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Expert 1

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CAMPBELL
VOLUME 1
1 V
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE OMBRO E DE COTOVELO EM
PRINCÍPIOS BÁSICOS ADULTOS

1 Técnicas e Vias de Acesso Cirúrgicas 2 12 Artroplastia do Ombro e Cotovelo 532


Andrew H. Crenshaw, Jr. Thomas W. Throckmorton

2 Imagem por Ressonância Magnética 13 Artrodese de Ombro


na Ortopedia 127 e Cotovelo 583
Dexter H. Witte Thomas W. Th rockmorton

li
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
VI
DE QUADRIL EM ADULTOS
AMPUTAÇÕES
3 Artroplastia do Quadril 158
James W. Harkess e John R. Crockarell, Jr. 14 Princípios Gerais da Amputação 598
Patri ck C. Toy
4 Recapeamento do Quadril 311
David G. Lavelle 613
15 Amputações do Pé
David R. Richardson
5 Artrodese do Quadril 325
William E. Albers
16 Amputações dos Membros
Inferiores 637
6 Dor no Quadril em Adultos Jovens e Cirurgia
Marc J. Mihalko
Preservadora do Quadril 333
James L. Guyton
17 Amputações do
Quadril e da Pelve 651
Ili Marc J. Miha lko

18 Amputações da Extremidade Superior 659


PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
Kevin B. Cleveland
DE JOELHO EM ADULTOS
19 Amputações da Mão 673
7 Artroplastia do Joelho 376 James H. Calandruccio
William M. Mihalko

8 Artrodese do Joelho 445


William E. Albers VII
9 Procedimentos de Partes Moles e Osteotomias
Corretivas no Joelho 453 INFECÇÕES
Andrew H. Crenshaw, Jr.
20 Princípios Gerais de Infecção 706
Kevin B. Cleveland
IV
21 Osteomielite 725
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Gregory D. Dabov
DE TORNOZELO EM ADULTOS
22 Artrite Infecciosa 749
10 Artroplastia Total do Tornozelo 486 Anthony A. Mascioli e Ash ley L. Park
G. Andrew Murphy
23 Tuberculose e Outras
11 Artrodese de Tornozelo 503 Infecções Incomuns 773
G. And rew Murphy Marc J. Miha lko

xxi
VIII XI
FRATURAS E LUXAÇÕES
TUMORES EM CRIANÇAS

24 Princípios Gerais Dos Tumores 788 36 Fraturas e Luxações em Crianças 1362


Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. S. Terry Cana le e James H. Beaty

25 Tumores Ósseos Benignos e Condições não


Neoplásicas Simulando Tumores Ósseos 859
Robert K. Heck, Jr. e Patrick C. Toy

26 Tumores Benignos/ Agressivos do Osso 887


Robert K. Heck, Jr.
A COLUNA

27 Tumores Malignos dos Ossos 909 37 Anatomia da Coluna Vertebral e


Robert K. Heck, Jr. Abordagens Cirúrgicas 1522
George W. Wood li
28 Tumores de Partes Moles 947
Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. 38 Fraturas, Luxações e Fratura-Luxações
da Coluna Vertebral 1557
Ke ith D. Wil liams

VOLUME li 39 Artrodese da Coluna 1627


George W. Wood li

IX 40 Coluna Cervical Pediátrica 1651


Wi lli am C. Warner, Jr.
TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
DESENVOLVIMENTO 41 Escoliose e Cifose 1689
Wil liam C. Warner, Jeffery R. Sawyer,
29 Anomalias Congênitas e Derek M. Kel ly
dos Membros Inferiores 980
Derek M. Ke lly 42 Dor Lombar e Distúrbios dos
Discos Intervertebrais 1893
30 Anomalias Congênitas e do Raymond J. Ga rdocki e Ashley L. Park
Desenvolvimento do Quadril e da Pelve 1079 1961
Derek M. Kelly
43 Infecções da Coluna Vertebral
Franc is X. Cam illo
31 Anomalias Congênitas do Tronco e das 44 Outras Doenças da Coluna Vertebral 1989
Extremidades Superiores 1119 Raymond J. Ga rdocki e Francis X. Camil lo
Derek M. Kelly

32 Osteocondroses ou Epifisites e Outras


Afecções Diversas 1133 VOLUME Ili
S. Terry Ca nale
XIII
X MEDICINA ESPORTIVA
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 2048
EM CRIANÇAS
45 Lesões no Joelho
Robert H. Miller Ili e Frederick M. Azar

33 Paralisia Cerebral 1202 46 Lesões do Ombro e Cotovelo 2207


Jeffrey R. Sawyer Robert H. Miller 111, Frederick M. Azar
e Thomas W. Throckmorton
34 Distúrbios Paralíticos 1255
Jeffrey R. Sawyer 47 Luxações Recidivantes 2249
Barry B. Ph illips
35 Doenças Neuromusculares 1333
W illiam C. Warner, Jr. e Jeffrey R. Sawyer 48 Distúrbios Traumáticos 2305
Frederick M. Azar
XVII
ARTROSCOPIA MICROCIRURGIA

49 Princípios Gerais da Artroscopia 2358 63 Microcirurgia 3116


Barry B. Phillips Mark T. Jobe

50 Artroscopia de Pé e Tornozelo 2373


Susan N. lshikawa
XVIII
51 Artroscopia dos Membros Inferiores 2387
Barry B. Philli ps e Marc J. Milhalko
AMÃO
52 Artroscopia de Membro Superior 2461
Barry 8. Phillips 64 Técnica Cirúrgica Básica e
Cuidados Pós-Operatórios 3190
XV David L. Cannon

65 Lesões Agudas da Mão 3211


FRATURAS E LUXAÇÕES David L. Cannon
EM ADULTOS

53 Princípios Gerais de Tratamento 66 Lesões dos Tendões Flexores e Extensores 3237


David L. Cannon
de Fratura 2554
George W. Wood li
67 Fraturas, Luxações e
54 Fraturas de Membros Inferiores 2611 Lesões Ligamentares 3295
Matthew 1. Rudloff James H. Calandruccio

55 Fraturas e Luxações do Quadril 2719 68 Lesões do Nervo 3357


John C. Weinlein Mark T. Jobe

56 Fraturas do Acetábulo e da Pelve 2771


James L. Guyton e Edward A. Perez
69 Distúrbios do Punho 3373
David L. Cannon
57 Fraturas do Ombro, Braço e Antebraço 2823
Edward A. Perez 70 Transtornos Especiais da Mão 3465
David L. Cannon
58 Fraturas Viciosamente Consolidadas 2911
A. Paige Whittle 71 Mão Paralítica
James H. Calandruccio e Mark T. Jobe 3483
59 Retardo de Consolidação
e Pseudartroses 2971 72 Deformidade da Mão na Paralisia
Kevin B. Clevela nd
Cerebral 3523
60 Luxações Agudas 3007 Mark T. Jobe
Anthony A. Mascioli
73 Mão Artrítica 3543
61 Luxações não Reduzidas Envelhecidas James H. Calandruccio
(Luxações Inveteradas) 3039
Wi lliam E. Albers 74 Síndromes Compartimentais
e Contratura de Volkmann 3601
VOLUME IV Mark T. Jobe

XVI 75 A Contratura de Dupuytren


James H. Calandruccio
3613

LESÕES DOS NERVOS PERIFÉRICOS 76 Síndrome do Túnel do Carpo,


Síndrome do Túnel Ulnar e
62 Lesões dos Nervos Periféricos 3052 Tenossinovite Estenosante 3625
Mark T. Jobe and Santos F. Martinez James H. Ca landruccio
77 Tumores e Condições 83 Deformidades dos Dedos Menores do Pé 3965
Tumorais da Mão 3649 G. Andrew M urphy
James H. Ca landruccio e Mark T. Jobe
84 Artroses do Pé 4011
78 Infecções da Mão 3681 David R. Richardson
David L. Cannon
85 Pé Diabético 4041
79 Anomalias Congênitas da Mão 3701 Susan N. lshikawa
Mark T. Jobe
86 Transtornos Neurogênicos 4063
E. Greer Richa rdson
XIX
87 Afecções das Unhas e da Pele 4101
Susa n N. lsh ikawa
O PÉ E O TORNOZELO
88 Fraturas e Luxações do Pé 4123
80 Técnicas Cirúrgicas 3784 Susan N. lsh ikawa
E. Greer Richardson
89 Lesões de Tornozelo em Esportistas 4197
81 Doenças do Hálux 3793 David R. Richardson
E. Greer Richardson

82 Distúrbios de Tendões e Fáscias e APÊNDICE


Pés Planos em Adolescentes e Lista de Técnicas A-1
Adultos 3907
G. Andrew M urphy ÍNDICE 1-1
Video 12-2: Reverse Total Shoulder Arthroplasty
Thomas W. Throckmorton
Video 12-3.· Total Elbow Arthroplasty
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Andrew H. Crenshaw, Jr
DE QUADRIL EM ADULTOS
Video 12-4.· Total Elbow Arthroplasty
3 Arthroplasty of the Hip Thomas W. Th rockmorton
Video 3-1: Mini-lncision Total Hip Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr.
Video 3-2: Extended Trochanteric Osteotomy for Total Hip IX _ _ _ _ _ _ _
Revision Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr., and Greg D. Dabov TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
Video 3-3: Hip Revision - "....-...- DESENVOLVIMENTO
Wi lliam W. Mihalko
29 Congenital Anomalies of the Lower Extremity
Video 29-1: Polydactyly of the Foot: Toe Amputation
Jeffrey R. Sawyer

PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE JOELHO EM ADULTOS

7 Arthroplasty of the Knee FRATURAS E LUXAÇÕES


Video 7-1 : Posterior Stabilized Total Knee Replacement
EM CRIANÇAS
James L. Guyton
Video 7-2: Total Knee!Ligament Balancing 36 Fractures and Dislocations in Children
James L. Guyton Video 36-1: Supracondylar Fractures of the Humerus:
Pinning Technique
Video 7-3: Minimally lnvasive Total Knee Arthroplasty
James H. Beaty
James W. Harkess
Video 36-2: Screw Fixation of Slipped Capital Femoral Epiphysis
Video 7-4: Bilateral Total Knee Arthroplasty
William C. Warner, Jr.
Gregory Dabov

9 Soft Tissue Procedures and Corrective


Osteotomies about the Knee
Video 9-1: Supracondylar Osteotomy for the Arthritic
Valgus Knee
Andrew H. Crenshaw, Jr

38 Fractures, Dislocations, and


Fracture-Dislocations of the Spine
Video 38-1 : Anterior Cervical Discectomy and Fusion
Keith D. Will iams
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE TORNOZELO EM ADULTOS
41 Scoliosis and Kyphosis
10 Total Ankle Arthroplasty Video 41 - 1: VEPTR lnsertion
Video 10- 1: Chevron Osteotomy for Hallux Valgus Jeffrey R. Sawyer
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 41-2. VEPTR Adjustment
Jeffrey R. Sawyer
Video 41 -3.· Posterior Segmentai lnstrumentation
Using Pedicle Screws and Direct Vertebral Rotation
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO for !diopathic Scoliosis
DE OMBRO E DE COTOVELO EM Barney L. Freeman Ili
ADULTOS
42 Lower Back Pain and Disorders of
12 Shoulder and Elbow Arthroplasty Intervertebral Discs
Video 12-1: Total Shoulder Arthroplasty
Video 42- 1: Lumbar Microdiscectomy
Thomas W. Th rockmorton
Keith D. W illiams

*Disponíveis exclusiva mente em inglês no ExpertConsult.com.


xxv
44 Other Disorders of the Spine 57 Fractures of the Shoulder, Arm, and Forearm
Video 44- 1: Posterior Cervical Fusion Video 57- 1· Open Reduction and Internai Fixation of
Francis X. Ca millo Clavicular Fracture
George W. Wood li
Video 57-2: lntramedullary Nailing of Forearm Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr.

MEDICINA ESPORTIVA

45 Knee Injuries
Video 45- 1: ACL Reconstruction Using Central Third
Patellar Tendon
Robert H. Mi ll er Ili
AMÃO
Video 45-2 .· Osteochondral Allograft 69 Wrist Disorders
Frederick M. Azar Video 69- 7: Scaphoid Repair: Dorsal Approach
Video 45-3: Autologous Chondrocyte lmplantation George W. Wood li
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Ili
Video 45-4: Operative Treatment of Recurrent Lateral
71 Paralytic Hand
Video 7 7- 1: Ligamentous Reconstruction of the Thumb with
Patellar lnstability
Tenodesis lnterposition Graft Using Biotenodesis Screw
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Il i
Mark T. Jobe
Video 45-5: Allograft 8-PT-B Preparation for ACL Reconstruction
Frede rick M. Aza r
Video 45-6: Hamstring Graft Harvest
Frederick M . Aza r
Video 45-7." Tibial Tuberosity Allograft
Frederick M. Azar

48 Traumatic Disorders
Video 48- 1: Four Compartment Fasciotomy of the Leg 81 Disorders of the Hallux
Edward A. Perez Video 8 7- 7: Modified Keller Bunionectomy
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 81-2: Chevron Osteotomy for Hallux Balgus
E. Greer Richardson

82 Disorders of Tendons and Fascia and


ARTROSCOPIA Adolescent and Adult Pes Planus
Video 82- 7: Surgical Repa ir of Subluxation or Dislocation
52 Arthroscopy of the Upper Extremity of the Peroneal Tendons
Video 52-1: Rotator Cuff Repair E. Greer Richardson
Barry Phillips Video 82-2: FHL Transfer for lnsertional Achilles Tendinosis
G. Andrew Murphy
Video 82-3 .· Posterior Tibial Tendon Reconstruction with
Calcaneal Osteotomy and Flexor Digitorum Longus Transfer
G. Andrew Mu rphy
Video 82-4: Surgical Repair of Longitudinal Split Tear of
FRATURAS E LUXAÇÕES
Peroneus Brevis Tendon
EM ADULTOS G. Andrew Murphy and E. Greer Richardson
54 Fractures of the Lower Extremity Video 82-5: Surgical Repair of Anterior Tibial Tendon Rupture
Video 54-1: Percutaneous Plating of Distal Femoral Fractures David R. Richardson
George W. Wood li
88 Fractures and Dislocations of the Foot
55 Fractures and Dislocations of the Hip Video 88- 7: Open Reduction and Internai Fixation of
Video 55- 7: Reconstruction Nailing of Femoral Fractures Ca/caneal Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr. G. Andrew Murphy
PARTE

1
ANATOMIA 2049 Reconstrução com Aloenxerto dos LUXAÇÕES
ESTRUTURAS ÓSSEAS 2049 Tendões 2109 TRAUMÁTICAS 2172
ESTRUTURAS TENDINOSAS PERTURBAÇÕES DO COMPARTIMENTO CLASSIFICAÇÃO 2173
EXTRA-ARTICULARES 2049 (COLATERAL) LATERAL 2109 EXAME E AVALIAÇÃO
ESTRUTURAS LIGAMENTARES Reconstrução do RADIOGRÁFICA 2174
EXTRA-ARTICULARES 2051 Compartimento Latera l 2114 LESÕES VASCULARES E
ESTRUTURAS INTRA-ARTICULARES 2058 Instab ilidade Rotatória DOS NERVOS 2174
MECÂNICA 2061 Posterolatera l 2115 Lesões Vascu lares 2174
Instabilidade Posterolatera l Dano ao Nervo 2175
MENISCOS 2063
com Joelho Varo 2124 OUTRAS LESÕES ASSOCIADAS 2175
FUNÇÃO E ANATOMIA 2063
Instabilidade Rotatória TRATAMENTO 2176
REPARO E CICATRIZAÇÃO DO
Anterolatera l 2129 Resu ltado do Tratamento Cirúrgico
MENISCO 2065
LESÕES DOS MENISCOS 2066 LESÕES DO LIGAMENTO das Luxações do Joelho 2178
CRUZADO ANTERIOR 2129
Mecanismo de Lesão 2067 PLICA SINOVIAL 2178
INCIDÊNCIA 2129
Class ificação 2067 LESÕES DA CARTILAGEM
ANATOMIA 2129 ARTICULAR 2179
Diagnóstico 2068
BIOMECÂNICA 2130 TRATAMENTO 2180
Testes de Diagnóstico 2068
HISTÓRIA E
Estudos de Imagem 2070 OSTEOCONDRITE
EXAME FISICO 2130 DISSECANTE 2183
Artroscopia 2070 HISTÓRIA NATURAL 2131 ETIOLOGIA 2185
Tratamento não Cirúrgico 2070 TRATAMENTO 2133 ACHADOS RADIOGRÁFICOS
Tratamento Cirúrgico 2071 Reconstrução para Insuficiência do E CLINICOS 2185
OUTRAS CONDIÇÕES DOS MENISCOS 2075 Ligamento Cruzado Anterior 2134
Cistos dos Meniscos TRATAMENTO 2185
2075 Reabilitação após a
Menisco Discoide Excisão de Corpos Livres 2186
2077 Reconstrução do Ligamento
Resu ltados do Tratamento da
LESÕES TRAUMÁTICAS Cruzado Anterior 2151
AGUDAS DOS LIGAMENTOS 2078 Osteocondrite Dissecante do
Resultados da Reconstrução do
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Joelho 2187
2078 Ligamento Cruzado Anterior 2152
ETIOLOGIA COMPLICAÇÕES 2187
2079 Complicações da Cirurg ia do
MECANISMO 2079 Ligamento Cruzado Anterior 2153 DISTÚRBIOS DA
PATELA 2187
CICATRIZAÇÃO DO LIGAMENTO 2079 CIRURGIA DE REVISÃO DO LIGAMENTO
OSTEOCONDRITE DISSECANTE
CLASSIFICAÇÃO 2080 CRUZADO ANTERIOR 2154
DA PATELA 2187
DIAGNÓSTICO 2080 Seleção do Enxerto 2155
DEFEITO DORSAL DA PATELA 2187
História e Exame Físico 2080 Considerações Técnicas 2155
PATELA BIPARTIDA 2187
Exame Radiográfico 2089 LIGAMENTO CRUZADO CONDROMALACIA
CLASSIFICAÇÃO DA POSTERIOR 2156
DA PATELA 2189
INSTABILIDADE DO JOELHO 2090 ANATOMIA 2156
Classificação e Etiologia 2190
Instabilidade Uniplanar 2091 BIOMECÂNICA 2157
Achados Clín icos 2190
Instabilidade Rotatória 2091 EXAME FISICO 2157
Tratamento 2190
Instabilidades Combinadas 2092 HISTÓRIA NATURAL 2157
ANQUILOSE
CONSIDERAÇÕES DO TRATAMENTO 2092 TRATAMENTO 2157 EXTRA-ARTICULAR
Tratamento Não Cirúrgico 2092 Tratamento não Cirúrgico 2157 DO JOELHO 2192
Tratamento Cirúrgico 2093 Tratamento Cirúrgico 2159 ANQUILOSE EXTRA-ARTICULAR
REPARO DAS LESÕES DO Reconstrução do Ligamento EM EXTENSÃO 2192
COMPARTIMENTO Cruzado Posterior ANQUILOSE EXTRA-ARTICULAR
(COLATERAL) MEDIAL 2095 Artroscopicamente Auxi liado 2172 EM FLEXÃO 2194
Reparo 2095 Complicações da Reconstrução do FERIDAS ABERTAS DA
Reconstrução 2103 Ligamento Cruzado Posterior 2172 ARTICULAÇÃO DO JOELHO 2195

2048
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO El•H*
ANATOMIA porções proximais de ambas as face tas estão em contato com o
fêmur; e durante a flexão e extensão, a patela se move de 7 a 8 cm
em relação aos côndilos do fêmur. Com completa flexão, maior
O joelho é uma das articulações mais frequentemente lesionadas pressão é aplicada para a faceta medial.
devido a sua estrutura anatômica, sua exposição a forças exter- O trauma que afeta essas estruturas ósseas e sua relação uma
nas, e às demandas funcionais colocadas sobre ele. O fundament o com a outra frequ entemente causa desarranjo da articulação. A
básico para um entendimento so bre as lesões no joelho é a com- restauração dessas estruturas é essencial para restauração da
preen são da anatomia normal do joelho. Embora muita ênfase fun ção do joelho.
tenha sido colocada sobre os ligamentos do joelho, sem a ação
de apoio dos músculos e tend ões associados, os liga mentos não
são suficientes para manter a estabilidade do joelho. As estrutu- ESTRUTURAS TENDINOSAS
ras em torno do joelho fora m classificadas em três amplas cate- EXTRA-ARTICULARES
gori as: estru turas ósseas, estrutu ras extra -articulares e estruturas
intra-articulares. As estruturas extra-articulares importantes que apoiam e influen -
ciam a função desta articulação são: sinóvia, cápsula, ligamentos
colaterais e unidades musculotendinosas que abrangem a articula-
ESTRUTURAS ÓSSEAS ção. As unidades musculotendinosas são principalmente o meca-
nismo do quadríceps, o gastrocnêmio, os grupos isquiotibiais medial
As estruturas ósseas do joelho consistem em três componentes: e lateral, o poplíteo e a banda iliotibial.
patela, côndilos femorais distais e platôs da tíbia proximal, ou côn- Os quatro componentes do mecanismo do quadríceps for mam
dilos. O joelho é chamado de art iculação em dobradiça, mas, na um tendão do quadríceps de três camadas, que se insere na patela.
verdade, é mais complicado que isso, visto que, além da flexão e O tendão do reto femoral achata imediatamente acima da patela e
extensão, o seu movimento tem um componente rotaciona l. Os se to rna a camada anterior, que se insere na borda anterior do polo
côndilos do fêmur são duas proeminências arredondadas excentri- proximal. O tendão do vasto intermédio continua para baixo como
camente curvadas. Anteriormente, os côndilos são um pouco acha- a camada mais profu nda do tendão do quadríceps e se insere na
tados, o que cria maior superfície para contato e transmissão de borda posterior do polo proximal. A lâmina média é formada pelas
peso. Os côndilos se projetam muito pouco à frente da diáfise bordas confluentes do vasto lateral e vasto medial. As fibras do
femoral, mas bastante atrás. O sulco encontrado anter iormente entre retináculo medial for madas a partir da aponeurose do vasto medial
os côndilos é o sulco patelofemoral, ou tróclea. Posteriormente, os se inserem diretamente no lado da patela para ajudar a evitar o
côndilos são separados pela incisura intercondilar. A superfície arti- deslocamento lateral da patela durante a flexão. O tendão patelar
cular do côndilo medial é mais longa que a do côndilo lateral, mas tem sua origem a partir do ápice ou polo distal da patela e se insere
o côndilo lateral é mais largo. O longo eixo do côndilo lateral é distalmente na tuberosidade da tíbia.
orientado essencialmente ao longo do plano sagital, enquanto o O gastrocnêmio, o músculo mais poderoso da panturrilha,
côndilo medial geralmente está aproximadamente em um ângul o de abrange o aspecto posterior do joelho em relação íntima com a
22 graus ao plano sagital. cápsula posterior para inserir no aspecto posterior dos côndilos
A extremidade proximal expandida da tíb ia forma duas medial e lateral do fêm ur.
sup erfícies planas, côndilos ou platôs, que se articulam com os Pes anserinus (pata de gan so) é o termo para a in serção
côndilos do fêmur. Eles são separados na linha média pela emi - conj un ta dos músculos sartóri o, grácil e semitendinoso ao longo
nência intercondilar com seus tub érculos intercondilares medial e do aspec to medial proximal à tíbia. Esses fl exo res primári os do
lateral. Anterior e posterior à eminência intercondilar estão as joelho têm influência rotacional interna secundária na tíbia e
áreas que servem como locais de inserção para os ligamentos cru- ajudam a protege r o joelho contra o estresse de rotação e valgo.
zados e meniscos. O lábio posterior do côndilo lateral da tíbia é A sua co ntraparte na lateral do joelho é a inserção forte do bíceps
arredondado para fora, onde o menisco lateral desliza posterior- femoral na cabeça da fíbula, tíbia lateral e estruturas capsulares
mente durante a flexão do joelho. posterolaterais. Esse músculo é um forte flexor do joelho, qu e
As superfícies articulares do joelho não são congruentes. tamb ém produz fo rte rotação extern a simultânea da tíbia. Ele
No lado medial, o fêmur encontra a tíbia como uma roda sobre fornece estabilidade de rotação, evitando o deslocamento da tíbia
uma superfície plan a; enquanto, na lateral, é como uma roda sobre o fêmur durante a flexão. As suas contribuições para o
sobre uma cúpula. Apenas a at uação conj unta dos ligamentos complexo ligamentar arqueado no canto posterolateral do joelho
com as outras estruturas de partes moles fornece ao joelho a também fornecem estabilidade varo e rotatória. O trato iliotibial,
estabilidade necessária. o terço posterior da banda iliotibial, se insere proximalmente no
A patela é um osso sesamoide triangular qu e é maior no polo epicô ndilo lateral do fêmur e distalmente no tubérculo lateral da
proximal que no polo distal. A sup erfície articular da patela é divi- tíbia (t ub érculo de Gerdy). Portanto, fo rm a um ligamento adi-
dida por uma crista vertical, resultando em uma faceta articular ou cional contíguo anteriorm ente com o vasto lateral e posterior-
superfície menor medial e uma maior lateral. Com o joelho em mente com o bíceps. A banda iliotibi al se move para a frente em
extensão, a patela fica acima da margem articular superior do sulco extensão e para trás em fle xão, mas é ten sa em ambas as posições.
fem oral. Em extensão, a porção dista l da faceta patelar lateral se Durante a flexão, a banda iliotibia l, o tendão poplíteo e o liga-
articula com o côndilo femoral lateral, mas a faceta patelar medial mento colateral lateral cru za m um ao outro, enquanto a banda
dificilmente se articula com o côndilo femoral medial até a completa iliotibial e o tendão do bíceps permanecem paralelos uns aos
flexão. Em 45 graus de flexão, o contato se move proximalmente com outros como na extensão, contribuind o para melhorar a estabili -
a porção média das superfícies ar ticulares. Em completa flexão, as dade lateral (Fig. 45- 1).
Ml·H·• PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

Bíceps femoral
(corte)

Artéria genicular
lateral s uperior
Reto
Nervo fibular femoral
comum

Plantar
Artéria genicular
lateral inferior
Ligamento
arqueado
Ligamento *-'-+Hi,++-H'-'+----i1--Te ndâo
poplíteo B
colateral
da fíbula
Tendão do
bíceps
Gastrocnêmio
lateral
Nervo cutâneo
sural lateral-1#-!'-1-1.w\Y
Músculo poplíteo com sua origem tripartida.
Tendão principal inserido ao côndilo lateral do fêmur (A) . Inser-
ção ao corno posterior do menisco lateral (B). Inserção à cabeça
da fíbula (C).

anterior
h(riii;t.jrlJ9 Estruturas tendinosas e neurovasculares da lateral Liga mento colateral
do joelho. medial superficial
Terço posterior do
(corte)
ligamento capsular
/1 medial (ligamento
oblíquo posterior)
I
O m úsc ulo poplíteo tem três orige ns, sendo a m ais fo rte a do
côndilo femoral lateral. O utras origens importantes são da fíbul a
(ligam ento popliteofibular) e do corn o posterior do m enisco
lateral. A origem fe m oral e a origem fi bul ar form am os braços de
um ligamento oblíquo em fo rmato de Y, o arqueado. Os braços são
unidos em conjunto pela cápsula e origem do menisco. O liga-
mento arqueado não é um ligamento separado, m as é uma con-
densação das fibr as da origem do poplíteo (Fig. 45-2). Com estudos
eletromi ográficos, Basmajian e Lovejoy descobriram qu e o músculo
poplíteo é um rotador primário medial da tíbia durante os estágios
iniciais de flexão e tamb ém atua para retrair o menisco durante a
fl exão. Além disso, ele fo rn ece estabilidade rotacional para o fêmur
na tíbia e auxilia o ligamento cruzado posterior na prevenção do
deslocamento do fêm ur na tíbia.
O músculo semimembranoso é especialmente importante h(riii;Mml19 Estruturas de suporte medial do joelho. 1, Liga-
com o uma estrutura esta bilizadora em torno dos aspectos poste- mento poplíteo oblíquo; 2, cá psul a posterior e corno posterior do
rior e posterom edial do joelho. Ele tem cinco expansões distais menisco medial; 3, tendão do semimembranoso anterior ou
(Fig. 45-3) . A primeira é o ligamento poplíteo oblíquo, que passa medial; 4, cabeça direta do semimembranoso; 5, porção distal do
da inserção do semimemb ranoso no aspecto pos teromedi al da tendão semimembranoso (ver texto) .
tíbia obliquamente e lateralmente para cima para a inserção da
cabeça lateral do gastrocnêmi o (Fig. 45 -4A). Ela atu a com o um a
importante estrutura estabilizadora sobre o aspecto p osterior do
joelho. O semimembranoso ajuda a tensionar esse ligamento com cirú rgico. Um a segund a inserção tendinosa é para a cáps ul a pos-
a contração (Fig. 45 -4B). Quando o ligam ento poplíteo oblíquo é terior e posterior do menisco medial. Esse deslizamento tendinoso
puxado medi aimente e para a fre nte, ele tens iona a cápsula poste- ajuda a tension ar a cápsula posterior e retrai o m enisco medial
rior do joelh o. Essa m anobra pode ser utili zada para tensionar a posteriormente du rante a flexão d o joelho. A cabeça anterior ou
cápsula posterior no canto pos teromedial do joelho no reparo profund a continua medi aimente ao longo da parte m ais larga do
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

LG

Sm

\ _ Ligamento
fabelofibul a r
( (ligamento
de Vallo1s)
1 Po

A B

o@•l;Mm9 A, Arranjo triangular dos elementos passivos na cápsula posterior do joelho, cruciais para estabilidade rotaciona l.
B, Visão posterior do joelho mostrando o reforço ligamentar da cápsula posterior. O ligamento poplíteo oblíquo é dinamicamente
estabilizado pelo músculo semi membranoso e o ligame nto arqueado pelo músculo poplíteo. AL, ligamento arqueado; AT, tíbia anterior;
Fa, fabela; FCL, ligamento colateral fibular; LG, músculo gastrocnêmio lateral; MG, músculo gastrocnêmio medial; OPL, ligamento
poplíteo oblíquo; PL, músculo plantar longo; Po, músculo poplíteo; POL, ligamento colateral oblíquo posterior; PT, tendão poplíteo;
Sm, semimembranoso; TCL, ligamento colateral tibial.

côndilo da tíbia e é inserida abaixo do ligamento colateral superficial ESTRUTURAS LIGAMENTARES


da tíbia imediatamente distal à linha de articulação. Este anexo EXTRA-ARTICULARES
tendinoso fornece urna região firme em que as suturas podem ser
fixadas para o reparo capsular posterornedial. A porção distal do A cápsula articular e os ligamentos colaterais são as principais estruturas
tendão sernirnernbranoso continua distalrnente para formar urna estabilizadoras estáticas extra-articulares. A cápsula é urna manga de
expansão fibrosa sobre o poplíteo e funde com o periósteo da tíbia tecido fibro so que se estende da patela e tendão patelar anteriormente
medial. O sernirnernbranoso, através da sua contração muscular, às expansões medial, lateral e posterior da articulação. Os meniscos são
tensiona a cápsula posterior e estruturas capsulares posterornediais, inseridos firmemente na periferia desta cápsula, especialmente o
fornecendo urna estabilidade significativa. Funcionalmente, ele age menisco medial, e menos o menisco lateral. Lateralmente, a passagem
como um flexor do joelho e rotador interno da tíbia. do tendão poplíteo através do hiato poplíteo para a sua origem no
A expansão do extensor medial, ou retináculo medial, é uma côndilo femoral produz urna inserção do menisco lateral mais frouxa
expansão distal da aponeurose do vasto medial. É inserido ao longo que a do menisco medial. A cápsula medial é mais distinta e bem-defi-
da borda medial da patela e tendão patelar e distalrnente inserido nida que a sua contraparte lateral. As estruturas capsulares, ao longo
na tíbia. Funciona como suporte do alinhamento medial da patela com as expansões do extensor medial e lateral da poderosa musculatura
no sulco patelofemoral; cobre e pode-se fundir ao ligamento capsu- do quadríceps, são as principais estruturas estabilizadoras anteriores ao
lar anteromedial. A contração do vasto medial ajuda a tensionar a eixo transversal da articulação. A cápsula é especialmente reforçada
porção anterior do ligamento capsular medial. pelos ligamentos colaterais e os músculos isquiotibiais medial e lateral,
A expansão do extensor lateral, ou retináculo latera l, é uma assim corno pelo músculo poplíteo e a banda iliotibial posterior ao eixo
extensão do vasto lateral que se anexa à banda iliotibial, que ajuda transversal. Os "complexos quádruplos" medial e lateral foram identifi-
a tensionar esta banda conforme o joelho se estende e a banda ilio- cados corno principais estabilizadores do joelho (Fig. 45-5). O com-
tibi al se move para a frente. O desequilíbrio entre as estruturas plexo quádruplo medial é formado pelo ligamento colateral medial, o
retinaculares lateral e medial, muitas vezes, está presente nos deslo- semimembranoso, os tendões da pata de ganso e a porção do ligamento
camentos e subluxações da patela. poplíteo oblíquo da cápsula posterior. O complexo quádruplo lateral é
Além dessas unidades musculotendinosas que abrangem dire- formado pela banda iliotibial, ligamento colateral lateral, tendão poplí-
tamente o joelho, as anormalidades na orientação e alinhamento do teo e bíceps femoral. A cápsula é reforçada posteriormente pelo liga-
pé, assim corno as deficiências nos flexores e abd utores do quadril, mento poplíteo oblíquo, no canto posteromedial pelas ramificações do
podem influenciar o alinhamento e a função do joelho e devem ser semimernbranoso e, posterolateralrnente, pelas estruturas que contri-
consideradas na avaliação e reabilitação dessa artic ul ação. buem para o complexo arqueado.
@j1fj) PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

O@ll;ful D Efeito da rotação externa e forças em


va lgo aplicadas ao joelho fl exionado. O canto postero-
medial da tíbia gira em torno do eixo vertica l deslocado
lateralmente e anteriormente e a linha medial da articu-
lação é tensionada até que a lesão ocorra no complexo
Canto posteromedial ligamentar medial.

As porções anteromedial e anterolateral da cápsula são estru-


turas relativamente finas, mas são reforçadas pelas expansões reti-
naculares da patela medial e lateral e também lateralmente pela
banda iliotibial e mediaimente reforçando as bandas que se esten-
dem da patela como o ligamento pateloepicondilar e o ligamento
patelotibial. As porções anteromedial e anterolateral da cápsula são
importantes para proteger os aspectos anteromedial e anterolateral
do joelho contra a subluxação e excessos de rotação.
A cápsula medial foi dividida em três regiões distintas: cáps ula
anteromedial, conforme discutido; cápsula rnediomedial; e cáps ula
posteromedial.
A cáps ula mediomedial é reforçada e engrossada por fibras
verticalmente orientadas e foi, muitas vezes, referida corno a camada
profunda do ligamento colateral medial. Ela se origina a partir do
côndilo e epicôndilo femoral e é inserida imediatamente abaixo da
margem articular da tíbia. É dividida em uma porção meniscofemo-
ral, que se estende a partir da inserção do menisco para a origem
femo ral e a porção meniscotibial, que se estende como o ligamento H@il;fül]l9 Canto posteromedial do joelho. A, Braço supe-
coronário do menisco para a sua inserção da tíbia. A porção rnenis- rior ou capsular do ligam ento oblíquo posterior (POL); AT, tubér-
cofernoral é a maior e mais forte dessas duas divisões. A cápsula culo adutor; B, braço centra l ou tibial do lig amento oblíquo
mediomedial resiste aos estresses valgo e rotacional. posterior; C, braço superficial do ligamento oblíquo posterior; G,
A região posterornedial da cápsula medial se estende da borda músculo gastrocnêmio; J, origem ligamentar comum do liga-
posterior do ligamento colateral medial posteriormente à inserção mento oblíquo posterior; ME, epicôndilo medial; OP, ligamento
da cabeça direta do semimembranoso. Hughston descreveu esse poplíteo oblíquo; PA, pata de ganso; S, tendão comum do semi-
ligamento oblíquo posterior como um espessamento do ligamento membranoso; SP, porção do tendão semimembranoso que se
capsular medial inserido proximalmente ao tubérculo adutor do torna o ligamento poplíteo oblíquo; ST, porção do tend ão semi-
fêmur e distalmente à tíbia e aspecto posterior da cápsula. A inserção membranoso que passa pelo canto posteromedial da tíbia; TCL,
distal é composta de três braços: (1) o proeminente central, ou tibial, ligamento colateral tibial.
braço que se prende à borda da sup erfície posterior da tíbia próximo
à margem da superfície articular e central para a borda superior do
tendão semimembranoso; (2) o braço superior, ou capsular, que é
contínuo com a cápsula posterior e a parte proximal do ligamento ligamento oblíquo posterior passa posteriormente, misturando-se
poplíteo oblíquo; e (3) o maldefinido inferior, ou distal, o qual se com a cápsula posterior e o ligamento poplíteo oblíquo conforme
prende distalmente tanto para a bainha que cobre o tendão semi- ele se separa do tendão sernirnembranoso. Os grupos inferior e distal
rnembranoso como para a tíbia distal para a inserção direta do de fibras passam superficialmente sobre a inserção do tendão semi-
tendão semimembranoso (Figs. 45-6 a 45-9). membranoso, preso à tíbia e fáscia inferiormente e, provavelmente,
A porção central é a mais espessa e provavelmente o braço têm pouca importância funcional.
mais importante do ligamento, originando-se na região do tub érculo A porção posteromedial do complexo ligamentar capsular
adutor e passando posteriormente e obliquamente para inserir no medial é especialmente importante para estabilidade em valgo e
canto posteromedial da tíbia perto da inserção da cabeça direta do rotacional do joelho. A cápsula posteromedial e os ligamentos oblí-
tendão semimembranoso. O braço superior ou mais proximal do quos posteriores se tornam progressivamente relaxados conforme o
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

lâ@ll;Hmm. Origem comum do ligamento oblíquo posterior H@ii;@n1\9 Puxando o braço central ou tibial (B) do liga-
dissecada do tubérculo adutor (AT). Braço capsu lar (A) retraído mento oblíquo posterior proximalmente para a s.ua inserção no
posteriormente e braço tibial (B) distalmente. P, porção intra-ar- tubérculo adutor (AT), enquanto o braço tibial do tendão sem i-
ticular do côndilo femoral; Q, inserção do braço tibial do liga- membranoso (ST) é retraído posteriormente e inferiormente,
mento oblíquo posterior para o canto posteromedial do menisco inserção amp la e firme (H) do braço central do ligamento oblíquo
medial (MM). posterior para a tíbia é visíve l aba ixo e profundo ao tendão semi-
membranoso (texto e ilustrações anteriores) .

ligamento oblíquo posterior deve ser tensionado no reparo ou


reconstrução cirúrgica, ou a estabilidade articular pode não ser
resolvida independentemente de quaisquer outros procedimentos
cirúrgicos.
O ligamento colatera l medial é uma estrutura longa, larga,
bem delineada que fica sup erficial à cápsula medial e ligamentos
caps ulares, que se originam no epicôndilo medial e são inseridos
7 a 10 cm abaixo da linha de articulação na metade posterior da
superfície medial da metáfise tibial profunda aos tendões pata de
ganso. Refere-se como o ligamento colateral superficial da tíbia ou
a porção sup erficial do ligamento colateral medial. Os estudos
biomecânicos mostram que fornece a principal estabilidade para
estresses em valgo; desliza para a frente sobre o lado do côndilo
femoral em extensão e posteriormente em flexão (Fig. 45- 10). As
longas fibras do ligamento colateral medial são os principais esta-
bilizadores do lado medial do joelho contra estresse valgo e rota-
cional externo. As fibras anteriores do ligamento tensionam
h!§il;t.jnJ9 Aspecto posteromedial do joelho. Inserção femora l conforme o joelho flexiona, e as fibras posteriores ficam tensas em
do ligamento ob líq uo posterior está dividida, e o ligamento está extensão (Fig. 45- 11 ).
retraído posteriormente. O braço capsular (A) forma parte da cápsu la No seu estudo clássico da anatomia do joelho, Warren e Mar-
posterior (texto e ilustrações anteriores). shall dividiram o joelho em três camadas. A camada j inclui a fásc ia
profunda ou fásc ia crural; a camada II é composta do ligamento
colateral medial superficial, várias estruturas anteriores a este
ligamento e os ligamentos do canto posteromedial; e a camada III é
joelho flexiona; no entanto, com contração ativa do músculo semi- feita da cápsula da articul ação do joelho e o ligamento colateral
membranoso, cada um dos três braços do ligamento oblíquo poste- medial profundo. A camada I é o primeiro plano da fáscia encontrado
rior está tenso. Portanto, ambos os efeitos estabilizadores estáticos e após uma incisão da pele. Seu plano é definido pela fáscia qu e
cinéticos são obtidos a partir dessa porção do ligamento capsular reveste o músculo sartório (Fig. 45-12). Procedendo posteriormente,
medial, mesmo com o joelho flexionado. Na reconstrução do liga- a camada I é uma fina folha que se sobrepõe às duas cabeças do
mento colateral medial do joelho, a estabilidade posteromedial é gastrocnêmio e às estruturas da fossa poplítea. Se uma incisão ver-
essencial e precisa ser restaurada se houver instabilidade. Um enten- tical for feita na camada I posterior às fibras paralelas do ligamento
dimento preciso da anatomia e da função é necessário para reparo colateral medial e a porção anterior da camada I for afastada para
ou reconstrução desse complexo posteromedial. O braço central do a frente, todo o ligamento colateral medial superficial é exposto
mi) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A B

H@il@Ell!I Articulação dissecada para revelar o ligamento


colateral medial. A, Porções anterior, posterossuperior e poste-
roinferior do ligamento são tensas com a articulação em extensão.
B, Na flexão e extensão, o ligamento desliza para trás e para a frente
na tíbia; em flexão, porções posteriores obliquas são relaxadas.
Observe que o ligamento se fixa a 4 a 5 cm distal à articulação.
H@lhME19 Fáscia profunda ou crural do membro. Camada 1
será cortada e afastada ao longo da linha pontilhada para revelar
as estruturas subjacentes nas figuras subsequentes. Esta exposição
cirúrgica não é recomendada.

camada II é traçada posteriormente a partir da borda anterior desse


ligamento, as fibras unindo o fêmur para a tíbia tornam-se mais oblí-
quas na sua orientação (Fig. 45-15). No canto posteromedial do
joelho, a camada II faz a fusão com a camada III e com a bainha do
tendão do semimembranoso (Figs. 45-16 e 45-17; veja também a Fig.
45-14). A estrutura conjunta formada pelas camadas II e III se estende
posteriormente para formar a cápsula posteromedial que envolve o
côndilo medial do fêmur. Essa cápsula posteromedial é aumentada
pelas fibras a partir da bainha do tendão semimembranoso. A maior
parte do tendão semimembranoso é inserida no osso através da inser-
ção direta no canto posteromedial da tíbia imediatamente abaixo da
linha de articulação (Fig. 45-16). Uma inserção mais anterior, que é
uma extensão da inserção direta, procede em torno do lado medial
da tíbia imediatamente abaixo da linha de articulação. Essa inserção
A B
anterior encontra-se profunda ao ligamento colateral medial superfi-
cial e camada II e distal à margem tibial da cápsula, ou camada III
H@ii;J!imll A e B, Fibras do ligamento colateral medial.
(Figs. 45-14 C e 45-16) . Essas duas inserções não participam de qual-
Pontos A e B estão na borda anterior das fibras longas. C está 5
quer das três camadas, porque elas passam diretamente no osso. A
mm posterior a B (texto).
bainha do tendão semimembranoso envia as extensões fibrosas para
cima e para baixo na camada II (Figs. 45-15 a 45-17). As fibras mais
claramente definidas são aquelas que se estendem diretamente para
cima sobre o côndilo femoral medial e em toda a parte de trás do
(Fig. 45-13). Inferiormente, os tendões do grácil e semitendinoso joelho até o côndilo lateral, formando o ligamento poplíteo oblíquo
podem ser vistos como estruturas distintas que podem ser separadas (Fig. 45-16). Uma terceira menor extensão da bainha semimembra-
da camada I superficialmente e a camada II abaixo (Fig. 45-14). As nosa corre distalmente para ser inserida na tíbia posterior para a
camadas I e II são separadas por esses tendões conforme eles cruzam porção inferior oblíqua do ligamento colateral medial superficial e
para as suas inserções na tíbia. para se misturar com as fibras oblíquas desse ligamento em um grau
O plano da camada II está claramente definido pelas fibras para- variável. A julgar pelas suas características morfológicas, essas fibras
lelas do ligamento colateral medial superficial. À medida que a não parecem ter muito significado funcional.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

fibras combinadas envolvem o canto posteromedial da articulação,


formando uma estrutura composta.
O ligamento colateral lateral se fixa proximalmente no epicôn-
dilo femoral lateral e distalmente na cabeça da fíbula. O ligamento
colateral latera l tem inserção femoral em média ligeiramente proxi-
mal (1,4 mm) e posterior (3,1 mm) ao epicôndilo lateral. Distal-
mente, é inserido 8,2 mm posterior ao aspecto anterior da cabeça
da fíbula. Trata-se mais de uma estrutura tendinosa do que uma
ampla banda ligamentar. É de grande importância na estabilização
do joelho contra estresse varo com o joelho em extensão. Conforme
o joelho fica em flexão, o ligamento colateral lateral se torna menos
influente como um a estrutura estabilizadora em varo.
Além dos ligamentos laterais e estruturas capsulares laterais,
Linha de a estabilidade depende da banda iliotibial, do tendão do bíceps e
dissecção do tendão poplíteo. A banda iliotibial é inserida no epicôndilo
lateral do fêmur e, em seguida, passa na sua ampla expansão entre
o aspecto lateral da patela e na localização mais posterior do bíceps
femoral para inserir no tubérculo de Gerdy, na parte latera l da
tíbia. Assim, ela atua como um ligamento complementar através
do aspecto lateral da articulação. Essa banda se move anterior-
mente conforme o joelho se estende e desliza posteriormente con-
forme o joelho flexiona, mas permanece tensa em todas as posições
do joelho. Com a flexão, a banda iliotibial, o tendão poplíteo e o
ligamento colateral lateral cruzam uns aos outros, aumentando
substancialmente a estabilidade lateral. O tendão do bíceps contri-
O[ijihfum:lll Com o sartório seccionado e a camada 1 mantida bui com o complexo arqueado como um estabilizador lateral,
aberta com a pinça, a d ivisão na camada li pode ser vista anterior sendo um poderoso flexor e rotador externo da tíbia no fêmur. O
ao ligamento superficia l med ial. Anterior ao ligamento superficial tendão poplíteo passa a partir do aspecto posterior da tíbia at ravés
medial acima da linha de dissecção, a camada li se une à camada 1 do hiato poplíteo e se fixa profundo e um pouco anterior à inserção
para se tornar parte dos tendões retinaculares (A). A " incisão" será femoral do ligamento colateral lateral.
feita ao longo da "linha de dissecção" marcada aqui, de modo que Warren et ai. identificaram uma forte inserção direta do
a camada li possa ser afastada mais para a frente, como mostrado tendão poplíteo para a fíbula, que foi chamado de ligamento poplí-
na Figura 45-16 . teo fibular e a origem fibular do músculo poplíteo. Tais pesquisa-
dores chamaram essa estrutura de ligamento poplíteo fibular,
porque ele conecta a fíbula ao fêmur através do tendão poplíteo
(Fig. 45- 19). Esse ligamento está localizado profundamente ao
ligamento arqueado; ele se origina a partir da parte posterior da
Anterior ao ligamento colateral medial superficial, a camada fíbula e posterior à inserção do bíceps e se une ao tendão poplíteo
II é variável. Considerando que é uma única camada posterior- imediatamente proximal à sua junção musculotendinosa. Assim, a
mente, ela combina anteriormente com a camada I, formando as unidade do músculo poplíteo-tendão é uma estrutura em formato
fibras retinaculares parapatelares e os ligamentos patelofemorais. de Y com uma origem do músculo a partir da parte posterior da
A camada III é a verdadeira cápsula da articulação do joelho, tíbia, uma origem ligamentosa da fíbula e uma inserção unida no
inserida acima e abaixo da articulação nas margens das superfícies fêmur. O tendão poplíteo tem uma inserção femoral ampla na
articulares (Fig. 45 -1 8). A parte anterior da cápsula é fina; ela não parte mais proximal e no quinto anterior do sulco poplíteo. A
parece funcionar como um ligamento es tabilizador e simplesmente inserção do tendão poplíteo no fêmur é anterior ao ligamento
envolve a bolsa de gordura. Abaixo do ligamento colateral medial colateral lateral. A distância média entre as in serções femorais
superficial, a camada III se torna mais espessa e forma uma banda do tendão poplíteo e o ligamento colateral lateral é de 18,5 mm.
verticalmente orientada de fibras curtas, variavelmente conhecida O ligamento poplíteo fibular tem duas divisões, anterior e poste-
como o ligamento colateral medial profundo, camada profunda do rior. A inserção média da divisão posterior é de 1,6 mm distal ao
ligamento colateral medial ou ligamento capsular medial (Figs. aspecto posteromedial da ponta do processo estiloide da fíbula, e
45-14 A e B e 45-18). Esse ligamento profundo se estende do fêmur a divisão anterior se fixa 2,8 mm distal ao aspecto anteromedial da
para a porção média da margem periférica do menisco e tíbia (Fig. ponta do processo estiloide da fíbula. Os estudos de secção seletiva
45-17). Nas outras partes, a cápsula é fina. Os ligamentos profundo confirmaram que as inserções do tendão poplíteo para a tíbia e o
e superficial são facilmente separados onde eles estão em contato ligamento poplíteo fibular são importantes em resistir à translação
direto, porém mais posteriormente, 1 a 2 cm além da borda anterior posterior, rotação em varo e rotação externa.
do ligamento colateral medial superficial, as camadas II e III se Seebacher, Inglis, Marshall e Warren definiram três distintas
misturam. O resultado é que a porção meniscofemoral do ligamento camadas das estruturas laterais do joelho. A camada mais superfi-
profundo tende a se fundir com o ligamento superficial sobrejacente cial, ou camada I, tem duas partes: (1) o trato iliotibial e sua
próximo a sua inserção proximal (Figs. 45-14 A a C e 45-18) . O expansão anteriormente e (2) a porção superficial do bíceps femoral
ligamento meniscotibial (ligamento coronário) é separado facil- e sua expansão posteriormente (Figs. 45-20 e 45-21). O nervo
mente do ligamento superficial sobrejacente. Mais posteriormente, fibular se encontra no lado profundo da camada I, exatamente
a camada III se funde com a camada II (Fig. 45-1 4 A a C), e suas posterior ao tendão do bíceps. A camada II é formada pelo retináculo
Plano cranial transaxial
à linha de articulação

Linha de articulação Menisco Ligamento Plano transaxial caudal


do plano transaxial medial cruzado à linha de articulação
anterior Tendão
Retináculo patelar

--
patelar medial 1

1 - - _..---:

r\
Sartório

Inserção
Ligamento do tendão
semimembranoso Gastrocnêmio
cruzado (cabeça medial)
B posterior e
Otêiil;t4jm A, Neste nível, as fibras retinaculares da camada li anterior ao ligamento superficial medial se juntaram à camada 1.
O ponto de junção é mostrado em A; B indica o ponto em que a camada li e a camada Ili se fundem umas com as outras e com a bainha
do tendão semimembranoso. B, Seção cruzada no nível da linha de articulação. Neste nível, a "divisão" pode ser vista onde as fibras
retinaculares anteriores ao ligamento superficial medial deixam a camada li, e o ligamento superficial medial se une à camada 1. C, Seção
cruzada de cerca de 1 cm inferior à linha de articulação. Observe as inserções do semimembranoso posteriormente e mediaimente .
O ligamento medial profundo não é visto porque a sua inserção à tíbia está abaixo da linha articular, acima deste nível (Fig. 45-17).
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fl+fM
Cápsula !
m-----Ligamento medial
superficial
Ligamento
medial

SML

DML

Semimembranoso

H@ii;f;.im Com divisão estendida distalmente ao longo da


linha de dissecção mostrada na Figura 45-14, a camada 1 e parte
da camada li anterior à divisão e linha de dissecção são afastadas iâ@mMBD Com a camada 1, a porção média do ligamento
para a frente para expor a cápsula anterior ao ligamento super- superficial medial e metade medial da bainha semimembranosa
ficial. As fibras longas paralelas e oblíquas do ligamento superfi- remov ida, as estruturas que compõem o canto posteromedial
cial medial podem ser vistas posteriormente (camada li) e a podem ser vistas. Observe as distintas inserções do tendão semi-
cápsula anteriormente (camada Ili) . membranoso (1 e 2) como opostas às extensões da bainha do
tendão sem imembranoso (3, 4, e 5) . As fibras de extensão 5 são
va riá ve is e parecem ter pouco efeito sobre o ligamento superficial
medial. A bainha semi membranosa e suas extensões estão prova-
velmente na camada li. A inserção está incluída para orientação
e mostra os locais da inserção dos ligamentos medial superficial
(SML) e profundo medial (DML) e inserções do tendão sem imem-
branoso. B, Ponto em que as camadas li e Ili se fundem . C, Liga -
mento poplíteo oblíquo.
Cápsula

Borda de corte
do retináculo
patelar

Ligamento
medial
profundo

li@lh!ijmfil Com tendões retinaculares dissecados da cápsula anteriormente e parte do ligamento superficial medial ressecada ,
ligamento medial profundo e parte da cápsula, a camada Ili pode ser vista. O tendão semi membranoso, com a sua bainha aberta como
uma janela para expor a inserção anterior dos tendões, é retraído posteriormente. A bainha e suas extensões fazem parte da camada li .
A inserção anterior do tendão semimembranoso é profunda à camada li. B, Ponto em que as camadas li e Ili se fundem.
Wl1fi:I PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

do quadríceps, a maioria dos quais desce anterolateralmente e adja-


cente à patela.
Posteriormente, a camada II é incompleta e é representada
pelos dois ligamentos patelofemorais. O ligamento proximal une as
fibras terminais do septo intermuscular lateral; a distal termina pos-
teriormente na fabela ou nas inserções dos reforços capsulares pos-
terolateral e da cabeça lateral do gastrocnêmio no côndilo femoral
(Figs. 45-20 e 45-21) . O ligamento patelomeniscal também faz parte
Nível de Proximal à linha da camada II. Ele se estende obliquamente a partir da patela, se fixa
Fig . 45-14A U de articulação na margem do menisco lateral e termina inferiorm ente sobre um
Linha de tubérculo (Gerdy) da tíbia lateral profundo ao trato iliotibial. As
Fig. 45-148 - - - - - -- -..;;.....-::7 - - a rticulação camadas I e II são aderentes um as às outras em um a linha vertical
Distal à linha na margem lateral da pateta. Inserções separadas das fibras mais
- -+-- - --'----.:;;.....-r - de articulação supe riores do ligamento patelofemoral ao trato iliotibial sobreposto
Fig. 45-14C - ocorrem exatamente abaixo da terminação do septo intermusc ular
lateral no epicônd ilo femoral latera l.
A camada III, a camada mais profunda, é a parte lateral da
Camada 1 investe cápsu la da ar ticul ação (Fig. 45-22). Ela é anexada às bordas da tíbia
a articulação e fêmur circunferencialmente nos planos horizontal nas extremida-
D Camada li
des proximal e distal da articu lação do joelho. A inserção capsul ar
D Camada Ili à borda externa do menisco lateral é chamada de ligamento coro-
nário. O tendão poplíteo passa através do hiato no ligamento coronário
para fixar-se ao fêmur. Imed iatamente posterior ao trato iliotibial
sobrejacente, a cápsula se divide em duas camadas. Ela engloba o
ligamento colateral lateral e termina posteriormente no ligamento
fabe lofibular, var iavelmente dimensionado (ligamento externo
O@l!;MnJ:EI Área azul representa a camada Ili, cápsula. A curto) (Figs . 45-20 e 45-22 A). A lâmina profunda da parte poste-
extensão posterior é o ligamento medial profundo. Anterior- rolatera l da cápsul a passa ao longo da bord a do m enisco lateral.
mente, e la investe toda a articu lação. Área rosa representa a A lâmi na interna termina posteriormente no ligamento arqueado
camada li conforme ela a parece quando a camada 1 é afastada em formato de Y. Essas du as lâminas capsulares sem pre são sepa-
ma is para a frente quanto possível. Ângu lo inferior do triângulo radas um as das outras pelos vasos gen icul ados infero laterais, que
multicolorido está no ponto de divisão da camada li. Linhas passam para a frente. Seebacher et ai. observaram três variações
ind icam o níve l de diagramas transversais (Fig . 45-14). anatômicas nas suas dissecções: (1) o ligamento arqueado sozinho
reforçou a cápsula em 13% dos joelhos; (2) o ligamento fabelofi-
bular sozinho reforçou a cáps ul a em 20% dos joelhos; e (3) ambos
os ligamentos reforçaram o aspecto posterolateral da cápsula em
67%. Essas variações foram associadas às var iações no tamanho da
fabe la óssea cartilaginosa na cabeça late ral do gastrocnêm io. Mais
comumente, ambos os liga mentos fabelofibular e arqueado estavam
presentes e eram de tamanho modesto. Quando a fabela era grande,
não havia ligamen to arqu eado e o ligamento fabe lofibular era
robusto. Por outro lado, quando a fabe la ou se u remanescente
cartilaginoso es tavam ausentes, o ligamen to fabe lofibular também
estava ausente e apenas o ligamento arqueado estava presente
(Fig. 45-23; veja também as Figs. 45-20 e 45-22). Tanto o ligamento
arqueado quanto o fabelofib ul ar estão inseridos no áp ice do pro-
cesso es tiloide da fíbula. Eles ascendem verti calmente nas bordas
livres da sua respectiva lâmina capsular para a cabeça latera l do
gastrocnêmio, em que eles se juntam pela terminação posterior do
ligamento poplíteo oblíquo. Q uan do presente, a fa bela fo i atraves-
sada por todos esses ligamentos.

ESTRUTURAS INTRA-ARTICULARES

As principais estruturas intra-articulares de importância são os


meniscos medial e lateral e os ligamentos cruzados anterior e pos-
terior. Inúmeras funções foram at ribu ídas para os meniscos, algumas
conhecidas e algumas hipotéticas. Dentre essas funções estão a dis-
O@ii;binlD Ligame nto popliteofibular su rge da parte pos- tribuição do fluido da art iculação, nutrição, absorção de choque,
teri or da fíbula para se juntar ao tend ão poplíteo logo acima da aprofundamento da ar ticulação, estabilização da articulação, e um a
junção musculotendinosa . função de suporte de carga ou suporte de peso. Os ligamentos
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fmlll
1-primeira camada
li-segunda camada
Ili-terceira camada

O@iljtljrlll!I Visão da articulação do joelho direito a partir de cima após a remoção do fêmur direito. Observe três camadas da face
lateral e divisão da parte posterolateral da cápsula (camada Ili) nas lâminas profunda e superficial, que são separadas pelos vasos
geniculares inferiores laterais .

