parte do cimento acetabular com um impactar •Expon ha o fêmur proximal rotacion ando-o internamente
de borracha (Fig . 3-43). de modo que a tíbia esteja perpendicular ao assoalho (Fi g.
• Após remover o dispositivo de pressurização, seque cui- 3-44). Permita que o joelho caia em direção ao solo e
dadosamente qua isquer resquícios de sang ue ou fluido empurre o fêmur proximalmente.
que possam estar acumu lados na superfície do cimento. •Para expor o fêmur na incisão, coloque um retrator plano
• Alguns tipos de cimento ósseo, tais como o Palacos, não e amplo profundamente a ele e alavanque-o para cima.
passam por estágios de baixa viscosidade e não podem ser Retraia a margem posterior do glúteo médio e do glúteo
faci lmente injetados com uma pistola. Ta is cimentos podem mínimo para expor a fossa do piriforme e para evitar lesões
ser utilizados em forma de pasta e inseridos manualmente. durante a preparação e a inserção do componente femoral.
CAPÍTULO 3 ARTRO PLASTIA DO QUADRIL - -

0Cri1@$m9 Posicione o fêmur para a fresagem com o paciente D@il;tjElm Remoção da margem lateral restante do colo
em posição lateral (com o paciente visto de cima). O quadril é rota- femoral e porção femoral do trocanter maior com osteótomo.
cionado internamente, flexionado e aduzido até que a tíbia esteja VEJA A TÉCNICA 3-4.
vertical e o eixo do joelho esteja horizontal. O colo femoral aponta
agora para baixo com um ângulo de 15 a 20 graus e, consequente-
mente, a mesa é inclinada para o lado oposto para fresar o canal. hastes cônicas requerem apenas perfuração do canal para prepara-
(De Eftekhar NS: Principies of total hip arthroplasty, St. Louis, 1978, ção. O alargamento pode ser realizado manualmente ou com alar-
Mosby. ) VEJA A TÉCNICA 3-4. gadores elétricos de baixa potência. Deve ser utilizada apenas a
instrumentação fornecida pelo fabricante para alterar o fêmur de
•Realize a excisão de qualquer tecido macio remanescente modo que corresponda precisamente ao formato da haste femora l
das faces posterior e lateral do colo . Utilize um osteótomo que será implantada. O planejamento pré-operatório deve ser revi-
ou um dispositivo trocantérico especializado para remove r sado quanto ao tamanho antecipado da haste determinado durante
porções remanescentes da face lateral do colo femoral e a gabaritagem.
da porção medial do trocanter maior para permitir acesso
ao centro do canal femoral (Fig. 3-45).
• Caso sejam removidas incorretamente certas porções do IMPLANTAC40 DE COMPONENTE
osso nessas áreas, a haste pode ser colocada em varo e FEMORAL IQAO CIMENTADO
ser pequena demais, o córtex femoral pode ser perfu-

--------'~
rado, ou a diáfise femoral ou o trocanter maior podem TÉCNICA
ser fraturados.
• Caso a cortica l femoral proximal seja fina ou se houver •Exponha o fêmur proximal conforme descrito na Técnica 3-2.
fadiga de materiais de fixação interna anteriores ou • Insira a fresa menor em um ponto correspondente à fossa
doenças, coloque um cabo para cerclagem ao redor do piriforme. O ponto de inserção é levemente posterior e lateral
fêmur acima do nível do trocanter menor para evitar na superfície de corte do colo femoral. Pontos de inserção
fraturas. anormais não permitem o acesso ao centro do canal medular.
•Após a ponta da fresa ser inserida, direcione o cabo late-
ralmente em direção ao trocanter maior (Fig. 3-46). Dire-
cione a fresa voltada para o côndilo femoral medial. Caso
não seja possível, remova mais uma porção de osso da
IMPLANTAÇÃ,9 DOS COMPONENTES
face medial do trocanter maior ou os componentes femo-
FEMORAIS NAO CIMENTADOS rais ficarão em varo. Geralmente, deve ser feita uma
As características relevantes dos componentes femora is não cimen- ranhura na face medial do trocanter maior para permitir
tados foram revistas em seção anterior. Pacientes mais jovens com o alargamento axial correto do canal. Insira a fresa no
ossos femorais de boa qualidade são os melhores candidatos para a ponto predeterminado. A maioria das fresas é marcada
fixação femoral não cimentada. Compo nentes femorais retilíneos de modo a ser referenciada em relação à extremidade do
requerem alargadores estriados, mas os componentes anatômicos trocanter maior ou colo femoral para determinar a pro-
podem necessitar de preparação femoral com alargadores flexíveis
para acomodar a leve curvatura da haste. Alguns dos desenhos de
fundidade adequada da inserção.
)
. , PARTE 11 PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

Hl§il;ij&lm Perfuração femoral. Raspas progressivamente


O@ii;Mllm Fresagem do canal f emoral. Fresas manuais ou maiores são inseridas lateralizando-se cada uma para manter o
elétricas devem ser lateralizadas no troca nter maior para manter alinhamento neutro. (Redesenhado, cortesia de Smith & Nephew,
o alinhamento neutro no ca nal femoral. (Red esenhado, cortesia de Memphis, TN .) VEJA A TÉCNICA 3-5.
Smith & Nephew, Memphis, TN .) VEJA A TÉCNICA 3-6.

•Rotacione a raspa para controlar a anteversão. A partir


da abordagem posterior, a face medial da raspa deve ser
rodada em direção ao solo.
• Prossiga com fresas progressivamente maiores até que o alar- • A linhe a raspa precisamente com o eixo do colo femoral
)
gamento cortical da diáfise seja sentido. Avalie a estabilidade do paciente. Não tente colocar a ra spa com anteversão
da fresa axial dentro do canal. Deve ser impossibilitada a adicional, pois isso faria com que a haste ficasse menor
deflexão da extremidade do alargador em qualquer plano. do que o previsto e que a estabil idade rotaciona l fosse
• Se fo r utilizada uma haste retilínea com revestimento insuficien t e (Fig . 3-48). Mantenha controle preciso sob re
poroso, alargue a diáfise femoral de modo que de 1O a a anteversão conforme a raspa é inserida gentilmente no
40 mm da haste encai xem-se proximamente à diáfise, canal. Assente os dentes da raspa pelo menos no nível
mas alargue o cana l de modo que seja 0,5 mm menor da superfície de corte do colo.
do que a parte distal cilín drica da haste para que ocorra • Prossiga com raspas progressivamente maiores mantendo
um encaixe distal firme . al inhamento e rotação idênticos. Utilize golpes uniformes
• Prossiga com a preparação da parte proximal do fêmur. com um martelo para avançar a raspa. Ela deve avançar
Remova o resíduo de osso esponjoso na face medial do ligeiramente a cada golpe do martelo. Caso não haja
colo com escareadores precisos. Inicie a raspagem com movimento, não aumente a força para inseri-la. Reava li e
uma raspa de t amanho pelo menos duas vezes menor do o tamanho da raspa e a adequação do ala rgamento
que a haste antecipada. Nunca utilize instrumentos de distal, além do alinhamento e da rotação da raspa.
taman ho maior do que a última fresa reta ou flexível • Caso não seja possível inserir uma raspa menor do que o
utilizada. tamanho previsto, a raspa pode estar em varo. Aumente
• Coloque a raspa precisamente no mesmo alinhamento a lateralização no trocanter maior com raspas para alcançar
das fresas axiais. alinhamento natural no canal femoral e prossiga com a
•Force a raspa lat eralm ente durante a inserção para garan- raspagem.
tir que seja removida uma quantidade adequada de osso • Assente a última raspa em um ponto onde ela esteja
e para evitar posicionamento em varo da haste (Fig . 3-47). axialmente estável no canal e não avance mais mesmo
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL --

O!§l!;fi'EE• Anteversão do componente femoral (visto a


Ht§ii;fiilJm Aplainamento do calcar com plaina de precisão
partir da via de acesso posterior). A, Haste colocada no mesmo
posicionada sobre o eixo da raspa. (Redesenhado, cortesia de Smith
eixo do colo femoral. O maior tamanho possível de haste preen-
& Nephew, Memphis, TN .) VEJA AS TÉCNICAS 3-5 E 3-6.
che bem a metáfise e possui estabi lidade rotacional. B, Haste
colocada em anteversão excessiva . O maior tamanho possível de
haste não preenche a metáfise e tende a retroverter quando há
carga sobre o fêmur. VEJA AS TÉCNICAS 3-5 E 3-6.

com golpes do martelo. Os dentes devem ser assentados


sobre ou imediatamente abaixo do nível do corte preliminar
do colo para permitir um encaixe preciso da porção rema-
nescente do colo caso seja utilizada uma haste com anel.
• Ava lie a estabilidade da raspa dentro do canal. A raspa
deve apresentar contato íntimo com uma grande porção
da cortical endostea l, especia lmente posteriormente e
mediaimente.
•Quando é utilizada uma haste retilínea, pode haver um fino
aro de osso esponjoso anteriormente. Por outro lado, hastes
anatômicas geralmente preenchem essa área. Caso a raspa
pareça preencher o canal completamente, com pouco osso
esponjoso remanescente, avalie a estabilidade rotacional da
raspa . Tente girar a raspa manualmente para uma posição
retrovertida. Observe cuidadosamente a raspa quanto a qual-
quer movimento dentro do canal femoral . Caso seja evidente
a presença de rotação, prossiga para o próximo tamanho de
haste. Prossiga um tamanho por vez com o alargamento
axial distal e com a subsequente raspagem até que a raspa
preencha o fêmu r proximal tão completamente quanto pos-
sível e haja estabilidade axial e rotacional adequada. 0@1Jt4EE!9 Montagem dos segmentos de teste da cabeça e
•Se houver estabilidade adequada, faça o ajuste final do do colo determinados a partir das gabaritagens pré-operatórias.
corte do colo. A maioria dos sistemas possui uma plaina (Redesenhado, cortesia de Smith & Nephew, Memphis, TN .) VEJA A
de precisão do calcar que se encaixa sobre um eixo da TÉCNICA 3-5.
raspa implantada (Fig. 3-49). A preparação precisa do
colo é essencial se for utilizada uma haste com anel . Esse
passo é opcional para hastes sem anel. O nível final do • Selecione o colo de teste determinado por meio da gaba-
corte do colo deve corresponder à distância medida acima ritagem no pré-operatório . Na maioria dos sistemas, a
do trocanter menor determinada na gabaritagem do pré- cabeça e o colo de teste encaixam-se no eixo uti lizado
operatório. No caso de houver diferenças, ajuste adequa- para fi xação do cabo da ra spa (Fig . 3-50). Caso contrário,
damente o comprimento do colo do componente. utilize hastes de teste de diferentes comprimentos de colo. )
lllllD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

Avalie o centro da cabeça femora l em re lação à altura da • Caso tenha sido uti lizado um revestimento de teste modu lar,
)
extremidade do trocanter maior e compare o nível com coloque o componente final neste momento.
as radiografias gabaritadas. •Restabeleça a exposição do fêmur proximal e remova
•Caso o comprimento do colo pareça satisfatório, irri gue qua isquer resíduos de dentro do canal femoral , mas sem
quaisquer resíduos no acetábulo . violar o leito que foi preparado.
•Tracione a extremidade com o quadril em leve flexão. •Insira o componente femoral de tamanho adequado.
Gentilmente, levante a cabeça sobre a borda superior do Insira a haste manua lmente até estar a alguns centímetros
acetábu lo e sobre qua lquer elevação no liner de po li eti- do assentamento completo. Reproduza o grau preciso de
leno inserido. Caso a redução seja difíci l, verifique a anteversão determinado pela ra spa.
presença de qualquer resto remanescente da cápsula, •Golpeie genti lmente a haste para dentro do canal. Utilize o
especia lmente anteriormente, e faça sua incisão. Se ainda posicionador fornecido com o sistema ou um posicionador
for impossível realizar a redução, uti lize um colo de com- com ponta de plástico . Utilize golpes de força igual con-
primento mais curto, rode a elevação do liner para um a forme o componente é assentado. Conforme o compo-
posição diferente ou remova-o completamente. nente aproxima-se do assentamento completo, ele avança
•Alternativamente, utilize um pressionador de plástico que se em uma progressão menor a cada golpe do martelo. Não
encaixe sobre a cabeça do componente femora l para pres- aumente a força para inserir o componente . Caso contrário,
sionar a cabeça para dentro da cúpu la. Não utilize força podem ocorrer fraturas femorais . A inserção estará con-
excessiva ou aplique torção demasiada ao fêmur durante a cluída quando a haste não avançar mais a cada golpe do
redução do quadril de modo a não fraturar o fêmur. martelo. Pode ser notada uma alteração nos ruídos con-
•Reavalie o comprimento do membro e o offset femoral forme a haste aproxima-se de seu assentamento fin al.
utilizando o pino colocado previamente perto do acetá- •Ocasionalmente, é impossível assentar a prótese até o nível
bulo, realizando alterações conforme necessário. da superfície de corte do colo . No caso de próteses com
• Mova o quadril por uma série de movimentos. Observe anel nas quais este não entrou em contato pleno com o
quaisquer áreas de pressão entre o fêmur e a pelve ou entre osso, deixe-o levemente solto em vez de arri scar uma
os componentes protéticos com os extremos de posiciona- fratura fem oral. Quando forem utilizadas próteses sem
mento. O impacto pode ocorrer com a flexão, adução e anel, elas podem ocasiona lmente avançar alguns mi líme-
rotação interna caso os osteófitos não tenham sido removi- tros além do nível alcançado com a raspa. Nesses casos, o
dos da face anterior do acetábulo, trocanter maior e colo comprimento do colo pode ser alterado, sendo necessária
femoral. Do mesmo modo, o impacto durante a rotação uma redução de teste adiciona l para confirmar o compri -
externa pode necessitar da remoção do osso da face poste- mento final do colo e a estabilidade da articulação.
rior do trocanter maior, da borda do acetábulo ou do ísquio. •Verifique a estabilidade da haste implantada em relação às
•Caso ocorra impacto do colo da prótese em uma elevação forças rotacionais e de extração. Se a haste for considerada
do liner de polietileno, rode-o para uma posição li geira- instável, decida se ela pode ser inserida mais fundo ou se
mente diferente ou remova-o completamente. pode ser inserida uma haste de tamanho maior.
•O quadril deve estar estável (1) em extensão tota l com •Inspecione cu idadosamente o colo femora l e o trocanter
40 graus de rotação externa, (2) em flexão de 90 graus maior quanto a fraturas que possam ter ocorrido durante
com pelo menos 45 graus de rotação interna, e (3) fle- a inserção da haste.
xionado em 40 graus com adução e carga axial (a • No caso de fraturas durante o assentamento da haste, inter-
chamada posição de sono). Caso o quadril desloque-se rompa o procedimento imediatamente. Exponha completa-
com facilidade e a cabeça possa ser separada da cúpula mente a fratura em sua extensão distal e remova a haste.
manualmente em ma is de alguns mil ímetros, utilize um Caso contrário, a extensão da fratura pode ser subestimada.
colo de comprimento maior. •No caso de fratura s incompletas estendendo-se apenas
•No caso de um alongamento excessivo da extremidade no nível do trocanter menor, coloque um cabo para cer-
resu ltante de um colo de comprimento maior, utilize uma clagem ao redor do fêmur acima do trocanter menor.
haste com maior grau de offset, se disponível (Fig 3-9). Rein sira a haste e certifi que-se de que o cabo de cercla-
Essa alteração reduziria o impacto ósseo e melhoria o gem mantenha a haste em sua posição de assentamento.
tencionamento dos tecidos moles sem alongamento do Ava lie novamente a estabil idade da haste implantada .
membro. Entretanto, um leve alongamento do membro •Caso a fratura se estenda abaixo do nível do trocanter
é preferível ao risco de instabilidade. menor, será necessária uma haste mais longa com melhor
•Caso o quadri l não possa ser estendido totalmente, utilize fixação distal. Se o trocanter ma ior estiver fraturado e
um colo mais curto ou, no caso de uma contratura de instável, prossiga com a fixação para uma osteotomia
flexão grave estar presente antes da operação, libere trocantérica (ver seção sobre osteotom ia trocantérica) .
qualquer tecido capsular anterior remanescente . •Limpe quaisq uer resíduos presentes no segmento côn ico
• Caso haja incertezas sobre a adequação do tamanho e posição do colo protético e seque-o cuidadosamente.
do implante, bem como sobre o comprimento do membro, •Coloque a cabeça da prótese de tamanho e comprimento
faça uma radiografia durante a operação para confirmação. de colo adequados sobre o cone da prótese e f ixe-a com
• Se a estabilidade for aceitável, observe a posição de qual- alguns golpes de martelo sobre um impactar com reves-
quer elevação no revestimento de polietileno do teste, timento de plástico. Utilize apenas cabeças femora is pro-
desloque o quadril novamente por meio de flexão e rotação jetadas especificamente para se acoplarem à haste,
interna, e gentilmente levante a cabeça para fora do ace- certificando-se de que a cabeça femoral e o componente
tábulo. Remova os componentes de teste e a raspa. femoral são de tamanhos correspondentes.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL --

•Remova quaisquer resíduos do acetá bulo e, nova mente, cana l resulta em uma superfície cort ica l lisa que não é
reduza o quadri l. Certifique-se de que não haja tecido receptível a microtravamento com o cimento, evite alargar
mole dentro da articulação . demasiadamente o cana l medular. A preparação do cana l
•Confirme a estabi li dade do quadril verifi cando a ampli- é distinta nesse procedimento em re lação ao procedimento
tude de movimentos funcional. para hastes não cimentadas, apesar de muitos sistemas
contemporãneos de artroplastia tota l do quadri l utiliza rem
IMPLANTAÇÃO DOS COMPONENTES a mesma instrumentação para ambos.
• Na maioria dos sistemas atua is, a fresa é mais larga do
FEMORAIS CIMENTADOS
que a haste correspondente, mas a diferença de largura
varia. A preparação do canal perm ite a inserção de uma
As melhorias na preparação do fêmur bem como na mistura e na
haste de tamanho apropriado com um manto adequado
aplicação do cimento, além das modificações nos desenhos dos co m-
de cim ento. São satisfató rios os mantos com espessuras
ponentes, resultaram em melhorias dramáticas na sobrevida de com-
entre 2 e 5 mm proxima lmente e 2 mm dista lmente.
ponentes femorais cimentados. A fixação cimentada é indicada espe-
• Ressa lte a última fresa ligeiramente abaixo do corte provisó-
cialmente quando a cortical femoral é fina ou osteoporótica, sendo
rio do colo femoral. Utilizando uma plaina, prepa re o colo
mais difícil obter uma fixação por encaixe firm e. As características dos
femoral de modo preciso para receber o anel (Fig. 3-49).
componentes femorais utilizados com cimento ósseo são apresentadas
•Selecione o colo com o comp rimento marcado e monte
em uma seção anterior sobre hastes femorais cimentadas.
um componente de teste. Observe a relação entre o anel
de teste e a superfície de corte do colo femora l quanto ao
IMPLANTAÇÃO DE COMPONENTE posicionamento axial e rotaciona l da haste final durante a
FEMORAL CIMENTADO implantação. A margem media l do anel pode ficar nivelada
com a cortica l medial ou projetar-se ligeiramente além

-----~
TÉCNICA dele. Ambos são aceitáveis. A rep rodução desse grau de
protrusão ajuda a prevenir posicionamento em varo ou em
•Exponha o fêmur proximal conforme descrito. Utilize uma vago da haste durante a inserção do componente fina l.
goiva (saca-bocado), um osteótomo ou um alargador •Realize uma redução de teste conforme descrito na
trocant érico para remover porções residuais da face Técnica 3-5 para determina r o comprimento do membro,
lateral do colo e obter acesso ao centro do cana l. o arco de movimento e a estabi lidade da artroplastia.
•Insira uma pequena fresa côn ica para loca lizar o cana l •Caso o membro tenha sido excessivamente alongado,
medular. Insira a extremidade da fresa na face mais late ra l uti lize um colo mais curto. Alternativamente, assente a
da superfície de corte do colo colocando-a no trocanter raspa mais profundamente e corte o colo novamente para
maior para apontá-la em direção ao côndi lo femoral redu zi r o comprimento do membro e manter o mesmo
media l (Fig. 3-46). Essa manobra garante o posiciona- grau de desvio femoral. Pode ser necessá ria uma raspa
mento neutro do compo nente femora l. menor para esse propós ito.
•Revise o planejamento pré-operatóri o quanto ao tamanho • Como a haste será f ixada por meio de ciment o ósseo, a
da haste. Comece com a menor raspa disponível. Insira profundidade da inserção do componente é predetermi-
as ra spas com 1O a 15 graus de anteversão em rela ção nada nesse ponto. Isso é diferente em relação aos im plan-
ao eixo da tíbia flexiona da . A partir da via de acesso tes não cimentados, os quais podem obter estabilida de
posterior, a face medial da raspa deve se r rotacionada em em profundidades li gei rame nte diferentes do qu e a raspa
di reção ao solo (Fig. 3-48). Mantenha o alinhamento axial correspondente.
correto durante a inserção da raspa . •Após a seleção dos tamanhos dos componentes finais e
• Alternativamente, golpeie levemente a raspa e extraia-a da avaliação do comprimento e da estabilidade do membro,
para facilitar sua passagem . Utilize rasp as progressiva- desloque o quadri l e remova os componentes de teste.
mente maiores para comprim ir e remover o osso espon- •Exponha o fêmur proximal novamente.
joso no fêmur proxim al . Como a fi xação é obtida por •Remova o osso esponjoso solto remanescente do fêmur
meio de cimento ósseo, os requisitos pa ra a estabi lidade util izando uma escova específica para o cana l femoral ou
absoluta da raspa não são tão rigorosos como nas técni- curetas. Mantenha alguns mi límetros de osso esponjoso
cas para implantes não cimentados. Entretanto, ainda é denso para a penetração do cimento.
desejável a utilização de uma haste que preencha o canal • Rea lize a oclusão do cana l femora l distal até a extremidade
femoral com um manto adequado de cimento. antecipada da haste de modo a permitir a pressurização
•Uti lize a maior raspa que possa ser inserida proximalmente. do cimento e evitar a extrusão do cimento dista lmente na
No caso de resistência durante a inserção, a área de contato diáfise femoral. Isso é alcançado com a uti lização de um
provavelmente é distal dentro da diáfise. A raspa não pode tampão flexível e feito de plástico para o cana l, com a
ser utilizada para preparar o osso cortical na diáfise. Não realização um um bloqueio ósseo feito para enca ixa r-se no
tente inserir mais a raspa, pois fazê- lo pode resu ltar em cana l ou com a injeção de um pequeno tampão de cimento
fraturas femorais ou no encarcera mento da raspa. distal mente. Tampões de plástico flexível pré-moldados são
• Canais estreitos podem ser faci lmente previstos pela gaba- os disposit ivos de mais fác il utilização, mas devem ser
ritagem durante o pré-operatório. Utilize fresas graduadas grandes o bastante para evita r sua mig ração distal durante
para alargar o canal de modo suficiente para permitir a a pressu ri zação do cimento (Fig. 3-5 1).
inserção de uma fresa de tamanho apropriado proximal- • Determ ine o diâmetro do cana l por meio da utilização de
mente. Como a remoção de todo o osso esponjoso do medidores. Insira o restritor de cimento a uma profundidade )
lllD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

uniformemente. Insira o componente de teste novamente


e comprima gentilmente o cimento até que ele endureça
para garantir que o componente fina l possa estar comple-
tamente assentado.
• Após a oclusão do canal femoral, irrigue-o completa-
mente para remover resíduos soltos, medula óssea e
sangue. Isso pode ser re alizado uti lizando um sistema de
lavagem pulsátil com um longo bico retilíneo e pu lveriza-
ção direcionada radialmente . Lave completamente todos
os resíduos e a medula óssea nas trabéculas residuai s de
osso esponjoso de modo a obter penetração máxima do
cimento. A lavagem completa do cana l também reduz a
quantidade de embolização da medula que pode ocorrer
durante a pressurização do cimento e a inserção da haste.
• Seque o cana l com uma esponja-tampão utilizando fixação
por sucção ou com esponjas embebidas em solução de
epinefrina 1:500.000 para dimi nu ir o sangramento durante
a preparação do cimento .
• Ab ra os implantes determinados previamente. Não toque
a haste ou permita sua contaminação por sangue ou
resíduos, pois isso pode comprometer a interface de
contato entre cimento e implante após o procedimento .
• Monte quaisquer espaçadores modulares de PMMA que
possam ser utilizados para centralizar a haste dentro do canal.
• Não deixe sem serem preenchidos os orifícios na haste des-
tinados para os centralizadores, pois o ar preso neles se
H!dl!;ME119 Oclusão do ca nal medular. Tampões de plástico expandiria com o calor gerado pela polimerização do
com finos fl anges de pl ásti co fle xíveis podem ser inse ridos para cimento, resu ltando em um vazio no manto. Preencha tais
ocluir o cana l medular. Tampões de diversos tamanhos estão dis- orifícios com cimento antes da introdução do implante ou
poníveis. El es são parafusados à extremidade de uma haste cali- utilize os central izadores fornecidos com o sistema. Os cen-
brada para inserção na profundidade correta. VEJA A TÉCNICA 3-6. tralizadores também podem ser fixados ao implante com
uma pequena quantidade de cimento para garantir uma
superfície de contato adequada entre os dois. O tamanho
de aproximadamente 2 cm abaixo da extremidade distal desse centralizador distal é determinado pelo diâmetro do
)
da haste. Determine a profundidade compa rando o apa- canal definido previamente . Idealmente, o centralizador
relho de inserção com a ras pa ou com a própria haste. deve ser pelo menos 4 mm maior que o diâmetro da extre-
Considere qualquer comprimento ad icional da haste pro- midade distal da haste para garantir um manto de 2 mm.
duzido pela utilização de um centra lizador distal. • Troque suas luvas externas. Misture dois ou três pacotes de
• Após a inserção do restritor, insi ra a raspa ou a haste de cimento para fêmures de tamanho-padrão e três ou quatro
teste novamente para assegurar-se de que o restritor fo i pacotes de cimento para fêmures maiores ou caso seja utili-
colocado distal mente de modo adequado para permitir o zado um componente com haste longa. As técnicas de pres-
assentamento completo da haste. surização atuais requerem um volume maior de cimento do
• Alternativamente, faça um tampão de osso removido da que era utilizado no passado. Prepare o cimento com uma
cabeça ou do colo femoral. Esse tampão deve ser ligeira- técnica de redução de porosidade tal como a mistura a vácuo.
mente maior do que o diâmetro do canal. Impacte-o até • Caso os materiais de síntese de fixação interna tenham
sua posição com um sacador. sido removidos da diáfise femoral durante o mesmo pro-
• A oclusão do canal com uma pequena massa de PMMA cedimento, os orifícios na cortical femoral devem ser
requer mais preparação, mas é mais confiável quando o ocluídos para permitir a pressurização do cimento e para
cana l é excessivamente largo ou quando o cana l deve ser evitar sua penetração nos tecidos moles. Peça para que
ocluído aba ixo do nível do istmo para inserir uma haste um assistente coloque os dedos sobre os ori fícios antes
mais longa. Para realizar a oclusão do cana l com tampões da injeção do cimento ou utilize uma pequena quanti-
de PMMA, misture apenas um pacote de cimento. Insira o dade de cimento para ocluí-los antes de que o restante
cimento quando este ainda está em uma fase mais pastosa, do fêmur seja preenchido com cimento.
pois cimentos com viscosidades extremamente baixas • Utilize uma pistola injetora para uma aplicação confiável de
escorrem pelo canal e não o ocluem completamente. Injete cimento. Planeje a injeção do cimento apenas quando ele
uma pequena massa de cimento no nível predeterminado não mais se adere à luva. Isso geralmente ocorre cerca de 4
utilizando uma pistola injetora ou seringa, ou introduza o minutos após o início da mistura para cimento Simplex, mas
cimento por meio de um pequeno tubo utilizando um pode variar significativamente de acordo com o tipo de
pequeno êmbolo para manter a massa de cimento em cimento utilizado, com a temperatura ambiente e com o
posição adequada durante a extração do tubo. Gire a resfriamento ou não do monômero antes do processo. Caso
pistola injetora em todas as direções para espalhar o cimento o cimento seja injetado em um estado de viscosidade
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRI L -

O@l!;J4EIJ9 Pre ssur ização do ci m ento. O bico d e press u ri-


zação fl exíve l é co loca do na extremidade da pi st o la injet o ra pa ra
O@i@i ~ Inj eção retrógrada de ciment o co m uma pisto la. veda r o f êmur prox ima l, e ap lica-se p ressão durante a inj eção.
Uma pisto la com um b ico longo pod e ser uti li zada para inj eta r (Redesenhado, cortesia de Smith & Nephew, Memphis, TN .) VEJA A
cimento sem ilíquido. A parte distal do cana l é preenchida pri- TÉCNICA 3-6.
meiro e a extrem idad e é le ntamente removida co nforme o
cimento é inj etado . A injeção conti n ua até que o cana l estej a de que seja mantida uma vedação adequada e lentamente
completamente preenchi do e a extremid ad e do bico est eja fora injete mais cimento por um intervalo de 15 a 30 segundos
do ca nal. (Redesenh ado, cortesia de Smith & Nephew, M emphis, TN.) para promover a penetração de 4 mm no leito restante de
VEJA A TÉCNICA 3-6. osso esponjoso. Alternativamente, utilize um impactar de
plástico ou um êmbolo mecânico colocados sobre uma luva
extremamente baixo, ele tende a escorrer para fora do fêmur ou folha de borracha. Pode ocorrer o vazamento de cimento
durante a pressurização, tornando-o mais suscetível à entrada e de medu la óssea dos pequenos orifícios vascu lares no colo
de sangue e resíduos. Isto enfraquece o manto e compro- femoral durante a pressurização.
mete a interface de contato entre cimento e osso. • Remova o dispositivo de pressurização. Caso tenha se formado
• Coloque uma compressa no acetábulo e proteja o tecido um vazio na parte proximal do cimento, preencha-o.
mole adjacente para evitar que o cimento escape. • Tenha o componente femoral disponível para inserção ime-
• Imediatamente antes da introdução da pistola injetora, diata, e insira-o quando o cimento atingir uma característica
remova quaisquer compressas e realize a sucção distal do pastosa, o que geralmente ocorre cerca de 6 minutos após o
canal para remover o sangue ali acumulado . início da mistura para cimentos Simplex. O tempo ideal pode
• Pressione o gati lho da pistola injetora de modo a trazer o ser consideravelmente menor para outros t ipos de cimento.
cimento para o bocal, evitando, assim, a introdução de ar. • Determine o grau desejado de anteversão e a posição
Insira o bico até o nível do restrito r e util ize leves compres- med iolatera l da haste antes de inseri-la. Alterações no
sões sequencia is do gatil ho para inserir o cimento de modo alinhamento e na rotação da haste durante a inserção
uniforme (Fig. 3-52). Permita que a pressão do cimento criam vazios no cimento.
injetado empurre o bico para fora do canal conforme este • Segure a haste pela extremidade proximal, inserindo-a
é preenchido. Não remova o bico muito rapidamente para manualmente no início. Insira a extremidade da haste no
não criar vazios na coluna de cimento . Preencha o canal centro do manto de cimento. Aplique uma pressão firme
até o nível da superfície de corte do colo femora l. e uniforme durante a inserção . Após o cimento ser pres-
• Sugue quaisquer resíduos ou sangue que saiam do canal surizado, pode ser difíci l assentar a haste manua lmente
durante a injeção do cimento . em sua totalidade . Utilize um impactar com cabeça de
• Pressurize o cimento utilizando um dos diversos métodos plástico e um martelo para terminar o procedimento .
disponíveis. Preferencialmente, utilize um bico oclusivo que Muitos sistemas contemporâneos possuem um disposi-
permita a injeção de mais cimento (Fig. 3-53). Certifique-se tivo de inserção para esse objetivo . )
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

•Reproduza a posição do anel de teste em relação à super-


)
fície de corte do colo femoral para auxil iar no alinha-
mento da haste. Remova o cim ento da região do anel
para garantir que a haste esteja completamente in serida.
Caso contrário, insira-a um pouco mais.
• Mantenha uma pressão firme sobre a extrem idade proximal
do componente femoral durante o endurecimento do
cimento . Mantenha a haste imóvel. Isso pode ser realizad o
utilizando-se um instrumento com ponta de plástico ou um
instrumento específico para a inserção de hastes que não
estejam fi xadas rig idamente ao componente. Posicionado-
res de inserção parafusados ao componente femoral ou
fixados rigidamente a ele fazem que qualquer movimento
entre o cirurgião e o assistente, que está segurando a perna,
seja transm itido para a superfície de contato entre cimento
e prótese.
• Conforme o cimento adquire uma característica mais pastosa,
corte o cimento ao redor das margens do prótese e remova-o
cuidadosamente da área de operação. Não puxe o cimento
A B
sob o componente para não perder a sustentação proximal.
• Após o cimento endurecer comp letamente, utilize um
pequeno osteótomo pa ra remover fragmentos ad icionais ij@l!;(.)1&9 Aplicação manual do cimento A, Quando o cimento
é inserido manualmente, ele deve ser pressionado com firmeza para
de cimento e verifique cuidadosamente a face anterior
dentro do canal com um dedo antes da introdução da haste. B, Após
do colo quanto à retenção de cimen to.
o preenchimento do canal, o cimento é pressionado com o polegar,
• Remova meticulosamente todos os resíduos de cimento da
evitando, assim, que ele escape e aumentando a pressão no canal .
incisão. Lave e inspecione cu idadosamente o componente
VEJA A TÉCNICA 3-6.
acetabu lar, removendo qualquer cimento que possa haver
entrado nele durante a cimentação femora l. Verifique nova-
mente o posicionamento e a estabilidade do componente REPARAÇÃO DE TECIDOS MOLES E FECHAMENTO
femoral. Caso haja movimentação, ou caso saia flui do da • Após a red ução do quadril, prossiga com os reparos do
superfície de contato entre osso e cimento, o componente invólucro posterior de tecidos moles. Repare a porção
está instável e deve ser substitu ído (consulte a seção sobre preservada da cápsu la posterior com suturas reforçadas
remoção de cimento do fêmu r). Caso o componente pareça não absorvíveis co locadas pelos orifícios na margem pos-
satisfatório, reduza o quadril e verifique novamente a esta- terior do trocanter maior. Reinsira os tendões dos múscu-
bi lidade da artroplastia . los rotadores externos curtos seccionados previamente.
• Limpe e seque cuidadosamente a parte cônica do colo da pró- •Repa re quaisquer partes da inserção do glúteo máximo e
tese, e monte a cabeça femoral modular com alguns gol- do quadrado femoral que tenham sido divi didas.
pes leves utilizando um impactor com revestimento plástico. • A reconstru ção cu id adosa do invólucro posterior de
• O método preferencial para o preench imento do canal com tecidos moles reduz consideravelmente o risco de deslo-
cimento é a utilização de uma pistola injetora com o cimento camento pós-operatório.
em um estado de viscosidade relativamente baixo. Alguns • Caso deseje, coloque um dreno de sucção fechada pro-
cimentos, como o Palacos, existem principalmente em um fundamente à fáscia. Abduza o quadril em 1O graus
estado mais pastoso, não sendo facilmente injetáveis. Sob enquanto fecha a incisão da fáscia com suturas aproxi-
essas circunstâncias, o cimento pode ser inserido manual- madas. O fechamento firme dessa camada ajuda a esta-
mente. Para inserir o cimento no cana l femoral manualmente, bilizar o quadril e a evitar que processos infl amatóri os
molde-o em formato de salsicha e segure-o na palma de uma superficiais estenda m-se para um nível mais profundo.
mão ou coloque-o em um recipiente plástico. Pressione o Aproxime a camada subcutânea de modo frou xo utili-
cimento para dentro do canal com o indicador ou polegar da zando suturas absorvíveis interrompidas.
mão oposta o mais distalmente possível (Fig. 3-54A). Caso o • Suture a pele como de costume .
cimento ainda esteja grudando, pressione-o com o dedo uti-
lizando movimentos curtos. Evite misturar sangue ao cimento
e mantenha a massa de cimento intacta. A laminação do
cimento e a mistura com sangue enfraquecem-no.
TÉCNICAS MINIMAMENTE INVASIVAS
• Após a cavidade ser preenchida, pressione o cimento com o
polegar (Fig . 3-548). Também podem ser utilizados impacto- A artroplastia de quadril tem sido realizada por meio de pequenas
res mecânicos ou tampões. Dois pacotes geralmente são incisões por Ken non et ai. desde a década de 1980. Mais recentemente,
suficientes, mas pode ser necessário mais cimento para canais técnicas minimamente invasivas foram introduzidas na comunidade
medulares maiores. Um pequeno tubo de sucção de plástico ortopédica e receberam atenção generalizada da mídia. O termo
"artroplastia total de quadril minimamente invasiva" não descreve
pode ser colocado no canal femoral para remover o ar e o
sangue antes da inserção do cimento. Nesse caso, coloque-o apenas uma operação, mas, sim, um grupo de procedimentos reali za-
dos por diversas pequenas incisões, menores do que as descritas tra-
no canal antes da introdução do cimento. Remova-o após a
inserção de aproximadamente dois terços do cimento. dicionalmente. As duas principais abordagens envolvem uma única
pequena in cisão (com modificações das exposições anterior,
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Gii

h@l!;tij1&9 A e B, Série de afastadores com cabos longos, posicionadores angulares de inserção acetabular, e iluminação por fibra
óptica (B) para cirurgias minimamente invasivas do quadril. (Cortesia de Zimmer, Warsaw, IN.)

anterolateral, lateral direta ou posterolateral) ou duas incisões (com a Abordagens de incisão umca são bem receptivas à incorporação
colocação do componente acetabular por meio de uma incisão ante- gradual de novos métodos ao atuar-se em regiões já familiarizadas
rior e do componente femoral por uma incisão menor posterior). pelo cirurgião. Adotamos técnicas minimamente invasivas deste
A introdução dessas técnicas criou uma controvérsia considerá- modo e rea.lizamos artroplastias de quadril na maioria dos pacientes
vel na comunidade ortopédica. Os defensores dessas técnicas defen-
dem o conceito de que a substituição m inimamente invasiva de
quadril possui o potencial para redução de lesões nos tecidos moles,
por meio de uma única incisão posterior de 8 a 10 cm (Vídeo 3-1, em
inglês). Em oposição, as técnicas com duas incisões, as quais envolvem
uma dissecção anatômica menos familiar aos cirurgiões, requerem
fi\-
"(t(J
das dores pós-operatórias, da perda sanguínea durante a operação, e treinan1ento e instrumentação especializados.
do tempo de internação. Elas também aumentariam a velocidade da Os pacientes magros são ideais para as abordagens minima-
reabilitação do paciente e produziriam uma cicatriz cirúrgica mais mente invasivas. A operação é mais d ifícil em homens musculosos
cosmeticamente aceitável. A adoção de técnicas minimamente inva- e pacientes obesos (índice de massa corporal > 30 kg/m' ). Apesar
sivas revolucionou outros procedimentos, tais como a meniscectomia, de serem necessárias incisões maiores nesses indivíduos, os mesmos
a reconstrução do ligamento cruzado, o reparo do manguito rotador, princípios podem ser aplicados. Pacientes que necessitam de cirur-
a discectomia, entre outros. Os críticos dessas novas técnicas citam os gias de revisão e pacientes com displasia, procedimentos reconstru-
resultados excelentes dos métodos atuais em relação ao alívio da dor, tivos prévios ou quadris rígidos também necessitam de incisões
à melhoria funcional e à durabilidade a longo prazo, apresentando maiores. Como princípio básico, nunca se deve hesitar em alongar
taxas de complicação notavelmente baixas. Os potenciais benefícios a incisão caso a exposição esteja inadequada. Uma operação reali-
das incisões menores não foram sujeitos a revisões críticas de colegas zada por mei de uma incisão maior é preferível a um resultado
e devem ser ponderados considerando-se os pontos negativos da insatisfatório com uma incisão menor.
exposição ruim e o processo de aprend izagem associado a qualquer Em um dado momento, apenas parte do quadril fica exposta.
novo procedimento. Há a possibilidade de que ocorra afrouxamento Diversos instrumentos especializados são úteis para obter exposição
do implante devido à preparação óssea inadequada, deslocamento de e vis uali zar o acetábulo e o fêmur, e ainda protegendo os tecidos
implantes posicionados incorretamente, infecção e longo tempo de moles adjacentes (Fig. 3-55). Um retrator de Charnley é necessário
cicatrização causado por traumas à pele, fraturas não reconhecidas, para evitar alongamento excessivo dos cantos da incisão. Retratores
comprometimento neurovascu.lar, e divergência no comprimento das acetabulares com cabos longos e lâminas mais estreitas também
pernas devido à falta de exposição dos marcos ósseos. Todos esses redu zem a desordem dentro da incisão. Alguns sistemas possuem
problemas requerem uma nova operação e tendem a ser mais comuns iluminação por fibra óptica incorporada aos retratores acetabu-
nas mãos de cirurgiões que rea.lizam menos procedimentos. Os cirur- lares. Raspas acetabu lares e di spositivos de posicionamento angu-
giões devem decidir se os potenciais riscos da adoção das técnicas lares reduzem a retração necessária nos tecidos moles anteriores.
miniman1ente invasivas são justificáveis dado o escopo de suas práti- As raspas com cortes latera is são mais facilmente inseridas no ace-
cas individuais. tábulo e parecem ser aceitavelmente precisas. É particularmente útil
Há o consenso de que a artroplastia min imamente invasiva do que um auxiliar posicione o membro para preparação femoral e
quadril é realizada por meio de uma incisão de 10 cm ou menos. Uma colocação do implante. A exposição também é melhorada com o uso
única incisão posterior é atualmente a abordagem mais amplamente de anestesia regional hipotensiva para red uzir o sangramento durante
adotada, seguida pelas abordagens com uma única incisão anterior. a operação.
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

Sculco e Jordan defendem uma abordagem posterolateral ao à incisão. Problemas relacionados a lesões no nervo cutâneo femoral
quadril por meio de uma incisão de 6 a 10 cm. A incisão é posi- lateral levaram diversos cirurgiões a realizarem a incisão da pele em
cionada em alinhamento com o fêmur na margem posterior do posição ligeiramente lateral ao plano intermuscular da dissecção
trocanter maior com aproximadamente um terço da incisão sendo mais profunda. A via de acesso anterior também fo i defendida
proximal à extremidade do trocanter maior e dois terços sendo devido à baixa incidência de deslocamentos, apesar de haver poucos
distais. O glúteo máximo é dividido apenas por uma curta distân - dados publicados. Woolson et ai. relataram um maior tempo de
cia, a incisão da fáscia lata é limitada e o quadrado femora l per- cirurgia, aum ento n a perda sanguínea, e uma taxa de fratura durante
manece praticamente intacto, mas é retraído para expor o trocanter a operação de 7,3% em seu experimento inicial com 247 artroplas-
menor e ressecar o colo femoral. A incisão pode ser facilmente tias totais de quadril reali zadas por meio do acesso anterior. Não
estendida em ambas as direções caso seja necessária uma aborda- houve deslocamentos.
gem posterior mais tradicional. Em um estudo prospectivo aleató- Uma via de acesso minimamente invasiva com duas incisões
rio realizado por esse grupo, Chimento et al. demonstraram qu e também foram defendidas para a artroplastia de quadril. O com-
pacientes qu e foram submetidos a uma abordagem posterolateral ponente acetabular é inserido por meio de uma via de acesso
de 8 cm apresentaram menor perda sanguínea durante a operação anterior e o componente femoral é inserido percutaneamente por
e claudicavam menos após 6 semanas em comparação com pacien- m eio de uma incisão menor posterior. A fluoroscopia é utilizada
tes para os quais foi utilizada uma abordagem-padrão. Não houve para preparação óssea e implante de ambos os componentes. Para
diferenças nos tempos de operação, nas necessidades de transfu- esse procedimento, são necessários instrumentos altamente espe-
são, na utili zação de narcóticos, na internação ou em outros cializados e componentes de teste; e a técnica necessita do uso de
marcos de reabilitação. As complicações foram similares nos doi s implantes não cimentados, prefe rencialmente com componentes
grupos, e um acompanhamento por 5 anos com o mesmo grupo femorais co m extenso revestimento poroso. A operação é desa-
não mostrou afrouxamento n as radiografias. As medições radio- fiadora tecnicamente e não d eve ser utili zada sem trein amento
gráficas do posicionamento da cúpula e da haste, bem como o prático intensivo. Cirurgiões que reali zam artroplastias de quadril
cimento, não estavam comprometidos no gr up o com procedimen- apenas ocasionalmente não devem utilizar essa abordagem.
tos minimamente invasivos. DiGioia et al. desco briram que Em uma população altamente selecionada, Berger realizou
pacientes no grupo operado por meio de mini -in cisão cam inh a- artroplastias totais de quadril por meio de duas incisões em um
vam com menos claudicação e apresentavam melhor habilidade de cenário de pacientes de ambulatório com retorno rápido às ativida-
subir escadas após 3 meses, aprese ntando m elhora na claudicação, des funcionais e baixas taxas de complicação. Outros autores relata-
nas distâncias de caminhada e na subida de escadas após 6 meses. ram resultados menos favoráveis e mais complicações com a técnica
Não houve diferenças após 1 ano. Em uma sé rie prospectiva alea- de duas incisões. Em um grupo não selecionado de 80 pacientes,
tória, Dorr et al. descobriram que u1~1 grupo para o qual foi utili- Pagnano et ai. relataram cirurgias mais longas e apenas melhorias
zada cirurgia minimamente invas iva apresentou menor período de modestas nos resultados func ionais. Ocorreram complicações em
internação, menos dores durante a internação e menor necessidade 14% dos casos, entre as quais fraturas femorais proximais, infecção
de dispositivos de apoio ortopédico à marcha. Não houve diferen - e deslocamento anterior.
ças após deixa rem o hospital. A ideia de que não há transecção de tendões nas vias de
Outros pesquisadores não relataram quaisquer benefícios acesso anterior e de duas incisões não foi justificada. Em um
resultantes da utili zação de in cisões menores. Em um teste pros- estudo com cadáveres, Mardones et ai. avaliaram o grau de dano
pectivo, aleatório e controlado, Ogonda et al. descobriram que a muscular com a técnica de duas incisões e com a via de acesso
via de acesso minimamente invasiva era segura e reproduzível, posterior minimamente invasiva. Os primeiros procedimentos de
mas não oferecia benefícios em comparação à via de acesso tra- duas incisões causaram danos mensuráveis aos abdutores, aos
dicional. O teste fo i realizado após o autor principal possuir rotadores externos curtos ou a ambos. Não há a possibilidade de
experiência conside rável com técnicas minimamente invasivas, restaurar as estruturas danificadas por meio da incisão percutânea
não sendo considerado o período de aprendizagem nessa série. posterior. Parratte e Pagnano avaliaram as lesões de tecido em
Em outro estudo reali zado pela mesma instituição, Bennett et al. diversas abordage ns e concl uíram que não é possível realizar roti-
não descobriram diferenças nos parâmetros de aná lise de cami- neiramente artroplast ias totais de quadril minimamente invasivas
nhada 2 dias após a cirurgia. Similarmente, Go ld stein et al. não sem causar alg um grau de danos mensuráveis aos músculos. A
relataram diferenças entre a via de acesso-padrão e a abordagem locali zação e a amplitude dos danos musculares são específicos
minimamente invasiva posterolate ral. Em outra série prospectiva para esta via de acesso. Os danos em tecidos na via de acesso
com acompanhamento por 5 anos, Wright et al. não relataram anterior incluíram a parte anterio r do glúteo médio, o tensor da
diferenças, exceto pelo entusiasmo dos pacientes em relação à fáscia lata e os rotadores externos. A via de acesso posterior foi
aparência cosmética da cicatriz. associada com danos importantes aos rotadores externos curtos e
Incisões minimamente invasivas anteriores são modificações ao glúteo mínimo, além de pequenos danos ao glúteo médio. A via
da abordagem de Smith-Petersen. Apesar da exposição acetab ul ar de acesso de duas incisões cau so u danos substanciais aos abdutores
ser superior, pode ser difícil colocar o fêmur em uma posição na e aos rotadores externos. A extensão dos danos aos abdutores foi
qual a haste possa ser inserid a alinhada com a diáfise. Diversos maior na via de acesso de duas incisões do que no acesso posterior
fabricantes introduziram hastes mais curtas com raspas curvilíneas minim amente invasivo.
para simplificar o posicionamento do componente femoral (Fig. Os defensores da técnica frequentemente descrevem melhorias
3-28). Matta recomendou a utilização de uma mesa cirúrgica espe- na recuperação após artroplastias de quadril minimamente invasi-
cífica que coloca o quadril em hiperextensão, adução e rotação vas. Entretanto, a condução multimodal da dor e a aceleração dos
externa para melhor acesso ao fêmur. Apesar de uma das alegações protocolos de reabilitação foram introdu zidos simultaneamente e
da via de acesso anterior ser o fato de não haver a transecção de também influenciam a velocidade de recuperação. Em uma série de
qualquer músculo ou tendão, diversos autores recomendam soltar a 100 pacientes, Pour et al. descobriram que, na ocasião da alta hos-
cápsula posterior e os rotadores externos curtos para levar o fêmur pitalar, a satisfação do paciente e a habilidade de caminhada eram
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL - -

melhores em pacientes em regime de recuperação pré e pós-opera- obtenção das imagens. A navegação fluoroscópica tem sido mais
tória acelerada, independentemente do tamanho da incisão. confiável para limitar a variabilidade da abd ução da cúpula aceta-
As técnicas minimamente invasivas e sua instrumentação con- bular do que para sua anteversão. Não é necessário planejamento ou
tinuam a evoluir. Os aj ustes nas vias de acesso cirúrgicas e a in tro- obtenção de imagens no pré-operatório. Consequentemente, a
dução da navegação ass istida por computador podem, por fim, técnica não proporciona informações sobre os requisitos para res-
melhorar os resultados e supl an tarem os resultados excelentes dos tauração da mecânica do quadril.
procedimentos-padrão de artroplastia de quadril. Devem ser reali- A navegação baseada em tomografia comp utadorizada pro-
zados estudos científicos rigorosos sobre esses novos métodos antes porciona informações detalhadas específicas do paciente em
da sua adoção na prática clínica. comparação com as técnicas de imagem livre e fluoro scópica. O
registro durante a operação necessita da digitalização de diversos
pontos da sup erfície óssea do acetábulo, os quais são en tão mape-
CIRURGIA ASSISTIDA POR COMPUTADOR ados no modelo de comp utador. O processo pode ser realizado
com o paciente em posição latera l, sem a necessidade de repos i-
O posicionamento incorreto dos componentes acetabulares e femo- cionamento. A precisão do mapeamento e da navegação pode ser
rais pode comprometer o resultado da artroplastia causando confirmada em tempo real. Durante o pré-operatório, estão dis-
impacto, deslocamento, aumento no desgaste e discrepância nos poníveis in formações detalhadas em relação ao tamanho do com-
comprimen tos dos membros inferiores. O tamanho do paciente, a ponente, ao posicionamento, ao comprim ento do membro, ao
presença de deformidades, a limitação da exposição cirúrgica, o desvio e ao arco de movimento. São necessários o planejamento
movimento da pelve durante a operação, as imprecisões na instru- e a tomada de imagens durante o pré-operatório, mas não é
mentação convencional e a experiênci a do cirurgião são variáveis necessária a tomada de imagens durante o procedimento, o qual
que podem afetar negativamente a precisão do posicionamento dos é, consequentemente, mais rápido do que os procedimentos com
componentes. A avaliação das posições dos compo nentes femorais navegação fluoroscópica.
e acetabulares realizada pelo cirurgião durante o procedimento são Em uma metanálise do uso de navegação para melhorar o posi-
imprecisas em comparação com as tomografias computadorizadas cionamento do componente acetab ular, Beckmann et ai. descobriram
tomadas após a operação. Estratégias tais como a navegação cirúr- que, apesar dos ângulos de inclinação e anteversão da cúpula não
gica assistida por computador estão sendo pesquisadas para melho- serem significativamente diferentes, a navegação reduziu a variabili-
rar a precisão da operação. dade na posição da cúpula e o risco de posicionamento do compo-
A navegação assistida por computador proporciona ao cirur- nente acetabular além da área segura. Os resultados a longo prazo e
gião informações em tempo real sobre o posicionamento do fêmur os dados sobre a relação custo-benefício não estavam disponíveis.
e da pelve em relação um ao out ro e em relação à instrumentação Moskal e Capps chegaram a concl usões similares e perceberam menos
cirúrgica. O monitoramento dessas posições é realizado por meio deslocamentos em quadris com o posicionamento do componente
de um feixe óptico infravermelho estereoscópico que deve ser visível acetabular assistido por navegação. Para avaliar a precisão da navega-
à câmera. A navegação do componente acetabular requer o registro ção na correção do comprimento do membro, Manzotti et ai. compa-
dos marcos ósseos para permitir que o computador determine a raram 48 artroplastias de quadril assistidas por navegação com um
posição da pelve no espaço. Apesar de sistemas de navegação dife- grupo de procedimentos rea lizados utilizando métodos de alinha-
rentes variarem tanto no equipamento quanto nos algorítimos do mento manuais tradicionais. A restauração do comprimento do
software, há três tipos gerais de sistema: imagem livre ("image-free"), membro mostrou-se significativamente melhor no grupo assistido
fluoroscópico e baseado em tomografia computadorizada. por computador. Dorr et ai. relataram o uso da navegação para oti-
A navegação do tipo imagem livre é baseada nos marcos que mizar a restauração do desvio: o desvio foi restaurado dentro de 6 mm
são digitalizados durante a cirurgia sem confirmação por exames de do quadril contralatera l em 78 de 82 quadris.
diagnóstico por imagem. Um quadro de referência é fixado à pelve A navegação ass istida por computador parece eficaz na red ução
e um apontador ótico é utili zado para referenciar as espin has ilíacas de aberrações no posicionamento do componente e pode ser bené-
superiores anteriores e a sínfise púbica por meio de palpação ou fica na restauração ideal da mecânica do quadril. A questão desses
incisões percutâneas. O processo de registro é realizado com o avanços de precisão serem ou não traduzidos em melhorias nos
paciente em posição supina para permitir acesso à espinha anterior resultados e na sobrevivência dos implantes ainda deve ser validada.
oposta. Caso a operação deva ser realizada com o paciente em O custo dos equipam en tos, dos softwares e dos estudos de imagem
posição lateral, o rastreador ótico é montado na pelve, e deve ser necessários pode ser proibitivo para diversas instituições.
preparado e posicionado na área cirúrgica após o reposicionamento
do paciente. Em pacientes maiores, a digitalização imprecisa dos
marcos pélvicos pode induzir a erros. As imagens na tela do com- OSTEOTOMIA TROCANTÉRICA
putador são modelos ósseos padronizados e não refletem a anatomia
específica do paciente. Apesar da osteotomia do trocanter para exposição e refixação lateral
Quando é utilizada a navegação fluoro scópica, os quadros de destinada para o alongamento da alavanca do mecanismo abd utor
referência são novamente aplicados aos ossos. As imagens fluoros- ser parte integral do conceito de Charn ley sobre a artroplastia total
cópicas tomadas de diversos ângulos são combinadas para propor- do quadril, a maioria dos procedimentos é atua lmente realizada sem
cionar in fo rmações tridimensionais. O processo de referenciação osteotomia. Os defensores da osteotom ia ac reditam que, além da
pode ser realizado com o paciente em posição lateral. Caso ocorram oportunidade de ava nçar o trocanter lateral e distalmente durante a
alterações durante o procedimento, novas image ns podem ser cirurgia, o deslocamento do quadri l é mais fác il, a exposição do
adquiridas. Uma mesa cirúrgica radio lucente é necessária e a equipe acetábulo é melhor, a preparação do canal femora l é menos compli-
cirúrgica deve vestir aventais protetores de chumbo. Devem estar cada com menos perfurações indesejadas, o cimento pode ser inse-
disponíveis equipamentos fluoroscópicos resistentes durante o pro- rido de maneira mais perfeita, e os componentes podem ser inseri-
cedimento e deve haver um período de tempo destinado para a dos com mais facilidade e precisão. As desvantagens da osteotomia
ma PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

Glúteo médio
e mínimo-~-~,.,

Grande trocânter--

Vasto lateral -

O@i!;f;:i ~ Uma pinça de pressão para vesícula biliar é inse-


rida na articulação e empurrada pela cápsula posterior até a
O@l!;HE119 Tipos de osteotomia trocantérica e suas relações inserção do glúteo médio para segurar a serra Gigli (veja texto).
com as fi xações musculares: osteotomia trocantérica-padrão com
fixação apenas superior do abdutor (A); deslizamento trocanté-
rico com os abdutores e o vasto latera l fi xados ao fragmento exposição do ílio com menos tensão no feixe neurovascular do
trocantérico (B); osteotomia trocantérica estendida (C). glúteo superior do que seria normalmente alcançada com a técnica
de deslizamento trocantérico. Quando a osteotomia trocantérica-
padrão é realizada, o vasto lateral deve primeiramente ser solto
são um aumento na perda de sangue, uma maior incidência de for- subperiostealmente da face lateral do fêmur distal ao grande trocan -
mação de hematomas, um maior tempo de operação, dificuldades ter. A osteotomia pode ser realizada com uma serra elétrica ou com
técnicas com a fixação do trocanter, pseudoartrose, ruptura de fios, um osteótomo. O procedimento é iniciado distalmente ao tubérculo
bmsite, maior dor no pós-operatório, e atraso na reabilitação. do vasto, e direcionado proximal e mediaimente em um ângulo de
Na maioria dos pacientes, pode ser obtida exposição ade- aproximadamente 45 graus até a diáfise femoral. Ele não deve esten-
quada com as vias de acesso posterolate ral, anterior, anterolateral der-se para o colo femoral e deve ser tomado cuidado especial para
ou lateral direta sem a osteotomia do trocanter. Enquanto a manu- não lesionar o nervo ciático. De modo geral, deve ser removido um
tenção do trocanter em seu estado intacto possui muitas vantagens, grande pedaço do osso com todas as fixações tendíneas do glúteo
a osteotomia pode ser necessária se a anatomia do quadril for médio e do glúteo mínimo subjacente. As outras fixações de tecido
acentuadamente distorcida, como ocorre em casos de anquilose ou mole, incluindo os rotadores externos curtos, são soltas conforme
fusão, protrusão grave dos acetábulos ou displasia de desenvolvi- necessário para permitir a retração sup erior do fragmento trocan-
mento com deslocamento alto do quadril. Ocasionalmente, a frou- térico. A osteotomia também pode ser realizada com uma serra Gigli
xidão residual da musculatura abdutora resulta em instabilidade passada profunda aos músculos abdutores e direcionada lateral-
do quadril, apesar da restauração adequada do comprimento e do mente (Figs. 3-57 e 3-58). Charnley enfatizou a necessidade de
offset. Nesse caso, a osteotom ia trocan térica com refixação distal manter a "faixa" da cápsula lateral intacta da parte superior do ace-
pode melhorar a estabilidade do qu ad ril sem alongar excessiva- tábulo à base do trocanter para tornar a refixação mais estável em
mente o membro. Em procedimentos de revisão, a osteotomia relação ao puxamento das fibras musculares isoladas.
trocantérica facilita a exposição do fêmur e do acetábulo, podendo A tensão excessiva sobre o trocanter pelos abdutores pode ser
ser necessária para extrair o componente femora l sem risco exces- atenuada pela manutenção das fixações de tecidos moles distais no
sivo de fraturas . trocanter. Glassman, Engh e Bobyn descreveram uma técnica de
Três tipos básicos de osteotomias trocantéricas são atual- osteotomia que mantém uma bainha músculo-óssea intacta com-
mente utilizadas na artroplastia de quadril : (l) o tipo convencional posta pelo glúteo médio, trocanter maior e vasto lateral. Essa técnica
ou padrão, (2) o chamado deslizamento trocantérico, e (3) a osteo- foi denominada técnica do deslizamento trocantérico (Fig. 3-59).
tomia trocantérica estendida (Fig. 3-56). Diversas modificações Apesar das taxas de pseudoartrose para esse procedimento serem
foram descritas para cada tipo. Os diferentes tipos são adequados similares às taxas de outras técnicas, a migração superior de mais de
para fins específicos e devem ser adaptados ao procedimento a ser 1 cm ocorreu em apenas 11 % das pseudoartroses, e a incidência de
realizado. Por fim, o método de fixação deve ser adaptado ao tipo insuficiência abdutora e claudicação foi significativamente menor do
de osteotomia. que em séries similares. Atualmente, utilizamos o deslizamento tro-
A osteotomia trocantérica-padrão é indicada quando é neces- cantérico em procedimentos primários e de revisão complexos em
sária exposição extensiva do acetábulo para revisões complexas de vez de em uma osteotomia-padrão. Nem a osteotomia-padrão nem
componentes acetabulares, colocamento de dispositivos antiprotru- o deslizamento trocantérico são ideais quando o leito para refixação
são ou grandes enxertos ósseos estruturais. A retração superior do foi comprometido, tal como quando o trocanter maior foi preen-
trocanter maior e da musculatura abdutora proporciona melhor chido com cimento.
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL

o leito ósseo para refixação de uma osteotomia-padrão foi compro-


metido. Como um grande segmento da cortical femoral lateral é
rem ovido e as técnicas de cimentação são inutilizadas, as osteoto-
mias tro cantéricas este ndid as são usadas apenas quando é anteci-
pada uma reconstrução femoral não cimentada (Técnica 3-5).
Lakstein et ai. descreveram uma técnica modificada na qual a
cáps ula posterior e os ro tadores externos curtos permanecem intac-
tos para reduzir o risco de deslocamento.
O braço de alavanca dos abdutores é estendido de acordo
co m a quantidade de posicionamento lateral ao trocanter osteoto-
mi zado. O qu adril não deve ser abduzido m ais de 10 a 15 graus
durante a refixação do trocanter. Fazê-lo aplicaria estresse exces-
sivo na fixação quando o qu adril é abduzido, podendo ser seguido
pela pse ud oartrose do trocanter. A posição da refixação do grande
tro canter afeta a taxa de consolidação. A redução anatômica ou
uma pequena so breposição distal do trocanter resultam em con-
solidação trocantérica den tro de 6 meses. A fixação do trocanter
com inclinação sup erior e medial residual invariavelmente leva a
h!§il;t.)1E9 Antes da osteotomia do trocanter, um dedo é retardo de consolid ação ou pseudoartrose. Para que a união ocorra
utilizado para garantir que a serra Gigli esteja suficientemente de modo confi ável, deve ser aplicada compressão em toda a oste-
posterior e que o nervo ciático não esteja preso entre a serra e o osso. otomia. A fixação deve estabilizar o fragmento trocantérico quanto
Inserção, A direção da osteotomia é primeiramente distal e então a deslocamentos ver ti cais e anteriores. O deslocamento no plano
lateral ao trocanter solto proximalmente ao tubérculo abdutor. anteroposterior ocorre quando o quadril recebe carga enquanto
em flexão. As falhas de fixação são mais complexas do que os
abdu tores simples mente puxarem o fragmento trocantérico sup e-
riormente. A osteotomi a bipl anar ou chevron apresenta maior
resistência a deslocamentos anteroposteriores do que as osteoto-
mias unipl anares. Tal osteotomi a é útil em procedimentos prim á-
rios complexos, mas não é prática para a m aioria das revisões
devido à perda de ossos necessários não apenas para a realização
da osteotomia, mas também para se u reparo.
Diversas técn icas de fixação com fios metálicos utilizando dois,
três ou quatro fios foram descritas, estando ilustradas nas Figuras
3-60 e 3-6 1. Fios nº 16, 18 ou 20 podem ser utilizados e, como o fio
é mais maleável, é mais fác il de se r apertado, amarrado ou dobrado.
Um apertador (estribo) de Kirschner ou um tensor de fio podem ser
utilizados para apertar o fio. Fios de aço inoxidável, liga de cromo-
cobalto ou liga de titâni o podem ser utili zados dependendo do metal
no componente femoral. Também estão disponíveis cabos de aço
multifilamentares. As extremidades são puxadas por uma curta
bainha metálica, a qual é selada após o cabo ser apertado. Deve ser
tomado cuidado especial para não dobrar ou raspar o fio.
Em nossa experiência, as técnicas de fixação com fios não pro-
porcionam fixação rígida e previsível ao trocanter. Foram relatadas
taxas de pseudoartrose trocantérica de 25% na utilização das técnicas
com fios. Com a tendência na direção de revisões femorais não cimen-
tadas, as técnicas que necessitam da passagem intramedular de cabos
e parafusos tornaram-se difíceis. Na maioria dos casos, preferimos
dispositivos de ti'l:ação por cabos extramedulares (Figs. 3-62 e 3-63).
O[§lhM1&9 Deslizamento trocantérico descrito por Glass- Diversos novos dispositivos com ganchos proximais e uma placa de
man, Engh e Bobyn. A osteotomia é orientada no plano sagital e extensão também estão disponíveis (Fig. 3-64). Deve-se evitar que o
inclui a origem do vasto latera l. (Redesen hado de Glassman AH, Engh quadril sustente todo o peso corporal por de 4 a 6 semanas caso a
CA, Bobyn JD: A technique of extensi le exposure for total hip arthro- fixação não seja rígida. Quando a fixação é menos estável (isto é, com
plasty, J Arthroplasty 2: 11 , 1987 .) um pequeno pedaço de osso ou osso mole, dificuldade de mover o
osso no fêmur, ou perda do leito ósseo para refixação do fragmento
trocantérico), o quadri l pode ser mantido em abdução por meio de
Mais recentemente, diversas técnicas de osteotomia trocanté- imobilização por 6 semanas. (Consulte a seção sobre as complicações
rica estendida foram introduzidas. Em sua essência, elas são osteo- dos problemas de pseudoartrose e quebra de fios.)
tomias femorais proximais nas quais um segmento da cortical Dall desc reveu um a modificação da abordagem lateral direta
femoral lateral de comprimento variável é elevado em continuidade que envolve a osteotomia da porção anterior do trocanter maior em
com o trocanter maior. Essas técnicas apresentam benefício para a vez da divisão da porção anterior da inserção do abdutor no trocan-
remoção de implantes bem fixados em cirurgias de revisão e quando ter. Head et ai. utili zaram um a osteotomia similar em conjunto com
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

f}

A B e
h@mtgi1E!9 Fixação do trocanter por meio de fios metálicos. A, Dois fios verticais são inseridos em um orifício perfurado no córtex
lateral abaixo do tubérculo abdutor. Eles emergem da superfície de corte do colo e um deles é inserido no trocanter osteotomizado.
Dois fios metálicos verticais são apertados e torcidos, e o fio transverso que foi inserido no orifício do trocanter menor e nos dois
orifícios no trocanter osteotomizado são apertados e torcidos. B, Técnica de um fio metálico de Coventry. Após o componente ser
cimentado no fêmur, são perfurados dois orifícios anteroposteriores no fêmur, abaixo da superfície osteotomizada, e dois orifícios no
trocanter osteotomizado. Uma extremidade do fio é inserida pelo arco lateral antes de ser apertado e torcido. C, Técnica de intertra-
vamento oblíquo de cabos de Amstutz para substituição de superfície. (A modif icado de Smit h & Nephew, Memphis, TN; B e C redesen hados
de Markolf KL, Hi rschowitz DL, Amstutz HC: Mechan ica l stability of the greater t rocha nter fol lowing osteotomy and reattachme nt by w iring, Clin
Orthop Rela t Res 14 1: 111, 1979.)

Técnica de quatro fios metálicos Visão lateral

Htijii@1D9 Técnica de quatro fios metáicos de Harris para


refixação do trocanter. A, Dois fios verticais são inseridos pelo
orifício perfurado na cortical lateral, saindo no sulco feito no
colo femoral de modo que não interfiram com o assentamento
do anel. Dois fios transversos são inseridos nos orifícios do tro-
canter menor e nos dois orifícios do trocanter maior osteotomi -
zado. B, Dois fios transversos são amarrados sobre dois fios
vertica is amarrados . Pode-se utilizar um fio transverso em vez H@i!;f41Jm Dispositivo de fixação por cabos de Dall-Miles
de dois. (Redesen hado de Harris WH: Revision surgery for failed, non - para refixação do trocanter. (Redesen hado de Dali DM, Miles AW:
sept ic tota l hip arth roplasty: t he femoral side, Clin Orthop Relat Res Reattachment of the greater trochanter: the use of th e trochanter ca bl e-
170:8, 1982 ) gri p system, J Bane Joint Surg 658 :55, 1983.)
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

O@il;f4E1!9 A, Quinze anos após a artroplastia total de


quadril de Charnley, o afrouxamento acetabular e o desgaste
são aparentes, mas não há evidências de afrouxamento femoral.
B, A expos ição para revisão acetab ular foi melhorada pela
osteotomia com deslizamento trocantérico, mantendo o com-
ponente femoral intacto. A refi xação foi realizada com um dis-
positivo de fi xação por fios metálicos (Dall-Miles) . Os fios são
comp letamente extramedulares e não violam o manto de cimento
no fêmur. A consolidação foi completada em 3 meses.

~ rPla no da osteotomia

Trocanter menor_/
~
O@ll;f;ilJm Osteotomia do trocanter anterior em via de
acesso late ral direta (ver texto) . (Redesenhado de Head WC, Ma ll ory
TH, Berklacich FM, et ai: Extensil e exposure of the hip for revision
arthroplasty, J Arthrop/asty 2:265, 1987 .)

d e quadril. Em alguns casos, as técn icas cirúrgicas rotineiras devem


ser modificadas para atender as demand as de diversas condições. Por
isso, as seguintes entidades são discutid as em sua relação com a artro-
plastia total de quadril. As cirurgias de revisão para artroplastias to tai s
d e qu ad ril malsucedidas são discutidas em uma seção separada.

H@il;fy11E9 Placa de fixação trocantérica Accord. O frag-


mento trocantérico é aprisionado por ganchos proximais. A placa
DOENÇAS ARTRÍTICAS
de extensão é fi xada ao fêmur com cabos de aço de cerclagem e
pode ser utilizada para estab ilizar osteotom ias trocantéricas-pa-
drão ou estend idas. (Cortesia de Smith & Nephew. Memphis, TN. ) • OSTEOARTRITE (ARTRITE HIPERTRÓFICA
PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA, OU ARTRITE
uma via d e acesso lateral direta este nd ida para artroplastias de DEGENERATIVA)
rev isão (F ig. 3-65). Essa abordagem solta apenas o componente rota- A osteoartrite é a indicação m ais co mum para artroplastia total d e
cional interno dos abdutores, m ante ndo intacta a porção abdutora qu ad ril. Ela pode ser primária ou secund ária a pressão femoro ace-
do gl úteo médio. A refixação do fragmento trocantér ico anterior tabular, a traumas prévios ou a doen ças d o quadril. Muitas vezes, a
p ermite a co nsolidação óssea primária e é mais fácil do que a extremid ad e é levemente encurtada , apesar d a discrepância po d er
reali zação d e reparos diretos d o tendão abdutor ao osso. ser supe rior a 1 cm se houve r erosão o u d eformação da cabeça
femoral ou do acetábulo. O quadri l frequentemente é flexion ad o,
rodado extern amente e aduzido, e há e ncurtam ento aparente adicio-
PROBLEMAS CIRÚRGICOS nal do membro devido à deformidade. Menos comumente, o
RELAT~VOS A DOENÇAS membro pode aparentar esta r alongado devido a uma contratura d e
abdução fixa. A remoção dos osteófitos das margens anteriores e
ESPECIFICAS DO QUADRIL posteriores d o acetábulo pode ser necessária para a luxação segura
do qu adril. O osso subco ndral do ace tábulo é espesso e duro,
Desde a década de 1970, foram acumuladas muitas informações sobre podendo se r necessária uma fresagem considerável para se obter
as diversas entidad es para as quais foram realizadas artroplastias totais um a superfíc ie satisfatória para um cresc im ento ósseo d esejado.
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

vertebral em flexão e em extensão para descartar subluxações caso


seja planejada entubação end otraqueal. Podem ser necessários cor-
ticoesteroides adicionais no período pré-operatório.
É necessário um manuseio especial do membro de modo a não
fraturar o fêm ur ou o acetábulo, ou dan ificar a pele. A preparação
do fêmur é geralmente mais fác il, pois o canal é largo, mas a cortical
é fin a e fac ilmente penetrada ou fraturada. Similarmente, o acetá-
bulo é mac io e fac ilmente alargado, e a parede medial é fac ilmente
penetrada. Deve ser tomado cuidado para não fraturar a margem
anterior do acetábul o ou o colo fe moral com os retratores utili zados
para alavancar o fêmur anteriormente. Uma grave osteopenia geral-
mente dificulta a fixação não cimentada, apesar de haver relatos do
uso de componentes femorais e acetabulares em diversas séries.
Podem ser necessários componentes menores, especialmente em
pacientes com artrite reumatoide juvenil, visto que os ossos são
geralmente subdese nvolvidos. Anteversão femoral excessiva e cur-
vatura anteri or do fêmur proximal também são comuns em pacien-
tes com artr ite reum atoide juvenil. Deformidades extremas podem
necessitar de osteotomia femoral.
Q uando são indicadas operações do quadril e do joelho, as
H@il;f4EJm Aprofundamento in adequado do acetábu lo.
opiniões vari am em relação a qu al articulação deve ser operada
A e B, Artrite degenerativa com formação de osteófitos intra-arti-
primeiro. A artroplasti a total do joelho pode ser tecnicamente difícil
cu lares e sublu xação lateral. Os osteófitos mediais não foram remo-
na presença de uma articulação do qu adril artrítica e acentuada-
vidos e a cúpu la permanece em posição lateralizada. A cobertura
mente rígida. Por outro lado, contraturas em grande flexão do joelho
superior é proporcionada apenas por um grande osteófito.
podem predispor o quadril a deslocamentos. Se o envolvimento for
igual, a artroplastia do qu adril provavelmente deve ser realizada
primeiro.
A maioria dos pacientes com artrite re um atoide, incluindo os
Os osteófitos podem cobrir completamente o pulvinar e dificultar a pacientes jovens, ap rese nta alívio de dor e aumento importante de
localização da parede medial. mobilidade após a artroplasti a total de qu adril. As melhorias fun-
Caso a cabeça femora l ten ha sido deslocada lateralmente, os cionais evidenciadas por avaliações de qu adril podem ser limitadas,
osteófitos intra-art iculares infer iores podem tornar o osso conside- entretanto, por outras articul ações envolvidas. Como os pacientes
ravelmente mais espesso, e pode haver a necessidade de aprofunda- são relativa mente inativos, eles não impõem demandas físicas sobre
mento do acetáb ulo para receber a cúpula (Fig. 3-66). Nesse caso, o quadril. Apesar da incidência de rad iotransparências aos 10 anos
falhas na med ialização do ace táb ul o podem deixar a parte sup erior ser alta, os pacientes co ntinuam a funcionar bem com suas deman-
da cúpula sem suporte ou suportada primariamen te por osteófitos das reduzidas. Na maioria das séri es, as radiotransparências e as
em vez de osso. Deve-se estar atento à cuidadosa remoção dos oste- demarcações são mais com uns no acetáb ulo do que no fê mur para
ófitos acetab ul ares para evitar impactos, diminuições da amplitude fixações cimentadas e não ci mentadas.
de movimento e luxações. A osteotomia troca ntérica geralmente é
desnecessária, mas muitas vezes o trocanter maior está aumentado
e deve ser removida algum a quantidade de osso de suas superfícies OSTEONECROSE
anterior e posterior para evitar impac tos durante a rotação.
O diagnóstico e o trata mento da osteonecrose da cab eça fe moral
• ARTRITE REUMATOIDE aind a co ntinuam sendo um desa fi o. Em alguns casos, a causa da
A artroplastia total de quad ril é indicada para aliviar a dor e aumen - osteonecrose pode ser ide ntificad a como es tando associada com
tar os movimentos de pacientes com artrite reumatoide e outras alcoolismo, corticoesteroides, transplantes renais, do ença de
doeças do coláge no, tais como artrite reum atoide juvenil crôni ca caisso n e di ve rsas o utras doenças (a anemia falciforme e a doença
(doença de Still), artrite psoriática e lúpus eritomatoso, especial- de Gaucher são di sc utidas se paradamente) . Em di versos pac ien-
mente qu and o o envolvimento é bilateral. As art roplastias de joelho tes com osteonecrose da ca beça femora l, não foram identifi cadas
e de outras articul ações podem ser necessárias. Geralmente, esses doenças e, nesses pac ientes, a osteonecrose é classificada como
pacientes são deficientes e possuem di versos graus de dermatite, idiopática. Pacientes co m osteonecrose atra um ática podem
vasculite, fragilidade cutânea, osteopenia e musc ul atura frágil. Além poss uir do enças bil aterais do quadril e geralmente aprese ntam
disso, eles receberam ou recebem corticoesteroides e outros imunos- evidências radiográficas ou por resso nância magnéti ca de envol-
supressores. Consequentemente, os riscos de fraturas e infecções vimento bilateral.
durante a cirurgia são maiores. A cabeça femoral pode estar parcial- No denominado grupo idiopático e em pacientes com osteo -
mente ausente devido à erosão ou osteonecrose, e pode haver algum necrose relac ionada a co rticoesteroides sem colapso sub co ndral
grau de protrusão acetabul ar. ou alterações artríticas significativas do quadr il (estágios I e II) ,
A limitação dos movi mentos da coluna cervical, das extremi- os sintomas podem ser aliviados po r descompressão, conforme
dades superiores e das articulações temporomandibulares compli- defendido po r Hungerford , por enxer tos fibulares vasc ul ari zados
cam a anestesia, podendo ser necessária a utilização de técnicas com ou por osteotomia em va lgo com ou sem enxe rtos ósseos (Cap. 6) .
fibra óptica (broncoscopia flexível) para entubar o paciente de modo A fusão do quadri l não é recomendada, pois o envo lvimento
seguro. São aconselháve is no pré-operatório rad iografias da coluna geralmente é bilateral. A artropl as ti a de recapeamento de
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL --

s up er fíc ie ("resurfacing") é recomendada apenas se o segmento


avasc ul ar cons tituir um p eq ue no seg m ento da cabeça femoral
(gera lmente < 50%). O recap eae m ento d e s up erfíc ie apenas d a
cabeça femoral é uma opção como procedime n to interino caso o
ace tábulo es teja n o rmal.
Muitos d esses pacientes poss uem de 24 a 45 anos d e id ade e
os proced imentos totais d e q uadr il não se mos traram tão satisfa-
tó rios n esse grupo quanto em pacientes mais velhos o u com osteo-
ar trite. Há diversos relatos de resultados insat isfatórios em
pacientes operados na primeira geração de procedimentos cim en -
tados, mas os res ultado s podem ser mais favoráve is com a m elh o-
ri a dos métodos, materiais e d esen hos. Res ultados m elhores fora m
relatados com o uso de cabeças d e ce râ mica alumina com poli eti -
leno al tame nte reticulado ("crosslinked"). Em um acompanh a-
m en to de, em m édi a, 8,5 anos, o d esgaste fo i baixo e não h o uve
osteólise o u afro uxam ento asséptico no quadril. O uso dessas
sup erfíc ies d e rolamento s avançadas p arece ser particularme nte
útil nessa popu lação jovem .
Co m osteonecrose, a cápsul a e a proliferação de tecid o sino- O@il;t·)EJm Protrusão acetabular primária. Pelve de Otto em
via l gera lm ente são hiperêm icos, e pode ocorrer uma hemorragia mulh e r de 52 anos. A caveça femoral migrou mediaimente à lin ha
co nsid erável qu ando este último penetra n a cáps ul a. Geralmente, ilioisq ui át ica (linha de Kohler) . O movimento do quadril está
h á uma grande efusão sin ovial e pode have r suspeita d e infecção, graveme nte limitado.
apesar de incomum. Caso o enxe rto ósseo cor ti cal da cabeça
femora l tenha sido realizado anter ior m en te, co m o, por exemp lo,
um en xerto fibu lar vascularizado, deve-se prestar atenção à
remo ção compl eta d a porção int ram ed ul ar do e nxe rto. Fresas e med ições radiográficas. Ranawat, Dorr e lnglis propuseram um
raspas conven cio nais não são eficazes nesse se ntid o. Fehrle et a i. método para determinar o centro de rotação do quadril por m eio
d esco briram que componentes femora is subdim e ncio nado s e com d as relações radiográficas da linhas Kohler e Shenthon e da ai tura
colocação em varo e ram comuns d ev ido à remo ção in ad equada d o d a pelve. Apesar do método ser útil para medições radiográficas, ele
en xerto, espec ialmente n a fossa troca nté ri ca. Eles recomendaram ajuda na co rreção do centro de rotação do quadril para sua p osição
a remo ção dos resquícios d e enxe rtos co m uma fresa de a lta velo- anatômi ca d urante a cirurgia. Geralmente, a relação entre a cúpula
cid ade e a utili zação d e radiografias dura nte a operação co m a protética e a borda acetabular restante, bem como a medição do s
raspa em posição para assegurar a reti rada adequada do enxerto e d efeitos ósseos mediais e superiores restantes em comparação com
um bom en caixe femoral. as m edi ções pré-operatórias, podem aj udar a mover o centro do
qu ad ril para uma posição m ais lateral e inferior. A ad equação da
co rreção d a deformidade está relacionada à sobrevivência a longo
PROTRUSÕES ACETABULARES prazo d a prótese (Fig. 3-69) .
Geralmente, devido à migração medial do fêmur, o nervo
As protrusões intrapélvicas dos acetábul os po d em ser primárias ou ciático está mais próximo da articulação do que o n ormal e, conse-
sec und árias. A forma primária, ou a rtrocatad ese (pelve d e Otto), quentem ente, ele deve se r identificado m ais cedo durante a operação
envolve ambos os lados do qu adril e ocorre m ais freq uentem ente em e devidamente protegido. Ocasionalmente, a osteotomia trocanté-
mulh eres mais jovens, causando d ores e limitações de movimento rica pode ser necessária para obter exposição. A luxação do q uad ril
em id ad es relativam enete men o res (Fig. 3-67). A for m a secund ária pode ser extremamente difícil e a remoção de uma pequena porção
pode ser causada por migração de uma endoprótese, artrite séptica sali ente da parede acetabular posterior pode facilitá-la. Nos casos
ou fratura prévia do acetábuJo. Ela pode esta r presente bilateral- graves, a cabeça femoral fica presa d entro do acetábulo e o desloca-
m ente na doença de Paget, na aracnoidactilia (sínd rome d e Marfan ), m ento é impossível. Nesse caso, o colo femoral d eve ser osteotomi-
na artrite reumatoide, na espondilite anquil osante e na osteoma lá- zado in situ no ângulo adequado. É necessário soltar consideravelmente
cia. O sinal radiográfico da protrusão ace tabular é a migração medial a cápsula para mover a epífise fem oral para fora da incisão. A cabeça
da cabeça femora l além d a linha ili o isqui ática (Ko hle r) . A deformi- femoral é removida do acetáb ulo com um instrumento helicoidal o u
dade pod e progredir até que o trocanter m aior pression e a lateral d a um pino rosqueado. Caso ela esteja firme no acetábulo, deve ser
pelve. Frequentem ente, h á tamb ém um a defo rmidade em varo do seccionada e rem ovida em pedaços. A pared e medial do acetábulo
co lo femoral. é gera lmente fina , po d endo ser parcialmente membran osa, e não
Os princípios da reconstrução d e uma deform idad e de protru- deve ser penetrada. O fresamento m edi al é desnecessário. Em vez
são são os seguintes: ( 1) o ce ntro d o quadril deve ser colo cado em disso, a cartilagem e os tecidos moles são removidos com um a
posição anatôm ica para restaura r a bi om ecâni ca correta da articu- cureta. O assoalho esclerótico e liso é transformado em áspero uti -
lação, (2) a borda periférica intacta do acetábulo deve ser utilizad a lizando-se urn a cureta o u osteótomo, mas com cuidado para evitar
para supo rtar o componente acetabula r, e (3) defeitos cavitários e a penetração pélvica.
segmentares restantes n a pared e med ial devem ser reconstruíd os, A borda perifé rica do acetábulo es tá intac ta quando ocorrem
preferencialm ente por enxertos ósseos (F ig. 3-68). A determinação d efor midades de protrusão. Pode -se confiar nessa borda para pro-
da localização anatômica do cen tro rotac ional do quadril e do grau porcionar estabilidade para cúp ul as n ão cimentadas, m as ela d eve
d e migração causado p ela protrusão progressiva pode ser d ifícil. ser preparada cuidadosamente. Quando a cabeça femoral está em
Variações na fl exão e na rotação d a pelve podem distorcer as protrusão pa ra dentro da pelve, um a deformidade em forma d e
11111!) PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

IUêiihf!iEJm9 Recon strução para deformidade de protrusão acetabu lar. A, Protrusão em uma mulher de 52 anos de idade com lúpu s.
B, Após artroplastia total de quadril. O centro de rotação do quadril foi restabelecido para uma posição mais lateral e inferior. O com-
ponente acetabular grande permitiu a fixação sem a necessidade de parafusos e os deficits mediais foram enxertados com osso espon-
joso da cabeça femoral, apresentando incorporação excelente. A resecção baixa do colo e a haste com offset alto ajudaram a evitar
que o membro fosse alongado em demasia.

encaixar confortavelmente na abertura do acetábulo. A fresa é inse-


rida apenas até estar nivelado à borda, não se ndo fresada a pared e
m edial. Fresas acetabulares progressivamente maiores são inser i-
das do m esmo modo até que seja criada uma borda convergente
larga o bastante para suportar o componente acetabular (Fig. 3-70B).
As paredes anteriores e posteriores são palpadas frequentemente
durante o a largamento para evitar remoção excessiva de osso o u a
criação de defeitos segmentares completos nas paredes anteriores
ou posteriores. Qualquer deficit segmentar ou cavitário reman es-
cente mediaimente deve ser enxertado com osso partic ularmente
esponjoso, laminado (wafe rs) ou enxerto sólido da cabeça femoral,
sendo impactado utilizando-se a última fresa girando-a algumas
voltas na direção inversa. Componentes de l a 2 mm maiores do
que o tam anho da fresa final melhoram a estabilidade n a bord a
preparada (F ig. 3-70C).
Sloof et al. popularizaram a técnica d e enxerto impactado do
acetábulo para correção d e protrusão associada à artrite reuma-
toide e procedimentos d e revisão. Enxertos esponjosos picados
medindo de 0,5 a l cm são impactados contra os defeito s acetabu-
lares m edi ais, sendo colocado um pedaço de malha sobre o en xe rto.
Um componente acetabular convencional é então cimentado a essa
O!iji@!EJm9 Recon strução incompleta de protrusão. A, Logo es trutura. A carga sustentada pelo quadril é retardada por 3 m eses.
após a cirurgia. O centro rotacional do quadril permanece em Em um a série de 36 quadris com protrusão ca usa d a por artrite
posição superior e medial. A parede medial foi perfurada. B, Pro- reumatoide, Sloof et al. relataram uma taxa de so brevivência de
gressão da deformidade com afrouxamento da cúpula e destrui ção 90% após 12 anos utili zando- se a técnica de e nxe rto impactado.
da parede medial. Apesar da técnica não ser amplamente utilizada, a abordagem de
Sloof foi adapta da para utilização em procedimentos de revisão
femoral, obtendo ampla aceitação (consulte discussão adi a nte sobre
en xerto impactado d o fêmur).
ampu lheta é criada e as paredes da perife ri a do acetábu lo diver- A correção cirúrgica do acetábulo em protrusão gera lmente
gem (Fig. 3-70A). Se apenas a periferia do ace tá bulo for a largada, envolve o alongamento sig nificativo do membro. Os pacientes co m
as paredes podem convergir. O componente acetabu lar é estab i- deformidade bilateral devem ser alertados sob re isso antes d a cirur-
li za do na borda modifi ca d a e não se pod e confiar na parede gia. O alon ga mento ocorre em ambos os lados da articulação, o
medial fina ou d eficiente para ev ita r um a deformidade recor- centro de rotação do acetábulo é trazido para uma posição mai s
rente. O preparo com fresa é iniciado com a m a ior fresa que se inferior e lateral enquanto a parte femoral é alongada devido à
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Gii

h@mf.!EE!9 Inserção do componente acetabular para protrusão. A, As periferias das paredes acetabulares são d ivergentes, e o
centro de rotação do quadri l está deslocado superior e mediaimente. B, O alargamento periférico cria uma nova borda com paredes
convergentes. C, O componente implantado está estável na borda preparada. O centro rotacional do quadril mudou do ponto A para
o ponto B, estando agora em uma posição mais anatômica.

h(ril!;ftjEIJ1t Subluxação ou deslocamento em doen ça displástica do quadril (DDQ). A, Quadril displástico com defeito na área
superior do acetábulo. B, Deslocamento congênito intermediá rio com falso acetábulo acima do acetábulo verdadeiro, geralmente com
um sulco raso conectando-os. C, Lu xação alta do quadril, com algum osso reativo na lateral do ílio, onde há impacto com a cortical.

deformidade em varo prévia do colo. Descobrimos que uma ressec- A complexidade da reconstrução é influenciada pelo grau de
ção do colo femoral em um nível baixo em conjunto com um com- anormalidade anatôm ica (F ig. 3-71). A classificação de Crowe et
ponente femoral com melhora no desvio (F ig. 3-17) é útil na ai. foi utili zada para descrever o grau da displasia, sendo baseada
minimização do alonga mento do membro e na manutenção de esta- na magnitud e da migração femoral proximal em relação ao acetá-
bilidade articu lar adeq uada (Fig. 3-68). bulo, que é med ida em radiografias anteroposteriores da pelve. A
migração é ca lcul ada pela distância vertical entre a linha que passa
no meio da "gota de lágrima" do quadril e a junção m ed ial entre
DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO cabeça-colo do quadril envolvido. O grau de subluxação é a razão
QUADRIL entre essa di stância e o diâmetro vert ical da cabeça femoral oposta.
Caso a distância da junção medial entre cabeça e colo até a linha
Na cirurgia para displasia do desenvolvimento do quadril, a seleção seja metade do diâm etro vert ical da cabeça femoral oposta, o gra u
adequada dos pacientes é crucial. Devem ser consideradas osteoto- de su blu xação é de 50%. Em pacientes que tamb ém apresentam
mias pélvicas ou periacetabulares para pacientes mais jovens co m deformidade na cabeça femoral oposta, o diâmetro ve rtical da
espaço cartilaginoso presente nas imagens radiográficas. A artro- cabeça femoral é estimado co mo sendo de 20% da altura de toda
plastia total do quadril é geralmente necessária para os pacientes a pelve, medida do topo da crista ilíaca à parte inferior das tub e-
com artrite sintomática secundária à displasia. rosidades isq uiais. Quadris displásticos são classificados de acordo
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

com o grau de subluxação : tipo I, menos de 50%; tipo II, de 50% facilita o alongamento do membro, melhora a função abdutora e,
a 75%; tipo III, de 75% a 100%; tipo IV, superior a 100%. na maioria dos casos, coloca o componente acetabular na melhor
Além da migração proximal do fêmur, deformidades graves porção de osso disponível. Os estudos a longo prazo descobriram
dos ossos e dos tecidos moles são de importância cirúrgica. A cabeça que a freq uência de afrouxamento é duas ou três vezes maior
femoral é pequena e deformada . O colo femoral é estreito e curto, quando a cúpula é colocada fora do acetábu lo ve rdadeiro em con -
com anteversão variável, mas frequentemente acentuada. O tro- traste com sua colocação no acetáb ul o verdadeiro.
canter maior é gera lmente pequeno, estando frequentemente loca- Com quadris Crowe do tipo I, há relativamente pouca defor-
lizado posteriormente. O canal femoral é estreito. Dunn e Hess midade óssea e o componente acetabular pode ser colocado no
descobriram que sua largura média, em uma posição 2 cm inferior acetábulo ve rdadeiro sem dificuldades. A medialização do assoalho
ao trocanter menor, é de apenas 1,5 cm. A pequena largura do do acetábulo proporciona contenção adequada para um componen-
fêmur e o aumento da curvatura anterior do terço proximal difi- te-padrão. Em quadris Crowe dos tipos II e III, quando a cúpula é
cultam a preparação do canal. Caso a cabeça femoral esteja sublu- colocada no acetábulo verdade iro, um grande deficit segmentar
xada e tenha migrado proximalmente, o acetábulo é oblongo e seu superior mantém a fa lta de cobertura superior do componente (Fig.
teto está erodido. Em deslocamentos altos e intermediários, o pres- 3-74). Na maioria dos pacientes, não é necessário realizar enxertos
sionamento da cabeça femoral sobre o ílio estim ul a a formação de se o componente acetabu lar for colocado em urna posição ligeira-
um falso acetáb ul o, o qual geralmente não é profundo ou largo o mente alta, contanto que não esteja laterali zado.
suficien te para a contenção da conc ha protética. Geralmente, o Apesar dos relatos preliminares de enxertos acetabulares afir-
osso mais espesso disponível é o acetábu lo verdadeiro e, se possí- marem que o afro uxa mento acetabular ocorre em até 47% dos casos,
vel, a cúp ula deve ser ali implantada (Fig. 3-72). outros relatos de enxertos acetabu lares em displasias do desenvolvi-
Os músculos abdutores são geralmente subdesenvolvidos e mento do quadril mostraram-se mais positivos, com afrouxamento
orientados mais transversalmente do que o normal. Os adutores, o em aproximadamente 15%.
psoas, o jarrete (isqueotibiais) e o reto femora l geralmente são mais A técnica é o fator mais importante na obtenção de sucesso
curtos. A cápsula é alongada e engrossada. Pode se r necessário rea- com enxertos ósseos acetab ul ares. Toda a cartilagem e os tecidos
li za r capsulectomia e tenotomia do psoas, reto femoral e adutores moles são removidos das áreas de contato entre o osso doador e o
para corrigir a deformidade. O nervo ciático não se apresenta em osso hospedeiro. O enxerto é preparado com uma serra oscilante
seu comprimento normal e é suscetível a estiramentos quando as e o leito acetabular é preparado com uma cureta. O encaixe do
deformidades ósseas e de tecidos moles são corrigidas. enxe rto ao hosp edeiro é crucial. A cabeça é colocada no defeito
Antes da cirurgia, devem ser meticulosamente avaliadas as em sua posição mais congruente. O enxer to deve ser posicionado
radiografias anteroposteriores da pelve e do fêmur proximal, além sob um apoio do osso hospede iro capaz de suportar o peso e as
de uma radiografia lateral do fêm ur, para determinar a quantidade trabéculas do enxerto devem estar alinhadas com as forças de
de osso disponível para fixação da cúpula acetabul ar, o nível no qual sustentação. São utilizados fios de Kirschne r lisos para fixar o
ela deve se r fi xada, os problemas que serão possivelmente encontra- enxer to provisoriamente. A fixação definitiva é realizada com dois
dos no preparo do canal femoral devido à curvatura anterior e à ou três parafusos interfragmentários com arruelas . Os parafusos
largura estreita, a necessidade de osteotomia femoral, bem como o devem estar paralelos e alinhados às forças de sustentação. Eles
tamanho e o tipo de componentes a se rem utilizados. Em pacientes devem se r inseridos com técnica interfragrnentar cuidadosa e o
com deslocamentos unilaterais, o alongamento da extremidade enxerto deve ser perfurado, caso necessá ri o, para permiti-la . A
afetada durante a cirurgia é desej ável para corrigir parte ou toda a moldagem inicial do enxerto é reali zada com uma fresa de alta
disc repância nos comprimentos dos membros. Não devem ser pla- velocidade. A moldagem final do enxerto e do acetábulo remanes-
nejados mais de 3 ou 4 cm de alongamento. Geralmente, o alonga- cente é realizada com fresas hemisféricas. Deve-se tomar cuidado
mento da perna é balanceado em algum grau pela necessidade de durante o alargamento para evitar pressão demasiada sobre o
encurtamento do fêmur para a colocação da cabeça femoral no enxerto. Por essa razão, preferimos preparar e alargar o enxerto
acetábulo verdadeiro. antes da fixação definitiva com parafusos (Fig. 3-75) . Desse modo,
Acetábulos displásticos rasos podem necessitar de compo- as locali zações finais dos parafusos são selecionadas após o enxerto
nentes acetab ulares muito pequenos (::; 40 mm). Implantes desse estar preparado, não sendo comprometidas durante a fresagem.
tamanho não são geralmente parte dos co njuntos- padrão de A moldagem final da margem lateral do enxe rto também pode ser
implantes e provavelmente deverão ser solicitados previamente. realizada nesse ponto com um componente acetabular de teste
Deve ser utilizada uma cabeça femoral de 22 mm, pois pode ser colocado em posição antes da fi xação final com parafusos. Caso
difícil manter uma espessura adequada de polietileno quando são um a porção do enxerto esteja proeminente além da margem lateral
utili zadas cabeças maiores em conju nto com cúpulas pequenas. da cúpula, essa parte que não é pressionada provavelmente será
Charnley e Feagin alertaram que não mais de 5 mm da cúpula reabsorvida com o tempo (Fig. 3-76).
devem protrudir-se além do osso. Se possível, toda a cúpula deve A taxa de consolidação e reabsorção, bem como a viabilidade
estar confinada no osso e a parede medial do acetábulo deve per- a longo prazo dos enxertos acetabu lares, são motivos de preocupação.
manecer intacta. Foram propostas fraturas intenciona is da parede Sanzén et ai. relataram não haver incorporação de enxertos ósseos
medial reali zadas de modo a obter-se cobertura lateral, mas não se corticais. A reabsorção limitada d a face lateral do enxerto ocorreu
trata de uma técnica universalmente aceita. em 20 de 32 quadris , mas a reabso rção envolvendo o osso que
A maioria do s autores recomenda a colocação do compo- sustentava a cúpula ocorreu em apenas três quadris (F ig. 3-76) .
nente acetabular no acetábulo verdadeiro (F ig. 3-72) em vez de A verificação por radioisótopos (cintilografia) não mostrou correla-
manter o centro de rotação em uma posição deslocada superior- ção entre reabsorção óssea, pseudoartrose ou perda da estrutura
mente com a cúpula no acetáb ulo fa lso (Fig. 3-73). Essa localização óssea. Na maioria dos casos relatados de afrouxamento acetab ul ar
medial e inferior diminui as forças de contato da articulação em após grande quantidadade de enxerto ósseo no acetábulo, este
comparação com a posição deslocada superior e lateralmente do e1ue rto apresentou-se viável e a revisão foi realizada sem necessi-
acetábulo falso. Além disso, a colocação no acetábulo verdadeiro dade de realizar enxer tos ad icionais.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

O@il;tjEfm Displasia de desenvolvimento. A e B, Mulher de 32 anos de idade com osteotemias femorais e acetabulares prévias.
Há displasia residual Crowe do tipo 1. O fêmur possui anteversão excessiva com curvatura anterior e retenção de materiais. C e D,
Componente acetabular pequeno colocado no nível do acetábulo verdadeiro. Foi necessária osteotomia femoral para corrigir deformi-
dades angulares e rotacionais.
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

1Uijli;f!'E!f.i9Coloca çã o da cúpu la no acetábulo falso. A, Deslocamento em uma mulher com 35 anos de idade. B, A cúpula foi implan-
tada no acetábulo falso com um centro de rotação mais alto. O membro permanece 4 cm mais curto e a função abdutora é ruim .

lj@ii;Hm9 En xerto do defeito segmentar superior do acetábulo com parte da cabeça femoral. A, Sequela da displasia em mulher
de 54 anos de idade. B, Soquete não cimentado colocado no acetábulo verdadeiro. O enxerto autógeno é fixado com parafusos e cobre
cerca de 30% do implante. C, Após 5 anos, o enxerto apresenta-se consolidado e a cúpula está estável.

Não há potencial para crescimento ósseo invasivo a partir dos em posição deslocada sup eriormente. Deslocamentos superiores e
enxertos ace tab ul ares maciços. Ainda deve ser determinado o per- sup ero medi ais isolados resultam apenas em um aumento limitado
centual do componen te implantado que deve estar em contato com das forças de contato. Na reconstrução de um quadril com o centro
osso hospedeiro viável de modo a obter estabilidade no longo prazo. alto do quadril ("high hip center"), uma maior quantidade da super-
Esse problema e a falha de grandes enxe rtos levaram Harris a defen- fície porosa pode se r colocada contra osso hospedeiro viável.
der a colocação de um componente acetabular pequeno e poroso Quando uma cúpula pequena é colocada em posição superior e
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

O@l!;tijEJm Enxerto ósseo, face superior e posterior do acetábulo . Cabeça femoral grande com algum colo (A) cortada no plano
coronal (B) de modo que a parte superior seja um pouco mais que metade da cabeça. C, Pedaço ósseo e líptico de espessura completa
cortado com uma serra osci lante. Essa superfície côncava do enxerto é colocada sobre a superfície convexa da pelve acima e posterior
do acetábulo. D, O enxerto é rotacionado 90 graus e outro corte e lípti co é feito, sendo ligeiramente menor do que o diâmetro do
acetábulo. São necessários diversos ajustes para que o enca ixe apresente contato máximo com o osso subjacente . E, O enxerto é fixado
temporariamente ao osso subjacente com dois fios de Kirschner. F, Quatro parafusos fixam o enxerto à pelve. São utilizadas brocas de
a lta velocidade e raspas para o acabamento final do enxerto.

acetábulo falso e o local do acetábulo verdadeiro pode não estar ime-


diatamente aparente. Uma borda óssea geralmente separa o acetábulo
verdadeiro do falso, devendo ser utilizada como referência para a
realização de uma dissecção inferior. O ligamento acetabular trans -
verso pode ser localizado ao longo da fossa cotiloide, retendo alguma
gordura atrófica do pulvinar. Um afastador colocado inferiormente ao
ligamento transverso e no forame obturador garante que a dissecção
seja realizada distante o suficiente para colocar o componente no
acetábulo verdadeiro. O fundo do acetábulo geralmente pode ser
enganoso, pois este pode estar preenchido com osso. A remoção do
pulvinar expõe o fundo da fossa cotiloide e a parede medial do ace-
tábulo, permitindo que o cirurgião determine o grau de mediatização
que pode ser alcançado com segurança durante a fresagem. Caso a
li!§il;@E1Z9 Reabsorção de e nxe rto ósseo autó logo. A, Após fossa cotiloide não esteja aparente, pode ser perfurado um orifício
artroplastia total do quadril com en xerto autó logo da cabeça para utilização de um medidor de profundidade de modo que possa
femoral para defeitos segmentares superiores e posteriores. O ser determinada a espessura do osso disponível. A parede anterior do
enxerto apresenta união após 6 meses. Parte do enxerto projeta- acetábulo geralmente é fina e pode ser penetrada com facilidade, mas
se a lém da margem do componente. B, Dois anos após a ciru rg ia, a parede posterior geralmente é espessa. Quando é necessária a fresa-
a parte lateral não pressionada do enxerto foi reabsorvida. Note a gem anterior e posterior do acetábulo, uma quantidade maior de osso
migração medial das arruelas. A fun ção é excelente, o compo- é resseccionada da parede posterior do que da parede anterior. Qual-
nente acetabu lar não apresenta sinal de migração e não houve quer alargamento deve ser realizado com cuidado de modo a não
reabsorção do enxerto que sustenta a cúpula. comprometer as margens do acetábulo e não penetrar a parede
medial. O osso é geralmente muito macio e as fresas finais devem ser
utilizadas ao inverso para alargar o acetábulo por impacto em vez de
medial, entretanto, o impacto femoropélvico e a instabi lid ade tor- removendo o osso.
nam-se problemas. A ressecção de uma grande quantidade de osso A fixação do acetáb ulo por meio de parafusos transacetabu-
da coluna anterior adjacente ao ramo púbico sup erior e do ísquio lares é geralmente necessária devido às deficiências e à osteopenia.
é geralmente necessária para permitir o movimento e redu zir o Liu et ai. utilizaram tomografias computadorizadas tridimensio -
risco de luxação. nais para simular a colocação do componente acetabular dentro
Com um deslocamento superior, como em Crowe do tipo IV, o do acetábulo verdadeiro em quadris com displasia Crowe do tipo
acetábulo é hipoplástico, mas sua borda supe rior não foi erodida pela 4, descobrindo que o centro de rotação é movido an teroinferior-
cabeça femoral. Geralmente, a reconstrução pode ser realizada com mente. Consequentemente, a "zona segura" para colocação de
componentes acetabulares convencionais e muito pequenos colocados parafusos (Fig. 3-40) é mais estreita. Parafusos colocados na parte
dentro do acetábulo verdadeiro sem enxerto ósseo estrutural. Quando medial do quadrante posterossuperior apresentam risco de lesionar
o quadril é inicialmente exposto, a cabeça femoral está deslocada do os vasos obturatórios.
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

o uso de componentes com hastes pequenas e retilíneas para garan-


tir encaixe adequado e permitir espaço para um manto adequado
de cimento.
Sponseller e McBeath descreveram uma técnica de encur-
tamento femora l subtrocantér ico utilizando o componente
femoral para fixação intermedular. Essa abordagem permite a
correção de anteversão femora l excessiva e o deslocamento pos -
terior do trocanter maior ao evitar osteotomias trocantéricas e
o potencial de pseudoartrose. A arquitetura da metáfise proxi-
mal do fêmur é preservada e as orientações do trocanter maior
e dos abdutores são corrigidas para restaurar a mecânica do
A_} quadril, evitando instabilidade e claudicação. Um desenho-pa-
drão de haste também pode ser utilizado. Além disso, o nível da
osteotomia femoral proporciona exposição excelente do acetá-
bulo se for necessário enxerto ósseo estrutural (Fig. 3- 78). O
fêmur é provisoriamente preparado com fresas e raspas antes da
osteotomia femora l. A profundidade do alargamen to do canal
dista l deve considerar o comprimento do segmento femoral que
será removido para encurtamento. A osteotomia é feita dista l-
mente ao trocanter menor e os dois fragmentos são retraídos ante-
riormente para a preparação acetabular e para o implante. A redução
de teste é então realizada com o componente femoral só no
iâ[dii;@EliJI Osteotomia de Dunn e Hess do trocanter maior fragmento proximal. É ap licada tração ao fragmento femoral
e ressecção da metáfise femora l proximal. O trocanter é resseccionado
distal e a parte sobreposta é resseccionada. A preparação final
ao longo das linhas A e B para criar fragmentos maiores, facil itar a
do fragmento distal é então realizada. Pode ser necessária urna
ref ixação e aumentar o bra ço de alavanda abdutora. A metáfise é
haste de diâmetro maior para se obter um encaixe firme após
dividida na linha C. (De Dunn HK, Hess WE: Total hip reconstrudion in
remover o fragmento do fêmur. Os dois fragmentos são reduzi -
chronically dislocated hips, J Bane Joint Surg 58A838, 1976.)
dos, o fragmento proximal é rotacionado em 10 a 15 gra us de
anteversão e o local da osteotomia é aparado para a aposição
idea l. A haste final é implantada mantendo-se a rotação ade-
quada dos fragmentos e do implante. A haste deve ser rotacio-
Quando o centro de rotação do acetábu lo apresenta poucas nalmente estável dentro de ambos os fragmentos para garantir
alterações, como em disp lasias Crowe dos tipos I e II, o compri- a consolidação. A cerclagem profilática do fragmento distal (ou
mento femora l não é problemático e a reconstrução é geralmente de ambos os fragmentos) ajuda a evitar fraturas, visto que é
simples. Hastes de di âmetros pequenos, cimentadas ou não cimen- necessário um encaixe bem firme. A porção resseccionada do
tas, são geralmente satisfatóri as. O componente femoral deve ser fêmur pode ser bivalvulada e colocada sobre a osteotomia como
colocado em posição neutra ou com leve anteversão em relação ao enxertos de sobreposição. Becker e Gustilo relataram a utilização
eixo da art iculação do joelho. A anteversão do colo femoral pode de uma osteotomia em formato de "V" para melhorar a estab i-
ser enganosa ao posicionar o componente femoral, podendo lidade rotacional. Osteotomias oblíquas curtas ou com cortes
ocorrer instabilidade anterior, particularmente se o componente escalonados fixadas com cerclagem também proporcionam
acetabular tiver sido colocado com anteversão ad icional. Pode-se melhor estabilidade rotaciona l do que a osteotomia transversa,
corrigir a anteve rsão femoral excessiva com um componente mas possuem um grau de dificuldade técnica maior. Utilizamos
femora l não cimentado modular que possa ser rodado em qual- uma haste modular com ranhuras distais para obter estabi lidade
quer grau de versão (Fig. 3-26). Entretanto, isso não corrige o rotacional em osteotomias transversas, e a consolidação provou-se
deslocamento posterior do trocanter maior, o que pode causar confiável (Fig. 3-79).
impacto durante a rotação externa . Na maioria dos casos, a artroplastia total de quadril pode
Para os quadris Crowe do tipo III e IV, o comprimento ser realizada sem a osteotomia do trocanter; mas, se a extremi-
femoral é mais problemático. Quando a cúpula protética é colo- dade de uma redução de teste do trocanter sofre impacto no
cada no acetábulo verdadeiro, o fêmur deve ser tracionado distal- rebordo pélvico quando o quadril está abduzido, ela deve ser
mente alguns centímetros para red uzir a cabeça femoral protética osteotomizada e refixada distalmente. Além disso, se o trocanter
dentro do acetábulo. Frequentemente, os tecidos que mais limitam estiver posterior e houver impacto com o rebordo posterior do
esse des locamento distal são os isqueotibiais e o reto femoral em acetábulo durante a rotação externa, ele deve ser osteotomizado
vez dos abd utores . Em tais casos, uma osteotomia de encurtamento e refixado mais lateralmente. A abdução é melhorada quando são
femoral permite a reconstrução da cabeça femoral no acetábulo utili zadas hastes com desvios maiores e há menos tendência de
sem soltar tecidos moles excessivamente. A osteotornia do trocan- impactos (Fig. 3-80) .
ter maior e a ressecção de 2 a 3 cm da metáfise femora l proximal Os resultados da artroplastia total de quadril em pacientes
podem ser necessárias para permitir a redução da articulação sem selecionados com deslocamento displástico ou intermediário do
exercer tensão exagerada sobre o nervo ciático ou fraturar a diálise quadril foram satisfatórios quanto a estabilidade, mobilidade e alívio
femoral (Fig. 3-77). O osso deve ser resseccionado 0,5 cm por ve z da dor. Com deslocamentos superiores, entretanto, persiste certa
com as reduções de teste sendo repetidas até que seja obtido encur- marcha de Trendelenburg (claud icação) e certa limitação do movi-
tamento sufi ciente para reduzir o quadril. O canal estreito e a mento. A sobrevida da artroplastia cimentada em quadris displásti -
ressecção da projeção da metáfise do fêmur geralm ente requerem cos é inferior à sobrevida em outros grupos devido à idade menor
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

NANISMO (PACIENTES COM BAIXA


ESTATURA)

É frequentemente observada osteoartrite prematura do quadril em dis-


plasias esqueléticas devido às anormalidades da cartilagem articular, ao
desenvolvimento restrito da articulação e às alterações mecânicas. Os
problemas encontrados na artroplastia total de quadril nos pacientes
com baixa estatura (Fig. 3-81) são semelhantes àqueles encontrados em
indivíduos com displasia de quadril. É comum haver curvatura femoral
excessiva e muitos pacientes passaram por outras cirurgias, incluindo
osteotomias que podem complicar ainda mais a artroplastia. A realiza-
ção de um planejamento pré-operatório minucioso é imperativa. Fre-
quentemente, são necessários componentes femorais especiais e peque-
nos, pois o canal é estreito, podem ser necessárias osteotomia ou hastes
curtas personalizadas para acomodar a curvatura femoral. São necessá-
rias cúpulas com diâmetros externos pequenos. Tomografias computa-
dorizadas da pelve e do fêm ur são úteis na delineação da anatomia óssea
anormal e na determinação da necessidade de implantes especializados.
Diversas síndromes que causam baixa estatura envolvem outras articu-
lações, incluindo a coluna cervical, a qual pode ser instável. As defor-
midades lombares também podem causar dor no quadril, devendo ser
investigadas antes da cirurgia.

DISTÚRBIOS PÓS-TRAUMÁTICOS
• FRATURAS AGUDAS DO COLO FEMORAL
As técnicas convencionais para fixação de fraturas e a hemiartroplastia
têm sido tradicionalmente recome ndadas para fraturas agudas e
desviadas do colo femoral. A artroplastia total de quadril tem sido
considerada um a técnica excessivamente onerosa e com maior risco
de deslocamento. Evidências recentes sugerem que a condução
destas fraturas agudas do colo femoral deve ser reavaliada.
Diversos testes controlados aleatórios estão disponíveis para a
comparação entre fixação interna, hem iartroplastia e artroplastia total
de quadril. Em um estudo multicêntrico com 450 pacientes, Rogmark
et ai. relataram 43% de falhas com fixação interna em relação a 6%
com artroplastia. Os pacientes que passaram por artroplastia também
apresentaram melhor capacidade de caminhada e menos dor, mas
ocorreu deslocamento em 8% dos casos. Blomfeldt et ai. selecionaram
aleatoriamente 120 pacientes cognitivamente normais para hemiar-
troplastia ou artroplastia total do quadril. A perda de sangue e o
D tempo de operação foram maiores no grupo que passou por artroplas-
tia total do quadril, mas não houve diferenças nas taxas de complica-
H@ii;ME1Zl9 Osteotomia subtrocantérica de encurtamento ção ou na mortalidade. Os valores do Harris H ip Score foram maiores
femoral. A, A osteotom ia femora l inicial é realizada no níve l no grupo que passou pela artroplastia total de quadril após 4 e 12
subtrocantérico. B, O fêmur proxima l é retraído para expor o nível meses. Foi utilizada a mesma abordagem anterolateral para todos os
do acetábulo e a cúpula é colocada em uma posição anatômica. pacientes e não houve luxações em nenhum grupo. Após um exame
C, O fragmento femoral proximal é preparado e a redução de de acompanhamento depois de 4 anos nessa mesma série de pacien-
teste é realizada com o componente femora l colocado apenas no tes, Hedbeck et al. notaram que essas diferenças persistiam e até
fragmento proxi mal. É ap li cada tração ao fragmento femoral aumentaram, favorecendo a artroplastia total de quadril. Macaulay et
distal e a porção sobreposta do fêmur é resseccionada. D, Os ai. compararam os res ultados de 40 pacientes aleatórios com hemiar-
fragmentos femorais são reduzidos e a anteversão excessiva é troplastia ou artroplastia total de quadril. O tempo de operação foi
corrig ida. O componente femoral proporciona a fixação intrame- apenas 7 minutos mais longo no grupo com artroplastia total, apesar
dular da osteotomia. de todos os cirurgiões participantes serem especialistas na técnica.
Após 24 meses, os pac ientes qu e passaram por artroplastia total apre-
sentavam muito menos dor do que os pacientes que passaram por
hemiartroplastias e apresentaram níveis de pontuação de saúde
dos pacientes e à complexidade destes procedimentos. Os resultados mental SF-36 e WOMAC melhores. Apenas um paciente com artro-
no curto e médio prazo parecem mais promissores. As principais plastia total de quadril (5,8%) apresentou luxação durante a revisão.
complicaçôes têm sido luxações e lesões do nervo ciático (consulte Iorio et ai. realizaram uma an álise de custo-benefício entre os métodos
a seção sobre complicações). de tratamento para fraturas deslocadas do colo femoral considerando
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

lâ[dll;HEBJI Osteotomia subtrocantérica para encurtamento femoral. A, Luxações congênitas bilaterais altas e dor progressiva em
uma mulher de 35 anos de idade. B, Após artrop lastias bilaterais e escalonadas. Ambos os lados foram a longados cerca de 3 cm, apesar
da remoção de um segmento de 6 cm do fêmur. As osteotomias femorais (setas) conso lidaram-se sem problemas após 3 meses com a
utilização de imp lantes femorais modulares com ranhuras .

O@lhf4El!m Impacto trocantérico. A, Substituição total de quadril em paciente com luxação congênita de quadril. O colo em valgo
com pequeno offset causa impacto trocantérico na abdu ção. Os movimentos foram gravemente limitados. B, Após revisão em virtude
de afrouxamento com osteó lise progressiva . Uma haste com offset maior restaurou a abdu ção adequada .

custos iniciais de hospitali zação, reabilitação e os custos referentes a para movim entação são melhores candidatos à hemiartroplastia. O pro-
novos procedimentos e co mplicações. O grupo concluiu que a subs- cesso de seleção também depende da disponibilidade de recursos
tituição total de qu adril cimentada fo i o método mais eficaz e que a humanos especializados em uma determinada instituição.
fixação interna fo i o m ais oneroso. Medid as específi cas podem ser torn adas para reduzir a incidên-
Apesar do assw1to ainda permanecer controverso, a artroplastia cia de luxação nessa pop ul ação. Em uma séri e de 372 fraturas fe morais
total de quadril é uma opção aceitável para o tratamento de fraturas agud as, Skõldenberg et ai. reduziram o risco de luxação de 8% para
agudas do colo femoral em pacientes com estilos de vida independentes, 2% com a utili zação da abordagem an terolateral em vez da abordagem
ativos e mentalmente lúcidos. Pacientes menos saudáveis, hospitalizados, posterolateral. A utilização de abordagens anteriores parece justifi cá-
cognitivamente deficientes ou que necessitam de artefatos de assistência vel. Caso seja utilizada a abordagem posterior, deve-se considerar a
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL - -

0[dlh!·)EIJ9 Quadril doloroso em paciente com nanismo. A e B, Mulher de 53 anos de idade com displasia espondiloepifisária .
O canal femoral mede apenas 7 cm . C e D, Após a reconstru çã o com componentes pequenos e com cabeça femoral de 22 mm. Foram
necessários encurtamento femoral e osteotomia derrotatória para a corrigir a deformidade .

utilização de cabeças com diâmetros maiores e um cuidadoso reparo componente femoral. Ainda não foi estabelecida a utilidade dos com-
da cápsula posterior e dos rotadores externos curtos. Utilizando tal ponentes femorais não cimentados modernos nessa população.
abordagem, Konan et ai. não relataram luxações em uma série com 20 O utras indicações são as fraturas desviadas do colo femoral em
pacientes. Componentes femorais bicónicos não cimentados foram uti- pacientes com doença de Paget (consulte a seção sobre a doença de
lizados na série, não sendo relatadas soltura da haste ou fraturas. Utili- Paget) e alguns casos de deslocamentos de colo ou fraturas trocan-
zando hastes cônicas não cimentadas em 85 pacientes, Klein et ai. téricas em pacientes co m quadris artríticos dol orosos. Entretanto,
relataram duas fraturas durante a operação, que necessitaram de fios de fraturas do colo femoral são incomuns na m aioria dos pacientes com
cerclagem, e um a fratura pós-operatória, que necessitou de revisão do artrite de quadril, exceto em pacientes co m artrite reumatoide. Esses
- PARTE li PROCEDIME NTO DE RECON STRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

li[rilht!jEl!Jt Pseudoartrose de fratura trocantér ica. A, Oito sema nas após a f ixação interna, o parafuso migrou para fora da cabeça
(" cut out"), criando um grande defeito cavitário na cabeça e no colo . Era pouco prováve l que uma nova fi xação fosse bem-suced ida .
B, Foi necessário um compon ente f emora l de substituição ca lcar para restaurar o comprimento. A haste longa ultrapassa os orifícios
dista is dos parafusos cerca de duas ve zes o di âmetro ósseo .

pacien tes geralmente sofrem de osteoporose e a fixação interna de permite uma precoce sustentação de peso, acentuando a necessidade
frat uras desviadas é frequenteme nte insatisfatória. Por isso, a artro- de consolidação na junção enxe rto- hospedeiro, sendo esta técnica
plasti a total de quadril pode ser considerada. preferencial ao enxerto ósseo em pacientes idosos.
As placas e parafusos no fêmu r proximal podem estar cobertos
por osso e serem de difícil remoção. A remoção de parafusos quebra-
• CIRURGIAS DE FRATURA DO QUADRIL
dos pode resultar em w11 grande defeito da cortical femoral, o qual
MALSUCEDIDAS pode originar uma fratu ra. Nesses casos, has tes mais longas são neces-
A melhor indicação para pacientes com dor causada pela destruição da sárias para evitar os orifíc ios de aproximadamente dois diâmetros
cabeça fe moral e do acetábulo como resultado da protrusão de um ósseos (Fig. 3-82). O osso cortical abaixo da placa lateral do fêmur
instrumental de fixação intern a é a artroplasti a total de quadril. Isso é pode tornar-se acentuadamente poroso e ser facilmente perfurado po r
com um na pseudoartrose de fraturas trocantéricas e do colo femoral fresas e raspas. Nesses casos, utili zamos enxertia de suporte femoral
(Figs. 3-82 e 3-83). A artroplasti a total de quadril para pacientes com com ripas ósseas corti cais nos locais das placas para proteção contra
osteonecrose pós- traumática dolorosa da cabeça femoral ou pseudoar- fraturas (Fig. 3-83). Quand o são utilizadas hastes cimentadas, deve ser
trose geralmente é possível, mas é importante ter em mente certos feita uma tentativa de ocluir os orificios dos parafusos femorais
pontos técnicos. O sangramento pode ser mais extenso do que o normal durante a cimentação. Ainda assim, a qu alidade do manto de cimento
devido ao aumento da vascularização do tecido subsinovial, o qual é é geralmente inferior em comparação a fêmures intactos. Além disso,
parte de um processo reativo secundário ao osso avascular da cabeça com fraturas trocantéricas previam ente instáveis, o deslocamento
femoral. Pode ser necessário li berar uma qu antidade considerável de medial considerável no local da fra tura pode causar distorções no
tecidos moles para expor e restaurar o comprimento do membro. Caso fêm ur proximal e tornar a preparação fe moral mais perigosa.
haja evidências de infecção ativa durante a remoção dos dispositivos de A hospital ização e a subsequente reabilitação de pacientes com
fixação interna, a artroplastia total de quad ril deve ser abandonada. artroplastias totais de quad ril por sequelas causadas pela falha na
Com a pseudoartrose de uma fratura do colo femoral, a recons- fixação de uma fratura de quadril são processos mais longos em com-
trução pode geralmente ser realizada utilizando-se um componente paração com os dos pacientes similares com artroplastias por condi-
femora l-padrão com colo comprido apesar da erosão de parte do colo. ções artríticas. Diversos pacientes com fra turas de quadril não andam
Em contraste, nas pseudoartroses trocantéricas, o comprimento do por um período de tempo após a fratura inicial e torn am-se mais
fêm ur geralmente não pode ser restaurado com implantes-padrão, fracos . As complicações, especia.lmente luxações, são mais comuns e
sendo geralmente necessári a a substituição calcar da haste (Fig. a taxa de mortalidade é maior em comparação com os pacientes que
3-25C). Como a substituição calcar da haste simplifica a operação, ela passam por artroplas ti as totais de quadril por condições artríticas.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Gii

u@ii;f!111!9 Enxertia de suporte femoral com ripas ósseas. A, Homem com 52 anos de idade 25 anos após a osteossíntese de um a
fratura trocantérica cominutiva com extensão diafisá ria . Diversos parafusos eram intracorticais e d ifíceis de serem removidos. A cortica l
femoral latera l sob a placa era fina e apresentava diversos defeitos causados pela remoção dos parafusos. B, Foi uti li zado a loenxerto
longo com suporte cortical para evitar hastes excessivamente longas.

• FRATURAS ACETABULARES pseudoartroses. Defeitos ósseos significativos podem estar presentes


Fraturas acetabulares com ou sem luxação do quadril, embora possam posteriormente, especialmente se houver ocorrido um a fratura da
se tornar dolorosas mais tarde, de início geralmente são tratadas por parede posterior. As visões radiográficas de Judet (Cap. 56) do ace-
redução aberta e fixação in te rna. Uma fratu ra consolidada propor- tábulo e as tomografias computadorizadas mostram a extensão do
ciona um osso melhor para sustentação do comp onente acetab ul ar defeito e detectam áreas de pseudoartrose qu e não foram identifica-
caso seja necessária a artroplastia. Ocasionalmente, é indicada uma das em radiografias comuns. Falhas no reconhecimento dessas defi-
artroplastia primária para um paciente mais idoso com osteoporose ciências posteriores geralmente levam à colocação do componente
que poss ui uma fratura acetabular combinada com uma frat ura não acetabular em retroversão, causando subsequ entes luxações. Durante
restaurável da cabeça ou do colo femoral, impactação ou cominuição a artroplastia, o acetábulo deve ser aprofundado para que a margem
acentuada da sup erfície articular ou uma articulação previamente superior da cúpula seja sustentada por osso. Outra opção é estender
artrítica (Fig. 3-84). Mears e Shirahama descreve ram uma técnica a parede posterior por um enxerto consistente de parte da cabeça
de fixação de fraturas acetabulares com fios de aço entrelaça dos ou do colo femoral, ou por um aloenxerto ancorado com diversos
combinados com artroplasti a total aguda do quadril. A consolidação parafusos ou placas de apoio. Para defeitos contidos menores, o
da fratura ocorreu em 19 pacientes e não houve afrouxamento de enxerto autólogo da cabeça femoral é adequ ado. Em pacientes com
implantes. Em uma série maior de pacientes idosos com fraturas pseudoartrose de fraturas acetabulares transversas deslocadas ou
acetabulares agudas tratadas com artroplastia, Mears e Velyvis ap re- pacientes com defeitos em formas extremamente irregulares, uma
sentaram resu ltados bons ou excelentes em 79% dos casos. Pequenos placa e um reforço acetabular ("cage") antiprotrusão com enxerto
graus de migração do comp onente acetabular ocorreram nas pri- ósseo podem ser considerados.
meiras 6 semanas, mas nenhum componente acetab ular apresentou Caso a redução aberta do acetábulo tenha sido realizada ante-
evidências de afrouxamento tardio na radiografia. Tan to a redução riormente, deve-se esperar cicatrização extensa dos tecidos moles e
da fra tura e a ar troplastia podem ser realizadas por um a abordagem a exposição pode se r difícil. A ossificação heterotópica complica
posterior simples. Foram relatados em outras séries altas taxas de ainda m ais a exposição e pode causar pressionamento após a colo-
transfusão e tempos operatórios prolongados. Esse procedimento é cação dos componentes. A excisão do osso heterotópico é traba-
mais bem-s ucedido com a colaboração de cirurgiões fa miliarizados lhosa, e aumenta o tempo de operação e a perda sanguínea. São
com as técnicas de redução aberta de fraturas acetab ulares e com aa necessários esforços para evitar a recorrência de osso heterotópico
artroplas tias co mplexas de quad ril. (co nsulte a seção sobre ossificação heterotópica).
Nas fraturas antigas do ace tábulo tratad as de manei ra co nse r- Dispositivos de fi xação interna colocados anteriormente
va dora, são comuns deformid ades pélvicas residuais e áreas de podem ser expostos durante o processo de fresagem do acetábulo,
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

OMll;f4E9 Artrop lastia total de quadril primária com fratura acetabular aguda . A, Homem idoso com leve artrite preexistente
do quadril apresentou fratura em T moderadamente cominutiva do acetábulo. B, Tomografia computador izada mostrando a cominuição
da área de sustentação de peso da abóbada acetabular. C, A fratura fo i fixada com parafusos e fio amarrado em formato de 8.
A art rop lastia total de quadril primária fo i real izada com um componente acetabular não cimentado fixado com diversos parafusos.
A fratura está conso lidada, os implantes estão bem posicionados e a fixação é estável.

mas pode ser necessário removê- los para implantar o componente da deformidade são fatores importantes no planejamento pré-ope-
acetab ular corretamente. Pode ser necessária exposição adicional ratório. A deformidade em valgo da metáfise produz um fêmur com
considerável para remover parafusos e placas, arr iscando lesionar o urna borda medial retilínea, e os implantes não cimentados conven-
nervo ciático dentro dos tecidos moles cicatrizados. A pronta dis- cionais da metáfise são inadequados (Fig. 3-85) . Nesse caso, a utili-
ponibilidade de instrumentais para co rte de meta l e de instrumentos zação de um a pequena haste cimentada cons titui um a solução
para remoção de parafusos facilita a extração de implantes anterio- simples. Também utilizamos hastes modulares de modo eficaz nessa
res do acetábulo sem exposição extra-articul ar adicional. O compo- situação (Fig. 3-85). Alternativamente, o segmento deformado do
nente acetab ul ar pode geralmente se r implantado com a remoção colo pode ser resseccionado e substituído por uma haste de substi-
de apenas parte do material, deixando o resta nte. tuição calcar (Fig. 3-25C). Quando foi realizada anteriormente uma
osteotomia em varo da metáfise, os implantes convencionais geral-
PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS mente podem ser utilizados, apesar da parte saliente do trocanter
poder necessitar de osteotomia trocantérica de modo a evitar fratu-
MALSUCEDIDOS
ras ou que a haste seja alinhada em varo. Geralmente, as deformi-
dades rotacionais da metáfise podem ser geridas por meio de uma
• OSTEOTOMIA E DEFORMIDADE FEMORAL
haste ligeiramente menor com o alinhamento rotacional adeq uado
PROXIMAL ou por meio de uma haste não cimentada com fixação ape nas na
Podem ser encontrados diversos problemas ao se inserir a haste diáfise. Deve-se evitar a realização de osteotomias repetidas no nível
femoral para artroplast ia após uma osteotomia femoral proximal ou da metáfise, pois o fragmento proximal seria pequeno e difícil de
quando o fêm ur foi deformado de qualquer outra forma . A distorção estabiliza r no local. A aplicação de placas suplementares e escoras
anatômica e a cicatrização de cirurgias anteriores tornam a exposi- de enxerto com ripas ósseas na metáfise geralmente é insatisfatória,
ção cirúrgica mais perigosa. O deslocamento dos fragmentos e o sendo que o volume adicional aumenta o risco de impacto e luxação.
osso esponjoso denso no canal femoral no níve l da osteotomia con- Caso seja necessário repetir a osteotomia para gerir uma deformi-
solidada requerem fresagem com cautela para desobstruir e evitar dade da metáfise, ela geralmente deve ser feita no nível subtrocan-
perfuração da cortical ou fratura. Pode ser necessário utilizar uma térico, onde a fixação é mais confiável.
fresa de alta velocidade para remover o denso osso intramedular. O As deformidades da diáfise muitas vezes apresentam um efeito
posicionamento incorreto do implante e o impacto ósseo resultante mais substancial na colocação do implante. Para deformidades na
da distorção na arquitetura femoral podem tornar o quadri l instável. parte distal da diáfise, pode ser utilizada uma haste curta e não há
Materiais de fixação interna colocados previamente estão geral- necessidade de tratar diretamente a deformidade. Caso a deformi-
mente recobertos por osso e sua remoção constitui uma cirurgia dade esteja na área subtrocantérica, ent retanto, é necessário um
importante. É com um haver parafusos quebrados e o fêmur é mais planejamento pré-operatório cuidadoso. Pequenas deformidades
propenso a frat uras após sua remoção. A superfície de contato entre angulares e translacionais geralmente podem ser solucionadas com
cimento e osso geralmente é imperfeita quando há diversas perfu- uma haste cimentada ou com hastes menores do que o normal para
rações corticais, e a durabilidade da fixação é co mprometida. Se a preservar um manto de cimento adequado. Caso a deformidade
remoção do material for complexa, é adequada a utilização de um angular seja significativa ou a transposição seja superior a 50%, será
procedimento escalonado com a artroplastia sendo feita após a cica- necessário realizar uma segunda osteotomia (Fig. 3-86). A utilização
trização dos tecidos moles e de quaisquer defeitos corticais do fêmur. de hastes de dupla curvatura ou personalizadas foi amplamente
A deformidade pode estar presente tanto na área proximal da substituída pela repetição da osteotomia do fêmur para correção da
metáfise ou na área distal da diáfise. A localização, o tipo e o grau deformidade. A cirurgia pode ser realizada em dois estágios, mas a
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL &Ili

iâ(riil;MEl!m Osteotomia femoral. A, Prévia


osteotomia femoral para osteonecrose pós-trau-
mática em uma mulher de 42 anos de idade. Há
uma pequena deformação do fêmur proximal.
B, Após a reconstrução com uma haste modular
com inversão do módulo proximal da haste . Uma
segunda osteotomia foi evitada.

O@ll;MEl!m Osteotomia femoral. A e B, Angulação anterior significativa com consolidação viciosa causada por rotação e estenose
de canal em uma mulher de 68 anos de idade após osteotomia femoral durante a infância. C e D, Foi necessária uma segunda osteo-
tomia para corrigir a deformidade antes que o componente femoral pudesse ser implantado.

introdução de hastes não cimentadas simplificou a operação e intrinsecamente mais estáveis do que osteotomias transversas, mas
tornou a consolidação mais previsível com procedimentos de estágio o procedimento é mais complexo. Isso é particularmente válido caso
único. A osteotomia também proporciona acesso direto ao osso haja um desalinhamento rotacional que deva ser corrigido. Pode ser
esclerótico intramedular no local da cirurgia anterior, simplificando utili zado cimento ósseo para fixar a haste, mas o cimento inevita-
sua remoção. Deve-se obter uma fixação estável no local da osteo- velmente projeta-se no local da osteotomia e compromete a conso-
tomia para que ocorra a consolidação. Hastes com ranhuras ou lidação. Por essa razão, preferimos componentes femorais não
revestimentos porosos são necessárias para obter fixação distal, cimentados quando é necessária uma osteotomia femoral.
devendo ser obtido um encaixe preciso em ambos os fragmentos
para proporcionar estabilidade rotacional. Caso isso não possa ser • OSTEOTOMIA ACETABULAR
obtido apenas com a haste, deve-se adicionar uma escora cortical ou Com o ressurgimento do interesse pelas osteotomias pélvicas e peria-
uma placa. Osteotomias oblíquas ou com cortes escalonados são cetabulares, a necessidade de artroplastias totais de quadril tardias
- PARTE li PROCEDIME NTO DE RECON STRUÇÃO DE QUADR IL EM ADULTOS

O@il;f4El'm A, Artrodese em uma mulher de 61


a nos de idade que dese nvo lve u importante dorsa lgia
quatro décadas após uma artrodese bem-sucedida do
quadril. B, Após a conversão para artroplastia total de
quadril híbrida. A osteotomia troca nté rica proporcionou
exposição exce lente. A paciente apresentou claudicação
de Trendelen burg persistente após a ci rurg ia, mas a
lo mbalgia diminuiu.

provavelmente se tornará mais com um para esses pacientes. Parvizi, O históri co quanto à razão inicial para a artrodese é importante.
Burmeister e Ganz relataram resultados em 41 pacientes que foram Pacientes com infecções prévias necessitam de uma avaliação m inu-
submetid os a procedimentos de artroplastia total de quadril após ciosa para descartar a perpetuação desta. Deve-se realizar uma ava-
osteotomia periacetabular prévia. Como as osteotomias iniciais liação cuidadosa da função das demais articulações, especialmente da
foram realizadas por meio de uma abordagem Smith-Petersen, os coluna lombar, e se deve medir a discrepância entre os comprimentos
procedimentos foram reali zado s por meio de tecidos moles laterais dos membros. Uma tomografia computadorizada com subtração de
virgens. Não houve defeitos colunares no ace tábulo, mas a retrover- metais pode ser útil durante o pré-operatório para determinar a ade-
são do acetábulo foi um achado comum. É necessário prestar atenção quação do estoque de osso e a presença de pseudoartrose.
no posicionamento do componente acetabular. Co nsiderou-se que É difícil avalia r o funcionamento dos abdutores antes da cirur-
a osteotomia anterior não comprometeu os resultados da artroplas- gia, mas em alguns pacientes é possível palpar a contratura ativa
tia. Em uma série com pac ientes que foram submetidos anter ior- desses músculos. O exame do quadril com o joelho flexionado ajuda
mente à osteotom ia de Chiari, Hashemi-Nejad et ai. descobriram a diferenciar o tensor da fáscia lata dos músculos abdutores. Caso o
que era necessário menos aumento acetabular em comparação com quadril seja artrodesado desde a infância e o trocanter parece estar
quadris displásticos que nunca passaram por osteotomias. relativame nte normal, os músculos abdutores provavelmente são
adequados. Caso os músculos ao redor do quadril estejam grossei-
• ARTRODESE E ANQUILOSE ramente distorcidos por doenças ou outras cirurgias de fus ão, os
Com o aumento da atenção às informações quanto ao sucesso da músculos abdutores podem ser inadequados. Ainda não foi deter-
substituição de quadril, os pacientes geralmente não estão inclina- min ada a utilidade da ver ificação eletromiográfica da função abdu-
dos a aceitarem a artrodese como opção primária de tratamento e tora ou de modalidades como a ressonância magnética. Uma
solicitam a conversão de uma artrodese existen te para restaurar o musculatura abdutora fraca está assoc iada com resultados funcio-
movimento. Os efeitos da fusão do quadril sob re as demais articu- nais piores.
lações são significativos. Geralmente, o joelho ipsilateral apresenta Durante a cirurgia, diversas chaves, cortadores de metal e
movimento limitado, com graus variáveis de frouxidão ligarnentar e outros instrumentos de extração devem es tar disponíveis para
uma tendência para desalin hamento em valgo. Devido à artrodese remover os materiais de fixação antiquados. A conversão de um
do quadril, a dor causada por artrite ou por outras condições da quadril artrodesado para um a artrop lastia total de quadril é mais
coluna lombar pode aumentar significativamente ao se sentar com segura e mais fácil se o trocanter for osteotomi zado. A mobilização
a coluna parcialmente flexionada. Deve-se tomar cuidado, entre- completa do fêmur sem osteotomia trocantérica é difícil, e a expo -
tanto, para determinar se a dorsalgia ou dor nas pernas podem estar sição inadeq uada pode res ultar em posicionamento incorreto do
sendo causadas por discos lombares herniados ou alguma outra componente, erros no fresagem femoral e fraturas. Além disso, o
condição que não seria melhorada com uma artroplastia tota l de membro é geralmente fi xo em rotação externa e, conseq uente-
quadril. Caso o quadril esteja artro desado em uma posição ruim mente, o trocanter está localizado posteriormente, sobrepondo-se
(isto é, flexionado com mais de 30 graus, aduzido com mais de 10 à articulação do quadril. A osteotomia do colo femoral pode ser
graus ou abduzido), deve ser considerada uma osteotomia para cor- difícil por meio de uma abordagem posterior, a não ser que o
rigir esta posição, especialmente em pacientes mais jovens. A artro- trocanter seja osteotomi zado. O nervo ciático é geralmente deslo -
dese de um dos lados do quadril também aplica maior sobreca rga cado mais perto do quadril, pois o comp rim ento da cabeça e do
mecânica sobre o lado oposto. A artroplastia total de quadril pode colo é mais curto e o nervo pode ser fixado a tecido cicatrizado.
ser indicada caso a artrodese do quadril cause dor intensa e persis- Por isso, deve-se tomar cuidado para evitar danificar o nervo. É
tente na parte inferior da região lombar, dor no joelho ipsilateral ou necessá ri o um monitoramento cuidadoso da tensão aplicada sobre
quadril contralateral, ou caso uma pseudoartrod ese após fusão mal- o nervo, podendo ser indicada neurólise caso a extremidade seja
sucedida seja suficientemente dolorosa (Fig. 3-87). significativamente alongada.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

O tra tame nto pós-o peratóri o é ro tineiro, mas o qu adril deve


ser protegido por pelo menos 3 meses por m eio do uso de muletas
e, a parti r de então, pelo uso de um a bengala enqu anto os abdu-
tores e fl exores do q uadril se rea bilitam. Os pacientes rara mente
rec up eram a fl exão de 90%, mas obtêm movimento sufi ciente
para aliviar sintomas na coluna lombar e perm iti r qu e se sentem ,
andem o u am arre m os sapatos. A habilidade da caminh ada ge ral-
men te é melhorada; mas, em pacientes com fun ção inadequ ada
dos abdutores, a mecâ nica da caminhada pode piorar, po dendo
ser necessári a a utilização de uma bengala ou de um and ado r
m esmo qu e o paciente não os usasse antes do pro cedim ento. A
maiori a dos pacientes aprese nta algum grau de fra qu eza resi du al
dos abdutores e claud icação, ap esar de isso tend er a melhorar ao
longo dos anos.
A taxa de complicações para a conversão de uma artro dese
para uma artroplastia é alta. Em uma série da Mayo Clinic de Strathy
e Fitzgerald, 33% dos pacientes experimentaram falhas dent ro de 10
li[ê\iht!i11I9 Osteotomia do colo durante conversão de artro-
anos causadas por afrouxamento, infecção ou deslocamentos recor-
dese para artroplastia total do quadril. A, O colo geralmente é rentes. Os pacientes com anquilose espontânea ap resentaram resul-
curto e deve ser osteotomizado proximalmente à base do trocan- tados muito melhores do que os pacientes com artrodese prévia.
ter. B, É deixado osso suficiente no lado da pelve para cobertura Stürup, Pedersen, e Jensen relataram uma taxa de fa lha similar e
completa da cúpula acetabular em uma inclinação de aproxima- recomendaram o procedimento apenas nos casos de dor extrema.
damente 45 graus e para evitar a penetra ção da co rtical medial
Kim et ai. relataram a realização de revisões em 16% dos casos após
da pelve .
10 anos e uma taxa de desgaste do polietileno acima da média, com
osteólise em mais de metade dos pacientes. Richards e Duncan
relataram que 74% dos procedimentos sobreviveram até os 10 anos.
Após a cabeça femoral ter sido exposta, ela é dividida com Foram relatadas complicações em 54% dos casos e os resultados
um a serra. A localização da osteotomia é determin ada pelas refe- fu ncionais fora m inferiores aos de cirurgias de revisão.
rências ósseas ou pela posição dos materiais de fixação anti gos. O
colo não deve ser dividido rente à lateral do ílio, pois deve haver
osso sufic iente para cobrir a margem posterior do componente DISTÚRBIOS METABÓLICOS
acetabular (Fig. 3-88). Após a osteotomia do colo, é necessário
libera r o tend ão do psoas, a inserção do glúteo máximo, e realizar • DOENÇA DE PAGET
um a capsulotomia. Os pacientes com a doença de Paget podem apresentar artrite dege-
Geralmente, o osso pélvico é suficientemente espesso para nerativa em um ou ambos os lados do quad ril, graus variáveis de
cobrir o soquete acetabular adequadamente caso o local da prepa- protrusão acetabular, deformidade em varo do colo e do fê mur
ração acetabular seja defini do com cuidado. Distorções na arquite- proximal, e arqueamento anterol ateral da diáfise (Fig. 3-89). Além
tura óssea normal podem dificultar a determinação de um local disso, podem ocorrer fraturas incompletas (es tresses) no lado
adequado para a colocação do componente acetabular. A espinha convexo da di áfise fe moral. Essas fraturas, o distú rbio metabólico
ilíaca anteroinferior geralmente perm anece intac ta e serve como em si, a fo rmação de sarcomas secundários e problemas radiculares
referência. Além disso, pode ser colocado um afastador no forame referíveis à espinha lombar causam dores no quadril além de artrite,
obturador. A preparação acetabular é realizada com fresas conven- podendo ser difícil identificar a causa dessas dores. A conduta
cionais, centralizando o osso disponível para preservar as colunas médica pré-operatória com o uso de bifosfo natos e calcitonina pode
anteriores e posteriores. Pode ser útil obter radiografias durante a aj ud ar a controlar a dor e a dim inuir a perda de sangue durante a
cirurgia, em uma fase inicial da preparação acetabular, para garantir cirurgia. Caso a doença seja ativa, a administração de calcitonina
que a posição da fresa corresponda à esperada. antes e após a ci rurgia é aconselhável para diminuir a atividade
O canal femoral é preparado como de costume, considerando-se osteoclás ti ca e possivelmente redu zir o risco de afrouxamento como
quaisquer deformi dades de doenças ou osteotomias femorais prévias. resultado da rea bsorção óssea pós-operatória.
A fixação troca ntérica é obtida utilizando-se a técnicas-pad rão (Figs. O osso fe moral proximal deformado pode apresentar osteopo-
3-60 a 3-62). Caso os abdutores estejam acentuadamente atróficos rose ou ser acentuadamente denso, o que pode representar dificul -
ou deficientes, deve-se considerar a utili zação de um comp onente dades técnicas. Consequentemente, deve-se avali ar as rad iografi as
acetabul ar com trava. Além disso, o tensor da fásc ia lata pode ser anteroposteriores e laterais do qu ad ril e da diáfise femoral antes da
fixa do ao trocanter para complemetar os abduto res. cirurgia para determinar a extensão da curvatura e a presença de
Após a conclusão do proced imento, o paciente é colocado em lesões escleró ti cas ou líticas. Geralmente, a curvatura anterolateral
posição supina. Caso o qu adril não possa ser abduzido 15 graus não represe nta problemas na fresagem do canal ou no posiciona-
devido à tensão dos adutores, deve ser realizada uma tenotomia mento da haste, pois o canal medular é largo. Entretanto, caso a
percutânea dos adutores por meio de um a pequena incisão na parte deformidade seja considerável, pode ser necessário realizar uma
medial da coxa. Muitas vezes a extremidade é alongada pelo proce- osteotomia femo ral para colocar a haste. A presença de osso intra-
dimento, corrigindo defo rmidades flexionais anteriores. Geral- medular denso pode di fi cultar a identificação e a abertura do canal.
mente, o alongamento é desejável, pois, na maioria dos casos o A utilização de fresas de alta velocidade e de fl uoroscopias d urante
membro, foi encurtado pela doe nça ori ginal, pelo procedimento de a operação pode ser útil quando essa condi ção é observada nas
artrodese do quadril ou pela deformidade em flexão. radiografias pré-operatórias.
. . PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

H[dii;MEl!m A, Doença de Pag et extensa no acetábulo e no fêmur proximal de um homem com 82 anos de idade. Note a protrusão
e a deformidade em varo do colo femora l. B, Após artroplastia total de quadril. Foi necessária a enxertia óssea autó loga do acetábu lo
da cabeça femoral. Houve hemorragia considerável durante a prepara çã o acetabular. O componente acetabular não cimentado apre-
senta crescimento ósseo 5 anos após a cirurgia.

Pode have r hemor ragia excess iva, especialmente em pacientes d e Gauche r e pela erosão óssea. Não se sa be se a terapia de sub s-
com ossos osteoporóticos. A fa lta d e um leito ósseo seco po d e tituição en zimática m elh oraria os problem as ósseos associados
redu zir o entrelaça mento do cimento no fêmur e n o acetábulo, co m - co m a doen ça.
prometendo a fixação. A reposição sa nguínea intrao perató ri a é útil
em pacientes clinicamente frágeis. • ANEMIA FALCIFORME
Os resultados da artroplastia to tal d e quadr il para artrites do lo- Os pacientes com anemia falciforme pod em desenvolve r osteone-
rosas e para fraturas do colo femoral co m desv io em pacientes co m crose dolorosa na cabeça femoral. Esse processo pode ser bilateral.
doença de Page t são encorajadores, com sobrev ivência dos implan - As radiog ra fi as podem revelar uma grande área avasc ul ar ou um
tes de 7 a 10 anos em 86% dos casos. Os res ultad os d a fixação inte rn a processo artrítico causado por pequenas áreas focais de osteone-
dessas fratura s e das endopróteses para fratura s ou a rtrite provaram- crose perto da sup erfície articular.
se insatisfatórios. A artropl astia tota l d e quadril to rnou -se o proce- No passado, acreditava-se que a espectativa d e vi da dos
dim ento mais indicado. A fo rmação heterotóp ica do osso foi relatad a pacientes com a form a SS de anemia falci fo rm e era curta (aprox i-
como uma compli cação pós-operatória co mum , sendo necessárias madam ente 30 anos); mas, com as melhorias nas condutas médi cas
medidas profiláticas para reduzir sua fo rmação. inovadoras e nos antibióticos, eles podem viver muito m a is. Apesar
d os pacientes co m traço falciforme tamb ém d esenvolve re m osteo-
• DOENÇA DE GAUCHER necrose, isso é meno s freque nte d o que nos pacientes com ane mia
O s pac ientes co m formas não ne uropát icas crô nicas da d oe nça de falc iform e. Entretanto, muitos pacientes poss uem o traço falci-
Gaucher podem apresenta r os teonecrose d a ca beça femora l bi late- forme, m as não a an emia.
ralmente e, caso seja sufi cie ntem e nte dolorosa, po d em necessitar Pacientes com anemia falciforme podem necess ita r d e tran s-
d e um a artroplastia tota l de quadril. A osteo necrose d a cabeça fusões antes da cir u rgia, além das tran sfu sões motivadas pela
femoral pod e produzir os p rimeiros sintom as qu e suge rem o d iag- a loimuni zação serem mais frequ entes. Mu itos pacientes são croni-
nóstico de do ença d e Ga uche r. A doença é ca racterizada , entre- cam ente dependentes d e analgésicos, se ndo aco nselh áveis técn icas
tanto, pela osteopenia co m áreas nas quais as trabéculas poss uem d e an estes ia epidura l e uma condução multimodal das dores. Os
aspectos como se tivessem s ido roídas por traças e áreas foca is de cuid ados ca rdiopulmonares devem ser cond u zid os agressiva-
esclerose. Grande parte da m edul a óssea po d e ter sid o substitu íd a m ente, d eve ndo se r evitados hipoxia periop eratória, acidose e
p or células d e Gaucher. Como o canal medular gera lm ente é largo, desidratação. Um a abordagem multidisciplinar quanto à conduta
a fixação do im pla nte é difícil mesmo com cimento ósseo, e o m édica de pacientes com anemia falciforme redu z a mobidade.
fêmur pode se r fraturado fac ilmente. Como a doença é freq uente- A qualidade do osso acetabular pode ser ruim , podendo haver
mente caracterizada por d o res ósseas não es pecíficas e recorrentes, graus variáveis de protrusão, o qu e torna a ltLXação do quadril m ais
a ava liação d e algun s d os si ntom as pós-ope ratórios pode ser difícil. difícil. Podem ser necessários enxertos ósseos em defeitos acetabula-
Anemia e trombocitopenia podem complicar as intervenções res (co nsulte seção sobre protrusão acetab ular). Áreas d e esclerose
cirúrgicas. Houve a n ecess id ad e de realizar esp len ectomi a em intramedul ar femoral de infartos prévios podem represe ntar grandes
muitos pacientes, e infe cções são co mpli cações co mun s n a doe nça problemas técn icos para a fresagem do canal. De acordo com nossa
de Gaucher. Outras complicações incluem hemo rragia excess iva experiênci a, esse problema é subestim ado nas radiografias pré-opera-
durante e após a operação, a lém d e u m a alta incid ê nci a de afrou- tórias e, dura nte a cirurgia, o canal pode estar completamente obs-
xam ento do sistema causado pela proli fe ração co ntínua de cé lul as truído por osso extremamente denso. Os riscos de fratura s femorais
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

e perfurações corticais são altos. A utilização de intensificadores de podem ocorrer deformidades em valgo do colo femoral, achatamento
imagem é útil para centralizar instrumentos no canal femoral, sendo da cabeça femoral e graus vari áveis de displasia acetabular. A aparên-
o fresamento com guia inerentemente mais seguro. A remoção preli- cia radiográfica é similar àquela da doença de Legg-Calvé-Perthes.
minar do osso esclerótico com lllna fresa de alta velocidade também É essencial utilizar uma abordagem multidisciplinar para o tra-
facilita o alargamen to. tamento cirúrgico da artropatia hemofílica. São necessários o pronto
Apesar desses pacientes serem mais suscetíveis a infecções por acesso a um banco de sangue bem gerido e a presença de uma equipe
Salmonella, a literatura não a aponta como patógeno na sepse pós-ope- com experiência em hematologia. Por isso, a artroplastia em pacientes
ratória da artroplastia de quadril. Não parece ser necessária profilaxia hemofílicos é geralmente realizada apenas em centros especializados.
especifica para Salmonella. Devido à asplenia funcional, pacientes com Pacientes com anticorpos circulantes para substituições de fator de
anemia falciforme são propensos ao desenvolvimento de infecções coagulação (inibidores) não são considerados candidatos adequados
hematogênicas do quadril após a cirurgia. Uma antibioticoterapia para a cirurgia devido ao risco de hemorragia incontrolável.
agressiva é indicada quando há possibilidade de infecção hematogênica. As complicações são mais frequentes nesses pacientes. Em um
A VHS não aj uda na determinação da existência de processos inflama- estudo multicêntrico, Kelley et ai. relatara m que 65% dos compo-
tório em pacientes com anemia falc iforme. Frequentemente, é um pro- nentes acetabulares cimentados e 44% dos componentes femorais
blema determinar se a dor resultante de crises de anemia falciforme cimentados apresentara m evidências radiográficas de falhas com
causadas por oclusão vascular advém de uma infecção. acompanhamentos realizados em 8 anos em média. Nelson et ai.
Complicações como hemorragia excessiva, formação de hema- encontraram taxas de falha similares em um estudo a longo prazo
tomas e drenagem de ferimentos são com uns após a artroplastia em com pacientes de um único centro. Infecções hematogênicas tardias
pacientes com anemia falciforme. Foram relatadas complicações em também são um problema significativo, com o risco aumentando
quase 50% das artroplastias realizadas em pacientes com anemia conforme os pacientes anteriormente expostos ao vírus da imuno-
falciforme. Com a maior longevidade dos pacientes portadores de deficiência humana (HIV) por diversos fatores de substituição
anemia falciforme, espera-se que os res ultados ruins da artroplastia desenvolvem manifestações clínicas da síndrome da imunodeficiên-
nesse grupo piorem. Como nenhuma outra opção apresenta resul- cia adquirida.
tados consistentemente melhores, o procedimento ainda é justificá-
vel em pacientes com dor intensa e incapacitante. Entretanto, os
pacientes devem ser bem orientados sobre os maiores riscos de DOENÇAS INFECCIOSAS
complicações provocadas pela doença.
• ARTRITE PIOGÊNICA
• INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA A maioria dos pacientes com histórico de artrite piogênica do
Osteoporose, osteonecrose e fraturas do colo do fêmur são sequelas quadril considerados candidatos para artroplastias totais de quadril
comll11s de falências renais crônicas. Com a instituição da hemodiálise apresentou infecções da articulação do quadril durante a infância,
e o sucesso dos transplantes renais, um número crescente desses passou por artrodese espontânea ou cirúrgica do quadril, ou desen-
pacientes está se tornando candidato à artroplastia de quadril. Cica- volveu pseudoartrose do quadril. A artrite piogênica do quadril é
trização ruim de feridas, infecções e diversas complicações médicas rara em adu ltos, exceto após fixações internas.
gerais relacionadas às doenças podem ser antecipadas. Sakalkale, A artroplasti a pode ser considerada para os adultos cujo
Hozack e Rothman relataram artroplastias totais de quadril em 12 quadril foi ar trodesado por infecções piogênicas na infância e nos
pacientes que realizavam hemodiálise a longo prazo. Foram relatados quais não há man ifestação de inflamação há vários anos. Uma artro-
uma taxa de complicação inicial de 58% e o desenvolvimento de dese sólida com padrão trabecular uniform e na articulação geral-
infecções em 13%. A longevidade foi encurtada após a cirurgia e os mente indica a ausência de infecções residuais. Entretanto, áreas
autores recomendaram a limitação do procedimento aos pacientes focais de diminuição de densidade, esclerose e irregularidade das
com maiores expectativas de vida. Lieberman et ai. relataram resulta- trabéculas que cruzam a articu lação podem sign ificar focos residu-
dos após artroplastias totais de quadril em 30 pacientes que passaram ais de infecção. Ta ng et ai. relataram que a ressonância magnética é
por transplantes renais e em 16 tratados com hemodiálise. Os pacien- 100% sensível na exibição da presença de infecções ativas em pacien-
tes com transplantes ap resentaram pós-operatórios similares a outros tes com osteomielite prévia. A determinação dos níveis de VHS e
pacientes com osteonecrose, enquanto, dos pacientes sendo tratados PCR, a aspiração da articu lação do quadri l, biópsias ósseas e varre-
com hemodilálise, 81 % apresentaram resultados ruins e 19% desen- duras por radionuclídeos por cintilografia podem desempenhar
volveram infecções. Esses autores recomentaram a limitação da artro- papéis na avaliação pré-operatória. Deve-se obter secções congela-
plastia de quadril a pacientes que estão esperando por transplantes das dos tecidos periacetabulares durante a operação. Quando algum
renais ou que já passaram por um transplante bem-sucedido. Em desses estudos apontar a presença de uma infecção residu al no
contraste, uma série da Mayo Clinic descobriu um a maior taxa cumu- quadril, é adequado utili zar um procedimento de dois estágios.
lativa de revisões em pacientes transplantados com complicações em Frequentemente, o membro é encurtad o como resultado da
61 % dos casos. Foi observada um a alta taxa de soltura de componen- destruição parcial da cabeça femora l, do colo femoral e do acetá-
tes femorais cimentados. Resultados mais encorajadores foram rela- bulo. A posição flexionada e ad uzida do quadri l contribui para o
tados com implantes não cimentados de revestimento poroso. Nagoya encurtamento aparente. O fê mur pode estar hipoplástico com
relatou crescimento ósseo previsível sem infecções em 11 pacientes anteversão da cabeça femoral e gra us variáveis de reabsorção óssea
que estavam realizando hemodiálise a longo prazo com acompanha- da cabeça fe moral. Podem estar presentes cicatrizes profundas
mento após períodos médios superiores a 8 anos. como resultados de diversas incisões e procedimentos de drena-
gem no quadril. Caso presentes, incisões anteriores devem ser
• HEMOFILIA utilizadas e seios anteriores devem ser completamente removidos.
A artropatia hemofílica envolve a articu lação do quadril muito menos A falta de tecidos subcutâneos sobre o trocanter e na área definida
do que as articulações do joelho e do cotovelo. Quando o envolvi- para a incisão pode requerer a rotação de um retalho de pele antes
mento do quadril desenvolve-se antes da maturidade esquelética, da artroplastia total de quadril.
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRI L EM ADULTOS

Em um grupo de 44 pacientes que passaram por artroplastias na diálise femoral. Podem ser utilizadas componentes personaliza-
totais de quadril após sofrerem de artrite piogênica durante a infân- dos ou hastes de substituição segmentar (Fig. 3-29). Os músculos
cia, Kim não descobriu reativações da infecção apesar do uso de glúteos são suturados a orifícios feitos no componente para esse
aloenxertos acetabulares em 60% dos pacientes. As fraturas femorais propósito. Um conjunto de aloenxerto com uma prótese de haste
perioperatórias eram comuns, pois muitos desses pacientes possu- longa é uma opção em pacientes mais jovens. A fixação cimentada
íam fêmures proximais pequenos e deformados. Em uma série dentro do enxerto e cortes escarificados na junção entre enxerto e
maior com 170 pacientes da mesma instituição, não houve infecções osso hospedeiro proporcionam estabilidade. O acetábulo pode ser
recorrentes quando o período de quiescência foi de pelo menos 10 reconstruído com cimento ósseo, com suporte adicional proporcio-
anos. Entretanto, as dificuldades operatórias foram frequentes, nado por uma anel ou gaiola de reforço (Fig. 3-35), ou por pinos
sendo o desgaste do polietileno e o afroLDi:amento do implante com- Steinmann inseridos pela asa ilíaca no acetábulo.
plicações posteriores comuns. Similarmente, Park et ai. relataram
que os resultados ruins nessa população deviam-se às anormalida-
des anatômicas que se desenvolveram como resultado da infecção, DOENÇAS NEUROMUSCULARES
em vez da recorrência da infecção durante a artroplastia.
Os pacientes com distúrbios neuromusculares crônicos que se con-
• TUBERCULOSE vergem para a artroplastia de quadril geralmente possuem maior
Alguns estudos descrevem resultados satisfatórios da artroplastia total tônus muscular ou espasticidade. Eles tornam-se candidatos para
de quadril em pacientes com tuberculose quiescente do quadril. Em artroplastias totais de quadril devido a fraturas ou displasias com
alguns casos, o diagnóstico foi realizado após a operação por meio de subluxação dolorosa. Apesar deste grupo englobar uma vasta gama
exames microscópicos de tecidos suspeitos. Hecht et ai. relataram a de doenças e síndromes congênitas e adquiridas, certos princípios
reativação da infecção tubercular após artroplastias totais de quadril de conduta são aplicáveis a todos.
nas quais o diagnóstico não tinha sido feito antes da cirurgia. Esse Os pacientes com problemas neurológicos generalizados apre-
diagnóstico deve ser considerado em pacientes vindos de países onde sentam maiores riscos de complicações, devendo-se prestar atenção
a doença é comum, em pacientes com histórico de utili zação de gesso à pele, à função pulmonar e ao trato urinário para evitar sepse nesses
pelvipodálico na infância, em pacientes sendo tratados para síndrome locais. Uma movimentação inicial, pelo menos para uma cadeira,
da imunodeficiência adquirida (AIDS) e em pacientes com artrite não ou, preferencialmente, para uma posição na qual há sustentação de
diagnosticada do quadril. Há um menor número de bacilos da tuber- peso, evita maior deterioração muscular.
culose em infecções ósseas do que no escarro infectado, o que dificulta Contraturas combinadas de flexão e adução são comuns, mas
o diagnóstico de osteomielite tuberculosa. sua presença pode não ser detectada quando o paciente possui uma
Foi recomendado um período maior de quimioterapia após fratura aguda. Essa combinação de deformidades predispõe o paciente
a realização de uma artroplastia de quadril na presença de artrite a deslocamentos pós-operatórios, especialmente quando a cirurgia é
tubercu losa ativa. O Mycobacterium tuberculosis possui pouco realizada por meio de via de acesso posterior. É preferível a utilização
biofilme e não adere bem aos implantes. Muitos pacientes que de uma via de acesso anterior ou anterolateral. A soltura da cápsula
apresentam reativação de infecções tuberculosas após artroplas- anterior e do psoas, bem como a tenotomia percutânea dos adutores,
tias totais de quadril podem ser tratados com desbridamento e podem ser necessárias. A colocação do componente acetabular com
medicamentos com manutenção da prótese. Devido à emergência anteversão adicional também torna o quadril mais estável. Se a esta-
de cepas resistentes aos medicamentos para tubercu lose, a biópsia bilidade do quadril durante a cirurgia for insatisfatória ou se o con-
de tecido durante o pré-operatório com cultura e sensitividade trole muscular do paciente sobre o quadril for insuficiente para
por antibiobrama é útil para selecionar os agentes ideais para manter as precauções pós-operatórias adequadas, recomenda-se o uso
quimioterapia. de gesso pelvipodálico por 4 a 6 semanas até que os tecidos moles
cicatrizem-se suficientemente para estabilizar a articulação. Ocasio-
nalmente, componentes acetabulares com trava (constrictos) podem
TUMORES ser necessários para evitar deslocamentos pós-operatórios.

Os possíveis candidatos para artroplastia total de quadril são os


pacientes com (1) tumores metastáticos e expectativas razoáveis de COMPLICAÇÕES
vida; (2) alguns tumores menores, tais como condrossarcoma e
tumor ósseo de células gigantes; e (3) lesões destrutivas benignas, As complicações associadas à artroplastia total de quadril podem ser
tais como a sinovite vilonodular pigmentada. Para pacientes com divididas naquelas diretamente relacionadas ao procedimento cirúrgico
lesões primárias, a cura da doença deve ser o objetivo da cirurgia, e nos períodos intraoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório
não a restauração das funções. Consequentemente, pode ser neces- tardio; e naquelas que podem afetar sistemas além do musculoes-
sário realizar exames ósseos, tomografias computadorizadas e res- quelético no quadro perioperatório. Como ocorre com qualquer pro-
sonâncias magnéticas para determinar a quantidade de tecido a ser cedimento cirúrgico, a prevenção de complicações deve ser um foco
ressecada. A abordagem cirúrgica deve ser mais extensa do que o consistente do cirurgião e dos assistentes. O monitoramento de com-
normal para garantir a excisão completa do tumor. Uma artroplastia plicações e seu tratamento eficaz podem exercer um impacto significa-
total de quadril convencional pode ser sufi ciente, entretanto, se tivo sobre a satisfação do paciente e sobre os resultados.
apenas parte do acetábulo, da cabeça femoral ou do colo femoral
precisar ser ressecada para remover o tumor e uma margem de
tecido normal. Caso as áreas trocantérica maior e subtrocantérica MORTALIDADE
precisem ser ressecadas, o quadril pode se tornar instável, pois pode
ser difícil refixar os músculos abdutores. Pode ser necessário utilizar As taxas de mortalidade relatadas para artroplastias totais de quadril
um componente femoral longo devido a outras lesões mais distais variam de acordo com o período durante o qual são realizadas as
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L - -

a um falso aneurisma ou ao pressionamento do iliopsoas (Fig. 3-90).


Pode ser requisitada uma arteriografia para identificar o vaso afetado
e possíveis embolizações, podendo ser necessária uma revisão ace-
tabular para corrigir pressionamentos do iliopsoas.
Nós utilizamos drenas de sucção de modo seletivo profunda-
mente à fáscia, removendo-os em período de 24 a 48 horas. Em
pacientes sem hemorragia excessiva durante a cirurgia ou sem fatores
de risco, não foi necessária a drenagc;:m após artroplastias totais de
quadril primárias. Os drenos são utilizados rotineiramente para pro-
cedimentos de revisão ou cirurgias primárias com maiores riscos de
hemorragia, bem como em pacientes de risco. A necessidade da dre-
nagem, entretanto, foi questionada. Uma metanálise da literatura de
Parker et ai. sobre sistemas de sucção fechada e artroplastias totais de
quadril concluiu que o uso de drenagem aumentou a necessidade de
transfusões e tornou a necessidade de reforçar o curativo menos fre-
quente. Os benefícios de sistemas de sucção fechada em artroplastias
primárias sem complicações não foram provados.
Hemorragias excessivas que levam à formação de hematomas
O[ril!;H1.E!9 A tomografia computador izada mostra flu ido raramente requerem intervenções cirúrgicas. A maioria dos pacientes
dentro da ba inha muscu lar do ili opsoas compatível com hema- pode ser tratada com troca dos curativos, interrupção do uso de anti-
toma resultante de pressionamento causado pe lo componente coagulantes, tratamento para coagulopatias e observação do ferimento.
acetabu lar. (De Bartelt RB, Sierra RJ: Recurrent hematomas within the As indicações para o tratamento cirúrgico de hematomas incluem deis-
iliopsoas muscle caused by impingement after total hip arthroplasty, J cência do ferimento ou necrose marginal, paralisia do nervo associado
Arthroplasty 26:665, 2011.) e infecção do hematoma. Devem ser realizadas na sala de operação a
drenagem do hematoma e uma hemostase meticulosa. Deve-se realizar
cultura do hematoma para avaliar possíveis contaminações bacterianas,
cirurgias, o momento no pós-operatório no qual foi determinada a continuando-se o uso de antibióticos até que os resultados estejam
taxa e a população sendo avaliada. De acordo com uma pesquisa de disponíveis. Também são necessários o desbridamento do tecido necró-
17 milhões de altas hospitalares nos Estados Unidos, a taxa de mor- tico e o fechamento à prova d'água. A drenagem de sucção fechada
talidade dentro do hospital foi de 0,33% para as artroplastias primá- parece ser necessária nesse cenário para evitar recorrência.
rias e 0,84% para os procedimentos de revisão. Na população ame-
ricana, a mortalidade em um período de 90 dias após o procedimento
foi relatada como sendo 1% para as artroplastias primárias e 2,6% OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA
para as cirurgias de revisão. Foi relatado um aumento da taxa de
mortalidade em homens, pacientes com idades superiores a 70 anos A ossificação heterotópica pós-operatória varia em grau, indo de
e pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes. Apesar de uma densidade leve e indistinta, observada radiograficamente na
ser necessário realizar uma avaliação médica minuciosa durante o região dos abdutores e do iliopsoas, até uma anquilose óssea com-
pré-operatório, deve-se prestar especial atenção aos pacientes que pleta da articulação do quadril. De acordo com Iorio e Healy, pacien-
apresentem esses fatores de risco para mortalidade. tes do sexo masculino com osteoartrite hipertrófica e pacientes com
históricos de ossificação heterotópica ou de artrite pós-traumática
com osteofitose hipertrófica apresentam alto risco de ossificação
FORMAÇÃO DE HEMATOMAS heterotópica. Os riscos moderados estão associados com espondilite
anquilosante, hiperostose esquelética idiopática difusa, doença de
Uma avaliação minuciosa no pré-operatório deve identificar os Paget e osteoartrite hipertrófica unilateral.
pacientes com fatores de risco conhecidos para hemorragia exces- A técnica cirúrgica pode desempenhar um papel no desenvol-
siva, incluindo tratamentos com antiplaquetários, anti-inflamatórios vimento da ossificação heterotópica. As vias de acesso anteriores e
ou anticoagulantes; pacientes que utilizam fitoterápicos; os que têm anterolaterais apresentam maiores riscos de ossificação heterotópica
discrasias sanguíneas e coagulopatias; e aqueles com histórico de do que as abordagens transtrocantéricas ou posteriores. Apesar das
hemorragias na família come procedimentos cirúrgicos anteriores. fixações não cimentadas estarem implicadas como fatores de risco
O mais importante fator cirúrgico na prevenção de hematomas é a para ossificação heterotópica em uma revisão retrospectiva de hastes
hemostase cuidadosa. Algumas fontes comuns de sangramento são cimentadas e não cimentadas, estudos prospectivos subsequentes
(1) os ramos dos vasos do obturador que podem ser cortados aleatórios e pareados refutaram tal associação.
quando o ligamento redondo, o ligamento transverso ou os osteófi- A calcificação pode ser observada radiograficamente na 3ª ou
tos são removidos da face inferior do acetábulo; (2) o primeiro ramo 4ª semana, mas o osso não amadurece completamente até 1 ou 2
perfurante da artéria femoral profunda para a inserção do glúteo anos. A seguinte classificação de Brooker et al. é útil para descrever
máximo; (3) os ramos dos vasos femorais próximos da cápsula ante- a extensão da formação óssea:
rior; e (4) os ramos dos vasos glúteos inferiores e superiores. Os Grau I: porções ósseas isoladas dentro de tecidos moles.
vasos ilíacos correm risco quando há perfuração da parede medial Grau II: bicos de papagaio no fêmur proximal ou na pelve com pelo
do acetábulo e durante a remoção de cúpulas deslocadas mediai- menos 1 cm entre as superfícies ósseas opostas.
mente. As hemorragias de grandes lesões nos vasos tornam-se apa- Grau III: bicos de papagaio no fêmur proximal ou na pelve com
rentes durante a operação (consulte seção sobre lesões vasculares). menos de 1 cm entre as superfícies ósseas opostas.
Pode ocorrer hemorragia tardia (1 semana após a operação) devido Grau IV: anquilose.
_, PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

0!§ii;MEIJ9 A, Radiografia anteroposterior


mostrando porta is de radiação para artroplastia
total de quadr il. O campo de radiação é indicado
pelo retângu lo hachurado. Foram poupadas as
porções com pote ncia 1 cresciment o ósseo dos
componentes femorais e acetabulares. B, Radi o-
grafia latera l mostrando o portal de radiação real
(área escura) com escudos protetores (áreas claras
na parte superior e na parte inferior) posiciona-
dos. (De lorio R, Healy WL: Heterotopic ossification
after hip and knee arthroplasty: risk factors, preven-
tion, and treatment, J Am Acad Orthop Surg 10:409,
2002.)

A prevalência dessa complicação varia de 2% a 90% dos para inibidores COX-2, estes foram recomendados para ossificação
pacientes. A maioria dos pac ientes que desenvolvem ossificações heterotópica. Similarmente à rad iação, os AINEs diminuem o cres-
heterotópicas é assintomática, mas pode ocor rer restrição dos ci mento ósseo em impl antes porosos; mas, ao contrário da radia-
movimento s e dores em pacientes com ossificações de graus III ou ção, n ão existe método para proteger o implante nesse caso.
IV. Lim itação acentuada dos movimentos ou anquilos e são inco- Raramente são indicadas as operações para remoção de ossifi-
muns , mas foi relatada perda s ign ificat iva da função da articulação cações heterotópicas, pois a dor geralmente não é intensa e a excisão
em 10% dos pacientes. A profilaxia d e rotina não é recomendada de ossifi cações heterotópicas é um procedimento difícil. É necessária
para todos os pacientes, mas alguma forma de profilaxia é neces - exposição extensa e o osso ectópico obscurecer os marcos normais.
sária em pacientes de a lto risco. A remoção do osso anormal dos tecidos moles adjacentes não é fácil.
As m edidas profiláticas para a prevenção da ossificação hete- Pode-se antecipar hemorragias substanciais. A radiação e os AINEs
rotópica incluem doses baixas de radiação e administração de anti- foram utilizados com sucesso na prevenção de recorrências. A dimi-
infl amatórios não esteroid es (AINEs). Regimes de radiação pré e nuição na atividade de tecnécio na cintilografia óssea indica que a
pós-operatórios com doses de 500 cGy foram utili zados com sucesso. ossificação heterotópica am adureceu e que a excisão pode ser reali-
Em um a ava liação multicên trica da profilaxia por radiação, as falhas zada com segurança. Os movimentos devem melhorar com a excisão,
ocorreram mais comumente em pacientes tratados por mais de 8 mas a dor pode não ser aliviada suficientemente.
horas durante o pré-operatório o u por mais de 72 horas durante o
pós-operatório do que em pacientes tratados por períodos menores.
O tratamento pré-operatório deve resu ltar em menor desconforto TROMBOEMBOLISMO
do paciente do que o tratamento no início do período pós-operató-
rio. A exposição à radiação é limitada aos tecidos moles imediata- O tromboembolismo é um a das complicações graves mais comuns
mente adjacentes à articulação do qu adril, devendo-se proteger decorrentes da artroplastia total de quadril. Nos primeiros relatos
adequadamente as superfícies de crescimento ósseo (Fig. 3-91). d e artroplastias totais de quadril sem profilaxia de rotina, a trombose
Hed ley et ai. não relataram ev idências clínicas de afrouxa - venosa ocorreu em 50% dos pacientes, com embolia pulmonar fatal
mento, subsid ência e linh as rad io lucentes ao redor de próteses não em 2%. A prevalência de embolia pulmonar em um grupo de 58 .52 1
cimentadas após o tratam ento com radiação. Kennedy et ai. pacientes que passaram por artrop lastias totais de quadril na década
também não relataram aumento nas linh as rad iolucentes e nas d e 1990 fo i de 0,93%.
revisões para afrouxamentos assépticos em um grupo de pacientes Diversos fatores , incluindo a anestes ia, afetam o risco de trom-
que passaram por artrop lastias totais de quadril não cimentadas e boembolismo (Tabela 3-1). Há algumas evidê ncias de que anestesias
foram tratados com profilax ia por radiação. A demora na consoli- regionais apresentam menor risco de trombose venosa profunda e
dação o u a pseudoartrose da osteotom ia trocantérica são poten- em bolia pulmonar do que anestesias gerais. Davis et ai. relataram
ciais prob lemas da terapia por rad iação. Não foram relatadas incidência de 13% de trombose venosa profunda em pacientes ope-
transformações malignas após a radiação com as dosagens atual- rados com anestesia subesp ina l em comparação com uma incidência
mente recom endadas para a profilax ia. de 27% em um grupo que receb eu anestesia geral.
Em diversos estudos, não há indi cação de que os AINEs O tromboernbolismo pode ocorrer em vasos d a pelve, coxa e
reduzam a formação de ossificações h etero tópicas. Historicamente, panturrilha. Cerca de 80% a 90% d e todas as tromboses ocorrem no
os inibidores cicloxigenase-1 (COX- 1) e ciclox igenase-2 (COX-2) membro operad o. Anter io rmente, acred itava-se que as tromboses d a
não seletivos foram recom e ndados por 6 semanas, apesar de haver panturri lha dificilmente causavam embolismos pulmonares. Entre-
relatos de administrações por 7 dias bem -s ucedidas. A utilização tanto, Pellegrini et ai. observaram a propagação proximal de trom-
é limitada por contraindicações m éd icas em relação à substância boses da panturrilha não tratadas em quatro (17%) de 23 pacientes,
e por intole rância do paciente. Cella et ai. relataram que 37% dos resultando em dois emboli smos pulmonares não fata is e d ois fatais .
pacientes não foram capazes de concluir o tratamento com indo- A relação temporal da trombose ve nosa profunda (TVP) e da
metacina. Mais recentemente, um a metaná lise rea li zada por Xue em bolia pulmonar (EP) com a cirurg ia é controversa. A maior
et al. composta por quatro testes aleatór ios comparando inibidores incidência de trombose ve no sa profunda varia de acordo com o
seletivos COX-2 com inibidores não seletivos COX 1 não mostrou estudo, com urna taxa de 4 a 17 dia s após a cirurgia. Com inter-
dife re nças de eficácia na prevenção d e ossificação heterotópica. n ações hospitalares mai s curtas, mais eventos tromboembólicos
Sob a luz de um perfil de seg urança gas trointes tinal mais favorável ocorrem após a alta.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -


·r,;,.,;......., reduz a in cidência de tromboe mb oli sm o após ar trop las ti as totai s
3 ~l:;·;t: Fatores de Ris.co para
de quadr il. É ge ralmente aceito qu e os pacientes deva m movi m en -
·í§~l'f~·;,} Tromboembohsmo Venoso
ta r-se o mai s cedo e o m ais rápi do que pe rmitam suas co ndi ções
gera is. Exercíc ios ati vos para ambos os membros in fe ri o res
ALTERAÇÕES HEMOSTÁTICAS
(ESTADOS DE aj udam a reduzir a es tase ve nosa e a fo rm ação de trombo se. Em
FATORES DE RISCO CLÍNICOS HIPERCOAGULABILIDADE) algun s es tud os aleatórios, botas d e co mpressão pneumática
Ida de avançada Defi ciência de sequ encial são mais favo ráve is em co mpara ção co m profil ax ia
Fratu ra da pe lve, quadril, antitromb in a Ili quími ca. Estão d ispo níve is bo mb as para pé, panturrilh a e coxa-
fêmur ou tíb ia Deficiência de proteína C pan turrilh a. Versões esté reis de algun s desses di spos iti vos podem
Paralisia ou imobilização Deficiência de proteína S se r ap li cad as durante a o peração d o m emb ro. Altern ati vamente,
prol ongada Di sfibrinogenemia elas pod em se r ap li cadas ao m embro não ope rado durante a cirur-
Histórico de Anticorpos anticoagulantes gia ou a amb os os m embro s n a sala d e recuperação. A insa ti sfação
tromboembolias venosas e antifosfolipíd icos dos paci entes co m esses di sp os iti vos é co mum e a adesão ao tra-
Operações envolvendo lúpi cos tamento pode se r um problem a.
abdome, pelve ou Distúrbio D ive rsos métodos de anticoagulação quími ca são eficazes na
extrem id ades inferiores mieloprol iferativo prevenção do tromboembolismo, apesa r de o age nte ideal ain da não
Obesidade Trombocitopenia induzida ter sid o defi nid o. Os agentes mais co mum ente utili za dos são a va r-
Insuficiência cardíaca por heparina fari na, a hepa rin a de baixo peso molecul ar (HBP M), o fondapar inu x
congest iva Distúrbios de e a aspirina.
Infa rto do miocárdio plasminogênio e A va r fa rin a provou se r a mais eficaz, mantend o um ri sco de
Derrame ativação de
co mp li cações hemo rrágicas aceitavelmente baixo. O trata mento
plasminogênio
co meça na noite anter ior à cirurgia, com a dosage m se ndo ajustada
Adaptado de Anderson FA, Spencer FA: Ri sk factors for venous thrombo- di ari am ente para manter um índice intern acional norm al iza do
embolism, Circu/ation 107:519, 2003; and Lieberman JR, Hsu WK: Current (IN R) de aproxi madam ente 2,5. A m aioria dos estud os com parando
concepts review: prevention of venous thromboembolic disease aher total a varfa rina e a HBPM mostra maior prevalência de trombose ve nosa
hip and knee arthroplasty, J Bane Joint Surg 87A:2097, 2005 .
profun da pa ra a va rfar in a, mas maior in cidência de co mpli cações
hemo rrágicas para a HBPM. Outros problemas co m a va rfa rin a
O diag nóstico clínico de tromb ose ve nosa profund a é rea li - envo lve m o monitoram ento regul ar do INR, o atraso do início da
za do co m base na do r e n a textura da panturrilha e da coxa, no sin al ação, interações com m edi ca mentos, e res tri ções nas di etas de
de Homan positi vo, no inchaço unil ateral e eritem a da pern a, na pac ientes em tratam ento co m varfa rin a.
febre m oderada e n a pulsação rápida. Em pelo m enos 50% dos Os estud os qu e utili za m a H BPM parece m promi sso res. A
pacientes, entreta nto, o diagn óstico não é clinicam ente aparen te. O enoxapar ina fo i a mai s amplam ente ut ili zada , mas a ardeparina, a
diagnós ti co clíni co de emb olia pulmo nar é baseado nos sintomas de logiparin a a dalteparina e a nadroparin a também foram estud adas.
dores torácicas (especialmente se pleuráti cas), na ava li ação de ele- As propri edad es fa rm aco lógicas desses age ntes diferem daquelas da
trocardiogram as e radiografias torác icas, e na dete rmin ação da gaso- hepa rin a não frac ionad a. Sua relati va fa lta de atividade antitrombin a
m et ri a arterial. A maio ria dos embolism os pul mona res, entreta nto, res ulta em elevações m ínim as do tempo parcial de tromboplastin a,
não é clinica mente apa rente. Para a tromb ose venosa profunda e a e elas podem se r admini stradas de fo rm a subcutânea um a o u duas
embolia pulm onar, é necessário reali za r testes adj untos para realiza r vezes por dia se m a necessidade de m onito rar os níve is de atividade.
o diagnósti co. Apesa r da in cidência relatada de trombocitopenia indu zida po r
Atu alm ente, a ve nog rafi a é o teste mais se nsível e específico heparin a se r menor com a HBPM do qu e co m a hepa rin a não fra -
para detecção de tromb oses da p anturrilha e da coxa . Ela n ão cionada, reco menda- se o m onitorame nto peri ódi co do nível de pla-
detecta trombo ses ve nosas pélvicas de m o do co n fiáve l. Infeli z- qu etas. As H BPM são m ais caras do que a varfa rin a o u a asp irin a.
m ente, a venog rafia é um exa me caro, invasivo, e que envo lve A adesão ao tratamento após a alta hospitalar pode represe ntar um
riscos d e reações alérgicas ao co ntra ste e de indução de trombo se. problema. Pode ser necessário aj ustar a dosagem para os pacientes
As ult rasso nografias modo B o u duplex Doppler aproximam -se da com insufi ciência renal pois pode oco rrer o ac úmul o do medi ca-
ve nografia em termos de precisão na detecção de trombose femoral, mento em tais pacientes.
m as não são tão úteis no di ag nós ti co de trom boses da pantu rrilh a Em 1997, a Admin ist ração de Alimentos e Med icamentos
e da pelve. A ultrasso nog rafia não é invas iva e pode se r repet id a (FDA) emitiu uma nota alertand o sobre o ri sco de formação de
fac ilmen te. Ge ralmente, o di agn óstico de emboli a pulmon ar é co n - hemato mas ep idurais qu and o fo r utili zada enoxapa rina em co njunto
firmad o por um a tomografia co mputad o ri za da es piral. O exa m e co m anes tésicos n euraxiais, especialmente co m ca téteres epidurais.
pulmo nar de perfu são de rad ionuclídeos tamb ém pode ser utili - O ri sco parece se r maior qu and o a enoxaparina é admini strada duas
za do em pacientes co m insufi ciência renal o u alergias aos co ntras- vezes ao d ia em vez de em um a dosagem única. Em 2003, a Socie-
tes. A angiog rafi a pulmon ar é in vas iva e aprese nta mai ores ri scos, dade Nor te-Americana do s Anes tesiologistas fez m aio res recomen -
ma s é necessá ri a ocasion alm ente quando há er ros nas outras da ções so bre o uso de anestesia ep idural e an ti coagulação, se nd o
m oda li dades de diagnós tico. atuali zadas em 201 O:
O me lh o r método d e profilaxia para trom boe m bol ismo s 1. O início da administração da HBPM deve se r adi ado para 24
ain da está em debate. Atu alm ente, são utili za das modalidad es ho ras após o procedimento, se forem notados sa ngramentos
mecân icas e farmaco lógicas. Mui tos cirurgiões p referem os durante a colocação de agulh as ou ca téteres.
m étodos mecâ nico s, pois eles não envo lve m ri scos de anti coagu- 2. A ad ministração de HBPM du as vezes ao dia está associada ao
lação profil áti ca . A im obili zação prolongada está relacionada ao aum ento no risco de hem atoma espinal. A do se inicial pode
desen vo lvimento de t ro mb ose ve nosa pro fund a apesar de não se r administra da 24 horas após a ope ração, caso haja hemos-
haver dados defi niti vos para ve rifi ca r se a ambu lação precoce tase adequ ada. Caso seja utili zada a técn ica ep idural co ntínu a
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

pós-operató ria, os catéteres deve m se r removidos 2 horas antes


da primeira dose de HBPM.
3. A administração de dosagens únicas de HBPM pode ser ini -
ciada de 6 a 8 horas após o final da ope ração. A segunda dose
deve ocorrer mais de 24 horas após a primeira. Os catéteres
devem se r removidos de 10 a 12 horas após a dose mais recente
da heparina. A HBPM não deve se r administrada dentro de
um período de 2 horas após a remoção do cateter.
4. Para profilaxia com varfarina, o cateter epidural deve se r remo-
vido quando o INR for infer ior a 1,5. A avaliação neurológica
deve continu ar por 24 horas após a remoção do cateter.
5. Se for administrad a uma dose pré-operatória de varfarina, o
IN R deve se r ver ificado antes da inse rção do cateter epidural
caso a primeira dose tenha ocorrido há mais de 24 horas ou se
tiver sido admin istrada um a segunda dose de anticoagulante.
A asp irina é um a anti coagul ante co mum ente utilizado na
prevenção de in fa rtos recorrentes do mi ocá rdio ou de derram es.
Olijll;f.iEl!m Amostra patológica com embo lismo nos ramos
direito e esq uerdo da artéria pulmonar. (De http://l ibrary.med.
Ela foi utili zada como um age nte profiláti co na prevenção da trom-
uta h edu/WebPath/jpeg 1/LUNG062.jpg.)
bose venosa profunda, mas não foi utili zada para tratamento de
uma tromb ose estabelecida. Apesa r de a aspirina se r relativamente
segura e barata, além de não necessi tar de monitoramento labora-
torial, seu papel na anticoagu lação após artroplastias totais d e iTABELA ~ Diretrizes de Práticas Clínicas da
quadril é qu estionável. Mais co mum ente, a asp irina é receitad a em . , . . , AAOS para Profilaxia de
conjunto co m profilaxia mecâni ca ou como um m étodo de profi- Trombose Venosa Profunda
laxia em longo prazo após um período inicial com varfarina,
HBPM ou fondaparinux. RISCO AGENTE
O fo ndapa rinux, um inibidor do fator Xa administrado em Risco-padrão de embolia AAspirina, HBPM,
uma úni ca injeção di ária, é o anticoagulante mais recente a receber pulmonar e grande pentassacarídeos,
a aprovação da FDA para profilaxia do tromboembolismo após hemorragia varfarina (INR ~ 2)
artroplasti as totais de quadril , artroplasti as totais de joelho ou fra- Risco elevado de embolia HBPM, pentassacarídeos,
turas de quadril. Testes clínicos comparando o fo ndapari nux e a pulmonar. Risco-padrão de varfarina (INR ~ 2)
enoxapari na mostraram um a efi cácia equivalente ou melhor na pre- hemorragia
venção da trombose venosa profu nd a com taxas similares de hemor- Risco-padrão de embolia Aspirina, varfarina (INR ~ 2),
ragias. Similarm ente à HBPM, o fondaparinux está associado com pulmonar. Risco elevado sem profila xia
risco de complicações hemorrág icas e trombocitopen ia. A insufi - de hemorragia
ciência renal é um a contraindicação para se u uso. Risco elevado de embolia Aspirina, varfarina (INR ~ 2),
Não há preferência clara para profilaxia tromboembólica em pulmonar e hemorragia sem profilaxia
procedimentos eletivos de artrop lastia total de quadril, mas a
INR, índice internacional normalizado; HBPM, heparina de baixo peso molecular.
maioria dos autores co ncorda que alguma forma de profilaxia, seja
De Johanson NA, Lachiewicz PF, Lieberman JR, et ai: Prevention of symp-
farmaco lógica, mecâni ca ou mista, é necessá ria. Em uma m etanálise
tomatic pulmonary embolism in patients undergoing total hip or knee
de profilax ias tromboembólicas após 10.929 procedimentos eletivos, arthroplasty, J Am Acad Orthop Surg 17:183, 2009.
Freedman et ai. concluíram que a varfa rin a é o melhor agente em
termos de eficácia e segurança. A va rfa rina, a co mpressão pneum á-
tica e a HBPM foram associadas com m enores riscos de embolismos
pulmonares sintomáticos. Não foram identifi cadas diferenças signi- de alto ri sco para embolia pulm onar, enquanto históricos de distúr-
ficativas, entretanto, nas taxas de embolismos pulmonares fatais ou bios hemorrágicos, hemorragias gastrointes tinais recentes e derrame
óbitos entre os diferentes tipos de age ntes. hemorrágico são exemplos de ri scos de grand es hemorragias. Após
Para os pacientes que estão passando por ar troplastias totais a avaliação desses fato res de ri sco, são tomadas medidas profiláticas
eletivas de quadril ou joelho, o American College of Chest Physicians de acordo co m a situação (Tabela 3-2).
(ACCP) recomendou o uso de um dos seguintes agentes anticoagu- Apesar da mobili zação rápida, da profilaxia mecânica e farm a-
lantes: heparina de baixo peso molecular (HBPM), fondaparimuc ou cológica, e do monito ram ento clínico cuid adoso, alguns pacientes
dosagens ajustáve is de antoago nista da vitamina K (INR alvo: 2,5; desenvo lve m trombose venosa profunda e necessitam de tratamento
variação entre 2 e 3). Para os pac ientes com alto ri sco de hemorragia, completo para anticoagul ação. Podem ser indicados suporte respi-
profilaxias mecânicas com com pressão pneumática intermitente ratório, determinações dos níve is de gás no sangue arter ial, e repe-
(CPI) ou bombas venosas são preferíveis até que o risco de hemorra- tição das tomografias computadori zadas espirais. Dois terços das
gia diminu a, quando se deve adicionar a profilaxia química. mortes de pacientes po r emb olia pulmonar ocorrem em até 30
Em 2007, a Ameri can Academy of Orthopaedic Surgeons minutos após o in ício dos sin tomas (Fig. 3-92). Co ntanto que não
(AAOS) aprovou um a diretri z clínica sobre a prevenção de emboli a possuam outras comorbidades, os pacientes que sobrevivem tempo
pulmonar si ntomáti ca após artrop lastias de quadril ou joelho. Essas suficie nte para confirmações do diagnóstico geralmente são aqueles
recomendações estratifi cam os pacien tes com base no risco de trom- submetidos ao tratamento adeq uado. Caso desenvolvam-se embo-
boembol ismo e grandes hemorragias. Históricos de estados hiper- lismos pulmonares adicionais apesa r da anti coagulação adequada ou
coagulativos ou embolismos pulmonares são considerados fatores ocorram co mpli cações hem orrágicas devido à anticoagulação, pode
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTI A DO QUADRIL -

se r necessá ri o colocar um filtro na ve ia cava in fer ior. Tal filt ro pode caso a anatomia do quad ril seja di storcida, corno quando há defo r-
ser ind icado no pré-operatório para pacientes co m risco excessiva- m idades rotacio nais do fêmu r, prot rusões acetabulares, encurta-
m ente altos e para os quais a profilaxia quími ca é contraindicada. A m entos da cabeça e do colo fe m oral, revisões de artroplastias
tro mbólise com ativador de plasminogêni o fo i utili zada para dissol- malsucedid as e desloca mentos dese nvolvimentais. Nesses pacien-
ver os coágulos, mas pode causar grande hemorrag ia na incisão tes, o nervo pode estar deslocado de sua posição norm al, estando
cirúrgica e em outros locais. A emb olec tomi a, tanto por catéteres preso a tecid o de cica trização próximo à face pos teri o r do acetá-
qu anto cirúrgica, pode ser necessá ri a em pac ientes instáve is com bulo. Nesse caso, ele deve se r cuidadosam ente exposto, mobilizado
alto ri sco de hel11 orragia. e protegido durante o res tante da cirurgia. Ge ralmente, ele pode ser
A continuação da profilaxia após a alta do pacie nte representa identi fica do mais fac ilmente no tecido proximal normal ou distal à
um di lema. Com a ênfase atual na contenção de despesas e na redução cicatriz por meio dos tecidos adip osos frouxos ao se u redor. Durante
da in ternação hospitalar, muitos pacientes recebem alta do hospital a soltura dos tecidos moles do lado posteri or do fê mur, a di ssecção
em um momento no qual apresentam risco sign ificat ivo de desenvol- deve mante r-se próxima ao fê mu r, especialmente nos procedimen-
vimento de tro mboses venosas profundas. O ACCP recomenda que tos de revisão. Caso um dos ori fíc ios de ancorage m de co mponentes
os pacientes qu e passem por artropl asti as totais de qu adril recebam ace tabulares cimentados penetre na co rtical medi al ou posterior,
tromboprofil axia por períodos de 10 a 35 dias. Caso o tratamento com insira um retentor de malha m etálica ou um enxe rto ósseo para
anticoagulantes seja continuado após a alta hospitalar, deve-se realizar evitar extrusão do cime nto para a incis u ra isqui ática. Deve-se
preparativos para monitorar os efeitos. São necessá ri os a avaliação prestar atenção à colocação dos afastadores durante a pre paração
clínica fre qu ente para complicações das incisões e o monitoramento fe moral e ace tabular.
laboratorial diligente quanto aos exam es de coagulação. Nossas práti- A assoc iação entre alongam ento do membro e paralisia do
cas atu ais incluem a administração de H BPM ou va rfarina por um nervo ciáti co fo i estud ada amplamente, chegand o-se a vá rias con -
período de 10 a 14 dias após a operação em conjunto com dispositivos clusões. Edwards et ai. co rrelac ionaram o grau de alo ngamento
de compressão mecânica durante a intern ação hospitalar. Para pacien- co m o dese nvo lvimento de paralisia isqui áti ca. Lesões no ramo
tes de baixo risco, é utilizada aspirina com revestimento entérico por ti.b ular ocor rera m co m alon gamentos de 1,9 a 3,7 cm . Em con-
mais 4 semanas após a interrupção da heparina ou da varfa rina. traste, pa ralisias co mpletas do nervo ciático ocorreram co m alon-
Pacientes de alto risco, especialmente aqu eles com histó ri co de trom- ga mentos de 4 a 5, 1 cm. O utros autores questionaram a importância
boem bolismo, co ntinuam recebendo HBPM ou varfar ina por um do alonga mento isolado em relação à parali sia pós-operatóri a do
período de 4 a 6 semanas após a operação. nervo ciát ico. Nercessian et ai. relataram 1. 284 artrop las ti as totais
de quad ril de Charnl ey com alonga mentos de até 5,8 cm . A única
paralisia nervosa nesse grupo foi causad a pela lace ração do nervo
LESÕES NERVOSAS ciático. Eggli et ai. rev isa ram 508 artroplasti as totais de quadril
realizadas pa ra pacientes com d isplas ia do desenvo lvimento do
Uma análise da literatura de Goetz et ai. determinou o risco de qu adril e não observa ram correlação entre o grau de alongamento
pa ra lisia nervosa após artroplastias totais de quadril como se nd o de e paralisias nervosas . Eles concluíram qu e essas paralisi as eram
0,5% para artrite, 2,3% para displasia do qu adril e 3,5% para cirur- res ultad o de traum as mecâni cas em vez de res ultados do alon ga-
gias de revisão. Os fa tores de risco associados com a paralisia mento em si.
nervosa após artropl asti as totais de quadril envo lvem di splasia do Trocas da cabeça modular e/o u encurtamentos femorais fo ram
qu adri l, uti li zação de abordagens posteri ores, fixações não cimenta- utili zados pa ra tratar paralisias isquiáti cas at ribuídas ao alonga-
das, cirurgias de revisão, sexo fe min ino e alonga mento significativo mento excessivo. Sil bey e Callaghan descreveram um paciente com
da extremid ade. paralisia pós-operatóri a do nervo ciático cu ra da com a troca rápida
O nervos ciático, femoral, obturador e glúteo sup eri or podem de um a cabeça modul ar por out ra com um colo m eno r. Similar-
se r lesionados por trauma cirúrgico d ireto, tração, pressão dos afas- mente, Saka i et ai. obse rva ram a resolução co mpleta de um a parali-
tadores ou co mponentes, posicionam ento da extremidade, alonga- sia pós-operató ri a do nervo ciático após encurtamento do calcar e
m ento do membro, e lesões térmicas ca usadas pelo cimento. do colo fe moral mo dul ar.
O nervo ciático é parti cularm ente susce tíve l a lesões durante A para li sia do nervo ciáti co tamb ém fo i observada com
cirurgias de revisão, pois ele pod e es tar preso por tecido cicatri - se nd o res ul ta do da fo rm ação de hem atom as na região subglútea,
zado pos teri ormente, o que o coloca em ri sco du ra nte a expos ição. os qu ais podem oco rrer após tratamentos de anticoag ulação pro-
A ret ração imprudente de tecidos mo les firm es e sem fo lga na fil áti cos o u terapêuti cos . Deve-se suspeitar de hemato mas subglú-
marge m poste ri or do acetábulo p ode ca usa r es tiram ento ou co n- teos em pac ientes co m dor, inchaço e endurecimento nas nádegas
tusão d ire ta do nervo. O m onitorame nto durante a operação com e na coxa em conj u nto com evidências de um deficit do nervo
eletro neuro mi ografi a, os potenciais de ação próx imos ao nervo e ciát ico. O d iagnóstico ráp ido e a descompressão ci rúrgica imedi ata
os potenciais so matosse nsoriais durante os procedimentos de são imp resc indíve is.
revisão evidenciaram anormalidades em ce rca de um terço dos Lu xações no período pré-operatório podem lesionar o nervo
pacie ntes. A exposição cirú rgica, a retração dos tecidos moles, o ciático por me io de con tusões diretas ou es tiramentos. O estado do
posicionamento fe moral para rem oção de cimento ou preparação nervo ciáti co deve sem pre ser docum entado após deslocamentos
de canal, ou a redução do quadril podem ori gin ar sinais anormais. antes de manobras de redução. A redução requer técnicas suaves
O mo ni tora mento do nervo ciático pode se p rova r um co mple- utili zand o, se necessári o, anestesia geral.
m ento útil em procedimentos de revisão e out ras situações de alto O posicionam ento pós-operatóri o pode causar paralisias iso-
risco; m as, devido ao custo do equip amento, às necessidades espe- ladas do nervo ti.bu lar. As almofa das triangul ares de ab dução geral-
ciais de anestesia, e ao tempo necessá ri o, ele não é indicado em mente são fixadas às extremidades por m eio de faixas que podem
art ro pl as ti as totais de qu adri l rotinei ras. ca usa r co mpressão do nervo fi bular caso estejam muito apertadas
Geralmente, a exposição do nervo ciát ico durante abo rd agens na região do colo fibul ar. Tais faL.xas devem apresentar certa frouxi-
posteri ores ou posterolaterais não é necessá ri a, mas é aco nselhável dão e se r posicionadas de modo a evitar essa área.
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

Pacientes co m neuropatias isqui át icas ou fibula res devem ter


se us pés sustentados para evita r deformid ades em equin o. Na
maioria dos pac ientes, as fun ções parciais retornam , mas a recupe-
ração completa é rara. Em um acompanha mento por 2 anos,
Sch m alzri ed, Amstu tz e Dorey relataram recuperação completa em
20% dos casos, deficit res idual pequeno em 65% dos casos e defeito
resid ual grande em 15% dos casos.
Pode- se considerar a reali zação de um a ex ploração do nervo
caso não haja algum gra u de rec up eração dentro de 6 se manas o u
se ho uve r suspeitas de que um a m assa de cimen to o u um parafuso
acetab ul ar es teja co mprimind o o nervo. As tomografias computado-
ri za das do acetáb ul o são úteis no determinação da posição de tai s
dispos itivos. A presen ça de sí ndrom e co mpl exa de dor reg io nal
decorrente de lesões in completas do nervo ciático pode ex igir blo-
queios sim páticos o u o utras técn icas pa ra atenuar a do r.
Co rn o as lesões no nervo femora l são menos co mun s e mais
facilm ente ignoradas no início do pe ríodo pós-operatório, frequen-
tem ente o d iag nóstico é tardio. O nervo femo ral está loca li zado
próximo à cápsula anterior da articulação, estando se parado de la
apenas pelo mú scul o ili opsoas e seu tendão. Ele pod e se r les ionado
pelos retratores posicionados anteriormente ao ili opsoas durante
capsul ec to rni a anterior ou retração fe m oral para prepa ração aceta-
bular. Simmons et ai. relataram paralisia do ner vo femora l em 2,3%
dos pacientes, tod as oco rrid as co m a utili zação de urn a via de acesso
lateral direta de Hardi nge. O nervo femora l também pode se r com- O@il;f4i11!9 Zona seg ura para di visão do glúteo médio em
primido pela ext ru são de cimento caso utili ze-se pressuri zação do posição 5 cm prox imais ao trocanter maior. (Redesenhado de
cimento ace tabu lar. Hematomas no músculo ilíaco tamb ém são Jacobs LG , Buxton RA: The course of the superior glutea l nerve in the
o utra causa con hecid a de compressão do nervo femora l e po te ncial latera l approach to the hip, J Bane Joint Surg 71A:1239, 1989.)
para lisia . Nós obse rvam os o dese nvolvimento de paralisias do nervo
femora l quando houve a co rreção de graves contraturas de flexão no
pré-ope rató r io. O prognós ti co para recuperação é bom, exce to
quando o nervo fica preso no cimento. O paciente deve utili za r um compressão por componentes como parafu sos, cimento ósseo, dispo-
imobili zador de joelh o ou um supo rte articul ado com travam ento siti vos antiprotrusão, co mpo nentes acetab ulares co m rosca ou aloen-
por g ravidad e pa ra evita r torções do joelho e quedas enquanto o xertos estruturais também podem resultar em lesões vasculares.
quadríceps está enfraquecido. De m odo geral, as m edidas tomada s para ev itar lesões ao nervo
As lesões do nervo obturador podem ocorrer quando há ex tru - femoral também protegem a arté ri a e a ve ia femora l. O afastador
são de cim ento, lesões mecânicas causadas pelos afastadores, ou anterior não deve ser pontiagudo, deve se r colocado cuidadosa-
prominência de equ ipamentos ta is como parafusos colocados no mente na borda anter io r e não de ve escorregar anteromed ialme nte
quadrante anteroinferior (co nsulte a seção sobre lesões vasc ulares). até o iliopsoas. Deve-se tom ar cuidado ao soltar a cápsula ante ri or,
Do res persistentes na reg ião in guinal podem se r o único sintoma. especialmen te na presença de cicat ri zes extensas, e ao dividir os
O nervo glú teo superior é o mai s suscetível a lesões com tecidos moles para corrigir contraturas de flexão.
acessos antero laterais qu e dividem o músculo glúteo médio. Uma A rem oção dos tecidos m oles e dos osteófitos da face inferior
zona segu ra fo i des crita para o procedimento em um a posição 5 cm do acetáb ul o pode ca usa r hemorragia dos vasos obturató rios. A
proximal ao troca nte r maior (F ig. 3-93) . O utras manobras qu e penetração da parede m edi al do acetáb ul o durante a utili zação de
podem les iona r o nervo glúteo sup eri o r são as retrações acetabu lares alargado res o u a intrusão de cimento ósseo na pelve podem les ionar
vigorosas para inse rção do compone nte e os posicionamentos extre- os vasos ilíacos. Esses vasos são ge ralm ente separados da cortical
m os da perna para preparação femoral. As lesões do nervo glúteo medi al da pelve pelo músculo iliopsoas, mas esse músculo é fino em
supe ri or podem res ultar em fraq ueza dos abdutores com sinal de algun s pacientes.
Trendelenburg. A utili zação de parafusos transa ceta bu lares para fixação da
cúpula aprese nta ri scos de lesão para os vasos pélvicos. Wasielewski
et ai. descreve ram um sistema de quadrantes acetab ulares para guiar
LESÕES VASCULARES a colocação desses parafusos. Uma linh a traçada da espinha ilíaca
anterior sup eri or passa nd o pelo ce ntro do ace táb ul o e urna segund a
As complicações vascula res resu ltantes de artropl astias totais de linha perpendicular à espinha ilíaca anter ior superior di videm o
quadril são raras (0,04% co m reparos primários e 0,2% com ci rurgias acetáb ul o em quatro quadrantes (F ig. 3-40). A ve ia ilíaca externa
de rev isão), ma s podem represe ntar um problema para a sob rev i- está localizada adjacen te ao osso do quadrante anteross uperior,
vê ncia do membro e do paciente. As taxas de mortalid ade va ri am enq uanto os vasos e o n ervo obturatório estão próximos ao osso
de 7% a 9%, co m 15% de risco de amp ut ação e 17% de chan ce de pélvico no quadrante antero in fer io r. A prese nça de ossos mais finos,
defi ciência pe rm anente. Os fatores de ri sco pa ra lesões vasc ul ares a fa lta de in terposição de tecidos moles e a imobi lid ade relativa dos
são as cirurgias de revi são e a mi gração intrapé lvica de co mp onen- vasos os tornam suscetíveis a lesões. A utili zação de um a broca curta
tes. Os vasos podem ser les ionados por laceração, tração no e de técnica meticulosa são imprescindíve is semp re que devam ser
m embro o u retração dos tecidos moles adjace ntes. Traum a direto ou colocados parafusos nos quadrantes anteri o res. A colocação dos
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

parafusos deve se r limitada aos quadran tes pos teri ores se m pre qu e
possível. O quad rante posterossuperior, o qu al co rrespo nde grosse i-
ramen te ao acetábulo sup erior entre a espinha ilíaca anteri or supe-
rior e a incisura isqui áti ca maior, permite a colocação de pa rafu sos
m ais longos e di sponi bili za o m elhor osso para fixação. O qu adrante
pos teroin fe rior necessita de parafusos m ais curtos. Apesa r dos vasos
glúteos superi ores e do ner vo ciáti co estarem pote ncialmente em
risco qu and o são colocados parafusos no qu adran te pos teross up e-
ri or, a fresa e o pa rafu so podem ser palpados pela incisura isqui ática
de modo a protege r essas es truturas contra lesões. Hemorrag ias
excessivas du rante a colocação do componente aceta bul ar ou inse r-
ção dos parafu sos requ er exposição retrop eritoneal e pinça mento
temp orári o dos vasos ilíacos para evitar perd a de sa ngue adi cional
e para p rese rva r a vida e o m embro do paciente. Deve-se solicitar a
cooperação imedi ata de um cirurgião vasc ular. A arte ri ogra fi a e a
emboli zação transcateter foram utili zadas para co ntro lar hemo rra-
gia in trapélvica excessiva no pós-operatório.
Os pro blemas vascul ares tardios incluem tro m bose dos vasos
ilíacos, fís tul as arte ri ove nosas e fal sos aneuri smas. Os fa lsos aneu-
rismas fo ram relatad os especialmente em pac ientes co m in fecções
pós-operató rias do qu adril, após a migração de co m po nentes ace ta-
bulares co m rosca, e qu and o houve a utilização de retrato res aceta -
bulares po nti ag ud os. Deve-se considerar esse di agnósti co para os
pac ientes co m hemorrag ias p ersistentes no local da incisão ou pa ra H[ijilif4EE9 Aneurisma falso em uma mulher de 67 anos de
os pacientes co m massas pulsáteis (Fig. 3-94) . idade que passou por duas revisões e apresentou hemorragia
Devido ao ri sco de lesões vasculares assoc iad o co m a remoção intermitente no local da opera ção por aproximadamente 32
de co mpo nentes ace tabul ares com protrusão ace ntu ada, deve-se semanas após o procedimento. Uma arteriografia mostrou um
co nsiderar a rea li zação de arterio grafi as, to mog rafi as co mpu ta do- falso aneurisma (seta) . A sutura inserida para fechar a fáscia
ri zadas co m co nt ras te, ou amb as, antes de se reali za r esse ti po de penetrou a parede de um ramo da artéria glútea superior. Foi
revisão. Além di sso, o abdome do p aciente deve se r preparado pa ra realizada a lig adura proxim al e distal do aneurisma e sua excisão .
a cirurgia, podendo ser necessári a a ass istên cia de um cirurgião
vas cular.
O memb ro con tralateral apresenta risco de lesões vasc ul ares
decorrentes de erros de posicionam ento e da imobilização pélvica.
Dispositi vos de pos icionamento pélvico devem ap lica r pressão à
sín fise púbica ou às espinhas ilíacas, devend o-se evitar pressão no
trígo no fem oral.

DISCREPÂNCIAS NOS COMPRIMENTOS


DOS MEMBROS
Idealm ente, os co mprim entos dos membros deve m se r iguais após
a ar tro plastia total de quadril, mas é difícil determin ar o co mpri -
mento da perna co m precisão durante a cirurgia. O alongamento
excessivo é mais co mum do qu e o encurtam ento, se ndo tamb ém
menos to lerado. O alongamento pode se r decorrente de ressecção
insufic iente do osso do colo fe moral, do uso de um a prótese co m
colo demas iadamente longo, ou do deslocamento inferi or do centro
de rotação do ace tábulo (F ig. 3-95). Em um a pesqui sa co m 1.11 4
pac ien tes que passa ram por artroplastias totais de quadril , 30% dos H[ijii;M!lm Artroplasti a total de quadril para osteonecrose
pacientes relataram um a di screpância perce ptível entre os co mpri - em um homem de 47 anos de idade . A cabeça femoral foi recons-
m entos dos memb ros. Dessas di screpâncias, apenas 36% fo ram co n- truída no nível com a extremid ade do trocanter. Um componente
firm adas rad iografi ca mente. acetabular demasiadamente grande moveu o centro de rotação
O signifi cado funcion al da di fe rença de co mp rim ento dos do quadril mais inferiormente e alongou o membro em 1 cm,
m emb ros após art roplas ti as totais d e qu adril aind a não fo i bem apesar da posição correta da cabe ça femoral.
definid a. Alonga mentos sup eriores a aproximada mente 1 cm são
fr equ entem ente fo nt es d e insatisfa ção do s pac ientes apesa r de
ope rações tecni cam en te sati sfatórias , se ndo qu e os sistemas d e O ri sco de alongamento excess ivo da perna pode ser minimi -
ava li ação sub es tim am grosseiram ente o grau de in sa ti sfação. zad o p or uma co mbin ação de planeja mento p ré-operatóri o cuid a-
Caso o alonga m ento exced a 2,5 cm , p od em oco rrer para lisia doso e técnica operatóri a. Edee n et ai. observaram que as medições
ciática e claudi cação. clínicas dos comprim entos das pern as estavam co rrelacionadas com
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

as medições radiográficas em até 1 cm em apenas 50% dos pacientes.


Cont raturas em flexão e ad ução produ ze m encurtamento aparente
da extremidade; e contraturas em abd ução, apesar de serem menos
comuns, produzem alongamento aparente. As discrepâncias ósseas
reais ocasio nalmente requerem correção cirúrgica, enquanto as
discrepâncias aparentes decorrentes de contraturas devem ser
reconhecidas, mas raramente necessitam de soltura extensiva de
tecidos moles. Deve-se procurar hi stó ri co de traumas anteriores
nas ext rem idades inferiores, e es tas devem se r examinadas quanto
a diferenças abaixo do nível do quadril. Radiografias de boa qua-
lidade e gabaritos de amplificação (co nsulte a discussão sobre
gabaritagem pré-ope ratórias na seção sobre radiografias pré-ope-
ratórias) são utili zados para selecionar uma prótese que permita a
restauração do comprimento da perna e do offset femora l durante
a operação.
Foram descritos diversos métodos clínicos para a determinação
do comprimento da perna. Um método envolve a avaliação durante
a operação da tensão dos tecidos moles ao redor do quadril, comu- O!ijil;f4El!m Pino de Steinmann em pos1çao para marcar o
mente co nhecido como "teste de cisalhamento''. Quando é aplicada trocanter maior na exposição inicial do quadri l. (De Ranawat CS,
tração ao membro com o quadril em exte nsão, geralmente ocorre uma Rao RR, Rodriguez JA, et ai: Correction of limb-length inequality during
distração de 2 a 4 mm. O grau de soltura dos tecidos moles, o tipo de tota l hip arthroplasty, J Arthroplasty 16:7 15, 2001.)
anestesia e o grau de rela..xamento muscular podem alterar a avaliação
do ci rurgião quanto à frouxidão dos tecidos. Além disso, a tensão dos
tecidos moles não depende apenas da altura da cabeça femoral, mas
também do offset femoral (Fig. 3-6). Caso o desvio femoral tenha sido Manzotti et ai. observaram um número menor de taxas de discre-
reduzido e não seja avaliado durante a cirurgia, a tensão dos tecidos pâncias superiores a 10 mm nos comprimen tos dos membros com
moles deve ser restaurada por alongamento excessivo do membro, a utili zação dessa técnica. Os resultados funcionais foram idênticos
substitu indo o desvio pela altura para manter a tensão. Uma gabari- para ambos os grupos e não houve luxações. O maior custo e os
tagem cuidadosa no pré-operatório deve alertar o cirurgião quanto a maiores tempos de operação limitaram a ampla adoção das técnicas
essa possibilidade, devendo-se tomar medidas para que os implantes assistidas por computador.
reproduzam o desvio natural do paciente e qu e haja tensão adequada Caso ambos os quadris apresentem problemas e seja esperada
nos tecidos moles sem alongamento excessivo do membro. w11a cirurgia bilateral escalonada, o comprimento é determinado pela
Foram também descritos diversos métodos para determinação estabilidade do quadril, e os comprimentos das pernas são equalizados
do comprimento do membro utiliza ndo-se pinos transósseos colo- pela gabaritagem das mesmas ressecções ósseas e pela utilização dos
cados ac ima e abaixo da articu lação do quadril em conjunto com mesmos implantes em ambos os lados. O paciente deve ser aconselhado
um di sposi tivo de medição colocado entre os pinos. Ranawat et al. a utilizar correções nos calçados entre as cirurgias. Ocasionalmente, a
utilizaram um pino abaixo da ranhura infracotilóideia e mediram a artroplastia pode ser indicada em Lun quadril que já é clinicamente mais
distância entre ele e uma marca no trocanter maior. Essa técnica longo em um dos lados. O encurtamento do membro por ressecção
resu ltou em uma discrepância média no comprimento dos membros excessiva do colo ou pela utili zação de uma prótese com colo femoral
de 1,9 mm sem que nenhum paciente necessitasse de correção nos demasiadamente curto causa risco de luxação devido a tensão inade-
calçados (Fig. 3-96). Essas técn icas dependem do reposicionamento quada ou pressionamento dos tecidos moles. Nesse caso, a transferência
preciso do membro com o mesmo grau de flexão, abdução e rotação distal do trocanter maior ou o encurtamen to por osteotomia subtrocan-
para cada medição. Utilizando um nivelador para reproduzir o posi- térica podem ser considerados.
cionamento do membro, Bose observo u um discrepância média Os principais objetivos da artroplastia total de quadril são, em
entre os membros de 3,4 mm em um grupo de 58 pacientes, 7% dos ordem de prioridade, o alívio da dor, a estabilidade, a mobilidade e
quais necessitaram de ajustes no calçado. a equali zação dos comprimentos das pernas. O paciente deve ser
Atualmente, o método mais confiável para equali zação dos com- informado antes da cirurgia de que não há garantias de que os
primentos das pernas é a combinação de gabaritagem pré-operatória co mprimentos dos membros serão iguais. Caso o alongam ento do
com medições durante a operação. Utili zando essa abordagem em membro proporcione um quadril substancialmente mais estável, a
uma sé ri e de 84 pacientes, Woolson relatou que apenas 2,5% dos discrepância é preferível ao risco de deslocamentos recorrentes.
pacientes apresentaram alongamentos superiores a 6 mm. Em um Geralmente, discrepâncias in fer iores a 1 cm são toleradas e a per-
estudo sobre a utilidade e a precisão do planejamento pré-operatório, cepção da discrepância tende a diminuir com o tempo. As desigual-
Knight e Atwater concluíram que o tamanho dos componentes femo- dades aparentes nos comprimentos dos membros e a obliquidade
rais e acetabu lares não podiam ser previstos confiavelmente durante pélvica causada por contraturas residuais dos tecidos moles geral-
a gabaritagem; mas, quando essa gabaritagem era combinada com mente respondem bem a fisioterapia com alongamento adequado.
medições durante a operação, o comprimento pós-operatório da A liberação cirúrgica dos tecidos raramente é necessária.
perna estava dentro de uma margem de 5 mm do grau planejado de Os pacientes com discrepâncias inaceitáveis nos comprimen-
alongamento para 92% dos pacientes. tos dos membros devem ser ava li ados cuidadosamente para deter-
As técnicas assistidas por computador são promissoras para se minar a causa da discrepância de modo que o tratamento cirúrgico
alcançar igualdade nos comprimentos dos membros após artroplastias seja bem-sucedido. As radiografias pélvicas são avaliadas quanto à
totais de quadril. Em um estudo pareado comparando artroplastias de localização do compo nente que possa ca usa r discrepâncias no
quadril ass istidas por computador com artrop lastias convencionais, comprimento dos membros, tais como componentes acetabulares
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L -

posicionados inferiorm ente à "gota de lágr ima" o u componentes


fe morais posicionados proxi malmente com ressecção insuficiente do
colo. Parvizi et ai. descreveram discrepâncias nos comprimentos dos
membros causadas por posicionamento inco rreto do componente
acetabular, o que resultou em instabilidade. Isso é compensado pelo
alongamento com um a cabeça femoral modular. No grupo de pacien-
tes tratados cirurgicam ente para discrepâncias nos comprimentos dos
membros, a maioria dos pacientes necess itou de ci rurgias de revisão
para correção de componentes acetabulares com orientação incorreta
posicionados inferiormente à "gota de lágrima" ou com anteversão
excessiva (> 20 graus), com retroversão ou co m abdu ção(> 50 graus).
Os comprim entos dos m embros foram equ ali zados em 15 dos 21
pacientes, com a discrepância média nos comprimentos diminuindo
de 4 cm para 1 cm. Apenas um paciente desenvolveu instabilidade
recorrente, enquanto três pacientes com d ores d ecorrentes de neura-
praxia tiveram os sintomas co mpletamente sanados.

LUXAÇÃO (DESLOCAMENTOS)

A prevalência de deslocamentos após artrop lastias totais d e quadri l


é de aproximadamen te 3%. Fatores anatômicos, cirú rgicos e epi- Htiji!;tgiEJ!m Suturas passadas por forames trocantéricos por
demiológicos podem aum entar esse risco. Pseudoartrose trocanté- meio da utilização de um passador. Os rotadores externos e a
rica, fraqueza d a mu sc ulatura ab dutora e aumento pré-operatório cápsu la do quadril foram inco rporados aos reparos . GM, glúteo
da amp litud e d e m ovim e nto são características a natôm icas que má ximo; GMi, glúteo mínimo; OI, obturador interno; P, piriforme,
demonstradamente aume ntam o risco d e instabilidad e. Utilização Q, quadrado femoral. (De Osman i O, Malka ni A: Posteri or capsu lar
da via de acesso posterior, posicionamento in corre to dos compo- repa ir fol lowing tota l hip arth rop lasty: a mod ified techn ique, Orthope-
ne ntes, compressões dos ossos o u componentes não corrigidas, dics 27:553, 2004.)
tensão in ad equ ad a dos tecidos mol es, e cabeças de t am anh os
menores são variáveis sob o co ntrole do cirurgião que podem se r
afetadas. C iru rgias anter iores de quadril, incl uind o revisõ es de curtos ao osso com suturas não absorvíve is (Fig. 3-97). Ao se co n -
su bstituições de quadril , sexo fem inino, idade avançada, fraturas siderar a ar trop lasti a tota l de quadril para pacientes com alto risco
d e quadr il anteriores e diagn ós tico pré-op erató rio d e osteonecrose d e luxação posterior, como os indivíduos com do enças n eu rovas-
o u ar trite inflamatória são fa tores epidemio lógicos que podem culares o u contratura de fl exão acent uad a, deve se r consid erada a
afetar n egat ivame nte a estab ilidad e do quad ril. via de acesso a nteri o r.
O deslocamento pós-operatório é mais comum quando há his- Ao fixar o componen te acetabula r na posição adequada, espe-
tórico de cirurgias no quadril, especialmente com revisões de substi- cialm ente quanto à an teve rsão, o cirurgião d eve ser capaz d e julga r
tu ições totais de quadril. Alberton et ai. relataram uma taxa de a posição da pelve do paciente nos planos horizontal e vertical. Erros
deslocam ento de 7,4% em um grupo de 1. 548 procedimentos de no posicionamento d o paciente na mesa de operação são um a causa
revisão com acompanhamento em um período de pelo menos 2 anos. co mum para o posicion am ento acetabula r incorreto, sendo crucial
Os possíveis fatores que contribuem para essa ocorrência incluem a firm e estabili zação do paciente n a posição lateral. Quando em
soltura excessiva de tecido mole, fraqueza muscular, cabeças femorais posição lateral, as mulh eres co m qu adris largos e ombros estreitos
de tamanhos pequenos (22 mm) e falta de união trocantérica. estão em uma posição d e Trendelenburg relat iva e há a tendência d e
A esco lh a da abord age m cirú rg ica afe ta a taxa de luxações no implantar a cúpu la e m posição m ais h o ri zontal do que planejado.
pós-operatório. Berry e t a i. observaram um a taxa de luxação de Em h om ens com pelves estre itas e ombros largos, ocorre o inve rso.
6,9% com a utilização de um a via d e acesso posterolateral em Q uanto à anteversão, a pelve é flexionada para cima em 35 graus na
co ntraste com um a taxa de 3, 1% com a u tilização de uma via de pos ição latera l, enqu anto em posição supina e em extensão ela tor-
acesso a nte rolatera l. Há um a ten d ência de retroverter a cúp ul a na-se relativa m ente re trovertida. Além d isso, a retração anterio r
quando a artrop last ia total de quadril é realizada por meio de um a forçada d o fêmur para expos ição acetabu lar freq uentem ente inclina
abordagem posterolatera l. Geralm en te, isso é causa d o pela retra - o pacie nte para a frente. A colocação do co mpo nente acetabular em
ção anterior do fê mur, o q ue faz com que o pos iciona dor ace tab ul ar orientação relativa à mesa de operação causa retroversão equivocada
seja forçado posteriormente durante a inserção do co mp o ne nte. em relação à pelve. Os pos icionadores d e inserção acetabular podem
A divisão de todos os rotadores externos curtos é, provavelmente, proporcionar uma fa lsa se nsação de seguran ça, devendo-se se mpre
outro fator, e o reparo cuidadoso do envelope posteri or de tec idos consid erar a posição verd adeira da pelve. Ser capaz de palpar a
mo les melhora a estabi lid ade. Diversas técnicas de reparo fora m espin ha anterior superior pelas bandagens é útil para avaliar a posição
propostas para os tec idos m o les de modo a m elh o rar a estabilidade da pelve, e é imprescindível uma boa exposição acetabular que permita
do qu adril após a utili zação d e vias d e acesso posterolaterais, co m a observação de referênci as ósseas. Quando é utili zado um posicio-
taxas d e deslocamento var iando de 0% a 0,85 %. Uma metanálise nador de inserção acetab ul ar, d eve ser conhecido o ângulo no qua l
co mparando vias de acesso posteriores com e sem reparo dos tecidos ele segura a cúp ul a. A cú pula de teste d eve ser colocada na pos ição
moles mostrou uma redução d e 10 vezes nas taxas de luxação, ou na qual será inserida a cú pul a final, d evendo ser notada sua relação
seja, de 4,46% para 0,4% com a reali zação dos reparos. Nossa pre- com a periferia d o acetáb ul o. Essa orientação deve se r reproduzida
ferência é a reparação da cápsul a posterior e dos rotadores exte rn os com prec isão durante a co locação do impla nte final.
- PARTE li PROC EDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

iê!§ll;füEJlil9 Radiografias anteroposteriores de três pacientes diferentes para ilustrar a estimativa do ângulo de anteversão por
meio da posição do aro metálico circunferencial. A, A sobreposi ção relativa da metade anterior e da metade posterior suge re pouca
ou nenhuma anteversão (ou retroversão). B e C, A posi ção das duas metades sugere mais anteversão (ou retroversão) do que em A.
Todos os três quadris são está veis.

O@lh@EJ!m Determinação do ângulo de anteversão (ou retroversão) da cúpu la por tomografia computadorizada (TC). A, O com-
ponente acetabu lar parece estar bem posicionado em uma enfermeira de 39 anos de idade que passou por várias rev isões e foi enca-
minhada em virtude de afrou xamento femoral com sublu xa ção recorrente. B, Tomog rafia computadorizada mostra retroversão
acetabu lar de 20 graus.

A qu antifi cação do grau de anteve rsão do componente acetabular medidas diretamente nas radiografi as, mas a flexão ou extensão da
por meio de exames radiográfi cos é difícil. McLaren descreveu um pelve podem di storcer sua relação com o fe iJi:e do RX.
método matemático para determin ar o grau de an teve rsão conside- A posição do co mpo nente acetabular está relativamente relac io-
rando as posições relativas das metades anterior e posterior do aro da nada ao ri sco de luxação. Lew innek et ai. revisaram as radiografias de
cúpul a (F ig. 3-98). Similarmente, a anteversão de componentes aceta- 300 artroplastias totais de quad ril com medição direta da incl inação
bulares não cimentados pode se r estimada pela comparação das duas e cálc ul o da anterversão. A taxa de luxação para cúpulas com ante-
metades da bord a. A sobreposição das duas metades sugere pouca ante- ve rsão de 15 ± 10 graus e inclinação de 40 ± 10 graus fo i de 1,5%,
versão ou ausê ncia dela. Caso fo rmem uma elipse, há algum grau de enquanto 6, 1% fora dessa "faixa de segurança" apresentaram luxações.
anteversão o u retroversão. Um a vista lateral do quadril afetado em mesa Similarm ente, Biederm ann et ai. estud aram um conjunto de 127
de movimento cruzado também pode ser útil para avaliar a anteversão quadri s co m instabilidade pós-operatóri a comparando-o com um
acetabular, mas podem ser utili zadas tomog rafias computadori zadas grupo de controle com qu adris estáveis utilizando an álise de radi o-
para avali ar o grau de anteve rsão de fo rm a mais precisa (Fig. 3-99) . grafia s co mputadorizadas. Eles observa ram aumento na anteve rsão e
A inclinação ou a abdução do componente acetabular podem ser na abdu ção p ara p ac ie ntes co m lu xaçã o anterior, e diminui ção na
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL &Ili

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Tíbi a - - -1 1
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,_.
O@lhfflEJID Inclinação excessiva do acetábulo. A lu xação 1
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recorrente é causada por uma inclinação de 65 graus do compo- 1
1
nente acetabular. O quadril luxava com adução quando o paciente 1
estava em pé. Foi necessária uma revisão. 1 ./
..,.....___ Retrovertido

anteversão e abd ução para pacientes com luxação posterior. Os


menores va lo res de ri sco para luxação foram 15 graus de anteve rsão
e 45 graus de abdução.
Se a cúpu la acetab ular estiver excessivamente antevertid a, 1
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podem oco rrer deslocalllentos anteri ores durante a exte nsão, adução
e rotação extern a do quadril. Se a cúpula acetabular estive r retrover-
tida, o deslocamento ocor re posteri orm ente com movimentos de
O[dil;@ll:ml A anteversão do componente femoral é esti-
mada comparando-se o eixo tibial com o eixo do colo da prótese
fl exão, adução e rotação interna. A inclinação excessiva do compo-
femoral. Um ângu lo de 90 graus representa anteversão neutra .
nente acetab ul ar pode leva r a lu xações sup eriores com adução, espe-
Ângulos agudos(< 90 graus) são compatíveis com retroversão rela-
cialmente se ho uver contratura de adu ção res idual ou se o fêmur
tiva e ângu los obtusos (> 90 graus), com aumento da anteversâo.
comprimir osteófitos na marge lll inferior do acetábulo (Fig. 3- 100).
Inve rsa!llente, se o colllpo nente acetabular es tiver inclinado quase
que hori zo ntalm en te, a colllp ressão oco rre durante o início da flexão
e o qu ad ril deslo ca-se posteriorlllente. Isso é acentuado se a cúpula
acetabular tarnb élll apresentar anteversão insuficiente.
A anteve rsão do colllponen te femoral é estimada durante a
cirurgia CO!llparand o-se o eixo do colo felllora l protético com a diáfise
da tíbia quando o joelh o es tá fl exio nado e!ll 90 graus. A versão neutra
é definida pelo alinha!lle nto perpendicular do colo protético CO!ll a
tíbia. A anteve rsão relat iva oco rre quando esse ângulo é superior a 90
graus e a retrove rsão ocorre quando é inferior a 90 graus (Fig. 3- 101 ).
O compon ente femora l deve ser fLxado co m o colo em anteversão de
5 a 15 graus. A an teversão grave de colos femorais anatômicos é
observada em casos de displasia de desenvolvi!llento ou artrite reu-
matoid e juvenil; enqu anto a retroversão pode ocorrer qu ando houve
divisão prévia da cabeça femo ral, pseudoartrose femoral proximal o u
baixos níveis de ressecção do colo. Caso o colo do componente ap re-
se nte anteversão superi o r a 15 graus, o deslocamento anterior torna- se
m ais frequente (F ig. 3- 102) . Inversamente, a retroversão do compo-
nente femoral tende a deslocar o qu adril posteriormente, especial-
mente durante movimentos de fl exão e rotação interna.
Arnu wa e Dorr descreveram a anteve rsão combinada, urna
técnica na qua l a anteversão do compon ente femoral é determinada
pela prepa ração fellloral. O co mpo nente acetabular é colocado e a
soma das anteve rsões da cúpula acetabular e da haste femoral é O@il;fdEJD Lu xação causada por rotação incorreta do com-
determinada como u!ll a soma de 35 graus no total, sendo aceita um a ponente femoral. O componente foi rodado incorretamente para
faixa de 25 a 50. Esse método requ er navegação por computador 70 graus de anteversão. O quadril deslocou-se anteriormente diver-
para determin ação dos va lo res. sas vezes e foi revisado.
. , PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

D iversos componentes acetabulares atu ais poss uem revesti-


mentos modul ares com elevações que podem ser rodados em diver-
sas posições para reorientar a face do acetábulo em alguns graus e
proporcionar maior cobertu ra para a cabeça protética (Fig. 3-33).
Ta is com po nentes podem melhorar a estabilidade, mas eles têm o
efeito oposto caso sejam utili zadas grandes elevações ou se forem
ro dados até posições inadequadas. É mandatário realizar uma ava-
liação cuid adosa qu anto à colisão do colo protético na elevação do
reves tim ento durante a redu ção de teste.
A adequação da tensão dos tecidos moles na articul ação do
quad ril é frequentemente sugerida como causa de deslocam entos pós-
operató rios. Em uma série de 34 artroplastias totais de quadril com
luxações relatadas por Fackler e Poss, a pern a operada era 1,5 mm
mais longa do que a perna normal. Entretanto, foi observada uma
tendência de diminuição do offset femoral (em média, uma diminui -
ção de 5 mm ) no grupo com luxações. A pseudoartrose trocantérica
que resulta em diminuição da tensão dos abdutores também tem sido
assoc iada a uma maior incidência de luxações. Woo e Morrey obser-
O[dll;f4Ell'!!I Lu xação posterior reco rrente após artroplastia varam uma taxa de ILL'Cação de 17,6% em pacientes com pseudoartrose
realizada após um a fratura acetabu lar. O componente acetabul a r trocantérica desviada em contraste co m uma taxa de 2,8% quando o
foi colocado com um grau inadequado de anteversão devido a trocanter cicatriza-se com união óssea e fi brosa sem desvios.
uma deficiência da parede poste rior. Um osteófito anterior igno- Fisioterapeutas, enfermeiras e outros assistentes responsáveis
rado (seta) ca usou um impacto durante flexão e rota ção inte rn a, pelos pacientes e que auxiliem na mob ilização pós-operatória devem
contribuindo para a lu xaçã o. Foi necessá ria uma rev isão. estar cien tes quanto às posições que podem causar luxações. Depen-
dendo da via de acesso cirúrgica e de out ros fatores operatórios, essas
posições podem ser diferentes para cada paciente. Acim a de tudo, o
paciente deve conhecer as precauções adequadas antes da alta hospi-
O impacto pode se r causado po r prominências na parte talar, devendo-se reitera r as instruções em consultas de acompanha-
femora l, na parte acetabular ou em ambas as partes da ar ti cul ação. mento. Suportes especializados para alcançar o solo e para calçar o pé
Osso ou cimento qu e se projetem além da superfície plana da cúpul a são imensamente úteis para manter a independência do paciente, o
devem ser removidos após a fi..'Cação da cúpula. Caso contrári o, eles que evita posicionamentos extremos no início do período pós-opera-
funcionam com o um fulcro para des locar o qu adril na d ireção tório. O não cumprimento das preca uções para o quadril, seja devido
oposta. Osteófitos residuais, especialm ente aqueles locali zad os a abuso de álcool, abuso de medicamentos ou demência com perda
an teriorm ente, não são facilmente ide ntificados em radiografias, da memória no curto prazo, pode aumentar o risco de luxação.
mas podem ser vistos fac ilmente em tomografias comp utado ri za- A maioria das luxações ocorre em um período de 3 meses após
das (Fig. 3- 103) . Após um acetáb ul o ra so ter sido apro fun dado a cirurgia. Geralmente, a luxação é ace lerada pelo posicionamento
para proporcionar cobertura à pa rte superior da cúpul a, freq uen- inco rreto do qu adril em um m omento no qua l o paciente ainda não
temente o osso em excesso deve se r rem ovid o an teri or mente, recuperou o co ntrole e o tônus muscular. Luxações tardias podem
posteriormente e inferiormente. Isso é difícil se a cúpula fo r co lo- se r ca usadas por m elhorias progressivas nos movimentos após a
cado com o ce ntro do qu adril alto. Caso o troca nter m aior es teja cirurgia. Os impactos ca usados por posicionamento incorreto dos
aum entado o u distorcido devido a cirurgias anteriores ou em co mp onentes ou por osteófitos podem não se manifestar até que seja
deco rrência de doen ças, algum a qu an tid ade de osso d eve se r possível alcança r os extremos dos movimentos de flexão e adução.
removida d e suas m arge ns anteri ores e posteriores para ev itar As luxações tardi as ap resentam alta possibi lidade de torn arem -se
colisões. Por fim , a compressão óssea é muito m ais co mum se o reco rrentes e necessitarem de inter venções cirúrgicas. von Knoch et
desvio femoral não for restaurado adequada mente. A utilização d e ai. relata ram que 55% das luxações tard ias eram recorrentes, com
componentes femorais com reforço de offset pode ser muito benéfica 61 % dessas necessitand o de cirurgia.
nessa situação (F igs. 3- 16 e 3-17). Toda a equ ipe méd ica, incluin do enfe rm eiras e fis ioterapeu-
A relação entre o di âmetro da cabeça e o di âmetro do colo da tas, deve se r inst ruíd a qu anto à dor excessiva durante o movi mento
prótese é importante, pois cabeças menores precisam percorrer um a do quad ril, e quaisquer atitudes intern as ou externas do qu ad ril
distâ ncia m enor para qu e ocorra o desloca mento (F ig. 3- 12). Obser- co m movimentos ativos e passivos limitados o u enc urtam ento do
vo u-se que cabeças de tam anh os maio res são um fa tor estabilizador membro são fa tores que promovem a luxação. A equip e m édica
em algum as séries de artroplastias de qu adril primárias e de revisão. deve se r no tifi cada imedi atame nte, devendo-se obter radi ografias
Cabeças de componentes femorais modu lares co m extensões, ou do quadril. Gera lm ente, a redução não é difícil se a lu xação
"saias'; para proporcionar comp rimento adicio nal para o colo ocorrer no início do pe rí odo pós-opera tó ri o e o di agnós ti co for
reduzem a razão entre os diâm etros da cabeça e do colo, pois o colo rea li zado rap idamente. Caso a luxação não seja diagnosticada em
do componente é encaixado em um eixo cô nico que deve poss ui um algum as horas, a redu ção pode se r mais difícil devido ao inchaço
diâmetro suficientemente grande (Fig. 3-7). Os movimentos dimi - e aos espas mos musc ul ares adicio nais. Geralmente são suficien tes
nu em quando há compressão em compa ração com colos mais curtos sedação intravenosa e analges ia, mas ocasionalmente é necessári o
que não utili zam saias. Apesar do alongamento do colo protéti co aplicar um a anestesia geral. As técn icas de redução deve m se r
poder melhorar a tensão do tecido mole e o desvio, os movimentos se mpre sutis para minimiza r os danos causados às sup erfícies arti-
da prótese e a estabilidade do quadril podem diminuir se o colo mais cul ares. O uso de in te nsificação de image m pode ocasionalmente
longo necessitar da adição de um a saia. ser útil durante a red ução do quadril. A redu ção é conseguida por
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Gii
espec ifi came nte. Daly e Morrey observaram 95 pac ientes que passa-
ram por ope ra ções repetidas para luxações. A taxa geral de sucesso
foi de 61 %, se ndo os melhores resultados obtidos quando a causa da
instabilidade pôde ser determinada com precisão e sanada adequa-
damente. Osteófitos e cimento retidos, os quais podem causar com -
pressões, são faci lm ente removidos. Componentes ma l posicionados
devem ser rev isados e posicionados adequadamente. Os posiciona-
mentos ligeiramente incorretos do componente acetabul ar podem
ser tratados co m a adição de um revestimento com elevação da
bord a ou pela alteração do revestimento atual, mas posicionamentos
incorretos em mais de 10 graus requerem a revisão do componen te.
Colos femorais de comprim entos inadequados requerem alteração
da cabeça modular ou revisão do componente femoral caso o
desenho não seja modular. A revisão do componente femoral apenas
para correção de rotação incorreta raramente é necessária . Caso não
haja posicionamento incorreto do componente ou fontes identificá-
veis d e colisões, o avanço distal do tro canter maior fo i recomendado
para melh orar a tensão dos tecidos mo les.
Caso a instabilidade seja intensificada por deficit neurológico
ou insuficiência abdutora, a revisão para implantação de um a
prótese bipolar pode ser considerada devido à sua maior estab ili -
dade intrínseca. Parvizi e Morrey relataram uma taxa de sucesso de
81 % para revisão bipolar com valores médios pós-operatórios com
o Harris Hip Score de apenas 55, apesar das melhorias funcionais
serem adequadas.
Como último recurso, pode-se utili zar uma cúpu la com trava
O@lhflEJID Dissociação do revest imento de polietileno (constricta), a qual trava a cabeça femoral d entro da cúp ul a. Call a-
modular. A, Após colocação do componente acetabu la r com ghan et ai. relataram melhores resultados com comp onentes aceta-
suporte metálico e revestimento de po li eti leno modular. B, Seis bu lares co m trava. Eles utili zaram revestimentos tripolares em
se man as após a cirurg ia, o quadri l luxou-se en quanto o paciente conjunto co m um novo componente acetabular não cimentado (taxa
estava sentado em uma cadeira baixa . Após a manobra de redução, de falha de 6%) ou cimentado em um esc udo preexistente bem
a cabeça femoral fica loca li zada excentricamente no suporte metá- fi xado (taxa de fal ha de 7%). Não foi relatado aum ento no desgaste
li co. A so mbra radiotransparente do revestim ento de polietileno o u osteólise nesse dispositivo. Em uma revisão da literatura sobre
deslocado é visíve l nos tecidos moles inferiores (setas) . Foi necessá- componentes acetabul ares com trava, W illiams et ai. observaram
rio rea li zar uma reoperação para substitu ir o revestimento. uma taxa de luxações recorrentes de 10% e uma taxa de reoperação
média de 4% por outras razões, exceto instabilidade.
Caso seja utilizado um componente com trava, os movimentos
m e io d e tração longitudinal e leve abdução quando a cabeça do quadril serão reduzidos. O posicionamento correto do componente
femora l está nivelada com o acetáb ulo. A manobra de Allis ou de é crucial para minimizar a compressão do colo na borda do revesti-
Stimson (Cap. 55) também pode ser utili za da. As radiografias mento. O impacto protético excessivo com componentes com trava
d evem ser repetidas para confirm ar a adequação da redução. Os pode atrapalh ar o mecanismo de travamento do revestimento ou ala-
revestimentos modulares de polietileno podem se separar de seus vancar o componente para fora do acetábulo se a fixação não for rígida.
suportes metálicos quando há deslocamento o u quando a redução Guyen et al. descreveram e categorizaram diversas modalidades de falha
é afetada . A colocação incongruente da cabeça femora l dentro do de revestimentos tripolares com trava em 43 pacientes. As falhas ocor-
suporte metálico ind ica tal ocorrê nc ia. É necessária a redução reram na interface entre osso e implante (tipo J), na interface entre
aberta com substituição do revestimento o u revisão do compo- revestimento e escudo (tipo II), no mecanismo de travamento (tipo III),
nente acetabular (Fig. 3 -104). por meio de deslocamento do suporte interno da cabeça femoral bipolar
Se os co mponentes estiverem e m posições satisfatórias, a (tipo IV), e como resultado de in fecções (tipo V). Foi recomendado que
redução fechada deve ser sucedida por um período de repouso esses dispositivos sejam utili zados apenas como último recmso devido
total. A mobili zação alcançada por órteses de abdução pré-fabri- à sua complexidade e diversas modalidades de falha mecânica.
cadas mantém o quadril com 20 graus de abdução e evita flexões Por fim, a lguns pacientes não são candidatos à reconstrução.
sup eriores a 60 graus, apesar dos di spositi vos removíveis não Para indi víduos não comprometidos com o tratamento, pacientes
se rem práticos se m o comprometimento do paciente. Recomenda-se que utili zem álcool ou drogas, pacientes idosos enfraquecidos e
imobili zação por um período de 6 se manas a 3 meses. A eficácia pac ientes com hi stórico de tentativas m alsucedidas de corrigir
do suporte d e abdução foi contestada em um a revisão retrospectiva luxação recidivante, o tratamento m ais indicado é a remoção dos
reali za da po r DeWal et ai., a qual não encontro u diferenças nos componentes sem reconstrução posterior.
riscos de deslocamentos subsequentes em grupos de pacientes tra-
tados com suporte de abdução e sem ele.
Caso um o u ambos os componentes es tejam mal alinhados, o FRATURAS
deslocamento torna-se recorrente, sendo ge ralmente necessário rea-
lizar uma cirurgia de revisão. Casos específicos de instabilidade Fraturas do fêmur e do acetábulo podem ocorrer durante e após artro-
mencionados anteriormente devem ser identificados e corrigid os plastias totais de quadril. As fraturas femorais são as mais comuns,
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

geralmente necessitando de algum tipo de tratamento. As fraturas ace- proximal também aumentam o risco de fraturas, especialmente
tabulares provavelmente ocorrem com mais frequênc ia do que se acre- quando o ca nal medular é estreitado. As cirurgias de revisão ap re-
dita, mas muitas vezes não são clinicamente aparentes. De acordo com sentam um ri sco substa ncialmente maior de fraturas em co mpara-
o Registro de Artroplastias Totais da Mayo Clinic, ocorrem fraturas em ção aos procedimentos primários devido à presença de co rticais
1% das artroplastias de quadril primárias e em 4% dos proced imentos finas decorrentes de mi grações de implantes e de osteólise.
de revisão. Os pacientes de risco para fraturas periprotéticas são as Podem ocorrer fraturas do fêmur durante a fresagem ou
mulheres, pacientes idosos, pacientes com artrite inflamatória, e pacien- durante a inserção do componente femoral. Os sistemas de instru-
tes com deformidades ósseas ou defici ência decorrente de osteoporose, mentação para componentes femorais cimen tados frequ entem ente
osteopenia ou outros distúrbios metabólicos. incluem apenas um conjunto de raspas e não fornecem materiais
A fraturas femorais são mais prováve is em ce rtos estágios do para preparação da porção di stal do canal. As raspas são proj etados
procedim ento. Podem ocorrer fraturas no início da tentativa de para esmagar e remover osso esponjoso sem remover osso endo steal
luxar o qu adril. Os ossos frágeis de pacientes idosos e de pacientes cortical da diáfise. A n ecessidade de remover o osso cortical di stal -
co m artrite reumato ide ou osteoporose podem se r fraturados por mente pode ser antecipada nos pranejamentos pré-operatórios.
forças rotacionais moderadas. Defeitos cor ticais de cirurgias ante- Deve-se utilizar fresas retilín eas ou fl exíveis para remove r o osso
riores ou materiais de síntese aumentam ainda mais o risco. Se antes da inserção da raspa, ou poderão ocorrer fraturas estendendo-se
houver res istência durante a tentativa de luxação nesses pacientes, para a diáfise femoral.
deve-se soltar mais tecidos moles. Caso a operação seja reali zada em Fraturas femorais oco rridas durante a operação são mais
pacientes co m end opróteses dolorosas, protrusões intrapélvicas ou comuns em artroplastias totais de quadril não cimentadas. Berr y
osteoa rtrite hip ertrófi ca, os osteófito s finos qu e se estendem da relatou a ocorrência de fraturas do fêmur proximal durante opera-
marge m do acetáb ul o devem ser ressecados antes da luxação. Caso ções em 5,4% das artroplasti as primárias n ão cimentadas e em 21%
co ntrári o, o fêmur ou a parede posterior do ace tábulo pode m se r dos procedimentos de revisão não cimentados.
fraturados. Em algun s pac ientes com protrusão intrapélvica do ace- A classificação de Vancouver para fraturas p eriprotéticas
tábul o, o colo femoral deve se r dividido e a cabeça, removida do femorais foi alterada para incluir fraturas e perfurações ocorridas
acetábulo de modo retrógrado em vez de arriscar fraturas por causa durante os procedimentos (F ig. 3-105) . Fraturas do tipo A são
de força rotacional excessiva ao fêmur. Durante a osteotomia do colo aquelas confinadas à metáfi se proximal. Fraturas do tipo B envolvem
femoral, deve-se aplicar pouca ou nenhum a força rotacional ao a diáfise proximal, mas podem ser tratadas com a fixação de hastes
fêmur de modo a evitar fraturas do colo em um nível incor reto antes longas. Fraturas do tipo C estend em-se distalm ente à mais longa
da conclusão da osteo tomia. Deformid ades co mplexas do fêmur haste de revisão e podem incluir a metáfi se femoral distal. Cada tip o

Perfuração
cortical ou

A1 A2

Fratura
deslocada Fratura não
deslocada

81 83 C1

li!!§iiij·jmr:D A, Fraturas periprotéticas do fêmur durante a operação.


CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL &11111
Metafisária
proximal

Perfuração
A1 - Enxerto ósseo morsalizado
(torneado - com acabamento)

Fratura não
deslocada - Cerclagem enxertia óssea
A2

Fratura
instável - Haste diafisária de encaixe e cerclagem
A3

Diafisária
Estrutura de
Perfuração
B1
Próxima da
extremidade da
haste?
---< Sim -

Não-
Enxerto ósseo
morsal1zado
Haste estável? ~
/
Sim- cerclagem de
aloenxerto
Haste mais longa da
Não- estrutura de cerc lagem
Fratura não Sim - Cerclagem do aloenxerto
deslocada - A haste está - - - - < <
. . Sim - Cerclagem com
B2 estável? Não- Ha estoque o~ seo haste mais longa
adequado?
. Estrutura de _ Haste mais longa
Fratura Sim - cerclagem do Nao - da estrutura de
deslocada
83
A haste está ----<·
estável? < Não_
aloenxerto
Haste mais longa
da estrutu ra de
cerclagem do
aloenxerto

cerclagem do aloenxerto

Diafisária distal/
metafisária

Perfuração
C1 - Enxerto ósseo morsalizado

Fratura não
deslocada Cerclagem/Metáfise
estendendo-se distal estruturada
a C2
Fratura distal
deslocada - RAFI
C3

iij[riii;tglfl!1bi!•J.IM B, Algoritmo de conduta utiliza ndo o sistema de classif icação de Va ncouver para fraturas periprotéticas durante
a cirurgia. (Redesenhado de Greidanus NV, Mitchell PA, Masri BA, et ai: Principies of management and results of treating the fractured femur
during and after total hip arthroplasty, lnstr Course Lect 52:309, 2003.)

é subdividido em perfura ções si mples (subtipo 1), fraturas sem des- de cerclage m são co loca dos ao redor da diáfise femora l. Pode-se
locamento (subtipo 2) ou fraturas co m deslocamento (subtipo 3) . inserir uma raspa de teste de tamanho menor no canal para evitar
Dependendo do nível e do deslocamento da fratura, as opções de apertamento excessivo e potenciais co lapsos ou sobreposi ções dos
tratamento incluem enxertos ósseos, cerclage m, revisão da haste, ou fragmentos da fratura. Um fio deve ser colocado distal à fratura para
redução aberta e fixação interna. evitar sua propagação durante a inserção do co mponente final.
Caso uma fratura femoral ocor ra durante uma artroplastia Durante a inserção do componente final, a tensão sobre os cabos
total de quadri l não cimentada, ela deve ser co mpletamente exposta aumenta e evita-se maior expansão da fratura . Há uma tend ência de
até sua extensão distal. I sso é reali zado com a fresa ou co m o próprio subestim ar tais fraturas e considerá-las estáve is. Não conhecemos
co mponente, poi s o espaçamento da fratura pode se fechar quando métodos objetivos para determinar se tais fraturas são, de fato, es tá-
o implante for remov ido, levando a erro s na avaliação da fratura. ve is e reco mendamos a ce rcl agem em todos os casos. A co locação
Uma vez exposta a fratura, o implante é removido e um ou mais fios profi láti ca de ca bos de cerclagem deve ser co nsiderada quando o
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

~,·.,w~.
TABELA
3·:3~li~i Classificação
Wíililil. r·..,c;.,r;,~·
1
~e Vanc~uver para
Fraturas do Femur apos
-'-· Artroplastias Totais de Quadril

TIPO LOCALIZAÇÃO SUBTIPO


A Região trocantérica AG-trocanter maior
AL-trocanter menor
B Ao redor da haste ou 8 1-próstese estável
imediatamente distal B2-próstese instável
a ela 8 3-osso in adequado
e Bem abaixo da haste
De Duncan CP, Masri BA: Fracture of the femur after hip replacement, /nstr
Course Lect 44:293, 1995.

problemas clínicos. A tração deve ser considerada apenas para a


condução de fraturas nas quais pode ser mantida uma redução
satisfatória . Devido aos benefícios da mobilização precoce e aos
resultados mais favoráveis em termos de conso lid ações viciosas
e subsequentes afrouxamentos, a indicação cirúrgica de fraturas
femorais periprotéticas é geralm ente preferível em pacientes cli-
nicamente estáveis .
Duncan e Masri propuseram um sistema de classificação para
fraturas periprotéticas femorais após a operação. Ele proporciona
O[dii;MllD Fratura femoral. Uma grande área de fadiga um sistema simples e valioso para direcionar as decisões quanto ao
(estresse) surg iu entre a extremidade do componente femoral e tratamento. Os fatores considerados são a localização da fratura, a
a extremidade superior da placa, resultando em uma fratura fixação da haste e a qualidade do osso remanescente (Tabela 3-3).
entre os implantes. As fraturas do tipo A envolvem a área trocantérica e são
divididas em fraturas que envolvem os trocanteres menor e maior.
A maioria das fraturas do tipo A é estável e pode ser tratada con-
córtex é fino ou quando foi enfraquecido por materiais de síntese de sevadoramente com um período sem sustentação de peso. As fra-
fixação interna e outras causas de fad iga. turas do trocanter maior com deslocamento significativo podem
Fraturas femorais pós-operatórias podem ocorrer meses ou ser tratadas com fixação trocantérica. O tratamento cirúrgico de
anos após a cirurgia. McElfresh e Coventry identificaram três cenários fraturas do trocanter menor deve ser realizado apenas naquelas
para essas fraturas: (1) fraturas de estresse causadas pela utilização do que envolvem a cortical medial do fêmur e pode ca usar instabili-
membro após a cirurgia; (2) fraturas causadas por fadiga na diáfise dade da haste femoral.
femoral, incluindo defeitos corticais e outros implantes (Fig. 3-106); As fraturas do tipo B ocorrem na extremidade da haste ou
e (3) fraturas causadas por traumas suficientemente vio lentos para imediatamente distais a ela. Esse tipo é o mais comum em grandes
fraturar um membro normal. A maioria das lesões é decorrente de séries, sendo também o mais problemático. Essa categoria é subdi-
traumas de baixa energia, com mecanismos de alta energia relatados vidida com base na estabilidade da haste e na qualidade do osso
em menos de 10% dos casos. Larsen, Menck e Rosenl<lint identifica- remanescente no fêmur proximal. Em fraturas do tipo Bl, a haste
ram uma formação massiva de osso heterotópico no quadril como permanece bem fixa; e, em fraturas do tipo B2, a haste está frouxa.
outro fator de risco. A diminuição dos movimentos da articu lação Em fraturas do tipo B3, a haste está frouxa e o fêmur proximal é
do quadril transfere estresse para a diáfise femoral de modo similar deficiente devido à presença de osteólise, osteoporose ou cominui-
a uma artrodese de quadril. O afrouxamento da haste e a conse- ção da fratura. A redução aberta primária e a fixação interna com a
quente osteólise também podem enfraquecer a cortical e causar pre- prótese mantida in situ são o tratamento mais adequado para fratu-
disposição a fraturas pós-operatórias tardias. ras do tipo Bl nas quais a fixação da haste permanece firme. A
O tratamento das frat uras femorais periprotéticas depende fixação deve ser rígida. O tratamento com cabos de cerclagem
primariamente da localização e da estabilidade da fratura, do estado simples, faixas ou parafusos isolados está assoc iado com altas taxas
da fixação da haste, da qualidade do osso remanescente, da condição de falha. A fixação com placa evoluiu da placa de Ogden, fixada com
clínica e das demandas funcionais do paciente. As opções de trata- parafusos distalmente e faixas proximalmente, para os sistemas de
mento incluem tração, redução aberta e fixação interna da fratura cabos e placas, como a placa de Dall-Miles com locais preparados
deixando a haste in situ, bem como revisão femoral com ou sem para a fixação de cabos proximalmente e parafusos distalmente, e
fixação interna complementar. para as placas de travamento que utilizam parafusos unicorticais
Historicamente, diversos autores descreveram o trata- proximalmente e parafusos bicorticais distalmente, sendo colocadas
mento por tração com taxas de consolidação entre 66% e 100%. por meio de técnicas percutâneas (Fig. 3-107). Estudos biomecâni-
Entretanto, a consolid ação incorreta ocorre em mais de 20% dos cos mostraram maior estabi lidade mecânica para conjuntos com
pacientes, sendo o afro uxamento subsequente da haste um pro- fixações distal e proximal com parafusos em contraste àqueles
blema. Pacientes idosos e frágeis apresentam pouca to lerância fixados apenas com fios proximalmente. Aloenxertos com suportes,
a períodos prolongados de repouso total, sendo comuns os utilizados isoladamente ou em conjunto com placas de fixação,
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL &Biii

O[dl@)EID Fratura femora l do tipo B1. A, A radiografia pré-


operatória mostra uma haste bem fixada e uma fratura femora l
esp ira l. B, As rad iografias pós-operatórias demonstram a redução
anatômica e a fixação com uma placa latera l, parafusos com ou
sem travamento e fios . (De Pike J, Davidson D, Grabuz D, et ai: Princi- O!ijll;@E1I!9 Placa lateral e ripas co lumelares cortica is ant e-
pies of treatment for periprosthetic femoral shaft fractures around well- riores para fixação de uma fratura femora l do ti po B1. Também
fixed total hip arthroplasty, J Am Acad Orthop Surg 17:677, 2009.) é ap licado a loenxerto esponjoso ao loca l da fra t ura . (Redesenhado
de Haddad FS, Duncan CP, Berry DJ, et ai: Periprosthetic femoral frac-
tures around well-fixed implants: use of cortical onlay allografts with or
without a plate, J Bane Joint Surg 84A:945, 2002.)
também parecem promissores para a fixação de fraturas periproté-
ticas do fêmur (Fig. 3- 108).
Caso a haste esteja frouxa, como ocorre em fraturas do tipo
B2, é preferível a revisão com componentes femorais de hastes Em fraturas do tipo B3, o fêm ur proximal é tão deficiente que
longas. Essa abordagem não apenas restaura a estabilidade do com- ele não pode ser tratado por redução aberta e fixação interna ou
ponente femora l, mas também proporciona fixação intramedular sustentar um novo componente femoral. O fêmu r pode ser recons-
confiável da fratura. Diversos relatos na literatura sustentam a utili- truído por uma técnica composta com aloenxerto e prótese (Técnica
zação de componentes femorais cimentados com hastes longas para 3-32) para resta urar o osso. Alternativamente, a revisão pode ser
esse propósito (Fig. 3-109). Caso deva ser utilizado cimento ósseo realizada com uma prótese de substituição femoral proximal, tal
para fixação do componente femoral na presença de fraturas femo- corno a utili zada para reconstrução em casos de tumores (Fig. 3-29).
rais, a fratura deve ser redu zida anatomicamente e imobilizada com Hastes cô nicas co m ra nhuras distais também foram utilizadas nesses
uma pinça de redução ou com fios de cerclagem para evitar extrusão casos em uma pequena sé ries de pacientes (Fig. 3-112). Observou-se
do cimento entre os fragm entos da fratura. Caso contrário, a con- a consolidação da fratura e certa restauração do estoque de osso
solidação pode não ocorrer (Fig. 3-110). Caso a fratura seja trans- femoral proximal.
versa, a redução pode ser mantida fixando-se a fratura com uma As fraturas do tipo C ocorrem muito abaixo da extremidade
placa presa a cada fragmento por meio de uma pinça óssea de distal da haste se m causar afrouxamento dessa. Elas podem ser
redução de modo a estabilizar tempora riamente a fratura. tratadas com técnicas convencionais de fixação interna, não sendo
Uma tendência mais recente é a utilização de componentes necessário alterar o co mponente femoral (Fig. 3-113). Como nas
femorais não cimentados de hastes longas para tratar esses casos fraturas do tipo B 1, as placas bloqueadas e as técnicas menos inva-
problemáticos. Em um a séries de 118 fraturas periprotéticas femo- sivas estão ga nhando popularidade. Deve-se evitar áreas de concen-
rais, Springer et ai. relataram melhores resultados com a utili zação tração de es tresse entre os dispositivos de fixação e a haste femoral.
de componentes femorais não cimentados com revestimento poroso. Raramente ocorrem fraturas do acetábulo durante as artro-
Nós utilizamos hastes com reves timento poroso integral e hastes não plastias primárias, mas partes frágeis da parede posterior podem ser
cimentadas modu lares com revestimento poroso proximal e ranhu- facilmente fraturadas nas cirurgias de revisão. Haidukewych et al.
ras para proporcionar es tabilidade rotacional distal, obtendo-se observaram uma prevalência de 0,4% de fraturas acetabulares
sucesso ra zoável (Fig. 3-111). Frequentemente, é necessário utilizar durante a operação em uma revisão de 7.121 artroplastias totais de
fixação interna suplementar com cerclagem ou sobreposição cortical quadril primárias. Todas elas ocorreram com componentes não
de aloenxertos com suporte para restaurar a estabilidade rotacional cimentados, se ndo mais comuns em desenhos elípticos de peça
no local da fratura. A maioria dos autores recomenda a reali zação única. A maiori a das fraturas era estável, sendo mantido o compo-
de enxertos ósseos adicionais no local da fratura . nente acetab ular original. Os componentes considerados instáveis
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS

O@ihbJEJD Fratu ra femoral do tipo


82. A, Uma mulher idosa e debilitada foi
encam inh ada em virtude de uma fratura
femoral. Apa rentemente, o f êmu r proximal
tinha sido fraturado durante a artropla stia
ini cial. O manto de cime nto d ista l foi afetado
e a hast e estava frouxa. A redução por tração é
insatisfatória . Uma conso lid ação viciosa com-
plicaria imensamente a revisão subsequente.
B e C, Se is meses após a revisão do co mpo-
nent e femoral co m conversão para uma
haste longa com fios de cerc lagem e enxertos
ósseos extensos.

H@ii;@EllI!I Pseudoartrose por extrusão de cim ento. A e B,


Um a mulher de 72 anos de id ade foi encamin hada após cirurg ia
em virtude de uma fratura f emora l. A redução inadequada da
fratura fez com que houvesse extrusão do cimento e pseu d oar-
trose da fratura na diáfise femora l. A retroversão aparente do
componente femo ral provavelmente causou um lu xação no in íc io
do período pós-operatório. li@ii@)llDI Fratura femoral do t ipo 82. O componente
femoral so lto foi rev isado e substituído por uma haste com reves-
tim ento poroso extenso. Fios de cerclagem foram utilizados para
auxili ar a fixação e a restaura ção da estabili dade rotac ion al.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTI A DO QUADRIL

O@mf4EIJ9 Fratura femoral do tipo 83 . o componente


0@11;(4111!1 Fratura femoral distal do tipo C. A fratura foi
femoral solto foi revisado e substituído por uma haste modular fi xa da com uma placa lateral utilizando-se parafusos bloqueados
e cabos de cerclagem. (De Davidson D, Pike J, Grabuz D, et ai: lntra-
cônica e com estrias. Note a restauração do estoque ósseo proxi-
operative fractures duri ng total hip arthro plasty. Eva luation and ma na-
mal e a consolidação sólida da fratura. (De Mulay S, Hassan T, Bir-
twistle S, Power R: Management of types B2 and B3 femoral periprosthetic gement, J Bane Joint Surg 90A:2000, 2008.)
fractures by a tapered, flu ted, and distally fixed stem, J Arthroplasty
20:751, 2005 .)

foram convertidos para um componente diferente que permitia a


fixação de parafusos suplementares. Todas as fraturas apresentaram
consolidação e não foram necessárias revisões.
Davidson et ai. conceberam um a classificação de fraturas ace-
tabulares periprotéticas com base na extensão da fratura e na esta-
bilidade do implante. Fraturas do tipo I são fraturas sem desvios e
a cúpula acetabular é estável. Fraturas do tipo II são fraturas sem
desvios, mas que apresentam potencial para instabilidade devido ao
padrão da fratura, tais como as fraturas das colunas transversas ou
posteriores. As lesões do ti po III apresentam desvio significativo e
são inerentemente instáve is. Não há na literatura diretrizes específi-
cas para o tratamento especiali zado, mas são necessárias algumas
sugestões. As fraturas do tipo I não requerem tratamento específico.
As fraturas do tipo II potencialmente instáveis devem ser tratadas
por meio da conversão para um componente com orifícios para
permitir fixação ad icional com parafusos. As fraturas do tipo III
com deslocamento provavelmen te necessitam da fixação da coluna
posterior com um a placa de reconstrução utilizando-se fixação adi- O@i!ij·11119 Fratura acetabular periprotética tratada com
cional por meio de parafusos na coluna anter ior conforme necessá- uma placa de reconstru ção ao longo da coluna posterior e uma
rio (Fig. 3- 11 4). Caso se alcance estabilidade razoável na fratura, a cúpu la acetabular de tântalo com vários parafusos.
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

utilização de um componente hemisférico não cimentado com fixação


adicional por parafusos deve ser suficiente. Se a estabilidade do implante
for questionável, deve-se cons iderar a utilização de gaiolas antipro-
trusão co m fixação prox im al e d istal reali zada por parafusos nos
fl anges do implante.
Raramente as fraturas da bo rda acetabular são observáveis
em rad iografias pós-operatórias. Caso detectadas, é prudente a
limitação da sustentação de peso por 6 semanas. As fraturas pós-
operatórias do acetábu lo são raras, estando geralmente associadas
a traumas significativos. Caso ocorra deslocamento e a fixação
torne-se instável, gera lm ente a rev isão é necessári a com um a com-
binação d e pl acas de reconstr ução, enxertos ósseos e utilização de
componentes he misféricas não c im entados ou dispositivos anti-
protrusão, dependendo da quantidade d e osso disponível para
fixação conforme descrito para as fraturas intraoperatórias do tipo III
(Fig. 3-34).

PSEUDOARTROSE TROCANTÉRICA

A osteotomia trocantérica raram ente é necessár ia durante artroplas- H@ih@EllEI A pseudoartrose trocanté rica sem migra çã o gera l-
tias totais d e quadril primárias. As exceções incluem alguns pacien- mente causa pouca dor e apenas limitações funcionais leves.
tes com displasia congênita do quadril, protrusão acet abu lar ou
conversão d e artrod ese. Caso o fêmur ten ha sido encurtad o, pode
ser necessário o avanço distal do trocanter para restaurar a tensão
miofascial adequada no m ecanismo abdutor. A osteotomia trocan-
térica é ocasionalm ente n ecessária para exposição ampla do acetá-
bulo e do fêmur d u rante ci rurgias de revisão.
D eve-se prestar atenção aos detalhes técn icos da osteotomia e
da refixação de m odo a evitar a pseudoartrose trocantérica. Os fatores
que contribuem para a pseudoartrose trocantérica incluem fragmen-
tos pequenos do trocanter ou osso de má qualidade, fixação inicial
in adequada, refixação sob tensão excessiva, realização prévia de radio-
terapia e a fa lta d e comprometimento do paciente para com o trata-
m ento. Os prob lemas mais sign ificativos de pseudoartrose trocantérica
estão relacion ados à migração proximal do fragmento trocantérico.
As fa lhas na fixação trocantérica e a migração proximal não são
causadas s impl esme nte pe los abdutores tracionando o fragmento
superi ormente. C harnley propôs que os movimentos anteriores e pos-
teriores do trocanter ocorrem prim eiro quando o quadril sustenta
peso enquanto em posição de fl exão, como ao se levantar de uma
cadeira ou subir escadas. Isso produz fo rças de separação entre o
trocanter e o leito subj ace nte. A subsequente falha por fadiga dos H[êiii;@EllD Pseudoartrose troca nté rica com migra ção proxi-
cabos permite a migração proximal. mal acent uada e falha dos ma teriais. Foi necessá ria também uma
A in cidênc ia d a pse udoartrose e m cirurg ias primárias varia rev isão para co rri g ir o afro uxa mento acetabu lar.
d e 3% a 8%, mas as c irurgias d e revisão apresentam maiores riscos.
As taxas d e pseudoartro se fora m relatad as como estando entre 9%
e 13% em ci ru rgias de revisão ut il izando técn icas com fios trocan -
téricos, com fi os e malha s, e co m cabos de aço e placas. McCarthy A pse udoartrose trocantérica que resulta em diminuição da
et al. observa ram qu e a pse udoartrose era m ais co mum quando tensão dos abd utores também tem sido associada a uma maior inci-
eram utili zadas osteotomias por d esli zamento trocantérico, quando dência de luxações. Woo e Morrey observaram uma taxa de luxação
os fios eram colocados circunferencialm ente ao fêmur em vez de de 17,6% em pacientes com pseudoartroses trocantéricas deslocadas
serem intramedulares e quando era alcançada uma boa aposição em contraste com uma taxa de 2,8% quando o trocanter cicatriza-se
osso-osso. com consolidação óssea e fibrosa sem luxações.
Apesar d e as uni ões fibrosas estáveis se m migrações proxi- A prominência ou quebra dos materiais trocantéricos é geral-
mais gera lmente produ zirem bons res ul tados funcionai s com mente identificada como uma fonte de dor na parte lateral do
pouca d or (Fig. 3- 115 ), a pseudoartrose trocanté ri ca e/ou a m igra- quadril. A injeção de um a nestésico local pode ser útil no estabele-
ção trocantérica estão tipicamente associadas com anormalidades cimento de um diagnóstico. Injeções lo cais de cort icoesteroides fre-
no andar e resu ltados funcionais piores . De acordo com Amstutz quentemente aliviam tais sintomas. Ocasionalmente, a remoção dos
e Maki, m igrações supe riores a 2 cm prej udi cam significativamente materiais é indicada, mas Bernard e Brooks observaram que menos
a função ab dutora mesmo se a co nso lidação eventualm en te ocorrer de 50% dos pacientes aprese ntam alívio substancial apenas com a
(Fig. 3- 116). remoção dos fios.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL --

H[ijii;HEl&I Pseudoartrose trocantérica


com a presença de um fio na articulação. A,
Uma radiografia realizada 3 meses após a
cirurgia revela dois fios rompidos. B, Após 7
anos, dois pedaços de fios estão na articu la-
ção . O desgaste do polietileno não era exces-
sivo, mas foi observado desgaste da cabeça
femoral durante uma revisão para correção
de fratura da haste após 13 anos. C, Ocorreu
novamente um rompimento após fixa ção de
pseudoartrose trocanté rica com cabos de aço
entrelaçados. D, Fragmentação dos cabos entre-
laça dos com um grande volume de resíduos
próximo à articulação (seta).

Fios trocantéricos rompidos podem migrar, causando efeitos complexas. Hodgkinso n et ai. alcançaram a consolidação óssea em
adversos (Fig. 3-117). Foram relatados casos de sintomas tardios do 81% dos pacientes utili za ndo um fio duplo cruzado com uma mola
nervo ciático associados à migração de cabos causando compressão de de compressão, e Hamadouche et ai. relataram a consolidação em
um nervo. A fragmentação de cabos de aço entrelaçados pode gerar 51 de 72 pacientes com pseudoartrose trocantérica tratados com
uma grande quantidade de resíduos intra-articulares que danificam as uma placa de pressão em conjunto com fixação por cabos de aço.
superfícies da articulação. A excisão completa desse tipo de resíduo é O preparo e a delam inação cuidadosos do fragmento trocanté-
quase impossível e as revisões subsequentes podem apresentar risco de rico são esse nciais para que se obtenha estabilidade máxima. Deve-se
desgaste acelerado. Altenburg et ai. relataram maiores taxas de desgaste realizar uma tentativa de posicionar o trocanter contra osso em vez
acetabular, osteólise e necessidade de revisão acetabul ar em pacientes de contra cimento. O trocanter não deve ser refixado sob tensão
que passaram por artroplastias totais de quadril cimentadas com repa- excessiva e o quad ril não deve estar abduzido em mais de 10 a 15 graus
ração de osteotomia trocantéri ca realizada com cabos de aço entrelaça- durante o processo. Chin e Brick descreveram uma técnica para faci-
dos em contraste àqueles com fixação por fios simples. Foi recomendada litar a refixação de trocanteres maiores com migrações importantes
a remoção do fio no caso de desgaste ou pseudoartrose trocantérica. na qual os músculos abdutores são avançados por meio de divisão
O reparo trocantérico é ocasionalmente indicado para pse u- subperiosteal em sua origem na asa ilíaca. A consolidação foi alcan-
doartroses trocantéricas com luxação e ocorrência de pseudartrose çada em todos os quatro pacientes. O enxerto ósseo antólogo parece
dolorosa ou fraqueza significativa dos abdutores com claudicação de ser prudente. A sustentação de peso e a prática de exercícios com
Trendelenburg. Deve-se suspeitar do estabelecimento de pseudar- abdução ativa devem ser retardadas até que haja evidências radiográ-
trose se o paciente apresentar dor quando há resistência à abdução ficas de consolidação óssea. Um período com suportes de abdução ou
do quadri l e resistencia durante a palpação, devendo ser realizado o gesso pelvipodálico reduz a tensão sobre o reparo.
alívio da dor por meio da injeção de um anestésico local na área da Caso tenha sido utilizada uma via de acesso lateral direta, pode
pseudartrose. A cirurgia deve ser abordada com cuidado e os ocorrer a avulsão do mecanismo abdutor reparado, o que causa muitos
pacientes devem ser informados que uma segunda operação pode dos mes mos problemas causados pela migração trocantérica - dor,
não alcançar a consolidação. A fixação realizada apenas com cabos fraqueza dos abdutores e instabilidade do quadril. Uma p equena
obteve resultados ruins, sendo, portanto, necessárias técnicas mais série de pacientes tratados com reparos tardios do tendão abdutor
E!) PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

aprese ntou res ultad os variad os em termo s de alívio da dor e sati s- lTAoci A '"·' ·:-r",, Descrição das Bactérias
fação d o paciente, provavelmente devido à degen eração crôni ca do
mecanismo ab du to r. Téc ni cas mais comp lexas de rep aro com uti-
iiiíili. 3-4 Encontradas em Artroplastias
Infectadas com Base em Séries
li zação de um retalho muscu lar do glúteo máximo ou um aloen- Publicadas (1977-1999)
xe rto do tend ão de Aquil es aparenta ram ser pro missoras em d uas
séri es recentes. Nll.
ORGANISMO
Estafilococos coagulase-negativos 648
Staphylococcus aureus 636
INFECÇÃO
Streptococci, não A ou D 168
As infecções pós-operatóri as representam urna complicação d ifíc il Estreptococos anaeróbicos + microaerofílicos 135
da artropl astia total de qu adril. Ela é dolorosa, incap acitante e Pseudomonas 131
onerosa, ge ralmente necessitand o da remo ção de ambos os compo- Escherichia co/i 129
nentes e estand o asso ciada a uma taxa de mortalidade de 2,5%. São Enterococcus 104
obrigatóri os esfo rços consistentes em sua prevenção. O tratamento
Corynebacterium (anaeróbica) 74
de infecções requer a ava li ação adequada de sua cronicidade e
Pro teus 73
causas, do estado da incisão e da saúde geral do paciente.
Após a int ro dução da artropl astia de qu adril modern a, co m - Propionibacterium acnes 40
plicações sép ticas am eaçaram a m anutenção da viabilidade do Klebsiella 31
p rocedim ento. Charnley re latou in fecções em 6,8% de se us primei- Enterobacter cloacae 24
ros 683 procedim entos. A expe riência de W ilson et al. no s Estados Difteroide 22
Unid os fo i ainda mais agravante, co m 11 % de 100 artroplasti as Estreptococos do grupo A 17
apresentand o infecções . Os ava nços na seleção dos pacientes, no Bacteroides fragilis 12
ambiente op erató ri o, na técni ca cirúrgica e na utili zação de anti -
Bacil/us 11
bióticos pro fil át icos re du ziram bastan te o risco de com plicações
Candida 8
devastado ras.
Atualmente, ce rca de 1% a 2% das ar tropl as tias de quad ril Serra tia 8
aprese ntam infecções. A incidência d e sepse é maior em pacientes Salmonella 7
com diab etes, artrite reum atoide, psoríase ou an emi a falci fo rm e. Mycobacterium tuberculosis 6
Os fatores adici onais incluem longos temp os ope ratórios e cirur- Acinetobacter 6
gias de qu ad r il anteriores. Co mplicações n a cicatrização da incisão, Aerobacter 6
tais corn o necrose da pele e hematom as pós-operatórios, tornam a Clostridium perfringens 5
infecção mais provável.
Haemophilus 4
As infecções bacterianas podem oco rrer p or um dos seg uin -
Citrobacter 3
tes m ecanismos : (1) co ntamin ação direta da incisão durante a
cirurgia, (2) pro pagação local de infecções supe rficiais n o início Listeria monocytogenes 3
do p eríodo pós-operatório, (3) propagação hern atogêni ca d e Gram-positivas não especificadas 2
colôn ias di sta ntes o u in fecção de um local d ife ren te, ou (4) rea- Pasteurella multocida 2
ti vação de um a in fecção latente do qu ad ril em arti culações ante- Campylobacter intestina/is 2
ri or mente sépticas . A aten ção à técnica cir úrgica e ao ambi ente de Aeromonas hydrophila 2
operação é esse ncial para evitar infe cções por co nta min ação di reta.
Moraxella 2
Recomen da-se a utili zação de cap otes e cam pos im pe rm eáveis,
Micrococcus
além de dois pares de luvas para proteger o paciente e a equi pe
co ntra co ntamin ações, visto que a perfuração da luva é co mum . É Mycoplasma hominis
especi alm ente impo rtan te manusear os tecidos gentilmente e Klebsiel/a oxytoca
minimi zar o es paço m orto e a fo rm açã o de h em atomas. O níve l de Alcaligenes
bactérias aerotra nspo rtad as pode ser redu zido limi tando a circu - Actinomyces
lação na sa la de operação e utili zan do sistemas de fluxo lamin ar e Clostridium bifermentans
trajes de exa ustão. Neisseria
Rothia
• PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Sareina
É geralmente ace ito que o fa tor m ais impor tante na redução de
sepses peri operatórias é o uso rotineiro de profilaxia antibióti ca. De Salvati EA, Dei la Valle AG, Masri BA, et ai : The infected total hip arthro-
A maiori a das infecções em artroplastias totais de quadril é plasty, lnstr Course Lect 52:223, 2003 .
causada por organismos gram -positivos, estafil ococos coagulase- ne-
gativos e Staphylococcus aureus (Tabela 3-4). Apesar dos percentu ais
de infecções por esses organismos terem permanecido razoavelmente
estáveis, sua virulência aumentou. A resistência à meticilina torn ou-se aquelas no trato urinári o. As infecções mistas geralmente ocorrem
com um em diversos centros médicos e a elaboração de glicocálices quan do há o desenvolvimento de um leito de drenagem com superin -
por estafil ococos e pseudonomas é reconh ecido como wn indicador fecção por um ou mai r organ ismos adicionais.
de maior virulência. O rgan is mos gram-negativos são encontrados Em 2004, a AAOS pu blicou diretrizes para a escolha do anti-
mais frequ en temente em infecções hematogênicas, especialmente bióti co profilá tico, para a dosagem intraoperatória e para a duração
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L - -

• ~~~~ clínico do paciente. Apesa r do tratamento inicial de infecções pro-


Diretrizes para Administração de
,,,,;r,:'-~'~'(,:, Antibióticos fundas após artroplastias totais de quadril ser tipicamente cirúrgico,
t";,;f?/?. ~-~•~ ~ r
a decisão quanto a manter ou remover os componentes pode se r
ANTIBIÓTICO FREQUÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO
amplamente guiada pela cronicidade da infecção. Tsukayama classi-
ficou as infecções periprotéticas em quatro categorias:
Cefazolina q2-5 h
1. Infecção no início do período pós-operatório: início dentro de
Cefuroxima q3-4 h um período de l mês após a cirurgia.
Clindamicina q3-6 h 2. Infecção tardia crônica: início após decorrido mais de 1 mês
Vancomicina q6-12 h da cirurgia, com início insidioso dos sintomas.
3. Infecção hernatogên ica aguda: início após decorrido mais de 1
mês da cirurgia, com início agudo dos sintomas em próteses que
pós-operatória ideal. Recomendam-se as seguintes práticas baseadas anteriormente funcionavam bem e com fonte de infecção distante.
em evidências para o uso apropriado de profilaxia ant ibiótica intra- 4. Culturas positivas durante a operação: culturas positivas obtidas
venosa para artroplastias totais de quadril de modo a reduzir o risco durante a revisão para condições supostamente assépticas.
de infecções.
• DIAGNÓSTICO
1 RECOMENDAÇÃO 1 Exames físicos e aná lise do histórico do paciente são cruciais para
O antibiótico utilizado para profilaxia deve ser selecionado cuidado- determinar o diagnóstico de infecção durante artroplastias totais de
samente de modo compatível com as recomendações atuais na litera- quadril. Apesar do diagnóstico de infecções no início do período
tura e considerando-se as questões de resistência e alergias do paciente. pós-operatório ou infecções hematogênicas ge ralmente não ser
Atualmente, a cefazolina e a cefuroxina são os antibióticos preferen- difícil, infecções crônicas tardias podem ser de difícil distinção de
ciais para pacientes que devem passar por procedimentos ortopédi- outras causas de dores para pacientes que passaram por artroplastias
cos. A clindamicina e a vancornicina podem ser utilizadas para totais de quadril. As infecções no início do período pós operatório
pacientes com alergia confirm ada aos ~-lactârnicos. A vancornicina e as infecções tardias agudas podem ser caracterizadas por dor,
pode ser utilizada em pacientes com colônias identificadas de S, febre, drenagem da incisão ou eritema. A presença de dor em artro-
aureus resistentes a meticilina (MRSA) ou em instalações com casos plastias que aparentemente funcionam bem pode ser um indicativo
recentes de MRSA. Em diversos estudos, a exposição à vancomicina de infecção crônica. Histórico de drenagens excessivas na incisão
foi relatado corno fator de risco para o desenvolvimento de colônias após a artroplastia inicial, diversos episódios de eritema na incisão
de enterococos resistentes à vancomicina (VRE) e infecções. A van- e tratamento prolongado com antibióticos realizado pelo cirurgião
comicina deve ser utilizada apenas no tratamento de infecções sérias também causam preocupação. O exame físico é focado na presença
por organismos resistentes aos ~-lactâmicos ou para o tratamento ou ausênc ia de dor durante os movimentos do quadril, inchaço,
de infecções em pacientes com alergias a antimicrobianos ~- lactâ ­ eritema, formação de seios ou flutuação.
micos possivelmente fatais. Frequentemente, as radiografias do quadril afetado estão
normais ou, no melhor caso, não podem ser distintas da aparência
1 RECOMENDAÇÃO 2 do afrouxamento assépt ico da prótese. Podem ser observadas
A frequência e a dosagem da administração de antibióticos deve oti- radiotransparências progressivas ou reações periosteais, sendo
mizar a eficiência do tratamento. Antibióticos profiláticos devem ser indicativas de possíveis infecções. As pseudobursas observadas na
administrados dentro de um período de 1 hora antes da incisão. ar trografia do quadril foram descritas como sendo um diagnóstico
Devido ao maior tempo de infusão, a vancomicina deve ser iniciada de infecção profunda. Apesar de não utilizarmos a artrografia nos
dentro de um período de 2 horas antes da incisão. Caso seja utilizado exames clínicos para infecções (Fig. 3-118), ela pode ser útil para
um torniquete proximal, a infusão do antibiótico deve estar concluída a delineação dos seios.
antes do torniquete ser inflado. A dosagem deve ser proporcional ao A ava liação laboratorial inclui a determinação dos níveis de
peso do paciente. Pacientes com mais de 80 kg devem receber o VHS e PCR. A contagem das células brancas periféricas (leucóci-
dobro da dosagem de cefazolina. tos) raramente está elevada em infecções crônicas tardias, não
Dosagens adicionais do antibiótico durante o procedimento são sendo uma ferramenta de filtragem sensível. Níveis de VHS supe-
aconselháveis (1) se a duração do procedimento exceder a meia-vida riores a 30 mrn/h e níveis de PCR superiores a 10 mg/L são razoavel-
do antibiótico em uma ou duas vezes, ou (2) se houver hemorragia mente sensíveis e específicos para o diagnóstico de infecção. Em
significativa durante o procedimento. As diretrizes gerais para a frequ- pacientes não infectados, os níveis de VHS podem levar 1 ano para
ência de administração intraoperatória são especificadas na Tabela 3-5. vo ltar ao normal, enquanto os níveis de PCR devem se normalizar
dentro de um período de 3 semanas após a artroplastia. Em urna
1 RECOMENDAÇÃO 3 rnetanálise, foi determinado que a interleucina -6 é o marcador
A duração da administração de antibióticos profiláticos não deve exceder mais preciso para infecções periprotéticas, segu ido por PCR, VHS
um período de 24 horas após a operação. Ant ibióticos profiláticos e contagem leuco citária. É necessário realizar estudos mais deta-
devem ser interrompidos dentro de um período de 24 horas após o lhados e aumentar a disponibilidade para que esse marcador possa
término da cirurgia. A literatura médica não sustenta o uso contínuo ser recomendado.
de antibióticos até que sejam removidos todos os drenos ou catéte- A aspiração do quadril é necessária se os testes de atividade
res, e não apresenta evidências de beneficios para adm inistrações inflamatória estiverem elevados ou se o índice de suspeita de infecção
que excedem 24 horas. for alto apesar dos valores normais. A aspiração não deve ser realizada
até pelo menos 2 semanas após a interrupção da terapia com anti-
• CLASSIFICAÇÃO bióticos. O procedimento é realizado em um ambiente ambulatorial
O tratamento inicial adequado de uma infecção dep end e de sua com o paciente em anestesia local, sendo geralmente, de acordo com
extensão e cronicidade, da estabilidade do implante e do estado nossas práticas, realizado por um radiologista musculoesquelético.
llD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

• COMO CONDUZIR
O tratamento de artroplastias totais de quadril com infecção consiste
em uma ou mais das seguintes medidas:
1. Terapia com antibióticos.
2. Desbridamento e irrigação do quadril com retenção do com -
ponente.
3. Desbridamento e irrigação do quadril com remoção do compo-
nente.
4. Reimplantação dos componentes em um ou dois estágios.
5. Artrodese.
6. Amputação.
As decisões de como conduzir são tomadas com base na cro-
nicidade da infecção, na virulência do organismo, no estado da
incisão e dos tecidos moles adjacentes, e no estado fisiológico clínico
do paciente.

1 l~FECÇÕES ~O INÍCIO DO PERÍODO


POS-OPERATORIO
As infecções no início do período pós-operatório podem variar em
0[dlhfdE119 Artrografia de um quadril infectado. A e B, Infec- termos de gravidade, indo desde celulites superficiais que podem ser
ção profunda tardia em um homem de 84 anos de idade com migra-
tratadas apenas com antibióticos até infecções profundas que neces-
ção do componente acetabular. A artrografia realizada durante a
sitam de tratamento cirúrgico. Infecções superficiais que causam
aspiração para culturas mostrou um longo seio que se estendia
deiscência ou drenagem purulenta, assim como infecções associadas
posteriormente até a diáfise femoral. No dia segui nte, o paciente
à necrose da incisão ou a hematomas infectados, geralmente neces-
apresentou drenagem espontânea de material purulento da parte
sitam de desbridamento cirúrgico. Deve-se realizar um exame minu -
latera l da coxa.
cioso da extensão subfascial da infecção, o que requer um procedi-
mento mais extensivo.
Caso uma infecção seja supostamente superficial, a articulação
É necessária uma fluoroscopia para a inserção precisa da não deve ser aspirada no pré-operatório para evitar contaminação.
agulha. A aspiração é realizada com a mesma atenção à esterilidade Deve-se tomar medidas para levar o paciente o mais rapidamente
do procedimento cirúrgico, com assepsia e preparação completas. possível para a sala de operação, realizando-se a preparação do
Pode ocorrer a introdução da flora bacteriana da pele nas culturas quadril como de costume com o paciente sob anestesia geral.
e confundir os resultados ou, no pior dos casos, pode ocorrer sua Deve-se utili zar a incisão e a abordagem cirúrgica utilizadas ante-
introdução na articulação. Uma agulha espinhal calibre 18 é inse- riorm ente. A incisão é aberta até a fásc ia profunda e as est ruturas
rida anteriormente em um ponto imediatamente lateral à artéria são examinadas cuidadosamente para determinar se a infecção se
femor al ao longo de um a linha qu e va i da sínfise púbica à espinha estende sob elas e penetra na articulação do quadril. Caso a camada
ilíaca anterior superior (Cap. 22) . Alternativamente, a agulha é fascial tenha sido fechada cuidadosamente durante a cirurgia, ela
inserida lateralmente em um ponto imediatamente superior ao pode ter agido como uma barreira e evitado que a infecção se espa-
trocanter maior. A ponta da ag ulh a deve penetrar na articulação, lhasse para tecidos mais profundos. Se há dúvidas durante a cirurgia
devendo-se observar e sentir seu contato com o m etal do colo do quanto à profundidade da infecção, é aconselhável inserir uma
componente femoral. Uma rotação gentil da extremidade ajuda a agulha na articulação do quadril para determinar a presença ou a
fazer com que o fluido movimente-se para a agulha caso sua extra- ausência de infecções profundas em vez de arriscar não drenar uma
ção seja difícil após a penetração na articulação. A partir do mate- articulação infectada. Caso a infecção seja superficial, a incisão é
rial aspirado, obtém-se culturas aeróbicas e anaeróbicas, coloração irrigada com grandes quantidades de solução fisiológica contendo
de Gram e contagem celul ar com diferencial. De acordo com antibióticos, e todos os tecidos cutâneos e subcutâneos necró ticos
Schinsky et ai., caso a contagem de leucócitos seja superior a 4.200 são removidos. As bordas da pele são aproximadas com suturas
leucócitos/mL, com mais de 85% de leucócitos polimorfonuclea- interrompidas sobre drenas de sucção.
res, deve-se suspeitar de infecção. O cenário mais preciso para o Se a infecção estende-se até a articulação do quadril, é reali-
diagnóstico de infecções ocorre quando são descobertos níve is zado o desbridamento da incisão e sua irrigação com solução anti-
anormais de VHS e PCR em conjunto com contagem leucocitária biótica. O quadril deve ser deslocado para que esse procedimento
superior a 3.000 leucócitos/mL. seja realizado de modo com pleto; e, caso tenham sido implantados
Podem ser obtidos estudos de medicina nuclear caso o diagnós- componentes modulares, o revestimento e a cabeça femoral devem
tico de infecção não seja confirmado pela aspiração do quadril e o ser substituídos para limitar o número de objetos estranhos ante-
índice de suspeita permaneça elevado. A combinação de leucó citos riorm ente contaminados e para permitir um desbridamento mais
marcados por índio e cintilografia da medula óssea por coloides de completo. Os implantes devem ser testados cuidadosamente quanto
enxofre marcados com tecnécio parece ser mais co nfiável do que os à estabilidade, sendo mantidos in situ apenas se não houve r evidên-
métodos estudados anteriormente, com precisão de aproximada- cias de afrouxamento. Culturas de fluido articular e outros fluidos
mente 90% para o diagnóstico. Em um artigo de revisão sobre estudos encontrados nas culturas de tecidos das regiões femoral e acetabular
de medicina nuclear em pacientes com infecção em artroplastias totais devem ser enviados para análise dos organismos e da sensibilidade
de quadril, Lave et ai. recomendaram o diagnóstico por imagem de aos antibióticos. O antibiótico apropriado, determinado pelas cultu-
leucócitos/medula em em vez do exame ósseo isolado, ou em con- ras e pelos testes de sensibilidade, deve ser administrado de modo
junto com exames com marcação por gálio. intravenoso por um período de 6 semanas, preferencialmente sob a
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

supervisão de um infectologista. Pode-se considerar a terapia anti- Devido aos potenciais resultados adversos e ao custo do trata-
biótica oral contínua para pacientes incapazes de suportar mais pro- mento de artroplasti as infec tadas, a AAOS recomenda que os médicos
cedimentos cirúrgicos. considerem a profilaxia antibiótica para pacientes com artroplastias
Tsukayama et ai. relataram uma taxa de sucesso de 71 % em totais de quad ril que apresentem um ou mais dos seguintes fatores
pacientes com infecções no início do período pós-operatório trata- de risco antes de qualquer procedimento invasivo que possa causar
dos com desbridamento e retenção dos componentes. As fa lhas bacteremia.
ocorreram primariamente com próteses não cimentadas. A realiza- • Todos os pacientes com substituição protética de articulações
ção rápida do desbridamento, dentro de um período de 2 semanas • Pacientes imunocomprometidos/ imunossuprimidos
do início dos sintomas, também é importante para o sucesso do • Artropatias inflamatóri as (p. ex., artrite reumatoide, lúpus erite-
tratamento. matoso sistêmico)
• Imunossupressão induzida por medicamentos
1 INFECÇÕES CRÔNICAS TARDIAS • Imunossupressão induzida por radiação
O desbridamento cirúrgico e a remoção do componente são neces- • Pacientes com comorbidades (p. ex., diabetes, obesidade, infec-
sários para infecções crôn icas tardias caso o objetivo seja a erradi- ção por HIV, tabagismo)
cação da infecção. Foram documentados resultados ruins após des- • Infecções anteriores nas articulações protéticas
bridamento e retenção do componente em pacientes com infecções • Desnutri ção
crônicas tardias. • Hemofilia
A articulação é abordada por meio da incisão anterior. Deve-se • Infecção por HIV
evitar a criação de porções estreitas de pele entre as cicatrizes para • Diabetes insulinodependente (tipo 1)
minimizar o risco de necrose marginal da incisão. É também neces- • Malignidade
sário realizar o desbridamento das cavidades e remover suturas não • Megapróteses
absorvíveis e materiais trocantéricos. O quadril é deslocado e todo o Os antibióticos profiláticos utili zados antes de quaisquer pro-
material infectado ou necrótico é removido. Deve-se enviar amostras ced imentos que possam causar bacte remia são escolhidos com
de fl uido e tecido articular das regiões acetabular e femoral para base em sua atividade contra a flora bacteriana endógena possivel-
análise. A realização de colorações de Gram durante a operação não mente encontrada em qualquer outra fonte secundária de bactere-
é útil nesse estágio devido à baixa sensibilidade. O componente mia, em sua toxic idade e em se u custo. Para evitar a bacteremia,
femoral, o componente acetabular e qualquer outro material estranho, deve-se administrar um a dose adequada do antibiótico profilático
incluindo cimento, restritores de cimento e cabos, devem ser removi- antes do procedimento de modo que haja uma concentração eficaz
dos para eliminar todas as superfícies que possam alojar bactérias nos tecidos durante a instrumentação ou incisão para proteger a
(consulte a seção sobre revisão de artroplastias totais de quadril). articulação protética do paciente contra sepses periprotéticas
Após a coleta das culturas, a articu lação é irrigada copiosa- induzidas por bacteremia. As recomendações atuais qu anto aos
mente com solução antibiótica por meio de lavagem pulsáti l. ant ibióticos profiláticos recomendados para esses procedimentos
Após a irrigação, a articul ação deve ser inspecionada novamente es tão listadas na Tabela 3-5.
quanto à presença de corpos estranhos ou tecidos infectados e Ocasionalmente, pacientes com articulações protéticas podem
necróticos. É indicada a utili zação de radiografias intraoperató- consultar-se com um médi co com um a recomendação de seus cirur-
rias ou inspeção por meio de intensificadores de imagem caso giões ortopédicos não compatível com essas recomendações. Isso
haj a dúvidas quanto à rem oção completa do material cirúrgico. pode ocorrer devido a uma falta de familiaridade com as recomen-
Se essa inspeção for satisfatória, a fáscia deve ser fechada com dações ou a considerações especiais sobre a condição clínica do
uma sutura monofilamentar não absorvível e contínua, enq uanto paciente desconhecidas pelo médico ou cirurgião ortopédico. Nessa
a pele deve ser fec hada com suturas monofilamentares não absor- situação, encoraja-se que o médico co nsulte-se com o cirurgião orto-
víveis interrompidas. Caso tenham sido colocados espaçadores pédico para determinar se há co nsiderações especiais que possam
o u esfe ras contendo antibióticos, alguns autores recomendam a afetar a decisão sobre a pré-medicação. Após a consulta, o médico
não utilização de drenos de modo a manter uma alta concentra- pode decidir seguir a recomendação do cirurgião ortopédico ou,
ção de antibióticos na incisão. As esferas de metacrilato impreg- caso a profilaxia antibióti ca não seja indicada em sua opinião pro-
nad as com antibiótico e os espaçadores articulados temp orários fiss ional, proceder sem a realização de profilaxia antibiótica.
com ant ibióticos são discutidos n a seção que trata sobre o reim- Os potenciais benefícios da profilaxia antibiótica devem ser con-
plante após infecções . siderados contra os riscos con hecidos de toxicidade do antibiótico e
alergias, bem como o desenvolvimento, a coleção e a transmissão de
1 INFECÇÃO HEMATOGÊNICA AGUDA resistência microbiana. Os médicos devem tomar suas próprias deci-
Alguns pacientes não possuem histórico que sugere sepse periope- sões clínicas sobre a propriedade da profilaxia antibiótica.
ratória, mas apresentam dor aguda no quadril muito tempo após a Dor ao sustentar peso, durante o movimento do quadril ou em
cirurgia. Nesses casos, a infecção pode ter sido causada pelo repo uso é o principal sintom as de infecção hematogênica aguda.
avanço hematogênico de uma fonte remota ou por bacteremia O paciente pode apresentar febre e contagem leucocitária periférica
circulan te causada por um procedimento invasivo. Pacientes com elevada. Os níveis da VHS e da PCR geralmente também estão eleva-
artrop lastias totais de quadril devem ser aco nselhados a solicitar dos. O diagnóstico pode ser estabelecido por meio da aspiração do
tratamento antibiótico imediatamente caso apresentem infecções quadril e da contagem de leucócitos com diferencial, além de culturas
piogênicas, devendo ser observados cui dadosamente quanto a evi- bacterianas e análises da sensitividades antibióticas. Pode-se obter
dências de infecções de quadril. uma artrografia nessa ocasião, mas ela geralmente é desnecessária.
A infecção protética foi relatada após procedimentos dentários, Caso haja a formação de tecido de granulação em vez de um abcesso,
incluindo limpezas simples. Em 2009, a AAOS publicou recomenda- pode não haver material purulento ou fluido turvo apesar das culturas
ções para a profilaxia antibiótica em pacientes que devam passar por do materi al aspirado serem positivas. Durante a análise e a elaboração
procedimentos dentários ou outros procedimentos invasivos. dos relatórios das culturas, antibióticos de amplo espectro eficientes
-- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

contra organismos gram-positivos e gram-negativos devem ser


administrados por via intravenosa. Caso seja confirmada a infecção
hematogênica aguda, pode-se tentar o desbridamento e a remoção do
componente conforme descrito para infecções no início do período
pós-operatório, contanto que o tempo decorrido entre o início dos
sintomas e o desbridamento seja inferior a 2 semanas. Se o diagnóst ico
levar um tempo sup erior a esse período para ser confirmado ou caso
a prótese esteja frouxa, deve-se combinar o desbridamento co m a
remoção completa do componente, como aconselhado para infecções
crônicas tardias.

• RECONSTRUÇÃO APÓS INFECÇÃO


Os resu ltados de artroplastias de ressecção de Girdlestone modifi-
cadas após artroplastias totais de quadril ge ralm ente não são tão
satisfatóri os quanto os resu ltados após infecções que necessitem de
menor ressecção de osso e tecidos moles. Quase todos os pacientes
necessitam de algum tipo de sup orte e ass istênci a para cam inhar.
Os res ultados fun cionais são ruin s para pacientes idosos, mu lheres
e pacientes com ressecção extensa do osso do fêmur proximal.
Apesar de recomendarmos que apenas pacientes com dor e inva lidez
significativa resul tantes de encur tamento e instabilidade sejam con-
siderados para o reimplante, a maioria dos pacientes não está dis -
posta a viver com as restrições de uma artroplastia de ressecção.
A reconstrução após infecções de artroplastias totais de quadril
é controversa. A deficiência funcional do paciente, os organismos
que causam a infecção, a adequação do desbridamento e evidências
de co ntrole de focos locais e distantes de infecção são fatores que
pesam sobre a decisão de implantar uma nova prótese.
O!rill;tlj!llD Espaça dor prov1so r1 0 unipolar construído da
Outro dil ema envo lve a decisão de rea lizar a reimplantação da
hast e femoral e revestido com cimento ósseo impregnado com anti-
prótese de quadril durante o desbridamento inicial, denominada
bióticos. A cabeça foi construída a partir de um bulbo de se ringa .
substituição direta (tempo único), ou aguardar e realizar o reim-
plante em um segu nd o procedimento. Jackson e Schmalzried revi-
saram a literatura sobre a substituição direta para artroplastias totais
de quadri l infectadas. Essa revisão incluiu 12 estudos envolvendo As reconstruções retardadas têm sido associadas com menores
1.299 pacientes com monitoramento por um período médio de 4,8 taxas de recidiva de infecções na maioria dos estudos. Em um a
anos. Foi observada uma taxa de sucesso geral de 83%, com 99% das revisão recente de 168 pacientes tratados com substituição das pró-
artroplast ias utilizando cimento ósseo impregnado com antibióti- teses em dois estágios, a taxa de próteses sobreviventes sem infecção
cos. Os bons resultados foram observados em pacientes sem com- após um período médio de 7 anos foi de 87,5%. O método de fixação
plicações associadas à incisão, mas com um bom estado geral de do componente femoral, com ou sem a utilização de cimento ósseo,
saúde, em pacientes com organismos se nsíveis à meticilina, e em não afeto u as taxas de reinfecção ou de complicações mecânicas.
pac ientes com organismos sensíveis aos ant ibióti cos presentes no A decisão quanto à utili zação de reimplantes cimentados ou não
cimento. Foi observado prognóstico ruim em pacientes com infec- cimentados deve ser guiada pelo osso remanescente, pela idade fisio-
ções polimicrobianas e infecções causadas por organismos gram -ne- lógica do paciente e por sua longevidade esperada, além das taxas
gativos, S. aureus resistente à meticilina e estrep tococos do grupo D. de cura relatadas para cada técn ica.
Reimp lantes de dois estágios ou protel ados são geralmente os Duncan e Beauchamp descreveram uma técnica de reimplante
preferenciais por diversas razões: ( 1) A adeq uação do desbrida- em duas etapas na qual uma prótese de cimento acrílico impregnada
mento é garantida, pois o desbridamento de tecidos moles, osso com antibióticos (PROSTALAC) é implantada durante o desbrida-
necrótico e resquícios de cimento pode ser reali zado antes do mento inicial. A prótese é construíd a durante a operação moldando
reimplante; (2) os organ ism os infectantes são identificados, suas o cimento impregnado com an tibióticos sobre um componente
sensitividades são determinadas e o tratamento antibiótico ade- femora l simples e um componente acetabul ar de polietileno. Os com-
quado é instituído por um período de tempo prolo ngado antes do ponentes personalizados são implantados por meio de encaixe forçado
rei mplante; (3) a ava liação dos focos de infecção persistentes pode sem tentativas de obter a intrusão do cimento, o que facil ita a
ser realizada; (4) focos de in fecção distantes responsáveis pelo remoção durante o segundo estágio. Provisoriamente, o espaçador
avanço hematogênico podem ser erradicados; e (5) uma decisão articulado mantém o comprimento da perna e melhora o controle do
substanciada pode ser tomada para saber se o grau de deficiência membro e a mobilização. Após acompan hamentos por um período
da artrop lastia de ressecção justificaria os riscos inerentes ao de 10 a 15 anos, Biring et ai. relataram uma taxa de sucesso geral de
implante de uma outra prótese. As desvantagens das reconstruções 89% com a técnica PROSTALAC. Outros descreveram espaçadores
em do is estágios incluem ( 1) um período prolongado de invalidez similares feitos de cimento antibiótico envolvendo a haste infectada,
e um a internação hospitalar longa; (2) um custo co nsiderável, pinos Rush, cabos de Kirschner ou parafusos de compressão de
incluindo o previdenciário; (3) uma reabilitação longa; e (4) as quadril, erradicando a infecção relatada em 77% a 100% (Fig. 3-119).
dific uld ades técnicas do procedimento causadas pelo encurta- Além das infecções recidivantes ou persistentes, outras complicações
mento e pelas cicatrizes. foram luxações e fraturas da prótese provisória.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

O momento ideal pa ra o reimplante da segunda prótese ainda


não fo i determinado. Dive rsos autores relataram pequ enas séries de
pacientes que passaram pelo reimplante em períodos inferiores a 1
ano, com uma incidência de infecções recorrentes similar àquela
observada em pacientes com reconstru ções realizadas após períodos
maiores de temp o. Atualmente, continuamos o tratamento com anti-
bióticos parenterais por um período de 6 a 8 semanas. A reconstru-
ção é rea lizada após 3 meses se os níve is de VHS e PCR estiverem
m elhorando e a aspiração do quadril seja negativa.
O reimplante de artroplas tias totais de quad ril pode ser difícil
devido às extensas cicatri zes nos tecidos moles e à osteoporose por
falt a de uso. Não se deve esperar a restauração do comprimento
do membro e dos movimentos do quadril , sendo comuns as luxa -
ções ap ós a ciru rgia. A ciru rgia pode ser realizada com ou sem a
osteotomia do trocanter maior. Caso o trocanter seja osteotomi-
zad o e o membro seja alongado significativamente, pode ser difícil
refi xar os abdutores devido às cicatrizes, ao encurtamento dos
abdutores e à osteopo rose do trocanter. O nervo ciáti co pode estar
envolvido por tecido cicatri zado próximo à m argem posterior do
acetábulo, devendo ser protegido. Pode ser necessário realizar uma
capsulectomia completa, soltar o tendão do psoas e do glúteo
máximo, ou a esqueleti zação completa do fêmur proximal para
reduzir o qu adril. A sup erfí cie lateral do ílio pode es tar lisa, difi -
cultand o a identificação da margem sup erior do acetábulo. O osso
geralmente é mac io e o leito ace tabular pode ser preparado com
fa cilidade, mas é necessári o tomar cuidado para qu e a pare de
O@ii;füEID A e B, Homem idoso em acompanhamento
ambulatorial e mobilidade mínima com uma artroplastia total de
medi al do acetáb ulo não seja penetrada. A marge m superior do quadril infect ada e fístu las de drenagem. O tratamento com artro-
acetábulo pode es tar deficiente, sendo necessário realizar um plastia de ressecçã o e antibióticos intravenosos foi bem -sucedido.
enxerto ósseo nessa área.
Se a parede posterior fo r fina, ela pode ser fraturada durante
o encaixe de comp onentes acetabulares maiores. O canal fem oral dolorosa e incurável que debilita o paciente e impossibilita que este
deve ser prepa rado cuidadosamente para evitar fraturas ou a pene- ande ou sente.
tração do córtex. A colocação de um ou mais fi os de cerclagem
profiláticos aj ud a a evitar fraturas de corti cais fi nas e osteoporóticas.
Antes do assentamento fin al do comp onente fe moral, é absoluta- AFROUXAMENTO (SOLTURA)
mente necessário realizar uma redução de teste do quad ril. Antes
que o qu ad ril possa ser reduzido, pode ser necessária a utilização de Os afrouxamentos femoral e ace tabular têm surgido como as mais
um comp onente femora l com colo curto ou o encurtamento do sérias das complicações a longo prazo da artroplastia total de quadril,
fêmur pela remoção de osso do colo. comumente necessitand o de revisão. O tratamento para o afrouxa-
Deve-se obter culturas aeróbicas e anaeróbicas de tecidos de mento de comp onentes é discutido na seção sobre revisão de artro -
diversos locais, bem com amostras de tecido para examinação his- plastias totais de quadr il. Deve-se co nsiderar a possibilidade de
tol ógica. Caso haja dúvidas quanto à erradicação da infecção, infe cção em to dos os pacientes com suspeita de afrouxamento em
secções congeladas de tecido podem ser examinadas por um pato- um ou ambos os componentes. Discutiremos nesta seção o afrouxa-
logista quanto a evidências de inflamação residual. Caso haja mento asséptico. Os afro uxamentos causados por sepse são discuti-
grand es números de células polimorfonucleares (> 10/HPF - campo dos na seção qu e trata de infecções.
de grande aumento), deve-se realizar novamente o desbridamento Os critérios para o diagnóstico de afrouxamento dos componen-
do quadril e adiar o reimplante. Se diversas culturas obtidas durante tes femorais ou acetabulares não são universalmente aceitos. Isso
a cirurgia forem positivas, os antibióticos adequados devem ser complica a comparação dos estudos disponíveis na literatura que
administrados por pelo menos 6 semanas após a cirurgia. tratam sobre afro uxamento e desempenh o a longo prazo de artroplas-
A recidiva de infecções após re implantes em dois estágios de tias totais de quadril. Alguns estudos definem "falha" como a presença
artroplas tias totais de quadril é uma situação particularmente com- de evidências radiog ráficas de soltura apesar da manutenção de um
plicada e os res ultados raramente são satisfatórios. A repetição da desempenho clínico satisfatório. Outros enfatizam a sobrevivência do
substituição em do is es tágios pode ser realizada em indivíduos imu- implante e determinam o ponto fi nal como sendo a revisão ou
nocompetentes com cobertura adequada dos tecidos moles, mas foi remoção da prótese. Alguns pacientes, apesar de apresentarem próte-
relatada uma taxa de sucesso de apenas 36% nessas circunstâncias. ses ainda em seus devidos lugares, apresentam também evidências
A ar troplastia de ressecção é eficaz na resolução da infe cção, mas claras de afrouxamento. Nesse caso, o procedimento pode ser classi-
está associada com fun cionalidade ruim e dor residual (Fig. 3-1 20). ficado como fa lha clínica.
O tratamen to da infecção tem precedência sobre a reconstru- Em cada visita pós-operatóri a, as radiografias devem ser ava-
ção do quadril. Em casos raros, a desarticulação do quadril pode ser liadas qu anto a mudanças na haste, no cimento (caso utilizado), nos
indicada como uma conduta para salva r a vida do paciente de infec- ossos e nas interfaces entre esses elementos. As radiografias antero-
ções incontroláveis ou complicações vasculares. Esse procedimento posteriores e late rais devem incluir a haste em seu comp rimento
drástico deve ser co nsiderado quando há um a infecção persistente, integral e devem ser ava liadas cuidadosamente, sendo comparadas
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECON STRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

7. Deform ação da has te.


8. Fratura da haste.
Harris et al. defini ram a soltura do comp onente fe moral radio-
graficamente em três estagias: a soltura defi nitiva, quand o há mi gra-
ção do compon ente ou do cimento; soltura provável, quando uma
radiotransparência completa é obse rvada em torno do manto de
ci mento; e afrouxamento possível, qu ando uma radiotranparência
incompleta circundante é vista em m ais do que 50% do cimento.
2 O meca nismo de afrouxamento dos componentes fem oral
cimentado não é fac ilmente determin ado pelo exame de am os tras
recuperadas após ter oco rri do fa lha grave; o estudo dos comp onen-
tes bem fixos recuperados em autópsia fo rnece u informações mais
5 fidedignas. Nesse estudo, Jasty et al. encontraram falhas na in te rface
cimento- prótese de componentes fe morais bem fixos antes do
dese nvolvimento de interfaces de tecido fi broso entre o cimento e o
osso, o que suge re qu e o início da soltura de componentes femorais
4 cimentados é de orige m mecânica. Descolamento da haste do
A 8 cimento e a fratura do cimento precedem o afrouxamento clínico, e
o dese nvolvimento de um a membrana fibro sa entre o cimento e o
O@il;fflEID Zonas em torno da massa de cimento ósseo no osso é uma resposta biológica de detritos ge rado s a partir destes
fêmur (A), conforme descrito por Gruen, e na pelve (B), conforme fa to res de orige ns mecâ ni cas. Aind a assim, a separação entre
descrito por Delee e Charnley. (Redesenhado de Amstutz HC. Smith prótese e cimento ósseo não res ulta invariavelmente em afro uxa -
RK: Total hip replacement following fa iled femora l hemia rth roplasty, J mento do implante. Em um a revisão de 297 has tes Charnley lisas
Bane Joint Surg 61A: 11 6 1, 1979.) e aco mp anh amento por mais de 20 anos, Berry et al. relataram que
radi otransparências inferiores a 2 mm não eram indicativas de
afrouxamento ou seus sintomas. Radiotransparências mais espessas
com as radiografi as anteriores para identifica r alterações. Pode ser eram associadas, nesse cenário, a pior taxa de so brevivência e m aior
útil registra r as zonas es pecíficas ao redo r dos componentes ace- risco de afrouxamento asséptico.
tabulares e femo rai s nas qu ais oco rre m altera ções (Fig. 3-1 21) . Nem tod os os espaços ou linhas de radiotransparências entre
O co mp onente fe moral e as interfaces associadas são divididos em a cortical femoral e o manto de cimento indicam afrouxa mento. A
sete zonas, confo rme descri to po r Gru en et al. O componente ace- prese nça de áreas de radi otransparências nessa interface em radi o-
tabular e o osso adj acente são di vididos em três zonas, confor me grafias realizadas imedi atamente após a ciru rgia pode ser causada
descrito por DeLee e Charnl ey. por osso esponj oso que não fo i totalmente removido durante a
ci rurgia. Além disso, a expa nsão norm al do canal fe m oral e o
• AFROUXAMENTO FEMORAL afin amento da co rti cal fe mo ral associados à idade podem ter a
Pa ra co mparar radiografias obtidas em diversos momentos após a aparê ncia de uma radi otra nspa rências qu e se expande progressi-
cirurgia, deve-se utilizar técnicas e posicionamentos padronizados vamente na interface entre osso e cimento. Poss et ai. descobriram
do membro. Albert et al. observa ram alterações aparentes na posição qu e o canal medular expand e a um a taxa média de 0,328 mm /ano
do compo nente femoral co m 10 graus de rotação na extremidade. em um intervalo de 11 ,5 anos ap ós a artropl astia total de quadril
Tais alterações podem se r interpretadas incorretam ente como cimentada, com a espess ura da co rti cal diminuindo a uma taxa de
migração do componente ou podem mascarar alterações reais na 0,155 mm/an o. Essas zo nas de radi otransparências tipicamente
posição do componente. não poss uem a linha esclerótica adj acente obse rvada em hastes
fe m orais frouxas (Fig. 3- 122), sendo clinicamente importante a
1 COMPONENTES FEMORAIS CIMENTADOS distin ção desses dois processos.
A seguinte lista de alterações na haste e no cimento que o envolve D urante 13 autópsias, Jasty et ai. descobriram Lun "neocórtex"
sugere ou confirm a o di ag nóstico de afrouxamento do componente similar aposto ao cime nto sem interposição de tecido fibro so.
fem oral: Essa nova cortical estava fixad a à cortical externa p or novas
l. Radi otransparência entre o terço superol ateral da haste (zona estruturas trabeculares orientad as radi almente, m as invisíve is
1 da classificação de Gruen) e o manto de cimento adjacente, em radiografias devido à proximidade co m o cimento impreg-
indicand o separação entre haste e cimento, além de uma pos- nado por bário. Radi o transparências aparentes tamb ém estavam
sível deforma ção da haste. presentes na interface entre osso e cimento nas radiografias de
2. Radiotranspacência entre o manto de cimento e o osso adj a- tod os os indivíduos. O remodelamento ósseo ocorre em h astes
ce nte. cimentadas ao longo d o temp o, contribuindo para a estabilidade
3. Afu nd amento da has te isolada ou junto com o manto de cl íni ca e funci on amento em longo prazo.
cimento adj acente. O afu ndamen to pode não ser obse rvado, exceto se a relação
4. Alteração da posição da haste femo ral para uma posição ma is da haste e do manto de cimento com o fê mur proxim al for avaliada
ace ntuada em varo. cu idadosamente em uma série de radiografias. A haste pode mover-se
5. Fragmentação do cimento ósseo, es pecialmente no lado supe- para baixo dentro do cimento, o que geralmente indica a presença
romed ial da haste e do colo fe moral (zona 7 na classificação de uma fratura do cimento próxima à extremidade da haste, ou o
de Gruen). manto de cimento e a haste podem aprese ntar afund amento em
6. Fratura do manto de cimento, mais co mumente próximo à co njunto. O afundam ento pode se r qu antifi cado medindo-se a dis-
extremidade da haste (zo na 4 na class ificação de Gruen). tância entre um ponto fixo na haste e outra referência radiográfic a,
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL tllll

h[êjmtijEJD Diferenças nas radiotransparências da interface entre osso e cimento. A e B, Componente femoral cimentado em uma
mulher de 76 anos de idade imediatamente após a cirurgia (A) e após 9 anos (B). O quadril é assintomático e sua função é excelente.
A radiotransparência na interface entre osso e cimento é causada por uma expansão do canal medular e por um estreitamento da
cortical femoral associados à idade, e não por soltura. C e D, Componente femoral cimentado em um trabalhador de 56 anos de idade
imediatamente após a cirurgia (C) e após 7 anos (D). O paciente apresenta dor importante na coxa. A radiotransparência bem definida
e progressiva na interface entre osso e cimento indica afrou xa mento com osteólise progressiva.

tal co m o fios trocantéricos ou proeminências ósseas como os tro - Barrack et ai. descreveram um sistema de class ificação para o
ca nteres maior e menor. manto de c im ento do componente femoral. O preenchimento
Os seguintes problemas técnicos contribuem para o afrouxa- completo do canal sem radi otransparências denomina-se classe A.
mento da haste: A presença de pequenas radiotransparências na interface entre osso
1. Falha na remoção do osso esponj oso da superfície medial do e cimento ( < 50%) é d eno minada classe B. A presença de radi otrans-
colo femoral. Consequentem ente, a co lun a de cimento não se parências ao redo r de 50% a 99% da interface ou a presença de
apoia sobre osso esponjoso denso o u sobre osso cortical para defeitos no manto de cim e nto constituem a classe C. Radiotranspa-
sustentar a haste. O cime nto é exposto a maiores forças de rências completas em qualquer projeção ou d efeitos no m anto de
tencionamento, sendo fraturado com mais facilidade. cimento próximo à extremidade da haste são consideradas de classe D.
2. Falh a em manter uma espessura adequada no manto de cimento Mantos de classe C o u D estão associados com m aior risco d e afrou-
ao redor d e toda a haste. Colunas finas de cim ento fraturam -se xa mento (F ig. 3-1 23*).
co m fac ilidade. A extremidade da haste d eve ser sustentada por
um tampão de cimento, pois é submetida à cargas axiais. 1 COMPONENTES FEMORAIS NÃO CIMENTADOS
3. Remoção de todo o osso trabecu lar do canal, resultando em Engh et ai. propuseram um sistema de classificação simples para a
uma superfície lisa que não permite a interdigitação do cimento, fixação de componentes femorais não cim entad os com base em
ou não tornar ásperas as áreas do neocórtex qu e envolviam inspeção radiográfica. A fi xação é classi ficada como (1) por cresci-
implantes anteriores. mento ósseo, ou (2) com fixação fibros a estável ou (3) instável.
4. Quantidade inadequad a d e cim ento e não manter a massa de A fixação por cresc imento ósseo é definida como um implante
ci mento intacta para evita r lam in ação. sem afundamento e com pouca o u n enhuma fo rmação d e linhas
5. Falh a na pressurização d o cim ento, resultando em fl uxo in a- radiopacas ao redor da haste. A m aior parte da interface entre osso
deq uad o do cimento para os interstícios do osso. e implante parece estar estável. Pode haver hip ertrofia cortical na
6. Falh a em evitar a movim entação d a h aste durante o endureci- ext remidade distal d a super fí cie porosa e pode haver "pontos d e
mento do cimento. fusão" eviden tes entre a haste e o endósteo. Graus variáveis de reab-
7. Falha em posicionar o co m po nente em alinhamento neutro ou sorção óssea proximal ("stress shielding" - blindagem ) podem estar
centralizado no canal femoral. presentes (Fig. 3- 124).
8. Presença de espaços vazios no cimento como resultado de
mistura inadequada, técnica de injeção incorreta, ou mistura
d e sangue e fragmentos d e osso no cimento. *Disponível, em inglês, em www.expertconsul t.com .
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

h[riihfull:D Haste não cimentada com crescimento ósseo.


Não há linhas rad iotra nsparentes. As trabécu las voltadas para a super-
fície porosa indicam fixação estável. Note a falta de atrofia calcar.

Considera-se que wn implante apresenta crescimento fibroso


estável quando não há migração progressiva, mas há formação exten-
siva de linhas radiopacas ao redor da haste. Essas linhas envolvem a O@iiifüEID Haste não cimentada instável. A haste movimen-
haste paralelam ente, sendo separadas desta por um espaço radiotrans- tou-se para bai xo ao longo do tempo . Há radiotransparências ao
parente co m 1 mm de espessura. A cortical femoral não apresenta redor de toda a hast e, reve lando falta de crescimento ósseo.
sinais de hi pertrofia local, sugerindo que o osso adj acente é capaz de
sustentar ca rgas uniformemente.
Implantes instáveis são aqueles com evidências definitivas de
afund amento progressivo dentro do canal e pelo menos parcial-
mente envolvidos por linhas radi opacas d ive rgentes m ais espaçadas
da haste nas extremidades. A maior densidade cortical e o espessa-
mento geralmente ocorrem sob o colar e na extremidade da haste,
indicando regiões de carga local e fa lta de transferência uniform e de
fo rças (Fig. 3- 125).
O afund amento de comp onentes fem orais não cimentados no
início do período pós-operatório pode permi ti r qu e a haste obtenha
um a posição mais estável no canal femoral. O crescimento ósseo
ainda pode oco rrer e o afundamento rápido ainda é compatível com
a fixa ção durável do implante. Afund amentos observados meses ou
anos após a cirurgia significam que a fixação do implante é instável.
Um pedestal ósseo geralmente se desenvolve na zona 4 na extremi-
dade da haste, sendo evidência de qu e a haste está se movimentando
de modo semelhante a um pistão (Fig. 3- 126) . A determinação de
pequenos graus de afundamento é di fícil devido às diferenças na
ampliação e no posicionamento de radi ografi as se riadas, ao arren-
dond amento relacionado ao estresse, e à atrofi a do calcar. Novas
técnicas de es tereofotogrametri a de Roentgen perm item uma deter-
minação mais precisa do afund am ento, m as atualmente não são
práti cas para o uso rotineiro.
Pode oco rrer separação de esferas metálicas do substrato
co nform e a haste é impactada. As esferas soltas po dem ser identi-
fi cadas em radi ografias pós-operatórias. O significado desse fe nô- O@i!;MIJD Forma çã o de pedestal ósseo. Três anos após a
meno é duvidoso, exceto quando ele é progressivo em radiografias revisão de um componente femoral não cimentado, a formação
se ri adas. Isso pode indicar mi cro movimentos na interface ent re de um pedestal ósseo na extremidade da haste indica movimento
osso e impl ante. semelhante ao de um p istão.
CAPÍTULO 3 ARTRO PLASTIA DO QUADRIL &Ili
• AFROUXAMENTO ACETABULAR se a quantidade de cimento for insuficiente de modo que parte da
Deve-se inspecionar as radiografias seriadas quanto à presença de cúpula esteja em co ntato direto com o osso. Isso pode ser evitado
alterações no osso acetabular, no componente em si, e nas três zonas utilizando-se espaçadores fixos à superfície da cúpula.
de interface entre osso e cimento. 5. Movimento da cúp ula ou do manto de cimento durante o
endurecimento, o que pode ocorrer durante a remoção do
1 COMPONENTES ACETABULARES CIMENTADOS posicionador.
Alterações na pelve e no componente acetab ular que podem ser 6. Movimento de um a cúpula relativamente pequena em um
observadas em radiografias seriadas: manto de cimento dentro de um acetábulo grande. Cúpulas de
1. Absorção óssea ao redor de parte ou da totalidade do manto diâmetros pequenos não pressionam o cimento adequada-
de cimento e aumento na espess ura da área de absorção, o que mente em acetábulos grandes.
é especialmente significativo caso seja sup erior a 2 mm e se 7. Posicionamento incorreto da cúpula de modo que o compo-
apresente de maneira progressiva 6 meses após a cirurgia. nente femoral colida com a margem da cúpula, transferindo
2. Migração superior ou medial e protrusão do manto e da força excessiva para esta. O impacto pode ocorrer enquanto o
cúp ula para dentro da pelve. Fraturas da cortical medial do quadril é flexionado caso a cúpula esteja em posição relativa-
acetábulo. mente horizontal e não antevertida.
3. Alteração no ângu lo de inclinação ou no grau de anteversão É geralmente ace ito que o componente acetabular está solto
da cúpul a, indicando migração do componente. caso haja radiotransparência superiores a 2 mm em todas as três
4. Desgaste da cúpul a, que é indicada por uma diminuição na zonas. O significado das radiotransparências acetabulares parciais é
distância entre a superfície da cabeça e a periferia da cúpula. determinado por sua largura e pela presença de sintomas associados.
5. Fraturas da cúp ul a e do cimento (ambas são raras). Hodgkinson et ai. correlacionaram a extensão das radiotransparên-
6. Radiotransparência superior a 2 mm, com ou sem uma linha cias na interface entre osso e cimento com a avaliação intraoperató-
de fina densidade, a qual pode se desenvolver em uma ou mais ria do afro uxamento da cúpula; 94% das cúpulas com demarcações
das três zonas ao redor da massa de cimento na pelve (Fig. em todas as três zo nas estavam fro uxas durante a revisão. Quando
3-121). Como no fêmur, isso ocorre devido à densa membrana duas zonas da interface entre osso e cimento apresentavam radio-
fibrosa que se forma ao longo da superfície do cimento e do transparência, 71 % aprese ntavam frouxidão. Apenas 7% estavam
escudo adjacente de osso reativo. instáveis quando havia demarcação em apenas uma zona. A exten -
Apesar da soltu ra femoral ocorrer comumente na interface entre são da formação de linhas radiotransparentes foi mais importante
haste e cimento, o afro uxamento acetabular é raro na interface para a determinação de afro uxamentos do que suas espessuras.
en tre cúpula e cimento. Em amostras recuperadas de autópsias, A alteração na posição de cúpulas quanto a inclinação, ante-
Schmalzried et ai. determinaram que o afrouxamento acetab ular versão ou retroversão em radiografias anteroposteriores é uma evi-
ocorre pela reabsorção tridimensional do osso adjacente ao manto de dência defin itiva de afrouxamento (Fig. 3-127). Entretanto, devido
cimento. O processo é iniciado na periferia e progride em direção à à dificuldade de se obter radiografias seriadas comparáveis, pode ser
cúpula. Essa descoberta explica o aparecimento frequente de radio- difícil verificar alterações no posicionamento da cúpula. A utilização
transparências na periferia do implante que posteriormente envolvem de uma referência óssea consistente, como a "gota de lágrima" ace-
todas as três zonas. A estab ilidade mecânica do implante é determi- tabul ar, pode ser útil.
nada pelo grau de reabsorção óssea na interface entre cimento e osso. São raras as fa lhas catas tróficas da cúpula. Há relatos sobre a
Os problemas técnicos encontrados durante a cirurgia que possibilidade de quebras da cúpula caso a parede seja fina e se
podem resultar em afrouxamento da cúpula incluem os seguintes: houver ranhuras profundas em sua superfície, ou caso o osso sub-
1. Suporte inadequado da cúpula pelo osso e pelo cimento adja- jacente no lado posterior do acetábulo seja irregular.
cente, especialmente superiormente e posteriormente, devido
à ausência de quantidade adequada de osso ou à fresagem 1 COMPONENTES ACETABULARES NÃO CIMENTADOS
inadequada do acetáb ul o. O manto de cimento e a cúpula Os critérios radiográficos para o diagnóstico de afrou,, amento de
podem girar e projetarem-se para fora da pelve caso o acetá- componentes acetabulares não cimentados são similares àqueles para
bulo não seja aprofundado o bastante ou se a parede posterior componentes femora is não cimentados. Engh et ai. classificaram
for deficiente. A cúp ula pode migrar mediaimente para dentro esses componentes como sendo estáveis, provavelmente instáveis
da pelve caso o osso da parede medial do ace tábulo seja ina- quando há radiotransparências progressivas, e definitivamente
dequado, se for fresado excessivamente ou se for fraturado instáveis quando ocorre migração perceptível. O afrouxamento de
durante a preparação do acetáb ulo. componentes acetabulares não cimentados com revestimentos porosos
2. Falha em remover toda a cartilagem, fragmentos ósseos, tecido é incomum em acompanh amentos por 10 anos. A maioria das séries
fibroso e sangue, além de falha em perfurar um número sufi- relata incidências variáveis de radiotransparências ao redor de compo-
ciente de orifícios no acetábulo de modo que a superfície seja nentes acetabulares porosos, mas o significado dessas descobertas
irregular o bastante para criar uma boa interdigitação entre ainda não fo i determinado. Leopold et ai. descobriram radiotranspa-
cimento e osso. rências não progressivas em uma ou mais zonas em mais de 50% das
3. Falha ao pressurizar o cimento de modo adequado para obter revisões de componentes acetabulares que apresentavam bom funcio-
uma boa interdigitação ent re cimento e osso. É mais difícil namento clínico. Foi atribuída pouca importância à descoberta.
pressurizar o cimento no acetáb ulo do que no fêmur, pois o Outros tipos de comp onentes acetabulares não cimentados não
cimento tende a vazar para fora do acetábulo. Há dispositivos obtiveram tanto sucesso. Componentes com rosca e alguns compo-
mecânicos para pressurizar o cimento, e as cúpulas com flanges nentes lisos revestidos com hidroxiapatita apresentaram taxas de falha
tendem a pressurizar o cimento de modo mais adequado. excessivamente altas. Esses implantes tipicamente apresentam migra-
4. Falha ao distribuir o cimento ao redor da superfície externa da ção em radiografias seriadas, mas possuem uma menor tendência a
cúpula, o que pode ocorrer se a cúpula for inserida excessiva- formar radiotransparências largas em relação aos componentes ace-
mente no acetábulo enquanto o cimento ainda estiver pastoso ou tabul ares cimentados frouxos (Fig. 3- 128).
111111) PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

O@il@E'ID A lteração na posição de


uma cúp ul a cimentada em uma mulher de
59 anos de idade. A, Im ed iatamente após a
cirurgia. B, Após 7 anos, ela apresentava dor.
Uma radiotranparência comp leta se desen-
vo lveu e a cúpu la migrou proximalmente,
tornando-se mais horizontal. A alteração na
posi ção da cúpu la é uma evidência definitiva
de afrouxamento.

O(êil!miEl:D Alteração na posição de cúpu la não cimentada em um homem de 62 anos de idade. A, Imediatamente após o implante
de uma cúp ula não cimentada revestida com hidro xia patita . B, Quatro anos após a cirurgia, o quadril tornou-se doloroso. O componente
acetabular havia migrado para uma posi ção mais vertical sem apresent ar desgaste excessivo. Fo i necessária uma revisão .

• DIAGNÓSTICO relativamente estável quando o quadril está sustentando peso. A dor


Pode ser difícil determinar se os sintomas são resultados de afrou- geralmente pode ser aliviada por repouso, sendo agravada pela
xamento ou de algum outro processo. Em muitos casos, é difícil rotação do quadril. O paciente pode desenvolver um andar antálgico
determinar se uma área radiotransparente ao redor do mando de e, ocasionalmente, sugerir que o membro está se tornando mais
cimento do fêmur ou do acetáb ulo representa um achado não pro- curto e girando para fora. Apesar da maioria dos pacientes com afrou-
gressivo, indica soltura ou é resultado de uma infecção. O afrouxa- xamento apresentar um período assintomático no pós-operatório,
mento asséptico geralmente pode ser verificado apenas pela obser- alguns se queixam de dor imediatamente após a cirurgia. Dor no
vação do paciente para determinar se os si ntomas se desenvolvem e início do período pós-operatório sugere o desenvolvimento de uma
se as radiografias apresentam alterações progressivas. Certas evidên- infecção, a fixação inadequada de um ou ambos os componentes, ou
cias radiográficas de afrouxamento aparecem mais freq uentemente que se origina de uma fonte externa à articulação do quadril.
antes do início dos sintomas. Uma revisão cuid adosa de radiografias O diagnóstico de afrouxamento é aceito na maioria do s casos
anteriores de pacientes com sintomas frequ entemente revela altera- se houver radiotransparências progressivas ou migração do
ções que podem ter sido ignoradas ou que podem ter sido conside- implante, além de sintomas que apa recem quando o quadril está
radas como insignificantes quando o paciente era assintomático. sustentando peso ou durante o movimento mas que são atenuados
O afrouxamento geralmente causa dor enquanto o quadril sus- com repouso. Se o paciente for ass intomático, o diagnóstico de
tenta peso, dor que pode estar localizada na coxa ou na região ingui- afrouxamento é apenas forma l, a não ser que urna quantidade
nal. O termo "dor inicial" refere-se àquela que é pior nos primeiros considerável de osso tenha sido destruída. Se a destruição óssea
passos e que melhora no restante da caminhada. Essa dor sugere um for progressiva, mesmo que o paciente não apresente sintomas,
implante frouxo que se movimenta, mas que alcança uma posição indica-se a reali zação de uma revisão. Protelar a revisão pode
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

causar perda óssea ad icional, o que dificultaria o procedimento e parece estar relacionado à resposta do paciente a resíduos de partí-
tornaria os resultados menos satisfatórios. culas de todos os tipos. O termo geral "osteólise" é mais adequado
Exames por imagem auxiliares, tais como a artrografia ou os do que as referências à fixação cimentada ou não cimentada. Atual-
estudos de medicina nuclear (cintilografia), podem ser utilizados se a mente, reconhece-se que partículas de metal, cimento e polietileno
apresentação, o estado clínico e a aparência radiográfica simples não se podem causar osteólise periprotética tanto sozinhas como em con-
corresponderem. Salvati et ai., assim como outros estudos, relataram a junto co m outros fatores . A osteólise também foi relatada em super-
utilização de técnicas de subtração para revelar se um corante penetrou fícies de co ntato metal-metal e cerâmica-cerâmica.
na massa de cimento. Em uma metanálise realizada por Temmerman et O mecanismo que causa a osteólise (bem como sua prevenção e
ai., a artrografia de subtração provou-se mna ferran1e11ta útil para deter- tratan1ento) pode ser visto de três perspectivas diferentes: (1) a geração
minar a presença de afrouxamento do componente femoral. Dois outros de partículas de desgaste, (2) o acesso dessas partículas ao osso peripro-
estudos realizados por Temmerman et ai. recomendaram a utilização de tético, e (3) a resposta celular a esses detritos ("debris"). A maioria são
cintilografia óssea e/ou artrografias nucleares quando as radiografias con- partículas de polietileno produzidas por atrito, adesão, microfadiga, e
vencionais não são determinantes para o diagnóstico de afrouxamento. desgaste causado por corpos estranhos. O número de partículas presen-
O movimento ou a migração do componente podem ser identi- tes nas membranas periprotéticas excede aquele anteriormente obser-
ficados colocando-se pequenos marcadores metálicos no osso adjacente vado por microscopia óptica. Maloney et ai. examinaram, por meio de
aos componentes femorais e acetabulares, e tirando radiografias em dois microscopia eletrônica e de análise automatizada de partículas, as mem-
planos. Esse método, denominado estereofotogrametri a de Roentgen branas de componentes femorais não cimentados que apresentaram
(RSA), requer um software de computador para interpretar os dados, falhas e descobriram que as partículas (de metal e polietileno) predo-
sendo altamente sensível a pequenas alterações na posição do implante. minantemente apresentavam di âm etros inferiores a 1 µm e estavam
Ele pode ser utilizado para predizer falhas no início do período pós- presentes em quantidades que excedian1 1 bilhão/g de tecido.
-operatório, mas atualmente não é prático para utilização rotineira. Os macrófagos são a linha celular predominantemente envol-
vi da na resposta aos debr is. A superfície de interação entre os
mac rófagos e os resíduos pode causar uma resposta inflamatória
OSTEÓLISE independe ntemente da fagocitose. Diversas citocinas e quimioc inas
são produzidas como resultado dessa interação. Esses m edi adores
A osteólise foi relatada em diversos componentes, cime ntados e não acabam resultando em reabsorção óssea pelo início da produção de
cimentados, soltos e bem fixados. Apesar da maior pressão do fluido osteoclastos e pela inibição da formação de osteoblastos nas células-
e do movimento do implante contribuírem para o fenôm eno, ele -tronco m esenquimais (Fig. 3-129) .