Acessório vasto lateral


Reto femoral decorrente do septo
intermuscular lateral
Septo intermuscular lateral
Artéria genicular
superior lateral
Bíceps
Cabeça longa--
Cabeça curta---'-.:-----
ü ._,;--_,,_.--Bolsa suprapatelar
Patela
Retináculo patelar
com anexos ao:
Acessório vasto
Cabeça lateral Septo intermuscular
do gastrocnêmio-- lateral
Fabela
Trato iliot1b1al

A B

0!§1J;f4Bt Camadas 1e li das estruturas laterais do joelho . A, Principais constituintes da camada 1: trato iliotibial e porção super-
ficial da expansão do bíceps. B, Camada 1 foi cortada e descascada de volta para a margem lateral da patela, mostrando a camada li.
A camada li inclui o vasto lateral e suas expansões, assim como os ligamentos patelofemoral e patelomeniscal.
III!!!> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Plantar

Cabeça medial
do gastrocnêmio - -

.,...___ _ _- = ; - = ; - - - - - Cabeça lateral colateral


fibular (corte)
(corte em etapas)
do gastrocnêmio Ligamento
fabelofibular e
corte superficial
A da lâmina para
B o ponto de fusão
com lâmina
profunda

Envoltório da fáscia
sem imembranosa - -

I
Bolsa
poplítea
e D

Visões oblíquas do aspecto posterolateral do joelho direito após a remoção de duas camadas estruturais superficiais
à cápsu la de articulação. A, Lâmina superficial da camada Ili engloba os ligamentos colateral lateral e fabelofibular. B, Lâmina super-
ficial, incluindo ligamentos colaterais fabelofibular e fibular, é seccionada e aberta, mostrando o vaso genicular cruzando a lâmina
profunda. C, Lâmina profunda da camada Ili, incluindo o ligamento arqueado, é seccionada e separada a partir da junção musculoten-
dinosa subjacente do músculo poplíteo. D, Ventre do músculo poplíteo é afastado (de distal a proximal), expondo os anexos poplíteos
para o menisco lateral e para a bolsa do poplíteo.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fmllll

!-primeira camada
li-segunda camada
Ili-terceira camada

Plantar; : : ;
) <
Cabeça medial ,
do
Semi membranoso--

O@i!;tgiBJD Visão oblíqua do aspecto poste-


rolateral do joelho direito. Observe a passagem do
Artéria genicular tendão poplíteo através do hiato no ligamento
inferior lateral coronário e em toda a área do menisco latera l.

cruzados funcionam como estabilizadores da articulação e dos eixos, é uma combinação de balanço e deslizamento. O movimento de
em torno dos quais ocorre o movimento rotacional normal e balanço é demonstrável nos primeiros 20 graus de flexão, depois
anormal. Eles restringem o movimento para trás e para a frente da que o movimento se torna predominante do tipo deslizante. Essa
tíbia no fêmur e ajudam a controlar a rotação medial e lateral transição de uma forma de movimento para a outra é gradual, mas
da tíbia no fêmur. A rotação externa da tíbia produz um descruza- progressiva. O movimento de balanço nos primeiros 20 graus de
mento dos ligamentos, e a rotação interna produz um cruzamento flexão atende melhor os requisitos para estabilidade do joelho na
dos ligamentos cruzados (Fig. 45-24). Uma discussão mais aprofun- posição relativamente estendida, enquanto o movimento de desli-
dada das suas funções específicas é apresentada na seção sobre lesões zamento conforme os desenrolamentos da articulação permitem
do ligamento cruzado. mais liberdade para rotação.
A deflexão natural para fora da tíbia no fêmur na articulação
do joelho produz maiores tensões de suporte de peso no côndilo
MECÂNICA femoral lateral do qu e no côndilo medial. No entanto, como o
côndilo medial do fêmur é prolongado mais para a frente do que
O eixo mecânico do fêmur não coincide com o seu eixo anatômico, o côndilo lateral, o eixo vertical de rotação fica em um plano próximo
porque a linha que atravessa o centro da articulação do quadril e ao côndilo medial. Durante os movimentos rotacionais, o côndilo
o centro do joelho forma um ângulo de 6 a 9 graus com o eixo da medial descreve um menor arco do que o côndilo lateral.
diálise do fêmur. O eixo mecânico geralmente passa perto do Um mapeamento acurado dos pontos de contato entre o fêmur
centro da articulação normal do joelho. Os desvios significativos e a tíbia revela que a taxa de rolagem ao deslizamento não perma-
desse eixo mecânico podem estar presentes com deformidade em nece constante através de todos os graus de flexão. Essa relação é de
geno varo ou geno valgo. Na posição ereta, o eixo transversal aproximadamente 1:2 em flexão inicial e em torno de 1:4 até o final
através da articulação do joelho se encontra no verdadeiro plano da flexão (Fig. 45-25).
horizontal ou perto dele. Por causa da disparidade entre os com- A configuração das estruturas ósseas e a tensão dos liga-
primentos das superfícies articulares dos côndilos do fêmur e os mentos de apoio e os meniscos não possibilitam o movime nto
côndilos da tíbia, dois tipos de movimento durante a flexão e rotacional em posição totalmente estendida. Conforme a flexão
extensão são produzidos. O joelho apresenta as características de é iniciada, a cápsula e os ligamentos colaterais, assim como os
ambas as articulações de gínglimo (articulação) e trocoide (articu- ligamentos, cruzados se tornam menos tensos, permitindo movi-
lação pivô). A articulação permite a flexão e a extensão no plano mentos rotacionais que progridem cada vez mais conforme a
sagital e algum grau de rotação interna e externa quando a articu- flexão aumenta de O a 90 graus. A rotação varia de 5 a 25 graus
lação é flexionada. A rotação não é possível quando o joelho está e apresenta variação individual, com rotação interna sempre
em extensão completa. O movimento complexo de flexão-extensão maior que a rotação externa.
E!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

A Rotação externa B Rotação neutra e Rotação interna

H@il;J4G:ml Além das suas funções sin érg icas, os ligamentos cruzados e colaterais exe rcem f un ção antagô ni ca básica d urante a
rotação. A, Na rotação e xterna, são os ligamentos co laterais que tensionam e inibem a rotação excessiva por se tornarem cruzados no
espaço . B, Na rotação neutra, nenhum dos quatro ligame ntos está sob tensão não usual. C, Na rotação interna, os ligamentos colaterais
se tornam mais verticais e são mais fle xíveis, enquanto os lig amentos cruzados se tornam enrolados em torno de si e com fort e t ensão.
LCA. li gamento cru zado anterior; LCL, li gamento co latera l latera l; LCM, li gamento colateral medial; LCP, lig amento cruzado posterior.

Ambos os m eniscos são deslocados ligeiramente para a frente em


extensão completa e se movem para trás conforme a flexão prossegue.
A fixação do menisco medial possibilita menos mobilidade que o
menisco lateral, possivelmente explicando por que as lesôes são mais
comtms para o menisco medial do que para o m enisco lateral. A ação
do músculo poplíteo lateralmente e o músculo semirnembranoso
mediaimente retraindo os meniscos posteriormente também aj ud a a
evitar que os meniscos fiquem presos durante os movimentos do joelho.
Os meniscos são descritos como se movendo com os côndilos
do fêmur com flexão e extensão, mas movendo-se com a tíbia com
movim en tos de rotação.
Os cô ndilos medial e lateral do fêmur apresentam diferen tes
configurações. O côndilo lateral é mais amplo n os planos anteropos-
terior e tra nsversal do que o côndilo m edial, e o côndilo m ed ia l se
projeta distalmente para um n ível ligeiramente inferior do que o
côndilo lateral. Essa projeção distal aj ud a a compe nsar a inclinação
do eixo mecânico na posição ereta, de modo que o eixo transversa l
se encontra próximo à linha hori zontal. A superfície articular do
cônd il o medial é prolongada anteriormente, e conforme o joelho
vem para a posição totalmente estendida , o fê mur roda interna-
mente até que a superfície articular rem an escente n o côndilo m edial litijihtijBfD Movime nto d o fêm ur relativo à tíbia durante a
estej a em contato. A porção posterior do cônd ilo lateral gira para a fl exão, mostrando os pontos de co ntato gerados pela co mbin ação
frente lateralmente, produzindo um movimento de "aparafusa- de rolagem e deslizamento. Isto representa a verdadeira a çã o
mento'; travando o joelho quando na posição totalmente estendida. fis io lóg ica da articulação tib iofemoral.
Quando a flexão é iniciada, o desparafusamento da articu lação
ocorre por rotação externa do fêmur sobre a tíbia. Conforme ante-
riormente mencionado, o movimento rotacional responsável pelo
aparafusamento e desparafusamento d a articulação do joelho ocorre A fl exão e a extensão costumam ser de O a 140 grau s, mas,
em torno do eixo que passa p erto do côndilo medial do fêmur e é muitas vezes, 5 a 10 graus de hiperextensão são possíveis. Com o
fo rtemente influenciado pelo ligamento cruzado posterior. joelho fl exionado a 90 graus, a rotação passiva da tíbia sobre o fêm ur
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO fmlllll
pode ser demonstrada até 25 ou 30 graus; essa rotação passiva Ligamento
varia conforme cada indivíduo. A extensão da ro tação interna meniscofemoral
sempre excede a da ro tação externa, e nenh um a rotação é possí-
vel com o joelho totalmente estendido. O deslocamento sagital
da tíbia no fêmur fixo é detectável em ambas as direções, anterior
e posterior, quando o jo elho é flexionado. Sob condições normais,
a extensão da excursão não deve exceder 3 a 5 mm . Quando o
joelho é estendido, o movimento (abdução-adução) lateral na
articulação do jo elho ocorre de for ma limitada; este movimento
varia com características individuais, mas não deve exceder 6 a
8 graus. Na posição hiperestendida, não há mov imento lateral.
Na posição flexionada, maior mov imento lateral é possível, mas
nu nca deve exceder 15 graus.
As alterações nos eixos vertical e transversal podem ocorrer
Corno'
posterior do ) - J -
com perturbações e desarranjos da articulação do joelho. Quando
men isco
os ligamentos mediais são rompidos, o eixo vertical de rotação se lateral 1 Músculo Ligam ento
desloca lateralmente e vice-versa. Isso é discutido com mais detalhe . . _ poplíteo meniscofemoral
na seção em instabilidades simples e combinadas do joelho. Por Fibras de 1nserçao do posterior
músculo poplíteo
causa da excentricidade dos côndilos do fêmur, o eixo transversal de
rotação constantemente muda a posição (centro instantâneo da
rotação) conforme o joelho progride da extensão em flexão. H[ijll;@m Visão super ior dos côndi los da tíbia após a
remoção do fêmur. O menisco lat eral é menor em diâmetro, mais
espesso em torno da sua periferia, mais amplo em corpo e mais
MENISCOS móve l; posteriormente, ele é inserido ao côndi lo femoral medial
pelo ligame nto men iscofemoral anterior ou poster ior, depen-
dendo de qual está presente, e ao músculo poplíteo .
FUNÇÃO E ANATOMIA
A função do menisco é essencial para a função normal da articu-
lação do joelho. Conforme declarado na seção anterior sobre ana- Ligamento
tomia, várias fun ções foram atribuídas para os meniscos, algumas meniscofemoral
das quais são conhecidas ou comprovadas e outras que estão na anterior
Corno Ligamento
teoria. Os meniscos preenchem a ar ti culação, compensando a posterior cruzado
incongruência grosseira entre as superfícies de artic ulação femoral do menisco posterior
e tibial (Figs. 45 -26 e 45-27). Devido a sua localização, os meniscos lateral
evitam o aprision amento capsular e sinovial durante os movimen - Tendão
tos de flexão-extensão. Acredita-se que os meniscos tenham função poplíteo -
de lub rificação da articulação, ajudando a distribuir o fluido sino-
vial em toda a articulação e auxiliando a nut rição da cartilagem
articular. Certamente, eles contribuem para a estabilidade em
todos os planos, mas são especialmente importantes estabilizado-
res rotacionais e são provavelmente essenciais para a transição
suave de uma articulação em dobradiça pura para um movimento
f-- - - Músculo
rotacional ou de deslizamento conforme o joelho se move da flexão popl íteo
para a extensão.
As alterações radiográficas aparentes após a meniscectomia
incluem estreitamento do espaço artic ular, achatamento do côndilo
femora l e fo rmação de osteófitos. O estreitamento do espaço da
articulação inicialmente é causado pela remoção do efeito espaça-
dor do menisco (aproximadamente 1 mm); é ai nda mais estreitado O@ih@nli,I Vi são posterior do joelho após a remoção do
por uma redução na área de contato na ausência do men isco. fêmur. Posteriormente, o menisco latera l é inserido ao ligamento
Quando o menisco medial é removido, a área de contato é reduzid a meniscofemoral anterior ou posterior, dependendo de qual está
em aprox imadamente 40%; em outras palavras, a área de contato presente, e ao músculo poplíteo.
é 2,5 vezes maior quando o menisco está presente. A maior área
de contato forneci da pelo menisco red uz a pressão média de
contato entre os ossos. Os meniscos são, portanto, importantes
em reduzir a pressão na cartilagem ar ti cular; eles previnem o Sabe-se há muito tempo que os meniscos têm a função de
dano mecânico tanto para os condrócitos e a matriz extracelular. absorção de choque ou energia. Os men iscos absorvem forças sig-
O aumento da pressão de contato resultante da área de contato nificativas de peso ou transm issão de carga, de 40% a 60% do peso
diminuída pode produzir a remodelagem do osso, produzindo um sobreposto na posição de pé. Portanto, se os meniscos normais e
côndilo femoral achatado. O amolecimento da cartilagem da arti- in tactos poupam a cartilagem articular das cargas compressivas,
culação também resulta no aumento do estreitamento do espaço então, talvez isso explique parcialmente a alta incidência de osteo-
da articulação e formação de osteófito. artrite após a remoção do men isco.
PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

Os efeitos de meniscectomia na frouxidão da articulação


foram estudados para movimentos de rotação anteroposterior e
varo-valgo. Esses estudos indicaram que o efeito na frouxidão da
articu lação depende da integridade dos ligamentos do joelho e se
a articulação está suportando o peso. Na presença das estrutu ras
ligamentares intactas, excisão dos meniscos produz pequeno
aumento na frouxidão da ar ticulação. Quando combinado com
insuficiência ligamenta r, este aum ento nas instabilidades causado
por meniscectomia é muito excessivo. Em um joelho com deficiên-
cia do ligamento cruzado anterior, demonstrou-se que a meniscec-
tomia medial aumenta a translação da tíbia em 58% em 90 graus,
enquanto as translações primárias anterior e posterior não foram
afetadas pela meniscectomia lateral. Anatomicamente, os compo-
nentes capsulares que fixam o men isco lateral à tíbia não afixam o
menisco lateral tão firmemente como eles se fixam ao menisco medial.
Esses resultados indicam que, em co nt raste com o menisco
medial, o menisco lateral não age como uma cunha posterior efi-
ciente para resistir à translação anterior da tíbia sobre o fêmur. Por-
tanto, em joelhos que não têm ligamento cruzado anterior, o menisco
lateral está suj eito às forças diferentes daquelas que ocorrem no lado
medial; as forças no menisco medial aumentam significativamente O!ijil@Bfl> Padrão de fibras de colágeno dentro do menisco.
em resposta a uma carga anterior na tíbia após a transecção do Fibras radiais (A) . Fibras circunferenciais (B). Fibras perfurantes (C) .
ligamento cruzado anterior.
Isso pode explicar os diferentes padrões da lesão dos meniscos
lateral e medial nos joelhos com deficiência no ligamento cruzado
anter ior.
Os estudos biomecânicos mostraram que so b cargas de até
150 kg, o menisco lateral parece suportar 70% da carga nesse lado
da articulação; enq uan to, no lado m edial, a carga é comparti- Fibras
lhada de forma aproximadamente igual pelo menisco e a cartila- circunferenciais
gem articular exposta. A meniscectomia medial diminui a área Fibras
de contato em 50% a 70% e aumenta a pressão de contato em radia is
100%. A meniscectomia lateral diminui a área de contato em 40%
a 50%, mas aumenta dramaticamente a tensão de contato em
200% a 300% por causa da superfície convexa relativa do platô
da tíbia lateral. Presumivelmente, os meniscos fo rn ecem estabi-
lidade mediolateral onde a carga é suportada por toda a largura
da superfície articu lar da tíbia. Sem os meniscos, a carga é supor- Condrócitos
tada centralmente em cada platô, diminuindo o braço da alavanca
do suporte de carga. O(êiil;fr'm Seção transversal do menisco mostrando a divisão
Os meniscos são crescentes, mais ou menos triangulares na de clivagem horizontal.
seção transversal, e cobrem de metade a dois terços da superfície
articular do platô da tíbia correspondente. Eles são compostos de
fibras de colágeno densas e bem tecidas, organizadas em um padrão
proporcionando maior elasticidade e capacidade de resistir à com-
pressão. A principal orientação das fibras de colágeno no menisco é
circunferencial; as fibras radiais e fibras perfurantes também estão
presentes. O arranjo dessas fibras de colágeno determina alguma Fibras
circunferenciais
extensão dos padrões característicos das lesões do menisco (Figs.
45-28 a 45-30) . Quando as amostras do menisco são testadas por Fibras
aplicação de uma força perpendicular à direção da fibra, a força é radiais
diminuída para menos de 10%, porque as fibras de colágeno funcio-
nam primeiramente para resistir às forças de tração ao longo da
di reção das fibras. As fibras circunferenciais atuam da mesma
maneira que os aros de metal colocados em torno de um barril
de madeira pressurizado. A tensão nos aros mantém os bastões de
f'Toras Condrócitos
madeira no local (Figs. 45-31e45-32) . A compressão dos meniscos perfurantes
pela tíbia e o fêmur produz forças externas que impelem os meniscos médias
para fora dos ossos. A tensão circunferencial nos meniscos neutra-
liza essa força externa ou radial. Essas forças do aro são transmitidas O@ii@ml:!I Seção transversal do menisco mostrando a
para a tíbia através das fortes inserções anterior e posterior dos direção da lesão longitudinal. Observe que a direção da lesão
meniscos. A tensão do aro é perdida quando um único corte radial geralmente é oblíqua em vez de vertical.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

também para o fêm ur pelo ligamento de Wrisberg e o ligamento de


Carga articular Humphry e a partir da fáscia cobrindo o músculo poplíteo e o com-

t plexo arqueado no canto posterolateral do joelho. A borda interna,


como o menisco medial, é fina, côncava e livre. O tendão do músculo

>mK poplíteo separa a periferia posterolateral do menisco lateral a partir


da cápsula de articulação e o ligamento colateral fibular. O tendão

t do poplíteo é envolvido em uma membrana sinovial e forma um


sulco oblíquo na borda lateral do menisco.
O menisco late ral é menor em diâmetro, mais espesso na peri-
feria, maior no corpo e mais móvel que o menisco medial. Ele é
O@ll;§'IJIJt Pape l da tensão em aro dos men iscos. A tensão inserido em ambos os ligamentos cruzados e posteriormente para o
do aro desenvolvida nos meniscos atua para mantê-los entre os côndilo femoral medial pelo ligamento de Humphry ou o ligamento
ossos . de Wrisberg, dependendo de qual está presente; ele é também inse-
rido posteriormente ao músculo poplíteo (Figs. 45-26 e 45-27) . É
separado do ligamento colateral lateral pelo tendão poplíteo. Em
contraste, o menisco medial é muito maior em diâmetro, é mais fino
Carga de articulação na sua periferia e mais estreito no corpo, e não fixa a um ligamento

t cruzado. Ele é frouxamente inserido aos ligamentos mediais


capsulares.
Os meniscos seguem os côndilos da tíbia durante a fl exão e a
'41t HH extensão; no entanto, durante a rotação, eles seguem o fêm ur e

+ movem na tíbia - consequentemente, o menisco medial se torna


distorcido. Suas inserções anterior e posterior seguem a tíbia, mas a
sua parte interveniente segue o fêmur; é provavelmente lesionado
durante a rotação. Contudo, o menisco lateral, por ser firmemente
O!§ll;@m!a Papel da tensão em aro dos meniscos. Corte inserido ao músculo poplíteo e ao ligamento de Wrisberg ou de
único para a borda rad ial elim ina a tensão do aro e permite que Humphry, segue o côndilo femoral lateral durante a rotação e, por-
os meniscos se movam entre ossos . tanto, é menos provável de ser lesionado. Além disso, quando a tíbia
é girada internamente e o joelho flexionado, o músculo poplíteo, por
meio do ligamento arqueado, direciona o segmento posterior do
menisco lateral para trás, evitando que o menisco fique preso entre
o côndilo do fêmur e o platô da tíbia.
O suprimento vasc ular para o menisco medial e lateral ori-
ou lesão se estende para a margem capsular; em termos de suporte gina-se principalmente dos vasos geniculados lateral e medial (infe-
de carga, um único corte radial através do menisco pode ser equi- rior e superior). Os ramos desses vasos dão origem a um plexo
valente à meniscectomia. capilar perimeniscal dentro do tecido sinovial e capsular. O plexo é
As bordas periféricas dos meniscos são convexas, fixas e inse- uma rede de vasos capilarizados que abastece a borda periférica do
ridas à superfície interna da cápsula de articulação do joelho, exceto menisco durante sua junção à cápsula da articulação (Fig. 45-33).
onde o poplíteo é interposto lateralmente; essas bordas periféricas Esses vasos são orientados em um padrão predominantemente cir-
também são inseridas frouxamente para as bordas dos platôs da tíbia cunferencial com ramos radiais voltados para o centro da articula-
pelos ligamentos coronários. As bordas internas são côncavas, finas ção (Fig. 45-34). Técnicas de microinjeção demonstraram que a
e desinseridas. Os meniscos são, em sua maior parte, avasculares, profundidade de penetração vascular periférica é de 10% a 30% da
exceto perto da sua inserção periférica nos ligamentos coronários. largura do menisco medial e 10% a 25% da largura do menisco
A superfície inferior de cada menisco é plana, enquanto a superfície lateral. As artérias geniculadas medial lateral, juntamente com seus
superior é côncava, correspondente ao contorno do platô da tíbia ramos, fornecem os vasos aos meniscos através da sinóvia vascular
subjacente e côndilo femoral superimposto. que reveste os anexos do corno anterior e posterior. Uma pequena
O menisco medial é uma estrutura em formato de C maior reflexão do tecido sinovial vascular também está presente em toda
no raio do que o menisco lateral, com o corno posterior sendo a periferia do menisco nos anexos femoral e tibial e estende-se por
maior que o anterior. O corno anterior é inserido firmemente à uma distância curta (1 a 3 mm) .
tíbia anterior para a eminência intercondilar e para o ligamento
cruzado anterior. A maior parte do peso é suportada na porção
posterior do menisco. O corno posterior é fixado imediatamente REPARO E CICATRIZAÇÃO DO MENISCO
na frente das inserções do ligamento cruzado posterior à eminên-
cia intercondilar. Toda a sua borda periférica é firm emente inse- O fornecimento vasc ular para o menisco determina o seu potencial
rida à cápsula medial e através do ligamento coronário para a para reparo. O fornecimento sanguíneo periférico do menisco é
borda superior da tíbia. capaz de produzir uma resposta de reparo similar à observada em
O menisco lateral é mais circular na forma, cobrindo até dois outros tecidos conjuntivos por causa de um plexo capilar perime-
terços da superfície articular do platô da tíbia subjacente. O corno niscal que abastece a periferia 10% a 25% dos meniscos. As lesões
anterior é inserido à tíbia mediaimente na frente da eminência inter- do menisco foram classificadas com base na sua localização em três
condilar, enquanto o corno posterior é inserido no aspecto posterior zonas de vascularidade - vermelha (totalmente dentro da área vas-
da eminência intercondilar e na frente da inserção posterior do cular), vermelho-branca (na borda da área vascular) e branca
menisco medial. O corno posterior, muitas vezes, recebe a fixação (dentro da área avascu lar). Tal classificação indica o potencial para
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

H[§ii;ME;l!I Aspecto superior dos men iscos medial (A) e lateral (B) após a perfusão vascular com nanquim e tratamento do tecido
pela técnica de Spalteholz modif icada. Observe a vascularidade na periferia do menisco, ass im como nas inserções do corno anterior e
posterior. A ausênc ia da vasculatura periférica no canto posterolateral do menisco lateral (seta) representa a área de passagem do
tendão poplíteo.

cicatrização após o reparo (Fig. 45-34 e seção sobre reparo cirúrgico


dos meniscos lesionados) .
Após a lesão dentro da zona vascular periférica, forma-se
um coágulo de fibrina rico em células inflamatórias. Os vasos do
plexo capilar perimeniscal proliferam ao longo dessa fibrina e são
acompanhados pelas proliferações de células mesenquimais dife-
renciadas. A lesão é preenchida com tecido celular fibrovascular de
cicatrização que cola as bordas da ferida juntas e parecem contínuas
com a fibrocarti lagem meniscal normal adjacente. Os vasos do plexo
capilar perimeniscal, assim como o pannus vascular proliferativo da
borda sinovial, penetram a cicatriz fibrosa para fornecer uma res-
posta inflamatória. Estudos experimentais em animais mostraram
que lesões radiais completas do menisco estão completamente cica-
trizadas com uma cicatriz fibrocartilaginosa imatura em 1Osemanas,
embora vários meses sejam necessários para maturação da fibrocar- Mriii@Ba Seção frontal do compartimento medial do
tilagem com aparência normal. joe lho. A ramificação dos vasos radiais do plexo capilar perime-
Vários trabalhos descreveram excelentes resultados após reparo niscal (PCP) pode ser vista penetrando a borda periférica do
primário das lesões na periferia do menisco; uma vez que os resulta- menisco medial. F, Fêmur; T, tíbia . Três zonas da vascu laridade
dos do reparo das lesões em áreas parcialmente vascular ou avasc ular meniscal são mostradas: 1 RR, vermelho-vermelho está total-
não são tão previsíveis, técnicas foram desenvolvidas para melhorar mente dentro da área vascular; 2RW, ve rmelho-bran co est á na
a vascularidade no reparo meniscal. As técnicas para sutura aberta borda da área vascular; e 3 WW, branco-branco está dentro da
de lesões periféricas do menisco são apresentadas neste capítulo, e área avascular. (De Arnoczky SP. Warren RF: Microvasculature of the
aquelas para sutura artroscópica estão descritas no Capítulo 51. human meniscus, Am J Sports Med 10:90, 1982.)
Há controvérsia sobre a capacidade de um menisco ou de um
tecido semelhante ao menisco regenerar após a meniscectomia. Atu-
almente, costuma ser aceito que, para um menisco se regenerar, toda
a estrutura deve ser ressecada para expor o tecido sinovial vascular;
ou em meniscectomia subtotal, a excisão deve-se estender para a LESÕES DOS MENISCOS
vasculatura periférica do menisco. Excisões subtotais do menisco
dentro da metade central avascular do menisco não mostram qual- As lesões traumáticas dos meniscos são produzidas mais comu-
quer potência de regeneração. A frequência e o grau de regeneração mente pela rotação conforme o joelho flexionado se move para
do menisco não foram determinados precisamente. Muitos cirurgi- uma posição estendida. O menisco medial, sendo muito menos
ões consideram que apenas a borda periférica regenera após a móvel na tíbia, pode-se tornar preso entre os côndilos, e pode
meniscectomia total e que a qualidade do menisco regenerado não ocorrer uma lesão. A localização mais comum para a lesão é o
se compara com a do menisco original (veja a discussão da regene- corno posterior do menisco, e as lesões longitudinais são o tipo
ração dos meniscos após a excisão). mais comum de lesão. O comprimento, a profundidade e a posição
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO 6millll
da lesão dependem da posição do corno posterior em relação aos
côndilos do fêmur e da tíbia no momento da lesão. Os meniscos com
formação de cistos periféricos ou meniscos que se tornaram menos
móveis por lesão anterior ou doença podem apresentar as lesões
com menor trauma. As anomalias congênitas dos meniscos, espe-
cialmente menisco discoide lateral, podem predispor a degenera-
ção ou lesão traumática. Do mesmo modo, áreas de degeneração
que se desenvolvem como resultado do envelhecimento não podem
suportar tanto o trauma como a fibrocartilagem saudável. Os eixos
mecânicos anormais na articulação com incongruências ou per-
turbações ligamentares expõem os meniscos à mecânica anormal
e, portanto, podem levar a uma maior incidência da lesão. As
articulações congenitamente frouxas e aquelas com musculatura
inadequada, especialmente o quadríceps, provavelmente estão em
risco significativamente maior de lesões do menisco, assim como
os outros desarranjos internos. h@il;f;.im Duas lesões do menisco medial: clássica lesão do
tipo alça de balde e lesão da parte periférica posterior.
• MECANISMO DE LESÃO
Um menisco geralmente é lesionado por uma força rotacional
enquanto a articulação é parcialmente flexionada. Durante a rotação
interna vigorosa do fêmur sobre a tíbia com o joelho em flexão, o de lesões medial a lateral tenha sido relatado, considera-se que os
fêmur tende a forçar o menisco medial posteriormente e para o dois tipos ocorrem com quase a mesma frequência. As lesões dentro
centro da articulação. Uma forte inserção periférica posterior pode do menisco em si podem ser completas ou incompletas. A maioria
evitar que o menisco seja lesionado, mas se essa inserção apresentar envolve a superfície inferior ao invés da superior do menisco. Peque-
frouxidão ou lesões, a parte posterior do menisco é forçada para o nas lesões limitadas ao corno posterior não são capazes de produzir
centro da articulação, é presa entre o fêmur e a tíbia e é rompida o travamento, mas causam dor, inchaço recorrente e sensação de
longitudinalmente quando a articulação é repentinamente esten- instabilidade na articulação. Lesões longitudinais extensas podem
dida. Se essa lesão longitudinal se estender anteriormente além do causar travamento mecânico se a porção central do menisco for
ligamento colateral medial, o segmento interno do menisco é preso deslocada para a incisura intercondilar. Um fragmento peduncu-
na incisura intercondilar e não pode retornar para a sua antiga lado pode resultar se a inserção posterior ou anterior do fragmento
posição; assim, uma clássica lesão em alça de balde com travamento da alça de balde se soltar.
da articulação é produzida (Fig. 45-35). Lesões transversais, radial ou oblíqua podem ocorrer em qual-
O mesmo mecanismo pode produzir uma lesão posterior peri- quer dos meniscos, porém mais comumente envolvem o menisco
férica ou longitudinal do menisco lateral; o côndilo femoral lateral lateral. Estas geralmente são localizadas na junção dos terços ante-
força a metade anterior do menisco anteriormente e para o centro rior e médio e, como anteriormente apontado, tendem a ocorrer
da articulação, e essa tensão, por sua vez, pode lacerar a metade quando as forças separam os segmentos anterior e posterior do
posterior do menisco a partir da sua inserção periférica. Quando a menisco, alongando a borda côncava interna e resultando em uma
articulação é estendida, resulta uma lesão longitudinal. Por causa da lesão transversal. Uma vez que o menisco lateral é mais circular e
sua mobilidade e estrutura, o menisco lateral não é tão suscetível tem raio menor, a borda interna livre é mais facilmente rompida
para as lesões do tipo alça de balde; no entanto, por ser mais acen- transversalmente do que a sua contraparte medial. As lesões trans-
tuadamente curvado e não ser inserido e nem controlado pelo liga- versais também podem resultar de alterações degenerativas dentro
mento colateral lateral, o menisco lateral apresenta lesões transversais do menisco em si ou de lesão ou de condições como as alterações
incompletas mais frequentemente que o menisco medial. císticas na periferia que tornam o menisco menos móvel.
Ambas as lesões complexas transversal e longitudinal podem
• CLASSIFICAÇÃO ser encontradas e podem seguir a degeneração ou episódios trau-
Inúmeras classificações de lesões dos meniscos foram propostas com máticos repetitivos.
base na localização ou tipo de lesão, etiologia e outros fatores; a Os cistos dos meniscos são frequentemente associados às lesões
maioria das classificações comumente utilizadas baseia-se no tipo e são nove vezes mais comuns na lateral do que no lado medial.
de lesão encontrada na cirurgia. Estas são: ( 1) lesões longitudinais, A causa mais comum é o trauma que produz degeneração e alte-
(2) lesões transversais e oblíquas, (3) uma combinação de lesões rações císticas e mucinosas secundárias na periferia do menisco;
longitudinais e transversais, (4) lesões associadas a meniscos císticos quando as alterações inflamatórias seguem, o menisco pode-se
e (5) lesões associadas a meniscos discoides. tornar menos móvel durante a flexão, extensão e movimentos rota-
O tipo mais comum de lesão é a lesão longitudinal, geralmente cionais e, desse modo, mais suscetível à lesão longitudinal ou
envolvendo o segmento posterior do menisco medial ou lateral. transversal adicional.
Antes do uso extensivo da artroscopia para diagnóstico e tratamento Os meniscos discoides são anormais e devido à hipermobili-
das lesões do menisco, as lesões do menisco medial, na maioria das dade e ao volume do tecido entre as superfícies articulares, são
séries, eram aproximadamente cinco a sete vezes mais comuns que vulneráveis para a compressão e tensões rotacionais. A degeneração
aquelas do menisco lateral. No entanto, conforme o uso do artros- dentro do menisco discoide, assim como as lesões, pode-se desen-
cópio aumentou, possibilitando a inspeção mais minuciosa de volver. O diagnóstico, muitas vezes, não é feito até a cirurgia, uma
ambos os meniscos, mais lesões do menisco lateral foram diagnos- vez que o menisco discoide pode não produzir sintomas significati-
ticadas. Embora nenhum estudo definitivo comparando a incidência vos até que ocorra algum desarranjo do menisco.
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• DIAGNÓSTICO repouso até que a reação tenha diminuído parcialmente vai diferen-
O diagnóstico de uma lesão do menisco pode ser difícil mesmo para ciar o travamento do falso travamento da articulação.
um cirurgião ortopédico experiente. O uso de uma história cuida- Se um paciente n ão tem travamento, o diagnóstico de um
dosa e exame físico e complementação das radiografias padrão em menisco lesionado é mais difícil mesmo para os cirurgiões mais
casos específicos com técnicas especiais de imagem e artroscopia astutos. O paciente geralmente fornece uma história de vários epi-
pode manter erros no diagnóstico de lesões dos meniscos em sódios de problema atribuível ao joelho, muitas vezes resultando em
menos de 5%. Raramente, a artroscopia nas lesões susp eitas pode efusão e um breve período de incapacidade, mas nenhum trava-
revelar uma articulação normal ou uma com menor anormalidade mento definitivo. Sensação de falseio ou estalos, cliques, pinçamen-
em que a cirurgia não seria útil; nessas ocasiões, um diagnóstico tos ou falhas no joelho podem ser descritos, ou a história pode ser
de menisco hipermóvel ou hipertrofia da camada de gordura é mais indefinida, com episódios recorrentes de dor e efusão leve no
raramente correto. O término do procedimento é melhor qu e a joelho e sensibilidade no espaço anterior da articulação após a ati-
remoção das estruturas que não são anormais o sufic iente para vidade excessiva.
explicar os sintomas. Quando são bem compreendidas, as seguintes dicas podem ser
Quando um menisco foi lesionado, as estruturas capsular e importantes no diagnóstico diferencial neste segundo grupo: sensa-
ligamentar, assim como as superfíc ies articulares, também foram ção de fa lseio, efusão, atrofia do quadríceps, sensibilidade sobre a
frequentemente lesionadas. Para simplificar, as lesões dos meniscos linha de articulação (ou o menisco) e reprodução de um clique pelas
são discutidas aqui como se elas sempre fossem lesões isoladas, mas manobras manipulativas durante o exam e físico.
a evidência de outras lesões sempre deve ser procurada. Os distúr- A sensação de falseio é, em si, de pouca ajuda no diagnósti co,
bios que podem produzir sintomas similares aos de um menisco visto que pode ocorrer em outras perturbações do joelho, especial-
rompido devem ser mantidos em mente e, para evitar erros, uma mente os corpos livres, condromalacia da pateta e instabilidade da
história sistêmica cuidadosa e detalhada e o exame físico comple- articulação resultante da lesão de ligamentos ou da fraqueza da
mentado com estudos de imagem apropriados e a artroscopia são musculatura de apoio, especialmente o quadríceps. Quando esse
indicados, especialmente se os sintomas e achados não são bastante sintoma resulta de uma lesão na parte posterior de um menisco, o
típicos de um menisco lesionado. paciente geralmente percebe isso nos movimentos de rotação do
Uma história de lesão específica pode não ser obtid a, especial- joelho e, muitas vezes, o associa a uma sensação de subluxação ou
mente quando ocorreram lesões em meniscos anormais ou degene- "da articulação pulando para fora do lugar''. Quando o falseio res ulta
rativos. Este cenário é observado mais frequentemente em uma de outras causas, como a fraqueza do quadríceps, ele geralmente é
pessoa de meia-idade que sustenta uma torção com sup orte de peso perceptível durante a simples flexão do joelho contra a resistência,
sobre o joelho ou que tem dor após o agachamento. As lesões dos como ao descer escadas.
meniscos normais geralmente estão associadas a trauma ou lesão Derrame articular indica que algo está irritando a sin óvia;
mais sign ificante, mas são produzidas por um mecanismo similar : portanto, tem valor limitado de diagnóstico específico. O início
o menisco é preso entre os côndilos do fê mur e da tíbia em flexão, rep entin o da efusão após uma lesão geralmente indica hemar-
e lesionam conforme o joelho é estendid o. Os pacientes com lesões trose, e esta pode ocorrer quando a periferia vasc ularizada de um
em meniscos degenerativos podem relatar sintomas de travamento menisco é lesionada. As lesões que ocorrem dentro do corpo de
leve, pinçamento ou clicagem, assim como dor ocasional e inchaço um menisco ou nas áreas degenerativas podem não produzir uma
leve na articulação. Uma vez qu e a lesão no menisco passa a ter hemartrose. O deslocamento repetitivo de uma porção pedunculada
tamanho significativo, os sintomas mais óbvios de falseio e trava- ou lesionada de um menisco pode causar irritação sinovial suficiente
mento podem -se desenvolver. para produzir uma sinovite crônica com efusão sem sangue. Assim,
As síndromes causadas pelas lesões dos meniscos podem ser o tempo de início e as características da efusão são de valor ao avaliar
divididas em dois grupos: aquelas em que há travamento e o diag- o joelho, mas a ausência de uma efusão ou hemartrose não exclui
nóstico é claro, e aquelas em que o travamento está ausente e o uma lesão do men isco.
diagnóstico é mais difícil. O primeiro grupo requer pouca discussão, A atrofia da musculatura em torno do joelho, especialmente
porque os sintomas e achados foram descritos muitas vezes em do componente vasto medial do mecanismo do quadríceps, sugere
outros lugares. No entanto, o travamento pode não ser reconhecido, incapacidade recorrente do joelho, mas não indica a sua causa. Pro-
a menos que o joelho lesionado seja comparado com o joelho vavelmente, o achado físico mais importante está localizado sensi-
oposto, qu e deve exibir 5 a 10 graus de recurvato que geralmente velmente ao longo da linha de articulação medial ou lateral ou sobre
está presente. O joelho lesionado pode ser travado e ainda estender- a periferia do menisco. Em geral, está localizado posteromedial-
-se para a posição neutra. O travamento costuma ocorrer apenas mente ou posterolateralmente, porque a maioria das lesões do
com lesões longitudinais e é muito mais comum com as lesões do menisco está nas áreas do corno posterior. O menisco em si não
tipo alça de balde, geralmente do menisco medial. O travam ento do contém fibras nervosas, exceto na sua periferia; portanto, sensibili-
joelho não deve ser considerado patognomônico de uma lesão do dade ou dor estão relacionadas com a sinovite nos tecidos capsular
tipo alça de balde de um menisco; um tumor intra-articular, um e sinovial adjacentes.
corpo solto osteocartilaginoso e outras condições podem causar
travamento. Independentemente de sua causa, o travamento que não • TESTES DE DIAGNÓSTICO
é aliviado após a aspiração da hemartrose e um período de trata- Os cliques, estalos ou capturas, audíveis ou detectados por apalpação
mento conservador pode exigir tratamen to cirúrgico. Um erro sério durante a flexão, extensão e movimentos rotacionais da articulação,
é a fa lha em distinguir o travamento do falso travamento. O falso podem ser valiosos diagnosticamente, e os esforços devem ser feitos
travamento ocorre mais frequentemente logo após uma lesão em para reproduzir e localizá-los precisamente. Se esses ruídos estive-
que a hemorragia em torno da parte posterior da cápsula ou um rem localizados na linha de articulação, provavelmente menisco
ligamento colateral com espasmo isquiotibial associado previne a contém uma lesão. Ruídos semelhantes originários da patela, do
extensão completa do joelho. A asp iração e um curto período de mecanismo do quadríceps ou do sulco patelofemoral devem ser
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fl!m
diferenciados. Vários testes de manipulação foram descritos, mas o
teste de McMurray e o teste de moagem de Apley provavelmente são
mais com um ente utilizados. Todos envolvem basicamente as tenta-
tivas de localizar e reproduzir a crepitação que resulta conforme o
joelho é manipulado.
O teste de McMurray (Fig. 45-36) é provavelmente o mais
conhecido e é realizado como descrito adi ante. Com o paciente em
decúbito dorsal e o joelho flexionado de forma agud a e fo rçada, o
examinador pode verificar o menisco medial apalpando a margem
posteromedial da articulação com uma das mãos, segurando o pé
com a out ra mão. Mantendo o joelho completamente flexionado, a
perna é externamente girada tanto quanto possível e, em seguida, o
joelho é lentamente estendido. Conforme o fêmur passa sobre a
lesão no menisco, um clique pode ser ouvido ou sentido. O menisco
lateral é verificado apalpando a margem posterolateral da articula-
ção, internamente girando a perna tanto quanto possível, e lenta-
mente estendendo o joelho, ouvindo e sentindo um clique. Um
clique produzido pelo teste de McMurray gera lmente é causado por
uma lesão periférica posterior do menisco e ocorre entre a flexão
completa do joelho e 90 graus. O estalo, que ocorre com maiores
graus de extensão quando é definitivamente localizado para a linha
de articulação, sugere a lesão das porções média e anterior do
menisco. A posição do joelho quando o clique ocorre, portanto,
pode ajudar a localizar a lesão. Um clique de McMurray localizado
na linha de articulação é uma evidência adicional de que o menisco
O@il;@m Teste d e McMurray para lesão do menisco (ver
texto). (De Tria AJ Jr: Clini cai examination of the knee. ln Scott WN,
está lesionado; um resultado negativo do teste de McMurray não
editor: lnsall & Scott surgery of the knee, 4th ed, Philadelphia, 2006,
exclui a lesão.
Churchill Livingstone Elsevier.)
O teste de moagem, como descrito por Apley, é realizado como
descrito a seguir. Com o paciente de bruços, o joelho é flexionado a
90 graus e a coxa anterior é fixada contra a mesa de exame. O pé e
perna são, então, puxados para cima para distrair a articulação e
girados para colocar a tensão rotacional sobre os ligamentos (Fig.
45-37 A); quando os ligamentos estão lesionados, essa parte do teste
geralmente é dolorosa. Em seguida, com o joelho na mes ma posição,
o pé e a perna são pressionados para baixo e girados conforme a
articulação é lentamente flexionada e estend ida (Fig. 45-37 B);
quando um menisco fo i lesionado, o estalo e a dor localizada para
a linha de articul ação podem ser observados. Embora os testes de
McMurray, Apley e outros não possam ser considerados di agnósti-
cos, eles são úteis o suficiente para ser incluídos no exam e de rotina
do joelho.
As lesões de um menisco podem produzir dor no comparti-
mento oposto do joelho. Isso é mais comum ente visto com lesões
posteriores do menisco lateral. Esse fenômeno não é entendido. O A B
uso de ressonância magnética tem minimizado a exploração inicial
do compartimento incorreto. O@ii;@Bli,I A e B, Teste de moagem de Apley para lesão do
O utro teste útil, o teste do agachamento, consiste em várias menisco (ve r texto). (De Tria AJ Jr: Clinicai examination of the kn ee .
repetições de um agachamen to completo com os pés e pernas de ln Scott WN, ed: lnsall & Scott surgery of the knee, ed 4, Philadelphia,
modo alternado, totalmente rodados in ternamente e externamente 2006, Church ill Livingstone .)
con forme o agachamento é reali zado. A dor geralmente é prod u-
zida no lado medial ou lateral do joelho, correspondente ao lado
do menisco lesionado. A dor na posição de rotação interna sugere O examinador apoia o paciente, mantendo as suas mãos estendi -
a lesão para o menisco lateral, enqua nto a dor na rotação externa das, enq uanto o paciente fica com os pés planos no chão. O paciente,
sugere lesão para o menisco medial. A localização da dor para a então, gira o seu joelho e corpo, internamente e externamente, três
linha medial de articulação ou a linha lateral de articulação, no vezes com o joelho em ligeira flexão (5 graus). O mesmo procedi-
entanto, é um sinal localizador muito mais confiável que a posição mento é rea lizado com o joelho flexionado 20 graus. Pacientes com
de rotação. suspeita de lesões do menisco apresentam desconforto na linha de
Karac halios et ai. descreveram um teste para detecção art iculação medial ou lateral e podem apresentar senso de trava-
precoce das lesões do menisco (teste de Thessaly) para o qual eles mento ou captura. O teste é sempre feito antes no joelho normal
relataram taxas de diagnóstico precisas de 94% em detectar lesões para ensi nar o paciente como manter o joelho em 5 e 20 graus de
do menisco medial e 96% na detecção de lesões do menisco lateral. flexão e como reconhecer um possível resu ltado positivo no joelho
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

sintomático. O teste de Thessaly em 20 graus de fle xão do joelho


foi considerado eficaz como um teste de seleção clínica de primeira
linha para lesões do menisco.
Duas metanálises da literatura tentaram determinar a precisão
relativa desses testes clínicos, mas ambas encontraram problemas
com a metodologia dos estudos e tamanhos pequenos de amostra e
também diferenças em como os testes foram definidos, realizados e
interpretados. Urna análise determinou que a sensibilidade na linha
da articulação é o melhor teste "comum", enquanto os outros encon-
traram sensibilidades e especificidades similares entre os três testes:
McMurray, 70% e 71 %; Apley, 60% e 70%; e a sensibilidade na linha
de articular, 63% e 77%.

• ESTUDOS DE IMAGEM

1 RADIOGRAFIA
Incidências anteroposterior, lateral e da incisura intercondilar
com uma visão tangencial da superfí cie inferior da patela deve m
ser rotineiras. As radiografias comuns não vão confirmar o diag-
nóstico de um menisco lesionado, mas são essenciais para excluir
os corpos livres osteocartilaginosos, osteocondrite dissecante, e
outros processos patológicos que podem imitar um menisco
rompido. O[ijil;f4n!Ill Artrograma do joelho mostrando a lesão do
menisco.
1ARTROGRAFIA
A utilidade da artrografia no diagnóstico de condições patológicas
do menisco geralmente é diretamente proporcional ao interesse e à
experiência da pessoa que realiza a artrografia (Fig. 45-38). Nunca
utilizar a artrografia é eliminar um procedimento de diagnóstico patelofemoral, pois ela permite a avaliação da relação normal e
extremamente valioso, mas utilizá-lo de forma rotineira em todo anormal da articulação em vários graus de flexão do joelho, com
joelho lesionado é decepcionante. Com as melhorias em tomografia e sem contração do quadríceps. Ela também é útil para delinear
computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), raramente os cistos sinoviais e outros tumores do tecido mole em torno
utilizamos a artrografia para exame do joelho. do jo elho.

1 OUTROS ESTUDOS DE DIAGNÓSTICO • ARTROSCOPIA


Outros estudos de diagnóstico, como ultrassonografia, varredura Os detalhes sobre os equipamentos, os princípios e as técnicas artros-
do osso, TC e RM, demonstraram melhorar a precisão do diagnós- cópicas de diagnóstico e cirurgia são apresentados no Capítulo 51.
tico em muitos distúrbios do joelho (Cap. 2). A sua principal
atratividade so bre artrografia ou artroscopia é que elas são pro- • TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
cedim entos não invasivos. Em comparação com a artroscopia, As lesões do menisco comprovadas geralmente são tratadas cirur-
RM mostrou ter uma precisão de 98% para lesões mediais do gicamente, muitas vezes por ar troscopia e em raros casos por
menisco e 90% para lesões laterais do menisco. Outros relataram artrotomia.
que a RM tinha valor preditivo positivo de 75%, valor preditivo A artroscopia tornou o diagnóstico de lesões agudas do
negativo de 90%, sensibilidade de 83% e especificidade de 84% menisco mais preciso, o que ajuda no planejamento do tratamento.
para alterações patológicas nos meniscos. Mais recentemente, um As lesões incompletas ou pequenas lesões periféricas (deslocadas <
estudo de lesões agudas e crônicas do menisco em 122 adultos 3 mm) são difíceis de confirmar sem a artroscopia. É possível tratar
jovens encontrou sensibilidade de 67%, especificidade de 93% e uma lesão incompleta do menisco ou uma pequena (5 mm) lesão
precisão do diagnóstico de 88% na detecção de lesões agudas; periférica estável sem outra condição patológica - como uma lesão do
sensibi lidade foi de 64%, especificidade fo i de 91 % e a precisão ligamento cruzado anterior - de modo não cirúrgico com resultados
do diagnóstico fo i de 86% para lesões crônicas. Embora a RM previsivelmente bons. Muitas lesões incompletas não vão progredir
pareça ser eficiente em detectar lesões do menisco, ela não para lesões completas se o joelho for estável. As pequenas lesões
mostrou ser eficaz em prever o reparo dessas lesões. Motamedi periféricas estáveis demonstra ram cicatrização após 3 a 6 semanas
relatou que dois radiologistas experientes rnusc uloesqueléticos, de proteção. Muitas pequenas lesões periféricas não diagnosticadas
utilizando os critérios artroscópicos es tabelecidos para classificar provavelmente ocorrem com outras lesões no joelho, como tensões
11 9 lesões do menisco, concordaram em classificar como repará- ou deslocamentos patelares, e se elas es tão na zona vascularizada
veis ou não reparáveis em 74% das vezes, mas atribuíram pon- (seção sobre reparo cirúrgico de lesões meniscais), cicatrizam sem
tuações idênticas em apenas 38% dos casos. tratamento cirúrgico. Em um estudo multicêntrico de mais de 400
A TC de alta resolução foi relatada para ter sensibilid ade pacientes com idades de 50 a 79 anos, no entanto, as lesões não
de 96,5%, especificidade de 81,3% e acurácia de 91 %. Mais tratadas do menisco, mesmo em lesões radiais menores, estavam
frequentemente, utili zamos TC para examinar a articulação fortemente associadas ao desenvolvimento da osteoartrite: 63% dos
CAPÍTULO 45 LE SÕ ES NO JOELHO fm:lll
pacientes com lesões não tratadas do menisco tiveram evidência de comparável ao do joelho oposto. Deve ser encorajado o maior
osteoartrite, comparados com apenas 19% daqueles sem danos ao movimento da articulação possível. Isso pode ser fe ito por meio
menisco. de um programa regular de exercícios progressivos, não apenas
Lesões longitudinais verticais estáveis, que tendem a ocorrer para o quadríceps e isquiotibiais, mas também para os flexores e
nas porções periféricas vasculares dos meniscos, podem cicatrizar abdutores do quadril.
com tratamento não cirúrgico. Weiss et ai. relataram a cicatrização
de 17 de 26 lesões longitudinais verticais com tratamento não cirúr- • TRATAMENTO CIRÚRGICO
gico, comparadas com apenas quatro das 10 lesões radiais. Uma Historicamente, as indicações e técnicas CJrurgicas para exc1sao
lesão longitudinal vertical envolvendo o corpo do menisco foi clas- dos meniscos lesionados foram controversas; os cirurgiões ortopé-
sificada como estável quando a porção do menisco que era central dicos defenderam a excisão total do menisco lesionado, enquanto
à lesão não poderia ser deslocada mais que 3 mm a partir da borda outros propuseram a excisão subtotal. A justificativa para excisão
periférica intacta. A maioria das lesões fo i de 1 cm de comprimento total, muitas vezes, teve como base os critérios de recuperação
ou menos, e todas as lesões de espessura parcial foram classificadas funcional a curto prazo. Com maior tempo de seguimento, fo i
como estáveis. observado aumento das alterações degenerativas, especialmente
Lesões crônicas com uma lesão aguda superimposta não após a meniscectom ia total. Foi demonstrado que a remoção de
tendem a cicatrizar com tratamento não cirúrgico. Portanto, uma um terço do menisco aumenta as forças de contato da articulação
lesão aguda do menisco em um paciente com história de episó- em até 350%.
dios sintomáticos como captura, trava mento e fa lseio provavel- As maiores alterações degenerativas ocorrem prin cipal-
mente não qualifica para o tratamento não cirúrgico. O tratamento mente após a meniscectomia total do que subtotal. Após a excisão
não cirúrgico nunca é apropriado em um paciente com um joelho subtotal do menisco, há menor degeneração da cartilagem arti-
travado causado por uma lesão m en iscal do tipo alça de balde. cular, e ela está localizada principalmente na área antes coberta
A manipulação forçada dessas lesões deslocadas nunca é justifi- pelo menisco. A quantidade de alteração degenerativa na cartila-
cada, e a maior parte não vai cicatrizar sem cirurgia mesmo se gem articular parece estar diretamente proporcional à quanti -
forem reduzidas. dade do menisco removido. Em nossa experiên cia, se a disfunção
As lesões do menisco que causam sintomas infrequentes e produzir sintomas quase diár ios, travamento frequente ou efusões
mínimos podem ser tratadas com reabilitação e atividade restrita. repetidas ou crônicas, a porção patológica do menisco deve ser
Lesões associadas a instabilidades ligamentares podem ser trata- removida, porque os problemas causados pela incapacidade pre-
das de modo não cirúrgico se o paciente recusar a reconstrução sente superam a probabilidade ou significância de artrite dege-
do ligamento ou se a reconstrução for contraindicada. A remoção nerativa futura. Se uma porção significativa da borda periférica
dos meniscos, especialmente o menisco medial, nesses joelhos puder ser mantida por excisão sub total do menisco, o resultado
pode tornar a instabilidade muito mais grave. O tratamento a longo prazo é melhorado.
cirú rgico ou não cirúrgico das lesões ligamentares também A remoção completa do menisco é justificada apenas
aumenta o risco de lesão medial do menisco; Yoo et ai. descobri- quando o menisco está irreparavelmente lesionado, e a borda do
ram que o dano medial ao menisco é mais comum se a cirurgia menisco deve ser preservada, se possível. A meniscectomia total
for adiada por 6 meses ou mais. não é mais considerada o tratamento de escolha em atletas jovens
As lesões crônicas mesmo dentro da zona vascularizada não ou outras pessoas cujas atividades diárias exigem uso vigoroso
cicatrizam sem cirurgia. No entanto, fo i demonstrada a cicatrização do joelho.
das lesões crônicas quando o leito sinovial do menisco foi revivado A excisão de apenas uma porção lesionada do menisco, por
e as bordas lesionadas foram apostas e suturadas. artrotomia aberta ou por técnica artroscópica, tem amparo suficiente
O tratamento não cirúrgico consiste em um imobilizador e resultados clínicos para indicar o seu uso rotineiro. A excisão sub-
gessado da virilha para o tornozelo ou imobilizador do joelho total de um menisco lesionado por artrotomia aberta pode ser um
utilizado por 4 a 6 semanas. Andar com muletas com sup orte de procedimento difícil e pode ser realizada mais fac ilmente por técni-
peso é permitido quando o paciente ganha controle at ivo da extre- cas artroscópicas. A excisão artroscópica subtotal do menisco é des-
midade no imobilizador. O paciente é instruído para um programa crita no Capítul o 51.
de exercícios isométricos progressivos durante o tempo em que a
perna está imobilizada, a fim de reforçar o quadríceps, os músculos 1ALTERAÇÕES TARDIAS APÓS A MENISCECTOMIA
isquiotibiais e o gastrocnêmio e sóleo em torno do joelho, assim O joelho pode funcionar bem sem o menisco, mas evidência consi-
como os flexores, abdutores, adutores e extensores em torno do derável indica que a meniscectomia, muitas vezes, é seguida por
quadril. Em 4 a 6 semanas, a imobilização é descontinuada e o alterações degenerativas dentro da articulação; na maioria dos
programa de exercícios de reabilitação para os músculos em torno estudos, não é possível determinar com certeza se a lesão, o menisco
do qu adril e do joelho é intensificado. O paciente deve ser in fo r- danificado em si ou sua excisão levaram às alterações degenerativas.
mado que qualquer lesão no menisco pode não ter cicatrizado Os estudos mais recentes descobriram baixas porcentagens de
mesmo com esse período de imobilização. Se os sintomas retorna- redução do espaço articular de mais de 50%, 10 a 15 anos após a
rem após um período de tratamento não cirúrgico, o reparo cirúr- meniscectomia medial parcial. Um estudo com 12 anos de segui-
gico ou a remoção do menisco danificado podem ser necessários, mento mostrou que 88% dos pacientes com meniscectomia medial
e procedimentos de diagnóstico mais específicos (p. ex., RM e parcial tiveram estreitamento do espaço da articulação de menos de
artroscopia) são indicados. 2 mm e nenhum teve estreitamento de 2 mm ou mais. Os resultados
O aspecto mais importante do tratamento não cirúrgico, uma subjetivos após a meniscectomia medial parcial geralmente são favo-
vez que a dor aguda e a efusão diminuíram, é a recuperação da ráveis, com 88% a 95% dos pacientes relatando resultados bons a
força muscular em torno do joelho lesionado em um nível excelentes.
E!JZ) PARTE XIII MED ICINA ESPORTIVA

1 REPARO CIRÚRGICO DOS MENISCOS RASGADOS


Os estudos clínicos com acompanhamento a longo prazo mostraram Verme lha-branca
que muitas lesões agudas ou crônicas na periferia e nessa zona vascu- [ LBranca
larizada externa cicatrizam quando suturadas e protegidas. Os relató-
rios de reparos de lesões agudas e crônicas, por técnicas abertas ou
artroscopicamente assistidas, citaram a confirmação da cicatrização
por artrografia ou artroscopia em 90% dos pacientes. Um seguimento
de 21 anos de 18 pacientes com reparo meniscal aberto isolado encon-
trou resultados bons a excelentes em 17 casos, com um a pontuação
média de Lysholm de 97,8 e pontuação IKDC de 93%. As alterações
degenerativas da articulação no joelho operado foram similares às do
joelho contralateral. Uma taxa de (re)lesão de aproximadamente 30%,
no entanto, merece preocupação. A indicação ideal para reparo do
menisco é urna lesão aguda de 1 a 2 cm, longitudinal, periférica,
reparada em conjunto com a reconstrução do ligamento cruzado
anterior em um indivíduo jovem. As indicações para reparo em
outras situações são menos claras. Miller, Warner e Harner catego-
rizaram as lesões do menisco de acordo com a sua localização em Ot§i!@m Zonas de potencial cicatrização do menisco (ver
três zonas de vascularidade (Fig. 45 -39): vermelha-vermelha, total- texto). (De Miller MD, Warner JJP, Harner CD: Meniscal repair. ln Fu FH,
mente dentro da área vascular; vermelha-branca, na borda da área Harner CD, Vince KG, editors: Knee surgery, Baltimore, 1994, Williams
vascular; e branca-branca, dentro da área avascular. Eles recomen- & Wilkins)
daram o reparo das lesões vermelha-vermelha e vermelha-branca.
O "reparabilidade': ou probabilidade de cicatrização, depende de
vários outros fatores além da vascularidade, especificamente, tipo de
lesão, cronicidade e tamanho (Tabela 45-1).
As lesões dos meniscos podem ser suturadas por técnicas
abertas ou artroscópicas, que estão descritas no Capítulo 51. A


sutura aberta do menisco tem sido bem-sucedida em joelhos está-
veis. Em joelhos instáveis, o menisco suturado pode romper de
Cap!1cidade _de de
novo, a menos que a reconstrução estabilize o joelho ou o paciente
:zt ::-. - Lesoes Memsca1s
altere as atividades físicas. Em um estudo em cadáver, Dürselen et
CAPACIDADE
al. mostraram que a frouxidão do joelho anterior significativamente TIPO DE CRONICI- TAMANHO DE
aumenta o espaço entre as bordas das lesões do corno posterior do ZONA RUPTURA DADE (cm) REPARAÇÃO
menisco medial reparados e não reparados. Vermelho- Longitu- Aguda 1,5 a 4
Se a lesão do menisco envolver a periferia do corno posterior, vermelho dinal
exposição através de artrotorn ia posteromedial ou posterolateral é Vermelho- Longitu- Crônica 1,5 a 4
relativamente fácil, a última sendo mais difícil. Nessas lesões, a borda vermelho dinal
do menisco e a junção sinoviocapsular podem ser preparadas e múl- Vermelho- Longitu- Aguda 1,5 a 4
tiplas suturas podem ser colocadas de forma precisa. Em razão do bra nco dinal
arranjo de colágeno do menisco, as suturas verticais podem ser utili-
Vermelho- Longitu- Crôn ica 1,5 a 4
zadas. Ainda preferimos reparar as lesões periféricas do corno poste- bra nco dinal
rior por artrotornia aberta se as reconstruções capsulares posterornedial
Vermelho- Radia l/ Aguda 1,5 a 4
ou posterolateral estiverem sendo feitas concom itantemente. Técnicas
branco retal ho
artroscópicas de sutura são necessárias para lesões na ou perto da
Vermelho- Radial/ Crônica 1,5 a 4
junção das zonas vascular e avascular. Urna longa lesão em ou perto
branco retalho
dessa junção é quase impossível de expor e suturar através da artro-
tornia posterornedial ou posterolateral. As lesões mediais que se esten- Vermelho- Radial/ Les ionada 1,5 a 4
dem profundamente ao ligamento colateral são difíceis de expor por branco retalho
técnicas abertas sem risco de lesão para o ligamento. As lesões do Verme lho- Radial/ Lesionada 1,0 a 4
corno posteriores do menisco lateral são difíceis de expor e suturar, branco reta lho
visto que a cápsula posterolateral não é tão bem-definida. Estas Branco- Longitu- Aguda 1,5 a 4
podem ser mais facilmente reparadas por técnicas artroscópicas. branco dinal
As suturas de reparo do menisco podem aproximar o tecido e Branco- Radial/ Aguda 1,5 a 4
fornecer canais de acesso vascular para o crescimento do tecido de branco retalho
cicatrização. O material de sutura ideal não foi ainda determinado. Branco- Longitu- Crônica 1,5 a 4
A maioria dos relatos iniciais de reparo do menisco defende o uso branco d inal
de urna sutura absorvível, como ácido poliglicólico (Dexon), poli- Branco- Radial/ Crônica 1,5 a 4
glactina-910 (Vicryl), ou polidioxanona (PDS). Os efeitos mecânicos branco retalho
do movimento normal da articulação provavelmente causam falha Branco- Radial/ Lesionada 1,5 a 4
até mesmo das suturas não absorvíveis ao longo do tempo. Uma vez branco retalho
que o menisco humano requer vários meses para cicatrizar comple-
De Miller MD, Warner JJP, Harner CD: Meniscal repair. ln Fu FH, Harner CD,
tamente, a sutura selecionada para reparo do menisco deve ser capaz
Vince KG, ed itors: Knee surgery, Ba ltimore, 1994, Williams & Wilkins.
de fornecer apoio adequado para esse período.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fl!Dll
Instabilidade significativa adiciona tensão ao reparo do menisco,
Começando do lado de fora da cápsu la posterior, passe
e a chance de outra lesão aumenta muito. Reparamos o menisco sem
as sutu ras através da cápsu la; em seguida, verticalmente
estabilização ligamentar, mas apenas quando o paciente está disposto
de inferior a superior através do menisco e, em seguida,
a reduzir seriamente suas atividades e está totalmente ciente de que
de volta através da cápsula, mas não as prenda (Fig.
uma segunda lesão é mais provável em uma articulação instável. Para
45-40). Cada sutura deve ser orientada verticalmente, e
pacientes mais jovens e ativos, a estabilização ligamentar deve acom-
não horizonta lmente, a fim de obter a máxima tração
panhar a sutura do menisco por causa da diminuição da probabili-
sobre o menisco.
dade de cicatrização e aumento do risco de reabertura em um joelho
•Antes de a incisão da artrotom ia ser fechada, reúna as
com frouxidão ligamentar.
extremidades das sutu ras do menisco e exerça a tensão
sobre elas. Verifique para observa r que a aproximação da
lesão do men isco é precisa.
REPARO DO MENISCO ABERTO •Mantenha a tensão sobre as su turas, observe a lesão, e
lentamente estenda o joelho para ter certeza de que a
aproximação não é separada enquanto o joelho é esten-
TÉCNICA
dido. Se as suturas forem colocadas muito superior-
•Examine sistematicamente todo o joelho artroscopica- mente na cápsula posterior, as bordas da lesão vão
mente para excluir condições patológicas adicionais. A separar conforme o joelh o se estende. Se a aproximação
técn ica para reparo é essencialmente a mesma para envolver o fragmento da borda do menisco, o frag-
lesões do menisco medial e lateral. mento orienta a colocação adequada das suturas. Se o
•As lesões mediais do menisco se estendem mais comu- reparo for de um anexo periférico, puxe o menisco de
mente para 2 a 3 cm ao longo do corno posterior vo lta para mais perto da junção meniscocapsular origin al
anteriormente à borda posterior do ligamento colateral quanto possível.
medial. A lesão, às vezes, se estende mais anterior- •Se a lesão do menisco medial se estende r anteriormente
mente, ou um deslocamento do tipo alça de ba lde e profundamente ao ligamento colatera l medial e, por-
ocorre. Algumas das lesões do tip o alça de balde e tanto, dificultar a in speção e o reparo por meio da
lesões longitud inai s no terço externo do menisco podem artrotomia posteromedial, as suturas são colocadas de
ser suturadas. melhor modo com técnicas artroscópicas (Cap. 51 ).
•Se o menisco medial for lesionado, posicione o joelho em Caso não sej a háb il em técnicas artroscópicas, cuidado-
60 graus de flexão. sas incisões longitud in ais através do ligamento colateral
•Em segu ida, faça uma incisão de artrotomia vertica l pos- medial e cápsula podem possibilitar a inspeção e o
teromedial a partir da área epicondilar medial do fêmur reparo. Muito cuidado deve ser tom ado para evitar a
distalmente para o tendão semimembranoso em linha lesão ao li gamento co latera l.
com as fibras do ligamento obl íquo posterior. •Se a artrotomia t iver se estendido através do lig amento
•Utilize um afastador de âng ulo reto para retrair a cápsula coronário, certifique-se de que é precisamente aproxi-
posterior posteriormente e, em segu ida, explore a exten- mada para restaurar a estab ilidade periférica. Com o
são da lesão . Essas lesões geralmente estão 2 a 3 mm da joelho em 45 graus de flexão, feche a artrotom ia com
periferia do menisco, bem dentro da zona vascu lar. Se a múltiplas suturas interru ptas e não absorvíveis, avan-
lesão estiver a 5 mm ou mais a partir da inserção perifé- çando e apertando o ligamento oblíquo posterior.
rica, ela pode ser difícil de visua lizar e reparar por meio •Uma vez que a artrotom ia fo i fe chada, amarre as sutu ras
da abordagem da artrotom ia. do menisco individualmente, começando com a sutura
• Desbride as bordas da lesão com uma pequena cu reta ou mais lateral e progredindo para a mais medial.
bisturi. Como regra, não remova qualquer tecido do
menisco periférico intacto. A remoção desse tecido e a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
tração da borda do menisco para a cápsula com suturas rio é determinado pelo tamanho ou extensão da lesão,
estreitam o menisco e reduzem a sua função de suporte se é estável (não deslocável na articulação) ou instável
de peso. (deslocável na articu lação) e se o reparo é combinado
•Com uma pequena raspa, friccione as bordas desbrida- com uma reconstrução do ligamento ou outro procedi-
das da lesão e também o tecido parameniscal sin ovial mento. Se o reparo não for combinado com outro pro-
para evocar uma resposta inflamatória de aumento da cedimento e a lesão for pequena e estável, o joelho é
cicatrização. co locado em uma imobi lização articulada e arco de movi-
•Uma vez que a lesão foi preparada para sutura, identifique mento de O a 90 graus é imediatamente permitido. O
o interva lo entre a cápsula posterior e a cabeça medial do apoio dos dedos é permitido imed iatamente, e o suporte
gastrocnêmio e retraia a última posteriormente. de peso comp leto é permitido em 6 semanas quando a
•Solte a cápsula posterior a partir da cabeça do gastroc- cinta e as muletas são desca rtadas. Nenhum esporte é
nêmio sobrejacente ao longo de todo o comprimento da permitido por 3 meses. Se o reparo não for combinado
lesão do menisco para tornar a colocação precisa da com outros procedimentos, mas a lesão for suf iciente-
sutura mais fáci l. mente grande pa ra permitir o deslocamento na articula-
•Coloque as suturas ininterruptas de Mersilene ou outro ção, o joelho é colocado em um a imobilização articulada
material de sutura cirúrgica não absorvível a cada 3 a 4 mm.
que é travada em extensão completa por 3 a 4 semanas. )
lllll!D PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A B e
O@i!;fii fJ:ll!) A, Por meio da artrotomia posterom edial, múltiplas suturas separadas colocadas verticalmente através da periferia do
menisco são espa ça das em poucos milímetros e amarradas do lado de fora da cápsula de articular. B, Olhando para bai xo do topo da
lesão longitudinal do meni sco com múltiplas suturas de aproximação . C, Suturas amarradas do lado de fora da cápsula, aproximando
a cápsula ou borda periférica do menisco para o corpo do menisco. VEJA A TÉCNICA 45-1.

) Apenas o apoio dos dedos com muletas é permitido. Em


4 semanas, o mecan ismo de articulação da imob ilização
é ajusta do e o movimento de O a 90 graus é iniciado. A
imobilização é utilizada por 6 semanas e, em segu ida,
removida. O suporte de peso para 50% é alcançado neste
ponto. As muletas podem ser descontinuadas em 8
semanas. Nenhum esporte é perm itido por 6 meses,
dependendo do sucesso da reabilitação. Se o reparo do
menisco for comb in ado com um procedimento recons-
tru tivo (como reconstru ção do li gamento cruzado ante-
rior), movimento, uso da imobilização e suporte de peso
são determinados pelo cuidado pós-operatório necessári o
para o procedimento reconstrutivo.

1AUTO ENXERTOS E ALO ENXERTOS DO MENISCO


Apesar dos melhores esforços, nem todas as lesões do menisco
podem ser reparadas, e as alterações artríticas podem-se desenvol-
ver no compartimento envolvido do joelho. Talvez um dos maiores
O@il;ljin1J9 A loen xerto do menisco.
dilemas que os ortopedistas enfrentam é o tratamento de um indi-
víduo jovem, ativo, saud ável, com um joelho artrítico que não é
um candidato para uma substituição total do joelho. Em resposta os aloenxertos do menisco sejam histológica, bioquímica e biome-
a esse problema, os pesquisadores estudaram o uso de aloenxertos canicamente semelhantes ao menisco nativo.
do menisco, autoenxerto com material da fásc ia e scaffolds sintéti- Em virtude da dificuldade em localizar, coletar e distribuir
cos dos meniscos. Os resultados relatados de aloenxertos do aloenxertos de cadáveres frescos para um receptor com o tamanho
menisco são contraditórios, e a maioria dos estudos relata apenas compatível, assim como da possibilidade de transm issão da doença,
o acompanhamento de curto e médio prazo (Fig. 45 -41). O sucesso meniscos frescos adequados para a implantação de aloenxerto deram
geralmente é defin ido pelo alívio da dor, função melhorada, lugar para os aloenxertos de menisco preservados em banco. Atual-
ausência de sintomas do m enisco, ausência de rejeição e cicatr i- mente, os aloenxertos do menisco são preservados em uma de
zação periférica do enxerto. O verdadeiro sucesso será determi- quatro maneiras: fresco, fresco congelado (congelamento profundo),
nado pela prevenção da artr ite, que será comprovada apenas com seco congelado (liofilização) e criopreservado. Desses quatro métodos,
o acompanh amento de longo prazo. Alguns estudos examinaram apenas a criopreservação provou manter de forma reprodutível uma
a histologia e a bioquímica dos transplantes, mas tal pesquisa população celular substancialmente viável (10% a 40%) . A necessi-
precisa de maior investigação. O sucesso a longo prazo requer que dade de preservar células viáveis no aloenxerto foi questionada por
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fl!m
causa dos estudos com animal mostrando que o aloenxerto é repo-
voado com células hospedeiras.
As técnicas de preservação também afetam a imunogenicidade
do aloenxerto de menisco. O congelamento profundo ou liofilização
do tecido meniscal tende a diminuir a imunogenicidade. A criopre-
servação mantém o conteúdo de antígenos decodificados do
antígeno do leucócito hum ano do do ador e é mais sensibili zante
ao hospedeiro. Os estudos demonstraram resposta imunológica do
hosped eiro para o transplante, mas a significânc ia clínica di sso é
des conhecida.
O potencial para transmissão da doença também é afetado
pelas técnicas de preservação. A criopreservação não é considerada
um processo por meio do qual a ester ilização pode ser garantida,
mas a liofilização e a irrad iação gama mostraram eliminar efetiva-
m ente o risco de transmissão virai. Infelizmente, essas técnicas
parecem ter o efeito deletério de encolh imento do enxerto. Para
eliminar o vírus da imunodeficiência hum ana, o tecido do aloen-
xerto deve ser irradiado com mais de 3 Mrad de irradiação gama,
m as a exposição para m ais de 2,5 Mrad de irradiação afeta de modo
negativo as propriedades mecânicas dos tec idos contendo co lágeno.
Consequentem ente, a esterili zação secundária com irradiação gama
não é atualmente recomendada.
O candidato apropriado para transplante do aloenxerto do
H@ii;@nl!I Cisto do menisco . A sequência coronal de RM
ponderada em T2 supr imida de gordura mostra cisto do menisco
menisco deve ser esqueletalmente maduro, mas também jovem
com intensidade de sina l a lto (seta branca grande) com uma lesão
para artrop lastia total do joelho e ter dor significativa do joelh o e
ob líqua associada (seta branca assoc[ada) no corpo do menisco
função limitada. Todas as o utras opções para tratamento clínico
lateral. (De Miller TT: Magnetic resonance imag ing of the knee. ln Scott
da dor, incluindo tentativa cuidadosa de tratamento conservador
W N, e dito r: lnsall & Scott surgery of the knee, ed 4, Philadelphia, 2006,
e técnicas de imobilização, devem ser esgotadas. A ca usa de dano
Church ill Livingstone.) VEJA A TÉCNICA 45-5.
ao menisco deve ser me câ nica, não degenerativa e o dano ao
menisco não deve ser causado por doença sinovial. Se houver
uma doença não mecânica, o aloenxerto irá falh ar. O candidato
ideal é um paciente com menos de 40 anos com um menisco pontuação utilizado, os pacientes mostraram melhora clínica contí-
ausente ou não funcional. Em a lgumas ocas iões, pacientes de até nua, e uma revisão sistemática da literatura relatou a satisfação do
50 anos de idade podem beneficiar-se do transplante caso eles paciente entre 62% a 100% nos acompanh amentos variando de 3
estejam alt amente ativos com artrite apenas limitada e não sejam para quase 12 anos. Os aloenxertos do menisco não mostraram
bons candidatos para artroplastia. A dor deve estar localizada no efe ito de longo prazo significativo sobre a degeneração progressiva
compartimento afetado com atividades da vida diária ou esportes. da articulação, e o paciente deve ter expectativas realistas. No
Além disso, o paciente deve ter alinhamento mecânico normal, um entanto, o alívio da dor e a melhora na função, m esm o se apenas
joelho estável e apenas alterações de cartilagem ar ticular de Outer- temporária, são expectativas razoáveis. A técnica para transplante
brid ge d e grau I ou grau II. As contraindicações incluem instabi- do menisco é descrita no Capítulo 51.
lidade do joelho ou alinhamento incorreto varo-valgo, a menos
que estes possam ser corri gidos. O alinhamento incorreto varo-
va lgo é definido como assimetria de 2 a 4 graus ou mais em com- OUTRAS CONDIÇÕES DOS MENISCOS
paração com o joelho con tralateral. O alinhamento in correto
também existe se a linha de suporte de peso nas radiografias pano- • CISTOS DOS MENISCOS
râmicas in cidir no co mpartim ento afetado com menisco deficiente.
As reconstruções do ligamento cruzado anterior e osteotomias Os cistos dos meniscos são relativamente incomuns, com frequência
podem ser realizadas s imultanea m ente ou como procedimentos relatada de aproxim adamente 1,5%. Os cistos do menisco lateral
em estágios. A maioria dos pesquisadores acredita que a osteoar- (Fig. 45-42) foram estimados sendo três a 10 vezes mais comuns que
trite avançada é uma contraindicação abso luta por causa da sobre- os cistos do menisco m edial. Várias teorias foram apresentadas para
vivência questionável do enxerto. expli car a etiolog ia dos cistos do men isco, incluindo (1) trauma, que
Uma vez que a maioria dos resultados disponíveis de trans- resulta em contusão e hemo rrag ia d entro d a substância do m eni sco,
plante de aloenxertos do menisco é de c urto prazo e médio prazo, levando à degeneração mucoide; (2) degeneração com a idade, que
as questões permanecem sobre sua sobrevivência e função. Em um resulta em necrose local e degeneração mucoide em um cisto; (3)
estudo, os efeitos benéficos de alívio da dor e melhora da função inclusão de desenvolvimento das células sinoviais dentro da subs-
permaneceram em aproximadame nte 70% dos pacientes em 10 anos tância do menisco, ou um even to metaplástico em que as células
após a cirurgia; outro estudo com acompanhamento de 14 anos separam em mucina e resultam na formação do cisto; e ( 4) desloca-
observou a deterioração de resultados clínicos durante o acompa- mento de células sinoviais na substância do menisco através de
nhamento. Uma metanálise mais recente observou que, indepen- lesões microscópicas na fibrocartilagem, que resulta em secreção do
dentemente do período de acompanhamento e o sistema de ác id o mucopolissacarídeo para forma r os conteúdos dos cistos
lll1lJD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

do menisco. Mais recentemente, sugeriu-se que a formação de cistos do •Se isso não for bem-sucedido, introduza uma agu lha
menisco está relacionada com o afluxo de fluido sinovial através de espina l percutaneamente através da massa cística para
lesões microscópicas e macroscópicas na substância do menisco. ajudar a localizar o caminho entre o cisto e o menisco.
Uma série de autores observou estreita correlação (aproximada- Perfure com uma pinça passada através da lesão, e o
mente 100%) entre a formação do cisto e as condições patológicas camin ho do cisto pode amp liar o cam inho o suficiente
do menisco, mais comumente, as lesões da porção periférica do para evacua r o conteúdo do cisto na articu lação (Fig.
terço médio do menisco lateral. Uma análise de 1.571 meniscos 45-43 C, detalhe).
identificou 112 com cistos do menisco, todos os quais estavam asso- •Se necessário, insira um pequeno shaver motorizado no
ciados a uma lesão horizontal ou do tipo alça de balde com um cisto para quebrar as lócu las e ajudar na descomp ressão
componente periférico horizontal. cística, e para estimu lar a inflamação e cicatrização do
Quando localizado lateralmente, os cistos do menisco geral- cisto e seu caminho (Fig. 45-438, detalhe). Tesner et ai.
mente são palpáveis imediatamente anterior e proximal à cabeça da recomendaram suturar o restante do cam in ho dentro do
fíbula e anterior ao ligamento colateral lateral. Eles costumam ser menisco, mas Lonner e Parisien não consideram isso
firmes e aparentemente fixos ao tecido capsular; contêm um material necessário.
gelatinoso e claro e geralmente são multiloculares. Quando de tamanho •Se uma margem periférica do menisco for deixada de
médio, são caracteristicamente mais proeminentes quando o joelho é modo que pareça instável, o menisco pode ser reparado
estendido e menos proeminentes quando o joelho é flexionado; peque- para a cápsu la de articulação com uma técnica auxiliada
nos cistos podem desaparecer dentro da articulação na flexão (sinal artroscopicamente. O joelho é irrigado e os portais da
de Pisan i). Um cisto grande e não tratado do menisco lateral pode artroscopia são suturados.
corroer o côndilo tibial imediatamente inferior à margem lateral da
cartilagem articular e produzir um visível defeito tanto radiografica-
mente quanto na cirurgia . A RM mais claramente define o cisto e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O suporte de peso total
quaisquer condições patológicas associadas do menisco. imed iato é permitido com uma bengala, se necessário, e
A dor costuma ser o sintoma mais proeminente e é acentuada os exercícios de quadríceps isométricos são incentivados.
por atividade. O paciente pode observar uma massa ao longo da
linha lateral da articulação, que pode variar em tamanho de acordo
com o grau de atividade. Se o cisto estiver associado à lesão do
menisco, os sinais clássicos estão presentes, como travamento, estalo
e falseio. Em raros casos, cistos maiores que se manifestam poste- EXCISÃO DO CISTO DO MENISCO
riormente no espaço poplíteo podem ser confundidos com os cistos
poplíteos (Baker). TÉCNICA
O tratamento de cistos do menisco geralmente requer cirurgia.
Raramente medidas conservadoras, consistindo em injeções ou medi- •Examine o joelho artroscopicamente e, cu idadosamente,
cações anti-inflamatórias, resultam em mais que o alívio temporário inspecione o menisco para a lesão e a extensão da
de sintomas. Atualmente, o tratamento recomendado consiste em degeneração.
meniscectomia artroscópica parcial e descompressão do cisto. •Se os sintomas são de duração relativamente curta, as
superfícies do menisco e da inserção capsu lar podem
parecer bem normais. Se sim , faça uma pequena incisão
lateral diretamente sobre o cisto e corte o cisto periférico
MENISCECTOMIA PARCIAL por dissecção cu idadosa.
ARTROSCÓPICA E DESCOMPRESSÃO •Um pedículo do cisto pode ocasionalmente ser rastreado
DO CISTO DO MENISCO na periferia da área degenerada do menisco. Corte e
renove o leito periférico do menisco, exponha a área
TÉCNICA degenerada para formar um cana l de acesso vascu lar e
suture a borda periférica do menisco cuidadosamente na
•Anestesia gera l ou regional é utilizada, e portais de artros- junção meniscossinovial da cápsula com mú ltipl as suturas
cop ia padrão são estabelecidos, com influxo através do absorvíveis e in interruptas.
porta l parapatelar superomedial. Os portais inferomedial •Imobilize o joe lho em extensão por 4 semanas.
e inferolateral são utilizados para passar instrumentos
(consu lte o Cap. 51 para uma descrição dos portais CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
artroscópicos) . rio é como descrito na seção sobre sutura do menisco
•Palpe cuidadosamente o menisco para identificar a exten - (Técn ica 45-1 ).
são da lesão do menisco.
•Se uma lesão radia l for encontrada, resseque-a para uma
borda periférica estável (Fig. 45-43 A e B).
• Se a lesão for horizontal estável, faça a ressecção apenas Se inúmeras lesões de clivagem intrassubstanciais forem
da folha inferior após desbridar sua vemente a folha encontradas ao ressecar o cisto, realiza-se a meniscectomia. Nesses
superior. casos, preferimos fazer uma meniscectomia parcial artroscópica, se
•Apalpe o cisto externamente; isso pode empurrar o mate- possível. Se o exame artroscópico revelar uma lesão degenerativa
rial do cisto na articu lação e descomprimir o cisto, possi- complexa do menisco, este é ressecado artroscopicamente, nova-
bil itando a identificação da comunica ção do cisto. mente com uma tentativa de manter uma borda periférica. Quando
a lesão é ressecada, o cisto, muitas vezes, é descomprimido, o que
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO

H@il;fflm!I A e B, Excisão de lesões associadas a cistos do menisco (ver texto). C, Descompressão do cisto do menisco com pinça
e basket. (A e B de Parisien JS: Techniques in therapeutic arthroscopy, New York, 1993, Lippincott-Raven. C Redesenhado de Warren RF,
Hanley S, Bach BR: Chronic anterior ligament injury. ln Parisien JS, editor: Arthroscopy surgery, New York, 1988, McGraw-Hill.) VEJA A TÉCNICA 45-2.

pode ser observado por exsudação de um material gelatinoso no dor na linha lateral de articulação, clique e efus ão. Os meniscos
campo artroscópico. discoides do tipo Wrisberg costumam ser aproximadamente normais
em tamanho e for mato e não têm a inserção posterior, exceto o
• MENISCO DISCOIDE ligamento de Wrisberg (Fig. 45-44). Como esse tipo não tem formato
O menisco discoide é uma anomalia incomum do menisco que de disco, Ne uschwander et ai. descreveram-no como uma "variante
ocorre mais frequentemente lateralmente do qu e mediaimente. A lateral do menisco com ausência do ligamento coronário posterior"
incidência relatada de menisco discoide lateral variou de 26% em para distingui-lo de um verdadeiro menisco discoide. Os meniscos
pacientes japoneses e coreanos para menos de 1% em outras popu- discoides do tipo Wrisberg, muitas vezes, ocorrem em uma idade
lações de pacientes; a incidência de menisco discoide medial variou mais jovem que os tipos completo ou incompleto, e não estão asso-
de 0% a 0,3%. ciados a trauma. O movimento anormal desse tipo de menisco dis-
De acordo com o sistema de Watanabe et ai., os meniscos coide resulta em um estalo durante a flexão e extensão do joelho
discoides laterais geralmente são categorizados como completo, ("síndrome de estalo do joelho").
incompleto e tipo Wrisberg, com base no grau de cobertura do platô Os meniscos discoides mediais são muito menos comuns que
tibial lateral e a presença ou ausência da inserção meniscotibial os meniscos discoides laterais; têm formato de disco e estão mais
normal posterior. Os tipos completo e incompleto são mais comuns, frequentemente associados a trauma, geralmente lesões do menisco.
são em formato de disco e apresentam um anexo posterior do A maioria dos pacientes com meniscos discoides mediais tem sin-
menisco. Esses tip os geralmente são assintomáticos, sem movi- tomas cons istentes com a lesão medial do menisco. Em geral, a
m ento anormal do menisco durante a flexão ou extensão do joelho. evidência radiográfica do menisco discoide está ausente, e o diag-
Se um menisco discoide incompleto ou completo for rompido, os nóstico pode não ser feito antes da cirurgia, a menos que seja utili-
sintomas são semelhantes aos de qualquer outra lesão do menisco: zada a RM.
@J1h:t PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

1 1
1 1 1
\
1 Ligamento meniscofemoral 1
1
1
'' lateral (Wrisberg)
\

/
/
,- /

/
1
1

A B

H@il;t!ifll9 A, Men isco discoide lateral do tipo Wrisberg com o joelho em flexão . A inserção tibial do menisco posterior é ausente.
O menisco não é subluxado. B, Com o joelho em extensão, o menisco é deslocado para a incisura intercondilar pelo seu ligamento de
Wrisberg inserido.

1TRATAMENTO degenerativas. Tratamos dois meniscos discoides laterais do tipo


Um menisco discoide intacto, completo ou incompleto, visto como Wrisberg por saucerização artroscópica, produzindo bordas peri-
um achado incidental na artroscopia ou artrotomia não necessaria- féricas de aproximadamente o tamanho normal. Como essas
mente requer tratamento. No entanto, é desconhecido quantos bordas não tiveram anexos capsulares posteriores, elas foram sutu-
pacientes não foram tratados eventualmente e desenvolveram lesões radas para a cápsula raspada com técnicas de sutura artroscópica.
ou degeneração dentro do menisco. O tratamento adequado deve Até o momento, esses pacientes evoluíram de forma satisfatória,
ser selecionado para cada paciente; a menos que o menisco discoide mas uma segunda artroscopia foi realizada.
estável, completo ou incompleto tenha causado ranhuras, alterações
condrais ou outras condições patológicas dentro do compartimento,
o tratamento provavelmente deve ser adiado. LESÕES TRAUMÁTICAS AGUDAS
As lesões em meniscos discoides completos ou incompletos DOS LIGAMENTOS
que causam dor e estalo no joelho e que mostram um segmento
hipermóvel medial, mas com anexos periféricos intactos, são
CONSIDERAÇÕES GERAIS
mais bem tratadas por meniscectomia subtotal ou uma chamada
saucerização do fragmento móvel. Isso pode ser feito por técnicas Cargas biomecânicas, microscopia eletrônica de varredura e foto-
artroscópicas (Cap. 51) ou por meio de uma artrotomia. Se um grafia de alta velocidade mostraram que os ligamentos falham
menisco sintomático for saucerizado em uma criança jovem, o por um mecanismo progressivo, em série e sequencial de falha
aumento da vascularidade no menisco imaturo mostrou resultar das microfibras. As fibras isoladas de colágeno são não extensí-
em mudanças adaptativas dentro da borda periférica restante veis e começam a falhar em 7% a 8% de alongamento. O número
conforme a função do crescimento e articulação continuam, e de fibras de colágeno rompidas no ligamento determina se ele é
uma borda do menisco estável, saudável e útil pode-se desenvol- funcional ou morfologicamente rompido. Pesquisadores demos-
ver. No entanto, as alterações degenerativas foram observadas traram que pode existir continuidade morfológica em um liga-
para desenvolver em meniscos discoides sem lesão, e em crianças mento após ter ocorrido o ponto de tensão máxima (o indicador
com menos de 16 anos de idade, a meniscectomia total pode de falha completa) .
oferecer a melhor chance de um joelho livre de sintoma para um O rompimento completo com perda de continuidade requer
maior período. deslocamento extremo da articulação. A observação visual da inte-
Para um menisco discoide do tipo Wrisberg, que requer gridade do ligamento no momento da cirurgia é um indicador ina-
um anexo da tíbia posterior adequado, o tratamento geralmente dequado de (1) extensão da fa lha, (2) dano ao fornecimento de
é a meniscectomia total, aberta ou artroscópica. Com essa lesão, a sangue para o ligamento, (3) alongamento residual ou (4) futuras
meniscectomia subtotal sozinha deixa uma borda instável do menisco capacidades funcionais. A ruptura completa dos ligamentos isolados
que certamente pode causar futuros problemas. Embora a menis- raramente ocorre sem danificar as outras estruturas, visto que o
cectomia total de um menisco não discoide lateral possa levar à deslocamento extremo da articulação é necessário para romper um
osteoartrose progressiva em crianças e adultos, crianças com ligamento completamente, e isso deve produzir pelo menos algum
meniscos discoides parecem menos propensas a essas alterações rompimento nas outras estruturas de apoio.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO C!llil
ETIOLOGIA mínima e, portanto, pode cicatrizar com medidas conservadoras,
deixando, aparentemen te, uma lesão isolada ao exame clínico.
Os ligamentos do joelho muitas vezes são lesionados em atividades Isso é mais comum com o ligamento cruzado anterior. Os meca-
atléticas, especialmente aqueles envolvendo contato, como futebol nismos relatados como possivelmente capazes de romper o liga-
americano. Esqui, hóquei no gelo, ginástica e outros esportes mento cru zado anterior com mínima lesão de outras estrutu ras
também podem produzir estresse repentino suficiente para romper de apoio são hiperextensão, rotação interna acentuada da tíbia
os ligamentos do joelho. Os acidentes com veículo a motor, espe- sobre o fêm ur e desaceleração pura. O rompimento isolado do
cialmente aqueles envolvendo motocicletas, são causas comuns de cruzado posterior pode resultar de uma pancada direta na fre nte
perturbações nos ligamentos do joelho (p. ex., o joelho flexionado da tíbia com o joelho flexionado.
do passageiro bate no painel do automóvel no impacto, lacerando o
ligamento cruzado posterior). O romp imento do ligamento pode
ocorrer sem uma queda ou contato direto quando repentino, a carga CICATRIZAÇÃO DO LIGAMENTO
ou tensão grave é colocada sobre os ligamentos, como quando um
velocista coloca um pé para desacelerar repentinamente ou mudar A capacidade de um ligamento lesionado para cicatrizar depende de
as direções. uma variedade de fatores, incluindo localização anatômica, presença
de lesões associadas e modalidade de tratamento selecionada, assim
como vários fatores sistêmicos e locais. Clinicamente, uma lesão de
MECANISMO grau I ou grau II no ligamento colateral medial cicatriza dentro de 11
a 20 dias, mas uma lesão medial do ligamento colateral de grau III
Quatro mecanismos foram descritos como capazes de romper as pode levar anos para cicatrizar.
estruturas ligamentares em torno do joelho: (1) abdução, flexão e O processo de cicatrização pode ser mais ou menos dividido
rotação interna do fêmur na tíbia; (2) adução, flexão e rotação em quatro fases sobrepostas: hemorragia, inflamação, reparo e
externa do fêmur na tíbia; (3) hiperextensão e (4) deslocamento remodelagem. O processo pode ser descrito com base nos eventos
anteroposterior. histológico, bioquímico e biomecânica. Após a lesão intrasubstan-
De longe, o mecanismo mais comum consiste em abdução, cial do ligamento colateral medial, a fase de hemorragia começa com
flexão e rotação interna do fêmur na tíbia quando a perna de suporte o fluxo sanguíneo no espaço criado retraindo as extremidades do
de peso de um atleta é atingida na região lateral por um oponente. ligamento, formando um hematoma. A fase inflamatória segue
Esse mecanismo resulta em uma força de abdução e flexão no joelho, quando as células infl amatórias e monócitos migram para o local da
e o fêmur é girado internamente pelo deslocamento do peso do lesão, convertendo o coágulo no tecido de granulação e fagocitando
corpo na tíbia fixada. Esse mecanismo produz lesão no lado medial o tecido necrótico. Dentro de 2 semanas, uma rede de fibras de
do joelho, a gravidade da qual depende a magnitude e a dissipação colágeno imaturas e paralelas substitui o tecido de granulação. A fase
da força aplicada. Quando há abdução, flexão e rotação interna do inflamatória termina com a fase de reparo e começa com a formação
fêmur na tíbia, as estruturas de apoio mediais - o ligamento colateral da matriz extracelular em um padrão aleatório. Essa fase começa
medial e o ligamento capsular medial - são as estruturas lesionadas dentro de 5 a 7 dias após a lesão e dura por várias semanas. Novos
inicialmente. Se a força for de magnitude suficiente, o ligamento vasos sanguíneos começam a se formar e os fibrob lastos continuam
cruzado anterior também pode ser rompido. O menisco medial a produzir a matriz extracelular. A fase fina l, remodelagem, sobre-
pode ser preso entre os côndilos do fêmur e da tíbia, e ele pode ser põe a fase de reparo; ela começa várias semanas após a lesão e dura
rompido na sua periferia com a lesão das estruturas mediais; por- meses ou até mesmo anos. As fibras de colágeno se alinham ao longo
tanto, produzindo "a tríade infeliz" de O' Donoghue. O mecanismo do longo eixo do ligamento, resultando em aumento da maturação
de adução, flexão e rotação externa do fêmur na tíbia é muito menos da matriz do colágeno. Foi demonstrado que o alinhamento progres-
comum e produz o rompimento primário lateralmente. Novamente, sivo das fibras está diretamente relacionado com uma melhora nas
a gravidade do rompimento depende da magnitude e da dissipação propriedades biomecânicas do ligamento. Embora o ligamento durante
da força aplicada. Em geral, o ligamento colateral lateral é rompido a cicatrização aparente ser grosseiramente o ligamento normal ori-
inicialmente e, dependendo da magnitude do trauma e desloca- ginal, os estudos de longo prazo com anima is demonstram que o
mento, os ligamentos capsulares, o ligamento complexo arqueado, o aspecto histológico e morfológico é diferente. Em comparação com
poplíteo, a banda iliotibial, o bíceps femoral, o nervo peroneal o ligamento não lesionado, o tecido de cicatrização tem aumento no
comum e um ou ambos os ligamentos cruzados podem ser rompi- número de fibras de colágeno, e o seu diâmetro e massas são
dos. A força direcionada para o aspecto anterior do joelho estendido, menores. Além disso, os padrões de "ondulação" das fibras dentro
um mecanismo de hiperextensão, geralmente lesiona o ligamento do ligamento em cicatrização permanecem anormais por até 1 ano,
cruzado anterior, e se a força continuar ou for intensa, pode haver e o alinhamento do colágeno permanece ruim.
estiramento e rompimento da cáps ula posterior e ligamento cruzado A análise bioquímica do processo de cicatrização revela
posterior. As forças anteroposteriores aplicadas para o fêmur ou a mudanças no tipo e na distribuição da fibra de colágeno. No início,
tíbia, como bater a tíbia no painel de carro, podem causar lesões ao o processo tem maior proporção das fibras do tipo III, mas a relação
ligamento cruzado anterior ou posterior, dependendo da direção do retorna ao normal após 1 ano. Embora o ligamento em cicatrização
deslocamento da tíbia. mostre um aumento no número de fibras de coláge no, o número de
A incidência e o mecanismo do chamado rompimento ligações cruzadas de colágeno maduras é de apenas 45% do valor
isolado do ligamento continuam a ser debatidos. Como anter ior- normal após 1 ano. A cicatrização do ligamento também pode ser
mente declarado, todas as estruturas de apoio em torno do joelho estudada biomecanicamente. Os testes funcionais determinam a
funcionam em conj unto, e, provavelmente, nenhum ligamento contribuição do ligamento para a cinemática do joelho, assim
pode ser rompido sem algum grau de lesão sendo sustentado para como as forças in situ no ligamento em resposta às cargas externas.
outras estruturas de apoio. A lesão das outras estrut uras pode ser Os testes de tração avaliam as propriedades estrutural e mecânica
lllE1l!> PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

do ligamento. Weiss et al. mostraram que as propriedades biomecâ- da lesão é sempre importante e geralmente pode ser obtida por meio
nicas de um ligamento colatera l medial em cicatrização permane- de anamnese cuidadosa. Informações sobre as lesões ou disfun-
cem inferior ao de um ligamento intacto por até 1 ano após a lesão. ções anteriores à lesão auxiliam na avaliação. A posição do joelho,
Embora a rigidez se aproxime de níveis normais, a carga final para o suporte de peso no momento da lesão, a força aplicada (seja
falha ainda é significativamente menor que o normal. direta e extern a ou indireta e gerada pelo momento do paciente)
e a posição da extremidade após uma lesão são muito importantes .
A descrição do paciente da experi ência no momento da lesão pode
CLASSIFICAÇÃO ser valiosa se os seguintes dados fore m descritos: força do joelho ou
salto fora do local; pop audível; localização, gravidade e tempo rela-
De acordo com o manual da Arnerican Medical Association, Nomen- tivo no início da dor; capacidade de andar após a lesão ter ocorrido;
clature of Athletic Injuries, uma entorse (sprain) é definida como uma sensação de estabilidade ou instabilidade caso tenha tentado cam i-
lesão limitada aos ligamentos (tecido conjuntivo anexando osso a nh ar; liberdade de movimento, tanto ativa como passiva, do joelho
osso) e uma ruptura ou estiramento (strain) como uma lesão de após a lesão; e rapidez e localização do inchaço. Com relação ao
alongamento do músculo ou seu anexo tendinoso ao osso. As entor- último ponto, o inchaço ou a efusão intra-articular dentro das pri-
ses são classificadas em três graus de gravidade. Uma entorse de meiras 2 horas após o trauma sugerem hemartrose, enquanto o
ligamento de grau 1 é definida corno uma lesão de um número inchaço que ocorre durante a noite costuma ser indicação de sino-
mínimo de fibras do ligamento com sensibi lidade localizada, mas vite traumática aguda.
sem instabilidade; grau 2 de entorse, corno um rompimento de mais O exame fí sico deve ser completo, preciso, sistemático e reali-
fibras ligamentares com maior perda de função e maior reação da zado tão logo quanto possível após a lesão, a fim de minimizar
artic ulação com instabilidade leve a moderada; e grau 3 de entorse, problemas de inchaço grave, efusão te nsa e espasmo involuntár io do
como um rompimento completo do ligamento com instabilidade músculo.
resultante marcada. Estes, muitas vezes são classificados como Ambas as extremidades inferiores devem ser completamente
leve, moderado e grave para o primeiro, segundo e terceiro graus despidas para exame a fim de possibilitar a comparação da posição
de entorses, respectivamente. O terceiro grau de entorse - aquele ou atitude assumida pela extremidade lesionada e para detectar
que demonstra instabilidade marcada - pode ser classificado pelo deformidade, incluindo um a var iação na posição da patela. As
grau de instabilidade demonstrado durante os testes de estresse. áreas de equimose e grand es efusões são fac ilmente observadas,
Com 1+ de instabilidade, as sup erfícies de artic ul ação se separam embora as menores efusões possam exigir palpação cuidadosa . A
em 5 mm ou menos; com 2+ de instabilidade, elas se separam de hemartrose sugere a ruptura de um ligamento cruzado, uma
5 a 10 mm; e com 3 + de instabilidade, elas se separam 10 mm ou fratura osteocondral, a lesão periférica na porção vasc ular de um
mais. Uma classificação padronizada é importante para comunica- menisco, ou a lesão na porção profunda da cápsula de articulação.
ção precisa e embora, obviamente, não seja sempre precisa, ela Uma efusão sem sangue sugere uma sinovite reacional que pode
fornece uma escala viável para fi ns clínicos. ser causada por um menisco degenerativo ou um processo crônico
O tratamento da entorse de grau 1 é apenas sintomático; uma sem lesão aguda super imposta. A ausência de uma hemartrose não
pessoa com uma entorse de grau 1 geralmente pode voltar à ativi- necessariamente indica um a lesão menos grave no ligamento, visto
dade dentro de alguns dias. A entorse de grau 2, com lesão mode- que graves perturbações muitas vezes causam apenas mínima dis-
rada local e reação da articulação, mas nenhuma instabilidade tensão da articu lação. O rompimento pode ser tão completo que
demonstrável, pode ser tratada de forma conservado ra, mas o o sangue escapa nos tecidos moles do espaço poplíteo em vez de
ligamento precisa de proteção. Um retorno para a atividade vigo- distender a articulação. A atrofia no músculo é especialmente
rosa deve ser adiado até que a reação inflamatória tenha diminuído importan te qu ando o exame é fe ito vários dias após a lesão. A
e a reabilitação tenh a sido concluída. Uma órtese funcional que circunferência da coxa distal perto do meio do vasto medial deve
rest rin ge o movimento em alguns graus pode fornecer proteção. A ser comparada com a coxa normal, uma vez que a musc ulatura,
entorse de grau 3 com completo rompimento do ligamento pode especialmente o quad ríceps, sofre rápida atrofia reflexa após um
exigir reparo cirúrgico, a menos que haja uma contraindicação distúrbio significativo em torno do joelho. O arco de movimento
específica. A restauração da estrutura anatômica e tensão normal da articulação, especialmente a extensão completa, deve ser com-
deve se r o objetivo do reparo do ligamento. Os resultados cirúrgi- parado com a do joelho oposto e não lesionado. Uma hemartrose
cos, como um a regra, são superiores aos resultados conservadores tensa ou efusão pode dificultar a extensão completa e deve ser
na entorse de grau 3, especialmente na face latera l. A entorse de evac uada; isso deixa um menisco preso como a causa m ais com um
grau 3 isolada dos ligamentos colatera is pode ser tratada não cirur- de extensão incompleta após a lesão.
gicame nte em circunstâncias específicas, com resu ltados compará- A palpação dos ligamentos colaterais e se us anexos ósseos
veis para aqueles de reparo cir úrgico. Essas indicações são deve demonstrar dor no ponto da lesão do ligamento. Um defeito
discutidas na seção sobre tratamento das lesões ag udas do liga- no ligamento ocasio nalm ente é palpável se o exame for realizado
mento colateral medial. imediatamente após a lesão. Um defeito palpável é mais provável
quando a inserção tibial do ligamento colateral medial ou o li ga-
mento colateral lateral fo r lesionado. Algumas vezes, uma área de
crepitação pode ser palpada no hematoma localizado no local do
DIAGNÓSTICO rompimento do ligamento. Finalmente, após o estado neurovascu-
lar ter sid o ava liado, a estabilidade deve ser determ inada por testes
• HISTÓRIA E EXAME FÍSICO de esforço.
Com história e exame fís ico cuidadosos, uma lesão agud a de um A avaliação para estabilidade do joelho geralmente é fác il
ligamento do joelho geralmente pode ser localizada, classificada e quando o exame é feito imediatamente após a lesão e antes do
grad uada de acordo com a sua gravidade. A história do mecanismo in ício do espasmo muscular involuntário de proteção. Q uando
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

lâ[êji!@m A e B, Testes de estresse por abdução e adução (ver


t exto).

reali zada muito tempo depois, a avaliação é muito mais difícil e, 1TESTES DE ESFORÇO PADRÃO
em algumas circunstâncias, pode exigir anestesia. Quando a anes- Nos testes de esforço para perturbações dos ligamentos em torno do
tesia é necessária para avaliar a estabilidade da articulação, prefe- joelho, a qualidade do end point, ou ponto de resistência final, do
rimos a anestesia ge ral, a menos que seja contraindicada. Outros teste varia de firme, implicando uma parada definitiva, para "suave
pesquisadores infiltram as áreas da lesão com um anestésico local ou frouxo': uma parada menos distinta e menos repentina. Esse
ou utilizaram a técnica de bloqueio intravenoso de Bier, mas temos aspecto dos testes de esforço é subjetivo, e sua utilidade depende da
pouca experi ência com esses métodos. Testes bem -sucedidos de experiência e conhecimento do examinador.
estresse, algumas vezes, são possíveis m esmo várias horas ou vá rios Teste de Esforço da Abdução (Valgo). A abdução, ou teste de
dias após a lesão se o examinador explicar o teste e tranquilizar o esforço valgo, é feita com o paciente em decúbito dorsal na mesa do
paciente de que a dor vai ser mínima, para que ele possa pelo exame. Novamente, a extremidade oposta e normal deve ser exami-
menos relaxar parcialmente e cooperar. O joelho não lesionado é nada inicialmente para ganhar a confiança do paciente e para esta-
mais bem examinado primeiro para avaliar a frouxidão norm al belecer uma linha de base da tensão ligamentar normal do paciente.
para uma linha de base. Começando com o joelho normal e não O joelho a ser examinado é colocado no lado da mesa próximo ao
dolo roso, também tende a inspirar confiança no paciente se o examinador. A extremidade é abd uzida fora do lado da m esa e o
exame for realizado sem pressa e suavemente, mas de modo firm e. joelho fl exionado aproximadamente 30 gra us (Fig. 45-45 A). Uma
Se a avaliação adeq uada da estabilidade não for possível, prefere-se das mãos do examinador é colocada em torno do aspec to lateral
o exame sob anestesia à incerteza. do joelho, com a outra mão apoiando o tornozelo. A suave ab dução
Artrômetros para testes de esforço estão comercialmente dis- ou estresse valgo é aplicada no joelho, enquanto a mão no torno-
poníveis e podem medir a abertura varo ou valgo da articulação ou zelo gira levemente a perna externamente. A estabilidade com o
sua translação anterior ou posterior. Esses dispositivos não são subs- joelho fl exionado a 30 gra us é observada. O teste é repetido várias
titutos para exame clínico cuidadoso, mas são úteis em medir o grau vezes nessa posição até o ponto de produzir leve dor. O joelho é
de instabilidade. São mais úteis em uma articulação cronicamente colocado em plena extensão, e o balanço suave ou estresse em
instável. O espasmo muscular e a proteção de um joelho lesionado valgo é repetido com um suave movimento de balanço. É um erro
podem mascarar a instabilidade da mesma forma que durante o agarrar uma perna e fo rçosamente abduzi-la o suficiente para ser
exame clínico. marcadamente dolorosa; raramente o paciente vai cooperar ou
E!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

O@il;t\Ull?!t Lesões ligamentares e instabilidade passiva associada. A, Lesão confinada ao ligamento colateral tibial; canto posterior
e cápsula posterior (sombreada) estão intactos. O estresse em valgo aplicado ao joelho não vai causar abertura medial. Isso somente é
possível quando o joelho é flexionado em cerca de 30 graus para relaxar a cápsula posterior, eliminando a sua ação de estabilização
lateral. B, Se o joelho mostrar abertura medial em extensão, o envolvimento de ligamento cruzado é possível mesmo se nenhum sina l
de gaveta significati vo puder ser provocado. C, Se a instabilidade em valgo se estender através da lateral tanto em flexão como em
extensão, ambos os ligamentos cruzados estão lesion ados.

relaxar para subsequentes exames. Como alternativa, o tornozelo do


paciente pode ser colocado na axila do examinador, com o exami-
nador, em seguida, colocando uma das mãos em cada lado do joelho
perto da linha de articulação e suavemente produzindo um movi-
mento de balanço, como descrito anteri ormente; a outra mão é
utilizada para apalpar os ligamentos mediais e a linha de articulação
para ajudar a avaliar o grau de instab ilidade.
Teste de Esforço por Adução (Varo) . A adução, ou teste de esforço
em varo, é realizada de maneira semelhante ao teste de esforço em
valgo, e este teste também é feito após o joelho normal ter sido
examinado. O estresse por adução é aplicado mudando a mão para
o lado medial do joelho e aplicando um a fo rça de ad ução (Fig. 45-45 A
B). O exame deve ser feito com o joelho tanto em extensão completa
quanto em 30 graus de flexão. Além disso, com o quadril abduzido
do paciente e externamente girado e o joelho flexionado, o calcanhar
da perna lesionada é colocado no joelho oposto e é apalpado no
aspecto lateral do joelho a uma banda estreita e tensa que consiste
no ligamento colateral lateral. Quando o ligamento colateral lateral
é lesionado, essa banda não é tão proeminente quanto no lado não
lesionado.
O grau de instabilidade depende da estrutura ou das estruturas
lesionadas, da gravidade das lesões e se o joelho é forçado em flexão
ou extensão. Quando um ligamento colateral é lesionado e o joelho
é testado em extensão, os ligamentos cruzados intactos e a cápsula B
posterior estão tensos e pouca instabilidade de abdução ou adução
é detectável. Quando o joelho é testado em flexão, que relaxa a O@ii;Hmg A e B, Teste de gaveta anterior (ver texto).
cápsula posterior, a mesma frouxidão ligamentar resulta em um grau
muito maior de instabilidade. Os testes de estresse em abdução ou
adução em extensão que revelam instabilidade em varo e valgo sig- é colocado para estabilizá-lo, e ambas as mãos são colocadas atrás
nificativas sugerem o rompimento do ligamento cruzado em adição do joelho para sentir o relaxamento dos músculos isquiotibiais (Fig.
ao rompimento do ligamento colateral (Fig. 45-46). 45-47). A parte proximal da perna, em seguida, é suave e repetida-
Teste de Gaveta Anterior. Com o paciente em decúbito dorsal na mente puxada e emp urrada anteriormente e posteriormente, obser-
mesa de exame, o quadril é flexionado a 45 graus e o joelho a 90 vando o movimento da tíbia sob re o fêmur. O teste é feito em três
graus, com o pé colocado sobre a mesa. O dorso do pé do paciente posições de rotação, inicialmente com a tíbia em rotação neutra e,
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO EN:i+

O(siii;tJUJID Teste de gaveta anterior.

B
Teste de Lachman. O teste de Lachman pode ser útil se o joelho
estiver inchado e dolorido. O paciente é colocado em decúbito
dorsal na mesa de exame com a extremidade envolvida do lado do
examinador (Fig. 45-51) . A extremidade envolvida é posicionada em
ligeira rotação externa e o joelho em extensão completa e 15 graus
de flexão; o fêmur é estabilizado com uma das mãos, e uma pressão
firme é aplicada no aspecto posterior da tíbia proximal, a qual é
puxada para a frente em uma tentativa de fazer a translação ante-
NR riormente. A posição das mãos do examinador é importante ao fazer
e o teste adequadamente. Uma das mãos deve firmemente estabilizar
o fêmur, enquanto a outra segura a tíbia proximal de tal modo que
ER
o polegar se encontra na margem anteromedial da articulação.
Quando uma força de elevação direcionada anteriormente é aplicada
O[dll;@mlll Teste de gaveta anterior. A, Na pos1çao de
pela palma e os dedos, a translação anterior da tíbia em relação ao
repouso, o platô da tíbia é mantido em posição normal através
fêmur pode ser apalpada pelo polegar. A translação anterior da tíbia
do ligamento cruzado posterior intacto. B e C, Com insuficiência
associada a um end point frouxo indica um resultado positivo do
do cruzado anterior, a tíbia pode ser puxada para a frente contra
teste. Quando visualizado a partir do aspecto lateral, a silhueta do
a força de gravidade e tônus dos fle xores.
polo inferior da patela, tendão patelar e tíbia proximal mostra ligeira
concavidade. Com o rompimento do ligamento cruzado anterior, a
em seguida, em 30 graus de rotação externa. A rotação interna a 30 translação anterior da tíbia oblitera a inclinação do tendão patelar.
graus pode tensionar o cruzado posterior o suficiente para negativar Outros testes para instabilidade anterior combinados com um
um resultado de testtl de gaveta anterior positivo (Figs. 45-48 e elemento rotativo são discutidos mais adiante.
45-49). O grau de deslocamento em cada posição de rotação é regis- Teste de Gaveta Posterior. O teste de gaveta posterior é feito com
trado e comparado com o joelho normal. o paciente em decúbito dorsal e o joelho flexionado a 90 graus; o pé
Um sinal de gaveta anterior de 6 a 8 mm maior que o sinal do é fixado à mesa. Uma força posterior é aplicada na tíbia proximal,
joelho oposto indica um ligamento cruzado anterior rompido. No que é oposta, mas similar à força aplicada no teste de gaveta anterior.
entanto, antes de aplicar o esforço da gaveta anterior, o examinador O movimento posterior da tíbia sobre o fêmur mostra instabilidade
deve ter certeza de que a tíbia não está enfraquecida posteriormente posterior comparada com a tíbia normal. É algumas vezes difícil de
como resultado da frouxidão do ligamento cruzado posterior. Nesses interpretar se a tíbia está se movendo anormalmente muito longe
joelhos, um sinal aparente de instabilidade da gaveta anterior sim- anteriormente ou muito longe posteriormente. A atenção cuidadosa
plesmente pode ser a redução da tíbia para o ponto de início neutro; para a posição neutra ou ponto de redução não forçado evita a má
a instabilidade posterior frequentemente é diagnosticada incorreta- interpretação. Ambos os joelhos são colocados na posição para rea-
mente em virtude desse fato. Inclusive, se um sinal de gaveta anterior lizar um teste de gaveta posterior, e um polegar é colocado em cada
não for acompanhado por um fenômeno de pivot shift, uma insufi- linha de articulação anterornedial (Fig. 45-52). Perda do degrau ante-
ciência do ligamento cruzado posterior existe até que se prove o rior de 1 cm normalmente observado do platô medial da tíbia com
contrário. Qualquer tendência do platô da tíbia em girar anormal- relação ao côndilo femoral medial indica um ligamento cruzado pos-
mente deve ser observada conforme o teste é realizado. terior lesionado. Assim corno com o teste de gaveta anterior, qualquer
Em um joelho agudamente doloroso, pode não ser possível rotação anormal dos côndilos da tíbia é observada conforme a gaveta
realizar o teste de gaveta anterior na posição convencional em 90 posterior é testada (Fig. 45-53). Para avaliar melhor a estabilidade, o
graus de flexão. Pequenos graus de translação anterior da tíbia sobre quadril do paciente é posicionado a 90 graus na posição em decúbito
o fêmur podem ser mais bem detectados em uma posição um pouco dorsal e os joelhos são flexionados a 90 graus, enquanto os calcanha-
mais estendida, em que o efeito de "batente" do corno posterior dos res de cada extremidade são suportados nas mãos do examinador.
meniscos é eliminado (Fig. 45-50). Se houver instabilidade posterior, o examinador, observando através
Mi.J:Zt PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

-- -- __ .... __ P1
Fêmur ----- Tíbia

Menisco
medial- 8---------------
1
1
1
1
1
1 Menisco
1
medial
: Tíbia
1
1

A 70º
90º 80º

lâ@ll;f;)E!II!) A, Com o joelho flexionado a 90 graus para clássico sinal de gaveta anterior, o menisco medial, sendo inserido à tíbia,
encosta-se contra a superfície convexa do côndilo femoral medial e tem um efeito de "batente", evitando ou dificultando a translação
anterior da tíbia. B, Com o joelho estendido, as relações são alteradas. A superfície comparativamente plana de suporte de peso do
fêmur não obstrui o movimento para a frente do menisco e tíbia quando o estresse anterior é aplicado.

lâ[ffl@i! D Teste de gaveta (ver texto).


'Uffi!@E I Teste de Lachman para instabilidade cruzada
anterior.

do hori zo nte dos joelhos flex ionados, va i notar qu e a tíbia cai visi- flexionados a 90 graus. Um polegar é colocado na linha de articu-
velmente posterior devido ao efeito da gravidade (Fig. 45-54) . Esse lação anteromedial de cada joelho. Em geral, o aspecto anterior da
teste também deve ser feito com o paciente de bruços e o joelho tíbia pode ser apalpado como um degrau anterior de 10 mm em
flexionado a 90 graus. O examinador deve observar a presença do relação ao aspecto anterior do côndilo femoral media l. Uma queda
sinal da gaveta posterior e verificar a rotação do pé, que também posterior com proeminência diminuíd a da margem da tíbia com-
indicari a um componente rotacional. parada com o joelho oposto indica lesão ao ligamento cruzado
Frequentemente, quando um tes te de gaveta anteri or ou pos- posterior. Quando a tíbia anterom edial é nivelada com o côndilo
terior é rea lizado, o aumento da excursão na direção anteroposte- femoral medi al, há aproxi madamente 10 mm de queda posterior,
rior é mal interpretado como a presença do sinal de gaveta anterior indicand o fro uxidão de grau II.
quando de fato o ligamento cruzado posterior fo i lesionado. O Teste do Quadríceps Ativo. Com o paciente em decúbito dorsal, o
examinador não recon hece que o movimento anteri or surge a membro relaxado é suportado com o joelho flexionado a 90 graus
partir da posição de subluxação posterior para neutra em vez do na posição do teste de prateleira (Fig. 45-55) . O sup orte adequado
deslocamento neutro a anterior. Essa má interpretação pode ser da coxa é importante, de modo que os músc ulos do paciente estão
evitada por palpação cuidadosa das relações entre o fêmur e a tíbia completamente relaxados. O paciente faz uma suave contração do
de ambos os joelhos simultaneamente. Os dois joelhos são coloca- quadríceps para deslocar a tíbia sem estender o joelho. Nesse ângulo
dos na posição para um teste de gaveta posterior, com o paciente de 90 graus, o ligamento patelar no joelho normal é orientado
em decúb ito dorsal, o quadril flexionado a 45 graus e os joelhos ligeiramente posterior e a contração do quadríceps não resulta em
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO fl!!lll
externa da tíbia e redu zido quando reali zado com a tíbia em 15 gra us
de rotação interna, indica a instabilidade rotatória anteromedial. O
oposto indica a instabilidade rotatória anterolateral.
Jerk Test de Hughston e Losee. Vários métodos deste teste foram
descritos. No método de Hughston, com o paciente em decúbito
dorsal, a extremidade inferior é segurada pelo examinador, enquanto
o joelho é flexi onado a 90 graus e a tíbia é girada internamente.
Quando o joelho direito es tá sendo examinado, o pé é segurado com
a mão direita e a tíbia é girada internamente, enquanto o estresse
em va lgo é exe rcido com a mão esquerda sobre a extremidade pro-
ximal da tíbia e fíbula. O joelho é, em seguida, estendido gradual-
mente, mantendo a rotação interna e es tresse em valgo (Fig. 45-56).
Quando o resultado do teste é positivo, a tíbia lateral espontanea-
mente subluxa para a frente na forma de um ressalto repentino em
aproximadamente 30 graus de flexão.
Teste de Pivot Shift Lateral de Macintosh. Com o joelho esten-
A dido, o pé é levantado e a perna é girada internamente, e um
estresse em valgo é ap licado para a lateral do lado de uma perna
na região do co lo da fíb ula com a mão oposta. O joelho é flexio-
nado lentamente, enqu anto o va lgo e a rotação interna são manti-
dos. Com o joelho es tendido e girado internamente, a tíbia é
subluxada anteriormente. Conforme o joelho é flexionado em
aproximadamente 30 graus, a banda iliotibial passa posterior ao
centro de rotação do joelho e fornece a força que redu z o platô
lateral da tíbia no côndilo femo ral lateral.
Uma lesão isolada do ligamento cruzado anterior produz
apenas uma pequena subluxação; maior subluxação ocorre quando
o complexo capsular lateral ou canto semimembranoso também é
deficiente. A instabilidade em valgo grave pode dificultar a realiza-

cruzado posterior
t ção desse teste por causa da fa lta de apoio medial.
O pivot shift é testado com o joelho movido da extensão para
flexão, e o jerk test é induzido, enquanto o joelho é movido de flexão
para extensão.
Slocum relato u que os graus mais sutis da instabilidade rota-
B
tória podem ser detectados se o teste for realizado como se segue.
O paciente é colocado em um a posição de decúbito lateral com o
O!ijll;f:ti&I Seção transversal da articulação do joelho mos- lado afetado para cima (Fig. 45-57). A pélvis do paciente é colocada
trando movimento rotacional da tíbia no fêmur durante os testes
30 graus posteri ormente, e o lado medial do pé é colocado em uma
posterolateral e de gaveta posterior. A, Com instabilidade poste-
mesa de exame firm e com o joelho em extensão completa. Essa
rolateral, a tíbia gira posteriormente e latera lmente em torno do
posição elimina os efeitos rotacionais do quadril, permite que o
eixo em ligamento cruzado posterior intacto. B, Com instabilidade
joelho fique em uma posição valgo, e internamente gira a tíbia sobre
combinada posterior cruzada e posterolateral, a tíbia subluxa pos-
o fêmur. O polegar é colocado em cada lado do fêmur e tíbia da
teriorm ente e a articu lação do joelho mostra o aumento na sublu-
articulação posteriorm ente, e o dedo indicador é colocado em toda
xação posterolateral.
a articulação anteriormente. O joelho é, em seguida, empurrado
suavemente para a frente em flexão. Um resultado do teste é positivo
um deslocamento anterior. Se o ligamento cruzado posterior tiver se a redução ocorrer conforme o joelho passa a faixa de flexão de 25
sido rompido, a tíbia inclina na subluxação posterior e o ligamento a 45 graus. Isso pode ocorrer suavemente ou corno um reposiciona-
patelar é, em seguida, direcionado anteriormente. A contração do mento repentino palpável e ocasionalmente audível. Em nossa expe-
músculo do quadríceps em um joelho com uma deficiência do liga- riência, menores graus de instabilidade são detectados pelo método
mento cruzado posterior resulta em um deslo camento anterior da de Slocum, o qu al também geralmente não é tão doloroso.
tíbia de 2 mm ou mais. Teste de Gaveta de Flexão-Rotação. Noyes descreve u um teste de
gaveta de flexão e rotação que, na sua opin ião, é mais confiável qu e
1 TESTES ROTATIVOS o teste de gaveta anterio r em detectar a insuficiência do cruzado
Teste de Gaveta Anterior Rotativo de Slocum. Conforme descrito anterior. Ele testa a fun ção do cruzado anterior em dois planos, a
na discussão do teste de gaveta anterior, Slocum demonstrou qu e a rotação anteroposterior e femoral, e o resultado é positivo quando
variação da rotação da tíbia sobre o fêmur enquanto o teste de gaveta outros resu ltados do teste para fun ção do cruzado anter ior são nega-
anterior é feito é valioso em determin ar a instabilidade rotacional tivos (p. ex., pivot shift). Ele combina as características do teste de
do joelho. O grau do deslocamento anter ior da tíbia sobre o fêmur Lachman e o teste de deslocamento pivô de Hughston.
é observado e registrado conforme o teste é fe ito em 15 graus de O modo como o teste é reali zado é mostrado na Figura 45-58 .
rotação interna, 30 graus de rotação externa e rotação neutra (Fig. Com o paciente em decúbito dorsal e o joelho em Ograu (não hipe-
45-48) . Um teste positivo de gaveta anterior em rotação neutra da restendido ), uma perna é levantada para cima, possibilitando o
tíbia, acentuado quando o teste é repetido em 30 graus de rotação fêmur retroceder e girar externamente. Isso resulta em subluxação
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

NR
e D
ER

O@iht+i&I "Gaveta posterior" muitas vezes é confundida com a "gaveta anterior", porque a tíb ia inclina posteriormente e parece
se mover na distância anormal para a frente quando o examinador testa para o fenômeno da gaveta anterior. A, "Inclinação poste rior "
da tíbia direita é óbvia, em comparação com a silhueta normal da articulação saudável do joelho. B, Inclinação da tíbia na posi ção de
repouso. Se o paciente começar a levantar o pé a partir dessa posição, a tra ção do quadríceps, primeiro, desloca a tíbia anteriormente
para a posi ção neutra até o ligamento cruzado anterior estar tensionado (C) . Somente, então, o pé é levantado da mesa (D). ER, rotação
externa; IR, rotação interna; NR, rotação neutra. (A, C, e D de Müller W: The knee: form, function, and ligamentous reconstruction, New York,
1983, Springer-Verlag.)