+ Estimulo
+ Processo celular Predisposição
--f
Partículas de desgaste
Inibição /}/"étioo
~
"- .
CD 11b/CD1 8
TLRs

!
Quinases
Recrutame ~ ~ NFKB

+- ~ ~ Macrófagos
Quimiocinas ~
~ MC P-1 , M IP~
1a
Células-tronco ( """"-- / j(
mesenqu1ma1s - ~ / ê

r
C1tocinas Osteoclastos,
1-- TNF-a, células gigantes

/
RANKL,
M-CS F, " - J de corpo estranho

Osteoblasto -
Jr ~
/'
IL-6,
IL-1~.
lnterferonas
' °"
'- ~

Osteólise

Osso

O[dii;@Elm Reações biológicas entre os resíduos do desgaste e as célu las do paciente . IL, inter leucina; MCP, proteína quimiotáxica
de monócitos; M-CS F, fator estimu lador de co lôn ias de macrófagos; M IP, proteína in fl amadora de macrófagos; NFKB, fato r nuclear KB;
RANKL, ativador do receptor do fator nuclea r KB li gante; TLR, receptores do tipo To ll; TNF, fator de necrose do t um or. (De Tu an RS, Lee
FY, T Konttinen Y, et ai: lmplant Wear Symposium 2007 Biologic Work Group. What are the local and system ic biologic reaction s and mediators to
wear debris, and what host factors determ ine or modulate the biolog ic response to wear particlesl J Am Acad Orthop Surg 16[Suppl 1]:542, 2008.)
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

As partículas de polietileno e os demais resíduos são expelidos um componente femoral bem fixado com revestimento poroso ou
pelo fluido articular. Esse fluido move-se de acordo com as diferen- sobre a cúpula de um componente acetabular com orifícios no
ças de pressão, e todas as áreas do osso acessadas pelo fluido são suporte metálico
potenciais locais para o depósito dos resíduos. Reconhece-se agora Alguns dos desenhos iniciais de implantes não cimentados
que os segmentos dos componentes femorais e acetabulares que não proporcionavam fixação estável, mas o acompanhamento, em espe-
são contíguos às superfícies articulares ainda podem entrar em cial em pacientes ativos, mostrou aumento nas taxas de osteólise.
contato com o fluido articular. Schmalzried et al. descreveram essas Em um artigo de revisão, Marshall et al. descreveram taxas de oste-
áreas de acesso como sendo o "espaço real da articulação'; o qual é ólise de 10% a 70% em acompanhamentos realizados por períodos
definido pela proximidade do contato entre implante e osso. Esse de 7 a 14 anos em séries realizadas antes de 2000. O padrão da
conceito explica o desenvolvimento de osteólise na extremidade de osteólise depende do desenho do implante.
Componentes femorais com revestimentos porosos limitados
ou não esféricos estão sujeitos ao desenvolvimento de lesões corticais
distais, pois os resíduos podem chegar às partes distais da interface
entre implante e osso através dos canais entre as áreas de crescimento
ósseo (Fig. 3-130). Revestimentos porosos mais extensos e esféricos
parecem evitar a osteólise distal, mas podem causar lesões proximais
nos trocanteres maior e menor. Apesar da incidência geral da osteólise
ser igual, a limitação da perda óssea na parte proximal do fêmur
diminui a chance de comprometimento do implante.
Componentes acetabulares com revestimentos de polietileno
fi nos, incongruentes ou mal sustentados, bem como aqueles com
fixação ruim do revestimento no suporte metálico, apresentam
maiores taxas de osteólise pélvica. Podem ocorrer lesões na periferia
do componente acetabular ou nas áreas retroacetabulares (Fig.
3-131 ). As lesões periféricas são provavelmente resultado da entrada
de resíduos das superfícies articulares, de modo sim ilar ao processo
que ocorre com componentes acetabulares cimentados. As lesões
retroacetabulares podem ser resultado de desgastes da parte poste-
rior do revestimento, com migração desses resíduos pelos orifícios
no suporte metálico, apesar de haver relatos de osteólises desse tipo
em implantes sem orifícios para parafusos. O desenho dos implan-
tes, o processo de fabricação do polietileno e sua qualidade, bem
como a medição e a redução do desgaste, serão discutidos em outras
seções deste capítulo.
A natureza progressiva da perda óssea induzida por partículas
acentua a importância do acompanhamento radiográfico contínuo
O[ijil@EIE!I Osteólise femoral distal. Cinco anos após recons- dos pacientes após artroplastias totais de quadril, especialmente
trução não cimentada para osteonecrose. O componente femoral quando fo ram utilizados implantes que apresentam alto risco de
não possuía revestimento poroso esférico. Grandes osteólises desen- desgaste. Muitos pacientes com osteólise permanecem assintomáti-
volveram-se nas partes intermediárias e distais da haste (setas). cos até a ocorrência de falhas catastróficas causadas por grandes

A B

O@ii;f4EID A e B, Mulher de meia-idade com osteólise dolorosa e desgaste acetabular com componentes bem fi xados. Ela foi
tratada com a substituição do revestimento e da cabeça femoral em conjunto com enxertos ósseos realizados por meio dos orifícios
para parafusos.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADR IL

migrações do implante o u por fraturas periprotéticas. As radiogra- remoção da co ncha m etá li ca. Maloney et al. relatara m os resultados
fias se riadas devem ser analisada s cuid ado sam ente quanto à pre- d essa abordagem em um a sér ie de 35 pacientes. Após pelo m enos 2
sença d e desgaste progress ivo e quanto ao desenvolvimento de anos, todos os co mpon entes acetabulares permaneceram radiogra-
osteólise, devendo-se diferenciar tais alterações da reabso rção óssea fic arnente estáveis e todas as regiões com osteólise regrediram em
e d e outras formas de perda óssea. Por fim , deve -se cons iderar que tamanho ou permaneceram estáveis. Em urn a comparação retros-
as radiografias proporcionam apenas uma imagem bidime nsional de pec tiva de pacie ntes co m osteólis e acetabular tratados com substi-
um problema tridimensional. O grau d e perda óssea observado tuição do revestim ento em conjunto com enxertos ósseos ou com
durante a cirurgia, especialmente no acetáb ulo, é geralm ente m a ior revisão acetabular com pl eta, Restrepo et al. relataram um a taxa de
d o qu e o observado nas radiografi as pré-operatórias. afrouxamento de 10% para compo nentes acetabulares e recomend a-
Quando são detectadas osteólises femora is ou p élvicas, acon - ra m a revisão compl eta d as cúpul as com meca ni smos de blo queios
selh a-se um acompanh amento mai s frequente do paciente. Deve-se qu ebrados do reves tim ento, d esgaste completo do reves tim ento ace-
fazer radiografias em intervalos de 3 a 6 meses, em vez d e an ua l- tabular ou posicionamento incorreto dos componentes que poderia
mente. Implantes soltos e osteólises consideráveis são indi cações predispor a articulação a luxações.
claras para realização de cirurgia. A osteólise progressiva é outra A cim entação de um novo revestimento em uma cúpula exis-
ca usa para reoperação, mesmo com ausência de sintom as. Caso se u tente fo i d esc rita nos casos nos quais o mecanismo d e trava apre-
progresso aconteça, a revisão torna- se m ais co mplexa ou até m esmo sentava fa lh as ou quando não foi possível obter um revestimento
imp ossível. Se a fi xação do implante foi comprometida p ela osteó- para substitui ção. Estud os biomecânicos mostraram estabilid ade
lise, urn a revisão completa do componente é inevitável. No caso do m ecânica similar em ta is co nstruções em relação aos m ecanismos
implante permanecer estável apesar d a perda do osso periprotét ico, d e trava de revestim ento padrões. Para que o procedimento seja
alguns pesquisadores recomentam a realização de enxertos ósseos tecnicam ente viável, o escudo acetabular deve ser grande o suficiente
sobre os defeitos com manuten ção do implante. para possibilitar a inserção d e um revestimento de espessura aceitá-
O enxerto de defeitos femorais proxim ais com manutenção d o vel, permitindo um m anto de cimento mais fino. Alguns autores
componente femoral é um processo simples. Em três séries de pacien- recomendaram a sustentação d a parte posterior do novo revest i-
tes que receberam enxertos femorais sobre osteólises ao redo r de m ento para m elh orar a fixação e a sustentação d o esc udo metálico
hastes bem fixadas, não houve casos de afrouxamentos e as lesões caso não haj a orifícios para parafusos.
apresentaram incorporação dos enxe rtos em acompanham entos rea-
li zados por um período de 3 a 5 anos.
As opções de tratamento para ostéolise acetabu lar ao redor REVISÃO DA ARTROPLASTIA
d e um co mponente não cim entado com boa fi xação incluem a TOTAL DO QUADRIL
troca apenas do revestimento e d a cabeça femoral, a tro ca do
revest imen to e da cabeça fe mora l e m co njunto com en xe rtos Devido ao núm ero c resce nte d e artroplastias totais de quadri l rea li-
ósseos das lesões, e a revisão acetab ul ar completa do reves tim ento zad as nas últim as 3 décadas e ao fato desta cirurg ia estar sendo
e da cúpula modular com o u sem enxe rtos ósseos. A troca apen as reali zada em pacientes mais jovens e mais ativos, o núm ero de pro-
do revesti m ento e da cabeça femoral possui a vantagem d e se r um cedimentos d e revisão aum entou . Entre 1990 e 2002, 17,5% das
pro cedim e nto mais simples, a lém da retenção de componentes artroplastias d e quadril rea li za das nos Estados Un idos foram proce-
bem fi xa dos minimi za r a perda óssea iatrogênica. Hamilton et al. dimentos d e revisão. Em muitos pacientes, a falha d a artroplastia
relatara m suas exper iênc ias com essa téc nica ao lon go de um total de quadril pode se r atr ibuíd a a um ou mai s problem as técnicos
período d e 17 anos englob ando diversos de se nho s de componentes ocorridos d urante o pro cedim ento primário.
acetab ul ares. Eles relataram a necess idad e d e refazer rev isões e m A rev isão de artropl as tias totais d e quadri l é ge ralm e nte
10% dos casos, principalmente d ev ido a instabilidade recor rente e muito mais difíc il e os res ultados costum am ser menos satisfató -
afrou xa m ento acetabular. Eles co ntinuam a utili za r essa técnica, rios do qu e aqueles d e a rtrop lastias primárias. A revisão necessita
m as reco m endaram a revisão acetabu lar completa para as c úpul as d e maior tempo ope ratór io e re presenta um a m aior perd a d e
co m d esenhos ruins, a avaliação cuidadosa da estabilidade d a sa n gue, sendo mai s co mun s as ocorrências d e infecções, trombo-
cúp ul a durante a substituição do revestimento, e a conversão para embolisrnos, luxações, pa ra lisias nervosas, p erfurações femorais e
cabeças femorais de tamanhos maiores d e modo a redu zir as fratura s femorai s. A complex idade da cirurgia d e rev is ão acentua
chances de deslocamento. a importância da prec isão técn ica nas artropla stias pr im ária s. Um
A curetagern e o enxe rto d e d efe itos retroacetabulares rep re- procedimento primá ri o rea li zado corretamente proporcio na ao
sentam um d esafio técn ico. Algun s d esses defeitos podem ser aces- paciente a m elh o r oportunid ad e de sucesso a lon go prazo.
síve is pela periferia do acetábul o caso seja obtida urna expos ição
esfé ri ca completa. Outros podem se r d esbridados e enxertados pelos
orifícios para parafusos na cúpula. Pequenas curetas e di spos itivos INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
de sucção fac ilitam a re moção da m embrana através dos orifícios.
Deve-se tomar cuidado durante o d esbridamento, pois pod e haver Para determinar a necessid ade de revisão de artropl asti as totais de
um defeito completo do osso m edial. En xertos ósseos d e gran d es quadril dolorosas, o paciente deve primeiramente ser avali ado para
defe itos através dos orifícios represe ntam um processo demorado e d eterminar se o quadril ou a coxa estão doloridos corno resultado de
tedioso, mas ainda assim m enos do qu e uma revisão completa co m uma artroplastia mal sucedid a ou de algum outro problema, em par-
perda óssea significativa. Essa abordagem pressupõe (1 ) qu e o ticular discopatias lomba res, artrite da espinha, estenose espinhal,
suporte m etálico continua bem fi xado no ace tábulo, (2) que o tumores primários ou metastáticos, ocl usão vascular, fa lhas por fad iga
implante é um tipo modular e que o meca ni smo de trava ainda é o u distrofia simpático -refl exa. Além disso, se os sintom as forem cau-
co nfiável, (3) que é possível obter um revestimento de espess ura sados por artropl as ti as totais de quadril malsucedidas, d eve-se decid ir
ad equada e d esenho aceitável para a substituição, e (4) que as áreas se a dor do paciente é sufi cientemente incapacitante para justificar
com osteólise são acessíveis para a realização de enxertos sem a urna operação complexa. Modificação das atividades, perd a de peso,
_, PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADR IL EM ADULTOS

utili zação de suportes externos e adm inistração de anti -inflamatórios O encurtamento do membro operado pode resultar em instabilid ade,
e analgésicos podem ser os tratamentos mais adequados. Muitos o que representa um problema significati vamente maior. É tenta-
pacientes são idosos, não são fis icamente ativos e não impõem grandes dor ope rar o quad ril oposto para co rri gir a discrepância, mas isso
demandas sobre o quadril, podendo sua condição ge ral ser uma con- não é aconselhável, exce to se o paciente aprese ntar do r. Na ausê n-
traindicação para a cirurgia de revisão. Em pacientes debilitados nos cia de for mações ósseas hetero tópicas importantes, a reoperação
quais a reconstrução representaria um procedim ento excessivame nte para melhorar os movime ntos provavelmente não se rá bem-s uce-
complexo, as artroplastias de ressecção de Girdlestone modificadas dida. Simi larmente, não são aconselháve is as cirurgias para dimi -
podem ser um a alternativa mais adequada. Pode ser difícil, entretanto, nuir os graus de claudicação, exceto quando esta for ca usada por
convencer um paciente com dor incapac itante de que não deve ser desvios do tro canter m aior.
realizada um a nova cirurgia. No caso de dor similar à presente antes da artroplastia primá-
A dor representa um dos principais indicativos para a revisão ria que continua no pós-operatório, é necessári a uma reavaliação
de artrop lastias totais de quadril. Ocasionalmente, a operação é indi- pa ra determinar se um a anormalidade do quadril é a causa da dor.
cada na ausência de dor incapacitan te para evitar a progressão de Em pacien tes que contin uam a sofrer co m dor após a cirurgia e que
problem as identificados em rad iografias qu e to rn ari am a revisão não apresentaram nenhum período signi fica tivo de alívio, deve-se
necessá ria e mais complicada após um cur to período d e temp o. suspeitar de problemas técnicos ou infecções. Deve-se fazer todo o
As revisões devem ser realizadas (1) para co rri gir afrouxamentos possíve l para determin ar a causa da dor antes de considerar cirurgias
assépticos e dolorosos de um ou amb os os compo nentes, (2) para ex ploratórias ou de revisão. Ocasionalmente, é impossível determ i-
corri gir perdas ósseas progress ivas, (3) para co rrigir fraturas ou nar a causa da dor, mas o paciente insiste que "algo deve se r feito".
fal has mecâni cas do implante, (4) para co rri gir lu xações recidivan tes Os res ultados da cirurgia de revisão, nesse cená ri o, são imprevisíveis
ou irredutíveis, (5) para corrigir artropl ast ias infeccionadas em pro- e o es tado do paciente pode piorar caso ocorram complicações
cedim entos de um ou doi s estágios, e (6) para tratar fra turas peri- intraope ratórias. Antes de realizar a cirurgia, pode ser útil reali zar
protéticas. As fraturas periprotéticas, as luxações e as infecções são co nsultas com outros ci rurgiões e ce ntros especializado s para obter
discutidas de maneira detalhada na seção so bre complicações. opiniões adicionai s. O cirurgião e o paciente devem estar cientes dos
Um a das razões mais co muns para a revisão é o afrouxa- riscos inerentes e das chances limitadas de sucesso antes de iniciar
mento do loroso de um ou amb os os co mp onentes, que pode ser um procedimento tão complexo.
detec tado em radiografias seriadas (co nsulte a seção so bre afrou-
xa mentos). É vital diferenciar os afro uxa mentos mecânicos do s
sépticos. Deve-se suspeitar do seg und o sempre qu e as descobertas PLANEJAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO
obtidas pela avaliação do históri co o u por exam es físicos sugiram
a prese nça de infecção, a reabso rção óssea fo r consid erável, a O planejamento para a revisão de um a art roplas tia total de quadril
sup erfície endosteal do osso estiver defor mada, houve r elevaçõ es co mplexa demanda mais tempo do que o plan ejamento para proce-
perio steais, e os níveis de VHS ou PCR es tiverem altos. O quadril d imentos primários rotineiros. Todos os pontos do planejamento
deve se r puncionado e investigações mais aprofund adas devem ser pré-operatóri o para cirurgias primárias (co nsulte a seção sobre ava-
reali zadas se houve r suspeita clínica de infecção com base em um liação p ré-operatória) aplicam-se à formul ação do plano ge ral para
históri co de demora na cicatrização de fe rim entos, alterações radio- o procedimento de revisão. Entretanto, desco bertas e complicações
gráficas ou valores laboratoriais anor mais. A prática da aspiração intraoperatórias frequentemente requerem que o plano básico seja
roti neira de todos os quadris antes de revisões fo i amplam ente modifi cado. A antecipação de potenciais complicações e a fo rmula-
aba ndon ada, principalmente devido à baixa se nsitividade e valor ção de diversos planos de contin gê ncia para lidar com tais com pli-
preditivo positivo. cações in flu enci am os requisitos de eq uipamen tos adicionais e agi-
O diagnósti co de afrouxam ento é feito por meio de uma ava- liza rão a sua condução du rante a cirurgia.
liação clínica baseada no histórico do pacie nte, em exames físicos e Deve-se obter rad iografias de boa qualidade da pelve e do
em descobertas radiográficas. A dor associada a componentes tipi - fêmur em sua totalidade. Radiografias de qualidade ruim frequen-
ca mente frouxos ocorre durante os primeiros passos ("dor inicial"). temente fazem com que o cirurgião sub estim e a perda óssea, pois
Compo nentes acetabulares fro uxos geralmente causam dores na não é possível distinguir as áreas de co rtical mais adelgaçada do
região inguinal, enquanto componentes femo rais frouxos podem cimento adjacente. Os marcadores de amp liação são úteis para um a
causar dores na coxa ou no joelho. Raramente são necessários gaba ritagem precisa e podem revelar a necessidade de componentes
estudos auxiliares, mas a comparação co m radiografias prévias fre- ext remamente pequenos ou grandes. As visões laterais do fêmur
qu entemente prova-se útil. Caso a perda óssea esteja associada a podem se r reali zadas em diferentes gra us de rotação para que a
afrouxa mento ou caso a osteólise induzida por partícul as for grave curvatura do fêm ur e o grau de incompatibilidade entre fêm ur e
ou progressiva, deve-se considerar a revisão, pois os sintomas hastes lo ngas e c ur va d as sejam est im a do s co m mai s prec isão.
tend em a piorar, e uma maior reabso rção óssea dificultaria o proce- É necessá rio um alargamento maior quand o há tal incompatibili-
dim ento e tornaria os resultados menos favoráve is. dade, podendo-se antecipar a necessidade de uma osteotom ia femo ral.
A revisão é indicada qua nd o a deformidade da haste é pro- A presença de ci mento intrapélvico ou comp onentes acetabulares
gressiva ou quand o a haste aprese nta fra turas incompletas. A haste com protrusão acentuada necessitam de um a ava liação mais deta-
acaba po r quebrar e a revisão torn a-se muito mais difícil nesse lhada co m pielografias intravenosas ou estudos vascul ares. Por fim,
ponto, pois o fragmen to da has te deve se r retirado do canal as deficiências acetabulares podem ser ava liadas em mais detalhes
med ul ar. Fraturas completas da haste, fa lh as de ar ticulações po r meio de to mografi as computadori zadas. Pode- se obter informa-
cô nicas Mo rse ou desencaixe de meca nismos de trava modulares ções úteis sob re o osso m esmo na presença de componentes aceta-
sempre necessitam de revisão. bulares co m suportes metálicos (Fig. 3-1 03).
A cirurgia de revisão não é frequenteme n te indicada para A identificação radiográfica do tipo de prótese e a revisão das
prob lemas funcionais tais como a perd a do s movimentos do anotações da operação frequentemente provam -se úteis, especial-
qu adril não acompanh ada por do r ou alonga m ento do membro. men te se um dos componentes for mantido in situ. Anotações mentais
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

sob re o formato da haste e as pec uliaridades de sua superfície podem


ajudar a determinar os locais onde é necessário remover o cimento
para realizar a extração. Além disso, deve-se determinar o tamanho
da cabeça femoral. A revisão do componente oposto pode ser neces-
sá ria no caso de incompatibilidades, posicionamentos incorretos ou
comp rimentos incorretos do colo, e os equipamentos e materiais
necessá rios devem estar di sponíveis.
É necessária uma qu antidade sub stan cialm ente maior d e
equipam entos para as cirurgias de revi são em co mp aração com as
ar troplastias tota is de qu adril primárias. Esses equipamentos são
caros e não estão prontam ente disponíveis na maioria dos hospi-
tais, devendo ser solicitados conforme necessár io. Caso a prótese
sendo revisad a seja de um mod elo moderno, deve-se tomar pro-
vidências para que os instrum entos específicos para o sistema em
questão es teja m di sponíveis. Ferramentas de ext ração, chaves de
fenda e inst rum entos es pecíficos para des m ont agem da cabeça
podem tornar o proced imento muito mai s fác il. Além di sso,
materiais específicos para o sistema (p. ex., cabeças modulares e
revestimentos de polietileno para acom odar o tamanho e o offset
antecipado para a cabeça) podem eliminar a necessidade d e
revisar ambos os componentes. São os seg uintes os eq uipam entos lij@il;@EID Componente acetabular triflângico personali-
e materiais adicionais frequentemente necessá ri os durante as zado. A fixação foi obtida por meio de vários parafusos ilíacos e
ciru rgias de revisão: isquiais. Foi realizado um aloenxerto de osso esponjoso sobre um
• Intensificador de imagem e mesa de operação radiotransparente grande defeito acetabular na tentativa de restaurar o osso.
• Instrum entos para extração da haste
• Instrum entos manuais para remoção de cimento
• Instrum entos motorizados para remoção de ci mento
• Instrumentos motori zados para corte de metal
• Fresas intramedulares fl exíveis reali zadas faci lmente por meio das vias de acess o anterolateral,
• Osteótomos finos e flexíveis para remoção de hastes não cimentadas lateral direta ou posterolateral. Entretanto, enxertos ósseos da colun a
• Trefinas posteri or do ace tábulo são difíceis por meio da via de acesso ante-
• Osteótomos curvados ou bisturis modulares para remoção de rior, assi m como a exposição extensiva do fêmur. Além disso, o
cúpulas não cimentadas nervo glúteo superior es tá em risco caso a exposição estenda-se mais
• Iluminação por fibra óptica de 5 cm acima da borda superior do acetábulo.
• Placas de reconstrução pélvica, parafusos e instnm1entos associados A via de acesso posterolate ral com elevação do vasto latera l
• Sistema de fixação trocantérica e fios de cerclagem proporcio na excelente expos ição da colun a posterior do acetá-
• Ossos para aloenxertos (cabeça femoral e aloenxertos segmentares) bulo e da diáfise femora l, mas o risco de lu xação é maior do qu e
• Equipamento para resgate de sangue intraoperatório. na via de acesso anterior. A exposição anterior do acetábulo é
Além dos equipamentos, deve estar di sponível um grande difícil na abordagem posterolateral, especialmente se um compo-
inventário de próteses. Componentes femorais de hastes curtas e nente femora l com ca beça fi xa for mantido in situ. Nesse caso, os
longas, hastes de substitu ição calcar ou hastes co m colos estendidos abdutores devem ser removidos do ílio superior e anteriormente,
são necessárias para corrigir discrepâncias nos co mprimentos dos deve ndo-se colocar a ca beça femoral protética nesse recesso supe-
membros, perdas ósseas e fraturas femorais intraoperatórias. A maioria rior e anteriormente ao ace tábulo. A soltu ra co mpleta d a cáps ul a
dos fabrica ntes possui conjuntos de componentes femorais projeta- anterior e, ocasionalmente, da inserção do glúteo máximo é neces-
dos especificamente para as necessidades dos procedimentos de sária para permitir uma translação an ter ior adequada do fêmur.
revisão. Componentes acetabulares com di âmetros entre 70 e 75 mm Uma pequ ena rotação ex terna do fêmur roda a cabeça femoral e
são ocasionalmente necessá rios para preencher grand es defici ências permite a preparação do ace tábulo.
acetabulares. Raramente as deficiências são tã o irregulares ou o A via de acesso transtrocantérica propo rciona a melhor expo-
fêmur é tão deformado que os componentes perso nali zados sejam a sição do fêmur e do acetábu lo, sendo a via de acesso ideal para a
única solução (Fig. 3-132). maioria dos procedimentos de revisão complexos. Entretanto, a refi-
xação do trocanter frequentemente representa um problema, espe-
cialmente se a perna tiver sido alongada ou se o trocanter apresentar
VIA DE ACESSO CIRÚRGICA osteoporose. Nessa situação, realizamos a maioria das revisões
sim ples por meio de um a abordagem posterol ate ral. A osteotomia
Pode haver diversas incisões diferentes de cirurgias anteriores. Se trocantérica pode se r reali zada fac ilmente pelo método-padrão ou
possível, deve-se utili za r uma das incisões anter iores. Necrose pelo método do desli za mento trocantérico (consulte a seção sobre
cutânea entre as incisões representa um problema menor do que no osteotomia trocantérica) em qualquer fas e do procedimento caso
joelho, mas essa possibilidade não deve ser ignorada. Todas as vias seja necessá ria para exposição ou para remo ção e reimplante dos
de acesso utili zadas para artroplastias totais de qu adril primári as compon entes. Caso sejam previstos problemas com a extração do
podem se r utilizadas para cirurgias de revisão. Entretanto, a neces- componente femora l ou co m a refixação de um a osteotomia tro-
sidade de se obter uma exposição alongada é muito mais importante cantérica -padrão, é prefe ríve l utilizar uma osteotomia trocantérica
nas cirurgias de revisão. Revisões acetabu lares simpl es podem se r estendid a (Fig. 3-133).
. . PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

Glúteo médio

Vasto lateral

O!§ii;MmD Ext ensão re lati va d os fragmentos co rti ca is para


ost eot o mi a trocant érica-pad rão (1 ), ost eot o mi a por d es li zame nto
trocantér ico, (2) e ost eot om ia t roca ntérica est end ida (3) . Os frag-
mentos da osteot om ia por desliza m ento t rocanté ri co e d a ost eoto-
mia trocantérica esten d ida mant êm a origem do mú scu lo vasto
lateral, enqua nto a ost eotomi a troca ntérica-pad rão não possu i fi xa-
ções d ist ais de tecido mo le. (Redesenhado de Jando VT, Greidnaus NV,
Masri BA, et ai: Trochanteric osteotomies in revision tota l hip arthroplasty: O(ê\ll;f4EleJ Extrat or de com po nente femo ra l Moreland. (Rede-
contemporary techniques and results, lnstr Course Lect 54: 143, 2005 .) senhado de Johnson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN.) VEJA A TÉCNICA 3-8.

• A pseudocápsula pode ser af inada se sua espessura geral


VIA DE ACES.SO TRANSTROCANTÉRICA
limitar a exposição ou causar compressão.
PARA REVISAO DE ARTROPLASTIA • Solte porções do glúteo máximo, caso necessário.
TOTAL DE QUADRIL • Desloque o quadril posteriormente como de costume.
TÉCNICA ------~ • Realize a excisão de tecido cicatricial circunferencial mente
na interface entre hospedeiro e implante para conclu ir a
• No caso de existir pseudoartrose trocantérica, utilize-a para exposição.
melhorar a exposição e tente obter consolidação por • Obtenha uma exposição desobstruída de ambos os compo-
meio da melhoria da fixa ção. nentes antes de tentar removê-los, visto que as tentativas de
• Remova cuidadosamente os fios previamente colocados remoção prematuras frequentemente resu ltam em falhas.
e outros di spositivos de fixação interna para evita r a frag-
Consulte também os Vídeos 3-2 e 3-3. ~
mentação de áreas do osso.
• O nervo ciático geralmente não deve ser exposto; mas, caso
o membro deva ser alongado sign ificativamente, exponha
o nervo ou palpe-o para garantir que ele não seja colocado
sob tensão. Afastadores colocados posteriormente devem REMOCÃO DE COMPONENTE
possuir bordas lisas e devem ser colocados cuidadosamente FEMOltAL CIMENTADO
contra o osso, sem interposição de tecido mole.
~
• Divi da os tecidos moles imediatamente adjacentes ao tro- TÉCNICA ~~~~~~~~~~
canter para minimizar o risco de lesões no nervo ciático.
• Caso quaisquer tendões dos rotadores externos curtos • Ocasionalmente, o componente femoral está tão frouxo
possam ser identificados, re pare-os para refixação poste- que é possível removê-lo manualmente. Entretanto, "frou-
rior. Mais comumente, os rotado res externos curtos não xidão" nem sempre é sinônimo de "remoção fácil".
estão presentes. A pseudocápsu la deve ser identificada Na maioria dos casos, a haste deve ser de algum modo
para reparos durante o fechamento. removida do fêmur.
• A espessura da cápsu la residual do quadril varia. Frequen- •Caso a haste possua uma cabeça fixa, uti lize dispositivos
temente, a prolifera ção sinovial em sua superfície interior de extração comerciais fi xados à um martelo ortopédico
contém uma grande quantidade de partículas de polieti- ou plataforma. Há diversos dispositivos para passar sobre
leno e resíduos de cimento. a cabeça e prender o colo do implante (Fi g. 3- 134).
CAPÍTU LO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL

ií[ijil;@EID Extrator de componente femora l para compo-


nentes femorais modu lares . Os para f usos são apert ados ao redor
do co lo femora l modu lar e o d ispos it ivo é fixado ao martelo
h@ih@ EJm Osteótomo More land V para remoção do cimento
lat era l do implante para hastes com cu rvat ura proxima l. (Redese-
ortopéd ico para remoção do componente. (Cortesia de Smith &
nhado de Johnson & Johnson, DePuy, Wa rsaw, IN.) VEJA A TÉCNICA 3-8.
Nephew, Memph is, TN ) VEJA A TÉCNICA 3-8.

• Caso a haste seja de um modelo moderno com cabeça Caso contrário, a haste não poderá ser movida proxi-
modular, dispositivos-padrão de extração simplesmente ma lmente sem fraturar a metáfise femora l.
puxarão fora a cabeça e não devem ser utilizados. A •A remoção de hastes cimentadas que foram pré-revestidas
maioria dos sistemas com cabeças modulares possui dis- com PMMA ou que possuem revestimentos porosos pode
positivos específicos de extração de haste que são parte da ser difícil. Caso a haste estiver sendo removida devido a infec-
instrumentação do sistema. Os modelos típicos possuem ções ou posicionamentos incorretos e não esteja frouxa ; é
um gancho que é inserido em um orifício da haste, um improváve l que possa ser removida sem retirar primeiro
dispositivo que se rosqueia à haste ou um dispositivo em parte do cimento ou do revestimento poroso.
forma de pinça fixado por irregularidades do colo. Identi- •Ut ili ze um instrumento motorizado com uma broca fina
fique o modelo da haste e entre em contato com um e longa para separar o cimento proximal da superfície
representante de vendas do fabricante para obter o dispo- porosa da haste.
sitivo de extração em questão. Há um dispositivo de extra- •Não uti lize osteótomos para a remoção do cimento nesse
ção que é f ixado ao colo modu lar por meio de parafusos estágio, pois eles podem causar um efeito de cunha que
e que pode ser útil caso não esteja disponível um extrator fraturaria o fêmur. Uti lize osteótomos apenas após a
específico para o implante (Fig. 3-135). haste ter sido extraída com segurança e ter sido aberto
•C aso não esteja disponível nenhum dispositivo de extra- um espaço centra l para o qual os fragmentos de cimento
ção, utilize o anel da prótese como uma plataforma. possam ser deslocados.
Remova a haste impactando-a por baixo com um martelo •Passe a broca circunferencialmente à haste até que todo
e um instrumento de punção. Se o anel não se projeta r o pré-revestimento ou a superfície porosa estejam com-
para além da cortica l med ial do colo, remova uma pequena pletamente expostos.
porção de osso do colo para expor parte do anel. •Insira a broca angularmente a partir de posições anterio-
•A extração de hastes cimentadas mais antigas gera lmente res e posteriores para remover o cimento medial loca li-
não apresenta grandes problemas. A ma ioria desses zado sob o ane l.
modelos é lisa e cônica, com poucas irregu laridades •Se necessário, remova o anel da haste com uma broca com
superficiais. Antes de tenta r remover a haste, remova ponta de carboneto para corte de meta l de modo a obter
as partes presas do trocanter maior que possam impedir a acesso à superfície media l do implante. Caso a haste seja
remoção da haste. Caso a haste possua uma curvatura pro- feita de uma liga moderna altamente resistente, esse pro-
ximal, remova o cimento lateral sobre o implante (Fig. 3-136). cesso pode demorar um bom tempo. )
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADR IL EM ADULTOS

encapsu lamento f ibroso, e do grau de preench imento do


canal medular pela haste. Hastes não cimentadas, não
porosas e com enca ixes frouxos podem ser extraídas sem
intervenção na interface entre osso e im plante. Hastes com
revestimento poroso extenso e com bom grau de cresci -
mento ósseo que preenche bem o cana l representam um
problema sign if icativo para a remoção. Tal situação pode
ocorrer quando a haste está sendo remov ida em decorrên-
cia de infecção, luxações ou dor na coxa intratável. Identi-
fique o tipo de haste nas radiografias pré-operatórias e
determine a extensão da superfície porosa. Avalie a inter-
face entre osso e implante para estimar a probabilidade de
crescimento ósseo (consulte a seção sobre componentes
femorais não cimentados neste capítul o).
• Caso o revestimento poroso esteja lim itado à parte pro-
ximal da haste, interrompa as áreas de crescimento ósseo
utilizando osteótomos finos e flexíveis especializa dos (Fig .
3-1 37). Os osteótomos convencionais geralmente são
espessos demais para esse propósi to e podem fraturar o
fêmur caso sejam inseridos adjacentes a hastes que pre-
enchem o canal. Insira os osteótomos especializados em
uma posição imediatamente adjacente à superfície porosa
para evitar penetração do córtex femoral. Direcione-os
em ângu los variados para obter acesso à totalidade dos
lados anterior e posterior da superfície porosa.
• A lternativamente, faça as rupturas das áreas de cresci -
mento ósseo utilizando uma broca de alta velocidade
longa e fina em posição imed iatamente adjacente à haste .
Monitore cuidadosamente o ali nhamento e a profundi-
dade da inserção de modo a evitar penetração cortica l.
•Extraia a haste após a remo ção das áreas de crescimento
ósseo. Áreas com crescimento puramente f ib roso podem
ocasiona lmente ser afrouxadas apenas com tentativas
O@lhMEl!ia Osteótomo especia lizado Moreland fino e fl exí-
forçadas de extração sem a uti lização de osteótomos.
ve l para desfazer áreas de cresc imento ósseo na extremidade
•I mplant es com revestimentos porosos extensivos podem
proxi mal de hastes com revest imento poroso. (Redesenhado de
ser consideravelm ente mais difíceis de serem remov idos.
Johnson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN.) VEJA A TÉCNICA 3-9.
Os osteótomos são eficazes para desfazer o crescimento
ósseo em áreas planas da haste proximal, mas geralmente
as áreas de maior crescimento ósseo estão local izadas na
• Após a remoção do cimento proximal, tentar extrair a haste.
) parte distal do revestimento poroso. A haste é arrendon-
•Caso não seja possível removê -la com golpes no extrator
dada nesse nível e preenche o canal. Os ost eótomos não
e caso o cimento proxima l já tenha sido removido do
podem ser direcionados contra essa superfície sem ri sco
melhor modo possível, rea lize uma osteotom ia trocanté-
excessivo de fraturas femora is.
rica estendida (Fig. 3-1 40 e Técnica 3-11) para obter acesso
•Após desfazer as áreas de crescimento ósseo proximal
a uma parte maior da interface entre cimento e prótese
com osteótomos ou com uma broca fina, tente extrair a
ou abra uma pequena jane la na co rti ca l femora l antero-
haste utilizando força moderada. Caso não seja possível
latera l. Não posicione a janela na extremidade da haste,
extrair a haste sem que haja risco de fratu ras femorais,
e, sim, imediatamente distal ao nível exposto pela remoção
deve-se utilizar métodos alternativos para romper as áreas
do cimento prox ima l. Remova cimento adiciona l pela
de crescimento ósseo dista l.
janela até que a haste possa ser removida.

REMOCÃO DE llYIPLANTES COM


CRESC(MENTO OSSEO DISTAL
REMOÇÃO D_E COMPONENTE EXTENSIVO
FEMORAL NAO CIMENTADO
TÉCNICA
TÉCNICA ~
~~~~~~~~....... ~ (GLASSMAN E ENGH)
• A extração de hastes não cimentadas va ria em complexi-
dade dependendo da extensão do revestimento poroso, •Essa técn ica requer trépanos alargadores especiali zados e
do gra u de crescimento ósseo em comparação com o instrumentos para corte de metal de alta ve locidade.
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADRIL cm
e a remo ção de componentes femorais fro uxos com mantos de
cimento bem fixados. A osteotomia também pode ser realizada antes
d a luxação caso se antecipe dificuldades com a luxação ou após a
rem oção da haste. Essa osteotomia proporciona acesso direto à parte
distal do canal femora l para re moção segura do cimento e garantia
de fresamento adequado do fêm ur distal para que o alinh amento da
haste seja n eutro. Pode- se obter uma expos ição exte nsiva d o acetá-
bulo como com outros m étodos de osteotomia trocantérica. A trans-
lação distal do segm ento osteotom izado permite o tencion amento
preciso dos abdutores para melhorar a estabilidade da articulação.
Esse procedimento é utili zado mais ad equad amente quando é pla-
nejada a rev isão de um compon ente femoral não cimentado, visto
que a intrusão do cimento no lo ca l da osteotomia pod e comprome-
ter a consolidação. Foram relatadas taxas d e consolidação entre 98%
e 99% com esse tipo de osteotomia.

OSTEOTOMIA TROCANTÉRICA
ESTENDIDA
TÉCNICA

(YOUNGER ET AL.)

• Planeje o comprimento da osteotomia de modo que a


A B
extremidade dista l de próteses cimentadas ou não cimen-
tadas seja completamente exposta, mantendo uma quan-
O[di@HDilt Remoção de implantes com cresc im ento ósseo t idade adequada do istmo femo ral intacta para permitir
distal extensivo (Gl assman e Engh) . A, A prótese é transeccionada contato endostea l cortical com a prótese de revisão a
com uma broca para corte de metal com po nta de carboneto. B, uma distãncia de 5 a 6 cm (Fig. 3-139).
A porção cilíndrica distal da hast e é re movi da com uma trefina. • Exponha o quadri l através de uma via de acesso posterola-
(Redesenhado de Johnson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN .) VEJA A teral com exposição circunferencial de ambos os implantes.
TÉCNICA 3-10. • Proteja o nervo ciático durante todo o procedimento.
• Lu xe o quadril ou, alternativamente, realize a osteotomia
antes da luxação caso o deslocamento seja complicado por
•Desfaça as áreas de crescimento ósseo proximal utilizando afundamento da haste, protrusão acetabular ou rigidez do
osteótomos finos. quadril.
• Utiliza ndo uma broca de alta velocidade, abra uma •Posicione a coxa em rota ção interna.
pequena janela transversal no córtex femora l no nível da • Rea lize a incisão no vasto lateral ao longo da margem
junção entre a parte triangu lar e a parte cilíndrica da haste. posterior até o nível da extensão distal planejada para a
• Rea lize a transecção da prótese nesse nível utiliza ndo uma osteotomia.
broca com ponta de carboneto para corte de meta l (Fig. • Marque a osteotomia longitudinalmente em posição ime-
3- 138A). Evite enta lhar ou dividi r a cortica l oposta. diatamente lateral à linha áspera, estendendo-a distalmente
• Remova a parte proxima l da haste. até o nível determ inado nas radiografias pré-operatórias
• Remova a parte cil índrica distal da haste uti lizando uma (Fig. 3- 140A)
trefina (Fig. 3-1 38B). Determ ine o tamanho adequado da •Com uma fresa f ina de alta velocidade, realize diversas
trefina medindo a extrem idade dista l da pa rte proximal perfurações no córtex femora l posterior, conectan do-as
da haste removida. Irri gue a trefina frequentemente para com a fresa. Circunde a margem latera l do componente
evitar que imad uras no osso. Após a ruptura do cresci- f emora l subjacente.
mento ósseo dista l, remova a trefina do cana l com o •Divid a o córtex latera l transversamente no nível predeter-
fragmento distal da haste dentro de la. minado.
• Perfure o córtex anterior com uma fresa em diversos locais,
ten tando criar um fragmento constituído por aproxima-
damente um terço da circunferência do fêmu r. Mantenha
Mais recentemen te, Younger et a i. descreveram uma técn ica d e a maior quantidade possível do vasto lateral fixada ao
osteotomia trocantérica estendid a para rev isões femora is difíceis. fragmento.
O trocanter maior é remov id o juntamente co m um segmento fixado •Divida a parte superior do córtex anterior com uma serra
d o córtex femoral latera l, minimi za nd o o ri sco de falhas trocantéri- oscilante, pois a fresa pode não ser longa o bastante na
cas e evitando problemas relacion ados à refixação de fragmento s região trocantérica.
trocantér icos menores. A técn ica é id ea l para a remoção de hastes • Insira dois ou mais osteótomos largos na parte posterior da
cimentadas o u não cimentad as com boa fixação após a luxação do osteotomia, gentilmente criando uma fratu ra controlada no )
quadril. Outras indicações são o remodelam ento em varo do fê mur
- PARTE li PROC EDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

O[iji@iEID Osteotomia trocantérica


estendida . A e B, Afrou xamento acetabular
com danos à cabe ça femoral. O compo-
nente femoral poroso foi cimentado e per-
manece bem fi xado, mas foi necessário
realizar uma revisão, pois sua cabeça não é
modular. C e D, A osteotomia trocantérica
estendida simplificou a remoção do com-
ponente femoral e do cimento sem resultar
em perda óssea, além de facilitar a exposi-
ção acetabular. Note a formação de um
calo ao redor da osteotomia após 3 meses.
VEJA A TÉCNICA 3-11.

córtex anteri or perfurado e mantendo as fixações anteriores •Divida a interface até a extensão dista l da superfície porosa .
)
dos tecidos moles (Fig. 3-1408). Pode ser necessá rio ut iliza r diversas se rras Gigli .
• Com o fragme nto ref letido ant eri ormente, a parte lateral • Alte rn ati va mente, faça uma osteot omi a ma is curta e
do componente femoral é visível, e as superfícies anterior divida o componente femo ral uti lizando uma broca de
e posterior podem ser acessadas. Remova o cimento das alta velocidade para corte de metal na jun ção entre as
superfícies de contato no campo de visão di reto para partes triangu lar e cilínd rica da hast e.
permiti r a extração da haste. • Remova o segmento distal da hast e uti liza nd o um a
• No caso de hastes não ciment adas com boa fixação, tref ina (Fi g. 3- 138). Re mova q uaisq ue r resq uíci os de
passe uma serra Gigl i sob o anel, direcionando-a dista l- cimento ou do pedest al dista l present es no loca l da
mente e seg uindo a margem med ial do componente osteotomia .
femoral (Fig. 3- 140C) . Controle a lãm ina de modo a não • Coloque um fio profi lático ao redor da di áf ise fe moral em
remove r excessivamente o osso das cort ica is anterior e uma posição dista l à osteotomia para evitar a pro pagação
posterior. de fraturas não desviadas.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTI A DO QUADRIL Gii
1---~ Linhas de
osteotomia

O@ilmillm!) Osteotomia trocantérica esten-


dida para remoções difíceis de haste. A, A parte
longitudinal da osteotomia segu e a margem
lateral da haste e estende-se distalmente até o
nível predeterminado. B, A cortical anterior é
dividida e todo o segmento cortical lateral, incluindo
o trocanter, é retraído anteriormente, expondo
a superfície da haste. C, O crescimento ósseo é
rompido com uma serra Gigli na face medial da
haste. VEJA A TÉCNICA 3-11.

• Molde a superfície infe ri or do frag mento osteot omizado


para que este se enca ixe na nova prót ese.
t
• Caso seja necessá ri o, remova a margem distal do frag-
mento e avan ce -o di st almente para aju star a tensão do
tecido mole no quadril .
• Suplemente a ma rgem posterior da osteotomia com enxer-
tos de osso esponjoso. Caso o frag mento osteotomizado
seja f ino e frágil , reforce-o com uma ripa óssea de aloen -
xerto cort ical.

REMOCÃO DE COMPONENTE
FEMOl{AL FRATURADO
A extração de hastes femorais frat uradas representa um
grande prob lema. A porção proxim al gera lmente está so lta
e pode se r fa cilm ente removida junto com quaisq uer res-
quícios de cimento proximal fragme ntado. Em cont raste, a
parte distal da haste permanece f ixa da firmemente ao
fêm ur. A ma ioria das hastes fratura-se no terço proxima l
\
ou no terço interm édi o, se ndo acessível superiorm ente.
Geralmente, é necessá ri a a ut ilização de ilum inação por
f ibra óptica para visualiza r a extremi dade frat urada da
haste e faze r preparações para sua remoção. Diversas t éc-
ni cas fo ram descritas para a remoção de hast es fraturadas.
Algu mas requ ere m instrum entação especializada para
remoção do frag mento superiorm ente, enq uanto outras
req uerem a criação de uma janela cortical femo ral pa ra
obter acesso direto à haste. A
Co llis e Dubrul desenvo lve ram um siste ma utiliza ndo
uma t refin a descartável e uma pinça de extração pa ra remover
o ciment o e, subsequente mente, re mover o fragmento. M§l!if4E191 Método de Collis e Dubrul para remoção de
Não é necessá ri o criar uma janela corti ca l. hastes quebrad as. A, Utili za-se uma trefina para realizar um corte
circunferencial ao redor da prótese fraturada. A haste atua como
um guia para a trefina. B, A haste é removida do can al medular
TÉCNICA
utili zando-se um extrator e uma pin ça. (Redesenhado de Collis D,
Dubrul W: Th e removal of fra ct ured prosthetic comp onents from
(COLLIS E DUBRUL)
medullary caviti es : a new tec hn iq ue, Contemp Orthop 8:6 1, 1984.)
VEJA A TÉCNICA 3-12.
• Remova o fragmento proxima l e o cim ento.
• Remova uma peq uena qu antida de de cimento ao redor
da extrem idade fraturada da hast e para permiti r a seleção
de um a t refin a que se enca ixe no frag mento distal. f uncion a co m um guia para a trefin a (Fig. 3-14,1A). Irrigue
•Fixe a trefina de tamanho correto em um ala1·gador elétri co, abundantemente a trefi na durante o procedim ento para
alinhando-a concentricamente à haste. A hast e fraturada dissipa r o calor. )
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

•A haste fraturada pode ser removida da trefina se o pro-


)
cedimento for reali zado até uma profundidade suficiente.
• Caso não seja possível alcan çar uma profundidade ade-
quada devido ao fato da haste ser mais longa do que a
trefina, utilize uma pinça de extração na extremidade
proximal exposta do fragmento.
•Retire a haste com um martelo deslizante (Fig. 3-141 B).

Diversos autores descreveram técnicas para a perfuração de


um orifício na extremidade fraturada da haste e a utili zação de um
instrumento de punção como extrator. Wroblewski relatou a utili-
zação de um extrator de parafusos com rosca no sentido anti-horá-
rio inserido no fragmento. Os instrumentos de punção para corte
de metal são frágeis e quebram-se facilmente durante o procedi-
mento. Essas técnicas são aplicáveis apenas a hastes de aço inoxidá-
vel fraturadas, e não às hastes modernas fabricadas a partir de ligas
de titânio e cromo-cobalto.
As técnicas para a remoção de fragmentos superiormente cos-
tumam ser demoradas e apresentam risco de falha. Nesse caso, a janela
femoral é necessária para proporcionar acesso direto ao fragmento hjijll;Hm!I Método para remoção de hastes quebradas des-
fraturado. Essas técnicas possuem a desvantagem de enfraquecer o crito por Moreland, Marder e Anspach. Uma pequena janela é
fêmur, especialmente se a janela for criada no parte distal da haste. aberta na cortical femoral anterior em uma posição imediata-
Moreland et ai. desenvolveram uma técnica para remoção de hastes mente distal à quebra da haste. Um instrumento de punção de
fraturadas utili zando um instrumento de punção de carboneto de carboneto é uti lizado para empurrar a haste proximalmente.
tungstênio inserido por urna pequena janela proximal, e relataram a (Redesenhado de Moreland JR, Marder R, Anspach WE Jr: The window
extração bem-sucedida de 10 hastes sem nenhuma falha. Essa técnica technique for the remova l of broken femoral stems in total hip repla-
é atrativa devido ao tamanho da janela necessária, a qual é ultrapas- cement, Clin Orthop Relat Res 212 :245, 1986.) VEJA A TÉCNICA 3-13.
sada por hastes de revisão de comprimentos convencionais.

Ocasionalmente, nenhum dos métodos descritos resulta em


REMOÇÃO DE HASTE FRATURADA sucesso, sendo necessária a abertura de urna janela femoral maior.

---------~
Isso pode ocorrer quando a haste possui uma geometria complexa
TÉCNICA e não pode mover-se proxirnalmente sem trazer consigo o manto de
cimento. Um desenho retilíneo com conicidade distal é um exemplo
(MORELAND, MARDER, EANSPACH) dessa situ ação. O cimento deve ser removido da sup erfície da haste
antes que essa possa ser removida.
•Rem ova o fragmento proximal da prótese e o cimento.
• Meça a distância entre a abertura do f êmu r e o topo da
prótese fraturada. Abra a janela distalmente a esse nível,
e não na extremidade da prótese. REMOÇÃO DE HASTE FRATURADA
•Mova as fibras do vasto latera l para expor uma pequena
TÉCNICA ~
área da cortica l femoral anterior nesse nível. ;...._~~~~~~--~
•Utilize uma broca pequena para abrir uma janela longi-
•Abra uma janela cortical na face anterolateral do fêmur
tudinal com 4 mm de largura e 1O mm de comprimento
medindo 0,8 cm de diâmetro e estendendo-se cerca de
(Fig. 3-142)
3 cm proximal e distalmente até a extremidade da prótese.
•Remova o osso e o cimento para expor a extremidade Mantenha o fragmento cortical inteiro.
proximal do fragmento distal. •Remova todo o cimento visível do cana l medular com
•Introduza um instrumento de punção (ponte ira estreita) pequenas fresas e osteótomos.
com extremidade de ca rboneto no lado distal da janela, •Insira um instrumento pela janela empurrando a haste
direcionando-o cefalicamente. proximalmente pelo manto de cimento residual. Asse-
•Faça um pequeno enta lhe na superfície da prótese e gure-se de que a janela seja suficientemente grande.
insira-a proxima lmente. Caso contrário, o in strum ento pode pressionar a borda e
•Conforme a haste se move proximalmente, progressiva- fraturar o fêmur.
mente reposicione o instrumento de punção mais distal- •Após o fragmento fraturado ser removido, utili ze a
mente, continuando a inseri-lo proxima lmente até que a janela para remover resquícios de cimento e para gu ia r
haste torne-se frouxa e possa ser removida superiormente . instrumentos de remoção de cimento até o centro do
•Caso o instrumento de punção não obten ha fixação ade- canal.
quada, utilize uma broca para corte de metal para fazer •Substitu a o fragmento cortical em seu leito, fixando-o
um entalhe maior. com diversos fios de cerclagem.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

•Util ize uma haste de comprimento superior ao defeito em


pelo menos dois diâmetros corticais. Em nossa opinião,
deve-se abrir janelas cortica is grandes no fêmur apenas
em último caso.

A fratura de compon entes femora is não cimentados não tem


sid o um problema até o momento, mas sua incidência pode aumen-
tar à medida que o tempo de acompanhame nto em pacientes ma is
jovens e ativos aumenta. A dificu ldade na remoção da parte distal
de tais hastes é determinada pela extensão da superfície porosa, pelo
grau de crescimento ósseo e pelo gra u de preenchimento do canal
medular pela haste. Para que ocor ram fraturas, é provável que a
parte distal da haste esteja bem fixada e que a haste esteja suj eita a
torções. O fragmento proximal provavelmente estará frouxo e
poderá ser rem ovido após a interface res idua l entre osso e implante
se r rompida com osteótomos finos. Deve-se utilizar um a trefina para
remover o fragmento distal (F ig. 3-138) .

• REMOÇÃO DO CIMENTO FEMORAL


A remoção do manto de cimento femoral é geralme nte a parte mais
H@lht.)m!I Remoção do ci mento do canal femoral. A e B,
Após a remoção de uma ha ste em varo, o canal remanescente
demorada e perigosa da cirurgia de revisão. Deve-se protelar essa
no cimento faz com que os ost eótom os e as brocas tendam a
tarefa até que a revisão do componente acetabular es teja concluída,
segui-lo e penetrar o córtex. C, O cim e nto deve ser remov ido
po is a hemorrag ia persistente do canal femoral obstrui a vista do
da parede medial de mod o a ev itar penet ra ção . A iluminação
acetábulo e contribui para a perda de sa ngue durante a operação.
por fibra ópt ica é útil nesse procedimento. VEJA A TÉCNICA 3-15 .
Assim, essa tarefa frequentemente á rdu a co meça no final da opera-
ção, quando o cirurgião pod e já estar ca nsado devido a exposi ções
difíceis e à reconstru ção acetabular. Fraturas femorai s, penetração
co rtica l e destrui ção do osso femora l frequentemente resultam em
tentativas apressa das de rem over o cimento femora l. REMOÇÃO DO CIMENTO FEMORAL
A remoção do cimento femora l req uer d iversos in strumentos,

---------'~
incluind o iluminação por fibra óptica, catéteres de sucção longos e TÉCNICA
retilíneos, osteótomos para remoção de c imento com diversas con-
figurações, pinça goiva longa para remoção de fragmentos so ltos de •Para remover o cimento proxima l, limpe os tecidos moles e
cimento, instrumentos longos e curvi lín eos para remoção retró- o cimento sobrepostos ao fêmur proxima l de modo a expôr
grada de c imento, uma fresa de a lta velocidade com fixadores longos. a margem proximal da interface entre osso e cimento.
e fresas de di âmetros graduados. Muitos fabr ica ntes fornecem os • Remova qua isquer pedaços de cimento ou osso sobrepos-
instru m entos mencionados em co njuntos desenvolvidos espec ial- tos ao trocanter maior de modo a permitir a livre passagem
mente para esse propósito. A utili zação d e um a m esa de operação dos instrumentos pelo cana l. Isso é especialmente impor-
rad iotransparente e a di sponibilidade de intens ifi cadores de imagem tante caso a haste anterior ten ha sido colocada em va ro.
para auxiliar na v isuali zação do quadril e do fêmur são útei s caso Caso o trocanter maior bloqueie a passagem dos instru-
sejam utili zadas brocas de alta velocidade. mentos pelo canal, esses provavelmente sairão por uma
A técnica mais adequada para a remoção do cimento femoral perfuração criada no córtex posterolateral (Fig . 3-143).
depende da qualidade do osso adjacente e o nível dentro do canal Osteotomize o trocanter maior caso seja necessário.
femora l. O cimento proximal pode se r acessado faci lm ente, e a •Faça diversas fendas radiais longitudinais na coluna de
interface e ntre osso e cimento pode ser visualizada com relativa cimento proximal (Fig . 3-144)
facili d ade sem iluminação ad icio na l. Entre tanto, a co rti ca l adja- • Insira os osteótomos na interface entre osso e cimento
cente frequentemente é fina e frágil dev ido à osteólise. Nesse caso, fraturando os fragmentos de cimento na área central (Fig.
deve-se co locar um ou mais fios de ce rcl agem ao redor d o fêmur 3- 145). Não tente utilizar instrumentos cuneiformes na
para d im inuir o ri sco de fra turas . O cimen to da parte m édi a da interface entre osso e cimento antes de fazer as fendas
haste à sua ex tremid ad e é de v isuali zação ma is difícil, assim como radia is. Caso contrá ri o, podem ocorrer fraturas femorais.
a interface e ntre osso e c im e nto. A u t ili zação de iluminação por • A remoção do cimento ao redor dos segmentos médios
fibra óptica é essencial (F ig. 3- 143). Nós utili za mos uma combina- e dista is da haste é mais comp lexa, mas ainda pode ser
ção entre ilu minação por fibra ópt ica e portais para irrigação e real izada com in strumentos manua is. A uti lização de
sucção de modo a visualizar melhor a interface. O cimento distal iluminação, irri gação e sucção adequadas torna-se mais
à extrem id ade da has te anti ga frequentemente preenche o ca na l importante para demonstrar a interface entre osso e
por completo e se estend e por distâncias va ri áve is na diáfi se caso cimento. O espaço disponível no centro do cana l torna-se
tenha sido utili zado um restritor de c im ento. O cim ento dista l mais estre ito devido à conic idade da haste . Frequen-
representa a parte de m ais difíci l visua li zação e remoção. Caso a temente, é necessário utilizar osteótomos estreitos e
remoção do cim en to pareça ser excessiva m ente complexa, pod e ser angu lares. )
adequado rea liza r um a osteo tomia trocantér ica.
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

como para determinar quaisquer desvios da extremidade


)
da haste que possam direcionar os instrumentos para a
cortical em ve z de para o centro do canal. Conside re
também a curvatura anterolateral normal do fêmur. Oca-
sionalmente, esse segmento do manto de cimento pode
ser removido por inteiro inserindo-se um in strumento de
punção com rosca dentro do defeito causado pela haste
e extraindo-o com um martelo ortopédico.
•A remoção da massa distal de cimento gera lmente repre-
senta o procedimento mais complexo . Caso o tampão de
cimento seja fino e não esteja bem fixado à cortica l, ele
pode ocasionalmente ser movido distalmente no cana l
e mantido ali. Isso não deve ser reali zado na presença
de infecções.
•C aso o tampão seja fino e não preencha completamente
o cana l, ele frequentemente pode ser extraído com um
gancho. Passe o gancho entre a cortica l e o cim ento
através de quaisquer espaços aparentes nas radiografias
pré-operatórias (Fig . 3-146A). Rode o gancho 90 graus
para que este se enca ixe no cimento, impactando-o

H@i@!EIDJ Remoção do cimento do canal femoral. São


feitas fendas radiais longitudinais na coluna de cimento proxima l.
(Redesenhado de Johnson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN.) VEJA A
TÉCNICA 3-15.

o@•@HID Fragmentação do cimento proximal. Após a


criação de fendas radiais longitudinais na coluna de cimento,
deve-se inserir um osteótomo cu rvilíneo na interface entre osso
e cimento, fraturando fragmentos de cimento e movendo-os para
o espaço central. VEJA A TÉCNICA 3-15.

)
•Pequenos fragmentos de cimento podem ocluir o espaço H[dil;@EDI!I Remoção de cimento sólido sob a extremidade
centra l. Remova-os com uma pinça goiva e curetas. da prótese. A, Um fino instrum ento em forma de gancho é inse-
• Revise as radiografias pré-operatórias para determinar áreas rido entre a cortical e o tampão de ciment ão. B, O gancho é
espessas e f inas de cimento que devem ser removidas, bem rotacionado 90 graus e utilizado para puxar o cimento. (Redraw n
from Johnson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN .) VEJA A TÉCNICA 3-15.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L

REMOÇÃO DO CIMENTO DISTAL COM


UMA BROCA DE ALTA VELOCIDADE

-------~
TÉCNICA
(TURNER ET AL.)

•Oriente o arco em C horizontalmente ou vertica lmente,


rodando a perna para obter visões biplanares do fêmur.
O manuseio repetido do arco em C aumenta o risco de
contam inação do campo estéril.
• Insira o instrumento de corte com movimentos curt os . A
broca corta o cimento quando se move para a frente e
remove os resíduos quando se move para trás.
•Irrigue continuamente o canal para remover resíduos e
resfriar a broca. Caso a broca esquente demasiadamente,
o cimento pode derreter e endu recer novamente atrás da
superfície de corte, o que dificu lta a extração.
•Monitore frequentemente o trajeto da broca nos dois
planos por meio do intensificador de imagem. Siga um
trajeto que passe pelo centro do canal, e não pelo curso
da haste anterior.
•Após a perfu ração da colu na de cimento, uti lize uma
broca maior para remover cimento excedente ao longo
de cada área da cortical.
•Continue a monitorar o trajeto da broca por meio de
H@mf4&:D Uma luva de cent ra li zação é util izada como guia intensificação de imagem bip lanar. Nunca utilize essa
para posicionar a broca p rec isamente no centro do t am pão de
técnica se m orientação radiográfica.
cim ento. (Redesenhado de Joh nson & Johnson, DePuy, Warsaw, IN.)
•Caso a resistênc ia diminua subitamente du rante o avanço
VEJA A TÉCNICA 3-15.
da broca ou fresa, deve-se suspeitar de penetração corti-
cal. Insira uma cabo-guia com ponta esférica, tal como
gentilmente com um martelo para remover o tampão
aqueles uti lizados para alargamento medular, e mova-o
(Fig. 3-146B)
em diversas direções. Ocasiona lmente, o movimento
•Pode-se tentar a fragmentação do cimento distal sólido
pode ser pa lpado nos tecidos moles da pa rte dista l da
com osteótomos em formato de cruz, mas essa técn ica é
coxa caso tenha ocorrido perfuração . Faça radiografias
demorada e não é prática caso o cimento distal estenda-se
intraoperatórias ou visua lize o cabo no intensificador de
por mais de 1 cm.
imagem .
•Caso o tampão de cimento preencha o cana l e esteja
•Caso a perfuração cortical esteja evidente, exponha a
bem f ixado, perfure-o com uma broca e util ize alarga-
área do fêmur.
do res para aume ntar o orif ício. Cu idadosamente, perfure
•Eleve e preserve qua isquer segment os de corti ca l que
o orifício inicial no centro do tampão de cimento dista l,
tenham sido completamente fra t urados.
alinhando a broca com o canal femora l. Uti lize uma luva
• Uti lize a janela pa ra remover cimento excedente e, sub-
de centra lização para posicionar a broca de maneira
sequentemente, para gu iar a broca ou a raspa no trajeto
precisa (Fig . 3- 147). Aumente o tamanho do orifício com
correto pelo centro do canal medular.
brocas projetadas especif icamente para esse fim. Quando
• Reconstrua a área da perfu ração cortica l ut iliza ndo enxer-
o orifício adquirir um tamanho adequado, remova o
tos ósseos corticais com ripas de enxertos ósseos, e utilize
cimento remanescente na cortica l com um in strumento
uma haste cujo tamanho ultrapasse o defeito em pelo
em formato de gancho. Alternativamente, insira um
menos dois diãmetros corticais.
instrumento de pun ção no orifício e extraia o tampão
de cimento com um martelo.

Mesmo com cirurgiões experientes, Turner et ai. relataram


Turner et ai. recomendaram a utili zação de uma broca de alta perfuração da cortica l femora l em 10% dos casos em que foram
ve locidade para a remoção do cimento distal. Nós uti lizamos essa uti lizadas brocas de alta velocidade para remoção do cimento.
técnica com sucesso, mas é necessária uma atenção meticulosa de Mallory afirmou que, com a utili zação de uma instrumentação tão
modo a evitar per furações d a co rtica l femoral. A broca de alta agressiva, a perfuração é quase que esperada. Tais perfurações
veloc idade pod e desvia r fac il mente do cimento mais duro para ocorrem de maneira não controlada, abrindo grandes janelas na
o osso mais mole, o qual deve, preferencialmente, ser alargado. cortical. Freq uentemente, elas ocorrem distal e posteriormente,
É necessário um monitoramento cuidadoso do traj eto da fresa por onde tornam o fêmur suscetível a fraturas e são de difícil reconstru-
meio de intensificação de imagem biplanar. É necessá ria a presença ção. Mallory recomendou uma técnica com uso de "perfurações
de uma equipe adicional na sala de operação, e o potencial de controladas" para remoção rápida e segura do cimento femora l com
contaminação do campo estéri l é maior. brocas de alta velocidade.
lllD PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADR IL EM ADULTOS

REMOÇÃO DO CIMENTO DISTAL COM


UMA BROCA DE ALTA VELOCIDADE
(MALLORY)
~
TÉCNICA ---~~~~~~____.~
(MALLORY)

• Obtenha exposição extensiva da diáf ise femoral por meio


da elevação do vast o lat era l.
• Após a remoção da prótese, crie um orifício de 9 mm de
diâmetro na cortical anterior ou anterolatera l uti lizando
uma broca de alta velocidade. Utilize a prótese como um
guia para determinar o loca l mais benéfico para o posi-
cionamento do orifício.
• O primeiro orifício geralmente é posicionado de 8 a 1O
cm dista lmente em re lação à crista do vast o latera l.
• Utilize a janela para guiar a broca vis ualmente pelo centro
da diáfise femora l.
• Passe um ponto de luz de fibra óptica pela abertura de
modo a iluminar o cana l f emoral. Irrigue o ca nal pelo
orifício para remover resíduos de cimento gerados pela
broca.
• Faça um a segunda ou, ocasionalmente, uma t erceira per-
fura ção, com um espaçamento de pelo menos 5 cm entre
as jan elas. Faça a perfuração mais distal no nível do
manto de ci mento dista l. Olriii;MEIE!J Extração segmenta r do cime nto . O cimento com
• Recon strua o fêmur com uma prótese de haste longa cujo boa fixação fo i re mov ido devido a uma infecção. Após a remoção
comprimento ultrapa sse a perfuração mais distal em pelo da haste, fo i in jetado ci mento novo ao redor de uma haste cuja
menos dois diâmetros femora is. f unção é a fo rmação de uma rosca no cimento. Foram inseridas
hastes de ext ração no o rifício criado. O ma nto de cimento fo i
remov ido com sucesso em segmentos pequenos.
Em um es tudo biomecânico relatado, Den nis et ai. não enco n-
traram alterações significativas nas distribui ções de estresse do
fêmur ao redor de orifícios posicionados anteriormente. Além disso, Klei n e Rubash defenderam a utilização de uma janela na
não fo ram obse rvadas conce ntrações cumulativas de estresse quando cortical anterolateral do fêmur caso a remoção do cimento distal seja
foram utili zados vá rios orifícios co m espaçamento de pelo menos 5 di fícil. Entretanto, a cri ação de janelas muito extensas enfraquece o
cm. Em contraste, o estresse por tensão aumentou 40% quand o fo i fêmur significativamente, não devendo ser utili zada rotineiramente.
perfurado um orifício na cortical lateral do fê mur. O posicion a- É possível que existam defeitos corticais res ul tantes de cirurgias de
mento cuidadoso das perfurações na cortical anterior, com espaça- revisão anteriores. Nesse caso, as janelas podem se r expostas e uti -
mento adequado entre elas, é essencial. lizadas para a remoção direta do cimento. Ocasionalmente, nós
Wuh et ai. desenvo lve ram um técnica de remo ção de cimento abrimos janelas no fêmur quando a corti cal fo i afin ada por osteólise
em que se aprove ita o fato do cimento novo unir- se ao antigo ou cirurgias anteriores, e quando é planejado um aloenxerto co rtical
presente no ca na l. A prótese é removida e o manto de cimento é com ripas de enxertos corticais previamente pranejadas.
mantido intacto. Inj eta-se cimento de baixa viscosidade no recesso Caso a revisão da prótese femoral deva se r cimentada, é acei-
ao redor de uma haste co m rosca, a qual é subsequ entemente tável manter parte do cimen to no fêmur, contanto que es teja bem
removida. O cimento antigo é removido junto co m o novo encai- fixado ao fêmur sem a presença de radiot ranspa rências nas radio-
xando -se has tes de ex tração co m rosca no novo cimento e sepa- grafias e sem evidências de infecção. Caso te nh a sido removida uma
rand o a interface entre osso e cimento em segmentos curtos (F ig. quantid ade de cimento suficiente para permitir a colocação da nova
3- 148). Essa técnica é limitada no sentid o de qu e não pode ser prótese no alinhamento co rreto e com um manto de cimen to ade-
utili zada qu and o o manto de cimento alarga-se distalmente ou quado, o cimento novo deve unir-se ao antigo. Se for utilizada uma
quando há fraturas ou perfurações. Man tos de cimentos que não prótese fe moral não cimentada, deve-se remover todo o cimento
apresentam evidências de afrouxamen to também podem ser de para fac ilitar a realização de enxertos ósseos e a fi xação biológica.
difícil rem oção. Nós só obtivemos sucesso co m essa técnica em A retenção de cimento também pode desviar as raspas utili zadas
pacientes cuidadosamente selecionados. para preparar o canal, podend o res ultar em perfurações femorais .
Há tamb ém ferramentas ultrassónicas para a remo ção de Independ entemente do tipo de prótese da revisão, toda a membrana
cimento. Os in strum ent os ultr assó nicos são út eis para remover da interface entre osso e cimen to deve ser removida, pois ela difi-
o cimento dista l na extremidade da prótese. A incidência de perfu- culta a fixação. Deve-se utili za r curetas e ga nchos para remover a
rações corticais co m técnicas ultrassónicas tem sido baixa, mas tais membrana. Além disso, as superfí cies lisas de quaisquer neocórtices
ferramentas raramente são sufi cientes para remoção de to do o prese ntes devem ser removidas para permitir fixação ao osso co rtical
cimento, se ndo geralmente utili zadas em conjunto co m fe rramentas real. Deve-se utilizar brocas de alta ve locidade, fresas flexíveis e
manua is- pad rão. curetas para remover esse osso do cana l femoral.
CAPÍTULO 3 ARTRO PLASTIA DO QUADRIL

• REMOÇÃO DE COMPONENTE ACETABULAR


CIMENTADO
Para a remoção da cúpula e do cimento de dentro do acetá bulo, a
exposição cirúrgica deve proporcio nar acesso direto a toda a cir-
cunferê ncia da cúp ul a. Nós descobrimos que a abo rdagem poste-
ro lateral (Técn ica 3-2) é satisfató ri a, geralmente sem osteotomia
do gra nd e trocanter. Entretanto, o trocanter deve ser osteotomi-
zado caso isso seja necessário para se obter uma melhor exposição.
A cáps ul a é solta da margem ante ri or do acetáb ul o e um retrator
é inserido nessa região para alavancar o fêmur proximal anterior-
mente. Caso o componente femora l não necessite de revisão e sua
cabeça seja modular, esta deve ser removida para melhorar a expo-
sição. Se a cabeça não for modul ar, os abdutores e a cáps ul a devem
ser elevados da marge m anteross uperior do acetábulo e o fê mur
deve se r roda do de modo que sua cabeça seja posicionada nesse A
recesso. Deve-se suturar um a esponja so bre a superfície da cabeça
ou do colo fe moral de modo a evitar qu e sejam danificados durante
a preparação do acetáb ulo.
A seguinte técn ica pode ser utili zada para remover cúpulas
feitas inteiramente de polietileno qu e estejam frouxas .

REMOCÃO DE CÚPULA DE
POLIEflLENO FROUXA
~
TÉCNICA ~~~~~~~~~~
• Caso a cúpula possua um fl ange, remova-a com um osteó-
tomo ou uma goiva para expor as interfaces cimento-
cúpu la e cimento-osso.
• Começando superiormente, remova o cimento local izado
entre a cúp ula e o osso adjacente utilizan do um osteó-
tomo fino, minimizando os danos ao osso.
•In sira um pequeno osteótomo curvo entre a cúpula e
o cimentos em diversos pontos ao redor da cúpula, B
cu idadosamente separand o a cúpul a do cimento (Fig.
3-149A) . Evite reali za r este passo com o instrumento H[riihtijEJ:l:D Remoção da cúpula de polietileno . A, Utiliza-se
entre o cimento e o osso, poi s fa zê-lo pode danifica r um osteótomo fino e curvilíneo para separar a interface entre
o osso acet abula r remanescente ou fra tu rar a borda do implante e cimento. B, A cúpula é removida separando-a gentil-
acetábu lo . mente do ci mento por meio de um dispositivo de extração. (Rede-
• Coloque um pequeno instrum ento de punção nos sul cos senhado de Sm ith & Nephew, Memphis, TN.) VEJA A TÉCNICA 3-18.
loca lizados ao longo da margem do componente e bata
nele com um martelo. Alternativamente, uti lize um dis-
positivo de extração disponível comercia lmente que pres-
sione o polietileno por dentro do recesso (Fig. 3-149B). REMOCÃO DE COMPONENTE

..
• Caso a cúpula esteja bem f ixada no acetábu lo ou caso a ACETAbULAR <:IMENTADO COM
remoção pelo método mencionado não seja bem-suce- SUPORTE METALICO
dida, divida a cúp ula em quadrantes com uma serra ou
broca, removendo-a em fragmentos. A quantidade de
resíduos de polietileno gerados por essa técnica é um
TÉCNICA ~
ponto de preocupação. •Utilize osteótomos curvos para fragmentar o cimento e
sepa rar a interface entre ci mento e prótese da melhor
maneira possível.
•Insira um impactar em uma irregu laridade superficial ou
de Thomasson et ai. descreveram a remoção de componentes sulco na margem superolateral da prótese, tentando
fabricados in teiramente de polietileno e com boa fixação por meio removê-la com pequenos golpes.
da uti li zação de raspas acetab ul ares para afi nar o polietileno e fac i- • Caso não seja possível afrouxar o suporte metálico por
litar a ext ração. Não foram relatados fraturas ou defeitos acetabula- meio de dissecção externa , remova o revestimento de
res co m essa técnica (Fig. 3- 150). polietileno. Utilize uma broca de alta velocidade para corte
A extração de componentes ace tabulares cimentad os co m de metais para remover um quarto do su porte metálico. )
sup orte metálico é mais difícil.
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

•Se possível, remova os tampões de cimento dos orifícios


de ancoragem.
•A remoção de pedaços de cimento que tenham pene-
trado a pelve não é necessária exceto na presença de
infecções, sendo um procedimento difícil e que pode
causar hemorragia excessiva.

• REMOÇÃO DE COMPONENTE ACETABULAR NÃO


CIMENTADO
A remoção de componentes acetab ul ares não cimentados, porosos
e com boa fixação é difíci l e pode resultar em remoção óssea exces-
siva, havendo a necessidade de um implante maior para a recon s-
trução. Em situações nas quai s o implante anterior foi posicionado
h(ijihf4 EIE!) Um a ras pa acetabular é uti lizada pa ra raspa r a
contra a parede medial do acetábulo, é possível que a extração
cúpu la até que seja poss íve l ver o cimen t o pe lo po li etil eno tra ns-
resulte em um defeito ósseo med ial completo. Caso o motivo para
parente . O po li etil e no e o cimento restante são re movidos com
a revisão do componente seja o posicionamento incorreto com luxa -
osteótomos curv il íneos ou go ivas. (De de Thomasson E, Mazel C,
ções, a substituição do revest imento de polietileno por outro com
Gagna G, et ai: A simple technique to remove we ll-fi xed, all-po lyethylene
borda maior ou com maior grau de offset pode resolver o problema.
cemented acetabu lar component in revision hip arthroplasty, J Arthro-
Caso contrário, deve-se rea liza r a revisão do crescimento ósseo
plasty 16:538, 2001.) VEJA A TÉCNICA 3-1 8.
sobre o suporte metálico. A nossa técnica preferencial para a
remoção de componentes acetabu lares porosos com boa fixação
envolve um dispositivo de centralização acetabular fixado a um cabo
rotatório e a lâminas de diferentes d iâmetros para romper a interface
entre osso e implante. Mitchell et al. relataram 31 revisões com essa
)•O áp'.ce do man~o de cimento e a interface entre cimento
e protese estarao expostas. Separe essa interface utili-
técnica que resultaram em perda óssea mínima e um tempo de ope-
ração de 5 min utos para a remoção da cúp ula.
zando osteótomos curvos e remova o restante do suporte
metálico.
• É possível causar danos vascu lares durante a extração de REMOÇÃO DE COMPONENTE
cúpulas e de cimento deslocados no acetábulo, especial-
ACETABULAR NÃO CIMENTADO
mente na presença de infecção . Portanto, é aconselhável
a realiza ção de uma venografia ou arteriografia pré-opera-
tória para determ inar a proximidade da massa de cimento
às estruturas vasculares. Prepare o paciente de modo que,
TÉCNICA ,_ ______ ~
__.~

caso seja necessário, possa ser realizada uma incisão na (MITCHELL)


parte inferior do abdome para exposição retroperitonea l
dos vasos pélvicos. Providencie também a presença de uma • Caso não haja parafusos, mantenha o revestimento no
equipe para realizar reparos vascu lares, caso necessário lugar. Caso contrário, remova o revestimento para permi-
(consu lte a seção sobre lesões vasculares). tir a remoção dos parafusos, substituindo-o para acomo-
•Geralmente, uma quantidade moderada de cimento per- dar o dispositivo de centralização. Se o revestimento
manece no acetábulo após a remoção da cúpula, exceto estiver excessivamente desgastado ou danificado, é pos-
quando a reabsorção óssea é acentuada ou quando o sível utilizar um revestimento de teste. Pode-se utilizar
afrouxamento foi causado por infecção. Nesses casos, a uma cabeça bipolar de teste compatível com o diâmetro
maioria do cimento é extraída com a cúpula. interno da cúpula para centra lizar a lâmina em compo-
•Remova o cimento do assoalho acetabular levantando a nentes acetabu lares para os quais não estão disponíveis
margem do cimento com uma cureta e fraturando-a gen- revestimentos de teste.
tilmente com um osteótomo. Não danifique a parede •Ao uti lizar um dispositivo de centralização de diâmetro
medial do acetábu lo ou perm ita a entrada de cimento na compatível com o diâmetro interno do revestimento ini-
pelve. cialmente use uma lâmina curta para separar a inte;face
•Caso tenham sido uti lizados malhas metálicas ou dispo- entre imp lante e osso (Fig . 3-151 A*). O diâmetro externo
sitivos de retenção de plástico para cobrir orifícios ou do imp lante deve ser conhecido para que se possa esco-
defeitos, eles geralmente são removidos junto com o lher a lâmina adequada.
cimento. • Após a criação do canal circunferencia l pela lâmina curta,
• A membrana fibrosa que reveste o manto de cimento utilize uma lâmina mais comprida para romper o cresci-
pode ser espessa e frequentemente mantém-se unida ao mento ósseo na cúpula do implante.
osso em vez de ao cimento. Remova o tecido fibroso • Remova o implante entre a lâmina e o dispositivo de
completamente utilizando uma cureta. É possível utilizar centralização (Fig. 3- 1518** ).
uma broca de alta velocidade para remover resquícios de
tecido fibroso bem fixados ao osso. *Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL &Ili

A e
O@mME:IEfa Remoção de cúpula bipolar sem danificar a cabeça da prótese quando não há instrumentação para remoção. A, Um
orifício é perfurado no revestimento de polietileno até a parte interna da cúpula de metal sem danificar a cabeça protética. B, É inserido
um parafuso de diâmetro ligeiramente maior do que o orifício. Quando a extremidade do parafuso pressionar a face interna da cúpula
de metal, esta é separada do revestimento de polietileno. C, O revestimento de polietileno é alavancado para fora da prótese . (Cortesia
de Howmed ica, Rutherfo rd, NJ ) VEJA A TÉCNICA 3-20.


A remoção de co mpone ntes bipolares do acetábulo não repre-
senta problemas, mas podem ser necessários instrumentos especiais . . . Classificação da AAOS para
pa ra rem over escudos bi polares de componentes fe morais com ~ Deficiências Acetabulares
cabeças fixas . Tente identifi car o tipo de prótese e tome providên cias Tipo 1 Deficiências segmentares
para que os instrum entos de remoção ad equados estejam disponí- Periférica
veis. Caso os instrumentos não estejam disp on íve is, remova o com - Superior
pon ente bipolar perfurando um orifíc io n a m arge m do polietilen o
Anterior
e inserindo um pequ eno parafuso para levantar o componente para
Posterior
fora do escud o metáli co externo (F ig. 3- 152). Não danifique a super-
fí cie da cabeça fe moral caso o implante deva ser mantido. Central (parede medial ausente)
Tipo li Deficiências cavitárias
Periférica
RECONSTRUÇÃO DE DEFICIÊNCIAS Superior
ACETABULARES Anterior
Posterior
A defi ciên cia do osso acetabular é um dos principais problemas na
Central (parede medial intacta)
revisão de artroplasti as totais de qu adril, podendo ser causada por
Tipo Ili Deficiências combinadas
diversos fa tores, entre os qu ais os seguintes: (1 ) osteólise causada
por desgaste, soltu ra ou in fecção; (2) ressecção óssea excessiva durante Tipo IV Descontinuidade pélvica
a cirurgia ante ri or, especialmente se o paciente passou por um pro- Tipo V Artrodese
cedim ento de reconstrução de sup erfíc ie ou p or revisões acetabula- De D' Antonio JA, Capello WN, Borden LS, et ai: Classification and mana-
res anteriores; (3) defeitos ósseos preexis tentes decorrentes de fratu - gement of acetabular abnormalities in total hip arthroplasty, Clin Orthop
ras acetabulares ou displas ias que não tenham sido corrigidos durante Relat Res 243 :126-137, 1989.
a cirurgia anterior; e (4) des trui ção do osso durante a rem oção do
com po nente ou do ci mento.

• CLASSIFICAÇÃO Os defeitos acetabulares podem ser classificados em dois tipos


A fo rmul ação de d iretrizes para o tratam ento de defici ên cias ace- bás icos: seg mentares e cavitári os. Uma defi ciên cia seg ment ar é
tabulares tem sido prej udi cada pela fa lta de uma nom en clatura- pa- a pe rd a óssea co mpleta d a bord a d e sustentação d o acetábulo,
drão p ara d escrevê- las . O Co mitê da AAOS para o Quadril dese n- incluindo a parede m edi al. Uma deficiência cavitária é um a perda
volve u um sistema d e cl ass ificação clinicam ente útil para as óssea vo lumétri ca na massa óssea da cavidade acetabular. Defeitos
defici ências ace tabulares (Ta bela 3-6) . O sistema de class ificação segmentares e cavitári os são subdivididos de acordo co m suas lo ca-
é aprese ntado n a seção so bre revisão de artroplastias totais de li zações: anteri or, sup eri or, posterior ou central. Essas deficiências
qu adril , p ois é nesse co ntexto que a m aioria das defi ciências ace- podem ser isoladas ou existir em combinação com outras. Uma
tabul ares é encon trada. O sistem a pode se r igualmente aplicado, defo rmidade de pro tru são representa um defeito cavitário central.
entretan to, às ar tropl as tias primári as. A descrição dos defeitos ace- Quand o um a cúpula solta mi gra para dentro da p elve, ocorre uma
tabulares fac ilita o pl anejamento pré-o peratório e simplifica a con- co mbinação entre um defeito segmentar central e um defeito cavi-
du ção ge ral da op eração (F ig. 3- 153) . tári o. O ri fícios de fi xação para cimento causam uma combinação
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

Segmentar superior Segmentar medial Cavitário


A B e

Cavitário medial Combinado Descontinuidade pélvica Artrodese


D E F G

lâ@ii;!+iEID A, Um defeito segme nta r superior viola a borda superior e parte da borda anterior do acetábulo. B, Um defeito seg-
mentar medial viola a borda medial do acetábu lo. C, Três defeitos cavitários envolvem a escavação do osso sem violação das bordas
superior, posterior ou anterior. D, Defeito cavitário medial. A escavação da parede medial do acetábulo ocorreu sem violação da borda
medial (defeito ósseo contido). E, Defeitos cavitários segmentares combinados. Lesão segmentar superior e anterior combinada com
defeitos cavitários superiores, anteriores e mediais. F, Descontinuidade pélvica. A interrupção das colunas anteriores e posteriores cria
um defeito raro, mas instável. G, Artrodese. A cavidade acetabular é preenchida por osso.

entre defeitos cavitários superiores e posteriores. Defeitos segmen - Radiografias anteroposteriores e laterais, incidências de Judet
tares superi ores e cavitári os superiores ocorrem quando há displasia e tomografias computadorizadas são frequentemente úteis na ava-
congênita do quadril ou migração superior de uma endoprótese ou liação de defeitos acetabulares durante o pré-operatório. O grau de
cúpula frouxa. deficiência é determinado durante a operação quando os compo-
A descontinuidade pélvica descreve as fraturas das colunas ante- nentes frouxos são removidos e os componentes de teste são colo-
riores e posteriores com separação das partes superiores e inferiores cados. Os planejamentos pré-operatórios são úteis para antecipar o
do acetábulo. A artrodese não implica deficiências do osso acetabular, tamanho do co mponente necessário e a necessidade de enxertos
mas pode ser difícil de localizar o acetábulo verdadeiro. ósseos após o novo componente ser colocado na posição correta.
Apesar da classificação da AAOS se r útil para a desc rição de
defeitos acetabulares, muitos deles podem ser de difícil identificação • CONDUÇÃO
em radiografias comuns. Paprosky et ai. desenvolvera m um sistema Os objetivos da reconstrução acetabular são: (1) a restauração do
de classificação com base em radiografias pré-o peratórias e desco- centro de rotação do quadril para sua posição anatômica; (2) o
bertas intraoperatórias com as diferentes classes determinadas pela estab elecimento da mecâni ca normal da articulação; (3) o restabe -
posição do componente acetabu lar em relação ao acetábu lo e pelo lecimento da integridade est rutural do acetábulo; e (4) a obtenção
estado do osso definido por meio de referênci as ósseas. Esse sistem a de uma fixação inicial rígida do enxerto ósseo, de uma contenção
é útil no planejamento pré-operatório, pois os defeitos encontrados adequada da nova prótese e de uma fixação rígida da prótese de
durante a cirurgia frequentemente podem ser previstos pela classe revisão ao osso. Atua lmente, a maioria das revisões acetabulares é
da deficiência (Fig. 3-154 e Tabela 3-7). realizada com componentes não cimentados.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

0[êim!·'E:ID A, O defeito do tipo 1 apresenta perda óssea mínima e migração desprezível do componente. B, Defeito do tipo 2A

com migração superomedial inferior a 2 cm. C, Defeito do tipo 28 com migração superolateral inferior a 2 cm. D, Defeito do tipo 2C
com migração apenas medial. E, Defeito do tipo 3A com migração do componente superior a 2 cm e perda óssea da posição das 1O
horas à posição das 2 horas. F, Defeito do tipo 38 com migração do componente superior a 2 cm e perda óssea da posição das 9 horas
à posição das 5 horas. (Redesen hado de Paprosky WG, Perona PG, Lawrence JM: Acetabular defect classification and surgical reconstruction in
revision arthroplasty: a 6-year fol low-up evaluation, J Arthroplasty 9:33, 1994.)


Tipo 1

Tipo li
:~~-·r:::--. Classificação das Deficiências
;i >"::; Acetabulares
Borda com boa sustentação, sem osteólise
ou migração
Hemisfério distorcido com colunas de
sustentação intactas e migração superomedial
CONDl)ÇÃO DE DEFEITOS
CAVITARIOS ACETABULARES
TÉCNICA
------~
•As deficências cavitárias são as de mais fácil tratamento.
Caso os defeitos sejam extremamente pequenos, frese-os
ou superolateral inferior a 2 cm
a. Superomedial um pouco para aumenta r a área do osso em contato com
b. Superolateral (sem cúpula) a superfície do implante. Insira a cúpu la de revisão com
as mesmas técnicas utilizadas para substituição primária
e. Apenas medial
(Técnica 3-3).
Tipo Ili Migração superior maior que 2 cm e
•Caso os defeitos sejam maiores, fresamentos sign ificati-
osteólise isquial e medial grave
vos compromet eriam a borda do acetábulo e criariam
a. Linha de Kohler intacta, 30%-60% do defeitos segmentares.
componente sustentado por enxerto • Preencha defeitos cavitários maiores utilizando enxertos
(perda óssea: posição das 1O horas à
ósseos autógenos ou aloenxertos de osso esponjoso,
posição das 2 horas)
impactando-os com o último alargador utilizado, girando-os
b. Linha de Kohler não intacta, mais de 60% ao contrário ou impactando-os com um componente ace-
do componente sustentado por enxerto
tabular de teste de tamanho adequado. Pode ser necessá-
(perda óssea: posição das 9 horas à
rio um componente maior que o normal (Fig. 3-155).
posição das 5 horas)
•Grandes deficiências cavitárias superiores ou centrais
De Paprosky WG, Perona PG, Lawrence JM: Acetabular defect classification necessitam de enxertos ósseos mais extensos. Para os
and surgical reconstruction in revision arthroplasty: a 6-year follow-up defeitos maiores, utilize enxertos pequenos ou um grande )
evaluation, J Arthroplasty 9:33, 1994.
ED PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

iâ[§il@EJD A, Deficiências cavitárias (setas)


em um funcionário dos correios de 42 a nos de
idade com dores na reg ião in g ui nal 13 anos após
hemiartroplastia bipol ar. O desgaste do polieti-
leno criou grandes defe itos cav itários superiores
e mediai s. B, Os defeitos foram preenchidos com
aloenxe rto de osso esponjoso com a colocação de
um implante de rev isão poroso. O centro do
quadri l fo i restaurado com precisão. C, Após 4
anos, os enxertos ósseos foram remod elados e a
aparê ncia corresponde à quela de uma a rtroplas-
tia primária . VEJA A TÉCNICA 3-21.

o refo rço es trutural do acetáb ulo n ão é necessário. Além disso,


enxerto sólido com enxertos adicionais para preencher
) d efei tos segmentares ce ntrai s podem se r geridos de forma similar
quaisquer defeitos cavitários menores (F ig. 3-15 6) . Em
aos defeitos cavitários ce ntrai s. Enxertos ósseos picados são con-
ambos os casos, utilize o enxerto ósseo ape nas como
tidos por tec id os moles intactos sobre o d efe ito da parede med ial,
material de preench imento, e não como um suporte estru-
sendo prontamente incorporados. Raramente são necessários en xer -
tural para o novo implante. A borda periférica intacta do
to s ósseos est ruturais da pa rede medial. Algun s defeitos segm e n-
acetábu lo deve ser capaz de proporcionar esta bilidade ao
tares superiores isolados podem ser tratados com a utili zação de
implante antes da adição de quaisquer enxertos ósseos.
u m componente acetab ul ar de revisão ob longo. Essa so lu ção pro-
• Utilizando alargamentos judiciosos e uma escolha cuida-
tética permite a restauração do ce nt ro do quadril à sua posição
dosa do tamanho do implante, posicione a maior parte
anatômica sem a necessitada de reforços est ruturai s ad icio nais
possível da superfície porosa do impl ante co ntra osso
(Fig. 3- 158) . O implante desses dispositi vos requer instrumentação
viáve l. Utilize implantes com tamanhos 1 a 2 mm supe-
especia l e é tecnicamente mais difícil em comparação aos im plan-
riores ao norma l para obter f ixação, especia lmente se
tes h emi sfé ricas. H á um a tendência d e posicionar tais imp lantes
foram reali zados en xertos em grandes defeitos mediais.
em pos ições excessivamente verticais. Em algumas pequenas sér ies,
• Utilize um a f ixação auxilar por parafusos caso a estabili-
foi relatado sucesso com a u til ização desses implantes em pacientes
dade do implante seja questionável apenas com a fixa ção
cuid adosame nte selec ionados.
por encaixe.
O reforço estrutural é necessário mais co mum ente para grandes
deficiências segmentares posteriores ou superi ores que comprometam
a estabilidade do implante ou que necessitem de deslocamento supe-
rior do centro de rotação do quadril superior a 2,5 cm para posic ionar
• DEFEITOS SEGMENTARES o implante contra osso intacto. Em pacientes mais jovens, pode-se
Muitos defeito s segmen tares envo lve m apenas um a pequena á rea considerar o enxerto de defeitos m enores para fac ilitar futuro s proce-
da borda do acetá bulo. Tai s d efeitos raramente comprometem a dim entos de revisão. Na maioria das sé ri es estud ad as, os resultados
estabilidade da prótese e gera lm ente pode m se r desconsid erados. de enxertos ósseos estruturais para deficiências segmentares apresen-
Os defeito s seg mentares na co luna anterior gera lm ente não neces- taram os melhores resultados quando pelo menos 50% da sustentação
sitam d e reconstrução (F ig. 3- 157) . Caso a prótese seja contida do componente acetabu lar de revisão foi proporcionada pelo osso em
posterior e superiormente apena s por osso, o ce ntro de rotação do vez d e pelo enxerto. Os reforços de tânta lo são vantajosos, pois é
quadril seja restaurado e a esta bilidade do co mp o nente seja obtida, possível obter uma fixação ini cial rígida, a rea bsorção óssea não é um
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

O@l!;@ EJm A, Grandes deficiênc ias


cavitárias em uma mulher de 85 anos de
idade com afrouxamento acetabu lar 18 anos
após a artroplastia primária cimentada. As
grandes deficiências cavitárias superiores e
mediais combinaram-se com osso de má qua-
lidade. A fixação é improvável utilizando-se
implantes porosos convencionais. B, Foi real i-
zado enxerto ósseo extensivo com aloen-
xerto de osso esponjoso combinado com
um anel antiprotrusão. O implante estab i-
lizou-se após 2 anos e o enxerto ósseo foi
incorporado. VEJA A TÉCNICA 3-21.

iâ!§ll;@ EJD Deficiência segmentar anterior em uma mulher jovem. A, O desgaste do po lietileno produziu essa deficiência segmen-
tar (entre as setas) na coluna anterior do acetábulo. A coluna posterior permanece intacta. B, Revisão concluída com um implante
poroso de grande diâmetro e enxertos de osso esponjoso. Não foram necessários enxertos estruturais.

problema (ao contrário do que ocorre com aloenxertos), e há diversos femoral osteoartrítica . O osso osteoporótico de um paciente
tamanhos e configurações disponíveis para acomodar perdas ósseas e com fratura do colo femoral não é adequado.
deformidades complexas (Fig. 3-31). Os resultados em curto prazo • Com uma broca de alta velocidade ou raspas pareadas,
são encorajadores com tais materiais, mas são necessários acompa- prepare as superfícies do enxerto e do leito ou aumente
nhamentos a longo prazo. o tamanho do enxerto para que seja ligeiramente maior

_____
do que o defeito de modo que se possa obter um encaixe
CONDUCÃO DE DEFEITO por interferência para melhorar a estabi lidade.
ACETABULAR SEGMENTAR • Utilize fixação interna rígida para fixar o enxerto ao osso.
A maioria dos defeitos segmentares superiores possui uma
___,~
TÉCNICA porção residua l de osso que sustenta o enxerto, sendo sufi-
ciente a utilização de parafusos para a f ixação (Fig . 3-159 e
• Caso um defeito segmentar esteja limitado às margens supe- Fig. 3-74). Como o suporte ósseo de enxertos estruturais
riores ou inferiores do acetábulo, geralmente um aloenxerto posicionados posteriormente frequentemente não é alcan -
da cabeça femoral é suficiente. Utilize o osso de uma cabeça çado, é necessária a fixação com uma placa de apoio. )
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

h!riil;h)llD Deficiência segmentar superior. A, Mulher idosa com duas rev1soes anteriores para displasia de desenvolvimento .
Pode-se observar o centro do quadril elevado com defeito segmentar superior. B, A tomografia computadorizada mostra o osso pos-
terior deficiente em localização elevada. C, O osso posterior de melhor qualidade está no nível do acetábulo verdadeiro. D, Reconstru ção
com um compone nte acetabular de revisão ob longo . Não foram necessários enxertos ósseos e a sustentação de peso foi facilitada .

h!riii;@EID Deficiência segmentar superior. A, Diversas revisões anteriores foram realizadas devido às sequelas de uma displasia
congênita do quadril. A cúpula anterior foi implantada no falso acetábulo com um centro mais alto(" high hip center"). Há um grande
defeito segmentar superior acima do acetábu lo verdade iro. B, Cinco anos após a revisão com enxertos ósseos estruturais aplicados sobre
o defeito segmentar e com um componente acetabu lar não cimentado, não foi observada migração, mas o crescimento ósseo é impro-
vável. VEJA A TÉCNICA 3-22.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL fl1lllll
•Temporariamente, fixe o enxerto com f ios de Kirschner.
)
•Mova uma placa de fixação pélvica ao longo da coluna
posterior e fixe-a com diversos parafusos.
•Após a colocação da cúpu la de revi são, utilize parafusos
au xiliares para fixar o implante ao osso. Os parafusos que
fixam a cúpula ao enxerto ósseo contribuem pouco para
a estabilidade do conjunto.

CONDUÇÃO DE DEFEITO
ACETABULAR SEGMENTAR
TÉCNICA _____
;.....__ ___.~
(FLETCHER)

•Raspe o acetábu lo nativo em incrementas de 1 mm até


que se obtenha dois pontos de fi xação.
•Coloque um componente acetabular de teste um tama-
nho maior do que a última raspa uti lizada e ava lie a esta-
bilidade .
•Caso a estabilidade seja questionável, util ize reforços ace-
tabulares para melhorá-la por meio do preenchimento de
defeitos ósseos.
•Utilizando reforços de teste como um guia para medir a
extensão do defeito, alargue-o pouco a pouco para aco- O!§ll;tjllm!I Defeito combinado inclu indo um defeito seg-
modar o reforço minimiza ndo a remoção do osso. mentar superior. Uma grande cúpula hemisférica e um reforço
•Coloque o reforço definitivo no defeito, f ixa ndo-o ao osso trabecular metálico fi xa do com diversos parafusos estão localiza-
com parafusos de 6,5 mm. Aloenxertos de osso espon- dos sobre o defeito. Os defeitos cavitários menores foram preenchi-
joso podem ser aplicados aos espaços do reforço e nos dos com a loenxerto de osso esponjoso. (De Flecher X, Sporer S, Paprosky
defeitos cavitários restantes (Fig . 3-160). W: Management of severe bone loss in acetabula r revision using a trabe-
• Aplique cimento em estado pastoso na interface entre o cu lar metal shel l, J Arthroplasty 23:949, 2008.) VEJA A TÉCNICA 3-23.
reforço e o componente aceta bular, impactando o com -
ponente acet ab ular até sua posição.
•Utilize vá rios parafusos passando pelo componente ace-
formato se melhante ao do número "?". Recomenda-se a utilização
tabu lar e penetrando no osso para proporcionar estabili-
d essa técnica quand o o ce ntro do quadril apresenta migração supe-
dade ao conjunto.
rior a 3 cm e as colunas anterior e posterior estão praticamente
intactas (Tipo IIIA de Paprosky). Em acompanhamento por 10 an os,
17 das 23 cúpulas hemi sfé ricas combi nadas com alo enxe rtos femo-
• DEFEITOS COMBINADOS ra is di stais foram bem -sucedidas, não havendo evidências radiográ-
A comb inação de defeitos segm entares supe ri ores com defeitos seg- ficas de afro uxame nto ou necessidad e de revisão d o componente
mentares anteriores ou poster iores é ge ralmente grande dema is para aceta bul ar. Atualmente, os autores recom endam a utili zação dessa
se r gerida com aloenxerto da cabeça femoral. Foram utilizados a lo- técnica para os pacie ntes m ais jovens de modo a melho rar o osso
enxe rtos femorais distais, reforços trabec ul ares metálicos, aloenxertos di sponível. Para pacie ntes m ais velh os, recomenda- se o tratamento
d e osso espo njoso combinados com dispositivos ant iprotrusão, alo- com refo rço metálico fe ito de tântalo.
enxe rtos acetabulares, componen tes acetabulares personalizados
trifl âng icos e co mponentes hemisféricas co locados com o ce nt ro do
quadril elevado para reconstruir essas gra ndes d eficiências segmen-
tares. Os componentes hemi sfé ricas não cimentados apresentaram CONDUÇÃO DE DEFEITOS
melhores resul tados quando mais d e 50% d e sua superfície estava COMBINADOS COM ENXERTOS
em contato com o osso. Foi d ese nvolvida uma cúpula d e revisão feita
de tântalo que pode necess ita r d e co ntato inferi or a 50% com o osso
ESTRUTURAIS
para proporcionar estabilid ade, mas não há es tudos de longo prazo. ~
TÉCNICA ~~~~~~~---'~
Os dispositivos antiprotrusão foram combinados com aloenxertos
estruturais e enxerto d e osso esponjoso para tratar defeitos co mbi - (SPORER ET AL.)
nados quando não for possível obter pelo menos 50% de co ntato
com o osso pa ra fixação. • Se lecione um aloenxerto f emoral distal de tamanho ade-
Sporer et a l. descrevera m um a técnica de enxerto estrutural quado para preencher o defeito . Modele a parte condi lar )
utilizando aloenxertos tibiai s proximais o u femorais distais com
E9 PARTE li PROC EDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE QUADRI L EM ADU LTOS

O@ii;J4Eml En xe rto e m for mat o de "7" de Pa prosky para defe itos acetab ul ares segm e ntares. A, O a loe nxert o femora l d ista l t em
um fo rmat o qu e lembra o número 7. B, O e nxert o fo i moldado pa ra e nca ixa r-se no defe ito e fo i fixado com di versos paraf usos colo-
ca dos sob re o acetáb ul o passa nd o pe la po rção cortica l rema nescente do e nxert o . C, O e nxerto foi a la rg ado e o com po ne nte de revisão
foi im pla ntado . VEJA A TÉCNICA 3-24.

um dispositivo antiprotrusão e de enxertos estruturais ou de osso


do en xerto co m ras pas de modo qu e o t amanho do
) esponj oso para os pacientes co m descontinuid ade pélvica em con-
enxerto seja aproximadame nte 2 m m ma io r do que o
junto com perd a óssea signi ficativa ou que tiveram irrad iação pélvica
def eito. M odele o enxerto com o formato do número 7
prévia. Paprosky et al. desenvolveram um algoritmo para tratar des-
inve rti do.
continuidades pélvicas com base em seu potencial aparente de cura.
•Faça uma incisão diafisá ria no plano corona l, mantendo
Caso exista tal potencial, a descontinuidade é tratada por compressão
a cortical anteri or espessa o basta nte para a fi xação com
com a aplicação de uma placa à coluna posterior e a realização de
parafusos.
aloenxertos estruturais, ou co m uma cúpula de revisão feita de tântalo
• Faça um a incisão oblíqua na co rti ca l posterior imediata-
utilizada co mo placa hemisférica. Caso o potencial de cu ra seja insu-
mente proxima l aos cô ndilos posteriores (Fig. 3-161 A).
ficiente, como em um ce nár io de irradiação pélvica anterio r, é colo-
• Coloque o enxerto sobre o defeito na parte superi or do
cado na desco ntinuidade um distratro e o acetábulo é reconstruído
acetá bulo, impactand o-o ge nti lmente com as partes cor-
com aloenxertos acetabulares, cúpulas de tântalo co mbin adas co m
tadas do enxerto apoiadas contra a parte superior do
dispositivos antiprotrusão ("c úpula-gaiolà') ou componentes acetabu-
acetábu lo e do ílio.
lares personali zados triflângicos (Fig. 3-163).
• Fi xe o enxerto ao ílio com diversos parafusos ou com uma
Dispositivos antriprotrusão foram utili zados para deficiências
placa . Posicione os pa rafu sos escalona damente e impacte
combinadas e descontinuidades pélvicas com contato ósseo ou esta-
os orifíci os levemente para evita r frat uras no enxerto (Fi g.
3-1 6 1B) bilidade sufic ientes para cúpu las hemisféricas. Isso é particu larmente
verdadeiro quando é necessário realizar enxertos ósseos estruturais.
• Raspe o enxert o e as partes remanescentes do acet ábu lo
Os flanges no dispositivo devem ser sustentados por osso intac to no
com ra spas acetabulares conve ncionais até um tam anho
ílio, em vez de por enxe rtos. Winter et ai. não relataram migração e
que mantenh a as col unas anteriores e post eriores intactas
inco rporação do enxerto em 100% de 38 quadr is tratados com aloen-
e maxi mize o conta to para cresci mento ósseo na prótese
xertos de osso esponj oso e dispositivos Burch-Schn eider em acompa-
de revisão (Fi g. 3-16 1C)
nhamentos reali zados, em média, por 7,3 anos. Em nossa experiência,
•I mpacte o compon ente acetabu lar até sua posiçã o ade-
as falh as co m esses dispositivos ocorreram nas grandes deficiências e
quada e fi xe-o ao osso com vá rios parafusos.
na fixação isquial inadequada.

Quand o defeitos segmentares e cavitários ocorrem simu lta- CÇ>NDUÇÃO DE DESCONTINUIDADE


neam ente, o defeito segmentar deve se r reconstruído prim eiro PELVICA COM DISPOSITIVO
para restaurar a bo rd a do acetábu lo. Quaisqu er defeitos cavitár ios
remanescentes são preenchidos com enxerto de osso esponjoso
ANTIPROTRUSÃO

--~----~
particulado. TÉCNICA
• DESCONTINUIDADE PÉLVICA (WINTER ET AL.)
A descontinuid ade pélvica é resultante de fr aturas transve rsas do
acetábulo com separação completa entre as metades superi or e infe- • Exponha o com ponente acet ab ular fa lhado circunfe ren-
ri or (Fig. 3- 162). Berry et ai. recomend aram a colocação de uma cia lmente.
placa na colun a posterior e a utilização de co mpo nentes hemisféri- • Remova o componente, e desbride o cimento e a membrana
cos não cimentados para os pacientes com osso de qualidade sufi- acetabular remanescente uti liza nd o curetas, osteót omos
ciente para suportar tal co mponente. Eles sugeriram a util ização de
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL -

h[ê\ih!ijEl!D Desco ntinuidade pélvica . A, Quatro anos após a substituição total do quadril em uma mulher com 70 anos de idade
com histórico de irradiação pélvica para carcinoma cervical. O componente acetabular apresenta falhas. Grande deficiência da coluna
anterior com fratura através coluna posterior (seta). B, Reconstrução acetabular realizada com um dispositivo antiprotrusão e enxertos
ósseos extensivos.

Em casos raros, o acetá bulo é tão deficitário que a única opção


é um aloenxerto de todo o acetábulo. Garbuz et ai. descobriram
qu e 45% das revisões co m grand es aloenxertos acetabulares neces-
sitaram de re visão após pelo menos 5 anos de acompanhamento.
Os melhores resu ltados foram ob tidos quando o aloenxe rto foi
aumentado co m um anel de reforço acetabular. DeBoer et ai. revi-
saram 20 quadri s em 18 pacie nt es co m d escontinuidad e pélvica
tratados com componentes triflângicos personalizados (Fig. 3- 164) .
Em acompanh amen tos reali zados, em média, por 10 anos, não foram
necessárias revisões e nenhum co mpon ente estava radiografica-
mente frouxo. As luxações foram a complicação mais comum, ocor-
rendo em cinco quadris. Os procedim entos com esse grau de
co mplexidade devem ser realizados em um grande centro com cirur-
giões experientes em cirurgias de revisão.

CÇ>NDUÇÃO DE DESCONTINUIDADE
PELVICA COM ALOENXERTO E
h@i@)EID Conjunto formado por cúpula e dispositivo anti- COMPONENTE PERSONALIZADO
protrusão ("cúpula-gaiola"). A descontinuidade pélvica e o grande

--------'~
defeito segmentar superior necessitaram de um componente aceta- TÉCNICA
bular hem isférico feito de tântalo com reforço superior, de um dispo-
sitivo antiprotrusão e de um revestimento de polietileno cimentado. (DEBOER ET AL.)

•Exponha o componente acetabu lar falhado por via de


e raspas hemisféricas para obter um leito bem vasculari- acesso posterolater al e remova-o junto com qualquer
zado. cimento e membranas fibrosas residuais.
•Faça pequenos cubos de aloenxertos ósseos de 1 cm 3 . • Siga o nervo ciático até a incisura isquiática superior para
Pressione os pedaços de osso esponjoso para dentro da evitar lesões durante a dissecção isquial e a implantação da
cavidade, condensando-os em um molde hemisférico. cúpula acetabu lar.
•Dobre os flanges do dispositivo antiprotrusão para encaixe •Realize uma dissecção limitada na região da incisura isquiá-
em um sulco no ísquio e contra o ílio. Fixe o anel ao ílio t ica , evitando tencionar os abdutores por meio da abdução
e ao ísquio por meio de parafusos . e da transla ção proximal do fêmur.
• Cimente o componente acetabular de polietileno mantendo • Eleve o glúteo médio subperiostealmente sobre o ílio para
um manto de cimento com 2 a 3 mm de espessura . a colocação do fl ange ilíaco do componente. )
.....,
~ PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM AD ULTOS


Tipo 1
_
38
Classificação da AAOS das
Deficiências Femorais
Deficiências segmentares
Proximal
Parcial
Completa
Intercalada
Trocanter maior
Tipo li Deficiências cavitárias
Esponjosa
Cortical
Ectasia
Tipo Ili Deficiências combinadas
Tipo IV Alinhamentos incorretos
Rotacional
Angular
Tipo V Estenose femoral
Tipo VI Descontinuidade femoral
De D' Antonio J, McCarthy JC, Bargar WL, et ai: Classification of femoral
abnorma lities in total hip arthroplasty, Clin Orthop Relat Res 296:133,
1993.

O@ll;h'llB Prótese acetabular personalizada triflângica com • CLASSIFICAÇÃO


revestimento poroso para descontinuidade pélvica. (De DeBoer DK, O Comitê da AAOS para o Quadril propôs um sistema de classifi-
Christie MJ, Brinson MF, Morrison JC: Revi sion total hip arthrop lasty for cação para deficiências femorais na artroplastia total de quadril
pelvic discontinuity, J Bane Joint Surg 89A:835, 2007.) (Tabela 3-8). Apesar do sistema ser mais comumente utilizado para
cirurgias de revisão, ele também é aplicável nas artroplastias primá-
rias. A terminologia essencial da publicação acetabu lar foi mantida
por questões de continuidade. A descrição precisa das defici ências
•Solte parte da origem do jarrete do ísquio antes da colo-
) simplifica o planejamento pré-operatório (Fig. 3-165).
cação do flange isquial.
As deficiências femorais podem ser classificadas em dois tipos
•Realize aloenxertos de osso esponjoso sob re a área da básicos: segm entares e cavitários. Os defeitos segmentares são defi-
descontinuidade.
nidos como sendo qualquer perda óssea no invólucro cortical que
•Fixe o flange isquia l primeiro utili zan do vários parafusos.
suste nta o fêmur. Os defeitos cavitários são lesões contidas represen-
•Em segu ida, insira os parafusos ilíacos, reduzindo esse tando escavações de osso esponjoso ou endosteal cortical sem vio-
flange ao osso.
lação do invólucro cortical do fêmur. O envolvimento pode ser
• Coloque o revestimento acetabula r desejado considerando categorizado como sendo de nível I quando é proximal à margem
a utilização de um revestimento com trava caso os múscu- inferior do trocanter menor, de nível II quando é da margem inferior
los abdutores seja m deficientes.
do trocanter menor até um ponto 10 cm distais, ou de nível III
quando é distal ao nível II.
As deficiências segmentares podem se r subdivididas em defi-
ciências parciais ou completas e de acordo com o envolvimento da
cortical ante rior, medial ou posterior. Quando um defeito segme n-
RECONSTRUÇÃO DE DEFICIÊNCIAS tar apresenta osso intacto acima e abaixo, tal como com uma janela
FEMORAIS cortical, ele é chamado de defeito intercalar. O trocanter maior é
tratado como um defeito segmentar separado devido aos proble-
O osso femoral apresenta algum grau de defici ência na maioria das mas especiais de pseudoartrose trocantérica e insuficiência dos
revisões, uma condição que pode ser resultante de (1) osteólise abdutores.
causada por afrouxamento, desgaste ou infecção; (2) perfuração ou Os defeitos cavitários são subdivididos de acordo com o grau
criação de janelas durante a remoção de hastes antigas ou outros de perda óssea no fêmur. Os defeitos esponjosos representam a perda
implantes; (3) reabsorção óssea proximal ("stress shielding") causada apenas de osso medular esponjoso. Os defeitos cavitários corticais
por implantes excessivamente rígidos ou com revestimento poroso são mais extensos e envolvem a perda de osso esponjoso e de osso
excessivo; ou (5) osteoporose preexistentes e cor ti cais femorai s fina s. endosteal cortical. A ectasia é um tipo especial de defeito cavitário
A reconstrução pode se r ainda mais complicada por defo rmidades no qual, além da perda de osso esponjoso, o fêmur é dilatado com
ou fraturas femorais. afinamento da cortical. Combinações de defeitos segmentares e
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Em

Segmentar Cavitário Combinado


A B e

Mau alinhamento Estenose Descontinuidade Nível de defeito


D E F G

iâ[ijihf4111.D Defeitos femorais. A, Defeito segment ar - perda da sustentação óssea cort ica l do fêmur. Ele pode ser parcial e pro-
ximal, envo lve ndo perda óssea no níve l do fêmur; ou pode ser uma lesão interca lar, com osso intacto acim a e abaixo ou envolvendo
o trocanter maior. O grau mais grave de defeito ósseo segmentar é a perda óssea circunferencia l proximal comp leta . B, Defeito cavitário
- perda de osso co rti ca l esponjoso ou endostea l sem vio lação do in vó lucro cortical externo. A ectasia é um a forma grave de defeito
cav itár io na qual a cav idade femoral é expandida . C, Defeitos comb inados - combinação de perda óssea segmentar e cavitária no
fêmur. Pode ocorrer em qualquer dos três níve is do fêmur. D, Mau alinh amento - distorção da geomet r ia arqu itetura l do fêmur nos
planos rotac iona is ou angulares. E, Estenose femoral - oclusão parcial ou comp leta do cana l intramedular do fêmur. F, Descontinuidade
femoral - inte rrupção da integridade da diáfise f emo ral, gera lmente resu ltante de fraturas ou pseudoartroses, com ou sem a presença
de imp lantes. G, Níveis f emorais . (Redesen hado de D'Antonio JA: Classification of femora l bony abn ormalities. ln Galante JO, Rosenberg AG,
Callag han JJ, ed itors: Total hip revision surgery, New York, 1995, Raven Press.)
E!) PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

cavitár ios são frequentemente encontradas em cir urg ias de revisão, biomecânicos mostraram que a distribuição do estresse de um osso
com o quando uma haste frouxa move-se para baixo o u mi gra para tubular reto rn a ao normal a uma distância equivalente a dois di âme-
uma posição e m varo ou retrover tid a co m os teólise concomitante. tros ósseos afastados do defeito. Devem se r utilizadas hastes d e revisão
A distorção d o canal femoral é d esc rita sepa radamente. O ali- com co mprim entos superi ores a pelo menos essa distância em relação
nharnento incorreto refere-se à distorção da geo metria arquitetural do aos defeitos corticais. Caso a razão entre o diâmetro da perfuração e
fêmur, podendo ser angular ou rotaciona l. Distúrbios de desenvolvi- o di âmetro do fêmur seja inferior a 30%, a diminuição na força não é
m ento do qu adril, consolidações viciosas de fraturas, histórico de notavelmente diferente para orifícios de tamanhos variados. Para per-
osteotomias e processo de afrouxam ento podem contrib uir para o furações inferiores a um terço do diâmetro do osso, pode-se utiliza r
alinhamento incorreto. A estenose refere-se à ocl usão parcial ou com- enxe rtos picados.
pleta d o ca nal femoral resultante de traumas, materiais de fixação ou Para janelas corticais maiores, d eve m se r utili zad os a loe nxe r-
hipertrofi a óssea. A descontinuidade femoral refere-se à p erda da inte- tos corticais co m ripas estruturai s (F ig. 3-167) . Os aloenxertos com
gridade fe mora l causada por fratu ras agud as ou por pseudoartroses. ripas ósseas est ruturai s são geralm ente obtidos das porções proxi-
Dell a Va ll e e Paprosky desenvolveram um a classificação para mais o u di stai s do fêmur o u da tíbia. A sup erfí cie e nd osteal do
defeitos femorais com o tamb ém diretrizes para o tratam ento de aloe nxerto é mod elad a d e m odo a ser co mp atíve l co m o di âm etro
cada tipo de deficiência. O s fê mures do tipo I apresentam p erda exte rn o d o fêmur, sendo fixada com vá ri os fio s d e ce rcl age m (F ig.
mínim a de osso esponjoso na metáfise co m diálises intactas. Esse 3- 168). As interfaces são reforçadas co m enxertos autógenos o u
tipo de d efe ito ocorre com hastes não cim e ntada s, se m revestimen- aloe nxe rto s d e osso esponjoso. O s enxe rtos corticais com ripas
to s porosos e co m encaixes por pressão ("press-.fit"). A maioria do s ósseas estruturais são confiáve is quanto à consolidação da cortical
fêmures d e tipo I pode ser reconstruída co m ha stes de compri- femoral quando a fixação do enxerto e a fi xação do implante são
m ento primá rio cimentadas ou não c im e ntad as. O s fêmures d o rígidas. Em erson et ai. relataram evidências radiográfi cas d e conso-
tip o II aprese ntam p erda exten siva d e osso esponj oso na metá fi se lid ação e m 96,6% dos pacientes em acompanhamentos rea li zados,
até o nível do trocanter m enor, m as co m di á lises intactas. São em média, por 8,4 m eses após a cirurgia. Os enxertos passaram por
freq ue nte m ente necessárias h astes de sub st itui ção calcar para res- graus va ri áveis d e remodelamento, formação parcial ou completa d e
ta urar o com primento do m embro. Foram utili za das com sucesso septos, trabec ulação ou reabsorção.
nessa situação hastes não cimentadas com fixação di stal diafi sária A perda segm entar de osso cortical no fêmur proximal é
por me io de revestimentos porosos ex tensos o u hastes modula res co mum após cirurgias de revisão. O colo medial frequentemente
co m reves tim ento poroso proxim a l. Os d efeitos do tipo IIIA são es tá ause nte até o tro canter menor. O comprimento femoral deve se r
ca rac te ri zad os pela perda extensiva d e osso esponjoso na m etáfi se restau rado para qu e os comprimentos das pern as e da a lavanca dos
co m a lgum a pe rd a óssea na diáfise, ma s que apresentam mais de abdutores sejam corretos.
4 c m d e osso di afisá rio para fixação distal. Has tes co m revest imen- Próteses co m substituição do calcar ou colos estendidos são
tos porosos ex ten sivos de tamanh os s up e ri o res a 8 polegadas são o pções relativam ente simples para restaurar o comprimento femor al
reco me nd adas para fêmures d o tip o IIIA. Os d efe itos do tipo IIIB (F ig. 3- 169). Os sistemas disponíveis poss uem co mprimentos entre
são di st in guid os pela presen ça d e m e no s de 4 c m de oss o intacto 25 e 55 mm, os quais geralm ente substituem a perda óssea medial
na diáfise com perda óssea extensa na m etáfise e na diáfise. Hastes até a reg ião inferior do trocanter m enor. O fêmur oposto é marcado
cilíndricas com reves timentos porosos extensos apresentam para que se possa determinar o tamanho necessá rio para restaurar
desempenho ruim n esse cen ár io. Nessa s itu ação, pod e-se conside- o co mprim ento e o offset femoral. A es tabilidade rotacional pode ser
rar en xer tos femorais em conjunto co m has tes modulares cônicas alca nçada utili za ndo-se cimento ósseo ou um a haste com estr ias
e co m es trias longitudinais. Os fê mures d o tipo IV poss uem canais lo ngitu dinais di stais , revestimento poroso extenso ou um a haste
femorais a la rgados e não possuem osso di afi sá rio d e qu alidade curva. A refixação do fragmento da osteotomia trocantérica é difícil
sufi cie nte para fi xação não cimentada. Enxe rtos impac tados, subs- quando for utilizada uma haste para substitui ção do calcar. Ge ral -
titui ções femorais prox imais com uma co mbin ação e ntre aloenxer- mente, não há leito ósseo para refixação e, apesar de muitos d esses
tos e prótese, ou prótese modulares podem se r utili zados nesse modelos d e haste são preparados para a fixação do fragm ento tro -
caso ext re mo d e deficiência óssea (F ig. 3- 166). ca ntér ico à haste, esse processo é predisposto a falhas. Caso seja
necessá rio realizar uma osteotomia troca ntérica para o bter ma ior
• COMO CONDUZIR exposição, osteotomias estendidas (F ig. 3- 140) são preferenci ais à
Rad iog ra fi as femorais anteroposteriores e laterai s de alta qualidad e utili zação de hastes com substituição calca r.
são pré-requisitos para a revisão femoral. Quando há defeitos pro- Quando defeitos segmentares parciais estendem- se além d o
x im ais signifi cativos, as radiografias m ostra nd o a parte distal do nível do troca nter menor para as zonas II o u III, a haste d e substi -
fêmur são necessá rias para avaliar a qualidade do osso para fixação tu ição do ca lcar so zinha é insuficiente, sendo necessária a fixação
dista l. O planejamento pré-operató ri o é útil na avaliação d a di scre- di stal do co mpon ente femoral. A prótese d e rev isão deve ser susten-
pância no co mprim ento dos m embros e na seleção de implantes d e tada predominantemente por osso. Não se deve confiar em enxertos
tamanhos, comprimentos e offset corretos. A necessid ad e d e implan- para proporcion ar sustentação primária ao co mpon ente femoral.
tes espec ia is e d e enxertos ósseos ta mb ém pode se r prevista. Os
obje ti vos d a c irurgia de revisão fe m o ra l são (1) a m anutenção da • DEFEITOS CAVITÁRIOS
integ ridad e fem ora l e d a qualidade óssea, (2) a obtenção de uma Defeitos cav itá rios es tão sempre presentes em a lgum grau no
fixação protética rígida, (3) a restauração d a biomecânica do qu adril fêmur proximal após a remoção de próteses c imentadas. Caso os
pa ra promover o funcion am ento eficiente dos abdutores, e (4) a defeitos es tejam limitados ao osso espo nj oso e existam á reas intac-
eq uali zação dos comprimentos das pernas. tas d e osso trab ecular adjacentes à cortical, pode ocorrer penetra-
ção su fic ie nte d o cimento para proporc ion a r uma fixação a longo
• DEFEITOS SEGMENTARES pra zo quand o são utili zadas pró teses d e rev isão cimentadas (Fig.
Defeitos segmentares, tais como janelas femorais corticais, causam 3- 170). Co m a utili zação das técnicas d e cim entação d e segunda
fadiga no osso que o predispõe a fratu ras pós-operatórias. Os estudos geração, Mu lroy e Harris observaram qu e 20% das hastes foram
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

O[iji@illID A e B, Deficiência femoral do tipo 1 - perda


mínima do osso esponjoso da metáfise e diáfise intacta. C e D,
Deficiência femoral do tipo li - perda extensa do osso esponjoso
da metáfise e diáfise intacta. E e F, Deficiência femoral do tipo lllA
- a metáfise está gravemente lesionada e não proporciona susten-
tação, com uma área superior a 4 cm intacta na diáfise para fixação
distal. As linhas horizontais na radiografia delimitam a porção do istmo
femoral disponível para fixação distal. G e H, Deficiência femoral do
tipo lllB - a metáfise está gravemente lesionada e não proporciona
sustentação, com uma área inferior a 4 cm intacta na diáfise para
fixação distal. As linhas horizontais na radiografia delimitam a porção
do istmo femoral disponível para fixação distal. 1 e J, Deficiência
femoral do tipo IV - danos extensos na metáfise e na diáfise em
conjunto com um canal femoral alargado. O istmo não proporciona
sustentação. (De Va lle CJD, Paprosky WG: Classificati on and an algorit h-
mic app roach to the reconstruction of femo ral deficiency in revis ion tota l
hip arthroplasty, J Bane Joint Surg 85A: 1, 2003.)
lllD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

O@il;HEJD A, O paciente foi encaminhado com uma malsu-


cedida prótese de revisão cimentada e de haste longa . Uma
grande janela cortical anterolateral foi criada durante o procedi - O@lim.iEII!I!I Restauração do comprimento femoral com prótese
mento cirúrgico prévio e foi preenchida com cimento (setas). B, de substituição do calcar. A, Um afundamento grave da haste causou
A janela foi utilizada para a remoção do cimento. O fêmur foi essa deficiência segmentar proximal. O membro estava 5 cm mais
reconstruído por meio de uma haste longa não cimentada e de curto. B, O comprimento foi facilmente restaurado e uma fixa ção
um aloenxerto com ripas estruturais para restaurar a cortical estável foi obtida por meio de uma haste de substituição do calcar.
lateral. Note a restauração da qualidade do osso após 3 anos.

H@il;@IJD Colocação de um aloenxerto cortical


para tratamento de um defeito da cortical femoral.
A, A diferença entre o diâmetro interno do aloenxerto e
o diâmetro externo do fêmur causou um contato ruim com
o osso. B, A superfície endosteal do enxerto é moldada
com uma broca para criar curvaturas compatíveis. C, O
A B e enxerto é fixado com diversos fios de cerclagem .

rev isa d as n ovam ente após 15, l a nos e que outras 6% apresentava m osso e cim ento como sendo d e ap enas 20,6% da resistência após uma
ev id ências ra di ográ fi cas d e afro uxamento. Katz et ai. relata ra m revisão e 6,8% após uma segunda revisão.
um a taxa d e fa lh a s imilar em 26% d as hastes de rev isão cimentad as En xertos de osso esponjoso picado s são úteis para pree ncher
acomp anha d as por m ais d e 10 an os. A terceira geração d e técnicas p eque nos d efeitos adja centes a hastes d e revisão não cim entad as
d e cim entação n ão m elhorou os re sultados em revisões fem o rai s m eca nica m ente estáveis d evido ao encaixe no ca nal. Ap ós determi -
cim entadas. Hultm ark et ai. divulga ram uma taxa de sobrevivên cia nar o ta manho da haste capaz de alcançar a es tabilidad e, são d ete r-
d e 85% após 10 an os em 109 quadris tratados com técnicas d e min ad as as áreas qu e necessitam d e enxertos. A has te é inserida
segund a o u te rce ira ge ração. parcia lm ente pa ra ocluir o canal e imp edir a entrada dista l d o m ate-
A p erda óssea no fêmur é um fator importante para a falha d e rial picad o do enxerto. O enxerto d e osso espo nj oso é inse rido nos
revisões fe m ora is cime ntad as. A superfície trab ecular do osso fre- defeitos cavitári os durante a inserção d a haste de mod o que o enxe rto
quentem e n te é pe rdid a com um a pró tese solta, d eixa ndo um a ósseo seja im pac tado. En tretanto, n ão se po d e confi a r em e nxe r-
inter face li sa co m po ucos o ri fíc ios pa ra a p enetração d o cim ento. tos ósseos pi cad os p ara proporcionar estabilidad e ax ial ou rotaci o-
O travam ento mecâ nico que seja integral à fixação cimentada torn a-se nal a co mponentes fe m orais não cim entad os.
difícil d e se r obtid o duran te a rev isão. Em um estud o co m cadáve res, Q ua nd o há d efeitos cavitários mais extensos o u ec tas ia proxi-
D ohm ae et a i. mediram a res istên cia à ruptura d a interface entre malm ente, oco rre um a incon gruência em relação aos tamanh os
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRI L &Ili

O@ii;@Em,I Revisão femora l cimentada. A, Mulher


idosa com afrouxamento acetabular 15 anos após o pro-
cedimento primário. O componente fem oral não estava
frouxo, mas foi necessário rea lizar a revisão devido a uma
incompatibilidade com o tamanho da cabeça (haste de
Bechtol). B, Após a remoção do cimento, ainda havi a osso
esponjoso adequado para penetração de cimento com
outra haste cimentada . As interfaces do cimento são
satisfatórias.

entre as partes proximal e distal do fêmur. Essa incongruência pode artroplast ias de revisão rea li zadas, em médi a, 7 anos após o pro-
se r corrigida de várias m aneiras: cedimento primári o. McCa rthy e Lee relataram uma taxa de sobre-
l. Alargam ento do canal até um tamanh o m aior para permiti r a vivê ncia dos im plantes de 60% após 14 anos utilizando o m esmo
inserção de um impl ante que preencha a me táfise de modo tipo de impl an te. Sua sé rie apresentou um a fi xação confiável em
mais co mpleto. fê mures do tipo II e II IA na classificação de Paprosky, mas fo ram
2. Utilização de um comp onente femoral de revisão especiali zado recomenda dos o utro s tipos de fixação para as deficiências do s
com tamanho intenciona lmente maior na parte proximal em tipos III B e IV.
comparação com as hastes primárias.
3. Fixação distal confiável de um implante com revestim ento
poroso extenso com enxe rto de osso es ponj oso nos defeitos
cavitários proxi m ais ou a realização de uma osteotomi a de
CONDUÇÃO DE DEFEITO FEMORAL
redução no fê mur proximal. COM COMPONENTE FEMORAL
4. Utilização de enxe rtos de osso esponjoso impactados combi- MODULAR
nados com um componente femora l cimentado.
O alargam ento da parte distal do can al para permitir a
inse rção de um compon ente femo ral mai o r qu e proporci one um
TÉCNICA
------~
encaixe p roxim al mais adeq uad o sacrifica tec ido ósseo d e fo rm a (CAMERON)
d es necessári a. Hastes de di â metro s m aio res aum ent am a proba-
bilidade de reabsorção óssea do fêmur ("st ress shielding") co m •Realize a ressecçã o do colo no nível adequado com base
perda óssea adi cional. Has tes maiores e m ais rí gidas tamb ém no pl anejamento pré-operatório e/ou uso intraoperatório
for am apontad as com se nd o uma causa d e do r pós-operatória na de um guia de ressecção do colo. Faça a ressecção per-
coxa. Para minimi za r esse pro blema, muitos sistem as de implan - pendicu lar ao eixo longo do fêmur. Em um cenário de
tes atu ais inclu em co mp onentes fem orais mo dul ares para a revisão, pode não ser necessário realizar ressecções ad i-
revisão com doi s ou mais tam anhos de has tes proximais para cionais do fê mur.
cada di âm etro distal. Esses implantes são maiores proximalmente •Frese a di áfi se do fêmur com fresas ret il íneas rígidas até
em compa ração co m os implantes tradi cionalm ente utili zad os que se obtenha con tato cortical. O diãmetro da última
em artropl as ti as primári as . fresa deve ser igual ou 0,5 mm maior do que o menor
Cam ero n defend eu a utilização de uma haste modular para diâmetro do componente femoral proposto.
permitir tam anh os independ entes para as partes proximais e distais • Frese a metáfi se com a fresa côn ica adequada até que se
do canal femoral de modo que as deficiências possa m ser adminis- obtenha contato cortica l com a metáfi se.
tradas sem a necess idade de re moção adicion al de osso distal (Fig. •Prepare a região calcar por meio de fresagem com uma
3-26). A fresagem precisa do estoqu e ósseo proximal rem anesce nte fresa tri angular para acomodar a porção tri angular modular
permite a utili zação de hastes com revestimento poroso limitado e da metáfise.
a restauração da carga proximal do fêmur. Utiliza nd o essa conduta, • Impacte o módulo de teste da metáfise . )
Cameron relatou um taxa de soltura assé ptica de 1,4% em 320
- PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

•Monte o restante da porção diafisea l da haste ao longo •Coloque o componente femoral cuidadosamente man-
)
do corpo proximal e do colo. Coloque essa parte no tendo o grau desejado de anteversão e prestando atenção
canal femoral com o grau desejado de anteversão. Isso para não criar fraturas.
pode ser ajustado independentemente da orientação do
módu lo de teste.
• Após a redu ção de teste garantir o comprimento e a
estabi lidade adequados, coloque os component es fin ais Fixações não co nfiáve is ocorrem com hastes co m reves tim en -
conforme descrito anteriormente para os component es tos porosos exte nsos quando há menos de 4 cm do osso da diáfise
de teste . No caso de osteotomia, considere a colocação (Paprosky IIIB). São recomendadas n esse caso as técnicas de enxer to
de fios profi láticos ao redor do fêmur proximal de modo impactado e hastes modulares co m estrias longitudinais d istais. Tra-
a prevenir fratu ras. dicionalmente, hastes cônicas com estrias sofrem com altas taxas de
afund amento e problemas de luxação. Os desenhos mod ulares, os
quais perm item a escolha independente dos tamanhos da parte
dista l e da parte proxi mal, permitem uma fixação distal mais con-
Hastes com revestimentos porosos exte nsos (Fig. 3-25) alcan- fiáve l com menores taxas de afundamento e me lhores taxas de
ça m estabilidade por meio de fixação distal quando o osso proximal restauração do ojfset e do comp rimento do membro (Fig. 3- 112).
é deficiente. Alguns dos mais longos estudos de aco mpanhamento de Frequentemente, esses componentes são combi nados com diversos
revisões femorais não cimen tadas utili zaram essa técn ica. Em estudos tipos de osteo tomia femoral para permitir acesso direto ao fêmur
reali zados , em média, por 7,4 anos, Lawrence et ai. descobriram dista l e redu zir o risco de perfurações ou fraturas femorais. Foram
que 5,7% das hastes necessitava m de uma nova revisão. Weeden e re latadas fa lh as mecânicas de h as tes cô ni cas modulares e elas
Paprosky relataram , após 14,2 anos, uma taxa gera l de fa lhas mecâ- levaram diversos autores a recomendarem suportes estruturais para
nicas de apenas 4, 1% para hastes de revisão com revestimento poroso o corpo proximal da prótese por meio de fio s passados ao redor da
extenso e fixação distal. Emerson et ai. relataram res ultados similar- haste, por aloenxer tos com ripas ósseas columelares ou por enxertos
mente favoráve is de 40% com hastes de substituição calcar com mais substanciais. Em uma série retrospectiva multicêntrica com
revestimentos porosos. Em acompanhamentos realizados, em média, 143 pacientes com hastes côn icas modul ares co m ranhuras, a taxa
por 11,5 anos, 94% permaneciam in situ, com um a ta,u de falha de sobrevivê ncia dos implantes foi de 97% com afundamento de 2, 1
mecânica de ape nas 3% necessitando de revisão. Esses resultados são mm em aco mpanhamentos realizados, em média, por 40 meses após
superiores aos resultados da maiori a das revisões de componentes o proced imento. Não foram utilizados aloenxertos femorai s e foram
femorai s cimentados com acompanh amentos co mparáveis. necessá rios do is pinos femorais.

REVISÃO COM HASTE FEMORAL COM CONDUÇÃO DE PERDA ÓSSEA


REVESTIMENTO POROSO EXTENSO FEMORAL PROXIMAL COM
HASTE DE FIXAÇÃO DISTAL
-------'~
TÉCNICA
(MALLORY E HEAD)
TÉCNICA -------~
(KWONG ET AL.)
•Rea lize a ressecção do colo no nível adequado com base
no planejamento pré-operatório e/ou uso intraoperatório •E xpon ha e remova o componente femo ral anter ior
de um guia de ressecção do colo em uma prótese de utilizando uma via de acesso postero lateral. Utilize
teste. Aproximadamente dois terços do componente uma osteotomia trocan térica estend ida, caso seja
femoral proximal devem ser sustentados por osso. necessário.
•Frese a diáfise do fêmur com fresas fl exíveis caso o com- •Frese a diáfise femora l até obter um formato cô ni co
ponente possua cu rvatura. Contin ue o alargamento até utili za nd o as fresas adequ adas. Rea li ze a fresagem até
que se obtenha o contato cortica l. Alargadores cilíndricos a profundidade estabelecida no planejamento pré-ope-
rígidos devem ser utilizados caso o componente femoral ratório.
escolhido seja retilíneo . Hastes com curvatura necessitam •I mpacte a parte distal da haste para dentro do fêmur
de fresamentos 1 mm maiores, enquanto hastes reti líneas dista l preparado. Assente a haste apenas até a porção
devem ser alargadas precisamente, com a haste sendo alargada, baseando-se nas referências pré-operatórias.
compatível com o diâmetro da última raspa. Posicione a haste inicialme nte com a curvatura direcio-
• Realize a raspagem do fêmur proximal com raspas de nada lateralmente. Rode a haste, movendo a curvatura
tamanho adequado fixadas a um dispositivo de orientação anteriormente conforme a haste é inserida na diáfise
distal de tamanho igual ao da última raspa. A raspagem femoral.
pode ser desnecessária ou até mesmo impossíve l caso o • Rosqueie o adaptador da raspa à parte dista l da haste e
fêmur proxima l seja osteopên ico. rea lize raspagem da metáfise
•Monte um componente de teste de tamanho correto e •Rea lize a redu ção de teste com um segmento proxima l
real ize uma redução de teste para garantir que o compri - temporário. Ajuste o comprimento, a anteversão e o
mento, a estabi lidade e o offset do membro estejam desvio da perna conforme necessário para proporcionar
corretos. estabil idade.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

l§@IJ;f;illfJI Osteotomia de redução femoral. A,


Uma grande osteólise femoral proximal causa ectasia,
ma s com um diâmetro relativamente pequeno no canal
distal. B, A incongruência foi tratada por meio da res-
secção do fê mur proximal para reduzir seu tamanho.
Os fragm e ntos proximais estão em aposição mais pro-
ximamente à ha ste de revisão . Note a forma çã o de um
calo após 3 meses (seta).

• Coloq ue o segmento proximal def init ivo do componente ficamos impressionados com o grau d e restau ração do osso proxim al.
f emoral e red uza o quadril. Hellman et ai. relataram duas pseudoartrose de osteotomias trocan-
• Caso t enha sido rea lizada uma osteotomia t roca ntéri ca, téricas estendidas combin adas com enxertos femo rais em uma série
redu za a ost eotomia e re pare-a com f ios de cerclagem. de 10 pacientes. Eles recom endaram não combin ar essas duas técni-
Preserve o suprimento sa ngu ín eo do f êm ur proxima l da cas, caso possível.
melh or fo rm a poss ível.
CONDUÇÃO DE DEFICIÊNCIAS
Ao utiliza r a fixação diafisá ri a, pod e have r grand es espaços
FEMORAIS PROXIMAIS COM ENXERTO
entre o co mp on ente fem oral e a co rtical femo ral proxim al rem anes- ÓSSEO IMPACTADO E HASTE DE
cente. Kim e Franks d esc revera m a utili zação d e um a osteo tomia d e REVISÃO CIMENTADA
acunhame nto longitudinal da co rtical fem o ra l postero lateral para
~
reduzir o tamanho d o fê mur p roxim al. Ap ós a remoção da cunha TÉCNICA
corti cal, os segm en tos rem anescentes d a corti cal são cuidadosa- ----~~~~~~----'~
mente comprimidos e fio s d e ce rcl agem são co locados ao red or d a (GIE [MODIFICADO])
parte p roximal d a haste de rev isão (Fig. 3-17 1). A os teotomia d e
redução restaura certo grau de sup o rte ósseo da prótese e m elhora • Exponha e remova o componente f emoral anterior. Deve-se
a apos ição óssea à sup erfície porosa do impl ante, aum entan do as evitar a rea lização de osteotomias t roca nté ri cas estendidas
chances d e crescimento ósseo em revisões co mplexas. devido ao ri sco de pseudoartrose.
G ie et al. d esc reve ram um a técnica pa ra o tratam ento de defi- • Desb ride qualq uer cimento residual ou membran a fib rosa
ciências proximais do fê mur co m binando en xertos ósseos impacta- presente no canal. Tampões de cimento bem f ixados podem
d os co m um a h aste d e revisão c imentad a (F ig. 3- 172) . E m uma ser retidos para sustent ar o enxe rto ósseo e a colu na de
série d e 540 artropl as ti as de revi são realizad as com essa técnica, cim ento.
os auto res relata ra m urna taxa d e so brev iênc ia d o impl a nte d e 98% •Inspecione o f êmur qu anto à presen ça de defeitos seg-
para a soltu ra asséptica e de 84% para a revisão realizada após 10 an os. mentares. Em caso positivo, oclua-os com mal has met á-
A mai o ri a d as fa lh as fo i resultante d e luxações (4, 1%) o u fra turas licas o u aloe nxertos com ri pas ósseas colum ela res.
femorais (5,4%) . Um estudo sueco com 1.305 rev isões fem o rais com • Oclua o canal 3 cm abai xo do defeito cavitário mais infe-
enxertos impac tad os relatou um a taxa de so brevivência dos implan - rior ou abaixo da loca lização planejada para a ext re mi-
tes de 94% para to d as as causas d e fa lh a após 15 anos. dade da hast e.
Has tes polidas e sem anéis e hastes ásperas com anéis foram • A pós coloca r um guia de centralizaçã o, preencha o ca nal
utiliza d as com sucesso em co njunto com enxe rtos impac tad os em com pedaços de osso esponjoso utili za ndo instrument os
diversos estudos. São necessários aco mpanh a mentos a longo prazo cilíndricos de t amanhos progressivos.
para ava liar o efeito do acabam ento superfi cial d o compo nen te sobre • Quando dois terços do canal est iverem pree nch idos, modele
o sucesso d essa téc ni ca. o ca nal ut ilizando compactadores de ta manhos adequados.
En xertos impactados requerem instrum entação esp eciali zada e Prossiga co m o procedim ento de impact açã o óssea até
a disponibilidade de grand es quantidades de osso esponjoso para obter estabilidade rotacional com o últi mo co mpact ador. )
enxerto. Nós utilizamos essa técn ica em apenas alguns pacien tes, mas
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

H!§ii;HE19 Enxertos impactados. A, Componente


femo ral cime ntado malsucedido com grandes defeitos
cavitários e ectasia. B, Um ano após a realização de enxer-
tos impactados e revisão com uma haste cimentada cônica,
polida e sem anel. Ocorreu um leve afundamento.

•Realize uma redução de teste, e aval ie o comprimento e tamanho adequado. Marcadores de calibração são colocados em radio-
) grafias pré-operatórias do aloenxerto para garantir que seu tamanho
a estabi lidade da perna.
• Remova o compressor e injete cimento no cana l utili- corresponda ao tamanho do defeito ósseo. O canal do enxerto deve ser
zando uma pistola injetora. Em seg uida, insira a prótese ma.reado para garantir que uma prótese de tamanho adequado possa
femoral definitiva . ser inserida. Grandes cliscrepâ.ncias entre o diâmetro do enxerto e o
diâmetro do fêmur dificultam a reconstrução.
O cimento proporciona a melhor fixação entre a prótese e o
aloenx.erto, pois não se pode esperar que ocorra crescimento ósseo.
• DEFEITOS MACIÇOS A maioria dos autores recomenda a fixação da prótese na porção
Ocasionalmente, a perda óssea no fêmur prox.imal é tão ex.tensa que o distal do osso sem a utilização de cimento, caso seja tecn icamente
osso remanescente não é capaz de sustentar uma nova prótese . possível. Independentemente do meio de fixação, deve-se obter esta-
A maioria dos pacientes com esse problema passou por diversas ope- bilidade axial e rotacional na junção entre aloenxerto e osso. Isso
rações no quadril, com possíveis fraturas ou perfurações femorais. pode ser obtido com uma osteotomia oblíqua (Fig. 3-173), com o
A cortical do fêmur prox.irnal é fina e frágil, podendo estar completa- encaixe por pressão do aloenxerto no fêmur, ou com a utili zação de
mente ausente em diversas áreas e necessitando de grandes aloenxertos uma placa ou de um suporte cortical adicional.
no fêmur proximal ou de próteses de substituição do fêmur proximal. As reconstruções do fêmur proximal com utilização aloenxertos
Grandes aloenxertos segmentares podem ser geralmente adquiridos de são tecnicamente complexas, estando associadas a maiores taxas de
bancos de tecido regionais, sendo necessário um planejamento complicação em contraste com outros procedimentos de revisão.
pré-operatório cuidadoso para garantir a obtenção de um enxerto de A co nsolid ação na junção entre en xe rto e osso frequentemente
CAPÍTULO 3 ARTROP LASTIA DO QUADR IL

H[êjil;@llD Aloenxe rto femora l prox ima l. A e B, Ectasia extensa e osteó lise da cortica l proxima l do fê mur em uma mul her de 42
a nos de idade com três revisões ma lsucedi das. A porção d ista l da haste pe rmaneceu bem fixada e necess ito u da abertura de uma jane la no
fêmur para a remoção do cime nto e da haste. C e D, Reconstrução uti lizando-se a loe nxertos proximais no fê mur. Os enxertos cobriram a
ja ne la cortica l e melhora ra m a estabilidade rotaciona l entre enxerto e osso. A haste fo i cimentada apenas ao e nxerto, e não dista lmente.

necessita de alguns meses, devendo-se evitar que o quadri l sustente


•Exponha o quadril e a diáfise femoral por meio de uma
peso sem proteções até que haja evidências radiográficas de união.
osteotomia transtrocantérica.
Apesar da incorporação na interface, a maior substância do enxerto
• Osteotomize o trocanter mantendo um fragmento maior
deve ser tratada como tecido ósseo morto durante todo o processo de
para que a posterior refixação ao aloenxerto possa ser firme.
implante. As taxas de luxações são altas e diversos autores recomen-
•Coloque um pino na pelve e meça o comprimento do
dam a utilização profilática de órteses de abdução ou gesso pelvipo-
fêmur até um ponto fixo loca lizado distal mente de modo
dálico. Fraturas são comuns quando os aloenxertos sustentam peso
que o comprimento do membro possa ser restaurado
sem suportes adicionais. Os enxertos devem ser sustentados por uma
com precisão.
haste intramedular que cruze a junção entre aloenxerto e osso. Divido
•Desloque o quadri l e remova o componente femoral uti-
à extensão do procedimento e ao grau de dissecção de tecidos moles,
lizando as técnicas descritas anteriormente.
as infecções são mais comuns do que em outras artroplastias de
•Avalie a extensão da deficiência óssea e det ermine se é
revisão, geralmente resultando em falhas em decorrência dos grandes
necessária a rea lização de um aloenxerto pa ra a recons-
segmentos de tecido ósseo morto. A maioria dos cirurgiões reco-
trução. Se for o caso, divida a diáfise femora l na extensão
menda a utilização de cimento impregnado com antibióticos em pro-
distal da deficiência óssea. Frequentemente, a deficiência
cedimentos que necessitem de aloenxertos extensos, apesar de não
é mais acentuada em um lado do osso do que no outro.
haver estudos a longo prazo que justifiquem essa prática.
•Rea lize um corte escalonado ou uma osteotom ia oblíqua
Babis et al. publicaram o mais longo estudo de acompanha-
do fêmur preservando o osso de melhor qualidade na
mento de técn icas compostas de próteses com aloenxertos. Eles
porção distal do fêmur.
acompanharam 72 pacientes por uma média de 12 anos. A taxa de
•Divida o fêmur proxima l remanescente longitud ina lmente
sobrevivência do implante foi de 69% após 10 anos. Em um estudo
preservando as fixações dos tecidos moles da melhor
de acompanhamento a longo prazo sim ilar (11 anos), Blackley
forma possível.
relatou uma taxa de sucesso de 78% em 63 quadris.
• Remova os resíduos de cimento e a membrana dos frag-
mentos proximais.
•Rea lize culturas do aloenxerto femora l.
CONDUÇÃO DE DEFEITOS MACIÇOS •Meça o comprimento do fêmur proximal que deve ser
COM ALOENXERTO PROXIMAL substituído e molde o aloenxerto de forma compatível
FEMORAL E PRÓTESE com a osteotomia femora l.
•Mantenha o ali nhamento rotacional correto entre o aloen-
~
TÉCNICA xerto e o osso por meio do ali nhamento da linha áspera.
~~~~~~~--'~ • Prepare o aloenxerto em uma estação de trabalho separada
• Preferencialmente, deve haver duas equipes cirúrgicas dispo- durante a remoção do cimento do restante da parte distal
níveis para o procedimento. Após as medições adequadas do fêmur. Estabil ize o aloenxerto com uma pinça de osso e
serem realizadas, uma das equipes deve preparar o aloenxerto util ize fresas e raspas para prepará-lo de modo convencio-
enquanto a segunda rea liza a exposição cirúrgica, remove os nal. Evite fresar o aloenxerto demasiadamente para tentar
componentes e o cimento e prepara o fêmur distal. inserir uma haste maior, pois isso enfraqueceria o enxerto. )
. , PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

•Coloque a prótese femoral de teste no aloenxerto com o


)
grau correto de anteversão e insi ra esse conjunto na parte
distal do fêmur.
• Remova tecido ósseo conforme necessário para criar um
enca ixe justo na junção entre aloenxerto e osso.
•Fixe temporariamente a junção com uma pinça ortopé-
dica ou com uma placa pesada segurada fixada por uma
pinça óssea ortopédica em cada extrem idade.
• Meça o comprimento do membro, avalie a estabilidade
da articulação e realize os ajustes necessários. Podem ser
necessárias diversas reduções de teste para ajustar o com -
primento do membro e para modelar de forma precisa a
junção entre aloenxerto e osso.
• Selecione uma prótese femoral longa o bastante para
ultrapassar a junção e obter estabi lidade distal. Cimente
primeiro a prótese ao aloenxerto.
•Limpe o enxerto por meio de uma lavagem pulsátil e utilize
cimento misturado utilizando uma técnica de redução de
porosidade (Técnica 3-6) .
• Remova o cimento das partes distais da haste e do aloen-
xerto. Preste atenção especia lmente à remoção do cimento
das regiões próximas ao corte esca lonado, pois ele pode
prejudicar a consolidação entre aloenxerto e osso.
•Após o cimento endurecer, insira o conjunto prótese-alo-
enxerto no fêmur dista l. Frequentemente, o tamanho do
componente femoral im pede um enca ixe firme no frag-
mento distal. A estab ili dade rotacional e axial gera lm ente
pode ser obtida fixando o corte escalonado com vários H[êil!;f4llD Haste modular para substituição do fêmur pro-
fios de cerclagem ou por meio da utilização de aloenxer- ximal. A osteólise maciça causada por uma haste cimentada solta
tos com ripas ósses columelares e cabos. com fêmur proximal não passível de reconstru ção necessitou de uma
• Caso deva ser utilizado cimento para a f ixação distal, oclua o substituição do fêmur proximal. Os fragmentos femorais remanes-
canal com um tampão de PMMA ou um restritor plástico. centes foram enxertados ao redor da prótese para melhorar a
• Em uma etapa separada, cimente a haste ao fêmur dista l fixação do tecido mole e o controle sobre a perna.
removendo cuidadosamente o cimento da interface entre
o aloenxerto e o osso.
•Reforce a junção com enxertos ad iciona is de osso espon- passaram por vários procedimentos e geralmente eram clinicamente
joso. comprometidos.
•Utilize os fragmentos remanescentes do fêmur proximal
para formar um envelope vascu larizado ao redor da junção
entre aloenxerto e osso, e use fios de cerclagem adicio- CONDUÇÃO DE. DEFEITOS MACIÇOS
nais para fixá- los. COM MEGAPROTESE MODULAR

-------~
•Resseccione uma parte do trocanter maior do aloenxerto
e prepare um leito estável para a fixa ção do fragmento TÉCNICA
trocan térico.
•Utilize fios colocados anteriorm ente ou um dispositivo de (KLEIN ET AL.)
fixação trocantérica para fixar o trocanter e manter a mus-
culatura abdutora sob tensão adequada. •Remova o componente femoral anterior por meio da via
de acesso desejada. A exposição e a remoção do compo-
nente femoral são fac ilitadas pela perda óssea extrema.
A substituição do fêmur proximal foi tradicionalmente lim i- • Caso necessário, divida o fêmur no plano coronal para
tada a pacientes idosos com baixas demandas motoras, os quais agi liza r a remoção da haste.
apresentavam fêmures gravemente comprometidos e não adequados •Remova os resídu os de metal, cimento e outros materiais
para outras técnicas reconstrutivas. Próteses modulares com reves- estranhos das proximidades do fêmur.
timento poroso proximal para melhor fixação dos tecidos moles e •Exponha e inspecione o componente acetabu lar. Ele pode
dos ossos foram desenvolvidas de modo a melhorar a restauração ser mantido caso esteja bem posicionado e seja estável.
do comprimento do membro e as questões de instabilidade que Do contrá rio, revise-o conforme necessário, considerando
atrapalharam megapróteses anteriores (Fig. 3-29 e Fig. 3-17 4) . que pode ser necessário um revestimento com trava.
Em um estudo retrospecti vo bicêntrico, Parvizi et al. revi sa ram •Realize uma osteotomia femora l transversa no nível mais
48 pacientes acompanhados por um período de 3 anos. A taxa de proximal que apresente a circunferência óssea intacta.
sobrevivência do implante foi de 73% após 5 anos, com complica- • Prepare o fêmur dista l por meio de fresagem, preservando
ções em 30%. A complicação mais comum foi a instabilidade (17%). o osso esponjoso para permitir uma melhor penetração
Os resultados relativamente ruins devem ser ponderados conside- do cim ento.
rando-se as circunstâncias dessas operações em pacientes que já
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL

iâ@il;tgjllfD Osteotomia para deformidade femoral.


Um componente femoral cimentado frouxo e a osteólise
cau saram um posicionamento excessivamente em varo e
uma curvatura anterior. As próteses convencionais com
hastes longas não são capazes de acomodar a deformidade
sem fraturar o fêmur. A realização de uma osteotomia tran s-
ve rsa corrigiu a deformidade. Uma haste com revestimento
poroso extenso proporciona estabilidade axial e rotacional
excelentes na osteotomia. Não foi necessária a imobiliza-
çã o externa .

• Coloque os componentes de t este e avalie o compriment o troca nter est eja ausente, os abdu tores podem ser sutu ra-
do membro, a tensão dos tecidos moles e a estabilidade. dos ao vasto lateral ou ao t ensor da fáscia lat a.
Marqu e o f êmur distal co m um eletroca utéri o pa ra garantir •Reduza o quadril e avali e a estabilidade. Se o quadril estiver
o alinhamen t o rot acional correto na prót ese fi nal. inst ável apesa r da resta uração do com prim ento do membro,
•I nsira um restritor de ciment o no nível adeq uado e ciment e utilize um revestim ento com trava com encaixe por pressão
o componente fe moral. Cert ifique-se de que a projeção ou com cimentação dependendo do tipo de componente
proxima l da prótese esteja apoiada diretamente contra o acetabular utiliza do.
segmento femoral dist al sem a intervenção de cimento .
• Aproxime os fragmentos fe mora is prox imais do corpo
proxima l da prótese ut iliza nd o fi os ou suturas não abso r- • DEFORMIDADE FEMORAL
víveis. Com a pern a abduzida, rea lize a ref ixação do t ro- Ocasionalmente, a revisão femoral é complicada por alinhamentos
canter ma ior ao corpo proxim al util izando sut uras não angulares residuais incorretos no canal femoral de modo que próteses
absorvíveis passa nd o pelos orifícios da prótese . Caso o de revisão com borda lateral retilín ea não podem ser inseridas sem
fraturar o fêmur. Isso é mais comum quand ro uma haste cimentada
llD PARTE li PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

respiração, flexão do torn ozelo, isometria do quadríceps e do


glúteo, e rotação suave. O levantamento da perna es tendida, apesar
de benéfico após a artrop lastia total de joelho, não é útil após
artrop lastias totais de quadril. Ele frequ entem ente causa dores na
região inguinal e aplica um es tresse rotacional des necessário sob re
o componente femoral no início do período pós-operatório. Os
pacientes são instruídos a se exercitarem por alguns minutos a
cada hora que permaneçam acordados. Na maioria dos paci entes,
os drenas são removidos após 24 horas.
No 1ºdia após a operação, o paciente pode sentar-se na lateral
A B da cama ou em uma cadeira semirreclinável. A colocação de um ou
dois travesseiros no assento da cadeira ajuda a evitar flexão exces-
ifüiil;MEID Almofada triangular para manter o quadril abdu- siva. Um travesseiro adicional entre as coxas limita a abdução e a
zido e com rotação neutra. A, Visão anterior com o paciente em rotação interna.
posição supina. B, Visão posterior com o paciente em posição latera l. Os exercícios de caminhada podem geralmente começar no 1º
dia após a operação. A maioria dos pacientes idosos necessita de
andadores para proporcionar equilíbrio e estabilidade. Muitos pacien-
tes mais jovens utilizam o andador por alguns dias e passam para as
frouxa migra para uma posição em varo (Fig. 3-175). Outras causas muletas. O grau de sustentação de peso permitido para o membro
são a consolidação viciosa de fraturas e osteotomias femorais anterio- operado depende do meio de fixação dos componentes, da presença
res. Nesse caso, deve-se· reali zar uma osteotomia femoral antes da de enxertos ósseos estruturais, de fadigas no fêmur e da realização de
inserção da prótese de revisão. O local e a orientação da osteotomia osteotornias troca.ntéricas. Caso os componentes tenham sido cimen-
deve m ser planejados cuid adosamente utilizando -se referências em tados, a sustentação de peso no início do período pós-operatório é
radiografias pré-operatórias. Pode se r necessário reali zar uma osteo- permitida. Para implantes não cimentados com revestimentos
tomia para corrigir a deformidade em dois planos. A maior dificul- porosos, muitos autores recomendam sustentação limitada de peso
dade envolve a obtenção de estabilidade rotacional no local da osteo- por um período de 6 a 8 semanas enquanto outros encorajam urna
tomi a. O reforço com ripas ósseas columelares ou co m placas e fios sustentação de peso no início do período pós-operatório determin ada
de cerclagem pode ser necessári o. Implantes modul ares com revesti- pelo grau de conforto do paciente. Em uma revisão da literatura que
mento poroso extenso ou proximal e com estrias longitudinais foram aborda os implantes não cimentados e as restrições na sustentação de
utili zados com sucesso em conjunto com a osteotomia femoral. peso, Hol et ai. não descobriram efeitos adversos sobre afundamentos
ou sobre a integralização óssea quando a sustentação de peso é
irrestrita. Eles recomend aram sustentação de peso protegida ao subir
CONDUÇÃO PÓS-OPERATÓRIA escadas nas primeiras semanas após a cirurgia devido às altas cargas
DA ARTROPLASTIA TOTAL DE de torção. Nem todos os implantes e pacientes são iguais, e a decisão
deve ser tomada individualmen te de acordo com o implante e a expe-
QUADRIL riência do cirurgião. Quando o paciente for capaz de caminhar sob
supervisão urna distância suficiente para chegar ao banheiro, deve-se
Não há um programa de reabilitação pós-operatório uni versalmente permitir a utili zação do vaso sanitário com um assento elevado. Uma
aceito para artroplastias totais de quadril. As dores de quadril podem co madre pode ser utilizada inicialmente.
ser curadas com esforços limitados, mas um programa de reabilita- Exercícios de extensão do quadril são encorajados, especial-
ção bem construído acelera a recuperação dos movimentos e do mente no caso de deformidades flexionais preexistentes. O paciente
funcionamento da articu lação, diminui a claudicação e auxilia o deve passar algum tempo na posição supina diariamente, não sendo
paciente a retornar a um a vida independente. encorajada a utili zação de travesseiros sob o joelho. Os músculos
O ideal é a reabilitação começar antes da operação. Um flexores do quadril podem ser alongados flexionando-se o quadril
paciente motivado e bem informado que possua metas adequ adas oposto e mantendo o membro operado reto sobre a cama. Após
participa melhor do processo de reabilitação. Pode-se utiliza r uma alguns dias, o paciente pode iniciar a realização de exercícios em
sessão pré-operatória para ensinar os mecanismos adequados para pronação para alongar os fl exo res do quadril. O paciente pode dei-
transferências, a utili zação dos dispositivos de suporte, o modo tar- se lateralmente sobre o lado que não foi operado com um tra-
como caminhar, as precauções quanto a luxações, e o cronograma vesseiro entre as pernas.
antecipado para recuperação e alta hospitalar. Algumas sessões de instrução com um terapeuta ocupacional
No início do período pós-operatório, o quadr il deve ser posi- são de grande va lia. Pacientes qu e vivem sozinhos podem retornar
cionado com aproximadamente 15 graus de abdução enquanto o às suas vidas independentes mais cedo se forem capazes de se ves-
paciente se recupera da anestesia. Utilizamos uma almofada trian - tirem, calçarem os sapatos, pegarem objetos do chão e realizarem
gular para manter a abdução e evitar fl exões extremas (Fig. 3- 176). outras atividades diárias de modo seguro. Há muitos dispositivos
Esse aparelho de abdução auxilia o paciente a rolar para o lado simples para auxiliar tais atividades.
oposto no início do período pós-operatório, mas limita em certo O paciente pode receber alta do hospital quando for capaz de
grau os movimentos indepe ndentes. As alças utili zadas para fixar levan tar-se e deitar-se sozinho, caminhar sobre superfícies planas e
esse triângulo ao membro devem ser posicionadas cu idadosamente subir alguns degraus de escada. São úteis instruções impressas revi-
para evitar pressionamento indevido do nervo fibu lar. sa ndo o programa de exe rcícios a se r seguido em casa e contendo
Caso o desconforto do paciente e a recuperação da anestesia preca uções para evitar lu xações. Elas devem ser complementadas
perm itam, exercícios na cama e mobili zação limitada podem ser com instruções específicas do cirurgião sobre quaisquer posições de
iniciados na tard e após a cirurgia. São realizados os exe rcícios de instabilidade particulares observadas durante a operação.
CAPÍTULO 3 ARTROPLASTIA DO QUADRIL Glll
As iniciativas para controlar o custo da artroplastia total de então. Deve-se reali zar radiografias rotineiras com intervalos de 1 a
quadril levaram ao encurtamento da internação hospitalar, sendo 2 anos para comparação com radiografias anteriores de modo a
que muitos pacientes estão prontos para receber alta 1 ou 2 dias após descobrir sinais de afrouxamento, migração, desgaste e falha do
a cirurgia. Pacientes com envolvimento de várias articulações, debi- implante. O acompanhamento regular é essencial, pois solturas, des-
lidade preexistente ou ou tros fatores limitantes podem necessitar de gastes e osteólises podem ocorrer na ausência de sintomas clínicos,
um período de internação adicional em um centro de reabilitação sendo que o procedimento de revisão torna -se mais difícil se o
antes de retornarem de modo segura às suas vidas independentes. diagnóstico for protelado até o aparecimento de sintomas.
Protocolos construídos cuidadosamente quanto ao regime de exer-
cícios, às precauções de deslocamento, à cond uta médica e à anti-
coagulação facilitam a transferência entre duas instalações. REFERENCIAS
Durante as primeiras 6 semanas após a operação, os pacientes
são instruídos a utilizar um assento elevado no vaso sanitário e a REFERÊNCIAS GERAIS
colocar dois travesseiros convencionais entre os joelhos ao se deita-
rem sobre o lado que não foi operado. Banhos em chuveiro são Berend ME, Thong AE, Fa ri s GW, et ai: Total joint arthroplasty in the ex tre-
permitidos quando a cicatrização das incisões é satisfatória. Banhos mely elderly : hip and kn ee arthroplasty after entering the 89th year of
em banheiras são permitidos apenas se for colocada um a banqueta li fe, f Arthroplasty 18:8 17, 2003.
Gross AE, Goodman S: The current role of structural grafts and cages in
dentro da banheira. São necessários tapetes de borracha e um cor-
revision arthroplasty of the hip, Clin Orthap Relat Res 429:193, 2004.
rimão. A atividade sexual pode ser retomada em posição supina.
Hashemi-Nejad A, Haddad FS, Tong KM, et ai: Does Chiari osteotomy com-
O paciente deve retornar para w11a consulta ambulatorial aproxi- promise subsequent total hip arthroplasty, f Arthroplasty 17:731 , 2002.
madamente 2 semanas após a cirurgia, momento em que são feitas Khanuja HS, Vaki l Jj, Goddard MS, Mont MA: Cementless femoral fixation
radiografias. Se o procedimento realizado foi uma artroplastia primária in total hip arthroplasty, f Bane Jaint Surg 93A:500, 2011.
sem complicações, o paciente pode interromper o uso de muletas e Mahomed NN, Barrett JA, Katz JN, et ai: Rates and outcomes of primary and
iniciar a utilização de uma bengala quando sua força e equil íbrio per- rev ision total hip replaceme nt in the United States Medicare population,
mitirem. O momento ideal para essa transição deve ser determinado f Bane faint Surg 85A:27, 2003.
pelo paciente em conj w1to com seu fisioterapeuta. Caso tenham sido Mardon es R, Pagnano NW, Nemanich )P, et ai: The Frank Stinchfield
necessários enxertos ósseos estruturais ou se o procedimento realizado Award: muscle damage after total hip arthroplasty done with the two-
-incisio n and mini -posterior techniques, Clin Orthap Relat Res 441:63,
tenha sido uma revisão, o uso de muletas deve continuar por 3 meses
2005.
ou mais, dependendo das evidências radiográficas de incorporação dos
McWi lli ams TG, Binns MS: The timing of femoral component insertion in
enxertos. Nós encorajamos a utilização de bengalas até que não haja
cemented hip arthroplasty, f Arthraplasty 18:51 , 2003.
mais dores ou claudicação. Em pacientes que passaram por procedi- Mueller LA, Kress A, Nowa k T, et ai : Periacetabular bone changes after
mentos de revisão, o uso contínuo da bengala é aconselhável. Exercícios un cemen ted total hip arthroplasty evaluated by quantitative comp uted
de fortalecimento da musculatura abdutora ajudam a eliminar a clau- tomography, Acta Orthop 77:380, 2006.
dicação. Exercícios de alongamento devem ser mantidos até que o Muell er LA, Sc hmidt R, Eh rrnann C, et ai: Modes of periacetabular load
paciente seja capaz de alcançar o pé. O modo correto de calçar meias e transfer to cortica l and ca ncellous bone after cemented versus unce-
sapatos é colocando o tornozelo do membro operado sobre o joelho men ted total hip arthroplasty: a prospective study using computed
oposto. Os pacientes com procedimentos realizados no quadril esquerdo tomog raphy-ass isted osteodensitometry, J Ortap Res 27: 176, 2009.
geralmente podem voltar a dirigir após um período de 4 a 8 semanas. Ogonda L, Wilson R, Archbold P, et ai: A minimal incision technique in
total hip arthroplasty does not improve early postoperative outcomes: a
Essa decisão deve ser específica para cada paciente, dependendo da
prospective, randorni zed, controlled triai, f Bane faint Surg 87 A:701,
força, do grau de controle da perna e do tempo de reação.
2005.
Análises de caminhada e dados de placas de pressão sugerem Pagnano MW, Leone ], Lewallen DG, et ai: Two-incis ion THA had modest
que a recuperação da força da musculatura do quadril é um processo outcomes and some substantial complications, Clin Orthap Relat Res
prolongado. Foucher et ai. relataram fraqueza persistente da muscu- 441 :86, 2005.
latura abdutora em dois grupos de pacientes 1 ano após a operação, Parvizi), Burmeister H, Ganz R: Previo us Bernese periacetabular osteotomy
defendendo a necessidade de um regime prolongado de exercícios does not compromise th e results of total hip arthroplasty, Clin Orthap
supervisionados. Relat Res 423:11 8, 2004.
Muitos pacientes com ocupações sedentárias podem voltar ao Pitto RP, Hamer H, Fabian i R, et ai: Prophylaxis against fat and bone-marrow
trabalho após um período de 6 semanas. Após 3 meses, muitos embolism during tota l hip arthroplasty reduces the incidence of posto -
pacientes podem retornar aos trabalhos que requerem levantamento perat ive deep-vein thrornbosis: a con trolled, randomized clinicai triai,
de peso e esforço limitado. Nós não encorajamos que os pacientes J Bane faint Surg 84A:39, 2002.
Schinsky MF, Nercessian OA, Arons RR, et ai: Comparison of complications
retornem aos trabalhos físicos após artroplastias totais de quadril.
after transtrochanteric and posterolateral approaches for primary total
Atividades físicas limitadas são permitidas. Atividades como
hip arthroplasty, f Arthraplasty 18:430, 2003.
natação, ciclismo e golfe são aceitáveis. Corridas, esportes com Weeden SH , Paprosky WG, Bowling JW: The early dislocation rate in prima ry
raquetes e outras atividades com impactos repetitivos ou posiciona- tota l hip arthroplasty fo ll ow ing the posterior approach with posterior
mentos extremos do quadril não são aco nselháveis, e os pacientes soft-tissue repair, J Arthraplasty 18:709, 2003.
devem ser alertados que tais atividades aumentam o risco de falha Yamaguchi MD, Naito M, Asayarna I, et ai: The effect of posterolateral
da artroplastia. ·Após a artroplastia, a condição cardiovascular do reconstruction on range of moti011 and muscle strength in total hip
paciente geralmente melhora. Ries et ai. descobriram melhorias sig- arth roplasty, J Arthroplasty 18:347, 2003.
nificativas quanto à duração do exercício, à carga máxima e ao
consum o máximo de oxigênio em pacientes que passaram por artro- BIOMECÂNICA E MATERIAIS
plastias de quadril em comparação a controles. Al-Saffar N : Early clinicai failure of total joint replacement in association
Consultas de acompanhamento devem ser reali zadas após 3 with follicular proliferation of B-lymphocytes: a report of two cases,
meses, 6 meses e 1 ano, sendo realizadas periodicamente a partir de f Bane Jaint Surg 84A:2270, 2002.
- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADU LTOS

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- PARTE li PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE QUADRIL EM ADULTOS

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SELEÇÃO DE PACIENTES 311 PLANIFIC~ÇÃO E TÉCNICA 313
RESULTADOS 311 AVALIAÇA,O
RADIOGRAFICA
MANEJO PRÉ-OPERATÓRIA 312
PÓS-OPERATÓRIO 312

O co nceito de recapeamento do quadril não é novo. Nos anos 1970, SELEÇÃO DE PACIENTES
Caland ruccio tinha experiência com a substituição total articular do
quadril usando conchas excêntricas (THARIES - em inglês, Total O paciente ideal para um recapeamento do quadril ainda é motivo
Hip Articular Replacement by Internai Exccentric Shells), que consis- de discussão, mas, atualmente, limitamos o recapeamento do quadril
tia em um componente acetabular todo em polietil eno e um capa- a homens ativos de até 60 anos, com osteoa.rtrose ou artrose pós-traumá-
cete femoral de metal. Ambos os componentes eram cimentados; no tica. A anatomia do fêmur proximal quase normal é necessária para
en tanto, devido ao componente fe moral ser tão grande quanto uma fornecer o substrato ósseo satisfatório para a fixação do implante.
cabeça femoral normal, o osso acetabular tinha de ser sacrificado. O recapeamento do quadril pode ser mais benéfico para trabalha-
Ao mes mo tempo, o desenho da cúpula de polietileno era muito fino dores braçais, homens que precisam se agachar, o que gera.lrnente não é
e as fa lhas aconteciam primariamente no lado acetabul ar do quadril. permitido após a artroplastia total do quadril convenciona.!. Também o
O THARIES foi abandonado na metade dos anos 1980, em favor da paciente bem-informado cujas atividades de lazer- corrida, por exemplo
artroplastia total do quadril com cabeças femora is menores e com- - fazem da artroplastia do quadril convencional urna escolha inaceitável
ponentes acetabulares mais grossos. Apesar dessas primeiras falhas pode ser LUTI bom candidato para um procedimento de recapeamento.
com o recapeamento do quadril, o apelo de um qu adril mais apro- Raramente cogitamos o recapeame nto em mulheres porque há
priado para pacientes mais jove ns e ativos persistia. Era também um risco maior de fra tura do colo do fêm ur em mulheres, tanto logo
atraente o conceito da preservação óssea no fê mur proximal, que após a cirurgia quanto em longo prazo, anos depois. Os tamanhos
podia reconstruir uma articulação dolorida e, ao mesmo tempo, menores de cabeça femoral ( < 50 mm) estão associados com altos
preservava a anatomia e biomecânica próprias do paciente. O com- níveis de íons de metal no sangue, e as mulheres podem ter urna
primento do membro e o ojJ set não são alterados com o recapea- maior incidência de alergia a metais do qu e os homens.
mento, e o osso femoral proximal do próp rio paciente é preservado. Os pacientes com osteonecrose ou grandes cistos na cabeça
Além do mais, com o recapeamento, se uma revisão (especialmente femoral podem ou não ser candidatos para o recapeamento, com base
do comp onente femoral) fosse necessária, se ri a co mo fazer um a no quanto de cabeça femoral intacta permanece viável após contor-
artrop lastia total do quadril primária. nar-se a cabeça para o componente do recapeamento. Com o reg ra,
As artroplastias totais do quadril com me tal sobre metal três quartos da cabeça femoral devem permanecer intactos após o
tinham sido usadas na Europa por muitos anos, mas não eram contorno da cabeça. Há uma incidência maior de falha secundária à
normalmente aceitas nos Estados Unidos. As ar troplastias totais de soltura do compon ente femoral em pacientes com osteonecrose.
Mckee- Farrar e Ring com superfícies de metal sobre metal foram Devido à ocorrência de fratura do colo do fêmur ter sido
observadas por muitos anos em Birmingham , Inglaterra, por info rmada em 1% dos casos no Registro Australiano, a qu alidade
McMinn e por Treacy. McMinn combin ou a teo ri a do recapeamento óssea deve se r levada em conta antes de se fazer o recapeamento do
do quadril com a tecnologia dos implantes de metal sobre metal para quadril; os pacientes com osteoporose não devem ser considerados
reintroduzir o recapeamento de quadril moderno nos anos 1990. ca ndidatos para este tipo de procedimento.
Já que os problemas com os primeiros recapeamentos eram os
componentes acetabu.lares de polietileno finos e a perda do estoque
ósseo acetabular, estes problemas foram eliminados pelos componen- RESULTADOS
tes acetabulares sólidos de metal do tipo não cimentado. Para se con-
seguir taxas aceitavelmente baixas de desgaste foi necessário ter atenção Em 20 10, os resultados de acompanhamento de 12.093 recapeamen-
em manter altos níveis de moléculas de carb onetos similares ao dia- tos do quadril do Reg istro Nacional de Artroplastias da Australian
mante. Isto exige uma técnica de fabricação exata que necessita de Orthopaedic Association (AOAN JRR, Australian Orthopaedic
microesferas a serem moldadas atrás do componente acetabular em Association Nati onal Joint Replacement Registry) foram publicados.
vez de sinterizadas no lugar, a técnica de fabr icação que é mais usual. Foi relatado que após 8 anos a taxa de revisão cumulativa para todos
Além disso, o desgaste é diminuído ao serem produzidas tolerâncias os pacientes e implantes era de 5,3%, em comp aração com 4,0% para
no limite de 2 rnícrons e dureza substanci al do implante, de modo a artroplastias totais do quadril. No entanto, em pacientes com tama-
evitar a deform ação dos componentes durante a implantação. nhos de cabeça femoral de 50 mm ou mais, com até 55 anos e

311
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

H@il;@llm A e B, Incidências pré-operatórias de cabeça e colo femoral antes da


planificação.

osteoartrose, a taxa de revisão era de 3,0%. Os pacientes com dis- de atividade mais norm al do qu e os pacientes de substituições de
plas ia do quadril e dese nhos de qu adril diferentes do Birmingham quadril tradicionais, em nossa clínica. Devido ao risco de luxação
Hip também tiveram elevação nas taxas de revisão. Em nossa série se r desprezível (0,3% segund o o Registro Australi ano) , não são
de mais de 150 Birmingham Hips, até agora não tivemos revisões usados travesseiros de abd ução, e os pacientes não precisam seguir
(acompa nh amen to máximo de 6 an os) . restrições de amplitude de movimento do quadril. O paciente é
O problema de hipersensibilidade a metais e o desenvolvimento mobilizado em atividades de baixo im pacto muito rapidamente. A
de reações tissulares locais desencorajaram muitas pessoas a se decidi- maioria dos pacientes vo lta a ter um alto nível de atividade em 2
rem por recapeamento do quadril. Até agora não vimos essas reações a 3 sem anas.
nos quadris após o recapeamento em nossa prática, mas continuamos Nos primeiros 6 meses após a cirurgia, encoraja-se que o
alertas para seu desenvolvimento. Parece que essas reações podem estar paciente reali ze atividades de baixo impac to, tais como caminhar,
associadas com certos dese nhos de implante com os quais não temos nadar e andar de bicicleta. Isto dá ao osso acetabular uma boa
experiência. É mais provável que oco rram com artroplastias totais de chance de completa e es tável osteoi ntegração e permite que o colo
quadril com metal sobre metal, do que com recapeamento do quadril. femora l se remodele após o trauma da cirurgia. Após isto, os pacien -
Com artroplastias do quadril com metal sobre metal, observa-se wna tes são liberados para at ividades plenas, como correr, jogar futebol
maior corrosão no cone Morris da junção cabeça/ haste que na parte e esq ui ar. Eles devem se r informados, é claro, que estas atividades
interna da superfície de deslizamento do quadril. acarretam um alto risco de frat uras (fraturas agudas e por estresse);
A displasia acetabular associa-se também com a falha prematura. os riscos de ocorrerem tais lesões devem ser pesados no que di z
Isto pode acontecer porque o componente acetabular é fixado em wna respeito à satisfação em reali zar estas atividades.
posição mais "abertà' ou abduzida nesses pacientes. Sabe-se que essa
posição do acetábulo aumenta o desgaste na extremidade lateral do
componente acetabuJar em contato com a cabeça de metal do compo- PLANIFIC~ÇÃO E AYALIAÇÃQ
nente femoral. Por essa razão, os pacientes com deficiências acetabula- RADIOGRAFICA PRE-OPERATORIA
res ou displasia devem ser submetidos ao recapeamento com uma
cúpul a especifica para "displasià: em uma posição mais horizontal e Da mes ma forma que co m todas as cirurgias de artroplastia do
com o uso de parafusos (descrito adi ante) para suplementar a fixação. quadril, planificação, avaliação radiográfica e planejamento pré-ope-
Outras complicações ori ginadas de trombose ve nosa pro- ratórios são críticos para o sucesso. Se a anatomia de um paciente
fund a, embolias pulmonares, ossificações heterotópicas e lesões tiver sido distorcida por um a cirurgia, lesão ou deformidade prévia,
int raoperatórias de nervos ou vasos parecem ser comparáveis ele pode não ser um candi dato ao recapeamento do quadril. A qua-
àquelas causadas pela artrop last ia total do quadril. lidade óssea da cabeça e colo femorais deve ser normal, e não deve
haver mais do que de 25% a 30% da cabeça envolvida com necrose
avascular ou formação de cistos vistos nas radiografias. Se o colo
MANEJO PÓS-OPERATÓRIO femoral for au mentado pela remodelação, pode não haver uma deli -
neação clara en tre a cabeça e o colo, com a cabeça sendo maior do
Os pac ientes qu e passa ram pelo recapeamento do quadril em vez que o colo (Fig. 4- 1). Se o colo e a cabeça tiverem a mes ma largura,
da art rop last ia têm um a recuperação bem mai s rápida até um nível especialmente ao longo do colo superior, co nform e visto em um a
CAPÍTULO 4 RECAPEAMENTO DO QUADRIL

Cúpula de recapeamento 10
20
de 60 mm-
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
A 200

h@lhfti ~ Planifica ção do componente femora l. A medição será usada no intraoperatório para medir o ângulo de
valgo.

radiografia anteroposterior, então remover uma quantidade de osso


da cabeça trará o risco de entalhe ao colo femoral e, assim, o risco cabeça femoral é removida durante a artroplastia total
de fratura do colo. do quadril, o que ajuda bastante na exposição.
O primeiro passo da planificação é medir o tamanho do com- •Faça uma incisão de pele curva sobre o grande trocânter,
ponente femoral. Um template é colocado sobre a rad iografia do angu lando a porção proximal posteriormente, em direção
fêmur proximal. A largura da abert ura do componente femoral deve a espinha ilíaca posterossuperior (Fig. 4-3A). Leve a
ser maior do que o colo do fêmur em 2 a 4 mm, no total. Se não o in cisão pelo centro do grande trocâ nter e então distal-
for, o template imediatamente maior deve ser usado. Então, o eixo mente sobre a diáfise do fêmur para terminar na inserção
central do implante é alinhado com o centro do colo femoral na do glúteo máximo na linha áspera.
radiografia. A linha do topo do grande trocânter até onde a linha no •Divida o tecido subcutâneo em um plano único sobre a
template cruza a cortical lateral é medida e documentada (Fig. fásc ia do glúteo máximo proximalmente e a fáscia da
4-2A). Essa distância será usada ao medir o ângulo de valgo do banda iliotibi al distalmente. Faça uma incisão longitudinal
implante no intraoperatório (Fig. 4-2B). sobre o terço de médio a posterior da fáscia sobre o
grande trocânter e a estenda distalmente sobre a diáfise
do fêmur. Estenda a porção proximal da incisão ao longo
TÉCNICA da f in a fáscia sobre o glúteo máximo na mesma direção
da incisão da pele. Promova uma divulsão romba das
fibras do músculo glúteo máximo, tomando cuidado para
RECAPEAMENTO DO QUADRIL EM encontrar e cauterizar qualquer sangramento.
POSIÇÃO POSTEROLATERAL • Desinsira o tendão do glúteo máximo da linha áspera
para maxi mizar a rotação interna do fêmu r, de maneira
~
TÉCNICA a fornecer uma exposição satisfatória do fêmur proximal
"---~~~~~~~--~
e da ca beça femora l. Se o glúteo máximo não for libe-
• Posicione o paciente na posição lateral com o quadril rado, o nervo ciático pode sofrer o risco de compressão
afetado para cim a. Estabil ize a pelve com um clampe no momento da preparação da cabeça femoral. Coloque
pélvico ou posicionador, com a pelve orientada de maneira uma pinça hemostática sob o tendão do glúteo máximo
reta acima e abaixo. Se a pelve estiver inclinada para a enquanto este é sepa rado, para evitar danificar ramos da
frente, o componente acetabular pode ser colocado em artéria circunflexa femoral medial e da primeira artéria
retroversão; e se estiver inclinada para trás, o componente perfurante. Deixe 1 cm de tendão ligado à linha áspera
acetabular pode ser colocado em anteversão excessiva. e à diáfise do fêmur para reparo posterior.
•Abra amplamente o plano fasc ial recém-cortado usando
um afastador de Charnley ou autoestático. A porção
ABORDAGEM E EXPOSIÇÃO posterior do grande trocânter e o glúteo médio devem
•Para fazer o recapeamento do quadril, uma exposição ser fac ilmente vistos. Remova a bursa trocantérica.
amp la é necessária, de modo a permitir a visualização •Retraia o músculo e o tendão do glúteo médio anterior-
do acetábulo, e, mais tarde, durante o procedimento, mente. Um instrumento em forma de gancho, como
manter a cabeça femoral visíve l em toda a sua superfície. por exemp lo um afastador de Hibbs, é útil. Sob o
Portanto, devem-se segu ir alguns passos, para se chegar g lúteo médio localiza-se o piriforme, o qual é exposto.
à exposição, que não são normalmente usados na cirur- Identifiqu e o tendão do piriforme com uma sutura, e
gia de artroplastia total do quadril. Obviamente, a então solte -o do fêmur. Aba ixo e anter ior ao tendão )
11119 PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

e D

E F

H@lhMm9 Procedimento de recapeamento do quadril. A, Incisão cutânea para abordagem posterolateral ao quadril. B, Dissecção
completa das partes moles. C, Cápsula anterior dividida no trajeto da bainha do tend ão do psoas. D, Medição do diâmetro do colo
femoral. E, Fêmur bem afastado anteriormente para permitir o acesso ao acetábulo . F, Cúpula de teste usada para determinar o posi-
cionamento correto do implante.
CAPÍTULO 4 RECAPEAM ENTO DO QUADRIL cm

lâ@ll;tj&i;.J,i G, Osteófitos removidos posteroinferior-


mente e anteroinferiormente. H e 1, Posicionamento da cúpula na
abdu çã o e anteversão usando a planificação pré-operatória (J)
para determinar o ângulo de valgo correto . K, Componente ace-
tabular totalmente impactado em anteversão de 1O a 20 graus e
K abdução de 35 a 45 graus. VEJA A TÉCNICA 4-1.
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

) Com
do piriforme estão as fibras muscu lares do glúteo mínimo.
um elevador, levante o glúteo médio para fora da
cápsula do quadril completamente . Toda a cápsula do
• Uma vez que a bolsa tenha sido criada, desloque a cabeça
femoral para dentro da bolsa sob os músculos glúteos e
a afaste com um afastador de Hohmann afiado e estreito,
quadril deve ser exposta superiormente. O uso de um inserido para dentro do ílio superior ao acetábulo e
afastador cabeça de cobra estreito ajuda a ver esta área, repousando no colo femoral (Fig. 4-3E) Pinos adicionais
quando colocado sob o glúteo mínimo e o glúteo méd io. podem ser inseridos dentro do íli o e do ísqu io para auxi li ar
• Exponha o plano distalmente entre a cápsula e os mús- a exposição acetabu lar. Um afastador também é posicio-
culos rotadores externos curtos. Libere os músculos rota- nado inferiormente para expor o ligamento transverso
dores externos curtos do fêmur, inclusive o quadrado acetabular. Faça uma incisão para excisar o lábrum .
femora l, distalmente. Coagule os vasos nesta área. • Frese o acetábulo media imente através da incisura coti -
• A cápsula do quadri l agora se encontra completamente loidea do acetábu lo até a pa rede medial. Tome cuidado
exposta posterior, superior e inferiormente. O trocânter pa ra não fresa r através da pa rede med ial. Uma vez med ia-
menor também encontra-se visível. Com o quadril em lizado, as fresas são usadas para expandir o osso acetabular
rotação interna, faça uma incisão na cápsula circunferen- até o tamanho desejado. O acetábulo geralmente deve
cialmente, deixando pelo menos 1 cm da cápsula ainda ser fresado em 1 mm a menos que o tamanho do com-
conectado ao colo femoral. Este centímetro de cápsula ponente desejado. Use o componente acetabular de teste
será posteriormente usado para reparar novamente a para ava liar a estabilidade em potencia l do componente.
cápsula, além de fornecer proteção aos vasos intraósseos Os componentes de teste no Sistema de Recapeamento
necessários para manter a vascularização do colo femoral. tipo Birmingham Hip são 1 mm menores do que os implan-
•Faça duas incisões radiais na cápsu la posterior para criar tes correspondentes, para fornecer um ajuste ma is f irme
uma aba capsular posterior. Isto ajuda no afastamento e do componente definit ivo. Impacte o teste no acetábulo
depois no reparo (Fig . 4-3B). com um martelo, e faça a excisão dos osteófitos para a
• Desloque a cabeça femoral e execute uma capsulotomia inserção desobstruída da cúpu la (Fig . 4-3F e G). Se o teste
anterior completa com uma tesoura afiada. A porção inferior deste tamanho estiver apertado, o implante acetabu lar
da cápsula é vista ao se estender e rodar internamente o do mesmo tamanho é selecionado. Se o teste estiver solto,
fêmur. O tendão do psoas fica exposto no trocânter menor, o acetábu lo pode ser alargado em mais 1 ou 2 mm até
e a cápsula é isolada logo na frente do tendão do psoas. o próximo tamanho de componente acetabu lar que cor-
Enquanto mantém a tesoura imediatamente posterior ao responda ao tamanho apropriado de cabeça femoral. Há
tendão do psoas, incise a cápsula, de inferior para superior dois tamanhos de acetábu lo por tamanho de cabeça
(Fig. 4-3C). Mantenha o fêmur em rotação interna e apl ique femoral disponível. O teste deve ser usado pa ra o tamanho
tração anterior com um gancho ósseo no trocânter menor. de cúpula maior; se for apertado, esta cúpula deverá ser
• Realize a porção proximal da capsulotomia fletindo o selecionada. Marque a borda do teste com eletrocautério
fêmur 90 graus e mantendo um afastador cabeça de cobra dentro do acetábulo para prever a profundidade do
estreito sob os músculos glúteos. Incise a cápsula com uma implante, quando inserido.
tesou ra afiada enquanto roda o fêmu r internamente pa ra • É crítico para o sucesso de longo prazo do quadril que a
além de 100 graus. Se não for realizada uma capsu lotom ia orientação do componente acetabu lar seja feita correta-
completa, a exposição do fêmur fica comprometida. mente. Implante o componente acetabu lar em 1O a 20
• Meça o colo femoral de superior a inferior, sua dimensão graus de anteversão e em 35 a 45 graus de abdução (Fig .
mais longa (Fig. 4-30). O Birmingham Hip vem com cabeças 4-3H-J) . Se aceitar mais de 50 graus de abdução ou mais de
em incrementos de 2 mm. A ferramenta de medição deve 25 graus de anteversão, o componente da cabeça femoral
se encaixar com fo lga no colo femora l para evitar uma de metal pode estar sujeito a desgaste na borda e associado
subestimativa do tamanho do componente femoral, o que com produção acelerada de debris e íons de meta l.
poderia causar entalhes ao colo femoral . Os entalhes do colo • Para inserir corretamente a cúpula acetabular, empurre a
do fêmur podem enfraquecer o colo, causando a predispo- ferramenta de inserção contra a porção inferior da ferida
sição de fratura pós-operatória precoce. Se houver dúvidas, (Fig. 4-3K). A marca feita no interior da parede acetabular
escolha o tamanho imediatamente maior do componente enquanto o teste estava colocado é usada pa ra ju lgar se
da cabeça femora l. o componente acetabu lar está completamente assentado
• Uma vez que se saiba o tamanho do componente femoral, (não há furos na cúpula). Remova os osteófitos periace-
sabe-se também o tamanho do componente acetabular, tabulares até a borda da cúpula.
pois o componente acetabular combina com componen-
tes de 6 ou 8 mm maiores que o componente femoral. CÚPULA PARA DISPLASIA
Assim, se a cabeça femora l mede 52 mm, o componente •A cúpu la para displasia é usada quando há disp lasia ace-
acetabu lar precisará ser de 58 ou 60 mm. Isso significa tabular significativa ou erosão lateral ou superior da borda
(neste caso) que o acetábulo precisará ser fresado para do acetábulo. O Sistema de Recapeamento tipo Birmin-
57 ou 59 mm, respectivamente. gham Hip inclui uma cúpula de displasia que é apenas 3
• A chave para expor o acetábulo é deslocar a cabeça mm maior do que o componente femora l e tem dois ori-
femora l para fora do caminho anterior e superior- fícios externos para parafusos na borda da cúpula para a
mente . Crie uma bo lsa anterossuperior grande o sufi- f ixação superior e posterior (Fig. 4-4A) . A preparação e o
ciente para a cabeça femoral sob os músculos glúteos posicionamento da cúpula são os mesmos. Fure os orifícios
e sobre o ílio. Isto é feito dissecando-se precisamente para os parafusos usando um guia para broca através dos
os tec idos moles do osso do ílio , incluindo a cápsu la e orifícios rosqueados na borda da cúpula. Os parafusos
tendões do reto femora l a partir do lábio acetabu lar devem ser rosqueados nos orifícios da cúpu la e então no
superior e da espinha ilíaca anteroinferior. osso ilíaco acima ou posterior ao acetábu lo (Fig 4-4B) .
CAPÍTULO 4 RECAPEAMENTO DO QUADRIL

A B

e
h!§il;hJE19 A, Cúpula para displasia. B, Inserção de parafuso. C, Dist ância da ponta do trocânter ao ponto na cortical lateral conforme
visto durante a planificação. Ponto marcado com eletrocautério para então alinhar a haste em varo ou em valgo. VEJA A TÉCNICA 4-1.

•A atenção agora é vo ltada ao fêmur. Coloque uma RECAPEAMENTO DA CABEÇA FEMORAL


comp ressa limpa no acetábulo pa ra protegê-lo. A plani- •Para recapear a cabeça femoral, rode o fê mu r interna-
ficação criada nas rad iografias antes da cirurgia mostra mente muito mais do que o necessário para real izar uma
uma li nha traçada sobre a diáfise latera l do fêmur pro- artrop lastia total do quadri l. Com a liberação das partes
ximal que, quando continuada para cima sobre o colo moles, que já foi discutida, isto pode ser fe ito com segu-
femoral, corresponde à orientação em valgo correta do rança, ainda que a posição possa ser extrema e mais força
componente femoral em seu trajeto que será inserido do que o usual seja necessário. O receio de fratura
dentro do meio do co lo femoral. Esta linh a, no po nto femora l não deve ser grande, no entanto, porque os
da inte rseção com a diáfise latera l do fêmur, gera lm en te recapeamentos do quadril devem ser f eitos apenas em
se al inha com um ponto no trocânter menor mediai- pacientes com boa qual idade óssea.
mente. A medida da ponta do grande t rocânter até •Flexione o fêmur entre 80 a 90 graus e então gire-o
onde a linha cruza com a diáfise lateral do fêmur cor- internamente entre 120 e 150 graus para expor a cabeça
responde à medida tomada durante a cirurgia. No femoral e o colo circunferencia lmente. A porção anterior
momento da cirurgia, use uma agulha espinal para da cabeça é mais difícil de expor. Um afastador entre a
encontrar a ponta do trocânter menor e então medir cúpula acetabular e o fêmur proximal, levantando o
distalmente até um ponto na cortical femoral lateral, e fêmur para fora da ferida, pode ajudar.
marque-o com um cautério (Fi g. 4-4C). Este ponto será •Com a cabeça femoral e o colo expostos, remova os
então uma referência para ajudar a orienta r o compo - osteófitos periarticu lares, tomando cu idado para não
nente femoral em um ali nhamento va lg o co rreto. vio lar o osso do colo femoral. Um a pinça Kerrison pode )
llllD PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS
) ser útil anteriormente. Tome cuidado para não descolar
as partes moles do colo femoral, que contêm vasos for-
colocação dos pinos. O gabarito com o qual temos mais
experiência tem um formato de clampe, que tem duas
necendo sangue à cabeça femoral. pernas que se prendem em volta do colo femoral superior
• Coloque um pino-guia abaixo, no centro da cabeça e inferiormente. Coloque uma haste-guia longa poste-
femoral. Há dois gabaritos projetados para auxiliar a riormente sobre o colo femoral para orientar o gabarito

A B

D E

iâ[dll;f4rJ:9 A, Haste-gu ia longa colocada posteriormente sobre o colo femoral para orientar o gabarito na posição em valgo. B,
Pino-guia visto do lado medial do colo. C, Fio-guia inserido na posição desejada. D, Medição circunferencia l tomada para garantir que
o tamanho da cabeça não impacte o colo femoral. E e F, Fresagem da cabeça femoral.
CAPÍTULO 4 RECAPEAMENTO DO QUADRIL cm

F G

\
H J

O@ll;fgH)pg.!,I G-1, A cabeça é fresada até uma linha, após a medição de quanto a cabeça femoral precisa ser fresada. J, Cabeça
femoral modelada para se ajustar à geometria do componente de cabeça femoral. VEJA A TÉCNICA 4-1.

em uma posição em valgo (Fig. 4-5A). A ponta lateral da ele não está colocado em retroversão (Fig. 4-SB). A posição
haste-guia deve se alinhar com o ponto marcado na cortical do pino-guia deve ser completamente avaliada por sua
femoral lateral e sua marca nas partes moles deve ser feita orientação no colo femoral e não na cabeça femoral. O pino
após a medição de baixo, começando do grande trocãnter. geralmente é colocado superior à fóvea, mas, com o des-
Isto garante a colocação do pino através do centro do colo gaste, a cabeça pode ser deformada.
femoral no alinhamento em valgo correto. Observe o pino- •Uma vez que o pino-guia esteja inserido até o meio
guia a partir do lado medial do colo para ter certeza de que do colo femoral nos planos anteroposterior e lateral, )
. , PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

\
A B

O@ll;@ ~ A, Orifícios de fi xação do cimento perfurados. B, Fresagem da ca beça e co lo femoral. C, Cimento injetado no compo-
nente femo ral. D, Componente cimentado à cabeça fem oral. VEJA A TÉCNICA 4-1.

use uma fresa can ulada para fresar por cima do pino. • Meça para ver o quanto acima da linha de junção cabeça-colo
)
Remova o pino e co loque uma haste-guia de fresamento a cabeça precisa ser ressecada (Fig. 4-5F), e frese a cabeça até
maior no orifício do colo e cabeça. Faça as medições essa linha (Fig. 4-5G e H). Uma fresa chanfrada do tamanho
circunferencia is com um calibrador de medidas para correto é usada para finalizar o formato da cabeça femoral
ter certeza de que o tamanho de cabeça femoral sele- para ajustá-la à geometria do interior do componente da
cionado não irá impactar no colo femora l, especialmente cabeça femora l (Fig. 4-51). Remova a haste de fresagem.
latera l e su periormente (Fig. 4-5C). Uma vez que isto • Perfure orifícios de fixação do cimento de pequenos a
tenha sido confirmado, frese a cabeça femora l circun- méd ios na cabeça femora l em torno do chanfro e da
ferenc ialmente com a fresa de tamanho correto (Fig. ponta da cabeça (Fig . 4-6A). Frese o orifício na cabeça e
4-50 e E). Proteja o colo femoral de impacto com a colo femoral para um tamanho maior com a fresa de colo
ferramenta de medição . e cabeça femoral apropriada (Fig . 4-68).
CAPÍTULO 4 RECAPEAMENTO DO QUADRIL -

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INDICAÇÕES E TÉCNICAS 325 ARTROPLASTIA TOTAL DO
RESULTADOS 325 QUADRIL APÓS A ARTRODESE
DO QUADRIL 331

A primeira artrodese bem-sucedida do quadril foi relatada em 1894, Os resultados funcionais bons ou excelentes foram relatados
e desde então uma variedade de técn icas para artrodese do quadril fo i com a artrodese do quadril, mas dor lombar, deambulação limitada
descrita. Os procedimentos iniciais foram intra-articulares e a imobi- e disfu nção sexual foram observadas. A importância da seleção cui-
lização pós-operatória extensiva, necessária. Mais tarde, a artrodese dadosa do paciente não pode ser enfatizada de forma exagerada.
extra-articular utilizando enxertos ósseos iliofemorais foi introduzida, A fusão do quadril aumenta o estresse na coluna lombar, quadril
assim como a osteotomia subtrocantérica para melhorar as taxas de contralateral e joelho ipsolateral e exige um maior gasto de energia
fusão, removendo a força perturbadora do longo braço de alavanca para a deambulação; a fusão do quadril provavelmente deve ser feita
do fêmur no quadril. A fixação intern a foi introduzida por Watson- apenas em pacientes jovens e sa udáve is sob os demais aspectos.
Jones et ai. nos anos 1930 e melhoradas por Charnley; entretanto, estes Os pacientes selecionados de forma adequada geralmente estão
métodos iniciais de fixação interna ainda foram associados com altas satisfeitos com os resultados da fusão do quadril; vários estudos de
taxas de pseudoartrose e imobilização externa prolongada. Para acompanhamento de longa duração documentaram a satisfação dos
ganhar mais estabilidade da artrodese, Schneider desenvolveu um a pacientes de aproximadamente 70% em 30 anos, apesar da evidência
placa-cobra. Outras modalidades de fixação interna, corno parafusos de mudanças degenerativas na coluna lombar e articulações adj a-
de compressão do quadril, ou parafusos esponj osos sozinhos, foram centes dos membros inferiores.
descritas para determinadas situações. As mudanças degenerativas em articulações próximas tipica-
mente começam a se tornar sintomáti cas em 15 a 25 anos depois
da artrodese. Uma análise desses pacientes co nfirmou que o tempo
INDICAÇÕES E RESULTADOS médio de fusão para o in ício da dor nas costas e articulação fo i de
24 anos. A dor afetou mais comumente as costas (75%), em
Com o advento da artroplastia total do quadri l, o interesse na fusão seguida, o joelho ipsolateral (54%), com menos reclamações sobre
do quadril diminuiu drasticamente. Apesar dos riscos óbvios da o joelho ou qu adril co nt ra lateral. Esses sintomas da dor são, em
artroplastia total do quadril em pacientes mais jovens, os avanços última análise, muito comuns, mas ge ralmente muito atrasados no
na técnica e material permitiram seu uso em uma porcentagem cada início, especialmente com uma artrodese idealmente posicionada.
vez maior de pacientes mais jovens com doença em estágio final. A Embora a dor do joelho ipsolateral e a dor do quadril contralateral
artrodese ainda pode ser considerada uma alternativa para pacientes ocorram menos frequentemente do que a dor nas costas, elas fre-
mais jovens do que 40 anos de idade com artrite, geralmente, pós- quentemente exigem intervenção operatória, como artroplastia do
-traumática, e funções normais da col una lombar, quadril contrala- joelho ou quadril.
teral e joelho ipsolateral. Antes de a artrodese ser considerada, no O início tardio da dor em pacientes anteriormente assintomá-
entanto, o tratamento não cirúrgico da artrite, como o uso de auxí- ticos por muitos anos depois da artrodese do quadril fo i relatado
lios à locomoção e medicamentos anti-inflamatórios, deve ser con - por Wang et ai. A dor em seus dois pacientes fo i encontrada como
siderado, assim como procedimentos operatórios menos invasivos e sendo causada por protuberância do implante e foi resolvida através
potencialmente menos debilitantes. A artrodese do quadril pode da remoção do mesmo.
fornecer um a alternativa funcional e duradoura para a substituição Outras complicações mais incomuns podem ocorrer com a
total do quadril em pacientes mais jovens selecionados de maneira fusão do quadril. As fraturas proximais do fêmur, talvez mais pro-
adequada e confirmada por várias análises recentes, inclusive aquelas váveis pelo aumento do estresse na proximidade de uma artic ul ação
por Stover et ai. e Schafroth et al. Ambos observaram que a artrodese imóvel, foram relatadas desde os 53 anos depois da artrodese. Wong
realizada de fo rma adequada pode levar a anos de alívio da dor e et al. relataram fraturas da diálise do fêmur, distais ao conjunto da
fun ção razoável. placa, tratadas com sucesso por haste retrógrada.
Uma contraindicação abso lu ta para a ar trodese é a sepse ativa
do quadril; a infecção deve ser erradicada e inativada alguns meses
antes de a artrodese ser realizada. As co ntrai ndicações relativas TÉCNICAS
incluem vár ias mudanças dege nerativas na coluna lombossacra,
quadril contralateral, ou joelho ipsolateral. A reserva óssea ruim da A artro dese bem-sucedida do quadril pode ser alcançada através de
osteoporose ou causas iatrogênicas, como ressecção do fêmur pro- urna variedade de métodos. Independentemente da técnica selecio-
ximal em casos de tumor, também estão associadas a menores taxas nada, a posição ideal da fusão é de 20 a 30 graus de flexão, O a 5
de sucesso e au mento da deficiência. graus de adução, e O a 15 graus de rotação externa.

325
-
. , PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

ARTRODESE COM FIXAÇÃO


UTILIZANDO PARAFUSO ESPONJOSO
TÉCNICA
(MURRELL E FITCH)
~
Benaroch et ai. descreveram um método simples de artrodese
do quadri l para pacientes adolescentes. A fusão foi obtida em • Coloque o paciente na posição supina com um saco de areia
11 de 13 pacientes (idade média 15,6 anos); dois t inham sob a nádega ipsolatera l. Prepare ambos os membros infe-
psueudoartroses levemente sintomáticas. Em uma média de riores e espinhas ilíacas anterossuperiores para permitir o
acompanhamento de 6,6 anos, nove pacientes apresentaram acesso a ambas as cristas ilíacas e ambos os tornozelos.
nenhuma dor ou pouca dor, três tiveram dor leve, e um teve •Faça uma incisão mediolatera l linear longitudinal junta-
dor acentuada . De acordo com o sistema de pontuação do mente com a diáfise do fêmur para um ponto 8 cm dis-
quadril de Harris modificado, os resultados funcionais foram talmente ao trocânter maior (Fig. 5-1 A).
excelentes em cinco pacientes, bons em dois, moderados em • Abra a fáscia lata de acordo com suas fibras no sentido
cinco e ruins em um. Os investigadores observaram um desvio da incisão ; identifiqu e e proteja o nervo ciático em todo
progressivo na adução com média de 7 graus, a maioria do o proced imento.
qual ocorreu dentro de 2 anos de cirurgia; por causa disso, • Mantenha a exposição com um afastador autoestático .
eles recomendaram a fusão com o quadril em 20 a 25 graus Faça a incisão do vasto latera l e repare o mesmo do
de flexão e neutro ou 1 a 2 graus de abdução. t rocânter maior e da linh a áspera por uma distânci a de
6 cm.
TÉCNICA
-----------'~ •I dentifique as margens anterior e posterior do glúteo
médio .
(BENAROCH ET AL.) •Uti lize uma serra oscilante para fazer uma grande osteo-
tomia trocantérica, de modo que o fragmento proximal
• Através de uma abordagem anterolateral, realize uma inclua a inserção do glúteo médio e mínimo (Fig. 5-1 B).
capsulotomia anterior. • Eleve os abdutores do quadril com o maior fragmento
• Desloque a cabeça femoral e cruentize a cartilagem arti- trocantérico, e mantenha-os no alto com dois grandes
cular acetabular e da cabeça femoral. pinos de Steinmann fixados na asa ilíaca (Fig . 5- 1C).
• Coloque a perna em uma posição que permita o máximo • Realize uma capsulotom ia anterior do quadri l.
contato entre a cabeça femoral e acetábu lo, e insira um •Eleve o periósteo da tábua externa da asa ilíaca superi or-
ou dois pa rafusos esponjosos na superfície interna do mente para retrair os pinos de Steinmann, anteriormente
ilíaco para envolver a cabeça femoral. à espinha il íaca anterossuperior e a espinha il íaca ante-
• Antes de apertar os parafusos para comprimir a cabeça roinferior e posteriormente ao nervo ciático.
femoral no acetábulo, realize uma osteotomia intertro- • Coloque um afastador Hohmann no nervo ciático de
cantérica para descomprimir o longo braço da alavancado modo subperiosta l para proteger o nervo ciático e a
fêmur. artéria glútea superior e um anteriormente para a emi-
nência iliopectínea.
• Faça uma osteotomia transversa no osso inominado entre
a eminência iliopectínea e o nervo ciático no polo superior
do acetábulo .
•Remova um disco correspondente a 0,5 cm do osso do
po lo superi o r da cabeça femoral .
ARTRODESE COM FIXAÇÃO DA •Faça um corte ilíaco com uma serra oscilante, e comp le-
PLACA-COBRA te-o com um osteótomo. Utilize osteótomos e curetas
Desde o desenvolvimento de Schneider da placa-cobra para remover qualquer cartilagem remanescente e osso
para artrodese do quadril, a técnica foi modificada para cortical esclerótico da superfície de carga da cabeça
permitir a restauração da função do aparelho abdutor se a femoral e do acetábulo.
fusão é depois convertida em uma artroplastia total do • Desloque o fragmento hemipélvico distal e o fêmur pro-
quadri l. A técnica inclui uma osteotomia de deslocamento xima l med iaimente 100% da espessura do osso inomi-
medial do acetábulo e fixação interna rígida com a placa- nado, colocando um instrumento curvo e sem corte na
cobra. Murrel l e Fitch relataram a fusão bem-sucedida em osteotom ia e alavancando a hemipelve distalmente a 1 cm.
oito pacientes jovens (idade méd ia de 17 anos) com essa • Remova o saco de areia e coloque um pino Steinmann
técnica. Todos os oito pacientes tiveram a dor diminuída e em cada uma das espinhas ilíacas anterossuperiores;
me lh orias significativas na função do quadri l. Uma desvan- utilize os pinos e um protrator de membro longo para
tagem da técnica é que ela cria um aumento do estresse determinar a adução e abdução do membro.
de modo dista l que pode resu ltar em fratura do fêmur com • Ava lie a rotação interna e externa, observando a patela
trauma relativamente menor. A pseudoartrose foi relatada e o maléolo em relação aos dois pinos Steinmann
em pacientes adolescentes no 90° percentil ou acima para verticais.
seus pesos determinados por idade após esta técnica. Os • Posicione o quadril em 25 graus de flexão, rotação neutra,
métodos de estabilização alternativos ou complementares e adução e abdução neutras.
em adolescentes no 90º percentil ou acima do peso para • Molde uma placa-cobra de nove orifícios e fixe a parte
proximal ao ílio com um parafuso cortica l de 4,5 mm.
a idade são recomendados.
)
CAPÍTULO 5 ARTRODES E DO QUADRIL cm

A B

D E F

...~llil·il' E19Artrodese do quadril com fi xaçã o da pl aca cobra (veja o texto) . A, Incisã o mediolateral longitudinal. B, Osteotomia
do trocânter maior. C, Osteotomia do osso inominado transversal . D, Placa -cob ra co ntornada e fi xada com dois parafusos para ap licação
da força de compressão. E, Fi xação final da placa . F, Vista latera l da placa e nova fi xação do trocânter maior. G, Fusão do quadril com
placa cobra . VEJA A TÉCNICA 5-2.
. , PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTI VOS DO QUADRI L EM ADU LTOS

) •Teste a flexão do quadri l com o teste de Thom as. • Obtenha a hemostasia adequada e solte o terço anterior
• Distal à placa, fixe um tensionador AO para o córtex do fêmur do glúteo médio do trocânter maior para melhorar o
lateral com um único parafuso cortica l de 4,5 mm (Fig. 5-1 D). acesso à articu lação do quadril.
•Insira um parafuso no maior orifício distal da placa, • Gire externamente a perna e solte a cabeça refletida do
prenda o ten sionador à placa , e apl ique a força de com- reto femora l da cápsu la articu lar.
pressão em toda a articu lação do quadri l para garantir •Faça uma capsulectomia anteri or e tire a perna do suporte
boa aposição óssea. de pés na mesa de fratura .
• Fixe a placa ao fêmur lateral com parafusos bicorticais de 4,5 •Desloque o quadril e co loque a perna em uma posição
mm em oitos dos nove orifícios e remova o tensionador. fazendo a figura do número quatro. Uma capsulectomi a
•Insira os parafusos cortica is de 4,5 mm na placa proxima l, comp leta geralmente é necessária neste ponto, para
tomando cu idado para proteger as estruturas neurovas- ganhar acesso ao acetábulo .
cu lares na tábua interna da pelve. • Após a cabeça femora l ser retraída para fora do cam inho,
•Remova os afastadores e os pinos Steinmann segurando utilize cu reta s e furadores para remover toda a carti lagem
remanescente e tecido mole e obtenha um sangramento
o trocânter maior, e perfure um orifício de 4, 5 mm no
na superfície esponjosa articular.
centro do maior fragmento trocantérico proximal.
• Limpe a cabeça femoral da mesma maneira, utilizando fura-
•Perfure e explore um parafuso bicortical de 3,2 mm, no
dores f êmeas da cabeça femora l, tais como aqueles utiliza-
fêmur proximal através do terceiro ou quarto orifício da
dos para procedimentos de substituição da superfície.
placa-cobra.
•Depois de ambas superfícies arti cu lares serem perfuradas,
• Fixe novamente o trocânter ma ior com um parafuso cortical
reduza a cabeça femoral no acetábulo, substitua os pés
de 4,5 mm e arruela (Fig. 5-1 E e F). Uma placa de tenodese
no suporte de pés, e coloque o quadril na posição ade-
trocantérica com fios pode fornecer fixação superior se
quada para artrodese (30 graus de fl exão, abdução e
necessário.
adução neutras, e ligeira rotação externa para combin ar
•Deposite qualquer osso esponjoso remanescente em
com o membro oposto).
torno da articu lação quadril e obtenha uma radiografia
• Se necessário, coloque os ossos esponjosos que ficaram
pélvica anteropost erior para verificar a posição da placa, nos perfuradores ou da crista il íaca nas frestas entre a
parafusos e articu lação do quadri l (Fig. 5-1 G). cabeça femoral e o acetábulo.
•Irrigue completamente a ferida e feche o tecido mole em • Exponha o aspecto lateral do f êmur proximal.
camadas sobre os drenas. •Perfure um orifício no córtex femoral latera l de 2,5 a 3
•N enhuma imobilização pós-operatória é ap licada. cm aba ixo do áp ice abdutor e, utilizando o controle radi o-
gráfico, in sira um pino-gu ia através do centro da cabeça
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Deambu lação com peso femoral e na área supra-acetabu lar do íleo. Geralmente
parcial suportado é encorajada no dia 2 ou 3 após a cirur- um ângu lo de 150 graus é necessário .
gia. O peso parcia l suportado por duas muletas contin ua • Escolha um parafuso de compressão apropriado e implante
por 6 semanas. conforme descrito para tratamento das fraturas do quadril
(Cap. 55). Coloque dois ou três parafusos esponjosos pró-
ximos ao parafuso do quadril para estabilidade ad icionada.
•Feche a ferida da maneira usual e aplique um único gesso
ARTRODESE COM FDÇ,AÇÃO DO PARA- no quadril.
FUSO DE COMPRESSAO DO QUADRIL
Pagnano e Cabanela descreveram a artrodese do quadril com CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O peso suportado é
um parafuso deslizante de compressão do quadril, comp le- contín uo por 8 a 1O semanas. Se as radiografias mostram
mentada por dois ou três parafusos esponjosos colocados evidência de consolidação óssea, um minigesso (com o
próximos ao parafuso do quadril . Eles acreditaram que esta joelho livre) é ap licado e o peso parcial suportado progride
técnica atende melhor os seus critérios porque: (1) minimiza para peso total suportado nas próximas 4 a 6 semanas. A
ou atrasa a aparência e gravidade da dor lombar, garantindo fusão é reava liada em 12 a 14 semanas, e se a articulação
que o quadril seja fundido na posição adequada, (2) minimiza estável é questionável, outro minigesso é ap licado ou uma
a imobilização pós-operatória, permitindo uma recuperação órtese de polipropileno removível é utilizada para as outras
mais precoce, (3) permite conversão da artroplastia total do 4 a 6 sema nas. A recuperação total muitas vezes leva 6
quad ril posteriormente, se necessário, (4) preserva a muscu- meses, e os pacientes podem precisar de 12 meses para
latura abdutora sem alterar de forma significativa a anatomia voltar para as ocupações de traba lho intensivo. A remoção
do quadri l, e (5) evita o uso de grandes dispositivos de f ixação de rotina do implante é aconselhável após 18 meses para
interna que podem danificar os músculos abdutores. promover a remodelagem do osso e tornar a conversão
para artroplastia total do quadril mais fácil.
TÉCNICA ~
-----------------....1~
(PAGNANO E CABANELA)
ARTRODESE NA AUSÊNCIA DA
• Posicione o paciente na posição supina na mesa de
fratura, e faça uma abordagem Watson-Jones para o
CABEÇA FEMORAL
quadril (Técn ica 1-56) Abbott e Fischer desenvolveram um método para artrodese
•Após a fáscia ser cortada, desenvolva o intervalo entre o do quadril após infecção com destruição comp leta da cabeça
glúteo médio e o tensor da fáscia do fêmur. e do colo femo ral. O proced imento também foi usado após
CAPÍTULO 5 ARTRODESE DO QUADRIL ca
a pseudoartrose do colo femoral, em pacientes com osteo- •Mostre e desloque a diáfise do fêmur levemente de modo
necrose da cabeça femoral, depois da fa lha da prótese da medial com a finalidade de que o córtex medial do frag-
cabeça femoral, e em pacientes com artroplastias do mento proximal se ajuste à cavidade medular do frag-
quadril infectado. A operação é realizada em dois ou três mento distal. Geralmente nenhuma fixação interna é
estágios: (1) correção da deformidade (raramente neces- necessária. Abbott e Lucas recomendaram uma posição
sária como um estágio separado), (2) artrodese do quadril de 5 a 1O graus de abdução, 35 graus de flexão, e 1O
em ampla abdução, e (3) posicionamento final por oste- graus de rotação externa.
otomia subtrocantérica.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Aplique um gesso bila-

------~
teral; se as radiografias através do gesso forem satisfató-
TÉCNICA
rias, o paciente é imobilizado até que a osteotomia esteja
(ABBOTT, FISCHER E LUCAS) consoli dada.

CORREÇÃO DA DEFORMIDADE
•Para corrigir a deformidade grave, primeiramente libere ARTRODESE DO FÊMUR PROXIMAL
o trocãnter maior da asa do ílio, e em seguida aplique AO ÍSQUIO
a tração pesada para o fêmur através do pino Steinmann Quando a cabeça femoral está extremamente inviável ou
que é inserido através da metáfise femoral distal. ausente, a artrodese do fêmur proximal ao ísquio pode ser
• Gradualmente leve a extremidade em uma posição de feita.
ampla abdução, o que traz o trocãnter maior próximo

------'~
ao acetábu lo e perm ite aposição no momento da
artrodese .
TÉCNICA
ARTRODESE DO QUADRIL EM AMPLA ABDUÇÃO (BOSWORTH)
•Exponha o acetábulo e fêmur proximal, utilizando uma
abordagem anterior iliofemoral (Técnica 1-53). PRIMEIRO ESTÁGIO
•Corte a cápsula anterior e superiormente. • Se fístulas estão presentes, uma operação preliminar
• Desbride a articulação, removendo toda a cartil agem pode ser necessária para remover a parte trocantérica
acetabu lar para o osso esponjoso saudável. adoentada do fêmur, resíduos do colo, tecido fibroso e
•Aumente o teto do acetábulo para permitir melhor tecido granuloso.
posicionamento do trocânter maior. • A ferida é fechada a critério do cirurgião, e a cobertura
• Resseque a parte remanescente do colo femoral na sua antibiótica profilática é instituída .
base, e tire os tendões do aparelho abdutor do trocân-
SEGUNDO ESTÁGIO
ter maior e diáfise do fêmur adjacente.
•Nos quadris sem fístulas, o transplante femoroisquia l
•Exponha o trocânter maior abaixo para sangramento do
pode ser realizado em um estágio.
osso esponjoso.
• Exponha o fêmur proximal utilizando uma abordagem
•Leve a extremidade na ampla abdução, forçando o tro-
lateral (Fig . 5-2A a C).
cânter maior na cavidade acetabular preparada .
•Divida a diáfise proximal ao nível da tuberosidade isqu iá-
•Preencha qualquer espaço remanescente com enxertos
t ica de modo que um ponto seja formado no fragmento
ilíacos autógenos.
distal em sua porção superior e medial. É preciso agir com
•O grau de abdução varia com o indivíduo: em alguns
prudência ao selecionar o local para osteotomia. Se a
pacientes, 45 graus podem ser suficientes, enquanto 70
osteotomia é alta, é obtido comprimento, e forte tensão
a 90 graus podem ser necessários em outros, para
é colocada na musculatura e fáscia, forçando o fin al do
ajuste preciso e boa aposição das superfícies ósseas . O
fêmur no defeito isqu iático preparado.
grau de abdução deve ser suficiente, no entanto, para
•Reco lha o fêmur e exponha os aspectos distal e lateral
colocar as superfícies apostas sob firme compressão.
da tuberosidade isquiática por dissecção romba (Fig.
•Aplique um gesso da linha mamilar para os dedos no
5-2D a F).
lado afetado e para o joelho no lado oposto.
•Depois de expor um local adequado na tuberosidade do
POSICIONAMENTO FINAL POR OSTEOTOMIA ísquio, faça uma fenda nele com uma grande cureta .
SUBTROCANTÉRICA •Flexione o quadril por aproximadamente 90 graus, e
•Quando a artrodese é consolidada, conforme afirmado coloque um grande osso no defeito isquiático.
por exame clínico e radiográfico, abra a extremidade • Prolongue a coxa em aproximadamente 30 graus, e force
distal da abordagem iliofemoral, recolha o reto femo ral o f inal do fêmur no defeito.
mediaimente, e rea lize a incisão no periósteo oo fêmur •O periósteo e o tecido fibroso que origina lmente cobriram
no intervalo entre este músculo e o vasto lateral. a área exposta do ísquio agora envolvem o fina l da diáfise
•Ligue os ramos da artéria circunflexa femoral latera l do fêmur, simi larmente a um manguito.
conforme necessário.
•Util izando uma osteotomia transversa 5 cm distalmente CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso duplo é apli-
ao trocânter menor, corte três quartos da diáfise e cui - cado e uti lizado até que as radiografias mostrem que a
dadosamente quebre o córtex medial. artrodese estásól ida.
E!» PARTE li PROC EDI MENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRI L EM ADU LTOS

A B e

lmDJl!·~· l19 Tran spl ante f emo roi squial de Boswo rth . A, Incisã o lat eral. B, O f êmur é exposto subperiostealmente e dividido obli -
quamente . O ost eótom o é alinhad o de modo prox im al e medial. C, Fragmentos são ret raídos para exposiçã o do ísquio . D, Localização
do ísquio por palp ação. O def eit o ósseo é criad o na superfície lateral da tuberosidade isquiática. E, Extremidade pontiaguda da diáfise
do fêmur é enterrada no def eito isq ui ático. F, Fragmento proximal foi removid o para fin s ilustrativos, mas pode ser dei xado no local.
VEJA A TÉCNICA 5-5.

• Rebata os abdutores do quadri l, expondo o ílio superior


ARTRODESE COM flXAÇÃO DA para o acetábulo.
PLACA-COBRA APOS FALHA TOTAL • Co lo qu e o co lo femo ral no acet ábul o, e apli q ue um a
DA ARTROPLASTIA DO QUADRIL placa-cobra para a pelve e f êmu r, manten do 5 a 1 O
graus de abdu ção, rotação neutr a e 15 graus de
Kostuik e Alexander relataram 14 fusões bem-suced idas para flexão.
fa lha total das artropl astias do quadril, ut ilizando a placa- • Uma osteotom ia pélvica, como recomendado pelo grupo
-cobra com uma placa de compressão dinâmica AO anterior. AO, é feita se necessário para obter a colocação ade-
quada do fêmur.

------~
TÉCNICA • Leve abdução, em co ntraste com a pos ição norma l da
ad ução, é ut ili zada para supera r a di scre pância do
(KOSTUIK E ALEXANDER) compr imento da perna causada pe la perda da cabeça
femoral.
• Exponh a o quad ril através da abordagem lateral. • Após a f ixação da placa, coloq ue os enxertos il íacos
• Remova os imp lantes e libere o acetábu lo e colo femoral esponjosos em torno da artrodese.
de modo que o sangramento do osso esponjoso seja • Fixe o trocânter maior ao loca l da artrodese com um
exposto. parafuso esponjoso.
CAPÍTULO 5 ARTRODESE DO QUADRIL EDii
artroplastia total do quadril ou ambas. Os resultados sugerem que a
•Adicione uma placa de compressão AO dinâmica ante- artroplastia total do joelho sozinha é improvável de fornecer resul-
riormente na diáfise do fêmur, e contorne-a ao íleo.
tados satisfatórios em pacientes com fusões do quadril. A artroplas-
•Feche a ferida sobre os tubos de drenagem de sucção.
tia total do quadril seguida pela artroplastia total do joelho é
recomendada mesmo se a osteoartrite grave do joelho for a principal
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso único é apli- queixa. A artroplastia total do quadril após a artrodese é discutida
cado 1 semana após a cirurgia e é utilizado até que as
detalhadamente no Capítulo 3.
radiografias mostrem uma artrodese consolidada.

REFERENCIAS
ARTROPLASTIA TOTAL DO
Akiyama H, Kawanabe K, lto T, et ai: Computed tomography-based
QUADRIL APÓS A ARTRODESE navigation to determine the femoral neck osteotomy location
DO QUADRIL of the acetabular socket of an arthrodesed hip, J Arthraplasty
24:1292, 2009.
A conversão de uma artrodese do quadril para artroplastia total do Duncan CP: Fusion takedown: can be a let down, Orthapedics
quadril muitas vezes é indicada para dor ou perda generalizada da 30:758, 2007.
função causada pela imobilidade ou mau posicionamento. Este é um Kirkos JM, Papavasiliou KA, Kyrkos MJ, et al: The long-term effects
procedimento tecnicamente exigente, complicações e falhas são fre- ofhip fusion on the adjacent joints, Acta Orthap Belg 74:779-787,
quentes, e a melhoria da função é incerta. Melhores resultados foram 2008.
observados em pacientes que são jovens e que tiveram uma fusão Manzotti A, Confalonieri N, Pullen C: Intertrochanteric fracture of
do quadril por um tempo relativamente curto. A maioria dos an arthrodesed hip, J Bane ]aint Surg 89B:390, 2007.
pacientes está satisfeita, no entanto, com sua mobilidade melhorada, Peterson ED, Nemanich JP, Altenburg A, Cabanela ME: Hip arthro-
maneabilidade, e capacidade de sentar. Uma taxa de infecção de plasty after previous arthrodesis, Clin Orthap Relat Res 467:2880,
10%, uma tax.a de revisão de 10% e uma tax.a da artroplastia de 2009.
ressecção de 5% por causa da infecção foram relatadas em substitui- Richards CJ, Duncan CP: Conversion of hip arthrodesis to total hip
ções feitas após as fusões do quadril. Resultados menos do que arthroplasty: survivorship and clinicai outcome, J Arthroplasty
ótimos para conversão da substituição total do quadril foram con- 26:409, 2011.
firmados por outros estudos. Richards et al. encontraram uma tax.a Rittmeister M, Starker M, Zichner L: Hip and knee replacement after
de complicação de 54%, sobrevida de 74% em 10 anos, e menores long-standing hip arthrodesis, Clin Orthap Relat Res 371:136,
pontuações do resultado do que as coortes de comparação de subs- 2000.
tituição total do quadril. Peterson et al. também encontraram apenas Schafroth MU, Blokzijl RJ, Haverkamp D, et al: The long-term fate
75% de tax.a de sobrevida em 10 anos, e embora 90% tiveram dor of the hip arthrodesis: does it remain a valid procedure for selec-
mínima, 87% tiveram fraqueza e 61 % necessitaram de um auxílio ted cases in the 2lst century? Int Orthap 34:805, 2010.
na marcha. Os resultados mais promissores foram relatados por Sirikonda SP, Beardmore SP, Hodgkinson JP: Role ofhip arthrodesis
Sirikonda et al., com pontuações do quadril muito melhores (8,8 a in current practice: long term results following conversion to
13,6), embora sete dos 67 pacientes tenham precisado de uma total hip arthroplasty, Hip Int 18:263, 2008.
revisão da cirurgia. É claro que a conversão de uma fusão do quadril Stover MD, Beaulé PE, Matta JM, Mast JW: Hip arthrodesis: a proce-
para substituição total do quadril é um procedimento complexo e dure for the new millennium? Clin Orthap Relat Res 418: 126, 2004.
cheio de armadilhas, talvez mais bem evidenciado pelo nome do Wong K, Ng TP, Chiu KY: Hip pain many years after fusion: a report
artigo de Duncan, intitulado, "Conversão da fusão: Pode ser uma of two cases,] Bane ]aint Surg 90B:510, 2008.
decepção" (Fusian Takedawn: Can be a Letdawn). Wong TC, Rikhraj IS: Femoral shaft fracture in a hip arthrodesis:
Aqueles dispostos a realizar esse procedimento podem achar two cases of retrograde interlocking nailing, Singapare Med l
interessante o relatório de Akiyama et al., que utilizaram a navegação 45:85, 2004.
baseada em TC para determinar mais precisamente o local e a Wulke AP, Mader K, Pennig D: Femoral neck fracture in an arthro-
direção da osteotomia do colo femoral e o posicionamento do desed hip treated by a supracondylar intramedullary locked nail,
soquete acetabular, na esperança de maximizar os resultados nesse ] Orthap Trauma 18:116, 2004.
difícil procedimento.
As artrodeses do quadril de longa duração (média de 33 anos) As referências completas estão disponíveis em www.
foram estudadas em pacientes que tiveram artroplastia total do joelho, expertconsult.com.
AVALIAÇÃO E HISTÓRIA 333 DISPLASIA DO QUADRIL 349 Descompressão Medular 360
HISTÓRIA DO PACIENTE 333 OSTEOTOMIA PERIACETABULAR 349 Enxerto ósseo 361
EXAME FÍSICO 334 Indicações Cirúrgicas 349 Enxerto Fibular Vascularizado 363
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 337 Técnica Cirúrgica 351 Osteotomia Femoral Proxima l 365
IMPACTO Resultados 356 Hemiartroplastia com Recapeamento 366
FEMOROACETABULAR 341 FONTES Artroplastia Total do Quadril e
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS 342 EXTRA-ARTICULARES Hemi artroplastia Bipolar 366
LUXAÇÃO CIRÚRGICA DO DE DOR DO QUADRIL 356 OSTEOPOROSE
QUADRIL 343 SÍNDROME DA DOR NO TRANSITÓRIA IDIOPÁTICA 366
Resultados 345 TROCÂNTER MAIOR 356 PROTRUSÃO ACETABULAR 366
ARTROSCOPIA DO QUADRIL COMBINADA RESSALTO INTERNO DO QUADRIL 357
ARTRITE REUMATOIDE
COM OSTEOCONDROPLASTIA ABERTA OSTEÍTE PÚBICA 357 DE INÍCIO NO ADULTO 366
LIMITADA 345 HÉRNIA DO ESPORTE 358 ARTRITE JUVENIL
Resu ltados 348 OSTEONECROSE DA IDIOPÁTICA 367
OSTEOTOMIA PERIACETABULAR 348 CABEÇA FEMORAL 358 OSTEOARTROSE 36 8
Técnica Cirúrgica 349 DIAGNÓSTICO 359
ARTROPATIA NEUROPÁTICA
Resultados 349 TRATAMENTO 360 (ARTICULAÇÃO
ARTROSCOPIA DO QUADRIL 349 DE CHARCOT) 369

O tratam ento da d or no quadril em adultos jovens é uma área em progressão ar tr íti ca é bas tante leve. Os resultados d a OPA em
evo lução. Há tempos acreditava -se que uma d eform idad e residual pac ientes com a rt rite m a is avan çad a fo ra m m enos favo ráveis.
d o quadril em crianças, resultad o de co ndições com o a displasia do Recenteme nte, os pad rões d e d oen ça d o impacto d o quadril fora m
d esenvolv imen to do q uadril e d oe nça d e Perthes, po d eri a levar à esclarecid os, e proced im entos ci rú rgicos o bj etivando a prese rva -
osteoartrose sec und ária d o qu ad ril na vida adulta. H á uma d écada ção do qua dril p ara essa co ndição fo ram d escritos. Sim ilar à d is-
e m eia, o u tras defor midad es residu a is suti s nos quad ris d e crian ças pl asia d o quad ril, pa rece qu e o d an o articul ar, resultado d o impacto
tê m sido envo lv idas no d ese nvo lvim ento d a osteoartro se em d o qu adril , pode ocorre r enquanto os sintomas perma nece m rela -
pacientes que antes acreditava- se terem "osteoartrose primária" do tiva me nte leves e intermitentes. Esses fa tos justificam a interven-
quadril. A osteoartrose idiopática o u primária do quadril atribui à ção p recoce tanto na displas ia de qua dril quanto no impacto d o
progressão artríti ca, o efeito d a deterio ração m ecâni ca e química da qu adri l, antes d o iní cio d a a rtrose irreversível. O objetivo d a cirur-
cartil agem articular d o qu adril assoc iad a à idade presente em um gia d e p rese rvação d o qu adr il na displ asia e no imp acto é altera r
grupo d e indivíduos por razões desco nhecidas. An tigam en te, acre- a m or fo logia d a arti c ul ação do qu adril, d e m o do a permitir m aio r
ditava-se que mu itos pacientes se enqu adravam n o grupo primário, amplitud e fi sio lógica d e m ov imento liv re, m elhorando a m ecâni ca
hoje acredita-se que eles tiveram impacto no quadril, o que ocasio - d a ar ticulação d o qu adri l e retard and o o u interromp end o a pro-
nou a osteoartrose ao longo d o te mpo. gressão d a os teoa rtrose d o q uadril.
Tão precoceme nte quanto em 1965, M urray d escreve u a sutil As fo ntes extra-a rticulares d e d o r na d a virilha, n ád egas e
"d eformid ad e de encurvam en to" do fê mur proxim al que ele acredi- reg ião latera l d o qu adril d eve m se r diferen ciad as das fo ntes arti-
tava q ue levaria à osteoartrose. Essa teoria em qu e as pequ enas cu lares. Algumas d essas fo ntes serão abo rdadas neste capítulo,
d eformidad es d o quadril, n a in fâ ncia, in evitavelm ente levariam à incluindo a h érnia p o r es por te, d or p eritrocantérica e os teíte
osteoartrose fo i novamente afirm ad a em 1975 por Stulberg et ai., púbica. Artrite inflam atóri a e fratura po r estresse do colo fem o ral
qu e criaram o termo "deformid ade em cabo de pisto la" (pista! grip ) serão abo rdadas em o utros capítulos.
d o fê mur proxim al (F ig. 6-1 ). Em m ead os d os an os 1990, Gan z et
a i. aperfeiçoaram a d escrição d o impac to d o quad ril devid o à defor-
mid ad e acetab ul ar e fe moral e condu zi ram com entusiasm o a cirur- AVALIAÇÃO E HISTÓRIA
gia preservado ra d o quadril em pacientes adultos jovens si nto m áticos,
d esc revendo um a técnica para corrigi r essas deformidades. HISTÓRIA DO PACIENTE
A osteo to m ia periacetabular (O PA), com ou sem os teoto mi a
fe m oral, para o tratam ento d e di sp las ia do quadril d o lo roso em A hi stória d o paciente pod e faze r com que o m édico concentre-se
adultos joven s p arece ser eficaz, re ta rd ando a reconstrução p roté- em p rováveis fo ntes d e d or n o quadr il, direcio nando assim a avali a-
tica do qu ad r il qu and o o corre a inte rvenção cirúrg ica enquanto a ção futura. O in ício e a du ração da dor podem ajudar com condições

333
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

H@ihtgi[19 Deform idade em "cabo de pisto la" do fêmur H@l!;fu ~ O "sina l C" é sugestivo de pato log ia intra -a rti-
proxima l, levando à osteoartit e secundária . cu lar de quadri l.

tais como osteonecrose e fratura por estresse, tendo início bastante diferenciada das fontes extra-articulares por meio de exame físico
agudo, enquanto a displasia e o impacto do quadril tendem a ter combinado com es tud os por imagem e, ocasionalmente, através de
começos insidiosos, geralmente descritos como "fisgada" recorrente diagnóstico por injeção.
na virilha, que ocorre com certas atividades. Fraturas por estresse Dores que ocorrem quando se está sentado durante muito
são comuns em corredores, principalmente em mulh eres com ame- tempo, mas que diminu em quando se está em pé ou andando,
norreia, que têm baixa densidade óssea. Início de dor após uma lesão sugerem impacto do quadril. A dor na fase de apoio que é aliviada
por torção é comum em esportes como futebol, hóquei no gelo e ao sentar-se ou ao deitar-se é mais inespecífica, com possibilidades
tênis, sugerindo uma lesão !abra!, e pode esta r associado com mor- que incluem osteoartrose, osteonecrose, fratura por estresse, displa-
fo logias ósseas que predispõem um paciente a uma lesão labral. sia e artrite inflamatóri a. A dor associada a uma sensação de ressalto
Pacientes com patologia !abra! descrevem frequentemente um pin- ou estalo pode ser causada por um a lesão !abra!, ressalto do tendão
çamento, dor aguda ao girar sobre o quadril apoiado ou ao flexionar do psoas ou da banda iliotibial.
e girar simultaneam ente se u quadril, como ao en trar no carro. A
tendinite do psoas geralmente é descrita como dor n a virilh a que
piora com a fl exão ativa do quadril, e está freque ntem ente associada EXAME FÍSICO
com um estalo audível do quadril.
O local da dor também é útil. A dor posterior ao longo da O exame físico do quadril começa com a observação da marcha do
espinha ilíaca posterossuperior e nádegas está, frequentemente, rela- paciente. Uma marcha antálgica é descrita como tendo uma fase de
cionada à dor da coluna lombar e, possivelmente, à articulação apoio reduzida em relação ao membro afetado. No entanto, um
sacroilíaca. A radiação dessa dor para baixo na região posterior da quadril dolorido geralm ente faz com que o paciente ande com uma
coxa e passando pelo joelho é altamente sugestiva de origem radi- oscilação lateral do quadril, na qual ele oscila na direção do lado
cular, principalmente quand o assoc iada a outros sintomas neuroló- afetado durante a fase de apoio da marcha, buscando diminuir as
gicos. A dor lateral do quadril é frequentemente peritrocantérica n a forças reativas da articu lação sobre o quadril. O mesmo tipo de
origem, podendo descer para a coxa lateral, como na tendinite da marcha é visto na fraqueza do abdutor do quadril. A fraque za no
banda iliotibial. A patologia intra-articular normalmente se ap re- abdutor do quadril é evidenciada por meio do teste de Trende-
senta com um pouco de dor na vir ilha ou de uma forma mais len burg. O teste de Trendelenburg é positivo para fraqueza do
intensamente definida. Byrd descreveu o frequente "sinal C" suges- abdutor do quadril quando a pelve inclina-se mais de 2 cm durante
tivo da patologia intra-articular na qual o paciente coloca a sua mão o apo io sobre o membro testado (Fig. 6-3).
sobre o quadril afetado com o polegar na dobra da virilha e os dedos Com um a contratura em flexão do quadril fixa ou dolorosa, o
nas nádegas, envolvendo o quadril com a mão em formato de um paciente p ermanecerá com hip erextensão compensatória da coluna
"C" (Fig. 6-2). Entretanto, a patologia intra-articular pode se apre- lombar. Durante a marcha, a extensão do quadril é acompanhada
sentar primariamente como dor lateral ou posterior, qu e deve se r pela extensão da coluna lombar. Com uma contratu ra em flexão, a
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL @if#

O@il;f4r!19 O teste de Thomas detecta a contratura em flexão


do quadri l ao se estender o quadril afetado, enquanto o quadri l
contralatera l é mantido fle xionado, retificando e imobi li zando a
co lu na lombar.

residual, enquanto a pelve e a coluna lombar são mantidas imóveis,


mantendo o quadril contralateral flexionado (Fig. 6-4). A presença
de estalo reprodutível durante o teste de movimento articular do
quadril deve ser observada, pois pode indicar uma lesão labral.
Um quadril com sinovite, por qualquer motivo, pode doer
quando o quadril é passivamente girado para os extremos de um
movimento permissível. A amplitude de movimento em todos os
planos pode estar diminuída, com rotação interna e abdução
tendendo a ser mais afetadas . Quando o quadril está bastante
O@l!;§U'I • O sin al de Trendel enburg é positivo quando a
irritável, mesmo rolar o quadri l do paciente em decúbito dorsa l
hemipelve af etada inclina durante o apoio monopodálico.
sobre a mesa de exame pode ser dolorido. Um quadril que é
irritável com a rolagem deve fazer com que o examinador leve
em consideração diagnósticos tais como artrite inflamatória, sepse,
pelve também pode girar para o lado afetado durante a extensão do fratura por estresse, osteonecrose com início agudo, ou artrite dege-
quadril, devido à incapacidade de o paciente estender o quadril de nerativa avançada.
maneira adequada. Essa rotação externa assimétrica da pelve durante Um teste de elevação da perna estendida realizado pelo paciente
a extensão do quadril com uma contratura em flexão é conhecida produ z uma força de aproximadamente duas vezes o peso corporal
como contração pélvica. devido à força reativa da art iculação produ zida pelos flexores do
Alguns pacientes experimentam um a sensação de ressalto quadril. Dor com um teste de elevação da perna estendida pode ser
durante a marcha ou com manobras específicas em pé. O examina- útil, pois essa força é reproduzível em um paciente e pode ser usada
dor pode pedir para o paciente reproduzir o ressalto enqua nto palpa como um medidor de gravidade da doença.
a lateral do quadril. O ressalto da banda iliotibial pode ser palpado O teste de impacto anterior ou de FADRI (Flexão-ADução-
com frequência ao se posicionar a mão sobre a borda lateral do Rotação Interna) é reali zado flexionando-se o quadril a 90 graus,
grande trocânter durante a marcha. aduzindo-o através da linha mediana e girando-o interna e maxi-
Palpação da pelve pode identificar dor na sínfise pubiana típica mamente (Fig. 6-5). Quadris com impacto anterior sintomático
da osteíte púbica. Sensibilidade ao longo do canal inguinal pode ficam limitados na rotação interna e doem com essa manobra.
representar uma hérnia inguinal clássica ou deficiência da parede A comparação contralateral de rotação interna é particularmente
abdominal, conhecida como hérnia do esporte. As origens muscu- útil porque esse valor tem grande variação entre os indivíduos.
lares do reto femoral e do adutor longo podem ser sensíveis com Com o impacto an terior, os pacientes sentem nitidamente mais
fraturas por avulsão ou distensão. A sensibilidade do grande trocân- dor com o teste de FADRI do que com outros extremos de
ter e do tendão abd utor estarão presentes com bursite trocantérica rotação. No entanto, com o impacto posterior ou lateral, como
e lesão parcial do glúteo médio. em pacientes com uma protrusão, a dor pode ser produzida pela
O exame continua co m o paciente em posição supina, com abdução pura ou com o teste de FABRE (Flexão, ABdução,
ambos os quadris examinados para a simetria dos movimentos. Rotação Externa) (Fig. 6-6). O teste de FABRE também pode
Flexão, extensão, abdução e adução, bem como rotação externa e provocar dor pélvica posterior com distúrbios da articulação
interna, são observadas. A rotação é testada tanto em extensão sacroilíaca ou da articulação lombossacral.
quanto a 90 graus em flexão. A rotação do quadril em extensão pode O teste de apreensão anterior é realizado com o paciente em
ser testada com mais confiabilidade com o paciente de bruços sobre posição supina sobre a borda da mesa de exame. O quadril é esten-
a mesa de exame. A presença de uma contratura em flexão é deter- dido e externamente girado (Fig. 6-7). Pacientes com displasia do
minada por meio do teste de Thomas. Com o paciente em posição quadril, incluindo cobertura anterior insuficiente, irão sentir um
supina, os quadris ficam maximamente flexfonados, portanto retifi- desconforto na virilha ou uma sensação de apreensão com essa
cando qualquer lordose lombar. As pernas são alternativamente manobra. Tal manobra pode também desencadear dor lateral ou
trazidas em extensão, observando qualquer contratura em flexão posterior em um paciente com impacto posterior.
@fif• PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

H@ih@E19 Teste de FADRI: Flexão, Adução e Rota ção Interna 0@1Jfdrll9 Teste de apreensão.
do quadril.

A área sobre o gra nde trocânter e os músculos glúteos é


avaliada com mais faci lidade com o paciente na posição lateral.
Pacientes com tendinite do glú teo médio ou com lesão parcial
podem aprese ntar dor com abd ução resistida ou contra a gravi-
dade. O teste de Ober é realizado com o paciente na posição
latera l, abd uzindo o quadril com o joelh o flexionado e, em
seguid a, deixando o quadril reto rn ar em ad ução. Um atraso na
ad ução devido à gravidade é um teste de Ober positivo. Com o
quadril es tendido para além da posição neutra, um teste de O ber
positivo sign ifica retra ção da banda iliotibi al, ao passo que um
teste de Ober positivo com o quadril na posição neut ra de fl exão
e extensão é um indício de um a contratura do glúteo médio ou
uma tendinopatia. Na posição lateral, um ressalto da ban da ili o-
tibial ao longo do grand e trocâ nter pode ser reproduzido em
pacientes com síndrom e do ressalto externo do quadril, flexio-
nando-se e estendendo-se o quadril, o que provoca uma tensão
na banda iliotibial como no teste de Ober. Em pacientes magros,
li!iji@1E19 Teste de FABRE: Fl exão, Abdução e Rota çã o
um a parte espessa da banda iliotibial pode produzir ressa ltos
Externa do quadril.
visíveis com essa manobra.
O uso de uma injeção com anestesia local intra-a rticular no
quadril para diagnóstico tem sido defendido como uma maneira
O teste para ressalto interno do quad ril ou do tend ão do iliop- para a identi ficação de pacientes com um processo patológico in tra-
soas é rea lizado flexionando-se passivamente o quadril a 90 graus -arti cular quando o exame físico e os estud os por radiografia forem
em uma posição de rotação externa e levemente em abdução. Em inde termin ados. Esse teste pode ser particularmente útil em
seguid a, pede-se ao paciente para estender o quadril na mesa de paciente com dor de padrão atípico. Examinar o paciente dentro
exame, mantendo o pé suspenso. Um ressalto no tendão do psoas é de algumas horas após a injeção pode ser útil, pedindo-se a ele
frequentemente audível como um "thunk" grave, diferente, à medida para reprod uzir as atividades que antes causavam dor no quadril.
que cruza de lateral para medial pela em inência iliopectínea durante Notou-se uma melhora nítida nos sintomas do paciente para pre-
a extensão do quadril. Esse achado é com um como uma variante dizer a presença de um processo patológico intra-articular com
normal em indivíduos sem dor no quadril. 90% de acurácia.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL EDii

O@l@il19 O ângu lo centro borda lateral (LCE), ângulo de


Wiberg, mede o arco de cobertura acetabular superolateral além
da linha vertical desenhada através do centro da cabeça femoral.
O ângulo de Tõnnis mede a inclina çâo do "cílio" comparada com
a linha entre as lágrimas. 0@11;@119 O sina l do cruzamento (crossover) é um indicativo
de retroversão acetabular com excesso de cobertura anterior da
cabeça femoral.
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA

A avaliação da dor no quadril começa com radiografias simples com


um a incidência pélvica anteroposterior em posição supina. Os si nais
radiográficos em uma radiografia pélvica anteroposterior são alta-
mente influenciados pela rotação e inclinação da pelve. Uma inci-
dência pélvica anteroposterior satisfatória mostra a simetria das asas
ilíacas e do forame obturado com a ponta do cóccix entre 1 e 3 cm
acima da sínfise púbica.
O ângulo centro borda lateral (LCE, do inglês, lateral center
edge) de Wiberg (Fig. 6-8) é medido na radiografia pélvica antero-
posterior, desenhando primeiro uma linha de referência horizo ntal
para conectar os centros das cabeças femorais ou a base das lágrimas
da radiografia. Uma linha perpendicular a esta linha de referência
horizontal é desenhada através do centro da cabeça femoral e da
cúpula acetabular. Outra linha é desenhada do centro da cabeça
femoral até a borda lateral do "cílio acetabular" ou do osso subcon-
dral denso, formando a cúpula acetabular. O osso que se estende
além do "cílio" não está incluso na medida, pois ele não contribui
com o suporte da carga da cabeça femoral. O ângulo entre essas
linhas é o ângulo do LCE. O ângulo do LCE inferior a 20 graus é
um indício de displasia do quadril, com cobertura inadequada da
cabeça femoral pela cúpula lateral do acetábulo. Quadris com
ângulos do LCE na escala de 20 a 24 graus têm displasia limítrofe e
os quadris com um ângulo do LCE superior a 40 grau s demonstram O@IJ;f!Ull!• O sina l da parede posterior está presente quando
excesso de cobertura. o centro da cabeça femoral encontra-se lateral à margem latera l
A versão do acetábulo é avaliada por meio de radiografia da parede posterior na radiografia pélvica anteroposterior.
pélvica anteroposterior, contornando o bordo das paredes anterior
e posterior. Em um quadril normal, as paredes anterior e posterior
convergem na margem lateral superior do acetábulo. O sinal do A pos1çao da parede posterior com relação ao centro da cabeça
cru zamento, crossover, está presente quando o contorno da parede femoral deve ser observada. O sinal da parede posterior positivo
anterior cruza a parede posterior abaixo da margem lateral superior existe quando a parede posterior encontra-se medial ao centro da
do acetábulo (Fig. 6-9). O sinal do cruzamento é um indício tanto cabeça femoral, e indica cobertura da parede posterior deficiente
do excesso de cobertura anterior isolado do quadril quanto da retro- (Fig. 6-10). Quando em combinação com um sinal de cruzamento,
versão de todo o acetábulo co m cobertura posterior defici ente . um sinal da parede posterior positivo indica retroversão relativa do
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

h@l!fijl'IJ9 A coxa profunda está presente quando a fossa


acetabula r se estende medial à linha ili oisqu iática e indica uma
excess iva profundidade acetabular, às vezes associada ao impacto
tipo "pincer''.

acetábulo. O utro si n al de retroversão acetab ular é a proeminência


ipsolateral da espin ha isquiática em rad iografia pélvica anteroposte-
rior posicionada adequadamente com relação à rotação. A distinção
entre a retroversão e o excesso d e cobertura a nte rior isolado de todo
H@li;fl1rlm O ângulo centro borda anterior de Lequesn e é
o ace tábulo é fundamental, pois o tratam ento cirúrgico é diferente
medido na incidência de falso perfil e indica a cobertura anterior
para essas du as condições.
do quadril.
A inclinação d o acetábulo é medida na in cidên cia pélvica ante-
roposterior com o ângulo de Tõnnis, que é determinado dese-
nhando-se primeiro uma linha a partir do aspecto mais m edial do Dunn a 45 graus modifi cad a d o quadril. Um a incid ência de Dunn
"cílio" radiográfico até seu aspec to m ais latera l. Urna segunda linha mod ificad a é obtida com o paciente em posição supin a, com o
é desenhada paralela à linh a entre as "lág rimas" com o vé rtice d o quadril fl exionado em 45 graus, 20 graus de abdução e rotação
â ngulo no "cíli o" medial (Fig. 6-8). Norma lm ente, esse ângulo está neutra (F ig. 6-13). Com o uso dessas três incidências, além da
entre O e 10 graus. Ângulos superiores a 10 graus estão presentes na pélvica anteroposterior, a tran sição colo-cabeça femoral é avaliada
d isplasia d o quadril, e ângulos inferi ores a O grau podem ind icar em diferentes graus d e rotação femoral para a presença de alteração
excesso de cobertu ra . no offset (afastamento) entre a margem do colo e a tangente à cabeça
A presen ça de coxa profund a é v ista na radiografia pélvica e para a pro eminênci a a nterolateral d o co lo femoral, que pode
anteroposteri o r quando a po rção medial da fossa ace tabul ar se causar impacto do tipo "cam". A d eformidad e do tipo "carn" foi
estende m edial à linh a ilioisquiática (F ig. 6- 11 ). A protrusão ace- descrita por Murray corno uma deformidade de " inclinação" da
tabular es tá prese nte quando o aspecto medial da cabeça femoral cabeça femoral e posteri orm ente por Stulberg et al. como d efo rmi -
é projetado atravessando a linha ili o isquiática. Essas conclusões d ade em "cabo d e pistola" (pistol grip) com retifi cação da transição
rad iográficas indi cam profundidad e aceta bul ar excess iva e possível lateral co lo-cabeça vista em uma incidência anteroposteri or do
excesso d e co bertura acetabular com morfolog ia d e impacto do quadril. Acreditava-se qu e essas deformidades pudessem predispor
tipo "pincer". indivíduos a osteoartrose secund ária. Essa deformidade anterolate-
O ângulo centro borda anterior (ACE, do inglês, anterior ral é vista melhor em incidências laterais, e é quan tificada através do
center edge) de Lequesne é gerado na incid ência d e fa lso perfil da ângulo alfa e pela razão colo-cabeça.
pelve para ava liar a cobertura anterior do quad ril. A in cidência d e O ân gulo alfa é usad o para avaliar a transição colo -cabeça
fa lso perfil é feita com o paciente em pé, co m o lado afetado da pelve femoral na projeção latera l e na in cidência de D unn modificada. O
g irado externamen te a 65 graus a partir da projeção anteroposter ior ângul o é fo rmado por um a linha desenhada no centro do colo
(F ig. 6- 12). O â ngulo do ACE é determinado desenhando-se pri- femora l ao centro d a cabeça femora l, e urna segunda linha é dese-
m eiro urna linh a vertical a partir do centro da cabeça femoral pela nhad a do ce ntro da cabeça femoral ao po nto na transição colo-
cúpula do acetábu lo. Uma segund a linha é desenhada do centro da cabeça anter ior, onde o conto rno da cabeça femoral diverge do
cabeça femoral até a borda anter ior d o osso subcondral d o ace tá- contorno esférico d etermin ad o mais m edia imente na cabeça (Fig.
bulo, ignora nd o o osso anter io r à borda subcond ral escleró ti ca pelo 6-1 4) . Nõtzli et al. d escrevera m co mo valor norma l para o â ngulo
fato de este osso não proporcionar apo io anterior para a cabeça alfa, 42 gra us em quadris assintomáticos. Um ângulo alfa com mais
femora l. O ângu lo do ACE norma l é de aproximadamente 20 graus, d e 50 a 55 graus é geral mente cons iderado consistente com uma
co m valores menores indicando deficit de cobertura. deformidade tipo "cam " da transição colo-cabeça femoral.
O utros exa mes normalmen te feitos em pacientes mais jovens A relação do offset ante ri or colo- cabeça é determinada a partir
com dor n o quadril incluem incidê ncia d e rã, cross-table lateral e da incidência cross-table latera l com o quadril em 10 graus de rotação
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRI L EM ADULTOS JOVENS E CIRU RG IA PRESERVADORA DO QUADRIL cm

•11l9 Rela ção do offset anterior ca beça/colo (veja o


texto para descrição).

u.i.::.iut.!i'it.I' 11!9
A incidência de Dunn modificada mostra a tran-
intern a (Fig. 6- 15). O ojfset (distanciamento) da cabeça femoral é
sição anterossuperior colo-cabeça, que frequentemente está envol-
determinado medind o-se a distância entre duas linhas desenh adas
vida com o impacto do tipo "cam''.
paralelas ao eixo do colo femo ral. A primeira linha é desenhada
através da porção mais anter ior do colo femora l, e a segunda linha
é des enhada através da porção mais anterior da cabeça femoral.
A relação é determinada dividindo-se essa distância (ojfset) pelo
diâmetro da cabeça femoral. De acordo com Beaulé et ai., um valor
inferior a 0,15 tem 95% de valor preditivo positivo do diagnóstico
do impacto femoroacetabular.
O sistema de classificação de Tõnnis é com umente usado para
descrever a presença da osteoartrose em quadris que são co nsidera-
dos para cirurgia de preservação do quadril:
Grau O: sem sinal de osteoartrose
Grau 1: esclerose da articulação com redução do espaço articular
mínimo e formação de osteófito
Grau 2: cistos pequenos na cabeça femoral ou no acetábulo com
redução do espaço articul ar moderado
Grau 3: artrite avançada com cisto maior na cabeça femora l ou no
ace tábu lo, obliteração do espaço arti cular e deformidade severa
da cabeça femoral.
O prognóstico de qualquer cirurgia para preservação do qu adril é
melhorado quando ela é realizada em pacientes com graus menores
de Tiinn is.
Esclerose ou pequenos cistos de impacto na transição co lo-
cabeça femora l anterolatera l são diagnósticos radiográficos de
impacto femoroacetabular e estão presentes em aproximadamente
um terço dos pacientes sintomáticos (Figs. 6- 16 e 6-17). Um
lábrum calcificado pode piorar um impacto do tip o "pincer", pro-
duzindo excesso de cobertura secundária. A esfericidade da cabeça
femoral e a congruência da cabeça femora l com o acetábulo são
ava liadas em todas as incidências. A redução do espaço da carti-
.. mm o ângu lo alfa mede o ângulo entre o eixo do lagem posterior pode, ocas iona lmente, ser percebida na incidência
colo femoral e a junção da porção esférica da cabeça femoral com de falso perfil, enq uanto outras incidências per manecem relativa-
uma jun ção co lo-cabeça mais proeminente. mente norma is.
. , PARTE li PROCEDI MENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM AD ULTOS

O@ll;f4rlJ:l9 TC da pelve com reconstrução tridimensional


mostrando excesso de cobertura acetabular e correção cirúrgica
direta . (Co rtesia de Christopher Peters, MD .)

H[dil;f;)rl:m Esclerose observada na junção colo-cabeça femoral


é indicativa de impacto.

O[ijlljfi'l!lm Artrografia por ressonância magnética mostra o


trajeto de gadolínio dentro da junção condrolabral, indicando
uma lesão labral.
O@lhtijll:m Cisto de impacto é observado na junção colo-
cabeça anterolateral em paciente com impacto tipos "pincer" e melhorado a sensibilidade na detecção de patologia !abra!. O estado
"cam" combinados. da ca rtilagem articular é m ais difícil de ser avaliado na ARM. Oca-
sionalmente, o meio de contraste pode ser visto através do traj eto
abaixo da ca rtil agem articular adj acente ao lábrum devido à delami-
A TC da pelve com reco nstru ção tridimensional tem sido des- nação no impacto do tipo "cam". Edema no colo femoral anterior e
crita para orientação da ressecção óssea em deformid ades do tipos no acetábulo anterossuperior tamb ém podem ser vistos com o
"pincer" e "cam" (Fig. 6-18) . impacto . Cistos pequenos dentro do colo femoral anterior foram
Em diversos es tudos, a artrografia por ressonância magnética descritos como va ri antes anatômicas ou "herniation pits" (hernia-
(ARM) do quadril tem m ostrado melhora na sensibilidade para ções foraminais) . Acredita-se que esses cistos, bem como a esclerose
demonstração de lesões !abrais de 60% a mais de 90%, quando na transi ção colo-cabeça femoral, sejam causados pelo trauma de
comparada co m o diagnóstico de ressonância magnética (RM) do repetição do impacto do quadril. O adelgaçamento da cartilagem
quadril realizado sem a administração de um co ntraste (Fig. 6-1 9). articular na ARM é um indício de doença mais avançada, assim
O uso de um a incidência de campo pequeno junto com a ARM tem co mo a prese nça de cistos subcondrais acetabulares. O ângulo alfa
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL - -

O!§ll;f+il'11!9 O impacto tipo "cam" ocorre quando a junção


proeminente colo-cabeça entra em contato com a borda aceta-
bular durante a flexão de quadril.

descrito anteriormente, usado com radiografias simples, também foi


aplicado em tomografias e ressonância radial do quadril.
Lesões !abrais vistas na ARM podem ocorrer secundariamente
a um trauma, mas acredita-se que isso seja raro. As lesões !abrais são
mais prováveis de serem resultados de mecânica anormal do quadril,
com lesão secundária do lábrum e borda acetabular adjacente. Essas
mecânicas anormais podem ser agravadas com atividade física, como O@ihf4Ul l • Delaminação de cartilagem articular secundária
visto em alguns esportes tais como hóquei, futebol e tênis. à lesão de impacto. (Cortes ia de Robert Trousdale, MD. )

IMPACTO FEMOROACETABULAR
O impacto femoroacetabular (IFA) ocorre quando uma variação
anatômica do quadril causa impacto entre a transição colo-cabeça
femoral e a borda acetabular durante a amplitude de movimento
funcional. Acredita-se que a presença de impacto do quadril sinto-
mático em adolescente e adulto jovem seja uma das causas primárias
da osteoartrose em paciente com idade inferior a 50 anos, bem como
em pacientes mais velhos. O reconhecimento precoce do impacto O@ilj@ ~ O impacto do tipo "pincer'' ocorre quando o
do quadril e a intervenção para corrigir a patologia subjacente têm acetábulo tem um excesso de cobertura localizado ou global que
sido defendidos como uma tentativa para modificar a história leva ao contato da borda acetabular com a junção colo-cabeça
natural da condição. As abordagens múltiplas para a cirurgia de femoral durante o movimento normal do quadril.
preservação do quadril estão evoluind o, em parte com base nos
processos patológicos variados envo lvidos, bem como nas habilida-
des e filosofias cirúrgicas variadas. (Fig. 6-22). A área com excesso de cobertura pode ser global, como
Dois tipos básicos de impacto foram descritos. O impacto do na coxa profunda (Fig. 6-11) ou na protrusão acetabular, ou poder
tipo "cam" ocorre quando a transição colo-cabeça femoral anteros- ser localizada no acetábulo anterior, como na retroversão acetabular.
superior é proeminente, ou quando o colo femoral tem um offset A retroversão acetabu lar também pode ser global ou isolada. Na
diminuído na cabeça femoral adjacente (Fig. 6-20). Com a flexão e retroversão acetabular verdadeira do acetábulo, a cobertura poste-
particularmente flexão combinada com rotação intern a, a parte não rior do acetábulo é deficiente, com o acetábulo todo girado ou retro-
esférica da transição colo-cabeça femoral gira dentro do acetábulo. vertido sobre o eixo longitudinal. Em retroversão isolada do
Um padrão típico de lesão comum com o impacto do tipo "cam" é acetábulo, a borda anterossuperior do acetábulo se prolonga mais
uma lesão na base do lábrum, na junção labrocondral. A cartilagem adiante em volta da cabeça femoral, enquanto o resto do acetábulo
articular adjacente é lesionada por causa da compressão na cabeça tem morfologia mais normal.
femoral, com seu raio de curvatura relativamente maior girando O padrão de lesão com impacto tipo "pincer" é criado pelo
dentro do acetábu lo. Frequentemente, a cartilagem articular dela- co lo femora l encostando-se na borda acetabular e no lábrum
mina a partir do osso subcondral adjacente, progredindo da borda durante os extremos do movimento. O lábrum é pinçado entre
acetabular (Fig. 6-21). Nesse processo, o lábrum acetabular é relati- as superfícies ósseas e subsequentemente sofre mais dano do que
vamente poupado, com mais lesão incorrendo dentro da cartilagem a cartilagem articular adjacente. O impacto do tipo "pincer" pode
articular adjacente. Uma lesão de "contragolpe" é observada com piorar com o tempo devido ao crescimento ósseo reativo na
frequência na cabeça femoral posterior e no acetábulo posteroinfe- borda acetabular, ou devido à calcificação do lábrurn, e fetiva-
rior devido ao impacto tipo "carn" anterior com pressão aumentada mente aumentando o arco da cobertura em excesso do acetábulo
na cartilagem do quadril posterior. A morfologia tipo "cam" é mais (Fig. 6-23). A morfologia do tipo "pincer" é encontrada com mais
comum em jove ns atléticos do sexo m as culino. A etiologia da defor- frequ ência em mulheres .
midade é desconhec ida, embora alguns autores tenham postulado O impacto do quadri l por mecanismo combinado ocorre
que ela pode ser uma leve variante do deslizamento da epífise quando as morfologias dos tipos "pincer" e "cam" coexistem no
femoral, enquanto outros postularam urna anormalidade desenvol- mesmo quadril (Fig. 6-24). Deformidades associadas do tipo
vimental da fise femoral lateral. "pin cer" foram relatadas em 42% dos pacientes que foram operados
O impacto do tipo "pincer"(pinçamento) ocorre quando a por impacto do tipo "cam". De acordo com alguns autores, a maioria
borda acetabu lar tem uma área de excesso de cobe rtura, cau- dos quadris tratados por impacto femoroacetabular tem morfologia
sando impacto contra o co lo femoral com movimento funcional combinada.
@lfa PARTE li PROC EDI MENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

ap resentaram morfologia do tipo "cam" em pelo menos um dos


lados no fêmur proxi mal (ângulo alfa sup erior a 50,5 graus),
incluindo 25% dos homens e 5% das mulheres. Com indivíduos
sintomáticos excl uídos do estud o e com um a estimada incidência
radiográfica de ciclo de vida da osteoartrose do quadril de 8%, a
aparência radiográfica de um a defo rmidade do tipo "cam", con -
forme definido atualmente, não parece levar sempre à osteoartrose.
Os autores afirm aram qu e a defor midade do tipo "pincer" asso-
ciada a outros fatores ambientais pode ter um papel no desenvo l-
vimento da osteoartrose.
No entanto, ângulos alfa maiores parecem se co rrelac ionar
com lesão maior no qu adril observado no momento da cirurgia.
Johnston et al. correlacionaram ângulos alfa maiores com
aumento da lesão condral no momento da cirurgia artroscópica
do IFA. Um ângulo alfa sup erior a 60 gra us foi preditor de dor
no qu adril em outro es tudo. O ângulo alfa tolerado em certo
indivíduo es tá provavelmente relacionado à sua posição radial
no colo femoral e à geometria asso ciada do acetáb ulo adjacente.
Interessantemente, Bardakos e Villar descreveram o sinal da
parede pos teri o r positivo como um fator de risco para a progres-
são da artrite ao observa r pacientes com deformações do tipo
"cam", e grau Tõ nnis 1 ou 2 do estádio de artrite sup erior ao
intervalo de 10 anos.
A osteocondroplastia aberta ou artroscópica da junção colo-
jjl@ll;f!jC1!9 Lábrum calc ifi cado, contribuindo com o impacto cabeça femoral é o tratamento cirúrgico para impacto do tipo "cam"
do t ipo "pince r". sintomáti co. Se ela é reali zada através de luxação cirúrgica abe rta,
uma abordagem anterior aberta limitada, ou por artroscopia, é
determinado pela extensão do processo patológico e pela fami liari-
dade do cirurgião com certa abordagem.
Os parâmetros radiográfi cos, definindo a morfologia do tipo
"pincer", es tão relacionados ao processo subjacente. Um ângulo do
LCE superior a 40 graus é um indício de excesso de cobertura lateral,
e pode estar associado à coxa profunda ou deformidade da protru-
são acetab ul ar com excesso de cobertura global. Imagens tom ográ-
ficas tridimensionais podem ser úteis na determinação do local e
da extensão do excesso de cobertura acetabular. Geralmente, defo r-
H@ii;fiUE• Impacto femoroacetabular dos tipos "pincer" e mações maiores no lado acetabular da articulação são tratadas com
"cam" combinados. deslocamento cirúrgico aberto, com redu ção da borda acetabular e
reinserção labral, quando possível.
Em pacientes com impacto do tipo "pincer" causado por retro -
versão isolada da borda anterossuperior do acetábulo, o sinal do
cruzamento pode ser o único achado radiográfico. Esse tipo de
impacto do tipo "pincer" pode ser tratado artroscopicamente, com
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS reflexão labral, redução da borda e reinserção !abra! (Cap. 51). Abor-
dagens anteriores limitadas têm sido usadas para tratar essa lesão,
Como o IFA fico u mais bem definido, o número de procedimen - bem como a luxação cirúrgica aberta. Neste momento, o melhor
tos cirú rg icos realizados para o IFA aum entou drasticamente. As acesso cirúrgico ainda está sendo definido.
indicações cirúrgicas estão send o redefinid as e os res ultados a Um sinal de cruzamento associado ao sinal da parede poste-
curto e médio prazo dos di ve rsos procedim entos es tão send o rior e uma espinha isquiáti ca proeminente indicam retroversão de
relatados. todo o acetábulo com cober tura posterior defici ente. Esses pacien -
Diagnósticos precisos da fo nte de do r em adultos jovens ou tes têm retrove rsão ve rdadeira de todo o seu acetábulo e são can -
adolescentes são fundamentais para obter res ultados cirúrgicos didatos à osteotomia periacetabular (OPA) . Alguns desses pacientes
ótim os com a cirurgia do IFA. O diagnósti co do IFA é reali zado têm um comp onente de displasia com cobertura lateral deficiente.
primariamente pela clínica a partir do histó ri co e do exame físico Tratar esses pacientes com redução da borda acetabular pode predispô
do paciente e em seguid a relacionad o com as constatações rad io- -los a sintomas de instabilidade. Realizar urn a OPA permite que o
gráficas . Ocas ionalmente, o diagnóstico por um a injeção no cirurgião anteverta o acetáb ul o co m ou sem abdução, conforme
qu adril é realizado no momento da ARM. Um estudo recente necessidade, para otimizar os parâmetros radiográficos predeter mi -
realizado por Hack et ai. confirma a necessidade de quadro clínico nados. O estado da cartilagem articul ar anterio r deve ser avaliado
co nvince nte de IFA como um a indicação para cirurgia. Entre os antes da OPA para retroversão acetabular, para evitar rodar a car-
200 vo luntários assimtomáti cos qu e fize ram RM dos quadris, 14% tilage m ar ti cul ar lesionada em um a posição de carga.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM AD ULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL

LUXAÇÃO CIRÚRGICA DO QUADRIL ~


TÉCNICA ~~~~~~~~...... ~
O deslocamento cirúrgico do quadril foi descrito por Ganz et ai.
(GANZ ET AL.)
há uma década para o tratamen to do IFA. A cirurgia é indi cada
para permitir o acesso total ao acetábulo e à tran sição colo-
•Com o paciente na posição de decúbito latera l, faça uma
cabeça femoral enquanto se preserva o suprim ento sanguíneo da
in cisão de Kocher-Langenbeck (Cap. 1, Técn ica 1-67) e
cabeça femoral. O acesso protege o ramo profundo da artéria
divida a fáscia lata adequadamente. Alternativamente,
circunflexa medial, pois ela abastece os vasos retinacul ares pos-
real ize um acesso de Gibson (Cap. 1, Técnica 1-6 1) e
terolaterais para a cabeça femora l. A maior vantagem do acesso
retraia o glúteo máxi mo posteriormente.
é a sua natureza extensiva com acesso total à borda acetabular,
•Gire internamente a perna e identifique a borda posterior
ao lábrum e à transição colo-cabeça femora l sem as limitações da
do glúteo médio. Não mobilize o glúteo médio ou tente
artroscopia e abordagens anteriores limitadas. A luxação cirúr-
expor o tendão piriforme.
gica do quadril também foi usada para o tratam ento aberto do
•Faça uma incisão a partir da borda posterossuperior do
deslizamento da epífise femoral e das fr atu ras tipo Pipkin da
grande trocãnter, estendendo dista lmente para a borda
cabeça femoral. A desvantagem dessa abord agem também es tá
posterior da crista do vasto lateral.
relacionada à sua natureza extensiva, que requer osteotomia tro-
•Use uma serra osci lante para realizar uma osteotomia
cantérica com uma recuperação mais prolongada, em compara-
trocantérica, com uma espessura máxima de 1,5 cm ao
ção às exposições mais limitadas.
longo desta linh a. Em seu limite proximal, a osteotom ia
deve sair exatamente anterior à inserção mais posterior
do glúteo médio (Fig. 6-25A) Isso preserva e protege o
ramo profundo da artéria circunflexa femoral medial. )

B Músculo piriforme

/
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/
/
//

///\)
, ,//,/

,.. ,.. ,..


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e D

O[êi'hfU'.ilJ:• A, A osteotomia trocantérica termina na região proximal, exatamente anterior à inserção mais posterior do glúteo
médio, preservando o ramo capsular da artéria circunflexa femoral medial. B, A cápsula do quadril é exposta acima do nível do piri-
forme, dissecando o glúteo mínimo da cápsula enquanto desloca o fragmento trocantérico anteriormente. C, Capsulotomia em Z é
realizada. D, O quadril é deslocado anteriormente, colocando-se a perna em uma bolsa estéril, sobre o lado anterior da mesa de ope-
ração, e cortando o ligamento redondo .
llD PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

O@ii;f.uffjg.J,i E, O lábrum é refletido do acetábulo em excesso. F, O excesso ósseo é reduzido com osteotomia ou broca
escareadora e o lábrum intacto é reinserido com âncora de sutura, se possível. G, O lábrum é rei nser ido com as âncoras de sutura . H,
A broca escareadora é usada para refazer o contorno da junçã o colo-cabeça. 1, O esferômetro plástico transparente pode ser usado
para avaliar o ponto onde a cabeça femoral se torna asférica e para orientar a extensão da osteocondroplastia. VEJA A TÉCNICA 6-1.

•Libere o fragmento do grande trocânter ao longo da sua •Retra ia o retalho inteiro, in cluind o o glúteo mínimo,
)
borda posterior, quase para o meio do tend ão do glúteo anterior e superiormente para expor a cápsula su perior
máximo, e mobi lize-o anteriorm ent e com o vasto latera l (Fig . 6-258) Acrescentar flexões e rotação externa do
inserido. quadril torna essa etapa mais f áci l.
• Li bere as fibras mais posteriores do glúteo médio do resto •I ncise a cápsu la na posição anterolateral ao longo do
da base do trocânter. A osteotomia está correta quando grande eixo do colo femoral; isso evita lesão do ramo
apenas parte das f ibras do tendão do piriforme tiver de ser profundo da artéria ci rcunfle xa femoral medial (Fi g.
liberada do fragmento trocantérico para mobilização futura. 6-25C)
•C om a perna do paciente flexionada e ligeiramente rodada • Realize uma in cisão capsu lar ant eroinferior, tomando
externamente, eleve o vasto latera l e intermédio da porção cuidado para manter a capsulotomia anterior ao trocânter
lateral e anterior do fêmur proximal. menor, para evitar dano ao ramo principal da artéria
•Retraia com cuidado a borda posterior do glúteo médio circunflexa femora l medial, que f ica exatamente superior
para a posição anterossuperior para expor o tendão e posteri or ao trocânter menor.
piriforme. • Eleve o retalho anteroinferior para expo r o lábrum.
•Separe a borda inferi or do glúteo mínimo do piriforme •Prolongue a primeira incisão capsular em direção à borda
relaxado e da cápsula subjacente. Tome cu idado para acetabu lar e, em seguida, vire-a posteriormente paralela
evitar lesâo do nervo ciático, que passa inferior ao ao lábrum, chegando ao tendão piriforme retraído .
músculo piriforme dentro da pelve . Cu idado para não danificar o lábrum .
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADU LTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRI L cm
• Des loque o quad ril fl exionando e rodando externamente artrite (grau 2 de Tõnnis), diagnóstico intraoperatório de delam inação
a perna; traga a perna para a frente da mesa de operação da cartilagem e idade avançada. Em um estudo realizado por Espi-
e coloque-a em uma bolsa estéril (Fig. 6-25D). Agora, a nosa et ai., a refixação !ab ra] aperfeiçoou a porcentagem de bom a
maior parte do acetábulo pode ser inspecionada. excelente de 76% a 94%, quando comparada ao desbridamento labral.
• A manipulação da perna permite um acesso de 360 graus A ossificação heterotópica e a do r trocantérica no local da osteossín-
para o acetábu lo e um acesso próximo a 360 graus para tese que requiseram remoção foram complicações raramente apre-
a cabeça femora l. sentadas. As consequências em longo prazo da cirurgia de conservação
• Após a exposição do acetábulo, rebata o lábrum na parte do quadril para o IFA e seu impacto na história natural do IFA ainda
da borda acetabular que apresenta o excesso de cober- estão por ser comprovadas.
tura (Fig. 6-25E) e reduza o osso em excesso com um
osteótomo ou uma broca escareadora (Fig . 6-25F).
• Se possíve l, faça uma rei nserção do lábrum na margem ARTROSCOPIA DO QUADRIL COMBINADA
da superfície articu lar, com âncora de sutura, recriando o COM OSTEOCONDROPLASTIA ABERTA
efeito de selo do lábrum (Fig. 6-25G) . LIMITADA
• Para osteocondroplastia, trace a junção colo-cabeça femoral
com um marcador cirúrgico e depois corte a cartilagem Este acesso descrito por Clohisy et al., Laude et ai. e outros foi usado
articu lar na borda proximal da ressecção com um bisturi para em pacientes com impacto do tipo "cam''. Após uma artroscopia de
evitar um prolongamento inadvertido na cabeça femora l quadril para reparo ou desbridamento labra l do compartimento
normal. central ou intra-articular, a região anterior do quadril é acessada por
• Cuidadosamente real ize a resecção com osteótomos peque- meio da abordagem de Smith-Petersen limitada ou por meio da abor-
nos usando uma broca escareadora para completar o ajuste dagem de Hueter (pela bainha do tensor da fáscia lata). A osteocon-
do contorno da junção colo-cabeça (Fig. 6-25H). Os estudos droplastia da transição colo-cabeça femoral é reali zada sob visão
em cadáver mostraram que até 30% do diâmetro do colo direta. Com tração, a borda anterior do acetábulo pode ser ressecada
femoral pode ser removido do quadrante anterolatera l da com a refl exão do lábrum, que depois é rei nserido com âncoras de
junção colo-cabeça sem alteração substancial da resistência sutura, embora a ressecção e a exposição da borda sejam limitadas. A
do colo femoral à carga axial. Uma ressecção típica, no vantagem desse acesso é principalmente evitar a morbidade do des-
entanto, é muito inferior a 30%, e é adaptada para a ana- locamento cirúrgico com uma exposição maior, incluindo a osteoto-
tomia específica encontrada. mia trocantérica. Esse acesso permite a visão direta da deformidade
• Veri f ique o contorno da cabeça do fêmur com um molde do tipo "cam" sobre a transição colo-cabeça femoral, que pode ser
difícil de visualizar e ressecar artroscopicamente. A limitação desse
plástico ou esferômetro para medir a extensão proximal
da osteocondroplastia, onde a cabeça femoral se torna acesso é que apenas o aspecto anterior do colo e da cabeça femoral e
asférica (Fig. 6-251). a borda acetabular podem ser acessados. O nervo cutâneo femora l
lateral também pode ser lesionado nesse acesso. Colocar a incisão a
• Recubra o osso esponjoso exposto com cera óssea.
muitos centímetros lateralmente à espinha ilíaca anterossuperior e
Reduza o quad ril e reproduza a posição do impacto,
acessar o quadril anterior através da bainha fascial do tensor da fáscia
aval iando a amplitude de movimento diretamente, e com
fluoroscopia. lata pode diminu ir o risco de lesão do nervo.
• Repare a cápsu la anatomicamente com suturas não
absorvíveis.
• Reinsira o grande trocânter com dois parafusos corticais
de 4,5 mm, direcionando media l e dista lmente na região
do pequeno trocânter.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a operação, o paci-


TÉCNICA ..
(CLOHISY E MCCLURE)
_ _ _____.~
•Com o paciente na posição supina, real ize um exame
ente é mobi lizado com o apoio do peso com toque no solo
artroscópico padrão do quadril (Cap .51) para exame da
por 6 semanas, evitando a abdução ativa extrema, flexão
carti lagem articu lar da cabeça femo ral, acetábu lo e lábrum
ou rotação do quadril. Após 3 semanas são iniciados os
exercícios na piscina e na 6ª semana é permitido o suporte acetabu lar. Desbride quaisquer segmentos instáveis do
lábrum acetabular e dos fragmentos de cartilagem articu-
de peso com fortalecimento do abdutor progressivo.
A heparina de baixo peso molecular é usada na profila xia lar associados.
•Após o térm ino do desbridamento artroscóp ico, irrigue a
de trombose venosa profunda por 2 semanas, segu ida de
aspi rina diariamente por mais 4 semanas. articu lação, remova os instrumentos artroscópicos e libere
a tra ção.
• Reali ze um exame de fluoroscopia lateral na posição de
rã ou cross-tab/e lateral (Fig . 6-27 A) para garantir uma
• RESULTADOS visão excelente do fêmur proximal, principalmente da
Nos estudos com seguimentos variando entre 2 a 5 anos, a taxa de transição colo-cabeça femora l.
res ultados de bom a excelente teve variação de 68% a 94%. Os índices •Rea lize uma incisão de 8 a 1O cm, começando logo infe-
de avaliação do quadril aumentaram em méd ia entre 2,4 e 5,0 pontos, rior à espinha ilíaca anterossuperior e incorporando a
conforme medida realizad a pelo Índice de Merle d'Aubigné, e em 17 incisão anterior do portal artroscópico (Fig . 6-278).
pontos conforme medida realizada pelo Índice de Avaliação do • Realize a dissecção através do tecido su bcutâneo lateral-
Quadril de Harris (Fig. 6-26). A conversão para prótese total do mente, diretamente na fáscia do músculo do tensor da
quadril ocorreu em 0% a 26% dos pacientes. Fatores que impactaram
negativamente os resultados incluíram evidências pré-o peratórias de
fásc ia lata.
)
- PARTE 11 PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

HMll;furl1?9 A e B, Radiografias pélvicas lateral e anteroposterior pré-operatórias, de uma mulher com 32 anos de ida de, com
impacto dos tipos "cam" e "pincer" combinados, após o tratamento da fratura do colo femora l. C e D, Após deslocamento cirú rgico
com redução da borda acetabular e osteocondroplastia femoral.

•Corte a fáscia e retraia o ventre do músculo latera lmente •Rebata o reto distalmente e disseq ue o tecido adiposo e
)
e a fáscia mediaimente. Protej a o nervo cutâneo femoral as fibras do múscul o ili ocapsular da cápsula anterior do
colocando a incisão da fáscia lateral ao intervalo tensor- quadri l (Fig . 6-27C).
-sartório. •Faça uma capsulotomia em forma de L para proporcionar
• Desenvolva o intervalo entre o tensor e o sartório, identi- uma exposição adequada da regi ão anterolateral da tran-
fique a origem do reto e libere as cabeças reflexa e direta. sição colo-cabeça femoral.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADR IL EM AD ULTOS JOVENS E CIRURG IA PRESERVADORA DO QUADRIL C!fll

Músculo tensor
da fáscia lata -f'-~~~f-

· -=-.,!,-,----~-Músculo
sartório

Músculo
reto
femoral--\,------""'1"*-'~

e
O[riil;tijrlJa A, O exame de fluoroscopia lateral em posição de rã mostra a transição colo-cabeça femoral. B, A incisão incorpora
o portal artroscópico anterior ligeiramente lateral à esp inha ilíaca anterossuperior, para evitar o nervo cutâneo femoral lateral. C, O
músculo tensor da fáscia lata é retraído lateralmente e o reto e o iliocapsu la r são refletido s para acessar a cápsula do quadril anterior.
D, Exame de fluoroscopia lateral em posição de rã, verificando a ressecção apropriada. VEJA A TÉCNICA 6-2.

•Utilizando o offset colo-cabeça normal anteromedialmente • Depois da definição do offset colo-cabeça anterolateral ,
como ponto de referênci a para ressecção da lesão osteo- confirme a precisão da ressecção com fluoroscopia usando
condral anormal ao longo da transição colo-cabeça ante- visões laterais cross-table e posição de rã em graus neutros
ro lateral, use um osteótomo curvo de 0,5 polegada para e variantes de rotação interna (Fig. 6-27D).
rea lizar uma osteoplastia na transição colo-cabeça. •Examine o quadril para impacto na flexão e para a
•Direcione o osteótomo dista l e posteriormente para fazer rotação interna e flexão comb in adas, enquanto palpa
uma ressecção biselada para previnir a delaminação da o quadril na região anterior para testar um impacto
carti lagem da cabeça femoral articular retida. residual. )
- PARTE 11 PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM AD ULTOS

iâ!dlhHC1?9 A pós osteocondroplastia aberta limitad a da tran-


sição colo-cabeça fem ora l.

•Se a borda acetabular anterior estiver em excesso devido


)
à calcificação labral ou à formação osteofitária, desbride
com cuidado até a alcançar a li beração adequada.
•O movimento do quadril deve melhorar pelo menos de 5
a 15 graus em flexão, e de 5 a 20 graus em rotação interna. lâ@ii;fflmlt A, Radiografia pré-operatória do paciente com
•O objet ivo da osteoplastia é remover todo o tecido osteo- sinais da parede posterior e crossover, indicativos de retroversão
cond ral anterolateral proem in ente que contribui para um acetabular com deficiência de cobertura posterior. B, Após a osteo-
fo rm ato asférico da cabeça femoral (Fig. 6-28). Se a esfe- tomia periacetabular "reversa" para aumentar a anteversão ace-
ricidade não for alcançada, realize uma ressecção adicio- tabular do paciente. (Cortesia de Christopher Peters, MD.)
nal na transição co lo-cabeça femoral.
• Controle o sang ram ent o com cera óssea, irrigue a articu-
lação e feche as extensões longitud inal e transversal supe-
riores da artrotom ia com sutura não absorvível. Feche o
• RESULTADOS
resto da ferid a de forma padrão. Clohisy et ai. mostraram um a média de melhora na pontuação do
Índice Modificado de Harris de 64 para 87, com normalização do
ângulo alfa em 2 anos de acompan hamento após o desbridame nto
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são manti-
!abra! artroscópico e a osteocondroplast ia aberta limitada. Dois dos
dos no hospital du rante a noite para observação. A f isiote-
36 pacientes mostraram uma progressão na rad iografia de artrite,
rapia é institu ída para ca rga mínima de peso com muletas
do grau O para o grau 1 de Tõnnis. Laude et ai. mo~traram no acom-
para minimiza r o risco de fratura por estresse do colo
panhamento médio de 58 meses, um aumento do Indice de Q uadril
femoral. É usado um travesseiro debaixo da coxa para pro-
Não Artrítico de 29 pontos. Ho uve uma falha de 11 % co m a con-
teger o reparo do reto, e deve-se evita r flexão ativa durante
ve rsão para a artroplast ia total do quadril, com melhores resultados
6 semanas. O fortalecimento dos abdutores é iniciado ime-
obtidos em pacientes com idade inferi or a 40 anos e pacientes com
diatamente e tem continuidade com um programa de exer-
grau O de Tõnn is de artrite pré-operatória.
cícios em casa. As muletas são liberadas após 6 semanas e
as atividades são reinici adas gradualmente, conforme tole-
rado. Atividades de impacto, como a corrida, não são acon-
OSTEOTOMIA PERIACETABULAR
selháveis por pelo menos 6 meses. A aspi rina, 325 mg, é
tomada como profilaxia para tromboembolismo; e a indo-
A osteotomia periacetabular desenvolvida principalmente para o
metacina, 75 mg de liberação prolongada, é usada para
tratamento de displasia também fo i usada para o tratamento do
profilaxia na ossificação heterotópica; a terapia com ambos
impacto do tipo "pi ncer" devido à retroversão acetabul ar global
medicamentos tem duração de 6 semanas .
(Fig. 6-29) identificada rad iograficamente por um sinal crossover
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL cm
com um sinal da parede posterior correspondente na radiografia fêmur proximal é excessivamente antevertido. A cabeça femoral
anteroposterior da pelve. Alguns desses pacientes também têm pode ser pequena e ter um contorno lateral achatado. Norma lmente,
cobertura lateral deficiente com um ângulo centro borda inferior a o acetábulo é antevertido com cobertura anterior deficiente demons-
20 graus. De acordo com o algoritmo descrito por Peters et ai., a trada na visão radiográfica de falso perfil. No entanto, até um terço
cartil agem articular do acetábulo anterior deve ser ava liada e estar dos acetábu los displásticos é retrovertido, e isso deve ser levado em
intacta pela artografia MR antes de continuar com uma OPA, pois conta durante a correção da deform idade.
essa car til agem sofrerá uma rotação e permanecerá sob a área de Murphy et ai. observaram prospectivamente quadris em
carga, com correção da deformidade óssea. pacientes que foram subm etidos a artroplastia total do quadril por
osteoartrose. Eles encontraram que quadris contralaterais com
• TÉCNICA CIRÚRGICA ângu lo centro borda lateral in fer ior a 16 graus desenvolviam roti-
A técnica de OPA é descrita no capítulo sobre displasia do quadril neiramente os teoartrose significativa por volta dos 65 anos de
(Técnica 6-3). A direção de rotação do segmento acetab ul ar é indi- idade. Tessel et ai. usa ram a indexação da dGEMRIC (do inglês,
vidual para cada paciente. Deve-se tomar cuidado para não anter- delayed gadolinium-enhanced magnetic resonance imaging - res-
verter demais o segmento acetabular, pois é possível criar um sonância magnética da cartilagem com realce tardio do gadolínio)
impacto posterior. Em deformidade do tipo combinado pode ser para quantificar o estado osteoartríti co em uma coorte de quadris
realizada uma osteocondroplastia da transição colo-cabeça femoral displásicos, e descobriram que o envelhecimento, agravamento de
através do acesso de Smith-Petersen, usado para a OPA. displasia confor me definição dos ângulos centro borda anter ior e
lateral, e a presença de uma lesão lab ral na ARM estão todos cor-
• RESULTADOS relacionados com o aum ento da osteoartrose.
Siebenrock et ai. mostraram o uso da OPA para impacto devido à Normalmente, pacientes com displasia de quadril tornam-se
retroversão acetabular em 29 quadris, 24 dos quais tiveram remo- sintomáticos entre a 2" e a 5" década de vida. Inicialmente, a dor pode
delação sim ultânea da transição colo-cabeça femoral. Eles almeja- ocorrer apenas com atividades de grande esforço, ou devido a longos
ram por 30 graus de rotação interna, em 90 graus de flexão do períodos de pé. Os testes de FADIRI ou de impacto podem se tornar
quadril. Vinte e oito dos 29 quadris tiveram resultados de bom a positivos com lesão do láb rum. O teste de apreensão pode ser positivo
excelente, sem evidência de osteoatrite, em uma média de 30 meses com cobe rtura anterior insuficiente e lesão da cartilagem anterior.
de acompanhamento. Foram necessárias três novas operações: uma A avaliação radiográfica completa desses pacientes, co nforme
para correção incompleta, uma para hipercorreção com impacto destacado anter iormente, inclui uma avaliação da laterali zação,
posterior secundário, e uma para perda de fixação. Os autores enfa- versão, profundidade e cobertura acetab ul ar. A esfericidade da
tizaram a necessidade da avaliação intraoperató ria da correção ace- cabeça femoral é observada, pois a osteotomia rotacional do acetá-
tab ul ar com imagens pélvicas anteroposteriores e ava liação da bulo pode piorar a cong ru ência do quadril quando a cabeça femoral
amplitude de movimento. Peters et ai. mostraram uma melhora na é asférica. Uma radiografia anteroposterior com o quadril ligeira-
pontuação do Índice de Avaliação do Quadril de Harris, de 72 para mente flexionado e abduzido pode ser realizada para simular a con-
91 em 30 quadris em 4 anos de acompanhamento após a OPA para gruência que seria obtida com uma OPA (F ig. 6-30). Qualquer
retroversão acetabular com um sinal da parede posterior positivo. evidência de alteração artrítica é observada e pontuada pela escala
de Tõnnis. O falso perfil é avaliado para evidência de subluxação ou
desgaste da cartilagem posterior. A avaliação do contorno da junção
ARTROSCOPIA DO QUADRIL colo-cabeça femo ral é importante, pois rodar o acetábulo com uma
OPA pode criar um impacto do tipo "cam" anterior, que requer
O tratamento do IFA com osteocondroplastia artroscópica da tran- osteocondroplastia femoral. Uma artrorressonância pode ser útil,
sição colo-cabeça femoral e redução da borda acetabular com des- principalmente para pacientes mais ve lhos, para avaliar o estado do
bridamento labra l ou refixação requer um conjunto de habilidades lábrum e da cartilagem articular.
especiali zadas. Sobre quais pacientes são mais bem tratados com
técnicas abertas e artroscópicas é um assunto que será mais bem
definido conforme os estudos de acompanhamento forem disponi- OSTEOTOMIA PERIACETABULAR
bilizados. Alguns autores defend em que pacientes com deformida-
des menores, mais anteriores, devem ser tratados com artroscopia, A osteotomia periacetabular foi descrita por Ganz et ai. nos anos
enquanto as deformidades maiores devem tratadas tratadas com 1980 como um método de estabilização dos quadris displásicos sin-
procedimentos abertos. tomáticos em pacientes esqueleticamente maduros, e como pre-
O tratamento do IFA com técnicas artroscópicas é abordado venção da deterioração artrít ica. A osteotomia é feita através de
no Capítul o 51. um acesso de Smith-Petersen (Cap. 1), com cortes ósseos reprodu-
zíveis e liberdade rotacional extensiva para o reposicionamento
acetabu lar, com pouco risco de osteonecrose do segmento aceta-
DISPLASIA DO QUADRIL bular (Fig. 6-31) . O láb rum e a transição anterior colo-cabeça
femora l podem ser abordados através da porção distal do acesso
A displasia de quadril em adultos jovens é resultado da displasia do de Smith-Petersen. O fragmento rotacionado pode ser estabi li zado
desenvolvimento do quadril na infância. Radiograficamente, a dis- com fixação por parafuso, e o paciente pode ser mobilizado relati-
plasia do quadril é caracterizada por um ângu lo do LCE inferior a vamente rápido, pois a coluna posterior é deixada em continuidade,
20 graus, com quadris entre 20 e 25 graus representando displasia deixando o ísquio ligado ao esqueleto axial.
no limites. Geralmente, o ângulo de Tõnnis é maior que 10 graus.
Os quadris displásicos também mostram uma lateralização do • INDICAÇÕES CIRÚRGICAS
centro de rotação do quadril com alargamento da lágrima radiográ- A osteotomia acetabular é claramente indicada para pacientes jovens
fica. O ângulo cervicodiafisário geralmente está aumentado e o sintomát icos com displasia esférica congruente do quadril, um ângulo
1118 PARTE li PROCEDI MENTOS RECO NSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

H@ihfiil:lm A, Radiograf ia anteroposterior de quadril displásico com congruência articular questionável. B, O mesmo quadril é
posto em abdução e em leve fle xão, para imitar a congruência que seria obtida com a osteotomia periacetabular.

H[riil;Hl!IJlt Osteotomia periacetabu lar de Bernese. A, Visão interna da pe lve óssea. B, Visão externa da pelve óssea .

LCE inferior a 20 graus, e alterações artríti cas secundári as mínim as Idade pré-operató ria superior a 35 e congruência articular pobre
ou nenhuma (grau d e Tõnnis O ou 1). Pacientes sintom áticos com ou moderada foram relatadas corno fato res independentes preditivos de
ângulos d e centro borda entre 20 e 25 graus, bem com o pacientes falha da OPA: quando os dois fato res ocorrem em um determinado
mais jovens com congruência mod erad a, também po dem ser candi - paciente, a chance de resultar em dor forte ou conversão para artroplas-
datos à cirurgi a. tia total do quadril chega a 95%. Outros, no entanto, encontraram que
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL

iâ!§il;@ l!im Radiografias pré-operatória (A) e pós-operatóri a (B) de um paciente com displasia do quadril, associada a um ângulo
cervicodiafisário femoral elevado, tratado com osteotomia periacetabular e com osteotomia intertroca ntérica varizante.

pacientes com idade superior a 50 anos tiveram resultados radiográficos


e clínicos de 2 anos semelhantes aos dos pacientes com idade inferior a
50 anos. Em nossa prática, a OPA pode ser indicada para pacientes com
idade superior a 40 anos, com w11a cabeça femoral esférica e alteração
artrítica mínima, conforme avaliação dos exames radiográficos padrões
e da artrorressonância. Essa decisão, no entanto, é sempre ponderada
contra a opção de tratan1ento sintomático, com provável artroplastia
total futura. O IFA do tipo "pincer" com retroversão acetabu.lar é outra
indicação para a OPA, já abordado anteriormente.
Osteotomia intertrocantérica do fêmur proximal ocasional-
mente é fe ita como um procedimento simultâneo. A osteotomia
varizante e desrotativa é realizada para corrigir o valgo excessivo e
a anteversão do fêmur proximal, embora as orientações para essa
.l
I'
•!
indicação não sejam uniformes (Fig. 6-32). A osteotomia valgizan te Incisão ----f. ' . _
pode se r reali zada para coxa vara e deformidades do tipo Perthes padrão lnc1sao
asférico, para manter congruência articular. ; i de biquíni

• TÉCNICA CIRÚRGICA
A técnica original descrita por Ganzet ai. envolveu exposição das tábuas
interna e externa do ilia através do acesso de Smith-Petersen com desin-
serção dos abdutores para expor a coluna posterior do acetábulo na
superfície lateral da pelve. Murphy e Millis descreveram um acesso
modificado que poupa os abdutores para a OPA, reali zando a osteoto-
mia a partir da superfície interna da pelve com wna desinserção mínima
lateral. Eles também descreveran1 uma incisão tipo biquíni, que segue
a prega inguinal mediaimente (Fig. 6-33). Embora essa incisão tipo
biquíni seja usada em mulheres magras, o acesso para a articulação do
quadril para reparo labral e osteocondroplastia femoral é melhor por 0[d'hHl'aEm A 1nc1sao de Smith-Peterson é preferível pela
meio de uma incisão de Smith-Petersen padrão, e preferimos usá-la na maioria dos pacientes, com o uso ocasional de incisões mais cosmé-
maioria dos pacientes. Atualmente, preferimos o acesso que poupa os ticas do tipo biquíni em pacientes magros. ASIS, Espinha ilíaca ante-
abdutores, conforme descrito por Matheney et al. rossuperior (do inglês, anterosuperior iliac spine).
lllD PARTE li PROCEDI MENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

fluoroscopia. O objetivo é colocá-los acima do tendão


OSTEOTOMIA PERIACETABULAR obturador externo. Se a cápsula articular for aberta aci-
BERNESE dentalmente, um segundo passo pode ser realizado
~ entrando-se no fundo da bainha do tendão psoas para
TÉCNICA
--~~~~~~~...... ~ desenvolver um segundo caminho extra-articular para
chegar à porção anterior do ísquio.
(MATHENEY ET AL.)
OSTEOTOMIA DA PARTE ANTERIOR DO ÍSQUIO
• Com o paciente em posição supina, prepare e cubra a extre- •Posicione o quadril em 45 graus de flexão e leve adução.
midade livre envolvida desde a margem costal, mediai- •Insira um cinzel para osso angular, bifurcado a 30 graus
mente ao umbigo e posteriormente ao terço posterior do ílio. (largura da lâm ina de 15 ou 20 mm) através do intervalo
anteriorme nte criado entre a cápsula medial e o tendão
DISSECÇÃO SUPERFICIAL psoas para colocar sua ponta em contato com a parte
•Faça uma incisão de Smith-Petersen longitudin al ante rior superior da cavidade infracotilóidea da parte anterior do
direta, ou uma incisão ilioinguinal anterior (Cap. 1). ísquio, acima do tendão obturador externo. Ficar próximo
• Identifique a fáscia sobre o oblíquo externo e o glúteo médio, ao obturador externo ajuda a prevenir lesões à vizinha
e incise-a posteriormente à espinha ilíaca anterossuperior. artéria circunflexa femoral medial.
•Desenvolva o plano entre os dois múscul os para expor o •Palpe levemente os aspectos medial e lateral do ísquio com
periósteo sobre a crista ilíaca. Divida esse periósteo e o cinzel, verificando a posição do cinzel com fluoroscopia,
disseque subperiostealmente a tábua interna do ílio . tanto nas projeções anteroposterior, quanto na projeção
•Entre no compartimento do tensor da fáscia lata e por oblíqua do ilíaco. O cinzel deve estar posicionado, aproxima-
dissecção romba separe o músculo do septo com o músculo damente, 1 cm abaixo do lábio inferior do acetábulo, com
sartório; isso é feito para proteger o nervo cutâ neo femoral sua ponta orientada para a espinha isquiática, ou para um
lateral. ponto um pouco acima da espinha isquiática (Fig. 6-34A).
•Identifique o fund o desse compartimento e siga-o proxi- • Bata com o cinzel a uma profundidade de 15 a 20 mm
malmente até a porção anterior do ílio ser palpado. através das corticais medial e lateral do ísquio. Tome cuidado
•Fure antes a espinha ilíaca anterossuperior com uma ao conduzir o cinzel muito para o fundo, através do córtex
broca de 2,5 mm e faça a osteotomia da porção anterior lateral, por causa da proximidade do nervo ciático, principal-
(1 x 1 x 1 cm) para realizar a dissecção e o posterior mente com o quadril flexionado e aduzido .
reparo mais fácil.
•Alternativamente, sepa re o sartório com uma lâm ina fin a OSTEOTOMIA DO RAMO PÚBICO SUPERIOR
de osso, que será reparado com sutura no final do •Com o quadril ainda flexionado e aduzido, retraia leve-
procedimento. mente o tendão psoas e as estruturas mediais mediai-
•Continue a dissecção subperiosteal até a espin ha ilíaca mente. O afastamento pode ser ajudado pelo impacto da
anteroinferior. ponta de um retrator de Hohm ann perfurante, ou de um
fio com bitola maior de Kirschner no ramo púbico supe-
DISSECÇÃO PROFUNDA rior, logo após a extensão mais medial da dissecção.
•Flexione e faça a adução do quadril para aliviar a tensão • Realize uma incisão no periósteo do ramo púbico supe-
da musculatura anterior. rior, ao longo de seu eixo, e faça uma dissecção subpe-
•Divida a porção reflexa do reto femoral em sua junção riosteal circunferencial com cu idado. Ela pode ser ajudada
com a porção direta. por meio de uma incisão periosteal transversal 1 a 2 cm
•Eleve a porção direta do reto femoral e a porção capsular medial à eminência iliopectínea e dando continuidade à
adjacente do músculo ilíaco como uma unidade, e afas- dissecção prévia subperiosteal da tábua ilíaca interna no
te-os distal e mediaimente a partir da cápsula articular forame obturador lateral.
adjacente. •Posicione os retratores de Hohmann, retratores de Rang,
•Afaste o ilíaco, sartório e o conteúdo do abdome mediai- ou retratores ósseos de Lane anterior e posteriormente ao
mente. redor do ramo púbico superior no forame obturado para
•Abra a bainha do psoas e afaste o músculo e tendão proteger a artéria e o nervo obturatório. Observe atenta-
mediaimente. Alternativamente, afaste o psoas pela libe- mente a adução espontânea do membro, que é indício de
ração subperiostea l de sua bainha, do ramo púbico, e estiramento ou irritação do nervo obturatório.
separe a bainha da cápsula. Isso permite a exposição da • Osteotomize o ramo púbico supe rior perpendicular ao
porção anterior do ramo púbico superior medial à eminên- seu eixo longo, quando visto de cima, e oblíquo de
cia iliopectínea, um marco importante apresentando a proximal lateral à distal med ial quando visto de frente .
extensão mais med ial do acetábulo ósseo. A osteotomia pode ser feita usa ndo-se uma pinçavas-
•Crie um interva lo entre a cápsula articular medial e o cular de Satinsky para passar uma serra de Gigli em
tendão do il iopsoas e, sequencialmente, di late-o com a volta do ramo, e serrando-se para cima, long e dos
ponta de uma tesoura de Mayo longa e/ou retrator de retratores, ou impactando-se um osteótomo reto logo
Lane. medial à eminência iliopectínea. A chave para essa
•Use as pontas da tesoura e do retrator de Lane para osteotomia é permanecer medial à eminência iliopec-
palpar a parte anterior do ísquio na cavidade infracotilói- tínea, para evitar a criação de uma osteotomia intra-ar-
dea; verifique o local adequado desses instrumentos com ticular (Fig. 6-348) )
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURG IA PRESERVADORA DO QUADRI L

O[riii;HE9 A, Osteótomo de Ganz com 30 graus. B, A osteotomia isquiática é realizada através de um intervalo entre o tendão
do psoas e a cápsu la do quadril com osteótomo com 30 graus. C, A osteotomia púb ica é realizada exata mente media l à eminência
iliopectínea e à imagem em lágrim a da radiografia. D, A osteotomia il íaca inicial é fei ta com serra de osci lação em direção ao topo da
incisura ciática. E, A osteotomia da coluna posterior inicia-se a partir da ponta da osteotom ia ilíaca, através da borda pé lvica, e em
segu ida através do córtex medial da lâmina quadril átera.
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

O[dil;fflllGM3•!1I F, O osteótomo de Ganz com 30 graus é usado para terminar com cu idado a osteotomia da coluna posterior,
de medial para latera l, sob contro le fluoroscópico, e para ligar a osteotomia da colu na posterior à osteotomia isquiática. G, A fixação
da osteotom ia pode ser apenas por meio de parafusos, através da asa ilíaca no fragmento rotacionado, ou incluir um parafuso "home-run",
que vai da esp inha ilíaca anterossuperior, em direção à co luna ciática. VEJA A TÉCNICA 6-3.

INSPEÇÃO INTRACAPSULAR E com fluoroscopia. Na projeção latera l, a ponta do retrator


)
ARTROTOMIA deve estar direcionada para o ápice da incisura ciática.
• Se existe preocupação quanto ao processo patológico •Afaste o ilíaco mediaimente com um retrator de Hohmann
intra-articular, tal como lesão do lábrum, lesão tipo "cam" invertido, com a ponta colocada sobre a superfície quadri-
ou corpos livres, realize uma artrotomia em formato T, com látera.
o centro nas porções anterior e lateral do colo femoral para • Sob visão direta, faça uma osteotomia ilíaca com uma
evitar lesão nos vasos retin acu lares que correm ao longo serra de oscilação e irrigação resfriada, junto com o retra-
dos aspectos posterior e superior do colo femoral. tor de Hohmann, até atingir um ponto aproximadamente
• Faça a parte vertica l da artrotomia ao longo do eixo longo a 1 cm acima da linha iliopectínea (bem anterior à inci-
do colo femora l, e a parte horizonta l ao longo da borda sura) (Fig. 6-34C ).
acetabu lar. • Certifique-se de que as corticais lateral e medial estão
•Faça primeiramente a parte vertical da artrotom ia; isso osteotomizadas antes de prosseguir.
possibi litará a observação do lábrum enquanto se faz a •O ponto final do corte de serra no il íaco representa o
parte horizonta l (o "topo" do T). canto posterossuperior da osteotom ia periacetabu lar e é
•Repare ou desbride quaisquer lesões labrais e resseque o ponto inicial da osteotomia da coluna posterior, que
lesões do tipo "cam" do colo femoral com osteótomos será intermediário entre a incisura ciática e a parte pos-
retos ou curvos ou uma broca desbastadora de alta velo- terior do acetábulo.
cidade. Verifique se a ressecção foi adequada, movimen- •Nesse ponto, utilize uma broca de 3,2 mm para criar uma
tando o quadril em sua amplitude de movimento ou com passagem para um único pino de Schanz em um mandril
um exame de fluoroscopia lateral. em T.
•Feche a artrotom ia sem tensionar muito, apenas com •Insira o pino de Schanz no fragmento acetabu lar, dista l e
suturas sim ples absorvíveis interrompidas. paralelo ao corte de serra do ilíaco, bem acima da cúpula
do acetábu lo.
OSTEOTOMIA ILÍACA SUPRA-ACETABULAR
• Crie uma janela subperiosteal de 1,5 a 2,0 cm, abaixo dos OSTEOTOMIA DA COLUNA POSTERIOR
abdutores anteriores, logo distal à espinha ilíaca anteros- •Deixe o quadril flexionado e aduzido para relaxar os
superior, sem comprometer a origem dos abdutores. tecidos moles mediais.
•Realize uma leve abdução e estenda o membro, de modo • Posicione um retrator de Hohmann invertido, sem corte,
a permitir uma dissecção subperiosteal atraumática com mediaimente, com a ponta sobre a espinha isquiática.
uma rugi na estreita que é direcionada posteriormente ao Não é necessária a dissecção na incisura ciática.
ápice da incisu ra ciática maior, mas não dentro. • Faça a osteotomia através do córtex medial com um osteó-
•Posicione um retrator de Hohmann com ponta, longo e tomo longo e reto de 1,5 cm. A osteotomia se estende da
estreito nesta janela, e confirme a colocação apropriada extremidade posterior do corte de serra do ilíaco, passa
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRI L EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL cm
pela linha iliopectínea, através da lâmina quadrilátera medial, • Se for necessário recriar a posição apropriada da cabeça
e paralela ao canto anterior da incisura ciática, conforme femoral em relação ao aspecto medial da pelve, medialize o
visto na fluoroscopia oblíqua, e depois é direcionada para a fragmento acetabular levemente, já que foi obtida a cober-
espinha isqu iática. tura anterior e/ou lateral desejada. Isso irá manter a posição
•Faça o corte posterior primeiro através da parede medial e biomecânica apropriada do fêmur em relação à pelve.
depois na parede lateral do ísquio. Não coloque o osteó-
FIXAÇÃO ACETABULAR
tomo perpendicular à lâmina quad ril átera media l, em vez •Depois que a posição acetabu lar desejada foi obtida,
disso incline o canto medial livre do osteótomo entre 1O e posicione os pinos li sos de Kirschner (do diâmetro apro-
15 graus longe da incisura ciática para criar uma osteoto- ximado da broca planejada para ser usada em fixação
mia da placa coronal mais verdadeira, perpendicular à cor- posterior), de proximal a distal, através do ílio e dentro
tical lateral da coluna posterior (Fig. 6-34D). do fragmento em um padrão divergente.
• Verifique a angu lação correta e o posicionamento com •Verifique a posição do fragmento fluoroscopicamente,
fluoroscopia. nas projeções anteroposterior e de fa lso perfil. No exame
• Certifique-se de que as corticais medial e lateral da coluna de falso perfil, verifique a cobertura da cabeça femoral
posterior estão completamente cortadas. Um osteótomo de anterior em extensão completa e a 100 graus de flexão,
Ganz pode ser usado para conecta r as corticais medial e e confirm e que a cabeça femoral não esteja totalmente
lateral, começando na coluna posterior proximal, mas isso coberta, e que o impacto não tenha sido criado a partir
deve ser fe ito com mu ito cu idado, para evitar lesão no nervo de uma deformid ade do lado femoral. No exame ante-
ciático e em outras estruturas que saem da incisura ciática. roposterior, verifique a posição adequada da articulação
•Use um cinzel longo de manuseio de 30 graus para sacrococcígea em re lação à sínfise púbica; a superfície
conectar os cortes no ísquio anterior e posterior, para articular acetabular deve ser quase horizontal, a cabeça
terminar a osteotomia do canto posteroinferomedial da femoral deve estar bem coberta, a parede acetabular
lâmina quadrilátera (Fig. 6-34E e F). posterior deve sobrepor-se ao centro da cabeça femoral,
a sombra da parede anterior não deve sobrepor-se à
DESLOCAMENTO ACETABULAR parede posterior, e a li nha de Shenton deve estar intacta.
•Posicione um cinzel Lambotte reto de 1 polegada (2,54 •Meça os f ios de Kirschner para profundidade e compri-
cm) no corte de serra supra-acetabul ar do ilíaco, para mento, e substitua -os por parafusos corticais de 3,5 ou
confirmar a conclusão da osteotomia da cortica l lateral e 4,5 mm. Confirme a colocação extra-articu lar dos para-
proteger o osso esponjoso acima do acetábulo durante o fusos com fluoroscopia.
deslocamento. •Se necessário para estabi lidade (como em pacientes que
• Posicione as pontas da pinça óssea de Weber na parte do têm frouxidão ligamentar, uma condição neuromuscular,
ramo púbico superior do fragmento acetabular, de ou má qualidade óssea), um parafuso de segurança adi-
maneira a deixar o cabo anterior em contato com o pino cional pode ser colocado de anterior para posterior, da
de Schanz. espinha ilíaca anteroinferior posteriormente na parte infe-
• Enquanto abre suavemente o expansor, use o pino de rior do ílio (Fig. 6-34F). Preferimos não usar esse parafuso,
Schanz e/ou a pinça de Weber para mobilizar o frag- a menos que seja necessário, pois os parafusos são remo-
vidos, uma vez que a consolidação óssea é confirmada,
mento acetabular. Certifique-se de que as osteotomias
para a prevenção de irritação da cabeça do parafuso ou
posterior e anterior estão comp letas, ou o fragmento não
porque pode ser necessária uma RM posteriormente.
irá girar livremente, e o deslocamento dista l e lateral
•Reduza a proeminência il íaca ant erior do fragmento ace-
pode ocorrer enquanto o fragmento é alavancado na
tabular e use-a como enxerto ósseo.
cortical lateral intacta. Se necessário, palpe esses cortes
•Remova todas as esponjas e irri gue as feridas com
com um cinzel estreito ou um largo de 30 graus, e termine
abundância.
a osteotomia, se necessário.
• Repare a cabeça direta do reto femoral com sutura forte
• Depois que o fragmento estiver completamente livre, posi- não absorvível.
cione-o para obter a correção desejada. A deficiência mais •Posicione drenas de sucção abaixo do ilíaco.
comum é anterior e lateral, então a manobra mais comum •Reinsira o fragmento de osteotomia da espinha ilíaca
é levantar o fragmento acetabu lar levemente em direção ao anterossuperior com parafuso esponjoso de 3,5 mm par-
teto, criando um deslocamento inicial, seguido por um cialmente rosqueado, ou com suturas fortes absorvíveis,
movimento de três passos: rotação latera l, distal e interna. dependendo da espessura do fragmento.
Gire internamente o fragmento para antevertê-lo, estenda •Dê uma atenção especial para o fechamento apropriado
o fragmento para alcançar uma cobertura anterior, e realize e firme sobre a crista ilíaca. Passe su tura absorvível forte
uma adução do fragmento para obter cobertura lateral. através de orifícios já perfurados na crista ilíaca para rein-
• Quando o posicionamento é feito adequadamente, o canto serir a muscu latura oblíqua externa, ilíaca e abdutora.
posterossuperior do fragmento acetabu lar deve ser leve- • Feche o restante da ferida em camadas, de forma padrão.
mente impactado no corte do ilíaco intacto superior, e a
ponta superior proeminente do fragmento acetabular deve CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É permitido sentar no
estar aproximadamente alinhada com o aspecto superior da segundo dia pós-operatório. O suporte de peso parcial é
crista ilíaca intacta. A imagem em lágrima da radiografia e supervisionado por um fisioterapeuta no primeiro dia pós-
a sua relação com a cabeça femoral devem estar elevadas -operatório. O suporte de peso tem um avanço, de parcial
e inclinadas lateralmente ou aduzidas, proporciona lmente à a total, normalmente após 6 a 8 semanas, quando há com-
quantidade de correção lateral que é feita. provação radiográfica de consolidação e a força abdutora )
118 PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

) foia 90restab elecida. A amplitude de movim ento é limitada


graus de flexão, 1O graus de extensão comp leta e
1O graus de adução, abdução e rotação para as primeiras
6 semanas. Não são permitidos exercícios de resistência
durante 3 meses. Pacientes com idade superior a 16 anos
são medicados com wa rfarina ou heparin a de bai xo peso
molecular durante 4 a 6 semanas para tromboprofil axia.
Medi camentos anti-inflamatórios não esteroides devem
ser evitados.

• RESULTADOS
A conservação do quadril após a OPA fo i alcançada em 73% a 76%
dos pacientes, em dois estud os com acompan ham ento médio maior
que 9 anos (Fig. 6-35). Desde estes relatos, o procedimento passo u
por uma evolução, para colocar mais ênfase na identificação e tra -
tamento de processos patológicos !abrais e evitar impacto pós-ope-
ratório. As indicações também se torn aram m ais claras com pacientes
com artrite mais avançada, com mais probabilidade para aguardar
uma artroplastia, em vez de passar por uma cirurgia de preservação
do quadril. Fatores identificados como prováve is de impactarem
negativamente o resultado da OPA para tratamento da displasia
incluem idade avançada, artrose pré-operatória moderada, proces-
sos patológicos !abrais, impacto pós-operatório e co ngruência pobre
ou moderada da ar ticulação.

FONTES EXTRA-ARTICULARES H!§lh!ijl!lm Catorze anos após osteotomia periacetabular


para displasia do quadril, este homem com 37 anos de idade ficou
DE DOR DO QUADRIL livre de dores e teve um espaço de carti lagem bem preservado,
com um pouco de oss ificação heterotópica posterior.
SÍNDROME DA DOR NO TROCÂNTER MAIOR
A dor lateral do quadril na região do trocânter maior pode ser causada
por inúmeras fontes, incluindo um a bursa trocantéri ca inflamada, que é conh ecida como "coxa saltans" externa ou um ressalto exte rn o
um ressalto da banda iliotibial , tendinite do glúteo méd io e mínimo, do quadril. Essa condição é comum em bailarinos. corredores e joga-
dor relacionada a um processo patológico intra-arti cul ar e dor rela- dores de futebol. A condição é facilmente reconhecida no exa me
cionada a um processo patológico da coluna lombar. A diferencia- físico, com o paciente em posição lateral, fletindo e estendendo ativa-
ção de dor referida da dor local geralmente pode se r determinada mente o quadril e fazendo com qu e essa banda espessa ressalte através
através de palpação direta so bre os abdutores do quadril, bursa da borda posterior do trocânter maior. O paciente pode demonstrar
trocantérica e banda iliotibial. Dor com abdução resistida do qu ad ril co m frequência o ressalto enquanto está em pé, flexionando e esten-
pode sugerir tendinite abdutora ou lesão parcial se melhante à lesão dendo o qu ad ril. A injeção de co rticoide na área espessa e o alonga-
do manguito rotador do ombro. Frequentemente, um esteroide co m- mento da banda iliotibial podem diminuir a gravidade do ressalto e
binado com um a anestesia local pode ser injetado na bursa tro ca n- da dor secundária.
térica, com o um a intervenção terapêutica para bursite trocantérica Se o tratamento conservador não é bem-sucedido, a inter-
ou tendinite abdutora, e pode ajudar na confirmação do diagnós ti co, ve nção cirúrgica é descrita. A Z- plasti a de alonga mento da banda
ati ngindo o alívio da dor e excl uindo a dor refe rid a com o a causa iliotibial tem sido descrita para obter a resolução do ressalto e
primária. Exercícios de alongamento dos abdutores do quad ril e alívio de dor em um a alta porcentagem de pacientes. e outra
medicamentos anti-inflamatórios são as bases de tratamento para a técnica co m alongam ento por corte na banda iliotibial, por m eio
maioria dos pacientes com dor no trocânter maior, com um a ou de um a incisão longitudin al de 10 cm, teve resultados sem elhantes.
duas injeções seletivas de esteroide dentro da área de sensibilidade Uma técnica endoscópica também foi descrita para liberação da
máxima. Um estud o relatou a man utenção do alívio da dor em 61 % banda iliotibial, com alívio de ressalto em 10 de 11 quadris, em 2
dos quadris 6 meses após a injeção de esteroide. Casos refratários anos de acompanhamento.
podem justifi car uma investigação futura com a RM ou com o diag- Lesões do glúteo médio e dos tendões do glúteo mínimos são
nóstico de injeção intra-articul ar do quadril. Em pacientes com dor outra fo nte de dor lateral do quadril e ocorrem com frequência
crônica do tro câ nter maior, o ede ma pode se r visto dentro da bursa desconhecida. Com o desenvo lvimento de técnicas artroscópicas
trocantérica, embora essa co nstatação tenha sido relatada em apenas para ve rifi car e trabalhar dent ro do espaço peritrocantérico. essas
8% das ocorrências. enquan to a te ndinite do glúteo médio tem sido lesões es tão se ndo reconhec idas com mais frequência. Tais lesões
evidente em 63% das ocorrências. foram comparadas com lesões do manguito rotador do ombro. com
O ressalto da borda posterior espessa da banda iliotibial ou da início insidioso e, geralmente, sem even to traum ático específico.
borda anterior do glúteo máxi mo no trocânter maior durante a flexão Elas podem se r demonstradas na RM, e são tratáveis com técnicas
e a extensão do quadril pode causa r inflamação da bursa adjacente. aber tas e artroscópica.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRI L EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRE SERVADORA DO QUADRIL -

M§i@Hlm Osteíte púbica com "barrame nto" das margens


cortica is do púbis.

O@mfi'rlm O ressa lto interno do quadril ocorre quando o


tendão do psoas desliza sobre a eminência iliopectínea de latera l
para medial, enquanto o quadri l vai da flexão à extensão.
Técnicas abe rta e artroscópica d e lib eração do tendão d o psoas
foram descritas para tratamento d e casos persistentes da síndrome
do ressa lto interno do quadril. As técn icas abertas descrevem uma
expos ição limitada através do intervalo de Smith -Petersen , com lib e-
ração ou a longamento d o tendão do psoas. Fo i relatad o ressalto
persistente, o u recorrente, em 20% a 25% dos pacientes, após o
acesso in guin a l aberto com alongamento fraciona! do tendão do
RESSALTO INTERNO DO QUA DRIL psoas, e a lib eração do iliopsoas através de um acesso m ed ial pro-
porcionou alívio de ressa lto em 63% e reso lu ção da dor e m 94%.
O ressalto interno do quadril é res ultado da passagem do tendão Ma is recentemente, técnicas endoscópicas d a liberação do
do iliopsoas sobre a eminência iliopectínea o u da cápsu la a nterio r tendão d o psoas fo ram d escr itas com bom sucesso (veja o Cap. 51
do quadril. Na fl exão, o tend ão d o psoas é latera l à emin ência para técnicas endoscóp icas) . A liberação po de ser feita no nível do
ili opec tínea. Enqua nto o qua dril é estendid o, o te nd ão desliza tro câ nter menor ou por um a técnica transcaps ular.
através da eminência iliopec tín ea e da cáps ul a do quadril anterio r,
produzindo uma sensação de ressal to em até 10% da população
normal (F ig. 6-36). Quando sintomáti ca, a sensação de estalo vem OSTEÍTE PÚBICA
aco mpanhada por uma dor na virilha e, ge ralm ente, por um som
baixo caracterizado co mo um "thunk''. No rm alm ente, o paciente Distúrbios das es truturas da junção muscu lotendinosa e da sí nfise
con segue reproduzir o ressalto enqu an to está deitado em posição púbica podem ocorre r em adultos atléticos, e devem ser difere ncia-
sup ina, e var ia ativamente o quadril de um a posição de rotação dos de outras fontes musculoesqueléticas de dor na virilha e na
ex terna, abdução e flexão, para uma posição de rotação interna, região púbica tratadas neste capítulo. Orige ns geniturin árias e gin e-
ad ução e extensão. Em pacientes magros, o ressalto pode ser co lógicas de dor também deveriam ser co nsiderad as. A os teí te
palpado n a cri sta inguin al. púbi ca é vista em at letas que se envolve m co m corrida e esportes
Embora o fenômeno do ressalto não possa ser do cumentado ag ress ivos, tais co mo futebo l e hóquei , bem como com traum a ou
pela ARM, h á uma alta incidência de patologia intra-articular asso- gravid ez e parto vag in a l. O aspecto radi ográ fi co específico é aquele
ciada, e uma ARM, geralmente, é rea li zada para busca r o utras fontes de alargamento da sínfise com barramento das margens corticais e,
de dor. O ressalto pode ser demonstrado pela bursografia da bursa ocasionalmente, cistos dent ro do corpo púbico adjacente ao disco
do iLiopsoas, com um exame dinâmico sob fluoroscopia . O ultras- fibrocartilaginoso da sínfise (F ig. 6-37). Isso, provavelmente, repre-
som também tem sido usado para demonstrar o ressalto do tendão senta uma reação por es tresse por sobreuso ou mobilid ad e excess iva.
do psoas, emb ora essa técni ca dependa muito da experi ência d o Em um a cintilografia óssea, a sínfise de mo nstra um aumento d a
ultrassonografista. captação, enquanto a RM consegue m ost rar um ed ema medular
A restrição de atividade, alongamento d a extensão do quadril, ósseo. Notavelmente, alg un s atletas assintomáticos apresentam
o uso de medicamentos ant i-inflamatórios não esteroides, e as inj e- edema medula r ósseo também no púbis. Um sinal de fissura é visto
ções de es tero ide na bainha do tendão de psoas são os pilares na RM q uando há um a lesão do ligam ento capsular qu e envolve o
principais para o tratam ento d o qu adril com ressalto interno. O uso disco fibrocartilaginoso d a sínfise. Outros achados relacio nados à
de uma inj eção de anestesia loca l com um esteroid e na bainha do RM incluem tendinite do reto abdominal e na inserção do lon go
tend ão do psoas pode aj udar a confirma r a fonte de d o r do quadril, ad utor no púbis; distensões c rônicas d esses tendões com frequência
embora a bursa do psoas esteja ligada à articulação do quadril em são confundidas com osteíte p úbica verdadeira.
um grande número de pacientes e um processo patológico intra-ar- O tratamento da osteíte púbica é principalmente conservador,
ticular n ão possa ser excl uído. pois a condi ção tende a ser autolirnitada quando o estresse provocado
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

·6~·1 . Classificação de Ficat e Arlet para Osteonecrose da Cabeça Femoral

CINTILOGRAFIA ACHADOS
ESTÁDIO SINTOMAS RADIOGRAFIA ÓSSEA PATOLÓGICOS BIÓPSIA
o Nenhum Normal Captação diminuída?
Nenhum/leve Normal Ponto frio na Infarto na área de Abundantes célu las
cabeça femoral carga da cabeça medulares mortas,
femoral osteoblastos, células
osteogênicas
2 Leve Mudança de densidade Captação Reparo espontâneo Osso novo depositado
na cabeça femoral aumentada da área infartada entre as trabéculas
necróticas
2A Esclerose ou cistos, Capta ção
espaço articular aumentada
normal , contorno da
cabeça normal
2B Colapso subcondral
(sina l crescente)
3 Leve a Perda de esfericidade, Captação Fratura subcondral, Células medulares e
moderado colapso aumentada co lapso, trabéculas ósseas mortas
compactação e dos dois lados da linha
fragmentação do da fratura
segmento necrótico
4 Moderado Estreitamento do espaço Captação Mudanças Mudanças degenerativas
a grave articular, alterações aumentada osteoartríticas na cartilagem acetabular
acetabulares

pelo sob reuso é removido. A reabilitação visa ao fortalecimento do de osteonecrose sejam diagnosticados todos os anos, nos Estados
abdome e dos adutores do quadril do paciente, que deverá ser feito Unidos. Atualm ente, 18% de todas as artroplastias do quadril realiza-
gradualmente. A intervenção cirúrgica fo i descrita para casos recalci- das nos Estad os Unidos são fei tas devido à osteonecrose.
trantes, incluindo a curetagem da sín fise, a ressecção da sí nfise e a Anteri o rmente denominada necrose avascular, o termo osteone-
fusão da sínfise. Nossa experiência com essas técnicas cirúrgicas é crose agora é o preferido. Definindo d e maneira simples, osteonecrose
limitada, e favo rece mos o tratame nto não operatório. significa "osso morto". O estado "avascu la r" do osso nec rót ico é o
resultado de uma p erda d e circulação, a partir d e várias causas
potenciais . A osteon ecrose descreve um a condi ção final q ue é o
HÉRNIA DO ESPORTE resultado d e muitos percursos patogên icos possíveis. A lista de
fatores d e r isco para a osteonecrose é longa e inclui traum a, uso
A hérnia do esporte como um a causa de dor crô nica d e v irilha em de corticos teroid es, abu so d e álcoo l, tabag ismo, h e m oglo bin o pa-
corredores e em atl etas qu e to rcem o corpo é um diagnósti co fe ito tias (p. ex., anemia fa lciform e), di stúrbi os na coagu lação sa nguí-
com um a frequênc ia crescente e representa uma d efici ência na nea, distúrbi os mi eloprolife rativos (doença de Gaucher, leucem ia),
pa rede abdomina l na região do can al inguinal. Mu itas variações doença de "caisson" - doença d escompressiva, infecção do ví rus
anatômicas foram descritas, embora a mais comum seja incompe- da imunodeficiênc ia hum ana e grav id ez. Em muitos casos a causa
tê ncia da parede posterior d o canal inguina l com ou sem envolvi- não po d e ser id entifica d a e esses pacientes são di ag nosticados com
mento do canal in guin al intern o. A condi ção é muito difí cil de ser osteonecrose idiopática.
reco nhecid a em exa mes físicos, pois os sin ais clássicos de uma Foram propostas inúm eras teorias so bre a patogenia d e osteo-
hérni a inguina l não estão tipicam ente presentes. Encaminhar a um necrose. As hip óteses incluem toxicidade celular direta, coagul opa-
ciru rgião geral habituado com anoma li as inguinais agudas pode ser tias,, hiperli pid em ia com embolia gord urosa, anormalidades ou
útil quando a hérni a por esportes é cl ini camente suspeita. O reparo interrupções vascu lares e pressão medular óssea elevada. Nenhuma
cirúrgico da pa rede abdominal deficiente foi relatado com sucesso, dessas teorias pod e responder completamente pela va riedade de
quando é feito o d iagnóstico correto. causas. A maior ia dos pacientes com os fatores de ri sco m enciona-
dos nun ca d ese nvolveu osteo necrose e muitos pacientes sem fatores
de risco id ent ifi cáve is adquiri ram a d oe nça. É bem provável que o
OSTEONECROSE DA CABEÇA processo seja multifatorial.
FEMORAL O esquema de classificação mais com um ente usado para a
osteonecrose da cabeça femora l fo i dese nvolvid o por Ficat e Arlet,
A osteonecrose da cabeça femoral pode ocorrer em adultos jovens, e tem co m o base as alterações radiográficas (Tabela 6- 1). Foi desen-
como consequência de distúrbios na infânc ia, como deslizamento da volvido um grande núm ero de out ros sistemas de classificação para
epífise femoral, ou secundária a trauma. A osteonecrose da cabeça a osteonecrose (Tabelas 6-2 e 6-3) . A maioria deles comp ree nde
fe moral é um a doença progressiva que ge ralm ente afeta pacientes alterações no sistem a de Ficat, com os estádios iniciais essencial-
entre a 3ª e Sª décadas de vida; se não tratada, leva à deterioração m ente id ênti cos. Isso pode faze r com que uma comparação de resul-
completa da articulação do quadril. Estima-se que 20.000 casos novos tados de diferentes estudos seja difíc il.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL

-
ESTÁDIO
O
~~l!jO/.~

6_-2 !'''.: Classificações Adicionais para a Osteonecrose

STEINBERG ET AL.
Osso normal ou sem alterações radiográficas,
cintilografia óssea e RM com achados
Achados radiográficos normais, achados anormais
ARCOS
Resultados de biópsia óssea consistentes com
osteonecrose; outros exames com resultados normais
Achados positivos na cintilografia óssea, RM, ou em
na cintilografia óssea e/ou na RM ambas
A: Leve: <15% da cabeça afetada IA: <15% de envolvimento da cabeça (RM)
B: Moderado: 15%-30% afetados IB : 15%-30% de envolvimento
C: Grave : >30% afetados IC: >30% de envolvimento
li Alterações radiolucentes e esclerótica na cabeça Aparência mosqueada da cabeça femoral, osteoesclerose,
femoral formação de cistos e osteopenia em radiografias; sem
sinais de colapso da cabeça femoral na radiografia ou TC;
resultados positivos na cintilografia óssea e na RM; sem
alterações no acetábulo
A: Leve: <15% A: Leve: <15%
B: Moderado: 15%-30% B: Moderado: 15%-30%
C: Grave: >30% C: Grave : >30%
Ili Colapso subcondral (sinal da crescente) sem Presença de lesões tipo crescente classificadas com base
achatamento na aparência das radiografias anteroposterior e lateral
A : Leve: <15% da superfície articular A: < 15 % crescente ou < 2 mm de depressão
B: Moderado: 15%-30% B: 15%-30% de sinal crescente ou 2 a 4 mm de depressão
C: Grave : >30% C: >30% de sinal da crescente ou >4 mm de depressão
IV Achatamento da cabeça femoral Superfície articular achatada; estreitamento do espaço
articular; alteração no acetábulo, com evidência de
osteoesclerose, formação de cisto e osteófitos marginais
A: Leve: <15% da superfície ou <2mm de depressão
B: Moderado: 15%-30% de superfície ou 2 a 4 mm
de depressão
C: Grave : >30% de superfície ou >4 mm de depressão
V Estreitamento da articulação e/ou alterações
acetabulares
A : Leve: Envolvimento da cabeça femoral semelhante
ao estádio IV, e envolvimento acetabular estimado
B: Envolvimento moderado
C: Envolvimento grave
VI Alterações degenerativas avançadas

DIAGNÓSTICO

Normalmente, os pacientes são tipicamente assintomáticos no começo


da osteonecrose e, eventualmente, têm dor na virilha à deambulação.
63 .. ,_; Classificação de Pittsburgh
"•l't~"~~::
Devem ser reali zados história e exame físico minuciosos para desco-
brir os fatores de risco potenciais para determinar o estado clínico do
ACHADOS RADIOGRÁFICOS paciente. Devem ser obtidas radiografias simples, incluindo exames
SIMPLES anteroposterior e perfil na "posição de rã". Alterações radiográficas
ACHADOS vistas na osteonecrose dependem do estádio da doença. Radiografias
ESTÁDIO DA RM ESTRUTURA CONTORNO simples podem parecer normais nos estádios iniciais, mas são notadas
1 Anormal Normal Normal alterações conforme a progressão da doença, como, por exemplo, o
A <30% aumento de densidade ou transparência na cabeça fe moral. Com
B >30% maior progressão, o sinal crescente, patognomônico, é visível em
li Anormal Anormal Normal filmes simples (mais bem visto em exames de perfil na "posição de
A <30% <30% rã") (Fig. 6-38) . Nos estádios finais da doença, ocorre o colapso da
B >30%
cabeça femoral, e as alterações artríticas severas podem ser vistas nos
>30%
dois lados da articulação.
Ili Anormal Anormal Anormal
A cintilografia óssea pode ser útil, principalmente na avaliação
A <30% <30% <2 mm do estado das articulações múltiplas. A captação do tecnécio-99m
B >30% >30% >2 mm geralmente é diminuída no estádio mais inicial da do ença e é variável
- PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

relata ram um prognóstico extremamente ruim, com uma taxa de


colapso da cabeça femora l sup erior a 85% em 2 anos em pacientes
sintomáticos (doença em estádio I ou II).
Ne nhum método de tratamento provou se r completamente
eficaz na detenção do processo da doença antes do colapso subcon-
dral ou na diminuição da progressão da destruição da cabeça
femo ral e da osteoartrose depois do colapso subcondral. A taxa e a
progressão da doen ça são imprevisíveis e a imagem radiográfica
pode não se correlacionar com os sintomas clínicos; alguns pacien-
tes permanecem com a função tolerável por um período longo após
o colapso da cabeça femoral. A remissão espontânea, m es mo da
osteonecrose estádio II, foi relatada, mas é rara. Tratamento conser-
vador, como o uso de muletas e repouso na cama, geralmente é
ineficaz. Pacientes sintomáticos que podem se beneficiar de uma
técnica preservadora da cabeça femoral devem fazer o uso de
muletas, mas até o tratamento cirúrgico ser realizado, para prevenir
o colapso durante o intervalo.

• DESCOMPRESSÃO MEDULAR
A van tagem teórica da descompressão medular tem como base a
crença de que o procedimento alivia a pressão intraóssea causada pela
congestão venosa, permitindo a melhora da vascularização e, possi-
velmente, diminuindo a progressão da doença. Os resultados promis-
sores iniciais da descompressão medular não foram compatíveis com
as investigações mais recentes. No entanto, muitos autores obser-
varam que os resultados da descompressão medular são melhores
do que os resultados do tratamento não cirúrgico. Muitos relatos
demonstraram que quanto mais no estádio inicial da doença, melho-
O!§il;@l:lm Sinal crescente no estád io Ili da osteonecrose do res são os resultados da descompressão medular, com os melhores
quadril.
resultados relatados no estádio Idos quadris. Outros descobriram que
a descompressão medular é menos eficaz, mesmo em estádios iniciais,
com taxas de falha relatadas de 60% em quadris tratados em estádios
ou aum entada para um estádio quando ocorrem os sintomas. Entre- de pré-colapso, e em 100% dos quadris tratados após o colapso.
tanto, quando os sintomas aparecem, não há relação entre a aparência Alguns autores sugeriram a colocação de enxertos ósseos não
cintilográfica da cabeça femoral e a dor e a fun ção do quadril. vascularizados, não estruturais, ou substitutos de enxerto ósseo no
Os avanços na RM possibilitaram a reali zação de diagnósticos vazio deixado após a descompressão medular. Também houve inte-
precoces de osteonecrose da cabeça femora l e permitiram a deter- resse no uso de fatores de crescimento para aumentar a osteogênese
minação da extensão e estádio exatos do processo patológico sem o (proteína óssea morfogenética) ou a angiogênese (fator de cresci-
uso de métodos invasivos. Diferenciar a osteoporose transitória da mento de fibroblastos ou fator de crescimento endotelial vasc ular) .
osteonecrose agora também é possível (Cap. 2). A RM também é útil Foram relatados resultados favoráveis com o uso de enxertos ósseos
no seguimento da progressão da do ença e na ava liação da eficiência autólogos, que inclui células medulares ósseas com ou sem fatores
do tratamento. Quando radiografias simples mostram alterações em de crescimento. Mais recentemente, a inserção de hastes do tântalo
apenas uma articulação, a RM da pelve é indicada não apenas para poroso foi defendida após a desco mpressão medular para dar apoio
definir claramente a extensão da doença no quadri l sintomático, mas estrutural. O tântalo poroso possui um alto volume de porosidade
também para avaliar o quadril assintomático. Isso pode permitir a (>80%) com poros completamente interconectados, de modo a per-
detecção da doença nos estádios iniciais, quando a maioria dos mitir uma incorporação óssea rápida e segura. Seu módulo de elast i-
tratamentos é mais eficaz. cidade é semelhante àquele do osso, minimizando o efeito da falta de
carga sobre o osso (stress shielding). Resultados precoces do uso da
haste do tântalo foram an imadores (92% de sobrevida em 48 meses),
TRATAMENTO mas estudos posteriores mostraram resultados menos favoráveis.
Uma análise de recuperação dos implantes de tântalos que falharam
A história natural de osteonecrose em seu estádio inicial , a ntes enco ntrou uma pequena incorporação óssea e suporte mecânico insu-
do colapso subcondral, ainda não é clara, mas a evidência sugere fici en te do osso sub condral. O efeito de partírnlas de metal de alta
que a taxa de progressão é alta, principalmente em pacientes densidade visto em radiografias também é uma preocupação.
sintomáticos. A osteonecrose ass intomática, n a qual a lesão foi A revisão da literatura apoia atualmente o uso de descompressão
inferior a 30% da área da cabeça femoral, tem permanecido assin- medular para o tratamento de lesões centrais pequenas de estádios I
tomática na maiori a dos pacientes (95%) por mai s de 5 anos; no e IIA de Ficat em pacientes não obesos jovens que não es tejam
entanto, conforme o tamanho da lesão aumenta, a porcentagem tom ando esteroides. Essa cirurgia é relativamente simples de ser
da osteonecrose dolorosa aumenta até 83% nos quadris com realizada e tem uma taxa muito baixa de complicação. O campo
grandes lesões (>50% da área da cabeça femoral). Quando ocorre cirúrgico para artroplastia total do quadril, se necessário, não é
colapso subcondral e o espaço da articu lação é perdido, em geral substancialmente alterado. Para estádios mais avançados de Ficat
a osteoartrose progressiva é considerada inevitável. Muitos estudos (IIB ou III), os resultados da descompressão medular são muito
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADR IL EM ADULTOS JOVENS E CIRURG IA PRESERVADORA DO QUADR IL Gii
menos previsíveis, então os métodos de tratamento alternativos •Insira o pino de Steinmann de 3,2 mm na região lateral
devem ser explorados. Os pacientes devem ser informados que mais de form a percutânea, sob orientação fluoroscópica (Fig.
de 30% dos pacientes, mesmo com a doença em estádio inicial, 6-39)
provavelmente precisarão de artroplastia total do quadril dentro de •Avance o pino até ele alcança r o córtex lateral, na região
4 a 5 anos após a cirurgia de descompressão central. metafisária, oposta à parte superior do trocânter menor.
•Penetre o fêmur e avance o pino através do colo femoral,
DESCOMPRESSÃO MEDULAR na cabeça femo ral e no local da lesão (conforme deter-
minado nas rad iografias pré-operatórias ou im agens de

em~------~
TÉCNICA RM ). Use exame anteroposteri or e flu oroscop ia latera l ao
avançar o pino, para asseg urar o cam inho correto no
(HUNGERFORD) cana l medular do colo femoral.
•Usando o único ponto de entrada da pele, faça dois
•C om o paciente em posição sup in a em uma mesa de passos com o pino nas lesões pequenas, e três através
fratura do quadril, abord e o quadril por meio de uma das lesões grandes. Tente evitar a penetração da cartila-
in cisão long itudinal mediolateral de 2 a 3 cm centrada gem da cabeça femoral ao avan çar o pino.
na reg ião subtrocantérica, usando um intensificador de •Remova o pino e feche a ferida com um curativo simples
im agem como um guia. ou com uma sutura de náilon simp les.
• Como uma alternativa, com o paciente na posição de
decúbito lateral e o membro preparado livre, posicione o CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Recome nda-se terap ia
arco-e para obter um exame anteroposteri or; o membro física, incluindo o recondicionamento de marcha com uma
pode ser movimentado para uma "posição de rã", para benga la ou muletas. O suporte de peso protegido (aproxi-
um exame de perfil. Isso evita a necessidade de movim en- madamente 50%) é mantido durante 5 a 6 semanas, e
tar a unidade de flu oroscop ia durante a ci rurgia. depois prog red ido para o suporte de peso total, conforme
•Divida a fáscia lata na direção das suas fibras. tolerado . A ca rga de alto impacto, como corrida ou sa lto,
• Usando um intensificador de imagem, coloque um pino não é permitida durante 12 meses. Se não houver evidên-
gu ia rosqueado de 3,2 mm entre o córtex lateral da parte cia radiográfica de colapso e o paciente estiver assintomá-
inferior do trocânter maior e a parte distal do trocânter t ico 12 meses após a ciru rgia, a volta às atividades regulares,
menor. As janelas corticais feitas aba ixo do trocânter menor incluindo atividades de carga de alto impacto, como corrida,
aumentam a possibi lidade de fratura pós-operatória. é permitida.
•D irecione a ponta do pino-guia para o centro da parte
doente do osso. Os f il mes simples e RM devem ser revisados
para ajudar a localizar a posição ótima para o pino- guia.
•Frese através do pino-guia com uma fresa de 8 mm. Caso
seja necessário um exame histopatológico, uma trefin a • ENXERTO ÓSSEO
para coleta da medula pode ser usada. Resultados bem-sucedidos após a descompressão central com
•Feche a ferida em camadas. enxerto ósseo estrutural, para o tratamento de osteonecrose da
cabeça fem oral, foram ap resentados em 50% a 80% dos pacientes.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O suporte de peso parcial As técnicas de enxerto ósseo estrutural após a descompressão
(50%) nas muletas é continuado por pelo menos 6 semanas central foram descritas usando o osso cortical, osso esponjoso,
para proteger a janela cortical. Em pacientes com a doença enxerto ósseo vasculari zado e desbridamento do osso necrótico da
avançada, o suporte de peso parcial é prolongado. cabeça femoral, cada um com resultados promissores. Um pequeno
estudo de descompressão central combinada com enxerto ósseo
cortical estrutural impactado sob pressão para estádio I ou II de
DESCOMPRESSÃO MEDULAR osteonecrose não encontrou diferença nos resultados entre os
quadris em que os enxertos autógenos fibu lar ou tibial foram
TÉCNICA PERCUTÂNEA usados e quadris em que aloenxertos fib ul ares foram usados. Um
Uma técnica percutânea fo i descrita pa ra descompressão estudo prospectivo de caso-controle comparando enxertos não
central, usando perfurações múltiplas pequenas com um vasc ulari zados e vasc ulari zados para grandes lesões (envolvimento
pino de Steinmann de 3,2 mm. A técn ica é apontada como superior a 30% da cabeça femoral) encontrou melhores res ultados
tendo uma taxa de colapso da cabeça femora l inferior à clínicos e mais prevenção eficaz do colapso da cabeça femoral com
descompressão medular trad icion al, com baixa morbidade enxerto vascularizado.
e pouca ou nenhuma complicação. A maioria dos autores recomenda os enxertos ósseos não
vascularizados para quadr is, com menos de 2 mm de depressão da

---------'~
TÉCNICA cabeça femora l, ou aqueles em que a descompressão medular não
obteve sucesso e não há envolvimento ace tabular (estádio I ou II
(MONT ET AL.) de Ficat) . A colocação precisa do enxerto dentro da lesão e abaixo
do osso sub condral é essencial (Fig. 6-40). Os enxertos ósseos
•C om o paciente em posição supina, em uma mesa pa ra podem se r introduzid os com uma técnica de compressão medular
fratura do quadril, marque a posi ção da cabeça femora l padrão, técn ica do alçapão (trapdoor) ou uma técnica lightbulb.
e prepare e envo lva o quadri l de forma padrão. As vantagens da técnica de compressão med ular padrão incluem
um desbridamento do osso necrótico, o fato de ser uma técnica
lllD PARTE li PROCEDI MENTOS RE CONSTRUTIVOS DO QUADRI L EM ADULTO S

O[ijil;fdl!lm Técnica percutânea pa ra descompressão ce ntra l (veja o texto) . Imagens fluoroscópicas mostram a entrada no co lo e
cabeça femo ra l. Exames laterais são fe itos para evita r a penetração de osso cort ica l. (De Mo nt MA, Rag land PS, Etien ne, G. Core decom -
pression of the femoral head for osteonecrosis using percutaneous multiple small-diameter drilli ng. Clin Orthop Rei Res 4 29: 131- 138, 2004 .) VEJA
A TÉCNICA 6-5.