H@i@HJ:ID Teste do quadrí-


ce ps ativo para a deficiência do
ligamento cruzado posterior (ver
texto). (De Veltri DM, Warren RF: lso-
lated and combined posterior cruciate
ligament injuries, J Am Acad Orthop
Surg 1:67, 1993.)

anterolateral da tíbia como a posição de início para o teste. Enquanto


o joelho é flexionado, a tíbia se move para trás e o fêmur gira inter-
namente, fazendo com que a articulação reduza quando o resultado
do teste é positivo. O estresse em valgo leve e a pressão anterior na
parte superior da panturrilha aplicada pela mão do examinador
podem ser feitos para obter um resultado de teste positivo.
Teste de Recurvato Rotação-Externa. Além da avaliação comum
do recurvato em um joelho lesionado e não lesionado, o teste de
recurvato rotação-externa pode ser feito como se segue para detectar
a rotação externa anormal da tíbia sobre o fêmur associado ao recur-
vato excessivo. Esse teste é feito com o paciente em decúbito dorsal,
e o resultado é comparado com o joelho normal. O joelho é movido
em cerca de 10 graus de flexão para máxima extensão, enquanto a
rotação externa da extremidade proximal da tíbia, assim como a
quantidade de recurvato, é observada e palpada. O resultado do teste
é positivo caso haja rotação e recurvato excessivo com uma sutil

91 Jerk testou teste de pivot shift lateral. (Cortesia deformidade varo aparente. Um resultado de teste positivo indica
de J. C. Hughston, MO; redesenhado .) que ligamento cruzado posterior, canto posterolateral e ligamento
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

mm:JI
lliliiAMtJ..íl' Teste de pivot shift lateral. A, Posição de paciente
para teste no joelho direito. Peso da menor extremidade direita é
suportado no calcanhar direito. 8, Mesma posição visualizada de
cima. O polegar direito do examinador é colocado atrás da
cabe ça da fíbula, e dedo indicador apalpa o aspecto anterior do
platô lateral su blu xado da tíbia. O polegar esquerdo é colocado
atrás do côndilo femoral lateral (ver texto). C, Com o joelho não
suportado em valgo e a tíbia internamente rodada sobre o
fêmur, o joe lho é flexionado empurrando anteriormente com
ambos os polegares. A tíb ia é reduzida a partir de sua posição
e anteriormente subluxa da por tensão de banda iliotibial con-
forme o joelho alcança 25 a 45 graus de flexão. A redução deve
ser facilmente palpável.

colateral lateral estão lesionado s. Hughston descreveu reali zar


esse teste leva ntando simultaneamente cada extremidade pelo
hálux e observando o grau de recurvato e rotação da tíbia que
ocorrem nos lados normal e anormal co nforme a manobra é
realizada (Fig. 45-59) .
Sinal de Pivot Shift Reverso de Jakob, Hassler e Staubli. Este sinal
está prese nte em pacientes com instabilidade aguda ou crônica pos-
A terolateral do joelho. O platô lateral da tíbia se desloca a partir de
uma posição da subluxação posterior para uma posição de redução
conforme o joelho flexionado é estendido sob estresse em valgo e
com o pé mantido em rotação extern a. O platô subluxa de novo
conforme o joelho é flexionado no modo oposto. A manobra produz
desconforto e simula a sensação de falseio para o paciente. Embora
similar ao verdadeiro deslocamento pivô na primeira inspeção, ele
pode ser claramente disti nguido pela posição do pé (rotação externa)
e por outros sinais definitivos da instabilidade posterolateral. Como
descreve um deslocamento do platô lateral da tíbia na direção oposta
8 do verdadeiro deslocamento da articulação, é chamado de pivot shift
reverso. Um pivot shift reverso significativamente positivo sugere
O[riiiiam:El:I A e B, Teste de gaveta de flexão-rotação para a que o ligamen to cruzado posterior, o complexo arqueado e o liga-
insuficiência do ligamento cruzado anterior (ver texto). (Cortesia mento colateral lateral es tão lesionados. Na posição da rotação
de F. R. Noyes, MD ) interna da tíbia, o sinal desaparece.
Em) PARTE XIII MEDICIN A ESPORTI VA

O paciente é posicionado em decúbito dorsal na mesa de


exame. Para testar o joelho direito, com o examinador de frente para
o paciente, o pé e o tornozelo são levantados com a mão direita,
sendo permitido repousar do lado direito da pélvis do examinador
(Fig. 45-60). A face lateral da panturrilha é suportada com a palma
da mão esquerda na fíbula proximal. O joelho é movido várias vezes
através de um a completa faixa de movimento para reduzir a resis-
tência do músculo. Em seguida, o joelho é dobrado em 70 a 80 graus
de flexão. Nessa posição, o pé e a perna são girados externamente
para fazer com que o platô lateral da tíbia subluxe posteriormente
em relação ao côndilo femoral lateral. Isso é visto como uma
inclinação posterior da tíbia proximal. O joelho consegue se endi-
reitar através de nada mais do que o peso da perna. Uma carga axial
é transmitida pela perna, enquanto o pé é apo iado um pouco. Um
estresse em valgo é aplicado para o joelho, com a crista ilíaca do
examinador utilizada como um ponto de apoio. Conforme o joelho
se aproxima de 20 graus de extensão completa, o platô lateral da tíbia
é sentido e é observado movendo-se anteriormen te em um ressalto
a partir da posição de subluxação posterior e rotação externa para
uma posição de redução e rotação neutra.
O pivot shift reverso também pode ser testado com a tíbia
inicialmente na posição reduzida em extensão completa. Na rotação
neutra, o joelho é rapidamente dobrado em estresse em valgo con-
tínuo, e o pé é rodado externamente. Em cerca de 10 graus de flexão,
o mesmo ressalto vai ocorrer conforme a tíbia subluxa posterior-
mente. Assim, as duas fases, a subluxação posterior e a redução,
podem ser repetidas a partir da flexão para extensão e de volta para
flexão. O teste é ainda mais pertinente se ele reproduzir os sintomas
do paciente. A intensidade dos achados de subluxação e redução e
a reação do paciente a isso dependem do grau de instabilidade, da
U[iji!;@Bll) A e B, Teste de recurvato rotação-externa (ver habilidade com que o examinador reali za o teste e da capacidade do
texto). (Co rtesia de J. C. Hughston, MD.) paciente de relaxar os músculos.

Sina l de pivot sh ift reverso (ver texto). (De Jakob RP, Hassler H, Staubli HU: Observations on rotatory instability of the lateral
compartment of the knee: experimental studies on the functional anatomy and the pathomechanism of the true and the reversed pivot shift sign,
Acta Orthop Scand Suppl 1911, 1981.)
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fl!m
para determinar as suas posições relativas co mparadas com os côn-
dil os do fêm ur. Isso dete rmina se a rotação externa é causada pelo
platô lateral da tíb ia que se move posteriormente (in stabilidade
posterolateral) ou pelo platô med ial que se move anteriormente
(instabi lidade anteromed ial). Uma diferen ça de 10 graus entre os
joelhos na qu antidade de rotação extern a é considerada patoló-
gica. Um aumento de mais de 10 graus em rotação externa compa-
rado com o lado co ntralateral em 30 graus de flexão do joelho, mas
não em 90 graus, indica lesão isolada para o canto posterolateral.
Um aumento na rotação externa de mais de 10 graus em comparação
com o lado contralateral tanto em 30 quanto em 90 graus de flexão
do joelho indica lesão tanto do ligamento cruzado posterior co mo
do canto posterolateral. Um estudo com cadáver descobriu que após
a transecção do ligamento colateral medial, os resultados do dial test
foram semelhantes aos da lesão isolada para o canto posterolateral;
os autores sugeriram que o dia/ test provavelmente não é confiável
caso haja instabilidade medial. Jung et ai. relataram que redu zir a
tíbia com uma fo rça anterior aum entou a capacidade do examin ador
para detectar a instabilid ade rotatória posterolateral combinada com
as lesões do ligamento cruzado posterior.
Teste de Gaveta Posterolateral. O teste de gaveta posterol ateral é
fe ito com o paciente em decúbito dorsal e o quadril fl exionado em
45 graus, o joelho flex ionado 80 graus e a tíbia em 15 graus de
rotação exte rn a. Com o pé fixa do, um teste de gaveta pos terior é
feito. O resultado do teste é positivo para instabilidade posterolateral
se o côndilo lateral da tíbia girar exte rnamente em relação ao
côndilo femoral lateral. A sensibilidade desse teste para detectar a
lesão isolada para as estruturas posterolaterais do joelho é ques ti o-
náve l. A qualidade do end point sentid o durante a rotação externa
em joelhos norm ais pode variar co nsideravelmente. Como a rotação
externa é acoplada com translação posterior, um resultado grossei-
ramente positivo do teste de gaveta posterolateral pode indicar a
lesão ao ligamento cruzado posterior e o canto posterolateral.

• EXAME RADIOGRÁFICO
As radiografias anteroposterior e latera l padrão, assim como urna
visão tangencial da patela como desc rito por Hughston, são de
rot in a. A visão tangencial é necessária por causa da freq uente asso-
ciação da instabilidade aguda da patela e quadríceps a perturbações
agudas ligamentares mediais. As visões do túnel através da incisura
intercondilar e sup orte de peso são desejáveis se o paciente for capaz
e de tolerar o posicionamento. Em crianças, as avulsões das porções
osteocartilaginosas das eminências intercondilares são mais comuns
que as lesões do ligamento cruzado. Em adultos, fragmen tos ósseos
h[dll;@rimt A-C, Teste de rotação externa de bruços. Aumento
ocasionalmente são avu lsionados do cô ndilo femoral ou da fíb ul a
da rotação externa a 30 graus que diminui em 90 graus indica
onde o ligamento colateral é inserido. As radiografias de rotina em
lesão iso lada do canto posterolateral; o aumento da rota çã o
um joelho adulto com trauma agud o são frequentemente normais,
externa em ambos 30 e 90 graus indica lesã o do ligamento
e raramente a eminência intercondi lar anterior avulsionada é encon-
cruzado posterior e ca nto posterol atera l.
trada de form a isolada. Algum as vezes, um fragmento posterior da
tíbi a pode ser visto em um a lesão do ligamento cru zado posterior.
Pequenos fra gmentos ao longo da tíbia medial ou linha lateral de
Teste de Rotação Externa da Tíbia (Dial). Quando um joelho lesio- articulação sugerem a avulsão do ligamento capsular nessa locali za-
nado é testado para instabilidade posterolateral, rotação externa da ção (sinal capsular lateral). As radiografias por estresse raramente
tíbia sobre o fêmu r é medida tanto em 30 graus quanto em 90 graus devem ser necessári as se os testes de esforço fo rem suavemente
de flexão do joelho. O teste pode ser fe ito co m o paciente em decú- rea li zados; as exceções são lesões em crianças antes do fechamento
bito dorsal ou de bruços (Fig. 45-6 1 A e B) . A borda medial do pé fisário e em fraturas no platô da tíbia, em que a instabilidade apa-
na sua posição neutra é utilizada como um ponto de referência rente pode ser causada pela lesão óssea em vez da ligarnentar. Corn o
p ara rotação externa. Na flexão escolhid a do âng ulo do joelho, regra, rad iografias com es tresse devem ser obtidas em todas as per-
o pé é extern amente girado com força. O grau de rotação extern a turbações ligamentares apare ntes do joelho em pacientes cujas fises
do pé é medido em relação ao eixo do fêmur e é comparado com a do fêmur distal e da tíbia proximal ainda estão abertas. Nesses
perna oposta. A rotação externa é medida, observando o ângulo do pac ientes, a instabilidade frequentemente é de uma lesão fisá ri a em
pé-coxa (Fig. 45-61 C). Além disso, os platôs da tíbia são apa lpados vez do rompimento ligamentar. As relações da espinha tibial com a
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

h!dlhfüE:JD Imagens de RM demonstrando camadas superficia l e profunda da banda ili otib ial (setas) . A, Camadas superficia l e
profunda (visão coronal, joelho direito). B, Lesão da camada superficial no tubérculo de Gerdy (visão coronal, joelho esquerdo). (De
LaPrade RF, Gilbert TJ, Bollom TS, et ai: The magnetic resonance im aging appearance of individual structures of the posterolateral knee: a prospective
study of normal knees and knees with surgically verified grade Ili injuries, Am J Sports Med 28: 191, 2000.)

incisura intercondilar d o fêmur devem ser o bservad as. Em radio- simplificação excessiva e não inclui instabilidades multiplanares, qu e
grafias por estresse d e abdução mostrando a abertura d a articulação comumen te ocorrem. O rompimento traumático dos ligamentos do
m ediaimen te, um deslocam ento late ral d a espi nha tibia l na incisu ra joelho muitas vezes resulta em instabilidades complexas e multipla-
in tercondilar sugere o rompimento do ligamento cruzado poster io r, nares; se essas instabilidades não forem corrigidas, a m ecânica norm al
e um deslocamento m edial suge re o rompimento d o li gam ento do joeU10 não po de ser restaurada. Há alguma confusão sobre a ter-
c ru zad o anterior. LaPrade et al. , em um estud o com cadáver, d eter- mino logia, patomecânica e a condição patológica principal responsá-
minaram qu e uma lesão isolada do ligamento colateral lateral deve vel para produzir cada tipo de instabil idade.
ser suspeitada se a abertura do compartimen to lateral com est resse O eixo vertical da ar ticulação do joelho geralmen te passa
em varo aumenta r em aproximadamente 2,7 mm e uma lesão de perto d o centro d a artic ul ação. O platô d a tíbia é dividido em
grau III do canto posterolate ra l é sugerida se os va lores aumen tarem quatro qu adrantes qu e servem como os p ontos de referência n a
em aproximadamente 4 mm. definição d a instabilidad e do joelho. Qua lquer rompim ento d o
Im age n s n o tavelm ente prec isas d os tecidos mol es po d em compl exo d e estruturas d e apoio em torno d o joelho p o de permitir
ser obtidas com RM; com o aum en to d a experiê ncia com esse um deslocamento n esse eixo vertical para longe do centro da tíbi a
método não invasivo, a lgu ns pesqu isadores defenderam o se u uso em um d os quadrantes laterais enquan to a tíbia desloca excessiva-
como altern ativa à artrosco pi a diagnó stica (F ig. 45-62). U m a lto mente e a n o rma lmente em relação ao fêmur. A classificação espe-
grau d e prec isão fo i relatado para d etecção das lesões do li ga- cífic a d e cad a instabilidade d epend e d o m ovimento da tíbia em
m ento c ru za do a nterior e pos ter io r (Cap. 2) . O curso do ligam ento relação ao fêmur durante os tes tes d e esfo rço (Fig. 45 -63) . Isso
c ruza d o posterior é m a is ver ti ca l e m a is n o plano da linh a média pode não se r completam ente prec iso e exato para as lesões agud as,
do que no li ga m ento cruzado anterior, torn an d o m a is fác il inclu ir a menos que o exam e seja feito co m o paciente so b anestesia geral.
to do o ligamento cru zado posterior no cor te de RM . Os co rtes A classificação provavelmente tem sua m aio r u tilidad e em instabi-
d e RM obt id os co m a tíbia roda d a externam ente a 15 graus lidad es crô nicas .
(cham ado de n ão ortogon al) geralme nte fo rn ecem uma imagem O Quadro 45-1 d escreve a classificação da instabilidade do
completa do ligam ento cr u zado ante ri or em pelo m en os um joelho prop osta pelo Co mitê d e Pesqu isa e Edu cação da American
quadro. A RM pode ser útil em lesões agudas d o li gamento cola- Orthopedic Society fo r Sports Medicine. Ela foi desenvolvida jun -
teral combinadas com as lesões do liga m ento cruzado anterior. tando recursos a part ir do s maiores ce nt ros d e joelh o em toda a
Algun s au tores sugerem o reparo cirúrgico ou reco nstru ção do Am ér ica do Norte. Essa class ificação tenta descrever a instabili-
li gamento cru zado anterior, combinado com um a incisão limitada, d ade pela direção do desloca mento da tíbia e, quando possível,
para expor a lesão d o li ga m ento colateral se es ti ve r claram ente por déficits estrutu rais . Refere-se à instabilid ade qu e oco rre a
localizado na RM pré-operatória. Acreditamo s qu e esses testes partir d o trau m a da a rtic ul ação o u p ara instabilidade aguda pro-
ad icion ais, que são caros, geralm ente devem se r utiliza dos quando gredin d o para um estado c rôni co, e ignora a instabilidad e congê-
indicados, mas não devem ser de rotina. nita e adquirida de o ut ras causas, como fr aturas do platô da tíbia
e hip erex tensão congên ita . Trata-se d e um a classificação an atô-
mica em que a instabilidade m ed ial unipl a nar significa qu e a tíbia
CLASSIFICAÇÃO DA INSTABILIDADE DO se m ove anormalmente para fo ra do fêmur no lado m edial e qu e
JOELHO a instabilidade rotatória anteromedial s ignifica que a tíbi a gira
anteriorm ente e extername nte e se move para longe do fêm ur n o
No passado, a instabilidade da lesão ligamentar fo i classificada como lado medial. É com pree nsível que a class ificação se torn e m ais
medial, lateral, posterior, anterior e rotatória com base na direção em com plexa con fo rm e as te ntativas são fe itas para inclui r os déficits
que a tíbia foi d eslocada. Embora seja útil, essa class ificação foi uma anatômico o u estrutural.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

Posição normal do joelho esquerdo, sem rotação • INSTABILIDADE UNIPLANAR


/-, A instabilidade uniplanar medial com o joelho em extensão com-
/ ' - - - ' " , - - Tíbia pleta se torna aparente, conforme o teste de estresse em abd ução ou

Lateral /I
1

+ ' \ (aspecto proxi mal)


\
1
Medial
valgo é realizado, quando a articulação do joelho abre no lado
medial; isto é, a tíbia se move longe do fêmur. Esta é um a instabili-
dade principal e indica o rompimento do ligamento colateral medial,
7 o ligamento capsular medial, o ligamento cruzado anterior, o liga-
. \ \ __ .. / \ ___ l Fêmur
mento oblíquo posterior, e a porção medial da cápsula posterior.
Eixo e (aspecto distal)
direção de rotação Sugere fortemente o rompimento do ligamento cruzado posterior, mas
não é totalmente confi rm ató ria n a opinião da maioria dos pes-
quisadores. A instabilidade uniplanar medial detectada apenas quando
Instabilidade complexa Instabilidade complexa o joelho é testado em 30 graus de flexão indica a lesão limitada aos
anterolateral anteromedial ligamentos do compartimento medial.
A in stabilidade uniplanar lateral com o joelh o em extensão
é aparente na ad ução ou testes de estresse em varo quando o
joelho abre na lateral; isto é, a tíbia se move longe do fêmur. Isso
indica o romp imento do ligamento capsular lateral, o ligam en to
colateral lateral, o tendão do bíceps, a banda iliotibial, o com-
plexo poplíteo arq ueado, o fascí culo poplíteo fib ul ar, o ligamento
cruzado anterior e, muitas vezes, o liga mento cru zado posterior.
A instabilidade unipl anar lateral detectada apen as com o joelho
Instabilidade complexa em 30 graus de flexão pode es tar presente em lesões menores do
Instabilidade complexa
posterolateral posteromedial complexo lateral ou pode ser normal quando comparada com o
/,,...- .......... ___ _ , , . - ............ ____ ' joelho oposto.
I I '
A instabilidade uniplanar posterior ocorre quando a tíbia se
I
I \
I \ move posteriormente sobre o fêmur du rante o teste de gaveta pos-
terior. Isso indica o rompimento do ligamento cruzado posterior, o

>
I \
1I \ 1
\ ' I
ligamento complexo arqueado (parcial ou completo), e o complexo
1 I 1 I 1 1 I
I
ligamentar oblíquo posterior (parcial ou completo).
\
, __ ,,,./
I \
- -/
I 1
, __ /
I \ I
A instabilidade unipl anar anterior es tá presente quando a
tíbia se move para a fren te sobre o fêmur durante o teste de gave ta
anterior em rotação neutra. Essa instabilidade é difícil de com -
h@ii;@Gml Demonstração do deslocamento no ei xo vertical preender tota lmente. Ela indica que as estrutu ras rompidas
com relação ao centro da tíbia conforme a tíbia se desloca exces- incluem o ligamento cruzado anter ior, o ligamento capsul ar
sivamente e anormalmente em relação ao fêmur. A posição do lateral (parcial ou completo) , e o liga mento capsul ar medial
fêmur é designada pela área sombreada . (parcial o u completo). O sinal de gaveta anterio r está presente
em rotação neutra quando o ligamento cruzado anterior é
rompido com alongamento imediato ou subsequente dos liga-
m entos caps ul ares medial e lateral. Embora os estudos laborato-
riais sugira m que a perda de apenas uma porção do ligamento
QUADRO 45 _1 da Instabilidade cruzado anter ior possa produzir um sinal de gaveta anterior, a
da Art1culaçao do Joelho
instabilidade sugere clinicamente perda da integridade funciona l
Resultante da Lesão do Ligamento
de todo o ligamento. Nesse tip o de instabilidade, o resultado do
Instabilidade Uniplanar (Simples ou Direta} teste se torna negativo conforme a tíbia é gira da internamente,
Uniplanar medial visto que o li gamento cru zado posterior se torna tenso nessa
Uniplanar lateral posição. Quando o teste de gaveta anterior com a tíbia em rotação
Unip lan ar posterior neutra mostra deslocamento igual de ambos os côndilos e esse
Uniplanar anterior deslocamento é elimin ado por rotação interna da tíbi a, a insta-
bilidade rota tória anteromedial e anterolateral pode estar pre-
Instabilidade Rotatória
sente. Isso pode ser confirmado pelo jerk test.
Anteromedial
Vários graus de instabilidade, isto é, grave instabilidade em
Anteromed ial
varo, valgo, anterior, ou posterior, são acompanhados por deficiên-
Flexão
cias ligamentares central ou periférica ad icionais e, portanto, a
Próxima da exten são
maioria é acompan hada por instabilidades rotacionais também.
Posterolatera 1
Posteromedi al
• INSTABILIDADE ROTATÓRIA
Instabilidade Combinada A instabilidade rotatória anteromedial é aparente, com testes de estresse,
Anterolateral-anteromedial rotatória quando o platô medial da tíbia gira anteriormente e externamente con-
Anterolateral -posterolateral rotatória forme a articulação abre no lado medial. Isso implica no rompimento
Anteromedial-posteromedial rotatória do ligamento capsular medial, o ligamento colateral medial, o ligamento
oblíquo posterior e o ligamento cruzado anterior.
lllEimD PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

A instabilidade rotatória anterolateral detectada em 90 graus posterior confo rm e o teste de recurvato-rotação externa é realizado,
de flexão tem pouca relação ao sinal de gaveta ante rior ou maior e há deslocamento anterior excessivo do platô lateral da tíbia sobre
deslocamento anteri or da tíbia. O platô latera l da tíbi a gira para a o fêm ur qua ndo os testes de instab ilidade rotatória anterolateral são
frente em relação ao fêmur em 90 graus de flexão com abertura rea li zados. A instabilidade lateral (varo) é maior com o rompimento
lateral excessiva da articulação. Existe, então, rotação interna exces- da maioria das estruturas na lateral do joelho, assim como o liga-
siva da tíbia sobre o fêmur com o joelho em flexão. Isso implica no mento cru zado anterior, e com estiramento ocasional do ligamento
rompimento do ligamento capsular lateral, o ligamento complexo cruzado posterior.
arqueado (parcial) e o ligamento cruzado anterior (parcial ou com- A instabilidade rotatória anteromedial e posteromedial com-
pleto). A instabilidade rotatória anterolateral detec tada como a binada é observada quand o as estruturas medial e posterom edi al são
exte nsão co mpleta do joelho aproximada é mais comum. Com um gravemente lesionadas. O joelho abre no lado medial, e a tíbi a pode
teste específico (je rk test, teste de instabilidade rotatória anterolateral gira r anteriormente quand o tes tada; além disso, com mais testes, a
de Slocum, ou teste de pivot shift lateral de Macintosh), o platô lateral tíb ia gira posteriormente, saindo no canto posteromedial da articu-
da tíbia subluxa para a frente sobre o fêmur conforme o joelho se lação. Todas as estruturas mediais, incluindo o complexo semimem -
aproxi ma da extensão. Isso significa lesão do ligamento cruzado branoso, são lesionadas em combinação com os ligamentos cruzados
anterior e possível envolvimento do liga mento capsular lateral. Cli - anterior e, mais provavelmente, o posterior.
ni camente, co nfo rm e o joelho estende com o suporte de peso, a
subluxação anterior do platô lateral da tíbia é dramática.
A instabilidade rotatória posterolateral é observada, com testes CONSIDERAÇÕES DO TRATAMENTO
de estresse, qu ando o platô lateral da tíbi a gira posteriormente em
relação ao fêmur, com abertura lateral da arti cul ação. Isso implica O tratamento da entorse de gra u 1 é inteiramente sintomático, e o
em rompimento do tendão poplíteo, complexo ligamentar arqu eado paciente ge ralmente pode retornar para a função normal e ativida-
(parcial ou completo) e ligam ento capsul ar lateral e, às vezes, estira- des dentro de alguns dias. Em geral, repo uso, gelo e uma bandagem
men to ou perda de integridade do ligame nto cruzado posterior. É de compressão são tudo o que é necessário. A entorse de grau 2
importante distinguir esse tipo de instabilidade da instabilidade requer proteção. Nessas lesões, parte do ligamento fo i lesionada, e
unipl anar posterior resultante da lesão do ligame nto cruzado poste- embora a porção remanescente não lesionada possa estabilizar o
ri or. Na instabilidade rotatória posterolatera l, o ca nto posterolateral joelho para testes de estresse de rotina, a resistência do ligamento
da tíbia cai de volta para o fêmur e a abertura lateral da articu lação foi significativamente afetada. Se esses pacientes forem permitidos
é detectada qu ando os tes tes de recurvato-rotação externa e pivot a retornar rapidamente para a atividade plena, especialmente em
shift reverso são realizados. esportes, o rompimento completo do ligame nto é uma possibilidade
A instabilidade rotatória posteromedial é observada, com os rea l. Esses pacientes têm melhor tratamento com uma órtese de
testes de estresse, quand o o platô medial da tíbia gira posteriormente movimento controlado, permitindo m ovim ento total e protegido
em referência ao fêmur, com abertura medi al da articulação. Isso por 4 a 6 seman as. A recuperação geralmente pode ser esperada sem
signifi ca o rompimento do ligamento colateral medial, o ligamento fro uxidão residual, uma vez que o programa de reabilitação fo r
capsular medial, o ligamento oblíquo posterior, o ligamento cruzado concl uído. A entorse de grau 3 pode exigir tratamento cirú rgico,
posterior e a porção medial da cápsula posterior, m ais o estiramento dependendo de alguns fa to res, com o idade, saúde ge ral, lesões asso-
ou lesão completa das inserções do semimem branoso. O ligamento ciadas e exigências da atividade.
cruzado anterior também pode esta r lesionado.
• TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
• INSTABILIDADES COMBINADAS As entorses de grau 1 isoladas do ligamento colateral medial podem
As instabilidades uniplanar e rotatória geralmente são compreensíveis, se r tratadas co m sucesso por meios não cirúrgicos. A RM ou testes
embora alguns dos déficits estruturais implícitos ainda sejam discutí- de estresse com o paciente sob anestesia geral e um exame artros-
veis. As instabilidades combinadas, no entanto, raramente estão clara- cópico ge ralmente são necessários para excluir qualquer lesão asso-
mente definidas ou consensuais, e cada cirurgião ortopédico terá de ciada da superfície articular, men isco ou ligamento cruzado. O
satisfazer as suspeitas pessoais de quais esb·uturas estão especifican1ente tratamento não cirúrgico da entorse de grau 3 do ligamento colateral
lesionadas e seu relativo grau de envolvimento na instabilidade. Quando medial é mais previsível e bem-suced ido se a lesão estiver na inser-
uma instabilidade rotatória grave é observada em w11 quadrante, a ção proximal e não houver evidência de outros danos ligamentares.
instabilidade rotatória, varo ou valgo em outro quadrante deve ser pro- As lesões igualmente graves da extremidade distal do ligamento
curada. A maioria das instabilidades rotatórias graves é acompanhada colateral medial não cicatrizam tão bem como aquelas da extremi-
por algum grau de instabilidade varo ou valgo também. dade proximal. A extremidade distal do ligamento pode ser puxada
A instabilidade rotatória anterolateral e anteromedial co mbi- proximalmente e, ocasionalmente, é deslocada superficialmente
nada é a instabilidade combi nada m ais comum. O resultado do teste para a inse rção de pata de ganso; portanto, com o tratamento con-
de gaveta anterior com a tíbia em rotação neutra é marcadamente servador, a cicatrização na extremid ade distal não é tão previsível
positivo, com ambos os côndilos da tíbia send o deslocados anterior- como na extremidade proximal. Além disso, pacientes idosos que
mente. O deslocamento é aumentado quando a tíbia é rodada exter- não esperam retornar às atividades vigorosas ou com maiores exi-
namente e reduzida, mas geralmente não se torna negativo qu ando gências no joelho podem ser tratados adequadamente sem cirurgia,
o teste é fe ito com uma tíbia rodada intername nte. Os resultados do mas eles, muitas vezes, têm leve frouxidão residual.
teste para instabilidade rotatória anterolateral são positivos. Os O tratamento não cirúrgico é razoável para todas as entorses
testes de es tresse em varo e valgo, muitas vezes, mostram a instabi- de grau 2 e para algum as entorses do ligamento colateral de grau 3.
lidade de vários graus. As entorses de grau 3 de 2+ a 3+ de gravidade que ocorrem em
A instabilidade rotatória combinada anterolateral posterolate- conjunto com a lesão do menisco são m ais bem tratadas por repa ro
ral é obse rva da qu ando o platô latera l da tíb ia gira em uma direção cirúrgico. Depois que os testes de es tresse fora m rea li zados e o grau
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

e a gravidade da lesão foram determinados, a extremidade é colo- ligamento colateral medial profundo na origem femoral que causou
cada em uma órtese de joelho articulado por 4 a 6 semanas. Cami- sintomas persistentes após o tratamento conservador em atletas de
nhar com muletas é permitido com apoio dos dedos tão logo a perna alto nível. Após o reparo cirúrgico, todos os atletas voltaram para os
pode ser controlada. Após 2 semanas, conforme a inflamação seus esportes e permaneceram assintornáticos 1 ano mais tarde.
diminui e a cicatrização começa, a órtese é ajustada para possibilitar A reconstrução do ligamento cruzado anterior parece ser
a flexão total e o bloqueio de extensão é reduzido a 15 graus. A exten- importante para a cicatrização adequada do ligamento colateral
são total é obtida após 6 semanas. Inúmeros pesquisadores docu- med ial quando existem lesões combinadas. A avaliação biomecâ-
mentaram os efeitos deletérios da imobilização sobre os músculos, nica dos efeitos da deficiência do ligamento cruzado anterior sobre
ligamentos e superfícies articulares. a cicatrização do ligamento colateral medial lesionado em modelos
Uma vez que as propriedades biomecânica e bioquímica do de coelhos e cães demonstrou que os joelhos com lesões não tra-
ligamento em cicatrização falham em voltar ao normal, os pesqui- tadas combinadas com o ligamento colateral medial e cruzado
sadores estão explorando novas modalidades para melhorar a qua- ante rior mostraram aumento significativo na frouxidão em valgo
lidade dos tecidos de cicatrização e para acelerar a taxa de e redução na qualidade do tecido do ligamento colateral medial
cicatrização. A engenharia de tecidos com o uso de fatores de cicatrizado. Além disso, foi observada degeneração considerável
crescimento, a transferência genética e a terapia celular estão sendo da articulação.
estudadas. Os resultados com fatores de crescimento podem ser Vários estudos relataram bons resultados com o tratamento
espécie, dosagem e tratamento específicos, demonstrando a natu- não cirúrgico das lesões do ligamento colateral medial combinadas
reza complexa da cicatrização do ligamento. Os fatores de cresci - com a reconstrução do ligamento cruzado anterior. Um estudo con-
mento têm períodos de meia-vida de poucos dias in vivo, e o seu trolado randornizado comparando o tratamento não cirúrgico e
uso exigiria aplicações repetitivas para manter a potência, o que é cirúrgico das lesões do ligamento colateral medial em 47 pacientes
inconveniente e talvez inviável na prática clínica. A terapia gênica com lesões combinadas do ligamento cruzado anterior e grau III do
tem o potencial de superar esse problema, fornecendo a capaci- ligamento colateral medial não observou diferenças estatisticamente
dade de controlar a expressão e o regulamento de proteínas em sign ificativas en tre os dois grupos. Os resultados subjetivos e as
urna célula hospedeira. O transplante de tecidos geneticamente pontuações de Lysholm foram bons e a estabilidade anteroposterior
alterados através de um vetor retroviral res ulta na expressão do do joelho foi excelente em ambos.
gene marcador lacZ por até 6 semanas nos ligamentos cruzado O protocolo de reabilitação deve ser individualizado com
anterior e colateral m edial de animais. Os estudos de transferência base na idade do paciente, no grau de instabilidade e em outros
genética mostraram efeitos positivos no diâmetro e distribuição da fatores. Prescreve-se ao paciente um programa de exercícios iso-
fibrila do colágeno, assim como o aumento significativo nas pro- métricos do quadríceps e isquiotibiais e elevação da perna para os
priedades mecânicas. O tratamento celular envolve a implantação flexores do quadril e ab dutores do quadril, enquanto permanescern
de células geneticamente manipuladas para melhorar o reparo de naórtese. Quando a órtese é removida, é iniciado movimento no
ligamen tos enquanto as células se tornam constituintes do tecido joelho e um vigoroso programa de exercícios de reabilitação é
de cicatrização. Células nucleadas, incluindo células-tronco instituído. Um suporte elástico reforçado para o joelho geralmente
m esenquimais, da medula óssea foram transplantadas em uma é aplicado, e o paciente não tem permissão de voltar para as ativi-
bolsa em torno do ligamento colateral medi al transeccionado de dades normais, especialmente esportes, até que o arco de movi-
ratos; células do doador poderiam ser identificadas na substância mento seja normal e a força em todos os grupos musc ulares tenha
do ligamento após 7 dias, demonstrando o potencial para migração retornado a 90% da extremidade não lesionada. Quando o paciente
de células transplantadas. retorna para as atividades atléticas, o ligamento lesionado geral-
Muitos pesquisadores recomendam o tratamento não cirúr- mente é protegido por atadura adesiva ou uma órtese funcional
gico do ligamento colateral medial em lesões combinadas dos liga- por 3 ou 4 meses. Esse é o tempo mínimo necessário para orientação
mentos colateral medial e cruzado anterior. O lado medial é tratado da tensão das fibras de colágeno a serem obtidas no ligamento em
com urna órtese de controle de movimento por 2 a 3 semanas, cicatrização.
enquanto o movimento no joelho é recuperado. Uma vez que o A cicatrização do ligamento colateral lateral não foi tão bem
processo inflamatório diminuiu, o ligamento cruzado anterior é pesquisada como a do ligamento colateral medial, mas os relatórios
reconstruído artroscopicarnente. A espera possibilita o início do na literatura indicam que as lesões de grau I e II do ligamento cola-
processo de cicatrização no ligamento colateral medial, o qual teral lateral podem ser tratadas com sucesso de modo não cirúrgico,
também fecha a inserçao capsular e evita o extravasamento do enquanto bons resultados raramente são obtidos com o tratamento
fluido. Poucos problemas com artrofibrose pós-operatória ocorrem não cirúrgico das lesões de grau III.
quando o movimento é restaurado no pré-operatório. No entanto,
Nakamura et ai., em um estudo sobre o uso de RM em determinar • TRATAMENTO CIRÚRGICO
um regime de tratamento para as lesões agudas de grau III do liga- Embora a maioria dos autores recomende o tratamento não cirúr-
mento colateral medial associadas a lesões do ligamento cruzado gico das lesões isoladas do ligamento colateral medial, alguns prefe-
anterior, descobriram que a restauração da es tabilidade em valgo rem fazer o reparo do lado medial quando a lesão é associada a uma
estava significativamente correlacionada com a localização do dano lesão do ligamento cruzado anterior. Indelicato recomendou a
da fibra do ligamento colateral medial superfi cial. Quando o reconstrução do ligamento cruzado anterior e a reavaliação da frou-
dano foi evidente ao longo de todo o comprimento da camada xidão medial. Se o joelho continuar sendo instável em extensão
superficial e não restrito aos locais da inserção proximal ou distal, a completa ou leve flexão (grau II ou grau III), o ligamento colateral
imobilização pré-operatória não restaurou a estabilidade em valgo, medial e o ligamento oblíquo posterior são reparados.
e os pacientes precisaram de cirurgia para a lesão do ligamento Por definição, o reparo de ligamentos do joelho se refere ao
colateral medial ao longo da reconstrução do ligamento cruzado tratamento cirúrgico das lesões agudas, e a reconstrução geralmente
anterior. Narvani et al. identificaram um subgrupo de lesões do se refere ao tratamento cirúrgico da frouxidão ligamentar vários
Mj1ijH PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

O!§lhHD ) Reinserção dos ligamentos avulsionados com parafuso AO e arruela dentada. A, Fixação do ligamento avulsionado,
com ou sem fragmento ósseo. B, A arruela é confeccionada de modo que ela prenda o ligamento e o osso sobre uma ampla área com os
seus dentes d ispostos perifericamente, comprimindo e fixando-os dentro dos li mites entre cada dente. Pouca pressão é exercida no tec ido
próximo e entre os dentes. A microcirculação nessas áreas do ligamento é norma l; é comprometida apenas na área comprimida represen-
tada pelos trapezoides sólidos. (De Müller W: Th e knee: form, function, and ligamentous reconstruction, New York, 1983, Springer-Verlag.)

meses após a lesão. O reparo hábil ou a reconstrução dependem de de sangue para o ligamento. A dissecção deve ser limitada apenas
um conhecimento completo da anatomia. O melhor reparo possível o necessário para identificar e corrigir a condição patológica.
restaura a integridade anatômica e a tensão de um ligamento lesio- Os retalhos de pele des envolvidos durante a abordagem devem
nado, e deve ser feito sem atraso desnecessário. A dissecção e o se r profundos à fáscia, quando possível, para reduzir a lesão
reparo cirúrgicos ideais se tornam cada vez mais difíceis em 7 a 10 vascular e dos nervos cutâneos inerentes à dissecção subcutânea
dias após a lesão. superficial.
Não podem ser dadas regras absolutas sobre o momento em Sempre que possível, os ligamentos devem ser fixados no osso
que é muito tarde para reparar um ligamento. Além do tempo desde reavivado com suturas não absorvíveis, âncoras de sutura, parafusos
a lesão, é necessário considerar a gravidade da lesão, a localização com arruelas dentadas ou perfurantes (Fig. 45-64), ou grampos. Isso
da principal condição patológica e a idade do paciente e a atividade pode ser realizado passando as suturas através de múltiplos orifícios
necessária. Embora o reparo cirúrgico deva prosseguir o mais rápido perfurados no osso cortical no local da inserção ou preferivelmente
possível, as condições para cirurgia devem ser ideais. A cirurgia deve através de orifícios paralelos perfurados através do lado oposto do
prosseguir apenas depois que um diagnóstico definitivo tiver sido osso. Os grampos, de preferência com farpas para evitar a extrusão,
feito e formulado um plano específico do reparo. O tipo de reparo devem ser colocados em uma distância suficiente a partir da margem
selecionado deve depender da experiência e da habilidade do cirur- articular, de modo que mantenha a função da articulação intacta.
gião, da localização da lesão e da condição dos tecidos. A busca por As fixações da sutura, grampos e parafusos com arruelas dentadas
anormalidades adicionais deve ser diligente antes de o diagnóstico são destinadas para uso em locais de inserções ligamentares ao osso,
da lesão isolada ser aceito. e novamente em uma distância suficiente a partir da articulação
Lesões maiores indicam um importante deslocamento inicial para não interferir na fun ção da articulação ou ligamento. Nem
das superfícies da articulação e a probabilidade de lesão para as o parafuso com arruela dentada n em o grampo devem ser aper-
outras estruturas de apoio. As incisões devem ser planejadas ade- tados de forma excessiva ou rebaixados, em virtude da possibili -
quadamente, e a exposição geralmente deve ser extensa, muitas dade de necrose de pressão do tecido ligamentoso abaixo da coroa
vezes a partir da linha média do membro anteriormente à linha do grampo ou abaixo da arruela dentada. Os grampos, parafusos ou
média posteriormente, porque a condição patológica principal outras formas de fixação interna não devem ser utilizados nas áreas
geralmente está nos dois terços posteriores dos compartimentos em que o deslizamento normal do ligamento é necessário durante a
medial e lateral. Sem exposição suficiente para alcançar essas áreas, flexão e a extensão. Se eles são colocados nessas áreas, muito perto
é provável que o reparo seja incompleto. Os reparos sempre são da margem articular do côndilo femoral ou tibial medial, a excursão
realizados com o uso de um torniquete pneumático para hemosta- anteroposterior do ligamento colateral da tíbia será limitada durante
sia. O torniquete é removido antes do fechamento para controlar o os movimentos de flexão e extensão. Portanto, será difícil obter o
sangramento e para evitar grave hemartrose ou hematoma. A esta- movimento da articulação ou o ligamento terá de lacerar ou alongar
bilidade da articulação pode ser afetada por alguns milímetros de para permitir o movimento.
alongamento capsular a partir de uma hemartrose tensa. Se a inte- A fixação dos ligamentos abaixo de retalhos de osso é um
gridade anatômica do ligamento for restaurada sob tensão ade- método eficaz quando o local está longe o suficiente das margens
quada, o procedimento de reparo não deve destruir o fornecimento artic ulares, como na metáfise da proximal tíbia em que o ligamento
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flim
colateral medial geralmente é inserido abaixo dos tendões de pata de e o extravasamento massivo do fluido de irrigação pode ocorrer em
ganso. As suturas não absorvíveis devem ser utilizadas para reforço tais casos. Uma vez que o exame artroscópico foi concluído, ou se esse
onde a tensão é maior. As suturas absorvíveis podem ser utilizadas exame não for realizado, a seguinte técnica aberta é utilizada.
onde a aproximação sem tensão apreciável é necessária. Suturas de
aproximação opondo as bordas dissecadas lesionadas do ligamento
devem ser reforçadas com suturas de tensão de material não absorví- REPARO DAS PERTURBAÇÕES DO
vel. Um padrão quadrangular ou retangular é utilizado na forma de COMPARTIMENTO MEDIAL
uma sutura de suporte para fixar as suturas de tensão. Essas suturas
restauram o comprimento normal do ligamento, protegendo a área de
TÉCNICA
reparo. O alinhamento cuidadoso das suturas de tensão ao longo do
curso das fibras do ligamento é necessário para que elas realizem a •Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de ope-
sua função pretendida. As suturas de tensão podem ser testadas para ração com um torniquete pneumático inflado sobre a
sua função e isometria durante a flexão e extensão antes de serem coxa superior.
amarradas definitivamente. As suturas adequadamente colocadas não •Flexione o quadril aproximadamente a 45 graus, flexione
vão sair ou interferir no movimento normal da articulação. o joelho aproximadamente a 60 graus, e deixe a extrem i-
Os meniscos devem ser recuperados, se possível, e as lesões dade inferior em abdução no quadril com a gravidade
periféricas devem ser reparadas. As múltiplas lesões dentro da subs- •Para o posicionamento da extremidade, pode ser útil um
tância do menisco, no entanto, podem exigir que o menisco seja suporte especia l posterior para o meio da coxa que pos-
ressecado. Se for o caso, deve-se tentar deixar uma borda ou margem sibilite que o joelho flexione a 90 graus.
periférica do menisco. As áreas frágeis do reparo do ligamento
•Inicie uma incisão médio medial 2 cm proximal ao tubér-
devem ser reforçadas com fáscia ou outro tecido local ou suportadas
culo adutor, curvando-o suaveme nte e distalmente sobre
por uma unidade músculo-tendão.
o tubérculo adutor paralelo ao aspecto medial da patela
Após o reparo ligamentar, o joelho deve ser brevemente imo-
e tendão patelar e aproximada mente 3 cm medial a essas
bilizado inicialmente em uma órtese articulada em 30 graus de
estruturas. Leve-o distalmente ao longo do aspecto ante-
flexão. O tempo de imobilização, se houver, deve ser selecionado
romedial da t íbia para a extremidade 5 a 6 cm abaixo da
para cada paciente; ele depende da gravidade da lesão, das estruturas
linha articular.
lesionadas, da precisão do reparo, do método de fixação do ligamento,
•Faça a dissecção da pele, tecidos subcutâneos e fáscia
da idade do paciente e da saúde das superfícies articulares. Pelo
superficial como uma ún ica camada a partir da linha
menos, na teoria, o movimento precoce é viável se os locais de reparo
média ante riormente ao canto posteromedial. A ampla
e anexo ligamentares forem verdadeiramente isométricos. Sob tais
exposição é necessária para identificar e corrigir todas as
circunstâncias, o movimento normal não tensionado do joelho não
condições patológicas.
deve colocar tensão indevida nos pontos de fixação. A total extensão
•Tome cuidado durante a dissecção e retração para não
deve ser alcançada tão logo quanto possível para evitar o desenvol-
lesionar a veia safena magna, que está no tecido subcutâ-
vimento de contratura em flexão.
neo no aspecto posteromedial da dissecção.
O sucesso do reparo depende da análise adequada da instabili-
• Os ramos infrapatelares do nervo safeno não podem
dade por exame clínico; durante a cirurgia, ele depende da qualidade
do tecido envolvido diretamente pela lesão e qualidade do tecido sempre ser preservados com essa incisão, embora o ramo
disponível para reforçar a frouxidão ou estruturas rompidas, o desem- sartorial do nervo safeno deva ser identificado e prote-
penho exigente do procedimento cirúrgico, o cuidado pós-operatório, gido conforme ele sai entre o sartório e grácil, para dar
a motivação do paciente e o rigor da reabilitação. O prognóstico de a sensibilidade sob re todo o aspecto medial da perna ao
longo prazo para a função depende da gravidade da frouxidão inicial tornozelo.
e da existência de qualquer desarranjo interno associado ou artrite •Um hematoma na área posteromedial da dissecção pode
degenerativa pós-traumática. O objetivo do tratamento é obter a identificar o local principa l da lesão.
máxima função e minimizar ou evitar as alterações degenerativas •Teste o joelho novamente para instabilidade ligamentar e
dentro da articulação. patelar.
•Faça a incisão do retinácu lo extensor longitudinal medial
ao longo da borda anterior do sartório a partir da sua
REPARO DAS LESÕES DO inserção tibia l posteriorm ente para o canto posterome-
COMPARTIMENTO (COLATERAL) MEDIAL dial. Tome cuidado para não cortar a inserção tibial do
ligamento colateral tibial imediatamente abaixo.
• REPARO •Com o joelho na posição de flexão, retraia o sartório e
Se o reparo cirúrgico do apoio medial lesionado do joelho for plane- outros componentes da pata de ganso para possibilitar a
jado, o exame artroscópico do joelho para excluir outras condições inspeção da inserção tibial do ligamento colateral tibial,
patológicas intra-articulares é feito antes da exploração cirúrgica que é profunda e distal à borda anterior do sa rtório.
aberta (Cap. 51). O cirurgião deve estar ciente do rompimento •Uma alternativa à incisão do retináculo extensor longitu-
capsular que pode permitir o extravasamento significativo do fluido dinal ao longo da borda anterior do sartóri o é soltar a
de irrigação durante a artroscopia de um joelho agudamente instá- inserção óssea da pata de ganso a partir da tíbia e afasta r
vel. A membrana sinovial ou cápsula comumente vai cicatrizar sufi- esses tendões para cima. Isso revela o ligamento colateral
cientemente para evitar o extravasamento perigoso do fluido de medial, a área do li gamento oblíquo posterior e o com-
irrigação se o exame artroscópico for adiado por 5 a 7 dias e o plexo sem im embranoso no canto posteromedial do
cirurgião for habilidoso e fizer a avaliação rapidamente. Um exame joe lh o. A primeira etapa na identificação cirúrgica da )
demorado de um joelho agudamente lesionado não é justificado,
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

condição patológica deve ser a ava liação da integridade •Quando a lesão capsu lar não pode ser identificada facil-
dessa inserção tibial. Não liberamos o tendão da pata de mente, uma incisão vertical dividindo as fibras do liga-
ganso. mento colatera l medial muitas vezes vai revelar lesões em
•Faça uma incisão fascial parapatelar medial se esten - sua porção meniscofemoral. As lesões capsu lares mediais
dendo da borda do múscu lo vasto medial distalmente muitas vezes começam perto da origem condilar medial
para se unir à incisão ao longo da borda anterior da pata e seguem em um caminho em formato de L ou Z para o
de ganso. canto posteromedia l. As lesões na porção meniscofemo-
• Faça a dissecção desse retináculo patelar longitudinal ral do ligamento capsular profundo podem deixar a inser-
medial fo ra da cápsula anteromedia l e o ligamento cola - ção periférica do menisco medial íntegra , e o men isco
teral medial e afaste-o proximalmente e posteriormente medial pode ser mantido. As lesões da porção menisco-
para a margem do vasto med ial. Isso pode ser fe ito sem tibial mais fraca do ligamento capsu lar medial frequente-
muita dificuldade quando a cirurgia é realizada dentro de mente acompanham lesões do menisco ou sua inserção
poucos dias após a lesão. Isso expõe o ligamento colatera l periférica.
medial e as estruturas capsu lares mediais. •Repare todas as lesões na inserção periféri ca conforme o
•Aprofunde a incisão capsular parapatelar medial na arti- ligamento capsu lar é reparado; as lesões dentro de 25%
culação e inspecione-a. da parte externa do menisco devem ser reparadas.
•Se a artroscopia não tiver sido feita para aval iar as estru- •As lesões do ligamento capsu lar médio medial e da
turas intra-articulares, inspecione sistematicamente a porção design ada por Hughston como o ligamento
superfície da patela, as superfícies articulares do fêmur e oblíquo posterior, muitas vezes, se estendem para distân-
a tíbia, os meniscos medial e lateral, e os li gamentos cias va riáveis na cápsula posterior, e a extensão deve ser
cruzados anterior e posterior. determinada. A lesão capsular posteromedial muitas
•Com o joelho flexionado, coloque o calcanhar sobre o vezes se estende em torno do canto posteromedial e
joelho oposto e retraia a bolsa de gordura patelar para envolve a cápsu la posteri or e sua inserção tibial.
ver todo o menisco lateral através da incisão capsu lar •Se uma lesão importante não estiver presente nas estru-
parapatelar medial. tu ra s capsu la res posteromediais, faça a in cisão em linha
•Inspecione os ligamentos cruzados e apa lpe-os com o com as f ibras do li gamento ob líquo posterior, criando
dedo e com ganchos de ligamento. uma artrotom ia para ava li ação do corno posterior do
•Se os meniscos estiverem lesionados dentro da sua subs- menisco medial.
tância, resseque as áreas que não podem ser reparadas. •Não re mova um menisco medial não lesionado ou um
Tente preservar uma borda ou margem do menisco que possa ser repa rado para tornar a fixação da cápsula
mesmo se a maior parte do men isco for cortada. posterior mais fác il. Isso não é necessá ri o, e o sacrifício
•Quando um ligamento cruzado é lesionado, ele deve ser do menisco com sua f unção de proteção e estabilizadora
reconstruído (Técnicas 45-17 e 45-1 8). deve ser evitado.
•Novamente, faça o teste de estresse da articu lação pa ra •Comece os procedimentos de reparo com a anormalid ade
identificar melhor a área da lesão do ligamento medial. intra-articu lar - meniscectomia, sutura do menisco ou
Ao longo da dissecção, tome cu idado para não tornar a reconstru ção do ligam ento cruzado - como indi cado.
condição patológica ligamentar não identificável. •Coloque múltiplas suturas separadas no menisco se o
•Se o ligamento colateral medial for avulsionado a parti r reparo for necessário e passe-as para fora através dos
da tíbia abaixo da pata de ganso, afaste-o proximal- locais capsulares apropriados. Não amarre essas sutu ras
mente, expondo a porção média capsular subjacente do até que o reparo medial esteja completo. A manipulação
ligamento capsular medial. Um intervalo definido está do joelho durante o reparo medial pode soltar essas
presente entre o li gamento colateral med ial e a porção suturas se elas forem amarradas inicialmente.
média capsula r do ligamento capsular medial anterior- • Prossiga com o reparo de outros li gamentos como se
mente, de modo que a retração proximal do ligamento segue. Repare primeiro a cápsula posteromed ial se ela
co latera l medial é possível e as estruturas capsu lares ante- estiver lesionada, mantendo o joelho em 60 a 90 gra us
romedial, a méd ia medial e a posteromedial podem ser de flexão em todas as vezes. Se a cápsu la posterior esti ver
facilmente identificadas e inspecionadas. desinserida da tíb ia, puxe-a para baixo para a parte de
•Exponha a cápsula posterior, localizando o intervalo trás da tíbia (veja a segui r).
entre a cabeça medial do gastrocnêm io e o sem imem- •Se a cápsu la posteromedial tiver sido lesionada em sua
branoso e cortando a bainha do semimembranoso. Faça porção média, aproxime-a com múltiplas suturas não
a dissecção da cápsula posterior fora da cabeça med ial absorvíveis separadas, colocando os nós extra-a rti cu lar-
do músculo gastrocnêmio. Com o joelho mantido em mente conforme a cabeça medial do gastrocnêm io é
flexão, a cápsu la posterior pode ser faci lm ente exposta retraída e o joelho é mantido em 90 graus de flexão.
à li nha média. Retraia cuidadosamente os vasos poplí- •Se a cápsula posteromedial estiver lesionada a partir da sua
teos durante essa exposição. inserção femoral, perfure orifícios a partir da área antero-
•Exponha o ligamento capsular medial, utilizando um afas- medial epicondilar para sair posteriormente na área de
tador intra-articular profundo para o ligamento capsular inserção da cabeça media l do múscu lo gastrocnêmio.
medial. Isso pode revelar uma área nua sobre o côndi lo • Utilize suturas para trazer a borda superior da cápsu la pos-
femoral do qual o li gamento capsular e a sinóvia foram terior para a sua inserção normal, passe as suturas através
avu lsionados. do osso e prenda-as sobre o osso anteromedialmente.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO t'lm

Semimembranoso Passador
de sutura

O@il;f!illlml Reinserção da cápsula na tíbia posterior. VEJA A


TÉCNICA 45-4.

muito longe dist almente é uma possibilidade. Antes de


O(ijil;tijEla Reparo ou reconstru ção do canto posteromedial as suturas serem amarradas, estenda o joelho para ter
do joelho; as suturas estão co locadas na periferia, mas não amar- certeza de que a re inserção está na localização correta.
radas. (Redesenhada de Dohrmann [copyright 1988]. ln Feagin JA Jr, •Quando a cáps ul a posterior for reinse rid a, retorne para o
editor: The crucial ligaments: diagnosis and treatment of /igamentous aspecto anteromed ial da exposição.
injuries about the knee, New York, 1988, Churchill Livingstone.) VEJA •Repare o retinácu lo extensor medial e o músculo vasto
A TÉCNICA 45-4. medial se eles estiverem lesionados e, em segu ida, feche
a incisão anterior da artrotomia com múltiplas suturas
separadas. A falha em fecha r a incisão anteromedial da
artrotomia antes de reparar as outras estruturas media l e
posteromedial pode resultar em incapacid ade de fechar
•Como alternativa , a cápsula posterior pode ser reinserida essa incisão anterior, uma vez que essas estruturas foram
para o fêmur com fixações da sutura. encurtadas e apertadas.
•Se a cápsu la posterior ti ver sido lesionada do seu anexo • Feche a sinóvia com uma sutu ra absorvível contínua 3-0
da tíbia, fixe novamente a borda pa ra a superfície poste- e a incisão capsu lar anteromedia l com múltiplas suturas
rior da tíbia. absorvíveis separadas nº O.
• Coloque as sutu ras, geralmente duas, de material não •Retorne pa ra o canto posteromed ial.
absorvível na nova borda da cápsula e deixe-as reparadas. •O reparo da lesão do complexo li gamenta r capsu lar
•Perfure três orifícios paralelos, começando na superfície media l e do ligamento oblíquo posterior ou complexo
anteromed ial do côndi lo tibia l e saindo aba ixo da sua semimemb ranoso é determ inado principalmente pelo
margem articu lar posterior. padrão da lesão. O objetivo é aproximar anatom icam ente
•Passe as extremidades das suturas capsu lares colocadas as extremidades do li gamento lesionado com múltiplas
anteriormente através desses orifícios para o aspecto suturas separadas e, em seguida, reforçá -las com suturas
anteri or da tíbia com um passador de sutura, passando de tensão na fo rm a de sutu ras em U, mattress sutures.
duas suturas através do orifício do centro. Esses padrões de sutura devem ser quadrangulares ou
•Antes de perfurar os orifícios, raspe ou reav ive a borda retangulares na orientação. Os objetivos das suturas de
posterior da tíb ia com um osteótomo para auxiliar na tensão são restaura r o comprimento e a tensão normal
reinserção da cápsu la posterior. para as fibras de colág eno e evitar a tensão na linha de
•Com o joelho em 60 graus de fl exão, traga a borda da sutura. A colocação e a direção da tensão das suturas
cápsu la posterior à sua inserção, amarrando as sutu ras devem ser precisas e de acordo com as fibras do liga-
anteriormente (técn ica de O' Donoghue) (Figs. 45-65 e mento. Como outras su turas, elas devem ser testadas
4 5-66). Novamente, âncoras de sutura podem ser utiliza- para correta colocação funcional e isometria durante a
das em vez de suturas transósseas. fl exão e a extensão do joelho antes de serem amarradas
•Se o corno posterior do menisco medial puder ser recu- definitivamente. As sut uras de aproximação são gera l-
perado, não avance a inserção ti bial muito distalmente mente absorvíveis (O Vicryl), e as suturas de t ensão são
ou o menisco será deslocado para fora da parte de trás não absorvíveis (O Mersi len e) (Fig. 45-67)
do platô tibial. Com o joelho mantid o em um a posi ção •Se o cant o poste rom edi al (complexo li gamentar oblíquo
de flexão conforme o avanço é feito, fixar a inserção posterior) tiver sido avu lsionado da sua inserção femoral, )
llllZil) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

/
I
I
I
I
I
I

A B

e D

O@lht+"l!ID A, Padrão de lesão comum, compartimento medial, ligamento superficial ou colatera l medial lesionado distalmente
perto da sua inserção na tíbia com lesão oblíqua no ligamento capsular mediomedial e posteromedial. B, Reparo do ligam ento profundo
mediomedial e posteromedial com suturas separadas de aproximação; suturas não absorvíveis de tensão inseridas para aliviar a tensão
na linha de sutura. C, Lig amento co lateral medial superficial grampeado na metáfise da tíbia com grampo . D, Se a lesão no ligamento
colateral medial superficial estiver perto ou aba ixo da linha articular, ela é reparada com suturas separadas, com sutura de tensiona-
mento margeando a lesão para aliviar a tensão ao longo da linha de sutura. VEJA A TÉCNICA 45-4.