Área de simples, qu e evita o d esloca m ento cirúrgico do quadril e com bai xa


taxa d e co mplicação. Na técnica d o alçapão, o quadril é cirurgica-
mente d eslocado, uma pa rte d a superfíc ie condral da cabeça
femo ra l é levantada pa ra ex por a lesão, o osso nec ró tico é rem o-
vi d o, a cav id ad e é preen chid a co m enxe rto ósseo, e a aba da cart i-
lagem é rep osici on ad a e proteg ida (Fig. 6-41A) . As vantagen s d esse
acesso são a avaliação d ireta d a sup erfície d a cartilagem e d o
seg m ento da cabeça fe m o ra l necró ti ca e um a colocaçã o precisa do
enxe rto ósseo; as desvantagen s são dificuld ad e técnica, dan o à
ca rtil age m iatrogênica, e ri sco d e os teonecrose iatrogênica a p artir
d o d esloca mento cirúrgico. Na técnica lightbulb, um a janela óssea
medind o aproxim ad am e nte 2 X 2 cm é rem ovid a n a junção colo-
-cabeça fe m o ral, com um a microsserra oscilante e osteó tom os
(F ig. 6-4 1B) ; o osso espo njoso é envolvid o em gaze com solu ção
sa lin a para uso posterior. Através d a entrad a, uma cureta com
po nta e m fo rmato d e cog um elo é usad a para c ureta r uma cavid ad e
na ca beça fe m oral, rem ove nd o to d o o o sso nec rótico (o form ato
da cav id ad e é parec id o com um a lâm pad a) . O aloe nxe rto é impac-
tado na cav id ade, e o osso é repos ic io nad o e fi xa d o com três pinos
O@iiij·HII• Descompressão medul a r e en xerto ósseo estru- abso rvíve is d e 2 mm. As va n tage ns dessa técnica são se melhantes
tural cortica l impactado para osteonec ro se da cabeça femoral àq uelas pa ra a técnica d o alça pão, m as a cri ação d e uma falh a
(estádio 1 ou li) . co rti ca l n o co lo femoral aum enta o ri sco d e fratura.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADULTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL -

Alçapão feito
na cartilagem

A B

H@ll;fi1EIJ9 Técnicas do alçapão (trapdoor) (A) e /ightbulb (B) para descompressão e enxerto da cabeça femoral.

• ENXERTO FIBULAR VASCULARIZADO


Após avanços nas técnicas rnicrocirúrgicas, fo i possível a preser-
ENXERTO FIBULAR VASCULARIZADO

~----~
vação da vascularização intrínseca do enxerto ósseo; muitos autores,
independentemente, propuseram a impl antação de um enxerto
ósseo vascularizado no centro da cabeça femoral. A lógica para o
(URBANIAK ET AL.)
enxerto ósseo vascu larizado tem como base quatro aspectos da
operação e do cuidado pós-operatório: (1) descompressão da cabeça
•A preparação do quadril e a obtenção do enxerto fib.ular
femora l, que pode interromper o ciclo de isquemi a e hipertensão
vascu larizado são realizadas simultaneamente por equipes
intraóssea , o qual se acredita que contribua para a doença; (2)
diferentes.
excisão do sequestro, que pode inibir a revascularização da
•Com o paciente na posição de decúbito lateral, prepare
cabeça femoral; (3) preenchimento da falha, que é criado com
e envolva o quadril e a perna com um campo estéril único
enxerto espo njoso osteoindutivo e suporte cortical viável para dar
e posicione um torniquete estéril sobre a coxa.
apoio à superfície subcondral e para melhorar o processo de revas-
• Por meio de um acesso anterolateral, deixe exposto o aspecto
cularização; e (4) proteção do processo de cura feito por um
latera l do fêmur proximal através do intervalo entre o tensor
período de suporte de peso limitado. Seguem as va ntagens propos-
da fáscia lata e os músculos do glúteo médio (Fig. 6-42A).
tas de enxerto fubular vasculari zado livre, comparadas com a
Identifique a veia e a artéria circunflexa femoral lateral .e isole
artrop lastia total do quadril: (1) a presença de uma cabeça femoral
os ramos ascendentes para servir como vasos rec1p1entes.
cicatrizada pode permitir mais ativ idade; (2) não há risco aumen-
Rebata a origem do vasto lateral para expor o osso.
tado associado à presença de um corpo estran ho; (3) se reali zado
•Sob controle de fluoroscop ia, coloque um pino-guia no
antes do dese nvolvimento de urna fratura subcondral, o procedi -
centro da lesão necrótica; evite a penetração da superfície
mento oferece a possibilidade de sobrevida de uma cabeça femoral
articular.
viável para a vida do paciente; e (4) se a artroplastia total do quadril
•Com fresas canuladas de aumento gradual crie um túnel
for realmente necessária, é muito mais fácil realizá-la do que uma
de 16 a 21 mm de diâmetro, começando do córtex
artrop last ia de revisão após uma artrop lastia total do quadril sem
femoral lateral justo distal à crista do vasto. Prolongue o
sucesso. As desvantagens são um período mais longo de recupera-
túnel pa ra dentro de 3 a 5 mm da superfície articular da
ção e menos uniform e, e menor alívio completo da dor do que após
cabeça femoral (Fig. 6-42B)
a artrop lastia total do quadril.
•Usando escareadores e imagem fluoroscópica, retire o seg-
A maioria dos relatos mostrou bons resultados em 80% a 91 %
mento necrótico da cabeça femoral. Confira o término da
dos pacientes após o enxerto fibular vascu larizado, e isso pode ser
remoção do segmento necrótico nas imagens fluoroscópi-
uma opção razoável para pacientes com idade inferior a 50 anos, sem
cas lateral "em posição de rã " e anteroposterior, depois de
colapso da cabeça femoral; para pacientes com idade superior a 50
a cavidade ter sido preenchida, temporariamente, com um
anos, a artroplastia total do quadril é indicada se os sintomas justifi-
meio de contraste solúvel em água que é posteriormente
carem uma intervenção cirúrgica. O uso simultâneo de esteroide não
removido pela irrigação com solução sa lina e sucção. .
é uma contraindicação para esse procedimento. Atualmente, o enxerto
•Obtenha o enxerto ósseo esponjoso do trocânter maior
fibular vascularizado não é indicado para pacientes com osteonecrose
e impacte-o na cavidade com a ajuda de um impactar
assintomática em estádio inicial, pois os resultados da descompressão
apropriado. Exam ine o loca l do enxerto com fluoroscop1a )
medular são igualmente eficazes para esse grupo de pacientes.
lllD PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

femorais laterais

H@ii@.Ullm En xerto fibular vascularizado para osteonecrose da cabeça femoral (veja o texto) . A, Acesso anterolateral, com dissec-
ção entre o tensor da fáscia lata (TFL) e glúteo médio (GMe). O vasto lateral (VL) é refletido da crista do vasto, e o núcleo medular (16
a 21 mm de diâmetro) é retirado do colo femoral até o osso necrótico na cabeça femoral B, O osso necrótico é removido da cabeça
femoral através do núcleo. C, O enxerto fibular, com artéria do perónio (pa) e veia (pv), é colhido da perna ipsolateral. D, Lascas de
osso esponjoso do trocânter maior e enxerto fibular são inseridos no trajeto nuclear. O fio de Kirschner (0,062 polegada) é usado para
estabilizar o enxerto fibular. A artéria e veia do perónio são anastomosadas com os ramos ascendentes da veia e artéria circunflexas
femorais laterais. TM, Trocânter maior; RF, reto femoral. VEJA A TÉCNICA 6-6.
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRI L EM AD ULTOS JOVENS E CIRURG IA PRE SERVADORA DO QUADRIL cm
e meio de contraste. Se a quantidade parecer deficiente,
)
coloque mais osso e verifique novamente com fluorosco-
pia e meio de con traste.
• Obtenha um segmento da fíbu la ipsolatera l, aproximada-
mente 13 cm de comprimento, suficiente para que um
ped ículo da veia e da arté ri a do perôni o possa se r obt ido
(Fig. 6-42C). Deixe pe lo menos 1O cm da f íbula proximal
ao tornozelo e 1O cm dist al à articulação do joelho.
• Reduza o enxerto fibu lar para o comprimento adequado.
•Descasque 3 ou 4 mm do periósteo da extremidade dista l
do enxerto e enrole-o em si mesmo para expor o osso
cruento.
• Coloque uma sutura absorvível 3-0 ao redor da parte
dista l do periósteo e do pedícu lo vascu lar para segurá-los
ao osso. Isso ajuda a prevenir o deslizamento do periósteo
e dos vasos quando o enxerto é inserido no núcleo.
•Pos icione o enxert o abaixo do osso subcond ral da
cabeça femora l, dent ro do enxerto ósseo espo njoso. O
A
diâmetro do núcleo deve ser de 1 a 2 mm maior do que
o diâmetro da f íbu la para acomodar o enxerto e o pedí-
culo, a f im de que o fluxo sanguíneo do enxerto não
seja comprometido.
• Libere as origens dos músculos vasto intermédio e vasto
latera l para criar um espaço pa ra os vasos; assim os vasos
circunflexos latera is e peroneais podem ser trazidos juntos
sem tensão.
• Estabilize o enxerto ósseo f ibular no fêmur proxima l com
um fi o de Kirsc hn er de 0,62 mm (Fi g. 6-42 D).
•Usando um microscóp io operat óri o, faça uma anasto- B
mose venosa e arterial com su t uras de ná ilon 8-0 ou 9-0
interromp idas. O sa ngramento do osso cortical na base O@ii;@Clm Osteot o mia rot ac io nal ante rior transtrocanté-
do enxerto f ibu lar con f irma a vascularidade do enxerto. rica de Sugioka (veja o t ext o). Tra nsposição da parte necróti ca da
• Feche as duas incisões de maneira regular sobre os ca beça fem o ra l pa ra a regiã o a nte roinferi o r longe da á rea de
drenas. Para prevenir a compressão do pedículo vascular, su po rte de peso é re al iza da pe la rota ção ante rior da cab eça
não reimp lante as origens do vasto interméd io e do vasto fe mo ral. A, Antes da rota çã o. B, Após a rota ção.
lateral. Coloque uma tala posterior abaixo do joelho.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A ta la é removida no 3°


dia pós-operatório. A ant icoag ulação profil ática inclu i a • OSTEOTOMIA FEMORAL PROXIMAL
admin istração int ravenosa de 500 ml de dextran de ba ixo Q uando a osteo necrose da cabeça femo ral ocorre, o segmento envol-
peso molecular por 5 dias, e a administração oral de 300 vido tende a ser na parte do sup or te de peso. Várias osteotomias
mg de aspirina duas vezes ao dia, por 6 semanas. Um femora is proximais foram desenvolvidas para o tratamento de osteo-
ang iografia por subt ração digital é rea lizada 5 dias após a necrose, com a intenção de desloca r o segm ento necrótico envolvido
cirurgia, para aval iar a função da anomastose microvascular. da cabeça femora l para fora da área de suporte de peso principal.
O suporte de peso não é permitido por 6 semanas, depois Esses procedimentos alca nçaram os melhores resultados em lesões
15 % do peso corporal pode ser permitido na extremidade de tamanhos pequeno e médio (envolvi mento da cabeça femoral <30%)
por outras 6 semanas. Durante os 3 meses segu intes, o valor em pacientes jovens, nos qu ais é ótim o atrasar a ar troplasti a total do
do suporte de peso é aumentado gradualmente por 6 meses quadril. Pacientes com idade infer ior a 55 anos reagiram melhor do
até o suporte total do peso sem ajuda. que pacientes com mais idade, e pacientes co m osteonecrose idio-
Em pacientes com envolvimento sintomáti co bilatera l, pática ou pós-t raum át ica reag iram m elhor do que pacientes com
um seg undo proce dimento de enxerto f ibular vascul ari - necrose induzida por es teroide ou induzida po r álcool. A osteotomia
zado livre pode ser realizado 3 meses após o primeiro intertrocan térica valgizante combinada com curetagem do segmento
procedimento. Seis meses antes da operação no segundo avascular e enxerto ósseo autógeno foi relatada com o tendo uma taxa
quadril , o suporte de peso no lado da primeira operação de sucesso de 87% em 65 m eses.
é aumentado para 50% . Após o segundo proced imento, Uma osteotomia rotacional t.ranstrocantérica da cabeça fe moral
o regime é o mesmo que aquele após a primeira operação, para osteonecrose idiopática foi desenvolvida com a finalidade de
sem suporte de peso por 6 meses segu ido por uma pro- des locar a parte anteross uperior necrótica da cabeça fe moral para
gressão gradua l até o suporte de peso sem assistência total um local que não suporte peso. A cabeça fe moral e o segmento
em 6 meses . É recomendado à maioria dos pacientes que do colo são rotacionados an teriorme nte ao redor de seu eixo lon-
eles se lim item a andar com mu letas, o máximo possível, gitudi al, para que a fo rça do supo rte de peso seja transmitida para
pelas 6 primeiras sema nas após a segunda cirurgia. o q ue foi anteri ormen te a superfíc ie ar ticul ar pos terior da cabeça
fe moral, qu e não está envolvida no processo de isquemia (Fig. 6-43).
lllD PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADULTOS

Nós não temos experiência com esse procedimento; para uma des- idiopática na RM (Cap. 2). Essas entidades devem ser descartadas
crição da técnica, veja edições anteriores deste texto. por meio da avaliação do histórico clínico do paciente, exame físico
e achados laborator iais. As três fases da osteoporose transitória
• HEMIARTROPLASTIA COM RECAPEAMENTO do quadril são vistas na RM: difusa, focal e residual. No estádio
Se a osteonecrose envolver mais de 30% da cabeça, as taxas de difuso, há uma impressão de "edema ósseo''. O estádio focal
sucesso das técnicas anteriormente mencionadas tendem a diminuir. começa de 2 a 3 meses após o início dos sintomas da osteoporose
Opções para lesões grandes e doença avançada incluem a hem iar- transitória, no momento em que as radiografias convencionais
troplastia com recapeamento, artroplastia com recapeamento total, mostram a desmineralização do colo e da cabeça femoral. Se a sus-
hemiartroplastia uni e bipolar, e substituição total da articu lação. Os ten tação de peso na articulação foi evitada, as lesões observadas
resultados em curto prazo com esses procedimentos foram promis- anteriormente dentro da medula diminuem e a sua intensidade se
sores; no entanto, resultados em longo prazo em pacientes com aproxima da medula gord urosa normal. No enta nto, se o paciente
osteonecrose não são tão bons quanto aqueles para a artroplastia contin uar sustentando o peso, uma lesão focal é vista primeiramente
total do quadril primária. na zona de maior carga óssea. O estádio residual começa de 2 a 3
Muitas falhas da hemiatroplastia com recapeamento são atri- meses após o estádio focal. Nesse momento, a osteoporose transitó-
buídas ao desgaste da carti lagem acetabular. Esse problema é corri- ria está se resolvendo, e o colo femoral exibe uma intensidade que
gido com a artroplastia com recapeamento total, como o qu adr il de corresponde à medula gordurosa normal. Ocasionalmente, as lesões
Birmingham. Não há estudos de longo prazo de artroplastia com residuais pequenas ainda podem ser encontradas no colo ou na
recapeamento para a osteonecrose da cabeça femoral. cabeça femoral. Frequentemente, um fino si nal horizontal é visto
A artroplastia com recapeamento é uma alternativa atraente imediatamente abaixo da lesão subcondral.
para pacientes jovens com osteonecrose avançada, pois pouco osso Pelo fato de a osteoporose transitória ser resolvida com medidas
é sacrificado. Atualmente, os resultados da art roplastia total do conservadoras durante alguns meses, conforme evidenciado clinica-
quadril primária para osteonecrose são melhores do que aqueles da mente, radiograficamente e na RM, a intervenção cirúrgica para essa
hemiartroplastia com recapeamento. Quanto mais o acompanha- condição é raramente, se nunca, indicada. Recomendamos o trata-
mento das próteses de recapeamento fica disponível, o papel da mento conservador para osteoporose transitória. É importante iden-
artroplastia com recapeamento pode aumentar no tratamento de tificar esse processo e diferenciá-lo da osteonecrose, para que a
pacientes jovens com osteonecrose do quadril. A artroplastia com descompressão central precoce não seja realizada por engano para a
recapeamento é abordada no Capítulo 4. osteoporose.

• ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL E


PROTRUSÃO ACETABULAR
HEMIARTROPLASTIA BIPOLAR
A maior parte das séries que examinaram a hemiartroplastia uni e A protrusão acetabular é caracterizada pela protrusão progressiva
bipolar para o tratamento de osteonecrose relatou resultados Lu1ifor- crônica da cabeça femoral dentro do acetábulo e da pelve (Fig. 6-45).
memente insatisfatórios. Os resultados dos relatos iniciais da artro- Cerca de dois terços dessas lesões são unilaterais e ocorrem com
plastia total do quadril para osteonecrose, embora melhores do que a mais frequ ência em pessoas de meia-idade, mas podem ser desen-
hemiartroplastia, também foram desanimadores. Resultados melho- volvidas durante a adolescência ou infância. Fatores infecciosos,
res foram relatados com técnicas de cimentação moderna e artroplas- neoplásicos, inflamatórios, metabólicos, traumáticos e genéticos têm
tia total do qu adril sem cimentação press-fit em pacientes com sido relacionados com o desenvolvimento da protrusão acebtabular.
osteonecrose. Com novas superfícies de carga disponíveis, como cerâ- A osteomalacia ou artrite reumatoide podem estar ocasionalmente
mica-cerâmica, metal-metal e polietileno cross-linked, os resultados relacionadas. Dor e limitação de movimento são, geralmente, indi-
podem melhorar ai nda mais. Os resultados da artroplastia total pri- cações para cirurgia. A artroplas ia total do quadril (Cap. 3) é o
mária para a osteonecrose estão agora se aproximando dos resultados tratamento preferencial nessa clínica. Para um adulto jovem, a osteo-
relatados para a osteoartrose em pacientes da mesma idade. A artro- tomia femoral proximal intertrocantérica em va lgo pode ter um
plastia total do quadril em pacientes com osteonecrose da cabeça bom resultado. Se a do ença for unilateral e o paciente fo r jovem e
femoral é abordada no Capítulo 3. realizar serviço pesado, a artrodese pode ser considerada (Cap. 5) .

OSTEOPOROSE TRANSITÓRIA ARTRITE REUMATOIDE DE INÍCIO


IDIOPÁTICA NO ADULTO
A osteoporose transitória idiopática do quadril ocorre mais frequen- A artrite reumatoide geralmente afeta ad ultos com idade entre 35 e
temente em homens de meia-idade, mas às vezes ocorre em mulheres, 50 anos, mas pode ocor rer em crianças e ado lescentes. O quadril
geralmente no final da gravidez (Fig. 6-44) . O aumento de dor e está menos envolvido com a artrite reumatoide do que o joelho; em
claudicação com atrofia muscular local são típicas, e os sintomas são geral, a artrite reum atoide envolve as articulações pequenas das
bilaterais em aproximadamente um terço dos pacientes. A desm ine- mãos e pés. O tratamento para os estádios iniciais da artrite reuma-
ralização pode não ser aparente em radiografias simples durante 6 toide do quadril é principalmente clínica, embora as terapias física
semanas após o início dos sintomas. Uma cintilografia óssea e ocupacional possam também ser úteis. A disponibilidade de medi-
anormal pode preceder radiograficamente a osteoporose visível do camentos mais novos e mais eficazes tornou a cirurgia menos fre-
colo e da cabeça femoral. A RM é altamen te sensível na detecção quente em pacientes com artrite reumatoide. Caso a cirurgia seja
dessa condição, mas outras entidades como a osteonecrose, a osteo- necessária, a artroplastia total do quadril (Cap. 3) é indicada para a
m iel ite e a neoplasia podem simular a osteoporose tran sitória maioria dos pacientes (Fig. 6-46) .
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM ADU LTOS JOVENS E CIRURGIA PRESERVADORA DO QUADRIL

O@mt.)11?9 Osteoporose tran sitória idiopática do quadril. A, A lterações radiográficas inicia is e recentes; observe a imprecisão do
quadril direito . B, Em 6 meses, as alterações radiográficas ainda estão ev identes. C, Trinta e seis meses após a resolução completa das
alterações radiográficas .

ARTRITE JUVENIL IDIOPÁTICA


Pelo fato de 97% das crianças com artrite juvenil poliarticular terem o
fator reumatoide (FR) negativo, o termo artrite juvenil idiopática tor-
nou-se mais comumente usado do que artrite juvenil reumatoide para
descrever este grupo de doenças. A artrite juvenil idiopática é um grupo
heterogêneo de doenças caracteri zadas pelo início de artrite crônica na
infância. Os critérios de d iagnóstico e os tipos de artrite juvenil reuma-
to ide são abord ados no Capítulo 9.
O envolvimento do quadril na artrite idiopática juvenil pode
causar dificu ldades releva ntes com a caminhada e pode limitar gra-
ve mente a ati vidade em pacientes jove ns (Fig. 6-47) . Clinicamente,
o envo lvimento da arti cul ação do quadril é marcado por dor, limi -
tação de amplitude de movimento, e rápido início de destruição da
cartilagem, que pode afeta r outras arti cul ações da extrem idade infe-
rior e a colun a.
Quatro categorias de envo lvimento do quadril foram descritas
em pacientes co m artrite juveni l idi opática. No prim eiro grup o,
apenas deficiência moderada e alterações mínimas radiográficas estão
presentes. No segu ndo grupo, a deficiência episódica está correlacio-
H@iiij·!Clm Protrusão acetabular intrap élvica. Protrusão nada co m a atividade da doença. No terceiro grupo, a deficiência
progressiva bilateral severa do acetábulo com dor aguda e movi- progressiva está associada com as alterações radiográficas; este grupo
mento reduzido dos quadris. de pac ientes prec isa de cirurgi a, mais para corrigir deform ações
. , PARTE li PROCEDIMENTOS RECONSTRUTIVOS DO QUADRIL EM ADU LTOS

O@l!;fürl:m Artroplastia total do quadril para artrite reumatoide . A, Doença avançada com destruição da cartilagem articular. B,
Após artroplastia total do quadril.

corrigir deformidades angulares severas. A artroplastia total do


quadril é o nosso procedimento de escolha para dor aguda e limitação
de movimento do quadril em pacientes adolescentes com artrite
juvenil idiopática.

OSTEOARTROSE
O risco de desenvolver osteoartrose do quadril durante a vida foi
estimado em 25%, significando que uma entre quatro pessoas pode
desenvolver a osteoartrose sintomática do quadril durante o seu
tempo de vida. No quadril, a osteoartrose mais frequente é a sec un-
dária à deformidade anatômica, que resulta em esforço excessivo em
um a área da articulação, ultrap assand o o que é tolerado pela carti-
lagem art icular normal e o osso subco ndral. Um estudo com apro-
ximadamente 500 pacientes com os teoartrose do quadril identificou
deformidades predisponentes em 62 % das mulheres e 79% dos
homens. Um estudo ainda maior envolvendo mais de 3.500 pacien-
tes identificou malformações da articu lação do quadril em 37% das
O@i@'mm Artrite juvenil idiopática poliarticular em uma
mulheres e 71 % dos homens. O acetábulo profundo e um a defor-
adolescente de 16 anos de idade, com envolvimento severo bila-
midade tipo cabo de pistola (F ig. 6-1) foram constatações radio -
teral do quadril; observe a deformidade da cabeça femoral e do
gráficas comuns que estavam associadas com um ri sco aumentado
acetábu lo (protrusão acetabular).
de osteoartrose. A osteoartrose primária, principalmente nas arti-
culações de suporte de peso, é mais comum em pacientes obesos
angul ares. No quarto grupo, constatações clínicas e radiográficas são com idade superior a 50 anos. Muitos estudos mostraram uma
marcadas, mas a deficiência funcional é mínima. associação da osteoartrose do quadril com ocupações que preci-
Dado o sucesso da terapia clínica no tratamento da artrite sam de levantamento de peso e atividade esportiva de elite. Em
juvenil idiopática, o tratamento cirúrgico não é necessário com fre- muitos pacientes, a osteoartrose do quadril pode ser prevenida se
quência. Os procedimentos reconstrutivos que podem ser necessários a deformidade pré-disponente puder se r corrigida antes do início
em pacientes com artrite juvenil idiopática incluem procedimentos das alterações degenerativas.
em tecido mole para a correção de contraturas, osteotomia, artro- O tratamento da osteoartrose primária geralmente é não cirúr-
dese, excisão articular e artroplastia. As combinações desses proce- gico, tanto quanto possível. Em contrapartida, na osteoartrose secun-
dimentos podem ser necessárias para ali viar a dor e corrigir dária, quando a dor e a destruição começam, a progressão geralmente
deformidades. As osteotomias são mais comumente necessárias para é contínua, e métodos não cirúrgicos geralmente são fúteis. Muitos
CAPÍTULO 6 DOR NO QUADRIL EM AD ULTOS JOVENS E CIRU RG IA PRE SERVADORA DO QUADRIL cm
ensaios controlados randomizados apoiam o uso de inj eções com são sequelas quase que in ev itáveis; em nossa opinião, provavelme nte,
corti coes tero ides para prop o rcionar alív io tran sitóri o (aproxima- a artrop lasti a total do qu adril nun ca está indicada para uma arti c u-
damente 1 m ês) d a dor e melh orar a fun ção; as inj eções de este- lação neuropáti ca do quadril.
roides foram relatadas como e fi cazes em até 90% d os pacientes
com ar trose moderad a, comparados com apenas 9% a 20% d aque-
les com artro se severa. A inj eção com corticosteroide intra-artic u- REFERENCIAS
lar tamb ém pod e se r útil p ara excl ui r causas extra -a rti c ul ares d e
do r do quadril. A visco-s upleme ntação, emb o ra não aprovad a para CAUSAS INTRA-ARTICULARES DE DOR NO QUADRIL
artrite do quadril pela Food and Drug Admini stration d os Estados
Unido s, tem si d o usada n a Europa com resultados variados. No Allen D, 8eaulé PE, Ramadan O, Doucette S: Preva lence of associated defor-
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próprio paciente, como (a) excisão de osteólitos e curetagem e enxe r- roacetabu la r impingem ent: a radiological study with a minimum of ten
tia dos cistos acetabulares, (b) osteotomia periacetabular ou femoral years fo llow-up, f Bane foint Swg 9!8:162, 2009.
proximal, e (c) cirurgias de liberação do quadril (lib eração dos mús- 8arton C, Kanga K, 8 eaul é PE: Anterior Hueter ap proach in the treatm e nt
culos); e (2) cirurgias que reconstroem a articulação d o quadril, como of femoro-acetabu la r impingement: rational e and technique, Orthop Clin
(a) artrodese (Cap. 5), (b) substituição da cabeça femoral protética North Am 40 :389, 2009 .
(hemiartroplastia) (Cap. 3). (c) ar troplastia co m recapea mento (Cap. 8ea11 DP, Sweet CF, Mart in HD, et a i: Imaging findings of femoroacetabul ar
4) e (d) artroplastia total do quadril (Cap. 3). Com a ace itação gene- impinge m ent sy ndrome, Skeletal Radio/ 34:69 J, 2005.
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de recapeamento, muitos desses procedimentos estão ultrapassados e
2009.
são raram ente utilizados; para as descrições das técn icas, o leitor deve Beaulé PE, Harvey N, Zaragoza E, e t ai: The femora l head / neck offset and
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PARTE
EVOLU~ÃO E DESENHO INDICAÇÕES PARA O MANEJO DA FALHA ÓSSEA 412
DA PR TESE MODERNA 376 RESURFACING PATELAR 393 ALINHAMENTO PATELOFEMORAL 414
PRÓTESES CONSTRITAS EM INDICAÇÕES PARA A ARTROPLASTIA FECHAMENTO DA FERIDA 416
VARO E VALGO 379 TOTAL DO JOELHO BILATERAL MANEJO PÓS-OPERATÓRIO 418
PRÓTESES DE PLATAFORMA MÓVEL 380 SIMULTÂNEA 393 PROBLEMAS CIRÚRGICOS
PRÓTESES UNICOMPARTIMENTAIS 380 RESULTADOS DA RELACIONADOS A
IMPLANTES EM DOBRADIÇA 381 ARTROPLASTIA TOTAL DISTÚRBIOS ESPECÍFICOS 41 8
PRIMÁRIA DO JOELHO 396 OSTEOTOMIA TIBIAL ALTA
SISTEMAS PROTÉTICOS 381
ESCORES FUNCIONAIS E (DO TERÇO PROXIMAL)
BIOMECÂNICA 381 RADIOGRÁFICOS 396 PRÉVIA 418
ANATOMIA FUNCIONAL SOBREVIDA DA PRÓTESE 397 PATELECTOMIA PRÉVIA 419
E CINEMÁTICA 381 AV~LIAÇÃO. ARTROPATIA NEUROPÁTICA 419
Papel do Ligamento Cruzado PRE-OPERATORIA 397 OUTRAS CONDIÇÕES MÉDICAS 420
Posterior na Artroplastia O~ÇÕES ANESTÉ~ICAS 399
Tota l do Joelho 382 TECNICA CIRURGICA
COMPLICAÇÕES 420
Alinhamento Axial e Rotaciona l PARA A ARTROPLASTIA TROMBOEMBOLISMO 420
do Joelho 384 TOTAL DO JOELHO INFECÇÃO 42 1
PRIMÁRIA 399 COMPLICAÇÕES
Anatomia Funcional e Biomecânica
Técnica de Alinhamento Intra e PATELOFEMORAIS 426
da Articu lação Patelofemoral 386 Extra medular 404 COMPLICAÇÕES
CONSIDERAÇÕES Técnica de Alinhamento Assistida NEUROVASCULARES 429
SOBRE O POLIETILENO 388 por Computador 405 FRATURAS PERIPROTÉTICAS 429
FIXAÇÃO DOS COMPONENTES 390 BLOCOS DE CORTE
REVISÃO DA
INDICAÇÕES E PERSONALIZADOS 406 ARTROPLASTIA
CONTRAINDICAÇÕES 391 BALANCEAMENTO LIGAMENTAR 406 TOTAL DE JOELHO 43 1
ARTROPLASTIA TOTAL Correção da Deformidade em Varo 407 SOLTURA ASSÉPTICA DA
DO JOELHO 391 Correção da Deformidade ARTROPLASTIA TOTAL
ARTROPLASTIA em Valgo 407 PRIMÁRIA DO JOELHO 43 1
UNICOMPARTIMENTAL Correção da Contratura em Flexão 409 EXPOSIÇÕES CIRÚRGICAS 433
DO JOELHO 39 1 Correção do Recurvato 410 REMOÇÃO DE COMPONENTES 434
ARTROPLASTIA Balanceamento do Ligamento PRINCÍPIOS DE RECONSTRUÇÃO 435
PATELOFEMORAL 392 Cruzado Posterior 411 RESULTADOS 438

O desenho da ATJ, desde que o conceito da prótese condilar


EVQLUÇÃO E DESENHO DA total foi introduzido, ainda não viu outro salto em seu avanço. Os
PROTESE MODERNA côndilos fe morais simétricos passaram a ter um raio de curvatura
decrescente posteriormente e ser individualmente convexos no
Embora muitos modelos antecedam a prótese cond ilar to tal proje- plano coronal. A superfície articular de prato duplo do componente
tada por Insall et ai. , sua introdução em 1973 marcou o início da era tibial de polietileno era perfeitamente congruente com o compo-
moderna da artroplastia to tal do joelho (ATJ) (Fig. 7- 1). O desen ho nente femora l em extensão e congruente no plano coronal na flexão.
dessa prótese permiti u condições biomecânicas que possibilitaram A translação e o deslocamento dos componentes eram impedidos
reprod uzir anatomicamente a cinemática do movimento normal do pelas protuberân cias anteriores e posteriores do componente tibial
joelho. Influenciados pelo modelo anterior do Imperial College/ e pela eminência mediana. O componente tibial tinha uma haste
London Hospital, ambos os ligamentos cruzados são sacrifica dos, metafisária para resistir à inclinação da prótese durante o processo
com a estabilidade do plano sagital mantida pela geometria articular de carga assimétrica. O componente tibial originalmente era todo
da superfície. A pró tese condilar tota l cimentada origina l modificou de polieti leno, mas uma base de metal foi ad icionada mais tarde para
dramaticamente o padrão para a sobrevida das substitu ições totais permitir uma transferência de tensão mais uni fo rme ao osso espon-
do joelho; mui tos autores passaram a relatar sobrevida em longo joso metafisário, além de preven ir a defo rmação do polietileno.
prazo bem acima de 75% em um acompanh amento de 15 a 20 anos. A patela era substituída por um componente patelar em fo rm a de

376
CAPÍTULO 7 ARTROP LASTIA DO JOELHO

domo, inteiramente em polietileno, com um plugue (ou pequena O componente patelar da prótese duopatelar era um d omo inteira-
haste) central de fixação. Mui tas dessas características permanecem mente de poli etileno similar àquele usado na prótese condilar total.
nos desenhos atuais. A prótese duopatelar evoluiu para a prótese cond ilar cinemática, que
Sim ultaneamente ao desenvolvimento da prótese condilar e ra largamen te usada nos anos 1980 (F ig. 7-2).
total com sacrifício do ligamen to cruzado posterior (LCP), a Inicialmente duas crít icas da prótese condilar total eram a sua
prótese duopatelar fo i desenvolvida simuland o o contorno anatô- tendência à subluxação posterior em flexão se o espaço da flexão não
mico do fêm ur no plano sagital. Essa prótese poss ibilitava a reten- fosse equilibrado perfeitamente com o espaço de extensão, e o menor
ção do LCP. Originalmente, os componentes medial e lateral do a rco de movimento em flexão comparado com os modelos protéticos
platô tibial eram separados, mas isso fo i logo revisado em favor de LU11 que permitiam que o rolamento ' posterior do fêm ur ocorresse. Ao
compon ente tibial único com um recorte para a preservação do LCP. não poder fazer o efeito de rollback, a metáfise femoral posterior na
prótese cond ilar total impactava a superfície articular tibial em apro-
ximadamente 95 graus de flexão (Fig. 7-3). As primeiras análises clí-
nicas da prótese cond ilar total documentavam uma flexão média de
apenas 90 a 100 graus. Para corrigir esses prob lemas, o modelo de
Insall-Burstein com substituição do cru zado posterior ou póstero-es-
tabilizado fo i desenvolvido em 1978 ao adicionar-se um mecanismo
de ei.,xo e poste à geometria da superfície articular da prótese condi lar
total (Fig. 7-4). O eixo no compo nente femoral acoplava-se a um poste
central na superfície tibial articular a aproximadamente 70 graus de
flexão e fazia com que o ponto de con tato da articulação tibiofemoral
gradualmente se deslocasse posteriormente, ativando o rolamento
femoral e permitindo uma maior flexão.
A maioria dos modelos atuais de prótese total de joelho com-
preende derivações da prótese condilar cinemática e de Insall-Burs-
tein. Durante o final dos anos 1980 e anos 1990, as complicações
patelofemorais tornaram-se a principal causa d e reoperações na ATJ.
Consequentemente, a reconstrução aperfeiçoada da articulação pate-
lofemoraJ tem recebido atenção nos desenhos mais recentes. Os modelos
mais novos incorporam áreas de co ntato patelofemo ral m aiores
através do arco de movimento e flanges anter iores assim étricos pro-
jetados para resist ir à subluxação patelar.

O@lhf;'jfl9 Prótese condilar total introduzida por lnsall em 'Nota da Revisão Científica: O termo rol/back também pode ser utili zado,
1973 . sendo bastante familiar ao ortopedista brasileiro.

O@ii;t.)m. Prótese condilar cinemática obtida durante procedimento de revisão.


. , PARTE Ili PROCEDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

Alguns sistemas de prótese total de joelho incorporaram um


desenho de prato fund o como uma das opções de base tibial de polie-
tileno d ispon ível. O desenho é similar ao modelo condilar total origi-
nal que usa a concavidade do plano sagital ou somente os pratos para
controlar a estabilidade anteroposterior (Fig. 7-5). Uma comparação
entre os componentes de prato fundo com di spositivos de estabiliza-
ção posterior usando os mesmos componentes fem orais não mostrou
difere nças no acompanh am ento de arco de movimentos, habilidade
para subir ou descer escadas, ou escalas de dor. Esse desenho de prato
fu ndo incorporou muitas das vantage ns mencionadas an teriormente
quanto ao sac rifício do cru zado sem obrigato ri amente sacrifica r o
osso na região intercondilar do fêmur, o que pode predispor a fraturas.
Com o balanceamento adequado dos espaços de flexão e extensão, fo i
relatado que a impacção posterior na flexão era evitada, proporcio-
nando uma flexão similar ao desenho de estabilização posterior.
Os dese nh os de prótese total de joelho com retenção do cruzado
geralmente inco rporam uma opção de componentes de polietileno de
prato fund o ou ultracongruente, de m odo a aperfeiçoar o rolam ento
poste ri or e alcançar maior flexão (Fig. 7-6). Muitos desenhos, no
entanto, ainda têm mostrado uma tendência ao rolam ento anterior do
fêm ur nos maiores graus de fl exão.
Mui tos desenh os de prótese total de joelho mais rece ntes têm
incorporad o interações terminal- came/pos te- batente mais co m -
plexas e até um mecanismo de came-batente duplo no qual o aspecto
anterior do terminal aciona um mecanismo de screwhome à medid a
que o joelho alcança a extensão total. O padrão de rotação no plano
transve rso nesse tipo de desenho tem se mostrado mais próxi mo da
cinemática norm al do joelho do que os modelos de estabilização
H@ll;@Elll O desenho condilar total é limitado na fle xão pos teri or mais antigos. Muitos fabricantes agora mudam o posiciona-
pelo impacto posterior do fêmur no compo ne nte tibial de polie- m ento e a geometria do poste e do came-batente, para proporcio nar
t ileno. Com a reten ção e su bstitui ção do ligamento cruzado pos- um padrão biomecânico mais natural da arti culação tibiofemoraI ao
terior, o rol/ba ck femo ral pe rmite uma maior fle xã o . longo do arco de movimento.

O!ij'hfüfl9 O joelho pó stero-estabiliza do de lnsall-Burst e in passou por muitas revisões e modificações de de senho. A ve rsão não
modular de fibra de carbono e polietileno reforçado é exibida .
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO cm

O@il;tijfm Os desenhos de prótese tota l de joelho de retenção do cruzado posterior com um componente de prato fundo
me lh oram o ro/lback ou rolamento posterior e a maior flexão.

TRANSLAÇÃO ANTEROPOSTERI OR DO PONTO DISTAL DO


Implante de polietileno
CÔN DILO FEMORAL (PDCF) EM RELAÇÃO AO COMPON ENTE
TIBIAL NO S ISTEMA SIGMA FB CR CVD STANDARD PCL
DURANTE O AGACHAMENTO (FLE XÃO MÁXIMA DE 130 GRAUS). O@ii;f4ifl8 O joelho condi lar constr ito origina l aumentou o
'E s,o ~------------------~ poste centra l do componente tibial de polietileno, para restr ing i-lo
.s contra as paredes mediais e laterais de uma caixa cent ral apro-
o fundada do componente fem o ral. A maioria dos desenhos permite
'fü 0,0 uma peq uena tolerância d entro da cai xa contra o terminal, con-
tí -17111!:"-.....__
oo_
forme mostrado.
eGJ
-c
co LCP latera l
Não pode se r usad a para d efo rmidade em recu rvato, pois não controla
~ ~Pm~~
~ - 10,0 -1--------~-------========-l a hip erexten são. Originalmente proj etado com hastes intramedulares
~ o 20 40 60 80 100 120 140 cimentadas nos componentes fem ora is e tibiais, o desenho evoluiu
~
1-- Ângulo de fle xão do joelho (graus) para incluir também hastes intramedulares não cimentadas com colo-
cação press-fit nos componentes tibiai s e femorais.
O@ilifrlfJ9 Um modelo de computador mostra o rolamento O desen ho do CCK tem sido usado extensivamente para artro-
anterior do cônd ilo femora l medial (área vermelha) iniciando plastia de revisão, quando a instabilidade está presente, e para artroplas-
apenas após 30 graus de fl exão. tias primárias difíceis em pacientes com deformidade em valgo extrema
e insuficiência ligamentar medial e colateral. Embora nenhuma soltura
tenha s id o relatad a e m 8 anos em um grup o de 28 joelh os CCK
implantados para deformidades em valgo severas no grupo de pacien -
PRÓTESES CONSTRITAS EM VARO E VALGO tes mais velh os (m édia de 73 anos), a limitação adicional do d esen ho
da CCK au menta a preocupação com relação à possibilidade d e haver
O modelo condil ar constrito original ou (CCK, do inglês, constrained taxas aum entadas de soltura, particularm ente quando usado em
condylar knee, termo bastante difundido em nosso meio) foi desen - pacientes m ais jovens. Radiolucências progressivas do cimento ósseo
volvido a partir do modelo póstero-estabili zado ao aumentar o poste foram relatad as em 16% d os pacientes em uma média de 55 meses
central d a inserção tibial de polietileno, limitando -a contra as paredes após a artroplastia com a p rótese condilar tota l III, a precursora do
mediais e laterais de uma caixa central aprofundada do componente CCK, e linhas radiolúcidas não progress ivas foram encontradas em
fem oral (F ig. 7-7). A estabilidade varo -valgo é controlada po r esse 16% dos 148 joelhos com implantes condilares constritos sem exten -
m ecanismo com uma pequena tolerância em varo e valgo. Esse tipo são à haste usados para correção de deformidades significativas. As
de prótese funciona de m anei ra semelhante ao desenho de estabiliza- taxas de falha relatadas são baixas, variando de Oa 2,5% em 4 anos de
ção posterior e é usado em pacientes com instabilidade importante, acompanham ento. A maioria dos sistem as de artroplastia total de
qu e de o utra forma necessitariam de uma prótese co m d obradiças. joelho inclui uma opção de prótese co nstrita.
MM·• PARTE Ili PROCEDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

PRÓTESES DE PLATAFORMA MÓVEL


Os desenhos d e prótese d e platafor ma m óvel têm visto um aum en to
em populari dad e, e têm sido fe itos esfo rços para diminui r a
classificação desses dispos itivos para a classe III, para fi ns de lib era-
ção pelo U.S. Food and D rug Association (F DA). A versão de pl a-
taforma m eni scal da prótese d e baixa tensão de co ntato (LCS, d o
inglês, low contact stress) d esenvolvida por Buechel et al. incorporou
muitas das ca racterísticas d a pró tese d e Oxford, m ais anti ga. Me ni s-
cos d e p olietil eno individuais artic ulam -se com o componente
fem oral acima e com um a placa de base tibial polida abaixo. O
d esenho d a LCS adicionou ra nhuras arqu eada s à base tibial, qu e
controlam o cu rso anteroposteri o r dos m eniscos. O co mponen te
fe m oral tem um raio d e cu rvatu ra decrescen te d e anterior para
posterior. Essa m odificação n o dese nho d a Oxfo rd diminui a excu r-
são posterior dos meni scos em fl exão, ajudando a diminuir a in ci-
d ência de extru são pos teri o r d os meniscos.
O sistem a de prótese to tal d e jo elho LCS também inclui um
dese nho de p lataform a girató ri a com um a geo metri a tibiofem oral
congruen te em extensão simila r a o utros d esen hos atu ais de prato
fund o; no entan to, o poli etileno tib ial, adicionalm ente, fica livre para
LM / RL
girar d entro d a haste d a placa d e base tibial. Esse d esenho teve ra ras
luxações rotacionais dos componentes tibiais de polietileno devid o
ao balancea m ento in adequ ad o do espaço d e fl exão e extensão, m as
exibiu uma excelente longevidade. Calaghan et ai. re portaram uma
taxa de sobrev ida de pró tese d e 100% em 82 pacientes em um acom -
panh am ento mín imo d e 9 an os do m o d elo LCS d e plataform a gira-
tória cimentada. Em um estudo complementar poster io r, Calagha n
et ai. mostraram a condiçã o de 53 joelhos em 37 desses pacientes
0@11;1jifl9 Sistema unicompartimental de joelho Stryker
Triathlon.
que ainda eram vivos, com um acompanham ento d e 15 anos. Nenhum
d esses jo elh os necessito u d e rev isão d evido a afrouxam en to, osteó-
lise o u desgaste; três joelhos necess itaram de reoperação - dois por uso d a artroplastia unicompartimental do joelho (AUJ) para a a rtrite
causa de fra tu ras periprotéticas, e um por infecção-, m as n enhum limitada a apenas um dos co mpartimentos do joelho (Fig. 7-8).
d os compone ntes foi revisado como parte d as reoperações. Buechel, Essas pró teses substituem a superfície a rtic ular do côndilo medi al
um dos desen volvedores d o m odelo LCS, relatou um a sobrevid a d e o u lateral e a superfíci e do platô tibial adj acente. A tendência atual
90% em 20 an os com se u desenho, e urn a sobrevida similar em 18 em direção a cirurgias minim amente invasivas reacendeu o entu -
an os com seu desenh o de platafo rm a giratória não cim entad a. Urna siasm o p o r esses dispositivos, apesar do fa to de qu e muitos estudos,
rn e tan álise rece nte compa rand o os res ultad os d e ATJs d e pl ata- co m algumas exceções, m ostraram urn a sobrevida um po uco pior
form a fixa e m óvel não en contro u d iferen ças clinica m ente signifi - para a AUJ, comparativam ente à ATJ.
ca tivas no s res ultado s p ac iente-es pecíficos o u cl íni cos. Uma razão Marmor aprese nto u um a prótese unicompartim enta l no
pela qu al esses dese nh os d e implantes não são ofe recidos por começo d os anos 1970, obtend o m elhores res ultad os co m a subs-
muitos fabri cantes é sua d esig n ação com o dispositivo d e classe III tituição d o co mpartim ento latera l do que co m a do compartim ento
pelo FDA. Es tudos flu orocin emáticos in vivo m os tra ram qu e a m edial. A prótese d e Ma rmo r era model ad a anato mi cam ente com
rotação d o suporte n o pl ano tra nsve rso po d e se r n ão fi siológica um comp o nente tibi al pl ano, to d o em p o li etil eno. Squire et ai.
em alguns pac ientes. obser varam uma sobrev id a de 87,5 %, em 15 ano s, usa ndo essas
As vantagens potenciais dos joelhos de pl atafo rm a móvel incluem pró teses. As próteses uni compartimentais sub se quentes com base
tensões de contato m enores nas superfícies articulares, m ovim ento tibi al m etá li ca e po li etileno fin o ocasio nalm ente exibi am um
girató rio d o po li et il en o tibial d ura nte a m a rcha, e au toalinhame nto rápido d esgas te do p o li et ileno.
d o polietileno tibial co mpensa ndo o mau alinh am ento rotatacio nal As pró teses de joelh o unicompartimentais com base m eni scal
d a base tibi al d urante a implan tação. Ainda não se determinou se os m óvel permitem o m ovimento translacio nal na interface da entre o
d esenhos d e plataforma m óvel funcionarão melhor do que os de pla- polietilen o e a base tibi al m etálica similar ao da ATJ d e plataform a
taform a fixa. de meni sco móvel, e são ap oiad as com entusiasm o por a lgun s
auto res, com relatos d e so brevida em 10 anos de 96% na art roplastia
d e joelho uni compar tim ental de O xford . No Swedish National
PRÓTESES UNICOMPARTIMENTAIS Registry, a prótese unicompa rtim ental d e Oxford teve um a avaliação
pior, tendo um a taxa d e revisão d e 7% em 6 anos.
H á alguns res ultados relatad os d e artroplas tia uni co m partimental Supõe-se que a co nservação dos ligam entos cru zad os, do com-
d o joelho tão bo ns qu anto aqueles d a ATJ, m as a polêmi ca continua partimento tibi ofem o ral oposto e da articul ação patelofem ora l na
sobre as indi cações e o uso de próteses unicompartirnentais em AUJ tem res ultado em um a cin em ática d o joelho m ais natural e
pac ientes co m alto índ ice de m assa corpo ra l (IMC), com algun s permitido a revisão fác il para u m a prótese tricompartimentai, algum
relatórios m ostrando taxas d e revisão mais altas em um acomp anha- tempo d epo is. Um joe lho m ais norma l po de ser possivelmente
m ento desses pacientes após 2 anos. Muitos cirurg iões d efendem o obtido com a AUJ, co m tempo d e reabilitação mais rápido, e um
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELH O

sig n ificativa de tecidos mo les não permitirem que um joelho


estável seja obtido, ou quando for criado um espaço de fl exão que
possa permitir luxação mesmo com um implante condilar con s-
trito. Um relato inicia l mostrava que os resultados da dobradiça
rota tó ria cinemática ou Kinematic Rotating Hinge não eram
melhores do que aqueles com as prime iras próteses GUEPAR
com resp e ito à infe cção, afrouxamento, e complicações patelares.
Um es tud o mais rec ente das próteses em dobradiça encontrou
uma taxa de complicações muito menor após 4 anos de aco mpa-
nh a m e nto d as próteses com dobradiça S-ROM (Joint Medical
Products/Johnson & Johnson, Stamford, CT). Esse tipo de prótese
é usado em pacientes com insuficiência ligamentar severa, grave
desequilíbrio do espaço de flexão e extensão, doenças neuromus-
culares, e procedimento s de sa lvamento de membros. O uso de
um impl ante co m dobradi ças para um a ATJ primária d eve ser
res ervado para pacientes com esses prob lemas devido à te ndência
para res u lta dos piores e mais complicações do que com outros
tipo s d e implantes.

SISTEMAS PROTÉTICOS

São necessá rios diferentes tipos de próteses para quantidades variá-


veis d e envolvimento artrósico, deformid ade, frouxidão e perda
óssea. As próteses usadas variam de desenhos unicompartimentais,
para do ença de um único compartimento, a próteses em dobradiça,
para procedimentos de salvação. Muitos cirurgiões defendem o
h!§i!;tjflm Implante total de joelho com dobrad iça girató- uso d e próteses com preservação do LCP para deformid ade leve e
ria cinemát ica li (Stryker). desenhos de substitu ição de LCP para deformidades mais sérias.
O s fabricantes de próteses de joelho dese nvolveram próteses que
oferece m tanto a retenção quanto a substituição de LCP através de
m aior arco de movim ento do que com a ATJ. A segunda sup osta componentes tibiai s modulares de polietileno e componentes
van tagem - preservação de estoque ósseo - é mais polêmica. femorai s de substitui ção e retenção d e LCP qu e necessitam de
Padget, Stern e Insall relataram a necessidade de utilização de com- cortes ósseos similares. Essas próteses usam tipicamente instru-
po nentes especiais, enxerto ósseo ou cimento com parafuso em 76% mental operatório compartilhado e permitem uma decisão
dos pacientes submetidos a revisão de AUJ em ATJ; já Barrei e Scott intraoperató ri a entre preservação ou sacrifício do LCP, ou mesmo
relataram percentual de 45 %. McAuley, Engh e Ammeen relataram um d esenho condilar constrito. Se o balanceamento do LCP é
utilização d e enxerto autólogo em 26% e cunha metálica em 21 %, difícil , a artroplastia pod e ser convertida em um desenho d e subs-
comentando que a conversão de AUJ para ATJ é mais simples do titui ção de LCP com relativa facilidade. Muitos desenhos de pró-
que de ATJ primária para de revisão. A ênfase em buscar um corte teses tamb ém incluem um componente tibial d e polieti leno com
de tíbia menor em d esenhos mais modernos pod e reduzir a incidên- pratos mais co ngru entes no plano sagital para uso opcional em vez
cia de d efeitos ósseos no mom ento da revisão. do d esenho p ós tero- es tabili za do, no qu al o LCP não funciona.
Estudos parecem indicar que a conversão de AUJ para ATJ não H astes m o dul ares, cunhas m etálicas e componentes condilares
possui resultados em termos de sobrevida se comparados co m de constritos são tipicam ente disponíveis.
ATJ primárias. Em paciente jovens, a AUJ convertida em ATJ não Muitos outros fatores são importantes no desenho e seleção de
produz o m es mo resultado do que a ATJ primária próteses, incluindo a fixação protética, o manejo da articulação pate-
lofemoral , modularidade, e problemas com polietileno. Eles serão
disc utidos em seções futuras d este capítulo. É responsabi lid ade do
IMPLANTES EM DOBRADIÇA cirurgião entender as indicações, contraindicações, resultados fun-
cionais esperados e sobrevida de cada tipo de prótese e para próteses
A Kinematic Rotating Hinge, ou prótese em dobradiça rotatóri a específicas. Es tudos d e acompanhamento de longo prazo continua-
cinemática, (Howmedica, Ruth erford , NJ) (Fig. 7-9) foi amp la - rão a melhorar nosso entendimento das indicações adequadas para
mente utili zada como implante em dobradiça. Dois componentes a variedade de próteses de joelho disponíveis.
d e polietileno e bases d e cromo-cobalto permitem flexo -extensão
e rotação axial. O implante em dobradi ça rotatório oferece res tri-
ção no plano coronal e sagital e rotação livre no plano tran sverso, BIOMECÂNICA
a fim de limitar a transferência d e forças para a superfície osso-im-
plante e possi bilitar a artroplastia em situações d e falha completa ANATOMIA FUNCIONAL E CINEMÁTICA
dos ligamentos colaterais. O implante promove travam e nto em
extensão, assim como previ ne o recurvato. Esse implante é m a is O movimento normal do joelho durante a marcha tem sido estu-
frequentem e nte utili zado em revisões complexas, mas pode ser dado por muitos autores, que descobriram ser muito mais complexo
usado em uma ATJ primária quando a deformidade e a perda do que a simples fl exão e extensão. O movimento do joelho durante
W!:fi PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

~ Rotação
Flexão

Extensão
40°

40°
'"-~I~
/ Extensão Adução 10º
Oº ~1!+-tf4
Abdução 10°

~Abdução Rotação interna 10º

Rotação externa

10º
~4~ 1
1
1
1 1 1 1
Fle>ão ;
li '4 HO !

----f~F
HS
1
TO
O@ll;ijfll!9 O mov imento do joe lho ocorre em três planos
separados durante o curso norma l do ciclo de marcha, e é chamado O@ih!·'flm Mov imento triaxia l do joel ho no rma l d u rante a
de "movimento triaxia I" . marcha, medid o por e letrogoniômetro . A flexão e a ext e nsão são
de aproximadame nte 70 graus durante a fase de bala nço e de 20
graus dura nte a fase de apoio. Ma is ou me nos 10 graus de abduçã o
e adução e 10 a 15 graus de rotação interna e ext erna ocorrem
durante cada ciclo d e marc ha. FF, apo io pla nta r; HO, ca lca n har no
ar; HS, ca lcanha r no chão; TO, há lux no ar.

- conhecida como "mecanism o screwhome" - e a rotação intern a


da tíbia durante a flexão do joelho. A impossibilidade de mu itos dos
primeiros desenhos d e próteses de joel ho acomo darem esses movi-
mentos complexos e as tensões que os acompanham foi Luna deficiência
não prevista. Muitos modelos de próteses atuais tentam reprodu zir
fielm ente a cinemática normal do joelho, ao passo que outros se
conformam n a aproximação do mov im ento normal, focando em
o utras preoc upações, como tensões de contato de polietileno em vez
d a reprodução fi el d a cinemática do joelho.
) ( 50º O uso de laboratórios de marcha para estudar pacientes
norma is antes e depois da artroplastia do joelho se tornou um a
ferramenta importante no d esenho da pró tese e em sua avaliação
subsequ ente (Fig. 7-12 ). Em estudos cin emáticos do joelho du rante
O@l(iL'ifll9 O e ixo transverso de flexão e extensão do joelho a lgum as atividades d o dia a dia, a m archa normal exigiu 67 graus
muda constanteme nte e descreve u ma cu rva em fo rm a de J em de fl exão durante a fase de balanço, 83 graus para a subida de escadas,
torno dos côndi los femora is. 90 gra us para a descida d e escad as e 93 graus para levantar-se d e
uma cad eira. A análise d a m archa em laboratório impulsiono u a inda
m ais o d ese nvolvimento d as próteses. Agora é possível usar m ode los
a marcha é co mposto por flexo-exten são, abdução e adução, e d e co mputador para prever os efe itos de d esenho s d e próteses no
rotação intern a e externa (Fig. 7- 10). A fl exão do joelho, qu e se d á arco de movimento e como elas res po nd em ao m au posici o na-
através de um eixo transve rso variável (Fig. 7- 11 ), é uma fun ção d a m ento durante a cirurgia, auxiliando o desenvolvimento d e d ese-
geometria articular e da tensão ligarn entar. Dennis et al. d escreve- nhos qu e sejam mais ve rsáteis e proporcionem um arco de
ram um modelo helicoidal para a vari ação do eixo de flexão, com m ovimento e uma ci n em ática mais fisiológicos.
urna média de 2 mm d e translação posteri o r d o côndilo femoral
medial em relação à tíbia, comparad o com 21 mm de translação do
côndilo femora l lateral. Essa observação foi feita a partir de dados
• PAPEL DO LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR
de flu oroscopia dinâmica e reconstru ção tridimensional de tomo - NA ARTROPLASTIA TOTAL DO JOELHO
grafia co mputado ri zada (TC). O eixo se torna mais variável após a Desde o desenvolvimento d e próteses d e retenção e substituição do
ressecção do ligam ento cruzado anterior, com m édia de translação LCP, os méritos relativos d e cad a d esenho têm sido discutidos. Cada
posterior d e 5 mm do côndilo m edi al e de 17 mm do côndilo d esenho vangloria-se de vár ias sé ri es co m 10 a 15 anos de resultados
femoral lateral. Esse padrão d e pivô baseado medi aimente explica a excelentes. Estudos d e ATJs bilaterais com urna prótese com preser-
rotação externa da tíbia em relação ao fêmur durante a extensão vação do LCP de um lado e uma prótese d e substituição d e LCP do
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO &Ili
outro não conseguiram mostrar diferença significativa no desempe-
nho subjetivo ou na satisfação de pac ientes. Um olhar mais atento
às diferenças desses desenhos ilustra, no entanto, muitos dos fatores
envolvidos no sucesso da artroplastia.
A retenção do LCP potencialmente pode proporcionar um
maior arco de movimento pelo rollback femoral efetivo. A análise
cinemática in vivo mostrou que, com uma prótese de retenção do
cruzado, pode haver um rolamento anterior do côndilo femoral
medial sobre o componente de polietileno durante a flexão, o que
pode limitá-la. Os modelos atuais levam isso em conta, e evoluíram
de uma articulação relativamente plana para um desenho com maior
constrição anterior na maioria das próteses com retenção do cruzado,
para promover o rollback. A prótese de substituição do LCP consegue
o rollback femoral através de um poste tibial e um mecanismo de eixo
__ 1
ou batente femoral. Comparados com o dese nho condilar total origi-
/
nal, ambos os modelos modernos de retenção e substituição conse- -----/
/
guem urna maior flexão (Fig. 7-3). Em vários estudos comparando as /
I
próteses de retenção e substituição do LCP, a flexão média conseguida I
durante um acompanhamento de longo prazo foi similar. Quando o I
I
LCP é preservado, ele frequentemente precisa ser liberado parcial-
mente ou ressecado para permitir a flexão adequada, especialmente
no joelho com deformidade em varo, já que é uma estrutura anatô-
mica mais medial e pode estar envolvid a na deformidade do plano
coronal. Mais recentemente, desenhos de prato fundo com alta con-
gruência do plano sagital têm sido estudados (com recessão do LCP
e com sacrifício do LCP). A flexão com esses dispositivos com uma H@l!;b) fll9 Um argumento contra a substituição do LC P é
congruência maior é similar àquela com os dispositivos de retenção e que a constrição protética adicional pode transferir mais tensão
substituição do LCP, com os quais têm sido comparados. à interface prótese-osso .
Em desenhos de substituição do LCP, o deslocamento posterior
em flexão é produzido pelo poste tibial em contato com o eixo ou
bate nte femoral, com a tensão resultante no componente protético e, A articulação patelofemoral funciona com um braço de ala-
no final, transferida à interface osso-cimento (Fig. 7-1 3). Original- vanca extensor maior quando o rollback femoral, uma fun ção da
mente, essa situação levou muitos autores a sugerir que os desenhos reten ção ou da substituição do LCP, move o tubérculo tibial mais
de substituição do LCP teriam taxas maiores de falha do que os com anteriormente. A articulação patelofem oral também é afetada pela
preservação do LCP, devido a solturas. As taxas de soltura na maioria elevação da linha da articulação, à medida que a nova linha pro-
dos estudos relatados mostram-se iguais nas ATJs póstero-estabiliza- tética é elevada em relação à linha da articulação nativa. Os dese-
das e nas com preservação do cruzado. Um estudo recente da Mayo nhos com preservação de LCP não tol eram muita al teração no
Clinic, no entanto, comparou 5.389 ATJs com prese rvação de cruzado nível da linha da articulação pré-operatória ao balancear os es paços
com 2.728 ATJs póstero-estabilizadas e encontrou sobrevidas em 15 de fl exão e extensão, ao passo que os desenhos de substituição do
anos de 90% e 77%, respectivamente, uma diferença estatisticamente LCP frequentemente se equilibram com uma leve elevação da
significativa. Essa descoberta parece apoiar a teoria de que uma trans- linha da articulação. O LPC funciona co mo estabilizador secun-
ferência de estresse mais alta à interface do implante de alguns dese- dário no plano coronal, e sua liberação geralmente possibilita
nhos póstero-estabilizados pode diminuir sua longevidade. menos balanceamento do ligamento colateral para obter um espaço
Os estudos de análise da marcha mostraram que os indivíduos de flexão e extensão simétri co durante a cirurgia (veja, em inglês,
com próteses com preservação de LCP tem um a marcha mais si mé- os Vídeos 7-1 e 7-2). Em um estudo em cadáveres, a liberação do
trica, especialmente durante a subida de escadas, do que os indi- LCP tamb ém mostrou aumento do espaço de flexão de 4 a 6 mm,
ví duo s com modelos de sacrifício ou substituição do LCP. Eles enqu anto o aumento do espaço de extensão foi de menos de 2 mm .
mostraram menor flexão do joelho durante a subida de escadas e A relação da pateta co m a linha articular é mais facilmente alterada
tendência a inclinar-se para a frente em uma postura de relaxamento com as próteses de substituição do LCP do que com os desenhos
do quadríceps em pacientes com modelos de sacrifício e substitui ção com preservação de LCP. Figgie et ai. sugeriram que a elevação da
do LCP. Eles postularam que essas observações podem indicar o linha da articu lação pode alterar a mecânica patelofemoral e resul -
rollback inadequado desses desenhos, ou possivelmente a perda do tar em dor e subluxação pós-operatória.
papel de propriocepção do LCP. Essas observações têm sido citadas Os componentes fem orais de substitui ção do LCP têm um
como razão para a retenção do LCP. Uma aná lise de marcha poste- recorte para acomodar o mecanismo de eixo ou batente que começa
rior contradiz as conclusões desses estudos anteriores, no entanto, Jogo abaixo da tróclea da articulação patelofemoral. Remove-se mais
após comparar joelhos com substituição do LCP e controles normais. osso do fêmur quando as próteses de substituição do LCP são usadas
Essas observações anteriores são ainda mais refutadas por estudos para acomo dar esse mecanismo de caixa e eixo ou batente. Adicio-
in vivo usando fluoroscopia durante o apoio monopodálico em nalmente, o grau de flexão no qual a patela toca esta "caixa" varia
fl exão, para mostrar uma translação anterior paradoxal do ponto de entre diferentes modelos póstero-estabilizados. A patela e a sinóvia
contato tibiofemoral durante a flexão com suporte de peso em hipertrofiada na sup erfície inferior do tendão do quadríceps, podem
alguns joelhos co m retenção de LCP; os estudos de joelhos co m se interpor nes te mecanismo. Essa entidade clínica, chamada de
retenção de LCP mostraram um rollback femoral mais uniform e. síndrome do ressalto patelar, é um a complicação potencial dos
Et PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

modelos com substitui ção do LCP. Mu itos desen hos de implantes


póstero-estabilizados agora oferecem um sulco troclear mais longo
para combater o crescimento de tecido sinovial a partir de um com-
primento mais curto do sulco troclear até a caixa.
Muitos autores argumentam que o LCP é afetado por vá ri as
fo rma s de artrose e contratura, e é difícil d e balancear adequa-
damente. Embora testes intraoperatórios d e equilíbrio de LCP
tenham sid o idealizados por defen sores d a retenção de LCP,
outros in vest igadores afirmaram que é difíci l, mesmo em um
ambiente de laboratório, reproduz ir a ten são e o funcionam e nto
quase normal do LCP em uma artroplas tia de jo elh o com sub s-
tituição de LCP. Para ter um a tens ão próxima do normal, o LCP
precisa estar balan ceado em um a precisão de aproximadamente
1 mm. Um LCP que estiver muito apertado em flexão pode
limitar a exte nsão de fle xão conseg uida no pós-operatório e levar
ao rollback femora l excessivo, o qu e muitos es tudos de revis ão
demonstraram ace lerar o desgaste do poli etileno tibial. Alguns
au tores sugeriram que conseguir o equilíbrio confiáve l do PCL
ex ige exper iênci a, e que os cirurgiões que reali zara m menos de
20 ATJs por ano devem usa r as próteses d e substitui ção do LCP.
Acredita-se tamb ém que a ruptura tardia do LCP seja uma causa
da instabilidade posterior nos modelos com preservação d e LCP.
Deve -se ressaltar, no entanto, qu e um impl ante póstero-estabi -
li zado não recr ia a cinemática normal do joelho e há defensores
do s dois desenhos, que tiveram so brevidas de 15 a 20 anos H@iiif4m9 Após uma ATJ de retenção do cruzado posterior,
relatadas na literatura. O a rgum ento d e que o LCP no joelho mostrou-se que o LCP mantém seus mecanorreceptores, conforme
ar trósico esteja envolvido no processo artrósico é um dos usado s determinado no momento da necrópsia . As setas mostram
pelos d efensores da s técnicas de sacrifício e substituição do LCP. manchas de proteínas 5-100 positivas nos mecanorreceptores no
Mostro u-se que os meca norreceptores nos jo elh os com osteoar- LCP após ele ter funcionado por 1O anos em uma ATJ com pre-
tro se foram diminuídos, m as aind a es tava m presentes . Os LCPs servação de LCP.
recuperados de necrópsias d e AT)s com preservação de LCP
(F ig. 7- 14) mostraram-se similares àq uel es de joelhos osteoar-
trósicos com AT)s de sacrifício de LCP, sugerindo que os mec a- tensões de contato maiores são responsáveis em parte pelo desgaste
norreceptores estão funcionando e pod em co ntribuir para a acelerado do polietileno. Esse desgaste pode ser originado por um
propriocepção após a ATJ. LCP excessivam ente tenso que pode aumentar a tensão de contato
Outro argum ento em favo r da sub stitui ção do LCP é qu e a do polietileno, à medida que ele fica mai s apertado na flexão.
deformidade signifi cativa pode ser mais confiavelmente corrigida No extremo, um LCP que é tenso na flexão pode fazer os côndi los
com o se u uso. A liberação ex tensiva do ligamento colateral no femorais ultrapassa rem a margem posterior do polietileno tibial,
lado côncavo de uma deformidade fixa do joelho pode não se r causando tensões de contato do polietileno extremamente altas. Esse
efetiva sem a liberação do LCP contraturado, que age como um a mecanismo de desgaste ace lerado foi proposto após um estud o de
limitação. De maneira simi lar, se o li gamento colateral do lado espécimes de polietileno rec uperados por vários autores, que mos-
convexo de uma deformid ade é significativamente estirado ou ate- traram a preocupação de que a translação tibial anterior paradoxal
nuado, a liberação do ligamen to colateral oposto só é efetiva para em flexão em um joelho com retenção de LCP com mau funciona-
conseguir o equilíbrio varo-valgo até a medid a que seja permitida mento pode levar ao desgaste prematuro do polietileno. De maneira
pelo LCP intacto. Também tem sido mostrado o efeito de limitação inversa, o poste tibial, em muitos modelos de substitui ção do LCP,
do LCP no balanceamento de partes moles do joelho em varo e tem se mostrado corno local de desgaste e quebra ocasional, parti-
va lgo em es tudo s com cadáveres. Em uma série de pacientes com cularmente quando o compone nte femoral impacta contra o poste
deformid ades pré-o peratórias fixas em varo ou valgo de 15 graus anteriorme nte na hip erextensão. Essa condição é acentuada quando
ou mais, associadas com cont raturas em flexão, joelhos tratad os o componente femoral é implantado em posição fletida, quando o
co m retenção de LCP tive ram menos flexão pós-operatória, con- componente tibial é implantado com uma inclinação posterior
traturas em flexão residuais mais severas e menor co rreção do eixo aumentada, e quando o joelho hiperestend e.
mecânico, do que os joelhos co m substitui ção do LCP. Em outra
grande sé ri e de joelhos tratados com retenção de LCP, no enta nto,
não foi encontrada correlação entre deformidad e pré-ope ratória e
• ALINHAMENTO AXIAL E ROTACIONAL DO
resultado pós-operatório. JOELHO
O desgaste do polietileno é afetado pelo desenho da prótese e Numerosos estudos têm mostrado a cor relação entre o sucesso em
pela sua cinemática in vivo. A superfíci e artic ular da prótese com longo pra zo da ATJ e a res tauração do alinhamento do membro
preservação do LCP é tipicamente menos co ngruente ao compo- próximo do normal. O mau alinha mento das próteses totai s de
nente femoral no plano sagital, para permitir o rollback femoral. Essa joelho tem implicado difi culdades em longo prazo, incluindo
geometri a menos congruente no plano sagital é responsável por instabilidade tibi ofemora l, instabi lid ad e patelofemoral, fratura
tensões mais altas de contato do polietileno tibial na prótese com patelar, desgaste ace lerado do polietileno e afro uxa mento d os
preservação de LCP (F ig. 7-15). Muitos autores sugeriram que essas implantes . O uso da instrumentação precisa e o entendim ento dos
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO cm
Geometria tibial no plano sagital Eixo Eixo Eixo da diálise
mecâ nico ve rtical do fêmur

3° 9°

90º
Ei xo
tra nsverso
do joelho

Plano Côncavo 3º 3º

h!ijih@flm As próteses de reten ção do cruzado posterior


mais antigas tinham uma geometria do plano sagital que aumen-
tava as for ças de contato (setas maiores sobre uma área menor
do polietileno) . Isso, juntamente com o polietileno de má quali- Ei xo
dade, criava a delaminação e o desgaste maior. A maioria dos ~~~t--~-r~~-r-~~ transverso
do tornozelo
desenhos atuais de próteses de joelho com retenção de LCP tem
mais superfícies ajustadas para diminuir as forças no polietileno
(setas menores em uma área maior). h@l!;@flm O eixo mecânico do membro inferior se estende
do ce ntro da cabeça femora l até o centro da articulação do tor-
nozelo e passa perto ou através do centro do joelho. Fica a 3 graus
de valgo do eixo ve rtical do corpo. O eixo anatômico do fêmur
fica a 6 graus de valgo a partir do eixo mecânico do membro
princípios básicos inerentes aos instrumentos são necessários para
inferior e a 9 graus de va lgo do eixo vertical verdadeiro do corpo.
implantar próteses reprodutivelmente bem alinhadas. A navegação
O eixo anatômico da tíbia repousa a 2 a 3 graus de va lgo do eixo
ass istida por comp utador está sendo usada por alguns cirurgiôes
vertica l do co rpo.
para tentar melhorar a reprodutibilidade do alinhamento dos
componentes.
Normalmente, os eixos anatômicos do fêmu r e da tíbia formam
um ângulo valgo de 6 ± 2 graus. O eixo mecânico do membro
inferior é definido co mo a linha desenhada em uma radiografia
anteroposterior panorâmica de membro inferior em ortostase, a longo da articu lação do joelho é desconsiderada. Insall argumen-
partir do centro da cabeça femora l até o centro do domo do tálus tou que a ro tação afeta o eixo mecânico do fêmur mostrado em
(Fig. 7-16). Esse eixo mecânico deveria se projetar tipicamente um a radiografia anteroposterior, diminuindo o valor dessas medi-
através do centro da arti culação do joelho, descrito como eixo çôes pré-operatórias.
mecânico "ne utro". Quando eixo mecânico repousa na lateral do Em um joelho normal, a superfície articular tibial fica aproxi-
centro do joelho, o joelho está em alinhamento mecânico va lgo. madamente em 3 graus de varo com respeito ao eixo mecânico, e a
No alinhamento mecânico varo, o eixo mecânico do membro superfície articular femoral fica em 9 gra us correspondentes de
repousa no lado medial do cent ro do joelho. A quantidade de valgo. Vár ios estudos têm mostrado que os componentes tibiais
deformidade em varo ou em va lgo pode ser determinada em uma colocados em mais do que 5 graus de varo tendem a falhar, ao ceder
radiografia anteroposterior ao se desenhar primeiro o eixo mecâ- ainda mais em varo. Consequentemente, os componentes tibiais em
nico do fêmur, uma linha a partir do cent ro da cabeça femora l até geral são implantados perpendicularmente ao eixo mecânico da
o centro da fossa intercondilar, e estendendo esta linha distal- tíbia no plano coronal, com quantidades variáveis de incl inação
mente. O eixo mecânico da tíbia vai do centro do platô tibial até posterior no plano sagital, dependendo do desenho articular do
o centro do plafond tibial, levando em conta qualquer curvatura componente a ser implantado. O componente femoral geralmente é
da tíbia . O ângulo formado entre esses eixos mecânicos separados implantando em 5 a 6 graus de valgo, a quantidade necessária para
do fêmur e da tíbia determina o desvio em varo ou valgo do eixo restabelecer um eixo mecânico neutro do membro. A maioria dos
mecânico neutro. Ao determinar o eixo mecânico tibial usando o sistemas de implantes oferece várias opçôes, geralmente de 5 a 7
ce ntro do platô tibial e o eixo mecâni co do fêm ur us ando o centro graus de valgo para a ressecção femoral distal, mas o ângulo correto
da fossa intercondilar, qualquer subluxação medial ou latera l ao pode ser calculado a partir da radiografia de quadril a joelho (de pé)
E9 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

Ei xo condilar
posterior

h@l!ih:iflm A, Para formar o espaço de flexão retangular, após a tíbia ter sido cortada perpendicular ao seu ei xo, o plano dos
cortes condilares femorais posteriores deve ser rodado externamente em aproximadamente 3 graus a partir do eixo condilar posterior.
B, Localiza ção do eixo epicondilar e eixo anteroposterior do joelho.

medindo-se o ângulo entre o eixo mecânico do fêm ur (linha a partir É necessário o conh ecimento de cada um a dessas técnicas
do centro da ca beça femora l até o ce ntro do fê mur distal) e uma porque a deformidade artrósica ou uma cirurgia prévia pode obs-
linha desenhada a partir do ponto de entrada da haste intramedular curecer um ou mais desses pontos de referência. Na ATJ de revisão,
até a linha di afisária em qu e esta haste percorre. Uma vez qu e o corte o eixo epico ndilar geralmente é o úni co ponto de referência resta nte
femora l distal seja feito, o uso de um goniômetro intramedular para para garantir a rotação correta do componente femoral.
medir o co rte real da superfície fe moral distal até o ângulo fe moral Duas técnicas principais são usadas para alinhar o co mp onente
intramed ular é mais preciso. tibi al ro tac ionalmente. A primeira técnica alinha o centro da
O alinh amento rotaciona l do s co mpon entes d a prótese total bandeja tibi al com a junção do terço medial do tub ércul o tibial
de joelho é difícil de discernir em radiografias, fazendo a avalia- com os do is terços laterais. Na seg unda técnica submete-se o joelho
ção de rotação primariamente uma deter min ação perioperatória. a um arco de movimento co m os compo nentes de teste no luga r,
A rotação do comp onente femoral tem efeitos não som en te no permitindo que a tíbia se alinhe co m o eixo de flexão do fê mur.
balanceamento do espaço de flexão, mas também na articulação Essa segund a técnica tende a alinhar o co mpon ente tib ial rotacio-
patelofemoral. Devido ao corte tibi al proxim al se r feito p erp en - nalmente co m a rotação do componente femora l, diminuindo a
dicular ao eixo mecânico do membro em vez de a 3 graus de varo chance de má combinação de rotações, o que poderia leva r a um
anatomicamente corretos, a rotação do co mpon ente femoral desgaste acelerado do polietileno, embora a rotação intern a com-
também deve ser alterada a pa rtir de sua posição ana tômi ca para binada de am bos os comp onentes possa leva r ao mau alinh amento
criar um espaço de fl exão simétrico (Fig. 7-17). Para criar esse patelofemoral, conform e m os trado por Berger et ai., e a uma inci-
es paço de fl exão retan gul ar, co m tensão igual nos ligamentos dên cia maior de dor patelofemoral.
co laterais med iais e laterais, o co mpon ente femoral é rodado Os defe nsores dos modelos de platafo rmas giratóri as alegam
externamente em uma médi a de 3 graus, re lativamente ao eixo qu e a liberd ade rotacional do polietileno tibi al permite a autocorre-
co ndilar posteri or. Em um fêmu r masculino méd io, essa téc ni ca ção de má rotação leve da bandeja tibial. Embora esse fator possa
posiciona rotacionalmente o co mp o nente femora l com as sup er- melhorar a congruência da articulação tibi ofemoral, o traj eto da
fícies co ndil ares posteriores paralelas ao eixo transepicondil ar. patela não é melhorado.
Essa técn ica fa lh a quando o aspec to posterior d o côndilo fe m oral
nativo tem um desgaste significativo, ou qu ando o côndilo
femoral latera l é hip opl ás ico, co mo se vê frequentemente em
• ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DA
joelhos com deformid ade em va lgo. Nesses casos, o cirurgião ARTICULAÇÃO PATELOFEMORAL
pode usa r o eixo transe picondil ar ou o eixo anteroposterior A função primária da patela é aumentar o braço de alavanca do
popul ari zado por Whiteside (Técn ica 7- 1). Te m sido mostrado mecanismo extensor do joelho, melhorando a eficiência da contra-
em vários es tudos que o eixo epico ndil ar é difícil de determinar ção do quadríceps. Os tendões do quadríceps e da patela se inserem
in vivo ao se co mparar observadores diferentes e ao se comparar anteriormente e ao longo da patela desl ocando se us respectivos
o eixo medido co m aquele dete rmin ad o pela tomografia. Cada ve tores de fo rça para longe do centro de rotação do joelho (Fig.
uma dessas técn icas de determinação d a rotação do componente 7- 18) . Esse deslocamento ou alongamento do braço de alavanca
femoral é baseada na geometria do fêmur prim ariame nte, com extensor muda ao longo do arco do movimento do joelho. O com-
suas lib erações ligamentares subseq uentes, para cri a r es paços de primento do braço de alavanca va ri a em função da geometria da
flexão e extensão simétricos. tróclea, das áreas de contato patelofemoral va riáveis, e do centro
CAPÍTULO 7 ARTROP LASTIA DO JOELHO

Ângulo Q

Ei xo anatômico
dofêmur----:,------1

•----.,....Centro
da patela

Tuberosidade
tibial------•

0[§11;t.)f.IE9 A patela age para alongar o braço de alavanca H@l!;f41flll9 Ângulo Q, conforme descrito por Hvid, é o ângulo
extensor ao deslocar os vetores de força do tendões patelares e entre a extens ão do eixo anatômico do fêmur e a linha entre o
do quadríceps para longe do centro de rotação (CDR) do joelho . centro da patela e o tubérculo tibial.
O comprimento do braço de alavanca extensor muda com as
quantidades variáveis de flexão do joelho.
força de reação articular aumenta com o aum ento da flexão do
variável de rotação do joelho. O braço de alavanca extensor é o joelho à medida que os vetores de força dos tendões patelares e do
maior em 20 graus de flexão, e a força do quadríceps necessária para quadríceps ficam mais paralelos à força de reação articular. Vários
a extensão do joelho aumenta significativamente nos últimos 20 investigadores calcularam as forças de reação articular patelofemo-
graus de extensão. rais de duas a cinco vezes o peso corporal durante atividades
A estabilidade patelofemoral é mantida por uma combinação diárias; durante o agachamento a 120 graus de flexão do joelho, a
da geometria da superfície articular e restrições dos tecidos moles. força de reação articu lar pode ser de sete a oito vezes o peso do
O angulo Q é o ângulo entre o eixo anatômico estendido do fêmur corpo. Essas forças, em um joelho normal, são resistidas pela car-
e a linha entre o centro da patela e o tubérculo tibial (Fig. 7-19). O tilagem articu lar grossa, mas elas podem exceder a força de resis-
quadríceps age principalmente em linha com o eixo anatômico do tência do polietileno, levando à deformação dos componentes
fêmur, com exceção do vasto medial oblíquo, que age de maneira a patelares de polietileno com o tempo.
medializar a patela ao final da extensão. Membros com ângulos Q Muitos autores têm descrito variações na área de contato entre
maiores têm uma tendência maior para a subluxação patelar latera l. a patela e a tróclea durante a flexão do joelho (Fig. 7-20). A sup er-
Como a patela não entra em contato com a tróclea na flexão inicial, fície articular inferior da patela entra em contato primeiro com a
a subluxação lateral da patela nessa faixa é resistida primariamente tróclea em aproximadamente 20 graus de flexão do joelho. A porção
pelas fibras do vasto medial oblíquo. À medida que o ângulo de média da patela se articula com a tróclea em aproximadamente 60
flexão aumenta, as restrições ósseas e protéticas subsequentes graus de flexão, e a porção superior da patela se articula em 90 graus
desempenham um papel dominante na prevenção da subluxação. de flexão. Na flexão extrema, além de 120 graus, a patela se articula
Nos desenhos de componentes femorais mais atuais, o flange lateral somente medial e lateralmente com os côndilos femorais, e o tendão
da tróclea tem sido feito de forma mais proeminente, produzindo do quadríceps se articula com a tróclea. Uma terceira faceta de
uma reconstrução mais anatômica. Os aperfeiçoamentos trocleares articulação geralmente está presente no aspecto medial da patela que
e a atenção à rotação do componente femora l, à reprodução da se articu la com o aspecto lateral do côndilo femoral medial em mais
espessura patelar pré-operatória e à manutenção da altura da linha do que 90 graus de flexão.
articular têm melhorado a estabilidade patelofemoral e diminuído a Conforme discutido na seção anterior sobre cinemática do
taxa de liberação retinacular da patela significativamente. A aplica- joelho, a tíbia normal gira internamente durante a flexão com a
ção desses princípios é discutida mais adiante na seção sobre técnica translação posterior maior do ponto de contato femoral latera l na
cirúrgica. tíbia, relativo ao ponto de contato femoral medial. O efeito dessa
Como uma consequênc ia desse papel na transmissão da força rotação interna da tíbia durante a flexão serve para centralizar o
de contração do músculo quadríceps para o tendão patelar ao tubérculo tibial na flexão ou para diminuir o ângulo Q. Essas rela-
redor de um joelho variavelmente flexionado, a patela sofre uma ções podem ser alteradas na ATJ com a geometria patelofemoral não
força de reação articu lar à medida que a tróclea opõe seu desloca- anatômica, má rotação dos componentes femoral e tibial, elevação
mento posterior. Essa força de reação articular depende do ângu lo da linha da articulação relativa ao tubérculo tibial e a patela baixa
da flexão do joelho e da magnitude das forças transmitidas à patela por contratura do tendão patelar. Dennis et ai. chamaram a atenção
a partir dos tendões patelares e do quadríceps. Ao se ficar de pé, a para o fato de que com os vários desenhos de ATJ testados, pelo
- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

Lateral Medial Superfície anterior da patela

o·-+U

H!ijll;f4fE!lt As zonas de contato


patelofemorais mudam com a fle xão do
joelho.

de inferior para superior da área de co ntato na patela com a flexão


Superior
do joelho crescente leva a forças excêntricas no compone nte
patelar de polietileno. Essas forças podem leva r à falh a dos com-
ponentes patelares com base de metal, desgaste localizado do
polietileno ou soltura dos compo nentes.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O POLIETILENO


As sup erfícies de polietileno de peso molecular ult ra-alto são
Anterior
um a parte integral da substituição tota l de joelho. O desgaste
catastrófico levando ao fraca sso prematuro e à osteólise, embora
visto menos frequent emente do que n a artroplas ti a tot al do
joelho, tem ocorrido mais frequ ente mente em alguns desenhos
de ATJ. Os estudos de poli eti leno têm fo rn ecido in fo rm ações
so bre suas carac terísti cas e va ri ações de desgas te após difere ntes
processos de fabr icação e esterili zação e suas limitações em apli -
cações de ATJ.
Comparadas com as articulações de próteses totais de quadril
que são perfeitamente congruentes, as articulações tibiofemorais
nas próteses totais de joelho modern as não se aj ustam aos cô ndi-
los femora is, tendo um raio decrescente de curvatura posterior-
mente. As próteses com prese rvação de LCP tendem a ter um grau
H(êjlhf.)flJ9 Forças resultantes na mudança articular patelo- ainda maior de incongruência no plano sagital, pois a sup erfície
femoral com a flexão do joelho. As cargas excêntricas aumentam tibial permanece rel ativam en te plana para permitir o rollback
o componente de cisalhamento da força resultante (o compo- femora l sem tensão excessiva sobre o LCP. Essa inco ngru ência
nente de cisalhamento é tangencial ou, no desenho, na direçã o cria áreas de alta tensão de co ntato dentro do polietileno va ri áve is
vertical) . A subluxação ou a incli na çã o patelar ampliam a for ça de acordo com o modelo de prótese (Fig. 7- 15) . Es tudos de revisão
de cisalhamento. realizados por vá rios autores do cum entam o desgaste do polieti-
leno em áreas de alta tensão de contato. O desgaste é mais pro -
nunciado em áreas de tensão incomuns causadas por mau
alinhamento de próteses ou desequilíbrio ligamentar. Muitos
autores têm enfati zado o "prato duplo" como a geometria do
menos 19% em cada grupo tinham um padrão rotacional reverso ao polietileno que parece evi tar as áreas de al ta tensão de contato.
dobrar o joelho acentuadamente. Dentro das res tri ções da retenção ou da substituição do LCP, o
As mudanças na área de co ntato patelar com a flexão têm um plano sagital deve ser cô ncavo, ou em forma to de "prato", e os
efeito significativo na articulação patelofemoral protética. As platôs medi ais e laterais da tíbia devem ter fo rm ato de prato no
cargas excêntricas da ar ti cul ação patelofemoral levam a forças de plano coronal (F ig. 7-22). Essa geo metria evita a carga na borda
cisalhamento dentro do componente patelar e na interface próte- qu e pode ocorrer du ran te a elevação condilar em desenh os que
se-osso (Fig. 7-21). Mesmo qu e a geo metria mediol ateral da arti- não incluem o form ato de prato do plano coronal individualmente
culação patelofemoral esteja perfeitamente de acordo, a migração em cada platô tibial e seus cô ndilos femorais corresponden tes.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

Côncavo

0@1!;§1m . O maior ajuste coronal da interface implante-


-polietileno diminui as forças no polietileno durante a aplicação
de momento em varo ou valgo no joelho.
O@il;@fl!lt O reforço do polietileno tibial com fibra de carbono
geralmente resultava em desgaste e falha acelerados.
Um polietileno tibial mais fino também tem sido correlacio-
nado com o desgaste acelerado. Vários estudos têm recomendado
uma espessura mínima de polietileno de 8 mm para evitar as altas
tensões de contato que ocorrem com o polietileno mais fino. Estudos
de revisão mostrando desgaste acelerado em joelhos com implantes
de polietileno fino têm corroborado essa reco mendação. Entretanto,
um estudo prospectivo com 10 anos de acompan hamento não
mostrou diferenças na frouxidão, desgaste ou osteólise radiográfica
em pacientes com um componente de polietileno com base de metal,
moldado por compressão, de peça única e fino (espessura do polie-
tileno de 4,4 mm) em um joelho comparado com um componente
tibial similar, embora mais grosso (espessura mínima de 6,4 mm)
no joelho contralateral.
Dados de revisão sugerem que as variações na qualidade do
polietileno são em parte responsáveis pelo desgaste acelerado. Landy
e Walker encontraram delaminação somente em áreas de polieti-
leno que continh am defeitos de fusão granular. Há espaço para
discussão sobre se a compressão por impacção com subsequente
usi nagem ou a moldagem por compressão direta do s componentes
é o processo de fabricação ideal do polietileno. Vários fabricantes ij@mljim9 O processo de prensa a quente de componentes
estão tentando melhorar as características de desgaste do polietileno tibiais de polietileno anatômicos de revestimento poroso levo u a
ou reprocessando a estocagem das barras de polietileno compradas áreas de delaminação do polietileno.
comercialmente para conseguir um grau mais alto de uniformidade
dentro do polímero, ou pela moldagem por compressão de seus
próprios implantes em um ambiente de gás inerte. geometria articular que foi caracterizada por tensôes de contato
Os "aprimoramentos" do polietileno nem semp re melhoram altas, levo u a um a alta taxa de fracasso devido à delaminação do
a sobrevida dos componentes de próteses totais associados. No polietileno (Fig. 7-24), particularmente com o polietileno fino.
meio dos anos 1980, o polietileno reforçado com fibra de carbono O método da esterilização do implante de polietileno pode
foi introduzido na esperança de melhorar as características de afetar as propriedades do polietileno, com a evidência de que a
desgaste do polietileno de peso molecular ultra -alto padrão (Fig. radiação gama em um ambiente com oxigênio causa efeitos preju-
7-23). Esse polietileno esteve disponível por um curto período diciais que podem acelerar o desgaste do polietileno. Em alguns
antes de se r retirad o do mercado devido ao desgaste acelerado e anos, um a faixa branca aparece sob a sup erfície do polietileno este-
catastrófico. Manchas escuras de carbono na sinóvia podem se r rilizado dessa forma (Fig. 7-25). Isso ocorre até em próteses que não
vistas na artroplastia de revisão em joelhos com polietileno refor- foram implantadas e representa uma área de alta oxidação e cisão
çado com fibra de carbono. Outra modificação sem sucesso do em cadeia dentro do polietileno. McGovern et ai. relataram um a
polietileno foi o processo de prensa a quente da superfície articular taxa de fracasso de 49% em 18 meses após a cirurgia em uma série
protética depois que o componente tinha sido usin ado, numa ten- de AUJs esterilizadas por radiação gama em um am biente com ar,
tativa de criar um a superfí cie articular bastante suave. Esse pro- armazenadas por 4,4 anos ou mais antes da implantação. Eles
cesso levou a um a zona de transição física 1 mm abaixo da encontraram uma relação inversa entre a vida em prateleira dos
superfície articular do polietileno, que fic a em uma região de alta componentes tibiais (após a esterilização, mas antes da implanta-
concentração de tensão de subsup erfície. Essa coincidência em ção) e o tempo para a cir urgia de revisão. Os componentes remo-
alguns dos primeiros joelhos de revestimento poroso, com uma vidos mostraram altos índices de oxidação, desgaste e fragmentação.
E!) PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

inteiramente em polietileno e com base de metal em pacientes com


mais de 80 anos no momento da cirurgia, sugerindo que compo-
nentes tibiais cimentados de peça única inteiramente em polieti-
leno de espessura suficiente podem ser apropriados para uso em
pacientes idosos com baixo índice de atividade física.

FIXAÇÃO DOS COMPONENTES

A fixação protética na ATJ com polimetil metacrilato (PMMA) tem


Ot;ii;f!iflm A faixa branca sob a superfície aparece com o consistentemente mostrado durabilidade em longo prazo. A fixação
tempo no polietileno esterilizado por radiação gama em um ambiente não cimentada com incorporação óssea tem sido, com algumas
com oxigênio. exceções, menos confiável em estudos de longo prazo.
A análise retrospectiva de implantes não cimentados mostrou
Abordagens alternativas para prevenir a oxidação acelerada incluem pouca (quando houve) incorporação óssea às bases tibiais removi-
a esterilização por radiação e a embalagem em um ambiente de gás das no momento da revisão dos componentes. A incorporação
inerte e a esterilização por óxido de eti leno ou plasma gasoso. óssea que oco rreu tendeu a ser mais centralizada em torno dos
A introdução do polietileno al tamente reticulado (também parafusos de fixação. Outros relatos de incorporação óssea têm sido
chamado de polietileno cross-linked) produzido por alta dose de mais favoráveis. Em 13 próteses tip o Miller-Galante removidas por
irradiação gama com recozimento subsequente tem produzido outras razões além de afrouxamento ou infecção, a área média de
reduções dramáticas no desgaste em estudos simulados de quadril. incorporação óssea foi de 27% da sup erfície porosa disponível. Eles
Muitos autores alertam, no entanto, que os mecanismos de desgaste encontraram uma propensão para incorporação óssea na região de
no joelho são diferentes dos mecanismos vistos no quadril, e que fixação dos parafusos e cavilhas e na metade anterior da bandeja.
o polietileno altamente reticulado pode não ser benéfico em ap li - Eles postularam que a área de incorporação óssea necessária para a
cações de ATJ, especialmente quando um implante póstero-estabi- fixação estável pode ser sign ificativamente menor do que 100%.
li zado é usado com a superfície poste-eixo/batente que está sob Clinicamente, muitos dos primeiros sistemas de ATJs não
cisalhamento mais acentuado do que a articulação tibiofemoral. cimentadas tinham taxas de sobrevida baixas devido ao fracasso
Alguns cirurgiões defendem os compo nentes femorais de zir- associado aos componentes patelares com base de metal. Mesmo
cónio oxidado como um meio de reduz ir o desgaste do polieti leno. não levando esse fator em conta, no entanto, uma sobrevida de 72%
Essa tecnologia incorpora um revestimento de cerâmica de óxido em 10 anos foi relatada com um desenho condilar tipo press-fit
de zircónio ao componente femoral de liga metálica de zircónio. (Johnson & Johnson, Raynham, MA) comparativamente a uma
Os desenvolvedores alegam que essa superfície é mais resistente a sobrevida de 94% em 10 anos com ATJs cimentadas similares.
riscos que o cromo-cobalto, diminuindo os fragmentos de desgaste Barrack et ai. relataram um índice de revisão de 8% em 2 anos do
da superfície tibial de polietileno. Ezzet et al. mostraram uma desenho de plataforma móvel, comparativamente a 0% em suas
redução de volume de desgaste de 42% em um sim ul ador de joelhos contrapartes cimentadas. As revisões foram todas feitas por causa
em 5 milhões de ciclos usando este dispositivo. Outras superfícies da subsidência da tíbia com ausência de crescimento interno tibial;
do contato alternat ivas no lado femoral do joelho estão sendo intro- os autores desconsideraram a teoria de que desenhos de plataforma
duzidas agora para diminuir o desgaste do polietileno. Estas incluem móvel podem promover incorporação óssea confiável.
componentes femorais de cerâmica sólida e tipos de revestimentos A osteólise também foi relatada mais frequentemente com pró-
de nitreto de titânio ou zircónio; no entanto, nem todos os reves- teses não cimentadas, possivelmente devido ao maior acesso de debris
timentos de nitreto de titânio ou zircónio são iguais: tipos de do desgaste de polietileno às superfícies ósseas com incorporação
revestimento monocamada podem ser suscetíveis à ablação mecâ- óssea incompleta e através dos orifícios de parafuso nas bandejas
nica, o que pode desgastar a camada de metal abaixo. tibiais. O uso de revestimento poroso na superfície inferior das placas
O uso de base de metal para inserções de polietileno se de base tibiais com áreas de intervenção de metal mais liso tem impli-
tornou padrão no começo dos anos 1980. Muitos estudos declara- cado alta taxa de osteólise em alguns desenhos devido ao maior acesso
ram as vantagens teóricas da base de metal, incluind o uma distri- dos debris ao osso metafisário. Em um acompanhamento de 11 anos
buição mais uniforme das tensões por suporte de peso à interface de 131 procedimentos de ATJ consecutivos, 12% tinham osteólise
de fixação subjacente e ao osso poroso, e uma redução na defor- tibial e 8% tinham afrouxamento tibial, levando os autores a declarar
midade potencial do polietileno causada por deformação térmica. que tinham abandonado a fixação não cimentada na ATJ.
Um estudo de 9.200 artrop lastias com múltiplos cirurgiões e múl- Há algum as exceções notáveis com excelente sucesso em longo
tiplas próteses mostrou uma sobrevida de 98% em 5 anos de prazo usando a fixação não cimentada na ATJ. Foi relatado que a
joelhos polietileno tibial com base de metal, comparativamente a prótese Ortholoc (Wright Medical, Arlington, TN) tinh a um joelho
sob revidas de 94% de joelhos com componentes tibiais completa- com soltu ra em 184 joelhos acompanhados por um mínimo de 15
mente em polietileno. Um est udo do Hospital for Special Surgery anos, e a prótese com plataforma giratória LCS não cimentada fo i
relatou uma sob revida de 97% em 7 anos com componentes relatada como tendo uma sobrevida de 98% em 15 anos. Devido à
póstero-estabilizados completamente em polietileno, e uma sobre- importância da fixação inicial nos implantes não cimentados, as
vida de 99% em 7 anos com componentes com base de metal. No hastes com quilhas e vários parafusos têm sido incorporadas ao
entanto, em um estudo mais recente de ATJs condilares póstero- desenho de placas de base tibiais não cimentadas modernas (Fig.
-estabilizadas, não houve diferenças significativas na sobrevida de 7-26) . Uma suposta vantagem de uma interface biológica sobre a
próteses ou na radiolucência periprotética entre componentes fixação com cimento é a sua durabilidade, que se reporta resultar
inteiramente em polietileno e com base de metal. Índices de sobre- em melhor alívio da dor em longo prazo; no entanto, tem sido
vida simi lares de 98% têm sido relatados para componentes tibiais reportada uma excelente durab ilidade em longo prazo. Apesar das
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO cm
tratam ento conservadoras devem ser todas tentadas, incluindo
medicamentos anti-inflamatórios, modificações nas atividades e o
uso de uma bengala para a ambu lação. Os pacientes que não têm
perda completa de espaço artic ul ar antes da cirurgia tendem a ficar
menos sat isfei tos com o resultado clínico após a ATJ.
Devido à prótese de joelho ter uma sobrevida esperada finita que
é adversamente afetada pelo nível de atividade, ela é geralmente indicada
para pacientes mais velhos com estilos de vida sedentários. É também
claramente indicada para pacientes mais jovens com fl111ção limitada
devido à artrite sistêmica com envolvimento de múltiplas articulações.
A osteonecrose com colapso subcondral de um côndilo femoral pode
ser uma indicação para a artroplastia. A dor severa da condrocalcinose
e da pseudogota em um paciente idoso é uma indicação ocasional para
a artroplastia na ausência de uma perda completa de espaço articular.
Raramente, a artrite patelofemoral severa em pacientes mais idosos
pode justificar a artroplastia, pois o resultado esperado da artroplastia
é melhor do que o de uma patelectomia nesses pacientes. Versões mais
novas e menos restritas de artroplastia patelofemoral tem sido introdu-
zidas, e agora há resu ltados clínicos em médio prazo melhores do que
os relatados com os primeiros desenhos constritos (veja a seção sobre
a Artroplastia Patelofemoral).
A deform idade pode se torn ar a principal indicação para a artro-
plastia em pacientes com artrite moderada e níveis variáveis de dor
quando o resultado da progressão da deformidade começa a ser pior
que o resultado esperado de uma a.rtroplastia precoce. Quando a con-
tratura de flexão progride além dos 20 graus, a marcha é significativa.-
mente impedida e a dificuldade em ganhar a extensão novamente pode
li(siih§1fll'9 A prótese Profix não cimentada (Smith & Neph ew,
ensejar a intervenção cirúrgica. De maneira sim ilar, à m edida que a
Memphis, TN) usa a haste metafisár ia e a quilha com parafusos
frouxidão em varo ou valgo se torna severa, um tipo de prótese condilar
múltiplos para proporcio nar a fi xação ini cia l necessár ia para incor-
constrita torna-se necessária para evitar a instabilidade subsequente do
poração óssea.
plano coronal. A intervenção antes que esse grau de frouxidão esteja
presente permite o uso de uma prótese que não tenha limitações no
alegações de que a fixação não cimentada pode ser mais durável com plano coronal e que tenha uma sobrevida mais favorável.
o tempo, a m aioria dos autores acredita qu e a fixação cimentada tem As contraindicações absolutas à ATJ incluem septicemia recente
produ zido um a fixação m ais uniformemente confiável em longo ou atual; uma fonte remota ativa de infecção; descontinuidade ou
prazo co m menos osteólise nos diversos desenhos. Essa crença é disfunção severa d o mecanismo extensor; deformidade em recurva.to
apoiada pelos dados do Swedish Nat ion al Registry, que mostraram subordinada à fraqueza muscular; e a presença de a.rtrodese do joelh o
que os desenhos não cimentados tiveram uma taxa de revisão 1,4 sem dor e com bom funcionamento. As contraindi cações relativas são
vez m aior do que os desenhos cimentados. numerosas e discutíveis, e incluem condições m édicas que compro-
As hastes modulares que acoplam o osso diafisário no fêmur e metam a hab ilidade do pacie nte em resistir à anestesia., as demandas
na tíbia são usad as para revisão quando há perda óssea, e quando metabólicas da cirurgia e da cura de feridas e a reabilitação adequada
são usados componentes com restr ições em varo e valgo. Essas necessária. para garantir um resultado fun cional favorável. Uma arti -
hastes são tipicamente do tipo press-fit nas recon struções não cimen- culação d o quadril ipsolateral com osteoartrose severa também deve
tadas, e cimentadas o u press-fit quando a porção articular da prótese ser considerada na artropla.stia antes do joelho com osteoartrose sin-
é cimentada. Devido à deformidade, as hastes ocasionalmente pre- tomática, pois a reabilitação é mais fácil com uma prótese total de
cisam possuir opção de posicionamento excêntrico para alinh ar quadril e um joelho com osteoartrose do que com uma a.rtroplastia
corretamente a prótese. tota l de joelho e uma articu lação do quadril com osteoartrose. Outras
contraindicações relativas incluem doença aterosclerótica do m embro
a se r operado, condições cutâneas como psoríase dentro do campo
INDICAÇÕES E _ operatório, doença de esta.se venosa com celulite recorrente, artropatia
CONTRAINDICAÇOES neu ropát ica, obesidade mórbida, infecções recorrentes do trato
urinário e um histórico de osteom ielite na proximidade do joelho.
ARTROPLASTIA TOTAL DO JOELHO Essa lista não inclui todas as contraindicações, e qualquer condição
pré-operatória que possa afetar o resultado do paciente adversa.mente
A indicação principal para a ATJ é a de aliviar a dor causada por pode ser considera.da uma contraindicação rela.tiva..
artrose severa, com o u sem deformidade significativa. Outras fontes
de dor nas pernas e joelhos precisam ser buscadas e sistematica-
mente excluídas. Estas incluem a dor rad icular de doença da coluna ARTROPLASTIA UNICOMPARTIMENTAL
vertebral, a dor refererida do quadril ipsolateral, doença vascular DO JOELHO
periférica, patologia meniscal e bursite do joelho. Os achados radio-
lóg icos deve m ser correlacion ados com uma clínica condizente à da A AUJ está sendo selecionada para um número crescente de pacientes,
artrose do joelho. Antes que se cons id ere a cirurgi a, as medidas de particularmente com técnicas minimamente invasivas que permitem
llD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

alta n o dia seguin te, ou procedime ntos a mbul atori ais. D ez anos de po uco m enos sati sfató rios co m a AT J após a OTA prév ia, co mp a -
es tudos d os d o is desenh os de AU ), o joelh o de plataform a móvel rativam en te à ATJ p rimári a.
d e Oxfo rd (Bio m et Orthopaedi cs, Wa rsaw, IN) e o joelh o Miller- O utro a rgum ento em favo r d a ATJ sobre a AUJ é a fa lta de
-Galante (Zimmer, Warsaw, IN ), têm m os trad o sobrevidas próxim as fa mili arid ade da mai o ri a d os cirurgiões com a AUJ. D e acord o com
d aqu elas com a AT). As técnicas mais novas agora estão di spo níve is, Stern , Becker e Insall , apenas 6% dos pacientes necessitand o artro-
incluind o pro cedimentos cirúrgicos ass istido s por braço robótico. pl as ti a não têm nenhuma contraindi cação à AUJ. Devido ao fa to de
Esses procedimentos envol vem estudo s p ré-operató rios com tomo- o sucesso d o procedimento se r ditado p elo d esempenho técni co d a
grafia co mputad ori zada pa ra determin ar os tamanhos apropriad os operação, os cirurgiões qu e raram ente rea li zam a AUJ po d em ter
d e co mp on entes e o pos icionamento preciso d os implantes. A dific uldad es em reprodu zir os res ultad os relatados pelos grandes
m aioria d os es tudos sob re AU) foi co nd uzida em pacientes m ais cen tros d e reconstru ção. G ioe e Bow m an d escreve ram um a sob re-
velhos, e muitos autores duvidaram que a sobrevi d a d a AU) na vida d e 89% em 10 an os pa ra a AUJ rea li zada em um hospital
segunda décad a se ria sem elhante à so brev id a da AT). Uma análise co munitá ri o, comparativam ente a um a sobrev ida d e 95% das ATJs
d e sobrevida de longo p razo d e m ais d e 500 artroplasti as u n icom - reali zad as no m esm o perío d o.
partim enta is co m prótese d e pl atafo rm a meni scal de O xford d e Emb ora as indicações para a AUJ sejam discutíveis, as con -
compartimento medial , no entanto, enco ntrou uma sobrevida d e trai ndi cações são m ais ou m enos bem d efinid as: artrite inflamató ri a,
94% em 1O an os, e um a sobrevi d a de 9 1% em 20 anos, indicand o co ntratura d e flexão d e 15 graus o u m ais, um arco d e m ovim ento
qu e o implante perman ece durável na seg und a d écada. pré- ope ratório de m eno s de 90 graus, deformidade angular de ma is
A AU) é atualmente d efendida po r razões diferentes em du as de 10 graus a partir do eixo mecâni co para o s joelho s varo s, o u d e
popul ações d e pacientes. O primeiro g rupo d e pac ientes para quem 5 graus p ara os joelhos valgos, erosão cartil ag inosa significativa nas
a AU) te m sido d efendida compreend e indivídu os idosos e magros á reas d e supo rte d e peso d o compartimento oposto, d efici ênc ia d e
com doe nça unicompartim en tal qu e d e o ut ra fo rm a seri am subm e- li ga m en to cru zado anteri o r, e osso subcondral exposto aba ixo d a
tidos à AT). Os benefí cios suge rid os d a AU) sobre a AT) são um patela. A obesidade tamb ém te m sid o citad a co mo uma contraindi -
tempo mais curto de reabilitação; um m aio r arco de m ovimento cação relativa à AUJ.
médi o n o pós-ope ratório; e a p rese rvação da fun ção propri oceptiva
d os li gam entos cru zados, que pro po rcio nam um a sensação m ais
natural no joelh o. O procedimento po d e ser feito em uma intern a- ARTROPLASTIA PATELOFEMORAL
ção m ais curta e com m en o r perd a sanguínea. Os a rgumentos nesse
grupo de pacie ntes é d e qu e a AU) é um pro cedimento m en os Embo ra hi storicam e nte controve rsa, o novo interess e na artrop las-
invasivo qu e tem uma boa possibilidade d e durar a té o resto d a v id a ti a p atelofe moral nos últim os ano s te m sido motivad o pelos novos
d o pacie nte. Be rger et al. relataram um a sobrevida d e 98% em 10 d esenhos d e impla ntes qu e têm produ zid o res ultados clínicos
anos com um d ese nho cimentado d e AU) em pac ientes mai s velh os, m elh o res. O s d ese nhos d e prime ira ge ração falharam p o r ca usa
usand o critérios de seleção rigorosos. A AU) não deve se r con sid e- d os sul cos trocl eares es tre itos e a lta co nst rição, que geralm ente
rada em um pac ien te id oso com evid ência de artri te em m ais d o qu e p ro du zia m um m au posicio nam ento, trava m ento d a patel a o u d o r
um co m partim ento do jo elh o, a menos que haja contraindi cações a nteri o r pe rsistente no joelh o. Apesar d os m elhoramentos d os
para a AT). d ese n hos atuais, a razão m ais comum para o fr acasso dos im plan -
O segundo grupo atualmente considerado para a AT) compreend e tes d e segund a geração é a progressão da a rtrite tibiofem ora l, to r-
indiv ídu os mais jovens com d oença uni co mpartimental n os qu ais a nand o a escolha c uidado sa d os pac ie ntes a chave pa ra o resultad o
AU ) é usad a co mo a "primeira" a rtropl astia, ge ralm ente em vez da d e sucesso. O candidato idea l para a artroplas tia femor al é o paciente
os teoto mi a tibi a l alta (OTA ) em pacientes com a rtrite isolada d o co m m en os de 65 anos d e idad e co m artrite patelofe moral iso lada
co mpartim ento medial. Essa indicação está se to rnando mais pre - e debilita nte, sem m a u alinhamento do m eca nismo patelar. A d o r
va lente com a popularidade cresce nte d a cirurgia minim am ente durante as ati vid ad es diári as, localizada na a rticulação patelo fe mo-
invas iva e a dem anda crescen te d e pac ie ntes e os IMCs m ais altos ral e não a liviada com terapi a d e inj eções o u medicamentos anti -
da popul ação em ge ral. Embora essa seja um a indi cação fre quente- infl am ató ri os não esteroides, é um a boa indi cação para a art ro plas ti a
mente d eclarad a para a AUJ, poucos estudos publicados até ago ra patelofem o ral. A artropl as ti a patelofem o ral é reco mend ad a em
têm relatado resultados nesse grup o d e pac ientes. Um estudo d es- pac ientes co m m e nos de 65 a nos d e id a d e, p ara oferece r um a
creveu um a sobrevida d e 92% em 11 anos em pac ientes co m m enos a ltern ativa conservado ra qu e poupa o osso em relação à AT), qu e
de 60 anos, com outros 22% most ra nd o progressão do comparti - não é d esejável em pacientes jovens e ati vos; não há dados publi -
mento recapead o, embora não necess ita ndo d e revisão no m om ento ca dos m os trando qu e os res ultad os d a art ro pl asti a patel ofe m ora l
d o acompanh am ento. estejam relacionados à id ad e.
Tem sid o suge rido qu e a AU) é um a operaçã o qu e poupa o Têm sido relatado s bo ns res ultad os após a art roplasti a pate-
osso, qu e pod eria permitir um a poste ri o r rev isão d escomplicad a, lofe m ora l em pacientes co m artrite pós-traumáti ca, o steoar trose
mas os primeiros estud os d e AU ) fr acassa d os não m ostrava m esse patelo fem o ra l primária e di splasia patelofe mo ral se m mau alinha-
benefí c io p rev isto, com e nxerto ósseo signi fica ti vo, cunhas tibi a is m ento. Em pacientes co m a rtrite pós- traum ática , a artropl as ti a
o u co mpo ne ntes d e h as te longa sen do necessá rios em qu ase patelofem o ral d eve ser co nsid erada com o um a a lte rn ati va à pa te-
m etad e d as rev isões e d efeitos ósseos g raves em 76% d os jo elh os. lec tomi a. A artrite patelofe mo ral prim ári a inclui a cond ropati a d a
Com AUJs m ais atuais, a necess id ade d e en xe rto ósseo é ra ra e os pa te la o u da tróclea tipo IV segund o a class ifi cação d e Outerbrid ge;
res ultad os d e revisões se aproximam daq ueles da AT) p rim ária . Em é impo rtante notar que a progressão da a rtri te tibi o fe m ora l é m ais
um a rev isão retrosp ecti va, os res ultad os d e revisão d e um a fa lh a fre qu ente co m osteo a rtrose prim á ri a d o qu e com a rtrite pós- t ra u-
d a AU) para um a ATJ fora m leve me n te pio res do q ue a conversão mática o u displas ia patelofem o ra l. O m au a linh am ento é ge ral-
d e um a OTA para um a ATJ. A escolh a entre AU J e OTA nessa men te d ete rmin ad o usa nd o-se o â ngulo d o qu adríce ps (ângulo Q) .
populaçã o d e p aci entes perm anece in ce rta porqu e muitos es tud os Os ângulos d e mai s d e 15 graus e m ho m e ns e 20 grau s em mulh e res
têm citado difi culd ad es co m ex pos ição e res ultad os clínicos um são con sid erados a norma is. Q ua lqu er co ndição que aum ente o
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO fiji@
ângulo Q aum enta as fo rças de deslocamento lateral na patela e não foi substituída. A dor anterior residual no joelho foi a compli-
pode leva r à subluxação ou luxação. A artroplasti a patelofemoral cação mais comum no grupo sem reswfacing. Um estud o randomi-
sozinha não consegue co rri gir ou mau alinhamen to patelar, e a zado prospectivo de 5 anos de um único modelo de prótese descob riu
instabilidade da articul ação patelofemoral não é um a indicação que 25% dos pacientes sem resurfacing patelar reclamaram de dor
para o procedim ento. A inclinação ou subluxação patelar leve pode anterior no joelho, ao passo que apenas 5% dos pacientes co m resur-
se r corri gida no m omento da ar troplasti a patelofem oral co m libe- facing patelar reclamaram de dor anteri or no joelho. A necessidade
ração retin acul ar lateral, medi alização do comp o nente patelar e de reabord agem para resswfacing da patela devido à dor anteri or no
face tectomia lateral parci al. O mau alinhamento deve ser co rri gido joelho após a AT) tem sido estudada por vários autores, qu e desco-
antes ou durante a artroplasti a patelofem oral. Não fo i determin ado briram qu e o alívio da dor após o resurfacing em segundo tempo era
qu e qu alquer padrão de desgas te patela r ou troclear seja uma con - inferior àqu ele que seria esperado co m o resurfacing primário, e
tra indicação à artroplastia patelofem oral, diferentemente de vá ri os encont raram uma taxa mais alta de co mplicações, incluindo fra tura
procedim entos de osteo tomia do tubércul o. As lesões das face tas patelar e rigidez pós-operatóri a.
lateral e in fe ri or em pacientes mais jovens podem se r tratadas com O ut ros autores têm defendido o reswfaci ng seleti vo da patela.
medi alização anterior do tub érculo tibi al. O prin cipal argum ento a seu favor é que as complicações das
A progressão da artrite tibiofemoral é a razão mais co mum patelas recapeadas represe ntam m ais da metade das reoperações
pa ra a revisão para ATJ, enfa tizando-se que a artrose tibiofemoral é após a ATJ em muitas sé ri es. Tamb ém, com o reswfacing seletivo
um a cont ra indicação principal para a artroplastia patelofemoral. da patela, usand o um componente fe m oral qu e incorpora um a
Artropatias inflamatórias envolvem a articulação inteira e atual- tróclea femoral modelada anatomicamente, escalas de dor no
mente são um a contraindicação à artropl astia patelofem oral por joelho esse ncialmente iguais têm sido relatadas para os grup os
causa da artrite tibiofemoral progressiva e da si novite dolorosa. Isto co m e sem reswfacing. Os estudos prospectivos comparand o a ATJ
inclui a condrocalcinose, que pode ser um indicativo de artropati a com e sem resurfaci ng patelar não encontraram diferenças signifi-
inflam atóri a e pode leva r à mecânica arti cul ar alterada devido aos cativas em preferências de pacientes, escalas fun cionais, dor ante-
meniscos anormais. rior no joelho ou taxas de revisão, leva ndo alguns a sugerir que a
A artropl astia patelofemoral tamb ém não é indicada em dor anteri or no joelh o ap ós a ATJ é relac ionada mais ao dese nho
pacientes com deformid ade coro nal severa do joelho (valgo de mais e à rotação do componente do que à reali zação ou não do reswfa -
de 8 graus ou varo de mais de 5 graus) a menos qu e a deform idade cing pa telar.
seja corrigida por osteotomia antes da artroplastia. A flexão de 120 Continua a ser debatido se o resurfacing é desejável, e os resulta-
graus no plano sagital com menos de 10 graus de contratura de dos do resurfacing seletivo da pateta parecem ser dependentes do
flexão é reco mendada. A rigidez da articulação do joelho deve ser desenho do sulco troclear, co m uma patela nativa se articulando dentro
cuidadosamente avaliada porqu e essa população de pacientes tem de w11 sulco troclear anatômico e oferecendo resultados similares
uma alta taxa de cirurgia prévia, que aumenta a fre qu ência de artro- àqueles da ATJ com o resurfacing patelar. As indicações sugeridas para
fibrose e an ormalidades de altura da patela. Os pacientes com patela deixar a patela sem resurfacing são o diagnóstico primário de osteoar-
baixa devido à atrofi a musc ul ar do quadríceps ou cicatrização do trose, cartilagem patelar satisfatória sem osso ebúrneo, posicionamento
te ndão patelar não são bons candid atos para a artroplastia patelofe- patelofemoral congruente, um formato patelar anatômico normal e
moral. Emb ora haja poucos dados correlacionand o o res ultado da ausênci a de evidência de artropatia cristalina ou inflamatória.
artroplastia patelofemoral com o IMC, ela atualmente não é reco- O peso do pac iente também parece se r um fa tor - os pacientes
mend ada em pacientes obesos, devido a preocupações com a sobre- mais leves tendem a se adaptar melhor sem o resurfacing da pateta.
carga do implante. Um estudo recente m ostrou um a taxa mais alta Isto pode ser um fa tor na tend ência a deixa r a pateta nativa, con-
de revisão para ATJ em pacientes obesos (IMC > 30) do qu e em for me visto na li teratura europeia. Alguns têm sugerido qu e faze r o
pacientes não obesos, ao passo qu e o diagnóstico primário, idade ou resurfac ing patelar em pac ientes "superobesos" (I MC <". 50) pode
sexo não afetaram significativa mente a taxa de revisão. sobreca rrega r o osso sesamoide e gerar dor, mas não foram publica-
Os resul tados relatados de artroplasti a patelofemoral ind icam das séries clínicas mostrando diferenças nas escalas de dor nessa
que ela proporciona excelente alívio da dor e melhora fun cional, e população de pacientes e em pacientes m ais magros.
é um a altern ativa confiável à ATJ para o tra tamento de artroplastia
patelofemoral em pacientes cuidadosam ente selecionados. Têm sido
relatados res ultados de 3 a 17 an os que vari am de bons a excelentes INDICAÇÕES PARA A ARTROPLASTIA
em 66% a 100% dos pacientes (Tabela 7-1); menos perda sanguín ea, TOTAL DO JOELHO BILATERAL
internações mais curtas, e resultados fun cionais melhores têm sido SIMULTÂNEA
relatados em pac ientes com art ro plastia patelofemoral, comparati -
vamente àqu eles pacientes com ATJs. Numerosos estudos na literatu ra têm doc um entado a seguran ça e o
custo- benefício da ATJ bilateral simultânea, co mparati va mente a
procedimentos em etapas separadas. Co m respeito ao custo, os pro-
INDICAÇÕES PARA O RESURFAC/NG cedimentos bilaterais simultâneos podem reduzir as cobranças hos-
PATELAR pitalares em 58% co mparativamente a proced imentos em etapas,
devido às diminui ções ge rais no tempo de operação e ao período
O papel do resurfacing patelar universal na ATJ é polêmico, com total de internação. Lane et ai. questionaram, no entanto, se isto é
alguns o defendendo devido a sé ries clínicas indicando qu e as realmente urna economi a, porque 89% de seus pacientes co m ATJ
escalas de do r do joelho, após o reswfacing patelar, são levemente bilateral necessitava m de urn a internação para reabilitação adicio-
melho res por causa da menor dor perip atelar residual e uma maior nal, ao passo qu e apenas 45% de seus pacientes com ATJ unil ateral
fo rça do quadríceps. Em um ampl o estudo retrospectivo, oco rreram precisavam de internações para reabilitação. Outros res ultados,
complicações patelofemorais em 4% dos pac ientes com resurfacing medidos de acordo com taxa de infecção, escalas de dor e critérios
patelar, comparativamente a 12% em pac ientes nos quais a patela radiográfi cos têm sido si milares entre os dois grupos.
@pzjt PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

H@il;Hflm A, Radiografia pré-operatória de um paciente cujo LPFM foi reparado devido ao mau posic ionamento da patela após
lu xação; a tensão exagerada causou a artropatia da faceta medial. B, Os resultados da artroplastia pate lofemora l foram exce le ntes em
6 semanas, com um arco de movimento livre de dor, e nenhuma dor após a manobra de agachamento completa .
Resultados Relatados de Artroplastia Patelofemoral

N°. DE PACIENTES ACOMPA-


AUTOR(ES), ANO (JOELHOS) IMPLANTE NHAMENTO RESULTADO
de Winter et ai., 2001 24 (26) Richards l i (Smith & 11 anos 76% de resu ltados exce lentes/bons
Nephew, Memphis TN)
Tauro et ai., 2001 48 (62) Lubinus (Waldemar Link, 7,5 anos 65% de sobrevida
Hamburg, Germany)
Sm ith et ai., 2002 34 (45) Lubinus 4 anos 64% de resultados excelentes/bons
Kooij man et ai., 2003 51 (56) Richards 17 anos 86% de resu ltados excelentes/bons
Board et ai., 2004 17 Lubinus 19 meses 53 % de resultados satisfatórios
Merchant, 2004 15 LCS (DePuy, Warsaw IN) 3,75 anos 93 % de resultados excelentes/bons
Cartier et ai., 2005 70 (79) Richards li e Ili 10 anos 75 % de sobrevida
Principal causa de fracasso: degeneração osteoartrítica da
articu lação tib iofemoral (8 ATJs)
Ackroyd e Chir, 2005 40 (306) Avon (Stryker Howmedica 2-5 anos Revisão para ATJ necessária em 3,5% dos pacientes devido à
Osteonics, Mahwah NJ) progressão da artrite tibiofemora l
Argenson et ai., 2005 66 Autocentric (DePuy, 16 anos 58 % de sobrevida
Warsaw IN) Revisão para ATJ em 29: artrite tibiofemoral em 14, froux idão em
11 , e rigidez em 4
Sisto e Sarin, 2006 22 (25) Kinamatch (K inamed, 6 anos 100% de resultados excelentes/bons
Camarillo CA)
Ackroyd et ai., 2007 85 (109) Avon 5 anos 96% de sobrevida de 5 anos
Complicação principal - progressão radiográfica da artrite (28%)
Mohammed et ai., 2008 91 (101) Avon 4 anos 72 % "ajustaram-se muito bem" - não precisaram de cirurgia
Lubinus subseq uente
FPV (Wright Medical UK) Conversão para ATJ - 3 pacientes com artrite progressiva, 1 com
infecção
Leadbetter et ai., 2009 70 (79) Avon (segunda geração) 3 anos 90% sem dor nas atividades diárias e su bindo escadas
84% com esca las da Knee Society maiores do que 80 pontos
7,5% de revisão para ATJ
van Wagenberg et ai., 2009 20 (24) Autocentric li (DePuy,
Warsaw IN)
4 anos Cirurgia adicional necessária em 21 joelhos (87,5%)
Conversão para ATJ em 7 (29 %), principalmente para osteoartrose
'-e"'
)>

tibiofemoral progressiva e mau posicionamento patelar


=r
e::
r-
van Jonbergen et ai., 201 O 161 (185) Richards li 13 anos 84% de sobrevida em 1O anos, 69% em 20 anos o
Artrite tibiofemora l em 45%, conversão para ATJ em 13% .......
)>
Revisão mais frequente em pacientes obesos
_,
:xi
Dahm et ai., 2010 23 PFA Avon 28 meses Escalas da Knee Society: 89 APFs, 90 ATJs :xi
o
22 TKA Escala UCLA 6,6 APFs, 4,2 ATJs
Média de perda de sangue e passagem pe lo hospital
")>
r-
_,
VI
sign ificativamente mais baixa em APF )>
Odumenya et ai., 2010 32 (50) Avon 5,3 anos 100% de sobrevida em 5 anos o
Complicação principal - progressão da doença (22%)
o
om
Chara lambous et ai., 2011 35 (51) LCS 2 anos Taxa de sobrevida estimada de 63% r-
Mont et ai., 2012 37 (43) 7 anos Sobrevida em 5 anos de 95%, sobrevida em 7 anos de 82% :r:
Avon o
Conversão para ATJ em 5 joelhos

1
lllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS


A polêmica continua no que diz respeito à incidência de com-
Sistema de Classificação da Knee
plicações relacionadas aos procedimentos simultâneos e em etapas. 1- 1 Society (2011), KSS
Tem sido mostrado em vários estudos que a perda sanguínea total
é igual nos dois grupos, ao passo que outros mostraram significati- Escala do Joelho Objetiva (7 itens, 100 pontos)
vamente maior perda sanguínea com procedimentos simultâneos. Alinhamento anteroposterior (25 pontos)
Um grau mais a lto de trombocitopenia pós-operatór ia no segundo Estabilidade (25 pontos)
dia após a cirurgia e trombose venosa profunda (TVP) e trombo - Media l/lateral (1 5 pontos)
embolia pulmonar (TEP) mai s frequentes têm sido relatados após Anterior/posterior (1O pontos)
procedimentos simultâneos, mas muitos outros autores relataram Arco de movimento (2 5 pontos)
taxas simi lares ou menores de TVP e TEP após ATJ bilateral simul- Sintomas (25 pontos)
tânea do que após procedimentos em etapas. Deduções
A embolia gordurosa é um risco da ATJ quando as hastes Mau alinhamento (-1 O pontos)
intramedulares ou d ispositivos de alinh a mento sâo usados, e o risco Contratura de flexão (-2/-5/- 10/- 15 pontos)
de s índrome d e embolia gordurosa clinicamente significativa é Perda de extensão (-5/- 10/- 1 5 pontos)
aumentado com a ATJ bilateral simultânea. Dorr et al. encontraram
Escala de Satisfação (5 itens, 40 pontos)
uma prevalência de 12% de síndrom e de embolia gord urosa com
Nível de dor ao sentar-se (8 pontos)
AT)s bilaterais simultâneas, co nforme documentado pelas mudan-
Nível de dor ao deita r-se na cama (8 pontos)
ças neurológicas com a hipoxemia. O u tros autores não encontraram
Função do joelho ao levantar-se da cama (8 pontos)
diferenças na ocorrência de embolia gordurosa clin icamente signi-
Função do joelho ao rea lizar tarefas domésticas leves
ficativa entre os dois grupos. A fresagem do canal intramedular com
(8 pontos)
hastes intramedulares de alinhamento estriadas e um orifício de
Fun ção do joelho ao realizar atividades de lazer (8 pontos)
entrada levemente alargado para a inserção da haste intramedular
têm sido recomendados para diminuir o risco de síndrome de Escala de Expectativa (3 itens, 15 pontos)
embolia gordurosa. Alívio da dor (5 pontos)
Sliva et al. defenderam fazer as duas artroplastias com 4 a 7 dias Habilidade de realizar atividades cotidianas (5 pontos)
de difere nça, declarando que suas taxas gerais de complicação foram Habilidade de rea lizar atividades de lazer, recreativas ou
m ais baixas que as taxas relatadas para a ATJ bilateral sequencial sob esportivas (5 pontos)
um procedimento anestésico e para os proced imentos unilaterais rea- Escala de Atividade Funcional (19 itens; 100 pontos)
li zados sob diferentes internações. As maiores complicações, como o Andar e ficar de pé (5 itens, 30 pontos)
infarto do miocárdio, EP e morte, foram raras em todos os grupos. Atividades-pad rão (6 itens, 30 pontos)
Realizar ATJ bilatera l com separação de 4 a 7 dias na mesma hospi- Atividades avançadas (5 itens, 25 pontos)
talização resulto u em internações que eram em média 4 dias m ais Atividades discricionárias (3 itens, 15 pontos)
prolongad as, comparativamente à ATJ bi lateral sequencial.
Ao considerar os pacientes para a ATJ bilateral simultân ea,
as comorbidad es e a idade fisiológica devem ser est imadas, pois a
doen ça cardiopulmonar pode influ encia r o cirurgião na direção de joelhos revisados em 1989, e o atualizou em 2011(Quadro7-1). Por
proced imentos unilaterais. Um risco aumentado de complicações ca usa das crescentes exigências e expectativas dos pacientes ao lo ngo
cardiovascu lares e neurológicas tem sido notado em pacientes com d as últimas 2 décadas, esta última atua lização tem sido modificada
m ais de 70 anos sendo submetidos à ATJ bilateral simultânea. Não para incorporar atividades específicas dos pacientes e expectativas
foram identificados riscos de compli cações com ATJ bilateral em percebidas pelos pacientes. O sistema atualizado agora consiste em
pacientes com um IMC de 30 ou mais, comparativamente àqueles medições objetivas pré- e pós-operatórias registradas pelo ci rurgião
com IMC men o r. Uma aná lise de m ais d e quatro milhões de altas e med idas dirigidas aos pacientes, ava li adas por eles com relação às
hosp ita lares por um período de 14 anos comparou procedimentos suas percepções quanto aos aspectos mais importantes e noci vos da
d e AT) unilateral, bilateral e de revisão, e d escobriu que a ATJ bila- artrite do joelho e da cirurgia de artroplastia.
tera l teve complicações e taxas de morta lidade maiores do que a ATJ A primeira parte da escala inclui dados demográficos dos
unilateral ou d e revisão. Antes de se escolher os procedimentos de pacientes e a escala funcional de Charnley. As med idas objetivas e a
ATJ simultâneos ou em etapas, cad a paciente deve se r cuidadosa- escala do joelho (de um total de 150 pontos, dependendo das medidas
m ente aval iado, co nsiderando sua id ad e, fatores de risco cardíaco e de arco de movimento) incluem al inhamento e instabilidade, que
outras comorbidades. Os riscos associados com ambas abordagens representam até 50 pontos. O arco de movimento do paciente é con-
deve m ser discutidos detalhadamente com o paciente antes d e se si derado ao dar um ponto para cada 5 graus do arco de movim ento
faze r uma escolha (Veja, em inglês, o Vídeo 7-4 - Bilateral Total tota l medido, com descontos para a contratura de flexão e para perda
Knee Arthroplastry [Artroplastia Tota l Bilateral do Joelho]). de extensão. A próxima parte da esca la leva em conta medidas perce-
bidas pelos pacientes, incluindo sintomas (25 pontos), satisfação
quanto à dor e à função durante as atividades diárias (40 pontos) e as
RESULTADOS DA ARTROPLASTIA expectativas após a ATJ co m relação à dor e às atividades diá rias e
TOTAL PRIMÁRIA DO JOELHO recreativas (15 pontos). Atividades funcionais ( 100 pontos) são ava -
li adas pelo paciente e incluem andar e ficar de pé (30 pontos), ativi-
dades diárias-padrão (30 pontos) e atividades avançadas (25 pontos).
ESCORES FUNCIONAIS E RADIOGRÁFICOS
A seção sobre atividades discricionárias ( 15 pontos) permite ao
Ao lo ngo das 3 últimas décad as, os escores funcionai s de joelho m ais pac iente escolher três de suas mais importantes atividades de uma
popu lares têm sido aqueles do Hospital for Special Surgery e os da lista e classificar o nível de diliculdade q ue ele percebe ao realizar essas
Knee Society. A Knee Society lançou um sistema de classificação de atividades. Em sua mais nova versão do sistema de classifica ção, a
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

Knee Society priorizou as percepções dos pacientes, possivelmente a seção anteri or sobre indicações e contraindicações para a ATJ). As
porque os resultados percebidos por pacientes e cirurgiões têm sido radiografias de joelh o pré-operatórias devem incluir um a incidência
relatados como sendo significativam ente diferentes. Os questionários anteroposterio r de pé, uma em perfil e uma axial de patela. Uma
pré e pós-operatórios são os mesmos, para permitir comparação rad iografia da perna inteira em or tostase pode ser proveitosa na
direta. Q ualqu er cirurgião pode solicitar um a licença da Kn ee Society determinação do eixo mecânico do membro, particularmente
para usar o Sistem a de Classificação da Kn ee Society. quando a defor midade secundária a trauma o u procedimento cirúr-
Outros sistemas relacionados às atividades têm sido desenvo l- gico prévio es tá presente (Fig. 7-29).
vidos e validados. A Escala de Atividade da Extremid ade Inferio r O filme panorâm ico de membro inferior também é útil para
(LEAS, do inglês, Lower Extremity Activity Score) fo i desenvolvida determinar se a curvatura significativa da tíbia impede o uso de uma
como um jeito simples de permitir que pacientes relatassem se u nível gui a de alinhamento tibial intramedular. Templates podem ser usados
mais alto de atividade possível antes e depois da ciru rgia, escolhendo para prever o tamanh o aproximado do componente e dos defeitos
a partir de uma lista de atividades crescentes no nível de capacidade ósseos que precisariam se r tratados intraoperatoriamen te.
fun cional. A LEAS foi valid ada usand o o Índi ce de Osteoartrose das A avali ação médica pré-operatória de ca ndidatos para a ATJ
Un ive rsidades de Western Ontario e McMaste rs (WOMAC, do inglês, deve ser detalh ada e completa, para evitar complicações potenciais
Western Ontario and M cMasters Universities Osteoarthritis Index) e a que possam ameaçar a vida ou o membro. Como muitos pacientes
comparação de respostas a leituras de pedômetros de pacientes. A submetidos à ATJ são idosos, as comorbidades devem ser considera-
escala também tem se mostrado precisa qu ando pree nchida pelo das. Os pacientes com múltiplos fa tores de riscos médi cos têm mos-
parente mais próximo, faze ndo-a uma medida de capacidade funcio- trado precisar de internações mais longas. Os fumantes, em particular,
nal úni ca. tendem a ter períodos operatórios mais longos e custos hospitalares
Em 1989, a Knee Society introduziu o Sistema de Classificação m aiores após serem submetidos à substituição articular.
e Avaliação Radiográfica da Artroplastia Total do Joelh o (F ig. 7-28) Os pacie ntes deve m ter uma reser va cardiop ulmona r ad e-
para padroni za r os parâmetros radiográficos a serem m edido s ao quada para res istir à anestesia gera l ou ep idural, e para resistir à
relatar resultados radiográficos de ATJs: alinhamento dos componen- p erda san guín ea de 1.000 a 1.500 mL ao longo do p eríodo perio-
tes, cobertura da superfície tibial, radiolucências e um a lista de pro- peratório. Um eletro ca rdi og rama pré-o p era tório de rotina deve
blemas patelares que inclui o ângulo da prótese, colocação excêntrica ser obtido. Os pacie nt es com histó rico d e do ença da artéria coro-
do co mponente, subluxação e luxação. Uma escala é tabulada para nária, ins u ficiência ca rdíaca congestiva leve, doen ça pulmonar
cada componente com base na largura e grau de suas radiolucências obstru tiva crô nica o u do ença pulmonar res tritiva d eve m ser ava-
associadas. Para um componente tibial de sete zonas, uma escala não li ados p elos méd icos das resp ec ti vas especialidades. O supri-
progressiva de 4 ou menos é provavelmente insign ificante, uma escala m ento vascu lar na pern a a ser ope rada também de ve ser ava li ado.
de 5 a 9 indica a necessidade de acompanham ento atento da progres- Se a vas cularidad e ad equ ada é qu esti on ável, es tudo s arteriais não
são, e uma escala de 10 ou mais significa o fracasso iminente ou invas ivos d eve m ser o btidos, e pode ser necessá rio ob ter a opinião
possível, independentem ente dos sintomas. É solicitado qu e os desen- de um cirurg ião vascul a r.
volvedores de próteses totais de joelho sobreponham as silhuetas de A avaliação laboratorial pré-operatória de rotin a deve incluir
seus desenhos na Knee Society e designem as zonas rad iográficas a hemograma, dosagem de eletrólitos e urinálise. Preferivelmente, esses
serem usadas por todos os autores em relatos subsequentes. testes são reali zados poucos dias antes da cirurgia, para que possam
ser tom adas medidas co m relação a quaisquer anormalidades corri-
gíveis. O uso de rotina de uma rad iografia de tórax geralmente não
SOBREVIDA DA PRÓTESE tem bom custo -benefício como urn a ferramenta de tr iagem, mas é
indi cado em pacientes co m histórico de d oença cardi opulmo na r.
A artroplastia de joelho moderna iniciou-se no com eço da década D e maneira similar, a avaliação pré-operatória de rotina de estudos
de 1970 com o desenvolvimento da prótese condilar total do joelh o. d e coag ul ação só é n ecessá ria em pacientes co m um histórico de
Os es tudos de sobrevida com essa prótese são o padrão com o qual sangramento ou coagulopatia. Os pacientes recebendo medicamentos
a artroplastia total de joelho modern a é comparada. Séries de longo anticoagulantes devem ter o manejo apropriado, de man eira a limitar
prazo têm documentado que a longevidade da pró tese condilar total a perda sanguín ea, enquan to se ga rante uma estabilidade médica no
é da ordem de 95% em 15 anos, e de 91% em 21 e 23 anos. Ma is período perioperatório.
recentemente, a sobrevida relatada de 15 a 18 anos de uma ATJ de Ge ralm ente é so li citada a lib era ção m édica pelo ciru rg ião
retenção do cru zado não cimentada foi de 98,6%, co m 79% dos or topédico quando ex iste m quai sq uer comorbidades, mas o ci rur-
pacientes relatando ausência de dor. gião ortopéd ico deve cuidad osame nte ava liar cer tas condições
Os múltipl os estudos de desenhos de retenção e substituição m édicas que o clínico gera l pode não achar importan te, mas qu e têm
do LCP têm documentado uma sobrevid a de 95% ou mais em 10 most rado aum entar a mo rbidade pós-operatória após a ar tropla sti a
anos. Conform e di sc utido na seção anterior sobre fixação de com- total da arti cul ação. A m á nutri ção, frequ entemente presente em
ponentes, a fixação não cimentada tem tido res ultados controversos pacientes id osos, em gera l pode ser detectada por um nível baixo de
quanto à sobrev id a da prótese. Alguns desenho s igualaram o sucesso albumina n o so ro (< 3,5 mg/dL). Os pacientes com contagem de
dos desenhos cimentados, ao passo qu e outros têm tido taxas lin fóc itos totai s de menos do qu e 1.200 células/ mL tamb ém têm sido
maiores de fracasso devido à frouxidão tibial, ao desgaste do polie- apontados como aqueles com custo s hospitalares mais altos, inter-
tilen o e à osteólise. nações m ais lo ngas e p eríodo s mais longos de anestesia e cirurgia
do q ue aque les com co ntagem m aio r. O s pacientes co m diabetes
tipo II d eve m se r submetid os a um exam e de hemoglobina glicada
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA n o pré-operatório, e se us níveis de gli cose no sangu e devem es tar
so b co ntrole. Os pacientes devem ser encorajados a parar de fumar,
A parte m ais importante da avaliação pré-operatória é a determ in a- para diminuir o risco de morbid ade apó s a artroplastia total da
ção de que a artroplastia total de joelho é indicada claramente (veja arti culação.
- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

Sistema de avaliação TKA

Nome do a v a l i a d o r - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Data
Nome/número
do paciente - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Pré-operatório O Pós-operatório O
Nome do cirurgião _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ __ _ _ __ __ _ __ _ _ __ Número do h o s p i t a l - - - - - - - - - - -

Data do raio X -- - - - - - -- -- - - - Implantes anteriores--- -- -- -- - -- - - - - - - - - - - - -

Arti cu lação: Joelho esquerdo O Joelho direito O


Alinhamento: Deitado ou em decúbito O Em pé O

Anteroposterior Ângu lo Lateral Ângulo


em graus em graus
Flexão
femoral (a) _ _ _ _ _ _ __ __ _

Ângu lo
tibial(~ ) _ _ _ _ _ __ __ __
Flexão
femoral (y) ±
Ângulo
valgo total (Q) _ _ __ __ _ __ Ângu lo
tibial (cr)
Filme 18" _ _ _ _ __ _ _ _ __

Filme 3' _ _ __ __ _ _ _ __ _

Área de superfície óssea/de implante


Percentual da área da superfície da tíbia coberta por implante

Radiolucência: indica a profundidade em milímetro em cada área

RLL anterior posterior medial lateral

2 2 RLL

3 3 D 1 __
ou

~
4 4 RLL 2 __
-- ,
5 __ 5 __ 1 __ ; 3 __

6 6 2 D 4 __

7 __ 7 _ _ 3 __ 5 __

Total _ __ __ Total _ __ __ Total _ _ _ __ Total _ _ _ __

Lista de problemas
da patela
Ângu lo da prótese Subluxação
Fi xação med-lat
Sup-lnf Luxação

H[dil;!·!fJI9 Sist ema de esca las e ava liação radiográfica da Knee Society.
CAPÍTULO 7 ARTROP LASTIA DO JOELHO

e geral, não havia diferenças nos marcadores sanguíneos obtidos


intraoperatoriamente para a fibrinólise ou a trombogênese.
Outro benefício da anestesia epidural é que ela permite o uso
de um cateter permanente por 48 a 72 horas pós-operatoriamente,
para controle da dor. O monitoramento com relação à hipoventila-
ção deve ser uma rotina, e alguns autores recomendam unidad es de
enfermagem com pessoal especificamente treinado no monitora-
mento epid ural contín uo. Outros efeitos colaterais potenciais da
analgesia epidural pós-operatória contínua incluem prurido, reten-
ção urinária, náuseas, vômitos e, raramente, formação de hematoma
epidural. O uso de heparina de baixo peso molecular para a profi-
laxia da TVP, juntamente com a analgesia epidural pós-operatória,
não é recomendado, devido ao risco aumentado de hematoma
epidural e seq uelas neurológicas potenciais desastrosas.

TÉCNICA CIRÚRGICA PARA A


ARTROPLASTIA TOTAL DO
JOELHO PRIMÁRIA

A seguinte descrição de técnica cirúrgica inclui princípios que são


aplicáveis à substituição de joelho em geral; não pretende substituir
os manuais técnicos individuais disponíveis ou os guias de instru-
mentação específica para implantes que são únicos para cada sistema
de implantes disponível. Um conhecimento dos princípios envolvi-
dos permite que o cirurgião faça uso de um julgamento sensato em
qua lquer reconstrução de joelho, independentemente do tipo espe-
cífico de implante sendo usado.
0[dll;f4fll19 Os eixos mecânico e anatômico do fêmur e da
tíbia são determinados independentemente nas radiografia s
axiais de membros inferiores pré-operatórias, com o objetivo de
centralizar o eixo mecânico do membro dentro do centro do
ABORDAGEM CIRÚRGICA
joelho protético. 1, Ângulo entre os eixos anatômico (2) e mecâ- PARA A ATJ PRIMÁRIA
nico (3) do fêmur. 4, Eixo mecânico da tíbia (veja o texto).
A incisão cutãnea mais comum para a ATJ primária é uma
incisão da linha média anterior. Podem ser consideradas
variações, mas, em geral, a maioria das incisões compro-
meterá o ramo infrapatelar do nervo safena e resultará em
OPÇÕES ANESTÉSICAS uma área de parestesia no aspecto lateral do joelho; isto
deve ser discutido com o paciente antes da cirurgia. Há
A seleção de anestesia regional ou gera l para a ATJ é um aspecto muitas variações para a abordagem do joelho no nível
complicado, que é afe tado pelas cond ições médicas comórbidas. subcutâneo profundo da dissecção.
O anestesiologista tem a responsabilidade definitiva nessa seleção,
~
com a contrib uição do cirurgião. Não foi provado que os resultados TÉCNICA
cardiovasculares de anestesia regiona l e geral sejam significativa- --~~~~~~~-~
mente diferentes, e a mortalidade perioperatória dos pacientes com •Faça a incisão com o joelho em flexão para permitir que
fraturas do quadril é a mesma com ambas as técnicas. Foi mostrado o tecido subcutãneo ca ia medial e lateralmente, o que
que a função cognitiva após a cirurgia é similar com as anestesias melhora a exposição.
regional e geral após o período pós-operatório inicial. • Se uma cicatriz anterior preexistente no joelho estiver em
O efeito da anestesia gera l comparado ao da anestes ia epidu- uma posição alcan çável pela incisão, incorpore-a na incisão
ral nas complicações tromboembólicas é polêmico. Uma redução cutãnea. Se várias incisões prévias estiverem presentes,
leve, porém estatisticamente significativa, nas taxas de TVP e EP escolha a incisão usável mais lateral, porque o suprimento
tem sido relatada em pacientes que tiveram uma anestesia epidural sangu ín eo cutâneo da região anterior do joelho tende a vir
em comparação aos com anestesia geral, enquanto outro estudo predominantemente do lado medial. Geralmente, as inci-
randomizado não mostrou diferenças na doença tromboembólica sões diretas mediais e laterais anteriores e as incisões trans-
de maneira geral, mas mostrou sim uma diminuição na formação versas devem ser ignoradas.
de trombos proximais com a anestesia ep idural. Os benefícios •Faça a incisão da pele long a o suficiente para evitar a
possíveis da anestesia epidural incluem vasodilatação da extremi- excessiva tensão da pele durante o afastamento, o que
dade inferior, resultando em um fluxo sanguíneo aumentado, pode levar a áreas de necrose cutânea.
hemodi luição e diminuição da viscos idad e sanguínea. Um efeito •A incisão retinacular padrão na ATJ é de abordagem
fibrinolítico também tem sido postulado sobre a anestesia ep idu - parapatela r medial (Fig. 7-30) )
ral; no entanto, em um estudo comparando as anestesias epidural
lllllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELH O EM ADU LTO S

O!Clll;Mf1I!9 Abordagem retinacular parapatelar medial.


VEJA A TÉCNICA 7-1.

O@i@if.119 Cápsula medial e porção profunda do liga-


mento colateral medial são elevadas subperiostalmente. VEJA A
•Mantenha a aba cutânea o mais grossa possível, mantendo TÉCNICA 7-1.
)
a dissecção apenas superficial ao mecanismo extensor.
• Estenda a incisão retinacular proximalmente ao comprimento
do tendão do quadríceps, deixando uma faixa de 3 a 4
mm de tendão no vasto medial para o fechamento, depois.
•Continue a in cisão em vo lta do lado medial da patel a,
estendendo de 3 a 4 cm em direção à superfície ante-
romedial da tíbia, ao longo da borda medial do tendão
patelar.
• Exponha o lado medial do joelho elevando subperios-
tealmente a cápsula anteromedial e o ligamento colatera l
medial profundo para longe da tíbia, em direção ao
canto posteromedial do joelho (Fig. 7-3 1).
• Estenda o joelho e everta a patela para permitir uma
liberação de rotina das pl icas e retináculos patelofemorais
laterais (Fig. 7-32). Em pacientes obesos, se a eversão
da patela é difícil, desenvolva a aba subcutânea lateral,
para que a patela possa ser evertida por baixo do tecido.
De maneira alternativa, a patela pode ser subluxada late-
ralmente se isso proporcionar uma melhor exposição.
•Flexione o joelho e remova o ligamento cruzado anterior
e o corno anterior dos meniscos medial e latera l, jun-
tamente com qualquer osteófito que possa levar à má
posição do componente ou ao desequi líbri o de partes
moles. Os cornos posteriores dos meniscos podem ser
excisados após os cortes femoral e tibia l terem sido
feitos. Se uma prótese de substituição do LCP for usada,
pode-se fazer a ressecção do LCP agora, ou ele pode
ser removido mais t arde durante o procedimento, jun- lij(êjll;fflflm As pregas patelofemorais são cortadas para per-
tamente com o corte quadrado feito no fêmur dista l mitir a mobilização do mecanismo extensor. VEJA A TÉCNICA 7-1.
para o componente femoral de substituição de LCP.
•Com a substituição do LCP e a retenção do LCP, subluxe
e gire externamente a tíbia. A rotação externa relaxa extensor evertido com um afastador tipo alavanca, colocado
o mecanismo extensor, dim in ui a chance de avulsão com cuidado adjacente ao platô tibial lateral .
do tendão patelar e melhora a exposição. • Durante tod as as manobras que exercem tensão no meca-
• Exponha o platô tibial lateral através da excisão parcial do nismo extensor, especia lmente a fl~xão do joelho e o
coxim gorduroso infrapatelar e da retração do mecanismo afastamento patelar, preste muita atenção à conexão do
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO -

O@ll;f;if1!9 A e B, A abordagem do subvasto envolve o afastamento do mecanismo extensor inteiro para longe do septo inter-
muscular medial e a sua subluxação lateral, para a exposi ção. C, Afastador com ponta de garfo colocado acima do fêmur e preso na
superfície lateral coloca o vasto medial sob tensão, enquanto a conexão do músculo com o septo intermuscular é cortada precisamente
com uma tesoura. D, Liberação completa do quadríceps ao septo intermuscular medial. Expos ição obtida após a eversão total da patela .
(De Miller MD: Knee and lower leg. ln Miller MD, Chhabra AB, Hurwitz S, et ai, editors: Orthopaedic surgical approaches, Philade lphia, 2008,
Elsevier.)

feita a incisão na sinóvia, e o mecanismo extensor inteiro é deslo-


tendão patelar ao tub érculo tibial . A avulsão do tendão
cado lateralmente. Os defenso res dessa abordagem alegam que
patelar é difícil se ser reparada, e pode ser uma com -
deixar o mecanismo extensor intacto resulta em um retorno mais
plicação devastadora .
rápido da força do quadríceps, preserva mais a vascu laridade para
~ Veja também, em inglês, o Vídeo 7-3. a pateta, melhora a satisfação do paciente e ao mesmo tempo
diminui a dor pós-operatória, e diminui a necessidade de liberação
lateral. Comparada com a abordagem parapatelar med ial, a expo -
Em um esforço para reduzir as compli cações patelofemorais sição pode ser limitada, especialmente em pacientes obesos e pacien-
e agi li zar o retorno da função do quadríceps pós-operatoriamente, tes com ciru rgias de joelho prévias.
têm sido desc ritos métodos alternat ivos de exposição. A aborda- Eng h e Parks descreveram a abordagem transvasto, que difere
gem do subvasto ("So uth ern") é diferente da Técnica 7-1 no da abordagem subvasto na medida em que o músculo vasto medial
método de subluxar o mecanismo extensor lateralmente para a é cortado rente às suas fibras, e não subluxado lateralmente na sua
extensão do joelho (Fig. 7-33) . A mesma incisão da linha média totalidade. A separação no vasto medial começa na borda supero-
anterior do joelho é usada, mas a incisão retinac ular proximal é medial da patela e se estende proximal e mediaimente na direção do
executada ao se fazer uma incisão na fáscia supe rfi cial que cobre septo interm uscular (Fig. 7-34).
o vasto medial e mobilizar ab ruptamente a borda medial distal do Uma zona segura de 4,5 cm do vasto medial pode ser clara-
vasto medial posteriormente ao septo intermusc ular medial. A mente separada da margem da patela e ser abruptamente dissecada
origem do vasto medial é leva ntad a para longe do septo intermus- ainda mais, se desejado. Essa abordagem preserva a artér ia geni-
cul ar medial a aproximadamente 1O cm proximal ao tub érculo cular superior da patela e do tendão do quadríceps. As contrain -
aduto r, permanecendo distal à abertura para os vasos femora is. É dicações relativas à abordagem média do vasto incluem obesidade,
-- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

h[ijii;tJ.imlt A, Abordagem vasto medial mostrada como uma linha verde, com o joelho direito em 90 graus de flexão. B, Fotografia
operatória. (De Miller MD: Knee and lower leg. ln Miller MD, Chhabra AB, Hurwitz S, et ai, ed itors: Orthopaedic surgical approaches, Philadelphia,
2008, Elsevier.)

osteotomia prévia da tíbia superior e flexão pré-operatória de m enos PA


do que 80 graus. É obrigatória a atenção cuidadosa à hemostasia,
pois têm sido descritos hematomas pós-operatórios com as aborda-
ge ns transvasto e subvasto. As exposições extensíveis são descritas
na seção sobre ATJ de revisão.

PREPARACÃP ÓSSEA PARA


A ATJ PRIMARIA
A preparação da superfície óssea é baseada nos seguintes
prin cípios: tamanho apropriado dos componentes ind ivi -
duais, alinhamento dos componentes para restaurar o eixo
mecânico, recriação de tecidos moles e espaços em flexão
igualmente equilibrados, e posicionamento patelar ideal. h@ll;tijflm Ei xos de a li nhamento no joelho sem displasia
condilar. A ressecção perpendi cu lar ao eixo anteroposterior (AP)

-----~
TÉCNICA ou paralela ao ei xo epicondilar (epi) resu lta em uma linha de
ressecção (x) que é levemente rodada externamente em relação
• Faça o corte distal femoral em um ângulo valgo (geralmente ao eixo condilar posterior (CP) . Isto resulta no posicionamento
de 5 a 7 graus) perpendicu lar ao eixo mecânico predetermi- correto do componente femoral. VEJA A TÉCNICA 7-2.
nado do fêmur. A quantia de osso removida geralmente é a
mesma a ser substituída pelo componente femoral. Se uma
contratura de flexão pré-operatória significativa estiver pre-
sente, pode ser feita uma ressecção adicional, para auxiliar a anteroposterior desenhando uma linha entre o fundo do
correção da contratura. Se uma prótese de substituição de su lco do fêmur e o topo da fossa intercond ilar, e faça o corte
cruzado posterior for usada, pode ser feita uma ressecção distal femoral posterior perpendicular a este eixo (Fig . 7-35).
femoral adicional de 2 mm, para equalizar o aumento no • Quando os côndilos posteriores forem referenciados, faça
espaço de flexão que ocorre quando o LCP é sacrificado. o corte em 3 graus de rotação externa para longe da linha
• Os cortes anteriores e posteriores determinam a rotação entre eles . Um joelho va lgo com um côndilo femoral
do componente femoral e o formato do espaço de flexão . lateral hipoplásico pode levar a um componente femora l
A rotação externa excessiva alarga o espaço de flexão mediai- rodado intern amente se os côndilos posteriores por si sós
mente e pode resu ltar em uma instab ilid ade de fl exão. forem tomados como referencia (Fig. 7-36).
A rotação interna do componente femora l pode causar uma •Usando a superfície de corte da tíbia proximal ou a técnica
inclinação patelar ou uma instabi lidade patelofemoral. do "espaço" (ou gap), faça o corte femoral posterior para-
• A rotação do componente femoral pode ser determinada lelo ao corte proximal da tíbia, após os tecidos moles
por um dentre vários métodos. O eixo transepicondilar, o terem sido equilibrados na extensão (Fig. 7-37). Essa
eixo anteroposterior, os côndilos femorais posteriores e a técnica geralmente é usada para a ATJ de plataforma
superfície de corte da tíbia proxima l podem todos servir móvel, porque o equilíbrio preciso do espaço em flexão
como pontos de referência . é necessário para garantir que a " luxação rot atóri a" do
• Se o eixo transepicondi lar for usado, faça um corte suporte de polieti leno não ocorra.
femora l posterior paralelo a uma linha desenhada entre • Deve-se tomar cuidado ao usar a técnica do espaço, pois a
os epicônd ilos f emorais mediais e laterais. Determine o eixo confiança nos ligamentos com anatomia alterada pode levar
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

à má rotação do componente femoral. É importante que o


cirurgião esteja fami liarizado com cada um desses pontos de
referência, pois a confiança em somente uma dessas referên-
cias poderia resultar na má rotação do componente femoral.
• Independentemente do método usado para o alinhamento
rotacional, a espessura do osso removida do aspecto pos-
Eixo terior dos côndilos femorais deve ser igua l à espessura dos

Í
____ epicondilar côndi los poste'riores do componente femoral. Isto é deter-
minado diretamente ao se medir a espessura da ressecção
cond ilar posterior com uma instrumentação de "referência
do posterior". Os instrumentos de "referência do anterior"
medem a dimensão anteroposterior dos cônd ilos femorais
a partir de um corte anterior com base fora do córtex
femoral anterior, até a superfície articular dos côndilos femo-
rais posteriores. O componente femora l escolh ido deve ser
igua l ou levemente menor do que a dimensão anteropos-
terior medida, para evitar o aperto na flexão.
•Os instrumentos de referênc ia do posterior são em teoria
mais precisos para recriar as dimensões originais do fêmur
distal; no entanto os instrumentos de referência do ante-
rior oferecem menos risco de arranhar o córtex femoral
anterior e colocam o flange anterior do componente
femoral contra a superfície anterior do fêmur distal de uma
maneira mais confiável.
O[ijll@flm O côndilo lateral hipoplásico causa a rotação •Complete a preparação do fêmur distal para uma prótese
interna relativa do eixo condilar posterior. VEJA A TÉCNICA 7-2. com preservação de LCP fazendo cortes chanfrados ante-
riores e posteriores para o implante. Se um desenho de
substituição de LCP for escolh ido, remova a ca ixa inter-
condi lar para acomodar o alojamento do mecan ismo de
terminal e carne [eixo] (Fig. 7-38).
• Corte a tíbia perpendicular ao seu eixo mecânico com o
bloco de corte orientado por um guia de corte intramedular
ou extramedular. A quantia de inclinação posterior depende
do sistema de implante usado. Muitos sistemas incorporam
3 graus de inclinação posterior na inserção de polietileno, o
que permite um alinhamento da inclinação mais preciso pelo
implante do que com o bloco de corte. A quantidade de
ressecção tibial depende de que lado da articulação (mais ou
menos artrítica) é usado como referência. Quando medida a
partir do lado preservado da articu lação, a ressecção deve ser
próxima ao tamanho do implante a ser usado, tipicamente
de 8 a 1O mm. Se o lado mais artrítico da articulação for
usado para referência, a quantia de ressecção geralmente é
de 2 mm ou menos. Proteja o tendão patelar e os ligamentos
colaterais durante essa parte do procedimento.
•De maneira alternativa, a tíbia proxima l pode ser cortada
antes que os cortes femorais distais sejam completos.

TÉCNICA DO ESPAÇO OU GAP


• Se a ressecção femoral dista l não foi completa, equi li bre
os espaços de flexão e extensão agora, colocando blocos
de espaçamento ou um tensor entre os espaços, com o
joelho em flexão e extensão. O equilíbrio varo-valgo pode
ser ajustado de maneira harmoniosa com li berações mediais
ou laterais (veja "Balanceamento Li gamentar").
•Antes de qua lquer li beração de tecido mole, remova qua is-
quer osteófitos mediais ou laterais ao redor da tíbia e do
fêmur. Remova os osteófitos condi lares posteriores, pois
h@i!miflia O espaço de flexão retangular é obtido ao rodar eles podem bloquear a flexão e estirar estruturas de partes
externamente o guia de corte do fêmur paralelo à superfície de moles posteriores, causando uma contratura de flexão.
corte da tíbia, enquanto os ligamentos colaterais estão sob igual • Os espaços de flexão e extensão devem ser mais ou
tensão, obtida com um distratar, conforme mostrado, ou com menos iguais. Se o espaço de extensão for muito pequeno )
blocos de espaçamento. VEJA A TÉCNICA 7-2.
lllB PARTE Il i PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

h[dll;@f1Il9 A, Ressecção femora l d ista l comp let a d e cortes chanfrados em artrop lastia com preservação de cruzado. B, Fossa inte rcon-
di lar cortada para acomodar o mecanismo de poste e eixo ou batente na artrop last ia de su bstitui ção de cruzado . VEJA A TÉCNICA 7-2.

ou apertado, a extensão é limitada. De maneira similar, se o estenose a partir de uma fratura prévia, ou quando uma prótese total
) quadril ipsolateral ou outra fe rram enta preenche o canal intramedular.
espaço de flexã o for mu ito apertado, a flexão é li mitada.
A frouxidão em qualquer espaço pode levar à instabilidade. Um m arcador palpável pode ser colocado sobre o centro da cabeça
• Se o espaço de extensão for menor do que o espaço de femoral, com base nas radiografias pré-operatórias do quadril ou em
fl exão, remova mais osso da superfície de corte femoral imagens fluoroscópicas com o paciente na mesa de operação. A espinha
dista l ou libere a cápsula posterior do fêm ur distal, mas ilíaca anterossuperior não tem se mostrado confiável para determinar
primeiro assegure-se de que todos os osteófitos condila- o ce ntro do quadril, e não deve ser usada co mo ponto d e referência
res post eri ores tenham sido removidos antes de elevar a prim ário, quando se escolh e o alinham ento femoral extramed ul ar.
linha da art iculação. Atualmente, quando uma deformidade preexistente ou uma ferram enta
• Se o espaço de flexão for menor do que o espaço de está presente, técnicas mais modernas, como por exemplo navegação
extensão, remova mais osso dos côndi los femorais poste- computadorizada ou blocos de corte personalizados, são usadas (veja a
riores fazendo os cortes apropria dos para o componente seção de Técnica de Alinhamento Assistida por Computador).
femoral imed iatamente menor; assegu re-se de que isso O uso de guias d e alinhamento tibial intramedular é mais polê-
seja feito com referência anterior, para que assim os côn- mico. Um a preocupação com o uso d esses guias é o risco de embo li a
dilos posteriores sejam encurtados e o córtex anterior não gordu rosa. Foram encontrados elevações maiores de pressão arterial
seja arranhado. pulmonar e índices cardíacos levemente diminuídos em pacientes
• Se os espaços de fl exão e extensão forem iguais, mas não submetidos a ATJs bilaterais com o uso d e gui as de alinhamento tibial,
houver espaço sufici ente para a prótese desejada, remova comparativam en te a guias de alinhamento extramedular e ventilação
mais osso da tíbia proximal, pois o osso remov ido da tíbi a dos canais intramedulares femorais; no entanto, essas pequenas mudan-
afeta os espaços de fl exão e extensão igua lmente. ças não foram creditadas à constituição de contraindicações ao uso de
•Qu ando os espaços de fl exão e extensão estiverem iguais, disposi tivos de alinhamento intramed ular. Devido a se acreditar que
mas frouxos, um bloco espaçador mais largo e um com- a prevalên cia de 12% de mudanças neurológicas é consistente com a
ponente tib ial de polietileno mais espesso são necessários embolia gordurosa após a ATJ bilateral, o uso de monitoramento d a
para se obter estabilidade. pressão arterial pulmonar tem sido recomendado por alguns cirurgi-
ões. Mostrou-se que a perfuração d e um orifício alargado d e 12,7 mm
no fêmur distal usando uma haste estriada de 8 mm eliminava os
efeitos cardiopul.monares negativos das hastes de alinhamento femo ral
intram eduJares.
• TÉCNICA DE ALINHAMENTO INTRA E A precisão relativa do alinhamento tibial intramedular e extra-
EXTRAMEDULAR m edul ar tem sido discutida. Em um estudo, 94% dos componentes
A técnica de alinhamento intramedular é crucial no lado femoral de tibiai s es tava m var iando 2 graus em re lação aos 90 graus d eseja-
uma ATJ, pois os pontos de referência fe morais não são facilmente do s com o alinhame nto intram edula r, comparativamente a 85% com
palpáveis. O portal de entrada para a haste de alinham ento fem oral o al inham ento extram edu lar, enquanto o utro estudo descobriu que
tipicam ente é colocado poucos milímetros medial à linha média, em o ali nhame nto extramedular era mais preciso, com 88% dos com-
um ponto anterior à origem do LCP As radiografias pré-operatórias ponentes tibiais den tro de 2 graus do objetivo de 90 graus, ao passo
devem sem minuciosamente exam inadas em busca de w11 canal largo que apenas 72% dos compon entes colocad os usando o alinhamento
ou arqueamento excessivo do fêmur, pois essas condições podem resul- in tramed ul a r aten di am a esse cr ité rio. Fo i relatado que o alinh a-
tar em erros de alinhamento. Estudos em cadáveres têm mostrado que mento tibial neutro foi obtid o com d ispositivos intramedula res em
o posicionamento do ponto de entrada da haste de alinhamento intra- 83% dos joe lhos varos, mas em apenas 37% d os joelho s valgos; o
medular do fêmur afeta significativamente o alinhamento resultante do arqueamento tibial fo i m ais co mum em joelho s valgos (Fig. 7-39A),
corte fe moral distal em m ais do que 5 graus no plano sagital. e o uso d e radiografias pa n o râmicas d e m embro inferior no pro-
O alinhamento femoral extram edu lar é útil som ente em membros cesso d e próteses e a rec hecage m do a linh am ento do corte tibial com
co m arqueam ento femoral lateral severo, consolidação viciosa fe moral, lll11 dispositivo extra.medular foram reco m en dados (Fig. 7-39B) . Em
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

um estudo com cadáveres comparando os dispositivos intra e extra- • TÉCNICA DE ALINHAMENTO ASSISTIDA POR
medulares à navegação computadorizada para o alinhamento tibial, o COMPUTADOR
alinhamento intram edular não foi tão preciso quanto o alinhamento
extra.medular para determinar a inclinação posterior. Atualmente, a Por mais de 1 década, a navegação computadorizada tem estado
maioria dos cirurgiões em nossa instituição usa o alinhamento femoral disponível para a .ATJ. A técnica mais popular usa a navegação
intramedular com o alinhamento tibial extramedular; usam-se as téc- computadorizada sem imagem, com um cirurgião determinando os
nicas de navegação computadorizada, também. pontos de referência anatômicos através de medidas diretas ou indi-
retas, durante o procedimento. Apesar de vários estudos na literatura
confirmarem que a navegação computadorizada sem imagem
diminui o número de discrepâncias no alinhamento do eixo mecâ-
nico coronal após a ATJ, a técnica ainda não foi universalmente
adotada nos EUA.
A técnica envolve a conexão de marcadores ativos ou passivos
no fêmur e na tíbia, que são en tão localizados por uma câmera
computadorizada, que deve ter um a linha de visão clara durante o
procedimento (Fig. 7-40). Os marcadores são removíveis a partir de
um a base de referência qu e é ancorada ao osso para garantir qu e
eles não sejam danificados ou afro uxados durante o procedimento.
Uma vez que os marcadores estejam conectados às bases de refe-
rência, o cirurgião executa o registro dos pontos de referência ana-
tômicos para que o computador possa determinar e rastrear a
anatomia femoral e tibial durante o procedimento, para guiar o
cirurgião no alinhamento dos cortes e implantes ósseos. A anatomia
den tro do campo cirúrgico é registrada tipicamente usando-se um
dispositivo de apontamento que tem marcadores rastreáveis pelo
comp utador, e o centro da cabeça femoral é determinado por meios
indiretos, através de um algoritmo matemático de centro de rotação.
Pontos de referência palpáveis, a partir de uma combinação de
pontos de referência externos e de centro de rotação, podem ser
usados para determinar o centro do tornozelo. Em um estudo com
cadáveres, o uso dos aspectos mais mediais e laterais dos maléolos
mediais e latera is e de uma porcentagem da distância entre os dois
pontos foi o método mais preciso para determinar o centro do tor-
nozelo. Uma vez que o registro esteja completo, o computador pode
dar feedback em tempo real sobre o alinhamento dos cortes ósseos
do fêm ur e da tíbia em todos os três planos anatômicos, o que
0!§11;'4flm A, O arqueamento da tíbia pode impedir o uso permite ao cirurgião fazer mudanças e medir a precisão dos cortes
de guias de alinhamento intramedular para fazer o corte tibial. ósseos, em vez de confiar somente no alinhamento do gabarito de
B, A guia de alinhamento extramedular é recomendada nessa corte, o que pode não se tradu zir em um corte ósseo preciso, devido
situaçã o. ao osso esclerótico ou osteopênico (Fig. 7-41).

O[êiil;t.)fll!9 O alinhamento assistido por computador usa marcadores colocados no fêmur e na tíbia, que são rastreados por uma
câmera ass istida por computador.
- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

0[dihf4flm Bloco de corte personal izado produzido a partir


de imagens pré-operatórias de ressonânc ia magnética.

As desvantagens dos sistemas de navegação computadorizada


incluem o custo do sistema, tempos de operação mais longos e a
falta de estud os de resultados clínicos atuais mostrando a melhora
na sobrevida. Foram relatadas fraturas periprotéticas ao longo dos
orifíc ios de ancoragem da base de referência no fêmur e na tíbia.
Atualmente, há apenas relatos limitados mostrando a melhora dos
resultados fu ncionais com a ATJ assistida por navegação computa-
dorizada. Em um estudo prospectivo de 115 procedimentos de ATJ
primári a, os pacientes nos quais a navegação computadorizada foi
usada tinham escalas da Knee Society e SF-12 significativamente
maiores em até l ano após a operação.

H[rill;fflfll:9 A e B, Navegaçã o sem imagem usada para cor-


rig ir deformidade extra-articu lar secundária a osteocondroma. BLOCOS DE CORTE PERSONALIZADOS

Nos últimos anos um a técn ica m ais precisa e menos invasiva foi
desenvolvida, para conseguir um alinhamento de implantes correto.
Os sistem as de navegação computadori zada também podem Essa técnica usa image ns de RM pré-operatórias ou tomografias da
ajudar a determinar o tamanho correto de implantes, bem co mo o extremidade inferior, que incluem o quadril e o tornozelo, para pro-
seu alinhamento. O equilíbri o dos tecidos moles e a medição dos duzir um bloco de corte personalizado para o fêmur distal (Fig. 7-42).
espaços de flexão e extensão durante o procedimento são outras Com essa técnica, o "alinhamento co mputadorizado" é feito fora da
va ntagens significativas da ATJ assistid a por computador. A medição sala de cirurgia usando imagens tridimensionais, para produzir um
objetiva dos espaços garante o equilíbri o co rreto de partes moles e bloco de co rte personalizado e determin ar o alinhamento do plano
espaços qu e fornecerão um a articulação es tável, ao longo do arco de femoral transverso com uma tecnologia de protótipos veloz e um
movimento. Foi descoberto qu e uma técn ica de equilíbrio e equ aliza- software de ajuste de molde de imagem. Embora os relatos iniciais
ção de espaços produzia uma flexão melhor em um acompanhamento tenham mostrado que o alinhamento após a ATJ com um bloco de
de l a 4 anos, mas as medidas de resultado advi nd as de pacientes não corte personalizado é comparável àquele com a navegação computa-
foram diferentes daquelas com técnicas co nvencionais. Em uma meta- dorizada, há preocupações relativas ao custo das imagens e à produ-
nálise de 22 estudos de ATJ assistida por computado r, foram encon- ção de gabaritos de corte. Os defensores dos blocos de corte
trados melhores alinhamento gera.! e posicionamento de implantes, personali zados relatam tempos de operação menores e menor custo
mas não foram notadas melhoras no resultado funci onal. Um es tud o de esterilização de instrumentos. A técnica não pode informar ao
prospectivo recente distribuiu aleatoriamente 195 pacientes para a cirurgião se o bloco de corte está alojado na posição correta, ou se o
ATJ com instrumentação convenci onal (97 joelhos) ou n avegação corte ósseo resultante está na posição correta, e não há manei ra de
computadorizada (98 joelhos) . Em 5 anos de acompan hamento, as determinar isto, até que as radiografi as pós-operatórias sejam obtidas.
escalas da Knee Society foram melhores no grupo do computador, Deve-se tomar cuidado nas discussões com pacientes, para se ter
possivelmente sugerindo que os efeitos da assistência do co mputa- certeza de que eles não confundem essa técnica com um "implante de
dor podem não ser aparentes até um ponto mais distante na curva ATJ perso nalizado': o que tem sido usado para fins de marketing.
de sobrevida dos pacientes de ATJ.
Outra vantagem da navegação co mputado ri zada é evitar a
violação do canal femoral int ramedul ar, que pode reduzir a perda BALANCEAMENTO LIGAMENTAR
sanguín ea e as complicações ca rdí acas relacionadas, pois são colo-
cados menos êmbolos no sistema venoso do que com a colocação O equi líbrio de partes moles é essencial para proporcionar uma arti-
de uma haste de alinhamento intramed ul ar. Q uando a defo rmi - culação estável após a ATJ. Depois que o preparo ósseo estiver com-
dade extra-articular o u as peças proíbem o uso de dispositivos de pleto, os espaços de flexão e extensão deve m ser avaliados para
alinh amento intramedul ar, a navegação com putado ri zada pode checagem da simetria, com altu ras iguais em flexão e extensão. Isso
proporcionar uma técnica precisa e menos invas iva. pode ser feito com afastadores laminares, blocos de espaçamento ou
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

técnicas de navegação computadorizada. Antes da liberação de qual- mais tarde no procedimento de balanceamento de tecido
quer tecido mole anatômico apoiando a estrutura em volta do joelho, mole . Se os espaços de extensão continuarem apertados
todos os osteófitos periféricos devem ser removidos do fêmur e da bbia. mediaimente, a cápsula semimembranosa e posterome-
A remoção de osteófitos por si só pode ser suficiente para equilibrar dial pode ser liberada.
as deformidades existentes do plano coronal. Se uma ressecção tibial • Se o espaço de flexão estiver apertado, o aspecto anterior
está sendo usada como primeira técnica, os osteófitos devem ser do ligamento colateral medial e a inserção da pata de
removidos antes de se determinar quaisquer cortes ósseos no fêmur. ganso podem ser liberados.
O arco de movimento do joelho final pode ser limitado pela tensão •Se a camada de tecido mole inteira for liberada, e o
excessiva do LCP ou colateral, e a frouxidão excessiva pode levar à espaço medial ainda estiver apertado (como é geralmente
instabilidade clinicamente inaceitável. Como diretriz geral, um obje- o caso com a deformidade em varo severa), considere o
tivo razoável é uma abertura em valgo ou varo de 1 a 2 mm. Indepen- avanço do ligamento colateral lateral.
dentemente do tipo de deformidade sendo corrigida, a estabilidade
deve ser checada após cada passo da liberação do tecido mole, pois a
liberação excessiva pode levar á instabilidade excessiva do plano
coronal e exigir a conversão para uma prótese constrita. CORREÇÃO DE DEFORMIDADE EM
VARO PRESERVANDO O LCP
• CORREÇÃO DA DEFORMIDADE EM VARO

----------~
A deformidade em varo é a deformidade mais comum no joelho artrí- TÉCNICA
tico, e várias técnicas têm sido descritas para sua correção. Independen-
temente da técnica usada, o cirurgião deve entender quais estruturas •Faça a exposição inicial para incluir a liberação do liga-
anatômicas afetarão os espaços de flexão e extensão, para que cada tipo mento colateral medial profundo da tíbia para o canto
de assimetria de espaço individual possa ser co rrigido de acordo. posteromedial do joelho.
Muitos estudos biomecânicos com cadáveres têm delineado quais estru- •Faça os cortes ósseos usando a técnica preferida (guia
turas anatômicas afetam os espaços de flexão e extensão do joeil1o. Em intramedular ou extra-articular, navegação computadori-
geral, a liberação das estruturas posteriores do ligamento oblíquo pos- zada, blocos de corte personalizados).
terior para a cápsula posterior e a inserção semimembranosa na tíbia • Remova todos os osteófitos no fêmur e na tíbia, pois eles
afeta o espaço de extensão mais do que o espaço de flexão, e a liberação podem estirar a camada de tecido mole medial e efetiva-
da metade anterior do ligamento colateral medial superficial e da inser- mente encurtar o ligamento colateral medial.
ção da pata de ganso afeta mais o espaço de flexão. •Avalie os espaços de flexão e extensão. Se ambos estiverem
apertados, libere o ligamento colateral medial subperios-
tealmente da tíbia proximal. Com uma ATJ com preserva-
ção de cruzado com o LCP intacto, pode ser necessário que
a liberação seja conduzida a até 6 cm distalmente à linha
CORREÇÃO DA DEFORMIDADE EM da articulação, para efetivamente balancear o espaço.
VARO SACRIFICANDO O LCP • Se o espaço de extensão estiver apertado apenas mediai-

--""'------~
mente, a porção do ligamento oblíquo posterior pode ser
TÉCNICA liberada subperiostealmente agora ou mais tarde no proce-
dimento de balanceamento de tecido mole. Se os espaços
•Faça a exposição inicial para incluir a liberação do liga- de extensão continuarem apertados mediaimente, a cápsula
mento colateral medial profundo da tíbia para o canto semimembranosa e posteromedial pode ser liberada.
posteromedial do joelho. •Se o espaço de flexão estiver apertado, a porção anterior
•Faça os cortes ósseos usando a técnica preferida (gu ia do ligamento colateral medial superficial e a inserção da
intramedular ou extra-articular, navegação computadori- pata de ganso podem ser liberadas.
zada, blocos de corte personalizados). • Se todo o tecido mole for liberado e o espaço medial ainda
• Remova todos os osteófitos no fêmur e na tíbia, pois eles estiver apertado, considere o balanceamento do ligamento
podem tensionar as partes moles mediais e efetivamente colateral latera l (veja seção sobre Balanceamento do Liga-
encurtar o ligamento colateral medial. mento Cruzado Posterior). Se uma manobra de gaveta
•Certifique-se de que o LCP seja ressecado antes do balan- posterior indicar que o LCP não está funcionando, consi-
ceamento. Devido ao fato de o LCP ser um estabilizador dere a conversão para uma inserção de prato fundo de
medial secundário, tome cuidado para não liberar todo o lábio anterior, se ela estiver disponível com o sistema de
tecido mole da tíbia, porque isso pode alargar demais o implantes sendo usado, ou considere a conversão para
espaço. Em geral, é preciso menos liberação de tecido um implante estabilizado posterior.
mole para balancear um joel ho varo, uma vez que o LCP •Se, após a liberação completa de partes moles medial, o
tenha sido ressecado. LCP ai nda não balanceia o gap medial apertado, consi-
•Ava lie os espaços de flexão e extensão. Se os espaços dere o avanço do ligamento colateral medial (isso geral-
mente é necessário para a deformidade em va ro severa).
estiverem apertados, libere o ligamento colateral medial
superficial su bperiostealmente da tíbia proximal, mas não
o libere completamente da tíbia. Cheque novamente os
espaços em flexão e extensão. • CORREÇÃO DA DEFORMIDADE EM VALGO
• Se o espaço de extensão estiver apertado apenas mediai- A defo rmidade em valgo é comum em pacientes com artropatias
mente em extensão, a porção do ligamento oblíquo pos- reumatoides e inflamatórias, e também pode ocorrer naqueles com
terior pode ser liberada subperiostea lmente agora ou um côndilo femoral lateral hipoplásico ou com trauma ou procedi-
mentos reconstrutivos prévios que alteram o eixo da extremidade
. , PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

h(êili;Mf1!9 O ligamento cruzado posterior (LCP) é a estrutura mais medial, e pode estar envolvida na deformidade do plano
coronal em um joelho varo. Após a liberação das estruturas mediais, o LCP pode estar afetando o espaço medial, especialmente em
flexão, e pode precisar ser liberado, para equalizar os espaços. Isto pode ser feito de maneira intrassubstancial ou a partir da inserção
tibial com ou sem um pedaço de osso para efetivamente alongar o ligamento . O LCP age menos possivelmente como uma limitação
central na deformidade em valgo devido à sua localização mais medial . Se ele estiver envolvido em deformidades em valgo mais severas,
pode precisar ser liberado. VEJA A TÉCNICA 7-5.

inferior durante a fase de apoio da marcha ou tensionam o compar- • A liberação do canto posterolateral tem se mostrado
timento latera l da articu lação. A anatomia de três camadas da face efetiva no aumento do espaço de extensão mais do que
lateral da articulação do joelho faz o balanceamento de seu tecido o espaço de flexão, e deve ser considerada antes da
mole mais complexo do que com a deformidade em varo. O cirurgião liberação do ligamento colateral latera l se apenas uma
deve ter um conhecimento detalhado das três camadas de partes pequena quantidade de correção é necessária.
moles para en tender as técni cas de liberação e balanceamento usadas • A liberação do tendão poplíteo aumentará o espaço de
para corrigir os espaços laterais apertados na deformidade em valgo. flexão lateralmente mais do que o espaço de extensão.
• Se o joelho ainda não estiver balanceado na extensão
CORREÇÃO DA DEFORMIDADE plena após a liberação total de todas estas estruturas,
EM VAlGO libere a cápsula posterior do côndi lo femoral lateral;

TÉCNICA am_____~
•Durante a exposição de um joelho com deformidade em
então li bere a cabeça latera l do gastrocnêmio se necessi-
tar de mais correção.
•Por ser uma estrutura medial, o LCP está geralmente
alongado em um joelho com uma deformidade em
valgo, tome cuidado para não comprometer os tecidos va lgo . Se a liberação comp leta não balancear os espaços,
mo les mediais, que podem já estar complacentes.
in specione o LCP para determinar se ele está envo lvido
•Faça os cortes ósseos usando a técnica preferida (gu ia
na deformidade.
intramedular ou extra-articu lar, navegação computadori- • Se a liberação completa de todas as estruturas acima não
zada, blocos de corte personalizados).
balancear os espaços de flexão e extensão na face lateral,
•Remova os osteófitos ao nível das margens articulares
considere o avanço do ligamento colateral medial.
nativas para evitar o estiramento dos tecidos moles.
• Se o espaço de flexão abre mais do que o espaço de
•A ordem da liberação de tecido mole na face latera l do extensão, assegure-se de que a "altura de sa lto " da cavi lha
joelho varia, dependendo da extensão da contratura fixa
posterior estabi lizada não é exced ida; se esta for uma
e da deformidade associada. possibilidade, considere o uso de um implante tipo condilar
•Durante a exposição, li bere a cápsula latera l da tíbia .
constrito.
• A estrutura liberada primeiro, depende de se ambos os
espaços de flexão e extensão estão apertados no lado
medial. Se ambos estiverem apertados, libere o ligamento
colateral lateral do epicônd ilo lateral, tomando cuidado para
TÉCNICA PIE-CRUSTING
deixar a inserção do tendão poplíteo intacta (Fig. 7-43). Outra técnica usada para o balanceamento do tecido mole
• Se, a qualquer ponto durante o bala nceamento do joelho nos joelhos com deformidade em va lgo é a pie-crusting do
valgo, apenas o espaço de extensão estiver apertado, tecido mole latera l. Essa técnica permite que o cirurgião
libere a banda iliotibial com um alongamento em z ou o direcione o alongamento de estruturas de tecidos moles de
pie-crusting (liberação seletiva das estruturas latera is acordo com quais áreas estejam tensionando espaço articu-
apertadas) da banda 2 cm acima da linha da articulação. lar na sa la de cirurgia. Várias perfurações são feitas com uma
Assegure-se de que todas as fibras são liberadas e avalie lâmina de bisturi paralela à linha da articulação, para efeti-
a aponeurose do bíceps para ter certeza de que ela não vamente alongar as áreas de tecido mole que estão sob
está envolvida na contratura. tensão indevida (Fig. 7-44). Múltiplos estudos têm relatado
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

A B

H@IJ;fdflm Técnica de pie-crusting. A, Joelho com deformi- O(ff'hf4jflm Avanço da origem femoral do ligamento colate-
dade em valgo antes da liberação intra-articular do aspecto pos-
ral medial, e fixação no epicôndilo medial com parafuso e arruela.
terolateral da cápsula (CP). Perceba o espaço deextensãotrapezoidal.
B, Correção de deformidade após a liberação do aspecto poste-
rolateral da cápsula, e pie-crustíng da banda iliotibial. Perceba o
espaço de extensão retangular.

•Substitua os componentes de prova, e confirme a estabi-


lidade do plano coronal em flexão e extensão.
bons resultados em ambas as deformidades - em valgo e •Corrija quaisquer discrepâncias residuais nos espaços de
em varo - com esta técnica. A vantagem da pie-crusting, flexão e extensão com a pie-crusting, ou, se necessário,
especialmente nas partes moles laterais, é que ela preserva com as técnicas-padrão de balanceamento (Técnica 7-2)
tecido de apoio que não permite que um espaço maior se
abra na face lateral do joelho em flexão. Estudos em cadá-
veres têm mostrado que liberações maiores não são possíveis
com essa técnica, até que o ligamento colateral lateral seja Quando estão presentes deformidades em valgo e flexão asso-
ressecado. É preciso cuidado quando se realiza a pie-crusting ciadas, a correção aguda pode fazer com que o nervo li.bular estire
no canto posterolateral, pois o nervo fibular está a 1,5 cm. e cause a subsequente paralisia. Alguns autores recomendam a expo-
Devido ao nervo estar mais longe quando o joelho está sição de rotina do nervo em joelhos com deformidades severas
flexionado, flexionar o joelho pode ajudar a proteger o nervo combinadas. Outra abordagem mais comumente usada é a imobili-
durante a pie-crusting do canto posterolateral. zação do joelho pós-operatoriamente em certo grau de flexão para
permitir o estiramento gradual do nervo à medida que o joelho é

------~
TÉCNICA movido para a extensão.
Ocasionalmente, devido à frouxidão do ligamento colateral
•Após a preparação do fêmur distal usando os eixos ante- medial, o equilíbrio adequado dos ligamentos não pode ser obtido.
roposterior e epicondilar como um guia rotacional, corte Em pacientes idosos, um tipo de prótese condilar constrita pode
a tíbia proximal perpendicular ao eixo mecãnico e remova ser urna opção razoável. Outra opção nessa circunstância é o
os osteófitos. avanço do ligamento colateral medial, que inclui a elevação da
•Coloque o joelho em 90 graus de flexão, e coloque ten- origem femoral do ligamento colateral medial e o avanço proximal,
sores medial e lateralmente entre os côndilos femorais usando um tipo de sutura em jaquetão dentro da substância do
posteriores e superfícies de corte ti biais proximais. A colo- ligamento. Essa sutura é fixada em volta de um parafuso e urna
cação cuidadosa dos tensores é crucial para evitar esmagar arruela com um grampo colocado na ligação desejada no epicôn-
o osso com osteoporose. dilo medial (Fig. 7-45).
• Remova quaisquer retratores que estejam causando tensão
no lado afetado, e os substitua com afastadores Volkmann. • CORREÇÃO DA CONTRATURA EM FLEXÃO
• Palpe os tecidos moles no lado afetado, e os libere através A maioria dos flexos pré-operatórios melhora com o balancea-
da pie-crusting até que o espaço de flexão retangular seja mento de tecidos moles apropriado para a deformidade do plano
atingido. coronal. Se uma contratura de flexão persistir apesar dos tecidos
• Coloque componentes de prova e mova o joelho na exten- moles mediais e laterais balanceados, as estruturas posteriores
são completa. encurtadas devem ser efetivamente alongadas. Se a contratura
•Se o joelho estiver apertado medial ou lateralmente na persistir, a linha da articulação pode precisar ser elevada aumen-
extensão, remova os componentes de prova e reinsira os tando-se a quantidade de ressecção do osso femoral distal. Com a
dispositivos tensores com o joelho em extensão. contratura de flexão severa, a elevação da linha da articulação em
•Repita a pie-crusting com o joelho em extensão até que mais do que 4 mm deve ser evitada porque pode criar instabilidade
se consiga um espaço de extensão retangular. no meio da flexão, e um aumento na constrição do implante pode
ser necessário.
mD PARTE Ili PROCEDI MENTO DE RECON STRU ÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

adi cional, ao passo qu e outros descobriram que a correção máxima


CORREÇ~O DA CONTRATURA de urna co ntratu ra de fl exão ocorreu na sal a de cirurgia e não melho-
EM FLEXAO rou com o temp o. Preferim os obter a extensão plena do joelho
in traope ratori amente usa nd o os passos defi nidos na Técnica 7-7.

------~
TÉCNICA Não fo i encontrada cor relação entre os pacientes que necessitavam
de ressecção óssea femoral distal e a quantid ade de deformidade do
• Rea lize os cortes ósseos e o balancea mento dos ligamen- plano coro nal. Em uma ATJ com prese rvação de LCP, este não
tos usa ndo as técni cas ci rú rgicas preferid as. contribui para a defo rmid ade de contratura de flexão. Emb ora possa
• Para recriar os recessos capsulares posteriores norma is da ser parte da con tratura do plano coronal e precise ser liberado ou
articul ação do joelh o, descole a cá psula aderent e poste- balanceado para co rrigir os espaços de flexão e extensão, liberar o
rior proxi malmente ao fêmu r, a uma curta distâ ncia dos LCP em uma deformid ade de flexão apenas aumenta m ais o espaço
côndi los femo ra is. Isto geralmente é rea liza do depois que de flexão, fa zendo a di sparidade com o espaço de extensão m aior.
os cortes con dilares posteri ores são feitos, permit indo o
acesso a est e espaço . Desco lar ma is longe proxima l mente
• CORREÇÃO DO RECURVATO
deve ser fe ito de maneira cu idadosa, devido ao risco de
A defor mi dade em rec urvato é rara nos pacientes que têm ATJ, e é
lesionar a artéria genicu lar superi or nesse níve l; o sang ra-
relatada em menos do qu e 1% dos pacientes. Independentemente do
mento pode ser difíci l de ser controlado nessa área.
diagnósti co para o qual a ATJ é indicada (osteoartrose, artrite pós-
• Assegure-se de que todos os osteófitos condilares poste-
-traum ática ou artrite inflamatória), a presença de uma deformidade
riores tenham sido removidos dos côndilos fe morais, e que
em recurvato apresenta uma situação úni ca. O rec urvato geralmente
nen hu m elemento solto esteja estirando a cá psula poste-
rior nessa área. Remova os osteófitos cond ilares posteriores ocorre em conjunção co m uma deform idade do joelho valgo causada
com um osteótomo curvado. Os osteófitos gra ndes no por um cônd ilo fe m oral lateral hip oplás ico, que permite um espaço
aspecto posterior do fêmu r podem ser difíceis de remove r de extensão maior. Um exame cuidadoso do histórico médico e um
se eles aderem à cápsula posterior dent ro do recesso cap- exame físico são necessá ri os para identifica r qu alquer doença neu-
sular poste rior. Usa r uma cureta pa ra descasca r esses ro musc ular ou qu alqu er fra qu eza no qu adr íceps qu e possa se r a
osteóf itos da cá psula posteri or torna a remoção mais fáci l. causa da deform idade em recurvato. Como a deformidade em recur-
• Se necessário, libere a cápsula posterior ainda ma is des- vato te nd e a se r recorrente em pacientes com essas condi ções, um
colan do mais proxima lmente em cima do aspecto poste- implante co m dobradi ças co m um limitador de extensão pode ser
rior do fê mur e liberando as ori gens tendinosas dos múscu los necessá ri o para co mp ensar pela perda da fo rça do qu adríceps.
gastrocnêmios, se necessá ri o. Em uma pac iente qu e tem uma deformid ade em recurvato,
• Se a co ntrat ura de fl exão de fl exão persistir, aumente o mas não te m fraqueza muscular, o procedim ento operató ri o deve
corte do osso f emora l dista l em 2 mm e cheq ue nova- ser planejado para que os es paços de flexão e extensão sejam iguais,
mente para ver se o joelho irá se mover em plena exten - a fi m de evitar defo rmid ade reco rrente após a ATJ. Simplesmente
são com os co mponentes de prova no luga r. Ist o pode adicionar altura à tíbia também apertará o espaço de flexão e possi-
ser aumentado em mais 2 mm (tota l de 4 mm sobre uma velmente diminuirá a qu antia de fl exão pós-cirurgia; é prefe rível
ressecção correspondente), mas assegure-se de que não move r a linha da arti culação distalmente e/ou usar um comp onente
exist a insta bi lidade no meio da fl exão. femoral menor com re ferência anterior. Embora seja possivelmente
co nt rai nt uiti vo, usar um componente fe moral me no r referenciado
a pa rtir do aspecto anteri or d o fê mur requer m ais rem oção de osso
Outra técnica para corri gir um a co nt ratura de flexão envo lve condilar fe moral pos terior, o que aumentará o espaço de fl exão.
a remo ção de osso adicional do fêmur distal para aum entar o espaço Isso permitirá que a altura do componente tibial de polieti leno seja
de extensão estreitado. Essa técnica deve se r usada apenas co m a usada para preench er o espaço e criar um espaço de articulação
contratura de flexão persistente após a liberação capsul ar poste ri or qu e seja es tável em exte nsão e fl exão. Nós (Whiteside e Mihalko )
e a remo ção dos osteófitos posteri ores, pois a rem oção de fê mur desco brimos qu e mover a lin ha da articulação de 3 a 5 mm distal-
distal ad icional resulta na elevação da linha da articu lação. Da mente e usa r um compo nente femoral menor com referência ante-
mesma form a que há um limite pa ra o quanto a linha da arti culação rior co rri giu as deformid ades de recurva to em 10 pacientes, sem
pode ser elevad a com o balanceamento dos liga mentos colaterai s, recorrências em um aco mpanh amento após 1 ano. Em um relato
há um limite para a elevação da linha da a rt iculação na co rreção de 53 pac ientes com deformidades em rec urvatos não relacionadas
de uma cont ra tura de fl exão seve ra, mes mo co m um a pró tese à doença neuromusc ular, apenas dois dos 57 joelhos tratados com
com sacri fíc io de LCP. Quando a ressecção fem ora l distal é fe ita um implante co m preser vação de LCP tiveram recurvato pós-ope-
com o obj eti vo de obter exte nsão, o joelho pode es tar es táve l em ratóri o de 1O graus.
extensão plena devido ao efeito da band a de tensão pos teri or, m as
com a flexão leve o joelho pode não ter a es tabil id ade em varo e
valgo. Nessa situação, os ligamentos colaterais são relativamente CORREÇÃO DO RECURVATO
m ais longos do que as restrições de tec ido mole pos teri ores. Um ti po

------~
de prótese condil ar restrita pode ser necessá ri o para resolver essa TÉCNICA
instabilidade "no meio da flexão", ou, em al guns casos, um tip o de
implante com dobradiças. • Se o corte fe moral dist al está sendo fe ito primeiro, use
A necessidade de corrigir as co nt raturas de fl exão plena mente um ca lço sob as chapas que repousam no fêm ur distal
na hora da ci rurgia é polêmica. Co mo as con traturas de fl exão res i- para dim inu ir a quantidade de osso a ser removida de 2
duais de 15 graus tendi am a melhorar para 3 graus em acompanh a- a 4 mm, dependendo da severidade da defor midade em
mentos de 4,5 anos, alguns autores defenderam a liberação posterior recurvat o.
e a remoção de osteófitos ap enas sem ressecção óssea femoral di stal
CAPÍTULO 7 ARTROP LASTI A DO JOELH O

•De maneira alternativa, um sistema de implantes que tem


múltiplas opções no bloco de corte pode ser usado pa ra
alterar a quantidade de osso removida. Enca ixe o bloco nos
orifícios de -2 mm e então vá para a posição O mm ou 2+
mm pa ra diminu ir a quantidade de osso removida do
fêmur distal, de acordo com a severidade da deformidade
em recurvato.
•Coloque o gabarito de mensu ração, e com uma referência
anterior, determine o tamanho apropriado do compo-
nente. Se ele estiver entre dois tamanhos, escolha o menor,
para aumentar a quantidade de osso cond ilar posterior
removida.
•Se a ressecção tibial for feita primei ro, meça o espaço de
extensão com um bloco espaçador para determinar a
quantidade de ressecção femora l dista l necessária para
preencher o espaço de extensão e dim inuir a ressecção posterior
femora l dista l nesta quantidade.
• Independentemente de qual ressecção seja fe ita primeiro,
assegu re-se de que, durante a redução do componente-
-teste, o joelho não está ma is em recu rvato e que o espaço O@IJ;tjflm O li ga mento cruza do post erior pode se r " reba i-
de flexão não está muito apertado, uma vez que o com- xado" li be rando-o da superf íc ie superior da t íb ia e da porção
ponente de polieti leno de altura apropriada é escolhido proxima l de sua li gação tib ial posterior. VEJA A TÉCNICA 7-8.
para corrigir a deformidade em recurvato.

• BALANCEAMENTO DO LIGAMENTO CRUZADO


POSTERIOR
Com a preservação do LCP, o rollback femoral é alcançado através da
tensão desenvolvida dentro do LCP durante a fl exão do joelho (Fig.
7-3). Um LCP que seja m uito apertado em flexão pod e levar à fl exão
pós-operatória do joelho deficiente, o que se acredita ser um fator no
desgaste acelerado do polietil eno. Por outro lado, se o LCP não desen-
volver a tensão adequada em flexão, o rollback femora l não ocorre.
O balanceamento preciso do LCP é necessário para o funcionam ento
e longevidade ideais de uma prótese com preservação do LCP.

BALANCEAMENTO DO LCP
TÉCNICA ~ ~
O@mfdll:m A te nsão do liga ment o post eri or cru zado é exces-
~~~~~~~~---!~
siva se a bandeja tib ial se levant a anteri ormente durante a fl exão
•Corrija o LCP excessivo através da liberação parcial ou
do joe lho.
rebaixamento do LCP, o que é conseguido em um modo
passo a passo, com a frequente retestagem da tensão do LCP.
• Libere o LCP da superfície superior da ilha óssea na tíbia
componente de pol ietileno de prato fundo ou com
(Fig. 7-46).
paredes altas se o sistema de implantes proporciona essa
• Libere-o subperiostea lmente em intervalos de 1 a 2 mm
opção, para evitar a translação anterior dos cônd ilos
ao longo da superfície posterior da tíbia. A ilha óssea do
femorais com flexão do joelho.
LCP pode ser removida completa ou parcialmente. O LCP
tem uma inserção larga aproximadamente 2 cm acima da
superfície posterior da tíbia proximal .
Um componente tibia l de teste sem haste pode ser usado para
•Se a liberação parcia l falhar ao balancear o LCP, assegure-se
avaliar o balanceamento do LCP. Se a bandeja tibial se levanta ante-
de que a quantidade apropriada de inclinação posterior para
o implante em uso foi obtida no corte tibial proximal . riormente durante a flexão do joelho, a tensão do LCP é excessiva
(F ig. 7-47). A patela deve esta r localizada dentro do sulco troclear
• Mais comumente, um componente femoral menor, com refe-
durante este e outros testes de tensão de LCP, pois a patela evertida
rência anterior para o tamanho, pode ser usado para aumen-
gira externamente a tíbia em flexão e pode levar a um resultado
tar o espaço de flexão relativo ao espaço de extensão.
•De maneira alternativa, com a dificuldade ao ba lancear fa lso-positivo. A observação direta do rollback femora l durante a
o LCP ou com a incompetência do LCP devido à libera- flexão tamb ém pode ser usada: o ponto de contato tibiofemoral não
ção comp leta, sacrifique-o comp letamente e o converta deve se mover em direção ao te rço posterior da superfície articular
a um desenho de substitu ição de LCP, ou use um tibial. Com o joelh o em 90 graus de flexão, a pressão digita l firme
deve fazer o LCP recuar de 1 a 2 mm. Se mais do que 75% do LCP
llllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

O[ril!;@ fl!l9 A, Os defeitos contidos têm uma borda intacta O[rill;@ flm Parafusos usados associadamente ao polimetil
de córtex ósseo na área em volta. B, Os defeitos não contidos são metacrilato para preencher o defeito tibial.
mais periféricos e não têm uma borda cortical óssea.

for liberado, uma prótese póstero-estabilizada deve ser escolhida enxertos estruturais ósseos, cunhas de metal conectadas à prótese
para evitar a instabilidade posterior no futuro. Estudos em cadá- ou parafusos dentro do cimento que preenche o defeito.
veres têm mostrado que a inclinação posterior tem um efeito Não foi observada progressão em radiolucências por mais de
maior do que a li beração parcial do LCP. Como a liberação com- 7 anos, em joelhos nos quais foi usada uma combinação de parafuso
pleta do LCP afeta o espaço de flexão mais do que o espaço de e cimento para preencher defeitos tibiais grandes (Fig. 7-49) . Em
extensão, o balanceamento ou a liberação do LCP não corrige 145 ATJs (20 com componente tibial de polietileno e 125 com ban-
um a contratura de flexão nem cria uma deformidade em recur- dejas de plataforma de metal) com defeitos tibiais mediais tratados
vato durante a ATJ. com parafusos e cimento, o colapso medial ocorreu em duas, e o
colapso lateral, em uma - todos nos componentes tibiais com
suporte de metal; não foram necessárias revisões.
MANEJO DA FALHA ÓSSEA

As deficiências ósseas encontradas durante a substituição total de


joelho podem ter múltiplas causas, incluindo a deformidade angular ENXERTOS ÓSSEOS DE ,
artrítica, hipoplasia condilar, osteonecrose, trauma e cirurgias DEFEITOS TIBIAIS PERIFERICOS
prévias tais como OTA e ATJ. O método usado para compensar
~
certo defeito ósseo depende do tamanho e da localização do defeito. TÉCNICA
Defeitos contidos ou cavitários têm urna borda intacta de córtex ~~~~~~~~-~
ósseo em volta da área deficiente, ao passo que defeitos de segmento (WINDSOR, INSALL E SCULCO)
ou não contidos são mais periféricos e não têm borda de córtex
ósseo (Fig. 7-48). • Converta o defeito côncavo e irregu lar em um defeito plano
Rand classificou esses defeitos em três tipos: com a remoção mínima de osso, com uma serra (Fig . 7-50).
Tipo l: defeito metafisário focal, borda cortical intacta. •Ligue o osso removido do fêmur distal ou da tíbia proxi-
Tipo II: defeito rnetafisário extenso, borda cortical intacta. mal ao defeito aplainado e fixe-o com pinos Steinmann
Tipo III: defeitos metafisário e cortical combinados. rosqueados ou parafusos (Fig . 7-51 ).
Pequenos defeitos (< 5 mm) são tipicamente preenchidos com •Cuidadosamente corte novamente a superfície tibial
cimento. superior para criar uma superfície tibial superior plana.
Os defeitos contidos podem ser preenchidos com enxertos de •Durante a cimentação, pré-misture um pequeno lote de
osso esponjoso comprimido. Defeitos não contidos maiores podem cimento e o use para vedar a junção do enxerto ósseo
ser tratados através de uma gama de métodos, inclusive pelo uso de
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO -

O@il;M fE!9 Técn ica de W indsor et ai. para o en xerto de defe itos tibia is periféricos. VEJA A TÉCNICA 7-9.

com a t íb ia, pa ra evit ar a ext rusão do cimento nessa int er-


face durante a fi xação fin al do com ponente com cim ento.
• Se o def eito não puder ser corrigido co m esse tipo de
reconstru çã o porque é necessá ri o remover mu ito osso da
tíbia ou do f êmur para pe rmit ir a just aposição das super-
fícies ósseas planas, nive le as supe rfíc ies ósseas irregul ares
com um ra spador, para perm itir a máxima j ust aposição
óssea enxerto-superf ície.
• Modele o enxerto pa ra se enca ixa r no defeito.

A resta uração do alinhamento neutro é essencial, pois tem sido


demonstrado qu e isto afeta a sobrevida do enxe rto ósseo e a estabi-
lidade da prótese. As hastes intramedu lares nos componentes tibiais
e femorais são comumente usadas para proteger os enxertos ósseos
peri fé ricos da tensão.
Brand et ai. foram os primeiros a reportarem o uso de cunhas
de metal modul ares ligadas à band eja tibial para compensar as defi -
ciências do osso tibial (Fig. 7-52). Eles não relataram qualquer frou-
xidão tibial em 22 joelhos observados em uma média de 3 anos. A
maiori a dos sistemas modernos de joelhos totais modernos emprega
cun has e blocos modulares qu e podem ser conectados aos compo-
nentes tibiais e femorais para compensar as múltiplas defi ciências
O!iji@.i fl19 Defe ito tib ial segmenta r medial preenchido com ósseas. Com essas adi ções es tr uturais, um cirurgião pode literal -
bloco de osso autógeno a partir da ressecção femora l distal, fi xado mente construir um a prótese personalizada na sala de cirurgia, pa ra
com parafusos esponjosos. VEJA A TÉCNICA 7-9. uma determin ada comb inação de defeitos.
11119 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

Ojijii;J.im . Cunhas modulares para preenchimento tibial e femoral.

=7- - - Botão patelar


...;:~::::;..o... posicionado
mediaimente

Anatomia normal

O@ii;@fli9 O componente patelar deve ser posicionado mediaimente para recriar a localização do ápice da patela nativa e
melhorar o posicionamento. Deve-se tomar cuidado para não exagerar na substituição da patela, o que aumentará a altura e a possi-
bilidade de inclinação e/ou de subluxação lateral, e o mau posicionamento patelar.

ALINHAMENTO PATELOFEMORAL

O alinhamento patelofemoral é afetado por múltiplos fatores, e


cada qual deve ser inspecionado durante a redução da prova e antes
da implantação fina l do componente. Q ualquer fator que aumente
o ângulo Q do mecanismo extensor pode causar o mau alinha-
mento lateral da patela (Fig. 7-19) . A rotação interna do compo-
nente tibial lateraliza o tubérculo tibial, aumentando o ângulo Q e
a tendência para a subluxação patelar lateral. De maneira similar,
a rotação interna ou a translação medial do componente femoral
pode aumentar a subluxação patelar lateral ao mover a tróclea
mediaimente. Se a patela for ser recapeada, a patela protética deve
ser medializada até aproximadamente a eminência mediana da
patela normal, em vez de simplesmente centralizar o botão proté- O@lhfuf119 Ressecção inadequada do osso patelar.
tico no osso disponível (Fig. 7-53). A centralização do componente
patelar requer o posicionamento medial da patela óssea, o que a longe anteriormente com um componente femora l grande demais,
força funcionar com um ângu lo Q maior. Aumentar o desloca- ou pela ressecção insuficiente da patela, o que resulta em um aumento
mento anterior da patela durante o movimento do joelho também geral na espessura da patela (Fig. 7-54).
pode levar à instabilidade patelar ou à flexão limitada. O desloca- O teste de posicionamento patelar "sem polegar" (no thumb,
mento anterior pode ser causado ao se colocar a tróclea muito teste para verificar o posicionamento patelar sem o fechamento da
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

Corte o
retináculo
lateral Corte o
profundo retináculo
lateral
Corte o superficial
retináculo
lateral
superficial---;-,,,;,--,~~

A B

H@iljtjflm A, A liberação retinacular lateral pode ser feita de dentro para fora, o que libera a camada sinovial e o retículo lateral,
mas pode expor a articulação ao tecido subcutâneo. A liberação é feita a partir das fibras do músculo vasto lateral proximal e distal mente
até o tubérculo de Gerdy, se necessário . B, A técnica de fora para dentro também pode ser usada, o que permite que a membrana sinovial
permaneça intacta, deixando uma camada entre o tecido subcutâneo e o espaço intra-articular. Isso também permite a identificação da
artéria genicular lateral, que pode ser preservada .

cápsula, sem o cirurgião segurar a patela com o polegar) deve ser a liberação lateral incluem dor e edema pós-operatórios, reabilitação
usado como guia da estabilidade patelar adequada. A patela reduzida mais lenta e aumento de complicações de ferimentos. No entanto,
é observada dentro da tróclea femoral ao longo da faixa de movimento as complicações potenciais da liberação lateral são muito menos
do joelho antes do fechamento retinacular. Se o botão patelar se ajusta graves do que o efeito maléfico da subluxação patelar.
congruentemente com muito pouca ou nenhuma pressão aplicada à face
lateral da pateta, o posicionamento patelofemoral está adequado. Se a
patela tende a subluxar, o joelho deve ser inspecionado em busca das IMPLANTAÇÃO DO COMPONENTE
causas previamente discutidas de subluxação patelar. Se nenhum desses

----------'~
fatores for identificado, wna liberação retinacular lateral da pateta pode TÉCNICA
ser necessária. A liberação retinacular patelar é alcançada ao cortar a
sinóvia e o retináculo longitudinalmente, até um ponto var iável, do •Depois que as deficiências ósseas foram tratadas, o balan7
tubérculo de Gerdy distalmente até as fibras musculares do vasto lateral ceamento ligamentar é satisfatório e o mecanismo extensor
proximalmente (Fig. 7-55). Frequentemente, apenas a liberação das está ajustado corretamente, remova os componentes de
bandas transversas é suficiente, mas ocasionalmente a liberação com- teste. Não hiperestenda o joelho, pois a articulação é instável
pleta é necessária. Mais comwnente, essa liberação é realizada a partir com os componentes de prova removidos, e as estruturas
do interior da articulação do joelho com a retração anterior e lateral da neurovasculares posteriores podem ser danificadas.
patela, embora alguns cirurgiões prefiram liberar o retináculo a partir da •Se tiver sido usado um guia intramedular na tíbia, oclua
superfície exterior, deixando a sinóvia lateral intacta. Essa última abor- o canal tibial intramedular com uma tampa de osso pre-
dagem requer a criação de uma aba subcutânea lateral grande, superficial viamente ressecado, distal ao nível da haste tibial. Oclua
ao retináculo, mas ela pode proporcionar a exposição dos vasos gen icu- o canal femoral de maneira similar.
lares laterais superiores e permitir sua preservação. •Se superfícies ósseas escleróticas estiverem presentes,
A liberação do torniquete e a reavaliação do posicionamento use uma pequena broca para fazer múltiplas perfura ções
patelar antes da liberação reti nacular lateral têm demonstrado evitar no osso esponjoso subjacente, para permitir a intrusão
um a liberação retinacular late ral desnecessária. Um estudo desco- do cimento.
briu que 48% dos joelhos mostravam mau posicionamento inicial, • Limpe as superfícies ósseas cortadas com um irrigador de
que se reverteu para normal após a liberação do torniquete, e outro lavagem pulsátil, usando soro fisiológico contendo uma solução
estudo relatou que o relaxamento do torniquete m elhorou o posi- antibiótica como cefazolina ou irrigante geniturinário.
cionamento patelar em 31 % dos pacientes, que de outra maneira •Limpe as superfícies com esponjas limpas.
teriam necessitado de liberação lateral. •Geralmente, a bandeja tibial é implantada primeiro. Aplique
O maior risco na liberação lateral é a desvasc ularização da cimento PMMA pastoso à superfície de corte da tíbia,
patela causada pela interrupção da artéria genicular lateral supe - evitando que o sangue e a gordura se misturem com o
rior. Essa artéria é locali zada na junção musculotendinosa do vasto cimento e que fiquem fora da interface cimento-prótese.
lateral, e ge ralm ente pode ser preservada. Uma prevalência cres- O cimento aplicado ao implante deve assegurar o preen-
cente de fratura patelar também tem sido correlacionada com a chimento da superfície inferior do implante, também. )
liberação lateral. Outros problemas potencialmente associados com
111119 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOE LH O EM ADULTOS

• Apl iqu e o cimento quando ele não aderir mais à mão com FECHAMENTO DA FERIDA
)
luva, ou em um estádio pouco antes disso, usando uma
sering a de cimento. Convencion almente, após a prótese final ter sido implantada, o torni-
• A im pactação tibial da prótese geralmente resu lta em quete é liberado, o joelho é envolvido com compressas molhadas e é
uma intrusão do cimento (na fase pastosa inicia l) a uma aplicada pressão. A hem ostasia é obtida através da remoção sequen-
profundidade de 2 a 5 mm no osso esponjoso, o que é cial das compressas das faces lateral e medial do joelho, procurando-se
suficiente para a f ixação em longo prazo, conforme mos- especificamente por sangramentos das artérias geniculares.
trado por lnsa ll e o utros. Embora continuemos a liberar o torniquete antes do fecha-
• Remova o excesso de cimento da periferia do componente. mento da ferida para ob ter a hemostasia, e rotineiramente usemos
•Cimente os componentes femoral e patelar de maneira drenos de sucção, essas práticas permanecem polêmicas. Não foram
similar. Geralm ente, todos os componentes podem ser observadas quaisquer diferenças substanciais no que diz respeito à
cim entados simultaneamente, mas isso requer uma equipe infecção da ferida, formação de hematom as ou reoperação devido a
cirúrgica eficiente e experiente. complicações de fe ridas, com ou sem uso de dreno pós-operatório.
•A cimentação da tíbia e do fêmur também pode ser feita Descobriu-se que os pacientes com drenos tinham maior chance de
prepara ndo-se dois lotes de cimento com 6 a 9 minutos receber transfusões, enquanto as feridas não drenadas necessitavam
de sepa ra ção .
de reforço de curativo m ais frequentemente. Tem sido mostrado que
• Se a reserva óssea fo r osteoporótica, cimente os com po-
o uso de plugues intramed ulares femorais diminui em 20% a 25% a
nentes tibi al e pa telar sepa radam ente e segu re-os no
perda sanguínea associada com a AT).
lugar com cuidado até que o cimento te nha endurecido
Após a hemostasia se r obtida, a incisão retinacular é fechada,
comp letamente.
•A patela pode ser cimentada com o fêmu r ou a tíbia, mas tomando-se o cuidado de aproximar os tecidos periosteais elevados
use o cimento na fase pastosa inicia l para permitir a do tendão patelar. O joelho deve ser flexionado além de 90 graus
intrusão adequada do cimento. para garantir que nenhum a parte do fechamento limite a flexão e
•O acesso aos recessos femorai s posteriores é limitado que a patela se posicione norm almente. O tecido subcutâneo e a pele
depois que os componentes femoral e tibi al tiverem sido são fechado s com o joelho em 30 a 40 gra us de fl exão, para auxiliar
implantados. Para minimiza r a quantidade de cimento o alinhamento dos bordos cutâneos.
que pode t er sido removida dos recessos f emorais post e-
riores, ap lique uma peq uena quantid ade de cim ento à
superfície óssea femoral posterior, e uma quantidade li mi- ARTROPLASTIA UNICONDILAR DO
tada nos côndi los posteriores do implante femora l. JOELHO
• Depois que o componente femoral tiver sido assentado,
estenda o joelho cu idadosamente com um espaçador Se as indicações específicas descritas em 1989 por Kozinn e
tibial de prova no lugar, para assegu rar o assentamento Scott fossem segu idas, poucos pacientes seriam cand idatos
completo da prótese femora l. à A UJ . Na maiori a dos relatos, a sobrevida em longo prazo
•Assegure-se de que o espaçador tibi al seja da espessura da prótese na A UJ, até agora, tem sido menor do que na
adeq uada para proporcionar a estabi lidade em varo e em ATJ. Poucas próteses da A UJ atuais t êm fu ncionado melhor
va lgo na extensão plena. Se uma prova tibial ma is fin a do que as suas predecessoras, contud o, com a sobrevida em
for substituída, podem ocorrer hiperexten são do joe lho e 1O anos va ria ndo de 82 % a 98 % . Os critérios de seleção
leva ntamento posterior do componente tibi al. importantes incluem um li gamento anterior cruzado intacto,
•Procure cuidadosamente por qu alquer resíduo de osso ou artrite unicompartimenta l, deform idade passivelmente corri-
cimento antes da impl anta ção f in al da superfície art icular gível e peso corporal razoável. Existem agora múltiplas téc-
de polietileno t ibi al. nicas para a AUJ , de plataforma fixa (desenhos incorporados
ou de superfície), de plataform a móvel, e métodos assistidos
pela robótica ou por computador (MAKOplasty, Mako Sur-
Para a fixação não cimentada dos componentes de prótese total gical Corp., Ft. Lauderdale, FL). Da mesma forma que na ATJ
de joelho, a técnica de implantação é menos exigente, mas a prepara- primári a, as diferenças entre as técnicas de plataformas fi xa e
ção das superfícies ósseas de corte requer mais precisão do que com móvel envolvem a observação rigorosa da equalização dos
a fixação com cimento. A fixação não cimentada se baseia na aposição espaços de flexão e extensão para evitar a luxação do com-
íntima da superfície de fixação às superfícies ósseas de corte e na po nente tibial de pol ieti leno. A técnica MAKOplasty usa
fixação rígida imediata para minimizar micromovimentos. Para estud os de tomografia pré-operatória para regi strar os pontos
avaliar a aposição, a bandeja tibial de prova sem um a extensão de de referência anatôm icos na sala de cirurgia. O sistema assis-
quilha/haste pode ser colocada no centro da superfície de co rte tibial, tido por computador então auxilia a prepa ração do osso nos
e segurada com o dedo indicador. A periferia da bandeja pode então lados femoral e t ibia l pa ra o posicionamento correto, de
ser tensionada para observar qualquer movimento da bandeja na forma a seg uir o plano pré-operatório.
superfície óssea. Se for detectado qualquer movimento, a superfície
~
deve ser revisada para permitir o apoio completo da bandeja tibial TÉCNICA ;.___ _ _ _ _ _...J~
sem qua lquer movimento visual quando a carga periférica é aplicada
manualmente. Em modelos experimentais, os espaços osso- prótese de •Faça uma incisão long itudina l ao longo do aspecto med ial
mais de 0,5 mm tendem a ser preenchidos com tecido fibroso. Um ou latera l do tendão patelar, dependendo do comparti -
enxerto fino de osso autógeno pode ser usado na superfície superior mento a ser substituíd o. Uma abordagem med ial pode
da tíbia para nivelar pequenas irregularidades. Estudos de revisão têm ser usada para uma substitu ição unicond ilar latera l, mas
mostrado repetidamente o crescimento interno ósseo máximo em a exposição deve ser mais abrangente para permitir a
volta dos parafusos e cavilhas, e o uso de tal fixação adjunta é crucial eversão ou subl uxação adequada da patela; uma técn ica
para obter a estabilidade necessária para o crescimento interno ósseo min ima mente invasiva requer uma abordagem lat era l.
e a fixação da prótese em longo prazo.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

Htijll;f4111'9 Osteófitos no lado medial do fêmur e da tíbia H[êii@.im . Após a ressecção dos osteófitos, o joelho se
evitam a correção da deformidade em varo. corrige passivamente em direção ao alinhamento normal. VEJA A
TÉCNICA 7-11.

•Assegure-se de que a incisão capsu lar não se est enda • Mova o joelho até a extensão plena, e use outro bloco
acima do vasto medial ou lateral. Um afastador tipo espaçador para determinar a ressecção femora l distal,
Hohmann pode ser usado para alavanca r a patela medial necessária pa ra ba lancear os espaços de flexão e exten-
ou lateralmente com o joelho em flexão, para expor o são. Use o gabarito de corte específico para fazer o corte
cô nd ilo femo ral inteiro. femoral dista l.
•Para expor o compartimento medial, faça uma incisão • Uma vez que o corte femoral distal tenha sido feito, insira
no ligamento coroná ri o, remova o corno anterior do o guia de ajuste de tamanho femoral e determine o tamanho
menisco medial, e eleve a camada periosteal do aspecto apropriado do bloco de corte. Faça a ressecção óssea condilar
anteromed ial da tíbia. posterior, e o corte chanfrado, conforme indicado.
• Para expor o compa rtim ento latera l, eleve a camada •Tome cu idado para ressecar o menisco medial e remover
periosteal anterolatera l até o aspecto medial do tubérculo quaisquer corpos soltos do recesso posteri or do joelho.
de Gerdy. • Insira o im plante tibial e execute a red ução da prova para
• Cuidadosamente inspecione os dois compa rtim entos a garantir que a articu lação esteja estável em extensão
serem preservados para assegu rar-se de que o paciente e flexão, e que um arco de movimento pleno seja pos-
é um candidato à AUJ. sível, sem tensão ou frouxidão excessivas.
• Remova todos os osteófitos periféricos antes que os cortes • Complete a preparação óssea específica pa ra o tipo de
ósseos sejam feitos, para permitir uma melhor exposição, im plante e a cimentação do implante, conforme descrito
especia lmente quando uma abord agem minimamente na Técn ica 7-11. Tome o cu idado de asseg urar-se de que
invasiva é usada (Fi g. 7-56). A remoção dos osteófitos nenhuma quantidade excessiva ou solta de cimento ósseo
periféricos deve se r sufi ciente para balancear adeq ua- permaneça no aspecto posteri or da t íbia ou no côndilo
damente o compa rtim ento artrósico (Fi g. 7-57). Asse- fe moral posterior.
gu re-se de que os osteófitos intercond il ares também • Feche a ferida conform e descrito na seção anterior, Fecha-
seja m removidos, pois eles podem se chocar com os liga- mento da Ferida.
me ntos cruzados e danificá-los.
•A necessidade de balanceamento ma is ab ran gente de
partes moles pode indicar ressecção óssea inadequada
ou uma deformidade em varo severa demais para a AUJ.
• Com a maioria dos sistemas de plataforma fixa, a res-
secção ap ropriada começa com a ressecção tibial. Use ARTROPLASTIA PATELOFEMORAL
um guia extramedu lar para alinh ar o corte tibia l proximal
O sucesso de uma artropl astia patelofemora l se baseia na
com o centro do tornozelo distalmente, e recrie a incli-
observação ri gorosa das indicações operatórias. A maioria
nação tibia l posterior com uma ressecção de 2 mm de
dos sistemas de implantes de segunda ou terceira geração
profundidade, ou conforme ind icado pelo sistema de
implante. Para implantes tibiais de superfície, use uma oferece componentes patelofemorais min im amente cons-
serra rec iprocante adequada para comp leta r o corte tritos, com relatos de sob revid a em longo prazo de 70%
ósseo tibial mediaimente, rente à em inência t ibial medial. ou mais em 8 a 1O anos após a cirurg ia. Estão disponíveis
•C om o joelho f lexionado, use um bloco espaçador pa ra implantes persona lizados, com a justifica tiva de conserva r
assegurar-se de que o espaço é grande o bastante para mais osso. As taxas de conversão para ATJ são maiores após
o menor componente ti bial (isto varia de acord o com a artroplastia patelofemoral do que após a AUJ, e a pro-
o sistema de imp lantes usado, mas em geral é de apro- gressão da artrose na arti cu lação tibiofemoral é a razão
xim adamente 8 mm). mais comum para reoperação.
11111» PARTE Ili PROC EDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

------~
TÉCNICA PROBLEMAS CIRÚRGICOS
RELACIONADOS A DISTÚRBIOS
•Use a mesma abordagem da linha média conforme des-
crito para uma ATJ min imame nte invasiva (Técnica 7-1 ), ESPECÍFICOS
tomando o cu idado de não faze r a incisão no ligamento
coron ário menisca l. OSTEOTOMIA "flBIAL ALTA (DO TERÇO
• Cuidadosa mente inspecione as arti cu lações tibi ofemorais PROXIMAL) PREVIA
para asseg urar-se de qu e o paciente é um ca ndi dato à
artroplastia patelofemoral. A os teotomia tibi al a lta (OTA) frequentem ente é usad a para trata r
• A preparação t roclear femoral usa um ponto de início a osteoartrose uni co mp artim enta l d o joelho (Cap. 9), em gera l co m o
intramedu lar simi lar àquele pa ra a ATJ , e um bloco de um procedim en to para ganhar tem po e adi ar a possível ATJ. Emb ora
corte para a ressecção femora l anterior é enca ixado per tenh a se pensad o que a OTA não ti vesse efe ito no res ultado de um a
pendicularmente ao eixo anteroposterior de Whiteside. possível ATJ, m úl tiplos estudos têm m ostrad o resultados com m eno r
• Se o sulco troclear for hi poplásico, o que é comum em sucesso após a OTA, co m bin ados com d esafi os cirúrgicos previsí-
muitos casos, fl exione leveme nte o bloco de corte troclea r veis. Fatores citados co m o adjuva ntes n os resultados ruins inclu em
fe moral anterior para permit ir mais remoçã o de osso, sem a presença d e patela ba ixa, di ficu ld ad es na expos ição e vasculariza -
ca usa r tensão excessiva ou t rava mento do mecanismo ção ruim d a bord a cutân ea. Uma revisão de 166 ATJs após OTAs
patelofemoral. encontrou uma taxa d e revi são de 8% em um acompanhamento após
•Prepare o osso intercondilar usando o componente femoral 6 an os, e identi fico u vár ios fa to res de ri sco para o fracasso, incluindo
de tama nho apropri ado e removendo o osso com um sexo masc ulino, baixa id ad e, froux id ão e m va ro-valgo e m au alinha-
raspador ou cu reta, ou usa ndo um template ou modelo mento preex istente d os memb ros . O u tros es tudos não en contraram
como guia. A preparação f ina l do componente é específi ca di fe renças na fun ção pós-operató ri a d o joelh o, ou complicações,
para ca da im plante, mais comumente usando cavi lhas para compara tiva me nte à ATJ com osteo tomia prévia.
apoio de cimentação. Vá ri os probl em as técnicos exclusivos d e pacientes com OTA
• Prepare a patela conforme descrito no resurfacing patelar
d evem ser esperados e p rev istos, para m elh o rar os resul tad os com a
na ATJ (Técnica 7- 11), asseg ura ndo-se de que a patela
conve rsão pa ra ATJ. Embo ra as in cisões cutâneas transversas possam
não seja pree nchida excessivamente.
ser igno rad as, as in cisões cutâneas lo ngitudinais d evem ser respei-
• A cime ntação e o fec hamento da fe rida são f eitos con-
tad as, e um a p onte cu tâ nea d e pelo m enos 8 cm d eve ser deixada
fo rm e descrito na Técn ica 7-11, e na seção anterior,
Fechamento da Ferida. entre a linh a médi a nova e as in cisões anti gas. Pode ser encontrad a
fi brose do compartim ento latera l e da região infrapatelar, tornando
a eversão patelar e a exposição d o comp artimento lateral m ais di fí -
ceis. A liberação retin ac ular lateral, a qu adricepsplastia em V-Y o u
MANEJO PÓS-OPERATÓRIO u ma os teoto mia do tubérc ul o tibi al podem ser necessárias para a
expos ição. A exposição subpe riosteal med ial tam bém deve ser fe ita
A fi sioterapia e reabil itação pós-ope rató ri as influenciam grand e- cui dad osa mente pa ra mante r a ca m ad a de tec ido m o le con tínua,
m ente o resultad o da ATJ. Inicialme n te, um curativo de com pressão necessá ri a pa ra o fec ham ento e a es tabil idade do tecido m ole medial.
é usado para dimi n ui r o sa ngram en to pós-ope ratório, e um im obi- Com o o balanceam ento liga m en tar pode ser di fíc il, muitos autores
lizad or de joelho pod e ser usado até que a fo rça d o quadríceps seja reco m endam a substitui ção de LCP d e rotin a.
ad equad a, para ga rantir a es tabilidad e durante a ambulação. Após o insucesso da osteotomi a valg izante em cunha d e fecha-
São rea li zados exercícios de arco de movim ento, com ou sem a mento d a tíbi a proxim a l, apenas a ressecção do platô lateral da tíbia
assistência de um aparelh o de movim ento passivo contínuo. O m ovi- é necessá ri a, geralm ente. O corte tibi al d eve ser referenciado a partir
mento contínuo pass ivo tem mostrado, em múltiplos estudos, ajudar d o co mp ar timento m edial intacto, o qu e pod e d eixar um defeito na
na obtenção d a fl exão do joelho mais rapidam ente, o que pode dimi - face lateral d a tíbia, qu e requer enxe rto ósseo o u a colocação d e
nuir o período de intern ação. Não fo i provado que o movimento cunha ou bloqueio de aume n to de m etal (F ig. 7-58). Outro p roblem a
passivo contínuo afete a prevalência d e TVP, arco de movimento do comum após a OTA prév ia é o relevo medi al do canal intra.m edul ar
joelh o em lo ngo prazo ou os escores fun cionais d o joelho. d a tíbia, com relação ao cen tro d a bandeja tibial. O alinham ento
A extensão do joelho passiva é encorajad a, colocando-se o pé do extram edul ar ge ralm ente é in ce nti vad o nessa situ ação, e a m ediali -
paciente em um travesseiro, enqu anto ele está na cam a. Usa-se colocar zação d a bandeja tibial o u uma haste tibi al comp ensad a po dem ser
as pernas para fo ra do lado da cam a para promover a flexão. Os pacien - necessá rias pa ra acom od ar a deformi da de. A d eformid ad e rotacio-
tes são instruíd os em um p rogram a de exercícios domiciliares. Muitos n al ta mb ém p o d e ser en co ntrad a com a O TA prévia, p o is o
cirurgiões pedem que um fi sioterapeuta instrua seus pacientes pré-ope- frag m e nto prox im a l po d e se r g ira d o co m relaçã o à di á fi se tibi al.
ratori am ente, pois a dor pós-operatória e os analgésicos podem impedir A band eja tibi al deve ser inseri da cuid ad osam ente para evitar a
que o paciente entenda com pletamente a reabilitação necessária. Além rotação in tern a e os prob lem as patelares su bsequ entes.
dos exercícios de arco de movi mento, o protocolo de reabilitação pós- Ao longo da última décad a, as técn icas de osteoto m ia tibial
-operatória iJ1clui o fortalecim ento dos músculos da extremidade infe- proxim al co m cu nha d e abertu ra têm se to rn ado pop ul ares na co r-
rior, concentrando-se no qu ad ríceps; treinamento de m archa, com reção d e deformid ade e m varo no joelho a rtrítico. Supõe-se que as
suporte de peso adequado à reconstrução do joelho específica e a ms- osteoto mi as co m cunh a de abertu ra ca usem m ud anças an atômi cas
trução ao reali zar as atividades da vida d iária básicas. men o res à tíbia proxim al do q ue as técn icas com cunh a lateral de
A prese rvação d os liga m entos c ru zad os e a d issecção cirúrgica fec hame nto, fac ilita nd o a ATJ; no entanto, há muito poucas in fo r-
limitada ti pica m ente permi te m que os pac ien tes co m a rtroplasti a m ações atu almente sob re es ta técn ica, na literatura. Em um a série
patelofe mora l o u uni co ndil ar te nh a m in te rn ações m en ores e reabi- d e 76 os teo tomi as co m cu nh a de aber tura em valgo usando fixação
litação ma is veloz. extern a, n ove joelhos (1 2%) tinh am necessitado d e conversão para
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO Cllllll

O(riil;ljif.1119 Artroplastia com sacrifício de ligamento poste-


rior cruzado realizada para patelectomia e osteoartrose prévias.

lij(riil;Hf119 Frequentemente, após a osteotomia tibial alta,


o osso tibial lateral fica deficiente depois que a ressecção tibial é
feita .

ATJ em um acomp anh amento após 7 anos; apenas um joelho tinha


pateta baixa, e os autores não relataram quaisquer difi culd ades cau-
sadas pela anatomia tibi al proximal alterada. Mais rece ntemente, os
res ultado s de ATJs após a os teo tomi a tibi al com cunha de abertura
1
em 36 pacientes fora m comparados com um coorte de mais de 1. 300 1
pacientes de ATJ primária. Emb ora os autores tenham co nsiderado 1
1
a ATJ tecnicamente m ais fác il na maioria dos pacientes, os resulta- 1
1
dos clínicos fo ram in feriores naqueles co m os teotomia prévia, que 1
1
tinham escores menores nas escalas de ava liação, e m ais dor. - 4-

PATELECTOMIA PRÉVIA

Os primeiros estudos clínicos da ATJ após a patelec tomi a relataram


res ultados variados, a maiori a relatand o dor persistente e incap aci- 0[êJll;@flm9 O sistema biomecânico de quatro barras revela
dade fun cional devido à fraqu eza do qu adríceps. Estud os mais que o tendão patelar é aproximadamente paralelo ao LCP, e o
recentes agora são mais enco rajadores, embora o tip o de prótese tendão do quadríceps é aproximadamente paralelo ao LCA em
ideal para esta situação seja discutível. A comparação dos resultados 30 graus de flexão, quando a patela está encaixada no sulco
de ATJs após a patelectomi a em pacientes tratados com próteses troclear. A perda de patela resulta na alteração do braço do
com preservação e substitui ção de LCP, com um grupo-controle de momento do mecanismo extensor e na perda de força de contra-
pacientes de ATJs sem patel ec tomia prévia, mostrou que as escalas ção do quadríceps.
da Kn ee Society (KSS) fo ram maiores para os modelos de substitui-
ção de LCP, ao passo que os joelhos com preservação de LCP mos- frou xidão, co mplicações de feridas ou dor anterior no joelho persis-
traram instabilidade anteropos terior (Fig. 7-59). Pres umivelmente, tente têm sido relatadas em vários estudos. Os resultados parecem
o modelo biomecânico de quatro ba rras do tend ão do quadríceps, ser melhores qu ando há rese rva óssea patelar remanescente, para
tendão patelar e liga mentos cru zad os é rompido pela patelectomia, permitir o crescimento intern o ósseo no metal trabec ular.
e o LCP e a cápsula posteri or fi cam incapazes de m anter a estabili-
dade do plano sagital (Fig. 7-60). O ve tor res ultante da força exercida
no tubércul o tibi al pelo tend ão patelar se altera após a patelectomia, ARTROPATIA NEUROPÁTICA
e não somente há menos braço do momento transmitido ao meca-
nismo extensor, mas também um a m aior fo rça de posteriorização Embora a artropatia neuropáti ca seja geralmente considerada uma
na tíbia, resultantes da perda da patela (Fig. 7-60). Um implante contraindicação relativa à ATJ, res ultados razoáveis têm sido relata-
patelar à base de tântalo altam ente poroso tem sido usado em uma dos após a artroplastia devido à artropatia de Charcot. As chaves
tentativa de recri ar a patela e melhorar o braço do m omento do para melhorar os resultados incluem a técnica cirúrgica correta,
mecanism o extenso r; no entanto, taxas altas de fracasso devido a incluindo a atenção ao alinhamento dos membros, balanceamento
E!) PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

relatados de 30%. A ATJ em pacientes HIV-positivos, com ou sem


hemofilia, tem uma taxa alta de complicações. Em um acompanha-
mento após 10 anos de 15 pacientes HIV-positivos com ATJ ou artro-
plastia total do quadril, seis tinham morrido, seis tinham tido infecções
profundas, e 13 procedimentos cirúrgicos adicionais tinham sido
necessários. Os cirurgiões devem ter uma discussão franca com os
pacientes HIV-positivos, com relação às altas taxas de infecção e
outras complicações, antes que a ATJ seja considerada.
A ATJ em pacientes diabéticos é associada com um índice mais
alto de complicações de feridas, aumento de infecções, e revisões
mais frequentes, sem observação de diferenças significativas entre
os diabéticos dependentes e não dependentes de insulina.
Uma artrite inflamatória similar à artrite reumatoide se desen-
volve em aproximadamente 7% dos pacientes com psoríase. As
placas exfoliantes vistas nas sup erfícies extensoras abrigam agentes
bacterianos patogênicos que aumentam o risco de infecção pro-
funda após a ATJ. O controle ideal das lesões psoriáticas nos arre-
dores de incisões cutâneas propostas deve ser obtido antes da ATJ.

COMPLICAÇÕES
hlC\i@.ifll9 Artroplastia total do joelho realizada devido à TROMBOEMBOLISMO
artropatia hemofílica com autoenxerto estrutural tibial medial e
hastes press-fit. Uma das complicações mais significativas após a AT) é o desen-
volvimento de tromb ose ve nosa profunda (TVP), possivelmente
acarretando embolia pulmonar (EP) com risco de morte. Os
ligamentar, enxertos ósseos ou uso de cunhas para compensar fato res que têm sido correlacionados ao risco aumentado de TVP
defeitos ósseos, e o uso de componentes de re visão quando neces- incluem idade maior que 40 anos, uso de estrogênio, acidente
sário. No estudo de acompanhamento mais longo até hoje (12 anos), vascular cerebral, síndrome nefrótica, câncer, imobilidade prolon-
Bae et ai. relataram uma infecção e duas luxações em 11 artroplastias gada, tromboembolismo prévio, insuficiência cardíaca congestiva,
em nove pacientes com artropatia neuropática. Devido à propensão cateter venoso femoral permanente, doença inflamatória intesti-
de os joelhos de Charcot desenvolve rem luxação pró-operatória nal, obes idade, veias varicosas, tabagismo, hipertensão, diabetes
prematura e de progredirem à instabilidade sintomática, eles reco- melito e infarto do miocárdio. A prevalência geral de TVP após a
mendaram o uso de próteses com dobradiças giratórias e proteção ATJ sem qualquer forma de profilaxia mecânica ou farmacêutica
pós-operatória com uma tala ou imobilizador de joelho para evitar tem sido relatada como variando entre 40% e 84%. Os trombos
a luxação prematura. Embora a ATJ nessa popu lação de pacientes proximais, na veia poplítea e acima dela, ocorrem em 9% a 20%
seja tecnicamente exigente e tenha uma taxa alta de complicações, dos pacientes e acredita-se qu e ofereçam um risco maior de EP do
os pacientes com neuropatia de Charcot podem ter resultados que os trombos em veias da panturrilha, que foram relatados em
relativamente bons com a ATJ. 40% a 60% dos pacientes. Os trombos nas veias da panturrilha têm
a propensão de se propagar proximalmente, conforme documen-
tado em 6% a 23% dos pacientes. O risco de EP assintomática pode
OUTRAS CONDIÇÕES MÉDICAS ser de 10% a 20%, com a EP sintomática relati!da em 0,5% a 3%
dos pacientes, e taxa de mortalidade de 2%.
A artroplastia do joelho pode aliviar a dor em pacientes com O exame clínico não é confiável para detectar a TVP, pois a
artropatia hemofílica, mas a restauração do arco de movimento maioria dos coágulos ocorre sem sinais ou sintomas. A flebografia
está abaixo do ideal e o risco de complicações perioperatórias é é o método radiográfico clássico para detectar a TVP, e ainda é
considerável (Fig. 7-61) . As complicações pós-operatórias após a considerado o padrão-ouro, especialmente para fins de pesquisa. A
ATJ em pacientes hemofílicos incluem hemorragia, necrose cutânea flebografia carrega consigo o risco de reação anafilática aos meios
superficial, paralisia de nervos e infecção profunda. A diminuição de contraste, e um pequeno risco de induzir a TVP. A ultrassono-
abaixo de 80% do fator VIII está associada com uma probabilidade grafia com Doppler tem sido relatada como um método alternativo
maior de complicações, portanto o nível deste deve se r mantido de diagnóstico de TVP após a artroplastia total de articulações, com
em 100%. Em um relato de 60 ATJs primárias em pacientes com sensibilidades documentadas de 67% a 86%, usando flebografia
hemofilia, 95% tiveram resultados bon s ou excelentes em um como comparação. Em um estudo em vários centros, no entanto,
acompanhamento após 9 anos, e apenas uma infecção profunda apenas 52% de sensibilidade geral, com uma var iação entre 20% e
foi observada. O uso de técnicas mais recentes de infusão contínua 90%, foi encontrada, levantando a questão sobre se as taxas de detec-
de fato r de coagulação foi citado como a razão primária para o ção podem ser reproduzidas confiavelmente por todas as institui-
baixo índice de complicações. ções. A ultrassonografia com Doppler parece ser útil, especialmente
Muitos pacientes com artropatia hemofílica têm sido infecta- como teste de triagem, devido à sua morbidade mínima, baixo custo
dos com o vírus de imunodeficiência human a (HIV), contraído de e capacidade de se r repetida com o mínimo desconforto ao paciente.
transfusões de fatores de coagulação contaminadas. A complicação No enta nto, sua precisão depende da experiência do tecnólogo de
mais comum após a ATJ nesses pacientes é a infecção, com índices ultrassonografia.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

Muitos m étodos de profilaxia de TVP são disponíveis, inclu- O custo m enor da rivaroxabana é um a vantagem, da mesma forma
sive dispositivos m ecânicos como m eias de compressão ou massa - que o número menor d e T VP documentada , mas a frequência de
geadores pn eumáti cos intermitentes, e agentes farmacológicos co mo complicações d e feridas pode exigir maior investigação.
a warfarin a d e baixa dose, heparina de baixo peso molecula r, fon-
d aparinux (um polissacaríd eo inibidor do fator Xa) e aspirina. Botas
d e compressão m ecânica e massageadores pneumáticos intermiten - INFECÇÃO
tes são va ntajosos, pois não oferecem risco significativo ao paciente,
mas são limitados pela incerteza do uso correto p elo paciente e pelo A infecção é uma das complicações ma.is tem idas que afetam os
período curto de hospitali zação. A profilax ia somente com aspirina pacientes de ATJ, com frequ ências relatadas d e 2% a 3% em séries
não tem sido comprovadamente eficaz contra a TVP após a ATJ, maiores. De acordo com os dados atuais da Medicare, 1,5% dos
com taxas de TVP variando de 59% a 73%. pacientes desenvolve uma infecção periprotética nos primeiros 2 anos
A profilaxia com warfarina geralmente é iniciada na noite após a ATJ. Os fatores pré-operatórios associados com uma taxa maior
antes ou após a cirurgia, e é ajustada de acordo com o tempo d e de infecção após a ATJ incluem artrite reum atoide (especialmente em
protrombina. O uso de uma razão normalizada internacion al (INR, homen s soropositivos), ulceração cutânea, cirurgia prévia do joelho,
do inglês, international normalized ratio) permite a padroni zação d o uso d e próteses de joelho com dobradiças, obesidade, infecção simul-
efeito anticoagu lante, co nforme medido pelo tempo de protrom- tânea do trato urinário, uso de esteroides, insuficiê ncia renal, diabetes
bina. A m eta atu al d a terapia com warfarin a é manter a INR entre meli to, m á nutrição, malignidade e psoríase.
2,1 e 3,0. As vantage ns da wa rfarina incluem a administração ora l e Esforços para reduzir a contam in ação bacteriana, otimizar a
o baixo custo do medicamento. As principais d esvantagens da condição d a ferida e maximizar a resposta do hospedeiro devem ser
terapia com wa rfarin a são as interações medicam entosas, o monito- empregados para minimizar a septicemia pós- operatória. A preven-
ramento continuado, a demora no aparecimento dos efeitos e as ção contra a infecção n a ATJ começa na sa la de cirurg ia, com res-
compli cações hemorrágicas. peito rigo roso à técnica de assepsia. O número e as entradas e saídas
A heparina de baixo peso molecular e o fondaparinux têm se d e pessoal na sala de cirurgia devem ser minimizado s o máximo
mostrado efe ti vos na profilaxia da TVP após a ATJ. Os ben efí cios poss íve l. O monitoramento da sala de cirurgia com a observação d e
desses m edi ca mento s inclu em um regime padrão d e dosagem e a tais políticas mostrou diminuir a in cidência d e infecção pós-opera-
ausência de monitoramento laboratorial de rotina. As d esva nta- tória na substituição total de articulações.
gens inclu em custo maior do medicamento, administração sub - O uso d e salas de cirurgia d e fluxo laminar vertical filtrado,
cutânea e maior in c id ência de sangramento. A h eparina d e ba ixo paramentação adequ ada e antibióticos d e profilaxia reduziu grande -
peso mol ec ular com anestesia epidural ou espina l deve ser usada m ente as taxas de infecção pós-operatória na artropl astia total de
com extrema ca utela , pois têm sido relatados hemato mas ep idu rais artic ul ações. Em uma série clínica, no entanto, o uso de fluxo
com co mplicações neurológicas desastrosas. O mom ento do m áxi mo laminar horizontal mostrou aumentar a taxa de infecção pós-opera-
r isco aparentemente ocorre no dia 3 após a operação, qu ando o tória na ATJ, provavelmente devido ao posicionam ento do pessoal
cateter per m a nente é re movido do paciente em trata m ento co m a na sala de cirurgia, entre a fonte do fluxo d e ar e a ferida aberta. A
hep ar ina de bai xo peso molecular para a profilax ia d e TV P. As lu z ultravioleta é preferid a por a lgun s centros, para criar um
diretri zes d o American Co ll ege of Chest Physicia ns, em 2008, reco- a mbi ente de ar ultralirnpo, com co ntagens bacterianas iguais ou
m endavam q ue a heparina de baixo peso molec ul ar, o fondapa- melh ores do que aquelas dos sistemas de fluxo laminar padrão.
rinux ou um antagonista da vitamina K (p. ex., wa rfarin a) fos se m Como os organismos mais comun s causadores de infecção
usado s p ara a profilaxia da TVP em pacientes de ATJ, por um pós-operatória são o Staphylococcus aureus, o Staphylococcus epider-
mínimo de 10 di as. midis, e as espécies de Streptococcus, a esco lha usua l de antibiótico
Nossa prática atua l para a profilaxia da TVP inclui o uso d e de profilaxia são as cefalosporinas, como a cefazolina. Em pacientes
heparin a de baixo peso molecular ou warfarina, ou ambas, até que com alergia significativa à penicilina, a va ncomicina pode ser usada.
a INR alcance valores terapêuticos em combinação com os massa- O s organismos infectantes devem ser monitorados por hospitais
geadores pn eumáticos intermitentes. Nós receitamos alguma forma ind ividuais, com a escolha de antibióticos de profilaxia determinada
de profilaxia química por pelo menos 14 dias, em pacientes sem pela rotina de monitoramento.
TVP prév ia. A profilaxia é continuada por 6 semanas, em pacientes O diagnóstico de infecção após a,ATJ deve começar com um
com histórico de trombo embolismo prévio. es tudo cuidadoso do histórico e ' exame físico. A determinação do
O FDA recente mente aprovou um inibidor do fator Xa oral mom ento adequ ado de ação p.ira uma infecção pod e ter um efeito
(r ivaroxabana) para a profilaxia da TVP após a ATJ. Em um estudo profundo no resultado d e se u tratj11'Ílento>/e deve ser usada para
prospectivo d e vários centros (os testes RECORD), 3.1 48 pacientes gui ar as d ecisões do tratamento. A infecção deve ser considerada
foram random izados para receber enoxaparina (3 0 m g subcutan ea- em qu alqu er paciente co m uma ATJ co nsi stente m e nte dolorosa
m ente após a cirurgia) ou rivaroxabana (10 mg oralmente, um por o u um aparecimento de dor ag ud a na a rtrop lastia que anterior-
dia , começand o 6 a 8 horas após a cirurgia). A flebogr afia nos dias m ente tinha bom funcionamento e nenhuma dor. Um hi stórico
11 e 15 após a cirurgia encontrou um índice significativamente d e ed em a subjetivo, eritema ou drenage m prolongada de feridas
maior de TVP nos pacientes qu e tornaram enoxaprina; um aumento sugere septicemia da ATJ, ma s esses sinais não são prese ntes
não significativo no número de complicações em fer idas foi encon - uni fo rmem ente. Edema, sen sibilidade, dor durante o arco de movi-
trado n aqueles qu e tom aram rivaroxabana. Um estudo retro spec tivo m ento s e temperatura elevada no membro afetado podem acom-
de 1.048 pac ientes que se submeteram à ATJ ou à artroplastia tota l pa nhar uma infecção da ATJ.
do qu adril e receberam ou heparina d e baixo peso m olecular ou Embora a contagem de leucócitos e a taxa de sedimentação de
rivaroxabana teve resultados similares: urna volta à sa la de cirurgia eritrócitos possam ser elevadas na presença de infecção profunda, isso
devido a complicações de feridas foi necessária por aproximada- não ocorre constantemente. O nível da proteína C-reativa é um mar-
mente o dobro dos pacientes que tomaram rivaroxabana, compara- cador mais confiável de infecção, pois ela tipicamente volta ao normal
tivamente àqueles qu e tornaram heparina de baixo peso mol ec ular. de uma maneira confiável. O nível sérico de interleucina-6 tem sido
111111!9 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

Paciente com alta


probabilidade de infecção
periprotética do quadril ou
joelho avaliado para infecção

2 4
3 TANTO a contagem/ 5
ESR/CRP: diferencial
Articulação Infecção provável
ambos positivos? QUANTO A cultura de
aspirada
células estão positivas?

6 7
Contagem/diferencial
Repita a aspiração:
OU cultura de positiva? ..,__ _ _ __,Sim ----------1
células estão
positivas?

Não Não

Contagem de leucócitos/
diferencial de secção
congelada E/OU
fluido sinovial
intraoperatório: positiva?

Exame de
imagens Infecção
nuclear: provável
positivo?

12
Infecção
improvável

O@il;Mflm Algoritmo para pacientes com probabilidade mais alta de ter infecção periprotética. (Reproduzida, com modificações, de
"The diagnosis of periprosthetic joint infections of the hip and knee. Guideline and evidence report. Adopted by the American Academy of Ortho-
paedic Surgeons Board of Directors June 18, 201 O." Available on line at http://www.aaos.org/Resea rch/guidelines/PJlgu ide line.pdf. Repri nted with
pe rmission of the America n Academy of Orthopaedic Surgeons, Rosemont, IL.)

considerado um indi cador confiável de infecção qu e afeta a artro - adiamento da aspiração por 2 semanas em pacientes tom ando anti-
plastia do joelho ou do quadril, com sensibilidade de 100% e espe- bióticos sistêmicos. A contagem de células do fluido obtida na aspi-
cificidade de 95%. ração pode ser útil, com uma contage m de leucócitos de mais do
Alterações radiográficas da reabsorção óssea na interface osso- que 2.500 células/mm 3 e 60% de células polimorfo nucleares indi-
-cimento, form ação de cistos e fo rmação ocasion al de osso perios- cando uma provável infecção. Em 2011 , a American Academy of
teal n ovo podem estar presentes, mas geralmente são vistas apenas Orthopaedi c Surgeons publicou um guia de práti cas clínicas sobre
em infecções avançadas. Exames de m edi cina nuclear p odem se r o diagnósti co de infecções de articulações perip ro téticas do joelho
úteis n a avaliação da ATJ dolorosa. Comparar os resultados peripro- e do quadril, que proporcion a recomendações sobre a testagem de
téticos diferen ciais em um exame co m tecn écio com o resultado de estudos e procedimentos qu e são apoiados por altos níveis de evi-
um exam e de leucócitos m arcados com índio é uma técnica para dências ou consenso de peritos. As estratégias de testagem são deter-
di ferenciar a infecção da soltu ra asséptica, com sen sibilidades rela- min adas com base no fato de o paciente ter uma pro babilidade alta
tadas de 64% a 77% e esp ecificidades variando de 78% a 86%. ou baixa de infecção perip rotéti ca (Figs. 7-62 e 7-63). Devido à falta
Embora esses testes não p ossam ser defendid os para uso de rotina, de uma definição pad ro n izada de infecção da articul ação perip roté-
eles p odem ser indicados quan do os resultados de exa mes clínicos, tica, um grupo de trabalho reunido pela Musculoskeletal Infec tion
radiografias e informações de laboratóri o são equivoca dos no diag- Society dese nvolveu uma lista de critéri os de diagnóstico.
nóstico de infecção. Q uando se estabelece o d iagnóstico de infecção, as op ções de
A aspiração continua sendo o padrão para diagnosticar a infec- tratamento incluem a supressão com antibi óti cos, desbridamento
ção de ATJ, embora a sensibilidade relatada varie de 45% a 100%. A co m p reservação da prótese, artroplastia de ressecção, artrodese do
sensibilidade pode ser melhorada pela aspiração repetida e pelo joelho, revisão em um a ou duas etapas e amputação. A escolha entre
CAPÍTULO 7 ARTROP LASTIA DO JOE LHO

Paciente com menor


probabilidadede infecção
conjunta periprotética do quadri l
ou joelho avaliado para infecção

2 4
TANTO a 5
ESR/CRP: contagem/diferencial
Articulação Infecção provável
ambos pos itivos? QUANTO A cultura de
aspirada
células estão positivas?

6 7
Contagem/
diferencial Repita a aspiração:
positiva? """"'-----1 Sim 1 - - - - - - - - - - t
OU cu ltura de
células estão
positivas?
Não
Não
9
Contagem de leucócitos/
8 diferencia l de secção
A cirurgia está planejada? congelada E/O U
fluido sinovia l
intraoperatório:
positiva?

10
Observe e
reavalie em
3 meses
11

O!§ih!·'fl!• Algoritmo para pacientes com probabil idade ba ixa de ter infecção da articu lação periprotética . (Reproduzida, com
mod ificações, de The diagnosis of periprosthetic joint infections of the hip and knee. Guideline and evidence report. Adopted by the American
Academy of Orthopaedic Surgeons Board of Directors June 18, 201 O. Availab le on line at http://wwwaaos.org/Research/guidelines/PJlgu id eline.pdf.
Reprinted with permission of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, Rosemont, IL.)

as várias opções depende da condição m édica geral do paciente, do pós-operatoriamente, aparecimento agudo dos sintomas) com
organismo infectante, do período e extensão da infecção, do estoque uma prótese bem fixada. O desbridamento e a preservação da
ósseo, da condição do envelope de partes moles e da integridade do prótese no ambiente de infecção crônica prolongada (>4 semanas
mecanismo extensor. pós-operatoriamente, início insidioso dos sintomas) têm falhado
A supressão com antibióticos é indicada raramente; ela geral- universalm ente e não devem ser tentados. A infecção com S. aureus
mente é indicada apenas quando a remoção da prótese não é viável é outra contraindicação re lativa ao des bridamento e à preservação
(geralmente devido a comorbidades médicas) e o microrganismo de componentes .
infectante é de baixa viru lência e suscetível a um antibiótico oral Vários fatores tê m sido recom endados, os quais poderiam
de baixa toxicidade. A supressão com antibióticos não deve ser levar a índices maiores de sucesso para o desbridamento:
considerada e m pacientes com artroplastias mú ltip las de articula- 1. Consulta a especialistas em doenças infecciosas e monitora -
ções, que correm o ri sco de espalhar a infecção de man ei ra hema- mento de antibióticos.
tóge na caso a supressão com antibióticos falhe. A supressão deve 2. Diagnóstico e tratamento das fontes hematógenas de infecção.
se este nder pela vida inteira e deve ser limitada a pacientes para 3. Antibióticos mais novos.
os quais não existem outras opções de tratamento de mais sucesso. 4. Duração de 6 se manas de antibióticos intravenosos pós-ope-
Os riscos da sup ressão com antibióticos incluem o desenvolvi- ratórios.
mento de cepas resistentes de bactérias, frouxidão progressiva, 5. Repetir as culturas dentro de 2 semanas a partir do desbrida-
infecção ge nerali zada e possível septicemia. mento inicial e repet ir o desbridamento se essas culturas forem
O desb rid am e nto das artic ula ções co m a preservação da positivas.
prótese é limitado, d e maneira similar, a um peq u eno s ubgrupo 6. Troca do polietileno no momento do desbridam ento; troca de
de pacientes: pacientes co m início d e infecção pós-operatória avental, luvas e inst rum entos; fazer um curativo novo no
( <4 semanas) ou uma infecção hem atógena aguda (>4 semanas, momento do fechamento.
-- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

O@i@Sfl'i.fi• Artroplastia de ressecção do


joe lho .
H@ii;Mflm A artrodese do joe lho com fixação externa bipla-
nar pode ser indicada para a infecçã o persistente.

A artrop las ti a de ressecção co nsiste na remoção da prótese e


cimento infectad os, e no d esbridam ento do tecido sinovial (Fig.
7-64) . As sup erfícies dos ossos pode m ser temporariamente apostas
co m sutu ras fortes o u pinos. Para m aximi zar a estab ilidade, a pe rn a dos pinos, possível dano neurovascular com a inserção de pinos,
é mantida no gesso por 6 meses. A a rt rop lastia de ressecção é ideal es tabilid ade limi tad a e efe ito de aum ento d e tensão nos or ifícios
para o paciente com um ATJ infectada e art rite reumatoid e severa, após a remoção dos pin os. Faz-se, gera lm ente, urna in cisão na linha
com amb ul ação limitad a. Esse tratamento é preferível à artrodese média anterior. A prótese, todo o cimento, a sinovite hip ert rófica e
nesses pacientes, pois perm ite uma ce rta flexão do joelho, para o o tecido d e cicatriz são removidos o m áxi m o possível. Use um guia
paciente poder se sentar. Embora a infecção possa ser controlada na de alinh amento extramedular tota l de joelh o para fazer cortes nos
m aio ri a d os pac ientes, a fun ção é ruim devido à instabilidade e à ossos que max imi ze m a aposição. A qu antidad e de osso removido
dor res idu al d e leve a moderad a na posição ere ta. deve se r a mínim a necessária para permitir a aposição das sup er-
A a rtrod ese do joelh o como tra ta me nto d e uma ATJ infec- fícies ósseas esponjosas co m aproxim ad a me nte 10 graus de fl exão
tada pode proporc iona r um m embro es táve l e sem dor, de maneira do joelh o. O joelh o d eve es ta r na posição neutra a 5 graus do valgo.
gera l, co m ce rto encurtamento espe rado. As indicações para a A fi xação externa biplanar é feita co m pinos cruzados colocados
artrod ese do joelho após um a ATJ fr acassa d a incluem altas exigên- m ediolateralme nte no fêmur e latero medi a lm ente na tíbia, evitando
cias fun c io nai s, doença envo lve nd o um a única a rticulação, idade as estruturas neurovasculares. Pinos de fixação são colocados ante-
jovem, mecanismo exte nsor d efic iente, cobe rtura ruim de tecidos riormente na tíbi a e no fêm ur e são li gados à estrutura montad a.
m oles, paciente imunocomprom etid o e infecção com um micror- Carga parcial é in centivada, e o fixador é removido quando há con-
ga nismo alta me nte virulen to qu e necess ita de terapia antimicro- so lid ação clínica, geralmente após 3 m eses. O cilindro com cana is,
biana a lta m ente tóx ica . As co ntrai ndi cações relativas incluem a perna alongada ou a joelheira são usados com rolamento de peso
artrite d o joe lh o o u quadril ipso late ra l, artrite d o joelho contrala- para a tolerância até a consolidação radiográfica aparente.
teral ou amputação de m e mbro s e perda óssea seg mentar seve ra. Uma artrodese da linha média anterior com um pino intram e-
Várias técnicas de artrod ese têm sid o usa d as, inclusive a fixação du lar tem a vantagem de permitir carga parcial imediata com imobi-
extern a, co lo cação de pl acas e fixação intramedul ar. Independen - lização externa e um a taxa de co nsolid ação confiável. A maioria dos
temente do m étodo de fi xação, a co nve rsão d e artropla stias tipo autores reco menda uma técnica de du as etapas com o desbridam ento
resu1facing para artrod ese tem tido m a is sucesso d o que as tenta- completo e a remoção dos compo nentes, seguida po r tun período de
tivas de agregar próteses const ritas co m dobradiças. Uma metaná- intervenção de 4 a 6 semanas com antibió ti cos intravenosos. O pro-
lise da literatu ra m ostro u um a taxa d e fusão de 64% co m a fixação ced im en to inicial é realizado com o u se m o uso de partículas impreg-
exte rn a, compa rat ivamente a uma taxa de 95 % da fixação intrame- nadas com antibióticos. Preferimos fazer uma aspiração repetida da
dul a r. Os o rga nism os gram-pos it ivos sugeriam um prognóstico articulação do joelho após o fina l da ad ministração de 4 a 6 semanas
favo ráve l, com um a taxa de uni ão de 100% comparativamente a de antibióticos intravenosos ad eq uados. Com uma cultura estéril, a
73 % para infecções mistas e gram-negat ivas. ar tro d ese intramedular pode ser rea li zada. O processo de escolha
As vantagens da fixação exte rna incluem rem oção m ínima d e d e próteses é realizado a partir d as incidências anteropos te ri or e
tecidos m oles, acesso adequado à fe rid a e comp ressão no local d a lateral d o me mb ro, co m marcadores para co mp ensar a magnifi ca-
artrod ese (Fig. 7-65) . As d esvantage ns inclu em in fecção dos orifícios ção para determinar o co mprimento e di âm etro adequados da haste.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO cm
da haste seja posicion ado anteromed ialmente, criando
leve fl exão e alinhamento valgo (Fig . 7-66).
•Faça as correções f inais nas superf ícies fe moral distal e
t ibial proximal, ant es de guiar a hast e e impact ar o loca l
da artrodese.
• A compressão no loca l da con sol idaçã o pode ser f eit a
co m um distratar f emoral no modo de compressão antes
do bloqueio distal.
• Não arranhe a superfície da haste com quaisquer instru-
mentos elétricos.
• Bloq ueie a haste proxima l e distalm ente, e aplique enxerto
ósseo em áreas de aposição aba ixo do ideal.
• O fechamento do tecido pode ser dif ícil por ca usa do
excesso de tecidos moles do joelho, o que ca usa uma
redundância desnecessária do tecido mole. Tome o cuidado
de conseg ui r um fechamento vedado do joelho, o que
pode exigir a excisão de um pouco de tecido excedente.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Pós-operatoriamente, a


ca rga parcia l é permitida imediatamente, passando para
carga tota l com a progressão ra diográfica da união óssea.

h@ii;J4fll.r9 Art rodese do joe lh o com fixaçã o com hast es


intra med ul ares após artroplastia tota l d o joe lho ma lsucedida .
VEJA A TÉCNICA 7-13. A troca da prótese em um a ou duas etapas oferece maior
chance de recuperação fu ncional do joelho, após uma ATJ infecc io-
nada. A troca de prótese em uma etapa é realizada essencialmente
O comprimento deve levar em conta o encurtamento esperado através como um a art roplastia de revisão co m ênfase no desbridam ento, e
da articulação do joelho e deve se estender da ponta do gra nde tro- resulta em um a ferid a o mais próximo possível do estéril. O índice
cânter até a metáfise distal da tíbia. O diâmetro da haste é li mitado de sucesso relata do pa ra a troca em uma etapa é de ap roximada-
pelo tamanho do canal intram edular da tíbia. mente 89%.
Ma is co mum ente, a troca d e art roplasti a é feita em d ois
es tádi os: re moção inicial d a prótese e des bridam ento, seg uid a de
ARTRO DESE COM HASTE um período de antibióti cos intravenosos e reimplantação posterior.
INTRAMEDULAR PARA UMA O protocolo mais co mum ente aceito requ er 6 semanas de antibióti-
ARTROPLASTIA TOTAL DE cos in travenosos, mantend o um a concentração bactericida mínima
JOELHO INFECTADA d e 1:8, seg uid a da reim plant ação de o utra prótese. As taxas d e
sucesso re latadas com esse protocolo variam de 89% a 100% e podem

--"'-----~
TÉCNICA depe nd er das espécies de bac térias.
Os es paçadores PMMA impregnados com antibióti cos são
• Posicione o paciente em decúbito dorsa l em uma mesa usados po r muitos cirurgiões para manter a tensão do tecido m ole
radio lúcida, com uma al mofa da sob a nádega af etada, do joelho du ra nte o in te rva lo entre o desbridamento e a reimplan-
para permitir o acesso à fossa do pirifo rm e. tação dos proced imentos em du as etapas (Fig. 7-67). Out ros bene-
•Reabra a incisão antiga do joelho e fa ça uma in cisão na fíc ios suge ridos dessa técni ca incluem altos níveis de liberação local
proximal ao grande t rocã nter para o fim de portal de de antibi óti cos, exposição melhorad a no momento da reimplantação
entrad a proximal. e a possibilidade de manter o suporte de peso durante o período de
• Remova o teci do cica tricial da articul ação do joe lh o, para interva lo. Algun s autores tê m expressado preocupações com res-
permitir a aposição das superfícies ósseas. peito a deixa r o corpo estranho dentro da fe rida, além da perda
• Frese a t íbia por via anteróg rada a parti r da art iculação potencial de osso a parti r do suporte de peso no bloco de espaça-
do joelho em 1 mm a mais do que o diâmetro da haste, mento. Algum as sugestões para melhorar a efi cácia de espaçadores
leva ndo em conta a diferença de ajuste entre o arco da de cimento contendo antibi óti cos têm incluído a mistura de 3,6 g de
hast e e o ca nal intramedul ar da tíbi a. tobra mi cina com 3 g de va ncomicina por embalagem de cimento
•Frese o fêmur por via anterógrada ou em 1 a 1, 5 mm a Palacos (Zimmer, Wa rsaw, IN) para melhorar as taxas de fraciona-
mais do que o diâmetro da hast e, levando em conta a mento de pa rtícul as, seg urar o joelho distraído em extensão total
diferença de ajuste entre o arco da hast e e a incl inação para per mitir a tensão máxima do tecido mole enquanto o espaçador
do fê mur. endurece, a cobertura máxi ma das superfícies ósseas tibial e fe moral
•Guie a hast e a partir da fossa do pi rifo rm e através do pelo espaçador para evitar a perda óssea, e a fa bricação de porções
joe lh o até o nível da metáf ise t ibial dista l. Pref erimos usar in tramed ul ares do espaçado r pa ra evitar o deslocam ento.
um pino bloqueado com uma secção tranversa cil índrica Os espaçadores arti cul ares com comp onentes protéticos tem -
com os orifícios de bloqueio rodados em 45 graus a pa rtir porários tê m sido defe ndidos na tro ca em duas etapas para melhorar
de sua posição padrão. Isto permite que o arqueamento o arco de movimento, mante r a condição fun cional do m embro
durante o tratam ento e minimizar a perd a óssea entre as etapas.
11111!9 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

hM'l;fdfl'lI9 Subluxação patelar lateral mostrada na in cidên-


cia a xial.

O@ii;!·'m . Os espaçadores de pol im etil metacrilato impreg-


nados com antibióticos são úteis para manter o espaço da articu-
lação e as rela ções ligamentares, bem como o movimento do joelho,

-~
durante o intervalo entre o desbridamento e a reimplantação.

Taxas de sucesso de 88% a 96% e arcos de fl exão d e 100 a 104 graus


têm sido rep o rtados.
Whitesid e et ai. desc reve ram d esbrida mento e revisão em um a
etapa com uma prótese n ão cim entad a e a in fusão in tra-arti cul ar d e mmJ~·~· flm9 Geralmente, a ressecção da faceta lateral deve
va nco micin a para as infecções po r Staphylococcus aureus res iste n tes ser mais superficia l do que a ressecção da faceta medial, devido
à m eti cilina (MRSA, d o inglês, methicillin- resistant Staphylococcus à ass im etr ia normal das facetas patelares.
aureus) . Após o d esbridamento e a implantação da pró tese, os
pacientes rece be ram duas doses d e 1 g d e van co mi c ina intrave nosa
por 24 horas, e então apenas a infusão intra-a rticula r d e va nco mi - superi or, se possível (F ig. 7-55). A from.id ão retin acular m edial pode
cina, man te ndo os níveis san guín eos entre 3 e 10 µg/ mL. Dezessete ocorrer com a ruptura pós-o peratória do reparo capsular medial, o
entre 18 infecções de M RSA documentad as fo ram tratadas co m que pode ser causado por um fechamento apertado demais ou por
sucess o usa nd o essa técnica, da mesm a forma qu e uma infecção um evento traumático no período recente após a operação. Alguns
recorrente. A técnica se base ia no uso de um a revisã o não cim en- auto res aconselharam o fe chamento da cam ada capsular-retinacular
tada, qu e pode se r tecnicam ente exige nte. com o joelh o em 90 graus de flexão para garantir o tensionamento
A última o pção para o tratamento da ATJ infectada é a ampu - m edi al correto. O joelh o d eve ser movido através de um arco de
tação acima d o joelho. A amputação é indi cada so mente para a movimento completo após o fechamento capsular medial, para avaliar
infecção com risco d e morte, ou a infecção loca l persistente com o posicionam ento patelar e a adequação do reparo.
grande perda óssea, que não se qualifica para a artrod ese ou para a Componentes patelares, femorais ou tibiais malposicionados
artroplastia d e ressecção. também podem levar à instabilidade patelofemoral. A ressecção da
face ta patelar lateral excess iva é possível devido à assimetria normal
das face tas patelares medi al e lateral. Geralmente, o nível de ressecção
COMPLICAÇÕES PATELOFEMORAIS da face ta lateral deve ser muito mais superfi cial do que a ressecção da
fa ceta medial, para evitar inclinar o compo nente patelar (Fig. 7-69).
A complicações patelofemorais incluem instabilid ad e patelofemo ra l, A colocação lateral do componente patelar na superfície de co rte da
fratura patela r, falha d e comp o nentes patelares, fro ux id ão d e co m - patela não consegue reproduzir a emin ência mediana normal da
ponentes patela res, síndrom e d o ressa lto patelar e ruptura d o m eca- patela, e pod e levar à subluxação lateral d a patela em extensão.
nismo extenso r. A m elhori a no dese nh o e na técn ica cirúrgica te m O m au posicionam ento do compo nente tibial em uma posição
diminuíd o em frequ ência; co ntud o, elas perm anecem se nd o p roble- rod ad a intern amente aum enta o ân gulo Q ao mover o tubé rculo
mas difíceis qu e são evitad os d a melhor m aneira co m atenção cui - tib ia l late ra lm e nte (F ig. 7- l 9) . O ân gul o Q aum entado leva à sublu-
dadosa aos detalhes. xaçã o late ral. O compo ne nte tibi al deve se r centralizado na borda
A instabilidade patel ofemoral po de se r causad a po r muitos medi a l d o tub ércul o tibi al, evitando qua lq uer d esvio em rotação
fa tores, incluindo o desequilíbrio do m ecanismo extensor, no qual o ex te rn a, m esm o qu e leve. De manei ra similar, a rotação interna
retináculo lateral é justo dem ais, ou os tecidos moles m edi ais estão e a tra nslação m edi a l d o co mp on ente fe m oral movem a tró clea
demasiado frouxos (Fig. 7-68). Se o retináculo lateral estiver apertado, mai s m edi aimente, co m respeito ao meca ni smo extensor, levando à
a liberação lateral é indicad a, poupando a artéri a geni cul ar latera l sublux ação lateral.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

relativamente infrequente comparada com o número de liberações


laterais realizadas.
Os resultados do tratamento operatório das fraturas patelares
após a ATJ variam significativamente dos resultados do tratamento
de fraturas patelares em joelhos normais. A não uni ão e o falha de
material de síntese são frequentes após a fixação interna, levando
alguns autores a recomendarem o tratamento não operatório das
fraturas deslocadas e não deslocadas sem perda de extensão e sem
afrouxamento do componente patelar a partir de uma fratura
patelar grande.
As fraturas patelares periprotéticas têm sido classificadas de
acordo com a integridade do mecanismo extensor e a estabilidade
do implante. As fraturas associadas com um mecanismo extensor
intacto e um implante estável (tipo I) devem ser tratadas não ope-
ratoriamente com um imobilizador de joelho ou um gesso cilíndrico
por 6 semanas. As fraturas deslocadas com a descontinuidade do
mecanismo extensor (tipo II) devem ser tratadas operatoriamente.
As fraturas transversas do terço médio são tratadas com fio em
banda de tensão e reparo retinacular. Os componentes patelares
frouxos (tipo III) devem ser excisados e não substituídos, pois isso
pode prejudicar a cura da fratura. Os componentes patelares estáveis
O@ii;MiE!JI A, A patela está intacta na radiografia lateral pós- que prejudicam a fixação da fratura também devem ser removidos.
-operatória. B, Seis semanas depois, a fratura patelar com o deslo- As fraturas do polo proximal ou distal devem ser tratadas com
camento é claramente visível. patelectomia parcial e reparo com sutura. A reabilitação pós-opera-
tória e o arco de movimento são baseados na estabilidade da fixação
conseguida no momento da cirurgia. A patelectomia e o reparo do
mecanismo extensor são indicados quando a cominuição extrema
A avaliação intraoperatória do alinhamento rotacional do ou estoque ósseo ruim evitam a fixação óssea estável. Os pacientes
componente femoral é baseada nos pontos de referência anatôm icos. devem ser advertidos quando a intervenção operatória é recomen -
Os côndilos femorais posteriores, o eixo epicondilar e o eixo ante- dada, pois as taxas de complicação são altas.
roposterior são úteis para a avaliação rotacional na artroplastia de A fa lha de componentes patelares com base de metal tem sido
joelho primária. Na artrop lastia de revisão, a posição do compo- atribuída a vários mecanismos, incluindo a fratura de fad iga da placa
nente prévio e o eixo epicondilar são geralmente os únicos pontos de base de metal a partir das aletas de fixação, a delaminação do
de referência disponíveis para essa avaliação. polietileno a partir da placa de base, a falha da interface de cresci-
O tratamento cirúrgico da subluxação patelar deve ser dirigido mento interno ósseo e o desgaste em áreas de polietileno fino,
à sua causa. Os componentes devem ser inspecionados quanto ao expondo a placa de base de metal subjacente e levando ao desgaste
mau posicionamento, conforme descrito nos parágrafos anteriores, do metal contra metal entre a placa de base e o componente femoral
e revisados, se necessário. Se os componentes estiverem posicio- (Fig. 7-71). Os pacientes com implantes patelares de base de metal
nados corretamente, os esforços cirúrgicos para melhorar o posi- necessitam de acompanhamento meticuloso com observação de
cionamento patelar devem prosseguir de uma forma escalonada. sinais de fa lha. Radiograficamente, as incidências em axial de patela
A liberação retinacular lateral deve ser realizada primeiramente, e lateral do joelho mostram o desgaste do polietileno, a fa lha da
embora isto raramente seja suficiente como procedimento isolado. interface e a subluxação patelar. Clinicamente, o aparecimento de
Se a subluxação patelar persistir, um procedimento de realinha- efusão do joelho, estalos patelofemorais, ou atrito e crepitação
mento proximal deve ser feito. Os procedimentos de realinhamento sugere falha do componente. A revisão rápida do componente com
distais, tais como a osteotomia do tubérculo tibial, devem ser reali- fa lha é recomendada para evitar a metalose extensiva do joelho.
zados com extremo cuidado, pois pode haver perda funcional grave Geralmente, a revisão consiste na troca da inserção de polietileno
se a não união do tubérculo tibial transferido ocorrer. tibial, sinovectomia e revisão ou remoção do componente patelar.
A fratura patelar após a ATJ é incomum, ocorrendo em menos Ocasionalmente, o desgaste do metal contra metal danifica o compo-
do que 1% dos pacientes (Fig. 7-70) . A fratura patelar tem sido nente femoral até o ponto em que a revisão do componente femoral
correlacionada com múltiplos fatores, incluindo ressecção patelar também é necessária. As técnicas para remoção de componentes pate-
excessiva, comprometimento vascular secundário à liberação patelar, lares com base de metal bem fixados têm sido descritas com o uso de
mau posicionamento patelar secundário ao mau posicionamento do serras com ponta de diamante e raspadores de velocidade rápida para
componente, elevação excessiva da linha da articulação, flexão do separar as cavilhas de fixação da placa de base. Berry e Rand, em uma
joelho de mais do que 115 graus, trauma, necrose térmica a partir série de 42 revisões patelares isoladas, encontraram uma taxa de com-
da polimerização do PMMA e ATJ de revisão. A relação entre a plicação significativa (33%), incluindo cinco fraturas patelares tardias
fratura patelar e a liberação lateral tem sido cuidadosamente estu- e três eventos de instabilidade patelar.
dada. Em uma série de 1146 ATJs, uma associação estatisticamente A frouxidão do componente patelar ocorre em 0,6% a 2,4% das
significativa foi encontrada entre a liberação lateral e a fratura artroplastias. Os fatores de predisposição incluem reserva óssea defi-
patelar. A espessura patelar e o sacrifício da artéria genicular ciente, mau posicionamento e subluxação dos componentes, fraturas
lateral não foram associados com a fratura. Em algumas fraturas patelares, osteonecrose da patela e frouxidão de outros componentes do
patelares após a liberação latera l, têm sido aparentes as evidências joelho. Alguns pacientes toleram a frouxidão radiográfica com apenas
patológicas de osteonecrose; no entanto, a fratura patelar permanece dor leve do joelho anterior, ao passo que pacientes mais sintomáticos
- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

O[êii!@EIJlt Mecanismos frequentes da falha


do componente patelar. A, Falha das aletas de
fixação de metal (cavilhas) com fixa ção de cresci-
mento interno ósseo da placa de base inadequada.
B, Delaminação do polietileno a partir da plataforma
de metal. C, Desgaste do polietileno em áreas onde
Falha das cavilhas Delaminação Desgaste os fatores relacionados ao desenho fizeram o polie-
A B e tileno fino se apoiar sobre a placa de base de metal.

artroscópico, ou no caso de componentes patelares frouxos ou mau


posicionados que possam precisar de revisão. Insall recomendou
urn a sinovectomia limitada da superfície posterior do tendão do
quadríceps como uma medida profilática para essa condição ao
realizar uma artroplastia posterior estabilizada.
A ruptura do quadríceps ou do tendão patelar é uma compli-
cação infrequente, mas severa da ATJ, ocorrendo em 0,1 % a 0,55%
dos pacientes. A ruptura do quadríceps pode ser relacionada à libe-
ração lateral, em parte devido ao comprometimento vascular do
tendão e à possível extensão da liberação anteriormente, que enfra-
quece o tendão. O tratamento não operatório é recomendado para
lesões parciais. O reparo cirúrgico é defendido para as lesões com-
pletas, embora os resultados estejam abaixo do ideal, com diminui-
ção frequente do arco de movimento, fraqueza, perda de extensão e
nova ruptura.
A ruptura do tendão patelar é associada com a cirurgia prévia
do joelho, manipulação do joelho, e procedimentos de realinha-
mento distal do mecanismo extensor. Vários procedimentos têm
iê!riiht!im . Síndrome do ressalto patelar. A sinóvia logo sido descritos para tratar a ruptura do tendão patelar após a ATJ,
acima da patela pode formar o nódulo hipertrófico que impacta incluindo o reparo direto; aumento com tendões flexores ou substi-
no recorte da caixa do modelo da prótese total de joelho tutos ligamentares sintéticos; retalho do músculo gastrocnêmio e o
póstero-estabili zado. uso de enxerto alógeno do mecanismo extensor, consistindo no
tendão do quadríceps, da patela, do tendão patelar e do tubérculo
necessitam de revisão, remoção de componentes ou patelectomia, tibial (Fig. 7-73) . Nenhum desses procedimentos tem tido sucesso
dependendo da condição do osso patelar remanescente. rotineiramente.
A síndrome do ressalto patelar foi descrita por Hozack et al. A maior série de enxertos alógenos extensores relatados por
em associação com artroplastias de joelho póstero-estabilizadas. Nazarian e Booth mostrou resultados razoáveis em um grupo extre-
Um nódulo fibroso se forma na superfície posterior do tendão do mamente desafiador de pacientes, um terço dos quais tinha infec-
quadríceps, logo acima do polo superior da patela (Fig. 7-72). Esse ções prévias. Dos 36 pacientes analisados, oito tinham nova ruptura,
nódulo pode ficar aprisionado na fossa intercondilar da prótese com seis delas ocorrendo no nível do tendão do quadríceps, e dois
femoral e fazer o joelho estalar ou fazer barulho de metal em 30 a no tubérculo tibial. Todos os oito pacientes com procedimentos
45 graus de flexão do joelho, à medida que o joelho é estendido fracassados foram submetidos à reconstrução com repetidos enxer-
ativamente. Foram propostas duas causas para essa condição. A tos alógenos, com dois pacientes nesse grupo tendo tido rupturas
colocação proximal do botão patelar de modo que ele se projete recorrentes. Burnett et ai. destacaram a importância de tensionar o
sobre a superfície de corte da patela é uma causa possível, na enxerto alógeno com o joelho em extensão plena, para evitar a perda
medida em qu e o botão proeminente pode se chocar contra o de extensão e o fracasso clínico. Browne e Hanssen descreveram
tendão do quadríceps, com proliferação resultante de tecido uma técnica de recuperação usando um enxerto de polipropileno de
fibroso. O desenho do componente femora l é outra causa possível. monofilamento tricotado para o reparo do tendão patelar após a ATJ.
Os primeiros componentes posteriores estabilizados com um sulco A téc nica envolve a cimentação do enxerto na interface osso -
femora l alto e definido também poderiam se chocar contra o -implante tibial de fixação imediata e sutura do enxerto no tecido
tendão do quadríceps, pois eles permitem que o componente adjacente para a incorporação, com o enxerto servindo de armação
patelar caia dentro da fo ssa nos graus mais baixos de flexão. para o crescimento interno de tecidos. Dos 13 pacientes nos quais
O tratamento recomendado para essa condição é o desbrida- essa técnica foi usada, três ti ve ram fa lha do enxe rto é um teve recor-
mento artroscópico do nódulo. A artrotornia e a excisão do nódulo rência de infecção; os nove pacientes tratados com sucesso tiveram
são reservadas para os pacientes com recorrência após o tratamento menos do que 10 graus de perda de extensão e nenhuma perda de
CAP ÍTULO 7 ART RO PLASTIA DO JOELHO cm
- Ve ntre do músculo
se mitend inoso

Resqu ício
do te ndã o
pate la r - -+----+--+--+
e tecido
cicatricia l

H@ll;fflf&9 Fratura supracond ila r do fê mur proxima l à prótese


total do joelho.
mijil;hif.li9 Reconstrução do li game nto pat e la r com o uso
de t e nd ão se mite nd inoso .
do nervo fib ul ar é descoberta pós-operatori am en te, o cu rativo deve
ser li berado completa mente e o joelho deve se r fl exionado. Tais
fl exão, com parativamente aos va lores pré-operató ri os. As vantagens medidas co nse rvadoras, embora ap ropriadas, não são efetivas para
suge ri das dessa técnica são a ausência de ri sco de transmissão de res taurar a fun ção do nervo. O valor da exposição intraoperatória e
doenças a pa rtir do enxerto alógeno, e o custo meno r dos enxertos da possíve l desco mpressão do nervo fi bul ar é qu esti onável.
alóge nos, que tam bém podem ser di fíce is de se obter.
Se a rese rva óssea patelar permitir, o reparo primári o distal
parece garantido com a adição de um fi o de banda de tensão da FRATURAS PERIPROTÉTICAS
patela p roxim al até o tub érculo tibial ou refo rço co m tendões flexo-
res, ou ambos. Quando a patela é ausente ou insuficiente para o As fra tu ras supracondilares do fêmu r oco rrem infre quentemente
reparo dista l, a reconstrução com enxer to alógeno do mecanismo após a ATJ (0,3% a 2%) (F ig. 7-74) . Os fato res de risco relatados
extensor ou co m a aba do m úsculo gastrocnêmi o deve ser co nside- incluem infração cortical anterior no fem ur, os teoporose, artrite
rada em centros que têm experiência com essas técn icas. re umato ide, uso de esteroides, artroplast ia de revisão e di stúrbios
neurológicos. O fl ange fe moral anterio r das próteses do tip o condi -
lar cria es tresse aumentado na sua junção proximal com o osso
COMPLICAÇÕES NEUROVASCULARES supraco ndi lar relativamente fraco.
Em um estu do biomecâ nica e a revisão da literatura, Lesh et
O com prome ti mento arteri al após a ATJ é um a compli cação rara, ai. relata ram qu e 30,5% das fraturas sup racondilares periprotéticas
mas devastado ra, que ocorre em 0,03% a 0,2% dos pacientes, com do fêm ur eram associadas com infração cor tical anterior no fê mur.
25% res ul ta ndo em amputação. A condição circu latóri a do m emb ro Seu estudo biomecânica encontro u uma diminu ição na carga neces-
deve se r exa min ada cuidadosam en te em todos os pac ientes antes sária para a fa lha du rante a torção para fê mures de cadáveres com
d a operação. Es tudos vasculares não invas ivos são indicad os em in fração cortical anterior. Também as fratu ras curtas oblíquas ocor-
pacientes com suprimento vasc ul ar questionável, e co nsulta a espe- rera m com um a carga menor em espécimes com infração co rt ical
cialis tas em cirurgia vasc ular deve se r obtida, se esses estud os an terior no fê mur. Esses autores recomend aram que se evite mani -
fore m anor mais. Vá ri os autores têm reco mend ado realizar a ATJ pular o fê mur em qu e ocor reu infração corti cal anteri or por engano,
sem o uso de um torniquete em pacientes co m doe nça vasc ular e que se evite considerar o uso de um componente femoral com
signi ficat iva . haste, se o ri sco é descoberto intraoperato riamente. Em um estudo
A paralisia do nervo fibul ar é a única pa ralisia de nervos comu- posterior, no entanto, a relação entre a infração corti cal anterior
men te relatada após a ATJ, com uma prevalência relatada de menos fe mora l e a fratura periprotética fo i contestada. Em uma séri e de
do que l % a quase 2%. A incidência verdadeira pode ser m aior, pois 1.089 ATJs, 30% dos pacientes tinham um fêmur distal co m infração
as paralisias leves podem se recuperar espontaneamente e não ser cortical an terior. Apenas du as fraturas oco rreram nessa série conse-
relatadas. A paralisia do nervo fi bula r oco rre primariamente com a cutiva, ambas em fê mures sem infração co rtica l anterior.
correção de deformidades em valgo e fl exo fixas e co mbinadas, com o O tratamento da fratura femoral após a ATJ tem variado, com
é comum em pacientes com artrite reum ato ide. Os fa tores de risco os primeiros estudos se mpre recomendando o manejo não operató-
suge ri dos para a paralisia fibul ar após a ATJ incl uem anestesia epi- rio. Est udos mais recentes têm favorec ido o tratam ento operatório
du ra l pós-operatória, lam inectom ia prévia, pe ríodo de torniquetes at ravés de um a variedade de técnicas: redução aberta e fixação
de mais de 90 minutos e deformid ade em valgo. Quando uma paralisia intern a usand o placas de lâminas, placas de parafu sos co nd ilares e
Ili!!) PARTE Ili PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

H!ê\ii;Mflm A e B, Haste intramedular supracondi lar, usada para fixação da fratura mostrada na Figura 7-74. C e D, Fratura curada.

placas de suporte com enxe rto ósseo; hastes de Rush inseridas sob
intensificação de imagens co m di ssecção cirúrgica mínima; ou
fixa ção com um a haste intramedul ar supraco ndilar bloqueada
(F ig. 7-75) . Nossa expe ri ência pessoal com has tes intramed ul ares
de fraturas femorais periprotéticas tem sido boa. Em 12 pacientes
com 13 fratura s, 11 (85%) se cura ram primariamente dentro de
uma m édia de 16 se manas. Em pacientes co m osteoporose ou não
coo perativos, a imobili zação externa co m um imobilizador de
joelho com dobradi ças e carga limitada é recom endada no período
pós-operatório inicial.
Algun s desenhos e tamanh os de ATJ não permitem a passa-
ge m da haste supracondil ar através da região intercondilar, devido
à caixa in te rco ndil ar fec hada, um a dimensão intercondilar que é
muito est reita ou um implante com has te. Se a fixação intramedular
é escolhida nessas circun stâncias, a caixa intercondilar pode ser
aberta com um raspador de alta velocidade, se a técnica retrógrada
for desejada, ou a técnica anteróg rada pode ser usada nessas circuns-
tâncias. As in fo rm ações sobre qu ais tipos de próteses e tamanhos
podem se r tratados com esse di spositivo são disponibilizadas pelo
fabrica nte da haste supracondil ar.
Os rel atos do sistema de placas de es tab ili zação cirúrgica
min imam ente invas iva (LISS, do inglês, Less ln vasi ve Surgical Sta-
bilization ; Synth es, West Ches ter, PA) tam bém têm sido favoráveis.
Co m essa técn ica, a placa age co mo um fi xa do r exte rno (Fig. 7-76).
As vantage ns rel atadas incluem impl antação percut ânea, retirada
mínima de tecidos e fixação co m ângu lo fixo co m os parafu sos,
qu e são bloqueados na placa. Tê m sido reportados mobilização
precoce e rápido retorno do arco de movimen to co m o sistema de
placas LISS em paci entes com osso osteoporótico. h@ll;f4fJZ9 A e B, Fi xaçã o de placas LI SS da fratura f emora l
Rorab eck, Angl iss e Lewis classificaram as fraturas supracon- periprotética . (De Althausen PL, Lee MA, Finkemeier CG, et ai: Ope-
dilares do fêm ur periprotéticas com base no deslocamento da fratura rative stabilization of supracondylar femur fractures above total knee
e na estabilidade do implan te, e prop useram um algor itmo de trata- arthroplasty: a comparison of four treatment methods, J Arthroplasty
mento correspondente (F ig. 7-77) : 18:834, 2003 )
CAPÍTULO 7 ARTRO PLASTIA DO JOELHO CDll
Fratura Periprotética Supracondilar

Prótese estável Prótese instável

Não desviada
(Tipo 1)

Qualidade óssea Qualidade óssea Qualida de óss ea


Boa Ruim Boa Ruim Boa Ruim

Tratamento Redução aberta Tratamento Revisão Revisã o+ Revi são+ Revisão ou


conservador Fixação conservador + RA FI + RAFI + enxerto
intern a RA FI Enxerto Enxerto composto
Imobilização Haste IM Imobi lização ósseo ós seo ou ATJ
Placa/parafusos personalizada
Fi xação externa

O@lhtiiflJ9 Algor itmo de tratamento para fr aturas supracondi lares periprotéticas. IM, ha ste intramedular; RAFI, redução aberta
e f ixação interna; ATJ, artrop lastia tota l do joelho.

hastes, con form e necessá ri o. As fra turas não deslocadas e estáveis


com implantes bem fixados são tratadas não operatoriamente; as
fraturas deslocadas com implan tes bem fixados são tratadas com
fixação intern a.
O tratam ento de frat uras periprotéticas do joelh o requ er uma
variedade de técn icas, dependen do das ca rac terísti cas individuais
da fra tura. A fu nção definiti va da ATJ ap ós a con solidação d as
fraturas depe nde da restauração do alin ham ento, da fun ção pate-
lofem o ral adeq uada, da m anuten ção da fixação da p ró tese e d a
Anteroposterior Lateral m obilização precoce.

h!dl!ij"fl'9 Localizações anatômicas das fraturas tibia is asso-


ciadas com a artroplastia total do joelho.
REVISÃO DA ARTROPLASTIA
TOTAL DE JOELHO
Tipo I: fra tura não des locada, prótese estável A taxa de rev isão de ATJ primária perm anece relativam ente baixa.
Tipo II: fratura deslocada, prótese estável De acordo co m um a m etanáli se envolvendo 9. 879 pacientes, uma
Tipo III : pró tese instável com ou sem deslocam ento de fratura taxa de rev isão de 3,8% fo i o bserva da 4 anos após a ATJ tricompar-
Quando a fratura se es tend e até a superfície de fixação ou se o tim enta! pr imária. Em um estudo co m base na população, uma taxa
componente femoral estiver fro uxo, pode ser necessária a artroplas- de revisão estim ada similar entre 4,3% e 8% fo i observada em 7 anos
ti a de revisão com um a has te intramedular longa se estendendo da após as operações de 18.530 pacientes. Os dados da National Hospi-
diálise fem oral. Enxertos alógenos fe m o rais de apoio têm sido tal Discharge Survey e do Censo am eri cano de 1990 a 2002 mostra-
usados em co njun to co m essa técnica. Kassab et ai. relataram o uso ram uma taxa de revisão co nstante de 8,2% para a ATJ. Estima- se
de um composto pro téti co de enxe rto alóge no femoral distal para o que o número de procedimentos de ATJ de rev isão dobre em meno s
tratamento primário dessas frat uras, quando a osteopo ro se sever a do que 10 an os, faze nd o da rev isão de ATJ o procedim ento de subs-
leva à grand e co minuição e impede a fixação adequada com as téc- tit uição de arti cul ações qu e mais cresce.
ni cas-padrão de manejo de fraturas. Em nove de 10 pacientes, a
junção enxerto-superfíc ie se uniu , e os pacientes conseguiram um
suporte de peso pl eno. Apesa r das três complicações que exigiram SOLTURA AS SÉPTICA DA ARTROPLASTIA
reoperação, os autores co ncluí ram que es ta era um a técnica útil para TOTAL PRIMÁRIA DO JOELHO
o tratam ento de fraturas em pacientes com reserva óssea extrem a-
men te co mpro m etida. O fracasso asséptico da ATJ pode ser causado por diversos fatores,
As fraturas tibiais abaixo das AT)s são inco mun s. Felix, Stu art incluindo fro uxid ão dos compo nentes, desgaste do polietileno com
e H anssen classificaram essas fraturas co m base em sua localização, osteólise, frouxid ão ligarn entar, fratura periprotética, artrofibrose e
estabilidade dos implantes e períodos de temp o (intraoperatórios vs. co mplicações patelofemorais. Até hoje, a soltu ra do componente tibial
pós-op eratórios) (Fig. 7-78) . As fra turas associadas co m implantes tem sid o m ais co mum do qu e a so ltura do co mp o nente femoral.
frouxos são tratadas com revisão, enxe rto ósseo e implantes com Tem sido assoc iada co m o m au alinham ento do m embro, frouxidão
PARTE Ili PROCEDIME NTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

H!iji!;fljflm Componente femoral não cimentado so lto, com


afundamen t o em extensão relacionado ao fêmur distal.

h[dl!@fla Radio lucê nci a na interface osso-cimento do com-


ponente tibial, com deformid ade e afundamento do componente.

ligamentar, du ração da im plantação, pacientes co m atividades alta-


mente exigentes, desgas te do polietil eno e constrição excessiva do
comp onente.
A soltura assép tica de qualquer um desses componentes pode
ser aparente na radi og rafia, na for ma de urn a linha radiolúcida de 2
mm ou m ais em volta da prótese na interface osso-cimento, na
artroplastia cimentada (Fig. 7-79) . As radiolucências incompletas de
menos do qu e 2 mm são comuns, e não têm m ostrado ter co rrelação
com os resultados clínicos ruins na ATJ cimentada. As linhas radio-
lúcidas em torno de impl an tes cimentados indicam as áreas onde o
crescimento intern o ósseo não oco rreu. Se essas linhas fo rem exten-
sas, progressivas ou associadas com sintomas, a frouxidão asséptica
deve ser considerada também. Uma linha radiolucente sob um com -
ponente tibi al com base de metal pode não se mos trar presente em
iê@il;f411J9 A in stab ilidade a partir do desgaste do polieti-
leno ou perda de estab ilizadores li gamenta res pode ser um a indi-
4 graus de flexão do joelho. Para a ava liação da radiolucência pro-
cação para a rev isão de artrop last ia do joe lho.
gressiva, as incidências deve m ser comparadas evolutivamente. O
exame fluoro scópico pode se r útil em pacientes com dor sem expli-
cação após a ATJ e radi og rafi as norm ais. Tais es tudos permitem o de um procedim ento isolado, co ntanto qu e os componentes restan-
posicionamento cuidadoso do feixe de raios X paralelam ente às tes estejam bem fixad os e alinhados.
superfícies do implante, de m odo que as radi olucências sutis podem A instabilidade é urn a causa crescentemente frequente do fra-
ser detec tadas e co rrelac ionadas com a avaliação clínica desses casso da ATJ que necessita de revisão (Fig. 7-81). As principais
pacientes. A frouxidão dos componentes ta mbém pode ser m anifes - causas de instabilidade são desequilíbri o e frouxidão ligamentares,
tada pela migração dos co mponentes, conforme most rado nas m au alinhamento e fro uxidão liga menta r tardia, mecanismo exten-
radiografias sequenciais (Fig. 7-80). sor deficiente, dese nh o pro téti co inadequado e erro cirúrgico. Além
O desgaste do poli etileno pode causa r fa lha de uma ATJ ao do exame físico, radi ografi as de estresse podem ser usadas para
co ntribuir com a frouxidão e a osteólise, ou mais ra ramente através documentar as instabilidades menos severas.
da fa lha catastrófica devido a uma fratura do polietileno. Os fatores A seleção dos implantes é baseada na instabilidade ligamentar
responsáveis pelo desgaste do polietileno fo ram discutidos na seção qu e requer co rreção, usa nd o o níve l m ais baixo de constri ção
anterior so bre os problemas do polietil eno. Raramente, inserções de possível para trata r o pro bl ema de m aneira adequada. MacAuley,
polietil eno m odul ar desgastadas podem ser substituíd as na forma Engh e Ammeen fi zeram recomend ações para tratar ATJs instáveis,
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO

ht§il;fdflm Scott e Siliski modificaram a quadricepsplastia em V-Y.

dividindo-as em (1) instabilidade anteroposterio r o u d e espaço de observad a direta mente. Se as fibras m ediais d a inserção co m eçarem
flexão, (2) instabilidad e em varo e valgo o u d e es paço de exte nsão, a se d escolar a pa rtir do tubé rculo tibial, a tensão deverá ser lib erad a
e (3) instabilidad e multiplanar ou glob al. A instabilidad e anteropos- e uma expos ição ma is exten siva e relaxante do quadríceps deverá
teri or é tratada com um a conversão para um implan te póstero-esta- ser considerad a.
bili zado. A substi tuição da inserção d e retenção do cruzado é O procedim ento de turndow n d o quadríceps con siste em um a
reco mendad a ape nas com um LCP intacto e espaço de fl exão balan - incisão p arapatelar m edi a l padrão co m um braço adi cional se esten -
ceado com um componente d e poli etileno ma is espesso. Para a dendo n a fo rma de um V invertido através do tendão d o quadríceps
instabilidade em varo e valgo, que pode ser corrigid a co m o balan- ao longo d o retin ác ul o patelar lateral (Fig. 7-82) . A artéri a genic ular
ceam ento de tec ido mole, um desenho condilar co nstrito po de ser superior, qu e corre na bord a in fe ri o r d o vasto lateral, é identifica da
usado. Se os tecidos mo les nativos são inadeq uados o u não podem e preservada se possível. O afinam ento excessivo d o coxim d e
ser recon stru íd os, um implante em dobradi ça é necessário. A insta- gordura peripatelar cicatri za do deve ser evitado para p reve ni r a
bilidad e global também requer implantes em d obradiça se os tecidos desvasculari zação adi cional d a patela. Durante o fech am en to d o
m oles hosped eiros não puderem ser balanceados o u reconstruíd os turndo wn d o qu adríceps, o V inve rtido p od e ser conve rtido em um
ad equad am ente. Os sistem as d e implantes com níveis variáveis de Yao permitir que a patela e o tendão do quadríceps sejam ava nçad os
constrição são extremam ente úteis na configuração d a revisão, m as distalmente. Isto é útil para o bter fl exão em joelhos com contratu ras
deve m ser combinados com cuidado e aten ção ao alinham ento d o de quadríceps advind as da fa lta de fl exão duradoura. O fecham ento
implante, balancea m ento ligam entar em fl exão e ex tensão, restaura- d eve ser preso co m su tu ras não abso rv íveis para p ermitir o m ovi-
ção da linh a d a articulação e posicionam ento patelar. m ento passivo rapida mente den tro d e uma faixa de segurança d ete r-
minad a n o m om en to da cirurgia, para evitar a ten são excessiva no
reparo. Intraope rato ri a mente, um gui a útil é realizar o reparo de
EXPOSIÇÕES CIRÚRGICAS fo rma que a gravidade por si só pro duza 90 graus d e flexão do joelho.
Pós-operatoriam ente, a ambulação deve ser permitida ap enas em
A expos ição cirúrgica na ATJ de revisão d eve usar a in cisão ATJ um im obili zado r d e joelh o co m dobradiças, travado n a extensão,
prévia se possível. As in cisões longitudinais paralelas d o joelho ante- por 2 a 3 m eses. O sup orte é d estravado para permitir fl exão ativa
rior põem a pele da intervençã o em ri sco d e necrose. Q uan do d uas d entro da fa ixa "segura'; e a exten são passiva com exercícios de
incisões prévias já existem , a mais latera l d as du as d eve ser selecio- reabilitação d o qu ad ríceps é iniciad a 3 m eses após a op eração. Em
nad a se poss ível, devido ao suprimento sanguíneo m ais favo rável do 6 seman as, a extensão ati va do joelho contra a grav idade p or si só é
lad o m edial do joelh o. permitid a, juntam en te com a progressão d a flexão ativa e passiva.
Um a artro to mia parapatelar m edial padrão pod e se r usad a na Um turndo wn d o qu adrí ceps em V-Y resulta em um a perd a de
m aioria das rev isões; no entanto, a cápsula fi brosad a p recisa ser extensão pós- operató ri a qu e tende a se resolver ao lon go d e vários
afin ad a, espec ialmente n a revisão d ev ido à in fecção. A cica trização meses. Estudos têm m ostrado que a força do quadríceps em longo
d o coxim go rdu roso peripatelar e d o retin áculo adj acente po de difi - p razo pode voltar aos níve is próxim os do normal. Mudanças radio-
cultar a eve rsão patelar. A recriação das gote iras medial e latera l, a gráficas consistentes co m a osteo necrose da p atela foram d ocumen -
liberação subp eriosteal d os tecidos m oles m edi ais a pa rti r d a tíbia tadas em o ito de 29 expos ições de revisões totais de joelho usando
proximal, a ro tação externa d a tíbia e a lib eração retin acular lateral o turndown d o quadríceps, embora os sintom as cl íni cos estivessem
são ge ralmen te necessárias para permitir a eversão se m colocar ausentes.
muita te nsão na inserção do tendão patelar. A avul são d o tendão Insall descreveu a pequ ena incisão d o reto como uma m o difi-
patelar a p artir d o tub érculo tibial pode comprom eter a fu nção do cação d o p roced im e nto d e tu rndown do quadrícep s (F ig. 7-83).
joelh o drasticam ente e d eve ser evitad a. Durante a eversão da patela A m edida proxim al de um a artrotom ia parapatelar m edial é este n-
e a fl exão d o joelh o, a inserção tibial d o tendão patelar deve se r dida lateralm ente através d o tend ão do quadríceps p ara faze r um a
PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELH O EM ADULTOS

incisão no tendão do reto e na inserção tendinosa subjacente dos Em uma comparação das artrotomias mediais padrão, da
músculos vastos. A ligação lateral do vasto lateral é deixada intacta, pequena incisão do reto, da quadricepsplastia em V-Y e da osteoto-
junto com os vasos geniculares laterai s superiores; uma liberação mia do tubérculo tibial na ATJ de revisão, os resultados com a
lateral pode ser adicionada distalmente. abordagem padrão e a pequena incisão do reto foram idênticos em
A osteotomia do tubérculo tibial foi originalmente descri ta para tgodos os parâmetro s clínicos. A quadricepsplastia em V-Y resultou
o relaxamento do quadríceps durante as ATJs primárias ou de revisão em uma perda de extensão maior, mas aumento a satisfação dos
(Fig. 7-84). Whiteside e Oh! recomen daram a elevação de um seg- pacientes, comparativamente à osteotomia do tubérculo tibial, que
mento de osso de 8 a 10 centímetros, que inclui o tubérculo tibial e resultou em mai s dificuldad e ao se ajoelhar e ao se inclinar para a
uma porção da crista anterior da tíbia, deixando a musculatura do frente. Os grupos de quadricepsplastia e osteotomia tiveram classi-
compartimento anterior ligada ao fragmento lateralm ente em razão ficações d e res ultado significativamente menores quando compara-
da vascularidade. O tubérculo pode ser avançado proximalmente das à artrotomia padrão e à pequena incisão do reto.
devido à patela baixa, ou se a linha da articulação é elevada significa-
tivamente (Fig. 7-85). Eles descreveram a fixação do tubérculo com
múltiplos fios; outros autores defenderam o uso de parafusos. Com a REMOÇÃO DE COMPONENTES
fixação presa, o arco de movimento passivo pode ser iniciado rapida-
mente, mas a extensão ativa deve ser prorrogada. A complicações, Após a exposição, a interface prótese-osso d eve ser examinada nos
incluindo a não união ou a migração do fragmento osteotomizado, a componentes femoral e tibial. Preferimos remover o componente
fratura da diálise tibial, a infecção das feridas, a necrose das feridas e femoral primeiro, pois isto permite uma liberação d e espaço maior
a proeminência dos dispositivos, têm sido relatadas co m essa técn ica. para o componente tibial, durante a sua extração. Mesmo com com-
ponentes que parecem estar indubitavelmente soltos nas radiografias,
a interface deve ser cuidadosamente rompida com uma variedade

O@ihfdflm Modificação da pequena incisão do reto por lnsa ll, 0t§ll;f4flm Avanço proximal da osteotomia do tubérculo
para o procedimento de turndown do quadríceps (veja o texto). tibial para o tratamento da patela baixa.

Extensão
proximal-\ lj!iji@,ifll9 A osteotomia do tubérculo tibial
pode rela xa r o mecanismo extensor e melhorar a
exposição, com o benefício de consolidação óssea
10 cm em vez de formação de cicatrizes, como acontece
com o procedimento de turndown em V-Y. Fazer
o corte com extensão proximal ajudará a evitar o
escape do tubérculo pós-operatoriamente.
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO cm
de osteótomos antes da extração do co mponente. É extrem amente polietil eno e permitind o o acesso à sua interface osso-cimento
fác il fra turar um cô ndilo fe moral no processo de remoção do co m - antes da extração (Fig. 7-87 A). Com comp onentes tibi ais co m base
po nente fe m oral. Quand o a art rop las ti a é cimentada, o os teótomo de metal, a interface não pode se r fac ilmente rompida em to rno
deve ser dirigido à interface prótese-cimento, em vez de à in te rface de um a has te ou quilh a cimentada. Geralmente, liber ta r a sup er-
cimento-osso. O cimento pode se r removido m ais fa cilmente da fíc ie in fe ri or da platafo rm a tibi al permite a extração do comp o-
sup erfície do osso após a extração do co mp onente, co m menor ri sco nente sem perda óssea signifi cativa. Se uma haste longa esti ver
de perda óssea adi cional. Um a lâmin a para osteó tomos flexível e fi na presente e tiver fixação cimentada excessiva ou uma sup erfí cie de
tamb ém é útil; a porção chata da lâmin a deve ser colocada contra o crescimento intern o ósseo poroso, no entanto, o acesso pode ser
implante, de modo que a chanfradura da lâmin a seja fo rçada contra ganh o por meio da rea li zação de um a os teotomi a longa do tub ér-
o implante, e não para dentro do osso. Osteótomos curvos são úte is cul o tibi al, co nfo rm e descrito ante riorm ente. A plataform a ti bial
para se alcança r as interfaces condil ares posteriores do co mponente tamb ém pode ser co rtada co m uma serra de ponta de di amante,
fe moral, além das interfaces intercondil ares. Uma serra de Gigli para ganh ar acesso a essa interface.
pode ser usada em algum as das interfaces, quand o a exposição é O co mp onente patelar d eve se r rem ovido se há evidênci as
adequada. Após todas as superfícies de fixação terem sido rompidas, d e desgas te do polietileno, fro uxidão ou os teólise asso ci ad a. Se o
inclusive as sup erfícies condilares posteriores, o componen te deve comp o nente patelar bem li gad o não m ostrar desgaste signifi ca-
se r removido com um dispositivo de extração que use um martelo tivo, o comp onente pode se r prese rvado, pois a remoção pode
ortopédico qu e exerça somente um a fo rça longitudinal no com po- comprom eter significa ti va mente a reser va óssea residual, leva nd o
nente (Fig. 7-86). A inclinação do comp onente devido a go lpes à fr atura ou à frouxidão de co mp onentes. A interface osso-cimento
periféri cos pode resultar em fra tura de um dos cô ndilos. Se a prótese de um co mp onente patelar inteiramente em polietil eno é faci l-
não for extraída fac ilmente, um osteóto mo deve ser usado nova- mente ro mpi da com um a serra oscilante (Fig. 7-87B). As cavilhas
mente para romper a superfície de fixação. d e fixação res tantes pod em se r rem ovidas com um a pequ ena
O co mpo nente tibi al é removido de m aneira similar. Co m os cureta ou raspador. Os co mp o nentes patel ares com base de metal
co mp onentes tibi ais inteiram ente em polietil eno, a interface pode são m ais di fíce is de se rem removidos, exigindo que pequ enos
ser rompid a com uma se rra oscilante, cortand o através da haste de os teóto mos se encaixe m entre as asas de fixação e poss ivelm ente
co rte das cavilhas de fixação de metal da placa de base co m um a
serra co m pon ta de dia mante.

PRINCÍPIOS DE RECONSTRUÇÃO

Os passos necessári os na ar tro plastia do joelho de revisão vari am


bastan te entre os pacientes; co ntudo, algun s princípios gerais deve m
se r seguidos:
1. A linha da arti cul ação deve ser reconstruída o m ais perto
possível de sua posição anatômica.
2. Os defeitos ósseos deve m ser tratados apropriadamente, co m
ênfase na prese rvação e reconstitu ição ósseas.
3. A estabilidade do joelho deve ser restaurada pela constrição pro-
tética apropriada e o balanceam ento cuidadoso de par tes moles.
H@l!;@flm O martelo ortopédico exerce uma for ça longitu- 4. O alinham ento correto dos membros deve ser garantido, geral-
dinal durante a extração do componente femoral, minimizando mente faze ndo-se uso dos canais medul ares do fêmur e da tíbia
a chance de fraturar o côndilo femoral. como pontos de refe rência.

ij@i@iflm Remoção de componentes tibiais


(A) e pate lares (B) inteiramente em polietileno (veja
A B o texto).
PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTO S

H@l!;f4fl:Il9 Sistemas de próteses total de joelho modulares


com cunhas e níveis de constrição disponíveis.

5. A fixação rígida é necessár ia para a sobrevida prolongada do


h@lh§iflm Componente tibial revisado com haste tibial
press-fit e offset medial.
implante.
6. A mecânica patelofemoral deve ser otimizada.
7. Os componentes d e revisão d evem ter uma variedade com- usar uma haste de di âmetro ou comprimento menor ou uma exten-
pl eta de cunhas de metal, extensões de hastes e constrições são de haste para offset é prefe rível (Fig. 7-89 ). O nível da linha da
(F ig. 7-88). articulação, determinado pe la quantidade d e ressecção tibial e pela
8. Os espaços de flexão e exte nsão devem se r preenchidos usan- espessura do polietilen o tibial, deve se r estabelecido aproximada-
do -se componentes, cunhas e hastes co m offset para propor- mente na largura d e um dedo prox imal à fíbula, e na largura de
cionar uma articulação estável ao lon go de uma faixa de um dedo distal ao polo infer ior da patela, se a patela baixa não
movimento. existir (Fig. 7-90). Raramente , um componente tibial personali-
Primeiramente, o envelope de tecido mole deve ser reconstruído zado ou um enxerto a lóge no tibial proximal podem ser necessá-
através do desbridamento do sinóvia hip ertrófica que pode conter rios, devido à perda óssea extensa (Fig. 7-91). Isto deve ser previsto
resíduos de partículas, e através do afinamento do tecido capsular no processo de medição de próteses em pacientes com perda óssea
cicatrizado. A bolsa suprapatelar, as goteiras medial e lateral e os significativa.
recessos femorais posteriores deve m se r reco nstituídos. Como o O fêmur é preparado observando-se os princípios da técnica
LCP gera lmente está fibrosado ou insuficiente, a maioria dos cirur- para espaços de flexão e exte nsão (Técnica 7-2). A diferença princi-
giões prefere as próteses de substituição de LCP para a artroplastia pal entre a artroplastia primá ria e a de revisão é a necessidade fre-
de revisão. Quando há óbvia incapacidade do ligamento colateral quente de cunhas nos cônd il os femorais distal ou posteriormente,
m edial o u das estruturas combinadas de apoio laterais, a decisão de ou em ambos, para balancear os espaços de fl exão e extensão sem a
usar um tipo mais constrito de prótese pode ser feita no começo do elevação significativa da linh a da articulação. Na ATJ de revisão,
procedimento de revisão. aumentar a altura do implante tibial ou com cunhas ou com a
A tíbia geralm ente é preparada primeiramente com uma res- espessura do polietil eno preencherá tanto o espaço de flexão
secção óssea adic ional mínima. Os d efeito s d e menos do que 5 mm quanto o espaço de flexão; as cun has femorais distais preenchem
podem se r preenchidos com cimento. Defeitos contidos maiores apenas o espaço de extensão, e aumentar o tamanho dos compo-
são pree nchido s com enxerto esponjoso, e os defeito s não contidos nentes fe morai s pree nch e o espaço d e flexão. Um espaço que é
são tratados com cunhas e blocos modulares ou enxertos ósseos trapezoidal em vez de ser retangul ar d eve ser corrigido com as
estruturais. O contato circunferencial deve ser mantido entre a técn icas de balanceamento d e partes moles, conforme di scutido na
plataforma tibi a l de teste com cunhas e o corte tibial. As extensões seção sobre ATJ primária, ou com a rotação do componente
de hastes modul ares devem ser usadas para proporcionar um a femoral no plano transverso, conforme apropriado. A frouxidão
estabilidade adicional através d e componente s à reserva óssea com o joelho em fl exão e exte nsão frequentemente é causada pela
metafisá ria comprometida, e para proteger da tensão os enxertos prótese de tamanho menor que o apropriado, colocada proximal-
ósseos e as interfaces de fixação oblíquas abaixo do aumento de mente no fêmur. É melhor usar um co mponente femoral maior na
metal. Deve-se tomar cuidado para que uma haste press-jit longa dimensão antero posterior com c unha distal e posterior, do que
não cause a angulação o u a descentrali zação do compon ente tibial; elevar a linha da articulação através do uso de um polietileno tibial
CAPÍTULO 7 ARTROPLASTIA DO JOELHO C&lll

J~
Linha da -~---------~-"'----"-­
articulação

H@l!;ijflm A, A radiografia latera l mostra a osteólise femoral


e patelar antes da revisão da artrop lasti a total do joelho. B, Após
a revisão com um escudo patelar de metal trabecular. (De Nelson
CL, Lonner JH, Lahiji A, et ai: Use of a trabecular meta l patel la for
li@i!;Mf11!9 A linha da articulação em uma artrop lastia total marked patella bone loss during revision total knee arthroplasty, J
do joelho de revisão pode ser medida da ponta da cabeça fibular Arthroplasty 18[7 Suppl 1]:37, 2003)
(média de 14 mm) ou do eixo epicondilar (média de 23 mm a partir
do epicôndilo latera l e de 28 mm a partir do epicôndilo medial).

Os defeitos ósseos no fêmur geralmente são controlados com


cunhas d e metal, embora o enxerto ósseo esponjoso seja útil nos
d efeitos ósseos em formato de trombeta, que é comum entre alguns
dos primeiros desenhos protéticos. Os pequenos defeitos e os
maiores, sob a superfí cie anterior do componente d e revisão, podem
ser preenchidos com cimento. Enxertos alógenos estruturais ou
componentes femorais personalizados podem ser usados para a
perda óssea exte nsa, e a necessidade para estes deve ser prevista. As
exten sões de hastes devem ser usadas quando a reserva óssea con-
dilar é tênue e com próteses condi lares constritas.
Existem múltiplas opções para a articulação patelofemoral,
inclusive a preservação, substituição ou excisão da prótese patelar
original. A prese rva ção deve se r fe ita quando o componente firme-
mente fixado mostra desgaste mínimo. A substituição é possível
quando a reserva óssea res idual permite a preparação de um leito
ósseo adequado com orifícios d e fixação e a possibilidade de intru-
são de cimento. A rese rva óssea in adequada pode ser tratada com a
excisão d e componentes, com remodelamento do osso patelar resi -
dual d e modo a permitir o posicionamento dentro da tróclea do
componente fe moral. Um implante patelar com bandeja de metal
trabecular e enxertos pod e ser usado para auxiliar na reconstrução
da patela (Figs. 7-92 e 7-93). O avanço do vasto medial pode melho-
rar o posicionamento do mecanismo extensor na ausênc ia de um
componente patelar.
A maioria das artroplastias de joelho de revisão são cimenta-
o@•@Hlm Revisão da artroplastia total do joelho com enxerto das nas interfaces entre a prótese e o osso, com extensões de hastes
alógeno proximal, hastes cimentadas e articulação condilar cons- usadas de maneira press-fit ou em uma técnica plenamente cimen-
trita devido à grande perda óssea ..
tada. Quando as hastes press-fit são usadas, aplicar cimento somente
nas sup erfí cies d e fixação da prótese facilita ao cirurgião manter o
mais grosso. O conh ec imento acerca da dimensão anteroposterior cimento fora da di áfise. Escalonar a cimentação dos componentes
do componente femoral prévio ou uma radiografia do joelho con- femoral e tibial de 5 a 7 minutos é útil quando a reserva óssea é
tralateral pode ser útil para determinar o tamanho apropriado do pobre ou pequena, ou qu ando pequenos defeitos são preenchidos
componente femoral. A rotação do componente femoral deve ser com cimento. A patela pode se r cimentada simultaneamente com o
determinada usando -se o eixo epicondilar (Fig. 7-35) . fêmur ou a tíbia. Quando se usa cimento para preench er um defeito
lllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELH O EM ADULTOS

0@1@111!9 A e B, Revisão pa-


telar com enxerto ósseo, resultando
em um estoque ósseo melhorado.

abaixo do flange anterior do componente femoral, ou com outros à instabilidade, ri gid ez ou efusões assépticas após a ATJ determi-
defeitos periféricos, é útil permitir que o cimento polimerize parcial- nou que aqueles qu e tive ram substitui ções antes de 3 anos após a
mente e o uso de um bisturi para retirar o excesso de cimento de sua ATJ primária apresentaram quase quatro vezes mais chance de
maneira precisa da borda da prótese. Urna cureta pode ser usada para necessitar de uma revisão do que aque les que tiveram a substitui-
extrair o cimento debaixo da borda da prótese. Nós concordamos com ção após 4 anos depois da ATJ primária.
o uso rotineiro de cimento impregnado com antibióticos na revisão
da ATJ, devido ao ri sco aumentado de infecção pós-operatória.
REFERENCIAS-

RESULTADOS SELEÇÃO E DESIGN DE COMPONENTES


E BIOMECÂNICA
Os resultados clínicos da ATJ de revisão também não são tão bons
quanto os resultados da ATJ primária. Estudos de acompanhamento Abdel M P, Morrey ME, jensen M R, Morrey BF: In creased long- term survival
de curto prazo têm mostrado escores clínicos m enores e taxas de of pos terior cruciate-reta ining versus posterior cru ciate-stabilizing total
complicação mais altas. Os estudos em longo prazo são limitados às knee replacements, f Bane faint Swg 93A:2072, 2011.
Andersen )A, Baldini A, MacDonald )H, et ai : Constra in ed condylar knee
primeiras próteses de revisão com modularidade limitada. Séries
without stem ex tensions for difficult primary total knee arthroplasty,
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de bons a excelentes em 46% a 74% dos pacientes. Baker PN, Khaw FM, Kirk LM , et ai: A randomised controll ed triai of cemen -
As complicações após a ATJ de revisão, especialmente com- ted versus cementless press- fit condylar tota l knee replacement: 15-year
plicações relativas ao mecani smo extenso r e à infecção profunda, survival ana lysis, f Bane faint Surg 89B: 1608, 2007.
são significativamente mai s frequentes do qu e após a ATJ primária, Barrack RL, Bertot AJ, Wolfe MW, et ai: Patellar resurfacing in total knee
e os pacientes qu e necessitam de novas cirurgias de revisão têm arthroplasty: a prospec tive, randomi zed, do ubl e-blind study with fi ve to
res ultados ainda piores . Em uma série de 60 pacientes, a reopera- seven years of follow -up, f Bane faint Surg 83A: 1376, 2001.
ção após a ATJ de revisão foi necessá ria devido à infecção em 20% Bhan S, Ma lhotra R, Kiran EK, et ai: A compariso n of fixed-bearing and
do s casos e devido a co mplicações do m eca nismo extensor em mobile-bearing total knee arthroplasty at a minimum follow-up of 4.5
years, J Ban e faint Swg 87 A:2290, 2005.
4 1%. Outras causas para reoperação incluíram frouxidão asséptica,
Bonutti PM, Goddard MS, Zywiel MG, et ai: O utcomes of Lmicompartm ental
problemas com feridas e in stabilidade tibiofemoral. Em um es tudo
knee arthroplasty stratified by body mass index, Arth roplasty 26:1149, 2011.
prospec tivo em múltiplos centros, o North American Knee Arthro- Buechel FF: Mobi le-bearing kn ee arthroplasty: rotation is our sa lvation 1
plasty Revision Study Group acompanhou 221 pacientes de 17 f Arthroplasty 19(4 Suppl 1) :27, 2004.
centros por 2 anos, e descobriu que os fatores técnicos das cirurgias Buechel FF Sr, Buechel FF Jr, Pappas M), Da lessio ): Twenty-yea r evaluation
não necessariamente se co rrelac ionava m com medidas de resul- of the New Jersey LCS rotat ing platform knee replacemen t, f Kn ee Swg
tado específicas aos pacientes. A piora da dor e as escalas funcio- 15:84, 2002.
nais específicas para o joelho foram evidentes no segundo ano após Burnett RS, Haydo n CM, Rorabeck CH, et ai: Patell a resurfacing versus
a ATJ de revisão, e o grup o de es tudo enfati zou a necessidade de no nresur facing in total kn ee arthroplasty : results of a randomized con-
acompanhar os pacientes l ano após a recuperação de ATJ. Uma trolled clinicai triai ata m ini rnurn of 1O years' followup, Cli n Orthop Relat
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CAPÍTULO 7 ARTROP LASTIA DO JOELHO

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1118 PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

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INDICAÇÕES E ARTRODES E UTILIZANDO FIXADOR ARTRODESE UTILIZANDO
RESULTADOS 445 EXTERNO COM COMPRESSÃO 445 PLACA 450
TÉCNICAS 445 ARTRODESE UTILIZANDO HASTE
INTRAMEDULAR 446

A artrodese do joelh o foi realiza da pela primeira vez por Albert d e dificuldade de andar em transporte público, sentar em teatros e está-
Vienna, em 1878, devido à instabilidade causada por p oli om ielite, e dios, e de levantar após uma queda. Os pacientes devem ser aconse-
mais tarde p or Hibbs, em 19 11, para o tratam ento de um joelho lhados sob re tais dificuldades antes da operação. Algun s pacientes
acom etido pela tub erculose. Key foi o primeiro a utilizar a fixação podem se beneficiar psicologicam ente com a utilização de um imobi-
exte rna pa ra o bte r a consolidação, uma técnica qu e C harnl ey mod i- lizador lo ngo do joelho por um período antes da operação (gesso ou
ficou em 1948, a qu al, em seguida, se tornou a base para as técnicas imobilizador) para decidir se eles podem co nviver com um joelho
futuras. Na mes m a época, C hapchal descreve u a fixação intramed u- "artrodesado''. Harris et ai. descobriram que a veloc idade da cami-
lar utilizando um a has te d e Küntscher introduzida at ravés de um a nh ada e a eficiência são semelhantes após a a mputação, artrodese e
janela na cortical anterior no fêmur. Brashear e Hill intro du ziram a artroplastias para tumores em torno do joelho. No entanto, pacientes
haste através do trocân ter maior para evitar a fratura do fêm ur pela com artrodese possuíam um m embro mais estável e conseguiam
realização d a janela na cortical anterior. Knutson e Lidgren utiliza- desempen har atividades de exercício fí sico e recreativas mais exigen-
ram uma haste intrarned ular longa que se estendia do trocânter tes, tinham dificuldade para sentar, e estavam mais co nsc ientes sobre
maior até a tíbia distal. A sua descrição original é semelh ante à as limitações do membro do que os pacientes com a rtroplastia.
técn ica de fixação por haste utilizada atualmente.

TÉCNICAS
INDICAÇÕES E RESULTADOS
Inúmeras técnicas foram descritas para a artrodese cto joelho, e es tas
Com o sucesso da artroplastia total do joelho, a artrodese do joelho podem se r categorizadas p elo tip o d e fixação utilizada. A quantidade
raramente é realizada como Lm1a operação primária e geralmente é reser- e a qua lid ade do osso presente são importantes para determinar a
vada para aqueles poucos pacientes que não são candidatos à artroplastia fixação apropriada e a n ecessidade d e enxer to ósseo. A seleção da
total do joelho. Ocasionalmente, a artrodese pode ser mais apropriada do técnica da artrodese se baseia também n a individualidade do
que a artroplastia em LU11 paciente jovem com artrose grave devido à paciente e na experiência do cirurgião.
obesidade, à ocupação ou ao nível de atividade. Outras possíveis indica- A artrodese pode ser realizada em um ou dois estágios, d epen-
ções para a artrodese primária incluem anquilose dolorosa após infecção, dendo das circunstâncias. A artrodese fo i m ais previsível com o
tuberculose, ou traLUna; grave deformidade em condições paralíticas; método de dois estágios.
artroplastia neuropática; e lesões malignas ou potencialmente malignas As técnicas de artrodese publicadas p ara o joelho incluem
em torno do joelho. A indicação mais frequente para a artrodese do compressão com fixador externo, haste intramedular, placa, parafu-
joelho atualmente é a de salvam ento após falha da artroplastia total do sos, ou combinações das diversas técnicas.
joelho, muitas vezes seCLmdária à infecção.
As sér ies ma is atuais da artrodese do joelho relatam consoli -
dação bem-sucedida na mai o ria d os pacientes, até 100% em algumas ARTROD ESE UTILIZANDO FIXADOR
séries. A maioria dos pacientes adequadamente selecionad os está EXTERNO CO M COMPRESSÃO
satisfeita com um joelho subm etido a artrod ese, especialmente com
a diminui ção da dor pós-operatória. No entanto, algun s pac ientes A artrod ese com compressão geralmente é indica da para joelhos com
relatam dificuldade funciona l e dor contínua. Obviamente, espera-se um a perda óssea pequena, co m amplas superfícies de osso trabecular,
qu e a a rtrodese como um procedimento de salvamento após a fa lh a e com osso cortical adequado para pe rmitir boa aposição óssea. As
d a artroplastia total do joelh o apresente resultados infe riores quando vantagens da artrodese com compressão incluem a aplicação de uma
comparados com a artrod ese primária do joelho, incluind o menores força co mpress iva estável no local onde se d eseja a consolidação, e o
taxas de consolidação, m aiores taxas de infecção e encurtam ento do posicion,amento do fixador externo em um local afastado da articula-
membro (frequentemente de 2 a 5 cm nesta situ ação). ção infectad a ou neuropática. Algumas séries sugerem que as taxas de
As preocupações frequentemente expressas por pacientes após infecção recorrentes podem ser menores ao se utilizar o fixador
a artrodese do joelh o incluem a atenção que atraem em público, a externo em comparação com a has te intramedular (p. ex., 4,9% em

445
llD PARTE Ili PROCED IMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELH O EM ADULTOS

comparação com 8,3% por Mabry et ai.) para a artrodese após a


• Remova um segmento de osso apropriadamente dimen-
artroplastia total do joelho. sionado do fêmur dista l, de modo que as superfícies
As desvantagens da fixação externa incluem problemas rela- ósseas sejam apostas com o joelho na posição desejada.
cionados ao trajeto dos pinos, a baixa adesão do paciente, e a fre- O instrumental utilizado na artrop lastia tota l do joe lho é
quente necessidade de remoção precoce e imobili zação com gesso. útil para a real ização desses cortes no osso.
Além disso, vários estudos encontraram menores taxas de consoli - • Se a artrodese for rea lizada após a fa lha da artroplastia total
dação após a fixação externa em comparação com a haste intrame- de joelho, não remova mais osso do fêmur e tíbia, mas limpe
dular (29% a 67% vs. 91 % a 95%, respectivamente) na artrodese após completamente as superfícies e tente interdigitar as super-
falha da artroplastia total do joelho. Esses pacientes, obviamente, fícies irregulares para fornecer o melhor contato possível.
d iferem daqueles com artrodese primária em que a consolidação foi • Charn ley recomendou um posicionamento com extensão
relatada em até 100% com o uso do fixador externo. Atua lmente quase completa por motivos cosméticos; eu prefiro a
existe uma variedade de fixadores monolaterais, bi latera is e de anel art rodese com o joelho em O a 15 graus de flexão, 5 a 8
com múltiplos pinos, com taxas de consolidação variando de 31% a g raus de valgo, e 1O graus de rotação externa.
100%. A estabilidade, o limitado dano tecid ual, e o alto grau de • Insira os pinos apropriados para o disposit ivo de compressão
conforto do paciente são vantagens relac ionadas à utilização da (clampe de Charnley ou Calandruccio). Aperte os clampes de
fixação externa unilateral anterior. modo que se obtenha uma carga de compressão de 45 kg.
A fixação externa uni e biplanar tem taxas de consolidação •Suture a f erida e real ize um curativo. Se um clampe de
semelhantes, embora as complicações sejam inúmeras com ambos os compressão for util izado, um gesso ingu inopodá lico
dispositivos. Apesar dos avanços biomecânicos no design do fixador incorporando o clampe é ap licado; se um fixador externo
externo, a artrodese do joelho ainda é um desafio em pacientes que mais ríg ido for utilizado, o gesso pode ser omitido.
tiveram múltiplos procedimentos anteriores, após fa lha da artroplastia • O dispositivo de compressão é removido após 6 a 8 semanas,
total de joelho, ou após uma artroplastia total do joelho infectada com e um gesso ingu inopodá lico ou um gesso cil índrico é apli-
perda óssea significativa. Uma série de casos relatou a artrodese bem- cado; em segu ida é iniciada carga parcial de forma contro-
-sucedida para o tratamento da sepse, utilizando o fixador externo lada . O gesso é uti lizado até que a consolidação esteja bem
reforçado com pinos de Steinmann cruzados. Nenhuma recorrência estabelecida, geralmente por mais 6 a 8 semanas.
da infecção foi observada ao longo de um acompanhamento médio • Se um f ixador bip lanar com mú lt iplos pinos for ut il izado,
de 8,2 anos. O utros autores (Spina et ai. e Salem et ai. ) utilizaram a coloqu e três pin os pa ralelos transfixan t es no fêmur dista l
fixação externa com fio fino, fixador externo de Ilizarov, ou um dis- e t rês na t íbia proxima l (Fi g. 8-1 A); se as superfícies ósseas
positivo similar para o tratamento da fa lha séptica da artroplastia total fo rem adeq uadas, a f ixação geralmente é suficiente . Se
do joelho, sepse persistente do joelho, ou sequela séptica pós-traumá- houve r instab ilidade anteroposterio r, insira p inos adicio-
na is acima e aba ixo do joe lh o em ângu los diferentes dos
tica do joelho. A consolidação foi obtida em 77%, 96% e 100%,
pinos iniciais (Fig. 8-1 B) Conecte todos os pinos à estru-
respectivamente. Atingir a consolidação frente a uma perda óssea
tu ra e ap li que a compressão.
grande pode ser desafiador e pode ser facilitado utili zando-se o dis-
• Uma estrut ura com configuração triangula r também pode
positivo de Ilizarov com transporte ósseo.
ser util izada , com pinos de 6,5 mm colocados em um
âng ulo de 4 5 graus em re lação aos planos anteroposterior
e med iolateral (Fig. 8-1C) Essa configuração confere uma
estabilização ríg ida e é bem tolerada pelo paciente.

..
ARTRODESE UTILIZANDO FIXADOR
EXTERNO COM COMPRESSÃO CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A estrutura com confi -
gu ração triang ular gera lment e é ríg ida o suficiente para
TÉCNICA ______,~ permiti r carga imed iata e deve ser mantida por 3 meses.
Após a remoção da estrutura triangu lar, é permitido carga
•Quando for necessária uma exposição extensa, uti lize com muletas até q ue se tenha evidência de conso li dação
uma incisão long itudina l anterior; caso contrário, uma clínica e radiográf ica.
incisão transversa l pode ser uti lizada. Na artrodese após
a artroplastia total do joelho, a abordagem do joelho deve
ser real izada por uma incisão na linha média ou em cica - ARTRODESE UTILIZANDO HASTE
trizes anteriores quando apropriado. INTRAMEDULAR
•Seccione o quadríceps e o ligamento patelar e rea lize a
ressecção da patela. As técnicas com haste intramedula r são mais apropriadas
•Solte a cápsula articu lar da tíbia anteriormente e seccione quando a perda óssea é extensa, não permitindo a reali zação de
os ligamentos colatera is. compressão através de áreas amplas de osso esponjoso, como após
• Flexione o joelho de modo que a cápsu la e o mecanismo a ressecção de tumor ou a fa lha da artroplastia tota l do joelho.
extensor do quadríceps se posicionem posteriormente de As vantagens da haste intramedular incluem a carga imediata,
cada lado. a fac ilitação da reabilitação, a ausência de complicações no trajeto
• Remova a membrana sinovial, excise o menisco, os liga- dos pinos, e uma alta taxa de consolidação. Maiores taxas de conso-
mentos cruzados e o coxim gorduroso infrapate lar. lidação foram observadas com a fixação por haste intramed ul ar em
•Com o auxílio de uma serra, corte a superfície superior da comparação com a fixação externa. No enta nto, as desvantagens
tíbia exatamente transversa l ao longo eixo do osso, e relat ivas às hastes intramedulares incluem o aumento do risco de
remova um segmento de cartilagem e osso com espessura embolia gordurosa, uma dissem inação intramedular da infecção em
de 1 cm. potencial, o aumento das taxas de infecção e de perda sang uínea e,
possivelmente, dificuldade na obtenção do alin hamento correto.
CAPÍTULO 8 ARTRODESE DO JOELHO

O!§l!;§UlJ9 Configurações do fixador externo para artrodese do joelho. A, Paralela; configuração padrão de Hoffmann-Vidal. B,
Configuração triangular do tipo meio pino. C, Configuração triangular com pino transfixante completo agregando rigidez e estabilidade
multiplanar. VEJA A TÉCNICA 8-1.

Apesar das excelentes taxas de consolidação com a haste intra-


medular, o procedimento é tecnicamente exigente e demanda um
tempo cirúrgico elevado (muitas vezes até 6 horas) com perda san-
guínea significativa e complicações frequentes. No entanto, a alta
porcentagem de consolidação e a capacidade da maioria dos pacien-
tes tolerarem carga total logo após a cirurgia tornam esta técnica
atraente em determinados pacientes. Donley et ai. utili zaram um
procedimento de dois estágios para todos os pacientes que possuíam
uma artroplastia total de joelho infectada. Eles também realizaram
a amarria utilizando fios de aço inoxidável passados através do ori-
fício da haste e através de um orifício perfurado no trocânter maior
para evitar a migração proximal da haste.
Similarmente, altas taxas de consolidação foram alcançadas
por inúmeros autores ao realizarem o procedimento de salvamento
após a artroplastia total do joelho infectada, utiliza ndo diversas téc-
nicas de um ou dois estágios com a haste intramedular (80% a 95%).
Embora sejam observadas dificuldades funcionais residuais, a artro-
dese utilizando a haste intramedular pode ser considerada uma
técnica confiável e geralmente bem-sucedida.
A técnica com haste intramedular também foi estendida para
situações de artrodese ainda mais desafiadoras. Mack et ai. relataram
o tratamento bem-sucedido de um paciente com uma lesão por
explosão, utilizando de forma intercalar o enxerto cortical femoral
autólogo para obter a consolidação do restante do joelho com um
dispositivo intramedular longo. A haste intramedular também foi
utilizada de forma bem-sucedida após a ressecção de tumores agres-
sivos do osso. O autoenxerto intercalar e o aloenxerto têm sido
utili zados como substrato na obtenção da consolidação com resul-
tados similares.
Para defeitos grandes do esqueleto causados pela ressecção de H[dlJ;fflEJm Artrodese do joelho com fi xação intramedular
tumores em torno do joelho, a haste intramedular e o enxerto ósseo com haste de Küntscher. VEJA A TÉCNICA 8-2.
vascularizado da fíbu la foram bem- sucedidos. No entanto, essa
opção deve ser considerada apenas quando houver uma perda
extensa de osso após a falha de uma artroplastia total constrita do a maioria dos pacientes deambulava sem a necessidade de suporte,
joelho, fa lha da artrodese, ou a ressecção de tumor. O uso de exten- e 25 (78%) dos 32 avaliados por 17 anos em média após a cirurgia
sos segmentos de enxerto autólogo do fêmur, da tíbia e da fíbula tiveram função satisfatória.
para a artrodese após ressecção de tumores em torno do joelho foi Historicamente, as hastes de Küntscher foram utili zadas para
relatado em 40 pacientes. Apesar da alta taxa de complicações (52%), a artrodese do joelho (Fig. 8-2); entretanto, os modelos novos de
- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

hastes para a artrodese do joelho têm a vantagem de permitir o


o osso cortical e, em seguida, frese em acréscimos de 0,5
bloqueio proximal e distal com parafusos. As hastes intramedulares
mm. Frese os canais para que no mínimo acomodem uma
bloqueadas curtas, projetadas especificamente para a artrodese do
haste de 12 mm.
joelho, têm a vantagem de evitar uma segunda incisão necessária
•Se uma haste de Küntscher for utilizada, frese com uma
para a inserção de hastes longas, a saliência subcutânea na região
la rgura de pelo menos 0,5 mm a mais que o tamanho da
anterior do joelho associada à técnica de dupla placa, e as dificulda-
haste. Para uma haste do tipo sólida, frese de 1 a 2 mm
des da fixação externa prolongada.
a mais que o tamanho da haste.
A utilização da haste intramedular para a artrodese do joelho
•O comprimento da haste deve ser determinado antes da
é especialmente útil quando a perda óssea é extensa, como na artro-
cirurgia a partir de radiografias com carga de compri-
plastia total do joelho infectada. Nessa situação, muitas vezes é
mento total do membro nas incidências de anteropos-
melhor estagiar a artrodese, primeiramente removendo o implante
terior e lateral ou com o auxílio do intensificador de
e o polimetilmetacrilato, permitindo a resolução da infecção, e, em
imagem.
seguida, realizar a artrodese. As técnicas são descritas para a artro-
•Insira a haste de maneira anterógrada a partir do trocân-
dese primária utilizando a haste intramedular, e para a "artrodese de
ter maior com auxílio do fio-guia.
salvamento" após a remoção da artrop lastia total do joelho, com
• Mantenha a compressão no foco da artrodese para evitar
uma haste intramedular de bloqueio proximal e distal agregando
a ocorrência de diástase com a passagem da haste na tíbia.
mais estabilidade e controle rotacional.
•A curvatura da haste deve ser posicionada com a parte
côncava lateralmente para reconstituir o va lgo normal do
ângulo tibiofemoral e se ap roxim ar do eixo normal do
ARTRODESE UTILIZANDO membro inferior.
HASTE INTRAMEDULAR •Insira a haste até que ela atinja a metáfise distal da tíbia.
~ A extremidade distal não deve terminar na área diafisária,
TÉCNICA
~~~~~~~~-~ pois pode causar concentração de estresse e dor ou
fratura da tíbia.
•Coloque um coxim emba ixo do quadril da extremidade
•Insira a haste até que a extremidade proximal fique abaixo
afetada de modo que o trocânter maior possa ser palpado.
da ponta do trocânter maior para evita r o atrito com os
Prepare todo o membro, incluindo a hemipelve, de modo
músculos abdutores.
que a crista ilíaca, o trocâr:iter maior e o joelho estejam
• Coloque o enxerto ósseo da patela e outros enxertos de osso
visíveis. Um estudo fluoroscópico e o uso do intensifica-
obtidos de maneira convencional em torno da artrodese.
dor de imagem sâo úteis.
•Para a abordagem do joelho utilize uma via de incisão •Considere a utilização de drenas de sucção e suture
prévia, se presente, ou realize uma incisão anterior reta ambas as incisões.
com 1O a 12 cm proximais e distais à linha articular. • Apl ique um curativo compressivo e uma ta la gessada
•Realize a dissecção até o tendão do quadríceps e o reti- inguinopodál ica posteriormente.
náculo medial da patela.
•Eleve as partes moles medial e latera lm ente em retalhos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenos, se utilizados,
devem ser removidos em 2 ou 3 dias, sendo permitido
contendo pele, tecido subcutâneo, cápsula e periósteo.
• Desbride a articul ação de maneira habitual. deambular com muletas e tocar o chão com o membro
•Os guias de alinhamento da artroplastia total do joelho operado. Se a cicatrização estiver ocorrendo de forma
são úteis na ressecção das superfícies da tíbia e do fêmur. adequada após 6 semanas, a carga progressiva é permi-
tida. As muletas são utilizadas até que se observe conso-
O mínimo de osso deve ser ressecado.
• Excise a patela; coloqu e-a ao lado para uso posterior lidação clínica e radiográfica (Figs. 8-3 e 8-4)
conforme a necessidade de enxerto ósseo.
•Real ize uma incisão de 3 a 5 cm de comprimento proximal
à ponta do trocânter maior. A artrodese com haste intramedular longa bloqueada é espe-
•Efetue uma incisão na fáscia do glúteo máximo, e divida cialmente apropr iada após a falha da artroplastia total do joelho
as fibras do músculo longitudina lm ente . (Fig. 8-5). Essas hastes estão disponíveis em vários comprimentos
• Identifique o ponto de entrada específico do dispositivo e diâmetros. Hastes especiais, de menor diâmetro e de diversos
e insira um fio-gu ia de ponta rosqueada neste local. tamanhos estão disponíveis para se adaptarem individualmente à
•Utilize uma fresa para abrir o cana l femoral proximal e anatomia da tíbia e do fêmur de cada paciente. A haste deve esten-
passe um guia de ponta esférica no cana l até o joelho. der-se do trocânter maior até 2 a 6 cm do plafond do tornozelo.
Também utilize a fresa para abrir o canal medular da tíbia, Durante o planejamento pré-operatório, a espessura dos compo-
e insira o guia de ponta esférica no cana l e avance até a nentes do fêmur e da tíbia, assim como quaisquer defeitos ósseos
área metafisária da tíbia distal. que serão ressecados, deverá ser subtraída do comprimento do
•Frese o canal medular da tíb ia progressivamente; o membro mensurado nas radiografias pré-operatórias longas que
tamanho da fresagem exigida gera lmente é determinado englobam quadril, joelho e tornozelo.
por medições pré-operatórias da tíbia e do fêmur nos A próxima técnica descrita é específica para a artrodese do
planos anteroposterior e lateral. Na maioria das situações, joelho após a falha da artroplastia total do joelho. Modificações são
uma haste de 12 a 14 mm é utilizada. necessárias para a artrodese em determinadas situações. Por
•Frese o fêmur e a tíbia utilizando o fio-guia femoral em exemplo, quando realizada para a infecção, a modificação para um
acréscimos de 1 mm de manei ra anterógrada até atingir procedimento de dois estágios deve ser indicada, pois se esperam
resultados superiores.
CAPÍTULO 8 ARTRODESE DO JOELHO

O!riii;t.,E19 A, Artroplastia total do joelho infectada. B,


Após o desbridamento e com espaçador com antibiótico. C,
Radiografia pós-operatória inicial. D, Artrodese do joelho bem
estabelecida. VEJA A TÉCNICA 8-2.