Hughston recomendou colocar duas ou três suturas em • Se o braço capsular do ligamento ob líquo posterior tiver
)
U não absorvíveis bem presas distalmente no ligamento sido lesionado a partir da sua inserção femora l, ele produz
no canto posterior da tíbia (Fig . 45-68 A) e fixando-as uma dobra na parte posterior da cápsu la que é contínua
proximalmente na inserção do ligamento ao tubérculo com o lig amento poplíteo oblíquo. Se essa lesão for
adutor do fêmur (Fig. 45-68 A a C). encontrada, tracione a extremidade lesionada do braço )
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO f?!m

A B

(#
y ( )<
O<
()<

O@ihM l:lllEt Reparo dos ligamentos do compartimento medial do joelho. A, Suturas são inseridas no coto na inserção original do
ligamento oblíquo posterior e o periósteo no tubérculo adutor (AT) e através da cápsula (A) e partes ti biais (B) do ligamento oblíquo
posterior (ver texto) . B, Lig amento posterior oblíquo é pu xado para a frente e fi xado e amarrado tão firme quanto possível ao tubérculo
adutor com joelho em 60 graus de fle xão quando as suturas são amarradas (ver texto). C, Avan ço da extremidade tibial do ligamento
oblíquo posterior (POL), com sutura ao periósteo da tíbia e para o ligamento colateral tibial reparado (TCL) (ver texto) . D, Borda anterior
do ligamento oblíquo posterior avançado e suturado sobre a borda posterior do ligamento co lateral tibial. X e Y, Suturas fixando POL
para o ligamento colateral medial reparado . (Redesenhada de Hughston JC, Eilers AF: Th e role of the posteri or oblique ligament in repa irs of
acute medial [collateral] ligament tea rs of the knee, J Bane Joint Surg 55A:923, 1973 .) VEJA A TÉCNICA 45-4.
llllJlm> PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

capsu lar para a frente e suture-a para a porção do liga- grampo (Fig . 45-69 A e B) Âncoras de sutura também
)
mento ainda inserido ao tubércu lo adutor (Fig. 45-68 A podem ser util izadas para fixar o ligamento para uma
a D); quando a inserção do ligamento ao osso tiver sido superfície de osso rugosa.
avu lsionada, deixando uma superfície óssea nua, perfure •Quando essa porção posterior de ligamento oblíquo do
os orifícios no osso, eleve um pequeno retalho de osso complexo capsu lar med ial tiver sido fixada, uma suave
perto do tubérculo adutor e prenda o ligamento com abdução deve mostrar estabil idade medial.
suturas, um parafuso com uma arruela dentada ou um •Se o braço tibia l da porção posterior ob líqua do complexo
capsular med ial ti ver sido lesionado a partir da tíb ia e
permanecer um coto insuficiente do ligamento ou peri-
ósteo na tíbia para manter as suturas, perfure os orifícios
através da tíbia como mostrado na Figura 45-70 A e B.
Com um passador de sutura, passe longas suturas a partir
do ligamento através dos orifícios anteriormente direcio-
nados e amarre-os sobre o osso anteriormente para apro-
ximar o ligamento para o canto posteromedia l da tíbia.
Âncoras de sutura podem ser uti lizadas em vez disso.
Suturas adicionais para proteger o braço tibia l das cabeças
direta e profunda do semimembranoso fornecem o
reforço dessa importante estrutura.
•Quando a porção posterior oblíqua do comp lexo capsular
med ial for reinserida, repare o li gamento capsu lar med ial
anteriormente ao ponto já reparado. Reinsira o ligamento
avulsionado no osso ou aproxime as extrem idades do
li gamento lesionado com múltiplas suturas separadas e
não absorvíveis (Fig. 45-71 A e B). Isso deve completar o
reparo das estruturas capsulares mediais.
•Se o ligamento colateral med ial, a porção méd ia do liga-
A B mento capsu lar medial e a inserção femora l do ligamento
oblíquo posterior estiverem avu lsionados com um pedaço
H!ijii;tljnJD Reparo dos ligamentos do compartimento de osso do fêmur, uma ocorrência relativamente rara,
med ial do joe lho. A, Fi xação isométrica dos li gamentos mediais tudo pode ser reinserido em continuidade com um
presos com parafuso e arrue la. B, Ligamentos co latera l medial e grampo ou parafuso com a arruela dentada. Trata-se de
oblíquo posterior são reparados individualmente com parafusos um ótimo padrão de lesão para encontrar.
AO e arrue las. VEJA A TÉCNICA 45-4.

H@ii;!ijcml A, Reparo do ligamento ob líquo posterior lesionado da t íbia. B, Suturas amarradas e ligamento reinserido . A, Ponto
de inserção do ligamento origina l; B, li gamento lesionado; inserção do ligamento. (Redesenhada de Hughston JC, Eilers AF: The role of the
posterior oblique ligament in repairs of acute medial [collateral] ligament tears of the knee, J Bane Joint Surg 55A:923, 1973.) VEJA A TÉCNICA 45-4.
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO fmllll
•Repare qua isquer lesões vertica l ou ob líqua com múltiplas
suturas sepa radas (Fig. 45-72). Em seguida, repare a
porção superficial do ligamento colateral medial. Krackow
et ai. desnvolveram uma sutura ancorada, ideal para
prender estruturas planas como esse ligamento (Fig.
45-73) . Ele possibilita que a tensão seja apl icada ao liga-
mento sem ca usar esgarçamento.
•Se a inserção femoral tiver sido lesionada, reins ira-a na
área do tubércu lo adutor com um grampo, um parafuso
com uma arruela dent ada, âncoras de sutu ra, ou suturas
interrompidas.
•Se a porção média for lesionada, uti lize as suturas absor-
víveis e separadas para aproximar as extremidades. Com-
plemente o reparo com suturas não absorvíveis de tensão,
em "X" ou em "U".
)
Proximal Central Distal

O!§il;@n!ZI Lig amentos mediais superficia l e profund o avul-


sionados da inserção femoral rein se ridos com grampo de mesa, e
lesões fechadas vert ica l e ob líq ua com suturas separadas. VEJA A
TÉCNICA 45-4.

Proximal Central Distal

B h[êjiJ;f4ialJI Sutura de travamento (an corada ) de Krackow


possibilita a ap licação da t ensão ao ligam ento sem ra sgá -lo . (Rede-
senhada de Krackow KA, Thomas SC, Jones LC: Li gament-tendon fixa-
H@i!;@n!JI Reparos primários das lesões dentro do lig a-
tion: analysis of a new stitch and comparison with standard techniques,
mento capsular medial. A, Lesões. B, Reparos. VEJA A TÉCNICA 45-4.
Orthopedics 11 909, 1988.) VEJA A TÉCNICA 45-4.
llllJI!!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

/
1
1
I

11/

A B

O@ll;Mm:I A, Lesão horizontal no ligamento meniscotibial aproximada com múltiplas suturas separadas. Duas suturas de tensão
para aliviar a tensão na lesão aproximada são colocadas vertica lmente. B, Lesão horizontal no ligamento meniscotibial perto da sua
inserção na tíbia . Reparo é realizado por múltiplas suturas separadas através dos túnei s transósseos (inserção). VEJA A TÉCNICA 45·4.

• Se o ligamento apresentar avu lsão a partir da sua inserção através da borda capsular meniscotibial lesionada e teste a
)
tibial, reinsira-o distal à linha articular com suturas separadas sua resistência. Perfure múltiplos orifícios horizontalmente
através dos orifícios perfurados no osso, por um grampo ou em toda a tíbia. Exponha a saída da broca através da tíbia
ãncoras de sutura para o osso áspero, ou por elevação de lateral por meio de uma incisão lateral e limpe os tecidos
um retalh o de osso, colocando o ligamento abaixo dele e moles. Passe as suturas através dos t úneis transósseos com
segurando o retalho com um grampo. Em seguida, puxe a passadores de sutu ra para a lateral, começando com a
porção tibial do ligamento oblíquo posterior anteriorm ente sutura mais posterior. Amarre cada sutura, prosseguindo a
e suture-a ao periósteo da tíbia e o ligamento meniscotibial partir da mais posterior para a mais anterior. Tenh a cuidado
distalmente e para a borda posterior reparada do ligamento para não puxa r o menisco para baixo da borda articular
colateral medial proximalmente (Fig . 45-68 C). Ava nce toda medial. Âncoras de sutura que aceleram este reparo estão
a borda anterior do ligamento oblíquo posterior e sutu re-a agora disponíveis.
de um modo calça mais colete para a borda posterior do •Se as lesões foram extensas e, após o rep aro ter sido
ligamento colateral med ial (Fig. 45-68 D). concluído, o resultado é frágil, procedimentos especiais
•Se o li gamento capsular med ial tiver sido lesionado podem ser adicionados para fornecer reforço ou suporte
através da porção meniscotibial, a inserção do li gamento dinâmico. Por exemplo, sutu rar o tendão se mi membra-
coronário do menisco medial também pode estar lesio- noso para o canto posteromedial reforça o ligamento
nada. Se assim for, repare-o cuidadosamente. Nesses oblíquo posterior. Outros procedimentos incluem su t ura
padrões de lesão, a superfície do menisco é visível con - do sem imembranoso no aspect o posterior do ligamento
forme a lesão é retraída superiormente. Determ ine o colatera l medial, o avanço do sartório e grácil, uma plastia
método de reparo para esse tipo de lesão através do da pata de ganso e avanço do músculo vasto medial.
comprimento dos cotos meniscotibiais. Estes e outros procedimentos são descritos nas seções
•C aso a lesão seja na substância méd ia do ligam ento subsequentes deste capítulo.
meniscotibial, utilize múltiplas suturas não absorvíveis •Traga o retalho retina cu lar patelar medial long itudin al
sepa rad as de aproximação. Duas suturas em fo rm a de para a sua posição norm al e recoloque-o na borda ante-
caixa de tensão também são gera lmente inseridas (Fig. rior do sartório e feche a incisão capsular anteromedia l
45-74 A) com múltiplas su turas separadas.
• Se a inserção men iscotibial do complexo capsular medial •Li bere o torn iquete e faça a hemostasia .
tiver sido puxada para fora da tíbia perto da sua inserção •Feche a fer ida sobre os drenos de sucção.
óssea, preferimos recolocá-lo como mostrado na Figura •C oloque a perna em um gesso longo ou órtese articulada
45-74 B. Reavive a borda da tíbia perto da sua margem da virilh a para os dedos do pé com o joe lh o fl exionado
articular para osso esponjoso com uma broca ou osteótomo. 45 a 60 graus e a tíbia internamente girada, mas não
Insira múltiplas suturas separadas não absorvíveis de nº O forçosamente.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flmlll
também deve ser levada em consideração. Para simplificação, no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é elevada
entanto, as reconstruções nas seguintes seções são descritas como
para reduzir o inchaço. O paciente é instruído em exercícios
reconstrução medial, reconstrução lateral, e assim por diante, mas
ativos do quadríceps e isquiotibiais começando no dia após
o leitor deve realizar essas combinações de procedimentos e, na
a cirurgia. Idealmente, esses exercícios são praticados antes
maioria das vezes, são necessárias modificações com frequência.
da cirurgia. Os exercícios isométricos do quadríceps e
Os princípios de reconstrução do lado medial são (1) reparo e
isquiotibiais são realizados em uma base regular a cada
retenção do menisco medial, se possível; (2) reconstrução das estru-
hora, e a perna levantada para reforço dos flexores e os
turas capsulares, especialmente a cápsula posterior; (3) restauração
abdutores do quadril são instituídos o mais rapidamente
da conexão meniscotibial do complexo semimembranoso; (4)
possível. Em pacientes selecionados, é possível utilizar a
reconstrução do ligamento oblíquo posterior no canto profundo
analgesia epidural e uma máquina de movimento passivo
posterior; (5) restabelecimento da influência da unidade semimem-
contínuo. Caminhar com muletas com suporte de peso é
branosa para o ligamento oblíquo posterior, menisco medial e
iniciado tão logo quanto possível. Os drenos são removidos
cápsula posterior; e (6) reconstrução do ligamento colateral medial.
em 12 a 24 horas. O paciente geralmente é liberado do
A frouxidão em valgo grave geralmente requer aperto do ligamento
hospital com muletas 1 dia após a cirurgia. O paciente é
colateral medial além da cápsula posterior, a área posterior oblíqua
encorajado a continuar com os exercícios para o quadrí-
da cápsula posteromedial e o ligamento capsular médio medial.
ceps e isquiotibiais em uma base regular, além da elevação
da perna. Estimulação transcutânea do músculo não foi
comprovada em reduzir a atrofia ou auxiliar na reabilitação.
Se uma órtese articulada for utilizada, o movimento entre
RECONSTRUÇÃO DO
30 e 90 graus é encorajado. As suturas são removidas em COMPARTIMENTO MEDIAL
2 semanas. Se um gesso for utilizado, ele é trocado em 2
semanas, mantendo a posição de flexão de 30 graus. O TÉCNICA
gesso (ou a órtese) de proteção é trocado a cada 2 semanas
e utilizado para um total de 4 a 6 semanas. Em geral, o (SLOCUM)
período máximo é de 4 semanas de imobilização completa.
Costuma ser utilizada uma órtese longa de movimento • Coloque o paciente na mesa de operação em decúbito
restrito ou uma imobilização femoral que possibilite a liber- dorsal, de modo que a extremidade inferior da mesa possa
dade de flexão, mas bloqueie a extensão, geralmente em ser removida para permitir a flexão do joelho além do
30 graus. A imobilização total costuma ser desnecessária ângulo reto. Um suporte pode ser utilizado para apoiar o
para reparos do ligamento colateral mediais, e a imobiliza- aspecto distal da coxa e para flexionar o joelho com a mesa
ção muitas vezes tem efeitos deletérios nas superfícies plana. A maior parte da exposição cirúrgica, exploração e
articulares, especialmente da articulação patelofemoral. A reconstrução é realizada com o joelho flexionado; o método
órtese flexível geralmente é utilizada até 6 a 8 semanas é escolha do cirurgião. Preferimos o suporte e o apoio do
após a cirurgia. Se a órtese tiver um mecanismo de blo- pé na mesa, mas ambos os métodos permitem flexionar o
queio ajustável na articulação do joelho, a quantidade de joelho em 90 graus e acessar para a articulação posterior.
extensão pode ser aumentada (p. ex., de 30 a 15 a O graus) •Prepare cuidadosamente a pele, estenda a extremidade e
durante 6 a 8 semanas após a cirurgia. infle um torniquete pneumático . Se o exame artroscópico
Na remoção do gesso ou outro aparelho, uma órtese imediatamente preceder a reconstrução planejada, ele
reforçada do joelho é aplicada. O suporte parcial de peso deve ser feito sem inflação do torniquete.
sobre muletas continua até que haja pelo menos 60 graus •Comece a incisão medial da pele 4 a 5 cm proximal ao
de movimento no joelho e o paciente esteja levantando epicôndilo femoral medial e curve-a para a frente e para
7 kg, 50 repetições, com o quadríceps. Agilidade e trei- baixo, em paralelo com as fibras inferiores do músculo
namento proprioceptivo são enfatizados como compo- vasto medial, para o ponto médio da borda medial da
nentes tardios do programa de reabilitação. A reabilitação patela.
procede similarmente ao prescrito após a meniscectomia, •Continue a incisão distal mente, em paralelo com o tendão
mas é mais intensa e prolongada. Além disso, a extensão patelar através da linha articular para o nível da borda
dentro de 5 graus da extremidade oposta deve estar inferior da pata de ganso, como a incisão padrão para-
presente antes que as muletas possam ser descontinua- patelar medial.
das. Com movimento precoce em uma órtese articulada, •Afaste a pele e o retalho de gordura subcutânea poste-
muitas vezes, o paciente tem extensão completa em 8 riormente para o espaço poplíteo medial para expor a
semanas, e o suporte de peso total pode ser permitido. fáscia profunda que cobre o compartimento medial e
O paciente deve entender que a força máxima e a função anteriormente para expor as estruturas musculotendino-
nos ligamentos reparados provavelmente não são recu- sas em torno do lado medial da patela, tendão patelar e
peradas por 12 meses após a cirurgia. tuberosidade da tíbia (Fig. 45-75)
•Com o retináculo extensor e a fáscia profunda que cobre
os ligamentos mediais e com o canto posteromedial do
joelho expostos, teste a estabilidade do joelho com
• RECONSTRUÇÃO
estresse em abdução e teste rotatório anteromedial de
A instabilidade do compartimento crônico medial é raramente uma
Slocum. Observe os pontos de maior frouxidão e lesão
frouxidão em valgo de um plano. A instabilidade medial suficiente
durante os testes para determinar o que vai exigir reforço
para justificar a reconstrução é, na maioria das vezes, combinada com
especial durante o reparo cirúrgico. )
outras instabilidades, como a insuficiência cruzada anterior, que
mJ) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Sartório

Semitendíneo

h(êill;Mm Exposição para o reparo da cáps ula posteromedial. A incisão medial da pele é representada pela linha verde. VEJA A
TÉCNICA 45-5.

•Verifique a estabilidade lateral da patela, tentando forçá- • Quando a reconstru ção das estruturas do compartimento
)
la lateralmente sobre o côndilo femora l lateral com o medial é necessária e a frouxidão parece ser principalmente
joelho em diferentes graus de flexã o. Quando a patela meniscofemoral em vez de meniscotibial, tensionamento
puder ser subluxada ou deslocada do sulco patelofemo- do ligamento capsular medial por avanço proximal com
ral, estão presentes a frouxidão do retináculo extensor uma porção meniscotibial intacta ou avanço medial e ante-
e a inserção do músculo vasto medial e exigem reparo. rior da cápsu la posterior suficiente para corrigir a frouxidão
A estabi li dade patelar deve ser testada nesse estág io, capsu lar posterior leve a moderada não vão perturbar sufi-
porque é extrema mente difícil de ava liar após as incisões cientemente um men isco medial intacto para justif icar a
da artrotom ia capsu lar serem feitas . sua excisão.
• Faça uma incisão parapatelar medial da artrotomia e explore •Se a porção do ligamento meniscotibial (coronário) da
a articulação em uma rotina definida, como se segue. cápsula estiver acentuadamente frouxa e a inserção peri-
• Inspecione lesões do menisco medial ou lesões da sua férica do menisco estiver intacta, o avanço dista l da
inserção. Se tanto o menisco media l quanto a sinóvia sobre cápsula posterior e media l pode ser mais difícil. Nesses
a inserção periférica estiverem intactos na superfície supe- casos, em vez de cortar o menisco, preferimos soltar a
rior e o menisco estiver firme ao fêmur pela porção menis- inserção posterior e posteromed ial do menisco ao longo
cofemora l da cápsula medial, enquanto o estresse por do seu anexo capsu lar, avançar a cápsu la distalmente e
abdução é ap licado, a porção meniscotibial do ligamento suturar o men isco à cápsula tensionada.
está relaxada; quando o menisco permanece fi xado à tíbia •Se a periferia posterior do menisco já estiver so lta, a
durante os testes de abdução de esforço, a porção menis- cápsu la é ava nçada distalmente, e a periferia do menisco
cofemora l da cápsu la é o principal loca l da frouxidão. é suturada.
Utilize um gancho de menisco ou um gancho de ligamento • Faça a incisão da fáscia profunda sobrejacente ao canto
para detectar as lesões periférica posteri or ou superfície posteromedial do joelho a partir do nível do vasto medial
inferi or não detectáveis pela inspeção a partir de cima. anteriormente ao sartório posteriormente para expor a
• Em seguida, inspecione o menisco lateral, colocando o pé no parte posterior da cápsu la medial e o tendão sem imem-
joelho oposto e possibilitando o joelho flexionado ser tensio- branoso (Fig. 45-76 A a C). Preferimos unir a incisão
nado em varo conforme o quadril f ica em rotação externa . parapatelar anterior e a incisão na fáscia profunda do
•Retraia o ligamento mucoso e a bolsa de gordura patelar canto posteromedia l com uma incisão ao longo da borda
para ver a ma ior parte do men isco lateral. anterior do sa rtóri o, afastando, portanto, o retalho pro-
•Inspecione as superf ícies articu lares da patela, os côndi los fundo fasc ial proximalmente à origem do vasto medial.
do fêmur e os platôs da tíbia para defeitos condra l ou Isso possibilita a inspeção da inserção t ibial do li gamento
osteocondral (trate-os apropriadamente por condroplas- colatera l media l além de defin ir me lhor as áreas de
tia ou excisão de fragmentos soltos). máxima frouxidão das estruturas de apoio mediais. A
•Teste a estabilidade dos ligamentos cruzados anterior e reflexão deste retalho profundo fascial proximalmente
posterior por inspeção, palpação e teste de tensão com pode ser difícil por causa de fibrose, mas, com cuidado,
um gancho de ligamento. geralmente é possível realizá-la.
•Se um ligamento cruzado parecer " frou xo " conforme é •Agora, entre na parte posterior da articu lação através da
tensionado com um dedo ou um gancho de ligamento, parte re lativamente fina da cápsula que se encontra entre
mas a sinóvia sobrejacente parecer intacta, corte cuida- os ligamentos capsulares med ial e posterior. Essa incisão
dosamente a sinóvia para determinar se uma ruptura capsular está posterior e paralela à forte banda ligamen-
intrassinovial do ligamento cruzado ocorreu. tar, formando a margem posterior da cápsula medial que
CAPÍTULO 45 LESÕ ES NO JOELHO Gmlll
Fáscia profunda exposta
cobrindo os ligamentos
e elementos muscu lotendíneos

A B

e
H!§ii;@Blllt A-C, Exposição profunda comp leta posteromed ial na articu lação . VEJA A TÉCNICA 45 -5.

se estende do epicônd ilo femora l medial à cápsu la pos- •Prenda os tendões conjuntos do semi membranoso com
terior e tendão do semimembranoso. uma pinça e tracione-os para a frente, para cima e
•Exponha o complexo semimembranoso no canto poste- mediaimente.
romedia l do joelho, cortando a ba inha do tendão a partir •Exponha o intervalo entre a cabeça med ial do gastrocnê-
da borda posterior do ligamento colatera l da tíbia em mio e o tendão semimembranoso com dissecção romba
direção a suas fibras muscu lares proxima lmente. posteriormente para o ponto em que o ligamento pop lí-
•Loca lize o interva lo entre a cápsu la posterior e a cabeça teo oblíquo é inserido de vo lta ao fêmur e à cápsu la
media l do músculo gastrocnêm io e retra ia o gastrocnêmio posterior do compartimento latera l do joe lh o .
para fora da cápsu la posterior sobre a linha média da tíbia.
•Apa lpe a inserção direta do semi membranoso no seu
•Como o tendão do semi membranoso é re laxado com o
anexo da tíbia.
joelho em flexão, libere-o da sua bainha e retraia-o dis-
• Proteja os vasos poplíteos, expondo a cápsula posterior.
ta lmente a partir do su lco na tíbia para fornecer acesso
•Os objetivos do reparo no canto posteromed ial do joelho
fáci l para o intervalo entre o semimembranoso e o aspecto
são reinserir a cápsu la posterior à tíbia, suturar o menisco,
posteromedial da articu lação em que as fibras da cápsula
posterior, as fibras oblíquas da cápsula posteromedial e a se possível, restaurar a tensão nas estruturas capsu lares
cabeça direta do semimembranoso e o ligamento poplí- posterior e med ial e restabelecer o comp lexo do tendão
teo oblíquo se misturam. semimembranoso, restaurando a sua influência dinâmica,
•Libere a banda ligamentar entre o semimembranoso e a especialmente no ligamento pop líteo oblíquo. Slocum
ba inha do tendão do gastrocnêmio para mobi lizar o com- rea lizou isso da seguinte manei ra.
plexo semimembranoso; no entanto, não corte o liga- •Se o menisco med ial tiver sido previamente removido e
mento poplíteo oblíquo do semimembranoso. quando há frouxidão sign ificativa, faça a dissecção da cápsu la
• Exponha a articulação posterior, resseque remanescentes posterior na parte de trás da tíbia para remover a f ibrose do
do menisco media l ou corpos livres e corrija outros distúr- tecido ligamentar. Util ize um osteótomo para renovar ou
bios da articulação, como um menisco lesionado, como tornar áspero o osso no aspecto posterior da tíbia para avanço
ind icado. distal da borda da cápsula posterior (Fig. 45-77). )
llll!D PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Cápsula medial
posterior
frouxa Lateral

1 y - - Tíbia

Cápsula posterior

Músculo
semimembranoso

Cabeça anterior

iâ@ii;himJa Reparo da cápsula posterior lesionada da tíbia posterior. VEJA A TÉCNICA 45-5.

• Perfure dois ou t rês orifícios a partir do aspecto anterior e aproximar as bordas, uma vez que as reconstru ções cap-
)
posterior da tíbia na nova área, coloque as suturas na borda su lares posteromedial e li gamento colateral medial foram
distal da cápsula posterior e passe-as através desses orifícios concluídas .
perfurantes para reinserir a cápsu la para a tíbia posterior a •Em seg uida, puxe a forte band a oblíqua da margem
partir da área intercondilar para a borda medial da inserção posterior da cápsula medial distalmente e posteriormente
da cabeça direta do sem imembranoso. O reparo capsular para re inse rir a cápsula posterior, a margem posterior da
também pode ser feito com âncoras de sutura. tíb ia, a cabeça direta do sem im embranoso e o ligamento
• Ao avança r a inserção da cápsu la posterior da tíbia, poplíteo oblíquo; enquanto, ao mesmo tempo, puxe a
coloque as sutu ra s na parte distal da cápsu la posterior, margem inferomedial da cápsu la posterior para a frente.
de modo qu e, quando as suturas são passadas anterior- • Finalmente, avance mediaimente e anteriormente a borda
mente através dos orifícios perfurantes paralel os, a anteromedial da cabeça direta do tendão semimembranoso.
cápsula posterior é puxada para baixo (Fig. 45-78).
•Est enda o joelho com a cápsula puxada para baixo antes
que as suturas sejam amarradas, para ter certeza de que
a extensão nâo esteja limitada. A articula ção deve
começar a se ntir " ten são" quando os últimos 15 ou 20
graus de extensão são atingidos. Isso restaura a tensão REPARO DO CANTO POSTEROMEDIAL
para a metade latera l da cápsula posterior. O avanço
capsular posterior obviamente não é necessário quando TÉCNICA
não tiver ocorrido a avulsão dessa porção da cápsula.
• Se o men isco medial não tiver sido removido previa- • A inserção da cabeça direta do tendão sem i membranoso
mente, ele deve ser mantido, se possível, conforme já no tu bércu lo posterior da t íbi a é o ponto de fixação mais
descrito. O método para sutura aberta do menisco é forte do tecido mole no canto posteromedial (Fig . 45-79).
descrito na Técnica 45-1 . Coloque uma sutura em "U" através do tend ão direto
• Agora, feche a incisão anteromed ial da artrotomia; não perto do osso para emerg ir na con flu ência do tend ão
fazer isso neste ponto pode resultar em dificuldade em direto, da cápsula posterior e da cápsu la medial. )
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm

Banda oblíqua forte na


margem posterior da
cápsula medial
Seta (sutura) emerge no
intervalo entre o músculo
gastrocnêmio e cabeça direta

A sutura puxa a cápsula medial para


baixo e para trás da junção da cápsula
posterior e cabeça direta do músculo
semimembranoso

Primeira sutura

Sutura na forte lj@IJ;f.U '.LIZ!I Reinserção


do terço
margem posterior posterior da cápsula medial. VEJA A
da cápsula medial
TÉCNICA 45-5.

Fêmur

Anterior Anterior

ll
Tíbia

Posterior Posterior

A B

O@il;bUiml Método de sutura direto


de reconstrução do canto posteromedial do
joelho. A, Sutura através da cabeça direta do
tendão semi membranoso. B, Sutura através
de orifícios perfurados. C, Cápsula posterior
suturada sobre a cápsula posteromedial.
e VEJA A TÉCNICA 45-6.
lllDiP PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

•Em segu id a, retorne anteriormente para a cápsula poste-


) RECONSTRUÇÃO DO CANTO
romed ial para o ligamento capsu lar posteromedia l, ou a
porção referida por Hughston como o ligamento oblíquo POSTEROMEDIAL
posterior.
•Posicione a sutu ra através do canto inferior deste liga-
TÉCNICA
mento capsu lar perto da margem articular da tíb ia e, em
(HUGHSTON)
segu ida, volte através do tendão direto do semimembra-
noso e amarre-o de forma f irme. A colocação dessa • Util ize uma incisão medial padrão com o joelho mantido
sutura é fundamenta l para restaurar a tensão do liga- em 60 graus de fl exão, com a coxa repousando na mesa
mento oblíquo posterior ou cápsula medial. As fibras de operação, e o quadril em rotação externa.
posteriores do ligamento devem-se encontrar em justa- •Faça a incisão da cápsula no interva lo frouxo atrás do
posição com a cabeça direta do semimembranoso e a ligamento colatera l medial e anterior ao ligamento oblíquo
inserção tibial da cápsula posterior. Isso deve eliminar a posterior. Esse intervalo fornece acesso ao aspecto poste-
instabilidade em valgo e rotatória. romedia l da articu lação e exposição do menisco medial.
•O canto posteroinferior da cápsula media l pode ser inse- •Determine o loca l da lesão original através do uso de uma
rido para um loca l preparado na margem posteromedial sonda pa ra ava liar a froux idão dos anexos femoral e tibia l.
da tíb ia com suturas passadas pelos orifícios perfurados •Se o ligamento colateral medial for marcadamente instá-
através do osso quando a cabeça direta do semimembra- vel, especialmente solto da inserção femora l, avance-o
noso parece ter força insuficiente. superiormente e re insira-o ao áp ice do tubérculo com
•Avance a cápsula posterior med iaimente e anteriormente âncoras de sutura ou suturas no periósteo. Evite reinserir
em torno do canto, de modo que recubra a porção pos- à metáfise do fêmur, que encurtaria o ligamento e res-
terior da cápsu la medial. tringiria a flexão.
•Com o joelho flexionado, sobreponha as bordas capsu- •Em seguida, avance o ligamento oblíquo posterior ante-
lares posteriores em 1 a 2 cm , se possível, e proteja-as riormente e superiormente no fêmur na reg ião do tubér-
com múltiplas suturas separadas. Prenda também o cu lo adutor e do epicôndi lo med ial (Fig. 45-80 A) .
aspecto inferior da borda med ial da cápsu la posterior na Suture-o ao periósteo sob tensão moderada.
cabeça direta do semimembranoso e, em seguida, na •Em seguida, avance o ligamento oblíquo posterior inferior-
cápsula medial, de modo que qua lquer frouxidão res- mente e distalmente, f ixando-o através dos orifícios perfu-
rados na tíbia ou para o tecido mole adequado. Reforce a
tante da cápsu la posteromed ial seja el iminada confo rme
porção média do ligamento oblíquo posterior, avançan-
a articu lação poste ri or é fechada. Portanto, uma camada
do-o sobre o ligamento colateral medial com sutu ras em
sobreposta capsular de dup la camada f ixada ao osso ou
"U" de um modo calça ma is colet e (Fig. 45-80 B)
à cabeça direta do sem imembranoso distalmente e ao
•Na etapa fina l da reconst ru ção, determin e o estado da
ep icôndi lo medial proximalmente restaura a tensão li ga-
parte capsu lar do tendão sem i membranoso . Se ela estiver
ment ar com tecido de boa qua lidade neste ponto ma is
relaxada, avance o tendão dista lmente e superiorm ente
vu ln erável.
no local da reconstrução do ligamento ob líquo posterior
•Reforce o reparo por avanço do tendão semimembranoso, com suturas em " U" (Fi g. 45-80 C). Isso resta ura a linha
uti lizando a cabeça direta como um ponto pivô. de direção e tração do múscu lo sem im embranoso e con-
• Tracione o tendão conjunto anteriormente, media imente e tribui para a estab ilidade dinâmica.
proxima lmente para cobrir de modo confortável a cápsu la •Se a cápsu la anteromed ial estiver frouxa ou de má quali-
reparada medial e posterior. Com duas ou três sutu ras dade, dois procedimentos foram descritos para reforçar essa
separadas, fixe-o do complexo sem imemb ranoso. área: deslocar o tendão patelar mediaimente (técn ica de
• Slocum li berou a parte anteromed ial do tendão do sem i- Elmslie-Trillat) e utiliza r a metade medial do tendão patelar
membranoso a partir da sua inserção t ibi al aba ixo das para reforçar o reparo da cápsu la anteromed ial. Não consi-
fibras longitudinais do li gamento co lateral media l e libe- deramos isso necessá ri o. Para descrições dessas técnicas, o
rou-o a partir da sua inserção dista l pa ra a bain ha do leitor deve-se consu ltar as ed ições anteriores deste texto.
tendão e a metáfise da tíbia. Fi xou esse tendão para a
borda posteri or do ligamento colateral med ial sem lesio- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é protegido por
nar a sua fáscia sobrejacente. Suturá-lo à borda posterior um tota l de 3 a 6 semanas, dependendo do tipo de recons-
do ligamento co lateral media l, assim como ao li gamento trução, da idade do paciente e de outros fatores. Tão logo
capsu lar posterior acima da linha articu lar, fornece a a extensão completa é alcançada, o suporte de peso parcia l
tensão dinãm ica da importante porção posterior oblíqua é ini ciado. A taxa de progressão para suporte de peso tot al
do ligamento capsular med ial e do ligamento colatera l depende da força do quadríceps e da integridade da
medial. Preferimos não soltar a cabeça anteromedial do reconstrução. Os exercícios isométricos são instituídos con-
semimemb ranoso, porque se perde significativa fun ção forme tolerado logo após a cirurg ia, e são progredidos com
estabilizadora se a sutura se soltar. Reconhecemos que o aumento dos pesos durante a mobilização protegida.
trazê-lo de forma sinuosa sobre o canto posteromedia l Quando a órtese é descontinuada, em aproximadamente
pode não tracionar em linha as suas fibras, mas preferi- 6 semanas, os exercícios isotônicos e isocinéticos são in i-
mos isso ao descolamento . ciados, ao longo do arco de movimento at ivo completo.
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO

Braço tibial,
ligamento oblíquo
posterior

Braço tibial ,
A músculo semimembranoso

Braço capsu lar,


músculo
semimembranoso

B e
Reparo do ligamento ob líquo posterior. A, Ligamento co latera l medial é suturado para o epicôndilo femoral medial;
o li gament o ob líquo posterior solto é puxado anteriormente e proxima lmente no fêmur, onde é suturado ao periósteo. B, Parte pro-
ximal do ligamento ob líquo posterior les ionado é suturada para o ligamento co latera l medial, e dois ligamentos são sutu rad os juntos
no modo ca lça e co lete. C, O braço capsular do tendão sem imembranoso é puxado anteriormente no local de reparo do lig amento
ob líq uo posterior e suturado na posição. VEJA A TÉCNICA 45-7.

enxerto e trazidas através do orifício perfurado na tíbia e através do


• RECONSTRUÇÃO COM ALOENXERTO DOS joelho para a superfície lateral da tíbia aplicar tensão. O enxerto é
TENDÕES fixado no túnel tibial com um parafuso de interferência bioabsorví-
Um método alternativo para reconstrução do ligamento colateral vel. Embora a fáscia lata e o tendão semitendinoso tenham sido
medial envolve o uso de aloenxerto de tendôes. As fontes de enxerto recomendados como enxerto, preferimos o aloenxerto ao uso do
mais utilizadas são o tendão semitendinoso, o tendão tibial posterior tecido autógeno a partir do lado medial do joelho quando a insta-
e o tendão tibial anterior. Esses tecidos podem ser dobrados sobre bilidade medial crôn ica está presente. Acreditamos que as estruturas
eles próprios para fornecer resistência suficiente e, ainda assim, mediais intactas podem fornecer alguma estabilidade para o lado
manter o comprimento suficiente para cobrir a distância necessária. medial do joelho e que a sua integridade deve ser mantida. O sacri-
O tendão é colocado em um orifício perfurado no epicôndilo fício do semitendinoso ou outra estrutura medial pode contribuir
femoral e fixado com um parafuso de interferência bioabsorvível. para a instabilidade medial.
O enxerto é inserido na tíbia na extremidade distal da inserção tibial
sob os tendões pata de ganso. Ele é fixado ao osso raspado com um
parafuso e arruela ou grampo. O joelho pode ser flexionado através PERTURBAÇÕES DO COMPARTIMENTO
de um arco de movimento para determinar a colocação isométrica (COLATERAL) LATERAL
adequada desse enxerto antes da fixação fina l. Alternativamente, o
enxerto pode ser colocado em um orifício perfurado na tíbia com Para lesões agudas do compartimento lateral, como para as lesões
essa técnica. As suturas são colocadas nas extremidades livres do mediais, o joelho é examinado para classificação e graduação da
lllJD) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

instabilidade, após o paciente ter sido anestesiado; o exame artros- prefere-se técnica microscópica em um segundo momento,
cópico sistemático é geralmente realizado para avaliar e excluir mais ideal.
outras condições patológicas intra-articulares antes de prosseguir •Com graves lesões laterais, a inserção do bíceps femora l
com o reparo aberto do complexo lateral. Pesquisadores demonstra- na fíbula pode ser avulsionada com um pequeno pedaço
ram que a falha no reparo ou reconstrução do compartimento lateral de osso e a banda iliotibial também pode ser lesionada.
pode levar ao aumento de forças e subsequente falha dos ligamentos •Uma vez alcançada ampla exposição e inpecionados
cruzados anterior e posterior reconstruídos. Estudos biomecânicos banda iliotibial, bíceps femoral e nervo fibular comum,
mostraram uma tensão significativamente maior do enxerto durante reali ze testes de estresse do joelho para localização da
o estresse em varo em O e 30 graus de flexão do joelho após a tran- instabil idade ligamentar e capsular. Isso geralmente va i
secção do ligamento colateral lateral do que com as estruturas pos- corresponder com as áreas de hemorragia.
terolaterais intactas, levando às recomendações de que, em joelhos •Faça uma incisão capsu lar parapatelar anterol atera l e
com lesão posterolateral de grau III e evidência de instabilidade em explore o interior da articulação.
varo ou posterolateral associada, o reparo ou a reconstrução das •Se a artroscopia não tiver sido realizada, inspecione cui -
estruturas posterolaterais deve ser realizado no momento da recons- dadosamente e apa lpe o men isco latera l, os ligamentos
trução do ligamento cruzado posterior para diminuir a chance de cruzados e os dois terços anteriores do menisco medial.
falha tardia do enxerto. As lesões do canto posteromedial também A colocação do joelho na posição de número 4 (quadril
foram implicadas na instabilidade rotatória anteromedial e falha de flexion ado e externamente girado e o calcanhar no joelho
reconstruções do ligamento cruzado anterior. oposto) muitas vezes permite a abertura suficiente em
varo da articulação para possibilitar a comp leta visibi li-
dade do menisco lateral e compartimento lateral.
REPARO DAS LESÕES DO •Se o menisco latera l estiver rompido, resseque-o comple-
COMPARTIMENTO LATERAL tamente ou quase totalmente nesse momento. Mantenha
o máximo possível de sua borda periférica.
TÉCNICA •Se a periferia do menisco puder ser suturada, espere até
realizar maior exposição latera l e posterolateral.
•Coloque o paciente em decúbito dorsal com um coxim •Se o ligamento cruzado anterior estiver lesionado, ele
aba ixo do quadril ipsolateral para inclinar ligeiramente o deve ser reconstruído.
paciente pa ra o oposto lado . Um encosto aba ixo da coxa •Se o ligamento cruzado anterior for avulsionado da sua
para manter o joelho perto de 90 graus de f lexão pode inserção da tíbia e nenhuma anormalidade do comparti-
ser preferido. Apl ique um torniquete pneumático e infle- mento medial for observada, suturas podem ser colocadas
o. Mantenha o joelho flexionado para a incisão da pele, no ligamento através da incisão lateral da artrotomia.
abordagem cirúrg ica, exposição e reparo. •Trate quaisquer lesões do ligamento cruzado posteriores
•Comece a incisão mediolateral 2 cm proximal ao nível da de modo semelhante, geralmente por meio de uma abor-
patela, diretamente sobre e em linha com as fibras da dagem medial adicional.
banda iliotibial (Fig. 45-81 A), 3 cm latera l à patela e •Se a banda iliotibial e o bíceps femoral estiverem intactos,
tendão patelar e paralelo a essas estruturas. Prossiga com localize o interva lo entre a borda posterior da banda
a incisão distalmente sobre a região do tubérculo de iliotibial e a borda anterior do bíceps femoral (Fig. 45-81 B)
inserção da banda iliotibial (tubércu lo de Gerdy), termi- Separe-as precisamente e retraia a banda iliotibial ante-
nando em aproximadamente 4 cm distal à articulação. riormente e o bíceps com o nervo fibular comum poste-
• Faça uma dissecção da pele, tecido subcutâneo e fáscia riormente. Isso expõe as estruturas capsu lares mediolateral
superficial como uma única camada fora da fáscia pro- e posterolateral, assim como o lig amento colateral lateral
funda para expor todo o aspecto. lateral do joelho a partir (Fi g. 45-81 C).
do terço médio da patela, anteriormente ao canto •Muitas vezes, é impossível atingir a exposição adequada
posterolateral. da área das lesões através desse intervalo entre a borda
•Inspecione as estrutu ra s profundas para hematoma que anterior do bíceps e a borda posterior do trato iliotibial.
pode indicar o local de lesões significativas. •Se a exposição dessa camada mais profunda (camada li
•Identifique o nervo fibular comum profundamente ao na classificação de Warren e Marshall) do compartimento
tendão do bíceps e em torno do colo da fíbula e cuidado- lateral não for adequada, rebata a inserção do trato ilio-
samente proteja-o. Com graves lesões do compartimento tibial e sua expansão anterior a partir do tubérculo de
lateral, estiramento ou lesão do nervo fibular comum Gerdy com um fragmento de osso; seja cuidadoso para
podem ocorrer. O estado funciona l pré-operatório do não cortar a superfície articu lar da tíbia conforme realiza
nervo deve ter sido observado e registrado. Tow ne et ai. e a osteotomia. Afaste essa camada proximalmente no
Novich e Newa rk recomendaram exploração precoce de nível do epicônd ilo femora l lateral e no septo intermus-
um nervo fibular com déficit com reparo defin itivo, quando cu lar latera l.
indicado. Defendemos reparar as extrem idades do nervo •Se o terço posterior do trato iliotibial for liberado da sua
quando há rompimento completo, para torná-lo fácil de in serção no epicôndilo, ou se ele estiver lesionado con-
loca lizar para reparo posterior. forme é comumente encontrado, ele deve ser fixado
•O nervo ocasiona lmente apresenta um tipo de lesão por nesse loca l na conclu são do reparo quando a inserção
estiramento com rompime nto intrafascicu lar em inúmeros está fi xa da ao tubérculo de Gerdy. Essa refl exão proxi-
níveis e, portanto, não é suscetível a um reparo bem- mal do trato iliotibi al e do retináculo extensor patelar
suced ido. Mesmo assim, quando o reparo é indi cado, latera l recobre a camada mais profunda (ca mada Ili) do
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GDllll

iliotibial

'/ Ligamento
lateral
colateral

Bíceps
femoral

A B e

Cápsula
posterior

D E

O@ll;fflmD Reparo da lesão aguda do compartimento lateral (l ig amento colateral). A, Incisão da pele (ver texto) . B, Entrando
entre a borda posterior da banda iliotibial e a borda anterior do bíceps femoral. C, Exposição das estruturas capsulares mediolateral e
posterolaterais e ligamento colateral lateral. D, Reinserção do ligamento colateral lateral e tendão poplíteo ao fêmur após o reparo
da cápsula lateral. E, Avançando a borda lateral da cápsula posterolateral anteriormente e suturando a cápsula mediolateral e a borda
posterior do ligamento colateral lateral. A borda lateral da cabeça lateral do músculo gastrocnêmio é suturada tão anteriormente
quanto possível ao longo do complexo ligamentar reconstruído . VEJA A TÉCNICA 45-8.

compartimento lateral e possibilita a cuidadosa identifi- •Se a lesão capsular não for grande o suficiente para permitir
cação das estruturas estabilizadoras importantes do canto a completa inspeção do corno posterior do menisco lateral
posterol ateral. A dissecção e a identificação dessas estru- e a inserção tibial do ligamento cruzado posterior, faça uma
turas são fundamentais para o reparo. incisão vertical na cápsula entre o ligamento colateral lateral
• O ca nto posterolateral, muitas vezes, apresenta a lesão e o tendão poplíteo. Tome cuidado para não cortar o tendão
mais grave nas lesões do compartimento lateral. O inte- poplíteo conforme ele se direciona a partir da sua origem
rior do compartimento posterior pode ser explorado posterior através do hiato capsular se insere profundo e
através de lesões da cápsula posterolateral, mas uma anteriormente ao ligamento colateral lateral.
artrotomia anterolateral é geralmente necessária para •Com o joelho flexionado em 90 graus para relaxar a
toda a exploração da articulação. cápsula posterior para afastamento, inspecione o corno )
lmD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

) posterior do menisco lateral e a inserção tibia l do liga-


mento cruzado posterior. Esta incisão também possibilita
a determinação da extensão da lesão na cápsula poste-
rolatera l. Assim como com as lesões no canto posterome-
dial, elas podem-se estender a partir do canto por toda
a li nha média posteriorm ente.
•A cápsula posterior não é tão distintamente identificável
lateralmente, conforme ela é mediaimente, por causa da
passagem do pop líteo a partir da sua inserção na parte
de trás da tíbia através do hiato no ligamento coronário
para a sua inserção sobre o côndilo femora l latera l,
imediatamente anterior ao ligamento colatera l lateral.
O reparo dessa cápsula posterior media l ao canto pos-
terolateral é, portanto, difícil e provave lmente não Músculo
poplíteo--->,-"-
necessário. Muito ma is importante é o reparo cuidadoso
dos complexos arqueado e fabelofibular da cápsula
mediolateral, do li gamento co latera l latera l, do pop lí-
teo, do fascícu lo pop líteo fibu lar e do trato ili otib ial.
•Se a cápsula posterolatera l precisar de reparo, ela deve
ser reparada de maneira semelhante à descrita para a O!§il;MmD Estruturas posterolaterais do joelho e comp lexos
cápsula posteromedia l, de preferência puxando-a abaixo ligamentares arqueado e fabelofibular. VEJA A TÉCNICA 45-8.
da superf ície articu lar da tíbia e fixando-a para a tíbia com
sutu ras passadas para a sua superfície anterior através de
orifícios perfurados de anterior a posterior (Fig. 45-8 1 E).
Ancoras de sutura estão agora disponíveis para alcançar suspeita de lesão na jun ção musculotend inosa imediata-
esse reparo. Renove ou ra spe a parte de trás da tíbia no mente posteroinferior ao hiato poplíteo . Mu itas vezes,
loca l de re inserção com um osteótomo antes de fixar a essas lesões não são dagnosticadas e podem resultar em
cápsula no local. instabi lidade posterolateral significativa. Tais lesões são
• Identifique o li gamento colateral lateral e determine onde difíceis de reparar, mas devem ser procuradas.
ele está lesionado . Ele pode ser avulsionado a partir da •Agora, identifique os complexos ligamentar arqueado,
sua origem femoral, rasgado em sua porção média ou popliteofibular e fabelofibu lar (Fig. 45 -82). O ligamento
avu lsionado a partir da sua inserção fibu lar (Fig. 45-81 D) . arqueado e o ligamento fabe lofibu lar são inseridos no
Se a ponta da fíbula tiver sido avulsionada, mu itas vezes estiloide f ibu lar e sobem verticalmente para as suas inser-
o tendão do bíceps, a inserção f ibular do ligamento cola- ções no fêm ur com a cabeça lateral do gastrocnêm io. O
teral lateral e a inserção do estil oide fibular do ligamento fascículo poplíteo f ibular ascende para se juntar com o
arqueado, f ascículo poplíteo fibular e li gamento fabelofi- tendão pop líteo. Nenhuma grave instabilidade posterola-
bular vieram juntos. Essa é a situação ideal pa ra reparo teral existe sem lesões nessas estruturas. Loca lize a área
das estruturas posterolaterais. de lesão sistematicamente para preparar o reparo.
•Em seg uida, determine se o tendão poplíteo e o fascícu lo •Agora, feche a in cisão capsu lar anterolateral com suturas
poplíteo f ibular foram lesionados. O tendão poplíteo passa absorvíveis contínuas 3-0 para a sinóvia e múltiplas
através do hiato no ligamento coronário no aspecto pos- suturas não absorvíveis ininterruptas para a cápsula e
terolateral do menisco, profundo ao ligamento colateral retináculo.
latera l, e é inserido no côndi lo femora l anteriormente à •Se o popl íteo estiver lesionado, repare-o primeiro . Se
inserção do ligamento colatera l lateral . O fascícu lo poplíteo estiver avulsionado a partir da sua inserção femoral e o
fibu lar surge da parte posterior da fíbu la e se une ao ligamento colateral latera l também estiver avulsionado a
tendão poplíteo imediatamente acima da junção musculo- partir do fêmur, reinsi ra as duas estruturas em um leito
tendinosa . Warren et ai. demonstraram a importância ósseo com suturas do tipo Bunnell em cada um, tracio-
desse ligamento para estabilidade posterolateral. nado através dos orifícios perfurados no fêmur e amarra-
•A cápsu la mediolateral (ligamento capsular latera l) é um dos sobre uma ponte óssea sobre a área epicondilar
forte espessamento na cápsu la imediatamente anterior femoral med ial (Fig. 45-83 A)
ao li gamento colatera l lateral, e ela pode avu lsionar um •Se o tendão poplíteo for les ionado dentro da sua subs-
fragmento do osso metafisário a partir da margem arti- tância, aproxime as suas extremidades com uma sutura
cu lar da tíbia em graves lesões laterais (o sinal capsular do tipo Bunnell de material não absorvível (Fig . 45-83 B).
lateral ou fratura de Segond). A inspeção cuidadosa e a • Se ele for lesionado dista l ao hiato poplíteo perto da sua
tração no tendão poplíteo com um gancho de ligamento junção musculotendinosa, o reparo ideal é difíci l. Mobilize
vão gera lmente determinar se ele está lesionado. Ele pode os complexos arqueado e fabelofibular e a cabeça lateral
escapar da lesão em lesões de ligamentos estáticos pos- do gastrocnêmio para exposição e, em seg uida, real ize
terolatera is, pois é dinâmico e pode alonga r em alguma suturas de aproximação.
extensão. • Se a lesão estiver dentro do múscu lo ou mu ito perto da
•Se o tendão parecer intacto, mas estiver frouxo quando junção muscu lotendinosa, e a sutu ra for impossível, fixe
a tração é aplicada com o gancho de li gamento, há o tendão para a parte de trás da tíbia, com uma sutura
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gllllll

A B e
IUdll;fflrlJD A, Reparo da avulsão da inserção femoral do ligamento co latera l lateral e tendão pop líteo com uso dos orifícios
t ransósseos perfu ra dos. B, Repa ro da lesão de média substância do t endão pop líteo co m sutura do t ipo Bunnel l. C, Reparo da avu lsão
m usculoten dinosa do pop lít eo por t enodese do t endão no aspecto post erior da tíb ia com suturas transósseas do t ipo Bunn ell. VEJA A
TÉCNICA 4 5-8.

do tipo Bunnel l (nº 2 Polydek) através dos orifícios perfu- •Em seguida, passe o enxerto sob o tendão restante do
rados para sair na superfície anterolateral da tíbia perto bíceps e da metade posterior da banda il iotibia l para a
do tubérculo de Gerdy (Fig . 45-83 C). Âncoras de sutura parte lateral do fêmur.
podem ser utilizadas em seu lugar. •Solte o nervo fibular a partir do tendão do bíceps para
•Se o reparo do poplíteo for tênue, ele pode ser aumen- evitar a tensão no nervo quando o enxerto é avançado.
tado com uma tira da banda iliotibial. Remova e tubulize •Determine o ponto isométrico para fixação femoral,
uma fai xa da banda iliotibial com 2 cm de largura, dei- perfurando com um fio de Kirschner perto da inserção
xando-o inserido ao tubérculo de Gerdy. Utilizando um femoral do ligamento colateral lateral. Traga o enxerto
guia de perfuração padrão do ligamento cruzado ante- sobre o fio de Kirschner e marque com azul de meti-
rior, crie um túnel do tamanho do enxerto de anterior a leno onde ele toca o fio. Mova o joelho através do
posterior na tíbia proxima l lateral, 2 cm aba ixo e para lelo arco de movimento e observe a re lação entre a marca
à linha de articulação e sa indo no tendão pop líteo através e o f io de Ki rschner. Repos icione o f io de Ki rsc hner
da tíbia. Passe o enxerto de anteri or a posterior através do até que haja mín imo movimento da marca com re lação
túnel e fixe-o ao tendão poplíteo a partir da tíbia para o ao fio.
fêmur com suturas. •Uma vez determinada a posição isométrica, fixe o enxerto
•Se o fascículo poplíteo fibular estiver lesionado, repare-o no fêmur com um parafuso esponjoso de 6,5 mm e arruela
com suturas. e para o tendão poplíteo com suturas separadas.
•Se o ligamento tiver sido avulsionado do estiloide fibular, •Agora, comece o reparo do ligamento colateral lateral.
suture o ligamento, passe através de orifícios perfurados A técnica escolhida depende do nível da lesão.
na fíbula de posterior a anterior, e amarre sobre uma •Prenda as avulsões das inserções ósseas femoral ou fibular
ponte óssea. com suturas do tipo Bunnel l não absorvíveis (Fig . 45-84A).
•Quando reforço é necessário para o fascícu lo pop líteo Raramente o ligamento colatera l lateral irá avulsionar
fibu lar, reti re um enxerto do terço centra l do tendão do com um fragmento ósseo suficiente para possibil itar a
bíceps, dissecando o tendão do seu ventre muscular. reinserção com um parafuso ou grampo.
• Deixe essa faixa do tendão inserida à fíbu la, estenda-a • Se ele for lesionado dentro da sua substância, aproxime as
proxima lmente 12 cm e faça a sua transecção. Como o extremidades com suturas não absorvíveis (Fig. 45-84 B).
tendão da inserção na fíbula é anterior à inserção poste- Reforce esse reparo tênue com uma fa ixa do tendão do
rior normal do fascícu lo poplíteo fibular, o enxerto deve bíceps (6 a 8 cm de comprimento), deixando a inserção
ser passado posterior e abaixo do terço posterior restante distal na fíbu la. Coloque essa fa ixa ao longo do ligamento
do tendão do bíceps. colateral lateral, suture-a ao ligamento e fixe-a na inser-
•Coloque o enxerto sob tensão e suture-o à fíbula poste- ção femoral do ligamento com mú ltiplas sutu ras não
rior para recriar a origem fibu lar do ligamento poplíteo absorvíveis ou um parafuso esponjoso de 6,5 mm e liga-
fibu lar. mento arruela. )
lllllm) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

H@ii;him l A, Reparo da avulsão da inser-


ção fibular do ligamento colateral lateral com
sutura do tipo Bunnell. 8, Reparo da lesão da
substância média do ligamento colateral lateral
A B com sutura do tipo Bunnell. VEJA A TÉCNICA 45-8.

•Se o ligamento capsular médio lateral tiver sido avulsio- através de orifícios perfurados no fêmur para o lado oposto,
)
nado, reinsira-o com suturas não absorvíveis tracionadas e amarrando-o sobre a ponte óssea. Como alternativa,
por orifícios perfurados através de platôs da tíbia e amar- ele pode ser reinserido com âncoras. A fa lh a em restaurar
radas sobre uma ponte óssea mediaimente ou com essa inserção epicondilar do trato iliotibial pode resultar
âncoras. em instabilidade varo e perm itir rotação interna excessiva,
•Agora dirija sua atenção aos complexos do ligamento especialmente se o ligamento cruzado anterior também
arqueado, popliteofibular e fabelofibular. for deficiente.
•Se eles foram lesionados a partir da sua inserção do esti- • Se a estabi lidade permanecer precária por causa da qua-
loide fibular, prenda-os com suturas não absorvíveis. lidade do tecido reparado ou da condição patológica,
• Se eles foram lesionados na extremidade superior, prenda-os transferências do tendão do bíceps, músculo gastrocnê-
ao periósteo abaixo da cabeça lateral do gastrocnêmio. mio e banda iliotibial podem ser feitas para reforçar o
•Se eles foram lesionados dentro da sua substância, apro- reparo . Esses procedimentos são descritos na seção sub-
xime-os sob tensão com múltiplas suturas não absorvíveis sequente de reconstrução .
e separadas. •Feche a incisão sobre drenas após o torniquete ter sido
•Aumente a tensão, avançando a sua margem lateral ante- esvaziado e após obter hemostasia.
riormente em torno do canto posterolateral e suturan-
do-a sobre a margem posterior da cápsula mediolateral e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O reparo pode ser pro-
margem posterior do ligamento colateral lateral (Fig . tegido apl icando um gesso longo com o joelho flexionado
45-81 E). 30 graus, mas preferimos permitir o movimento prote-
•É necessário fixar o complexo ligamentar arqueado em gido imediato, colocando o joelho em uma órtese de
torno do canto posterolateral para restaurar a estabili- movimento controlado, que é inicialmente bloqueado em
dade do compartimento lateral. extensão completa. A perna é removida da órtese várias
•Em seguida, traga a borda latera l da cabeça lateral do vezes ao dia para exercícios de movimento.
gastrocnêmio o mais anteriormente possível e prenda-a
sobre o complexo ligamentar arqueado reconstruído.
• Feche o intervalo entre a borda posterior da banda il ioti-
bial e o bíceps femoral com suturas separadas. • RECONSTRUÇÃO DO COMPARTIMENTO LATERAL
• Se o trato ili otibia l e retináculo pate lar lateral tiverem A reconstrução das estruturas do compartimento lateral é menos com-
sido liberados do tubércu lo de Gerdy e afastados proxi- preendida e menos frequentemente necessária que a reconstrução
malmente, fixe o botão do osso de volta ao seu leito na das estruturas do compartimento medial. Assim como a recons-
tíbia anterolateral com um grampo ou um parafuso com trução do compartimento medial, a reconstrução lateral deve ser feita
arruela dentada. para corrigir as deficiências funcionais e não simplesmente para restau-
•Se o terço posterior do trato iliotibial tiver sido lesionado ração anatômica. As instabilidades laterais geralmente são complexas e
ou destacado a partir da área epicondilar lateral perto do incluem rotação, assim como os componentes varo e anteroposterior.
septo intermuscular lateral, fixe-o ao leito ósseo. Preferi- O primeiro requisito é uma classificação precisa da instabilidade. Esse
mos fazer isso com entrecruzamento, à moda de Bunnell, conhecimento possibilita uma técnica cirúrgica racional.
com uma grande sutura não absorvível nº 2, passando Os princípios cirúrgicos básicos são os mesmos que aqueles para
o lado medial: (1) restauração da tensão normal das estruturas
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOE LH O GIDlll
ligamentares capsulares e colaterais a partir do eixo mediolateral da externa, o aumento da rotação externa associado às lesões do liga-
tíbia para a linha média posteriormente, (2) reforço das estruturas por mento cruzado posterior indicam a instabilidade posterolateral.
sutura da fáscia quando a qualidade do tecido é ruim, (3) preservação Nesta instabilidade, a reconstrução isolada do ligamento cruzado
do menisco se ele puder ser reparado, (4) reforço dos tecidos recons- posterior, com persistência da rotação externa excessiva da tíbia,
truídos com transferências dinâmicas e (5) cuidado pós-operatório pode causar rotação medial da inserção tibial do enxerto do liga-
adequado e medidas de reabilitação. Os mesmos princípios gerais mento cruzado posterior e frouxidão do enxerto por causa da dis-
sobre os pontos de inserção isométricos e tensão adequada discutida tância encurtada para a sua inserção no côndilo femoral medial.
na seção sobre as reconstruções mediais se aplicam para as reconstru- Várias técnicas para reconstrução das estruturas posterolate-
ções laterais também. Em um estudo com cadáver, Kamath et ai. rais foram sugeridas, mas nenhuma teve sucesso universal. Em geral,
identificaram a origem do ligamento colateral lateral em 58% em toda tentamos corrigir essa difícil instabilidade através da reconstrução
a largura do côndilo e 2,3 mm distal à linha de Blumensaat, com combinada do ligamento cruzado posterior com reconstrução do
menos de 5 mm de variação da média em todas as amostras. canto posterolateral, tentando restabelecer os complexos .arqueado
A maioria das reconstruções do compartimento lateral é e poplíteo como descrito previamente neste capítulo (Técnica 45-8).
necessária para tratar as instabilidades rotatórias complexas combi- Embora Hughston e Jacobson tenham relatado excelentes resultados
nadas. Portanto, as técnicas descritas geralmente são combinadas com a sua técnica para instabilidade lateral e posterolateral, os crí-
com a reconstrução do cruzado anterior ou posterior. ticos argumentam que essa reconstrução não é isométrica e, conse-
Os tipos de instabilidade lateral mais comuns são instabilidade quentemente, afrouxa ao longo do tempo. Em nossa experiência,
rotatória anterolateral, instabilidade rotatória posterolateral e insta- essa técnica é adequada para instabilidade posterolateral leve a
bilidade rotatória anterolateral e anteromedial combinada. Obvia- moderada, mas não é suficiente para instabilidade grave associada à
mente, nem toda a instabilidade do compartimento lateral requer lesão do ligamento cruzado posterior. O procedimento não deve ser
todos os procedimentos descritos aqui. O cirurgião deve determinar realizado se os tecidos posterolaterais forem inadequados, finos ou
durante a operação qual é o procedimento necessário sozinho ou fibrosados (esses joelhos exigem a reconstrução com enxerto) ou em
qual combinação de procedimentos é necessária com base na loca- joelhos alinhados em varo. Neste caso, a reconstrução do ligamento
lização e no grau de frouxidão, da quantidade de fibrose e da quali- cruzado posterior (intra-articular) deve ser combinada com a
dad e do tecido disponível para reconstrução. reconstrução posterolateral pela técnica descrita por Müller, Clancy,
Durante a avaliação pré-operatória, o joeil10 deve ser inspecio- Warren ou Noyes (veja também, em inglês, o Vídeo 45-4). (tJ..ILJ
nado cuidadosamente para quaisquer sinais de alinhamento varo ósseo
e varo durante a ambulação. Noyes descreveu um joefüo triplo varo que
tem alinhamento em geno varo, instabilidade em varo ligamentar e
bocejo lateral ou em varo na fase de apoio da ambulação. As reconstru-
RECONSTRUÇÃO DAS ESTRUTURAS
ções de partes moles isoladas nesses joefüos vão falhar porque as forças POSTEROLATERAIS PARA
em varo vão estirar o reparo; osteotomia valgizante deve ser feita antes INSTABILIDADE POSTEROLATERAL
ou no momento da estabilização posterolateral. A correção do mau LEVE OU MODERADA
alinhamento ósseo vai proteger a reconstrução e pode eliminar os sin-
tomas de instabilidade sem reconstrução de partes moles. Um estudo TÉCNICA
com cadáver mostrou que a osteotomia proximal da tíbia em cunha de
abertura medial diminuiu a frouxidão em varo e a rotação externa nos (H UGHSTON E JACOBSON)
joefüos com deficiência do canto posterolateral, em parte devido ao
aperto do ligamento colateral medial superficial. As consequências de •Após a indução da anestesia geral, realize outro exame
longa duração do aumento da força sobre o ligamento colateral medial completo dos ligamentos do joelho e compare os achados
superficial são desconhecidas. com a avaliação pré-operatória.
A translação anterior e posterior da tíbia sobre o fêmur, assim •Após preparado o membro inferior, faça uma incisão ante-
como a instabilidade rotatória, pode ser controlada por procedimen- ro media l (descrita adiante) que possibilite o exame dos
tos extra-articulares, por uma substituição intra-articular do liga- meniscos, patela, ligamentos cruzados anterior e posterior,
mento cruzado anterior ou cruzado posterior, ou através de uma côndilos femurais, platôs tib iais e bolsa suprapatelar.
combinação de reconstrução intra-articular e extra-articular. A •Com a articu lação do joelho aberta, repita o exame dos
substituição intra-articular do cruzado é descrita nas seções de ligamentos; uti lize uma régua para med ir a quantidade
reconstrução do cruzado anterior e cruzado posterior. Os procedi- de deslocamento tibiofemoral.
mentos extra-articulares comuns utilizam a banda iliotibial, o bíceps •Flexione o joelho a 90 graus com o joelho na posição
e o gastrocnêrnio corno urna parte ou um reforço da reconstrução vertical e o pé apoiado na mesa de operação.
ligarnentar capsular e colateral. •Faça a incisão lateral de taco de hóquei começando sobre
o aspecto anterolatera l da perna em um ponto entre o
• INSTABILIDADE ROTATÓRIA POSTEROLATERAL tubérculo de Gerdy e a tuberosidade da tíbia. Estenda a
Os pacientes com deficiência isolada do ligamento cruzado poste- incisão proximalmente em cerca de 2 cm anterior e para-
rior frequentemente não têm sintomas importantes de instabilidade lela à margem posterior do trato il iotib ial por aproxima-
do joelho; no entanto, se a lesão do ligamento cruzado posterior damente 20 cm (Fig. 45-85 A).
estiver associada a outras deficiências, é comum haver instabilidade •Disseque um reta lho posterior entre os planos superficial
grave e incapacitante. Um dos tipos mais comuns e incapacitantes é e profundo da f áscia para manter o sangue e o nervo e
a instabilidade rotatória posterolateral. Além da translação posterior para minimizar a fibrose.
da tíbia, a tíbia apresenta rotação externa excessiva, causando um • Faça a incisão da fáscia profunda posterior ao tendão do
grave fenômeno de pivot shift reverso. Como o seccionamento sele- bíceps e identifique e mobilize os nervos fibular comum e )
tivo do ligamento cruzado posterior isolado não aumenta a rotação
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

poplíteo
Li gamento
colateral
lateral

A B

h!ijll;hjrlJD A, Incisão inicia l para reconstru ção lateral. B, Retra ção da banda iliotibial revela a superfície superficia l do ligamento
capsu la r lateral, tend ão poplíteo e ligamento colateral late ral. (Redesenhada de Hughston JC, Jacobson KE: Chronic posterolateral rotatory
instabil ity of the knee, J Bane Joint Surg 67 A:351, 1985.) VEJA A TÉCNICA 45-9.

sural lateral a partir da sua fáscia circundante. Se o neNo exam ine o menisco lateral. Se ele estiver lesionado, remo-
)
f ibular comum não for mobilizado, ele pode se tornar deslo- va-o ou repare-o como descrito na Técnica 45-1.
cado em um curso tortuoso durante o avanço das unidades •Em seguida, incise a banda iliotibial na sua borda anterior
musculotendíneas e ligamentos durante a reconstrução. em linha com as fibras que a sepa ram da fáscia lata, libe-
• Em segu ida, identifique o tendão da cabeça lateral do gas- re-a dos tecidos sinoviais subjacentes e vasto latera l, e
trocnêmio distalmente e mobi lize-o proximalmente conforme retraia posteriormente para expor o cônd ilo femoral lateral.
ele passa profundo ao tendão do bíceps e trato iliotibial. •Na área de exposição posterolateral, faça uma incisão ao
•Em seg uida, incise lon gitud inalmente a banda ili oti bial em longo da borda latera l do tendão gastrocnêmio lateral
linha com suas fibras, aproximadamente 2 cm anteri or a através da parte posterior da cápsu la (fibras do ligame nto
sua borda posterior palpável, separando a banda ante- arqueado) distalmente ao nível do tendão poplíteo e sua
riormente a partir do trato posteriormente. aponeurose (Fig . 45-86 B, linh a AB).
•Estenda essa inc isão a partir do ponto médio do tubérculo •Em seg uida, com um osteótomo, contorne o ep icônd ilo
de Gerdy para aproximadamente 5 cm proximal ao femoral latera l anterior e proximal às in se rções do poplí-
cô ndilo femoral latera l. A retração dessa incisão da fáscia teo, do ligamento colateral lateral, e do tendão gastroc-
reve la a superfície superficial do li gamento capsu lar nêmio latera l e posterior à inserção do t endão gastrocnêmi o
latera l, com um relevo das estruturas profundas, o tendão para criar um retalho ósseo com essas estruturas inserid as
pop líteo, o ligamento co lat eral latera l e o tendão lateral (Fi g. 45 -86 B, linha BC) . O fragmento de osso deve ter
mobilizado do gastrocnêmio (Fig. 45-85 B) 0,6 a 0,9 cm de espessura e deve incorporar o osso
•Apalpe a origem do tendão poplíteo no sulco imediata- esponjoso subjacente.
mente anterior ao epicônd ilo lateral do fêmur e faça uma •Em segu ida, remova o ep icô ndilo com o osteótomo,
incisão caps ular latera l começando superiormente apro- conectando os cortes da osteotom ia na direção do eixo
ximadamente 2 mm anterior a esse tendão (Fig. 45-86 A). longitudina l do fêmur.
A incisão permanece anteri or ao ligamento colateral lateral • Retraia esse retalho de osso e inserção do complexo arqueado
e se estende distalmente ao nível do men isco lateral. Evite posteriormente, visualizando as intrassuperfícies articulares e
o recesso do poplíteo com essa incisão ob líqua e continue cursos das estruturas do complexo arqueado (Fig . 45-86 C).
a in cisão em uma direção vertica l dista lmente através da •Eleve o periósteo do côndilo f emoral lateral com um
porção meniscotibial da cápsu la. osteótomo e retraia -o anteriormente na borda do local
• Com os afastadores no loca l, realize um teste de gaveta da osteotom ia em preparação pa ra receber a porção
posterolat eral para confirmar e medir a quantidade de des- óssea do retalho do complexo arqueado .
locamento posterolateral, obseNando a rotação externa e •Antes de a restauração ser iniciada , no entanto, remova o
subluxação posterior do platô lateral da t íbia. Novamente, torniquete, assegure a hemostasia e irrigue a articu lação
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO Gim

..,.,..-- ----;---- Li gamento


co lateral
lateral

A B e
h@mhimD A, Incisão capsular lateral imediatamente anterior ao ligamento colateral lateral e inserção do tendão pop líteo. B,
Linha AB é a incisão ao longo da borda lateral do tendã o gastrocnêmio lateral. Linha BC é a borda da área osteotomizada. Linha CD
é a incisão capsu lar lateral. C, Estruturas intra-a rt iculares expostas quando o comp lexo do ligamento arqueado é dobrado para trás.
Área preparada para receber a massa de osso também é mostrada . VEJA A TÉCNICA 45 -9.

h!dlhfüaJD A, Suturas mais anterio-


res. B, Grampo de Stone no loca l e avan ço
do comp lexo do ligamento arqueado.
Parte latera l da cáps ul a é avançada quando
há instabi li dade rotatória antero latera l
B associada . VEJA A TÉCNICA 45-9.

do joelho. Feche as camadas profundas da incisão aproximando o ligamento arqueado em um ponto mais
anteromedial. proximal que a sua posição original. As suturas mais ante-
•Mantenha o quadri l em ap roxim adam ente 45 graus de riores fi xa m o ligamento arqueado e o tendão gastrocn ê-
flexão, fl exione o joelho aproximadamente 90 graus e mio lateral ao periósteo aproximadamente ao ponto de
mantenha o pé firmemente na mesa de operação. Peça inserção do septo intermuscular latera l (Fig . 45-87 A). O
para um assistente segurar a tíbia em leve rotação interna, avanço posterolateral e o fechamento do ligamento arque-
mantendo gentilmente uma tração anterior na tíbia para ado são necessários para obter e manter a estabilidade.
garantir uma postura redu zida e internamente rodada da •Avance o plugue ósseo com o complexo do lig amento
articu lação tibi ofemoral . arqu ea do inserido tão esticado quanto possível anterior-
• Ava nce o retalho do comp lexo arqueado e manten ha-o no mente e proxima lmente e fi xe-o à superfíci e anteriormente
ponto de sua fixação pretendida no côndi lo femoral lateral; preparada do côndilo femora l lateral com um grampo
coloque as suturas em "U" na incisão posterior ao longo (Fig. 45-87 B). Tenha certeza de que o grampo se encaixa
do tendão gastrocnêmio e da parte posterior da cápsula, nas inserções de tecido mole no plugue ósseo.
)
lllJID PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

•Agora real ize o teste de gaveta posterolateral novamente •Após obter a exposição lateral como anteriormente des-
)
para determinar se a instabilidade foi corrigida. Se o crito, determine cuidadosamente o estado do tendão
resultado do teste de gaveta ainda for positivo, retire a poplíteo. Em muitas instabilidades rotatórias posterolate-
reconstrução e corrija-a. A falta de correção geralmente rais, o tendão poplíteo estará lesionado e está afinado na
indica que o comp lexo arqueado foi insuficientemente área imediatamente abaixo de sua inserção femoral. Ins-
avançado, que a inserção distal não foi fixada, ou que as pecione o tendão a partir de sua inserção no côndilo
suturas foram incorretamente colocadas. Se o joelho tiver femora l no trajeto do hiato na cápsula latera l para a sua
sido estabilizado, amarre as suturas colocadas anterior- junção musculotendinosa.
mente no ligamento arqueado. •Se o tendão estiver adequado a partir do hiato distal-
•Em seguida, feche a incisão capsu lar anterolatera l. mente para a junção muscu lotendinosa, avance a sua
•Se a instabilidade anterolateral também estiver presente, inserção femoral com um pequeno bloco de osso como
avance o ligamento capsular lateral anteriormente e dis- se segue.
talmente e suture-o à tíbia. •Remova a inserção do poplíteo com um plugue ósseo de
•Sob tensão, suture o trato iliotibial no septo intermuscular 1 x 1 cm, e se houver frouxidão suficiente, envolva o
latera l. tendão em torno do bloco, rodando o bloco em 180
•O tendão do bíceps pode ou não ser avançado nas f ibras graus, puxando o tendão e, em seguida, reinserindo o
do trato iliotibial, quando uma reconstrução anterolatera l bloco em seu leito original com um grampo, um parafuso
extra-articu lar associada é realizada. com uma arruela dentada, ou suturas transósseas. Com
•Em seguida, feche as incisões na banda iliotibial e trato essa técnica, o tendão vai avançar de 1 a 1,5 cm .
iliotibial. • Se o tendão não estiver relaxado o suficiente para possi-
•Reexam ine o nervo fibular comum para ter certeza de que bilitar esta técnica, avance o plugue ósseo proximal mente
o tensionamento dos tecidos durante a reconstrução não e anteriormente para colocar o tendão poplíteo sob
o colocou sob tensão. tensão adequada e prenda-o a um leito ósseo de maneira
•Obtenha a hemostasia final, feche os tecidos subcutâneos seme lh ante. De acordo com Müller, é importante avançar
e a pele, e aplique um curativo de compressão. e ajustar a tensão no poplíteo e o ligamento colateral
•Originalmente, Hughston e Jacobson recomendaram lateral separadamente, uma vez que essas duas estruturas
imobilização gessada com o joelho flexionado em 45 muito importantes seguem em diferentes direções. Avan-
graus e a tíbia em li geira rotação interna. Mais recente- çá-las em conjunto altera esse arranjo anatômico normal.
mente, uma órtese de movimento controlada tem sido •Se o tendão poplíteo tiver sido alongado e afinado por
utilizada com o joelho em 45 graus de flexão. uma grave lesão inicial, crie uma substitu ição para o
tendão e sua fun ção. Isso pode ser realizado por várias
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O arco de movimento é técnicas.
permitido em flexão, mas a extensão é bloqueada em 45 •Se a lesão inicial tiver ocorrido na junção musculotendi-
graus. O movimento em flexão não vai alongar as estru- nosa e houver suficiente tendão dista l, fixe a junção mus-
turas latera l e posterolatera l reconstruídas se os locais culotendinosa na tíbia posterolateral por meio de uma
da inserção estiverem razoavelmente isométricos. Qual- sutura transóssea ou âncora, como anteriormente des-
quer movimento em flexão movimenta as superfícies crito em reparos do compartimento latera l.
articulares, especialmente a articu lação patelofemoral. •Se isso for impossível ou se o tendão estiver ausente, utilize
A falha em mover a articu lação pate lofemora l muitas uma faixa de tecido modelada a partir da banda iliotibial
vezes resulta em problemas de condromalacia sintomá- ou tendão do bíceps para substituí-lo adequadamente.
tica. A órtese é ajustada periodicamente para possibilitar •Se a banda iliotibi al for a doadora, modele uma faixa 1,0
o aumento da extensão começando pela terceira ou a 1,5 cm de largura a partir da porção média da banda
quarta semana. O suporte de peso parcial é permitido iliotibial, longa o suficiente para passar do tubérculo de
desde o início, objetivando o suporte de peso total Gerdy para o canto posterolateral do joelho e, em seguida,
quando a órtese é descontinuada após 8 semanas, desde
diagonalmente para trás da inserção anatômica do tendão
que a extensão esteja dentro de 5 graus.
poplíteo. Utilize um fio de sutura para estimar o comp ri-
mento desejado, que gera lmente é 16 a 20 cm. Deixe a
faixa da banda iliotibial inserida no tubérculo de Gerdy e
rebata-a dista lmente (Fig. 45-88 A).
RECO!'JSTRUÇÃO DO TENDÃO • Em seguida, faça um túnel através do platô lateral da tíbia
POPLITEO UTILIZANDO O TRATO de anterior a posterior com o uso de uma broca de perfu-
ILIOTIBIAL PARA INSTABILIDADE ração de 4,5 mm. O orifício posterior deve emerg ir ime-
diatamente abaixo da cartilagem articu lar do platô latera l
POSTEROLATERAL da tíbia adjacente ao su lco normal do tendão poplíteo.
TÉCNICA •Coloque uma sutura na ponta da faixa da banda iliotibial
e passe esta faixa através do túnel no platô lateral da tíbia
(MÜLLER) de anterior a posterior com um passador de sutura.
Puxe-a firmemente através da abertura no túnel no canto
• Müller afirmou que as estruturas-chave do canto poste- posterolateral do joelho.
ro lateral do joelho na instabilidade rotatória posterolate- •Em segu ida, incorpore-o na cápsula lateral, paralela ao
ral são o poplíteo e seu tendão. curso normal do tendão poplíteo e puxe-o anteriormente
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fJm

O@ii;f4imD Bypass poplíteo com uso de enxerto a partir da porção anterior do trat o iliotibial. O enxerto é passado através de
túnel transósseo a partir da área do tubérculo de Gerdy para o canto posterolateral do joelho (A), segurando as estruturas ligamentares
popliteofibular e, em segu ida, diagonalmente (B), replicando o curso do tendão poplíteo . Em seg uida, é inserido perto da inserção do
poplíteo no fêmur imediatamente anteri or à inserção do ligamento co lateral lateral . (De Müller W: The knee: form, function, and ligamen-
tous reconstruction, New York, 1983, Springer-Verlag.) VEJA A TÉCNICA 45-10.

e superiormente para a área de inserção do tendão poplí- •Fixe a extremidade da faixa de tendão ao fêmur com uma
teo sobre o fêmur. Aqui, com o joelho flexionado 90 sutura transóssea, âncora, um grampo, ou um parafuso
graus e a tíbia em rotação interna, fixe-o sob tensão com com uma arruela dentada (Fig. 45-89 B).
uma sutura transóssea, âncoras, um grampo ou um para- • Feche a incisão da artrotom ia posterior com mú ltiplas
fuso com uma arruela dentada (Fig. 45-88 B). A via de suturas absorvíveis.
passagem na cápsu la posterior e comp lexo arqueado é •Antes de terminar o fechamento, inspecione a cápsula
mais bem desenvo lvida com uma pin ça curva. posterior para ter certeza de que ela não está muito
•Para auxi liar na revascu larização e reco lagenização, cubra rela xada; se ela estiver, prenda a cápsu la posterior e a
a faixa transplantada com sinóvia ou outro tecido mole inserção do li gamento coronário do corno posterior do
ao longo do seu curso e não deixe que se comun ique menisco late ral em uma superfície óssea rugosa na parte
com as estruturas intra-articulares. posterior da tíb ia com suturas transósseas ou âncoras
•Se a banda iliotibial não for adequada como doadora, (Fig. 45-90). Se a cápsula mediolateral estiver relaxada
mobilize a faixa de tendão do bíceps deixada inserida à anterior ao ligamento co late ral latera l, puxe-a firme-
fíbula, com o seu comprimento determinado como des- mente para um leito ósseo renovado com suturas tran-
crito anteriormente (Fig . 45-89 A). A espessura da faixa sósseas ou âncoras.
deve ser aproximadamente um terço do tendão do bíceps. • Uma vez concluída a reconstrução do tendão poplíteo e
• Em seguida, crie um canal de pa rtes moles da cabeça da dos ligamentos coronários e capsulares, reconstrua o com -
fíbu la para o canto posterolatera l da tíbia na região do plexo li gamentar arqueado. Muitas vezes, é difícil loca liza r
sulco para o tendão pop líteo . o local de uma lesão antiga no complexo ligamentar arque-
• Feito isso, passe a fa ixa de tendão a partir da cabeça da ado por causa de extensa f ibrose posterolatera l.
fíbu la através dessa via de passagem na tíbia. • Se o complexo estiver desinserido da sua inserção poste-
•Em um local abaixo da carti lagem articu lar adjacente ao ro lateral na tíbia, reinsira-o para uma superfície óssea
sulco para o tendão poplíteo na parte de trás da tíbia, ren ovada por meio de suturas transósseas ou âncoras
renove o osso com um osteótomo . Fixe a fa ixa do tendão imediatamente abaixo da tíbia na cartilagem articular
do bíceps com uma sutura transóssea, âncora ou para- posterolateral (Fig. 45-91 ).
fuso com uma arruela dentada, de modo que sua porção •Se tiver sido solto a partir do f êmur superiormente, avan-
livre possa ser puxada anteriormente e superiormente ce-o por su turas tran sósseas ou âncoras para uma super-
através da cápsu la posterolateral até a sua inserção perto fície óssea na parte de trás do côndilo femoral lateral,
da inserção anatômica do tendão poplíteo . superior à margem articu lar lateral. )
lllllJD) PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

O[§l!;f4mD A, Bypass poplíteo com uso de enxerto pediculado do tendão do bíceps. B, Isso tem efeito de restaurar parte da
inserção do ligamento arqueado, reinserindo o ligamento arqueado para trás da tíbia, simu ltaneamente fechando o recesso tibiome-
niscal anormal que se forma posterolateralmente. (De Mü ller W: The knee: form, function, and ligamentous reconstruction, New York, 1983,
Sprin ger-Verl ag.) VEJA A TÉCNICA 45-10.

1
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O@l!;!J&I Em todos os reparos e reconstruções periféricas,


a camada profunda também deve ser reparada. Isso inclui a rein-
O[§ii;!JGII!I Reparo do ligamento coronário meniscal lateral. serção da cápsula e ligamento arqueado para a tíbia posterior,
Se a avulsão do tipo Segond estiver presente, a sutura deve incluir fi xação do menisco lateral, e fi xação das fibras ligamentares avul -
as expansões arqueadas diretamente abai xo do ligamento coro- sionadas. A inserção proximal do ligamento arqueado também
nário, assim como as fibras iliotibiais posteriores que seguem para deve ser restaurada, onde ele passa para o fêmur junto com o
a parte posterior da tíbia superior. (De Müller W: The knee: form, tendão gastrocnêmio lateral. (De Müller W: The knee: form, func-
function, and ligamentous reconstruction, New York, 1983, Springer- tion, and ligamentous reconstruction, New York, 1983, Springer-Ver-
Ve rla g.) VEJA A TÉCNICA 45-10. lag.) VEJA A TÉCNICA 45-10.
CAPÍTULO 45 LESÕE S NO JOELHO

• Para refo rço da fáscia, o procedimento até este ponto é


idêntico ao descrito. Comece a sutura da fáscia inferior-
mente na borda posterior da cápsu la lateral e ligamento
co latera l lateral (incisão posterolatera l da artrotomi a) e siga
posteriormente através da porção dista l da cápsula poste-
rior e da borda latera l do ligamento arqueado. Dê várias
voltas na fáscia, prosseguindo de dista l a proximal até que
a incisão capsular posterior tenha sido bem fechada. A lém
de fortalecer os tecidos friáveis, o reparo da fáscia é pro-
jetado para avançar e tensionar a porção dista l da cápsu la
posterior e ligamento arqueado. Coloque as suturas na
fáscia, de modo que elas não penetrem na sin óvia.

Utilizamos a técnica de Müller em uma série de joelhos com


instabilidade rotatória posterolateral grave, geralmente em combi-
nação com a reconstrução do ligamento cruzado posterior com
enxerto do tendão patelar. A nossa preocupação é com a resistência
da fin a faixa modelada com a banda iliotibial como descrito por
Müller. A parte anterior da banda, em especial proximalmente, é sua
parte mais fraca, e esta é a parte da faixa que muitas vezes atravessa
o aspecto posterolateral da tíbia para a inserção do tendão poplíteo
no côndilo femora l lateral. A fa ixa de tendão do bíceps é muito mais
O!§i!;f4B19 Reconstrução do ligamento colateral late ral com forte e é uma estrutura melhor para transferência quando o tendão
o uso de e nxerto do tendão do bíceps. (De Müller W: The knee: poplíteo deve ser substituído. Acreditamos que os aloenxertos nos
form, function, and /1gamentous reconstruction, New York, 1983, Sprin - fornecem mais opções e flexibilidade para substituir deficiências no
ger-Verlag.) VEJA A TÉCNICA 45-10. canto posterolateral do joelho. Aloenxertos, como faixas largas da
banda iliotibial e semitendinoso, tibial posterior e tendões fibulares
longos, fornecem um substituto muito for te para o tendão poplíteo,
e os resu ltados iniciais indicam que estes são superiores às finas
faixas da banda iliotibial, como descrito por Müller.
• Se a antiga lesão estiver na porção média do complexo
)
arqueado, geralmente é necessário avançar o complexo liga-
mentar arqueado anteriormente, puxando-o em torno
do canto posterolateral e suturando-o na borda posterior do
ligamento colateral lateral. REDIRECIONAMENTO DO TENDÃO DO
•Novamente, as reconstruções posterolatera is gera lmente BÍCEPS PARA O EPICÔNDILO
não são utilizadas para lesões isoladas e muitas vezes FEMORAL PARA INSTABILIDADE
envolvem reconstruções dos li gamentos cruzados anterior
e posterior. Se esses li gamentos precisarem ser reconstru-
POSTEROLATERAL
ídos por técnicas intra-articu lares, isso deve ser feito antes TÉCNICA
das técnicas anteriormente descritas.
• Uma vez que o ligamento colateral lateral tenha sido recons- (CLANCY)
truído (Fig. 45-92), o tendão poplíteo tenha sido tensionado
ou reconstruído por meio de uma banda iliotibial ou de uma •Comece a incisão lateral na pe le imediatamente no tubér-
fa ixa de tendão do bíceps e o complexo ligamentar arque- cu lo de Gerdy e direcione-a superiormente em um
ado tenha sido avançado, feche as estruturas capsu lares formato curvilíneo, term inando aproxim adamente 15 cm
posterolaterais com múltiplos pontos separados. proxima l mente.
•Em seguida, feche a inci são ou defeito na banda ilioti- •Loca lize o ep icônd ilo femora l lateral e faça a incisão da
bial com múltiplas suturas separadas, com particu lar banda il iotib ial long itudina lmente onde ela se sobrepõe
ênfase em restabelecer o terço posterior do trato ilio- ao epicõndi lo femora l latera l.
tibia l cursando a partir do tubérculo de Gerdy para a •Disseque o tendão do bíceps, liberando-o dos tecidos
sua inserção no epicôndilo femoral lateral e septo inter- moles circundantes. So lte o músculo e o tendão do bíceps
muscu lar lateral. Isso é mais comumente fe ito com de suas aderências no músculo gastrocnêmio latera l.
suturas transósseas âncoras no nível do ep icõnd il o •Exponha o nervo fibular na porção inferior do tendão do
femoral, restabelecendo a inserção li gamenta r tib iofe- bíceps e cuidadosamente libere-o e proteja-o.
mora l lateral estática. •Retraia o músculo bíceps anteriormente, expondo o nervo
•Se os tecidos estiverem extensivamente fibrosados ou friá- fibular conforme ele cursa proxima lmente . Solte-o de
veis, retire uma faixa de fáscia de 15 a 20 cm de compri- quaisquer aderências ao músculo bíceps (Fig. 45-93 A).
mento da banda iliotibial e use-a, inserido uma agulha de •Solte a porção inferior da banda iliotibial a partir de suas
Gallie para reforça r e tensiona r o canto posterolateral. aderências no septo intermuscular. Traga o tendão e o )
11111» PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A e

colateral
colateral lateral
lateral

comum
do bíceps

D E

h@ii;Hmli!t Reconstrução posterolateral com uso do tendão do bíceps


femoral (Clancy). A, Nervo fibular comum deve ser cuidadosamente disse-
cado e liberado; músculo bíceps é liberado das aderências ao múscu lo gas-
trocnêmio lateral e tendão. B, Inserção superior do ligamento colateral
lateral no epicôndilo lateral. C, Inserções do tendão comum do bíceps no
complexo arqueado posteriormente e inserção em ferradura em torno do
ligamento colateral lateral. D, Sulco é feito no terço superior do epicôndilo
femoral lateral. Cinco centímetros do músculo bíceps distal são removidos
para perm itir a fixação do tendão ao epicôndilo. E, Tendão é trazido ante-
riormente para o sulco no epicôndilo. F, Parafu so esponjoso AO e arruela são
colocados inferiores ao tendão e apertados para manter o tendão no local.
F VEJA A TÉCNICA 45-11.

músculo do bíceps abaixo dessa porção inferior da banda cando-o proximalmente à parte larga do côndilo lateral
)
il1 ot1b1al , de modo que o tendão possa ser fixado ao epi- (Fig . 45-93 D)
côndilo femora l lateral. •Perfure um orifício de 3,2 mm na região imedi atamente
•Em seguida, libere o epicônd il o livre dos tecidos moles superior ao epicôndilo femora l lateral e ligeiramente pro-
circundantes, expondo as fibras de inserção superiores do ximal ao côndilo femoral medial, evitando o túnel para o
ligamento colateral fibular (Fig . 45-938 e C). enxerto do ligamento cruzado posterior no côndilo .
•Crie um a su perfície de 1.3 x 2,5 cm de comprimento •C oloque um parafuso de 6,5 mm com arruela denteada
na porção superior do epicôndilo femoral latera l, disse- no orifício.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GE!ll
•Resseque as 2 polegadas distais do músculo bíceps longe •Perfure um túnel de 9 mm sobre este pino-guia, e alise
)
do tendão; de outro modo, a fixação do tendão no epi - os locais de entrada e saída com um raspador.
côndilo femoral latera l é impossível por causa da interpo- •Identifique as inserções femo rais do ligamento colateral
sição do múscu lo. lateral e do tendão poplíteo. Os pontos médios dessas
•Traga o tendão do bíceps com as suas inserções do li ga- duas estruturas foram re latados como tendo 18,5 mm
mento arqueado proximalmente, faça a volta sobre o entre si.
parafuso e fixe-o no local (Fig . 45-93 E e F) •Perfure dois fios-guia perfurados de latera l para antero-
•Mova o joelho através de um arco de movimento com- media l através do fêmur nesses locais de inserção. Uti lize
pleto e novamente teste a frouxidão e a rotação externa uma broca de 9 mm por uma profundidade de 20 mm
em varo. Se a estabi lidade estática for satisfatória, co loque para preparar os túneis femora is.
os drenos e feche a ferida. •Se houver qualquer processo patológico intra-articular a
ser tratado, remova os fios-guia e real ize qualquer proce-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se o ligamento cruzado dimento artroscópico intra-articular ou de reconstrução
posterior t iver sido reconstruído, o joelho é mantido em do ligam ento cruzado, conforme necessário.
extensão completa por aproximadamente 6 semanas. Se •Uma vez tratadas a carti lagem articu lar e as anorma li da-
nenhum outro procedimento tiver sido rea lizado ou se o des do menisco, passe os enxertos de ligamento cruzado
ligamento cruzado anterior tiver sido reconstruído, o em seus respectivos tún eis femorais e fi xe-os lá. A ordem
joelho é mantido em aproximadamente 30 graus de para fixação final do enxerto é (1) fi xa r o enxerto do
flexão por 6 semanas. ligamento cruzado posterior na tíb ia, (2) fixar os enxertos
posterolatera is pa ra a fíbu la e tíb ia, e (3) fixar o enxerto
do ligamento cruzado. anterior na tíbia.
• Prepare os enxertos a partir de um aloenxerto de tendão
Mais recentemente, LaPrade et ai. descreveram uma recons- de Aquiles, divida longitud ina lmente e prepare dois
trução posterolateral anatômica do joelho com base na anatomia plugues ósseos de 9 x 20 mm para os túneis do fêmur.
da inserção quantitativa do ligamento colateral lateral, do tendão Tubulize os tendões e dimensione-os para se ajustar aos
poplíteo e do fascículo poplíteo fibular. Eles relataram melhora nos túneis da tíbia e da fíbula.
resultados clínicos e estabilidade objetiva em 64 pacientes com •Coloque as sutu ras que passam nos plugues ósseos nos
instabilidade crônica posterolateral de grau III no seguimento de furos do f io-guia e puxe os plugues ósseos para os túneis
4 anos. Dezoito dos seus pacientes tiveram reconstrução isolada do fêmur. Fixe os plugues ósseos na parte superior dos
posterolateral do joelho, e 46 tiveram uma reconstrução multiliga- túneis do fêmu r com parafusos de interferência canula-
mentar em um único estágio que incluiu um ou ambos os ligamen- dos de 7 mm.
tos cruzados. •O enxerto f ixado no sulco poplíteo é utilizado para
reconstruir a função estática do tendão poplíteo. Passe-o
distalmente através do hiato poplíteo.
RECONSTRUÇÃO ANATÔMICA •O segundo enxe rto, fixado proximalmente e posterior-

..
POSTEROLATERAL DO JOELHO PARA mente ao epicônd ilo femoral latera l, é utili zado para
reconstrui r tanto o ligamento colateral latera l e o liga-
LESÃO POSTEROLATERAL DE GRAU Ili mento popliteofibu lar. Passe-o medial (profundo) à
TÉCNICA camada superficial da banda iliotibial e do braço anterior
da cabeça longa do bíceps femo ral, segu indo o caminho
(LAPRADE ET AL.) normal do ligamento colateral lateral. Em seguida, passe
o enxerto através do túnel da fíbula em uma direção
• Faça uma incisão em taco de hóquei para ter acesso às posteromedial.
estruturas posterolaterais do joelho. Identifique os locais •Fixe o enxerto posterolateral passado através do túnel da
da inserção do ligamento colatera l lateral no aspecto fíbula com um parafuso canulado de 7 mm com o joe lho
lateral da cabeça da fíbula e o ligamento poplíteo fibu lar em 30 graus de flexão, a tíbi a em rotação neutra e uma
na face posteromedial do esti loide da fíbu la. leve força em valgo para reduz ir qualquer potencial gap
•Com a ajuda de um guia de reconstrução canulado de no compartimento latera l.
ligamento cruzado, faça uma perfuração com f io-guia • Utilize a porção restante do enxerto, que agora está medial
através da inserção do ligamento colateral latera l em uma à fíbu la, para reconstruir o ligamento poplíteo fibular.
direção posteromedial em direção à inserção do liga- •Passe tanto o enxerto do ligamento poplíteo f ibu lar
mento poplíteo fibular. Perfure um túnel de 7 mm sobre quanto o enxerto do t endão poplíteo de posterior a ante-
o fio-guia. rior através do túnel da tíbia e tensione-os aplicando uma
• Identifique o sulco poplíteo na parte posterior da tíbia, força anterior com o joelho flexionado em 60 graus e a
que marca a loca lização da junção musculotendinosa do tíbia em rotação neutra.
músculo poplíteo, por pa lpação através do interva lo entre •Fixe os enxertos no túnel tibial com um parafuso de
a cabeça lateral do gastrocnêmio e o sóleo. interferência canulado de 9 mm (Fig . 45-94).
•Perfure um fio-guia transtibia l de anterior, no ponto plano
imediatamente dista l e med ial ao tubércu lo de Gerdy, a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são man-
posterior neste su lco. Utilize um grande afastador de tidos sem suporte de peso pelas primeiras 6 semanas após
Chand ler para proteger o feixe neurovascular. a cirurgia. Para as primeiras 2 sema nas, exercícios para o )
lllJI) PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

h@il;fu51It Localizações do enxerto e túnel para


reconstru ção anatômica posterolateral do joelh o. FCL,
ligamento colatera l fibular; PLT, tendão poplíteo; PFL,
ligamento poplíteo fibular. (Redese nh ada de LaPrade RF,
Johansen S, Wentorf FA, et ai: An ana lysis of an anatom ica l
posterolateralteral knee reconstruction: an in vitro biome-
chan ical study and development of a surgical technique, Am
J Sports Med 32:1405, 2004. ) VEJA A TÉCNICA 45-12.

quadríceps e elevação da perna reta estend ida são reali- externa primária por causa do ligamento popliteofibular intacto rema-
)
zados em um imobilizador de joelho e exercícios de arco nescente. Portanto, tanto para as lesões posterolaterais agudas quanto
de movimento são f eitos sem imob il izador, com um obje- para as crônicas, reparo ou reconstrução do ligamento colateral
tivo de pelo menos 90 graus de flexão no final da segunda lateral, do tendão poplíteo, sua inserção para a tíbia e do ligamento
semana. Estes são continuados pelas próximas 4 semanas, popliteofibular são recomendados.
durante as quais o arco de movimento é aumentado Em pacientes com instabilidade posterolateral crônica, o ali-
co mo tolerado. O suporte de peso é permitido em 7 nhamento do membro deve ser avaliado antes de a reconstrução
sema nas, e as mu letas são descontinuadas quando o posterolateral ser considerada. Se o paciente tiver alinhamento do
paciente pode andar sem mancar ou outra anorma li dade joelho em varo e um bocejo lateral na fase de apoio da marcha,
su t il na marcha ou padrões de compensação. Bicicleta reconstruções isoladas dos tecidos moles posterolaterais fa lham por
estacionária é perm itida, uma vez que foi possível obter causa do alongamento crônico repetitivo. Uma osteotomia valgi-
105 a 11 O graus de flexão do joelho. Nenhum exercício zante da tíbia proximal deve ser realizada antes ou simultaneamente
ativo para isqu iotibiais isolados é permitido pe los primei - com a reconstrução para corrigir o alinhamento e para proteger o
ros 4 meses após a cirurg ia. Exercícios limitados de resis- reparo. Em alguns pacientes, a osteotomia isolada pode aliviar os
tência são iniciados com um quarto do peso do corpo e sintomas de instabilidade posterolateral.
progred in do para metade do peso do corpo como tole-
rado, mas os pacientes são instruídos para não exceder
70 graus de flexão, enquanto rea lizam este exercícios de
leg press o u mini agac hame nto. Outros exercícios de OSTEOTOMIA VALGIZANTE DA TÍBIA E
suporte de peso para restaurar a propriocepção da arti- RECONSTRUÇÃO POSTEROLATERAL
culação e equi líbrio também são iniciados. De 4 a 6 meses
no modo pós-operatório, os pacientes trabalham no TÉCNICA
aumento da resistência, força e prop riocepção. Aos 7
meses (ou 9 meses para reconstruções comb in adas), se OSTEOTOMIA VALGIZANTE DA TÍBIA
liberados pelo seu cirurgião, os pacientes são permitidos •Faça uma longa incisão lateral longitudinal entre o tubér-
a retorn ar às ativid ades competitivas e dinâmicas. culo tibial e a fíbula, estendendo-se proxima lmente para
15 a20cm.
•Disseque a banda iliotib ial ao longo das suas bordas ante-
rior e posterior para a sua inserção no tubérculo de Gerdy.
• INSTABILIDADE POSTEROLATERAL COM •Prepare um plugue ósseo de 2 cm para um parafuso
JOELHO VARO esponjoso de 6,5 mm.
Os estudos biomecânicos de secção seletiva demonstraram que o liga- •Com o uso de uma serra de osso, remova o plugue ósseo
mento colateral lateral e o tendão poplíteo são os principais restritores com a banda il iotibial inserida (Fig . 45-95 A e B).
para a instabilidade posterolateral. A atenção tem focado sobre a ana- •Diferentemente da osteotom ia tibial proxim al para osteo-
tomia do canto posterolateral, em que uma inserção consistentemente artrite, a osteotom ia fibular é rea lizada no meio da diáfise.
forte do tendão poplíteo na fíbula foi encontrada - o ligamento popli- A art icu lação tibiofibular proxima l não é li berada, porque
teofibular. Tal ligamento é um importante componente da unidade isso permitiria migração proximal da fíbu la, com subse-
musculotendínea do poplíteo, e sua orientação anatômica realiza uma quente encurtamento das estruturas posterolaterais e
função de estabilização estática para resistir aos momentos de varo e exacerbação da instabi lidade posterolateral.
de rotação externa e forças posteriores. Em estudos de secção, a seção •Realize a osteotomia valgizante proximal da tíbia e, uma
do ligamento colateral lateral e a inserção do poplíteo na tíbia resul- vez que ela foi fechada, prepa re um leito ósseo distal ao
taram no aumento limitado na rotação primária em varo e rotação
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO fim

O@l!;fflmlla Osteot om ia da tíb ia em valgo para instab ilida de posterolateral crônica e alin hamento em va ro . A e B, A banda il ioti bial
é remov ida com o b loco de osso e ava nçada através da osteotomia. C, Bloco de osso é fixa do co m o parafuso esponjoso dist al à oste-
otom ia. (De Veltri DM, Warren RF: Treatment of acute and chronic injuries to the posterolateral and lateral knee, Oper Tech Sports Med 4: 174,
1996.) VEJA A TÉCNICA 45-13.

loca l da osteoto mia pa ra receber o plug ue ósseo com sua para a sua inserção f ibul ar (li ga mento pop liteofi bular).
banda iliotibial inseri da. (Opções para tratamento da lesão crôn ica do pop líteo
• Prenda o plugue no loca l com um pa rafuso esponjoso de incluem aquelas discutidas na Técn ica 45-8.)
6,5 mm (Fig. 45-95 C). Incline o parafuso distalmente • Se um autoenxerto do tendão patelar ipsolat era l tiver sido
para evitar o local da osteotomia . O avanço da banda utilizado para a reconstrução do ligamento cruzado, um
iliotibial aumenta a tensão na face lateral do joelho e autoenxerto do tendão patelar contralateral ou um alo-
ajuda a estabilizar a osteotomia. Se necessário, a fixação enxerto pode ser utilizado para reconstrução do poplíteo.
adicional é alcançada com grampos. O comprimento de um enxerto do tendão patelar é uma
• Após a osteotomia, a reconstrução posterolateral pode consideração importante para reconstrução posterolate-
ser realizada simultaneamente ou adiada até que os resul- ral. O enxerto do tendão patelar raramente excede 5 cm
tados clínicos da osteot omia sejam determinados. e pode não ser longo o suficiente para passa r dos túneis
da tíbia ou fíbu la posterolateralmente ao fêm ur, especial-
RECONSTRUÇÃO POSTEROLATERAL (Fig . 45-96) mente em joel hos ma iores. Nessas ci rcunst ãncias, um
•Se o alinhamento ósseo fo r aceitável ou tiver sido corri - aloenxerto do tendão de Aqu iles pode ser necessário. Na
gido, a atenção pode ser voltada à condição patológ ica reconstrução de um tendão poplíteo, tanto as inserções
do canto posterolatera l. tib iais quanto as f ibu lares devem ser t rat adas com um
• Se houver deficiência crôn ica do ligamento cruzado, recons- tendão patelar dividido ou aloenxerto do ten dão de
trua o ligamento, de preferência por técnicas artroscopica- Aqu iles divid ido.
mente assistidas. •Reconstrua o componente tibial do pop líteo, criando um
•Através dessas mesmas incisões laterais da pele, libere as túnel da t íbia de anterior a posterior na tíb ia lateral pro-
aderências entre o tendão do bíceps e a banda iliotibial para xima l, uti lizando um gu ia de perfuração padrão do liga-
perm itir que a banda iliotibial seja afastada anteriormente. mento cruzado anterior.
• Divida a banda iliotibial anteriormente no nível do epicôndilo •Comece o t únel 2 cm dista l e para lelo à lin ha art icular,
femoral lateral para deixar uma faixa de 5 cm composta de saindo onde o tendão pop líteo cruza a t íbia. Ant es de
uma banda iliotibial posterior. Isso pode ser afastado con - criar a inserção tibia l, identifique o nervo fibular e libere-o
forme necessário para expor o canto posterolateral. do colo da fíbula.
•Em seguida, faça uma incisão vertical na cápsula posterior •Crie um túnel de tamanho apropriado de posterior a
ao ligamento colateral lateral, expondo o aspecto poste- anterior na fíbula, começando distal e posterior ao esti-
rior da articulação na área do tendão poplíteo . loide fibular.
•Examine o ligamento colateral lateral e o tendão poplíteo •O local do túnel femoral para reconstrução é determinado
para determinar o loca l da lesão e a qualidade dos tecidos. por um isômetro. Perfure com um fio de Kirschner através
•Siga o pop líteo a partir da sua inserção femo ral proximal - do centro de rotação sob re o joelho, que é um ponto
mente para a sua inserção tibial dista lmente, assim como proxima l e posterior à inserção femora l do pop líteo. Passe )
llllJID PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Otijil@IJl!I!I Para reconstrução do poplíteo, a colocação do túnel femoral é determinada com isômetro (A), e o enxerto é passado
através dos túneis femoral e tibial e fi xa do com suturas amarradas sobre botões de ligamento (B) ou com parafusos de interferência .
O enxerto do tendão patel ar utilizado para reconstrução do fascículo poplíteo fibular (C) pode ser dividido para reconstruir ambos os
componentes (D). E, Lig amento colateral lateral é reconstruído com t erço central do tendão do bíceps. (De Ve ltri DM, Warren RF: Treatment
of acute an d ch ron ic injuries to t he posterolateral and lateral knee, Oper Tech Sports M ed 4: 17 4, 1996.) VEJA A TÉCNICA 45-13.

um fio de sutura no fio de Kirschner e, em seguida, túneis com pa rafusos de interferência ou com suturas no
)
passe-o de posterior a anterior através do túnel da tíbia plugue ósseo amarradas sobre um botão no córtex oposto .
e do túnel da fíbula. Prenda a extremidade livre do f io de • Quando um aloenxerto dividido do tendão de Aqui les é
sutura em um isômetro e movimente o joelh o através de utilizado, o plugue ósseo é fixado no túnel femoral com
arco de movimento comp leto, observando a mudança no um parafuso de interferência ou suturas no plugue ósseo,
comprimento do f io de sutura. Ajuste o fio de Ki rschner amarradas sobre um botão no cônd ilo femoral medial.
até que ocorra a menor mudança no comprimento. Em A porção tibial do en xerto do tendão é fixada à tíbia
seguida, passe o fio de Kirschner de lateral a media l proximal com um parafuso esponjoso de 6,5 mm e
através do fêmur e alargu e-o com broca de tamanho arruela de ligamento. A porçã o fibular pode ser f ixada
apropriado para criar um túnel femoral. dentro do túnel da fíbu la com sutu ras ama rradas sobre
•Ao colocar um enxerto, f ixe-o primeiro na cabeça da um botão ou um parafuso esponjoso de 6,5 mm e arruela
fíbula, tensione uma parte segurando o enxerto no túnel do ligamento sobre a parte anterior da fíbula.
femora l e, em seguida, prenda o en xerto no túnel t ibia l • Se apenas um componente do poplíteo for reconstruído,
sob tensão com a tíbia em rota ção neutra. o ligamento popliteofibu lar deve ser restabelecido, porque
• Se um enxerto dividido do tendão patelar for utilizado, os este tem um maior braço de alavanca para evitar a insta-
plugues ósseos podem ser fixados nos seus respectivos bi lidade rotacional. Ao reconstruir apenas uma das inserções
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO -

distais, simplesmente esqueça o túnel desnecessário e não articulação; estenda-a dista lm ente para expor a cabeça
divida o enxerto. da fíbula e nervo fibu lar e proximalmente para expor a
• Instabilidade posterolateral crônica que ocorre secundária à inserção do lig amento colatera l posterior no fêmur.
deficiência do ligamento colateral lateral geralmente requer •Identifique a inserção da banda iliotibial e faça a incisão
reconstrução. O terço central do tendão do bíceps pode ser ao longo da borda anterior proximalmente. Preserve a
utilizado conforme anteriormente descrito nas técnicas de inserção da banda iliotibial no septo intermuscular lateral.
reforço para os ligamentos colaterais laterais. Em casos •Faça uma segunda incisão inferior para lela ao longo do
raros, o tendão do bíceps não estará disponível, e a recons- aspecto posterior da banda il iotibia l a das aderências
trução do ligamento colateral lateral deve ser realizada com anexas sobrejacentes do músculo bíceps. Isso cria uma
um autoenxerto do tendão patelar ou aloenxerto. O nervo porção central da banda iliotibial que pode ser afastada
fibular deve ter sido anteriormente isolado e protegido. anteriormente ou posteriormente para expor o aspecto
•Faça um túnel de fundo cego na cabeça da fíbula para posterolateral do joelho.
receber um plugue ósseo. •Se houver alongamento da banda iliotibial e abertura
•Perfure dois orifícios para a intersecção deste túnel para grosseira da parte latera l da articu lação, avance a banda
as suturas do plugue ósseo. iliotibial no tubércu lo de Gerdy distalmente.
•Uti lize um fio de Kirschner para determinar o ponto iso- •Identifique o nervo fibular proxima lmente e faça a dissec-
métrico para o túnel femoral e crie o túnel como ante- ção dista lmente em torno do colo da fíbula até sua
riormente descrito. entrada no compartimento do músculo tibia l anterior.
•Coloque o enxerto na fíbula e fixe-o amarrando as suturas Proteja o nervo em todo o procedimento, especia lmente
do bloco ósseo distalmente sobre a ponte óssea fibular. quando orifícios são perfurados através da junção colo-
• Coloque a extremidade proximal do enxerto no túnel femora l, cabeça da fíbu la para colocação do aloenxerto do liga-
tensione-a e fixe-a com um parafuso de interferência. mento colateral posterior.
•Exponha a região da cabeça e colo da fíbu la anterior-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado em mente e posteriormente por dissecção subperiostea l. Isso
uma órtese com movimento controlado e é permitido o deve necessitar de apenas 12 a 15 mm de exposição
movimento imediato do joel ho no pós-operatório. As forças proximal fibu lar.
posteriores em varo e os momentos de rotação externa que •Perfure um orifício de 6 mm de anterior a posterior na
acentuariam a reconstrução posterolateral são evitados. junção cabeça-colo no centro da fíbula. Aumente esse
O paciente é mantido com apoio de peso de toque dos orifício com uma cu reta. Não perturbe a arti cu lação tibio-
dedos por 6 semanas com a órtese travada em extensão . f ibular proximal.
Exercícios isométricos e para o quadríceps são rea lizados • Perfure dois orifícios de 6 mm, um anteri or e um posterior
imediatamente. Exercícios passivos e ativos assistidos de à inserção femoral do ligamento colatera l lateral. Os orifí-
f lexão do joelho e extensão passiva do joelho são enfatiza- cios devem ter 1O mm de profundidade e devem ser sepa-
dos. Bicicleta estacionária é iniciada 4 semanas após a rados por 8 mm de osso interven iente correspondente com
cirurgia. Em 6 semanas, um programa padrão de exercícios o loca l de inserção do ligamento colateral posterior. Utilize
de cadeia cinética fechada é in iciado. Corrida é permitida cuidadosamente uma cureta curvada para conecta r os dois
aos 4 meses. Os exercícios de extensão e flexão do joelho orifícios perfurados, estabelecendo um túnel ósseo abaixo
em cadeia cinética aberta não são rea lizados. Uma órtese do loca l de inserção do ligamento.
articu lada é utilizada por 6 meses. O retorno aos esportes • Prepare o aloenxerto do tendão de Aquiles. Em geral, o
geralmente é permitido em 6 a 9 meses após a cirurgia. aloenxerto mede 6 a 7 mm de diâmetro e 19 a 20 cm de
comprimento. Esse compriment o possibilita sob reposição
dos braços proxima l e dista l posteriores do enxerto, ad i-
cionando tecido ad iciona l ao aspecto posterolateral da
Noyes relatou seus resultados com o uso de aloenxerto para
articu lação. Coloque suturas nº 2 Dacron, t ravadas, anco-
reconstruir o ligamento colateral lateral em 21 pacientes. A taxa de
radas (bola de beisebol) em ambas as extrem idades do
sucesso para o procedimento cirúrgico foi de 76%, julgado pela
aloenxerto, e pretensione o aloenxerto por 1 5 minutos
avaliação da estabilidade e radiografias com estresse do joelho.
sob uma carga de 8-N ou 9-N .
O enxerto utilizado para a reconstrução do ligamento colateral
•Faça uma incisão vertica l na cápsu la posterolateral atrás
lateral incluiu uma porção tendinosa do tendão de Aqu iles, fáscia
do ligamento colatera l posterior e anteri or ao comp lexo
lata e osso-tendão patelar-osso.
arqueado.
• Inspecione os tecidos da cápsula posterolateral, comp lexo
ligamentar arqueado, tendão poplíteo e ligamento cola-
RECONSTRUÇÃO COM ALOENXERTO teral posterior.
DO LIGAMENTO COLATERAL LATERAL •Se as estruturas posterolaterais não estiverem excessiva -
mente redu ndantes, faça uma pl icatura da cápsu la pos-
TÉCNICA terolateral para o aloenxerto da reconstrução do ligamento
colateral posterior em um simples modo ca lça mais colete
(NOYES) (Fig. 45-97)
•Se, no entanto, as estruturas posterolatera is são marca-
•Faça uma incisão lateral reta de aproximadamente 15 cm damente redundantes, avance a cápsula posterolatera l
de comprimento centra lizada sobre a linha lateral de com metade do tendão gastrocnêmio proximalmente )
lllJE1I) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• Faça a plicatura da cápsu la posterolateral no aloenxerto da


reconstru ção sob tensão suficiente para permitir O grau de
extensão sem qua lquer hiperextensão.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese articu lada com


travamento ou gesso bivalvado é util izado por 4 semanas.
Exercícios de resistência muscu lar são iniciados no dia após
a cirurgia. O gesso é removido para exercícios imediatos
interm itentes ativos-assistidos protegidos, seis a oito vezes
por dia, na fa ixa de 1O a 90 graus. Periodicamente, o joelho
deve ser suavemente movido para 5 graus para ter certeza
de que não ocorra excessiva fibrose capsular posterior.
A hiperextensão deve ser evitada . O movimento é aumen-
tado gradua lmente até o total movimento ser alcançado na
12ª semana pós-operatória. A hiperextensão é evitada por
6 meses após a cirurgia. Após 4 semanas, o gesso é removido
e uma órtese articulada para membro inferior é utilizada.
O paciente é mantido sem suporte de peso durante as
primeiras 4 semanas e, em seguida, suporte de peso de 11
quilos é perm itido para as próximas 2 semanas. Os pacientes
são ensinados para andar com flexão normal do joelho para
evitar a hiperextensão do joelho ou posição em varo da
extremidade infe rior. O suporte de peso é lentamente avan-
çado até a 16ª semana, quando o paciente é liberado do
uso de muletas. A órtese é uti lizada pelos primeiros 9 meses
após a cirurgia para evitar a hiperextensão anormal, angu-
lação e rotação varo e rotação externa da tíbia.
Nadar é encorajado no terceiro mês pós-operatório, e
um programa progressivo de exercícios resistidos em uma
O@i!;MIL1lia Plicatura em ca lça mais colete do comp lexo pos- faixa protegida de 30 a 90 graus de flexão é iniciado.
terolateral para a reconstrução do ligamento colateral lateral. (De Nenhum exercício para isquiotibiais é permitido até a 12ª
Noyes FR, Barber-Westin SD: Surgical reconstruction of severe chronic semana. Um programa de corrida é adiado até pelo menos
posterolateral complex injuries of the knee using allograft tissues, Am o 12° mês em pacientes em que alterações na cartilagem
J Sports Med 23 2, 1995.) VEJA A TÉCNICA 45-14. articu lar não contraindicam atividades extenuantes.