0!§1@1[!19 KArtrodese do joelho com fixação por haste


intram edu lar após artroplastia total do joelho infectada . VEJA A
TÉCNICA 8-3 .

ARTRODESE DO JOELHO COM


HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA
APÓS A FALHA DA ARTROPLASTIA
TOTAL DO JOELHO
~
TÉCNICA '--~~~~~~--'~
•Com o paciente na posição supina em uma mesa cirúr-
gica fluoroscópica e um coxim em baixo da pelve ipsola-
teral, prepare a extrem idade inferior para permitir acesso
desde o trocânter maior até o pé; o pé deve estar visível
para ajudar no alinhamento rotacional.
O[ffll;MEl9 Artrodese de ressecção do joelho para heman- •Inicie com uma incisão na ponta do trocânter maior, e
gioendotelioma. A, Antes da cirurgia. B, Após a ressecção e artro- leve-a proximalmente em cerca de 5 cm.
dese utilizando a haste intramedular e fio de Kirschner para •Aduza e rode internamente o membro, identifique o tro-
fixação interna . A consolidação está bem estabelecida. VEJA A cânter maior e a fossa piriforme pela fluoroscopia. )
TÉCNICA 8-2.
_, PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

• Quando os componentes da artroplastia total do joelho,


cimento e resíduos forem removidos, assim como qualquer
ressecção necessária da tíbia proximal e do fêmur distal tiver
sido rea lizada, remova o torniquete, insi ra um f io-gu ia de
ponta esférica no canal da tíbia que se situe abaixo do istmo
da tíbia, e frese os canais medulares do fêmur e da tíbia.
•Frese ambos os canais com mais 1 a 2 mm do que o
diâmetro da haste selecionada; frese a região intertrocan-
térica para 13 mm.
•Utilize a fluo roscopia para confirmar o comprimento ade-
quado da haste.
•Coloqu e um marcador sobre o trocânter maior e sobre a
tíbia distal onde a ponta da haste deve ser inserida, e
mensure a distância com a tíbia e fêmur apostos.
• Remova os fios-guia e insira uma haste de diâmetro e
comprimento apropriados. Insira a haste de modo que o
arco anterior normal seja rodado internamente em cerca
de 45 graus; esta posição confere algum grau de flexão
e de va lgo para o membro. ,
•Insira cuidadosamente a haste na diáfise femoral sem
utilizar força excessiva. Fique atento pa ra os sinais de
encarceramento iminente ou fratura.
h!ij11;@(19 Artrodese do joelho com fi xação por haste intra - •C onforme a ponta da haste progride no fêmur, reduza a
medular (veja o texto). Uma rég ua comprida é colocada anterior- tíbia no fêmur utilizando as linh as previamente marcadas
mente sobre o fêmu r dista l e a tíbia proximal, e em seguida linha s para determinar o alinhamento rotacional correto; insira
são marcadas nos ossos para serem utilizadas como parâmetro cuidadosamente a haste atra vés do joelho na tíbia proxi-
para determinar o alinhamento rotacional. VEJA A TÉCNICA 8-3. mal. Insi ra suficientemente a haste de modo que a ponta
proxima l da haste seja nivelada com o trocânter maior. A
extremidade distal da haste deve estar distal ao istmo da
) •Determine o local de entrada correto pa ra a haste, de tíbi a e proximal à articulação do tornozelo.
acord o com o tipo específico de haste utili zada e insira •Comprima ou preencha quaisquer defeitos ou lacunas na
um gu ia com ponta rosqueada neste local. região do joelho. Se necessário, remova pequenos seg-
•Utilizando um protetor de pele, frese com o auxílio do mentos de osso para melhorar o contato medial e lateral.
fio-guia com um a fresa canu lada de 9 mm até o nível do Se o joelho não estiver com infecção ativa, utilize enxertos
trocânter menor. de osso para preencher quaisquer lacu nas.
•Remova o fio-guia e o perfurador e insira o fio-guia de •Insira os parafusos de bloqueio proximal e distal conforme
ponta esférica no canal medular para até um pouco o descrito para fraturas subtrocantéricas; suture as feridas
acima do joelho; insira a extremidade lisa do fio-guia, em de maneira habitual.
vez da extremidade de ponta esférica. Deixe este f io no
loca l enquanto o joelho está sendo abordado. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é instru ído a
• Coloque e infle um torniquete estéri l. realizar exercícios de abdução e flexão do quadril e exer-
•Realize uma incisão sobre o joelho de forma semelhante cícios pa ra o tornozelo. Carga parcial com toque ao solo
à utilizada para a artroplastia total de joelho. Utilize a via é permitido por 4 a 6 semanas; então, inicia-se carga
parap atelar medial para abordar a articulação do joelho. progressi va conforme o tolerado. Se lacunas significativas
•Antes de remover os componentes da artrop lastia tota l forem observadas no joelho após 6 a 12 semanas, os
do joelho, coloqu e uma régua longa anteriormente sobre parafusos de bloqueio proximal ou distal podem ser
o fêmur distal e a tíbia proxim al. Utilize um osteótomo removidos para dinamizar a haste. A utilização de enxerto
ou um eletrocautério para marcar linhas verticais superfi- ósseo ad icional pode ser necessária se defeitos ósseos
cia lmente nas diáfises anteriores do f êmu r e da tíbia ao sign ifi cativos estiverem presentes. A remoção da haste
long o da linh a da régua (Fig. 8-6). Essas linhas são utili-
geralmente é desnecessária.
zadas para determinar o alinhamento rotacional ao inserir
a haste, para garantir que elas não sejam removidas com
os cortes do osso ou ressecção de implantes da tíbia.
•Utilizando osteótomos e instrumentação apropriada para
artroplastia total do joelho, remova todos os componentes ARTRODESE UTILIZANDO PLACA
do joelho. Curete e remova todos os resíduos e erosões do
osso, preservando tanto quanto possível o osso. Se a patela A artrodese utilizando a fixação com dupla placa foi descrita pela
estiver em boas cond ições, preserve-a para ser utilizada primeira vez por Lucas e Murray, e mais tarde por Nichols et ai. com
como enxerto ósseo; caso contrário, resseque-a. bons resultados. Lucas e Murray aplicaram uma placa m ediaim ente
•Se o f êmur dist al e a tíbi a proximal necessitarem ser cor- e a outra anteriormente, enquanto Nichols et ai. colocaram as placas
tados novame nte para permitir uma boa aposição óssea, medial e lateralmente para prevenir dificuldades com o fechamento
utilize guias intramedulares habituais para prótese total da ferida que algumas vezes são encontradas com uma placa ante-
do joelho, resseca ndo uma quantidade mínima de osso. rior. Eles sugeriram a colocação dos parafusos de forma a ficarem
di stribuídos em múltiplas direções nas placas para redu zir o risco
CAPÍTULO 8 ARTRODE SE DO JOELHO

de fratura na marge m da placa. Em comparação com a fixação


externa, as vantagens da fixação por dupla placa são que a infecção
do traj eto dos pinos e o afrouxamento dos pinos são evitados, sendo
possível ini ciar ca rga mais precocemente. A fixação com dupl a placa
não é recomend ada em joelhos nitidamente infectados e fase agud a,
mas se a infecção for de baixo grau, um resultado de cultura positivo
não é considerado um a contraindicação absoluta para o uso do
método com dupla placa.
O uso da haste intramedular combinada com uma fixação com
placa de compressão medial foi relatado em oito artrodeses; todos os
joelhos consolidaram neste estudo. Esta técnica é recomendada para
casos difíceis de salvamento, especialmente quando a perda óssea for
grande, necessitando de utilização de aloenxerto segmentar. A B e

ARTRODESE UTILIZANDO
PLACA
TÉCNICA
•Faça um a incisão parapatelar medial longa que se estenda
12,5 cm proximal e distal à articulação (Fig. 8-7A)
•Dese nvolva o interva lo entre o tendão do quadríceps e o
múscul o vasto med ial, e realize a dissecção atra vés do
periósteo do f êmur (Fig. 8-?B). D E
•Incise o periósteo da tíbia; disseque de forma subperios-
teal e levante os reta lhos da pele, tecido subcutâneo,
músculo, periósteo e cáps ula articular e retraia-os para 0[§mfll!f9 Técnica de Lucas e Murray para a artrodese do
expor o fêmur, a tíbia, a articulação do joelho e a super- joelho. A, Incisão na pele . B, Pele e tecido subcutâneo foram
fície articular da patela (Fig. 8-?C) afastados, expondo-se o tendão do quadríceps, patela, e o liga-
• Excise a patela, e coloque-a ao lado para uso posterior. mento patelar. C, Retalhos foram levantados subperiostealmente,
• Excise os meniscos, os ligamentos cruzados e quaisquer medial e lateralmente, expondo o f êmur, a tíbia, a articulação do
debris presentes na articul ação. joelho e a superfície articular da patela. D, Fêmur e tíbia foram
•C orte o fêmur distal e tíb ia proxima l com uma serra para fi xados com duas placas de aço inoxidá vel, uma colocada mediai-
rem over toda a cartilagem articular. O instrumenta l utili- mente e a outra, anteriormente. E, Placas de compressão dinâ-
za do para a artropla stia tota l do joelho é útil para a mica fi xa das medial e lateralm ente com parafusos em múltiplas
realização desses cortes no osso. direçõ es. VEJA A TÉCNICA 8-4.
•Coloqu e o fêmur e a t íbia na posi ção desejada. Os ossos
podem ser temporariamente f ixa dos com um pino de
Steinmann.
• Utilize um moldador de placa para modelar duas placas
largas AO de oito a 12 orifícios posicionadas anterior e
Lim et ai. sugeriram um método alternativo de artrodese, utili-
mediaimente ou lateral e mediaimente. Posicione as placas
zando somente parafusos canulados. Eles relataram consolidação em
e fixe-as com parafusos através de ambas as corticai s, util i-
oito de oito pacientes; no entanto, um necessitou secundariamente de
zando placas AO padrão para ajustar anterior e mediai-
enxerto ósseo devido a retardo de consolidação. Nós não temos expe-
mente (Fig. 8-?D) ou latera l e mediaimente (Fig. 8-?E).
riência co m este método; entretanto, a menor quantidade de síntese
Parafusos esponjosos de rosca total podem ser utilizados nas
pode torn ar este método atraente em determinados pac ientes.
áreas metafisiárias, e considere utilizar placas modeladas
Finalmente, embora a artrodese do joelho ali vie de forma
com parafusos bloqueados se a qualidade do osso for ruim.
eficaz a dor e ag regue es tabilidade para a maioria dos pacientes, a
•Corte a patela em partes e coloque os fragmentos para
dificuldade para sentar e andar, a baixa tol erância à at ividade física
preencher qu aisq uer defeitos em torno das marg ens da
e o potencial para desenvolve r dor lombar fazem com que alguns
articulação ou fixe os fragmentos no loca l da artrodese
pacientes artrodesados optem por um a revisão para a artroplastia
com parafusos.
total do joelho. Isto pode ser bem-sucedido mesmo em pacientes
•Feche a ferida em camadas e coloque um gesso
com artrodeses de longa data; entretanto, as taxas de complicação
inguinopodá lico
relatadas foram elevadas (até 53%) . A comparação da artroplastia
total do joelho após anquilose espontânea co m a artropl astia total
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Carga parcial progres-
do joelho após a conversão de um a artrodese cirúrgica demonstrou
siva é iniciada conforme o tolerado durante o período de
que a melhoria nas pontuações pelos esco res do joelho (Hospital fo r
1O a 12 semanas. O gesso é utilizado até que se observe
Special Knee Surgery) e a capacidade de dea mbulação foram seme-
conso lidação. As placas podem ser removidas depois que
lhantes em ambos os grupos, e que todos os pacientes estavam
a conso li dação estiver bem estabe lecida e madura.
satisfeitos com os seus resultados. A artrop last ia total do joelho após
a artrodese do joelho é discutida no Capítulo 7.
lllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

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CONTRATURAS BURSITE INFRAPATELAR 459 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 467
MUSCULARES 453 CISTO POPLÍTEO (CISTO DE BAKER) 459 Sinovectomia Artroscópica 467
CONTRATURA DO QUADRÍCEPS NA BURSITE NO GASTROCNÊMIO Osteotomia Proximal da Tíbia 468
INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 453 MEDIAL 461 Artrodese 468
SÍNDROME DO ESTALO 455 BURSITE SEMIMEMBRANOSA 462 Artroplastia ou Reconstrução 468
CALCIFICAÇÕES TENDINITE SEMIMEMBRANOSA 462 OSTEOARTRITE DO
PERIARTICULARES SINOVITE CRÔNICA 463 JOELHO 468
DOLOROSAS 456 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 469
SINOVECTOM IA DO JOELHO 463
TENDINITES E BURSITES 457 Desbridamento 469
ARTRITE REUMATOIDE
BURSITE PRÉ-PATELAR 457 DO JOELHO 463 Transplante Osteocondral e
FIBROSE E BURSITE NO LIGAMENTO INÍCIO DA ARTRITE REUMATOIDE Autólogo de Condrócitos 471
COLATERAL MEDIAL 458 EM ADULTOS 463 Osteotomia Tibial Proximal 471
BURSITE NO LIGAMENTO ARTRITE REUMATOIDE JUVENIL 464 Osteotomia Femoral Distal 480
COLATERAL LATERAL 459

Este capítulo discute o tratamento cirúrgico das anormalidades não quadríceps em três classes (Ta bela 9- 1). O mecanismo exato dessas
traumáticas envolvendo ossos, músc ul os, tendões, bainhas dos co ntraturas não é claro, m as as causas sugeridas incluem compressão
tendões, fáscias e bursas do joelho. A causa dessas desordens pode dos feixes muscu lares e capilares pelo volume de medicamento inje-
ser dege nerativa, relativa ao dese nvolvimento, relac ionada ao uso tado e a toxicidade dão fá rm aco. Seja qu al fo r a causa, um atraso de
repetitivo, ou um a co mbin ação desses fa tores. Muitas dessas desor- vários an os entre a injeção e a co ntratura é comum.
dens são vistas frequentemente em co nsultas ambulatoriais, m as O sintoma mais comum é a limitação progressiva e indolor da
poucas exigem cirurgia. A maiori a res ponde favorave lmente ao tra- flexão do joelho. Hiperextensão e subluxação do joelho podem
tamento, tal como repouso, aplicação de gelo ou calor, elevação e ocorrer com o deco rrer do crescimento. Pregas cutâneas do joelho
anti-inflam atórios locais ou sistêmicos. podem estar ause ntes, e um a depressão característi ca pode estar
presente sobre a área de fib rose, especialmente quando o joelho está
fl etido. A luxação habitual da patela é co mum .
CONTRATURAS MUSCULARES Alterações radi ográficas não são aparentes no início, m as se não
for tratada, a contratura muscular pode causar alterações nos tecidos
Contraturas podem se desenvolver em qu ase qualquer grup o mus- moles e na cartilagem articular do fêmur e da tíbia. O deslocamento
cular. A ca usa pode se r pouco clara, com o em contraturas congêni- progressivo e a hipoplasia da patela podem ocorrer com a contratura
tas, ou óbvia, com o em infecções, isqu emia, trawna, ou em miosite do quadríceps de longa data. Em crianças mais velhas, com o início
após injeção. A fib rose pós- inj eções oco rre mais comumente no precoce dos sintom as, m as tratamento tardio, o achatamento dos côn-
músculo do quadríceps, m as também fo i descrita nos músculos do dilos femorais, genu recurvatum, luxação anterior da tíbia e alterações
glúteo, deltoide e tríceps. Contraturas em bebês geralmente seguem degenerativas graves na arti culação podem ser vistos.
inj eções intramusculares de antibióticos. Temos visto vários adultos O reconhecimento precoce e a preve nção da contratura do
com múltiplas áreas de fibro se e cont ratura ap ós o uso viciante de quadríceps através do exe rcício passivo em crianças que receberam
pentazocina intra muscular (Talwin ). injeções intramuscul ares são cru ciais. Quand o a contratura cicatri-
cial está bem estabelecida, entretanto, o tratamento cirúrgico é indi-
cado para evitar alterações no côndilo femoral e patela. O tratamento
CONTRATURA DO QUADRÍCEPS NA cirúrgico é indicado precocemente em pacientes com luxação habi-
INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA tual da patela.
Os seguintes casos podem estar envolvidos na contratura do
A etiologia da contratura do qu adríce ps é dividid a nos tipos congê- quadríceps: (1) A fib rose do músc ulo vasto intermédio aderido no
nito e adquirido e, em alguns casos, existe uma mistura de ambos reto fem oral ao fêmur na bolsa suprapatelar e proxi mal, (2) aderências
os tipos. O tipo congênito parece ter um componente familiar, já entre a patela e os côndilos femorais, (3) fibrose e encurtamento das
que pode ocorrer em irmãos, e muitas vezes ocorre em pacientes expansões laterais dos vastos e sua adesão aos côndilos fe morais, e (4)
descendentes da Ásia ce ntral e oriental O tipo adquirido é visto em encurtamento real do músculo reto femoral. Para corrigir a deformi-
associação com múltiplas injeções ou infusões na coxa, logo após o dade, Thompson dese nvolveu uma técnica cirúrgica denominada
nascimento. O Ad Hoc Committee of the Japanese Orthopaedic "quadricepsplasti a''. Seu sucesso depend e de (1 ) se o músculo reto
Association fo r Musc ul ar Contractures class ifico u as contraturas do femoral escapou da lesão, (2) qu ão bem este músculo pode ser isolado

453
- PARTE Ili PROCEDIM ENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOE LH O EM ADU LTOS

A 8

Vasto
interméd io

e D

O(rilhf.H!J• Libera ção pro xima l do quad r iceps - Sengupt a (veja o text o) . A, Incisão . B, Banda iliotib ial e tensor da f áscia lat a são
cortados para expor o vasto lateral, que é li berado j unto de sua o rigem . C, A origem do vast o é separada da linha trocant érica e d is-
ta lmente junto do septo intermuscu lar latera l. D, Se necessário, o múscu lo ret o femora l é liberado. VEJA A TÉCNICA 9-1.

das partes cicatrizadas do mecanismo do quadríceps e (3) quão bem

li QUANDO O
o músculo pode ser desenvolvido pelo uso ativo.
Durante a fase inicial de contratura, sem ocorrência de alterações
articulares significativas, a liberação proximal é recomendada para eli-
minar atraso do extensor e hemartrose do joelho. Quando as mudanças
JOELHO É
mais extensas são aparentes, uma quadricepsplastia tipo Thompson
FORÇADO A
FLEXIONAR EM (Cap. 45) é indicada. Quando há desenvolvimento de genu recurva-
FLEXÃO DO JOELHO POSIÇÃO PRONA tum, um a osteotomia femoral supracondilar (Cap. 22) pode restaurar
Tip o ret o Rest r ita com a Quad ril é alguma flexão, em caso de ocorrência de alterações degenerativas
f em o ral ext ensão do fo rça d o a graves. A artrodese pode ser indicada se os sintomas forem graves.
q u ad r il fl ex io n ar Sasaki et ai. descobriram que os mell1ores resultados fo ram
Tipo vast o Restrita com a Qu ad r il obtidos com a utilização de uma incisão longitudinal na pele sobre o
fl exão do quadri l pe rm anece o músculo reto, através do qual o músculo fibrótico fo i liberado com
mesmo uma incisão transversal. Após a ciru rgia, a perna foi posicionada com
Tip o mist o Li geiramente Quadril é o joelho em 90 graus de flexão e o qu adril em extensão completa, mas
rest r it a com a fo rçado a sem imobilização. Exercícios ativos fora m iniciados em 2 di as. Os
ext ensão d o fl ex iona r resultados mostraram-se deteriorados com o tempo, e a cirurgia foi
qua d r il recomend ada aos 6 anos de idade ou quando mais velhos. Uma con-
tratura isolada do reto femoral pode ser tratada dessa maneira.
De Santo 5, Kokubun 5: The Ad Hoc Committee of the Japanese Orthopaedic
Associ ation for Muscu lar Contracture Report of the diagnosis and treatment Cont ratu ras moderadas, antes de as alterações ósseas signifi-
of muscular contracture, J Jpn Orthop Assoe 59:223, 1985. cativas ocorre rem, são mais bem tratadas com uma liberação proxi-
mal do quadríceps (Fig. 9-1 ).
CAPÍTULO 9 PROCEDIME NTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELHO

TÉCNICA
(SENGUPTA)
..
LIBERAÇÃO PROXIMAL DO QUADRÍCEPS

~
•Se o tendão do músculo reto fo i destruído pela lesão, crie
um novo por meio de incisões long itud inais através do
tecido da cicatriz no terço dista l da coxa.
•Lentamente f lexione o joe lho até 11 O graus pa ra liberar
as adesões intra-articulares resta ntes.
•Se os vastos medial e latera l estiverem mal cicatrizados,
interponha tecido subcutâneo e gordura entre eles e o
•Faça uma incisão em curva ao longo da base do trocãnter
maior e verticalmente para ba ixo ao longo da face lateral reto. Se esses múscu los estiverem re lativamente normais,
da coxa a uma distância variável, dependendo da exten - suture-os ao múscu lo reto, tão longe distalmente quanto
são da fibrose (Fig. 9- 1A). o terço dista l da coxa.
•Através da parte superior da incisão, divida a banda ilio- •Se um torniquete fo i usado, remova-o e obtenha uma
t ibia l transversalmente. Frequentemente a banda il iotib ial hemostasia comp leta antes de fechar o ferimento.
é espessada e fibrótica, contribu indo pa ra a contratura . •Se as causas da flexão limitada são corrig idas, mas a
•Exponha a fixação superior do vasto latera l aba ixo do flexão aind a não é possível, o próprio reto femora l está
trocânte r maior (Fi g. 9-1 B). Separe a origem do vasto encurtado e o tendão deve ser alongado. Isso, no entanto,
latera l da linha trocantérica e distalmente junto do septo resulta sempre em uma alguma perda de extensão ativa.
intermuscula r latera l (Fig . 9-1 C).
• Como vasto latera l se retrai para expor o vasto intermé- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é imo-
dio, utilize um instrumento afastador para li berar o vasto bi lizada numa tala em cerca de 50 graus a menos do que
interméd io da superfície f emora l. a flexão máxima obtida durante a ciru rg ia; esta é mantida
durante 2 a 3 dias. A extrem idade é, então, colocada numa
•Flexione o joelho e libere qua isquer adesões restantes.
máqu ina de movimento passivo contínu o, a amplitude de
• Se o componente do músculo reto também estiver contraído,
movimento é iniciada, e o paciente permanece hospitali-
exponha a sua origem na parte superior da incisão e retire-a,
depois de identificar e isolar o nervo femora l (Fig. 9- 1D). zado até que 90 graus de fl exão passiva sejam alcançados.
Exercícios passivos e ativos contínuos para o quadríceps e
• A flexão completa do joelho deve ser possível; a liberação da
para os tendões isquiotibiais são cruciais para o sucesso
cápsula articular geralmente é desnecessária em crianças.
desse procedimento. O joelh o é mantido em extensão
• Feche a ferida operatória de forma rotineira, e aplique uma
completa durante a noite e é exercitado durante o dia com
tala de gesso posterior com o joelho em flexão máxima.
exercícios ativos e ativo-assistidos. Se não fo rem obtidos
90 graus de flexão em 3 meses, a manipulação suave com
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A ta la é usada até que
o paciente sob anestesia pode ser necessária. O paciente
toda a sensibi lidade desapareça, geralmente em 3 a 4
deve esperar um retorno lento da extensão ativa do qua-
semanas, e, em seguida, exercícios vigorosos para o
dríceps. A maioria dos pacientes pode esperar uma melhora
quadríceps são ini ciados. A perda da extensão melhora
na amplitude de movimento do joelho após a quadriceps-
rap idamente, e a cri ança normalmente pode andar em
plastia, mas também deve esperar graves fraquezas no
4 semanas e leva ntar-se de uma posição de agacha-
quadríceps por muitos meses. Se o paciente não for esque-
mento em 3 meses. Exercícios de alongame nto do joelho

_ !"!'-___
leticamente maduro, parte da melhora da flexão pode ser
devem ser continuados ao longo do crescimento para
perdida, conforme ocorre o crescimento.
preven ir a reco rrência da contratura.

TÉCNICA ___.~
(THOMPSON) SÍNDROME DO ESTALO
•Utilize uma un idade de eletrocoagulação durante toda a É comum para o paciente ouvir ou sentir um estalo nas artic ul ações.
operação. Incapacidade ou dor o bastante que justifique uma cirurgia para isso
•Faça uma incisão long itudina l anterior através da pele e é algo raro. A maior ia dos pacientes responde favorave lmente e evita
da fáscia superficial do terço proximal da coxa para o polo a atividade específica que prod uz a sensação de estalido.
distal da patela; a local ização exata da incisão depende Sintomas de estalos são raros no joelho. O verdade iro estalo
da posição de cicatrizes . do joelho é extra-articular. Travamento ou fisgada intra-articular no
• Divida a fásc ia profunda ao longo de cada lado do joelho geralmen te são causados por lesões meniscais, corpos livres,
músculo reto femoral da extrem idade proxima l da incisão distúrbios femoropatelares ou alterações articulares artríticas.
na pele pa ra a patela, e separe este músculo do vasto O estalo do joelho pode ocorrer em pacientes com uma inser-
medial e lateral. ção anterior anormal no tendão do bíceps femora l na cabeça da
•Divida a parte anterior da cápsu la do joe lho, incluindo as fíbu la. Pode ser tratado pela reinserção do tendão (Fig. 9-2) ou
expansões laterais dos vastos em ambos os lados da ressecção da cabeça da fíb ula com a recolocação do tendão, se o
patela, longe o suficiente para superar sua contratura. tratamento conservador falhar. O tendão poplíteo pode causar
• Corte completamente o vasto interméd io, que geralmente o estalo do joelho. O estalo geralmente é palpável a meio camin ho
é uma banda cicatrizada ligando as superfícies posteriores entre o epicôndilo lateral e a linha de articulação lateral. Se o trata-
do reto femoral e a patela ao fêmur, mas deixe uma cober- mento conservador falhar, uma liberação do poplíteo ou tenodese
tura fibrosa ou peri óstea na superfície anteri or do fêmur. do tendão poplíteo ao ligamento colateral fibular podem ser feitas .
O estalo do bíceps femora l provocado por uma exostose fib ul ar foi
llllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

1
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A B

1i@ii;M1!19 A, Mecanismo de estalo no tendão do bíceps femoral sobre a protuberância da cabeça da fíbula (seta) em fle xão-ex-
tensão. B, Metade anterior do tendão é dividida e suturada novamente sobre parte posterolateral da cabeça da fíbula cobrindo a
protuberância. (Técnica de Lokiec F, Velkes S, Schindler A, et ai: The snappi ng biceps femoris syndrome, Clin Orthop Relat Res 283:205, 1992 )

relatado, bem como o estalo de uma lesão direta ao tendão. O estalo


causado por lesão direta pode ser tratado por reposicionamento da
inserção do tendão através de um túnel na cabeça da fíbula.
O estalo do joelho também pode ser causado pela inse rção
anormal do tendão semitendinoso, causando o estalo sobre uma
proeminência no côndilo tibial medial. Isto pode ser tratado através
da divisão do tendão semitendinoso em sua inserção e a sua trans-
ferência para o tendão semimembranoso. Um tendão isquiotibi al
deslizando ao longo de um osteocondroma do fêmur também pode
provocar es talo, e a excisão da lesão, geralmente benigna, é indicada,
se isso for grave.

CALCIFICAÇÕES
PERIARTICULARES DOLOROSAS
Calcificações periarticulares dolorosas semelhantes às encontradas
dentro do manguito rotador do ombro também se desenvolvem em
torno do joelho. Esses depósitos calcificados podem estar locali za-
dos dentro de um tendão ou dos tecidos moles adjacentes a um
tendão ou ligamento próximo a sua inserção ao osso (Fig. 9-3). A
calcificação provavelmente está localizada em uma área de necrose
foca l ou degeneração. lâ!§ii;f411!9 A calcificação da articulação tibiofibular proxi-
Embora a maioria das calcificações periarticulares ocorra se m mal, resultando na compressão do nervo fibular (seta) no jogador
trauma direto, a calcificação dentro de tendões ou ligamentos pode de basquete profissional.
ser uma resposta a alterações degenerativas dentro das estruturas,
como resultado do uso crônico ou lesão subclínica.
A presença de calcificação no ligamento colateral medial,
como na doença de Pellegrini-Sti eda, geralmente está mais relacio- A recup eração espontânea pode ocorrer sem tratamento, e o
nada ao trauma, como uma entorse ou ruptura do ligamento cola- depósito pode desaparece r parcial ou completamente com o tempo.
teral medial. O tratamento é o mes mo que para uma calcificação em Infiltração com um agente anestésico local, suplementado, se dese-
torno do ombro (Cap. 46). jado, através da injeção de 40 mg de metilprednisolona (DepoMedrol®)
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETI VAS NO JOELHO

ou seu equiva len te, produz alívio imediato e pode ser curativa.
Ultrassonografia e terapia por ondas de choque extracorpóreas
também foram relatadas como benéficas. O depósito calcificado
deve ser excisado, se a resposta a med idas não operatórias for
insatisfatória.

TENDINITES E BURSITES
Na avaliação de pacientes com tendinite na extremidade inferior,
um hi stórico cuidadoso das condições de trabalho e rotinas de
exercício é necessário. O uso excessivo (atividade repetitiva) ou
sobrecarga (aumento súbito da ativ idade) muitas vezes acentua a
tend inite. Tendinite por essas causas geralmente responde ao
repouso relativo, gelo, uso de um a joelheira de Neoprene, medica-
mentos anti-inflamatórios, e alterações no trabalho ou hábitos de
exercício. Anomalias mecânicas, desigualdade no comprimento da
perna e seu desalinhamento podem responder ao uso de uma
órtese no calçado devidamente ajustada. Desequilíbrios muscula -
res devem ser tratados com flexibilidade adequada e programas de H@il;tJHll• Múltiplos osteocondromas co mo vistos na doença
exercício de forta lecimento. de Ollier.
Bursas são sacos revestidos com urna membrana semelhante
à membrana si novial; elas geralmente estão loca li zadas ao redor
das articulações, ou da pele, tend ão ou músc ulo que se movem
sobre uma proeminência óssea, e podem ou não se comunicar com
um a articulação. Sua função é reduzir o atrito e proteger estruturas
delicadas co ntra pressão. Bursas são semelhantes às bainhas dos
tendõ es e às membranas sinoviais das articulações e estão sujeitas Ocasionalmente, aspiração e inj eção de um esteroide prepa-
aos mesmos distúrbios: (1) trauma agudo ou crônico; (2) infecção rado aprop riadamente são necessárias, caso os sintomas não respon -
piogênica ag uda ou crônica; e (3) condições inflamatórias de baixo dam ao tratamento não operatório comum.
grau, tais como gota, sífilis, tuberculose, ou artrite reumatoide. Bursas adventícias que se desenvolvem como resultado de um
Existem mais de 140 bursas no corpo humano; as bursas consistem trauma repetido geralmente têm uma parede fibrosa muito mais
em dois tipos: aquelas normalmente presentes (p. ex., sobre a espessa que as bursas normais e são mais suscetíveis a alterações
pateta e olécrano) e as adventícias (p. ex., desenvolvidas sobre um inflamatórias. Este tipo de bursa é tratado por meio da remoção da
joanete, ou um osteocondroma, ou cifose da coluna vertebral). causa (p. ex., excisão de um osteocondroma do fêmur distal; Fig.
Bursas adve ntícias são produzidas por traumas de repetição, atrito 9-4); no momento da operação, o saco bursal geralmente é retirado.
constante ou pressão. Apenas as bursas que, na maioria das vezes, requerem drenagem
O tratamento é determinado prin cipalmente pela causa da cirúrgica ou excisão são descritas.
bursite e secundariamente pela alteração patológica na bursa. A
cirurgia não é necessária na maioria dos casos. Causas sistêmicas,
como a gota ou sífilis e traumas ou irritações locais, devem ser BURSITE PRÉ-PATELAR
eliminadas, e, qu ando necessário, a ocupação ou postura do
paciente deve ser mudada. Uma ou mais das seg uintes medidas A bursite pré-patelar traumática (Fig. 9-5) pode ser causada por uma
locais geralmente são úteis: descanso, calor úmid o, elevação, pro- lesão aguda, tal corno uma queda direta sobre a patela, ou por
teção almofadada, e, se necessária, a imobilização da parte afetada. pequenas lesões recorrentes, tais como as que produzem "joelho de
Os procedimentos cirúrgicos úteis no tratamento da bursite são empregada doméstica." Ambos os tipos geralmente respondem ao
(1) aspiração e inj eção de um medi camento adequado, (2) incisão tratamento conservador. Se a fibrose ou espessamento sinovial com
e drenagem quando uma bursite supurativa aguda não responder nódulos dolorosos não responderem a esse tratamento, no entanto,
ao tratamento não cirúrgico, (3) retirada de bursas cronicamente é indicada a excisão da bursa.
infectadas e espessadas, e (4) remoção de uma proeminência óssea Bursite pré-patelar piogênica é comum, especialmente em
subjacente. crianças. Se a bursa for excepcionalmente grande, o inchaço pode
Os princípios habituais no tratamento de infecções gerais são ser tão rel evante que pode ser feito um diagnóstico de artrite piogê-
empregados no tratamento de bursas in fectadas. Os organismos nica da articu lação do joelho por engano. Um exame físico cuida-
responsáveis devem ser identificados, se possível, e a infecção deve doso deve levar ao diagnóstico correto. Essa bursite pré-patelar
ser tratada com antibióticos sistêmicos adequados. A aspiração da séptica muitas vezes responde a urna ou duas aspirações diárias,
bursa e inj eção do antibiótico apropriado podem ser indicadas como imobi lização adequada e cobertura antibiótica. Se os sintomas não
complemento das medidas de suporte que acabamos de descrever; melhorarem significativamente em 36 a 48 horas, incisão e drena-
um curativo de compressão deve ser aplicado após a aspiração. A ge m devem se r feitas. Smason relatou um paciente com urna fístula
drenagem cirúrgica ocasionalmente é necessária. pós-traumática ligada a bursa pré-patelar com a articulação do
A bursite traumática muitas vezes respo nd e favoravelmente ao joelho. Isso pode apresentar um problema no diagnóstico e trata-
tratamento não operatório, composto por gelo, repouso, anti-infla- mento, especialmente em um a bursite piogênica. A bursa é faci l-
matórios e proteção almofadada externa. men te drenada da seguinte forma .
mE» PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

mas se a lesão é aguda e a efusão é serosa, a remoção


completa da bursa pode ser impossível; no entanto, o
Músculo suficiente pode ser removido para al iviar os sintomas.
Fêm ur
quadríceps

------~
femoral-- Músculo TÉCNICA
gastrocnêmio

Bolsa
suprapatelar

Bolsa
pré-patelar -
N ! Músculo
semimembranoso

semimembranosa
•Faça uma incisão transversa l, de comprimento adequado,
centrada sobre a bursa.
•Disseq ue o saco bursal da pele sobrejacente e tecido
subcutâneo e da aponeurose patelar abaixo dela.
•Se possível, remova a bursa sem rompê-l a ou perfurá-la.
•Apare a pele redundante, obtenha a hemostasia com-
pleta e feche a ferida operatória primeiramente.
•Visto que a complicação mais comum após a excisão de
uma bolsa superficial é um grande hematoma, a obl ite-
Bolsa ração do espaço morto através da inserção de uma ou
infrapatelar ./
superficial _./ -F~iif---Ligamento
mais suturas tipo co lchoe iro, através da pele e tecidos
colateral medial profundos de cada lado da incisão, é recomendada. Após
as bordas da pele terem sido fechadas com pontos des-
Bolsa / contínuos, as suturas são ama rradas em grandes botões.
infrapatelar
profunda
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO Um curativo de com-
pressão moderadamente grande é ap li cado, e a extremi-
dade é imobilizada da viri lha ao tornozelo por pelo menos
2 semanas até que o ferimento tenha cicatri zado com-
pletamente. Alternativamente, a drenagem por asp iração
pode ser usada para elimin ar o espaço morto. Exercícios
de ajuste do quadríceps são iniciados no dia após a cirur-
Oliji@i1!19 Múltiplas bolsas em torno do joelho que podem
gia . Os antibióticos são indicados se a infecção estiver
se tornar aguda ou cronicamente inflamadas.
presente ou for possível.

DRENAGEM DA BURSA
TÉCNICA ~ Huang e Yeh desc reve ram a excisão endoscópica de bursas
~~~~~~~~----'~ pré- patelares pós-traumáticas em 60 pacientes nos quais o trata-
• Faça duas incisões longitudinais na bursa, uma med ial e mento conse rvador fa lh ou. Os procedimentos foram realizados por
uma lateral, ou através de uma única incisão transversal. meio de dois ou três pequenos portais. Não houve recorrências.
•Abra a bursa, evacue o seu conteúdo e embale-o leve-
mente com gaze vaselinada, ou feche-o livremente sobre
um dreno, se parecer ap ropriado. FIBROSE E BURSITE NO LIGAMENTO
COLATERAL MEDIAL
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO Visto que a celulite está
sempre presente, a extrem idade é im obi li zada numa tala Voshell e Brantigan observaram bursas entre a parte longitudinal
posterior, e antibióticos apropriados são dados. Se a gaze do ligamento colate ral m edial e a cáps ul a do joelho (Fig. 9-6);
foi usada para emba lar a bolsa, deve ser trocada pe lo essas bursas podem ser localizadas em cinco posições diferentes,
menos duas vezes por semana. Apesar da drenagem sufi- e três foram encontradas sob o li gamento em um joelho. Os
ciente, seios frequentemente persistem durante algum autores re latar am também casos d e calcificação de uma ou mais
tempo em um ou ambos os lados do joelho. A imobi liza - d essas bursas e sugeriram qu e isto pod e se r idêntico à doença
ção é continuada até que a cavidade esteja fechada. Pellegrini-St ieda. Nós con sid eramo s a maioria do s di stúrbios que
causam dor e sensibilid ad e abaixo do li gamento co lateral medial
(não dire tamente a frente da artic ul ação do joelh o) como sendo
fibrose do ligam ento; a m aioria respondeu favorave lm ente à
injeção de estero id e com preparação adequada, e a outras medidas
EXCISÃO DA BURSA não cirúrgicas.
A bursite do ligam ento colateral medial deve ser incluída nos
O paciente deve ser informado quando se notar pela pri-
diagnó stico s dife re nc ia is e m pacientes co m dor na linh a articular
meira vez que a excisão completa da bursa pode ser neces-
m edial e se m hi stó ri co d e s intomas m ecânico s de instabilidade ou
sária se a cura não ocorrer após a drenagem simples. Se as
de frouxidão. A se nsibilidad e gera lm e nte se loca li za logo abaixo
paredes da bursa estiverem espessadas devido à infl amação
da linha articu lar. Isso pod e ser tratado com uma inj eção lo cal de
crônica, a ressecção de toda a bursa geralmente é fácil,
esteroides seg uida d e exe rcícios imediatos. Se os sintomas não
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETIVAS NO JOELHO

mmJD·~· 119 A bolsa de Voshell localizada logo abaixo da linha da articulação entre o ligamento colateral tibial e a cápsula articular.
(Descrita por Voshell e Brantigan.)

respo nd em a uma ou duas injeções, RM o u a rtro scopia deve m se r BURSITE INFRAPATELAR


cons id era d as para avaliação d e possível a lteração in tra-ar ticular ou
fratura por estresse do planalto tibi al m ed ia l. A bursite no liga- Uma bursa pequena, profunda, subpatelar ou infrapatelar está loca-
m ento co lateral m ed ial tem um a aparência ca racterística, na RM, li zada entre a tub erosidad e da tíbia e o tendão patelar e é separada
d e fluido profundo ao ligamento colateral m edi al na forma de um da sinóvia do joelho através de uma cam ada de gordura. Quando
"U" inve rtido. Foi observado que vários p ac ientes não respondiam di stendida, essa bursa provoca um inchaço flutuante que oblitera a
a um a ou duas inj eções de esteroides locais e tive ram fraturas d e depressão em cada um dos lados do li gamento. Deve-se considerar
es tresse visíveis apenas por RM ou cinti lografia óssea. infecção da bursa infrapatelar quando os sintomas se assemelham a
a rtrite séptica o u osteomielite d a tíbia proximal, como a p erda da
extensão plena do joelho, resistência à fl exão completa, e sensibili-
BURSITE NO LIGAMENTO COLATERAL dade m áxima perto do ligamento patelar. A bursa infrapatelar deve
LATERAL se r aspirada, tomando-se cuidado para não entrar na articu lação do
joelho. Se a infecção for encontrad a, a drenagem imediata é reco-
Bursite sob o li gamento colateral fibul a r causa in chaço leve locali - mend ad a, a lém d e avaliação da metáfi se proximal da tíbia para a
zado na face lateral do joelho e, muitas vezes, é co nfundida com um ev idência d e osteomielite. Uma efusão es téril da articulação do
c isto do menisco lateral. A bursa distendida va ri a entre 0,6 e 2,5 cm joelho, qu e pod e ser acompanhada d e burs ite patelar, não deve se r
o u mais de diâm etro, é extrassinovial e se e nco ntra abaixo ou im e- co nfundida com a infecção. A bolsa po d e ser drenada através d e
di atam ente an terior o u posterior ao li gam ento co lateral lateral. A um a pequena in cisão parapatelar m edial sem entrar na arti cu lação
manobra d e estresse em varo do joelho é dolorosa, mas os sinais e do joelho. Um imobilizador de joelho é usado após a cirurgia até
sintomas típicos d e um d esa rranjo interno d o joelho estão ausentes. qu e os sintomas agudos tenham desaparecido, e, em seguida, exer-
O utras lesões qu e deve m ser consideradas incluem tendinite no cícios de amplitud e d e movimento são iniciados.
bíceps, avulsão do bíceps pa rcial com dor e esta lo em 30 a 45 graus
d e fl exão, es talo posterolateral causado por um a lesão prévia no
ca nto posterolateral ou por um tub érculo ósseo que provoca estalo CISTO POPLÍTEO (CISTO DE BAKER)
do tend ão poplíteo.
Se um a massa não é evidente, as inj eções de anestésico loca l O cisto d e Baker, desc rito por Baker em 1877, tem desde então
ou um a preparação d e esteroides na área de sensibilidade, junta- levado o seu nome, apesar de ter sido descrito anteriormente por
mente com o apoio e d escanso, geralm ente ali viam os sintomas. Adams em 1840. Na maioria dos casos, um cisto de Baker ou poplí-
Q uand o uma massa é palpável, a exc isão é curativa. teo é uma bursa distendida. Num erosas bursas estão locali zadas no
m!» PARTE Ili PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

espaço poplíteo entre os tendõ es isquiotibiais e os ligamentos cola- como a condromalacia patelofemoral ou uma lesão degenerativa do
terais ou côndilos da tíbia; a bursa também está locali zada no co rno posterior do menisco medial, podem ser identificadas e tra-
fundo de cada cabeça do músc ulo gastrocnêmio. Os sintomas se tadas por desbridamento de fragmentos cartil aginosos soltos ou
dese nvolvem mais frequentem ente na bursa sob a cabeça medial meniscectomia parcial. Condições patológicas sign ificativas intra-
do gastrocnêmio ou na bursa semimernbranosa; a última é um a -articulares es tão prese ntes em mais de 50% de ad ultos com cistos
bursa dupla localizada entre o tend ão semi membranoso e o cô ndil o poplíteos. Kp et ai. recom endam um estudo cuidadoso da cistecto-
tibial medi al e entre o tendão semimembranoso e a cabeça medial mia pré-artroscópica por imagens de RM, já qu e estes cistos podem
do gastrocnêmio. ser preditivos de potencial lesão da artér ia poplítea. Quando a
Um cisto poplíteo pode ser produzido pela herniação da mem- artéria poplítea es tiver próxima do cisto, a parede late ral do cisto
brana sinovial através da parte posterior da cápsula do joelho ou não deverá ser removida.
pelo escape de fluido através da comunicação normal de um a bursa Quando um derrame significativo do joelho aparenta se com u-
co m o joelho, que é a bursa do semimembranoso ou do gastrocnê- nicar com o cisto, o cisto geralmente desaparece após a meniscecto-
mio medial. mia, aspiração e inj eção do cisto com cortisona. Sanso ne e De Ponti
Diagnosticar um cisto poplíteo geralmente não é difícil. De um relataram bons resultados clínicos em 95% dos 30 pacientes que
terço a metade dos pacientes com esses cistos compreende crianças. tiveram tratamento artroscópico para um cisto poplíteo e patologia
O cisto deve se r diferenciado de lipoma, xantoma, tumor vasc ular, intra-articular assoc iada em um seguimento de 32 meses. Froelich
fibro ssarcoma, e outros tumores; ocasionalmente, o cisto pode ser e Hillard-Sembell demonstraram que corpos livres podem circular
confundido com um aneurisma. Um abscesso piogênico pode, por de forma intermitente entre o espaço intra-articular e o cisto poplí-
vezes, situar-se no espaço poplíteo, mas pode ser faci lmente diag- teo extra-articular. Se um corpo livre posteromedial conhecido não
nosti cado. Normalmente, o di agnóstico pode ser fe ito por transilu - pode ser encontrado, deve-se buscar uma abertura caps ular para o
minação do cisto. Outras técnicas de diagnóstico, como a artrografia, cisto. O corpo solto pode então ser removido por meio de um portal
RM e ultrass om, podem se r úteis para estabelecer o diagnóstico. RM acessório posteromedi al.
é a modalidade preferida, pois também pode mostrar patologia Se o cisto não aparecer para se comunicar ou se alterações
intra-articular. Em crian ças, o cisto ra ramente se com uni ca com a significativas não pud erem ser tratadas por via ar troscópica, é
articulação, e descobertas patológicas intra-articulares são raras. indicado um procedim ento aberto. A m aioria dos cistos pode ser
Raramente, um cisto poplíteo pode dissecar para dentro da pantur- abordada por uma incisão posteromedi al (Henderson). Lesões
rilha em um caminho intramusc ul ar. Fang et ai. relataram três casos muito grandes ou médias podem ser abordadas através de urna
envolvend o a cabeça medial do gastrocnêmio. Eles foram confirm a- in cisão posterior.
dos co m RM. Foi sugerido qu e a dissecção seguiu o cami nh o de
menor resistência através de um a fraqu eza na fáscia medi al do
gastrocn êmio.
Cistos sinoviais gigan tes da panturrilha muitas vezes estão EXCISÃO DO CISTO POPLÍTEO
assoc iados co m artrite reumatoide. Elas surgem na área poplítea e
Para um cisto poplíteo que requer excisão, Hugh ston, Baker
se co muni cam com o joelho, como pode ser dem onstrado pelo
e Mello descreveram uma abordagem poste romedi al feita
artrografia ou RM. Se houver suspeita de um cisto poplíteo, a artro-
através de uma in cisão medial em formato de "taco de
grafia ou RM do joelho ou o exa me de ultrassom da panturrilha é
hóquei". O procedimento pode se r rea liza do com o
feito, e o cisto poplíteo é removido. Em pacientes com artrite reu-
paciente em posiçã o supina. Se um a aval iação artroscóp ica
matoide, que têm um cisto sinovial gigante removido, um a sinovec-
for parte do processo, a perna não deve ser esfregada ou
tomia deve ser executada após para evitar a recorrência do cisto. O
coberta novamente e o paciente não precisa ser virado em
desenvo lvimento de síndrome co mpartimentai aguda corno resul -
posição ventra l para a excisão aberta do cisto.
tado de urna ruptura do cisto de Baker e sangramento venoso espon -
tâneo foram relatados. Temos visto vários pacientes, que tomam
ant icoagulantes fortes, sangrarem em cistos poplíteos, leva ndo à TÉCNICA
dissecção na panturrilha. A trombose da veia poplítea pode ocor rer,
(HUGHSTON, BAKER E MELLO)
e a dissecação de um cisto poplíteo também pode ocorrer simulta-
neamente. A trombose venosa deve ser excluída corno parte da
•Com o paciente supin ado, gire externamente o quadril
ava li ação na suspeita de pseudotrornbofl ebite causada por um a dis-
de forma total e fl exione os joelhos a 90 graus. Faça um a
secção ou cisto poplíteo romp ido.
incisão medial com formato de taco de hóquei na linha
Os resultados da excisão simples geralmente são excelentes,
da articul ação (Fig. 9-7 A)
mes mo qu e incompletos. Em nossa experi ência com uma grand e
•Util ize apenas a porção posteromedial da incisão, se um
sé ri e de crianças, esses cistos geralmente se resolvem com negligên-
exame artroscópico já foi realizado. Caso contrário, veri-
cia benigna. Ocasionalmente, a aspiração pode ser te ntada, desde
f ique a articulação através de um a incisão retin acu lar
que o diagnóstico seja determin ado. Em adultos, achados patol ógi-
anteromed ial (Fi g. 9-7B).
cos intra-articulares são comuns, e o cisto pode retornar se a con -
•Faça uma in cisão capsular posteromedial começa ndo
dição patológica intra-articular não for corrigida. A maioria envolve
entre o epicônd ilo medial e o tubérculo adutor ao longo da
o corno posterior do menisco medi al. Ko e Ahn reco mendam a
borda posterior do ligamento colateral medial (Fig . 9-7B)
remoção da prega capsular do mecanismo valvul ar do cisto poplíteo
• Afaste, posteriormente, o ligamento oblíquo posterior e ins-
com um a lâmi na motor izada artroscópica. Takahashi e Naga no rela-
pecione o compartimento posteromedial. Identifique o cisto
taram sucesso usando portais poste riores para ressecar artroscopi-
poplíteo; ele gera lmente está na área entre a cabeça medial
camente a origem do cisto poplíteo.
do gastrocnêmio e o ten dão sem imem branoso (Fig. 9-7B)
A avaliação artroscópica cuidadosa deve ser reali zada antes da
excisão de um cisto poplíteo. Condições patológicas intra-ar ticul ares,
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETIVAS NO JOELHO

Epicô ndilo
medial

A
Semimembranoso

Ligamento
posterior
oblíquo X
Ligamento
co lateral
tibial

B e

O!§il;f41!19 Abordagem post eromed ial para excisão de um cisto de Baker. A, In cisão na pele ao nível da linha de articulação com
o joelho flexionado a 90 graus. B, Pele e tecido subcutâneo afastados. C, Cisto aberto e afasta do antes da excisão. VEJA A TÉCNICA 9-5.

BURSITE NO GASTROCNÊMIO MEDIAL


•Inspecione a região posteromed ial da articulação e o
revestimento do cisto pa ra verifi car a existência de comu -
Se a bursa do gastrocnêmio medial estiver acometida, uma massa
ni cação intra-articular (Fi g. 9-7C)
palpável esta rá localizada na linha média da fossa poplítea ou se
• Disseque o revestimento do cisto que está aderido aos tecidos estend erá por bai xo da cabeça do gastrocnêmio e se man ifestará
moles circundantes, em direção à cápsula posterior.
entre a cabeça medial do músculo e o tendão semimembranoso,
• Excise o cisto na base do seu pedícu lo próximo à cápsu la.
simulando um a bursa semimembranosa aumentada. Nessa última
•Feche o ori fício, se possível, com uma ou duas suturas
situação, a bu rsa é ressecada através de uma incisão posteromedial
não absorvíveis. após artroscopia com o paciente em decúbito dorsal, como descrito
• No fechamento , o ligamento oblíquo posterior pode estar
para a bursite semi membranosa; quando na linha média da fossa
frouxo por causa da pressão do cisto aba ixo dele. Se estiver
poplítea, é excisado como se segue.
frouxo, avance-o para o epicôndilo medial e para o liga-
mento colateral medial para restaurar a tensão dos ligamen-
tos capsulares posteromediais e aponeuroses capsulares do
semimembranoso. Feche a ferida operatória em camadas.
EXCISÃO D~ BURSA DO
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é colocado GASTROCNEMIO MEDIAL
em um imobilizador de joelho, e a carga é permitida con-
forme tolerado. Exercícios de elevação do membro com o
joelho em extensão e de ativação do quadríceps são inicia-
dos no primeiro dia após a cirurgia. O imobi lizador é reti-
TÉCNICA
---~--_..~
(MEYERDING EVAN DEMARK)
rado, e exercícios ativos de amplitude de movimento são
iniciados assim que o quadro de inflamação aguda for resol- •Com o paciente em decúbito ve ntral, faça um a incisão
vido. Anticoagu lação profilática leve é recomendada por 6 oblíqua diretame nte sobre a massa (Fi g. 9-8A).
semanas. Se o paciente desenvolver uma fístu la sinovia l, •Abra a fáscia profunda, exponha o saco sa li ente, e, por
imobilize nova mente o joelho até que a fístu la se feche. dissecção romba, solte-o de sua origem na região posterior )
lllID PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

de comprimento ao longo do lado medial do espaço


poplíteo; um erro comum é realizar essa incisão muito
proximalmente. Incise a fásc ia profunda; o plano ade-
quado para dissecção é então gera lm ente evidente.
•Desenvolva o intervalo entre a cabeça do gastrocnêmio
medial e o semimembranoso, e separe a parede do cisto
dessas estruturas. Nenhum nervo ou vaso importante está
localizado nesse plano de clivagem.
•C ontinue a dissecção; torna-se cada vez mais difícil
separar o cisto das estruturas adjacentes. Nas profunde-
zas do ferimento, a parede geralmente é aderente e
requer uma dissecção cortante, que deve incluir algumas
das partes fibrosas do semimembranoso ou do gastroc-
nêmio; caso contrário, o cisto é rompido, o que torna
difícil delinear e determinar se ele possui um pedículo ou
se comunica com a articulação.
•Muitas vezes, a base do cisto está intimamente ligada à
A B cápsula e à sinóvia. A localização da abertura pode ser
rea lizada, se desejado, através da injeção de ar ou de
solução sa lina fisiológica que contenha um pouco de azu l
lj@l@iri19 Ressecção do cisto de Baker da linha mediana de metileno por meio da parte posterior da cápsula para
por Meyerding e Van Demark. A, Incisão na pele. B, Depois de ter dentro da articulação, porém o fechamento de qualquer
sido exposto, o pedículo é clampeado, ligado, dividido e inver- abertura do lado posterior da cápsula do de joelho pro-
tido. VEJA A TÉCNICA 9-6. vavelmente é desnecessário.
• A técnica para a excisão de cistos no lado medial do tendão
semimembranoso é realizada de um modo semelhante.

)
da cápsu la do joelho. Em alguns casos, o relaxamento dos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
músculos e tendões de cada lado do cisto por meio da mesmo da Técnica 9-5.
flexão do joelho aumenta a exposição.
• Clampeie o pedículo do cisto na sua ligação à cápsula da
articulação e divida-o, mas deixe pedículo suficiente para
permitir a sua inversão (Fig . 9-8B)
•Inverta o pedículo e feche-o; Meyerding e Van Demark
recomendam suturas permanentes para este fechamento. TENDINITE SEMIMEMBRANOSA

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o A tendinite semimembranosa pode ser diagnosticada pela identi -
mesmo que para a Técnica 9-5. ficação de um ponto doloroso sobre o canto posteromedial do
joelho distalmente à linha articular. O tendão normalmente é faci l-
mente palpável. Um teste provocativo de rotação tibial interna
resistida com o joelho fl exionado a 90 graus tamb ém pode preci-
pitar a dor. Um teste de McMurray negativo na ausência de sensi-
bilidade sobre a linha de articulação pode aj udar a desca rtar uma
BURSITE SEMIMEMBRANOSA rotura do menisco ou uma osteonecrose do planalto tib ial. Ray,
Clancy e Lemon dividiram 11 5 pacientes em dois grupos: pacientes
A distensão da bursa do semimembranoso ocorre mediaimente do com tendinite primária semimembranosa isolada e pacientes com
espaço poplíteo, no centro, ou, em geral, lateralmente ao tendão tendinite secundária com uma anormalidade intra-articular asso-
semimemb ran oso. A bursa pode ser abordada facilmente através de ciada. O grupo com tendinite primária geralmente incluiu pacien-
uma incisão posteromedial com o paciente em decúbito dorsal, ou tes jovens, at léticos, com lesões por uso excess ivo deco rrentes da
através de uma incisão posterior, tal como descrito. corrida ou do triatlo. A tendinite secundária estava relacionada
com ferimentos degenerativos meniscais mediais, alterações dege-
nerativas do compartimento medial, ou condromalacia da patela,
resultando em alterações da marcha e lesão por uso excessivo do
EXCISÃO DA BURSITE DO tendão. Tendin ites semimembranosas geralmente respondem à
SEMI MEMBRANOSO terapia conservadora. Se o tratamento conservador fa lhar, a cinti-
lografia óssea ou RM pode ser útil para confirmar o diagnóstico.
TÉCNICA ~ Ocasionalmente, uma transferência do tendão semitendinoso
o--~~~~~~~--~ pode ser necessária e é o tratamento de escolha. Para tendinite
•Com o paciente em decúbito dorsal, rea lize uma incisão secundária, Ray, Clancy e Lemon recomendaram ava liação e tra-
longitu dinal ligeiramente oblíqua ou curvada de 7,5 cm tamento da doença intra-articular no momento do tratamento da
tendinite semimembranosa.
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTE S MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETIVAS NO JOELHO &11111
O tratamento inicial da sinovite crôn ica é conservador. Se o
TRANSFER~NCIA DO TENDÃO tratamento conservador falhar, a biópsia sinovial pode se r indi-
SEMITENDINEO cada. Esta pode ser realizada usa ndo -se um a técnica artroscópica
padrão, em que a articulação pode se r visualmente inspecionada e
TÉCNICA ~
lliiillllllllll~~~~~~~___,~
~ locais específicos de biópsia podem se r escolhidos. Além disso, o
exame artroscópico pode revelar hipertrofia e hiperpl asia da
(RAY, CLANCY E LEMON) camada sin ovial das células, es pessa mento das camadas subsino-
viais por dermatofibrose, e congestão do s vasos sanguíneos. Esses
•Faça uma in cisão posteromedial longitudin al de 1O cm res ultados não são específicos, mas as características mais especí-
sobre a inserção da cabeça direta do tendão semimem- ficas da ar trite reumatoide, osteoartrite, e articulações de Charcot
branoso, e libere o tendão do tecido circundante proximal não são encontradas. Um inchaço persistente da articulação com
e distalmente. a flutuação, mas sem edema dos tecidos moles circundantes, é
• Abra a bainha do tendão e faça uma incisão longitudinal caracter ís tico de sinovite crônica.
no tendão.
• Excise todas as áreas de necrose. Se não houver nenhuma
necrose óbvia, rea lize vários cortes longitudina is no tendão SINOVECTOMIA DO JOELHO
para estimular uma reação de cicatrização.
• Perfure o loca l de inserção com um pequeno fio de Apesa r da sinovectomia na artrite reumatoide, na sinovite crô ni ca
Kirschner. ou em outras artrites (p. ex., artr ite psoriática) possa diminuir
•Tracione a cabeça direta e a porção proxima l do tendão temporariamente a dor, o ganho de movimento é questionável, e
para cima e para lelo à borda posterior do ligamento algum a perda de movimento pode ocorrer. A sinovectomia artros-
colateral tibial, e suture-o aqui para redirecionar o tendão. cópica foi usada com sucesso em pacientes adultos e pediátricos
com artri te reumatoide, sinovite sarcoidose e artropatia hemofí-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o lica. As vantagens da si novec tomi a artroscópica sobre a sinovecto-
mesmo que para a Técnica 9-5. mi a aberta incluem diminui ção da dor pós-operatória e a
mobilidade articular precoce. A sinovectom ia artro scópica é um
procedimento exigente, entretanto, e deve ser realizada por artros-
co pistas experientes (Cap. 51).
SINOVITE CRÔNICA
A sinovite crônica é uma lesão persistente, inespecífica e prolifera- ARTRITE REUMATOIDE DO
tiva da sinóvia, geralmente monoarticular, com pouco ou nenhum JOELHO
envolvimento do osso ou da cartilagem e sem evidência clara de
qu alquer outro processo patológico primário. Embora o estudo da ÍNICIO DA ARTRITE REU M ATOIDE
cultura de articulação seja negativo, o processo pode estar relacio-
EM ADULTOS
nado com um a infecção em outra parte. Durante a Segunda Guerra
Mund ial, ve rificou-se que a sinovite crônica de um ou ambos os A artrite reumatoide é um a do ença crônica, sistêmica, inflamató-
joelhos era muitas vezes desenvolvida 3 semanas após uma uretrite ria, envolvendo na maiori a das vezes as pequenas articulações das
gonocócica aguda. Embora a uretrite já tenha diminuído após o mãos e dos pés, apesar de qualquer articulação si novial poder ser
tratamento com penicilina, acreditava-se qu e a sinovite do joelho aco metida. Ela acomete 1% a 2% da população mundial, com uma
era de origem gonocócica. A sinovite era subaguda ou crônica e, no proporção mulher-hom em de 2,5 : 1. A artrite reumatoide no
entanto, os organismos não foram encontrados em articulações aspi- ad ulto geralmente é poliarticular; se ndo raro o envolvimento sis-
radas. A sinovite crônica tamb ém ocor reu após o tratamento com têmi co nos órgãos viscerais ou olhos. O teste para o fator reum a-
penicilina de lesões purulentas agudas das articulações; nesses casos, toide em adultos é positivo em 70% a 80% dos pacientes em que
a efusão e o espessamento da membrana sinovial persistiram durante a artrite reumatoide é di agnos ticada. A American Rheumatism
seman as após as culturas do fluido se torn arem negativas. A sinovite Association desenvolveu critérios para o diagnóstico da artrite
crôni ca tamb ém foi encontrada anos após uma lesão traumática na reumato ide (Tabela 9-2) . Um paciente é considerado com artrite
arti culação, após a articulação aparentar estar completamente recu- reumatoide se, pelo menos, quatro dos sete critérios estiverem
perada e sem evidências de artrite. Observamos também sinovite presente durante pelo menos 6 semanas.
crônica nas articu lações adjacentes a infar tos ósseos, onde o espaço A ca usa exata da artrite reumatoide é desconhecida. O conhe-
articular foi mantido e sem evidências de artr ite. cimento da natureza e patogênese da doença tem aumentado nos
Uma vez que a sinovite monoarticular pode simular a gota e a últimos anos e o tratamento médico e cirúrgico da doença melho-
pseudogota, o líquido articular deve ser enviado para a pesquisa de rou. O objetivo do tratamento médico e cirúrgico de pacientes com
cristais para excl uir a possibilidade desses processos patológicos. A artrite reumatoide é manter ou melhorar a capacidade funcional.
citologia pode também ser obtida para descartar sinovite vilonodu- O quadro clínico da artrite reumatoide é caracterizado por sino-
lar pigmentada. A RM pode ser útil, pois os depósitos sinoviais vite e destruição da articulação. A sinovite tende a aumentar e dimi -
observados na sinovite vilonodular pigmentada após repetidos epi- nuir e, inicialmente, é tratada farmacologicamente. A destruição das
sódios de sa ngramento evidenciam um sinal ca racterístico. A RM articul ações começa no primeiro ou no segundo ano da doença e
tamb ém pode revelar áreas de infarto ósseo não visíveis em radio- continua a progredir. Radiograficamente, essa destruição é demons-
grafias simples. Testes sorológicos para doença de Lyme também trada pelo estreitamento do espaço articular, erosões periarticulares e
devem se r realizados. osteopen ia subcondral. O dano estrutural se manifesta como dor com
_, PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECON STRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

•@=U'4 W Critérios Revistos para Classificação da Artrite Reumatoide

CRITÉRIOS DEFINIÇÃO
Rigidez matinal Rigidez matinal em torno e nas articulações com duração de pelo menos 1 hora
antes da melhoria má xima
Artrite de três ou mais áreas Pelo menos três articulações tiveram inchaço dos tecidos moles ou líquido (sem
supercrescimento ósseo isolado) observado pelo médico; 14 possíveis áreas
articulares definidas como as IFP, são MCF, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos,
e MTF dos lados direito ou esquerdo
Artrite nas articulações das mãos Pelo menos uma área inchada (como definido acima) no punho, MCF ou IFP
Artrite simétrica Envolvimento simultâneo das mesmas áreas articulares dos dois lados do corpo
(envolvimento bilateral de IFP, MCFs, ou MTFs é aceitável sem simetria absoluta)
Nódulos reumatoides Nódulos subcutâneos sobre as proeminências ósseas, superfícies extensoras ou
regiões justarticulares observadas por um médico
Fator reumatoide sérico Demonstração de quantidades anormais no fator reumatoide sérico por qualquer
método que tenha sido positivo em <5% dos controles normais
Alterações radiográficas Altera ções radiográficas típicas da artrite reumatoide nas radiografias da mão e
punho anteroposteriores, que devem incluir erosões ou descalcificação óssea
inequívoca localizada nas ou mais marcadas adjacentes às articulações envolvidas
(mudanças isoladas relacionadas à osteoartrose não se qualificam)
IFP, articulação interfalângica proximal; MCF, articulação metacarpofalangeana; MTF, articulação metatarsofalangeana.
De Smith CA, Arnett FC: Epidemiologic aspects of rheumatoid arthritis: current immunogenetic approach, Clin Orthop Re/at Res 265 :23, 1991.

a atividade e defo rmidade. Alguns pac ientes en tram em rem issão no A sinovectomia tem desemp enhado se u papel no tratamento
primeiro ano e leva m uma vida razoavelmente norm al, com poucos da artrite reum atoide há muitos anos. As indicações atu ais são, na
sintomas. O utros têm incapacidade perm anente co nfo rme a doença sua maiori a, para a dor em pacientes com danos estruturais mínimos
prog ride, a ponto de evoluírem com dest rui ção da articulação. na articulação e refratários a agentes fa rm aco lógicos. A sinovecto-
O tra tamento das fases iniciais da artrite reum atoide é pri- rni a aberta es tá se ndo realizada com menos frequência co nfo rme a
m ari amente medi camentoso, emb o ra a terapia oc up ac ional e física sinovectomi a artroscópica tem aumentad o em popularidade, espe-
muitas vezes possa ser útil. Os agentes fa rm aco lógicos utili zados cialmente para uma artrite do joelho.
na artrite reumatoid e inclu em medi camentos anti -inflamatórios Com as técnicas atuais de artroplasti a total da articul ação, as
não es teroides, co rti costeroid es, rn eto trexa to, e agentes biológicos. opções cirúrgicas para o tratamento da artrite reumatoide do
Os age ntes biológicos são pro teín as reco mbin antes qu e geralmente adulto têm expandido. Em pacientes com des trui ção moderad a a
têm co rn o alvo um a citocin a inflamató ri a, tal co mo o fator de severa da cartilage m e do osso sub condral, a artroplasti a total da
necrose turn oral. Esses agentes têm m os tra do res ultados promis- articulação pode aliviar a dor e melh orar a fun ção da maioria das
so res. Espera-se que possam diminuir ou elimin ar a necessidade arti cul ações.
de intervenção cirúrgica em muitos pac ientes; no entanto, esses
age ntes inibem o sistema imunológico e ca usam um aum ento do
risco de infecção nos pacientes qu e os to mam. ARTRITE REUMATOIDE JUVENIL
Howe, Gardner e Kadel publicaram uma extensa revisão de
agentes antirreumatológicos e realiza ram recomend ações para ajustes A artrite re umatoide juvenil difere significa tivamente da forma
na medi cação no período perioperatóri o para pacientes com artrite adulta. O di agnósti co de artrite reumatoide juve nil geralmente é
reum atoide (Tabela 9- 3). Os pacientes qu e estão tom ando corticos- feito por exclusão. Outros tipos m ais comuns de artrite em crian ças
teroid es geralmente exigem doses de "estresse" de hidrocortisona no e outras doenças reumáticas e relacionadas ao tecido conjuntivo
pré-operatório (Tabela 9-4). Em ge ral, os age ntes que inibem o deve m se r descartados. Os critérios de diagnósti cos para artrite
sistem a imunológico devem ser retid os, pelo me nos, 1 sem ana antes reumatoide juvenil listados no Quadro 9- 1 são similares aos critérios
e 1 semana após o procedim ento cirúrgico. para a fo rm a adulta. O fator reumatoide é positi vo em menos de
A cirurgia para a artrite reumatoide deve reali zar um ou mais 25% dos pacientes co m artrite reum atoide juvenil. Depois que os
dos seguintes itens: aliviar a do r; preve nir a dest rui ção da ca rtila- pacientes passa m a idade de 8 anos, tes tes de laborató ri o mostram
ge m ou de tend ões; melhorar a fun ção das articul ações aum en - um pe rce ntu al cada vez maior de resultados positivos. Semelhante
tan do ou diminuindo o movimento, co rrigin do defo rmidades, à fo rma adulta, a art rite reumatoide juve nil é ma is bem tratada por
aum entand o a estabilidade, melhorand o a efi cácia das fo rças mus- um a abo rd agem de equipe multidisciplinar.
cul ares, ou qu alquer combinação dessas medid as. A cirurgia na A artrite reum atoide juvenil consiste clinicamente em três
artrite reum atoid e pode se r preve nti va e correti va; pode se r feita tipos : poliarti cular (envolvendo cinco ou mais articulações),
em alguns casos durante remissões es po ntâneas ou induzidas da monoarti cula r (e nvo lvendo quatro ou menos arti cul ações) e sistê-
d oe nça. A cirurgia pode ser indicada para o alívio da dor ou para mi ca . A po li art rite ocorre em qu ase a metade de todas as crian ças
melho rar a fun ção ou amb os. Atu almente, a ati vidade da do ença co m ar trite reum atoid e juvenil. Os joelh os, punh os, cotovelos e
é, mui tas vezes, desconsiderada, e a ciru rg ia preventiva é reali zada torn ozelos são mais frequentemente afetad os, e o padrão de envol-
de fo rm a mais precoce. vimento ge ralmente é simétrico. A artrite monoa rti cul ar ocorre em
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETIVAS NO JOELHO

~~Z~JI; Recomendações Medicamentosas Perioperatórias para Pacientes com Artrite Reumatoide

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
MEDICAMENTO IMPORTANTES COMENTÁRIOS
AINEs Varfarina - pode aumentar o Pare 5 meias-vidas antes da cirurgia
INR A aspirina deve ser interrompida 7-10 dias antes da cirurgia
Corticosteroides Fluoroquinolonas aumentam o O uso perioperatório depende do nível do potencial de
risco de ruptura de tendão estresse cirúrgico
Antifúngicos e claritromicina
podem aumentar os níveis de
corticosteroides
Metotrexato Penicilinas intravenosas podem Continue perioperatoriamente para todos os
levar a neutropenia procedimentos
Considere a suspensão de 1-2 doses de metotrexato em
pacientes com diabetes mal controlado; idosos; e
pacientes com doença no fígado, rim ou pulmonar que
são submetidos a procedimentos moderados ou intensos
Leflunomida Varfarina e rifampicina - Continue para procedimentos pequenos
podem elevar os níveis Suspenda 1-2 dias antes de procedimentos moderados e
grandes.
Reinicie 1-2 semanas mais tarde
Sulfassalazina Varfarina pode aumentar o INR Continue para todos os procedimentos
Hidroxicloroquina Nenhuma Continue para todos os procedimentos
Antagonistas do Evite vacinas vivas; caso Continue para procedimentos pequenos
TNF contrário, ausência de Para procedimentos moderados e grandes, suspenda o
interações medicamentosas etanercept por 1 semana e planeje a cirurgia para o fim
perioperatórias significativas do intervalo entre doses de adalimumab e infli ximab.
Reinicie 10-14 dias de pós-operatório
Antagonistas de Nenhuma Continue para procedimentos pequenos
interleucina-1 Para procedimentos moderados e grandes, suspender 1-2 dias
antes da cirurgia. Reinicie com 10 dias de pós-operatório.
INR, Relação normatizada internacional; AINEs, anti-inflamatórios não esteroides; TNF, fator de necrose tumoral.
Modificada de Howe CR, Gardner GC, Kadel NJ: Perioperative medication management for the patient with rheumatoid arthritis, J Am Acad Orthop Surg
14:544, 2006.

•@@!4 ~ Hidrocortisona Suplementar para Níveis de Estresse Cirúrgico


CLASSES DE PROCEDIMENTO/
NÍVEL DE ESTRESSE PROCEDIMENTO HIDROCORTISONA SUPLEMENTAR RECOMENDADA
Pequeno/mínimo Liberação do túnel do carpo 25 mg de hidrocortisona somente no dia do
Tenossinovectomia procedimento (prednisona 5 mg)
Artroscopia do joelho
Correção do dedo em martelo
Primeira fusão metatarsofalangeana
Moderado/moderado Artroplastia do quadril 50-75 mg de hidrocortisona no dia do
Artroplastia de joelho procedimento com rápida redu ção
Artroplastia do tornozelo gradual ao longo de 1-2 dias para dose
Artroplastia do ombro pré-operatória (prednisona 10-15 mg)
Artroplastia do cotovelo
Artropl astia metaca rpofa la ngea na
Reconstrução complexa do pé com
artrodese e transferência de tendão
Reconstrução do ligamento cruzado
anterior
Grande/significativo Politrauma 100-150 mg de hidrocortisona no dia do
Artroplastia bilateral do joelho procedimento com rápida redução
Artroplastia de revisão gradual ao longo de 1-2 dias para dose
Artrodese espinal de múltiplos níveis pré-operatória (prednisona 20-40 mg)
De Howe CR, Gardner GC, Kadel NJ: Perioperative medication management for the patient with rheumatoid arthritis, J Am Acad Orthop Surg 14: 544,
2006.
llllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

QUADRO 9 _1 Crité~i?s D~agnóstic~s para


Class1f1caçao da Artrite
Reumatoide Juvenil

• Idade de início menor que 16 anoá


• Artrite em uma ou mais articulações defini das como
inchaço ou derrame articula r ou pela presença de dois ou
• 9- 2

Indicações Ideais
Sinovectomia na Artrite
Reumatoide Juvenil

• Envolvi mento de uma ou poucas articu lações


• Sinovite reumatoide hiperplásica, " molhada"
• Falha do tratamento conservador
ma is dos segu intes sinais: limitação de movimento, se n- • Nenhuma evidência radiográfica de destrui ção da ca rtil a-
sibil idade ou dor no movimento, e aumento do ca lor gem articular
• Duração da doença de 6 semanas a 3 meses
•Tipo da doença durante os primeiros 4 a 6 meses classi- Indicações Relativas
f icado como: •Dor severa
• Pol iartrite: cinco ou mais articu lações • Perda sig nificativa de movimento
• Monoartrite: quatro articu lações ou menos • Contraturas, apesa r de vários meses de tratamento
• Doença sistêm ica: febre intermitente, erupção reuma- conservador
toide, artrite, doença visceral
• Exclusão de outras doen ças reum ática s Contraindicações
• Sinovite "seca" soronegativa
Modificado de Brewer LJ Jr, Bass JC, Cassidy JT, et ai: Criteria for the classifi- • Envolvi mento poliarticu lar
cation of juvenile rheumatoid arthritis, Buli Rheum Ois 23:7 12, 1972 • Fase inflamatória aguda
• Doença sistêmica

De Canale ST, Beaty JH, editores: Operative pediatric orthopaedics, ed 2, St.


aproximada mente um terço de crianças co m artrite reumatoide Louis, 1995, Mosby.
juveni l. Em cerca de metade dessas, a doença começa em apenas uma
articulação, normalmente o joelho. A doença sistêmica ocorre em
10% a 20% dos pacientes. Sintomas sistêmi cos graves precedem o
desenvolvimento da artrite evidente. Febre de altos picos e um "rash
reumatoide" são virtualmente diagnóstico de doença sistêmica. desses resultados em crianças. Em contraste com a doença na idade
Problemas psicossociais são comuns em pacientes com art rite adulta, a destrui ção art icul ar pode se tornar extensa antes de a dor
reum atoid e juven il sintomática. O momento para a abordagem se tornar um problema sério. A artri te reumatoide juvenil também
cirúrgica nesses pacientes deve levar em consideração fatores psi- é mais cíclica do que a forma adulta, a qual tende a ser inexoravel-
cossociais e o aconselhamento deve se r providenciado. mente progressiva. Em um dos poucos es tudos de sinovec tomi a
A principal causa de morbidade da artrite sistêmi ca e poliar- artroscópica do joelho em crianças, Vilkki, Virtanen e Makela rela -
ticul ar é a doença articular grave, que ocorre em 25% dos pacientes. taram 22 desses procedimentos em crianças de 5 a 16 anos de idade.
A principal causa de morbidade na doença monoarticular é a irido- Eles concluíram que a sinovectornia artroscópica é preferível a sino-
ciclite crônica, que ocorre em 25% a 30% dos pacientes. Schaller vectom ia aberta nesses pacientes, pois a mobilização e a carga total
rel ato u qu e 90% dos pacientes com artrite reumatoide juve nil e iri - de peso podem ser iniciadas imediatamente após o procedimento, a
dociclite tivera m um teste positivo para anticorpos anti nucleares. A morbidade é menor, e a reabilitação é mais rápida. Embora a sino-
ceg ueira permanente pode oco rrer a pa rtir da iridociclite, e os vectomia artroscópica possa ser urna opção de tratamento paliativo
pacientes com artrite monoarticular, especialmente aqueles com para algumas crianças com artrite reumatoide juvenil, o procedi-
testes positivos para anticorpos antinucleares, devem ser ava liados mento não pode ser recomendado como rotin a. Indicações ideais
por um oftalmologista, aproximadamente a cada 3 meses. para sinovectomia incluem o envolvi mento de uma ou apenas
A sinovectomia aberta para o tratamento de artrite reumatoide algumas articulações; tip o hiperplás ico "molhado" de sinovite reu-
juveni l tem produzido resultados inconsistentes. Granberry e Brewer matoide; incapacidade de responder a um período adequado de
observaram que os pacientes com doença monoart icular ou poliar- tratamento conservador; e sem evidência radiográfica de destruição
tiCLil ar leve tendem a ter melhores resu ltados após a sinovectomia. da cartilagem articular. Poucos pacientes preenchem todos esses
Pacientes com resultados ruins após a sinovec tomi a incl uem crian- critérios, entretanto, e a decisão de realizar a sinovectomia requer
ças com doença sistêmica e envolvimento pol iart icular e crianças julgamento clínico astuto. Contraindicações para a si novectomia
menores de 7 anos de idade. Pacientes muito jovens aparentemente incluem sinovite "seca", envolvimento de múltiplas artic ulações na
obtive ram alívio da dor, mas não fo ram capazes de cooperar nos fase inflamatória aguda e doença sistêmica (Q uadro 9-2).
programas de exercícios de amplitude de movime nto para melhorar Procedimentos reco nstr uti vos qu e podem ser necessários em
a fu nção da articu lação. Jacobsen et ai. descobriram poucos, quando pacientes com artrite reum atoide juvenil incluem procedimentos de
existe ntes, benefícios da sinovectomia em relação ao alívio da dor tecidos moles para correção de contraturas, osteotornia, artrodese,
ou à melhora na amplitude de movim ento, mas a operação parecia excisão da art iculação e artroplastia . As combinações desses proce-
proporcionar alívio permanen te do inchaço nas articulações. Em sua d imentos geralmente são necessárias para aliviar a dor e corrigir as
opinião, a única indicação para sinovectomia na artr ite reumatoide deformidades. As osteotomias são mais com umente necessárias para
juveni l é a sinovite monoarticular de longa duração que não respon- corrigir deformidades angulares graves. A artrodese geralmente é
deu a outros tratamentos. reservada para as articu lações severamente destruídas e inadeq ua-
Apesar dos relatos de bons resultados após a sinovectomia das para a artroplasti a, tais como o punho, o pé, e, ocasionalmente,
artroscópica do joelho em adultos com ar trite reum atoide, as dife- os dedos da mão. A excisão de um a das superfíc ies articulares oca-
renças entre ar trite reumatoide juvenil e adu lta proíbem a aplicação sionalmente é indicada na maturidade esquelética para ar ticul ações
CAPÍTULO 9 PROC EDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETI VAS NO JOELHO cm
seve ramente dolorosas, inadequadas para a artropl as ti a. A artroplas- considerados contra indicações para sinovectom ia. Embora o alívio
ti a pode ser indicada para a destrui ção da cartilagem articular, espe- sintom ático temporári o tenha sido muito bem-sucedido, a amplitude
cialmente em pacientes com destrui ção múltipla e bilateral das de movimento, mui tas vezes, diminui e raram ente evita-se a progres-
ar ticulações. A idade precoce e o es tilo de vida desses pacientes são da doença. No entanto, os benefí cios paliativos normalmente
deve m ser considerados antes da reali zação de um proced imento tão fazem com qu e o procedimento valha a pena. A sinovectomia tardia
extenso. Geralmente, os adultos jovens co m grave envo lvimento de realizada em joelhos com alterações artríti cas avançadas tem uma taxa
múltiplas articulações e baixo nível de ati vidade são mais adequ ado s inaceitavelmente elevada de insucesso e não é recomendada.
para a artroplastia. A técnica para sinovectomia art roscó pica tem evoluído ao
Parvizi et al. (25 pacientes), Palmer et al. (15 pacientes) e longo dos últim os 30 anos. Consequ entemente, a sinovectomia
Thomas et al. ( 17 pac ientes) relataram excelente alívio da dor e artroscópica do joelho se tornou o padrão-ouro devido às vantagens
melhora da capacidade funcional após artroplastia total do joelho sobre o procedimento aberto (Quadro 9-3). Estudos têm demons-
em pacientes com artrite reumatoide juvenil; no entanto, múltiplas trado que a sinovectomi a artroscópica do joelho em pacientes com
cirurgias e co mplicações foram mais fre quentes do qu e o descrito artr ite reumatoide cont rola a sinovite com sucesso e melhora a dor.
após a artroplasti a total do joelho em adultos com osteoartrite. Em um es tudo, a melhora fo i observada em todo s os critérios ava-
liados. Apesar de a am plitude de movimento ser prese rvada, ela não

PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS

Na artrite reum atoide, contraturas em fl exão de ambos os joelhos


são comuns; qu ando excedem 30 graus, o paciente geralmente é
limitado a um a cadeira de ro das. Os seguintes procedim entos cirúr-
gicos são úteis em pacientes adequ adamente selecionados com
artri te reum atoide: (1) sinovectomia artroscópica (2), osteotomia
proxi m al da tíbia, (3) artrodese e (4) artroplastia ou reconstru ção.
• 1.
2.
3.
4.
_
93
Vantag~n~ da Sinovectomia
Artroscop1ca

A ressecção sinovia l é mais complet a.


A incisão é mín ima.
O músculo quadríceps perman ece intacto .
A incidência de infecção é min imizada.
5. A incidência de hemartrose é minimi zada .
6. A amplitude de movimento é mantida ou aumentada.
• SINOVECTOMIA ARTROSCÓPICA 7. Tem baixo custo como um procedimento ambu latorial .
A indicação básica para sinovectomia em artrite reumatoide é a falha 8. A necessidade de fi sioterapia pós-operatória , caso haja,
da doença em responder a um tratamento médico aprop riado depois é pequena.
de 6 meses. Se a operação for bem-sucedida, a doença deve ser limi- 9. Os meniscos são pou pados.
tada quase que inteiramente à memb ra na sinovial (Fig. 9-9), com 1O. Alta aceitação do paciente.
pouco, ou nenhum, envolvimento da ca rtilagem ou osso e, co nse-
qu entemente, co m po uca ou nenhum a evidência ra di ográfica de De Salisbury RB : Synovectomy. ln Fu FH, Harner CD, Vince KG, editors: Knee
es treitamento do espaço da articulação. O envolvimento de du as surgery, Baltimore, 1994, Wi lliams & Wil kins.
ou mais articulações e a presença de inflam ação agud a já não são

- - - Músculo
quadríceps
Fê mur - - - - ~~~~-- Art i c ul ar
do joelho
Ligame nto
colateral - -+-- - Memb ra na
tibia l- -
Me mbrana
s inovia l___/,
(
Menisco 1
_,...

medial \~

Tíbia - - -
- - Fíbula

A B

Hfül!;b)1!19 A, Loca lização da sinóvia na articu laçã o do joe lho e m projeção anteroposterior. B, Projeção late ra l. Apenas uma
pequena porção da sinóvia poste rior pode ser ressecada pe la sinovectomia anterior.
llD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

aumenta. Os res ultados parece m ser melhores em pacientes com • ARTROPLASTIA OU RECONSTRUÇÃO
m enos dan o cartil agin oso. Ogawa et al. avaliaram os resultado s de
30 sinovectom ias artros cópicas com 6 anos de acompanhamento. Melhorias na artroplastia total do joelho tornaram o tratamento
Todos os joelhos com alterações de · grau 1 (class ificação de cirúrgico a pr incipal escolha para a maioria dos pacientes com
Larsen) mantiveram-se no mesmo grau, enq ua nto alguns com artrite reumatoide com acometimento dos joelhos. Na doença avan-
a lterações de grau II e todo s com gra u III n ecess itaram de artro- çada, q uando a sinovectom ia já não traz benefícios, a artroplastia
plastia tota l do joelho. total da a rti cu lação p ode aliv iar a dor e, em ce rtos casos, melhorar
Para os pacien tes com a rtrite reumatoide adulta, nos qu a is a mobilidade. A artroplastia é mais adeq uada para pacientes da
o tratamento co nse rvador por no mínimo 6 meses foi ineficaz e classe III ou classe IV (classificação da American Rheumatism Asso-
que não possuem erosões artrít ic as re lacionadas a alterações ciation) co m envolvimento de múltiplas articulações, principal-
tardias, a si novec tomia artroscópica do joelho pode ser paliativa. mente o quadril ipsolateral, tornozelo, joelho contralateral ou
Em bora a lgumas das alterações eros ivas observadas na radiog ra- ambos, e qua ndo o envolvim e nto d a o utras a rtic ul ações impede um a
fia possam evo lui r de forma mais le nta, a progressão natural fina l reabilitação adequad a. Resu ltados excelentes o u bons foram relata-
da doen ça mantém-se inalterada. Se realizada por um cirurgião dos após a artroplastia total do joelho, e um estudo encontrou uma
experiente, a sinovectom ia art roscóp ica pode diminuir a dor sem taxa de falha menor em pacientes com artrite reum atoide do que em
comprometer de forma significativa o movimento, e diminuir a relação a o utras etiologias.
morbidade operatória e pós-operatória em comparação com a Os re sul tados da a rt rop last ia tota l do joelho são bon s pre -
s inovectom ia aberta. serva nd o o u não o li gamento cru zado poster io r. Embora relatos
A sinovectomia artroscópica deve se r rea li zada sistematica- prévios da artroplastia total do joelh o em pac ientes com artrite
mente após o exame da articulação. A sinóvia articular do joelh o reumatoide sejam favoráveis, uma taxa de 50% de instabilidade
reveste de forma difusa todo o interior da articulação, os ligamentos do li gamento cruzado posterior no pla no sag ital fo i relatada,
cruzados, e a superfície inferior dos meniscos (F ig. 9-9). Os recessos embora o ut ros a u tores não tenham confirmado este ac hado.
posteriores d a articulação do joelho devem ser exa minados de forma Utili zamos próteses para a a rtroplastia total do joelh o qu e sacr i-
minuciosa, mas com cautela para um a sinovectomia adequada e ficam o li gamento cru za do poste ri or em pacientes com artrite
segura nessas regiões. As camadas superficiai s da membrana sino- reumato id e.
vial são removidas com o auxílio de um shaver, progredindo a res- As complicações podem ser mais frequentes após a artro-
secção até o plano definido pela membrana sinovia l e os tec idos plastia tota l do joelho em pacientes com artrite re umatoide do
subsinoviai s. Q uando esse plano é atingido podem-se observar que em pacientes com osteoartrite devido (l) à má cicatrização
fibras lisas e brilhantes da cápsula, co m cap il ares superficiais no do tecido , (2) às in fecções profundas da fer ida ope r atória, (3) à
interior da cápsu la. O cirurg ião deve ver o joelh o como um a série contratura seve ra em flex ão ( 4), à frouxidão li gamen tar grave, (5)
de compartimentos, desprendendo uma quantidade igual de tempo à osteopen ia grave, e (6) ao envolvimento d e múltiplas articu la-
em cada compartimento para remover uni forme m ente a si n óv ia. ções limitando a reabilita ção. Para aj udar a m in imizar a lguns dos
Devido ao ri sco de graves complicações neurovascu lares, a sinovec- prob lemas e m nossos pac ie ntes com artrite reumatoide, para
tomia artroscópica deve ser rea li zada por um artroscopista expe- quem es tá planejada a artroplastia total do joe lh o, tentamos oti-
riente. A técnica para a sinovec tomia artroscóp ica do joelho é mizar o es tado nutricional pré-operatório, u ti li zamos cimento
descr ita no Capítulo 51. ósseo com a ntibiótico e, freq uentemente, componentes com haste
para a artroplastia primária e m pacientes com osteopenia grave.
• OSTEOTOMIA PROXIMAL DA TÍBIA Rodri guez et a i. relataram infecções tardia s em 4, 1% dos pacien-
A osteotomia proximal da tíbia (Técnica 9-9) é útil para co rrig ir te s em um a média de 7 anos após a a rtrop last ia total primár ia do
defo rmid ades em varo ou va lgo de um joelh o art rít ico, com art rite joelho. Fo i leva ntada a hipótese de qu e os co r ticostero id es, mai s
unicompartim ental. Ela rea li nha o eixo de carga do peso através do do que o processo da doen ça em si, podem se r responsáveis por
joelh o para distribuir as forças do peso para o compartim ento complicações na ferida operatória e infecções. Indicações, con-
menos envolvido ou não envolvido. Essa operação ge ralmente é traindicações e técnicas para a artroplast ia tota l do joelh o enco n -
contraindicada em pacientes com artrite reumatoide, pois com fre- tram- se descritas no Capítulo 7.
quência o processo da doença acomete uniform e mente os compa r-
timentos medial, lateral e a artic ul ação patelofemoral. Além disso, o
osso osteoporótico de pacientes com artrite reum atoid e faz com que OSTEOARTRITE DO JOELHO
o procedimento seja de um gra u de dificu ldad e maior d o que em
pacientes com osteoartrite, com uma chance maior de frat ura na A osteoartrite do joelho pode ca usar sintomas q ue variam de leves
articulação durante a osteotomia, avulsão do tendão patelar, o u a in capacitantes. O tratame nto inicial da ma ioria do s pacientes
pe rda de fixação. deve ser não operatór io e pode incluir fisio terapia, est imu lação,
órteses, apa relh os amb ul atoriais, medicam e ntos anti-inflamatórios
não estero id es, glu cosamina, condroitina, inj eções intra-articula -
• ARTRODESE res de ácido hialurônico ou esteroide e ana lgés icos. Mudanças no
A artrodese (Cap. 8) oferece as vantagens de estab ilidade e ausência cotidiano, traba lh o e atividades de lazer também podem ser neces-
d e dor. Porém, com os avanços da artroplast ia total da articulação, sárias. A obesidade é um fator de risco conhecido para a osteoar-
ela rarame nte é indicada, exce to para envo lvi me nto g rave da articu- trite do joelh o, e a perd a de peso demonstrou retardar a progressão
lação unil atera l em pacientes jovens e ativos. Se houver qualqu er d a doença . Devido à natureza progressiva da doença, muitos
dúvida com relação ao acomet imento do quadril contralateral, a pac ientes co m osteoartrite do joelho necess ita m even tu alm e nte de
artrodese do joelho é contraindicada. tratamento cirúrgico.
CAPÍTULO 9 PROCEDI MENTOS DE PARTE S MO LE S E OSTEOTO MIAS CORRETIVAS NO JOELHO cm
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ta mbé m fo ram d efe ndid as para estimular a rege neração da ca r-
til age m. Em m édi a, ce rca de 60% dos pacientes têm um bom
Uma vari edade de cirurgias é descrita para o tratamento da osteoar- res ultado após um p rocedim ento por abrasão. A condroplastia
trite do joelho, incluindo desbridamento artroscópico, transplante po r abrasã o é co ntraindi ca da em pac ientes co m artrite inflam a-
osteoco ndral ou de condrócitos, osteotomia tibi al, osteotomia femoral tó ri a, rigidez signifi ca ti va do joelho, de formid ade ou instabili -
distal, artroplastia e artrodese. A escolha do procedim ento depende dade, e em pac ientes qu e es tão relutantes ou são incapazes d e
da idade e da atividade esperada pelo pac iente, da gravidade da cumprir os 2 m eses de ausê ncia de ca rga após a cirurgia.
doe nça, e do número de compartimentos envolvidos no joelho. Vários autores relataram um "efeito placebo" após a artroscopia
para a osteoartrite do joelho que ocorre mesmo qu ando nenhum
• DESBRIDAMENTO procedim ento específi co é reali zado, mas a maiori a sugere que esse
O desbridamento cirúrgico do joelho os teoartr ítico geralmente efeito seja de curta duração. Em 2002, Moseley et ai. relataram um
inclui sinovectomi a parci al, excisão de os teófi tos, remoção de corp os estudo control ado co m placebo, randomizado, de 180 pacientes, em
li vres, condroplastia e remoção de meniscos dani fica dos. Resultados que eles concluí ram que não houve di fe rença entre o desbridam ento
satisfató ri os foram relatados após o desbridarnento aberto de um artroscópico ou a lavagem artroscópica e a falsa cirurgia. Dervin et ai.
joelho osteoartrítico. Nós obtive mos sucesso limi tado co m esse pro- avaliaram prospectivamente 126 procedimentos de desbridamento
cedim ento; os sintomas ge ralmente reco rrem , às vezes, muito rapi- artroscópico fe itos para a osteoartrite do joelho e descobriram que
damente. O procedimento é doloroso e muitas vezes exige 6 meses 44% dos pacientes tive ram alívio significativo da dor com 2 anos após
de reabilitação pós-operatóri a. Com o advento da técnica artroscó- a cirurgia. Três variáveis foram significativamente associadas com a
pica, o desbridamento aberto do joelho para a osteoartrite rara - melhora dos sintomas: (1) dor na liüha arti cular medial, (2) teste de
mente é utilizado. A técnica pode ser enco ntrada nas edições mais Steinmann positivo (rotação externa e interna fo rçada do joelho fle-
anti gas de Cirurgia Ortopédica de Campbell. xionado a 90 graus e do r documentada na interlinha articular), e (3)
Técnicas artro scópicas res ultam em menos do r pós-operató- urna lesão meniscal instável identificado na artroscopia. Os procedi -
ri a e menor tempo de reabilitação do qu e procedim entos abertos. mentos de desbridamento artroscópico não alteraram significativa-
O tratamento da osteoartrite do joelho por art roscopia inclui lavagem mente a progressão natu ra l da osteoartrite. Wai, Kreder e WiJliams
sim ples, des bridamento e condroplas ti a po r abrasão. Ap esar d os ava liaram retrospecti vamente mais de 14.000 procedimentos de des-
res ultados iniciais relatados após a lavagem artroscópica serem bons, bridamento artroscópico reali zados para a osteoa rtrite e descobriram
eles tendem a se deteriorar ao longo do tempo. Acredita-se que o alívio que quase 20% dos pac ientes necessitaram da artroplastia total do
inicial dos sintomas após a lavagem artroscópica seja secundário à joelho dentro de 3 anos após a cirurgia. Esse estudo demonstrou que
remoção de detritos cartilaginosos e fa tores inflamatórios. Alguns a taxa de artroplasti a total do joelho ap ós o desbridamento artroscó-
estudos citaram os benefí cios do desbridamento artroscópico do joelho pico aumenta signifi cativam ente com a idade; pacientes com mais de
osteoar trítico, com uma taxa de sucesso de cerca de 70%. 70 anos eram qu ase cinco vezes mais propensos a realizar a artroplas-
Pac ientes co m sintom as de curta duração e pac ientes com ti a total do joelho dentro de 1 ano após o desbridam ento, do que os
sintomas mecâ ni cos tend em a um bom res ultado, mas aqu eles pac ientes com menos de 60 anos. Na melhor das hipóteses, as técnicas
co m m au alinhamento radi og rá fi co, es pecia lmente com defo r mi - de artroscopia podem retard ar a necessidade de um procedimento
dade em va lgo, tend em a ter res ultad os ruins, assim com o pac ien - definit ivo, especialmente em pacientes jove ns e ativos com artrite
tes co m litíg ios pendentes o u pedidos d e indeni zação no trabalho. degenerativa locali zada qu e causa dor em repouso, sem mau alinha-
Apenas 25% dos joelh os co m a rtrite grave, ma u alinhamento, e mento ou instabilidade.
largura de esp aço articul ar menor de 2 mm aprese ntam alí vio A American Academy of Orthopaedic Surgeons não recomenda
sub sta ncial dos sintom as . A Ta bela 9-5 relac io na os fatore s prog- o desbridam ento artroscópico para a os teoartrite (Tabela 9-6) .
nós ti cos para o d es bridam ento artro scópi co em um es tudo. Téc- Técnicas artroscópicas de desbridamento, perfuração e con-
ni cas de condropl asti a artro scópica por abrasã o e mi crofratura dropl astia são desc ritos no Capítulo 51.

'9-5"", Fatores Prognósticos para o Desbridamento Artroscópico da Osteoartrite do Joelho

ACHADOS
PROGNÓSTICO HISTÓRICO EXAME FÍSICO ACHADOS RADIOLÓGICOS ARTROSCÓPICOS
Bom Curta duração Sensibilidade medial Unicompartimental Outerbridge 1 ou li
Trauma associado Derrame articular A linhamento normal Fraturas osteocondrais
Primeira artroscopia A linhamento normal Lesões de Fairbank Rotura do t ipo f lap
Sintomas mecânicos Estabi lidade mínimas meniscal
ligamentar Corpos livres Corpos livres
Osteófitos re levantes Osteófito no local do
sintoma
Ruim Longa duração Sensibilidade lateral Bicompartimentai ou Outerbridge Ili ou IV
Ínício insidioso Ausência de derrame tricompartimenta i Lesões meniscais
Múltiplos Mau alinhamento Mau alinhamento degenerativas
procedimentos Varo > 1O graus Lesões de Fairbank Condrose difusa
Dor em repouso Va lgo > 15 graus significativas Osteófito afastado do
Litíg io Ligamentos instáveis Osteófitos irrelevantes local do sintoma
Relação com o
traba lho
De Cole BJ, Harner CD: Degenerative arthritis of the knee in active patients: eva luation and management, J Am Acad Orthop Surg 7:389, 1999
~~· Recomendações de Tratamento da American Academy of Orthopaedic Surgeons para
a/t,-' Osteoartrite

RECOMENDAÇÃO NÍVEL DE EVIDÊNCIA


1. Pacientes com osteoartrite sintomática do joelho devem ser encorajados a participar de Nível li
programas de educação de autocontrole, como os realizados pela Arthritis Foundation e Recomendação de grau B
incorporar modificações na atividade (p. ex ., caminhar em vez de correr; atividades
alternativas) do seu estilo de vida .
2. O contato regular para promover o autocuidado é uma opção para pacientes com Nível IV
osteoartrite sintomática do joelho. Recomendação de grau C
3. Os pacientes com osteoartrite sintomática do joelho que estão acima do peso (conforme Nível 1
definido por um IMC > 25) devem ser encorajados a perder peso (um mínimo de 5% do Recomendação de grau A
peso corporal) e manter seu peso em um nível inferior com um programa adequado de
mudança de dieta e exercício.
4. Pacientes com osteoartrite sintomática do joelho devem ser encorajados a participar de Nível 1
exercícios aeróbicos de baixo impacto. Recomendação de grau A
5. Exercícios de amplitude de movimento/flexibilidade são uma opção para os pacientes com Nível V
osteoartrite sintomática do joelho. Recomendação de grau C
6. O fortalecimento do quadríceps em pacientes com osteoartrite sintomática do joelho é Nível li
recomendado . Recomendação de grau B
7. Os pacientes com osteoartrite sintomática do joelho devem utilizar o taping patelar para Nível li
alívio em curto prazo da dor e melhora da função. Recomendação de grau B
8. Cunhas laterais no calcanhar não devem ser prescritas para pacientes com osteoartrite Nível li
sintomática compartimentai medial do joelho. Recomendação de grau B
9. A AAOS é incapaz de se posicionar em relação ao uso de um brace com uma força Nível li
valgizante para pacientes com osteoartrite unicompartimental medial do joelho. Grau inconclusivo
1O. A AAOS é incapaz de se posicionar em relação ao uso de um brace com força varizante Nível V
para pacientes com osteoartrite unicompartimental lateral do joelho. Grau inconclusivo
11. A AAOS é incapaz de se posicionar em relação ao uso de acupuntura como uma terapia Nível 1
adjuvante para o alívio da dor em pacientes com osteoartrite sintomática do joel ho . Grau inconclusivo
12. Glucosamina e/ou cloridrato ou sulfato de condroitina não devem ser prescritos para Nível 1
pacientes com osteoartrite sintomática do joelho. Recom endação de grau A
13. Os pacientes com osteoartrite sintomática do joelho podem receber um dos seguintes Nível li
analgésicos para a dor, a menos que existam contraindicações para este tratamento : Recomendação de grau B
Acetaminofeno (não exceder 4 g/d)
Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
14. Pacientes com osteoartrite sintomática do joelho e aumento do risco gastrointestinal Nível li
(:<: 60 anos, comorbidades, histórico de úlcera péptica, histórico de hemorragia Recomendação de grau B
gastrointestinal, corticosteroides concomitantes e/ou uso concomitante de
anticoagulantes) recebem um dos seguintes analgésicos para a dor:
Acetaminofeno (não exceder 4 g/d)
AINEs tópicos
AINEs orais não seletivos, além de agente gastroprotetor
Inibidores de cic lo-oxigenase-2
15. Corticosteroides intra-articulares são sugeridos para o alívio da dor em curto prazo para Nível li
pacientes com osteoartrite sintomática do joelho. Recomendação de grau B
16. A AAOS é incapaz de se posicionar em relação ao uso de ácido hialurônico intra-articular Nível 1e li
em pacientes com osteoartrite sintomática leve a moderada do joelho. Grau inconclusivo
17. A lavag em com agulha não deve ser utilizada para pacientes com osteoartrite si ntomática Nível 1 e li
do joelho. Recomendação de grau B
18. Realize artroscopia com desbridamento ou lavagem em pacientes com diagnóstico Nível 1e li
primário de osteoartrite sintomática do joelho. Recomendação de grau A
19. Meniscectomia parcial artroscópica ou remoção do corpo livre é uma opção em pacientes Nível V
com osteoartrite sintomática do joelho que também têm sinais e sintomas de uma lesão Recomendação de grau C
no menisco e/ou um corpo li vre .
20 . A AAOS é incapaz de se posicionar em relação ao uso da osteotomia do tuberosidade Nível V
anterior da tíbia para pacientes com osteoartrite femoropatelar sintomática isolada. Grau inconclusivo
21. A osteotomia de realinhamento é uma opção em pacientes ativos com osteoartrite Nível IV e V
unicompartimental sintomática do joelho com mau alinhamento. Recomendação de grau C
22 . Não é recomendado um dispositivo de interposi ção de flutuação livre para os pacientes Nível IV
com osteoartrite unicompartmental sintomática do joelho. Recomendação de grau B
Informações de American Academy of Orthopaedic Surgeons Clinica/ Practice Guideline on the Treatment of Osteoarthritis of the Knee (Non-Arthrop/asty).
Rosemont, IL, 2008, American Academy of Orthopaedic Surgeons.
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOM IAS CORRETIVAS NO JOELHO cm
Alguns autores relata ram evidência artroscópica de reparação
• TRANSPLANTE OSTEOCONDRAL E AUTÓLOGO fibrocartilaginosa em pacientes após a osteotomia tibial proximal.
DE CONDRÓCITOS Em um segund o momento, na análise por artroscopia de 58 joelhos,
Resultados satisfatórios gerais foram relatados após o transplante com um a média de l 8 meses após a osteotomia de fechamento
osteocondral com aloenxerto (78%); no entanto, apenas 30% dos em cun ha lateral, Kanamiya et ai. co nstataram qu e apenas três
joelhos com artrite tiveram resultados satisfatóri os. A técnica tem dos 58 joelhos não demonstraram si nais de reparo, e 55% dos
sido descrita como um procedimento de salvamento para pacientes pacientes tinh am co ber tura parcial ou completa das lesões ebu r-
jovens, ativos, com grave degeneração da cartilagem da articul ação nadas com fibrocartilagem. Wakabayas hi et ai. também o bserva-
femoropatelar. ram sinais repa radores em 62% das lesões ósseas completame nte
Brittberg et ai. da Suécia relataram seus resultados com o eburnadas no exame ar tro scópico 12 meses após a os teoto mia
transplante antólogo de condrócitos em 23 joelhos com defeitos tibial proximal.
profundos da cartilagem. Dois anos após o transplante, 14 de 16 As indi cações para a osteotomia tibial proximal são (1) dor
pacientes com tran splantes no cô ndilo femoral tiveram res ulta- e incapacidade res ultante da osteoartrite que interferem significa-
dos bons ou excelentes; no entanto, apenas 2 de 7 pacientes com ti va mente com a alta demanda física recreativa ou no trabalho e
transplante na patela tiveram resultados bons ou excelentes. Revi- (2) evidência em radiografias co m carga de artrite degenerativa
sões sistemáticas recentes demonstram que o transplante antólogo que está confinad a a um compartimento com deformidade em
de condrócitos é mais eficaz do que outros métodos de tratamento, va lgo ou varo co rrespondente. O paciente deve ser capaz de usar
tais como a m icrofratura e a mosaicoplastia. Sharpe et ai. associaram muletas ou andador, ter fo rça musc ul ar sufi ciente e motivação para
o transplante autólogo de condrócitos com autoenxertos osteocon- seguir um program a de reabilitação. As contraindicações para a
drais. Condrócitos antólogos foram injetados sob um a membrana osteotomia tibial proximal são (1) estreitamento do espaço de car-
periosteal qu e recobria os núcleos do auto enxerto os teocondral. tilagem no compartimento lateral (2), subluxação tibial lateral de
Todos os pacientes tiveram melhora significativa dos si ntomas em 1 mais de 1 cm, (3) perd a óssea no compartimento medial tibial de
ano, com melhora mantida por 3 anos. Franceschi et ai. co ncluíram mais de 2 ou 3 mm , (4) contratura em flexão de mais de 15 graus,
que as simultâneas implantação artroscópica de cond rócitos autó- (5) flexão do joelho menor qu e 90 gra us, (6) mais do qu e 20 graus
logos e a osteotomia de cunha de abertura medial da tíbia proximal de co rreção necessár ia, (7) artrite inflamatória, e (8) do ença vas -
são uma opção viável para o tratamento de defeitos condrais do cul ar peri fér ica signifi cativa.
planalto tibial medi al com varo do joelho. Muitas técnicas foram descritas para a osteotomia va lgizante
Apesar de resultados satisfatórios em curto prazo terem sido proximal da tíbia . Q uatro tipos bás icos são mais com um ente uti-
relatados, atualmente os es tudos são insuficientes para recomendar li zados: cunh a de aber tura m edial, cunh a de fechamento lateral,
o implante antólogo de condró citos como sendo mais eficaz do que cup uli for me e hem iosteo distra ção de abe rtura medial. A técnica
os outros tratamentos. As indicações são limitadas e incluem o com o "históri co" mais longo é a osteo tomia em cunh a de fecha-
defeito fem oral isolado, de es pess ura total, grau IV, e um a super- mento lateral descrita pela primeira vez por Coventry (Técnica
fície tibial com não mais do que o gra u II de co nd roma lacia. Os 9-9). A osteotomia em cunha de abertura medial com enxerto
pacientes devem estar dispostos a restringir a at ividade por 12 ósseo da crista ilíaca e fixação rígida fo i desc rita por Hernigou et a!.
meses para permitir que a nova cartilage m amadureça. Uma des- A hem iosteodi stração de abertura medial, desc rita por Turi et a!.,
crição m ais detalhada dessas técn icas pode ser encontrada no usa um fixador ex tern o para distrair o local da osteotomia de
Capítulo 45 . forma gradual.
Maquet desc reve u uma osteotomia em "abóbada", ou cupu -
• OSTEOTOMIA TIBIAL PROXIMAL li fo rm e, qu e ele ac red itava permitir maior precisão e ajuste de
A osteotomia tibial proximal é um procedimento bem estabelecido co rreção (Fig. 9-10) . Como essa osteotomia é in ere ntemente
para o tratamento de osteoartrite unicompartmental do joelho. A estável, a fi xação intern a geralmente não é necessári a, mas pinos,
maioria dos estud os demonstra aproximadamente 80% de resulta- placas ou parafusos ou dispositivos de fixação externa podem ser
dos satisfatórios em 5 anos e 60% em 10 anos após a osteotomia utili zados, se necessário. Se nenhum a fi xação intern a for utili-
tibial proximal. No entanto, esses res ultados também se deteriora- zada, ajustes no alinh amento pós-operatório podem ser corrigi-
ram ao longo do tempo. A taxa de osteotomias tibiais proximais dos no gesso. As desvantagens da técnica incluem a difi culdade
realizadas na América do Norte diminuiu significativa mente nos técnica, fratura intra-ar ticular, e cicatrizes ao redor do meca-
últimos anos, enquanto a taxa de artroplastias totais e unicomparti- nismo extenso r femoropatelar.
men tais do joelho aum entam continuamente. No enta nto, a osteo- Já que a osteoartrite isolada do compartimento lateral não é
tom ia tibial proximal ainda é um procedimento útil para pacientes tão comum quanto a do compartimento medial, as osteotomi em
adequadamente selecionados. varo para corrigir defo rmidades em valgo são raramente ti 'tas em
Deformidades em varo ou va lgo são bastante comuns e pacientes com osteoartrite. Marti et ai. usaram uma osteotomia com
causam um a distribui ção anormal da carga dentro da articulação. cunha de abertura lateral com enxe rto ósseo da crista ilíaca e fixação
A deformidade mais comum em pacientes com osteoart rite do rígida para tratar 34 pacientes co m osteoartrite e deform idade em
joelho é o varo, que provoca a concentração de carga med iaimente, va lgo. Em um período médio de acompanhamento de 11 anos, 88%
acelerando alterações degenerativas na parte medial da ar ticula- tiveram resultados excelentes ou bons. Coventry recomend ou uma
ção; se a defo rmidade for em valgo, as mudanças são ace leradas na osteotomia medial com cunha de fechamento para corrigir defor-
par te lateral. O raciocínio biomecânico para osteotomia tibial pro- midade em va lgo; se a deformidade em valgo for maior do qu e 12
ximal em pacientes com osteoartrite unicompartimental do joelho gra us, ou se a inclinação da superfície articular da tíbia após a
é a "descarga" no compartimento da art iculação envolvida, corri- osteotomia fo r maior do que 10 graus, ele recomenda um a osteoto-
gi ndo o desalinhame nto e redistribuindo a carga sob re a ar ticula- mia femoral supracondilar medi al com cunha de fechamento
ção do joelho. (Técn ica 9- 11 ).
llllD PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

em 5 anos e 60% em 10 anos após a osteotomia tibial proximal.


Berman et ai. identificaram vários fatores assoc iados com resu ltados
favoráveis, incluindo (l) idade menor que 60 anos, (2) doença uni-
compartimentai isolada, (3) estabilidade ligamentar, e (4) arco de
movimento pré-operatório de pelo menos 90 graus. Sprenger e
Doerzbacher relataram uma taxa de sobrevida de 90% em LO anos
em um estudo retrospectivo de 76 osteotomias com cunha de fecha -
mento latera l.
Normalmente, existe um alinhamento em valgo de 5 a 8 graus
no ângulo tibiofemoral conforme medido em radiografias com
carga. A quantidade de correção do joelho artrítico necessária para
alcança r um ângu lo normal é calculada, e um adicional de 3 a 5
graus de hipercorreção é objetivado para alcançar aproximadamente
10 graus de valgo. Com uma deformidade em varo, a única li mitação
na quantidade de correção de uma osteotomia em valgo é o tamanho
da cunha de osso que pode ser ressecada proximalmente ao liga-
mento patelar.
Coventry utilizou o método de Bauer, Insall e Koshin o para
calcular o tamanho da cunha removida, co rrespondendo aproxima-
damente a 1 grau de co rreção para cada 1 mm de comprimento na
base da cunha (p. ex., 20 graus de correção = uma base de 20 mm
da cunha). No entanto, isto só é verdade se a tíbi a tiver 57 mm de
largura, e nós preferimos usar medidas exatas para a largura da base
da osteotomia, com um triângulo retângulo construído a partir de
um desenho pré-operatório (Fig. 9-11) ou a fórmu la W = diâmetro
X 0,02 X partes angulares ou tangentes. Rad iografias anteroposte-
riores em posição ortostática, de comprim ento total do membro,
próximas ao tamanho real, podem ser uti li zadas para determinar o
tamanho da cunh a necessária. O alinhamento desejado, com base
no eixo mecânico a partir do centro da cabeça do fêmur passando
pelo joelho ao centro do tornozelo, pode ser conseguido cortando-se
O@ll;f!im9 A osteotomia em abóboda de Maquet usa fer-
a cunha da tíbia proximal com o tamanho aprop ri ado.
ramentas especiais pa ra orientar a osteotomia cupuliforme corre-
Também utilizamos a técnica de SlocLm1 et ai. de deixar uma
tamente . A tíbia dista l pod e ser transladada, se necessário .
borda de osso fina na região posteromedial do fragmento proximal da
tíbia. Quando a osteotomia for fechada, após a remoção da cunha do
osso, esta borda posterior irá se sobrepor à extremidade proximal do
fragmento distal e dará apoio adicional e estabilidade para a osteotomia
(Fig. 9-12). Se a deformidade for hipocorrigida, também achamos útil
1 OSTEOTOMIA COM CUNHA DE FECHAMENTO curetar mediaimente o osso esponjoso adjacente à borda lateral da tíbia
LATERAL proximal, em vez de eliminar mais osso cortical; isso permite que a
Coventry descreveu uma osteotomia com cunha de fechamento borda cortical lateral da margem inferior da osteotomia deslize por
feita proximalmente à tuberosidade da tíbia. Ele recomendou um a baixo da cortical lateral proximal e auxilie na estabilização e no posicio-
abordagem lateral para correção da deformidade em varo e uma abor- namento adequado da osteotomia antes da fixação interna.
dagem medial para corrigir uma deformidade em valgo. As vanta- O término da osteotomia e o realinhamento da extremidade
gens dessa osteotom ia são qu e (1) é feit a perto da deformidade, ou requerem a abordagem da articulação tibiofibular proximal. Isto pode
seja, da articulação do joelho; (2) é feita através de osso esponjoso, ser realizado tanto pela remoção da porção inferomedial da cabeça
que consolida rapidamente; (3) permite que os fragmentos sejam fibu lar (Fig. 9- 13) quanto pela ruptura cuidadosa da sindesmose tibio-
adequadamente mantidos em posição por grampos ou dispositivos fibular proximal para permitir a migração posterossuperior da fíbula
de fixação rígida, tais como uma placa e parafusos; e (4) permite a quando a osteotomia é fechada. Evita lesão do nervo fibular.
exploração do joelho através da mesma incisão. Após a cirurgia, o Pinos de Stein mann e um guia de perfuração podem ser utili-
risco de retardo de consolidação ou de não união é pequeno, e a zados para determin ar a posição precisa dos cortes da osteotomia
imobilização prolongada com gesso é desnecessária, especialmente (Fig. 9-14). Hofmann et ai. compararam os resultados de osteoto-
com a fixação interna rígida. mias tibiais reali zadas usando um guia de osteotomia, fixação rígida
Coventry descobriu qu e a principal complicação foi a recor- (placa de suporte L) e mobilidade precoce (máquina de movimento
rência da deformidade, que coincidiu com a recor rência de dor. Ele passivo contín uo imediata e carga com 50% do peso corporal) com
também descobriu que o risco de frac asso era maior se o alinha- os resultados dos procedimentos em que os cortes da osteotomia
mento não fosse hipercorrigido para pelo menos 8 graus de valgo e foram determinados at ravés da mensuração da cortical lateral, e
se o paciente estivesse substancialmente ac ima do peso (30% acima gessos cilíndr icos foram utilizados pa ra a estabilização pós-operató-
do peso corporal ideal). ria. Eles relataram uma consolidação ma is rápida (3 vs. 4,5 meses),
O acompanhamento em longo prazo (> 10 anos) confirmou menos complicações (5% vs. 42%), e menos tempo para retornar aos
a dete rioração grad ual dos resultados ao longo do tempo. A maioria 90 graus de flexão com a técnica em que foi utilizado o guia da
dos relatos demonstra aproximadamente 80% de resultados satisfatórios osteotomia. Uma vantagem dessa técnica é que a imobilização
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELHO CfiM

t;;;;;;;:;:::::::~------
ru-u r1 1 1 2mm a
a 4 5 6 7b
----------~ -----~
2
-----

A B

O!§ii;H1l119 A, Cálculo do tama nho da cunha do osso a ser retirada para alcançar os graus deseja dos de correção com a osteotomia
tibial proximal. Ângu lo do ápice (a) é o número de graus de correção desejada para a cunha da osteotomia. A linha ab corresponde à largura
da tíbia e é marcada em distâncias de 4, 5, 6, e 7 cm a partir do ponto a. A altura da base da cunha pod e ser medida (linha bc para tíbia, 7
cm de largura). Quando a tíbia tem 4 cm de largura, a altura da base medida a partir do diagrama é de 8 mm . B, Cálculos de transferência
do tamanho de cun ha da osteotomia da tíbia. A linha ab representa o corte transversa l realizado pela serra 2 cm abaixo da linha articular
com régua de metal inserida no corte. O âng ulo em a representa a correção desejada e distância na seg unda rég ua. A linha bc re presenta
a altura da base da cun ha para alcançar essa co rreção angular quando ab rep resenta a largura da t íbia sendo osteotomizada .

pós-operatória com gesso, que fo i associada à patela baixa, não é


importante porque permite a posteriorização dos vasos
necessária. Nós também tivemos bons resultados com essa técn ica
poplíteos e do nervo f ibula r e re laxa a banda il iotibia l.
e preferimos o uso de guias ao realizar a osteotomia tibial proximal
• Prepare o membro, da espin ha il íaca anterossuperior ao
com cunha de fechamento lateral (Fig. 9-15). Mü ller e Strecker ava-
torn oze lo; aplique e infle um torniqu ete na coxa.
liaram 340 procedimentos de osteotomia reali zados concomitante-
•Faça uma em incisão em forma de L invertido para uma
mente à artroscopia e acre ditam ser indispensável a ve rifi cação
abordagem lateral à tíbia proximal (Fig. 9-16A). A porção
da indicação de osteotomia, para modificar o grau de correção ou
transversal da incisão está na linha da articulação lateral
o procedimento de acordo com o estado da cartilagem e para reali -
e se estende posteriormente para a cabeça da fíbula . A
za r procedimentos terapêuticos.
porção vertica l está na linha média da t íb ia e se est ende
A técn ica a seg uir descreve os conceitos básicos para a utili za-
dist almente 1O centímetros.
ção do gu ia da osteotomia. Existem várias marcas disponíve is.
• Abra cu idadosamente a cápsu la tibiofibular proximal com
um osteótomo curvo, afiado, de % polegadas. Utilize um
afastador Hohmann sem ponta para proteger as estrutu-
ras neurovasculares durante todo o procedimento.
OSTEOTOMIA COM CUNHA DE •Utili ze agu lhas de Keith ou f ios de Kirschner pequenos
FECHAMENTO LATERAL para id entificar a linha da articu lação, e insira o guia
transversal da osteotomia com a parte superior tocando

----~----'~
TÉCNICA as agulhas ou f ios (Fig. 9-16B).
• Estabi lize o guia perfurando até a tercei ra marca (3 pole-
(MODIFICADA DE COVENTRY; HOFMANN, WYATI E BECK) gadas) na marca da broca de 3,2 mm e preencha o furo
com um fio liso ()íí polegada).
•Com o paciente em posição supina, coloque um coxim • Flexione e estenda o guia de osteotom ia pa ra reprodu zir
sob o quad ril do membro a ser operado para permitir um o ângulo de inclinação posterior da tíbia do paciente e
acesso ma is fácil à parte lateral do joelho. Um coxim determinar o posicionamento adeq uado da placa, o que
fixado na mesa cirúgica ajuda a manter os 90 graus de pode ser confirmado colocando a placa sobre o pino liso
flexão do joelho durante a ci rurgia . Essa posição é no guia (Fig. 9- 16C ) )
-- PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADULTOS

posterior
da tíbia

---
--

Cunha
removida
O!dii;Ml119 Ressecção parcial da cabeça da fíbula em osteo-
tomia lateral ou valgizante da tíbia proximal.
A
Osteotomia Osteotomia
antes do fechamento fechada

\ \
B

O@ihf.!l!lm A, A cunha do osso é corta da, mas sem atraves-


sar a cort ica l posterior da tíbia antes de sua remoção. B, O corte
inferior é aprofunda do através da cortica l posterior e a osteoto-
mi a em cun ha é fechada, como ilustrado à direita . Isso perm ite
que a borda posterior do osso proximal se sobreponha à cortica l
di sta l na osteotomia para maior estab ilidade.

O@lhf41:1I:9 Pin os de Steinmann usados como um guia de


osteotomia . Os cortes são feitos com um osteótomo largo, visto
com um intensif icador de imagem .
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELH O cm

O!§ihfülllJt A, Colapso articular medial, resul-


tando em deformidade em varo e dor media l do
joelho. B, Após osteotomia tibial proximal.

•Quando o posicionamento adequado for determinado, •A compressão muitas vezes leva 5 minutos, permitindo que
)
perfure um segundo furo com um fio liso. a deformação plástica ocorra através do local da osteotomia
•Através do furo centra l no guia de osteotomia transversa, incompleta. Se a compressão for difícil, verifique se a arti-
ao lado da abertura da osteotomia, perfure comp leta- culação tibiofibular proximal está completamente rompida
mente através da tíbia, e utilize um medidor de profun- e se toda a cunha residual foi adequadamente removida.
didade para medir a largura da tíbia. •Quando a osteotom ia for fechada, avalie o alinhamento
•Insira a lâmina da serra de calibre adequado, e fa ça a geral com uma haste de alinhamento longa ou com um
porção transversa da osteotomia, mantendo um seg- cabo de eletrocautério . Quando alinhada a partir do
mento de 1O mm da cortica l media l intacta. centro do quadril ao centro do tornozelo, a linha do fio
• Substitua o guia transversal de osteotomia transversal pelo deve passar através do compartimento lateral do joelho.
guia oblíquo; este guia é encaixado em incrementas de 2 mm •Confirme o alinhamento e a posição da placa com radio-
para permitir o grau desejado de correção (6 a 20 graus). grafias em anteropsterior e lateral ou com fluoroscopia.
•Faça a porção oblíqua da osteotomia (Fig. 9-16D) e •Através do furo central da placa, faça um furo com a
remova o gu ia oblíquo, deixando os pinos no lugar. broca de 3,2 mm e insira um parafuso cortical autorros-
•Remova a cunha de osso, e cuidadosamente inspecione queante (Fig. 9-1 6H)
o local da osteotomia para garantir que não permaneça • Remova o clampe de compressão e insira um parafuso cor-
osso residual. tical no furo mais distal da placa. Aperte os parafusos espon-
• Coloque uma placa de suporte ao longo dos dois pinos josos proximais. Não aplique torque excessivo ao apertar
lisos. Retire um pino e substitua-o com um parafuso qualquer um dos parafusos, principalmente os corticais .
esponjoso de 6,5 mm, usando o segundo pino como A chave elétrica não é recomendada para o aperto final.
parâmetro de al inhamento para lelo (Fig. 9-16E) Retire o • Libere o torniquete e rea lize a hemostasia com o eletro-
segundo pino, e substitua-o com um parafuso esponjoso. cautério. Irrigue o ferimento, insira um pequeno dreno de
Parafusos com 60 a 70 mm de comprimento norma l- sucção, e aproxime com pouca tensão a fáscia do compar-
mente são utilizados em homens, e os parafusos de 50 a t imento anterior e da banda iliotibial com suturas interrom-
60 mm de comprimento normalmente são utilizados em pidas. Feche o tecido subcutâneo com suturas absorvíveis
mulheres. Parafusos menores (50 mm) podem ser usados interrompidas, e feche a pele com grampos e tiras estéreis.
em pacientes mu ito jovens para tornar mais fácil a Ap lique um curativo compressivo grande de Jones.
remoção do material de síntese quando a consolidação Veja também, em inglês, o Vídeo 9-1.
estiver bem estabelecida. Não aperte esses parafusos até
que os parafusos corticais distais tenham sido inseridos. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O movimento passivo
•Usando os do is furos distais da placa L como uma refe- contínuo é in iciado imediatamente após a cirurgia na sa la
rência, use um guia de alinhamento para perfurar em de recuperação, gera lmente de O a 30 graus de flexão,
uma única cortica l, um furo de 3,2 em linha e dista l à progredindo 1O graus a cada dia. A deambu lação é in i-
placa (Fig . 9-16F). Uma pequena alternância da broca ciada no segundo dia após a cirurgia, e carga de 50% do
torna a aplicação do clampe de compressão mais fácil. peso é permitida para as 6 primeiras semanas com o uso
• Insira o pino curvado no final do clampe de compressão de muletas. O fortalecimento muscular e exercícios ativos
nesse furo, enquanto coloca o pino reto na extremidade de amplitude de movimento também são iniciados no
do clampe no orifício mais distal da placa L, e ap li que a segundo dia pós-operatório. A carga total do peso é
comp ressão lentamente (Fig. 9- 16G). permitida após 6 semanas.
PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOE LHO EM ADULTOS

A B e

D F

H(ê\ii;tij1!19 A osteotomia tib ial proximal com o uso do guia da osteotom ia (veja o texto). A, Incisão. B, Posicionamento do gu ia
de osteotomia transversal. C, Determ inação da posição correta do gu ia. D, Posicionamento do guia de osteotom ia ob líqua sob re pinos
lisos de 3,2 mm e execução da osteotomia. E, Posicionamento da placa da osteotom ia em forma de L. F, Aplicação do clampe de com-
pressão. G, Ap licação de compressão lenta. H, Fi xação da placa d istal. VEJA A TÉCNICA 9-9.
CAPÍTULO 9 PROCEDI MENTOS DE PARTE S MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELHO cm
cunh a de abertura do qu e após a osteotomia aberta com cunha de
fecham ento, e que o pos icionamento da osteotomia abaixo do tubér-
culo tibial minimiza a chance de patela baixa e a perda de estoque
ósseo da tíbia p roxi mal, o que pode complicar uma futura artroplastia
total do joelh o. Ele também cito u como vantagens a capacidade de
transladar o fragmento distal para restaurar o alinhamento m ecânico,
melhorar a estabilidad e d a fixação, a carga im ediata e a mobilidade
do joelho de O a 90 grau s na montagem circular. As desvantagen s da
técnica de llizarov par a a osteotomia proxi mal da tíbia incluem a
di fi culdade de aceitação do fixador externo pelo paciente, a soltura
dos pinos, a possibilidade de infecção do traj eto dos pinos, que pode
comprometer um a artroplasti a total do joelh o futura, e a necessidade
de acompanh am ento próxi mo e assíduo. Essa técnica também requer
que os pacientes faça m inúmeros ajustes diários no fixador, o que
pod e ser extrem amente exigente para alguns pacientes.
Turi et ai. d esc reve ram uma osteoto mi a com cunha d e aber-
tura com um fi xador externo uniplan ar dinâmico usando técni cas
de osteodistração. Nesse pro cedimento, a osteotomia medial é efe-
tuada abaixo d a tub ero sidad e d a tíbia. Um fixa dor externo dinâmico
é instalado, e co meça nd o n o 7° dia d e pós-o peratório, o fixad o r é
ajustad o 0,25 mm quatro vezes por dia até que a correção seja obtida.
Taxas d e sobrev id a d e 89% e 63% com 5 e 10 anos, respectivam ente,
H@ii;@ll:m Osteotomia da tibia com cunha de abertura foram relatad as após esse pro cedimento com poucas complicações
medial de Hernigou et ai. A, A osteotomia proximal ao tubérculo sérias, embo ra as infecções superficiais do traj eto dos pinos fosse m
tibial começa 3,5 cm distalmente à linha articular medial e é frequ entes. A hemiosteo di stração com cunha de abertura foi com-
direcionada para a extremidade proximal da fíbula, dei xando a pa rad a com a osteo to mi a em cúpula em pacientes com osteoartrite
cortical lateral intacta. B, Osteotomia é aberta e en xertos ósseos e d eformid ad e e m va ro. Os p ac ientes d o grup o de hemiosteo distra-
ilíacos bicorticais em forma de cunha são inseridos. A osteotomia ção tivera m po uca mud ança no comprimento do ligamento patela r
é fixada com placa e parafusos. ou no ângul o de inclinação posterior d o planalto tibial em compa-
ração co m pac ientes co m osteotomias em cú pula, que dem o nstra-
ram uma diminui ção em ambos. A osteotomia valgizante com
c unh a d e fec ham ento fo i comparad a com a osteotomia d e hemios-
1 OSTEOTOMIA COM CUNHA DE ABERTURA MEDIAL teodistração com cunha d e abertura, e não demonstrou diferenças
Hernigou et ai. descreveram uma osteotomia tibi al com unha de aber- clínicas entre os dois g rupos com 2 anos de seguimento.
tura m edi al (F ig. 9- 17), que eles acreditavam se r mais precisa e per- M izuta et ai. co mpa ra ram o ritmo do alon gamento em pacien -
mitir a correção m ais exata do que faze r um a osteoto mia com cu nha tes que rea li za ram hemi os teo distração com cunha d e abertura.
de fecham ento lateral. O uso de um guia de osteotom ia e a fixação Aqueles qu e reali za ram o alo ngam ento em um ritmo d e 0,25 mm
rígida com placa são recomendados. O autoe1ue rto d e cri sta il íaca oito vezes po r dia possuíam uma den sidad e mineral radiográfi ca
tri cortical com material de enxerto esponjoso supl ementar também é signifi cativa m ente ma io r qu e aqueles qu e realizaram o alongam ento
recomendado; no entanto, outros materiais es truturais de enxe rto, com um ritmo de 0,125 mm quatro vezes por dia. O uso do ultras-
como cunhas de hid roxiapatita, po dem ser bem - sucedidos. A osteo- so m p ulsad o du rante a fase d e consolidação dem onstrou acelera r a
to mia de cw1ha de abertura medi al deve ser feita se a extremidade maturação do ca lo. A fase de consolidação se inicia quando se acre-
envolvida tiver 2 cm ou m ais de encurtam ento em relação à extremi - d ita que d ensid ade min eral d o fo co da osteotomia seja alta o sufi-
dade contralateral. A osteotomia de cunha d e abertura m edial tam bém ciente para permitir a rem oção do fixado r.
pod e ser indicad a em pacientes com frouxi d ão do li gam ento colateral
medial ou defi ciência combinada do ligam ento cruzado anteri o r. HEMIOSTEODISTRAÇÃO COM CUNHA
Arthur et ai. reali zaram osteotomias tibiais proxi mais com abertu ra
em cunha, como tratam ento inicial para a instabilidade grau III
DE ABERTURA
crônica no canto posterolateral com uma d eformid ade em varo asso- A técnica de Turi para osteotomia com hemiosteodistração
ciada em 21 pacientes. Dois terços desses pacientes não necessitaram com cunh a de abertura utiliza um fi xad or dinâmico articu-
d e uma reconstrução do ligam ento em um segund o estágio. Em um lado, no qual o paciente alonga o foco da osteotomia
estudo biom ecânico, La Prad e et ai. demo nstraram qu e a osteoto mi a quatro vezes por dia até que seja alca nça da a correção .
tibi al p roxim al com cunh a de abertura diminuiu o varo e a fro uxidão
da rotação extern a para os joelhos com defi ciência do canto postero- TÉCNICA
lateral. Eles acharam que isso era, em parte, causado pelo aperto do
ligamento superfici al colateral medial. (TURI ET AL.)

1 HEMIOSTEODISTRAÇÃO COM CUNHA DE ABERTURA •C om o paciente em posição supina, fi xe um coxim na mesa


Schwartsman defendeu o uso de fixador eÀ1:ern o circular após a osteo- cirúrgica pa ra manter 90 gra us de fl exão du ra nte a ci rur-
to mia tibial percutân ea (técnica de Ilizarov) d istal à tuberosid ade d a gia. Use um torniqu ete e um intensif ica dor de imagem.
tíbia, de m odo que os ajustes precisos possam ser fe itos no pós-ope- •Pos icione o fi xa dor sobre a perna para verificar a posiçã o
ratório, com base em radiografi as com carga. Ele sugeriu qu e a con- dos clampes dos pinos, do local da osteotomia, e da )
solidação seria mais confiável após a corticoto mia percutân ea co m
PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM AD ULTOS

dobradiça . Os pinos proximais devem ser colocados pelo A deambulação é iniciada no dia após a cirurgia, permi-
)
menos 15 mm abaixo da linha articular para evitar a tindo carga conforme o tolerado com muletas. O dreno
colocação intracapsular do pino. é retirado 1 ou 2 dias após a cirurgia, dependendo da
• O local da osteotomia deve se situar abaixo da tuberosidade quantidade drenada. Os pacientes são instruídos sobre o
da tíbia. Faça a incisão da osteotomia antes do posiciona- cuidado adequado no local dos pinos e sobre a técnica
mento do fixador para que a dissecção não seja prejudicada. de distração. Sete dias após a cirurg ia, o paciente começa
Faça uma incisão long itudinal medial e adjacente à tubero- distraindo o fixador, a um ritmo de 1 mm/d ia, virando o
sidade da tíbia estendendo-se distalmente em 3-4 cm. distrator um quarto de volta, quatro vezes por dia, até o
•Rebata as patas de ganso subperiostea lmente para expor ângulo de correção desejado. Um acompanhamento con-
o local da osteotomia na tíbia proximal. tínuo assíduo é necessá rio para verificar radiografias com
• Sobreponha a dobradiça do fixador sobre a cortical lateral carga, os locais dos pinos e para garantir que o paciente
da tíbia ao nível da osteotomia (Fig. 9-18A). esteja distraindo o fixador corretamente. Quando a cor-
• Quando o fixador estiver na posição correta, fixe-o ao osso reção apropriada é alca nçada, o fi xador é travado. Se as
com fios de Kirschner temporários colocados através de furos radiografias demonstrarem uma boa formação de calo, a
no quadro (Fig. 9-188). Certifique-se de que o fixador fique, porca da trava é solta e inicia-se carga de forma dinâm ica.
pelo menos, a largura de um dedo de distância da pele para O fixador é retirado quando a un ião sólida é alcançada,
ser complacente com o edema de partes moles. Verifique o em gera l, 12 semanas após a cirurgia .
posicionamento dos fios de Kirschner com fluoroscopia para
assegurar que eles estejam perpendiculares à diáfise da tíbia. COMPLICAÇÕES Apesar de a hemiosteodistração com
• Coloque o guia do parafuso no clampe para posicion ar cunha de abertura media l evitar problemas com o liga-
o pino proximal e lateral e empurre contra a pele para mento patelar e a inclin ação posterior tibial, o procedi-
determinar o local da incisão . Faça a incisão e use uma mento não é isento de complicações (até 76%, em um
broca de 4,8 mm para fazer um furo-pi loto para o pino . estudo, inclu indo infecções do trajeto dos pinos, trom-
Parafuse manualmente o pino dentro do osso através do bose venosa profunda, erro técn ico, e artrite séptica).
gu ia do parafuso (Fig. 9-1 8C). Problemas psicossociais também estão associados com o
• Repita o procedimento para o pino proximal medial. uso de dispositivos de fixação externa, e infecções do
Ambos os pinos devem atingir a cortica l posterior (Fig. trajeto dos pinos foram relatadas como causa de gonar-
9- 180). Aperte os clampes aos pinos, e retire os f ios de trite séptica tard ia. A correção inadequada também foi
Kirschner provisórios. relatada com essa técnica .
• Repita o procedimento de colocação dos pinos para os
pinos distais utilizando o fixador como um guia, e aperte
o clampe aos pinos distais (Fig . 9-18E) .
• Assegure-se de que todos os parafusos do fi xador e das
dobradiças estejam apertados.
• Use os parafusos de plástico para anexar o guia de osteo-
1 COMPLICAÇÕES GERAIS DA OSTEOTOMIA TIBIAL
tomia ao fi xa dor (Fig. 9-18F)
PROXIMAL
• Insira um guia de perfuração através da fenda do guia de Outras complicações relatadas da osteotomia tibia l proximal
osteotomia, e faça uma série de furos em dois terços incluem recorrência da deformidade (perda da correção), paralisia
mediais na região proximal da tíbia com uma broca (Fig . do nervo fibu lar, não união, infecção, rigidez ou instabilidade do
9-18G) Complete a osteotomia conectando os buracos joelho, fratura intra-articular, trombose ve nosa profunda, síndrome
com um osteótomo reto fino, colocado através da fenda compar timentai, patela baixa e osteonecrose do fragmento proxi-
do guia de osteotomia (Fig . 9-18H). Alternativamente, mal. A correção insufic iente e o varo recorrente foram relatados em
uma serra com lâmina fina pode ser utilizada. 5% a 30% dos pacientes com osteotomia tibial proximal. A recor-
•Retire o guia de osteotomia e abra o fi xador no ângulo rência de uma deformidade em varo foi a complicação ma is comum
de correção desejado girando o mecan ismo de distração no relatório do Coven try de 2 13 osteotomias tibiais proxima is. Ele
(Fig . 9- 181). Isso garante que a osteotom ia esteja com- atribuiu a recorrência à correção inadequada no momento da cirur-
pleta e que a quantidade desejada de correção possa ser gia e sugeriu que a sobrecorreção além dos normais 5 graus de va lgo
alcançada. O eixo mecânico do membro pode ser verifi- anatômico diminuiu a frequê ncia dessa complicação.
cado fluoroscopiamente usa ndo-se um cabo de Bovie a A lesão do nervo fibular está relacionada mais frequentem ente
partir do centro da articu lação do quadril até o centro da com a osteotomia da fibu la reali zada em conj u nto com a osteotomia
articu lação do tornozelo. Na art icu lação do joelho, o cabo tibial proximal. O nervo fibu lar está em maior risco com a osteotomia
deve estar na ou imed iatamente latera l à eminência tib ial. da fíbula proximal, onde o nervo cursa ao redor do colo da fíbula antes
• Quando a correção adequada é alcançada, verifique e de se dividir nos ramos superfic ial e profundo (F ig. 9- 19).
anote o nível da distração nas marcas no fixador. Nesse A maioria dos pacientes desenvolve patela baixa significativa
momento, feche o mecanismo de distração para comprimir após a osteotomia tibial proximal. Vários fatores podem ser respon -
o local da osteotom ia. Trave o f ixador e, cuidadosamente, sáveis, incluindo o encurtamento do ligamento patelar após imobi -
suture o periósteo para cobrir o local da osteotomia. li zação prolongada, a formação óssea no loca l da osteotomia na área
de inserção do li gam ento patelar, e fibrose do ligamento patelar. No
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O movimento passivo entanto, a diminuição na a ltura da patela não tem nenh um efe ito
con tínuo é iniciado imediatamente após a cirurgi a, na aprec iável sobre o sucesso ou insucesso da osteotomia ou sobre a
sa la de recuperação, geralmente de O a 45 graus de necess idade de subsequente substitu ição total da articulação. Entre-
flexão, progredindo, pelo menos, 20 graus a cada dia. tanto, a patela baixa pode tornar uma artroplastia tota l do joelho
subsequente tecnicamente mais exigente.
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELHO

O[ijii;Mm . Osteotomia por hemiosteodistra ção com cunha de abertura com fixador externo dinâmico Orthofix (Verona, Itália) .
A, Posicionamento do fixador. B, Fi xado r provisori amente fi xado com fios de Kirschner. C, Pino proximal do fixador inserido . D, Pinos
proximais lateral e medial do fixador. E, Inseridos pinos distais do fi xador. F, Colocado o guia da osteotomia. G, Série de furos realizada
no local da osteotomia. H, Furos conectados com osteótomo ou serra. 1, Distração da osteotomia. VEJA A TÉCNICA 9-10.
*i:I•• PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

mm
1
_\ _____________ ) 1
- .L
1
1 Alto risco
1
1
1
40 :
1
1 Ba ixo risco
1
1
68 1

Alto risco

153
Baixo risco

t
Músculo exte nsor
longo do há lux lj@li;@1!1?!9 Osteotomia va ri zante femora l distal. A, Rad io-
grafia pré-operatória. B, Ra diografia 1O anos após a operação.

li!!§ii;bUilm Reg iões de a lto e ba ixo ri sco para lesão intra-


operatória do nervo fibular durante a osteotomia da fíbula . Parvizi, Hanssen e Spangehl relataram seus resultados de 166
artroplastias totais do joelho em 118 pacientes com osteotomia prévia
de cunha de fechamento lateral da tíbia proximal efetuadas para tra-
tamento da osteoartrite. Aos 15 anos de acompan hamento, a taxa de
1ARTROPLASTIA TOTAL DO JOELHO APÓS sobrevida fo i de 89%. Os fatores de risco para o fracasso precoce
OSTEOTOMIA TIBIAL PROXIMAL necessitando de revisão foram o sexo masculino, a obesidade, e a
Após 10 a 15 anos da osteotomia tibial proximal, 40% dos pacientes idade acima de 60 anos no momento da artroplastia total do joelh o.
necessitam de conversão para a artroplastia total do joelho. A maioria Em um subgrupo de pacientes que realizaram artroplastia total do
das séries de artroplastias totais do joelho após a osteotomia tibial joelh o bilateralmente, um joelho havia sido subm etido a uma osteo-
proximal reportou taxas ligeiramente mais baixas de resultados clíni- tomia tibial proximal previamente, e o outro joelho, não. Em contraste
cos bons e excelentes do que os relatados para artroplastia total do com os pacientes relatados por Meding et ai., os joelhos com osteoto-
joelho primária. m ia prévia não foram tão bem quanto os joelhos se m osteotomia.
Estudos demonstram que o resu ltado da artroplastia total do A artroplastia total do joelho após osteotomia teve um número signi-
joelho em pacientes com osteotomia tibi al proximal prévia não fo i ficativamente m aior de linhas radiolucentes do que aquela sem osteo-
significativamente d iferente dos resultados após a artroplastia total tomia. As técnicas para a artroplastia total do joelh o após a osteotomia
do joelho primária, apesar de a artrop lastia total de joelho após a tibial proximal estão descritas detalhadamente no Capítulo 7.
osteotomia tib ial proximal ser tecnicamente mais exigente e um
procedimento cirúrgico mais longo. A artropl astia unicomparti- • OSTEOTOMIA FEMORAL DISTAL
mental tem resultados ruin s após a osteotomia tibial proximal (falh a Se a deformidade em valgo no joelho for maior que 12 a 15 graus, ou
de 28% em 5 anos). o plano da articulação do joelho se desviar do horizontal em mais de
A técnica cirúrgica da artroplastia tota l do joelho pode ser 10 graus, Coventry recomendou uma osteotomia varizante femoral
mai s complicada por vários fatores em pacientes com osteotomia distal, em vez de uma osteotomia varizante tibial proximal. Em um
tibial proximal. A obtenção da expos ição adeq uada é a dificuldade estudo comparativo, Berruto et ai. concluíran1 que os resultados funcio-
técnica mais frequ entemente encontrada. A frouxidão ligamentar nais após a osteotomia supracondilar não diferiram significativam ente
lateral pode ocorrer devido à "cavalgada" proxima l da fíbula, e daqueles após a artroplastia total do joelho, e sugeriram que a osteoto-
m anter a continuidade das partes moles da região m edial durante mia femoral é urna alternativa válida à a.rtroplastia total do joelho em
a exposição pode ser difícil, já que a cicatrização no nível da oste- pacientes ativos com menos de 65 anos e com angulação em valgo
otom ia provoca frouxidão do ligamento colatera l medial. O li ga- inferior a 15 graus (Fig. 9-20) . A taxa de sucesso relatada para a osteo-
m en to cruzado posterior geralmente está co mprom etido, fazendo tomia femoral distal realizada devido à osteoartrite varia de 71 % a 86%
a substituição do li gam ento cruzado posterior necessária. O pla- de resultados bons ou excelentes. Resultados ruins foram observados
nalto tibial lateral geralmente é o lado mais deficiente e pode exigir em pacientes com artrite reumatoide e pacientes com mobilidade ina-
enxertia óssea ou necessitar de cunha m etálica. O deslocamento do dequada do joeU10 antes da osteotomia femora l distal.
fragmento proximal lateral ou posteriormente pode tornar o posi- A artroplastia total do joelho após a osteotomia femo ral distal
cionamento da haste difícil. A patela baixa pode tornar necessária a pode ser complicada pela dificuldade na expos ição devido a cicatri zes
realização de osteotomia da tuberosidade ante rior da tíbia. e dificuldade na retirada de material de síntese. Dispositivos de fixação
CAPÍTULO 9 PROCEDIMENTOS DE PARTES MOLES E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JO ELHO cm

O@ii;tijlil19 Placa b loqueada para fêmur distal. Osteotomia


supraco nd ilar rea li zada com uma p laca bloqueada. Parafusos d istais
podem ser retirados por via percutânea para perm it ir a instrumen-

r
tação do fêmur dista l, sem a necess idade de remoção da placa. 1

como a placa lâmina e o parafuso de compressão supracondilar nor-


malmente devem ser retirados antes da preparação do fêmur distal
para a artroplastia total do joelho. Se uma placa supracondilar blo-
queada (Fig. 9-21) for utilizada para a osteotomia, a instrumentação
~ l!&Jt Técn ica de Cove ntry para osteotomia femora l
do fêmur distal pode ser realizada após a retirada percutânea dos
d ist al. O ângu lo a ser corrigido é medido na rad iografia pré-
parafusos bloqueados utilizando uma haste curta como guia intrame-
-operatória, e a lâmina da p laca é inserida na met áfise femora l
dular e instrumentação de alinhamento extramedular.
A técnica para uma osteotomia varizante femoral distal com para que a p laca possa real izar a correção desejada qua ndo fi xada
à diáfise femora l osteotom iza d a. Cunha com ângulo ap ica l
cunha de fechamento é descrita a seguir.
ig ual à quantidade de correção ressecada com a ost eot omia.
VEJA A TÉCNICA 9-11 .
OSTEOTOMIA VARIZANTE FEMORAL
DISTAL COM CUNHA DE FECHAMENTO a cortical oposta para a adequada estabilidade da fixação.
No método de Coventry, uma via medial é uti lizada . Uma Utilize um afastador apropriado e mantenha a flexão do
incisão anterior para artrop lastia tota l do joelho também joelho para proteger as estruturas neurovascu lares.
pode ser utilizada, expondo o fêmur dista l medial através •Determine o loca l apropriado, o ângulo de inserção e o
de uma abordagem subvasto. Isso pode evitar pontes de comprimento da lâm ina, com rad iografias ava liadas com
pele entre as vias, se for necessária uma artrop lastia total um fio de Kirschner inserido no fragmento distal . Uti lize
do joelho subsequente. este fio, quando estiver na posição desejada, como um
guia para a inserção da placa.
~
TÉCNICA --~~~~~~~--'~
•Utilize uma serra mecân ica para cortar o fêmur após a
inserção da placa lâm ina.
(COVENTRY) • Coloque a placa em contato com a diáfise após a remoção
da cunha, ou simp lesmente cortando através do osso e
• Faça uma incisão medial separando o reto femora l e o vasto impactando a extremidade dista l do fragmento proxima l
medial em sua junção, exponha a parte distal do fêmur, e na cavidade medu lar da porção dista l.
desloque a bolsa suprapatelar distalmente sem abri-la, até •Fixe a placa ao fragmento proxima l com parafusos. Corrija
que a base do côndi lo femora l medial seja exposta. qua lquer deformidade em flexão pe lo posicionamento
• Para atingir a posição desejada dos côndilos femora is, faça adequado da placa lâm ina. Insira os drenos de sucção, e
um template (1 ) para indicar o tamanho adequado da cunha feche a ferida.
de osso a ser retirada e (2) para estabelecer o ângulo dese-
jado entre a placa lâmina util izada para a fixação interna e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é tratada
a cortical lateral, no momento em que a placa lâmina for da mesma forma que uma osteotomia tibial proxima l
inserida (Fig. 9-22). A ponta da lâmina deve apenas penetrar quando fina lizada .
PARTE Ili PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE JOELHO EM ADU LTOS

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CAPÍTULO 9 PROCEDI MENTOS DE PARTE S MOLE S E OSTEOTOMIAS CORRETIVAS NO JOELHO Gii
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PARTE

1
DESENVOLVIMENTO DE CONSIDERAÇÕES AMPLITUDE DE MOVIMENTO
SISTEMAS DE ARTROPLASTIA PARA PROCEDIMENTOS ARTICULAR 496
TOTAL DO TORNOZELO 486 ASSOCIADOS 492 RESULTADOS PÓS-OPERATÓRIOS
DESENHO ROTACIONAL 486 CORREÇÃO DE DEFOR MIDADES 492 POR DIAGNÓSTICO 497
DESENHOS DE ROLAMENTO CONSIDERAÇÕES LIGAMENTARES 492 COMPLICAÇÕES 497
MÓVEL VERSUS ROLAMENTO DEFORMIDADES COMPLICAÇÕES COM A
FIXO 487 PERIARTICULARES 493 CICATRIZAÇÃO DA INCISÃO
ALINHAMENTO 487 CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS 493 CIRÚRGICA 498
OSTEOINTEGRAÇÃO VERSUS Osteonecrose do Tálus 493 OSTEÓLISE, SOLTURA E
FIXAÇÃO COM CIMENTO 487 Doença Pantalar; Artrodese RADIOLUCÊNCIA 498
FIXAÇÃO METAFISÁRIA 489 Concomitante do Retropé 493 MAU ALINHAMENTO 499
FORMATO DO COMPONENTE Conversão da Artrodese do FRATURA 499
TALAR 489 Tornozelo 493 PSEUDOARTROSE DA SINDESMOSE 499
AV~LIAÇÃO . Gota 493 INFECÇÃO 499
PRE-OPERATORIA 489 Artroplastia Total do Tornozelo TROMBOSE VENOSA PROFUNDA 499
INDICAÇÕES 490 Bilateral 494 OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA 500
ARTROPLASTIA TOTAL DO RESULTADOS 494 PROGRESSÃO DA OSTEOARTROSE
TORNOZELO OU ARTRODESE
DO TORNOZELO PARA PARTICIPAÇÃO ESPORTIVA 496 EM ARTICULAÇÕES ADJACENTES 500
TRATAMENTO DA OSTEOA- PAPEL DA EXPERIÊNCIA E IMPACTO/FORMAÇÃO DE
TROSE DO TORNOZELO 490 NÚMERO DE CASOS 496 OSTEÓFITOS 500

Embora muitos cirurgiões ortopédi cos tenham abandonado a artro- crescente do polietileno comprometendo a es tabilidade dos com-
plasti a do torn ozelo devido às altas taxas de complicação e falhas, o ponentes res ultava em dor e subluxação. A terceira ge ração, com
interesse contínuo em alternativas para a artrod ese do tornozelo sistema semiconstrito, consiste em três componentes: um comp o-
levo u ao interesse pela renovação. O dese nvolvimento de desenhos nente tibial metálico de sup erfície lisa e plana, um componente
contemporâneos, biomecanicamente mais compatíveis com a ana- talar metálico com form ato condilar, e um componente de polie-
tomia e a cinemática do tornozelo, aperfeiçoo u as técnicas e instru- tileno de peso molecular ultra-alto interp osto entre os componen -
mentação cirúrgica, e a introdução de métodos biológicos para a tes tibial e talar. Os sistemas nos qu ais o componente de p olietileno
fixação dos componentes protéticos levo u a gra nde quantidade de es tá fixo no compon ente tibial ge ralm ente são denominados "tipo
estudos que avaliam o desenho dos implantes, a técnica cirúrgica e du as peças" ou de "rolamento fixo", enqu anto aqueles com o com-
os res ultados obtidos com a artroplastia total do tornozelo. ponente de polietileno não fixo são chamados "tipo três peças",
móveis ou sistemas de apoio meniscal. Atualmente, cinco sistemas
de artroplasti a total do tornozelo foram aprovados para uso nos
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), e
DE ARTROPLASTIA TOTAL DO outras próteses estão em fase fin al dos ensaios clínicos (Tabela
10-1). Outros sistemas estão em uso na Europa e Ásia (p. ex., HIN-
TORNOZELO TEGRA, Newdeal SA, Lyon, França; TNK, Kyoce ra Corporation ,
Japão; BOX, Finsbury Orthopaedics, Leatherhead, Surrey, RU).
Desde o primeiro relato de artroplastia total do to rno zelo, nos anos
1970, fo ram introduzidos mais de 20 sistemas de artroplastia total
do to rn ozelo. A primeira geração, cim entada, utili zava componen- DESENHO ROTACIONAL
tes co nstritos que eram muito estáveis mas necessitavam de técn ica
cirúrgica com grande ressecção óssea, o qu e res ultava em altas O dese nvolvimento de um sistema de implante que imita a anatomia
taxas de fa lha secundária a osteólise extensa e soltura dos implan- normal e a biomecânica do torn ozelo apresenta taxas de sucesso
tes. A segund a geração, não cimentada, com compon entes menos semelhantes àquelas das próteses do qu adril e do joelho. Contudo,
constritos, necessitava de menos ressecção óssea e aprese ntava muitas caracte rísticas anatômicas da articulação do tornozelo são
menores taxas de soltura devido à redu ção das fo rças de tensão e desfavo ráveis: (1) o tornozelo possui significativamente menor área
cisalhamento na interface osso impl ante. No entanto, o desgaste de contato entre as sup erfícies articulares em rel ação ao quadril e ao

486
CAPÍTULO 10 ARTRO PLASTIA TOTAL DO TORNOZELO

l1g-;.f1t Sistemas de Artroplastia Total do Tornozelo Aprovados pelo FDA

APROVAÇÃO
SISTEMA PELO FDA CARACTERÍSTICAS
Agility (DePuy, Warsaw, IN) de Agility Dezembro Requer artrodese da sindesmose, componente talar
Revision - maio de 2002 - para revisão da de 1992 semiconstrito; projetado para ser usado com
artroplastia primária de Agility cimento
Agility LP - 2006 - componente talar cobre
completamente o tálus; cimentado
INBONE (Wright Medical, Arlington, TN) Novembro Barra tibial modular, instrumentação de
de 2005 alinhamento intramedular
Salto Talaris (Tornier, Saint lsm ier, França) Novembro Componente talar cônico, raio de curvatura medial
de 2006 maior que o lateral; implante de rolamento fi xo,
com duas peças anatômicas
Eclipse (Integra Life-sciences, Plainsboro, NJ) Novembro Acesso medial para inserção, cortes cilíndricos para
de 2006 tíbia e tálus; uso atual suspenso
STAR (Waldermar Link, Hamburgo, Alemanha) Maio de Apenas sistema com três componentes aprovados,
2009 fixa çã o tibial com duas barras cilíndricas de 6,5 mm
Mobility (DePuy lnternational, Leeds, RU) Pendente Desenho com três componentes, janela anterior
para barra tibial, em ensaios clínicos vs. Agility LP
Adaptada de Cracchiolo A 3rd, DeOrio JK: Design features of current total ankl e replacements: implants and instrumentation, J Am Acad Orthop Surg
16:530, 2008.

joelh o; (2) o tornozelo suporta 5,5 vezes o peso corporal com deam- art iculação do tornozelo. Além do implante de tornozelo STAR (Fig.
bulação norm al, comparado com três vezes o peso corporal no 10-2), os implantes aprovados para serem utilizados nos Estado
joelho; e (3) a superfíci e de cartilagem articul ar do tornozelo é Unidos são do tipo rolamento fixo (Tabela 10- 1).
unifor memente mais fina do que a do joelho. Defenso res dos dese nhos de rolam ento fixo sugerem que a
Os con ceitos biomecânicos qu e tiveram res ultados na geração art icul ação normal do to rn ozelo, ao contrári o do joelho, possui um
mais recente das artroplasti as do torn ozelo es tão um pouco além do eixo central de movimento mais estável, e meno r necessidade ampli -
escopo de um li vro de ori entação cirúrgica; no entanto, a quantidade tude de movimento. O desgaste posterior do polietileno contra o
e a va ri edade de implantes no m ercado requerem um a fa mili aridade componente tibi al é de grande preocupação nos desenhos de ro la-
de princípios básicos no qu e se refere aos compo nentes protéticos. mento móvel, e menor para desen hos de rolamento fixo. A ate nção
para o correto ali nhamento da prótese ao longo do eixo mecânico
do membro in ferio r previne o desgaste excessivo.
DESENHOS DE ROLAMENTO MÓVEL
VERSUS ROLAMENTO FIXO
ALINHAMENTO
A maioria dos implantes modern os é classificada em dois grupos
básicos: aqueles com o componente de polietileno rigidamente fixo Atualmente, os sistemas de implante di sponíveis são cri ados para
ao componente da tíbia (Fig. 10-lA), e aqueles com o componente de serem posicionados ao longo do eixo mecâni co do membro in fer ior
polietileno móvel, que tem a capacidade, pelo menos teoricamente, e dependem do alinhame nto satisfatóri o ac ima e abaixo da articu-
de movimentar-se sob o co mponente tibial para adaptar-se às mudan- lação do tornozelo. O método mais comum para a ob tenção de um
ças nas forças da articulação {Fig. 10-1 B). Os desenhos de polietileno alinhamento correto é o alinhame nto com guia externo, usand o
móvel são m ais comumente usados na Europa, onde apresentam um flu oroscopia in traoperatória para a avaliação dos eixos. Existe um
longo histórico de resultados. Outra vantagem teórica desse desenho sistema que utili za uma haste de ali n hamento intram edular (F ig.
é a versatilidade do implante, que permite co mpensação de pequen as 10-3). Uma inovação potencial é o alinhamento guiado po r tomo-
variações no alinhamento e acomodação da prótese às forças articu- grafia computadorizada, qu e permite co nfecção de corte personali -
lares. A capacidade do componente de polietileno para se movimentar zado, como aqueles disponíve is para artroplastia de joelho.
permite, teori camente, m anter a articul ação entre o componente talar
e o componente de polietileno mais congruente, com menor fricção
e menor desgaste. Especialistas, no entanto, disc utem acerca do com - OSTEOINTEGRAÇÃO VERSUS FIXAÇÃO
ponente de polietileno, argumentando que este se movimenta sob a COM CIMENTO
tíbia. Barg et ai. demonstraram pouco movim ento anteroposterior
do compo nente talar so b a tíb ia em rad iografias de seguimento Nos Estados Unidos, todos os implantes aprovados pelo FDA são
p ós-operatório de artroplastia total do tornozelo tipo rolamento ci mentados, e embora às vezes eles seja m revestidos e porosos como
móvel, e observaram ainda que a essa prótese fun cionava como aquela os implantes n ão cimentados do qu adril ou do joelho, a implantação
do tipo rolam ento fixo, mas com a vantagem de permitir posição dos componentes não cimentados é considerada "off-label''. Há
individualizada para inserção do polietileno em resposta às solicita- po ucos dados qu e compa ram o uso do mod elos cimentados e n ão
ções dos tecidos moles prod uzidas pelas difere ntes configurações da cimentados na literatura, ass im não há consenso quanto à questão.
*·!:!:• PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

O@ll;ffl11!19 A, Prótese tipo rolamento móve l, artroplastia total do tornozelo com três componentes; o componente de polietileno
é independente do componente tibial . B, Prótese tipo rolamento fixo, artroplastia tota l do tornozelo com dois componentes; o polie-
tileno é f ixo ao componente tibi al. (De Easley ME, Adams SB Jr, Hembree C, Deürio JK: Current concepts review: results of tota l ankle arthroplasty,
J Bane Joint Surg 93A 1455, 2011 .)

O@i!ih:ill!m A e B, Sistema STAR em paciente com boa qualidade óssea e deformidade mínima. (Cortesia de Dr. W illiam C.
McG arvey, Houston, TX.)
CAPÍTULO 1O ARTRO PLASTIA TOTAL DO TORNOZELO

iâ[êiil;fyi1I!19 A e B, Sistema INBONE (Wright Medical Techno logy, Arlington, TN) para artroplas-
tia total do tornozelo.

FIXAÇÃO METAFISÁRIA AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA


A distribuição das forças por toda a extensão da região articular e Uma perfeita compreensão do histórico médico e a ava li ação
periarticular é um objetivo do implante. Os componentes da tíbia sistêmica do paciente são importantes no processo de tomada de
devem, se possível, apoiar-se sobre toda a superfície do corte meta- decisão e na consideração do paciente para a artroplastia total do
fisário da tíbia, incluindo a cortical anter ior e posterior, sem saliên- tornozelo. Doenças sistêm icas, como diabetes, artrite reuma-
cias significativas. O uso de hastes intramed ulares para auxiliar na toide, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença coronariana
estabilidade do implante e aumentar a superfície de suporte de peso ou vascular periférica, podem afetar o resultado cirúrgico e a
parece adequado. Alguns desenhos apresentam hastes que são colo- cicatrização da incisão. Cond ições como apneia do sono, desnu-
cadas através de uma incisão na cortical anterior, e outros são intro- trição, deficiência de vitamina D e depressão estão associadas
duzidos na metáfise de maneira intrarnedular. com resu ltados funcionais ruins. Não realizamos artroplastia
tota l do tornozelo eletiva em fumantes ativos. Deve estar claro
que a articulação do tornozelo é, de fato, a causa primária de
FORMATO DO COMPONENTE TALAR quei xa do paciente . Muitos desses pacientes têm doença articular
adjacente ao tornozelo, e também podem precisar de tratamento
Pelo fato de o componente talar estar suj eito a altas forças durante antes ou no momento da cirurgia. Inj eções seletivas de lidocaína
a marcha normal, os componentes talares que cobrem toda a super- são úteis para a identificação precisa do processo patológico de
fície do tálus podem ter a vantagem de melhorar a distribuição dor. É importante uma avaliação completa do membro inferior.
dessas forças e diminuir as chances de soltura. Por outro lado, há O processo patológico da co lun a lombar com dor ciática e radi-
uma preocupação em relação a esse componente no que diz respeito cular irradiando para a ext remidade inferior ou com doença
ao desgaste devido ao impacto lateral e medial. Haddad et ai. degenerativa do quadril e do joelho podem modificar o planeja-
demonstraram que um componente talar colocado em posição rota- mento de tratamento. Pacientes com osteoartrose do tornozelo e
cional inadequada leva a diminuição do contato adequado dos com- do joelho combinada geralm ente são mais bem tratados pela
ponentes nos extremos do movimento articular, causando desgaste correção da deformação do joelho em primeiro tempo, seg uid a
aum entado do polietileno ou soltura do componente talar. Ao pelo tratamento do tornozelo no segundo tempo.
estud ar a pressão de contato na prótese Agility, Nicholson et ai. É importante uma ava liação completa do estado neurovascular
observaram pressões superiores àquelas recomendadas para a inter- do membro inferior, e quaisquer preocupações devem incitar um a
face polietileno-componente talar. Embora esse desenho tenha sido ava liação vasc ular formal. A marcha do paciente deve ser avaliada,
modificado desde este estudo, em 2004, os achados demonstram a e quaisquer alterações de movimento do quadril ou joelho para
questão do desenho do componente talar em relação à pressão de compensar a diferença de comprimento do membro e do torno-
contato e ao desgaste potencial. zelo com artrose devem ser avaliadas. A avaliação permanente do
lllD PARTE IV PROCEDI MENTO DE RECO NSTRU ÇÃO DE TOR NOZELO EM ADULTOS

1i!§lhtgi1I!19 A e B, Im age m d o a li nhamento


do retropé na artrop last ia tot a l do t ornoze lo
d ireito. FTG A, âng ul o tibia l front a l; HAVA, imagem
do âng ul o de a li nhamento do retropé; HAVD,
ima gem do a li n hame nto d o ret ropé; LHA, âng ulo
latera l do calcanha r; linh a branca, reconstru ção
a rticular do tornoze lo com base no comprimento
do ma léo lo med ial. (De Frigg A, Nigg B, Hinz L, et ai:
Clinicai relevance of hindfoot alignment view in total
ankle replacement, Foot Ankle fnt 31 :871, 201 O.)

a linh ame nto do tornozelo e d o retropé é im po rta nte. Há d efo rmi - INDICAÇÕES
dade supramaleolar qu e deve se r co rri gid a? O retropé está bem
alinh ado, ou existe um compo nente d e varo ou va lgo excessivo? É Embora as condições de artrose pós- traumáticas, inflamatórias e
importante a ava liação clínica do aparelh o fl exo r plantar e do tend ão degenerativas do tornozelo sejam as indicações primárias para a artro-
d o calcâ neo. O teste de Sil fve rskiõld para retração seletiva do gas- plastia total do tornozelo, há pouca evid ência clínica para basear indi -
trocnê m io pode revelar um a contratu ra que limita a amplitude d e cações mais específicas e contraindicações. O candidato idea l para
m ovim ento d o tornozelo, e deve ser liberad a intraoperativarn ente. artroplastia do tornozelo é descrito como um indivíduo mais velho,
Coetzee e Castro demonstraram a in capacid ade para diferenciar m agro e de baixa demanda, com defo rmação mínima e pouco movi-
ve rdadeira va ri ação de m ov im ento da a rticul ação tibiotalar no mento do tornozelo. Essas descrições, no entanto, são vagas e contro -
exam e clínico, e propuseram um a ava liação radiográfica d a ampli - versas. Alguns autores defin iram jovem aquele com idade inferior a
tude de movim ento no pré-operatório. Entretanto, é importante 50 anos, e magro aquele que pesa m enos de 90 kg, mas não há evi-
um a ideia de va ri ação do plano sagita l de m ov im ento. Em gera l, o dência clínica para suportar essas class ifica ções. Incluem -se com o
movimento do retropé também é im porta nte. Um retropé rígid o contraindicações comumente citadas p ara artroplasti a total do torno-
pode ser a d iferença entre esco lh er artroplast ia e ar trodese. O teste zelo idade in fe rior a 50 anos, a histó ria da baixa adesão do paciente,
dos grupa m entos musculares da perna não deve revelar dé.ficits trabalh ad or industrial pesado, fumante inveterado, diabéticos não
m aiores que prej udicariam o resultado. A cobe rtura cutânea do control ados com neuropatia, instabilidade articular do tornozelo sig-
torn ozelo deve estar estável e sem lesões que prejudicariam a cica- nificativa, deformidade angular de mais de 10-1 5 graus, insuficiência
trização da incisão cirúrgica. vascular periférica, obesidade (mai s de 11 3 kg), perda óssea signifi ca-
Deve m se r ob tidas, no m íni m o, rad iografias do tornozelo nas tiva, osteo necrose e infecção ativa ou prévia.
posições anteroposter io r, lateral e d e mortise. Q ua lqu er suspei ta de
mau a linh am ento do memb ro in fe ri or deve ser avaliada co m
rad iog rafias. Co mo não é possível real iza r um a ava li ação radiográ- ARTROPLASTIA TOTAL DO
fica preci sa do al inh a m en to d o retropé, Fri gg et a i. d escreveram TORNOZELO OU ARTRODESE DO
um a in c idê nc ia (F ig. 10-4) qu e proporciona melh or aprec iação de
todo o alinhamento e tamb ém ajuda a determ in ar se é necessár io
TORNOZELO PARA TRATAMENTO
um procedimento associado para me lh ora r o ali nhamento do DA OSTEOARTROSE DO
retropé à a rt iculação do tornoze lo. A ava li ação radiog ráfica d eve TORNOZELO
incluir a ava liação de q ua li dade do estoqu e ósseo, a linh ame nto do
plan o corona l do tornozelo com d efo rm ações su pramaleolar ou A artrodese do tornozelo (Cap. 11 ) há tempos é o "padrão-ouro"
in cong ru ênc ias da art icul ação, a p rese nça de osteófitos, a inclin a- para o tratamento ci rúrgico de artro se moderada e seve ra do torn o-
ção d o calcâne o e a prese nça d e c istos maiores o u defe itos que zelo. É, portanto, sensato questionar se há motivo para inves tir na
precisa rão d e enxerto. a rtroplastia tota l do tornozelo como uma opção de tratam ento para
CAPÍTULO 10 ARTROP LASTIA TOTAL DO TORNOZELO

·TABELA 10-2 Resultados Relatados da Artroplastia do Tornozelo Comparada com a Artrodese do


Tornozelo

ACOMPA-
ESTUDO Nº DE PACIENTES NHAMENTO RESULTADOS
SooHoo et ai. (2007) 4.705 artrodeses 5 anos Maior risco de complicações no grupo de artroplastia,
480 TAA mas menor necessidade de artrodese subtalar devido a
osteoartrose
Haddad et ai. (2007) 852 artroplastias Revisão da Resultados intermediários de artroplastia e artrodese
1.262 artrodeses literatura quase equivalentes
Saltzman et ai. (2009) 224 pacientes 2 anos O grupo de artrop lastia teve me lh or função e alívio de
dor semelhante ao grupo tratado com artrodese do
tornozelo
Slobogean et ai. (201 O) 107 pacientes 1 ano Melhoras significativas com preferência baseada em
medida de qualidade de vida para ambas; sem
diferenças relevantes
Schuh et ai. (2011) 41 pacientes 3 anos Sem diferenças relevantes em níveis de atividade, participa-
ção esportiva, ou nos critérios da UCLA e da AOFAS
Krause et ai. (2011) 161 pacientes 3 anos Ta xa de complicação consideravelmente mais alta com
artroplastia (54%) do que com artrodese (26%)

esses pacientes. Embora a taxa de satisfação do paciente após a entanto, a maioria dos sistemas requer um acesso ante-
artrodese do tornozelo seja elevada, há certamente circunstâncias rior para o tornozelo.
em que a artrodese pode não ser o melhor procedimento, incluindo • Faça uma incisão de cerca de 1O cm proximal mente à arti-
a preexistência de artrose da articulação subtalar ou do retropé culação do tornozelo, na parte lateral do tendão tibial ante-
ipsolateral, a osteoartrose do tornozelo e do retropé contralateral, e rior e sob o tendão extensor longo do hálux. Essa incisão é
a deficiência do quadril ou do joelho, situações nas quais o movi- medial ao nervo cutâneo med ial dorsal ramo do nervo
mento articular do tornozelo pode ser benéfico para o conj unto do fibular superficial. Habitualmente, o pequeno ramo medial
membro inferior e a função do paciente. deste nervo cruza a incisão distalmente à articu lação do
Nenhum estudo de nível I comparou diretamente os dois tornozelo e pode ser lesado nessa via de acesso. O paciente
procedimentos, e os relatos na literatura são contraditórios deve ser informado antes da cirurgia de que uma área
(Tabela 10-2). Estudos de longo prazo são necessários para com- pequena de dormência pode estar presente na região.
parar esses dois procedimentos; os dados atualmente disponíveis •Abra a bain ha do extensor longo do hálux, e afaste o tendão
parecem indicar resultados semelhantes entre os dois procedi- mediaimente. Afaste o feixe neurovascular (a artéria tibial
mentos e sugerem que a seleção cautelosa do paciente é obriga- anterior, veias e nervo fibular profundo lateralmente, junto
tória para o sucesso desses procedimentos no tratamento da com o tendão extensor longo dos dedos).
osteoartrose tibiotársica. •Faça uma incisão reta, de acordo com a incisão da pele,
na cápsula articu lar do tornozelo, dissecando-a medial e
latera lmente, até as superfícies articulares medial e lateral
ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO estarem expostas.

--------~
•Deixe exposta a articu lação talonavicular dorsal e remova
'TÉCNICA qualquer osteófito lateral ou anterior. Caso seja necessá-
ria uma exposição maior da linha da articulação, use um
POSICIONAMENTO DO PACIENTE
osteótomo para realizar uma remoção mais agressiva da
•A maioria dos sistemas requer uma via de acesso anterior osteofitose anterior.
para o tornozelo . Coloque o paciente na posição supina •Prepare o osso para inserção do implante, de acordo com
sobre a mesa cirúrgica, com os pés próximos à extrem i- a orientação técn ica específica para o implante selecio-
dade da mesa. Posicione o coxim no quadril ipsolateral nado, tomando cuidado para colocar o implante em ali-
para neutralizar a rotação externa do membro inferior, nhamento adequado em todos os planos, e para ter
deixando o tornozelo neutro. cobertura óssea suficiente da prótese e tensionamento
•Após a indu ção da anestesia geral, aplique e insufle o apropriado dos tecidos moles e suporte adequado dos
torniquete de coxa para controlar o sangramento e melho- componentes protéticos. Deve haver um equ ilíbrio ent re
rar a visua li zação. a esco lh a da espessura do componente de polietileno, a
ressecção óssea, a mobilidade articula r e a estabi li dade.
ABORDAGEM •Suture a cápsula articular sobre a prótese e insira um
•Qualquer deformação relevante, acima ou abaixo da arti- dreno de sucção fechado; feche o retináculo extensor
culação do tornozelo, deve ser corrigida antes da coloca - superior sobre o tendão extensor longo do hálux, suture
ção dos componentes da prótese do tornozelo. o tecido celu lar subcutâneo em camadas e a pele.
•O acesso é determinado pelo formato da prótese, e o •O bloqueio da fossa poplítea é usado com frequência
leitor é remetido para o implante específico escolhido; no para analgesia pós-operatória. )
lllD PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZE LO EM ADU LTOS

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em nossa instituição,


normalmente os pacientes são mantidos durante a noite
) no hospital e recebem a visita de um fisioterapeuta no
dia seguinte, para a instrução de treinamento de marcha
com apoio parcial do peso. A terapia com antibióticos,
cãnula binasa l de oxigênio, e prevenção da trombose
venosa profunda com heparina de baixo peso molecular
é o protocolo habitu al pós-operatório, embora ele não
seja tipicamente continuado após a descarga de peso
corporal, a menos que o paciente apresente fatores de
risco para trombose venosa profunda. Implantes diferen-
tes têm recomendações distintas para cuidado pós-ope-
ratório, mas norm almente o apoio do membro inferior
com carga total do peso é liberado após 4 a 6 semanas,
e começamos o movimento ativo do tornozelo depois
que a incisão está cicatrizada, norma lmente 2 semanas
após a cirurgia. O apo io de peso progressivo gradua l,
fortalecimento da panturri lha, tre inamento da proprio-
cepção e exercícios de amp litude de movimento tê m
início após 4 a 6 semanas, com o tornoze lo protegido
em um imob ilizador suropodálico. Um imobi lizador leve
de tornozelo é colocado após 8 a 1O semanas, e são
pe rmitidas atividades completas após 3 meses de pós-
-operatório ou quando os múscu los da panturri lha esti-
verem completamente reabilitados. Não é colocada
nenhuma rest ri ção nas atividades ou programas de
esportes do paciente, mas eles são avisados para evitar
exercícios de impacto.

CONSIDERAÇÕES PARA
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS
CORREÇÃO DE DEFORMIDADES

Os tornozelos com osteoartrose que são considerados para uma


lij@ihMIJ:!l9 Osteotomia de ca lcâneo e art rodese do med iopé
artrop lastia deve m ter uma deformação periarticular mínima, ou foram necessá ri as pa ra co rreção da deformidade em pé pl ano
essa deformação deve se r corrigida através de osteotomias ou antes da art ropl astia tota l do t orn oze lo.
artrodese. É obrigatória a determ inação do local da deformidade.
O varo da tíb ia distal, acima do nível da articulação, é mais bem
tratado com osteotomia supramaleolar. O varo do pi lão (plafond)
tibial na superfície articu lar com erosão do osso subcondral medial
ou ma léolo m edia l pode ser corrigido por meio do tib ial. Para o CONSIDERAÇÕES LIGAMENTARES
tornoze lo de varo instável com deformação abaixo do nível da
articu lação às vezes é necessá ria uma osteotomia do retropé (Fig. A estabilidade ligamentar também é imperativa para um resultado
10-5) . Se a instabilidad e persistir intraoperatoriamente, deve ser ótimo, principalmente nas opções menos constritas. Pode-se atingir
reali zada uma reconstrução ligamentar latera l. A liberação judi- estabi lidade no intraoperatório através de seleção adequada dos
ciosa do ligamento deltoide, principalmente o ligamento deltoide implantes e espessura de polietileno, contudo, ocasionalmente, a
profundo, pode ser prudente nes te contexto. Para evitar a desvas- reconstrução ligamentar é necessária.
cularização do tálus por lesão do ramo deltoide da artéria tibial As técnicas para a recons tru ção de um tornozelo cronica-
posterior, uma osteotomia de sl izante do ma léolo medial foi des- mente instáve l são discu tid as no Cap ítu lo 89. Coetzee relatou que
crita, com ou sem fi xação. Reddy et ai. relataram a correção da as técnicas de reco nst ru ção anatômica do ligamento latera l foram
deformidade no plano coronal sem osteotomia, para deformidade satisfatórias na artroplastia total do tornozelo. Ele descreveu urna
média de 18 graus em varo. A liberação do deltoide foi necessária reconstrução simpl es, não anatômica, para permitir estabilidade
para todos os torno zelos com mais de 18 graus de varo, e todos os confiável contra a inversão e limitar a trans lação anterior do tálus
torno zelos com mais de 25 graus de varo desenvo lveram deformi- (Técnica 10-2).
dade recorrente. Hobson et ai. sugeriram que a artroplastia total A reconstru ção med ial do liga mento deltoide com artroplas-
do tornozelo poderia ser realizada com segurança, com até 30 tia tota l do torno zelo não é comum, embora às vezes seja necessá-
graus de deformação do plano coronal. ria em estádios avançados de insufic iência de tendão tibial posterio r
CAPÍTULO 1O ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO

paciente co m co rpo talar colapsado, fragm entado e avascular certa-


RECONSTRUÇÃO DOS LIGAMENTOS mente não é ca ndid ato a uma prótese total do torn ozelo, e reco-
LATERAIS DO TORNOZELO PARA menda-se artro dese. No entanto, poucos pacientes com osteonecrose
INSTABILIDADE CRÔNICA COMO aparente do tálus sem colapso podem, gradualmente, após um longo
período (m ínim o de 24 a 36 meses), apresentar revasc ularização,
PROCEDIMENTO ASSOCIADO À torn ando o paciente um candidato m elhor para a artropl astia total
ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO do tornozelo. Uma avaliação compl eta com RM ou cintilografia

--~----~
óssea pode dar indícios de se o tálus irá suportar um co mpon ente
TÉCNICA ta lar. Lee et ai. relataram du as ar troplasti as totais de tornozelo com
sucesso, após a revasculari zação do tálus.
(COETZEE)

• Após implantação dos componentes do tornozelo, real ize • DOENÇA PANTALAR; ARTRODESE
uma reconstrução de Brostrõm modificada dos ligamen- CONCOMITANTE DO RETROPÉ
tos latera is (Técni ca 89-2)
A artrodese das arti culações adj ace ntes, principalmente talonavicu-
• Realize uma incisão separada pa ra expor o lado lateral do
lar e subtalar, pode ser necessá ri a em associação com a artropl asti a
tornozelo e dos tend ões f ibu lares. Retire metade do
total do torn ozelo. No entanto, a osteoartrose leve a moderada das
tendão f ibul ar curto. Se o tendão t ive r sinais de processo
arti cul ações adja ce ntes não signifi ca necessariamente a necessidade
patológico ou ruptura, retire o tendão todo pa ra assegu-
de artrodese. Ge ralmente o alívio da dor e a melhora de movimento
rar firm eza tota l. Deixe a inse rção distal intacta, e retire
após a artroplastia total do torn ozelo são suficientes para reduzir
o tendão o mais proxim al possível.
signi fica tiva mente a sintomatologia das dem ais arti culações. Avalia-
• Rode o tendão f ibul ar cu rto acima do reparo de Bros-
ção e exame cui dadosos do paciente podem aj udar a determin ar a
trõm modificado do lado lateral do tornozelo à tíbia
necessidade de in terve nção nessas articulações. Inj eções seletivas
anterolatera l.
co m ou sem flu oroscopia tamb ém podem ajudar no diagnóstico.
• Asseg ure uma te nsão adequada do tendão em relação à
O temp o dos procedim entos d epende d a intensidade da
tíbia com um grampo. defor midade, da extensão do envo lvimento articular e do núm ero
•Teste a estabilidade do torn ozelo para ter certeza de que os
das arti cul ações envolvidas. A artro dese d a articulação talonav i-
movimentos lateral e medial equivalentes são possíveis.
cul ar através da mesm a incisão usada para a implantação dos
co mponentes é direta, e o enxerto ósseo da ressecção tibial para o
\ implan te es tá di sponível para uso na fu são. A articulação subtalar
(Cap. 82) . A correção do valgo do retropé co m os teo tomia e/ou é uma ques tão diferente e, geralm ente, é necessári a uma via de
artro dese pode proporcionar sup orte mecâni co e co nfe rir estabili - acesso separad a pa ra a preparação co mpl eta da arti cul ação para
dade à prótese do tornozelo. A reconstru ção do ligamento deltoide a fusão. As reco nstru ções ex tensas po dem ser m ais bem planeja-
neste contexto é um procedim ento avançado e as complicações são das como primeira etapa do tratam ento antes de artroplas tia total
freq uentes. A ar trodese do torn ozelo pode ser recomendável. d o to rn ozelo. Lee et ai. obse rva ram no seguim ento de médio
prazo res ultados se melhantes nos to rn ozelos, com e sem fu sões de
retro pé, e reco mend am realiza r todos os procedimentos no mom ento
DEFORMIDADES PERIARTICULARES da artrop lastia.

Co nforme mencionado, um tornozelo e retropé plantígrados e estáveis • CONVERSÃO DA ARTRODESE DO TORNOZELO


são de grande importância para evitar cargas excessivas que possam Algum as fusões do tornozelo aprese ntam resultado fun cio nal
causar soltura e desgaste do componente de polietileno. No retropé e ruim , ass im pod e-se co nsidera r a co nversão para um a artroplas-
tornozelo valgos, devem ser considerados os seguintes procedimentos: ti a to tal d o torn ozelo (F ig. 10-7) . Hintermann et ai. d esc reve ram
osteotomia de deslocamento lateral do calcâneo (Técnica 82-6), osteo- a co nve rsão de 30 ar trod eses de torn ozelo para artropl as tia total
tomia de Cotton do cuneiform e medial ou artrodese seletiva do de to rn ozelo, co m 83% de satisfação dos pacientes; cinco tornozelos
mediopé medial (Técnicas 82-8 e 84-5), artrodese subtalar com ou sem não tiveram do r nenhuma, 21 ap rese ntaram dor residual e três per-
artrodese talonavicular (Técnica 84-7), reconstrução do tendão tibial maneceram co m dor. Atki nso n et ai. relataram alívio co mpleto de
posterior com transferência de tendão (Técnica 82-2), e osteotomia com dor e marcha norm al em um pac iente com co nve rsão de art ro dese
cunha de fechamento medial da tíbia distal (Técnica 58- 10). para artroplasti a. Muitos procedim entos cirúrgicos adicionais foram
Para o tornozelo varo, os procedim entos a se rem considerados necessários antes da conversão da fu são, incluindo a fu são da arti -
incluem a liberação do ligam ento deltoide ou a osteotomia de des- culação tal onavicular ou subtalar, tenoplastia fibular, reconstru ção
li za mento do maléolo medial, osteo tomi a com cunh a de adição liga mentar medi al ou lateral, os teo tomi a do calcâneo e o alonga-
medial da tíbi a distal (Técnica 11 -1), osteotomi a co m cun ha de mento do tend ão de calcâneo. O sistema usado nos dois relatos foi
fechamento tipo Dwyer do calcâneo (Técnica 86- 14) , osteotomia de o HINTEG RA (Newdeal, Lyon, França), um sistema de três compo-
dorsiflexão do primei rovmetatarso (Técnica 83 -1 6), artrodese sub ta - nentes indisponível atualmente nos Estados Unidos. Embora a con-
lar, dupla ou tri pla (Cap. 84). ve rsão de um a não união de um a te ntativa de fu são de tornozelo
para uma artrop las ti a de torn ozelo ten ha sido fe i_ta, até o prese nte
momento não temos nenhuma expe ri ência com a conversão de uma
CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS fus ão de torn ozelo bem cicatri zada.

• OSTEONECROSE DO TÁLUS • GOTA


Pouco fo i escrito sobre os resultados em longo prazo da artroplasti a Barg et ai. relataram baixa frequ ência de complicações intra e pós-ope-
total do torn ozelo em pacientes com osteonecrose do tálus. Um ratória e alta satisfa ção dos pacientes, com bom resultados funcionais
PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTO S

O@ll;flll!m A e B, Osteonecrose de tornoze lo após fratura do tálus. C e D, Artrop last ia total do tornozelo com sistema INBONE .

após as artroplastias totais bilaterais de torn ozelo em um subgrupo de RESULTADOS


pacientes di agnosticados com artrite gotosa.
Como um p reâm bulo para a avaliação dos resultados reportad os na
literatu ra, é importante lembrar qu e Labek et ai. obse rva ram que há
• ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO uma diferença significativa nas taxas de revisão das sé ri es publicadas
BILATERAL em co mparação aos reg istros nacionais de artroplasti a to tal do tor-
Barg et ai. também relataram os res ultados de 23 pacientes com nozelo. Eles mostraram qu e os dese nvolvedores de implantes repre-
artroplastias totais bilaterais de torn ozelo rea li zadas no mesmo sentam ce rca de 50% do conteúdo publicado, e que eles provavelmente
tempo cirúrgico, e as comparou a um a coo rte com substituição es tão excessivam ente representados na literatura. As taxas de revisão,
unil ateral. No acompanhamento de curto prazo, o grupo unilateral co nfo rme coletadas nos registro s nacionais, são aproximadamente
teve melhores resultados, mas as diferenças desaparece ram após 1 e du as vezes mais altas em relação às das séries publicadas, e as taxas
2 anos da cirurgia. As substituições bilaterais não são para cirurgião de revisão total, de acordo com as bases de dados do registro, são de
inexperiente ou pacientes de risco, e os pacientes devem ser notifi - 21,8% em 5 anos e de 43,5% em 10 anos. De acordo com a revisão
cados sobre o longo período de recuperação. da literatura realizada por Easley et ai., a durabilidade dos implantes
CAPÍTULO 1O ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO cm

0[dlhHIJ:!llt A-D, Apesar da artrodese de tornozelo bem al inh ada e bem cicatr izada, o paciente apresentou dor persistente, que
necessitou de conversão da fusão para artroplastia total do tornozelo com sistema Salto Talaris (E e F). Oito meses após a artroplastia
total do tornozelo, ele retornou ao seu trabalho em tempo integral como agente tático da Patrulha de Fronteira dos EUA. (Cortesia de
Dr. Mark Casillas, San Antonio, TX. )

em 2.240 artropl as ti as totais de torn ozelo apresenta variação de 70% móvel, vem de fora dos Estados Unidos, onde os implantes são usados
a 98% entre 3 e 6 anos e de 80% a 95% entre 8 e 12 anos; tamb ém há muitos anos. Seis estudos recentes dos sistemas de torn ozelo AES,
foi observado qu e a maioria dos es tud os publicados tem baixo nível Mobility, Salto e STAR revelam uma durabilidade de 5 anos var iando
de evidência. O utra revisão da litera tura feita por Gougo uli as et ai. , de 83% a 97% e com 92% a 97% de satisfação do paciente (Tabela
envolvendo 1.105 subs tituições totais de tornozelo (Agility, STAR, 10-3). Foram necessári os procedim entos cirúrgicos adicionais entre
Buechel-Pappas, H INTEGA, Salto, TNK, Mobility), obse rvou taxa 17% e 39% dos pacientes. Causas frequentes para revisão incluem a
de falha total de aproximadamente 10% em 5 anos. Quase todas as soltura asséptica, osteólise e cistos osteolíticos, falha de implante,
fa lhas (62%) fora m reso lvidas co m revisão ou artrodese (36%); a impacto maleolar e mau alinhamento.
amputação foi necessá ria em 1% dos casos. Dos vá rios dese nh os de dois co mp onentes tip o rol amento
Por conve niência, os resultados são reportados para prótese tipo fi xo, apenas o sistema Ag ility teve res ultados de médio e longo
ro lamento móvel, e posteriormente prótese tipo rol amento fixo. A prazo relatados. Emb ora tenham sido relatadas taxas relati vamente
maior parte dos resultados reportados na literatura disponíveis quanto altas da sa tisfa ção do pac iente, as taxas de revisão e reoperação
às próteses de terceira ge ração, de três co mponentes e de ro lamento ta mb ém são alt as com es te tipo de implante. Kopp et ai. relataram
lllD PARTE IV PROCEDI MENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

'1Ó~i
'6i:IHd Resultados da Artroplastia Total do Tornozelo

Nº DE ACOMPA-
ESTUDO IMPLANTE PACIENTES NHAMENTO RESULTADOS
Karantana et ai. STAR 45 (52 8 anos Sobrevida da prótese em 5 anos de 90%, em 8
(2010) tornozelos) anos, de 84%
Taxa de revisão de 17 %
Wood et ai. Mobility 96 (100 4 anos Sobrevida da prótese em 3 anos de 97%, em 4
(2010) tornozelos) anos, de 94%
Satisfação do paciente de 97%
Skyttã et ai. STAR 645 (Registro 7 anos Sobrevida da prótese em 5 anos de 83%, em 7
(2010) Biomet AES de anos, de 78%
Artroplastia
Finlandesa)
Mann et ai. STAR 76 (78 9 anos Probabilidade de sobrevida da prótese em 5 anos
(2011) tornozelos) de 96%, pelo menos 10 anos, de 90%
Satisfação do paciente de 92%
Cirurgias adicionais de 17%
Bonnin et ai. Salto 96 (98 11 anos Sobrevida da prótese em 10 anos de 65%; 85%
(2011) tornozelos) quando houve fusão ou revisão de algum
componente usado, conforme critério por falha
Nunley et ai. STAR 82 (82 5 anos Sobrevida da prótese em 5 anos de 94%, projeção
(2012) tornozelos) em 9 anos de 88%
Cirurgias adicionais em 17%
REVISÃO SISTEMÁTICA/METANÁLISE
Stengel et ai. Apenas 1.107 Sobrevida da prótese em 5 anos de 91 %
(2005) rolamento tornozelos Taxas de complicação de 2% -15%
móvel Cirurgia secundária em 12%, artrodese em 6%
Haddad et ai.* Rolamento 852 tornozelos Resultados bom/excelente -70%
(2007) móvel e fixo Sobrevida dos implantes em 5 anos de 78%
Taxa de revisão de 7 %
Gougoulias et ai. Rolamento 1.105 Taxa global de falha em 10 anos de 10%
(2010) móvel e fixo tornozelos Infecções profundas de 0%-5%
Superioridade de um desenho de implante sobre
outro, não suportado pelos dados disponíveis
*Comparação com artrodese (veja Tabela 10-2).

qu e 37 dos 38 pacientes ficaram satisfeitos com se us res ultados, esportes de alto impacto ou de contato, e a maioria envolveu ativida-
embora 14 tenham solicitado revisão ou artrodese em 9 anos de des como natação, ciclismo, caminhada e exercício aeróbico.
acompanhamento. Claridge e Sagherian relataram res ultados seme-
lhan tes co m alívio da dor, mas as co mplicações fo ram frequentes,
PAPEL DA EXPERIÊNCIA E NÚMERO DE
incl uindo necrose da incisão cirúrgica, infecção, e fratura do maléolo
CASOS
medial. Criswell et ai. observaram em revisão mais freque nte um
grupo de 41 pacientes, 16 (39%) dos quais precisa ram de revisões A artroplastia total do tornozelo não é um procedimento co nside-
em um a média de 4 anos após a cirurgia. Dos 25 pacientes qu e não rado fáci l. O risco de complicações não é insignificante, e a instru -
precisa ram retirar os implantes, 12 precisaram de cirurgias secun- mentação é, em geral, complexa. Um con hecimento ampl o das
dárias, com taxa global de reoperação de 68% e média de 8 anos de fo rças que agem no tornozelo e o no retropé é imprescindível, e a
acompan hamento. Devido às taxas de complicações obse rvadas nos seleção do paciente é primordial. A maioria dos estudos mostra uma
estudos de longo prazo, houve alterações no desenho original. curva de aprendizagem bem definid a, com resultados relacionados
Outros produtos com tipo ro lamento fixo no mercado, o INBONE à experi ência com o método, e os diferentes desenhos de implante
e o Salto-Talaris, ainda não co nsegui ram acompanhamentos sufi- exigem treinamento dos médi cos co m ossos artificiais e/ou cadáve-
cientes para alcançarem conclusões significativas. res para que recebam a certificação para usar os equiparnen tos.

PARTICIPAÇÃO ESPORTIVA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ARTICULAR

Dois estudos que analisaram a capacidade de praticar esportes após Possivelmente, a única vantagem que a articulação do tornozelo tem
uma artroplastia total do tornozelo demonstraram taxas equivalentes so bre o joelho e o quadril, no que se refere à substituição total da
ou superiores de participação esportiva após a cirurgia em relação articu lação, é a amplitude de movimento necessária para marcha e
àquelas antes da ci rurgia; no entanto, as atividades não incluíram fun ção nor mais. Embora os extremos de movimento articular sejam
CAPÍTULO 10 ARTRO PLASTIA TOTAL DO TORNOZELO

O[riii;M11!19 Após artroplastia total do tornozelo (A e B}, paci ente com artrite reumatoide desenvo lveu deiscência (C) devido a
deficiências nutriciona is. Com tratamento das feridas, suporte nutricional e fechamento secundário, a ferida eventua lmente cicatr izou
(D). Infecção não estava presente. É importante ter o suporte da cirurgia plástica em casos de problemas com ferida.

necessá rios para atividades como co rri da ou caminhada em super- pós-traumática; outros estudos observam meUiores resultados funcio-
fí cie inclinada (para cima e para baixo), a ca minhada em superfíc ie nais no tratam ento da osteoartrose, e fin almente existem relatos que não
regular ao nível do solo requ er apenas 12 graus de exte nsão e 20 demonstram diferença de resultados pós-operatórios nos diferentes
graus de fl exão do joelho. Coetzee e Castro ava lia ram a ampli tude diagnósticos. A seleção cuidadosa do paciente em relação a outras variá-
movimento da articulação do torn ozelo em radi ografias pré e pós- veis como idade, nível de atividade, grau de deformidade e estabilidade
-operatóri as, e demonstraram qu e a amplitude tibiotalar apresentou articular é mais importante do que a causa etiológica da osteoartrose.
uma melhora real médi a de 18,5 graus antes da cirurgia para 23,4
graus após a cirurgia. Eles sugerem qu e as avaliações clínicas da
amplitude de movimento são de difícil repro du ção e, provavelmente, COMPLICAÇÕES
são invá lidas para a análise do ga nh o real de amplitude de movi-
mento arti cul ar do tornozelo após a artropl astia total tibiotársica. As complicações são relati va mente frequentes após a artropl asti a
total do torn ozelo, e podem vari ar de menores a catastrófic as. Gla-
zebrook class ifico u as compli cações em três graus:
RESULTADOS PÓS-OPERATÓRIOS POR Grau alto - in fecção profunda, soltura asséptica e fa lha de implante;
DIAGNÓSTICO altas taxas de fa lha (>50%)
Grau médio - erro técnico, fra turas pós-operatórias; taxas m odera-
Os resultados relatados da ar troplastia total de tornozelo de acordo com das de falh a
os diagnósticos são variáveis. Alguns autores mostram melhores resul - Grau baixo - fr aturas intrao peratórias e problemas com a cicatri-
tados no tratamento da artrite inflamatóri a em relação à osteoartrose zação da incisão cirúrgica; baixas taxas de falha
lllD PARTE IV PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

H[êjil;J411!19 As radio lucências periprotéticas podem estar relacionadas à técnica cirú rg ica e não devem ser ma l inter p retadas como
osteó lise . A, Radiog raf ia pós-operatória mostra in compati b il idade e ntre a fresagem cirúrgica (seta) e a parte med ia l da barra cilíndr ica
do compone nte t ibial. B, Radiografia com sistema IN BON E mostra a largamento excessivo medula r (setas). (De Bestic M J, Bancroft LW,
Peterso n JJ , Kransdorf M J: Postoperative imaging of the tota l ankle a rthroplasty, Radio/ Clin North Am 46: 1003, 2008.)

COMPLIC~ÇÕES ÇOM A CICATRIZAÇÃO cicatrizada, (5) d eixar o tendão tibi al anterior em sua ba inha durante
DA INCISAO CIRURGICA a exposição e (6) faze r uso do dreno.

U ma das complicações mais preocupantes na artroplasti a tota l do


tornozelo é a d eiscência pós-operatória d a incisão cirúrgica (F ig. OESTEÓLISE, SOLTURA E RADIOLUCÊNCIA
10-8) . Um a avali ação pré-operatória cui dadosa pode limitar os pro-
blemas de cicatri zação. Caso um problema co m a cicatrização seja Apesar do aperfeiçoam ento d os implantes, da instrum entação e das
suspeitado, o paciente deve se r avaliado quanto às defici ências nutri - técn icas cirúrgicas, a longevidade da a rtropl as tia total do tornozelo
c ionais; é, a inda, aconselhável cuidado qu a nto à cirurgia em fuman - não d everá ser igual à esperada para as substitu ições d e quadri l e
tes ati vos. Embora não se saiba quanto tempo um paciente deve joelho num futuro próximo. Neste momento, é difíci l, se não impos-
parar d e fum ar antes da cirurgia, é prud ente qu e eles estejam ce rtos sível, recom endar u ma prótese no lu ga r de outra, pois ainda não se
de qu e não pod e rão voltar a fumar no período pós- operatório im e- conh ece quais os desenhos irão co nter e proporcionar os melhores
diato. Mantemos sistematicamente os pacientes com oxigênio de res ultados em longo prazo. O sucesso em longo prazo da mai oria
câ nula binasal, enquanto eles permanecem no hospital após a cirur- dos implantes parece estar relacionado à soltura do implante. Parece
gia. Outros fatores de risco associados co m deiscência d a in cisão lógico que a m elhor cobertu ra do osso pelo implante deve d iminuir
cirúrgica incluem; doença vasc ular periférica, doença cardiovascu- os picos d e pressão na interface implante-osso. Os debr is d e desgas te
lar e hi stórico superior a 12 m aços d e cigarro por ano. Em uma sé ri e e a reação líti ca a esses, pod em , gradualmente, criar um lise entre o
de 106 artroplastias totais d o tornozelo, Raikin et ai. id entifi ca ram osso e o impla nte. Embora alguma radiolucê nci a seja co mum com
artrite inflam ató ria co mo o úni co fator de risco significativo para a maioria dos implantes, d eterminar o momento em que se deve
complicações maiores da incisão cirúrgica . Embo ra pacientes co m intervir é difícil e questionável. A radio lucência assintomática em um
ar trite inflamatóri a aparentem ter ri scos ma is altos de deiscênc ia, as implante estável, bem alinhado, po de se r observada com radiografias
ev id ências sugerem que a interrup ção d e es tero id es orais ou m eto- anuais. As mes mas constatações em um implante ma l posicionado,
trexato não é benéfi ca, e pode, de fato, se r prejudicial, resultando em provavelmente, ficarão piores co m o tempo, e uma intervenção
um a explosão pós-operatória d e d oe nça autoimun e. O s m edica me n- precoce pode ser acon selh ável. Com desenhos tipo rolamento móvel,
tos relac ionados ao fa tor d e necrose tum ora l-a, como Embrel, Arava a translação anterior do tálus abaixo da tíbia, conforme med ida na
e Humera, devem se r interrompidos a ntes da cirurgia, e não devem imagem lateral, fo i associada com dor e piores resultados.
ser retomados até qu e a incisão esteja bem c icatr izada. A osteólise é frequente após a artroplastia total do tornozelo, mas
Eas ley listou di versas sugestões para prevenir problemas com não está sempre relacionada com soltura dos componentes (Fig. 10-9).
deiscência: (1) fa ze r o uso de incisões mai s longas que criem menos Em um estudo, as radiolucências estiveram presentes em 86% dos tor-
tensão na incisão, (2) evitar a retração direta de pele (a retração deve nozelos, mas apenas 14% evoluíram para migração ou soltura dos com-
se r profunda), (3) admini strar oxigênio nasa l no período pós-ope- ponentes. A osteólise focal assintomática encontrada em radiografias
ratório im edi ato, (4) mante r a im ob ilização até que a pele esteja pode simplesmente ser observada, pois ela pode não ser progressiva.
CAPÍTULO 10 ARTROP LASTIA TOTAL DO TORNOZELO cm
A decisão pela cirurgia de revisão tem como base as restrições
estruturais e envo lve tipicamente o uso de procedimentos de enxe r-
tia óssea, troca dos implantes para um desenh o mais co nstrito, oti-
mização da fixação e ajuste na interface tálus e tíbia distal. A correção
da deformidade subjacente é crítica, e a incapacidade de realizá- la
pode significar que seja necessário convertê- la para ar trodese. As
técnicas para co nve rsão de uma artroplastia de torno ze lo para um a
artrodese são descritas no Capítulo 11.

MAU ALINHAMENTO

O mau alinham ento pode ser evitado através de cortes ósseos pre-
cisos e equilíbrio adequad o dos tecidos mol es. A correção do mau
alinhamento pode precisar de osteotomia do calcâneo e/ou recons-
trução ligamentar para deformidades em varo e va lgo (F ig. 10-5);
osteotom ia supramaleolar, ar trod ese subtalar ou artrodese tr ipla
para mau alinhamento moderato a severo; ou, até mesmo, revisão
completa da artroplastia para co rreção do mau alinhamento severo.

FRATURA

A co mpli cação intraoperatória mais freq uente da artroplas ti a total


do tornozelo é a fra tura do maléolo medial ou lateral, que é rela-
O@mMIIlr!) A radiografia pós-operatória mostra defeito
linear no calcâneo posterior (setas) causado pela excursão exces-
tada em aproximadam ente 10% dos procedimentos n a m aior parte
siva de serra osc il a nte dura nte o corte ósseo para co locação
das sé ri es descritas, emb ora exista m relatos de frequê ncias tão altas
do implante. (De Bestic MJ, Bancroft LW, Peterson JJ, Kran sdorf MJ:
quanto 35%. O maléolo pode ser fraturado se a lâmi na da serra
Postoperative imaging of th e total ankle arthroplasty, Radio/ Clin North
cortar além dos limites do gui a de co rte, ou se as ressecções ósseas
Am 46:1003, 2008)
deixarem pouco osso remanescente que a força necessária para
assentar o compo nente seja sufic iente para causar um a fratura. As
fraturas maleolares mediais devem ser fixadas com fios de Kirsch-
ner (com ou sem uma banda de tensão), parafusos, uma placa de INFECÇÃO
perfil baixo, ou alguma combinação desses implantes, pois a esta-
bilidade do impl ante pode depend er do maléo lo intacto; as fraturas A infecção parece ser relativamente pouco frequente após a artroplastia
m aleolares late rais podem ser fixadas com um a placa terço de tub o. total do tornozelo. Em revisões sistemáticas da literatura, a ta.xa de
Alguns recomendaram o fio de Kirschner profilático no ma léolo infecção superficial va ria de 0% a 15%, com uma média de 8%, e a taxa
med ial, ou fixação com placa do maléolo latera l durante a artro- de infecção profunda varia de 0% a 5%, com urna média inferior a 1%.
plas ti a total do tornozelo para preve nir essa co m plicação. As fra- Um estudo referente às causas de revisão de artroplastia total do torno-
turas do calcâneo tamb ém pod em se r causadas pela exc ursão da zelo demonstrou in fecção em menos de 1% dos2.198 tornozelos. Ma nn
lâmina da serra (F ig. 10-10). et ai. relataram três infecções profundas em 84 artroplastias de torno-
Fraturas maleolares pós-operatórias também foram relatadas, zelo com o sistema STAR, as quais foram tratadas com desbridarnento
a maioria observada em pacientes que n ão aderiram às restrições de aberto e 6 seman as com antibioticoterapia intravenosa. Um paciente
apoio de peso no período pós-operatórios inicial. Muitas dessas precisou de enxerto de pele local, e um paciente precisou de um retalho
fraturas podem ser tratadas de forma não cirúrgica, emb ora a microcirúrgico para fechar o defeito. Não foi preciso a remoção do
redução aberta e a fixação interna sejam precon izadas por alguns implan te em nenhum dos três pacientes, e nenhum apresentou recor-
autores. Ocasionalmente, uma fratura maleolar res ultante de soltura rência da in fecção em 9 anos de seguimento.
do implante precisará de revisão.

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA


PSEUDOARTROSE DA SINDESMOSE
Há pouca in formação na li teratura para orientar a decisão para pro-
A pseudoartrose da sind esmose em próteses que precisam de fusão filaxia dos pacientes com modalidades ou com medicação para dimi-
da ar ticul ação tib iofi bular di stal fo i relatada em 12% do s pacientes, nuir a cha nce do dese nvol vimento de tromb ose ve nosa profunda.
e pode estar associada com fa lh a do implante, send o necessária A maioria das séries de art roplastia total de tornozelo relata uma
urn a sóli da fusão para preven ir a mi gração dos compon entes. A frequência infe ri or a 1% de trombose venosa profunda, com ou sem
uni ão da sindesrnose pode ser obtida através da co mpressão arti- tromboprofilaxia ve nosa profunda. Sa ltzman et ai., no entanto,
cular e/ou revisa ndo- se a osteossíntese utili zada em associação reportaram um a frequênc ia de 5%, e Ba rg et ai. reportaram trom-
com enxer ti a ósseo; no caso de ocorrer a soltura do componente bose venosa profunda sintomática em 4% das 70 1 artroplastias total
tibial, a revisão dos componentes e a artrodese da sindesmose de torno zelo. Eles id entificaram como fato res de risco: obesidade,
podem ser necessár ias. episódi o prévio de tromboembolismo venoso e ausênci a de apo io de
llll!l!) PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TOR NOZELO EM ADU LTOS

peso completo no m embro inferior no período pós-o peratório. Nós,


sistem aticamente, admin istramos heparina de baixo peso molec ular
no período pós-operatório imediato, e observamos os pacientes
atentamente nos acompa nh amentos em relação aos sinais e aos sin -
tomas desta complicação.

OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA

Os relatos na literatura são di vergentes em relação à ocorrência de


ossificação heterotópica pós-operatória após a artroplastia total do
tornozelo, va riando em frequências de 4% a 82% para diferentes
desenhos de implan te. As consequências clínicas de ossificação hete -
rotóp ica também são divergentes. Dive rsos autores relataram altas
frequências de ossificação heterotópica (42% a 82%), mas sem asso-
ciação com resultados clínicos e sem a necessidade de tratamento.
Outros descreveram dorsiflexão e fle xão plantar limitada, e resu l-
tados inferiores da American Orthopaedic Foot and Ankle Score
(AOFAS) em pacientes com oss ifi cação heterotópica. A maioria
das de sc rições de ossificação heterotópica após a artrop lastia
total do to rnozelo ocorre u no aspecto posterior da articu lação.
Há relatos de associação entre o desenvolvimen to da ossificação
heterotópica e gênero masculino, amp litude de movimento artic u -
lar pré-operatória limitada, formação óssea heterotópica prévia,
osteoa rtrose pós-traumática, espondil ite anqu ilosa nte e infecção.
Em seus 80 pacientes, Lee et ai. identificaram o tempo de cirurgia
prolongada corno o único fator ci rúrgico en contrado em pacientes
signifi cativamente pred ispostos a ossificação heterotópica. Esses
O!rill;Hl l a Osteofitose posterior típica (seta) a partir do
autores propuseram um sistema de classificação para a ossifi cação
p ilão tibial 1 ano após a a rtropla stia total do tornozelo. (De Ripps-
heterotópica, após a artroplastia total do tornoze lo, com base na
tein PF, Huber M, Coetzee JC, Naal FD: Total ankle replacement with use
classificação de Brooker de ossificação heterotópi ca, após artrop las-
of a new three-component implant, J Bane Joint Surg 93A: 1426, 201 1.)
tia total do quadril (Tabela 10-4*), mas não fizeram n enhum trata-
mento ou recomenda ções de prevenção com base nesse sistema de
classificação. Para reduzir o risco da ossificação hetero tópica, eles
recomendaram a dissecção cuidadosa dos tecidos moles, escolha de
tamanh o adequado do implante e tempo cirúrgico reduzido. Atu al-
mente, os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são os mais IMPACTO/FORMAÇÃO DE OSTEÓFITOS
usados como método para a prevenção de ossificação heterotópica.
Não admin istramos sistematicamente AINEs antes da artroplast ia O cresc imento excessivo do osso ao redor das margens medial e
total do tornozelo, mas as terapias profiláticas (p. ex., AINEs, rad ia- latera l da articulação após a substitui ção articul ar pode resultar em
ção) podem ser usadas em pacientes que precisa m de excisão da impacto doloroso (Fig. 10-11). A ressecção adequada do s osteófi-
ossificação heterotópica sintomática. Observando a fa lta de um a tos preexistentes e a remoção de todos os fragmentos ósseos das
associação sólida entre a ossificação heterotópica e a dor de torno- margens da arti cu lação podem aj udar a preve nir esta complicação.
zelo pós-o peratória e a limitação func ional, Choi e Lee advertiram O im pacto sintomático pós-operatório pode ser aliviado por meio
para a atribui ção desses sintomas à ossificação heterotópica poste- de inj eção local de cortison a e fisioterapia; se os sintomas persis-
rior do tornozelo, ao considerar sua excisão. tirem, a ressecção artroscóp ica ou aberta do excesso ósseo pode
ser realizada.

PROGRESSÃO DA OSTEOARTROSE EM
ARTICULAÇÕES ADJACENTES REFERENCIAS

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ALTERNATIVAS À ARTRODESE AVALIAÇÃO CLÍNICA 510 FALHA DA ARTROPLASTIA
DO TORNOZELO 503 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 511 TOTAL DO TORNOZELO 525
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 503 TÉCNICAS DE ARTRODESE INFECÇÃO/OSTEOMIELITE 527
TRATAMENTO CIRÚRGICO 504 DO TORNOZELO 511 NEUROARTROPATIA DE
Desbridamento Artroscópico 504 ARTRODESE ARTROSCÓPICA 512 CHARCOT 527
Osteotomias Periarticulares 504 ABORDAGEM ANTERIOR PARA SUPLEMENTAÇÃO DO
Artroplastia de Distensão Articular 505 FIXAÇÃO COM PLACA 520 ENXERTO ÓSSEO 528
Artroplastia Total do Tornozelo 509 ARTRODESE COM FIXAÇÃO COMPLICAÇÕES 529
INDICAÇÕES PARA EXTERNA 521 PSEUDOARTROSE 529
ARTRODESE DO CONSIDERAÇÕES Tratamento 529
TORNOZELO 510 ESPECIAIS 524 DOR E ARTROSE NAS
AVALIAÇÃO DO PACIENTE 510 OSTEONECROSE DO TÁLUS 524 ARTICULAÇÕES ADJACENTES 529

A artrose do tornozelo é uma condi ção fisicamente incapacitante, ALTERNATIVAS À ARTRODESE DO


e o se u tratamento pode ser ao mes mo tempo desafiador e benéfico
para o paciente e para o médico. Alterações no padrão da marcha
TORNOZELO
dos pacientes com artrose do tornozelo frequentemente são acom-
panhadas por dor no quadril, joelho e costas, contribuind o para TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
acrescentar problemas nas condições gerais de saúde do paciente.
A artrodese, embora nem sempre com resultados perfeitos, pode O tratamento ci rúrgico da artrose do tornozelo é, em geral, bastante
proporcionar um tornozelo es tável, quase sempre indolor, e com invasivo, a recuperação é longa e difícil, e as complicações são fre-
frequência leva a uma melhora expressiva na função e qualidade quentes. Frequentemente é melhor considerar a estratégia de trata-
de vida na maior parte dos pacientes,e apesar do surgimento de mento da artrose do tornozelo como um problema de adap tação
alternativas, continua a ser o procedimento de escolha para a para o paciente. Isto é, deve ficar claro para o paciente que o retorno
maioria dos pacientes com artrose dolorosa do tornozelo. da articulação do tornozelo ao estado an terior à artrose não é pos-
Alguns aspectos biomecânicos do tornozelo o tornam parti - sível e que o tratamento conservador é importante para tentar ali viar
cularmente apropriado para a artrodese. Em primeiro lugar, é basi- a dor e res taurar a fun ção tanto quanto possível, com menor risco.
camente uma artic ulação em dobradiça, e embora ocorra uma É evidente que o tratamento conservador não vai melhorar a dor e
contínua mudança no eíxo de rotação da articulação tibiotalar a função num nível aceitável em todos os pacientes, mas incentiva-
durante toda sua amplitude de movimento, a fixação desta articu- mos firmemente nossos pacientes a experimentar algumas formas
lação numa posição neutra não produz consequências biomecâni- antes da cirurgia. No mínimo, oferecer um meio de alívio da dor dá
cas graves para o membro in fe ri or. Em segundo lugar, o tálus ao paciente algum tempo para tomar decisões inteligentes e bem
acomoda-se numa estrutura bem definida e estável da articulação informadas, sem a pressão da obrigatoriedade da cirurgia para pro-
do tornozelo, apoiado pelo ma léolo medial, pela congruência do porcionar algum conforto.
pilão tibial e pelo maléolo lateral, os quais oferecem sup erfícies O uso de órtese para limitar o movimento da articulação com
ósseas que potencialmente favorecem a consolidação da artrod ese. artrose constitui o princípio básico do tratamento conservador. Pres-
Em terceiro lugar, a marcha normal req uer apenas de 10 a 12 graus crevemos uma órtese não articu lada para o pé e tornozelo, formada
de extensão do tornozelo e 20 gra us de flexão do tornozelo, de por duas conchas conectadas com hastes metálicas, juntamente com
modo que a perda parcial do movimento não é crítica, ao contrário calçados cuja sola é rígida e possui fo rmato do tipo mata-borrão para
do que ocorre nas articulações do joelho ou do quadril, onde até os pacientes dispostos a ace itar o peso do aparato e as limitações
mesmo a perda moderada do movimento pode provocar restrição impostas pelo calçado que o acompanham. Este dispositivo é durável
nas atividades da vida diária. O movimento no plano sagital neces- e normalmente proporciona uma melhora sign ificativa na dor. Em
sário para proporcionar uma marcha normal pode ser compensado outros pacientes, um imobilizador do tipo Arizona ou órtese rígida
intrinsecamente pela mobilidade da articulação tarsal transversa para tornozelo e pé de polipropileno pode ser eficaz.
ou extri nsecamente pela utili zação de um calçado com solado em Os agentes anti-inflamatórios não esteroides não são livres de
mata-borrão em um paciente com artrodese do tornozelo. riscos, mas podem proporcionar alívio. Embora a glucosamina, o

503
-- PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DETORNOZELO EM ADULTOS

sulfato de condroitina e outros suplementos dietéticos sejam expe- • OSTEOTOMIAS PERIARTICULARES


rimentados com frequência, a sua eficácia é questionável, e são As osteotomias periarticulares da tíbia, fíbula ou do retropé, reali-
necessárias mais pesquisas para recomendar seu uso como terap ia zadas separadamente ou em combinação, são abordagens razoáveis
rea lmente efetiva. As injeções intra-articulares são u ma modali - para o tratamento da artrose localizada de tornozelo. O objetivo das
dade m u itas vezes ut ilizada nesses pacientes, e embora h idrocor- osteotomias de realinhame nto é aliviar a parte da articulação ma is
tisona e anestés ico local sejam uma combinação comum, a dan ificada pela artrose e propiciar u m eixo mecân ico mais anatô-
preoc u pação é crescente com re lação à conveniência desse pro- m ico para que o torn ozelo redistrib ua as forças e cargas de con tato
ced imento à luz dos est udos que sugerem um efeito nocivo sobre que atuam nes ta articu lação. A cirurgia de realinhamento pode adia r
a carti lagem e condrócitos viáveis . Somos muito cautelosos com a necess idade de artrodese ou artroplastia em pacientes mais jovens
o uso deste tipo de injeção e o reservamos para a artrose em e at ivos. A lesão condral, principalmente aquela loca lizada nos
estádio avançado em pacientes que não são bons candidatos à recessos medial ou latera l do tornozelo, com o envolvimento mínimo
cirurgia ou que estão tentando evitá-la. A utilização de prepara- da superfície superior do tálus, especialmente quando é detectável a
ções de hialuronato intra-articular foi amplamente estu dada para presença de deformidade supramaleolar, parece ser a indicação mais
o joelho e tornou-se prática comum. No tornozelo, foram encon- apropriada para essa abordagem. O tipo de osteotomia é determi-
trados resultados conflitantes em est udos-prospectivos e bem nado pela d efo rm idade específica, condição dos tecidos moles adja-
desenhados, com alto níve l de evidência. Sun et al. relataram que centes, estado da superfície artic ular e considerações relativas ao
em seus 46 pacientes, três injeções intra-ar ti cu lares semanais de comprimento da perna. A osteotomia com cunha de abertura de
hia lu ronato proporcion aram alívio da dor e melhora da função, tíbia para a d eformi dade em varo e artrose concentrada na porção
enquanto DeGroot et ai., em um estudo ra ndomizado , dup lo- medial da artic ul ação é pa rticularmente uma alternativa eficiente de
-cego, placebo-controlado, de scobriram que uma ú n ica injeção tratamento cirúrgico alternat ivo à artrodese. Antes da cirurgia, a
intra-articular de ácido hialurônico não era comprovadamente correção é planejada por meio da medição do ângulo da superfície
superior a uma única injeção intra-articu lar de solução sa li na distal da tíbia e da inclinação ta lar numa radiografia anteroposterior
para o tratamento de osteoartrite do tornoze lo. do tornozelo, realizada com apoio do peso corporal e do ângul o da
superfície tibial mensurado numa radiografia de perfil do tornozelo,
também realizada com apo io do peso corporal (Fig. 11-1).
TRATAMENTO CIRÚRGICO

Embora a artrodese continue a ser o procedimento padrão no


tratamento da artrose do tornozelo, ela não é u m t ratamento idea l
para todos os pacientes devido à perda do movimento da art icu-
OSTEOTOMIA COM CUNHA DE
lação e à possibilidade de desenvolvimento de artrose degenerat iva ABERTURA NA TÍBIA PARA A
nas a rticulações adjacentes. As a lternativas cirúrgicas à ar trodese DEFORMIDADE EM VARO E ARTROSE
d e tornozelo incluem ou desbridamento aberto ou artroscópico,
DA PORÇÃQ. MEDIAL DA
osteotomias de realinhamento, artroplastia de distensão articu lar,
artroplast ia de substitu ição art icu lar com a loenxerto, e artroplastia ARTICULAÇAO DO TORNOZELO

------~
tota l do tornozelo. Para cada pac iente portador de artrose avan-
çada do tornozelo, antes de escolher a artrodese do tornozelo como TÉCNICA
primeira opção de tratamento, os dema is proced imentos alterna- • Realize um exame artroscóp ico completo do tornozelo
t ivos de tratamen to devem ser considerados e d iscu tidos com o por meio dos portais anteromedial e ant erolatera l padrão.
própr io paciente. G iannin i et a i. formu laram um algoritmo para Desbride quaisquer osteófitos que causam impacto, car-
a ux iliar na escolha sobre a tomada de dec isão do proced imento ti lagem delaminada e f ibrose articular.
cirúrgico mais adequado para cada paciente) (Tabela 11-1 *). • Para a osteotomia da fíbu la, faça uma incisão longitud ina l
latera l de 2 cm , 3 a 4 cm proxima lmente à superfície
• DESBRIDAMENTO ARTROSCÓPICO articular do ma léolo medial.
O desbridamento artroscópico do tornozelo com artrose pode ser • Use uma serra sag ita l para fazer uma osteotomia oblíqua
eficaz no planejamento globa l do tratamento, mas deve ser indi- da fíbu la, colocando um parafuso transfixado de anterior
cado de forma criteriosa e as expectativas do resultado devem ser para a posterior antes da conclusão da osteotomia; não
real istas. A eficácia tem sido demonstrada em diversos estudos aperte o parafuso.
para a remoção de osteófitos anterio res, que causam impacto na • Para a osteotomia da tíbia, faça uma incisão longitudinal
articulação do tornozelo, estando localizados tanto na tíbia quanto de 8 cm, começando a 5 cm proximal à ponta do maléolo
no tálus. Pacien tes com bloqueio mecânico do tornozelo provo- med ial pa ra expor a superfície anteri or da tíbia distal.
cado po r um corpo livre intrartic ul ar ident ificado também podem Mantenha a maior quantidade possível de periósteo.
se beneficiar do tratamento com remoção artoscópica do frag- • Marque o loca l da osteotomia com um cinzel a 5 cm
me nto, mas é provável q ue o desbridamento dos tornoze los com proxima l à ponta do ma léolo medial, e faça a osteotomia
artrose já em estado mais avançado proporcione apenas um alívio com uma serra de ossos. Não atravesse a tíbia comple-
de curto prazo e não é recomendado na maioria dos casos. Muitas tamente, mas deixe íntegras várias áreas do córtex na
ve zes, o desbridamento artroscópico é feito em combinação com parte lateral.
o utros procedimentos, como a osteotomia e artrop lastia de disten - • Abra a osteotomia cuidadosamente e insira o aloenxerto
são articular. da crista ilíaca previamente coletado. O tamanho do
aloenxerto é determinado a partir das radiografias no
pré-operatório.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO c:m

0[dii;frjlJl9 A, Radiografia anteroposterior com apoio, mostrando a mensuração do ângulo da superfície distal da tíbia (TAS, do
inglês, tibial ankle surface) e o ângulo de inclinação talar (TI, do inglês, ta/ar tilt angle). B, Radiografia lateral com apoio, mostrando
a mensuração do â ngulo da superfície tibial em perfil (TLS, do inglês, tibial lateral surface). (De Lee WC, Moon JS, Lee K, et ai: lndications
for supramalleolar osteotomy in patients with ankle osteoarthritis and varus deformity, J Bone Joint Surg 93A: 1243, 2011.)

•Fixe a osteotom ia da tíbia com uma placa moldada de • ARTROPLASTIA DE DISTENSÃO ARTICULAR
quatro a oito furos. Geralmente usamos uma placa em Com a melhoria nas técnicas de fixação externa que emprega fios
cunha Arthrex com 12,5 mm de espessura e parafusos finos e vem sendo frequentemente utilizada em diversos procedi-
corticais de 4,5 mm (Fig . 11-2) mentos para correção de deformidades, há vários relatos sobre a
•Confirme o alinhamento por meio de observação com a utilização da montagem de aparelhos de fixação externa que empre-
vista fluoroscópica nas projeções anterioposterior e lateral. gam fios finos para proporcionar distensão da articulação do torno-
•Fixe a osteotomia da fíbula com uma placa moldada de zelo por um limitado período de tempo, permitindo a descarga do
quatro furos. peso corporal. Relatos clínicos parecem sugerir algum alívio da dor
• Lave a ferida cirúrgica e feche a camada fascial e o tecido e melhora funcional em pacientes com artrose do tornozelo cuida-
subcutâneo com poliglactina 91 O (Vicryl) 2-0; use sutura dosamente selecionados para esta forma de tratamento alternativo.
com pontos separados com fio de náilon 3-0 para completar A artroplastia de distensão da articulação baseia-se no conceito de
o fechamento, incluindo os portais de artroscopia. Coloque que a descarga mecânica da articulação e o fluxo intermitente de
um curativo estéri l e uma tala gessada suropodálica. líquido sinovial intra-articular favorecem a cura da cartilagem.
Vinte e um (98%) dos 23 pacientes relatados por Tellisi et ai. apre-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A deambulação sem des- sentaram diminuição da dor após a artroplastia de distensão articu-
carga de peso é permitida no dia seguinte à cirurgia, e os lar; outros grupos relataram bons resultados em aproximadamente
exercícios de flexão e alongamento dos dedos do pé e do 75%. Os efeitos benéficos da distensão articular não são imediatos
joelho são iniciados para prevenir trombose venosa profunda e tendem a ocorrer durante um longo período de tempo, variando
e fraqueza muscular. Utilizamos imobilização gessada suropo- de 6 meses a 2 anos. O candidato ideal para a artroplastia de disten-
dálica por 4 a 6 semanas. O apoio parcial do peso corporal é são articular tem sido descrito como um jovem paciente cujos sin-
permitido a partir da 4ª semana pós-operatória. Depois que tomas não são aliviados com medidas conservadoras e que não está
o gesso é retirado, usa-se uma bandagem compressiva que disposto a se submeter a uma artrodese. Outros critérios sugeridos
se estende dos dedos do pé até a coxa, para evitar o edema, incluem uma articulação do tornozelo com artrose congruente,
e iniciamos então os exercícios ativos de amplitude de movi- dolorosa e instável. As contraindicações incluem infecção ativa,
mento do tornozelo. A descarga do peso corporal é aumen- deformidade no plano coronal avançada e perda óssea significativa.
tada de forma gradual até o paciente apoiar por completo o Não temos, neste momento, experiência suficiente para recomendar
membro operado quando a cirurgia completar 2 meses. o procedimento, e o leitor é encorajado a se familiarizar com os tipos
de fixação e as exigências técnicas desse procedimento antes de
~ PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TO RNOZELO EM AD ULTOS

O@ihf;illm A e B, Artrose pós-traumática com mau alinhamento em va lgo . C e D, Após a osteotomia com cunha de abertura na
tíbia distal com enxerto ósseo alógeno e fi xação com p laca e parafusos. VEJA A TÉCNICA 11-1.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO -

iê!ijil;@Dm A e B, Artrose pós-traumática e osteófitos anteriores. C e D, Aproximadamente 8 mm de distensão da articulação do


tornozelo obtidos com dispositivo de distensão da fi xação externa articulada . E e F, Pé plantígrado após 3 anos de acompanhamento.
(De Paley D, Lamm BM, Puroh it RM, Specht SC Dist ract ion arthroplasty of the ankle-how far can you stretch the indicat ions? Foot Ankle Clin
North Am 13:471, 2008. ) VEJA A TÉCNICA 11-2.
@in:• PARTE IV PROC EDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

ass umir os desafios relacionados. Tellisi et ai. listaram alguns ele-


articulação do tornozelo, conectando os anéis. Um anel
mentos-chave do procedimento e o cuidado pós-operatório que adiciona l pode ser necessário se tiver sido fe ita uma
podem melhorar os resultados:
osteotom ia supramaleo lar.
1. As articu lações devem se r colocadas ao longo do eixo da arti-
• Monte o anel proximal para a tíbia distal com dois pinos
culação do tornozelo (eixo de Inman, linha que une as pontas
rosqueados e um f io tensionado. Coloque a f ixação em
dos maléolos medial e latera l) para evitar a distensão articular
planos dife rentes pa ra garantir a estabilidade adequada.
ass imétrica ao eixo de movimento da articulação, alongar uni-
• Use uma broca de 4,8 mm na perfuração para os pinos
formemente a cápsula e preservar a mobilidade da articulação
rosqueados de 6 mm. Em segu ida, insi ra-os manua l-
distendida.
mente.
2. A utilização de um fio transfixando a região do antepé deve
• Insi ra um f io de Kirschner liso logo aba ixo da ponta do
ser evitada porque é muito desconfortável e desestimula ades-
ma léolo med ial e verifique a sua posição com imagens da
carga de peso.
fluoroscopia nas projeções anteroposterior e latera l para
3. Não devem ser aplicados mais que 5 a 6 mm de distensão
garantir a colocação correta (Fi g. 11 -4A).
articular aguda na sala de cirurg ia. Se necessário, pode ser
ap licada mais distensão articu lar, de forma gradual, durante o • Junte duas dob radiças un iversais com hastes rosqueadas,
curto período de hospitalização pós-operatória. uma em cada lado do anel da t íbia. Coloque as dobrad i-
4. Os exercícios de amplitude de movimento devem ser iniciados ças ao longo do f io de referência sob reposto na pele e
precocemente para preservar a mobilidade do tornoze lo. posicionado pa ralelamente ao nível da articu lação do tor-
5. O fixador circular pode ser super ior à fixação monolateral noze lo, procurando nivela r as dobrad iças com o eixo de
porque uma estrutura monolateral gera distensão irregular e rotação da articulação do tornozelo. Verifique o ade-
incl inada da superfície articular, além sua dobradiça ser simples quado posicionamento das dobradiças com re lação ao
é difíc il de ser colocada ao longo do eixo do tornozelo. eixo do tornozelo por meio da fluoroscopia.
• Prenda as as dobradiças ao anel alinhado para lelo ao
longo eixo do pé (Fig. 11 -4B) Insira um f io transversal -
mente ao eixo do mediopé, passando através dos ossos
cuneifo rmes e e tensione-o mantendo o alin hamento do
anel com re lação ao pé. Passe dois fi os ad iciona is através
ARTROPLASTIA DE DISTENSÃO do ca lcãneo e os tensione (Fig. 11 -4C). Por últ imo, passe
ARTICULAR DO TORNOZELO um f io através do tálus, anexe-o ao anel do pé, tensio-
nando-o suavemente. Esse fio previne distensão involun-

---------'~
TÉCNICA tária da articu lação subta lar.
•Coloque uma haste de flexão-extensão anterior para con-
PLANEJAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO trolar o movimento do tornozelo.
•Nas radiografias real izadas com apoio do peso corpora l, • Distenda a articulação do tornozelo em aproximadamente
meça o espaço da articulação tib iotalar e ava lie o grau de 5 mm (Fig. 11-3C e D) e, sob controle fluoroscópico,
artrose (Fig. 11-3A e B) mova-o através de uma amplitude de movimento para
•Identifique os osteófitos anteriores que podem ser a verifica r a quantidade de distensão e o alinhamento .
causa da dor ou bloque ios na dorsiflexão e precisam se r •Co loque curati vos estéreis sob re os loca is de inserção de
removidos.
pinos.
•Observe a presença de qua lquer materi al de implante
metá lico dentro da articu lação do tornozelo. O material
de implante gera lmente não precisa ser removido antes CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes geralmente
da artroplastia de distensão articu lar do tornozelo. são hospita lizados após a cirurgia pa ra o controle da dor
• Ava lie a presença de deformidade periarticular do torno- e medicados durante 24 horas com antibióticos intrave-
zelo e determine se a osteotomia supramaleolar está ou nosos. Prossegue-se com profilaxia anti biótica oral por 1O
não ind icada no momento da artroplastia de distensão dias. A desca rga do peso corpora l se inicia assim que o
articu lar do tornozelo . paciente suporta apoiar o pé sem dor (Fi g. 11-4D). A
profilaxia med icamentosa da trombose venosa profunda
PREPARAÇÃO DA A RTI CULAÇÃO é iniciada após 24 horas e contin ua por 3 sema nas ou até
•D urante a artroscop ia ou artrotom ia aberta, remova os que o paciente esteja com bastante mobi li dade. O
osteófitos anteriores da tíbia distal e do tá lus. paciente é instru ído sobre os cuidados com os pinos do
•Faça o alongamento do tendão de Aqui les ou a osteoto- fixador, que consistem na limpeza da pele ao redor dos
mia supramaleolar conforme necessário. pinos uma vez ao dia, com água oxigenada di luída. O
APLICAÇÃO DO FIXA D OR EXTERNO banho é permitido após 4 dias. Em 2 semanas, as suturas
• O torniquete não é utilizado durante a aplicação do são removidas e a distensão articular é ava liada. O obje-
fixador externo porque é necessário um fluxo sanguíneo tivo, neste momento, é de 5 mm de afastamento entre
ósseo e periostea l adequado para evitar a necrose térmica as superfícies articulares do tornozelo; se o espaço da
durante a passagem da broca e dos fios do aparelho de articulação for menor, uma distensão adiciona l é aplicada
f ixação externa. no consu ltório. Em 12 semanas, o aparelho é retirado no
•Norma lme nte, é suficiente um fixador de dois anéis, que centro cirúrg ico apenas com o paciente sedado, uma bota
consiste em um anel t ibial dista l e um anel preso ao pé, ortopédica removível é utilizada, e a deambu lação com
com dobrad iças posicionadas ao longo do eixo de descarga total do peso é estimu lada (Fig. 11 -3E e F)
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO


O@il;tijlllJt Artroplastia de distensão articu lar. A, Fio-guia temporário inserido da ponta do maléolo lateral até a ponta do maléolo
medial, como referência para a colocação da dobradiça do fixador na região da articulação de tornozelo. B, Instalação do fixador
externo. C, Fios co locados no calcâneo e tensionados; observe que o pé está centrado no ane l fixador. D, Paciente em pé com montagem
constrita do fixador externo que permite o movimento do tornozelo por meio de dobradiças estrategicamente posicionadas no eixo
anatômico da articulação. (De Beaman DN, Gell man RE, Trepman E Ankle arthritis: deformity correction and distraction arthroplasty. ln Coughlin
MJ, Mann RA, Sa ltzman CL, editors: Surgery of the foot and ankle, ed 8, Phil adelph ia, 2007, Elsevier.) VEJA A TÉCNICA 11-2.

• ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO 47 artrodeses de tornozelo não detectou nenhuma diferença signi-
As vantagens e desvantagens da artroplastia total de tornozelo são ficativa na melhora da dor e da função entre os dois grupos, num
discutidas em detalhes no Capítulo 10. Em geral, a artrodese tem mínimo de 2 anos após a cirurgia, mas as taxas de complicações
como vantagem o previsível alívio da dor e a desvantagem da limi- foram de 54% após a artroplastia e de 26% após a artrodese. Numa
tação do movimento, ao passo que a artroplastia tem a vantagem da revisão sistemática da literatura, que incluiu 1.262 artrodeses e 852
preservação de movimento e a desvantagem das complicações mais artroplastias, Haddad et ai. identificaram taxas de revisão menores
frequ entes. Um estudo envolvendo 114 artroplastias do tornozelo e do que 10% e taxas de infecção menores do que 5% após os dois
lll1D PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM AD ULTOS

procedimentos. Glazebrook et ai. focaram nos índices que medem órtese moldada de polipropileno para apoiar o retropé nas ativida-
a durabilidade e as complicações da artroplastia total do tornozelo des mais vigorosas, especialmente se houver artrose preexistente
e descobriram que as taxas de fa lha da artropJastia variaram de 1% nessas articulações.
a 32%, com uma taxa média geral de fa lha de 12%. Apesar de se r A avali ação das comorbidades clínicas é importante para
um implante mais caro, a artroplastia total do tornozelo foi deter- evitar as complicações após a cirurgia. A neuropatia periférica não
minada como um a altern ativa à artrodese do tornozelo que com- é uma contraindicação ao tratamento cirúrgico do tornozelo com
pensa o custo, em um grupo de pacientes com 60 anos de idade e artropatia de Charcot qu e apresenta deformidade e inastabilidade,
artrose do tornozelo em estádio term inal. mas deve alerta r seriamente para que se considere escolher o tra-
tamento incruento quando o tornozelo encontra-se estável. Em
pacientes com diabetes, os estudos recomendam que o adequado
INDICAÇÕES PARA A ARTRODESE controle glicêmico, que se manifesta por um nível de hemoglobina
DO TORNOZELO Ale inferior a 7,0, deve se r obtido antes de se realizar grandes
cirurgias reconstrutivas do retropé ou torno zelo, incluindo a artro-
A artrodese de tornozelo pode ser considerada para pacientes com dese de tornozelo. Doenças vascu lares periféricas devem ser iden-
li mitado arco de movimento e dor crônica no tornozelo, para os tificadas e tratadas antes da ciru rgia. Os pacientes com histórico
quais as medidas convencionais fa lharam, e com um dos seguintes de doença cardíaca ou disfunção pulmonar também precisam ter
diagnósticos: essas condições tratadas antes da cirurgia por causa das exigências
• Artrose pós-traumática funcionais crescentes no período pós-operatório imediato, pois o
• Osteoartrose paciente somente co nseguirá se locomover com a ajuda de muletas
• Artrose secundária à instabilidade crônica do tornozelo ou andador. O tabagismo interfere diretamente na consolidação da
• Artrite inflamatória autoimune (artrite reumatoide) artrodese, e não recomendamos realizar este procedimento em
• Gota fumantes at ivos. Pacientes com artrite inflamatória devem inter-
• Artrite pós-infecciosa romper o uso de medicamentos imunossupressores no pré-opera-
• Neuroartropatia de Charcot tório para tentar reduzir o risco de in fecção pós-operatória até que
• Osteonec ros e do táJ us as incisões estejam cicatrizadas. Muitos pacientes possuem defi-
• Falha após artrop lastia total do tornozelo ciência de vitam ina D, e a sua suplementação é recomendada no
• Instabilidade do tornozelo causada por doenças neuromusculares pós-operatório. A imagem de osteopeni a moderada ou grave pode
As contraindicações absolutas à artrodese do tornozelo ser observada nas radiografias simpl es e quando presente deve ser
incluem o co mprometim ento vasc ular do membro e infecção da inves tigada para identificar um a ca usa tratável antes da cirurgia.
pele por meio da qu al a abordagem cirúrgica é planejada. As con- Os pacientes com suspeita de apneia do sono devem ser questio-
traindicações relativas incluem artrose de retropé ipsolateral nados quanto aos seus hábitos de sono, e essa condição deve ser
preexistente de moderada à grave magnitude e artrose do torno- tratada antes da cirurgia. Problemas musc ul oesqueléticos associa-
zelo contralateral propensa a necess itar de tratamento cirúrgico dos a um alto risco de pse ud oartrose incluem fraturas graves,
num futuro próximo. ferimentos aber tos, in fecção local, osteonecrose do tálus, e neuro-
patia diabética.
Muitos pacientes com artrose do torno zelo sofreram lesões
AVALIAÇÃO DO PACIENTE ou passaram previamente por ci rurgias, e as anomalias dos
tecidos moles ou cicatrizes devem ajud ar a orien tar a via de
AVALIAÇÃO CLÍNICA acesso cirúrgico para a artrodese. A artrodese do tornozelo pode
ser feita por meio de um a var iedade de abordagens, de modo que
Uma história clínica pormenorizada é fundamental para a avaliação as cicatri zes não devam limitar o acesso à articul ação do torno-
prévia ideal. Várias questões devem ser consideradas antes da zelo durante a preparação para a fusão. Recomendamos, sempre
escolha da artrodese. Qual é o local exato da dor' Existem outros que possível, utili za r incisões diretamente sobre as cicatrizes de
problemas ortopédicos com o membro, principalmente com relação cirurgias prévias, desde que elas estejam completam ente curadas
às funções do pé, quadril e joelho, bem como a presença ou ausência e sejam estáveis. No entanto, a pele em mau estado, com mínima
de dor nas costas? Quais são os desejos e as expectativas do paciente cobertura das partes moles ou uma in cisão cuja cicatri zação prévia
com relação ao resu ltado funcional da cirurgia e quais são as suas foi muito prolongada, se possível deve ser evitada. O conheci-
deficiências atua is? O paciente pode cuidar de si mesmo, fazer mento dos angiossomas do torno zelo (F ig. 11-5) e a suplência
compras, exercitar-se? Qual é o sistema de assistência social? Quem vasc ular da pele são importantes para tentar evitar as complica-
ajudará a cuidar do paciente após a cirurgia? ções da ferida operatória.
As expectativas do paciente devem ser muito bem definidas e Com um histórico completo, o exame clín ico do membro
discutidas antes da cirurgia. Embora o alívio da dor seja espe rado e começa com a ava liação do padrão de marcha do paciente. Dois
as atividades fun cionais possam ser melhoradas de forma substan- mecanismos comuns associados à redu ção no movi mento da arti-
cial, os esportes de impacto raramente são possíveis após a artrodese culação do tornozelo são a "hiperextensão dos joelhos" e a marcha
de tornozelo. Problemas persistentes, como a manutenção de algum com um ângulo de progressão de pé elevado (virando o pé em
tipo de dor residual durante as caminhadas e passeios, são comuns. rotação extern a), para diminuir o braço de alavanca no tornozelo.
Os pacientes são encorajados a participar de atividades de baixo Em alguns pacientes co m "hiperextens ão dos joelhos': realizar uma
ou sem impacto para o condicion amento pós-operatório. Limita- pequena elevação no calcanhar pode melhorar os sintomas. A dis-
ções com relação aos calçados são comuns: mulheres conseguem crepância no comprimento dos membros inferiores pode ficar óbvia
utilizar apenas sapatos com salto baixo e muitas vezes é necessário durante a ava liação da marcha e pode influenciar na escolha do tipo
utilizar calçado com solado oscilatório convexo do tipo "mata-borrão") de artrodese. A amplitude de movimento do quadril e do joelho deve
para as caminhadas prolongadas. Ocasionalmente, é necessária uma ser avaliada, bem como a deformidade do joelho no plano coronal.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO

que será a responsável pela maior parte da movimentação no plano


sagital após a cirurgia. A flexibilidade global do retropé é impor-
Artéria
tibial
1 tante. Um retropé rígido, imóvel e doloroso é propenso a ser uma
_(,___ _ Artéria fonte de problemas contínuos depois da artrodese tibiotalar. A pre-
posterior-
tibial sença de deformidades no retropé também precisa ser identificada
anterior e considerada no planejamento pré-operatório. Embora alguns
graus de mau alinhamento possam ser compensados por meio da
artrodese do tornozelo, uma deformidade significativa precisa ser
corrigida em um procedimento separado. O exame neurovascular
completo é fundamental, pois as incisões cirúrgicas para a artrodese
do tornozelo muitas vezes têm seu trajeto muito próximo aos nervos
cutâneos, e eventuais deficits na sensibilidade cutânea devem ser
Artéria
dorsal verificados no pré-operatório. Qualquer indício de pulsos peri-
do pé- féricos diminuídos ou de pacientes com diabetes de longa duração
necessita de uma avaliação detalhada com ultrassonografia
--Artéria Doppler arterial. Injeções seletivas com anestésico local, com ou
plantar sem o auxílio de fluoroscopia, podem ser úteis nos pacientes que
lateral se apresentam com artrose do tornozelo e retropé combinada.
É importante fornecer aos pacientes uma escala visual analógica,
com valores de O (sem dor) a 10 (pior dor imaginável) e solicitar a
eles que verifiquem a posição na escala antes e logo após a injeção
articular seletiva do anestésico.

AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA

A avaliação radiográfica da artrose do tornozelo começa com as


imagens anteroposterior e lateral. Normalmente, usa-se um filme
longo, incluindo o máximo possível da tíbia distal para ajudar na
avaliação da deformidade e no planejamento da correção, se neces-
sário. Para deformidades mais graves, a discrepância no compri-
mento das pernas deve ser avaliada nos filmes que incluem visão
panorâmica dos membros inferiores - escanometria. A imagem do
alinhamento do retropé pode ajudar na avaliação da deformidade
distal à articulação do tornozelo (Fig. 11-6). Além da quantidade da
perda do espaço articular na imagem anteroposterior, a deformidade
do plano coronal deve ser avaliada. A qualidade do estoque ósseo e
quaisquer cistos ou outros defeitos devem ser observados. Na
imagem lateral, a subluxação anteroposterior do tornozelo deve ser
verificada, bem como qualquer inclinação do pilão tibial, pois isso
pode afetar o tipo de artrodese a ser realizada e também na escolha
da abordagem cirúrgica.
A tomografia computadorizada é ocasionalmente utilizada antes
da artrodese do tornozelo para avaliar com mais detalhes os defeitos
na região da fusão planejada. Pode ser útil, principalmente quando
existe pequena diminuição no espaço articular e outra técnica cirúr-
gica também estiver sendo considerada como alternativa para o tra-
tamento da artrose do tornozelo (p. ex., artroscopia ou osteotomia) .
A medicina nuclear pode ser útil para determinar se a presença
de infecção em pacientes com artrose pós-traumática após fratura
O@lhfdllD Angiossomas do pé e tornozelo.
exposta, artrite pós-infecciosa ou infecções prévias. Cintilografia
óssea utilizando radioisótopos como tecnécio, gálio ou marcadores
de leucócitos pode acrescentar informações a outras formas de ava-
liação da infecção, (hemograma, contagem de leucócitos, taxa de
Embora durante a cirurgia todo o esforço seja feito para alinhar o sedimentação de eritrócitos, proteína e-reativa).
tornozelo perpendicularmente ao eixo longo da tíbia e paralelo ao
solo, a deformidade em varo e valgo do joelho pode afetar o resul-
tado e sempre deve ser considerada antes da cirurgia. A amplitude TÉCNICAS DE ARTRODESE DO
de movimento através da articulação tibiotalar é difícil de avaliar, mas TORNOZELO
deve-se fazer um esforço para tentar isolar o movimento desta articu-
lação e avaliar separadamente o arco de movimento de cada uma das Todas as técnicas de artrodese do tornozelo têm em comum o obje-
articulações do retropé, especialmente a articulação talonavicular, tivo de posicionar o tornozelo na orientação correta: flexão/ extensão
lllJ9 PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

a tíbia distal, o qu e poderia com plicar ou retardar a consolidação da


artrodese. Devido à menor agressão aos tecidos moles, a dor pós-
-operatória após a artrodese artroscópica é significativamente menor
do que após as técnicas abertas, e, com o uso de apenas anestesia
regional empregando bloqueio poplíteo, que permite suficiente anal-
gesia pós-operatória, a artrod ese artroscópica geralmente é feita
como um procedimento ambulatorial. Outra grande vantagem da
artrodese do tornozelo por via artroscópica é a preservação dos
maléolos, o que pode se r útil quando se considera a possibi lidade
de no futuro converter a artrodese do tornozelo em urna artroplastia
total. A técni ca de artrod ese artroscópica do tornozelo está descrita
no Capítulo 50.

TÉCNICA DA MINI-INCISÃO
Essa é a nossa técnica preferida quando a deformidade
no plano corona l é mínima(< 1O graus de varo ou valgo)
e a qualidade óssea é satisfatória. Os portais da artros-
cop ia são li ge iramente amp li ados, a art icu lação é visu-
ali zada e preparada diretamente e a fixação é inserida.
Os mesmos benefícios da técnica artroscópica podem
ser obtidos, porém, em um tempo operatório mais
curto. Miller et ai. re lataram uma taxa de consolidação
de 98% em doi s grupos de pac ientes submetidos a este
procedimento.
O[ijil;f4Dm Vista radiográfica axia l posterior do retropé

-------~
mostrando a medição do ângulo de alinhamento do calcâneo e
a proporção de alinhamento do calcanhar. O ângu lo de alinha- TÉCNICA
mento do calcâneo é o ângulo formado entre o eixo da tíbia e
•Coloque o paciente de costas sobre a mesa da sa la de
do eixo do calcâneo. A proporção de alinhamento do calcanhar
cirurgia com uma elevação sob o quadril ipsolateral , de
é calculada por meio da divisão da largura da linha que vai desde
modo que a perna não fique rodada externamente, mas
a parede mais medial da tuberosidade do calcâneo até a linha
que o pé seja orientado perpendicularmente ao chão.
formada pelo prolongamento do longo eixo da tíbia pela maior
O pé deve f icar perto do fi nal da mesa e esta deve pos-
largura do calcâneo. (De Lee WC, Moon JS, Lee HS, Lee K: Al ignment
sibi litar o acesso do aparelho de fluoroscopia.
of ankle and hindfoot in early stage an kle osteoa rthriti s, Foot Ankle lnt
•A anestesia geral ou um bloqueio poplíteo ou de torno-
32:693, 20 11 .)
zelo podem ser utilizados.
• Use um torniquete para melhorar a visualização e, se
estiverem disponíveis, utilize um fotóforo e lupa de
ampliação. Instrumentos especia lizados incluem afasta-
neutra, rotação extern a de aproximadamente 5 graus, 5 graus de dor laminar (saca-bocados), curetas afiadas, osteótomos
valgo, e ligeira translação posterior do tálus sob a tíbia. Embora uma e uma broca motorizada.
ligeira fl exão possa ser suportada, a extensão, não, e pode resultar •Faça duas incisões de 1,5 cm, uma exatamente medial
em uma pressão excessiva e dor intratável sob o calcanhar. Outras ao tendão tibial anterior e uma latera l ao tendão fibular
posições a se evitar são qua lquer varo e translação anterior do tálus, terceiro (peroneus tertius) (Fig. 11-7), tendo o cu id ado
pois isso pode leva r a um tipo de padrão de marcha "arqueada" e de identifica r a direção do nervo cutâneo intermediário
dor no joelho. Durante a preparação das superfícies ósseas articula- dorsal na adjacência da incisão lateral. Muitas vezes, ele
res que vão ser "artrodesadas'; todos os esforços devem ser concen- pode ser visto no subcutâneo quando se reali za a inversão
trados para preservar osso saud áve l e vascu larizado, preparando o do pé e flexão plantar do quarto dedo.
osso subcondral denso por meio de perfurações que permitam o •Faça um a in cisão na cápsu la articu lar alinhada à pele, e
sangue fluir através do sítio da artrodese. eleve-a da frente da articulação do tornozelo com um
afastador.
•Exa mine a articulação e remova quaisquer osteófitos
ARTRODESE ARTROSCÓPICA periarticulares com um pequeno saca-bocado ou osteó-
tomo para possibilitar a colocação do tornoze lo em
A técnica artroscópica tem várias vantagens com relação a outras posição neutra e permitir a ava liação da articulação.
técnicas, incluindo a manutenção da congruên cia maleolar, o que •Co loqu e um elevador periosteal através de uma das
diminui o risco de pseudoartrose e oferece mais superfície óssea e incisões para alavancar e abrir ligeiramente a articu la-
suporte anatômico para a fusão. Além disso, em teoria, há menos ção, e a seguir introdu za um afastador laminar na outra
chance de interrup ção na irrigação sa nguín ea para o tálus ou para
CAP ÍTULO 11 ARTRODESE DETORNOZELO C1Ell
processo lateral do tálus direcionado proximal mente para
a região posterior e medial da tíbia distal. O enxerto ósseo
geralmente é usado, mas nem todos os autores acreditam
que seja necessário. Paremain et ai. usaram "pasta fluida"
óssea, criada quando o osso subcondral foi ressecado
com uma ferramenta de corte de alta velocidade, para o
enxerto ósseo local.
•Feche a cápsula articular e a pele de forma rotineira, e
aplique uma tala de suropodá lica bem acolchoada com o
Tendão fi bul ar
pé em posição neutra.
terceiro - +--- , anterior

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo e as suturas


são removidos em 2 semanas, e é aplicado um gesso
suropodálico. O paciente é instruído a retornar para
trocar o gesso se este estiver fo lgado ou pressionando
o local da artrodese. O paciente é mantido sem apo iar
o peso do corpo até surg irem os pr im eiros sin ais de
conso li dação da artrodese, norma lme nte um míni mo
de 6 semanas. O uso de um andador de ro das, em que
o paciente apoia o joe lho e toma impu lso com o
membro oposto (Fig. 11-9), melhorou muito a qua li -
dade de vida e aumentou a adaptação pós-operat ória
à restrição da descarga do peso . As radiografias simples
14!ijil;frjllm Incisões para miniartrot om ia, uma exat amente geralmente são suficientes para avaliar a conso lidação
medi al ao te ndão tib ia l anteri or e uma latera l ao ten dão fi bular óssea da artrodese, mas a tomografia computadori-
t erce iro. VEJA A TÉCNICA 11 -3. zada ocasiona lmente é necessária para se certificar.
Uma bota gessada para marcha com carga total é
ap li cada qua ndo a consolidação pa rece sólida. A subs-
t itu ição do gesso pelo ca lçado pode ser fei t a de forma
gradua l, permitindo a adaptação prog ressiva do
paciente. Para alguns pacientes, a uti lização de um
calçado mod ificado contendo uma plataforma de aço
incisão para perm itir sua abertura e a remoção da car- e uma sola oscilatória pode ser benéfica e melhorar o
tilagem e do osso subcondral restante através da pri- padrão de marcha.
meira incisão. Use primeiramente uma cureta; em
seguida, uma broca de alta velocidade, lavando através
da incisão oposta conforme necessário para evitar o
excesso de ca lor no osso.
• Prepare o recesso med ial de um modo semelha nte, alter-
nando os instrumentos entre as incisões pa ra completar
a prepa ração. ARTRODESE TRANSFIBULAR
•Use um osteótomo pequeno para "descascar" o osso e (TRANSMALEOLAR) COM ENXERTO
uma broca de 2,0 mm para penetrar nas áreas que ainda ÓSSEO APOSICIONAL ESTRUTURADO
precisam ser preparadas. Pa rece não haver consenso
sobre preparar ou não o recesso lateral para a f usão. O
DA FÍBULA DISTAL
movimento extra da f íbu la pode levar à pseudoartrose A técnica o rig ina l de Mann tem sido modificada para
dessa art icu lação, mas mesmo sem preparar essa articu- incorporar, se possíve l, o apoio de um segment o f ibu lar
lação há, ocasiona lment e, dor nessa área após a fusão vascu larizado. Esse enxerto pode ad icionar maior estab i-
tib iotalar bem-sucedida. Em gera l, não preparamos for- lidade e suprimento vascu lar pa ra o local da art rodese).
ma lmente essa articulação e raramente temos problemas Co lman e Pomeroy re lataram uma taxa de f usão de 96%
sign if icativos com ela mais tarde. em 48 pacientes, com um tempo méd io de conso lidação
•Insira parafusos canu lados grandes, parcia lmente rosque- de 82 dias.
ados (geralmente de 6,5 a 8,0 mm) sobre os fios-guia

----------'~
para a fixação. Três parafusos são o ideal, mas, às vezes, TÉCNICA
apenas dois são possíveis. A posição mais desejável é o
chamado parafuso "central" colocado a partir da tíbia •Após a anestesia geral, posicione o paciente em decú-
posterolateral em direção à área do colo/da cabeça do bito dorsal na mesa de operação com pequeno coxim
tálus distalmente (Fig . 11-8). Um parafuso inserido na sob o quadril ipsolateral para permitir acesso mais fácil
região media l da tíbia distal e direcionado para o corpo à fíbula. Uma pequena elevação sob a perna distal torna
posterior do tá lus geralmente é inserido na sequência, mais fácil obter o posicionamento correto do tornozelo
seguido por um terceiro parafuso inserido na reg ião do para a artrodese. )
E9 PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

ii@ll;t.)llm A e B, Artrose do tornozelo em estádio final. C e D, Artrodese de tornozelo após a mini-inci sã o . Observe o uso do para-
fuso "central" direcionado a partir da região posterolateral da tíbia em direção ao colo/cabeça t alar distalm ente. VEJA A TÉCNICA 11-3.

• Apli que um bloq ueio pop líteo e um torniquete na coxa. • Remova todos os osteófitos ma rginais anteriores da tíbia
)
•Utili ze um acesso lateral amp lo pa ra o tornozelo (Cap. 1), e do tálus.
te ndo o cu idado de proteger o nervo f ibular superficial. • Use uma serra sagita l para secciona r a fíbula proxima l ao
Eleve o periósteo sobre a metade anterior da fíbula, e pilão do tornozelo e remova cerca de 1 cm com um
penetre na cápsula articula r do tornozelo, estendendo segu ndo corte pa ralelo (Fig. 11- 1OA)
alguns centímetros no braço dist al da incisão em fo rma • Faça um corte no plano sagita l para remover os dois
de J em direção ao cuboide. Eleve o periósteo e a cápsu la t erços mediais da f íbu la, preservan do o terço lateral, com
até a porçã o anterior do pilão tib ial. a sua est rutura periostea l.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO

• Insira múltiplos parafusos espo nj osos parcialmente ros-


queados de 7,5 mm ou 8,0 mm da porção posterolateral
da tíbia em direção à cabeça e co lo do tá lus e da porção
posteromed ial da tíb ia em direção ao corpo do tálus (Fig.
11-1 OD). Um parafuso ad icio nal direcionado do seio do
ta rso para a porção media l da tíbi a pode ser útil para
amp liar a fixação. A compressão com o primeiro parafuso
inserido é o ideal.
• Prepare a tíb ia lateral e o tálus latera l de forma seme-
lhante e manua lmente encoste a fíbula lateral nessa área.
Algumas vezes, um saca-bocado pode ser utilizado para
fraturar e encurvar ligeiramente a fíbu la a fim de permitir
uma melh or justaposição.
•O uso de uma placa de baixo perfil com quatro a seis
parafusos abrangendo toda a estensâo do local a ser
"a rtrodesado" proporciona uma estabilidade adicional
para a fi xação globa l (Fig. 11-11 ).
•Suture a fe rida cirú rgica por planos, coloque um dreno e
imobi lize com uma tala suropodá lica bem acolchoada.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 10 a 14 dias, a


ta la e as suturas são removidas e é confeccionado um
gesso suropodá lico sem que seja liberada carga para o
paciente. O gesso é usado por mais 4 a 8 sema nas, até
que a artrodese do tornozelo esteja consolidada tan to
clín ica quanto rad iograficamente. Deve-se tomar cuidado
para que o gesso não fique largo, pois isso pressionaria o
h!§ll;f4Dm Uso de um andador com rodas pode melhorar local da fusão. Quando o gesso é retirado, uma bota orto-
muito a qualidade de vida dos pacientes e aumentar a adaptação pédica removível do tipo walker boot é colocada e usada
às restri ções ao apoio da extremidade operada no solo durante por mais 4 semanas. Então, um calçado modificado con-
a fase de recuperação pós-operat ó ri a. VEJA A TÉCNICA 11-3. tendo uma plataforma de aço e uma so la oscilatória "em
mata-borrão" pode ser benéfico e indicado, principalmente
se houver doença concomitante de retropé ou mediopé.
•Use um afastador laminar para permitir a remoção de
conteúdos residuais da articu lação (Fig. 11-10B).
•Se a correção de uma deform idade em va lgo for neces-
sária, faça um acesso longitud in al media l separado ARTRODESE TIBIOTALOCALCANEANA
para remover o maléolo med ial (Fig. 11-10C ). Tenh a o
Em determinadas circunstâncias, a artrodese de ambas as
cuidado de proteger o tendão tibial posterior e o fe ixe
articulações, a do tornozelo e a subta lar, é necessá ria ou
neurovascular.
vantajosa . Pode ser utili za do um acesso lateral, conforme
•A preparação da articu lação para a artrodese va ria da
descrito anteriormente, com ou sem enxerto fibular aposi-
f usão "in situ ", na qual a topografia da superfície articu -
ciona l, mas em algumas situ ações pode ser apropriado
lar normal encontra-se mantida, com deform idade mín ima,
empregar um acesso posterior. Existem va riados modelos e
quando pode ser suficiente apenas fazer cortes planos
montagens de hastes medulares que podem ser emprega-
das superfícies tibial e talar opostas, ou deform idades
dos neste tipo de artrodese, mas para obter sucesso no
mais graves. Modele a área da artrodese para obter a
resultado é essencia l fam ili arid ade do cirurgi ão com o dis-
posição em extensão neutra, ligeira rotação externa em
positivo e com a técnica para ap licá-lo.
relação ao tubérculo da tíb ia, e va lgo neutro ou discreto,

-----~
dependendo da posição e da flexibilidade do resto do
retropé e do pé. Se fo rem feitos cortes planos, o tálus
TÉCNICA
deve ser ligeiramente transladado posteriormente sob a •A posição do paciente, as incisões medial e lateral na
tíb ia. Obt enha osso esponjoso sa ngrante e saudáve l, em pele, a dissecção dos tecidos moles, a remoção do corpo
todas as superfícies da artrodese. do tálu s e a fixação da cabeça e do colo do tálus na
• Evite o posicionamento em extensão, va ro ou rotação porção anterior da tíbia são as mesmas descritas previa-
interna do tornozelo, pois são dificilmente tolerados pelo mente. O acesso posterior pode ser utilizado se forneces-
paciente. Também evite a transla ção anterior do tá lus sob sária exposição amp la para remover os compone ntes
a tíbia, que pode resultar num padrão de marcha descrito após uma falha da artroplastia total do tornozelo ou em
como "arqueado" sobre o pé. Verifiqu e a posição do pacientes com osteonecrose do tálus ou deformidades
tornozelo com a fluoroscopia. signifi cati vas que exijam correção.
• Se necessário, ad icione enxerto ósseo proven iente de frag - •Depo is que o local da artrodese for preparado, deter-
mentos moídos da fíbula dista l ressecada ou de um loca l mine a posição, mantendo a patela diretamente para )
remoto. cim a e colocando o pé em posição neutra com re lação
lllJit PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADU LTO S

O@iJltij ~ Artrodese transfibular (transmaleolar) com enxerto estruturado da fíbula (veja o texto). A, Ressecção da fíbula. B, O
afastador laminar permite a remoção da carti lagem residual da articu lação . C, A abordagem anteromedial separada pode ser utilizada
para corrigir deformidades. D, Inserção de parafuso pela face posteromedial da tíbia em direção ao tálus. (De Saltzman CL: Ank le arthriti s.
ln Coughlin MJ, Mann RA, Sa ltzman CL, ed ito rs Surgery of the foot and ankle, ed 8, Philadelphia, 2007, Elsevier. ) VEJA A TÉCNICA 11-4.

OMll;tijllllt A, Artrose do tornozelo em estád io terminal com deformidade associada. B, Após a artrodese transfibular, fixada com
placa de baixo perfil para aumentar a estabilidade da montagem. VEJA A TÉCNICA 11-4.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO Cifll
• Depois de terminar de fresar, retire a fresa e introduza a
haste intramedu lar TRIGEN Hindfoot Fusion Nai! (Sm ith &
Nephew, Memphis, TN) através do calcâneo e dentro do
canal medular da tíbia, sobre o fio-guia (Fig. 11-13C) Este
tipo de haste está disponível em 10 e 11,5 mm de diâ-
metro e 16, 20 e 25 cm de comprimento.
• Coloque as an ilhas através do guia da broca na mesa cirúrgica
para veri ficar e garantir que elas se ali nhem corretamente
com os furos dos parafusos de bloque io na haste (Fig.
11 -13D). É necessário que a broca passe concentricamente
através do guia de broca e dos orifícios para parafusos de
bloqueio na haste sem colidir com as bordas da própria haste.
• Mantenha o tornozelo al inhado na posição correta e
introduza a haste ao longo do fio-guia, mantendo o gu ia
direcionador dos parafusos de bloqueio voltado para a
superfície latera l da perna.
•Os parafusos de bloqueio geralmente devem ser coloca-
dos em sequência do calcâneo para a tíbia, para permitir
a impactação em cada nível de articu lação.
• Conecte o gu ia da broca apropriado e insira a un idade da
an il ha através de uma pequena incisão de modo que ela
fique no lado lateral da tuberosidade do calcâneo (Fig.
O@l@Hll!I Método para calcu lar o ponto de entrada da 11-13E). Se for necessário, gire o direcionador da haste para
haste intra medu lar retrógrada util izada na artrodese t ibiota loca l- posicionar os orifícios destinados aos parafusos de bloqueio
câ nea. A, Li nha no plano sag ita l traçada da ponta do segundo voltados para a superfície posterior do calcâneo. Deixe o
dedo do pé até o centro do calca nhar. B, Uma linha pode ser guia longo da broca no furo do cuboide como f ixação pro-
traçada no plano co ronal d ividindo o ma léolo med ial em duas visória durante a inserção do parafuso de bloqueio no tálus.
part es. A interseção das linh as indica o o correto ponto de ent rada •Com as anilhas e brocas de tamanho apropriado, insira o
pa ra a haste . (De Stephenson KA, Kile TA, Graves SC: Estimating the parafuso talar de posterolatera l e latera l no ca lcâneo pa ra
insertion site during retrograde intramedul lary t ibiotalocalcaneal arthro- a reg ião anteromedia l na cúpula do tá lus, aproximada-
desis, Foot Ankle 17 781, 1996 ) VEJA A TÉCNICA 11-5. mente perpendicular à articu lação subtalar (Fig. 11 -1 3F).
Dependendo da altura do tá lus, esse parafuso pode pren-
der-se na região anterior do pi lão t ibial.
) à dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo, 8 a 1O graus • Insi ra o parafuso do cuboide direcionado de postorome-
de valgo no calcanhar, e ligeiro deslocamento posterior dial no calcâneo para anterolatera l do cuboide.
do calcâneo com relação à tíbia). Mantenha o pé sobre a •Uma vez que os parafusos do tá lus e do cuboide estive-
tíbia na posição apropriada (geralmente, com toa lhas rem no lugar, insira um terceiro parafuso de bloqueio
dobradas em toda a superfície plantar do mediopé). distal transversal (Fig. 11- 13G)
•Coloque um fio-guia através do coxim gorduroso do ca l- •Para o bloqueio proximal da haste, insira um parafuso
canhar direcionando-o em linha com o centro da tíbia. proximal de medial para lateral, usando o guia de broca
Este fio deve emerg ir do ca lcâneo exatamente anterior à ou técnica de mão livre (Fig. 11- 13H)
sua faceta posterior. Conduza o f io-guia até o centro do •Antes da impacção fina l da haste, coloque enxerto ósseo
canal medular da tíbia sob a intensificação de imagem. moído, retirado dos maléolos, no foco da artrodese e na
• Stephenson et ai. descreveram um método simp les e área do seio do tarso do calcâneo.
reprodutível para determinar o loca l correto do ponto de • Impacte a haste depois que o enxerto ósseo tiver sido
entrada do fio-gu ia pelo ca lcâneo. No plano sag ita l, t race colocado . A ponta da haste deve f icar sa liente no interior
uma linha a parti r do segundo dedo do pé pa ra o centro do córtex do ca lcâneo, aproximadamente 1 cm na super-
do ca lcanhar. No plano corona l, trace uma linha na junção f ície plantar do ca lcâneo (Fig. 11-131) Não deixe que ela
fique mais sal iente do que o mencionado, de modo que
dos terços anterior e méd io do coxim gorduroso do cal-
dificu lte o apoio e a deambulação.
canhar (Fig. 11-12). A interseção dessas linhas indica o
portal de entrada correto para o fio-guia.
•Verifique a posição do fio-guia com auxílio do intensifi -
cador de imagem no plano anteroposterior.
•Faça um furo através do ca lcâneo uti lizando broca apro-
MODIFICAÇÕES TÉCNICAS
priada dentro do guia protetor dos tecidos moles previa- Com o corpo do tá lus removido, duas modificações da
mente fixado à porção inferior do calcâneo. técnica podem ser necessárias. Como o ca lcâneo fica na
•Coloque o f io-guia no centro do canal medu lar da tíbia direção mais lateral em re lação à articulação do tornozelo
com re lação aos planos anteroposterior e latera l, e e do que o tá lus, pode ser necessário transladar o calcâneo
introduza uma fresa canulada de 8 a 9 mm seguindo o mediaimente em 1 a 2 cm, de modo que a borda lateral
trajeto do fio-guia (Fig. 11-13A). da superfície da tíbia fresada não tenha nenhuma justapo-
•Frese um orifício através do ca lcâneo e da tíbia aumen- sição óssea com o ca lcâneo. A colocação do pino no calcâ-
tando sucessivamente o diâmetro da fresa de 1 em 1 neo, em qualquer lugar que não seja na linha média, é difíci l
mm). Costumamos fresar os ossos utilizando a fresa cujo por causa dos contornos da superfície plantar do calcâneo.
diâ metro é 1 mm maior do que o diâmetro da haste que Consequentemente, mover o pino media imente no ca lcâ-
será introduzida (13 mm) (Fig. 11-138). neo e deixá-lo na posição anatômica é mais difícil do que )
lll'D) PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADU LTOS

O@lhJ.'11111 Artrodese tibiotalocalcânea com haste intramedular (veja o texto). A, Colocação de fio-guia e do fresa. B, Perfuração
do canal. C, Inserção da haste no calcâneo. D, Orientação adequada obtida com os pinos do guia através dos furos de fixação provisórios
no guia de brocas. E, Inserção do parafuso de bloqueio da haste no calcâneo.
CAPÍTULO 11 ARTROD ESE DE TORNOZELO cm

h@i@)Hl@MHIM F, Inserção do parafuso de bloqueio no tá lus. G, Inserção do parafuso de bloq ueio t ransversa l no t álus. H,
Inserção do pa rafuso de bloque io na tíb ia prioxima l. I, Montagem da fixação interna co ncluída. (Redesenhada de Russell TA, Sanders RW,
Early JS: TRIGEN hindfoot fusion nail. surgical technique, Memphis, TN, 201 O, Smith & Nephew.) VEJA A TÉC NICA 11-5.

colocar o pino na superfície da linha média plantar do cal- •Após perfurar o orifício ósseo através da cortical medial
)
câneo e deslocar todo o calcâneo ligeiramente para medial. do ca lcâneo, retire o guia protetor das partes moles.
Isto pode ser fac ilmente feito se ambos os mal éolos •Meça o comprimento do parafuso com um medidor de
t iverem sido removidos). Nas graves subluxações da articu- profund idade. Os parafusos no ca lcâneo gera lmente têm
lação subtalar, o calcâneo fica tão distante lateralmente de 40 a 50 mm de comprimento, mas isso varia com o
que a haste va i poder ser fi xa da ape nas no terço lateral do tama nho do ca lcãneo.
tálus. Nessa situação, um dispositivo de compressão é, • Certifique-se de que a guia de brocas se opõe à superfície
provavelmente, uma melhor escolha de fi xaçã o. lateral do calcâneo. Caso co ntrário, resu lta numa falsa
leitura de comprimento do parafuso, com a subsequente
TÉCNICA ~ sa liência no tecido mole.
~~~~~~~~-~ • Após o parafuso ser fi xa do, aval ie o seu comprimento
•Se ape nas um único parafuso pode ser colocado distal- usa ndo o intensificador de imagem. Pequenos ajustes
mente (porque não há corpo do tálu s), tente fazer o furo na rota ção ainda podem ser feitos neste momento, se
com uma broca de 3,5 mm. Em seg uida, use um parafuso necessário.
de 5 mm para obter melhor fixação no osso esponjoso • Para os parafusos proxi ma is, comece pelo marcador de
do ca lcãneo. Tente colocar dois parafusos autorrosqu eá- 15 cm no guia externo da haste e coloque a broca através
veis no calcâneo. de uma ani lha no portal imediatamente dista l ao marca-
• Quando o tálus estiver intacto, coloq ue um parafuso autor- dor de 15 cm no portal proximal da haste . A precaução
rosqueável no calcãneo e outro no tálu s da seguinte maneira: descrita na colocação dos pinos parcia lmente rosqueados
comece primeiro pela fixação do calcâneo e coloque o para- para o dispositivo de compressão também é pertinente
fuso mais distal perto do córtex plantar do calcâneo. para a colocação dos parafusos. )
1111!» PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADU LTO S

•Faça uma incisão através da pele, afaste os tecidos moles


)
até atingir o osso e acomode o guia da broca no lado
medial do córtex tibial.
•Use guia bloqueado e ani lh as de broca para evitar perfu-
rar o córtex anterior. Introduza dois parafusos de bloqueio
proximal através de incisões cutâneas mediais separadas,
tomando cuidado para não lesar o nervo peroneiro super-
f icial. Os parafusos da tíbia gera lmente são de 22 a 26
mm de comprimento.
• Desin fle o torniquete, e coloque drenas conforme des-
crito anteriormente para a técnica de compressão.
•Faça um curativo acolchoado para proteger os tecidos
mo les utilizando bandagem volumosa enrolada desde os
dedos até a porção proximal da tíbia, e coloque um gesso
suropodálico.
A
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
rio é essencia lmente o mesmo daquele após a artrodese por
compressão. O gesso de suropodá lico é t rocado em 2 a 3
semanas, e o apoio do peso corporal não é permitido por 6
semanas. O início da carga completa utilizando gesso suro-
podálico só é permitido em 6 a 8 semanas após a cirurgia.

ABORDAGEM ANTERIOR PARA FIXAÇÃO


COM PLACA
Esse acesso é particularmente apropriado para a conversão em artro-
dese após falha numa artroplastia total do tornozelo). As supostas
vantagens da fixação da artrodese do tornozelo com placa utilizando
uma única via de acesso anterior incluem menor agressão às partes
moles, faci lidade na correção das deformidades, reabilitação precoce
e elevado índice de consolidação. Guo et al. relataram consolid ação B
em 9 de 10 artrodeses fixadas com placa anterior, sem nenhuma
complicação cutânea ou infecções. Plaass et al. descreveram técnica
empregando duas placas anteriores (Fig. 11-19.) para tratamento de
O@ii;f;im:D A, Artrodese extra-articular posterior do torno-
zelo e articulação subtalar. B, Artrodese intra-articular posterior
artrose grave, pseudoartrose após tentativa de artrodese de torno-
do tornozelo e articulação subtalar. VEJA A TÉCNICA 11-7.
zelo, e revisões após falha em artroplastia total do tornozelo; 27
(93%) dos 29 pacientes ficaram satisfeitos com seus resultados.
•Se o procedimento tiver de ser mantido extra-articular-
mente, não faça incisão na cápsu la. Caso contrário, faça
ABORDAGEM POSTERIOR PARA uma incisão transversal na cápsula e remova a porção
ARTRODESE DAS ARTICULAÇÕES mais posterior do tálus e a porção posterior das superfí-
DO TORNOZELO E SUBTALAR cies articu lares do tornozelo e subtalar.
•Com um osteótomo, mobilize múltiplos segmentos ósseos
A abordagem posterior do tornozelo é particu larmente úti l em espícu la, deslocando-os distalmente a partir da porção
nos casos de osteonecrose do tálus quando o objetivo é a posterior da tíbia e proximalmente a partir do lado superior
artrodese tibiotalocalcãnea. Quaisquer técnicas de fixa ção do calcãneo, sobrepondo-os sucessivamente (Fig. 11-14A).
interna ou externa previamente mencionadas podem ser •Acrescente enxerto ósseo esponjoso retirado do ilíaco ou
utilizadas. A artrodese posterior permite o alongamento do do banco de ossos, se necessário, para fazer uma grande
tendão de Aqui les através da mesma incisão e fusão de ponte óssea através das articu lações do tornozelo e sub-
ambas as articu lações, a do tornozelo e a subtalar. O pro- talar (Figs. 11-148 e 11-150)
cedimento também pode ser mantido extra-articu larmente. •A fixação pode ser realizada com uma haste intramedu lar
Essa técnica raramente é utilizada sem fixação, mas pode (Fig. 11-15) ou uma placa de bloqueio aplicada na região
ser apropriada quando os instrumentos e equipamentos posterior do retropé.
atua is não estiverem disponíveis.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O tornozelo é imobili-

(CAMPBELL) ------~ zado com um aparelho gessado cruropodálico, com o pé


mantido num ângulo reto. Para evitar a compressão provo-
cada pelo edema pós-operatório, uma abertura retangular é
•Faça uma incisão longitudinal de 7,5 cm medial e paralela cortada no gesso sobre o dorso do pé e tornozelo; após
ao tendão de Aqu iles, sobre a face posterior do tornozelo. os primeiros dias, o gesso é trocado e mantido bem acol-
•Retraia o flexor longo do hálux mediaimente, e exponha choado com bandagens. Quatro semanas após a cirurgia,
a cápsula posterior do tornozelo e da articulação subtalar. se o edema não for muito intenso, é confecnionada bota
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO

iâ!§ll;f.j619 A e B, Osteonecrose do tá lus em homem de 55 anos de idade. C e D, Após abordagem posterior para artrodese do tor-
noze lo e articu lação su bta lar com haste intramedu lar e enxerto ósseo aposiciona l obtido com a técn ica do alargardor-irrigado r- aspira-
do r (RIA, do ing lês, reamer- irrigator-aspirator) . VEJA A TÉCNICA 11-7.

gessada, desta feita mais moldada. A descarg a de peso é ARTRODESE COM FIXAÇÃO EXTERNA
in iciada com cautela; marcha com apoio completo geral-
mente é postergada por 8 a 12 semanas após a cirurgi a. Para os cirurgiões que não costumam trabalhar com fixadores de fios
A imobil ização com gesso é mantida at é que a fu sã o fin os do sistema de Ili zarov ou Taylor Spatial Frame, a fixação externa
da articu lação do tornozelo e a subtalar estej a sólid a. de uma art rod ese do tornozelo normalmente tem mais probabilidade
A artrodese posterior norma lmente exige períodos mais de levar a um aum ento na taxa de complicações, incluindo pseudoar-
longos de imobilização do que as outras técnicas. O paciente trose e infecçã o. Há mo m entos, no entanto, em que a fixação ex terna
geralmente adquire uma marcha quase normal, embora é necessári a tanto para a fixação primária quanto como suporte para
andar em superfícies irregulares possa ser difíci l. fi xação inte rna subjace nte. Um di spositivo de fi xação externa mais
simples é o fi xador externo d e Calandruccio II.
Ili!!» PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

precisamente neste local, que corresponde ao centro do


ARTRODESE TIBIOCALCÂNEA COM ca lcâneo, o seu portal de saída med ial será plantar ao fe ixe
APARELHO DE FIXAÇÃO EXTERNA DE neurovascular e a todos os tendões posteromediais, inclu indo
CALANDRUCCIO li o flexor longo do hálux.
•Retraia os tecidos moles media imente em torno do pino,
TÉCNICA ~
e perfure seu trajeto na mesma profundidade que o pino
'--~~~~~~-----~
colocado previa mente.
•Prepare o tornozelo para a artrodese por meio de de
•Co loque prim eiro o grampo lateral, deslizando-o sobre os
qualquer um dos acessos descritos e aplique o aparelho
pin os que atravessam o ca lcâneo . Ao fi nal da montagem,
de fixação de Calandruccio li.
os grampos deve estar posicionados a uma distância de
•Os pinos de 4 ou 5 mm de diâmetro são aparafusados aproximadame nte 5 a 8 cm da borda da pele .
no te rço médio. Retenha o pé sobre a perna temporaria- •Antes da colocação dos pinos proxima is, determine o
mente com um pino de Steinmann (5/64 po legadas) per- al inhamento rotacional do loca l da artrodese. Com o
f urado através do coxim gorduroso do calcanhar e através grampo de Calandruccio 11 , a dorsiflexão e a fl exão plantar
do calcâneo no canal medular da tíbia. são ajustáveis a qualquer momento durante a compressão,
•Coloque o pino posterior prim eiro. Faça uma incisão de e a angu lação em va ro e va lgo pode ser corrigi da realizando-
1 cm através da pele, enquanto puxa o retalho posterior -se ajustes por compressão medial ou latera l, conforme
superior ou anteriormente, de modo que durante o fecha- necessário; no entanto, mau alinhamento rotacional ou
mento o pino não impeça que a ferida seja fechada. A incisão translacional para medial ou latera l não pode ser corrigido
deve ser apenas na pele para evitar lesar o) nervo sural. de maneira sign ifi cativa com este apa relho . Consequen-
• Divulsione com uma pinça hemostática no eixo longitu - temente, quando o primeiro pin o proxima l for inserido,
dinal do ca lcâneo descendo até o osso. antes que ele atravesse a tíbia posicione o pé em 1O a 15
•Coloque um guia de broca sobre o pino para a proteção graus de rotação externa, em 8 a 1O graus de valgo, e
dos tecidos moles e perfure transversalmente através da neutro com relação à fl exão plantar e dorsiflexão.
porção média da tuberosidade do ca lcâneo, na sua junção •Usando os portais longitudinais do dispositivo triangular
com a faceta posterior, transfixando o pino. como gu ias, perfure o pino mais proximal primeiro.
• Penetre no có rtex med ial suavemente, e palpe os tecidos •Coloque o pino através do porta l e, uma vez que atinja
moles med iaimente para a penetração do pin o. a pe le, faça a incisão no ponto de entrada e afaste os
•Ao identificar a loca lização do pino, a qual deve ser bem tecidos moles em direção ao osso com um protetor co lo-
plantar e posterior ao feixe neurovascular, faça uma cado ao redor do pino. Tente colocar esse pino 1 cm
in cisão de 1 cm através da pele apenas no eixo longitu- anterior à borda anterior da fíbula.
dinal do ca lcâneo, e divulsione repetidamente até que o • Tome cu idado para não lesa r o nervo peroneal superficia l
osso seja alcançado. Mantendo os tecidos moles sepa rados e também para não colocar o pino muito anteriormente,
com uma pinça hemostática ou pequeno retrator de ângu lo po is isso iria perfu rar a maior parte do osso cortica l e
reto, perfure o pino através do retalho medial. Certifique- poderia provocar a formação de um sequestro anelar por
-se de elevar o retalho medial anteriormente para fazer a causa da necrose de osso a partir do ca lor decorrente da
incisão numa área sem tensão quando o retalho posterior perfuração apenas do osso cortica l.
for conduzido superior e anteriormente. •À medida que a broca penetra no córtex lateral da t íbi a
•Deixe os pinos expostos e no mesmo comprimento de é possível sentir a perda da resistência. Quando a broca
cada lado do calcâneo, certificando-se de que a porção ultrapassa comp letamente o osso cortica l, ela passa fac il-
rosqueada dos pinos est eja dentro do ca lcâneo . Depen- mente pelo cana l medular, e encontra novamente resis-
dendo do tamanho e da largura do ca lcâneo, a porção tência quando atin ge o córtex medial da tíbia.
rosqueada dos pinos, tanto do pino medial quanto do • Depois que o pino estiver emerg indo pelo córtex medial,
pino latera l, pode fica r exposta externamente à pe le, o palpe-o e faça uma incisão sobre o seu ponto de saída. Divul-
que não tem conseq uências. sione os tecidos moles ao redor até o osso. Tome cuidado
•Usando um dos grampos de compressão triangular de para evitar que a rosca do pino se prenda aos tecidos moles.
Ca landruccio como gu ia, coloque o segundo pino. • Passe o segundo pino pelo portal médio ou pelo distal,
Quando esse guia for colocado, certifiq ue-se de que os tomando as mesmas precauções com relação aos tecidos
pa rafusos estejam vo ltados para cima para que possam moles. Não passe o pino através do ápice da crista cortical
ser fac il mente apertados. anterior da tíbia. Se a co locação dos pinos proximais for
•Uti lizando os portais médio ou anteri or transversais do impedida pelo impacto com o pino de Steinmann longi-
apa relho de compressão, introduza um pino fazendo uma tudinal intraósseo introduzido pela planta do calcâneo em
pequena incisão cutânea loca lizada t ransversa lm ente ao direção à diáfise da tíbia para manter a extremidade al i-
membro. É im portante que nenhuma tensão permaneça nhada, recue suficientemente o pino de Steinmann de
sobre a pele em torno dos pinos. A incisão deve ser duas proximal para a dista l para perm itir a introdução do pri-
ou três vezes mais larga do que o pino. meiro e segundo pinos t ransversais através da tíbia.
•Afaste os tecidos moles até o osso com um elevador ou •Coloque os grampos medial e lateral e, usando a chave
hemostática e use um protetor de tecido mo le para per- Allen, prenda os pinos dentro do grampo pa ra evitar que
furar o pino de latera l para media l. este deslize sobre os pinos.
• Tente usar o porta l mais anterior ou distal no braço trans- •Os parafusos de ajuste do dispositivo de comp ressão têm
verso, se possível. Quanto maior a distância entre os forma de cúpula. Solte os parafusos de ajuste em senti do
pinos, mais compressão é possível. proxima l para obter espaço adequado para a compressão
• Coloque o segundo pino no ca lcâneo, onde a faceta poste- manua l. A compressão com uma chave de enca ixe é feita
rior encontra o seio do tarso. Se o pino for introduzido em segu ida.
CAP ÍTULO 11 ARTRODESE DETORNOZELO &Ili
imagens pode facilitar esta visualização. (A modificação mais
recente no aparelho de Calandruccio permite o exame do
alinhamento da artrodese com imagens anteropostenor e
lateral.) Gire o tornozelo alternadamente em rot ação interna
e externa para avaliar a posição anteroposterior.
• Se possível ava lie, por meio de imagens obtidas com o
intensificador, a posição do colo do tá lus com relação à
porção anterior da tíbia na projeção rad i_og rá f ic~ la ter~I .
A cabeça e o colo do tá lus podem ser fixados a porçao
anterior da tíbia, com um parafuso ou um pino de
Steinmann. Preferimos fazer uma pequena incisão antero-
medial na pele dorsal e colocar um pino através do lábio
dorsal do osso navicular na cabeça e colo do tá lus e depois
direcioná-lo para a tíbia, evitando, dessa maneira, a flexão
plantar do antepé e do med iopé com relação ao retropé,
ao nível da articu lação talonavicular.
•Retire o torn iquete.
•Coloque do is drenos, um através da reg ião lat eral e outro
através da região med ial do tornozelo, sa in do perto da
junção dos terços médio e dista l da t íbia pa ra que possam
ser faci lmente alcançados aba ixo do gesso, facilitando
sua remoção . Fixe os drenos na pele com fitas adesivas.
•Lave as feridas cirúrgicas com uma solução an ti biótica, e
feche as incisões por camadas.
•Aplique um curativo grande, macio e volumoso dos
dedos do pé até logo abaixo do joelho e ap lique um gesso
moldado suropodá lico ou duas ta las uma med iolateral e
outra posterior.
h!§ii;tJlll11t Artro dese t ib ioca lcânea com apa relho de fi xação CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A perna é elevada sobre
ext erna de Ca landruccio li. VEJA A TÉCNICA 11 -8.
várias almofadas por 24 horas. Os drenos são removidos e
o paciente começa com a deambulação sem descarga . de
•Quando a posição final desejada para a artrodese for
peso no dia seguinte à cirurgia. É permitido ao paciente girar
alcançada, realize a distensão manual da articulação tra-
sobre a perna não operada em direção a uma cômoda ao
cionando o pino de Steinmann posicionado anterior-
lado da cama, se ele assim o desejar. O paciente geralmente
mente na tíbia e preencha a superfície articular da tíbia
recebe alta no 2° ou 3º dia após a cirurgia e é encorajado
distal e o seio do tarso com enxerto ósseo. Os maléolos
a repousar e elevar os pés por 2 a 3 semanas. Na 3ª semana,
são boas fontes para enxerto ósseo.
o gesso é trocado, mas o dispositivo de compressão não é
•Depois de colocar o enxerto ósseo, comprima manual-
modificado. É possível reapertar quaisquer parafusos, para
mente o pé na tíbia e use uma chave de encaixe distalmente,
realizar pequenos ajustes nos planos anteroposterior ou
de forma a fixar os quatro quadrantes do aparelho, come-
varo-valgo, se houver necessidade. O novo gesso é aplicado
çando no quadrante anterolateral, com cinco ou seis voltas
sobre um curativo bem acolchoado, entreta nto nen hu ma
completas ou até que o pino proxima l comece a se inclinar
descarga de peso no membro operado é permitida por mais
ligeiramente. Vá para o quadrante posteromedial e aperte
3 a 4 semanas. Entre 6 e 8 semanas, o dispositivo de com-
o parafuso de compressão até que o lado medial dos pinos
pressão e os pinos são retirados no consultório com técnica
comece a se curvar ligeiramente. O terceiro quadrante a ser
antisséptica . Um perfurador a bateria é usado juntamente
comprimido é o anteromed ial, e o quarto quadrante é o
com grandes cortadores de pinos. Desde que o paciente se1a
posterolateral. Quando todos os quatro pinos estiverem se
adequadamente esclarecido e utilize-se anestésico loca l
curvando ligeiramente, retire o pino de Steinmann intrame-
como cloreto de eti lo aplicado ao redordas bordas da pele
du lar), se este ainda não tiver sido removido. Continue a
ou uma pequena quantidade de lidocaína, esse proced i-
apertar os parafusos até que a compressão, sob observação
mento não é tão difícil para o paciente quanto parece. Após
direta, seja satisfatória. Os pinos devem se inclinar ligeira a
a remoção do f ixador externo, bot a gessada para carga é
moderadamente ao término da compressão fina l.
uti lizada por 6 a 8 semanas.
•Depois que for obtida compressão satisfatória, aperte
manualmente os parafusos em forma de cúpu la nas
barras transversais para evitar qualquer perda na com-
pressão durante as semanas necessárias para a fusão. Use ARTRODESE TIBIOCALCÂNEA COM
alicates grandes para apertar firmemente todos os quatro FIXADOR EXTERNO DE FIOS FINOS
parafusos do fixador.
~
•Certifique-se de que todos os pequenos parafusos de TÉCNICA ;......~~~~~~--~
ajuste de Allen estejam firmes nos pinos.
• Verifique a posição final na imagem radiográfica ant~ropos­ (EYLO N ET AL.)
terior (Fig. 11 -16) ou no intensificador de imagem. E difícil
verificar o alinhamento lateral da articulação devido à sobre- •Aborde o tornozelo e prepare o local da artrodese con -
posição das barras de metal do fixador de Calandruccio. Uma forme descrito previamente; pode-se uti lizar acesso ante- )
rotação lateral da extremidade sob visão do intensificador de rior ou t ransmaleolar.
PARTE IV PRO CEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADU LTOS

parte em um dos pacientes) encontrava-se necrosada e


precisou ser removida. A superfície tibial distal foi moldada
para se adaptar às estruturas viáve is (remanescentes do
t álus e ca lcâneo) para permitir contato máximo, e para
tanto, foi necessário deslocar o pé mais posteriormente
com relação à tíbia.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Antibióticos (p. ex , cefa-


zolina) são ministrados a todos os pacientes no período
perioperatório. A perna é elevada a 45 graus nos 2 primeiros
dias. Apesar disso, um grande hematoma pode se desenvol-
ver entre 24 e 72 horas após a cirurgia. Esses hematomas
geralmente não necessitam de drenagem e a maioria cura de
forma rotineira, sem infecções superficiais ou profundas,
crosta, ou deiscência. No 3º dia, o apoio parcial do peso
corporal é iniciado e os pacientes são encorajados a caminhar
conforme o tolerado. Em 6 semanas, a maioria dos pacientes
já pode apoiar completamente o membro operado. A com-
pressão do fixador externo no foco da artrodese é aplicada
do 4° ao 1Oº dia, a uma taxa de meio milímetro por dia . Os
pacientes são avaliados clínica e radiograficamente a cada
semana durante o 1º mês; a ca da 2 semanas no 2º mês;
mensalmente at é a consolidação da artrodese, e depois, de
modo semestral. Como os anéis do fixador são de metal,
encontrar a "janela" radiográfica que permite a visualização
e avaliação ideais pode ser difícil, necessitando do uso de um
intensificador de imagem para melhor avalia r a consolidação
e o alinhamento no foco da artrodese. As radiografias utili-
O@il;f4D19 Artrodese do tornozelo com fixador externo de zadas nas ava liações periódicas devem ser voltadas para
llizarov. (De Eylon S, Porat S, Bor N, Leibner ED: Outcome of llizarov a busca de evidências de reabsorção óssea ou mau al inha-
mento, o que exigiria mais compressão ou ajustes no fixador.
ankle arthrodesis, Foot Ankle lnt 28 873, 2007.) VEJA A TÉCNICA 11-9.
O alinhamento é minunciosamente ajustado, se necessário.
O f ixador é mantido no local até que os sinais da consolidação
•Após preparar adequadamente as superfícies arti cu lares f iquem aparentes. Depois que o fixador for removido, coloca-
)
para a fusão óssea , aproxime temporariamente as bordas -se um aparelho gessado suropodálico por mais 4 semanas,
cutâneas da incisão com pequenos clipes de toalha e permitindo-se carga completa durante este período.
esvazie o garrote pneumático.
• Introduza os fios finos na perna, começa ndo pelos anéis
da tíbia proxima l e da região supramaleolar. Dois fios ten -
sionados devem ser apl icados em cada anel. Alternativa -
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
mente podem ser utilizados dois pinos rosqueados de OSTEONECROSE DO TÁLUS
Schantz em associação com um único fio fino tensionado.
•Ancore um semianel talar com dois fios olivados, posiciona- Embora a osteonecrose do tálus, na maioria das vezes, resulte da fratura
dos de maneira a formar um ângulo de 50 a 60 graus entre do colo ou corpo do tálus, condições atraumáticas, tais como o uso de
um e outro, introduzidos através do colo e corpo do tá lus. doses elevadas de corticosteroides e doença falciforme, podem ser a
•Adicione um sem ianel estend ido na direção do calcâneo causa. Durante um período de vários anos após a fratura, pode ocorrer
ao antepé e o ancore com fi os olivados através do calcâneo a substituição gradual do osso necrosado por osso vascularizado, e se
e dos metatarsos, ou anexe um pino rosqueado de Schantz não houver evidente colapso ou fragmentação do tálus, uma avaliação
juntamente com um fio calcanear ao sem ianel do tálus. da vascularidade por ressonância magnética (RM) ou cintilografia óssea
• Uma vez que o fixador esteja ancorado, remova os clipes de pode encontrar suprimento vascular suficiente para justificar a artro-
toalha. Deixe o tornozelo na posição neutra com relação aos dese tibiotalar isolada. Se a estrutura do tálus for sólida, uma artrodese
planos sagital (dorsiflexão e flexão pantar) e coronal (inversão- tibiotalocalcânea empregando via de acesso posterior é feita com a
-eversão). Alinhe a perna operada em rotação externa levando utilização de enxerto aposicional coletado da crista ilíaca posterior,
em consideração o grau de rotação da perna contralatera l. incluindo e abrangendo ambas as articulações (Técnica 11 -5) . Se houver
•Verifique o posicionamento correto do t álus ao longo do colapso grave com fragmentação, o corpo do tálus é removido, geral-
eixo anteroposterior, da justaposição e da adequada
mente por meio de um acesso transversal, o espaço é preenchido com
coapt ação utiliza ndo parâmetros visuais e radiográficos
enxerto estruturado tricorti cal retirado da crista ilíaca, e w1rn placa ou
(Fig. 11-1 7).
haste intramedular é usada para a fixação. Tentamos evitar a artrodese
•Aplique compressão entre o anel distal da tíbia e o sem ianel
tibiocalcânea, se possível, uma vez que diminui o comprimento da
talar. Se necessário, aplique a compressão e faça ajustes
no posicionamento da extremidade.
perna, e se os maléolos não forem removidos irão dificultar o uso do
•Suture a ferida cirúrgica com fio de seda 2-0 para tensio- calçado. Em casos de infecção e destruição do tálus, em que pode estar
ná-la e com fio de ná ilon 3-0 interposto para a ap roxi ma- contraindicada a utilização do enxerto estruturado tricortical, a artro-
ção da pele. dese tibiocalcânea é aceitável como um procedimento de salvamento.
•Em três pacientes com osteonecrose do tálus, Eylon et ai. Embora em casos como estes a fixação interna possa ser utilizada, como
modificaram a t écn ica porque parte do tálus (a maior discutido previamente, a técnica preferível para este tipo de situação é
aquela que utili za fixação externa.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO Cl1lll
•M antenha o pé em O grau de dorsiflexão, 5 graus de
va lgo e 1O graus de rotação externa, e f ixe a parte pro-
ximal do enxerto na tíbia com um parafuso (Fig. 11-1 80 ).
•Insira um fio de Steinmann verti ca lmente através do ca l-
câneo e 3 a 1O cm dentro do cana l medular da tíbi a dista l
para maior estabil idade.
• Ad icione enxerto ósseo esponjoso em torno do loca l da
artrodese.
• Aplique um gesso cruropodá lico com o joelho flexionado
a 30 graus.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Na 6ª semana, o gesso


A B e o fio de Steinmann são removidos e é aplicado um
gesso suropodálico que é usado até que a consolidação
esteja sólida.

FALHA DA ARTROPLASTIA TOTAL DO


TORNOZELO
Com a crescente popularid ade da artroplastia total do tornozelo, vem
o desafio de reconstruir a falha da artroplastia com a artrodese do
tornozelo. Exames laboratoriais e outros estudos específicos podem
ser necessários para avaliar a existência de infecção concomitante.
Muitas vezes, um defeito ósseo significativo acompanha a falha da
e D artroplastia após a retirada da prótese total do tornozelo, e um enxerto
extensivo é necessário. Um ponto crucial na tomada de decisão, nesses
Otijl!;MD19 Artrodese de Blair. A, Acesso ao tornozelo . B, casos, é a presença ou ausência de artrite subtalar. Se a articulação
Excisão do corpo do tálus. C, Enxe rto ósseo deslizante. D, En xe rto subtalar puder ser preservada, preferimos a artrodese por meio de um
na posiçã o final. VEJA A TÉCNICA 11-10. acesso anterior utilizando enxerto ósseo estruturado tricortical reti-
rado da crista ilíaca (autoenxerto ou aloenxerto) e fixação interna com
ARTRODESE TIBIOTALAR COM duas placas (Fig. 11 -19). Isso tem a vantagem de permitir a utili zação
da mesma incisão anterior do torn ozelo, previamente utili zada para a
ENXERTO ÓSSEO DESLIZANTE realização da artropl asti a, o que facilita a remoção do implante. Se a
Blair descreveu o procedimento de artrodese da tíb ia distal articulação subtalar também precisar ser "artrodesadà; existe a opção
ao colo talar para si tua ções em que o corpo do tá lus tinh a de utilizar a abordagem anterior, conforme descrito, ou alternativa-
sido perdido ou sofrido osteonecrose . Esse método util iza men te um acesso transfibular lateral, que oferece melhor visualização
um enxerto tibial deslizante anterior, permite um a aparên- da articulação subtalar. Berkowitz et ai. descreveram o resultado da
cia quase normal do pé, com pouco encu rtamento da cirurgia de salvamento após falha da artropl astia total do tornozelo,
extremidad e e algum movimento de fl exão-extensão do pé empregando artrodese isolada do tornozelo ou combinação de artro-
com re lação à perna. Morris et ai. modificaram a técnica e dese do tornozelo e subtal ar, utilizando aloenxe rtos estruturados e
utilizaram um pino transcalcaneotibial por 6 semanas para fixação interna com placas e parafusos, hastes, ou combinação dos
melhorar a estab ilid ade.
dois. Consolidação da artrodese ocorreu em 23 dos 24 tornozelos

-----------'~
operados, mas vários pacientes necessitaram de múltiplas cirurgias,
TÉCNICA
sendo que fo i observada pequena melhora fu ncional na totalidade dos
(BLAIR; MORRIS ET AL.) pacientes operados. Os resultados foram piores e as complicações
mais frequentes nos pacientes com artrodeses tibiotalocalcâ.neas do
•Faça uma incisão longitudinal anterior, a pa rti r de 8 cm que naqueles com artrodese isolada do tornozelo.
proximal ao tornozelo e terminando no cuneiform e
medial (Fig . 11-18A).
•Disseque o intervalo entre o extensor longo do hál ux e o
ARTRODESE TIBIOTALAR OU
extensor longo dos dedos, e retraia o feixe neurovascu lar TIBIOTALOCALCÂNEA COM
medial. ALOENXERTO ESTRUTURADO E
•Faça uma incisão na cápsula e no periósteo al inhada com
a incisão na pele. FIXAÇÃO INTERNA CQMO CIRURGIA
• Retire o corpo avascular do tálus se estiver presente (Fig . DE SALVAMENTO APOS FALHA DA
11-18B); durante a extração, fragmente-o, se necessário. ARTROPLASTIA TOTAL DO TORNOZELO
Não danifique a cabeça ou colo do tálus.
~
•Usando uma serra elétrica, corte um en xerto retangular TÉCNICA ~~~~~~~~...... ~
de 5,0 cm x 2,5 cm na face anterior da tíb ia distal.
•Faça uma abertura transversa l de 2 cm de profundidade (BERKOWITZ ET AL.)
na face superi or do colo do tálus, e deslize o enxerto tibial
dentro dele (Fig. 11-18C). • Expon ha o tornozelo por meio do acesso anterior.
)
. , PARTE IV PROCEDIM ENTO DE RECONSTRUÇÃO DETORNOZELO EM AD ULTOS

h!ijll;@IJID A e B, Artrop lastia tota l do to rn oze lo co m afro uxamento e so ltura dos componentes, cisto peri arti cu lar e impacto
media l e antero latera l. C e D, Após a artrodese co m aloenxerto da cabeça do f êmur e fi xação inte rn a com duas placas.

• Desbride a sinovite associada. Se houver suspeita de infec- até que o sang ramento das superfícies ósseas possa ser
)
ção, envie amostras de biópsia sinovia l para cu ltura e visto. Ava lie as dimensões do defeito ósseo e a integridade
exame anatomopatológico. do tá lus residua l.
•Remova primeiro o componente de polieti leno, e, depois, •Se for detectada a presença de sinais sugestivos de infec-
os componentes tibial e talar da prótese. O implante talar ção, coloque um espaçador de cimento impregnado com
geralmente encontra-se so lto e é relati vamente fácil de antibiótico dentro do defeito e inicie o protocolo de t ra -
ser removido, mas o componente tibial pode estar bem tamento estagiado.
fixo e requer o uso de osteótomos flexíveis para romper •Se não for detectado nenhum sinal de infecção, o osso
a interface osso-implante. Se necessário, faça uma remanescente do tálus for julgado suficiente para receber
jane la cortical anterior na porção distal da tíbia para fixação interna estável e a articulação subtalar estiver
afrouxar sua fixação e permitir a retirada do compo- intacta, proceda com a artrodese isolada da articulação
nente tibial. tibiota lar, escolhendo um enxerto ósseo adequado para
•Uma vez que os componentes tiverem sido removidos, preencher o defeito ósseo de maneira que o compri-
desbride todo o materia l fibroso e o tecido ósseo necrótico mento do membro possa ser preservado.
CAPÍTULO 11 ARTRODESE DE TORNOZELO EDii
•As opções disponíveis de enxerto ósseo para preencher a
cavidade formada após a retirada da prótese total do tor-
nozelo são: enxerto esponjoso não estruturado; enxerto
estruturado retirado da crista ilíaca autógena; aloenxerto
distal da tíbia; cunhas de aloenxerto da crista il íaca; ou
aloenxerto da cabeça femoral. Uma vez obtido o enxerto
de tamanho apropriado para se adaptar ao defeito ósseo
e para ajudar a restaurar o ali nhamento neutro do torno-
zelo no plano sagita l, e 5 a 7 graus de valgo de retropé,
introduza-o para preencher a cavidade óssea.
•I nsira parafusos canu lados autocompressivos e uma placa
anterior para fixação.
• Se o osso talar remanescente for insuficiente para permitir
adequada estabilidade no foco da artrodese tibiotalar ou
se a articulação subta lar estiver degenerada ou erodida
pela artroplastia total de tornozelo, continue com o pro-
cedimento de artrodese do torn ozelo, mas inclua t ambém
no foco da artrodese a articulação subta lar.
•G eralmente, a articulação subta lar encontra-se adequa-
damente exposta através da incisão anterior, mas se for
necessário para o desbridamento e a preparação adequados,
faça uma incisão lateral de Ollier separada (Técnica 1-20).
• Quando é necessário realizar a artrodese tibiotalocalcâ-
nea, o tamanho do defeito ósseo impede a utilização do
autoenxerto, e um aloenxerto esférico da cabeça femoral
ou outro aloenxerto ósseo estruturado faz-se necessário.
• Se o aloenxerto esférico da cabeça femoral for escolh ido,
use alargadores acetabul ares para criar um defeito ósseo
circular e concêntrico no local do defeito ósseo onde a
O!ijii;f411E!) Artrodese do tornozelo e retropé utilizando
artrodese va i ser rea lizada. Use alarg adores acetab ulares
fi xação interna com haste intramedular e placa combinadas. (De
reversos para moldar a cabeça femoral no taman ho exato
Berkowitz MJ, Clare MP, Wa lling AK, Sanders R: Salvage of failed total
do defeito do tornozelo para permitir um ajuste preciso
ankle arthroplasty with fusion us ing structu ral allograft and internai
entre o osso hospedeiro e o enxerto ósseo. Use um aloen-
xerto ósseo esponjoso para ampliar a área da artrodese e fixation, Foot Ankle lnt 32:S493, 2011.) VEJA A TÉCNICA 11-11.
preencher eventua is defeitos ósseos residuais.
• A fi xação pode ser feita com uma haste intramedular infectado e artrodese utilizando montagem híbrida compressiva do
introduzida através do ca lcanhar (Técnica 11-5), uma fixador externo. Um paciente necessitou de amputação abaixo do
placa anterior e parafusos compressivos ou uma constru- joelho por insuficiência vascu lar. Nenhum dos outros sete pacientes,
ção combinando haste e placa (Fig. 11-20).
cujas artrodeses consolidaram, necessitou de cirurgia adicional sub-
sequente decorridos, em média, 3 anos após o tratamento.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imobilizado
numa bota de gesso e não é permitido o apoio do peso
corporal por um mín imo de 3 meses. A descarga de peso é
NEUROARTROPATIA DE CHARCOT
iniciada por volta de 12 semanas após a ciru rg ia, quando as
radi og rafias começa rem a demonstrar a incorporação do
A artropatia de Charcot é discutida no Capítulo 85. O momento
enxerto. Após a retomada bem-sucedida da deambu lação,
certo para rea li za r a cir urgia é im porta nte, pois muitos desses
os pacientes passam a utilizar uma bota removível do tipo
pacientes têm deform idades graves que não podem ser acomodadas
walker boot, e quando indicado inicia-se a fisioterapia.
em órtese, e é melhor realiza r a cirurgia an tes que a deformidade
piore e ocor ra ul ceração cutânea sob proem inências ósseas e infec-
ção subjacente. Pacientes com neuropatia em estádio avançado e um
histó ri co de artrop atia de Charcot ou outra doença diabética (reti-
INFECÇÃO/OSTEOMIELITE nopatia, nefropatia) , quando sofrem fratura no tornozelo, podem
se r mais bem tratados com a artrodese no momento da fratura. Isso
A artrodese do tornozelo, na presença de osteomielite, é um a tarefa é es pecialmente verdadeiro para as fraturas altamente fragmentadas
difícil e muitas vezes deve ser realizada em etapas. A fixação externa do tornozelo, que muitas vezes oco rrem nesses pacientes. As técnicas
é indicada para a estabilização na maioria dos pacientes com infecção. descritas previamente são recom end adas, com a ideia de que o
Nos casos mais graves, em que será necessá rio utilizar enxerto "excesso de fixação" geralmente é a meta. A fixação interna em
ósseo, o procedimento é realizado com a uti li zação de cimento ósseo assoc iação com a fixação externa, para fornecer suporte adic ional,
constituído de metilmetacrilato misturado com antibiótico, fi xação pode ser justificada. A artrodese panta lar - fusão das articulações
externa, antibiotico terapia intravenosa por 6 semanas seguida pela tibiotalar, subtalar, talonavicular e calcaneocuboide - pode ser
remoção do cimento, enxe rto ósseo e compressão com o fixador indicada como procedimento de salvame nto em pacientes com
externo até a cura. Saltzman descreveu o tratamento de oito pacientes neuroartropatias como um a alternativa à amputação. Embora
com osteom ielite difusa de tornozelo com a resseção de todo o tecido designada como sendo para proporcionar alívio da dor, corrigir o
. , PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADULTOS

mau alinhamento do tornozelo e retropé e melhorar a função em


alguns pacientes, a artrodese pantalar, tanto como um procedimento
isolado como estagiado, é uma operação difícil e grandes complica-
ções são frequentes. Seja qual for o procedimento escolhido, um
rígido controle glicêmico é fundamental para obtenção dos melho-
res resultados.

SUPLEMENTAÇÃO DO ENXERTO ÓSSEO

Existe uma variedade de opções para a suplementação do enxerto


ósseo utilizado no local da artrodese. Cada técnica presta-se a um
determinado tipo de enxerto. Uma pergunta válida é se o enxerto
ósseo suplementar é realmente necessário. Certamente, para defeitos
ou grandes perdas ósseas no local da artrodese, o enxerto ósseo de
algum tipo é vantajoso. Em outros casos, onde as superfícies espon-
josas saudáveis são opostas, geralmente a suplementação não é
necessária. A fonte mais simples de enxerto ósseo é colhida da fíbula
ressecada na abordagem transfibular (Técnica 11-4). Se a fíbula não
B
for utilizada como enxerto aposicional, um pequeno escarificador
ou fresa acetabular pode se r aposto por sobre a fíbula antes da sua
ressecção, para produ zir um enxerto ósseo moído. Na técnica que
emprega a mini-incisão (Técnica 11-3), geralmente preenchemos
qualquer espaço articular remanescente com enxerto ósseo extraído
da tíbia proximal. White-house et ai. descreveram a colheita de
enxerto ósseo da tíbia proximal para a artrodese de pé e tornozelo.
As vantagens sugeridas quando se utiliza a tíbia proximal como uma
fonte de enxerto ósseo incluem a sua posição no campo operatório
e o pouco sangramento propiciado pelo uso do garrote pneumático.
Em 131 pacientes sub metidos a 148 procedimentos (principalmente
artrodese tripla, 40%; artrodese subtalar, 26%; e fusões do médiopé,
23%), utili zando autoenxertos da tíbia proximal, 96% não sentiram
nenhuma dor no local da colheita do enxerto e 4% tiveram apenas
uma dor muito suave com atividades como a de se ajoelhar. Wheeler
et ai. descreveram o uso de uma broca de baixa velocidade para criar
uma "pasta fluida" de osso e encontraram melhores taxas de fusão
em seus pacientes. Quando a fixação da haste intramedular é usada,
um alargador-irrigador-aspirador (RIA, do inglês, reamer-irrigator-
-aspirator) pode ser utilizado para coletar osso do retropé ou da
diáfise da tíbia durante a fresagem (Cap. 53). D

IUdlhf411m Tipos de enxerto ósseo utilizados nas artrodeses


do tornozelo. A, Bloco de enxerto ósseo tricortical em formato
ENXl;RTO ÓSSEO RETIRADO
de cunha, interposto entre a tíbia e o tálus. B e C, Enxerto desli-
DA TIBIA PROXIMAL zante impactado em túnel no colo ou na cabeça do tálus. D,
Enxerto ósseo central inserido no furo feito através do tornozelo.

---------'~
TÉCNICA
(WHITEHOUSE ET AL.)
Embora a crista ilíaca não seja utilizada com a mesma frequên-
•Prepare e cubra o membro inferior, deixando a tíbia pro- cia como uma fonte de enxerto como no passado, pode ser impor-
ximal exposta. Aplique e infle um garrote pneumático na ta1ite caso os implantes de joelho ou um processo patológico em
coxa, a menos que seja contraindicado. torno do jo elho impeçam o uso da tíbia proximal, ou em casos
•Faça uma incisão longitudinal ou oblíqua imediatamente difíceis, em que um transplante autólogo parece mais apropriado.
lateral à tuberosidade da tíbia. A variedade de técnicas de enxerto ósseo descritas na literatura pode
•Faça uma incisão na fáscia, separe o músculo por meio ajudar na adaptação à artrodese do tornozelo em muitas situações
de dissecção romba e utilize um elevador periosteal para distintas. Um bloco de enxerto ósseo tricortical da crista ilíaca,
expor o osso subjacente. dividido cuidadosamente em duas tábuas, permite a preparação de
•Use um osteótomo de 1 cm para cortar uma janela retan- duas cunhas ósseas com 2,5 cm que podem ser interpostas entre a
gular de aproximadamente 2 cm x 1 cm, e colha o osso tíbia e o tálus, com o lado esponjoso voltado de frente para a base
esponjoso com curetas. da tíbia (Fig. l l-21 A). Um enxerto deslizante, com cerca de 2 cm de
•Recoloque a tampa do osso e feche o ferimento. largura, l cm de profundidade e 8 a l O cm de comprimento, pode
ser retirado da face anterior, lateral ou medial da tíbia e impactado
CAPÍTULO 11 ARTROD ESE DE TORNOZELO &li
num túnel criado dentro do colo do tálus (Fig. ll-21B) ou base talar DOR E ARTROSE NAS ARTICULAÇÕES
(Fig. ll -2 1C) . Um enxerto ósseo ce ntral (Fig. ll- 21D) tem sido ADJACENTES
recomend ado para fac ilitar a artrodese do tornozelo em situações
difíceis e desfavoráveis como as dos pacientes com tuberculose ou O desenvolvimento de artrose nas articulações adjacentes, priiicipal-
reumatoides. O furo feito através do tornozelo também pode ser mente na articulação subtalar, tem sido observado por vários autores,
preenchido com enxerto ósseo esponjoso da crista ilíaca. Os maléo- mas a real necessidade de tratamento dessas articulações é discutível.
los media l e lateral podem ser utili zados como enxertos ósseos locais Certamente, em alguns pacientes o desenvolvimento de artrose nas
ou acrescentados como enxer tos aposicionais. Enxertos ósseos livres articulações adjacentes é doloroso e requer órtese ou intervenção
autóge nos vascularizados podem ser utili zados para a reconstru ção cirúrgica com artrodese; no entanto, geralmente essas articulações são
dos tornozelos com grande perda óssea segmentar causada por assintomáticas e nenhum tratamento adicional é necessário. Em
osteomielite, tumor ou traumatismo. pacientes com artrose pantalar antes de realizar a artrodese do torno -
Os substitutos de enxertos ósseos vêm sendo amplamente utiliza- zelo, devem-se considerar todas as alternativas de tratamento, entre
dos e esses grupos de bicompostos sintéticos ou de aloenxerto são elas a artroplastia. O que complica o tratamento da aTtrose subtalar
discutidos no Capítulo 53. Não há, no momento, nenhum estudo ran - dolorosa após a artrodese do tornozelo é a perda na altura com a
domi zado nível 1 que compare o autoe nxerto com qualquer produto artrodese subtalar compressiva, o que pode deixar o retropé em ligeira
disponível no mercado para o uso na artrodese do tornozelo. Embora posição equina. Uma pequena cunha de enxerto ósseo estruturado
a ciência básica por trás de muitos desses produtos seja sólida, continua tricortical deve ser considerada nesses casos para evitar complicação,
a dúvida sobre se os resultados sustentarão a conversão do autoenxerto mas provavelmente aumenta a chance de pseudoartrose.
para esses produtos. Nós os usamos com frequência para preencher
falhas ósseas quando não há possibilidade de utilizar autoenxerto.
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apenas cinco das 19 extremidades com retardo de consolidação no pé des is, ] Foat Ankle Surg 49:57 1, 20 1O.
e tornozelo. Melhores resultados foram relatados com a revisão de D eGroot H 3rd, Uzunishvili S, Weir R, Al-omari A, Gomes B: Intra-articul ar
artrodese: 75% a 94% de índice de consolidação após a revisão. Apesar inj ection of hyaluroni c acid is not su perior to saline solution inj ection
da atenção aos detalhes no controle desses pacientes, alguns irão for ankle arthritis: a randomized double-blind, placebo-controlled study,
exigir nova operação com enxerto ósseo e fixa ção mais estável. ] Bane ]aint Surg 94A:2, 201 2.
@jJ.t PARTE IV PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE TORNOZELO EM ADU LTOS

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PARTE

t
PROCEDIMENTOS DE ARTROPLASTIA REVERSA REABILITAÇÃO APÓS
RECONSTRUÇÃO DO DO OMBRO 549 ARTROPLASTIA DO OMBRO 558
OMBRO 532 Indicações 549 PROCEDIMENTOS DE
HISTÓRICO 532 549 RECONSTRUÇÃO DO
Técnica Cirúrgica
ANATOMIA E BIOMECÂNICA 533 COTOVELO 559
Resultados 550
DESENHOS E MODELOS DAS
ENXERTO ÓSSEO DA GLENOIDE 551 ANATOMIA E BIO MECÂNICA 559
PRÓTESES 53 6 TIPOS DE ARTROPLASTIA 561
COMPLICAÇÕES DA ARTROPLASTIA
APRESENTAÇÃO CLÍNICA E Artroplastia de Desbridamento 562
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 537 DO OMBRO 552
Artroplastia de Interposição
PLANEJAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO 538 Complicações lntraoperatórias 552
(Fáscia) 564
HEMIARTROPLASTIA 540 Complicações Pós-operatórias 554
Artroplastia de Ressecção e com
Indicações 540 Complicações da Artroplastia Prótese da Cabeça do Rádio 567
Técnica Cirúrgica 540 Total Reversa do Ombro 556 ARTROPLASTIA TOTAL DO
Resultados 543 REVISÃO DA ARTROPLASTIA COTOVELO 570
Hemiartroplastia Modificada - DO OMBRO 557 Indicações 570
Artroplastia de Interposição e Indicações 557 Técnica Cirúrgica 571
Glenoplastia (Ream and Run) 543 Resultados 558 Resultados 574
Hemiartroplastia de Recobrimento OUTRAS OPÇÕES CIRÚRGICAS Complicações 575
da Cabeça Umeral (Resurfacing) 543 POR FALHA NA ARTROPLASTIA TOTAL PROCEDIMENTOS
ARTROPLASTIA TOTAL DO OMBRO 544 DO OMBRO 558 "DE SALVAÇÃO" 575
Indicações 544 Hemiartroplastia 558 Revisão da Artroplastia do
Técnica Cirúrgica 545 Artroplastia de Ressecção 558 Cotovelo 575
Resu ltados 547 Artrodese Glenoumeral 558 Artroplastia de Ressecção 576

por um a pró tese de platina e borrac ha (Fig. 12- 1). No in ício de


PROCEDIMENTOS DE 195 0, Neer ap resento u uma prótese de ca beça do úm ero qu e
RECONSTRUÇÃO DO OMBRO planejava usar nas fr aturas compl exas do omb ro. Em 195 1, ele
relato u se us res ultados iniciais da sub stituição da ca beça do
A substituição protética da articulação glenoum eral tem demons- úm ero po r um a p rótese n ão constrita de li ga de cobalto e cromo
trado ser uma alternativa efic az no trata mento das diversas condi- (Vi tálio ). Em 1974 foi apresentada a pró tese Nee r II, modi fi ca da
ções dege nerativas qu e afet am o ombro. Emb ora menos comum para adaptação do componente na glen oid e. A art ro plas ti a total
qu e artroplas ti as do qu adril e joelho, vá ri os es tud os de acompa- do omb ro arti cul ada e constrita para pacientes com perd a do
nham ento prolongado demonstraram melhora na dor e fun ção e man guito ro tador, m as com músc ulo delto ide fun cional, fo i
excelente lo ngevidade. Confo rme aum enta a experiência com a popular n o início de 1970, mas abandon ada devido ao sucesso
ar tropl astia primária, melhoram também as técnicas de revisão. Na limitado.
última déca da, o surgimento da artrop las ti a total reversa do ombro Os compo nentes glenoidais fora m projetados in icialmente
se to rn ou mais uma opção para o trata mento de pacientes com para fixação sem cimento, usando parafu sos e base de metal com
patologias glenoumerais assoc iadas à disfun ção do manguito revestime nto p oroso (metal-back) para apoio da co ncha em
ro tador. Es te capítul o irá discutir as indicações, técn ica cirúrgica, poli etileno. Estudos de lo ngo prazo m ostraram altos índices de
resultados e compli cações da artroplasti a do omb ro. complicações e, por isso, essas próteses fo ram aba ndo nadas. Na
década de 1990 fo ram enfa tizadas a res tauração da cinem áti ca
normal com reco nstru ção an atômica e orientação da supe rfíc ie
HISTÓRICO arti c ul ar da glenoide, técni cas p ara melh orar o balanço de tecidos
moles, e esta bilização fisiológica da ar ticul ação. Recentem ente,
A descrição mais anti ga que se co nh ece da art roplas ti a do ombro as pesquisas se concentram em m étodos para redu zir o desgaste
data de 1893 , quand o um cirurgião francês, Péa n, subs tituiu a e a soltu ra da glenoide, qu e co ntinuam a ser causas comuns de
articulação glenoum eral totalmente compro metida pela tub erculose, fa lhas tardi as.

532
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO E!ll
ANATOMIA E BIOMECÂNICA em torno de 50 graus. Estudos com TC demonstraram que a posição
normal da superfície da glenoide em relação ao eixo do corpo da
A anatomia da artic ulação do omb ro permite mais mobilidade que escápula varia de 2 graus de anteversão a 7 graus de retroversão.
qualquer outra ar ticul ação do co rpo. Embora geralmente descrita A margem superi or da superfície articular da cabeça umeral
como uma articulação de "bola e soquete", a cabeça um eral grande normalmente é 8 a 10 mm superior ao topo do tub érculo maior (Fig.
se articula em co ntato com a pequena cavidade da glenoide e não 12-2). A restauração do ce ntro de rotação da cabeça umeral, em
recoberta pela mes ma. A articul ação glenoumeral depende dos esta- relação ao eixo da diáfise do úmero, pode ser fundamental no pro-
bilizadores estáticos e dinâmicos para movimentos e estabilidade, longamento da fixação da glenoide e diminuir o desgaste do polie-
especialmente o manguito rotador, que não só estabiliza a articu la- ti leno. A di stân cia da base lateral do processo coracoid e até a
ção, per mitindo amp la mobilidade, mas também mantém o fulcro margem late ral do tub érculo maior é chamada de deslocamento
da extremidade superior, contra o qual o deltoide pode se contrair latera l do úm ero (lateral humeral offset) . Manter essa distância é
e elevar o úmero. Porém, o manguito rotador deve agir simultânea importante, pois sua diminuição significativa reduz os braços de
e sinergicamente com o músculo deltoide para uma função normal. alavanca dos músculos deltoide e supraespinal, perdendo força
A restauração da anatomia glenoumeral é esse ncial para um de abd ução e comprometendo a função. O seu aumento sig nificativo
bom resultado funcional. Estudos anatômicos têm definido melhor a ca usa tensão excessiva sobre os tecidos moles (overstuffing), o que
geometri a do úm ero, sendo aplicados aos modelos de implantes e às tamb ém res ulta na perda de mobilidade. Um estud o biomecânico
técnicas cirúrgicas de artroplastia do ombro (F ig. 12-2 e Tabela 12-1). em cadáveres demonstrou que o mau posicionamento artic ul ar do
A superfície articu lar da cabeça umeral é essencialmente esférica, com úmero em mais de 4 mm aumentou o contato subacrom ial, e a
um arco de aproximadamente 160 graus coberto por cartilagem arti- alteração do ojJset de 8 mm em qualquer direção dim inuiu sign ifi -
cular. O raio de curvatura é de aproximadamente 25 mm e é um ca ti vame nte a amplitude de mobilidade passiva. Os autores reco-
pouco maior nos homens que nas mulheres. O raio de curvatura da mend am que a reco nstrução anatômica do offset deve estar dent ro
superfície articu lar da glenoide é 2 a 3 mm maior que o da cabeça de 4 mm do normal para minimizar o co ntato subacromial e maxi-
umeral. O ângulo cérvico-d iafisário médio é de 45 graus (±5 graus), m iza r a mob ilidade glenoumeral.
podendo va riar de 30 a 50 graus. Murthi et al. descobriram que, em Com base no sucesso clínico da prótese de Neer II, vá rios
ombros com a rtro se, o ângulo cérvico-diafisári o é mais plano, mod elos modu lares foram desenvolvidos para melhorar a fixação
e a d urabi li dade da prótese. Estudos detalhados da anatomia do
ombro na década de 1990 descobriram não só que a anatom ia
normal do ombro é dife rente da anatomi a da s próteses usada s,
TABELA ~ Características Anatômicas mas também que a ana tomia normal varia muito entre os indi-
~ Importantes do Ombro víduos. A modular idade permite um ajuste melhor para os pacien-
para o Modelo da Prótese tes, pois vários tamanhos de hastes e cabeças podem ser comb inados
e testado s para a anato mi a individ ual. Es tud os biomecânicos
Diâmetro da glenoide
também demostraram qu e a biomecânica do ombro é a lterada
Anteroposterior superior 18-30 mm
Anteroposterior inferior 21-35 mm com uso de um impl ante na cabeça um eral muito grossa, muito
Superoinferior (altura) 30-48 mm fina ou muito deslocada da sua posição ori gin al em re lação ao
Inclinação plano do co lo anatômico do úmero. Como recomendação gera l,
Glenoide Média : 4,2 graus (-7 a 20 o compone nte cabeça umeral deve estar dentro d e 4 mm da
graus) · espessura or igin al.
Cabeça do úmero 30-55 graus Outras ca racterísticas da anatomia do ombro importantes para
Versão o desen ho da prótese são a retroversão, o ângulo cérvico-di afisário,
Glenoide 1,5 grau de retroversão offset, raio de curvatura e altura da cabeça umeral. A retroversão
(10,5-9,5 graus de proximal do úmero é muito variável, podendo se r de O a 55 graus,
anteversão) depend endo do método uti li zado para a medição. Os ei...-.cos proximal
Cabeça do úmero 0-55 graus de retroversão e distal utili zados para definir a retroversão têm várias definiçõ es.
(dependente do método Para o eixo proximal têm sido utilizados o plano da superfície art i-
de medição; altamente
cular, tra ça ndo- se um a linha que une o centro de rotação e o ponto
variável entre
central da superfíci e articular, e uma linha a partir do tubérculo
indivíduos)
maior até o ponto central da superfície articu lar. Para o eixo de
Área da superfície
referência dis tal se usa o eixo troclear, com uma linha entre os epi-
Glenoide 4-6 mm
Cabeça do úmero 11-19 mm côndilos e o eixo do anteb raço. A inclinação da superfície articular
proximal do úmero em relação ao eixo umeral é o ângulo cérvico-
Espessura da cartilagem
Glenoide 2, 16 mm -diafisário, que varia de 30 a 55 graus, dependendo do método de
Cabeça do úmero 1,44 mm medição. O ojJset umeral define a posição da superfície articul ar
Raio de curvatura proximal do úmero em relação à di áfise umeral, que é medida como
Glenoide 22-28 mm a distân cia do centro de rotação da superfície articular proximal do
Cabeça do úmero 23-28 mm (menor nas úmero em relação ao eixo central do canal umeral. O offset medial
mulheres que nos (p lano coronal) varia de 4 a 14 mm, e o offset anteroposterior (plano
homens) transversa l) va ria de -2 a 10 mm. Os valores relatados para o raio
Deslocamento do úmero (offset) de curvatura da superfície articular do úmero proximal va ri am de
Medial (coronal) 4-14 mm 20 a 30 mm. Raios menores são descritos normalmente em mulhe-
Posterior (transverso) -2 a 1O mm res, e alguns autores descreveram raios de curvatura maio res no
Ângulo cabeça-diáfise 30-55 graus plano coronal que no plano sagital.
llli9 PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADU LTOS

f
Péan* 1893
Neer* 1951 Artroplastia total do ombro
Hemiartroplastia - Não constrita (ATO -Artroplastia Total
do Ombro) - Constrita

Endoprótese umeral ~-----~------ Charnley-ATU (Artroplastia Total Umeral)

Não Constritas Semi constritas

Neer li (Clones do tipo Neer) DANA (Designed After Natural Anatomy -


Desenhada para reproduzir anatomia normal desenhada conforme anatomia normal))
Endo ou ATO Glenoide com maior cobertura (Hooded)

Artroplastia tipo "taça" lnglês-MacNab


Jónsson (metal), Varian, Modelo não cimentado
(taça em silicone), O'Leary-Walker Glenoide profunda e maior cobertura
(metal) inclui um componente
da glenoide opcional
Mazas
DANA (UCLA) e Exemplifica qualidades de todos os
monoesférica (Gristina) três métodos para semiconstrição
Os sistemas exigem maior ressecção da endoprótese umeral :
óssea e têm mais constrição no • Maior cobertura
componente da glenoide • Glenoide fisicamente conectedada
ao acrômio; age como espaçador
• Glenoide profunda age como "taça",
St. Georg acomodando a cabeça do úmero
Usada principalmente na Europa; Endo ou ATO

lsoelástica "Espaçador" Clayton


Prótese para ombro usada Dispositivo de polietileno projetado para
principalmente europeu; manter um espaço entre a cabeça
Endo ou ATO e o acrômio

Bipolar
Bateman , Swanson, MacNab Neer com maior cobertura
Dispositivo fácil de usar, preenche toda Modelos: 200% e 600 % de
a glenoide; teoricamente oferece mais componentes da glenoide
mobilidade com menos tensão na glenoide 600%

St. Georg com


maior cobertura

Modelos tipo Neer Bipolar


Menos constrição, Desenhada para
modularidade para deficiências extensas
oferecer melhor equilíbrio do manguito rotador
de partes moles e evitar ou falha após ATO
forças tensionais constrita
excêntricas da glenoide
Fixação tipo press-fit,
cimentada ou osteointegração

No final , parece que o modelo original de Neer é Alguns desses modelos ainda podem estar disponíveis;
tão semelhante à "ATO moderna" quanto a ATU no entanto, eles seriam difíceis de encontrar. A relação
inicial de Charnley é semelhante à "ATU moderna. " risco-benefício é desfavorável quando se leva em consideração
a melhora funcional co mparada ao aumento das complicações.

*Em exposição no Museu Smithsonian.

H@ilf41f19 Árvore genealógica das próteses do ombro. (Adaptada de Gross RM: The history of total shou lder arthroplasty. ln Crosby LA,
editor: Total shoulder arthroplasty, Rosemont, IL, 2000, American Academy of Orthopaedic Surgeons.)
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO cm

Constritas t

Tipo "Bola e soquete" "Bola e soquete" Reversa

ATO Triesférica ATO Tipo "Soquete flutuante"


Notavelmente similar à ATO original de Péan Reversa bipolar, bem como reversa
A ampla mobilidade desse modelo minimiza tipo "bola e soquete"
a tensão nos pontos de fi xação ósseos
Ponto de apoio flutuante era um problema

ATO de Fenlin
Fenlin e o "Soquete flutuante" são ambas
Bickel, Michael Reese, Modelo reversas tipo "bola e soquete" com
BME (Alemanha) e Stanmore (Inglaterra) cabeça grande, visando aumentar
Esses quatro dispositivos são do tipo a mobilidade
Michael "cabeça capturada"
Reese Quebra, luxação e soltura da glenoide
foram complicações muito frequentes Neer Mark Ili
Michael Reese e BME são de Reversa tipo " bola e soquete" com ponto
metal sobre polietileno de apoio fixo, com haste de rotação
Originalmente Stanmore era de metal dentro da diáfise do úmero
sobre metal, sendo mais tarde
alterado para metal sobre polietileno
Kessel
Fixação com parafuso central grande do
componente da glenoide, sem cimento

ATO de Kõlbel
Fixação do parafuso na glenoide
Stanmore semelhante à fi xação original de Péan

ATO de Liverpool
Cimentada mini "ATH reversa"

Delta Ili
Único modelo sobrevivente,
montagem na superfície
da glenoide não cimentada

to desenvolvimento, bem como a falha das ATO constritas, foi resultado de dois falsos detalhes:
(1) a maioria dos pacientes com artrose teria o manguito rotador deficiente, e
(2) a função do manguito rotador poderia ser substituída efetivamente por um ponto de apoio fixo.

li@il;@lfliC.JU
- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADU LTOS

F e que o ombro substituíd o não está suj eito às mesmas situações


G ci nemáti cas. No entanto, o posicionamento muito superior da

E
- H
cabeça produz tensão sobre o tend ão supra espinal superiormante,
podendo causar im pacto entre a cabeça e o acrômio. O posiciona-
mento muito in ferior da cabeça pode ca usar contato entre o tub ér-
culo maior e o acrômio ou um impacto interno no rebordo da
glenoide. O posicionamento da cabeça muito anterior ou posterior
D
M pode resultar no contato entre o colo do úmero e a borda da gle-
noide correspondente, e tensão excessiva nos tendões subescapular
ou do manguito posterior. A maioria do s sistemas atuais ofe rece
cabeças um erais deslocadas 3 ou 4 mm; algu ns permitem altera-
ções discretas no posicionamento, e outros permitem rotação livre
em torno da guia.
A m aioria das hastes pode se r inserida com técnica sobre
N
pressão (press -fit) ou cimentada. Em um estudo em cadáveres, o
mi cromovim ento se mostrou significativamente menor com
cimentação proximal quando comparado à técnica por press-fit;
não houve diferen ça entre cimentação proximal ou completa, e a
ci mentação completa não aumentou a estabilidade rotacional
co mparada à proximal. Sanchez-Soteia et ai. demonstraram qu e
em 72 próteses de Neer II não cimentadas, 40 (55,6%) tinham
ri sco de soltura em m édia nos primeiros 4 anos de acompanha-
O@iimimm. Relações glenoumerais normais. O offset do úmero
mento, comparados a apenas uma (2%) de 43 próteses cimentadas
é representado pela distância de F a H, a espessura da cabeça do
em acompan hamento por mais de 6 anos. Soltura com implicação
úmero de B para C, e o centro da cabeça do úmero em C. Observe
clínica do componente um eral é incomum, independentemente
a posição superior da cabeça do úmero proximal ao tubérculo
dos métodos de fixação.
maior (D a E) .
Os componentes da glenoide em polietileno cimentados con-
tinu am sendo os mais utili zados, mas a maioria tem atualmente um
raio de curvatura maior em relação ao da cabeça umeral (2 a 6 mm
A substituição anatômica do tamanho da cabeça e pos1çao maior), permitindo translação durante o movimento e diminuindo
umerais visa restaurar a biomecânica nor mal do ombro. O aumento a carga nos rebordos. Vários estud os têm mostrado que a translação
da espess ura da cabeça um eral em 5 mm reduz a amplitude do acompan ha a rotação glenoumeral após artroplastia total do ombro.
movimento em 20 a 30 graus, enquanto a diminuição da espess ura Tal translação em uma articulação perfeitamente congruente pode
em 5 mm pode diminuir o movimento em um a quantidade similar, ter um potencial maior para desgaste e soltura localizados (efeito
reduzindo o arco de superfície disponível para o movimento dife- "cavalo de balanço"); no entanto, aumento na soltura do polietileno
rencial entre a cabeça do úmero e a glenoide. não tem ocorrido quando os raios de curvatura do componente da
glenoid e e da cabeça umeral são adap tados dentro de 2 mm. Em um
estudo multicêntrico de 319 artroplastias totais do ombro usando-se
DESENHOS E MODELOS DAS PRÓTESES mes mo tipo de prótese, Walch et ai. notaram menos radiolucências
em discrepâncias entre os diâmetros da glenoide e da cabeça do
A maioria dos sistemas atuais é modular, com diversos diâm etros de úm ero maiores que 5,5 mm (6 a 10 mm). Concluíram que o limite
cabeça e co mprimentos de colo possibilitando a cobertura mais sup erior de discrepância não pôde ser determinado, porém quando
precisa da superfície cortada no colo umeral e reestabelecendo a maiores podem levar ao aumento da translação, desgaste acelerado
posição correta da linha da articu lação. Alguns mod elos permitem do polietileno e à fratura. A opinião atual sugere que a glenoide com
a escolha independente da espessura e di âmetro da cabeça para raio de curvatura de 2 a 4 mm maior que a cabeça umeral permite
tornar mais fácil o equilíbrio das partes moles. A maioria das hastes a translação normal durante a rotação, sem sobrecarga nos rebordos
é feita de liga de cobalto e cromo e tem revestimento proximal ou risco de soltura (Fig. 12-3) .
poroso e aletas proximais para a estabilidade rotacional. O componente maior da glenoide ca usa aumento da força
Co m intuito de reestabelecer a anatomia do úmero proxi- por unid ade de área, o que parece aumentar o risco de desgaste
mal ao mais próximo do normal , vários sis temas de próteses ace lerado do polietileno, porém esse risco não fo i observado
oferecem cabeça do úm ero co nc êntri ca e deslocada . Em um clinicamente. Apesar di sso, co mponentes maiores têm sido
es tudo anatômico, Boileau e Walch descobriram que o ce ntro associados à melhor estabilidade. Em um estudo biomecân ica,
da cabeça do úmero é afastada 2,6 mm posterior e 6,9 mm Tammachote et ai. demonstraram aumento na estabilidade co m
medi a l ao centro da diáfise um era l, e Robertson et ai., usa ndo tamanhos crescentes de co mpon entes da glenoide. Especifica-
tomografia comput adori zada (TC), obse rvara m medi ções simi - mente, a estabilidade no plano transversal melhorou 17% entre
lares de 2,2 mm e 7,4 mm. os compo nentes pequenos e médio s e 10% entre os componen-
O posicionamento anatômico da prótese da cabeça um eral é tes médios e grand es.
faci litado usa ndo-se guia de bloqueio excê ntri co, permitindo Atualmente, os comp onentes da glenoide em polietileno são
ajustes no offset medial ou posterior. Curi osamente, a cinemática mais usados e geralmente são cim entados. Um estudo biomecâ-
pós-operatória após artroplastia total do ombro não é reprodu zida ni co demonstrou qu e mod elos em polietileno cimentados tivera m
como no ombro original. Massimini et ai. descobriram qu e o qua - um padrão ge neralizado de tensão mais próximo ao de uma gle-
drante posteross up erior da glenoid e é o local de contato primário, noide normal, quando co mparados a componentes de metais não
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO -

anterior ao plano central do componente, diminui as forças de


tração e compressão sobre o manto de cimento e pode ajudar a
compensar os efeitos de um manguito rotador deficiente.

APRESEN~AÇÃO CLÍNICA E AVALIAÇÃO


RADIOGRAFICA
O aspecto clínico da degenera ção glenoumeral avançada foi 1111 -
cialmente descrito por Neer. Os pacientes geralmente apresentam
dor difusa ao redor do ombro, com difi cu ldade para real ização das
atividades acima da cabeça e, muitas vezes, atividades cotidianas.
No exame físico pode ser observada perda na amplitude de movi-
mentos passivos e ativos, e os pacientes podem ter sido diagnosti-
cados previamente com capsulite adesiva. Nos pacientes com
tendões intactos do manguito rotador geralmente a força é preser-
vada, mas pode estar diminuída pela dor. Crepitação palpável
muitas vezes pode ser obtida com a rotação interna e externa
passiva da articulação glenoumeral. A articu lação acromioclavicu -
lar e o tendão do bíceps devem ser avaliados cuidadosamente, pois
a degeneração acrom ioclavicular sintomática e/ou tendinite do
bíceps podem estar presentes.
As radiografias- padrão incluem as incid ências anteropos-
terior com inclinação oblíqua posterior de 40 graus em posição
neutra, rotação interna e externa, bem co mo incidência axilar.
Radiografias do ombro e úmero normai s contralatera is são úteis
em situações específicas, tais como em casos de próteses não
convencionais indicadas para deficiências ósseas do úm ero ou
ij[§i!;M1!19 A, Quando os raios de curvatura do componente gle noide.
da glenoide e a cabeça do úmero combinam entre si, a translação Os sinais radiográficos variam de acordo com o grau de
resulta em tensionamento da borda do componente da glenoide. evo lução no processo patológico do paciente. Os casos de
B, Um pequeno aumento no diâmetro da curvatura do compo- osteoartrite demonstram caracter isticamente esclerose subcon-
nente glenoidal em relação à cabeça do úmero permite um pouco dral e osteófito grande na porção inferior da cabeça umeral
de translação antes que ocorra o tensionam ento da borda. (Fig. 12-4). Esses osteófitos, também conhecidos como "barba
de cabra", são patognomônicos da degeneração glenoumera l
avançada. Eles podem aumentar a cabeça umeral em até o dobro
do se u tama nho normal, resultando e m distensão capsular. A
instabilidade posterior causada po r essa distens ão capsular e a
e ros ão da glenoide posterior podem exigir a capsuloplastia ou
enxerto ósseo no momento da a rtropl astia do ombro. Isso é
mais comum em casos de artropat ia após caps ulorrafia. A dimi-
nuição do espaço articular, clássica nas osteoartrites do quadril
cimen tados (tip o metal-back). Em revisão de 408 ar tropl ast ias do e jo elho, não é comumente vista no ombro mesmo nos casos
ombro usando-se componente padrão da glenoide, aco mpanha- mais tardios do processo da do ença, devido à posição sem carga
dos por mais de 2 anos, Neer demonstrou que ape nas três (0,07%) durante realização das radiografias. A incidência axilar n orm al-
necessitaram reoperação por soltura da glenoide. Mais recente- mente demonstra a subluxação posterior da cabeça um era l em
mente, Hopkins et ai. descobriram que a qualidade óssea é relação à glenoide, e um padrão de desgaste posterior na gle-
importante para fixação sólida do co mponente da glenoide. noide pode estar presente (Fig. 12-5). Esse padrão é visto com
Também ressaltaram a importânc ia do posicionamento correto mais frequ ência em casos avançados de artrite pós-traumát ica e
da prótese. osteonecrose. Pacientes com artropatia após capsulorrafia têm
Os componentes da glenoide em poli etileno geralmente têm aparência radiográfica semelhante, exceto pelos corpos li vres e
uma quilha única central ou deslocada, ou vários pinos de fixação osteófitos, que tendem a ser mais comuns e numerosos (Fig. 12-6)
(pegs) na superfície do implante. Estudos biomecânicos não demons- que n a osteoartrite-padrão.
tram claramente a superioridade de um ou outro, mas evidências Consolidação viciosa de fraturas do úmero proximal pode
sugerem uma vantagem para modelos tipo peg. Lacroix, Murphy e dificultar a artroplastia do ombro, às vezes exigindo osteotom ia.
Prendergast, usando modelo tridimensional e análise de elementos Consolidação viciosa em varo entre a cabeça e a diálise pode com-
fin itos, descobriram que as tensões ósseas não foram muito afetadas plicar o posicionamento dos componentes, mas a osteotomia
pelos modelos das próteses, exceto na ponta do pino ou qu ilha geralmente é desnecessária, pois os novos modelos de haste "mini"
central. Concluíram, no entanto, que as próteses tipo peg foram e "micro" permitem a acomodação dessas deformidades. Na con-
melhores para osso normal, enquanto componentes com quilha solidação viciosa dos tubérculos maior ou menor, osteotomia pod e
foram melhores nos ossos de pacientes com artrite reumatoide. ser necessária para reposicionar os mes mos, se estiverem muito
Murphy et ai. sugeriram que uma quilha deslocada (modelo UCLA), mal posicionados.
llliI) PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

manguito rotador são mais com uns em pacientes com artrite


reumatoide que em pacientes com osteoartrite: lesões completas
do man guito rotador são observadas em 25% a 50% dos pacien-
tes subm etidos à artrop las tia do ombro. A maioria dessas lesões
é sup erior.
Ressonância magnética (RM) pode ser um complemento
útil nessa população. Nos paci entes com perda de força pela dor
da ar trose ou por ruptura no manguito rotador, a RM ajuda a
determinar a qualidade dos tendões. Considerando que a tendi-
nopatia do manguito rotador é comum nesses casos, as rupturas
completas são raras e presentes em cerca de 10% apenas dos
pacientes . A RM demonstra ain da degeneração avançada típica
da cartilagem além de outros achados, incluindo alterações do
sub escapul ar e alterações degenerativas no tendão do bíceps.
Aumento no vo lume caps ular posterior e encurtamento capsular
ante rior também são alterações comuns. Finalmente, em pacien-
tes com osteonecrose pré-colapso, a RM é útil para visualizar a
área de osso necrosado, e ge ralm ente é a melhor ferramenta para
definição do diagnóstico (Fig. 12-7).
A TC é importante na avaliação e planejamento pré-op era-
tório para pacientes com degeneração glenoumeral avançada.
Demonstra de forma excelente o es toque ósseo e o padrão de
desgas te na gle noide, esse ncial para determinar se o componente
padrão da glenoide pode ser usado ou se enxerto ósseo será
necessá rio. Corpos livres podem ser vistos nos recessos axilar ou
sub escap ular ou aderidos à membrana sinovial. No caso de con-
solid ações viciosas ou pse udoartroses, reconstrução tridimensio -
nal ajuda demonstrar de forma mais precisa as deformidades e
defeitos ósseos antes da cirurgia . Artrotomografia é útil para
ava li ar a arquitetura óssea do ombro e do manguito rotador em
pacientes com contraindicações para a RM.

PLANEJAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO

Uma vez confirmado o diagnóstico da a rtrose glenoumeral avan-


çada e qu e haja o consentimento por parte do paciente em se
subm eter à artroplastia do ombro, o p lanejamento pré-operató -
rio inclui a ava liação cu id adosa das radiografias e TC, quando
solicitadas. Co mo descrito a nteriormente, a TC demonstra cla-
ramente o estoque ósseo e o padrão do desgaste na glenoide.
Definir essas alterações no pré-operatório permite ao cirurgião
se preparar para a possibilid ade da necessidade de enxerto ósseo
ou reconstrução da glenoide para correção da subluxação da
cabeça um eral. Sistemas de modelos impressos (templates) às
vezes estão disponívei s para raios X digitali zados, permitindo ao
cirurgião planejar o tamanho e a posição dos componentes do
úmero e da glenoide.
H(êjii;f41!19 Radiografia demonstrando esclerose subcondra l Para otimizar a precisão no posicionamento dos componen-
e osteófitos grandes na face inferior da cabeça do úmero ("barba
tes, alg un s autores têm defendido o uso de equipamentos de
de cabra"); são patognomõnicos da degeneração gle noumera l navegação cirúrgica . Em um es tudo randomizado em cadáveres,
avançada .
comparando a colocação do componente do modo tradicional
e via técnica assistida por computador, os componentes da gle-
noide colocados com o auxílio do computador foram posicionados
com um a precisão significativamente maior, com base em TCs
pós-operatórias. O erro mais comum com a técnica de impl an -
Pacientes com artrite inflamatória geralmente não demons- tação tradicional foi a retroversão excessiva do componente da
tram osteófito inferior nas radiografias, ao contrário, demonstram glenoide. Resultados semelh antes foram encontrados em um
padrão mais simétrico de estreitame nto do es paço art icu lar com estudo clínico, prospectivo e randomizado de 20 ombros . Apesar
osteopenia periarticular. O desgaste geralm ente é mais central na do aum ento significativo no tempo da cirurgia, a técnica de
glenoide, e a subluxação posterior da cabeça um eral é m enos navegação resul to u no posicionamento mais preciso dos compo-
comum. Alterações císticas tamb ém são com un s. Rupturas do nentes no plano axial.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO --

O@ii;tij1!19 Radiografia axilar e TC demonstrando artrose degenerativa avançada.

01§1@) ~ Imagem por RM demonstrando osteonecrose


pré-colapso.

O@IJ;tijl!J9 Radiografia demonstrando artropatia após cap-


sulorrafia; observe os inúmeros corpos livres e osteófitos.
do fluido da art iculação glenoumeral, observando-se a cultura por
pelo m e nos 8 dias para isolar o Propionibacterium acnes, são
essencia is quando há suspeita de infecção. Estudos com eletro-
Em pacientes que se subm eteram à cirurgia prévia do ombro, miografia e condução ner vos a devem se r obtidos no pré-opera-
a infecção pode ser avaliada por testes laboratoriais, incluindo tório para pacientes co m suspeita de deficiência neurológica.
volume de hemossedimentação (VHS), proteína C- reativa (PCR), Finalm ente, a liberação clínica pré-operatória deve ser confir-
hemograma completo e níveis de interleucina-6. Aspiração e cultura mada nessa população, que ge ralmente é idosa.
- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTO S

HEMIARTROPLASTIA

• INDICAÇÕES
A indicação predominante para a hemiartroplastia do ombro é a
degeneração arti cular em es tádio final no paciente com contrain-
di cação para substituição da sup erfíci e ar ticular da glenoide. As
evidências indicam que a artroplast ia total do ombro é sup eri or à
hemi artroplastia em relação à dor, função, nível de atividade,
sobrevida em longo prazo e taxa de revisão, e, portanto, a glenoide
deve ser substituíd a sempre qu e possível. No entanto, trabalhado-
res jovens, pacientes com estoque ósseo insufic iente na glenoide
ou qu e realizam atividades de alto nível podem ser mais beneficia-
dos com hemiartroplastia. Além di sso, lesões no manguito rotador
continuam a ser uma contraindicação para substitui ção da gle-
noide. Embora tenham sid o relatados excelentes resultados quanto
ao alívio da dor e à melhora mode rada na função e m obilidade
após artroplastia total do ombro em pacientes com lesões irrepa-
ráve is do manguito rotador, alguns estudos em longo prazo obser-
varam assoc iação entre soltura da glenoide e lesões irreparáveis do
manguito rotador. Forças de compressão excêntricas na glenoide
causadas pela migração superio r do co mpon ente um eral têm sido
citadas co mo uma das ca usas de soltu ra da glenoide ("efeito cavalo
h@il;@lfl9 Utili zar componente da cabeça umeral muito
grande resulta em tens ão excessiva na articulação, podend o
de balanço"). Willi ams e Ro ckwood relataram res ultados satisfató-
lim itar mobilidade e levar à ruptura das partes moles .
ri os em 86% dos pacientes com esta combinação de patologias em
um acompanhamento médio de 4 anos.
A hemiartroplastia também pode ser indicada em pacientes em
que a lesão extensa e crônica do manguito rotador tenha causado Deve-se evitar uma prótese de úmero com "cabeça grande'; o que pode
alterações degenerativas progressivas na arti cul ação glen oum eral causar uma tensão excessiva (overstujj) na articulação (Fig. 12-8).
(artropatia por lesão do m anguito rotador). Em pacientes com ele- Se estiver rompido, o manguito rotador deve se r rep ara do,
vação anterior deficiente, no entanto, a artroplastia total reversa do tanto quanto possível, en fat izando a reconstrução anterior e pos-
ombro surgiu como a opção mais co nfi ável para se restabelecer a te ri or para dar estabilidade à prótese. O manguito rotador é repa -
função do mesmo. Em pacientes co m artropatia por lesão do man- rado com suturas colocadas através dos tubérc ulos, an tes da
guito rotador, mas com elevação anterior preservada em m ais de 90 inserção do componente um eral. Apesar de o reparo completo do
graus, a hemiartroplastia continua a se r uma opção viável. manguito rotador ser muitas vezes impossível, isso pode se r des -
Matsen et ai. definiram cinco situações em que a hemiartro- necessá rio para elevação do braço. Mu itos pacientes com lesões
plastia deve ser considerada: ( 1) perda da sup erfície articular um eral, co mpletas são capazes de elevar ativamente o braço acima da
mas com a superfície da glenoide preservada, com arco na glenoide cabeça desde que haja função sufici ente para permitir a estab iliza-
sufi ciente para estabilizar a cabeça umeral; (2) estoque ósseo insufi- ção da cabeça um eral.
ciente para suportar um componente na glenoide; (3) ascensão fixa A função adequada do deltoide e a preservação do arco co ra -
da cabeça umeral em relação à glenoide (como na artropatia por coacromial são fundam entais para o sucesso da hemiartroplastia nos
lesão do manguito rotador ou artrite reumatoide grave); (4) história pacientes com artropatia grave do manguito rotador. História de
de infecção antiga na articulação; e (5) a ar ticul ação necessita sub - descompressão subacromial prévia tem sido associada de modo sig-
meter-se a dem anda de peso (situações antecipadas pela pro fi ssão, nifi cativo ao qu adro clínico de instabilidade e menos elevação ativa
esporte ou paralisia nos membros inferiores) . após hemiartroplastia.
As contraindicações da hemiartroplasti a são septicemia
recente, articu lação neurop ática, paralisias ao redor da arti cula-
ção, deficiências na fu nção do múscu lo deltoide e/o u man guito
ro tado r, e fa lta de cooperação do pac iente. Pioartrose remota não
é uma contraindicação absoluta, mas a cirurgia só deve ser rea - HEMIARTROPLASTIA
lizad a após inves tiga ção e docum entação co mpletas, co nfir-
~
m and o a co ndição estéri l da arti c ul ação gleno umeral, além d a TÉCNICA
indi cação cuid adosa pelo cirurgião e disc ussão com o paciente ~~~~~~~~-~
sobre todos os po tenciais riscos envo lvidos. • Coloque o paciente na posição "cadeira de praia" usando
suporte de cabeça tipo McConnell (McConnell Orthopa-
• TÉCNICA CIRÚRGICA edic Equipment Company, Greenville, TX), permitindo
O objetivo da hemiartroplas ti a é a restauração da sup erfíc ie arti- que o paciente fique no topo e extremidade lateral da
cular do úmero às suas posição e co nfig uração normais. Como a mesa (Fig. 12-9A). Proteja todas as proeminências ósseas
glenoide não é substituíd a, o tamanho, o raio e a orientação da acolchoando-as. A borda medial da escápula deve estar
superfíc ie articu lar devem se r reprodu zidos co nfo rm e a cabeça livre e fora da mesa, permitindo a adução completa para
um era l original. Radiografi as contral ate rais do ombro podem o acesso ao canal intramedular. )
fornecer informações sob re a anatom ia normal da cabeça um eral.
1 mm de fita de
algodão tipo Dacron
1

D
e

/ Afastador
tipo Darrach

-Afastador
'6."--~-"'- tipo Darrach

O@l!;f.H!I• Técnica da hemiartroplastia (veja o texto).


A, Posição semissentada com o braço estendido para fora
da mesa. B, Incisão. e, O nervo axilar é identificado. D,
Plástica em Z coronal é usada se a rotação externa é
menor que 20 graus. E, Afastador tipo Darrach é utilizado
para manter a cabeça do úmero fora da glenoide. VEJA A
TÉCNICA 12-1.
E
1111119 PARTE V PROC EDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

• Fixe a cabeça do paciente no suporte, evitando a hipe- Orientações para Liberação do


)
rextensão ou inclinação do pescoço, o que pode causar 12-2 Tendão do Músculo Subescapular
compressão das raízes cervicais.
• Prepa re o braço isolando-o completamente com enfaixa- LIBERAÇÃO DO TENDÃO
mento . Recomendamos o uso de campos adesivos pa ra DO MÚSCULO AMPLITUDE DE MOBILIDADE
SUB ESCAPULAR PRÉ-OPERATÓRIA
isolamento do ca mpo cirúrgico devido ao risco de conta-
minação da axila. Libere 1,5 cm Rotação externa passiva ?. 20º
•Faça uma incisão anterior, ap roximadamente no t rajeto mediaimente à
entre o coracoide e a face lateral do acrômio (Fig. 12-9 8). inserção
Prossiga na dissecção até o deltoide mobilizando os reta- Libere Rotação externa passiva
lhos medial e latera l. subperiostalmente, >-20º e< 20º
• Abra o intervalo deltopeitoral mantendo a veia cefá lica reinsera mediaiment e
mediaimente . Alongamento em Z Rotação externa passiva :s:-20º
•Prossiga na dissecção profunda com a liberação subdel- do subescapular
tóidea, subcoracoide e su bacrom ial para liberar o úmero Dados de Schenk T, lannotti JP: Prostheti c arthroplasty for glenohumeral
proxima l. No espaço subcoracoide, localize o nervo axilar arthritis with an intact or repairable rotator cuff: indications, techniques,
desliza ndo o dedo indicador ao longo da superfície anterior and results. ln lannotti JP, Williams GR Jr, editors: Disorders of the shou/der:
do músculo subescapu lar (Fig. 12-9C). Se for difícil identifi- diagnosis and management, Philadelphia, 1999, Lippincott Williams &
car o nervo por cicatrizes e aderências, use um descolador Wilkins.
ao longo da superfície anterior do músculo subescapu lar,
criando intervalo entre o músculo e o nervo. Sempre iden-
tifique e afaste o nervo axilar cuidadosamente, mantendo-o para não fresar demais o canal, o que pode criar um falso
fora do acesso, especialmente durante as etapas cruciais de trajeto ou fratura .
liberação e ressecção da cápsula anteroinferior. • Preferimos utilizar um guia de corte que tenha uma refe-
•Faça uma incisão no subescapular 1 cm medial ao tubér- rência extramedular de retroversão, usando o eixo do
cu lo menor. Coloque duas suturas de reparo no subes- antebraço como ponto de referência . Com o guia fixado
capular para tração do mesmo ao liberar o resto do na posição de 30 graus de retroversão, verifiqu e nova-
tendão da cápsu la e tecido cicatricial subjacente. No mente o ângul o de corte e confirme a altu ra pa ra que a
fechamento, use as suturas para repara r o tendão. serra não lese o manguito rota dor ou o tendão do bíceps .
• Alguns autores preferem a osteotom ia do tubérculo • Comp lete a osteotom ia com uma serra osci lante. Se per-
menor ou a liberação do subescapu lar diretamente do manecer qualquer osteófito inferior na cabeça umeral,
osso. Se a rotação latera l estiver muito limitada, o subes- remova-o com um saca-bocado.
capu lar pode ser reinserido mais mediaimente ao úmero • Após o corte da ca beça, frese o ca nal umeral metafisário
proximal, perm itindo ganho na rotação lateral. Alternati- no mesmo tama nho do cana l fresado. É importante
vamente, o tendão pode ser alongado com a técn ica em manter a posição adequada da fresa em 30 graus de
zetap lastia no plano corona l (Fi g. 12-9D e Tabela 12-2). retroversão durante essa etapa, para evitar o mau posi-
•Faça uma incisão no intervalo rotador, direcionando o cionamento do componente.
corte mediaimente em direção à glenoide. Normalmente • Exam ine a glenoide para confirma r a presença adeq uada
uma gra nde quantidade de líquido sinovia l é drenada de cartilagem sufi ciente pa ra o apoio da superfície metá-
quando a articul ação é acessada nesse momento. lica da cabeça um era l. Após essa inspeção, verifique se a
• Libere a cápsula anteroinferior do úmero e faça rotação lateral haste umeral de prova está bem encaixada dentro do
do braço para acessar a face inferior da cápsu la. Se houver cana l. Então fixe a haste do componente na posição,
osteófitos na porção inferior da cabeça umeral, remova-os tomando cuidado para manter 30 graus de ret roversão.
para exposição completa da cápsula . Tome cuidado em • Se for necessária cimentação por algum procedimento
manter a dissecção rente ao osso, evitando lesão do nervo cirúrgico prévio como fratura, osteoporose, artrite reuma -
axilar durante a liberação capsular. A importância da liberação toide ou cistos degenerativos, insira um restritor de
capsular inferior não pode ser subestimada e deve ser reali- cimento ou um tampão de osso cortical da cabeça resse-
zada cuidadosamente até pelo menos a posição das 6 horas, cada 2 cm abaixo da ponta da prótese.
para luxação da cabeça umeral e acesso à glenoide. • Coloq ue uma ca beça de prova e reduza a articu lação
•U ma vez liberada a cápsula adeq uada mente, posicione glenoumeral usa ndo rotação interna e tração suave. Com
um afastador grande, t ipo Da rrach, na art iculação e com o braço em rotação neutra, verifiq ue a alt ura da cabeça
cuidado rode latera lmente, aduza e estenda o braço para umeral pa ra co nfi rmar a reconstrução anatôm ica . Como
mover a cabeça umeral para cima e para fora da glenoide a reg ra do polegar, a porção superior da cabeça deve
(Fig . 12-9 E). Se a cabeça do úmero não luxar dessa forma, estar 1 cm acima do tubércu lo maior.
a cápsu la inferior deve ser mais liberada . • Verifique também a versão para confirmar se a cabeça do
•Prepare o canal umeral usando o eixo do úmero para úmero está assentada bem em direção à glenoide . Com
referência na osteotomia . Inicialmente, abra o cana l com o polegar no tubérculo menor, empurre a cabeça do
uma broca de alta velocidade na base da inserção do úmero posteriormente e, em segu ida, libere-a: a excursão
manguito rotador e proceda fresagem manual do canal posterior de 30% a 50% com uma " redução" imediata
medular na diáfise, obtendo diâmetro ideal. Não uti lize é o ideal . Ava lie a mobilidade em elevação anterior e
equ ipamento motorizado para fresagem , e ten ha cu idado rotação intern a.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

•Alguns autores recomendam tenodese do bíceps asso- A hemiartroplastia de interposição com fáscia (resurfacingbio-
ciada. Se for necessária, deve ser feita antes da fixação lógico) tem sido recomendada para pacientes jovens e ativos com
da cabeça umeral. artrose. A glenoide pode ser revestida usando-se a cápsula anterior
•Em seguida fixe a cabeça umeral definitiva impactando-a ou enxer to de fáscia lata, suturad as sobre a fac e glenoidal. Depois
na posição e reduza a articulação pela última vez . da osteotomia umeral e remoção de osteófitos, a superfície da gle-
•Proceda o fechamento do interva lo rotado r e do tend ão noide é desbridada, aumentando-se ligeiramente sua anteve rsão. Se
subescapular, com sut ura resistente nº 2 inabsorvíve l. o complexo subescap ular-cápsula estiver espesso o suficiente, deve
ser dividido no plano coronal; a face posterior é estendida sobre a
O tendão deve ser reparado com resistência suficiente-
glenoide e fixada ao lábrum posterior com suturas simples ou
mente segura para permitir mobil ização passiva imediata no
âncoras ósseas. Se a cápsula for insuficiente, um segmento da fásc ia
primeiro dia após a cirurgia. Coloque um dreno no intervalo
lata é retirado da coxa para enxerto, fi xando-o de modo duplo
deltopeitoral e feche-o com sutu ras nº O. Suture a pele de
(dobrada) na glenoide com uma âncora central e um ponto e outro
forma padrão, fechando em segu ida o curativo de modo
ponto no lábrurn anteroposterior co m um fio resistente, co mo por
estéril ; adapte uma tipoia enquanto o paciente estiver na
exempl o Dacron nº l (Delrnatel, Fali River, MA). Bons resultados
posição sentada antes da recuperação anestésica.
em longo prazo têm sido relatados co m essa técnica. Resultados de
2 a 15 anos foram excelentes ou satisfatórios em 86% dos pacientes,
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são orien-
com pontuação média de 91 pelo método de avaliação da American
tados a rea lizar um programa domicilia r de exercícios
Should er and Elbow Surgeons (ASES). Progressão da erosão na gle-
leves com elevação anterior passiva até 90 graus e rotação
noide tem sido observada, mas geralm ente estabiliza com 5 anos
latera l passiva até posição neutra. Os pacientes recebem
após o procedimento. Outros es tudos, no entanto, relataram altos
alta hospitalar geralmente 1 ou 2 dias após a cirurgi a,
índices de falhas e res ultados desfavo ráveis utilizando-se aloenxerto
durante os quais mantém um travesseiro sob o cotovelo
de tendão de Aqu iles como revestimento.
para apoiar a extremidade. O tempo total de imobilização
Recentemente, aloenxertos de menisco lateral têm sido utili-
com t ipoia é de 6 semanas, segu ido por ma is 6 semanas
zados corno m aterial de interposição. Nesse procedim ento, as
apenas em ambientes desprotegidos. Fisioterapia para
porções anterior e poste rior do menisco são suturadas entre elas,
ganho completo da amplitude passiva de movimentos é
formando uma superfície circular para a articulação com a cabeça
rea lizada de 6 a 12 semanas, e exercícios isométricos de
do úmero. O enxerto é adaptado sobre a glenoide e fixado ge ral-
forta lecimento são iniciados em 1O semanas.
mente com âncoras ósseas (Fig. 12-10). Melhora significativa da
dor e da fun ção tem sido relatad a com esse procedimento. Em bora
ocorra redução do espaço articu lar, erosão da glenoide não
• RESULTADOS progred iu , sugerindo qu e o menisco lateral pode proteger a gle-
A hemiartroplastia tem dem onstrado melhora signifi cativa da dor noide do desgaste.
em 75% a 95% dos pacientes com artros e glenoumeral e deficiência Uma terceira téc ni ca, pop ulari zada como ream and run,
grave do manguito rotador, sendo porém menos efi caz no ga nho promove a fresagem co ncêntri ca d a glenoide combinada co m a
do s movimentos e fo rça. Os resultados podem se r comprometidos hemi artroplas ti a. Pontuações co m o método de avaliação "Teste
por dor persistente, instabilidade anterossup erior e perda óssea Simples do Ombro" (Simple Shoulder Test) e avaliação da ampli-
progressiva. tud e de movimento foram significativamente melhores após
Quando reali zada para o tratamento da osteonecrose, a esse proced im ento, e os proced im entos do ombro não foram
hemi ar troplastia proporciona de forma consistente bom alívio revisados posterio rmente. Esse nci almente, 3 anos após a cirur-
da dor e m 90% a 100 % do s pacientes, com am plitude de movi- gia foram enco ntradas pontuações equivalentes no teste simples
m ento próxima do norm a l (Tabela 12- 3) . Os resu ltados não de ombro entre a artroplastia tota l do ombro e a hemiar troplas-
são tã o bons em pacientes co m artrite reumatoide, os teoa rtrite ti a ream and run.
o u ar tro se glenoumeral pós- traum ática , m as são sa ti sfat órios
na maioria do s pacientes, apesar da amplitude de mo vim ento
• HEMIARTROPLASTIA DE RECOBRIMENTO DA
reduzida .
CABEÇA UMERAL (RESURFACING)
Com o sucesso da hemiartroplastia urneral, outras técnicas têm sido
• HEMIARTROPLASTIA MODIFICADA -
dese nvolvidas para substituição menos invasiva do úmero proximal,
ARTROPLASTIA DE INTERPOSIÇÃO E incluindo preservação do estoque ósseo. As técnicas de resurfacing
GLENOPLASTIA (REAM ANO RUN) umeral não usam haste intramedular para fixação, mas uma cober-
A artrite na glenoide continua a se r uma preocupação em longo tura tipo "boné" sobre a sup erfície articular, normalmente es tabili-
prazo nos pacientes submetidos à hemiartroplastia. Alguns autores zada com um pino central na metáfise (Fig. 12-11). Os resultados
têm explorado vários tipos de procedimentos de recobrimento na da reswfacing umeral geralmente são bons, com índices de satisfa-
glenoide (reswfacing), particularmente para pacientes mais jovens, ção em torno de 93% e resultados gerais similares aos das próteses
com maior demanda. Essas técnicas de interposição têm o objetivo com hastes. Várias séries relatam o mesmo para pacientes específicos
de manter a cabeça umera l metálica em contato com uma superfície com art rite reumatoide, osteoartrite e artropatia por lesão do man-
"acolchoada': em vez da glenoide original, minimi zando a progres- guito rotador. O tempo operatório médio de 40 minutos fo i relatado
são do desgaste e dor subsequente. Embora a maiori a dos procedi- para reswfacing umeral em pacien tes com mais de 80 anos, sem
mentos de interposição demonstre sucesso no início, há poucos mortes intraoperatórias ou outras complicações graves; em outro
relatos de sucesso em longo prazo; portanto, mais estudos de acom- grup o de pacientes jovens (idade média de 42 anos) , houve melhora
panhamento prolongado são necessários para definir melhor os signifi cativa para dor e fun ção, com todos os pacientes retornando
resultados finais. à ativ idade normal, exceto um.
ma PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

ifABELA ~ Resultados Relatados da Hemiartroplastia do Ombro para a Artropatia por Lesão do


Manguito Rotador

MÉDIA DE
ELEVAÇÃq
SEM DOR OU ATIVA PRE-
IDADE DOR -OPERATÓRIA/
MÉDIA ACOMPANHA- PÓS- PÓS- RESULTADOS
(INTER- MENTO MÉDIO, -OPERATÓRIA -OPERATÓRIA, SATISFATÓ-
ESTUDO Nº VALO) Y (INTERVALO) LEVE GRAUS RIOS COMENTÁRIOS
Arntz et ai. 18 71 2 (2-10) 11 (61%) 66 (44-90/112 NR Duas reoperações para
(1993) (54-84) (70-160) erosão sintomática da
glenoide, uma para a
instabilidade
sintomática, outra para
fratura traumática
pós-operatória do
acrômio
Williams e 21 72 4 (2-7) 18 (86%) 70 (0-155)/120 18 (86%) Não foram descritas
Rockwood (59-80) (15-160) instabilidade ou
(1996) reoperação
Field et ai. 16 74 3 (2-5) 13 (81 %) 60 (40-80)/100 10 (62%) Uma fratura intraope-
(1996) (62-83) (80-130) ratória da diáfise do
úmero; 4 pacientes
com instabilidade, 2
dos quais necessitaram
reoperação para o
avanço subescapular
(1) e artroplastia de
ressecção
(1)
Zuckerman 15 73 2 (1-5) 7 (47%) 69 (20-140)/86 NR Onze dos 15 pacientes
et ai. (2000) (65-81) (45-140) estão satisfeitos com a
operação; 1 apresentou
instabilidade anterior
Sanchez- 33 69 5 (2-11) 24 (73%) 72 (30-150)/91 22 (67%) Uma fratura
Sotelo: (50-87) (40-165) intraoperatória da
Mayo Clinic diáfise do úmero; 7
series pacientes com
(2003) instabilidade
anterossuperior
Goldberg 34 72 4 (2-12) 26 (76%) 78 (20-165)/ 26 (76%) Um paciente necessi-
et ai. (2008) (48-90) 111 (40- 180) tou reoperação para
remoção de osteófitos;
não há problemas
relacionados à falha do
implante, soltura,
infecção ou fratura
NR, não relatado.
Modificada de Sanchez-Soteia J: Shoulder arthroplasty for cuff-tear arthropathy. Em Morrey BF, editor: Joint rep/acement arthroplasty, ed 3, Philadelphia,
2003, Churchill Livingstone. Copyright of Mayo Foundation.

ARTROPLASTIA TOTAL DO OMBRO que 89% tive ram alívio co mpleto ou quase co mpl eto da dor; 91 %
dos pac ientes co m artrite reumatoide tiveram alívio da dor.
A artroplas ti a total do ombro é um p rocedim ento bem estabelecido
com relatos de excelentes resultados para alívio da dor e melhora • INDICAÇÕES
fun cional em longo prazo. Estes têm sido equiva lentes aos resultados A principal indicação para artroplastia total do ombro é a degene-
do joelho e quadril. Em uma metan álise de sé ri es, qu e incluíram 646 ração avan çada da arti culação glenoumeral com manguito rotador
artropl astias do ombro realizadas para osteoartrite, Wilde relatou ínteg ro. Isso inclui um a sé rie de condições co mo osteoa rtrose, artrite
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTI A DO OMBRO E COTOVE LO

O[êiii;fijl!II!) Aloenxerto de menisco lateral usado como material de


interposição.

reumatoide, osteonecrose, artrite pós- traumática e artropatia pós-


-capsulorrafia. As contraindicações incluem infecção ativa ou recente
e lesões irreparáveis do manguito rotador. Paralisia com perda total
na função do músc ul o deltoide também é contraindicação. Estado
de saúde debilitante e instabilidade glenoumeral inco rri gível são
contraindicações ad icionais para a artroplastia do ombro.

• TÉCNICA CIRÚRGICA
Muito tem se discutido sobre os méritos relativos da hemiartroplas-
tia ou artroplastia total do ombro. Evidências em estudos randomi-
zados e não ran domi zados sugerem que, embora a hemiartroplastia
proporcione alívio da dor e aumento na amplitude de movi mento
em pacientes co m osteoartrite com glenoide concêntrica, a artroplas-
tia total geralmente proporciona resultados superiores em termos de
satisfação, função e força, especialmente nos pacientes acompanhados
em longo prazo.
Alguns es tudos, porém, não demonstram diferenças significa-
tivas nos res ultados após hemiartroplastia e artroplastia total do
ombro, exceto em pacientes com artrite reumatoide, em que o alívio
da dor e mobi lidade foram melhores após artrop lasti a total. Uma
revisão sistemáti ca com sete estudos do banco de dados Cochrane
concluiu qu e a artropl astia total está associada à melhor função no
ombro quando comparada à hemiartroplasti a, mas não proporciona
outros benefícios clínicos adicionais significativos. Mather et ai.
demonstraram em pacientes idosos (idade 2 64 anos) com osteoar-
trite que a artroplastia total com componente glenoidal cimentado é
mais eficaz em relação à hemiartroplastia quanto à melhoria na qua-
lidade de vida. Em um estudo multicêntrico com 95 artroplastias
li!riii;f41!119 Radiografia demonstrando hemiartroplastia totais do ombro e 33 hemiartroplastias, os autores recomendam o
tipo resurfacing. associar co mponente glenoidal em ombros com erosão na glenoide.
- PARTE V PROC EDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

~ Área do desgaste

A B e D

O@il;HlflD Pro bl ema e so lução para o desgast e desigual e erosão da glen oide. A, Área do desgaste . B, Se o co mponente da
g lenoi de é inserid o sem correção na incl inação, o pin o ce nt ral atravessa o cana l med ul ar; a incl inação e a perda de alt ura ta mbém
torna m o implante instáve l. C e D, Erosão severa é co rr igida através do enxert o ósseo. Parte da cabeça do úmero é presa à escápu la
co m o paraf uso navi cu lar AO de 4 mm . Erosão menor pode ser com pen sada pela reconstru ção do lado ba ixo co m cim ento acríli co o u
pela redu ção do lado alto. A reco nstru ção co m cimento não é reco mendada devido ao ri sco de soltura do mesmo. A redução do lado
alto muitas vezes re qu er a di mi nuição do pino ce ntral que se gura o co mpo nente na glenoide, cri ando frouxid ão entre os co mponentes,
o qu e pode torn ar a prót ese te m po rari amente instável, exig indo cuidados espec iais no pós-operató ri o . Componente da gl enoide co m
lado espesso está disponíve l pa ra erosão moderada irreg ul ar. VEJA A TÉCNICA 12-2.

posterior é comum, a fresagem geralmente é feita de forma


ARTROPLASTIA TOTAL DO OMBRO excêntrica, deixando o rebordo anterior no mesmo plano
~ que o posterior. Se o desgaste posterior for significativo e a
TÉCNICA
~~~~~~~~--~ borda anterior não for corrigida, o componente ficará muito
• O acesso à articulação glenoumeral segue a mesma orien- retrovertido e a perfuração no colo provavelmente sairá
tação descrita na Técnica 12- 1. Uma vez posicionado o anterior ao colo. Tome cuidado também para não fresar de
mandri l de teste, remova os afastadores do úmero. forma agressiva mediaimente, podendo assim comprometer
•Expo nha a glenoide colocando um afastador Fu kuda na o estoque ósseo da glenoide.
face posterior da mesma, com isso subluxando do úmero • Quando a fresagem estiver completa, prepa re a glenoide
posteriormente. para a prótese t ipo peg ou em qu il ha . Os sistemas variam
• Resseque a carti lagem articular restante e todo o tecido na instrumentação, mas ambos envolvem a colocação
lab ral ao redor da glenoide. precisa dos pegs ou qu ilhas. Para proporcionar a fixação
• Se fo r necessária melhor exposição, libere a cápsu la ant e- segura e reduzir o risco de soltura, a glenoide de prova
rior e coloque um afastador Darrach plano anteriormente deve se f ixa r f irmemente no osso subcondra l sem qualquer
ao colo da glenoide pa ra auxi liar. movimento. O cimento não deve ser usado para compen-
• A exposição da glenoide não será adequada enquanto as sa r o mau posicionamento do componente glenoidal.
faces anterior, posterior, superior e inferior da mesma não •U t ilizando componente t ipo peg ou qui lha, prepare a
forem identificadas. Após esse passo, inspecione a glenoide superfíc ie da glenoide para cimentação, com lavagem (de
identif icando desgastes e defeitos ósseos. Tipicamente há preferência com equ ipamento t ipo pressão/asp iração)
erosão posterior da glenoide, e a borda anterior da mesma para remover resíduos e sa ngue. Seque bem os orifícios
deve ser corrigida para restabelecer a versão correta (Fig. ósseos antes da cimentação.
12-12). Isso pode ser feito através da fresagem excêntrica •Seringas de tuberculina são úteis para pressurizar o cimento.
ou com broca de alta velocidade. A TC pré-operatória pode Coloque o mesmo dentro da seringa e injete-o nos orifí-
ajudar no estudo da orientação e morfologia da glenoide. cios para pegou quilha.
• Uma vez desbridada a glenoide, faça um furo central, geral- • Em segu ida, insira o componente glenoidal e mantenha
mente com um guia auxiliar. É importante confirmar a pro- pressionado com o polegar até que o cimento endureça.
fundidade e posição adequadas do orifício inicial, podendo A maioria dos sistemas para ombro vem com um guia
fazê-lo com uma pequena cureta. Após o furo inicial, pros- para manter o componente gleniodal no loca l enquanto
siga com a fresagem da glenoide, removendo osso escleró- o cimento endurece. Esse método perm ite pressurização
tico até visualização subcondral. Como o padrão de desgaste e interd igitaçã o excelentes do cimento no interior do osso
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMB RO E COTOVELO

• RESULTADOS
Os resultados d a ar troplastia to tal d o o mbro têm sido previsíveis
para alív io d a d or e m elhora fun cional d os pac ientes com condi-
ções d ege nerativas glen o um erais, co m bo ns res ultados d escritos
em 65% a 95% . No entanto, a soltura do comp o nente glenoidal é
relatad a em quase metade do s ombros co m aco mpanh am ento por
m ais d e 10 an os, geralmente associad a à dor. Os m elhores resultad os
fun cio nais são obtidos em pacientes com osteoartrite, geralm ente
com m anguito rotador ín tegro e d e boa qu alid ade, com estoqu e
ósseo no rm alm ente adequad o. Em p acientes com artrite reuma-
to ide, a qu alid ade do man guito rotad o r influencia diretam ente o
res ultado funcional.
A durabilidade da artroplastia to tal d o ombro é tão boa ou
melho r que a do quadril ou joelho. Resultad os de vár ias sé ries com
aco mp anham ento em lon go prazo d em ostram 85% de viabilidade
d os co m ponentes em 20 an os, com taxas d e revisão para todas as
eti ologias em m édia m en ores que 10%. A soltura d o componente
gle noida l é relatada em quase m etad e dos ombros em m ais de 10
anos d e acompanhamento, geralm ente assoc iada à d or ; por outro
lad o, essa média foi d e 4,3% em outros estudos.

1 OSTEOARTROSE
A maior ia das artroplastias totais do o mb ro é realizad a em pacientes
com osteoartrose ou artrite reumatoide. Poucos pacientes (<10%) com
os teoartrose tê m lesões co mpl etas d o m anguito ro tad o r, m as a retra-
ção do tendão sub escapul ar é comum. Um grand e estudo multi cê n-
tri co d em onstrou melh ora significativa nas p o ntuações com m étodo
d e Constant (Cons tant sco re ) e na amplitude d e movim ento em um
acom panham ento de 10 an os. A sobrev id a do comp onente glenoid al
até a revisão foi d e 94,5%. Em pacientes co m idad e sup erior a 80
an os, a ar tro pl astia total d o o mbro continu a send o um a op ção con-
fiáve l, com 80% obtendo resultad o excelente o u sa ti sfató rio em um a
m édia d e 5,5 a nos, m es mo havend o risco m aior pa ra co mpli cações
lâ[rilhf.'1!19 A, Doença articular degenerati va d o o mbro méd icas perio peratórias.
esqu e rdo . B, Artropl astia total do ombro com com pon e nte cim en -
tado da gl e noi d e e haste não cimentada. VEJA A TÉCNICA 12-2. 1 ARTRITE INFLAMATÓRIA
Art roplas ti a total do ombro tam bém é efi caz em pacientes com
a r trite infl am ató ria, res ultando em m elh o ra signifi cativa d a dor,
am plitude d e m ovimento, fun ção e q ualid ad e d e vid a. A in cidência
d e co m p li cações periop erató ri as em pac ientes co m a rt rite reuma-
esponjoso glenoidal, m ini miza ndo as linh as rad iol ucentes
to id e é sem elh ante à d e pac ientes qu e se subm ete m à a rtroplas tia
pós-operatóri as vistas com outras técn icas de cimentação
total do ombro por outras indi cações; d e fa to, pacientes co m artrite
(Fig. 12- 13). Al guns sistemas ut ilizam um pino centra l de
re um ato ide p ermanecem m eno s temp o intern ad os, com maior
f ixação sobre pressão (press-fit) no polietil eno ou meta l
p robabilidad e d e alta em tempo n o rm a l. Alívi o d a dor tamb ém foi
com osteointeg ração, promovendo encaixe estável ime-
relatad o e m 11 ombros grave mente afe tad os pela a rtrite reuma-
diato do compo nente, não dependendo exclu siva mente
toid e juve nil, embora a m elhoria na amplitud e d e movimento
de pressão di gital enquanto o cimento endurece.
te nh a sido m enor.
• Após endurecido o cim ento, ve rifiqu e o mandril para
Q uand o a artropl as ti a d o omb ro e co tovelo ipso lateral for
ga ranti r que ele ai nd a esteja seguro dentro do ca nal
n ecessári a, a artic ul ação m ais d olo ro sa d eve se r sub sti tu íd a pri-
do úmero. A segu ir, insi ra a haste de teste e a prótese do
m eiro . Po d e não have r m elh o ra s ig nifi ca tiva na fun ção em
úmero conforme descrito na Técni ca 12-1 . A ltura da
p ac ien tes co m artrite re um ato ide grave até qu e a segund a arti c u-
cabeça, ampl itude de movimento e eq uilíb rio de partes
lação seja s ub stitu ída. Se o o mb ro fo r o p era d o prim eiro e a
moles são fundamentais para o melhor resultado. A maioria
pró tese escolhi da fo r cim ent ad a, rest rito r de c im e nto d eve se r
dos sistemas atua is usa cabeças modu lares de vários diâ-
metros e espessuras. usado par a evit ar a ch ega d a d e cimen to n o ca na l m edular di stal.
Aum ento d e es tresse p o d e ocor re r n a diáfise um er al entre as
• Ao selecionar a cabeça apropriada, seq ue a superfície e
ex tre mid ad es d os d o is co m po nen tes . Se a a rt ropl as ti a d o ombro
impacte-a na posição. Red uza a articul ação glenou meral
fo r rea li za d a primeiro, um a pró tese d e has te c urta d eve se r utili-
e fec he a fe rida conforme descrito na Técni ca 12- 1.
zad a; se o com pon en te tiver h aste lo n ga e m amb as ar tic ul ações,
• Os cuidados e rea bilitação pós-operat óri os são esse ncial-
mente os mesmos da hemiartropl astia do om bro, e são a co lun a d e cim ento p ar a a seg u n d a art rop las ti a d eve es te nd e r-se
e in cl uir a co lun a de cim e nto d a prim e ira a rtropl asti a. Se forem
reg id os pe la proteção do reparo subescapular
utili za d os co mponentes curto s, um gra nde comprimento do
~ Veja também o Vídeo 12-1. úm ero n ão pree nchido (ce rca d e 360 mm) deve se r d eixado entre
as co lunas d e cim ento.
- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM AD ULTOS

1 ARTROSE PÓS-TRAUMÁTICA baseada na condição da m esma, na quantidade de defo rmid ades e


Artrop lasti a do ombro para artrose secundária às fraturas desviadas no grau de perda d a cartilagem articular. Em muitos pac ien tes com
ou fratura- luxações crôni cas da artic ul ação glenoumeral é particu- ca rtil age m glenoidal intac ta, a sub stituição apenas da cabeça
larmente difícil devido às co ntratu ras e cicatrizes das partes moles, um eral é sa tisfatória , porém, a m aioria dos pacientes co m doe nça
consolidação viciosa ou pseudoartrose dos tubérculos e possíveis no estád io V exige a tro ca da glenoid e devido à grande perda de
lesões nervosas. Lesões do nervo axilar podem comprometer signi - ca rtilage m articular.
ficat ivamente a amplitude de movimento e a força pela perda da
fun ção do deltoide. 1 ARTROPATIA PÓS-CAPSULORRAFIA E ARTROPATIA
POR INSTABILIDADE RECORRENTE
1 OSTEONECROSE Artro se glenoumeral avançada é um a sequela tardia, rara mente
As causas mais comuns da osteon ecrose da cabeça um eral são o desenvo lvida após cirurgia por insta bilidade anterior. É m ais
uso de co rticosteroides, do ença falc iforme e alcoolismo; causas co mum após técnicas não anatôm icas realizad as em pac ientes
menos com un s incluem disbarismo, do ença de Gaucher e lúpus mais joven s e é carac terizada pela co ntratura grave em rotação
eritematoso sistêm ico. A osteonecrose idiopática também é razoa- interna e osteofitose extensa, quando comparada à artrose
ve lmente co mum. C ruess classifico u a osteonecrose da cabeça do típi ca . Co ntratura anterior excessiva d as par tes mol es pod e pro -
úmero em cin co es tádi os de grav idad e crescente (Fig. 12-14). A duzir subluxaç ão fixa da cabeça um e ral no se ntido poste rior,
progressão sintomática da osteonecrose é quase certa naqu eles n ecess itando liberação das mesmas para re staurar o equilíbri o
com a do en ça em es tádio IV ou V. Em ambas a artroplastia total e e mobilidade articulares. Alongamento do sub escapular, lib era -
hemi artropl as tia do ombro têm sido bem -s ucedidas, com melhora ção da cápsula anterior ou plicatura da cápsula posteri o r po de m
subj etiva na m aioria dos pacientes. se r necessá rios para correção. Apesa r de a artroplastia total do
A m aioria dos pacientes com osteo necrose é relativa mente ombro melhorar a fun ção em p ac ientes com d ege neração asso-
jovem, com boa qu alidade óssea, e a fixação seg ura do compon ente ciada à in stabilidade ou cirurgia p or instabilidade, são de sc ritas
um eral co m press-fit geralmen te é ob tida. A necessidade do co m- compli cações em 40% dos casos, e 20% do s pacientes necessita-
ponente na glenoid e (veja na seção so bre hemi artropl as ti a) é ram cirurgia adic ional.

li Ili

fü§lhtiil:EJll Estádios de osteonecrose da ca-


beça umeral. As a lterações grau 1 são invisíveis nas
rad iografias simples com exame macroscópico
normal. O grau li apresenta a lterações escleróticas
e evidências de remodelação óssea, mas a forma
e a esfericidade da cabeça do úmero são mantidas.
O grau Ili é diferenciado do li pela presença de
colapso ou fratura do osso subcondral, resu ltando
na perda da esfericidade da cabeça do úmero. No
grau IV, a cabeça umeral tem uma área de super-
fície articular em co lapso; um fragmento pode se
desprender intra-articu larmente . No grau V, há
alterações osteoartríticas na fossa g lenoide.

IV V
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO --


ARTROPLASTIA REVERSA DO OMBRO _1 Indicações para Artroplastia
12 Reversa do Ombro
Em 1983, Neer, Craig e Fukud a descreveram a "artropati a por
lesão do manguito rotador" co mo uma forma distinta de ostrtrose • Artropatia por lesão do manguito
associa da à lesão crônica ex tensa do manguito rotador. Clini ca- • Lesão extensa do manguito rotador com pse udoparalisia
mente, a artropa ti a do m anguito rotador é ca racterizada por dor, • Artrite inflamatóri a grave com lesão extensa do manguito
mobilidade ativa comprometida, mobilidade passiva próxima d o • Falha de artrop lastia do ombro
norma l, crepitação, fraqueza, e ocas ionalmente acúmu lo de fluido • Ausência de tubérculos (fa lh a de hemiartroplastia por
significativo sob o deltoide. As alterações radiográficas incluem ele- fratura/pseudoartrose)
vação da cabeça umeral, fo rm ando um a pseudoarticulação acro- • Ausência de manguito (falha de hemiartroplastia para
mioumeral e perda do espaço artic ular glenoum eral. O padrão artropatia por lesão do manguito)
rad iog ráfico das alterações degenerativas pode va ri ar, e nem todos • Instabilidade
os pacientes co m artropatia do mang uito rotador têm d or ou • Fratura do úmero proximal
limi tação funcional. • Pseudoartrose do úmero proximal
A instabilidade gleno um eral resu ltante dessa condição se • Reimplante por infecção periprotética profunda
manifesta como a migração proximal do úmero em relação à gle- • Reconstrução após remoção de tumor
noide, resultan do na erosão da sup erfície inferior do acrômio e
ossificação no tub érculo m aior. As lesões do manguito rotador De Sanchez-Sotelo J: Reverse total shoulder arthroplasty. ln Morrey BF, editor:
es tão relacionadas à soltura precoce do componen te glenoid al na Joint replacement arthroplasty: Basic science, e/bow and shoulder, Philadelphia,
ar troplastia total do ombro, e lesões irreparáveis são geralmente Wolters Kluwer, 2011, p 277.
co nsideradas uma contraindicação para inserção do componente
glenoidal. Até o surgimento da artroplastia total reversa do ombro,
os pacientes com artropatia por lesão do manguito eram geral-
mente tratados com hemiartroplastia, uma solução duradoura, (baseplate) e a colocação dos parafusos na posição correta. Em
mesmo que imperfeita, que proporciona alívio adequado na dor, particular, concl uíram que os parafusos superiores colocados na
mas sem recuperar a elevação anterior. posição das 12 horas do relógio em direção ao coracoide eram
maiores. Inferiormente, o parafuso colocado perpendicular à base
• INDICAÇÕES metálica possibilitou a inserção de comprimento mai or. Outros
A principal indicação para artroplastia total reversa do ombro é o constataram que o parafuso inferior suporta a maior força de cisa-
m anguito rotador não fun cio nal. Isso engloba um a sé ri e de doenças, lhamento e é essencial para evitar soltura, enquanto outros re co-
incluindo a artropatia por lesão do manguito rotador, pseudopara- mendam a colocação do parafuso em áreas de melhor qualidade
lisia devido a lesão extensa do manguito rotador sem artrose, falhas óssea, a espinha escapular e a fossa supraescapul ar lateral. Um
no reparo repetido do manguito rotador com função comprometida dispositivo com um centro de rotação lateralizado obtém fixação
e instabilidade anterossup erior, fraturas proximais do úmero em três adequada, apesar do in tervalo maior que 69% na interface base
ou quatro partes em idosos, pseudoartroses do úmero proximal, metálica-glenoide.
consolidação viciosa do tubérculo m aior e instabilidade anterossu- Desgaste na glenoide é co mum nos casos do manguito rotador
perior após hemiartroplasti a do ombro. A artroplastia reve rsa é ideal deficiente. Frankle et al. estudara m 2 16 glenoides com rad iografias
nos pacientes com deltoide intacto, com estoque ósseo adequado simples e TC antes da intervenção cirúrgica, e constatara m que
para supor tar o componente glenoid al, ausência de infecção ou defi- 37,5% das glenoides tinham morfologia anormal. Class ificaram os
ciência neurológica grave (do ença de Parkinson, art iculações de padrões de desgaste como posterior (17,6%), superior (9,3%), difuso
Charcot, seringomielia) e para pac ientes sem demandas excessivas (6,5%) e anterior (4,2%) . Esses padrões interferem na técnica
sobre a articulação do ombro (Q uadro 12-1). cirú rgica, exigindo geralmente a inserção do parafuso central
As contraindicações incluem a perda ou inatividade do deltoide seguindo-se de uma linha cen tral altern ativa ao longo da espinha da
e a perda excessiva de osso da glenoide, que não permitiria a implan- escápula. Em outro estud o co m acompanhamento de 143 desses
tação segura do componente da glenoide. Alguns autores sugerem que pacientes, nos 56 ombros co m glenoides anormais, a colocação do
o procedimento não é indicado para pacientes com menos de 70 anos parafuso central foi feit a ao longo dessa linha e 22 foram submetidos
de idade. A inexperiência do cirurgião também é uma contraindica- a procedimentos com enxer to ósseo; glenosferas maiores (36 ou 40
ção relativa para a artroplastia total reversa do ombro. mm) também foram usadas com mais frequência, comparados aos
omb ros co m glenoides normais. Os resultados não tiveram diferença
• TÉCNICA CIRÚRGICA significativa entre os doi s grupos.
Biomecanicamente, a prótese reversa altera o eixo da tração do
músculo deltoide. Nas próteses co nvencionais, a ausência do man -
guito rotador permite que a cabeça umeral subluxe superiormente
com a con tração do músculo deltoide. A prótese reversa corrige esse ARTROPLASTIA REVERSA DO OMBRO
vetor anormal ao deslocar o centro de rotação do braço lateralmente,

-------~
restabelecendo o fulcro, em torno do qual o deltoide pode contrair, TÉCNICA
recuperando a elevação anterior (Fig. 12-15).
Como a prótese reversa exerce forças elevadas de cisalha- • Acesse o úmero proximal e prepare-o para implantação
mento na glenoide, limitando o estoque ósseo, vários pesquisado- da haste como descrito na Técnica 12-1 . Alg uns autores
res têm buscado definir os fatores mais importa ntes para m axi mi zar recomendam abordagem superior, mas nós preferimos a
a fixação glenoidal. Parsons et al. salientaram que para fixação abordagem deltopeitoral pela versatilidade e facilidade )
ideal são importantes a orientação adeq uad a da base metálica
-- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

H@il;!ijl!ID A, No ombro sem tendões do man-


g uito rot ador, há po ucos restrito res para subluxação
anterossuper ior da cabeça do úmero quando o pacie nte
tenta leva nta r o braço. A tração do múscu lo de ltoide
agrava essa situação através da tração supe ri or e med ial
(seta). B, Com a artrop last ia reversa, o braço de a lavanca
do múscu lo de ltoide é restaurado, pe rmitindo-o tracio-
A B nar o úmero para cima e para fora em elevação (seta).

para extensão se a exposição é limitada. No entanto, há


)
algumas diferenças importantes na preparação umeral
na hemiartroplastia ou artrop lastia total do ombro. Pri-
meiramente, pe la subluxação superior que ocorre nos
ombros com manguito rotador deficiente, é necessário
um corte maior na cabeça umeral. Em segundo lugar,
alguns autores defendem a colocação da haste em retro-
versão neutra para evitar instabilidad e na abdução e
rotação lateral. No entanto, acreditamos que a colocação
da haste em 30 graus de retroversão não é só aceitável,
como tamb ém preferível para evit ar a instabi lidade ma is
comum em adução e extensão observada nas próteses
reversas. Não existem estudos até o momento avaliando
a instabi lidade em re lação à versão da haste.
•Após o desbridamento e exposição adequada da gle- H@ihfül!II!I A g le no id e deve ser fresada até o "rosto so rri-
noide, identif ique seu ponto central. Posicione o ponto dente" ser obtido, com o osso esponjoso sa ngra ndo na parte inferior
inicial 1 a 2 mm inferiormente ao centro para perm itir a e o osso esclerótico denso na parte superior. VEJA A TÉCNICA 12-3.
colocação inferior da base metá lica, evitando o impacto
escapu lar (notching).
e glenosfera. Em seguida, puxe o úmero anteriormente
•Insira o fio no orifício do guia, direcionando-o com incli-
(exten são do ombro) para expor o componente umeral.
nação inferior de 1O a 15 graus para evitar notching
•Um a vez escolhido o componente umeral adequado,
escapu lar.
seque a superfície e impacte-o na posição. Reduza a
•Frese a glenoide até o surgimento do "rosto sorridente",
articu lação glenoumera l defin itiva mente. Feche a ferida
o que demonstra presença de osso esponjoso sangrando
conforme descrito na Técn ica 12-1 . O repa ro do subes-
na parte inferior e osso esclerótico denso na parte supe-
capu lar é especia lmente importante nesses pacientes,
rior (Fig. 12-16). Isso confirma a inclina ção inferior ade-
pois mu itas vezes eles têm má qualidade tecidual. O fecha-
quada da base metá lica.
mento correto do mesmo se correlaciona com melhor
•Adapte a base metá lica e prenda-a com parafusos. Seque
estab ili dade.
a superfície do implante e fixe a glenosfera na pos ição.
•Coloque a haste do úmero como descrito na Técnica
12-1, usando componentes de teste para conferir estabi -
Veja também, em inglês, o Vídeo 12-2. ~
lidade e mobilidade. A redução e a luxação da articulação CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós-opera-
glenoumera l normalmente são mais difíceis comparadas tórios são os mesmos descritos na Técnica 12-1.
à artroplastia anatômica. A redução necessita tração lon -
gitudinal e elevação anterior do braço. A tensão no del-
toide deve ser um pouco maior que antes da redu ção,
mas tome cu idado para não alongar demais o deltoide,
o que pode causar deiscência. O tendão co njunto também
pode ser avaliado para confirmar o aumento na tensão.
Não deve haver mais que 2 a 3 mm de interva lo na arti- • RESULTADOS
culação glenoumera l ao movimento de pistonagem após Na última década, vários autores publicaram os resu ltados da artro-
redução. plastia total reversa do ombro realizada para várias indicações. Em
• Para deslocar a articulação, coloque o instrumento de geral, variam de acordo com a etiologia, com condições pós-trau-
deslocamento entre a superfície do componente umeral máticas e os procedimentos de revisão tendo resultados piores, com
maiores taxas de complicação. Infiltração gordurosa do redondo
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO Gii
menor também tem demonstrado comprometer os resultados. De 1 PROCEDIMENTOS "DE SALVAÇÃO"
modo geral, os resultados bons e excelentes foram relatados em 67% Em geral, os resultados da artroplastia reversa para revisão das falhas
a 82% dos pacientes, com aumentos significativos nas pontuações após artroplastia prévia foram menos satisfatórios comparados
funcionais e elevação anterior média entre 100 e 138 graus. Ainda à artroplastia reversa primária por outras condições. Cuff et ai.
não foram publicados estudos de sobrevivência em longo prazo, mas demonstraram os resultados do tratamento em 22 ombros que
Guery et al. encontraram uma taxa de 91 % em 10 anos. No mesmo tiveram irrigação em uma ou duas etapas, desbridamento e conver-
estudo, a sobrevivência para soltura da glenoide foi de 84% em são para artroplastia reversa. Não houve infecções recorrentes e a
relação ao mesmo período. mobilidade melhorou significativamente. No entanto, a elevação
média foi de apenas 80 graus. Boileau et ai. concluíram que, embora
1 ARTROPATIA POR LESÃO DO MANGUITO ROTADOR os resultados não tenham sido tão bons quando comparados à
Vários estudos da Europa, onde a artroplastia reversa do ombro artroplastia reversa primária, 93% dos 40 pacientes ficaram satisfei-
tem sido usada desde 1985, demonstram bons resultados quando tos com os resultados. A elevação média foi de 123 graus na avalia-
realizada para artropatia do manguito rotador. Em um estudo ção final, e a taxa de complicações foi de 12%. Os autores ressaltam
multicêntrico de 80 ombros observados por um período médio que artroplastia reversa em pacientes com elevação maior de 90
de 44 meses, 96% dos pacientes relataram nenhuma ou mínima graus antes da cirurgia aumenta o risco da perda de mobilidade
dor, com aumento na elevação anterior ativa de 73 a 138 graus. neste plano e a diminuição da satisfação pelo paciente.
Quarenta e nove pacientes (64%) apresentaram notching escapu-
lar, porém sem evidências de soltura. Três pacientes precisaram
de revisão por soltura do componente glenoidal (dois pacientes) ENXERTO ÓSSEO DA GLENOIDE
e por soltura entre a glenosfera e a base metálica (um paciente).
Outro estudo concluiu que, no seguimento de médio prazo Embora os defeitos da glenoide sejam mais comuns em situações de
(média de 40 meses), 78% dos 45 pacientes ficaram satisfeitos revisão que em artroplastias primárias, podem estar presentes na
com os resultados; 67% apresentaram dor discreta ou nenhuma cirurgia primária. Os tipos de desgaste foram classificados por diver-
dor. Os resultados foram significativamente melhores nos pacien- sos autores (Tabela 12-4).
tes submetidos à artroplastia primária por artropatia por lesão Perda óssea central é mais comum em pacientes com artrite
do manguito, quando comparados aos casos submetidos à revisão reumatoide. A realização do orifício central e avaliação da profun-
após falha da artroplastia convencional. Frankle et al. demonstra- didade do colo da glenoide são recomendados. Profundidade menor
ram seus resultados com artroplastia reversa, com seguimento que 1 cm, em geral, não permite fixação adequada e contraindica a
médio de 33 meses, em 60 pacientes operados por deficiência utili zação do componente glenoidal sem enxerto ósseo. Cavidades
grave do manguito rotador. Houve melhora significativa na pon- centrais geralmente podem ser preenchidas com enxerto ósseo
tuação da dor e função; 41 (68%) dos 60 pacientes tiveram obtido da cabeça umeral.
resultados bons ou excelentes, 16 (27%) ficaram satisfeitos e três Defeitos periféricos em pacientes com osteoartrose, geral-
(5%) insatisfeitos. Sete pacientes necessitaram revisão para outra mente posteriores, podem ser manejados pela colocação do compo-
artroplastia reversa (cinco pacientes) ou hemiartroplastia (dois nente glenoidal sem enxerto ósseo, compensando o aumento da
pacientes). retroversão com a anteversão do componente umeral, de modo que
a soma das duas versões seja de 30 a 40 graus. No entanto, um estudo
1 DISFUNÇÃO DO MANGUITO ROTADOR SEM em cadáveres determinou que a anteversão compensatória do com-
ARTROSE ponente umeral não contribui para a estabilidade na presença de
Mais recentemente, as indicações foram ampliadas para outras uma glenoide retrovertida.
situações de insuficiência do manguito rotador além da artropa- Alternativamente, a glenoide pode ser corrigida na fresa-
tia clássica. Mulieri et ai. demonstraram 90% de sobrevivência da gem para restabelecer a versão anatômica. Alguns autores reco-
prótese em pouco mais de 4 anos em 72 ombros com disfunção mendam o uso de broca para desgaste do lado alto, deixando-o
do manguito rotador sem artrose glenoumeral; 20% tiveram no mesmo nível que do lado baixo, e enxerto ósseo ou compo-
complicações. nentes com compensação para correção de defeitos maiores.

1 FRATURAS PROXIMAIS DO ÚMERO


Vários autores relataram o tratamento de fraturas proximais do


úmero em idosos com artroplastia reversa. Os resultados foram satis-
fatórios, com elevação ativa média de 100 graus, porém alta taxa de ~ Classificação dos Padrões de
notching escapular tem sido observada nesses casos. lfiitJ Desgaste na Glenoide
1 ARTRITE REUMATOIDE COM LESÃO DO WALCH ET AL. SPERLING ET AL. ANTUNA ET AL.
MANGUITO ROTADOR Tipo A Ausente Defeitos devido à
Dois estudos relatam o uso da artroplastia total reversa do ombro (central) Leve (erosão dentro do osteólise/
em pacientes com artrite reumatoide. Em um seguimento médio de Tipo B osso subcondral) soltura de
2 anos, John et al. relataram melhora em todas as pontuações de (posterior) Moderada (deformação implantes
resultados em 17 pacientes. Notching escapular ocorreu em torno de Tipo c hemisférica e glenoidais de
um quarto dos pacientes, mas sem sinais radiológicos de soltura. (retroversão medialização do osso polietileno:
Holcomb et al. também observaram melhora significativa em todas excessiva da subcondral) Central
as medidas de resultados em 21 ombros seguidos por período médio glenoide Grave (perda óssea que Periférico
de 3 anos. A taxa de complicações foi de 14%, e 18 pacientes tiveram >25 º) se estende até a Combinado
resultados bons ou excelentes. base do coracoide)
- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

No entanto, essas possibilidades podem levar a maiores taxas de frequentes foram lesão do manguito rotador, instabilidade e fratura
complicação. Dutta et ai. listaram as opções reconstrutivas con- periprotética do úmero.
forme a extensão do desgaste da glenoide: em desgaste menor (1 Complicações após artroplastia total do ombro tendem a
a 2 mm) , desgastar o rebordo eleva do com broca até nivelamento ocorrer tardiamente no pós-operatório (5 a 10 anos após a cirurgia);
com lado baixo; de 3 a 5 mm , desgastar a porção elevada com a soltura do componente ocorre em média após 8 anos da cirurgia,
broca, porém aceitando alguma retroversão; e se mais de 5 mm, infecção em 12 anos, e fratura periprotética em 6 anos.
usar enxerto ósseo fixado com parafusos ou componente fabri- A artrop lastia revers a inicialm ente tinha taxas de complica-
cado com compensação do defeito. ções relativamente altas (50%) e algumas complicações únicas.
Atualmente, para corrigir o excesso da retroversão é recomen- Na última década, com o aperfeiçoamento da s técnicas e melhor
dada a fresagem excêntrica da glenoide. Vários estudos concluíram compreensão do implante, a taxa de compli cações diminuiu
que a retroversão da glenoide maior que 17 a 18 graus não pode ser (6%, relatada recentem ente). As compli cações mais comuns são
corrigida com fresagem excêntrica, e que defeitos maiores que 20 notching escapular, formação de hematoma, dissociação da glenoide,
graus normalmente não permitem a colocação do componente gle- tal como quebra da base metálica ou soltura asséptica, luxação
noidal. Nas situações em qu e a fresagem excêntrica não pode corrigir glenoumeral, fraturas do acrô mio ou da espi nh a da escápula,
a versão anormal, enxerto ósseo é recomendado. infecção, soltura ou dissociação dos componentes do úmero e
Para defeitos ósseos presentes na artroplastia reversa primária lesão de nervo.
ou de revisão, a colocação mais baixa do parafuso central, acompa-
nhando a linha central alternativa da espinha da escápula, melhora • COMPLICAÇÕES INTRAOPERATÓRIAS
a quantidade de estoque ósseo disponível para a fixação. As complicações intraoperatórias mais comuns na artroplastia do
ombro são fratura, geralmente da diálise umeral, do meio para
diáfise distal (Fig. 12-17), lesão de nervo, frequentemente do axilar,
COMPLICAÇÕES DA ARTROPLASTIA e mau posicionamento dos componentes.
DO OMBRO Na maioria das vezes, as fraturas periprotéticas intraoperató-
rias do úmero ou glenoide são causadas por erros na técnica
Em geral a taxa de complicações após artroplastia total do ombro é cirúrgica, como a fresagem inadvertida, a impactação com força
em torno de 15% (Tabela 12-5). As principais, em ordem de frequên- excessiva ou a manipulação do membro sup erior durante a exposi-
cia, são: soltura do componente (principalmente glenoide), instabi- ção da glenoid e. Fraturas em espiral do úmero geralmente são cau-
lidade glenoumeral, lesão do manguito rotador, fratura periprotética, sadas por rotação lateral excessiva do ombro nas tentativas de
infecção, quebra da prótese (incluindo dissociação das próteses melhorar a exposição. As fraturas de diálise geralmente são causadas
modulares) e fraqu eza ou disfunção do deltoide. Um estudo com pelo torque no braço, produzindo frat ura em espiral do canal
mais de 400 artroplastias totais do ombro realizadas com compo- fresado. A manipulação do braço com força durante a fresagem
nentes da glenoide de polieti leno cimentados, entre 1990 e 2000, umeral ou exposição da glenoide tem sido associada às fraturas
demonstrou taxa de complicação de 12% e apenas uma reoperação longas oblíquas ou espirais do úmero. A liberação capsular completa
foi necessária pela soltura do componente. As complicações mais anterior e inferior e o uso do gancho ósseo para luxar a cabeça


COMPLICAÇÕES
i12 _ 5 ~t
!l% ••• )1jl

Soltura do componente
Glenoide
Complicações após Artroplastias Totais do Ombro não Constritas, Descritas em 33 Séries
!l;;;~~!"',lif? (2.540 Ombros)

% TODOS
OS OMBROS
6,31
5,3
Nº OMBROS
161
134
% TODAS AS
COMPLICAÇÕES
39
32
Úmero 1, 1 27 6,5
Instabilidade 4,9 124 30
Superior 3 77 19
Posterior 1 25 6
Anterior 0,9 22 5
Fratura periprotética 1,8 46 11
lntraoperatória 1, 1 27 6,5
Pós-operatória 0,7 19 4,6
Lesão do manguito rotador 1,3 32 7,7
Lesão neurológica 0,8 20 4,8
Infecção 0,7 19 4,6
Desinserção do deltoide 0,08 2 0,5
Modificada de Bohsali KI, Wirth MA, Rockwood CA Jr: Complications of total shoulder arthroplasty, J Bane Joint Surg 88A:2279, 2006.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO &Ili

A B e D

H@i);tgi l!lll Fraturas periprotéticas do úmero. A, Região 1, tubérculo. B, Região 2, metáfise proximal. e, Região 3, diáfise proximal.
D, Região 4, diáfise medial e diáfise distal.

umeral aj udam a minimizar as forças de torção na di álise um eral e, para fixação de placas são evitadas, e há redu ção das forças de
portanto, a diminuir o risco de frat ura. tensão no foco de frat ura.
Fratura d a diálise umeral pode ocorrer em do is momentos Fraturas da glenoide são extremamente raras e geralmente
durante o procedimento cirúrgico. O primeiro aco ntece no pro- oco rrem no osso osteopêni co. Na maioria das vezes, essa complicação
cesso de fresagem, quando há resistência e o assistente seg ura fir- ocorre após fresagem até exposição do osso subcondral e o canal ter
memente o braço do paciente, podendo gerar to rqu e excessivo e sido preparado para receber a prótese com quilha. O uso de afastado -
causar fratura em espiral. O ass istente deve se r inst ruído a segurar res na cortical an terior ou posterior da glenoide pode produzir falha
o braço com menos força e apoiando o cotovelo. Além disso, se há do osso cortical. A fixação estável da fratura é essencial para evitar
resistência, é aconselhável soltar o braço, permitind o que gire junto instabilidade do componente glenoidal. O canal da glenoide também
com a fresa man ual. O utro momento crítico é durante a manobra pode ser penetrado pela broca manual durante o preparo do canal.
de red ução e luxação para teste da estabilidade da prótese. Tração TC ou radiografias em incidência axilar pré-operatórias aj udam a
longitudinal deve ser usada, e a assistência manual para luxar a determinar se há desgaste posterior da glenoide. A fresagem glenoidal
cabeça da protése impede que a força seja transferida inferiormente com seus 7 graus de retroversão e 5 graus de inclinação superior
para a diálise do úmero. norm ais restaura o alinhamento para orientação adequada antes de o
A utili zação de fios de ce rcl agem simples na porção proxi- preparo do canal se r iniciado. Se o córtex for penetrado, deve ser
mal d o úmero e a implantação da prótese de tamanho padrão utilizado enxerto ósseo no defeito para prevenir a extrusão do cimento.
geralmente são suficientes para as frat uras proximais até a extre- Embora a lesão de nervo durante artroplastia total do ombro seja
m idade da prótese umeral. Enxerto ósseo autógeno da cabeça do rara, quando ocorre é devastadora. A maioria das lesões permanentes
úmero pode ser usado como preenchimento metafisário após a do nervo axilar é descrita durante cirurgias de revisão ou artroplastia
haste estar inse rid a. Preferimos usa r próteses de haste longa nas primária após várias cirurgias prévias. O nervo radial pode ser lesado
fraturas intraoperatórias instáve is, em que a fixação da has te por fratura intraoperatória da diálise do úmero e fixação da mesma.
padrão está comprometida. O uso da haste longa, es tendendo-se Extrusão do cimento através de defeito no canal umeral pode ocasionar
a, pelo menos, dois diâmetros co rticais do úmero além d a exten- lesão do nervo radial; sua função geralmente retorna após a remoção
são mais distal da fratura, tem vá ri as vantage ns sob re o uso da do cimento próximo a ele. A maioria das lesões nervosas compreende
placa de compressão dinâmica ou dos fios de cerclagem apenas: neuropraxias que se recuperam com o tempo. Exame neurológico com-
a necessidade da fixação co m parafuso em osso frequentemente pleto deve ser realizado no pós-operatório imediato para documentar
de má qualidade é d iminuída, forças de flexão e torção são mais eventuais alterações. Se não houver recuperação após 3 a 6 semanas,
bem toleradas e d iminuem o risco de fa lha do implante, a cons- exame eletrom iográfico deve ser realizado, repetindo-o com 3 meses.
trução cirú rgica rígida e biomecanicamente segura é obtida, Não havendo recuperação evidente com base na eletromiografia nesse
ex posição extensa e dissecção maior de partes mo les necessárias período, a exploração do nervo deve ser considerada.
. , PARTE V PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVE LO EM AD ULTOS

Se fo r obse rvado mau posicionam ento do componente um eral entre componentes com quilha e pegs com seguimento intermediá-
após a cimentação do m esmo, pode ser utilizado componente da ri o, sugerindo que radiolucênci a n a glenoid e se d ese nvolve ao longo
cabeça d es locada para corrigir a versão. Esta permite 5 a 7 graus de do tempo, provavelmente com o resultado d as tensões gerad as em
correção da ve rsão nas direções anterior ou posterior. toda inter face osso-cimento-polietileno.
Artroscopia tem sido d escrita como útil na avaliação d a soltura
• COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS glenoidal. Se a mesma ocorrer de modo assintomático, é indi cada
Co mplicações pós-operatórias in cluem soltura da gleno ide, instabi- apenas observação. Porém , se o paciente apresentar sintomas de do r,
lidade gleno ume ral, lesões do manguito rotador, fratura periproté- diminuição na amp litude de mobilidade e incapacidade fun cion al,
tica, infecção, ruptura do deltoide, pseudoartrose ou consol idação é necessária maior in vestigação para dete rmin a r se a troca do
v iciosa dos tubé rculos, so ltu ra do componente umeral, imp ac to, impla nte é apropriada. Sen sação tipo crepitação dolorosa durante
ossificação heterotópica, fa lh a mecâni ca dos co mponentes e p erd a elevação anterior do braço é desc rita como sinal de soltura sintomá-
da m ob ilidade. ti ca da glenoide.

1 SOLTURA DA GLENOIDE 1 SOLTURA DO ÚMERO


So ltura sintom ática do s compon e ntes d a glenoide ou do úm ero Linhas rad io lu centes no úmero são menos comuns quando co m -
é o prob le m a m ais com um encontrado n a artroplastia total d o para d as à glenoide. Podem progredir ao longo do te mpo, evo-
ombro, se ndo res ponsável por um terço d e toda s as compli cações. luindo para soltura do componente, sendo diagnosticado tipi ca m ente
Soltura d a gle noide é s ignifi ca tiva m e nte mai s com um qu e a pela a lteração na posição da prótese ou progressã o das linh as radio -
um e ra l. E m a lgun s es tudo s foram obse rva das linh as radioluce n - luce ntes circunferenciais. Embora os primeiros est ud os tenham
tes d e gra us variados na interface c im e nto-o sso do compon e nte relatado linhas radiolucente s no úm ero em até 61 % d as próteses,
g len o id a l em 96% d os pacientes . Embora alguns não tenh am principalmente na extremidad e di stal d a haste, soltura rea l é m en os
demonstrado assoc iação entre alterações radiográficas e res ult a- frequente, e poucos componentes prec isara m de revisão por so ltura
dos clíni cos, a prog ressão das linh as tem sido correlacionada à sintomática. Em um estudo mais recente evidências d e soltura não
diminuição da função e ao aum ento d a dor n a m aioria d os foram encontrad as, sendo observadas linhas radiolu ce ntes mínimas
pacientes. A mud a nça na posição do compon e nte gle no id a l o u ( 1 mm) em 6,5%, em m édi a, das hastes um erais com revestim e nto
d as linh as rad ioluce ntes c irc un fere n ciais em pelo menos 1,5 mm proximal tipo osteointegração em aproxi mad amente 4 anos d e
é ev id ê nc ia d e so ltura . A inj eção do cim en to so b press uri zação seg uim ento.
proporc ionada por seringa e a ap li cação do cimento na s up e rfície
posteri o r do componente d a glenoide m elh oram a fix ação por 1 INSTABILIDADE
causa d a cimentação mai s co mpl e ta. Instabilidade é a segunda causa mai s comum de compli cações asso-
Resíduos de polietile no (debris) prove nientes do d esgas te ciadas à artroplastia do ombro, com preva lência de 4%, se ndo res-
glenoid a l são d esc rito s em aprox im adamente 20% do s casos d e ponsável por 30% de todas as comp li cações. Pode ocorrer em
revisão da a rtroplas tia no ombro. Um estudo retrospectivo de 52 qualqu e r direção e em graus variáve is d e subluxação e luxação. Em
ombros s ubm etido s à cirurgia d e revisão após artroplastia tot a l um a m e tan álise de 11 séries de artroplastia tota l do o mbro, incluind o
d e mon s trou qu e osteólise é mais co mum quando se utili zam 838 pacientes, W ild e relatou incidênci a de 1,2% d e luxação pós-ope-
parafusos pa ra fixação da glenoide, e es tá altamente associada ratória no seguimento de 20 a 54 m eses.
ao d esgaste d os co mpon entes adjacentes. Linhas radiolu ce ntes Ce rca d e 80% d as complicações por instabilidade são d o
tam bé m foram sig nificativam e nte associadas à osteólise. Quanto tipo ante rior ou superior. É essencial identificar a causa exata da
à presença d e debris, não foram e ncontr ad as diferenças sig nifi - instabilidade para defini ção do tratam e nto. In stabilid ad e anteri o r
ca ti vas. Outro es tudo com 78 co mpon e ntes glenoidais rev isado s é comumente associada à falha do s ubescapula r, anteversão d a
dem o nstrou qu e os tipos mais comuns d e d esgas te no polietil en o glenoid e, má rot ação do componente um eral o u di sfun ção d o
foram esco ri ação, co rro são e abrasão, principalm ente no qua - d elto id e a nte rior. Quando secundá ri a à ruptura do s ubescapul a r
dra nte infe rior, e que a an á lise rad iográfica s ub es tima o grau d e gera lm e nte é consequência da técnica o peratór ia, qu alid ad e d o
so ltura. Outros têm suge rido que a in co ngru ên cia d a cabeça tec id o, fisioterap ia in ad equada o u utili zação d e compone ntes
um era l co m subluxação posterior nos casos de artrose excêntri ca muito g ra nd es . Também pode se r ca usa d a pela u tili zação da
p ode favorecer o d esgaste d a gle no id e qu and o não é corrigida no cabeça umeral muito p eq uen a para o vo lum e da arti c ul ação (F ig.
m o m e nto d a c irurg ia. 12- 18). A tro ca pela prótese de ta m anh o adequado, podendo- se
Res ultados clínicos e radiog ráficos do s modelos de glenoid e opta r pelo tipo excêntrico ou deslocado, pode ser necessá ri a para
tipo peg e quilha p ermanecem controversos. Vários autores con- co rreção d a estabilidade. Se a ve rsão um e ra l in co rre ta for a ca usa
cluíram qu e d ad os biomecânico s suportam uso da glen oide tipo d a in sta bilida de, revisão da haste d eve ser considerada. Ruptura
peg. Embora o es tudo randomi za do controlado por Edwards et do tendão s ub escapular provavelmente é subnotificad a e n ão se
a i. te nha d e mon strado taxa s ignificati va m e nte maior de radiolu - co rrelacio na com o exame fí sico pós-op eratório; no entanto,
cência em próteses co m quilha (46 %) co mp arad as ao tip o peg pode contribuir para instabilidade anter io r e deve ser reparada
(15 %), os resu ltados clínicos têm sid o inconclusivos. Um estud o para correção. Se n ão puder se r repa ra d a, recon stru ção co m
co m a ná li se radio este reo m étri ca demonstrou que componentes e n xe rto h o mólo go osso-tendão de Aquil es co m o rest rito r estático
co m quilha mi g ra ra m m a is, qu a nd o co m pa ra do s aos tipo peg, tem s id o bem-sucedida.
p orém es tud o se melh a nte prospectivo randomizado não enco n - Preocupações com a integridade d o subescapul ar no pós -
trou diferenças entre mi crom igração nos d ois tipos d e próteses -opera tório resultaram na descrição d e vá ri as técnicas além da
e m 2 a no s de aco mp anhamento. Recentemente, não encon tram os simpl es tenotomia, para evitar essa co mpli cação. Osteotomia d o
diferença sig nifi cati va no s resu ltado s clíni cos o u radiográfico s tubérc ul o menor é um exe mplo, em que a unid ad e osso- tend ão é
CAPÍTULO 12 ARTROP LASTIA DO OMBRO E COTOVELO

anteriores tensas e encurtadas e a cápsula posterior enfraquecida


e alongada. Portanto, atenção adequada ao posicionamento dos
componentes e equilíbrio de partes moles é fundamental na pre-
venção da instabilidade posterior.
Instabilidade inferior está relacionada à perda da altura
normal do úmero e é mais comum após artroplastia por fraturas
do úmero proximal. A remoção em excesso do úmero proximal,
resultando na co locação inferior da cabeça umeral, pode levar à
instabilidade inferior. Os pacientes geralmente têm dificuldade
para elevar o braço além do plano horizontal, pela fraqueza do
deltoide causada pelo encurtamento do úmero. A cirurgia de
revisão geralmente é necessária para restaurar o comprimento
umeral e a força do deltoide.

1 FRATURAS PERIPROTÉTICAS
A prevalência de fraturas periprotéticas da diáfise umeral no pós-ope-
ratório varia de 0,5% a 2%. São mais frequentes em mulheres e em
pacientes com artrite reumatoide.
H@ii;@1!19 Componente da cabeça umeral muito pequeno
Wright e Cofield classificaram essa situação em três tipos.
pode resultar em instabilidade anterior.
Tipo A quando as fraturas se este ndem proximalmente a partir da
extremidade da haste; o tipo B ocorre ao nível da extremidade da
haste; e o tipo e, quando se estendem distalmente à extremidade
da haste na diáfise umeral. O tratamento das fraturas tipo A geral-
mente exige revisão da prótese e estabilização da fratura se houver
soltura extensa da interface osso-implante. Fraturas tipo B podem
ser tratadas com tipoia se houver alinhamento aceitável. Se houver
solta em conjunto para o acesso glenoumeral, sendo fixada ao final retardo na consolidação, recomenda-se redução aberta e fixação
do procedimento. interna com placa e parafusos e fios de cerclagem, sem a retirada
Migração superior progressiva da cabeça umeral tem sido da prótese; porém, deve-se ressaltar que essas fraturas levam uma
descrita em associação com disfunção muscular dinâmica, enfra- média 5-9 meses para consolidação e o paciente deve ser orientado
quecimento do supraespinal, falha no reparo do manguito rotador sobre esse período prolongado de tratamento. Fraturas tipo C
e lesão extensa do mesmo. O grau da migração proximal inde- geralmente consolidam com imobilização e podem ser tratadas
pende do tamanho do defeito no manguito rotador, mas se corre- como outras fraturas do úmero distal. Nesse caso, o tempo prolon-
laciona positivamente com associação da falha no manguito e gado de consolidação deve ser antecipado.
função pré-operatória comprometida. O desequilíbrio nas forças Tratamento conservador inicial tem sido recomendado para
entre o deltoide e o manguito rotador reparado pode implicar a fraturas proximais à extrem idade da haste ou ao redor da mesma
migração superior do componente um eral e pode explicar o resul- quando há alinhamento ace itável e o implante estiver bem fixo. Para
tado ruim da reabilitação pós-operatória. Pacientes assintomáticos fraturas desviadas ao nível da extremidade da haste, são indicadas
devem ser encorajados a continuar na reabilitação e não necessi- redução aberta e fixação interna, especialmente se houver extensão
tam nova intervenção cirúrgica; porém, a migração superior em distal. Revisão com haste longa é recomendada para fraturas seme-
longo prazo pode resultar na soltura da glenoide, e o reparo das lhantes com componente umeral solto.
lesões do manguito rotador durante a artroplastia pode ajudar a
prevenir essa complicação. 1 LESÃO DO MANGUITO ROTADOR
Instabilidade posterior é frequentemente atribuída ao mau Ruptura do manguito rotador é a quarta complicação mais comum
posicionamento dos componentes, mas também pode ser multifa- após artroplastia do ombro, com incidência de 1% a 2%. A ruptura
torial. Erosão da glenoide posterior e desequilíbrio de partes moles do tendão subescapular está envolvida na maioria. Fatores associa-
têm sido associados no desenvolvimento da instabilidade poste- dos às lesões pós-operatórias do tendão subescapular incluem o
rior. Posicionar o componente da glenoide ou do úmero em muita múltiplas cirurgias, encurtamento excessivo de partes moles, fisio-
retroversão leva à instabilidade posterior, e a revisão é recomen- terapia excessiva envolvendo principalmente rotação lateral
dada. Se a cápsula está alongada devido ao desgaste posterior durante período pós-operatório imediato, e comprometimento do
crõnico da glenoide, pode ser necessária plicatura da mesma para tendão ao realizar técnicas de alongamento. Os sintomas ge ral-
manter a estabilidade. Pacientes com subluxação posterior glenou- mente são discretos e refletem a história natural da doença do
meral associada à osteoartrose de longa data ou histórico de ins- manguito rotador na população em geral. Lesões sintomáticas
tabilidade posterior crônica, seja recorrente ou fixa, têm risco podem ser reparadas do modo tra dicional, com o cuid ado de se
maior para essa complicação. Fresagem excêntrica adequada, com preservar o ligamento coracoacromial. No entanto, mesmo após o
ou sem enxerto ósseo, e colocação dos componentes um eral e reparo pode haver em pouca melhora na função e mobilidade.
glenoidal minimizam o risco dessa complicação, mas o equilíbrio Lesões grandes causam subluxação superior e eventual soltura do
das partes moles, tal como descrito na técnica cirúrgica para artro- componente da glenoidal pelas forças de compressão sobre o
plastia total do ombro, é um fator crítico da operação. Na maioria rebordo sup erior (conhecido como efeito tipo cavalo de balanço).
dos pacientes, a rotação lateral está limitada, com as estruturas O reparo de lesões grandes o u extensas pode não ser possível.
llEmt PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

O tratamento para esse problema de difícil solução envolve a VHS, proteína C-reativa, interleucina-6), com plano para reim-
remoção do componente glenoidal, enxerto ósseo no defeito da plantação dos componentes quando a infecção desaparecer.
glenoide, e permitir a migração superior da prótese umeral. Se esse Obtemos aspiração e cultura do líquido articular glenoumeral
procedimento "de salvação" for a opção escolhida, o ligamento antes da reimplantação. As culturas são mantidas durante 8 a 10
co racoacromial íntegro deve estar presente para proporcionar esta- dias para permitir o isolamento do P. acnes, bactéria anaeróbia
bilidade superior. Atualmente, a conversão para artroplastia total Gram-positiva de crescimento lento que normalmente não cresce
reversa tem sido descrita com resultados satisfatórios, embora não antes de 3 a 5 dias.
sejam tão favoráveis quanto os resultados para artropatia primária
do manguito rotador. 1 DISFUNÇÃO DO MÚSCULO DELTOIDE
A disfunção do músculo deltoide causada pela lesão do nervo axilar
1 INFECÇÃO ou desinserção do músculo deltoide pode resultar na perda catas-
Infecção após artroplastia total do ombro é rara (0,5% a 1%) . trófica da função no ombro. Acessos cirúrgicos para artroplastia
Como em todas artroplastias, vários fatores contribuem para total do ombro incluem a desinserção do músculo deltoide para
predileção da propagação de bactérias, incluindo adesão bacte- melhor exposição; acesso deltopeitoral estendido preserva a origem
riana, encapsulação de glicoproteína, resistência bacteriana aos e inserção do músculo deltoide, e ainda permite exposição excelente
antibióticos, propriedades físicas da prótese (tais como compo- para resurfacing da cabeça umeral e glenoide.
sição química e textura da superfície) e os fatores de inibição da Degeneração do deltoide após artrop lastia reversa é atribuída
eluição de íons. A literatura sugere ainda o risco aum entado de ao aumento do momento do braço nas porções média e anterior
infecção em pacientes com diabetes melito, artrite reumatoide, do deltoide, que reduz o esforço do músculo necessário para
lúpus eritematoso sistêmico, e presença de focos de infecção a maioria das atividades, mas pode resultar em alongamento por
distância. Outros fatores relacionados com aumento na susceti- atrito do mesmo, com perda posterior da fun ção. Infiltração gor-
bilidade à infecção incluem quimioterapia imunossupressora, durosa pós-operatória do deltoide, sugerida por ser secundária à
uso de corticosteroides sistêmicos, múltiplas injeções de esteroi- biomecânica alterada, também tem sido relacionada a resultados
des e cirurgia prévia no ombro. Vários estudos relacionam a clínicos inferiores.
infecção das próteses à bacteremia transitória secundária à mani-
pulação odontológica, infecção do trato urin ário, pneumonia e 1 OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA
instrumentação genituriná ri a. Como nas outras artroplastias, a Ossificação heterotópica ocorre em 10% a 45% dos pacientes após
cobertura antimicrobiana profilática deve ser indi vidualizada artroplastia do ombro. Sexo masculino e osteoartrose são fatores de
para cada paciente e procedimento. risco. Formação de ponte óssea heterotópica na articulação glenou-
Propionibacterium acnes é a bactéria mais comumente meral ou espaço glenoacromial pode ocorrer em situações extremas.
isolada após artroplastia do ombro. Staphylococcus aureus e bac- Porém, não há correlação evidente entre ossificação heterotópica e
térias Gram-positivas também são possíveis patógenos. Se a infec- o desenvolvimento de dor no ombro. A ossificação heterotópica após
ção for identificada precocemente (3 -6 semanas após a cirurgia) artroplastia total do ombro geralmente é de baixo grau, surge pre-
e a bactéria for Gram-positiva, a retenção dos componentes pode cocemente no período pós-operatório, não é progressiva e não afeta
ser considerada . Irrigação em um estádio e desbridamento com negativamente os resultados clínicos.
substituição da cabeça umeral, associado à antibioticoterapia
parenteral adequada, demonstrou ser um tratamento eficaz. Se a 1 RIGIDEZ
bactéria for Gram-negativa ou ocorrer tardiamente, a remoção A maioria dos pacientes insatisfeitos com os resultados da artro-
das próteses e de todo cimento é geralmente recomendada. Colo- plastia total do ombro queixa-se da rigidez. Normalmente carac-
cação do espaçador ou de grânulos impregnados com antibiótico teriza-se pela perda na elevação anterior ou rotação lateral, e em
ajuda a esterilizar o envelope de partes moles, e o tratamento por geral ocorre pelo tamanho exagerado dos componentes, enc ur-
6 semanas de antibióticos via parenteral pode ser seguido pela tamento ou tensão excessiva do subescapular ou reabilitação
implantação dos componentes de revisão, incluindo antib ióticos insuficiente. O tratamento visa ao equilíbr io das partes moles,
no cimento. No estudo com 21 ombros tratados com artroplastia para mobilização completa do subescap ul ar. Excisão da cápsula
de ressecção, Sperling et al. concluíram que seis tiveram in fecções anterior e liberação do intervalo rotador e ligamento coracoume-
recorrentes, seis fo ram tratados com desbridamento e rete nção da ra l podem ser necessárias para obtenção desse equi líbrio. Se o
prótese, e três tiveram infecção subsequente, necessitando de artro - subescapular ainda estiver tenso, pode ser necessário alongamento
plastia de ressecção. Em dois a prótese foi removida, com desbri- com plástica em Z no plano frontal. Via de regra o alongamento de
damento e reimplantação imediata; um apresentou nova infecção 1 cm de equivale ao aumento da rotação lateral de aproximada-
e posterior artroplastia de ressecção. Três ombros com remoção mente 20 graus.
da prótese, desbridamento e reimplantação atrasada não apresen-
taram recorrência. Embora os números sejam pequenos para con-
clusões definitivas, os autores sugerem que a reimplantação atrasada
• COMPLICAÇÕES DA ARTROPLASTIA TOTAL
pode ser a melhor opção: pacientes com próteses apresentaram REVERSA DO OMBRO
maior alívio da dor e função comparados àqueles com artroplastia Devido a sua configuração única, a artrop lastia reversa do ombro
de ressecção. pode ter complicações diferentes daquelas geralm ente associa-
Em casos de infecção, normalmente removemos todos os das à artroplastia total do ombro. Notching da escápu la e frat u-
componentes e materiais estranhos, colocamos espaçador de ras por estresse acromia l são exclusivos para essa prótese e
cimento com antib iótico, adm inistramos antibióticos intravenosos ocorrem em 10% a 42% dos casos . A complicação mais comum
e acompanhamos os indicadores inflamatórios (hemograma completo, é o notching da escápula inferio r, uma reação osteolítica causada
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO &Ili

A e

O!dll;Hlfll> Classificação de Nerot para o


notching esca pular. A, Grau O, sem notching.
B, Grau 1, peque no notching. C, Grau 2, not-
ching com condensação (estável). D, Grau 3,
notching em evolução (erosão do parafuso infe-
E rior) . E, Gra u 4, prime ira so ltura da glenoide.

pe lo impacto de superfície do polietile no um era l. Nero t classifi- deslocamento lateral d a glenosfera e m vez de soltura. Seguime nto
cou o notching em quatro tipos, variando do g rau zero até not- em longo prazo é necessário para determ inar a progressão e a
ching grave sufic ien te para ca usa r so ltu ra d a glenoid e (F ig. 12 -1 9) . importâ ncia dessas linhas.
Na ma ior ia dos pacientes, ele se estab ili za n o grau 2 e m torno
d os 12 meses d e pós-operatór io. No entanto, o notching tem
d e m on st rado relação co m re sultad os clínicos inferiores no seg ui- REVISÃO DA ARTROPLASTIA DO OMBRO
mento inter m ed iário.
Na última década, técnicas cirú rg icas para redução d o not- A taxa de rev isão das artroplastias pr im árias de ombro, d e acordo
ching escap ular têm sido bastante es tud adas. Vários fatores têm co m relatos ini ciais da literatura, var iava de 0% a 12,5%; n o entanto,
s ido implicados, e modificações técnicas incluem a colocação da com segu imento maior, as taxas relatadas recentem ente para próte-
base metálica em pos ição in ferior com inclinação inferio r, gera l- ses co nst ritas e não constritas va ri am de 5% a 42% .
m ente de 10 a 15 graus. Levigne et ai. , no estudo de 337 ombros
acom panhados em média após 4 anos, co ncluíram q ue a inclinação • INDICAÇÕES
sup erior da glenosfera se cor relacionou co m o notching da escápu la. Ciru rgia de revisão tecnicamente demanda experiência, e as causas do
Outros têm estudado o aumento no tam an ho d a glenosfera e o fracasso no procedimento primário são, muitas vezes, multifatoriais,
deslocamento late ra l (a um ento do o.ffset). Revisão nas evidê ncias envolvendo partes moles, estrutu ras ósseas e a prótese. Determinar os
disponíveis indi ca que a colocação inferio r da base metáli ca e a resu ltados da revisão das artropl astias é difícil porque muitas séries
inclinação inferior são os dois fatores mais importantes p ara dimi - após artroplastias totais incluem d iscussões limitadas de um pequeno
nuir o notching. Kell y et ai. recom endam a pe rfuração inicial 11 ,5 número de revisões com proced im entos primários. No entanto, a
mm sup erio r à borda inferior da glenoid e pa ra o correto posicio- principa l indicação e o objetivo da artroplastia de revisão no ombro
na m ento da base metá li ca. são o alív io da dor. A recup eração d a m obilidade, força, função e
Instabilidade após ar tropl as ti a tota l reve rsa tamb ém é um a estabilidade é um objetivo secundário, pois não podem ser obtidas d e
compli cação potencialm ente grave; oco rre principalmente e m forma previsível.
extensão e ad ução. Forças musculares ao redor d a articul ação Fibrose excessiva decorrente das operações anteriores geral-
parecem ser determinantes na estabil idade d a prótese. Fraturas por mente dificulta o acesso cirúrgico na artroplastia de revisão do
es tresse do acrô mio são causadas pelo aum ento da pressão na face ombro. A exposição é normalmente muito difícil, tornando a colo-
posterior do acrômi o pela confi guração da prótese e o aumento d a cação d o co mponente menos previsível. Foruria et ai. descreveram
tensão no d eltoide. Linhas radiolu centes ao redor da base metálica acesso anterom edial do ombro em que o deltoide anterior é desin-
g lenoidal foram d esc rita s e têm sido suger id as como resultad o do serido da clavícu la e acrôm io, permitindo acesso total às estruturas
lllllliit PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADU LTO S

profundas. O reparo transósseo cuidadoso do deltoide é necessário • ARTRODESE GLENOUMERAL


no fina l do processo para evitar deiscência. Artrodese glenoumeral raramente é indicada como procedimento
Soltura sintomática do componente glenoidal é a causa mais primário para condições artrí ti cas do ombro, mas pode ser apro-
comum de revisão, geralmente tratada com a remoção, com ou sem priada após fa lhas da artroplasti a em pacientes com perda óssea
colocação de novo componente. Soltura, desgaste ou dissociação do extensa, infecção crôn ica de gra u baixo, vári as fa lhas de revisões
polietileno e mau posicionamento do mesmo são as causas mais prévias, instabilidade intratável ou defici ências do deltoide grave.
comuns de falha. Um novo componente pode ser cimentado no local Técnicas da artrodese do ombro e se us res ultados são discutidas no
se o estoque ósseo da glenoide for adequado e se os músculos do Capítulo 13.
manguito rotador e deltoid e tive rem boa fun ção. Em geral, o obje-
tivo da revisão deve ser recobrir a glenoide para maximizar o alívio
da dor. Em pacientes com perda óssea pequena à moderada, a REABILITAÇÃO APÓS ARTROPLASTIA
substituição da prótese pode ser possível. Fresagem concêntrica e DO OMBRO
enxerto ósseo podem aj udar na fixação adequada da nova prótese.
A reimplantação normalm en te é impossível se a perda óssea é Po ucos dados comparativos relacionados aos protocolos de rea-
grave, mas a remoção do componente pode proporcionar alívio da bilitação após artrop lastia do ombro es tão disponíveis . A maioria
dor. O enxe rto ósseo pode melhorar o estoqu e ósseo para futura dos cirurgiões tem se us próprios protocolos, mas, em geral, os
colocação da prótese. obje tivos da rea bilitação são a res tauração da função e mobili-
Revi são da haste um era l por soltura é in comum e depende dade (Quadro 12-2). A recuperação da mobilidade e o for taleci-
do tipo de fixação utili zada . Nas próteses não cimentadas, mento do deltoide anterior e rotadores laterais são de grande
deve-s e romper a superfície de osteointegração removendo o importância. É esp ecialmente importante proteger o reparo do
componente, seg uido pela subst ituição por haste cimentada ou sub escap ul ar, e a maioria dos protocolos se baseia nesse detalhe.
não cimentada (dependendo do es toque ósseo remanescente). Pacientes com os músc ulos de ltoide e manguito rotador com
Quando há soltura da haste cimentada, a remoção do compo- função comp rometida são colo cados na categoria de objetivos
nente seguida pela técnica de cimento dentro de cimento p ode limitados e recebem um programa de exercícios com objetivo
ser usada. Alternati va mente, a remo ção completa do manto de modesto de recuperar a mobilidade.
cim ento pode se r realizada com a colocação sub sequ ente de Tipoia ou imobilizador deve ser mantido nas primeiras 6
uma haste não cimentada com sup erfícies para osteointegração, semana após a cirurgia, enquanto o paciente não faz fisioterapia.
se h á estoque ósseo adequado. A maioria dos pacientes inic ia precocemente movimentos passivos

• RESULTADOS
Os resultados após revisão das artrop lastias do ombro não cons-
tritas geralmente são inferiores aos resultados após artroplastia


primária. Dines et ai. analisaram os res ultados de 78 revisões da
Protocolo de Reabilitação após
ar tropl astia total do ombro, demonstrando res ultados significati- 12 - 2 Artroplastia Total do Ombro
va mente melhores pa ra revisão dos componentes comparados às
reconstruções de partes moles. Embora Hatt rup tenha relatado • DPO 1 a 6 semanas - apenas ADM P/AA
70% de resu ltados bons e excelentes com tempo médio de 4,5 anos • Elevação anterior - no plano da escápu la, conform e
após artrop last ia total do ombro por fa lha de hemiartroplastia, tolerado, até 90 graus
Carroll et ai. encontraram taxa elevada (47%) de resultados insa- • Rotação interna com antebraço, na lat era l até o tórax
tisfatórios em 5,5 anos de seg uimento em um grupo similar de • Rotação externa com antebraço, na lateral, 0-20 gra us
pacientes, co ncluindo que esse procedimento deve ser considerado • Exercícios de pêndulo cinco vezes por dia
"de salvação'', com resu ltados inferiores comparados à artroplastia • AA-?ADMA do cotove lo, punho e mão
total primária. • 6-12 semanas - continu ar AA/ADM P
• Elevação anterior comp leta
• Rotação externa de 30 graus
OUTRAS OPÇÕES CIRÚRGICAS POR FALHA • Bastão e polia acim a da cabeça
NA ARTROPLASTIA TOTAL DO OMBRO • Forta lecimento isométrico para flexão, extensão, rotação
externa e abdução apenas em posição neutra
• HEMIARTROPLASTIA • Com 12 sema nas - in ício de ADMA/fortalecim ento
dinâmico
Hemiartroplastia está discutida no início deste capítulo. • Continuação de ADMA, alongamentos e forta lecimento
com Thera-Band™
• ARTROPLASTIA DE RESSECÇÃO • Progresso no forta lecimento
Artroplastia de ressecção pode ser considerada nas falhas após artro- • Progresso para o programa domici liar
plastias do om bro em pacientes com infecção resistente, dor intratável
ou perda extensa de osso ou partes moles que contraindiquem a ADMAA, amplitude de movimento ativo assistido; ADMA, amplitude de movi-
reimplantação de outra prótese. Embora a dor possa melhorar, ampli- mento ativo; DPO, dia pós-operatório, ADMP, amplitude de movimento passivo;
tude de movimento e função estão geralmente comprometidas, pois AA: ativo assistido.
o fulcro do ombro é perdido.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

e ativos assistidos, incluindo exercícios de pêndulo, isométricos de


cotovelo, punho e mão. Com 6 semanas, a imobilização é removida,
PROCEDIMENTOS DE
permitindo-se atividades leves na frente do corpo. Exercícios de RECONSTRUÇÃO DO COTOVELO
polias com movimentos acima da cabeça e rotação lateral também
são iniciados neste ponto. Elevação anterior, rotação interna e A artroplastia do cotovelo tem sido descrita de várias formas ao
lateral passivas devem ser maximizadas antes de o forta lecimento longo do tempo. Procedimentos de desbridamento, interposição de
isométrico ser iniciado em 6 semanas . Rotações interna ativa e tecidos moles e artrop last ia com implante têm sido relatados.
lateral passiva estão limitadas por 12 semanas para proteção do A artroplastia total do cotovelo semirrestrita, em particular, tem um
subescap ular. Os pacientes devem ser orientados a evitar o uso histórico bem definido para alívio da dor e restauração da função
do braço para apoio na cama ou na cadeira ao se levantar, pois para atividades da vida diária em pacientes de baixa demanda. No
isso provoca contração importante do subescapular. Atividade entanto, o procedimento está associado à taxa relativamente elevada
sem restrições é permitid a em 12 semanas, mas os pacientes são de complicações, sendo menos resistente quando comparado às
orientados a não praticar esportes de contato e não realizar trei- artroplastias do quadril, joelho ou ombro. Em particular, as cargas
namentos agressivos com peso. Se houver alguma rigidez entre 12 excessivas aplicadas ao implante nos pacientes de alta demanda é
e 16 semanas, alongamento mais forte deve ser iniciado. A ampli- uma causa comum de fa lha.
tude de movimento geralmente é dois terços do normal após a
conclusão do programa de reabilitação. O protocolo de reabilitação
deve ser modificado conforme necessário nos casos de revisão ou ANATOMIA E BIOMECÂNICA
reparo do manguito rotador.
Programa domiciliar de reabilitação após artroplastia total do Na articulação normal do cotovelo, a estabilidade é mantida pela
ombro também pode ser eficaz (Tabela 12-6). Os pacientes são combinação da congruência natural promovida pela geometria
orientados em relação à primeira sequência de exercícios ainda no da articulação, pela integridade capsuloligamentar e musculatura
hospital, praticando com um parente ou amigo em três ou quatro íntegra e equi librada. Os músculos bíceps, braquial, ancôneo e
sessões na presença do fisioterapeuta. Em 5 semanas, os pacientes tríceps são especialmente importantes. O complexo ligamentar cola-
retornam para uma sessão de fisioterapia para receber instruções teral medial é constituído pelas bandas anterior, posterior e trans-
sobre novos exercícios. Radiografias seriadas são feitas anualmente versal (Fig. 12-20A) . A banda anterior corresponde à maior parte
para garantir que não há sinais de soltura dos componentes. Pacien- do complexo medial e é a mais fác il de ser identificada. A banda
tes com artrite reumatoide, artrose traumática ou osteonecrose anterior se insere ao longo da face medial do processo coronoide
podem ter mais risco de fa lhas durante recuperação da mobilidade (tubérculo sublime) e fica tensa com o cotovelo em flexão e extensão.
e de complicações com o tendão, especialmente na cicatrização do O fe ixe posterior fica tenso durante a flexão.
subescapular. O complexo ligamentar latera l é constituído pelo ligamento
colateral radia l, ligamento colatera l lateral ulnar, ligamento colate-
ral latera l acessório e ligamento anular (Fig. 12-20B). O ligamento
colateral radial se origina no epicôndilo lateral, inserindo-se no
ligamento anular, juntamente com fibras da cápsula. O ligamento
~\ Programa de Exercícios
~W:~~5l' Do?"'iciliares pa~a Reabilitação
colatera l lateral ulnar é composto por fibras posteriores do liga-
iTABELA mento colateral radia l que se estendem superficialmente e através
- · apos Artroplast1a Total do Ombro
do ligamento anular, inserindo-se na crista do supinador da ulna.
O ligamento colatera l latera l acessório se origina do epicôndilo
SEMANAS
DIAS APÓS
lateral, inserindo-se na margem inferior do ligamento anular, e fica
APÓS A
EXERCÍCIO A CIRURGIA CIRURGIA tenso quando o cotovelo é forçado em varo. O ligamento anular
Mobilização ativa da mão, surge e se insere nas margens anterior e posterior da cavidade
antebraço, cotovelo sigmoide menor da ulna e estabiliza a cabeça do rádio adj acente à
Mobilização passiva do
ulna. Destes, o ligamento colateral lateral ulnar é o mais impor-
ombro tante para estabilidad e do cotovelo.
Em extensão, a cáps ul a anterior contribui com cerca de 70%
Movimentos assistidos de 21 3
na restrição por partes moles contra distração articu lar. Estresse
polia para elevação
em valgo em exte nsão é dividido igualmente entre o ligamento
Movimentos assistidos 35 5
colateral medial, a cápsu la e a sup erfície articu lar. Estresse em
ativos e alongamento com
varo em extensão é limitado igualmente pela articulação, liga-
bastão/bengala -
fle xo extensão,
mento colatera l latera l e cápsu la. Em flexão, o complexo ligamen-
elevação/adução tar colatera l medial fornece um a restrição de partes moles para
distração e é o principal estabi li zador em va lgo, com a cabeça do
Isométricos para 35 5
rádio fornecendo restrição secundária. A articu lação fornece
fortalecimento leve
cerca de 75% da estabi li dade e res istência ao estresse em varo
Reforço com Thera-Band* 1O
com o cotovelo fletido.
*The Hygenic Corp., Akron, Ohio. A maioria das atividades que envolvem o cotovelo produz
De Boardman ND Ili, Cofield RH, Bengtson KA, et ai : Rehabilitation after forças em valgo. O ligamento colateral medial e a cabeça do rádio
total shoulder arthroplasty, J Arthroplasty 6:483, 2001. íntegros são essencia is para evitar lu xação do co tovelo normal.
. , PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

Ligamento colateral
lateral
Ligamento colateral

/r late ral ulnar


Feixe

posterior
ff J.
Ligam~nto colateral
acessono

A
Ligamento
transverso B
----~ Ugomeoto '°"'"'
O@il;fljl!II!) Ligamentos colaterais do cotovelo. A, Representa ção clássica do complexo ligamentar colateral medial é constituído
pelos feixes oblíquos anterior e posterior e o componente transversal. B, O padrão típico do complexo ligamentar colateral lateral mais
variável é constituído pela contribuição do úmero à ulna, que Morrey denominou ligamento colateral lateral ulnar.

A articulação ulnoumeral mantém a estabilidade enquanto o coto-


velo flete e extende, ao passo que a articulação radiocapitelar resiste
ao estresse em va lgo e transmite forças de carga verticais aos movi-
mentos de empurrar e levantar.
O cotovelo é composto por duas articulações uni axiais inde-
pendentes. Uma é a ulnoumeral, do tipo "dobradiça" ou ginglimoide.
A outra consiste nas articulações umerorradial e radioulnar proxi-
mal, do tipo "pivô" ou trocoide, permitindo 2 graus de liberdade na
articulação do cotovelo. Esta articulação tem sido chamada de arti-
culação trocoginglimoide ou dobradiça sloopy.
A mobilidade do cotovelo envolve a rotação da ulna em torno
do úmero durante a flexão e extensão, e a rotação do rádio em torno
da ulna na supinação e pronação. O centro geométrico de flexão e
extensão do cotovelo está no centro dos círculos concêntricos for-
mados pelas projeções laterais do capítulo e tróclea do úmero distal,
sendo de 2 a 3 mm de diâmetro, locali zado no centro da tróclea
quando visto da face lateral (Fig. 12-21). O eixo de rotação do coto-
velo passa anteriormente à linha média do úmero e sobre a linha
traçada ao longo da cortical anterior do úmero. O "ângulo de carre-
gamento" do cotovelo varia de 11 graus de valgo com o cotovelo em iâ@ilj§il!IJI O eixo de rotação do cotovelo em flexão e exten-
extensão total a 6 graus de varo com o cotovelo em flexão total (Fig. são está no centro da tróclea, na mesma linha com o córtex ante-
12-22). As superfícies articulares deslizam até os extremos de flexão rior distal do úmero.
e extensão total, até ocorrer impacto ósseo. O eixo transversal de
rotação da articulação radioumeral coincide com o eixo ulnoumeral.
O eixo longitudinal do antebraço passa pela cabeça do rádio proxi-
malmente e cabeça ulnar distalmente, e obliquamente aos eixos lon- As superfícies de contato mudam em posições diferentes
gitudinais do rádio e ulna. A amplitude de mobilidade normal do do cotovelo. Em extensão total as sup erfícies de contato estão prin-
cotovelo é de Ograu (extensão total) até aproximadamente 150 graus cipalmente na face inferomedial da ulna. Em outras posições a maior
(flexão total). parte do contato ocorre ao longo da incisura troclear, passando de
Os restritores anatômicos de mobilidade no cotovelo incluem posterolateral para an teromed ial. Estudos eletromiográficos da ati -
a geometria da articul ação, os ossos circundantes, cápsula, liga- vidade muscular no cotovelo mostram que o braquial está ativo na
mentos e músculos; o contato do processo olecraniano na fossa maioria dos intervalos de movimento do cotovelo e é o "carro-chefe"
do olécrano, bem como da cabeça do rádio contra a fossa radial. da fle xão.
A rotação é limitada pela resistência passiva dos músculos e liga- As forças em torno da artic ul ação do cotovelo têm sido bas-
mentos tensionados e impacto do flexor longo do polegar contra tante estudadas. Análises estáticas das forças musculares e reações
os flexores dos dedos. da articulação sugerem que forças são maiores em extensão; o
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

(
/ '\ Força _ _,..
\ 1
1 ( em
1 I
1 1 rotação
1 1 externa
1 1
1 1
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1 1
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1 // 1 Compressão
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1 li I
I // I Tensão do t da cabeça
do rád io

f
/ /1 I li gamento
1 /II
/ ( I med ia l
'--1)

Rotação
interna ~

[ll~~·:!· l!EI Forças no cotovelo durante a rotação


interna.
0!§11;!.)lflll O ângulo de carregamento do cotove lo é a lte-
rado de valgo, em extensão total, para varo, em fl exão tota l.
(Redesenhada de Morrey BF, Chao EYS: Passive motion of the elbow
joint, J Bane Joint Surg 58A:501, 1976.)
peso corporal. Se a cabeça do rádio é retirada, a força radiocapitelar
é transmitida para a ulna, e a tensão do ligamento colateral medial
é adicionada à força ulnoumeral, podendo concentrar toda a carga
sobre a borda latera l da superfície articu lar do coronoide (Fig.
cotovelo fl etido pode to lerar cargas mais elevadas que o cotovelo 12-24). Isto pode corresponder a força de nove vezes o peso do
em extensão. As forças também são maiores em pronação. Momen- corpo sob re o ligamento colateral medial. Essas forças são aplicadas
tos de torção no eixo do úmero podem ser muito elevados, espe- aos componentes ulnar e umeral de um a artroplastia do cotovelo se
cialmente quando as cargas são ap li cadas à mão com o cotovelo a cabeça do rádio é ressecada e não substituída.
fl etido (Fig. 12-23). Critéri os sugeridos para artroplastia ideal incluem ausência de
A força máxima de flexão do cotovelo ocorre a 90 graus, dor, ser estável, móvel, durável, recuperável e reprodutível. Deve pre-
enquanto cerca de um terço a metade da força máxima de levanta- servar os epicôndil os e olécrano, ter ângulo de carregamento, ressecar
mento pode ser gerada com o cotovelo em extensão ou flexão de 30 o mínimo de osso, p roporcionar fixação óssea estável, não possuir
graus. Uma força de três vezes o peso do corpo pode ser gerada no partes móveis ou múltiplas, ser durável e inerte, deixar espaço morto
cotovelo durante o levantamento extenua nte. À medida que as forças mínimo, ser relativa mente fác il de implantar, estar prontamente di s-
são transmitidas para as margens anter ior ou posterior da articul a- ponível (sem fab ricação personal izada), não causar dor, proporcionar
ção, as superfícies de sustentação de peso diminuem, as forças de estabilidade e boa amplitude de mobilidade articular.
compressão má,x imas se elevam e a distribuição da tensão torna-se A artrop last ia de cotovelo bem-sucedida consiste em devol-
irregular. Para a maior parte, as forças de compressão da articulação ver uma art icul ação duráve l, indolor, móvel e es tável, capaz de
ao longo do plano mediolateral que causam estresse em valgo ou to lerar grandes forças de co mpressão e torque. Os principais pro-
varo são pequenas em comparação às forças no plano sagital dirigidas blemas do desen ho e fab ri cação são a obte nção da fixação óssea
anterior ou posteriormente. Forças do úmero distal são maiores nas em lo ngo prazo, reabsorção óssea no úm ero e o desenvolvimento
direções posterior e proximal, causando inclinação anterior do com- de materiais satisfatóri os capazes de supor tar cargas elevadas em
ponente do úmero distal e absorção da cortical anterior do úmero pacientes ativos .
quando as próteses soltam. Com o cotovelo em extensão sub metido
a carga axial, cerca de 40% do est resse é aplicado na articu lação
ulnoumeral, e 60% na articulação radiocapitelar. TIPOS DE ARTROPLASTIA
Torque rotativo conside rável é desenvolvido no úmero distal
quando o cotovelo é fletido a 90 graus e uma força é aplicada à mão Três tipos de artroplastias são discutidas neste capítulo: de desbri-
no sentido lateral. Forças de tração no ligamento colateral medial damento, interposição e com implante. Dependendo da rigidez da
podem corresponder a duas vezes o peso do corpo, e as forças de fixação do componen te do úm ero ao compo nente ulnar, as próteses
comp ressão na cabeça do rádio podem co rresponder a três vezes o são classificadas como constritas, semi cons tritas e não constritas.
lllI9 PARTE V PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

1
1
1
1
1
1
1
1
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)
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1
J
1

tC__ j

H[dll;ffll!ID Superior, Prótese de cotovelo CGS Ili. Meio, Prótese


tota l de cotovelo sem iconstrita HSSOsteonics. Infe ri o r, Prótese de
cotovelo semiconst rita Coonrad . (Superior de Herren DB, O' Driscoll
A B SW, An KN: Role of collatera l ligaments in the GSB-li nked total elbow
prosthesis, J Shoulder Elbow Surg 10:260, 200 1; meio de Kraay MJ, Figgie
H[êjil;fulmt A, Ossos d o anteb raço em equ ilíb rio com o MP, lnglis AE, et ai: Primary semiconstrained total arthroplasty: surviva l
úmero d ura nte a f lexão, nenhuma tensão co late ral. B, As forças analysis of 11 3 consecutive cases, J Bone Joint Surg 768:636, 1994.)
se concentram na bo rda latera l do processo corono ide após a
excisão da cabeça do rád io. A tensão do li gamento medial evita
a deformidade em va lgo.

de pacientes, sem m étod os de ava liação padroni zado s. Alguns


misturaram próteses diferentes e incluíram pacientes com artrite
traumática, osteoartrite e artrite reum atoide. Esses fatores limitam
a co mp aração objetiva d as próteses . Relatórios mais recentes per-
As próteses co nstritas do tipo metal-metal incluem os modelos Stan- mitem co mpree nsão melhor das va nt agens e limitações dos vários
more, Dee, McKee, GSB I (Gschwend, Scheier e Bahler) e Mazas e modelos.
geralmente têm uma articulação do tipo metal-metal e fixação com
ci mento de polimetilmetacrilato. Essas próteses têm sido abandona- • ARTROPLASTIA DE DESBRIDAMENTO
das e a técnica da sua implantação não é descrita aqui. Ar troplast ia de desbrid am ento para co ndições degenerativas do
As próteses semi co nstritas são compostas por duas ou três cotovelo é recomendada para pacientes m ais jovens, com maior
peças, possuem articulação de metal-polietileno de alta densidade, demanda, que não podem cumprir as restrições de esforços asso-
e podem se r co nectadas com um pino de bloqueio ou um dispositivo ciadas à a rtroplastia total do cotovelo. Abordagem lateral o u
de encaixe por pressão. As próteses se miconst ritas articuladas têm acessos medi al e lateral combin ado s podem ser us ado s para
uma mobi lidade embutid a para a di ssipação de forças. Os modelos remove r corpos li vres e desb ridar osteó fito s no cotovelo osteoar-
GSB III, H SS-Osteonics, Coo nrad-Morrey, e Discovery são exem- tríti co do loroso e rí gido. Abo rd age m medial é recom endad a
plos de implantes semiconstri tos (Fig. 12-25) . devid o aos sintomas concomitantes e frequ entes do nervo ulnar
As próteses não constritas têm dua s ou três peças constituí- e à importância da ava liação e remo ção de osteófitos d a borda
das por articu lações de metal-polieti leno de alta densidade. Geral- media l do processo coronoide e olécrano, em vez de seus respec-
m ente não têm co nexão de encaixe por pressão, de ligação ou pino. tivos processos (Técnica 12-4).
Algun s modelos são do tipo recobrimen to articu lar (reswjacing),
e alguns têm hastes para o co mpon ente do úm ero. Os modelos não
co nstritos incluem o capítulo-condilar (Ewald) , London, Kudo, ARTROPLASTIA DE DESBRIDAMENTO
Ishizuki, Lowe-Miller, Wadsworth, Souter-Strathclyde, e Latitude.

---------'~
Digno de nota, o Latitude é um implante híbrido que pode ser TÉCNICA
convert ido para articulação semi co nstrita co m um anel de blo -
queio. A maioria dessas próteses representa um a tentat iva de (WADA ET AL. )
reproduzir anatomicam ente as superfícies arti cul ares do cotovelo.
Res tauram o deslocam ento (ojfset) anterior da articulação do • Com o paciente em decúbito dorsal e o lado envolvido
úmero e têm ce ntro de rotação único. Todas as próteses de resur- sobre suporte para o braço, faça uma incisão posterome-
facing ou não co nst ritas exigem ligamentos ín tegros e normais, dial curva ao longo do bordo dista l do pronador redondo,
cápsu la anterior e alinhamento estático apropriado. Se a perda passando 1 cm posterior ao epicôndilo medial e esten-
óssea ou destruição caps uloliga mentar é extensa, prótese não cons- dendo-se 4 cm proxima l ao processo do olécrano (Fig.
trita geralmente não pode se r usada. 12-26 A e B) . Preserve e proteja os ramos sensitivos antes
Estud os clíni cos iniciais de expe ri ência com vários mod elos do isolamento e descompressão do nervo ulnar.
protéticos foram ava li ações prelimin a res em pequeno número
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

~---,J"""P'~ ~fo~~
Cabeça umeral Epicôndilo
do músculo flexor medial
e ulnar do carpo

E F

O@mful!llll Artroplastia de desbridamento do cotovelo (veja o texto). A e B, Inci são. C, Elevação da origem dos flexopronadores.
D, Expos ição do compartimento anterior do cotovelo. E, Exc isã o do fei xe obliquo posterior e cápsula posterior. F, Exposição das faces
anterior, medial e posterior da articulação ulnoumeral. G, Expos ição e excisão de osteófitos na face lateral do olécrano e na fossa do
olécrano. VEJA A TÉCNICA 12-4.

•Descole e eleve a origem do flexor-pronador e a cápsu la desbridame nto da articu lação ulnoumeral posterior e
anterior para expor as articu lações ulnoumeral anterior e fossa do olécrano (Fig. 12-26 E)
radiocapitelar (Fig . 12-26C). •Disseque entre o tríceps e o braquiorradial para expor o
•Use escopros ou pinça "saca-bocado" para remover osteó- côndi lo latera l e cápsu la articular (Fig. 12-26 F).
fitos do processo coronoide, borda medial do coronoide, •Exponha a cabeça do rádio abrindo longitudinalmente o
fossa coronoide e fossa radia l. Se necessário para ressecção ligamento co latera l do rádio.
do osteófitos, afaste mediaimente a banda anterior do • Afaste a cápsu la articular anterior subperiostea lmente e
ligamento colatera l medial, mas preserve-a (Fig. 12-26D). remova todos os osteófitos.
• Afaste o nervo ulnar, incise o fe ixe posterior do ligamento • Alternativamente, descole com cuidado as fibras mus-
colatera l medial e afaste o tríceps posteriormente para o culares do braqu iorradial, extensor rad ial longo do carpo )
., PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

) erealizar
braquial da cápsula articular anterior antes de ressecá-la e
o desbridamento articular.
dolorosa na ausência de infecção, a indicação mais frequente em
países subdesenvolvidos tem sido as luxações de cotovelo não tra-
•Preserve o ligamento colateral lateral ulnar, mantendo a tadas. Como a artroplastia de interposição não contribui ineren -
dissecção capsular anterior a uma linha que liga o ponto temente para estabilidade do cotovelo, instabilidade não é urna boa
médio do epicôndilo lateral à porção central da articula- indicação para esse procedimento.
ção radiocapitelar. A identificação dos pacientes adequados para a artroplastia
•Continue com a dissecção posterior ao epicôndilo lateral e de interposição é difícil e envolve avaliação do processo patológico
proximalmente ao longo da borda anterior do tríceps late- subjacente e a motivação do paciente. Para obter sucesso, a condi-
ralmente, para expor o tecido adiposo (fat pad) posterior ção dos tecidos moles que envolvem o cotovelo deve ser a mais
e a fossa do olécrano (Fig. 12-26G). Corpos livres e osteó- normal possível. Músculos fracos e atrofiados, pele fina e delicada
fitos muitas vezes são encontrados posteriormente, e a e cicatrizes extensas ou aderências entre a pele e os ossos subja-
dissecção distal ao epicôndilo lateral na articulação radio- centes impedem a obtenção de resultados satisfatórios. A muscu-
capitelar posterior é necessária para a conclusão do des- latura do antebraço deve estar em boas condições para que a força
bridamento lateral . e a estabilidade no pós-operatório possam ser alcançadas através
•Irrigue abundantemente a articulação após a amplitude da reabilitação desses músculos. Além disso, é importante preser-
de movimento satisfatória ter sido obtida. var o estoque ósseo, tanto quanto possível, e manter a integridade
•Obtenha a melhor hemostasia possível, e cubra as super- das partes moles musculares e capsuloligarnentares em torno da
fícies de osso esponjoso com cera óssea (parafina). articulação do cotovelo.
•Se o grupo flexopronador foi desinserido, reinsira-o a um A artroplastia de interposição pode ser considerada em pacien-
tecido mole consistente ou ao osso através de perfurações. tes mais jovens com artrite pós-traumática (Fig. 12-27). Pode ser
•Trate o nervo ulnar de acordo com a amplitude de movi- eficaz nesses pacientes e continua sendo alternativa à artroplastia
mento obtido. Se há tensão mínima no nervo ao longo total do cotovelo. A adição de dispositivos de distração é útil.
do arco de movimento e o mesmo não subluxa sobre o
epicôndilo, simplesmente mantenha-o descomprimido
in situ. Se a subluxação ocorrer ou a tensão nervosa é
excessiva com a flexão do cotovelo, realize um procedi- ARTROPLASTIA DE INTERPOSIÇÃO
mento de transposição anterior.

-------~
•Posicione drenos de sucção e feche as incisões de forma TÉCNICA
rotineira.
•Inicie proximal à articulação do cotovelo, com incisão de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Fisioterapia é iniciada no 15 a 20 cm na face posterior do braço e antebraço medial
dia 2 do pós-operatório, quando os drenos são removidos. à linha média do membro .
Frequentemente são usadas talas estáticas para prevenir a •Afaste a fáscia profunda lateralmente, de 2 a 3 cm, e
recorrência da contratura em flexão do cotovelo. exponha a aponeurose do músculo tríceps.
• Para acesso à articulação, dois métodos podem ser utiliza-
dos. No primeiro, exponha a aponeurose na extremidade
proximal da incisão e realize um incisão transversalmente ao
longo das suas bordas lateral e medial. Inicie proximalmente,
Mais recentemente, alguns autores têm defendido o desbri- dissecando-a distalmente; disseque um retalho da aponeu-
damento artroscópico do cotovelo para doenças degenerativas. rose com a sua base inserida até a ponta do olécrano (Fig.
Adams et ai. reportaram 42 cotovelos seguidos por um período 12-28A). Faça uma incisão no músculo tríceps e periósteo
mínimo de 2 anos após desbridamento artroscópico e liberação na linha média sobre o terço distal do úmero (Fig. 12-288)
capsular para osteoartrite. Os autores relataram melhora significa- •No segundo método, em vez de criar um retalho do tendão
tiva de flexão, extensão, supinação, na dor e na pontuação com escala do tríceps, faça uma incisão na aponeurose, músculo
de Mayo para avaliação de resultado. Complicações foram raras e tríceps e periósteo longitudinalmente na linha média.
81 % dos pacientes tiveram resultado bom ou excelente. Embora •Após cada acesso, com descolador periosteal, retire o
relatos iniciais tenham sido promissores com essa "artroplastia periósteo do terço distal da superfície posterior do úmero,
osteocapsular", mais estudos são necessários para determinar a retraia-o medial e lateralmente e exponha a cabeça do
eficácia em longo prazo. rádio e olécrano.
•Se a articulação está ancilozada, osteotomize a fusão
• ARTROPLASTIA DE INTERPOSIÇÃO (FASCIAL) entre o olécrano e o úmero e entre a cabeça do rádio e
Artroplastia de interposição é outra intervenção para tratar úmero, protegendo cuidadosamente o nervo ulnar.
doenças degenerativas do cotovelo em pacientes que têm contrain- •Flexione a articulação e desloque o rádio e ulna mediai-
dicações da prótese. A principal indicação pode ser perda de movi- mente.
mento, dor incapacitante ou ambas. A perda de movimento pode • Molde a extremidade distal do úmero em um côndilo
ser causada por artrite inflamatória ou degenerativa, septicemia, convexo de anterior para posterior (Fig. 12-28C). Embora
queimaduras ou trauma. Anquilose pode ser óssea ou fibrosa. Dor não seja necessário reproduzir os contornos do capítulo
incapacitante em paciente jovem e ativo pode ser a principal indi- e tróclea, pode-se obter maior estabilidade mediolateral
cação. Se a dor e limitação de movimento são resultados de septi- se o úmero distal for moldado em V invertido.
cemia, avaliação pré-operatória cuidadosa deve determinar que a •Com escopro curvo, resseque o osso superficial para apro-
mesma está sob controle. Embora a melhor indicação para artro- fundar e aumentar a incisura troclear da ulna e corte a
plastia de interposição seja a perda de movimento pós-traumática
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO cm

Otijl!;Ml!IJI A e B, Após artrop lastia de interposição com fásc ia . C, Exten são 20 anos após a cirurgia. D, Flexã o 20 anos
após a cirurgia.

cabeça do rádio ao nível da parte distal da mesma incisura da cápsu la com três suturas, uma em cada lado e outra
(Fig. 12-28D) no meio.
•Regularize todas as superfícies com uma "raspaº • Posicione a metade proximal da fáscia sobre o cônd ilo do
• Obtenha um retângulo longo da fáscia lata da face úmero recém-modelado, e com suturas interrompidas prenda
latera l da coxa como enxerto, de taman ho suficiente e tensione as bordas medial e lateral dessa metade nas partes
para cobrir a art icu lação remodelada. (Mu ito tempo é moles adjacentes sobre as bordas medial e lateral do úmero;
economizado se há uma segunda equ ipe para retirada se as partes moles forem insuficientes, prenda a fáscia com
da fásc ia lata enquanto o cotove lo é exposto .) Outros suturas passadas através de perfu rações nessas bordas.
cir urg iões preferem usar aloenxerto de tendão de •Como alternativa, use âncoras ósseas para ag ilizar a fi xação
Aqu iles, o qua l el imin a a necessidade do procedimento da fáscia ao úmero e olécrano e para a fi xação dos tecidos
de retirada. capsuloligamentares do úmero.
•Dobre a fáscia ao meio com a superfície lisa para o lado •Posicione a metade dista l da fásc ia sob re a incisura tro -
de dentro, e ancore sua borda dobrada à parte anterior clear e suture-a no local (Fig. 12-28E). (Na presença de )
E9 PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

i
Mão
- - - Antebraço ~Antebraço

~ /Ponta do olécrano

r úmero

~ Pinças hemostáticas
segurando a fáscia
A do tríceps B

Cápsula anterior -' - - Fáscia do tríceps


/7: Ponta do olécrano
/ r-áscia do tríceps .Y Olécrano
,, -~ remodelado
1

.r=-----"~,__~~=-- Côndi lo
do úmero
remodelado

Gaze

Gaze
e D

-~==~- Côndilo umeral


coberto pela
fáscia lata

E
H@IJ;f+il!II) A-E, Técnica operatória da artroplastia de interposição fáscia. VEJA A
TÉCNICA 12-5.

sinostose entre o rádio e a ulna proximais, resseque osso •Reduza a articu lação e, com o cotovelo fletido a 90
)
suficiente para permitir rotação livre do rád io.) graus, feche a cápsula de distal para proximal. Se o
•Insira uma dobra da mesma fáscia entre o rádio e a ulna retalho de aponeurose do tríceps for dissecado, suture-o
e envolva a cabeça do rádio ou coloque uma folha de no nível ma is distal em rela ção a sua fixação anterior,
fáscia em torno da cabeça e fixe-a com uma sutura em para permitir que a articulação flexione mais livremente.
bolsa . (Se não há mais fáscia lata disponível, o retalho de
CAPÍTULO 12 ARTRO PLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

aponeurose do tríceps pode ser posicionado entre as ag ulha pode ser suficiente. Dor, recidiva da anqui lose e instabilidade
superfícies articu lares no lugar da fáscia.) podem levar a falha do procedimento. Esta também pode ocorrer
•Use uma tala gessada longa posterior, com o cotovelo em com o tempo. Revisão da artroplastia fascia l pode se r úti l se a causa
90 graus de flexão. exata da falha puder ser identificada.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cotovelo é imobil izado


em 90 graus de flexão com tala posterior e o braço pode • ARTROPLASTIA DE RESSECÇÃO E COM
ser colocado em tipoia umeral de abdução, que é usada por PRÓTESE DA CABEÇA DO RÁDIO
1O a 14 dias para evitar rotação. A tipoia de abdução nem
sempre é necessária. Após cicatrização completa da ferida
1 ARTROPLASTIA, DE RESSECÇÃO DA
operatória, a tipoia de abdução e a tal a do cotovelo são
CABEÇA DO RADIO
descartadas e uma tala posterior de cotovelo com tiras e A substituição da cabeça do rádio geralm ente é mais utilizada no
five las é usada . Esta é removida por 1 a 2 horas, 3 ou tratamento de fraturas corninutas da cabeça do rádio, mas pode ser
4 vezes por dia para exercícios ativos, para desenvolver os utilizada também em outras situações, corno instabilidad e e defor-
músculos flexores e extensores do cotovelo e os músculos midade do cotovelo. Próteses de silicone (Sil astic) foram introduzi-
flexores dos dedos. Após 3 semanas da cirurgia, a tala das no início de 1980, inicialm ente com relatos de bons resultados.
pode ser retirada durante o dia e uma tipoia é usada para No entanto, acompanhamento por longo prazo indicou problemas,
suporte, conforme necessário, mas a ta la deve ser usada como falha da prótese e sinovite induzida pelo sili cone. Devido a
durante a noite até que sejam recuperadas amplitude satis- isso, as próteses da cabeça do rádio foram substituídas por implantes
fatória de mobilidade e boa força muscu lar do cotovelo; metálicos, especialm ente para o tratamento de lesões com fratura
isso gera lmente ocorre após 8 semanas da cirurg ia. O combinada da cabeça do rádio e lesão do ligamento medial. Próteses
paciente deve continu ar com exercícios ativos durante metálicas da cabeça do rádio são duráveis e ajudam a manter a
pelo menos 6 meses. Força e mobilidade máximas geral- estabilidade em valgo do cotovelo após substituição da cabeça do
mente são recuperadas dentro de 2 anos após a cirurgia. rádio por trauma.

1 ARTROPLASTIA COM PRÓTESE DA


CABEÇA DO RÁDIO
Com o tempo, alguns autores alteraram o material de enxerto As fraturas da cabeça do rádio associadas às luxações de cotovelo
de fásc ia autógena para alo enxerto do tendão de Aquiles. Isto ev ita frequentemente são corninutas e quando não podem ser reconstruí-
a morbidade da área doadora e também pode fornecer um a super- das, são simplesmente ressecadas. Nessa situação, se ocorre instabili-
fície de suporte mais grossa e mais resistente. Larson e Morrey, no dade do cotovelo após excisão da cabeça do rádio, geralmente quando
entanto, relataram que apenas 29% dos 45 pacientes obtiveram resu l- associada com fratura do coronoide baixa ou ruptura do ligamento
tado bom ou excelente em 45 cotovelos, após 6 anos de acompanha- colateral medial, a prótese da cabeça do rádio pode ajudar na estabi-
mento, embora tenha havido melhora significat iva na dor, mobilidade lização da articulação. Se a cabeça do rádio está fraturada em combi-
e escores funcionais . Instabilidade pré-operatória foi associada aos nação com luxação da articulação radioulnar distal, migração
piores resultados funcionais. proximal do rádio após a excisão da cabeça do rádio pode ser mini-
Resultados funcionais e aspecto radiológico após artroplast ia mizada pela inserção da prótese da cabeça do rádio. Em cada uma
de interposição se co rrelacionam pouco (Fig. 12-27). Em geral, os dessas situações, a prótese da cabeça do rádio pode ser indicada para
resultados regulares e ruins são causados por dor persistente, perda estabilizar a articulação do cotovelo, permitindo exercícios precoces
de mobilidade (anqu ilose) e instabilidade excessiva. para ganho de mobilidade (Fig. 12-29).
Complicações incluem absorção óssea, ruptura do tríceps, for- Tentativas para evitar luxação recorrente do cotovelo, migra-
mação de osso heterotópico, instabilidade, infecção e formação de ção proximal do rádio e instabilidade em valgo excessiva após certas
seroma na área doadora da coxa. Abso rção óssea pode ocorrer lesões do cotovelo e antebraço levaram a evolução dos modelos
nos cônd il os distais do úmero e pode contribuir para a in stabi- protéticos da cabeça do rádio. Embora a substitu ição protética da
lid ade. Ruptura do tríceps, que pode estar relacionada à exposi- cabeça do rádio após fraturas agudas da cabeça do rádio e após
ção cirúrgica, é uma complicação rara da artroplastia fasc ia l. excisão da cabeça do rádio e sinovectom ia do cotovelo seja contro-
Pode ser minimizada o u evitada se o retalho de aponeurose do tríceps versa, é razoável considerar esse procedimento após lesão o u doença
é desenvolvido ou se o tríceps é refletido subp eriostealm ente do que leve a instabilidade significativa do cotovelo, eixo radial do
olécrano, como defendido por Bryan. Formação excess iva de osso antebraço e articulação radioulnar distal. Os vários tipos de próteses
heterotópico limita o movimento. Embora a excisão do osso hetero- da cabeça do rádio atualmente disponíveis evoluí ram a partir de um
tópico possa melhorar o movimento, pode haver recidiva, indepen- modelo monobloco para próteses modulares, a lgumas com caracte-
dentemente da maioria dos métodos utilizados para preveni-la. rísticas bipolares e materiais diferentes que podem diminuir a pro-
O tratamento para infecções após artroplastia fascia l do coto- babilidade de desgaste do capítu lo em contato com a prótese.
velo deve ser imediato e agressivo. Se a infecção é superficial ou há A substituição da cabeça do rádio deve se r a mais próxima da ana -
desenvolvimento de cel ulite, o uso d e antibióticos orais, elevação do tômica. Geralmente, a extremidade proximal da cabeça do rádio é
cotovelo e imobilização podem resolver a infecção. Se est rutu ras 0,9 mm d is tal à borda lateral do coronoide, mas pelas variações de
mais profundas estão infectadas, pode ser necessários drenagem cada paciente, imagem do cotovelo contra latera l pode ser útil
aberta e desbridamento ou excisão do enxerto de fáscia. Se foi uti- para fins de dimensionamento. Para evitar desgaste do capítulo por
li zada fáscia lata autógena como material de enxerto, normalmente tensão excessiva (overstufj) sobre a articu lação radiocapitelar, a
a formação de hematoma e serorna na área doadora da coxa é borda proximal da prótese deve estar nivelada com a borda lateral
resolvida ao longo de semanas e raramente é necessário drenagem. do coronoide (Fig. 12-30). O tamanho correto e a reinserção ade-
Se drenagem é necessária, usa-se técnica asséptica, e asp ira ção por quada do complexo ligamentar lateral são necessários para evitar
. , PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

Hlriii;Hl!E) A, Fratura-luxação do cotovelo. B e C, Após prótese da cabe ça do


rádio .

contato irregular da borda da prótese co m o capítulo (edge binding)


(Fig. 12-31). Em teoria, a prótese bipolar pode ajudar a reduzir esse ARTROPLASTIA CQM PRÓTESE
problema. Os resultados das fraturas complexas da cabeça do rádio DA CABEÇA DO RADIO
tratadas com diversos modelos de próteses de monobloco e bipolares
são animadores, embora res ultados em longo prazo de um número
significativo de pac ientes ainda sejam necessários. Em geral, os
TÉCNICA mm_____ ~
resultados parece m se r bons a excelentes em 80% dos pacientes, com • Posicione o paciente em decúbito dorsa l ou em decúbito
10% a 20% de redu ção na fo rça. Alívio da dor é excelente, extensão lat eral com o cotovelo afetado para cima. Pre pare e enfaixe
e flexão do co tovelo e pro nação e supinação es tão dent ro de 10 a 20 o braço para expor o cotovelo com o braço sob re o peito.
graus dos valores normais, e a manutenção da estabilidade da arti - Use torniq uete pneu mático.
culação uln oum eral é quase se mp re obtida.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO

rádio com a
cabeça _ __
ressecada
Ligamento
anu lar-X

Prótese
da cabeça
do rádio

Úmero
distal
h@ii;!il!II!I Prótese da cabeça do rádio (veja o texto). Exames
tridimensionais de TC usados para determinar o plano definido
pelas margens distais da superfície articular da cabeça do rádio. H@ii;tgi1!19 Prótese da cabeça do rádio (veja o texto) . O liga-
Seta 1, Crista centra l do processo coronoide. Seta 2, Borda lateral
mento anu lar é incisado transversalmente para permitir a visão do
do processo coronoide. (De Doornberg JN , Linzel DS, Zu rakowski D, canal medular para co locação da prótese. VEJA A TÉCNICA 12-6.
et ai: Reference points for radial head prosthesis size, J Hand Surg
3 1A53, 2006.)

•Comece a incisão superior ao epicôndilo lateral esten -


dendo distalmente cerca de 6 cm em toda a articula-
Extensão total
(sem "contato marginal") ção no interva lo entre o extensor uln ar do carpo e o
ancôneo.
• Aumente o intervalo entre os dois músculos e exponha
a cápsula lateral do cotovelo. Muitas vezes, pela própria
lesão, as estruturas capsu lares laterais são avu lsionadas
do epicôndilo lateral, e o intervalo criado pelo trauma
deve permitir a remoção de fragmentos ósseos e expor
o co lo do rádio.
•Faça uma incisão no ligamento anular transversalmente
e corte o colo do rádio imediatamente proximal ao foco
da fratura (Fig. 12-32).
90º de flexão • Prepare o canal medular do rádio proximal com broca ou
{algum "contato marginal") fresas para inserir a haste da prótese.
• Corte a superfície do rádio proximal uniformemente de
modo que o contato entre ele e o colar da prótese seja
completo.
• Confira o ajuste correto da haste no cana l medular e
observe se o contato com o capítulo está satisfatório.
Evite compressão excessiva da prótese .
•Confira os movimentos de flexão, extensão e rotações e
observe a relação entre o capítu lo e a prótese nas proje-
ções anteroposterior e laterais.
O(riii;tJ.ilflll Prótese da cabeça do rádio (veja o texto). A esta- •Após a prótese de teste demonstrar contato satisfatório
bilidade da prótese deve ser verificada durante a mobilização do entre o cap ítulo e a prótese e bom encaixe no canal
cotove lo para garantir que não ocorra qualquer contato entre a medular radial, insira a prótese final. )
margem da prótese e o capítu lo.
lllliZi» PARTE V PROCEDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTO S

A m ericana de Cirugiões de Ombro e Co tove lo (ASES), In glis e


•Faça perfurações no centro de rotação do capítu lo ou use
) Pellicci, e Ewa ld. A esca la de Mayo para res ultado s, que leva e m
âncora óssea para reinserir as estruturas ca psula res laterais,
conta a dor, m o bilid ade, esta bilidade e função di ár ia, é usad a
incluindo o ligamento colateral lateral ulnar ao seu ponto
isométrico, mantendo a articu lação ulnoumeral reduzida. para co mp a ra r os di ve rsos pro cedim entos c irúrg icos n o cotovelo
•Deixe dreno de sucção, feche a lesão em planos e proteja (Qu a dro 12 -3) .
o cotovelo com curati vo co mpressivo em 90 graus de
flexão. • INDICAÇÕES
Os objetivos da reco nstru ção ci rúrgica do cotovelo são restaurar a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo é retirado de 3 fun ção através d o alívio d a dor, restaurar m o bil idad e e estabilid ade.
a 5 dias após a cirurgia. Posteriormente, um pequeno Ao ava li ar os candidatos à artroplastia do co tovelo, dois fa tores
curativo é deixado no local, e movimentos suaves ativos do d evem ser considerad os: seleção dos pacientes e da prótese. Coto-
cotovelo são iniciados. Fisioterap ia agressiva deve ser velo estável e indolor co m preservação do movime nto intermedi ário
evitada. Se houver associação com outras lesões, como ou fu ncion al gera lmente não requer artroplast ia.
lu xação radioulnal distal, lesões ligamenta res ou insta bil i- Apesa r de muitas indicações e indicações relativas terem sido
dade do cotovelo, a imobi lização é mantida por 3 semanas. relatad as, d efo rm idad e e disfunção sem dor não são indicações de
Mobilização após lesão radiouln ar depende do tratamento cirurgi a. Da m esma forma, fraqueza e desco nforto causados por
imposto e se fo i rea lizada fixação temporária com pinos. instabilidade pode m se r ind icações relativas, principalm en te em
Movimentos ativos são ini ciados sob supervisão. pacientes com artrite pós-traumática. Indi cações primári as para
artrop lastia to tal do cotovelo são dor, instab ilid ade e anquilose bila-
teral do cotovelo. Ar tr ite reumatoide com ev id ência radiográfica de
d estrui ção articular que gera lmente não melhora co m ressecção da
cabeça do rád io e sin ovectomia, especia lmente em pacie ntes com
instabilid ade e rigidez dolorosa que limita m as ativid ades, é consi-
ARTROPLASTIA TOTAL DO COTOVELO
derada indi cação. Anqui lose óssea ou fibrosa co m o co tovelo em
Artroplastia total do cotovelo é um dos procedimento s mais es tu - posição funciona l ruim tamb ém é considerada como indi cação de
dado s d a c irurgia ortopédica . Vários autores têm demon st rado artroplasti a. Em pacie ntes co m artrite reumatoide, a artropl astia
seus res ultados com dive rsos ti pos d e próteses. O m étod o de ava- deve se r considerada apenas após falha no tratame nto médi co e a
liação dos res ultados da a rt ro pl as ti a do cotovelo tem sid o padro- doença ter evoluído para alterações ósseas, estádio em que si novec-
ni za do, e siste mas de class ifi cação foram es tabelecidos por Morrey tomia não se ria bené fi ca.
et ai. , pe la Am erica n Sho uld er a nd Elb ow Surgeo ns - Sociedade O m e lhor ca ndid ato para artroplastia total do co tovelo é
descrito co m o o paciente com artrite reumatoide co m in capaci-
dade e d o r importantes, co m a rquitetura ar ti c ul ar a lte rad a; no
entanto, a decisão pe lo procedimento deve se r to m ada com


cautela d ev ido à a lta taxa de co mplicaçõ es. Pacientes com a rtrite
_ Escala Mayo de Resultados reumatoide que apresentam li mitação d e mo b il idad e, anqui lose,
12 3 para Cotovelo instabilid ad e ou dor in capacitante, gera lm ente evo lue m melhor
após artroplastia, qu a nd o com parados aos pacientes co m a rtrite
Dor (45 pontos) traum át ica .
• Nenh uma (45 pontos) A seleção do tipo de prótese depende em grand e parte do
•Leve (30 pontos) estado das estrutura s capsulo ligamentares ao redor do co tovelo, da
•Mod erada (15 pontos) integridad e muscula r e d a quantidade de osso rema nescente na a rti-
•Intensa (O pontos) culação do cotovelo. Ge ralm ente quanto m ais estoque ósseo e mais
Amplitude de Moviment o (20 pontos) estável é a articu lação, mais ad equada é para substi tui ção co m resur-
•Arco > 100 graus (20 pontos) facingou uso d e prótese não co nstrita. Modelos protéticos co nstritos
•Arco de 50 a 100 graus (15 pontos) deve m ser selecionad os para pacientes co m lesão nos li ga mentos
•Arco < 50 graus (5 pontos) estabilizadores e cápsu la, mu sculatura atrófica e perda considerável
d e es toqu e ósseo.
Estabilidade (10 pont os)
Ewa ld sugeriu co ntrai ndicação absoluta para artroplastia do
• Estável ( 1O pontos)
cotovelo co m implante nos casos de h istó ri a anterior de in fecção no
• Moderadamente instável (5 pontos)
cotovelo. Devido ao se u modelo d e prótese se r do tipo capí tul o-
•Extremame nte instável (O pontos)
-co ndi lar, tamb ém co nsidero u artroplastia fascia l ou outro tipo de
Fun ção (25 pontos) interpos ição e artropl asti a constrita prév ia como contraindi cações
• É capaz de pentea r os cabelos (5 pontos) abso lutas para o uso desse mod elo. Co ntraindi cações relativas ao
•É capaz de alimentar-se sozinho (5 pontos) uso da artrop lastia não co nstrita de reswfacing in cl uem perda óssea
•É ca paz de rea liza r tarefas de higiene pessoal (5 pontos) excessiva, co mo nos cistos re umatoides gigantes, d efic iência da inci-
• É capaz de colocar a camisa (5 pontos) sura trocl ea r u ln a r e a rtrite pós-traumática ou d ege nerat iva.
•É capaz de colocar os sapatos (5 pontos) Coo nrad e Moorey co ns id e ra ram infecção, uso excess ivo d o co to-
velo, a nquil ose do ombro ipso late ral e presença de a rti c ul ações
Total máxi mo = 100 pontos. neurotróficas como co n t raindi cações. Kud o et ai. co ncluíram q ue
Classifica ção dos resultados: 90-100 =excelente, 75-89 =bom, 60-74 = perda óssea extensa e m ambos os lados da ar ti cul ação e função
regular, <60 = ruim . ruim dos mecanismos flexores e exten so res são co ntra indi cações .
Morrey et ai. a firm a ram não have r impl ante co nfi áve l e co nsistente
CAPÍTULO 12 ARTROP LASTIA DO OMBRO E COTOVELO Gii
para artroplastia total nos pacientes com artrite degenerativa pós-
(Fig. 12-3 3C). Identif iqu e o cana l com uma broca usada
-traumática no cotovelo. Isso nem sempre representa um a contrain-
no teto da fossa do olécra no (Fi g. 12-330).
d icação para artroplastia total do cotovelo.
•Retire a cortical da fossa do olécrano e abra o canal
medular em um tamanho suf iciente para permitir o uso
da fresa do cana l (Fig. 12-33 E)
• Preserve as porções medial e lateral das colu nas supra -
• TÉCNICA CIRÚRGICA
condi li anas durante a prepa ra ção do úmero distal. Use as
co lun as como referênc ia durante a preparação óssea para
ARTROPLASTIA TOTAL DO garantir a orientação e al in hamento satisfatórios.
COTOVELO TIPO COONRAD-MORREY •Insira a haste de ali nhamento dentro do cana l medular
A prótese Coonrad-M orrey é uma prótese semiconstrita com um cabo em T (Fig. 12-33 F)
articulada com uma bucha de poli etil eno de alto peso •Remova o identificador e aplique o bloco de corte com
molecular e componentes de titânio do úmero e ulna. Foi a colocação adequada, direita ou esque rd a. Permita
projetada com 7 graus de mobilidade rotacional e latero- que o braço latera l fique apo iado sobre o capítulo,
media l. As hastes do úmero e ulna correspondem às formas demonstrando a prof undidade adequada do co rte (Fig.
dos cana is medu lares. A haste triangular do úmero é acha- 12-33G)
tada próximo à base na porção inferior mais larga e plana •Use serra oscilante para remover osso do capítulo e
do canal medu lar do úmero. A haste medular grande pro- tróclea que corresponda ao t amanho aprop ri ado do
porciona fixação rígida. Sua haste longa, com seus contor- bloco de corte. Se o osso é osteoporótico, marque o
nos e fl ange dista l anterior, aum enta a resistência ao torque. córtex com eletrocauté rio, usando o bloco de co rte
A ressecção óssea cu idadosa na área intercond iliana do como guia.
úmero é necessária para permitir o ajuste adequado da • Remova qua lquer osso remanescente após o corte com
prótese umeral . A prótese é inserida com o cotovelo total- "saca-bocado". Evite lesões às colunas supracond ilianas
mente fletido. Se necessário, pode ser desarticulada através media l e lateral para evitar fraturas. Remova o osso cu ida-
da remoção do pino axia l. Os componentes também podem dosamente, em pequenas quantidades a cada vez, inse-
ser inseridos separada mente e, em seguida, unidos. Próteses rindo a prótese de teste repetidamente até que as margens
dos lados direito e esquerdo estão disponíveis como compo- da mesma estejam exatamente no nível das margens da
nentes de teste . Quando o dispositivo é implantado corre- superfície articu lar epicondi lar, nos lados do capítulo e
tamente, o eixo de rotação f ica próximo do centro anatômico.
da tróclea.
Ela é relativamente grande, sendo uma possível desvanta-
•Modele as regiões planas do úmero distal pa ra permit ir o
gem para pacientes menores, que ocasiona lmente reque-
enca ixe preciso das laterais da haste umeral, curetando
rem componentes personalizados.
osso esponjoso das porções epico nd il ares e distal do
~ úmero. Isso permite a fixação satisfatóri a do cim ento
TÉCNICA
:--~~~~~~~--~ (Fig. 12-33 H)
•Resseque a ponta do olécrano.
(COONRAD; COONRAD, MORREY E BRYAN) •Use uma broca de alta velocidade removendo osso sub-
condral para permitir a identificação do cana l medular
• Posicione o paciente em decúbito dorsal com o braço
uln ar.
afetado anteri omente sobre o pe ito com um coxim sob o
•Retire osso ad iciona l da ponta do olécrano para formar
ombro ipsolateral (Fig . 12-33A). Ao preparar o braço, deixe
uma cavidade, permitindo o posicionamento das fresas
toda a área do cotovelo e antebraço exposta para que a
em série a serem introduzidas no canal medular da ulna
prótese possa ser inserida corretamente. Use um torni-
(Fig. 12-33 1). Utilize fresas ap ropriadas na ulna direita ou
quete estéril e exangu ine o membro, elevando-o por alguns
minutos antes de infl ar o torn iquete. esquerda, conforme necessário.
•Use uma incisão posteromed ial reta. •Selecione o tama nh o aprop ri ado da fresa e use um a
• Identifique o nervo ulnar, gentil mente o mobilize e o proteja, broca para remover delicadamente o osso subcondral em
transpondo-o anteriormente após a operação. torno do processo coronoide (Fig. 12-33J).
•Descole cuidadosamente o mecan ismo do tríceps em • Após preparo da ulna proximal e úmero distal, insira prótese
continuidade com o periósteo sobre a ulna proximal e de teste e avalie a flexão e extensão totais.
olécrano para evitar transecção ou separação do mesmo •Se houver li mitações na extensão tota l, libere cápsula
(Fig. 12-338) anterior, reava liando os componentes de teste novamente
•Afaste o tríceps para o lado radia l do olécrano para expor até obtenção da extensão completa.
a ulna proximal. A artroplastia com mecanismo extensor •Antes de inserir a prótese definitiva com polimetilmetacri-
intacto é mais fácil, min imizando o risco de ruptu ra do lato, use a prótese de teste para determinar se há im pacto
tríceps e má função do mesmo após a cirurgia. da cabeça do rád io com a prótese. Se isso ocorrer, resseque
• Libere os ligamentos colaterais de cada lado do cotovelo. a cabeça do rád io.
•Gire o antebraço latera lm ente para desloca r o cotovelo e •Molde um enxe rto ósseo da t róclea previamente res-
perm iti r exposição do úmero dista l. secada para ser colocado atrás da fl ange anteri or do
• Remova a porção média da tróclea com uma serra osci - úmero durante a imp lantação do componente. O enxerto
lante para perm iti r acesso ao canal medu lar do úmero geralmente tem de 2 a 3 mm de espessu ra, 1,5 cm de )
ma PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

Ramo motor
do nervo ulnar
Músculo flexor
ulnar do carpo
A Nervo ulnar B

e D

F G H

O[dii;f.!l!l!I A-R, Artroplastia total do cotovelo de Coonrad-Morrey. (Redesen hada de Coonrad RW, Morrey BJ Coonrad!Morrey total
elbow: surgica/ technique, Warsaw, IN, 1988, Zimmer USA.) VEJA A TÉCNICA 12-7.
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO - -

J K L

M N o

p a R

tjtriil;tª''flFMB·'·'•
@n• PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRU ÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

comprimento e 1 cm de largu ra. Afaste o braquial do úmero cotovelo são permit idas, conforme toleradas. Usando tipoia,
)
anteri or criando o leito para colocação do enxerto ósseo. instruções sobre atividades diárias são fornecidas por tera-
•Lave os ca nais medulares do úmero e ulna com um peuta ocupaciona l. Extensão ativa do cotovelo deve ser
sistema pulsátil de irri gação e seque os mesmos. evitada por 3 meses até cicatrização do tríceps. Exe rcícios
•Insira restritores de cimento nos cana is do úmero e ulna. de forta lecimento são evitados, e o paciente deve evita r
•Use pistola de cimento com tubos fl exíve is pa ra inserir o levanta r mais de 2,5 kg aproximadamente, nos 3 primei-
cimento nos cana is (Fig. 12-33K). Use o cimento no início ros meses após a ci rurgia . Após isso, deve-se restringir
do processo de pol imerização. Injete na ulna, deixando 1 levantamento a 4,5 kg.
a 2 cm de ca nal medular não preenchido para perm iti r o
fluxo de retorno do cimento.
•Insira o componente ulnar primeiro, tão distal quanto o
processo coro noide. A li nhe o centro do componente ulnar • RESULTADOS
com o centro da incisura sigmoide maior (Fi g. 12-33L). Resultados em longo prazo (10 a 20 anos) da artroplastia total do
Remova o excesso de cimento em torno do componente cotovelo com próteses semiconstritas e nãoco nstritas já estão publi-
ulnar. cados. Nas revisões de resultados, várias generalizações parecem
•Insira cimento no canal do úmero, deixando cerca de 1 apropriadas. Se as publicações disponíveis das artroplastias sem i-
cm de cana l não preench ido pa ra permitir o fluxo de constritas e não constritas forem consideradas, a média 75% de
retorno do cimento (Fig. 12-33N). resultados satisfatórios foram alcançados. Além disso, a qualidade
• Com o cimento ain da mole, posicione o componente do nos índices de vida melhorou após artroplastia total do cotovelo. Se
úmero para baixo, em um ponto que permita a articu la- forem excluídos ar tigos prévios com implantes mais antigos, resul-
ção do dispositivo e o posicionamento do axia l. Posicione tados satisfatórios se aproximam de 90%. Quando artroplastia do
o enxe rto ósseo contra o úmero distal, sob as partes co tovelo é realizada para artrite reum atoide, os resultados satisfató-
mo les (Fig.12-3 3M). Nesse ponto, o enxerto ósseo é par- rios também alcançam, em médi a, 90%.
cialmente coberto pela flange anterior do componente
do úmero. 1 ARTROPLASTIA TOTAL NÃO CONSTRITA DO
• Articu le o dispositivo do úmero, inserindo o pino axia l COTOVELO
através do úmero e ulna. Prenda-o com anel de bloqueio Vár ios tipos de próteses totais não co nstritas do cotovelo têm sido
(Fig. 12-330) Haverá um clique de confirmação quando utilizadas com vár ias modificações. Artroplastias nãoconstritas tipo
o dispositivo de bloqueio estiver ativado. reswjacing têm demonstrado resultados satisfatórios em média de
•Impacte o componente umeral no úmero de modo que 85%, e de 90% quando a seleção dos pacientes for correta e a técn ica
o eixo de rotação da prótese esteja no nível do eixo ana - cirúrg ia, adeq uada.
tôm ico norma l de rotação (Fig. 12-33P e Q). Isso geral- Pacientes com artrite reumatoide constituem o m aior grupo
mente é obtido quando a base da fl ange anterior é tratado com próteses não constritas. Soltura asséptica foi observada
nivelada com o osso anterior da fossa do olécrano. em 10% das 522 próteses Souter-Strathcl yde utili zadas em pacientes
•Verifique o enxerto ósseo para ga rantir que ele ainda com artri te inflamatória em seg uim ento médio de 6,6 anos. Além
esteja atrás da flange e seguro entre ele e o úmero. da soltura asséptica, a sobrevida fo i de 96% e 84% com 5 e 10 anos,
•Posicione o braço em extensão máxima enquanto o cimento respectivamente. Trai! et ai. , após experiência com 309 art rop las-
seca. Enqu anto isso, retire cu idadosamente o excesso de tias totais tipo Souter-Strath clyde em pacientes com ar trite reu-
cimento. m atoide, reco men d aram componente mais longo no úmero, pois
•Esvazie o torniquete para obter hemostasia . Deixe um 25 das 32 revisões foram por soltura deste. Apesar das taxas de
dreno profundamente à incisão. radiolucência de 100% para os componentes do úmero e de 8,9%
•Faça perfurações em configuração de X através do olé- para ulna, foi demonstrada taxa de sobrevida de 90% em 16 anos,
crano para colocação das suturas na reinserção do tríceps, com melhora média de 43 a 77 na escala de Mayo para próteses
configurando ponto de bloqueado (Fig. 12-33R). Também to tais de Kudo tipo 3.
passe uma sutura transversal através do olécrano e amar- Paralisia do nervo uln ar, infecção profunda, complicações na
re-a no topo do tríceps aproximado para proporcionar ferida operatória, ri gidez e instabi lidade são problemas com un s
fi xação ad iciona l. Feche o restante do tríceps com fio de encontrados com uso desses implantes. A preocupação principal
sutura absorvível. com essas próteses e co m outros modelos não constritos que sur-
• Confeccione curativo compress ivo com o cotovelo em gi ram recentemente no mercado é a alta taxa de radiolucência em
extensão e uma tala anterior longa para reduzir a pressão torno dos componentes do úmero e uln a. Vários ar tigos recentes
sobre a incisão posterior. Se a imobilização do cotovelo concluíram que implantes sem irrestritos tiveram m ais durabili-
em 90 graus de flexão for preferida, use uma tala longa dade que os não constritos.
acolchoada para o braço, com cobertura extra sobre as
superfícies posteriores para evita r pressão sobre a incisão. 1 ARTROPLASTIA TOTAL SEMICONSTRITA DO
COTOVELO
~ Veja também, em inglês, os Vídeos 12-3 e 12-4. A artrop lastia total se mico nstrita do cotovelo para artrite re um a-
toide tem sido muito es tudada. Os primeiros relatos indica ram
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço deve ser elevado bons res ultados em aproximadamente 85% dos pacientes, com
durante a noite com o cotovelo acima do ombro. Os drenas sobrev ivência da prótese em 92%, embora as taxas de complicações
e compressas são retirados 1 dia após a cirurgia. Curativo ten ham sido relativamente altas (14%). Comparações mais recen-
fino é então utilizado e fl exão e extensão pass ivas do tes dos resu ltados entre artrop last ias não constritas e sem iconstri-
tas para artrite reumatoide demonstraram sobrevivência de 93%
CAPÍTULO 12 ARTROPLASTIA DO OMBRO E COTOVELO Cilll


em 5 anos e d e 76% e m 10 anos para implantes não co nstrito s. Em
contraste, a prótese se micon strita teve rete nção d e 100% em 5 12 7
ali
_ ,,;~ Complicações da Artroplastia
do Cotovelo com Implante*
anos. O implante n ão co nstri to apresento u taxas elevadas d e
soltura (1 8%) e instabilidade (9%), responsáve is p ela taxa d e sobre-
vivência in ferior. MÉDIA(%)
Artroplastia total do cotovelo para fraturas distais do úmero RARAMENTE REQUER CIRURGIA
em idosos tem demonstrado ser um m étod o eficaz de tratamento Parestesias nervosas 11
em com paração com redução aberta e fixação in terna. Mulheres Problemas na ferida operatória 14
com m ais d e 65 anos, com fragm entos ósseos pequenos ou m á Fratura do úmero 5
qualidade óssea, co m fatores de co morbid ade signifi cati vos tais Fratura da ulna 5
como artrite reum ato ide, osteoporose, diabetes melito e condições
GERALMENTE REQUER CIRURGIA
que usam cortico ides tive ram resultados sup eriores em seguimentos
Compressão de nervo t 3
d e curto prazo com pró tese, quando co mparad a à fixação. Um
Problemas no tríceps 4
estudo multi cêntri co, prospec tivo e randomizad o co mparando
fixação interna com artroplasti a total do cotovelo para fratu ras Anquiloset 4
distai s intra-articulares desv iadas d o úm ero em id osos d emonstro u GERALMENTE REQUER
resultados funcion a is melh ores em 2 anos com a rtroplastia; no REVISÃO
entanto, foram descritos resu ltados in fe ri ores em pacientes mais Soltura (semiconstrita) 5
jovens (idade média de 23 anos) com fraturas causadas por ferimen - Instabi lidad e (não constrita) 9
tos com arma d e fogo . Infecção 7
Artrite pós- traumática também é indi cação crescente para Fratura e soltura t 5
artroplastia total d o cotovelo. Em seguimento médio de 68 meses
*Percentual médio dos relatórios publicados.
após artroplasti a total do cotovelo, 83% dos 41 pacientes com artrite
tRaramente descrito pela maioria dos autores.
pós-traumática ti ve ram res ultados bons ou excelentes. Falh as fo ram
tipi camente atribuídas ao uso excessivo d a prótese na população
mais jovem e mai s ati va. Uma atua li zação recente dessa série com
seguimento m édio d e 9 anos demonstrou 70% de retenção dos com-
ponentes em 15 anos; 68% dos pacien tes tivera m res ultados bons ou
excelentes. A principal complicação da artroplastia total do co tove lo cons-
Procedimentos prévios se m sucesso de qu a lqu er tipo podem trita tem sido a soltura, geralm ente do componente umeral (Tabe la
ter indi cação de art rop lastia como rev isão. As indi cações incluem 12-7). Nas próteses semiconstritas, a soltura do componen te um eral,
dor intratável co m evidênc ia radiográfica d e d es trui ção d as articu- que previame nte era causa mais com um d e revisão, reduziu-se para
la ções r adioumeral e ulnoum eral , instabilid ad e, s inovecto mia se m meno s d e 5% após melhorias nos modelos d as próteses, alterações
sucesso com exc isão da cabeça do rád io, e perda óssea causa da por na técnica operatória e m elhor compreensão da anatomia e função
tumor, trauma ou infecção. Pac ientes co m tu mores primários do cotovelo.
geralm ente têm res ultados m elh ores qu e os pacientes co m lesões Instabilidade na forma da luxação ou subluxação é a co mpli -
metastáticas. cação que m ais comumente necess ita revisão das pró teses não co ns-
tritas e tem sido descrita entre 9% e 10% d as artro plasti as tota is do
• COMPLICAÇÕES cotovelo. Luxação real ocorre em menos d e 5% d as próteses não
A taxa d e co mplicação gera l tem sido demonstrad a em m édia co mo co nstritas, e depende da técnica cirúrgica. Tens ionamento apro-
43%, incluindo urn a taxa d e revisão d e 18% e d e comp li cações "per- priado dos complexos li gamentares m edial e latera l, bem como pre-
manentes" d e 15%. A mortalid ade perioperató ri a d escrita é d e 0,6% se rvação d a cápsula anterior e tríceps, pode aj ud ar a ev itar essa
geralmente d ev id o a compli cações ca rdíacas. A in cid ência de in fec- comp li cação.
ções va ria d e 0% a 11 ,5%, com m édi a de 5,3%. Em rev isão dos Um a série de m edidas foram recomendadas para minimizar a
mecanismos de fa lh a na artroplastia total do cotovelo rea li zada para ocorrên cia de outras complicações na artropl astia do cotovelo, espe-
artrite pós-traumáti ca, concluímos qu e infecção precoce ( <5 anos) cialmente infecções e problemas com tríceps, nervo ulnar e cicatri-
foi o principal responsável por fa lh as; entre 5 e 10 an os o desgas te zação d a ferid a operatória. Estas incluem o uso d a in cisão reta
d as buchas d e poli etil eno foi a comp li cação mais co mum, e tardia- medi al à ponta d o olécrano, desi nserção do tríceps se m dividi -lo,
m ente (> 1O anos), as co mpli cações foram incomuns, envo lve ndo t ransposição anteri or do nervo ulnar, dren agem d a lesão com pelo
soltura ou fratura de compon ente. m enos um dreno de sucção e im obi lização inicial do co tovelo em
Desgaste d a superfície de apoio de polietil eno tamb ém foi extensão total.
d escrita após artroplastia total do cotovelo, m as é responsável pela
minoria dos procedimentos de rev isão. Fatores associados ao des-
gaste das bu chas foram pacientes mai s jovens, sexo masculino, PROCEDIMENTOS "DE SALVAÇÃO"
artrite pós- traum ática, deformidad e do cotovelo no pré-operatório,
ps eudoartrose supracond iliana e ativid ades d e nível elevado. • REVISÃO DA ARTROPLASTIA DO COTOVELO
Reação osteolíti ca sem elh a nte à observada nas artroplastias Os primeiros resultados das revisões d as artroplastia do cotovelo
totais d e quadril e joelho tem sido encontrada na artroplastia foram ruins, com alta taxa de complicações e índice igualm ente alto
total do cotovelo. Em es tudo retro spec tivo com 16 cotovelos, de resultados insatisfatórios. Apesar disso, com técni ca c irúrg ica
foram observados vá rio s padrões d e d esgas te, incluindo erosão aprimorada e melhor compreensão d os pa drões d e fa lh a d essas
ass im é trica das superfícies d e apoio do úmero e uln a, além resí - próteses, resultados mais recentes têm sid o promissores. Mesmo
duos m e tálico s (debris) . assim, a revisão permanece sendo uma situação difícil, considerada
ma PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

"de salvação': e os pacientes devem ser orientados quanto à real reconstruções com aloenxerto e prótese tiveram sucesso para alívio
situação do seu problema antes da intervenção, para que as expec- da dor em aproximadamente 70% dos pacientes, embora gan hos
tativas sejam claramente definidas. funcionais tenham sido mínimos.
Wolfe et ai. identificaram os fatores de risco pré-operatórios Fraturas periprotéticas também foram relatadas após artro-
para infecção após artroplastia total do cotovelo, incluindo cirurgia plastia total do cotovelo: fraturas do componente umeral ocorrem
ou infecção prévia no cotovelo, doença psiquiátrica e artrite reu- em 0,65%, e do componente ulnar, em 1,2%. Athwal e Morrey publi-
matoide grau IV. Fatores de risco pós-operatórios in cluem drena - caram 26 cotovelos submetidos a revisão por fratura de componen-
gem pela ferida operatória, drenagem espontânea após 10 dias, e tes. Com seguimento de 5 anos, a média do escore de Mayo foi de
reoperação por qualquer motivo. Para infecção profunda após 82, mas as complicações foram frequentes (62%).
artroplastia do cotovelo, recomenda-se remoção da prótese e de Luxação dos componentes da prótese, soltura do pino de arti-
todo cimento possível. Para infecção sup erficial, Wolfe et ai. reco- culação ou fratura do componente protético podem causar falha da
mendaram o desbridamento com preservação da prótese, artro- artroplastia. Se o pino da articu lação fa lhar, deve ser revisado com
plastia de ressecção ou artrodese do cotovelo. Em pacientes com substituição do componente de polietileno. Da mesma forma, se o
soltura do implante, tentativas de preservação não tiveram sucesso. componente é fraturado ou luxado, deve ser substituído na cirurgia
No entanto, nos pacientes sem soltura a manutenção do implante de revisão. A revisão requer manuseio cuidadoso das partes moles
foi possível. Medidas agressivas foram usadas para estabilizar e osso. Falhas ósseas podem exigir próteses personalizadas ou enxer-
partes moles, incluindo excisão de fístu las, desbridamento da pele tos para obtenção de resultados satisfatórios. Na ausência de infec-
espessada e osso exposto, utili zação de enxertos de pele, rotação ção, resultados satisfatórios podem ser alcançados em até 85% das
de retalhos e retalhos musculares pediculados. Man utenção da revisões sem infecção documentada, com estoque ósseo suficiente e
prótese infectada com desbridamento seriado e antibioticoterapia partes moles adequadas.
tem sido descrita, bem como revisão bem- sucedida com troca do Revisão da artroplastia do cotovelo é um procedimento de
implante em estádio único. "salvação" que, quando bem-sucedido, é funcionalmente melhor que
Mais recentemente Yamaguch i, Adams e Mo rrey, publica - artroplastia de ressecção ou artrodese.
ram 25 pacientes com infecções pós-operatórias, agrupando-os
de acordo com o tratamento recebido. No grupo I, a prótese foi • ARTROPLASTIA DE RESSECÇÃO
mantida usando antibióticos e desbridamento em sé rie, incluindo Artroplastia de ressecção raramente é indicada. A ressecção da arti-
a troca das buchas de polietileno. No grupo II, a prótese fo i remo- cul ação do cotovelo pode causar instabilidade quase incapacitante,
vida, com reimplantação de modo imediato ou tardio. No grupo e, se ocorrer reabso rção óssea nos locais da ressecção, a instabilidade
III, foi reali zada artrop lastia de ressecção. A infecção foi reso lvida é mais grave. Tem sido usada no tratamento de infecção refratária,
com sucesso em sete dos 14 pacientes no grupo I. Os resultados anqui lose do cotovelo após infecção ou trauma, e artrite reumatoide.
dependeram do organ ismo causador. Os menos satisfatórios foram Melhora impressionante pode ser observada em alguns pacientes em
observados em pacientes infectados por Staphylococcus epidermidis. que a articu lação é ressecada por anqu ilose. Atu almente, indicações
No grupo II, quatro de seis pacientes tiveram reimplantação bem- para artroplastia de ressecção incluem infecção refratária, primária
-sucedida. No grupo III, nenhum dos cinco pacientes apresentou ou após artroplastia do cotovelo, e em casos de falhas após artro-
sin ais de infecção na última avaliação. A artrop lastia de ressecção plastia do co tovelo como procedimento "de salvação''.
teve resultado mais previsível em pacientes clinicamente "debilita-
dos" e com demanda reduzida para o cotovelo. Em publicação mais
recente, Cheung et ai. estudaram 29 pacientes com média de 7,4 ARTROPLASTIA DE RESSECÇÃO DO
anos após revisão de artroplastia total do cotovelo feita após artro-
plastia de ressecção por infecção. As infecções foram curadas em
COTOVELO

-------~
72% dos pacientes, e houve melhora significativa na função; no TÉCNICA
entanto, a média final pela escala de Mayo foi de 66,3, o que sig-
nifica um resultado regular. (CAMPBELL)
Avanços no modelo e melhorias nas técnicas de cimentação
devem ajudar a minimizar a soltu ra. A seleção de pacientes adequa- •Com o paciente em decúbito dorsal, faça um a in cisão
dos para artroplastia do cotovelo (nível baixo de atividade, tais como posterior longitudinal, curvando para o lado radial do
pacientes com artrite reumatoide) também pode ajudar a minimizar olécrano.
soltura. Modelos protéticos que permitem movimentos de rotação •Disseque o plano subcutâneo e descole os bordos cutâ-
em valgo e varo na junção dos componentes semiconstritos aj udam neos da aponeu rose do tríceps.
a dissipar forças no cotovelo. Soltura sintomática pode ser tratada •Disseque e inverta um retalho em forma de V da apo neu-
com revisão utilizando modelo diferente de prótese, removendo-se rose do tríceps, deixando o t endão in serido distalmente
a prótese pela ressecção artrop lástica, pela revisão do osso remanes- à ponta do olécrano (Fig . 12-34A)
cente para cri ar artroplastia de interposição ou com artrodese. •Divida o músculo tríceps longitudinalmente e exponha o
Devido às cicatrizes, contraturas e má qualidade óssea, a revisão úmero distal subperiostealmente.
pode ser extremamente difícil. • Com "saca-bocado", remova a extremidade distal do
Vários tipos de procedimentos relacionados ao enxerto ósseo úmero modelando uma superfície convexa, quando vista
têm sido usados nas revisões por soltura dos componentes, incluindo lateralmente. Alguma estab ilidade pode ser preservada
impactação de enxerto, enxertos de suportes (struts), reconstru - se a extrem idade dista l do úmero for moldada em V
ções com aloenxerto e prótese. Oito das 12 próteses revisadas com invertido. Resseque a superfície articular da incisura
impactação de enxerto ósseo estavam intactas aos 6 anos; reco ns - sem ilun ar da ulna, formando um recesso côncavo. Se
trução com alonxertos de suporte melhorou o escore de Mayo for deixada uma discreta convexidade para encaixar o
em 21 pacientes, mas as complicações foram frequentes (36%); e
CAPÍTULO 12 ARTROP LASTIA DO OMBRO E COTOVELO -

---Úmero

Olécrano
com a
ponta
removida - -

Olécrano Ulna

A B

O!ijl!;tij1!19 Técnica de Campbell para artrop lastia de ressecção. A, O retalho do tríceps em forma de língua, com base distal, é
mantido inserido no olécrano. B, O músculo do tríceps é interposto entre superfíc ies remode ladas. C, Fechament o da língua do tríceps
na posi ção V-Y para liberar a contratura posterior. VEJA A TÉCNICA 12-8.

Harris TE, jobe CM, Dai QG: Fixatio n of proximal humeral prostheses and
úmero em V inve rtid o, a articu lação tem mais estabili - rotational micromotion, f Shoulder Elbow Surg 9:205, 2000.
dade mediolatera l. Hoenecke HR )r, Hermida JC, Flores-Hernandez C, D'Li ma DO: Accuracy
•Resseque uma pequena porção do processo coronoide. of CT-based measurements of glenoid version for total shoulder arthro-
No total, retire cerca de 2 cm de osso no úmero distal e plasty, f Shoulder Elbow Swg 19: 166, 20 10.
1 cm da superfície articular do olécrano. Hopkins AR, Hansen UN, Amis AA, Emery R: The effects of glenoid com-
• Se a articulação radiocapitelar estiver normal, não é ponent alignment variations on cement mantle stresses in total shoulder
necessário desbridá-la. Se estiver comprometida, resse- arthroplasty, f Slwulder Elbow S111g 13:668, 2004.
que a cabeça do rádi o e remodele o capítu lo, deixando Kircher ), Wiedemann M, Magosch P, et ai: lmproved accuracy of glenoid
positioning in total shouler arthroplasty with intraoperative navigation:
a arti cu lação radiouln ar prox imal intacta.
a prospective- randomized clinicai study, j Shoulder Elbow Swg 18:5 15,
•Rei nsira o tríceps na cápsu la anterior como tecido de
2009.
interposição (Fig. 12-348) e feche a aponeu rose do tríceps
Lacroix D, Murphy LA, Prendergast PJ: Three-d imensiona l finite element
(Fig. 12-34C). analysis of glenoid replacement prostheses: a comparison of keeled and
• Se houver contratura em extensão antes da cirurgia, pegged anchorage systems, j Biom ech Eng 122:430, 2000.
avance a aponeurose do tríceps distalmente para liberar Lazarus MO, )ensen KL, Southworth C, Matsen FA: The radiographic evalua-
esta contratura e feche a ferida em configuração tipo V-Y. tion of keeled and pegged glenoid component insertion, f Bone foinl Swg
• Solte o torniquete para realizar hemostasia. 84A: 1174, 2002.
•Feche o restante da lesão em planos, deixando drenas de Levy O, Copeland SA: Cementless surface replacement arthroplasty of the
sucção no plano profundo da ferida de acordo com a shou lder: 5- to 10-year res ults with the Copeland Mark 2 prosthesis,
necessidade, dependendo da quantidade de sangra- j Bone foint Su rg 838:2 13, 200 1.
Marti n SD, Zurakowski D, TI1ornhi ll TS: Uncemented glenoid component in
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ARTRODESE DE OMBRO 583 COMPLICAÇÕES 591 TÉCNICAS CIRÚRGICAS 592
INDICAÇÕES 583 RESULTADOS 591 COMPLICAÇÕES 594
POSIÇÃO 585 ARTRODESE DE COTOVELO 591 RESULTADOS 595
TÉCNICAS CIRÚRGICAS 586 INDICAÇÕES 591

Este capítulo discute as indicações e técnicas para artrodese das Com o advento das técnicas de fixação interna, a artrodese de
articulações do ombro e cotovelo. A artrodese é realizada menos ombro continuou a evoluir, porque a imobilização isolada raramente
frequentemente na extremidade superior do que na extremidade mantém a estab ili zação para fusão completa do ombro. A fixação
inferior por causa da ocorrência infrequente de distúrbios, que são interna permite uma melhor estabilização das superfícies de contato
tão incapacitantes que o paciente fica disposto a sacrificar o movi- e promove a fusão. Além disso, se a fixação interna rígida é usada,
mento no ombro ou no cotovelo. O desenvolvimento de opções de imobilizações, talas e aparelhos podem ser evitados, permitindo o uso
maior sucesso e confiança para a artroplastia também reduziu a lista precoce funcional. Várias técnicas de fixação interna têm sido descri-
de indicações. tas, incluindo fixação isolada com parafusos, fixação externa combi-
nada com parafusos e fixação com placa simples e dupla (Fig. 13-1).
Um estudo biomecânico de técnicas de fixação usadas para artrodese
ARTRODESE DE OMBRO de ombro con statou que a fixação com dupla placa usando placas de
compressão dinâmica de 4,5 mm teve a maior resistência à flexão e à
Durante a maior parte do século passado, a artrodese de ombro era torção, seguida por (em ordem decrescente de força) placa única,
um procedimento relativamente comum. As indicações naquela fixação externa combinada com parafusos, apenas fixação externa, e
época eram principalmente para a paralisia do membro superio r apenas parafusos. Por outro lado, um estudo em cadáver comparando
causada pela poliomielite ou artropatia causada pela tuberculose. várias configurações de seis parafusos com uma placa de reconstrução
Pelo procedimento ter sido tão bem-sucedido, a lista de indicações constatou que certas configurações de parafuso eram tão mecanica-
cresceu ao longo das próximas décadas. As primeiras técnicas não mente estáveis corno uma placa de reconstrução de 16 furos, sem
empregavam dispositivos de fixação interna ou externa. Uma técnica diferença significativa na construção de força entre os dois grupos. O
puramente extra-articular de artrodese no ombro era recomendada uso de uma placa de reconstrução pélvica em vez de uma placa de
para infecção tuberc ulosa a fim de evitar a disseminação sistémica compressão dinâmica tem corno vantagens a facilidade de modelagem
da articulação infectada. Com o advento de medicamentos antitu- intraoperatória e os implantes menos proeminentes. As vantagens do
berculosos, no entanto, essa técnica tornou-se desnecessária. Proce- parafuso isolado sobre a fixação da placa são a menor dissecção dos
dimentos posteriores colocavam vários tipos de enxertos ósseos nos tecidos moles, uma taxa menor de infecção, uma diminuição da taxa
leitos das articulações gleno umeral ou acromioumeral decorticadas, de fraturas do úmero no pós-operatório, e a necessidade menos fre-
o u ambas. Todos esses procedimentos necessitam de imobilização quente de remover implantes dolorosos. As d esvantagens da fixação
prolongada. com parafusos são uma taxa de não união superior e a necessidade
A fixação externa tem sido usada para aplicar a compressão a de imobilização prolongada.
todo o local de fusão, com o fixador externo removido em 6 semanas
e um imobilizador usado por 3 meses. Apesar de as opções de fusão
com apenas fixação externa serem geralmente limitadas, ainda INDICAÇÕES
podem ser úteis em pacientes cuidadosamente selecionados, espe-
cialmente se a infecção estiver presente ou o trauma tiver ocorrido As indicações para a fusão no ombro diminuíram ao longo dos anos
com significativa lesão dos tecidos moles. por causa dos excelentes resultados da artroplastia de ombro, da
Essas técnicas também foram descritas usando-se uma haste e quase elimin ação da poliomielite e tuberculose, e da melhoria das
banda de tensão de Rush com um enxerto de músculo-pedículo ou técnicas de fixação das fraturas do ombro. No entanto, a artrodese
fio de calibre 22, passando através da cabeça do úmero e quadrante do ombro é ainda um procedimento útil para muitas condições.
da glenoide anterossuperior, saindo no colo da glenoide inferior Os pacientes com alguma função dos músculos escap ulotorácicos
para o processo coracoide. Tais técnicas podem ser consideradas e trapézio têm melhorado a estabilidade articular mantendo algum
quando implantes limitados são desejados, ou em locais onde há movimento residual na articulação escap ulotorácica. A rotação
uma escassez de implantes modernos. A imobilização de longo escap ul ar é preservada se a função do músculo serrátil anter ior
prazo ainda é necessária se a fixação interna não for utilizada. estiver presente.

583
. , PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

A B

e D

H!riii;!·Sl!m Técnicas de fixação para artrodese de ombro (vista posterior). A, Parafusos isolados. B, Fixa ção externa isolada. C,
Fixação externa com parafusos. D, Fixação de placa única . E, Fixação de duas placas. (Redesenhada de Mi ller BS, Harper WP, Gillies RM , et ai:
Biomechani ca l analysis of five fixation techniques used in glenohu meral arthrodesis, Aust N Z J Surg 73: 1015, 2003.)

A artrodese de ombro raramente é indicada para osteoartrite, ombro. As indicações atuais para a artrodese do ombro estão listadas
artrite reumatoide, artrite pós-traumática, ou artropatia de ruptura do no Quadro 13- 1. As infecções bacterianas ou tuberculosas não con-
manguito, porque estas são mais bem tratadas com artroplastia no troladas com medicação ou desbridamentos geralmente resultam em
ombro. As contraindicações para a artrodese do ombro também dor e incongruência articular. Em pacientes com infecção persistente,
incluem a osteonecrose, para a qual a artroplastia é mais apropriada; a artroplastia é contraindicada, e a artrodese com fixação interna
a artropatia de Charcot, na qual a taxa de não união é inaceitavelmente limitada, com ou sem fixação externa, geralmente é a opção de resgate
elevada; a fusão ipsolateral do cotovelo; e a fusão contralateral do preferida. Nesses casos, é importante o adequado desbridamento do
CAPÍTULO 13 ARTROD ESE DE OMBRO E COTOVELO cm

40º

Rotação interna
40º
Rotação interna
40º

Abdução
20º

lí!riii;tJ.illm Posição do braço para artrodese de ombro, confo rme recomendado por Rowe: 20 graus de abdução (avaliação clínica),
30 graus de fle xão para a frente, e de 40 a 50 graus de rotação intern a.


Em pacientes com deltoide não funcional e paralisia ou insufi-
_1 Indicações para Artrodese
13 Glenoumeral
ciência do manguito rotador, a artrodese é preferível à artroplastia
porque lhes falta a fo rça muscular para alcançar a função adequada.
• Infecção A artrodese pode ser considerada para falha na artroplastia de
• Distúrbios paralíticos ombro quando a revisão é impossível; no entanto, procedimentos
adicionais frequentemente são necessários para obter a união, e deve
• Lesão do manguito rotador não reconstruível
ser tomada precaução com esses pacientes complexos. Outros têm
• Insuficiência comb inada do manguito rotador e deltoide
• Falha na artrop lastia do ombro apresentado resultados aceitáveis com artroplastia de ressecção
nessa situação, o que pode ser preferível à artrodese por causa das
• Doenças artríticas impróprias para artrop lastia
• Deslocamentos recorrentes dificuldades técnicas associadas com esse procedimento.
O utras indicações para artrodese de ombro incluem desloca-
• Lesões neoplásicas
mentos de ombro recorrentes que persistem após múltiplos proce-
dimentos cirúrgicos, instabilidade multidirecional refratária e
ressecções tumorais, que podem exigir enxerto ósseo. Em geral, um
ombro de qualquer tecido infectado ou sequestro ósseo na tentativa trabalhador braçal que não é obrigado rotineiramente a executar
de minimizar a carga infecciosa. levantamento de pesos é o candidato ideal para a artrodese de ombro
A artrodese do ombro ainda é comumente utilizada para a nesses distúrbios.
estabilização em distúrbios paralíticos. Lesões do plexo obstétrico
podem ser tratadas com artrodese perto da maturidade esquelética
quando a parada do crescimento e mudanças de posição são uma POSIÇÃO
preocupação menor. Alguns autores recomendam a combinação da
artrodese de ombro com amputação transumeral e encaixe protético A posição correta do braço no momento da artrodese (Fig. 13-2)
em pacientes com paralisia completa do plexo braquial. Embora permanece controversa (Tabela 13-1). Atualmente, a maioria dos
uma idade mínima de 10 a 12 anos tenha sido sugerida em uma autores prefere 1O a 20 graus de abd ução e flexão e 35 a 45 graus de
revisão de artrodese de ombro em 102 pacientes, uma parada signi- rotação interna. Essa posição permite que o paciente alcance a boca,
ficativa do crescimento ocorreu em apenas uma criança. A artrodese a cintura, o bolso de trás e o ombro contralateral, facilitando as
precoce tem sido defendida para crianças com mais de 6 anos de atividades da vida diária. A posição de rotação é o fator mais impor-
idade que tenham um ombro mangual irreversível com músculos tante para obter a melhor função. Um estudo descobriu que mais de
escapulotorácicos adequados, flexores de cotovelo intactos, e uma 15 graus de flexão e rotação de menos de 40 graus ou mais de 60
mão funcional com sensibilidade preservada. Por fim, a artrodese graus constituíam um mau posicionamento que necessitava de novo
do ombro pode ser utilizada em pacientes adultos com membros tratamento cirúrgico.
flácidos causados por lesões traumáticas no plexo braquial. Wong et A abdução pode ser determinada no momento da cirurgia pela
ai. relataram artrodese glenoumeral usando um a placa de recons- medição clínica do ângulo formado pelo corpo e o úmero.
trução em seis pacientes, todos os quais ating iram fusão, com cinco Alternativamente, esse ângulo pode ser determinado pela obtenção
relatando alívio satisfatório da dor. de uma vista radiográfica anteroposterior usando a espinha, e não a
lllE9 PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADU LTOS

• Comitê AOA
(1942)
~

Rowe (1974)
Posições Recomendadas para
~ Artrodese de Ombro
50 graus de abdução
15-25 graus de flexão
25 graus de rotação interna
20-25 graus de abdução e flexão
- 40 graus de rotação interna
Cofield e Briggs 45 graus de abdução
(1979) 25 graus de flexão
21 graus de rotação interna
Hawkins e Neer 25-40 graus de abdução
(1987) 20-30 graus de flexão O!ijl!Jji&19 Método de determinação de rota ção interna
25-30 graus de rotação interna adequada para artrodese de ombro. A, Mão posicionada entre o
Richards et ai. - 30 graus de abdução, fle xão, esterno e a axila. B, Maior fle xão de cotovelo deve permitir que
(1988) rotação interna a ponta do polegar toque o queixo.
Jónsson et ai. 20-30 graus de abdu ção, flexão,
(1989) rotação interna
Groh et ai. 10-15 graus de abdução Brett e Gi l! não estão incluídas nesta edição porque raramente
(1997) 10-15 graus de flexão elas são indicadas. Para mais informações sobre essas técnicas, o
45 graus de rotação interna leitor pode pesquisar edições anteriores deste livro ou os artigos
Matsen et ai. - 15 graus de abdu ção, flexão originais.
(1998) 40 graus de rotação interna Recentemente, a artrodese artroscópica glenoumeral tem sido
Clare et ai. 10-15 graus de abdução descrita, mas é preciso mais estudos para determinar a utilidade e o
(2001) 10-15 graus de flexão sucesso dessa técnica.
45 graus de rotação interna
Nagy et ai. 15-30 graus de flexão
(2004) 35-45 graus de abdução
30-40 graus de rotação interna
Safran e lannotti 20 graus de flexão FIXAÇÃO EXTERNA
(2006) 20 graus de abdução Charnley origina lmente descreveu um procedimento para
40 graus de rotação interna realizar artrodese do omb ro ap licando compressão externa.
Scalise e lannotti 10-20 graus de abdução A fi xação externa, de preferência com a sup lementação de
(2009) 10-20 graus de flexão parafuso, deve ser considerada quando uma artrodese for
35-45 graus de rotação interna indicada em um paciente com perda ou deficiência sign ifi-
cativa de tecidos moles. Essa técnica também é útil em
pacientes com infecções recidivantes.

----------'~
TÉCNICA
borda da escápula, como um marco. A flexão é determinada pela
observação do ângulo que o úmero forma com o plano horizontal (CHARNLEY E HOUSTON)
em um paciente em decúbito dorsal. Depois das posições de abdução
e flexão terem sido determinadas, o cotovelo é flexionado a 90 graus. • Antes da operação, aplique um gesso na porção do
A mão é posicionada sobre a área ipsolateral do peito entre o esterno tronco e do ombro com o paciente acordado; permita
e a axila, de modo que uma maior flexão do cotovelo permita que a que endu re ça e depois divida-o em duas peças (bivalve),
parte superior do polegar toque o queixo (Fig. 13-3). Fixar a articu- e guarde-o para uso posterior.
lação glenoumeral antes da cirurgia tem sido recomendado para •Posicione o paciente em uma postura semirreclinada e
determinar a posição ideal. faça uma incisão tipo "lâm ina de sabre" centrada sobre
a borda lateral do acrômio.
• Usando o eletrocautério, desabilite o músculo deltoide ante-
TÉCNICAS CIRÚRGICAS rior e lateral e, em seguida, marque e retire este músculo.
• Resseque os tecidos moles do espaço subacrom ial. Desnude
Deve ser feita uma tentativa de fusão entre o acrômio e a cabeça do a metade superior da fossa mandibular da carti lagem arti-
úmero e da articulação glenoumeral, e numerosas técnicas foram cu lar e a superfície inferi or do acrômio ao sangramento
descritas. A fixação interna estável pode reduzir a necessidade de ósseo. Retire a cartilagem articu lar da cabeça do úmero e
enxerto ósseo, fixação externa ou imobilização. O uso no pós- reduza a articulação.
operatório de uma órtese personalizada feita previamente é em geral •C om um osteótomo, separe o tubérculo maior e resseque
bem tolerada pela maioria dos pacientes, e pode ser considerado suficiente o osso da cabeça do úmero pa ra permitir que
para qualquer uma dessas técnicas. ele articule superiormente contra a superfície inferior do
A artrodese de ombro sem implantes é principalmente de acrômio e da parte superior da fossa glenoide (Fig . 13-4).
interesse histórico. As técnicas de Watson-Jones, Putti, Steindler,
CAPÍTULO 13 ARTRODESE DE OMBRO E COTOVELO cm
,, ,
,
i

,.,

0@11;@1119 Técnica de compressão de artrodese de ombro


de Charnley e Houston . O enxerto é levantado e a ca beça umeral
desnudada é colocada na posi ção oposta à glenoide e à superfície
inferior do acrôm io. VEJA A TÉCNICA 13-1 .

Use o osso ressecado como material de enxerto em torno


da fusão. Insi ra um pino de 4 mm a partir do aspecto
posterossuperior do acrôm io no colo da escápu la e pro-
fundamente para a fossa glenoide (Fig. 13-5). Outro pino
pode ser colocado na base do processo coracoide.
•Insi ra um segu ndo conjunto de pinos semelh antes no
colo ci rúrgico do úmero posterolatera lmente, perpend i-
cular ao eixo do úmero.
• Construa uma montagem externa de conectores e barras
ajustáveis e conecte-os aos pinos para aplicação de compres-
são com o braço na posição desejada para a artrodese.
•Recoloque o deltoide ao acrôm io e f eche a abertura em
camadas sobre um dreno.
• Aplique o gesso do ombro feito anteriormente com o paciente
ainda sob anestesia, incorporando o f ixador externo.
lj@i@)l!m Arranjo de pinos e conexões para compressão
na artrodese do ombro. Os pinos penetram no aspecto lateral e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pi nos e o fixador
externo são removidos em 5 a 6 semanas e o imobilizador não t ra nsfi xa m o ombro, exigindo apenas duas perfurações na
pe le. VEJA A TÉCNICA 13-1. (De Charn ley J, Houston JK: Compression
é trocado. O segundo imobi lizador é removido após 12
semanas a parti r do momento da cirurg ia, e o ombro é arthrodesis of the shoulder, J Bane Joint Surg 468:614, 1964 .)
examinado para a estabilidade. A imobilização é continuada
até que a artrodese consoli de.

Incisão da origem
FIXAÇÃO DE PARAFUSO do deltoide
Incisão na alça
Cofield descreveu uma técn ica de fusão de ombro usando do ombro
fixação de parafuso por meio de uma in cisão de alça que
pode ser estendida posteriormente, se necessário (Fi g.
13-6). A posição e o número de parafusos (Fig . 13-7) uti-
lizados variam dependendo da indicação para a artrodese
e da condição do osso no momento da cirurgia. Rühmann
et ai. descreveram uma técnica de fusão usando se is para-
fusos (Fig. 13-8). Embora estudos mecânicos tenham mos-
trado essa configuração como sendo tão rígida como uma
placa de reconstrução, ainda faltam dados clínicos de longo
prazo que confirmem isso. As va ntagens da fi xação de
parafusos sobre a f ixação de placas incluem menos dissec-
ção dos tecidos moles, menor taxa de infecção, diminui ção
da taxa de fraturas do úmero no pós-operatório, e menor
necessidade de remover os implantes dolorosos. Alguns
dados sugerem maior taxa de não un ião com a fixação do
parafuso do que com a fixação da placa; no entanto, um
traba lho mostrou que uma técnica de artrodese de três
parafusos teve um perfil biomecânico semelhante à artro- O!dmf411m Incisão de origem deltoide da clavícu la e
dese de placa de 16 furos e, de fato, fo i superior em resistir acrô mio anterior e lateral. A incisão pod erá conti nuar ao longo
a tensões de anteversão e ret roversão. Como tal, essa técnica da co lu na da escápula se a placa for co locada para fi xação
continua a ser uma opção viável, especialmente quando interna . (Redesenh ada de Cofield RH: Arthrodesis and resectional
combinada com fixação externa em pacientes com infec- arthropl asty of the shou lder. ln Evarts CM, editor: Surgery of the muscu-
ção grave ou perda de tecidos moles. ) loskeletal system, ed 2, New York, 1990, Churchi ll Livingstone.) VEJA A
TÉCNICA 13-2.
....
~
PARTE V PROCEDIM ENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

• Desbride as superfícies ósseas, especialmente da cabeça


do úmero, para aumentar a área de contato da superfície.
• A fixação definitiva é determinada pela indicação para
artrodese e pelo status do estoque ósseo. Broque dois
ou três pinos de Steinmann de 1/8 de polegada ou fios-
-gu ia para parafusos canu lados através da cabeça do
úmero e na glenoide, para assegurar a fixação do úmero
à escápula .
• Ava lie a posição do braço. Se estiver aceitável, substitua
os pinos de Steinmann por parafusos esponjosos em cima
de arruelas (Figs. 13-7 e 13-8). Coloque de um a três
parafusos através do acrômio e na cabeça do úmero.
• Coloque drenos profundos ao deltoide e suture a fáscia
deste próxima ao trapézio enquanto cobre a placa.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma banda pélvica que


se estende desde os mam ilos à sínfise púb ica é ap licada.
O@ll;f41!m Cabeça do úmero fi xada à escápu la com parafusos. Com o cotovelo flexionado em 90 graus, um molde de
VEJA A TÉCNICA 13-2. ci lindro é aplicado à extremidade superior. A extremidade
é suspensa por dois suportes de madeira, ou é usada uma
tala tipo de extensão de punho. Em 1 a 2 semanas após
a cirurg ia, um imobilizador plástico de ombro é aplicado
e usado até que a união seja alcançada em 12 a 16
semanas após a cirurgia .

FIXAÇÃO DA PLACA
O grupo AO descreveu uma técnica de dupla placa para
estabilização rígida em artrodese glenoumeral. A desvan-
tagem é a possível necessidade de um segundo procedi-
mento para remover os implantes sintomáticos após a
artrodese consolidar.

---------'~
TÉCNICA
(AO GROUP)

mmi1·~· 1i1l9 Artrodese de ombro com três parafu sos umero- •Coloque o paciente em posição de decúbito lateral.
• Faça uma incisão ao longo da espinha da escápula, sobre
g le no ides e três parafu sos acrom ioume ra is. VEJA A TÉCNICA 13-2.
o acrômio, e ao longo do terço proximal do úmero.

TÉCNICA mm___---J~ Exponha a espinha da escápula, a fossa glenoide e o terço


proximal do úmero.
• Desnude a fossa glenoide e a cabeça do úmero de toda
cartilagem.
) (COFIELD)
• Decortique a superfície inferior do acrômio e a parte
lateral do úmero para contato com o acrômio.
• Coloque o paciente na posição de cadeira de praia.
• Uma osteotomia do acrôm io pode ser necessária para
• Faça uma incisão anterossuperior no ombro (Fig. 13-6).
aumentar a superfície de contato entre a placa e os
•Retire a deltoide do acrômio anterior e latera l e da claví-
ossos.
cula latera l.
• Posicione a cabeça do úmero na posição desejada na
•I ncise o manguito rotador longitudinalmente no supraespinal
fossa glenoide.
e transversalmente a partir de anterior para posterior. Resse-
• Use um modelo maleável para determinar o contorno de
que o tendão do bíceps proximal da glenoide superior.
uma placa AO padrão larga e contorne a placa com
• Se a articulação acromioclavicular estiver artrítica, resse-
compressão flexível com anguladores . A placa deve ficar
que a clavícula distal.
ao longo da espinha da escápula, sobre o acrômio, e
• Coloque a extremidade superior em 45 graus de abdução,
contra o terço proximal do úmero (Fig. 13-9).
flexão, e rotação interna. Flexão e abdução podem precisar
• Fixe a placa inicia lmente com um parafuso cortica l longo
ser ajustadas para 30 graus para permitir que o polegar,
inserido verticalmente no colo da escápula. Insira o
com o antebraço em posição neutra, toque o nariz.
CAPÍTULO 13 ARTRODESE DE OMBRO E COTOVE LO

•Retire o músculo deltoide do aspecto anterior do acrôm io,


e separe as fibras do múscu lo dista lmente.
•Resseque o manguito rotador. Decortique a fossa gle-
noide, a porção inferior do acrômio, e a cabeça do
úmero.
•Apoie o ombro em uma flexão de 30 graus, 30 graus de
abdução e 30 graus de rotação interna e meça a abdução
do lado do corpo. Traga a cabeça do úmero próxima para
contrapor o acrômio inferior decorticado. A abdução e
flexão do úmero em 30 graus contrapõem a cabeça do
úmero para a superfície inferior do acrômio e a fossa
glenoide. ,
•Mantenha a posição, apoiando o braço com folhas este-
reis dobradas, e tenha um assistente mantendo esta
lj[iji@'llD Técnica de artrodese de ombro de Müller et ai. posição enqua nto a placa é contornada.
(Redesenhada de Mü ller ME, Al lgower M, Willenegger H: Manual of •Use moldadores para angu lar uma placa de reconstru ção
internai fixation: techniques recommended by the AO group, ed 2, de 4,5 mm ao longo da espinha da escápula, sobre o
Berlin, 1979, Springer-Verlag.) VEJA A TÉCNICA 13-3. acrôm io, e para baixo, no eixo do úmero. Este geralmente
requer uma placa de 12 a 16 furos. Dobre a placa suave-
mente a 60 graus sobre o acrômio, e torça de 20 a 25
restante dos parafusos proximais na escápula usando a
graus apenas distal à curva para contrapor o eixo do
técnica padrão AO .
úmero (Fig . 13-10).
•Posicione o úmero superior e mediaimente para ficar
•Insira os três parafusos que passam através da placa e da
contra o acrômio e a fossa glenoide na posição desejada
cabeça do úmero na fossa glenoide para comprim ir o
para a artrodese.
local da artrodese.
• Fixe a placa distalmente com dois parafusos que passem por
•Coloque um parafuso cortical da espinha da escápula na
ela e na cabeça do úmero e na fossa glenoide e colo escapu-
base do processo coracoide. Coloque um parafuso espon -
lar. Insira pelo menos mais dois parafusos para fixar a placa
joso de 6,5 mm em todo o local acromioumeral de fu são
ao úmero. Se a placa não atingir completa estabilidade no
e fixe os buracos restantes da placa com parafusos cor-
local da artrodese, aplique uma segunda placa posterior-
ticais de 4,5 mm.
mente a partir da espinha da escápula ao úmero (Fig. 13-9).
•Não faça uma osteotomia no acrômio, pois ele é usado
•Aplique enxertos ósseos se desejar. Feche a ferida em
para aumentar a fixação da escápula ao úmero.
planos sobre drenas.
•Feche a ferida em camadas sobre um dreno.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um Velpeau é aplicado.
As suturas são removidas em 2 semanas, se não absorví-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é sustentado
com um travesseiro e uma faixa. Um imob ilizador é apli-
veis. A reab ilitação ativa do cotovelo, punho e mão é
cado 48 horas após a cirurgia. Se não houver nenhuma
iniciada nos primeiros dias após a cirurgia, mas cuidados
evidência radiográfica de soltura dos implantes de fi xação
devem ser tomados para não colocar pressão sobre o
interna 6 semanas após a ci rurgi a, o braço é colocado
local da fusão. A técnica de dupla placa pode também
numa tipoia. Exercícios suaves apenas da mão, punho e
ser usada.
cotovelo são permitidos até que a união seja vista na
rad iografia; atividades mais pesadas são adiadas durante
pelo menos 16 semanas após a cirurgia.
PLACA DE RECONSTRUÇÃO PÉLVICA
Para superar as dificu ldades técnicas do contorno da placa
AO e os problemas ocasionais causados por parafusos proe-
minentes, Richards et ai. usaram uma placa de reconstru-
ção pélvica maleável, obtendo fusão bem-sucedida em 11
pacientes sem a necessidade de remoção da placa. Chun AR'(RODESE DE OMBRO
e Byein também relataram sucesso com essa técnica em APOS FALHA NA ARTROPLASTIA
oito pacientes acompanhados por cerca de 4 anos .
Embora não seja uma indicação comum para a artrodese
de ombro, a combinação de uma falha na artrop lastia de
TÉCNICA
ombro com manguito rotador e disfunção do deltoide
(RICHARDS ET AL.) possui poucas outras opções reconstrutivas. Devido à perda
de osso do úmero proximal, às deficiências dos tecidos
•Col oque o paciente em posição semissentada, e deixe o moles, e às várias operações anteriores, a artrodese de
braço livre. ombro nessa situação está associada com altas taxas de
•Faça uma incisão que se estenda desde a espinha da cirurgia de não união e revisão, mas representa uma opçã.o
escápula até o aspecto anterior do acrômio e distalmente de salvação para pacientes selecionados para os quais
sobre a face anterior da diáfise do úmero. outras opções de reconstru ção não são adequadas. )
. , PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

• Solte qualquer parte inferior restante do subescapu lar a


partir da sua inserção umeral.
• Coloque um grande afastador Darrach na arti cu lação
glenoumeral e um afastador Hohmann dobrado no
espaço subacromia l atrás da cabeça do úmero. Desloque
a extrem idade proximal do úmero anterossuperiorm ente
com adução, extensão e rotação externa, e remova os
componentes protéticos. Se o osso do úmero é f ino e
osteopênico, tome cuidado para evita r fratura.
• Se a remoção do implante for difíci l, use uma serra osci-
lante para criar uma osteotomia long itud inal unicortical.
Coloque um osteótomo largo nesse espaço pa ra expand ir
suavemente o diâmetro da diáfise com o objetivo de soltar
ca los ósseos ou interromper a interface osso-cimento.
•Para a remoção do implante glenoide, excisa r circunfe-
renci almente a cicatriz e o tecido desvitalizado circun-
dante à glenoide, assim como qua lquer tecido dentro da
cavidade da glenoide.
• Com toda a borda e cavidade glenoidal exposta, use uma
serra de alta velocidade para aplainar a superfície inferior do
acrôm io com o objetivo de determinar o melhor posiciona-
mento do enxerto do osso, maximizando o contato ósseo .
O!ffil;f4DII!) Técn ica de artrodese de ombro de Richards et ai. • Com a extremidade proximal do úmero justaposta à gle-
A placa de reconstru ção pélvica é dobrada no quarto orifício e noide e à parte inferi or do acrômio, coloque dois pinos
angulada li geiramente dist al e contraposta ao eixo do úmero com Steinmann de 3 mm para fornecer f ixação temporária
o ombro em 30 graus de abdução, 30 graus de fle xão e 30 graus enqua nto a posição idea l de fusão é determinada. Coloque
de rotação intern a. (De Ri chards RR, Sherman RMP, Hudson AR, et ai: um pino lateral do úmero na glenoide e um superiormente
Shou lder arthrodesis using a pelvic-reconst ruction plate: a report of através do acrômio no úmero (Fig . 13-11 B** )
eleven cases, J Bane Joint Surg 70A:416, 1988.) VEJA A TÉCNICA 13-4. • Remova e substitua os pinos de Stei nmann , conforme
necessário, enquanto a posição do úmero é ajustada para
obter um a posição de fusão ideal.
TÉCNICA •Quando a posição apropriada for determinada, use uma
serra osci lante para cortar a porção medial da extrem i-
dade proxima l do úmero paral ela à face escap ul ar, a fim
) (SCALISE E IANNOTTI) de maximizar o contato ósseo. Se necessário, retire tem-
porariamente o pino de Steinmann durante este passo.
• Antes da cirurgia, determine se o enxerto ósseo será Guarde o osso ressecado para material de enxerto.
necessário e, em caso afi rm ativo, qua l o tipo de enxerto • Substitua os pinos de Steinmann com parafusos de 6,5
ósseo será mais apropriado. Grandes defeitos segmentais mm parcialmente rosqueados, comprimindo o úmero à
podem exig ir um enxerto vascu larizado autógeno de glenoide primeiramente, seguido pela f ixação do para-
fíbula. Se o volume de en xerto ósseo necessário não fuso do úmero ao acrômio .
puder ser obtido a partir do paciente, enxertos como uma • Angu le uma placa de reconstrução pélvica de 4,5 mm para
cabeça femora l devem estar disponíveis. a espinha da escápu la, a superfície lateral do acrôm io, e o
•Coloque o paciente em posição de cadeira de pra ia mod i- aspecto lateral da extremidade proxima l do úmero. A placa
f icada que perm ita que a extrem idade envolvida seja deve se estender o suf iciente para permitir a colocação de
totalmente aduzida e estend ida e forneça acesso total ao pelo menos três parafusos bicorticais na escápu la. Distal-
aspecto posterior do ombro. mente, a placa deve ter pelo menos três parafusos bicor-
• Após a in dução da anestesia gera l e de um bloqueio ticais na diáfise do úmero.
•C omp ressão do úmero à glenoide resu lta em medializa-
interesca lên ico, fa ça uma in cisão sobre a espin ha da
ção relativa da diáfise do úmero. Molde o enxerto na
escápula e cu rve-a anteriormente em direção à porção
cabeça femora l para preenc her a lacuna entre a superfície
média do acrôm io latera l, à articu lação acrom ioclavicu lar
inferior da placa e o córtex latera l da extremidade proxi-
e, em segu ida, dista lmente ao nível da tuberosidade do
mal do úmero. Estabi lize o enxerto com parafusos de
de lto id e, incorporando incisões deltopeitorais de cirurg ias compressão interfragme nta res.
anteri ores, se presentes (Fig. 13- 11 A*) . •Fixe a placa de neutralização da espinha à escápu la e ao
•Desenvolva o interva lo deltopeitora l e identifique o del - úmero com parafusos, transfixando o enxerto, úmero e
toide atrófico ou destacado. Resseque esse tecido escleró- glenoide (Fig. 13-11 C * * * )
tico da extrem idade distal da clavícu la e do aspecto • Se um autoenxerto fib ular vascu lari zado necessita ser
anterolatera l do acrôm io . utili za do para abranger um grande defeito do úmero,
•Rebata o tecido deltoide destacado dista lmente para remova um comprimento de fíbu la que seja 6 cm mais
expor toda a extremidade proximal do úmero. longo do que o defeito.
•Tipicamente, a maior parte do envelope do mang uito •Tire as partes moles do enxerto de fíbula de modo que
rotador é deficiente. ele possa ser inserido no canal da parte restante do

** Disponível, em inglês, em www.expertconsult. co m.


*Di sponível, em inglês, em www.expertconsult.com. *** Disponível, em inglês, em www.expertcon sult. com.
CAPÍTULO 13 ARTRODES E DE OMBRO E COTOVELO &Ili


úmero; fixe provisoriamente o enxerto com um ou dois _ Complicações da Artrodese
parafusos interfragmentares de retardação de 4,5 mm. 13 2 Glenoumeral
•Para maximizar o contato com a glenoide, use uma serra
de alta velocidade para criar uma abertura na face da • Infecção
glenoide com o objetivo de permitir que a fíbula seja • Hematoma da ferida
ressecada na orientação correta para proporcionar uma • Deiscência de ferida
posição apropriada do úmero. • Úlceras de pressão sob gesso
•Coloque o enxerto em massa e prenda-o lateralmente ao • Pseudoartrose/não união
enxerto fibular com parafusos interfragmentares. • Implantes dolorosos
•Contorne a placa de reconstrução de grande fragmento • Malposição
e prenda-a à superfície da escápula, acrôm io, enxerto • Fratura do úmero ipsolatera l
fibular e úmero distal (Fig. 13-110 *). • Neurite de tração
•Para um enxerto vascu larizado, a revascularização da •Tensão dos músculos periscapulares
fíbula é realizada pela equipe microvascular, uma vez que • Artrite acromioclavicu lar
o enxerto estiver estabilizado, utilizando anastomose ter- • Problemas epifisários/parada de crescimento
minolateral da artéria peroneal e anastomose venosa
tanto terminolateral quanto terminoterminal.
•Utilize um aspirado de medula óssea autólogo da crista
il íaca misturado com uma matriz de enxerto ou autoen -
xerto esponjoso de crista ilíaca em bloco em torno de Taxas de não união em séries mais modernas são menores do
ambos os locais de osteossíntese, distal e proximal. que 10%. A união em geral é obtida com enxerto ósseo autólogo.
• Repare o deltoide restante para o acrômio através de túneis Artrite degenerativa secundária da articulação acromioclavicular é
ósseos para maximizar a cobertura dos tecidos moles. comum. Se algum sinal de artrite acromioclavicular estiver presente
• Coloque um dreno no espaço profundo, feche o tecido no pré-operatório, deve ser realizada a excisão da clavícula distal
mole em camadas, e aplique um imobilizador de ombro concomitantemente. Fratura do úmero ipsolateral após fusão do
articu lado que mantenha a posição da artrodese. Um molde ombro foi relatada em 25% dos pacientes em algumas séries.
de ombro de gesso pode ser usado como alternativa. A maioria dos autores recomenda o tratamento conservador com
um imobilizador no ombro ou órtese nesses pacientes.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O ombro é imobilizado
por 12 a 16 semanas ou até que união seja verificada
rad iograficamente. A amp litude de movimento da mão, RESULTADOS
punho e cotovelo é permitida imediatamente. Os exer-
cícios com amp litude de movimento escapu lotorácico, Existe uma escassez de literatura detalhando resultados em longo
com a progressão para o fortalecimento dos estab iliza- prazo da artrodese de ombro. Dimmen e Madsen relataram 18
dores da escápula, são iniciados após a união ter sido pacientes que tiveram fusão do ombro usando placa de fixação.
obtida, normalmente de 8 a 12 semanas. Se a união Todos obtiveram artrodese total ou parcial e, em cerca de 8 anos
não for estabelecida em 12 semanas, o enxerto ósseo de acompanhamento, a média de pontos no escore de ombro
no local de fusão deve ser considerado para imped ir a Oxford foi de 32, e a média de pontos do escore American Shoulder
falha dos implantes. and Elbow Surgeons (ASES) foi de 59. Complicações foram pouco
frequentes: um paciente necessitou de reoperação por causa da dor
intensa e um para uma fratura da diáfise do úmero pós-operatória;
um paciente tinha síndrome dolorosa regional complexa. Em 21
COMPLICAÇÕES pacientes que tiveram artrodese de ombro como um procedimento
primário ou secundário após ressecção de tumor, Fuchs et ai. não
As complicações associadas com a artrodese de ombro estão listadas encontraram recorrências locais nem doença metastática em uma
no Quadro 13-2. As complicações pós-operatórias imediatas são média de 11 anos de acompanhamento. A média de pontos do
problemas incomuns e envolvem principalmente feridas, tais como escore de salvamento de extremidade de Toronto foi de 81 %, e a
infecção, deiscência pele e hematoma. O cirurgião também deve pontuação média da Musculoskeletal Tumor Society foi de 23; no
estar atento a úlceras de pressão sob o imobilizador. A perda de entanto, 43% dos pacientes desenvolveram uma complicação que
movimento do cotovelo fo i relatada, mas geralmente é temporária exigiu uma intervenção cirúrgica adicional.
enquanto o cotovelo não está imobilizado por mais de 2 semanas.
Complicações pós-operatórias posteriores são mais prevalentes.
Consolidação viciosa tem sido relatada em até um terço dos pacientes ARTRODESE DE COTOVELO
com artrodese de ombro. Mal posição pode conduzir a uma neurite
de tração ou a tensão do músculo periscapular, especialmente quando INDICAÇÕES
o braço está posicionado em demasiada abdução. Um estudo recente
relatou uma taxa de complicação global de 28%. Especificamente, Apesar de a artroplast ia total do cotovelo ter se tornado um
pseudoartrose era mais comum quando era usada a fixação com para- tratamento aceitável para uma variedade de condições de coto-
fusos isolados, enquanto a infecção, fratura periprotética e síntese velo dos tipos degenerativa e traumática, preocupações em relação
sintomática eram mais comuns quando se utilizavam placas. a sua durabilidade em pacientes jovens e/ou com alta demanda
tornam a artrodese de cotovelo uma alternativa aceitável para
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com. essa população. A deficiência funcional principal é a limitada
- PARTE V PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADULTOS

••Infecção
_
13 3
Indicações para Artrodese de
Cotovelo

• Falha na artroplastia total da articulação


• Artrite pós-traumática
• Doenças artríticas impróprias para artroplastia
• Fraturas intra-articulares multifragmentadas graves

capacidade d as articulações adjacentes de compensar a falta de


movime nto do cotovelo. No entanto, devido ao cotovelo não se r Hl§il;fy1D19 Artrodese de cotove lo: técnica de Brittain, com
um a articu lação de carga, a artrop last ia total do cotovelo, artro- enxertos corticais cruzados no centro da articulação . (Modificada
plastia de interposição, ou m es mo a rtroplastia de ressecção na de Brittain HA: Architectural principies in arthrodes1s, Edinburgh, 1942 ,
prese nça de musculatura funciona l muitas vezes proporciona E&S Livingstone.)
um a melhor função da extremidade sup erior do que a artrodese
de cotovelo.
As indicações para a artrodese de cotovelo estão listadas no ARTRODESE DE COTOVELO {STAPLES)
Quadro 13-3. Em geral, a artrodese de cotovelo é reservada para Brittain descreveu a artrodese de cotovelo utilizando dois enxer-
pacientes com artrite dolorosa que não são candidatos para artro- tos tibiais cruzados na forma de um X para bloquear a articu-
plastia total, especialmente os indivíd uos com altas demandas nas lação (Fig. 13-12). Não há estruturas anatômicas importantes
extremidades superiores, tais como trabalh adores braçais. A fusão encontradas nesse procedimento, embora cuidados devam ser
do cotovelo também é indicada para a infecção persistente, incluindo tomados para que o segundo enxerto, o qual é introduzido
tuberculose, que historicamente foi a principal indicação para esse posteriormente, não projete muito anteriormente. Quando o
proced imento. Mais recentemente, a artrodese de cotovelo foi também cotovelo é flexionado, as estruturas neurovasculares anteriores
reconhecida como o mel hor tratame nto para trauma extenso da são deslocadas para a frente, contribuindo para a melhoria da
extremidade superior visto em campos de batalha. Tipicamente, segurança com essa técnica . Arafiles relatou sucesso em 11
urna técni ca combinada de fixação interna e externa é recomendada, pacientes com tuberculose do cotovelo utilizando uma técnica
devido à extensa da lesão de tecidos moles que normalmente está que combinava a ressecção da cabeça radial, desbridamento,
associada co m tais lesões.
e sinovectomia com a inserção do olécrano de forma triangular
Para artrodese unilateral do co tovelo, uma posição de 90 a em uma fenda correspondente no úmero, prendendo-o com
100 gra us de flexão é desejáve l para fornecer maior força de um parafuso (Fig. 13-13). Um enxerto ósseo não é utilizado.
preensão. Não existe urn a posição ideal de fusão para todos os Arafi les recomendou a transposição anterior do nervo ulnar no
pacientes; a posição ideal dep ende de se a ati vid ade de trabalho momento da fusão. Staples inventou uma técnica para a artro-
ou hi gie ne pessoal é o principal objeti vo e da mobilidade do dese de cotovelo, em que as superfícies ósseas são amplamente
braço contralateral. A simulação de artrodese por meio do uso expostas pelo contato com um enxerto de ilíaco e são fixadas
de ta las pré-operatórias ou moldes fixos em diferentes graus de no úmero e ulna por parafusos.
flexão foi recomendada.

--------'~
A artrodese de cotovelo bilateral raramente é indicada por
TÉCNICA
causa de resultantes limitações funcion ais. Se indicada, um coto-
velo deve se r colocado entre 110 a 120 graus de fle xão para (STAPLES)
permitir que o paciente alcance a boca, e o outro deve ser posi-
cionado entre 45 e 65 graus, para auxiliar na higiene pessoal. • Acesse o cotovelo por meio de uma incisão longitud inal
Essas posições podem variar para sat isfazer as exigências da ocu- posterior, e isole e retraia o nervo ulnar.
pação do paciente. • Osteotomize o olécrano como mostrado na Figura 13-14.
A artrodese da articu lação do cotovelo é difícil por causa • Divida o tendão do tríceps medial e lateralmente, e leva n-
da anatomia óssea única do cotovelo e do braço de alavanca te-o proximalmente, junto com o fragmento ligado ao
longo. Para uma artrodese bem-sucedida, uma reserva óssea ade- olécrano.
quad a deve es tar presente, embora a ressecção da cabeça do rádio • Desnude a articu lação do cotovelo da cartilagem e corte
possa se r necessária para preservar a pronação e a supinação, e a da superfície distal do úmero posterior para baixo, em
fixação interna ou externa com enxerto ósseo é normalmente uma superfície plana em linha com a superfície da extre-
necessária. midade proximal do restante da ulna.
• Coloque os fragmentos de enxerto do ilíaco na articula-
ção e aplique um enxerto do ilíaco na superfície posterior
TÉCNICAS CIRÚRGICAS do úmero e superfície proximal da ulna. Prenda o enxerto
acima com um parafuso.
Em uma técnica inicial de artrodese relatada por Hallock em 1932, • Substitua o processo olecraniano e prenda-o com um
o olécrano era osteotornizado e encravado no úm ero distal posterior. segundo parafuso que passe através do olécrano e na extre-
Steindler uso u um enxerto tibial encravado na ponta do olécrano e midade inferior do enxerto e extremidade superior da ulna.
o prendeu no úmero distal posterior com parafusos.
CAPÍTULO 13 ARTROD ESE DE OMBRO E COTOVELO &Ili

A B
mijii;H&ID Müller et ai. Técnica de artrodese de cotovelo.
VEJA A TÉCNICA 13-7.

ARTRODESE DE COTOVELO
(MÜLLER ET AL.)
O grupo AO recomendou a fixação interna e externa com-
binada para artrodese de cotovelo. Nessa técnica, um dispo-
sitivo de compressão externa é utilizado com um parafuso
esponjoso que prende o o lécrano ao úmero distal.

---------'~
D TÉCNICA
1

O!§l!iMlllD Técnica para a fusão na artrite tuberculosa do (MÜLLER ET AL.)


cotovelo. A, Isolamento do nervo ulnar, separando e solta ndo o
tendão do tríceps do olécrano, e sinovectomia posterior. B, Excisão •Exponha o cotovelo posteriormente conforme descrito
da cabeça radial e sinovectomia anterior; formação do olécrano, nas técnicas anteriores.
e criação de uma fenda triangular através da extremidade distal •Resseque toda a carti lagem e membrana sinovial do olé-
do úmero. C, A inserção do olécrano através do orifício na extre- crano e úmero distal.
midade distal do úmero, fi xação de parafuso, epicondilectomia • Molde uma plataforma quadrada na ulna proximal e resseque
medial e lateral, e transposição do nervo ulnar anterior. Fragmen- a extremidade distal do úmero para encaixá-la (Fig. 13-15).
tos de ossos resultantes são usados para encher quaisquer lacunas •Resseque a cabeça radial ao nível da tuberosidade do )
em torno do coto do olécrano. D, Vista lateral de uma fusão bíceps.
completa mostrando o parafuso de fi xação no lugar.

H@lhfl11D9 Artrodese de coto-


velo de Staples. A, Incisão. B, Ponta
do olécrano osteotomizada para
formar uma cama para o enxerto. O
nervo ulnar está protegido. C,
A e En xerto fi xado ao úmero e à ulna.
VEJA A TÉCNICA 13-6.
~ PARTE V PROC EDI MENTO DE RECONSTRUÇÃO DE OMBRO E DE COTOVELO EM ADU LTOS

•âtdll;t!il@ll. , Artrodese de cot ove lo de Spier. VEJA A TÉCNICA 13-8.

•I nsira um pino de Steinmann do olécrano no canal medu lar • Osteotomize o olécrano e o úmero para encaixar como
)
do úmero para estabil izar a artrodese temporariamente na na técnica AO (Técn ica 13-3).
posição desejada. Insira um pino de Steinma nn t ransver- • Contorne uma placa AO de oi to a 12 furos para alcançar
sa lmente através do olécra no em linha com o córtex ante- o grau desejado de fl exão do cotove lo, e prenda-a ao
ri or do úmero. Remova o pin o t ra nsfixante intramedu lar e úmero poste rior mente.
substitua-o por um parafuso esponjoso com arruela . Insira • Prenda um dispositivo tensor à ulna e à extremi dade dista l
outro pino Steinmann transversal através do úmero, e use da placa, e ap lique a compressão ao local da artrodese.
um fixador externo para aplicar a compressão através da Fixe a placa na ulna com parafusos de maneira padrão
artrodese. (Fig. 13- 16). Parafusos esponjosos (acessórios) podem ser
•Feche a fe rida em camadas sobre drenos. usados pa ra uma estabil idade adicional , se necessá rio.
• Aplique enxerto ósseo em torno da fusão conforme
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O fixador e os pinos houver necessidade, feche a ferida em camadas sobre
são removidos entre 6 e 8 semanas, e um imob ilizador drenos, e aplique um gesso longo ao braço.
longo é usado até que a artrodese consolide clínica e
ra di og rafica mente.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO As su turas são removi-
das em 2 semanas, e o imob il izador é alterado. O suporte
continua até que a artrodese fique sólida. A placa e os
ARTRODESE DE COTOVELO (SPIER) parafusos não devem ser removidos antes de 1 ano após
a cirurgia. Alguns autores relat aram que a imobi lização
Ma is recentemente, Spier relatou fusão bem-sucedida em pós-operatória não é necessá ria com fixação de placas de
quat ro pacientes usando fixação interna com uma placa comp ressão.
larga AO dobrada a 90 graus. Ele também recomendou
a ressecção da cabeça do rádio e osteotomia do úmero
e olécrano para um enca ixe semelhante ao da técnica de
AO. McAuliffe et ai. relataram 15 artrodeses de cotovelo
ut iliza ndo a técni ca de placa de com pressão AO. A indi -
cação ma is com um era uma lesão de alta energia, aberta COMPLICAÇÕES
e infectada, com perda de osso associada. A artrodese foi
bem-sucedida em todos menos um cotovelo, em que uma As complicações da artrodese de cotovelo incluem lesão neurovas-
infecção grave e profunda necessitou de amputação. cular, infecção da ferida , retardo da união, não união, e consolida-
ção viciosa. Imp lantes proeminen tes do lo rosos e deiscênc ia da
~
TÉCNICA fe rida podem ocorrer ao longo do aspecto posterior do co tovelo,
'---~~~~~~~---'~ onde o tec ido subcutâneo é mínimo. Reoperações devido a imp lan-
(SPIER) tes dolorosos são comuns. Recomendamos esperar pelo menos 18
meses após a fusão rad iográfica antes de considerar a remoção dos
• Exponha o cotovelo posteriormente, tal como descrito ante- imp lantes. Para evitar fratu ra, o cotovelo deve se r proteg ido co m
ri ormente, desbride a arti culação, e resseq ue a cabeça rad ial. um a ci nta ou imobilizado r du rante vá ri as sem anas após a retirada
dos imp lantes.
CAPÍTULO 13 ARTRODESE DE OMBRO E COTOVELO cm
RESULTADOS Rühmann O, Schmolke S, Bohnsack M, et ai: Shoulder arthrodesi s:
indications, technique, results, and complications, f Shaulder
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núm ero de pacientes. As três maiores séries, envolvend o um total de Surg 14:1 45, 2008 .
50 pacientes, mostraram taxas de fusão que va ri aram de 56% a 100% Scalise JJ, Iannotti JP: Glenohumeral arthrodesis after failed
com a utilização de placas de compressão e fixação externa. Ma is prosthetic shoulder arthroplasty, f Bane Jaint Surg Am 90:70, 2008.
recentemente, Ko ller et ai. relataram uma média de 5 anos de acom- Sca lise JJ, Iannotti JP: Glenohumeral arthrod esis after failed pros-
panhamento de 14 pacientes, todos eles alcançando fusão óssea sem thetic should er arthropl asty: surgical technique, f Bane faint Surg
nenhum a dor em oito cotovelos e dor moderada em seis; no entanto, 9 LA(S uppl 2, pt 1):30, 2009.
complicações pós-operatórias necessitaram de cirurgias de revisão Syal A, MacDonald P: Arthroscopic arthrodesis of the shoulder:
em seis pacientes. a report of two cases, J Shaulder Elbaw Surg 17:e23, 2008.
Vancabeke M, Baillon B, Rémy P, et ai: Shoulder arthrodesis using
combined internai and exte rnai fixation: a review of9 cases, Acta
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Wick M, Müller EJ, Ambacher T, et al: Arthrodesis of the should er
ARTRODESE DE OMBRO
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Chammas M, Go ubier JN, Coulet B, et ai: Glenohumeral arthrodesis Wong EL, Kwan MK, Loh WY, Ahmad TS: Shoulder arthrodesis in
in upper and total brachial plexus palsy: a comparison of func- brachial plexus injuries-a review of six cases, Med J Malaysia
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Chun JM, Byeon HK: Shoulder arthrodesis with a recon structio n
plate, Int Orthap 33: 1025, 2009. ARTRODESE DE COTOVELO
Clare DJ, Wirth MA, Groh GI, et ai : Current concepts review: shoul-
der arthrodesis, J Bane faint Surg 83A:593, 2001. Bilic R, Kolund zic R, Bicani c G, Korzinek K: Elbow arthrodesis after
Diaz JA, Cohen SB, Warren RF, et ai: Arthrodesis as a salvage pro- war injuries, Mil Med 170:164, 2005.
cedure for rec urrent instability of the should er, J Shaulder Elbaw Koller H, Kolb K, Assun cao A, et al: The fate of elbow arthrodesis:
Surg 12:237, 2003. indi cations, techniques, and outcome in fourteen patients,
Dimmen S, Madsen JE: Long-term outcom e of shoulder arthrodesis J Shaulder Elbaw Surg 17:293, 2008.
performed with plate fixation: 18 patients examined after 3-15 Lerner A, Stein H, Calif E: Unilateral hinged external fixation frame for
years, Acta Orthop 78:827, 2007. elbow compression arthrodesis: the stepwise attainment of a stable
Fuchs B, O'Connor MI, Padgett DJ, et ai: Arthrodesis of the 90-degree flexion position: a case report, J Orthap Trauma 19:52, 2005.
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Nagy L, Koch PP, Gerber C: Functi onal analysis of should er arthro- posttubercular spine syrinx, f Shaulder Elbaw Surg 18:el3, 2009.
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As referências comp letas es tão di spo níve is em www.
ar throdesis using cannulated cancellous screws, J Shaulder Elbaw
expertcons ult. com .
Surg 14:5 1, 2005.
PARTE

1
INCIDÊNCIA E DETERMINAÇÃO DO NÍVEL COMPLICAÇÕES 606
INDICAÇÕES 598 DE AMPUTAÇÃO 603 HEMATOMA 606
DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA 599 ASPECTOS TÉCNICOS 604 INFECÇÃO 607
TRAUMA 599 Retalhos de Pele e Músculo 604 NECROSE DA LESÃO 607
QUEIMADURAS 601 Hemostasia 605 CONTRATURAS 607
CONGELAMENTO 601 Nervos 605 DOR 608
INFECÇÃO 601 Osso 605 PROBLEMAS DERMATOLÓGICOS 608
TUMORES 602 AMPUTAÇÕES ABERTAS 605 AMPUTAÇÕES EM
PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS DA CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS 605 CRIANÇAS 609
AMPUTAÇÃO 603

A amputação é o procedimento cirúrgico mais antigo. Historica- antes dependentes da cadeira de rodas, também têm maio r proba-
mente, avanços nas técnicas cirúrgicas e na construção de próteses bilidade de recuperar a capacidade de locomoção. Pacientes mais
foram estimulados devido às consequências de guerras. As antigas jovens têm acesso a próteses especializadas que lhes permitem
amputações cirúrgicas eram um processo bruto, através do qual um realizar atividades recreativas, como corridas, golfe, esqui, cami-
membro era rapidamente cortado de um paciente, sem anestesia. nhadas, natação, e outros esportes competitivos.
O coto aberto era esmagado ou mergulhado em óleo fervente para Mais do que nunca, é importante que as amputações sejam
a obtenção da hemostasia. O procedimento era associado a uma alta realizadas por cirurgiões que possuem uma compreensão completa
taxa de mortalidade. Para os pacientes que sobreviviam, o coto resul- dos princípios cirúrgicos da amputação, da reabilitação pós-ope-
tante era pouco adequado para o tratamento protético posterior. ratória e do desenho das próteses. Mas nem mesmo o melhor
Hipócrates foi o primeiro a utilizar ligaduras de vasos; a técnica desenho protético pode compensar um procedimento cirúrgico
foi perdida durante a Idade das Trevas, mas foi reintroduzida em realizado de forma incorreta. A amputação não deve ser vista como
1529 por Ambroise Paré, um cirurgião militar francês. Paré também uma fa lha de tratamento, mas como o primeiro passo em direção
introduziu o "fórceps da artéria". Ele conseguiu diminuir significati- ao retorno de uma vida mais confortável e produtiva. O procedi-
vamente a taxa de mortalidade e ao mesmo tempo criou cotos mais mento cirúrgico deverá ser planejado e realizado com o mesmo
funcionais. Ele também criou próteses relativamente sofisticadas. cuidado e habilidades utilizados em qualquer outro procedimento
Mais avanços foram possíveis com a introdução do torniquete por de reconstrução.
Morei, em 1674, e a introdução da técnica antisséptica de Lister, em
1867. Com o uso de clorofórmio e éter para a anestesia geral no fim
do século XIX, pela primeira vez cirurgiões puderam obter cotos INCIDÊNCIA E INDICAÇÕES
razoavelmente resistentes e funcionais.
Durante a década de 1940, nos Estados Unidos, veteranos O National Center for Health Statistics estimou que mais de 300.000
começaram a reclamar do baixo desempenho dos membros artifi- pacientes com amputações vivem nos Estados Unidos. O número de
ciais. Essas reclamações fizeram com que o Cirurgião Geral do Exér- amputações realizadas todos os anos está aumentando, principal-
cito, Norman T. Kirk, fosse buscar informações na National Academy mente porque a população está ficando mais velha. Mais de 90% das
of Sciences. Graças a isso, houve a criação do Advisory Committee amputações realizadas no Ocidente ocorrem depois de doenças vas-
on Artificial Limbs, que depois foi renomeado como Prosthetics culares periféricas. Em pacientes mais jovens, a causa principal são
Research Board e, por fim, tornou-se o Prosthetics Research and os traumas, seguidos de tumores malignos.
Development. A única indicação absoluta para a amputação é a isquemia
Hoje, a pesquisa protética financiada pelo governo federal irreversível em um membro comprometido ou que sofreu trauma.
continua através de programas nas universidades. Com uma com- A amputação também pode ser necessária para preservar a vida de
preensão melhor sobre a biologia e a fisiologia, as técnicas cirúr- pacientes com infecções incontroláveis e pode ser a melhor opção
gicas e a reabilitação pós-operatória tornaram- se melhores. Novos em alguns pacientes com tumores, mesmo que avanços na oncologia
materiais e informações sobre biomecânica aumentaram conside- ortopédica agora permitam que o membro seja salvo, na maioria dos
ravelmente a qualidade do design das próteses. Agora, pacientes casos. Ferimentos que não afetam a circulação podem resultar em
amputados podem realizar mais atividades. Pacientes mais velhos, um membro que não é tão funcional quanto uma prótese. Da mesma

598
CAPÍTULO 14 PRINCIPIOS GERAIS DA AM PUTAÇÃO cm
maneira, certas anoma lias congênitas na extremidade inferior são deverá ser realizada no nível mais distal possível com potencial de
mais bem tratadas com a amputação e o uso de prótese. Cada uma cicatrização, maximizando a função do coto. Por outro lado, um
dessas indicações será discutida com detalhes posteriormente. paciente que não tenha possibilidades de locomoção, como uma
contratura de flexão do joelho, não deverá realizar um a amputação
transtibial, já que amputação transfemoral ou a desarticulação do
DOENÇA VASCULAR PERIFÉRICA joelho fornece melhor funcionalidade e menos riscos.

Doenças vasculares periféricas, com ou sem diabetes, que ocorrem


frequentemente em indivíduos entre 50 e 75 anos, são as indicações TRAUMA
mais comuns para a amputação. O médico responsável pelo trata-
mento deverá ter em mente que, se a doença vascular progride ao Trauma é a indicação principal para amp utação em pacientes jovens.
ponto de ser necessária uma amputação, ela não está limitada à Amputações resultantes de trauma são mais com uns em homens,
extremidade envolvida. A maioria dos pacientes possui processos de devido aos riscos de certas profissões. Esses pacientes geralmente
doenças concomitantes na vasculatura cerebral, artérias coronárias são saudáveis e produtivos, e tais ferimentos podem causar efeitos
e rins. Além de obter uma consulta com um cirurgião vascular para profundos em suas vidas. A única indicação absoluta para a ampu-
avaliar o membro comprometido, indica-se avaliação ad icional com tação primária é uma lesão vascu lar irreparável em um membro com
o especialista adequado para avaliar esses outros sistemas. isquemia. Com as melhorias nos cuidados pré-hospitalares, ressus-
Aproximadamente metade das amp utações resultantes de citação aguda, técnicas microvasculares e de transporte ósseo, os
doenças vasculares periféricas é realizada em pacientes com diabe- cirurgiões ortopédicos frequentemente se deparam com situações
tes. O indicador mais significativo para a amputação em casos de nas quais um membro que sofreu um trauma grave pode ser preser-
diabetes é a neuropatia periférica, medida através da insensibilidade vado, mesmo com comprometimentos substanciais.
ao monofilamento de Semmes-Weinstein nº 5,07. Outros fatores de Diversos estudos sugeriram diretrizes para ajudar a decidir
risco documentados incluem: acidente vascu lar cerebral e amputa- quais membros podem ser salvos. A maioria deles se concentrou em
ção anteriores, níveis decrescentes de oxigênio transcutâneo e índice diversos ferimentos na extremidade inferior. A maior parte dos
de pressão sanguínea tornozelo-braquial também decrescente. autores concordou que fraturas tibiais expostas do tipo III-C,
Pacientes com diabetes devem ser instruídos sobre a importância incluindo o rompimento total do nervo tibial ou um a lesão por
dos cuidados apropriados com os pés e com os sapatos a serem esmagamento com tempo de isquemia superior a 6 horas, são urna
utilizados, e deverão examinar esses membros com frequência. indicação abso luta para a amputação. Indicações relativas para a
Úlceras deverão ser tratadas agressivamente com alívio da pressão amputação primária incluem lesões associadas graves, como lesões
adequado, aparelhos ortopédicos, gessos de contato total, cuidados ipsolaterais dos pés, e tratamentos prolongados antecipados para
com as feridas e antibióticos, quando indicado. Outros fatores de obter a cobertura do tecido mole e a reconstrução da tíbia. Mesmo
risco, incluindo o hábito de fumar e a fa lta de controle da glicemia, que essas indicações relativas estejam suj eitas a diversas interpreta-
também deverão se r minimizados. ções, elas servem como diretrizes aceitáveis.
Antes de realizar a amputação devido a alguma doença vascu- O utros autores tentaram remover a subjetividade do processo
lar periférica, é sempre indicado realizar uma consulta com um de tomada de decisão. Para prever quais membros serão salvos,
cirurgião vascular. As técnicas atuais, melhoradas, permitem a sistemas de pontuação disponíveis incluem o índice preditivo de
revascularização de membros que há alguns anos não poderiam ser salvamento, o índice de lesões dos membros, o índice de salvamento
salvos. A revascularização, no entanto, também possui riscos. do membro, o índice da síndrome da extremidade esmagada e a
Mesmo que não haja evidências conclusivas na literatura sobre a escala da gravidade de mutilação da extremidade. De todos esses,
evolução da cicatrização das lesões após um a revascularização com decidimos que a escala da gravidade de mutilação da extremidade
bypass e seu impacto em futuras amputações, diversos casos parecem (Tabela 14-1) seria o mais útil. O sistema, que pode ser fac ilmente
evoluir favoravelmente. aplicado, classifica a lesão com base na energia que a causou, na
Se a amputação for necessária, todos os esforços deverão ser isquemia do membro, no choque e na idade do paciente. O sistema
focados para que as condições de cirurgia sejam as melhores possíveis. está sujeito a estudos prospectivos e retrospectivos, com uma pon-
Todos os problemas médicos deverão ser tratados individualmente. A tuação de 6 ou menos consistente com um membro que pode ser
infecção deverá ser controlada da maneira mais eficaz possível, e a salvo. Caso a pontuação seja igual ou maior que 7, o res ultado
nutrição e imunidade do paciente deverão ser avaliadas com testes eventual é a amp utação. Mesmo que essas diretrizes não sejam estri-
simples de triagem. O risco de complicações da lesão aumenta consi- tamente seguidas para todos os pacientes, calculamos e documen-
deravelmente em pacientes cujos níveis de albumina sérica estão tamos um a escala de gravid ade do membro mutilado na tabela
abaixo de 3,5 g/dL ou cuj a contagem de lin fócitos total está abaixo de sempre que consideramos a amp utação primária em vez de um
1.500 células/mL. As taxas de mortalidade pré-operatória para a procedimento complexo para salvar o membro.
amputação em caso de doenças vasculares periféricas são de 30% a Nen hum sistema de pontuação pode substituir a experiência e
40%, em um intervalo de 2 anos. Uma isquêmica crítica desenvolve-se um bom julgamento clínico. A amp utação de um a extremidade
na extremidade inferior restante em 30% dos outros pacientes. lesionada pode ser necessária para preservar a vida do paciente.
A determinação do nível adequado de amputação será discu- Tentativas de salvar um membro bastante lesionado podem resultar
tida posteriormente, neste capítulo. A energia necessária para andar em sobrecarga metabólica e um a subsequente fa lência de órgãos.
é inversamente proporcional ao comprimento do membro restante. Isso ocorre com mais frequência em pacientes com múltiplas lesões
Em pacientes idosos com diversos problemas médicos, a reserva de e mais idosos. De acordo com a esca la do índice da gravidade das
energia pode não permitir que ele se locomova caso a amputação lesões, se for obtida pontuação superior a 50, tentativas heroicas de
esteja em um nível proximal. Se a função cogn itiva, o equilíbrio, a salvamento do membro são contraindicadas. Lesões concomitantes
força muscular e a motivação forem considerados suficientes para e comorbidades deverão ser consideradas antes de dar início a urna
reabilitar a locomoção do paciente de forma viável, a amputação longa jornada de múltiplas operações para salvar um membro.
- PARTE VI AMPUTAÇÕES

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.
Escala da Gravidade de Mutilação da Extremidade
~~ ~""'::::.

TIPO CARACTERÍSTICAS LESÕES PONTOS


Baixa energia Ferimentos causados por facas, fraturas fechadas 1
simples, tiros causados por armas de baixo calibre
2 Média energia Fraturas abertas ou múltiplas, deslocamentos, lesões 2
causadas por esmagamentos moderados
3 Alta energia Tiro de espingarda (curta distância), ferimentos 3
causados por tiros em alta velocidade
4 Altíssima energia Acidentes causados por queda de árvores, em 4
ferrovias ou em plataformas de petróleo
GRUPO DE CHOQUE
Hemodinâmica Pressão arterial estável no campo e na sala de o
normotensiva cirurgia
2 Hipotensão transitória Pressão arterial instável no campo, mas que
responde aos fluidos intravenosos
3 Hipotensão persistente Pressão arterial sistólica < 90 mmHg no campo e que 2
responde aos fluidos intravenosos apenas na sala de
cirurgia
GRUPO DE ISQUEMIA
1 Nenhuma Membro pulsátil sem sinais de isquemia O*
2 Leve Pulso reduzido sem sinais de isquemia 1*
3 Moderada Ausência de pulso no Doppler, enchimento capilar 2*
fraco, parestesia, atividade motora diminuída
4 Avan ça da Membro frio, paralisado, insensível, sem pulso e sem 3*
enchimento capilar
GRUPO ETÁRIO
< 30 anos o
2 >30-<50 anos
3 >50 anos 2
* Multiplique por 2 caso o tempo de isquemia exceda 6 horas.
De Helfet DL, Howey T, Sanders R, et ai: Limb salvage versus amputation: prelim inary results of the mangled extremity severity score, Clin Orthop Re/at
Res 256:80, 1990.

Após determinar que um membro pode ser salvo, o cirurgião como com a diminui ção dos custos de internação, do tempo de
deverá decidir se ele deverá ser salvo, e essa decisão precisará ser reabilitação e um retorno mais cedo ao trabalho. O tempo de trata-
tomada junto com o paciente. O cirurgião deverá informar ao mento e os res ultados são m ais previsíveis. Próteses modernas geral-
paciente sobre as vantagens e desva ntagens que envolvem um trata- mente fornecem uma função melhor do que muitos membros salvos
mento prolongado para salvar o membro e sobre uma amputação "com sucesso" poss uem. São muitas as situações nas quais um
imediata e o uso de prótese. Ao entrar no hospital, a maioria dos paciente jovem e saudável com um a prótese transtibial pode voltar
pacientes está apenas preocupada em salvar o membro, mas eles a realizar todas as suas atividades anteriores, com poucas restrições.
precisam compreender que isso geralmente tem um custo alto. Eles Em estudos de longo prazo, pacientes que realizaram a amputação
poderão passar por múltiplas cirurgias para obter a fixação óssea e e que utili zam próteses possuem mais chances de voltarem ao tra-
a cobertura de partes moles, e mais cirurgias em outras áreas para balho e são menos propensos a se considerarem "gravemente inca-
obter os enxertos. A fixação externa pode ser necessária por alguns pacitados" do qu e pacientes que passaram pelo longo e exte nsivo
anos, e podem ocorrer compli cações, incluindo infecções, pseudo- processo de salvamento do membro.
-artrose ou perda de retalhos musculares. Dores crônicas e vício em Diversas comparações recentes de reconstrução e amputação
medicamentos também são problemas com uns quando o membro do membro trouxeram conclusões diferentes, com um est ud o
é salvo, pois os pacientes precisam suportar diversas idas ao hospital amplo de 545 pacientes projetando custos vitalícios de cuidados
e diversas cirurgias, isolamento da famíl ia e amigos, e desemprego. com a saúde, no qual os custos são três vezes maiores para pacien -
No final, mesmo depois de esforços heroicos, poderá ser necessário tes com amputações do que para aqueles com reconstrução. Por
amp utar o membro da mesma maneira, ou um membro salvo "com ou tro lado, uma metanálise concluiu que o tempo de reabi litação
sucesso" pode não se mexer mais ou ser croni camente doloroso. e os custos totais são m aiores para pacientes que passaram por
Os pacien tes também precisam entend er que os avanços fe itos procedimentos de salvamento do membro. Relatórios de resu lta-
na cirurgia para salvar os membros foram paralelos aos da cirurgia dos funcionais foram igualmente variados, com um estudo rela-
para amputação e desenho de próteses. A amputação precoce e o tando urna taxa de reto rn o ao trabalho de 64% após o salvamento
uso de próteses estão associados com a diminuição da m orbidade, do membro, comparada com um a de 73% após a amputação, e
do número de cirurgias, do tempo de internação no hospital, assim outro estudo relatando que resu ltados funcionais em longo prazo
CAPÍTULO 14 PRINCÍPIOS GERAIS DA AMPUTAÇÃO -

são equivalentes entre os que tiveram o membro salvo e os que caçadores. Pessoas que moram nas ruas, alcoólatras e que tenham
realizaram a amputação primária. esquizofrenia também estão em risco.
A pior hipótese possível é a de quando um membro deve ser Quando a perda de calor excede a capacidade do corpo de
amputado depois de o paciente passar por múltiplas operações para manter a homeostase, o fluxo de sangue das extremidades cai para
salvar o membro ou depois de anos sofrendo com dores, após um manter a temperatura central do corpo. O problema é agravado pela
salvamento "bem-sucedido''. Depois de perceber que a função é pos- exposição ao vento ou à água. Lesões de tecido ocorrem por meio
sível com uma prótese, muitos pacientes pedem pela amputação que de dois mecanismos: ( 1) lesão de tecido direta através da formação
não foi realizada inicialmente. É importante informar tudo para o de cristais de gelo no fluido extracelular e (2) lesões isquêmicas
paciente desde o começo, para que ele possa tomar decisões cons- resultantes de danos ao endotélio vascular, formação de coágulos e
cientes sobre qual caminho seguir. O médico não poderá entender o aumento do tônus simpático.
a importância que cada paciente dá ao aspecto físico, às funções O primeiro passo no tratamento é a recuperação da tempera-
motoras ou à imagem corporal sem perguntar especificamente estas tura corporal. O tratamento da extremidade afetada começa com
questões. Outras questões importantes incluem a capacidade do um reaquecimento rápido em uma banheira de água com tempera-
paciente de lidar com a incerteza, a imobilização prolongada, a tura entre 40° e 44°C. Para que isso ocorra, é preciso controlar a dor
aceitação do isolamento social, além dos custos financeiros. Sem a de forma parenteral e infundir sedativos. Após o reaquecimento
discussão dessas questões, um médico poderá não ser capaz de inicial, se o fluxo de sangue digital ainda não for aparente, o trata-
ajudar os pacientes a tomarem as decisões "corretas", as quais são mento com ativador do plasminogênio tecidual ou o bloqueio
baseadas no paciente como um todo, e não apenas na extensão da simpático regional pode ser indicado. A profilaxia do tétano é obri-
lesão no membro. gatória; no entanto, antibióticos sistêmicos profiláticos são contro-
Quando uma amputação é realizada devido a um trauma versos. As bolhas devem ser deixadas intactas. Bolhas fechadas
agudo, o cirurgião deve seguir todos os princípios padrão para lidar devem ser tratadas com aloe vera. Sulfadiazina de prata deverá ser
com o ferimento. Tecidos contaminados deverão passar por desb ri - aplicada regularmente em bolhas abertas. Baixas doses de aspirina
damento e irrigação após os cuidados com o ferimento aberto. ou ibuprofeno também deverão ser ministradas. Medicação oral
Apesar da necessidade de remover todo o tecido morto, quaisquer anti-inflamatória e aloe vera tópica ajudam a interromper a isquemia
áreas questionáveis deverão ser mantidas e reavaliadas com um novo dérmica progressiva mediada por metabólitos vasoconstritores de
desbridamento entre 24 e 48 horas. O comprimento do coto funcio - ácido araquidônico em ferimentos causados por congelamento. A
nal deverá ser mantido sempre que possível; pode ser que retalhos fisioterapia deverá começar o mais rápido possível, para manter a
fora do padrão ou retalhos de músculos livres sejam necessários para amplitude dos movimen tos.
realizar o fechamento. Tecido vascularizado ou não vascularizado Em forte contraste com as lesões traumáticas, térmicas ou
pode ser recolhido a partir da parte amputada para ajudar nesse causadas por eletricidade, a amputação por congelamento geral-
procedimento. Se o comprimento adequado não puder ser mantido mente é adiada por 2 a 6 meses. A demarcação clara do tecido viável
de forma precisa, o coto poderá ser revisto novamente no futuro, poderá levar esse tempo para ficar concluída. Mesmo depois de a
através de expansores de tecido e a técnica de Ilizarov para alonga- demarcação estar aparentemente completa na superfície, os tecidos
mento ósseo. mais profundos ainda es tarão se recuperando. Mesmo com a pre-
sença de tecido morto, infecções são raras, caso a lesão seja bem
cuidada. A cintilografia óssea trifásica com tecnécio tem ajudado a
QUEIMADURAS delinear a viabilidade do tecido mais profundo. Realizar a cirurgia
prematuramente em geral resulta em maior perda de tecido e
Lesões térmicas ou causadas por eletricidade a uma extremidade maiores riscos de infecção. Uma exceção à regra é a remoção de
podem precisar de amputação. A extensão total dos danos ao tecido escaras circunferenciais.
pode não ser aparente inicialmente, especialmente nos casos rela-
cionados à eletricidade. O tratamento envolve o desbridamento do
tecido morto, fasciotomias, quando indicado, e cuidados agressivos INFECÇÃO
com as lesões, incluindo o desbridamento contínuo na sala de cirur-
gia. Em comparação com a amputação primária, a amputação pos- A amputação pode ser necessária devido a infecções crônicas ou
terior de um membro que não pode ser salvo foi associada a aumento agudas, as quais não respondem aos antibióticos e desbridamentos
de riscos de infecção local, infecção sistêmica, insuficiência renal cirúrgicos. A amputação aberta é indicada nesses casos e pode ser
induzida por mioglobina e morte. Além disso, o tempo de interna- realizada por meio de um entre dois métodos. Uma amputação em
ção e custos atrelados a ele aumentam muito quando a amputação guilhotina pode ser reali zada com uma revisão posterior, em um
é postergada. Realizar desbridamentos inadequados na esperança de nível mais proximal depois que a infecção é controlada. Como alter-
salva r um membro pode colocar o paciente em perigo sem necessi- nativa, uma amputação aberta pode ser reali zada definitivamente ao
dade. Desbridamentos deverão ser agressivos e incluirão amputação, inve rter-se inicialmente os retalhos e fechar a lesão após o período
quando necessário. de 10 a 14 dias.
A amputação parci al do pé com fechamento primário tem sido
recomendada para pacientes com infecção ativa; a lesão é fechada
CONGELAMENTO frouxamente sobre um cateter, através do qual um antibiótico é
ministrado. A infusão constante deve ocorrer por 5 dias. A lesão
É o termo utilizado para definir o congelamento real do tecido nas deverá ser suturada de forma frouxa, permitindo a saída do fluido
extremidades, com ou sem hipotermia central. Historicamente, conge- para os curativos. Estes deverão ser substituídos frequentemente, até
lamentos eram mais comuns em tempos de guerra; no entanto, qual- que o cateter seja removido, no 5° dia do pós-operatório. Este
quer pessoa exposta a temperaturas extremamente baixas corre esse método permite uma cicatrização primária, ao mesmo tempo que
risco. Esse é um problema comum para montanhistas, esquiadores e evita a recuperação prolongada típica da cicatrização secundária.
ma PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

,,,
14-2 Diagnósticos de Infecção por Organismos Formadores de Gás

FATOR CELULITE ANERÓBIA MIONECROSE CLOSTRÍDICA MIONECROSE ESTREPTOCÓCICA


Incubação >3 d <3 d 3-4 d
Início Gradua l Agudo Subag udo
Toxem ia Leve Grave Grave (t ardi a)
Dor Nenh uma Gra ve Variável
Inchaço Leve Grave Grave
Pele Pouca mudança Tensa, bra nca Te nsa, aco bre ad a
Exsudato Leve Serosa hemorrá gi ca Serosa purulenta
Gás A bundante Raramente abu ndante Leve
Cheiro Desagradável 11
Variáve l, leve 11
Leve
Envo lvimento do Sem alteração Grave M oderado
músculo
De DeHaven KE, Evarts CM: Th e continuing problem of gas gangrene: a rev iew and report of ill ustrative cases, J Trauma 11 :983, 1971 .

Em casos de lesão aguda, as infecções mais preocupantes são as Indicações para a amputação de um membro cronicamente
produzidas por organismos formadores de gás. Essas infecções, as infectado devem ser definidas individualmente. Os efeitos sistêmi -
quais são tipicam ente associadas co m lesões em batalhas, também cos de uma injeção refratária podem justificar a amputação. Defici-
podem resultar de lesões adquiridas em faze nd as, acidentes automo- ências de uma úlcera trófica que não foi curada, osteomielite crônica
bilísticos ou fer imentos por armas de fogo. Qualquer ferimento con- ou pseudoartrose infectada podem chegar a um ponto no qual é
tamin ado qu e é fechado sem o desbridamento correto possui um alto melhor que o paciente sofra uma amputação e utilize próteses. Rara-
ri sco de desenvolver gangrena por organismos formadores de gás. mente um a fístu la crônica é local de dese nvo lvimento de um carci-
Três in fecções causadas por organismos formadores de gás noma de células escamosas, o qu al necessita de amputação.
deve m se r diferenciadas (Tabela 14-2) : a primeira é a mionecrose
clostrídi ca, que tipicamente se desenvolve em até 24 horas após o
fechamento de uma lesão contaminada. O paciente possui um início TUMORES
agud o de dor, inchaço e toxemia, ge ralm ente associada à consciência
mental de um a morte iminente. A lesão dese nvolve uma descolora- Ava nços no diagnóstico por imagem , n a quimioterapia, na radiote-
ção bron zeada, com exsudato se rossa nguinolento e odor de mofo. rapia e nas técnicas cirúrgicas para reconst rução agora tornam o
A coloração de Gram dos exsudatos exi be bacilos gram-positivos salva mento do membro uma opção considerável para a m aio ria dos
(de co r púrpura) ocasionalmente aco mpanh ados por outras flo ras. pacientes com sarcomas de tecido m ole ou no s ossos. Quatro ques-
O tratamento consiste em desbridamento radical imediato do tecido tões deve m se r consideradas quando há a possibilidade de salva r o
envolvido, altas doses de penicilina intravenosa (clindamicina pode membro, e não de amputá-lo:
ser uti lizada caso o paciente seja alérgico à p en icilina) e oxigênio 1. A so brevid a d o pac iente se ri a afe tad a pela escolha d o
hip erbárico. Geralmente, uma amputação aberta de emergência de tratamento?
um a arti cul ação acima dos compa rtim entos afetados é necessária 2. Como as rnorbidades em longo e curto prazo podem se r
como medida de salvamento, mas pode ser evitada se o tratamento comparadas?
for iniciado logo. 3. Como a função de um membro salvo poderia ser comparada
A mion ecrose estreptocócica gera lmente se desenvolve ao com a de uma prótese?
lon go de 3 a 4 di as. O início não é tão ráp ido, e os pacientes não 4. Há alguma consequ ência psicossocial?
apare ntam estar doentes co rn o os que têm infecções clostrídicas. Dive rsos estudos têm discutido a primeira questão em relação
O inchaço pod e ser grave, m as a dor tipi ca mente não é tão severa ao osteossarcoma. Com o uso de tratamentos multimodais, incluindo
co mo as que os pacientes co m mi onecrose clost rídica poss uem . ci rurgia e quimioterapia, a taxa de sob revida no longo prazo para
Uma descarga abundante seropurul enta pode ser vista apenas em pacientes com osteossarcoma aum en tou de 20% para 70%, na
pequenas qu antidades de form ação de gás. O desbridarnento dos maioria dos casos. Para osteossarcom a do fêmur distal, a taxa de
compartimentos do múscul o envolvidos, os cuidados com a lesão reco rrência local após ampla ressecção e salvamento do memb ro é
aberta e o tratam ento com peni cilina, no gera l, perm item a pre- de 5% a 10%, a qual é equivalente à taxa de recorrência local após
se rvação do membro. uma amp utação transfemo ral para o osteossarcoma. Mesmo qu e a
A terceira entidade que deve se r di stinguida é a celulite anaeró - taxa de reco rrência local de um tumor após a desarticulação do
bia ou a fasceíte necrosante. O início oco rre norm almente dias após qu adril seja extremamente baixa, nenhum es tudo mostrou uma van-
o fecham ento de uma lesão contamin ada. O enfise ma subcutâneo tagem de sobrevida para a técn ica. No ge ral, desde que amp las
pode se espalhar rapidamente, mes mo qu e a dor, inchaço e toxemia marge ns cirú rgicas sejam obtidas, nenhum estudo provou uma van -
sejam geralmen te mínimos. A produção de gás pode ser abundante tagem de sobrevida de uma técnica sobre a outra.
com um cheiro de mofo, mas os compa rtim entos do múscul o não A amputação devido a tumores malignos pode ser tecnicamente
estão envolvidos. Entre os organismos causado res, temos os clost rí- exige nte, com frequência exigindo retalhos fora do padrão, enxertos
dios, os estreptococos anaeróbios, Bacteroides, e bac ilos gram-nega- ósseos ou aumento da prótese para obter um membro residual mais
tivos. O tratamento inclui desbridamento e antibióticos de amplo fun cional (Fig. 14-1 ). No entanto, o salvam ento do membro está asso-
esp ec tro. A amputação é raram ente ind icada. ciado a um a morbidade perioperatória maior, se comparado com a
CAPÍTULO 14 PRINCÍPIOS GERAIS DA AMPUTAÇÃO -

local normalmente fornece melhor função motora do que a desarticu-


lação de quadril ou hemipelvectomia. Sarcomas ao redor do tornozelo
e pé frequentemente são tratados com amputação seguida de encaixe
de prótese. O tratamento para sarcomas ao redor do joelho deverá ser
individuali zado.
A m aioria dos pacientes com osteossarcoma ao redor do joelho
são tratados com um entre três procedimentos cirúrgicos - ressecção
ampla com substituição da prótese do joelho, ressecção am pla com
artrodese com autoe nxerto, ou amputação transfemoral. Em um
estudo de pacientes com osteossarcoma, os que se submeteram à
ressecção e substituição da prótese do joelho exibi ram maiores velo-
cidades autosselecionadas durante caminhadas e uma marcha mais
eficiente em relação ao consumo de oxigênio do que os pacientes com
amputações transfemorais. Indivíduos com uma amputação transfe-
m oral tiveram fun ções motoras com mais de 50% de suas capacidades
aeróbicas máximas durante caminhadas com velocidade livre, as quais
exigem que os mecanismos anae róbicos sustentem o metabolismo da
musculatura, resultando na queda de resistência. O problema em
muitos desses pacientes é agravado pela queda da fu nção cardíaca
resultante da cardiomiopatia induzida pela doxorrubicina
Em comparação com a fu nção motora em longo prazo na ampu-
tação, artrodese ou artroplasti a para o tratamento de tumores ao redor
do joelho, pacientes com amputação tive ram dific uldades para anda r
sobre superfícies escorregadi as, ásperas e íngremes, m as foram mu ito
ativos e se preocuparam menos em danifi ca r o memb ro afe tad o.
Pacientes com uma artrodese realizaram as atividades recreativas e
trab alhos físicos m ais exigentes, m as tiveram di fic uld ades em sentar,
especialmente no banco de trás de carros, em teatros ou em arenas
esportivas. Pacientes que reali za ram a artrop last ia norm almente
levavam vidas m ais sedentári as e pro tegiam m ais o membro, m as
tinham pouca di ficuldade com atividades cotidianas. Eles também
eram os que tinham menos autoconsciência do membro.
Nenhum estudo mostrou um a diferença significativa entre a
amputação e o salvamento do membro em relação aos resultados psi-
cológicos ou à qualidade de vida em sobreviventes em longo prazo que
tiveram sarcoma. A decisão entre o salvamento do membro e a sua
amputação envolve mais do que apenas se a lesão pode ser ressecada
com margens amplas. O paciente, por fim, deverá tomar a decisão
O@ii;MB19 Desarticulação do quadril a pós osteossarcoma . pensando em seus objetivos em longo prazo e seu estilo de vida.
A, A substitui çã o fe moral proxima l é construíd a com componen - Raramente, a amputação pode ser indicada como uma medida
tes de hemiartroplastia de quadril e cimento ósseo . B, Retalh os paliativa para um paciente com doenças metastáti cas e dores que
posteriores e anteriores são reparados sobre a prótese. O paciente foram refratárias ao tratamento cirúrgico pad rão, radi oterapia, qui -
poderá re ali zar movimentos como um a mputado transfemora l. mioterapia, e tratamento da dor com narcóticos. A amputação pode
ser indicada para o tratamento de uma fratura patológica reco rrente
amputação. O salvamento do membro envolve um procedimen to na qual a estabilização é impossível. Ela também pode se r indicada se
cirúrgico mais extenso e está associado com maiores riscos de infec- o tumor maligno tiver causado necrose m assiva, ulcerações, infecção
ção, deiscência da lesão, necrose do retalho, perda de sangue e trom- ou comprometimento vasc ular. Mesmo que a cura não seja o objetivo,
bose venosa profund a. Co mplicações no longo prazo variam , a amputação pode melhorar drasticamente as fu nções motores e
dependendo do tipo de reconstrução. Estas incluem fraturas peripro- aliviar as dores pelos meses restantes em alguns pacientes. No entanto,
téticas, próteses frouxas ou deslocadas, pse ud oartrose da junção o cirurgião deverá se lembrar que a sobrevida não é sempre previsível.
enxerto-hospedeiro, ruptura do enxerto, discrepância do comp ri- Uma hemipelvectomia "paliativa" fo i realizada na institu ição do autor,
mento da perna e infecções tardi as. Um paciente com um membro em uma paciente que viveu confo rtavelmente por mais 20 anos.
salvo possui maior probabilidade de necessitar de diversas cirurgias
subsequentes para tratamento de complicações. Após a cirurgia inicial
bem-sucedida para salvar o membro, um te rço dos sobreviventes PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS
pode precisar de um a amputação no longo prazo. DA AMPUTAÇÃO
Em relação às fun ções motoras do membro, o local do tumor é o
fator mais importante. A ressecção de uma lesão da extremidade supe-
DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE AMPUTAÇÃO
rior com salvamento do membro, mesmo com sacrifício de um nervo
principal, geralmente proporciona melhores fun ções motoras que a Determinar o nível adequado de amputação demanda uma compreen-
amputação e o subsequente uso de prótese. Da mesma maneira, a res- são das vantagens e desva ntagens entre o aumento da fu nção m oto ra
secção de uma lesão fe moral proxi mal ou pélvica com reconstrução com um nível mais distal de amputação e um a qu eda na taxa de
- PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

complicações com um nível mais proximal de amputação. O bem Arteriogramas an tes da operação, mesmo que já tenham sido
-estar geral do paciente, as condições médicas gerais e a reabilitação obtidos para a consulta com o cirurgião vascular, aj udam po uco
são todos fato res importantes. para determinar o potencial da cicatrização da lesão. Pressões arte-
Uma consulta com um cirurgião vascular é quase sempre ade- riais sistólicas segmentais oferecem, da mesma forma, poucas
quada. Mesmo se a revasc ul arização não permitir o salvamento informações úteis, pois, no geral, são fa lsamente elevadas graças
do membro inteiro, ela pode permitir a cicatrização de uma parte às paredes fora da conformidade dos vasos arterioscleróticos. No
do pé ou a amp utação do tornozelo em vez de uma amputação entanto, medidas das pressões de perfusão da pele podem ser úteis.
transtibial. Como anteriormente estabelecido, a cirurgia de ponte Alguns autores recomendam termografia ou fluxometria laser
(by-pass) pode comprometer a cicatrização da lesão de uma ampu- Doppler como métodos para testar a perfusão da pele. O utros
tação transitbial futura. recomendam determinar a absorção do tecido com fluoresceína
Testes simples nutricionais e de imunocompetência deverão intravenosa ou a ava liação do tecido com xenôni o 133 injetado
ser realizados. Doenças clínicas, infecções e cirurgias de grande intradermicamente. Concluímos que as medições com oxigênio
porte induzem um estado hip ermetabóli co. Múlti plos estudos transcutãneo são as mais benéficas.
confirmaram que pacientes desnutridos e com imunodeficiência Elas podem ser determinadas em diversos locais ao longo do
possuem taxas significativamente crescentes de complicações membro. O teste é realizado inserindo-se uma sonda aquecida a
perioperatórias. 45°C por 10 minutos antes de a tensão do oxigên io ser medida.
Waters et ai. estudaram os gastos de energia para andar em Isso permite a máxima resposta vasodilatadora e uma determina-
pacientes com amputações transfemorais, transtibiais e de Syme ção mais precisa do potencial de perfusão. Vários estudos reco-
após traum as ou isquemias crônicas de membro. Comparada com mendam diferentes níveis de ponto de corte, variando entre 20 e
controles sem amputações, a velocidade autosselecionada para 40 mmHg, para um "bom" potencial de cicatrização. No entanto,
andar em amputados devido a problemas vasculares era de 66% para não há um ponto de corte absoluto, pois alguns estudos mostram
aqueles com amp utação de Syme, 59% para os com amputações taxas de cicatrização de 50% mesmo quando o nível de oxigêni o
transt ibiais, e de 44% para os com amputações transfemorais. Para transcutãneo está abaixo de 10 mmHg. A medida pode ser fa lsa-
amputados devido a traumas, no geral pacientes mais jovens, as mente diminuída em circunstâncias que diminuem a difusão de
taxas foram de 87% no nível transitbial e de 63% no nível oxigênio, como celulite ou edema. O teste pode ser melhorado ao
transfemoral. Em velocidades autosselecionadas para andar, as taxas comparar-se o nível de oxigênio transcutâneo antes e depois da
mais baixas para amputados parecem ser um mecanismo compen- inalação de 100% do oxigênio. Um aumento de 10 mmHg em um
sador para conservar energia por unidade de tempo. Com a exceção nível particular é um bom indicador para o potencial de cicatriza,
de amputações transfemorais após insufi ciência vascular, todos os ção. A precisão também pode ser melhorada ao comparar-se as
pacientes tiveram a tendência de se locomover em porcentagens medidas das extremidades em pacientes que caem na zona cin -
sim ilares às de suas capacidades aerób icas máximas, quando com- zenta de 20 a 40 mmHg, na posição supina com o membro elevado.
parados com controles pareados por idade. Os pacientes tiveram a Uma queda superior a 15 mmHg após 3 minutos de elevação do
tendência de diminuir suas velocidades para relativamente manter membro envolvido é um indicador negativo de prognóstico para
a energia por minuto dentro dos limites normais. Pacientes com a cicatrização. Essas informações deverão ser utilizadas em função
amputações transfemorais após insuficiência vasc ul ar não consegui- de outras variáveis do paciente, incluindo idade, problemas
ram alcança r esta meta, no entanto, e geralmente excederam em médicos concom itantes e potencial de locomoção.
50% suas capacidades aeróbicas máximas, mesmo com locomoção
mínima. Nessa situação, como mencionado, os mecanismos anaeró-
bicos precisam sustentar as funções do músculo, e a resistência é ASPECTOS TÉCNICOS
bastante comprometida. Como resultado, poucos amputados trans-
femorais devido a problemas vasculares obtêm novamente a capaci- Uma atenção meticulosa aos detalhes e um manuseio gentil de
dade funcional motora para se locomover. Torna-se aparente que a tecidos moles são importantes para criar um coto altamente fun-
amputação deve ser realizada no nível mais distal possível, caso esta cional e bem cicatrizado. Os tecidos normalmente são vasculari-
capacidade seja a maior preocupação. zados ou traumatizados de maneira descuidada, e o risco de
Se um paciente não possui potencial para a locomoção, a cica- complicação é alto.
trização da lesão com queda na morbidade perioperatória deverá ser
a preocupação principal. Uma amputação transtibial nesse cenário • RETALHOS DE PELE E MÚSCULO
não é urna opção razoável, devido ao aumento do risco de problemas Os retalhos devem ser mantidos espessos. A ressecção desneces-
na lesão e na pele, resultantes de contraturas da flexão do joelho. sária deverá ser evitada para prevenir futuras desvascularizações
Uma desarticulação do joelho geralmente proporciona a melhor dos tecidos já comprometidos. É essencial cobrir a extremidade
função motora para estes pacientes. Q uando comparada com a do coto com um tecido mole resistente. Estud os anter iores deter-
amputação transfemoral, a desarticulação do joelho proporciona minaram o melhor tipo de retalho para cada nível de amp utação,
uma alavanca mais longa com musculatura balanceada para ajudar mas retalhos atípicos são sempre preferíveis para amp ut ações em
na mobilidade e transferências de leito. Além disso, os músculos não um nível mais proximal. Com as próteses ortopédicas de contato
são divididos e não atrofiam e contraem-se sobre o fêmur, como total modernas, a localização da cicatriz raramente é importante,
geralmente acontece após a amputação transfemoral. Por fim, a mas ela não deverá ser adere nte ao osso subjacente. Uma cicatri z
amputação at ravés do joelho proporciona maior conforto e estabili- aderente torna o encaixe da prótese extremamente difícil, e este
dade para sentar. tipo de cicatriz geralmente se rompe após o uso prolongado da
Determinar o nível mais distal para a amputação com uma prótese. Tecidos moles em excesso ou "orelhas de cachorro"
chance conside rável de cicatrização pode ser desafiador. Antes da grandes também criam problemas no encaixe da prótese, e podem
operação, uma ava liação clínica da cor da pele, crescimento de impedir a função motora máxima de um coto que tenha sido bem
pelos e temperatura da pele fornece in fo rm ações iniciais valiosas. construído.
CAPÍTULO 14 PRINCÍPIOS GERAIS DA AMPUTAÇÃO -

forma bem proximal, até o nível da ressecção do osso. A forte tensão


no nervo deve ser evitada durante essa manobra; caso contrário, o
coto poderá ser dolorido mesmo depois que a lesão estiver cicatri-
zada. Esmagamentos também devem ser evitados. Nervos largos,
como o ciático, frequentemente contêm artérias relativamente largas
e devem ser ligados .

• osso
A remoção periosteal em excesso é contraindicada e pode resultar
na formação de anéis de sequestro ou no crescimento ósseo exces-
sivo. Proeminências ósseas que podem não estar bem preenchidas
com tecido mole devem ser sempre ressecadas, e o osso restante deve
ser raspado para formar um contorno suave. Isso é es pecialmente
importante em locais como o aspecto anterior da tíbia, aspecto
lateral do fêmur e estiloide radial.
h@IJ;f4e:g Miodese na amputação transfemoral. Tendão
do adutor magno (seta) é puxado na extremidade do corte do
fêmur distal e fixado através de um furo no córtex lateral.
AMPUTAÇÕES ABERTAS

Uma amputação aberta é aquela na qual a pele não é fechada sobre


a extremidade do coto. A operação é a primeira de pelo menos duas
cirurgias necessárias para construir um coto satisfatório. Ela sempre
Os músculos geralmente são divididos a pelo menos 5 cm de deve ser seguida por um fechamento secundário, reamputação,
forma distal em relação ao osso a ser ressecado. Eles podem ser revisão ou cirurgia plástica. A finalidade desse tipo de amputação é
estabilizados através da miodese (sutura do músculo ou tendão ao evitar ou eliminar infecções para que o fechamento final do coto
osso) ou mioplastia (sutura do músculo ao periósteo ou à fáscia da possa ser reali zado sem o rompimento da lesão. Amputações abertas
musculatura oposta). Jaegers et ai. mostraram que músculos tran- são indicadas em infecções e em lesões traumáticas graves com
seccionados têm taxa de atrofiamento entre 40% e 60% em 2 anos extensa destruição de tecido e contaminação visível por materiais
caso não sejam fixados corretamente. Se possível, a miodese deverá estranhos. Antibióticos adequados são utilizados até que o coto
ser realizada para fornecer uma inserção mais forte, ajudar a maxi- esteja totalmente cicatrizado.
mizar a força e minimizar atrofias (Fig. 14-2). Os músculos que Edições anteriores deste livro descreveram as técnicas para
passam pela miodese continuam a contrabalancear seus antagonis- amputações abertas com retalhos de pele invertidos e amputações
tas, evitando contraturas e aumentando a fun ção do membro resi- abertas circulares com tração de pele no pós-operatório. Mais recen-
dual. No entanto, a miodese pode ser contraindicada em casos de temente, em casos de contaminação de tecido ou trauma severo no
isquemia severa, devido ao aumento do risco de ruptura da lesão. local da amputação, temos utilizado a técnica do fechamento assis-
tido a vácuo. Ele é aplicado ao coto aberto imediatamente após o
• HEMOSTASIA desbridamento inicial. Desbridamentos subsequentes são progra-
Exceto em membros com isquemia grave, o uso de um torniquete é mados em intervalos de 48 horas. O fechamento assistido a vácuo é
bastante desejável e facilita a amputação. O membro pode ser exsan- reaplicado depois qu e cada desbridamento é reali zado, até que a
guinado ao ser envolvido com uma faixa de Esmarch antes que o lesão esteja pronta para o fechamento.
torniquete seja inflado. Em amputados por infecções ou tumores
malignos, no entanto, retirar sangue dos membros desta maneira
não é recomendável. Nesses casos, a inflação do torniquete deverá CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
ser precedida pela elevação do membro por 5 minutos.
Os vasos sanguíneos principais devem ser isolados e individu- Os cuidados da amputação no pós-operatório frequentemente
almente ligados. Os vasos maiores devem ser duplamente ligados. O exigem um a abordagem de uma equipe multidisciplinar. Além do
torniquete deve ser esvaziado antes do fechamento, e a hemostasia cirurgião, a equipe deve incluir um fisioterapeuta, um terapeuta
será obtida. Um dreno deverá ser utili zado na maioria dos casos, em ocupacional, um psicólogo e um ass istente social. Geralmente, um
um período entre 48 e 72 horas. clínico geral também é necessário para ajudar com os problemas
médicos do pós-operatório. Todas as mesmas precauções são segui-
• NERVOS das como para qualquer cirurgia ortopédica, incluindo antibióticos
Um neuroma sempre é formado depois que um nervo é dividido. perioperatórios, profilaxia da trombose ve nosa profunda e higiene
Ele se torna doloroso caso seja formado em uma posição na qual pulmonar. O controle da dor inclui o uso breve de narcóticos intra-
pode estar sujeito a traumas repetidos. Técnicas especiais foram venosos seguidos por medicamentos para dor de uso oral, os quais
testadas na esperança de evitar a formação de neuromas dolorosos. vão diminuindo conforme o paciente começa a tolerar a dor. Diver-
Entre elas, há a anastomose terminoterminal, fechamento perineu- sos estudos notaram um uso decrescente de narcóticos com melhor
ral, fechamento com Silastic, fechamento do tubo epineural com administração da dor através do uso de anestesia infusional peri-
butil-2-cianoacrilato, ligação, cauterização, e métodos para enterrar neural no pós-operatório por alguns dias.
as extremidades do nervo no osso ou músculo. A maioria dos cirur- O tratamento do coto a partir do momento da amputação até
giões atualmente concorda que os nervos deve m ser isolados, gen- a sua finalização, quando a prótese definiti va é encaixada, é crucial
tilmente puxados distalmente para a lesão e divididos de forma clara para a obtenção de um coto funcional e forte, capaz de ter um
com uma faca afiada, para que a extremidade do corte retraia-se de desempenho máximo com a prótese. Desde a metade da década de
-- PARTE VI AMPUTAÇÕES

1970, tem havido uma mudança gradual do uso de curativos mac ios o coto de lesões devido ao excesso de sustentação de peso. A dispo-
"convencionais" para o uso de curativos rígidos, especialmente nos nibilidade de uma equipe bem treinada de enfermeiros, terapeutas
centros que realizam muitas amputações. O curativo rígido consiste e protéticos, os quais podem realizar um programa de tratamento
em um molde de gesso de Pa ris, que é aplicado ao coto no fin al da bem integrado de form a consistente, e o desejo e disposição do
cirurgia. A sustentação de peso inicial não é urn a parte essencial do cirurgião para supervisionar tal programa meticulosamente são
programa de reabilitação do pós-operatóri o. Se a locomoção com fa tores importantes.
sustentação de peso não fo r planejada no período imediato do pós- A aplicação gradual de tensão mecânica fun cional na distri-
-operatório, o curativo rígido pode ser aplicado pelo cirurgião, buição adequada pode melhorar a cicatrização da lesão; no entanto,
desde qu e em co n fo rmid ade com as preca uções de apli cação do fo rças de cisalhamento podem levar a rupturas. Sustentações de peso
gesso pad rão, incluindo o preenchimento de todas as proeminências sem proteção podem resultar em escaras na pele ou na demora da
ósseas, evitando a constrição proximal do memb ro e o uso de cicatrização da lesão. Qualquer sustentação de peso antes de o coto
m étod os depend entes de suspensão de gesso. Se a locomoção ter sido cicatri zado deverá ser sup ervisionada es tritamente. O
com sustentação de peso no período im edi ato do pós-operató ri o avanço da sustentação deverá ser individualizado. Um paciente
for antecipada, um legítimo molde pro téti co deve rá ser aplicado, jovem com uma amputação traumática acima da zona da lesão
de preferência por um pro tético certi fica do, com o uso ap ropriado provavelmente pode começar com uma sustentação de peso parcial
de meias para próteses, com co ntorn os preenchend o todas as de 25 libras (aproximadamente 11 kg) imediatamente após a opera-
proeminências ósseas e técnicas de suspensão específicas. Um pilão ção. Um paciente com amputação traumática através da zona da
metálico com prótese de pé é fixa do ao gesso e alinhado correta- lesão ou um paciente com amputação reali zada ap ós isqu emia deve
mente para a locomoção. Detalhes es pecíficos de tais aplicações de esperar até que a cicatrização primária da lesão seja documentada
gesso para níveis maiores de ampu tação são fo rn ecidos após cada antes de iniciar gradualmente a sustentação parcial. A sustentação
discussão da técnica cirúrgica. Curat ivos rígidos para cotos podem deverá ser reavaliada a cada troca de gesso. Se a lesão es tiver pro-
ser utili zados com sucesso e com benefícios em essencialmente gredind o bem, a sustentação de peso pode progredir para incremen-
todos os níveis de amputação nos memb ros inferi ores e superiores, tos de 25 libras por semana. A supervisão é especialmente importante
e são aplicáveis para todas as idades. em pacientes com neuropatia periféri ca, pois eles podem ter difi-
Curativos rígid os oferecem di ve rsas va ntage ns em relação culdade em julgar quanto peso estão colocando so bre se us cotos.
aos macios. Eles evitam edemas no local da cirurgia, protegem a Amputados mais jove ns também precisam de um a supervisão
lesão de traum as do leito, melh oram a cicatri zação da lesão e o mais estrita, pois geralmente se sentem muito confortáveis em um a
amadurecimento precoce do coto, além de diminuírem as dores prótese temporári a e tentam andar sem apoio.
no pós- operatório, permitind o um a mobili zação antecipada do Independentemente de quando a locomoção com prótese irá
leito para a cadeira, e a locomoção co m ap oio. Para amputações com eçar, o curativo rígido deverá ser re tirado e a lesão, verificada
tran stibiais, os cu rativos rígidos evitam a fo rmação de co ntratu - em um período de 7 a 10 dias. O afrou xamento do gesso, febre,
ras de flexão do joelho. Os benefí cios fi siológicos da postura drenagem excessiva ou sintomas sistêmicos de infecção da lesão
ereta para os sistemas respiratóri o, ca rdi ovascular, urin ário e são indicações para a remoção antecipada do gesso. Se a lesão
gastrointes tinal são fa cilm ente detectados, mas às vezes eles são cicat rizar bem, um novo curativo rígido é aplicado, e a locomoção
m ais sutis. Na maio r parte das vezes, o perí odo de intern ação com ou sem um pilão e a prótese do pé continua a ser realizada.
pode ser diminuíd o, bem co mo os custos relac io nados a ele. Por O gesso deverá ser trocado semanalmente até que a lesão es teja
fim , é possíve l qu e o encaixe defi nitivo da prótese seja reali zado cicatri zada. Depois disso, o curativo rígido pode ser removido para
mais cedo, e um a maior porcentage m de pacientes é reabilitada a hi giene e banho do coto e, se n ecessário, um a atadura elástica
com sucesso. pode ser utili zada à noite, no lugar do curativo rígido. Conforme
Os drenos são normalmente retirados após 48 horas. O pac iente a contração do coto ocorre, a compressão suave contínua do co to
é instruído so bre como posicio nar o coto apropriadamente enquanto é mantida utili zando- se uma meia específi ca adicional antes de a
estiver no leito, qu and o es tive r sentand o e fi ca nd o de pé. O coto é prótese de gesso ser colocada; isto minimiza a necessidade de
elevado quando o pé também é elevado do leito, o que aj uda a con- tro car o gesso dive rsas vezes. O uso do curativo rígido é contínuo
trolar edemas e dores no pós-operatóri o. Ele é avisado sobre o fa to até que o volume permaneça inalterado em relação à semana ante-
de que o coto não deve fica r em um a posição dependente. Nas rior. Nesse momento, o protético poderá aplicar a primeira prótese.
amputações transfemorais, o paciente não poderá colocar um tra- Uma ou mais tro cas de gesso são frequ entem ente exigidas nos
vesseiro no meio das pernas ou sob o coto ou mantê- lo flexionado primeiros 18 meses, de modo muitos protesistas preferem rea lizar
ou dob rado. Essas precauções são necessárias para ajudar a evitar a prótese inicial de form a modular.
co ntraturas por encolhimento ou po r flexão. Exercícios para o coto
começam sob a sup ervisão de um fisioterapeuta no di a após a cirur-
gia, ou ass im que for tolerável. Eles deve rão co nsistir em exe rcícios COMPLICAÇÕES
para defini ção muscul ar seguidos de exe rcícios para mobilizar as
articulações. Pacientes deve rão se mover do leito para a cadeira no HEMATOMA
primeiro dia do pós-operatório. Aqu eles que realizaram amputações
na extremidade in fe ri or devem iniciar a fis ioterapi a nos primeiros A hem ostas ia meti culosa antes do fechamento, o uso do dreno e
dias e começar a se locomover através de barras paralelas. Em um curati vo rígido devem minimi zar a fr equ ência da fo rm ação
seguida, a locomoção deve ser fe ita com um andador ou muletas de hematom as. Um hem atoma pode atrasa r a cicatri zação da
quando os pacientes puderem contro lar o membro e estiverem se lesão, e serve com o meio de cultura para in fecção bacteria na. Se
sentindo co nfo rtáve is o suficiente. houver a fo rm ação de um hematoma, esta deverá ser tratada com
O tempo ideal pa ra iniciar a locomoção com a prótese com compressão do cura tivo. Caso ele es teja associado ao atraso da
sustentação de peso protegida depend e de muitos fa tores, incluindo cicatrização da lesão, com ou sem infecçã o, ele deve rá ser drenado
a idade, força e agilidade do paciente e a sua capac idade de pro teger na sala da cirurgia.
CAPÍTULO 14 PRINCf PIOS GERAIS DA AM PUTAÇÃO Gillll
INFECÇÃO potencial de cicatrização da lesão. Um nível de albumina sérica e
uma contagem de linfócitos totais deverão se r obtidos. Mu itos
Infecções são consideravelmente mais comuns em amputações por autores relataram signifi cativamente mais problemas com a
doenças vascu lares periféricas, especialmente em pacientes com dia- cicatrização de lesões em pacientes com níveis de albumina sérica
betes, do que em amputações após traumas ou tumores. Qualquer abaixo de 3,5 g/L ou contagem de linfócitos total abaixo de 1.500
infecção de lesão profunda deverá ser tratad a com desbridamento células/ mL. Foi mostrado que a suplementação nutricional promove
imediato e irrigação na sala de cirurgia, além dos cuidados com a a cicatrização da lesão nesse momento. Pacientes que fumam devem
lesão aberta. Antibióticos deverão ser adaptados de acordo com os parar imediatamente, pois o cigarro compromete gravemente o
res ultados de culturas intraoperatórias. A demora no fechamento fluxo sanguíneo cutâneo, diminuindo a pressão de oxigênio do
pode ser difícil devido ao edema e retração dos retalhos. Smith e tecido. Em um estudo realizado por Lind et ai., o risco de infecção
Burgess descreveram um método pelo meio do qual um terço central e reamputação foi 2,5 vezes maior em pacientes que fumavam do
da lesão é fechado e o restante é aberto (Fig. 14-3). Esse m étodo que em pacientes que não fumavam.
permite que os cuidados com a lesão aberta co ntinuem enquanto os A necrose da pele com menos de 1 cm pode ser tratada con -
retalhos adequados são mantidos para a cobertura óssea distal. servadoramente com o tratamento da lesão aberta. Há várias alter-
nativas para cuidar de necroses mais graves. A lesão pode ser tratada
conservadoramente com des bridamentos locais combinados com
NECROSE DA LESÃO suplementação nutricional. Em pacientes que são melhores candi-
datos à reabilitação, algun s autores recomendam o gesso de contato
O primeiro passo para avaliar significativamente a necrose da lesão total com progressão contínua da sustentação de peso e reabilitação.
é reavaliar a seleção pré-operatória do nível da amputação. Se Eles afirmam que a sustentação, qua ndo encaixada corretamente em
estudos de oxigênio transcutâneo não foram obtidos antes da um gesso de contato total, estimula a cicatrização da lesão e o ama-
operação, eles deverão ser realizados neste momento, para avaliar o durecimento do coto. Preferimos adiar o uso da prótese até que a
lesão esteja cicatrizada. Usamos extensivamente o fechamento assis-
tido a vác uo nesses casos.
Em casos de necrose severa com pouca cobertura da extremi-
dade do osso, a ressecção em cunha pode ser indicada. O princípio
básico da ressecção em cunh a é co nsiderar a extrem idade do coto
como um hemisfério. Mesmo qu e a ressecção local aumente a tensão
em tecidos já comprometidos, a ressecção em cun ha incorporando
todo o diâmetro do co to pode permitir uma nova formação do
hemisfé rio, ao mes mo tempo em que minimi za as pressões locais
(Fig. 14-4). Por fim , a terapia com oxigenoterapia hiperbárica e a
estimulação elétrica transcutânea do nervo foram exibidas em
algu ns estudos para promover a cicatrização da lesão.

CONTRATURAS

Contraturas leves ou moderadas nas articulações de um coto deverão


ser prevenidas através do posicionamento correto do coto, do alon-
O@ihtlilrim Fechamento parcial da amputação transtibial gamento passivo e suave, e fazendo com que o paciente realize os
infectada . exercícios para alongar os músculos que controlam a artic ul ação.

J
- ___ Ressecção
loca l

' '\

- /
/
/
\ Ressecção
I
1em cunha

h[riil;ffl1!19 Diagramas das vistas lateral e superior dos cotos. A ressecção local produz uma tensão desigual; esta é reduzida e
distribuída igualmente após a ressecção em cunha.
mD PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

No joelho, o aumento da locomoção tende a redu zir a contratura. A dor no membro fa ntas ma é bem menos comum. A incidên-
Em alguns pacientes, a modifi cação da prótese pode ser necessária cia exata é difíci l de se r determinada, pois di versos autores não
para adaptar-se à contratura. Raramente co ntraturas fixas seve ras co nsegui ram diferenciar a dor do m embro fantasma e as sensações
podem precisar de tratamento através de gessos em cunha ou cirur- do membro fantasma. Outros autores não co nseguiram di stin guir a
gias para libera r as estruturas contraídas. m era presença do membro fantasma da prese nça de dor severa do
membro fantasma, o qu e possui um efeito significativo no paciente.
Subsequentemente, alguns relatos afirmam qu e a dor do membro
DOR fa ntasm a está presente em 80% do s amputados. Muitos autores con-
co rd ariam que um a dor realmente incô mod a é muito menos comum
Depois que a dor imedi ata do pós-ope rató rio é resolvida, alguns e es tá presente em provavelmente menos de 10% dos amputados. De
pac ientes continu am a se ntir dores crônicas em fun ção de diversos acordo com nossa ex periência, a dor do membro fantasma é m ais
motivos. O primeiro passo é diagnosticar a causa com precisão. co mumente presente em amputações proximais, como amputações
Dores fa ntasma do membro devem se r difere nciadas de dores do dianteiras e traseiras. A dor também aparenta se r mais comum em
membro residual, e ambas deve m se r distinguidas da dor que surge pacientes que sentiam dor no membro antes da amputação. Subse-
de um ponto di stante, como um disco lombar herniado. quentemente, algun s pesquisadores afi rmam que a dor do membro
Lombalgias mecâni cas têm se mos trado mais predominantes fantasma pode ser prevenida co m o uso de anestesia peridural no
em amputados do qu e na população em ge ral. Em estudo com 92 di a anterior à cirurgia. Outros não co ns eguiram fundamentar essas
pacientes amputad os, a lombalgia foi class ificada como mais incô- afirmações. No entanto, quando a dor intensa é es tabelecida, pode
mod a do qu e a dor do membro fantasma ou do membro residual. se r extremamente difícil reali za r um tratamento. Mesmo qu e
Além de outros tratamentos aceitáve is para a lombalgia, os pacientes nenhum método específico seja universalmente benéfico, alguns
deverão ser instruídos sobre a locomoção adequada com a prótese, pacientes podem usar vários métodos para o alívio/melhora, como
para minimizar estresses anormais na coluna lombar. massage m, gelo, calor, utili za r a prótese por mais tempo, treinar o
A dor do membro residual geralmente é causada pelo encaixe processo de relaxamento, biofeedback, bloqueio simpático, bloqueio
incor reto da prótese. O coto deverá ter suas áreas de pressão anormal dos nervos locais, bloqueios epidurais, ultrassonografia, estimulação
avaliadas, especialmente sobre as proemin ências ósseas. Edema elétrica transc utânea do nervo e um es timul ador da coluna dorsal.
distal do coto, comumente chamado de "sufocamento", pode ocorrer
se a extremidade não estiver compl etamente encaixa da na prótese,
e isto pode resultar em ulcerações e ga ngrena. Esses problemas PROBLEMAS DERMATOLÓGICOS
podem se r evitados com modifi cações da prótese.
Um neuroma sempre se forma após a divisão de um nervo. Os pacientes devem ser orientados a lavar se us cotos com sabão
Um neurom a doloroso ocorre quando a extremidade do nervo está neutro pelo menos um a vez por dia. O co to deverá ser totalmente
sujeita à pressão ou irritação repetid as. Normalmente, ele pode ser lavado e seco antes de colocar a prótese. Dessa forma, a prótese
evitado através da tração suave no nervo, seguido da divisão proxi- deverá ser mantida limpa e seca durante o encaixe.
m al ace ntuada, permitindo qu e a extremidade do nervo retraia-se A dermatite de contato é co mum e pode ser confundida com
profundam ente para dentro do tec ido mo le. Um neuroma doloroso infecção. A inflamação da pele é associada co m coceira e queimação
em geral é facilmente detec tado usa nd o-se as mãos, e possui um intensas quando a meia é colocada. A causa mais comum ocorre
sinal de Tine! positivo. O tratamento co nsistente inicialmente na quando os resíduos dos produtos de limpeza das meias do coto não
troca da prótese. Caso isso não seja sufi ciente para revelar os sinto- são retirados totalmente. Outros sensibilizadores incluem níquel,
mas, a excisão do neuroma ou uma neurecto mia mais proximal cromados utili zados em couro, cre mes para pele, antioxidantes para
podem ser necessá ri as. Algun s autores reco mendam a excisão do borracha, antibióticos e anestés icos tópicos. O tratamento consiste
neuroma co mbin ada com a anastomose ce ntrocentral do coto pro- na remoção da irritação, uso do creme esteroide e compressão.
ximal, ou um procedimento para fechar a manga epineural. Rara- A fo liculite bacteriana pode ocorrer em áreas da pele oleosas
mente, pode ser difí cil di stin guir um neuroma de um possível tumor e que tenham pelos. O problema pode aumentar quando os pelos
recorrente. Provost et al. forn eceram algum as descrições úteis sobre são raspados e a higiene não é feita co rretamente. O tratamento
as ca racterísticas de ultrassonografia de um neuroma. consiste inicialmente em uma melhor hi giene e possíveis trocas de
O utras causas possíve is para a dor do membro residual podem meias para aliviar as áreas com pressão anormal. Ocasionamente,
não estar relacionadas ao coto. A osteoartrite do quadril em um celuli tes desenvolvem-se e estas precisa m de tratamento com anti-
paciente amputado deve ser tratada da mes ma forma como é tratada bióticos ou um abscesso é fo rm ado, o qual precisa de incisão e
em outro paciente. Se medidas conservadoras não conseguirem aliviar drenage m.
os sintomas, a artroplastia total do quadril deverá ser oferecida como Cistos epidermoid es podem se desenvolver nas bordas da
um a opção co nsiderável. A dor da osteoastrite do joelho em uma meia. Eles ge ralmente não oco rrem imedi atamente e o melhor tra -
paciente com amputação transtibial, apesa r de rara, pode ser parcial- tamento é tro ca r as meias. A excisão poderá se r necessá ria.
mente aliviada adicionando-se uma junta do joelho e um colete aper- A hiperplasia ve rru cosa refere-se a um crescimento exagerado
tado à prótese, para permitir a di visão de ca rga com a coxa. da pele em fo rm ato de ve rru ga na extre mid ade do coto. Ela é causada
As sensações do membro fa ntasma após a amp utação são tão por um aperto proximal que evita qu e o coto fique totalmente encai-
comuns que devem ser co nsideradas nor mais. A maioria dos pacien- xado na prótese. Esse "sufoca mento': confo rme mencionado, causa
tes não acha que são incômodas. A parte mais importante dos cui- edema no coto distal, seguid o do espessamento da pele, fissura,
dados é simples mente edu car o paciente em relação a essas situações, ulceração e um a possível infecção subsequ ente. O tratamento é ini-
para qu e ele não fique surpreso co m sua presença. Durante o pri- cialmen te direcionado para resolver o problema da infecção. A pele
meiro ano após a amputação, muitos pac ientes vive nciam um fenô- deve rá ser tratada com comp ressas e ácido salicílico para amolecer
meno cham ado de "tel esco ping'; no qu al o membro fantasma a queratina. A troca da mei a é obriga tória, pois a pressão na pele
gradualmente é diminuído até a extremid ade do membro residual. di stal é essencial para tratar o problema e evitar recorrênci as.
CAPÍTULO 14 PRINCÍPIOS GERAIS DA AMPUTAÇÃO cm
AMPUTAÇÕES EM CRIANÇAS
Amputações em crianças podem ser divididas em duas categorias
gerais: as congênitas e as adquiridas. Pesquisas em clínicas espe-
cializadas em amputações em crianças têm mostrado que aproxi-
madamente 60% das amputações na infância ocorrem devido a
deficiências congênitas do membro e que 40% ocorrem devido a
condições adquiridas. As adquiridas mais frequentes ocorrem após
traumas, seguidas de neoplasia e infecção. Acidentes com veículos e
ferimentos por bala e por ferramentas elétricas são as causas mais
comuns de perda de membro em crianças mais velh as; nas mais
jovens, acidentes com ferramentas elétricas, como cortadores de
grama, e outros acidentes domésticos estão entre as causas mais
comuns. Amputações com comprometimento vascular em crianças
são raras, mas, quando ocorrem, geralmente são secundári as a
eventos embólicos ou trombóticos causados por outro problema.
Amputações congên itas são discutidas nos Capítulos 29 e 31; apenas
as adquiridas são consideradas aqui.
A maioria das técnicas de amputação descritas para adu ltas
também são úteis para crianças, mas em pacientes pediátricos o
crescimento geral do corpo e do coto é um fator significativo. Krajbich
resumiu os princípios gerais da cirurgia de amputação na infância
da seguinte forma: (1) preservar o comprimento, (2) preservar as
placas de crescimento importantes, (3) realizar a desarticulação em
vez da amputação transóssea, sempre que possível, (4) preservar a
articulação do joelho, sempre que possível, (5) estabilizar e norma-
lizar a porção proximal do membro e (6) estar preparado para lidar
com tecidos, além da deficiência do membro em crianças com
outras condições clinicamente importantes.
Preservar o comprimento é crucial. Setenta e cinco por cento
do crescimento do fêmur ocorre na placa de crescimento distal.
Consequentemente, qualquer amputação transfemoral rea lizada em
uma criança poderá resultar em um coto curto quando ela for
adulta. No entanto, mesmo um coto transtibial muito curto em uma
criança poderá resultar em um coto funcional quando ad ulto, caso
a placa de crescimento seja preservada.
A desarticulação pode fornecer à criança um coto firme e bem
balanceado, capaz de sustentar pesos. O comprimento e a fise são
preservados sem os riscos de crescimento excessivo terminal. Além
disso, a suspensão da prótese é melhorada com urna desarticulação
secundária para preservar os retalhos rnetafísários. Isso é importante
devido às altas demandas mecânicas que as crianças geralmente
colocam sobre suas próteses.
O crescimento excessivo do osso terminal é um problema
signifi cativo em um a criança que passa pela amputação transóssea.
O problema não ocorre após a desarticulação. O crescimento exces-
h[ijihffiel9 Procedimento de fechamento do coto. A, Ampu-
tação transtibial em uma criança de 2 anos. B, A fíbula distal da
sivo é causado pela formação do novo osso fora da posição, e não
perna amputada é adaptada para ser encaixada na extremidade
está relacionado ao crescimento da fise. O osso resultante é alongado
de corte da tíbia. C, A fíbula é encaixada na tíbia.
e frequentemente fica num formato de lápis. Isso pode causar
inchaço, edema, dor e formação de bolsa, e em casos mais graves
pode penetrar na pele. O crescimento excessivo é mais com um após
amputações traumáticas do que após amputações realizadas por
outras indicações. Ele também é mais comum em crianças mais mostrado sucesso e é contraindicada. O fechamento do osso com
jovens do que em mais velhas, e ocorre com mais frequência no úmero um dispositivo sintético somente teve sucesso limitado e tem sido
e fíbula, e menos frequentemente na tíbia, fêmur, rádio e ulna, nesta complicado pela infecção ou fratura do implante ou osso. Melhores
ordem. A incidência exata é difícil de determinar devido a variáveis resultados têm sido obtidos neste procedimento com um enxerto
na definição do crescimento excessivo significativo e variações no epifisário recolhido do membro amputado no procedimento (Fig.
limite de idade de diferentes estudos. Em um estudo, 27% das crianças 14-5) ou no fechamento com um enxerto de crista ilíaca tricortical
amputadas vivenciaram esse crescimento excessivo de forma grave o em urna operação de revisão.
suficiente para que urna cirurgia de revisão fosse necessária. Devido ao crescimento dos tecidos e a um aumento do meta-
O crescimento excessivo terminal é tratado eficientemente bolismo corporal, frequentemente as crianças podem tolerar proce-
com ressecção cirúrgica do osso em excesso. A ep ifisiodese não tem dimentos de amputação que não são tolerados por adultos, incluindo
lll1D PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

trações mais fortes da pele, aplicação de enxertos de pele extensivos, Busse JW, Jacobs CL, Swiontkowski MF, et al: Complex limb salvage
e fechamento de retalhos de pele sob tensão moderada. Além disso, or early amputation for severe lower-limb injury: a meta-analysis
complicações após a cirurgia podem ser menos graves em crianças. of observational studies, f Orthop Trauma 21:70, 2007.
Dores do membro fantasma não se desenvolvem, e neuromas rara- Cauchy E, Marsigny B, Allamel G, et al: The value of technetium 99
mente apresentam problema suficiente para serem operados. Mesmo scintigraphy in the prognosis of amputation in severe frostbite
cicatrizes extensivas são bem toleradas. Uma ou mais espículas injuries of the extremities: a retrospective study of 92 severe
ósseas geralmente desenvolvem-se na extremidade do osso, mas, em frostbite injuries, J Hand Swg 25A:969, 2000.
contraste com o crescimento excessivo terminal, quase nunca pre- Chiodo C, Stroud C: Optimal surgical preparation of the residual
cisam de ressecção. Problemas psicológicos após a amputação são limb for prosthetic fitting in below-knee amputations, Orthap
raros em crianças até que tenham alcançado a adolescência, Prasthet Foat Ankle 6:253, 2001.
momento o qual eles podem se agravar o suficiente para que um Dedmond BT, Davids JR: Function of skin grafts in children
tratamento seja realizado. following acquired amputation of the lower extremity, J Bane
As crianças utilizam muito bem as próteses, e sua proficiência faint Surg 87A:1054, 2005.
aumenta conforme a idade e a maturidade também aumentam. No Fujii H, Kazuteru D, Baliarsing A: Transtibial amputation with
geral, um programa de prótese progressiva deve ser criado em para- plantar flap for congenital deficiency of the tibia, Clin Orthop
lelo com o desenvolvimento motor. Nos primeiros anos de vida da Relat Res 403:186, 2002.
criança, as funções motoras são bem realizadas com próteses Green G, Short K, Easley M: Transtibial amputation, prosthetic use
simples. Conforme vão crescendo, modificações podem ser realiza- and functional outcome, Orthap Prosthet Faot Ankle 6:315, 2001.
das, como a adição de uma articulação do joelho, uma articulação Hansen ST: Salvage or amputation after complex foot and ankle
móvel do cotovelo ou uma mão mecânica. Quando elas atingem a trauma, Foot Ankle Trauma 32:181, 2001.
adolescência, podem começar a aproveitar as vantagens de próteses Harness N, Pinzur M: Health related quality of life in patients with
mais sofisticadas, incluindo as feitas para atividades específicas. dysvascular transtibial amputation, Clin Orthop Relat Res 383:
Devido ao nível das atividades realizadas e ao crescimento, crianças 204, 200 1.
com amputações devem ser observadas com atenção para que Harris AM, Althausen PL, Kellum J, et al: Complications following
reparos na prótese sejam realizados, para trocar frequentemente a limb-threatening lower extremity trauma, J Orthap Trauma 23:1,
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AMPUTAÇÕE~ DOS AMPUTAÇÕES DO AMPUTAÇÕES DO RETROPÉ
DEDOS DOPE 613 MEDIOPE 623 E DO TORNOZELO 624

As amputações de pé e tornozelo estão se tornando cada vez mais nos dedos do pé acima de 30 mmHg, e pressão de perfusão trans-
comuns (Fig. 15-1) em percentagem de amputações envolvendo a cutânea de oxigênio em ar amb iente acima de 30 mmHg. O estado
extremidade inferior. O sucesso das amputações parciais de pé e nutricional do paciente também é crucial na cicatrização da ferida
tornozelo, medido através de escores funcionais e do grau de inde- após procedimentos de amputação ao nível dos pés e tornozelos. Um
pendência, parece estar aumentando com os avanços nas avaliações valor de albumina sérica inferior a 3,5 g/ dL e um a contagem total
de perfusão e vascular e aperfeiçoamentos nos calçados e próteses de linfócitos inferior a 1.500/ mL se correlac ionam com uma má
para os pés. Quando é determinado que o salvamento do membro cicatrização. Uma taxa de cicatrização de 82% pode ser obtida com
não é a melhor opção para o paciente, a amputação ou desarticula- uma contagem total de lin fócitos ac ima de 1.500/mL e um nível de
ção deve ser vista como um procedimento de reconstrução, em vez albumina maior que 3,5 g /dL. Pacientes com mau estado nutricional
de uma falha de tratamento. devem ser conduzidos com suplementação dietética antes da cirur-
As indicações para amputação da extremidade inferior incluem gia, para maximixar a cicatrização. Se o atraso da amputação acar-
trauma, doença vascular periférica, neuropatia e tumor. Os cirur- retar um risco inaceitável para o paciente, é possível escolher um
giões devem conhecer os avanços nas técnicas e novas tecnologias nível mais alto de amputação.
que podem influenciar na decisão da amputação ou preservação. Ao A técnica cirúrgica cuidadosa, incluindo evitar pressão exces-
longo dos últimos anos, surgiram novos trabalhos que melhor siva nas bordas da pele com afastadores e usar retalhos cutâneos
definem as indicações para uma amputação. O Lower Extremity espessos, pode diminuir as complicações da ferida. Evitar o uso de
Assessment Project (estudo LEAP, Projeto de Avaliação da Extremi- torniquete, controlar a hemostasia e evitar a formação de hematoma
dade Inferior) sugere que os sistemas de classificação da gravidade pode ser benéfico.
da lesão, incluindo o Limb Salvage Index (Índ ice de Salvamento do Os avanços no manejo de feridas permitiram um sucesso
Membro), Predictive Salvage Index (Índice de Salvamento Preditivo) maior em amp utações mais distais. Existem muitos tipos de curati-
e Mangled Extremity Severity Score (Classificação da Gravidade da vos, incluindo o hidrocoloide, hidrogel, alginato e agente desbri-
Extremidade Esmagada), são insensíveis para indicar aqueles dante, e outros tipos de curativos biológicos, tais como Allomatrix
pacientes que acabam se beneficiando com a amputação. O estudo e matriz Graftjacket (Wright Medical, Arlington, TN). Os curativos
LEAP, no entanto, considera o Mangled Extremity Severity Score de pressão negativa sobre a ferida (fechame nto a vácuo) também são
altamente específico para a exclusão dos pacientes que não precisam benéficos em feridas maiores do mediopé, retropé e tornozelo. Foi
de amputação. demonstrado que o sistema de fechamento assistido a vácuo cicatriza
Atualm ente, pacientes diabéticos representam mais de 70% das feridas de pé diabético proximal ao nível transmetatarsal mais
amputações, devido à isquemia, e mais de 30% dos pacientes diabé- rápida e previsivelmente que trocas de gazes. Os curativos de fecha-
ticos com amputação parcial do pé irão progredir para um nível mento a vácuo podem ser menos benéficos em feridas pequenas no
mais proximal de perda de membro. Foi descoberto que as infecções antepé ou na doença vascular periférica severa. Foi sugerido que as
pós-operatórias severas ocorrem com mais frequência em pacientes trocas de gazes podem ser mais eficazes em pacientes com doença
com diabetes complicado (definido como a presença de neuropatia, vascular periférica. Estudos maiores, de condições específicas, são
histórico de úlcera, neuroartropatia de Charcot ou doença vascular) necessários para determinar melhor a função de cada uma das
do que naqueles com diabetes sem complicações, ou pacientes sem opções desses tratamentos.
diabetes. Apesar da natureza definitiva de uma amp utação, os
pacientes diabéticos com neuroartropatia severa ou ulceração con-
sideram sua qualidade de vida igual à daqueles que sofreram a AMPUTAÇÕES DOS DEDOS DO PÉ
amputação da extrem idade inferior.
O estado nutricional e a perfusão do membro devem ser ava- A amputação de um só dedo do pé, com poucas exceções, causa
liados antes da cirurgia. Pelo fato de um terço das amputações de pouco distúrbio na pisada ou na marcha. A amputação do hálux não
tornozelo e pé em pacientes diabéticos progredir para um nível mais afeta funcionalmente a postura ortostática ou o andar em ritmo
alto, é importante aperfeiçoar a cicatrização potencial antes da cirur- normal. No entanto, se o paciente andar rápido ou correr, ele começa
gia. Foram estabelecidos valores críticos para prever a cicatrização a mancar devido à falta da força de desprendimento, normalmente
da ferida após a amputação na extremidade inferior. Indicações de proporcionada pelo hálux. A amputação do segundo dedo, frequen-
perfusão adequada incluem um índice de pressão tornozelo-braço temente, é seguida por hálux va lgo severo, pois o hálux tende a
acima de 0,5, embora este índice seja fa lsamente elevado em pacien- deslocar-se em direção ao terceiro, para preencher o espaço deixado
tes com vasos não compressíveis (esclerose de Monckeberg), pressão pela amputação. Smith recomendou uma amputação do segundo

613
Elt PARTE VI AMPUTAÇÕES

9
p~
Chopart/ Transmetatarsal
. .,f Desarticulação

~-m:"='"'~''""'
L1sfranc ~
Amputação ou desarticulação
do dedo do pé

ij!ijl!;fü1L19 Níveis de amputação parcial de pé.

lí@il;f4 ~ Amputação de segundo raio com fixação de


parafuso para estreitamento do pé.

H!§li;@lm Fotografias clínicas após remoção do quinto dedo


bilateralmente.

raio e o estreitamento do pé. A fixação de um parafuso é usada nessa em velocidades baixas, mas provoca deficiência durante uma marcha
técnica (Fig. 15-2) para prevenir que ocorra uma deformação severa mais rápida, e quando são necessários saltos e res istência do pé. Isso
do valgo. A amputação de qualquer outro dedo causa pouco distúr- interfere no agachamento e no posicionamento sobre a ponta dos
bio. As amputações dos dedos do pé são as amputações parciais do pés. Geralmente, a amputação de todos os dedos não requer prótese,
pé de maior ocorrência, e, dentre elas, o quinto dedo é o mais além de um preenchimento para sapatos (Fig. 15-4). A amputação
comumente amputado, sendo uma indicação comum a sobreposição de mais de dois raios geralmente é mais debilitante do que uma
ao quarto dedo. Nesse caso, a amputação geralmente é preferível a amputação transmetatarsal.
procedimentos reconstrutivos, pois é simples e definitiva (Fig. 15-3). A amputação através do metatarso é debilitante em propor-
A amputação de todos os dedos causa pouca alteração de marcha ção ao nível da amputação - quanto mais proximal o nível, maior
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ am

h!dll;t+JIJ:1:9 Sapato cust omizado inserido para amputação


transmetatarsal.

0[€111;ffllll9 Deformidade grave em equino após am putação


através das articu lações de Li sfranc.
a d efi c iênc ia. A perda da força de d esprendim ento na ausên cia d e
um apo io no antepé é, sobretudo, res po nsável pelo prejuízo d a
m a rcha. Não é necessária nenhuma pró tese, apen as um pree nchi-
m ento para sa pato. AMPUTAÇÃO TERMINAL DE SYME
As amputações do pé prox.im ais ao nível dos metatarsos resul-
Esta amp utação divide o nome das amputações de Syme
tam em uma alte ração considerável d a m archa, d ev ido à perda do
através do tornozelo, devido à reconst ruçã o simi lar do
apo io e ao desprendimento. Consequentem ente, a maioria d as ampu -
reta lho plantar usado para cobertu ra. Indicações incluem
tações de antepé e mediopé é d esconsid erad a em favo r de amputações
ulcerações terminais do hál ux, crescimento crô ni co de
mais fun cion ais no retropé o u no torn ozelo. No en tanto, esses pro -
unhas encravadas com paroníquia ou deformidades da unha,
cedimentos são, o casionalmente, indicad os após um trauma severo
osteomielite do tofo do hálux, ou lesão traumáti ca na ponta
ou em pac ientes diab éticos. Os m elh ores tes tes pré-o peratórios para
do hálux envolvendo a prega ungueal. É preciso cuid ado
perfusão d e tecid o torn aram possível p reve r, com prec isão razoável,
pa ra remover a matri z ungueal tod a, e tentar manter a
aqu eles pacientes cujas amputações d e d ed os, raio e parciais d e pé
inserção do extensor e fl exor long os do hálux.
irão cicatri za r. Além de usar o índi ce torn ozelo- braquial, p ressões
ac ima de 45 rnmHg e pressão parcial transcutânea d e oxigêni o supe-
ri o r a 30 mm Hg correlacionam- se com cica tri zação de ferid as. Um a TÉCNICA
pressão parc ial transcutânea d e oxigênio in fe ri or a 20 mmHg prevê
• Palpe a articu lação interfa la ngiana do hál ux e marque a
qu e a cicatri zação é pouco provável nesse nível.
incisão dorsa l, distalmente a este nível de ori entação trans-
Roach e McFa rl an e relataram bo ns res ultad os fun cionais e d e
versa. Um ga rrote de dedo pode ser usado, mas, geral-
cica tri zação em uma pequena série d e pac ie ntes di abéti cos, após
mente, não é necessá ri o.
amputações abertas de Lisfran c o u C hopart co m fec ham ento secun -
• Estenda a incisão nos dois lados da prega ungueal do hálux
d ári o. No e ntanto, a amputação em um d esses níve is ge ralmente
para incl uir a paroníquia. Estenda distalmente a incisão
resulta em um a d eformidad e em equin o, d evid o à perda das inser-
para incl uir o aspecto term ina l do hálux (Fig . 15-7 A).
ções dos ex tenso res do pé (Fig. 15-5) , e po d e se r necessá ri a um a
•Remova a placa da unha, o leito unguea l, o tecido mole
a rt ro dese d e tornozelo, o u uma rev isão a um n ível m ais alto, po is
contíguo e o aspect o dista l da falan ge dist al (retend o a
essas d eformid ades imped em a dea mbul ação. A tenotom ia d o
inserção do fl exor longo do hál ux e o extensor longo do
tendão calcâ neo, ou tenecto mia, po de ev itar que d efo rmidad es em
hál ux) (Fig. 15-7B)
equin o to rnem- se rígidas, o que pod e dim in uir o núm ero d e pacien -
•Feche a pele em uma única ca mada evertida (Fig. 15-7 C).
tes que precisa m de revisão a um n ível supe ri o r. As amputações d e
Não te nte co ntornar as pregas da pele, pois elas irão se
Lisfranc (F ig. 15-6) e C hopart reali zadas pa ra traum a grave de pé
remode lar com o tempo (Fig. 15-70 ), e removê-las pode
possuem uma alta taxa de falha. H á pacientes que rec uperam bem
ca usa r problemas com fe ri das.
a fun ção com simples dispositivos p ro téti cos, e bo ns resultad os
• Cubra a f erid a com um curati vo ligeiramente compressivo )
po d em se r a lcançados com níveis d e amputação qu e fora m insatis-
do antepé.
fa tó ri os anterio rm ente.
+au• PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

H!ijll;MI D Amputação através da articula çã o de Lisfranc. Observe um seroma recorrente na


radiografia em perfil.

• • 11 •1 Um curativo estéril é •No segu nd o, terceiro e quarto dedos, a amputação é fe ita


mantido no loca l durante 2 sema nas. As suturas são através de uma incisão em forma de raq uete dorsa l curta
retiradas entre 12 e 16 dias. O apoio de peso é permitido (Fig. 15-8C). Comece a incisão 1 cm proximalmente à
com sapat o de so la rígida, até que a ferida esteja cicatri- arti cul ação metata rsofa langiana, e estenda-a dista lmente
za da. Então o paciente poderá fazer uma transição para para a base da falange proximal, depois curve-a para
um sapa to com a câmara anterior larga. passar em volta do dedo, através da superfíci e plantar ao
níve l da prega fl exora.
•Com uma se rra oscilante, faça uma osteotomia na fa lange
proxima l a 1 cm da base, garantindo a integridade do
fl exor e extenso r cu rto dos dedos.
AMPUTAÇÃO NA BASE DA FALANGE •No quinto dedo, faça uma incisão latera lmente, e esten-
PROXIMAL da-a ao redor do aspecto media l do dedo, dista lmente ao
Geralmente, é preferível manter a base da falange proximal nível da articu lação interfa langeal proximal. Deixe nova-
às desarticulações da articu lação metatarsofa langia nas. Isso mente 1 cm do osso na base da fa lange proximal.
perm ite a reserva de algumas propriedades de apoio de •Tracio ne os ten dões extrínsecos dista l mente, corte-os, e
peso, principalmente no hálux, em que 1 cm da falange deixe que eles se retrai am.
proximal permite contribuir com o f lexor curto do hálux e a •Identifiqu e os nervos digitais, corte-os proxima l mente à
fáscia plantar; também pode desacelera r o desvio dos dedos extremidade do osso, e seccione e lig ue os vasos do dedo.
adjacentes, quando um dos dedos menores é amputado. •Tanto no há lux quanto no quinto dedo, limpe de forma
abundante a ferida, obtenha hemostasia, e feche a

---------~
TÉCNICA ferida apro xima ndo as bordas da pe le (Fig. 15-8 0 e E).
Em cada exemp lo, após fazer a incisão, reflita os ret alhos
•A inci são de pele va ria co m o dedo envolvido. Para o subperiosta lme nte.
hálu x, faça um a in cisão medial longa e depois circun s- •Feche a ferid a com sutura não absorvível interro mp ida.
creva o dedo. Comece a in cisão proximal à cabeça do
prim eiro metatarso, na linh a média, med iaim ente, e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Proteja o loca l da ampu-
faça uma curva distalmente acima dos aspectos lateral tação com um curativo estéril por 12 a 16 dias. Remova
e posterior, para um a distância lig eiram ente mai o r do as sutu ras nos pacientes desvascul arizados em 2 1 a 23
que o di âmetro anteroposterior do dedo, e ligeira- dias, a menos que a ferida te nha boa cicatri zação antes.
mente mais lon ga no sen tid o plantar do que dorsa l Geralmente, o apoio protegido não é necessário. Um
(Fig. 15-8A). sapato com a câmara anteri or aberta, ou um sapato com
• Com uma serra oscilante, faça uma osteotomia na base solado de madeira pós-operatório, é usado até que a
da primeira fa lange proxima l a 1 cm da base . Certifique-se sutura seja removida. Quando o edema diminuir, é per-
de que as inserções do flexor e ext ensor curtos do hálux mitida a ambulação em um sapato de acomodação de
estão preservadas (Fig . 15-8B). sola macia.
CAPÍTULO 15 AMP UTAÇÕ ES DO PÉ &Ili

h[dil;bil§a Am put ação ti po Syme te rminal. A, Incisão. B, Remoção do aspecto dist al da fala nge ju nto da unha e do leito ungueal.
C, Fechamento da pe le. D, A parência fin al do dedo. VEJA A TÉCNICA 15-1 .

óssea, no ponto méd io do lado media l do dedo, e faça


DESARTICULAÇÃO DA ARTICULAÇÃO uma curva pelo aspecto dorsal, até o fina l, em um
METATARSO FALANGEAL ponto simi lar ao lado latera l. Faça um retalho plan ta r
Em um pé diabético, a isquemia ou osteomielite, ou ambas, se melhante, mas faça-o ligeiramente mais longo do
são as indicações mais importantes para a amputação da que o diâmetro dorsop lantar do dedo, no níve l da
articulação metatarsofa langeal. seção do osso.
• Disseque os reta lhos de pele proxima lmente ao nível da

-------~
TÉCNICA seção do osso.
1

• Corte os tendões extensor e flexo r, e deixe que eles


•Faça um retalho de pele dorsa l curto e um plantar retraiam-se proxima lmente à extrem idade do osso.
longo. Comece a inc isão no níve l desejado da secção •Iso le e corte os nervos digitais, e li gue os vasos do dedo. )
EI) PARTE VI AMPUTAÇÕES

Suturas~
~ i1ur
1tt1
Mínimo de .......---1!--
1 cm de osso _L_

Incisão 1
plantar - -,.._/

H@lhf41J19 Amputação na base da falange. A, Incisão. B, Osteotomia da falange proximal do hálux a 1 cm da base. C, Incisão em
formato de raquete. A osteotomia dos dedos menores também é realizada a 1 cm da base da falange proximal. D e E, Fechamento da
ferida. VEJA AS TÉCNICAS 1S-2 E 15-4.
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕ ES DO PÉ

• Corte o osso no nível selecionado e arredonde sua extre-


)
midade com uma lima.
• Feche os retalhos com suturas não absorvíveis interrompidas.
Nível de excisão do
primeiro metatarso em

------~
TÉCNICA caso de necessidade de
alívio de tensão cutânea
adicional
• A desarticu lação da articulação metatarsofalangeal é rea-
lizada da mesma maneira que a amputação através da
base da fa lange proximal, diferenciando-se apenas no
nível e na maneira de amputação óssea. Os retalhos de
pele podem variar.
• Continue a incisão dista lmente ao nível da articulação
metatarsofalangeal, e estenda-a distal e circunferencial-
mente, ao prosseguir em direção plantar (Fig . 15-8C)
•I dentifique a cápsu la da articu lação metatarsofalangeal e,
com o dedo em flexão aguda, corte primeiro seu lado
dorsal; estenda o dedo, exponha e incise o restante da A
cápsula após cortar os tendões flexores e feixes neurovas-
culares, cauteri zando o último. Seccione o feixe neuro-
vasc ular dista lmente à bifurcação, para não colocar em
risco os dedos adjacentes.
•Para o primeiro e o quinto dedo, desenhe a incisão como
descrita na Técnica 15-2. Se a pele permitir, é indicado
um retalho plantar mais longo (Fig . 15-9)
• Ao realizar uma desarticulação metatarsofalangeal do
hálux, é recomendável a remoção dos sesamoides nos pés
insensíveis. Permaneça junto do periósteo ao redor dos
sesamoides (Fig. 15-1 O)

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-


rio é o mesmo da Técn ica 15-2 .

AMPUTAÇÃO DO PRIMEl~O OU
QUINTO RAIO (AMPUTAÇAO DO RAIO
MEDIAL OU LATERAL)

-------~
TÉCNICA
• Para amputações no primeiro (ou quinto) raio (dedo da
borda), a incisão a seguir é utilizada. Estabeleça a incisão
medial (primeiro dedo) (Fig. 15-9A) ou dorsolateralmente
(qu into dedo) (Fig. 15-11 A), estendendo da linha média da
eminência medial (ou eminência lateral do quinto metatarso)
dorsalmente e na direção plantar para cerca do nível do meio
do metatarso. Se o raio estiver sendo amputado por causa
da infecção profunda crônica ou aguda, como no pé diabé- e
tico com osteomielite, pressione a incisão em direção ao osso,
pois os planos dos tecidos moles estão obscuros, e o reta lho
de pele pode não sobreviver, se deixado fino. H!iji!tQnJ!9 A, Desarticulação na articulação metatarsofa-
• Quando o retalho de espessura total dorsal for elevado para langiana do dedão. B e C, Isquemia grave do hálux ao nível da
o metatarso, complete o retalho plantar da mesma maneira. articu lação metatarsofalangiana. VEJA AS TÉCNICAS 15-4 E 15-5.
• Abra a cápsula dorsa l ao retalho plantar e afaste os dois
retalhos proxima lmente, completando a desarticu lação.
• Cauterize os feixes neurovasculares. metatarso (ou parte dele) pode ser removido. Leve a incisão
• Para o hálux, a remoção de sesamoides geralmente não é para o osso, levante os retalhos no plano do osso, e corte o
indicada, exceto se a cabeça do metatarso for preservada. primeiro metatarso de plantar proximal, e de medial para
• Estendendo a incisão em formato de raquete proximalmente lateral e dorsal distal. Corte o quinto metatarso de plantar
ao longo da diáfise do metatarso, todo o primeiro (ou quinto) proximal e de lateral para o medial e dorsal distal (Fig. 15-11 B).
PARTE VI AMPUTAÇÕES

AMPUTAÇÃO DE MÚLTIPLOS RAIOS


Em gera l, se ma is de dois raios precisarem ser removidos,
em especia l med iaimente, uma amputação t ransmetatarsa l
será mais func iona l.
Após uma ressecção do prim eiro raio, o segundo raio
também pode ser remov ido através da mesma incisão (Fig.
15-1 2). Se a pele para cobertura for escassa, um reta lho
de f ilé pode ser baseado lateralmente. Se a fo rma da
amput ação for imposta por t rauma, em vez de infecção ou
arterioscl erose, preserve o máximo possível da arqu itetura
óssea. Pode ser necessário um reta lho livre vascu larizado,
particu larmente em um paciente jovem (Fig. 15- 13).
As amputações pa rciais de pé são princ ipa lmente pre-
feríve is em pacientes diabéticos, cujo pé contra latera l está
em risco. A amputação de dois raios med iais ou latera is,
ou mesmo t rês raios, gera lmente proporciona um pé com
apoio de peso func iona l (Fig. 15-1 4)

AMPUTAÇÃO DE RAIO CENTRAL


Ocasiona lmente, devido à infecção com ou sem isq ue-
mia, pri ncipa lmente em pés di abét icos, e após trauma,
é indicada a remoção parc ial o u comp leta de um ou mais
raios ce ntrais. Se o terce iro e q uarto raios precisarem ser
removidos, é particularmente difícil conseguir o fecha -
mento, por causa da imob il idade do segundo raio. Uma
osteotomia da base do qu int o metatarso pode fac ilitar o
fec hamento.

-------~
O@il;ijlLII!) A, Sesa mo ides re movidos em pac iente diabéti co. TÉCNICA
B, Fechamento . Obse rve o ret alh o plantar mais lo ng o. VEJA A
• Comece uma incisão longitudi nal dorsa l sobre a diáfise do
TÉCNICA 15-10.
metata rso do ra io a ser ressecado; posicione a incisão entre
os metatarsos quando dois ra ios fo rem removidos. Preser-
• Depois de remover o osso, seccione os tecidos moles para var uma pequena margem óssea da base do metatarso, se
)
remover o segmento desejado. Isso é facil itado ao desarticular não for contra indicada devido à infecção, facilita a excisão .
primeiramente o dedo na articulação metatarsofalangeal. • A desarticu lação no nível cuneiforme é difíci l devido à
• Se uma desarti cu lação do primeiro metat arso no cunei- exposição limitada, à fo rça das estrutu ras capsu loliga-
fo rme med ial for fe ita, tente preservar o ramo penetrante menta res, e aos ãngulos dos pla nos nas articulações ta r-
da artéria ped iosa dorsal, correndo em di reção planta r somet ata rsa is. Desarticula r o dedo do pé na articulação
cerca de 1 cm dista l à articulação. Geralmente, é necessário metatarsofa lang iana antes da excisão do metata rso
um li gamento sutu ral ou cauterização, se ela for dividida. também fac ilita a excisão. Os tendões extensores podem
Além disso, considere fazer a re inserção do t ibial anterior, ser retraídos ou removidos pa ra aume nta r a exposição.
se este t iver sido desinserido. Esse tendão tem uma ampla • Através da dissecção cortante, remova os múscu los intrín-
inserção na base do primeiro metatarso e do primeiro secos nos dois lados, corte o osso transversa lmente, e,
cuneiforme (Fig. 15- 11C) Uma dissecção cuidadosa pode levantando de proxima l a distal , li mpe a superfície planta r
perm itir que o tibial anterior permaneça inserido no pri- do metat arso.
meiro cuneifo rme, evitando a necessidade de reinserção. • Após a esqueletização do osso ao nível da osteotom ia,
A re inserção do f ibu lar longo não é necessária. corte o osso a partir do distal dorsal ao proximal planta r,
• Nas amputações do qu into raio, preserve a base do quinto de modo a evitar o excesso de pressão com apoio de peso
metatarso para manter a inserção do fibu lar curto (Fig. (Fig. 15-1 5).
15-1 1D). Se o metatarso inteiro for removido, reinsi ra o • A desa rti cu lação no cuneiforme ou cuboide é uma técnica
f ibu lar cu rto localmente, ou faça tenodese no fi bu lar longo. altern ativa.
• Feche em uma camada única de sutura não absorvível • A menos que a ferida esteja cirurgicamente limpa, deixe-a
(Fig. 15- 11 E). aberta e inspecione-a de 48 a 96 horas.
• Feche primariamente, ou com enxerto de pele, quando a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado pós-operató- ferida perm it ir. Considere a colocação de um dreno (Fig.
rio é o mesmo da Técn ica 15-2. 15- 16).
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ Gii

\
A

Inserção
tibial '\
anterior-- 1
I
/

O@ii;@IEIJI Amputação do quinto raio. A a C, Incisão e remoção do metatarso ressecado. D, Ressecção do quinto metatarso. E,
Fechamento da ferida. VEJA A TÉCNICA 15-5.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Recomenda-se o apoio


de ca rg a protegido durante 3 a 4 semanas. Um sapato
macio é utilizado até que haja diminuição do edema, o
que pode levar algumas semanas.
Um abscesso no espaço central profundo com
necrose dos múscu los intrínsecos do pé pode ser
tratado através de desbridamento externo e excisão de
um ou mais raio s com osteotomia do metatarso da
borda late ral, para fechar o espaço . Algumas suturas de
maior tensão (quando a circu la ção do pé não está em
questão) aproximam as bordas medial e lateral do pé,
proporcionando um fechamento folgado e permitindo
drenagem; o restante da ferida cicatriza por segunda
intenção. Na circunstância em que o salvamento de
qualquer parte funcional do pé é o objetivo, a angula-
ção da osteotomia do metatarso não apresenta conse-
qu ência grave.
O@il;H1E19 Amputação completa do primeiro raio através
de incisão medial.
PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

mdll;f4ILID Dois raios lat erais amputados em paciente di a-


bético idoso com isqu emia e infecçã o da bord a lateral do pé,
incl uindo osteomielite.

da amputação ao andar. O alongamento do tendão de


Aquiles deve ser feito primeiro para prevenir a contamina -
O!§ll;f.)IJllt A, Amputaçã o traum át ica atra vés do primeiro
ção, e para permitir o uso de um braço da alavanca maior
raio em adolesce nte; a cobertura fo i obtida co m retalho livre
para ajudar na correção do equino.
miocutâneo do grande dorsa l. B e C, Imagens pl antar e medial.
As ind icações para a amputação transmetatarsal incluem
Essa amputaçã o é indicad a quand o a preservaçã o da estrutura infecção ou gang rena envo lvendo mú lt iplos dedos e, pos-
sivelm ente, da pele dorsa l proxima l às art icul ações meta-
óssea é primordi al, e qu ando não há infecção profunda ou arte-
t arsofa langea l. Essencialmente, to da a pele planta r proximal
rioscl erose. O retalho livre vascul ari za do pode ser usado no tra -
t amento de infecçã o, mas apenas em pacientes selecionados, e
às arti culações metat arsofa langea is devem ser preservadas.
com tipos específicos de ferid as. Por ca usa da inconsistê ncia da cicatrização da fe ri da, a má
vascu larização é uma contra indicação re lativa que depe nde
da severidade e da vontade do paciente, e da capacidade
de passa r por uma ci rurgia de revisão, se necessária.
AMPUTAÇÃO TRANSMETATARSAL
A amp utação t ransmetatarsa l permite que os pacientes TÉCNICA ~
andem com um preenchimento de sapato e com solas ~~~~~~~~--~
convexas, mas sem uma prótese. O comprimento do • Para modelar um retalho dorsa l curto e plantar longo de
membro é prese rvado e a marcha é mantida re lativa mente espessura total (Fig. 15- 17A), comece a incisão dorsal ao
bem . Embora as amputações transmetatarsa is apresentem nível do corte ósseo desejado no aspecto anteromed ial do
pior cica trização do que as amputações transtibiais, se a pé, e curve-a ligeiramente distal ao nível do corte do osso
vascu larização do paciente permitir, os benefícios geral - para alcançar o ponto médio do lado latera l do pé (Fig.
mente superam o risco de necessidade de uma segunda 15-178). Comece a incisão plantar no mesmo ponto da
ci rurg ia para revisão. Apesar de preservar a força de exten - dorsal, faça-a distalmente além das cabeças metatarsais, e
são do tendão tibial anterior, o alongamento do tendão de curve-a proximalmente para a extremidade no ponto médio
Aquiles, ou recesso do gastrocnêmio, é quase sempre indi- do lado lateral do pé (Fig. 15-17C). Pelo fato de o diâmetro
cado devido à tendência ao desenvolvimento de contratura transversal maior estar coberto com pele mediaimente, a
em flexão, como resu ltado de um menor braço da alavanca incisão é ligeiramente ma is longa no lado medial do que no
do pé, li mitando a extensão. O procedimento de alonga- lateral. Molde o retalho plantar para incluir a gordu ra sub-
me nto também dimi nui a pressão sobre o aspecto terminal cutâ nea e uma camada dos músculos plantares.
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇ ÕES DO PÉ &Ili

O[dm!-'1119 A e B, Colapso progressivo do mediopé e do retropé com perda de arquitetura óssea em pacientes idosos com diabetes
melito e artropatia de Charcot. C, Abscesso do espaço plantar profundo e osteomiel ite ou periostite neuropática seguida por deformi-
dade com colapso com ulceração . D e E, Por meio da osteotomiza çã o do metatarso da borda latera l ou da incisão da cápsu la na arti-
culação com tarso, o espaço criado pelas múltiplas amputações de raios pode ser fechado e, ocasionalmente, conduzido sem necessidade
de enxerto de pele ou cobertura com retalhos . VEJA A TÉCNICA 15-6.

•Remova os dedos nas articulações metatarsofalangianas, absorvíveis interrompid as (Fig. 15-17G-I) Tome cu idado
e corte os metatarsos de maneira biselada dorsal-d istal a ao aparar as bordas media l e lateral, pois isso pode afetar
plantar-proximal entre a metade e o terço distal (Fig. o fornec imento de sa ngu e para o retalho . Esse tecido em
15-170). Os metatarsos devem ser rem ovidos em cascata, excesso desaparece com o tempo.
com a osteotomia do segundo metatarso apenas alguns •Aplique um curativo compressivo leve, e co loqu e o pé em
mi límetros ma is curta do que a do primeiro metata rso, uma tala posterior acolchoada com cuidado, com o tor-
enquanto cada corte sucessivo é 2 a 3 mm ma is curto do nozelo em posição neutra para uma leve extensão.
que o do metatarso media l anterior (Fig. 15-1 7E e F). O
quinto metatarso deve ser ainda mais curto (4 a 5 mm ma is CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Exceto pela necessidade
cu rto do que o quarto). Use semp re uma serra elétri ca para de um preenchedor de sapato, o cu idado pós-operatório
ressecar o metatarso, para tenta r preven ir um supercresci- é o mesmo da Técnica 15-2.
mento ósseo subsequente. Use uma rugin a e raspe para
regular quaisquer proeminências ósseas. Se houver infec-
ção distalmente, tente não violar qualquer acesso, dei-
xa ndo a articulação metata rsofa langiana intacta.
•Identifiqu e os nervos e corte-os proximalmente, para que
AMPUTAÇÕES DO MEDIOPÉ
suas extremidades de corte fiquem proximais às extremi-
dades dos ossos. As amputações através do meio do pé incluem a amputação de Lis-
franc, nas arti cu lações tarsometatársicas, e a amputação de Chopart,
•Corte os tendões sob tensão, para que eles se retra iam
no pé. Como uma alternativa, suture os tendões flexor e na articul ação transversa do tarso (Fig. 15-1), ambas cada vez menos
realizadas, devido à ocorrência de deformidade equinovaro severa
extensor um ao outro, para formar uma miop lastia. Um
dreno pode ser usado quando necessário. (Fig. 15-5), e a amputação de Pirogoff, em que o calcâneo é rotacio-
•Traga o retalho plantar longo para as extremidades dos nado para a frente, para ser fundid o com a tíbia após o corte ver ti cal
ossos e suture-o com o reta lho dorsa l com suturas não através de seu meio. Para a prevenção da deformid ade em equino após
as amputações do meio pé, um ou mais extensores do tornozelo
- PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

preservar a bainha do tendão de Aquiles Manipule os


tecidos moles com cuidado.
•Marque a incisão da pele antes da cirurgia, criando um
retalho "boca de peixe" na superfície plantar. Comece a
incisão nas articu lações transtarsais, medial e lateral-
mente. Estenda os retalhos em uma direção dorsal e
plantar, criando retalhos de pele adequados para cober-
tura (Fig. 15-18A a C). Realize a incisão através da pele
e do tecido subcutâneo.
• Localize e puxe os nervos sensoriais superficiais distalmente,
depois corte-os transversalmente e deixe que eles se retraiam.
•Identifique os tendões do extensor longo do hálux e do
tibia l anterior (Fig . 15-180), resseque-os distalmente, e
prepare-os para transferência.
•Identifique as articulações transversas do tarso (ca lcaneo-
cuboide e talonavicu lar), e desarticule-as liberando os
li gamentos, dorsal e plantar (Fig. 15-18E e F).
•Transfira o tendão tibial anterior para o aspecto lateral do colo
do tálus, usando um túnel ósseo com um parafuso de biote-
nodese ou criando um su lco no tálus e utilizando uma âncora
de sutura ou um grampo para garantir a fixação (Fig. 15-18G
e H). Diversos autores sugeriram que uma única transferência
de tendão é inadequada para equilibrar o pé nessa posição,
e além da transferência do tendão tibial anterior para o colo
do tálus, também transferimos o fibular curto ou o extensor
longo do hálux para o processo anterior do calcâneo. Além
disso, o tibial anterior e os tendões do extensor longo do
iâ@ii;Mmr!t Amputação do raio central; a aproximação das hálux podem receber tenodese e ser transferidos para o colo
bordas medial e lateral do pé proporciona um fechamento do tálus, e o extensor longo dos dedos pode ser transferido
frouxo, permitindo o uso de dreno. VEJA A TÉCNICA 15-6. para o aspecto anterior do calcâneo.
•Feche a ferida aproximando as camadas fasciais plantar
e dorsalmente, e depois a pele de maneira livre de tensão.
devem ser transferidos. Também é necessário diminuir a força da Coloque um dreno conforme necessário após a hemos-
flexão do tendão de Aquiles. A tenectomia do tendão de Aquiles tasia ter sido obtida e a ferida, copiosamente irri gada (Fig.
(remoção de 2 a 3 cm do tendão) é recomendada, em vez de um 15-181 e J)
alongamento simples. Deve ser colocado no paciente um curativo •Aplique um curativo rígido de extensão bem acolchoado .
rígido de extensão leve durante 6 semanas, para a prevenir a deformi-
dade em equino e pe rmitir a incorporação dos extensores do torno- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo rígido de ex-
zelo transferidos. Para o salvamento das amputações tarsometatarsais tensão é trocado intermitentemente pa ra verificar a ferida.
e mediotarsais nas quais a deformidade em equino fixo se desenvol- As suturas são mantidas no local durante 4 a 6 semanas,
veu, Burgess e Lieberman et ai. recomendaram a divisão do tendão de para uma cicatrização adequada. A ta la deve ser usada
Aqu iles e a colocação de um curativo rígido em extensão leve durante durante 6 a 8 semanas para preven ir a contratura do
6 semanas. Dessa maneira, o equino é corrigido, e o peso é sustentado, equino do retropé. O paciente precisará de uma órtese
como deve ser, na pele plantar do calcanhar e no resto do pé. tornozelo-pé em um sapato com sola convexa (p . ex.,
A deformidade de pé em calcâneo pode se desenvolver, mas tênis de corrida) para ambulação (Fig . 15-1 8K)
em geral não causa dificuldade para colocar o sapato, nem é uma
fonte de dor. Apesar de o desprendimento estar comprometido, o
coto antes do alongamento do tendão de Aquiles não é capaz de
muito desprendimento na presença de uma deformidade em equino
fixo. Através desse método simples, problemas de pele, irritação por AMPUTAÇÕES DO RETROPÉ E DO
pressão e dor associada ao excesso de peso na extremidade do coto TORNOZELO
são amplamente eliminados.
As amputações ao redor da articu lação do tornozelo não devem
apenas atender aos requerimentos de um coto com sustentação na
AMPUTAÇÃO DE CHOPART extremidade, mas também devem deixar um espaço suficiente entre
a extremidade do coto e o solo, para a construção de algum tipo de
TÉCNICA
--~---........ ~
mecanismo de articulação do tornozelo para o pé artificia l. Em 1843,
Syme descreveu uma amputação que atende melhor a esses reque-
•Para evitar a contaminação, comece fazendo uma incisão rimentos do que qualquer outra nessa região. A amputação de Syme
posteromedial, e em seguida uma tenotomia do tendão consiste em um corte ósseo na tíbia distal e na fíbula 0,6 cm proxi-
de Aqui les. Faça uma excisão de 2 cm do tendão, e tente mal à periferia da articulação do tornozelo e passa pela cúpula do
tornozelo centralmente. A pele durável e resistente do retalho do
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ Gii

Incisão Incisão
A dorsal plantar

Oldm@IEl:fa A, Incisões dorsal e plantar para amputação transmetatarsal e desarticulação nas articulações metatarsofalangianas.
B, Incisão dorsal. C, Incisão plantar.

calcanhar proporciona uma pele de apoio de peso normal. Aparen- insatisfatório são a migração posterior do coxim do calcanhar e o
temente não há um meio-termo para essa amputação: quando boa, sofrimento da pele resultante da diminuição excessiva das "orelhas"
é o nível funcional mais satisfatório na extremidade inferior, mas (canto dobrado), ou de uma artéria tibial posterior comprometida.
quando ruim, é inútil, e a extremidade deve ser amputada em um Elas podem ser minimizadas pela atenção ao planejamento pré-ope-
nível mais proximal. As causas mais comuns de um coto de Syme ratório e à técnica cirúrgica.
llll!:t PARTE VI AMPUTAÇÕES

ltt11 f1ll-1tr
F rn1rrr1\

O!ijih@lfjfl(.jel D-F, Nível de transecção óssea na amputação transmetatarsal. G e H, Os locais da osteotomia são levemente
curvados. 1, Fechamento em camada única usando monofilamento não absorvível. VEJA A TÉCNICA 15-7.

A principal objeção a essa amputação é cosmética. A prótese Sarmiento descreveu uma modificação da técnica de Syme que
usada deve acomodar o formato da metálise tibial distal que é produz um coto menos bulboso e permite o uso de uma prótese mais
coberta com pele plantar dura, e é grande e volumosa. A prótese cosmética. Ele aconselhou a transecção da tíbia e da fíbula, aproxi-
usada para uma amputação clássica de Syme é composta por uma madamente 1,3 cm proximal à articulação do tornozelo, e a excisão
meia de plástico moldada, com uma janela medial removível, para do maléolo medial e lateral. Isso produz um coto que é apenas um
permitir a passagem da extremidade bulbosa do coto através de sua pouco mais largo na circunferência do que a parte dialisária da
haste estreita, e uma prótese de pé com calcanhar acolchoado e perna, e permite uma adaptação com uma prótese que incorpore
tornozelo sólido (Fig. 15-19). uma meia expansível, em vez de uma janela removível.
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ cm

ij[ijih@m Amputação de Chopart. A, Incisões: imagem latera l dos retalhos dorsal e plantar. B, Imagem dorsal da incisão . C,
Retalhos dorsais delineados. D, Ressecção dos tendões extensor longo do hálux e do tibial anterior. E e F, Retalhos retraídos após res-
secção do pé distal.

No passado, a maioria dos cirurgiões não usava a amputação usada após essa amputação. Dois estudos recentes demonstraram
de Syme para membros isquêmi cos, pois a taxa de falha de cicatri- sucesso quanto à amputação de Boyd em adultos.
zação de fer ida era inaceitavelmente alta. Mais recentemente, a A amp utação de Pirogoff envolve a artrodese entre a tíbia e
determinação pré-operatória da perfusão do tecido local e a oxige- parte do calcâneo; o calcâneo é cortado verticalmente, sua parte
nação através de técnicas como ultrassom com Doppler, co m anterior é removida, e sua parte posterior restante e o retalho do
medi ção de pressão arterial segmentada, testes de clearance de calcanhar são rodados para a frente e para cima 90 graus até que a
xe nônio radioativo, e medições transc utâneas de oxigênio aume nta- superfície cruenta do calcâneo encontre a extremidade distal cruenta
ram significativamente a taxa de sucesso da amputação de Syme da tíbia. Essa amputação não tem vantagem em relação à de Boyd,
nesses membros. Uma técnica em duas etapas da amputação de e tecnicamente é m ais difícil.
Syme fo i descrita para uso em pacientes di abéticos co m uma lesão
de pé ga ngrenada ou infectada, e alca nçou um sucesso notável co m
os pacientes devidamente selecionados. No en tanto, diversos autores
AMPUTAÇÃO DE SYME

------~
relataram que as duas etapas podem ser seguramente combin adas
quando a infecção não está adjacente ao coxim do calcanhar.
TÉCNICA
A amputação de Boyd também produz um excelente coto com • É usado um único retal ho posterior longo do calcanhar.
sustentação na extremidade em volta do tornozelo, e elimina o pro-
Comece a incisão na ponta distal do maléolo lateral e passe-a
blema da migração posterior do coxi m do calcanhar que ocorre às através do aspecto anterior da articulação do tornozelo, ao
vezes após uma amputação de Syme. Ela envolve talectomia, desloca- nível da extremidade distal da tíbia, para um ponto um dedo
mento anterior do calcâneo e artrodese tibiocalcaneana. A artrodese abaixo da ponta do maléolo medial; estenda-a diretamente
torna o procedimento tecn icamente mais difícil do que a amputação
à direção plantar e cruze a sola do pé ao aspecto lateral, )
de Syme, e produz um coto mais bulboso. No entanto, uma prótese
finalizando-a no ponto de partida (Fig. 15-20A).
satisfatória, que é cosmeticamente ace itável, foi desenhada para ser
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

---Tibial anterior
- --Fibular longo
0

"

iâ@iiaj lfjl:Mi·lel G, Transferênc ia do tendão tibial anterior através de túnel no colo do tálus. H, Túnel criado no tálus para
transferência do tendão tibial anterior. 1 e J, Após fechamento de incisões. K, Órtese tornozelo-pé usada para deambulação. VEJA A
TÉCNICA 15-8.

) • Corte todas as estruturas até o osso. dissecção posteriormente, dividindo a cápsu la posterior
•Para excisão do tarso, posicione o pé no equino máximo da articu lação do tornozelo (Fig. 15-20C).
e abra a cápsula anterior da articulação do tornozelo. • Continue a dissecção posteriormente, próxima à superfí-
•Insira um bisturi no espaço da articulação entre o tálus e cie superior do ca lcâneo.
o maléolo media l e direcione inferiormente o corte do •I dentifique e exponha o tendão de Aquiles, corte-o em sua
ligamento deltoide, protegendo a artéria tibia l posterior; inserção no ca lcâneo, tomando cuidado para não danificar
repita essa manobra no lado latera l para o corte do liga- a pele sobrejacente, pois isso pode causar necrose de todo
mento calcaneofibu lar (Fig. 15-20B). o retalho.
• Coloque um gancho de osso no aspecto posterior do •Com um elevador periosteal, disseque os tecidos moles a
tálus, de modo a oferecer mais equino, e prossiga com a partir das superfícies latera l e medial do calcâneo, e puxe
CAPÍTULO 15 AM PUTAÇÕ ES DO PÉ

h[ftmf.HllD A e B, Im age m frontal da amputação de Syme co m prót ese (B) . C e D, Rad iografi as ante ropost eri or e de perfil da
amputação de Syme. Obse rve a ausê ncia dos ma léo los.

ainda mais o osso em equ ino (Fig. 15-20D) Continue a O plano da t ransecção deve ser ta l qua l as superfícies de
dissecção subperiostea l na superfície anterior do ca lcâ - corte da tíbia e da fíbu la que estão paralelas ao solo,
neo, até alcançar a extremidade dista l do reta lho da pele quando o paciente está em pé. Deixe todas as extremi-
planta r (Fig. 15-20E e F). dades ósseas redondas e lisas.
•Remova o pé inteiro, com exceção do retalho do ca lca - • Disseque os nervos planta r med ial e latera l, e corte-os
nhar. Retraia o reta lho posteriormente e disseque o tecido proximal à extrem idade do osso .
mole a partir da tíbia e do ma léolo. •Puxe inferiormente e corte todos os tendões visíveis para
•Corte o periósteo circunferencia lmente 0,6 cm proxima l que retra iam proximalmente na perna.
à linha da articu lação, e corte a tíbia e a fíbu la neste nível, • Isole a veia e a artéria tibial posterior, e ligue-as bem proximal
para que a li nha de transecção passe através da cúpula ao corte da borda distal do reta lho do calcanhar. Ligue a
da articu lação do tornozelo centralmente (Fig. 15-20G e H). artéria tibial anterior como se ela f icasse no reta lho anterior. )
. , PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

Parte frontal
~da articu lação
do tornozelo
Ponta do
maléolo +---=<=~1
Dissecção
subperiosteal
do calcâneo -~-=-=~

O@ihtg!llll!) Amp utação de Syme . A, Incisão e nível do osso. B, Expos ição do tornozelo e corte dos li gamentos. C, Gan cho ósseo
puxando o tálus distalmente, expo nd o a superfície articul ar distal da tíb ia e da f íbul a. D, Dissecção dos tec idos moles do calcâneo. E e
F, Remoção subperiostea l do calcâneo, deixando o cox im plantar intacto.

\ .Faça um desb ridamento mín imo de quaisquer pregas do ao reta lho do calcanha r, que se une à extremidade da
f tecido mole do músculo plantar e da linh a da fáscia, na tíbia. A técnica de Wagner é simp les e tem sido eficaz em
superfície interna do reta lho do ca lcanhar, e mantenham suas mãos.
intactos a gordura subcu tânea e seu septo, pois este é •Faça diversos furos através da borda da tíbia e fíbu la, e
um tecido especial izado que tolera a pressão. suture a fáscia profunda que reveste o retalho do calca-
•Diversas técnicas têm sido usadas para prevenir a migra- nhar aos ossos através desses furos (Fig. 15-201 e J).
ção do coxim do ca lcanhar na extrem idade do coto, como •Sob nenhuma tensão, aproxime a borda da pele do
ligar o retalho do ca lcanhar à perna com fitas adesivas, reta lho do calcanhar à borda da pele do retalho anterior
fixar o reta lho do ca lcanh ar ao osso com um f io de Kirs- com suturas não absorvíveis interrompidas (Fig. 15-20K).
chner, ou deixa r uma pequena lasca do calcâneo ligada Grandes pregas salientes de pele, ou "o relhas ", são
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ -

Maléolo t /. ...
lateral _ _ --Maléolo
medial
Cúpula do
1 /4
pilão tibial ~~ _;(J;Jj Aponeurose
Músculos flexores ~ } plantar
curtos e abdutores ~=:'~-Septos do
coxim gorduroso
G plantar

Ancoragem do
coxim com
suturas não

-4~""4<---- Cartilagem
da cúpula do
pilão tibial

---=;-..-.septos do
coxim gorduroso
plantar
J

IU§lhf4Ufl14(,j,i G, Corte da tíbia e da fíbula ao nível da cúpula da articulação do tornozelo. H, Plano de transecção para
manter superfícies cortadas da tíbia e da fíbula paralelas ao solo, com o paciente em pé. 1, Furos feitos na borda anterior da tíbia e da
fíbula para fixar o coxim plantar. J, A borda do coxim plantar e a fáscia profunda são fixadas à tíbia e à fíbula. K e L, Fechamento da
pele sobre o dreno, e aplicação de gesso acima do joelho. VEJA A TÉCNICA 15-9.
lllD PARTE VI AMPUTAÇÕES

) encontradas em cada extremidade da linha de sutura; elas


nunca devem ser removidas, pois carregam uma grande
Esse proced imento consiste na realização de uma
desarticulação do tornozelo, como no primeiro estág io,
porção do fornecimento sanguíneo para o retalho do preservando a carti lagem articular tib ial e maleolar, e no
calcanhar, e desaparecem depois com o curativo. fechamento t ipo Syme sobre um sistema de sucção-irriga-
•Aplique gesso estendendo-o acima do joelho e ao longo ção, que permite a instalação de uma solução antibiótica
do dreno, e remova o dreno de 24 a 48 horas após a na ferida. A irrigação é continuada até que os sinais loca is
cirurgia (Fig. 15-20L). e sistêmicos de infecção tenham desaparecido. Após 6
semanas, se o coto tiver cicatrizado, um segundo proced i-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Pode-se aplicar um cura- mento é realizado para a remoção dos maléo los e para
tivo macio, e o tratamento pode ser continuado, con- estreitar o coto para um bom ajuste protético.
forme abordado no Capítulo 14. Um acesso preferível é a
aplicação de um curativo rígido acolchoado adequada- ~
TÉCNICA
mente na sa la de operação, ao término da cirurgia. Se a ~~~~~~~--~
ambulação for adiada até que a cicatrização da ferida seja (WYSS ET AL.; MALONE ET AL.; WAGNER)
garantida, um simples gesso bem acolchoado é ade-
quado. Caso seja preferível uma ambu lação ad iantada, ou PRIMEIRO ESTÁGIO
quando uma ambu lação protética subsequente for defi- •Para permitir que os reta lh os de pele sejam ligeiramente
nida no período pós-operatório, deve-se aplicar um gesso maiores e cubram os maléolos, comece a incisão 1 cm
protético verdadeiro da seguinte maneira. Ap lique um distal e 1 cm anterior à ponta de cada maléolo. Realize a
curativo estéril leve na fer ida, e ap liqu e uma meia para incisão inferior diretamente através da sola do pé para
coto estéril. Almofadas de feltro estéreis são moldadas conectar esses dois pontos, cortando todas as camadas
adequadamente e aparadas pelo protético, para aliviar a até o osso. Realize a incisão superior obliquamente
pressão ao longo da crista tibial e das bordas dos ossos através da articu lação do tornozelo, conectando os dois
seccionados; o protético cola essas almofadas na meia pontos, e cortando todas as camadas até o osso.
para coto com adesivo médico e aplica o molde em gesso. •Puxe os tendões no dorso do pé, distalmente na ferida,
Use o gesso elástico de Paris ao começar a enrolar, para e seccione-os para que eles se retraiam bem proximal à
proporcionar um bom controle de tensão; reforce-o com borda da pe le.
gesso convenciona l. A compressão suave deve ser máxima •Identifi que e li gue a artéria dorsal pediosa. Corte a
ao longo da extremidade do coto, e gradualmente dimi- cápsula anterior da articu lação do tornozelo, faça a flexão
nuída proximalmente. O gesso não precisa ser estend ido do pé e seccione os li gamentos co laterais do tornozelo,
acima do joelho, pois o formato do coto e o ajuste pro- preservando a artéria tibial posterior.
fundo entre o coto e o curativo rígido proporcionam sus- •Use um gancho ósseo no corpo do tálus para puxar o pé
pensão suficiente. A extremidade do curativo rígido é para uma flexão ainda maior, e comece a dissecção subpe-
achatada para suportar o apoio de peso pressionando-se riosteal sobre a superfície superolatera l do calcâneo. Con-
uma placa contra o gesso molhado. A parte proximal do tinue essa dissecção posterior e mediaimente, seccione o
curativo é moldada para criar uma barra patelar e um su lco tendão de Aquiles próximo a sua inserção no ca lcâneo, e
proteja a artéria tibial posterior mediaimente.
poplíteo, como na prótese de apoio do tendão patelar,
• Separe o pé da perna, realizando uma transecção da
para permitir um apoio de peso através do tendão patelar
aponeurose plantar.
e dos côndilos tibiais. Se necessário, é acrescentado um
•Ligue a artéria tibial posterior próximo à margem do
bloco de preenchimento para corrigir a discrepância do
reta lho do ca lcanhar, e faça uma transecção do nervo
comprimento da perna, e um pé protético de Syme ou um
tibia l, para que sua extrem idade de corte retraia-se bem
calcanhar de borracha é fixado ao gesso. São usados um
proxima l à bord a da pele.
cinto e fitas de suspensão para suspensão complementar.
•Insira tubos de sucção-irrigação na ferida.
O t reinamento de marcha e mais cuidados pós-operatórios
• Reduza a borda distal do reta lh o do ca lcanhar para per-
são continuados, conforme abordados na seção sobre as mitir um fechamento preciso sem tensão, mas não tente
amputações abaixo do joelho, no Capítulo 16. reduzir as "orelhas" ao redor da ferida.
• Ocasiona lm ente, é necessário divid ir as bandas da fáscia
no coxim do calcanhar, para prevenir o deslocamento
AM~UTAÇÃO DE SYME EM DOIS media l ou lateral do coxim. Sim ilarmente, pode ser neces-
ESTAGIOS sá ri o rea lizar pequenas incisões no tecido ad iposo, para
acomodar os maléolos. Essas manobras geralmente per-
O procedimento da amputação de Syme em dois estágios mitem um assentamento seguro do coxim do calcanhar
foi desenvolvido para elevar a taxa de sucesso das ampu- sobre a extrem idade dos ossos.
tações realizadas ao nível de Syme, em paciente com grave •Suture a fáscia profunda do retalho anterior à fáscia
infecção do antepé. Foi comprovada que ela é extrema- profunda do retalho posterior com suturas absorvíveis
mente benéfica para pacientes diabéticos, principa lmente interrompidas, e aproxime as bordas da pele com suturas
quando associada ao uso de técnicas sofisticadas de deter- não absorvíve is interrompidas .
minação da viabi lidade do membro antes da operação. • Cubra a ferida com um curativo de compressão macio.
Diversos autores re lataram que os dois estágios podem ser • Após a cirurgia, a ferida é irrigada com uma solução
seguramente comb in ados quando a infecção não está antibiótica durante 48 a 72 horas, ou até que os sinais
adjacente ao coxim do ca lcanhar. sistêm icos e locais da infecção tenham diminuído.
CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕ ES DO PÉ &Ili
AP

) < Perfil

B e D

0@1i;fdlllJI Segundo estágio da amputação de Wagner-Syme. A e B, Remoção das "orelhas" sobre cada maléolo. C e D, Ressecção
da expansão metafisária paralela à diáfise da fíbula; o mesmo procedimento é realizado na tíbia distal. VEJA A TÉCNICA 15-10.

•Depois da remoção dos drenas, ap liqu e um gesso bem


acolchoado no coto, usando almofadas de fe ltro delinea- AMPUTAÇÃO DE BOYD

------~
das para proteger as "orelhas".
• ,!::.. ambu lação com ou sem apoio de peso pode começar TÉCNICA
nesse ponto, sob supervisão estrita. Geralmente, em 6
semanas a cicatrização é segura o bastante para realizar • Mo ld e um retalho plantar longo e um retalho dorsal
segundo estágio ou a amputação definitiva. curto. Comece a incisão na ponta do maléolo lateral,
e passe-a através do dorso do pé, ao nível da articula-
SEGUNDO ESTÁGIO ção talonavicular, para um ponto um dedo abaixo do
•Faça uma incisão elíptica ao longo de cada maléolo para ma léolo medial; curve -a inferior e distalmente através
remover as "orelhas". O volume de tecido removido deve da planta do pé, ao nível das bases do metatarso, e
ser igual àquele do maléolo (Fig . 15-21 A e B) direcione-a superio r e proximalmente à ponta do maléolo
•Dei xe o maléolo exposto através da dissecção subperios- latera l.
teal, protegendo a artéria tibial posterior e mediaimente. •Eleve os retalhos da pele e ampute o antepé através das
• Realize a ressecção de cada maléolo ao nível da superfície articulações med iotársicas .
articular e remova o alargamento metafisário adjacente • Corte os ligamentos entre o calcâneo e a tíbia através de
alinhando às diáfises da tíbia e da fíbu la (Fig. 15-2 1C e D). dissecção cortante próxima ao osso, e depois remova o
Isso estreita e achata o coto medial e lateralmente, mas tá lus.
ainda mantém o alargamento anterior e posterior para • Faça a excisão da parte anterior do calcâneo através da
suspensão protética. osteotomia transversa, distal ao tubérculo fibular.
• Costure os tecidos moles para permitir um posiciona- •Remova a cartilagem das superfícies da tíbia, fíbula e
mento seguro do coxim do calcanhar ao longo das extre- calcâneo, para prepará-los para a artrodese.
midades dos ossos. • Extraia distalmente quaisquer tendões presentes na
• Suture a fáscia profunda do coxim plantar através dos ferida, e corte-os proximal mente, de modo a permitir que
furos feitos no osso, e feche a ferida com suturas eles se retraiam.
interrompidas. •Corte os nervos plantar media l. e lateral para preveni-los
de ficarem sujeitos à pressão .
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Aplique um curativo de • Desloque o ca lcâneo para a frente em sua relação com a
compressão macio, até que a ferida esteja bem cicatri- articulação do tornozelo, e encaixe-o em uma posição para
zada. Coloque uma bota gessada e comece o apoio de artrodese, fazendo com que sua superfície fique paralela
peso de 1O a 12 dias após a cirurgia . O gesso deve ser em relação ao chão.
trocado a cada 2 semanas ou antes, caso ele fique frouxo • Se preferir, passe o pino Steinmann ou parafuso canulado
ou desconfortável. O ajuste protético definitivo geral- superiormente através do ca lcanhar, para fixar o ca lcâneo
mente é possível cerca de 8 semanas após a cirurgia. à tíbia na posição adequada. )
- PARTE VI AMPUTAÇÕES

A B

e D

O@ihhil D Amputação de Boyd com artrodese tibiocalcaneana. A, Retalhos de espessura total com extensão plantar mais longa
na amputação do mediopé. Esses retalhos se estendem distalmente às articulações metatarsofalangianas, para que a ferida possa ser
aproximada sem tensão de pele. B, Desarticulação das articulações mediotarsais, talectomia e fibulectomia parcial. C, O tálus foi remo-
vido. Plataforma da tíbia e do calcâneo preparada para artrodese. D, Fechame nto em plano único com sutura não absorvível monofÍ-
lamentar 2-0 (sobre o dreno). VEJA A TÉCNICA 15-11.

• Aproxime os reta lh os de pe le com suturas interrompi- ~ REFERENCIAS


)
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CAPÍTULO 15 AMPUTAÇÕES DO PÉ -

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AMPUTAÇÕES DE PÉ MEMBROS NÃO ISQUÊMICOS 638 DESARTICULAÇÃO DO
E TORNOZELO 637 Amputação Osteop/ástica 640 JOELHO 642
AMPUTAÇÕES MEMBROS ISQUÊMICOS 640 AMPUTAÇÕES
TRANSTIBIAIS TRANSFEMORAIS
(ABAIXO DO JOELHO} 637 (ACIMA DO JOELHO} 645

As amputações de membros inferiores são as mais comuns de todas pacientes em diálise têm ainda menos sucesso com próteses. Nos
as ampu tações. Apesa r dos avanços nas técnicas de revascularização, membros disvasculares, o nível de amp utação é crít ico por ca usa
a indicação mais co mum para a amputação de membros inferiores da má cicatrização. O nível mais di stal deve ser escolhido, desde
contin ua a ser um membro disvascular, incluindo a causada por que haja potencial de cicatrização. Esse processo de decisão pode
diabetes melito e doença vascular periférica. Os índices de altas ser aum entado por ferramentas clínicas, tais como tensão de
hospitalares para amputações não traumáticas permanecem relat i- oxigênio transc utâneo. O estado nutricional (nível de albumina
vamente inalterados. De acordo com um relatóri o de 20 11 do CDC de > 3 g/dL, contagem de linfócitos de > 1.500/mL) também fo i
e da American Diabetes Association, 25,8 milhões de crianças e observado como sendo um preditor de cicat ri zação de feridas em
adultos, um pouco mais de 8% da população, têm diabetes. O índice amputações .
de amputação de membros infe riores na população é de cerca de 4 A ampu tação não deve ser vista como um a fa lha no salva-
por 1.000. Para a população em geral, o índice de amputação de mento ou recons tru ção do membro, e sim como um a oportuni -
membros inferiores de 2005 foi de 2,4 por 10.000. O índice de mor- dade de restabelecer ou melhorar o nível funcional do paciente e
talidade em 5 anos após a amputação de um membro inferior dis- fac ilitar um reto rn o à sua locomoção quase normal. A atenção à
vascular varia de 40% a 60%, com doença vascular primária com técnica cirúrgica meticulosa é necessária para fo rn ecer um apoio
maiores morbidade e mortalidade do que diabetes melito. Alguns ideal, porque os membros residuais funcionam como um "órgão
relatos mostraram uma taxa de sobrevida dos pacientes de apenas terminal sensório-motor", com tolerabilidade limitada na interface
39 % em 7 anos após a amputação. A amputação do membro con- coto-prótese para ate nd er a descarga dinâmica de peso durante a
tralateral é necessária dentro de 5 anos em 30% a 50% dos pacientes marcha. A evolução no campo das próteses vai de técnicas de
que têm uma amputação de um membro inferior disvascular. Vi nte medidas e modelagem dos enc aixes (d igitalização do contorno do
por cento das amputações abaixo do joelho são convertidas para coto ass istid a por comp utador) até o uso de próteses com compo -
amputações acima do joelho. nentes mais sofisticados (materiais mais leves, revestimentos de gel
O número de amp utações para outras causas que não o diabe- de silicone, unidades de joelho inovadoras, alternativas de dispo-
tes e a doença vascu lar, tais como tum ores, trauma e infecção, dimi - sitivos de suspensão, e sistemas de pé-tornozelo acomodativos que
nuiu nos Estados Unidos por causa dos inovadores avanços médicos armazenam energia).
e cirúrgicos e da observação dos parâmetros de segurança do traba-
lho. Em países devastados pela guerra, minas terrestres continuam
sendo causas frequentes de amputações traumáti cas. AMPUTAÇÕES DE PÉ E
O nível de amputação é sempre uma decisão difícil, e tem TORNOZELO
um efeito im portante sob re a qualidade de vida de um paciente.
Morbidade é mais frequente após amp utações transfemorais que Amputações ao redor do pé e tornozelo são discutidas no Capítulo 15.
após amp utações transtibiais. O gasto energético é um a conside-
ração importante na escolh a do nível de amputação. O aumento
do cons um o de energia de locomoção bípede para amp utados AMPUTAÇÕES TRANSTIBIAIS
transtibiais varia entre 40% e 50%, em comparação com 90% a (ABAIXO DO JOELHO)
100% em amputados transfemorais. Os pacientes com amputa-
ções transfemorais são muito menos propensos a usar um a A amputação transtibial tornou-se o nível mais com um . A impo r-
prótese com sucesso e de forma consistente qu e os pacientes com tância da preservação da articulação do joelho do próprio paciente
amputações mais dista is. Os pacientes mais jovens com amp uta- no sucesso da reabilitação dos amputados dos membros inferiores
ções traumáticas ou amp ut ações necessárias para o tratamento não pode ser subestimada . Amp utações transtibiais podem ser
de tumores são mais bem-sucedidos co m o uso de prótese do divididas em três níveis (Fig. 16-1 ). O nível adequado deve ser
que os pacientes com amputações de membros disvasculares; determinado para cada paciente individualmente. Embora existam

637
- PARTE VI AMPUTAÇÕES

MEMBROS NÃO ISQUÊMICOS


I \
A reabilitação após amputações transtibiais nos membros não isquê-
1 1 micos em geral é muito bem-sucedida, em parte por causa de uma
1 /
\ / população mais jovem, mais saudável, com menos comorbidades. O
Transtibial nível ideal de amputação nessa população tradicionalmente é esco-
muito curta - ---- - -- lhido para fornecer um comprimento do coto que permita o maior
braço de alavanca possível para o controle da prótese, com "circula-
--- ---71 Transtibial ção" suficiente para a cicatrização adequada e cobertura de partes
·Jcurta moles para proteção e supo rte de peso. O nível de amputação
===- = i [___ Transtibial também é regido pela causa (p. ex., margens livres para tumor, gra-
==-== J padrão vidade do trauma e anomalias congênitas). Um membro residual
mais longo teria uma aparência de marcha mais normal, mas cotos
estendendo-se até o terço distal da perna foram considerados de
qualidade inferior, porque há menos tecido mole disponível para
sustentação de peso e menos espaço para acomodar alguns sistemas
de armazenamento de energia. O terço distal da perna também foi
Transtibial
longa considerado relativamente avascular e mais lento para curar do que
os níveis mais proximais. Revestimentos contemporâneos e sistemas
de armazenamento de tornozelo e pé permitem agora mais opções
para acomodar um membro mais residual, mas é desconhecido o
risco, em longo prazo, de ruptura da pele em pacientes mais velhos
com estes componentes protéticos mais recentes.
No adulto, o comprimento ideal do osso para um coto de
amputação abaixo do joelho é de 12,5 a 17,5 cm, dependendo da
altura do corpo. Uma regra de ouro razoavelmente satisfatória para
a seleção do nível de secção óssea é permitir 2,5 cm de comprimento
Ofüi@Hll• Níveis de amputações transtibiais. do osso para cada 30 cm de altura do corpo. Normalmente, o nível
mais satisfatório é de cerca de 15 cm de distância da superfície arti-
cular tibial medial. Um coto de menos de 12,5 cm de comprimento
é menos eficiente. Cotos sem a função do quadríceps não são úteis.
Em um coto curto de 8,8 cm ou menos recomenda-se que a totali-
muitas variações da técnica, todos os procedimentos podem ser dade da fíb ula com alguma massa muscular seja removida, de modo
divididos entre aqueles para os membros não isquêmicos e para que o coto possa caber mais facilmente no encaixe da prótese.
aqueles em membros isquêmicos. Essas duas técnicas gerais variam Muitos protesistas acreditam, no entanto, que a retenção da cabeça
principalmente na construção dos retalhos de pele e em técnicas da fíb ula é desejável porque o soquete de contato total moderno
de estabilização do músculo. Nos membros não isquêmicos, reta- pode obter melhor vantagem no coto curto. Seccionar os tendões
lhos de pele de várias técnicas de desenho e de estabilização mus- isquiotibiais para permitir que um coto curto entre mais profunda-
cular, tais como miodese de tensão e mioplastia, frequentemente mente no soquete também pode ser considerado. Embora o proce-
são usados. Essas técnicas são utilizadas para preparar um coto dimento tenha a desvantagem de enfraquecer a flexão do joelho, isto
mais adequado para o suporte do peso e para proteger as partes não tem sido um problema grave, e genu recurvatum não foi relatado.
moles de lesões. Na miodese de tensão, grupos musculares tran- Amputações de membros não isquêmicos resultam de tumor,
seccionados são suturados ao osso sob tensão fisiológica; na mio- trauma, infecção ou anomalia congên ita. Em cada um desses, a lesão
plastia, o músculo é suturado ao tecido mole, como grupos subjacente determina o nível de amp utação e a escolha de retalhos
musculares opostos ou fáscia . Na maioria dos casos, os fechamen - cutâneos. Técnicas microvasculares tornaram possível a preservação
tos mioplásticos são realizados, mas alguns autores defenderam o de cotos transtibiais com o uso de retalhos livres distantes e retalhos
uso da estabilização firme fornecida pela miodese em indivíduos de "peças de reposição" do membro amputado. Segue a descrição da
jovens e ativos. Em membros isquêmicos, a miodese de tensão é amputação transtibial clássica usando igualmente seguimentos de
contraindicada, pois pode comprometer ainda mais o forneci- retalhos anteriores e posteriores.
mento de sangue já marginal. Além disso, um longo retalho mio-
cutâneo posterior e um pequeno ou mesmo ausente retalho
anterior são recomendados para membros isquêmicos, pois o AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL
suprimento de sangue é menos abundante anteriormente que em

------~
outras partes da perna. TÉCNICA
Em ferimentos de combate que resultam de explosões ou
feridas fragmentadas, o uso de retalhos padrão pode ser impossível. • Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de opera-
Muitas vezes, os retalhos têm de ser formados a partir de tecido ção, e use um torniquete pneumático para a hemostasia.
remanescente viável. Enxertos de pele podem ser utilizados para • Comece aproximadamente da linha da articu lação ante-
cobrir defeitos dos tecidos moles, mas os enxertos de pele não são romedial, meça distalmente o comprimento desejado do
ideais para uma interface de coto-prótese. A medida do coto através osso e marque esse nível sob re a crista da t íbi a com uma
da digitalização computadorizada pode ser útil nesses pacientes com caneta de marcação de pele.
cotos irregulares.
CAPÍTULO 16 AMPUTAÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES

4cm
Periósteo

Í marcado

~ Incisão do
retalho
A 4 cm de pele

B e

h!§ii;@llD Amputação através do terço médio da perna para membros não isquêmicos. A, Moldagem dos retalhos de pele anterior
e posterior iguais, cada metade de diâmetro anteroposterior da perna ao nível do corte ósseo. B, Moldagem do retalho miofascial
posterior. C, Sutura do retalho miofascial anteriormente ao periósteo. VEJA A TÉCNICA 16-1.

•Contorne igualmente os retalhos de pele anteriores e ponta siga ao longo da membrana interóssea e passe
posteriores, o comprimento de cada retalho sendo igual sobre a face anterior da fíbula para permanecer anterior
a metade do diâmetro anteroposterior da perna ao nível ao músculo fibular curto.
previsto do corte ósseo. •Identifique e isole o nervo fibular superficial no intervalo
•Comece a incisão anterior medial ou lateralmente ao nível entre o extensor longo dos dedos e fibular curto, dese-
pretendido do corte ósseo, e curve-a distal e convexa - nhe-o com cuidado distalmente, e divida-o no alto para
mente para o nível previamente determinado, retornando que ele se retraia bem próximo ao final do coto.
proximalmente para terminar em uma posição similar no •Divida os múscu los do compartimento anterior da perna
lado oposto da perna. num ponto de 0,6 cm distalmente ao nível do corte do
•Ao cruzar a crista da tíbia, aprofunde a incisão e marque osso para estes se retraírem nivelados com a extremidade
o periósteo com um corte para estabelecer um ponto de do osso. Como esses múscu los são seccionados, tome
medição futuro. cuidado especial para identificar e proteger os vasos ti biais
• Comece a incisão posterior no mesmo ponto que a anterior, anteriores e nervo fibular profundo.
e leve-a primeiro distal e convexamente, e então proxima- •Isole estas estruturas, e ligue individualmente os vasos em
mente, como na incisão anterior (Fig . 16-2A). um nível imediatamente próximo ao nível do corte do
•Aprofunde a incisão posterior para baixo através da fáscia osso pretendido .
profunda, mas não separe a pele ou fáscia profunda do •Exerça leve tração no nervo e seccione-o proxima lmente,
músculo subjacente. de modo que ele se retraia bem proximal ao final do coto .
• Everta como uma única camada com o retalho anterior •Antes de seccionar a tíbia, regularize sua crista com uma
da fáscia profunda e periósteo sobre a superfície antero- serra: comece com 1,9 cm proximal ao nível do corte do osso,
medial da tíbia. e corte distalmente de forma oblíqua, criando um bizel que
•Continue essa dissecção proxima l ao nível do corte ósseo atravessa este nível 0,5 cm anteriormente à cavidade medular.
pretendido. •Corte a tíbia transversalmente, e corte a fíbula 1,2 cm
• Como o retalho anterior se contrai, ele não pode ser usado proximal mente.
para medir o nível de corte ósseo pretendido Em vez disso, • Estabilize seus segmentos distais com um fórceps de osso
use a marca que já fez no periósteo da tíbia para medir o de modo que eles possam ser puxados anterior e distal-
comprimento original do retalho e restabe lecer o nível do mente para expor a massa muscu lar posterior.
corte ósseo. Com uma serra, marque o osso nesse ponto. •Seccione os músculos no compartimento profundo
•Insira uma pinça hemostática curva no plano de cliva- posterior 0,6 cm distalmente ao nível do corte do osso
gem natura l na face lateral da tíbia, de modo que sua para que eles se retraiam nivelados com a extremidade do )
llD PARTE VI AMPUTAÇÕES
) osso. Isso expõe os vasos tibiais e fibulares posteriores e
o nervo tibial que se encontram próximos do músculos
várias vantagens teóricas, incluindo diminuição da dor, melhora da
propriocepção com a ambulação, preservação da qualidade do tecido
gastrocnêmio-sóleo. Faça uma ligadura dupla e seccione e prevenção da instabilidade tibiofibular. Foram descritas vá.rias téc-
os vasos, e corte o nervo de modo que a sua extrem idade nicas. O procedimento de Ertl consiste em uma ponte de periósteo
se retraia bem proximal à osteotom ia. suturado sobre as transecções ósseas. Isso funciona para selar o canal
•Com o bisturi, seccion e a massa muscular do gastrocn ê- medular e formar uma ponte óssea entre a tíbia e a fíbula. Uma modi-
mio-sóleo de modo a formar um retalho miofascial sufi - ficação da técnica tem sido descrita com a utilização de uma osteoto-
cientemente grande para alcançar da extremidade da mia li.bular que é fixada à tíbia, através de uma rotação de 90 graus.
tíbia até a fáscia anterior (Fi g. 16-28). Um relato de casos com um pequeno grupo de pacientes que passa-
•Regu larize suavemente as extremidades da tíbia e fíbula ram por esse procedimento mostrou bons resultados, embora não
com uma lima , e irrigue a ferida para remover todo o significativamente diferentes daqueles de um grupo-controle.
resíduo ósseo.
• Solte o torniquete, e ligue ou eletrocoagule todos os pontos
de sangramento. MEMBROS ISQUÊMICOS
•Leve o retalho dos músculos gastrocnêmio-sóleo sobre as
extremidades dos ossos, e suture-o anteriormente à fáscia As comorbidades frequentes em pacientes com membros isquêmicos
profunda e ao periósteo (Fig . 16-2C). exigem medidas de precaução e interação com uma equipe de cirurgia
•C oloque um dreno de sucção profundo ao retalho de vascular. Como o aporte sanguíneo da pele é muito melhor nas faces
músculo e fáscia e traga-o para fora lateralmente através posteriores e mediais da perna que nos lados anteriores ou anterola-
da pele de 1O a 12 cm próx imo ao f inal do coto. terais, as técnicas de amputação transtibial para o membro isquêmico
•Molde os retalh os como necessário para o fechamento são caracterizadas por retalhos de pele que favorecem o lado posterior
suave, sem a tensão da pele, e suture-os juntamente com e medial da perna. A técnica de retalho posterior longo popularizada
suturas não absorvíveis interromp idas. por Burgess é mais comumente usada, mas retalhos mediais e laterais
de igual comprimento, como descrito por Persson, retalhos de incli-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A reabilitação após a nação, e longos retalhos mediais também são usados. Todas as técni-
amputação transtibial em um membro não isquêmico é cas destacam a necessidade de preservar intactas as conexões
bastante agressiva, a menos que o paciente seja imuno- vasculares entre a pele e o músculo, evitando a dissecção através dos
comprometido, possua enxerto de pele, ou lesões conco- tecidos planos e pela construção de retalhos miocutâneos. Além disso,
mitantes ou condições médicas que impeça m o in ício amputações realizadas em membros isquêmicos estão habitualmente
precoce da f isioterapia. Um curativo rígido pós-operatório a um nível superior (p. ex., de 10 a 12,5 cm distalmente à linha arti-
imediato ajuda a controlar o edema, limita a contratura da cular) das amputações nos membros não isquêmicos. Miodese de
flexão do joelho, e protege o membro de trauma externo. tensão e o procedimento de osteomioplatia de Ertl, que podem ser de
Um protesista pode ser útil com esse imobilizador e valor em pacientes jovens e vigorosos, são contraindicados em pacien-
pode aplicar um encaixe que permita fixação e alinha- tes com membros isquêmicos porque os procedimentos tendem a
mento para uso pilão. O suporte de peso é inicialmente comprometer um suprimento de sangue já precário.
limitado, com o apoio dos membros superiores nas barras Tradicionalmente, torniquetes não são utilizados na amputa-
paralelas, um andador ou muletas. O gesso é trocado a ção de membros disvasculares para evitar danos às artérias doentes
cada 5 a 7 dias para cuidar da pele. Dentro de 3 a 4 mais proximais. No entanto, um estudo randomizado e controlado,
semanas, o imobilizador rígido pode ser alterado para uma examinando os efeitos de um torniquete de exsanguinação em
prótese temporária removível, se não houver complicações amputação transtibial de membros disvasculares, revelou diminui-
da pele. Ao paciente é mostrado o uso adequado de enfai- ção na perda de sangue, diminuição da queda dos níveis de hemo-
xamento elástico para controlar o edema e ajudar a moldar globina no pós-operatório, e urna diminuição da necessidade de
o membro residual quando a prótese estiver sendo usada. transfusão de sangue. Em comparação com os controles, não foram
O fi siatra e o terapeuta podem ajudar a monitorar o pro- observados aumentos nas taxas de cicatrização de feridas, revisão ou
gresso através das várias transições de próteses temporárias avaria de feridas.
para a permanente, o que pode demorar vários meses.
Projetos endoesqueléticos têm sido os mais frequente-
mente utilizados, pois as modificações são mais simples. A AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL USANDO
reabilita ção em regime de internação é breve, já que a RETALHO DE PELE POSTERIOR LONGO
maior parte é feita ambulatorialmente. Um programa

--------'~
voltado para o retorno do paciente à sua ocupação, TÉCNICA
hobbies e atividades educacionais anteriores pode ser
estruturado com a ajuda de um assistente socia l, um tera- (BURGESS)
peuta ocupacional, e um conselheiro profissional.
• Posicione o paciente em decúbito dorsal na mesa de
operação; não aplique um torniquete. Prepare e disponha
• AMPUTAÇÃO OSTEOPLÁSTICA (OSTEOPLASTIA os campos de modo que uma amputação acima do joe lho
TIBIOFIBULAR) possa ser realizada se o sangramento e viabi lidade do
tecido forem insuficientes para permitir uma amputação
A amputação osteoplástica transforma o local típico da amputação
transtibial bem-sucedida. Para membros isquêmicos,
transóssea em um membro de suporte de final. Tipicamente, as pró-
Burgess recomendou a amputação de 8,8 a 12,5 cm
teses para essas amputações transferem as forças de sustentação de distalmente à linha da articulação do joelho.
peso mais proximais. Possibilitar carga terminal em um coto, agrega
CAPÍTULO 16 AMP UTAÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES --

12,5 a 15,cm

B e
iê!âll;tfi1l19 Amputa ção transtibial em membros isqu êmicos. A, Moldagem de um retalho de pele anterior curto e posterior longo.
B, Sepa ração e remoção da perna distal. Massa muscular é adaptada para formar retalhos . C, Sutura do retalho de fáscia profunda e
periósteo anteriormente. (Redesenhada de Burgess EM, Zettl JH : Amputations below the knee, Artif Limbs 13 : 1, 1969.) VEJA A TÉCNICA 16-2.

•Delin eie um retalho posterior longo e um anterior curto. •Coloque um dreno de sucção profundo no retalho do
O retalho posterior deve medir 1 cm a mais do que o múscu lo e fáscia e traga-o para fora lateralmente através
diâmetro da perna ao nível da divisão do osso . da pele de 10 a 12,5 cm proxima lm ente ao final do coto;
• Molde o retalho anterior ao nível de corte planejado da se preferir, um dreno de Penrose por completo pode ser
t íbia (Fig. 16-3A). utilizado, porém é mais difíci l removê-lo.
• Everta como uma única camada com o retalho anterior, •Molde os retalhos de pele como necessário para obter o
a fáscia profunda e o periósteo sobre a superfície ante- fechamento suave, sem muita tensão . Apare quaisquer
romedial da tíbia. "orelhas de cão" com moderação; caso contrário, a cir-
• Disseque os músculos anterolaterais até o septo interm us- culação na pele pode ser perturbada.
cular, ligando e dividindo os vasos tibi ais anteriores e •Feche a pele com suturas interrompidas não absorvíveis.
nervos fibulares.
• Osteotomize a tíbia, e em um nível não superior a 0,9 a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A reabi litação em pacien-
1,3 cm proximalmente, corte a fíbula . Disseque os tecidos tes com membros isquêmicos deve ser feita com cautela
moles a partir do aspecto posterior da tíbia e fíbula distal devido ao potencial comprometim ento da cicatrização da
ao nível da divisão transversa l posterior da pele, e separe pele e às cond ições médicas que o acompanham. Esfor-
e remova o segmento distal da perna, ligando e seccio- ços pós-operatórios iniciais estão centrados na cicatriza -
nando os nervos e os vasos (Fig . 16-38). ção da pele. Após a amputação transtibia l, um curativo
•Regularize cu idadosamente o contorno da tíbia e forme macio pode ser aplicado, mas um curativo rígido é pre-
um bisei curto nos seus aspectos anterior e medial. A ferível e pode ser utilizado independentemente do fato
miodese de tensão não é recomendada neste caso. de a ambulação precoce ser prescrita. Se ambulação pro-
• Faça um corte obl íq uo na massa muscular posterior para tética precoce não é indicada, o coto pode ser moldado
formar um retalho (Fig. 16-38) e mova-o anteri ormente, com um gesso simples e bem acolchoado, que se estende
suturando-o à fáscia profunda e ao periósteo (Fig . 16-3C). proximalmente ao meio da coxa e é aplicado de forma a
• Obtenha hemostasi a meticulosa. evita r a constrição proximal do membro . Boa suspensão )
PARTE VI AMPUTAÇÕES

As vantagens da desarticulação do joelho incluem (1) a preser-


do gesso é essencial para evitar que ele escorregue distal- vação das grandes superfícies de suporte da extremidade do fêmur
)
mente e prejudique a circulação no coto. Isso pode exigir distal coberta por pele e outros tecidos moles que são naturalmente
o contorno compressivo do imobilizador na área do supra- adequados para suporte de peso, (2) a criação de um braço de alavanca
condilar, e uma faixa, correia de suspensão, ou ambos. longo, controlado por músculos fortes, e (3) a estabilidade da prótese.
O imobilizador deve ser removido em 5 a 7 dias; e se a Foram descritas técnicas para reduzir o volume do osso no fina l do
cicatrização da ferida for satisfatória, um novo curativo coto, para permitir uma prótese mais estética, enquanto ainda mantém
rígido ou prótese imobilizadora são aplicados. Se ambula- o suporte do peso, suspensão, e as características de controle de
ção protética imediata ou rápida é o que se quer, uma rotação do encaixe sobre o coto. Incisões modificadas na pele permi-
prótese provisória moldada adequadamente por um pro- tem uma maior utilização deste nível de amputação em pacientes com
tético qualificado é uma boa opção. O sucesso de reabili- isquemia. Em pacientes não deambulantes, o comprimento adicional
tação depende de múltiplas variáveis, incluindo o estado da extremidade fornece suporte adequado para sentar e se equilibrar.
cognitivo, nível funcional pré-mórbido, condição das extre- Contraturas de flexão do joelho e úlceras distais associadas comu-
midades superiores e membro inferior contralateral, e con - mente com amputações transtibiais também são evitadas.
dições médicas e neurológ icas coexistentes . Esforços de
reabilitação precoce podem ser voltados para a indepen-
dência em uma cadeira de rodas, educação de cuidados
com o coto, técnicas de cuidados da pele para evitar
DESARTICULAÇÃO DO JOELHO

------~
úlceras de decúbito, cuidados do membro inferior contra-
TÉCNICA
lateral intacto e condicionamento geral pré-protético.
A sustentação do peso no membro residual geralmente é
(BATCH, SPITTLER E MCFADDIN)
ad iada até a que cicatrização da pele tenha progredido.
Curativos rígidos no pós-operatório imediato raramente
•Medindo a partir do polo inferior da patela, crie um longo
são usados em pacientes com membros isquêmicos, devido
retalho anterior do mesmo comprimento do diâmetro do
à sua vulnerabilidade para complicações da ferida. Se uma
joelho (Fig. 16-4A).
abordagem mais agressiva for levada para o treinamento
•Inicie a medida no nível da fossa poplítea e forme um
protético, trocas mais frequentes de curativos rígidos são
retalho posterior curto de comprimento igual a metade
recome ndadas e possivelmente o uso de soquetes claros
do diâmetro do joelho. Coloque as extrem id ades latera is
para permitir o monitoramento da pele. Alguns pacientes
dos retalhos ao nível dos cônd ilos tibiais .
podem necessitar de mais avaliação médica e investigação
•Aprofunde a incisão anterior através da fáscia profunda
(p. ex., teste de estresse ca rdíaco induzido quimicamente
até os ossos e disseque o retalho anterior da tíbia e do
ou ecocardiograma ou estudos vascu lares do membro con-
músculo adjacente. Inclua no retalho a inserção do tendão
tralateral) para ava liar a tolerância para o treinamento pro-
patelar e a pata de ganso (pes anserinus) (Fig . 16-48).
tético. Um especialista em tratamento da dor pode ser
•Exponha a articulação do joelho dissecando a cápsula das
necessário para ajudar a tratar a dor do membro fantasma
margens anteriores e laterais da tíbia; disseque os ligamen-
no pós-operatório. Muitos pacientes recebem treinamento
tos cruzados e a cápsu la posterior da tíbia (Fig. 16-4C).
de reabilitação no hospital, com a terapia subsequente em
•Identifique o nervo tibial, tracione-o distal mente, e sec-
regime ambulatorial ou em uma unidade de cuidados
cione-o proximalmente, de modo que ele se retraia pro-
apropriada ou com adaptação domiciliar. A maioria dos
ximalmente ao nível da amputação (Fig . 16-40)
pacientes pode se tornar usuária bem-sucedida de próte-
• Identifique, ligue duplamente, e divida os vasos poplíteos.
ses. Os objetivos de reabilitação propostos também ditam
•Solte o tendão do bíceps da fíbula, complete a amputa-
quais os componentes protéticos seriam aprovados por
ção posteriormente, e retire a perna.
operadoras de seguros.
•Não extirpe a patela ou tente fundi-la aos côndilos do
fêmur. Não lese a cartilagem articular dos côndilos do fêmur
e da patela. Realize uma sinovectom ia apenas se especi-
DESARTICULAÇÃO DO JOELHO ficamente indicado.
•Suture o tendão patelar aos ligamentos cruzados e os
A desarticulação do joelho resulta em um coto de sustentação exce- remanescentes do músculo gastrocnêmio ao tecido na
lente. Projetos mais recentes de encaixe e mecanismos de joelho pro- fossa intercondilar (Fig. 16-40).
tético que fornecem controle da fase de balanço eliminaram muitas •Coloque um dreno de Penrose por comp leto na ferida.
das antigas queixas relativas a este nível de amputação. Embora o • Feche a fáscia profunda e os tecidos subcutâneos com
benefício da sua utilização em crianças e adultos jovens tenha sido suturas absorvíveis e as bordas da pele com suturas não
provado, o uso em idosos e em especial em pacientes com isquemia absorvíveis interrompidas (Fig. 16-4E).
é limitado nos Estados Unidos. Um estudo recente de 50 pacientes •Se não estiver disponível pele suficiente para um fechamento
com doença arterial periférica mostrou uma taxa de cicatrização de frouxo, resseque a parte posterior dos côndilos do fêmur, em
81 %. Isso é válido principalmente porque os longos retalhos necessá- vez de arriscar perder os retalhos cutâneos. Geralmente, a
rios permitem um coto mais funcional do que a amputação transtibial ferida cicatriza rapidamente, entretanto, e uma prótese per-
curta na maioria dos casos. Esses retalhos longos são sujeitos a necrose manente em geral pode ser montada em 6 a 8 semanas,
em membros isquêmicos. Um estudo mostrou que a desarticulação porque a diminuição do volume do coto não é muito comum.
do joelho não é tão eficaz em amputações pós-traumáticas, presumi- Se a ferida não cicatriza primariamente, não há motivo para
velmente devido à falta de musculatura viável na zona do ferimento. apreensão ou reamputação porque ela geralmente granula
No entanto, a desarticulação do joelho permanece em um nível viável e cura satisfatoriamente sem cirurgia adicional.
e até desejável de amputação para alguns pacientes.
CAPÍTULO 16 AM PUTAÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES &Ili

__,,,=----~-T endão

patelar
A
Perna direita
(vista medial) ~,,,;,...,;r~~--='-- Coxim
gorduroso
Ligamento
infrapatelar
cruzado anterior ~

Cabeça lateral
do músculo
gastrocnêmio --'!"==";;;i~~~~::::....-~

Tendão
patelar ------=~
-,,..~,.L-,-;;if,-------- Pata
de ganso

B
e

O!§l!;f41l1:9 Desarticula ção da articulação do joelho. A, Incisão da pele. B, Retalho anterior elevado, incluindo a inserção de tendão
patelar e pata de ganso (pes anserinus). C, Ligamentos cruzados e cápsula posterior dividida . D, Nervo tibial seccionado alto. E, Tendão
patelar suturado a ligamentos cruzados. VEJA A TÉCNICA 16-3.
ma PARTE VI AMPUTAÇÕES

Mazet e Hennessy recomenda ram um método que apresenta a • Seccione o t endão patelar no terço médio entre a pate la
ressecção dos côndilos femorais salientes mediais, laterais e poste- e a tuberosidade da tíbia.
riores para a criação de um coto de desarticulação do joelho para • Flexione o joelho e seccione os ligamentos colaterais e
que uma prótese mais cosmeticamente aceitável possa ser constru- cruzados.
ída. Com essa técnica, há maior tolerância do coto no interior do • Aumente a flexão do joelho a 90 graus, identifique e ligue
encaixe, ma is adução do coto é permitida no alinhamento da prótese, os vasos pop líteos, e isole e seccione o nervo tibial.
e a diminuição do volume do coto perm ite maior facilidade na • Solte os múscu los isquiotibiais de suas inserções, e retire
aplicação e remoção da prótese. O coto sem massa requer retalhos a perna .
menores de pele, o que pode ser benéfico para a cura de feridas em • Disseque a patela de seu tendão e descarte-o.
membros disvasculares. Esses pacientes podem usar um tipo de • Remodele os côndi los do fêmur, da segu inte forma. Dire-
prótese de sucção, que é de aplicação menos complicada que a de cione um osteótomo largo verticalmente numa direção
uma prótese trad icional de amputação acima do joelho e não requer proxima l através do côndi lo femoral media l para emerg ir
a remoção para usar o banheiro. no nível do tubérculo adutor. Comece esse corte ao longo
de uma linha que se estende da margem articular medial

._,____
anterior ao ponto médio da superfície articular distal pos-
DESARTICULAÇÃO DO JOELHO teriormente (o côndilo é mais largo posteriormente). Des-
carte a metade medial do côndilo .
TÉCNICA ____,~ • Resseque a parte lateral do côndilo femoral lateral de um
modo semelhante, começando com a junção dos dois terços
(MAZET E HENNESSY) mediais e de um terço lateral da superfície articular distal.
• Atenção direta ao aspecto posterior de ambos os côndi-
•Faça a incisão habitual "boca de peixe" na pele, fazendo los. Resseque o osso sa liente posterior por uma osteoto-
o retalho anterior mais longo e extensível a 1O cm distal- mia vertica l no plano frontal, iniciando no ponto onde os
mente ao nível da articulação do joelho e o retalho pos- côndilos começam a curvar-se acentuadamente, superior
terior mais curto e se estendendo a cerca de 2,5 cm e posteriormente.
distalmente ao mesmo nível (Fig. 16-5). • Contorne suavemente todas as proeminências ósseas
• Afaste a pele e fáscia profunda bem proximal mente aos com uma lima, mas não lese a cartilagem articular
côndi los do fêmur. remanescente. Nesse ponto, cada côndi lo tem uma área

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remodelagem
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cutânea cutânea
........""""""'- Anterior

A B

H@ii;J41ID Desarticula ção do joelho segundo Mazet e Hennessy. A, Vista anteri or. B, Vista latera l. (Redesenhada d: Mazet R Jr,
Hennessy CA: Knee disarticulation: a new technique and a new knee-joint mechanism, J Bane Joint Surg 48A: 126, 1966.) VEJA A TECNICA 16-4.
CAPÍTULO 16 AMPUTAÇÕES DOS MEMBROS INFER IORES

relativamente ampla de sustentação de peso, enquanto • Seccione o tendão patelar em sua inserção, e desinsira os
o lado que se projeta e a face posterior foram removidos tendões isquiotibiais mediais e laterais em suas inserções.
de cada um e o osso remanescente é suavemente arre- •Seccione os ligamentos co laterais e os ligamentos
dondado. cruzados .
•Suture o tendão patelar aos isquiotibiais na fossa inter- •Incise a cápsula articular posterior e exponha os vasos
condilar sob leve tensão. Insira drenas em cada extremi- poplíteos, ligue-os duplamente, e seccione-os. Identifique
dade da ferida, e feche a fáscia profunda e a pele em e seccione em um corte único e transversa l os nervos
camadas separadas. f ibu lar e tibial, de modo que se retraiam proximalmente
à extremidade do coto.
•Solte as origens dos gastrocnêm ios do fêmur distal, e
resseque todo o restante dos tecidos moles.
DESARTICULAÇÃO DO JOELHO •Suture o tendão patelar e os tendões isquiotibia is uns aos
outros e aos ligamentos cruzados na fossa intercondilar.

--"'-----~
TÉCNICA •Aproxime as bordas da pele com suturas não absorvíveis
interrompidas.
(KJ0B LE)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se desejável, um curativo
• Com o paciente em decúbito ventral na mesa de operação, macio pode ser aplicado e pode ser instituído o tratamento
delineie um retalho latera l que é metade do diãmetro pós-operatório convenciona l como descrito anteriormente
anteroposterior do joelho, em comprimento, e um retalho (Cap. 14). O tratamento preferível é aplicar um curativo
medial que é de 2 a 3 cm mais longo para permitir uma rígido ou prótese provisória com ou sem carga precoce. Se
cobertura adequada do cõndilo femora l medial, que é a carga não for desejada, o curativo rígido deve consistir
maior (Fig . 16-6). Através da construção de retalhos medial apenas em um molde adequadamente almofadado que se
e latera l mais curtos, essa técnica proporciona cicatrização estende para a região inguina l e é firmemente suspenso
mais frequente em membros isquêmicos do que as técni- pelo contorno bem moldado da área supracondi lar ou por
cas que utilizam reta lhos anteriores posteriores longos. um cinto, correia de suspensão, ou ambos. Se a carga for
•Comece a incisão distal ao polo inferior da patela, e desejada, a prótese provisória deve ser moldada por um
estenda-a distalmente à tuberosidade da tíbia, curvando-se, protético qualificado. O cuidado pós-operatório é seme-
a partir deste ponto, mediaimente para o retalho medial lhante ao descrito após a amputação transfemoral (veja
e latera lmente para o lateral. seção sobre amputações transfemora is).
•Conduza as duas incisões posteriormente para se encon-
trarem na linha média do membro, em um ponto a 2,5
cm proximalmente à linha articu lar.
•Aprofunde as incisões através do tecido subcutâneo e
AMPUTAÇÕES TRANSFEMORAIS
fáscia até o osso. (ACIMA DO JOELHO)
Os níveis de amputação acima do joelho podem ser classificados
como transfemoral curto, transfemoral medial, transfemoral longo
e supracondilar (Fig. 16-7). A amputação através da coxa é a segunda
em frequência, perdendo apenas para a amputação transtibiaL Nesse
procedimento, a articulação do joelho do paciente é perdida, por
isso é extremamente importante que o coto seja tão longo quanto
possível para proporcionar um braço de alavanca forte para o
controle da prótese. A articulação convencional do joelho, usada na
maioria das próteses transfemorais, se estende de 9 a 10 cm de dis-
tância da extremidade do encaixe da prótese. Da mesma forma, o
osso tem de ser seccionado nessa distância proximal ao joelho para
permitir espaço para a articulação protética. Quando o nível de
amputação é mais distal que isso, a articulação do joelho da prótese
é mais distante do que o joelho do membro oposto, o que é esteti-
camente indesejável, e é especialmente evidente quando o paciente
está sentado. Cotos de amputação muito curtos, com menos que 5
cm distalmente ao trocânter menor, apresentam função da marcha
com prótese semelhante às desarticulações de quadril.
Nos membros não isquêmicos, a estabilização muscular pela
miodese ou mioplastia é importante na construção de um coto de
amputação forte e resistente. Gottschalk apontou que, na ausência
de miodese do adutor magno, a maioria das amputações transfemo-
rais resulta na perda de pelo menos 70% do poder de adução. A
maioria das amputações, mesmo no nível transfemoral, é feita por
mriiJjHU!19 Desarticu lação do joe lho segundo Kj0b le, com causa de problemas de isquemia, e a miodese não deverá ser tentada
reta lhos de pe le media l e latera l. VEJA A TÉCNICA 16-5. porque um fornecimento vascular limitado pode ser comprometido
- PARTE VI AMP UTAÇÕES

• Aprofu nde as incisões na pele através do tecido subcutâ-


neo e fáscia profunda, e afaste os retalhos proximais ao
nível do corte ósseo.
• Seccione o músculo quadríceps e suas fáscias sobrepostas
ao lon go da linha da in cisão anterior, e afaste-a proximal-
mente ao nível do corte ósseo pretendido como um
reta lho miofascial.
•I dentifique a artéri a e a veia femo ral no cana l femora l
no lado medial da coxa ao nível da secção do osso,
ligue-as individualmente e seccione-as. Corte o periós-
teo do fêmur circunferencialmente, e osteotomize o
osso com uma serra imediatamente dista l à incisão do
perióst eo.
• Com uma lima afiada, regu larize as arestas do osso e
ap laine o aspecto anterolateral do fêmur para reduz ir as
pressões da unidade entre o osso e os tecid os moles
sob rejacentes.
•Id entifiqu e o nervo ciático logo aba ixo dos múscu los
isqu iotibi ais, ligue-o proxima lmente à extremidade do
osso, e seccione-o dista l à ligadura.
• Seccione os músculos posteriores transversalmente de
modo que as suas extremidades se retraiam para o nível
de corte de osso, e remova a perna (Fig . 16-88).
• Isole e corte todos os nervos cutâneos, de modo que seu
coto proximal se retraia. Irrigue a ferida com uma solução
sa lina para remover todo o pó de osso.
• Através de vários pequenos orifícios perfu rados distal -
mente no fêm ur, reinsira os músculos adutores e isquio-
tibiais ao osso com sutu ras não absorvíveis o u absorvíveis
O!rii@Him Níveis de amputações transfemorai s. (Fig. 16-8C). Os músculos devem ser f ixados sob leve
tensão .
• Neste ponto, libere o torniquete e realize hemostasia
meticulosa mente.
mais ad iante. Porém, a estabilização do músculo com a mioplastia é • Transponha o quadríceps sobre a extrem idade do osso, e
desejável no membro isquêmico, para diminuir o desvio anterolate- suture sua fásc ia à fáscia posterior da coxa, ressecando
ral da extremidade do osso seccionado, que ocorre muitas vezes. qua lquer excesso de músculo ou fáscia para permitir uma
aproximação li mpa e confortável.
•I nsira dreno de sucção sob o retalho do músculo e fáscia
profunda, e leve-os para fora através da face latera l da
AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL coxa de 1O a 12,5 cm proximal mente ao fina l do coto.
(ACIMA DO JOELHO) DE MEMBROS • Aproxime as bordas da pele com pontos separados de
NÃO ISQUÊMICOS materia l não absorvível.

--"'-----~
TÉCNICA
• Posicione o paciente em decúbito dorsal na mesa de
operação e real ize a cirurgia usando torn iquete .
• Começando proxim al ao nível previsto do corte ósseo,
delineie retalhos de pele anteriores e posteriores simétri-
cos. O comprimento de cada reta lho deve ser, pelo AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL
menos, metade do diãmetro anteroposterior da coxa, a (ACIMA DO JOELHO) DE MEMBROS
este nível. Retalhos atípicos sempre são preferidos à NÃO ISQUÊMICOS
amputação em um nível superior.

----~--~
• Crie o retalho anterior com uma incisão que começa no TÉCNICA
ponto médio na face medial da coxa ao nível da secção
óssea antecipada. A incisão forma uma curva suave distal (GOTTSCHALK)
e lateralmente, atravessando o aspecto anterior da coxa
ao nível determinado conforme mencionado, e se curva • Coloque o paciente em decúbito dorsal com um coxim
proxima lmente para terminar na face lateral da coxa sob a nádega do lado afetado .
oposta ao ponto de partida (Fig. 16-8A). • Disseque retalhos de pele usando uma aba longa medial
• Forme o reta lho posterior de modo semelhante. no plano sag ital quando possível.
CAPÍTULO 16 AMP UTAÇÕES DOS MEMBROS INFER IORES --

Níve l de
amp,tação \

B e
O[dihHII!llt Amputação através de terço médio da coxa. A, Incisão e níve l ósseo. B, Retalho miofascial formado a partir do músculo
quadríceps e fáscia . C, Músculos adut or e isq uiotibial ligados à extremidade do fêmur através de orifícios perfurados no osso . VEJA A
TÉCNICA 16-6.

• Retire o quadríceps proximal à patela, mantendo parte de


seu tend ão.
• Afaste o vasto medial para fora do septo intermuscu lar.
• Desinsira o adutor magno do tubérculo adutor, e afaste-o
mediaimente para expor o fêmur. Identifique e li gue os
vasos femorais no canal de Hunter.
•D ivida o grácil, sartório, semimembranoso e semitendí-
neo de 2,5 a 5 cm abaixo do corte pretendido do osso.
• Osteotomize o fêmur 12 cm acima da articulação do
joelho .
• Faça orifícios nos aspectos latera l, anterior e posterior do
fêmur, 1,5 cm da sua extrem idade distal.
• Segure o fêmur em adução máxima e suture o adutor
magno ao seu aspect o lateral usando furos anteriorm ente
perfurados (Fig . 16-9). Além disso, coloque sutu ras ante-
rior e posteriormente para evitar o seu deslizame nto para
trás ou para a frente.
• Suture o quadríceps ao fêmur posterior passa ndo-o sobre
o adutor magno, mantendo o quadril em extensão. O[dll;@ ~ Fi xação do adutor mag no ao fêmur lateral.
• Suture os músculos posteriores restantes no aspecto pos- (Redesenhada de Gottschalk F: Transfemoral amputations. ln Bowker
terior do adutor magno. Feche a fáscia investida e a pele, JH, Michael JW, editors: Atlas of limb prosthetics.· surgical, prosthetic,
e aplique um curativo macio. and rehabilitation principies, ed 2, St. Louis, 1992, Mosby.) VEJA A
TÉCNICA 16-7.
- PARTE VI AMP UTAÇÕ ES

devem estar cientes dos riscos envolvidos com um pro-


AMPUTAÇÕES TRANSFEMORAIS grama de reabil itação fis icamente exigente. Mu itos
(ACIMA DO JOELHO) DE MEMBROS amputados transfemorais com doença vascu lar nu nca
ISQUÊMICOS usam uma prótese de forma consistente. Os pacientes
com amputações transfemorais bil aterais frequentemente

--------'~
TÉCNICA optam pelo uso de uma cadeira de rodas porque é ma is
rápido, e o consumo de oxigên io é de quatro a sete vezes
•Posicione o paciente em decúbito dorsal na mesa de maior usando próteses transfemora is bilaterais. Os
operação, e não use um torn iquete. pacientes mais jovens podem experimentar um progresso
• Esboce retalhos cutãneos anteriores e posteriores iguais, ma is rápido, conforme discutido no tópico sobre cuidados
começando proximalmente ao nível pretendido de corte pós-operatórios transtibiais.
ósseo. O comprimento de cada retalho deve ser, pelo menos, Um curativo macio é adequado inicia lmente para
metade do diâmetro anteroposterior da coxa a este nível. pacientes disvascu lares idosos, enquanto cu rativos rígidos
• Aprofunde as incisões através do tecido subcutâneo e fáscia pós-operatórios imed iatos e suporte de peso com um
profunda, e afaste o retalho posterior ao nível do corte ósseo. pilão bloqueando o joelho são apropriados em pacientes
• Não afaste o reta lho anterior; em vez disso, seccione o mais jovens. Os pacientes f icam mais confortáveis se a
múscu lo quadríceps e suas fáscias sobrepostas ao longo sustentação de peso é adiada até que as suturas ou
da linha da incisão anterior na pele e afaste todo o retalho grampos sejam removidos. Posteriormente, a ambulação
miocutâneo ao nível de secção óssea planejada. Identifi- pode ser progred ida com um joelho desb loqueado e com
que, ligue individualmente e seccione transversalmente a menos apoio na extremidade superior. Para a prótese
artéria e veia femora is no cana l femoral. definitiva, uma variedade de opções de próteses de joelho
•Faça uma incisão no periósteo do fêmur circunferencial- está disponível, as qua is são mais leves e acomodam
mente e osteotomize o osso com uma serra dista l à cadências de marcha constante ou variável e proporcio-
incisão do periósteo. nam uma boa estabilidade durante o apoio do peso.
• Regu larize suavemente as extrem idades do osso e
ap laine o aspecto anterolateral do fêmur para reduzir as
pressões da un idade entre o osso e os tecidos mo les
REFERENCIAS
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• Identifique o nervo ciático, ligue-o proxima l à extremidade
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DESARTICULAÇÃO DO HEMIPELVECTOMIA 653
QUADRIL 651

A desarticulação do quadril e as várias formas de hem ipelvectomia 8 cm dista l à base do trocânte r maior. A partir desse
são realizadas mais frequentemente para o tratamento de tumores. As ponto, curve a incisão proxima lmente para jun tá- la ao
dimensões da amputação variam de acordo com as necessidades in ício da inc isão imed iata mente infe ri or à espi nh a ilíaca
oncológicas, e os retalhos não convencionais muitas vezes são neces-
anterossuperior.
sários. Apesar de próteses satisfatórias estarem disponíveis, poucos • Destaque o músculo sartório da espinha ilíaca anterossupe-
pacientes as consideram úteis. Para os pacientes com amputação de rior e o reto femoral da espinha ilíaca anteroinferior e afas-
nível alto, o gasto energético para usar uma prótese foi estimado em te-os distalmente.
200% da deambulação normal; locomoção por cadeira de rodas é mais • Divida o pectíneo em aproximadamente 0,6 cm do púbis.
rápida e requer menos gasto de energia; no entanto, especialmente em • Rode a coxa externamente para trazer o trocânter menor
pacientes mais jovens, a capacidade de andar com prótese, mesmo e o tendão iliopsoas à vista; seccione o últi mo em sua
para distâncias curtas, pode ser benéfica para a saúde física e me ntal. inserção e afaste-o proxima lmente.
• Destaque os múscu los adutor e grácil do púb is e seccione
na sua orige m a parte do adutor magno que se origina
DESARTICULAÇÃO DO QUADRIL a pa rtir do ísqui o.
• Desenvolva o plano muscu lar entre o pectíneo e obtu-
A desarticu lação do quadril ocasionalmente é indicada após trauma rador externo e rotadores externos curtos do quadri l
grave, por insuficiência arterial, por infecções graves, para úlceras de para expor os ramos da artéria obturatória. Pi nce, ligue
decúbito extensas, ou para certas deficiências congênitas dos membros. e divida os ramos nesse momento. Ma is tarde, na ope-
Na maioria das vezes, no entanto, a desarticulação do quadril é neces- ração, o músculo obturador externo é dividido na sua
sária para o tratamento de sarcomas ósseos ou de tecidos moles do inserção no fêmur, e não na sua origem na pelve, porque
fêmur ou coxa que não podem ser ressecados adequadamente por caso contrário a artéria obturatória pode ser seccionada
métodos de preservação do membro. A desarticulação do quadril e retrair para dentro da pelve, levando a uma hemorra-
corresponde a 0,5% das amputações dos membros inferiores. As taxas gia que pode ser de difíci l de controle.
de mortalidade variam de 0% a 44%. Os linfonodos inguinais e ilíacos • Rode a coxa intern amente e destaque os glúteos méd io
não são rotineiramente removidos com a desarticulação do quadri l. e mínimo das suas inserções no trocâ nter maior e afaste-os
O método anatômico de Boyd e o método de reta.lho posterior de os proxima lmente.
Sloc um estão descritos aqui; no entanto, as modificações frequente- • Separe a fáscia lata e as f ibras mais distais do múscu lo glúteo
mente são necessárias com base na localização da patologia. máximo, dista lmente à inserção do múscu lo t enso r da
fáscia lat a na li nha da incisão da pe le, e separe o tendão
DESARTICULAÇÃO ANATÔMICA DO do glúteo máximo de sua inserção na li nha áspe ra. Afaste
essa massa mu scu lar de modo proximal.
QUADRIL • Identifique, ligue e seccione o nervo ciático.
TÉCNICA
(BOYD)
mm ~ • Desinsira os rotadores externos cu rtos do quadril (i.e ., o
piriforme, os gêmeos, o obturador interno, o obturador
externo, e o quad rado femora l) nas suas inserções no
fêm ur, e seccione os músculos isq uiotibiais da tuberosi-
• Com o paciente na posição de decúb ito lateral, f aça dade isqu iática.
uma incisão em forma de raquete anterior (Fi g. 17-1 A), • Faça uma incisão na cápsula de articulação do quadri l e
começando a incisão na espinha ilíaca anterossuperior no ligamento redondo para completar a desarticu lação
e curvando -a de modo distal e medial, quase para lela (Fig. 17- 18)
com o ligamento inguinal, para um ponto na face • Leve o retalho do glúteo anteriormente e suture a parte
medial da coxa 5 cm dista l à origem dos músculos distal dos múscu los do glúteo para a origem do pectíneo
adutores. Isole e ligue a artéria e ve ia femoral, seccione e dos múscu los adutores.
o nervo femoral; continue a incisão em torno da face • Co loque um dreno na parte infe rior da incisão e apro-
posterior da coxa, cerca de 5 cm distal à tuberosidade xime as bo rdas da pe le com suturas inabsorvíve is sepa-
isqu iática e ao longo da face latera l da coxa, ce rca de radas.

651
11111» PARTE VI AMPUTAÇÕES

Músculo tensor
da fáscia lata ----.~
Nervo, artéria
Músculo e veia femoral
glúteo médio
Músculo
glúteo máximo
Músculo
vasto lateral

Músculo
reto femoral ---+---.,,,..,...

Músculo
sartório ----..;~---~ 1JI';.
A

Inserção do músculo
glúteo máximo
Músculos
glúteos médio
e mínimo------..,-'---~~~~
1';§""":;:.--Músculo
vasto lateral
Músculo
pi riforme -----f~-1'?:7""""'7-7'"*~ Músculos
Rotadores adulares
externos curtos --i'--=
Músculo
glúteo
máximo ~=----
Nervo ciático _ __.,,__ _---"'

semi membranáceo
Músculo
obturador externo

iã!ijii;t.)Ef1:9 A desarticulação Boyd do quadril. A, Vasos femorais e nervo foram ligados, e os músculos sartório, reto femoral, pectíneo
e iliopsoas foram destacados. Detalhe, Linha de incisão da pele. B, Os músculos glúteos foram separados das inserções, o nervo ciático e
os rotatores externos curtos foram divididos, e os músculos isquiotibiais foram destacados da tuberosidade isquiática . Detalhe, Fechamento
final do coto. (Redesen hada de Boyd HB : Anatomic disarticu lation of the hip, Surg Gynecol Obstet 84:346, 1947 .) VEJA A TÉCNICA 17-1.
CAPÍTULO 17 AMPUTAÇÕES DO QUADRIL E DA PELVE

revisão de 160 hem ipelvectomias externas, Senchenkov et ai. relata-


RETALHO POSTERIOR ram uma taxa de morbidade de 54%, incluindo lesões intraopera-

-------~
tóri as geniturin árias (18%) e gas trointestinais (3%). As complicações
TÉCNICA da ferida foram as complicações mais com uns no pós-operatório,
inclu indo infecção e necrose do retalho. Os pacientes com retalho
(SLOCUM) posterior, que tiveram ligadura dos vasos ilíacos com uns, foram 2,7
vezes mais propensos a ter necrose do retalho do que aqueles pacien-
• Comece a incisão ao nível do li gamento inguinal, leve-a tes que tiveram ligadura dos vasos ilíacos externos. O apoio emo-
dista l mente sobre a artéria femoral por 1O cm, curve-a cional e psicológico é parte importante da reabilitação. Apesar de
ao longo da face medial da coxa, continue lateral e pro- boas próteses estarem disponíveis para pacientes após a hemipelvec-
xima lmente sobre o trocânter ma ior, e gire-a anterior- tomia, poucos as consideram úteis. As técnicas para a hemipelvec-
mente pa ra o ponto inicia l. Um retalho posteromed ial tomia co nve ncional, retalho anterior e hemipelvectomia interna
longo o suficiente para cobrir a extrem idade do coto é estão descritas.
formado.
•Isole, li gue e seccione os vasos fem ora is, seccione o nervo
femora l para cair bem proxima l ao ligamento inguinal.
• Abduza acentuadamente a coxa e divida os múscu los HEMIPELVECTOMIA CONVENCIONAL
adutores nas suas origens púbicas.

--------'~
• Seccione os dois ramos do nervo obturatório de modo
TÉCNICA
que eles retraiam para longe das áreas de pressão.
• Libere as origens do sartório e reto femoral das espinhas •Insira um cateter de Foley. Coloque o paciente em posição
ilíacas anterossuperior e anteroinferior. Realize moderada- de decúbito latera l com o lado comprometido para cima.
mente a adução e rode internamente a coxa, divi dindo o Mantenha o pacie nte de tal modo que a mesa possa ser
tensor da fáscia lata ao nível da extremidade proxima l do inclinada para fac ilitar a dissecção anterior e posterior.
trocânter maior; ao mesmo nível, divida junto do osso os •Realize primeiramente a dissecção anterior, fazendo uma
músculos inseridos no trocânter. Em segu ida, faça a abdução incisão que se estenda de 5 cm acima da espinha ilíaca
da coxa acentuadamente e divida o glúteo máximo na extre- anterossuperi or para o tubérculo púbico (Fi g. 17-2A).
midade distal do retalh o de pele posterior. Aprofunde a incisão através do tensor da fáscia lata, da
•Identifique, ligue, e seccione o nervo ciático. aponeurose do oblíquo externo e dos músculos oblíquo
• Divida a cápsula da articulação e complete a desarticulação. interno e transverso.
•Rode o longo reta lho posteromed ial que contém o glúteo •Afaste o cordão esperm ático mediaimente.
máximo anteriormente e suture-o nas margens anteriores • Exponha a fossa il íaca por dissecção romba.
da incisão. • El eve o peritôn io parietal sepa rand o-o dos vasos ilíacos e
permita que ele ca ia inferiormente com a víscera.
•Ligue os vasos epigástricos inferi ores.
•Libere o músculo reto e corte a partir do púb is.
HEMIPELVECTOMIA •Identifique os vasos il íacos, afaste o ureter mediaimente, e
ligue a veia e artéri a ilíaca comum. Tracione latera lmente
A hemipelvectomia muitas vezes é realizada para tumores que não na veia e artéria ilíaca, ligue seus ramos para o sacro, reto
podem ser adequadamente ressecados por técnicas de preservação e bexiga, separando o reto e a bexiga da parede lateral
do membro ou desa rticulação do quadril. O utras indicações para pélvica e expondo as raízes nervosas sacras (Fig . 17-28 e
hemipel vectomia incluem in fecção que ameaça a vida e insuficiência C). Se necessá rio para a exposição, divida a sínfise púbica
arterial. Chan et ai. relataram a hemipelvec tomia para úlceras de e articulação sacroi líaca antes dessa dissecção.
decúbito em pacientes com lesão medular. Em contraste com a • Tampone a ferida anterior com compressas quentes e úmidas.
desarticulação do quadril, todos os tipos de hemipelvectomia resse- • Faça uma incisão posterior na pele, estendendo-a 5 cm
cam os linfonodos inguinais e ilíacos. acima da espinha ilíaca anterossuperior, correndo sobre a
A hemipelvec tomia não convencional inclui um retalho poste- face anteri or do t rocânter maior, em pa ralelo com a prega
rior ou glúteo, e desarticula a sínfise púbica e articulação sacroilíaca glútea posteriormente em torno da coxa, unindo-a com a
e o membro ipsolateral. Uma hemipelvectomia ampliada inclui res- extrem idade inferior da incisão anterior (Fig. 17-2A) .
secção das estruturas musculoesqueléticas adjacentes, como o sacro •Leva nte o reta lh o posterior, dissecando a fáscia glútea
ou partes da coluna lombar. Em uma hemipelvectomia interna, a diretamente, separando-a do glúteo máximo. Inclua a
secção óssea divide o ílio acima do acetábulo, preservando a crista fásc ia com o retalho. Se possível, inclua a parte medial
do ílio. A hemipelvectomia interna é um a ressecção de preservação do glúteo máximo com o reta lho. Superiorme nte, eleve
do membro, muitas vezes obtendo margens proximal e medial iguais o retalho separando-o da crista ilíaca.
à amputação correspondente. Esse procedimento é discutido no •Divida o obl íquo externo, eretores da espi nha, Iatíssimo
Capítul o 24. do dorso e quadrado lombar da crista do íli o.
Todos os tipos de hemipelvectomia são procedimentos extre- •Afaste o glúteo máximo do ligamento sacrotubera l, cóccix
mamente invasivos e mutiladores. Eles exigem a otimização do e sacro (Fig. 17-2D).
estado nutricional do paciente, preparação pa ra a transfusão sanguí- •Divida o músculo iliopsoas, os nervos genitofemoral,
nea e monitoramento adequado durante a cirurgia. Muitos pacientes obturador e femoral e o tronco nervoso lombossacral ao
têm dor fantasma significativa no pós-operatório inicial. A necrose
do retalho e dos tecidos moles é uma complicação comum. Na sua
nível da cri sta ilíaca.
)
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

Artéria iliolombar
Artéria sacra lateral

---Reto

iifil;iii~~~---t Artéria
vesical
inferior
- -==-- Bexiga

A Sínfise púbica Artéria


vesical
Artéria superior
epigástrica
inferior Artéria
obturatória
Veia ilíaca Músculos B

Músculo glúteo
máximo transeccionado

Artéria
ilíaca
externa ,---=~~~ ---...

e interna

Espinha il íaca
D posteroinferior

_,__,_~-:'---~-Extremidades
cortadas das
raízes sacras

E F

O!iji!aj ~ Hemipelvectomia convencional. A, Incisão . B e C, Transecção das artérias ilíacas e secção dos vasos ilíacos internos. D,
Liberação da crista ilíaca e glúteo má ximo . E, Divisão da sínfise púbica. F, Divisão dos músculos da pelve. VEJA A TÉCNICA 17-3.
CAPÍTULO 17 AM PUTAÇÕ ES DO QUADRIL E DA PELVE cm
•Faça a abdução do quadril, colocando tensão nos tecidos glúteo máximo do cóccix e ligamento sacrotuberal (Fig.
)
moles em torno da sínfise púbica. Passe um clampe longo 17-3B). Reali ze a dissecção romba lateralmente ao reto
de ãngulo reto em torno da sínfise e divida-a com um para dentro da fossa isqu iorreta l.
bisturi (Fig. 17-2E) • Mova-se para a frente do paciente e aprofunde a incisão
• Seccione as raízes do nervo sacras, preservando os nervos anterior na junção dos terços médio e dista l da coxa através
esplãncnicos pélvicos se possível. Afaste o músculo ilíaco late- do quadríceps até o fêmur. Co ntinue a dissecção lateral-
ralm ente, expondo a face anterior da articulação sacroilíaca. mente a partir desse ponto em uma direção cefá lica para
•Divid a a articula ção anteriormente com um bisturi ou a espin ha anterossuperior, seccionando o vasto lateral do
osteótomo e divida o ligamento iliolombar. fê mur e sepa rando o tensor da fáscia lata da sua fáscia de
• Coloque tração considerável sobre a extremidade, sepa- ta l forma que esteja incluído na amostra (Fig . 17-3C).
rando a parede lateral pélvica da víscera. Prosseguindo de •In icie a dissecção medial no cana l de Hunter e ligue os
anterior para posterior, seccione a partir da parede lateral vasos femorais superficiais. Siga os vasos superiormente
pélvica: diafragma urogenital, isquiococcígeo, iliococcí- até o ligamento inguina l, dividindo e ligando vários
geo, pubococcígeo, piriforme, ligamento sacrotuberal e pequenos ramos aos múscu los adutores .
ligamentos sacroespinais (Fig . 17-2F). Todas essas estru- •Tracione o retalho miocutâneo para ci ma e destaque o
turas devem ser divididas sob tensão. Mova a extremi- vasto medial e interméd io do fêmu r.
dade anteriormente e divida a face posterior da articulação •Ligue os vasos femorais profundos na sua origem a pa rtir
sacroilíaca para completar a dissecção. da veia e artéria femoral co mum .
• Coloq ue os drenos de sucção na ferida e faça a sutura da • Separe o reta lho miocutâneo da pelve, li berando os mús-
fáscia glútea com a fáscia da parede abdominal. Feche a pele. cu los abdom inais da cri sta il íaca, o sa rtório da espinha
anterossuperior, o reto femoral da espinha anteroinferior
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenos e cat eter de e o reto abdominal do púbis (Fig. 17-3D).
Foley devem ser deixados por vários dias. Não deve ser • Afaste o retalho media imente e disseque ao longo do nervo
exercida pressão no retalho posterior por vá rios dias. femoral para dentro da pelve para expor os vasos ilíacos.
•Divida a sínfise púbica enquanto protege a bexiga e a
uretra.
HEMIPELVECTOMIA DO • Li gue os vasos ilíacos internos a partir da sua origem nos
RETALHO ANTERIOR ilíacos com uns. Ao tracionar mediaimente a bexiga e o
reto, divida os ramos viscera is dos vasos ilíacos internos.
A hemipelvectomia do retalho anterior é indicada para Divida o múscu lo psoas, quando ele se junta ao ilíaco, e
lesões na nádega ou coxa proxima l posterio r que não divida o nervo obturatório subjacente, mas proteja o nervo
podem ser adequadamente tratadas por métodos de pre- femo ral que vai para dentro do retalho. Divida o nervo
servação do membro. O defeito posterior maior é coberto lombossacral e as ra ízes do nervosas sacras (Fig. 17-3E).
por um retal ho miocutâneo do quadríceps ma ntido pela • Coloque a tração sob re o diafragma pélvico, elevan do a
artéria femora l superficial. extrem idade, e divida o diafragma urogenital, elevador

------~
do ânus, e piriforme perto da pelve.
TÉCNICA •D ivida a articulação sacroi líaca e o ligamento iliolombar
• Insira um cateter de Foley. Coloque o paciente na posição
e remova a parte am putada.
• Vire o retalh o do quadríceps cobrindo o defeito posterior
de decúbito lateral com o lado operado para cima, e man-
e fec he a feri da sobre drenos de sucção, suturando o
tenha o paciente na mesa de modo que ela possa ser
quadríceps à parede abdom inal , aos eretores da espinha,
inclinada para faci litar as dissecções anterior e posterior.
ao sacro e ao diafragma pélvico.
Prepare a pele desde os dedos até as costelas, deixando a
extrem idade livre. Marque a incisão na pele de tal modo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente pode deam-
que o comprimento e larg ura do retalho ant erior cubra
bu lar quando o conforto e a estab il idade permitirem. Os
adequadamente o defeito posterior que deve ser criado
drenos e cat eter de Foley devem ser deixados no loca l por
(Fig. 17-3A).
vá rios dias. A necrose da pele é muito menos frequente
•Faça uma incisão superi ormente à crista ilíaca a partir de
do que com o reta lho posterior clássico .
seu ponto médio-lateral, em torno da nádega imediata-
mente lateral ao ânus, e para o ponto médio-medial da
coxa. Continue a incisão dista lmente na coxa até uma
distância adeq uada para cobrir o defeito posterior, a
região anterior da coxa até o ponto médio-lateral e supe-
riormente para juntar a incisão superior.
HEMIPELVECTOMIA INTERNA
• Realize primeiramente a dissecção posterior. Preserve uma A hemipelvectomia interna é indicada para tumores em
margem de pele de 3 cm do ânus. Destaque o glúteo torno da coxa proximal e quadril que não podem ser res-
máximo e eretores da espinha do sacro. Destaqu e o secados adeq uadame nte por meio de técnicas de preser-
músculo obl íquo externo, eretores da espinha, Iatíssimo va ção do memb ro e não necessita m de desa rti culação
do dorso e quadrado lombar da crista ilíaca. sacroi líaca para margen s proximais satisfatórias . A opera-
•Flexione o quadril e coloque sob ten são os tecidos na ção é uma amputação sup ra-acetabu lar que divide o ílio
reg ião da prega glútea. Destaque as origens restantes do através da incisura isq uiática ma ior. )
PARTE VI AMPUTAÇÕES

~ •Divida o íli o através da incisura isquiática maior da


"--~~~~~~~____.~ seguinte forma: realize a dissecção romba do músculo
) •Insirau~ cateter de Foley. Coloque o paciente na posição iliopsoas da parede medial do ílio passando um dedo
de decub1to lateral com o lado operado para cima e desde a espinha anterossuperior até a incisura isquiática
mantenha o paciente na mesa de modo que ela possa maior. De modo seme lhante, disseque os músculos
ser inclinada para qualquer lado. glúteos da face latera l do ílio. Passe uma serra de Gigli
•Inicie a incisão de 1 a 2 cm acima da espinha ilíaca ante- através da incisura isquiática maior abaixo da origem do
rossuperior e continue posterior e lateralmente cruzando glúteo mínimo e divida o ílio (Fig. 17-4C).
do trocânter maior para a prega glútea. Acompanhe a •Agora a extremidade pode ser posicionada para colocar
prega glútea até a coxa medial posteriormente. Comece vários grupos de músculo sob tensão de modo que eles
com uma segunda incisão a partir da primeira incisão 5 cm possam ser divididos nos níveis apropriados juntamente com
abaixo do ponto inicial e continue até um pouco acima e os nervos femoral, obturatório e ciático. Deve-se tomar
paralelo ao ligamento inguinal para o tubérculo púbico. cuidado para dividir os diafragmas urogenital e pélvico nas
Leve a incisão posteriormente cruzando a coxa na face suas fi xações pélvicas, protegendo a bexiga e reto.
medial para unir-se com a primeira incisão (Fig. 17-4A). • Feche a ferida sobre os drenas de sucção.
•Realize primeiramente a dissecção anterior. Divida os
músculos da parede abdomina l, expondo o peritônio. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenas e cateter de
•Disseque rombamente o espaço retroperitoneal expondo Foley são deixados no local por vários dias. Não deve
os vasos ilíacos (Fig. 17-48) ser exercida pressão no retalho posterior por vários dias
•Divida a sínfise púbica, protegendo a bexiga e uretra. após a cirurgia.

Incisão posterior
Incisão anterior na pele
na pele
1
1

Local da
biópsia prévia----,~-

Músculo sartório

Músculo glúteo
máximo (inserções
B sacras divididas) e
iâ!ijil;ljilfl9 Hemipelvectomia de retalho anterior. A, Incisões anterior e posterior. B, Destaque das origens do glúteo máximo do
cóccix e ligamento sacrotuberal. C, Seccionando o vaso lateral do fêmur e separando o tensor da fáscia lata da fáscia.
CAPÍTULO 17 AMPUTAÇÕES DO QUADRIL E DA PELVE

Retalho
miocutâneo

Artéria
femoral
superficial -;~"===-~="'~
Músculo reto abdominal

Artéria femoral
profunda ligada
D

Artéria ilíaca externa

Artéria ilíaca
comum
Artéria ilíaca
interna _ ___,_""""~

Artéria femoral profunda


Artéria femoral superficial
-::- ;e:;;;=?--- - Retalho miocutâneo

O!§il;ij lfji3•11!M D, Separação do retalho miocutâneo. E, Transecção dos vasos ilíacos internos e seus ramos. VEJA A TÉCNICA 17-4.
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

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Sherman CD Jr, Duthie RB: Modifi ed hemipelvectomy, Cancer 13:51,
1960.) VEJA A TÉCNICA 17-5.
AMPUTAÇÕES DA MÃO 659 DESARTICULAÇÃO DO AMPUTAÇÕES DO OMBRO 664
AMPUTAÇÕES DO PUNHO 659 COTOVELO 662 AMPUTAÇÃO DO
AMPUTAÇÕES DO ANTEBRAÇO AMPUTAÇÕES DO BRAÇO QUARTO DIANTEIRO 667
(TRANSRADIAIS) 660 (TRANSUMERAIS) 663

As amputações devem ser consideradas o início da reabilitação. As AMPUTAÇÕES DA MÃO


principais amputações da extremidade superior (diferentes das ampu-
tações digitais) são responsáveis por 3% a 15% de todas as amputações As amputações da mão são discutidas no Capítulo 19.
e são aproximadamente 20 vezes menos comuns que as amputações da
extremidade inferior. O trauma é o motivo mai s comum para ampu-
tações da extremidade superior, exceto para desar ticulação do AMPUTAÇÕES DO PUNHO
ombro e amputações do quarto dianteiro, para as quais os tumores
malignos são as principais razões. Geralmente, todo comprimento Sempre qu e po ssível, a amputação tran sca rpal ou des ar ticulação
possível deve ser preservado nas amputações d a extremidade supe- do punho é d e finiti va mente preferível à amputação através do
rior. A preservação do comprimento pod e ser mantida por uma a ntebra ço, porque, desde que a articulação radioulnar distal
avaliação cuidadosa e alongamento de um coto curto por distração p e rman eça norm al, a pronação e a supinação são preservadas.
osteogênica (o método de Ilizarov) e anastomose microvascular. Os Embora so m ente 50% de qualquer pronação ou supinação seja
retalhos livres distais e retalhos de parte sobressalente (retalhos em transmitid a para a prótese, esses movim ento s são extremamente
filé) do m embro amputado também devem se r utilizados para pre- valiosos para o paciente, e cada esforço deve se r feito para pre-
servar o comprimento. No entanto, protesistas são capazes de ajustar servá-los. Em amputações transcarpais, a flexão e a extensão da
até mesmo pequenos cotos com próteses para melhorar a função. articulação radiocarpa l devem ser preservadas de modo que
Muitas vezes um pequeno coto distal ao cotovelo pode ser funcio- esses movim ento s também, possam ser usados de forma proté-
nalm ente m elhor que uma longa amputação acima do cotovelo. Um tica. Embora difícil, o ajuste protético d e cotos de amputação
m em bro protético não pode substituir d e forma adequada a sensi- tran sca rp a l pod e se r alcançado por um protesis ta habilidoso. As
bilidade da m ão, e a função de um membro protético diminui com excelentes próteses de desarticulação do punho estão disponí-
maiores níve is de amputação. Alguns pacientes com amputações ao ve is, e as unidad es de punho protético finas podem se r utiliza-
redor do ombro são usuários regulares de prótese. O uso de um da s para eliminar uma extensão considerável da objeção anterior
curativo rígido e o subsequente início temporário da prótese ade- da mão artificial ou gancho protético se estendendo abaixo do
quada em pacientes com amputações transumerais ou mais distais nível da mão oposta. Em comparação com amputações mais
incentivam a retomada das atividades bimanuais, suavizam o golpe proximai s, o longo braço de alavanca suprimido por amputação
psicológico da perda do membro, e diminuem a taxa de rejeição no punho aumenta a facilidade e a força com que a prótese pode
protética. Após 4 a 6 semanas de pós-operatório, os tecidos moles ser usada .
foram curados significativamente e o edema deve ser controlado o
suficiente para prosseguir com um encaixe definitivo para o paciente.
Uma prótese mioelétrica pode ser uma opção para pacientes com
um a amputação abaixo do cotovelo. No entanto, para trabalhadores
AMPUTAÇÃO NO PUNHO
m anu ais um dispositivo mais tradicional d eve ser empregado.
Algum as instituições utili zam sistemas híbrido s que consistem em ~
TÉCNICA '--~~~~~~--~
uma articulação de bloqueio do ombro com um co tovelo movido
pelo corpo e externamente acionado pelo punho e dispositivos •Modele um longo reta lho da pele pa lmar e um curto
terminais. Esses sistemas são mais úteis nas amputações da extremi- dorsa l em uma razão de 2:1 . Rea lize a dissecção dos
dade dominante. Os receptores utilizam a prótese por aproximada- retalhos proximalmente ao nível da secção de osso pro-
mente 14 horas por dia . Alguns relatórios indi cam , contudo, que posta e exponha as estruturas mo les subjacentes.
50% dos pacientes descontinuam o uso da prótese após 5 anos. • Levante os tendões dos flexores e extensores do dedo dis-
Vários dispositivos terminais estão disponíveis e são facilmente talmente, divida-os e permita sua retração no antebraço.
intercambiáveis (Fig. 18-1). Independentemente disso, os protesistas •Identifique os tendões dos flexores e extensores do
experientes são imprescindíveis para garantir que os pacientes punho, libere suas inserções e afaste-os proximalmente
tenham dispositivos funcionais adequados, e eles d eve m ser consul- ao nível da secção do osso. Identifique os nervos mediano )
tado s, quando disponível, por cada paciente.

659
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

•I dentifiqu e os nervos mediano, ulnar e radia l e gentil-


mente guie-os distalmente na ferida. Corte-os de modo
que se retraiam proximalmente ao nível da amp utação.
•Em um nível proximal, divida todos os tendões e permita
sua retração no antebra ço.
•Realize a incisão na cápsula de articulação do punho de
modo circunfere ncia l, comp letando a desarticulação (Fig .
18-28 e C)
•Faça a ressecção dos processos estiloides rad ial e uln ar, e
raspe as extremidades dos ossos para formar um con-
torno suavemente arred ondado. Tome cuidad o para
evitar danos à articulação rad iouln ar distal, incluindo o
ligamento triangular, de modo que a pronação e supina-
ção normais do antebraço sejam preservadas e a dor na
articulação seja evitada (Fig . 18-2D)
O[dlhtj1!19 Prótese mioelétrica para amputação do ante- • Com suturas não absorvíve is sim ples, feche os retalhos
bra ço com dispositivos terminais intercambiáveis. de pele sobre as extremidades dos ossos (Fig. 18-2E), e
insira um dreno de tecido de borracha ou dreno de sucção.

)
e ulnar e os fi lamentos finos do nervo rad ial. Levante os AMPUTAÇÕES DO ANTEBRAÇO
nervos distalmente, e corte-os proximalmente ao nível de (TRANSRADIAIS)
amputação de modo que suas extremidades se retraiam
bem acima da extrem idade do coto. Em amputações através do antebraço, como em outros lugares, é dese-
•Proxima l ao nível da secção do osso pretendido, clampeie, jável preservar o máximo comprimento sempre que possível. No
ligue e divida as artérias radial e ulnar, e divida os tecidos entanto, quando a circulação na extremidade superior é gravemente
moles remanescentes aba ixo do osso. prejudicada, as amputações através do terceiro distal do antebraço têm
•Rea li ze uma transecção nos ossos com uma serra, e raspe menos probabilidade de cura de forma satisfatória do que aquelas em
todas as bordas rugosas para formar um contorno liso e um nível mais proximal, porque distalmente a pele é muitas vezes fina
arredondado. e o tecido subcutâneo é escasso. Os tecidos moles subj acentes distal-
•Em pontos conven ientes, de aco rd o com as suas mente consistem primariamente em estruturas relativamente avascula-
in serções normais, f ixe os t endões dos flexores e res, como a fáscia e tendões. Nessas circunstâncias excepcionais, uma
ext ensores do punho aos ossos do ca rp o remanes - amputação na junção do meio e terceiro distal do antebraço é preferível.
centes de modo que o movimento at ivo do punho Em amputações através do terceiro proximal do antebraço, até mesmo
seja p rese rvado. um curto coto abaixo do cotovelo com 3,8 a 5 cm de comprimento é
•C om suturas não absorvíveis simp les, feche o tecido sub- preferível a uma amputação através ou acima do cotovelo. De um ponto
cu tâneo e da pele na extrem idade do coto, e insira um de vista funcional, preservar a própria articulação do cotovelo do
dreno de tecido de borracha ou dreno de sucção. paciente é crucial. Ao utilizar técnicas de aj uste protético melhoradas,
como de Münster ou um soquete de divisão com articulações reforça-
das, um protesista habilidoso pode fornece r um excelente dispositivo
protético para até mesmo um curto coto abaixo do cotovelo.

AMPUTAÇÃO DO ANTEBRAÇO DISTAL


DESARTICULAÇÃO DO PUNHO (TRANSRADIAL DISTAL)

---------'~
TÉCNICA ~ ~ TÉCNICA
~'----~~~~~~~~~
•M odele um longo retalho de pele palmar e um curto • Começando proximal mente no nível de secção do osso
dorsal (Fig. 18-2A). Comece a incisão 1,3 cm dista lmente pretend id o, modele os retalhos de pele anterior e poste-
ao processo estiloide radial, real ize-a distalmente e em rior iguais (Fig . 18-3A); faça o comp rimento de cada um
toda a palma, e curve-a proxima lmente para a extrem i- aproximadamente igual a uma metade do diâmetro do
dade 1,3 cm distalmente ao processo estil oide ulnar. antebraço no nível da amputação . Junto com os retalhos
•Forme um curto retalho da pele dorsa l, conectando as de pele, afaste o tecido subcutâneo e aprofunde a fáscia
duas extrem idades da incisão palmar sobre o dorso da proxima lmente para o nível de secção do osso.
mão; retalhos atípicos podem ser formados, se necessá- • Clampeie, faça dupla ligadura e divisão das artérias radia l
rio, para evitar a amputação em um maior nível. Afaste e ulnar proximal a esse nível.
os retal hos da pele junto com o tecido subcutâneo e a •Identifique os nervos radia l, ulnar, e mediano; leva nte-os
fáscia proximal à articulação radiocarpal. gentilmente de modo dista l; e realize a transecção elevada
• Prox imalm ente à articu lação, identifiqu e, ligue e divida as de modo que eles se retraiam bem proxima l à extrem idade
artéri as radi al e ulnar. do coto.
)
CAPÍTULO 18 AMPUTAÇÕES DA EXTREMIDADE SUPERIOR Gii
(
A

O@il;@IEm Desarticulação do punho. A, Incisão da pele. B e C,


Reflexão do retalho palmar e secção da cápsula de articulação do
punho. D, Ressecção das pontas dos estiloides radial e ulnar com
preservação do ligamento triangular e espaço de articulação subja-
cente. E, Amputação concluída. VEJA A TÉCNICA 18-2.

e
01§11@11!19 Amputação através do antebraço distal. A, Incisão da pele e nível do osso. B, Os retalhos são refletidos, e ossos e
estruturas moles são divididos. C, Amputação concluída. VEJA A TÉCNICA 18-3.
E9 PARTE VI AMPUTAÇÕES

)
• Corte através dos ventres musculares transversalmente DESARTICULAÇÃO DO COTOVELO
distais ao nível de secção do osso, e permita que suas
extremidades retra iam para esse nível. A articulação do cotovelo é um excelente nível para amputação,
•Divida o rádio e a ulna transversalmente, e raspe todas porque o amplo alargamento dos côndilos do úmero pode ser trans-
as arestas afiadas das suas extremidades (Fig . 18-3B). mitido firmemente pelo soquete protético e a rotação do úmero
•Feche a fáscia profunda com finas suturas absorvíveis e pode ser transmitida para a prótese. Em amputações mais proximais,
os retalhos de pele com suturas não absorvíveis simples (Fig. a rotação do úmero não pode ser, então, transm itida, de modo que
18-3C), e insira de forma profunda à fáscia um dreno de um a plataforma giratória protética do cotovelo é necessária. As
tecido de borracha ou, se preferível, um dreno de sucção. difi culdades anteriormente apresentadas no ajuste protético neste
• Se desejado, um fechamento mioplástico pode ser fe ito nível foram superadas por modernas técn icas protéticas, e a maioria
nesta amputação da maneira a seguir. Após levantar os dos cirurgiões agora considera a desarticulação do cotovelo ge ral-
retalhos de pele e fáscia apropriados, forme um retalho mente preferível a uma amputação mais proximal.
de flexor anterior do músculo subl ime rad ial longo o
suficiente de modo que a sua extremidade possa ser
realizada em torno da extremidade dos ossos à fáscia
dorsalmente profunda.
• Divida tran sversalmente os tecidos moles remanescentes DESARTICULAÇÃO DO COTOVELO
no nível de secção do osso.

------~
•Depois de dividir os ossos e contornar suas extremidades, TÉCNICA
tome o reta lho de músculo dorsalmente, e suture a sua
extremidade à fáscia profunda sob re a muscu latura • Forme retalhos de pele anterior e posterior iguais como
dorsal. Para prevenir quantidade excessiva, toda a massa se segue. Começando proxima lmente no nível dos epi-
de músculo anterior nunca deve ser utilizada dessa forma. côndilos do úmero, estenda o retalho posterior distal-
• Feche o coto conforme descrito. mente a um ponto cerca de 2,5 cm dista l à ponta do
olécrano e o retalho anterior dista lmente a um ponto
dista l à inserção do tendão do bíceps. Se necessário,
forme retalhos atíp icos. Em seguida, afaste os retalhos
proxima lm ente ao nível dos epicônd il os do úmero e, no
aspecto medial do cotovelo, comece a dissecção das
AMPUTAÇÃO DO TERÇO estruturas profundas.
PROXIMAL DO ANTEBRAÇO •I dentifique e divida o lacerto fibroso, liberte a origem da
(TRANSRADIAL PROXIMAL) musculatura flexora a partir do epicônd ilo do úmero
medial e afaste a massa do músculo dista lmente para

--'"'------'~
TÉCNICA expor o feixe neurovascular que se situa em relação ao
aspecto medial do tendão do bíceps.
• Quando houver disponibilidade de pele boa, forme os • Proximal ao nível da articulação, isole, faça dupla ligadura
reta lhos de pele anterior e posterior de igual compri- e divida a artéria braquial.
mento; se não houver disponibilidade de pele boa, forme •Levante gentilmente o nervo mediano dista lmente, e, com
retalhos atíp icos, confor-me necessário, em vez de amputa r uma faca afiada, divida-o proximal mente de modo que ele
em um nível mais proximal. Afaste proxima lm ente ao retraia pelo menos 2,5 cm proxima l à linha de articu lação.
nível de secção do osso pretendido a fá scia profunda Identifique o nervo ulnar no seu su lco posterior para o
junto com os retalhos de pele. epicôndilo medial, e trate-o de uma maneira semelhante.
• Proximalmente a esse nível, faça identificação, dupla liga- • Libere a inserção do tendão do bíceps a partir do rádio e
dura e divisão dos principais vasos . a inserção do tendão braquial a partir do processo coro-
• Identifique os nervos mediano, ulnar e radial; puxe-os distal- noide da ulna.
mente; e corte-os proximalmente de modo que suas extremi- •I dentifique o nervo radia l no sulco entre o braquial e
dades se retraiam proximalmente à extremidade do coto. braquiorradial; isole-o, levante-o distalmente, e corte-o
• Divida os ventres musculares transversalmente distais ao proximalmente longe.
nível de secção do osso de modo que suas extremidades • Cerca de 6,3 cm distal mente à li nha da articulação, divida
proximais retraiam-se para esse nível. Corte cuidadosa- transversa lm ente a muscu latura extensora que surge a
mente todo excesso de mú sculo . partir do epicôndi lo do úmero lateral, e afaste proximal-
• Divida o rádio e ulna transversa lmente, e suavize suas mente a extremidade proxima l da massa do músculo.
bordas cortadas. Se a extremidade do coto não é, pelo •Divida a fá scia posterior juntamente com o tendão do
menos, distal à inserção do tendão do bíceps, realize a tríceps perto da ponta do olécrano.
ressecção 2,5 cm distalmente deste tendão conforme a • Divida a cápsula anterior da articulação para completar a
técnica de Blair e Morris. Isso aumenta o coto funcional- desarticulação, e remova o antebraço .
mente e melhora o ajuste protético. Mesmo sem a função • Deixe intacta a superfície articular do úmero. Traga o
do bíceps, o cotovelo pode ser flexionado satisfatoria- tendão do tríceps anteriormente, e suture-o aos tendões
mente pelo músculo braquial. dos músculos braquial e bíceps.
• Com as suturas absorvíveis simples, feche a fáscia pro- • Modele um fino retalho a partir da massa do múscu lo
funda; com suturas não absorvíveis simples, feche as extensor deixado anexado ao epicônd ilo do úmero lateral,
bordas da pele. In sira na fáscia profunda um dreno de tome-o mediaimente, e costure-o aos remanescentes dos
tecido de borracha ou um dreno de sucção. múscu los fl exores no epicôndi lo medial. Cubra todas as
CAPÍTULO 18 AM PUTAÇÕ ES DA EXTR EMIDADE SUPERIOR

proeminências ósseas e tendões expostos na extrem idade entretanto, se a desarticulação não é viável, w11 enxerto de nivelamento
do úmero, passando as suturas adicionais através do peri- da extremidade do osso do úmero deve ser feito. Vários autores sugeriram
ósteo e o retalho do músculo. utilizar fáscia, metal ou enxertos da crista iliaca. Nós utilizamos, com bons
• Corte os retalhos da pele para um fechamento confortável resultados, a parte amputada do úmero distal corno wn enxerto de nive-
sem tensão, e ap roxim e suas bordas com su tu ras simples lamento no momento da amputação primária. Acompanhamento clínico
de f io não absorvível. Insira profundamente à fáscia um de perto é obrigatório, e as revisões são, algwnas vezes, necessárias.
dreno de tecido de borracha ou um dreno de sucção.

ÁREA SUPRACONDILAR
AMPUTAÇÕES DO BRAÇO

----------'~
(TRANSUMERAIS} TÉCNICA
A amputação através do braço, ou amputação transumeral, é definida •Começa ndo proximalmente no nível da secção do osso
corno amputação em qualquer nível a partir da região supracondilar do pretendido, modele os retalhos de pele anterior e posterior
úmero distalmente ao nível da dobra auxiliar proxirnalrnente. As ampu- iguais, ca da um sendo o comprimento de uma metade do
tações mais distais, corno a transcondilar, são ajustadas proteticamente diâmetro do braço neste nível (Fig . 18-4A).
e funcionam como desarticulações do cotovelo; as amputações proxi- •Faça dupla li gad ura e divida a artéri a braquial proximal
mais no nível da função de dobra auxiliar funcionam como desarticu- ao nível da secção do osso, e reali ze a transecção dos
lações do ombro. Como em todas as outras amputações, o comprimento nervos mediano, ulnar e radial em um maior nível, de
deve ser preservado tanto quanto possível. A prótese com a qual será modo que suas extremidades proximais retraiam-se bem
feita a amputação transumeral de um paciente deve incluir um meca- proximais à extrem idade do coto.
nismo de bloqueio do cotovelo interno e urna plataforma giratória do •Divida os músculos no compartimento anterior do braço
cotovelo. O mecanismo de bloqueio do cotovelo é necessário para esta- 1, 3 cm distal ao níve l da secção do osso pretendido, de
bilizar a articulação em completa extensão, completa flexão, ou uma modo que eles se retraiam a esse níve l.
posição entre estas. O mecanismo da plataforma giratória substitui a • Libere a inserção do tendão do tríceps a partir do olécrano,
rotação do úmero. O mecanismo de bloqueio do cotovelo se estende preservando a fáscia e músculo com um grande retalho.
cerca de 3,8 cm distalmente a partir da extremidade do soquete proté- Afaste esse retalho proximalmente, e faça a incisão do peri-
tico e deve ser cosmeticarnente agradável ao nível do cotovelo oposto. ósteo do úmero de modo circunferencial em um nível de
Portanto, ao realizar amputações transumerais, o nível da secção do pelo menos 3,8 cm proximal à articulação do cotovelo para
osso deve ser pelo menos 3,8 cm proximal à articulação do cotovelo deixar espaço para o mecanismo do cotovelo da prótese.
para permitir espaço para esse mecanismo. Embora urna amputação ao •Di vid a o osso neste níve l, e com uma lixa arredonde
nível da dobra auxiliar ou mais proximalmente deva ser ajustada pro- suavemente a sua extremidade (Fig. 18-4B)
teticamente como uma desarticulação do ombro, preservando a parte •C orte o tendão do tríceps para formar um grande retalho,
mais proximal do úmero, incluindo a cabeça, ela é valiosa; o contorno leve-o através da extremidade do osso, e costure-o à
normal do ombro é mantido, o que é cosmeticamente desejável, e a fáscia sobre os músculos anteri ores .
prótese de desarticulação é mais estável em wn ombro em que perma- • Insira de forma profunda, neste reta lho, um dreno de
nece parte do úmero à qual seu encaixe pode ser fixado. Penrose ou um tubo plástico para drenagem por sucção.
Em crianças menores de 12 anos, o supercrescirnento ósseo das che a fáscia com fina s su tura s absorvíveis e os retalhos
amputações diafisárias foi relatado, com o úmero e fíbula sendo mais de pele com suturas não absorvíveis simples (Fig . 18-4C).
comuns. Em geral, a desarticulação no cotovelo é recomendada;

A B

h@mt.)1E19 Amputação através braço ao nível supracondilar. A, Incisão da pele e nível do osso. B, Músculos anteriores são divididos
transversalmente, retalho do tríceps e fáscia são construídos, e o osso é seccionado. e, Amputação concluída. VEJA A TÉCNICA 18-6.
@a@• PARTE VI AMPUTAÇÕES

AMPUTAÇÃO PROXIMAL À posterior. Conecte os dois membros da incisão através de


uma segunda incisão que passe através da axila (Fig. 18-5A).

TÉCNICA ._.,. .______


ÁREA SUPRACONDILAR
___,~
•I dentifique, li gue e divida a veia cefá lica no su lco
de ltopeitora l.
• Separe o deltoide e o peitora l maior, e retraia o múscu lo
deltoide lateralmente. Em seguida, divida o múscu lo pei-
• Começando proximalmente ao nível de secção do osso pre-
tendido, modele os reta lhos de pele anterior e posterior tora l maior na sua inserção e afaste-o media imente.
iguais, o comprimento de cada um sendo ligeiramente maior • Desenvolva o intervalo entre o múscu lo peitoral menor
do que uma metade do diâmetro do braço neste nível. e músculo coracobraquia l pa ra expor o feixe neurovascu-
• Proxima lmente ao nível de secção do osso pretendido, lar. Isole, faça dupla ligadura e divida a artéria e veia
identifiq ue, faça dup la ligadura e divida a artéria e ve ia auxil iares imed iatamente inferior ao peitora l menor.
braqu iais. •Iso le os ne rvos med iano, ulnar, rad ial e muscu locutâneo;
• Identif ique, puxe distalmente e divida em um nível mais pro- levante-os gentil e dista lmente na ferida e divida-os de
ximal os principais nervos de modo que suas extremidades modo que suas extremidades proxima is retraiam-se bem
proximais se retraiam proximalmente à extremidade do coto. proximais ao peitoral menor (Fig. 18-58).
• Corte os múscu los do compartimento anterior do braço • Divida o músculo deltoide na sua inserção, e afaste-o supe-
1,3 cm distalmente ao nível da secção do osso de modo que riormente junto com o reta lho de pele anexado na latera l.
suas extrem idades cortadas retraiam-se para esse nível. • Perto das suas inserções no su lco bicipita l, divida os mús-
• Divida o múscu lo do tríceps 3,8 a 5 cm dista lmente ao cu los redondo maior e Iatíssimo do dorso. Em um ponto
nível da secção do osso, e retraia sua extrem idade proxima l. dista l a 2 cm proxima lmente do nível da secção do osso
•Faça a incisão do periósteo de modo circunferencial e pretend ido, corte as cabeças longa e curta do bíceps, do
divida o úmero. Utilizando uma lixa, arredonde suave- tríceps, e do coracobraqu ial.
mente a extremidade do osso. • Corte o úmero no nível do seu pescoço e alise a extrem i-
•Corte em ângulo o múscu lo do tríceps para formar um dade cortada com uma lixa (Fig. 18-5C).
reta lho f ino, leve-o para a extremidade do osso, e sutu- • Faça uma sutura na cabeça longa do tríceps, em ambas
re-o à fásc ia do múscu lo anterior. as cabeças do bíceps e do coracobraquia l, sobre a extre-
• Aprofunde até o retalho, insira um dreno de tecido de midade do úmero; gire lateralmente o músculo peitoral
borracha ou um dreno de sucção; em seguida, feche a ma ior, e suture-o à extrem idade do osso (Fig. 18-5D).
fáscia com suturas absorvíve is simp les. Corte os reta lhos • Adapte o reta lho de pele latera l e o músculo deltoide
de pele para um fechamento confortável e aproxime as subjacente para permitir aposição precisa das bordas da
suas bordas com suturas não absorvíveis simp les. pele, e faça a sutura das bordas com material não absor-
vível in interrupto (Fig. 18-5E) Aprofunde nos múscu los e,
na extrem idade do osso, insira os drenos de Penrose ou
drenos de sucção.
AMPUTAÇÕES DO OMBRO
A maioria das amputações na área do ombro é realizada para o
tratamento de tumores ósseos malignos ou tumores de tecido DESARTICULAÇÃO DO OMBRO
mole que não podem ser tratados por métodos de divisão do

---------'~
membro. Com menos frequência, a amputação nesta área é indi- TÉCNICA
cada para insuficiência arterial e raramente para trauma ou
infecção. A extensão da amputação e o desenho dos retalhos de • Posicione o paciente em supino com um saco de areia sob
pele devem ser modificados muitas vezes. A dor fantasma é o ombro afetado de modo que a parte de trás esteja em
comum e provavelmente é mais bem tratada por bloqueios do um ângu lo de 45 graus em relação à mesa de operação.
nervo proximal realizados por um médico anestesista habilidoso. • Comece a incisão da pe le anteri ormente no processo
Alguns pacientes regularmente utilizam uma prótese, mas uma cober- coracoide e continue dista lmente junto com a borda ante-
tura cosmética do ombro é útil após a amputação dianteira. rior do múscu lo de ltoide à inserção do músculo e supe-
riormente junto com a borda posterior do músculo à
extrem idade na dobra auxi liar posterior. Junte os dois
AMPUTAÇÃO ATRAVÉS DO membros dessa incisão com uma segunda incisão pas-
COLO CIRÚRGICO DO ÚMERO sando através da axila (Fig. 18-6A).
•Identifique, ligue e divida a veia cefálica no su lco
TÉCNICA ~ de ltopeitora l.
~~~~~~~~--'~ • Separe o deltoide e o peitora l ma ior, e retra ia o deltoide
• Coloque o paciente em supino com um saco de areia bem latera lmente.
abaixo do ombro afetado, de modo que a parte de trás • Divida o múscu lo peitora l maior na sua inserção, e afaste-o
esteja em um ângu lo de 45 graus em re lação à mesa de media imente. Desenvolva o intervalo entre o coracobra-
operação. quial e a cabeça curta do bíceps para expor o feixe neuro-
• Comece a incisão da pele anteriormente no nível do pro- vascular. Isole, ligue duplamente e divida a artéria e veia
cesso coracoide, e tome-a distalmente ao longo da borda auxiliares; identifique a artéria toracoacromial, e trate-a
anterior do múscu lo deltoide à inserção do músculo e ao de uma mane ira semelhante (Fig. 18-68). Deixe o vaso
longo da borda posterior do múscu lo à dobra auxiliar ret rair-se superiormente aba ixo do múscu lo peitoral menor. )
CAPÍTULO 18 AMPUTAÇÕES DA EXTREMIDADE SUPERIOR cm
Nervo musculocutâneo