sobre o fêmur, utilizando a técnica de Hughston e Jaco-


)
bson (Técnica 45-9).
•Reconstrua o ligamento colateral posterior, passando o RECONSTRUÇÃO DAS
aloenxerto através de túneis ósseos no fêmur e fíbu la, em POSTEROLATERAIS COM O TENDAO
um modo circu lar com as duas extremidades livres sobre- SEMITENDINOSO
postas umas às outras no aspecto posterior. O enxerto deve
ficar próximo do li gamento colateral posterior lesionado. TÉCNICA
• Tensione enxerto com o joelho em 30 graus de flexão e
rotação neutra da tíbia e com a parte lateral da articu la- (LARSON)
ção fechada.
•Suture as duas extremidades livres do enxerto umas às • Perfure um orifício na cabeça da fíbula de anterior a poste-
outras com múltiplas suturas separadas. Em segu ida, rior, inclinando-o ligeiramente superior a partir de anteroin-
suture ambos os braços anterior e posterior do aloenxerto ferior a posterossuperior na cabeça para passar profundo à
no li gamento colateral latera l interveniente com suturas inserção do tendão do bíceps na cabeça da fíbula.
horizontais. •Coloque o sem itendinoso em uma posição de número
•Se o ligamento colatera l posterior for marcadamente oito do epicõnd ilo femora l lateral profundo à banda ilio-
frouxo (poss ibilitando ma is de 15 mm de abertura da tib ial e através da cabeça da fíbula.
articulação lateral), faça a incisão do ligamento na sua • Faça uma pequena incisão transversal na banda ili otib ial
porção média e repare as extremidades sobrepostas com sobre o ep icôndilo femoral lateral.
mú ltiplas suturas não absorvíveis separadas. Em segu ida, •Faça outra incisão na borda inferior da banda iliotibial
prenda o aloenxerto para o ligamento colatera l posterior entre a banda iliotibial e o tendão do bíceps femoral.
encurtado, como anteriormente descrito. •Insira um fio de Kirschner como um ponto de f ixação
•Verifique o movimento do joelho de O a 90 graus de temporário no ep icôndi lo femoral lateral. El e pode ser
flexão para confirmar a rotação interna e externa normal utilizado para ajudar a determinar o ponto isométrico e
e para evitar excesso de constrição da articu lação. pode ser movido quando necessário.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm
• INSTABILIDADE ROTATÓRIA ANTEROLATERAL
Quando a indicação para reconstrução lateral é a instabilidade rota-
tória anterolateral, numerosos procedimentos foram utilizados para
controlar o deslocamento anterior ou tendência em rotação interna
da tíbia, além das reconstruções básicas anteriormente descritas. Esses
procedimentos são de três tipos gerais: procedimentos intra-articula-
res, procedimentos extra-articulares e combinações dos dois. Os pro-
cedimentos intra-articulares para substituição do cruzado anterior
são descritos na seção sobre reconstrução do ligamento cruzado ante-
rior (veja a seção subsequente). Os procedimentos intra-articulares
incluem o uso de uma faixa da banda iliotibial, tenodese com uso do
grácil ou semitendinoso, um procedimento over-the-top com uma
faixa do tendão pateloquadríceps lateral, a banda iliotibial transferida
através da incisura intercondilar para parte anterior da tíbia e outros
procedimentos que utilizam porções do tendão patelar. Os procedi-
mentos extra-articulares incluem bicepsplastia, tenodese da banda
iliotibial e várias modificações, e tenodese do ligamento femorotibial
anterolateral. Os procedimentos extra-articulares combinados com a
reconstrução do compartimento lateral para controlar a instabilidade
O@lh@ ml!Ill Reconstrução das estruturas posterolaterais com rotatória anterolateral envolvem principalmente variações no uso da
uso do tendão semitendíneo. Fixação é realizada através da colo- banda iliotibial. Os dois tipos básicos de procedimentos extra-articu-
cação do parafuso de interferência 1 a 2 mm maior que o túnel lares utilizando a banda iliotibial são (1) criação de uma rédea estática
perfurado. (Redesenhada de Fanelli GC, Larson RV: Practical manage- e (2) criação de uma força dinâmica na tíbia para evitar seu desloca-
ment of posterolateral instability of the knee, Arthroscopy 1S[Suppl mento para a frente pelo forte músculo quadríceps conforme a exten-
1] 1, 2002 .) VEJA A TÉCNICA 45-15. são completa se aproxima.
Obtivemos algum sucesso com cada um desses tipos de procedi-
mentos. Os graus leves de instabilidade rotatória anterolateral em que
o fenômeno do pivot shift é apenas leve podem se beneficiar apenas de
um procedimento extra-articular isolado, especialmente se a demanda
• Passe o tendão semitendinoso através da cabeça da
do paciente não for grande. Suspeitamos que quando esses procedimen-
fíbula, trazendo-o para fora posteriormente, profundo ao
tos forem analisados após 10 anos, os resultados não serão tão bons e
tendão do bíceps e, em seguida, passe-o através de uma
alterações degenerativas serão aparentes dentro da articulação. Rara-
abertura no septo intermuscular lateral e profundo à
banda iliotibial. mente utilizamos um procedimento extra-articular isolado para insta-
bilidade rotatória anterolateral. Para instabilidade moderada e grave
•Passe o enxerto para o aspecto anterior do epicôndilo
desse tipo, utilizamos uma substituição intra-articular para o ligamento
femoral lateral e envolva-o sobre o fio de Kirschner tra-
cruzado anterior para corrigir a instabilidade anteroposterior e corrigi-
zendo-o abaixo da banda iliotibial para o aspecto anterior
da cabeça da fíbula . mos o componente rotacional anormal com um procedimento de res-
trição extra-articular lateral, se o componente rotatório for grande.
•Com tensão sobre o enxerto, movimente o joelho.
As técnicas utili zando aloenxertos são descritas na seção sobre
Marque o enxerto com tinta indelével para determinar se
substituição intra-articular do ligamento cruzado anterior.
o seu posicionamento é isométri co. Qualquer alteração
no comprimento do enxerto pode ser identificad a por um
movimento desta marca. O fio de Kirschner no epicôndi lo
latera l pode ser movido até que o ponto isométrico seja
LESÕES DO LIGAMENTO
identificado. CRUZADO ANTERIOR
•Faça um túnel sem sa ída no epicôndilo femoral lateral
neste ponto isométrico e insira a extremidade do sem i- INCIDÊNCIA
tendinoso no túnel. Ele pode ser puxado com uma
sutura que foi passada através do túnel e joelho e A exata incidência das lesões do Li gamento cruzado anterior é
desconhecida; no entanto, foi estimada que 200.000 ocorrem a cada
trazida para o lado medial. Essa sutura pode ser remo-
vida posteriormente. ano, e 100.000 reconstruções do ligamento cruzado anterior são feitas
•Prenda o enxerto no túnel femoral com um parafuso de a cada ano nos Estados Unidos. A controvérsia para tratar essa lesão
interferência bioa bsorvível. agora está mais centralizada na seleção do enxerto para reconstrução
• Tensione o enxerto e, em seguida, suture-o em si distal- em vez de se perguntar se a cirurgia é necessária. Nas últimas 2 décadas,
mente (Fig. 45-98). mais de 2.000 artigos científicos sobre o ligamento cruzado anterior
•Testes biomecãnicos indicaram que o braço posterior foram publicados, assim como uma série de livros de textos, fazendo
dessa reconstrução reproduz a função do ligamento uma revisão detalhada da literatura além do escopo desta seção.
popliteofibular e o braço anterior reproduz a função do
ligamento colateral lateral.
ANATOMIA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
rio é o mesmo que o descrito após a Técnica 45-14. O ligamento cruzado anterior é composto de feixes de tecido colá-
ge no orien tados longitudinalmente e dispostos em subunidades
lllJm) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

fasc icul ares d entro de bandas fun cionais maiores. O ligamento é Além da fun ção como uma restrição mecânica para translação,
circundado pela sin óv ia, tornando-a extrassin ovial. O ligamento o ligamento cru zado anterior tem função proprioceptiva, conforme
cruzado anterior é inserido no platô tib ial, medial à inserção do eviden ciado p ela presença de receptores m ecânicos no ligamento.
corno anter ior do m en isco lateral em uma d epressão anterolateral à Essas terminações nervosas podem fornecer o arco aferente para
espinha tibi al anterior. O local de inserção tibial é m aior e mais firme mudanças posturais do joelh o através de deformações d entro do
que o lo cal de inse rção femoral O li gam en to tem 31 a 35 mm em ligam ento. As exatas contribui ções d os recepto res não foram clara-
comprimento e 31,3 mm 2 na seção cruzada. O fornecimento primá- m ente definidas.
rio d e sangue para o ligam ento provém da artéria genic ular média,
que perfura a cápsu la posteri or e entra n a in cisura intercondilar
p erto da inserção femoral. O fornecimento adicion al vem da bolsa HISTÓRIA E EXAME FÍSICO
d e gordura retropatelar através das a rtérias geniculares inferiores
m edial e lateral. Essa fonte desempenha papel mais importante A história clássica d e um a lesão d o li ga m ento cruzado anterior
qu ando o ligam ento é lesio nad o. As inse rções ósseas do ligam ento começa com uma d esaceleração sem contato, salto ou mudança de
cruzado anterior contribuem pouco com a sua vascularidad e. O direção. Obviamente, outros m eca nismo s da lesão incluem forças
nervo articular posterior, um ram o d o n ervo tibial, inerva o liga- externas apli cad as sobre o joelho. O paciente muitas vezes d escreve
m ento cruzado anterior. Estudos histoló gicos revelaram fibras ner- o joelho corno tendo sido hiperes tendido ou pulando para fora da
vosas de tamanh o m ais consistente co m transmissão de dor nos articu lação e, em seguida, red uzindo. Um estalo é frequentemente
espaços intrafasciculares. Receptores mecânicos tamb ém foram ouvido ou sentido. O paciente geralm ente caiu no chão e não é
identificados na superfície do ligam ento, principalmente nas inser- imediatamente capaz d e leva ntar. A retomada da atividade geral-
ções do li gam ento (especia lm ente femora l), bem abaixo da bainha mente não é possível, e andar é muitas vezes difícil. D entro de
sinovial externa. algum as horas, o joelho inch a, e a aspi ração d a articulação revela
h emartrose. Nesse ce nário, a probabilid ad e de uma lesão do liga-
mento cruzado anterior é m aior que 70%. Antes do dese nvolvi-
BIOMECÂNICA mento d e um a hemartrose, o exame físico é mais fácil e mais
revelador; de forma contrária, o exa m e é ma is difícil, uma vez que
O ligamento cruza do anterio r é o restritor primário p ara d esloca- a dor e a proteção mu sc ular apa recem. O teste d e Lachman é o
mento anterior da tíbia, representando aproxim adamente 85% da teste mais sensíve l pa ra d es locamento anterior da tíbia (95% sen-
resistência ao teste d e gaveta a nterior quando o joelho está em 90 sibilidad e). O aum ento da excursão em relação ao joelho oposto e
graus d e fl exão e rotação neutra. O seccion amento seletivo do liga- a ausê ncia d e um end point firme sugere m uma lesão ao ligamento
mento cruzado anterior mostrou qu e a ban d a anteromedial é tensa cruzado anterio r.
em flexão, fornece ndo a restrição primári a, enquanto o fei,xe poste- O teste d e pivo t shift requer um paciente relaxado e um
rolateral d esse ligam en to é tenso em exte nsão. O fe ixe posterolateral ligam ento colatera l m e di a l in tacto. Quando o res ultado é posi-
fornece a principal res istência para hip erextensão. A ten são no liga- tivo, este teste reprodu z o movim en to pato lógico em um joelho
mento cruzado anterior é a menor em 30 a 40 graus de flexão do com deficiência do li gam ento cru za d o anterior e é mais fácil para
joelho. O ligamento cruzado anterior também funcion a como uma obter em uma lesão c rô ni ca do li ga m ento cruzado anterior ou em
restrição secundária na rotação tibial e a ngulação varo-valgo em um pac ie nte anestesiado com um a lesão ag uda d o li gamento
extensão completa. cruzado a nterior.
ln vivo, é uma simplificação exagerad a limitar a d escrição d a Os artrômetros do li ga m ento do joelh o com o KT-1.000/2.000
fun ção do ligamento cruzad o anter ior à fun ção desses dois feixes podem aux iliar no diagnósti co, m as são m ais efica zes em avaliar
de fibra s. De fato, similar às fibra s em todo s os ligamento s, aquelas pacientes com lesão crôni ca do ligam ento cruzado anterior quando
no ligamento cru zado anterior são recrutadas difere ntem ente com a dor e a contração musc ular ssociadas estão ausentes. Esses dispo-
base em cada muda nça tridimens ion a l sutil na posição da articu- sitivos também são úteis para documentação dos resultados cirúr-
lação. O ligamento cruzado anter io r n o rmal suporta cargas em gicos tanto intraoperatori am e nte quanto no pós-operatório. Com
toda a faixa d e fl exão e exte nsão do joelh o. Consequentemente, o um deslocamento a nter ior manual m áximo, a diferen ça entre os
ligamento cruzado anterior pode fa lhar diferentemente em diver- joelhos esquerdo e direito é m enor d e 3 mm em 95% dos joelhos
sas cargas, depe ndendo da posição do s ossos e da direção em que normais. A diferen ça entre os joelhos es qu erdo e direito é 3 mm ou
as cargas são apli ca d as no mom ento d a lesão. A complexidade da mais em 90% dos joelh os com uma lesão aguda do ligamento
disposição das fibras do li ga m ento e sua resposta para carga tem cruzado anterior.
importantes implicações co m relação aos resultados dos testes de Os estudos radiográficos também são úteis para diagnosticar
tração. Os tes tes d e tração do ligamento cru za do anterior depen- as lesões a nteri o res do ligam ento cru za do. As radiografias simples
d em d a id ad e d a amostra, d o ângulo de fl exão do joelho, d a direção muitas vezes são norm ais; no entanto, a fra tura da eminência tibial
da carga d e tração com relação ao li gamento cruzado anterior e da indica um a avu lsão da inserção tibi al do ligam ento cruzado anterior.
taxa d a carga aplica da . Em outra s palavra s, a máxima força do A fratura d e Segond, o u fratura de avulsão d a cápsula lateral, é
ligam ento cru za do anterior n ão deve ser assum ida para ter um patognomônica de um a lesão do ligame nto cruzado anterior (Fig.
úni co valor fixado . 45-99) . Resson ância m ag nét ica é a técn ica radiográfic a mais útil
Apesar d essa observação, pesquisadores estudaram as proprie- para diagnóstico. A acurácia descrita para d etectar lesões do liga-
dades biomecânicas do ligame nto cru zad o ante rior. Um estudo bio - mento cruzad o anterior vario u de 70% a 100%. Uma vez que o
m ecâ ni ca abrangen te determ inou a carga máxima em 1. 725 ± 269 ligamento cruzado anter ior cruza a articulação do joelho em um
N; a rigidez, 182 ± 33 N / mm; e a energia absorvid a para fa lha, 12,8 ân gulo li ge iramente oblíqu o, o liga mento completo raramente é cap-
± 2,2 N- m . Em amostras mai s jovens, a carga fina l fo i encontrada turado em sua to talid ade por um a única RM no plano sagital
sendo 2. 160 ± 157 N e a rigidez 242 ± 28 N/mm . verd ad eiro.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GEllll

Wiji@,mm!> Ressonância magnética mostra contusão óssea


(bone bruise) após a lesão do ligamento cruzado anterior.

ligamento cruzado anterior. A confusão adicional surge por causa


O@ii;@BJiD Fratura de avulsão da tíbia (fratura de Segond) da variabilidade nos estudos anterio res com relação às idades dos
com lesão do ligamento cruzado anterior. pacientes e níve is de atividade, extensão da lesão, instabilidade
res ultante, tipo de tratamento não cirúrgico e dura ção e avaliação
do seg uimen to. Está bem documentado que um indivíduo com um
Vellet introduziu o conceito de um plano não ortogonal, que joelho ligame nto cru zado anterior deficiente qu e retorna às ativi-
geralmente mostra todo o ligamento cruzado anterior em um dades atléticas e apresenta episódios repetidos de instabilidade vai
quadro. O plano não ortogonal é obtido, rodando externamente o apresentar lesões do menisco e lesões osteocondrais que eventual-
joelho em aproximadamente 15 graus. Mais recentemente, os pes- mente levarão à artrose.
quisadores relataram que a precisão de RM em avaliar as lesões do Os resultados do tratamento não cirúrgico das lesões do liga-
ligamento cruzado anterior se aproxima de 95% a 100%. mento cruzado anterior foram desanimadores e podem ser atribuí-
As contusões ósseas (bane bruises), que são aparentes na RM dos parcialmente às lesões associadas que ocorrem no momento da
em 80% dos pacientes com lesões do ligamento cruzado anterior, ruptura do ligamento cruzado anterior. Vários pesquisadores relata-
ocorrem principalmente no côndilo femoral lateral e platô latera l da ram a incidência de lesões do menisco associadas a lesões agudas
tíbia e alguns sugerem que possam prever a dor e outros sintomas do ligamento cruzado anterior variando de 50% a 70%. O menisco
após a reconstrução do ligamento cruzado anterior. Em um estudo lateral é mais com umente lesionado com o incidente inicial. Como
de 525 pacientes, no entanto, Dunn et ai. observaram que as lesões resultado da carga anormal e tensões de cisalhamento no joelho com
ósseas em RM não estavam associadas à dor ou sintomas após a deficiência do ligamento cruzado anterior, o risco de lesão tardia do
reconstrução. Os únicos fatores demográficos ou relacionados com menisco é alto e parece aumentar com o tempo a partir da lesão
lesão associados às lesões ósseas eram idade jovem e não saltar no inicial. A maioria das lesões tardias do menisco ocorre no menisco
momento da lesão. medial por causa da sua fixação firme à cápsula.
As radiografias por estresse foram defendidas para documen- A lesão osteocondral também influencia o prognóstico. A inci-
tar ambas as lesões do ligamento cruzado, posterior e anterior. Com dência relatada varia de 21 % a 31 % em pacientes examinados após
a disponibilidade e a precisão de RM, raramente utilizamos as radio- a lesão inicial. Ressonância magnética fornece uma técnica sensível
grafias por estresse, exceto para avaliar as lesões crônicas do liga- para detectar lesões ósseas em pacientes com deficiências agudas e
mento cruzado posterior quando o ligamento cruzado posterior até mesmo crônicas do ligamento cruzado anterior do joelho (Fig.
parece cicatrizado em RM. 45-100). Essas lesões na RM são classificadas como geográfica, reti-
cular ou linea r com base na sua aparência arquitetônica, relações
com o osso cortical e sequelas osteocondrais de curto prazo. As
HISTÓRIA NATURAL lesões geográficas estão associadas à margem cortical e têm densi-
dade au mentada. As lesões reticulares não estão associadas ao osso
O método escolhido para tratar uma lesão do ligamento cruzado cortical, e a maioria se resolve entre 6 e 12 meses. Anormalidades
anterior é influenciado pela história natural da lesão. Controvérsia osteocondrais identificadas na RM podem ser precursoras da
ainda existe com relação ao prognóstico que um joelho com defi- osteoartrite. Um estudo de seguimento de longo prazo (15 anos) por
ciência do ligamento cruzado anterior vai seguir, porque os estudos Neum an et ai., no entanto, não observou relações entre uma lesão
até o momento foram enviesados em direção a pacientes sintomá- osteocondral diagnosticada na artroscopia primária após uma lesão
ticos que procuram tratamento. Além disso, nem todas as lesões do ligamento cruzado anterior e subsequente osteoartrite do joelho.
são relatadas e precisamente diagnosticadas co mo lesões do Eles observaram que a meniscectomia é um potente fator de risco
lllJE) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

0,044. O índice de largura da incisura intercondilar para homens foi


maior do que para mulheres. Eles descobriram que as lesões sem
contato do ligamento cruzado anterior são mais frequentes em
atletas que tiveram um índice de largura da incisura de pelo menos

n
1 desvio padrão abaixo da média. Shelbourne et ai. estudaram um
23 mm
grupo de pacientes em que foi realizada reconstrução do ligamento
cruzado anterior e observaram que as mulheres tiveram incisuras
estatisticamente significativas mais estreitas que os homens, mas a
incidência de lesão do autoenxerto fo i a mesma entre grupos presu-
mivelmente, porque intercondiloplastia foi realizada. Os dados do
National College Athletic Association Injury Surveillance System,
l . ! li 1
assim como vários estudos, mostraram significativamente maiores
taxas de lesão do ligamento cruzado anterior em jogadores de
futebol, basquete e rugby femininos do que em jogadores do sexo
masculino. Os possíveis fatores causadores para o aumento da inci-
dência em mulheres podem ser extrínsecos (movimento do corpo,
força muscular, interface calçado-superfície e nível de habilidade)
ou intrínsecos (frouxidão articular, influências hormonais, alinha-
mento do membro inferior, dimensão da incisura e tamanho do
ligamento). Os hormônios sexuais femininos (ou seja, estrogênio,
progesterona e relaxina) flutuam radicalmente durante o ciclo mens-
trual e considera-se que aumentam a fro uxidão ligamentar e dimi-
nuem o desempenho neuromuscular.
li[êji@S mI!D O índi ce da largura da incisura é a relação entre Hewett et ai. avaliaram prospectivamente 205 atletas do sexo
a largura da incisura intercondilar e a largura do fêmur distal no feminino em esportes de alto risco como futebol, basquete e vôlei
níve l do sulco poplíteo (seta). A régua deve estar paralela à linh a
com relação ao controle neuromuscular por cinemática tridimen-
de articulação . A porção mais estreita da in cisura no nível da sional (ângulos articulares) e para cargas articulares por cinética
régua deve ser medida . (De Souryal TO, Moore HA, Evans JP: Bilate-
(momentos da articulação) durante exercício de salto-aterrisagem.
rality in anterior cruciate ligament injuries: associated intercondylar
As nove atletas em que as lesões do ligamento cruzado anterior
notch stenosis, Am J Sports Med 16:449, 1998) ocorreram tiveram postura do joelho e carga significativamente
diferentes em comparação com as 196 que não tiveram uma lesão
do ligamento cruzado anterior. O ângulo de abdução do joelho na
para o desenvolvimento da osteoartrite. Dos 79 pacientes trata- aterrisagem foi 8 graus maior nas atletas com ligamento cruzado
dos nesse estudo, a osteoartrite tibiofemoral radiográfica esteve anterior lesionado do que nas atletas não lesionadas. Atletas com
presente em 13 (16%), todos dos quais tiveram meniscectomias lesão do ligamento cruzado anterior tiveram um momento de
para uma lesão grande do menisco. A frequência da osteoartrite abdução do joelho 2,5 vezes maior e força de reação do solo 20%
também foi maior nos pacientes que fizeram a reconstrução do maior, enquanto o tempo de apoio fo i 16% menor; portanto, o
ligamento cruzado anterior do que naqueles tratados de modo aumento do movimento, a força e os momentos ocorreram mais
não cirúrgico. rapidamente. O momento de abdução do joelho foi preditivo da
Muitas pesquisas atuais são focadas no ambiente bioquímico lesão do ligamento cruzado anterior com 73% de especificidade e
do joelho após a lesão do ligamento cruzado anterior. Cameron et 78% de sensibilidade; medidas de valgo dinâmico mostraram um
ai. observaram que, nos joelhos com deficiência crônica do liga- r' de 0,88. Em uma análise de cinemática tridimensional do joelho,
mento cruzado anterior, os níveis de citocinas pró-inflamatórias Koga et ai. sugeriram que o carregamento valgo associado à rotação
como interleucina-1 e fator-a da necrose do tumor estão bastante interna da tíbia é um fator que contribui para o mecanismo de
elevados, enquanto proteínas protetoras, anti- inflamatórias como a lesão do ligamento cruzado anterior em atletas do sexo feminino.
proteína antagonista do receptor de interleucina estão significativa- Um aumento da inclinação (slope) posterior da tíbia também foi
mente diminuídas. Lohmander et ai. relataram níveis elevados de identificado quanto a um possível fato r de risco para lesão do
estromelisina-1 e tecido inibidor de metaloproteinases-1 em amos- ligamento cruzado anterior em mulheres.
tras de fluido sinovial 6 meses a 18 anos após o trauma. Eles espe- A eficácia dos programas de prevenção de lesão para atletas do
cularam que o aumento da liberação pode estar associado ao sexo feminino permanece controversa. Pfeiffer et ai. relataram que
frequente desenvolvimento de osteoartrite pós-traumática. um programa de exercícios pliométricos de 20 minutos concentrado
Uma série de pesquisadores estudou a epidemiologia de na mecânica da aterrisagem de um salto e desaceleração durante a
joelhos com deficiência do ligamento cruzado anterior e implicou o corrida, rea lizado duas vezes por semana por toda a temporada, não
gênero e a largura da incisura intercondilar femoral como fatores reduziu a taxa de lesões sem contato do ligamento cruzado anterior
que contribuem para a lesão do ligamento cruzado anterior. Im'.ime- em atletas do sexo feminino do ensino médio. Em uma metanálise
ros pesquisadores relataram que os atletas com lesões do ligamento de seis estudos, Hewett et ai. observaram que quatro estudos relata-
cruzado anterior sem contato apresentam estenose da incisura inter- ram diminuição significativa no número de lesões do ligamento
condilar estatisticamente significativa. Souryal e Freeman formula- cruzado anterior após o treinamento, enquanto dois não relataram
ram o índice da largura da incisura, que é a relação entre a largura diferenças entre as atletas treinadas e não treinadas do sexo femi-
da incisura intercondilar com a largura do fêmur distal no nível do nino. Eles concluíram que o treinamento neuromuscular pode
sulco poplíteo medido em uma radiografia de túnel do joelho (Fig. reduzir a frequênc ia das lesões do ligamento cruzado anterior em
45 -101). O índice da incisura intercondilar normal foi de 0,231 ± atletas do sexo feminino se ( 1) exercícios de pliometria, equilíbrio e
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fJHM
resistência são incorporados em um protocolo de treinamento
abrangente, (2) as sessões de treinamento são realizadas mais de
um a vez por semana, e (3) a duração do programa de treinamento
é de no mínimo 6 semanas.

TRATAMENTO

Com a história natural em mente, o cirurgião deve determinar qual


é o tratamento mais apropriado para um paciente específico. As
opções de tratamento disponíveis incluem o não cirúrgico, reparo do
ligamento cruzado anterior (isolado ou com reforço [augmentation]) e
reconstrução com autoenxerto, aloenxerto ou tecido sintético. O trata-
mento não cirúrgico é um a opção viável para um paciente que está
disposto a fazer mudanças no estilo de vida e evitar as atividades que
causam instabilidade recorrente. Em uma das séries mais abrangentes,
Daniel et ai. observaram 236 pacientes com joelhos instáveis medidos
por KT-1000. Os pacientes foram avaliados por exame físico, medições
com KT-1000 e atividade e frequência na participação de esportes.
Dezenove por cento tiveram indicação de reconstrução inicial do liga-
mento cruzado anterior, 20% necessitaram de reconstrução tardia e
61% foram capazes de lidar com a sua lesão, embora muitas fossem
sintomáticas. Os autores encontraram três fatores conhecidos no
momento do exame inicial que estavam correlacionados com a neces-
sidade da cirurgia: idade mais jovem, horas de participação em esportes
H@lh@mii!) Reparo da avulsão da inserção tibial do liga-
mento cruzado anterior com fragmento ósseo. A cratera na tíbia
antes da lesão e a quantidade de instabilidade anterior conforme medida
deve ser aprofundada, e o fragmento de osso na extremidade do
pelo artrômetro KT-1000. Se uma abordagem não operatória for esco-
ligamento é pu xado na profund idade da cratera para restaurar a
lhida, ela deve incluir um programa agressivo de reabilitação e aconse-
tensão no ligamento avulsionado. VEJA A TÉCNICA 45-16.
lhamento sobre o nível de atividade. O uso de uma órtese funcional de
joelho é controverso e não mostrou reduzir a incidência de nova lesão
significativamente se um paciente retorna aos esportes de alto nível.
As técnicas para reforço de um reparo primário utilizam os anterior da tíbia, os relatórios residuais de literatura relatam frouxi-
mesmos tecidos e abordagens que aquelas para reconstrução com a dão anterior objetiva residual em 50% a 90% dos pacientes, mas a
exceção de que o tecido para o reforço é passado através da cáps ula instabilidade subj etiva ou funcional é rara.
posterior na parte superior da incisura intercondilar e sobre o côndilo
femoral lateral. Essa orientação over-the-top preserva a inserção femoral
do ligamento cruzado anterior, e o tecido é fixado ao aspecto lateral REPARO DAS AVULSÕES ÓSSEAS DO
do fêmur distal com grampos ou um parafuso e arruela cravada do LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR DA
tecido mole. O túnel tibial deve ser colocado na borda anteromedial TÍBIA
do footprint tibial do ligamento cruzado anterior para minimizar a
lesão da inserção tibial. Há mais detalhes disponíveis nas técnicas para TÉCNICA
reconstrução intra-articular do ligamento cruzado anterior.
Toda a discussão precedente abordou o reparo primário de • Se o ligamento cruza do anterior ti ver sido avu lsionado
uma lesão na substância do ligamento cruzado anterior. O reparo com um fragmento ósseo da sua inserção tibial , faça uma
agudo é apropriado quando uma avulsão óssea ocorre com o liga- incisão anteromedial, limpe a cratera na tíbia de coágu los
mento cruzado anterior inserido. O fragmento ósseo avulsionado e debris e redu za o fragm ento.
muitas vezes pode ser recolocado e fixado com suturas ou passado •O método de f ixação do fragmento depende do seu
através de orifícios de perfuração transósseos ou parafusos coloca- tamanho; ocasiona lmente, um parafuso pode ser uti lizado,
dos no leito através do frag mento. Uma comparação clínica entre mas, na ma ioria das vezes, o fra gmento é muito pequeno;
fixação com parafuso e sutura das fraturas por avulsão tibial do nesses casos, suturas não absorvíveis são melhores.
ligamento cruzado anterior não observou diferenças significativas •Para isso, coloque um a sutura do tipo Bunnell na base do
nos escores de Lysholm ou retorno às atividades prévias à lesão; li gamento cruzado, passe as duas extremidades através
alguns pacientes em ambos os grupos tiveram frouxidão residual ou de orifícios perfurados no fragmento inserido, se ele for
contraturas em flexão. As avulsões do ligamento cruzado anterior grande o suficiente, e coloque as suturas ao lado .
geralmente ocorrem a partir da inserção tibial. Raramente uma lesão • Envolva uma seg unda sutura sobre o fragmento ósseo
da sua origem femoral avulsiona um fragmento de osso. Steadman através da base do li gamento cruzado anterior e passe-o
relatou alta frequência de avulsões da inserção femo ral do ligamento através dos orifícios no fragmento com a sutura de
cruzado anterior em esquiadores com lesões de baixa velocidade. Ele Bunnell prévia. As duas suturas são necessárias para que
defendeu o reparo do ligamento para o leito femoral renovado e não apenas o ligamento seja rein serido sob tensão, mas
relatou sucesso precoce. Os resu ltados a longo prazo deste procedi- a segunda sutura também puxe o fragme nto ósseo fir-
mento não estão disponíveis, e não temos experiência com esta memente no local (Fig . 45-102). )
técnica. Com o reparo das avulsões ósseas do ligamento cruzado
WJH• PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

•Começa ndo na superfície anteromedial da tíbia aproxi-


)
madamente 4 cm abaixo da margem da articula ção,
perfure dois orifícios paralelos obliquamente e superior-
mente para emergir na base da cratera perto da eminên-
cia intercondilar.
•Com passadores de sutura, puxe as suturas colocadas ante-
riormente através de orifícios e amarre-as sobre o osso
anteriormente, certificando-se de que o fragmento na base
do ligamento cruzado foi anatomicamente reduzido e que
a tensão no ligamento cruzado foi restaurada.
•Se os detritos e os coágu los de sa ngue forem deixados
dentro do leito da cratera antes da redução, o ligamento
cruzado reparado f icará frouxo e a ten são normal não
será recuperada .
•Observe em que grau de flexão do joelho o fragm ento é
mais bem reduzido e coloque uma órtese de movimento
controlado nessa posição.
T
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 3 sema nas, flexão
de O a 90 graus é permitida na órtese e exercícios isomé-
tricos do quadríceps e isq uiotibiais são ini ciados. As
muletas são descontinu adas em 6 semanas, e movimen-
tos total ativo e passivo devem ser obtidos por 8 semanas.
Os exercícios de resistência progressiva são continuados O[§ii@mI!!) Rede de pontos se lecionados no fêmur lateral,
durante pelo menos 3 meses. tíbia lateral e fíbula proximal. F, Fêmur; T, tíbia. F-5, Origem do
ligamento colateral lateral no epicôndilo lateral; T-10, inserção
do ligamento colateral lateral; T-3, tubérculo de Gerd y (ligeira-
mente mais proximal que em espécie); T-7, aspecto superior
• RECONSTRUÇÃO PARA INSUFICIÊNCIA DO
lateral da tuberosidade da tíbia; T-1, proxi mal à linha de articu-
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR lação; T-7, mais perto da linha de articula ção.
Como a evidência demonstrou que o reparo primário das lesões da
substância do ligamento cruzado anterior rotineiramente falhou, o inte-
resse se virou para a reconstrução do ligam ento. Experiências prévias Atualmente, os procedimentos extra-aiticulares são utilizados prin-
com procedimentos de reconstrução intra-articular foram desencoraja- cipal.mente em conjunto com uma reconstrução intra-articular quai1do
das por causa da frequente rigidez pós-operatória e persistente frouxi- ocorre instabilidade anterior grave devido à lesão ou alongainento tardio
dão. Procedimentos extra-articulares foram desenvolvidos para evitar das estruturas estabilizadoras capsulares secw1dárias na face lateral do
esses problemas. Tais procedimentos geralmente criam uma banda de joelho. Para a maioria dos graus de instabilidade anterolateral, preferin1os
retenção na face lateral do joelho, estendendo-se do epicôndilo femoral uma substituição intra-articulai· do ligamento cruzado anterior e não
lateral para o tubérculo de Gerdy em uma linha paralela com o liga- tentainos corrigir a frouxidão de estabilização secundária.
mento cruzado anterior. Eles evitam o problema de uma falta de forne- As técnicas extra-articulares descritas são aquelas de M acintosh ,
cimento de sangue para reconstruções intra-articulares. A maioria dos Losee e Andrews (tenodese e plastia do bíceps da bai1da iliotibial).
procedimentos extra-articulares laterais utilizam a banda ou o trato
iliotibial conectando o epicôndilo femoral lateral ao tubérculo de Gerdy.
Krackow e Brooks, em um estudo cinemático para determinar os PROCEDIMENTOS EXTRA-
pontos de inserção ideais para reconstruções extra-articulares laterais ARTICULARES (TENODESE DA BANDA
para instabilidade rotatória anterolateral, observaram que as mell1ores ILIOTIBIAL)
inserções estavam no tubérculo de Gerdy ou à sua frente no aspecto
anterolateral da tíbia e proximal à origem do ligamento colateral lateral TÉCNICA
no fêmur (Fig. 45-103). A tensão exercida sobre as reconstruções
dependia primariamente das alterações n o ponto de fixação femoral e (MACINTOSH)
muito menos nas alterações no ponto de fixação tibial. Dessa forma,
independentem ente de qual procedimento extra-articular escolhido, a • Rea lize a reconstrução latera l como anteriormente des-
transferência deve ser fixada alta sobre o fêmur, proximal à inserção do crito para estrutura s capsu lares latera l e posterolateral
ligamento colateral lateral. (Técnica 45-9).
Esses procedimentos pod em diminuir a subluxação rotatória •Faça a dissecção de um a faixa de banda ili otibi al de 1,5
anterolateral em virtude do se u posicionamento lateral, mas eles cm de largura a parti r da sua porção média, começa ndo
não recriam a anatomia n ormal ou a função do ligam ento cru zado aproximadamente 16 cm da sua inserção dista l e vire-a
anterior. Quando utiliza das sozinhas , as técn icas extra-articulares para ba ixo para sua inserção no tubérculo de Gerdy.
foram associadas a altas taxas de falha. O procedimento de Ellison •Passe essa faixa da band a iliotibial para o canto postero-
relatou res ultado insatisfatório em 16 (76%) de 21 pacientes, e o latera l do joelho através de um túnel profundo ao li ga-
procedimento de Macintosh revelou res ultado insatisfatór io em 13 mento colatera l lateral (Fig. 45-104)
(48%) d e 27 pacientes.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flm
•Na inserção dista l do septo interm uscu la r lateral no epi- •Envolva-o de volta pa ra refazer o seu cu rso profunda-
côndilo femora l lateral, utilize uma pinça curva para criar mente ao ligamento colateral latera l e prenda-o perto da
um hiato de tamanho suficiente para receber a fai xa de sua inserção no tubércu lo de Gerdy.
banda iliotibial. •Puxe-o antes de prendê-lo com um grampo ou suturas,
enquanto o joelho é flexionado a 90 graus e a tíbia é
rodada externamente.
• Suture o defeito na banda il iotibial com múltiplas suturas
separadas e feche o intervalo entre a parte posterior da
banda iliotibial e o bíceps femoral de maneira semelhante.

PROCEDIMENTOS
1(
Septo
EXTRA-ARTICULARES
(TENODESE DA BANDA ILIOTIBIAL)
intermuscular
lateral TÉCNICA
(MACINTOSH, MODIFICADO POR LOSEE)

Losee modificou a técn ica da banda iliotibial de Macintosh


da segu inte maneira:
•Após a reconstrução da cápsu la posterior, canto postero-
latera l e área capsu lar mediolateral, como descrito na
seção sob re reconstrução do compa rtim ento posterolate-
ral , modele uma fa ixa da banda iliotibial de 18 cm de
comprimento e 1,5 cm de largura, começando perto da
porção média e deixando-a inserida dista lmente ao tubér-
H!§i@.imll!D Técnica de Macintosh de recon stru ção latera l culo de Gerdy (Fi g. 45-1 05 A) . )
com fai xa da banda iliotibiaL VEJA A TÉCNICA 45-1 7.

B e
H@i!ifJBm Modificação de Losee da técni ca de Macintosh para reconstrução lateral com banda iliot ib iaL A, Fai xa da fáscia
(18 cm de comprimento x 1,5 cm de largura) do trato iliotibia l inserido ao tubércu lo de Gerdy. B, Imbricação através da cabe ça lateral
do gastrocnêmio mais o canto posterolateral. C, Redirecionamento da fa ixa de f ásc ia profundamente ao ligamento colateral latera l,
com reinserção ao tubérculo de Gerdy. VEJA A TÉCNICA 45-18.
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• Faça um túnel ósseo superficia l começando no aspecto


) PROCEDIMENTOS EXTRA-
anterolateral do côndi lo femoral, passando profundo
à inserção femoral do ligamento colateral latera l e ARTICULARES (TENODESE DA BANDA
tendão poplíteo, e surgindo posterolateralmente onde ILIOTIBIAL)
a parte superior da cápsu la posterior, a cabeça lateral
do múscu lo gastrocnêm io e a banda iliotib ial se inserem TÉCNICA
na reg ião epicond ilar femora l.
•Passe a faixa da banda iliotibia l através desse túnel (ANDREWS)
ósseo de anterior a posterior e puxe-a com o joelho
flexionado a 90 graus e a tíbia em rotação externa. •Posicione o paciente anestesiado em decúbito dorsal na
• Em segu ida, passe a faixa através da inserção femora l mesa de operação com a extremidade afetada preparada
do septo intermuscu lar latera l e a cabeça latera l do pa ra possibil itar o movimento livre do quadril e joelho.
múscu lo gastrocnêmio e incorpore-a através da porção •Rea lize os exames artroscópico e do li gamento comp letos
ma is lateral do comp lexo arqueado no canto postero- pa ra obter um diagnóstico preciso da instabi li dade e
lateral reconstruído do joelho (Fi g. 45-105 B). quaisquer lesões do men isco.
•Novamente puxe inferiormente e anteriormente . Isso •Com um torn iquete pneumático garantindo um campo
tensiona ainda mais as estruturas capsulares posteriores sem sangue, real ize qualquer reparo med ial necessário ou
e o comp lexo li gamentar arqueado. reconstruções pa ra outras instab il idades, junto com a
•Passe a faixa da banda iliotibial anteriormente através reconstrução late ral. Repare as lesões do men isco, se
de um túnel de partes moles profundo ao li gamento possível; caso contrário, faça uma meniscectomia parcial,
colateral lateral, dista l ao nível da superfície articular, artroscop icamente, quando viável.
e volte à área do tubérculo de Gerdy e prenda-a ao •Com o pé do paciente em repouso na mesa de operação e
osso com suturas ou um grampo, enquanto o joelho o joelho flexionado aproximadamente em 90 graus, faça uma
é flex ionado a 90 graus e a tíbia é maximamente incisão inicial anterolateral em formato de taco de hóquei de
rodada externamente (Fig. 45- 105 C) Além de for- 1O cm, expondo a banda iliotibial e o trato iliotibial.
necer uma rédea rotatória anterior e interna, essa •Divida longitudinalmente o t rato iliotibia l separando as
faixa iliotibial deve fornecer reforço para a cápsu la fibras com uma incisão de 1O cm, colocada 3 a 4 cm
anterolatera l, a cápsula posterolateral, e o complexo anterior à sua ma rgem posterior.
arqueado. •Afaste a borda anterior do trato e o vasto lateral da face
• Feche o defeito na banda iliotib ial com mú lt iplas suturas latera l do fêmur dista l.
separadas. •Com um elevador periostea l, eleve o tecido adiposo e
• Em segu ida, tracione a parte posterior do bíceps femoral periósteo e exponha a linha áspera e a inserção distal do
e suture-o para a borda posterior da banda il iotibial septo intermuscular lateral.
de maneira semelhante. •Util ize um osteótomo para "descamar" o córtex femo ral
lateral nessa área para estimula r uma resposta de cicatri-
zação proliferativa do osso para o t rato ili otib ial.
•Mantenha o trato iliotibial contra o fêmur dista l através
de sutu ras passadas através do trato e através de dois
orifícios paralelos no fêmur distal e amarradas umas às
Temos utilizado essa técnica combinada com uma reconstru- outras no lado medial do fêmur, aba ixo do vasto med ial,
ção intra-articular do ligamento cruzado anterior para instabilidade como descrito posteriormente. Ao f ixa r o t rato ao fêm ur
rotatória anterolateral grave, especialmente se alguma frouxidão em dista l, um ligamento é criado que se aproxima da f unção
varo também estiver presente. Utilizada sozinha, ela efetivamente biomecân ica do ligamento cruzado anterior, estendendo-
reduziu o fenômeno de pivot shift; contudo, na avaliação crítica de se do fêmur dista l ao tubércu lo de Gerdy e evitando a
um seguimento superior a 2 anos, ela não evitou a translação ante- subluxação anterolatera l do platô latera l da tíb ia no
roposterior da tíbia sobre o fêmur. cônd ilo femora l lateral (Fig. 45-1 06).
• Na face latera l do fêmur na linha áspera, se lecione do is
Andrews relatou sucesso com uma técnica de "minirrecons- pontos que correspondem de perto às duas principais
trução" para tratar a insuficiência do cruzado anterior principal- inserções femora is intra-a rticu lares do li gamento cruzado
mente do tipo rotatório anterolateral por um procedimento de anterior.
tenodese da banda iliotibial. Por ser um procedimento extra-articu- • Perfure o primeiro orifíc io em ou ligeiramente dista l à
lar, o fornecimento de sangue e o potencial de cicatrização são bons, inserção do septo intermuscu lar latera l na lin ha áspera
com a resistência tênsil da reconstrução alcançando um máximo no (Fi g. 45- 107 A). Imed iatamente anterior ao córtex poste-
início do período de recuperação. Ele func iona principalmente para rior, ele corresponde à inserção intra-articu lar do fe ixe
estabilizar o compartimento lateral contra a translação anterior e anteromedia l do ligamento cruzado anterior.
excessiva rotação interna da tíbia sobre o fêmur vistos na instabili- •Perfure o segundo orifício pa ralelo ao primeiro e 0,5 a 1
dade rotatória anterolateral. As duas bandas da tenodese criadas pela cm dista l e anterior a ele, correspondente à inserção
técnica são mais ou menos paralelas com o curso do ligamento femoral do feixe posterolatera l do ligamento.
cruzado anterior, e por serem firmemente inseridas no tubérculo de •Com o pé em rotação externa, loca lize um ponto na
Gerdy e no epicôndilo femoral lateral, elas podem substituir algumas borda posterior do trato iliotibia l que vai se alin har com
das funções do ligamento cruzado anterior perdido e das estruturas o orifício posterior sobre o fêmur quando o trato é puxado
capsulares laterais deficientes.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOE LHO GEDlll
contra o fêmur. Nesse ponto, separe o trato iliotibial em dois frouxo. Por outro lado, se o trato iliotibial não puder ser
feixes com suturas de Bunnell de nº 5; o feixe anterior será puxado contra o fêmur latera l ou se o arco de movimento
tensionado em flexão e o feixe posterior será tensionado em for excessivamente limitado, o reparo está muito apertado.
extensão, criando um reparo isométrico (Fig. 45-107 B e C). •Ajuste a tensão e a faixa de movimento, reposicionando as
Comece a sutura criando o menor feixe proximalmente e suturas de fixação ou os orifícios no fêmur. Corri gir a tensão
interno ao trato iliotibial, correndo distalmente 4 a 5 cm. é fundamental para o sucesso do procedimento, o qual é
Comece o feixe superior ou anterior aproximadamente 1 cm determinado por uma reconstrução isométrica e arco de
anterior e 0,5 cm distal ao menor feixe. Esses feixes estão movimento completo. Realize o jerk test, Lachman, e testes
separados em aproximadamente 0, 5 cm. de gaveta anterior nesse momento; os resultados de todos
• Passe as duas suturas de Bunnell através dos dois orifícios devem ser negativos. Como ele é um reparo estático sem
perfu rados, de lateral para o lado med ial do fêmur, e teste apoio dinâmico da musculatura, a reconstrução não vai
a estabilidade e o arco de movimento. t essencia l manter aumentar em força após a cirurgia. Certifique-se, portanto,
constante tensão para evitar a subluxação anterolateral da de que o joelho está absolutamente estável no final do
tíbia. Se a subluxação tibial for possível, o reparo está muito procedimento, sem frouxidão em flexão ou extensão.
•Com estabil idade alcançada, amarre as suturas juntas
mediaimente sobre o tubércu lo adutor e, novamente,
teste a estabi lidade.
•Antes de a ferida ser fechada, solte o torniquete e
obtenha a hemostasia.
•Após colocar um dreno de sucção intra-articularmente e
um segundo tubo subcutaneamente na ferida lateral,
feche as incisões.
•Coloque o joelho em um t ubo gessado bem acolchoado
em 30 a 40 graus de flexão para instabi li dade rotatória
anterolateral pura e em 60 graus de flexão para instabi-
lidade combinada anteromed ial e rotatória anterolatera l.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Cinco dias após a cirur-


gia, a ferida é inspecionada, e o gesso é trocado. O gesso
é removido em 6 semanas. Preferimos não imobilizar rigi-
damente o joelho em flexão por várias semanas por causa
da deterioração das superfícies da carti lagem articular
associadas à ausência de movimento, especialmente na
articu lação patelofemoral. Se a extensão além de 30 graus
for prejudicia l para a reconstrução na fase inicial, preferi-
mos utilizar uma órtese de movimento controlado travada
em 30 graus de extensão, mas possibi litando a flexão.

Anexo de dois f eixes à área femoral condil ar


lateral através dos o rifícios de perfura ção transósseos para o lado 1 RE CONSTRUÇÃO INTRA-ARTICULAR
medi al do fê mur. (Redesenhada da ilustração original por Beverly Os avanços feitos em artroscopia levaram ao desenvolvimento de
Kessler; courtesy of LTI Medica and The Upjohn Company, copyright técnicas artroscópicas para reconstrução do ligamento cruzado
1981, Learning Technology.) VEJA A TÉCNICA 45-19. anterior. Simultaneamente, a nossa maior compreensão das questões

O@ii;Mmr!i> A, Do is po ntos no cõ ndil o


fe moral lateral co rrespo ndentes às maiores
inserções intra-articula res f emorais do liga-
mento cru zad o anterior. B, Banda posterior
ten sa em ext ensão. C, Banda anterior t ensa em
B e fle xão. VEJA A TÉCNICA 45-19.
lllJE) PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

técnicas da seleção, posicionamento, tensão e fixação do enxerto, do tendão patelar com tendão isquiotibial, identificaram nove estudos
assim como da reabilitação pós-operatória, levo u à melhora dram á- que atenderam aos seus critérios. Leve aumento da frouxidão nos
ti ca dos resultados em comparação com as reconstruções intra-ar- testes com artrômetro foi relatado no grupo isquiotibial em três dos
ticul ares anteriores. Esses mesmos princípios podem ser aplicados sete estudos, a dor ao ajoelhar foi maior para o grupo do tendão
para reconstrução intra-articular aberta do ligamento cruzado ante- patelar em todos os quatro es tudos em que foi avaliado, e apenas um
rior através de artrotomias pequenas, que preservam a inserção do dos nove estudos mostrou o aumento da dor anterior no joelho no
músculo vas to medial oblíquo na patela, ou através do defeito do grupo do tendão patelar. A frequência de cirurgia ad icional pareceu
tend ão patelar quando o terço central é utilizado como uma fonte estar re lacionada com o método de fixação e não com o tipo de
de enxerto. As técnicas artroscópicas apresentam pequenas vanta- enxe rto. Ne nhum estudo relatou diferença significativa na fa lha
gens comparadas co m a miniartrotomia, principalmente resolução do enxe rto entre autoenxertos do tendão patelar e dos tendões
m ais rápida da dor pós-operatória. Com ambas as técnicas, preferi- isqui otibiais; taxas de falha do enxe rto para as populações combina-
mos adiar a reconstrução até o paciente ter se recuperado da lesão das dos nove es tudos foram de 3, 1% para os enxertos do tendão
ini cial ou (re)lesão. A resolução da infl amação em torno do joelho patelar e 4,1 % para enxertos isqui otibiais. Diferenças objetivas (arco
e o retorno do movimento completo reduzem a incidência de rigidez de movimento, força isocinética, testes de artrômetro) não foram
pós-operatória do joelho. detectadas entre grupos na maiori a dos estudos, sugerindo que sua
Seleção do Enxerto. Uma vez tom ada a decisão de reconstruir o sensibilidade em detectar resultados clínicos pode ser limitada.
ligamento cru zado anterior, o cirurgião deve selecionar um enxerto. A seleção de ambos os enxertos resulta em alguma morbidade
O autoenxerto é utilizado m ais comumente, mas os aloenxertos e residual para o paciente. Utilizando avaliação ultrassonográfica e
sintéticos também estão disponíve is e são discutidos adiante neste power Doppler, Jarvela et ai. estud aram as alterações morfológicas
capítulo. Os autoenxertos têm as vantagens de baixo risco de reação no tendão patelar de 31 pacientes 10 anos após a retirada de se u
inflamatór ia adversa e virtualmente nenhum risco de transmissão terço ce ntral e fechamento do defeito. Eles observaram calcificação
de do ença. Como um enxerto biológico, um autoenxerto sofre intratendinosa em nove pacientes, lesões hipo ecoicas em 20 pacien-
revascularização e recolageni zação, mas, inicialmente, uma perda da tes, um a lesão hiperecoica em um paciente, e alterações peritendi-
fo rça do enxe rto de 50% ocorre após a implan tação. Portanto, é nosas em um paciente. Apenas três dos 31 pacientes não tiveram
desejável começar com um enxerto mais fo rte que o tecido a se r alterações no tendão patelar. Na maioria dos pacientes, o tendão
substituído. Virtualmente, todas as estruturas do joelho foram utili- patelar era sig nificativamente mais espesso que o tendão contrala-
zadas como substitutas. As escolhas atuais mais co muns do enxerto teral. A retirada de enxerto dos tendões isquiotibiais levantou preo-
são enxe rto de osso-tendão patelar- osso e o enxerto do tendão cupações com relação à potencial fraqu eza da fl exão do joelho.
isquiotibial quádruplo. O enxerto osso-tendão patelar-osso geral- A maioria dos estudos não relatou diferença significativa no torque
mente mede de 8 a 11 mm de largura tirado do terço central do dos músculos isquiotibiais entre a extremidade operada e a extremi-
tendão patelar, com seus plugues ósseos adjacentes da pateta e tíbia. dade de controle 2 anos após a cirurgia, possivelmente por causa da
As características atrativas desse enxe rto incluem sua alta carga de rege neração desses tendões, como mostrado em estudos em RM por
tensão fin al (aproxim adamente 2.300 N), sua rigidez (aproximada- Rispoli et ai. No entanto, Tashiro et ai. relataram fraque za significa-
men te 620 N/mm) e a possibilidade de fixação rígida com suas tiva da força muscular isquiotibial com ambas as medidas isoci né-
extremidades ósseas anexadas. O uso de enxerto de tendões isquio- tica e isométrica quando o joelho dos indivíduos estava na posição
tibiais aumentou em anos rece ntes por causa da sua morbidade do de fl exão de 70 graus ou mais.
sítio doador relativamente baixa. Colocação do Enxerto. A próxima decisão importante é o posicio-
O uso de um único feixe do tend ão semitendinoso ou grácil é namento do enxerto. Extensa pesquisa tem sido dedicada à identi-
inadequad o porque o tendão semitendinoso tem apenas 75% e o fica ção da posição ideal para colocação do enxerto para reproduzir
tend ão grácil apenas 49% da força do ligamento cruzado anterior. a anatomia e a função de um ligamento cruzado anterior intacto.
Agora, os cirurgiões estão utili za ndo um enxerto do tendão semi- Numerosos autores mostraram que embora ambos os locais da
tendinoso triplo ou quádruplo ou um enxerto do tendão grácil - inserção tibial e femor al sejam importantes, erros no sítio femoral
semitendinoso quád ruplo com ambas as extremidades dobradas no são mais críticos por causa da proximidade ao centro do eixo de
meio e combinadas. Este último enxerto tem uma carga final de movimento do joelho. Um túnel femora l que estiver muito anterior
tensão tão alta como 4.1 08 N . Este enxe rto quád ruplo tamb ém vai resultar em alongamento da distância intra-articular entre túneis
fo rn ece um enxer to de subsituição de múltiplos feixes, que pode com flexão do joelho. As implicações práticas dess a localização ante-
aproxi mar melhor a função das duas bandas do ligamento cruzado rior são "captura" do joelho e perda de fl exão ou alongamento e,
anterior. As desvantagens desse enxerto de tecido mole incluem a tal vez, fa lha clínica do enxe rto conform e a flexão for alcançada.
preocupação sobre a cicatri zação do tendão dentro dos tún eis ósseos O posicionamento posterior do túnel femoral ou colocação do
e a fa lta de fixação óssea rígid a. enxerto sobre o topo do côndilo femora l lateral produz um enxerto
O enxe rto do tendão do quadríceps também atrai u o interesse tenso na extensão, mas qu e se afrouxa com a flexão. Essa localização
recentemente. Ele pode ser retirado com um a porção de osso patelar produz um resultado acei tável, um a vez que a instabilidade de uma
ou inteiramente como um enxerto de tecido mole. Os estudos bio- deficiência do ligamento cruzado anterior ocorre perto da extensão
mecânicos mostraram que a carga fin al de tensão deste enxerto é tão terminal. O exame clínico produz um resultado do teste de Lachman
elevada quanto 2.352 N. Esse enxe rto tornou-se um enxerto de nega tivo e 1+ gaveta posterior. Se essa localização for escolhida, o
substituição alternativo, especialmente para cirurgias de revisão do cirurgião deve fixar o enxerto com o joelho em extensão, pois fixar
ligamento cruzado anterior e para joelhos com lesões em múltiplos o enxer to locali zado posteriormente com o joelho em flexão pode
ligamentos. resu ltar em perda de extensão. Se uma posição over-the-top for
A maioria dos pesquisadores relatou resultados comparáveis escolhida, a rota pode ser apro fundade co m sulcos para se aproxi-
com o uso de enxerto de osso- tendão patelar-osso ou um enxerto m ar da posição femoral "isométrica''. A localização preferida tem
quádruplo de isquiotibiais. Spindler et ai., em uma revisão sistemática sido a posição isométrica do enxerto que limita as alterações no
de estudos randomi zados e controlados co mparando autoenxertos comprimento e tensão do enxerto durante a flexão e a extensão do
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO

lij!ijil;fumm!) A, Gu ia de perfuração da tíbia para o ligamento cruzado anterior com referência no ligamento cruzado posterior. B,
Gu ia femoral do ligamento cruzado anterior.

joelho, qu e possivelmente podem levar ao alongamento ou fa lha do Várias fe rramentas fora m desenvolvidas para ajudar o cirur-
enxerto. Agora, no entanto, o conceito de isometri a é considerado gião com o posicionamento dos túneis (Fig. 45- 108). Estas incluem
uma simplificação, pois os es tudos de ciência básica mostraram que dispositivos em que o principal ponto de referência é a posição
o ligamento cruzado anterior geralmente não é isométrico. Os fe ixes over-the-top, o teto da incisura intercondilar, ou a superfície anteri or
de fibra do ligamento cru zado anterior estão sob estresse vari ável do ligamento cru zado posteri or. Isômetros também foram propostos
du rante o movimento do joelho. A band a anteromedial sofre maior como um meio de confi rm ar a localização adequada dos túneis.
tensão duran te a flexão, e a banda posterolateral sofre maior estresse Embora úteis em locali za r as áreas anatômicas para inserção, os
durante a extensão. Tecnologia robótica tem sido utilizada para isôrnetros não provaram ser úteis para previsão rigorosa das relações
estudar as forças in situ no ligamento cruzado anterior em resposta entre a tensão e o comprimento do enxerto. As técnicas iniciais
a uma carga anterior na tíbia. A banda posterolateral mostra ten - muitas vezes incluí ram o alargamento do intercôndilo, incis uroplas-
dência similar ao ligamento cruzado an te ri or intacto, em que a força tia ou notchplastia para evitar o im pacto, que é mais provável com
in situ na banda anteromedial perm anece relativamente inalterada posicionamento anterio r do enxerto. A localização posterior na tíbia
em toda a faixa de movimento do joelho. requer uma mínima incisuroplastia, se houver necessidade, a menos
Após mais de 25 an os de experi ência com reconstru ção do que a defi ciência do ligamento cruzado anteri or seja crôni ca e o
liga mento cruzado anterior, a co ntrovérsia perman ece so bre a intercôndi lo se torne es tenótico com osteófit os. Às vezes, o cirurgião
localização dos sítios de in serção do enxe rto no fê mur e n a tíbia. encontra um intercô ndi lo estreito, que tem demonstrado contribuir
Alguns ci rurgiões defend eram a colocação do tún el da tíbi a em com a lesão do ligamento cru zado anterio r, e a incisuroplastia pro-
um local mais anatômico no cent ro do local de inserção da tíbia tegerá o enxerto. Em casos de rot ina, preferimos uma incisuroplastia
aceitando o fato de qu e ele não é isom étrico. Atualmente, a limitada que melhora a visualização no aspecto posterior do inter-
maioria dos ci rurgiões defe nd e a colocação do enxer to na po rção côndilo e ajuda no posicionam ento adequado do túnel fe moral. O
posterior da inserção tibial do liga mento cru zado anteri or perto aspecto anterior do intercôndilo é aprofundado em 2 a 3 mm,
da posição da band a posterolateral para melhor repro du ção da dependendo do tamanho do enxerto. A incisuroplastia é afu nilada
fu nção do ligamento cruzado an teri or intac to. Essa localização pos teriormente de modo que nenhum osso seja removido no local
também diminui o impac to do enxe rto co ntra o teto da in cisura de inserção fe moral. Uma crista óssea ("crista do residente") anterior
intercondilar com a extensão do joelho que pode ocorrer com a à inserção fe moral do ligamento cruzado anterior deve ser remo-
colocação mais anterior. vida, se presente, porqu e prejudica a identificação adequada do local
w;11i1 PARTE x111 MEDICINA ESPORTIVA

d e inserção femoral e também dificulta a colocação adequada dos por Bedi et ai. , a reco nst ru ção d e d upla banda fo i significativamente
guias over-the-top utilizados para perfurar o túnel femoral. Uma melhor em limitar a trans lação anterior do compartimento lateral
incisuroplastia excessiva pode mover o local de inserção femoral, durante uma manobra de pivot shift. Os autores sugeriram que a
criando uma cinemática anormal do joelho. Os resu ltados a longo técnica de dupla banda pode ser mais eficaz em restaurar a cinemá-
prazo de incisuroplastia permanecem desconhecidos. tica do joelho em joelhos de maior risco com lesões associadas do
Enquanto a pesquisa passada se concentrou na lo cali zação menisco ou pivot shift pré-operatório sig nificativo. Os testes biome-
anteropo ster io r d o tún el femora l n o intercôndilo, os estudo s mais câni cos demonstraram m elh or capacidade para restaurar a função
rece ntes investigaram a posição apro priad a do túne l ao longo da do ligamento cruzado an terior com reconstrução com dois túneis
parede latera l do côndilo femora l late ral. Essa localização fre- do fêmur, mas melhora n os resultados clínicos ainda não relatadas.
quentemente foi referida em termos de relógio. Uma posição de Uma comparação clínica de técnicas de uma banda e d upl a banda
túnel vertica l no alto do intercônd il o perto da posição 12 horas relatou maiores escores subj etivos e resultados significativamente
mostrou fornecer estabilidad e no plano anterop os ter io r, mas não m el hores dos testes m an ua is d e estabilidade d a articulação naqueles
resta ura a es tab il ida d e n a direção rotacional. Com essa posição com reconstruções de dupla banda. Deve-se ter cuidado antes de
do túnel , o resu ltado do teste de Lac hman é normal, mas o resu l- aderir a uma técn ica de dois túneis, porque a complexidade adicio-
tado do teste d e pivot shift é positivo. Consequentemen te, os nal pode eliminar as vantagens teóricas. Além disso, a presença de
cirurg iões estão começando a co locar o túnel femora l inferior- dois túneis do fêmur pode significat ivame nte complicar o procedi-
mente na parede lateral na posição de 1O o u 2 horas, o u até mento de revisão.
mesmo mais baixa, que reproduze mais precisamente o sítio de Tensão do Enxerto. A aplicação de te nsão no enxerto no
inse rç ão femoral do ligamento cr u zado anterior e fornece estabi- momento da fixação ini cial pode sign ificativa mente a lterar a
lidade rotacional. O uso dos sistemas de gui a fe moral transtibiais cinemática d a artic ulação e forças in situ no en xerto durante o
tende a colocar o túnel femoral em urna posição mais vertical. movim ento do joelh o. Teoricame nte, a tensão desejada n o
Com esforço, o cirurgião pode conseguir ap roxim ar o fio-guia enxer to deve ser sufi ciente para elimina r a instabil idade (teste de
para a posição d e 10 ou 2 horas. Dois estudo s com cadáve r apon- Lachman). Muita ten são pode "travar" a ar ticula ção, res ul tando
ta ram as limitações da técnica transtibial. Strauss et ai. encon tra- em dificuldade em recuperar o movim ento, o u pode levar à dege-
ram que as restrições impostas por um a técnica de perfuração neração art icul a r por alterar a cinemática da articulação. A tensão
acoplada resultou em túneis não anatômicos do fêm ur que eram no enxerto necessária para resta u rar a es tabi lid ade fo i demons-
sup eriores e posteriores à inserção femoral original, e Heming et trada se nd o específica para cada tecido e depende do compri-
a i. relataram que se os tún eis precisam ser centrali zados no lo cal mento e rigidez do enxer to; m enor ten são é necessári a para um
d e inserção do li game nto cru zado ante rior, um túnel tibial c urto enxer to de osso-tendão patelar-osso do que para um se mite ndi-
é necessário, o que pode comprometer a fixação e a incorporação noso, porque a porção do tendão do primeiro é mais curta e mais
do enxerto ou resultar em um mismatch en tre o comprim ento do rígida. Os resultados da ap li cação de tensão n o e nxerto também
tú nel/com primento do enxerto. O utro s estudos po r Piasecki et dependem d a posição do joelh o q uand o a tensão é apli ca d a,
ai. e Rue et a i. , no en tanto, sugeriram que os tún eis do fêmur e assi m como a direção da tensão. A força no en xerto pode dimi-
da tíbia podem se r posicionados de forma altam ente anatômica nuir em 30% após a fi xação do enxerto, a menos qu e o e nxerto
com a técnica transtibial, m as isso requer o posicionamento meti- tenha sido cicl icamente pré-tensionado. Nic ho las et ai. estud aram
culoso d o túnel da tíbia com pouca margem para erro e algum 49 pacientes que tiveram reconstrução do liga mento cruzado ante-
grau de mismatch entre o comprimento do túnel/comprimento rior com enxertos de osso-tendão patelar-osso e foram randomi-
do enxerto. zados em grupos d e alta tensão (90 N) ou ba ixa tensão (45 N) na
Alternativamente, o guia femoral pod e ser posicionado através fixação inicial. Em um a m éd ia de 20 m eses após a ciru rg ia, o
de um portal m ed ial baixo envolvend o o tendão patelar para alcan- de sloca m ento an teri o r da tíbia fo i significa ti vamente maior no s
çar um ponto inferior na parede latera l do côndilo femoral. Quando pacientes no grupo de baixa tensão pela medida com a rtrômetro
é utilizada a técnica de duas incisões, o guia femora l não é restrito KT- 1000 e força máxima manual.
no seu posicionamento pela anatom ia nativa do joelh o ou posição A tensão inicial do enxerto permanece controversa porque as
do túnel anterior e pode ser direcionado para a posição inferior na forças in situ no ligam ento cruzado anterior durante as ativ idad es
parede latera l. d iá ri as são desconhecidas. Além disso, a importância do comporta-
Embora os resultados clínicos relatados d e reconstru ção do m ento viscoelástico dos en xertos substitutos d o ligamento cr uzado
ligamento cruzado anterior sejam muito bons (90% a 95%, bom e anterior não foi totalmente caracterizad a. Até o momento, um pro-
excelente), os estudos biomecânicos revelaram persistentes deficiên- tocolo ideal para ap licar tensão ao enxerto não foi definido, mas o
cias em nossas tentativas de replicar a função do li gamento cru zado hipertensionamento deve ser evitado.
anterior. A técn ica de banda única tradicionalmente utilizada recria Fixação do Enxerto. Nas primeiras semanas após a cirurgia, os elos
o feixe anteromed ia! e ignora o feixe posterolateral. Considerando a m ais fracos na recons trução são os loca is da fixação, não o tecido
anatomia d e duas bandas d o ligamento cruzado anteri or nativo, do enxe rto em si. A fixação dos enxertos pode ser class ificada em
alguns pesquisadores estão experimen tando uma reconstrução de métodos direto e indireto. Os dispositivos de fixação direta incluem
dois túneis do li gamento cruzado anterior. A técnica geralmente parafusos de interferência, grampos, arruelas e pinos cruzados (Fig.
envolve fazer dois túneis no fêmur com um túnel na tíbia, mas 45-109) . Os dispositivos de fixação indireta incluem fita de poliéster/
a lgun s estão também utilizando dois túneis na tíbi a. Uma compara- botão de titânio e sutura em poste. Pesquisa significativa fo i reali -
ção biomecânica das técnicas de um túnel na tíbia e dois túneis na zada para d etermin ar a ri gid ez e a carga fina l de tensão desses d is-
tíbia determin ou que a reconstrução anatômica com dois túneis positivos, que variaram de 200 a 1.600 N. Cada uma das técnicas
tib iais pode produzir melhor resultado biomecânico, especialmente tem vantage ns e armadilhas. A fixação com parafuso de interferênc ia
perto da extensão. Embora as reconstruções com dupla banda e uma é o método de fixação mais popular para enxerto de osso- tendão
banda tenham sido igualmente eficazes em controlar a translação patelar-osso. As possíveis complicações da técnica de fixação com
anterior du rante os testes de Lach man em um es tudo co m cadáver parafuso de interferência incluem (1) avanço inadvertido do enxerto
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Glllll

'--'
O!§ii;fijBII!D Fi xação com cross-pin.