Músculo coracobraquial ~
Tendão do bíceps , cabeça curta

Tendão do bíceps , cabeça longa

Músculo redondo maior


Músculo
grande dorsal
Músculo deltoide
é secc i onado ----,~=-= /tii;=~z:=U7"--Nervo
mediano

A B

Nervo
axilar

Músculo Músculo
tríceps, tríceps,
cabeça lateral ~~~"'""' cabeça longa - .,,,,,...,=

Músculo Músculo grande


deltoide dorsal
Músculo tríceps , Músculo
cabeça longa grande dorsal

e D

O!ijii;HIJ!l9 Amp utação através do co lo cirúrgico de úmero. A, Incisão da pele . B, Secção dos músculos anteriores. C, Nível do osso
e secção do múscu lo concluída. D, Fechamento do reta lho do múscu lo. E, Amputação conc luída. VEJA A TÉCNICA 18-8.
-- PARTE VI AMPUTAÇÕES

Veia cefálica

Tendão do bíceps,
cabeça curta-::'=-----~=-'"'=--..,,,.~~

Músculo deltoide
é seccionado---"

A B

Músculo
supraespinhal

Músculo
infraespinhal ~++i~~~~ Músculo
Músculo redondo subescapular
menor---- =-;;=
Músculo
grande dorsal -f=-~~~;!!--

Músculo tríceps, Músculo


cabeça longa _ _ _....,.,. redondo maior---~=----+.~·
' "T.~~'-----Músculo tríceps,
Músculo tríceps, cabeça longa
cabeça lateral -----"<iiiiiiF~-.;:;.....ii;l;;jjjr-- Músculo deltoide
~ Músculo tríceps,
cabeça lateral
e D

E F

h[§ii;Hl!lm Desarticulação do ombro. A, Incisão. B, Exposição e seccionamento do feixe neurovascular. C, Reflexão do deltoide; o
braço é colocado em rotação interna; seccionamento dos músculos supraespinhal, infraespinhoso e redondo menor, e da cápsula pos-
terior; seccionamento de coracobraquial e bíceps no coracoide. D, O braço é colocado em rota ção externa; subescapular e cápsula
anterior são seccionados. E, Sutura dos músculos na cavidade glenoidal. F, Amputa ção concluída. VEJA A TÉCNICA 18-9.
CAPÍTULO 18 AMPUTAÇÕES DA EXTREMIDADE SUPERIOR --

)
•Identifiqu e e isole os nervos mediano, ulnar, musculocutâ- ABORDAGEM ANTERIOR
neo e radial; levante-os gentilmente de modo inferior na
ferid a e divida-os proximalmente de modo que eles
também se retraiam abaixo do peitoral menor. TÉCNICA
• Divida o coracob raquial e a curta cabeça do bíceps perto
das suas inserções no processo coracoide. Libere o (BERGER)
músculo deltoide da sua inserção no úmero, e afast e-o
•Comece com o membro superior da incisão na borda
superiormente para expor a cápsula da articulação do
ombro. Perto das suas inserções, divida os músculos lateral do músculo esternocleidomastóideo, e estenda-o
redondo maior e Iatíssimo do dorso. lateralmente junto com o aspecto anterior da clavícula,
•Coloq ue o braço na rotação interna para expor os mús- através da articu lação acromioclavicular, sobre o aspecto
superior do ombro para a espinha da escápula, e através
culos curtos do rotador externo e o aspecto posterior da
do corpo da escápula para o ângulo escapular. Comece
cápsula da articulação do ombro, e divida todas essas
com o membro inferior da incisão no terço médio da
estruturas (Fig . 18-6C).
clavícula, e estenda-o inferiormente no sulco entre os
•Coloque o braço na extrema rotação externa, e divida o
músculos deltoide e peitoral e através da axila para
aspecto anterior da cápsula de articulação e o músculo
juntar o membro superior da incisão no ângulo da
subescapular (Fig . 18-6D). Corte o músculo do tríceps
próximo à sua inserção, e divida a cápsula inferior do ombro escápula (F ig . 18-8A) .
para cortar o membro completamente a partir do tronco. • Ap rofunde a parte clavicular da incisão para o osso, e
•Afaste as extremidades cortadas de todos os músculos na libere e afaste distal mente a origem clavicular do músculo
cavidade glenoide, e corte-as para ajudar a preencher o peitoral maior.
vazio deixado pela remoção da cabeça do úmero (F ig. •Di vida a fáscia profunda sobre a borda superior da
18-6E). clavícula próxima ao osso, e, por dissecção com um
dedo e um dissector curvo sem corte, libere o aspecto
•Leve o retalho do músculo deltoide inferiormente, e
profundo da clavícula. Retraia a veia jugular externa
corte-o inferior à glenoide.
• Aprofunde o retalho deltoide, insira os drenos de Penrose do campo ou, se estiver no caminho, separe-a após
ou tubos plásticos. lig á-la.
•Divida a clavícula na borda lateral do esternocleidomas-
• Excise parcialmente de qualquer processo do acrômio
indevidamente proeminente para dar ao ombro um con- tóideo com uma serra de Gigli, levante o osso superior-
mente, e remova-o dividindo a articulação acromioclavi-
torno suavemente arredondado
•Corte os retalhos de pele para o ajuste preciso, e feche cular (Fig. 18-8B)
•Para completar a exposição do feixe neurovascular, libere
suas bordas com suturas não absorvíveis simples (Fig. 18-6F).
a inserção do peitoral maior a partir do úmero e a origem
do peitoral menor a partir do processo coracoide (Fig .
18-8C). Isole, faça dupla ligadura e divida a veia e artéria
AMPUTAÇÃO DO QUARTO subclávias.
DIANTEIRO •Realize a dissecção do plexo braquial, e por tração infe-
riormente traga-o bem no campo de operação; corte os
A amputação do quarto dianteiro remove toda a extremidade supe- nervos em sequência e deixe-os retrair superiormente
rior no intervalo entre a escápula e a parede torácica. Geralmente, é (Fig. 18-8D)
indicada para tumores malignos que não podem ser adequadamente •Libere o Iatíssimo do dorso e tecidos moles remanescen-
removidos por ressecções de preservação do membro, tais como o tes que ligam a cintura escapular à parede torácica ante-
procedimento de Tikhoff-Linberg. A maioria dos tumores pode ser rior, e permita que o membro caia posteriormente.
avaliada para procedimentos de preservação do membro no lugar •Segurando o braço através do peito e exercendo a
da amputação através de angiografia por ressonância magnética ou tração descendente, divida de superior a inferiormente
arteri ografia, que vão mostrar compressão da artéria, edema do os músculos remanescentes que fixam o ombro à
membro, e deficits neurológicos que necessitam de amputação. No escápula.
entanto, uma inspeção cuidadosa no momento da cirurgia vai deter- •Divida os músculos que sustentam a escápula ao tórax,
minar o procedimento apropriado. A extensão da operação para começando com o trapézio e continuando através do
incluir a ressecção da parede torácica ocasionalmente é necessária. omo-hióideo, elevador escapular, romboide maior e
As disposições para substituição adequada do sangue e monitora- menor, e serrátil anterior (Fig. 18-8E). O membro fi ca
mento do paciente são necessárias. livre e pode ser removido.
A abordagem anterior de Berger e nossa abordagem posterior •Para formar preenchimento adicional, suture os músculos
preferida de Littlewood estão descritas. A operação é realizada mais peitoral maior, trapézio, e quaisquer outras estruturas
rápida e facilmente utilizando a técnica de Littlewood. Ferrario et ai. musculares remanescentes sobre a parede torácica lateral.
descreveram uma abordagem anterior e posterior combinada. Essa Traga os retalhos de pele juntos, e corte-os para formar
técnica é útil para pacientes em que os planos de tecido normal foram um fechamento suave. Insira os drenos de Penrose ou
destruídos por causa da radiação para a axila. Excelente exposição é drenos de sucção, e feche as bordas da pele com suturas
obtida e a ligação dos vasos subclávios ocorre na entrada torácica, não absorvíveis simp les (Fig . 18-8F).
em vez de onde os vasos cruzam a terceira costela (Fig. 18-7).
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

h@ll;t.HEm Amputação do quarto dianteiro por meio das abordagens anterior e posterior comb inadas. A, Retalho anterior. B,
Retalho posterior. C, Osteotomia realizada através da clavícula med iaimente. D, Dissecção profunda para a escápula. E, Vasos ligados
e quarto dianteiro removido; retalho fechado.
CAPÍTULO 18 AMPUTAÇÕES DA EXTREMIDADE SUPERIOR •am+
Veia jugular

Músculo
•"i~ ~~:'~,'g,,.,
deltoide --4~• , ~--~!11111.C:~~t Veia
subescapular
Veia Músculo
cefálica - --iii:VI subclávio

Músculo
peitoral
maior

A B

Veia jugular Artéria cervical


externa transversa

Músculo
subclávio

~=-,"'--;'- Músculo
peitoral maior

Músculo peitoral
menor
e D

,....,____--=---=- Músculo
romboide menor

romboide maior

infraespinhal
E F

O!iji!;tljlEJ9 Amp utação do quarto dianteiro através da abordagem anterior. A, Incisão. B, Ressecção da clavícula . C, Elevação da
tampa peitoral. D, Seccionamento dos vasos e nervos após a incisão através da fáscia au xiliar e inserção do peitoral menor, membrana
costocoracoide, e subc lavícu la. E, Seccionamento dos músculos de apo io da escápula . F, Amputa ção co ncl uída . VEJA A TÉCNICA 18-10.
@iflit PARTE VI AMPUTAÇÕES

Linha de incisão
através do músculo
Iatíssimo do dorso
Músculo deltoide

Primeira
incisão-----,

Músculo
redondo
maior
Linha de incisão através
do músculo trapézio Músculo
A B infraespinhal

Parte escapular
do músculo
grande dorsal
Linha de incisão através da
digitação superior do
músculo serrátil anterior --fH~~ 1

Músculos levantador
da escápula, romboide
maior e romboide
e menor seccionados
Linha de incisão
através dos
músculos levantador
da escápula,
romboide maior e Músculo omo-hióideo
romboide menor

C5, 6 de origem
nervo torácico
longo perfurando
D E o escaleno médio

H[dlhH1Il1!9 Técnica de Littlewood para amputação interescapulotorácica (quarto dianteiro) . A, Incisão. B, Retalhos da pele prejudicados
pela clavícula. C, Escápula retirada da parede torácica com gancho ou retrator; levantador da escápula e romboides menor e maior divididos.
D, Exposição das estruturas neurovasculares. E, Visão mais detalhada das estruturas neurovasculares. VEJA A TÉCNICA 18-11.
CAPÍTULO 18 AM PUTAÇÕ ES DA EXTRE MIDADE SUPER IOR

ABORDAGEM POSTERIOR •Feche os reta lh os sobre os dre nos de sucção sem tensão
excessiva . Ocasiona lmente, é necessário fixar um ret alho
TÉCNICA ~ à pa rede torácica e completa r o f echamento com um
'--~~~~~~~ ...... ~ enxerto de pele.
(LITTLEWOOD)
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO A dor fantasma no início
do período pós-operatório é comum. Bloqueios do nervo
• Insira um cateter de Foley. Coloque o paciente em uma
por um anestesista experiente pode ser útil. Embora
posição de decúbito latera l com o lado operado para
alguns pacientes considerem útil o uso de prótese, uma
cima. Proteja o paciente na mesa de operação de modo
cobertura cosméti ca do ombro é desejável.
que ela possa ser inclinada anterior e posteriormente.
•D uas incisões são necessárias: uma posterior (cervicoes-
capular) e uma anterior (peitora l axil ar) (Fig. 18-9A). Faça
a incisão posterior primeiro, começando na extremidade
media l da clavícu la e estendendo-a lateralmente por todo REFERÊNCIAS
o comprimento do osso. Rea lize a incisão sobre o pro-
cesso do acrômio à dobra posterior axilar, e continue Bernstein RM, Watts HG, Setoguchi Y: The lengthening of short
j unto com a borda axilar da escápu la a um ponto inferior upper extremity amputat ion stumps, f Pediatr Orthop 28:86,
ao ângu lo escapu lar. Fi na lmente, cu rve-a media imente 2008.
pa ra a extrem idade de 5 cm da li nha média das costas . Daly WK: Elbow disarticulation and transh umera l amputation :
Eleve um reta lho de pele e tecido subcutâneo med ial à prosthetic managemen t. ln Smith DG, Michael JW, Bowker JH,
borda vertebra l da escápu la, estendendo-o a partir do editors: Atlas of amputations and limb deficiencies, Rosemont, lL,
ângu lo inferior da escáp ul a à clavícula (Fig. 18-98). 2004, American Academy of Orthopaedic Surgeons.
•I dentifique os múscu los trapézio e Iatíssimo do dorso, e Ferraria T, Palmer P, Karako usis CP: Technique of forequarter
divida-os proxima lme nte à escápu la. interscapu lothoracic amputation, Clin Orthop Relat Res 423:191,
•Tire a escápu la da parede torácica com um gancho ou 2004.
retrator, e divida o elevador da escápu la e os romboides Flurry M, Melissinos EG, Livingston CK: Composite forearm free
maior e menor (Fig. 18-9C) . fillet fl aps to preserve stump length fo llowing traumatic amputa-
•Ligue os ramos dos vasos cervica l superficial e escapula r tions of the upper extremity, Ann Plast Surg 60:391, 2008.
descendente. Freeland AE, Psonak R: Traumatic below-elbow amputations.
• Divida a digitação superi or do serrátil anterior próximo ao Available online at www.orthosupersite.com/print.aspx?rid=204
ângulo superi or da escápu la e a inserção remanescente do 14. Accessed September 27, 2010.
serrátil anterior junto com a borda vertebra l da escápula. Lundborg G, Rosén B: Sensory substitution in prosthetics, Hand
• Divida a clavícu la e o múscu lo subclávio na extrem idade Clin 17:481, 2001.
medial do osso. Isso permite que a extremidade fique ante- Maman E, Malawer MM, Kollender Y, et ai: Large tumors of th e
riormente, colocando o feixe neu rovascu lar sob tensão. Este axilla, Clin Orthop Relat Res 461:189, 2007.
último encontra-se no tecido fibrogorduroso perto da digi- Michaels F, De Smet L: Osseous overgrowth in congenital amp uta-
tação superior do serráti l anterior. Divida os f ios do plexo tions of the upper limb: report of 3 cases treated with autologous
braqu ial próximo à espinha, faça dupla ligadura e divida a stump plasty, Acta Orthop Belg 67:452, 2001.
veia e artéria subclávias (Fig. 18-8D e E). Tome cu idado para Miguelez JM, Miguelez MD, Alley RD: Ampu tations about the
evitar a lesão à cúpula pleural. shoulder: prosthetic management. ln Smith DG, Michael JW,
• Divida o múscu lo omo-hióideo, e ligue e divida os vasos Bowker JH, editors: Atlas of amputations and limb dejiciencies,
supraescapulares e a veia jugu lar externa. Rosemont, lL, 2004, American Academy of Orthopaedic
• Faça a incisão anterior, começando no meio da clavícula e Surgeons.
curvando-a inferiormente apenas lateral, mas paralela com Smith DG: Amputations about the shoulder: surgical management.
o sulco deltopeitoral. Estenda-a através da dobra axilar ante- ln Smith DG, Michael JW, Bowker JH, editors: Atlas of amputa-
rior, e leve-a inferior e posteriormente para juntar a incisão tions and limb deficiencies, Rosemont, IL, 2004, American
posterior no terço inferior da borda axi lar da escápu la. Academy of Orthopaedic Surgeons.
• Divida os múscu los peitora l ma ior e menor, e remova o
membro. As referê ncias co mpletas estão disponíveis em www.
expertconsult.com.
CONSIDER~ÇÕES PARA DEDO IN DI CADOR 685 COTO DE AMPUTAÇÃO
AMPUTAÇAO 673 AMPUTAÇÕES DO RAIO DO DOLOROSA 692
PRINCÍPIOS DE DEDO MÉDIO OU DO ANELAR 686 RECONSTRYÇÕES APÓS A
AMPUTAÇÕES DE DEDO 674 Fraturas por Avu lsão do Dedo AMPUTAÇAO 692
AMPUTAÇÕES DA Anul ar 689 RECONSTRUÇ ÃO APÓS A
EXTREMIDADE DO DEDO 674 690
AMPU TAÇÕES DO DEDO MÍNIM O AMPUTAÇÃO DA MÃO 692
ENXERTO DE PELE LIVRE 677 RECONSTRUÇÃO APÓS A
AMPUTAÇÕES DO POLEGAR 690
RETALHOS PARA COBERTURA DA AMP UTAÇÃO DE VÁRIOS DEDOS 693
AMPUTAÇÕES DE
EXTR EMIDADE DO DEDO 678 MAIS DE UM DEDO 690 RECONSTRUÇÃO DO POLEGAR 694
AMPUTAÇÕES DE DEDOS Policização 696
ISOLADOS 685

Ferimentos graves na extremidade dos dedos e no polegar são outros fatores devem se r co nsiderados para decidir se a ampu tação é,
co muns e exigem re paração rápida e meti cul osa do tecido mo le ou não, aconselhável. A função definitiva do membro deve ser boa o
comp osto em amputações in completas. Ampu tações completas suficiente para justificar que ele seja poupado.
proximais à prega eponiquial no polegar e em vá ri os dedos podem Uma análise das cinco áreas de tecido (pele, tendões, nervos,
se r rec up eradas por meio de técnicas mi crovasc ul ares (Cap. 63); ossos e ar ti culações) às vezes é útil n a tomada de decisão de
no entanto, as frat uras desvasculari zantes m ais distais raramen te amputar. Se três ou m ais dessas cinco áreas requererem procedi-
podem ser rec uperadas por tais meios e, ge ralmente, necessitam m entos es peciais, tais co mo enxer to de pele, sutura do tendão ou
de técnicas especiais de co ber tu ra de tecido mole co mp osto ou da do nervo, fi xação óssea, ou fechamento de arti culações, deve-se
co nclusão da amputaçã o. considerar a amputação po rqu e a fun ção dos dedos restantes pode
Em ge ral, deve-se fazer o m áximo esforço para m anter ou ser comprometida pela sobrevivência de um dedo mutilado. Em
fo rn ecer boa se nsibilidade da pele, mobilidade a rticular, e co m- crianças, a amputação é raramente indicada, a menos que a par te
primento digital com elementos ósseos be m reves tido s. Esfo rços danificada es teja inviáve l e não possa se r res taurada por meio de
prolongados para prese rvar es truturas severamente danifi cad as, técnicas mi crovasc ul ares.
especialmente aquelas onde não haja sensibil idade, pode atrasa r Mesmo que a amputação seja indicada, pode ser desejável
a cura, aume nt ar a defi ciência, e levar a um a penosa séri e de atrasá- la caso partes do dedo possam se r utilizadas mais tarde, em
pro cedim entos cirúrgicos qu e não vão m elhorar o res ultado fin al. um processo de reco nstru ção. A pele de um dedo inutilizado pode
Ass im, a amputação prim ári a pode se r o p rocedim ento adequ ado ser emprega da co mo enxer to livre. A pele e as es truturas moles mais
pa ra muitos pac ientes . Obter um a co bertu ra de tec ido m ole fl e- profundas podem ser utili zadas como enxerto em filetes (Cap. 65);
xível nas extre m idades do polega r e do s out ros dedos é esse ncial. se fo r o caso, o osso pode ser removido antes e a borda restante, ade-
Em amputações de vários ded os, apertar e agar rar são as prin ci- quadamente moldada du rante um segundo procedimento. A pele
pais fun ções a serem preserva das. Amputação de revisão através bem sup ortada por um ou mais feixes neurovas culares, mas não por
dos dedo s ou dos metacarp ais é um procedim ento reconstrutivo ossos, pode ser guard ada e usada como um enxe rto vascular ou
para prese rvar o máximo de fun ção possível em partes lesadas, neurovasc ular (Cap. 68). Segmentos de nervos podem ser uti lizados
o u não, da m ão. como enxer tos autógenos. Uma unidade musculotendinosa, espe-
cialmente um fl exor superficia l dos dedos ou um extenso r do indi-
cador, pode ser salva para ser utilizada numa transferência para
CONSIDER~ÇÕES PARA melhora r a fu nção em um dígito sobrevivente (p. ex., para melhorar
AMPUTAÇAO o poder adutor do polega r qu ando o terceiro eixo do metacarpal
tiver sido des truído ou para melhorar a abdução quand o o ramo
As amputações podem ser consideradas para uma variedade de con - recorrente do nervo mediano não estiver fu ncionando ). Os tendões
dições em que a função seja limi tada por dor, rigidez, insensibilidade, do flexo r superficial do quinto dedo, o extensor do dedo m ínim o, e
e questões estéticas. Um pedido de amputação de um a parte lesada o extenso r do indicador podem se r utili zados com o enxertos livres.
por um paciente é geralmente o culminar de um pro cesso de pen - Os ossos podem ser utilizados como enxe rtos ou para o pree nchi -
samento crítico e, geralmente, é justifi cável. Mais fre quentemente, mento de imperfeições ósseas. Sob determin adas circunstâncias, até

673
PARTE VI AMPUTAÇÕ ES

O@il;f!11J19 Reconstru ção do polegar. A, Falha num reimplante de polegar após a fratura ocasionada por uma serra com amputação
concomitante do raio principal do dedo indicador e parcial do dedo médio . B a D, Desarticulação na articulação metacarpofalângica
do polegar e transferên cia neurovascular de segmento proximal da falange do dedo médio para reconstru ção do polegar. E, Aparência
radiográfica de transferência da falange proximal do dedo médio para o tecido complexo do polegar. F, Exemp lo de uso funcional da
mão restaurada após a reconstru ção do composto inervado sensoria l do polegar.

mesmo as articulações podem ser utilizadas. Deve-se fazer o possí- menos propensos a ser dolorosos. Quando cicatrizes ou defeitos
vel para salvar o polegar (Fig. 19-1). na pele fazem com que seja impossível construir um retalho
clássico, um retalho diferenciado pode ser improvisado, mas a
extremidade do osso deve ser pree nchid a também. Tendões fle-
PRINCÍPIOS DE AMPUTAÇÕES DE xo res e extensores devem ser elaborados de maneira d istal, divi-
DEDO dida, e retraída proximalmente. Quando uma amputação é fe ita
através de uma articulação, a dilatação dos côn dilos ósseos deve
Seja uma amputação fei ta em primeiro ou segundo plano, algun s ser contorn ada para evitar o desgaste do coto. Antes de a fer ida
princípios devem ser observados para que se obtenha um coto ser fechada, o torniquete deve ser liberado e os vasos, cauteriza-
indolor e utili zável. O retalho de pele valar deve ser longo o dos para controlar o sangramento.
suficiente para cobrir a superfície valar e a extremidade das
estruturas ósseas, de preferência para se juntar ao retalho dorsa l
sem tensão. As extremidades dos nervos digitais devem ser cui- AMPUTAÇÕES DA EXTREMIDADE
dadosamente dissecadas a partir do reta lh o valar, gentilmente DO DEDO
colocadas so b tensão, de modo a não romper axônios mais pro-
ximais, e ressecadas em pelo menos 6 mm proximais da extremi- As amputações da extremidade do dedo variam marcadamente
dade do retalho de tecido mole. Os neuromas são inevitáveis, mas dependendo da quantidade e da configu ração da pele perdida, da
devem ser desenvo lvidos apenas em áreas macias, onde fiquem profundidade do defeito dos tecidos moles, e de se a fa lange ·fo i
CAPÍTULO 19 AM PUTAÇÕ ES DA MÃO Gm
1. Enxerto li vre ou cicatrização
por segunda intenção
2. Possível retalho se o
comprimento for essencial

1. Encurte para fechar


2. Retalhos cross finger,
tênar ou de Kutler

B
1 . Encurte para fechar
2. Remova o osso exposto
sob a polpa e cubra
com enxerto

3. Retalho Atasoy
e 4. Retalho cross finger

O[§i!il;illillt Técnicas utilizadas para fechar amputações de


dedo. A, Para amputações em níveis mais dista is, aplica-se en xerto
livre; em níveis mais proximais, o osso é encurtado pa ra perm itir
o fechamento, ou, se o comprimento for essencia l, podem-se usar
retalhos dorsais. B, Para amputações através de áreas marrons, o
osso pode ser encurtado para permitir o fechamento ou o cruza-
mento do dedo ou pode-se usa r um retalho tênar. C, Para ampu-
ta ções através da área marrom, o osso pode ser reduz ido para
permitir o fechamento, ossos expostos podem ser ressecados e
enxe rtos de espessura parcial podem ser apl icados, retalhos de
avanço de Kutler podem ser usados, ou retalhos cross finger podem
ser aplicados. Em cria nças pequenas, as po ntas dos dedos geral-
mente se cura m sem en xe rtos.

exposta ou mesmo parcialm ente amputada (F ig. 19-2). O trata-


mento adequado é determin ado pelo tipo de fratura e por se outros
dígitos também foram feridos ou não.
Fraturas com perda de pele só podem se curar por segunda
intenção o u se r cobertas por um enxerto de pele (Fig. 19-3 ). H@lhtlj11!19 Fratura de abrasão da mão esq uerda tratada por
Quando tendão, nervo o u o osso é exposto, a cobertura do tecido cicatr ização em segunda intençã o . A, Visão vo lar logo após a
mole pode ser conseg uida d e vár ias maneiras. Se metade da unha fratura, com 2 x 2 cm de perda da pele dos dedos médio e anu lar.
não for supo rtada pe la falange distal remanescente, é geralm e nte B, Mesmos dedos com cuidados locais da ferid a em 4 semanas .
indicada uma ablação do le ito ungueal; caso cont rá ri o, pode se C, Resu ltado em 8 seman as sem intervenção cirú rgi ca.
desenvo lve r um a unha em forma de gancho. A reamp utação do
dedo em um níve l mais proxi mal pode fornecer ma is pele e o utros
tecidos moles para o fechame nto, mas requer a redução do dedo . é raramente restaurada. Um e nxerto de espess ura parc ial é, muitas
Se outras partes da mão estivere m gravem en te feridas ou se a mão vezes, sufi ciente se o osso estiver apenas li ge iram ente expos to e sua
inteira estiver ameaçada p ela manutenção de u m dedo em um a extremidade é roída so b a gordura. Ta l enxerto se contrai durante
posição por um longo período de tempo, a amputação pode se r a cura e even tualmente atinge cerca de metade do seu tamanho
ad equada. Isto é a ind a mai s certo para pacientes com artrite ou original. Pode se r que um en xerto de espessura total esteja di spo-
para pacientes menos exigentes fis icamente. Pode-se usar um nível a part ir de o utras partes fer idas da m ão, mas a gordura deve
enxer to d e pele liv re para a cobertura, mas a sens ibilidade normal ser removida da s ua parte mai s profunda. Ocasionalm ente, a parte
llllif1t PARTE VI AMPUTAÇÕES

O@lhf.'11!19 Técnica de cap. A e B, Perda de tecidos moles compostos do dedo indicador esque rd o ocorrida ao trocar um pneu.
C e D, Vistas biplanares do dedo, indicando cobertura inadequada dos tecidos moles. E, Parte distal desossada e sem gordura, com pele
de boa qualidade e matriz estéril. F e G, Tecido composto recolocado, com a unha antiga sendo utilizada como um a moldura da matriz
da unha.
CAPÍTULO 19 AM PUTAÇÕES DA MÃO cm
A

,y
r.
· ~~

D
( fr~{d~k
;;;/
e D
5.f
E
O!dl@H~ Técnica de V-Y de Atasoy. A, In cisão cutânea e
mobilização do retalho triangular. B, Avanço do retalho triangular.
O[riil;f4D119 Retalhos de avanço V-Y de Kutler. A, Retalhos C, Sutura da base do reta lh o triangular para o le ito unguea l.
de avanço sobre pedículos neurovasculares realizados até o osso. D, Fechamento do defeito, técnica V-Y. VEJA A TÉCNICA 19-2.
B-D, Septos fibrosos são definidos (B) e divididos (C), permitindo
a mobilização livre apenas em pedícu los neurovasculares (D).
E, Os retalhos avançam prontamente para a linha média. VEJA lesionados. O retalho cross finger proporciona uma excelente cober-
A TÉCNICA 19-1. tura, mas pode ser afetado por rigidez, não só do dedo envolvido,
mas também do dedo doador. Esse tipo de cobertura exige cirurgia
em duas etapas e um enxerto de espessura parcial para cobrir a área
amputada da extremidade do dedo é recuperada e substituída doadora. O retalho tênar também requer a operação em duas etapas.
como enxerto livre ou técnica de cap (Fig. 19-4). Esse procedi- Ele geralmente não cobre um defeito tão grande quanto um retalho
mento requer a remoção de detritos ósseos e desengorduramento cross finger e, por vezes, é afetado pela sensibilidade da área doadora.
parcial da parte distal antes do religamento. O procedimento de Ele tem a vantagem , no entanto, de envolver apenas um dedo dire-
cap é muito bem-sucedido em ambos, crianças e adultos. Esses tamente. Uma alternativa a este método é o método de invólucro
enxertos compostos livres devem ser asseg urados por um curativo palmar, em que a extremidade do dedo distal (exceto a do polegar)
compressivo sobre a extremid ade do dedo. pode ser enterrada na palma homolateral. O dedo é removido do
O aspecto medial do braço distal apenas à axi la, região volar invólucro de 16 a 20 dias após a cirurgia. Os resultados foram bem-
do antebraço e do punho e a emi nência hipotênar são áreas conve- sucedidos em 13 de 16 pacientes de acordo com Arata et ai. Em
nientes de onde os enxertos de pele podem se r obtidos. crianças, observamos que apenas suturar novamente as pontas dos
Se tecidos e pele mais profundos tiverem de ser substituídos dedos sem gordura geralmente demonstra resultados satisfatórios.
para cobrir tendão e osso expostos, vários retalhos ou enxertos Um retalho de pedículo neurovascular local pode ser avançado
podem ser utilizados. Retalhos de avanço distais utilizados com distalmente e fornece um bom revestimento com sensibilidade
frequência incluem os V-Y duplos laterais de Kutler e os retalhos de normal. Reta lhos de 2 X 1,5 cm 2 e avanço de 18 mm têm sido rela-
avanço V-Y valares de Atasoy (Figs. 19-5 a 19-7). Esses retalhos tados (Fig. 19-1 O). Retalhos de pedículo retrógrado requerem dis-
envolvem o avanço tecido do dedo lesionado e fornecem uma cober- secção tediosa, mas oferecem excelente cobertura distal e utilidade
tura limitada. O retalho de pedículo dorsa l é utilizado quando um para defeitos dorsais e valares (Fig. 19-11). A morbidade da área
dedo é amputado próximo ao leito ungueal (Fig. 19-8). Se não puder doadora pode ser reduzida em retalhos de pedículo retrógrados que
haver maior encurtamento, no entanto, esse tipo de re talho pode ser usem apenas elementos subc utâneos (Fig. 19-12).
retirado do dorso do dedo ferido e levado de maneira distal sem Pode-se conseguir a transferência de tecido mole composto para
envolver outro dedo. Defeitos dorsais podem ser administrados por o dedo mínimo pela utilização de um retalho hipotênar ulnar. Este
retalhos de dobra adipofascial, nos quais os tecidos adipofasciais retalho de fluxo retrógrado baseia-se na artéria uln ar digital e pode
subcutâneos proximais são virados distalmente sobre uma zona vas- ser usado para promover sensações quando o ramo sensorial dorsal
cularizada do mesmo tecido (Fig. 19-9). As van tagens de técnicas de do nervo ulnar estiver incluído no retalho cutâneo (Fig. 19-13).
cobertura do mesmo dígito incluem a fa lta de necessidade de uma
segund a cirurgia para a divisão de retalho (como com um retalho
de cross finger), prevenção da rigidez do dedo adjacente que ocorre ENXERTO DE PELE LIVRE
com as técnicas de cobertura de dedo adjacentes (especialmente em
pacientes com condições artríticas subj acentes), e oportunidade As técnicas para a aplicação de enxertos de pele liv re estão descritas
para a cobertura em pacientes nos quais os dedos adj acentes estejam no Capítulo 65.
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

h!§i!;fülJ!m Amputação distal da extremidade do dedo adequada para um retalho de avanço V-Y. A, Pele com esboço da incisão
pretendida. B e C, Retalho erguido com dissecção sequencial a partir do periósteo da falange distal e do tendão flexor profundo dos
dedos no sentido do centro ao dorso, e margens do dorso radial e dorso ulnar por dissecção até o osso da falange distal, lateralmente,
além da liberação do septo de modo vo lar. Note que os feixes neurovascu lares devem ser cuidadosamente mantidos com a pele, e nem
sempre a inspeção direta dos mesmos é possível. D, Retalho suturado na posi ção com área proximal aberta para cicatrizar por segunda
intençã o. E, Resultado clínico em 6 sema nas de pós-operatório.

RETALHOS PARA COBERTURA DA TÉCNICA


EXTREMIDADE DO DEDO
(KUTLER; FISHER)
RETALHOS DE AVANCO V-V DE • A anestesia loca l é preferível em adu ltos; crianças podem
KUTLER OU TRIANGULAR DE ATASOY necessitar de anestesia gera l. Anestesie o dedo por bloqueio
dig ita l da fa lange proximal e aplique um torniquete digital.
A cobertura de extremidade de dedo de retalho de avanço • Faça o desbridamento da extremidade do dedo de bordas
V-Y duplo latera l de Kutler ou V-Y volar de Atasoy chama irregu lares de tecidos moles e de qualquer osso saliente
a atenção porque envolve apenas o dedo lesionado. No (Fi g. 19-5).
entanto, fornece cobertura limitada, e não resulta, de •Desenvolva dois reta lhos triangulares, um em cada lado
forma consistente, na sensibi li dade normal. O padrão da do dedo, com o vértice de cada um dirigido proximal-
fratura determina que retalho usa r. Quanto ma is sobra mente e centrado na linha média latera l do dedo. Evite
pele, mais se utiliza o reta lho de Atasoy. Quando a pele fazer retalhos muito grandes; seus lados devem med ir,
está comp rometida e a pele hiponiquial lateral não está cada, cerca de 6 mm, e as suas bases devem medir apro-
lesionada, pode-se usar o retalho de Kutler. ximadamente o mesmo ou um pouco menos.
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO cm
• Desenvolva os retal hos mais distantes por incisão mais pro-
funda em direção ao leito ungueal e à pele volar. Tome
cuidado para não prender os retalhos com fórceps. Em vez
disso, insira um gancho de pele perto da base de cada um
\
\
e aplique uma leve tração no sentido distal. Com uma
\ tesoura pequena em cada vértice, divida a pele suficiente

~
(geralmente não mais do que metade da sua espessura)
para permitir que os retalhos sejam mobilizados até a extre-
midade do dedo. Evite dividir qualquer pele distalmente.
•Arredonde os cantos finos da parte restante da falange
distal, e remodele a sua extrem idade para se adequar ao
tufo normal.
•Aproxime as bases dos retalhos e costure-os com peque-
nas sutu ras simples não absorvíveis; costure as partes
A B e dorsais dos retalhos à unha ou ao leito ungueal restante.
•Frequentemente, o fechamento das imperfeições proxi-
O@i!;f;i1JJ:9 Retalho de pedículo dorsal utilizado para ampu- mais e latera is é impossível sem que se coloque tensão
ta ções proximais à unha, quando é essencial preservar o compri- significativa sobre os retalhos. Em tais casos, os lados dos
mento. Ele pode ter dois pedículos ou, como ilustrad o aqui, retalhos triangulares devem ser deixados sem suturas
apenas um. A, Retalho delineado. B, Retalho elevado, deixando para que sejam cicatrizados satisfatoriamente por segu nda
apenas um único pedículo. C, Retalho suturado na extremidade inten ção (Fig. 19-70). Aplique gaze Xeroform® e um cura-
do coto, e o defeito restante no dorso do dedo foi coberto por tivo de proteção.
enxerto de pele de espessura parcial.

Retalho

Y
virado

' 01§11@11!19 Retalho de dobra adipofascial. A,


Defeito complexo. B, Desenho do retalho adipofascial.
- .:i_ Sem pele A base do retalho é imediatamente proximal ao
---Base do no fechamento defeito, e a largura do retalho é ligeiramente maior
retalho na base
do retalho do que o defeito. C, Desenvolvimento de um retalho
com base distal, separando-o do paratendão subja-
cente do tendão extensor. (Paratendão intacto garante
que o tendão deslize após a cirurgia.) D, O retalho é
dobrado para cobrir o defeito e sua base. E, Retalho
coberto com enxerto fino de pele. O fechamento da
pele não é realizado na base do retalho para evitar a
D E tensão. VEJA A TÉCNICA 19-4.
mi» PARTE VI AMPUTAÇÕES

iê!§ihMIEII!I Retalho pediculado neurovascular homodigital de fluxo anterógrado. A, Padrão do retalho no dedo médio esboçado
com borda dorsal em linha axial média com padrão de dente de serra progressivamente mais estreito, convergindo de modo volar
apenas proximal à articulação interfalângica proximal. B, Retalho erguido com feixe neurovascular intacto. C, Retalho distalmente
avançado e inserido, com a área proximal exigindo enxerto de pele na unha, fora da palma. (De Henry M, Stutz C: Homodigital antegrade-
flow neurovascular pedicle flaps for sensate reconstruction of fin gertip amputation inj uries, J Hand Surg 31:1220, 2006 )

-------~
TÉCNICA •C orte seletivamente os septos verticais que seguram o
retalho no lugar, e avance no retalho distal.
(ATASOY ET AL.) •Suture o reta lho de pele à matriz estéril ou à unha. O
defeito volar do avanço pode ser deixado em aberto e
•Com auxílio do torniquete e utilizando um anestésico
para se curar por intenção secundária, se o fechamento
apropriado, corte um triângulo com base distal apenas
comprometer a vascu larização. Alguns milímetros da
através da pele, com a base do triângulo igual à largura
falange podem ser removidos até o nível da matriz estéril.
da borda do corte da unha (Fig . 19-6).
A base do retalho pode ser difícil de suturar até a matriz
•Desenvolva um retalho de espessura tota l com nervos e
estéril ou até a unha, e uma agu lha de calibre 22 pode
suprimento de sangue preservados. Separe cuidadosa-
ser usada como um pino intramedular na falange distal
mente o tecido subcutâneo fibroadiposo do periósteo e
para manter o retalho nessa posição.
da bainha tendínea utilizando dissecção aguda.
CAPÍTULO 19 AM PUTAÇÕ ES DA MÃO

Artéria digital com tecido \


mol• peci,$rnloc ~ ~

B L o dorsal do nervo digital próprio

O@ii;@IJlll Retalho de artéria digital reversa. A, Desenho do retalho. B e C, A artéria digital é ligada proximalmente. O retalho
de pele é erguido, juntamente com artérias e tecidos moles peri vasculares. O ramo dorsal do nervo digital pode ser incorporado e
microanastomosado com o nervo digital contralateral seccionado para facilitar a inervação do retalho.

A
Ramo dorsal ,
Otijii;@IJ!ID Retalho adipofascial reverso. A, Incisão de pel e nervo ulnar -
delineando retalho e defeito. B, Resultado pós-operatório com
enxerto de pele livre sobre o loca l da lesão. (De Chang KP, Wang
WH, Lai CS, et ai: Refinement of reverse digital arterial flap for finger
defects surgical technique, J Hand Surg 30:558, 2005 )

O[§lh@DJD Retalho hipotênar ulnar reverso. VEJA A TÉCNICA


RETALHOS DORSAIS BIPEDICULADOS 19-9.
Um retalho dorsal bipediculado é utilizado quando um
dedo é amputado de maneira proximal ao seu leito ungueal ,
e quando é essencia l preservar toda a sua extensão res- TÉCNICA"
tante, mas é indesejável anexá-l o a um outro dedo. Quando
esta aba pode ser feita suficientemente grande em relação •Com eçando na margem cruenta dista l da pele e proce-
ao seu comprimento, um de seus pedículos pode ser divi- dendo proximalmente, eleve a pe le e o tecido subcutâneo
dido, deixando-a ligada apenas a um lado (Fig. 19-8). do dorso do dedo. )
mD PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

•E m um nível ma is proxima l, faça uma incisão dorsa l trans - ~


TÉCNICA
)
versa l pa ra criar um reta lho biped icu lado longo o sufi- --~~~~~~~~~
ciente, quando desenhada dista lmente, para cobrir o osso • Com o polega r na posição de abdução, fl exio ne o dedo
e os outros tecidos no fi nal do coto. lesionado, de modo que a sua extrem idade toque no
• Suture o retalho no lugar, e cubra a imperfeição criada meio da em inência tê nar (Fig. 19-14). Esboce na eminên -
no dorso do dedo com um enxerto de pele de espessura cia têna r um retalho que, qua ndo elevado, seja grande o
parcial. O retalho pode ser f eito com mais mobilidade, suficiente para cobrir a lesão e esteja posicionado corre-
liberta ndo um dos seus ped ículos, mas isso reduz a sua tamente; pressiona r o cot o ensanguent ado do dedo lesio-
vasculari zação. nado co ntra a pe le têna r mostra, através de uma mancha
de sangue, o t ama nho do defeito a se r co berto.
• Com a sua base em pos ição prox imal, erga o reta lho têna r
para incluir a maior parte da gordura subjacente; mani -
RETALHO DE DOBRA ADIPOFASCIAL pu le o reta lho com ganchos de pele para evita r esmaga-
A retal ho de dobra adipofascial é um retalho desepitelizado mento mesmo que com pequenos fórceps. Deixe o
que pode ser usado para cobrir imperfeições dorsa is distais reta lho suficientemente grande pa ra que, quando sutu-
de 3 cm de comprimento rado à extremi dade do dedo convexo, não f ique sob

-------~
tensão. Deixe se u comprim ento co m não mais do que
TÉCNICA duas vezes a sua largu ra. Deb ilita ndo devaga r a borda da
'

• Com o uso do torn iquete, repare as imperfeições traumá-


t icas, como ind icado, como a repa ração dos tendões
extensores e a f ixação da fratura.
• Delineie o reta lho planejado com uma caneta própria para
pele. Deixe a largu ra 2 a 4 mm ma ior do que o defeito
t raumático. A proporção entre base e comp rimento deve
ser de 1: 1,5 a 1:3. A base do retalho deve ser de 0,5 a 1
cm de com primento e é feita imed iatamente proximal ao
defeito. O reta lho deve ter, pelo menos, este comprimento
a ma is do que o defeito (Fig. 19-98).
•D esenvo lva a aba ad ipofascial de ma neira superficia l ao
paratendão extensor de prox ima l a dista l (Fi g. 19-9C).
• Após o reta lho ser destaca do de maneira proxima l e ao
longo dos lados da base do reta lho, vire-o e sutu re-o de
manei ra dist al (Fig. 19-9D).
• Não coloque suturas no local da rotação para evitar a A
tensão sobre o pedículo vascular (Fig. 19-9 E).
•Use de um enxerto de espessu ra parcia l para cobrir o
def eito no loca l do reta lho.
•Imob ili ze o díg ito em uma ta la de proteção.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A primeira troca de cu-


rat ivo é rea lizada 3 semanas após a ciru rgia, e o movi-
mento digita l começa conforme a cicatrização das fe ridas
e de ou tras fraturas concom itantes assim o permitir.

RETALHOS CROSS FINGER


A técn ica de apl icação de reta lhos cross finger é descrita
no Capítulo 65.

e D
RETALHO TÊNAR O!fiii;tfil:DID Retalh o t ênar pa ra amputação da extrem idad e
A cobertura do dedo médio e a do anelar podem ser rea- do dedo. A, A extremidade do dedo anular foi amp utada. B, O
lizadas através da uti lização do retalho tênar. Podem d edo foi fl exionado de mo do q ue sua extremidade t oqu e o meio
ocorrer o amaciamento da área doadora e as contraturas d a emin ência t ênar, e o ret alh o t ênar foi esboça do. C, O enxe rto
das flexões das art icul ações interfa lâng icas proxima is, e os d e espessura parcial deve ser sutu rado à àrea doa d ora antes de
reta lhos não devem se r de ixados no loca l por mais de 3 o retalho se r li gado ao dedo. D, A extremidade d o ret alh o foi
sema nas. lig ad a ao dedo po r sut uras passadas atravé s d a unha e através do
tecid o em cad a um dos seus lad os. VEJA A TÉCNICA 19-5.
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕ ES DA MÃO G!llll
pele no local doador, a imperfe ição pode ser fec hada
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Comece a f isioterap ia
diretamente, sem a necessidade de reco rrer a um enxerto .
digital assim que as fratu ras perm it irem.
•Ligue a extrem idade dista l do retalho à borda cortada da
unha por meio de suturas passadas através da unha. As
bordas laterais do reta lho devem estar encaixadas nas
margens do defeito, mas, para evitar prob lemas de circu- RETALHOS PEDICULADOS
lação no reta lho, faça a sutura somente em suas partes
O reta lho pedicu lado com padrão axial pode ser usado para
ma is dista is, se houver, do dedo. Evite que o reta lho f ique
fornecer sensibi lidade ou apenas tecido mo le composto
dobrado sobre si mesmo e estrangule os vasos.
aos dedos ou ao polega r adjacente. O taman ho da camada
•Controle qua lquer sangramento, verifique as posições do
de pele pode variar de acordo com a lesão.
retalho e do dedo, e apl ique genti lmente um algodão

------~
molhado, comprim indo-o para seguir os contornos do
enxerto e da ponta do dedo.
TÉCNICA
•Usando gaze e esparad rapo, mantenha o dedo na posição • Este proced imento é real izado como cirurgia ambu lato-
adequada, e use uma ta la para apoiar o punho rial, e a anestesia geral tem preferência.
• Infle o torniq uete de braço depois de usa r uma caneta
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 4 dias, aplica-se
própria para pele, para ind icar claramente o desenho
um curativo ao enxerto, que é então mantido tão seco
pretend ido do reta lho.
quanto possível, trocando-se o curativo a cada 1 ou 2 dias
• Meça o tamanho do defeito após o desbridamento adequado
e deixando o enxerto parcia lmente exposto. Após 2 semanas,
e retire um reta lho ligei ramente ma ior para o dedo doador.
a base do enxerto é liberada, e as bordas soltas de pele são
•Faça uma incisão méd io-axia l ou em zigue-zague volar
suturadas no lugar. Os contornos da ponta do dedo e a
para expor o feixe neurovascu lar da área do arco super-
em inência tênar melhoram com o decorrer do tempo.
f icia l, o ponto de rot ação habitua l do retalho.
•Se for desejado que um reta lho neurovascular propor-
cione sensib ili dade a uma determinada área, é imperativo
que a borda ulna r do dedo mín imo e borda radia l do dedo
RETALHO NEUROVASCULAR LOCAL ind icador não sejam usadas como doadoras porque a
Um enxerto neurovascular anterógrado pode fornecer um manutenção ou a obtenção da sensibil idade nestas áreas
revestimento satisfatório e sensibi li dade normal à superfície é desejável. A camada de pele está centralizada de forma
funcional mais importante dos díg itos. ideal sob re o feixe neurovascu lar.
•Com o uso do torniquete, loca li ze o fe ixe neurovascu lar
TÉCNICA proxima l e cui dadosamente disseque-o até sua origem no
arco superficial. Deixe uma quantidade de tecido mole ao
• Faça uma incisão passando pelo meio de cada lado do dedo redor do feixe neurovascu lar porque as veias discretas não
(ou polegar), começando dista lmente no defeito e se esten- são faci lmente visíveis, mas existem nos tecidos periarte-
dendo proxima lmente ao nível da articu lação interfalângica riais. Disseque o fe ixe prof undamente e use cautério
proxima l ou da articulação interfalângica do polegar. bipolar bem longe da artéria digita l apropriada pa ra con-
• Em cada lado e começando na reg ião proximal, disseque trolar vasos perfurantes que adentrem a bain ha fl exora.
cu idadosamente o f eixe neurovascu lar dista l ao nível sele- • Eleve a camada de pe le, tendo o cu idado de garantir que
cionado para a margem proximal do enxerto (Fig. 19-1 5A). o feixe vascular esteja razoavelmente centra lizado sob o
Neste passo, faça uma incisão volar transversa l através da reta lho e divida a artéria de maneira dista l.
pele e do tecido subcut âneo, mas proteja cu idadosa- •Use fio.simp les de ná ilon 5-0 para suturar o feixe vascu lar
mente os feixes neurovascula res (Fig. 19- 158). dista l até a borda dista l do retalho de pele .
• Se necessário, faça uma out ra incisão na margem do defeito, •Coloque o reta lho sobre o loca l de destino pa ra determ i-
li berando uma área retangu lar da pele e da gordura subja- nar o me lh or cam inho pa ra o ped ícu lo, po is este não deve
cente à qual estão ligados os dois feixes neurovasculares. estar sob qualquer tensão. A pe le entre o ponto de
• Passe cuidadosamente esta área ou este enxerto distal- rotação pode ser sacrificada e ampl iada, espalhada gen-
mente, e coloque-o sobre o defeito (Fig. 19-15C). Evite t ilmente, liberando com uma pinça hemostática o
colocar mu ita tensão sobre os fe ixes; caso a tensão com- caminho pretendido do pedículo. O túnel deve permitir a
prometa a circulação no enxerto, disseque os feixes de passagem do reta lho de maneira fáci l. Freque ntemente,
maneira mais proximal ou fl exione a art icu lação dista l, ou uma li gação de 2 a 3 cm de pe le pode ser deixada entre
faça os dois. as incisões proximais do doador e do recepto r. No entanto,
• Suture o enxerto no lugar com suturas pequenas inter- se subsistirem dúvidas em relação à tensão ou ao choque
rompidas não absorvíveis. do pedículo, essas incisões devem ser conectadas.
•Cubra os defeitos criados na superfície vola r do dedo com • Esvazie o torniquete e controle o sangramento.
enxerto de espessu ra total livre. • Puxe a sutura com o f io de ná ilon 5-0 suavemente através
• Co loque cu idadosamente curativos esté reis com contor- da ligação na pele, toma ndo cuidado para não colocar uma
nos, tais como chumaços de algodão embeb idos em gli- tensão que possa rompê-la entre o ped ícu lo e o reta lho.
cerina, sobre os enxertos para diminu ir a probabil idade •Suture o retalho livremente até a posição pretend ida e
do excesso de pressão sobre os fe ixes neu rovasculares. feche as feridas remanescentes. Certifiq ue-se de que o
• Ap lique um curativo compressivo até a remoção da sutura reta lho continue bem vascu larizado antes de colocar um )
em 10 a 14 dias. curativo e uma tala de proteção frouxa.
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

O@ii;@IJ!ID A-C, Retalho neurovascu lar local (veja o texto). VEJA A TÉCNICA 19-6.

• Observação: Quando este procedimento for realizado como TÉCNICA


)
um retalho pediculado, o nervo digital apropriado deve ser
cuidadosamente preservado e protegido para evitar neuro- •Depo is de preparar o loca l recipiente adequadamente,
mas problemáticos. Disestesias transitórias que geralmente determine o tamanho do defeito do doador.
ocorrem com esta técnica desaparecem em 6 a 8 semanas. • Exponha o pedículo vascular utilizando uma incisão linear
ou em zigue-zague ao longo dos dedos, com compri -
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é observado mento 1,0 a 1,5 cm ma ior do que a distância entre a
durante 5 a 7 dias, e a fisioterapia é iniciada assim que extremidade proximal da lesão e da borda dista l do
os ferimentos perm itirem, geralmente de 2 a 3 semanas doador.
após a ci rurgi a. •Disseque de proximal a distal com o uso do torn iquete.
• Separe a artéria digital proximal apropriada do retalho
doador do nervo digita l subjacente. Ligue e divida a
RETALHO DE PEDÍCULO RETRÓGRADO artéria, e erga o retalho com cuidado, com seu pedículo.
Este retalho homodigital retrógrado é bem adequado para Deixe uma área de 1 cm do feixe vascu lar intacta de
cobrir defeitos dorsais e valares de forma dista l. O proce- maneira dista l para nutrir o retalho e agir como ponto de
dimento baseia-se em fluxo retrógrado através da artéria articulação para ele.
digital apropriada, fornecendo um tecido composto proxi- •Esvazie o torniquete e controle o sangramento com cau-
ma l (Fig. 19-11). tério bipolar.
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕ ES DA MÃO -

• Suture sem tensão no local receptor e feche a fratura, deve ser feita através da base do segundo metacarpal. Essa amputa-
mas de mane ira a deixá -l a frouxa para não comprometer ção do raio do indicador é especialmente desejável em mulheres, por
o ped ícu lo. razões estéticas. Por se r uma operação mais extensa do que a ampu-
• Os defeitos das áreas doadoras requerem t ipicamente um tação através do dedo, no entanto ela pode causar rigidez dos outros
enxerto de pele de espessura parcia l e um curativo macio dedos e pode ser contraindicada em mãos artríticas. O nervo radial
não aderente, como gaze Xeroform® e chumaços de digital do dedo méd io deve ser cuidadosamente isolado e dissecado,
algodão embebidos em glicerina. livre do nervo digita l comum do espaço da segunda membrana.
• Observação: Este retalho pode ser usado como uma área Técnica inadequada pode resultar numa cicatriz retraída no dorso
homodigital retrógrada sem pele para diminuir a morbi- da mão ou na ancoragem do primeiro interósseo dorsal i10 meca-
dade associada com a camada de pele. Em tal modificação, nismo extensor, em vez de na base da falange proximal, causando
o enxerto de pele é aplicado sobre o enxerto composto no sobretensão intrínseca.
local destinatário.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo é ret irado

..
com 7 a 1O dias de pós-operatório, e a fis ioterapia é
iniciada dependendo da cicatrização das fraturas . AMPUTAÇÃO DO RAIO DO INDICADOR
TÉCNICA ~
RETALHO HIPOTÊNAR ULNAR • Com uma caneta marcadora, delineie as incisões planejadas
(Fig. 19-16A). Comece a linha pa lmar no segundo espaço
O reta lho hipotê nar ul nar é um reta lho de pedículo vascu lar
da com issura na base radial do dedo méd io, e continue esta
retróg rado que conta com a metade distal do suprimento
linha proximal até a área méd ia da palma, tomando cuidado
vascu lar da pele hipotênar da artéria digita l ulnar do dedo
para não atravessar as pregas de flexão palmares a 90 graus.
mín imo. O reta lho pode ser usado para cob ri r os defe itos
Comece uma segunda li nha palmar aproximadamente 1 cm
que tenham aproximadamente 5 x 2 cm. Com base na
distal da prega de flexão palmar digital da base rad ial do
artéria digita l apropriada para o dedo mínimo, este retalho
dedo ind icador, e estenda essa linha proxima l para chegar
pode proporcionar a sensibi li dade ao suturar-se o nervo
até a primeira incisão na área média da pa lma. Incisões em
digital ulnar a um ramo sensorial do nervo cutãneo que for
zigue-zague na pele palmar podem diminui r a incidência de
colhido por este retalho.
contraturas longitudinais nas cicatrizes.

---------'~
•Deli ne ie a parte dorsa l da incisão que se estende desde
TÉCNICA as linhas pa lmares pa ra convergi r em um ponto na arti-
cu lação carpometacarpal do indicador de maneira dorsa l.
•Esboce o reta lho na metade dista l da em inência hipotênar
•Agora faça as incisões como esboçado anteriormente.
para corresponder ao defeito da área receptora.
• Ligue e divida as veias dorsais, e, em um nível ma is pro-
• Com o uso do to rniquete e da anestesia geral, disseque
xima l, divida os ramos do nervo radial superficia l ao dedo
o plano subfascial, começando pe lo lado dorsa l da
ind icador.
mão. Inclua os mú ltip los perfura ntes vasculares com o
•Recolha os tendões do múscu lo extensor comum e do
retalho antes de dividir a art éria digita l ulnar palmar
músculo extensor do indicador de maneira dista l, corte-os
proxima lmente.
e perm ita que eles se retraiam de mane ira proxima l.
•Escolha a dissecção dista l do ped ícu lo até o ponto de
• Retire a inserção tendinosa do primeiro interósseo dorsa l
rotação da articulação interfalãngica proxima l (Fig. 19- 13).
e disseque o músculo proximal do segundo eixo do meta-
•Feche a incisão, mas deixe-a frouxa, após o sangramento
carpo (Fig. 19-168). Retire o interósseo volar do mesmo
ser controlado, e aplique um curativo macio e volumoso.
eixo e divida o li gamento transverso do metaca rpo que
liga à segunda e à terceira cabeça do metaca rpal. Tome
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo macio e
cuidado para não danificar o nervo digita l rad ial do dedo
volumoso é removido dentro de 1 semana após a cirurg ia,
médio.
e a fis ioterapia da articu lação metacarpofalãngica e inter-
•Divida cuidadosamente o segundo metacarpo obli qua-
fa lãng ica proxima l é iniciada.
mente do dorso radial proximal até a área volar ulnar de
maneira dista l, cerca de 2 cm dista l à sua base. Não des-
monte o osso na sua extrem idade proximal. A lise qua isquer
bordas ásperas na parte restante do metacarpa l.
AMPUTAÇÕES DE DEDOS •Divida ambos os tendões flexores do dedo ind icador, e
de ixe que se retra iam (Fig. 19- 16C).
ISOLADOS • Ligue e divida as artérias dig itais até o dedo indicador.
• Identifique cu idadosamente e divida ambos os nervos
DEDO INDICADOR digitais, de ixando comprimento suficiente para que suas
pontas possam ser enterradas na área interóssea.
Quando o dedo indicador é amputado exatamente ou mais proximal • Insi ra a inserção tend inosa do primei ro interósseo dorsa l
ao nível de sua articulação interfalângica proximal, o coto restante à base da fa lange proxima l do dedo médio. Não a insi ra
é inutilizado e pode dificultar o mov imento de pinça entre o polega r ao tendão extensor ou à sua cobertura, pois isso pode
e o dedo médio. Na maioria dos casos, quando uma amputação primá- causar sobretensão intrínseca. )
ria deve estar em tal nível proximal, qualquer amputação secundária
Eit PARTE VI AMPUTAÇÕES

iâ@ll;Mllll!I Técnica para amputação do raio do indicador. A, Incisões na pele dorsais planejadas com caneta marcadora. A incisão
na pele palmar pode ser descrita em zigue-zague para reduzir a contratura da linha da sutura na pele. B, Tendões do músculo flexor
superficial e do músculo flexor profundo dos dedos seccionados a uma distância proximal da origem lumbrical após o isolamento e a
divisão de estruturas neurovasculares apropriadas. C, Primeiro interósseo dorsal mantido para inserção na base radial da falange pro-
ximal do dedo médio. D, Aspecto após a amputação do raio do indicador. VEJA A TÉCNICA 19-10.

• Com uma sutura contínua, aproxime os ventres muscula- do qual podem-se passar objetos pequenos quando a mão é usada
)
res na região anteriormente ocupada pelo segundo eixo como uma taça ou no movimento de escavar; sua ausência faz com
do metacarpo. que os dedos restantes tendam a se desviar em direção à linha média
•Ligue ou cauterize todos os sangradores óbvios. da mão. Em amputações múltiplas, o comprimento do dedo médio
• Aproxime as bordas da pele ao longo de um dreno, e ou do dedo anular torna-se ainda mais importante. A terceira e a
remova o torniquete (Fig. 19-160) quarta cabeça do metacarpal também são importantes porque
• Apl ique um curativo úmido bem moldado em conform i- aj ud am a estabilizar o arco metacarpal, fornecendo acessórios para
dade com a nova comissura entre o dedo médio e o o ligamento transverso do metacarpo.
polegar e apoie o punho com um curativo grande e Em uma criança ou mulher, quando o dedo médio é amputado
volumoso ou uma tala de gesso. em posição proximal à articu lação interfalângica proximal e, espe-
cialm ente, quando é amputado em posição proximal à cabeça do
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A mão é erguida ime- metacarpal, pode ser viável transpor o raio do indicador no sentido
diatamente após a cirurg ia por 48 horas. Depois de 24 ulnar para substitu ir o terceiro raio. Essa operação resulta numa
horas, remove-se o dreno. Inicia -se a fisioterapia dig ital maior simetria natural, remove qualquer coto visível, e faz com que
de 5 a 7 dias após a cirurgia. a presença de apenas três dedos seja menos notória. A transposição
do metacarpal do indicador após a amputação parcial do metacarpal
do dedo médio é tecnicamente desafiadora e tem complicações sig-
nificativas. Se esse procedimento mais estético for escolhido, deve-se
AMPUTAÇÕES DO RAIO DO DEDO MÉDIO tomar muito cuidado para qu e sejam alcançadas rotação adequada
OU DO ANULAR e fixação óssea sólida. A união de osteotomias do metacarpal da
parte média do eixo é mais difícil, e recomendamos a fixação meta-
Em contraste com a falange proximal do dedo indicador, a falange fisária em tais casos.
proximal do dedo médio ou do dedo anular é funcionalmente Retirar o terceiro eixo metacarpal remove a origem do adutor
importante. A sua ausência em qualquer dedo faz um furo através do polegar e enfraquece a força do movimento de apertar. O raio do
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO

h!§il;Hlllla Ressecção do raio do dedo médio. A e B, Aparência clínica do dedo médio contraído e duro, sem possibilidade de
salvação, após ferimento de bala na mão. C e D, Incisões palmares e dorsais planeadas para ressecção do raio. E e F, Aparência estética
após a amputação parcial do metacarpal do dedo médio.

indicador não deve ser transposto, a menos que este ad utor possa
ser recolocado em outro lugar. A operação é contraindicada se a mão TRANSPONDO O RAIO DO INDICADOR
for necessária para trabalho manual pesado (Fig. 19-17).

-------~
Da mesma forma, quando o dedo anular for amputado, trans- TÉCNICA
por o quinto raio no sentido radial para substituir o quarto rara-
mente é indicado. A ressecção do quarto metacarpal em sua base ou (PEACOCK)
na articulação carpometacarpiana e o fechamento da pele para criar
uma membrana comum permite um dobramento do quinto dígito •Pla neje a incisão de modo que uma cunha da pele seja
para fechar a lacuna sem a transposição do quinto metacarpal. A removida a pa rtir da superfície dorsal e ventral da mão
desarticulação do dedo anelar na articulação carpometacarpal (Fig. 19-19)
permite que a base do metacarpal do dedo médio se desloqu e radial- •Marque na região do arco do metacarpal transverso, os
mente sobre a faceta do hamato, eliminando essencialmente o desvio pontos exatos que devem ser reunidos para formar um )
radial do raio (Fig. 19-18).
iê@l!;f411!19 Amputação do raio do dedo anular. A e B, Visão palmar e dorsal da mão do paciente após a fratura por avulsão no
dedo anular. C, Desarticulação em bloco da articulação carpometacarpal do dedo anular com di visão proximal de tendões flexores e
exte nsores. D, Ligamentos intermetacarpais dos dedos médio e mínimo são suturados na posi ção sobreposta para evitar a atrofia do
dedo mínimo . E, Radiografia da mão indicando "radialização" da ba se do metacarpal do dedo mínimo na faceta do hamato. F e G,
Aparência clínica após a ressecção do raio do dedo anular.
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO
.,,....
~

permitir que este metacarpal seja colocado sobre a base do


terceiro metacarpal sem colocar tensões indevidas sobre os
músculos. Chanfre a segunda base do metaca rpal obliqua-
mente para produzir um contorno suave no lado da mão.
•A partir do terceiro metacarpal excisado, molde um
;~ enxerto essencial para se estender de um fragmento do
metacarpal reconstruído para o outro.
• Passe um fio de Kirschner longitudinalmente através da
1 articulação metacarpofalângica do raio transposto, e puxe-o
para fora, no dorso do punho flexionado; puxe-o de maneira
proximal através do metacarpal até que sua extremidade
distal esteja proximal à articulação metacarpofalângica.
•Com o pulso flexionado, corte a parte proxim al do fio e
permita que a extremidade remanescente desapareça sob
a pele.
•Flexione todos os dedos ao mesmo tempo para garan-
tir a rotação correta do raio transposto, e insira um fio de
Kirschner transversalmente através do colo do quarto meta-
carpa l e dos metacarpais transpostos. Pode-se utilizar
também fixação óssea com uma pequena placa e parafusos.
Isso requer técnica precisa e deve ser aplicado somente após
o alinhamento correto da rotação ser determinado. Fixar a
O@il;@IJID Técnica de Peacock para a transposição do raio placa no fragmento distal antes de tudo e flexionar as arti-
do indicador. A incisão dorsal é exibida; setas indicam pontos ao culações metacarpofalângicas totalmente antes de a fixação
longo das bordas da pele que serão aproximados. Faz-se uma da placa proximal estar segura reduz a chance de má rotação.
incisão palmar similar (veja o texto). VEJA A TÉCNICA 19-11. •Feche a pele e insira um dreno de borracha.
•Aplique um curativo com pouca pressão; não há neces-
sidade de apoio externo adicional.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No 2º dia, o dreno de


arco liso em todo o dorso da mão, quando a segunda e borracha é removido, e em 8 a 1O dias, todas as suturas
)
a quarta cabeça do metacarpal forem aproximadas. e os curativos são removidos. Uma tala de gesso volar
•Curve ligeiramente a extrem idade proximal da incisão leve é ap li cada para manter o punho na posição de ponto
dorsal em direção à segunda base do metacarpal, de morto e apoiar o raio transposto; no entanto, a tala é
modo que a base possa ser facilmente exposta. removida diariamente para limpar a mão e exercitar as
•Molde a extremidade distal da incisão, de modo que um articulações menores. Em cerca de 5 semanas, quando
pequeno triângulo de pele seja excisado do dedo anular os fragmentos do metacarpal forem unidos, os f ios de
para receber um triângulo semelhante da pele do coto Kirschner são removidos com o uso de anestesia local.
ou da área entre os dedos; transferir esse triângulo é
importante para evita r que a linh a de sutura passe através
da parte profunda da membrana reconstruída.
•Depois que as cunhas dorsa is e valares de pele forem
removidas e os retalhos forem ergu idos, exponha o ter-
ceiro metacarpal através de uma incisão longitudinal no • FRATURAS POR AVULSÃO DO DEDO ANULAR
seu periósteo. O tecido mole do dedo anular é geralmente puxado de maneira
•O raio do indicador é o comprimento certo quando seu forçada em sua base quando um anel de metal usado neste dedo fica
metacarpal é movido diretamente para a base do terceiro preso em um prego ou gancho. A força é geralmente suficiente para
metacarpal. Com uma serra oscilante, divida transversal- provocar a separação da pele e quase sempre danifica o forneci-
mente o terceiro metacarpal o mais próximo possível de mento vascu lar para o tecido distal. Fraturas e danos aos ligamentos
sua base. Retire o terceiro eixo do metacarpal e os múscu- também podem ocorrer, mas os tendões parecem ser os últimos a
los interósseos até o dedo médio. Tome cuidado para não se separar. As tentativas de resgate normalmente falham, a menos
danificar os músculos interósseos dos dedos restantes. que o fornecimento vascular possa ser restabelecido. Mesmo com a
•Identifique os feixes neurovasculares do dedo médio; reparação microvascular bem-sucedida, rigidez e sensibilidade
ligue individualmente as artérias e veias, e divida os anormal são inevitáveis. Amputação do quarto raio com fechamento
nervos digitais. da comissura é o procedimento mais adequado para crianças ou
•Enquanto o pulso é mantido flexionado, puxe os tendões mulheres. Amputação simples do metacarpal em vez de ressecção
flexores de maneira distal, o máximo possível, e divida-os. pode ser indicada para alguém que desempenhe trabalho pesado.
•Recolha os tendões extensores do dedo indicador, exponha Um relatório comparando amputação do metacarpal com ressecção
o segundo metacarpal em sua base, e divida o osso no do raio sugeriu que, apesar da má estética e da incompetência
mesmo nível do terceiro metacarpo. palmar, a amputação do metacarpal preservou uma força maior. Ao
• Do lado radial do segundo metacarpal, disseque cu idadosa- ressecar o quarto raio em sua base ou na articulação carpometacar-
mente os músculos intrínsecos apenas o suficiente para pal, o qu into raio se fecha sem ter que ser transposto cirurgicamente.
A amputação simples do próprio dedo deve ser feita se houver
11118 PARTE VI AMPUTAÇÕES

necrose e infecção; e, se indicada, a amputação do raio é feita mais 1 2 3


tarde, como um procedimento eletivo. 4
5
6
7
AMPUTAÇÕES DO DEDO MÍNIMO
A maior parte do dedo mínimo deve ser salva, desde que todos os
requisitos para que haja um coto indolor sejam satisfeitos. Muitas
vezes, esse dedo sobrevive quando todos os outros foram destruídos,
e torna-se importante na formação do movimento de pinça junta-
mente com o polegar. Quando apenas o dedo mínimo é amputado, e
quando a aparência da mão é importante ou a amputação é feita ao
nível da articulação metacarpofalângica, o quinto eixo do metacarpal
é dividido obliquamente no terço médio; a inserção do adutor do
quinto dígito é transferida para a fa lange proximal do dedo anular,
assim como o primeiro interósseo dorsal é transferido para o dedo
médio na amputação do raio do indicador, como descrito. Isso suaviza
a borda ulnar da mão e é usado na maioria das vezes como um pro-
cedimento eletivo para um dedo mínimo contraído ou doloroso.
h!§lh@IJ!m Níveis de amputação da extremidade do polegar.
Os procedimentos aceitáveis por nível são: 1, enxerto de espessura
AMPUTAÇÕES DO POLEGAR parcial; 2, retalho cross finger ou retalho de avanço; 3, retalho de
avanço, retalho cross finger, ou encurtar o polegar e fechar; 4,
Em amputação parcial do polegar, em contraste com a de qualquer enxerto de pele de espessura parcial; 5, encurtar osso e enxerto
outro dedo, não se deve considerar a reamputação em um nível de espessura parcial de pele, retalho de avanço, ou retalho cross
mais proximal para se obter um fechamento, pois o polegar rara- finger; 6, retalho de avanço ou retalho cross finger; e 7, reta lho
mente deve ser encurtado. A fratura deve ser fechada em primeiro de avanço e remo ção de leito ungueal remanescente.
lugar por um enxerto livre, um retalho de avanço do pedículo
(descrito posteriormente), ou um retalho local ou distante.
Se for necessário um retalho, dê preferência por retirá-lo do dependente do retalho vala r; esta técnica é segura, e o retalho
dorso da mão ou do dedo indicador ou médio. Um retalho de uma pode ser mais longo (Fig. 19-20).
dessas áreas proporciona uma área de toque que é estável, mas que
não recupera a sensibilidade normal. TÉCNICA
Cobrir a superfície volar do polegar com um retalho abdominal
é contraindicado; mesmo quando o retalho é fino, a pele e a gordura •Utilize o controle de torniquete e a anestesia adequada,
abdominal proporcionam uma superfície não adequada para o movi- faça uma incisão mediolateral de cada lado do polegar, da
mento de pinça porque faltam septos fibrosos ou ela se desloca sob extremidade à articulação metacarpofângica (Fig. 19-21 A)
pressão. A pele do abdome é muito diferente em aparência à da mão • Erga o retalho que contém ambos os feixes neurovascula-
e à dos dígitos. Quando a pele e todos os elementos neurais tiverem res, sem perturbar a bainha do tendão flexor (Fig. 19-21 B).
sido perdidos em uma área significativa do polegar, indica-se o uso •Flexione as articulações para permitir que a tampa seja
de um enxerto neurovascular (Cap. 68) . O defeito deve ser fechado avançada e cuidadosamente suturada sobre a imperfeição
em primeiro lugar por um enxerto de espessura parcial; o enxerto com suturas interrompidas (Fig. 19-21 C).
neurovascular ou, se possível, um enxerto neurovascular local ou
retalho de avanço como descrito para amputações na extremidade dos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO As articulações devem
dedos (Técnica 19-1) é aplicado em segundo plano. ser mantidas em flexão no pós-operatório por 3 semanas.
Se o polegar tiver sido amputado, para que um segmento útil Este retalho grande é usado apenas quando uma grande
da fa lange proximal permaneça, a única cirurgia necessária, exceto área da pele do polegar é perdida.
para o fechamento primário da ferida, é o aprofundamento da
membrana do polegar por Z-plastia (Cap. 64). Quando a amp uta -
ção tiver sido feita na articulação metacarpofalângica ou em um
nível mais proximal, a reconstrução do polegar pode ser indicada AMPUTAÇÕES DE MAIS
(Técnica 19-15). DE UM DEDO
Em amputações parciais de todos os dedos, manter o comprimento
RETALHO DE AVAN80 DO PEDÍCULO restante dos dígitos é muito mais importante do que numa amputa-
ção de um único dedo. Por causa da ação natural do tipo dobradiça
PARA FRATURAS N POLEGAR entre o primeiro e quinto metacarpos, qualquer coto remanescente
Retalhos de avanço de fraturas na extremidade do dedo gera l- do dedo deve desempenhar um papel importante na preensão com o
mente sobrevivem se as incisões no retalho valar não forem polegar intacto; esta ação do tipo dobradiça pode ser aumentada em
postas em posição proximal à articu lação interfalângica pro- cerca de 50% por divisão do ligamento metacarpal transverso entre o
ximal. No polegar, no entanto, a drenagem venosa não é tão quarto e quinto raios. Na amputação parcial de todos os dedos e do
polegar, a função pode ser melhorada através de um alongamento
CAPÍTULO 19 AMP UTAÇÕ ES DA MÃO GJll

A B e
O!§ii;@lmt Retalho de avanço do pedículo para fratura s no polegar. A, Lesões profundas na pele do polegar, expondo o osso,
podem ser cobertas com retalho de avanço do pedículo. B, Avanço do pedículo neurovascular. C, A fle xão da articulação distal do
polegar é necessária para permitir a colocação do retalho (veja o texto) . VEJA A TÉCNICA 19-12.

utilizar a fa langização do quinto metacarpal. Nessa operação, o


quarto metacarpal é ressecado, e o quinto é osteotomizado, rotacio-
nado, e separado do resto da palma. O alongamento do quinto
metacarpal também é utilizado. Na amputação completa de todos
os dedos e do polegar, em que a amputação tiver sido transversal
através dos metacarpais, a fa langização dos metacarpais seleciona-
dos pode melhorar a função. O quarto metacarpal é ressecado para
aumentar a amplitude do movimento do quinto, e a função do
quinto metacarpal é melhorada ainda mais pela osteotomia do meta-
carpal, em que o fragmento distal é rotacionado no sentido radial e
flexionado. O segundo metacarpal é ressecado em sua base, mas
para preservar a origem do adutor do polegar, o terceiro metacarpal
não é ressecado. O polegar não deve ser alongado por reconstrução
osteoplástica a menos que se possa adicionar sensibilidade à sua
sup erfície palmar. Quando a amputação tiver sido feita pelo meio
dos eixos do metacarpal, a preensão, provavelmente, não pode ser
restaurada, mas o movimento de gancho pode ser feito com a flexão
do tronco na altura do pulso. Este movimento no pulso pode ser
ainda mais útil pela montagem de uma plataforma artificial à qual
a superfície palmar do coto pode estar ativamente oposta.

FALANGIZAÇÃO DO QUINTO
O!iji@ilma Em amputações múltiplas, incluindo a do METACARPAL
polegar, a fun ção pode ser melhorada através da osteotomia do ~
, TÉCNICA
primeiro e quinto metacarpais e girando se us fragmentos distais ---~~~~~~--'~
em direção ao outro (veja o texto).
•Durante o quarto metacarpal, faça in cisões longitudin ais
dorsais e volares que se juntem de maneira distal.
•Exponha e resseque o ligamento metacarpal transverso
relativo dos dígitos, aumentando a sua mobilidade. A função do
em cada lado da quarta cabeça do metacarpal.
polegar pode ser melhorada através do aprofu ndamento da comissura
• Divida de maneira proximal os nervos dig itais até o dedo
por Z-plastia (Cap. 64) e osteotomizand o-se o primeiro e quinto
anu lar, e ligue e divida os vasos correspondentes.
metacarpais, girando seus fragmentos distais em direção ao outro
• Resseque o quarto eixo do metacarpal apenas distal-
(Fig. 19-22), enquanto, caso necessário, o quinto metacarpal é
mente até sua arti cu lação carpometacarpal. Através da
inclinado em direção ao polegar. Se a primeira articulação carpome-
mesma incisão, faça a osteotomização do qu into meta-
tacarpal for funcional, mas o primeiro metacarpal for bastante curto,
carpa l perto de sua base.
o segundo metacarpal pode ser transposto para o primeiro para alon-
•Retire rapidamente e flexione o fragmento distal, e rota-
gá-lo e para alargar e aprofundar a primeira comissura.
cione-o em direção ao polegar. Fixe os fragmentos com )
Na amputação completa de todos os dedos, se o polegar intacto
um fio de Kirschner.
não puder alcançar faci lmente a quinta cabeça do metacarpo, pode-se
- PARTE VI AMPUTAÇÕES

sensibilidade às partes terminais do membro. Também é utilizada em


) •Cubra as superfícies brutas entre o t erceiro e quinto
outros pacientes com amputações semelhantes, especialmente em
metacarpais com enxertos de espessura parcial, criando
ambientes onde não haja serviços de próteses modernas. De acordo
uma membrana na junção dos terços proximal e médio
com Swanson, as crian ças com amputação bilateral congênita acham
dos ossos. Certifique-se de que o pree nchimento sobre a
o membro reconst ruíd o muito mais útil do qu e uma prótese mecâ-
quinta cabeça do metacarpa l esteja em boa situação e,
nica; elas transferem o domínio deste membro quando a prótese é
se possível, que a sensibilidade esteja norma l em seu
usada no membro oposto. Nas crianças, o aparecimento do membro
ponto de contato máximo com o polegar.
após a cirurgia não se mostrou angustiante, e a operação não impede
o uso de um a prótese comum, se desejada.

COTO DE AMPUTAÇÃO DOLOROSA TÉCNICA DE RECONSTRUÇÃO DE


A cirurgia de revisão é um procedimento eletivo frequente para
KRUKENBERG
adm inistrar cotos de amputação dolorosa, especialmente os res ul-
tantes de fraturas traumáticas. Um neuroma locali zado numa zona TÉCNICA
não revestida perto da extremidade do co to é a causa habitual de
dor. Uma área bem locali zada de se nsibilidade extrema associada
(KRUKENBERG; SWANSON)
com uma massa pequ ena, geralmente de aco rdo com um nervo
•Fa ça uma incisão longitudinal na superfície flexora do
digital, é diagnóstica. Alguns neuromas dol orosos podem ser trata-
antebraço ligeiramente para o lado radia l (Fig. 19-23A)
dos por meio de preenchimento e desse nsibili zação, embora a
Faça uma incisão semelhante na sua superfície dorsa l
excisão cirúrgica seja frequentemente necessári a. O neuroma é di s-
ligeiramente para o lado ulnar, mas, nesta superfície, erga
secado livre de cica tri z, e o nervo di vi de-se em um nível mais pro-
um retalho em forma de V, para formar uma membra na
ximal. Outro neuroma deve se desenvolver, mas indolor, quando
na junção dos raios (Fig . 19-23B)
localizado em urna área revestida. Suturar os nervos radiais e digitais
•Separe os músculos do antebraço em dois grupos (Fig.
de extremidade a extremidade (em comparação com a ressecção
19-23C e D): O lado radial compreende os flexores e exten-
proximal, conforme men cionado) não mostrou reduzir a dor em
sores radi ais do punho, a metade rad ial do flexor superficial
repouso, a intolerância ao frio, ou a sensibilidade percebida. A
dos dedos, a metade radial do extensor dos dedos, o bra-
redu ção na sensibilidade é co nseguida por esta união do nervo de
quiorradial, o palmar longo, e o pronador redondo; o lado
um a extremidade a outra, no entanto, à custa da sensibilidade tátil.
ulnar compreende os flexores e extensores ulnares do punho,
Dor em um coto proveniente de amputação também pode se r
a metade ulnar do flexor superficial dos dedos, e a metade
causada por proeminências ósseas cobertas apenas por uma pele fina,
ulnar do extensor dos dedos. Se fi zerem com que o coto
tal como um enxerto de espess ura parcial, ou pela pele apertada por
seja muito volumoso ou qu e a fratura seja difícil de fechar,
urna cicatriz. Nesses casos, pode-se indicar a excisão da pele fina ou
resseque o quanto for necessário o pronador quadrado, o
da cicatriz, o encurtamento do osso, e a aplicação de um enxerto
flexor profundo dos dedos, flexor longo do polegar, o abdutor
su.fici entemente revestido. Cotos provenientes de amputação que
longo do polegar e o extensor curto do polegar. Tome cu idado
se1am dolorosos por causa da cobertura da pele fina na junção da pele
para não prejudicar o pronador redondo.
e da unha podem se r melhorados através de um retalho de avanço
•Faça uma incisão na membrana interóssea em tod a a sua
limitado, tal corno descrito na seção de amputações de polegar. No
extensão, ao longo da sua fi xação ulnar, tomando cuidado
dedo, a disseção proximal para desenvolve r esses retalhos não deve se
para não danificar o vaso interósseo e o nervo.
estender de man eira proximal à articulação interfalângica proximal.
•Os raios radiais e ulnares podem ser separados em 6 a 12
Por fim, as sensações de dolorosas de câimbras na mão e no
cm na sua extrem idade, dependendo do tamanho do ante-
antebraço podem se r causadas por contratura em flexão de um coto
braço; o movimento, nas suas extremidades proximais,
resultante da so bretensão dos tendões extensores ou da aderência
ocorre nas articula ções radioumeral e radioulnar proximal.
dos tendões flexo res; a liberação de qu aisquer tendões aderentes
As extremidades opostas dos raios devem se tocar; se não,
pode aj udar.
faça a osteotomização do rádio ou da ulna o quanto for
necessário. Agora, os adutores do raio rad ial são o pronador
redondo, o su pinador, o flexor radia l do ca rpo, a metade
RECONSTRUÇÕES APÓS
radia l do flexor superficial dos dedos, e o palmar longo; os
A AMPUTAÇAO abdutores do raio radia l são o braquiorrad ial, o extensor
radia l longo do carpo, o extensor radia l curto do ca rpo, a
RECONSTRUÇÃO APÓS A metade radia l do extensor dos dedos, e o bíceps. Os aduto-
AMPUTAÇÃO DA MÃO res do raio ulnar são o flexor ulnar do ca rpo, a metade ulnar
do flexor superficial dos dedos, o braqu ial e o ancôneo; os
A amputação de ambas as mãos é extremamente incapacitante. Em
abdutores do ra io ulna r são o extensor ulnar do carpo, a
pacientes selecionados, pode-se utili za r a operação de Krukenberg.
metade ulnar do extensor dos dedos, e o tríceps.
Ela converte o antebraço em pinça, na qual o raio rad ial age contra
• Retire o torniquete, promova a hemostasia, e observe a
o raio ulnar. Swanso n comparou a fun ção do membro reconstruído
circulação nos retalhos
com o uso de hashis (os famosos pauzinhos para comida japonesa).
•Retire o excesso de gordura , rotac ione a pele em torno
A sensibilidade norm al entre as pontas do s rai os é garantid a pela
de cada raio, e feche a pele sobre cada um de modo a
mudança adequada da pele durante o fechamento da fratura. A ope-
que a linha da su tura não fique sobre a superfície oposta
ração é especialmente utili zada em pacientes cegos com amputações
de nenhum deles (Fig. 19-23E e F)
bilaterais porque fornece não somente pree nsão, mas tamb ém
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕ ES DA MÃO cm
M. bíceps --~-

M. braqu1orrad1al ~

M. sup1nador !/
M. flexor radial --M. flexor
do carpo ulnar do
carpo
/
1-i:=~~ M . 1/2 flexor
M. 1/2 flexor_L superficial
superficial dos dedos
dos dedos

Radial Ulnar Ulnar Radial Radial Ulnar


Volar Dorsal Volar
A B e

. -;-- - - M. extensor
radial longo
M. extensor do carpo
ulnar do carpo ) \
M. extensor
próprio do - - -
quinto dedo

M. 1/2 extensor
com um dos dedos ~
~/ -
,, .....
~,

Ulnar Radial Radial Ulnar Ulnar Radial


Dorsal Valar Dorsal
D E F

H[êjii;f+JIE&I Operação de Krukenberg. A, Incisão na superfície fle xora do antebraço . B, Incisão na superfície dorsal (veja o texto).
C e D, Os múscu los do antebraço foram separados em dois gru pos (veja o texto). E, Fechamento da pele na superfície flexora do ante-
braço; a área ainda a ser fec hada indica a localização de qualquer enxerto de pele de espessura parcial necessário. F, Fechamento da
pe le na superfície dorsa l (veja o texto) . VEJA A TÉCNICA 19-14.

• Retire qualquer pele cicatrizada nas extrem idades dos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro fica direto
raios, e, se for necessário para permitir o fechamento, continuamente, durante 3 a 4 dias. As suturas são removi-
encurte os ossos; em crian ças, a pele é gera lmente sufi- das no tempo certo. Depois de 2 a 3 semanas, a reabi litação
ciente para o fechamento, e os ossos não devem ser é iniciada para desenvolver a abdução e a adução dos raios.
encurtados porque o crescimento nas epífises dista is
ain da está incompleto.
• Preserve qualquer dígito rud imentar restan te. Em seguida,
suture o retalho na junção dos raios, e aplique qualquer RECONSTRUÇÕES APÓS A AMPUTAÇÃO
enxerto de espessura parcial necessário. DE VÁRIOS DEDOS
• Insira pequenos drenas de borracha, e, com as pontas
dos raios separadas a 6 cm ou mais, aplique um curativo Várias operações reconstrutivas são feitas após a amputação de
compressivo. vários dígitos em vários níveis. Após a estabilização dos tecidos
moles ser fe ita, há a opção do alongamento digital por alongamento
_, PARTE VI AMPUTAÇÕES

ósseo. A policização do polega r pode ser necessária quando a trans- Um polegar reconstruído deve cumprir cinco requisitos. Pri-
posição de dígitos restantes for possível. A restauração da oposição meiro e m ais importante, a sensibilidade, embora não necessaria-
por dígitos opositores sensíveis muitas vezes necessita de um período mente normal, deve ser indolor e sufi ciente para o reconhecimento
reconstrutivo prolongado, o que desafi a a criatividade do cirurgião de obj etos mantidos na posição de apertar. Em segundo lugar, o
e a pac iência do paciente. polegar deve ter estabilidade suficiente para que a pressão de apertar
não faça com que as articulações do polegar se desviem, colapsem
ou façam com que o bloco de pele se desloque. Em terceiro lugar,
RECONSTRUÇÃO DO POLEGAR deve haver mobilidade sufi ciente para permitir qu e a mão se achate
e o polegar se oponha para o movimento de apertar. Em quarto
A ausência congênita ou traumática do polegar causa uma deficiência luga r, o polegar deve ter co mprimento suficiente para permitir que
grave na função da mão; tal ausência é geralmente considerada como as extremidades digitais opostas se toquem. Às vezes, a amputação
uma deficiência de 40% da mão como um todo. Quando o polegar ou a rigidez dos dígitos restantes podem requerer um comprimento
for parcial ou totalmente ausente, a cirurgia reconstrutiva é urna pos- do polegar maior do que o normal para realizar a preensão. Quinto,
sibilidade. Antes de ser tomada urna decisão sobre a cirurgia, no o polegar deve ser esteticamente aceitável, porque, se não for, ele
entanto, diversos fatores devem ser considerados, incluindo o com- pode permanecer escondido e não ser usado.
primento de qualquer parte restante do polegar, a condição do resto
da mão, as exigênci as do trabalho e a idade do paciente, além do
Fornece { U
conhecimento e da experiência do cirurgião. Se o polegar oposto for acolchoamento
normal, alguns cirurgiões questionam a necessidade de reconstruir e sensibi lidade Sem necessidade de reconstrução
até mesmo um polegar totalmente ausente; pelo menos aqui a recons- para comprimento
trução não é obrigatória. A função da mão pode ser melhorada, no Fornece ponta acolchoada e
insensível
entanto, através de urna operação cuidadosamente planejada e habil-
mente executada, especialmente em um paciente jovem. a. Aprofundamento da comissura
Norm almente, o polega r deve ser reconstruído apenas b. Inclua o comprimento do osso
quando a amputação tive r oco rrido na articulação metacarpo- quando há possibilidade de
falângica ou em um nível mais proxim al. Quando esta articulação cobertura com pele sensível
local ou comprimento osteopático
e um segmento utili zável da fa lange proximal permanecerem, a
a. Policização
única cirurgia que pode se r necessária é o aprofundamento da ou
com iss ura do polegar por Z-plastia (Cap. 64). Quando a amputa- b. Transferência de polegar quando
ção tiver ocorrido através da articul ação interfal ângica, da falange indicado
Policização quando indicado
distal, ou da pele do polega r, só é necessária a cobertura adequada
por pele, a não se r qu e a sensibilidade na área do movimento de
apertar seja muito prejudicada; neste último caso, urn a cobertura H!ijl@'lllEI Reconstrução do polegar em vários níveis . As
m ais elaborada, co mo por um a tran sfe rência neurovascular, pode necess idades básicas são sensibilidade, estabil idade, mob ili dade e
ser indicada (Cap. 68). comprimento .

h!ffihMllla Reta lho de avanço de Moberg. A, Defeito da pe le do polegar com o reta lho esboçado. B, Retalho erguido em pedículos
neurovascu lares intactos . C, Reta lho avançado em 1,5 cm. D, Reta lho suturado na posição com retalho de pele hipotênar com espessura
total livre na base do retalho .
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO

Vários procedimentos de reconstrução são possíveis, e a escolha necessário para cirurgia e convalescença é menor do qu e
depende do comprimento do coto remanescente e da sensibilidade da em algumas outras recon stru ções. As desvan tag ens desse
pele remanescente do polegar (Figs. 19-24 e 19-25). O polegar pode ser procedimento incluem a reabsorção do enxerto ósseo, o
alongado por um enxerto ósseo curto ou por osteoplastia de distração. encurtamento do raio e a perfura çã o da pele após a con-
A sensibilidade pode ser restaurada por retalhos de rotação da pele, com tra ção do reta lho. Esse procedimento req uer que exista um
a superfície da pele não oposta enxertada como no procedimento de mínimo de cicatrização no coto amputado.
"chapéu armado'; de Gillies-Millard. Outra possibilidade é a policização

----------'~
de um dígito. Uma possibilidade promissora é a transferência micro-
vascular livre de um dedo do pé para a mão. Nesse procedimento, a
TÉCNICA
restauração sensorial nunca é normal. A técnica osteoplástica com
(GILLIES E MILLARD MODIFICADA)
enxerto ósseo e enxerto de pele de pedículo de tubo complementada
por um pedículo neurovascular agora é raram ente recomendada.
•Faça uma incisão em curva em torno dos aspectos dorsais,
Por ausência congênita do polegar, a técnica mais utili zada é a
radia is e vo tares da base do polegar (Fig . 19-26A).
policização do dedo indicador. A ausência co ngênita do polegar é
• Libere a pele de maneira distal, mas fique acima das princi-
frequentem ente assoc iada a outras malfo rmações congênitas, como
pais veias para evitar o congestionamento do retalho. Con-
ausência congênita do rádio, e, ocasionalmente, a distúrbios metabó-
tinue a libera ção até que um retalho oco seja erguido e
licos, incluindo discrasias sanguíneas. Estas últimas condições deve m
desl izado pa ra fora da extremidade do coto; o forn ecimento
ser bem avaliadas antes que os procedimentos eletivos para a recons-
de sangue para o retalho vem de uma fonte em torno da
trução do polegar sejam executados. Esses procedimentos reconstru-
base do indicador na mem brana do polegar. (Se desejado,
tivos geralmente são feitos após o primeiro ou o segund o ano de vida.
pode-se adiar o ato de completar a elevação do retalho .)
O chamado polegar flutu ante, um a anomalia congênita em qu e
• Anexe um enxerto ósseo ao ilíaco ou uma fa lange retirad a
o segmento distal do polegar não tem boa fixa ção, a não ser por um
de um dedo do pé à extremidade dista l do metaca rpal ,
pedículo estreito de tecido mole, e parece oscilar de um segmento
di minuindo gradativamente o enxerto e coloca ndo-o
de pele, não é co nsiderado úti l o suficiente para se tentar um a
de ntro de um orifício na extremidade do metacarpal.
reconstrução. A pele deste dedo pode ser usada para um enxerto de
•Fixe o enxerto ao osso por um fio de Kirschner, e co loque
pele, se necessário, mas como regra geral deve se r separada durante
lascas ilíacas em torno de sua base. Certifique-se de que
os primeiros meses de vida.
o enxerto seja pequeno o suficiente para que o retalho
possa ser co locado faci lmente sobre ele.
•Cubra a área cruenta na base do polegar com um enxerto
ALONGAMENJO DO METACARPAL E de pele de espessura facial (Fig . 19-26B).
TRANSPOSIÇAO DE RETALHO LOCAL
Quando a amputação do polegar tiver ocorrido na articu - CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O polegar recém-cons-
lação metacarpofalâng ica ou dentro da área do cô ndilo do truído é imobilizado por um suporte, e uma tala de gesso
primeiro metacarpa l, os múscu los t ênares conseguem esta- vo tar é ap licada à palma da mão e ao antebra ço. O fi o
bilizar o dígito. Nesses casos, pode ser indicado o alonga- de Kirschner é removido quando o enxerto tiver sido
mento do metacarpa l por enxerto ósseo e transferência de unido ao metaca rpal. Z-plastias menores podem ser
um retalho de pele local. A técnica descrita por Gi llies e necessárias mais ad iante pa ra aliviar a comissura vo tar e
Millard pode ser concluída em um estágio, e o tempo dorsa l formada através do avanço do retalho.

O!riiJ:f41J:iE!t Reconstrução do polegar pela


técnic a de Gillies e Millard modificada. A, A incisão
curva em torno de aspectos dorsais, radiais e
valares da base do polegar foi esboçada. B, O
retalho oco foi debilitado e elevado, o en xerto
ósseo do ilíaco foi fixado (desta vez à base da
falange proximal), e a área cruenta na base do
polegar foi coberta por enxerto de pele de espes-
A B sura parcial. VEJA A TÉCNICA 19-15.
11118 PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

adiantada, e não se deve esperar um funcionamento pleno, mesmo


RECONSTR1.JCÃO OSTEOPLÁSTICA E após a transposição bem-sucedida de um dedo normal. No entanto,
TRANSFEREN'CIA DE ENXERTO em amputações perto da art iculação carpometacarpal, especial-
NEUROVASCULAR mente em pacientes com amputações bilaterais significativas em
nível geral, a policização pode ser benéfica.
Verdan fez a recomenda ção da reconstrução osteoplástica Nas mãos de um cirurgião experiente, no entanto, a policiza-
especialmente para casos em que a primeira arti cu lação ção va le a pena, especialmente em um polegar flutuante (pouce
carpometacarpa l tiver sido poupada e estive r com funcio- flottant) e na ausência congênita de um polegar, assum indo que o
namento normal. É um método útil qua ndo a parte res- dígito a ser policizado seja relativamente normal. A policização é
tante do primeiro metacarpal for curta. Como na técnica realizada quando a criança tem de 9 a 12 meses de idade; no entanto,
de Gillies e Mil lard, nenhum dedo corre ri sco, e todos são
quando o polegar é congen itamente ausente, a idade para policiza-
poupados para funcionar em oposição ao polegar recons- ção não é tão importante quanto a consciência do córtex cerebral de
truído . A transferência de um enxerto neurovascu lar
um posto de oposição radia l.
fornece pouca sensibilid ade para o novo polegar, mas
sempre fa lta reorientação sensori al precisa (Fig. 19-1 ).
POLICIZAÇÃO DE RIORDAN
--------'·~
TÉCNICA
Na técn ica de Riordan, o raio do indicador é encurtado por
(VER DAN) ressecção do eixo do seu metacarpa l. Para simular o t ra-
pézio, a segunda cabeça do metacarpa l é colocada em
•Erga do abdome, da reg ião subpeitoral, ou de alguma
posição pa lm ar com rela ção ao plano normal da base do
outra área apropriada um enxerto de ped ícu lo em tubo
metacarpa l, e a arti cu lação metacarpofalângica atua como
que contenha apenas gordura subcutânea moderada.
a articulação carpometacarpa l do novo polegar. O pri meiro
•Retire a pele e o tecido subcutâneo sobre a extremidade
interósseo dorsa l é convertido a abdutor curto do po legar,
dista l do primeiro metacarpa l; faça este espaço para a
e o primeiro interósseo volar é convertido a adutor do
im plantação do enxerto em tubo, ova l e longo, o ma ior
polegar. A técn ica, da maneira descrita, é f eita para uma
possível, de modo que o enxerto possa incluir muitos
mão infantil com au~ênc i a congên ita do polegar, incluindo
vasos e nervos e não se contra ia mais ta rd e (Fig. 19-27 A). o mu ltia ngular maior, mas ela pode ser mod if icada da
•Insira na extremidade do primeiro metacarpa l um enxerto
forma adequada pa ra outras mãos.
ósseo do ilíaco moldado como uma pa leta para imitar o

----------'~
polegar normal. Não alinhe o enxerto com o primeiro
metacarpal, mas co loque-o em um ângu lo obtuso na TÉCNICA
di reção oposta. Certifique-se de que o enxerto não seja
muito longo. Coloque a extrem idade do pedículo em (RIORDAN)
tubo sobre o enxerto ósseo e suture-a no polegar (Fig.
19-278 e C) . • Começa ndo pela fa lange proximal do dedo indi cador,
•Imobilize a mão e o pedículo em tubo para perm iti r o faça uma incisão circunferencial oval (Fig. 19-28A e B) na
movimento normal dos dedos e algum movi mento do superfície dorsa l.
ombro e do cotovelo. • Coloque o nível da incisão no meio da fa lange e no nível
• Após 3 a 4 semanas, libere o pedículo em tubo. da supe rfície palmar com a base da fa lan ge. Do aspecto
•Feche a pele sobre a extremidade dista l do polegar cons- radiopalmar deste oval, estenda a incisão proximal, radial,
truído recentemente, ou transfira um enxert o neurovas- e dorsal mente ao lado rad ial da segunda cabeça do meta-
cu lar a partir de uma área apropriada até o aspecto volar ca rp al, então até o lado rad ial da terceira base do meta-
do po legar pa ra auxiliar no fechamento e para melhorar carpa l no meio da palma da mão, no se ntido palmar e
a sensação e a circulação no dígito (Fig. 19-27D a G). no ulnar, e, finalmente, radialmente, outra vez, para ter-
minar na margem rad ial da base da palma da mão.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um cu rativo e uma tala •Disseque a pele a partir da falange proximal do dedo
de gesso vo lar são ap licados. O polegar recém -con struíd o indi cador, deixando a gordura li gada ao dedo e criando
fica protegido durante cerca de 8 semanas para evita r ou um reta lho de pele de espessu ra total .
diminuir a reabsorção do enxerto ósseo. Se um enxerto •Isole e libere a .inserção do primeiro interósseo dorsa l, e
neurovascular não tiver sido incluído na reconstrução, retire a origem do músculo do lado radial do segundo
essa transferência deve ser fe ita mais ad iante. eixo do metacarpal.
•Isole e libere a inserção do primeiro interósseo dorsa l, e
retire a origem do múscu lo do lado ulnar do eixo do
metacarpal. Tome o cuidado de preservar o nervo e o
• POLICIZAÇÃO suprimento de sangue do múscu lo em cada instância.
A policização (transposição de um dedo para substituir um polega r • Separe a segunda cabeça do metaca rpo do eixo do meta-
ausente) pode pôr em risco o dedo transposto; por isso, alguns carpa l cortando sua epífise com uma lâmina; preserve
cirurgiões recomendam a transposição de apenas um dedo que já todos os seus anexos de tecidos moles.
tenha sido encurtado ou recebido outros danos. Quando a amputa- •Divida o metacarpo em sua base, de ixa ndo intactas as
ção tiver sido traum ática, cicatrizes extensas podem exigi r que um inserções do extensor rad ial longo do carpo e do fl exor
enxerto de pele do pedículo seja refeito antes da poli cização. Em ta is
casos, a função completa do novo polegar dificilmente pode ser
rad ial do carpo; descarte o eixo do metacarpal.
)
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO

O@lhfdlllJ.I Reconstrução osteoplástica do polegar.


A. Uma mulher de 32 anos apresentou-se com uma ampu-
tação traumática do polegar 4 anos antes, com nível de
amputação distal à articulação metacarpofalângica e con-
tratura no espaço da com issura entre polegar e indicador.
B, A liberação simples do espaço da membrana da Z-plas-
tia de retalho duplo permite o acesso ao eixo ulnar do
metacarpal do polegar. C, Quadro de alongamento apli-
cado por via percutânea do lado radial do polegar sob
orientação fluoroscópica antes da osteotomia. Note a
liberação da contratura da membrana após a Z-plastia. D
e E, Visão palmar e dorsal do polegar logo após a aplica-
ção do quadro. O alongamento começou 1 semana após
a cirurgia a uma taxa de 0,5 mm duas vezes ao dia. F e G,
Radiografia lateral em 2 sema nas e 10 semanas após a
cirurgia. H, Radiografia lateral 5 meses após a cirurgia,
indicando união sólida. Não foi necessário nenhum
enxerto ósseo, e a osteoclasia manual do metacarpo foi
feita após a remoção do fixador para simular a fusão
G
articular do metacarpal. VEJA A TÉCNICA 19-16.
. , PARTE VI AMPUTAÇÕES

J 1

A e
a D E

h!êiii;fWIE!I A po licização de Riordan por ausênc ia congênita do polegar, incluindo um trapéz io maior, em uma mão infanti l.
A e B, incisão (veja o texto). A pele da falange proximal (área marrom em A) é ergu ida como um reta lho de pele de espessura total.
C e D, O segundo metacarpa l foi ressecado pela divisão de base proxima l e cortan do-se a epífise d istal, e o dedo foi transferido proximal
e rad ialmente. A cabeça do segundo metacarpa l fo i ancorada de maneira pa lmar à base do segundo met acarpa l e simula um trapéz io
maior (veja o texto) . E, A inserção do prime iro interósseo dorsa l foi ancorada à faixa radia l lateral do meca nismo ext ensor do novo
po legar e a origem aos tecidos moles na base dos dígitos; a inserção do primeiro interósseo vola r fo i ancorada à banda lateral oposta
e a origem aos tecidos mo les. VEJA A TÉCNICA 19-17.

• Coloque o dedo indicador proximal e radialmente, e transfira


)
a segunda área palmar da cabeça do metacarpal para a
POLICIZAÇÃO DE BUCK-GRAMCKO
segunda base do metacarpal, para que ela simule um trapézio Buck-Gramcko relatou experiência com 100 operações de
(Fig. 19-28C); tome cuidado ao rotacioná-la e angulá-la, para policização do dedo indicador em crianças com ausência
que o novo polegar fique posicionado corretamente. congênita ou hipoplasia acentuada do polegar. Ele enfati-
• Insira-a nesta posição com uma sutura de fio (Fig. 19-280). zou a redução no comprimento do trapézio do dígito poli-
Insira a inserção do primeiro interósseo dorsal à faixa lateral cizado. Para melhores resultados, o dedo indicador tem de
radial do mecanismo extensor do novo polegar e sua origem ser rotacionado inicialmente cerca de 160 graus durante a
aos tecidos moles na base do dedo; este músculo agora operação, de modo a ficar de frente para o dedo anular.
funciona como um abdutor curto do polegar (Fig. 19-28E). Essa posição muda durante a sutura dos músculos e da
•I nsira a inserção do primeiro interósseo valar à banda pele, de modo que no fina l da operação haja uma rotação
lateral oposta e sua origem aos tecidos moles; este de aproximadamente 120 graus. Além disso, o dígito poli-
músculo agora funciona como um adutor do polegar. cizado é angulado a cerca de 40 graus em abdução palmar.
• Encurte o extensor do indicador através da ressecção de
um segmento de seu tendão; este músculo agora fun- ~
TÉCNICA ~~~~~~~~~~
ciona como um extensor curto do polegar. Além disso,
encurte o extensor dos dedos através da ressecção de um
segmento de seu tendão . (BUCK-GRAMCKO)
•I nsira o segmento proximal do tendão à base da fa lange
proximal; este múscu lo agora funciona como um abdutor • Faça uma incisão em forma de S para o lado radial da
longo do polegar. mão apenas na superfície palmar.
• Apare os reta lhos de pele de forma adequada; molde o • Comece a incisão perto da base do dedo indicador sobre
retalho palmar para que, quando suturado, exerça tensão o aspecto palmar, e termine-a proximal ao punho. Faça
suficiente sobre o novo polegar de modo a mantê-lo na uma incisão transversal ligeiramente curva através da
oposição. base do dedo indicador na superfície palmar, que se liga
perpendicularmente à extremidade distal da primeira
• Suture os retalhos, mas evite um fechamento circunferen-
cial na base do novo polegar. incisão. Ligue as duas extremidades da incisão no dorso
da mão (Fig. 19-29A). Faça uma terceira incisão no dorso da
• Aplique um curativo compressivo de algodão embebido.
falange proximal do dedo indicador da articulação inter-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO falângica proximal, que se prolonga proximalmente até a
Em 3 semanas, o gesso
extremidade da incisão em volta da base do dedo indica-
é removido e a fisioterapia é iniciada . O polegar está
dor (Fig. 19-29B).
devidamente imobilizado.
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕ ES DA MÃO cm

: A ..,11
;_'(, \
A

A B e D

Dorsal Palmar U

-
u ~' .
E F H

h@ii;HUim Policização do dedo indicador. A e B, Incisões palmares e dorsais na pele. C e D, Aparência após o fechamento da
ferida. E, Rota çã o da cabeça do metacarpal em fl exão para evitar hiperextensão pós-operatória. F, O dedo indicador rotacionado cerca
de 160 graus ao longo do eixo longo para co locar o dedo na posição oposta. G, Posição final do esqueleto em cerca de 40 graus de
abdução palmar com a cabeça do metacarpal presa à base do metacarpal ou do carpo. H, Reco locaçã o dos tendões para promover o
controle do novo polegar. O primeiro interósseo palmar (IP) tem a função de adutor do polegar (AP). o primeiro interósseo dorsal (ID)
tem a função de abdutor curto do polegar (ACP), o extensor do dedo (ED) tem a fun çã o de abdutor longo do polegar (ALP) e o extensor
do indicador (EI) tem a fun çã o de extensor long o do polegar (ELP). VEJA A TÉCNICA 19-18.

• Através da incisão palmar, liberte o feixe neurovascular • Separe os músculos interósseos do dedo indicador a partir da
entre os dedos indicador e médio pela ligação da art éria falange proximal e as faixas laterais da aponeurose dorsal.
ao lado radia l do dedo médio . •De modo parcial, retire subperiostalmente as origens dos
• Separe o nervo digital comum cuidadosamente em suas músculos interósseos do seg undo metacarpal, tendo o
partes compo nentes para os dois dedos adjacentes, de cuidado de preservar as estruturas neurovasculares.
modo que não exista t ensão após o dedo indicador ser • Osteotomize e resseque o seg undo metaca rpal da seg uinte
rotacionado. forma. Se as falanges do dedo indicador são de tamanho
• Às vezes, um anel neural anômalo é encontrado ao redor normal, todo o metacarpal é ressecado, com a exceção da
da artéri a; divida este anel com cuidado para que não sua cabeça. Quando as falanges são relativa mente curtas,
ocorra a angulação da artéria após a transposição do a base do metacarpal deve ser retida de modo a obter o
dedo. Se não houver artéria rad ial digital do dedo indica- comprimento adequado do novo polegar.
dor, é possível rea lizar a policização no pedículo vascu lar • Quando todo o metacarpal é ressecado, exceto a ca beça,
de apenas uma artéria. No lado dorsa l, preserve, pelo rotacione-a, como mostrado na Figura 19-29E, e anexe-a
menos, uma das grandes veias. por suturas à cápsula articu lar do carpo e dos ossos do
• No dorso da mão, corte o tendão do extensor do dedo carpo, que em crian ças pequenas pode ser perfurada com
ao nível da articula ção metaca rpofalãngi ca. uma agulh a fina. )
- PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

\ .Rotacione o dedo em 160 graus para permitir que ele redor das artérias dig itais para proteger as pequenas veias
f f ique em posição de oposição (Fig. 19-29 F). com itantes. Divida a artéria radial digita l até o dedo
•A união óssea não é essencial, e a fixação fibrosa da médio e tome ciência da deformi dade na bolsa de Hart-
cabeça é suficien t e pa ra um bom funcionament o. Quando mann (circular nervoso em torno da artéria) . Divida o
a base do metacarpal for retida, fixe a cabeça do meta- ligamento intermetacarpa l e resseque o lum brical.
carpa l à sua base, com um ou dois fios de Kirschner, na •Di sseque o prim eiro músculo interósseo dorsal do distal
posição anteriorm ente descri ta. Quando fi xar a cabeça do ao proximal para evitar denervação.
metacarpa l, coloque a falange proximal em hiperextensão • Comece a disseção dorsal sobre a arti cu lação interfalân -
completa em relação à cabeça do metacarpal para ating ir gica proximal e preserve as veias e os ramos sensoriais.
a estabilidade máxima da articu lação. Se isso não for Exponha o mecanismo extensor. Separe os tendões do
feito, é provável que haja hiperextensão no novo con- extensor do indicador e do extensor dos dedos ao longo do
junto "ca rpometacarpal" (Fig. 19-29G) compri mento da fa lange proximal para formar duas fa ixas
• Suture a extrem idade proxim al do tendão do extensor distintas que são seccionadas na base da fa lange proximal.
digital destacado à base da antiga fala nge proximal • Separe a cabeça do metacarpal de seu eixo através da placa
(agora atuando como primeiro metacarpa l) para que se epifisária, que é destruída por cu retagem para evitar o cres-
torne o novo "abdutor longo do polegar". cimento excessivo do dedo policizado . Disseque o primeiro
• Corte o tendão do extensor do indicador, encurte-o de músculo interósseo palmar do eixo do metacarpal do indi-
fo rma adequada, e suture-o por anast omose de uma cador e retire o eixo por cisão do osso com uma inclinação
extrem idade a ou tra. palmar em sua base. Mantenha 1 cm do osso na base do
• Suture as inserções tendinosas dos dois músculos interós- metacarpal para preservar inserções do flexor rad ial do
seos às fa ixas latera is da aponeurose dorsa l, tecendo as ca rpo e do extensor radial longo do carpo. Se houver,
faixas laterais através da parte dista l do músculo interósseo destrua a pseudoepífise na base do metacarpa l e abra a base
e rotacionando-as distalmente para formar uma alça sutu- como se fosse uma flor para fornecer estabilidade para a
rada em si mesma. Dessa maneira, o prim eiro interósseo cabeça do metacarpal. Coloque a cabeça do metacarpal na
palmar torna-se um "adutor do polegar" e o primeiro sua base e evite a torção dos vasos. Rotacione a cabeça do
interósseo dorsal se torna um "abdutor curto" (Fig. 19-29H). metacarpal para perm itir que ele fique na posição de opo-
•Feche a ferida formando um retalho cutâneo dorsal para sição e f ixe-a na posição de fl exão para evitar hiperextensão
fec har o defeito ao longo da falange proximal, e formar da nova articul ação carpometacarpal (Fig. 19-30B). Um
o resto das abas conforme o necessário para o f echa- suporte pa ra sutura pode faci litar essa fixação .
mento da pele, como na Figura 19-29C e D. • Em segu ida, equilibre o polegar através das transferências
de tendões (Fig. 19-30C). Para promover força de adução,
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A mão é imobilizada por anexe o adutor do polegar hipoplásico, que muitas vezes
3 sema nas, e depois começa a movimentação com cautela. existe, ao extensor do indicador, e anexe o seg undo músculo
interósseo palmar ao enxerto ulnar do tendão distal.
• A abdução e a pronação são conseg uidas pela transfe-
rência do extensor do indicador (a través de uma fa ixa
f ibrosa proximal radia l do primeiro músculo interósseo
POLICIZAÇÃO DE FOUCHER dorsal) e do primeiro músculo int erósseo dorsa l para a
metade radia l do enxerto do tendão distal sobre a falange
Apesar da boa sensibili dade, da mobi li dade, do cresci -
proximal. O polegar deve ter 135 graus de pronação e 45
mento e da integração do dedos policizados, a perda da
graus de abdução palmar.
fo rça para os movimentos de agarrar e de prender (55% e
• Suture a pele, mantendo alguma tensão na prega da
42 % do lado não envolvido, respectivamente) promoveu
membrana dorsa l do retalho dorsal. Para evitar cicatrizes
mod ificações técnicas. A fraqueza na abdução e na adução,
circu lares, faça uma Z-plastia no aspecto radial do polegar
assim como a aparência fina e fiss urada do dedo polici-
(Fi g. 19-30 D e E)
zado, são corrigi das com a técnica de Foucher.

TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um curativo macio é


colocado no espaço da nova comissura, e uma gota de
•Delineie as incisões sobre o dedo indicador e a pa lma (Fig. cola instantânea mantém contato entre o novo polegar
19-30A). A linha AB, conforme ilustrada na Figura e o dedo médio. Uma casca de gesso dorsa l é aplicada,
19-30A, situa-se na li nha que passa pelo meio e atravessa incorporando o cotovelo com duas faixas de curativo para
a articu lação interfalângica proximal . A linha DE f ica no imped ir o escape. Não se utiliza nenhum tipo de terapia,
aspect o vola r da membrana média do ind icador, e a linha e uma tala em oposição deve ser usada toda noite, durante
EF é volar à linha mediolateral, prolongando a in cisão da 2 meses. Pode ser necessária fazer compressão na cicatri z,
membrana. A linha F é ma is dista l do que a linha A. A caso a policização seja realizada com antecedência, pois
linh a GHI é uma incisão long itudinal da prega do punho hipertrofia de cicatriz é mais comum em crianças ma is
volar. Comece a dissecção volarmente para permitir o novas . Em 6 semanas, se a flexão da articu lação interfalân-
preenchimento das veias dorsais e simplifi car a dissecção gica e da metacarpofalângica estiver limitada, uma tala
dorsal. Erga as artéri as e veias, observando ausência ou deve ser usada por 1 hora de manhã e à noite até que
hipoplasia da artéria rad ial digital. Preserve a gordura ao flexão ativa completa seja atingida (em 4 a 5 meses).
CAPÍTULO 19 AMPUTAÇÕES DA MÃO C!Jllll

Primeiro
interósseo-- A
dorsal

e D

H[§ll;@ll!II!I Técnica de policização do polegar de Foucher. A, Incisões propostas na pele promovendo um grande retalho dorsal e
um reverso com base palmar distal, que fornecem uma prega com mais forma de comissura. B, Cabeça do metacarpal rotacionada em
flexão e fixada na base do metacarpal com um gancho ósseo. C, Novo polegar equilibrado pelas transferências do tendão; a adução é
promovida pelo extensor comum do indicador (EI), pelo segundo interósseo velar (2º IV), e pelo adutor do polegar (não exibido), e a
abdução é promovida pelo extensor próprio do indicador (EPI) e pelo primeiro interósseo dorsal (1º ID). D, Retalhos de pele suturados
mostrando espaço parecido com comissura entre o novo polegar e o dedo médio, e prevenção de cicatriz circular por Z-plastia com
base radial.
lllZD PARTE VI AM PUTAÇÕ ES

O!§ll;Mlpi!iMi·],j# E-H, O novo polegar aos 3 meses de p ós-operatório. (E de Foucher G, Medina J, Lorea P, Pivato G: Principalization
of pol licisation of the index finger in congen ita l absence of the thumb, Tech Hand Upper Extr Surg 9:96, 2005.) VEJA A TÉCNICA 19-19.

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f Ha nd Surg 28:578, 2003. expertconsul t.com.
PARTE

1
ETIOLOGIA 706 Staphy/ococcus Aureus Res istente à TESTES DE DIAGNÓSTICOS 718
FATORES DEPENDENTES DO Metici lina 709 TESTES CONFIRMATÓRIOS 718
PACIENTE 706 DIAGNÓSTICO 709 SÍNDROMES MUSCULOESQUELÉTICAS
Estado Nutricional 706 ESTUDOS LABORATORIAIS 709 NOS PACIENTES INFECTADOS PELO
Estado Imunológico 707 ESTUDOS DE IMAGEM 710 VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
FATORES DEPENDENTES DO ESTUDOS DE CULTURA 715 718
CIRURGIÃO 707 TRATAMENTO 716 RISCOS E PREVENÇÃO 719
Preparação da Pele 707
VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
Ambiente da Sa la Cirúrgica 708 HUMANA {Human
Antibioticoterapia Profi lática 708 lmmunodeficiency Virus, HIV) 717

ETIOLOGIA Levando em conta essas carac terísticas únicas das infecções


ósseas, o melhor caminho é a prevenção. O cirurgião ortopédico
As infecções ósseas e articulares representam um grande desafio deve avaliar o risco de infecção em cada paciente, considerando os
para o cirurgião ortopédico. A elevada taxa de sucesso da antibioti- fa tores dependentes do cirurgião e do paciente. Os fato res depen-
coterapia na maioria das do enças bacterianas não foi obtida nas dentes do paciente incluem nutri ção, es tado imunológico e in fec -
infecções ósseas e articulares, devido às características fisiológicas e ção a distância. Os fa tores dependentes do cirurgião incluem
anatômicas do osso. A taxa total de infecção do sítio cirúrgico foi antibi óticos profiláticos, cuidados co m a pele e co m a ferida,
es timada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças ambi ente da sala cirúrgica, técnica cirúrgica e tratamento de infec-
(Centers for Disease Contrai and Prevention, CDC) dos Estados ções imin entes, como, por exemplo, nos casos de fratura exposta.
Un idos em 2,8%. Embora a bacteremia seja co mum- es tima-se sua Em termos simples, é muito mais fácil prevenir um a infecção do
ocorrência em 25% dos casos após uma simples escovação dos que tratá- la.
dentes -, outros fatores etiológicos devem estar presentes para que
uma infecção ocorra. A simples presença de bactérias no osso, seja
decorrente de bacteremia, seja de inoculação direta, é insuficiente FATORES DEPENDENTES DO PACIENTE
para produzir osteornielite. Doenças, desnutri ção e insufi ciência do
sistem a imunológico também podem contribuir para as infecções • ESTADO NUTRICIONAL
ósseas e articulares. Tal como acontece em outras partes do corpo, O estado nutricional e a resposta imunológica de um paciente são
os ossos e as ar.ticulações produzem respostas inflamatórias e imu- importantes. Se um paciente estiver desnutrido ou imunocomprome-
nológicas à infecção. A osteomielite oco rre quando urna quantidade tido e não for possível desenvolver resposta à infecção, os efeitos de
adequada de um organismo sufi cientemente virulento sup era as qualqu er tratamento serão diminuídos. A subnutrição afeta, de forma
defesas naturais do hospedeiro (respostas inflamatóri as e imunoló- adversa, a imunidade humoral e a imunidade mediada por células,
gicas) e estabelece um foco de infecção. Fatores locais esqueléticos prejudica a quimiotaxia dos neutrófilos, diminui a remoção de bacté-
tam bém desemp enham papel relevante no desenvolvimento da rias e deprime a função bactericida dos neutrófilo s, a entrega de
infecção. Por exemplo, a relativa ausência de células fagocíticas nas células inflamatórias para os focos infecciosos e os componentes do
metáfises dos ossos em crianças pode explicar por que a osteomielite complemento sérico. Os requisitos de energia basal de um paciente
hematogênica aguda é m ais comum nesse local. traum atizado ou infectado aumentam em 30% a 55% do valor normal.
Um abscesso no osso tem a peculiaridade de estar contido em Febre de apenas 0,5ºC ac ima do normal aum enta a taxa metabólica
um a estr utura firme, com poucas chan ces de expan são do tecido. do corpo em 13%. O estado nutricional pode ser determinado no
À medida que a infecção progride, o material purulento se desloca pré-operatório através de (1) medidas antropométricas (peso, altura,
através dos sistemas harvesianos e dos canais de Volkmann , levan - espessura da dobra cutânea triciptal e circunferência muscular do
tando o periósteo da superfí cie do osso. A co mbin ação de pus na braço), (2) medição das proteínas séricas ou de tipos celulares (linfó-
cavidade medular e no espaço subperiosteal provoca necrose do citos) e (3) reação dos anti corpos a determinados antígenos em testes
osso cortical. Esse osso cortical necrótico, conhecido como seques- de pele. Recomenda-se suporte nutricional antes da cirurgia eletiva
tro, pode continuar a ab rigar bactérias, mesmo no caso de trata- no caso de pacientes com perda recente de peso superior a 4,5 kg,
mento com antibióticos. Antibi óticos e célul as inflamatórias não níveis de albumina sérica menores que 3,4 g/dL ou contagem de lin -
co nseguem acessar, de fo rma adequada, essa área avascular, resul- fóc itos inferior a 1.500 células/m m 3, índices que podem ser obtidos a
tando, assim, em falha no tratamento médico da osteomielite. partir de um hemograma completo de rotina e em outros painéis de

706
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO -

testes. Com o uso da albumina sérica e dos níveis de transferrina, a FATORES DEPENDENTES DO CIRURGIÃO
fórmula a seguir pode ser utilizada pa ra selecionar pacientes que
venham a necessitar de suporte nutricional: ((1,2 X albumina sérica)
• PREPARAÇÃO DA PELE
+ (0,0 13 X transfer rin a sérica)] - 6,43. Se a som a for O ou um número
negativo, o paciente apresenta deficiência nutricional e elevado risco Há contaminação da ferida sempre que a barreira cutânea for que-
para sepse. Caso seja necessário suporte nutri cional, a terapia entérica brada, porém a preparação adequada da pele reduz a contaminação
d eve ser utilizada quando o trato gastrointestinal estiver funcion al; causada por bactérias nela presentes. As ba rreiras cutân eas também
caso contrário, deve-se emprega r hiperalirnen tação. pod em diminuir a contamin ação da pele d urante a cirurgia. Mesmo
qu e a pele nun ca seja totalm ente desinfec tada, o núm ero de bacté-
• ESTADO IMUNOLÓGICO rias presentes pode ser signifi cativam ente reduzido antes da cirur-
Para co mbater a infecção, o paciente d eve montar respos tas infl a- gia. A pele e os pelos podem ser esterili zados com álcool, iodo,
matór ias (contage m de glóbu los brancos) e imunol óg icas (ant i- hexaclorofeno ou clorexidina, m as é praticamente impossível esteri-
co rpo s) que inicialm ente d e tenham a propagação d a infecção e, lizar os folículos pilosos e as glândulas sebáceas, onde as bactérias
em seg uid a, id ealmente, d est ru am os organismos infecta ntes. Os norm alm ente residem e se rep roduzem. As preparações de pele
princ ipa is m ecan ismos d e d efesa do co rpo são ( 1) res posta dos aprese ntam efe ito limitado so bre as glându las sebáceas e os folícul os
n e u trófilos, (2) imunidade humoral , (3) imun idade m ediada por pilosos, pois não conseguem penetrar em um ambiente oleoso. Os
célul as e ( 4) cé lul as retículo -endoteliais. Eve ntu al deficiência na antissépt icos qu e penetram no ambiente oleoso são absorvidos pelo
produ ção ou fun ção d e qua lquer um d esses mec ani smo s pred is- corpo e apresentam efeitos colaterais potencialmente tóxicos. O
põe o ho sped eiro a uma infecção por grupos esp ecífi cos de pató - hexaclorofeno tem melhor penetração, mas tamb ém apresenta
genos opo rtunis tas. As d e fi c iências do s istem a imunológico efeitos co latera is neurotóxicos.
pod em se r adqu iridas ou resultar de anormalidades co ngê nitas . A lavagem das mão s é o procedimento mais importante para
Hospedeiros imun oco mprom e tidos n ão são suscetíve is a to do s a prevenção d as infecções noso corniais. Estudos sugerem que esfre-
os patógeno s oportunist as. A susc etibilid a de a um microrga - gar as mãos por dois minutos é tão efi caz quanto o tradicional
nismo depende de um d efe ito específico n a imunidade. Ne utró- procedimento de esfregá-la por cinco minutos. O tempo ideal pelo
filo s a normais o u a imunid ade humora l e a imunid ade medi ada qual as mãos d evem ser esfregadas ainda não foi determinado. Em
por células defic ien tes têm sido implica do s na s infecções ca u - um es tudo d e Par ienti et ai. , observo u-se que o ato de esfregar as
sadas por bactérias encapsulad as em crianças e idosos, no aumento mãos com um a solu ção aquosa alcoólica, precedido pela lavagem
da incidên cia d e infecções por Pseudomonas no s viciados em das mãos com um a substân cia não antisséptica por um minuto, para
h ero ín a e em infecções por Salmonella e Pneumococcus nos pacie n - o primeiro caso do dia, mostra-se tão eficaz n a prevenção de in fec-
tes com anemia falciforme. ções do sítio cirúrg ico quanto a lavagem tradicional das mãos com
Diabetes, alcoo lismo, m alignidade hematológi ca e terapia ci to- sabonete antisséptico. A efi các ia dos antissépticos comun s está resu-
tóxica são as causas comuns de a normalid ad e nos n eut ró filo s. Se a mida na Tabela 20-1.
contagem d e neutrófilos diminuir para m enos de 55/mm 3 , as infec - Não se recomenda a remo ção de cabelos do local da cirurgia,
ções ca usadas por Staphylococcus aureus, bacilos gram- negativos, a m enos que seja realizada na sala d e ci rurgia. Raspar o local da
Aspergillus e Candida se tornam uma grande ameaça. cirurgia na noite a nterior pode causar trauma local, produzindo um
As imunoglobulinas e os compleme ntos são d ois tipos d e p ro- ambiente favoráve l à reprodução de bac té ri as.
teínas plasmáticas que desempenham papel fundam enta l na imuni- A prevenção da transmi ssão de infecção entre o paciente e o
dade humoral. Pacientes com hipogamaglobulinemia ou que tenham ciru rg ião tamb ém inclui vestimentas cirúrgicas adequadas. Edlich
passado por um a esplenectomia apresentam maior risco de infecção et ai. mostraram q ue urna luva estreita aumentou, d e modo sig nifi-
causada por bactérias encapsulad as, tais co mo Streptococcus pneu- cativo, a segurança d a interface capote- luva. Nos Estado s Unidos, o
moniae, Haemophilus influenzae e Neisseria. Q uando um d efeito em Food and Drug Ad mini stration aceita uma taxa d e fa lh a de 2,5%
um componente d a cascata do complem ento está presente, as infec- para lu vas estéreis não utilizadas. Estudos apontam q ue ocorre per-
ções por S. aureus e bacilos gram-negativos se tornam comuns. A furação da luva em 48% das operações. Em geral, as perfurações
artrite sép tica causada por organismos incom uns, corno Mycoplasma ocorrem cerca de 40 minutos após o início do procedimento e, em
pneumoniae e Ureaplasma urealyticu m, tem sido relatad a e deve ser 83% das vezes, o cirurgião não tem conhecimento da perfuração. Na
susp eitada em pacientes com hipogamaglobulin emia e artrite séptica m aioria dos casos, a perfuração ocorre no dedo indicador ou no
com cu lturas negativas. polegar d a m ão n ão dominante. O en luvam ento duplo redu z a taxa
A imunidade m ediada por célul as depende da interação d e expos ição em até 87%. Além di sso, o enluvamento duplo diminui
entre linfó citos T e rnacrófagos. Deficiên c ias prim ár ias da im u- o volum e d e sangue em uma agulha sem lúmen (através do meca-
nidad e mediadas por célul as são raras, poré m deficiê ncias secun- nism o d e limp eza, pela luva externa) em até 95% dos casos. Uma
d árias são bem mais comun s. Co rti coterapi a, d es nutri ção, m etaná lise reali zada por Tanner e Parkinson revelou que o enluva-
linfom a, lúpus erite mato so sistêmico, imunodefic iên cia em m ento duplo diminuiu a contaminação d a pele, e o uso de luvas
pacientes idosos e sí ndrom e d e deficiên c ia autoimune pode m cirúrgicas indicadoras Biogel® (Regent Medical, Norcross, GA)
causar deficiência sec undária d a imunidad e m edi ada por célul as, aumentou a d etecção de uma perfuração na luva. No entanto,
o qu e predispõe o hospe d eiro a infecções por fung os e micob ac - quando amb as as luvas são comprometidas, as luvas cirúrgicas indi-
téri as e ta mb ém a infecções pe lo vírus d o herpes e p o r Pneumo- cadoras não aum entam a detecção d e uma perfuração. Contanto que
cystis jiroveci. a lu va cirúrgica indicadora esteja intacta, a perfuração da luva
As vacinas também desemp enham papel relevante na resposta externa é pron ta mente detectada em 90% dos casos. Utili za r uma
do hosped eiro. A vacin a contra a hepatite B tem reduzido a in cidên - luva externa de tecid o sobre uma luva d e látex reduz significativa -
cia do vírus da hepat ite B, enquanto a vacin a contra o H. influ enzae m ente o núm ero de perfuraçõ es na luva de látex m ais interna.
tipo B que é aplicada em crianças tem praticamente eliminado as Quando urna luva de forro foi utilizada entre duas luvas de látex, a
infecções musculoesqueléticas causadas pelo H. influenzae. taxa de perfuração da luva mai s interna diminuiu. Não se observo u
llllED PARTE VII INFECÇÕES

'~b".'.'. ·J"~:: Características dos Agentes Antissépticos Comuns


EM BACTÉRIAS EM BACTÉRIAS NA MYCOBACTER/UM EM
AGENTE GRAM-POSITIVAS GRAM-NEGATIVAS EM VÍRUS * TUBERCULOS/S FUNGOS
Álcool +++ +++ ++ +++ +++
Clorexidina +++ ++ ++ ++ ++
lod óforos +++ +++ ++ ++ ++
Triclosa n ++ ++ ++ +
'Todos os agentes são eficazes contra os vírus envelopados, incluindo o vírus da hepatite B, o vírus da hepatite C, o vírus da imunodefici ência humana
e o coronavírus
+++, excelente; ++, bom; +, justo; - , deficiente.
De Wong KC, Leung KS: Current concepts review: transmission and prevention of occupationa l infections in orthopaedic surgeons, J Bane Joint Surg
86A:1065, 2004.

nenhuma redução na perfu ração ao se utili zar um a luva extern a de principal fo nte de infecção ortop édica, os antibióticos pro fil áticos
m alha de aço. O enluvam ento duplo n ão redu z as perfurações deve m se r administrados co ntra o microrganismo norm alm ente
quand o ocorrem rupturas com o resultado das co nfi gurações geomé- m ais en contrado na pele, qu e é o S. aureus, embora a frequ ênci a
tricas, com o osso o u agulhas co m lúm en. As luvas cirúrgicas deve m de Staphylococcus epide rmidis es teja aum entando. Esse aum ento de
ser trocadas, no mínimo, a cada duas horas. S. epidermidis é impor tan te, pois tal orga ni smo é res isten te a anti-
bióti cos e, muitas vezes, fo rn ece dados errôneos de sensib ilid ade.
• AMBIENTE DA SALA CIRÚRGICA O s organismo s Escherichia coli e Proteus também devem se r co ber-
Bactérias no ar são o utra fo nte de co ntamin ação da ferida na sala tos pelos antibióticos profiláticos. Nos Es tados Unidos, as cefalos-
de ciru rgia. Em geral, essas bac téri as são gram-p ositivas e têm porin as de primeira ge ração for am favo recid as por diversas razões:
o ri ge m qua se exclusivam ente nos se res hum anos presentes na sala são relativam ente atóxicas, baratas e efi cazes contra a m aiori a dos
de cirurgia; ce rca de 5.000 a 55.000 partículas são desprendid as patóge nos potenciais n as ci rurgias o rto pédicas. As cefalosporinas
p o r minuto de cada indivídu o na sala de cirurgia. Em uma sala de são m ais efi cazes contra S. epidermidis qu e as penicilinas semissin-
cirurgia co nvencional, o ar pode co nter entre 10 e 15 bac téri as a téticas. A clindamicina pode se r administrada caso um pac iente
cada 28 lit ros de ar e 250.000 p artícul as n o m es mo volume. As aprese nte histó rico de anafil axia à penicilina. Deve-se evitar o uso
co nce ntrações bacterian as n o ar da sa la de cirurgia podem se r rot in eiro de van comicin a pa ra a profilax ia.
red uzid as em pelo m en os 80% através de sistem as d e fluxo de ar De fo rm a ideal, a antibio ti coterapia deve ser iniciada im edi a-
lamin ar e m ais ainda com sistem as d e isolamento pessoal. Es tudos tam ente antes da cirurgia (trinta minu tos antes da incisão da pele) .
relatam qu e as taxas de contamin ação de fe rid as foram reduzid as D eve-se administrar um a dosagem m áxima de antibióti co, que
em 80% co m o uso desses siste m as, embora tamb ém se tenh a possa se r repetida a cada qu atro horas no intraoperatório o u sempre
relata do aum ento n a taxa de in fecção através do fluxo lamin ar que a perda de sangue exceder 1.000 a 1. 500 m L. Pouco se ganh a ao
horizo ntal ap ós artroplastia tota l do joelh o, possivelmente a partir estender a cobertura antibi ótica p or 24 horas, e a p ossibilidade de
da dep osição de bactéri as des prendid as por instrumentado res efeitos colaterais, tais com o tro mbofl ebite, reações alérgicas, sup e-
cirúrgicos qu e não estavam utili za nd o sistem as de isolam ento rin fecções ou febre p or drogas, aumenta. A administração de anti -
pessoal. A lu z ul traviol eta tamb ém tem -se demonstrado útil na bióti cos profiláticos n ão deve ser prolongada para além das 24 horas,
diminui ção da incidência de in fecção de fe rid as, ao redu zir o m es m o qu e os drenos e cateteres aind a estejam no local. Nami as et
núm ero de bac téri as n o ar; n o en ta nto, a ut ili zação de salas co m ai. constataram que a cobertura com antibi óti cos por mai s de qu atro
luz ultravioleta n ão é reco mend ada pelo Hospital In fect io n dias levou ao aum ento de bacterem ia e infecções intravenosas nos
Contrai Prac tice Adviso ry Co mmittee am erica no. pacientes em unidades de terapia intensiva. Evidências atuais
revelam que o prazo de 24 horas de admini stração de antibióticos é
• ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA tão benéfi co quanto o de 48 e o de 72 ho ras.
Vários estud os têm apontado a eficácia de anti bió ti cos profil áticos A irri gação com antibióticos não tem desempenh ado papel
na redução das taxas de infecção após proced imentos orto pédicos. releva nte na cirurgia o rtopédi ca. Vários estud os têm m os trado dimi-
Nas prim eiras 24 horas, a infecção depe nde do núm ero de bactérias nui ção na contagem de colônias em feridas, bem como nas taxas de
presentes. Nas primeiras du as horas, o m eca ni sm o de defesa do infecção pelo uso da irri gação com antibió ticos nos procedimentos
hosp edeiro trabalha para diminuir o núm ero total de bactérias. Nas cirúrgicos habituais. Ao utili zar um antibi ó tico tópico, ele deve apre-
q uatro ho ras seguintes, o número de bac téri as perm anece razoavel- sentar (1) amplo espectro de atividade antibacteriana, (2) capaci-
m ente consta nte, com o núm ero de bactéri as que se multiplica m e dade de permanecer em contato com os tecid os normais se m causar
o de bactér ias q ue estão send o m ortas pelas defesas do h ospedeiro irritação local significa ti va, (3) baixa abso rção sistêmica e toxici-
perman ece nd o mais ou men os iguais. Essas primeiras seis h oras são dade, (4) baixa alergeni cid ade, (5) poten cial mínimo para indução
cham adas de "período de ou ro", após o qu al as bactérias se mul tipli - de res istência bacteri an a e (6) dispo nibilid ade de uma preparação
cam exponencialmente. O s antibió ticos redu zem geom etri ca mente tópica qu e possa se r fac ilmente colocada em suspensão em um a
o crescimento bacteriano e retardam a reprodução das bac téri as. A solução fis iológica. Em nossa instituição, um a solução que contenha
admini stração de antibióticos profiláti cos am pli a o período de ouro. três antibióti cos (neomi ci na, p olim ixi na e bacitracina) é a mais
Um ant ibiótico p ro fil ático deve ser seg uro, bacte ri cida e comum ente usada na irrigação de fe rid as.
efic az contra os o rganism os mais co mun s qu e causam infecções A importância da ir rigação e do desbridamento no tratam ento
em cirurgia o rtopédica. Corn o a p ele do pac iente continua a se r a de fraturas expostas tem sid o bem doc um entada. Os princípios da
CAPÍTULO 20 PRINCÍPI OS GERAIS DE INFECÇÃO - -

eliminação do tecido d esvitalizado e do espaço m orto, a evacuação Cerca d e 3% dos surtos d e M RSA foram atribuíd os a p rofi s-
d e hem atomas e a cobertu ra co m tecidos m o les também podem se r sionais de sa úde assintom áticos colo ni za dos. Schwarzkopf et ai.
ap li cad os nas cirurgias ortop édicas limpas. estudaram , d e for ma prospectiva, a prevalência d a colonização p or
S. aureus nos c irurgiões ortopédicos e em seus pacientes, desco-
• STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE À brindo q ue, e ntre os cirurgiões e os res id entes, houve m aior preva-
METICILINA lência de MRSA em comparação a um grupo d e pacientes de alto
ri sco. Novos res id entes apresentaram a mes m a prevalênci a de colo-
A evolução do S. aureus para um patógeno resistente a vários m edica- ni zação por MRSA que aqu eles já intern ados, provavelmente p or
mentos (S. aureus resistente à meticilina [methicilin-resistant S. aureus, causa d o tem po substan cial gas to em sua ass istência direta. Esses
MRSA)) tornou-se Lun grande problem a de saúde em todo o mw1do. pes qui sad o res recom endaram a higieni zação d as mãos n a p revenção
Aproxim adam ente 57% das bactérias S. aureus são resistentes à metici- do MRSA. Além disso, a d escolo ni zação universal d os pacientes
lina e, atualmente, cepas resistentes à van comicina estão sendo relata- através do emprego d e mupirocina fo i recom endada antes d e se
das. Provavelmente, esse é um dos problemas mais preocupantes na reali zarem artroplastias to tais e cirurgias d e colun a ver tebral,
luta contra as infecções bacterianas. Inicialmente, o MRSA era visto em bora se sug iram m ais estudos sobre essa p rática.
apenas em ambientes hospitalares e instalações de cuidados no lo ngo Por causa da prevalência de MRSA adquirida na comw1idade
prazo; no entanto, agora está se tornando cad a vez mais prevalente em (commu nity acquired, CA-MRSA), é necessário identificar rapidam ente
indivíduos jovens e saudáveis da comunidade (Tabela 20-2; grupos de o organism o, determinar a sensibilidade aos antibióticos e iniciar a
risco), sendo particularmente virulento. A ta.,-x:a de mortalidade asso- terapia com antibióticos (para saber a respeito da cobertura em pírica,
ciada a infecções invasivas por M RSA é de 20%. ve r a Tabela 22-2). No caso de in fecções invasivas, recomenda-se van-
Em geral, a in fe cção por S. aureus na o rtopedia de pacientes comicin a intravenosa ou, com o alternativa, é possível utilizar daptomi-
hospital izados está em torno de 3%; no entanto, m ais d a m etade cina, gentamicin a ou linezolida. Clindamic in a, gentarnicin a, rifampicina,
desses pacientes apresenta M RSA. A osteo mielite causad a por MRSA sulfame toxazol-trimetoprima e vancomici na são eficazes em casos de
aparece com pouca frequência, porém o tratam ento pode m ostrar-se fasceíte necrosante. Até que se determine a sensibilidade, recomenda-se
pa rti cu larmente p ro ble m á ti co. Além di sso, os re latos d e ab cesso a cobertura antimi crobiana específica para CA-MRSA. Nos casos de
subperiosteal e fasce íte necrosante por MRSA também estão aumen - abscesso subperiosteal ou superficial, é necessário realizar irrigação e
ta ndo. As estimativas de infecção por MRSA após as artroplastias desbridarnento, a fim de reduzir a contagem de bactérias. É al tam ente
tota is vari am entre 1% e 4%, e a infecção pode ocorrer em até 12 an os recomendada a opin ião de um infectologista.
após a cirurgia. Kim et ai. estudaram , de fo rm a prospectiva, a viabili-
dad e de triagem para bac térias antes d e cirurgia ortopédica eletiva no
New England Baptist Hospital. Eles observaram que 22,6% d os 7.0 19 DIAGNÓSTICO
pac ientes eram colonizados por S. aureus, enq uanto 4,4% eram colo-
nizados por M RSA. Os pacientes coloni zad os po r MRSA apresen ta- O diagn óstico d a in fecção po d e se r óbvio ou obsc uro. Os sinais e
ram uma taxa de infecções de sítio cirúrgico estatisti cam en te m aio r si ntom as vari a m d e acordo com o grau e a extensão do envolvim ento
do que aqueles colonizados por S. aureus (0,97%, em comparação com ósseo e ar ti cu lar. Traços caracterís ticos, corno, por exempl o, fe bre,
0,14%, P = 0,0 162). Os pacientes coloni zad os por S. aureus sensível à ca lafr ios, náuseas, vôm itos, mal-estar, eritem a, ed em a e sensibili-
meticilina (me thicilin-sensitive S. aureus, MSSA) tam bém aprese nta- dad e pode m o u não estar prese ntes. A tríad e clássica inclui febre,
ram taxas mais altas (0,19%), embora não estati sti cam ente significa- edem a e sensibilidad e (dor). A dor provavelmente é o sin tom a m ais
tivas. Após a triagem ser iniciada, a taxa de in fecção instituciona l caiu comum . A febre nem semp re é um ach ad o consistente. A infecção
de 0,45% para 0,19% (P = 0,0093). A relação custo -efetividad e desse também po de se r tão ind olente qu anto um a d or lomb ar p rog ressiva
tip o de triagem não fo i determinada. o u um a diminui ção ou perda da fun ção de uma extremidad e.
Nenhum teste é capaz d e se rvir com o indi cad or d efinit ivo da pre-
ifABELA Í~·~ . .
ililiii 2 Fatores de Risco e Grupos de
Risco para MRSA Adquirido na
se nça d e infecção mu scul oesquelética .

Comunidade
Staphylococcus aureus ESTUDOS LABORATORIAIS

GRUPOS DE RISCO FATORES DE RISCO Deve-se obter um hem ogram a com pleto, in cluin do o di fere ncial, a
Atletas em esportes de Uso de antibióticos no velocidad e de hemossedim en tação (VHS) e a proteína C- reativa
contato último ano (PCR), d uran te a avaliação ini cial d e infecções ósseas e articulares.
Crianças em creches Condi ções de vida em O global d e leucóc itos é um indicad or pouco confi ável d e infecção
Pessoas desabrigadas aglomerados, espaços e, com fre qu ência, po d e mostrar- se no rmal, m esmo na p resen ça de
Usuários de drogas fechados in fecção. O diferencial m os tra aum ento d e neutrófilos durante as
intravenosas Integridade da pele in fecções ag udas . A VHS se to rn a eleva da quando há in fecção, m as
Homens homossexuais comprometida isso não oco rre excl usivam ente em sua presença. Fraturas ou outras
Recrutas militares Superfícies contaminadas d oenças subjacentes pod em causa r elevação da VH S. A VH S
Nativos do Alasca, Nativos Contato frequente pele a também não é co nfi ável em recém- nascid os, pacientes com d oe nça
norte-americanos, Nativos pele fale i. fo rm e, pac ien tes qu e tom am co rtico ides e naqueles cuj os sinto -
das Ilhas do Pacífico Itens compartilhados mas estão presentes há m en os de 48 h oras. O pico de elevação d a
Presidiários Limpeza não ideal VH S oco rre entre três e cinco dias após o inicio d a infecção, reto r-
De Marcotte AL, Trzeciak MA: Community-acquired methicillin-resistant nando ao no rm al em aproxim ad am ente três se manas após o in ício
Staphylococcus aureus: an emerging pathogen in orthopaedics, J Am Acad do trata me nto. A PC R, sintetizad a pelo fígad o em resp os ta à in fec -
Orthop Surg 16:98, 2008. ção, é a m elh o r m an eira de aco mpanh ar a resposta da in fecção ao
ED PARTE VII INFECÇÕES

'1~~~•'...::ro;;ilo!"i>~{l"

20 ;3' .~~· Análise do Líquido Sinovial


.' ,""7 ' ~

LEUCÓCITOS NEUTRÓFILOS (%)


No rma l <200 <2 5
Traumát ico <5.000 <2 5
Si nov ite tóxica 5.000-15.000 <2 5
Febre reu m ática 10.000-1 5.000 50
ag uda
Artr ite re u mat oi d e 15.000-80.000 75
juve nil
Artr ite sépt ica >80.000 >7 5
De Mo rrissy RT: Septic arth ritis. ln Gustilo RB, Gen ninger RP, Tsukayama
DT, editors: Orthopaedic infection: diagnosis and treatment, Philadelphia,
1989, WB Sau nders.

trata mento. A PCR aumenta até seis horas após o início da infecção,
atingindo o pico de elevação dois dias após, retorn and o, em seguida,
ao normal uma seman a após o início do tratam ento adequado.
O utros testes, como o teste de antígenos de superfíc ie do S. aureus
ou o teste de anticorpos, além de exames por imunoflu orescência da
urina, são promissores; no entanto, sua utili dade em situações clíni -
cas ainda não fo i provada. O m ateri al obtido pela aspiração de
líquido sinovial pode ser enviado ao laboratório para um a contage m
com diferencial de células, a fim de di stinguir a art rite séptica aguda
de out ras causas de artrite. Na artrite séptica, em geral a contagem
de células é superior a 80.000/mm 3, com mais de 75% das células
send o neutrófil os (Tabela 20- 3). Jung et ai. dese nvolve ram um algo-
ritm o para prever a probabilidade de artri te sép tica em crianças
(Tabela 20-4). Uma coloração de Gram também deve ser obtida. As
colorações de Gram identificam os tipos de o rganism os (bactérias
gram -positivas ou gram-negativas) em cerca de um terço dos aspi-
rados ósseos e articulares. Ta mb ém se deve rea liza r um exa me de
congelação intraoperatória nos casos em qu e há suspeita de infec-
ção. Uma contage m de glóbulos brancos supe ri or a dez por camp o
d e alta potência é considerada indica tivo de in fecção, enquanto
um a contagem infe rior a cinco glóbulos bra ncos por camp o de alta
potência a exclui.

ESTUDOS DE IMAGEM
Os estudos de imagem são m uito úteis, emb ora m ais no acompa-
nh am ento da resp osta ao tratam en to do que no diagnóstico de
in fecções ósseas e articulares agud as. Ra di ografias simples
mos tram edema dos tecidos moles, es treitamento ou alargam ento
d o espaço articu lar e destrui ção óssea (F ig. 20- 1). No en tanto, a
des trui ção óssea não é visível em ra diografias a m enos que a
infecção esteja presente por dez a 21 di as. Além disso, ce rca d e
30% a 50% d a matr iz óssea deve se r pe rd ida para m os trar uma
lesão lítica nas rad iografi as (F ig. 20-2) . Wheat constatou que
menos de 5% d as rad iog rafi as simples se m ostravam inicialmente
anorm ais nas infecções ósseas e articul ares, e m enos de 30% O@il;tljfI!l9 A, Evidência rad io g ráf ica de infecção óssea e
estavam anormais em uma semana; porém , 90% fica ram anormais articu lar aguda . B, Trat amento com espaçad o r de cime nto com
em três a qu atro sem anas. Se as rad iografias iniciais estiverem a nt ibiótico . (Co rtesia de Andrew Crenshaw.)
norma is na avaliação das infecções ósseas e ar ti culares, devem -se
empregar outros m étodos de imagem qu e mos trem edema dos tenha sido larga mente substituída por m étodos radiográficos mais
tecidos moles e perd a do s planos de go rdura normais ao redor d o convencionais. A artrografia ajuda a doc um entar a aspi ração ade-
osso ou articulação envolvida. quada de uma suspeita de articulação com artrite sép tica. O corante
A tomografia convencional pode se r útil na identificação de um deve ser injetado apenas após obtenção do flui do da articulação, pois
sequestro ou de uma destruição da placa óssea subcondral, embora o efeito bactericida do material de contraste iodado pode levar a um
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO Clll
fo:4 J Algoritmo para Probabilidade de Artrite Séptica

DIFE~ENÇA DA
DISTANCIA DO PROBABILIDADE
ESPAÇO PREDITIVA DE
TEMPERATURA VHS PCR CGL ARTICULAR ARTRITE SÉPTICA
(>37ºC) (>20 mm/h) (>1,0 mg/dl) (> 11.000 células/ml) (<2 mm) (%)
s s s s s 99, 1
s s s s N 97,3
s s s N s 84,8
s s s N N 65,5
s s N s s 90,9
s s N s N 77,2
s s N N s 34,5
s s N N N 15,2
s N s s s 85,9
s N s s N 67,4
s N s N s 24,3
s N s N N 9,9
s N N s s 36,5
s N N s N 16,4
s N N N s 2,9
s N N N N 1,0
N s s s s 90, 1
N s s s N 75,6
N s s N s 32,5
N s s N N 14, 1
N s N s s 46,2
N s N s N 22,7
N s N N s 4,3
N s N N N 1,5
N N s s s 34,4
N N s s N 15,2
N N s N s 2,7
N N s N N 0,9
N N N s s 4,7
N N N s N 1,7
N N N N s 0,3
N N N N N O, 1
PCR, Proteína e-reativa; VHS, Velocidade de hemossedimentação; CGL, contagem global de leucócitos.
De Jung ST. Rowe SM, Moon ES, et ai: Significance of laboratory and radiologic findings for differentiating between septic arthritis and transient synovitis
of the hip, J Pediatr Orthop 23:368, 2003.

resultado falso-negativo na cultura. Uma tomografi a pode ajudar a exemplo, arti cu lação este rnocl av icular, artic ul ação sacroilíaca e
determinar o grau de envolvimento medular. Pus na cavidade medular coluna verteb ral. É possível utili za r material de co ntraste para deli -
substitui a gordura da medula, provocando aumento da densidade na near abscessos no tecido nec rótico que não realcem no tecido cir-
tomografia computadorizada. Abscessos do tecido mole adjacente cundante hiperêmico.
também podem ser vistos com fac ilidade (Fig. 20-3). A ult rasso nografia tamb ém pode ser utilizada para localizar a
O diagnóstico tomográfico de osteomielite agud a se baseia na cavidade de um abscesso, detec tar derrame arti cular ou gui ar um
detecção de gás intraósseo, osteólise, massas de tecido mole, absces- médico na colocação correta da agulha durante a obtenção de asp i-
sos ou corpos estranhos. Além disso, o aumento da vasc ularização rados de ossos ou artic ulações.
após administração de contraste tamb ém pode auxiliar no diagn ós- A cintilografia tornou -se útil como ferramenta de imagem aux i-
tico. O estreitamento da cavidade medular por tecido de granulação liar no diagnóstico de osteomi elite. Embora a radiografia e a tomo-
e por osso novo é imediatamente demonstrado na fase de cura da grafia comp utadorizada forneça m uma imagem estrutural ou
osteomielite. A tomo grafia comp utadorizada identifica sequestro na anatômica, a cintilografia, por sua vez, fornec e LLl11a imagem mais
osteomielite crôni ca (Fig. 20-4), se ndo útil tamb ém no caso de alte- fis iológica. A cintilografia óssea não detecta presença de infecção, mas
ração das áreas m al visualizadas nas radiografias simpl es, como, por reflete as alterações inflamatóri as ou a reação do osso à in fecção.
llJ9 PARTE VII INFECÇÕE S

O[ril!;ffl fl!m Radiografi as anteroposterior (A) e lateral (B) mostrando destruição óssea.

A técnica-padrão de exame de imagem com fosfato de 99 "Tc con-


siste na realização de um estudo trifásico. Embora isso não aumente
significativamente a sensibilidade do teste, faz a especificidade aumen-
tar de 74% para 94%. A cintilografia óssea trifásica consiste em imagens
produzidas (1) na fase de fl uxo, (2) na fase imediata ou de equilíbrio e
(3) na fase tardia. A imagem da fase de fluxo é semelhante a urna angio-
grafia de radionuclídeos em que o fluxo de sangue é mostrado. A
imagem da fase de equilíbrio mostra o fluxo vascular relativo e a distri-
buição do radioisótopo no espaço extracelular. Em geral, a imagem da
fase tardia é obtida de duas a quatro horas após a injeção, quando a
excreção renal elimina a maior parte do isótopo, exceto a porção reti-
rada pela atividade osteoblástica do osso. Essa imagem mostra a ativi-
dade dos osteoblastos e é positiva em vários estados patológicos,
incluindo osteomielite, tumores, doença degenerativa das articulações,
tratm1a e alterações pós-cirúrgicas. Em geral, aparece LU11 foco de osteo-
mielite como uma área de maior captação do traçador em imagens
h!riihftifI!J9 TC de acesso pélvico em uma criança. tardias. A fim de obter urna "área quente" em uma cintilografia óssea,
a vascularização do osso envolvido deve estar intacta. Se o fluxo de
sangue para a área envolvida for diminuído por pus subperiosteal,
necrose (ou seja, sequestro), derrame articular, vasoespasmo ou edema
A cintilografia também é útil no caso de pacientes com implantes do tecido mole, é possível qu e o resultado seja uma varredura "fria''.
metálicos, nos quais a TC e a RM apresentam valor limitado, devido A principal desvantagem da cintilografia óssea tri fás ica com
a contraindicações e artefatos gerados pelo metal, embora softwares fosfato de 99 "Tc é a dificuld ade de distinguir o aumento da captação
de subtração de metal estejam melhorando os exames de imagem causado pela osteomieli te daquele causado por doença articular
nesses pacientes. Os três radi oisótopos mais empregados são o fosfato degenerativa ou por alterações pós-traumáticas ou pós-cirúrgicas.
de tecnécio-99m (99 "'Tc), o citrato de gálio-67 (67 Ga) e os leucócitos A atividade relativa em cada uma das três fases pode ser útil ao
marcados com índio-111 ( 111 In). O mais comum é o fosfa to de 99 "'Tc, diferenciar outras causas de aum ento de captação. A celulite provoca
que pode detectar osteomielite em até 48 horas após o início clínico aum en to da atividade n as fases de flLDm e de equilíbrio, além de
da infecção. A absorção desse composto está principalmente relacio- abso rção diminuída ou normal na fase tardia. A osteornielite provoca
nada à atividade osteoblástica, embora o fluxo san guín eo da região aumento da cap tação nas três fases (F ig. 20-5) . O aumento da cap-
também desempenh e papel relevante na absorção óssea. Após a taç ão na fase tardi a, mas não nas fases de fluxo o u equilíbri o,
inj eção intravenosa, o tecnécio é rapidamente di stribuído por todo o sugere doença articular degenerativa (Tabela 20-5) . As cintilogra-
compartimento extracelular. A absorção óssea é rápida, com mais de fias ósseas com fosfato de 99 "Tc não são confiáveis em recém-nascidos
50% da dosagem administrada sendo levada ao osso em até uma hora. ( < 6 se manas de idade) e, em ge ral, são negativas em 60% desses
O restante do corante é excretado pelos rins na urin a. pac ientes com infecções ósseas ou articulares.
CAPÍTULO 20 PRINCÍPI OS GERAIS DE INFECÇÃO

O@il;J4fl!l9 A e B, TC mostra ndo sequestro. (Cortesia de Todd Willi ams)

iTABELA ~ Captação da Cintilografia óssea


~llJ Trifásica
FLUXO EQUILÍBRIO TARDIA
Osteomielite t t t
Ce lu lite t t tt

• Osteoartrite tt tt t

A cintilografia com citrato d e 67 Ga po d e se r útil em caso d e osteo-


A mi elite qu ando empregada em co njunto com a cintilografi a com
fosfato de 99 "'Tc. Na formação óssea puramente reativa (pós-traum á-
tica ou pós-cirúrgica), a intensidade da cintilografia com fosfato de
99
"'Tc é proporcionalmente m aio r do que na cintilografia co m citrato
67
Ga. No entan to, em áreas d e in flamação, a absorção d e gálio ou
excede a de tecnécio em m agnitude relativa ou exibe uma configura-
ção d e ati vidade espacialmente diferente. Uma das desvantage ns apre-
sentadas no exa me de imagem com cit rato de 67 Ga é sua elimin ação
lenta após a inj eção, o que requer um atraso na imagem qu e varia de
24 horas após a injeção para o esqueleto apendicular até 72 horas no
caso d o esqueleto axial. A espec ificidade diminui na cintilografia com
citrato de 67 Ga quando a lesão se situa perifericamente, e não ce ntral-
mente. Com a combinação de cintil ografi as com citrato de 67 Ga e
e fosfato de 99 "'Tc para a d etecção da osteo mi elite, a se nsibilidade e a
especificidade são d e 70% e de até 93%, respectivamente.
O@il;J4E!19 Cintilografia óssea tr ifásica mostrando osteo- Suge riram -se leucóc itos marcad os com 11 1ln para a difere ncia-
mielite . (Cortesia de Michael Fleming.) ção entre osteom ielite e fo rm ação óssea reativa. Essa va rredura é
positi va nas fases ma is precoces da osteomielite do que a cin tilogra-
fi a co m fosfa to de 99 "'Tc. A técn ica de varredura com leucócitos
C itrato d e 67 Ga é o traçador mais antigo e tem sido usado para envolve a marcação com radio nuclídeo s in vitro e a inj eção de leu -
localizar lesões inflamatórias, bem como tec id o maligno. O meca- cóci tos autólogos, predomin antemente po limorfonucleares do tipo
nismo d e deposição d e gálio é controverso, parece ndo estar relac io- neutrófil o, seg uid as po r im agem de 24 a 48 horas depois. São obt idos
nado ao aum e nto d a p e rmeabilidad e en dote li a l ou à difu são po r 50 mL de sa ngue ve noso do pac iente, sepa rando-se, em seguida, dos
tran sporte, co m o gá li o-tra nsfe rrin a. A es pec ifi cidad e d e um a outros eleme ntos sanguín eos in vitro e, após, marcando-se com 111 ln .
cintilografia óssea apenas com citrato d e 67 Ga é d eficient e (82%). Os leucóc itos marcados são, então, reinj etados n o paciente, e as
11111119 PARTE VII INFEC ÇÕES

va rreduras são obtidas em 24 horas. Um a va rredura é positiva se a


ac umul ação foca l d a atividade exced er a at ividad e óssea norm al
adjacen te. Relato u-se como útil a cintilog rafia co m 11 1ln para o diag-
n óst ico d e os teomielite aguda, mas há di ve rgências quanto à sua
efi các ia no caso d e osteomielite crô ni ca, po is esta últim a é predomi -
nantemente linfocítica e pode res ultar em um a va rredura "fria" ou
negativa. A varredura com 111 ln também não é co nfiável para a
diferenciação entre a soltura séptica ou assé ptica d e uma artroplastia
dolorosa. Tell er et ai. não recomendava m o uso rotin eiro d e fo sfato
d e 99 "'Tc associad o a varreduras marcad as co m 111 ln para detectar a
so ltura asséptica ou séptica d e art ropl as ti as, dev id o ao alto custo
assoc iado a esses testes e às baixas se nsib ilida d e e especific id ade, d e
78% e 64%, respectivam ente. Em um a metanálise, Prandini et ai.
o bserva ra m qu e os leucócitos marcados co m 99 "'Tc apresentaram
sensibilidad e (89%) e especificidad e (90,l %) superiores àqueles
marca d os co m 111ln. Com a fin alidade de melh o rar a d etecção, vári os
a utores tê m recomendado prolonga r o temp o de va rredura para até
24 ho ras n o caso do método com le ucóc itos m arcados com 99 "'Tc. A
imun oglo bulina mono clonal marca da co m 111 ln é uma substituta
para os leucócitos marcados com 111 In, parecendo tão efica z qu anto
os leucóc itos marcados com 111 ln, além d e não requerer fleb otomia
e ev itar o risco de radiação p ara os glób ulos brancos e o p oss ível O@il;Hfl!m RM do abscesso (imagens à esquerda) . (Cortesia
risco d e transformação m aligna. De aco rd o co m Ha kki et ai. , o de Amber Turn er. )
frag m ento d e anti corp o mo nocl onal (Leu koSca n, G ranuloscint,
NeutoSpec t) apresenta m elhor sensibilid ade, es pecific idad e e preci-
são di agnóstica, em comparação com a cintilog rafia reali zada com é cha mad o de short tau inversio n recovery (STIR) . O s sin ais de STIR
leucóc itos ma rcados com 111 ln e fosfa to d e 99 "'Tc. Além disso, esses aprese nta m a lto valor preditivo negativo pa ra os teo mi elite, na o rdem
pesquisadores sugeriram qu e a Le ukoSca n é um a ferramenta d e de quase 100%; entretanto, o STIR não pode ser usado pa ra dife ren -
di agnóstico mai s precisa nos pac ientes co m baixa contagem de leu- ciar co leções líquid as (p. ex., abscessos) d e ed em as circunsc ritos de
cóci tos (p. ex., pacientes infectados co m o vírus d a imunodefi ciência tec ido m ole. As imagens an orm ais relatad as re fl etem aum ento n o
hum ana ) e naqueles com osteomi elite c rô ni ca. No entanto, estudos teor d e água, resultante d e um ed em a na cavid ad e m edula r. A
d e metanálise mostram qu e esses age ntes são me nos precisos que os go rdura d a medula é substituída po r infiltrados ed em atosos e celu -
leucóc itos m a rcados in vitro na m aiori a d os pac ie ntes, havendo risco la res co m s ina l mais ba ixo que a gordura nas imagens d e T l e s inais
d e reação alérgica (algumas até mesm o fa ta is), especialmente m ais altos qu e a gordura em imagens d e T 2 e STIR. Os achados
qu ando são necessárias varreduras repetid as. Esses age ntes apresen - cláss icos de osteomi elite na RM são redu ção do sinal norm alm ente
ta m di spo nibil idad e limitad a nos Estados Unidos; no entanto, a alto d a m edul a nas imagen s em Tl e sinal norm a l ou aum entad o
busca po r um fragm ento d e anti co rp o mo nocl o nal perfeito conti - nas im age ns em T2 (Fig. 20-6) . D e aco rdo co m Bo utin et ai., a RM
nua. A d etecção d a osteomi elite crô ni ca, es pecialm ente do es qu eleto é a fe rram enta mais apropriad a pa ra descartar infecção epifisá ria
central, po d e se r m elhorada com um a va rredu ra po r 99 "'Tc/ciproflo- ca rtil agin osa. Mazur et a i. mostra ram que, para a detecção de oste-
xac in o (infecção) e por um a tom og ra fi a po r emi ssão de p ósitrons o mi elite, a RM foi sup erior em sensibilidade (9 7%) e especifi cidad e
ma rcad a co m flú or-1 8 (' 8 F)-fluo ro -deoxi-glicose (Pos itron Emission (92%) em relação à cintilografi a óssea com fosfato de 99 "'Tc. No curso
Tomogra phy, FD G- PET). A FD G- PET é o teste m ais preciso (92%) d a doe nça, a RM detecta alterações (p. ex., zonas líticas) bem m ais
e co m va lo r prediti vo postivo m ais alto (94%) , m ostrando-se extre- cedo qu e as radiografias, po is m ostra a co ndi ção d a cavidad e intra-
mam ente útil no caso d e infecções crôni cas e naqu elas já tratadas medul a r. As a lterações de sin al vi stas na RM não são específicas, e
com a ntibi ó ticos. No entanto, é m ais di spendi osa e não se encon tra qualqu e r co isa que cause ed em a o u hiperemi a (p. ex., fraturas,
pronta mente disp onível em todos os ce nt ros . tum o res e processos inflamató rios) p ro du z alterações d e sin a l sem e-
A RM tem sido utilizada para ava li a r infecções ósseas e arti - lh antes àquelas qu e oco rrem na osteo mielite. Apesa r d e a RM ser
culares. A RM é um m étodo d e im age m co mpl exo que a linh a os boa para detalhar en volvim ento d a med ul a e di sc ite, pou co ajuda na
prótons d o co rpo ao lon go do eixo de um ca mpo magn ético externo d etecção preco ce d o en volvim ento d a co rti ca l óssea.
pode roso e grava o movimento dos pró to ns à medid a qu e retornam É poss íve l adicionar m ater ial de co ntraste co m ga do líni o à RM
pa ra o alinhamento do campo magnét ico, após abso rverem energia para ajudar a distinguir um abscesso (abscesso envolvid o em sinal
de um a bo bina de radiofrequ ência. Cad a tipo de tecido tem suas lumin oso se m realce d o fluid o em se u interi o r) d e um a celulite
própr ias carac terísticas d e sin a l. Do is parâm etros são avali ados. O coexisten te. Além di sso, realça o tecido d e granulação ao red o r de
primeiro é o te mpo d e eco (TE), o u seja, aq uele qu e d eco rre entre o u ma físt ul a ou seques tro, po rém não rea lça o trajeto o u o sequ estro
pulso d e radio frequência inicial e se u reto rn o à antena d e rádio no osso. O co nt raste co m gad olínio não ajuda a di stinguir osteo-
(semelh a nte a um ping de so nar). O segund o é o tempo d e repe tição mi elite d e ede ma d a m edul a óssea.
(TR), o u seja, aquele d ecorrid o entre os pulsos d e radi ofrequ ên cia No ge ral, sequ estro, fístulas, abscessos e coleções subperiostea is
consec utivos para o paciente (a frequê ncia d e pings) . Quando TR e são sin a is pos iti vos da RM qu e suge rem osteo mi elite. A RM deve
TE são curtos, p roduz-se uma imagem em T 1 qu e mos tra a gordura ser reser vad a a pacientes com diagn óst ico inconclusivo, pacientes
com o um sin al alto e brilhante. Qua nd o T R e TE são lo ngos, obtém - co m infecções qu e envolvem a pelve o u a colun a ve rtebral e aqu eles
-se um a imagem em T 2 qu e m ost ra a água co mo um sinal luminoso. que ve nh a m a necess itar d e intervenção cirúrgica. É extrem am ente
Um sin al adi cional é obtido pela supressão do sin al d e gordura; isso útil na d etecção de os teomielite hematogê ni ca aguda.
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO cm
Em resumo: ou qu e a biópsia de tecido; no entanto, outros autores, corno, por
l. Pacientes com suspeita de infecção musculoesquelética devem exemplo, Wi lson e Winn, não viram vantagem em utilizar frascos
tirar radiografias simples da área em questão. de hemocultura ou Swabs; o líquido enviado para o laboratório em
2. A TC é útil na detecção de anorm alidades ósseas, como, por ambiente esté ril era o único procedimento necessário. As amostras
exemplo, sequestro. de tecido devem ser colocadas em pequenos recipientes cheios de
3. A ultrassonografia aj uda a estabelece r se há derrame articular dióxido de ca rbono, a fim de redu zir a exposição ao ar.
presente e também para guia r a aspiração com agulha, a fim Procedimentos rápidos de di agnóstico que podem ajudar na
de diagnosticar artrite séptica. tomada de decisão inicial são ape nas testes qualitativos. A coloração
4. Uma cintilografia óssea trifásica detecta, com precisão, a osteo- de Gram determina se há bactérias gram-negativas ou grarn-positi-
mielite em um osso não violado. Se houver material de vas presentes. A morfologia bacteriana e algumas medidas de infla-
osteossíntese, história de trauma anterior no osso ou se houve r mação também podem ser obtidas a partir de uma coloração de
presença de urna articulação de Cha rcot, por exemplo, uma Gram. Se a coloração de Gram for negativa e houver elevada suspeita
cintilografia óssea trifásica será útil apenas como teste de de infecção devido à presença de muitas células inflamatórias
triagem. Urna cintilografia óssea com leucócitos marcados agudas, um a coloração alaranjada de acridina observada com o
ajuda na detecção de osteomielite co mplicada, e esse exam e, auxílio de um microscópio de fluorescência pode auxi liar na detec-
combinado com uma varredura co m coloide, maximiza a ac u- ção das bactérias gram-negativas.
rácia do teste. Essa combinação é especialmente útil no caso Quando há suspeita de infecção fúngica, uma preparação de
de artrop lastias totais infectadas e pés diabéticos, porém é montagem molhada de hidróxido de potássio a 10% ou uma colo-
menos eficiente nas articulações neuropáticas. Não é útil nos ração de calcoflúor de fluoresceína auxi liam na detecção da morfo-
casos de osteorn ielite ve rtebral. logia fúngica característica. Outras colorações especiais, como, por
5. A RM mostra o tecido circundante e é excelente na detecção exe mpl o, as colorações de ácido-rápido, aurarnina-rodamina ou
de osteomieli te. O acréscimo de gálio melhora a detecção da fluoresceína com anticorpo marcado, também podem auxiliar na
osteomielite ve rtebral. obtenção de um diagnóstico rápido. O desenvolvimento de anticor-
6. A FDG-PET tamb ém é útil no di agnóstico de infecção da pos monoclonais para antígenos bacterianos específicos teve um
coluna vertebral e osteornielite crônica, porém não se enco ntra efeito importante, porém , exceto para a detecção de antígenos bac-
prontamente disponível em todos os ce ntros. terianos de H. influenzae, Neisse ria meningitidis e S. pneumoniae no
líquido sinovial, esses testes são úteis apenas para a rápida identifi-
cação de bactérias já isoladas, e não para a detecção de bactérias
ESTUDOS DE CULTURA específicas em uma amostra clínica.
Há vários tipos diferentes de meios disponíveis para o isola-
Embora exames de sangu e, radiografias e sin ais clínicos forneçam mento e a identificação de bactérias. As amostras iniciais devem se r
evidências presumíveis de uma infecção, não são suficientes para cultivadas para organismos aerób ios e anaeróbios estritos e faculta-
fo rn ece r um diagnóstico bacteriológico real, o que permitiria o tivos. O meio para esses organismos deve incluir ágar sangue, ágar
desenvolvimento de um plano de tratamento que incluísse a escolha chocolate para H. influenzae e Ne isseria gonorrhoeae e um caldo
correta de antibióticos. O laboratório tem a responsabilidade de enriqu ecido em nutrientes para organismos fastidiosos. Os meios
isolar e identificar o organismo agressor, bem como de determi nar seletivos devem ser empregados quando houver suspeita de fungo s
sua suscetibilidade aos antibióticos. Esse processo pode ser mais ou bactérias ác ido-álcool resistentes. Em geral, é possível identificar
fácil e mais informativo quando houver uma comunicação adequada um orga nismo em 24 a 48 horas, porém alguns isolados podem levar
entre o cirurgião ortopédico e a equipe do laborató rio que deve ser vá ri os dias ou semanas.
in formada sobre os fatores de risco do paciente, antib ioticoterapia, Após o organismo ter sido isolado e identificado, deve-se deter-
local e forma de obtenção da cultura, assim como os possíveis orga- minar sua se nsibilidade antimicrobia na. As três principais formas de
nismos procurados. testar a sensibilidade ou a eficácia antimicrobiana s ão: (1) testes de
O tempo e a escolha da cultura são cruciais. A maioria das suscetibilidade in vitro de um isolado bacteriano, (2) medição dos
infecções ortopédicas é profunda, e é difíci l obter as amostras de níveis séricos bactericidas ou de inibição do paciente em relação às
cultura adequadas. Apesar disso, é preciso empreender todos os suas próprias bactérias infecciosas e (3) medida de concentração
esforços para se obter uma amostra de cultura antes de a antibioti- sérica real do antibiótico que o pacien te está recebendo.
coterapia ser iniciada. Não se deve confi ar em culturas de fe ridas O Comitê acional para Padrões Laboratoriais Clínicos dos
superficiais ou fístulas, pois elas têm -se mostrado fracos indicadores Estados Unidos fornece recomendações para a realização de testes
de infecção profunda e, em geral, são polimicrobianas. O Swab de padronizados, sugerindo o antibiótico genérico protótipo que pode
uma fístula fornece resultados enganosos, a menos que o S. aureus ser testado para representar cada classe de antibióticos quando se
coagul ase seja o isolado predominante ou qu e urna única espécie reali zam suscetibilidades antim icrobianas in vitro. Os estudos de sus-
seja isolada em uma cultura pura. Na maioria das infecções bacte- cetibilidade in vitro se baseiam (l) na diluição em série do antibiótico
ri anas e fúngicas, a amostra preferida é o fluido aspirado (fluid o do teste no caldo ou em um meio de ágar sólido, (2) na difusão do
articul ar ou purulento). Uma biópsia profunda da ferida ou uma antibiótico de um disco de papel em um meio de ágar sólido ou (3)
amostra curetada após a limpeza da ferida são procedimentos acei- na eluição do antibiótico em um disco de papel no caldo. A menor
táve is. Em certos tipos de infecções bacteri anas e fúngicas, é prefe- concentração de um antibiótico que inibe o crescimento do isolado
rível coletar urna amostra de biópsia de tecido da borda da ferida. do paciente é designada de concentração inibitória mínima (CIM). Se
Swabs aeróbios e anaeróbios são os instrum entos mais co mumente o nível da CIM puder ser facilmente alcançado no soro do paciente
utilizados, mas é preferível empregar um fluido aspirado ou um a através da dosagem e da via de administração normais, considera-se
amostra da biópsia do tecido. De aco rd o co m Levine e Evans, a que o organ ismo é suscetível ou sensível. Depois de a CIM ser deter-
utili zação de frascos de hemocultura no intraoperatório para a colo- minada, pode-se realizar uma subcultura para determinar a concen-
cação de fluido aspirado é mais sensível do que as culturas de Swab tração bactericida mínima, qu e é a concentração mais baixa de agente
E9 PARTE VII INFECÇÕES

antimicrobiano que permite a sobrevivência de menos de 0,1 % do nas infecções arti cul ares. Em co ntrapartid a, as infecções articula-
in ócul o inicialmente cultivado. res protéticas são mai s freque ntem e nte causadas pela flora cutânea,
Segundo o método de difusão em di sco, a zona de inibição do co mo o S. epiderrnidis, e por outros, como o Staphylococcus coa-
crescimento em torno de um disco impregnado com antibiótico é gulase-negativo e os bac ilos gram-negativos, que são colonizadores
medida e comparada com o resultado d e uma bactéria de teste-pa - cutâneos transitórios.
drão. Cons id era-se o resultado sensível, intermediário ou resistente, Os agentes etio lóg icos da osteomielite também dependem da
dependendo da magnitude d a zona de inibição. O método de elui ção idade e dos fatores ep idemio lógicos, além do fato de a osteom ielite
de disco em caldo é empregado no caso de bactérias anaeróbias. Um ser primária ou secundária. O S. aureus é o iso lado mais frequ ente
di sco de papel impregnado com antibi ótico é colocado em um ca ld o na osteomielite, mas organismos como a Salmon ella têm maior inci-
anaeróbio e incubado com a bactéria a ser testada. O s res ultados d ênci a em pacientes com anemia falciforme ou osteomielite neona -
visua is são lidos como apresentando nenhum crescimento (sensível) tal. A osteomielite pós-c irúrgica também tem predom inância d e
ou apresentando crescimento (resi stente). flora cutân ea e flora hospitalar. Esse é o caso em que um a pesquisa
Medir a concentração bac teri cida sé rica (CBS) é outra forma es tatística hospitalar d e infecções seria benéfica.
d e aferir a e ficácia antimicrobiana. A CBS mede a atividade de Testes de diagnóstico molecular para a detecção de infecções
próprio soro do paciente contra o organismo infectante. A menor ainda são experimentais, dispendiosos e não se encontram pronta-
diluição do soro do paciente qu e mata 99,9% de um inóculo-padrão mente disponíveis. No enta nto, é possível realizar técnicas de reação
é chamada de CBS. Isso requer que o soro do paciente seja obtido em cade ia da polimerase visando à sequência do DNA bacteriano
em seu pico e em concentrações mínimas. Esse método tem con- 16 S rRNA. Elas ide ntifi cam a presença de bactérias, mas não o
qui stado popularidade no tratamento d e artrite séptica e osteomie- organ ismo específico. Ainda existe alta taxa de resultados falso-po -
lite na pediatria, a fim de testa r a dosage m adequada de antibiótico sitivos, e ainda há progressos a serem feitos através d e pesquisa e
po r via oral. A dosagem oral é aj ustada para fornecer um pico de d esenvolvim ento ad icion ais. Moojen et ai. ad icionaram um processo
CBS de 1: 8 ou 1:16 e uma CBS mín im a de 1:2 ou sup erior. d e hibridi zação reversa em linhas que identifica rá alguns dos pató-
A concentração real d e antibió ticos no soro também pode ser genos ortopédicos m ais comuns. A utilidade clínica d esses testes d e
m edid a. Em geral, é utilizada para dete rminar se está sendo obtido diagnóstico molecular é evidente em diversas áreas. Eles podem
um nível terapêutico efica z e também para orientar a dosagem do identificar os patógenos específicos responsáveis pela infecção mus-
antibiótico, a fim de evitar os efeitos colaterais tóxicos. cu loesquelética - ainda que os antibi óticos pré-teste já tenham sido
Dois tes tes especiais que pod em ser utili zados em infecções administrados - e os organismos que causam infecções de baixo
ortopédi cas são o teste de cultura quantitati va de tecido e o tes te d e grau (pequena concentração d e organismos), a lém de reconhecer
sin ergismo antibiótico in vitro em relação à suscetibilidade do anta- rapidamente infecções que, em ge ra l, apresentam lon go período de
goni smo. A cultura quantitativa d e tec ido tem-se mostrado útil na cu ltu ra (p. ex., tubercul ose).
detecção de infecções clinicamente significativas em pacientes com
qu eim ad uras. Seu uso na ortopedia tem auxi liado nas deci sões qu e
di ze m respeito ao fechamento d a ferida e à antibioticoterapia. Após TRATAMENTO
o desbrida mento de uma ferida abe rta, coleta-se uma amostra de
tecido de 1 mL, obtendo-se um esfregaço de coloração de Gram O tratamento de um a infecção ortopédica pode demandar terapia
quantitativa a partir de 0,01 mL de um homogeneizado não d ilu ído. antimicrobiana e intervenção cirúrgica. O tratamento com antibió-
Em seguida , esse esfregaço é transferido para uma lâmina d e mi cros- ticos, por si só, pode ser suficiente, porém é preciso seguir alguns
cópio de vidro limpa e espa lh ado em uma área não superior a 15 princípios. O organ ismo deve ser id entificado com precisão, deter-
mm de di âmetro. Após a secagem, a lâmina recebe coloração d e minando-se sua suscetibi lidade antimicrobiana. O antibiótico
Gram, e todo o esfregaço é exa minado através do microscópio com correto, preferencialm ente bac tericida, deve ser escolhido com base
uma ampli ação de 1.000. A presen ça de um único organismo em na CIM e na CBS. O antibiótico tem de ser entregue ao patógeno
qualquer ca mpo indica esfregaço positivo, o que sugere infecção em em concentração suficiente para destruí-lo.
curso. O restante do homogeneizad o de tecido pode ser diluído em A cirurgia pod e caminhar lado a lado com o tratamento feito
série, em um caldo de nutrientes, para c ultura quantitat iva. Cu ltu ras com antibi óticos. A cirurg ia pod e consegu ir em uma hora aquilo
que contêm dez organismos por gra ma d e tecido apresentam alta que o corpo e o tratamento com antibióticos talvez necessitem de
probabilidade de permanecer infectadas se forem fechadas. Tem-s e dias ou semanas para fazer. O objetivo da cirurgia é o aumento da
relatado a precisão das técnicas microbiológicas quantitativas na resposta do hospedeiro. O d esbridamento redu z o inóculo e remove
ordem de 84% para coloração de Gram e de 89% para cultura. necrose vascular do osso, bactérias e produtos bacterianos noci vos.
Devem ser considerados testes com antibióticos in vitro para sin er- A cirurgia nem sempre é necessá ria, mas se torn a essencia l quando
gismo e antagonismo quando um a infecção persistente mostrar-se é encontrado pus na aspiração ou quando são visualizadas alterações
refra tária ao tratamento com a ntibióticos. Esse teste mede o efe ito radiográficas de osteo mi elite, indie<mdo pus, mate rial necrótico, e
de so m a in vitro de dois antibi ótico s di stintos. inflamação crônica. Se tai s condições não est iverem presentes, uma
Co m frequência, a antibioticoterapia é iniciada antes d e se tentativa de tratame nto co m antibiótico será apropriada somente
obter um resultado definitivo d e cultura, e a escolha de um anti - após o material da cu ltura ser obt ido. Se o paciente não responder
biótico se baseia nas bacté ria s causadoras mais prováveis, o que ao tratamento com antibiótico em 36 a 48 horas , isso sig nifi ca que
va ria d e forma considerável , d epe nd endo da idade e dos fa tores se administrou o ant ibi ó tico errado ou que um abscesso se formo u.
epidemiológicos apresentados pelo paciente. O S. aureus é m a is Após 48 horas, a se nsibilidade deverá ter sido relatada e, então, se rá
frequentemente isolado na a rtrite infecc iosa. Em seguida, a N. possível escolher um antibi ótico específico para o organismo. Caso
gonorrhoeae é mais comum em ad ultos com meno s d e 30 ano s, se ten ha formado um abscesso, então a cirurgia é indicada.
e nquanto o H. influenzae tipo B é o mais comum em crianças co m Existem vár ias vias para o tratamento com antibióticos.
menos de 2 anos. Essas três bacté ri as, e m conjunto com várias Antibióticos o rais a ind a são os mai s com um ente utili za dos. A
es pécies de Streptococcus, const ituem os iso lados mais con hec idos apli cação intravenosa pod e ser ex igida em caso d e infecções mai s
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO

graves que não respondam aos antibióticos por via oral. A difusão A Aids é causada pelo HIV, um retrovírus de RNA humano.
local de antibióticos também pode ser benéfica. Esferas de poli- Esse grupo de vírus de RNA tem a capacidade de produzir a trans-
metilmetacrilato (PMMA) impregnadas com antibiótico estável criptase reversa, que converte o RNA em DNA e se incorpora no
ao calor (tobramici na, vancomicina e gentamicina) têm sido uti - cromossoma hospedeiro. O retrovírus do HIV é trófico para os
li zadas desde o início da década de 1970. Uma área de 2 a 3 cm receptores CD4 dos lin fócitos T. O vírus provoca desregulação e
em torno da cada esfera apresenta alta concentração de antibió- dest rui ção desses linfócitos T, resultando em um estado de imuno-
ticos. Com tobramicina e vancomicina, o pico de co ncentração deficiência. Os resultados iniciais da infecção provocam estimulação
de antibióticos entregue ao tecido local ocorre no primeiro dia e das células B e aumento inicial do número de células supressoras e
dura cerca de uma semana apenas. Esse sistem a de entrega local célul as T citotóxicas, seguidos po r um declínio progressivo no
evita a toxicidade sistêmica; no entanto, demanda remoção (em núm ero de linfócitos CD4 circulantes ao longo de vár ios anos.
geral, cirúrgica ) dentro de quatro semanas. Um sistema biode- Quando a contagem de células CD4 está inferior a 200/mm 3 , apare-
gradável mais atraente é a espo nj a de gentamicina e colágeno, que cem as infecções oportunistas e, então, as manifestações clínicas da
elimina a necessidade de remoção cirúrgica e entrega concentra- Aids têm início.
ções de antibióticos maiores do que as esferas de PMMA. Tem-se Essa destru ição progressiva da função imunológica do corpo
sugerid o que a liberação de antibióticos através desse método deixa o indivíduo suscetível a uma variedade de infecções, doenças
pode ser completa dentro de quatro dias. A poli merase de ácido malignas e anormalidades neuropsiquiátricas. A pneum oni a por P
lático pode ser o próximo passo nos sistemas de entrega local de jiroveci e doenças malignas como o sarcoma de Kapos i são as
ant ibióticos biodegradáveis . Esse sistema entrega elevada con- doenças oportunistas mais com uns associadas à Aids nos Estados
centração de quinolonas (bactericidas para prováveis patógenos Unidos.
de osteomielite crônica) por sessenta dias, com um pico de libe- Foram identificados quatro estágios de infecção pelo HIV,
ração de antibióticos no 15° dia. Um método adiciona l de li beração embora nem todos os indivíduos infectados percorram todos os
local de antibióticos mistura enxerto ósseo autógeno de crista quatro estágios. Os estágios são: (1) infecção aguda primária pelo
ilíaca com piperacilina ou vancom icina. Os antibióticos devem ser HIV, (2) infecção assintornática crônica pelo HIV, (3) infecção sin -
escolhidos com cuidado. Por exemplo, antibióticos termoestáveis tomática pelo HIV e (4) doença oportunista avançada associada ao
são necessários para aplicações de PMMA; quino lonas têm mos- HIV ou à Aids. A infecção aguda primária pelo HIV se assemelha
trado efeito prejudicial nos condrócitos e na consolidação de fra- clinicamente à mononucleose in fecciosa, ocorrendo de duas a seis
turas; e a tobramicina em níveis intermediários de concentração semanas após a transmissão virai. Os sinais clínicos incluem farin-
(400 µg/ mL) pode diminuir a replicação celul ar. No geral, a van- gite, disfag ia, linfadenopatia, erupção cutânea, febre, fadiga, hepato-
comicina é menos tóxica para osteoblastos em altas concentra- esplenomegalia e leucopenia. Esse estágio é autolimitado, e a maioria
ções locais que os aminogli cosídeos e a rifampicina , enqua nto as dos pacientes não procura atendimento médico. Dentro de três
quinolonas não devem ser admi nistradas quando a regeneração meses após a transmissão do vírus, a maioria dos pacientes desen-
óssea for um problema. Urna consulta com um infecto logista volve sorologia positiva e praticamente todos os pacientes são soro-
pod e aux iliar na orientação do antibiótico adequado a cada convertidos em seis meses, embora existam relatos de soroconversão
paciente, além de se mostrar particularmente útil com o espectro tardia 1 ano após a infecção. Após a infecção aguda, há um período
microbiano em constante mudança. Aind a que diversas técnicas prolongado que varia de cinco a mais de 15 anos de infecção crônica
cirúrgicas tenham sido descritas para o tratamento da osteomie- assintomática. No terceiro estágio (complexo relacionado com a
lite (Cap. 21), a prevenção ai nda é o melhor caminho, e a obser- Aids), o paciente infectado pelo HIV não se livra mais dos sintomas,
vânc ia dos princípios básicos de tratamento de infecções ajudará mas ainda não desenvolve as infecções oportunistas definidoras da
a alcançar bons resultados. Aids, tal corno definido pelo CDC, nem apresenta um a contagem
absoluta de células CD4 inferior a 200/ mm 3 . No estágio final , uma
doença oportunista com potencial risco de vida se desenvolve como
VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA resultado da imunodeficiência severa mediada por cél ul as. Os dados
HUMANA (HUMAN epidemiológicos sobre a transmissão do HIV indicam, de forma
predominante, que o víru s é transmitido pelas vias sexuais, paren-
IMMUNODEFICIENCY VIRUS, HIV) terais e materno-infantis. O HIV foi isolado de vários órgãos e
O tratamento de pacientes com infecção pelo vírus do HIV ou sín- tecidos, incl uindo osso. Sangue, sêmen, secreções vaginais, ossos,
drome da imunodeficiência adq uirida (Acquired lmmunodeficiency leite materno e, possivelmente, a saliva tem sido implicados na
Syndrome, Aids) at ingiu todos os campos da Medicina. O cirurgião transmissão do HIV. Com a triagem atual de doadores e técnicas de
ortopédico poderá ser requisitado para o tratamento de pacientes teste de HIV, o risco de infecção pelo HIV por unidade de sangue
soropositivos na unidad e de emergência, em clínicas ou na sala de transfundido é de 1 em 2 milhões. Embora o risco de qualquer
cirurgia. Devido a essa crescente probabilidade, o ortopedista deve transfusão única seja baixo, cada transfusão tem o potencial de ser
conhecer as causas, as doenças associadas que afetam o sistema fatal. Esse potencial tem aumentado a conscientização de médicos e
m usculoesquelético, os riscos de transmissão e as preca uções no que diminuído a utilização eletiva de sangue alogênico. Quando um
diz respeito a essa infecção. indivíduo é infectado por uma transfusão, o desenvolvimento da
A Aids foi diagnosticada em 1981 em vários pacientes com Aids parece ser mais rápido do que nas outras formas de transmis-
complexos de doenças anteriormente vistos apenas em pessoas com são. Nos Estados Unidos, dois doadores foram responsáveis pela
imunodeficiência de causas con hecidas. Após o diagnóstico da Aids, transmissão do HIV em quatro enxertos osteom usc ul ares, em 1985
identificou-se o vírus HIV e, então, descobriu-se que ele causava e 1988. Não há mais relatos de transmissões de HIV por aloenxertos
esse complexo de doenças. Duas cepas de HIV foram identificadas: desde 1988. No entanto, o risco de transmissão do HIV através de
o HIV-1, que é a cepa mais comum nos Estados Unidos, e o HIV-2, aloenxertos é estimado em 1 em 1,6 milhão (de um a dois casos a
que tem sido descrito primariamente nos países europeus, africanos cada do is anos), relacionado ao fato de que ainda existe um período
e, raramente, nos Estados Uni dos. de janela entre o tempo do teste e o tempo em que o paciente se
E9 PARTE VII INFEC ÇÕES

• io-l~---,
entanto, é importante que cada cirurgião con heça as especificações
Processo de Aquisição e do banco de tecidos qu e ele utiliza e assegure que seja credenciado
~1\~fi:'l;_ Armazenamento de Aloenxerto
pela Associação Ameri cana de Bancos de Tecidos (American Asso-
ciation of Tissue Banks, AATB) (Tabela 20-6) .
TRIAGEM DE Exclusão pelo histórico de doença
DOADORES autoimune
Ingestão ou exposição a substâncias
tóxicas TESTES DE DIAGNÓSTICO
Artrite reumatoide
Lúpus eritematoso sistêmico Como os testes sorológicos atualmente utilizados para a detecção do
Poliarterite nodosa HIV dependem da form ação de anticorpos pelo paciente in fec tado,
Sarcoidose há um período conhecido como "janela imunológica': durante o
Doença óssea clinicamente significativa qual o paciente está co ntagioso antes do aparecimento dos anticor-
A análise de sangue deve ser pos contra o HIV. A maioria dos pacientes (cerca de 99%) desen-
negativa em rela ção a anticorpos vo lve anti corp os co ntra o H IV em até seis meses após a infecção
para HIV inicial, porém há re latos de soroconversão tardia (após um ano).
Teste de ácido nucléico para HIV-1 A depend ência de um úni co teste pode proporcionar uma fa lsa
Antígeno de superfície de hepatite B sensação de segurança.
Anticorpo total para antígeno do O ensaio imunoabsorve nte ligado à enzima (Enzyme-Linked
núcleo da hepatite B Immunosorbent Assay, ELISA) fo i desenvolvido para testar anticor-
Anticorpos para o vírus da hepatite C pos contra o retroví ru s. Por se tratar de um tes te sorológico, a
Teste de ácido nucléico do vírus da detecção dos antico rpos con tra o HIV pelo ELISA indica uma infec-
hepatite e
ção an terior. Em geral, os anti corpos aumentam a níveis detectáveis
Anticorpos contra o vírus
por meio desse ensaio em um a três meses. Se o teste fo r reativo,
linfotrópico T humano
precisa ser repetid o; se permanecer reativo, um teste de confi rmação
Sífilis
precisa ser conduzido, em geral um ensaio de Western blot. De
TECIDO COLETADO Dentro de 24 horas após o óbito, se
acordo com o CDC, a sensibilidade do ELISA é de pelo menos 99%
o corpo estiver resfriado
qu ando é realizado em ótim as co ndições laboratoriais em amostras
Dentro de 15 horas após o óbito, se o
de so ro de indivíduos infectados por três meses ou m ais. O ELISA
corpo não estiver resfriado
fo i projetado para ser extrem amente sensível e é mais suscetível a
Técnica asséptica
Tecido cultivado antes do
prod uzir resultados fa lso-positivos do qu e falso-negativos. O motivo
processamento mais fre quente para um res ultado fa lso-negativo é que o indiví duo
infectado aind a não tenha desenvolvido anticorpos contra o HIV no
DESINFECÇÃO E Imersão de antibióticos
REMOÇAO DE m omento do ensaio.
CONTAMINANTES
ESTERILIZAÇÃO Óxido etílico, outros esterilizantes
SECUNDÁRIA E químicos TESTES CONFIRMATÓRIOS
DESTRUIÇÃO DE Irradiação por fei xe de elétrons/gama
TODAS AS FORMAS
Protocolos patenteados (p. ex., O ensaio de Western blot é o tipo de tes te confirm atóri o mais
DE VIDA
Allowash, BioClense, Clearant) com um. É bem menos provável que esse ensaio produza res ul tados
ARMAZENAMENTO Aloen xerto fresco (utilizar no prazo fa lsos, emb ora isso ainda seja possível. A probabilidade de se
de 24 dias) obterem testes fa lso-positivos com a sequência de testes ELI SA e
Fresco congelado (de 3 a 7 anos) Western blot em uma pop ul ação com baixa incidência de in fecção
Criopreservação (até 1O anos) foi estimada em 1 para 350.000 . Outros testes confir matórios
Liofilizaçã o (de 3 a 5 anos, em incluem o teste de detecção de antígenos, o teste de hibridização in
temperatura ambiente) situ, o ensaio de imunofl uorescência indireta, o ensaio de rad ioimu-
Adaptado de Azar FM : Ti ssue processing: role of secondary sterilization noprecipitação e o teste de reação em cadeia da polimerase. A con-
techniques, Clin Sports Med 28: 191 , 2009. tage m de linfócitos CD4 não é um teste de diagnóstico, mas uma
medição do grau de imunossupressão.

apresen ta com anticorpos virais detectáveis. O tes te de anticorpos SÍNDROMES MUSCULOESQUELÉTICAS NOS
nucléicos tem um período de janela para o HIV e a hepatite C de PACIENTES INFECTADOS PELO VÍRUS DA
sete dias, e de oito pa ra a hepatite B. Além disso, fora m relatados IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
um caso de hepatite B e dois casos de hepati te C, com o mais recente
ocorrendo em 2002. Com o adve nto de mel hores técnicas de triagem, As síndromes musculoesqueléticas mais comuns nos pacientes
incluindo histó rico do paciente, exa mes sorológicos e testes de ác ido infectados pelo HIV incluem man ifestações de toxicidade dos medi -
nucléico, as taxas permanecem baixas. Além disso, técnicas de este- camentos, artrite reativa, artrite infecciosa, miosite, tendini te e
rilização quími ca tamb ém dim in uíram a oportunidade de transmis- bursite. Os princípios gerais que devem es tar presentes ao se ava liar
são de doenças através de aloe nxe rtos. O risco atual de se adqui rir um paciente infec tado com o vírus do HIV que apresente problem as
uma in fecção por aloenxerto permanece bem abaixo do risco noso- musculoesqueléti cos incl uem: (1) qualquer síndrome musculoes-
comi al perioperatório geral. A cultura in traoperatória do aloenxe rto quelética que oco rra em pacientes não in fectados pelo H IV pode
apresenta baixa sensibilidade e, em ge ral, não é recomendada. No oco rrer nos pacientes in fecta dos pelo HIV; (2) a infecção pelo H IV
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO

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RISCOS E PREVENÇÃO
TABELA
20 _7 Síndron:ies Musculoesqueléticas
nos Pacientes Infectados pelo
Até agora, o ri sco de cirurgiões ortopédicos contraírem infecção
Vírus da Imunodeficiência
pelo HIV dos p<icientes é desconhecido. No entanto, nenhuma soro-
Humana
conversão documentada foi relatada nos cirurgiões ortopédicos.
CONDIÇÃO COMENTÁRIOS De acordo com o relatório do CDC de 2006, nenhum novo caso
documentado de soroconversão ocorreu em profissionais de saúde
Artralgia As causas incluem infecção
desde 2000. É importante que os profissionais de saúde continuem
bacteriana sistêmica,
infla mação e toxicidade de tomando as precauções universais para que se mantenha o risco
medicamentos baixo. O potencial para a transmissão da doença ainda existe. Três
fatores devem ser conhecidos para se calcular o risco que um cirur-
Artrite reativa (síndrome de Possivelmente mais grave no
Reiter) caso de HIV gião ortopéd ico tem de contrair HIV a partir de punções na sala de
cirurgia. São eles: (1) frequência das punções, (2) porcentagem
Artrite psoriásica Mais comumente,
de pacientes HIV positivos e (3) risco de transmissão de HIV por
Staphylococcus aureus e
agulha de pacientes HIV positivos já conhecidos.
Streptococcus pneumoniae
No fim de 2008, a Organização Mundial da Saúde estimou que
Osteomielite Relatado no HIV como
33,4 milhões de pessoas em todo o mundo estavam infectadas com
resultado da extensão da
o HIV, e que 25 milhões hav iam morrido de doenças rel acionadas
infecção de articulação
ao vírus. Em 2008, indivíduos com novas infecções somavam 2,7
séptica
milhões e, destes, 430.000 eram crianças com menos de 15 anos. No
Miosite
fim de 2008, as mulheres representavam 50% de todos os adultos
Pi omiosite Dor focal, sens ibi lidade
com infecção pelo HIV no mundo. Nos Estados Unidos, tem-se
Idiopática Dor focal, sensibilidade
De zidovudina Em geral, eliminada quando estimado que 0,4% da população é HIV positiva, sendo que 21 %
a zidovudin a é desses pacientes não sabem que estão infectados. É impossível cal-
descontinuada cular, na prática de um cirurgião específico, sem que se realize um
estudo prospectivo, a frequência exata de pacientes infectados pelo
De Lane N: HIV disease and arthritis: diagnostic and therapeutic dilemmas.
HIV. No entanto, tem-se relatado que os números chegam a 10%,
ln Cohen PT, Sande MA, Volberding PA, editors: The AIDS knowledge base,
Boston, 1994, Littl e, Brown.
com variações locais e regionais, com os ce1~tros que cuidam de
traumas abrigando a maioria dos paciente~ infectados. De acordo
com o CDC, em J 986 'a prevalência geral da infecção pelo HIV era
pode alterar a apresentação clínica, a gravidade e o curso dos pro- de 1% da população que deu entrada em hospitais nos Estados
blemas musculoesqueléticos; e (3) o diagnóstico precoce de infecção Unidos por outros motivos que não a infecção. O CDC relatou que,
é especialmente importante para evitar sua propagação em um em 1993, apenas 30% dos pacientes infectados foram reconhecidos
paciente imunodeprimido (Tabela 20-7). durante o tratamento. Até 2006, 57 casos documentados de infecção
Em geral, ocorre artrite reativa no pé e no tornozelo. A ocupacional pelo HIV em profissionais de saúde (enfermeiras e
tendinite envolve ndo o tendão de Aquiles e os tendões tibial técnicos em enfermagem na maioria) foram relatados nos Estados
anterior e posterior é comum . A artrite séptica ocorre mais Unidos, e aproximadamente 140 casos adicionais tiveram uma pos-
comumente em usuários de drogas injetáveis e hemofílicos que sível etiologia ocupacional para infecção pelo HIV. A maioria (48)
foram infectados pelo HIV. As bactérias gram-positivas, como o esteve relacionada a uma única picada percutânea de agulha.
S. aureus e o S. pneumoniae, normalmente encontradas em Lemaire e Masson perceberam que entre 6% e 50% das opera-
pacientes não infectados com artrite séptica e bursite, também ções resultam em pelo menos um contato de sangue ent~e o paciente
são os organismos relatados com maior frequência que causam e o profissional de saúde, e que cerca de 1,3% a 15,4% dos procedi-
artr ite sépti ca e bursite nos indivíduos infectados pelo HIV. A mentos envolvem cortes. O risco diminuiu com a experi ência cirúr-
osteomielite primária tem sido relatada em pacientes infectados gica, mas aum entou com o tempo de operação. Fitch et al. relataram
pelo HIV, mas, em geral, é o resultado da extensão direta de uma que o maior risco para a transmissão ocupacional do HIV envolvia
articulação sép ti ca. Um paciente infectado pelo HIV com um a a injeção parenteral de sangue através de pinos ortopédicos ou
artroplastia total pode apresentar maior risco de infecção à agulhas ocas. Nen hum caso de transmissão com agulhas sólidas ou
medida que a imun ossupressão progride. com a exposição de uma fer ida aberta ao sangue foi documentado.
A dor muscular, ou miosite, é uma queixa comum nos Outros locais com potencial de transmissão incluem as membranas
pacientes infectados com o HIV, incluindo polimiosite idiopá- mucosas e a exposição isolada da pele. O risco aumenta quando a
tica, polimiosite secundária, toxicidade da zidovud in a e piomio- carga vira i do paciente sobe, quando a quantidade de sangue inje-
site. A polimiosite idiopática e a polimio site pela zidovudina tado é elevada e também quando há intensa profundidade de ino-
apresentam sina is e sintom as semelhantes. Os pacientes se culação. Com base nos dados obtidos pela American Board of
queixam de fraqueza muscular, apresentando níveis elevados de Orthopaedic Surgeons, estima-se a taxa estimada de punção sofrida
creatina fosfoquinase, e amostras de biópsia muscular mostram pelo médico na área de ortopedia em 2,8%, com a média de aproxi-
necrose miofibrilar e inflamação associada . A piomiosite, nor- madamente dez punções por ano. Em 1998, o CDC estimou que a
ma lmente causada pelo S. aureus, pode apresentar-se como um porcentagem de pacientes com HIV positivo estava em uma média
abscesso solitário ou como múltiplos abscessos dentro do entre 1% e 5,6%, dependendo da área geográfica e do tipo de prática.
músculo. O paciente apresenta febre, dor muscular localizada, O CDC tem estimado o risco de transmissão por punção com agulh a
edema e eritema. Em geral, antib ióticos sistêmicos e aspiração em 0,3%. Esses panoramas fazem com que o risco anual do cirurgião
são tratame ntos adequados à piomiosite, mas a incisão cirúrgica ortopédico esteja entre 0,025% e 0,5%, com um risco cumulativo
e a drenagem podem ser necessárias . (acima de 40 anos de prática) de 0,6%. Não se relatou o risco de
E!) PARTE VII INFECÇ ÕE S

tra nsmissão do HIV de um cirurgião ortopédico para um pac iente


Recomenda~ões de ~rocedimentos
QUADRO
20 _1 da Academia Americana de
não infec tado.
Na ausência de meios efetivos para a profilaxia, incluindo
Cirurgiões Ortopédicos para a
vacina, a defesa principal contra a infecção pelo HI V é a preve nção
Sala de Operação
de sua transmissão. Profi ssionais de saúd e em risco são os mais
1 . Evite o uso de instrum entos afiados, se possível. propensos a levarem agulh adas ou sofrerem cortes e ferimen tos na
2. Evite passa r instrument os afiados entre os membros da pele na prese nça de fluid os e tecidos co rpo rais co ntaminados. Os
equipe. casos de transmissão do HIV através de feridas ressaltam a impo r-
3. Use a t écni ca no-touch. tância dos procedimentos de controle da infecção, especialmente na
4 . Use o bi sturi apenas para incisões cutâneas; dê prefe- sala de cirurgia.
rência a tesouras e eletroca uterização. É fre quente (3,7%) o contato com o sangue e outros fl uid os
5. Evit e sutu ras sim ultâ neas na mesma ca mada por dois corporais que contêm sangue em quantidades microscópicas ou ele-
membros diferentes da equipe. vadas durante os procedimentos cirúrgicos ortopédicos. Lacerações
6. Use preferencialmente agu lh as de sutu ra rombas. por fragmentos de ossos e extremidades, co rtes e picadas de agulh a
7. Evite gestos bruscos. devem ser evitados. Em seis es tudos realizados, relatou-se o risco
8. Estej a de acord o com as norm as de eliminação de mate- estimado de 0,09% após uma exposição mucoc utânea, com base na
ri al descartáve l. soroconversão. A Ameri can Academy of Orth opaedic Surgeo ns
9. Sempe use luvas enquanto estiver ma nipulando mat e- (AAOS) desenvolve u di ve rsas recomendações básicas para procedi -
ri al cob erto de sa ngue. mentos na sala de cirurgia (Quadro 20-1). Essas precauções envo l-
vem o uso de vestimentas cirúrgicas que oferecem proteção contra
Adaptado de Lemaire R, Masson JB: Risk of transmission of blood-borne virai o co ntato com sangue, téc ni cas que não envo lvem o uso da mão para
infection in orthopaedic and trauma surgery, J Bone Joint Surg 828:31 3, 2000. cirurg ia ou sutura, o ato de não passar instrumentos afiados de mão
em mão (estabelecend o um a zona de "mãos livres") e a remoção

••. ~ Profilaxia Pós-exposição (Postexposure Prophylaxis, PEP). Recomendada contra o Vírus da


. . , Imunodeficiência Humana para Exposições da Membrana Mucosa e de Pele não Intacta*

FONTE COM SOROLOGIA


TIPO DE HIV-POSITIVO, HIV-POSITIVO, DESCONHECIDA PARA O
EXPOSIÇÃO CLASSE 11 CLASSE 21 HIV; FONTE DESCONHECIDA1 HIV-NEGATIVO
Pouco volumell Considerar Recomen- Em geral, não se Em geral, não se indica Não se indica PEP
duas drogas dam-se duas indica PEP. No PEP. No entanto,
básicas da drogas entanto, considerar considere duas drogas
PEP~ básicas da duas drogas básicas básicas da PEP~ em
PEP da PEP para a fonte situações nas quais há
com fatores de risco probabilidade de
para HIV** exposi ção a indivíduos
infectados pelo HIV
Alto volumett Recomendam- Recomenda - Em geral, não se Em geral, não se indica Não se indica PEP
-se duas se esquema indica PEP. No PEP. No entanto,
drogas expandido, entanto, considere considere duas drogas
básicas da com três duas drogas básicas básicas da PEP~ em
PEP drogas da da PEP para a fonte situações nas quais há
PEP com fatores de risco probabilidade de
para HIV** exposição a indivíduos
infectados pelo HIV
' No caso de exposições de pele, o acompanhamento é indicado apenas se houver evidência de que a integridade da pele está comprometida (p. ex.,
dermatite, abrasão ou lesões abertas).
1
HIV positivo, cl asse 1, Infecção assintomática pelo HIV ou carga virai baixa conhecid a (p. ex., < 1.500 cópias/ml de RNA); HIV positivo, classe 2, infecção
sintomática pelo HIV, Aids, soroconversão aguda ou alta carga virai conhecida. Se a resi stência à droga for uma preocupação, procure um especi alista.
O início da PEP não deve ser adiado por causa de consultas médicas com especialistas; e, como essas consultas não podem substituir o aconselhamento
pessoal, alguns recursos devem ser disponibilizados para promover a avaliação imediata e os cuidados de acompanhamento em todas as exposições.
' Fonte com sorologia desconhecida para HIV (p. ex., indivíduo-fonte já falecido que não tenha amostras disponíveis para o teste de HIV).
1Fonte desconhecida (p. ex., contato com sangue descartado incorretamente).
llPouco volume (ou seja, poucas gotas).
~A designação "considerar PEP" leva em conta que a PEP é opcional e deve basea r-se em uma decisão individual entre quem foi exposto e o clínico que
está realizando o tratamento .
.. Se a PEP for oferecida e tomada, e a fonte for subsequentemente determin ada como HIV negativo, o tratamento deverá ser descontinuado.
tt Alto volume (ou seja, maior quantidade de sangue).
Do Centers From Disease Contrai and Prevention: Updated U.S. public health service guidelines for th e management of occupational exposures to HBV,
HCV, and HIV and recommendations for postexposure prophylaxis, MMWR Morb Mortal Wkly Rep SO:RR-11, 2001.
CAPÍTULO 20 PRINCÍPIOS GERAIS DE INFECÇÃO Gii
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Recomendações específicas por parte da AAOS podem ser encon- ti on: comparison of different methods for intraoperative bacte-
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pacional são o emprego das precauções universais. Reco menda-se a Accessed November 18, 2010.
prática do uso de protetores para os olhos, pois a projeção de sa ngue Edli ch RF, Wind TC, Hill LG, et ai: Creating another barrier to the
apresenta uma taxa de contaminação entre 3% e 5%. Óculos com un s transmissio n of bloodborne operative infections with a new
podem fo rn ecer proteção, já que menos de 5% da contam inação glove gau ntl et, f Long Term Eff Med lmplants 13:97, 2003.
esteve presente nas abas laterais de proteção da armação dos ócul os. Fluit AC, Verhoef J, Schmitz FJ, European SENTRY Participants:
O uso de duas luvas em cada mão redu z o risco de contato com o Frequency of isolatio n and antimicrobial resistance of gram-
sangue de 29% para 13%. No entanto, as luvas devem ser trocadas negative and gra m-positive bacteria from patients in intensive
a cada duas horas ou a cada hora, em casos de traumas. Luvas ci rúr- care units of 25 Europ ean university hospitais participating in
gicas indicadoras também podem se r utili zadas para se detectar a the European arm of th e SENTRY Antimicrobial Surveillance
perfuração da luva. As luvas Kevlar devem ser utilizadas no caso de Program 1997- 1998, Eur f Clin Microbial Infect Dis 20:617,
existê ncia de fragmentos ósseos ou qu ando forem utilizadas se rras. 2001.
Após a exposição de um profissional de saúde ao sangue, deve-se French GL: What's new and not so new on th e antimicro biai horizon?
realiza r um teste rápido de HIV. Caso resulte negativo, nenhuma Clin Microbial Infect 14: 19, 2008.
quimioprofilaxia deverá ser oferecida. No entanto, se for positivo, Kak V, Chandrasekar PH: Bone and joint infect ions in inj ec tion drug
deve-se oferecer quimioprofilaxia. O teste rápido de HIV apresenta users, Infect Dis Clin No rth Am 16:681, 2002.
um a taxa baixa de resultados falso- positivos, razão pela qual todos os Kim DH, Spence r M, Davidson SM, et ai: Instituti onal prescreen-
resultados positivos devem ser acompa nh ados por um imunoensaio ing for detecti on and eradi cation of methi cillin -resistant Staphy-
enzimático e um ensaio de Western blot. O teste não iden tificará lococcus aureus in patients undergoing elective orthopaedic
pacientes HIV positivos caso eles tenham sido infectados há menos surgery, f Bane foin t Surg 92A: l 820, 20 10.
de três meses. Eventual queda de 79% nas taxas de soroconversão têm Klevens RM: Invas ive methi cillin-resistant Staphylococcus aureus
sido exibidas com o uso da quimioprofilaxia após a exposição utili - infections in the United States, /AMA 298:1 763, 2007.
zando zidovudina e lamivudina, terminadores de cadeia para a trans - Luedicke C, Slickers P, Ehri cht R, Monecke S: Molec ular fin gerprint-
criptase reversa. Adicionar um inibidor de protease, o indinav ir, ing of Staphylococcus aureus from bone and joint infections, Eur
diminui ainda mais a atividade an tirretroviral. Essas drogas devem se r f Clin Microbial Infect Dis 29:457, 2010.
administradas em até du as horas da exposição e, em geral, são reco- Marcotte AL, Trzeciak MA : Community-acquired methicillin resis-
mendadas para uso contúrno por pelo menos quatro seman as. Em tan t Staphylococcus aureus: an emerging pathogen in orthopae-
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laxia podem ser encontradas na Tabela 20-8. O regime de medicação gical site infection rates: a randomized equivalence study, /A MA
mais recente para a Profilaxia Pós-Exposição (Postexposure Prophyla- 288:722, 2002.
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a toxicidade de um regi me quimioprofilático deve ser considerada Stefani S, Goglio A: Methicillin-resistant Staphylococcus aureus:
antes do início do tratamento. Se possível, recomenda-se a reali zação related infections and antibi otic resistance, Int f Infect Dis
de um a consulta com um infectologista. 14S4:S l 9, 20 10.
O ut ra preocupação quanto aos patógenos estende-se à hepa- Tanner J, Parkinso n H: Double gloving to reduce surgical cross-
tite. Anualmente, cerca de 10 mil trabalhado res da área de saúde são infec ti on, Cochrane Database Syst Rev 3:CD003087, 2002.
infectados com o vírus da hepatite B após uma exposição ocupacio- W ilso n ML, Winn W: Laboratory diagnosis of bone, joint, soft-
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queda da trans missão, send o recom endada para a maiori a dos pro- Wong KC, Leung KS: Tra nsmission and prevention of occupational
fissionais de saúde. O risco de hepatite C continua a crescer. Não há infections in orthopaedic surgeons, f Bane foint Surg 86A:l065,
reco mendações de PEP após o contato co m esse vírus. As precauções 2004.
universais deverão ser utili zadas para diminuir o risco da soroco n-
ve rsão desses patógenos. DIAGNÓSTICO

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CLASSIFICAÇÃO 725 Transferência do Tecido Mole 738 OSTEOM IELITE DE REGIÕES
OSTEOMIELITE Técnica de llizarov 738 ESPECÍFICA S 740
HEMATOGÊNICA AGUDA 725 Tratamentos Adj uva ntes 739 CALCÂNEO 740
DI AGNÓ ST ICO 727 OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE TERÇO DISTAL DO FÊMUR 741
TR ATAM ENTO 729 DE GARRÉ 739 ÍLI O 742
OSTEOMIELITE HEMATOGÊNICA ESTÁDIO RESIDUAL DA Tratamento durante a Fase Aguda 742
SUBAGUDA 730 OSTEOMIELITE 739 Tratamento durante a Fase
ABSCESSO DE BRODIE 73 1 FRATURA PATOLÓGICA NA Crôn ica 742
OSTEOMIELITE CRÔNICA 73 1 OSTEOMIELITE 739 ÍSQUIO E PÚBIS 742
CLASSIFICAÇÃO 732 OSTEOMIELITE COLUNA 742
DIAGNÓSTICO 733 MULTIFOCAL RECORRENTE RESSECÇÃO OU EXCISÃO
CRÔNICA 739 PARA OSTEOMIELITE 742
TR ATAMENTO 733
Cadeias de Esferas de Antibiótico de OSTEOMIELITE APÓS RESSECÇÃO DOS TARSOS 743
FERIDA PUNTIFORME RESSECÇÃO DA FÍBULA 743
Po limetilmetacrilato 736 DO PÉ 740
Sistemas de Liberação de Antibiótico RESSECÇÃO DA ASA ILÍACA 744
OSTEOMIELITE
Biodegradável 737 740 AMPUTAÇÃO PARA
ANAERÓBICA
Drenas de Sucção Fechados 738 OSTEOMIELITE 744

A osteomiel ite tem sido um dos problemas mai s difíce is e desafi a- um siste ma de classificação para osteomi elite crôn ica com base em
d o res confron tados pelos cirurgiões ortop éd icos. Atua lm ente, mor- critérios anatômicos e por fatores do hospedeiro. Esse sistem a está
bidade e mortalidade da osteomielite são relat ivame nte baixas por descrito na seção sob re osteom ielite crônica. A classificação neste
causa dos modernos métodos d e tratamento, incluindo o uso d e capítulo é baseada na duração dos sintomas (aguda, subagud a e
an tibi óticos e tratamento cirúrgico ag ress ivo. A chave para o m anejo crônica) e mecanismo de in fecção (exógen o ou hem atogênico).
bem-sucedido são diagnóstico precoce, tratamento cir úrgico e anti-
mi crobia no ad equado. Em casos co mpl exos, um a abordagem mul-
tidisciplin a r é necessária, envolvendo um c irurgião ortopéd ico, um OSTEOMIELITE HEMATOGÊNICA
especialista de doença infecciosa, e um cirurgião plástico. AGUDA
A osteomielite é definid a como uma inflamação do osso causada
por um o rganis mo infeccioso. A infecção pode ser limitada a uma A osteomieli te hematogê nica aguda é o tipo m ais comum de infec-
ú ni ca parte do osso ou pode envolver inúm eras regiões, como a ção do osso e normalm ente é v ista em cri anças. A incidência de
m ed ula, córtex, periósteo e o tecido mole circundante. A infecção osteornielite hematogênica aguda diminuiu dramaticamen te nas
ge ralm ente é d evido a um único organi smo, m as as infecções poli- últimas décad as. Um melhor padrão d e vid a e de higiene provavel-
microbia nas podem ocorrer, especialmente no pé diabético. m ente co ntribuiu para essa tendência. A osteo mi elite hem atogênica
aguda é mais com um no gênero masculino em todos os grupos de
idade. É ca usad a por um a bac teremi a, qu e é d e ocorrência comum
CLASSIFICAÇÃO na in fâ ncia. As causas de bacteremia são muitas. O crescimento
bacteri o lógico do osso ge ralmente está associado co m o utros fa tores
A class ifi cação d e osteomielite é baseada em inúmeros critérios, tais co mo trauma localizado, d oe nça crônica, des nutrição, o u um
como a duração e mecanism o de infecção e o tipo de resposta do sistem a imun ológico in adequad o. Em muitos casos, a causa exata da
hospede iro à infecção. A osteomieli te pode ser classificada como doença não pode ser identificada.
aguda, subaguda, ou crônica, dependendo d a duração dos sintomas. Em cr ianças, a infecção geralmente envolve a m etáfise d e
No entanto, o tempo-limite que define essas classes não é arbitrário. longos ossos que apresentam rápido crescimento. O crescimento
O mecan ismo de infecção pode ser por contiguidade (exógeno) ou bacter iano leva a uma reação infl am atória , a qual pode causa r
hematogênico. A osteom ielite exógena é causada por fraturas abertas, necrose isqu êmi ca local do osso e subseque nte formação de abs-
cirurgia (iatrogênica) , ou propagação contígua do tecido local infec- cesso. Co nfo rme o abscesso aumenta, a pressão intramedular
tado. A forma hematogênica resulta da bacteremia. A osteomielite aum enta ca usa ndo isqu emia cor tical, a qua l pode p ermit ir que
também pode ser classificada como piogênica ou não piogênica com m ateria l pur ulento escape através do córtex n o espaço subperios-
base na resposta do hospedeiro à doença. Cierny e Mader propuseram tea l. Um abscesso subperiosteal, então, se dese nvolve (F ig. 21-1).

725
lllD PARTE VII INFECÇÕ ES

E!!!!!!=,~~-+----"~ Célu las


inflamatórias

H(dll;§ifJl9 Fisiopatologia do esfregaço hematogê ni co.


Quando sob pressão, exsudato ou abscesso pode estender-se
através dos canais Volkmann na região subperiostea l e, a partir
daqui, na cavidade medular ou epífise.

O@il;Mflm Fratura patológica após a destrui ção do osso


cortica l por infecção .

Se deixado sem ser tratado, esse processo eve ntualmente resul ta em


exte nsiva formação de sequela e em osteomielite crôn ica. A di stri -
buição de idade da osteomielite hem atogênica aguda em crianças é qua lquer parte do osso, geralmente os co rpos vertebrais são afeta-
bimodal, geralmente afetando crian ças menores de 2 anos e cri anças dos. Nesses pacientes, os abscessos se espalham lentamente e rara -
co m idade de 8 a 12 anos. Metade de todas as crianças com osteo- mente formam um grande seq uestro. Se ocorre destruição localizada
rnieli te tem menos de 5 anos. Os efeitos da osteomielite em crianças do osso cortical, a fratura patológica pode resultar (F ig. 21-2).
va ri am com a idade. A difusão da infecção para um a articul ação contígua também
Em cri anças menores do que 2 a.nos, algu ns vasos sanguíneos está relac ionada com a idade do paciente. Em crianças menores do
cruza m a fi se e podem permitir a difusão da infecção na epífise. Por que 2 anos, o suprim ento de sa ngue com um da m etáfise e epífise
esse motivo, as crianças estão suscetíveis à redução do comprimento cruza a fise e pode permitir di fusão do abscesso metafisário na
do membro ou à deformidade angul ar se a ti.se ou epífise for dani - epífise e eventualmente na articu lação. A arti cu lação do quadril é a
ficada a partir da infecção. Caso contrár io, a ti.se age co rno um a mais com um ente afetada em pacientes jovens; no entanto, as ti.ses
barreira que previne a difusão direta de um abscesso metafisário do úmero proximal, colo radial e fíb ul a distal também são intra-ar-
para a epífise. A metáfise tem relat ivamente menos cél ul as fagocít icas ticulares, e a infecção nessas áreas pode levar a artrite séptica
do que a fise ou di áfise, permitindo que a infecção ocorra mais também. Na infecção grave, a se paração epifisária pode ocorrer em
fac ilmente nessa área. Um abscesso resultante rompe através do fi no crianças menores do qu e 2 anos (F ig. 21-3). Em crianças mais velhas,
córtex rn etafisário, for m ando um abscesso subperiosteal. A diáfise essa ci rculação comum não é mais presente, e a artrite séptica é rara.
raramente está envolvida, e o extensivo sequestro ocorre de fo rma Após as ti.ses serem fechadas, a infecção pode se estender direta-
infreque nte, exceto nos casos mais graves. mente da rnetáfise para a epífise e envol ve r a ar ticul ação. A artrite
Em crianças maiores do que 2 anos, a fise efetivame nte age séptica resultante da osteomielite hern atogênica aguda ge ralmente é
co mo um a bar reira para a difusão de um abscesso metafisá ri o. vista apenas em crianças.
Como o córtex metafisário em crianças mais velhas é mais espesso, O Staphylococcus aureus é o o rga nismo infecc ioso mais
no entanto, a di áfise está em maior ri sco nesses pacien tes. Se a comum encontrado em crianças mais velh as e ad ultos com osteo-
infecção di sse min a-se na diáfise, o suprimento de sangue endosteal m ielite. A bactéria grarn-negativa foi encontrada como causadora
pode ser ameaçado. Com um abscesso subperiosteal co ncomitante, de um número crescente de infecções no co rpo vertebral em adu ltos.
o suprimento de sangue periosteal é danificado e pode resultar em O Pseudomonas é o orga nismo infeccioso mais comum encontrado
extensivo seq uestro e osteomieli te crônica, se não tratado de forma nos usuários de drogas in travenosas com osteom ielite. A osteomie-
adequada. li te fúngica é vista cada vez mais em pacientes cron icamente doentes
Após as fises se rem fechadas, a osteomielite hematogênica que recebem tratamento int ravenoso de longa duração ou nutrição
aguda é muito menos com um . O crescimento bacteriano hematogê- parenteral. A osteom ielite por Salmonella tem sido assoc iada com
ni co do osso em adu ltos normalmente é visto em um hospedeiro hernoglobinopatias SS ou SC. Essa infecção tende a se r di afisária em
comp rometido. Embora ele possa ocorrer em qualquer luga r e em vez de metafisária (F ig. 21-4).
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE

H@IJ;H flD A separação epifisária causada por infecção em crianças jove ns.

Em crianças com osteomielite hematogênica aguda, S. aureus


ainda é um agente frequente, mas Streptococcus do grupo B e coli -
formes gram-negativos também são com umente encontrados. S.
aureus ou organismos gram- negativos são a causa comum de infec-
ções ortopédicas encontradas em crianças prematuras submetidas
a tratamento na unidade de cuidado intensivo neonatal; mais de
40% têm envolvimento multifocal. O Streptococcus do grupo B é
o organismo infeccioso mais provavelmente encontrado em crian-
ças saudáve is de 2 a 4 semanas de idade. As infecções por Haemo-
philus influenzae ocorrem principalmente em crianças com 6
meses a 4 anos de idade. A incidência dessa infecção foi reduzida
dramaticamente por causa das imunizações de rotina contra o
organismo. Mais recentemente, houve um crescimento dramático
no número de cri anças com S. aureus resistente à meticilina
(MRSA, do inglês, methicillin-resistant S. aureus) e infecções por
MRSA adquiridas pela comunidade, as quais são associadas com
o aumento das complicações.

DIAGNÓSTICO

A avaliação da osteomielite hematogênica agud a deve começar com


uma história e exame físico (Q uadro 21 -1). Os sinais e sintomas
podem variar de forma significativa. Em crianças, pacientes idosos,
ou pacientes imunocomprometidos, os achados clínicos podem ser
mínimos. Febre e mal-estar podem ou não estar presentes nos está-
dios iniciais da doença, embora dor e sensibilidade local sejam
achados comuns. O inchaço pode ser significativo, e a síndrome
compartimentai fo i relatada em crianças.
A contagem de leucócitos muitas vezes é normal, mas a velo- li!(riihf!ifll:9 Osteomie lite da tíbia em paciente com anemia
cidade de hemossedimentação (VHS) e o nível de proteína e-reativa falciforme.
normalmente são elevados. A proteína e- reativa é uma medição da
resposta de fase aguda e é especialmente útil em monitorar o curso
do tratamento de osteom ielite aguda, porque ela normaliza muito
mais rápido do que a VHS.
As radiografias padrão geralmente são negativas, mas
podem mostrar inchaço do tecido mole adjace nte. Embora o
in chaço do tec ido m ole possa ser visto de 1 a 3 dias após o in ício
da infecção, mudanças no esqu eleto, co mo reação periosteal ou
destruição óssea, geralm en te não são vistas em radiografias
simples até 10 a 12 dias na infecção (Fig. 21-5) . As condições
• _ Avaliação~ d~ Osteomielite
21 1 Hematogemca Aguda

• Histórico e exame físi co


•Testes labo ratoriais: contagem de leucócitos, VHS, pro-
teína e -reativa
• Radiografia simples
qu e podem ser confu ndidas com osteomielite nas radi ografias • Cintilografia óssea com tecnécio-99m ± RM
simples incluem ar trite sé ptica, sarcoma de Ewing, osteossar- •Aspiração para suspeita de abscesso
com a, artrite juvenil, crise de célul a falc ifo rm e, doença de
-- PARTE VII INFECÇÕES

Gaucher e fraturas por estresse. A cintilografia do osso com


tecnécio-99m podem confirmar o diagnóstico de 24 a 48 horas
após o início em 90% a 95% de pacientes (Fig. 21-6); um a cin-
tilo grafia do osso com tecnécio-99m negativa exclui de forma
efetiva o diagnóstico de osteomielite. As cintil og rafias por gálio
e varreduras de leucócito marcadas por índio-111 tamb ém
podem auxi liar no diagnóstico quando utili za das em conju n ção
com a cintilografia com tecnécio. A RM pode mostrar mudanças
inflam ató rias precoces na medula óssea e tec ido mole e é muito
útil para detectar os abscessos intraósseo e subperiosteal. Nas
im age ns por RM ponderadas em Tl, a osteom ielite normal-
mente tem baixa intensidade de sin al; nas imagens de recupera-
ção da inversão com Tl curto (STIR, do in glês, short-tau
inversion recovery) e ponderadas em T2, ela tem um a alta in ten-
sidade de sinal da medula (Cap. 2). Em bora a se nsib ilid ade de
RM para o diagnóstico de osteomielite seja alta (aproximada-
mente 98%), a especificidade é muito menor (em torno de 75%).
Um estudo descobriu que aproximadamente 60% das efusões
art iculares sép ticas não complicadas demon straram intensidade
de sinal da medula anorma l que foi confundida com osteomie-
lite. A ul trassonografia foi utili zad a para diferenciar a osteomie-
lite hematogênica aguda da cel ulite, o abscesso do tecido mole,
artrite séptica aguda e tumores malignos do osso em crianças;
no entanto, essa modalidad e é a ltamente dependente do opera-
dor, com uma precisão de diagnóstico de aproximadamente 60%.
Outras modalidades de di agnóstico atua lmente se ndo investiga-
d as in cluem varredura com antibióticos radiomarcados, tomo-
grafia por emissão de pósitron marcad as com fluorodesoxiglicose
(FDG-PET, do inglês, fluorodeoxyglucose-labeled positron emis-
sion tomography), e tomografia computadorizada por emissão de
fóton único (SPECT, do ingl ês, single photon emission computed
tomography).
O@l!;f;)EJl9 Radiografia mostrando a destruição óssea .

H@IJ;f4f.ID Cintilogra fia do osso mostrando aumento da captação na área da osteo mielite.
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE

O organismo causador pode ser identificado em aproximada - tala. O membro é protegido por várias semanas para evitar fratura
mente 50% dos pacientes através de culturas de sangue. A aspiração patológica. Os an tibi óticos in travenosos devem ser contin uados no
do osso normalmente fornece um diagnóstico bacteriológico preciso pós-operatório. A duração do tratamento com antibiótico é contro-
e deve ser realizada com uma agulha de calibre 16 ou 18 na área de versa; no entanto, a tendência atual é para um curso mais curto de
máximos inchaço e sensibilidade, normalmente a região da metáfise antibióticos intravenosos, seguido por antibióticos por via oral e
do osso. O espaço subperiosteal deve ser aspirado primeiramente monitoramento dos níveis séricos de antibiótico. Esse cronograma
inserindo-se a agulha no nível do córtex externo. Se nenhum mate- deve ser determinado em uma base individual e em colaboração com
rial purulento ou fluido é encontrado, a agulha é colocada através um consultor de doença infecciosa.
do córtex para obter um aspirado da medula. Os pacientes com
osteom ielite suspeitada do quadril ou vértebra devem subm eter-se
a TC ou aspiração auxiliada por ultrassom. A amostra é enviada para
o laboratório para coloração de Gram, cultura e sensibilidade a
antibióticos.
DRENAGEM DA OSTEOMIELITE
HEMATOGÊNICA AGUDA
TRATAMENTO A técnica para drenagem da osteom ielite ag ud a da tíb ia é
descrita. A técnica e os princípios para drenagem em outros
O tratamento apropriado e rápido após o início da osteom ieli te grandes ossos são semelhantes . As abordagens para várias
hematogênica aguda pode reduzir de forma significativa a morbi- áreas anatômicas são descritas no Capítu lo 1.
dade. A ciru rgia e o tratamento com an tibióticos são complementa-

--------'~
res, e em alguns pacientes o tratamento antibiótico sozinho cura a TÉCNICA
doença; em outros, o tratamento ant ibiótico prolongado é destinado
para casos de falhas sem tratamento cirúrgico. A escolha do antibió- •U se um torniquete sempre que possível. Eleve a extremi-
tico é baseada na atividade bacteriana mais elevada, menor toxici- dade por alguns minutos antes de inflar o torniquete. Não
dade e menor custo. exsa nguin e o membro com uma bandagem elásti ca se a
Foi estabelecido que os abscessos sequestrados exigem a infecção estiver presente.
drenagem cirúrgica. As áreas de simples inflamação sem forma- •Faça uma in cisão anteromed ial 5,0 a 7,5 cm de compri -
ção de abscesso podem ser tratadas apenas com antibióticos . Em mento sobre a parte afetada da tíbia.
1983, Nade propôs cinco princípios para o tratamento da osteo- • Realize a incisão do periósteo long itudinalmente; ela
mielite hematogênica agud a que ainda são aplicáveis hoje: (1) um pode ser elevada do osso por um abscesso subperi ostea l,
antibiótico apropriado é eficaz antes da formação do abscesso; (2) anti- e, se assim for, o pus comprimid o vai escapar.
bióticos não esterilizam tecidos avasculares ou abscessos, e essas • Se nenhum abscesso é encontrado, gentilmente eleve o
áreas exigem remoção cirúrgica; (3) se essa remoção é eficaz, os periósteo 1,5 cm de cada lado. Tente tirar tão pouco quanto
antib ióticos devem prevenir sua nova formação, e o fechamento da possível o periósteo; quanto mais periósteo é tirado, mais o
lesão primária deve ser seguro; (4) cirurgia não deve danificar o osso suprim ento de sangue para o osso é danificado.
isquêmico e tecido mole; e (5) antibióticos devem ser continuados •Perfure vários orifícios de 4 mm de diâmetro através do
após a cirurgia. córtex no cana l medular, independentemente de um abs-
Um paciente com suspeita de ter osteomielite hematogênica cesso subperi ostea l estar presente. Se o pus escapa
aguda deve ser avaliado como descrito anteriormente. O paciente através desses orifícios, utilize uma broca para delinear
deve receber cuidado de suporte geral, consistindo em fluidos intra- uma janela cortica l de 1,3 x 2,5 cm e remova o córtex
venosos, analgésicos apropriados, e posicionamento confortável do com um osteótomo.
membro afetado. Frequentes exames em série devem ser feitos. Se •Evacue o pus intramedu lar, e remova gentilmente qual-
um abscesso que requer drenagem cirú rgica não é encontrado por quer tecido necrótico.
RM ou ultrassom, o tratamento com antibiótico intravenoso empí- •Irrigue a cavidade com pelo men os 3 L de solução sa lin a
rico deve ser iniciado, e o paciente deve ser cuidadosamente moni- com um sistema de lavagem pulsátil. Os antibióticos
torado. O valor da proteína C-reativa deve ser verificado a cada 2 a podem ser colocados na solu ção de irri gação.
3 dias após o início do tratamento com antibiótico. Se ne nhuma •Feche a pele frouxamente sob re os drenos, mas não feche
resposta clínica apreciável para o tratamento com antibiótico é a ferida se isto produz tensão excessiva na pele.
observada dentro de 24 a 48 horas, os abscessos ocultos devem ser
procurados e a drenagem cirúrgica deve ser considerada. As duas CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma longa tala de gesso
principais indicações para cirurgia na osteomielite hematogênica posterior na perna é aplica da com o pé em uma posição
aguda são ( 1) a presença de um abscesso que requer drenagem e (2) neutra, o tornozelo a 90 graus, e o joelho a 20 graus de
a fa lha de melhora do paciente, apesa r do tratamento antibiótico flexão. Qua ndo a ferida cicatriza, a tala é removida e é
intravenoso apropriado. ini ciado o apo io para suportar o peso protegido com
O objetivo da cirurgia é drenar qualquer cavidade de abscesso muletas. O paciente é co locado em antibióticos com base
e remover todo o tecido não viável ou necrótico. Quando um abscesso nas se nsibilidades da cu ltura. Geralmente, um curso de 6
subperiosteal é encontrado em uma criança, vários pequenos orifícios semanas com antibióticos intrave nosos é adm inistrado.
devem ser realizados através do córtex no canal medular. Se pus intra- O acompanhamento da doença ortopédica e infecciosa é
medular é encontrado, uma pequena janela de osso é removida. A pele continu ado por pelo menos 1 ano.
é fechada frouxame nte sobre os drenos, e o membro é protegido por
. , PARTE VII INFE CÇ ÕE S

Ac redi ta-se que o curso in dolente da osteo mielite subaguda


OSTEOMIELITE HEMATOGÊNICA seja o resulta do do aum ento da res istê ncia do hospedeiro, da dimi -
SUBAGUDA nu ição da virulência bacteriana, ou da adm inistração de antibió-
ticos antes do início dos sinto mas. Especul a-se qu e a co m binação
Em co mpa ração com a osteomieli te agud a, a os teo mi elite hemato- de um orga nismo d e baixa virulência co m um a fort e res pos ta ao
gêni ca sub ag ud a tem um início mais insidioso e não tem a grav i- hospedeiro pode permitir qu e a inflamação persista no osso sem
dade d os sintomas, o que torna di fícil o di agnós tico desse distúrbi o. pro du zir sinais ou sintomas signifi cativos. No entanto, o diagnós-
A os teo mi elite subaguda é relativam ente co mum, relatada co mo de ti co co rreto depende ampl amente da suspeita clínica e dos achados
ocorrência em mais de um terço dos pacientes com infecções pri - radi ográfi cos.
már ias no osso. Um a classificação radi ográfi ca de osteomi elite hem atogênica
Po r ca usa d o cu rso indo len te d a sub osteo mi elite ag ud a, o subaguda foi descrita por Gledhill e modificada por Roberts et ai.
di agnós tico norm almente é atrasado po r mais de 2 sem anas. Os (Tabela 21-1 e Fig. 21-8) . Diferenciar essas lesões de um tumor
sinais e sintomas sistêmicos são mínimos. A tempera tura é apenas p rim ári o d o osso algum as vezes pod e se r d ifíc il. Não existem
ligeiramente elevada. A dor leve a moderada é apenas um dos grand es sé ri es que relatem achad os d e RM na osteomielite sub a-
sin ais co nsistentes qu e sugerem o di agnós tico. As contage ns de gud a, m as a RM é desejável para aj ud ar a estreitar o diagnós ti co
leucócitos geralmente são norm ais. A taxa de VH S é elevada em di fe rencial e auxiliar no planejam ento cirúrgico. O diagnóstico muitas
apenas 50% dos pac ientes, e as culturas de sangue norm alm ente vezes d eve ser estabelecido po r c ultura e bi ópsia aberta. O mate-
são nega ti vas . Mesm o co m um aspirado de osso adequado ou ri al purulento não é sempre obtido na biópsia, mas o tecido de
amostra de biópsia, um patógeno é identificado em apen as 60% granul ação é um achado comum. S. aureus e Staphylococcus epider-
dos casos. As ra di og rafi as sim ples e as cintilografias do osso ge ral- midis são os organismos predom inantes ide nti fica dos na osteomielite
mente são positivas (F ig. 21-7). subaguda.

O@ii;tijflla Osteomi elite subaguda do úmero proximal.

•. .
21-1 Osteomielite Subaguda

TIPO CLASSIFICAÇÃO DE GLEDHILL CLASSIFICAÇÃO DE ROBERT ET AL. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


1 Zona solitária localizada la-Radio lu cência da pun ção Histiocitose da célula de
de radiolucência circundada por lb-Formação da lesão radiolucente Langerhans Abscesso de
nova formação óssea reativa da punção com margem esclerótica Brodie
li Radiolucências metafisárias com Granuloma eosinofílico;
erosão cortical sarcoma osteogênico
Ili Hiperosteose cortical na diáfise; sem Rea ção periostea l cort ica l locali zada Osteoma osteoide
aparência de bulbo de cebola
IV Novo osso subperiosteal e camada Rea ção periosteal na camada Sarcoma de Ewin g
transparente transparente
V Radiolucência central na epífise Condroblastoma
VI Processo destrutivo envolvendo o Tubercu lose; sa rcoma
corpo vertebral osteogênico
De Willis RB, Rozencwaig R: Pediatric osteomyelitis masquerading as skeletal neoplasia, Orthop Clin North Am 27:625, 1996
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE fJJll

O@il;b)fJl9 Class ifica çã o da osteom ie li te subaguda: tipo 1,


lesão metafis á ria cent ral; tipo 2, lesã o metafisária excêntrica com
erosão cort ical; tipo 3, lesão cortica l d iafisária; tipo 4, lesão dia- Oliji@iEJm Abscesso de Brodie na epífise t ibial d ista l direita
fis á ria com nova fo rmação do osso pe riosteal , mas sem defin ir a de uma cri a nça com 3 anos de idade.
lesão óssea; tipo 5, osteomie lite ep ifisária subaguda prin cip a l; e
tipo 6, osteomielit e subaguda cruzando a f ise para en vo lver a
metáfise e a epífi se .

OSTEOMIELITE CRÔNICA
Biópsia e curetagem seg uidas pelo tratamento com antibi ót i- A osteomielite crôni ca é d ifícil de er rad icar completamente. Os sin -
cos apropriad os geralmente são recome ndadas para todas as lesões tomas sistêmicos podem diminuir, mas um o u m ais focos no osso
que parecem ser agressivas: "biópsia para a natom ia patológica de podem con ter material purulento, tec ido d e g ranulação infectado o u
tod as as cultu ras e cultura de todas as biópsi as para anatomia pato- um sequestro (F ig. 21- 1O). As exacerbações agud as intermiten tes
lóg ica:· Para lesões que parecem ser um simples abscesso na epífise podem oco rrer durante anos e m uitas vezes respond em ao repouso
o u metáfise, a biópsia não é recome nd ada. Essas lesões, as quais são e antibió ticos. O sin al patognomônico da osteomi elite crônica é o
ca racterísti cas da osteomielite hem atogê nica subagud a, deve m se r osso morto infec tado dentro do en velop e d e tecido mole compro-
tratad as co m antibióticos intrave nosos por 48 horas, seguid os por metido. O foco in fecta do dentro d o osso é circundado por osso
um cu rso de 6 semanas d e an tibi ót icos por via ora l. esclerótico, relativamente avascular, cober to por um p eriósteo
espessad o e múscu lo co m cicatrizes e tecido subcutâneo. Esse enve-
lope avascula r d o tecido com cicatriz deixa os antibió ticos sistêmicos
ABSCESSO DE BRODIE essencialm ente in eficazes.
Na osteom iel ite crôn ica, as infecções secundárias são comun s,
Um abscesso de Brodie é um a forma localizada de osteom ielite e cultu ras de tecidos adjacentes normalmente não se co rrelacionam
subaguda que oco rre mais frequentemente nos ossos longos das com cu lturas obtidas na biópsia do osso. Vários organismos podem
extremidades inferiores d e jovens ad ul tos . Antes do fec hamento das crescer a partir das c ul turas tiradas de tecid os mo les e d as amostras
fi ses, a metáfise é a m ais frequentem ente afetada. Em adultos, a área da biópsia aberta do tec ido mole e osso circ und ante.
metafisá ri o -epifisári a é envo lv id a. A dor intermitente de longa A e rradicação da osteomielite crôni ca ge ralmente requer
duração é a queixa apresentada , juntam e nte com se nsibilidade loca l d es bridam ento c irúrg ico agressivo co mb in ado com tratamento
sobre a área afetada. Em radi ografias simples, um abscesso de Brod ie ant ibi ó ti co efi caz. A cirurgia n ão é sempre a melh o r opção, entre-
ge ralm ente aparece com o um a lesão líti ca com um a borda de osso tanto, especialm ente em pacientes imun oss uprimidos. Cons i-
escl eró tico (F ig. 21-9), mas pode ter uma aparênc ia notadam ente d e re um ho spedeiro a mbulatorial imunoss u p rimid o com vár ios
var iada. A avaliação cuidadosa de radiografias simpl es é obrigatória problemas m éd icos, inc luind o a osteomielite c rôn ica do fêmur.
porque um abscesso de Brodie pode ser facilme nte confundido co m Para esse pac iente, que não deve sobrev iver ao es tresse cir úrg ico
uma variedad e de neoplasias. extensivo n ecessá rio para errad icar a doença, poucas alternativas
Ac red ita-se que organ ismos de baixa virulênci a causem a agressivas d eve m se r cons id eradas. O d esbridamento cirúrgico
lesão. S. aureus é cultivado em 50% dos pacientes; em 20%, a cultura limitado, combinado com ant ibi oticoterapia e apo io nutricio nal,
é negativa. Essa condição muitas vezes requer urna bióp sia abe rta pode limitar a frequência da drenagem e dor nesses casos d ifíceis.
co m curetagem para fa ze r o diagnóstico. A ferida d eve se r fechada O curso do trata mento e definição do sucesso do res ultado d eve m
frouxa mente so bre um dren o. ser individu a lizados para cada pac iente.
- PARTE VII INFECÇÕES

ii!êii!;f!ifllll Classificação anatômica da osteomielite adulta.


A, Tipo 1, osteomielite intramedular; nicho é endosteal. B, Tipo li,
osteomielite superficial; limitada à superfície do osso. C, Tipo Ili,
osteomielite localizada, espessura total do córtex é envolvida . D,
Tipo IV, osteomielite difusa; circunferência completa do osso é
envolvida. (Redese nhad a de arso ns B, Stra uss E: Su rg ica l ma nagement
H@ihfyifJID Sequestro da osteomielite crônica na tíbia. of chro ni c osteomye litis , Am J Surg 188[Suppl] :57S, 2004.)

CLASSIFICAÇÃO lTAoci AI~ Sistema de Estadiamento de


C ierny e Made r d esenvolve ram um sistem a de classificação p ara liiiiiiíi. ilii/I Cierny e Mader para a
o steomielite crôni ca, com base nos critérios fisiológicos e an atômi - Osteomielite Crônica
cos, p ara determin ar o estádio d a infecção. O s critérios fi siológi cos
são dividid os em três cl asses com base em três tipos de h ospedeiros . TIPO ANATÔMICO
O s hosp ed eiros classe A têm uma resposta normal à infecção e cirur- 1 Medular Doença endosteal
gia. O s hosped eiros classe B são comprometidos e têm capacid ade li Superficial Superfície cortical infectada
d efi ciente d e cura da ferida. Q uando os resultados do tratam ento por causa de problemas na
são potenc ialmente m ais noc ivos do que a condição aprese ntada, o superfície
p acie nte é co nsiderad o um hospedeiro classe C. Ili Localizada O sequestro cortical pode ser
Os critéri os anatômi cos con sistem em quatro tipos. O tipo I, retirado sem comprometer a
um a lesão m edul a r, é carac teri zado por doença endosteal. No tipo estabilidade
II, a osteo mi elite superficia l é limitada à superfície do osso e a infec- IV Difusa Características do 1, li , e Ili,
ção é secund ári a a um defeito n a cobertura. O tipo III é uma infecção mais instabilidade mecânica
localizada envo lve ndo um a lesão estável e bem demarcada, caracteri - antes ou após o
zada po r sequ estro e cav itação cortical com esp essura completa desbridamento
(n esse tip o, o d esbridam ento compl eto da área n ão lev a à instabi - CLASSE FISIOLÓGICA
lidade). O tipo IV é uma lesão osteomielítica difusa que cria instabilidad e Hospedeiro A Normal lmunocompetência com boa
m ecâ ni ca, na aprese ntação o u ap ós o tratam ento apropri ad o, e vascularização local
requ er recon stru ção compl exa (Tab ela 21-2 e Fi g. 2 1- 11 ). Fatores locais (L) ou sistêmicos
Hospedeiro B Compro-
As cl asses anatô mi ca e fi siológica são combinadas p ara desig- metido (S) que comprometem a
n ar um d os 12 estádi os clínicos d a osteomi elite crônica. Um a lesão imunidade ou a cura
tip o II em um h osp edeiro classe A designa osteomielite d e es tádi o
Hospedeiro C Proibitivo Incapacidade mínima, morbi-
IIA. Esse siste m a d e cl assificação é útil em determinar se o trata- dade proibitiva prevista, ou
m ento d eve ser simpl es o u co mpl exo, curativo o u p ali ativo, e p ou - mau prognóstico para a cura
p ado r d o m embro o u ablativo.
Modificada de Cierny G Ili, Mader JT: Adult chronic osteomyelitis: an
Mais recentem en te, Jo nes et ai. descreveram uma classificação
overview. ln D'Ambrosia RD, Marier RL, editors: Orthopaedic infections,
d e osteo mielite hem atogê nica crônica em crian ças em que três tipos
Thorofare, NJ, 1989, Slack.
principais são id entifi cados com base no asp ecto radiográfico: tip o A,
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE

abscesso de Brodi e; tipo B, invólucro do sequestro; e tipo C, escle ró-


tico. O tipo B, invólucro do sequ estro, tem quatro subti pos: Bl ,
sequ es tro co rti cal locali zado; B2, sequ estro com invó lucro estrutu -
ral; B3, sequestro com invólucro esclerótico; e B4, sequestro sem
invólucro estrutural. O dano da fise é indicado pela ad ição de "P"
(proximal) ou "D" (distal) à classificação. Pelo fato de a os teomielite
crôni ca ser m ais comum em países em desenvolvimento ond e a TC
e RM podem não es tar disponíveis, a cl assificação utili za radi ografi as
simples, m as TC e RM podem adicionar m ais informações, com o a
extensão da esclerose e a presença de sequestro não visível nas
radiografi as simples.

DIAGNÓSTICO

O di ag nóstico de osteo mielite crônica é baseado nos estudos clíni-


cos, labo ratoriais e de imagens. O "padrão-ouro" é obter um a
am os tra da biópsia para avaliação histológica e mi crobiológica do
osso infec tado.
O exa me fís ico deve se concentrar na integ rid ade da pele e
tecido mole, determinar áreas de sensibilidade, avaliar a es tabilidade
do osso, e ava liar o estado neurovascul ar do memb ro. Os estud os
laboratoriais geralmente não são específicos e não fo rnece m indica-
ção da gravidade da infecção. A taxa de VHS e a pro teína C- reati va
são elevadas na maiori a dos pacientes, m as a con tagem de leucócitos
é elevada em apenas 35%.
Vá ri os estudos de imagem estão disponíve is para ava liar a
osteomi elite crônica; no entanto, nenhuma técnica pode co nfi rm ar
ou excluir absolu ta mente a presença da os teo mielite. Os es tudos de
imagem deve m ser feitos para ajudar na co nfirmação do di agnósti co O!flil;t.!!119 Radi ografias feitas em dois planos após a injeção
e para preparar para o tratamento cirúrgico. As radi ografi as simples do líquido radiopaco na fístul a muitas vezes são úteis em localizar
podem rend er in fo rmação valiosa para estabelece r um di ag nósti co o foco da infecçã o na osteomielite crônica.
de osteomieli te crôni ca e devem ser o estud o ini cial reali zado. Os
sinais de des truição co rtical e reação peri os teal sugerem fo rtemente
o diagnósti co de osteo mielite. A tomografia simples não está pron - doença ativa (sinal da bord a). Os rastrea mentos de fístulas e celu-
tamente disponível conforme foi anteriorm ente; no entanto, se lite aparecem co mo áreas de aum en to d a intensidade d o sin al nas
puder ser obtida, ela se rá extremamente útil na detecção do sequ es- imagen s pond eradas em T2. As desva ntagens inclu em custo, difi -
tro. A fi stul ografia pode ser reali zada se uma fa ixa de fístula estiver culdade da imagem em torno dos implantes de metal, e má delinea-
prese nte e pode ser um adjunto valioso para o plan ejamen to cirúr- ção do osso co rti ca l.
gico (Fig. 21-12) . Conforme observado, o "padrão-ou ro" no diagnóstico da osteo-
A cintilografia do osso com isotópico é m ais útil na osteomie- mielite é uma bi ópsia co m cultura e se nsibilidade. Um a biópsia não
lite agud a do que na fo rma crônica. As cintilografi as do osso com é somente útil em estabelece r um diagnóstico, mas também em
tecnécio-99 m, que mostra absorção diminuída nas áreas de aum ento determin ar o regime de antibiótico adequado. Tipicamente, as espé-
do fluxo sanguíneo ou atividade osteoblástica, tend em a não se r cies de estafil ococos são identi fica das, especialmente em infecções
específi cas. Esse estudo tem um alto valor prediti vo negativo, no pós-traumáti cas. Os anae róbios e bacilos gram-negativos são fre-
entanto, apesa r dos resultados falso-negativos que fo ram relatados. quentemente isolados. Os resultados das biópsias de osso e tec ido
As cintilog rafi as com gálio mostram aumento da captação nas áreas mole podem variar; ambas as amostras de tecido mole e osso devem
ond e os leucócitos ou bactérias se acumulam. Uma cin tilografia ser enviadas para o estud o mi crobiológico.
normal de gálio exclui virtualmente a presença de os teomielite e
pode se r út il com o um exame de acompanhamento após a cirurgia.
As cintilografias com leucócito marcados por índio- 111 são mais TRATAMENTO
sensíveis do qu e as cintilografi as por gálio e tecnécio, e são especial-
mente úteis para difere nciar a osteomielite crônica da artrop atia O tratam ento da os teo mi elite crônic a requer um a ab ord age m
neuropáti ca no pé di abético. multifacetad a. Em adi ção à sensibilid ade ao antibiótico, ao des-
A TC fo rn ece excelente defini ção do osso cortical e uma ava- bridamento cirúrgico e à reco nstru ção, as m orbidades do hosp e-
liação precisa dos tecidos m oles circundantes e é especialmente útil deiro prec isam se r co nsideradas e devem se r tom adas medid as
em identi fica r o seq uestro. A RM é mais útil para ava liação do tecido p ara co rrigir es tas, co mo a otimi zação dos níveis de aç úcar no
m ole do qu e a TC. A RM fo rnece um a determin ação precisa da sangue em pac ientes com di abetes, cessação do ta bag ism o, e tra -
extensão do insulto patológico, mostrando as m argens do osso e tamento do fí gado o u má fun ção renal. A os teomielite crôni ca
edema de tec ido mole. ge ralmente não pode se r er radi cada sem o tratamento cirú rg ico.
Na osteomielite crônica, a RM po de revelar um a bo rd a bem Os antibi óti cos sozinh os raramente podem erradica r a infecção
defini da de alta intensidade de sinal circund ando o foco d a por inúmeros m oti vos. As bactéri as são capazes de aderir aos
- PARTE VII INFECÇÕES

-
Ferida
aberta

Fechamento
loca l

Mioplastia

Transferência
óssea livre
O!§i!;lijfJl!I Quatro métodos básicos de tratamento bio-
lógico e imediato de espaço morto utilizando tecido vivo ou
enxerto ósseo esponjoso.

implantes ortopédicos e à matriz do osso através de vários recep- in travenosamente. Quando considerada apropriada, com base
tores. Algumas podem se escond er de modo intracelular. Outras nas se nsibilidades da cultura, a administração oral é preferida.
podem formar uma camada viscosa que as protege das células Nossa prática é colocar o paciente em 6 semanas de antibióticos,
fagocíticas e de antibióticos. normalmente administrados intravenosamente, sob a direção de
A cirurgia para osteom ielite crôn ica consiste em sequestrec- um especia li sta de doença infecciosa, seguido por exames clíni -
tomia e ressecção de osso e tecido mole infectados e cicatrizados. cos e laboratoriais.
Para o tratam ento do tecido mole e condução do espaço morto,
os fi xa dores ex terno s do anel geralmente são utilizados após o
desbridam ento radical. O objetivo da cirurgia é a erradicação da
infecção, alcançando um ambiente viável e vascular. O desbrida- SEQUESTRECTOMIA E CURETAGEM
mento radical muitas vezes é necessário para alcançar esse obje- PARA OSTEOMIELITE CRÔNICA
tivo. O desbridamento extensivo geralmente cria um grande
espaço morto e instabilidade óssea que requerem a reconstrução A sequestrectom ia e curetagem necessitam de mais tempo
complexa do osso e tecido mole, muitas vezes exigindo vários para serem realizadas e resultam em perda de sangue mais
procedimentos. As esferas de antib iótico de polimetilmetacrilato considerável do que um cirurgião sem experiência poderia
(PMMA) normalmente são usadas para preencher o espaço antecipar. Consequentemente, a preparação apropriada
morto criado pelo des bridamento inicial. O desbridamento ina- deve ser feita antes da cirurgia. A fístula pode ser injetada
dequado pode se r um motivo para a alta taxa de recorrência na com azu l de metileno 24 horas antes da cirurgia para
osteomielite crônica. tornar mais fáceis a localizacão e a excisão (Fig. 21-12).
O desbridamento adequado muitas vezes leva a um grande
~
espaço morto que deve se r preenchido para prevenir a recorrência TÉCNICA '--~~~~~~--'~
e perda signifi cativa de osso, que podem resultar em instabilidade
óssea. A reconstrução apropriada do osso em defeitos do tecido •Exponh a a área infectada do osso e resseque todos os
mole é necessá ri a, combinada com tratamento específico de cultura tecidos da fístula completamente.
com antibiótico. A reco nstrução deve ser realizada somente após o •Realize a incisão do periósteo enrijecido e eleve-o de 1,3
planejamento cuidadoso e a identificação do sequestro e abscessos a 2,5 cm em cada lado.
intraósseos por radiografias simples, fistulografia, TC e RM. O pro- •Utilize uma broca para delinear uma janela cortical oval
cedimento deve ser rea li zado em colaboração com um médico no lado apropriado, e remova-a com um osteótomo.
infectologista e, para as fases reconstrutivas, um cirurgião plástico • Remova todo sequestro, material purulento, e tecido cica-
habilitado em técnicas de cobert ura, como enxertos de pele, trizado e necrótico (Fig . 21-14A e B). Se o osso esclerótico
músculo e retalhos miocutâneos, e ocasionalmente retalhos livres estiver vedando a cavidade dentro do cana l medular,
(Fig. 21-13). A duração dos antibióticos no pós-operatório é contro- abra -o no canal em ambas as direções para permitir que
versa. Tradicionalmente, um período de 6 semanas de antibióticos os vasos sanguíneos cresçam na cavidade. Utilize uma
intravenosos é prescrito após o desbridamento cirúrgico da osteo- broca de alta velocidade para desbridar o osso necrótico
mielite crôn ica. Os ant ibióticos de fluoroquinolona são conhecidos ou isquêmico até o "s in al de páprica" (osso com
por ter concentrações séricas equivalentes se administrados oral ou
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE

O[ijl!;fflE119 Sequestrecto mi a e curetagem. A, Osso


afetado é exposto, e o sequestro é re movido. B, Todo o
A B tecido infectado é removido. VEJA A TÉCNICA 21-2.

ponteado hemorrágico ativo) ser alcançado, indicando


um tecido saudável. Tecidos obtidos pelo debridamento
ENXERTO ÓSSEO ABERTO
cirúrg ico devem ser enviados para cu ltura e estudos pa- Papineau et ai. descrevera m uma técn ica de enxerto ósseo
tológicos. aberto para o tratamento da osteomielite crônica. Esse
• Após remover, cu idadosamente, tod a a matéria suspeita, proced imento baseia-se na formação do tecido de gra-
faça a excisão das bordas salientes do osso. O espaço nu lação sa udável em um leito do enxerto ósseo que vai
morto su bsequente pode estar cheio de grânulos de anti- se tornar rapidamente vascu larizado. O tecido de granu-
biótico PMMA. Um tecido mole, um retalho muscular ou lação resiste à infecção e é perm itido que ele drene
uma tran sferência de tecido livre podem ser feitos no adequadamente. Essa técnica é útil quando as opções de
momento da remoção do grânu lo. retalhos livres ou transfe rências de tecido mole são limi-
tadas por causa da loca lização anatôm ica ou em pacientes
• Se houver uma não un ião com qualquer instabi lidade
que fumam ou estão clinicamente comprometidos. Arch-
óssea, o osso deve ser estab ilizado, preferencialmente
deacon e Messerschmitt descreveram uma modificação da
com um suporte externo tipo llizarov.
técnica de utilizando um fechamento auxiliado por vácuo
• Se possível, feche a pele de fo rm a que fique fo lgada sobre
(VAC, do ing lês, vacuum-assisted c/osure) O VAC foi uti-
os drenos e certifique-se de que não haja a presença de
lizado extensivamente na configuração de t rauma agudo
excesso de pele. Se o fechamento é impossível, cubra a e é bastante útil para diminuir o edema e para o fecha-
fe ri da um pouco aberta ou aplique bolsa de grânu los de mento do espaço morto do tecido mole. O VAC também
antibiótico e programe o fechamento ou enxerto de pele estimu la a formação do tecido de granu lação.
depois A operação é dividida em três está dios e normalmente
•Os antibióticos apropriados devem ser ut ili zados antes, requer várias cirurgias: (1) desbridamento e estab ilização,
depois e após a operação. (2) homoenxerto esponjoso, e (3) fechamento da pele. Os
homoenxertos esponjosos específi cos de cu ltu ra devem ser
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é colocado continu ados além do último procedimento cirúrgico.
em ta las até que a ferida cicatrize; após, ele é protegido
para evitar fraturas patológicas . O tratamento com anti-
biótico deve ser mantido por um período prolongado e
TÉCNICA mm____~
(PAPINEAU ET AL.;ARCHDEACON EMESSERSCHMITT)
monitorado por um especial ista em doenças infecciosas.
ESTÁDIO 1: DESBRIDAMENTO E ESTABILIZAÇÃO
• Desb ride completamente todo sequestro e osso necrótico
Os defeitos ósseos e do tecido mole devem ser preenchidos de tecido mole saudável e funciona l e osso; irrigue com-
para reduzir a chance de infecção e contínua perda da função. Várias pletamente a área desbridada.
técnicas foram descritas para o tratamento desses defe itos e prova- •Estabili ze o osso com um fixado r externo ou haste intra-
ram ser bem-sucedidas quando reali zadas adequadamente, mas eles medular se necessário.
exigem a técnica cirúrgica meticulosa. Os métodos descritos para •Aplique VAC.
eliminar esse espaço morto são (1) enxerto de osso com fechamento •Repita o desbridamento e irrigação com mudança de VAC
primário ou secundário; (2) uso de esferas do antibiótico PMMA a cada 48 a 96 horas at é que um tecido viáve l e saudável
como um preenchedor temporário do espaço morto antes da recons- seja obtido.
trução; (3) retalhos do músculo local e enxerto de pele com ou sem
enxerto de osso; (4) transferência microvascular dos retalhos do ESTÁDIO li: ENXERTO
músculo, miocutâneo, ósseo e osteocutâneo; e (5) o uso de trans- •Colha o enxerto de osso esponjoso a partir da crista ilíaca )
porte de osso (técnica de Ilizarov). ou tíbia proxima l.
- PARTE VII INFECÇÕES

• Envolva o enxerto no defeito ósseo, preenchendo ao nível baseada em inúmeros fatores . Os níveis de antibiótico bactericida
) locais duram aproximadamente 2 a 4 semanas após a colocação, e
subcutâneo.
•Cubra com Adaptic (Sm ith-Nephew) e esponja VAC. quando todo o antibiótico for lixiviado da pa rtícula, um corpo estra-
•Troque o VAC a cada 72 a 96 horas até que a ferida esteja nho pode ser colonizado pela bactéria de formação de glicocálice.
PMMA também mostrou inibi r resposta imunológica local, preju-
coberta com tecido de granulação com aparência saudável.
•Troqu e o primeiro curativo entre o 3° e 5° dias, e substitua dicando várias células imunes fagocíticas.
quaisquer enxertos que se aderem ao curativo. Troque os A técnica de bolsa de esferas de antibiótico, descrita subsequen-
curativos até que os enxertos se estab ili zem. temente, foi utilizada com resultados encorajadores para prevenir a
• Se indicado, utilize os enxertos com pedículos do músculo infecção em fraturas abertas. Ela também pode ser utilizada no trata-
para melhorar o suprimento de sangue para os enxertos, mento de osteomielite se a cobertura do tecido mole é impossível após
e deixe a pele sobrejacente e o tecido subcutâneo abertos. o desbridamento inicial. A bolsa de esferas deve ser trocada frequente-
•Especialmente nos ossos subcutâneos como a tíbia, corte mente, e o desbridamento repetido deve ser realizado até que a ferida
as bordas da ferida se a pele tende a cobri r o tecido de esteja pronta para um procedimento de cobertura do tecido mole.
granu lação antes de cobrir completamente o enxerto.

ESTÁDIO Ili: COBERTURA DA FERIDA


BOLSA DE ESFERAS DE ANTIBIÓTICO

--------'~
• Apli que enxertos de pele ou deixe a ferida curar por
epit el ialização espontânea. TÉCNICA
(HENRY, OSTERMANN E SELIGSON)
• Desbride completamente todo o tecido necrótico con-
forme descrito anteriormente . Irrigue a ferida utilizando
• CADEIAS DE ESFERAS DE ANTIBIÓTICO DE um sistema de lavagem pulsátil com 9 L de solução sa lina
POLIMETILMETACRILATO contendo bacitracina.
O uso de partículas de PMMA impregnadas de antibiótico no tra- • Prepare as esferas de antibiótico de PMMA, misturando o
tamento da osteomielite crônica é uma prática comum e é suportado pó de cimento do osso de alta viscosidade com uma forma
por inúmeros estudos clínicos. A justificativa para esse tratamento de pó do antibiótico (2 a 4 g de antibiótico por 40 g pacote
é oferecer níveis de antibióticos localmente em concentrações que de monômero) em um recipiente. Adicione a solução ativa-
excedem as mínimas concentrações inibitórias. Os estudos farma- dora, e agite a mistura até que o cimento seja traba lhável.
cocinéticos mostraram que as concentrações locais de antibiótico •Forme várias esferas enrolando-as. Coloque as partículas
alcançadas são 200 vezes maiores do que os níveis alcançados com em um fio de cal ibre 18 ou 20 para formar uma cadeia
administração sistémica de antibiótico. Isso tem a vantagem de obter de esferas . Deixe o cimento endurecer. Registre o número
concentrações de antibiótico locais muito altas, mantendo baixos de esferas na cadeia no relatóri o de operação para garan-
níveis séricos e baixa toxicidade sistémica . O antibiótico é lixiviado tir que todas elas sejam contabilizadas para a remoção.
a partir das partículas de PMMA no hematoma e na secreção da • Coloque as cadeias de esferas de antibiótico de PMMA no
ferida pós-operatória, que age como um meio de transporte. Altas defeito ósseo, preenchendo o espaço morto. Feche todas as
concentrações do antibiótico podem se r alcançadas somente com extensões da ferida com suturas de náilon interrompidas.
fechamento primário da ferida; se esse fechamento não pode ser • Seque as bordas da pele em torno da ferida, e apl ique
realizado, a ferida pode ser coberta com um curativo impermeável. uma solução de benzoína nas bordas da pele de modo
Antes de as partículas serem implantadas, todo o tecido infectado e circunferencia l.
necrótico deve ser adequadamente desbridado de modo cirúrgico e • Apl ique um f ilme adesivo de pol ietileno poroso (OpS ite)
todo o material estranho deve ser removido. Os drenos de sucção para cobrir a ferida. Coloque uma segunda camada com
não são recomendados porque o nível de concentração do antibió- um grande curativo OpSite ou loban sobre o primeiro
tico é diminuído quando eles são utilizados. curativo para prevenir o vazamento.
Os aminoglicosídeos são os antibióticos mais comumente
empregados para utilizar com esferas de PMMA. As penicilinas, CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro deve ser
cefalosporinas, e clindamicinas são bem eluídas a partir das esferas apropriadamente imobilizado. A bolsa de esferas deve ser
de PMMA; a vancomicina elui muito menos eficazmente. Os anti- trocada em intervalos de 72 horas com desbridamento
bióticos como as fluoroquinolonas, tetraciclinas, e polimix:inas B são repetido e irrigação até que a ferida esteja pronta para um
quebrados durante o processo exotérmico do endurecimento de procedimento de cobertura de tecido mole.
cimento e não devem ser utilizados com partícu las de PMMA. Os
cimentos porosos e de alta viscosidade, que fornecem maior área de
superfície, podem permitir que antibióticos eluam mais pronta-
mente do que cimentos menos porosos. Atua lmente, os cimentos de HASTE INTRAMEDULAR DE CIMENTO
osso mais disponíveis comercialmente têm uma forma pré-emba-
lada com gentamicina (500 mg/40 g pacote). Nós geralmente adi-
COM ANTIBIÓTICO
cionamos 2 a 4 g de vancomicina, com ou sem 1 g de tobramicina, Quando o desbridamento de um grande osso resulta em
para cada 40 g pacote antes de adicionar o monômero. instab ilidade, a fixação externa é um método de estabiliza -
A implantação de curto prazo, longo prazo ou até mesmo ção eficaz; no entanto, mais recentemente o uso de hastes
permanente de esferas de antibiótico de PMMA é possível. Na intramedulares de PMMA de antibiótico fo i descrito para
implantação de curto prazo, as esferas são removidas dentro de 10 esta situação. Nós achamos isto uma técnica útil em
dias, e na implantação de longo prazo elas podem ser deixadas por pacientes selecionados.
até 80 dias. A justificativa para remoção de esferas de PMMA é
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE

TÉCNICA • SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE ANTIBIÓTICO


BIODEGRADÁVEL
•Após o completo desbridamento de todo o tecido mole e
osso necrótico e não viável, prepare o canal medular com Os sistemas de liberação de antibiótico biodegradável oferecem uma
a técnica usual de alargamento para inserção da haste vantagem significativa sobre o PMMA pelo fato de que um segundo
intramedular. Envie as amostras para estudos de cultura. procedimento não é necessário para remover o implante. Um
•Irrigue o canal e osso com tubulação ou um mandril sistema de liberação do antibiótico biodegradável é especialmente
de irrigação (Fig . 21-15). útil quando a instabilidade óssea não é um problema e a cobertura
• Para moldar a haste de cimento, utilize um corte do do tecido mole é adequada. Algun s substratos de dose biodegradável
dreno torácico T-95 para o comprimento desejado Misture contêm materiais osteocondutivos e osteoindutivos, que podem ser
o antibiótico desejado com cimento e adicione o monô- utilizados para promover a nova formação do osso. Uma variedade
mero. Misture e coloque em uma seringa de 60 ml. de substratos de liberação foi extensivamente estud ada em modelos
•Injete a mistura de cimento de antibiótico no dreno an imais. Atualmente, nenhum sistema de liberação de antibiótico
torácico. Para prevenir que o cimento extrua da extre- biodegradável pré-embalado foi aprovado para ser utilizado nos
midade oposta do dreno, tenha um assistente ocluindo Estados Un idos; no entanto, esses produtos estão disponíveis na
a abertura com o seu polegar. Europa. Muitos fabricantes produzem uma variedade de substratos
•Antes de configurar o cimento, insira uma haste de bioabsorvíveis (sulfato de cálcio ou fosfato de cálcio) que pode ser
Ender na extremidade do dreno torácico, com o polegar misturada com antibióticos. Embora não aprovados para esse uso,
do assistente ainda fechando a extremidade do dreno. esses kits permitem ao cirurgião misturar antibióticos em pó (geral-
Deixe a extremidade proximal do haste fora do dreno mente vancomicina ou tobramicina) com o sulfato de cálcio ou
torácico para ser utilizada como uma alça. fosfato de cálcio, para produzir partículas reabsorvíveis ou preen-
•Uma vez que a polimerização esteja comp leta, corte e chedor injetável. Essas esferas podem ser misturadas com uma
remova o tubo plástico e insira a haste com a técnica variedade de produtos osteoindutivos disponíveis para preencher o
normal de haste intramedular (Cap. 54). espaço morto e agir como um substituto do enxerto ósseo osteocon-
•Aplique um gesso longo no joelho fletido. dutivo e osteoindutivo. Essas esferas normalmente são reabsorvidas
cerca de 8 semanas após a cirurgia.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido Os implantes de polilácido e poli(d,l)-lático-co-glicólico estavam
sem suportar o peso no gesso por 6 a 8 semanas, tempo em uso por algum tempo e atualmente estão sendo investigados para
em que as avaliações clínica e laboratorial (p. ex , veloci- serem utilizados como transportadores de antibiótico biodegradável.
dade de hemossedimentação (VHS) , proteína e-reativa) Esses materiais foram relatados como causadores de uma reação infla-
são feitas. A haste com cimento é removida e substituída matória do corpo estranho que acredita-se ser causada por seus pro-
por uma haste intramedu lar regular para fixação definitiva. dutos de degradação acíclicos. Os transportadores que não produzem
O material retirado é enviado ao laboratório para cultu ra . esgotamento do ácido, como carbonato de politrimetileno (PTMC),
estão nos estádios iniciais das investigações laboratoriais.

Presilha de bloqueio
\
Unidade de vedação do eixo
Cabeça do mandril Conjunto de tubos Eixo de acionamento

Aspiração Irrigação mantida


Fluxo do fluido de irrigação da medula pela gravidade
óssea e osso
Medula óssea, osso morselizado morselizado

Malha desenvolvida
Filtro de enxerto com
capacidade de 100 cc

Tubo de aspiração
conectado à fonte
de vácuo

O@ii;OfllD Dispositivo Aspirador Irrigador Alargador (RIA). (Cortesia de Synthes, Paoli, PA.) VEJA A TÉCNICA 21-5.
. , PARTE VII INFECÇÕES

As substân cias biodegradáveis utili zadas como sistemas de compararam NPWT (35 pacientes) com tratamento convencional (33
liberação d e antibiótico podem ser classificadas em três categorias pacientes) e encontraram poucas recorrências significativas de infec-
principais: proteínas, materiais de enxerto ósseo e substituto s, e ção, uma necessidade diminuída para transferências de tecido ou
polímeros sintéticos. Dentro da categoria de proteína há uma va rie- retalhos do mú sc ulo, e mais ferida s com depuração bacteriana
dade de substân cias derivadas dos tecidos biológicos, incluindo naqu elas tratadas com NPWT. A complicação mais séria relatada
colágeno, gelatina, trombina e coágulo de sangu e autólogo, todos com o uso d e N PWT é sangramento extenso, que na maioria das
fornecendo um arcabouço que pode ser utili zado para conter um vezes ocorre com o uso do dispositivo na casa do paciente ou em
antibiótico. O colágeno foi a substância estudada mai s extensiva- uma casa de repouso. O NPWT não deve ser utili zado como um a
mente, e relatórios são conflitantes sobre a eficácia do colágeno substituição para o desbridamento cirúrgico, e não deve ser utili zado
impregnado no antibiótico no tratamento da osteomielite. Entre até que todo o tecido necrótico e não viável seja removido e o tra-
os substituto s do enxerto ósseo, o sulfato de cálcio foi usado por tamento apropriado com antibiótico seja iniciado. Mais pesquisa é
causa da sua baixa imunorreatividade, pela habilidade de ser necessária para estabelecer parâmetros para intensidade da pressão,
absorvido e por suas propriedades estruturais. Um problema que duração do tratamento, intervalo entre os tratamentos, modo de
tivemos com transportadores à base de cálcio é que muitos pacien - aplicação, e cronograma de aplicação que vai produzir o tratamento
tes desenvolveram uma drenagem purulenta que imita a drenagem mais eficiente e rentável.
de uma infecção bacteriana. Esses pacientes geralmente não têm
dor, celulite, febre, ou leucocitose associada com uma infecção • TRANSFERÊNCIA DO TECIDO MOLE
bacteriana. No entanto, a situação é incômoda e preocupante para As transferências do tecido mole para preencher o espaço morto
o paciente e o cirurgião. Os materiais biodegradáveis investigado s d eixado após o desbridamento extensivo podem variar de um
mais recentem ente para serem utili zados no tratamento da osteo- retalho de músculo localizado ·em um pedículo vascular a transfe-
mielite são os polímeros sintéticos. A principal vantagem dos rência de tecido livre microvascular. A transferência do tecido mus-
materiais é que eles podem se r modificados para a liberação eficaz cular vascularizado melhora o ambiente biológico local, trazendo
e precisa de quantidades esp ecifi cadas de medicamento em uma um suprimento de sangue que é importante para os mecanismos de
quantidade espec ifi ca d a d e tempo. Os polímeros mais amplamente defesa do hospedeiro e para a liberação de antibiótico, consolidação
utilizado s é polilactida, mas outros foram utili zados em es tudos óssea e cicatrização dos tecidos moles. As taxas de sucesso para essa
com animais, incluindo esferas de poli(D,L)-láctida-co-glicólico técnica relatadas na literatura variaram de 66% a 100%.
impregnadas com va ncomicina. Mais comumente, um retalho muscular local é usado no tra-
tamento da osteomielite crônica da tíbia. O músculo gastrocnêmio
• DRENOS DE SUCÇÃO FECHADOS é usado para defeitos em torno do terço proximal da tíbia, e o
Taxas de sucesso de aproximadamente 85% foram relatadas para o músculo solear é usado para defeitos em torno do terço médio. Uma
método de Lautenbach modificado dos sistemas de irrigação de transferência do músculo livre microvascular é necessá ria para
saída e entrada de antibiótico de sucção fechada (Fig. 21-16*). Uma defeitos em torno do terço distal da tíbia.
vantagem dessa técnica é que ela permite uma troca na disponibili- Vários autores relataram uma alta taxa de sucesso no trata-
zação local de antibiótico com base nos resultados da cultura obtidos mento da osteomielite crônica com o uso da transferência do tecido
a partir da s biópsias cirúrgicas. A técnica também auxilia na redução livre microvascular. Uma transferência microvascular de tecido
gradual no tamanho do espaço morto do tecido mole. As desvanta- pode consistir em músculo que é coberto com um enxerto de pele
gens in cluem frequente oclusão do cateter do dreno. Esse problema ou um retalho miocutâneo, ósseo, ou osteocutâneo. O d esbrida-
foi diminuído com o uso d e doses frequentes de estreptoquinase mento inicial adequado da área envolvida, de modo que o retalho
para m anter o cateter patente. Outras desvantagens são a hospita- seja colocado em um ambiente saudável, ajuda a garantir o sucesso
li zação necessá ria prolongada e o risco d e contaminação secundária. do procedimento.
Nós não temos expe ri ência com esse método. Quando um retalho de músculo livre microvascular é usado,
Uma técnica d e fechamento de ferida precoce é o tratamento e a perda segmentar de osso ocorreu, o enxerto do osso esponjoso
da ferida com pressão negativa (NPWT, do inglês, negative pressure autóge no pode se r feito em cerca de 6 semanas após a tran sfe rên-
wound therapy), que consiste em uma bomba que gera um vácuo e cia de retalho livre inicial. O enxerto fibular livre pode ser usado
é capaz d e criar um ambiente d e pressão negativa dentro de uma para perda óssea segmentar da tíbia. Se a osteomielite crônica envolve
ferida fechada, em material do curativo usado para envolver e fechar a perda óssea segmentai da tíbia e da fíbula, os resultados d e um
a ferida, na tubagem para remoção do fluido da área da ferida, e em enxe rto fibular livre não são bons, e a amputação ou reconstrução
um recipiente para coletar m ateriais de resíduo removidos da ferida. pela técnica de Ilizarov são aconselhados.
A maioria dos estudos publicados sobre NPWT envolve o uso do
sistema VAC (Conceitos de Cinética, Inc., San Antonio, TX); no • TÉCNICA DE ILIZAROV
entanto, uma sé rie de outros sistemas de NPWT está disponível a A técn ica de Ili zarov foi útil no tratamento da osteomielite crôn ica
partir d e vários fabricantes. A eficácia do NPWT para o tratamento e das pseudartroses infectadas. Essa técnica permite a ressecção
de feridas complexas foi relatada por vários autores, qu e sugeriram radical do osso infectado. A corticotomia é reali zada através do osso
benefícios d e redução d e e dema , aumento do fluxo sanguíneo, normal proximal e distal à área da doença. O osso é transportado
aumento do tecido de granulação e a possibilidade de depuração até a união ser alcançada. As desvantagens dessa técnica inclu em
bacteriana m elhorada das feridas. Embora esses estudos tenham enfa- tempo necessá rio para alcançar uma sólida união e a alta incidência
tizado a prevenção da osteomielite em feridas complexas, há pouca de complicações associadas. Mesmo com esses problemas, no
informação sobre o tratamento da osteomielite com NPWT. Em um entanto, o procedimento de Ilizarov beneficia os pacientes que pre-
estudo de 2011 de 68 pacientes com osteomielite, os pesqui sadores cisam de ressecção extensiva do osso e reconstrução para alca nçar
a estabilidade (Cap. 29). O uso de distração osteogênica com fixação
do anel sobre uma haste intramedular foi usado para o tratamento
*Disponível, em inglês, em www.expertco nsult.com. de defeitos segmentares de até 13 cm.
CAPÍTULO 21 OSTEOM IELITE Gii
• TRATAMENTOS ADJUVANTES
A terapia com oxigênio hiperbárico foi usada para o tratamento da
osteomielite crôni ca, mas não provou ser confiavelmente eficaz. A uti-
lização do oxigênio hiperbárico pode ser recomendada somente como
um adjuvante para métodos mais tradicionais de tratan1ento. Os fatores
de crescimento, como proteínas morfogênicas do osso (BMPs) e até
mesmo plasma rico em plaqueta (PRP), fo ram suge ridos como trata-
mentos adjuvantes para osteomielite devido a sua capacidade de acele-
rar ou melhorar a osteogênese. Alguns estudos de modalidades de
energia física (campos eletromagnéticos pulsados [PEMF, do inglês,
pulsed electromagnetic fields ] e ultrassom) sugeriran1 que eles podem
interferir diretamente com a fo rmação de biofilm e, assim como agir de
modo sinergético com antibióticos para melhorar a sua atividade.

OSTEOMIELITE ESCLEROSANTE DE
GARRÉ
A osteomielite esclerosante é urna fo rma crôn ica de doença em que o
osso é espessado e esclerótico mas abscessos e sequestro estão ausen -
tes (F ig. 2 1-1 7). A doença afeta as cri anças e ad ultos jovens. A sua
causa é desconhecida, mas acredita-se que seja um a in fecção causada
por uma bactéria de baixo grau e possivelmente anae róbica.
Os pacientes relatam dor intermitente de intensidade moderada
e normalmente de longa duração. Inchaço e sensibilidade sobre o osso
afetado podem ser encontrados. As radiografias mostram um osso
expandido com esclerose generalizada. A VHS em geral é ligeiramente
elevada. As amostras da biópsia mostram somente osteomielite crônica,
de baixo grau, não específica, e culturas normalmente são negativas.
Uma lesão secw1d ária em um local distante pode ocorrer anos após
O@ii;Hfllll Osteomielite esc lerosante da tíbia documentada
pe la biópsi a.
início. Nenhum tratamento fo i previsivelmente útil, mas fenestração do
osso esclerótico e antibióticos são aconselháveis. A condição deve se r
diferenciada de osteoma osteoide e doença de Paget.

ESTÁDIO RESIDUAL DA Seja qu al fo r a causa da fratu ra, todas as operações necessárias


OSTEOMIELITE para co mbater a infecção deve m ser reali zadas completam ente, e os
frag mentos de osso são, então, realinhados e imobilizados como
O estádio residual da osteomielite é caracteri zado por um a ausência co m qu alquer outra fratura. As placas e hastes intramedulares têm
completa do sinais e sintomas de infecção, incluindo drenagem. O sido usadas para fi xar as fra turas infectad as, mas elas devem ser
osso é esclerótico, e seu suprimento de sangue e sua fo rça são normais. evitadas se possível. A fixação extern a ou imobilização por gesso
Du rante esse estádio da osteomi elite, o osso suporta a mesma relação normalmen te é preferível.
que o osso norm al suporta para o tecido conjuntivo normal. Os A fra tu ra co nsolida lent amente conforme a infecção diminui,
tecidos moles adj ace ntes são cicatri zados, e se a drenagem ocorreu, a a menos qu e muito osso tenh a sido removido ou a infecção contí-
pele muitas vezes adere ao osso. As adesões da pele ao osso são mais nua impeça a consolid ação. Se a perda óssea é significativa, o
comlms se o osso é subcutâneo. A lesão para esses tecidos frequente- defeito pode se r pree nchid o com enxerto ósseo autóge no, um
mente faz com que a pele se rompa e até mesmo causa a recorrência enxerto ósseo vasc ul ari zado, ou transporte do osso utili za ndo a
de infecção. É algumas vezes difícil saber se a doença está em um técnica de Ili za rov.
estádio residual ou em uma remissão do estádio crônico. O trata-
mento do estádio residual consiste em corrigir a desigualdade no
comprimento da perna ou deformidad es angulares e na articulação. OSTEOMIELITE MULTIFOCAL
Algumas vezes, as cicatrizes co ntraídas devem ser liberadas, e as cica- RECORRENTE CRÔNICA
trizes aderentes deve m ser substitu ídas por retalhos miocutâneos.
A osteo mi eli te multi foca l reco r re nte crôni ca (C RM O, d o inglês,
chron ic recu rren t multifocal osteomyeli tis) é um a do en ça autoin -
FRATURA PATOLÓGICA NA fl amató ri a d o oss o carac teri za da po r um início insidioso d e dor
OSTEOMIELITE leve a mo d erad a, co m sin ais de inflam ação sobre as parte s
afe tadas, q ue te nd e a reco rrer. Os sintom as aum ent am e dimi-
Porque o invólucro é algum as vezes insufi ciente, a di álise de um nu em p o r meses ou anos. A ca usa de CRMO perman ece d esco-
longo osso pode fra turar du ran te o es tádi o de os teo m ieli te agudo ou nh eci d a, embo ra a evid ência seja acumul ati va p ara a ca usa
sub agud o an tes de a imobili zação ser iniciada. Ma is tarde, como ge nética. Algun s sugeri ra m qu e a CRM O e a síndrom e de Ga rré
resultado de se tornar denso e frág il, o osso também pode fraturar. são a m es ma e ntidade.
- PARTE VII IN FECÇÕES

A doença é mais co mum em cri anças, co m um pico de id ad e tendo bactéri a an aeróbica em suas culturas operatórias. A dose de
de 10 a nos. Ela, na maioria d as vezes, afeta a metáfi se de longos demonstração de bactérias requer cu ltivar o material clíni co imedia-
ossos, especialmente a tíbia, o fêmur e a cl avíc ul a. A vé rtebra tamente após a coleta, uti li zando meio fresco com condições anaeró-
pl ana é fre quente em pac ien tes com essa doe nça. Um estud o bicas adequ adas, e subcultivar as colônias imediatamente após
en vo lve nd o 102 cri anças e ad olescentes co m CRMO id entifi co u removê-las do ambiente anaeróbico.
o en volvim ento ve rtebral, in cluindo d eformidad es da vé rteb ra, As infecções do tecido mole an aeróbico normalmente co meçam
esco liose, e cifose, em 26% . O utra condi ção associad a é a pustu - no tecido lesio nado ou isqu êmi co. Frequ entem ente, um a secreção
lose palm oplantar, qu e se manifes ta como um a erupção p ustul ar pútrida e produção de gás estão prese ntes, e a necrose de tec ido
nas solas dos pés e palm as das m ãos. Os testes labo rato ri ais extensiva te nd e a ap rofun dar-se at ravés dos planos subcutâneo e
norm a lmente m os tram um a co ntagem de leucócitos no rm al ou da fásc ia. As infecções anae róbicas fora m fre quentemen te assoc ia-
ligeiram ente elevada e taxa de VH S e n ível de pro teína C- rea tiva das co m gangrena diabéti ca. O tratamento é por drenage m cirúr-
elevado s; as culturas bac teri anas dos ossos e sa ngue são nega ti- gica e ressecção do tecido necróti co, combin ado com o uso de
vas . Radi ografi ca m en te, as lesões ósseas são predomin antemente an tibióti cos apropriados confo rm e determin ado pelos estud os de
líticas e bilateralmente sim étricas. Vários gra us d e esclero se cultura e se nsibilidade.
podem estar prese ntes. A cintil ografia d o osso compl eta co m
tecnéc io-99 m norm almen te mostra áreas bilatera lm ente si m étri-
cas de aum ento da captação. A RM po de se r útil para exclui r o OSTEOMIELITE DE REGIÕES
envo lvimento piogê ni co. O di agnóstico é de exclu são. Se o d iag- ESPECÍFICAS
nóstico é duvidoso, um a bi óps ia co nfirm ató ri a é indi cad a. A
seguir, fo ram p rop ostos critérios para o d iagnós tico de CRMO:
du as o u m ais lesões no osso imitando a os teo mi elite, achados CALCÂNEO
radi ográficos e cintilog rafia do osso consistente com a os teo mi e-
lite, 6 meses ou mais de sintomas crôni cos e reincidentes, fa lha Na osteomi elite do calcâneo, como dos outros ossos do tarso, a des-
d e res pos ta a pelo m enos 1 m ês d e tratam ento aprop ri ad o, e uma truição do córtex normalmente não é extensiva. O periósteo é firm e-
fa lta d e out ra causa ide ntifi cável. mente anexado ao osso, e é normalmente perfu rado em vez de elevado
Ne nhum tratamento efi caz para CRMO fo i encont rado, e se por material purulento; a fo rmação de um invólucro é mínima.
os resultados das cultu ras são negativos, o trata mento co m anti-
bióti co não é indicado. A medi cação anti -infl amató ri a não es te-
ro ide pode ajudar a aliviar a dor. A remissão d a doença após o
tratamento com inter fero n-y fo i relatada, mas nenhum a prova
absoluta de qu e o medi ca mento causou a remissão pôde se r
INCISÃO DO CALCANHAR DIVIDIDO
d emonstrada. Para CRMO refra tári a, especialm ente com envo lvi- As abordagens med ial e lat eral para o calcâ neo são sat isf a-
mento vertebral, o tratamento bem-suced ido co m bisfosfonatos tóri as para a incisão e drenagem de abscessos localizados,
(pamidronato) e fa tor de nec rose tumoral-a fo i relatad o. A resolu - mas a abordagem de Gaenslen através da superfíci e plantar
ção dos sintomas seguid a por meses de reco rrência mais tarde é do ca lca nhar é indicada para ressecção do osso doe nte da
característi ca dessa doe nça. Geralmen te, os sintomas co ntinu am a osteomiel ite crônica. As cicatrizes resu ltantes norma lmente
recor rer ao lon go de 2 anos e a doe nça ge ralmente é autolim itante. são indolores; elas se situam tão profundament e, que os
O prognóstico em longo p razo parece se r bom ; no entanto, um tecid os de ambos os lados enro lam-se e form am almofa das
estudo desco briu qu e aprox imad amente 60% das cri anças qu e grossas (Fig . 21-18).
fora m di ag nosti cadas co m CRMO tinham doença ati va e dor 6

------~
meses a 15 anos após o di ag nós ti co.
TÉCNICA

(GAENSLEN)
OSTEOMIELITE APÓS FERIDA
PUNTIFORME DO PÉ •C oloq ue o paciente em posição de decúbito com um
suporte aba ixo do to rn ozelo afetado.
As fe rid as punti formes do pé fre quentemente oco rrem em crianças. •Faça uma incisão longitu dinal exatamente na linha média
A associação de osteomielite po r Pseudomonas com fe rid as pun ti- do calca nhar, estenden do de 2, 5 a 4,0 cm a parti r do nível
fo rmes do pé é bem docum entada na literatura; no entanto, é rela- da base do quinto metata rso post eriormente para divid ir
tiva mente rara, co nsiderando o número total de ferid as vistas por a extrem idade do t endão de Aquiles.
médi cos. A dor é aprese ntada inicialmente a partir da ferid a por •Rea li ze a incisão na aponeurose planta r no pl ano entre
punção, mas isto norm almente diminui. Em casos de osteo mi elite, os múscu los do abdut or do qui nto artel ho e fl exor curto
dor e inchaço aumenta m de 2 a 4 dias após a lesão. O trata mento dos artelhos.
consiste em drenage m cirúrg ica, curetagem, quan do indicada, e tra- • Retraia mediaimente a artéria latera l planta r e o nervo no
tamento com antibi ótico aprop ri ado. ângulo dist al da ferida.
• Exponha o múscul o do quadrado pl antar, e divida o li ga-
mento pl anta r longitu dinalm ente.
OSTEOMIELITE ANAERÓBICA •D ivida o ca lcâ neo de posteri or para anterior com um
amplo osteótomo, e retra ia as duas metades para expor
As bac téri as anaeróbicas são reco nh ecidas cada vez mais co mo uma o interior do osso (Fig. 2 1-19). A articulação subta lar
causa importante da os teo mi elite. Em uma sé ri e, 40 de 182 pacientes pode ser exposta aumentando-se a retração.
submetidos a cirurgia para osteo mielite fo ram encontrados como
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE &Ili

O(ê\IJib)fJIEI Retra ção da cicatriz impede a dor ao suportar o peso após a cura completa da incisão do calcan har dividido
de Gaens len.

• Remova todo o sequestro e matéria obviamente infec-


tada, mas danifique o córtex tão pouco quanto possível.
•Feche a ferid a frouxamente sobre os drenas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto de perna


é aplicado com o pé na posição neutra e o tornozelo em 90
graus. Uma janela é cortada sobre o calcâneo para perm itir
trocas de curativo.

TERÇO DISTAL DO FÊMUR

A osteomielite crônica do terço distal do fêm ur é difícil de tratar.


Uma vez que o periósteo pode se tornar completamente separado
posteriormente por um abscesso subperiosteal, esta parte do osso
pode soltar a maior parte do seu suprimento de sangue, e fístul as
muitas vezes persistem. Uma massa de formas de tecido com cicatriz
interfere co m a revascularização do osso; o tecido co m cicatriz é
relativamente inacessível cirurgicamente por ca usa da proximidade
dos grand es vasos e nervos.

, TÉCNICA ~
~~~~~~~___.~
•Faça uma incisão latera l longitudinal no terço distal da
O!§'ht.)fIID Incisão de calcanhar dividido de Gaensle. Observe
coxa, começando 5 cm proximal à linha da articu lação do
a rela ção da extremidade distal da incisão à artéria plantar e
joelho, e estendendo-se de modo proximal para 1O cm .
nervo. VEJA A TÉCNICA 21-6.
• Realize a incisão da banda iliotibia l, retraia o múscu lo
vasto lateral anteriormente, e exponha o fêm ur.
•Evite abrir a articula ção do joelho na extremidade distal •Utilize uma broca para delinear uma janela cortical na
da in cisão. Limite a operação às sup erfíc ies lateral e superfície posterolatera l do osso, e remova a janel a com
posterolateral do osso, ou a bursa suprapate lar pode um osteótomo.
se r aberta e a articula ção do joelho pode se tornar • Insira o cana l medu lar proximal à metáfise, e coloque a
contam in ada . janela de modo que o pus drene posteriormente.
)
- PARTE VII INFEC ÇÕES

) •Remova apenas o tecido necrótico e infectado.


ÍSQUIO E PÚBIS
•Feche a ferida frouxamente sobre os drenos de borracha,
que saem através de incisões separadas e permitem dre- Na osteomielite do ísquio e púbis, um abscesso se desenvolve abaixo
nagem posterolateral direta. dos músculos do obturador externo ou interno ou na fossa isquior-
retal. A drenagem pode ser realizada através de uma incisão locali-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é envolvido zada longe do períneo para diminuir a possibilidade de contaminação
da ferida e permitir maior retração dos músculos grácil e adutor. Se
por tala com o joelho em extensão até que a ferida seja
necessário, a membrana do obturador pode ser incisada e as pro-
curada, e é protegido durante a ambulação para evitar
fratura patológica. fundas superfícies do osso, exploradas. A osteomielite da tuberosi-
dade isquial é comum em pacientes acamados e paraplégicos que
desenvolvem úlceras de pressão com infecção secundária, necrose,
e osteom ielite. O tratamento eficaz requer o desbridamento de todo
o tecido necrótico e osso infectado, e uma transferência de tecido
ÍLIO mole normalmente é necessária para fechar o defeito. Para osteo-
mielite na região da sínfise, a ressecção da sínfise pode ser necessária
• TRATAMENTO DURANTE A FASE AGUDA quando o tratamento menos radical é ineficaz.

No estádio agudo da osteomielite, o ílio normalmente é invadido


por toda a parte, e os grandes abscessos subperiosteais se desenvol- COLUNA
vem nos córtices medial e lateral. Os sintomas iniciais podem sugerir
apendicite aguda ou artrite piogênica da articulação do quadril. A osteomielite da coluna é discutida no Capítulo 43 .
Antes da incisão e drenagem, o tratamento sistêmico (especialmente
antibióticos intravenosos e transfusões de sangue, se necessário)
deve ser administrado. Quantidades adequadas de sangue devem RESSECÇÃO OU EXCISÃO PARA
estar disponíveis para serem utilizadas durante a cirurgia. As bacté- OSTEOMIELITE
rias anaeróbicas podem ser envolvidas na osteomielite da pélvis
associada com lesões dos intestinos. Foi demonstrado em muitos casos que se a infecção precisa ser
controlada na osteomielite crônica, a parte infectada do osso deve
ser radicalmente ressecada, mesmo se isso signifique remover um
segmento de um grande osso essencial. A ressecção maciça de um
longo osso afetado pela osteomielite hematogênica crônica não foi
aconselhada no passado, no entanto, por três razões: (l) O periósteo
pode deixar de reproduzir toda a diáfise (Fig. 21-20), (2) a qualidade
TÉCNICA do osso remanescente normalmente é insatisfatória para procedi-
mentos reconstrutivos, e (3) uma infecção latente pode ser reativada
•Comece a incisão ao long o do terco médio da crista ilíaca,
se a reconstrução é realizada. Com técnicas mais novas de osso e
e estenda-a conforme necessário.
transporte de tecido mole, as ressecções massivas podem ser reali-
•Tire os músculos subperiostea lmente a partir dos córtices
zadas e reconstruídas sem deficiência significativa, embora o tempo
medial e lateral da asa ilíaca; normalmente escapa pus
necessário para a reconstrução possa ser longo.
sob a pressão. Muitas vezes, os músculos já foram retira-
A ressecção maciça dos ossos não essenciais envolvidos por
dos pelos abscessos subperiosteais.
qualquer tipo de osteomielite crônica pode ser realizada de forma
• Evite cu idadosamente entra r na articu lação do quadril.
segura. Os ossos como metatarsos e tarsos e parte do calcâneo,
•Drene cada um dos abscessos com drenas. Traga os
fíbula, ílio, costelas, clavícula e escápula podem ser retirados, e a
drenas através de incisões separadas para obter drena-
função satisfatória ainda pode ser mantida.
gem adequada da gravidade.
•Feche a pele frouxamente.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Porque uma contratura RESSECÇÃO DOS METATARSOS


de flexão do quadril normalmente se desenvolve como

--------'~
resultado da irritabilidade dos músculos flexores do quadril, TÉCNICA
a tração de Buck é aplicada. O paciente é girado frequen-
•O primeiro metatarso deve ser mantido se possível.
temente para o lado afetado para promover a drenagem.
•Faça uma incisão dorsal longitudinal sobre o osso afetado
da linha distal dos tarsos ao meio da falange proximal do
dedo do pé correspondente.
• Aprofunde a incisão ao periósteo, mas não abra as
• TRATAMENTO DURANTE A FASE CRÔNICA bainhas do tendão.
Na osteomielite crônica do ílio, todo o osso muitas vezes é envolvido, •Realize uma incisão no periósteo de acordo com o eixo,
e a infecção é tão difusa que é impossível remover o sequestro indi- e tire-o comp letamente do osso.
vidua l e drenar todos os abscessos. Uma vez que a maior parte da • Realize a ressecção de todo o eixo, mas preserve a fise
asa ilíaca pode ser removida sem causar deficiência significativa, a sempre que possível em crian ças.
ressecção normalmente é preferível a menos operações radicais •Feche a ferida frouxamente sobre um dreno.
(Técnica 21-12) .
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE &Ili

O@IJ;hiflm Ressecção parcial do calcâneo. VEJA A TÉCNICA

____
21-10.

TÉCNICA _____,~

•Realize a incisão para ajustar o tamanho e formato da


úlcera. Se nenhuma úlcera estiver presente, utilize a abor-
dagem de Gaenslen (Técnica 21-6)
•Realize a dissecção no calcâneo para proteger a almofada
remanescente do calcanhar viável.
•Aproxime o tendão de Aquiles na área do calcâneo que
precisa ser removida. Libere o tendão e deixe-o retrair
proximalmente.
•Comece uma incisão de 1 cm posterior à borda das arti-
culações subta lar e calca neocuboide.
H@il;@fJII!) A, Defeito na tíbia de criança de 4 anos de idade •Remova osso suficiente para permitir a mobilização e
após o tratamento da osteomielite aguda atra vés da remoção de aproximação do tecido mole saudável adjacente.
grande sequestro antes de o invólucro suficiente ser formado •Feche as fer idas sobre os drenas de sucção. Se o fecha-
para garantir a continuidade do osso. B, Após o transplante da mento da pele primário é impossível, permita curar
fíbula para o defeito da ponte . através da cicatri zação por segunda intenção.
•Aplique um gesso com o tornozelo em 30 graus de
equino para reduzir a tensão na ferida.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tala de gesso pos- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando as feridas são
terior é aplicada e utilizada até que a ferida seja curada; curadas, o paciente é colocado em uma órtese do pé e
após isso, o suporte de peso protegido é iniciado. tornozelo moldada em uma base só lida.

RESSECÇÃO DOS TARSOS RESSECÇÃO DA FÍBULA

Muitas vezes, mais de um osso do tarso pode ser envolvido na osteo- Toda a fíbula pode se r retirada, se necessário, mas o quarto distal
mielite crônica. Se necessário, o osso ou ossos afetados podem ser contribui para a estabilidade do tornozelo e deve ser mantido sempre
cortados utili zando -se incisões longitudinais dorsolaterais e dorso- que possível. Se a extrem idade proximal é retirada, o ligamento
mediais. Se o calcâneo precisa ser retirado, a abordagem de Gaenslen colateral lateral do joelho e o tendão do bíceps femoral devem ser
é recomendada (Técnica 21-6). firmemente presos na tíbia.

CALCANECTOMIA PARCIAL
TÉCNICA mm______.~
•Faça uma incisão longitudinal sobre a parte envolvida da
A calcanectomia parcial pode ser eficaz para o trata- fíbu la .
mento de grandes ulcerações do calcanhar e osteomielite •Aproxime o osso no intervalo entre o músculo sóleo pos-
calcânea. teriormente e os músculos peroneais anteriormente.
)
- PARTE VII INFECÇÕES

•Exponha e proteja o nervo peroneal na extrem idade pro- •Em crianças, a crista ilíaca cartilaginosa pode ser retirada
)
xima l da ferida. faci lmente com os múscu los abdominais ligados a ela.
• Realize a incisão no periósteo de acordo com a diáfise, e •Retire de modo subperiosteal os músculos abdominais e
tire-o de toda a circunferência da parte a ser retirada. os múscu los Iatíssimo dorsal, quadrado lombar, e eretor
• Realize a ressecção da parte infectada da diáfise e feche da espinha nas suas inserções.
a ferida frouxamente sobre os drenos. • Tire os múscu los do córtex media l do ílio distal mente à
linha arqueada (Fig. 21 -238).
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tala de gesso longa • Realize a ressecção do ílio como um todo tanto distal -
posterior da perna é aplicada com o pé na posição neutra, mente como a coluna inferior anterior, quanto posterior-
o tornozelo em 90 graus, e o joelho em 20 graus de flexão, mente como a articu lação sacroilíaca, se necessário.
e é utilizada até que a ferida seja curada. Em seguida, o •Coloque os drenos na ferida, e traga -os através da pele
suporte de peso é iniciado. por uma incisão separada para estabelecer uma drena-
gem de gravidade adequada.
• Feche a pele frouxamente.

RESSECÇÃO DA ASA ILÍACA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A ambulação protegida


é iniciada quando as fer idas cicatrizam e a cond ição do
A ressecção de uma grande parte da asa ilíaca pode ser indicada na paciente permite.
osteomielite crônica do ílio com drenagem prolongada (Fig. 21-22) .

------~
TÉCNICA
(BADGLEY)
AMPUTAÇÃO PARA OSTEOMIELITE
•Faça uma incisão sobre a crista ilíaca da coluna ilíaca A amputação é realizada com pouca frequência para a osteomielite.
superoposterior à coluna ilíaca superoanterior e distal- Em alguns pacientes, essa forma de tratamento pode ser preferível,
mente na coxa, para lelo com o músculo sartório por 7,5 no entanto, a várias operações e tratamento prolongado com anti-
a 1O cm (F ig. 21 -23A) biótico. A prevalência de doença maligna decorrente da osteomielite
• Divida a fáscia 1,3 cm distal à crista, e faça a incisão do crônica foi relatada como sendo de 0,2% a 1,6%. A maior parte delas
periósteo ao longo da crista. é de carcinoma de células escamosas decorrente de uma faixa da
• Solte os músculos glúteo e tensor da fáscia subperiosteal- fístula, mas o carcinoma das células do retículo, fibrossarcoma, e
mente à borda acetabular. outras malignidades foram relatados. A amputação é o meio mais
• Desenvolva o intervalo entre os múscu los do tensor da confiável de tratar a osteomielite associada com transformação
fásc ia lata e o sartório e retraia o tensor da fáscia lata maligna. A insuficiência arterial, paralisia do nervo principal, ou
para expor a parte anterior do ílio. contraturas e rigidez da articulação que tornam um membro não
funciona l são as indicações para amputação.

Ol§ihfüfil!I A, Hérn ia abdom ina l e osteom ielite da crista ilíaca direit a após a remoção do enxerto ósseo pa ra fu são da co luna
lomba r. B, Aparê ncia do íli o após a ressecção da cri sta envo lvida e reparo da hérn ia.
CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE -

Músculos
oblíquos
interno
e externo

~~------t--Reto
femoral
~ Sartório

A B

O[ril!;t.)fJl!IA e B, Expos ição subperiosteal para ressecção da asa do íl io . O .ligamento de. Poupart pode ser rebatido do ílio, per-
mitindo a remoção do osso do ramo superior do púbis para a articula ção sacroil1aca. VEJA A TECNICA 21-12.

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CAPÍTULO 21 OSTEOMIELITE -

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APRESENTAÇÃO CLÍNICA 749 COMPLICAÇÕES DA ARTRITE SÉPTICA PUNHO 764
DIAGNÓSTICO POR AGUDA DO QUADRIL 759 ASPIRAÇÃO 764
IMAGEM 750 Luxação Patológica 759 DRENAGEM 764
PATOGÊNESE 751 Osteomielite 760 CIRURGIAS PARA CORRIGIR
MICROBIOLOGIA 751 Abscesso Pélvico 760 DEFORMIDADES PÓS-ARTRITE
Infecção Persistente 761 SÉPTICA 765
TRATAMENTO 751 TORNOZELO 765
ARTICULAÇÕES TARSAIS 753 ARTICUL~ÇÃO
SACROILIACA 762 JOELHO 765
TORNOZELO 753 COLUNA 762 OSTEOTOMIA INTRA-ARTICULAR 767
ASPIRAÇÃO 753 QUADRIL 769
ARTICULAÇÕES
DRENAGEM 753 ESTERNOCLAVICULAR E Artroplastia 769
JOELHO 754 ACROMIOCLAVICULAR 762 Procedimentos para Estabilizar o
ASPIRAÇÃO 754 OMBRO 762 Quadril 769
DRENAGEM 754 ASPIRAÇÃO 762 Procedimentos para Corrigir
DRENAGEM ARTROSCÓPICA 754 DRENAGEM 762 Deformidade 769
QUADRIL 756 Drenagem Artroscópica 763 Procedimentos para Equalizar o
ASPIRAÇÃO 757 Comprimento dos Membros
COTOVELO 763
DRENAGEM 758 Inferiores 771
ASPIRAÇÃO 763
Drenagem Artroscópica 759 DRENAGEM 763

A artrite séptica aguda resulta da invasão bacteriana no espaço da Normalmente, condições predisponentes são associadas a determi-
articulação, que pode ocorrer através de disseminação hematogê- nados tipos de organismos causadores (Tabela 22-1). Um histórico
nica, inoculação direta por trauma ou cirurgia, ou disseminação completo e exame físico devem ser obtidos.
direta de um local adjacente como focos de osteomielite ou celulite. A artrite séptica ocorre com maior frequência em adultos; no
Apesar das pesquisas aprofundadas sobre a fisiopatologia e trata- entanto, as sequelas mais graves da infecção ocorrem em crianças,
mento da artrite séptica aguda, a morbidade e mortalidade ainda são especialmente se a articulação do quadril está envolvida e o trata-
significativas, especialmente em pacientes nas idades extremas. A mento foi tardio. Variáveis anatômicas dependentes da idade podem
cepa bacteriana e o sistema imune do indivíduo determinam o ser responsáveis por graves complicações em crianças, tais como a
desenvolvimento de artrite séptica ou uma infecção menos grave. destruição da epífise e a osteonecrose associada com o aumento da
Mesmo com antibióticos e regimes de tratamento atualmente dispo- pressão intracapsular e derrame séptico. Utilizando modelos de aves
níveis, complicações graves podem resultar. Atraso no diagnóstico imaturas, Alderson et ai. forneceram evidências de que vasos tran-
e fracasso para começar o tratamento de imediato são as razões mais sepifisários existem e fornecem uma conexão direta entre as cartila-
comuns para as complicações tardias da infecção. gens da fise e epifisária, fornecendo uma rota para as bactérias se
Uma revisão sistemática da literatura por Mathews et ai. des- espalharem a partir de um foco osteomielítico na metáfise à epífise
cobriu que os fatores de risco para o desenvolvimento de artrite e, posteriormente, para o espaço articular.
séptica incluíam artrite reumatoide, artrose, presença de prótese As articulações dos membros inferiores que suportam peso são
articular, baixo nível socioeconômico, abuso de fármacos intrave- predominantemente afetadas (61 % a 79%); no entanto, qualquer
nosos, alcoolismo, diabetes, infiltração prévia de corticoide intra-ar- articulação pode estar envolvida, e infecções de múltiplas articula-
ticular e úlceras cutâneas. ções ocorrem. Um exame minucioso para determinar se existe infec-
ção monoarticular ou poliarticular é necessário antes de o tratamento
ser iniciado. A inflamação de uma única articulação pode ser
APRESENTAÇÃO CLÍNICA causada por várias doenças (Quadro 22-1). A artrite séptica deverá
ser considerada precocemente, uma vez que a falha de diagnosticar
Artrite séptica aguda pode ocorrer em qualquer idade, mas crianças esta condição rapidamente pode resultar em dano articular irrever-
e idosos são mais suscetíveis, especialmente se eles tiverem uma sível ou morte.
articulação já anormal por trauma anterior ou por doenças como a A artrite séptica aguda pode ser difícil de diagnosticar em
hemofilia, artrose ou artrite reumatoide. O comprometimento imu- recém-nascidos, porque a resposta inflamatória é frustra e sintomas
nológico por qualquer motivo e doenças como câncer, diabetes, tais como febre, inchaço, eritema e dor podem ser mínimos ou
alcoolismo, cirrose e hiperuremia aumentam o risco de infecção. inexistentes. O único achado em um recém-nascido pode ser

749
. , PARTE VII INFECÇ ÕE S

lT/\Dc• /\ ?'i!~;:<i· Organismos Encontrados em Diag~óstico Diferenci~is


iiiiiii -~-~.~~J:_:F Ambientes Clínicos Comuns de
QUADRO 22 _1 Considerados em Artrite
'r· ' Artrite Infecciosa Monarticular

FATOR CLÍNICO ORGANISMO • Infecção


IDADE DO PACIENTE • Artrite induzida por crista l (gota, doença de deposição
Recém-nascido de di-h idrato de pirofosfato de cá lcio)
Staphy/ococcus aureus
• Trauma
<2 anos Haemophilus influenzae,
• Hemartrose (hemofi lia, anemia falciforme)
S. aureus
• Osteomielite
>2 anos S. aureus
• Síndrome periarticular (bursite, tendinite)
Adultos jovens (saudáveis, Neisseria gonorrhoeae • Cisto de Baker rompido
sexualmente ativos)
• Trombose venosa profunda
Idosos S. aureus (50 %), • Sinovite vilonodular pigmentada
streptococci, • Desarranjo mecãnico
gram-negative bacilli • Corpo estran ho
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS
Aspira ção ou injeção S. aureus Adaptado de Stimmler MM: lnfectious arthritis: tailoring initial treatment to
Trauma Bacilos gram-negativos, clinicai findings. Postgrad Med 99: 127, 1996.
anaeróbios, 5. aureus
PRÓTESES
Infecção precoce S. epidermidis
como destru ição generalizada da articu lação, osteomielite, artrose,
Infecção tard ia Cocos gram- anqu ilose, ou perda óssea.
po siti vos, anaeróbios A ult rassonografia, em contraste com as rad iografias, pode ser
CONDIÇÕES MÉDICAS utili zada para detectar até mesmo peq uenas poças de fluido no
Uso de fármacos injetáveis Bacilos gram-negativos fundo das arti culações. Derrames ecogênicos de coleções hemá-
atípicos {p . ex., espécies ticas coaguladas são característ icas de uma ar ti cul ação séptica.
de Pseudomonas) A ul trassonografia pode ser usada para guiar a aspi ração e drena-
Artrite reumatoide 5. aureus gem in icial da articul ação e para mon itorar o status dos compar-
Lúpus eritematoso Espécies de Salmonella timentos intra-a rticu lares, cápsul a articular, superfície óssea, e
sistêmico, anemia partes mo les adjacentes. É um procedimento não invasivo, barato e
falciforme de fác il manejo, porém altamente examinador-dependente.
Hemophi li a S. aureus (50 %), A TC, a RM e a cintilografia óssea também podem ser obtidas
estreptococos, bacilos para d iagnosticar artrite séptica; no entanto, estes exames não são
gram-negativos sempre necessários. TC, que é mais sensível do que a radiografia,
lmunossupressão S. aureus, espécies de tem uma utilização limi tada nas fases iniciais da infecção. Ela pode
Mycobacterium, fungos mostrar o inchaço de par tes moles, derrame articular e formação de
abscesso, e pode ser usada para gui ar a aspiração articular, monito-
Modificada de Stimmler MM: lnfectious arthritis: tai loring initial treatm ent
to clinicai findings. Postgrad Med 99:127, 1996. rar o tratamento e ajudar a selecionar os acessos cirúrgicos. A RM
pode detectar a infecção e sua extensão, e é particularmente útil no
d iag nóstico de infecções que são de difíci l abordagem . A RM tem
uma maior resolução do que a TC e mostra detalhes anatôm icos
melhor do que a cin tilografia óssea, tornando-se útil na diferenc ia-
infecção em outro local (p. ex., o cateter umbilical), irritabilidade, ção entre infecções nos ossos e de partes moles e demostrando
deficit de crescimento, a assimetria de posição dos membros, ou o der rame articular. Além disso, os pacientes não são expostos à radia-
incômodo em ser manipulado. ção. A RM é cara, tem um valor li m itado na presença de implantes
metálicos e tem uma resolução mais baixa do que a TC em estrutu-
ras ósseas calcificadas e córtex. Semelhante a outras técnicas de
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM imagem, a RM não é específica e não pode diferenciar entre artro-
patias infl amatórias infecciosas e não infecc iosas.
In úmeras técn icas de imagem estão dispon íveis para ajudar a detec- A cinti lografia óssea pode freq uentemente detectar áreas loca-
tar infecções conjuntas, e embora elas possam ajudar a confirmar a lizadas de inflamação. Embora a análise de tecnécio-99m (99 "'Tc-
suspeita de artrite séptica, não são diagnósti cas. Nos prime iros dias metildifosfonado) mostre acúm ul o de isótopos nas áreas de ação
após a infecção, as radiografias são geralmente normais; no entanto, osteoblástica e aumento da vascularização, ela pode ser normal nas
elas podem ser úteis uma vez que podem apresentar aumento de primeiras fases da artrite séptica. Outros radiofármacos, incluindo o
partes moles, deslocamento da camada de go rdura, ou alargamento citrato de gálio e cloreto de índio-111 (1 11In), são mais específicos e
do espaço articular causado pelo edema localizado. À medida que sensíveis na detecção de infecção ativa do que o tecnécio-99m, mas
a infecção progride, o estreitamento do espaço articular por destrui - eles não mostram bem detalhes do osso ou da articulação, e muitas
ção da cartilagem pode tornar-se evidente. Radiografias podem ser vezes é difícil d istinguir entre inflamação óssea, articular, ou de partes
ut ilizadas para monitorar a resposta ao tratamento e para detectar moles. Leucócitos marcados com índio-111 se concentram nas áreas
as fases de sequela em tratamentos inadequados da doença, tais de infecção aguda, mas, embora este tipo de exame seja positivo em
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFECCIOSA &Ili
aproximadam ente 60% dos pacientes com artrite séptica, resultados articul ares muitas vezes são negativas, m as as culturas da faringe ou
falso-positivos podem ocorrer em pacientes com artrose. da uretra podem ser positivas. A reação em cadeia da polimerase
(PCR, do inglês, polymerase chain reaction) pode aj udar a identificar
a N. gonorrhoeae no líquid o si n ovial de cultura negativa. A artrite
PATOGÊNESE gonocócica gera lmente tem resposta favorável se tratada com anti-
bióticos aprop ri ados, sendo a drenagem geralmente desnecessária.
A infecção hematogênica de um a arti culação co meça com um a bac- Tem hav ido um aum ento n otável no número de S. aureus
teremia sistêm ica que finalmente invade a junção sin óvio-cartilagi- resistentes à meticilina (MRSA, do inglês, methicillin-resistant S.
nosa a partir do espaço intravascu lar e se espa lh a através da aureus) em infecções comunitárias na população pediátrica em
membrana e do líquido sinovia l. Não é claro porque as articula- vários grandes centros. Isto inclui osteomi elite e artrite séptica. Em
ções são afetadas e outros órgãos vu ln eráve is, não; no entanto, os nossa instituição ped iátrica, a infecção comun itária por S. aureus
receptores de colágeno encontrados em Staphylococcus aureus (a resistente à meticilina foi responsável por 26% de todas as artrites
causa infectante não gonocócica mais comum de artrite séptica sépticas e osteomielites hematogênicas agudas. As infecções por S.
hemática) podem desempenhar um papel importa nte. Além disso, aureus resistentes à meticilina adquirida na comu nidade são mais
a fa lta de uma membrana basal limitat iva nos capilares da sinóvia propensas a ter hemoculturas positivas após o tratamento adequado
pode permitir que as bactérias intravasculares alca ncem o espaço ter sido ini ciado e a exigir procedimentos cirúrgicos múltiplos.
extravascular do tecido sinovial através dos espaços entre as célul as Em ad ultos mais velh os com a doença não gonocócica, a infec-
endoteliais d os cap ilares. Além disso, os fibroblastos sin ov iais inibem ção por S. aureus causa ce rca de metade dos casos de artrite séptica,
a fagocitose de bactérias. enqu anto estreptococos e bacilos gram- negativos são responsáveis
Logo após a sinóvia ter sido infectada, ela se torna hiperêmica pela outra metade. Infecção poliarticular causad a por S. aureus é
e in filtrada com leucócitos polimorfonucleares que aumentam rapi- extremamente grave em pacientes com a rtrite reumatoide, hemofili a
damente durante os dias segu intes. Histo log icamente, as mudanças ou imunossupressão, e as taxas de mortalidade reportadas são de
na aparência de inflamação aguda para crônica, com um aumento 56%. Achados típicos na artrite séptica aguda, como dor com movi-
nos leucócitos e linfócitos mononucleares, que se tornam as célul as mento passivo, inchaço e eritema, também podem ser difíceis de
inflamatórias predominantes, ocorre por vo lta de 3 semanas. interpretar em pacientes com artrite reumatoide. Os adultos com
A destruição da cartilagem articular, que resulta da degradação lúpus er itematoso têm maior probabilidade de infecção por Salmo-
da matriz superficial, é aparente de 4 a 6 dias após a infecção. A nella. Indivíduos com histórico de uso de drogas injetáveis estão
depleção de matriz superficial, de acordo com Perry, começa cerca predispostos a infecções por gram-negativos, incluindo as causadas
de 2 dias após a inoculação e é causada pela ativação de en zim as a por Pseudomonas.
partir d a resposta inflamatória agud a, a produção de toxinas e de
en zimas por bactérias, e a estimul ação de linfócitos T durante a
resposta imune tardia. Antígenos bacterianos depositados na mem- TRATAMENTO
brana sinovial e toxinas específicas produzidas por bactérias, tais
como entero toxin as estafü ocócicas, estimulam a proliferação de lin- Os princíp ios na conduta da art rite séptica aguda incluem: (1) um a
fóc itos T. À medida que o aumento da concentração de linfócitos T drenagem adequada da a rticulação, (2) anti bióticos para diminuir
degrada a matriz condral, o colágeno é exposto à colagenase e as os efeitos sistêm icos de sepse, e (3) repouso d a articulação em uma
propriedades mecânicas d a carti lage m art ic ul ar são alteradas, posição estável. Drenagem imediata e avali ação do líquido purn-
aumentando a sua suscetibilidade ao desgaste. A destruição com- lento articular são fundamentais para a preservação da cartilagem
pleta da cartilagem articular ocorre em ce rca de 4 se manas. Luxação articul ar e para a resolução da infecção.
ou subluxação da articulação e osteomielite tamb ém podem ocorrer. Se uma articulação é suspeita de estar infectada, a aspiração com
agulha de grosso calibre deve ser feita antes de a terapia com antibió-
ticos ser iniciada. A preparação cuidadosa da pele antes de aspiração
MICROBIOLOGIA é obrigatória e o líquido obtido deve se r enviado imediatamente para
a co loração de G ram, cultura, citometria e análise de cristais. Medir
A id ade é um fator importante na determin ação do agente causador as taxas de sed im entação de eritróc itos ou níveis de proteína e-reativa
da infecção bacteriana. S. aureus é a ca usa principal d e todas as pode ser útil para seguir o curso do tratamento. Tipicamente, a con-
idades, seguid a por estreptococos do grupo A e Enterobacter. Até o tagem de leucócitos no líquido sinovial superior a 50.000/mm 3 indica
desenvolvimento da vacina, Haemophilus influenzae era o principal artrite infecciosa; a contagem de leucócitos de 28.000/ mm 3 ou menos
agente patogênico em lactentes, o que ainda é enco ntrado na litera- têm sido relacionada a infecção, especialmente em pacientes imuno-
tu ra. S. aureus (incluindo cepas resistentes à meticilina) é o age nte compro met idos. Além do número total de leucócitos, a porcentagem
mais comum d e artrite sép tica em recém-nascidos hosp itali zados. de neutró filo s polimorfonucleares superior a 90% indica infecção.
Os catete res intravenosos e a hipe ra lim entação têm sido implicados As culturas podem se r negativas em até 75% dos pacientes com
na transmissão desse organismo. artrite séptica. O uso empí rico de antibi ót icos pode obscurecer resul-
Kingella kingae, um organismo difícil de ident ifi car por cultu- tados. Independentemente disso, o tratamento em crianças deve ser
ras articulares em meios sólidos, pode ser um a causa mais comum agress ivo se um organ ismo causador for identificado ou não.
de artri te séptica do que reconhecido previamente. O tratamento empí ri co com antib iótico é baseado na idade do
Neisseria gonorrhoeae causa cerca de 75% dos casos de artrite paciente e em fatores de ri sco (Tabela 22-2). A terapia empírica com
séptica em jovens adultos saudáveis e sexualm ente ativos, embora antibi ótico deve ser utili zada até que os resultados d a cultura e
um a articu lação verdadeiramente infectada se desenvolva em menos sensibilidade estejam disponíveis, quando o tratamento definitivo é
de 3% dos pacientes. Essa infecção tem uma ap resentação ligeira- ini ciado (Tabela 22-3). Se nenhum organismo é isolado, a terapia
mente diferen te de o utros tipos de artrite infecciosa. M uitas vezes, empírica deve ser continuada. Em gera l, a d ecisão sobre a duração
a infecção é poliarticular e pode ser associada com pápulas. C ulturas da terapia é dei.,xada para o méd ico e depende do tipo de organismo
- PARTE VII INFECÇÕES

'M:iifd 22) . · Terapia Antimicrobiana Empírica _


22 3
Terapia Antimicrobiana
Patógeno-Dirigida
PATÓGENO ANTIMICROBIANO EMPÍRICO
Cocos gram-positivos Vancomicina 15 mg/kg IV PATÓGENO TERAPIA ANTIMICROBIANA
em cachos com fator de 12/12h Staphy/ococcus aureus Nafcilina ou oxacilina 2 g IV
de risco para MRSA ou (sensibilidade à 4/4h x 3 semanas
alergia a ~-lactâmicos meticilina) Cefazolina 2 g IV 8/8h x 3
Cocos gram-positivos Nafcilina ou oxacilina semanas
em cachos, sem fatores de 2 g IV 4/4h Staphy/ococcus aureus Vancomicina 15 mg/kg IV
risco para MRSA (resistente a meticilina 12/12h x 3 semanas
Cocos gram-positivos, sem Cefazolina 2 g IV 8/8h ou alergia a penicilina
fatores de risco para MRSA tipo 1)
Cocos gram-positivos em Penicilina G 12-18 MU/d Staphy/ococcus incluindo Penicilina G 12-18 MU IV dia,
cachos (presumidamente ou ampicilina 2 g IV 4/4h sensibilidade à dose dividida, ou
estreptococos) penicilina de S. ampicilina 2 g IV 4/4h x
Cocos gram -negativos Ceftriaxona 1-2 g IV/IM pneumoniae [CIM 2 semanas
(Neisseria presumível) 12/12-24/24h ou < 4 mg / L])
cefotaxima 2 g IV 8/8h 5. pneumoniae Ceftriaxona 1-2 g IV 12/12h
Bastonetes gram-negativos Ceftazidima 2 g IV 8/8 h (resistente à penicilina) ou cefotaxima 2 g IV 8/8h
ou cefepima 2 g IV 8/8 h se suscetível, ou
vancomicina 15 mg/kg IV
Exame de coloração gram- Cefazolina 2 g IV 8/8h
12/12 h x 2 semanas
-negativo, previamente
saudável, sem fatores de Bacilos entéricos gram- Ceftriaxona 1-2 g IV 12/12h
risco para MRSA -negativos ou cefotaxima 2 g IV 8/8h
x 3 semanas
Exame de coloração gram- Vancomicina 15 mg/kg,
-negativo, paciente IV Gram-negative bacilli Ceftazidima 2 g IV 8/8h ou
institucionalizado ou outros 12/12h, mais ceftazidima (Pseudomonas cefepima 2 g IV 8/8h, mais
fatores de risco para MRSA 2 g IV 8/8h, cefepima aeruginosa) gentamicina or tobramicina
2 g IV 8/8h ou 5 mg/kg IV 24/24h x
piperacilina/ 3 semanas
tazobactam 4,5 g IV 6/6h Bacilos gram-negativos Ciprofloxacino 400 mg IV
Mordida humana, de Ampicilina sulbactam 8/8-12/12h ou 750 mg VO
cachorro ou de gato 1,5-3 g IV 4/4h 12/12h ou levofloxacina
750 mg IV or 750 mg VO
Fatores de risco para Staphylococcus aureus resistente a meticilina : hos- dia x 3 semanas
pitalização recente ou internação domiciliar, hemodiálise, diabetes, uso de
Poli microbiano Ampicilina/sulbactam
medicamentos intravenosos, recente exposição a antibióticos, recente
1,5-3 g IV 4/4h x 3 semanas
reclusão em prisão, infecção recente em partes moles do paciente ou em
Clindamicina 600 mg IV
contato próximo. MRSA adquirida em comunidade muitas vezes ocorre
sem fatores de risco preexistentes. Dados da Nuermberger E: Septic arthritis 6/6-8/8h x 3 3 semanas
community acquired. Disponível em http://hopkins-abxguide.org. mais ciprofloxacino 400
mg IV ou 750 mg VO
12/12h ou levofloxacina
infectante, do estado do doente, e da resposta à terapia. As infecções 750 mg IVou 750 mg VO
causadas por H. influenzae tipo b, Neisseria, ou Streptococcus geral- dia x 3 semanas
mente respondem rapidamente à administração antib acteriana Etiologia gram-positiva e Vancomicina 15 mg/kg IV
apropr iada e a duração da terapia pode ser breve ( <2 semanas). No alergia a penicilina 12/12h x 3 semanas
en tanto, as in fecções ca usadas por estafil ococos e bacilos gram - tipo 1
-negativos respondem de forma mais len ta, muitas vezes necessi- CIM, Concentração inibitória mínima .
tando de 4 a 6 semanas de tratamento. É necessário um período mais Dados da Nuermberger E: Septic arthritis community acquired. Disponível
longo de tratamento se o quadril ou o ombro é envolvido, se o em http://hopkins-abxguide.org.
paciente é imunocomprometido, ou se a resposta ao tratamento foi
fraca . Em geral, se achado s laboratoriais não melhoram após o tra-
tamento, a avaliação por um infectologista é justificada. Acreditamos que, se o diagnóstico é feito cedo e articulação envol-
Embora algumas dúvidas sobre os efeitos benéficos da drena- vi da é superficial, como o cotovelo ou tornozelo, a aspiração deve ser
gem no início de uma articulação infectada permaneçam, a contro - realizada e repetida, se necessário. Antibióticos adequados devem ser
vérs ia continua sobre as vantagens de drenagem cirúrgica abe rta, administrados e a articulação deve ser imobilizada com tala em posição
drenagem artroscópica, e múltiplas aspirações. Excelentes resultados de função. O paciente deve ser reavaliado para diminuição da dor,
foram relatados com todos os três métodos. Comparações clínicas inchaço e temperatura e para a melhoria da mobilidade articular. As
de asp iração co m artroscopia ou artrotomia são inconclusivas. infecções causadas por organismos menos virulentos geralmente res-
Exceto para a artrite gonocócica, que geralmente pode ser tratada pondem pronta.mente ao tratamento. Se a resposta não é favorável e a
eficazmente com antibióticos, a drenagem deve ser realizada para repetição da aspiração não mostra uma redução no número de leucó-
todas as outras artrites infecciosas. citos sinoviais dentro de 24 a 48 horas, é necessário fazer a drenage m
CAPÍTULO 22 ARTR ITE INFECCIOSA

cirúrgica aberta. Se o material purulento está situado profundamente


em uma articulação, como no ombro ou no quadril, a drenagem cirúr-
gica aberta deve ser feita. A drenagem artroscópica é uma boa alterna-
tiva em relação à aberta em muitos casos, especialmente para as
infecções que envolvem o joelho, cotovelo, ombro ou tornozelo.
Enquanto a infecção é resolvida, a fisioterapia para restaurar a
fi.mção articular normal é iniciada, incluindo imobilização fi.mcional para
evitar deformidade inicialmente, fortalecimento muscular isométrico e
exercícios ativos de amplitude de movimento. Os pacientes em trata-
mento para artrite infecciosa muitas vezes têm diferentes graus de defor-
midade, e o tratamento com tração, órteses dinâmicas, gessos seriados e
exercícios passivos pode ser útil. Na fase residual, caso a infecção tenha
passado completamente mas a articulação ou articulações envolvidas são
permaneçam com deformidade ou limitação de movimento, então o
tratamento é direcionado para a correção e recuperação füncional.
Contudo, a possibilidade de reativação da infecção deve ser considerada
quando for necessário realizar qualquer procedimento nesta fase.

ARTICULAÇÕES TARSAIS
A artrite séptica primária das articulações tarsais é rara. Uma infec-
ção não controlada nas artic ul ações tarsais requer ampla drenagem
cir úrgica.

DRENAGEM CIRÚRGICA DAS


ARTICULAÇÕES TARSAIS

------~
l§[§i!;füfl19 Aspiração de tornozelo, vista anterolateral.
TÉCNICA
•Faça uma incisão longitud in al medial ou latera l de 5 a 7,5
cm de comp rim ento. DRENAGEM ANTEROLATERAL DO
•Aprofunde a incisão até as cápsulas articu lares, e as abra
amplamente. TORNOZELO

-----~
•Colete material apropriado pa ra a coloração de Gram e
culturas, e evacue o pus por irrigação com soro fisiológico
TÉCNICA
abundante. •Faça uma incisão de 5 a 7,5 cm de comprimento sobre a
•Feche a ferida frouxamente sobre drenas. articu lação e a uma distância entre 1,3 e 2,5 cm anterior
ao maléolo latera l.
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO Uma tala de gesso pos- •Aprofunde a dissecção através da fáscia im ed iatamente
terior é ap licado com o pé em posição neutra e o tornozelo lateral à ba inh a dos tendões extensores e do tendão
em 90 graus. A tala é usada até que a feri da tenha cica-
fibular terceiro.
tri zado; então descarga de peso é iniciada gradualmente. •Faça uma incisão longitudinal na cápsula articular.

TORNOZELO O acesso posterolateral se mostrou mai s seguro e mais eficaz


do que qualquer outro acesso.
ASPIRAÇÃO

O edema ao redor do tornozelo muitas vezes torna a flutuaç ão difícil DRENAGEM POSTEROLATERAL DO
de localizar. Para evitar a lesão de estruturas importantes, a agulha TORNOZELO
é inserida 2,5 cm proximalmente e 1,3 cm anteriormente à ponta do

-------~
maléolo lateral. Este ponto é imedi atamente lateral ao tendão fibu lar TÉCNICA
terceiro (Fig. 22- 1).
• Mantenha o pé em dorsiflexão. Isso tende a obliterar o
compartimento anterior e amp liar o compartimento pos-
DRENAGEM terior; consequenteme nte, o material puru lento pode ser
evacuado mais profundamente.
O tornozelo pode ser drenado através de qualquer um dos seguintes •Comece a incisão 5 cm proximalmente à pon ta do maléo lo
acessos: anterolateral, anteromedia l, posterolateral, e posteromedial lateral, e lateralmen te ao tendão de Aqu il es. Estenda a )
(Fi gs. 1-30 e 1-31).
Et PARTE VII INFEC ÇÕ ES

in cisão distalmente até o ca lcâ neo, e curve-a ao longo da


)
borda superi or do osso por 2, 5 cm.
• Afaste o nervo sura l e a veia safena parva lateralmente.
Pressione a grossa camad a de tecido adiposo sobre a
parte posterior da cápsula distalmente co ntra a articula-
ção subtalar para proteger essa arti cu lação.
•Recolha os tendões fibul ares lateralmente, e faça uma
incisão na articulação proximal ao bri lhante e em forma
de cabo li gamento posterior t alofibular.
•C ertifiqu e-se de fazer a incisão da cápsula posterior sob
visão direta. Esse acesso t ambém é excelente para a dre-
nagem da articu lação subtalar.

DRENAGEM ANTEROMEDIAL DO

-
TORNOZELO
TÉCNICA
•Faça uma incisão de 7,5 cm de comprimento na face
~
anterior do tornozelo paralelamente à borda media l do O[ijil@m. Asp iração do joe lho, vista anteroposterior.
tend ão tibia l anterior.
•Aprofunde a dissecção diretamente para dentro da
cápsu la articular. ASPIRAÇÃO
•N ão atinj a as bainhas dos tendões.
Por ser uma articul ação superficial, o joelho pode ser fac ilmente
aspirado. A agulha é inserida no lado lateral ao nível do polo supe -
rior da patela. Ela é avançada através do retináculo lateral e para
dentro da articulação (Fig. 22-2).

DRENAGEM POSTEROMEDIAL DO
TORNOZELO DRENAGEM

------~
TÉCNICA Na art rite séptica aguda, geralmente a artrotomia anteromedial ou
drenagem artroscópica e tratamento com antibióti cos são adequa-
•Faça uma incisão de 7,5 a 1O cm de comprimento medial dos. Em casos mais difíceis, podem se r utili zadas as abordagens
e paralelamente ao tendão de Aquiles. seguintes. Se o compartimento posterior do joelho esta distendido
• Afaste o tend ão flexor longo do hálux e o fei xe neuro- e um abscesso poplíteo es tá bem estabelecido, incisões paralelas
vascul ar media imente . anteriores combinadas com incisões posterolaterais e posterome-
•Continue a dissecção até a cápsula articul ar do tornozelo. diais (Henderson) geralmente são as melhores. Se possível, a drena-
Incise a cápsula. Se a dissecção for mantida latera lmente ao gem posterior deve se r evi tada, porque a infecção pode disseminar-se
tend ão fl exor longo do hálux, o nervo, vasos e tendões que através dos planos fasciais da coxa e perna. Quando a flutuação
se encontram posterior ao ma léolo medial serão evitados. indica urn a bolsa de pus no compartimento posterior da articulação
qu e não tenha sido (ou qu e não possa ser) drenada de maneira efica z
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a cápsula ter sido por meio de incisões de Henderson, é necessária a drenagem poste-
aberta por qualquer um dos métodos anteriores, a ferida rior. O compartimento posterior pode se r dividido por um septo
é suturada de maneira frou xa sobre drenas. Uma ta la mediano em compartimentos medial e lateral. Estes podem ser dre-
posterior é ap licada com o pé em posição neutra e o nados de forma eficaz pelos acessos de Klein ou Kelikian (ambos
torn ozelo em 90 graus. A tala é usada até que a ferida descritos subsequentemente) . O acesso da linha média posterior não
ten ha cicatrizado; em seg uida, descarga de peso e exer- deve ser usado para drenar um joelho in fectado porque expõe os
cícios ativos de amplitude de movimento são gradual- vasos poplíteos ao pus e à pressão do dreno e cria um a cicatriz
mente iniciados. potencialmente contraturável através da articulação.

DRENAGEM ARTROSCÓPICA
JOELHO
A drenagem artroscópica é o tratamento preferido para a artrite
A incidência de infecções bacterianas em grandes articulações é de séptica agud a do joelho em ad ultos. Vários estudos relataram bons
2 em 100.000 por ano. A articulação do joelho é a mais frequente- resultados com essa téc nica, que combina as vantagens e evita as
men te afe tad a. desvantagens das aspirações com agulh a e por artrotomia. Com a
CAPÍTULO 22 ARTR ITE INFECCIOSA

artroscopia, o material purulento pode ser removido e a articulação


pode ser irrigada. A cartilagem articular pode ser inspecionada e •Quando este acesso é utilizado para a drenagem, os
!oculações ou aderências podem ser removidas com o artroscópio. pacientes devem passar a ma ior parte do seu tempo na
Uma sinovectomia parcial pode ser realizada, se necessário. Os posição prona para drenagem adequada, ou eles devem
drenas podem ser colocados dentro da articu lação através dos locais ser autorizados a realizar amplitude de movimento ativa
do portal para drenagem ou por um sistema de drenagem por aspi- do joelho precoce ou movimento passivo contínuo.
ração contínua. A artroscopia também tem a vantagem de permitir
amplitude de movimento e reabilitação da articulação do joelho
mais precocemente em comparação com a artrotomia.

DRENAGEM ARTROSCÓPICA DRENAGEM POSTEROLATERAL E


POSTEROMEDIAL DO JOELHO
DO JOELHO
~
~ TÉCNICA --~~~~~~---'~
TÉCNICA
------~--__,,~ (HENDERSON)
•Após a preparação estéril do joelho, com o paciente sob
anestesia geral ou regional, inserir uma cânula de inflow •Com o joelho flexionado, faça uma incisão de 7,5 cm de
de grosso cal ibre na bolsa suprapatelar (Fig. 22-3A). comprimento no aspecto posterolateral do joelho bem
•Coloque o artroscóp io através de um portal anterolateral anterior à cabeça da fíbu la e tendão do bíceps. Esse
padrão, e irrigue a articu lação com soro fisiológico ou de acesso evita o nervo fibular, que é paralelo à borda pos-
Ringer lactato (de preferência solução de Neosporin G.U ®) teromedial do tendão do bíceps e passa ao redor do colo
até que o fluido que sai da articu lação esteja lim po. da fíbula. Continu e a incisão através do trato iliotibial até
•Inspecione a articu lação para qualquer evidência de detri- a cápsula articu lar.
tos fibrinosos ou !ocu lações e observe a condição da •Faça uma incisão na cápsula e entre na parte lateral do
cartilagem articu lar. compartimento posterior do joelho (Fig. 1-47)
•Use outros portais para desbridamento e irrigação, se •Faça uma incisão simi lar posteromedial anteri ormente
necessário. aos tendões relaxados dos músculos semimembranoso,
•Após a articu lação ter sid o inspecionada visualmente e sem itendinoso, sartório e grácil (Fig . 1-48).
desbridada, continue a irri gação. •Prolongue a dissecção profundamente através da cápsu la
•Após o artroscópio ter sido removido, insira um pequeno para a parte medial do compartimento posterior. Esta
dreno através da cam isa do artroscópio (Fig . 22 -3B) e incisão capsula r long itudinal é feita im ed iatam ente pos-
remova a camisa enquanto o dreno é mantido no seu terior ao ligamento colatera l t ibi al.
lugar (Fig. 22 -3 C).
•Coloque uma tala no joelho em posição funcional.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um programa de exer-


O acesso de Klein ao aspecto posteromedial da articulação
cícios ativos começando com elevação da perna reta e
tem a vantagem no fato de que as bursas entre o tendão semi-
ativação do quadríceps é iniciado imed iatamente após a
rnembranoso e a cabeça medial do músculo gastrocnêmio se
cirurgia. Ganho ativo de ampl itude de movimento é iniciado
comunicam frequentemente com a articu lação do joelho. Conse-
assim que o paciente está confortável, gera lmente 24
quentemente, uma incisão nessas bursas muitas vezes leva direta-
horas após artrotom ia anteromed ial ou drenagem artros-
mente à articu lação.
cópica . Os drenas, se presentes, são removidos em 24 a 48
horas após a cirurgia. A imobilização funciona l é mantida
durante 1 semana, exceto para os períodos de exercício.
DRENAGEM POSTEROMEDIAL DO
JOELHO

-----"'~
DRENAGEM ANTERIOR DO JOELHO TÉCNICA

-------'~
TÉCNICA (KLEIN)

•Faça incisões para lelas anteriores de 7 ,5 a 1O cm de •Com o joelho levemente fletido, faça uma incisão longi-
comprimento de cada lado da patela e suficientemente tudinal de 1O cm de comprimento centrada sobre a arti-
media l e lateral em relação ao tendão patelar. culação do joelho e local izada imediatamente lateral ao
•Incise a cápsula e a membrana sinovial, cuidadosamente tendão sem imembranoso.
evacue o material purulento, e interrompa quaisquer •Incise a fáscia superficial e exponha os tendões dos
!oculações ou adesões. Use irrigação com soro fisiológico isquiotibiais mediais.
abundante. •Identifique o intervalo entre o gastrocnêmio e o semi-
•Deixe a sinóvia aberta, mas feche frouxamente a cápsula membranoso, e siga o gastrocnêmio proximalmente até
e a pele sobre drenas. Utilize suturas monofilamentares sua inserção no cônd ilo femoral medial.
absorvíveis para fechar a cápsula. •Exponha e incise a cápsula neste intervalo.
PARTE VII INFECÇÕES

H@lhfflf119 Irrigação artroscópica do joelho séptico. A,


Cânula é inserida na bolsa suprapatelar para fluxo de saída,
e o joelho é irrigado através da camisa do artroscópio. B,
Pequeno dreno de sucção é inserido através da camisa do
e artroscópio. C, A camisa é removida enquanto o dreno é
mantido no local. VEJA A TÉCNICA 22-6.

longitud inal de 7,5 a 10 cm de comprimento ao longo


DRENAGEM POSTEROMEDIAL
do tendão do bíceps femoral.
E POSTEROLATERAL •Incise a fáscia profunda latera l e anteriormente a este
DO JOELHO tendão, e libere o tendão da cabeça da fíbula . Também

TÉCNICA
(KELIKIAN)
mm ~
libere o tendão poplíteo de sua inserção no cônd il o
femoral lateral.
• Suture as extremidades livres de ambos os tendões à
fáscia profunda (Fig. 22-4B)
•Faça uma janela na cápsula articular, e remova uma cunha
•Faça uma incisão longitudinal posterior de 7,5 a 10 cm do menisco lateral.
de comprimento centrada sobre a articulação e o tendão • Kelikian orienta que drenos não sejam usados, mas sim
sem imembranoso. que tração esquelética seja ap licada para separar as
•Desenvolva o intervalo entre este tendão e a cabeça superfícies articulares.
medial do músculo gastrocnêm io.
• Seccione o semi membranoso e sutu re sua extremidade
proximal à fáscia profunda (Fi g. 22 -4A)
•Faça uma janela generosa na cápsula articu lar e seccione QUADRIL
o corno posterior do menisco medial.
• Se o compartimento posterior for dividido por um septo A artrite séptica aguda do quadril é uma doença mais grave em crian-
mediano e a drenagem completa for impossível através ças do que em adultos, e complicações graves são muito mais comuns
da incisão posteromedial, ou se apenas a drenagem do em crianças. Em muitos casos, a infecção começa em primeiro lugar
compartimento lateral for desejada, faça uma incisão na metáfise ou epífise e é transportada para dentro da articulação.
Como resultado da circulação peculiar da cabeça femoral, um quadril
CAPÍTULO 22 ARTR ITE INFECCIOSA

Ligamento
colateral
fibular-~--=-~

Músculo Tendão
gastrocnêmio -------fi'~"'11 lllR poplíteo - -----i';,,=-

semimembranoso

A B

h!§ll;Hf!19 A, Acesso de Kelikian para drenar a metade medial do compartimento posterior do joelho. Tendão semi membranoso
foi seccionado e sua extremidade proximal foi sut urada à fáscia profunda. Foi feita uma janela na cápsula, e o corno posterior do
menisco medial foi excisado. B, Acesso de Kelikian para drenar a metade lateral do compartimento posterior do joelho. A incisão foi
feita medial ao tendão do bíceps femoral para proteger o nervo fibular comum . O tendão do bíceps foi seccionado na sua inserção, o
tendão poplíteo foi liberado de sua origem, e as extremidades livres dos tendões foram suturadas à fáscia profunda. Foi feita uma
janela, e uma cunha do menisco lateral foi excisada. VEJA A TÉCNICA 22-10.

séptico coloca a cabeça femoral em alto ri sco para a osteonecrose.


A separação epifisária também foi relatada como uma complicação
da artrite séptica do quadril em crianças. Se um quadril séptico não
fo r diagnosticado em uma crian ça, luxação patológica pode ocorrer.
Depois qu e um qu adril infectado em um bebê ou criança foi drenado
ci rurgicame nte, o quadril deve ser mantido em abdução para red uzir
o risco de luxação patológica. A ar trite séptica bilateral é vista com
mais frequência no quadril do que em outras articulações e, ocasio-
nalmente, está associada co m infecção da coluna vertebral.

ASPIRAÇÃO

Um acesso lateral, anterior ou medi al pode ser usado para asp irar a
articul ação do quadril. O uso do intensificador da imagem torna a
colocação da agulh a mais certeira. Se o fluido não puder ser aspi-
rado, uma artrografia deve ser fe ita para verificar a posição da
agu lha. Por vezes, o pus não pode ser aspirado, apesa r de m ais tarde
sua presença ser comprovada por dren agem aberta. Nessas circuns-
tâncias, o quadril deve ser explorado se os sintom as locais e sistê-
mi cos não puderem ser controlados.

ASPIRAÇÃO LATERAL DO QUADRIL


TÉCNICA mm.,,____
•Insira a agu lha em um ângulo de 45 graus com a super-
__.~ H@ihfüf!m
TÉCNICA 22-11.
A aspiração do quadril, dois acessos. VEJA A

fície da coxa imediatamente inferior e anterior ao tro-


cânter maior (Fig. 22 -5).
•Ava nce a agulha medial e proxi malmente junto do osso
por 5 a 1O cm, dependendo do tamanho do paciente, e
para dentro da articulação.
. , PARTE VII INFECÇÕES

ASPIRAÇÃO ANTERIOR DO QUADRIL DRENAGEM POSTERIOR DO QUADRIL


~ ~
TÉCNICA TÉCNICA ;__,~~~~~~~--~
~~~~~~~~___,~
• Palpe a artéria femoral em linha com o ligamento inguinal. (OBER)
•Insira a agulha de 2,5 cm latera lmente e 2,5 cm distal-
mente a este ponto com um ângu lo de 45 graus com a •Faça uma incisão oblíqua em linha com o colo do fêmur
superfície da pele. estendendo-se do t rocãnter maior em direção à espinha
•Avance a agulha de 5 a 7,5 cm medial e proximalmente ilíaca posterossuperior (Fig . 1-76).
para dentro da articulação. •Divida o músculo do glúteo máximo de acordo com as
suas fibras, ligando ram os dos vasos glúteos inferiores
quando encontrados.
•Identifique e proteja o nervo ciático no ângulo medial da

-
ASPIRAÇÃO MEDIAL DO QUADRIL incisão.
• Divida os rotadores externos do quadril em suas inserções

~
no t rocãnter maior. A proteção do quadrado femoral é
TÉCNICA
cru cial, pois contém a vascularização para a cabeça femoral.
•Flexione e abduza a perna; esta é gera lm ente uma posição •Incise a cápsula, de preferência na sua inserção pélvica,
mais confortável para os pacientes com artrite séptica para proteger o fornecimento de sangue à cabeça do
•Col oq ue a agu lha inferiormente ao tendão adutor longo fêmur.
e, usando um intensificador de imagens, avance-a em um •Lave abunda ntemente a articulação com soro f isiológico
plano aba ixo da artéria femoral palpada até que a cabeça para remover o pus completamente.
ou o colo femoral seja atingido (Fig . 22-6) •Deixe a cápsu la aberta, mas feche a pele frouxamente
•Aspire a articulação. sobre os drenos.

DRENAGEM DRENAGEM ANTERIOR DO QUADRIL


TÉCNICA ~
A drenagem do quadril pode ser realizada através de acesso poste- ---~~~~~~--'~
rior, medial, lateral ou anterior. O acesso anterior é preferido em
•Faça uma incisão vertica l começando cerca de 1 cm
crianças pequenas por vá ri as razões: (1) o dano ao principal forne-
abaixo da espinha il íaca anterossuperior prosseguindo
cimento de sangue para a cabeça do fêmur é evitado, (2) a possibi-
inferiorm ente.
lidade de luxação pós-operatória é reduzida, e (3) as referências para
•Exponha mediaimente o músculo sartório e latera lmente
o tratamento cirúrgico são muito mais claras em uma criança
os músculos tensor da fáscia lata e vasto lateral. Use
pequena. Em um adu lto, o acesso posterior permite drenagem gra-
dissecção romba para sepa rar esses músculos.
vitacional e é um acesso mais fami liar para a maioria dos cirurgiões
•Identifique a borda lateral do reto femoral e afaste este
ortopéd icos.
músculo mediaimente (Fig . 22-7); Isto expõe a cápsu la da
articu lação do quadril.
• Faça uma incisão na cápsula, evacue o pus, e irrigue a
articu lação com soro fisiológico.
•Deixe a cápsu la aberta, mas feche a pele frouxamente
Músculo adutor longo sobre os drenos.
•Se for necessária uma expos ição mais amp la, estenda a
incisão na pele proximalmente na crista ilíaca e subperi os-
tealmente destaque as origens dos músculos tensor da
fáscia lata e glúteos do ílio.
•Proteja o nervo cutâneo femora l lateral proxima lmente e
os ramos da artéria circunflexa femoral lateral distal-
mente, se possível.

DRENAGEM LATERAL DO QUADRIL


~
TÉCNICA ~~~~~~~~___.~
•Faça uma incisão longitud inal de 7,5 a 12,5 cm de com-
primento para lela à borda anterior do trocânter maior.
0!§11zjf!J9 Aspiração de quadril, acesso medial. VEJA A • Incise o tensor da fáscia lata, expondo o vasto latera l.
TÉCNICA 22-13.
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFECCIOSA &Ili

- - Espi nha ilíaca


anterossuperior

·11.~~,.=>-;,---- Músculo reto


femoral
,~;;-->-.------Músculo

Tensor
da fáscia
lata --'-----'"---=~~,--

O@lhb'm. Acesso anterior ao quadril séptico (veja o texto). VEJA A TÉCNICA 22-15.

•Libere a porção anterior do músculo vasto latera l e afaste a fe rida tenha cicatrizado e o paciente possa con trolar a
os múscu los abdutores proximalmente para ganhar acesso perna (i.e., pode elevar o membro da cama con tra a
à cápsu la anterior do quadril. gravidade). É autorizada descarga de peso com proteção
•Incise a cápsula, evacue o pus, e irrigue a articulação com por mu letas, e exercícios ativos de amplitude de movi-
soro f isiológ ico. mento são iniciados.
• Feche a pele frouxamente sob re drenas.

• DRENAGEM ARTROSCÓPICA
Drenagem artroscópica para artrite séptica agud a do quadril é rela -
DRENAGEM MEDIAL DO QUADRIL tada. Algun s estud os pequenos têm mostrado resultados bons e
excelentes com essa técnica. Nós não temos nenhuma experiência
~
TÉCNICA com essa técnica em n ossa instituição e preferimos a drenagem
1

'----------~ aberta de para a artr ite séptica aguda do quadril.


(LUDLOFF)

•Faça uma in cisão long itudinal de 7,5 a 1O cm de co mpri- COMPLICAÇÕES DA ARTRITE SÉPTICA
mento na face medial da coxa proximal e exponha o quarto AGUDA DO QUADRIL
proximal dos múscu los gráci l e ad utor longo (Fig. 1-79).
•Disseque de maneira romba posteriormente aos múscu los
• LUXAÇÃO PATOLÓGICA
adutor longo e pectíneo até a cavidade do abscesso, que
se comunica com a arti cu lação do quadril por trás do A luxação patológica do quadril ocorre predominantemente em
músculo il iopsoas. crianças e é rara em adu ltos. Quando a luxação é reconhecida antes
•Evacue o pus e irrigue a ferida com soro fis iológico. que tenha ocorrido contratura grave de partes moles, a redução é
•Feche a pele frouxamente sobre drenas. conseguida fac ilmente no momento da drenagem e pode resultar em
função satisfatór ia (F ig. 22-8). No entanto, se a cabeça do fêmur foi
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Crianças geralmente são danificada pela in fecção, a tração esquelética deve ser aplicada através
mais bem t ratadas após a cirurgia com gesso pe lvipodá- do fêm ur distal e mantida até que a cabeça femoral esteja no nível do
lico com a extrem id ade afetada em abdu ção mode- acetábulo. A lLL'\'.ação é reduzida pela abdução e rotação suave; a mani-
rada. Jane las aprop iadas são fe itas no gesso para a pulação antes de o fêmur ser deslocado distalmente não deve ser
inspeção e cuidados com a fe ri da Crianças mais velhas tentada porque a cabeça ou colo do fêmur podem ser fraturados. Após
e adu ltos são restritos ao leito em tra ção de Buck até que a luxação ter sido reduzida, o quadril é imobilizado com gesso até que
ele esteja estável o u até que anqu il ose fibrosa ou óssea se desenvolva.
1111!!) PARTE VII INFECÇÕES

• OSTEOMIELITE cabeça pode ser totalmente reabsorvid a (Fig. 22-9) ou pode ser
Quando a infecção se limita à articulação, a drenagem precoce e subst itu ída por um novo osso após a sua circulação ser restaurada.
terapia antib iótica adequada devem prevenir osteomielite do fêmur Cria nças mais velh as e ad ultos normalmente permanecem como um
proximal. No entanto, se a osteomielite resultar em sequestro da sequestro infectado que requer ressecção. Qualquer urn a das técni-
cabeça femoral em crianças com menos de 12 anos de idade, a cas descritas para a drenagem do quadril pode ser ut ili zada, mas o
acesso anterior proporciona uma m elhor expos ição da art irnl ação.
Em crianças, a osteomielite d o ílio pod e comp li car urna artrite
séptica agud a do quadril o u infecção articula r pode se r secundária
a um a in fecção óssea; nestes casos, a articulação d o quadril e o íli o
requerem drenagem. Em adultos, a osteomielite do íli o é uma com-
plicação menos com um, mas o comprometimento d a circulação da
cabeça femoral pode levar à fratura patológica do colo e ao seq uestro
da cabeça femoral.

• ABSCESSO PÉLVICO
O abscesso pélvico complicando a artrite sépt ica aguda do quadri l
é ca usado por infecção supurativa dos gângli os linfáticos ilíacos ou
por d ifusão a partir da articulação p ara a bainha do iliopsoas, a qual
pode se com uni ca r com a articulação. O abscesso é retroperitonea l
e tende a gravitar ao longo do músc ulo iliopsoas abaixo do li ga-
mento in guin al, eventu almente apontando na coxa medial. Em
grandes abscessos, o pus pode seguir proximalmente ao longo do
ili opsoas e aponta r proximalmente à crista ilíaca poste ri or. A RM
pode aj uda r a locali zar e determinar a verd adeira extensão do envol-
vimento do psoas. M uitas vezes isso pode ser drenado por aspiração
guiada por TC.
Fre ib e rg e Perlm an aco nselham drenar abscessos pélvicos
conforme descrito a seg uir. Quan do os abscessos apontam para
a coxa medial, um a in cisão de Ludloff é fe ita (F ig. 1-79). Por
dissecção romba entre os mú sc ulo s adutor longo e breve, o
abscesso é en co ntrado anter ior ou posteriormente ao músculo
pectíneo. Quando o abscesso aponta sub cuta neamente a nt er io r
O@IJ@if!1!9 Aspecto de quadril 21 anos após luxa ção pato- ao pectíneo, a incisão pode ser feita diretamente sobre ele, mas é
lógica e tratamento da artrite séptica. O espaço articular é ligei- preciso ter rnidado para evitar ferir os vasos e nervo femorais.
ramente estreitado, e o acetábulo e a cabeça femoral estão Drena r acima do ligamento inguin al não é aco nselh ável porque
ligeiramente incongruentes, mas raramente o resultado é tão pode resultar um a fístula fecal, e o abscesso pode não ser co mpl eta-
satisfatório. Normalmente, é mais satisfatório do que o mostrado mente evacuado. Se o abscesso aponta proximal à crista ilíaca pos-
na Figura 22-9. terior, a incisão é feita paralelamente à crista e im ed ia tame nte

lij@IJ;hi fDi) Lu xação patoló-


gica do quadril. A, Sequestro
precoce da epífise, demonstrado


pelo aumento aparente na densi-
dade. B, Após 16 meses, note a
reabsorção da epífise e parte do
A
co lo.
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFECCIOSA Glll
proximal a ele. Os músculos abdominais são destacados a partir
da crista, e o abscesso é aberto por dissecação romba. Qualquer
artrite séptica assoc iada do quadril é drenada através de um
acesso posterior (Fig. 1-78).

• INFECÇÃO PERSISTENTE
--
A infecção persistente ao redor do quadril, embora rara, é difícil
de tratar. Gera lmente, a cicatrização é extensa e os seios de
drenagem se estabelecem. Muitas vezes, os seios ficam bloquea -
dos, causando abscessos recorrentes. A menos que uma cirurg ia
agress iva seja feita, resultará em infecção crônica e sequelas.
Girdlestone descreveu uma cirurgia radical para a infecção
crônica piogênica ao redor do quadril. Nessa cirurgia, a área
infectada em torno do quadril é quase completamente sauceri-
zada. Além da ressecção de todo o osso infectado, uma massa de
músculo é ressecada para assegurar a drenagem. Essa cirurgia
poderá resultar em um a pseudoartrose quas e inútil ou anqui lose.
Resulta ainda em en curtamento acentuado da extremidade
afetada. Por essas razões, tal cirurgia é um último recurso. Antes
da cirurgia, fistulografias devem ser feita s e terapia antibiótica ;
;
;
adequada deve ser iniciada. Quantidad es adequadas de sangue ;
;,.. ............
devem estar disponíveis durante a cirurgia. ; .........

RESSECÇÃO DO QUADRIL

------~
TÉCNICA
(GIRDLESTONE)

•C omece uma incisão transversal posterior de 2,5 cm distal B


à esp inha ilíaca anteriossuperio r e estenda-a latera lmente
até que o centro da incisão seja de cerca de 2,5 cm pro-
xima l ao trocânter maior (Fi g. 22-1 O)
•Afaste as bordas da pele e expon ha a fáscia que cobre o
glúteo médio e uma parte do glúteo máximo. e
•Faça duas incisões profundas em linha com as bordas da
incisão na pele afastada. Na incisão proximal, incise os
glúteos até o ílio imed iatamente proximal ao acetábu lo; na H@il;@f!ID Ressecção de Girdlestone de quadril para infec-
incisão distal, exponha o aspecto lateral do trocânter ma ior. ção crôn ica ou profunda persistente. A, Linha de incisão. B, Linhas
• Com um osteótomo apontado proximal e obliquamente tracejadas representam a quantidade de osso a ser ressecada. C,
para o aspecto superior da base do co lo do fêmur, resse- Procedimento concluído. VEJA A TÉCNICA 22-18.
que o trocânter maior e remova-o com a massa incisada
dos músculos glúteos.
•In cise a cápsu la e expon ha a cabeça e co lo do fêmu r e o
•Coloque do is ou três drenas e preencha a cavidade frou-
rebordo acetabu lar.
xamente com gaze vaselin ada.
•N ão resseque a cabeça do fêmur se não estiver necrótica
ou se o quadril estiver anqu ilosado . Caso contrário, separe
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O quadril é imobilizado
o colo femoral e a borda acetabu lar femoral e remova a
com gesso ou com tração em 20 a 30 graus de flexão.
cabeça e o colo do fêmur.
De acordo com Girdlestone, é especialm ente importa nte
• Curete todos os ossos necrosados e infecta dos do acetá -
que o deslocamento proximal do fêmur sej a evitado;
bulo e ílio. Certifique-se de que qualquer abscesso intra-
caso contrá rio, a finalidade da operação (saucerização
pélvico seja drenado adequadamente, e deixe apenas as
da área) seria im ped ida e a drenagem do acetábulo,
superfícies vascu larizadas do osso esponjoso.
bloqueada.
•Avance parcialmente as abas de pele sobre o músculo
saudável no fechamento.
• Se fo r encontrado um abscesso que se estenda do tro-
Klein et ai. descreveram urna técnica para o tratamento da
cãnter menor à região dos aduto res, faça outra in cisão
infecção crônica do quadril em pacientes paraplégicos, que consiste
na face medial da coxa proximal e resseque o suficiente
em três medidas distintas de controlar a infecção, por: (1) um pro-
dos músculos pectíneo, adutor longo e adutor cu rto pa ra
cedimento Girdlestone, (2) transposição do músculo vasto lateral
fornecer livre drenagem.
para o vazio deixado pela remoção da cabeça e colo do fêmur e da
lllZD PARTE VII INFECÇÕ ES

parede do acetábulo e (3) fixação externa para impedir o movimento


dese nfreado da di álise femoral, qu e pode danifi ca r o múscul o trans-
posto. O fixa dor ex terno abrange a articulação do qu adril co m um a
armação pélvico-femoral posterior.

ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
Artrite sé ptica agud a da articul ação sacroilíaca é incomu m, m as
não rara. Os pacientes têm do r nas nádegas e geralmente também
na lomb ar, na coxa e no ab dome. A compressão ilíaca e os testes
de Patri ck e Gae nslen indu ze m dor na arti cul ação sacro ilíaca
envolvida. Radi ografi as de ro tin a geralm ente são norm ais. Cin ti-
lografi as co m tecnécio-99 m e gálio-67 ge ralmente m os tra m o
aum ento da atividade, m as o estud o de diag nóstico m ais se nsível
é a T C. Ressonância m ag néti ca (RM) também pode se r útil.
M iskew, Block, e Witt publica ram um a técnica para aspiração na
articul ação qu e obteve sucesso no materi al de di agnóstico em sete
dos o ito pacie ntes . Uma agulha de calibre 18 ver tebral é int ro du -
zida na linha médi a ao níve l da articulação sacroilíaca a um ângul o
de 45 graus com o plano transve rsal e um ângulo de 30 graus com
o plano sagital. A agulha é passada lateral e distalmente a esses
ângulos e um intensificador de imagens é usado para gui á-la nas
articul ações sac roilíacas a 0,5 cm d a sua marge m mais inferi or. A
maioria do s pacientes relatados teve boa resposta ao tratamento
com antibióticos apropriados. Os pacie ntes que desenvolvem abs- O!§lhb'fllll Aspiração de ombro.
cesso requerem drenage m aberta . A osteo m ielite do sacro ou ílio
adj ace nte é uma co mplicação co mum .

COLUNA
ASPIRAÇÃO
Infecções da coluna vertebra l são discutid as no Capítulo 43 .
O ombro pode ser aspirado anterior, posteri o r, ou lateralm ente.
Por ca usa da área flutu ante geralm ente se r palpável anteri o r-
ARTICULAÇÕES mente, e os marcos ósseos poderem se r identi fica do s m ais fac il-
ESTERNOCLAVICULAR E mente (F ig. 22- 11), a agulha é aí inse rida com mais freq uência.
O loca l da aspiração es tá locali zado a meia di stân cia entre o
ACROMIOCLAVICULAR processo coracoide e a bord a ante rolateral do ac rômi o. A ag ulha
é dirigida pos teriorm ente por meio d a cápsul a articular e a arti-
Geralmente as articulações este rnoclavicul ar e acromi oclav icular culação é as pirada.
são afetadas somente qu ando a artrite séptica ag ud a envolve outras
articul ações ou em viciados em heroína, cujo organism o causador
agora é predominantemente o S. aureus. As in fecções por Pseudo- DRENAGEM
monas aeruginosa em usuári os de drogas inj etáveis diminuí ram
drasti camente na década de 1980. Casos isolados foram descritos O ombro pode ser drenado através de um a incisão anterior ou uma
em adultos saud áve is, no enta nto. Por essas arti cul ações se rem sub- incisão pos teri or, mas a incisão anteri or é prefe rível. Em uma revisão
cutâneas, a aspi ração e drenagem cirúrgica podem ser realizadas. com pac ientes adultos tratados para artrite séptica do omb ro, Leslie
Ocasionalmente, um a porção da clavícula deve ser ressecada para et al. descobriram que a artrotomia ob teve melhores res ultados do
osteomi elite associada. qu e as aspirações da repeti ção.

OMBRO
DRENAGEM ANTERIOR
A artrite séptica do ombro rara mente ocorre em indivíduos jovens e
saudáveis em qualquer idade. Normalmente, a artrite séptica agud a
DO OMBRO

-------~
do ombro em cri anças é uma complicação da osteomielite da metáfise
TÉCNICA
proxi mal do úmero; em adultos, geralm ente é associada com uma
doença debilitante e raramente responde bem ao tratamento. A arti- • Comece uma incisão longitudinal anterior na bo rda ante-
culação deve ser aspirada sempre que houver suspeita de infecção, e rior do acrômio, e estenda-a de 5 a 7,5 cm aci ma do
drenagem cirúrgica precoce é indicada se pus franco é obtido. TC ou centro da cabeça do úmero .
RM podem se r úteis em determin ar se um abscesso está presente.
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFE CC IOSA

•Divida as fibras do músculo deltoide a 5 cm do acrômio,


seccione o tendão subescapu lar, e abra a cápsu la sob
visão direta.
•Abra a ba inha sinovial da cabeça longa do tendão do
bíceps. Evacue o pus e irrigue a articu lação abundante-
mente com soro fisio lógico .
-
Estádio 1

Est ádio li
1 22 ~,~'>
"~1':1'!1~ ... ~ ...
Estádios de Infecção de Gãchter
Opacidade do líquido, rubor da membrana
sinovial, possibilidade de sangramento das
petéquia s, sem alterações radi ográficas
Infl amação grave, deposição fibrino sa, pus,
sem altera ções radiog rá f ica s
•Em crianças, perfure a metáfise proximal do úmero para
descomprimir qualquer abscesso, mas tome cuidado para Est ádio Ili Espessamento da membrana si novial,
forma çã o de compartimentos, se m
não lesionar a fise.
altera çõ es radiog ráficas
• Feche a ferida fro uxamente sob re drenos.
Estád io IV Pannus ag ressivo com infiltração da
ca rt ilagem, comprom et imento da
cartil ag em, sinais radiol ógicos da osteólise
subcondral, possibili dad e de erosões e
cistos ósseos
DRENAGEM POSTERIOR De Gachter A: Der Gelenkinfektion. lnform Arzt 6:35, 1985.
DO OMBRO
TÉCNICA
E!IZm~~~~--~ DRENAGEM
•Comece a incisão na base da espinha da escápu la, e
estenda-a distal e lateralmente por 7,5 cm de acordo com O cotovelo é mais bem drenado através de acesso medial ou lateral,
as f ibras do músculo deltoide. ou ambos.
•Divida as fibras do deltoide, exponha os rotadores exter-
nos do ombro, e disseq ue entre os músculos infraespi-
nhoso e redondo menor med iaimente à tuberosidade
ma ior do úmero.
•I ncise a cápsu la e evacue o pus.
DRENAGEM MEDIAL DO COTOVELO
• Lave a articulação com grandes quantidades de soro fis io-
lógico e feche a pele frouxamente sobre drenos. TÉCNICA
• Faça uma incisão sobre o epicônd ilo medial do úmero, e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O ombro é apoiado em
a estenda a 5 cm proxima lmente e 2,5 cm dista lmente.
tipoia a 45 graus de abdução até que a ferida ten ha
• Desenvolva o interva lo ent re o tríceps posteriormente e o
cicatrizado. Em seguida, exercícios ativos e ativo-ass isti-
braquia l anteriormente, tomando cu idado para não lesar
dos de amp litude de movimento são iniciados.
o nervo ulna r.
• Eleve o periósteo latera l e distalmente até que a cápsu la
seja exposta.
•Faça uma incisão na cápsula e evacue o pus.
• DRENAGEM ARTROSCÓPICA • Lave a articulação com soro f isiológ ico e feche a pele solta
sobre drenos.
A drenagem artroscópica foi ralatada e é vista mais frequentemente
no tratamento de artrite séptica aguda do ombro. Com a artroscopia,
a lavagem é feita sob visão direta, garantindo a remoção completa
do material purulento. A drenagem artroscópica deve ser reservada
para o tratamento de artr ite séptica no início do processo da doença, DRENAGEM LATERAL DO COTOVELO
particularmente antes de 2 semanas de início da fase de infecção I

---------'~
ou II de Giichter (Tabela 22-4) . Loculações e aderências podem ser
desbridadas, e sinovectomia pode ser fe ita. Os drenos podem ser
TÉCNICA
colocados através dos portais, se necessário. (Veja no Cap. 52 urna •Faça uma incisão sobre o epicôndilo umera l late ral e a
técnica artroscópica utilizando portais anterior e posterior padrão.) estenda a 5 cm proxima lme nte e 2,5 cm dista lmente.
Mobil ização ativa pode ser iniciada mais precocemente do que com
•Sepa re o múscu lo tríceps posteriormente do extensor
uma técnica aberta.
rad ial longo do carpo anteriormente, e exponha a cápsula
articular. Disseque próximo ao osso para evitar lesão do
nervo radia l.
COTOVELO •Faça uma incisão na cápsu la, evacue o pus, e irrigue a
articul ação com soro f isiológ ico.
ASPIRAÇÃO •Feche a pe le frouxamente sobre drenos.
•O compartimento posterior da articu lação também pode
Para aspiração do cotovelo, o médico flexiona o cotovelo e insere a
ser drenado através dessa incisão dissecando-se posterior-
agulha em sua face posterior imediatamente lateral ao olécrano (Fig.
mente no úmero e eleva ndo a inserção do tríceps da
22-12). A agulha é avançada através da pele e da cápsula articular e
superf ície latera l do osso.
a articulação é aspirada.
. , PARTE VII INFECÇÕ ES

O[§il;ljifDg Aspira ção


de cotovelo.

PUNHO
A art rite séptica do punho é vista com menos freq uência do que em

/ outras art icul ações e geralmente ocorre após trauma penetrante.


Os sinais podem ser sutis, e o diagnóstico é facilmente não rea lizado.
A incisão e drenagem precoces devem ser realizadas para evitar as
complicações da anquilose, osteomielite periarticular ou tenossino-
vite supurativa dos flexores.

ASPIRAÇÃO

A aspiração é rea lizada na face dorsal do punho. Vári os locais de


aspiração sobre o dorso do punho podem ser usados. O local mais
comum de aspiração é entre o primeiro e segundo compartimentos
extensores ao nível radiocarpal, imediatamente adjacentes ao ponto
em que o extensor longo do polegar atravessa o extensor rad ial longo
do carpo. Outros locais de aspiração estão entre o terceiro e quarto
compartimentos extensores ou entre o quarto e quinto comparti-
h@ii;tJ.iE!Jll 1ncisão em cada lado da aponeurose do tríceps
mentos extensores (Fig. 22- 14).
para drenagem posterior do cotovelo. VEJA A TÉCNICA 22-23.

DRENAGEM POSTERIOR DO DRENAGEM


COTOVELO O punho pode ser drenado através de abordagens medial, lateral ou

----~..___,~
TÉCNICA posterior. Evite abrir as bainhas dos tendões.

•Faça incisões longitudinais para lelas de cada lado do olé-


crano, e continue-as proxima lmente por 7,5 cm (Fig .
22-13)
• Aprofunde as incisões através das bordas med ial e lateral DRENAGEM LATERAL DO PUNHO
da aponeurose do tríceps para o compartimento poste-
rior da articu lação. Evite lesão do nervo ulnar à med id a
que atravessa o aspecto posterior do ep icôndilo umeral
TÉCNICA mm_____~
med ial. •Faça uma incisão longitudina l de 5 cm entre os tendões
abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cotove lo é imobi li- palmarmente e o tendão exte nsor longo do polegar dor-
zado a 90 graus com o antebraço em rotação neutra até sa l mente.
que a ferida ten ha cicatri zado. Em segu ida, exercícios • Aprofunde a incisão na tabaqueira anatôm ica, tomando
ativos de ampl itude de movimento são iniciados. cuidado para evitar lesão da artéria radia l.
CAPÍTULO 22 ARTR ITE INFECCIOSA fl}#
CIRURGIAS PARA CORRIGIR
DEFORMIDADES PÓS-ARTRITE
SÉPTICA
TORNOZELO

Quando o tornozelo está restrito a equino por contratura de partes


moles, o tratamento por gessos de Quengel ou gessos com cun has
em série ou por cirurgias tais como alongamento do tendão de
Aqui les com ou sem capsulotomia posterior geralmente é eficaz em
restaurar posição plantígrada do pé. Quando equino fixo é causado
por anqu ilose óssea, é indicada a osteotomia em cunha através da
articu lação.

OSTEOTOMIA DO TORNOZELO
TÉCNICA ______
;....__
~
__.~

•Exponha o tornozelo pelo acesso anterolatera l (Fig. 1-30).


Com um osteótomo, remova da articulação uma cu nha.
•Se necessário, alongue o tendão ca lcâneo e realize a
capsu lotom ia posterior para evitar ressecar osso excess i-
vamente, o que causaria encurtamento demasiado.
• Dorsiflexione o tornozelo até a posição neutra e observe
O@i@1fllll Aspiração de pun ho. se as superfícies ósseas da osteotomia estão em aposição.
•Realize a fi xação com uso de f ixa dor externo, como usado
para artrodese.
•Faça a incisão do li gamento co lateral rad ial e da sinóvia
e evacue o pus. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós-opera-
• Irrigue a articu lação e feche frouxamente a pele sobre os tórios devem ser os mesmos para a artrodese compressiva
drenas. do tornozelo (Cap. 11 ).

DRENAGEM MEDIAL DO PUNHO

-----------"~
JOELHO
TÉCNICA
Contraturas de flexão de partes mo les do joelho podem ser mane-
•Fa ça uma incisão de 5 cm acima da cabeça ulnar entre
jadas por gessos se riados de Quengel ou podem exigir cirurgias de
os tendões do flexor e extensor ulnar do carpo. Evite lesar
partes moles, tais como as descritas no Capítulo 45. Para anquilos e
o ramo dorsa l do nervo ulnar.
óssea ou fibro sa rígida ou contraturas graves de partes moles, os
•Expon ha o ligamento colateral ulnar e a sinóvia, e seccio-
seguintes procedimentos podem ser considerados, além de técni-
ne-os di sta l mente ao esti lo ide ulnar. Não desinsira a fibro-
cas para correção de deformidades complexas, usando fixadores
carti lagem triangular.
circ ulares ou outros dispositivos de compressão de fixação externa
(Cap. 58). Uma deformidade em flexão pode ser corrigida indire-
tam ente po r uma osteotomia supracondiliana que provoca um a
DRENAGEM DORSAL DO PUNHO defo rmidad e compensató ria na direção oposta. Essa cirurgia deve
~ ser considerada quando a deformidade em flexão não é grave, mas
TÉCNICA '--~~~~~~---'~ a articulação não esta adequada para manipulação ou a liberação
das partes mo les. Em crianças, a osteotomia deve ser feita imedia-
•Faça uma incisão longitudinal dorsa l de 5 cm entre o tamente proximal à fise.
tendão extensor longo do polegar e o te ndão extensor
próp ri o do indicador ou entre os tendões extensor ulnar
do carpo e extensor próprio do quinto dedo. OSTEOTOMIA SUPR.l\CONDILAR
•Incise o ligamento carpa ! dorsal e entre na articulação TRANSVERSA DO FEMUR
(Fig. 1-129).
~
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É colocada uma tala no :.._~~~~~~---'~
punho na posição de função até que a ferida tenha cica- •Faça uma incisão long itudina l lateral de 2,5 cm de com -
trizado. Em seguida, exercícios ativos de amplitude de primento im ediatamen t e proxima l ao cônd ilo femoral
movimento são iniciados. lateral. Incise a fáscia lata e o vasto lateral, expondo o fêmur. )
111119 PARTE VII INFECÇÕES

•I nsira um osteótomo e vire-o para cortar transversalmente .


)
• Divida o fêmur latera le posteriormente por dois terços de
sua espessu ra.
•Por manipulação, crie uma fratura em gal ho-verd e no
osso remanesce nte, e corrija a deformidade (Fig. 22-15).
• Se a contratura em flexão fo r maior do que 45 graus,
os tendões isquiotibiai s devem se r alongados antes da
osteotomia.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a extremidad e


estar al inhada, um gesso longo de membro inferior com
uma tira pélvica é aplicado. Em 2 semanas, o gesso é alte-
rado para permitir qualquer correção necessária da deformi-
dade. De 8 a 12 semanas, o segundo gesso é removido e
uma órtese longa de membro inferi or com o joelho fixo na
posição neutra é aplicada para manter a posição corrigida.
Se o joelho tinha amp litude de movimento funcional
antes da cirurgia, a órtese é om itida.
Exercícios de movimento ativo do quadríceps são iniciados
o mais breve possível e continuados até que a amplitude de
movimento presente antes da cirurgia seja recuperada .
O!§lhfflflla Osteotomia supracondilar para anquilose do
joelho e m fle xão. Osteotomi a transversal. A linha tracejada indica
Anquilose do joelho em flexão pode ser co rrigida pela osteo- o fêmur após a correção, com o espaço em forma de cunha com
tomia em V descrita por Thompson. base posterior. Na ve rdad e, a telesco pagem ocorre suficiente-
mente para fechar os defeitos. VEJA A TÉCNICA 22-28.
OSTEOTOMIA EM V DO FÊMUR
TÉCNICA mm-~~___.~ cunha deve ser aproximadamente a metade do ângulo
de flexão da contratura (Fig. 22-17) .
(THOMPSON) • Após a deformidade ter sido corrigida, a lacuna que foi
criada é fechada e outra pequena lacuna é criada
• Divida o córtex anterior do fêmur pela osteotomia em V, posteriormente.
divida o córtex medial e latera l obliquamente, e divida o • Quando a correção satisfatória tenha sido obtida no durante
córtex posterior transversa lmente (Fig. 22-16). a cirurgia, os fragmentos são mais bem imobi lizados e a
•Faça uma escavação no fragmento dista l, e insi ra a ponta consolidação é acelerada pela aplicação de um grampo de
do fragmento proximal nele. compressão ou algum outro dispositivo de compressão de
•Resseq ue uma porção do fragmento proximal, se neces- fi xação externa (Ca p. 8). Isto é es peci al mente ap licável
sá rio, para redu zir a ten são so bre as estrutura s neuro- quando o joelho está solidamente anquilosado.
vascu lares .
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o mesmo que para artrodese de compressão do joelh o
mesmo que o descrito para osteotomia transversa l. Quando (Cap. 8) .
a contratura de flexão for maior do que 60 graus, a osteo-
tomia transversal permite apenas aposição óssea limitada
após a deformidade ter sido corrig ida. A osteotomia cunei- A osteo tomia femoral é indicada quand o a amplitude fun cio-
forme é preferível, especialmente em adultos. nal de flexão permanece além da contratura em fl exão. A osteotomia
deve se r feita tão perto da articulação quanto possível. A exte nsão
total pode ser recuperada por essa cirurgia, mas a amplitude pré-
OSTEOTOMIA CUNEIFOBME -operató ri a de fl exão pode se r reduzida.
SUPRACONDILAR DO FEMUR
TÉCNICA ~ OSTEPTOMIA SUPSACONDILIANA
~~~~~~~~...... ~
DO FEMUR ROTATORIA
•Faça uma incisão longitud ina l latera l de 7,5 cm de com - CONTROLADA
primento, começando imed iatamente proximal ao côndilo
~
femoral lateral. TÉCNICA :o--~~~~~~--'~
• Sepa re a fásc ia lata e o músculo vasto latera l, e afaste o
último anteriormente. • Através de uma incisão lateral de 1O cm de comprimento,
•Remova uma porção em forma de cunha do osso da exponha subperiostealmente a área su pracondiliana do
superfície anterior da metáfise femoral. O ângu lo da fêmur, latera l e anteriorm ente.
CAPÍTULO 22 ARTR ITE INFECCIOSA

H@lhfdf!II!I Osteotomia telescópica em V de


A B e Thompson . VEJA A TÉCNICA 22-29.

A B

IU§il;Hf119 Modificação da osteotomia supracondiliana de


lâ@mf4f!l9 Osteotomia cuneiforme de base anterior. A
rotação controlada do fêmur de Osgood. A, A área azu l ilustra a
secção de osso retirado é indicada pela área azu l. As linhas tra-
secção de osso a ser removida . B, Após a osteotomia, a posição
cejadas mostram a posição do fêmur após a osteotomia, com
corrigida é mantida pela placa-lâmina . VEJA A TÉCNICA 22-31.
aposição completa das superfícies cruentas dos fragmentos .

•Com uma serra oscilante motorizada, retire um pequeno


segmento quadrilátero do osso. Corte a extremidade distal
do fragmento proxima l transversalmente e a extremidade OSTEOTOMIA INTRA-ARTICULAR
proximal do fragmento distal em ângulo (Fig. 22-18), e em
seguida rode os côndilos femorais anteriormente. Por vezes, a anquilose óssea intra-articular ocorre em tanta flexão
•Dobre uma placa-lâmina de Blount um pouco além de que a descarga de peso é impossível. Se a artroplastia é contraindi-
um ângulo reto. Insira a lâmina transversalmente através cada por causa da idade ou da ocupação do paciente, a osteotomia
do fragmento dista l, e fixe a placa ao fêmur com parafu- intra-articular para corrigir a contratura de flexão é indicada. Em
sos. Outros dispositivos de placa-lâmina que são molda- crianças, as fi ses devem ser protegidas (Fig. 22-19). Quando a arti-
dos para o encaixe e que fornecem fi xação rígida podem culação está anquilosada em flexão extrema, corrigir a deformidade
ser usados em seu lugar. completamente por cirurgia não é aconselhável. Se osso suficiente
fosse removido para permitir a correção integral, haveria demasiado
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a fixação interna for encurtamento; se osso insuficiente fosse removido e a articulação
segura, a extremidade é mantida em uma tala de exten- for forçada a extensão, complicações vasc ulares ou neurológicas
são do joelho até que a ferida tenha cicatrizado; no outro seriam prováveis. Uma deformidade grave deve ser apenas parcial-
caso, um gesso longo na perna é aplicado com o joelho mente corrigida no momento da cirurgia, e as estruturas contratu-
estendido e usado durante 4 semanas. radas na face posterior da articulação devem ser estendidas
gradualmente, através de medidas conservadoras.
. , PARTE VII INFECÇÕES

A B

O@ii;@E!E!) Osteotomia intra-articular por anquilose de


joelho em fle xão . A, As linhas tracejadas mostram onde o osso é
dividido, em conformidade com o contorno geral das superfícies
articu lares. B, Após a correção. VEJA A TÉCNICA 22-32.

I
d
I
'
r,,
~~;>
;~;~~ ..
--- -----"!"! Fise

O@i!;f4f!ID A, Anquilose e deformidade do joelho depois de


artrite piogênica. B, Após osteotomia intra-articular e artrodese.
As fises não foram danificadas pela cirurgia.

OSTEOTOMIA INTRA-ARTICULAR A B
TÉCNICA
•Faça uma incisão parapatelar medial.
Oi§ii;Mf!IJI Osteotomia cuneiforme intra-articular para
anquilose de joelho em flexão . A, As linhas tracejadas mostram
•Libere a patela do fêmur e retire os tecidos moles subpe-
onde o osso é dividido, a secção em forma de cunha que está
ri ostea lm ente da superfície anteri or do fêmur e da tíbi a.
sendo removida . B, Após a correção da deformidade. VEJA A
•Para deformidade moderada, faça a osteotomia paralela
TÉCNICA 22-32.
ao contorno dos côndilos fe morais (Fi g. 22-20).
•Se a deformidade for extrema, remova uma cunha ante-
rior do osso (Fig. 22-21 ). grampo de compressão ou algum outro tipo de disposi -
•E m crianças com contratura em flexão extrema, a corre- tivo de comp ressão de fi xação externa.
ção com pleta pode ser impossível sem dan ificar as fises;
a deformidade deve ser parcialmente corrig ida por res- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a defo rm idade foi
secção do osso, e 2 semanas depois, uma capsu lotomia corrigida por cirurgi a, ap li que um gesso longo no membro
posterior e procedimento de alongamento dos isq uioti- incorporando o dispositivo de fixação. Se a deformidade
biais devem ser realizad os. pode ser corrigida apenas pa rcialmente, aplique um a tala
•Qu ando a deformidade pode ser corrigid a completa- mantendo o joelh o em extensão máx ima e aplique gessos
mente durante a cirurgia, imobi lize a articulação com um com cunhas seriadas até atingir a correção completa.
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFE CC IOSA fJOO@
QUADRIL Osteo tomi as pélvicas, tais como acetabuloplastia ou os proce-
dimentos de Salter ou Chiari, podem ser úteis em crianças para
O obj etivo no trata mento d a artrite sé pti ca ag uda do quadril é proporcionar um apoio para o fêmur p roximal, quando a cabeça e
obter a fun ção no rm al se m d eformid ad e ou in capac idade resi- colo fo ram absorvidos. A claudicação é diminuída e a mobilidade é
d ual. No entanto, este objetivo pode n ão se r co nseguid o mes m o preservada, mas a dor pode persistir. Essas cirurgias são menos úteis
co m o m elhor trata mento. Choi et ai. enco ntraram vá ri os fa to res em adultos.
de mau prognóstico relacio nados à artrite sé pti ca do qu adr il em A osteo tomi a fem oral proximal de Schan z pode se r útil
bebês, incl ui nd o (l) um a infecção q ue te nh a oco rrido antes de quand o o colo rem anescente no ace tábulo é grande o sufic iente.
22 sem anas de idad e, (2 ) a prem aturid ade, e (3) m ais de 4 di as Geralmente, não é indicada a menos qu e algum a parte do fêmur
d e duração dos sintomas. O fat or m ais importan te fo i a d emo ra ar ticule co m o ace tábulo. A cirurgia mu itas vezes diminui os sola-
no diagnós ti co. vancos e au menta o co mprimento fun cional do m emb ro abdu-
Incapacidade após artrite séptica agud a do quadril pode se r o zindo o frag mento d istal.
resultado de qualquer um dos seguintes: A artroplasti a trocan téri ca para a instabilidade após artrite
!. Dor pode ser provocada por sup erfíc ies articulares inco n- séptica é rea li za da em etapas, co m o t rocânter m aior colocado
gruentes ou por luxação patológica. no ace tábul o e os abduto res do qu ad ril tra nsfe r id os di stalmente
2. Rigidez de anqu ilose parcial ou completa pode causar incapa- no fêmur. A os teotomia fe moral p roximal é realizada cerca de 1 mês
cidade moderada ou grave, dependendo de se uma cont ratura depois, acompanhada em alguns casos por acetabuloplastia. A ope ração
significativa tamb ém estiver presente. é realizada em crianças menores de 10 anos.
3. Deform idade pode consistir em angul ação anormal, como na Na recons trução de LEpisco po ou Harmon, um novo colo do
coxa vara, ou em encurtamento. Deformidades em flexão e fê mur é fo rmado para articular com o acetábulo (Fig. 22 -22) . Essas
adução em crianças são comuns, mes mo qu e a anqui lose óssea operações são úteis para as crianças nas quais a cabeça do fêmur foi
espontânea em posição ideal seja in icialmente obtida. absorvida.
4. Instabilidade pode resultar da des trui ção óssea no fêmur pro -
ximal ou de luxação patológica.
Cirurgias reco nstrut ivas geralmente deve m ser adiadas por
meses e às vezes anos depois de a infecção regredir. As razões para
RECON~TRUÇÃO APÓS
esta demora são com o se segue: (1) o perigo de reativação da in fec- INFECÇAO DE QUADRIL
ção antiga é redu zido; (2) o estado da região proximal do fêmur e ~
da cabeça fem oral deve ser definitivam ente determinado em crian- TÉCNICA '--~~~~~~~--~
ças porqu e as primeiras radi ografi as podem mostrar o que parece
(HARMON)
se r a destruição do fê mur proximal com separação e osteo necrose
da epífise da cabeça do fêmur, havendo satisfatória reconstitui ção
•Expon ha o acetá bu lo e fêm ur proximal atra vés de uma
em filmes posteriores; e (3) a resistência e as caraterísticas gerais do
incisão femora l anterior (Fig . 1-83).
osso melhoram com o tempo, especialm ente em crianças, enquanto
• Resse que o peri óst eo da fa ce anterior do fêmu r proximal,
o osso necrosado é revasc ularizado e cavidades de abscesso são
mas não pertu rb e os múscu los ligados ao trocânter maior.
preenchidas, aumentando a probabilidade de sucesso após a cirurgia
• Com a extremidade em rotação neutra, faça de quatro a
reconstrutiva. É geralmente aceito qu e um qu ad ril instável não deve
seis f uros através do osso em um a di reção anteroposteri or
fi ca r sem tratam ento durante o período de crescimento, e não se
(Fig . 22 -22A). Usa ndo os furos como guia, osteotomi ze
deve permitir que um a deformid ade fixa persista por mu itos anos.
o fêmur proxim al longitud ina lmente, e depoi s fo rce o
No entanto, alguns autores têm obse rvado que a cirurgia reco nstru -
fra gme nto med ial mediaimente, criand o uma fratura em
tiva após infecção de qu adri l pode não produ zir res ultados co mpa-
gal ho-verde.
ráveis ao tratamento conservador.
• Obtenha enxertos corticais da tíbia do membro oposto,
e coloque-os na ost eotomia para manter o fragm ento
• ARTROPLASTIA
angulado mediaimente (Fig. 22-228)
Artroplastia de interposição ou de sup erfície ainda pode ser úti l em
•Retire o tecido cica tri cial do acetábu lo, tomando cuidado
pacien tes m ais jovens com quadril anquilosado. A artroplasti a total
pa ra não fe rir a sua superfície ca rtil aginosa.
de quadril deve ser considerada apenas para os pacientes mais
•C oloque o fragmento med ial do fê mur no acetá bu lo
velhos. Essas cirurgias provavelmente deve m se r reali zadas em cola-
man ipu lando o membro (Fig. 22-22C).
boração com um infectologista e com a administração perioperató-
ri a de antibi óticos apropriados.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é aplicado a
partir da linha dos mami los até os artelhos do lado
• PROCEDIMENTOS PARA ESTABILIZAR O QUADRIL
afeta do e acima do joelho no lado oposto, segurando o
O quadril pode ser es tabilizado após artrite séptica aguda por ( 1)
quad ril afetado em rotação neutra e discreta abdução. A
artrodese, (2) osteoto mia pélvica, (3) osteotomi a femoral proximal,
imobi lização é manti da por 3 meses, e depois é iniciada
(4) artroplastia troca ntérica (Colonna) co mbin ada com osteoto mia
desca rg a de peso com muletas.
fe mo ral proximal, e (5) reconstrução de Harm on ou LEpiscopo.
Embora muitos desses procedim entos de osteotom ia e artroplastia
pareçam ser antiqu ados, eles são aqui referidos integralmente
porque podem ser úteis na situação catastrófi ca rara. • PROCEDIMENTOS PARA CORRIGIR DEFORMIDADE
Artrodese (Cap. 5) fo rnece um quadri l estável e com menos Deformid ades devem se r co rrigidas o mais rápido possível após a
dor, com transtorn os moderados. É provavelmente mais útil em infecção desaparece r. Contratura em flexão e adução é tratada
adul tos ou crianças mais velhas. através da transferência da crista ilíaca (Cap. 34) e, quando necessá rio,
••• PARTE VII INFEC ÇÕES

O[êii!;t!if!l!a Reconstrução
de Harmon para a perda da cabeça
e colo do fêmur em criança como
corticais resultado de artrite infecciosa
retirados aguda . Período de crescimento e
da tíbia de descarga de peso produz colo e
A B e trocânter substanciais.

- \'
,, TI1
1
\
,, ;
1 \
1
1
\
\
O@i@if!EJ Osteotomia tro-
\
1
\ cantérica. A, Osteotomia com aber-
1
1
1',, tura em cunha de Gant fixada por
1
1 \ placa-lâmina. B, Osteotomia em
1 \

1
\
1
1
1
\
\
\
\
.. cunha com fechamento de Whitman.
C, Osteotomia bola-e-soquete de
\ \
\ \ Brackett fixada por placa-lâmina de
A B e Blount. VEJA AS TÉCNICAS 22-34 a
22-36.

por uma tenotomia dos adutores (Cap. 33). Um quadri l anquilosado


em flexão e adução é tratado por osteotomia intertrocantérica, como OSTEOTOMIA EM CUNHA DE
descrito aqui, fixando o quadril em rotação neutra , O grau de flexão, ABERTURA TRANSVERSAL DO
e de 20 a 30 graus d e abdução (em crianças). Corno a deformidade
pode retornar antes que a criança atinja a maturidade, todos os
QUADRIL
candidatos devem ser informados de que uma segunda osteotomia :-------·~
TÉCNICA
pode ser necessária mais tarde. Em adultos, 25 graus de flexão e "'----~~----~
ab dução neutra é a melhor posição. •Exponha o aspecto latera l do fêmur proximal por uma
Um dos três tipos d e osteotomias intertro canté ricas pode ser incisão longitudinal lateral.
usado sozinho ou combinado com procedimentos como tenotomia •In sira um ponto de perfuração perpendicular ao eixo
de aduto res: osteotomia em cunha com abertura tran sversal, osteo- femoral a um nível ligeiramente proxim al ao trocân-
tomia em cunh a de fech amento transverso, ou osteotomia bola-e- ter menor. Ve rifique a sua posição através de
-soquete de Brackett (Fig. 22-23). Estas são cirurgias básicas usadas por radiografias .
muitos anos e modificadas como melhorias na técnica (Fig. 22-24). •Divida o fêmur ao nível do ponto de perfura ção com um
A osteotomia em cunha com abertura transve rsal é simples e alon ga osteótomo.
a extremidade; no entanto, a aposição óssea é limitada, a consoli-
dação é demorada em adultos e é inicialmente instável.
CAPÍTULO 22 ARTRITE INFECCIOSA

•Com o defeito fechado, o alinhamento da deformidade


deve estar correto.
•Insira um dispositivo de fixação rígida como os utili zados
para fratu ras intertrocantéricas (Cap. 55).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Descarga de peso pro-


tegida com mu letas é iniciada após a reação ter diminuído
e continuada até que a consolidação esteja estabelecida.

A osteotomia de Brackett alcança a estabilidade sem encurtar


a extremidade; no entanto, a dissecção extensa é necessária. Em
deformidades graves biplanares, uma osteotomia precisa e estável é
difícil de exec utar.

OSTEOTOMIA DO QUADRIL DE
BRACKETT
TÉCNICA
(BRACKETT)
h@ii;ijf!IZ) Quadril com sustentação de peso satisfatóri a após • Exponha a superfície anterior da região intertrocantérica,
a osteotomia para deformidade de adução com anqui lose . A linh a da base do colo e da diáfise proximal do fêmur por meio
mostra deformidade de ad ução do fêmur antes da cirurg ia. de uma incisão em linha reta de 12,5 cm de comprimento,
iniciando na espinha ilíaca anterossuperior e estendendo-
se dista lmente, ou através de um acesso lateral de Watson
Jones (Cap. 1).
•Afaste o múscu lo tensor da fáscia lata lateralmente e os
•Posicione a extremidade na posição correta e insira um músculos sartório e reto femoral mediaimente.
dispositivo de fixação rígida, como os usados para fixa ção •Com um osteótomo estreito ou uma serra oscilante
de fraturas intertrocantéricas (Cap. 55) motorizada, faça uma osteotomia através do osso co nvexa
superior e mediaimente (Fig . 22-23C). Comece no lado
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Gesso pelvipodálico longo lateral do trocânter maior e continu e até a junção do
no membro operado e curto no oposto é aplicado e usado trocânter menor com o colo.
por 8 a 12 semanas. Em seguida, são iniciados exercícios de •Comp lete a osteotomia e abduza o fragmento distal. À
ampl itude de movimento e fortalecimento, e é inici ada medida que o fragmento distal gira dentro do buraco da
desca rg a de peso proteg ida usando muletas. medular do fragmento proximal, a deformidade é corrigida.
•Quando a deformidade de adução é leve, a margem
lateral da osteotom ia deve esta r nivelada com a margem
media l. No entanto, quando é grave, a margem lateral deve
A osteotomia de fechamento em cunha transversa l propor-
ser ligeiramente mais proximal do que a margem medial.
ciona boa aposição óssea e é estável; no entanto, ela enc urta a
•Quando há deformidade de flexão grave, o plano ante-
extremidade.
roposterior da osteotomia deve ser direcionado de modo
a fornecer uma ligeira cobertura por cima da borda ante-
OSTEOTOMIA DE FECHAMENTO EM rior do fragmento proximal
CUNHA TRANSVERSAL DO QUADRIL •Após os fragmentos terem sido alinhados corretamente,
insira um dispositivo de fixação interna rígida, como
TÉCNICA
---~ algum usado para fraturas intertrocantéricas (Cap. 5).

• Exponha o aspecto latera l do fêmur proximal através de CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A descarga de peso pro-
uma incisão longitud inal. teg ida com muletas é iniciada após a reação diminuir e
•Use um osteótomo para delinear uma cunha de base continuada até que a co nsol idação esteja estabelecida.
lateral com o áp ice na borda superior do trocânter
menor.
•O tamanho do corte é determinado pela deformidade. • PROCEDIMENTOS PARA EQUALIZAR O
(Recortes de papel de traçados feitos a partir de radiogra -
fias tiradas antes da cirurgia são úteis para determ inar os COMPRIMENTO DOS MEMBROS INFERIORES
âng ulos e posição adequada do corte.) Cirurgias para corrigir a desigualdade no comprimento dos membros
•Remova a cunha de osso e abduza o fragmento dista l. inferiores (Cap. 29) são real izadas somente após todos os procedimen-
tos de reconstrução do membro acometido terem sido concl uídos.
PARTE VII INFECÇÕES

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TUBERCULOSE 773 Quadril 778 BRUCELOSE 782
DEMOGRAFIA Articulação Sacroilíaca 780 FEBRE TIFÓIDE 783
NORTE-AMERICANA 773 Púbis 780 SÍFILIS 783
ENVOLVIMENTO Clavícula 780 INFECÇÕES ANAERÓBICAS 783
MUSCULOESQUELÉTICO 773 Ombro 780 ARTRITE E OSTEÍTE VIRA IS 783
EXAMES LABORATORIAIS 774 Cotovelo 781 ACTINOMICOSE 783
EXAMES DE IMAGEM 774 Punh o e Mão 781 DOENÇA DE LYME 783
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DAS TUBERCULOSE DOS OSSOS INFECÇÃO FÚNGICA 784
INFECÇÕES TUBERCULOSAS DO ESQUE- LONGOS 781 COCCIDIOIDOMICOSE 784
LETO APENDICULAR 774 Amputação 781 BLASTOMICOSE 785
TRATAMENTO CIRÚRGICO 775 OUTRAS INFECÇÕES HISTOPLASMOSE 785
Pé 775 INCOMUNS 782 CRIPTOCOCOSE 785
Tornozelo 778 INFECÇÕES POR MICOBACTÉRIAS ESPOROTRICOSE 786
Joel ho 778 NÃO TUBERCULOSAS 782 EQUINOCOCOSE 786

TUBERCULOSE imunodeficiências, pacientes com insufic iência renal crôni ca, depen -
dentes de drogas, indi vídu os sem- teto ou encarcerados e imigrantes
A tuberculose é transmitida primariamente através da inalação ou de países em desenvolvimento. Indivíduos nascidos no exterior
ingestão de Mycobacterium tuberculosis ou Mycobacterium bovis. Após represe ntaram 59% dos casos rece ntes de tub erculose nos Estados
a exposição, a infecção pode ser reconhecida pelo hospedei ro, levando Unidos. O período de maior risco para o dese nvolvimento da doen ça
a uma infecção primária, ou pode ser reativada, mais tarde, a partir de é nos primeiros 5 anos de imigração. A densidade populacional
uma infecção latente. Daí em diante, pode ocorrer a disseminação por co ntinu a a se r um fator de risco; 75% dos novos casos notificados
co ntiguidade, linfogêni ca ou hematogênica a outros tecidos e órgãos. A oco rrem em áreas metrop olitanas, com uma população superior a
apresentação clínica depende da presença de envolvimento musculoes- 500.000 habitantes.
quelético isolado ou de doença miliar. A doença miliar tem um curso
rápido, e os sintomas constitucionais incluem febre, calafrios e tosse,
acompanhados de dor pleurítica, perda de peso e fadiga. O paciente ENVOLVIMENTO MUSCULOESQUELÉTICO
pode ter sintomas agudos ou crônicos.
As estimativas atuais da taxa de infecção por tub erculose no A tuberculo se afeta em geral o sistema respiratório, mas pode afetar
mund o são tão elevadas qu anto um terço da população mundial. A praticamente qualquer órgão do corpo. O envolvi mento extrapul-
tuberc ulose continua send o uma das causas mais freque ntes de monar é observado em aprox imadame nte 14% dos pacientes, sendo
morte em todo o mundo; a Organização Mundia l da Saúde relatou 1% a 8% com doença óssea. Aproximadamen te 50% dos pacientes
1,3 milh ão de mortes em 2008. A maior taxa de casos novos é no co m tuberculose óssea têm envolvimento pulmo nar, e 30% a 50%
Sud este Asiático, mas as taxas mais altas de infecção e mortalidade dos pacientes com doença óssea apresentam envolvimento vertebral,
estão na África subsaar iana. com mais frequência na colun a torácica inferior. Muitas vezes uma
lesão ext raóssea primária não é bem delimitada. Menos frequente-
mente, fo i observado qu e o envolvimento apendicular afeta grandes
DEMOGRAFIA NORTE-AMERICANA arti cul ações de carga nos membros inferiores, mais comumente o
quadril e o joelho, seguid os em frequência pelo pé, co tovelo e mão.
De acordo co m o Centers for Disease Con trol and Preventi on Praticamente qualquer out ro osso ou articul ação pode estar envol-
(CDC), 12.904 novos casos de tub erculose fo ram relatados nos vido. Abscessos de tecidos moles aco mpanhados de fístulas fora m
Es tados Unidos em 2008. Desde 1992, vem ocorrendo uma dimi - descritos, como na tenoss inovite infecciosa.
nui ção na taxa de casos nesse país. Em 2006 ocorreram 644 mortes A coluna é o local mais co mum (30% a 50%) de envolvimento
nos Estados Unidos atrib uídas à tubercu lose. ósseo, especialmente em indi víduos idosos; no entanto, o envolvi-
As populações que apresentam maior ri sco incluem indivíduos mento da coluna também é comum nas crianças e nos adultos jovens
co m síndrome da imunodefic iência adquirida (A IDS) ou outras de países em desenvo lvimento. Uma lesão primári a que a acompanha

773
Et PARTE VII INFECÇÕES

pode ser descoberta a partir do sistema respiratório ou urogenital Exsudatos pulmonares podem revelar predominância de leucócitos
ou de um a fonte desconhecida. A disseminação hematogênica e ou leucócitos polimorfonucleares e apresentam um pH baixo, que
lin fogênica tem implicado lesões toracolombares, mas, com menos vai de ligeira a moderadamente ácido. A subtipagem molecular
frequênc ia, lesões cervicais ou sacrais. Lesões ativas da coluna envol- também tem sido usada para ava liar os padrões de infecção e sen-
vem um segmento particular; dois corpos vertebrais e o disco cor- sibilidade aos medicamentos.
respondente. Alguns autores têm especulado que essas áreas são
afetadas com maior frequência por conta do farto suprimento arte-
rial e venoso e da necessidade de alta pressão de oxigênio do bacilo EXAMES DE IMAGEM
da tuberculose. O acometimento peridiscal ocorre em aproximada-
mente 80% dos pacientes, com a região anterior do corpo vertebral As radiografias simples das articul ações envolvidas auxiliam na
afetada e um a disseminação contígua subligamentar (ligamento orientação do tratamento. Quando uma articulação está envolvida,
longitudinal anterior) e eventual extensão às vértebras adjacentes. a infiltração sinovial que afeta o osso subarticular geralmente está
Com menos frequência, as lesões ocorrem no centro do corpo ver- presente. Erosões periarticulares observadas em exames radiográfi-
tebral. Essas lesões são mais difíceis de diagnosticar e podem asse- · cos têm uma aparência quase lítica e podem indicar infecção, artro-
melhar-se a um tumor e contribuir para deformidades significat ivas patia não infecciosa ou malignidade. A massa óssea periarticular
da coluna vertebral. Os pacientes podem ter granulomas intrame- encontra-se diminuída e pode mimetizar a artrite juvenil. A progres-
dulares, aracnoid ite, colapso segmentar com enc unh amento ante- são para a anquilose é rara, mas pode ocorrer. Ca racterísticas típicas
rior e formação de gibas (doença de Pott). Os elementos posteriores de envolvimento da coluna ve rtebral foram descritas anteriormente.
da coluna vertebral raramente são os afetados de maneira isolada. O envo lvimento vertebral anterior ocorre mais comumente do que
Abscessos paravertebrais com fístulas na pele também podem surgir o envolvimento da coluna média ou posterior. Há um a relativa pre-
e se estender através dos tecidos para alcançar estruturas intraperi- servação do espaço intervertebral. Os estádios mais avançados
toneais. Em alguns casos têm sido relatados acometimentos distais incluem um colapso segmentar foca l com encunhamento an terior e
atingindo até a fossa poplítea. Os pacientes apresentam dor, fraqueza formação de giba, características da doença de Pott.
e, em estágios mais avançados, paralisia. Outros estudos de imagem incluem cin tilografia óssea simples
O envolvimento do esqueleto apendicu lar geralmente afeta as ou com gálio, que pode detectar 88% a 96% das lesões da tuberculose
grandes articu lações de carga dos membros inferiores. As lesões óssea. Esses exames são bastante sensíveis, mas não particularmente
envolvem a carti lagem articular, que eventualmente é separada por específicos para tuberculose. A ressonância mag nética (RNM) e a
tecido gran ulomatoso. As zo nas trabeculares do osso são afetadas, tomografia computadorizada ( TC) também podem fornecer mais
com o envolvimento subcondral acometendo a capacidade de detalhes e retratar a doença precocemente. A RNM e a TC são úteis
suporte de peso da articulação, que pode progredir para rápida e na definição de abscessos de tecidos mol es. As calcificações (mais
sign ificativa degeneração da superfície articular. A análise anatomo- visíveis na TC) dentro dos abscessos paravertebrais indicam destrui-
patológica revela uma lesão caseosa central dentro de tecido necro- ção óssea e são características da tuberculose da coluna vertebral. A
sado e células gigantes multinucleadas. TC ou a fluoroscopia guiada por ultrassom pode aj ud ar na obtenção
Outras articulações menos frequentemente envolvidas incluem de tecido apropriado ou amostras de fluidos para estudos adicionais.
o tornozelo, o pé e as articulações dos membros superiores. Os Artrografia e outros estudos de imagem para bainhas dos tendões
pacientes podem apresentar claudicação, com a articulação acome- foram descritos, mas são usados com menos frequência.
tida demonstrando edema e hiperemia e com diminuição da amp li-
tude de movimento. A tuberculose em um a articulação diminui
acentuadamente a sua função, e mesmo quando tratada adequada- TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DAS
mente, a doença pode reativar em regiões isoladas. O envo lvimento INFECÇÕES TUBERCULOSAS DO
periférico da articulação pela tuberculose pode ser confundido com ESQUELETO APENDICULAR
outras doenças reumatológicas (p. ex., gota e artrite reumatoide).
Os objetivos do tratamento primário da tuberculose óssea incluem
interromper a infecção, limitar a deformidade, manter a mobilidade
EXAMES LABORATORIAIS e red uzir o desconforto do paciente. Uma abordagem m ultidiscipli-
nar, com a ajuda do infectologista e de especialistas em terapia da
Os pacientes podem apresentar anemia normocrômica ou normo- dor, é ideal. Outros membros afiliados da equipe devem incluir
cítica, pancitopenia ou trombocitopenia. Em geral, a contagem de enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e ortopedistas.
leucócitos é normal e a velocidade de hemossedimentação (VHS) Aproximadamente 90% dos pacientes podem ser tratados de forma
pode ser elevada ou normal. O paciente pode ter a síndrome de conservadora com quimioterapia, repouso relativo e mobilização
secreção inapropriada de hormônio antidiurético. O teste cutâneo com sup ervisão. O uso de órteses (passiva, dinâmica ou funcional)
de tuberculose (PPD) é eficaz em diagnosticar essa condi ção; no e a confecção de aparelhos gessados são úteis para limitar o doloroso
entanto, as taxas de falso-negativo podem ser de 20% a 30%. Indi- e progressivo envolvimento articu lar. Às vezes, as alterações destru-
víduos imunocomprometidos frequentemente apresentam resultado tivas são nitidamente progressivas e podem levar à anquilose da
do PPD confiável. A principal característica diagnóstica é a demons- art iculação (p. ex., cotovelo) de modo que é crucial colocar a extre-
tração dos bacilos álcool-acidorresistentes da tuberculose a partir de midade em posição funcional (flexão do cotovelo entre 70 e 90
um tecido ou secreção. Culturas de tecido ósseo retirado do espaço graus) para obter a melhor mobilidade possível para o uso futuro.
intervertebral acometido são positivas em 60% a 80% dos casos. Uma abordagem criteriosa, bem orientada, quimioterápica à
Culturas gástricas e de escarros de pacientes com envolvimento tuberculose, juntamente com a ass istência de um infec tologista,
pulmonar são positivas em mais de 50%. produz os melhores resultados. Os agentes farmacológicos e a
Amostras de biópsia transbrônquica em pacientes com envol- duração do tratamento dependem da idade do paciente, da disse-
vimento pulmonar são positivas em 70% a 86% dos pacientes. minação da doença e das co ndi ções médicas associadas (p. ex.,
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCO MUNS --

AIDS, insuficiência renal crônica). Vários age ntes interagem co m mascarar um a artrite séptica, e inj eções de co rticosteroide intra-ar-
medicamentos tipi ca mente usados para indi ví du os imunodepri- ticular podem acelerar a destruição articul ar.
midos, especialmente pacientes infectados com o ví rus da imuno -
deficiência hum ana (H IV ). Nesses pacientes, pode ser necessário
ajustar a dosagem e modificar os regimes de tratamento. Várias TRATAMENTO CIRÚRGICO
combinações de medica mentos es tão dispo níve is, incluindo iso-
niazida, rifampicina, etambutol, piraz inamida e estreptomicina. A Os procedimentos cirúrgicos ap licáveis aos ossos e articulações aco-
abordagem típica consiste no uso de um a amp la variedade de metidos pela tuberculose abrangem (1) a artrotomia, incluindo
combin ações, com um regime de tratamento in tensivo inicial e a biópsia, sinovectomia, e curetage m e colocação de enxerto ósseo nas
eliminação grad ual dos agentes farmaco lógicos. A duração do tra- áreas de erosão articul ar; (2) a curetagem e colocação de enxerto
tamento pode ser de 6 a 12 meses. Co mo o tratamento para a ósseo nas lesões ósseas extra-articulares; (3) a ressecção articu lar;
tuberculose é freq uentemente modificado, as diretrizes pronta- (4) a ressecção óssea; (5) a drenagem ou excisão de abscessos dos
m ente di sponíveis do CDC deverão ser co nsultadas. Embora a tecidos moles; (6) a artrodese; e (7) a amputação. Há relatos de
resistência primária e sec und ári a a múltiplos medicamentos tenha tratamento da tub ercu lose articul ar por via artroscóp ica, mas essas
sido relatada, especialmente em países fora dos Estados Unidos, a séries têm sido pequenas. Os melhores resultados ocorreram no
maioria é de casos isolados. Em geral apenas um a pequena por- joelho, com o uso do desbridamento artroscópico.
centagem dos pacientes (menor que 3%) é resistente a múltiplos A maioria das autorid ades concorda que a terapia antibiótica
agentes quimioterápicos. eficaz deve ser iniciada antes da cirurgia para a tuberculose. A dis-
O tratam ento não deve ser limitado ao paciente, m as a qui- semin ação miliar da doe nça fo i relatada quando a cirurgia foi reali-
mioprofilaxia deve ser consi derada em m embros da família e zada sem cobe rtura qu imioterápica adequada.
outros contatos próximos que tenham um teste de pele (PPD)
positivo. A quimi oprofilaxia é parti cularm ente importante nos • PÉ
indivíduos com menos d e 50 a 55 anos. Os indivíduos mais velhos Na tuberculose do pé (Fig. 23- 1), mu itos ossos podem estar envolvidos,
podem não tolerar alguns dos med icamentos normalmente usados e w11 atraso no diagnóstico aumenta o risco de envolvimento articular.
para a p ro fil axia. O tratamento para a quimioprofilaxia pode durar As indicações cirúrgicas incluem foco infeccioso justa-articular ou des-
entre 3 e 12 meses, depe ndendo da conversão do teste cutâneo da truição da articulação. Ossos com alterações císticas normalmen te res-
tuberculose. pondem melhor do que as articulações com aparência reumatoide.
Os pacientes podem necessitar de analgésicos para a dor. Em Quando prese ntes, as lesões isoladas em geral envolvem o calcâneo ou
casos graves, um especialista em terapia da dor deve ser cons ultado. o tálus. Q uando vários ossos estão acometidos, a amputação é o proce-
Embora o uso de corticosteroides sistêmicos para red uzir os sinto- dimento de escolha, especialmente nos adultos. A curetagem é indicada
mas nos casos mais graves tenha sido descrito, o seu uso pode para lesões isoladas, mesmo quando fistulas estão presentes.

iâ!§ii;Hf!l9 A e B, Radiograf ias anteroposterior e o blíquas de lesão tuberculosa envo lvendo a base do primeiro metatarso. Córtices
medial e lateral são corroídos . C, Imagens e MR mostram destruição circunferencial da base do primeiro metatarso com extensão para
tecidos moles. (De Lonner JH, Sheskier SC: Tu berculosis of the foot as the initial manifestation of acq uired imm une deficiency syndrome: a report
of two cases, Foot Ankle lnt 16: 167, 1995.)
- PARTE VII INFECÇÕES

mais bem tratado por ressecção. Quando um osso do tarso é resse-


CURETAGEM PARA LESÕES cado, um a qu antidade proporcional de osso é removida do lado
TUBERCULOSAS NO PÉ oposto do pé, de modo que o alinhamento adequado possa ser
mantido.
~
TÉCNICA ----~~~~~~~--'~
Q uando um metatarso é ressecado, a amputação do dedo do pé
correspondente permite um a melhor aproximação dos metatarsos
•Fa ça uma incisão diretamente sobre a lesão ou atra vés de adj ace ntes e fornece um pé com meU1ores aparência e função. A
uma fístula ou abscesso, se houver. excisão do primeiro metatarso deve ser evitada sempre que possível.
• Remova todo o tecido necrosado e cicatrizado, mas não
o osso osteopên ico não envolvido.
•Preencha a cavidade com osso esponjoso autógeno e
feche a incisão (Fig. 23-2). RESSECÇÃO DO METATARSO
• Na presença de infecção secundária, não utilize os enxertos
~
ósseos, feche a incisão de forma frouxa e associe drenas. TÉCNICA '"--~~~~~~~--~
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso cu rto na perna •N a presença de infecção sec und ária, faça uma inc isão
é ap licado com aberturas apropriadas para que se faça longitudin al sobre o osso afetado que se estende
o curativo no ferimento. A imobiliza ção é uti lizada por desde a linha dista l do tarso até o meio da fa lange
3 a 4 meses e o supo rte de peso é permitido durante a proximal.
última pa rte deste período. •Expon ha o osso sem lesar os tendões extensores.
•Resseque o osso com o periósteo intacto, e feche o feri-
mento associando drenas quando necessário.

Quando as lesões envolvem as articu lações subtalar ou med io- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto é con-
társica, a ar trodese tríplice é indicada (Cap. 34). Quando as arti cu- feccionado na perna. Quando o ferimento estiver cicatri-
lações subtalar e do tornozelo são afetadas, pode ser fe ita a artrodese zado, a desca rga de peso com proteção é iniciada.
posterior (Cap. 11 ) dessas art iculações.

1 RESSECÇÃO ÓSSEA
Quando a doença é extensa, em especial na presenca de fístulas ou Normalmente, mais de um osso é envolvido, de modo que uma
infecção secundár ia, a ressecçâo óssea ou amputação estão indica- tarsec tomi a anterior é necessá ria. Para ob ter um alinhamento satis-
das. O envo lvimento de uma fa lange ou metatarso muitas vezes é fató ri o do pé, uma parte do cuboide também deve ser removida.

H@ii;Hf!m A tubercu lose do ca lcâneo antes (A) e 6 meses após (B) curetagem, enxerto com fragmentos de ossos esponjosos e
fechame nto primário do ferimento. O calcâneo foi curado sem dre nagem, um exce lente resu ltado.
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCOMUNS &Ili

-
•Faça a ressecção do navicular e remova a superfície arti-
RESSECÇÃO DOS OSSOS CUNEIFORMES
cular e a óssea superficial da cabeça do tá lus.
TÉCNICA
~
•Aproxime as superfícies cruentizadas dos ossos e mante-
nha a posição uti lizando a fixa ção com fios cruzados.
• Faça uma incisão longitudinal de 5 cm lateralmente e
exponha a articulação entre o qu into metatarso e o cuboide. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado pós-operató-
• Aborde o primeiro cu neiforme e a base do primeiro meta- rio é o mesmo da ressecçã o do navicular, já descrito.
tarso através de uma incisão med iana semelhante.
• Exponha o segundo e terceiro cuneiformes por dissecção
subperiostea l.
A ressecção do calcâneo leva à disfunção considerável, mas o
• Faça a ressecção da metade anterior do cuboide e dos
res ultado pode ser preferível à amputação.
três cuneiformes com um osteótomo.
• Faça uma cruentização da ca rtilagem articular da super-
fície anterior do navicular e das bases de todos os cinco
metatarsos. RESS ECÇÃO DO CALCÂNEO
TÉCNICA mm-----~
• Aproxime as superfícies descobertas dos metatarsos às do
navicu lar e cuboide.
• Feche as incisões.
•Comece uma inc isão de Koche r (Técn ica 1-1 9) 1 O cm
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO proxima l ao ma léolo latera l e siga pela borda latera l do
Um gesso curto na perna
tendão de Aq ui les até a superfície superior do calcãneo;
é aplicado, e o suporte de peso protegido é iniciado quando
continue-a inferiormente ao maléolo latera l e termine-a
o ferimento tiver cicatrizado.
2,5 cm distal à articulação calcaneocuboide.
•Divida o ligamento calcaneofibu lar e desloque os tendões
fibulares superior e anteriormente.
RESSECÇÃO DO NAVICULAR •Incise a cápsula da articu lação calcaneocuboide e divida

--'---------'~
as inserções li gamentares do ca lcãneo nesta área.
TÉCNICA • Insira um elevador periostea l ou um distrator na articu lação
subta lar e divida os ligamentos ta loca lcãneos interósseos.
• Expon ha o mediopé através de uma abordagem antero- •Desloque a articu lação subtalar. Uti lize uma dissecção
latera l. subperiostea l para liberar os tecidos moles das superfícies
• Faça uma incisão ad iciona l medial para expor o navicular. medial, anterior e posterior e divida a inserção do tendão
• Faça a ressecção do navicular por dissecção subperiosteal. de Aquiles.
Evite lesar a artéria dorsal do pé e os ramos do nervo •Libere o calcãneo da ferida operatória. Evite lesa r o nervo
fibular profundo no dorso do pé. tibi al e os va sos loca lizados mediaimente.
• Expo nha a articulação ca lcaneocuboide e resseque a car- •Suture o tendão de Aqu iles à superfície inferior do tá lus
ti lagem articu lar e o osso subcondra l da extremidade e aos músculos curtos do pé .
distal do ca lcãneo e do terço proxima l do cuboide.
• Remova a cartilagem articu lar da cabeça do tá lus e das CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso longo no mem-
superfícies proximais dos cuneiformes. bro inferior é confeccionado, mantendo o joelho em 300
• Aproxime as superfícies dos ossos cruentizados ob lite- de flexão e o tornozelo em equino moderado. Em 3
rando o espaço. A posição pode ser mantida utilizando-se semanas, o gesso é alterado para um gesso curto na
f ixação por fios cruzados. perna e o pé é mantido em equino leve. A descarga de
• Após a ressecção do navicular, uma artrodese mediotár- peso com proteção é in iciada em 8 semanas e a imobili-
sica deve ser real izada para estabi liza r o pé em al inha- zação com gesso é mantida du rante 4 meses. A utilização
mento satisfatório.
de um suporte no sapato com elevação do calcanhar é
necessária posteriormente .
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto na perna
é confeccionado e a descarga de peso protegida é iniciada
quando a ferida operatória estiver cicatrizada.

RESSECÇÃO DO TÁLUS
RESSECÇÃO DO CUBOIDE

--------'~
TÉCNICA

------~~
TÉCNICA
•Aborde o tá lus através do acesso de Kocher (Técnica 1-19)
• Aborde o cuboide através de uma abordagem anterola- ou abordagem anterolateral (Técnica 1-22).
teral, e faça sua ressecção por meio de dissecção subpe- •Divida a cápsula da articulação talonavicular em porções
riosteal aguda. dorsolateral e inferior.
• Faça a ressecção das superfícies articu lares e do osso •Divida os componentes do ligamento colateral fibu lar do
subcondra l da região proxima l dos cuneifo rmes e quinto tornoze lo nas suas inserções fibu lares .
metata rso e da superf ície dista l do ca lcãneo. • Desloq ue o tornozelo e desvie o pé med iaime nte.
)
. , PARTE VII INFECÇÕES

• Segu re o colo do tá lus e aplique uma leve tração; use uma


)
dissecção subperiosteal aguda para dissecar todos os
tecidos moles e anexos ligamentares nos aspectos posterior
e inferior, de anterior para posterior, e retire o tálus. Se o
osso estiver necrótico, ele deve ser removido em pedaços.
•Use dissecção subperiosteal para li berar os tecidos moles
de ambos os maléolos e ambos os lados da reg ião ante-
rior do calcâneo.
•Desloque o pé no aspecto posterior, colocando o aspecto
anterior do ca lcâneo entre os maléolos. As superfícies
articu lares do calcâneo devem aproximar-se da superfície
articu lar da tíbia.
•Suture a ferida operatória enquanto o pé é mantido em
equi no.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso longo no


membro inferior é confeccionado, mantendo o joelho
com 30 graus de flexão e o tornozelo em equ ino mode-
rado . Uma janela é removida do gesso na região do dorso
do pé e do tornozelo. Em 2 ou 3 semanas, o gesso é
alterado para um gesso curto na perna e o pé é mantido
em equ ino. A descarga de peso com proteção é iniciada ifüii!ajf119 Tuberculose do j oe lho antes (A) e 3 meses e
em 8 semanas e a imobil ização gessada é mantida meio após (B) a artrodese.
durante 4 meses. Um sapato confortável com suporte e
elevação na regi ão calcânea deve ser uti lizado .

• TORNOZELO terapia medicamentosa combinada. Em casos refratários, um


Se a doen ça estiver restrita à membrana sinovial, a imobilização e a resultado funcional favorável ainda pode ser alcançado com uma
quimioterapia podem ser sufi cientes. Um abscesso pode ser drenado patelectomia. Um abscesso ou uma lesão extra-articul ar (bursal ou
ou uma lesão óssea localizada pode ser curetada. No entanto, a cística) requerem excisão e drenagem. Se a lesão envolve o fêmur
tuberculose do tornozelo muitas vezes é mais bem tratada por artro- distal ou a tíbia proxim al, é necessária a curetagem do osso adja-
dese (Cap. 11 ). cente. A mobilização at iva precoce é permitida, a não ser que a
lesão seja extensa.
• JOELHO Nag et ai. relataram a infecção tuberculosa após a reconstrução
A determinação do grau de envolvimento articular é fundam ental do ligamento cruzado anterior com autoenxerto em pacientes imu-
no tratamento da tuberculose do joelho. Às vezes, um paciente nocompetentes. Embora ainda seja urn a complicação rara, deve ser
pode apresentar uma inflamação com aparência relativa mente considerada em áreas com altas taxas endêmicas de tuberculose.
benigna dos tecidos moles peri articulares (que representa bursite
tuberculosa), alterações císti cas purulentas na região poplítea ou
formação de abscesso. O aspecto radiográfico do joelh o pode • QUADRIL
aj udar a orientar o tratamento. Um joelho com uma radiogr afi a Se a tuberculose do qu adril for diagnosticada precocemente e a
de aparência normal ou com alterações osteomielíticas res tritas doença estiver limitada à membrana sinovial, repouso e quimiote-
frequentemente responde à poliquimioterapia. Esses pacientes rapia podem ser sufi cientes para o tratamento. Essa situação é mais
gera lmente toleram procedimentos que permitem amplitude de comum em crianças. A maioria dos quadris (50%) parece normal
movimento e mobili zação precoces. Se o paciente não responde nas radiografias e ge ralmente responde bem à quimioterapia. Esses
adequadamente à quimioterapia isolada, um a sinovectomia (às pacientes geralmente tol eram a mobilização precoce.
vezes rea lizada via artroscópica), seques trectomia ou curetagem da Se a lesão se estend er para a cartilagem articular e osso, e não
lesão óssea pode ser necessária. Quando a articu lação mostra for extensa, a sinovectomia parcial e a curetagem muitas vezes são
envolvimento degenerativo significati vo e alterações radiográfi cas bem-sucedidas (Fig. 23-4). Q uadris com aparência atrófica (<10%)
evidentes, o prognóstico é menos favoráve l, e uma abordagem via e quadris luxados apresentam resultados menos favoráveis. Se a
aberta mais agressiva pode ser necessária. Um período de imobi - cartilagem art icular e o osso adjacen te forem amp lamente envolvi-
lização também é necessário nos casos mais graves. Com a maior dos, a artrodese é indicada. O grande tro cânter pode estar envolvido
des truição da superfície articular, uma artrodese pode ser inevitá- em menos de 1,8% dos pacientes que têm tubercu lose óssea. A
vel (Fig. 23-3). O sucesso limitado da artroplastia do joelho com- formação de abscessos também pode ocorrer nas regiões peritrocan-
binada com a quimioterapia tem sido descrito, embora não sem terianas e psoas. Podem ser necessárias ci rurgias como a drenagem
morbidade relevante, incluindo a possibilidade de reativação de de um abscesso perto da articulação, biópsia excisional diagnóstica
um processo infeccioso quiescente. ou a remoção de sequestro ósseo extra-articular. Abordagens cir úr-
A tuberculose restrita à patela se manifesta radiografica- gicas mais modernas utili zando esferas de cimento ósseo impregna-
mente com lesões osteolíticas acompanhadas de sequestro ósseo, das com estreptomicina foram descritas no tratamento da bursite
o qual tem um aspecto lam inar. Esse processo pode responder à tuberculosa e osteomielite.
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCOMUNS Gii

lê@ll;M f!D A tuberculose do quadri l imediatamente antes (A) e 7 anos depois (B) da sinovectomia, ma rsupialização, e terap ia
antibacteriana . A doença está clinicamente curada; o paciente não apresenta claudicação e tem apenas uma ligeira lim itação de movi-
mento . Observe a distorção da cabeça do fêmur e acetábulo .

• Curete a lesão e, a menos que a infecção secundária esteja


SINOVECTOMIA PARCIAL E presente, preencha a cavidade com enxertos esponjosos
CURETAGEM autógenos, se desejado.

TÉCNICA ~ •Feche a incisão em camadas.


'--~~~~~~--'~
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
(WILKINSON)
rio é o mesmo que para sinovectomia e curetagem já
descritas na Técnica de 23-8.
•Exponha o quadril através de uma abordagem anterola-
teral (Técnica 1-55)
• Curete as lesões no colo do fêmur, na cabeça ou no
acetábulo. Focos tuberculosos confinados ao colo do fêmur podem ser
• Excise a cápsula espessada e realize uma sinovectomia, removidos, impedindo a sua propagação na articulação do quadril.
mas não desloque o quadril num esforço para remover
todo o tecido tuberculoso.
•Suture o ferimento em camadas, sem drenagem .
LESÕES DO COLO FEMORAL
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tração de Buck é usada
~
até a irritabilidade da articulação do quadril desaparecer. TÉCNICA
Exercícios ativos de ampl itude de movimento são inicia- :....__-~-----~
dos. A desca rga de peso sem proteção não é permitida •Use uma incisão long itudina l latera l e exponha a área
por vários meses ou até que as radiografia s mostrem subtrocantérica do fêmur.
cicatriza ção das lesões ósseas. •Faça uma abertura cortica l latera lmente e loca lize a lesão
com auxílio radiográfico.
• Curete o foco tomando cuidado para não invadir a arti-
Focos tub erculosos no ílio acima do acetábu lo podem ser cure- culação e preencha a cavidade com enxerto esponjoso
tados sem artrotomia se forem descobertos antes de se disse mina- autógeno, se necessário.
rem na articulação. •Feche as incisão em camadas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-


LESÕES ACIMA DO ACETÁBULO rio é o mesmo que para sinovectomia e curetagem
(Técnica 23-8).

----~
TÉCNICA
•Use uma abordagem anterolateral (Técnica 1-55); mante-
nha a dissecção extracapsular e localize a lesão tubercu- Frequentemente a bursa trocantérica e o osso subjacente estão
losa utlizando radiografias, se necessário. envolvidos na infecção. Nesses casos está indicada a ressecção da
bursa.
- PARTE VII INFE CÇÕES

LESÕES DA ÁREA
TROCANTÉRICA
TÉCNICA
1!1111---------'~
(AHERN)

• Exponha a bursa trocantérica e o trocânter ma ior através


de uma incisão long itudina l lateral.
•Faça a ressecção da bursa infectada e curete qua isquer
lesões encontradas no trocânter maior.
• Feche a incisão em camadas .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A descarga de peso pro-


teg ida no membro acometido é in iciada quando a condi-
ção do paciente permit ir, progred indo à plena atividade
em 6 a 12 semanas.

1 ARTRODESE
Pacientes com tuberculose avançada do quadril envolvendo cartila- O@il;f,if!m An q uil ose óssea a pós excisão d o q uadri l para
gem articular e osso subcondral são mais bem tratados por artro- tu be rcul ose co mpli cada por infecção pi ogê ni ca .
dese. As técnicas são descritas no Capítul o 5.

1 DRENAGEM DE ABSCESSOS
Abscessos tuberculosos em geral devem ser drenados. As rad iogra-
fias frequenteme nte mostram distensão da cáps ula artic ular. Se a
cáps ul a artic ul ar romper, o abscesso pode apontar na região do
adutor, na parte anterior da coxa, 5,0 a 7,5 cm abaixo da espinha
• ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
ilíaca anterossuperior, ao longo do trocânter maior ou na região
glútea. Drenagem por incisão d iretamente sobre o abscesso, Os sintomas da tuberculose da articu lação sacroilíaca incluem dor
limpeza da cavidade e fechamento primário em geral promovem a glútea, dificuldade para apo iar-se sobre o lado envolvido, sintomas
cu ra ráp ida. rad icu lares e dor lombar. A radiografia simples, assim como a cin-
ti lografia óssea, geralmente apresenta alterações. O diagnóstico pode
A ressecção da articulação do quadril é indicada em ad ul tos ser confirmado por biópsia trans ilíaca percutânea. Q uando o diag-
com amplo envolvimento da cabeça e do colo do fê mur e com o nóstico de tuberc ulose da articu lação sacroilíaca é fe ito precoce-
acetábu lo acometido por infecção secundária (Fig. 23 -5). mente, quimioterapia e repouso geralmente são sufic ien tes. Quando
o envolvimento é mais extenso, sinovectomia pa rcial e curetagem ou
artrodese (Cap. 5) podem ser indicadas.
RESSECÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO
QUADRIL • PÚBIS
A tuberculose do púbis pode envolver a sínfise. Q ui mioterapia e
~ curetagem geralmente promovem a cura.
TÉCNICA
---~~~~~~~..... ~
• Exponha o quadril através de uma abordagem lateral ou • CLAVÍCULA
posterolatera l (Técnicas 1-56 e 1-61 ). As extremidades da clavíc ul a geralmente são as áreas deste osso
• Real ize a ressecção da cápsu la e remova da cabeça e colo acometidas pela tubercu lose. Qu imioterapia e curetagem do foco ou
do fêmu r e do osso infectado ao redor do acetábulo. ressecção da extrem idade do osso envolvido são recomendadas.
• Apoie o trocânter maior no acetábulo, feche a incisão
sem tensão e uti lize drenos. • OMBRO
A tuberculose pode envolver todas as estruturas ósseas adjacentes
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma imobilização ges- ao ombro, incluindo escápu la, úmero, glenoide e clavícula. Tecidos
sada dupla, deixando o quadril envolvido em 45° de moles ou bursas periarticulares também podem estar envolvidos. A
abdução, é aplicada. A imobilização é mantida durante tubercu lose do ombro, quando diagnosticada precocemente e con-
por aproximadamente 3 meses. A osteotomia femoral finada à membrana sinovial, é mais bem tratada por qu im ioterapia
proxima l, bem como a artrodese, pode ser indicada para e repouso. Abscessos extra-articu lares exigem drenagem. A doença
qua lquer instabil idade residual. com envolvimento ma is extenso é tratada por sinovectomia parcial
e curetagem. Raramen te a artrodese é necessá ri a.
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCOMUNS

• COTOVELO constituem o tratamento suficiente. Se o envolvimento da carti-


lagem e do osso for moderado, a sinovectomia e a curetagem são
Embora a tubercu lose ocorra mais frequentemente no cotovelo indi cadas; se o envolvimento for extenso, a artrodese ou rara-
do que em outras artic ul ações dos membros superiores, o coto- mente a ressecção da articulação é necessária. A ressecção da
velo está envolvido em apenas 5% dos pacientes com doença articulação do punho é indicada se a extensa destruição do carpo
óssea. O segmento proximal da ulna (olécrano) é comumente o mais impedir a artrodese.
afetado, o que pode resultar em processo degenerativo progressivo
e significativa contratura em flexão do cotovelo. O posicionamento
fu ncional se torna fundamental nesses casos. A tuberculose do coto- RESSECÇÃO DA ARTICULAÇÃO
velo, mu itas vezes, pode ser tratada de forma satisfatória por repouso
e quim ioterapia. A aspiração de um abscesso ou a curetagem de uma DO PUNHO

---~
lesão no olécrano pode ser necessária . Ocasionalmente podem ser
TÉCNICA
indi cadas sinovectom ia parcial e curetagem, artrodese ou a ressec-
ção da artic ulação do cotovelo. •Faça uma incisão na linha média dorsal long itudinal com
A ressecção da articulação do cotovelo está indicada em 7,5 cm de comprimento.
adultos quando a doença é extensa e as medidas mais conservadoras •Aprofunde a dissecção entre o extensor próprio do ind i-
fa lharam. Ela geralmente res ulta em menos comprometimento fun- cador e o extensor longo do polegar até a cápsu la dorsa l
cional do que a artrodese. do punho.
•Incise a cápsula e exponha a extremidade distal do rádio
e os ossos do metacarpo.

_ , _____ • Excise o carpo e remova as superfícies articulares do rádio


RESSECÇÃO DA ARTICULAÇÃO dista l e ulna até os ossos saudáveis.
DO COTOVELO •Feche o ferimento da forma usual.
~
TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso longo no
braço é ap licado com o cotove lo em 90 graus de f lexão,
• Faça uma incisão long itud ina l sobre a região posterolate-
o antebraço em rotação neutral e o punho fletido a 25
ra l do cotovelo começando com 1O cm proximal e termi-
graus. Exercícios ativos de amplitude de movimento dos
nando em 5 cm dista l à art iculação.
dedos e ombro são iniciados o ma is breve possível. Após
• Incise o tríceps até o úmero em pa ralelo com a borda
3 meses, o gesso é removido e uma órtese é ap licada, e
latera l da aponeurose.
esta deve ser periodicamente removida para permitir os
•Abra a cápsu la posterior da articu lação do cotovelo e
exercícios ativos do punho. Se possível, o use da órtese é
continue a incisão das est ruturas profundas aproximada-
descontinuado após 6 meses.
mente 2,5 cm dista l à cabeça do rád io.
•Disseque subperi ostalmente a extremidade distal do
úmero e faça a ressecção do osso imediatamente proxima l
ao côndilo, deixando o máximo possível da metáfise.
• Faça ressecção da ulna e do rád io imediatamente distal à TUBERCULOSE DOS OSSOS LONGOS
cabeça do rádio; uma ressecção mais extensa produziria
A tub erculos e metafisária e/o u diafisária é rara. O diagnóst ico
uma articulação com mob ili dade excessiva (fiai/ joint).
geralmente é estabelecido por bió psia e culturas (Fig. 23-6). A
• Remova a membrana sinovial e todos os tecidos infecta-
infecção em gera l es tá associada com tubercu lose pu lmonar
dos e feche a incisão.
ativa. Pode se r loca lizad a em uma área geralmente próxima à
superfície articular ou pode envolver difu sa men te muitos ossos.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso longo é apli-
As radiografias podem mostrar uma cavidade única e irreg ul ar,
cado no membro superior com o cotovelo em 90 graus
uma série de cavidades confl uentes ou o alargamento ocasio-
de flexão. Após 3 ou 4 semanas o gesso é removido e
nalm ente fu siform e da di áfi se. Vários ossos podem ser envolvi-
uma tipoia é aplicada. Exercícios de fortalecimento e
do s simultaneamente .
ativos de amp litude de movimento são in iciados. Reedu-
O tratamento eficaz requ er quimioterapia associada a d ren a-
cação muscular e o uso ativo do membro gera lmente
gem de abscessos e sequestrectomia, tratamento operatório seme-
resu ltam em uma articulação func iona l, porém instável.
lhante ao da osteomielite piogênica crônica. No entanto, as feridas
na osteomielite tuberculosa podem ser fechadas, a menos que uma
infecção piogênica secundária esteja presente.

1 ARTRODESE
• AMPUTAÇÃO
Artrodese pode ser necessária. Esta técnica é discutida no Capítulo 13. A amputação está indicada quando o envolvimento tubercu loso amplo
torna o tratamento menos rad ical malsucedido, especialmente em
• PUNHO E MÃO adultos com amplo envolvimento dos membros inferiores. A doença
O punho pode ser acometido em pacientes com tuberculose am iloide extensa aumenta a indicação de amputação. A cirurgia deve
óssea. A tenoss inovite dos tendões extensores e flexores e, con - ser feita proximal à articulação afetada. Em crianças, a amputação dos
seq uentemente, a síndrome do túne l do carpo podem ocorrer. Se membros inferiores também é justificável quando a osteomieite tuber-
a doença for limitada à sinóvia, a sinovectomia e a q uimioterapia culosa resulta em significativo encurtamento do membro.
lllED PARTE VII INFECÇÕES

lj@iiif!if!m Tuberculose dos ossos long os. A,


Tu bercu lose atípica da ulna comprovada por
biópsia . B, Típica esp inha vent osa . Esse paciente
tinha múltiplas cavidades ao lo ngo do esqueleto. O
primeiro diagnóstico foi de sífilis; o teste de Was-
sermann foi positivo. Nenhuma melhora ocorreu
com o tratamento a ntissífili s. A biópsia revelou
tuberculose típica. Otite média tuberculosa desen -
volveu-se posteriormente, e o paciente morreu 2
anos após o primeiro exame.

OUTRAS INFECÇÕES INCOMUNS no subcontinente indiano, no México e nas Américas Central e do


Sul. Nos Estados Unidos, San Diego na Califórnia é a região que tem
INFECÇÕES POR MICOBACTÉRIAS NÃO a população de pacientes mais frequentemente infectada, com cerca
TUBERCULOSAS de 30 casos identificados desde 1979. Ocupações que colocam os
indivíduos em situação de risco incluem a agricultura, a medici na
Infecções musculoesqueléticas causadas por espécies de micobacté- veterinária, o manuseio de carnes e o trabalho em laboratório.
rias não tuberculosas têm aumentad o desde 1985, assim como as A apresentação mais comum para a brucelose é a febre acom-
in fecções causadas por M. tuberculosis. Vár ios relatos de casos na panhada por envo lvim ento osteoarticular. Os primeiros sin tomas
literatura implicam pelo menos 15 espécies diferentes de micobac- da infecção norm almente aparecem 2 a 4 se manas após a inocula-
térias como causas de infecções osteoarticulares e tenossinoviais. Os ção. A literatur a mundial indica que o esqueleto axia l é o local
organismos causadores mais comuns são o co mplexo M . avium, M. mais comum de envolvimento osteoarticular, normalmente m ani-
marinum e M. kansasii. As manifestações clínicas, radiológicas e festa ndo- se como sacroileíte, es p ond ilite o u espo ndilodiscite.
histopatológicas das espécies de micobactérias não tuberculosas O envolvimento ósseo é observado em 20% a 50% dos pacientes infec-
musculoesqueléticas podem ser indistinguíveis daq uelas da tuber- tados. Em um estudo prospectivo na Turquia, 251 pacientes fora m
culose, muitas vezes necessitando de um regime antibiótico inicial identificados, ao lo ngo de um período de 4 anos, como infec tados
que tenha cobertura sobre a M. tuberculosis. No entanto, m icobac- por Bruce/la. A sacroileí te foi confirmada em 71 pacientes (28%)
térias não tuberculosas têm suscetibilidades diferentes aos medica- que apresentavam dor lombar e um teste de Patrick positivo. Todos
mentos, e a identificação da espécie é importa nte para a quimioterapia esses pacientes também tiveram cintilografi a óssea positiva para
apropriada. Os requisitos de uma cultura ideal para algumas espé- sacroileíte. Espon dilod iscite fo i vista em 26 pacientes com dor nas
cies de micobactérias não tuberculosas variam, tais co mo para M . costas. Todos esses pacientes tivera m cintilografia óssea positiva
marinum, que cresce melhor entre 30º e 33ºC. Agentes quimioterá- com aumento de ca ptação nos corp os vertebrais e discos, bem
picos não padronizados foram desenvolvidos, tais co mo a rifabutina como achados na ressonância magnéti ca da coluna vertebra l. O
e claritromicina, para o tratamento do complexo M. avium, que acometim ento da coluna lombar foi sign ificativamente maio r do
tende a ser resistente aos agentes convencionais. Os princípios e que os segmentos torácicos ou cervicais, sendo estes os menos
técnicas operatórios que se aplicam à tuberc ul ose musculoesquelé- frequentes. Os achados da ressonância magnét ica, incluíram baixo
tica também são aprop riados para infecções muscu loesqueléticas si nal nos corpos vertebrais nas im agens sagitais ponderadas em
causadas por espécies de micobactérias não tuberculosas. T l , alto sinal nos corpos ver tebrais nas imagens sagitais pondera-
das em T2, e alto sinal nas vértebras e discos envolvidos, após a
administração de gadolínio, nas imagens sagitais ponderadas em
BRUCELOSE T l. Oito pacientes no est ud o tinham abscessos paravertebrais ou
epidurais. Raramente, ossos como a tíbia, o úmero e o calcâneo
A brucelose é uma zoonose causada mais co mumente pela Brucella são envolvidos.
melitensis, um cocobacilo gram- negativo que é geralmente é encon- O diagnóstico de brucelose é mais bem realizado com um a
trado em cabras. Quase todas as infecções resultam da exposição combinação de sorologia co m aglutinina de Brncella em titulação
direta ou indireta a an imais. Os principais meios de transmissão são maior que 1:160 e hemocultura positiva. Para os pacientes com
a ingestão de leite não pasteurizado ou produtos lácteos. A doença envolvimento osteoarticul ar, recomenda-se a cintilografia óssea. Se
é mais comumente vista na Bacia Mediterrânica, Península Arábica, houve r sintomas axiais, a ressonância magnética da coluna vertebral
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCO MUNS

também deve ser realizada. É importante diferenciar espondilodis- da fase da doença, a base do tratamento é a penicilina benzatina. A
cite tuberculosa daquela decorrente da brucelose, a fim de adminis- intervenção cirúrgica geralmente não é necessária.
trar o tratamento antibiótico correto, porque ambas apresentam
semelhanças nas imagens de ressonância magnética e têm perfis
semelhantes de pacientes. INFECÇÕES ANAERÓBICAS
O tratamento medicamentoso durante 6 meses associando-se
três fármacos, rifampicina, doxiciclina e estreptomicina, é recomen- Infecções anaeróbias são discutidas no Capítulo 21.
dado para pacientes com comprometimento osteoarticular. Esse
esquema ajuda a evitar recidiva da brucelose, que ocorre em cerca
de 11 % dos pacientes com infecção osteoarticular. ARTRITE E OSTEÍTE VIRAIS

As infecções virais ósseas permanecem corno um grupo diverso de


FEBRE TIFOIDE doenças. Cepas de vírus como varicela, rubéola e vacínia já foram
isoladas de articulações sinovíticas. A osteomielite variolosa foi
A febre tifoide é causada pela Salmonella typhi, um bacilo anaeróbio reconhecida pelo inchaço das articulações e lesões líticas antes da
gram-negativo que raramente é visto em países desenvolvidos. Uma supressão da varíola. Antígenos de paramixovírus foram detectados
vez que o principal modo de transmissão é fecal-oral, ela ocorre em no osso em pacientes com a doença de Paget, mas uma relação
indivíduos que ingeriram alimentos ou fluidos contaminados. causal direta não foi comprovada.
Os sintomas incluem febre, dor abdominal com diarreia,
desidratação, perda de peso, dores de cabeça, fadiga e, às vezes, a
alteração do nível de consciência. Vários sistemas podem ser afe- ACTINOMICOSE
tados, com envolvimento cardiopulmonar, hepatoesplenomegalia
e infiltração gastrointestinal. Aproximadamente 30% dos pacientes A actinomicose é uma doença granulornatosa crônica, caracterizada
com febre tifoide podem ter artralgias e mialgias. Sacroilite séptica por fístulas externas. É causada mais cornurn ente por Actinomyces
e osteomielite de múltiplas regiões têm sido descritas. Mais fre- israelii. Actinomyces são bactérias anaeróbias gram-positivas
quentemente, a transição toracolombar é afetada, com o envolvi- filamentosas, e não fungos. Elas são extremamente fastidiosas e de
mento do disco intervertebral. Embora rara, a osteomielite é vista difícil cultura. O diagnóstico geralmente é feito através da identifi-
em ossos isolados das extremidades superiores e inferiores. Pode cação de grânulos sulfurosos ou de micelas ramificadas. A aspiração
ser acompanhada por infiltração medular óssea com supressão e guiada por imagem das regiões infectadas é útil na obtenção de
necrose. Os tecidos moles, tais como a bursa trocantérica; podem amostras adequadas.
ser envolvidos. A osteomielite actinomicótica afeta mais tipicamente as regiões
O diagnóstico é confirmado pelo isolamento da Salmonella typhi cervicofaciais, principalmente a mandíbula. Tal envolvimento ósseo
de um dos vários locais (p. ex., sangue, amostras de fezes ou intesti- geralmente é urna extensão secundári a de um local primário a partir
nais, e medula óssea); a identificação de anticorpos por agl utinação de tecidos moles. Com o envolvimento da coluna vertebral podem
também é útil. O tratamento antibiótico primário tradicional com surgir alterações escleróticas; no entanto, a altura do corpo vertebral
cloranfenicol tem sido utilizado, embora as cefalosporinas de terceira geralmente é preservada. O envolvimento da coluna vertebral pode
geração possam ser eficazes. Outras abordagens farmacológicas se assemelhar ao da tuberculose, mas geralmente não afeta o disco.
incluem amoxicilina e sulfametoxazol-trimetoprirn. Casos resistentes Os abscessos podem se estender para a pele, e podem estar presentes
podem ser mais sensíveis às cefalosporinas de terceira geração. abscessos paravertebrais. Lesões na costela com extensão de fistulas
para a pele foram descritas. O envolvimento ósseo da pelve pode
estar associado a infecções relacionadas ao uso de dispositivos
SÍFILIS in trauterinas.
O diagnóstico é realizado a partir da identificação do patógeno
A sífilis é causada por um espiroqueta, Treponema pallidum , que é obtido através da aspiração do tecido infectado guiada por imagem.
transmitido via placentária, por contato sexual ou através de deri- A penicilina é tipicamente usada para o tratamento, embora a tetra-
vados do sangue. O osso pode ser envolvido em qua lquer fase da ciclina, a eritromicina e o cloranfenicol possam ser utilizados.
doença ou em qualquer idade. Na sífilis congênita, podem ser vistos
periostite do osso temporal e palato e espessamento cortical da
região proximal da tíbia ("lâmina de sabre") . Disseminação vascular DOENÇA DE LYME
ao osso (p. ex., corpo vertebral e esterno) tem sido descrita. O envol-
vimento ósseo precoce pode ser identificado na cintilografia óssea A doença de Lyme é a doença mais comumente transmitida através
em áreas relativamente assintomáticas, tais como mãos, pés, braços, do carrapato nos Estados Unidos. A família do carrapato Ixodes é o
clavícula ou tíbias. Artralgias crônicas podem se desenvolver e, principal vetor para a bactéria espiroqueta Borrelia burgdorferi, que
devido ao envolvimento neuropático ou vascular, podem conduzir causa a doença. Os hospedeiros dos Ixodes, os ratos de pés brancos
ao desenvolvimento de uma "articulação de Charcot". e veados de cauda branca, são encontrados na Nova Inglaterra, nos
O diagnóstico é feito principalmente por microscopia de estados do Médio-Atlântico e em torno dos Grandes Lagos. Por-
campo escuro com a identificação do agente patogênico a partir do tanto, a maioria dos casos é descoberta nessas regiões, principal-
líquido coletado. Testes de anticorpos, como pesquisa laboratorial mente no período de abril a novembro. Em 2005 havia mais de
de doença venérea (VDRL, do inglês, Venereal Disease Research 23.000 casos notificados ao Centers for Disease Contrai and Pre-
Laboratory), reagina plasmática rápida ou microaglutinação para vention (CDC) . Existem dois picos de acometimento de acordo
Treponema pallidum, são frequentemente incluídos como parte do com a idade, sendo os mais comumente afetados com a doença as
processo diagnóstico. Embora o tratamento possa variar, dependendo crianças de 5 a 14 anos e os adultos com idades entre 55 e 70 anos.
- - PARTE VII INFE CÇÕES

As at ividades de laze r como caminhadas, pesca, caça e jardinagem, INFECÇÃO FÚNGICA


bem corno a atividade de trabalho em áreas externas das casas,
trazem aos indivíduos maior risco de contrair a infecção. Curiosa- Osteomielite fúngica se desenvolve lentamente e o diagnóstico e
mente, apenas 50% a 70% dos pacientes se lembram de ter sido tratamento podem ser retardados. Visto que o diagnóstico depende
mordidos por um carrapato. de colorações e culturas específicas, ele deve ser suspeitado antes que
A maioria dos pacientes com doença de Lyrne ap resenta uma possa ser estabelecido. Os planos de tratamento para essas infecções
erup ção cutânea característica que lembra um olho de boi (eritema incomuns devem ser feitos em colaboração com um infectologista.
migratório) dentro de l mês após a picada do car rapato, embora
até 20% dos pacientes possam não apresentar essa erupção. Nor-
malmente, a erupção é acompanhada por sintomas semelhantes COCCIDIOIDOMICOSE
aos de um quadro virai, com fe bre, calafrios, fadiga e dores de
cabeça. A artra lgia, geralmente poliartralgia envolvendo grandes e A coccidioidomicose é encontrada no Arizona, Novo México, oeste
pequenas articulações e potencialmente o pescoço e as costas, do Texas e Vale de San Joaquin na Cali fórn ia. Casos também foram
normalmente acompanha os sintomas virais e a característica descritos no México e em algumas regiões da Amé rica do Sul. A
erupção em olho de boi. incidência dessa infecção em moradores de longa data dessas áreas
Sessenta por cento dos pacientes que não são tratados inicial- pode ser de 80%. A transmissão ocorre principalmente por inalação
mente de forma adequada desenvolverão artrite intermitente. Não de Coccidioides immitis no ar. A maioria dessas infecções não causa
apresentar poliartra lgia prodrômica no início dos sintomas não sintomas, e as que causam geralmente se limitam aos pulmões. Uma
impede que os pacientes desenvolvam artrite intermitente. Embora apresentação mais disseminada pode ocorrer, acometendo o rim,
a articulação possa parecer extremamente quente e edemaciada com fígado, baço, pericárdio e osso. A artrite hipersensitiva, que é auto-
uma efusão, os pacientes normalmente referem apenas dor leve. O limitada a 2 a 4 semanas, pode oco rrer.
joelho é a art iculação mais corn urnente envolvida, seguida pelo tor- Infecções extrapulmonares ou difusas são raras e vistas em
nozelo e punho. As crises de artrite geralmente duram cerca de 2 menos de 5% dos pacientes. Indivíduos imunocomprometidos com
semanas a l mês. Após controle da crise, os pacientes normalmente HIV ou que estão tomando o fator de necrose tumoral-a, inibidor
não se queixam de sintomas articulares. Como diferentes artic ul a- infliximab, os indivíduos de etnia filipina ou afro-americana e as
ções podem ser envolvidas e de forma diferente, a artrite intermi- mulheres grávidas apresentam maior risco de infecção extrap ulmo-
tente muitas vezes é descrita como "artrite migratória". nar. Os primeiros trabalhos de Charles E. Smith demonstraram que
A artrite crônica pode se desenvolver em torno de 10% dos as pessoas que perdem ou nunca apresentaram reatividade no teste
pacientes com artrite intermitente não tratada corretamente. A pre- cutâneo são mais propensas a evoluir para doença extrapulmonar.
sença do aloantígeno HLA-DR4 aumenta o risco de desenvolvi- O envolvimento ósseo é observado em 20% a 50% das infec-
mento de artrite crônica. Uma a três articul ações podem estar ções extrapulmonares. O esqueleto axia l é mais com umente afetado
acometidas, com um ou ambos os joelhos quase sempre envolvidos. do que o esqueleto apendicular, e a coluna ve rtebral é o local mais
O quadril é a segunda articulação mais infectada com essa condição. suscetível de envolvimento ósseo para a doença. A infecção pode se
Ao contrário dos pacientes com artrite de Lyme aguda, os pacientes disseminar para os tecidos moles adjacentes, causando abscessos
com artrite crôn ica costumam apresentar inchaço nas articulações paravertebrais. Infecções também foram vistas no crânio e nas cos-
e dor incessante por pelo menos 1 ano. telas. As infecções articulares são mais suscetíveis de serem vistas
Os pacientes com doença de Lyme precocemente disseminada nas extremidades inferiores, especialmente no joelho. O envolvi-
também podem desenvolver sinais e sintomas neurológicos e car- mento dos metatarsos ou metacarpos pode ser notado. Tendinite ou
díacos. Quinze por cento dos pacientes desenvolvem problemas tenossinovite foca l também podem oco rre r.
neurológicos, incluindo meningite, paralisia de Bell e radiculopatias. O diagnóstico da coccidioidomicose esquelética de longa
O ito por cento desenvolvem complicações cardíacas, como bloqueio duração pode ser realizado através da ava liação radiográfica. Nor-
arteriovenoso. malmente, a infecção crônica irá exibir lesão lítica única ou múlti-
O CDC recomenda utilizar o ensaio imunossorvente ligado à plas lesões com osteopenia e bordas mal definidas. A aparência de
enzima (ELISA), seguid o pelo teste Western blot, para o diagnóstico. algo comido por traças pode ser notada nos ossos pequenos. Alguns
O teste de Western blot irá diagnosticar a maioria dos pacientes com estudos têm demonstrado 100% de sensibi lidade na identificação da
a doença de Lyme se realizado em até 4 semanas após o contato do coccidioidomicose esquelética através da cintilografia óssea. A con-
carrapato. A análise do líquido sinovial geralmente é inespecífica, firmação diagnóstica depende da análise histopatológica de amos-
com a contagem de leucócitos ligeiramente elevada (normalmente tras de tecido ósseo, que demonstra inflamação granulomatosa e,
menos de 50.000 células/mm3). O DNA genômico da Borre/ia burg- muitas vezes, esférulas.
d01feri pode ser encontrado no líquido sinovial, utilizando reação O tratamento clinico é o de escolha, porém muitas vezes não
em cadeia da polimerase (PCR, do inglês, polymerase chain reac- é suficiente. O itraconazol tem se mostrado superior ao fluconazol
tion). O sucesso do tratamento com antibióticos para artr ite de Lyme no tratamento da coccidioidomicose esquelética . Outros antifúngi -
pode ser documentado pela transformação de um a PCR positiva em cos triazólicos mais recentes estão atualmente disponíveis, mas
uma PCR negativa. estudos randomizados para coccidiom icose esquelética ai nd a não
A antibioticoterapia de primeira linha utiliza doxiciclina por via estão disponíveis. Anfotericina B intrave nosa foi usada anterior-
oral por 30 a 60 dias para artrite associada à doença de Lyme. A mente para o tratamento, mas apresenta muitas complicações inde-
segund a linha de tratamento antibiótico utiliza amoxic ilina durante o sejáveis e, portanto, não deve ser usada, a menos que seja necessário.
mesmo período. Qualquer uma dessas opções é eficaz em cerca de A duração mais eficaz do tratamento com esses antibióticos é des-
90% dos pacientes. Se um paciente não responde a um curso de 30 a conhecida. Métodos cirúrgicos adicionais podem ser necessários
60 dias de antibióticos orais, então um curso de 30 dias de ceftriaxona para infecções refratárias aos antibióticos. Isso pode incluir desbri-
intravenosa é recomendado. No entanto, cerca de 5% dos pacientes damento e remoção de osso ou sinóvia infectados. As recidivas
com artrite de Lyme têm uma doença refratária a antibióticos. também são comun s.
CAPÍTULO 23 TUBERCULOSE E OUTRAS INFECÇÕES INCOMUNS

O!§lhfdf!m Histoplasmose do punho


em paciente imunocomprometido e sem
envolvimento pulmonar. A, Punho na apresen-
tação inicial, mostrando lesões císticas do capi-
tato com bordas escleróticas. B, Aparência no
tempo de recorrênci a com a progressão de
alterações císticas no capitato. (De Care SB,
Lacey SH: Recurrent histop las mosis of the wrist: a
case report, J Hand Surg 23A: 1112, 1998.)

BLASTOMICOSE o envolvimento pulmonar seja mais predominante, os ossos e tecidos


moles pod em se r afetados, e geralmente se manifestam como
A blastomicose norte-a meri cana é rara. A infecção ge ralm ente uma artrite hiperse nsível autolimitada. Ca re e Lacey descreveram
ocorre após a inalação dos esporos do Blastomyces dermatitidis, uma histoplas mose recorrente no punho de um pac iente qu e não
um fungo dimórfico qu e vive no solo. Essa infecção é fr equente- era imun oco mprometido e não tinha envo lvimento pulmonar
mente encontrada em pacientes imunocomprometidos. O envol- (Fig. 23-7) . Devido ao período de tempo prolongado entre a infec-
vimento ósseo é a tercei ra forma m ais frequente de blastom icose ção inicial e a reco rrência clínica em se us pacientes, estes autores
primária. As lesões pulmon ares e cutâneas são os locais mai s sugerem que o Histoplasma pode per manecer latente na medula
frequ entes de infecção, embora 10% dos pacientes apresentem óssea por 1 década. Eles recomendam o tratamento antibiótico pro-
envolvimento esquelético co mo sintoma inicial. Tal infecção longado após des bridamento e ressecção do tecido grosseiramente
ocor re na América do No rte, es tend endo -se ao longo d os es tados envolvido.
Apalaches e as bacias hidrográfi cas do Ohio, Mississipi, M issouri Age ntes antifúngicos, como o cetoconazo l ou itraconazol, são
e os rios São Lourenço. Infecções esqueléticas ocorrem por dis- eficazes no tratamento da histoplasmose disseminada leve envol-
se minação hematogênica dos pulmões ou por extensão direta a vendo ossos ou arti culações. Para casos mais resistentes, especial-
partir uma infecção cutânea. Os achados ósseos são in específicos mente em pacientes imunocomprometidos, a anfotericina B é
pa ra blastomicose e se assemelham a outras formas de os teomi e- recomend ada.
lite. Algumas regiões assintomáticas podem ter envolvimento
ósseo, com a presença de erosões corticais. O prim eiro sinal de
envolvimento pode ser fístu la cutânea ou abscesso. Em um osso CRIPTOCOCOSE
lon go, a infecção tend e a se localizar na epífise e a se estender
para a ar ticulação adjacente. As lesões ve rtebrais asse melham -se A cripto cocose, causada pelo Cryptococcus neoformans, é uma
às d a tub erculose. O diagnósti co defi niti vo é feito demonstrando - do ença fún gica rara, que está sendo enco ntrada cada vez m ais em
se o crescimento de leveduras de base ampla no exa me micros- pacientes imunocomprometid os. Em ge ral produz doença pulmo -
có pico de amostras de arti cula ções ou osso. A cultura de levedura nar assintomática em hospedeiros imunologicamente competen-
ou forma de mofo estabelece o diagnóstico, mas pode demora r tes. Em pacientes imunologicamente comp rometidos é uma
de 1 a 5 semanas para cresce r. A a nfotericina B é o antibiótico de doen ça dissemin ada com envolvimento pulmonar predominante.
escolha, com cetoconazol ou itracona zo l como agentes alternati- A dissem inação hematogênica resulta em focos metastáticos, mais
vos e eficazes . comumente no sistema nervoso central; ent retanto, lesões ósseas
isoladas têm sid o relatadas em 10% dos pacie ntes. Estas podem
simular neo plasias ósseas primári as ou ter uma apresentação
HISTOPLASMOSE se melhante à de outras lesões ósseas fúngicas. A coluna vertebral
e os ossos longos e planos tamb ém podem se r envolvidos. O diag-
Nos Estados Unidos, a histoplas mose é causada pelo Histoplasma nóstico é es tab elecido pela biópsia e os títul os de antígenos são
capsulatum. Ela geralmente é uma infecção pulmonar leve que utili zados. O tratamento das lesões ósseas consiste em curetagem.
ocorre após a inalação das partículas infectantes. A do ença é Na ausê ncia de co mprometimento neurológico, o cetoconazo l
geralmente autolimitada, mas pode se tornar uma infecção disse- pode ser eficaz. Em casos mais graves, a an fo tericina B deve ser
minada e progressiva em pacientes imunocomprometidos. Em bora utili zada.
ll&D PARTE VII INFECÇÕES

ESPOROTRICOSE O melhor tratamento para uma infecção óssea resultante de


equinococose é fazer a ressecção do osso envolvido ou amputação.
A esporotricose geralmente é produzida por inoculação do Sporo- A curetagem e limpeza com solução salina hipertônica, 1% de
thrix schenckii através de um pequeno corte ou ab rasão. Esse fungo formo ] ou 0,5% de nitrato de prata foram testadas. Em casos de
é enco nt rado em dive rsos ambientes, m as a infecção é rara. Enquanto suspeita de equinococose, o diagnóstico por biópsia ou aspiração é
um a lesão granulomatosa supurativa com um a aparência ulcerada contraindicado. O tratamento operatório deve incluir um planeja-
se desenvolve sobre a pele, pode ocorrer disseminação contígua mento cuidadoso e técnica·meticulosa para evitar o extravasamento
linfogê nica ou hematogênica a outras estruturas. Essa doença pode do conteúdo do cisto, que pode causar a propagação da do ença. Se
afetar os ossos, articulações e tecidos moles periarticulares. Espaços ocorrer o extravasamento, a aplicação de brometo de cetiltrimetila-
ar ticulares podem se estreitar, e a necrose do osso subcondral even - mônio (ce trimida), 2% de formalina ou 1% de iodo pode reduzir o
tualmente pode ocorrer. Os testes sorológicos são úteis, assim com o risco de disseminação. Albendazol ou mebe nd azol também podem
culturas de fungo s; entretanto, eles não são tão se nsíveis. ser utili zados, mas a taxa de resolução é variável.
A interve nção cirúrgica pode incluir desbridamento associado
à quimioterapia com anfotericina. O utros regimes quimioterapêuti-
cos, incluindo ceto conazol, itraco nazol ou flu conazol, têm sido
utilizados. O iodeto de potássio oral pode ser utilizado para tratar REFERENCIAS
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Griffith JF, Kumpta SM, Leung PC, et al: Imaging of musculoskeletal
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Sul, Europa e Austrália. Os canidae (cães domésticos, raposas, coiotes) Joseffer S, Cooper P: Modern imaging of spi nal tuberculosis, J Neu-
servem como hospedeiros definitivos, enqu anto as ovelhas atuam rosurg Sp ine 2:145, 2005.
como hospedeiros intermediários. Embo ra o fígado seja o mais fre- Nag HL, Neogi DS, Nataraj AR, et ai: Tubercular infection after
quentemente envolvido, outros órgãos podem ser afetados (p. ex., rins, arthroscopic anterior cruciate ligament reconstruction, Arthros-
intestinos, sistema nervoso central e osso). O envolvimento ósseo copy 25:131 , 2009.
geralmente é visto em menos de 1% dos casos e é exibido por lesões Shah BA, Splain S: Multifocal osteoarticular tuberculosis, Orthope-
císticas ou lí ticas no osso trabecular, que podem se estender para dics 28:329, 2005.
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vértebras, a pelve e o crânio. Os ossos longos também podem ser disorders associated with HIV infectio n and AIDS: Part I. infec-
afetados. Mudanças progressivas podem se assemelhar a lesões tious musculoskeletal conditions, Skeleta l Radial 33:249, 2004.
tumorais co m um a aparência cística expa nsiva. Em casos raros, a Tuli SM: General principies of osteoarticular tuberculosis, Clin
extensão para a medula espinal fo i descrita. Os títulos de antígeno Orthop Relat Res 398: 11 , 2002.
ou anti co rp os são úteis para fazer o diagnóstico, e os exames de
imagem (tomografia computadorizada, ultrassonografia) podem deli- As referê ncias completas estão disponíve is em www.
near as características do cisto e orientar o tratam ento. expertconsult. com.
PARTE

1
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 788 BIÓPSIA 794 RESSECÇÃO E
ABORDAGEM GERAL PARA NEOPLASIAS TRATAMENTO ADJUVANTE 797 RECONSTRUÇÃO 804
MUSCULOESQUELÉTICAS 788 RADIOTERAPIA 798 CONSIDERAÇÕES PARA
Exame Físico 788 QUIMIOTERAPIA 798 PACIENTES PEDIÁTRICOS 806
Exame Radiográfico 788 PRINCÍPIOS DA CIRURGIA 800 TÉCNICAS CIRÚRGICAS 806
Outros Exames de Imagem 789 AMPUTAÇÃO VERSUS EXTREMIDADE SUPERIOR 806
Exames Laboratoriais 790 PRESERVAÇÃO DO MEMBRO 800 PELVE 826
METÁSTASES DE ORIGEM MARGENS 801 EXTREMIDADE INFERIOR 836
DESCONHECIDA 790 CURETAGEM 802 GIROPLASTIA 849
ESTADIAMENTO 79 1

É necessá ria uma equip e composta po r c irurg ião o rtopedista , radio- extremam ente raro em indivíduos de descendência africana. A histó-
logista, patologista, radioterapeuta e oncologista clínico pa ra tratar ria familiar pode ser ocasionalmente útil, como nos casos de exostose
o espectro de tumores musculoesquelét icos. Outros cirurgiões espe- mú ltipla hereditária (herança autossômica dominante) e ne urofi -
cialistas são requeridos frequentem ente, tais como um cirurgião bromatose (herança autossômica dominante). Entretanto, a id ade
vascular, cirurgião torácico ou cirurgião plástico. O cirurgião orto- pode ser a mais importante informação obtida na hi stória, pois a
pédico deve ser bem versado nos princípios d a cirurgia oncológica, maioria d as neoplasias musculoesqueléticas benignas e malignas
e o radiologista e o patologista devem possuir especial interesse nos ocorre dentro de faixas etárias específicas.
tumores ósseos e dos tec idos mol es. O onco logista clínico coordena
as terapi as adj uvantes e torna-se o médi co prelimin ar para o pacie nte • EXAME FÍSICO
que possui tumor metastático. O exa me fí sico deve incluir a avaliação da saúd e geral do paciente e
um exam e cuidadoso da parte em questão. Uma massa d eve ser
medida, e sua localização, fo rma, consistência, mobilidade, sensibi -
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA lid ade, temperatura lo cal e mudança com a posição devem ser
observadas. Atrofia da muscu latura envolvida deve ser registrada,
ABORDAGEM GERAL PARA NEOPLASIAS ass im como deficits neurológicos e adequação da circulação.
MUSCULOESQUELÉTICAS Manchas café com leite ou hemangiomas cutâneos também podem
forn ecer pistas diagnósticas. Sítios potenciais para metástases em
Hi stória clínica e exame fí sico ad equados são os primeiros e m ais nódulos linfáticos devem ser palpados. Apesar de as metástases em
importantes passos na ava li ação d e um pacie nte com tumor mu s- nódulos lin fáticos serem raras na maioria dos sarcomas, muitas
culoes quel ético. Os pacientes po d em apresentar-se ao oncologista vezes estão presentes com rabdomiossa rcomas, sarcomas epiteli oi-
ortopéd ico com dor, um a m assa ou um achado radiográfico anorm al, des e sarco mas sinoviais.
detectado durante a avaliação de um problem a não relacionado.
Pacientes com tumores ósseos ap rese ntam -se ma is frequentem ente • EXAME RADIOGRÁFICO
com dor. A dor, inicialmente, pod e es ta r relacionada à atividade, Todas as neoplasias musculoesqueléticas suspeitadas d evem se r ava-
mas um paciente com lesão óssea m a li g na muitas vezes se qu eixa li adas, ini cialmente, com radiografias tomadas em doi s pl a nos.
de dor prog ressiva ao repouso e à noite. Pacie ntes co m tumores Comparada com qualquer outro exame, a radiografia convenciona l
ósseos benignos também podem ter dor relacionada à atividade se fornece informação diagnóstica mais útil para a avaliação de lesões
a lesão for grande o sufici ente para e nfraquece r o osso. Outras ósseas. Muitas vezes, a idade do paciente e os achados radiográfico s
lesões benignas , principa lm ente o osteoma os teo id e, ini c ia lm ente são suficientes p ara se chegar a um diagnóstico específico. A ava-
podem causar dor noturna. Po r outro lad o, pacientes com tum ores li ação radiográfica deve iniciar-se pela determinação do local da lesão,
de partes moles raramente se qu e ixa m d e dor, porém, mai s fre- pois muitos tumores ósseos possuem predileções por sítios específicos
q uentemente, queixam- se d e um a massa . Exceções a essa reg ra são (Q uadros 24- 1 a 24-4). Uma lesão epifisária em paciente com matu-
os pac ientes com tumores d a bainha ne rvosa , que aprese ntam d o r ri dade esquelética é um provável tumor de células gigantes, ao passo
ou sinais neuro lógicos. que um a lesão epifisária em pac iente com imaturidade esquelética é
Embora alguns tumores demo nstrem predi leção por sexo (p. um provável condroblastom a. O diagnóstico diferencial para lesões
ex., predominância feminin a com tum ores de célul as gigantes), esta é da diáfise inclui sarcoma de Ewing, osteomieLite, osteoma osteoide,
raram ente de significância di agnóstica. A raça, da mes ma maneira, osteoblastoma, histiocitose, linfom a, displasia fibrosa e adamanti-
é çle pouca importânci a, com exceção do sa rcoma de Ewing, que é noma (especialmente na tíbia). A maioria das lesões vertebra is em

788
CAPÍTULO 24 PRIN CÍPIOS GERAIS DO STUMORES


geralmente podem se r determinadas por avaliação cuidadosa das
_1 Diagnóstico Diferencial para
24 Lesões Epifisárias imagens. Lesões de baixa atividade biológica são geralmente bem
demarcadas, muitas vezes com borda reativa em torno da fo rmação
• Condrob lastoma (idades 10-25) óssea. Lesões agressivas usualmente possuem zona da transição
•Tum or de célu las gigantes (idades 20-40) menos definida entre a lesão e o osso hospedeiro, pois a resposta do
• Condrossarcoma de célu las cl aras (raro) hospedeiro é mais lenta que a progressão do tumor. Expa nsão cor-
tical pode ser observada com lesões benignas agressivas, mas des-
trui ção cortical franca é, geralmente, um sinal de malignidade. Nova
form ação óssea periosteal reativa resulta quando o tum or destrói a

• _ Diagnóstico Diferencial para cortical, podend o assumir a forma de triângulo de Codman, padrão
24 2 Lesões Diafísárias em "casca de cebola" ou em "raios de sol". Isto é, geralmente, um
sinal de malignid ade, mas pode estar presente na in fecção ou na
• Sarcoma de Ew ing (idades 5-25) histiocitose. Frequen temente, as lesões ósseas substituem o padrão
• Linfoma (ad ulto) trabecular normal do osso por uma matriz característica. Calcifica-
• Disp las ia fibrosa (idades 5-30) ção puntiforme, pontilhada, é sugestiva de formação de ca rtilagem
• Adamantinoma (consid erar na tíbi a) em lesões ósseas, como enco ndroma ou condrossarcorna. Ossifica-
• Histi ocitose (idades 5-30) ção da matriz combinada co m características destrutivas do osso
hospedeiro é um ac hado radiográfico em um osteossarcoma típico.
Trabéculas irregulares de osteoide em estroma colágeno produzem
a clássica apa rência radiográfica em "vidro polido" na displasia

•Mais de 40 anos
• Metástases
_
24 3

• Mi eloma mú ltiplo
• Hemangioma
Diagnóstico Diferencial para
Lesões da Coluna Vertebral
fibrosa. Radiografias são menos úteis para lesões dos tecidos moles,
no entanto devem ser obtidas em todos os pacientes, pois algumas
informações úteis podem ser adqu iridas, tais como a presença de
miosite ossificante, fl ebóli tos em um hernangioma, calcificação em
um sarcoma sinovial ou um a densidade de gordura com um lipoma.

• OUTROS EXAMES DE IMAGEM


• Cordoma (no sacro) A resolução da TC é ma is útil para avaliar ossificação e calcificação
Menos de 30 anos e determinar a integrid ade da co rtical. Também é o melhor exame
• Corpo vertebral de imagem para localiza r o ni cho de um osteoma osteoide, para
• Histi ocitose detectar uma fina borda de osso reativo em torno de um cisto ósseo
• Hema ngioma aneuris rn ático, para ava liar a calcificação em uma lesão cartil aginosa
• Elementos posteriores suspeita e para avaliar a erosão cor tical endosteal em urna suspeita
• Osteoma osteoide de condrossarcorna. Reconstruções nos planos sagital e coronal
• Osteoblastoma podem fornecer in for mações úteis no que di z respeito ao planeja-
• Cist o ósseo aneurismático mento cirúrgico. A TC dos pulmões tamb ém é o estudo mais eficaz
para a detecção de rnetástases pulmonares. Nos casos em que a
ressonância magnética (RM) está proibida (i.e., marca-passo), a TC
com contraste intravenoso é útil em diferenciar lesões císticas de
lesões vasculares nos tumores de partes moles.
QUADRO 24 _4 Dia~nósti~o _Diferencial para
Lesoes Mult1plas Mapeamentos ósseos com tecnécio são utilizados para deter-
min ar a atividade de uma lesão e a presença de mú lti plas lesões ou
• Histiocitose metástases esqueléti cas. Mapea mentos ósseos frequentemente são
• Encondroma falso-negativos no mieloma múltiplo e em alguns casos de carci-
• Osteocondroma noma de células renais. No en tanto, excluindo essas exceções, a
• Displasia fibrosa maioria das outras neoplas ias ósseas malignas mostra aumento da
• Mieloma múltiplo captação em mapeame ntos ósseos com tecnécio. Uma cintilografia
• Metástases óssea normal é reconfortante; no entanto, o inverso não é verda-
• Hemangioma deiro, pois as lesões ósseas benign as ativas também apresentam
• Infecção aum ento na captação.
• Hiperparatireo idismo A tomografia por em issão de pósitrons (PET) registra a distri-
buição corporal to tal de radioisótopos emissores de pósitrons ligados
a m oléculas biologicamente ativas. Essa modalidade fornece visua-
lização tridimensional não invasiva e avaliação quantitativa dos pro-
pacientes ad ultos é formada por metástases, mielomas ou heman- cessos fisioló gicos e bioquímicos in vivo. Apesar de considerada
giomas. No sacro, cordoma e tumor de células gigantes estão no topo ainda experimen tal no campo da oncologia musculoesquelética, a
da lista dos diagnósticos diferenciais. Em pacientes mais jovens, co m PET provou-se útil no estadiamento, planej amento da biópsia, ava-
lesão do corp o vertebral, o diagnóstico mais provável é histi ocitose; liação da resposta à quimi oterapia e auxílio para direcio nar o trata-
se a lesão se situa nos eleme ntos posteriores, os diagnósticos dife- mento subseq uente. A tomografia por emissão de pósitro ns flúor-18
8
renci ais incluem cisto ósseo aneurismático, osteoblastoma e osteorna (' F)-fluorod esoxiglicose marcada (FDG-PET) tem papel crescente

osteoide. Mesmo se um diagnóstico específico não puder se r feito, como modalidade de imagem na detecção, estadiamento e aco mpa-
a agressividade da lesão e a probabilidade de ser benigna ou maligna nhamento de sarcomas. A FDG é um aná logo da glicose que fica
1118 PARTE VIII TUMORES

retido nas células malignas na proporção de suas respectivas taxas avaliada pela fosfatase alcalina sérica e as ligações cruzadas pirimi-
de glicólise. Quando uti li zada em conj unto com outras modalidades dínicas urin árias.
de imagem (i.e., TC e RM), pode diferenciar células tumorais viáveis As neoplasias musculoesqueléticas devem ser avaliadas com-
a partir das alterações pós-operatórias. Os resultados precoces de pletamente antes de a biópsia ser feita. O diagnóstico diferencial, a
sua aplicação têm sido encorajadores, mas o número de estudos extensão da lesão e o potencial de ressecção da lesão podem afetar
publicados é limitado. o tipo de biópsia, o posicionamento da incisão para biópsia e o
A RM substituiu a TC como estudo de escolha para determinar acompanhamento patológico do tecido obtido. Uma abordagem
o tama nh o, a extensão e as relações anatômicas dos tumores ósseos co mpleta ajuda a estreitar o diagnóstico diferencial e fornece diag-
e das partes moles. É uma técnica mais precisa para determinar a nós tico patológico mais preciso. Finalmente, exames tais co mo a RM
extensão da doença intramedular e extraóssea e a relação com estru - ou a cintilografia óssea podem ser adversamente afetados pelas alte-
turas neurovasculares. A RM pode produzir o diagnóstico específico rações teciduais pós-operatórias. As neoplas ias ósseas e dos tecidos
com tumores como lipoma, hemangioma, hematoma ou sinovite moles suspeitas de serem malignas devem ser avaliadas com radio-
vilonodular pigmentada, os quais têm aparên cias características. No grafias do membro envolvido e uma radiografia do tórax para ava liar
que di z respeito à m aioria das neoplasias, entretanto, a aparência à possíveis metástases. A RM da lesão delineia sua extensão no envol-
RM é inespecífica. Da mesma maneira, a RM não é útil em diferen- vimento ósseo e dos tecidos moles e a relação com outras estruturas
ciar lesões beni gnas de malignas. Um estudo em nossa instituição anatôm icas. Uma cintilografia óssea deve ser obtida para detectar
encontrou diferenças substanciais entre opiniões baseadas na RM quaisquer outras áreas de envolvimento esquelético, e uma TC do
dadas por radiologistas musculoesqueléticos especializados, daque- tórax deve ser obtida para descartar metástases pulmonares. Outros
las dadas por rad iologistas de fora: apenas cerca de metade dos exames podem se r adicionados a esta abordagem básica mínima,
relatórios extern os listo u o diagnóstico mais provável co mo tal, e conforme indicado.
apenas 60% foram listados em tudo. Em geral, qualquer neoplasia
de tecidos moles profundos à fásc ia ou maior que 5 cm em sua m aior
dimensão deve ser considerada, com alta probabilidade, como send o METÁSTASES DE ORIGEM DESCONHECIDA
um sarcoma.
A ultrassonografia é útil para distinguir lesões de partes moles Em um paciente com mais de 40 anos de idade, co m um a nova e
císticas das sólidas, mas, afora isso, oferece pouca informação. A dol orosa lesão óssea, o mieloma múltiplo e o carcinoma metastá-
angiografia, que anteriormen te fo i utilizada para determinar a tico são os diagnósticos mais prováveis, mes mo se o paciente não
relação de um a neoplasia com os vasos, foi suplantada pela RM. A tem histórico conhecido de carcinoma. O câncer de próstata e o
angiografia ainda é útil, no entanto, para descartar condições não câ ncer de mama são as duas principais fontes mais comuns de
neoplásicas, como pseudoaneurismas ou malformações arteriove- metás tases ósseas. No entanto, se um paciente não tem um tumor
nosas e para a emb olização pré-operatória de lesões altamente vas- primário conhecido, as fontes mais prováve is são o câncer de
culares, tais como carcinoma de células renais e cistos ósseos pulmão e o carcinoma de células renais. Rougraff et ai. descreve-
aneurismáticos. Cintilografias co m gálio são os exames mais se nsí- ram a ava liação adequada de um paciente com suspeita de metás-
veis para a locali zação de metástases não pulmonares, mas já não tases de origem desco nhecida. A avaliação começa com uma histó ria
são usadas rotineiramente, pela m aioria dos centros, para a avaliação focada em quaisquer lesões malignas prévias, mesmo em um
de neoplas ias muscu loesqueléti cas. passado remoto, seguida do exame físico, que inclui não só a extre-
midade envolvida, mas também a tireoide, pulmões, abdome, prós-
• EXAMES LABORATORIAIS tata nos hom ens, e mamas nas mulheres. A análise laboratorial deve
Os exames de sangue e urin a raramente levam a um diagnóstico, incluir hemograma completo, taxa de hemossedimenta ção, eletró-
mas podem ser úteis em situações selecionadas. Um painel metabó- lito s, en zimas hepáticas , fosfatase alcalina, eletroforese de pro-
lico básico pode ser indicado para avaliar a saúde geral de um teínas séricas, e, possivelmente, antígeno específico da próstata.
pac iente. Os riscos de problemas de cicatrização de ferid as e infecção Ra di ografias do osso envolvido e do tórax devem se r obtidas. A
demonstraram ser sign ificativamente maiores em pacientes cuj o cintilografia óssea de corpo inteiro deve se r solicitada para ava liar
valor de albumina sérica seja infe rior a 3,5 g/dL, ou cuja con tagem o utras possíveis áreas de envolvimento esquel ético, e um a TC de
to tal de linfócitos seja inferior a 1.500/mL. Um hemograma com- tórax, abdome e pelve deve ser obtida (Fig. 24- 1). A mamografia
pleto pode ser útil para descartar infecção e leucemia. A taxa de não é rotineiramente indicada como procedimento inicial, pois o
hemossedimen tação está geralmente elevada na infecção, carcino- câ nce r de mama é uma fonte rara de metástases sem lesão primária
mas metastáticos, e em tumores de células "pequenas e azu is", como conh ecida. Os autores foram capazes de identificar a lesão primária
sarcoma de Ewing, lin fo ma, leucem ia e histiocitose. A eletrofo rese em 85% dos pacientes com m etástases ósseas de origem desconhe-
de proteí nas séricas deve ser solicitada se o mieloma múltiplo faz cida, usando essa simples abordagem. Eles listaram seis razões
parte do diagnóstico diferencial. Da mesma maneira, um exame de pelas quais a biópsia não deve se r feita até que a avaliação seja
antíge no específi co da próstata deve ser solicitado se o ca rcinoma concluíd a: (1) A lesão pode ser um sarcom a prim ári o do osso, que
da próstata é um a possibilidade. A hipercalcemia pode estar pre- pode exigir técnica de biópsia que permita a futura cirurgia de
se nte com doença metastática, mi eloma múltiplo e hiperparat ireoi- salvamento do membro; (2) outra lesão mais acessível pode se r
dismo. A fosfatase alcalina pode estar elevada na doença metabólica encontrada; (3) se o carcinoma de células renais é considerado
óssea, doença metastática, osteossarcoma, sarcoma de Ewing ou como provável, o cirurgião pode querer considerar emboli zação
linfoma. Ureia e creatinina séricas podem estar elevadas com pré-ope rató ri a para evitar sa ngramento excessivo; (4) se o diag-
tum ores renais, e o exame de urina pode revelar hem atúria neste nósti co de mieloma múltiplo for composto por exames de labora-
cenário. Os tumores marrons do hiperparatireoidismo, às vezes, tório, um a biópsia desnecessária pode ser evitada; (5) o di agnóstico
podem parecer co m tum ores de células gigantes e ser avaliados com patológico é mais preciso se auxiliado por exam es de imagem ade-
os níveis de cálcio sérico e do horm ônio da paratireoide. Finalmen te, quados; e (6) o patologista e o cirurgião podem ter como mais
a doença de Paget pode estar no diagnóstico diferencial e pode ser ga rantid o o diagnóstico de metástase fe ito no exame de congelação,
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES CJllll

0[dmHfll9 Fratura do úmero após trauma mínimo em homem de 81 anos de idade, sem história conhecida de malign idade. A,
A lesão (seta) não foi identificada inicia lmente, e o paciente foi tratado conservadoramente em outra institu ição. B, Rad iografia 10
semanas após a lesão mostra progressão do processo maligno. O paciente foi encaminhado ao centro de onco log ia ortopédica, onde
os diagnósticos pensados como mais prováveis foram mieloma mú ltip lo ou carcinoma metastático . C, Cintilografia óssea reve la múltiplos
sítios de doença. D, TC do abdome revela lesão no rim direito, que mostrou ser a lesão primária (seta).

se sup ortado pela ava liação pré-operató ri a. Isto é importante se a Os tumores beni gnos são estadi ados co mo se segue: estádio
es tabilização de um a fratura iminente está prevista para o m es mo ! , latente; es tádio 2, ativo; e estádio 3, ag ressivo. As lesões estádio
procedim ento. 1 são intracapsulares, ge ralm ente assintomáti cas, e, frequ ente-
mente, ac hados incidentai s. Cara cterísti cas radiográficas incluem
marge m bem definida, com uma borda espessa de osso reati vo.
ESTADIAMENTO Não há des trui ção ou expansão cortical. Essas lesões não necess i-
tam de tratam ento, porque não compromete m a re sistênci a do osso
Enn eking et al. demonstraram o desejo de estadiar tumores muscu- e geralmente resol ve m -se espontaneam ente. Um exemplo é um
loesqu eléticos benignos e malignos para auxili ar na tomada de decisão pequ eno fibrom a não oss ifica nte ass into máti co descoberto inci-
de tratamento, fo rnecer algum a determinação do prognóstico e per- dentalmente em radiografia s feitas para avaliar uma lesão não
mitir comparações significativas dos métodos de tratamento. Os relac ionada (F ig. 24-2) . As lesões es tádi o 2 tamb ém são intracap-
tum ores benignos e malignos do osso e do tecido mole podem se r sul ares, porém cresce m ativam ente e podem ca usa r sintomas ou
estadiados de acordo com o sistema de estadi amento de Ennekin g leva r à fratura patológica. Elas têm marge ns bem definid as nas
(Tabela 24-1 ). Os estádios de tumores beni gnos são designados por radiografi as, mas podem ex pandir-se e afil ar a cortical. Us ual-
algarismos arábicos e dos tumores malignos são designados por alga- mente, elas têm apenas uma bo rda fin a de osso reativo. O trata -
rismos romanos. mento geralmente co nsiste em cureta ge m es tendida (Fig. 24-3 ).
ma PARTE VIII TUMORES

iTABELA 1I.1'I Sistema de Enneking para


•'jl!~.,,. Estadiamento de Tumores
Musculoesqueléticos Benignos e
Malignos

BENIGNOS
1. Latente - baixa ativ idade bio lógica; bem delimitado;
frequentemente achados incidenta is (i.e ., fibroma não
ossificante)
2. Ativo - sintomático; destru ição óssea li mitada; pode
apresentar-se com fratura patológica (i. e., cisto ósseo
aneurismático)
3. Agressivo - agressivo; destruição óssea/extensão
para tecidos moles; não respeita as barreiras naturais
(i.e., tumor de célu las gigantes)

MALIGNOS

ESTÁDIO GRAU LOCALI ZAÇÃO METÁSTASES


IA Baixo lntracompartimenta l Nenhum
IB Ba ixo Extracompartimenta l Nenhum
llA A lto lntracompartimenta l Nenhum
llB A lto Extracompartimental Nenhum
Ili Qualq uer Qualquer Metástases
regionais
ou a
distância
IJll!~·!·~ fil9 Lesão benigna no estádio 2: cisto ósseo aneuris-
mático da fíbu la proxima l.

massa nos tecidos mol es, e metás tases podem es tar presentes em
5% dos pacientes com estas lesões (i.e., tumor de célul as giga ntes).
O tratamento consiste na curetage m es tendida e ressecção margi-
nal ou mes mo ampla, e recorrências locais são comuns . A recons-
tru ção, às vezes, pod e se r difícil. Alguma disc repâ ncia entre
obse rvadores pode estar presente quando se tenta at ribuir um a
lesão óssea a determin ado estádio.
Sarcornas musculoesq ueléti cos tamb ém podem se r estadiados
de aco rdo com o sistema de estadiamento cirúrgico, co nforme des-
crito por Enn eking et ai. Esse sistema fo i projetado para incorporar
os fatores prognósticos mais signi ficativos em um sistem a de está-
dios progressivo, que ajuda a orientar os tratam entos cirúrgicos e
adjuva ntes. O sistema baseia-se no grau histológico do tumor, na sua
extensão local e na presença ou ausência de metástases. Lesões de
baixo grau são designadas como estádio I. Essas lesões são bem
dife renciadas, têm poucas mitoses e exibem apenas atip ia citológica
moderada. O risco para metástases é baixo ( <25%) . Lesões de alto
gra u são designadas como es tádi o II . Elas são pobremente diferen-
ciadas, co m um índice mitótico elevado e propo rção elevada de
matri z celular. Lesões estád ios 1 e 1l são subdivididas de aco rd o com
a exte nsão do crescimento local. Lesões estádio s IA e IIA es tão
contid as dentro de compartimentos anatômicos bem definido s (Fig.
24-5) . Os com partimentos anatômicos são determin ados pelas bar-
reiras anatômicas naturais ao crescimento do tumor, co mo o osso
H@l@'fJ9 Lesão benigna no estádio 1: fibroma não ossifi- corti cal, a ca rtilagem art icu lar, septos fasc iais ou cápsul as articula-
cante da tíbia distal. res. As lesões estádios IB e IIB se estendem além do co mpartim ento
de origem (Fig. 24-6}. O estádio III refere-se a qualquer lesão que
As lesões es tádio 3 são extracaps ulares. A sua natureza agress iva é metastatizo u, independentemente do tamanho ou grau do tumor
apa rente, clínica e radiografi ca mente. Elas não respe itam barreiras primário. Nenhuma dist inção é fe ita entre metástases linfáticas ou
anatôm icas naturais e ge ralm ente ir rompem através do osso reativo metástases a distânci a, pois ambas as circunstâncias estão assoc iadas
e, possivelmente, a cortical (F ig. 24-4). A RM pode mostrar urn a a prog nóstico igualmente ruim .
CAPÍTULO 24 PRI NCÍPIOS GERAIS DOSTUMORES -

O@lht.\1B& Lesão benigna no estádio 3:


tumor de células gigantes do fêmur distal .

O@ii;f.)fZD Lesão maligna no


estádio IA: condrossarcoma do fêmur
proximal.

Altern ati vamente, muitos oncologistas ortopédi cos estadiam (baixo ou alto), tamanho (SS cm ou >5 cm em sua m aior dimensão),
as malignidades musc uloesqueléti cas de acordo com o sistema do profundidade (superficial ou pro fundo à fásc ia) e presença de
American Joint Co mmittee on Ca ncer (AJCC) . O sistema de esta- metástases. Os tumores es tádi o I são de baixo grau, independente-
di amento do AJCC para sarcomas de tecidos mol es (Tabela 24-2) mente do tamanh o ou profundidade. Os tum ores estádio II são de
é baseado em variáveis prognós ti cas, incluindo o grau do tum or alto grau; eles podem ser pequ enos em qualquer profundidade ou
- PARTE VIII TU MOR ES

= .~1W~Jr».
,;· ".-··"~:, s·1stema do Amencan
. Jomt
.
24-3 ~ .
~,,~·-'~.r~~ Comm1ttee on Cancer para
""'"'"'~ Estadiamento de Sarcomas dos
Tecidos Moles

ESTÁDIO GRAU TAMANHO METÁSTASES


1-A Ba ixo ~8 cm Nenhuma
1-B Ba ixo >8 cm Nenhuma
li-A Alto ~8 cm Nenhuma
11-B Alto >8 cm Ne n huma
Il i Qualquer Qua lquer Metástase descontínua
IV-A Qua lquer Qua lquer Metástases pulmonares
IV-B Qualquer Qualquer Metástases não pu lmonares

prognóstico quando comparados a pacientes com apenas metástases


pulmonares.

BIÓPSIA
Em 1982, Mankin et ai. relatara m 18,2% de erros maiores no diag-
nóstico, 10,3% de amostras não representativas ou biópsias tecnica-
mente pobres, e 17,3% de complicações de feridas associa das à
biópsia de sarcomas musc ulo esqueléticos. Como res ultado dessas
complicações, o plano de tratamento padrão teve de se r alterado em
h@il;füf!m Lesão maligna no estádio llB: osteossarcoma do
18,2%, incluindo amputações desnecessárias em 4,5%. Essas com-
úmero proximal.
plicações ocorreram três a cinco vezes mais frequentemente quando
a biópsia foi feita por um cirurgião em uma instituição de referência,
TABELA Sistem.a do American Joint em vez de um membro da Musculoskeletal Tumor Society. Uma
Comm1ttee on Cancer para série de recomendações foi feita sobre os aspectos técnicos de uma
Estadiamento de Sarcomas dos biópsia, definindo que, sempre que possível, um paciente com sus-
Tecidos Moles peita de lesão maligna musc uloesquelética primári a deva ser enca-
minhado, antes da biópsia, para a instituição onde o tratamento
ESTÁDIO GRAU TAMANHO PROFUNDIDADE METASTASES definitivo ocorrerá. O estudo foi repetido 10 anos depois, e os resul -
1 Ba ixo Qualquer Qualquer Nenhuma tados permanece ram essencialmente inalterados.
li Alto Sem Qualquer Nenhuma A biópsia deve se r planejada tão cuidadosamente quanto o
Alto >5 cm Superficial Nenhuma procedimento definiti vo. A biópsia deve ser feita somente após os
Il i Alto >5 cm Profundo Nenhuma exames clínicos, laboratoriais e radiográficos estiverem completos.
Como citado previamente, a conclusão da avaliação antes da biópsia
IV Qualquer Qualquer Qualquer Regional
auxilia a planejar o posicionamento da incisão da biópsia, aj uda a
ou a
d istância fornecer mais informações que levem a um diagnóstico patológico
mais preciso, e evita artefatos nos exames de imagem . Se os resulta-
dos da avaliação sugerem que um tumor maligno primário está no
grandes e sup erficiais. Os tumores estádio III são de alto grau, diagnóstico diferencial, o paciente deve ser encamin hado para um
grandes e profundos. Tumores estádio IV estão associados a metás- oncologista musculoesquelético antes da biópsia.
tases (incluindo os nód ulos lin fáticos locais), independentemente do Independentemente de se é feita uma biópsia por agulha ou
grau, tamanho ou profundidade. uma biópsia aberta, a cicat ri z da biópsia deve ser considerada con-
O sistema do AJCC para sa rcomas ósseos (Tabela 24-3) é taminada com células tumorais. O posicionamento da biópsia é uma
baseado no grau do tumor, tamanho, presença e locali zação das decisão crucial, porque a cicatriz da biópsia necessita se r excisada
metástases. Tumores estádio I, qu e são de baixo grau, e tumores em bloco com o tumor. O cirurgião qu e realiza a biópsia deve estar
estádio II, que são de alto grau, são subdivididos de acordo com o familiarizado com incisões para a cirurgia de salvamento do membro
tamanho do tumor. Tumores estádios I-A e II-A têm 8 cm ou menos e retalhos de amputação convencionais e não convencionais. Se um
em sua maior medida linear; tumores es tádios I-B e IJ -B são maiores torniquete for utilizado, o membro pode ser elevado antes da infla-
do que 8 cm. Tumores es tádio III têm "metástases saltitantes", qu e ção, mas não deve se r exsa nguinado por compressão, para evitar
são definidas como lesões desco ntínuas dentro do mes mo osso. "espremer" as células tumorais na circulação sistémi ca. Cuidado
O es tádio IV-A envolve metástases pulmonares, enquanto o estádio deve ser tom ado para co ntaminar o mínimo de tecido possível.
IV-B envolve metástases não pulmonares. A subdivisão do estádi o IV Incisões transversais devem ser evitadas, pois são extremamente
foi feita porque foi demonstrado que pacientes com m etás tases não difíceis ou impossíveis de excisar com a peça (Fig. 24-7) . A incisão
pulmonares de osteossarcoma e sa rcoma de Ewing têm pior profunda deve passar através de um compartimento musc ul ar único
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES --

H[§ll;t.!f!m Exemplos de bióps ias mal realizadas. A e B, A biópsia res ultou em


defeito irregular no osso, o que levou à fratura patológica. C, Incisões transversais
não deveriam ser utilizadas. D, Cicatriz de biópsia por agulha contaminou o li game nto
patelar. E, Cicatriz de biópsia por agu lha situada posteriormente, em local em que
seria extremamente difícil ressecá-la em bloco com o tumor, se tivesse provado ser
sarcoma. F, Múltiplas cicatrizes de biópsia por agu lh a contaminam o tendão do qua- G
dríceps. G, O sítio do dreno não foi posicionado em linha com a incisão.

em vez de contaminar um plano interm usc ul ar. As principais est ru- membro (F ig. 24-8) . O bu raco deve ser ocluído com metacrilato
turas neurovascu lares devem se r evitadas. A extensão de uma lesão para limitar a formação de hematoma. Deve se r usada apenas a
óssea para os tecidos moles deve se r amostrada, pois es ta margem quant idade mínima de metacrilato necessá ria para tapar o buraco,
principal co ntém o tumor mais viável para fazer o di agnósti co. Se pois qu antidades excessivas empurram o tum or para cima e para
precisar ser feito um buraco no osso, ele deve ser redondo ou oval baixo no osso. Cuidados devem ser tomados, no entanto, para amos-
para minimizar a concentração de tensão e prevenir uma fratura trar mais do que apenas a pse udocápsula ao redor da lesão. Uma
subsequ ente, que poderia impedir a cirurgia de salva mento do amostra de congelação deve se r enviada no intraoperatório para
llD PARTE VIII TU MORES

1t!Nifi1
TIPO DE BIÓPSIA TECIDO OBTIDO VANTAGENS DESVANTAGENS
Aspira ção por Células Custo-efetiva Amostra de pequeno
agulha fina Menores complicações tamanho
Boa para pacientes obesos ou tumor Necessita patologista
próximo a estrutura neurovascular especialista
Trefina Pequena amostra de Custo-efetiva Mais complicações* do
tecido Mais tecido do que a aspiração com que aspiração com
agulha fina agulha fina
Biópsia Amostra adequada da Amostra adequada de tecido Aumento das
incisional massa/lesão (padrão-ouro) complicações*
Pode comprometer a
ressecção definitiva
Biópsia Toda a lesão Remove a lesão inteira Aumento das
excisional removida Indicada para pequenas lesões ou osso complicações*
dispensável
*As complicações incluem infecção, hemorragia/hematoma, fratura patológica, contaminação/disseminação do tumor.

biópsia por trefina utiliza uma agulha de maior calibre do que uma
aspiração com agulha fina, provendo o tecido e a preservação de sua
arqu itetura. No entanto, a quantidade limitada de tecido obtido pode
não ser adequada para a graduação acurada ou para quaisquer estudos
adi cio nais que possam ditar o tratam ento subsequente. As poucas séries
dedicadas que analisaram bi ópsias ambulatoriais por trefina, relataram
precisão diagnóstica global va ri ando entre 84% e 98%. Um estudo
rece nte de 252 biópsias ambu latoriais por trefina de neoplasias malignas
ósseas e de tecidos moles relatou taxa de precisão de 97% para malig-
nidade; a biópsia por trefi na fo i diagn óstica e acurada para o diagnós-
tico histopatológico e graduação em 81%.
A biópsia aberta é o padrão-ouro para biópsia de tumores ósseos
e dos tecidos m oles, mas as complicações são maiores com a biópsia
incisional quando comparada com biópsia por agulha (i.e., hemorra-
gia, in fecção, contaminação do tecido). No entanto, esse procedi-
mento é menos suscetível de ser assoc iado a um erro de am ostragem
e proporciona o m áxi mo de tecido para estudos diagnósticos adicio-
O@mtiifZ19 Se um furo tiver de ser feito no osso durante a nais, tais como citogenética e citometri a de fluxo. Se a administração
biópsia, o defeito deve ser arredondad o para minimizar a concentra - de quimioterapia está prevista pa ra antes da cirurgia, um cateter de
ção de tensão que, de outra forma, pode levar à fratura patológica. acesso venoso central pode se r co locado no mesmo tempo qu e a
biópsia, se a congelação for confirmatória. O procedimento definitivo
pode ser feito imediatame nte após a bi ópsia apenas se o di agnósti co
asseg urar qu e o tecido necessário ao diagnóstico tenha sido obtido. da congelação confirmar o diagnóstico clínico e radiográfico. Em caso
Se um torniquete for usado, ele deve ser esvaziado e h emostasia de discrepância ou dúvida, o procedimento definitivo deve ser adiad o
meticulosa, assegurad a antes do fechamento, pois um hematom a até que um diagnóstico firme seja estabelecid o. Se um tumor de
poderia ser con taminado pelas célul as tum orais. Se um dreno é células gigantes é suspeitado nos fundamentos clínicos e rad iográfi-
utili zado, deve sair em linh a com a in cisão, de modo a que a cicatriz cos, a curetagem definitiva pode proceder imediatamente após a co n-
do dreno possa também ser facilmente excisada em bloco com o firmação do diagnóstico na congelação. Da mesma m aneira, se a
tum or. A ferida deve ser hermetica me nte fechada, em cam adas. suspe ita de uma fratura iminente por carcinoma metastático fo r co n-
Suturas d e retenção amplas não devem se r utili za das. firmada na congelação, a fixação profilática pode ser aplicada imedia-
Uma biópsia pode ser fe ita por aspiração com agulha fina, trefi na tamente. Por outro lado, se a congelação, em qualqu er um desses
o u procedimento incisional aberto (Tabela 24-4). As indicações para cená ri os, exi biu quaisqu er cé lulas atípicas que possam representar um
bi ópsia por agulh a incluem pacientes obesos, proximidade do tumor às sa rco ma, a cirurgia definitiva deve ser adi ada até que a ava li ação
estruturas neurovasculares, e tumores em locais difíceis de acessar (p. patológica final esteja completa.
ex., pelve). A aspiração por agulha fina pode possuir 90% de precisão Raramente uma ressecção pr im ária (i.e., biópsia excisiona l) deve
na determinação da malignidade; no entanto, sua precisão em determi - ser feita em vez d e uma biópsia. Uma pequena ( <3 cm) m assa sub -
nar o tipo específico de tumor é muito mais baixa, pois apenas as células, cutânea de improvável malignidade pode ser primariamente resse-
em vez do tecido, são recuperadas. Essa técnica pode ser mais bem cada de fo rma marginal. Nas raras circunstânc ias em que a lesão acaba
apli cada quando existe elevada probabilidade de que o diagnóstico seja sendo maligna, o leito tumoral pode ser re-excisado com margens
conhecido, como nas metástases ou infecção, e quando avaliamos am plas, sem afetar negativamente o res ultado. A ressecção primária
nódulos linfáticos. Um pato logista expe riente é útil em determin ar o não deve ser realizada nas lesões de tecidos moles maiores o u nas
d iagnósti co por causa do tamanh o limitado da amostra obtida. A lesões profundas à fáscia, a menos que a aparência da RM seja
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

ij!§ihHf!D Condrossarcoma de ba ixo grau em uma mulher


de 50 anos que t inha dor progressiva no joe lho d ireito. A, Radio-
grafia anteroposterior do joelho d ireito mostra lesão expansiva
na fíbula proximal. A lesão parece conter calcificação, sugerindo
lesão cart il aginosa. B, Imagem coronal de RM ponderada em T1
mostra que a lesão permanece inteiramente dentro da cortica l.
C, A ressecção primária foi feita sem biópsia. Essa estratégia de
tratamento permitiu margens amp las, sem contaminação do
nervo fibular comum (seta). D, A lesão provou ser um condros-
sarcoma de ba ixo grau. E, Radiografia após a ressecção prim ária
da fíbula proxima l.

diagnóstica de uma lesão benigna, como um lipoma. Algumas lesões


ósseas benignas, como osteoma osteoide e osteocondroma, têm apa- TRATAMENTO ADJUVANTE
rência radiográfica característica e podem ser ressecadas primaria-
mente, se indicado, sem biópsia. A indicação relativa final para O objetivo principal do tratamento de um paciente com lesão
ressecção primária é uma lesão dolorosa em um osso dispensável, ma ligna primária do sistema musculoesquelético é tornar o paciente
como a fíbula proximal ou a ulna distal. Se uma lesão sintomática, em livre de doença. O objetivo do tratamento de um paciente com
uma dessas localizações, está confinada dentro da cortical e seria carcinoma metastático para osso é minimizar a dor e preservar a
ressecada independentemente do diagnóstico de tecido benigno ou fu nção. O tratamento ideal do tumor muitas vezes requer uma
maligno, ela pode ser ressecada sem biópsia (Fig. 24-9). combinação de radioterapia, quimioterapia e cirurgia.
. , PARTE VIII TUMORES

RADIOTERAPIA As fraturas patológicas induzidas por rad iação também estão se tor-
nando mais comuns e podem ser extremam ente difíceis de tratar.
A radiação provoca a morte de células por induzir a for m ação de Em um estudo de Lin et ai., a incidência de fratura patológica foi de
radica is livres intracelulares que, posteriormente, causam danos ao 29% em 5 anos após o tratamento de um sarcoma dos tecidos moles
DNA. A sensibilidade de uma célula à radiação depende de vários da coxa, se o tratamento incluiu radiote rapia e ressecção ampla com
fato res, incluindo (1) a posição da célu la no ciclo celul ar (células remoção do periósteo. Esse risco aum entou para 47% em pacientes
ativamente mitóticas são mais sensíveis), (2) a oxigenação dos do sexo fem inino e para 66% em pacientes do sexo feminino que
tecidos (hipoxia local promove um efeito protetor, pois os radicais receberam quimioterapia. A radioterapia em crianças tem várias
livres de oxigênio não podem ser formados no tecido hip óxico), e sequelas adversas, tais como escoli ose, cifose, deformidades da
(3) a capacidade da cé lul a para reparar danos no DNA ou a sua parede torácica, hipoplasia do ilíaco e discrepância de comprimento
incapacidade de sofrer apoptose (morte celular programada) em de membros, como resultado da parada do crescimento induzida
resposta a este dano. pela radiação. A radioterapia é raramente usada para condi ções
A dose d e radiação é medida em gray (Gy): 1 Gy é igual a 1 benignas. (Possíveis exceções incluem uma sinovite vi lon o dul ar pig-
joule de energia absorvida por quilograma; 1 rad é igual a 1 cen- mentada exte nsa, que não pode ser controlada por cirurgia, ou um
tigray (cGy). O objet ivo d o tratamento com radiação é administrar tumor de cé lul as gigantes na colun a.)
a dose mais elevada possível da radiação às células tumorais, mini- Além do feixe d e radiação externa convencional, a radiação
mizando a toxicidade para os tecidos normais. Isto é conseg uid o pode ser adm inistrada através da braquiterapia (do grego, brachys,
usando- se aceleradores lin eares que proporcionam um a dose que sign ifi ca "fechar"). Por esse método, cateteres ocos são implan-
elevada para os tecidos-alvo com bordas bem definidas de campo tados no leito do tumor no momento da ressecção (Fig. 24- 10). Esses
lateral, que limitam a dose para os tec idos não a lvo. A vantagem cateteres saem através da pele. A avali ação radiográfica pós-opera-
terapêutica também é obtida pelo fracionamento da dose. Após tória e cálculos comp utadori zados determinam a carga ideal dos
um único tratamento de 200 cGy, todas as células na fase mais cateteres com radioisótopos. Essa técnica permite que doses eleva-
sensível do ciclo ce lular são mortas. Fornecer outra dose num das sejam entregues aos tecidos-alvo. Os níveis de radiação dimi-
intervalo específico permite que célul as ad iciona is en trem nesta nuem rapidamente nos limites do campo, poupando os tecidos
fase do ciclo celul ar. Além disso, com a morte progressiva das normais. Estamos utilizando, atualmente, essa técnica com maior
células tumorais, as zonas anteriormente hipóxicas do tumor frequência, e temos obtido bons resultados.
podem tornar-se reoxigenadas e ficar mais sensíveis à radiação.
O intervalo também provê tempo para que as cé lulas normais
reparem os danos. A maioria dos protocolos de radioterapia QUIMIOTERAPIA
fornece de 150 a 200 cGy/dia até que a dose-alvo seja alcançada.
Esta dose varia de 30 a 40 Gy para mieloma, a 60 Gy para o Antes do uso rotineiro da quimioterapia para osteossarcoma, os
tratamento de sarcoma de tecidos moles. pacientes eram tratados, em geral, com amputação imediata ampla ou
A maioria lesões ósseas malignas primárias é relativamente radical no diagnóstico. Frequentemente essa abordagem tratava a
radiorresistente. As exceções são os pequenos tumores de cé lulas doença local de forma adequada. No entanto, 80% dos pacientes
az ui s, incluindo mieloma múltiplo, !infama e sarcoma de Ewing, morriam pela doença metastática, mesmo que a m etástase não esti-
que são extremamente sensíveis. Os carcin omas metastáticos vesse evidente na apresentação. A partir disso, pode-se deduzir que
para o osso, com exceção do carci noma de células renais, também 80% dos pacientes com aparente osteossarcoma locali zado realmente
são frequentemente sensíveis à radioterapia. Para a maioria dos têm metástases indetectáveis ou micrometástases na apresentação.
o utro s tumores ósseos, a radiação tem um papel limitad o, pois o Com a utilização de modernos protocolos de quimioterapia, a taxa
controle local é mais bem alcançado com a cirurgia. Avanços na atual de sobrevida em 5 anos para osteossarcoma é de aproximada-
c irurgia da co lun a vertebra l têm diminuído a frequência de uso mente 70%. Números sem elhantes estão disponíveis considerando o
de radioterapia para os tumores que antes eram in acessíveis tratamento do sarcoma de Ewing. Do mesmo modo, a quimioterapia
cirurgicamente. A radioterapia pode ser utilizada para red u zir a tem um papel bem definido no tratamento de outras doenças malig-
incidência da recorrência local de tumores mali gnos de tec id os nas ósseas de alto grau, tais como histiocitoma fibroso maligno, além
moles tratados com ressecção marginal, quando a alternativa de doenças m alignas dos tecidos moles de alto grau na infância, tais
seria uma ressecção mais mutilante ou amputação. A radiação como o rabdom iossarcom a. O papel da quimioterapia é menos defi-
também pode ser utilizada para tratamento pré-operatório de nido nas lesões malignas dos tecidos moles em adultos, com a maioria
sarcomas de tecidos moles, na esperança de reduzir o volum e do das investigações mostrando melhoras m odestas no resultado. Em
tumor, tornando mais fác il a ressecção. geral, a quimioterapia não é útil para lesões cartil aginosas e a maioria
A radioterapia está associada com as compli cações signifi- das outras lesões malignas de baixo grau.
cativas, agudas e de longo prazo. Agudame nte, a complicação mais A quimioterapia adjuvante refere-se à quimioterapia adm inis-
comum é a irritação da pele. O eritema inicial pode evoluir mais tarde trada no pós-operatório para tratar micrometástases presumidas.
para descamação, especialmente em pacientes que também estão A quimioterapia neoadjuvante refere-se à quimioterapia adm inistrada
sendo tratados com medicamentos citotóxicos. Outros efeitos colate- antes da ressecção cirúrgica do tumor primário. Nen hum estudo
rais agudos com un s incluem desconforto gastrointestin al, aumento da provou haver vantagem de sobrevida em relação ao momento da
frequência urinária, fadiga, anorexia e edema do membro. Os efeitos quimioterapia; no entanto, diversos autores têm citad o várias van -
tardios incluem edema crônico, fibrose, osteonecrose e fratura pato- tagens teóricas da quimioterapia neoadjuvante sobre a quimiote-
lógica. A transformação maligna dos tecidos irradiados (i.e., sarcoma rapia adjuvante. A quimioterapia pré-operatória frequentemente
rádio-induzido) está sendo relatada com maior frequência em sobre- causa a regressão do tumor primário, proporcionando sucesso em
viventes do câncer na infância e adolescência. Esses sarcomas secun- uma operação de salvamento do membro. Em um es tudo realizado
dários ocorrem com um intervalo médio de aproximadamente por Malawer et ai., nove de 12 lesões que inicialmente foram con-
10 anos e frequentemente estão associados a um prognóstico ruim. sideradas irressecáveis foram tratadas posteriormente com cirurgia de
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TU MORES --

O[riii;tJ.imr:!I A, Ima ge m d e RM de sarcoma de tec idos mo les em homem de 85 anos de idade most ra tumor adjace nte ao fê mu r
d ista l e vasos femora is. B, Peça ressecada . C, Cavidade tumoral com o fêmur dista l e os vasos femora is expostos (seta). D, Cateteres de b ra -
qu iterap ia tecidos através de ma lha de po lig lactina 910 (V icryl) para ajudar a manter o espaçamento adequado. Cateteres co locados ao longo
dos vasos e ossos (onde as margens estavam próximas) sa indo através de incisões separadas. A ferida foi fechada sobre os catete res.

salvamento d o membro após a regressão do tumor induzida pela procedimento d efi niti vo rea li zad o de 3 a 4 semanas ap ós a última
quimioterapia. A quimioterapia neoadj uvante seguida de ressecção dose ter sido admin istrada. A quimioterapia é reiniciada no pós
cirúrgica permite a avaliação histológica da efetividade do tratamento. -operató rio de 2 semanas se a ferida estiver cicatrizada.
Es te é um dos indicadores prognósticos de maior valor (i. e., a por- Embo ra esteja prev isto que a maioria dos tumores malignos
centagem de necrose tumoral) d o êxito no resultado d e longo prazo. surge a partir de um a úni ca célula , o tumor real é constituído por u ma
A lém disso, a avaliação h isto lógica pod e leva r à a lteração do população hete rogênea d e células. Este é o resultado do rápido ciclo
protocolo d e quimioterapia em m a us resp o nd edo res. A quimi o- e da instabilid ade genét ica d essas células. Como resultad o, várias
te rapi a pré-operatória, teo ri came nte, pod e diminuir a dissemina- células dentro do mesmo tumor desenvolvem d ife rentes mecanis-
ção de cé lul as tumorais no momento da cirurg ia, e a quimioterapia m os de qu im iorresistê ncia. Pa ra comb ater essa dive rsid ade de resis-
neoadjuva nte, em geral, pode se r ini c iada im ed iatam ente, tra- tência, a maioria dos regimes de quimioterapia envolve combin ações
ta nd o d e m odo eficaz as mi c ro m etás tases o m a is precoce m ente d e fá rm acos tóx icos. A Tabela 24-5 lista os agentes ma is co muns
poss ível e ev it a ndo a progressão d o tumor, o q ue pod e ocorrer utili zad os no tratam ento de sa rcom as ósseos e dos tecidos m oles e
dura nte qualquer atra so a ntes da c irurg ia. Isso permite planejar seus efeitos colatera is ma is frequentes, qu e limitam as d oses. Este
a o p eração apropriadam ente, in cl uind o a possível fa bricação de camp o está mudando rap id am ente, m as certas afir mações gerais
um a pró te se fe ita so b m edid a. Ela tamb ém propicia te mp o para podem ser feitas . Esses fármacos são m a is efetivos qu ando o tumor,
o pacie nte e a família para co nsi d e ra r pl en a m ente as o pções de contra o qual são dirigidos, é pequeno. As co mbin ações desses m edi-
ciru rgia de sa lvamento do m embro versus amp u ta ção. Foi cam entos são mais eficazes d o que os agentes isolados. A dosage m ,
d e mon st rad o, no entanto, que a quimioterapia neoadjuva nte pode a sequência de fá rmacos e a programação parecem se r importantes
aum entar sign ificativam ente os r iscos d e co mpli cações periopera- para alcança r a resposta máxima. Todos possuem toxicidade para os
tór ias, especialm en te a cicatrização retardada de feri das e infecção. tecidos normais e devem ser admi ni strados em um ambiente con-
Outros não concordam com isso, e, atu almente, a m aioria dos onco- trolado por alguém capacitado na sua utili zação.
logistas o rtopédicos favorece a quimioterap ia pré-operatóri a, com o
-- PARTE VIII TUMORES

iTABELA !,~:;,?,!~ Ag7ntes Quimioterápicos Comumente Utilizados para o Tratamento de Tumores Ósseos e
- ' h- Tecidos Moles

AGENTE EFEITOS COLATERAIS


AGENTES ALQUILANTES
Mostardas
Ciclofosfam ida Mielossupressão (leucopenia), cistite hemorrágica, alopecia, náusea e vômitos
lfosfamida Cistite hemorrágica, mielossupressão, náusea e vômitos, nefrotoxicidade, neurotoxicidade
Compostos de Platina
Cisplatina Náusea e vômitos, nefrotoxicidade (cumulativa e irreversível), ototoxicidade (cumulativa e
irreversível), neuropatia periférica (reversível)
Carboplatina Mielossupressão, náusea e vômitos, alopecia, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade
Antimetabólítos
Metotrexato Mielossupressão, mucosite, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, pneumonite, neurotoxicidade
Topoisomerase
AGENTES INTERATIVOS
Antibióticos Antitumorais
Doxorrubicina Mielossupressão (neutrófilos), náusea e vômitos, mucosite, alopecia, necrose tecidual grave
(com extravasamento), cardiotoxicidade aguda e crônica
Dactinomicina Mielossupressão (plaquetas e neutrófilos)
Náusea e vômitos
Diarreia
Necrose tecidual (com extravasamento)
Mielossupressão
Epipodofí/otoxinas
Etoposide (VP-16) Mucosite, náusea e vômitos
AGENTES ANTIMICROTÚBULOS
Alcaloides da Vinca
Vincristina Neuropatia periférica (irreversível), necrose tecidual (com extravasamento), convulsões, alopecia

uso de trata mento multimo dal, incluindo cirurgia e quimi oterapi a,


PRINCÍPIOS DA CIRURGIA a sobrevida d e lon go prazo para pacientes com osteossa rcoma
m elh o rou d e aproxim ad am ente 20% a ap roximad am ente 70% na
AMPUTAÇÃO VERSUS PRESERVAÇÃO m aiori a d as séries. Para o osteossarcoma d o fê mur dista l, a taxa d e
DO MEMBRO reco rrência local ap ós ressecção ampl a e salvam ento do m emb ro é
Avanços n o diagnósti co po r image m , quimio terapia, radioterapi a e de 5% a 10%. Isto é equivalente à taxa de reco rrência local após um a
técnica ci rúrgica pa ra a ressecção e reconstrução permitem ago ra a mpu tação transfem oral nessa condi ção. Apesar de a d esa rticul ação
que o sa lva mento d o m embro seja uma opção razoável pa ra a do quad ril esta r associad a a u ma taxa extrem am ente ba ixa de reco r-
m aio ria dos pac ientes co m sarco mas ósseos ou d os tecid os m o les. rência loca l, nenhum estudo demonstrou van tagem d e sob revida
Especifi ca m ente, a radi oterap ia p ré-operató ri a para sarcomas d e com esta técnica. Embora a recorrên cia local esteja assoc iada a u m
tecid os m oles e a quimi oterapia neoa djuvante para sarcom as ósseos p rogn ós tico extrem am ente ruim, nenhum estudo provo u qu e qua l-
têm aux iliad o cirurgiões a resseca r com sucesso alguns tumores qu e, qu er um a d essas técnicas cirúrgicas (i.e. , sal vam ento do membro,
n o passad o, teri am sido consid erad os irressecáveis. Raramente, o ampu tação transfemoral , d esart iculação do qu adril ) seja superior
envolv im ento de es trutu ras neu rovasc ulares, um a fra tura pa to ló- em term os d e sobrevida, d esd e que amplas m argens cirú rgicas sejam
gica d esv iad a o u compli cações secundárias a um a bi ópsia ma l obtidas. A pa rtir desses dad os, pode-se sup o r que os pacientes com
executada excluem a p oss ibilidad e de salvam ento do m emb ro. recidiva local, apesar d as m a rgens ampl as, pod em represe ntar um
Mais frequ e nte me nte, n o enta nto, a escolha entre o salvam ento d o subg rupo d e pacientes com doença esp ec ialm ente agress iva ou
m emb ro e a amputação d eve se r feita com base n as exp ec tativas e d oença resistente à quimi o terapia que evoluiria m al, independente-
d esejos d o pacie nte e d a fa míli a. Sim o n d esc reve u quatro qu estões men te d o procedim ento cirúrgico. C om relação à sobrev ida global
que d eve m se r co nsideradas se mpre qu e co ntemplam os o salva- d o pac iente, o mais impo rtante asp ec to técnico d o p rocedim ento
m ento d o membro em vez d e um a amputação, com o se segue: cirúrgico é a o btenção d e um a marge m ampl a, independe nte m en te
1. A so brevida se ria afetad a pela escolha do tratam ento? d e se isto é co nseguido através de amputação o u ressecção loca l.
2. C om o comparar a mo rbid ad e a curto e longo prazo? A amputação por lesão maligna p od e ser tecnicam ente exi-
3. Com o se ri a comparad a a fun ção d e um m embro recuperado gen te, muitas vezes dem and ando retalh os não convencio nais pa ra o
com a de uma p rótese? fec ham en to o u enxertia óssea para obter um membro residua l m ais
4. Existem q ua isqu er consequ ên cias psicossociais? fu ncio nal. As complicações incluem infecção, d eiscê ncia d a fe ri da,
Vários estudos têm d emo nstrad o o efeito d a escolh a do trata- memb ro cronicam ente d oloroso, dor fa ntasma, e sobrec rescim ento
mento so bre a sobrevida em pacientes com os teossarcoma. Co m o apos iciona l d o oss o requerendo cirurgia de revisão. O salva mento
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TU MORES -

do membro está associado, no entanto, com maior morbidade perio-


peratória de longo prazo em comparação com a amputação. O sal-
vamento do membro exige um procedimento cirúrgico muito mais
extenso, com maiores riscos para infecção, deiscência da ferid a,
necrose do retalho, perda sanguínea e trombose venosa profunda. As
complicações de longo prazo do salvamento de membros variam,
dependendo do tipo de reconstrução. Estas incluem fraturas peripro-
téticas, soltura ou luxação da prótese, não união da junção de enxerto
hospedeiro, fratura do aloenxerto, discrepância de comprimento de
membros e infecção tardia. Um paciente com um membro recupe-
rado é muito mais propenso a necessitar de várias operações futuras
para o tratamento de complicações. Após uma cirurgia de salvamento
de membro inicialmente bem-sucedida, um terço dos sobreviventes
de longo termo, em última análise, pode demandar uma amputação,
dependendo da localização do tumor e do tipo de reconstrução.
Com relação à função, a localização do tumor é a questão
mais importante. A ressecção de lesão da extremidade superior
• =Tumor
com salvamento do membro, mesmo com o sacrifício de um ou ~ ,

1 l=Zona
dois nervos principais, geralmente proporciona função melhor que '~ / reativa
a da amp utação e posterior tratamento protético. Da mesma
maneira, a ressecção de uma lesão femora l proximal ou pélvica
com reconstrução local geralmente proporciona um a função
mel hor do que seria possível após uma desa rticulação do quadril H@ii;HmJI Classificação de Enneking para os procedimen-
ou hemipelvectomia. Em torno do torno zelo e do pé, no entanto, tos locais. (De Enneking WF: Musculoske/etal tumor surgery, vol 1, New
grandes sarcomas são frequentemente tratados com amputação, York, 1983, Churchill Livingstone.)
seguida de encaixe protético. O tratamento de sarcomas ao redor
do joelho deve ser individualizado.
A maioria dos pacientes com osteossarcoma em torno do reconstru ções pro téticas, ou aloenxerto-protéticas, a localização é
joelho é tratada com ressecção ampla e prótese de substituição do a qu es tão mais importante, com as reconstruções proximais geral-
joelho ou amputação transfemoral. As operações menos comumente mente superando as reconstruções distais. (Este é o in verso do
realizadas incluem reconstrução com aloenxerto osteoarticular, prognóstico para a sobrevida em geral do pacie nte, com sarcomas
artrodese com aloenxerto e giroplastia. Em um estudo de pacientes distais tendo prognóstico melhor que sarcomas proximais.) As
com osteossarcoma, Otis, Lane e Kroll demonstraram que, em com- reconstruções do fêm ur proximal geralmente duram mais do qu e
paração com amputados transfemorais, pacientes submetidos à res - as reconstruções do fêmur dista l, q ue, geralmente, duram mais
secção com substituição protética do joelho apresentaram maiores que as da tíbia proximal.
velocidades de caminhada autosselecionada e marcha mais efi- Nenhum estudo mostrou diferença significativa entre a ampu-
ciente em relação ao consumo de oxigênio. Muitos dos amputados tação e o salvamento do membro, em relação ao resultado psicoló-
transfemorais alcançavam mais de 50% de sua capacidade aeróbica gico ou à qualidade de vida em sobreviventes de longo prazo de
máxima em velocidades de caminhada livre. Em mais que 50% da sarcoma. A decisão pelo salvamento do membro ou amp utação
capacid ade m áxima aeróbica, mecanismos anaerób ios são neces- envolve mais do que a questão de saber se a lesão pode ser ressecada
sários para manter o metabolismo musc ular e a resistência é com margens amplas. O paciente, em última análise, deve tomar a
fortemente diminuída. O problema é agravado pela diminuição da decisão fina l, à luz de objetivos de longo prazo e decisões sobre o
função cardíaca em muitos desses pacientes, como resultado de es tilo de vida.
cardiomiopatia induzida pela doxorrubicina.
Harris et ai. compararam a função de longo prazo de amputa-
ção, artrodese e artroplastia para tumores em torno do joelho. Eles MARGENS
demonstraram que os pacientes submetidos a amputações tinham
dificuldades para andar em superfícies íngremes, irregulares ou Ao descrever um procedimento cirúrgico oncológico, é imperativo
escorregadias, mas eram ativos e menos preocupados em danificar que a margem cirúrgica seja adequadamente defin ida. Os termos
o membro afetado. Pacientes com artrodese realizaram o trabalho amputação e ressecção sign ificam pouco sem uma determinante des-
físico e as atividades recreativas mais exigentes, porém tinham difi- crevendo a margem. Isto é especialmente importante quando se
culdades para sentar, especialmente nos bancos traseiros dos carros, avaliam os procedimentos cirúrgicos e os resultados na literatura. Em
teatros ou arenas esportivas. Os pacientes submetidos à artroplastia oncologia ortopédica, a margem cirúrgica é descrita por um dos
geralmente levavam vida mais sedentária e eram mais cuidadosos quatro termos: intralesional, marginal, ampla ou radical. As amputa-
com o membro, mas tiveram pouca dificuldade com atividades da ções e ressecções salvadoras de membros podem estar associadas com
vida diária. Esses pacientes também foram os menos autoconscien- qualquer dos quatro tipos de margens, e a margem deve ser definida,
tes sobre o membro. especificamente, para cada procedimento (Figs. 24-11 e 24-12).
Em pacientes com sobrevida de longo prazo após a ressecção A margem intralesional é aquela em que o plano de dissecção
de um sarcoma de extremidade, a probabilidade de sobrevivência cirúrgica está dentro do tumor. Esse tipo de procedimento é muitas
do membro está associada com o tipo de reconstrução e a localiza- vezes descrito como "citorredução'; pois deixa para trás tumor residual
ção do tumor. Uma artrodese bem-sucedida é mais durável em bruto. Esse procedimento pode ser apropriado para lesões benignas
longo prazo do que uma reconstrução articular móvel. Quanto às sintomáticas, quando a única alternativa cirúrgica seria sacrificar
IED PARTE VIII TUMORES

osso e os compartimentos de quaisquer músculos envolvidos. As ope-


rações radicais foram previamente os procedimentos de escolha para
a maioria das neoplasias de alto grau; no entanto, com as melhorias
nos exames de imagem, os procedimentos radicais agora são rara-
- - - - - - - - - - - - - - - - Amputação
radical ou
mente realizados, pois resultados oncológicos equivalentes geral-
desarticulação mente podem ser obtidos com margens amplas.
Do ponto de vista oncológico, existem oito procedimentos cirúr-
gicos diferentes, pois as ressecções e amputações podem ser definidas
- - - - - Amputação mais adiante por qualquer uma das quatro margens. As amputações
ampla costumam atingir margens amplas (p. ex., uma amputação transfemo-
ral alta para um osteossarcoma do fêmur distal) ou margens radicais
Amputação (p. ex., a desarticulação de quadril para uma lesão femoral), mas esse
nem sempre é o caso. Uma hemipelvectomia para um grande tumor
{ _ marginal
--- -- intrapélvico pode permitir apenas a obtenção de margens marginais
- - - ~Amputação e seria referida como amputação marginal. Raramente um procedi-
intralesional mento paliativo ou nível de amputação inapropriado deixa para
(citorredução) trás doença residual bruta. Esses procedimentos são referidos
• =Tumor como amputações intralesionais. Da mesma maneira, as ressecções de
,~")=Zona tumores ósseos ou dos tecidos moles para salvamento de membros
'~/ reativa podem ser categorizadas por qualquer dos tipos de margens, embora
ressecções radicais em tumores ósseos sejam extremamente raras.

O@ii;hifll9 Classificação de Enneking para amputações.


(De Enneking WF: Musculoskeletal tumor surgery, vol 1, New York, CURETAGEM
1983, Churchill Livingstone.)
Muitos tumores ósseos benignos são tratados adequadamente por
curetagem. Em comparação com a ressecção, a curetagem está asso-
estruturas anatômicas importantes. Essa também pode ser apropriada ciada com uma taxa maior de recorrência local; no entanto, a cure-
como procedimento paliativo no cenário da doença metastática. tagem permite, muitas vezes, melhor resultado funcional. Embora
Enquanto os tumores musculoesqueléticos crescem, eles com- este não seja um procedimento tecnicamente difícil, o cirurgião deve
primem os tecidos ao redor e parecem tornar-se encapsulados. Esse aderir, estritamente, a vários princípios para evitar uma taxa inacei-
envoltório de tecido reativo é muitas vezes referido como pseudo- tavelmente elevada de recorrência local, especialmente nos tumores
cápsula. Uma margem marginal é obtida quando o plano mais benignos mais agressivos.
próximo à dissecção passa através da pseudocápsula. Esse tipo de A curetagem é realizada fazendo-se primeiramente uma grande
margem frequentemente é adequado para tratar a maior parte das janela cortical através da lesão. Essa janela deve ser tão grande quanto
lesões benignas e algumas lesões malignas de baixo grau. No alto a própria lesão. Se a janela é menor que a lesão, o cirurgião, ine-
grau de malignidade, entretanto, a pseudocápsula muitas vezes vitavelmente, deixa tumor residual sob a superfície inferior da
contém focos microscópicos da doença ou lesões "satélite". A ressec- cortical próxima. A massa tumoral é retirada com grandes curetas.
ção marginal muitas vezes deixa para trás doença microscópica que Em seguida, a cavidade é ampliada em volta do osso hospedeiro
pode levar à recorrência local, se as células tumorais remanescentes normal em cada sentido, com uma broca elétrica. (O uso de uma
não responderem à quimioterapia adjuvante ou radioterapia. Apesar broca elétrica é obrigatório para a curetagem de tumores ósseos.)
do aumento no risco de recorrência local, uma ressecção marginal Finalmente, a cavidade e a ferida devem ser irrigadas copiosa-
pode ser preferível se a alternativa for um procedimento mais muti- mente para remover quaisquer detritos e células tumorais. Estes
lante. Melhorias na radioterapia pré-operatória e quimioterapia são os requisitos mínimos para uma curetagem "simples".
neoadjuvante têm tornado as ressecções marginais em alternativas A curetagem "ampliada" inclui o uso de adjuvantes, tais
preferíveis à amputação em algumas circunstâncias selecionadas. como nitrogênio líquido, fenol, polimetilmetacrilato ou cauteri-
Margens amplas são alcançadas quando o plano de dissecção zação térmica (Fig. 24-13) para estender a destruição das células
está no tecido normal. Embora nenhuma distância específica seja tumorais. Vários autores têm relatado taxas de recorrência muito
definida, todo o tumor permanece completamente rodeado por um reduzidas de tumores agressivos, com o uso de adjuvantes. A taxa
manguito de tecido normal. A qualidade de uma margem é mais de recorrência após curetagem ampliada para tumores de células
importante do que a quantidade (espessura) da margem. Por exemplo, gigantes é, agora, de aproximadamente 10%. Apesar de não ter
uma margem fascial proporciona melhor plano de contenção para sido provada em ensaios clínicos randomizados, esta parece ser
disseminação do tumor do que um plano de tecido subcutâneo uma grande melhoria comparada com a taxa de recorrência de
similar ou mais espesso. Se o plano de dissecção toca a pseudocápsula 25% a 50% nos controles históricos relatados antes do uso roti-
em qualquer ponto, a margem deve ser definida como sendo margi- neiro de adjuvantes.
nal, e não ampla. Embora às vezes sejam impossíveis de alcançar, as Embora cada tratamento adjuvante tenha seus proponentes,
margens amplas constituem a meta para a maioria dos procedimentos nenhum estudo revelou que qualquer um seja superior, tendo cada
para lesões de alto grau de malignidade. um deles suas vantagens e desvantagens. A criocirurgia com nitrogê-
As margens radicais são alcançadas quando todos os comparti- nio líquido é eficaz em estender a eliminação do tumor. Estudos têm
mentos que contêm tumor são removidos em bloco. Para tumores demonstrado que ela é superior ao fenol e ao metacrilato na criação
profundos dos tecidos moles, isto implica a remoção de todo o com- de uma borda de osso necrótico (:::;14 mm) em torno de cavidades
partimento (ou múltiplos compartimentos) de quaisquer músculos experimentais em modelos animais e em cadáveres. O nitrogênio
envolvidos. Para tumores ósseos, isto envolve a remoção de todo o líquido normalmente é aplicado pela técnica de "despejo direto" e
iât§ll;Heml Curetagem. A, Tum or de células gigantes do fêmur distal. B, Após o diagnóstico patológico ser confirmado, a janela
cort ica l é fe ita em tamanho maior do que o tumor para permitir exposição adequada . C, Depois que o tumor bruto é removido com
grandes curetas, toda a cavidade tumoral é ampli ada, em todas as direções, com uma broca de alta ve locidade. D e E, A cavidade tumoral
é tratada com feixe de coagu lação de argônio. F, Parafusos são colocados para aumentar a resistência da reconstrução. G, A fluoroscopia
é utilizada pa ra conf irmar a posição dos parafusos. H, O cimento ósseo é uti li zado para preencher a cavidade . 1, Vista pós-operatória.
ma PARTE VIII TUMORES

pode estar associado a complicações maiores, incluindo fratura pato- benignas, os defeitos são preenchidos com um substituto ósseo de
lógica e lesão nervosa. O fenol, por outro lado, tem relativamente sulfato de cálcio/fosfato de cálcio. Para lesões benignas mais agressi-
pouca penetração no osso ( <l mm). Embora seja relativamente fácil vas, tais como tumores de células gigantes, geralmente utilizamos o
de usar, complicações graves têm sido relatadas quando o feno l foi cimento ósseo para preencher o defeito e consideramos a fixação
aplicado, inadvertidamente, nos tecidos normais ao redor. O trata- adj uvante se o defeito necessitar de apoio estrutural adicional. Não
mento adj uvante também pode ser realizado por meio de cauterização removemos, rotineiramente, o cimento numa data posterior, para
térmica, tal como com um feixe coagulador de argônio. Estudos diminuir o risco teórico de doença articular degenerativa.
demonstraram que a profundidade da necrose no osso esponjoso
tratado com fe ixe coagulador de argôn io é de aproximadam ente
4 mm. Temos vasta experiência com o uso de coagulação por feixe de RESSECÇÃO E RECONSTRUÇÃO
argônio e não notamos complicações que possam ser atribuídas dire-
tamente ao seu uso. Finalmente, a despeito de alguma discordância Atualmente, a maioria das lesões malignas musc uloesqueléticas é
na literatura, o cimento ósseo de polimetilmetacrilato pode atuar tratada com ressecção local e reconstrução. Neoplasias benignas
como adjuvante através do seu aquecimento pela polimerização ou agressivas podem também ser tratadas dessa maneira. O objetivo da
através da toxicidade direta do rnonômero. Ele é fac ilmente aplicado ressecção de uma lesão maligna é atingir amplas margens cirúrgicas,
e pode ser usado como agente de preenchimento, em conjunto com se possível. Se isso for impossível por causa de limitações anatômicas,
outros adjuvantes. a ressecção marginal, combin ada com tratamento adj uvante ou
A última questão a ser considerada envolve o preenchimento da neoadjuvante (p. ex., radioterapia para um sarcoma de tecidos
cavidade deixada após a curetagem. As opções incluem enxerto ósseo moles), pode ser preferível à amputação, embora essa decisão deva
antólogo, aloenxerto, matriz óssea desmineralizada, substitutos artifi- ser tomada de forma individualizada, em conjunto com o paciente
ciais de enxerto ósseo e cimento ósseo. O enxerto ósseo autólogo e a famíl ia. A ressecção marginal geralmente é adequada para a
proporciona a taxa de cura mais rápida e mais confiável, pois é osteo- maior parte das neoplasias benignas. As técnicas específicas para
gênico, osteoindutor e osteocondutor, mas está associado com mor- ressecção serão discutidas mais adiante neste capítul o.
bidade adicional no sítio de coleta e pode não estar disponível em Apesar de a artrodese com aloenxerto ainda ter papel importante
quantidade suficiente para preencher urna grande cavidade. O enxerto em algun1as circunstâncias, a maioria das reconstruções envolve a pre-
ósseo antólogo deve ser colhido por meio de um conj unto de diferen- servação de uma articulação móvel, para a qual estão disponíveis três
tes ferramentas para evitar a contaminação da área doadora. Mesmo opções gerais: reconstrução com aloenxerto osteoarticular, reconstru-
que seja apenas osteocondutor, o enxerto esponjoso é incorporado de ção com endoprótese e reconstruções com compostos aloenxerto-pró-
forma confiável. Ele está prontamente disponível em grandes quanti- tese. (Uma opção adicional, a giroplastia, é discutida mais adiante neste
dades e não envolve qualquer outra rnorbidade operatória. Apesar de capítulo.) Em geral, as reconstruções oncológicas envolvem taxas de
o aloenxerto estar associado com o risco teórico de transmissão de complicações maiores do que as das artroplastias totais convencionais,
doenças, não temos conhecimento de quaisquer casos notificados de por causa da natureza extensa da operação, a extensa perda tecidual, e
transmissão dos vírus da hepatite ou da imunodeficiência humana dos efeitos comprometedores da radioterapia e quimioterapia associa-
através do uso do aloenxerto esponjoso liofil izado. Ganhamos expe- das. Além disso, essas reconstruções são muitas vezes realizadas em
riência com o uso da matriz óssea desmineralizada como agente de pacientes jovens, que são extremamente ativos. Algumas complicações,
preenchimento após a curetagem de tumores ósseos benignos. O como necrose da ferida e infecção, são universais para todos os tipos
material é osteocondutor, mas, em contraste com o aloenxerto de reconstruções. Outras complicações são mais específicas para o
esponjoso, o osso desmineralizado também é osteoindutor. Os subs- método de reconstrução. Embora cada método tenha proponentes,
titutos artificiais de enxerto ósseo (p. ex., sulfato de cálcio, fosfato de temos feito o uso mais extensivo de reconstrução com endoprótese,
cálcio) são osteocondutores, fáceis de utili zar e prontamente disponí- reservando outros métodos para indicações específicas.
ve is. Eles podem ser utilizados sozinhos ou associados com enxerto Os aloenxertos osteoarticulares oferecem várias vantagens atra-
ósseo autólogo, aspirados de medula óssea ou matriz óssea desmine- entes, incluindo a capacidade de substituir os ligamentos, tendões e
ralizada. Trabalhos anteriores mostram sua eficácia no que diz res- estruturas intra-articulares. Vários autores têm relatado sucesso com
peito ao preenchimento de defeitos relativamente grandes. Finalmente, esse método de reconstrução; no entanto, outros autores relataram
o cimento ósseo pode ser utilizado como um agente de preenchi- altas taxas de complicações, incluindo não união na junção enxerto-
mento. Além da sua utilização corno adj uvante, ele possui a vantagem -hospedeiro, fratura por fadiga, infecção, colapso articular, luxação,
de fornecer estabilidade imediata, o que torna mais fácil a reabilitação doença artic ular degenerativa e falha nas inserções de ligamentos e
e diminui o risco de fratura patológica. O utra vantagem do cimento tendões. Aloenxertos osteoarticulares podem ter um papel como
ósseo está associada à detecção de recorrência local. Embora as recor- medida temporária para preservar uma fise adjacente em um
rências tumorais sejam difíceis de reconh ecer após o preenchimento paciente imaturo, quando as alternativas incluem amputação ou o
de uma cavidade tumoral com enxerto ósseo ou substitutos ósseos, o sacrifício de ambas as fises. O aloenxerto osteoarticular da tíbia
tumor recorrente é facilmente reconhecido como uma expansão proximal pode ser utili zado em um paciente imaturo, numa tenta-
radiotransparente adjacente ao cimento ósseo. Uma desvantagem tiva de preservar a fise do fêmur distal até a maturidade esquelética.
potencial do cimento ósseo (embora não provada) é que ele pode levar Este pode ser convertido depois para uma reconstrução com endo-
à degeneração articular precoce secundária à alteração biomecânica prótese, quando se tornar necessário.
do osso subcondral. Adicionar uma camada de enxerto ósseo no osso Os compostos aloenxerto-prótese podem prover uma solução
subcondral antes da cimentação pode ajudar a minimizar a alteração de longo prazo para alguns pacientes. Eles evitam as complicações da
biomecânica sugerida. Alguns autores, posteriormente, têm recomen- doença articular degenerativa e colapso articular, enquanto ainda pre-
dado a remoção tardia rotineira do cimento em uma data e substitui- servam a capacidade de inserir tecidos moles diretamente, como
ção com enxerto ósseo. o tendão patelar ou os abdutores do quadril. Estão associados, no
Atualmente, utilizan10s a coagulação por feixe de argônio como entanto, com fratura por fadiga, infecção, e não união na junção
tratamento adjuvante após a curetagem. Para a maioria das lesões do enxerto-hospedeiro. Embora muitos cirurgiões usem compostos
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

aloenxerto-prótese como método primário de reconstrução, a nossa próprias complicações. A reconstrução com endoprótese propor-
principal indicação é um comprimento inadequado de osso hospe- ciona a vantagem de estabilidade imediata previsível que permite
deiro restante para fixar a haste de uma endoprótese. Nós ainda utili- recuperação mais rápida, com suporte imedi ato de carga total.
zamos uma prótese não convencional na reconstrução com aloenxerto A maioria das endopróteses é modular, permitindo o incremento
para fixação do osso hospedeiro remanescente (Fig. 24-14). do alongamento do membro enquanto o paciente imaturo cresce.
A reconstrução com endoprótese também pode fornecer função As melhorias nos materiais de implante têm aumentado bastante
de longo prazo para alguns pacientes e está associada com suas a durabilidade das endopróteses modernas; no entanto, todas estão

H@il;Mm l Menina de 10 anos com osteossarcoma de úmero. A, Radiografia anteroposterior do úmero esquerdo mostra o tumor
se estendendo para baixo, para a diáfise distal. B, Fotografia intraoperatória após ressecção ampla do tumor. C, Aloenxerto de úmero
é preparado para receber a haste de prótese não convencional. D, O aloenxerto é fixado ao restante do osso com placas medial e
lateral. E, A prótese é cimentada no aloenxerto. F, Radiografia pós-operatória.
M:Iifi PARTE VIII TUMORES

Tubo de retenção
Haste femoral
Antena~ r;:l=:;;:;:;;;J 1

G \__ E""'"
femora l
Ta~pa \:'...___ Tubo de
encaixe
da mo la

O@ilajf!ID Prótese expansíve l não invas iva Rep ip hys is®.


(Cortesia de Wright Medical Technology, Arlington, TN. )

1 cm no procedimento inicial. Além disso, a epifisiodese do m embro


contralateral pode ser feita em idade apropriada para preservar a
igualdade de comprimento de membros (ou p ara minimizar a d esi-
guald ade) . Para pacientes mais jovens, no entanto, o utras opções
devem ser consideradas. Embora a amputação e a giroplastia fossem
anteriormente consideradas os únicos tratamen tos razoáveis para
pacientes m uito jovens com sa rcomas ósseos, o uso de próteses expan -
síveis atualmente está ganhando apoio.
Ganhamos experiência consid erável com o uso da Prótese
Expansível Repiphysis (Wright Med ical Techno logy, Arlingto n, TN)
(Fig. 24-16). A técn ica cirúrgica para imp lantação desse dispositivo
é sem elh ante à de outras en dopróteses (Fig. 24-17). O curso pós
-operatório, a reabilitação, a fun ção e as complicações são, da m esm a
for ma, sem elhantes. O di spositivo é úni co, no entanto, na m edida
e m que utiliza a energia armazenada em um a mola comprimida para
permitir a expansão futura da pró tese enquanto a criança cresce.
h[riii;@el:EI Po nte cortica l extramedu lar dese nvo lve-se na
Quando uma discrep ância no comprimento da perna se desenvolve,
interface osso hospedeiro-prótese.
a crian ça é programada para um a expansão (Fig. 24-18). O proce-
dim ento é rea lizado na sala de fluoro scopia com o paciente sob
sedação leve. O mecanism o d e bloqueio é identificado na prótese,
associadas com compli cações em lon go prazo, se o paciente estiver utili zando a fluoros copia, e uma bobina eletromagn ética é colocada
curad o da doença. O d esgaste do polietileno aind a é um fator limi- sobre a perna do paciente a esse nível. A bobina eletromagnética é
tante para as sup erfícies articul ares, mas os implan tes são facilmente ativa da por 20 segundos, o que aquece um elemento na prótese,
substituíve is na maiori a das próteses. A fratura por fad iga po d e fundind o um pequeno segmento d e polietileno e permitindo a
ocorrer na dobrad iça rotativa , mas esta também é fac ilmente subs- expan são controlada d a m ola. Os comprimentos das pernas são
tituível. A fratura por fadiga na base da haste intramedular onde ela reavaliados por fluoroscopia e o processo é repetido uma ou duas
se un e ao co rpo da prótese é m ais problem áti ca. Neste local, a extra- vezes, se necessário. Temos sido capazes d e ganhar de 0,5 a 1,5 cm
ção d a haste remanescente pode se r extrem amente difícil. d u rante cada sessão de expansão programada. As sessões de expan -
Próteses para segmentos ósseos e articulares são mais comu- são pod em ser agendadas a cada 4 se manas, se necessá rio, para
m ente protegidas através da fixação composta. Uma haste intramedu- perm itir que a perna operada possa se recuperar. Depois das sessões
lar é fixa da com cimento, e a região do "ombro" da prótese é construída d e expansão, a maiori a dos pacientes é capaze de deambular ime-
com revestimento poroso, com o objetivo de, mai s adiante, promover diatam ente, sem dispositivo auxi liar. Embora es te dispositivo n ão
uma ponte cortical extramedular (Fig. 24- 15) . seja tão durável e os problemas m ecân icos sejam comuns, as com-
A fixação inicial com cimento proporcion a estabilidade ime- plicações são relativamente fáce is de resolver. Além disso, os pacien -
diata para rápida reabilitação. A finalidade da ponte cortical extrame- tes esqueleticamente imaturos, tratados para sarcom as ósseos, têm
dular é servir como uma sutura em bolsa para protege r a interface a possibilidade d e m anter a iguald ade do comprimento de m embros
cimento-osso d e resíduos de partículas gerad as na superfície articular após a conclusão do crescimento.
e para proporcionar suporte es trutural ad icional , protegendo a junção
da base da haste com o corpo da prótese. Essa área é suscetível, de
outra forma, à fratura por fadiga como resultado da co ncentração de TÉCNICAS CIRÚRGICAS
tensões. Embora seu benefício não tenha si do estabelecido, o enxerto
ósseo na região do "ombro" da prótese, para promover ponte extra- EXTREMIDADE SUPERIOR
cortical, tem sido defendido por vários autores.
Em co ntraste co m a extrem id ade in fe ri or, m esm o o m elh or membro
artificial fa lha em forn ecer função compa rável na extremidade supe-
CON~IDERAÇÕES PARA PACIENTES rior. A imaginologia e técnicas cirúrgicas modernas permitem o
PEDIATRICOS sa lva m ento do membro, na maioria das circunstânci as. As ressec-
ções d o úm ero proximal frequentemente requerem o sac rifíci o
A futura desigualdade de comprimento d os membros d eve ser consi- do ne rvo axila r, e as ressecções d a diáfise do úm e ro frequ ente-
derada nos pacientes pediátricos. Para pacientes que estão perto da me nte requerem o sac rifí cio do n e rvo ra di al. Mesmo com o sacri -
m aturidad e esqu elética, o m embro reconstruído p ode ser alongado fício d e três nervos principais, o sa lvamento do membro geralmente
CAPÍTULO 24 PRINC[PIOS GERAIS DOS TU MORES 4:Hf8

h!ijll;@fllll A, Radiografi a anteroposterior


do fêmur distal de uma menina de 7 anos de idade
com ost eossarcoma teleangiectásico. B, Imagem
co rona l de RM. C, Fotog rafia intraoperatória da
peça ressecada e da prótese customizada Repi-
physis®. D, Fotografia intraoperatória após a colo-
cação da prótese. E, Radiografia anteroposterior.

proporciona função melhor que a d e um membro artificial. Se o úmero proximal se estenderem para a articu lação, e a ressecção muitas
nervo mediano o u o ulnar tiverem de se r sacr ificados, o salvamento vezes requer escapu lectomia parcial extra-arti cular. Para criar Lll11a
do membro ainda pode valer a pena se músculos funcionantes estão terminologia padrão para vários procedimentos cirúrgicos de ressec-
disponíveis para transferências. Uma indicação para amputação é o ção da cintura escapular e permitir a comparação significativa dos
envolvimento neurovascular extenso. A fratura patológica desviada resultados, Malawer et ai. propuseram uma classificação desses pro-
pode ser uma indicação relativa. cedimentos. Eles observaram que os conceitos anteriores não descre-
viam adequadamente as margens cirúrgicas, a relação do tumor para
• RESSECÇÃO DA CINTURA ESCAPULAR com os compartimentos anatôm icos, o estado da articulação glenou-
Os tumores da escápula frequentemente são complicados pela ex- meraJ, a magnitude do procedimento cirúrgico ou o estado do meca-
tensão para a ar ticulação glenoumeral, que requer a ressecção extra- nismo abd utor.
articular da cabeça umeral em bloco com a escápula. Da mesma O sistema proposto baseia-se, exclus ivamente, nas estrutu -
maneira, o tendão do bíceps oferece passagem para os tumores do ras removidas, refletindo o tipo de ressecção e sua relação com a
M:M:t PARTE VIII TUMORES

1Miillill1''1i1' &li
Procedimento de alongamento com prótese expansível Repiphysis®. A, Mecanismo de travamento (seta) loca lizado. B,
A perna do paciente é marcada nesse local. C, A bobina eletromagnética é posicionada em torno da perna do paciente, ao nível do
mecanismo de bloqueio. D, Dispositivo ativado. E e F, Radiografias pré-expansão e pós-expa nsão.
CAPÍTULO 24 PRI NC [PIOS GERAIS DOS TUMORES - -

-----~
articulação glenoumeral, e indica um aumento progressivo na mag-
nitude do procedimento cirúrgico. Além disso, ele ind ica o estado TÉCNICA
do mecanismo abdutor. Os procedim entos são di vididos em seis
tip os: tipo I, intra-articular com ressecção um eral proximal; tipo II,
(MARCOVE, LEWIS E HUVOS)
ressecção escapular parcial; tip o III, escapulectomi a total intra- arti-
• Coloque o paciente em decú bito latera l livre, o que
cular; tipo IV, escapulectomia total extra-articular e ressecção da
permite o acesso a ambas as porções, anterior e posterior
cabeça umeral; tipo V, ressecção extra-articul ar da cabeça umeral ; e
do ombro. Prepare tod a a extremidade, do pescoço até
tipo VI, ressecção umeral extra-articu lar e escapular total. Cada tip o
a orelh a, e a linha média do tronco tanto anteriormente
é subdividido de acordo com o status do mecanismo abdutor: A,
quanto posteriormente para baixo, para a crista ilíaca,
intac to, ou B, ressecção parcial ou completa (Fig. 24-1 9).
dentro do campo estéri l.
•Faça uma incisão partindo da extremidade medial da
clavícula e estenda-a lateralmente ao longo dos dois
terços med iais do osso. A incisão é então curvada infe-
riormente sobre o processo coracoide e continuada ao
RESSECÇÃO DA CINTURA ESCAPULAR longo da face medial do braço (Fig. 24-20A). A partir do
O proced imento de Tikhoff-Linberg para ressecção da meio dessa incisão, faça uma extensão longitudinal pos-
cintura escap ular consiste na escapu lectomia total, a terior ao lon go do meio da escá pula ao se u ângulo infe-
excisão parcial ou tota l da clavícu la e excisão do úmero rior. Incise o deltoide e o peitoral maior inferior à clavícula
proxima l. Esse procedimento é útil no tratamento de e medial à coraco ide (Fi g. 24-208). O acesso às estruturas
tumores malignos em torno do ombro nos quais existe neurovasculares é facilitado seccionando-se e refletindo
marg em suficiente de t ecido norm al para li berar as estru- o peitora l menor e o tendão conjunto na inserção no
turas neurovasculares. processo coracoide. Um dedo de luva ou instrumento )

Tipo 1 Tipo li

Ressecção intra-articular
do úmero proxi mal Escapu lectomia parcial

A. Abdutores preservados A. Glenoide preservada


(demonstrados) B (demonstrada)
A B. Glenoide ressecada
B. Abdutores ressecados

Tipo Ili Tipo IV

Escapulectomia Ressecção extra-articular da


intra-articular total escápula e cabeça umeral

A. Abdutores preservados A. Abdutores preservados


e (demonstrados) D B. Abdutores ressecados
(demonstrados)
B. Abdutores ressecados

Tipo V
mmJ:a·I· mD Cla ssifi cação rnurgica das
Tipo VI ressecções da cintura escapu lar. A, Tipo 1: res-
secção intra-articula r do úmero proximal. B,
Tipo 11 : escapulectomia parcial. C, Tipo Ili:
Ressecção extra-articu lar Ressecção extra-articular do escapulectomia tota l intra-articular. D, Tipo IV:
da glenoide e cabeça umeral úmero e total da escápula
ressecção extra-articu lar da escápu la e cabeça
A. Abdutores preservados A. Abdutores preservados do úmero. E, Tipo V: ressecção extra-articular
E B. Abdutores ressecados F B. Abdutores ressecados do úmero e glenoide. F, Tipo VI : ressecção extra-
(demonstrados) (demonstrados) -articu lar total da escápula e cabeça do úmero.
M:H•• PARTE VIII TUMOR ES

Veia
cefálica Músculo
deito ide
1

Fascículo lateral

Músculo bíceps ---=...__,;;;;;;;-;;;~

Nervo mediano --~$'f;iii

Incisão anterior da pele Incisão posterior da pele


A B

anterior

Músculo
redondo
menor

Músculo
redondo maior

Músculo
D grande dorsal

O[rill;h'tflm Ressecção da cintu ra escapul ar segu ndo Ma rcove, Lewis e Hu vos. A, Incisão de pe le. B-D, Anatomia cirú rgica da res-
secção (vej a o t ext o). (De Marcove RC, Lewis MM, Huvos AG: En bloc upper humera l interscapulothoracic resection: the Tikhoff-Linberg procedure,
Clin Orthop Relat Res 124:219, 1977) VEJA A TÉCNICA 24-1.

pode ser passado profundamente a esses tendões para afastamento media l. Se necessário, sacrif ique os ne rvos
)
proteger as estruturas profundas durante a sua secção. radial e musculocutâneo .
•Ligue a ve ia cefá lica e exponha os vasos axilares e o •Seccione os músculos bíceps, tríceps, redondo maior e
plexo braquial. Identifique se o feixe neurovascular grande dorsal à distância do tumor (Fig. 24-20C).
não está envolvido pelo tumor. Tração medial suave • Osteotomize a extremidade medial da clavícula.
das estruturas neurovascu lares auxilia na identificação •Desenvolva a exten são posterior da incisão já descrita .
dos vasos circunflexos umerais anterior e posterior, Mantenha os retalhos cutâneos tão espessos quanto pos-
que são então ligados. Os va sos axilares são então sível e exponha as bordas medial e lateral da escápu la.
proteg idos pelo rest ante do procedimento através do Mobilize o ângu lo inferior e a borda vertebra l da escápula,
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES cm
seccionando os múscu los grande dorsal, trapézio, rom- • RESSECÇÃO DA CLAVÍCULA
boide e os múscu los elevadores da escáp ula (Fi g. 24-200 ) Como a clavícul a é subcutânea, as lesões em geral são descobertas
• Tome cuidado em preservar amplas margens de tecidos precocemente. A extremidade pode ser ressecada ou mesmo o osso
moles em lesões escapu lares . Se a lesão se situar no úmero in te iro pode ser excisado com pouca perda de fun ção. As técnicas
proximal, uma osteotomia esca pular pode ser feita ao nível de ressecção da extremidade medial ou lateral da clavícula são dis-
da coracoide; em seg uida, o corpo da escápu la é poupado . cuti das no Capítul o 61.
•Levante um reta lh o lateral de pele sobre a parte superior
do braço, deixando o deltoide com a peça. • RESSECÇÃO DA ESCÁPULA
• Complete a mobilização da escápula, seccionando os mús- Partes da escápula, variando de um pequeno segmento a todo o
cu los omo-hióideo e serrátil anterior, dividindo e ligando os corpo do osso, podem ser ressecadas por conta de tumores benignos
vasos supraescap ular, subesca pular e cervicais tra nsversais. ou malignos e infecções. O músculo subescap ular muitas vezes
• Seccione os músculos bíceps e braqu ial no local preten- fornece marge m adequada, protegend o os tumores da escápula da
di do pa ra a ost eotomia umera l, conforme determinado a invasão direta da pa rede torác ica, mesmo tardiam ente. A ex tensão
partir da imaginologia pré-operatória . Osteotomize o do tumor para a parede torácica ou o envolvi mento das estruturas
úmero a esse nível e remova a peça. Confirme margens neurovasculares axi lares impediriam a indi cação para ressecção
adequadas através de biópsia e congelação. escap ular isolada. Depois que o corp o ou a espinha da escápula são
•Reinsira o bíceps e o tríceps no trapézio, peitoral maior e resseca dos, o ombro perm anece bastante estável e fun cional, pois o
grande dorsal. acrôm io, a glenoide e a co racoide não são afetados e o úmero pe r-
•I nsira uma prótese umera l no úmero remanescente e manece em posição próxima ao normal (Figs. 24-2 1 a 24-23). No
ancore a extrem idade superior na segunda costela ou na entanto, a ressecção da glenoide requer o reparo do restante dos
clavícu la remanescente. tecidos mo les em torn o do úmero proximal, para fo rnecer algum
•Fech e a fe rid a sobre drenos e co loq ue um imobili zador elemen to de estabilidade. A estabilidade e fu ncionalidade são menos
de om bro. previsíveis nessa situação.
O texto continua na página 816

H@ii;Hf!IJI Escapulectomia em um
menino de 15 anos com osteossarcoma da
escápula direita. A, Radiografia antero-
posterior B, Cintilografia óssea. C, Imagem
de RM.
M:lfi PARTE VIII TUMORES

Hi§i!ajif!fJN(.]1IM D, Retalhos medial e lateral são levantados. E, Deltoide, trapézio, romboides e elevador da escápula foram
liberados de suas inserções na escápula. F, A escápula foi removida . G, Suturas inseridas no tendão da cabeça longa do bíceps e tendão
conjunto. H, Tendões reparados através de furo feito na clavícula . O deltoide é suturado ao músculo trapézio. 1, Radiografia
pós-operatória .
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES 4:H@

H[riii;t.)Bl!I Condrossarcoma da espinha da escápu la e acrômio . A, Radiografia anteroposterior. B, Imagem de RM mostra a exten-
são do tumor. C, Incisão elíptica ao redor da cicatriz da biópsia. D, Osteotomia na base da esp inha da escápula. E, Espinha e acrômio
foram ressecados. F, Deltoide reparado ao músculo trapézio.
H!dll;t.)f{f!j(.],\M G, Radiografia pós-operatória . H e 1, Fotografias clínicas demostram boa função do ombro.

li!§il@flm Escapulectomia por tumor. A, Posição do paciente e da incisão para a cirurgia de tumor localizado no centro da
escápula (mancha escura). O braço deve ser preparado completamente livre para que possa ser mobilizado, facilitando a excisão das
inserções musculares. B, Músculos escapulares expostos depois de levantar os retalhos cutâneos. O músculo trapézio é ressecado na
espinha da escápula, como demonstrado. A linha verde tracejada indica o local de excisão do músculo deltoide. C, Os músculos trapézio
e deltoide foram refletidos, e o músculo grande dorsal foi afastado distalmente.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES 4:b#

Cabeça longa
do tríceps

anterior

Ligamento
acromioclavicular
1

Coracoide
Clavícula
1
Acrômio
1

H[riii;f4if$f.Jii%•i1!M D, Inserção, palpação dos conteúdos axilares, que necessitam ser afastados do campo operatório. A ilustração
principal mostra a ponta da escápu la puxada inferomedialmente e os músculos desinseridos conforme demonstrado. A linha verde
quebrada indica a linha de secção dos músculos supraespinhal, infraespinhal e serráti l anterior. E,, Secção da espinha da escápula na base
do acrômio, com osteótomo. Após o músculo subescapular ser incisado sob a orientação do dedo do cirurgião, a serra de Gigli é passada
em torno do colo de escápula, que é seccionado (E 2) . E3, Escápula ressecada com articu lação do ombro intacta. F, Fechamento e reinserção
dos músculos. Deltoide e trapézio são suturados entre si e ao processo acromial. Os músculos redondos maior e menor são suturados à
parede torácica. (Redesenhada a partir de Das Gupta TK: Scapulectomy: indications and technique, Surgery 67:601, 1970.) VEJA A TÉCNICA 24-2.
PARTE VIII TUMORES

neoplasias benignas agressivas e carcinoma metastático do


RESSECÇÃO ESCAPULAR úmero proximal. As alternativas de reconstrução após a res-
secção incluem ombro mangual, espaçador passivo, artro-
TÉCNICA plastia (implante ou aloenxerto) e artrodese. A artrodese com
aloenxerto é a reconstru ção mais estável para pacientes jovens
(DAS GUPTA)
que desejam seg uir atividades mais vigorosas; no entanto,
usamos uma endoprótese com maior frequência, mesmo
• Coloque o paciente em decúbito ventral com o braço
que ela sirva apenas como um espaçador passivo.
repousando a 90 graus de abdução em um apoio de
braço. Paramente o braço livre, para que um assistente ~
possa movê-lo, conforme necessário, durante o procedi- TÉCNICA ~~~~~~~---!~
mento (Fig . 24-23A) .
• Realize incisão elíptica na pele, compreendendo o tumor, • Coloque o paciente em decúbito dorsal, com uma almo-
estendendo-a a partir da ponta do acrômio superolateral - fada sob a escápula para elevar o ombro a partir da mesa .
mente à reg ião paravertebral inferomedialmente (Fig. •Faça uma incisão a partir da articulação acromioclavicular
24-23A). ao longo do sulco deltopeitoral e da borda latera l do
•Levante os retalhos de pele medial e lateral sobre a fásc ia músculo bíceps até um nível adequado no braço. A incisão
investida. Seccione a inserção do músculo trapézio na deve formar uma elipse ao redor da cicatri z da biópsia no
esp inh a da escápula e afaste os múscu los superomedial- terço anterior do deltoide (Fig. 24-24).
mente, expondo o músculo supraesp inhal (Fig. 24-238). • Consideração pré-operatória deve ser dada à extensão
• Seccione a inserção do músculo deltoide no acrômio. extraóssea do tumor, pois esta porção deve ser ressecada
Seccione a inserção do grande dorsa l no ângu lo inferior com margem ampla.
da escápu la e afaste os músculos inferiormente. • Seccione o peitoral maior perto de sua inserçã o no úmero
• Aplique tra ção no ângulo inferior da escápula com uma proximal, deixando uma margem de tecido. Isto permite
pinça de campo e seccione os múscu los inseridos no boa exposição das estruturas neurovascu lares.
lim ite vertebral da escápula e o elevador da escápu la no •Desenvolva o interva lo entre as est rutu ras neurovascula-
ângulo superior da escápula (Fig. 24-23C). res e o úmero proximal e disseque circunferencia lmente
• Gire a escápul a e abduza o braço, permitindo que os ao redor do úmero proximal, deixando um manguito de
conteúdos axi lares sejam afastados para fo ra do campo músculo normal sob re o tum or. O tendão conjunto pode
operatório (Fig. 24-23D). ser preservado e serve como pont o de ref erência para a
• Seccione o redondo maior e o menor e a cabeça longa identifi cação das estruturas neurovasculares, que são
do tríceps, seguidos dos tendôes supraespinhal e infraes- apenas mediais. O nervo muscu locutâneo é localizad o na
pinhal e a inserção do serráti l anterior. substâ ncia do tendão conjunto e deve ser tomado cuidado
•Exponha a articulação do ombro e seccione a esp inha da du rante o seu afast amento.
escápula próximo ao acrômio, utilizando um osteótomo • Reflita o músculo peitoral mediaimente, expondo o
ou serra sag ital (Fig. 24-23E) músculo subescapu lar. Libere os múscu los que se inserem
• Seccione o su bescapular e passe uma serra de Gigli ao nas tuberosidades e no úmero proximal, preservando os
redor do colo da escápula, evitando a articulação glenou- nervos radial e axilar, se possível.
meral. Seccione o colo da escá pula para retirar a peça. •Incise a cápsu la circunferencia lmente. Leva nte o tendão do
•O btenha hemostasia e aproxime os múscu los trapézio e bíceps de seu sulco, afaste-o lateralmente, e, em seguida,
deltoide (Fig. 24-23F). Suture os músculos redondos seccione o úmero em um nível distal ao tumor, conforme
maior e menor na parede torácica, insira drenos de sucção determinado pela imag inolog ia pré-operatória (i e., RM).
e feche a ferida. Coloque um imobilizador de ombro. • Após a osteotomia, a peça pode ser man ipulada para
fac ilitar a libera ção de quaisquer inserçôes restantes de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O imobilizador é remo- tecidos moles. Com uma pinça de osso, segure a extre-
vido após 48 horas e uma tipoia simples é aplicada. Exer- midade distal do fragmento proximal, retire tod os os
cícios ativos e ativo-assistidos do ombro são in iciados tão tecidos moles restantes, e remova a peça.
logo os sintomas permitam .
RECONSTRUÇÃO COM OMBRO MANGUAL
• A ferida é fechada sobre drenos de sucção e um im ob il i-
zador do ombro é colocado. Depois de 2 a 5 dias, uma
tipoia é ap licada e exercícios ativos são incentivados.
RESSECÇÃO DO ÚMERO PROXIMAL
RECONTRUÇÃO COM ESPAÇADOR PASSIVO
A biópsia da lesão do úmero proximal deve ser feita através • Se resta tecido mole suficiente para fornecer estabilidade
do terço anterior do deltoide, tomando cuidado para não adequada, um espaçador passivo gera melhor cosmética
contaminar o intervalo deltopeitoral. A contaminação desse e função um pouco melhor do que de um ombro mangual.
interva lo posteriormente permitiria que as célu las tu morais se A loenxerto, enxerto autólogo f ibular ou implante proté-
espalhassem a uma distância ma ior e faria com que uma res- tico podem ser uti lizados.
secção bem-sucedida fosse mais difícil. A ressecção do úmero
proximal, com os tecidos moles adjacentes, gera lmente RECONSTRUÇÃO COM ARTRODESE
atinge margens satisfatórias para o tratamento de sarcomas. • Desde que os músculos escapu lotorácicos estejam funcio-
Também temos utilizado essa técnica para o tratamento de nando de forma satisfatória, a maneira mais correta para )
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

H@ll;!·)E 9 A, Radiografia anteroposterior do úmero proximal direito de um homem de 47 anos de idade, com condrossarcoma.
B, Fotografia intraoperatória durante ressecção ampla do tu mor. C, Peça ressecada . D, Fitas de Mersilene colocadas através do !abro
glenoidal. E, Prótese cimentada no úmero distal. F, Cabeça do úmero f ixada pe la fita de Mersilene. VEJA A TÉCNICA 24-3.
M:H:t PARTE VIII TUMORES

RESSECÇÃO DO ÚMERO PROXIMAL


TÉCNICA
--~~
(GEBHARDT ET AL.)

•Faça uma incisão no su lco de ltopeitora l, extirpando qual -


quer cicatriz de biópsia prévia.
•Seccione a inserção do músculo peitoral maior e afaste o
músculo coracobraquia l e a cabeça curta do músculo
bíceps mediaimente.
• Desinsira o músculo deltoide extraperiostealmente para
expor o úmero proximal.
•Seccione as inserções do grande dorsa l e redondo maior
e proteja o nervo radial.
• Repare o manguito rotador e a cápsula do ombro com
suturas e seccione-os. Afaste o músculo bíceps, divida o
múscu lo braqu ial e seccione o úmero abaixo da lesão,
assegurando ampla margem.
•Retire a peça e tenha um patologista disponível para
verificar margens livres.
•Corte o aloenxerto osteoarticu lar para encaixar no defeito
med ido.
•Consiga um reparo seguro do manguito rotador e da
cápsu la com o enxerto posicionado entre 40 e 60 graus
de abdução.
OMl!;fflflm Técn ica de artrodese de Enn eking após a res- • Utilize placa de compressão para a osteossíntese e reinsira
secção do úmero proximal. Os enxertos são reti rados da fíbul a os músculos redondo maior, grande dorsal e peitoral
e crista ilíaca. A placa femo ral é previamente dobrada para maior.
formar um ângulo de 50 graus com a borda lateral da escáp ula. •Repare a origem e a inserção do músculo deltoide, feche
A curvatura maior (A) é ajustada à ponta do acrôm io, e a cur- a ferida e imobilize o omb ro em uma órtese de abd ução
vatu ra menor (B) é aj ustada à base da espinha. A placa é adaptad a umera l.
à espi nha de 15 a 20 graus de fl exão com o corpo da escápula
e torcida para alinhar-se co m a metade distal. A placa é fi xa da
à espinha (1, 2, 3) e à diáfise (4, 5) com parafusos corticais. A
diáfise do primeiro enxerto da fíbula é fi xada no acrômio (6)
com o pa rafuso esponjoso longo e, em seg uida, à diáfise do RE~SEÇÃO INTERCALAR DA
úmero (7) com parafuso cort ica l. O seg undo enxerto de fíbula é DIAFISE UMERAL
fixado em ângu lo de 15 graus à diáfise umeral com parafusos
Tumores da diáfise umera l podem ser tratados com ressec-
cort icais na escápula (8) e úm ero (9). O enxerto tricortical de
ção intercalar, preservando o ombro e o cotovelo do
il íaco é fixado por parafusos, através da placa e do enxerto, na
paciente. A reconstrução é alcança da com aloenxerto,
glenoide (10, 11). (De Enneking WF: Musculoskeletal tumor surgery,
enxerto autólogo (vascu larizado ou não), ou substitu ição
vol 1, New York, 1983, Churchill Livingstone.) VEJA A TÉCNICA 24-3.
protética intercalar (Fig. 24-26).

---------~
TÉCNICA

proporcionar estabi li dade e abdução ativa do braço após (LEWIS)


)
a ressecção do úmero proximal é a artrodese. Aloenxer-
tos, enxertos autólogos (vascu larizados ou não), ou com - •Use o acesso extensível de Henry para úmero (Cap. 1).
binações destes enxertos têm sido propostos. Gera lmente •Libere a inserção do peitora l maior e afaste a ca beça
é necessário suporte externo prolongado para alcançar a longa do bíceps latera lmente e a cabeça curta do bíceps
união. Ennekin g descreveu um método para ta l artrodese e o coracobraquia l mediaimente.
(Fig. 24-25) •Identifique o feixe neurovascular e mobilize-o mediai-
mente. Identifique e proteja os nervos muscu locutâneo,
RECONSTRUÇÃO COM ARTROPLASTIA axilar e rad ial.
•Se a ressecção do tumor permite poupar o manguito • Desins ira os músculos grande dorsa l, redondo ma ior,
rotador e o múscu lo deltoide, a reconstrução com artro- coracobraquia l e t ríceps braquial do úmero. Faça a osteo-
plastia é viável utilizando aloenxerto osteoarticu lar, com - tomia do úmero proximal a um nível adequado. El eve o
posto aloenxerto prótese ou prótese não convenciona l. moles remanescentes, faça a osteotom ia dista l e remova
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

O@ii;J4f!Ell Aloenxerto umeral interca lar em homem de 19 anos com sarcoma de Ewing. A, O aloenxerto é mo ldado para preen-
cher o defeito e é fixado com haste intramed ul ar. B, Placas de compressão uti li zadas para fixar as jun ções proximal e dist al. C, Radio-
grafia pós-operatória. VEJA A TÉCNICA 24-5.

a peça da ferida. Reconstrua o esqueleto com enxerto TÉCNICA


ósseo ou prótese e feche a ferida sob re drenos de sucção.
•Use a abordagem extensível de Henry ao úmero (Cap . 1).
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um imobi lizador de ombro • Identifique e mob ilize os nervos radial e med iano e os
é aplicado e usado por vários dias. Uma tipoia é então vasos braquiais. (Como alternativa, aborde o úmero distal
colocada e exercícios ativos suaves são iniciados. através de acesso posterior depois de isolar e proteger o
nervo ulnar.)
• Osteotomize o úmero em um nível adequado.
•Prenda-o com uma pi nça óssea e dirija o osso anterior-
mente a partir da ferida.
RESSECÇÃO DO ÚMERO DISTAL • Desinsira todos os anexos musculares extraperiostea l-
Sarcomas ósseos ao redor do cotovelo adequados à ressec- mente por dissecção aguda e remova a peça.
ção com preservação de membro são raros. Os pacientes •Reconstrua o cotovelo e feche a ferida sobre drenos de
com carcinomas metastáticos, mieloma múltiplo ou lesões sucção.
ben ignas agressivas, tais como condroblastoma ou tumor
de células gigantes, podem ser mais bem tratados com esse CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um volumoso curativo
tipo de cirurgia (Fig . 24-27). Opções de reconstrução t ipo Jones é ap licado com o cotovelo a 90 graus e o
incluem cotovelo mangu al, aloenxerto osteoarticular, artro- antebraço em rotação média . A extremidade é suportada
plastia com implante e artrodese. com uma t ipo ia.
M:fl•• PARTE VIII TU MORES

H!§ii;tJEZfa Mulher de 59 anos de idade, com metástase isolada de carcinoma de células renais, foi tratada inicialmente em ins-
talações externas com radioterapia, curetagem, e cimentação por fratura patológica do úmero distal. A, Radiografia anteroposterior
mostra falha da reconstrução. B, Língua do tendão do tríceps é refletida distal mente. C, O úmero distal é ressecado e a ulna é preparada
para receber a prótese. D, Úmero distal ressecado e a prótese. E, Prótese cimentada no úmero e na ulna.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES -

iâtdi!;f4ftfJl3•11I# F, Tríceps reparado. G e H, Rad iog rafia s pós-operatórias ant eroposterior e lateral.

R~SSECÇÃO DO •Desloque o rádio posteriormente de modo que o colo


radi al articu le-se com a tróclea.
RADIO PROXIMAL •Suture o tendão do tríceps na cabeça radial. Alternativa -
Porções consideráveis do rádio proximal podem ser resse- mente, pode ser rea lizada reconstru ção com aloenxerto
cadas sem reconstrução (Fig. 24-28). osteoarticular (Fig. 24-29).
•Feche a ferida sobre drenos de sucção e ap lique uma ta la
TÉCNICA ~ posterior com o cotovelo a 90 graus e o antebraço em
~-~-----'~ rotação média. Exercícios ativos são iniciados em 4 a 6
•Tanto a abordagem dorsal (Thompson) quanto a anterior semanas.
(Henry) podem ser utilizadas (Cap. 1).
•Identifique e proteja os vasos radiais e o ramo profundo
do nervo radial.
•Seccione o osso a um nível adequado, eleve-o a partir da
ferid a com uma pinça de osso, desinsira os músculos RESSECÇÃO DO RÁDIO DISTAL
extraperiostealmente por dissecção aguda e remova a
peça . A ressecção da extremidade dista l do rádio tem sido parti-
•Feche a ferida sobre drenos de sucção e aplique uma tala cularmente útil no tratamento de pacientes com tumo r de
gessada posterior com o cotovelo a 90 graus e o ante- células gigantes. A reconstrução pode ser rea lizada por
braço em rotação neutra . Exercícios ativos são in iciados artrop lastia ou artrodese com aloenxerto ou enxerto ósseo
em cerca de 2 semanas . autólogo. Nós preferimos a ressecção, seguida de recons-
trução artrop lástica com enxerto autólogo fibu lar proximal,
para pacientes que desejam manter o movimento e realizar
atividades leves, e artrodese para pacientes que desejam
sacrifi ca r o movimento em troca de uma reconstrução mais
RESSECÇÃO DA ULNA PROXIMAL estável (Fig . 24-30).

---------"~ '-----------'~
TÉCNICA TÉCNICA
•Faça um acesso long itudina l posterior à ulna proximal. •Use a abordagem dorsa l para o rádio (Cap. 1).
Desinsi ra o mecanismo tricipital e faça a osteotom ia da •Seccione o retináculo extensor e desenvolva um interva lo
ulna a um nível adequado. entre o terceiro e quarto compartimentos extensores.
•Eleve o osso a partir da ferida com uma pinça de osso e Afaste os tendões extensores para permitir a exposição
desinsira extraperiostealmente, de forma aguda, qual- completa do rádio distal. )
quer remanescente de tecidos moles.
O texto continua na página 826
llD PARTE VIII TUMORES

O@il;tijfZ!Ill Ressecção proximal do rádio em homem de 56 anos


com fratura patológica secundária à metástase isolada de carcinoma
de células renais. A e B, Radiografias pré-operatórias anteroposterior
e lateral. C, Fotografia intraoperatória . D, Peça ressecada. E e F, Radio-
grafias pós-operatórias anteroposterior e lateral.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES -

O!§ih@e&I Osteossarcoma no olécrano de homem de 20 anos de idade. O paciente relatou dor no cotovelo direito 3 anos após
a ressecção de osteossarcoma femoral. A e B, Radiografias lateral e anteroposterior do cotovelo direito parecem normais. C, Imagem
de RM mostra claramente lesão no olécrano. A biópsia incisional revelou osteossarcoma. D, Cicatriz da biópsia . E, Incisão foi feita sobre
a borda subcutânea da ulna proximal, deixando a cicatriz de biópsia intacta.
H@il;Mf&fklg.l.IM F, Osteotomia ulnar foi feita distalmente para garantir margem ampla. G, Nervo ulnar isolado e protegido
enquanto a ulna proximal foi ressecada com margens amplas. H, Peça removida do campo. 1, Aloenxerto de ulna proximal com tendão
do tríceps seccionado e colocado no defeito . J, Aloenxerto foi fixado à ulna distal com placa de compressão dinâmica de 3,5 mm.
O tendão do tríceps e a cápsula articular do cotovelo são reparados. K, A ferida foi coberta com retalho livre do músculo grácil e
enxerto de pele parcial. L, Fotografia da peça seccionada após a remoção dos tecidos moles. VEJA A TÉCNICA 24-8.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES cm

ljt§l!íJ.!f!m A, Radiografia anteroposterior de mulher de 56 anos de idade com tumor de células gigantes do rádio distal. B,
Imagem de RM mostra extensão tumoral e massa nos tecidos moles. C, Rádio distal acessado dorsalmente. D, O tumor foi ressecado .
E, Pe ça ressecada . F, Enxerto autólogo fibular proximal preparado para preencher o defeito. G, Fusão do punho com placa moldada de
3,5 mm que se estende da diáfise radial ao terceiro metacarpo . VEJA A TÉCNICA 24-9.
-- PARTE VIII TUMORES

iê[§il;tljEIJI Ressecção dista l da ulna. A e B,


Radiografias anteroposterior e lateral de tumor de
cé lulas gigantes da ulna distal. C e D, Radiografias
pós-operatórias.

•Use uma serra elétrica para separar o rádio proximal do tumor distalmente a partir da diáfise radial e é centrada sobre o
)
no nível determinado pela imaginologia pré-operatória. terceiro metacarpo. A compressão na junção aloen xerto-
•Segure a extremidade proxima l do fragmento distal com -hospedeiro pode ser conseguida uti lizando-se a placa
uma pinça óssea e puxe-a suavemente para a frente a (Fig. 24-30).
partir da ferida . Utilizando dissecção extraperiostea l aguda,
remova o osso e o tumor. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade superior
•Troqu e aventais e luvas e ut ilize instrum entos separados é imobiliza da com tala desde acima do cotovelo até a
para remover um comprimento apropriado (o compri- prega pa lmar proximal, com o cotovelo a 90 graus, o
mento do rádio ressecado) da fíbula proximal ipsolateral. antebraço em rotação neutra e o punho a 20 graus de
•I nsira o enxerto de forma que o ápice de sua cabeça subs- dorsifl exão. Às 6 semanas, a ta la e os f ios são removidos
titua a estiloide radial e sua cartilagem articu lar, na face e exercícios ativos suaves são in iciados.
anteromedial de sua cabeça, articule-se com o escafoide.
•Fixe o enxerto fibular ao rádio com uma placa e parafu-
sos . Estabilize o carpo na extremidade dista l do trans-
plante fibu lar com um ou dois fios de Kirschner.
• RESSECÇÃO DA ULNA DISTAL
Temos usado a ressecção da ulna di stal no tumor de células gigantes;
RECONSTRUÇÃO COM ARTRODESE nenhum enxe rto é utilizado (Fig. 24-3 1). O funcionamento é seme-
• Como alternativa, use aloenxerto radial dista l de tamanho lh ante àquele do Darrach (Cap. 58), mas o periósteo é excisado em
adequado para substitu ir a porção ressecada. co njunto com o tumo r.
• Com rugina s e cu retas, remova a carti lagem a partir da
extremidade proximal do carpo (i.e. , escafoide e semilu- • RESSECÇÃO DA MÃO
nar) e do enxerto radial distal. Use uma broca elétrica, se A ressecção de tumores da mão é discutida no Capítulo 77.
necessário, para obter a congruência entre as duas super-
fícies. Molde as extremidades corticais de acolhimento do
rádio hospedeiro e da porção proximal do aloenxerto para PELVE
obter máximo contato.
•Molde uma placa de 3,5 mm, com o punho em ligeira Ressecções locais da pelve podem ser frequentemente realizadas
dorsiflexão, e fixe-a dorsa lmente. A placa se estende com as mesmas margens cirúrgicas que podem ser obtidas pela
amp utação. A amputação é associada com menos complicações,
CAPÍTULO 24 PRINCIPIOS GERAIS DOS TUMORES C!Dlll

h@iht.$elf.I Ci rurgia assistida por comp utador em homem de 22 anos com osteossarcoma do il íaco esquerdo . A, Radiografia ante-
roposter ior. B e C, A orientação intraoperatória assistida por computador permit iu a ressecção de tumor com preservação da articu lação
do quadril. D, Radiograf ia anteroposterior pós-operatória.

recuperação mais rápida, resultado mais previsível e menor incidên- uma ressecção pélvica tipos I, II. A letra "H" (de head, "cabeça';
cia de recorrência local. A amputação pode ser indicada se os vasos em inglês) é adicionada corno um sufixo se a cabeça do fêmur for
ilíacos internos ou externos estiverem envo lvidos. A ressecção é ressecada com a peça.
tecnicamente mais exigente do que a amputação, mas a função é Todas as ressecções pélvicas podem ser feitas através de incisão
geralmente melhor se o membro puder ser preservado, mesmo sem utilitária padrão, no total ou em parte (Fig. 24-34) . A incisão começa
o nervo ciático ou o femoral funcionando. O planejamento pré-ope- na espinha ilíaca anterossuperior e cursa em paralelo ao ligamento
ratório é crucial. As modalidades de imagem são utili zadas para inguinal ao tubérculo púbico, mediaimente. Para a exposição poste-
determinar a extensão extraóssea do tumor e suas respectivas rela- rior ao longo do ílio, a incisão pode ser curvada posteriormente ao
ções com estruturas neurovasculares e vísceras pélvicas. Começa- longo da borda ilíaca à espinha ilíaca posterossuperior. A exposição
mos a realizar a cirurgia assistida por computador em casos dos vasos femorais anteriormente, do acetábulo posterior, do fêmur
selecionados (Fig. 24-32). As ressecções da pelve são classificadas proximal e do ísquio pode ser realizada pela exte nsão da incisão em
como tipo I, ilíaca; tipo II, peri acetabular ; tipo III , obturatória; e "forma de T", começando na espinha ilíaca anterossuperior e cor-
tipo IV, sacra! (Fig. 24-33). Ressecções que envo lvem mais de rendo distal e posteriormente sobre o trocânter maior. Um tubérculo
uma área são descritas pela combinação dos núm eros. A ressec- semelhante, em "forma de T'; é feito para expor o forame obturatório
ção que envolve o acetábulo e a asa do ilíaco seria desc rita como e a tub erosidade isquiática.
lllED PARTE VIII TUMORES

As ressecções tipo I não necessitam de reconstrução. Uma


discrepância no comprimento da perna de 1 a 2 cm pode acontecer
se todo o íliaco for ressecado, pois não há ponte óssea entre o
acetábulo e o sacro; no entanto, isto geralmente não é problemá-
tico, pois uma elevação ipsolateral no calçado pode ser utilizada.
Como alternativa, um suporte de aloenxerto pode ser empregado
para preencher a lacuna entre o acetábulo e o sacro, evitando a
migração superior da extremidade inferior e o subsequente desenvol-
vimento de discrepância de comprimento dos membros (Fig. 24-35).

H!§il;füflm Tipos de ressecçõ es pélvicas: tipo 1, ilíaca; tipo li,


periacetabular; tipo Ili, obturatória; tipo IV, sacra!. H@i1;f4e:E:I Incisão universal para ressecções pélvicas.

H@ii;f4E19 Aloenxerto femoral para ressecção pélvica tipo 1 em menino de 16 anos de idade com sarcoma de Ewing . A, Ilíaco
ressecado. B, Aloenxerto femoral moldado para se encaixar entre o acetáb ulo e sacro. C, Parafusos múltiplos usados para proteger o
aloenxerto. D, Radiografia pós-operatória.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

•Para expor o púbis e o ísq uio mais completam ente, afaste


ou incise a borda dista l do músculo glúteo máximo, em
linha com a incisão na pele. Disseque os músculos isquio-
t ibiais e o quad rado f emoral da face lateral da tub erosi-
dade isq ui ática; libere o lig amento sacrotuberoso da sua
inserção na superf ície medial da tuberosidade.
•Proteja os vasos e nervo pudendos que emergem da
pelve através do forame isqu iáti co maior, cruzando a
esp in ha isquiática e o ligamento sacrotuberoso, penetre
o fo rame isqu iático menor e proceda anteriormente no
canal de Alcock dentro da fásc ia do músculo obturador
interno. Para evita r danificar esse ca nal e seu conteúdo,
eleve subpe ri ostea lm ente os músculos isquiocavernoso
e obturador interno.
•Libere subperiostea lm ente os músculos tran sve rsos peri-
neais profundos e superfici ais, a cruz do pênis e o cons-
tritor da uretra das bordas mediais dos ramos do ísqu io
inferior e púbis.
•D isseque o diafragma urogenital da borda inferior da
h@il;@m Ressecçã o pélvica tipo li recon struída com prótese sínfi se púbica, mas evite lesar a uretra e a veia dorsal
em sela. profunda, artéria dorsa l e nervo do pênis.
•Libere os músculos reto abdom inal e piramidal do púbis.
• Seccione o ligamento inguin al, na sua extremidade
Ressecções tipo II podem ser reconstruídas com uma ar trodese ilio- púbica, e libere o músculo pectíneo de sua origem ao
femora l ou isquiofemoral (Fig. 24-36A) com um composto aloen- longo da linh a pectín ea do ramo superior do púbis (Fig.
xerto-prótese ou com um a prótese em sela (Fig. 24-36B). Ressecções 24-37 8).
tipo III não necessitam de reconstrução porque o púbis não suporta •Mobil ize o músculo pectíneo, mas evite lesar a bainha
carga. Além disso, a estabilidade pélvica é mantida pelas articulações femora l e seu con teúd o, que repou sa m na porção lateral
sacroilíacas intactas posteriorm en te. do músculo.
•Disseque os músculos obturadores intern o e externo
subperiostea lmente, e, se possível, preserve o nervos e
vasos obtu ratórios qu e possam ser encontrados.
• Seccione o osso superiormente com rugin as de dupla
ação e uma cisa lha e inferiorm ente com um osteótomo
ou serra de Gigli (Fig. 24-37C)
RESSECÇÃO DE PÚBIS E ÍSQUIO • Se a ferida for fechada primariamente, suture a fásc ia
A ressecção parcial ou completa do púbis, ísquio ou ambos profunda; caso con trário, não suture a f áscia e permita
pode ser indicada para tumor ou infecção (Fig . 24-37). que os músculos ca iam em posição.
O tratamento ci rúrgico é uma modificação do descrito por
Milch .
~
TÉCNICA ~~~~~~~---'~ RESSECÇÃO DO ACETÁBULO
(RADLEY, LIEBIG E BROWN) A ressecção do acet ábulo com preservação do membro
está indi cada para lesões que possa m ser tratadas sa ti sfa-
• Posicione o paciente assim como para litotomi a, e eleve toriamente pela ressecção ampla da hemipelve média e
os glúteos. anterior. É necessário estadiamento cuidadoso, e qualquer
•Palpe a tub erosidade isq uiática, a borda inferior do púbis cica tri z de biópsia deve ser excisada em bloco com a res-
e o ramo de conexão. Realize incisão através da pele e secção (Fig. 24-38).
tecido subcutâneo, que se inicia em um ponto 0,6 cm
~
distal ao meio do ligamento inguinal, procedendo mediai- TÉCNICA "'---~~~~~~--'~
mente e paralelo a ele (Fig. 24-37A). Na face lateral da
base do pênis ou monte pubiano, curve a incisão em •Coloque o paciente em decúbito lateral e atado à mesa
sentido distal, latera l ao escroto ou aos grandes lábios, e para que a mesma possa ser inclinada pa ra um dos lados.
contin ue ao longo do ramo inferior do ísquio à tuberosi- Prepa re e paramente o membro e a pelve envolvidos, dos
dade isq ui ática. dedos do pé ao gradil costal.
• Desinsi ra os múscu los adutores externos e obtu radores •Faça incisão que se estenda desde a crista posterior do
subperiostea lmente do púbis e ísq uio e exponha um a ilíaco, cu rsa ndo sobre a espinha ilíaca anterossuperior até
parte do corpo do púbis, a borda lateral do ram o inferior a sínfi se pú bica. Faça uma extensão vertica l em "forma
do púbis, o ramo inferior do ísq ui o e a tuberosidade de T" a partir desta incisão sobre o grande trocâ nter,
isquiática . este nd endo-a à porção pro ximal da coxa. Secc ione o )
- PARTE VIII TUMO RES

Linh a de incisão
superficial
Funículo
espermático

A Secção da pelve
óssea removida

isquiocavernoso

B e
h!riii;t.)fZIEI Técni ca de Rad ley et ai. pa ra ressecção de ramos pú bi cos superior e infe rior e do corpo do púbis, ra mo inferior isqu i-
ático e tu beros idade isq ui ática. Inserção, Incisão . A, Abordagem superfi cial. B, M aior exposição. Not e a qua nt ida de de pe lve óssea
ressecáve l através dessa abordage m. C, Apa rência após a ressecção do púbi s e ísq ui o (vej a mét odo de fech amento no t ext o). (Modificada
de Radley TJ, Liebig CA, Brown JR: Resection of the body of the pubic bone, the superior and inferior pubic rami , the inferior ischial ramus, and
the ischial tuberosity: a surgical approach, J Bane Joint Surg 36A:855, 1954.) VEJA A TÉCNICA 24-10.

meio do ligamento ingu inal e afaste o peritônio supe- • Após a osteotomia, o osso pode ser mobilizado o sufi-
)
ri ormente. ciente para ajudar a determ inar as inserções de tecidos
•Mobilize e retraia mediaimente a artéria e veia femorais moles restantes que precisam ser ressecadas. Seccione
e o nervo femo ral. O nervo femoral está loca lizado os ligamentos sacrotuberal e sacroespinhal e libere os
no interior da bainha do iliopsoas e pode ser deixado isquiotibiais.
em continuidade. • Anteriormente, seccione o osso púbico ou a sínfise
• Seccione os músculos ilíaco e pectíneo. púbica e gi re o segmento ósseo em várias direções
• Exponha o osso inominado da sínfise púbica à espinha para liberar os tecidos moles restantes.
ilíaca anterossuperior e ambas as superfícies ósseas • Libere o piriforme do trocânter maior, seccione o colo
posteriormente à incisura isquiática . Uma pinça para do fêmur em sua base e remova a parte ressecada
pedículo renal pode ser utilizada para passar uma serra da pelve e a cabeça e colo femorais.
de Gigli através da incisura isquiática. A pinça deve • Fi xe o f êm ur proxi mal ao íliaco restante com fios de
f icar em contato com o osso, enquanto é avançada aço. Reinsira o ligamento in gu ina l no tendão do ili op-
dentro da incisura isquiática para evitar encarceramento soas para prevenir uma hérnia.
do nervo ciático ou outras estruturas neurovasculares • Feche a ferida sobre drenas de sucção .
sob a serra de Gigli. Com uma serra de Gigli, seccione
o osso ao longo de uma linha que se estende a partir CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Deambulação é iniciada
da incisura isquiática a um ponto inferior à espinha no pós-operatório, protegida em órtese de abdução de
il íaca anterossuperior. quadril, com mu letas. )
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES CDlll

h@ii;@Gm Ressecção dos ramos superior e inferior em homem de 79 anos com condrossarcoma . A, Radiografia anteroposterior.
B e C, Imagens de RM. D, TC mostra extensão da lesão. E, Fotografia intraoperatória da ressecção amp la. Os vasos femorais e nervos
foram dissecados fo ra do tumor. F, Radiografia pós-operatória .
lllD PARTE VIII TUMORES

• Afaste a hemipelve latera lmente e libere as inserções rema-


) RESSECÇÃO DO OSSO INOMINADO nescentes do adutor magno do ramo isqu iático, permi-
(HEMIPELVECTOMIA INTERNA) tindo a remoção da peça (Fig . 24-3 9F)
Inúmeros cirurgiões descreveram métodos de ressecção •O procedimento pode ser modificado de modo que as por-
pélvica, incluindo Karakousis e Vezeridis; Eil ber et ai. ; Steel; ções não envolvidas do osso inominado sejam poupadas.
Enneking e Dunham; Braund e Pigott; e outros. A técn ica •Cubra o colo femora l exposto com um dos múscu los
de Karakousis e Vezeridis é discutida aqui (Figs. 24-39 e seccionados adjacentes. Feche a ferida em camadas.
24-40) . Esse proced imento é indicado para pacientes que
estão dispostos a submeter-se à reabi litação vigorosa neces- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é co locado
sária e para aqueles cujas ma rgens adequadas podem ser em uma órtese de abdução de quadri l. Deambu lação sem
obtidas por ressecção pélvica . carga é continuada por 6 semanas. A órtese de abdução
é então descontinuada e o paciente pode progred ir para
~ sustentação de carga conforme tolerado. Depois de vários
TÉCNICA
--~~~~~~~--~ meses, é geralmente possível andar com o auxílio de uma
ún ica benga la.
(KARAKOUSIS E VEZERIDIS)

• Coloque o paciente em decúbito latera l livre para permitir


tanto a rotação anterior quanto posterior do paciente.
RESSECÇAO DA ARTICULAÇÃO
Comece com a hemipelve envolvida elevada a 45 graus. SACROILIACA
Estenda a incisão da espinha ilíaca posterossuperior ao A articulação sacroi líaca pode ser ressecada usando-se
longo da crista ilíaca e do ligamento inguinal à sínfise abordagem comb inada anterior e posterior. A equ ipe cirúr-
púb ica. Faça um traço vertica l a partir dessa incisão pas- gica inclui um cirurgião geral, um neurocirurgião e um
sando logo posterior ao trocânter maior, estendendo-a cirurg ião ortopédico.
para a porção superior da coxa.
• Des ins ira os múscu los abdominais da crista il íaca e deslo-
que o peritôn io med iaimente para expor os vasos ilíacos
TÉCNICA mm_____~
• Coloque o paciente em decúbito latera l com o lado afetado
externos.
pa ra cima. Prepare e paramente o tronco e a extremidade
•Seccione o ligamento ingu ina l próximo da espinha il íaca
afetada até abaixo do joelho.
anterossuperior e seccione e ligue os vasos epigástricos
• Faça uma incisão em forma de L, com a porção vertica l ao
inferiores (Fig. 24-39A) .
longo dos processos espinhosos lombares e a parte t ra ns-
• Des insira o ligamento ingu ina l do tubércu lo púb ico e o
versal, que se estende a partir da extremidade distal da incisão
reto abdom ina l a partir da crista do púbis. Limpe a sínfise
vertica l, ao longo da crista ilíaca e da parte inferior do abdome.
púbica dos tecidos moles e a seccione com uma serra de
•Disseque subperiostea lmente o sacroesp inha l ao longo do
Gigli (Fi g. 24-398) Um afastador ma leáve l pode ser colo- lado da lesão e divida-o em sua origem sacroilíaca.
cado posteriormente à sínfise púb ica para proteger a • Identifique as raízes nervosas de L4, LS e S1 e direcione-as
bexiga durante essa parte da operação. latera lment e à região da articulação sacroi líaca.
•Exponha os vasos ilíacos comuns e o nervo femora l. • Disseque subperiostea lmente a musculatu ra glútea a partir
•Preserve o músculo iliopsoas, a menos que esteja envol - da superfície externa do íli o e disseque a muscu latura da
vido pelo tumor. Em segu ida, passe uma fita umbilical ao parede abdomina l anterior e o ilíaco a partir da superfície
redor do múscu lo iliopsoas e dos vasos ilíacos (Fig. 24-39C). interna do íl io.
• Seccione o múscu lo ilíaco ao nível da articu lação sacroil íaca •E mpurre o ureter e os grandes vasos anteriormente por
e desinsira os múscu los adutores do púbis. Seccione o dissecção retroperitoneal romba.
nervo e vasos obturatórios. •Seccione o ílio e o sacro com uma serra de Gigli e um
• Seccione as origens do sartório, tensor da fáscia lata e osteótomo, protegendo cu idadosamente as raízes nervo-
reto femoral . As origens do glúteo médio e mínimo sas de L4, LS e S1. Remova a lesão e o sacro e o ilíaco
podem ser removidas do íliaco, deixando pequeno man- contíguos.
gu ito de tecido. •I nsira drenas de sucção e aproxime os múscu los sacroes-
• Faça uma incisão na cápsu la articu lar do quadri l e sec- pinha l e ilíaco à musculatura da parede abdominal e da
cione o colo do fêmur com uma serra elétrica. musculatura glútea.
•I ncise o múscu lo glúteo máximo inferior e posteriormente •Coloque a extremidade em um ba lancim.
ao trocânter maior, expondo o nervo ciático. Seccione
os rotadores externos no trocânter maior, exponha a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Deambulação sem carga,
com andador, é permitida inicialmente, com aumento gradual
articulação sacroilíaca e seccione-a com um osteótomo
de peso sendo tolerado durante as próximas semanas.
(Fig. 24-39D). Se o tumor envolve a articu lação, osteoto-
mize o sacro enquanto afasta o tronco nervoso lombos-
sacral med iaimente (Fig. 24-39 E).
• Seccione o músculo elevador do ânus e os ligamentos
RESSECÇÃO DO SACRO
sacroespinha l e sacrotubera l. Tumores sacrais, como o tumor de célu las gigantes ou o cor-
• Libere as origens dos isquiotibiais da tuberosidade isquiática. doma, provavelmente são mais bem ressecados util izando-se )
psoas----""<:~~

Nervo
femoral--..,,,,;;~,;.,~~~.

Músculos
adutores

e D

Músculo psoas
Nervo femoral

E F

li!§i!;QBI!I Ressecção do osso inominado de Karakousis e Vezeridis. A, O espaço retroperitoneal é penetrado. Os vasos epigástricos
inferiores são ligados e seccionados. B, O músculo reto é separado da crista do púbis. A sínfise púbica é seccionada com serra de Gigli.
C, O feixe de vasos iliofemoral, o nervo femoral e o músculo psoas são protegidos com fita cardíaca. Os músculos adutores são seccio-
nados a partir de sua origem. O colo do fêmur é osteotomizado. D, O nervo ciático é afastado com fitas cardíacas, e a articula ção
sacroiliaca, exposta posteriormente, está para ser seccionada com osteótomo. E, O tronco lombossacral é afastado, e o osso é osteoto-
mizado através da asa sacral quando o tumor for adjacente ou envolver a articulação sacroilíaca. F, Após a remoção da hemipelve, o
feixe de vasos iliofemorais, o nervo femoral e o músculo psoas e o nervo ciático são mostrados afastados com fitas cardíacas. (De
Karakousis CP: Intern ai hemipelvectomy, Surg Gynecol Obstet 158 :279, 1984 ) VEJA A TÉCNICA 24-12.
lllD PARTE VIII TUMORES

H@li;Mmr!) Hemipelvectomia interna . A, Radiografia anteroposterior. As setas apontam para a lesão lítica. B, Im agem de RM
mostra osteossarcoma em homem de 57 anos de idade. C, Abordagem extensíve l é uti lizada e os vasos ilíacos externos, nervo femoral
e cordão espermático são isolados. D, A hemipelve foi removida . Todas as principais estruturas neurovascu lares foram protegidas.
E, Peça ressecada . F, Radiografia anteroposterior pós-operatória.
CAPÍTULO 24 PRINC ÍPI OS GERAIS DOS TU MOR ES cm
) abordagem combinada anterior e posterior (abdominossa- invertido, ao redor do ânus. Superior à pele a ser removida,
cral). Uma equipe formada por um cirurgião geral, um estenda a incisão na li nha média proxima lmente, distante o
neurocirurgião e um cirurgião ortopédico torna a operação suficiente para expor os elementos posteriores de LS.
mais fácil e mais segura. Um preparo intestinal pré-opera- •Levante os retalhos de pele bilatera lmente e corte trans-
tório é recomendado. versalmente o glúteo máximo bem longe do sacro.
Stener e Gunterberg descreveram uma técnica para res- •Seccione o múscu lo piriforme na sua junção miotendínea.
secção subtotal do sacro. Acessos anteriores e posteriores Ligue e seccione os vasos glúteos superiores e inferiores.
combinados são obrigatórios. Se o reto tiver de ser sacrifi- • Preserve o nervo glúteo superior.
cado, a operação é iniciada anteriormente, continua poste- •Seccione o ligamento sacrotuberoso na tuberosidade
riormente e termina anteriormente; se o reto puder ser salvo, isquiática e libere o ligamento sacroespinhal e o músculo
a operação é iniciada anteriormente e termina posterior- coccígeo, osteotom izando a espinha isquiática .
mente. A exposição anterior é real izada com o paciente em •Se o reto for poupado, li bere as fibras correspondentes
posição de litotom ia; a exposição posterior é rea lizada com que prendem o cana l ana l ao cóccix. Se o reto for resse-
o paciente em decúbito ventral. cado, seccione o elevador do ânus bi latera lmente.
•Seccione os múscu los sacroespinhais transversalmente ao

--------~
TÉCNICA nível lombossacra l.
•Se os nervos S1 forem preservados, rea lize uma laminec-
(STE NER E GU NTERBERG)
tomia parcial no nível LS-S 1. Se os nervos S1 forem sacri-
f icados, rea lize uma laminectom ia completa em LS e
•Feche o ânus (temporariamente se o reto for preservado)
remova o ligamento amare lo lombossacra l.
por sutura. Faça uma incisão sem icircular em toda a parte
•Ao nível apropriado, ligue e seccione o saco dura i.
inferior do abdome. Seccione o músculo reto abdomi-
• Se os nervos S1 forem preservados, faça a osteotomia
na l bilateralmente 1 cm acima do púbis e corte através
sacra ! entre S1 e S2 com a metade inferi or dos cana is das
do restante da muscu latura da parede abdom ina l bi la-
raízes S1 sendo incluída na peça. Gu ie a osteotom ia de
teralmente, ao longo das bordas laterais da bainha do
uma direção posterior, pela pa lpação da li nha de osteo-
múscu lo reto abdominal. Empurre o peritônio de lado
tom ia previamente feita no córtex sacra ! anterior. Uma
para expor os vasos ilíacos comuns. Continue a dissec-
sonda também pode ser introduzida no cana l de S1,
ção subperitoneal bilateralmente até que as dissecções
iniciando posteriormente.
direita e esquerda se encontrem sob o reto, expondo o
• Seccione os nervos sacrais remanescentes, de onde con-
promontório sacra!.
vergem para formar o nervo ciático, e remova a peça.
•Se o reto for ressecado, incise o peritônio na linha média
• Se os nervos S1 forem sacrificados, faça a osteotomia
e seccione e ligue os vasos retais superiores. através de S1, acima dos canais radicu lares de S1. É úti l
•Seccione o intestino na junção retossigmóidea e feche fazer um enta lhe no fundo da crista ilíaca ao nível do
ambas as extremidades por invaginação.
processo transverso de LS, de modo que a superfície
•Seccione e ligue os vasos retais médios, e incise a reflexão anterossuperior da asa do sacro e da articulação sacroil íaca
peritoneal inferior.
possa ser pa lpada por trás.
•Disseque o reto a partir de cima o mais distalmente possível •Faça a osteotomia 1 cm posteroinferior a esta superfície,
e então faça uma incisão em U invertido em torno do ânus num plano paralelo ao mesmo . Pa lpar a osteotomia rea-
e disseque abaixo do canal anal e do reto anteriormente e lizada previamente na cortical anterior do sacro e ílio
de cada lado, tão proxima lmente quanto possível. também orienta o plano de osteotomia.
•Seccione e ligue a artéria e veia ilíacas internas, e os vasos
•Seccione os nervos sacrais e remova a peça.
sacra is laterais e médios. Se a ressecção for levada para
• Feche a ferida posterior sobre drenas.
fora, acima do nível das raízes S1, também ligue e sec- •Se o reto fo i ressecado, vire o paciente em decúbito dorsa l
cione os vasos iliolombares.
e reabra a ferida anterior. Feche a porção pélvica do
• Retire o periósteo a partir das porções mais proximais do
peritôn io e realize uma colostomia sigmóidea . O mesen-
sacro e dista lmente ao nível da osteotomia.
tério sigmoide pode ser utilizado para reparar o defeito
• Localize o tronco simpático e seccione-o onde ele passa peritoneal da pequena pelve.
anterior a S1. Lateralmente, identifique o tronco lombos-
•Feche a fer ida abdominal.
sacral, de modo que possa ser proteg ido no momento da
osteotomia . Se as raízes S1 forem preservadas, exponha-as
onde elas emergem, a partir do primeiro forame sacra!
anterior. RESSECÇÃO DO SACRO
• Osteotomize a cortica l sacra ! anterior no nível apropriado
e realize a osteotomia lateralmente passada à articulação TÉCNICA ~
sacroilíaca de cada lado. ~~~~~~~--~
•Feche a ferida anterior (temporariamente, se o reto foi (LOCALIO, FRANCIS E ROSSANO)
ressecado) e vire o paciente em decúbito ventral.
• Faça uma incisão elíptica vertical, incluindo qualquer sítio de •Exponha a cavidade abdominal através de incisão para-
biópsia e da pele e tecido subcutâneo que recobre o hiato mediana esquerda.
sacra! através do qual o tumor poderia ter penetrado. Se o •Incise o peritônio da goteira lombar esquerda; mobi li ze
reto for ressecado, a incisão se junta à incisão prévia em U o có lon, identificando o urete r esquerdo, exponha o )
11118 PARTE VIII TUMORES

) peritônio do fundo de saco e reflita o cólon retossigmoide


anteriormente, ao nível da jun ção de L5-S 1.
•Exponha os limites superiores do tumor distal ao nível dos
elevadores e identifiq ue a extensão lateral do tumor.
•Li gue os vasos sacrais médios e veias sacrais laterais.
Recoloque o cólon em sua posição orig in al e feche o
abdome.
• Vire o paciente em decúbito ventral e faça uma incisão
transversal através dos glúteos ao nível da vértebra S4.
Levante o retalho inferior aba ixo do cóccix e o retalho
superior para L5 .
• Seccione o li gamento retococcígeo, reflita o reto anterior-
mente e entre no espaço pré-sacral previamente aberto.
•Id entifiqu e o limite inferior do tumor e, em seg uida,
proceda à ressecção do sacro, seccionando os ligamentos
sacrais laterais. Utiliza ndo um osteótomo, seccione as
articulações sacroilíacas no nível previamente determi-
nado pela exp loração abdominal. Corte transversa lmente
o sacro e remova-o do campo. Não faça nenhuma tenta-
O[rill;MBIJI Sítio de biópsia femoral proximal.

tiva de preservar os nervos sacra is abaixo do nível da


tra nsecção.
•Feche a ferida posterior sobre drenas de sucção.
• Loca lio et ai. subsequentemente apontaram que a expo- •Repare qualquer perfuração da parede septa l ou qualquer
sição simultãnea posterior e anterior do sacro por duas defeito no saco cauda l que possa ter sido feito se o saco
equipes, com o paciente em posição de decúbito lateral, se estender mais distalmente que o normal.
pode ser viável e possui as vantagens adicionais da menor •Drene o grande espaço morto que permanece. Suture os
perda sanguínea e de não ter de virar o paciente. músculos glúteos o mais ajustadamente possível e feche
os tecidos subcutãneos e a pele.

RESSECÇÃO DE VÉRTEBRAS
RESSECÇÃO DO SACRO ATRAVÉS O tratamento cirúrgico de tumores da coluna vertebral é discutido
DE ABORDAGEM POSTERIOR no Capítulo 44.

------~
TÉCNICA EXTREMIDADE INFERIOR
(MACCARTY ET AL.)
RESSECÇÃO DO FÊMUR PROXIMAL
•C oloque o paciente deitado e levante os glúteos com um A maioria dos tumores do fêmur proximal pode ser resse-
elevador de rim (posição de Kraske). cada com margens adequadas e a reconstrução normal-
•Faça uma incisão longitud inal posterior na linha média mente proporciona melhor fun çã o do que seria possível
sobre o sacro e o cóccix. após uma desarticulação do quadril. As indicações para a
•Remova o cóccix e disseque cuidadosamente o reto de amputação inclu em tumor recorrente, fratura patológica
qualquer massa tumora l pré-sacral. desviada ou complicações da biópsia. A biópsia do fêmur
• Desinsira os músculos glúteo máximo, piriforme e coccí- proximal deve ser realizada através de um furo curvo
geo e os ligamentos sacrotuberoso e sacroespinha l. situado lateralmente na junção entre a inserção dos abdu-
• Seccione o quarto e quinto nervos sacra is bilateralmente, tores e a origem do vasto lateral (Fig. 24-41) Esse sítio
e identifique e preserve os nervos pudendas . Resseque os minimiza a quantidade de tecido contaminado e o risco de
terceiros forames sacrais anterior e posteriormente; isto fratura patológica . Apesar de alguns autores recomenda-
gera lmente torna possível a ressecção dos três segmentos rem a reconstrução com aloenxerto osteoarticula r, com -
sacrais dista is, sem sacrificar os nervos pudendas ou qual- posto aloenxerto-prótese ou artrodese com aloenxerto, nós
quer um dos seus dois componentes (o seg undo e ter- rotineiramente utilizamos uma reconstrução com endopró-
ceiro nervos sacra is). tese. A reconstrução com endoprótese proporciona estabi-
•Seccion e o arco e o corpo do sacro entre o segundo e lidade imediata e reabilitação mais rápida. Sempre que
terceiro segmentos sacra is, corte o f ilamento t ermi nal e possível, utilizamos uma copa bipolar para melhorar a esta-
remova a parte distal do sacro e o tumor. bilidade (Fig . 24-42). A lgu mas das funções do mecanismo
•Quando o tumor e, consequentemente, a ressecção se abdutor podem ser preservadas pela manuten çã o da con-
estenderem ao segmento proximal do sacro ou ao cana l tinuidade da fáscia entre os abdutores e o vasto latera l.
lombar ou às articulações sacroilíacas e ílio, pode haver Se as margens permitirem uma osteotomia trocantérica,
deficits neurológicos residuais. um manguito fino de osso em continuidade com a fáscia )
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES -

'ê!§il;J4f119 Ressecção do f êm ur proximal com reconstru ção endoprotética. A,


Radiografia anteroposterior de histiocitoma fibroso maligno no fêmur proximal de
mulher de 43 anos de idade . B, O fêmur proximal foi ressecado com margens amplas
por via de acesso lateral. C, Prótese cimentada no fêmur e componente bipolar redu-
zido no acetábulo. D, Os abdutores e o vasto lateral reparados na prótese através de
furos . E, Radiografia anteroposterior pós-operatória .
llllD PARTE VIII TUMORES

O@l@Oim!I Incisão lateral para ressecção de todo o fêmur.


VEJA A TÉCNICA 24-18.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O mecanismo abdutor


reconstruído é protegido com uma órtese de abdução por
6 semanas. Deambulação imediata com muletas é permi-
O@l!;JJ.ifll!I A continuidade da f áscia entre os abdutores e tida, e mais tarde uma bengala é usada no lado oposto,
va sto latera l foi mantida para perm iti r reinserção mais fácil dos indefinidame nte.
abdutores e melhor fun ção.

proximal e distal pode ser reinserido na prótese. Se uma


) RESSECÇÃO TOTAL DO FÊMUR

_ ___
osteotomia não for possível, um manguito de f áscia contí-
nua pode ser sutu rado na prótese, proporcionando fácil Lewis descreveu técnica para ressecção tot al do fêmur e
re inserção dos abdutores e função (Fig. 24-43). reconstrução utilizando artrop lastia de substituição do
quadril e do joel ho.
_____,~
TÉCNICA
~
TÉCNICA
(LEWIS E CHEKOFSKY) ~~~~~~~~-~
(LEWIS)
• Coloque o paciente em posição de decúb ito lateral.
• Faça uma incisão posterolateral de quadril. • Faça uma incisão lateral que se estende a partir de 1O
• Separe o glúteo máximo na sua junção entre seus 20% cm proximais ao trocânter maior, ao longo do aspecto
proxi mais e 80% dista is, seccionando a sua fixação lateral do fêmur, curvando-se anteriormente pa ra ter-
femoral a 2 cm da linha áspera. Seccione também os minar imediatamente distal à tuberosidade tib ial (Fi g .
rotadores externos e a porção proxima l do adutor magno 24-44).
a 2 cm do fêmur. • Seccione a fásc ia em linha com a incisão de pele, fl exione
• Identifique e proteja o nervo ciático . o joelho e identifique o nervo fibul ar com um posterior ao
• Seccione o glúteo médio e o mínimo próximo às suas tendão do bíceps femo ral.
inserções no trocânter maior do fêmur e na cabeça reflexa • Faça a incisão na cabeça lateral do gastrocnêmio e iden-
do reto femoral. Se possível, mantenha a contin uidade tifique a artéri a e veia pop líteas. Divida os ramos genicu-
entre a fáscia dos abdutores e o vasto lateral. lares, permitindo que os vasos poplíteos se afastem do
•Faça uma incisão na cápsula articular do quadril. fêmur. Disseque o feixe vascular no hiato adutor e inci-
• No nível predet erminado de osteotomia femoral, exponha se-o. Disseque o nervo fibular comum de sua junção com
o osso através do vasto lat era l e seccione o fêmur com o nervo ciático.
uma serra elétrica. Os tecidos moles adjacentes podem • Desinsi ra o glúteo máximo de sua inserção femora l, retire
ser protegidos com afastadores de Bennett. Lu xe o quadril os rotadores ext ernos do fêmur e identifique a porção
e seccione o tendão do iliopsoas, removendo a peça. proxima l do nervo ciático.
•Reconstrua o quadril utiliza ndo uma endoprót ese modu lar • Desinsi ra o glúteo méd io e o mínimo perto do t rocânter
femoral proximal. Recon strua o mecanismo abdutor rein - maior. Mantenha a continu idade da fáscia entre os abdu-
serindo os tendões reman escentes do glúteo médio e tores e o vasto lateral.
mín imo através de furos na área trocantérica da prótese. •Ligue os ramos da artéria e veia circunflexas femorais
Os abdutores também devem ser suturados ao trato ilio- mediais, e desinsira os músculos adutores do fêmur.
tibial se sua inserção for rompida du rante a ressecção. •Penetre a articulação do joelho através de incisão capsular
Isso pode exigir a liberação proxima l dos músculos do ílio parapatelar latera l. Deixe os músculos articular do joelho
ou o alongamento por múltiplas incisões liberadoras. Os e vasto intermédio inseridos no fêmur. Resseque as outras
abdutores são mais bem posicionados com o fêmur em porções do quadríceps, se apropriado.
posição neutra. •Luxe a patela mediaimente e incise a banda iliotibial, o
•Insira drenos de sucção. li gamento colatera l fibu lar e a cápsu la latera l.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES Gm
• Desinsira os li gamentos cruzados, os tendões pop líteo e ser feito no osso, deve ser circular, para minimizar a concentração
plantar, a cápsu la med ial, os ligamentos colaterais tibiais de tensão, reduzindo o risco de fratura patológica.
e a cabeça media l do gastrocnêm io. Opções de reconstrução incluem artrodese, aloenxerto osteo-
• Eleve o fêmur dista l e incise as inserções musculares rema- ar ticular, reconstrução com aloen..xerto-prótese e reconstrução com
nescentes, de distal para proximal. endoprótese. Utilizamos reconstrução com endoprótese na maioria
•Ligue os vasos pe rfurantes. das vezes (Fig. 24-45), apesar de a artrodese ser uma opção razoável
• Desinsira o iliopsoas, incise a cápsula da articu lação do em um jovem que deseja rea lizar trabalho pesado. Se a artic ulação
quadril e remova a peça. do joelho estiver envolvida pelo tumor, deve-se considerar uma
• Implante um fêmur total customizado e feche a ferida amputação transfemoraJ primária ou ressecção extra-articular. Em
sobre drenas de sucção. Dependendo da natureza da crianças pequenas, nas quais a discrepância de comprimento dos
ressecção dos tecidos moles, reta lhos muscu lares livres ou membros é um problema difícil, utilizamos mais comumente uma
vascu larizados de gastrocnêm io podem ser necessários. prótese expa nsível.
• Proxima lmente, suture a banda il iotibia l ao vasto latera l e
à muscu latu ra glútea. RESSECÇÃO INTRA-ARTICULAR DO
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O quadril é protegido
FÊMUR DISTAL COM RECONSTRUÇÃO
com uma órtese de abdução por 6 semanas. Deambu la- ENDOPROTÉTICA
ção proteg ida é iniciada imed iatamente . A amplitude de ~
TÉCNICA
movimento é iniciada logo que a ferida pareça estável.
--------------------------_....~
• Resseque o fêmur distal através de uma incisão medial ou
lateral, dependendo de onde a biópsia foi feita. Faça uma
incisão long itud ina l, incorporando uma eli pse em torn o da
• RESSECÇÃO DO FÊMUR DISTAL cicatriz de biópsia. Resseque a cicatriz de biópsia em bloco
O fêmur distal é o local mais comum de tumores malignos primários com a peça.
do osso. Os tumores neste local raramente envolvem as estruturas •Se uma ressecção intra-articular for feita, inspecione a
articulares ou neurovasculares. Amostras de biópsia de lesões do articulação anteriormente para confirmar que não está
fêmu r distal podem ser obtidas através de abordagem anteromediaJ contaminada pelo tumor. (Se a articu lação está inespera-
ou anterolateral. A dissecção deve proceder diretamente através do damente envolvida pelo tumor, a ferida deve ser fechada
vasto medial ou vasto latera l, tomando-se cuidado para não levantar em camadas e o tratamento definitivo deve ser ad iado
retalhos, para não contaminar o espaço articular e o espaço poplíteo. até que as opções possam ser novamente discutidas com
Um torniquete deve ser utilizado durante a biópsia, e hemostasia o paciente e a família.)
rigorosa deve ser obtida, antes do fechamento, para dim inuir o • Levante grandes reta lhos media l e lateral. Faça esses
potencial para formação de hematoma. O componente de tecidos retalhos tão espessos quanto possível, pa ra preservar o )
moles da lesão deve ser amostrado, se possível. Se um furo tem de

'i[êjli;MB19 Ressecção do fêmu r di sta l e reco nstru ção com endo prótese em mulh e r de 36 anos com osteossarcoma . A e B, Radio -
g rafi as anteroposterior e late ra l mostra m osteossa rcoma do fêmur d ista l.
- PARTE VIII TUMORES

H@'hijifJIEJ3•!1ie C, O plano entre os vasos femorais (setas) e o tumor é desenvolvido. D, Osteotomia realizada com serra osci-
lante. E, Cu reta usada para obter amostras ou secção de congela ção para verificar a margem medular. F, fêmur distal ressecado. G, Pe ça
ressecada e a prótese . H, Prótese cimentada no fêmur e na tíbia .
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

) suprimento sanguíneo da pele. Disseque profundamente ao


reto femoral, tendão do quadríceps e pate la. O vasto
RESSECÇÃO DA TÍBIA PROXIMAL
intermédio pode ser deixado intacto com a porção distal A tíbia proximal é o segundo local mais comum para lesões
do fêmur a ser removido. Flexione o joelho para retirar ósseas malignas primárias. Tumores nessa área são tipica-
tensão dos tecidos posteriores. mente menores à apresentação do que tumores em locais
•Disseque os vasos poplíteos, tendo o cuidado de ligar mais proximais. A sobrevida global para esses pacientes, sub-
quaisquer ramos tumorais. sequentemente, tem sido melhor do que para os pacientes
•Isole e proteja os nervos t ibial e fibular comum. com tumores mais proximais. Tradicionalmente, pacientes
•Incise a cápsula articu lar do joelho e os ligamentos, para esqueleticamente imaturos, com tumores de tíbia proxima l,
permitir melhor exposição para dissecção ao redor do têm sido tratados com a desarticulação do joelho, para pre-
fêmur distal. servar a fise femoral distal e prevenir a complicação do sobre-
•Deixe um manguito de músculo normal sobre o tumor. crescimento ósseo aposicional. Os pacientes esqueleticamente
Seccione os múscu los restantes à distância de suas res- maduros têm sido tratados com amputação transfemoral
pectivas origens e inserções no fêmur. longa. A boa função global após a amputação, juntamente à
•Antes da osteotomia femoral, marque a face anterior da potencial dificuldade de reconstruir o mecanismo extensor,
diáfise femora l proximal ao sítio de osteotomia, para auxi- diminuiu o entusiasmo para ressecção e reconstrução da tíbia
liar no alinhamento rotacional da reconstrução. Faça uma proximal. Com o uso rotineiro de um retalho de gastrocnêmio
osteotomia do fêmur com ampla margem proximal na para auxiliar na cobertura com tecidos moles e ajudar a
medida mais proximal ao envolvimento medular, con- reconstruir o mecanismo extensor, os cirurgiões estão rela-
forme determinado pela RM pré-operatória. tando resultados satisfatórios após a cirurgia de salvamento
• Remova o tumor do campo operatório. do membro. Uma articulação do joelho móvel com extensão
ativa agora é uma meta razoável para pacientes que estão
RECONSTRUÇÃO ENDOPROTÉTICA COM dispostos a aceitar as restrições de atividade obrigatórias após
DOBRADIÇA ROTATIVA essa reconstrução. Os pacientes que desejam estar envolvidos
• Se a face anterior da diáfise do fêmur não tiver sido marcada, em esportes ou trabalho pesado devem considerar forte-
faça-o nesse momento, utilizando a peça para ajudar na mente uma artrodese ou uma amputação.
orientação. (A linha áspera não deve ser usada como ponto Margens cirúrgicas amplas geralmente são factíveis para
de referência, porque sua orientação rotacional varia.) tumores na tíbia proximal, porque o músculo poplíteo e os
•Antes de retirar a peça ressecada do campo operatório, meça músculos do compartimento posterior profundo geralmente
seu comprimento . Em um adulto, esse comprimento deve protegem a artéria tibial posterior e o nervo tibial. A biópsia da
ser restaurado pela prótese. Em um paciente esqueletica- tíbia proximal deve ser feita ao longo da superfície subcutânea
mente imaturo, a prótese pode ser 1 cm maior do que a peça medial, tomando-se cuidado para não contaminar o espaço
ressecada, para ajudar a compensar o crescimento futuro. articular, o tendão patelar ou o espaço poplíteo. As contraindi-
•Use guias de alinhamento para fazer o corte tibial proxi- cações para o sa lvamento do membro incluem o envolvimento
mal perpendicular à diáfise tibial e prepare a tíbia proxi- dos vasos poplíteos, fratura patológica desviada, tumor recor-
mal utilizando a instrumentação fornec ida. rente e complicações (p. ex., infecção, hematoma, incisão mal
•Frese o canal femora l para receber a maior haste possível. posicionada, ou contaminação conjunta) resu ltantes da biópsia.
A haste deve ter pelo menos 12 cm de comprimento. (Se Uma contraindicação relativa é se um paciente muito jovem
o comprimento do fêmur proximal restante for inferior a tem discrepância de comprimento; no entanto, com o uso de
isso, deve-se considerar a utilização de uma prótese com modernas próteses expansíveis temos tido sucesso com a cirur-
fixação na cabeça femoral ou utilizar reconstrução com- gia de salvamento do membro, mesmo nesses pacientes.
posta de aloenxerto-prótese .)
•Coloque os componentes de prova e mobilize o joelho TÉCNICA
através de um arco completo de movimento. Cimente os
(MALAWER)
componentes femoral e tibial no lugar da orientação apro-
priada, evitando, especificamente, a rotação interna de
•Faça uma incisão anteromedial, iniciando proximalmente
cada componente que possa resultar em mau alinhamento no terço distal do fêmur, e estenda-a para distal, no terço
patelar. Feche a ferida sobre drenos. Retalhos locais ou
inferior da tíbia. Excise qualquer sítio de biópsia com
livres podem ser necessários para o fechamento.
margem de 2 cm.
•Cubra a ferida com curativo volumoso e coloque um imo-
•Desenvolva os retalhos medial e lateral abaixo da fáscia
bilizador de joelho.
investida. Seccione os isquiotibiais mediais, proximal às
suas inserções. Mobilize a cabeça medial do músculo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Deambu lação protegida gastrocnêmio e divida o músculo so lear para expor os
com muletas e imobilizador de joelho é iniciada no primeiro vasos poplíteos.
dia pós-operatório. Drenos são deixados no local até que o •Preserve a artéria sura l medial, o principal suprimento
débito seja mínimo. Exercícios de amplitude de movimento sanguíneo do gastrocnêmio medial. Aplique tração pos-
e de fortalecimento são iniciados imediatamente. Os anti- terior à artéria poplítea e identifique e divida os vasos
bióticos são continuados até que os drenos drenagem sejam tibiais anteriores na borda inferior do músculo pop líteo.
removidos. O imobilizador de joelho é uti lizado para loco- Com um grande tumor, os vasos fibulares também podem
moção até que a força adequada tenha retornado. requerer secção e ligadura.
)
llD PARTE VIII TUMORES

)
•Se.ª articu lação do joelho estiver livre de tumor, seccione R~SSECÇÃO DO FÊMUR DISTAL OU
o ligamento patelar 1 a 2 cm proxim al à sua inserção.
Sempre que possível, mantenha a continuidade da fáscia TIBIA PROXIMAL E ARTRODESE DO
entre o tendão patelar e a fáscia anterolatera l da porção JOELHO
proximal da perna.
A ressecção-artrodese do joelho é uma operação extensa que
•M obi li ze os vasos pop líteos, seccionando os vasos geni-
exige recuperação prolongada e é mais bem indicada para
culares inferiores; então, incise circunferencialmente a
adu ltos jovens vigorosos. Enneking e Shirley publicaram
cápsula do joelho de 1 a 2 cm da sua inserção tibia l.
método cu idadosamente elaborado para ressecção-artrodese
•Seccione os ligamentos cruzados no fêmur. Mantenha
(Fig. 24-47) utilizando uma haste medular fresada, especial-
uma porção do múscu lo tibial anterior na peça, bem
como o poplíteo e uma porção do músculo sóleo. mente desenhada, curvada na sua metade proximal (raio de
• Identifique e proteja o nervo fibular e seccione o tendão curvatu ra de 125 ou 175 cm) para se ajustar à curvatu ra
do bíceps perto de sua inserção, deixando um manguito anterior do fémur. Radiografias anteroposterior e lateral com
de tecido normal. Osteotom ize a fíbula se o componente régua, em pelícu la de 91 cm, são feitas pré-operatoriamente
extraósseo do tumor ditar. Deixe um mangu ito de múscu lo para determ inar o comprimento do fêmur e da tíbia, o diâ-
na articulação tibiofibular proximal. Se a fíbula proxima l metro do canal medular do fêmur e da tíbia nos seus istmos,
não estiver envolvida, a preservação do li gamento cola- e o grau de curvatura anterior do fêmur. O comprimento e a
teral lateral e sua inserção na cabeça da fíbula proporcio- curvatu ra da haste são determinados a partir dessas radiogra-
narão alguma estabi lidade à articu lação reconstruída. f ias. A partir de uma variedade de técnicas de imagem,
• Osteotomize a tíbia dista l à lesão no nível determ inado incluindo TC, radiografias e RM, o comprimento do osso a ser
pela imag inologia pré-operatória; seccione o septo inter- removido pode ser determinado, deixando uma margem de
muscular e remova a peça. diáfise de menos 3 cm da lesão (Fig. 24-47 A e B). Barras de
• Se uma ressecção extra-articu lar for necessária, a técnica é alumínio retangulares com 3 x 5 cm de secção transversal,
semelhante, exceto que o fêmur é osteotomizado acima da variando em compri mento por incrementos de 0,5 cm a partir
cápsula do joelho e a patela é dividida corona lmente, disse- de 3 cm menor a 3 cm mais longa do que o comprimento
cando o ligamento patelar do tecido adiposo subjacente. esperado para a ressecção óssea, são esteri lizadas para serem
•Reconstrua a extrem idade com aloenxerto osteoarticular uti lizadas como barras espaçadoras.
artrodese ou implante protético. Avance o mecan ism~
extensor e insi ra o tendão patelar remanescente no alo-
enxerto ou endoprótese. Transponha a cabeça medial do
TÉCNICA ______.....
;...._
~
~

gastrocnêmio anteriormente e suture-a aos músculos (ENNEKING E SHIRLEY)


anteriores remanescentes, bem como aos tecidos moles
do mecanismo extensor. Um enxerto de pele de espessura •Se nenhuma biópsia prévia tiver sido fe ita, faça uma
parcia l é muitas vezes necessário, devido à maior parte incisão na li nha média anterior, em linha reta, até o osso
ao retalho de gastrocnêmio e à perda de cobertura de sobre a área a ser biopsiada.
tecido a partir da excisão da cicatriz de biópsia. •Se o osso t iver de ser perfurado para a biópsia, sele a
janela cortical com metilmetacrilato. Se a ressecção está
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenos são deixados para ser feita no mesmo tempo que a biópsia, descarte
no local até que o débito seja mínimo. Os antibióticos são todos os instrumentos, campos, aventais, luvas e outros
continuados até que o dreno seja retirado. Deambulação materiais contaminados pelo tumor e faça nova
protegida é iniciada no primeiro dia pós-operatório Roti- prepa ração antes de ini cia r a ressecção. Excise o sítio de
neiramente, mantemos o joelho em extensão completa biópsia com margem de tecidos moles de pelo menos 1
durante 6 semanas, para permitir que o mecanismo cm em todas as dimensões.
extensor do joelho reconstru íd o cicatrize. Exercícios de • Se biópsias prévias foram feitas por meio de outras abor-
amplitude de movimento são, então, iniciados. dagens que não a anterior, na linha méd ia, excise-as de )

01§11;f4e 8 A-C, Radi og rafi as de um hom em de 58 anos mostram hi stiocitoma fibroso maligno na tibi a
proximal.
h[ril!mif&fi!.j(.],IM D, Incisão, conforme descrita, inclui a ressecção da cicatriz de biópsia . E, O retalho medial é levantado para
expor as estruturas vasculares posteriormente. F, O nervo fibular é dissecado e isolado do tumor. G, Ressecção intra-articular é realizada
porque a articulação não está envolvida . H, A tíbia proximal foi removida e a cabeça medial do gastrocnêmio foi captada para cobertura
e reconstru ção do mecanismo extensor. 1, Endoprótese tibial proxima l. J, O tendão patelar é suturado à prótese . K, O gastrocnêmio
medial é rodado anteriormente e suturado à fáscia lateral. L, A prótese é completamente coberta com tecido mole. M, Enxerto de pele
é necessário para concluir o fechamento . VEJA A TÉCNICA 24-20.
-- PARTE VIII TUMORES

1
1
x + 2 cm 1
1
1
1
1
1

Distância
excisada
X

A B

e
O@ilj!ijmfa Ressecção-artrodese para lesões malignas ao redor do joelho. A e B, Plano geral para a ressecção-artrodese das áreas
femoral e tibial mostra os sítios de ressec ção (linhas tracejadas) e enxertos (áreas sombreadas). A, Lesão femoral. B, Lesão tibial.
C, Incisão mediana para exposi ção. D, Desenvolvimento dos retalhos medial e lateral.
11-1}
1
t : :
1 1
[_..J
Barra espaçadora

Fio de Kirschner

F
E

I}, ..
:':! Fio de' Kirschner
1cr-:}
t Q : :
J
L
Barra
espaçadora

G H

o@•l;MHtfi(.].IM E, Haste inserida de forma retrógrada no fêmur; o enxerto fibular posterior, com pino medular no lugar, é
avançado 1 cm no osso esponjoso da tíbia, e o bloco espaçador é inserido antes de guiar a haste abaixo, na tíbia. F, A haste está no
lugar e o enxerto cortical tibial foi removido, deixando uma ponte tibial metafisária. G, O enxerto anterior de tíbia é inserido na fenda
no fêmur proxima lmente, embutido na ponte tibial, distalmente, e fixado com dois parafusos. Em uma ressecção de joelho total, a
patela decorticada posteriormente também é fixada ao longo extremidade distal do enxerto com dois parafusos. H-J, Técnica de artro-
dese após a ressecção da lesão tibial. H, Haste é inserida de forma retrógrada no fêmur; o enxerto fibular posterior, x cm de compri-
mento (x sendo o comprimento da fenda), é empurrado para dentro do osso esponjoso do fêmur. Bloco espaçador, x - 1 cm de
comprimento, é colocado na fenda e a haste é dirigida distalmente para baixo, na tíbia.
- PARTE VIII TUMORES

l#[rimf+if&@fi!.!,ie 1, A haste está no lugar e o enxerto cortical femoral foi removido, dei xando uma ponte cortical femoral
metafisária. J, O enxerto anterior de fêmur é inserido na fenda da tíbia distalmente, embutido na ponte femoral proximalmente, e
fixado com dois parafusos. Na ressecção total da articulação, a patela decorticada também é fixada ao longo extremidade distal do
enxerto com dois parafu sos . (Redesenhada a partir de Enneking WF, Sh irley PD: Resection-arthrodesis for malignant and potentially ma lignant
lesions about the knee using an intramedu llary rod and local bane grafts, J Bane Joint Surg 59A:223, 1977.) VEJA A TÉCNICA 24-21.

forma sim ilar, até o osso, e remova -as em bloco com a pelo tumor. Disseque o osso proximal e distalmente 3 cm
)
lesão e a peça. para além do sítio pré-selecionado para a ressecção.
•Alongue a incisão mediana anterior para estendê-la a •Afaste posteriormente os feixes neurovasculares e seccione
partir da junçã o dos terços proxim al e médio da coxa, todos os ramos, se necessário. Se a extrem idade proximal
distalmente (Fig . 24-47C). da fíbula fo r removida em bloco com a tíbia proximal
•Fl exione os joelhos a 90 graus e desenvo lva retalhos de devido ao envolvimento dos tecidos moles entre eles,
pele medial e latera l e tecido subcutâneo para que o terço divida os vasos tibiais anteriores e retraia o nervo fibular.
distal do fêmur, o terço proximal da tíbia e o espaço •Se é feita uma ressecção extra-articu lar, disseque para
poplíteo possam se r fac ilmente vistos medial e latera l- que a cápsula articular não seja violada.
mente (Fig . 24-47D) • Seccione o osso não envolvido a ser ressecado com a
•Se a ressecção for realizada através da articulação, sec- articulação apenas além da linha de inserção da cápsula.
cione transversalmente o tendão patelar, a cápsu la arti- •Depois de verificar a adequação da ressecção, remova o
cular e os li gamentos, ao longo da interlinha articular, e torniquete e obtenha hemostasia.
reflita a patela e a porção proximal do quadríceps proxi- •Se a ressecção foi feita através da articulação, retire a
malmente, como uma unidade. ca rtil agem articu lar e 1 cm do osso não envolvido com
•Se houver suspeita de envolvimento articu lar do tumor, um corte transversal.
faça uma incisão parapatelar para inspecionar a articu la- •Determine o comprimento da espaço entre as extremi -
ção. Se o tumor for encontrado no interior da arti cu lação, dades seccionadas do fêmur e da tíbia e selecione uma
feche a incisão capsu lar e rea li ze uma dissecção extracap- barra espaçadora desse comprim ento . Isto serve como
su lar da articulação. guia para obter um enxerto f ibul ar de comprimento
• Se a ressecção através da articu lação for factível, seccione apropriado.
os ligamentos cruza dos para permitir o afastamento das • Chanfre a extrem idade distal do enxerto fibular 1 cm a
superfícies articulares e, em seguida, disseque livremente a partir da extrem idade seccionada. Passe um pino de
extremidade distal do fêmur ou a extremidade proximal da Steinmann bem ajustado através do cana l medular do
tíbia contendo a lesão, levando a dissecção em plano ana- enxerto fibular, permitindo que 1 cm protrua para além
tômico, além da maioria dos tecidos periféricos envolvidos da extrem idade não chanfrada.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

•Faça um furo com o mesmo diâmetro do pino na cortical para que a extremidade esponjosa ma is larga sobreponha
posterior da porção remanescente do osso da qual a lesão a 1,5 a 2,0 cm da ponte sobre o osso a partir do qua l o
é ressecada. Corte o pino de Steinmann protruindo a enxerto fo i removido.
partir da extremidade chanfrada do enxerto fibular, 1 cm •Faça uma ranhura chanfrada de 0,5 cm de profund idade
além do enxerto, e dobre-o para trás ao longo da super- na cortica l anterior do osso que receberá a extremidade
fície chanfrada para evitar a migração do pino. chanfrada mais estreita do enxerto para evitar desloca-
•Frese os canais medulares do fêmur e da tíbia com fresas mento. Calce o enxerto no lugar e marque o contorno
flexíveis. Quando fresar o osso no lado não ressecado da da parte sobreposta do enxerto na outra extrem idade da
articu lação, tome cuidado para iniciar em linha com o ponte óssea subjacente.
cana l medular, de modo que não seja deixada uma •Deixe de lado o enxerto e remova o osso dentro da área
grande cavidade em torno do pino nessa área. marcada na ponte para que o enxerto possa ser rebaixado
•Guie a haste medular de forma retrógrada no canal para a ponte até que suas superfícies estejam ao mesmo
femora l e para fora, através da pele glútea, até que o nível. Mais uma vez deixe o enxerto de lado e apare os
segmento que se projeta para além da ext remidade dista l excessos dos cônd il os e plana ltos femora l ou tibia l para
do fêmur seja igual ao comprimento do intervalo resse- que eles se projetem apenas 2 cm media l, latera l e pos-
cado, menos 1 cm. A curva da haste deve coincidir com teriormente em torno de ambos os enxertos.
o arco anterolatera l do fêmur. • Recoloque o enxerto anterior, posicionando a extremi-
• Com uma cureta, faça uma depressão em forma de cone, dade chanfrada e colocando a extremidade larga em seu
que acomode a extrem idade chanfrada do enxerto fibu lar no leito na ponte, e empurre a perna proxima lmente alguns
osso esponjoso da metáfise tibial ou femoral, logo posterior milímetros para forçar a extremidade chanfrada de ambos
ao trajeto previamente preparado para a haste medular. os enxertos fi rmemente nos enta lhes (Fig. 24-47G e J).
•Coloque o enxerto fíbu lar contra a cortical posterior do Use um fio de aço ou um ún ico parafuso como fixação
segmento femora l ou tibial para que ele seja mantido no adicional, se necessário.
lugar pelo pino de Steinmann sa li ente (Fig. 24-47E e H). •Se o mecanismo da patela e quadríceps for preservado,
Quando o enxerto fibular, que é 1 cm mais longo que o coloque-o em posição agora, para que a patela repouse
espa ço, estiver sendo inserido, deve ser aplicada tensão sobre a junção do enxerto anterior e a ponte. Isto pode
considerável às estruturas neurovascu lares, o que pode exigir o alongamento do tendão do quadríceps se uma
produzir para lisia fibular transitória. lesão femoral fo i ressecada.
•Alinhe a perna à coxa para receber a haste medu lar e • Resseque a superfície articular da patela e a mantenha em
conduza a haste distalmente 2 ou 3 cm, enquanto a posição com um grande pino de Steinmann de anterior para
posterior medial ou lateral à haste. Coloque um parafuso
extremidade chanfrada da fíbu la é inserida na depressão
esponjoso no outro lado da haste, apertando o parafuso de
previamente curetada.
modo que comprima a patela contra o enxerto. Remova o
• Depois de verificar o alinhamento, coloque uma barra espa-
pino de Steinmann e o substitua com um parafuso simi lar.
çadora 1 cm mais curta do que o espaço anterior à haste
• Se o mecanismo quadricipital e a patela forem ressecados,
medu lar e empale a perna manua lmente sobre a haste,
use parafusos esponjosos de cada lado do enxerto anterior
guiando a extremidade chanfrada do enxerto fibu lar no leito
ao longo da haste para fixar o enxerto em seu leito na ponte.
esponjoso. A barra espaçadora impede o encurtamento
• Enxerte as porções excisadas de osso esponjoso em torno das
excessivo do espaço, enquanto a haste é guiada na tíbia.
junções dos enxertos com os ossos hospedeiros, especialmente
•Antes de encai xar o enxerto fibu lar, ajuste-o para que seu
em torno do enxerto f ibular e o fêmur ou tíbia e em torno da
lado côncavo coincida com o arco posterior da haste. Dire-
extremidade chanfrada do enxerto anterior e o fêmur ou tíbia.
cione a haste medular lentamente para dista l, apoiando o
•Feche as feridas em camadas e use drenagem por aspi-
pé contra o abdome de um assistente.
ração. Envolva o membro em uma bandagem modificada
•Exponha a superfície anterior da tíbia ou do fêmur que for
de Jones, dos dedos do pé à viril ha.
utilizado como sítio doador do enxerto anterior. Estenda a
exposição a partir do plano de ressecção por uma distância
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a instab ili dade for
de 5 cm a mais do que o comprimento do espaço .
uma preocupação ao fina l da operação, o paciente é
•Faça cortes mediais ou laterais, apontando a serra para o
colocado em uma e meia spica gessada ou órtese. Esta é
eixo centra l da haste. Faça cortes transversais nas extre-
continuada até que união precoce seja evidente pelas
midades proximal e dista l do enxerto, fazendo o corte
transversa l perto do loca l da ressecção, 3 cm a partir do radiografias. Caso contrá ri o, após a cicatrização dos tecidos
nível da ressecção, para preservar uma ponte anterior do moles da ferida, um aparelho gessado inguinopodálico
osso que impeça a angulação da tíbia ou do fêmur na com soquete proximal quadrilátero é aplicado. Marcha
haste (Fig . 24-47F e 1). Faça outro corte transversa l, de com muleta, sem carga, é permitida. Radiografias são
modo que o comprimento do enxerto seja 2 cm ma ior fe itas aos 2 e 4 meses. Ao f inal de 4 meses, o pé e o
do que o comprimento do espaço. tornozelo são deixados livres se a união for aparente, e
•Chanfre a extremidade mais estreita do enxerto a 45 carga parcia l é permitida. Aos 6 meses, uma órtese longa
graus, de modo que o vértice do chanfro se situe na de perna com apo io isquiático e tornozelo livre é aplicada,
superfície endosteal da cortica l. Inverta o enxerto de se a união estiver sólida. A órtese é usada por 1 ano, após
ponta a ponta e posicione-o de modo a que a extremi- o que plena atividade é gradua lmente retomada. Quais-
dade chanfrada encoste contra a cortical anterior do osso quer parafusos que transfixem a patela são removidos aos
a partir do qua l o enxerto não foi coletado. 6 meses. Se a união for questionáve l em qua lqu er das
•Alinhe esse enxerto de modo a que a ca lha em sua super- quatro junções entre o enxerto e tíb ia ou fêmur aos
fície endosteal esteja em linha com a haste subjacente 6 meses, enxertos ilíacos esponjosos são aplicados.
PARTE VIII TUMORES

--------~
• RESSECÇÃO DO FÊMUR DISTAL OU TÍBIA TÉCNICA
PROXIMAL COM ALOENXERTO-ARTRODESE
Como alternativa ao procedimento supracitado, a artrodese pode ser (MALAWER)
feita usando-se aloenxerto intercalar para substituir o segmento res-
secado (Fig. 24-48). Todos os princípios citados na técnica anterior • Coloque o paciente em semidecúbito dorsal, depois pre-
se aplicam. A taxa de não união pode ser ligeiramente aumentada, pare e paramente todo o membro inferior dos dedos do
mas o procedimento é tecnicamente menos exigente. pé até acima do quadril, de modo que, se um procedi-
mento local for considerado inadequado, a amputação
acima do joelho seja possível sem nova paramentação .
Use um torniquete de borracha estéril no meio da coxa.
RESSECÇÃO DA FÍBULA PROXIMAL • Comece a incisão posteriormente 8 cm proximal ao meio
Malawer descreveu uma técnica para ressecção localmente da prega poplítea e curve-a anterior e distal mente através
amp la de lesões f ibu lares proximais. da fíbula, fina li zando 5 cm dista lmente à osteotomia

h@il;@m:EI Aloenxerto t ibial intercalar em menino de 11 anos de idade, com sarcoma de Ewing A, A loenxerto mo ldado para
coi ncid ir com a peça ressecada . B e C, A loenxerto colocado no defeito e f ixa do com placa bloquea da para tíb ia dista l. D e E, Rad iogra fi as
pós-operat óri as anteroposterior e latera l.
CAPÍTULO 24 PRI NC ÍPIOS GERAIS DOSTUMORES --

planejada. Modifique a incisão apropriadamente para •Após a exang uin ação por gravidade, faça um a in cisão
incorporar qualquer síti o de biópsia prévia. latera l direta compreendendo a extensão do osso a ser
•Levante um grande retalho lateral baseado na linha méd ia ressecado. Qualquer sítio de biópsia deve ser incorpo-
posteriormente e faça um retalho medial menor para rado e mantido com a peça ressecada du rante tod o o
expor a crista da tíbia. evento.
•Exponha e seccione o nervo fibular comum ao nível do •Levante retalhos anterior e posterior para expor o osso
tendão do bíceps femoral. Seus ramos são sacrificados e qualquer componente de partes mo les associado ao
dista lment e quando os músculos do comparti mento tumor.
ant erior e fibular são ressecados. •Identifique quaisquer ramos se nsitivos do nervo fibular
•Encontre os vasos poplíteos e sua trifurcação, ressecando superficial na porção proximal da ferida cursando ante-
o gastrocnêmio lateral e o solear através de suas substân- riormente e preserve-os caso n_ão estejam envolvidos no
cias, perto da fíbula. Se necessário, a origem proximal do tumor.
gastrocnêmio lateral no fêmur pode ser liberada. • Afaste os tendões do fibular lon go e curto posterior-
•Encontre e seccione os vasos tibiais anteriores 2 a 3 cm mente e disseque em torno do maléolo latera l deixando
distalmente à borda inferior do poplíteo. Apl ique tração um manguito de tecido normal.
na artéria poplítea, permitindo que os vasos f iquem afas- •Faça a osteotom ia fibular proximalmente, ao nível deter-
t ados da superfície posterior da massa. minado pela im aginolog ia pré-operatória (i e., RM ), e
•In cise os músculos dos compartimentos anterior e fibular afaste a extremidade de corte para fora da ferida.
proximalmente em suas origens e distalmente em suas •Disseque distalmente para excisar as inserções de partes
jun ções miotendíneas. Libere a membrana intraóssea. moles remanescentes entre a tíbi a distal e o maléolo
• Seccione o ligamento colateral fibular e o tendão do bíceps latera l. Seccione os lig ame ntos do tornozelo.
femoral 2,5 cm proximalmente às suas inserções fibulares. •Libere a peça da ferida e solte o torniquete. Após obter
•Resseque a articulação tibiofibular proximal através da tíbia. hemostasia, feche a ferid a sob re drenagem de sucção na
Posteriormente, isto requer incisão do músculo poplíteo. fo rm a padronizada.
•Repare qualquer defeito resultante na cápsula posterior • Coloque uma tala suropodál ica.
do joelho. Reinsira o tend ão do bíceps femoral e o lig a-
mento colateral fibular no cônd ilo lateral da tíb ia.
•Gire o gastrocnêrilio latera l anteriormente, liberando-o na
linha média posterior e distalmente onde se une ao solear.
Isto permite a cobertura dos vasos poplíteos e tibi ais pos-
• RESSECÇÃO-ARTRODESE DO TÁLUS
teri ores expostos e da tíbi a desnuda. Os vasos sura is late-
Raramente, em nossa experiência, uma lesão na tíbia distal é mais
rais proporcionam suprimento vascu lar para o gastrocnêm io
bem tratada pela ressecção ampla e artrodese do tornozelo. A mor-
lateral e devem ser cu idadosamente preservados.
bidade e a recuperação prolongada devem ser pesadas frente à quase
•Use drenagem por asp iração por 3 a 5 dias.
certa função satisfatória da amputação abaixo do joelho e adaptação
protética. Lewis defendeu um acesso longitudinal anterior; Enneking
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A deambulação é ini-
recomendou incisões medial e lateral paralelas. A reconstrução após
ciada no primeiro dia pós-operatório com carga conforme
a ressecção da tíbia distal é obtida pela artrodese com enxerto autó-
tolerado. Um a órtese de joe lh o com dobradiça é utilizada
durante 6 semanas. Uma órtese tornozelo-pé é necessária logo ou aloenxerto.
se o nervo fibular foi ressecado.
• RESSECÇÃO DO TÁLUS
Em nossa experiência, a ressecção do tálus é raramente necessária.
Ressecção amp la do tálus pode ser obtida através de acesso antero-
R.ESSECÇÃO DO TERÇO DISTAL DA lateral estendido para o tornozelo e retropé (Cap. 1). Se uma porção
da cabeça e do colo pode ser preservada, uma fusão de Blair permite
FIBULA
uma boa reconstrução (Cap. 11). Se a ressecção total é necessária, a
O terço dista l da fíbula pode ser ressecado sem reconstru- fusão calcaneotibial é recomendável.
ção e sem criar instabilidade signif icativa ou deformidade
em va lgo (Figs. 24-49 e 24-50). Carrell concebeu um pro-
ced iment o para restaurar a mortalha do tornozelo após a GIROPLASTIA
ressecção do terço distal da fíbula; ele re latou seu uso em
um paciente com hemangioma e out ro com sarcoma de Em 1975, Kristen, Knahr e Salzer reportaram pela primeira vez o
Ewing (Fig. 24-5 1). uso da giroplastia de Borggreve no tratamento do osteossarcoma
femoral distal como alternativa à amputação. A técnica tem sido
TÉCNICA ~ subsequentemente modificada para que lesões em várias partes do
~~~~~~~~--'~ fêmur e da tíb ia proximal possam ser tratadas por giroplastia.
•C oloque o paciente em decúbito dorsal com um torni- Winkelmann classificou a giroplastia em cinco grupos, como
quete não estéril sob re a coxa do mesmo lado. Um saco se segue:
de areia pode ser colocado sob o glúteo para auxiliar na Grupo AI - Lesão no fêmur distal. O fêmur distal, a articulação
exposição, por permitir a rotação interna da extremidade do joelho e a tíbia proximal são ressecados; a parte inferior da
durante o procedimento. perna é rodada 180 graus, e a tíbia é unida ao fêmur remanes-
cente (Fig. 24-52).
mi» PARTE VIII TUMORES

H!§l!m.'! fZID Ressecção da fíbula distal em menina de 13 anos de idade,


com sarcoma de Ew ing . A, A radiograf ia anteroposterior mostra tumor da
fíbula distal. B, Imagem de RM inicial. C, Imagem de RM após quimioterapia
neoadju va nte mostra diminuição no tamanho do tumor. D, Fíbula dista l
resseca da com margens amplas. E, Fíbula distal foi removida. F, Radiografia
anteroposterior, 6 meses após a cirurgia. O paciente está livre de dor e
cam in ha com imobi li zador de tornoze lo .
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOS TUMORES

O!ffil;tijflE!) Seguimento de longo prazo (40 anos) de paciente com ressecçã o da fíbula distal por osteossarcoma. Nenhuma recor-
rência, deformidade, instabilidade ou metástase ocorreu . A, Radiografia pré-operatória. B e C, Radiografias anteroposterior e lateral,
39 anos mais tarde.

o@•l;MBD Giroplastia tipo AI para uma lesão no fêmur


distal. (Redesenhada a Winke lmann WW: Rotationplasty in the loca l
H(ijil;HfIIII Modificação da técnica de Carrell de substitui-
treatment of osteosarcoma, Semin Orthop 3:40, 1988.)
ção da fíbula proximal para fíbula distal. Inserção, Método de
colocação de transplante quando a epífise tibial distal ainda não
está fundida.
llD PARTE VIII TUMORES

h[rill;t!ifZm Giroplastia tipo Ali para uma lesão na tíbia pro-


ximal. (Redesenhada a partir de Winkelmann WW: Rotationplasty in H@i!;!ijBEJ Giroplastia tipo BI para lesão no fêmur proximal.
the local treatment of osteosarcoma, Semin Orthop 3:40, 1988.) (Redesenhada a partir de Winkelmann WW: Rotationplasty in the local
treatment of osteosarcoma, Semin Orthop 3:40, 1988.)

Grupo AII - Lesão na tíbia proximal. O fêmu r mais distal, o joelho


e a tíbia proximal são ressecados. Após rotação de 180 graus,
a tíbia distal é unida ao fêmur distal (Fig. 24-53).
Grupo BI - Lesão no fêmur proximal, poupando a articu lação do
quadril e os músc ul os glúteos. O fêmur proximal e a articu-
lação do quadril são ressecados e a perna é girada 180 graus.
O fêmur dista l é unido à pelve, de modo que o joelho fun-
ciona como q uadril e o torno zelo funciona corno joelho (Fig.
24-54).
Grupo BII - Lesão no fêmur proximal com envolvimento da articu-
lação do quadril e tecidos moles contíguos. O fêmur proximal,
a articulação do quadril e a hemipelve inferior são ressecados e a
perna é girada 180 graus. O fêmur remanescente é unido ao
restante do ílio, de modo que o joelho funciona como articula-
ção do quadril em dobradiça e o tornozelo funcion a como
joelho (Fig. 24-55) .
Grupo BIII - Lesão no meio do fêmur. Todo o fêmur é ressecado.
A tíbia é inserida na pelve utili zando uma endoprótese (Fig.
24-56) .

GJROPLASTIA PARA UMA LESÃO NO h!dl!@fllm Giroplastia tipo Bll para lesão no fêmur proximal
FEMUR DISTAL com envolvimento da articulação do quadril e tecido mole adja-
ce nte . (Redesenhada a partir de Winkelmann WW: Rotationplasty in

-------~
TÉCNICA the local t reatment of osteosarcoma, Semin Orthop 3:40, 1988.)

(KOTZ E SALZER)
biópsia tem de estar inteiramente dentro da área de pele
•Faça uma incisão na pele na forma de um grande losango, em forma de losango e deve ser excisada em bloco com
com seu eixo longitudinal na face anterior e seus dois o tumor. O eixo longo do losango é 5 a 1O cm mais longo
pontos laterais se encontrando na face posterior do do que o comprimento de ressecção óssea pretendido.
membro inferior (Fig. 24-57 A). Qua lquer cicatriz de •Incise a fáscia ao nível da incisão na pele.
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOSTUMORES f:fj8
•Exponha a parte proxim al da tíbia imediatamente dista l à
cápsula articular do joelho e proximal à arté ri a tib ial ante-
rior e seccione a tíbia distal da epífise proxima l.
•Retire a peça do campo operatório pa ra tê-la imediata-
mente inspecionada pelo patologista, para assegurar
marg ens adequadas.
•Gire a perna externamente em 180 graus para local izar
os nervos tibia l e fibular no lado medial do fêmur.
•Junte o fêmur e a tíbia com uma placa de compressão . Antes
da osteossíntese, considere o comprimento do membro e o
posicionamento da articulação do tornozelo. Por conta do
crescimento ma is rápido do fêmur em comparação com a
tíbia distal girada externamente, a articulação do tornozelo
(que serve agora como a articulação do joelho) deve f icar a
não mais do que 4 a 6 cm distalmente ao joelho contralateral
normal. Previsões mais exatas de comprimento e de cresci-
mento normal podem ser feitas usando-se as tabe las de
Green-Anderson. No adulto, as articulações do joelho e tor-
nozelo devem ficar no mesmo nível.
• Se o sacrifício dos vasos femorais for necessário, a recons-
tru ção deve ser realizada dentro de 2 horas, porém após a
conclusão da osteossíntese. Se os vasos são preservados,
h@ihf4flE'it Giroplastia tipo Bill para lesões malignas no disponha-os em laços entre os músculos, para evitar torções.
fêmur. (Redesenhada a partir deWinkelmann WW: Rotationplasty in •Suture os músculos da coxa à fáscia da perna .
the local treatment of osteosarcoma, Semin Orthop 3:40, 1988.) •Durante o fechamento cutãneo, a pele redundante a
partir da porção proximal da ferida pode ser removida
para perm itir as diferenças na circun ferência da coxa e
perna . Gebhart et ai. sugeriram modificar a incisão de
pele para que incisões circunfe renciais na coxa e em boca
de peixe na perna sejam usadas para eq ua lizar as circun-
ferências das incisões na coxa e perna e diminuam a
desproporção de comp ri mento da pele (Fig . 24-57B)

h
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Deambu lação sem carga
é instau rada inicialmente. Às 6 semanas, uma prótese tem-
porária é adaptada e carga progressiva é perm itida.

-- ---
GIROPLASTIA PARA UMA LESÃO
B
DE FÊMUR PROXIMAL SEM
ENVOLVIMENTO DA ARTICULAÇÃO
O@lhf4'f!lil A, Incisão em forma de losango para giroplastia DO QUADRIL
tipo A I. B, Incisão circunferencial alternativa na coxa e incisão em
boca de peixe. (A redesenhado a partir de Kotz R, Salzer M: Rota- TÉCNICA
tionp lasty for childhood osteosarcoma of the distal part of the fem ur, J
Bane Joint Surg 64A 959, 1982; B redesenhado a partir de Gebhart MJ, (WINKELMANN)
McCormack RR Jr, Healey JH , et ai: Modification of the ski n incision for
the Van Nes lim b rotationp lasty, Clin Orthop Relat Res 216: 179, 1987 .) • Inicie a incisão da pele proxima l mediaimente, na prega
VEJA A TÉCNICA 24-24. ingu ina l, e continue-a anteriorm ente sobre a coxa, dois
dedos dista l e paralelamente ao ligamento ing uinal. Curve-a
para cima logo distal à espinha ilíaca anterossuperior para
a face lateral da coxa. Siga a borda latera l da coxa e prega
• Identifique e disseque os nervos fibu lar comum, tibial e glútea para uni r-se com o in ício da incisão, mediaimente
ciático. Em segu ida, identifique os vasos femorais proximal- (Fig. 24-5 8B).
mente no canal adutor e disseque-os distalmente, ligando •Meça a distãncia entre a borda superior da esp inha ilíaca
ramos, conforme necessário. Resseque os vasos com o anterossuperior e a borda inferior do ísquio na radiografi a
tumor, se envolvidos, e subsequentemente, reconstrua-os. anteroposterior da pelve. Essa distãncia é medida a partir
• Expon ha o fêmur e corte-o transversalmente 5 cm ou da interlinha articular proxi mal med ial na face medial da
mais proximal à margem mais proxim al da lesão. coxa. Isto marca a extensão superior da incisão de pele )
M:fj• PARTE VIII TUMORES

A B D

veia femorais

E F G

li@ii;@fJ:m A-D, Técnica de giroplastia tipo BI (veja o texto). E-G, Técn ica de giroplastia tipo Bll (veja o texto). (Red esenhada a partir
de Winkelmann WW: Hip rotationplasty for malignant tumors of the proximal part of the femur, J Bane Joint Surg 68A:362, 1986.) VEJAS AS
TÉCNICAS 24-2S E 24-26.

distal. A extensão distal da incisão de pele distal, que • Ligue o nervo, artéria e veia obturatórios.
)
forma um oval alongado, está no aspecto lateral da coxa, • Seccione o obturador externo perto de sua origem e
de 6 a 8 cm acima da interl inha articular lateral. A incisão seccione o músculo iliopsoas profundamente ao liga-
anterior de ligação da pele segue o curso da artéria e veia mento ingui nal.
femorais e a incisão posterior de ligação da pele segue o • Posteriormente, desinsira o glúteo máximo do fêmur a 3
curso do nervo ciático. A cicatriz de qualquer biópsia prévia cm de sua inserção e reflita -o proxima lm ente .
deve ficar na parte ressecada do membro inferior. •D isseque o nervo ciático distalmente tão distante quanto
•I ncise a fáscia da coxa em li nha com a incisão de pele e a linha inferior de ressecção.
desinsira o múscu lo sartório de sua origem. •Preserve os músculos glúteo médio e mínimo, se possíve l.
•Exponha o feixe neurovascu lar femora l na junção das veias Incise a cápsu la da articulação do quadril circunferencial-
safena e femoral. Seccione o nervo femoral logo distal ao mente, perto da pelve.
ligamento inguinal e ligue a veia safena perto de sua junção • Distalmente, crie um retalho miotendíneo do mecanismo
com a veia femoral. Disseque o feixe vascular distal ao canal do quadríceps para, mais tarde, suturá-lo aos músculos
de Hunter, seccionando todos os ramos vascu lares, se neces- glúteos. Seccione os tendões isquiotibia is em um ponto
sário (Fig . 24-58C). Se a artéria e a veia femoral estiverem distal o suficiente para, mais tarde, permitir suturá-los ao
envolvidas pelo tumor, sacrifique-as e reconstrua-as. iliopsoas.
• Desinsira os músculos ten sor da fáscia lata, reto femoral •Determine o comprimento da parte distal do fêmur a ser
e adutores de suas origens. preservado por meio da radiografia anteroposterior da
CAPÍTULO 24 PRINCÍPIOS GERAIS DOSTUMORES

pelve. Em adultos, a borda inferior dos côndilos femorais REFERENCIAS


deve estar um pouco acim a da borda distal do ísquio (Fig.
24-58D) . Em crianças, a borda inferior do côn dilo femoral Abdeem A, Hoang BH, Athanasian EA, et al: All ograft-prosthesis composite
está posicionada de 1 a 2 cm aba ixo da borda distal do reconstruct ion of the proximal part of th e hum erus: functi onal outcome
ísquio. Deixe a diáfise do fêmur apenas t ão longa quanto and survivo rshi p, f Bane faint Su rg 91A:2406, 2009.
Adams SC, Potter BK, Pitcher D), et ai: Office-based core needle biopsy
seja necessário para fixá-la na superfície lateral do ílio com
of bone and soft tissue malignancies: an accurate alternative to open
pelo menos quatro parafusos.
biopsy with infrequent complications, Clin Orthap Relat Res 468:2774,
•Após a remoção da lesão e do fêmur proximal, apoie o 2010.
membro remanescen te cuidadosamente, pois está li gado Aved ian RS, Haydon RC, Peabody TO: Multi planar osteotomy with limited
apenas pelo fe ixe neurovascular. wide margins: a tissue preserving surgical technique for high-grade bone
•Exponha subperiostea lm ente a face lateral da asa do ílio. sarcomas, Clin Ort/10p Relat Res 468:2754, 20 10.
•Gire a extremidade 180 graus para que o pé oponha-se Aye rza MA, Apnte-Tinao LA, Farfa lli GL, et ai: joint preservation after exten -
posteriormente. Molde a face latera l da cortical do fêmur sive curettage of knee giant cell tumors, Clin Orthap Relat Res 467:2845,
distal para que o membro inferior esteja em posiçã o neut ra 2009.
Bacci G, Bertoni F, Longhi A, et ai: Neoadjuvant chemotherapy fo r high-grade
no plano coronal e em 1O graus de rotação externa com
cen tral osteosarcoma of th e extremity: histologic response to preopera-
o joelho em extensão completa quando estiver aposto à
tive chemoth erapy correlates with histologic subtype of the tumor,
asa do ilíaco.
Cancer 97:3068, 2003.
• Fi xe a diáfise femoral ao ílio com pelo menos quatro para- Bacc i G, Ferrar i S, Bertoni F, et ai: Long-term outcom e for patients with
fusos ou grampos. no nm etastatic osteosarcoma of the extrem ity treated at the lstituto
• Suture os músculos com o joelho flexionado a 70 graus. Ortopedico Rizzoli according to the Istituto Ortopedico Rizzoli/
Posteriormente, suture os músculos glúteos no quadrí- Osteosarcoma-2 protocol: an updated report, J Clin Oncal 18:4016,
ceps, e, anteriormente, suture os tendões isquiotibiais no 2000.
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sário, desinsira toda a musculatura posterior do quadril e os 468:834, 20 1o.
ligamentos sacroespinhal e sacrotuberal de suas origens e Bibbo C, Patel DV, Benevenia ): Perioperative considerations in patients with
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• Seccione o ílio, tão distante proximalmente quanto neces- Bielack S, Kempf-Bielack B, Delli ng G, et ai: Prognostic factors in high-grade
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sário, deixa ndo o suficiente para permitir a fixa ção do fêmur
treated on neoadjuvan t cooperative osteosarco ma study group protocols,
à pelve com pelo menos quatro parafusos (Fig. 24-58F e G).
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•Anteriormente, resseque a hemipelve da sínfise púbica,
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•Se os músculos glúteos são ressecados, prese rve o nervo Black AW, Szabo RM, Titelm an RM: Treatment of mali gnant tumors of the
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é aplicada, com a metade anterior removível para que rapy for the pal li ative treatm ent of adult patients with locall y advanced
exercícios passivos de quadril possam ser iniciados logo or metastatic soft tissue sa rcoma: a m eta-analys is and clinicai practice
após a cirurgia . Exercícios ativos de tornozelo também são guideline, Sarcoma 4:103, 2000.
iniciados logo após a cirurgia, e exercícios ativos de quad ril Brigman BE, Kumagai SG, McG uire MH: Rotat ionplasty afte r fa iled limb-
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TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E
CONDIÇÕES NÃO NEOPLASICAS
SIMULANDO TUMORES OSSEOS
Cl!m 2s i
Robert K. Heck, Jr. • Patrick e. Toy

i:oRMAÇÃO DE TUMORES DISPLASIA FIBROSA 869 TUMORES VASCULARES 878


OSSEOS 859 DISPLASIA OSTEOFIBROSA 870 HEMANGIOMA 878
OSTEOMA OSTEOIDE 859 FIBROMA DESMOPLÁSICO 871 OUTRAS LESÕES NÃO
ILHA ÓSSEA 864 LESÕES CÍSTICAS 873 NEOPLÁSICAS 880
LESÕES NA CARTILAGEM 865 CISTO ÓSSEO UNICAMERAL 873 DOENÇA DE PAGET 880
CONDROMA 865 CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO 875 "TUMOR MARROM " DO
OSTEOCONDROMA 866 CISTO GLANGLIÔNICO HIPERPARATIREOIDISMO 881
LESÕES FIBROSAS 869 INTRAÓSSEO 876 INFARTO ÓSSEO 882
FIBROMA NÃO OSSIFICANTE 869 CISTO EPIDERMOIDE 877 OSTEOMIELITE 882
DESMOIDE CORTICAL 869 TUMORES LIPOMATOSOS 877 FRATURAS POR ESTRESSE 882
HISTIOCITOMA FIBROSO BENIGNO 869 LIPOMA 877 OSTEÓLISE PÓS -TRAUMÁTICA 882

Es te capítulo discute as lesões ósseas que normalmente não se com- marcante aum ento da captação na cintilografia óssea com tecnécio.
portam de forma agressiva localmente e nas quais não há relatos de A RM geralmente mostra um extenso edema circundante.
metástases. A maioria é assintomática ou minimamente si ntomáti ca, O aspecto microscópico é constituído por tecido fibrovascul ar
exceto quando ocorrem complicações, co rn o uma fratura pato lógica. com trabeculados ósseos imaturos que são margeados (halos) pelos
Muitas são diagnosticadas incidentalmente (Tabela 25- 1). osteoblastos proeminentes. A aparência é semelhante à do osteoblas-
toma, com exceção de qu e os osteoblastom as são maiores. A lesão
geralmente é cercada por um aro esclerótico. Não existe atip ia
~ORMAÇÃO DE TUMORES nuclear. Osteoclastos e células gigantes ocasionais podem ser vistos.
OSSEOS Não há características agressivas (Fig. 25-1).
Múltiplas opções de tratamento estão disponíveis, incluindo o
tratamento clínico, a ablação por rad iofrequ ência percutânea e pro-
OSTEOMA OSTEOIDE
cedim entos cirúrgicos abe rtos. Se os sintomas do paciente são ade-
O osteoma osteoide é uma neoplasia beni gna vista mais frequente- qu ada mente controlados, e o paciente está disposto a se submeter
mente em homens jovens. A maioria dos osteornas osteoides é ao tratamento médico em longo prazo, a medi cação anti-inflamató-
encontrada na segund a ou terceira década de vida, mas lesões oca- ria pode ser usada como tratamento definiti vo. Os pacientes tratados
sionais têm sido relatadas em pacientes mais velhos. Praticamente dessa maneira geralmente apresentam cura espontân ea da lesão
qualquer osso pode ser envolvido, embora haja urn a predileção pa ra dentro de 3 a 4 anos.
a extremidade inferior, com metade dos casos envolve ndo o fêmur A maioria dos pacientes com lesões da pelve ou ossos longos
ou a tíbia. O tumor pode ser encontrado no osso cortical ou espon - nas extremidades pode ser tratada com ablação por radiofrequência
joso. Lesões multicêntricas foram relatadas. Nun ca uma mudança percutânea (Fig. 25-2). Essa técnica envolve a biópsia do nidus com
maligna foi docum entada. O paciente típico com um osteoma agul ha gui ada por TC, após isso um eletrodo de radi ofrequência é
osteoide tem uma dor que é pior à noite e é aliviada pela aspirina inserid o através da cânula da agulha de biópsia. A temperatura na
ou outros medicamentos anti-inflamatórios não esteroides. O ponta é aum entada para 90ºC durante 6 minutos. Vários autores têm
aum ento dos níveis de ciclo-oxigenases e prostaglandinas foi relatado excelentes res ultados com esse procedimento. Geralmente
demonstrado nas lesões. Esse fato explica a causa da dor intensa, é feito como um procedimento ambulatorial, e os pacientes podem
bem como o dramático alívio da dor qu e resu lta do tratamento com retorn ar imediatamente à plena atividade. As taxas de recorrência
o medicamento anti-inflamatório não es tero ide. Quando a lesão está são menores que 10%. O procedimento não deve ser indicado para
perto de uma articulação, edema, ri gidez e contratura podem lesões vertebrais (devido ao risco de lesões térmicas da medula
ocorrer. Quando a lesão é na vértebra, pode ocorrer escoliose. espinal) ou lesões dos pequenos ossos das mãos ou dos pés (devido
Os estudos de imagem geralmente são diagnósticos. A biópsia ao risco de lesão térmica da pele).
raramente é necessária para confi rm ar o diag nóstico. A lesão é cons- O tratamento cirúrgico envolve a remoção de todo o nidus.
tituída por um pequeno nidus radiolu cente central (<1,5 cm) com Isto pode ser feito por curetagem ou ressecção em bloco. Esta última
esclerose óssea circundante. A radiografia simples muitas vezes é está associada a um baixo índice de recorrência, mas raramente é
sufi ciente para fazer o diagnóstico. A TC é o melhor exame para indicada para lesões em ossos longos por causa de um aumento do
identi ficar o nidus e confirmar o diagnóstico. As lesões demonstram risco de fratura patológica pós-operatória.
O texto con tinua na página 864.

859
EXAMES POR
TUMORES DE IDADE DEMOGRAFIA LOCAL APRESENTAÇÃO IMAGEM HISTOLOGIA TRATAMENTO COMENTÁRIOS
FORMAÇÃO ÓSSEA
Osteoma 2ª-3ª Homem :mulher Extrem idade Dor; pior à Cortical Envolto por AINES Níveis altos de
osteoide décadas 3:1 inferior de noite radiolúcida Trabecular tecido Técnica burr down ciclo-oxigenases
ossos longos Frequentemente nidus <1,5 cm fibrovascular Ablação por eprostaglandinas na
Elementos responde a com marcado frou xo radiofrequência lesão
posteriores AINEs espessamento
da coluna cortical

Ilha óssea Adultos Homens= Pelve Geralmente Pequena área Osso maduro com Obse rvação Osteopoiquilose
mulheres Fêmur sintomático redonda de trabeculas - múltiplas ilhas
densidade espessadas que ósseas
aumentada em funde ao osso
osso esponjoso normal na
com espículas periferia
radiadas na
periferia
LESÕES CARTILAGINOSAS
Condroma Adultos Homem= Mão Geralmente Áreas lobuladas Cartilagem hialina Observação Doen ça de Ollier
mulher Região proximal assintomático de calcificação Curetagem se - encondromas
do úmero pontuais sintomático múltiplos (transfor-
Fêmur distal Erosão cortical mação malignaco-
Tíbia proximal mínima (com mum)
exceção da Síndrome de Maffucci-
mão) - encondromas
múltiplos com
hemangiomas de
tecidos moles
(transformação
maligna comum)
Osteocondroma 2ª- 3ª Leve Metáfise de Tumor; pode ser Lesão óssea Similar a epífise que Observação, se Transforma ção
décadas predominância ossos longos doloroso pedunculada passa por assintomático maligna para
masculina secundaria- ou séssil que se ossificação Ressecção se condrossarcoma é
mente à comunica com endocondral sintomático; a rara
irritaçã o de o canal capa Exostose múltipla
estruturas de intra medular cartilaginosa hereditária (MHE) é
tecidos moles, do osso deve ser autossomicado-
fraturas ou Lesão tem uma removida minante
bolsa subja- capa de completamente com penetração
cente cartilagem incompleta
sobrejacente MHE - mutação do
EXT1 ou EXT2
LESÕES FIBROSAS
Fibroma não 1ª - 2ª Homem= Metáfise de Assintomático; Lesão geográfica Células fusiformes de Observaçã o Síndrome de Jaffe-
ossificante décadas mulher ossos longos geralmente excêntrica aparência benigna Curetagem em caso -Campanacci
(FNO) descoberto localizada na em um padrão de grandes - múltiplos fibra-
incidental- metáfise dos estoriforme com lesões mas não ossificantes
mente em ossos longos matriz colagenosa Fraturas são em múltiplos com
radiografia Aparência geral tratadas manchas café com
plana a não multilobulada conservadora- leite
ser em caso com margens mente
de fratura escleróticas
patológica bem definidas
Desmoide 2ª década Homens Matáfise distal Geralmente Erosão da Tecido fibroso com Observação Possivelmente uma
cortical femoral assintomático cortical estroma colage- lesão reacional pela
posterome- femoral noso tração do adutor
dial posteromedial Células fusiformes de magno
com margens aparência benigna
escleróticas em um padrão
estoriforme com
matriz colagenosa
(similar ao FNO)
Histiocitoma 4ª -5ª Homem= Pelve Dor progressiva Lobulado, Curetagem
fibroso décadas mulher Fêmur localizado
benigno (epifiseal) centralmente,
radiolucente
com halo
esclerótico
Displasia fibro sa 1ª- 3ª Homem= Fêmur Dor Aparência de Espiculas ósseas Fi xação profilática Síndrome de McCune-
décadas mulher Tíbia Deformidade vidro irregulares com de fraturas -Albright - displasia
Pigmentação esmerilhado estroma fibroso iminentes fibrosa poliostótica,
cutânea com halo Correção de pigmentação
Anomalias esclerótico deformidade cutânea, anomalias
endócrinas bem definido Biofosonados para endócrinas
casos graves Síndrome de Maza-
braund - displasia
fibrosa poliostótica,
mi xomas intramus-
cu lares
Displasia 1ª -2ª Homem = mulher Tíbia (diáfase) Assintomático, a Lesões Trabécula irregular Observação
osteofibrosa décadas não ser em radiolucentes com halo Fraturas em geral
caso de fratura multicêntricas osteoblástico tratadas
patológica na cortical da proeminente conservadora-
Curvatura tíbia Estroma fibroso mente
anterior frou xo Ciru rgia para
correção de
deformidades
(Continua)
'''"''"""~ '
IGJ:lUfl ~~::1~'f Lesões Osseas-cont.
EXAMES POR
TUMORES DE IDADE DEMOGRAFIA LOCAL APRESENTAÇÃO IMAGEM HISTOLOGIA TRATAMENTO COMENTÁRIOS
Fibroma 2ª- 3ª Homem :mulher Qualquer Dor Lesão Tecido fibroso Curetagem
desmop lástico décadas 2:1 Fratura radiolucente hipocelular com extendida versus
patológica com erosão colágeno ressecçã o ampla
cortical abundante
Frequentemente
com septa ções
Pode ter massa
de tecido mole
LESÕES CÍSTICAS
Cisto unimeral 1ª - 2ª Homem :mu lher Úmero proximal Assintomático, a Localizado Cisto cheio de fluido Observação
ósseo décadas 2:1 Fêmur proximal não ser em centralmente com cor de pa lha Aspiraçã o/injeção
caso de com lesão Fina ca mada (est eroides,
fratura radiolucente fibrovascular medula óssea,
pato lógica Expande o córtex enxerto ósseo
concentrica - substituto)
mente Curetagem
Sem destrui ção
cortical
Cisto ósseo 1ª- 2ª Leve predomi- Úmero proxima l Dor Lesão Espa ços cavernosos Curetagem
aneurismático décadas nância Fêmur distal radiolucente hemorrágicos estendida
feminina Tíbia proxi mal insuflante Fibroblastos do Considerar
Coluna excêntrica septo, histiócitos, embolização
(elementos Fina camada micrófagos cheios pré-operatória
posteriores) externa de hemossiderina e das lesões
cortical células gigantes pélvicas
níveis líquido-
líquido na RM
TUMORES LIPOMATOSOS
Lipoma Adultos Homem= Qualquer Assintomático Lesões Tecido adiposo com Observação
mulher radiolucentes áreas focais de
bem necrose
delimitadas
com
calcificação da
matriz
tu moral
Tecido adiposo
normal/taxa de
sinal na RM
TUMORES VASCULARES
Hemangioma Adultos Homem :mu lher Corpo vertebral Assintomát ico Espessamento Proliferação de vasos Nenhum
1 :2 das trabéculas sanguíneos
orientadas
verticalmente
(aparência de
"cerquilha" na
radiograf ia ou
aparência de
manchas
arredondadas
na TC)
RM com
hipersinal nas
imagens
ponderadas
em T1 e T2
OUTRAS LESÕES NÃO NEOPLÁSICAS
Doença de Paget 5ª- 8ª Leve predomi - Corpo vertebra l Dor Fase lítica inicial Tecido ósseo com Biofosfonados Inclusão de corpos
décadas nância Pelve Mais tarde, linhas de cemento AINEs seme lhantes a vírus
masculina Fêmur pro ximal cortical mais irregulares Calcitoc inina sugere etiologia
espessa, Estrema fibrovascular vira i
trabécu las Comum em pessoas de
grossas descendência
cintilografia anglo-saxônica, raro
óssea - RM em outras etnias
- sinal da Distúrbio de regulação
medu la óssea do turnover ósseo
normal
Tumor marrom Adultos Homem= Qualquer Lesões ósseas Osteopenia Células gigantes, Tratamento Primário
mu lher frequente- difusa aumento de medicamentoso H i perparati reo i-
mente Lesões atividade conduzido pe lo d ismo devido
assintomáticas radiolucentes osteoc lástica, endocrinologista geralmente a
a não ser em multifocais fibrose da medula Cirurgia para adenoma
caso de com rea ção Diagnóstico fraturas paratireoide
fratura periosteal gera lmente feito pato lógicas Hi perpa rati reoid ismo
patológica circunjacente por hipercalcemia presentes ou secundário devido
Sintomas de serosa e iminentes geralmente a
hiperca lcemia hipofosfatemia fa lência rena l
(náusea, crônica
fraqueza,
dores de
cabeça, dor
óssea genera-
lizada)
@:Jijj PARTE VIII TUMORES

O@ii;f4fll:9 Aparência microscópica típica de osteoma osteoide.

Geralmente, a remoção é feita usando a técnica burr- dow n. ILHA ÓSSEA


Este método consiste em identifi car os nidus intraoperatoriamente
com flu oroscopia e usar um dri ll elétrico pa ra rem over o osso Ilhas ósseas, chamadas ta mbém de enostoses, são lesões beni gnas do
esclerótico dire tam ente sobre o nidus. (Ra ramente a cintilografi a osso esponj oso. Elas geralmente são assin to máticas e são descober-
óssea intraope ratória com tecnécio-99m (99m Te) m etileno difosfo- tas inciden talmente. Prati cam ente qualquer osso pode se r envolvido,
nato é necessária para identifi ca r o nidus.) O nidus é removido m as a pelve e o fêmur são os locais mais co muns. Não está definido
usando curetas e enviado para exame anatomopatológico. A cavi- se elas representam urn a anormalidade de desenvolvimento ou um
dad e é novam ente tratada co m o drill elétri co pa ra garantir que a processo neoplásico. Independentemente disso, a m aioria perm a-
totalidade do nidus foi rem ovida. Dessa maneira, apenas a quanti - nece quiescente. Elas são de interesse p rincipalmente porqu e outras
dade mínima de osso reativo circundante é removida, minimizando lesões, m ais agressivas, ocasionalmente estão no diagnós tico dife-
o risco de fratura subsequ ente. As taxas de reco rrência com essa renci al para pacientes co m ilhas ósseas. A os teopecilose é um a con-
técnica são inferi ores a 10%. dição rara que consiste em pequenas ilhas ósseas múltiplas em todo
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDI ÇÕ ES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS Em
o esqueleto. Foram identificadas as formas autossômicas dominantes
e esporádicas da síndrome.
As ilhas ósseas ge ralm ente podem ser diagnosticadas pelas
radiografias. Elas n ormalmen te são áreas pequenas, redond as ou
ovais de m aior densidade homo gênea dentro do osso esponjoso
(Fig. 25 -3A) . Espíc ul as podem irradiar-se na p eriferi a das ilhas
ósseas e se fundir co m o osso h ospedei ro, cri ando uma borda
parecida com escova . Ne nhuma des trui ção óssea o u reação
periosteal é observada . Elas podem mostrar ligeiramen te um
aum ento da absorção n a cintilografia óssea; no entanto, exames
notoriamente positivos devem levantar suspeitas de lesões m ais
agress ivas. As tomo grafia s mostram trabéc ulas engrossadas que
r-
-<
se fundem com o osso circ undante. A RM normalmente mostra
> lesões bem definidas qu e são isointensas ao osso cortical e,
...
z
m
;o ass im , esc uras nas imagen s ponderadas e m Tl e T2 (Fig. 25-3B
õ
;o e C), sem edema circund ante. Não há características agressivas
nas imagens.
A aparê ncia microscópica reflete as características da imagem.
As ilhas ósseas consistem em osso maduro com trabéculas engros-
sadas. Na periferia da lesão, as trab éc ulas lesionais se fundem com
o osso normal. Não há nenhuma borda esclerótica. Ocasionalmente,
o tecido ósseo é um a pequena parte da lesão.
A maio ri a dos pacientes com ilhas ósseas pode ser tratada
com observação de radiografias simples seri adas. Enquanto as
lesões pe rm anecerem ass intomáti cas e não crescerem, não é indi-
cada qualquer outra intervenção. Se um paciente sentir dor, ou se
a lesão crescer, a biópsia é indicada para descartar lesões m ais
agressivas, como um osteossarcoma esclerosante, metástase blás-
tica, ou mieloma esclerótico.

LESÕES NA CARTILAGEM
CONDROMA
Os co nd romas são lesões benignas fo rmadas por cartilage m
hialina. Eles são comuns e todas as faixas etárias são afetadas.
Embo ra qualquer osso p ossa ser envolvido, as fa langes da m ão
são o local m ais com um. Eles são o tumor mais comum dos
pequenos ossos das mãos e dos pés. Os condromas geralmente
são assin tomáticos e com freq uência são descobertos in cidental-
mente, durante um exam e radiográfico solicitado por outra
causa. Eles também podem ser descobertos após um a fratura
patológica. Normalm ente surgem no canal medul ar, quando são
chamados de "encondromas". Raram ente surgem na superfície do
osso, quando são chamados de "condro mas periosteais" ou "con-
dromas justaco rticais".
A encond romatose múltipla, também conhecida como doen ça
de Ollier, é uma co ndi ção rara em que muitos tumores cartilagino-
sos aparecem nos ossos tubul ares grandes e pequenos e nos ossos
chatos. É causada por uma fa lha na ossificação end ocondral normal.
Os tumores estão loca lizad os na epífise e nas partes adjacentes da
metáfise e diálise, e mui tos ossos podem ser afetados. Deformidades
resultantes dos tum ores incluem a perda de estatura causada pela
falta de crescimento epifisário, alargamento das metáfises e encur-
vamento dos ossos longos. As múltiplas lesões dos pequenos ossos
h[dl@)fm. Osteoma osteoide em uma adolescente de 17 da mão podem causar deficiência considerável. Quando associada a
anos de idade que se que ixava de dor na coxa esquerda durante hemang iomas dos tecidos moles sobrejacentes, a doença é conhe-
vários meses . A, Visão anteroposterior do quadril esquerdo cida como síndrome de Maffucci. As lesões individuais são seme-
mostra pequena lesão rad iolúcida com borda esclerótica espessa lhantes aos encondromas solitários, mas elas têm uma tendência
do osso reat ivo . B, TC mostra claramente o nidus e confirma o definida para se torn arem malignas. Aproximadamente 25% dos
diagnóst ico. C, A sonda de ab lação por radiofrequência foi colo- pacientes com do ença de Ollier são diagnosticados com sarcom as
cada no nidus sob a orientaçã o da TC. D, Aparência histológ ica . aos 40 anos de idade.
M:t@• PARTE VIII TUMORES

O@ilidfll9 A, Il ha óssea no colo do fêmur de uma mu lher com 30 anos de idade. B e C, A lesão é escura nas imagens de RM
ponderadas em T1 e T2.

Rad iograficamente, os encondrom as são tumores de aparên- outra intervenção é indicada. Se a lesão crescer, ou se tornar sinto-
cia benigna co m calcificação intralesional (Fig. 25-4A e B). A cal- mática, a curetagem estendida geralmente é curativa. No entanto,
cificação é irregul ar e tem sido descrita corno "pontilhada", antes de recomendar a cirurgia para uma lesão sintomática, todos
"pontuada", ou "pipocada''. Nos pequenos ossos das mãos e dos pés, os esforços devem ser utilizados para descartar outras possíveis
pode haver co nsid erável erosão e insufl ação da co rtical sobreja- fontes de dor do paciente (p. ex., ruptura do manguito rotador em
cente. Em locais mais proximais (p. ex., pelve, úmero proximal o u um paciente co m um encondroma proximal do úmero) (Fig. 25-6) .
fêmur proximal), a erosão endosteal profunda (superi or a dois As taxas de recorrên cia são baixas. O tratamento de pacientes com
terços da es pessura da cortical) freq uentemente indica um con- encondromatose múltipla pode ser mais difícil. Embora as lesões
d rossa rcom a. Uma massa de tecidos moles associada nun ca es tá individu ais não sejam geralmente tratadas, as deformidades m ais
presente no encondroma e sempre indica um condrossarcom a. Os óbvias podem ser corrigidas por osteotomi a. Esses pacientes tamb ém
condromas justacorticais geralmente são lesões pequenas ( <3 cm), devem se r monitorado s por tempo indeterminado para veri ficar
bem definid as, que frequ entemente parecem se encaixar em um alteração maligna.
defeito em fo rm a de pires na sup erfíci e do osso (Fig. 25-5). A
corti ca l subjacente aparenta ser escl eróti ca, e as bordas da lesão
parecem se r sustentadas por uma camada espessa de osso cortical. OSTEOCONDROMA
As rad iografias simples geralmente são sufic ientes para diagnosti-
car um co ndroma. Se o diagnóstico está em questão, a TC é melhor Osteocondrornas são tumores ósseos benignos com uns. Eles prova-
pa ra ava liar a erosão endosteal qu e poderia ind icar um condros- velmente são malformações do desenvo lvimen to, em vez de verd a-
sarcoma (Fig. 25 -4C) . deiras neoplasias, e acredita-se que se ori ginem dentro do periósteo
A aparência m icroscópica de um co ndrom a é a de cartilagem como pequenos nódulos carti lag inosos. As lesões consistem em um a
hialin a madura. Os encondromas loca li zado s proximalmente massa óssea, freque ntemente na fo rma de uma haste, produ zida por
deve m pa rece r brandos e hip ocelul ares. Qualqu er g rau de ossificação endoco ndral coberta por carti lagem imatura com poten-
hip e rcelu la ridade ou atipia em um tum o r cart il agin oso locali - cial de crescimento. Em contraste com as ve rdadeiras neoplasias, o
zado proxim almente deve levantar a susp eita de um condros- seu crescimento geralmente é paralelo ao do paciente e norm al-
sa rcoma . Os encondrom as d a mão, co ndrom as justaco rticais e mente cessa qu ando for atingida a maturidade esquelética. A maioria
lesões assoc iadas com enco ndromatose múltipla podem ser relati- das lesões é encont rada du rante o período de crescimento esqu elé-
vam ente hi percelulares, no enta nto, com ligeira atipi a e ainda tico rápido. Ce rca de 90% do s pac ientes têm apenas um a lesão.
assim benignos. A diferen ciação dos tumo res co ndrais benignos Os osteocondromas podem ocorrer em qualquer osso de ossificação
de malignos é um dos problemas mais difíceis na patologia óssea. endocondral, mas ge ralmen te são enco ntrados na metáfise de um
Todo o tecido disponível deve ser exam in ado, mesmo que o diag- osso longo, perto da fise (F ig. 25-7). Eles são vistos com mais fre-
nóstico possa depender mais de características clín icas e radiográ- quência no fêmur distal, na tíbia proximal e no úm ero proximal. Eles
ficas do qu e de mud anças microscóp icas. raramente se desenvolvem em uma articul ação. A doença de Trevor
O tratamento de pacientes com encondrom as solitários ge ral- (displasia epifisária hemimélica) se refere a um osteocondroma intra-
mente consiste em observação com radiografias seriadas. Se a lesão -articular epifisário. Quando várias articul ações estão envolvidas, ele
perm anecer radiograficamente es tável e ass intomática, nenhum a geralmente é unilateral (he mimélico) .
CAPÍTULO 25 TU MORE S ÓSSEO S BE NIGNOS E CON DI ÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULAN DO TUMORES ÓSSEOS

O@ii;f4fll9 A e B, Radiografias anteropost e riores e laterais do fêmur di stal de mulher com 55 anos mostraram lesão calcificada,
sem destrui ção co rt ica l, a maioria consistente com o encondroma . C, TC é o melhor exame de imagem para confirmar que não há
destruição cortica l que possa sugerir condrossarcoma.

h(ijii;f4fl1'9 Radiografia anteroposterior do úmero proxima l O!ijihf4&J9 Radiograf ia anteroposterior do ombro esquerdo
esquerdo de um ado lescente de 18 anos com um co ndroma de uma mulher de 41 anos, com encondroma proximal do úmero,
justacortical. que se que ixava de dor no ombro esquerdo com a at ividade acima
da ca beça . Determinou-se que os sintomas foram causados por
afecção do manguito rotador. Ela respondeu bem à fi sioterapia
e a lesão permaneceu estáve l radiograficamente.
Muitas dessas lesões não causa m sintom as e são descobertas
incidentalmente. Algum as causa m sintomas mecâ ni cos por irr ita r Exos toses múltiplas hereditári as são um a condição autossô-
as estruturas circundantes, e raramente se torn am dolorosas devido mica domin ante com penetrâ ncia variável. A maioria dos pacientes
a uma fratura. Foram relatados pseudoaneurismas de grandes vasos com essa deso rdem tem uma mutação em um dos dois genes: EXTl,
das extremidades inferio res co mo res ultado da pressão dos os teo- que está locali zado no cro mossomo 8q24. ll -q24.1 3, ou EXT2, que
condromas. Além disso, neuropati as causadas por pressão a parti r es tá locali zado no cromossom o llpll - 12. Nessa do ença, os teocon-
de um os teocond roma contíguo têm oco rrido; a co nstatação fís ica drom as de muitos ossos são causados por uma anomalia do desen-
geralmente é uma m assa palpável. volvimento do esqu eleto. A característica m ais marcante é a presença
. , PARTE VIII TU MORES

H@l!@fm. A e B, Imagem da radiografia e RM de osteocondroma no fêm ur distal de uma adolescente de 15 anos. C, Fotografia
intraoperatória da lesão . D, Fotografia do espécime . E, Fotografia do espécime seccionado . Coberturas de carti lagem têm apenas 3 a
4 mm de espessura (setas) .

de muitas exostoses (Fig. 25-8), mas distúrbios no crescimento o tum or e pode conter corpos livres osteocartilaginosos. A radiogra-
tamb ém podem oco rrer, tais como formato anormal dos ossos, pro- fia simples muitas vezes é suficiente para fazer o diagnósti co. A TC
duzindo metáfises amplas e rombas, e às vezes curvand o o rádio e ou RM às vezes é necessária para co nfi rmar o diagnóstico.
encurtand o a ulna, produzindo desvio uln ar da mão. A taxa de A degeneração mali gna é extrem amente rara. Grandes séries
ocorrência da doença é de apenas 5% a 10% em relação ao osteo- estimaram a incidência de degeneração maligna em ce rca de 1% dos
condrom a soli tário, e é mais comum nos homens. Geralmente é pac ientes com um osteocondroma soli tár io e 5% para pacien tes com
descoberta mais ou menos na mesm a idade que a lesão solitári a, mas múltiplas exostoses hereditárias. No entanto, esses percentuais
um exame mais detalhado em cri anças de famí lias com a doença foram obtidos a partir de dados patológicos e, portanto, há viés
pode levar a descoberta mais cedo. inere nte pelas lesões grand es, sintom áti cas, que posteri ormente são
Os osteocondrom as são de dois tipos: pediculad os e de base submetid as à ressecção em centro de refe rência. A verdadeira inci-
ampla ou séssil. Todas as gradações entre esses tipos também dênc ia de dege neração maligna é muito menor do que esses números
oco rrer. Tumores pediculados são mais comuns, e qu alquer haste sugerem, pois a verdadeira prevalência de osteocondromas é desco-
definiti va é direcionada para longe da fi se adjacente à qual tem a sua nh ecida. A maioria dos pacientes é assintomática e não procura
origem . A pa rte que se projeta da lesão tem componentes co rti cais atendimento médico. A transformação maligna deve ser suspeitada
e espo njosos, os quais são co nt ín uos com os componentes corres- quando uma lesão anteri ormente quiescente em um ad ulto cresce
pondentes do osso principal. A lesão é coberta por um revestimento rapidamente; geralmente torna a forma de um co ndrossa rcoma de
cartilaginoso que frequentemente é irregul ar e em geral não pode baixo grau. Nesses casos, a cobertura de cartilagem geralmente é
se r visto em radiografias; ocasionalmente, a ca lcificação dentro da maior do que 2 cm de espessura. A transfo rmação maligna é mais
cobertura pode ser vista. No rm almente, a cobertura tem ape nas bem ava liada por TC ou RM.
alguns milímetros de espess ura em adultos, embora possa ser ter 2 A cirurgia (ressecção em bloco) é indicada quando a lesão é
cm de espessura em uma cri ança. A bursa co m frequência recobre grande o suficiente para ter má aparência ou produzir sintomas por
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDIÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS

A maioria dos fibromas não ossificantes é assintomática e


regride espontaneamente na idade adulta. A maioria das fraturas
patológicas pode ser tratada d e forma não operatória. As lesões
podem se tornar sintomáticas e necessitar de tratamento se elas se
tornarem grandes ou se forem suj eitas a um trauma repetido. Alguns
autores reco mendaram o tratamento para lesões maiores que 50%
do diâmetro do osso devido a um aumento do risco teórico de
fratura patológica, embora esse parâmetro não seja univel salmente
aceito corno uma indicação para a ci rurgia. A recorrência após cure-
tagem é rara (Fig. 25 -10).

DESMOIDE CORTICAL

O desrnoide co rtical é uma irregu laridade no aspec to posteromedial


da metáfise distal do fêm ur e, gera lmente, é vista em meninos de 10
a 15 anos. Pode ser uma reação à tração muscular exercida pelo
adutor magno. A lesão é vista de forma melhor em um a radiografia
oblíqua feita com a extremidade inferior em rotação extern a de
20-45 graus. Os sintomas clínicos, se houver algum, incluem edema
dos tecido s moles e dor. As radiografias e RM revelam erosão da
O!§l!;fflfD9 Joelhos de mulher de 22 a nos com várias exos- cortical com uma base esclerótica (Fig. 25- 11). A biópsia não é
toses hereditá rias. A seta marca fratura femoral curada, susten- necessá ria. O tratamento geralmente consiste em observação.
tada no período pós-operatório após ressecção de uma das lesões.
Observe a angulação tibial.
HISTIOCITOMA FIBROSO BENIGNO

atrito com as estruturas vizinh as ou quando os exames de imagem O histiocitoma fibroso benigno é uma entidade rara que foi descrita
sugerem malignidade. Raramente, o diagnóstico de um a lesão séssil pela primeira vez por Dahlin em 1978. Essa lesão ocorre com mais
não pode ser estabelecido através do estud o das radiografias, e é frequ ência nos tecido s moles e é menos comum no osso. Embora
indicado pela biópsia. A recorrência é rara e provavelmente é seja histologicamente semel hante ao fibroma não ossificante, é um
causada por falha em remover toda a cobertura cartil aginosa. Os tumor muito mais agress ivo em seu comportamento biológico e
pacientes com exostose múltipla hereditá ri a podem precisa r de características radiográficas (Fig. 25 -1 2). Em contraste com o
osteotomias para corrigir a deformidade. fibroma não ossificante, que normalmente é uma lesão m etafisária
Uma lesão semelhante, exostose subunguea l, pode se desenvol - excêntrica, o histiocitoma fibroso benigno po1 e ocorrer na diáfise
ver sobre urna falange distal, especialmente do dedão do pé. Muitas ou epífise de ossos lon gos ou na pelve. Distingue-se ai nda pela sua
vezes há um histórico definitivo d e trauma. A excisão é indicada ocorrência em pacientes mais velhos, com idad Js entre 30 e 40 anos.
quando a elevação da unha produz dor. O histórico e a loca.lização da Radiograficam ente, o histiocitoma fibroso benigno é uma lesão
lesão a distinguem de um verdadeiro osteocondroma. expa nsiva bem definida, lítica, com pouca reaç~o periosteal. As cin -
tilografias ósseas gera lm ente são levemente positivas. Em contraste
com o fibroma não ossifi cante, essa lesão é c ~nsiderada um neo -
LESÕES FIBROSAS plasma. Devido à sua tendência de recorrência local, é recomendada
a curetagem estendida ou a ressecção ampla.
FIBROMA NÃO OSSIFICANTE
Os fibromas não ossificantes (também conhecidos como defeitos DISPLASIA FIBROSA
metafisários fibro sos, defeitos corticais fibro sos e fibroxantoma) são
anomalias de desenvolvimento comuns e acredita-se que ocorram A displa sia fibrosa é um a anoma li a do desenyolvimento da for-
em 35% das crianças. Normalm ente, eles são encontrad os por acaso. mação óssea que pode existir em uma fo rma monostótica o u
Geralmente, essas lesões ocorrem na região metafi sá ria dos ossos poliostótica. A principal característica é a sub~tituição da medula
longos em indivíduos de 2 a 20 anos. Embora qualquer osso possa e do osso normal por tecido fibroso entremeado por pequenas
ser envolvido, cerca de 40% d essas lesões se encontram no fêmur espículas de tecido ósseo. A displasia fibrosa pode ocorrer na
distal, 40% na tíbia e 10% na fíbula. Em radiografias simples, um epífise, m etá fi se o u diálise. Anomalias associadas, tais como pre-
fibroma não ossificante aparece como uma lesão lobulad a bem d efi - cocidade sexual, pigmentação a normal da pele, mixoma intramus-
nida, locali zada excentricamente na metáfise (Fig. 25-9). Aparência cular, e doenças da tireoide, podem estar presentes. A síndrome de
multilocular ou sulcos na parede óssea, bordas geográficas e escleró- McCune-A lbri ght se refe re à displasia fibrosa poliostótica, pig-
ticas, e erosão da cortical são vistos frequentemente. Não há reação m e ntação cutânea, e anormalid ades endócr inas. A síndrome de
periosteal na ausência de uma fratura patológica. Mazabraud é a displasia fibrosa poliostótica com mixomas intra-
Histologicamente, o defeito é preenchido com células fusifor- musculares. A alteração maligna tem sido relatada ocas ionalmente
mes distribuídas em um padrão esp iralado ou estoriforme. Há um a com e sem radioterapia prévia.
proliferação de fibroblasto s com alta celularid ade. Célul as gigantes A aparê ncia radiográfica é característica, com uma área
e células esp umosas são quase sempre aparentes. radiolucente, apresentando uma apa rência de vidro fosco granular
- PARTE VIII TUMORES

O@ll;fdfll9 A e B, Radiografias anteroposteriores e laterais do fibroma não ossificante da tíbia proximal em paciente de 15
anos.

estroma fibroso. Pequenas áreas de metaplasia cartilaginosa e alte-


rações císticas podem estar presentes (Fig. 25-14). O tratamento
cirúrgico é indicado quando ocorre deformidade significativa ou
fratura patológica ou quando existe dor significativa. Fraturas
patológicas reais e iminentes são mais bem tratadas com fixação
intramedular, quando possível. As deformidades são corrigidas
através de osteotomias com fixação interna. Porque as taxas de
recorrência são altas após a curetagem e enxerto ósseo, os enxertos
de osso cortical têm preferência sobre enxertos esponjosos (ou
substitutos de enxertos ósseos) devido à sua reabsorção mais lenta .
Estudos sugerem que o tratamento com bisfosfonato é provavel-
mente benéfico para pacientes com doença avançada.

DISPLASIA OSTEOFIBROSA
A displasia osteofibrosa (fibroma ossificante de ossos longos,
também conhecida como doença de Campanacci) é uma lesão rara,
afetando geralmente a tíbia e a fíbula. Os pacientes geralmente estão
nas duas primeiras décadas de vida. O terço médio da tíbia é o local
afetado mais frequentemente, e, embora a lesão geralmente seja na
diálise, ela pode invadir a metáfise. A tíbia é se apresenta insuflada
e geralmente curvada anterolateralmente. A dor geralmente é
O@ii;lijmr!I Um adolescente de 14 anos sofreu uma fratura ausente, a menos que tenha ocorrido fratura patológica. As radio-
patológica através de um fibroma não ossificante tibial dista l grafias mostram osteólise intracortical excêntrica com expansão da
após trauma mínimo. A, Mau alinhamento do va lgo na tíbia cortical (Fig. 25-15). Estudos histológicos revelam arquitetura zonal
distal. B, Doi s anos após a osteotomia, curetagem e enxerto ósseo com tecido fibroso frouxo no centro da lesão e uma banda de tra-
(fosfato de cálcio/sulfato de cálc io substituto de enxerto ósseo), béc ulas ósseas com halo de osteoblastos ativos na periferia. A lesão
o paciente se encontrava assintomáti co e tinha a fun ção normal. deve ser diferenciada do adamantinoma e da displasia fibrosa
monostótica. O curso natural da lesão é imprevisível. Algumas
lesões regridem espontaneamente durante a infância; a maioria do
com borda esclerótica bem definida (Fig. 25-13) . Ocasionalm ente, progresso é durante a infância, e não após a puberdade. As taxas de
a biópsia é necessária para estabelecer o diagnóstico. O aspecto recorrência são altas após a curetagem ou ressecção marginal em
histopatológico é o de espículas irregulares de tecido ósseo em um crianças. Por outro lado, as taxas de recorrência são baixas após a
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDIÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS Gii

o@•l;Mfmll Desmoide cortica l de fêmur esquerdo em um menino de 8 anos. Radiograf ia anteroposterior (A} e imagens de RM
coronal (B} e ax ia l (C}.

cirurgia em pacientes adultos. As fraturas patológicas podem ser cortical pode estar presente. A lesão, às vezes, parece septada. Na
tratadas de forma não operatória. O tratamento cirúrgico tem por RM, o fibroma desmoplásico, semelhante a outros tumores fibro-
objetivo prevenir ou corrigir deformidades. sos, pode apresentar baixo sinal de intensidade nas imagens pon-
deradas em Tl e T2 (Fig. 25-16C e D). Grosseiramente, o tecido
lesionai é denso e resistente, assemelh ando -se às lesões desmoides
FIBROMA DESMOPLÁSICO nos tecidos moles. Também se assemelha a essas lesões microsco-
picamente; é hipocelular e fibroblástico e contém muito colágeno
O fibroma desmoplásico é um tumor ósseo extremamente raro, e algumas mitoses (Fig. 25-16E).
localmente agressivo, e benigno. É semelhante ao tumor desmoide Esse tumor não produz metástases, mas a recidiva local é
mais comum no tecido mole, e pode ser considerado seu equiva- comum após a curetagem simples. A maioria dos autores recomenda
lente ósseo. Tem sido relatado em todas as faixas etárias, mas é mais a ressecção ampla. A curetagem estendida agressiva pode ser uma
comum na segunda e terceira décadas. Os ossos longos tubulares opção razoável em pacientes selecionados, para tentar preservar
estão envolvidos na maioria das vezes, mas o envolvimento do melhor a função. Os tratamentos complementares que se mostraram
crânio, mandíbula, pelve e coluna vertebral tem sido relatado. A dor eficazes para o tratamento de tumores desmoides no tecido mole
geralmente é a principal queixa. (p. ex., radiação, agentes anti-inflamatór ios, tamoxifeno, e agentes
Radiografias revelam tipicamente uma lesão lítica, bem deli- citotóxicos) podem ter um papel no tratamento de pacientes com
mitada, com uma estreita zona de transição e, frequentemente, fibroma desmoplástico; entretanto, poucos dados suportam essa
um a borda fina do osso reativo (Fig. 25-16A e B). A destruição abordagem.
llD PARTE VIII TUMORES

lj@'hMfD!I A, Radiografia de um histiocitoma fibroso benigno do maléolo lateral. Microfotografias de baixa potência (B) e de
alta potência (C) demonstram o aspecto histológico típico de histiocitoma fibroso benigno.

O@il;MfDEI A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do quadril direito de um homem de 22 anos com displasia fibrosa do
fêmur proximal direito, que se queixava de dor após uma lesão por esqui aquático. Ele não tinha nenhuma dor antes da lesão.
Os sintomas foram resolvidos com tratamento conservador, e a lesão permaneceu estável radiograficamente.
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDI ÇÕ ES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS f:ijM
esqu eleto e geralm ente curam espontaneamente na maturidade.
Os cistos ósseos uni camerais muitas vezes são assintomáticos, a
menos qu e um a fratura p atológica ocorra. Dois terços dos pacientes
apresentam fraturas que podem estimular a cura do cisto. Os cistos
ósseos unicam erais nos ossos chatos geralmente são assintomáticos,
sendo encontrados por acaso, e raramente por uma fratura.
A radiografia simples revela uma lesão locali"zada central-
m ente, puram ente lítica, com um contorno bem delimitado, e
gera lmente é suficiente para o diagnóstico do cisto ósseo unica-
m eral. O cisto pode expandir-se de form a concêntrica, m as nunca
p enetra no córtex. Cristas ósseas proeminentes na pare de cortical
intern a podem lhe dar um a aparência multiloculada. Nenhuma
reação periosteal é presente, a menos que tenha havido uma
fratur a. Ocasionalmente (20%), um fragm ento cortical fino fratura
e cai n a cavidade da lesão, confirmando a sua n atureza cística
vazia. Esse sinal de "fragm ento caído" é patognom ônico de um
0t§mf4fm9 Aparência histológica típica da displasia fibrosa. cisto ósseo unicam eral com uma fratura. Cistos ósseos uni came-
rais iniciam como lesões metafisárias que se ap oiam na fise em
crianças em crescimento. Co m o tempo, eles parecem se aproximar
d a diáfi se. Cistos ósseos uni camerais são classificados como ativos,
qu and o eles estão a até 1 cm da fise, e latentes, quando eles estão
mais próximos da di áfise.
A patogênese exata dessas lesões císticas não é clara. A teoria
mais aceita é que um defeito focal na remodelação metafisári a blo-
queia a drenagem do líquido intersticial. Isso leva a um aumento da
pressão, o que conduz à necrose focal do osso e ao acúmulo de fluido.
Investigações demon straram que o fluido do cisto contém
prostaglandin as, radicais livres de oxigênio, interleucinas, citoci-
nas e m etaloproteinases, todos os quais podem contrib uir para a
rea bsorção óssea. C istos ósseos unicamerais são preenchidos com
um fluido amarelo-claro, seroso, a menos que uma fratura patoló-
gica tenha causado sangram ento dentro da cavidade. Uma mem -
brana fibrosa, geralmente com menos de 1 mm de espessura, forra
a parede do cisto. O revestimento de um cisto unicameral do osso
é composto de fibroblastos , em ve z de células endoteliais . No fundo
desse revestimento de membrana, a parede do cisto é composta
por te cido fibrovascular com fra gm entos de osso imaturo, células
gigantes semelhantes a osteoclasto s, células m esenquimais e linfó-
citos ocasionais.
Pequenas lesões assintomáticas nas extremidades sup eriores
podem ser trata das com a o bservação de radiografias simples em
série. As lesões maiores (lesões com risco de fratura patológica),
lesões sintomáticas, e lesões nos m embros inferiores geralmente são
tratadas com curetagem (com ou sem enxerto ósseo ou fixação
h!§mt.!Bla A e B, Radiografias anteroposterior e lateral de interna) ou aspiração e inj eção (muitas vezes utilizando corticoste-
um menino de 10 anos de idade com displasia fibrosa da tíbia
roides, aspirado de m edula óssea, matriz óssea desmineralizada, ou
direita.
outros m ateriais). Fraturas patológicas na extremidade sup erior
podem ser tratadas de form a conservadora, pois a fratura pode
iniciar a "cura" do cisto. Fraturas po r meio de cistos ósseos unica-
m erais no fêmur proximal devem ser tratadas com curetagem,
LESÕES CÍSTICAS enxerto ósseo e fixação interna. A haste intramedular fl exível tem
sido util izada no fêmur e no úm ero e proporciona a estabilidade
CISTO ÓSSEO UNICAMERAL inicial, frequentemente disp ensando a necessidade de imobilização
gessada e dimin uind o o risco de fratura patológica.
Os cistos ósseos unicamerais são lesões comun s na infância, mais A injeção de corticoide foi introduzida como um a opção de
condizentes com uma lesão de desenvolvimento ou reativa do que tratamento para cistos ósseos unicamerais em meados dos anos
com um verdadeiro tumor. Oitenta e cinco por cento ocorrem nas 1970, porque a taxa de recorrência após curetagem e enxerto ósseo
duas primeiras décadas, com um a predominânci a de 2:1 do gênero era de aproximadamente 50% . A injeção de corticoide foi descrita
masculino sobre o feminino. Qualquer osso das extremidades pode como uma nova opção de tratamento eficaz, que era barata e en vol-
ser afetado, mas os cistos ósseos unicamerais são mai s comuns no via menor morbidade. O procedim ento é realizado com o paciente
úmero proximal e fêmur. Em adultos, o ílio e o calcâneo são locais sedado ou an es tesiado. A orientação flu o roscópica é usada para
mais comuns. As lesões são mais ativas durante o crescimento do observar uma agulha esp in al de calibre 18, conforme penetra no
PARTE VIII TUMORES

H@IJajfDit A e B, Radiografias anteroposte-


rior e lateral de um homem de 19 anos com fibroma
desmoplásico da tíbia distal direita. C e D, Observe
o sinal escuro nas imagens ponderadas T1 e T2 de
RM . E, Aparência histológica.
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BEN IGNOS E CONDIÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMU LANDO TUMORES ÓSSEOS

córtex se sobrepondo à lesão em uma extremidade do cisto; uma locais mais comuns incluem o úmero proximal, fêmur distal, tíbia
segunda agulha é colocada na extremidad e oposta. O diagnóstico proximal e coluna vertebral. Lesões vertebrais, contando 15% a
de um cisto ósseo unicameral é confirmado pelo efluxo de fluido 20% dessas entidades, estão locali zadas nos elementos posteriores
cístico cor de palha. Muitos autores recomendam que a cistografia com extensão freq uente no corpo vertebral, ou níveis adjacentes.
seja feita usando corante radiopaco e injetando cada cavidade A maioria ocorre em pacientes com menos de 20 anos, e há uma
separadamente, se possível. Geralmente, 80 a 200 mg de metilpred- ligeira predominância do sexo fem inino. A maioria dos pacientes
nisolona (Depo-Medrol) são utilizados, dependendo do tamanho com cistos ósseos aneurismáticos se queixa de dor leve a moderada
e da idade do paciente e do tamanho da lesão. Acredita-se que essa que está presente há semanas ou vários meses. O crescimento
técnica funcione ou por um efeito antiprostaglandina ou por dimi- rápido pode ocorrer, imitando clinicamente um tumor maligno.
nuição da pressão do cisto. Se a lesão não apresentar si nais radio- As lesões da coluna vertebral pode causar deficits neurológicos ou
gráficos de cura em 2 meses, deve ser considerado repetir as dor radicular.
inj eções. Mais de 90% dos pacientes podem ser tratados com As radiografias revelam uma lesão lítica expansiva que eleva
sucesso desse modo. o periósteo, mas permanece contida por uma fina camada de osso
Outros materiais usados para o tratamento percutâneo de cortical. Um cisto ósseo aneurismático pode ter margens bem
cistos ósseos unicamerais incluem medula óssea autógena mistu- definidas ou uma aparência permeativa que imita um tumor
rada com uma matriz de aloenxertos de osso desmineralizado, maligno. Normalmente, é excentricamente localizado na metá-
hidroxiapatite de alta porosidade, sulfato de cálcio, fosfato de fise. A cinti lografia óssea mostra absorção difusa ou periférica
cálcio, substitutos de enxertos de osso (Fig. 25 -1 7), e aloenxerto do traçador com uma área central de diminuição na absorção. A
esponjoso. Nenhum estudo demonstrou a superioridade de um TC é particularmente útil para delinear o cisto nas áreas de ana-
tipo de inj eção sobre a outra. Fatores de prognóstico ruins para o tomia comp lexa, como a colun a vertebral ou a pelve. Além disso,
tratamento percutâneo bem-sucedido de um cisto ósseo unicame- a borda fina do osso em torno do cisto pode ser id entificada. A
ral incluem aparência multiloculada, tamanho grande, lesões RM mostra as cavidades multiloculadas e níveis líquido-líquido.
rad iograficamente ativas, e pacientes com idade inferior a 10 anos. Para a diferenciação entre um cisto ósseo aneurismático e unica-
Depois de três inj eções sem cura, curetagem e enxerto ósseo meral usando RM, a presença de um nível líquido-líquido de
devem ser considerados. dupla densidade e de septações intralesionais geralmente indica
Curetagem, enxerto ósseo e fixação interna devem ser consi- um cisto ósseo aneurismático.
derados para grandes lesões dolorosas em áreas como o fêmur pro- Um cisto ósseo aneurismático pode ser primário, mas áreas
ximal, que têm alto risco de fratura. Aloenxerto ósseo ou um dos semelhantes a um cisto ósseo aneurismático são encontradas em
muitos substitutos de enxertos ósseos disponíveis comercialmente várias outras lesões, como o tumor de células gigantes, condroblas-
podem proporcionar excelente cura sem a morbidade da coleta de toma, osteoblastomas, displasia fibrosa, fibroma não ossificante e
enxerto autólogo. fibroma condromixoide. Embora a patogénese seja incerta, é prová-
vel que os cistos ósseos aneurismáticos resultem de perturbações
circulatórias locais levando ao aumento da pressão venosa e à pro-
CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO dução de hemorragia local. Macroscopicamente, um cisto ósseo
aneurismático é uma lesão cavitária com espaços septados cheios de
Os cistos ósseos aneurismáticos são lesões ósseas reativas, loca l- sangue. Ele se encontra rodeado por uma fina camada de osso
mente destrutivas, repletas de sangue, e não são consideradas neo- coberto por um periósteo levantado. O aspecto microscópico é de
plasias verdadeiras. Qualquer osso pode ser envolvido, mas os tecido hemorrágico com espaços cavernosos separados por um

M§ii;Om:fa A, Radiografia anteroposte-


rior de uma menina de 8 anos com fratura
patológica através de um cisto ósseo unicame-
ral do úmero direito. B, Radiografia imediata
do pós-operatório, após a asp iração e inj eção
usando um substituto ósseo de sulfato de
cálcio/fosfato de cálcio. C, Radiografia depois
de 1 ano demonstrando remode lação do
enxe rto ósseo, sem nenhum sinal de recorrên-
cia do cisto.
llD PARTE VIII TUMORES

estroma celular. O revestimento dos espaços cavitários consiste em Tratamos a maioria dos cistos ósseos aneurismáticos com cureta-
fibrob lastos e histiócitos compactados (Fig. 25-18). Macrófagos car- gem es tendida e enxerto com um sub stituto de enxerto ósseo (F igs.
regados de hemossiderina, células inflamatórias crônicas e células 25-19 e 25-20). Visto que a lesão pode produzir sangramento intenso, o
gigantes multin ucleadas também estão presentes. Uma variante controle com torniquete é aconselhável. A ressecção marginal, às vezes,
sólida do cisto ósseo aneurismático tem sido desc rita e frequente- é indicada para lesões em ossos dispensáveis. Lesões na coluna vertebral
mente é chamada de granulo ma reparativo de células gigante. ou pelve podem ser tratadas com embolização pré-operatória para mini-
mizar a perda de sangue cirúrgico (Fig. 25-21). A embolização arterial
foi usada como tratamento definitivo de cistos ósseos aneurismáticos em
locais onde a curetagem seria extremamente difícil. Baixas doses de
radiação têm sido relatadas como um método eficaz de tratamento,
muitas vezes associada com ossificação rápida; no entanto, não é uti-
lizada rotineiramente devido ao potencial de transformação maligna.
A taxa de recorrência após curetagem de um cisto ósseo an eu-
rismático é de 10% a 20%. A recorrência tem sido correlacionada com
a idade abaixo de 15 anos, cistos localizados centralmente e a remoção
incompleta do conteúdo da cavidade cística. Cistos recorrentes podem
ser tratados com a mesm a abordagem que a lesão primária.

CISTO GLANGLIÔNICO INTRAÓSSEO

Os cistos gangliônicos ósseos ocorrem tipicamente nas extrem idades


dos ossos longos em homens de meia-idade, particularmente na tíbia
distal, embora o joelho e ombro sejam outras áreas comuns. Acredita-
-se que esses cistos sejam extensões intra ósseas de gân glios dos tecidos
O@il;bifmEI Aparência histológica de cisto ósseo aneurismático. mol es locais. Gânglios subperiosteais também foram relatados.

H@U;HElli,t A, Cisto ósseo aneu-


rismático radiolucente da metáfise
t ibial proximal esquerda em um menino
de 1O anos. B e C, As imagens de RM
coronal e axial mostram lesão multilo-
cu lada com vários níveis líquido-líquido
consistentes com cisto ósseo aneurismá-
t ico. D, TC mostra a borda f ina do
córtex remanescente sobre a lesão.
A biópsia confirmou o diagnóstico.
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDIÇÕ ES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS -

H@li;tljffjPi%•!1IM E, Fotografia intraope ratória da cavidade multiloculada che ia de sangue. F, Após a remoção do revestimento
do cisto co m grandes cu retas, a cavidade do t umor é ampliada com um drill elétrico. G, A cavidade tu moral é tratada com coagulação
po r fei xe de argônio. A cavidade foi preenchida com fragmentos de ossos espo njoso liofilizados e matriz óssea desmineralizada. H,
Radiografia do pós-operatório ante ropost e rior. 1, Radiografia de 1 a no depois mostra remodela ção completa, sem evidência de
recorrência .

Nas radiografias e ressonância magnética, eles aparecem como defei-


tos líticos uniloculados ou multiloculados, bem delimitados por uma
TUMORES LIPOMATOSOS
borda fina de osso esclerótico (Fig. 25-22). O tratamento de lesôes
sintomáticas é por excisão local dos tecidos moles sobrejacentes e
LIPOMA
curetagem do osso envolvido. A recorrência não é com um.
O li poma intraósseo é um a lesão relativamente rara, em contraste
co m seu cor respondente dos tec idos moles. A verd adeira incidência
CISTO EPIDERMOIDE é desconh ecida, pois a maioria é ass intomática e nunca recebe assis-
tência méd ica. A maioria dos lipomas intraósseos é descoberta inci-
Os cistos epidermoides são cistos preenchidos com mate rial de que- denta lmente. O aspecto rad iográfico var ia, mas geralmente é
ratina e forrados com epitélio escamoso achatado e que ocasional- benigno. Eles geralmente aparece m translucentes, bem definid os e,
mente são vistos no osso. Microscopicamente, assemelham-se aos possivelmente, co m um a borda fina do osso reativo (Fig. 25-23A).
cistos de inclusão epidérmica da pele. No osso, essas lesões são A TC e a RM most ram lesões bem definidas, com as mesmas carac-
co nhecidas como cisto epidermoide e são encontradas com mais terísticas de sinais como gord ura (Fig. 25-23B e C). Necrose central
frequência no crânio. Radiograficamente, eles aparecem como defei- ou calcificação às vezes é evidente. A biópsia raramente é necessária
tos rarefeitos cercados por osso escleróti co. Os cistos epidermoides porque geralmente o di ag nóstico é pelas imagens. A ciru rgia é indi-
também podem ser encont rados nas fa langes dos dedos (Cap. 77) e, cada apenas para a lesão sintomáti ca rara. Nesses casos, a curetage m
geralmente, são considerados traum áti cos. simples geralmente é curativa.
-- PARTE VIII TUMORES

O[dmt.)fm!I Radiografias anteroposterior {A) e lateral {B) do antebraço de um menino de 2 anos demonstram um cisto ósseo
aneurismático. Radiografias anteroposterior (C) e lateral (D) após a curetagem estendida e en xerto com um substituto ósseo de sulfato
de cálcio/fosfato de cálcio. Radiograf ias anteroposterior {E) e latera l {F) 1 ano depois demonstram a remodelação do enxerto sem
nenhum sina l de recorrência do ci sto .

TUMORES VASCULARES coluna vertebral raramente são sintomáti cas, a menos que haja
colapso ve rtebral ou, em casos raros, extensão do s tecidos moles,
HEMANGIOMA co mpressão raiz do nervo ou da medula.
A aparênci a radiográfica da coluna vertebral geralmente é carac-
O hem angioma é uma lesão óssea benigna comum. Estima-se qu e terística, com trabéculas espessas, orientadas verticalmente, dando a
10% da população tem lesões assintomáti cas dos co rpos vertebrais. clássica aparência de "cadeia" (Fig. 25-24) . Na secção transversal, essas
Heman giomas tamb ém são comuns no crâ nio. Os hem angio mas trabéculas espessas têm um padrão de "bolinhas" na TC. Na RM, as
nos ossos longos das extremid ades são relati vamente incomuns. lesões ge ralm ente são brilhantes nas imagens ponderadas em Tl e T2.
Eles normalmente são descobertos incidentalmente. As lesões da A biópsia raramente é necessária para faze r o diagnóstico. Quando
CAPÍTULO 25 TUMORE S ÓSSEOS BENIGNOS E CONDIÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS cm

H@il;@mJ:I A, Cisto ósseo aneurismático recorrente do ramo púbico superior esquerdo em um menino de 14 anos. B, A RM axial
mostra vários níveis de líquido-líquido. C, Aparência 2 anos após a ressecção; o paciente está bem, sem evidência de recorrência .

O@il;@fmB A e B, Radiografia e imagem de RM coronal mostram gânglio intraósseo no úmero proximal direito de uma mulher
de 31 anos.
. , PARTE VIII TUMORES

h(dlhflimJI A, Lipoma int raósseo no fêmur proximal esquerdo de um homem de 51 anos. B, Lesão mostra o mesmo sina l como a
gordura norma l em imagens de RM ponderadas em T1 e T2 (C).

intraoperatório, que, de outra forma, poderia ser enorme. A embo-


lização arterial seletiva também pode ser usada como tratamento
definiti vo para lesões sintomáticas em locais inacessíveis cirurgica-
mente. A radiação de baixa dose também é uma opção para lesões
inoperáveis, mas traz o risco de degeneração maligna.

OUTRAS LESÕES NÃO


NEOPLÁSICAS
DOENÇA DE PAGET
A doença de Paget é um distúrbio de origem incerta. A presença de
corpos de inclusão de aparência de ví rus nos osteoclastos do osso
afetado levou à teoria de que pode ser de origem vira!, mas isso ainda
não foi provado. A doença de Paget pode afetar 4% das pessoas de
ascendência anglo-saxã que têm mais de 55 anos de idade, mas é
rara na maioria das outras populações. É um distúrbio da remode-
lação óssea desregulada. A reabsorção osteoclástica excessiva é
seguida pelo aumento da atividade dos osteoblastos. Uma fase lítica
no início é seguida por uma produção excessiva de osso com espes-
0[êimHmJ Rad iografia latera l da coluna lombar mostra samento cortical e trabecular.
típica aparência de "cadeia" do hemangioma. Os achados radiográficos dependem da fase da doença. Na fase
lítica, a reabsorção óssea pode levar a uma aparência de "folha de erva"
ou "chama'; começando na extremidade do osso e estendendo-se para
realizada, no entanto, a análise histológica revela uma proliferação de a diálise. Posteriormente, as radiografias mostram esclerose óssea,
vasos sanguíneos de aparência normal. corticais espessadas e trabéculas engrossadas (Fig. 25-25A). As cinti-
Geralmente, o tratamento não é necessário; porém, existem lografias ósseas normalmente são "quentes" (Fig. 25-25B). Às vezes,
vá ri as opções para lesões sintomáticas. A descompressão da raiz radiografias simples, juntamente com uma cintilografia óssea positiva,
n ervosa ou da medula com estabilização da coluna vertebral é sugerem malignidade. A RM é úti l nessa circunstância porque o sinal
necessária para casos raros de colapso vertebral com comprome- da medula em pacientes com doença de Paget geralmente permanece
timento neurológico. A maioria das lesões dos ossos longos pode normal (Fig. 25-25C e D). A biópsia geralmente revela um padrão em
ser adequadame nte tratada com curetagem estendida. A emboli- "mosaico" característico, com lamelas alargada, linhas de cimento
zação pré-operatória pode aj udar a minimizar a perda de sangue irregulares e tecido conjuntivo fibrovascular.
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BEN IGNOS E CONDI ÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMU LANDO TUMORES ÓSSEOS ~
~

iê!§ih!JEL!D Doença de Paget do fêmur proximal esquerdo em um homem de 45 anos. A, Radiografia anteroposterior mostra
trabécu las engrossadas. B, Cintil ografia óssea mostra aumento da absorção no fêmur proxima l esquerdo . Observe o sinal da medula
norma l nas imagens de RM ponderadas em T1 (C) e T2 (D) .

O tratamento medicamentoso da doen ça de Paget é composto "TUMOR MARROM" DO


de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, calcitonina ou
HIPERPARATIREOIDISMO
bifosfonatos. Os níveis de fosfatase alcalina no soro e a concentração
na urina de derivados piridínicos podem ser utilizados para moni- O hiperparatireoidismo primário geralmente é causado por um
torar a atividade da doença. O tratamento ortopédico consiste em adenoma das glândulas paratireoides. O hiperparatireoidismo secun-
corrigir as deformidades e tratar a fraturas patológicas. Durante os dário pode ocorrer em pacientes com insuficiência rena l crô nica.
períodos de doença ativa, o sangramento intraoperatório dos ossos Quando a doença é descoberta cedo, a alteração do esqueleto geral-
afetados pode ser enorme. Aproximadamente 1% dos pacientes com mente é limitada à des minerali zação difu sa. Ape nas raramente
do ença de Paget desenvolve um sarcoma ósseo secundário, normal- a alteração se torna marcadamente focal e produz um "tumor
mente um osteossarcoma. Esse risco é provavelmente maior para os marrom", qu e se assemelha a um tumor de células gigantes e é difícil
pacientes com doença poliostótica. de distinguir dele. O di agnóstico de hiperparatiroidismo deve ser
- PARTE VIII TUMORES

H(êlll;tjmJ!t A e B, Fratura pato lógica da tíbia proxima l direita através de "tumor marrom" de hiperparatireo idismo em uma mu lh er
de 55 anos .

estabelecido pela determinação do cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, OSTEOMIELITE


e os níveis de hormônio paratireoide no soro, em vez de exame
histológico de urna lesão focal. No entanto, algumas características A osteomielite em todos os estágios, mas especialmente na infec-
microscópicas sugerem hiperparatireoidismo, em vez de tumor de ção subaguda, pode simular tumores. Cometeram-se erros na
células gigantes. No hiperparatireoidismo, (1) as células gigantes são diferenciação entre infecção e sarcoma de Ewing, osteossarcoma,
um pouco menores, ocorrendo muitas vezes em um arranjo nodular, osteoma osteoide e granuloma eosinofílico. Ocasionalmente,
especialmente em torno de áreas de hemorragia; (2) as células do uma resposta inflamatória provoca tal abundância de células
estroma são mais fusiformes e delicadas; e (3) a evidência de metaplasia plasmáticas qu e se suspeita de mieloma múltiplo. Como regra
óssea dentro do estroma é proeminente. O osso ao redor da lesão geral, quando a biópsia de um tumor com suspeita de neoplasma
também deve ser examinado; no hiperparatireoidismo, tal osso peri- musculoesquelético é feita, o tecido deve ser rotineiramente
férico pode mostrar atividade osteoclástica e osteoblástica intensa enviado para culturas e histologia. A alteração maligna ocorre
associada à fibros e peritrabecular. Os pacientes com hiperparatireoi- ocasionalmente nas cavidades das osteomielites crônicas supu-
dismo geralmente são tratados por um endocrinologista. O trata- rativas; carcinoma de células escamosas e fibrossarcoma foram
mento ortopédico consiste em tratar fraturas patológicas reais ou relatados.
iminentes (Fig. 25-26).

FRATURAS POR ESTRESSE


INFARTO ÓSSEO
Ocasionalmente, fraturas por fadiga ou estresse, especialmente na
Infartos ósseos frequentemente são vistos em pacientes com histó- metáfise proximal da tíbia, podem simular osteossarcoma. Se a
rico de uso de corticosteroide, alcoolismo, anemia falciforme, biópsia é feita, a image m mi croscópica pode ser difícil de distin-
doença de Gaucher ou condi ções disbáricas (Fig. 25-27). Eles guir do sarcoma para um patologista inexperiente. O calo corado
também podem ocorrer em pacientes com nenhum outro distúrbio da fratura visto na osteogênese imperfeita também pode simular
subjacente aparente. O di agnóstico em geral é feito através de radio- osteossarcoma. Se o diagnóstico for incerto, um patologista ósseo
grafi as simples. Infartos ósseos geralmente são lesões bem definidas, experiente deverá ser cons ultado.
metafisárias, com bordas irregulares. A periferia da lesão está calci-
ficada, em contraste com lesões condroides, que geralmente estão
totalmente calcificadas. A biópsia (geralmente desnecessária) mostra OSTEÓLISE PÓS-TRAUMÁTICA
a mineralização de elementos da medula necrótica. Infartos ósseos
geralmente são assintomáticos e nenhum tratamento é necessário. A osteólise pós-traumáti ca foi descrita no púbis de mulheres
Se um paciente apresenta dor, outra etiologia deve ser procurada. osteopênicas idosas e na clavícula distal de atletas, particularmente
Raramente, malignidade, como um histiocitoma fibroso maligno, levantadores de peso. A aparência radiográfica em ambos os casos
pode ocorrer no local de um infarto ósseo. pode simular um tumor ósseo maligno.
CAPÍTULO 25 TUMORES ÓSSEOS BENIGNOS E CONDIÇÕES NÃO NEOPLÁSICAS SIMULANDO TUMORES ÓSSEOS ~
~

O@i@iBIJ.I A e B, Calcificação irregu-


lar na metáfise do fêmur distal de uma
mulher de 50 a nos com histórico de uso de
corticosteroide. Imagens de RM ponderadas
em T1 (C) e T2 (D) mostram vários infartos
ósseos.

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- PARTE VIII TUMORES

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TUMOR DE CÉLULA FIBROMA HISTIOCITOSE DE
GIGANTE 887 CONDROMIXOIDE 894 CÉLULAS DE LANGERHANS 899
CONDROBLASTOMA 888 OSTEOBLASTOMA 894

A agressividade das lesões descritas neste capítulo situa-se entre Os tumores malignos de célula gigante representam menos de
puramente beni gna e fran camente maligna. Emb ora essas lesões 5% dos casos e são classificados como primários ou secundári os. Os
frequentemente sejam tratad as satisfa tori amente com os procedi - tumores m alignos primários de célula gigante são extremamente
mentos intralesionais, como curetagem, elas às vezes são muito ra ros e são definidos como sarcomas qu e ocorrem dentro de lesões
agressivas localmente e requerem ressecção marginal ou ampla. O que de out ro modo são típi cas de tumores benignos de célula
envolvimento sistêmico, embora raro, deve ser avaliado e tratado. giga nte. Os tum ores m alignos secundários de célula gigante são os
Os tumores de célula gigante e os condroblasto mas podem desen- sa rcomas qu e oco rrem em locais de tumores de célula gigante já
volver metás tases pulmonares e, raramente, podem se r fa tais. A tratados, geralmente com radi ação.
histiocitose de células de Langerhans pode envo lve r vá rios sistemas A m aiori a dos pac ientes com tumor de célula gigante têm dor
orgânicos, além do envolvimento ósseo, e, tamb ém raramente, pode progress iva, que muitas vezes es tá inicialmente relacionada à ativi-
ser fatal. Esse capítulo desc reve brevemente as ca racterísticas clíni - dade e só posteriorm ente torn a-se evidente em repouso. A dor rara-
cas, radiológicas e patol ógicas dessas lesões. Uma tabela resumi ndo mente é grave, a menos qu e um a fra tura pato lógica tenha ocorrido.
este ass unto é fo rn ecida no final do capítulo para um a referência Em 10% a 30% dos pacientes, as fraturas patológicas são evidentes
rápida (Tabela 26-1). no exame inicial.
Os ac hados radi ográficos frequentemente fo rnecem o di ag-
nós ticos . As lesões são excent ricamente locali zadas nas epífises dos
TUMOR DE CÉLULA GIGANTE ossos longos e geralmente se apoiam no osso subcondral. Emb ora
ra ros em pacientes co m esqu eleto imatu ro, os tumores de célula
D e acordo co m uma série da Mayo Clinic, os tumores de célula gigan te surge m na metáfi se nes ta população de pacientes. Uma
gigante representam 5% das neoplasias ósseas. Eles ge ralm ente teo ri a suge re qu e esses tum ores se originam na metáfise e depo is
ocorrem em pacientes de 20 a 40 anos de idade, e há uma ligeira se estendem para a epífise após o encerramento das fises. Radi o-
predomin ância do sexo feminino. A localização mais co mum para grafi camente, as lesões são puramente líticas. A zona de tra nsição
esse tumor é o fêmur distal, seguido de perto pela tíbi a proximal. pode esta r m al definid a em radi ografias simples. Nos tum ores
Na extremidade distal do rádi o (o terceiro local mais comum ), esses menos agressivos, um aro parcial de osso rea tivo pode estar pre-
tumores frequ entemente são mais agressivos. O envolvimento da sente. A lesão frequ entemente se expande ou se rompe através do
coluna vertebra l, com exceção do sacro, é raro. có rtex; no entanto, a extensão intra-arti cul ar é ra ra, uma vez qu e
Os tum ores de célula gigante geralmente são lesões solitárias; o osso sub co nd ra l geralmente permanece in tac to. A produção da
no entanto, 1% a 2% podem ser sincronizadas ou metacro ni zadas matriz geralmente não é evide nte nas leões dentro do osso, mas
multicêntri cas. Não está claro se a doença multicêntri ca representa muitas vezes é evid ente nos casos de extensão para os tecidos
múltiplas lesões primárias ou simplesmente metástases ósseas de moles, nas recidivas em tecidos moles e nas metástases pulmona-
uma única lesão primária. Emb ora esses tum ores sejam tipicamente res. A RM é útil para determinar a extensão da lesão no osso e no
benignos, metástases pulmonares ocorrem em aproximadamente tec id o mole. Na resso nância magnética, a lesão geralmente é escu ra
3% dos pac ientes. Alguns pacientes com metástases pulmonares têm nas image ns ponderadas em T 1 e brilhante nas imagens pondera -
regressão espontânea ou perm anecem assintom áticos por muitos d as em T2. A ressonância mag nética tamb ém pode revelar níve is
anos. No entanto, outros podem ter lesões pulmonares progressivas de fluid o típi cos de um cisto ósseo aneurismáti co secundári o, qu e
qu e conduze m à morte, apesa r do fato de os tum ores perman ecerem oco rre em 20% dos pacientes.
histologicamente benignos. A taxa de mortalidade da doença para Microscopicamente, os tum ores de célula gigante são comp os-
pacientes co m metástases pulmonares é de aproximadamente 15%. tos por muitas células gigantes multinucleadas (tipicamente 40 a 60
Pacientes co m lesões recorrentes ou lesões primári as de aparência núcleos por célul a) em um mar de células estromais mononucleares.
agressiva radiograficamente (fase 3) apresentam m aior risco de Os núcleos das células mononucleares são idênti cos aos núcleos das
metástases pulmonares. células gigantes, uma carac terísti ca qu e ajud a a distinguir os tum ores

887
- PARTE VIII TU MORES

de célula gigante de outros tum ores que podem conter muitas células instituição m ostraram que esse método aumenta signi fica tivam ente
giga ntes. Áreas co m padrão estori fo rme de células fu sifo rmes, for- a fo rça da reconstrução.
mação óssea reativa ou m acrófagos espumosos podem ser vistas. A curetagem pode não ser eficaz em alguns tumores em estágio
Cistos ósseos aneurismais secund ários podem também es tar presen- 3, e um a ressecção primári a pode ser necessária após a biópsia. Em
tes. Muitos autores tentaram classificar histologicam ente esses torn o do joelho, um enxe rto de reconstrução osteoarticular herni -
tumores, mas nenhum sistema de class ificação se mos trou prognos- co ndilar ou uma endoprótese de articulação rotatória podem ser
ticamente significativo. necessá rios. Para as lesões agressivas do rádio distal, ressecção pri -
Os tumo res de célula gigante co m frequ ênci a são localmente mári a e reconstru ção com enxe rto fibular proximal (sej a realizando
agressivos. A maioria se m ani fes ta com o lesões de es tág io 2 ou 3. urna ar troplastia ou urna artrodese) podem ser indicadas (Fig. 26-3).
Historicamente, o tratamento co nsisti a em curetage m simples; no Para as lesões em ossos dispensáveis (p. ex., a ulna distal ou a fí bula
entanto, as taxas de reco rrência subsequ ente fo ram superi ores a proxim al), pode ser indicada a ressecção primária sem reco nstrução.
50%. Ago ra, a maioria das séri es publi cadas docum enta taxas de Para as lesões da coluna vertebral ou pélvis inoperáveis, irradiação
recorrência de 5% a 15%. A queda nas taxas de reco rrênci a prova- ou ernb olização (o u amb os) podem ser usadas (Fig. 26-4); no
velmente pode se r atribu ída a vários fato res. A RM agora permite entanto, recomend a-se cautela devido ao risco de tran sformação
um a ava liação mais precisa da extensão das lesões, e a técnica de sarcom atosa em pac ientes tratados com irradiação. Nos pacientes
curetagem se tornou mais efi ciente. É importante criar uma janela com metástases pulmonares, deve-se tentar a ressecção. A quimio-
co rti cal pelo menos tão grand e quanto a lesão para evitar deixar terapi a alcança sucesso limitado, e a irradiação deve se r reserva da
as células de tum or residuais "em to rn o do ca nto" adj ace nte ao para as lesões inoperáveis sintomáti cas.
có rtex próximo ao lado. Além disso, o uso de um a broca po tente Pacientes co m diagnós ti co de tum or de célula gigante requ e-
para ampliar a cavidade em 1 a 2 cm em to das as direções é ago ra rem aco mpanhamento de longo prazo. A maioria das recidivas
considerado padrão. Cuid ados devem se r tom ado s, no entanto, locais e das rnetástases pulmonares oco rre no prazo de 3 anos, mas
para evitar perfuração através do osso sub co ndral na articul ação. já fo i relatada um a oco rrência 20 anos depois. As radiografias de
O uso de adjuvantes, tais co mo nitrogê ni o líquido, fe nol, cimento tórax devem ser ob tid as no momento do diagnóstico para classifica r
ósseo, bisturi elétrico ou um fe ixe coag ul ador de argônio, teorica- a lesão. Rotineiramente, nós ob temos também uma tomografia com -
mente ajuda a matar as células tum orais rem anesce ntes. Além pu tadori zada do tórax como um estud o de linha de base. No
disso, estudos preliminares sugerem qu e os bisfosfo natos (admi - mínimo, os pacientes deve m ter radiografi as do local do tumor
nistrados por via sistêrni ca ou local) podem ajudar a prevenir a primário e do tórax em intervalos de 3 a 4 meses por 2 anos, com
reincidência. intervalos de 6 meses no ano seguinte, e depois anualmente. Uma
Para pree ncher o defeito após a curetagem, o cirurgião tem ano rmalidade na radiografia de tórax deve ser mais bem avali ada
vá ri as opções, incluindo enxerto ósseo autólogo, enxe rto ósseo com TC. A recorrência óssea geralmente é evidente com o um a
homólogo, substituto ósseo artificial, ou ci mento ósseo de meti! lucê ncia expansiva na radiografia. As recorrências de tecido mole
metac ril ato. Se o enxerto autólogo for colhido de o utro local, luvas podem ser evidentes como uma ossificação ou podem ser evidentes
e instrum entos separados deve m ser usad os porque a contamin a- apenas como uma massa palpável, caso em qu e RM é indicada.
ção cru zad a pode levar ao implante de células turn orais no local O tratamento de lesões recor rentes é o mesmo que para as
de colheita. O uso de enxe rto ósseo (ou de um substituto artific ial) lesões primárias. Após a biópsia mostrar que o tum or aind a é
tem a vantagem teórica de res taurar a bio mecânica norm al à super- benigno, deve se repetir a curetage m ou reali zar a ressecção.
fí cie articul ar para evitar fu turas doe nças degenerativas das arti-
cul ações e res taurar o estoqu e ósseo, o qu e pode aj ud ar se futuros
procedimentos fo rem necessá ri os. Há du as desvantagens princi- CONDROBLASTOMA
pais, no entanto, para o uso de enxe rto ósseo: (1) A articulação
deve ser protegida por um temp o prolongado para evitar um a O condroblastoma, uma neo plasia rara, geralmente ocorre em
fra tura patológica; e (2) muitas vezes é difícil ou impossível de pacientes de 10 a 25 anos de idade, com uma predomin ância m as-
distinguir o retorno do tu mo r da rea bsorção do enxe rto. Esses culina de 2: 1. De acordo com a série da Mayo Clinic, esse tumor
inconve ni entes podem ser sup erados co m a utilização de cimento representa 1% de todos os tumores ósseos. O fêmur distal, o úmero
ósseo como um agente de preenchimento. O cim ento ósseo pro - proxi mal e a tíbia proxi mal são os locais de ocorrência m ais comuns.
po rciona es tabilid ade imedi ata, o que ajuda na reabilitação ma is Em pacientes mais idosos, o co nd roblastoma tem a tend ência de
rápida; permite a detecção m ais fác il de reco rrência, que é evidente oco rrer em ossos chatos. A doença multicê ntrica é extremam ente
na fo rm a de um a radioluscê ncia expandida para o lado do manto rara. A maioria dos pacientes se queixa de dor progressiva que pode
de cimento; e pode matar células tum orais residuais por meio do imitar um a sinovite crônica ou outras patologias intra-a rticulares.
calor liberado na polimeri zação. Os achados radi ológicos geralmente são característi cos. Essa
Nós tratamos os tum ores de célula gigante com curetage m lesão bem circunscrita ge ralmente está centrada em uma epífise de
es tend ida agressiva seguida de cauteri zação com feixe de argô ni o, um osso longo; no entanto, ela tamb ém pode estar localizada em
qu e é fác il de usar, eficaz e associada a poucas complicações. Não uma apófise, como a tuberosidade maior (Fig. 26-5) ou o trocânter
usamos fenol ou nitrogêni o líquido como tratam ento adjuva nte maior (Fig. 26-6). Frequentemente, há um aro circundante de osso
devido a possíve is complicações, tais co mo fratura patológica, pro- reativo (Fig. 26-7), e 30% a 50% apresentam calcificações na matri z.
blemas de cicatri zação de ferid as e lesões de nervos. Rotineiramente, A TC pode ser útil para detectar áreas de calcificação sutis que podem
utili zam os cimento ósseo para preencher da cavidade devido à sua ou não podem ser detectáveis em radiografias simples. A RM frequ en-
fac ilidade de aplicação, ao sup orte estru tural imedi ato, e à fac ilidade temente demonstra abundante edem a circundante. A extensão para
co m qu e a recor rência local pode se r detec tada ao lado do m anto de os tecidos moles é extremam ente rara. Nas crianças, uma lesão epifi-
cimento. Nós frequentemente usamos parafu sos colocados em um sária bem circunsc rita que atravessa uma placa de crescimento aberta
padrão cru zado (Fig. 26-1 ) ou diverge nte (Fig. 26- 2) para aumentar é altamente sugestiva de cond roblastoma, mas também pode repre-
o manto de cimento. Estudos biomecâ nicos realizados em nossa sentar um processo infeccioso. Para os adultos, os diagnósti cos
Texto continua na página 894.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO f:@@

füijil;füfl'l9 Tumor de célula gigante em um homem de 21


anos de idade. O paciente queixou-se de piora da dor no joelho
esquerdo. A e B, As radiografias anteroposteriores e laterais do
fêmur esquerdo distal mostram lesão lítica com extensão para a
superfície articular. C e D, As imagens de RM coronal e axial
mostram extensão da lesão para dentro do osso e dos tecidos
moles. E, Fotografia intraoperatória após a criação da janela cor-
tical. F, Tumor removido e cavidade ampliada com broca potente.
G, Após o tratamento com cautério com feixe de argônio, os
parafusos são colocados para apoiar o manto de cimento.
@:§I1• PARTE VIII TUMORES

O@ll;Mfliji;.JelM H, Coloca ção de parafusos conf irm ada pelo intensificador de imagem. 1, Cimento ósseo preenchendo a cavidade
em torno dos parafusos. J e K, Radiografias anteroposterior e laterais pós-operatórias.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO

h@il;f;.iflm A e B, Radiografias anteroposteriores e latera is da tíbia proximal de uma mu lher de 41 anos de idade com um tumor
de cé lula g igante . A lesão é radiolúcida sem borda esclerótica, excêntrica, e se apoia no osso subcondral. C e D, Radiografias antero-
posterior e latera is da tíbia proximal após curetagem e colocação de cimento e parafusos divergentes.
M:Pfi PARTE VIII TUMORES

IU§l!ihifll9 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do rádio dista l de uma mulher de 40 anos com fratura patológica através
de tumor de cé lul a gigante . C-E, RM da lesão axial (C), sagita l (D), e corona l (E). F, Fotografia intraoperatória de tumor in situ . G, O
tumor foi ressecado em bloco.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO -

li![riih!·iflfl(.i,IM H, Autoenxerto contralateral fibular proximal. 1, O enxerto foi fixado com placa de artrodese de punho. J,
Fotografia do espécime ressecado. K, Aparência microscópica típica de tumor de célula gigante. Os núcleos das células gigantes são
idênticos aos núcleos das células mononucleares. L e M, Radiografias anteroposterior e pós-operatória lateral.
- PARTE VIII TUMORES

H!iji!;f4fll9 Tum or de cé lula g igante em mulher de 23 anos de idade. A paciente tinha histórico de 1 ano de piora da dor lombar
que irradiava para a perna direita. A, Tomografia computadorizada. B, Imagem de RM sagit al T2 revela lesão grande no sacro. A biópsia
gu iada por tomografia computadorizada confirmou que esse é um tumor de cé lul a gigante. Devido à morbidade do tratamento cirúr-
gico da lesão neste local, a paciente foi encaminhada para a radioterapia.

diferenciais de uma lesão epifisária incluem tumor de célula gigante ocorrer em qualquer idade, a maioria atinge os pacientes de 10 a 30 anos
e condrossarcoma de célula clara. Em contraste com o condroblas- de idade. Qualquer osso pode ser envolvido, mas a tíbia proxima.I é o
toma, no entanto, os tumores de célula gigante normalmente não local mais comum (Fig. 26-9). Embora os pacientes geralmente se
têm um aro de osso esclerótico ou calcificação intralesional, e podem queixem de dor, se o tumor está localizado nas mãos ou nos pés, uma
apresentar um componente de tecido mole. massa indolor ou inchaço pode ser a queixa principal.
Microscopicamente, o condroblastoma consiste em folhas de A aparência radiográfica é a de um tumor benigno. É geralmente
condroblastos geralmente com um fundo de matriz condroide. As uma lesão bem circunscrita com uma borda de esclerose na metáfise
células são poligonais com contornos citoplasmáticos distintos. Cal- de um osso longo e pode ter um aspecto de "bolha'; imitando um
cificação distrófica está frequentemente presente e pode envolver fibroma não ossificante. Em contraste com outras lesões cartilagino-
células individuais, dando a aparência clássica de "tela de galinheiro''. sas, evidências radiográficas de calcificação intralesional geralmente
As células gigantes multinucleadas são abundantes, e cistos ósseos estão ausentes (exceto no caso raro de uma lesão de superfície, na qual
aneurismais secundários estão presentes em 20% dos pacientes. A a calcificação pode ser abundante). O fibroma condrom ixoide rara-
graduação histológica não tem significado prognóstico. mente está incluído no diagnóstico diferencial radiográfico de uma
Os condroblastomas geralmente se apresentam como lesões lesão, a menos que ocorra na metáfise proximal da tíbia.
em estágio 2 e, mais raramente, de estágio 3. Embora normalmente Microscopicamente, o fibroma condromixoide apa rece lob u-
não sejam tão agressivos como os tumores de célula gigante, o lado. O centro dos lóbulos contém tecido mixoide frouxo, e a peri-
tratamento cirúrgico é necessário para quase todos os condroblas- feria contém um tecido fibroso mais celular. O fundo muitas vezes
tomas devido à natureza lentamente progressiva da doença. O tra- parece condroide, apesar das áreas distintas de cartilagem hialina
tamento consiste na curetagem estendida com enxerto ósseo ou serem raras. Calcificação microscópica pode estar presente. A lesão
colocação de cimento ósseo. A curetagem adequada sempre deve ter pode conter áreas com células atípicas, mas isso não deve levar ao
precedência sob re a preocupação em poupar a fise (Fig. 26-8) . diagnóstico errôneo de condrossarcoma caso a lesão seja de outro
Radiografias do local primário e do tórax devem ser obtidas a modo radiográfica e histologicamente compatível com fibroma
cada 6 meses por pelo menos 3 anos e depois anualmente. A recor- cond rom ixoide.
rência ocorre em 10% a 20% dos pacientes e pode ser tratada de O tratamento consiste na ressecção ou curetagem estendida
modo similar a uma lesão primária. Metástases pulmonares benig- com enxerto ósseo (Fig. 26-10). A recorrência local ocorre em cerca
nas ocorrem em cerca de l % dos pacientes e devem ser tratadas por de 20% dos pacientes e é tratada com nova cirurgia. A alteração
meio de ressecção. A transformação maligna de um condroblastoma sarcomatosa é rara.
é extremamente rara.

OSTEOBLASTOMA
FIBROMA CONDROMIXOIDE
O osteoblastoma é uma rara neoplasia formadora de osso que repre-
O fibroma condromixoide é uma lesão rara, de origem cartilaginosa, senta menos de 1% dos tumores ósseos na série da Mayo Clinic. A
que representa menos de 0,5% de todos os tumores ósseos, de acordo maioria dos pacientes com osteoblastomas tem entre 10 e 30 anos
com a série da Mayo Clinic. Embora fibromas condromixoides possam de idade. Há um a predominância do sexo masculino de 3:1. Embora
Texto continua na página 899.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGR ESSI VOS DO OSSO ta

h@l!;tfiflm Condroblastoma em um menino de 16 anos de idade . O paciente teve dor no ombro esquerdo por 1 ano. A, A radio-
grafia anteroposterior do ombro esquerdo revela lesão lítica no úmero proximal esquerdo estendendo-se através da fise aberta. B, A
tomografia computadorizada mostra calcificações na lesão. C e D, Imagens de RM mostram o nível líquido-líquido. A biópsia incisional
confirmou o diagnóstico de condroblastoma com área de cisto ósseo aneurismático secundário. E, Radiografia anteroposterior após
curetagem e enxerto ósseo. F, Aparência microscópica típica de condroblastoma.
lllD PARTE VIII TUMORES

ii{flil;HE19 Condroblastoma em um menino de 12 anos de idade. O paciente queixou-se de agravamento da dor no quadril direito
durante vár ios meses. A e B, As radiografias anteroposterior e laterais do quadril direito mostram lesão radiolúcida no trocânter maior.
C, A imagem de RM coronal mostra lesão no trocânter ma ior com edema circundante. D, Radiografia no pós-operatório após curetagem
e enxertia com aloenxerto de fragmentos de ossos esponjosos e matriz óssea desmineralizada.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGR ESSIVOS DO OSSO -

H@l!;f4flm A e B, Radiografia anteroposterior e tomografia computadorizada de uma menina de 16 anos de idade com um
condroblastoma da cabeça femoral. A lesão é epifisária e tem uma zona estreita de transição com uma borda fina do osso reativo e
uma pequena quantidade de mineralização da matriz. C, A imagem de RM demonstra a lesão com extenso edema circundante, bem
como um derrame articular. D, A curetagem estendida foi realizada por meio de uma abordagem anterior seguida da colocação de
um substituto ósseo (E).
. , PARTE VIII TUMORES

H[dl!mifl!IB A, A radiografia anteroposterior demonstra um condroblastoma na epífise proximal da tíbia de um menino de 15


anos de idade. B e C, As imagens de RM coronal e sagita l demonstram mais claramente a lesão, bem como exte nso edema circundante.
D e E, A lesão é tratada com curetagem estendida com uma broca potente e cauterização com fei xe de argôn io.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO --

- ~- ­.

O(ciii;!·)E!1i9 Fibroma condromixoide em homem de 36 anos de idade . O paciente teve dor no joelho direito por 1 ano. A e B, As
rad iografias anteroposterior e lateral mostram f ibroma condromi xoide em seu local mais comum - a metáfise proximal da tíbia . C,
Aparência microscópica típica de fibroma condromixoide .

possa aco meter qu alquer osso, 40% a 50% das lesões estão local iza- O tratamento consiste na curetagem ou ressecção estendida. A
das na coluna vertebral. enxertia óssea do defeito pode ser necessária. Na coluna, a fusão
A dor, que é o sintoma m ais comum, pode se r semelhante à instrumentada pode ser necessá ri a caso a ressecção provoque insta-
produzida por um osteoma osteoide (isto é, pi or durante a noite e bilidade. Alguns autores reco mendam a terapia de radiação adju-
aliviada por drogas anti-inflamatóri as não es teroides) . Na coluna vante para as lesões da coluna ver tebral, pois a cirurgia de revisão
vertebral, pode have r presença de escoliose dolorosa ou déficit neu- para as recorrências nesta área é difícil. Outros autores observaram
rológico. Na col una lomb ar, sinais e sintomas de compressão da raiz que algumas lesões incompletamente removidas posteriormente
nervosa podem ser evidentes; enquanto qu e, na coluna torácica, a tenham permanecido em repouso. A maioria dos autores não reco -
co mpressão da med ula é mais comum. O tumor geralmente tem menda a terapia de radiação, a menos que seja abso lutamente neces-
crescimento lento, e os sintomas podem estar prese ntes por 1 a 2 sária para as lesões sintomáticas inoperáveis.
anos antes de um diagnóstico ser feito. Uma degeneração sarcomatosa foi relatada e pode ser mais
O aspecto ra dio gráfico mais comum é o de uma formação comum em lesões previamente tratadas com radiação. Muitos destes
de neopl asia óssea nos elementos posteriores da co luna ve rteb ral casos provavelmente representam erros de diagnóstico iniciais de oste-
em um paci ente jovem (Figs . 26-11 e 26-12) . Os diagnósticos ossarcoma de baixo grau. Independentemente disso, é evidente que
diferenciais incluem cisto ósseo aneurism ático e os teo ma osteoide. alguns casos inicialmente diagnosticados corno osteoblastoma se com-
Fo ra da colun a ve rtebral, no entanto, a apa rência radiográfica portam de fo rma agressiva depois e, ocasionalmente, levam à morte dos
rara mente revela o diagnóstico. O aspecto cl áss ico de um ni cho pacientes. Como cuidados de acompanhamento, os pacientes devem
central mineralizado co m um ha lo radi olúcido circundante e passar por sé ries de radiografias do local primário e do tórax.
esclerose reativa é vis to apenas ocasionalmente (F ig. 26-13 ), caso
em qu e a diferenciação entre o osteoblastoma e o os teoma
osteo ide mai s co mum é baseada no tamanh o porque o nich o de HISTIOCITOSE DE CÉLULAS DE
um osteoma osteoide é inferi or a 1,5 cm. Com frequência , a LANGERHANS
aparência radiográfica é inespecífica. A lesão pode se r pura-
mente radi olúcida (Fig. 26- 14), esclerosada o u mista. As lesões A histiocitose de células de Langerhans, anteriormente chamada de
podem esta r n as diáfises o u metáfises, e podem ser prim eira- histiocitose X, refere-se a um grupo de doenças com características
mente co rti ca is ou intramedul ares. Em algun s casos, po dem ter patológicas similares qu e podem afetar praticamente qualquer órgão
uma aparên cia radi ográfi ca fr ancamente mali gna. Exte nsão para do corpo. O termo granuloma eosinofílico refere-se a lesões ósseas
o tecido mole é rara, exceto na co luna, ond e a exte nsão para isoladas e o termo doença de Hand-Schüller-Christian refere-se classi-
tecido m ole é com um. camente à tríade clínica de lesões no crâni o, exoftalmia e di abetes
M icroscop icamente, a lesão se asseme lh a a um osteo ma insípido. Atualmente, no entanto, alguns autores usam o termo doença
osteoide. Ela co ntém um estrom a fibrovascular co m produção de de Hand-Schüller-Christian simplesmente para se referir a qualquer
tecido ósseo os teoide primitivo. As trabéc ulas ósseas são revestidas caso de histiocitose rnultissistêmica de células de Langerhans. A
por uma camada única de osteoblas tos, o que pode ser importan te doença de Letterer-Siwe, uma variação, geralmente aparece antes dos
na diferenciação entre osteoblastoma e osteossarcoma. Outras 3 anos de idade, e é caracteri zada por febre, linfadenopatia, hepatoes-
características que favo recem um osteoblastoma são circunscrição plenomegalia, e lesões ósseas múltiplas. A doença de Letterer-Siwe é,
afiada e um arranjo solto do tecido. As características que favorecem com frequência, rapidam ente fa tal. É discutível se esses termos repre-
um diag nósti co maligno são penetração no tecido circundan te e sentam difere ntes doenças ou simplesmente manifestações diferentes
prese nça de folhas de osteoblastos sem produção óssea. de um mesmo processo patológico.
. , PARTE VIII TUMORES

O@ii;@Ell!I Fibroma condromixoide em um menino de 14 anos de idade. O paciente queixou-se de dor no p unho direito após
uma lesão menor. A e B, As radiografias anteroposterior e latera l do pulso d ire ito mostram lesão de apa rência benigna na metáfise dista l
rad ial. C, Após a remoção do tumor com cureta e broca potente, a cavidade do t umor é tratada com cauterização com f eixe de argôn io.
D, A cavidade foi preenchida com substituto ósseo de fosfato de cálc io. E e F, Radiografias pós-operatórias anteroposterior e latera l.
CAPÍTULO 26 TUMORES BEN IGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO GJlll

h@mHEIJI Menino de 1O anos de idade com histórico de 1 mês de dor cervica l. A e B, As radiografias anteroposterior e laterais
de coluna cervical evidencia ram lesão significativa do processo espinhoso C3. C e D, A lesão, que comprovou-se ser um osteoblastoma,
é mais bem mostrada com TC. E e F, Ra diografias anteroposterior e lateral após ressecção marginal da lesão.
ma PARTE VIII TUMORES

O orurg1ao ortopédico preocupa-se princip almente co m o


granul oma eosinofílico do osso. Os pacientes geralmente têm de 5
a 20 anos de idade e costum am sofrer de do r progressiva. O quad ro
clínico pode ser semelhante ao que é produ zido pela osteomi eli te
com dor em repouso (e du rante a noite), fe bre, e sinais locais de
inflam ação. Qualquer osso pode ser afetado, mas os locais mais
comuns são os corpos vertebrais, os ossos chatos, e as di áfi ses dos
ossos longos.
Rad iografi cam en te, a histiocitose de células de Langerhans
pode ter várias aparên cias. Marcante achatamento do corpo verte-
b ral, ou vértebra plan a, é uma mani fes tação comum . Ap esa r da
histiocitose de células de Langerh ans se r a ca usa mais comum de
vértebra plan a (Fig. 26-1 5), outras doen ças devem ser co nsideradas
no diagnóstico diferen cial, caso a situação clínica o justifique. O ut ras
causas de vértebra plan a são o sarcom a de Ewing, linfo ma, leuce mia,
doença de Gaucher, cisto ósseo aneurismático, e infecção. Em ossos
chatos, as lesões geralmente estão bem circunsc ritas, lesões "saca-
-bocado s" puramente líticas. As lesões podem ter a aparência de um
"buraco dentro de um bu raco" devido ao di fe rente envolvimento das
duas táb uas ósseas. Nas diáfises de ossos longos, as lesões podem ter
uma aparência permeativa agressiva com formação óssea rea tiva
periosteal (Fig. 26-1 6) . Esse aspecto pode asse melhar-se a sa rco ma,
infecção ou linfoma de Ewing. A cintilografia óssea pode ajud ar a
identificar lesões adicionais, mas aproximadamente 30% dos exames
podem ser fa lsamente n egativos. Um ras trea mento ósseo é mais
eficaz para esse propósito.
M icroscopicamente, o diagnósti co é feito pela identi ficação
das células de Langerhans. A célula de Langerhans é um a célula
H@ihf4ifl!lg Radiografia anteroposterior de um menino de
grande histiocítica com um núc leo recortado, um a membrana
18 anos de idade com osteoblastoma do processo transverso L2
nuclear nítida, e citoplasma eosinofíli co abundante. As células
esquerdo.
m an ch am positivam ente para a proteín a S- 100. A lesão ta mb ém
contém células gigantes multi nucleadas e outras células in fla mató-
rias, incl uindo aglomerados de eosinófilos. A microscopia eletrônica
pode identificar organelas ca racterísticas n o citoplasm a das células
de Langerhan s, que são chamadas de grânul os de Birbeck.

O@i!;!·SE19 Menino d e 4 a nos de idade com histórico de 1 ano de dor na perna direita . Ele andava com uma marcha antá lgica .
A tíbia direita é 2 cm mais longa que a esqu e rda . A e B, As radiografias anteroposterior e late ra l da tíbia revelam lesão na metáfise
dista l. A lesã o levou ao curvamento da fíbula, d a ndo provas de histórico longo e natureza benigna. C, A tomografia computadorizada
mostra me lh or a lesão; foi comprovada como sendo osteoblastoma. D, Aparência microscópica típica de osteob lastoma .
O@ii;Mfl!lll A e B, Radiografias anteroposterior e lateral de um menino de 7 anos de idade com um osteoblastoma no trocânter
menor direito. C e D, Radiografias anteroposterior e latera l imediatamente após a curetagem e colocação de um substituto ósseo
de su lfato/fosfato de cálcio. E e F, As radiografias laterais 2 anos mais tarde demonstram a remodelação do osso sem sinais de
reincidência.

O@mt.)fZID Granuloma eosinofílico de corpo vertebral. A compressão do corpo pode produzir alterações radiográficas de vértebra
plana. O paciente teve lesões envo lvendo vários outros ossos.
PARTE VIII TUMORES

h!ijii;tijfZll!I A, Granuloma eosinofílico solitário de diáfise femoral ca usando rea ção periosteal grave . B e C, As microfotografias de
bai xa potência e de alta potência demonstram histiocite de células de Langerhans, bem como eosinófilos.

A biópsia é necessá ri a para fazer o d iag nós ti co. Quand o o descartar infecção antes do uso de cort icostero ides ou enxe rto
di agn ós tico é es tab elecido, a maiori a das manifes tações ortopé- ósseo em um a lesão.
dicas de histi ocitose de células de Langerhan s pode ser tratad a A vértebra plana também pode ser tratada de forma conservadora,
de forma co nservadora. Os tratam entos recomendados incluem pois a maioria das lesões regride espontaneamente. A altura vertebral
inj eções de corticosteroides, radio terapia, e curetagem com ou geralmente é parcialmente restaurada com crescimento em pacientes
sem enxerto ósseo. Se a lesão for assi ntomática, nenhum trata- com esqueleto imaturo. Um órtese temporária pode ajudar a aliviar os
mento é necessário, pois foi observado que as lesões regrid em sintomas. A irradiação pode ser indicada para o tratamento de sinais
espon tanea mente (Fig. 26-17) . Para as lesões sintom áticas, se o neurológicos leves. A descompressão e a fusão cirúrgicas com instrumen-
di agnóstico é es tabelecido pela biópsia por ag ulha, a lesão pode tação são indicadas para os sinais neurológicos rapidamente progressi-
receber um a injeção de metilprednisolona durante o mes mo vos ou compressão da medula que não responde à terapia de radiação.
procedimento. Da mesm a forma , se o di agnós ti co é es tabelec ido O prognóstico para lesões ósseas é excelente, com um a taxa de
pela bi ópsia aberta, a lesão pod e ser curetada durante o mesmo reco rrência local muito baixa e poucas complicações. A doença sis-
procedimento. Cuid ados devem ser tomados, no entanto, para têmica pode ser progressiva, e talvez necessite de quimioterapia.
CAPÍTULO 26 TUMORES BENIGNOS/AGRESSIVOS DO OSSO

O(rii!ih.1ifilg A e B, As radiografias anteroposterior e lateral demonstram uma lesão mal definida no fêmur de uma menina de 7
anos de idade que se quei xava de dor na coxa direita. A biópsia por agulha foi reali zada, e ela estabeleceu o diagnóstico de histiocitose .
Pouco tempo após a biópsia, os sintomas diminuíram e a paciente foi tratada sob observação. C e D, As radiografias laterais 4 anos
mais tarde demonstram resolução do tumor com remodelação gradual do osso.
v;;wir+1 Resumo das Características do Tumor

IDADE LOCA-
TUMOR (ANOS) DEMOGRAFIA LIZAÇÃO APRESENTAÇÃO IMAGEM HISTOLOGIA TRATAMENTO COMENTÁRIOS
Tumor de célula 20-40 Ligeira Fêmur distal Dor Excentricamente Células gigantes Curetagem 3% de incidência de
gigante predominância Tíbia Fratura localizado na multinucleadas em estendida metástases
do sexo feminino proximal patológica epifise mar de células Ressecção se pulmonares
Rádio distal (10%-30%) Puramente mononucleares houver estoque
radiolúcido (sem Núcleos de células ósseo residual
formação de mononucleares inadequado
matriz) idênticos aos Considere a
Normalmente sem núcleos de células radiação para os
borda óssea gigantes tumores da
reativa coluna vertebral/
Apoiado ao osso sacral
subcondral Ressecção de
Pode apresentar metástases
destruição cortical pulmonares
com extensão
dos tecidos moles
Metafisário em
pacientes com
esque leto imaturo
Condroblastoma 10-25 Masculino:Feminino Fêmur distal Dor Lesão bem Folhas de Curetagem 1 % de incidência de
2:1 Tíbia Sintomas circunscrita em condroblastos estendida metástases
proximal podem imitar epífise ou apófise (células poligonais Ressecção de pulmonares
Úmero os de sinovite Pode atravessar com contornos metástases benignos
distal crônica uma fise aberta citoplasmáticos pulmonares
Frequentemente distintos),
com borda de calcificação em
osso, 30%-50% "tela de
com calcificação galinheiro"
da matriz Células gigantes
multinucleadas
Cisto ósseo
aneurismático
secundário em
20%
Fibroma 10-30 Ligeira Tíbia Dor Lesão bem Lóbulos de tecido Curetagem É importante distinguir
condromixoide predominância pro ximal Pode se ci rcunscrita com cartilaginoso estendida do condrossarcoma
do sexo apresentar aspecto de mi xoide
masculino com massa "bolha" hipocelular
indolor nas Fina borda de osso Lóbulos separados
mãos e nos reativo (aparência por tecido celular
pés similar à do fibra fibroso
não ossificante)
Osteoblastoma 10-30 Masculino:Feminino Elementos Dor Lesão formadora de Estroma fibrovascular Curetagem ou É importante distinguir
3:1 poste rio- Escoliose osso nos Osso osteoide/ ressecção do osteossarcoma de
res da dolorosa elementos trançado estendida bai xo grau
coluna Sintomas posteriores da Borda osteoblástica Pode exigir
Qualquer neurológicos coluna Aparência histológica estabilização da
osso Lesões fora da similar à do coluna
coluna osteoma osteo ide
apresentando
aparência
radiográfica
variável/não
específica
Histiocitose das <20 Masculino:Feminino Corpos Lesões ósseas Aparência de Células histiocíticas Observação de Tríade da doença de
células de 2:1 vertebrais podem ser vértebra plana grandes, com lesões Hand-Schü ller-Chris-
Langerhans Ossos chatos dolorosas ou com "buracos núcleo e assintomáticas tian - lesões ósseas,
Diáfise de assintomáti- dentro de citoplasma (normalmente exoftalmia e
ossos cas buracos" em ossos abundante com resolução diabetes insípido
longos Pode imitar chatos 5-100 positivo espontânea) Doença de Letterer-
osteomielite Aparência agressiva Agrupamentos de Injeção de Siwe - febre,
(dor, febre, e permeativa com eosinófilos esteroides para linfadenopatia,
sinais locais) reação periosteal Grânulos de Birbeck as lesões hepatoesplenomega-
em ossos longos observável na sintomáticas lia e múltiplas lesões
Aparência microscopia Curetagem/enxerto ósseas
radiográfica varia eletrõnica para as fraturas
de muito benigna iminentes
a muito agressiva Quimioterapia
Pode ser multifocal para a doença
A cintilografia óssea sistêmica
por vezes é
falsamente
negativa
. , PARTE VIII TUMORES

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OSTEOSSARCOMA 909 TUMORES VASCULARES MIELOMA MÚLTIPLO E
CONDROSSARCOMA 914 MALIGNOS 923 PLASMACITOMA 925
SARCOMA DE EWING 918 HISTIOCITOMA FIBROSO LINFOMA 926
E FIBROSSARCOMA CARCINOMA METASTÁTICO 928
COROO MA 92 1 MALIGNOS 924
ADAMANTINOMA 922

OSTEOSSARCOMA correto). As principais razões para o atraso por parte dos médicos
incluem incapacidade de obter radiografias na visita inicial e, mais
O osteossarcoma é um tumor caracterizado pela produção de osteoide importante, falha em repetir as radiografias quando os sintomas
por células malignas. É o tumor maligno primário não hematológico de um paciente persistem ou pioram.
mais comum do osso, responsável por aproximadamente 20% dos Embora o aspecto radiográfico da osteossarcoma possa
tumores malignos. Sua incidência é de 1:3 por 1 milhão por ano. Seu variar, radiografias simples são as ferramentas mais valiosas para
desenvolvimento pode começar em qualquer idade; no entanto, o obter o diagnóstico correto. O aspecto mais comum é o de uma
osteossarcoma de alto grau primário ocorre com mais frequência na lesão agressiva na metáfise de um osso longo. Aproximadamente
segunda década de vida. O osteossarcoma parosteal tem um pico de 10% são principalmente de diáfise, e menos de 1% consiste prin-
incidência na terceira e quarta décadas, e os osteossarcomas secundá- cipalmente em epífise. Embora a lesão possa ser predominante-
rios (p. ex., os que ocorrem no cenário da doença de Paget ou em mente blástica ou lítica, áreas de produção óssea e destruição óssea
radioterapia anterior) são mais comuns em indivíduos mais velhos. com frequência estão presentes. A lesão normalmente é bastante
A incidência é ligeiramente maior em homens (com a exceção do permeativa, e as bordas são mal definidas. Se o tumor tiver atra-
osteossarcoma parosteal, que é mais comum em mulheres). Não há vessado a cortical, uma massa de tecido mole pode estar presente
diferenças significativas entre as raças, e fatores genéticos raramente no momento do diagnóstico. A reação periosteal pode assumir a
desempenham um papel importante, embora o osteossarcoma possa forma de um "triângulo de Codman", ou pode apresentar um
ser mais comw11 em pacientes com a forma hereditária do retinoblas- aspecto de "raios de sol" ou "cabelo ao vento". A RM é a melhor
toma, da síndrome de Rothmund-Thomson e da síndrome de Li- opção para medir a extensão do tumor no osso e no tecido mole,
Fraumeni. Todas as áreas do esqueleto podem ser afetadas; no entanto, além de determinar a relação entre o tumor e as estruturas anatô-
a maioria dos osteossarcomas primários ocorre nas áreas de cresci- micas nas proximidades. A cintilografia óssea deve ser realizada
mento ósseo mais rápido, incluindo o fêmur distal, a tíbia proximal e para procurar metástases ósseas, e a radiografia e a TC do tórax
o úmero proximal. devem ser realizadas para procurar metástases pulmonares, uma
Quase todos os pacientes com osteossarcoma de alto grau vez que os pulmões são os locais mais comuns de metástases. Esses
relatam dor progressiva (pacientes com osteossarcoma de superfí- exames devem ser realizados antes da biópsia.
cie de baixo grau podem relatar uma massa indolor) que resulta Os osteossarcomas são classificados como primários ou secun-
de microinfartos conforme as células tumorais invasivas enfraque- dários. Os osteossarcomas primários são subclassificados em osteos-
cem o osso envolvido. A dor pode, inicialmente, melhorar com sarcoma convencional, osteossarcoma intramedular de baixo grau,
medidas conservadoras e modificações de atividades, o que pode osteossarcoma parosteal, osteossarcoma periosteal, osteossarcoma
levar a uma falsa sensação de segurança para o paciente e para o superficial de alto grau, osteossarcoma telangiectásico e osteossar-
médico. A dor eventualmente se tornará severa caso o diagnóstico coma de células pequenas.
seja tardio. A dor noturna pode ser uma evidência importante para A maioria dos osteossarcomas é classificada como osteossar-
o verdadeiro diagnóstico; no entanto, apenas cerca de 25% dos comas convencionais (Figs. 27-1 a 27-3) e possui o aspecto radio-
pacientes apresentam esse sintoma. Muitas vezes, os pacientes são gráfico descrito anteriormente. Esses tumores de alto grau se iniciam
erroneamente diagnosticados com um problema musculoesquelé- em uma localização intramedular, mas podem romper a cortical e
tico comum em sua visita inicial. Em um estudo, o atraso médio formar uma massa de tecido mole. Histologicamente, eles podem
entre o início dos sintomas até o diagnóstico correto foi de apro- ser primeiramente osteoblásticos, fibroblásticos ou condroblásticos;
ximadamente 15 semanas. Isso incluiu a soma das 6 semanas de no entanto, deve ser demonstrada a produção de osteoide a partir
atraso médio do paciente (o tempo entre o início dos sintomas e das células tumorais. O componente de células fusiformes é de alto
a primeira consulta médica) com as 9 semanas de atraso médio do grau, com hipercelularidade, figuras mitóticas abundantes e pleo-
médico (o tempo a partir da primeira visita até o diagnóstico morfismo nuclear marcado.

909
PARTE VIII TUMORES

H!§l!;fi.1EJl9 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral mostram osteossarcoma no fêmur distal esquerdo de um homem com 31
anos. C e D, Fotomicrografias de baixa e alta potência mostram células fusiformes malignas produzindo osteoide . Após a quimioterapia
pré-operatória, o paciente foi submetido a ressecção ampla e reconstrução com endoprótese.

O os teossarcoma periosteal (Fig. 27-4) é um a doença maligna uma tendência pec uliar a ocorrer como uma massa ossificada lobu-
de grau intermediário que surge na superfíci e do osso. Os locais m ais lada no aspecto posterior do fêmur distal. A TC pode ser útil para
com uns são as diálises do fêmur e da tíbia. Ele oco rre em uma faixa diferenciar esse subtipo de osteossarcoma de uma miosite ossificante
etári a um pouco mais velha e mais ampla. O exa me histológico de ou um osteocondroma. A ossificação na miosite ossificante é mais
osteossarcoma periosteal mostra fascículos de células fu siformes madura na periferia da lesão, enquanto o centro de um osteossar-
produtoras de osteoide irradiando-se entre lóbulos de cartilagem . co ma paros teal é mais fortemente ossificado. O osteossarcoma
O osteossarcoma intramedular de baixo grau é um tipo raro parosteal pode se r facilmente diferenciado de um osteocondroma,
ca racteri zado por um curso indolente co m aspec tos relativamente pois o resultado da TC de um osteocondroma mostra uma cavidade
benignos na radiografia. Em alguns pacientes ele pode se r confun- medu lar contendo medula em continuidade co m o canal medular
dido radi ográfi ca e histologicamente co m um osteoblastoma ou um a do osso envolvido. À microscopia, semelhantemente a um osteos-
displasia fibro sa. Como o nome indica, ele se encontra em uma sarcoma intramedular de baixo grau, o osteossarcoma parosteal é
locali zação intramedular. Se não for tratado, pode erodir através da co mp osto por células fu siformes leve mente atípicas, produzindo um
cortical tardiamente no processo da doe nça. Microscopicamente, é trabeculado ósseo ligeiramente irregular.
co mposto por células fu siformes levemente atí picas, produzindo O os teossarcoma de superfície de alto grau é o tipo menos
trabeculado ósseo levemente irregul ar. comum de osteossarcoma. Como o nom e indica, ele é um tumor
O osteossarcoma parosteal (Fig. 27-5) também é um tumor ag ressivo que surge no aspec to exterior da co rtical. As radiografias
maligno raro e de baixo grau, mas qu e surge na superfície do osso mos tram um a lesão invas iva com bordas m al definidas. Como o
e invade a cavidade medular apenas em um es tádio tardio. Ele tem osteossarcoma conven cional, o as pec to microscópico é o de um
CAPÍTULO 27 TU MORES MA LIGNOS DOS OSSOS Gllll

0[d1J;Mfl1N{•!e!M E, Fotografia da amostra ressecada e implante . F, Fotog rafia do implante in situ . G e H, Radiografias pós-ope-
ratórias anteroposterior e lateral . I, Fotomicrografia apresentando necrose tumoral completa.

tum or de alto grau com hipe rcelularid ade, fig uras mitóticas, e asse melha com mais frequ ência a um cisto ósseo aneurism ático com
pleomorfism o nu clear m arca do. Em cont ras te com o osteossa r- espaços cheios de sangue separados por septos fi nos. Na ampliação
com a parosteal, o envolvimento medul ar é co mum no momento de alta potência, no entanto, as células nos septos têm aparência
do diag nóstico. francamente maligna.
O osteossarcoma telangiectásico é uma lesão puramente líti ca. O os teossarcom a de células pequ enas, outra variante rara, é
Em uma radiografia, ele que pode ter um aspecto invasivo ou de um a lesão de alto grau que co nsiste em pequ enas células azuis e
inchaço semelhante ao de um cisto ósseo aneurismático. À microscopia, que pode se assemelhar a um sarcom a de Ewing ou a um lin fo ma.
ele se assemelha a um cisto cheio de sangue com apenas uma porção Se es ti ve r presente apenas em pequena qu antidade, o os teoide
sólida bem pequ ena. Em nível microscóico de baixa potência, ele se pode se r difícil de ser dife renciado do m aterial semelhante à fibrina
11111:9 PARTE VIII TUMORES

local mais comum. Osteossarcoma associado à radiação ocorre em


aproximadamente 1% dos pacientes que foram tratados com mais de
2.500 cGy e pode ocorrer em locais incomuns, tais corno crânio,
coluna, clavícula, costelas, escápula e pelve. Embora o osteossarcoma
seja o sarcoma mais comum associado à radiação, o fibrossarcoma e
o histiocitoma fibroso maligno também são relativamente comuns
nesse cenário. O tempo para o início do osteossarcoma secundário
varia de 10 a 15 anos após a exposição à radiação, mas pode ocorrer
de 3 anos a várias décadas após o tratamento. Outras condições que
foram relatadas como sendo associadas com osteossarcoma secundá-
rio incluem displasia fibrosa, in fartos ósseos, osteocondromas, osteo-
rnielite crônica, melorreostose e osteogênese imperfeita; no entanto,
osteossarcornas secundários são extremamente raros nesses ce nários
e urna relação causal não foi estabelecida.
Antes do advento da quimioterapia de agentes múltiplos, o
prognóstico para pacientes com osteossarcoma era decepcionante.
Mesmo qu e o tratamento tenha consistido em amputação amp la ou
radical, aproximadamente 80% dos pacientes morreram em decor-
rência de rnetástases distantes, normalmente dentro de 2 anos. Com
os regimes quimioterápicos com agentes múltiplos atuais e trata-
O[iji!@EJ.19 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral da
mento cirúrgico adequado, a maioria das séries relata sobrevida no
tíbia proximal de um menino de 11 anos com osteossarcoma
longo prazo de 60% a 75% para pacientes com osteossarcorna de alto
condroblástico.
grau sem metástases na apresentação inicial e de 90% para aqueles
com lesões de baixo grau.
O fator prognóstico mais importante no momento do diagnós-
tico é o estádio do tumor. Aproximadamente 15% dos pacientes com
osteossarcoma possuem rnetástases pulmonares detectáveis no
momento do diagnóstico. Como um grupo, esses pacientes conti-
nuam a ter um prognóstico ruim, com menos de 20% de sobrevida
no longo prazo. (Pacientes com urna ou algumas rnetástases pulmo-
nares ressecáveis à apresentação podem ter mais de 50% de sobre-
vida no longo prazo, enquan to pacientes com várias metástases
pulmonares grandes ou irressecáveis têm um péssimo prognóstico.)
Pacientes com metástases não pulmonares (p. ex., metástases ósseas)
têm um prognóstico ainda pior, com menos de 5% de sobrevida no
longo prazo. Pacientes com rnetástases "salteadas" (i.e., urna metás-
tase dentro do mesmo osso como o tumor primário ou através da
articulação do tumor primár io) têm o mesmo prognóstico ruim que
os pacientes com metástases distantes.
A segunda característica mais importante do prognóstico é o
grau da lesão. Em lesões de baixo grau raramente ocorre metástase,
e pacientes com lesões de baixo grau têm uma vantagem de sobre-
vida acentuada em relação aos pacientes com lesões de alto grau. O
tamanho do tumor primário também parece ser de importância
prognóstica. Embora os autores discordem sobre os critérios espe-
ifüiii@fJl9 A, Vista anteroposterior do úmero proximal de
cíficos que constituem um tumor grande ou pequeno, a maioria dos
um menino de 8 anos com osteossarcoma osteob lástico. B,
estudos confirma que pacientes com tumores grandes têm um prog-
Imagem de RM mostrando melhor a extensão do tumor dentro
nóstico pior que os pacientes com tumores menores. A localização
do osso e do tecido mole.
esquelética também é considerada importante, pois pacientes com
tumores mais proximais aprese ntam qu adros piores do que pacien-
que possa estar presente no sarcoma de Ewing. Ocasionalmente tes com tumores mais distais. No entanto, o tamanho e a localização
são necessários estudos citogenéticos e imuno-histoquímicos para são provavelmente variáve is inter- relacionadas, devido ao fato de
diferenciar essas lesões. que a maioria dos tumores proximais é maior no momento do diag-
Os osteossarcomas secundários ocorrem no local de outro pro- nóstico do que a maioria dos tumores distais. Osteossarcomas de
cesso de doença. Eles raramente ocorrem em pacientes jovens, mas Paget continuam a ter um prognóstico ruim, com menos de 15% de
constituem quase a metade dos osteossarcomas em pacientes com sobrevida no longo prazo. Osteossarcomas associados à radiação
mais de 50 anos de idade. Os fatores mais comuns associados ao foram considerados como tendo um prognóstico ruim; no entanto,
osteossarcoma secundário incluem doença de Paget e radioterapia isso pode ser devido principalmente à sua ocorrência frequente em
anterior. A incidência de osteossarcoma na doença de Paget é de cerca locais inusitados onde a ressecção é difícil. Osteossarcomas associa-
de 1% e pode ser maior (de 5% a 10%) em pacientes com doença dos à radiação nas extrem idades podem ter o mesmo prognóstico
poliostótica avançada. O osteossarcoma de Paget ocorre com mais que qualquer outro osteossarcoma de alto grau. A idade no diagnós-
frequ ência em pacientes com 60 a 80 anos de idade, sendo a pelve o tico e o sexo não parecem ter significado prognóstico.
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS Glllll

O@i!ib:ifi.19 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do fêmur proximal de uma mulher de 67 anos com osteossarcoma perios-
teal. C, Imagem de RM mostrando lesão surgindo na superfície do osso. A medula não parece estar envolvida. D, Amostra após ressecção
ampla . E, Amostra após remoção do músculo circundante. F, Amostra cortada. Lesão surgindo na superfície do osso sem envolvimento
da cavidade medular. G, Aspecto microscópico típico de osteossarcoma periosteal. Lóbulos de cartilagem maligna são separados por
células fusiformes malignas que produzem osteoide. H, Radiografia anteroposterior do fêmur reconstruído.
MH• PARTE VIII TUMORES

O@l!ib1fJl9 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral de osteossarcoma parosteal surgindo em sua localização mais comum.
C e D, TC e imagem de RM mostrando lesão originada na superfície posterior do fêmur distal sem envolvimento da cavidade medular.
E, Aspecto microscópico típico de osteossarcoma parosteal. Células fusiformes levemente atípicas produzem trabéculas de aspecto
relativamente normal.

Conforme afirmado, histori camente, os pacientes com osteos- 10% dos pacientes apresentam reincidência local após ressecção
sarcoma de alto grau foram tratados com amputação ampla ou ampla ou amputação ampla. Os pacientes que apresentam reincidên-
rad ical imediata. Apesar desse tratamento, 80% dos pacientes com cia local têm um prognóstico bastante ruim e, em geral, são tratados
do ença aparentemente isolada morreram de metástases distantes. A com uma amputação radical (se a cura for o objetivo) e, posterio-
partir disto, pode ser ded uzido que a maioria dos pacientes com mente, com quimioterapia adicional. Metástases pulmonares tardias
osteossarcoma de alto grau possui micrometástases não detectáveis são igualmente tratadas com cirurgia e quimioterapia. Os fatores de
à apresentação. O obj etivo da quimioterapia adjuvante ou neoadju- prognósticos ruins incluem: recaída rápida após a conclusão do
va nte é tratar essas micrometástases. Atualmente, na maioria dos tratamento inicial, vários (mais de oito) nódulos pulmonares,
centros de oncologia musc uloesquelética, o tratamento de osteos- nódulos pulmonares grandes (> 3 cm) e nódulos pulmonares irres-
sarcoma de alto grau consiste em quimioterapi a neoadjuvante, cirur- secáveis. Pacientes com alguns nódulos pulmonares pequenos e
gia ampla ou radical (ressecção ou amp utação), e quimioterapia ressecáveis, que ocorrem tardiamente, podem ter uma chance de
adjuvante. Metástases pulmonares são igualmente ressecadas, se 40% de cura com tratamento agressivo.
possível, após a quimioterapia neoadjuvante. A resposta histológica
do tum or primário à quimioterapia neoadjuvante demonstrou ser
um bom indicador de so brevida no longo prazo. Mais de 90% de CONDROSSARCOMA
necrose tumoral indica um prognóstico muito bom. O osteossar-
coma de baixo grau pode ser tratado com ressecção ampla ou ampu- O condrossarcoma constitui cerca de 9% dos tumores malignos
tação sem quimioterapia. primários de osso, uma incidência de cerca de metade da incidência
Cerca de 50% dos pacientes com osteossarcoma de alto grau de osteossarcoma. É o segundo tumor primário não hematológico
poss uem algum tipo de recaída após o tratamento inicial. Cerca de mais comum de osso. Ele ocorre em uma faixa etária ampla, com
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS cm
picos entre os 40 e 60 anos para condrossarcoma primário e en tre
os 25 e 45 anos para condrossarcoma sec undário. O co ndrossa rco ma
pode ocorrer em qualquer local; no entanto, a maioria ocorre em
um a localizaçao proximal como a pelve, o fêmur proximal e o úmero
proximal. Embora condrossarcomas raramente ocorram na mão,
eles são o tipo de tumor primário do osso mais comum neste local.
Assim como a maioria dos tumores ósseos, a incidência é levemente
m aior entre os homens. A predileção de raça não é significativa.
Clinicamente, a maioria dos pacientes com condrossarcoma
primário relata um aumento da dor. Urna massa palpável também
pode ser sentida. Condrossarcornas são, com frequência, de cresci-
mento lento, e os sintomas podem estar presentes por vários anos antes
de um paciente procurar atendimento médico. Dor na ausência de uma
fratura patológica pode ser um importante fator para ajudar a diferen-
ciar um encondroma de um condrossarcoma de baixo grau. Com fre-
quência, os pacientes são encaminhados para avaliação de w11a lesão
cartilaginosa assintomática descoberta como um diagnostico incidental
em uma cintilografia óssea ou radiografia reali zada por outra
razão. (A anormalidade radiográfica geralmente é a única razão
pela qual o paciente é encam inhado ao oncologista ortopédico.)
Embora uma anormalidade rad iográfica assintomática seja comum
em um paciente com encondroma, o diagnóstico de condrossar-
coma seria extremamente raro nessa circ unstância. Um condros -
sarcoma pode ocorrer na área de um "encondrom a" tratado. Nessas
circ un stâncias, a amostra patológica original deve ser revista.
Condrossarcomas sec undários surgem no local de uma lesão
de cartilagem benigna preexistente. Eles ocorrem com mais frequên-
cia em situações com múltiplos encondromas e múltiplas exostoses
hereditárias. Na doença de Ollier (encondromas múltiplos), a inci-
dênci a de tumores malignos (geralm ente condrossarcoma) é de
aproximadamente 25%, aos 40 anos de idade, e em pacientes com
síndrome de Maffucci (encondromas múltiplos com heman gio mas
de tecido mole) a incidência pode ser ainda maior. Embora seja
difí cil analisar os dados para osteocondromas, a incidência de
condrossarcoma secundário durante toda a vida é estimada em 5%
para pacientes co m exostoses múltiplas hereditári as e em aproxi -
madamente 1% para pacientes com osteocondromas solitários
(Fig. 27-6) . Como discutido no Capítulo 25, a verdadeira incidên-
iâ@ii;ijfJl9 A e B, Radiografias anteroposterior e lateral de
condrossarcoma resultante de osteocondroma preexistente em
cia de d egeneração maligna de osteocondromas é desconhecida.
uma mulher de 67 anos .
As estimativas publicadas tendem a ser bastante altas, devido ao
efeito do viés de referência em dado s patológicos nos centros de
referência terciária. A verdadeira prevalência de osteocondromas
na população em geral ainda é desconh ecida. É difícil, por exemplo,
determinar se um encondroma benigno solitário tem ou não o comum para um encondroma, embora raro para um condrossar-
potencial de dar origem a um condrossarcoma sec und ário. Se coma) podem parecer agressivas e ainda assim ser diagnosticadas
isso ocorrer, a incidência não será alta o sufici ente para ju stificar co mo benignas. A mesma quantidade de destruição cortical mos-
o tratamento profllático de encondromas assintomáticos. O utras trada em um a lesão femoral pélvica ou proximal seria d iagnóstica
condições qu e foram relatadas como estando associadas ao con- de um condrossarcom a. Por fim, o tamanho da cobertura cartilagi-
drossarcoma secundário incluem condromatose sinovial, fibroma nosa de um osteocondroma, conforme avaliado com TC ou RM, é
condromixoide, condroma periosteal, condroblastoma, tratamento importante para ava liar a possibi lidade de um condrossarcoma
com radiação anterior e di splasia fibro sa. secundário. Se a cobertura cartilaginosa for maior que 2 cm em um
Com frequência, o aspecto radiográfico do condrossarcoma é paciente com esqueleto maduro, deve ser considerada a existênci a
diagnóstico (Fig. 27-7) . Como o encondroma, ele é uma lesão que de um condrossarcoma sec undário.
surge na cavidade medu lar com calcificação de matr iz irregular. Os Histolog icarnente, condro ssa rcornas conve ncionais são com-
padrões de calcificação foram descritos co mo "ponteados;' "pipoca;' postos de células malignas com matriz ca rtil aginosa ab undante.
ou "em forma de vírgula." No entanto, se comparado ao encon- (Se houve r osteoide maligno, mesmo que em peq uenas quantida-
droma, o condrossarcoma tem um aspecto mais ag ressivo com des- des, o diagnóstico deve se r osteossarcoma condroblástico - um
truição óssea, erosões corticais, reação periosteal, e, raram ente, uma tumor com diferentes implicações prognósticas e terapêuticas.)
massa de tecido mole. A TC pode ser útil para mostrar erosão Pode ser uma tarefa difícil diferenciar um condrossarcoma de
endosteal ou outros indícios de um a lesão destrutiva a fim de dife- baixo grau de um enco ndroma apenas com uma amostra de
renci ar lesões de carti lagem beni gnas das malignas. O local da lesão biópsia . Fatores que favorecem um diagnóstico maligno incluem
também deve ser considerado, pois as lesões na mão (o local mais hipercelularidade, núcl eos inchados, célu las binucleadas além do
111.JD PARTE VIII TUMORES

iê@il;tgiEJm A, Vista anteroposterior da pelve de um homem de 78 anos revela um grande tumor surgindo no púbis com extensão
de tecido mole. A massa possui calcificação pontuada consistente com um condrossarcoma . Embora a radiografia simp les seja mais útil
para determinar o diagnóstico, uma RM (B e C) define melhor a extensão da massa de tecido mole e sua rela ção com as estruturas
anatômicas adjacentes. D, Aspecto típico de um condrossarcoma convencional.

normal, um padrão permeativo e aprisionamento de trab ec ul ado outro condrossarcom a típico de baixo grau (Fig. 27-9). As caracte -
ósseo (Fig. 27-8). Deve se r obtida a maior qu antid ade possível de rísticas radiográficas de um condrossarcoma desdiferenci ado muitas
tecido a partir da biópsia de um a lesão de alto risco. Talvez em vezes mostram uma área radiolúcida mais agressiva justaposta a
nenhum a outra circunstância a co rrelação com os diagnósti cos out ro condrossarcoma típi co.
clínicos e radi ográficos seja mais importante. Todas as lesões em O cond rossarcom a de células claras é um tumor maligno de
um cenári o de múltiplos encondromas, condroma periostea l, con- baixo grau. Como o nome indica, ele consiste em células redond as
dromatose sinovial e encondromas da m ão podem parecer hip er- com citoplasma claro e abundante e bordas citoplasmáticas distintas
celulares e ainda assi m podem ser beni gnas. Esse mesm o as pec to com um fund o de matri z ca rtilaginosa. Células gigantes multinucle-
em um a amos tra de biópsia coletada a par tir de uma grande lesão adas geralmente fi cam evidentes. O condrossarcoma de células
pélvica solitária com erosões co rticais exibidas radiografi camente claras tem uma fo rte tend ência a surgir em uma epífise (especial-
se ria um di agnós tico de condrossa rco ma. mente no fêmur proximal). Ele pode ter ca racterísticas radi ográfic as
Subtip os histol ógicos menos comuns de co ndrossa rco m a benignas e pode ser confundid o com condroblas toma ou tumor de
incluem co ndrossa rco m a desdi fe renciado, co nd ross arco ma de células gigantes.
células cl aras e cond rossarcoma mesenquimal. Juntos, esses subti pos O condrossarco ma mesenquimal é um tumor de alto grau
constituem menos de 20% de todos os condrossa rcom as. Histologi- constituíd o por células azu is, redondas e pequ enas, com ilhas de
camente, um cond rossarcom a des di fe renciado consiste em um cartil agem de aspec to beni gno. As porções celulares mui tas vezes
sarcoma de alto grau (e m geral, osteossarcoma seguido em frequên- apresentam um padrão de crescimento de hemangiopericitoma com
cia por fibro ssarcom a e histio citoma fibro so maligno) adj acente a vasos "coraliformes". Sob o aspecto radio gráfi co, o condrossa rcoma
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS Glllll

O!§il;@fJ19 Fotomicrografias de baixa (A) e alta potência (B) de um condrossarcoma demonstram aprisionamento de trabeculados.

lâ(ijmHEJa A, Vista anteroposterior do úmero proximal direito de mulher de 92 anos com condrossarcoma desdiferenciado mostra
a área com aspecto agressivo (setas) adjacente a outro condrossarcoma típico. B, Amostra ressecada mostrando essas características.
C, Aspecto microscópico típico de um condrossarcoma desdiferenciado. Sarcoma de cé lulas fusiformes de alto grau locali zado adjacente
ao condrossarcoma de baixo grau . D, Radi ografia anteroposterior após reconstru ção com endoprótese.

mesenquimal pode ser parecido com um condrossarcoma conven- Como a cartilagem é relativamente avas cular, as células sobrevivem
cional. Entretanto, ele possui, com mais frequência, um aspecto facilmente a transplan tes. A taxa de reincidência local após a conta-
radiográfico agressivo inespecífico. minação tumoral int raoperató ri a é alta. Para lesões em um local
O tratamento do condrossarcoma de baixo grau é controverso, descartável, uma ressecção ampla primária sem biópsia pode ser
com muitos autores relatando ótimos resultados após curetagem pro- indicada para diminuir a chance de co ntam inação tumoral. Após a
longada e tratamentos adj uvantes intraoperatóri os . A curetagem ressecção ampla, a reincidência local é inferior a 10% e pode ser
prolongada é considerada um tratamento adequado apenas para tratada com outra ressecção ampla ou amputação ampla. Da mesma
lesões de baixo grau qu e estão confinadas no canal medular. Lesões forma, as metástases pulmonares devem ser tratadas com ressecção
com extensão do tecido mole devem ser tratadas de maneira seme- cirúrgica, se possível. A quimioterapia não desempenha nenhum
lhante às lesões de alto grau. O tratamento de condrossarcoma de papel no tratamento do condrossarcoma convencional, mas atual-
alto grau co nsiste em ressecção ou amp utação radical ou ampla. mente está sendo avaliada para o tratamento de condrossarcomas
lllJ9 PARTE VIII TU MORES

desdi fe renciados e mesenquimais. Do mesm o modo, a radi oterapia nenhuma quantidade para a patologia. (Co mo regra geral, a maioria
também desemp enha um papel limitado e só é utilizada como uma das amostras de biópsia deve ser enviada para análise patológica e
medid a paliativa para lesões cirurgicamente inacessíveis. de cultura.)
O prognóstico para pacientes co m cond rossarcom a depende De maneira cláss ica, o sarcoma de Ewing aparece em rad io-
principalmente do tam anh o, grau e locali zação da lesão. Se um a grafi as como um a lesão destrutiva na di áfise de um osso longo com
lesão de alto grau não pode ser co mpletamente ressecada co m uma reação periosteal em "casca de cebola". Na realidade, o sa rco ma
m argens amplas ou radicais (ge ralmente por causa de seu tamanho de Ewing se origina com m ais frequ ência na metáfise de um osso
ou localização), um a reincidência local se torna provável. Há relatos longo, mas se estende por um a distância considerável na di áfise.
recentes de pacientes com lesões de baixo grau com taxa de sobre- Embora metástases "salteadas" (se melhantes às que oco rrem no
vida em 10 anos superior a 90%, ao passo que também há relatos de osteossarcoma) não sejam relatadas no sarcoma de Ewi ng, é co mum
pacientes co m cond rossarcoma co nve ncional de alto grau com taxa que uma grand e parte do osso (ou até mesmo todo o osso) esteja
de sobrevida em LO anos de 20% a 40%. A taxa de sobrevida em 5 envolvida. Em ossos chatos, o sarcoma de Ewing aparece co mo um a
anos é in fe ri or a 15% para pacie ntes co m cond rossarco ma desdife- lesão destrutiva não específi ca. Indepe ndentemente da localização,
renciado, com a maioria das mortes oco rrendo nos primeiros 2 anos. deve se r solicitada uma RM de todo o osso para avaliar a extensão
Co mo os condrossarcomas possuem muitas vezes um crescimento da lesão, que em geral se es tende além da anormalidade aparente em
lento, reincidência local e metás tases pulmonares podem não se r ra di ografias simples. A RM tamb ém é útil para avaliar a extensão da
detec tadas até anos ou décadas após o procedim ento primári o. Um a massa de tecido mole, que muitas vezes é co nsideravelmente grande.
porcentagem significativa de reincidências mostra um grau histoló- Todos os pacientes devem ter uma radi ografia de base e um a TC do
gico maior qu e o tumor ori ginal. Aco mpanhamento no longo prazo tó rax, pois o pulmão é o local mais co mum de metástases. Deve se r
co m imagens regulares do local da cirurgia e do tórax é imprescin- reali zada uma cintilografi a óssea, pois o osso é o segund o local mais
dível para qu e o tratamento possa ser iniciado imedi atam ente em co mum de metástases. Em co ntraste co m outros sarco mas ósseos,
caso de rei ncidência. um aspi rado de medula óssea deve ser obtid o como parte da rotina
do diag nósti co de sa rcoma de Ewing para descartar doença sistê-
mica di fusa.
SARCOMA DE EWING Em termos histológicos, o sarcoma de Ewing é composto por
pequenas células azuis com pouquíssima matriz intercelular. Muitas
O sarcoma de Ewing é o terceiro tum or primário não hematológico vezes, é necessário que es tud os citogenéti cos ou imuno-histoquími-
mais comum do osso, porém é o segundo mais comum (depois do cos diferenciem o sarcom a de Ewing de outros tumores de células
osteossa rco ma) em pacientes co m menos de 30 anos de idade e o azu is pequenas. O t(l 1;22) (q24;q 12) é a translocação de di agnós ti co
mais comum em pacientes com menos de 10 anos de idade. A inci- mais comum de sarcoma de Ewing e está presente em mais de 90%
dência é de menos de um em l milhão por ano, o qu e representa dos casos. Também fora m identificadas outras translocações diag-
cerca de 9% dos tumores malignos primários do osso. Relatos nósticas, incluindo t(21;22)(q2 2;q l2) e t(7;22)(p22;ql 2). A colora-
indicam qu e o sarcoma de Ewing tem ocorrido em uma ampla faixa ção por imuno-histoquímica para o produto do gene CD99 tem sido
etári a de pacientes, desde crianças a idosos, mas a maiori a ocorre relatada como se ndo específica para o sarcoma de Ewing. Além
em pacientes de 5 a 25 anos de idade. Os locais mais comuns incluem disso, sarco mas de Ewing normalmente são positivos para o ácido
as metáfises de ossos longos (muitas vezes com extensão na di áfise) peri ód ico de Schiff (devido ao glicogênio intracelular ) e negativos
e de ossos chatos do ombro e da cin tura pélvica (Figs. 27- 10 e 27- 11 ). para reticulina. Isso está em co ntraste com os linfomas, que são
Ele raramente oco rre na coluna ve rtebral ou nos pequenos ossos dos negativos para o ácido periódico de Schiff e positivos para a reticu-
pés ou das mãos. Como a maio ri a dos sarcomas ósseos, há uma lina. Os linfomas também possuem coloração positiva pa ra antíge-
incidência levemente maior em homens. O sarcom a de Ewing é nos comuns leucocitári os e outros antígenos de célu las B e T.
extremamente raro em indivíduos de ascendência africana. Não há Rabdomiossarcoma embrionário apresenta colorações positivas
fa tores predisponentes conhecidos. para des mina, m ioglobina, e ácinos específicos do múscul o. Hem an-
Dor é uma queixa qu ase unive rsal d os pacientes com sarcom a giopericitomas apresentam coloração positiva para o fator VIII e
de Ewing. Em geral o início é insid ioso, e a dor pode ser de longa carcinomas e melanom as metastáticos de pequenas células ap rese n-
duração antes de o paciente proc ura r atendimento médico. Ini cial- tam coloração positiva para citoqueratin a.
mente, a dor pode ser apenas leve e intermitente e pode responder O pior fator prognóstico é a presença de metástases distantes.
ao tratamen to inicial conse rvador. O atraso méd io ent re o início Mesmo com tratamento agressivo, pacientes com metástases têm
dos sintomas até o diagnóstico tem si do relatado co mo sendo de apenas 20% de chance de sobrevida no longo prazo. O tam anho da
34 sem anas. O atraso médio do paciente em um estud o fo i de 15 lesão primária tem demonstrado sign ificado prognóstico, embora
se manas a pa rtir do início dos sintomas até a primeira consulta parâmetros específicos não tenham sido fir memente estabelecidos. A
méd ica, e o atraso médio do médi co fo i de 19 sem anas a partir da localização tamb ém sido relatada corn o tendo significância prognós-
primeira visita até o diagnósti co correto. Esses núm ero s mostram ti ca, mas é difícil dife renciar os efeitos da locali zação e tam anh o, pois
a impo rtâ ncia das radiografias na visita inicial e de sua reverifica- a maiori a dos tum ores locali zados proximalmente é maior na apre-
ção em visitas pos teriores, caso o paciente cont in ue a aprese ntar sentação do qu e aqueles locali zados distalrnente. O grau histológico
os si ntom as . não tem significância prognóstica, pois todos os sarcomas de Ewi ng
Além da dor, os pacientes podem também apresenta r fe bre, são considerados de alto grau. Febre, anemia e elevação dos valores
eritem a e inchaço, o que suge re osteomieli te. Estud os laboratoriais laboratoriais (contage m de leucócitos, taxa de sedimentação de eri-
podem revelar aum ento da co ntage m de le ucócitos, uma taxa trócitos, desidrogenase lática) foram relatados como indicativos de
elevada de sedim entação de eritrócitos e um nível elevado de proteína um a doença mais extensa e um pior prognóstico. A idade avançada à
C- reativa. Para complicar ainda mais, um aspira do de agulha de apresentação (com um lim ite de cerca de 12 a 15 anos) e o sexo mas-
sa rcom a de Ewing pode se assemelhar macroscopicamente a pus, e culin o também fo ram relatados como sendo associados a um pior
o tecido pode se r enviado integralmente para a mi crobiologia, sem prognóstico. A translocação específica t(ll ;22) em relação a t(2 1;22)
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS

iij@mf.jf!II!) A e B, Radiografias anteroposterior e latera l da fíbula esquerda de uma menina de 7 anos com sarcoma de Ewing.
O envolvimento de grande parte do osso (ou mesmo todo o osso) é típico de sarcoma de Ewing. C, A imagem de RM mostra uma
grande massa de tecido mole. D, Aspecto microscópico típico de sarcoma de Ewing . E e F, Radiografias anteroposterior e lateral após
a conclusão da quimioterapia neoadjuvante. Observe o aumento da ossificação da lesão. G, Nova imagem de RM após a quimioterapia
neoadju vante mostra redução no tamanho da massa de tecido mole. H e 1, Radiografias anteroposterior e lateral da tíbia esquerda
após ressecção ampla do tumor. A fise fibular distal foi preservada. A ressecção ampla evita as complicações associadas com radioterapia
no crescimento infantil.

não parece afetar a evolução clínica; no entanto, as alterações genéticas no estádio inicial. Antes do uso da quimioterapia com agentes
secundárias, tais como a expressão do gene TP53 aberrante, podem múltiplos, a so brevida no longo prazo foi inferior a 10%. Atual-
revelar-se importantes. Tal como acontece com o osteossarcoma, a mente, a maioria dos centros relata taxas de sobrevida no longo
resposta histológica da quimioterapia neoadjuvante tem demonstrado prazo de 60% a 75%.
ser importante para o prognóstico. Mais de 90% de necrose após O trata mento local da lesão prim ária é mais controverso.
quimioterapia pré-operatória indica um bom prognóstico. O sarcoma de Ewing é radiossensível, mas alguns autores relatam
O tratamento do sarcoma de Ewing deve incluir quimiotera- uma diminuição da taxa de reincidência local (< 10%) e um aumento
pia neoadj uvante ou adjuvante, ou ambas, para o tratamento de da taxa de sobrevida global com ressecção ampla do tumor primário.
metástases distantes que possam ou não estar prontamente evidentes No entanto, esses relatórios são de difícil interpretação, pois os tumores
- PARTE VIII TUMORES

l#§lhf.jEilJI A, Radiografia anteroposterior de uma menina de 13 anos com sa rcoma de Ewing da hemipelve esq uerda. B, Cinti lo-
grafia óssea. C e D, Imagens de RM axial e coronal mostram toda a extensão da lesão. Devido à morbidade associada com o tratamento
cirúrgico de grande tumor neste local, a paciente foi tratada com quimioterapia e radiação; 3,5 anos após o tratamento não houve
evidência da doença .

grand es ce ntrais e irressecáveis muitas vezes são tratados com radia- u ma ressecção ampla co ntamin ada. O plano d e tratam ento em
ção, enqu anto as lesões menores e mais acessíveis (que inerente- cada caso é es tabelecido de maneira mais adequ ada após longas
m ente poss uem um prognós tico melh or) são m ais propensas a disc ussões com o paciente e a fa mília. As di scussões deve m incluir
se rem tratadas com cirurgia. Nesse momento, a escolha entre a fun ção es perad a após ampu tação, cirurgia de salvamento do
cirurgia e a radioterapi a para o tra tamento da lesão primári a deve membro ou a radiação e os ri scos in erentes em curto e longo prazo
se r feita indi vidualmente. Es tud os de es tadi amento deve m se r envolvidos em cada opção.
repetid os após a quimi oterapia neoadjuvante. As repetições de A recaída da doença está associada a um m au prognósti co
radiog rafias muitas vezes mostram aum ento da ossifi cação, e as apesa r do tratamento agressivo da reincidência com nova cirurgia,
repetições de RM muitas vezes mostra m um a diminui ção acentuada radioterapia e quimi oterapia. Há relatos recen tes de paci entes com
na massa de tecido mole. Nesse po nto, se aparentemente a lesão recaída local e taxa de sobrevida em 5 anos de cerca de 20%, ao passo
pode se r ressecada co m m argens amplas e um defic it fun cio na l que pacientes co m recaída de metástases distantes apresentaram
ace itável, a cirurgia deve ser o tratamento da lesão primári a. Se as um a taxa de sobrevida em 5 anos de cerca de 10%. Tal co mo aco n-
m argens amplas forem difíceis de ser obtid as ou se o deficit fun - tece com o osteossarcoma, o tempo de recaída tem signifi cância
ci onal res ultante da cirurgia fo r in ace itável, a radi ação da lesão p rognósti ca. Os pac ientes co m recaída no primeiro ano após o tra-
primári a é uma alternativa co nsideráve l. A radi ação tamb ém pode tamento primário têm um prognóstico pior que o dos pacientes qu e
se r utili zada como um adjuvante ap ós um a ressecção m arginal ou têm um prolongado interval o li vre de doenças.
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS Gii

li@ii;t.)fil9 A e B, Vistas anteroposterior e lateral do sacro de um paciente com co rdoma sacrococcígeo. Essa lesão pode ser perdida
facilmente devido a gases intestinais sobrejacentes. C, Imagem de RM mostrando a lesão com clareza . D, Aspecto microscópico típico do
cordoma . As células com citoplasma vacuolizado abundante (células fisalíferas) estão dispostas em fascículos com fundo mucinoso.

Aos exames radiográficos, co rdomas aparecem como lesões


CORDOMA destrutivas (Fig. 27- 12). Eles quase sempre surge m a partir da linha
Cordoma é uma neoplasia maligna rara que surge a partir de restos médi a. Muitas vezes, as lesões sacrococcígeas são perdidas no exame
de notocorda. Na série da Mayo Clinic, ele representa cerca de 4% radiográfico inicial devido a gases intestinais sobrejacentes. Eles em
dos tum ores malignos primários do osso. O cordoma é a segunda geral são vistos com mais fac ilidade em uma vista lateral do sacro.
malignidade primária m ais comum na coluna (atrás do mieloma) Da mesma fo rma, o acúmulo de radioisótopos na bexiga pode obs-
e é a maligni dade primária mais comum do sacro. Mais de 50% curecer um tum or sacra! em uma cintilografi a óssea. Mais de 50%
dos cordomas surgem na área sacro coccígea, e mais de 30% surge m dos cordomas exibem calcificação radiografi cam ente detectável.
na base do crân io. O res tante está disperso por todo o resto da Uma TC pode ser mais bem indi cada para detectar calcificação (o
coluna. O pi co de incidência para cordomas sacroco ccígeos ocorre que pode ajudar no diagnóstico), mas a RM é melhor para determi -
entre os 50 e 70 anos, enqu anto o pico de lesões esfeno-occipitais nar a extensão da lesão e sua relação com outras es truturas anatô-
é entre os 40 e 60 anos. A maioria das séries mostra um a predo- micas. Um problema comum na avaliação de um paciente com
minância marcante do sexo masc uli no (3 :1 ), especialmente para co rdoma e dor lombar é solicita r uma ressonância magnética apenas
tumores sacrococcígeos. da coluna; esse exame geralmente não detecta um cordoma sacro-
Os sinais e sintomas presentes variam de acordo com o local coccígeo porqu e a maioria deles surge ab aixo da S3.
da lesão. Como a maioria dos cordomas possui crescimento lento, À microsco pia, o cordoma aparece como lóbulos de células
os pacientes fre quentemente têm sintomas por mais de 1 ano antes separadas por fa ixas fib rosas. As células geralmente contêm cito-
do diagnóstico. Pacientes com tumores na região esfeno-occipital plasma vacuolizado abundante (células fi salífe ras). As células em
podem relatar dores de cabeça ou sintomas relacionados à compres- geral estão dispostas em longos co rdões, ou "medulas': com um
são dos nervos cranianos. Na coluna vertebral, os sintomas podem fu ndo muci noso. A maioria dos cordom as é de baixo grau, emb ora
ser causados por compressão da medula ou da raiz. Se houver uma existam co rdomas desdiferenciados. Esses cordomas desdi ferencia-
massa anterior com um a lesão da coluna cervical, os sintomas dos contêm áreas de um sarcoma de alto grau - mais frequente-
podem ser semelhantes aos causados por um abscesso retrofa ríngeo. mente um histiocitoma fibroso maligno - e se comportam de fo rma
A queixa mais comum em pacientes com tum ores sacrococcígeos é mais agressiva.
a dor lombar. Distúrbios intestinais e da bexiga e dor ciáti ca também O tratamento primári o consiste em ressecção cirúrgica com
são comuns com tumores sacrais. Uma massa palpável com fre quên- margens ampl as, mes mo que isso crie um defici t neurológico, pois
cia está presente no exame retal. o crescimento progressivo do tumor criaria um deficit neurológico
lllD PARTE VIII TUMORES

de qualquer m aneira e, possivelmente, uma doença metastática.


Uma ressecção que preserve as raízes do nervo S3 resulta bilateral-
mente em fun ções in testinal e vesical relativamente normais,
enquanto a ressecção acima deste nível resulta em perda parcial das
funções intestinal e vesical. Uma ressecção das raízes do nervo S2
resulta em perda completa do controle das fun ções intestin al e
vesical. Se margens amplas não puderem ser obtidas, ou se a co nta-
minação do tumor ocorrer no intraoperatório, uma radiação pode
ser benéfica. A radiação também pode beneficiar pacientes nos quais
a ressecção não seja viável, embora a cura seja raramente, ou nun ca,
alcançada nesses pac ientes. Não há nenhum benefício comprovado
com quimioterapia. Da mesma forma, metás tases distantes são tra-
tadas cirurgicamente.
A taxa de sobrevida global em 5 anos para pacien tes com
cordomas é de aproximadamente 60% a 80%, mas a taxa de sobre-
vida continua a diminuir com um maior acompanhamento devido
às reincidências tardias (25% a 40% de taxa de sobrevida em 10
anos). As reincidências locais são comuns, devido à dificuldade
encontrada na obtenção de margens amp las. Sexo masculino e idade
mais jovem no momento do diagnósti co são características relatadas
como estando assoc iadas a um prognóstico favorável. Uma localiza-
ção mais distal para lesões sacrais também es tá associada a um
melhor prognósti co. Metástases são raras na apresentação inicial
( < 5%), mas podem ocorrer mais tarde em 30% a 60% dos casos.
Além dos pulmões, as metástases são comuns nos ossos e em locais
pouco usuais, tais como a pele, a pálpebra, o cérebro, o fígado e
outros órgãos internos.

ADAMANTINOMA
Adamantinoma é um a neoplasia rara qu e representa menos de 1% de
todos os tumores malignos primários do osso. O adamantinoma tem
uma distribuição ampla de idade, mas a maioria dos pacientes se
encontra na segund a ou terceira década, no momento do diagnóstico.
Ele tem uma predileção peculiar para oco rrer na tíbia (aproximada-
mente 85%) e pode também envolver a fíbu la ipsolateral. Foi postu-
lado que o adamantinoma surge de ninhos aberrantes de células
epiteliais, que seriam responsáveis pelo fato de esse tumor ocorrer
O@il;Mfllll A e B, Radiografia s anteroposterior e lateral da
principalmente no osso, que está em um a locali zação subcutânea.
fíbula esquerda de um homem de 79 anos com adamantinoma.
A dor é o si ntoma mais comum . Como a lesão é tipicamente
C, Aspecto microscópico típico de um adamantinoma. Ilhas de
de crescimento len to, a dor pode esta r presente por muitos anos
células epitelioides são vistas com fundo fibroso.
antes que o paciente procure atendimento médico. E considerando
qu e a lesão geralmente ocorre em um local subcutâneo, uma massa
palpável pode estar presente. Aproximadamente 20% dos pac ientes
possuem uma fratura patológica.
O aspecto radi og ráfico mais comum é o de lesões radiolúcidas O tratamento ideal do adamantinoma é a ressecção ou ampu-
bem demarcadas na diálise da tíbia (Fig. 27- 13). As lesões radiolú- tação ampla. O tumor em ge ral é resistente à quimi oterapi a e à
cidas são separadas por áreas de osso denso e esclerótico. Embora o radioterap ia. A reincidência local ocorre em aproximadamente
aspecto radiográfico seja semelhante ao da osteofibrodisplas ia, o 25% dos pac ientes, devendo -se co nsiderar a amputação nesses
adamantinoma ge ralmente possui um aspecto mais agressivo. Uma casos. As metástases são raras à aprese ntação, mas podem ocorrer
grande parte ou mesmo toda a tíbi a pode estar envolvida. Muitas mais tard e em 30% dos pacientes. A taxa de so brevida global em
vezes, a fíbula também está envolvida por exte nsão direta do tum or. 10 anos é de aproximadamente 85%. O prognóstico depend e pra-
Microscopicamente, o adamantinoma co nsiste em ilhas de ticamente da adequa ção da margem cirúrgica. Em comparação
cél ulas epiteliais em um estroma fibro so. Algum as áreas do tumor com pacientes que se subm etem a procedim entos cirúrgicos mar-
se asse melham à displasia fibrosa ou à osteofibrodisplas ia. (Alguns ginais ou intrales ionais, os pacientes com proced imentos amplos
autores consideram o adamantinoma co mo sendo uma var iante ou radicais têm taxas de reincidência local e metástases redu zidas
maligna da osteofibrodisplasia.) A atipia nucl ear é mínim a, e as significati va mente ( < 10%). Devido à natureza de crescimento
figuras de mitose são raras. A coloração po r imuno-histoquímica é lento da lesão, reincidência local ou metástase podem oco rrer bem
geralmente positiva para citoqueratinas e vimentina. De modo geral, tardiamente; de acordo com re latos, cerca de 19 anos após o trata-
ele é uma lesão de baixo grau, e as características histológicas não mento ini cial. A importância do acompanhamento no longo prazo
são preditivas de comportamento. deve ser ressaita da.
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS Gii

O!ijmf.jfJl9 A, Vista anteroposterior do ombro esquerdo de uma mulher de 37 anos com hemangioendotel ioma revela lesão
destrutiva na glenoide esquerda. B, A TC mostra melhor a extensão da lesão . C, Foto da amostra ressecada. D, Aparência microscópica
típica da hemangioendote li oma . Cé lulas endoteliais malignas produzem canais vasculares de anastomose. Essas célu las são positivas
para o ant ígeno relacionado ao fator VIII.

correlacionado com o grau. Tumores de baixo grau aparecem corno


TUMORES VASCULARES lesões líticas bem demarcad as que podem ou não ter a fo rm ação
MALIGNOS de ossos reativos circunj acentes (Fig. 27- 14) . Tumores de alto grau
possuem um aspecto mai s per meativo. A reação periosteal é
A termin ologia utili zada para descreve r tumores vasculares m alig- in co mum. Tumores vasculares malignos possuem uma tend ência
nos na 1iteratura é confusa. Múltiplos termos têm sido utilizados peculiar de serem multicêntricos, indepe ndentemente do gra u. É
altern ada mente, incluindo hemangioendotelioma, sarcoma heman- m ais comum qu e múltiplas lesões sejam encontradas dentro do
gioendotelial, hemangiossarco ma, angiossarcoma, e outros. Mesmo mes mo osso ou de múltiplos ossos na mes ma extremidade.
qu e não seja estritamente definid o, os autores usam o termo heman- À microscopia, tumores de baixo grau exibem canais vasculares
gioendotelioma para descrever tumores vasculares malignos de baixo de anastomose bem formados e alinhados por células endoteliais
grau e angiossarcoma para descrever tumores vasculares malignos inchadas. Pode se r difícil distinguir entre hemangioendoteliomas bem
de al to grau. diferen ciados e hemangiomas benignos. Lesões de alto grau podem
Esses raros tumores constituem 1% de todos os tumores ma lig- ser pleomórficas e indistinguíveis do sarcoma ou carcinoma. Em
nos dos ossos. Após a primeira década, eles podem ocorrer em algumas lesões extremamente pleornórficas, o diagnóstico pode ser
qu alquer idade e em qualqu er osso. Há um a pequena predomin ân- feito apenas através da imuno- histoquími ca. Mesmo qu e o carcinoma
cia de indivíduos do sexo masculino, sem d istinção de raça. A sín - metastático e tumores vasculares malignos possam ser positivos para
drom e de Stewart- Treves refere-se à oco rrência de angiossarcoma queratina, o antígeno relacionado ao fator VIII, o CD31 e o CD34
em um lin fede ma crônico (p. ex., na extrem idade sup erior de uma devem ser positivos apenas em tumores vasculares.
paciente que reali zou anteriormente um a mastec tomi a radi cal). O tratamento é individualizado conforme a situação clínica.
Também foi relatado que angiossarcomas ocorreram adjacentes a Lesões solitári as são tratadas com ressecção amp la, se possível. A
implantes ortopédicos, mesmo que urna relação causal não tenha rad iação pode ser utilizada com sucesso no tratamento de lesões
sido firm emente estabelecida. cirurgicamente inacessíveis ou em tratamentos de múltiplas lesões.
Dores ou, mais raramente, fraturas patológicas são as queixas Para lesões de alto grau, a quimioterapia adjuvante pode ser adicio-
de aprese ntação. A duração dos sintomas va ria de acordo co m o nada ao tratamento. O prognóstico depende principalmente do
grau do tumor. O aspecto radiográfico dessa lesão também es tá grau. Pacientes co m lesões de baixo gra u podem ter uma chance
-- PARTE VIII TUMORES

acima de 80% de sobrevida em longo prazo, enquanto pacientes com frequências comparáveis. Homens e mulheres são igualmente afeta-
tumores de alto grau possuem menos de 20% de taxa de sobrevida. dos. Há um a pequena tendência de que a lesão ocorra na metáfise
distal do fêmur ou na metáfise proximal da tíbia; no entanto, qual-
quer osso pode ser afetado. Aproximadamente 25% desses tumores
HISTIOCITOMA FIBROSO E são considerados secundários a uma anormalidade preexiste nte do
FIBROSSARCOMA MALIGNOS osso. As condições predisponentes mais relatadas incluem doença
de Paget, rad iações ante riores, tumores de células gigantes e infarto
Mesmo que o histiocitoma fibro so e fibrossarcoma malignos estejam ósseo (Fig. 27-15). Elas também podem ocorrer como parte de um
descritos na literatura como entidades separadas, a distinção às vezes condrossarcoma desdiferenciado.
é arbitrária. A apresentação, o prognóstico e o tratamento dessas duas Como ocorre com outros sarcomas de osso, os pacientes se
entidades são similares; portanto, elas são discutidas em conjunto. queixam de dor. Eles possuem uma incidência maior (aproximada-
O histiocitoma fibroso e fibrossarcoma malignos do osso cons- mente 20%) de fratura patológica. Radiograficamente, esses tumores
tituem entre 3% e 5% dos tumores malignos primários do osso. possuem um aspecto agressivo e, no geral, são puramente líticos com
Excluindo a primeira década, eles ocorrem em qua lquer idade, com bordas indistintas. Eles podem aparecer como uma área de destruição

iâ@ii;f.jfJID AUma garota de 12 anos queixou-se por 3 meses


de uma dor crescente no joelho direito. A, Radiografia anteropos-
terior do fêmur distal direito demonstra uma lesão ampla, destru-
tiva e puramente lítica. Após a biópsia ter revelado que esse era um
histiocitoma fibroso maligno, ela realizou a quimioterapia neoad-
juvante, seguida por uma ressecção ampla (B) e reconstru ção com
endoprótese (C) .
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS

do osso adjacente em um local que, sob os demais aspectos, poderia são relativamente comun s. A espinha é o local mais comum, seguida
ser típico da doença de Piaget ou infarto ósseo. Não há reação perios- das costelas e da pelve.
teal, a menos que uma fratura patológica tenha ocorrido. Ao exame radiográfico, o mieloma múltiplo aparece como
Em termos histológicos, o aspecto clássico de histiocitoma múltiplas lesões puramente líticas, demarcadas agudamente e per-
fibroso maligno é um sarcoma de célul a fusiforme de alto grau com furadas, sem nenhuma esclerose reativa ao redor (Fig. 27- 16). A n ão
arranjo estoriforme o u padrão circular. No entanto, o aspecto pode formação de osso reativo também ocorre, pois a maior parte das
var iar. Tumores podem exibir células multinucleadas malignas e lesões é negativa na cintilografia óssea (uma variante menos comum
benignas, células com um aspecto histiocítico (núcleos amplos e de mieloma múltiplo é caracterizada pela esclerose extensiva). Oca-
recortados com citoplasma abundante e bem definido), células com sionalmente, o mieloma é caracterizado pela expansão marcada do
citoplasma espumoso, células inflamatórias e quantidades variáve is osso, d ando origem à aparência "inchada" (Fig. 27-17).
de fibrose. O aspecto clássico do fibrossarcoma é o de uma neoplasia O diagnóst ico em geral pode ser co nfirm ado através da imu-
de célula fus iforme arranjada em um padrão de espinha de peixe. noeletroforese sérica, a qual exibe uma gamopatia monoclonal.
Fibrossarcomas de baixo grau podem exibir produção abundante de Além de uma contagem sérica completa de células sanguín eas, os
colágeno, enquanto os de alto grau são mais celulares. H istiocitoma estudos de estadiamento incluem um exame do esqueleto e uma
fibroso e fibrossarcoma malignos são caracterizados pela falta de biópsia da medula óssea. Ocasionalmente, a biópsia da lesão óssea
produção de osteo ide. Mesmo uma pequena quantidade de produ- é necessária para estabelecer o diagnóstico.
ção de osteo ide realizada pelas células malignas pode mudar o diag- Histologicamente, o mieloma múltiplo tem o aspecto de
nóstico para osteossarcoma. placas de células plasmáticas. Essas são célul as pequenas, com
Na maioria dos hospitais, o tratamento do histiocitoma fibroso bordas az uis, núcleos n o est ilo "mostrado r de relógio" e c ito -
e fibrossarcoma ósseos de osso é similar ao tratamento de osteossar- p lasma abundante co m um clareame nto perinuclear o u "halo''.
coma. Grande parte dos pacientes com lesões de alto gra u é tratada A produção de am il oide pode se r ab undante (exce to e m pacien-
com quimioterapia neoadjuvante, seguida por cirurgia (ressecção tes que fazem h emod iá lise em lon go prazo, a presença de am i-
ampla ou amputação ampla) e quimioterapia adjuvante. Comparado lo id e no osso gera lmente indica um di agnóstico de mieloma
com o osteossarcoma, no entanto, o histiocitoma fibroso pode ser múltiplo). Em pacientes com plasmacitoma solitário, o diagnós-
mais sensível a radiações. Há relatos de sobreviventes em longo tico diferencial patológico pode incluir osteomielit e crôn ica
prazo que tiveram histiocitoma fibroso maligno da esp inha, e que com célul as p lasmát icas abundantes. Nesse caso, a imuno-his-
foram tratados apenas com radiação. A radioterapia também pode toquímica pode se r útil. O plasmacitoma exibe cadeias leves
ser benéfica para pacientes com margens de ressecção positiva ou monoclonais K ou À, enq uanto as cé lulas plasmáticas da osteo -
contaminação de tumor intraoperatório. mielite crônica são policlonais. Além disso, as célul as do
O prognóstico é baseado na presença de metástases, no mieloma geralm ente são pos itivas para o antíge n o natural killer
tamanho e no local do tumor (pois estão relacionados com a capa- CD56, enq uanto as célul as plasmáticas reativas gera lmente não
cidade cirúrgica de remoção do tumor com margens amplas), no o são. A imuno-histoquímica também pode ser útil em casos
grau do tumor e na resposta histológica à quimioterapia pré-opera- que não foram diferenciados corretamente, nos qua is o lin foma
tória (determinada pelo percentual de necrose). Relatos também pode ser um diagnóstico diferencial. As célul as do lin foma
têm mostrado que a idade mais avançada está relacionada a um geralm ente são posit ivas para CD45 (antígeno comum leu coc i-
prognóstico pior; no entanto, isso pode ocorrer parcialm ente devido tário) e CD2 0 (um marcador de célula B), enqu anto as células
à in capacidade de os pacientes mais velh os tolerarem a quimiotera- do mieloma gera lm e nte são negativas.
pia. Nenhum a diferença de prognóstico foi observada entre pacien- O tratamento primário de mieloma múltiplo é a quimiotera-
tes com tumores primários e pacientes com tumores que surgem em pia. Lesões sintomáticas do osso ge ralmente respondem rapida-
uma condição predisponente. No geral, a taxa de sobrevida em 5 mente à radioterapia. É mais comum que o cirurgião ortopédico seja
anos para pacientes com tumores de alto grau nas extremidades e consultado para tratar de fraturas patológicas iminentes ou reais da
sem metástase é de aproxim adam ente 65% . espinha, acetábulo, fêmur proximal ou úmero proximal. Como
muitos desses pacientes possuem urna expectativa de vid a curta,
deve ser fe ito cada esforço para realizar a cirurgia que poderá per-
MIELOMA MÚLTIPLO E mitir a retomada ini cial das atividades completas. Isso pode incluir
PLASMACITOMA a diminuição de volume do tumor utilizando fixação interna
ampliada com metacrilato. Se esse método não permitir a sustenta-
O mieloma múltiplo é o tum or maligno primário mais comum no ção de peso total imediata, a artroplastia total ou hemiartroplastia
osso, representando mais de 40% d os cânceres de osso primários. devem ser consideradas. Na maioria dos pacientes, a radioterapia
Seu pico de inci dência ocorre entre os 50 e 70 anos, com uma taxa loca l deve ser instituída d e 2 a 3 semanas após a cirurgia ou quando
de predominância masculina de 2:1. O mieloma múltiplo e o carci- a lesão estiver recuperada.
noma metastático devem ser incluídos no diagnóstico diferencial Pacientes que tenham um plasmacitoma solitário sem evi-
para qualquer paciente com mais de 40 anos e que tenha um tumor dência de envolvimento sistêmico (i. e., biópsia d a medula óssea
ósseo novo. negativa e exame do esqueleto negativo) possuem um prognós-
A dor óssea é a queixa mais com um nos pacientes com mieloma tico melhor. Mesmo que mais da metade dos pacientes que apre-
múltiplo ou um plasmacitoma solitári o. No entanto, ao contrário da sentam um plasmacitoma so litári o eve ntu a lm ente desenvolvam
maioria dos tumores ósseos, outros problemas sistêmicos, como fra- um mieloma múltiplo, alguns deles possuem um intervalo con -
queza, perda de peso, anemia, trombocitopenia, neuropatia periférica siderável sem doenças e poucos continuam saudáveis. Até recen-
(especialmente com o tipo osteosclerótico de mieloma múltiplo), temente, a sob revid a e m longo pra zo para pacientes com mi eloma
hipercalcemia ou insuficiência renal estão com frequência presentes múltiplo era muito rara. No entanto, atualm ente a lguns centros
no di agnóstico do mieloma múltiplo. Os sintomas em geral duram têm relatado taxas de sobrevida em longo prazo aci m a d e 60%
pouco, devido à natureza agressiva da doença. Fraturas patológicas com tratamento ag ress ivo.
lllD PARTE VIII TUMORES

~----
iê[riihHfJll!I A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do fêmur proximal de um homem de 61 anos com mieloma múltiplo
exibem lesões líticas múltiplas. C e D, A TC mostra melhor a extensão de lesões e a necessidade de fi xação profilática .

linfama geralmente deve ser incluído no diagnóstico diferencial de


LINFOMA um paciente que apresentou dores ósseas e uma cintilografia óssea
ou RM anormal com radiografias normais) . A massa de tecido mole
O !infama pode envolver primária ou secundariamente o osso. Ele também pode ser extensa. Estudos de estadiamento devem incluir
pode ocorrer em qualquer idade, mas torna-se mais com um dos 60 uma contagem sé rica e de células sa nguíneas completa, cintilografia
aos 70 anos. A ta.xa entre homens e mulheres é de 1,5:1. O fêmur é óssea, TC do tórax, abdome e pelve e uma biópsia da medula óssea.
o osso mais comum, seguido de pelve, espinha e costelas. À microscopia, os !infamas ósseos são compostos de uma
A maioria dos pacientes queixa-se de dor localizada ou mistura de células linfaides grandes e pequenas, com núcleos cliva-
inchaço. Os pacientes com problemas na espin ha podem ter com- dos e não clivados (Fig. 27-19). Alguns podem parecer sarcomatoi-
pressão da raiz do nervo o u da medula. Os sintomas podem ser des, e outros podem ser difíceis de distinguir do sarcoma de Ewing
leves ou graves. Alguns dos pacientes apresentam sintomas por ou de um carcinoma desdiferenciado. A imuno-histoquímica (espe-
anos antes de buscar ajuda médica. D iferentemente dos pacientes cificamente quando positiva para marcadores linfaides e reticulina
com mieloma múltiplo, os que possuem !infama sentem-se saudá- e negativa para queratina e ácido periódico de Sch iff) frequ ente-
ve is sob os demais aspectos. mente é útil nesses casos.
Ao exame radiográfico, o !infama no geral aparece como uma Uma discussão sobre a classificação de 1infamas está além do
área mal definida de destruição do osso - freq uentemente da diálise escopo deste texto. No entanto, no geral, pacientes com linfoma
- e em geral poss ui um aspecto permeativo. O córtex pode estar primário no osso possuem um prognóstico mais positivo (a taxa de
es pessado, mas um a reação periosteal raramente é vista. Frequente- sobrevida em 5 anos é de 55%) do que pacientes com doenças sis-
mente, uma grande parte do osso ou mesmo o osso inteiro pode ser temáticas (a taxa de sobrevida em 5 anos está abaixo dos 25%). O
afetado. A extensão da lesão pode parecer ampla em comparação tratamento primário do linfoma é a quimioterapia. O control e local
aos sintomas do paciente. Radiografias podem ser totalmente geralmente é obtido através da radioterapia. A intervenção cirúrgica
normais, mesmo que haja um envolvimento extenso do canal raramente é necessá ria, mas pode se r indicada para tratamentos de
medular exibido na cintilografia óssea ou na RM (Fig. 27-28) (o possíveis ou reais fraturas patológicas.
O@il;fiifJA(.jg.i,!M E e F, Embolização pré-operatória foi realizada para minimizar a perda de sangue intraoperatória, a qual pode
ser extensiva com o mieloma múltiplo. G e H, Radiografia s após a fixação profilática com um prego longo. I, Aparência típica micros-
cópica do mieloma múltiplo com placas de células plasmáticas.

h[êiii;J.!filg A, A TC de um hom em de 39 anos com plasmacitoma solitário da clavícula medial direita. B, Amostra de biópsia revelou
células monoclonais com amiloide abundante. Exceto para pacientes com diálise renal em longo prazo, a produção de amiloide no osso
geralmente está associada ao diagnóstico de mieloma.
. , PARTE VIII TUMORES

O[ijii;@fJl:Et Uma mulher de 83 anos quei xou-se de uma leve dor e uma massa na coxa que havia crescido durante os últimos 12
meses. A, Uma rad iografia anteropost erior do joelho é relativamente normal. B-D, No entanto, a RM demonstra uma lesão larga que permeia
através do osso com uma massa larga e circunferencia l de tec ido mole. Essas descobertas são típ icas do li nfoma . O linfoma gera lmente deve
ser considerado qua ndo a RM demonstra uma grande lesão no osso, mesmo que as rad iog rafias estej am re lativamente normais.

tratamento para tumores primários está melhorando, uma taxa


CARCINOMA METASTÁTICO maior de sobrevida está sendo relatada após diagn ósticos de tais
metástases. É importante que o cirurgião ortopédico não aborde
O carcinoma metastático é o tipo de tumor maligno mais comum esses pacientes com uma atitude fatalista. Os cuidados ortopédicos
tratado por cirurgiões ortopédicos. Enquanto cerca de 8.000 novos adequados são cru ciais para qu e muitos desses pacientes tenham a
sarcom as são diagnosticados nos Estados Unidos todo ano, mais de dor minimizada, possam manter as funções e sua independência,
um milhão de novos carcinomas são diagnosticados nesse mesmo bem como melhora r a qualidade geral de vida.
período. Estima-se que entre 50% e 80% dos pacientes com carci- Se um paciente teve um histó rico conhecido de carcinoma,
noma possuem metástases ósseas no momento do óbito. Como o mes mo num passado remoto, uma lesão do osso recém-descoberta
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS -

h[iji!@ifilD A e B, Vista anteroposterior e tentativa de vista lateral do úmero direito em um homem de 36 anos com linfoma
primário do osso. Apesar da destruição extensiva do osso e da grande massa de tecido mole, os sintomas do paciente são leves. Apa-
rência de baixa (C) e alta potência (D) do linfoma. Geralmente, o linfoma deve ser considerado em diagnósticos diferenciais de pacientes
com sintomas relativamente leves quando comparados com lesões de tamanho grande, e também deve ser considerado em diagnósticos
diferenciais de lesões diafisárias com aparência destrutiva.

provavelmente se rá uma metástase. Em qualquer paciente com abdome e pelve. Não reali za r tais exames antes da biópsia pode
idade acima de 40 anos, mesmo sem um histórico de tumores malig- levar a sérios erros nos cuidados com o paciente. Essa simples
nos, uma lesão do osso recém-descoberta e aparentemente agressiva abordagem identifica a lesão primária em mais de 85% dos paci en-
tem maio r probabilidade de se r um ca rcinoma metas tático ou tes que possuem metástases de origem desconhecida. Após os
rnielom a múltiplo. Os exames clínicos adequados para um paciente exames, urna biópsia pode se r realizada. Mesmo se um paciente
com suspeitas de metástase de origem desconhecida são discutidos tiver um histórico conhecido de ca rcinoma, urn a biópsia do pri-
em detalh es no Capítulo 24. meiro local da doença óssea deverá se r realizada para estabelece r
Em resumo, esses exam es consistem em histórico e avaliação urna relação sóli da entre o carcinoma primário e a metástase sus-
física, incluindo exa mes de mama e prós tata; testes laboratoriais peita. A biópsia deverá ser realizada da mesma forma que uma
básicos, incluindo eletroforese de proteína sérica e um possível biópsia para suspeita de sa rco ma primário, pois, em raros casos,
antígeno específico para a próstata; urna rad iografia de todo o osso ela pode provar qu e se trata mes mo de um sarcoma primário (Fig.
envolvid o; radiografia do tórax; cintilografia óssea para identificar 27-20). Metástases de ossos subsequentes podem ser tratadas sem
outros locais nos quais a doença está prese nte; e uma TC do tórax, a confirmação da biópsia.
- PARTE VIII TU MORES

A maioria dos carcinomas metastáticos do osso vem do tórax estejam mais avançados. Por fim, o câncer de pulmão e de rins pode
e da próstata, seguidos pelos de pulmão, rins, ti reoide e trato gas- não ser detectado até ser tarde demais, e pode sofrer a metástase no
trointestinal, em ordem decrescente de frequência. Para pacientes osso relativamente cedo.
com suspei ta de metástases de origem desconhecida, no entanto, os O aspecto radiográfico do carcinoma metastático varia. Em
tumores primários mais co muns estão no pulmão ou nos rins. A ge ral ele é agressivo, sugerindo um tumor maligno. As lesões podem
mama e a prós tata são locais incomuns para doenças primárias nesse ser líticas, blás ti cas ou mistas. O câncer de mama e o de próstata
grup o de pacientes. Esse fenômeno possui diversas explicações pos- tipicamente produzem lesões blásticas. O cânce r renal e de tireoide
síveis. Em primeiro lugar, as lesões primárias em pacientes com em geral são puramente líticos. O câncer de pulmão pode produzir
câncer de mama ou d e próstata podem ser mais facilmente detec- um aspecto misto. Se a lesão for distal até o cotovelo ou joelho, o
tadas no início do curso da doença. Em segundo lugar, os cânceres câncer de pulmão tem maior p ro babilidade de ser uma lesão primá-
de mama e próstata podem não sofrer metástase no osso até qu e ria. Além di sso, câncer de pulmão metastático pode ter o aspecto
distinto de um a "mordid a" reti rada da co rti cal.
O aspec to microscópico do carcinoma metastáti co geralmente
é similar ao da lesão primária. Em casos bem diferenciados, a biópsia
facilmente nos dá o diagnóstico correto. Em alguns casos, como nos
de câncer renal sa rcomatoide, a imuno-histoquímica pode se r neces-
sária para revelar marcadores epiteliais.
O tratamento da m etástase de carcin oma no osso é multimo -
dal. O tratamento sistêmi co com age ntes citotóxicos é direcionado
pelo m édico oncologista. A manipulação ho rmonal pode ser bené-
fica para pacientes com câ nce r de mama ou da próstata. lodo
rad ioativo pode ser benéfico para alguns pacientes com câ nce r de
tireoide metastático. Novas evidê ncias sugerem que bisfosfonatos
podem ter um papel na prevenção de novas lesões m etastát icas no
osso, e podem retardar o crescimento das lesões existentes, ao
inibir a reabsorção dos osteoclastos do osso. A maioria das metás-
tases de osso sintomáticas respo nd e bem à radiação. Algun s carci-
nom as, especialmente o câ ncer renal, são tipicamente resistentes à
radi ação. A cirurgi a é necessá ria para o tratamento de fr aturas
patológi cas possíveis ou reais.
Indicações definidas precisamente para a fixação profiláti ca de
possíveis fraturas patológicas têm sido debatidas. Parâmetros que
têm sido sugeridos incluem dor que não responde à radioterapia,
uma lesão acima de 2.5 cm , uma lesão que tenh a destruído mais de
50% da cortical, e uma fra tura avulsa do trocânter m enor. Mireis
pensou em um sistema de pontuação que avalia o risco de fraturas
patológicas com base no local, tamanho e natureza lítica ou blástica
Ht§l!;Hf.JE!) A, Vista anteroposterior do quadril esquerdo de da lesão, bem como na prese nça e qualidade da dor associada
uma mulher de 50 anos com histórico de câncer de mama . Ela (Tabela 27-1 ). De acordo com esse sistema, a fixação profilática
não apresentou sinais da doença por 2 anos. A lesão líti ca pode interna deve ser considerada para qualqu er paciente com uma pon-
ser vista no co lo femoral. Embora a maioria dos diagnósticos para tuação igual ou acima de 8. Mesmo que cada uma dessas diretrizes
essa lesão seja a de carcinoma metastático, a biópsia deverá ser aj ude no processo de tomada de decisão, nenhuma serve co mo um
realizada da maneira adequada. A lesão foi diagnosticada como critério absoluto. Cada caso deve se r avaliado individualmente,
histiocitoma fibroso maligno. B, Vista anteroposterior do quadril enquan to doi s princípios geralmente aceitos são mantidos em
esquerdo após a ressecção ampla e reconstrução com endopró- mente. Em primeiro luga r, a fixação profilática interna de um a pos-
tese . Se essa paciente tivesse sido tratada com fi xação profilática sível fratura é tecnicamente mais fác il do que a de um a fratura
do pres umido carcinoma metastático, se u resultado teria sido patológica rea l. Em segund o lugar, a morbidade do paciente diminui
gravemente comprometido. com a fixação profilática, se comparada com a fixação após a fra tura.

27-1 · Sistema de Pontuação para Avaliação de Fraturas Patológicas

PONTOS

VARIÁVEL 2 3
Loca l Membro superior Membro inferior Peritrocantérica
Dor Leve Moderada Funcional
Tamanho < 1/3 1/3 a 2/3 > 2/3
Lesão Blástica Mista Lítica
De Mireis H: Metastatic disease in long banes: a proposed scori ng system for diagnos ing impending pathologic fractures, Clin Orthop Relat Res 249:258,
1989.
CAPÍTULO 27 TU MORES MA LIGNOS DOS OSSOS

O@ii;tij&IJI A, Radiografia anteroposterior de um homem de 41 anos com carcinoma de células escamosas metastátic9 e possível
fratura patológica femoral. O paciente esta va prestes a realizar a fixação profilática. Seu fêmur foi fraturado quando ele virou-se na cama
à noite antes da cirurgia já programada. B, Radiografia anteroposterior após a fixação com prego de reconstrução e cimento ósseo.

iâ@il;@fJID A, Vista anteroposterior do quadril esquerdo de uma paciente que realizou radioterapia para câncer de mama metas-
tático . Ela desenvolveu posteriormente ost eonecrose da cabeça femoral. B, Vista anteroposterior da pel ve após o tratamento com cimento
para a artroplastia total do quadril. Como o osso sofreu radiações, os componentes femorais e acetabulares foram cimentados.

O progn óst ico de pacientes com ca rci noma m etastático frat uras patológicas sec und árias devido ao câncer de pulmão
co ntinua a melh orar. Embora a maio ri a dos pac ientes qu e apre- m etastático. Pac ientes co m câncer de m ama, próstata e rins
sentam uma fratura patológica devido ao câncer de pulmão com um ente vivem muitos anos após o diagnóstico de metástases
metastático morra em 6 m eses, o tempo de so brevida nem sempre no osso. Uma metástase óssea isolada dev id o a câncer nos rins
pode ser previsto. Tratamos múltiplos pacientes que sobrevive- pode ser tratada com finalidade de cura através da ressecção
ra m com boa qualidade de vida po r 4 a 5 anos após sofrerem ampla (F ig. 27-23) .
- PARTE VIII TUMORES

ij@il;@fJEI A, Radiograf ia anteroposterior do úmero proximal esquerdo em uma mulher de 77 anos com câncer renal metastático .
B e C, A RM exibe a extensão da lesão. Este foi o único loca l onde a doença metastática se alojou, de modo que a paciente foi tratada
com ressecção amp la e reconstrução com endoprótese. D, Foto da amostra ressecada. E, V ista anteroposterior do ombro esquerdo após
a reconstrução com endoprótese .

A imprevisibilidade da sobrevida torna os cuidados cirúr- abordagem não fornecer a estabilidade necessária para a susten-
gicos adequados mais desafiadores. A fi xação deverá ser estável tação de peso total imediat a, ressecção e reconstrução com
o suficiente para permitir a sustentação de peso imediata, para prótese deverão se r consideradas . Lesões no pescoço femoral
que o paciente não tenha de sofrer um período de reabilitação deve m se r consideradas para a hemiartroplasia ou artroplasia
prolongado desnecessariamente, pois ele pode ter apenas alguns total do quadril. Os componentes da artroplasia devem ser
meses de vida. Por outro lado, a reconstrução deverá ser feita para fixados co m cimento, pois o osso geralmente é tratado com radia -
durar muitos anos, caso o paciente acabe so brevivendo por muito ção. A radioterapia em geral é administrada em todo o campo
tempo. No ge ral , o tumor deverá ser diminuído antes da fixação operatório, a partir de 2 a 3 se manas após a cirurgia, caso a lesão
interna. A cavidade pode ser preenchida com metacrilato para esteja cicatri zada .
ampliar a fixação. Todo o osso deve ser protegido com fixação Um res umo das características de tumores malignos do osso
intramedular, na maioria do s casos (Figs. 27-21 a 27-28). Se essa pode ser encontrado na Tabela 27-2.
CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS

O[ijil;ijfm:t A, Radiografia anteroposterior do acetábulo direito de um homem de 66 anos com câncer de pulmão metastático.
B, A TC mostra melhor a destruição da coluna e parede posteriores. O paciente foi tratado com embolização pré-operatória para ajudar
a minimizar a perda de sangue intraoperatória. C, Foto intraoperatória após a curetagem da lesão. Dois fios-guia foram colocados para
o defeito no ílio posterior. Mais dois fios-guia foram colocados a partir da crista ilíaca anterior ao defe ito . Parafusos canulados foram
co locados sobre os fios-guia para ajudar a apoiar o cimento. D, Uma gaiola acetabular foi colocada . O defeito do tumor foi preenchido
com cimento ósseo, conforme o acetábulo foi cimentado na gaiola. E, Radiografia pós-operatória .
. , PARTE VIII TUMORES

O@ilijyjfJla A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do fêmur proximal de um homem de 82 anos com câncer nos rins (metas-
tático) revelam lesões líticas múltiplas. O paciente não respondeu à radiação. A fixação profilática interna foi agendada; no entanto,
a operação foi cancelada, pois o paciente foi considerado clinicamente instável para a cirurgia. C, Vista anteroposterior do quadril
esquerdo do mesmo paciente, semanas depois de ter sofrido a fratura patológica. Nesse momento a cirurgia é mais difícil e o paciente
já vivenciou uma grande morbidade.
CAPÍTULO 27 TU MOR ES MALI GNOS DOS OSSOS cm

0@ii;@fJm Radiografia anteroposterior (A) e imagem de RM corona l (B) de uma mulher de 70 anos com câncer de pulmão metas-
tático na tíbia proximal direita . Ela não consegue sustentar pesos. C, Foto intraoperatória após a curetagem do tumor. A placa foi
colocada (D) e a cavidade foi preenchida com cimento ósseo para permitir a locomoção imediata (E). F e G, Radiografia anteroposterior
e rad iog rafia lateral do pós-operatório.
H@ihfüf!lil A, Fratura patológica do fêmur dista l direito secundária ao carc inoma hepatobiliar em uma mulher de 71 anos. Devido
à destrui ção extensa do osso, fo i tomada a decisão de prosseguir com a reconstrução com endoprót ese para perm itir a sustentação
total de peso. B, Foto de fragmentos de osso ressecados . C, Fotog rafi a da prótese in situ .

lj@li;@f!Ell A e B, Radiografias anteroposterior e latera l do tornozelo esquerdo de uma mulher de 78 anos com câncer nos r ins
(metastático) . C e D, Vistas anteroposterior e latera l após curetagem estendida e fechamento do defeito com metacrilato. A paciente
pôde voltar imediatamente a sustentar uma carga total de peso com alívio para suas dores .
-
TUMOR

Osteossarcoma
Osteossarcoma
Tumores Malignos do Osso

IDADE

Segunda
DEMOGRAFIA

Leve predominância
LOCALIZAÇÂO

Metafisária
APRESENTAÇÃO

Dor
IMAGEM HISTOLOGIA

Aspecto lítico e blástico Osteoprodução de


TRATAMENTO

Quimioterapia e
COMENTÁRIOS

Raramente associado
convencional década masculina Fêmur distal progressiva misto células fusiformes ressecção ampla com a forma
Tíbia proximal Destruição cortical malignas hereditária do
Úmero proximal Reação periosteal Pleomorfismo retinoblastoma
(triângulo de Codman nuclear marcante Síndrome de Rothmund-
ou "cabelo ao vento") Figuras mitóticas -Thomson, ou síndrome
Massa de tecido mole abundantes de Li-Fraumeni
Osteossarcoma Segunda Leve predominância Diáfise do fêmur Dor Lesão diafísária Fascículos de Ressecção ampla
periosteal e feminina e tíbia Massa A lesão situa-se na osteoide Quimioterapia
terceira depressão na irradiando-se controversa
décadas superfície do osso entre os lóbulos
Ossificação irregular se de cartilagem
mistura com o tecido
mole
Osteossarcoma Terceira Leve predominância Aspecto posterior Massa indo lor Massa ossificada Células fusiformes Apenas ressecção
parosteal e feminina do fêmur distal lobulada na superfície levemente ampla
quarta posterior do fêmur atípicas
décadas distal Trabeculado
levemente
atípico
Osteossarcoma Segunda Leve predominância Fêmur distal Dor Puramente lítica Espaços cheios de Quimioterapia com
telangiectásico década masculina Tíbia proximal progressiva Pode ter aspecto sangue separados ressecção ampla
cístico/inchado por septos finos
(semelhante ao cisto Células fusiformes
ósseo aneurismático) nos septos
francamente
malignas
Secundário Sexta a Masculina: feminina Localização axial Dor Aspecto lítico e blástico Semelhante ao Quimioterapia com Prognóstico incorreto
oitava 2:1, (locais que progressiva misto osteossarcoma ressecção amp la Osteossarcoma de
décadas Osteossarcoma de anteriormente Destruição cortical convencional de Paget mais comum em
Paget tiveram radiação alto grau pacientes com doença
Masculina: feminina ou doença de poliostótica avançada
1:2, Paget) Osteossarcoma por
Osteossarcoma de radiação ocorre
radiação normalmente de 10 a
15 anos após trata-
mento com radiação
Condrossarcoma
Condrossarcoma Quinta a Leve predominância Pelve Dor Calcificação pontuada Matriz cartilagi- Ressecção ampla Importante correlacionar
convencional sétima masculina Fêmur proximal progressiva Erosão cortical nosa (curetagem sintomas, descobertas
décadas Úmero proximal Massa de tecido mole Células binucleadas prolongada para radiográficas e
Graduação tumores histologia
relacionada ao intramedulares de
grau de hiperce- baixo grau)
lularidade Nenhuma função
Aprisionamento para quimioterapia
do trabeculado e radiação
ósseo
Continua
-
TUMOR
Condrossarcoma
desdiferenciado
Tumores Malignos do Osso-cont.

IDADE

oitava
décadas
DEMOGRAFIA
Quinta a Leve predominância
mascu lina
LOCALIZAÇÃO
Pelve
Fêmur proximal
Úmero proximal
APRESENTAÇÃO
Dor
progressiva
IMAGEM
Área radiolúcida
agressiva adjacente a
um outro
HISTOLOGIA
Sarcoma de
TRATAMENTO
Quimioterapia e
células fusiformes ressecçã o ampla
de alto grau
COMENTÁRIOS
Diagnóstico altamente
incorreto

condrossarcoma típico adjacente a uma


neoplasia
cartilaginosa de
baixo grau

Condrossarcoma Fai xa Predominância Epifisário A dor pode Lesão epifisária Células redondas Ressecção ampla Extremamente raro
de células claras etária mascu lina Fêmur proximal ser de longa radio lúcida bem com citop lasma
ampla Úmero proximal duração circunscrita claro abundante
Pode haver borda de Bordas
osso reativo citop lásticas
Os achados nas distintas
imagens podem Matriz
parecer benignos carti laginosa
Condrossarcoma Segunda Leve predominância Distribuição Dor Lesão destrutiva não Pequenas célu las Quimioterapia e Raro
mesenquima l a mascu lina ampla específica azuis redondas ressecção ampla
quinta Pode haver características Ilhas de
décadas de condrossarcoma cartilagem com
convenciona vasos "Staghorn"
Grande massa de
tecido mole
Sarcoma de Ewing Primeira Predominância Ossos chatos Dor e inchaço Destruição óssea Pequenas cé lulas Quimioterapia t(11,22)
a mascul ina Metadiáfise dos Pode haver permeativa azuis redondas Cirurgia e/ou
terce ira ossos longos queixas Reação periostea l positivo para radiação para
décadas sistêmicas "casca de cebola" CD99 controle local
Cordoma Quinta a Masculina: feminina Sacro Dor Lesão de linha média Célu las dispostas Ressecção ampla
sétima 3:1 Base do crânio Sinais/ Massa de tecido macio em longos
décadas sintomas anterior ao sacro cordões ou
neruo lógicos "medulas" Fun do
mucinoso
Citoplasma
vacuolizado-
cé lulas fisalíferas
Adamantinoma Segunda Mascul ina= Diáfise tibial Dor de longa Lesões radiolúcidas Ilhas de células Ressecção amp la Raro
e fem inina duração bem delimitadas na epite liais em um
terceira diáfise tibial baseadas estroma fibroso
décadas no córtex anterior
Tumores vasculares Após a Leve predominância Qualquer osso Dor Lesões líticas Tumores de baixo Ressecção ampla se Raro
ma li gnos pri- masculina Leve tendência Tumores de baixo grau grau possível Síndrome de Stewart-
me ira direcionada à podem ter borda Cana is vascu lares Irradiação para -Treves-angiossarcoma
década localização axial esclerótica parcia l bem formados lesões mu ltifocais ocorrendo no cenário
Tumores de alto grau com células ou inacessíveis de linfedema crônico
parecem ser mais endoteliais cirurgicamente
destrutivos inchadas
Frequentemente Tumores de alto Quimioterapia para
multifocal dentro do grau - células lesões de alto
mesmo osso ou ossos fusiformes grau
adjacentes pleomórficas
positivas para
antígenos
relacionados com
CD31, CD34 e
fator VIII
Histiocitoma Após a Masculina = Fêmur distal Dor Puramente lítica Células fusiformes Quimioterapia e 25% são condições
fibroso (HFM)/ pri- feminina Tíbia proximal 20% com Destrutiva pleomórficas ressecção ampla preexistentes, tais
fribrossarcoma meira fratura HFM- padrão como doença de
década patológica estoriforme Paget, radiação,
Fibrossarcoma- tumor de células
padrão de gigantes ou infarto
espinha de peixe ósseo
Plasmacitoma/ Sexta e Masculina:feminina Localização axial Dor Lesões puramente Placas de células Quimioterapia Diagnóstico
mieloma múltiplo sétima 2:1 Fêmur proximal Queixas líticas e múltiplas plasmáticas Irradiação para frequentemente feito
décadas Úmero proximal sistêmicas agudamente lesões ósseas por soro ou
demarcadas como sintomáticas eletroforese de
"saca- bocados" Cirurgia para proteínas na urina, o
fraturas que demonstra uma
patológicas reais gamopatia
ou iminentes monoclonal
Linfoma Sexta e Masculina:feminina Fêmur Dor Aspecto radiográfico Mistura de células Quimioterapia e Deve ser considerado
sétima 1,5:1 Pelve variável - pode ser linfoides grandes radiação linfoma no
décadas Coluna bastante destrutivo ou e pequenas Cirurgia para diagnóstico diferencial
Costelas pode ter radiografias Positivo para fraturas de um paciente com
relativamente normais reticulina, patológicas reais radiografias normais
A extensão do tumor negativo para ou iminentes apesar de uma grande
na RM pode ser maior PAS Coloração lesão óssea com massa
que a extensão do positiva para de tecido mole na RM
aspecto nas marcadores
radiografias linfoides
Carcinoma Quinta a Masculina= Localização axial Dor Blástica-mama, Histologia Tratamento Mama e próstata mais
metastático oitava feminina Fêmur proximal Sintomas próstata normalmente sistêmico para o comuns
décadas Úmero proximal referentes à Lítica-rins, tireoide semelhante ao tumor primário Rim e pulmão mais
lesão mista, pulmão tumor primário Radiação para comuns se o paciente
primária lesões ósseas se apresentar com
sintomáti metástase óssea e
Cirurgia para nenhum tumor
fraturas primário conhecido
patológicas reais
ou iminentes

PAS, Ácido periódico de Schiff.


mi» PARTE VIII TUMOR ES

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CAPÍTULO 27 TUMORES MALIGNOS DOS OSSOS

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TUMORES BENIGNOS E FIBRO-HISTIOCITOMA MALIGNO 960 TUMOR MALIGNO DA BAINHA
LESÕES PSEUDOTUMORAIS 948 LIPOSSARCOMA 966 DO NERVO PERIFÉRICO 971
TUMORES DO TECIDO ADIPOSO 948 SARCOMA SINOVIAL OSTEOSSARCOMA
TUMORES DA BAINHA DOS (SINOVIOMA MALIGNO) 966 EXTRAESQUELÉTICO 971
NERVOS 952 FIBROSSARCOMA 968 SARCOMA DE EWING
LESÕES SINOVIAIS 953 SARCOMA EPITELIOIDE 968 EXTRAESQUELÉTICO 973
LESÕES VASCULARES 956 DERMATOFIBROSSARCOMA CONDROSSARCOMA
LESÕES FIBROSAS 959 PROTUBERANTE 970 EXTRAESQUELÉTICO 973
TUMORES MALIGNOS 960 RABDOMIOSSARCOMA 970

A avali ação de pac ientes com neoplasias musculoesqu eléticas fo i estud os por imagens estejam completos (a biópsia irá alterar o
abordada com detalhes no Capítulo 24, mas alguns pontos justificam estud o), e devem ser planejadas com cuidado, de acordo com os
repetição e elaboração. Diferentemente dos tumores ósseos, a pre- princí pios delineados no Capítulo 24. A interpretação dos resultados
se nça ou a ausê ncia de dor não ajuda a distinguir os tumores de da biópsia pode ser fac ilitada por cor relação com os dados clínicos
partes moles benignos dos malignos, pois a maioria dos pacientes e por imagens. O estadiam ento pode se r realizado usando o sistema
com malignidades nos tecidos moles sente pouca dor e consultam de Enneking (Tabela 24- 1), ou o sistema do American Joint Com-
um médico devido à presença de um a m assa. A massa normalmente mittee on Cance r (Tabela 24-2).
não é invasiva, e cresce de maneira centrípeta, afastando as estrutu- A maioria dos tum ores de partes moles benignos pode ser
ras anatômi cas normais. É necessário um exame físico cuidadoso da tratada por obse rvação ou por ressecção marginal. A obse rvação é
massa, da parte envolvida, e dos gân glios linfáticos de drenagem da um a opção viável quando a imagem e as características clínicas
área. As radiografias simples fo rnecem poucas info rm ações úteis suge rem fo rtemente um di agnóstico beni gno. Alguns tu mo res
so bre os tumores de partes moles, mas podem m os trar flebólitos benig nos de partes moles podem ser localmente agressivos (p. ex.,
(hemangiom as), calcificação (sarcoma sinovial), ou radiolucências tum ores desmoides) e podem precisar de um a ressecção ampla ou
de densidade de gordura (lipomas). A RM pode sugerir um diag- de um tratamento multimodal para o controle local. Os sarcom as
nóstico específico em certos casos, tais como lipom a, hemangioma de baixo grau de partes moles geralmente são tratados com ressec-
e sinovite vilonodular pigmentada. Muitas vezes, as características ção ampla isolada ou co mbin ada com irradiação, se as margens es tão
da RM não são específicas, m as a RM é útil na avaliação do tam anho próximas. Os sa rcomas de partes moles de alto grau geralmente são
e das relações anatômicas do tumor. Os sa rcomas de pa rtes moles tratados com cirurgia co mbin ada com irradiação.
geralmente demonstram baixo sinal de intensidade nas imagens Existem muitas controvérsias em relação ao tratamento dos
ponderadas em Tl , e alto sinal de intensidade em image ns ponde- sa rcomas de partes moles. Embora a cirurgia permaneça como o
radas em T2. A TC tamb ém pode se r usada para essa fin alidade, tratamento principal desses tumores, aind a há controvérsias sobre
quando um paciente não tem a capacidade de se submeter à RM, quais pacientes se benefi ciariam com o acréscimo do tratamento por
embora a RM seja um estud o de image m sup erior nessa circunstân - irradi ação para con trole local. Também é qu estionável se a irradia-
cia. A TC pode aj udar a esclarece r os padrões de mineralização (i.e., ção é melhor se aplicada antes ou após a operação. A irradi ação
calcificação vs. ossificação) encontrados dentro da m assa. O m apea- pré-operatória está assoc iada com um aum ento do risco de co mpli -
mento ósseo co m tecnécio geralmente não forn ece um benefício cações de cicatrização da ferid a após a cirurgia, mas pode ser mais
significativo na avaliação da massa de tecidos moles, mas pode ser efi caz, por causa da oxigenação disponível nos tecidos virge ns. Por
útil nos casos selecionados para a avaliação do envolvimento ósseo outro lado, a irradiação pós-operatória pode ser feita depois qu e a
local e a distância. Para pacientes com tumores de partes moles fe rida cirúrgica cicatri zo u, m as requ er uma área de exposição
malignos, imagens de TC dos pulmões devem ser ob tid as para pro- aumentada, para garantir uma cobertu ra adequada. A braquiterapia
cu rar por metástases. As image ns de TC pélvicas e abdominais são (fontes radioativas posicionadas sobre ou próximas ao tumor, for-
úteis para detectar metástases retrop eritoneais em pacientes com necendo alta dose de irrad iação sobre ele, enquanto diminu em a
lipossarcomas m ixoides e disseminação lin fá tica em lesões com o exposição radioativa ao redor dos tecidos saud áveis) é usada exten-
sa rcoma sinovial, sa rcoma epitelioide e rabdomiossarcom a. Geral- sivamente em algumas instituições, mas apenas raramente em
mente, a biópsia é necessária para dete rmin ar o diagnósti co e pode outras. Por fim , o uso da quimioterapi a como um tratamento adju -
ser reali zada através da biópsia por agulha grossa ou por biópsia van te para esses pacientes continua promove ndo debates. Embora
incisional. As amostras do tecido deve m ser adiadas até que os os pro tocolos de quimi oterapia sejam utili zados na maior parte dos

947
11111) PARTE VIII TUMORES

centros de câncer para tratamento adj uvante de sarcomas de alto


grau de partes moles, ainda não está claro qu ais pacientes na verdade
se beneficiam desse tratamento.
As discussões aprofundadas dessas questões polêmicas vão
além do escopo deste texto. Este capítulo descreve res umidamente
a apresentação clínica, os achados de imagens e opções de tratamento
para alguns tumores comuns dos tecido moles.

TUMORES BENIGNOS E LESÕES


PSEUDOTUMORAIS (TABELA 2s-1)
TUMORES DO TECIDO ADIPOSO
Os lipomas provavelmente são os tumores benignos mais comuns
do tecido co njuntivo. Eles podem ocorrer em qualquer idade e em
ambos os sexos, mas são provavelmente mais comuns em mulheres
de meia-idade. Esses tumores geralmente se desenvolvem no subcutâ-
neo, mas podem envolver as estruturas mais profundas. Eles ocasio-
nalmente afetam a sinóvia (lipoma arborescente) e, raramente, o
periósteo. Clinicamente, são massas móveis, circunscritas e moles qu e
não apresentam dor e são de crescimento lento. Um derrame no
joelho é caracteristicamente a queixa de apresentação dos pacientes
com lipoma arborescente. Nas radiografias, as massas grandes apare-
cem como áreas radiolúcidas discretas, dentro do tecido mole. A RM
geralmente fornece um diagnóstico definitivo, pois os lipomas apre-
sentam-se uniformemente com si nal alto nas imagens ponderadas em
Tl, e são escuros em sequências com sup ressão da gordura como o
tecido subcutâneo envolvente (Fig. 28-1). Grosso modo, um lipoma é
um nódulo bem encapsulado de go rdura que pode conter tecido
fibroso. Microscopicamente, ele é composto por células adiposas
madu ras com núcleo achatado, e sem presença de atividade mitótica
(Fig. 28-2) . Alguns lipomas possuem um padrão vascular proemi-
nente, e são devidamente denominados angiolipomas. As áreas focais
com células vacuolizadas de gordura marrom podem ser vistas.
Ocasionalmente, os lipomas são multifoca is, e raramente são
simétricos. Uma variante de lipomastose múltipla é a doença de
Dercum, que é caracterizada pelas infiltrações adiposas dolorosas; a
causa da dor é mal compreendida. Outra var iante do lipoma ocorre
no músculo e se infiltra entre as fibras musculares; essa invasão H[dll;fufl19 Imagem ponderada em T1 (A) e imagem com
aparente pode sugerir malignidade, mas geralmente o tumor é facil- supressão de gordura (B) dos lipomas intramuscu lares no compar-
mente controlado. Outra variante é o raro hibernoma, ou lipoma da t imento profundo da perna esquerda. O sinal na RM dos lipomas
célula adiposa fetal. Ele é composto por células grandes, delicada- é idêntico ao da gordura subcutânea em todas as sequências.
mente espumosas, vacuolizadas, é lobulado e simula os órgãos
hibernantes de alguns animais. Ele tem uma apa rência marrom
característica, e pode se tornar bem grand e. O angiomiolipoma é
um tip o de lipoma normalmente encontrado no rim. É composto
por músc ulo liso, ve ias sanguíneas e gordura. Esse tumor, ocasio-
nalmente, es tá associado a alterações da esclerose tuberosa no
cérebro. Um tumor gorduroso co nh ecido como mielolipoma, que
contém elementos da medula óssea, pode ocorrer dentro de um a
medula adrenal. Como um achado incidental na autópsia, esse
tumor não é raro, mas apenas ocasionalmente vem a ser grande o
suficiente para ter importância clínica. Raramente um tumor seme-
lhante pode ser encontrado na região pré-sacra! ou no medias tin o.
A lipoblastomatose, outra variação do lipoma, é composta por
go rdura embrionária e ocorre com mais frequência em bebês e
crianças. Esse tumor se parece com alguns tipos de lipossarcomas,
mas tem um padrão lobular diferente e não possui núcleos atípicos.
O lipoma condroide contém tecido que se parece com cartilagem.
Ele deve ser dife renciado do lipossarcoma e do condrossarcoma O@lhfflfllm Lipoma . A fotomicrografia mostra adipócitos
mixo ide, com que se parece superfi cialmente. maduros sem características agressivas.
28~1 :; Tumores Benignos de Partes Moles

TUMOR IDADE DEMOGRAFIAS LOCAL APRESENTAÇÃO IMAGEM HISTOLOGIA TRATAMENTO COMENTÁRI OS


TUMORES DO TECIDO ADIPOSO
Lipoma Qualquer idade; Mascu lino= Qua lquer Massa indolor RM : homogênea e Adipócitos Observação Doen ça de Dercum :
mais comum feminino Mais frequente Lipoma isointensa para o maduros Excisão marginal : múltiplas
em adultos, no subcutâneo arborescens: tecido reincidência rara infiltrações
raro em derrame articular subcutâneo do adiposas do lorosas
crianças paciente Hibernoma : lipoma
de células de
gordura fetal
(gordura marrom)
TUMORES DA BAINHA DOS NERVOS
Neurilemoma Geralmente Mascul ino: Qualquer Geralmente massa RM : massa Tecido bifásico Observação, se S-100 pos it ivo em
(schwannoma) adu ltos feminino indolor fusiforme ao Antoni A assintomático colora ção nuclear
40:60 Dor referida na longo do trajeto -célu las Excisão marginal e citoplasmática
distribuição do do nervo fusiformes em que poupa o Degeneração
nervo envolvido Split fat sign : paliçadas nervo maligna rara
Sinal de Tine! borda de Anton i B
positivo gordura ao -tecido
redor do tumor mixomatoso
frouxo
hipocelular
Corpos de
Verocay
Neurofibroma Qualquer idade Mascu lino= Qualquer nervo Varia dependendo Similar ao Hipocelu lar com Excisão local : Neurofibroma :
fem inino cran iano ou do envo lviment o schwannoma fei xes de sacrifica a doença de von
espinha l Cutânea :nódulo Sinal do alvo: colágeno função do nervo Reckl inghausen (NF1)
periférico localizado hiperintensidade desorganizados hospedeiro Autossômico
Difusa : massa periférica em T2 Célu las se o tumor dom inante:
infiltrativa fusiformes com não puder ser mutação no gene
Localizada : núcleos separado do NF1; cromossomo
Massa solitária ondulados nervo 17q
Plexiforme: Figuras mitóticas Outras manifestações:
múltiplos raras manchas café com
fascículos leite, múltip las
envolvidos : manchas axilares,
"bolsa de nódu los de Lisch,
vermes " g liomas ópticos,
feocromocitoma
Lesões ósseas:
pseudoartrose
tibial, esco liose,
displasia da asa
esfenoidal
Pequeno risco de
degeneração para
TMBN P
Continua
•unam is~t Tumores Benignos de Partes Moles-cont.

TUMOR IDADE DEMOGRAFIAS LOCAL APRESENTAÇÃO IMAGEM HISTOLOGIA TRATAMENTO COMENTÁRIOS


LESÕES SINOVIAIS
Condromatose Adultos Predominância Mais comum no Sintomas mecânicos Radiografias Observação, se O diagnóstico
sinovial masculina quadril e no na articulação simples: pequenos assintomática diferencial inclui
joelho devido a corpos nódulos intra- Sinovectomia miosite ossificante,
Menos comum na livres -articulares artroscópica condrossarcoma
mão, no punho, Lim itada amplitude calficados ou aberta; sinovial, sarcoma
no cotovelo e de movimento Doença avançada reincidência mais sinovial
no ombro mostra erosão comum com
óssea periarticular sinovectomia
e extensão para artroscópica
tecidos moles
Tumor de células Adultos Mão, punho Massa indolor de Radiografias Semelhante ao Observação Segunda massa de
germinativas aumento lento simples podem SVNP Ressecção tecido mole
da bainha do mostrar erosão marginal benigno mais
tendão da cortical comum da mão e
adjacente do punho
Sinovite Mais comum Mais comum no Tipo difuso: dor e A radiografia Tecidos fibrosos Forma localizada: Rad ioterapia externa
vilonodu lar em adultos joelho, mas inchaço simples pode brandos ressecção local pode ser
pigmentada jovens possível em monarticular mostrar erosões contendo Forma difusa: considerada em
Pode ser visto outras Forma localizada : periarticulares histiócitos, artroscópica ou pacientes com
em crianças e articulações pode causar em estágios célu las sinovectomia doença recorrente
idosos sintomas avançados gigantes, e aberta,
mecânicos RM: massa hemossiderina artroplast ia,
Aspiração produz intra-articular artrodese,
fluido tingido de hipointensa nas amputação
sangue sequências
ponderadas
tanto em T1
como em T2
LESÕES VASCULARES
Hemangioma Crianças, Masculino : Qualquer; mais Episódios do lorosos A radiografia Observação, se A síndrome de
(intramuscular) qua lquer feminino 1:2, comum na associados a simples mostra assintomática Klippel-Trenaunay
idade hemangioma cabeça e no ca lor e

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