O@ihf4BllD A, Posição inadequada da sutura que passa na


interface óssea do parafuso aumenta o risco de ruptura da sutura
e perd a de tensão do en xerto. B, Colocação da sutura passando
na interface oposta do parafuso ósseo diminui o risco de ruptura
da sutura .

O[êjiiiJ·!GJm Fixação apropriada do en xerto por parafuso de


interferência (esquerda) e avanço inapropriado do en xerto pelo
parafuso (direito) .

O!§l'ltijml!) Rela ção adequada entre o parafuso de interfe-


pode ocorrer, a menos qu e tensão constante seja aplicada ao plugue rência para o enxerto ósseo (esquerdo) e avanço inadeq uado do
ósseo enquanto o parafuso é inserido (Fig. 45- 110); (2) ruptura da parafuso levando à potencial lesão do tendão (direito) .
sutura do enxer to pelo parafuso pode ocorrer, a não ser que pelo
menos uma das suturas seja colocada no lado oposto do plugue
ósseo que entra em contato com as roscas do parafuso (Fig. 45- 111 );
e (3) a rosca do parafuso pode lacerar o tend ão se a ponta do para-
fuso se projetar além do fi nal do plugue ósseo (Fig. 45-11 2). O O tamanh o do parafuso de in ter ferência deve ser determinado pelo
parafuso deve estar paralelo ao lado do plugue ósseo e da parede do tamanho do plugue ósseo e do túnel. Um pequeno plugue ósseo em
tún el. Isso é assegurado pelo uso de um sistema de parafuso canul ado um grande túnel requer um parafuso de maior diâmetro do que um
sobre um fio-guia inserido ao longo do tún el sobre o qual o parafuso plugue ósseo maior. A fixação com pa rafuso de interferência em
é inserid o. Divergência do parafuso ou colocação não paralela ao osso osteopênico pode precisar ser complementada amarrando as
plugue ósseo do parafuso pode afetar significativamente a carga de suturas em torn o de um parafuso para segurança adicional. Tamb ém
ru ptu ra fin al. Em um estudo com porcos, a divergência do parafuso é possível "explodir" um tún el em osso mole (na maioria das vezes,
de mais de 15 graus redu ziu a carga fin al de tração em até 50%. a tíbia) se o túnel começar muito perto da superfície articular da
E!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

tíbia e o tamanho do parafuso for muito grande para o túnel e plugue


ósseo. Parafusos de maior diâmetro são necessários no osso metafi-
sário da tíbia.
Os parafusos bioabsorvíveis foram introduzidos como uma
alternativa aos parafusos metálicos. Com melhorias feitas nas pro-
priedades do material, assim como no design do parafuso, a força de
tração dos parafusos bioabsorvíveis é comparável à de suas contra-
partes de metal.
Os enxertos de tecidos moles podem ser fixados ao osso com
parafusos de interferência de tecido mole, parafusos e arruelas
denteadas, parafusos e placas de fixação ou grampos. Os estudos
comparando suturas, grampos, parafusos com arruelas denteadas
e placas mostraram que arruelas denteadas e placas têm o maior
poder de fixação. A passagem de sutura pesada entrelaçada através
do enxerto de tecidos moles pode ser amarrad a às pontes ósseas
ou em torno de parafusos ou grampos. O parafuso é colocado e A B
deve-se tomar cuidado para não girar a arruela sobre os tecidos
moles. O espaçamento e a localização periférica dos dentes da 0!§11;f4fllB) Técnica de Clancy modificada. A, Incisão única
arruela possibilitam microcirculação para o enxerto. Os braços do da pele. B, Incisões anteromedial e lateral. VEJA A TÉCNICA 45-20.
enxerto são suturados uns aos outros com suturas separadas não
absorvíveis.

•Exponh a a patela e o tendão patelar através do plano da


bolsa pré-patelar.
RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO •Meça a largura do tend ão patelar.
CRUZADO ANTERIOR COM • Faça duas incisões paralelas através da espessura total do
ENXERTO OSSO-TENDÃO tendão, 1O mm entre si, a partir do polo inferior da patela
para a inserção da tuberosidade da tíbia se o tendão patelar
PATELAR-OSSO
tiver pelo menos 30 mm de largura. Se o tendão patelar não
TÉCNICA for largo, utilize apenas o terço central.
•Continue as in cisões paralelas através da aponeurose,
(CLANCY, MODIFICADA) sobre a superfície anterior da patela a partir do seu polo
inferior para da inserção do tendão quadríceps, e distal -
•Um sistema comercia l de guia de perfuração com entrada mente através do periósteo sobre a tuberosidade da tíbia,
post erior (Acufex, Smith & Nephew, Memph is, TN) é uti- estendendo 2 a 3 cm inferior à inserção do tendão . As
lizado para o túnel femora l, e os plugues ósseos do incisões marcam a linha para liberar o enxerto com suas
enxerto do tend ão patelar são fi xa dos nos túneis com inserções ósseas patelar e da tuberosidade da tíbi a (Fig .
parafusos de interferência. Esta técnica pode ser utilizada 45-114 A)
com abordagens totalmente abertas ou artroscopica- •Com uma serra oscil atóri a, remova um segmento de osso
mente auxili adas. No entanto, mesmo se a técni ca cirú r- de 2 a 3 cm de comp rimento da tuberosidade da tíbia,
gica tota lmente aberta for uti lizada, é rea lizada cuidadosa serran do ao longo das in cisões no periósteo anterior-
artroscop ia diagnóstica. mente feitas, direcionando a serra de cada lado do osso
•Qualquer cond ição patológica intra-articular é corrig id a em um ângu lo de 45 graus (Fig. 45-114 B).
com condrop lastia, reparo do men isco ou meniscectomi a •Após ambos os lados do osso da tuberosida de da tíbia
parcial e os conteúdos do intercôndilo são exam inados. terem sido serra dos, libere as extremidades ósseas proxi-
• Retirada do enxerto e a reconstrução podem ser f eitas mal e distal com um osteótomo de 1 cm e, em seguida ,
através de duas incisões ou uma única incisão. A neces- sol te o enxerto (Fig . 45-115).
sidade de incisões posteromedia l ou posterolatera l (como •Agora volte-se à extremidade patelar do enxerto.
para o reparo do men isco), cicatrizes de in cisões anteri o- •Utilizando a serra osci lante ao longo das incisões paralelas
res ou preferência cirúrgica influenciam a escolha da anteri ormente feitas na aponeurose patelar anterior, faça
posição da incisão. cortes paralelos através do córtex externo da patela a partir
•A in cisão única da pele começa 8 cm su perol ateral à do polo inferior de 20 a 25 mm . A profundidade desses
patela e cursa dista lmente para atravessar a tuberosidade cortes é fundamental; cortes muito profundos colocam em
da tíbia para a tíbia anteromedia l (Fig. 45- 11 3 A) ri sco a osteotomia ou subsequente fratura da patela, e
•As duas incisões sepa radas são (1) uma incisão anterome- cortes muito superficia is podem gerar um enxerto muito
dial começando imediatamente med ial à borda supero- fino para f ixação satisfatória no túnel fem ora l.
medial da patela e para lela ao tendão patelar até 2 cm • Estenda o joelho totalmente e tenha um assistente tracio-
dista l à tuberosidade da tíbia e (2) uma incisão lateral 8 nando superiormente o enxerto liberado, pressionando distal-
a 1O cm de comprimento, começando no epicôndi lo mente o polo superior da patela para expor o polo inferior.
lateral do fêmur e estendendo-se proxima lmente sobre o • Com um osteótomo de 1 cm, libere a espessura total do
aspecto med iolatera l da banda il iotibi al (Fig. 45-113 B). córtex externo da patela de inferior a superior, determinado
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

O(ril!;@mJD A, Liberação do enxerto com


inserções ósseas da tuberosidade patelar e da
tíbia. B, Remoção do segmento da tuberosi-
B dade da tíbia. VEJA A TÉCNICA 45-20.

Patelar Tibial

A B e D

A 2-3 cm 2-3cm
B C D

liCdlJ;tJBJm A, Enxerto osso-tendão-osso livre e não vascula-


rizado; o osso patelar tem 5 mm de espessura, 10 mm de largura
e 2 a 3 cm de comprimento e é conectado ao tendão patelar de
espessura total de 10 mm, inserido ao pedaço de tuberosidade
tibial com 8 mm de espessura, 1O mm de largura e 2 a 3 cm de
comprimento. B, Suturas são colocadas através de orifícios nas
porções ósseas do enxerto. VEJA A TÉCNICA 45-20.
O@il;!JBllJ!) Enxerto liberado da tuberosidade da tíbia. VEJA
A TÉCNICA 45-20.
espessura, 1O mm de largura e 2 a 3 cm de comprimento
(Fig. 45-116 A).
•Dimensione o enxerto do osso-tendão-osso de modo que
pela profundidade dos dois cortes de serra paralelos ante- ele passe justo, mas facilmente, através de um calibrador
riormente feitos. Tome cuidado para não danificar ou enfra- cilíndrico de 1O mm.
quecer a inserção do enxerto do tendão patelar no osso no •Perfure dois orifícios através do fragmento ósseo de tendão
polo inferior da patela. patelar e dois através da tuberosidade do osso da tíbia.
•Suavize qualquer borda ou canto afiado do defeito ósseo •Coloque as suturas Tevdek ou Ethibond nº 5 através dos
na patela com um saca-bocado ou raspador para eliminar orifícios A, B, C e D (Fig. 45-116 B).
um efeito de aumento de estresse. •Coloque o enxerto de osso-tendão-osso em solução de
•Quando é concluído, o enxerto de osso-tendão-osso livre Ringer lactato com antibióticos.
e não vascularizado deve consistir em um pedaço de osso •Explore o intercôndilo; isso pode ser feito com uma
patelar de 5 mm de espessura, 1O mm de largura e 2 a técnica artroscopicamente assistida, através de uma artro-
3 cm de comprimento conectado a um tendão patelar de tomia anteromedial ou do defeito criado no tendão
1O mm de largura, com espessura total inserida em um patelar, ao retirar o enxerto de osso-tendão-osso (Fig.
pedaço de osso da tuberosidade da tíbia de 8 mm de 45-117). )
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

Hiijii;HBIJD Pequena cureta marca o local de inserção


femoral anatômico. VEJA A TÉCNICA 45-20.

H@ll;fflm:JID lncisura intercondilar pode ser explorada através posterossuperior do intercôndilo representando a posição
do defeito no tendão patelar criado ao retirar o enxerto. VEJA A de 12 horas, esse orifício deve estar na posição de 11
TÉCNICA 45-20. horas em um joelho direito (Fig. 45-119 A) e na posição
de 1 hora em um joelho esquerdo (Fig. 45-119 B).
• Agora dê atenção à latera l do joelho.
•Faça uma incisão longitudinal mediolateral, começando 4
) •Remova os cotos femoral e tibial restantes do liga mento a 5 cm proximal à patela e terminando no epicôndilo
cruzado anterior rasg ado, cu idadosame nte protegendo o femoral lateral .
ligamento cruzado posterior. •Faça uma incisão da banda iliotibial longitudinalmente na
•Remova todo tecido mole da parede lateral do intercôn- sua junção de dois terços anterior/um terço posterior,
dilo em direção posterior para a cápsula posterolateral e estendendo-se do nível epicondilar lateral proximalmente
o local over-the-top. O posicionamento em número para 4 a 5 cm.
quatro do joelho (quadri l flexionado e rodado externo, • Retraia o vasto latera l anteriormente para expor o epicôn-
joelho flexionado e pé no joelho oposto) pode ser útil dilo femoral lateral e o córtex metafisário do fêmur distal.
nesta fase. Faça a in cisão do periósteo e ti re-o do fêmur posterior na
•Realize a incisuroplastia, se necessário, utilizando osteó- incisura intercond ilar posterior. Tome cuidado para não
tomos, curetas ou raspas artroscópicas motorizadas. soltar o septo intermuscular lateral ou o terço posterior
•Um a crista óssea anterior à posição over-the-top pode ser da banda iliotibial das suas importantes inserções no epi-
confundida com a loca lização over-the-top adequada côndilo femoral latera l.
(referida como "crista do residente"). Se esta crista for •O local de saída do túnel femora l é 3 a 4 cm proximal ao
utilizada como uma referência para colocação do túnel epicôndilo femoral lateral (Fig. 45-120).
femora l, a inserção femoral será muito anterior. •Passe a extremidade curvada e romba através do inter-
•Com um probe ou cu reta inclinada, exp lore os limites côndilo e perfure a cápsula posterolateral na localização
posteriores do intercôndilo para determinar precisamente over-the-top, imediatamente posterior ao orifício piloto
o ponto de inclin ação em que o instrumento passa para previamente moldado para o guia de entrada traseira.
trás do topo do cônd ilo femoral posterolateral (Fig. Mantenha o joelho flexionado durante a passagem para
45-1 18). Repita essa sondagem várias vezes para confir- minimizar o risco da lesão das estruturas poplíteas.
mar a localização posterior. Por observação do probe ou •Insira a ponta do dedo com luva dupla através da incisão
cureta conforme ele passa sobre a borda posterior do epicondilar lateral e apalpe a ponta do passador curvado .
côndi lo femoral, o sítio over-the-top pode ser palpado Mantenha a ponta do passador contra o osso em todas
com cureta ou probe . as vezes conforme ele é manipu lado pela ponta do dedo.
•Traga a ponta da cu reta curva de volta para o intercôndilo Traga a ponta do passador através do septo intermuscular
posterior e crie um orifício piloto para a ponta do guia lateral e para sua vista.
de entrada traseira 5 a 6 mm anterior ao ponto de incli- •Prenda o guia de entrada traseira apropriado (direito ou
nação sobre o topo do côndilo femoral. Com o ápice esquerdo) no passador (Fig. 45-121 ).
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

12 12

10 2

H@ilaj mG) Posicionamento correto dos o ri-


fícios piloto pa ra o joelho direito (A) e joelho
A B esquerdo (B). VEJA A TÉCNICA 45·20.

H@IJ@i nlfD Guia de entrada lateral (rear entry guide) é


afixa do no olho do passador. VEJA A TÉCNICA 45-20.

H@ii;H mE'!) Local de saída para o túnel femoral 3 a 4 cm


proximal ao ep icôndi lo femoral lateral. VEJA A TÉCNICA 45-20.
femoral mediolatera l 3 a 4 cm proximal ao epicônd ilo
•Puxe a ponta do guia de entrada traseira no intercôndilo femoral lateral. Este loca l pode ser marcado e um orifício
posterior com o passador. Conforme o passador é puxado perfurado através do córtex.
para trás no intercôndilo, mantenha uma tração suave no •Prenda a ponta do guia em forma de bala no orifício no
guia de entrada traseira para ev itar o desacoplamento córtex femoral e aperte o parafuso para prender o guia
do gu ia do passador conforme é puxado através da cápsu la no sistema de guia de entrada traseira e, em segu ida,
posterior. t rave o guia (Fig. 45-122).
•Em seguida, remova o passador curvado da articu lação. • Perfure um fio de Kirschner através do gu ia em forma de
•Veja a ponta do guia de entrada trase ira no intercônd ilo bala de fo ra para dentro para penetrar no intercônd ilo na
posterior e envolva-a no orifício na inserção anatômica ponta do guia de entrada traseira.
femora l local. • Modele o túnel tibial, perfurando um fio-guia através do
•Coloque a inserção em formato de ba la para a guia de côndilo tibial medial, entrando na articulação na metade
entrada traseira e deslize-o aba ixo para envolver a metáfise posterior da inserção tibial do ligamento cruzado anterior. )
MJGfit PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Com a ponta do guia enca ixado no local anatômico, o canhão do guia é posicionado de modo que dois de três dentes
pen etrem o córtex lateral , e o guia é bloqueado . VEJA A TÉCNICA 45-20.

• Direcione o fio de Kirschner em um ângu lo de aproximada- •Posicione a junção osso-tendão do enxerto na abertura
)
mente 30 graus com a tíbia, começando media l à tuberosi- interna do túnel femora l; marcar a junção osso-tendão
dade da tíbia e 25 a 30 mm abaixo da superfície da com uma sutura colorida ou caneta marcadora antes da
articulação. O fio-guia pode ser inserido por um sistema de inserção do enxerto torna possível o posicionamento
guia de perfuração comercia l ou com técn ica à mão livre. acurado. O plugue ósseo não deve ser colocado muito
•Avance o fio de Kirschner 2 a 3 mm no intercôndilo para dentro do túnel para evitar a exposição da parte tendi-
ter certeza de que não interfere no ligamento cruzado nosa do enxerto e potencia l atrito na borda do túnel (Fig .
posterior e não invada a borda lateral do intercôndilo. O 45-123); o encaixe de osso também não deve se sobres-
avanço do fio de Kirschner no intercôndi lo deve trazer a sa ir na abertura interna do túnel.
ponta do fio perto da ponta do fio-gu ia femoral, assegu- •Uma vez que o enxerto fo i adequadamente posicionado
rando um curso em linha reta do enxerto através de cada no túnel, insira um fio de Kirschner de tamanho apro-
túnel e através do intercônd ilo. priado dentro do túnel femora l paralelo ao plugue ósseo.
• Estenda o joelho totalmente e observe o fio-guia tibial para •Insira um parafu so de interferência canulado sobre o
garantir um espaço adequado entre o enxerto e o teto do fio-guia.
intercôndi lo. Redirecione o f io-gu ia tibial, se necessário. • Mantendo a tensão sobre as suturas na extremidade
•Remova os fi os-gu ia femoral e tibial, passe um f io ou forte dista l do enxerto, mova o joelho através de vá ri os arcos
sutura através dos orifícios de perfuração, fixe um isôme- de movimento.
tro ou tensiômetro, e leve o joelho através do arco de •Em seguida, prenda o plugue distal de osso no túnel da
movimento. A excursão ou a mudança de comprimento tíbia com um parafuso de interferência, enquanto o
de 2 mm ou menos indica locais isométricos aceitáveis joelho é mantido em extensão completa e tensão mode-
dos túneis femoral e tibial. Se o comprimento mudar mais rada é mantida no enxerto por meio das suturas coloca-
de 2 mm, ajuste os locais dos túneis, perfurando diferen- das anteriormente.
tes fios-guia no intercôndilo e faça novos testes. • Pa lpe cuidadosamente com um probe o enxerto fi xado
•Uma vez que os locais isométricos foram confirmados, para confirmar a tensão adequada e para garantir que
perfure túneis de 1O mm sobre os fios-guia. nenhum parafuso de interferência saia das aberturas
• Suavize cada abertura interna e externa do túnel com internas dos túneis e que fragmentos articulares do osso
raspadores. e carti lagem não foram puxados para a articulação .
•Passe um passador de sutura de proxima l a distal através •Lave cuidadosamente a articulação e feche as incisões de
do túnel femora l, intercôndilo e túnel da tíbia . forma padrão .
•Coloque as suturas através do componente patelar-osso • Outros preferiram uma posição over-the-top para a inser-
do enxerto e através do passador de sutura e puxe as ção femora l.
suturas e enxerto através do túnel da tíbia, intercôndilo e •Retire o enxerto como anteriormente descrito e afine o
túnel femora l. Se os túneis tiverem sido moldados em pedaço de osso patelar com uma broca dentária, de
uma linha reta, o enxerto deve passar facilmente. Amarrar modo que ele seja maleável.
firmemente a sutura proximal sobre um entalhe na extre- • Com osteótomos e raspadores curvados, modele um
midade que está à frente do plugue ósseo patelar orienta encaixe profundo na localização over-the-top e no inter-
o plugue diretamente no túnel femoral. côndi lo posterior.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm

O@lhtjm:f!) Posicionamento incor-


reto (A) e correto (B) do enxerto. O plugue
de osso não deve penetrar muito no túnel
para evitar abrasão na parte tendinosa do
A Incorreto B Correto enxerto. VEJA A TÉCNICA 45-20.

• Puxe a extremidade proximal do enxerto através da 1 RECONSTRUÇÃO COM TENDÕES ISQUIOTIBIAIS


cápsula posterolateral e envolva-o em torno do côndilo O uso dos enxertos de tendões isquiotibiais para reconstruções do
femoral latera l no sulco anteriormente moldado. ligamento cruzado anterior aumentou em popularidade. Inicialmente,
•Prenda o osso patelar no sulco com um grampo, parafu- o tendão semitendíneo e o tendão grácil foram utilizados juntos como
sos ou suturas do plugue ósseo amarradas em torno da dois feixes únicos. A sua força inicial combinada de acordo com a
haste de um parafuso como um poste de f ixação. pesquisa de Noyes excedeu a do ligamento cruzado anterior. Os
tendões poderiam ser liberados proximalmente e deixados inseridos
Veja também, em inglês os Vídeos 45-1 e 45-5. à tíbia, permitindo um local firme de fixação distalmente. Caso con-
trário, eles poderiam ser liberados tanto proximalmente como distal-
mente e utilizados como um enxerto livre. Os tendões podem ser
liberados proximalmente, utilizando um extrator de tendão (tendon
Macintosh, Marshall, Eriksson e Müller descreveram proce- stripper) comercialmente disponível ou fazendo uma segunda incisão
dimentos semelhantes para a reconstrução do ligamento cruzado mais proximal.
anterior utilizando uma porção do tendão patelar com sua inser- Os cirurgiões escolheram mais recentemente dobrar os tendões
ção distal na tuberosidade da tíbia deixada intacta. Vários cirur- semitendíneo e grácil sobre eles mesmos, criando quatro feixes e
giões utilizaram o terço medial, central ou lateral do tendão com teoricamente duplicando a força do enxerto. Outros escolheram
uma lasca de osso patelar ou periósteo pré-patelar tubulizado e utilizar apenas o tendão semitendíneo, dobrando-o em si para criar
algumas vezes um pedaço do tendão do quadríceps. A vantagem três ou quatro feixes.
mais óbvia dessa técnica foi a eliminação da necessidade de fixar
o enxerto distalmente. Infelizmente, na maioria dos joelhos, o
enxerto tendão patelar-osso tem comprimento insuficiente para RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO
possibiltar o osso patelar de ser colocado no túnel femoral ou em CRUZADO ANTERIOR COM
uma posição over-the-top adequada. A consequência indesejável
dessa discrepância do comprimento é que o osso patelar ou o ISQUIOTIBIAIS (COM LIBERAÇÃO
periósteo pré-patelar tubulizado relativamente fraco torna-se a PROXIMAL DE ISQUIOTIBIAIS)
porção do enxerto que atravessa a articulação. Com o sucesso dos
enxertos livres osso-tendão patelar-osso para reconstrução do TÉCNICA
cruzado anterior, a técnica de Marshall-Macintosh e suas modi-
ficações diminuíram em popularidade. A modificação desta •Faça uma incisão parapatelar medial começando acima
técnica ainda é utilizada para as reconstruções do ligamento do nível do polo superior da pate la e estendendo aproxi-
cruzado anterior em pacientes com joelhos esqueleticamente madamente 8 cm distal à linha de articulação perto da
imaturos. Nesta operação, que foi chamada de procedimento inserção tibial do tendão pata de ganso.
"vara de tomate", uma passagem é feita na epífise proximal da • Realize uma artrotomia anteromedial e trate quaisquer anor-
tíbia que se estende à inserção tibial do ligamento cruzado ante- malidades intra-articu lares, como um menisco lesionado.
rior. A criação deste sulco elimina a necessidade de um túnel que •Identifique o tendão semitendíneo na parte posterome-
passa através da fise e possivelmente resultaria em uma interrup- dial da pata de ganso (este tendão é o componente mais
ção do crescimento. O enxerto passa over-the- top no côndilo inferior da pata de ganso). O tendão grácil é imediata-
femoral lateral, em que ele é fixado ao osso, evitando a fise mente proximal ao tendão sem itendíneo. A in serção do
femoral distal. semitendíneo pode ser identificada através da sua inser-
Marshall modificou a técnica de Macintosh, utilizando o terço ção em formato de Y na tíbia anteromedial e a crista
central em vez do terço lateral do tendão patelar, com a opção de tibial, frequentemente misturando-se à fáscia da pantur-
fixar a extremidade proximal sobre o topo (over-the -top) ou através rilha. Tome cuidado para evitar a lesão do ramo sartorial
de um túnel femoral. Não recomendamos esta técnica, porque a do nervo safena na veia safena.
parte mais fraca do enxerto, a aponeurose pré-patelar tubulizada, • Libere a porção proximal dos tendões semitendíneo e
atravessa a articulação e finalmente se torna o substituto do liga- grácil e a fáscia circundante da junção musculotendinosa,
mento cruzado anterior. Esta fonte de enxerto tem apenas 15% a utilizando a dissecção romba ou afiada ou um extrator )
20% de força inicial do ligamento cruzado anterior normal.
lllJID PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

cu idado. É possível coletar entre 1 e 2 cm de compri-


mento adicional, incluindo o periósteo da crista tibia l em
que os tendões são inseridos.
•Faça uma sutura tipo Bunnell de materia l não absorvível
nº 2 nas extremidades livres do tendão em todos os
quatro feixes.
•Coloque os tendões em uma mesa de tensionamento
comercialm ente disponível, de modo que todos os quatro
fe ixes possam ser colocados sob igual tensão.
•Suture as lin has junto com uma sutura absorvíve l 2-0.
•Meça o diâmetro deste en xerto. O orifício perfurado da
tíbia deve ser do mesmo diâmetro que o do enxerto de
isquiotib iais. A ma ioria dos elementos está entre 7 e 8
mm em diâmetro quando dobrados sob re si. Uma pes-
quisa em nossa instituição indicou que a fixação do túnel
tibia l é melhorada se o túnel da tíbia for perfurado em 2
mm menor do que o diâmetro do enxerto e, em seg uida,
di lat ado para o tamanho apropriado. Inicialmente, perfure
o có rtex externo da tíbia com o diâmetro apropriado do
enxerto e, em seguida, perfure o ca nal medular 2 mm
menor para fac ilitar a passagem dos dil atadores através
do córtex externo da tíb ia.
•A fixação femora l pode ser alcançada tanto com uma
l@@'h@ ml!D Reconstrução do li gamento cruzado anterior segunda incisão latera l na pele e a técnica de fora para
com isquiotibiais. Linha s AA' e BB' co incidem com centro anatô- dentro ou com um sistema de guia femoral transtibial e
mico de LCA normal. VEJA A TÉCNICA 45-21 . uma técn ica de ún ica incisão .
•Se a técnica de duas incisões for escolhida, faça uma
incisão lateral na pele longitudin almente na regi ão do
) de tendão. Se um extrator de tendão for utilizado, libere epicônd ilo f emoral lateral.
todas as aderências da fásc ia para permitir suave passa- • Divida a fáscia lata em linha com a incisão da pele, afastando
gem do extrator de tendão. Sem essa etapa, o extrator o vasto lateral anteriormente ao septo intermuscular lateral.
pode fazer a transecção dos tendões prematuramente, •Exponha a área epicondi lar femora l latera l.
resultando em um enxerto excessivamente curto. •Direcione um fio-guia de fora para dentro para emergir na
•Após a liberação dos tendões, deixe os ven tres muscula- incisura intercondilar perto da inserção femoral normal do
res retraírem . ligamento cruzado anterior. Vários guias comerciais estão
•Passe ambos os tendões através da porção dista l da disponíveis para auxiliar na colocação deste fio-gu ia.
incisão parapatelar media l com suas inserções na tíbia • Uma vez alcançada a posição satisfatória do f io-guia, crie um
permanecendo intactas. túnel no côndilo femoral lateral com uma broca canulada.
•Se um tendão permanece inserido distal mente, tenha •Puxe os tendões isqu iotibiais através do túnel no côndi lo
certeza de liberar os tendões completamente a partir dos femoral lateral. Quando os tendões tiverem comprimento
seus locais de inserção óssea na t íbi a. Caso contrário, su fi ciente, prenda -os com mú ltiplas suturas ou um
alguma crepitação pode ocorrer no lado tibial após os grampo na área epicondi lar femoral lateral.
tendões serem passados através do joelho e tensionados. •Se os tendões não forem longos o suficiente para atingir
•Solte os tendões de qualquer tecido muscu lar remanes- a superfície do túnel, perfure um seg und o orifício ob li-
cente e suture os tendões uns aos outros sob tensão com quamente no túnel e passe uma extremidade da sutura
uma sutura absorvível 2-0. de Bunnell através deste orifício com um passador de
•Faça um a sutura do tipo Bunnell com material não absor- sutura e amarre as duas suturas sobre a ponte óssea na
vível nº 2 nas extremidades livres do tendão. área epicondilar femora l lateral.
•Envolva os tendões profundos ao tendão sartório re ma- •Alternativamente, as extremidades da sutu ra de Bunnell
nescente para a metáfise anteromedial da tíb ia 3 5 a 4 O podem ser amarradas em torno da haste de um parafuso
cm abaixo da linha de articulação. ' ' na técnica de parafuso em poste. Feche a fáscia lata, a
• Insira um pino-guia neste local e direcione-o proximalmente incisão lateral da pele e a artrotomia anteromed ial.
e mediaimente para entrar na área da articulação na inserção •Se o túnel femoral transtibial for escolhido, o uso dos
normal da tíbia do ligamento cruzado anterior (Fig . 45-124). guias comercia lmente disponíveis pode auxiliar na colo-
•Utili ze uma broca canulada para criar um túnel de 5 mm cação do fio-guia no teto do intercônd il o.
no côndi lo tibia l sobre o fio-guia. •Coloque o joe lho entre 70 e 90 graus de flexão e passe
•Traga os tendões do semitendíneo e gráci l através do um pino de Beath através do fêmur e, em seg uida, para
túnel no interior da articulação. fora através da parte anterolateral da coxa .
•Se um enxerto livre do tendão for preferido, faça a dis- •Perfure com uma broca canulad a do tipo bolota, que
secção dos tendões nas suas inserções da tíbia com minimiza a lesão ao ligamento cruzado posterior.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

l INSTABILIDADES COMBINADAS DO LIGAMENTO


CRUZADO ANTERIOR
Embora uma série de autores tenha recomendado a reconstrução
apenas do restritor primário (o ligamen to cruzado anterior), igno-
rando as deficiências nos restritores capsulares sec undários, recons-
truímos apenas o ligamento cruzado anterior em pacientes com
instabilidade rotatória apenas leve ou moderada (1 +a 2+ ), sob anes-
tesia. Adicionamos o reforço caps ul ar (reconstrução do oblíquo
posterior) e técnicas de substituição extra-articular (p. ex., tenodese
da banda iliotibial) em pacientes com grave (3+ ou 4+) instabilidade
rotatória.

1 MATERIAIS SINTÉTICOS PARA A RECONSTRUÇÃO


DO LIGAMENTO
O interesse no uso de ligamentos artificiais para tratamento de
joelhos sintomáticos com deficiência do ligamento cruzado ante-
rior permanece, apesar dos resultados clínicos iniciais decepcio-
nantes. Os ligamentos artificiais oferecem uma série de vantagens
teóricas em comparação com a reconstrução pelo uso de tecidos
autógenos - nenhum tecido autógeno é sacrificado, e o aumento
da morbidade associado à coleta de tecidos autógenos é evitado.
Se os tecidos autógenos tiverem sido utilizados em uma reconstru-
ção que fa lhou ou se eles forem inaceitáveis, o uso de um disposi-
Fixação com dois parafusos do enxerto isquioti- tivo sintético facilmente disponível é atraente. Os ligamen tos
bial no túnel da tíbia. VEJA A TÉCNICA 45-21. artificiais geralmente permitem uma técnica reconstrutiva mais
simples e mais fác il (frequentemente artroscópica), e tornam pos-
sível uma reabilitação mais rápida, porque eles não se tornam
•A posição do túnel femora l deve deixar 1,5 a 2,0 mm de enfraquecidos durante a revascularização e a reorganização do
parede posterior para evitar a ruptura posterior. O túnel tecido. Embora tenha havido um rápido desenvolvimento de novos
femoral deve estar na posição de 1 a 2 horas no joelho materiais e técnicas cirúrgicas para a implantação de ligamentos
esquerdo e a posição de 1O e 11 horas no joelho direito. artificiais, os efeitos de longa duração desses dispositivos ainda não
A profundidade do túnel deve ser pelo menos 2 cm, e o são conhecidos.
diâmetro do túnel deve corresponder ao diâmetro do Os ligamentos artificiais funcionam de uma das três formas:
enxerto. Uma vez que o osso do fêmur distal é mais denso (1) como um ligamento protético; isto é, a prótese é implantada
que a metáfise da tíbia, dilatar o túnel femora l provavel- como um substituto permanente para o ligamento normal; (2) como
mente é desnecessário. um stent temporariamente protegendo ou aumentando um enxerto
•Marque o enxerto isquiotib ial com tinta indelével 2 cm a autógeno; ou (3) como um suporte (scaffold) fornecendo apoio e
partir da ponta para confirmar que quantidade adequada estimulando o crescimento do tecido colágeno. Vários materiais
de tecido foi passada no túnel femoral . foram considerados biocompatíveis e têm força adequada para
• Prenda o enxerto no lado femora l com um parafuso de servir como ligamentos protéticos permanentes. Muitos falharam,
interferência ou EndoButton (Sm ith e Nephew, Memphis, no entanto, porque eles não tiveram características funcional, fisio-
TN) ou pino de transfixação. lógica e biomecânica do ligamento cruzado anterior normal.
•No lado da tíbia, escolh a um parafuso de interferência Nenhum estudo de longo prazo dos ligamentos artificiais atual-
que seja pelo menos 1 mm maior que o diâmetro do túnel mente utilizados suporta o seu uso de rotina. Atualmente, é pru-
e enxerto. Pesquisas também indicaram que a colocação dente utilizá- los com cautela e reservá- los para procedimentos de
do parafuso de interferência perto da superfície subcon- salvação quando o enxerto autógeno e procedimentos reconstruti-
dra l da tíbia minimiza o pistonamento do enxerto, assim vos falharam .
como a distorção. No enta nto, manter o contato entre o Os scaffolds geralmente têm uma estrutura de malha aberta
parafuso de interferência e o córtex externo da tíbia que promove o crescimento do tecido fibroso. Inicialmente, eles
fornece melhor fixação inicial do enxerto. Os parafusos são biomecanicamente inferiores às próteses permanentes, mas a
foram projetados para alcançar o comprimento desejado sua força aum enta com o crescimento do tecido colágeno hospe-
e sistemas foram criados, os quais permitem a fixação deiro. Embora esses ligamentos sintéticos não tenham sido utili-
tanto proxima lmente como dista lmente (Fig. 45-125). zados amplamente nos Estados Un idos, um deles, a prótese de
Veja também, em inglês, o Vídeo 45-6. Leeds-Keio, se torno u popular em outros lugares. É composta de
poliéster com um tubo de malha aberta para promover o cresci-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é colocado em mento fibroso. Há evidência conflitante sobre a qualidade do
uma órtese de movimento controlado e com bloqueio em tecido formado na prótese de Leeds-Keio. A maioria dos relatos
extensão completa. Os exercícios protegidos da faixa de indicou resultados insatisfatórios e sugeriu que o ligamento artifi-
movimento são ini ciados imediatamente. cial de Leeds-Keio não é um dispositivo eficaz para reconstrução
do ligamen to cru zado anterior.
lllJI) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

1 SUBSTITUIÇÃO DO LIGAMENTO COM ALOENXERTO preocupação para o potencial de reações do enxerto versus hospe-
O substituto ideal do ligamento deve estar fac ilmente disponível; ser deiro, que podem ser responsáveis pelo atraso relativo na incorpo-
de comprimento e diâmetro suficientes; ter propriedades biomecâ- ração de aloenxertos comparados com autoenxertos.
nicas similares ao ligamento que substitui; não deve perturbar as As vantagens citadas dos aloenxertos sobre autoenxertos -
estruturas normais e deve manter ou desenvolver um suprimento ausência de morbidade no local doador, tempos menores de cirur-
vascular. Embora os tecidos autógenos atualmente sejam os enxertos gia, menores incisões e maior disponibilidade - têm sido um pouco
mais comumente utilizados para reconstrução do ligamento cruzado, ofuscadas pelo risco de transmissão de doença, com relatos de infec-
essas transferências sacrificam uma estrutura musculotendinosa ções sérias associadas a aloenxertos aumentando essas preocupa-
normal em um joelho já deficiente, somando-se à alteração funcio- ções. De acordo com um relatório da Associação Americana de
nal. Exposição cirúrgica extensa, longo tempo de torniquete e rea- Bancos de Tecido (AATB) utilizando dados de 2003 e 2004, 192
bilitação prolongada são outras desvantagens dessas técnicas. suspeitas de infecções relacionadas com o aloenxerto foram relata-
Como os aloenxertos de tecido colágeno parecem capazes de das, 42% dos quais envolveram enxertos de tecidos moles e 37%
cumprir muitos dos requisitos para um substituto ideal de liga- envolvendo enxertos ósseos. Os procedimentos ortopédicos de
mento, os aloenxertos livres para reconstrução ligamentar recebe- medicina esportiva foram envolvidos em 59% destas infecções. A
ram atenção crescente durante os últimos 15 anos. Pesquisadores se maior preocupação no uso do transplante de aloenxerto para
concentraram na ciência básica dos aloenxertos e em resultados reconstrução ligamentar permanece a possibilidade de transmissão
clínicos iniciais. Tanto os autoenxertos como aloenxertos passam de hepatite ou síndrome de imunodeficiência adquirida. Lochemes
através de quatro fases após o transplante: necrose, revascularização, et ai. demonstraram a replicação vira! ativa em células infectadas
proliferação celular e remodelação. Após a incorporação, no entanto, com vírus da imunodeficiência humana 1 após exposição para 2,5
nem o auto enxerto nem o aloenxerto de tendões demonstraram Mrad de irradiação gama, a máxima dosagem que pode ser utilizada
retornar a sua força original. A maioria dos relatórios mostra 30% sem destruir a utilidade clínica do aloe nxerto. Mesmo que o doador
a 40% de forças de carga final. Por causa dessa consistente redução não demonstre anticorpos detectáveis a esses vírus, uma certa
na força, a maioria dos cirurgiões prefere utilizar os enxertos ou "janela de vulnerabilidade" existe entre o momento em que o
combinações de enxertos que começam com mais de 100% da força paciente pode ter contraído o vírus e a produção de anticorpos
do ligamento cruzado anterior, que deve resultar em força suficiente mensuráveis, que pode se r tão longa como vários meses. Patógenos
após a incorporação. emergentes, como vírus de West Nile, síndrome respiratória aguda
A especulação prévia de que os enxertos poderiam ser trans- grave (SARS), coronavírus e doença de príon, também se tornaram
plantados com células viáveis, permitindo a melhor incorporação uma preocupação do uso dos aloenxertos.
do enxerto, mostrou-se incorreta . Infelizmente, até mesmo a pre- Os riscos de transmissão de doença são pequenos; no enta nto,
servação de um pedículo vascul ar não parece fornecer qualquer quando o aloenxerto é obtido com técnica estéril, procedimen tos de
benefício clínico sobre os enxertos avasculares. Manter o forneci- desinfecção e esterilização secundária são realizados.
mento vascular para os autoenxertos do tendão patelar primata e O uso de óxido de etileno para esterilização foi questionado
humano não demonstrou res ultar em qualquer melhoria clinica- por causa do resíduo de etileno glicol remanescente nos tecidos
mente significativa. esterilizados, que foram citados como a causa de algum as efusões
Durante a remodelação, o autoenxerto e o aloenxerto de estéreis em falhas tardias. A liofilização do aloenxerto não parece
tendões sofrem a conversão das fibras de grande diâmetro para alterar significativame nte as propriedades mecânicas comparadas
fibras menores. Os estudos indicaram quadros de tempo variados com o congelamento profundo, mas os relatórios clínicos revelam
para esse processo de conversão; alguns indicam um período de frequentes falhas tardias de tecidos de aloenxerto liofilizados.
tempo semelhante para ambos os tecidos, e outros mostram um A irradiação gama dos aloenxertos com até 2 Mrad mostrou não
retardo nos aloenxertos. afetar significativamente as propriedades mecânicas iniciais do
Os relatórios sobre as propriedades imunogênicas dos aloen- tecido do aloenxerto, mas os efeitos são significativos após o uso de
xertos de colágeno foram contraditórios. Minami et al. estudaram 3 Mrad. A radiação por feixe de elétrons tem sido utilizada para
os aloenxertos de colágeno após vários regimes de tratamento tanto esterilização de enxertos de tecidos moles por causa da sua menor
in vivo como in vitro. Eles não encontraram evidência de citotoxici- penetrabilidade comparada com a ir radiação gama e maior veloci-
dade, nenhum sinal histológico de rejeição e nenhum a atividade dade de processamento - segundos, comparada com horas de irra-
com antissoro de aloenxertos de colágeno pré-tratado por congela- diação gama. Atualmente, o método mais comumente utilizado de
mento e descongelamento. Eles também mostraram que a imunor- esterilização provavelmen te é uma combinação de menores doses de
reatividade do aloenxerto depende excl usivamente do componente irradiação (1 a 3,5 Mrad) e outras técnicas de processamento, como
celular do enxerto; concluíram que o tratamento de congelamento imersões de antibióticos (Tabela 45-2). Várias empresas dispõem de
e descongelamento efetivamente neutralizou os antígenos imunoló- processos patenteados para aoterilização, em que cada um assegura
gicos, matando as células do tendão. As técnicas de esterilização e fo rn ecer um enxerto livre de doença.
preservação demonstraram afetar a resposta imunológica. A liofili- A superioridade do autoenxerto ou aloenxerto para reconstru-
zação red uz essa resposta mais que o congelamento, embora as téc- ção do ligamento cruzado anterior permanece um assunto co ntro-
nicas de criopreservação que preservam a celularidade ainda verso. Uma revisão sistemáti ca da literatura que incluía 31 estudos
evoquem uma resposta imunológica. Isso parece apoiar a hipótese observou que a porcentagem de pacientes recebendo uma pontua-
de que a resposta imune é direcionada para os componentes celula- ção fina l IKD C de "X' (joelho normal) foi estatisticamente maior
res dentro dos aloenxertos em vez dos antígenos do scajjàld de para aloenxertos (44%) do que para autoenxertos (28%); no entanto,
colágeno. a taxa de falha do enxerto foi de 8,2 por 100 reconstruções para
Outros pesquisadores demonstraram elevadas titulações de aloenxertos comparado com 4,7 para autoenxertos, com um a taxa
anticorpo predominantemente na articulação e não sistemicamente de complicação ligeiramente maior para aloenxertos. Os autores
após a reconstrução do ligamento cruzado anterior com um aloen- concluíram que, a partir dos dados atualmente disponíveis, a fon te
xerto do tendão patelar congelado a fresco. Este achado levanta a do enxerto tem um efei to mínimo sobre os resultados da
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flBlll
protegendo o enxerto do ligamento. A reabilitação apropriada é
1: _ Processo de Aquisição, Esterilização fundamental para o sucesso da reconstrução do ligamento cruzado
45 2 e Armazenamento de Aloenxerto anterior. Algum estresse no enxerto é desejável para cicatrização e
SELEÇÃO DO Excluir por história de: remodelação, mas não deve ser excessivo e lesivo. Evidências atuais
DOADOR indicam que a reabilitação intensiva pode ajudar a prevenir a artro -
• Doença autoimune fibrose inicial e restaurar a força e a função precocemente. Talvez
• Ingestão ou exposi ção a substâncias a etapa mais importante seja a restauração inicial da extensão com-
tóxicas pleta. A imobilização do joelho em urna órtese em extensão completa
• Artrite reumatoide é iniciada imediatamente após a cirurgia para evitar o desenvolvi-
• Lúpus eritematoso sistêmico mento de contratura em flexão. Enfatizamos a extensão ativa e
• Poliarterite nodosa passiva do joelho com a cabeça elevada e o joelho suportado pos-
• Sarcoidose teriormente. Crioterapia com sacos de gelo é utilizada livremente,
• Doença óssea clinicamente significativa embora não tenha sido demonstrada a sua eficácia em diminuir o
O exame de sangue deve ser negativo tempo de internação hospitalar e inchaço do membro, assim como
para: no aumento no arco de movimento do joelho. Em virtude do custo,
• Anticorpos para HIV equipamentos comerciais de crioterapia raramente são utili zados.
• Teste de ácido nucleico (NAT) para Buscamos agressivamente um arco total de flexão do joelho, ativa-
HIV-1 mente e passivamente. As máquinas de movimento pass ivo contí-
• Antígeno de superfície de hepatite B nuo (CPM, do inglês continuous passive motion) não são utilizadas
• Total de anticorpos para antígeno rotineiramente, exceto em joelhos em tratamento para artrofi -
de hepatite B núcleo brose. A literatura não apoia qualquer benefício adicional com o
• Anticorpos para vírus da hepatite C uso dessas máquinas.
(HCV) Após a cirurgia, os músculos da coxa atrofiam rapidamente.
• NAT para HCV Estudos revelaram que a máxima atrofia da coxa foi registrada 6
• Anticorpos para vírus T-linfotrófico
semanas após a cirurgia. A diferença com relação à circunferência
humano
da coxa contralateral foi em média 4,2 cm. Um torniquete aplicado
• Sífilis
intraoperatoriamente para as reconstruções do ligamento cruzado
COLETA DE Dentro de 24 horas do óbito, se o anterior com enxerto autógeno osso-tendão patelar-osso reduziu a
TECIDO corpo resfriado
recuperação de força do quadríceps após 12 semanas da cirurgia.
Dentro de 15 horas do óbito, se o
No entanto, em 52 semanas, não houve diferença significativa na
corpo não resfriado
circunferência da coxa e rec up eração de força do quadríceps em
Técnica asséptica
Tecido cultivado antes do processamento comparação com um grupo de controle em que não foi utilizado
um torniquete.
DESINFECÇÃO: Compressas de antibiótico
REMOÇÃO DE Alguns pesquisadores sugeriram que a força de recuperação
CONTAMINANTES do quadríceps é menor para pacientes com enxertos do tendão
ESTERILIZAÇÃO Óxido de etileno, outros esterilizantes patelar em comparação com os enxertos isquiotibiais por causa do
SECUNDÁRIA: químicos dano ao mecanismo extensor. No entanto, Carter e Edinger com-
DESTRUIÇÃO DE Irradiação gama/feixe de elétrons pararam os resultados isocinéticos de isquiotibiais e qu adríceps
TODAS AS
Protocolos do proprietário (isto é, aos 6 meses de pós-operatório em 106 pacientes aleatoriamente
FORMAS DE
VIDA Allowash, BioClense, Clearant) alocados para reconstrução do ligamento cruzado anterior com
ARMAZENA- tendão patelar autógeno ou tendões isq uiotibiais. Eles não encon -
Aloenxerto fresco (uso dentro de 24 dias)
MENTO Congelamento fresco (3 a 5 anos) traram diferenças estatisticamente significativas na força de exten-
Criopreservação (até 1O anos) são ou de flexão do joelho ao avaliar as diferentes fontes de tecido.
Liofilização (3 a 5 anos em Além disso, a maioria dos pacientes não atingiu força adequada
temperatura ambiente) para participar de forma seg ura em atividades ilimitadas aos 6
meses de pós-operatório.
Estimulação elétrica muscular não diminui significativamente
reconstrução do ligamento cruzado anterior. Embora urn a série de a atrofia do músculo em pacientes após a cirurgia do ligamento
trabalhos tenha documentado bons res ultados com reconstruções cruzado anterior, nem teve qualquer efeito de fortalecimento de
com aloenxerto, piores res ultados foram relatados com o uso de longa duração. Utilizamos o estímulo elétrico com moderação para
aloenxertos de tendão tibial anterior em pacientes ativos e jovens. a reeducação muscular se o paciente apresentar fraqu eza do quadrí-
Singhal et al. relataram um a taxa geral de reoperação de 38% após ceps. A ênfase inicial de fortalecimento está nos isquiotibiais, que
a reconstrução primária do ligamento cruzado anterior com aloen- funcionam em conjunto com o ligamento cruzado anterior para
xertos de tendão tibial anterior em 125 pacientes jovens 25 anos evitar a translação anterior da tíbia. Além disso, o seu fortalecimento
de idade); a taxa de falha em pacientes com menos de 25 anos foi não causa tensão no enxerto. O fortalecimento inicial do quadríceps
de 55% em comparação com 24% naqueles com mais de 25 anos. se concentra nas contrações do quadríceps e elevação da perna
estendida. Alguns exercícios resistidos para o quadríceps são preo-
cupantes, porque eles colocam alguma tensão sobre o ligamento
• REABILITAÇÃO APÓS A RECONSTRUÇÃO DO
cruzado anterior, especialmente nos últimos graus de extensão do
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR joelho se o membro não estiver suportando peso, os chamados exer-
O objetivo da reabilitação após a cirurgia de ligamento cruzado cícios de cadeia aberta. Em um esforço para proteger o enxerto do
anterior é restaurar o movimento normal da arti culação e força, ligamento cruzado anterior durante os exercícios de quadríceps, foi
lllle) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

sugerido que o paciente permaneça em pé. A articulação do joelho com todas as avaliações de tratamento, os resultados do tratamento
é, portanto, carregada axialmente durante o movimento, e talvez os devem ser comparados com a história natural da doença e com
contornos da articulação ajudem a estabilizar o joelho e proteger o outros métodos de tratamento. Em bora a qualidade científica dos
enxerto, chamados exercícios de cadeia fechada . Em um estudo estudos relatando resultados de reconstrução do ligamento cruzado
prospectivo randomizado de exercícios de cadeia cinética aberta e anterior tenha melhorado, sérias deficiências permanecem . Como
fechada durante a reabilitação acelerada após a reconstrução do discutido anteriormente, a história natural completa de um joelho
ligamento cruzado anterior, o grupo da cadeia cinética fechada teve com ligamento cruzado anterior lesionado ainda é desconhecida.
menor diferença média com relação ao joelho contralateral medido Além disso, os estudos atuais são distorcidos por várias formas de
por artrômetro KT-1000 e menos dor patelofemoral. Além disso, os viés. Viés de detecção resulta a partir do uso de diferentes sistemas
pacientes geralmente estavam mais satisfeitos com o resultado final de pontuação para relatar resultados e de definições subjetivas de
e mais frequentemente consideraram que eles retornaram às ativi- sucesso. Estudos que incluem pacientes com diferentes lesões asso-
dades diárias normais e aos esportes mais cedo que o esperado. Não ciadas e, consequentemente, diferentes prognósticos criam um viés
se sabe se as deformações induzidas pelos exercícios de reabilitação de suscetibilidade. Os estudos que incluem diferentes cirurgiões,
sempre têm efeitos negativos nos enxertos, fazendo com que eles diferentes técnicas, e diferentes protocolos de reabilitação introdu-
alonguem, ou se alguma deformação realmente é necessária para zem viés de desempenho. Finalmente, o viés de transferência ocorre
estimular a remodelação do enxer to. quando subgrupos desconhecidos de pacientes perdem o segui-
Após a reconstrução isolada do ligamento cruzado anterior, o mento criando uma falsa impressão por concentrar-se apenas nos
suporte parcial do peso com muletas é permitido imediatamente. pacientes que estão disponíveis. Com essas limitações em mente, a
Uma órtese em extensão é utili zada para apoiar o quadríceps enfra- maioria dos estudos atuais relata uma taxa de sucesso de 90% a 95%
quecido. Certos tipos de reparos do menisco simultâneos ou proce- em restaurar a estabilidade conforme definido por uma diferença de
dimentos de cartilagem articular podem exigir um processo diferente KT-1000 lado a lado de 3 mm ou menos. Os resultados são equiva-
de suporte de peso. As muletas geralmente são descontinuadas após lentes para reconstruções de única incisão e duas incisões do liga-
3 a 4 semanas no pós-operatório. mento cruzado anterior com tendão patelar autógeno e com tendões
O treinamento proprioceptivo também é instituído nas pri- isquiotibiais. Além disso, os resultados relatados com uso do tendão
meiras 2 semanas. Risberg e Holm descobriram que os resultados patelar e tendões isquiotibiais são comparáveis. As comparações dos
de um programa de 6 meses de treinamento de exercício neuromus- resultados da reconstrução do ligamento cruzado anterior com
cular e um programa de treinamento de exercício físico tradicional autoenxerto quádruplo dos tendões isquiotibiais e autoenxerto do
não foram significativamente diferentes aos 2 anos após a recons- terço central do tendão patelar observaram que a estabilidade liga-
trução do ligamen to cruzado anterior; no entanto, a função do mentar, o arco de movimento e os sintomas gerais são basicamente
joelho e a redução da dor foram melhores naqueles com treinamento os mesmos em ambos os grupos.
neuromuscular, enquanto a força dos músculos isquiotibiais foi sig- Várias metanálises comparando a reconstrução do ligamento
nificativamente melhor naq ueles com treino de força, levando os cruzado anterior com autoenxerto dos tendões isquiotibiais e do
autores a recomendar um programa pós-operatório que combina tendão patelar mostraram que a frequência de instabilidade não é
treinamento neuromuscular e de força. O retorno à plena atividade significativamente diferente entre as duas técnicas. No entanto, o
requer 80% de retorno da força da coxa e a capacidade de realizar enxerto de osso-tendão patelar-osso demonstrou ser mais provável
tarefas de agilidade específicas dos esportes. Em geral, também para resultar em reco nstru ções com a pontuação normal de
adiamos o retorno aos esportes para pelo menos 6 meses após a Lachman, pivot shift normal, diferença lado a lado manual máxima
cirurgia para permitir a maturação do enxerto. Os estudos em com KT-1000 de menos de 3 mm e menor perda de flexão. Em
animais sugerem que o enxerto deve ser poupado de cargas signifi- contraste, os enxertos isquiotibiais tiveram incidência reduzida de
cativas por 6 a 12 meses. Uma órtese funcional de joelho após a crepitação patelofemoral, dor ao ajoelhar e perda de extensão. Os
cirurgia de ligamento cruzado anterior é às vezes utilizada para estudos mais recentes não observaram diferenças sign ificativas nos
esportes de colisão, embora nenhum dado suporte essa prática. O resultados relacionados com a escolha do enxerto. Holm et ai.
protocolo de reabilitação para reconstrução do ligamento cruzado descobriram que a escolha de um autoenxerto dos tendões isquio-
anterior está descrito no Capítulo 51. tibiais ou do tendão patelar teve mínimos efeitos na prevalência da
No atual clima econômico, o uso mais frequente de programas osteoartrite em 10 anos após a cirurgia. Em um estudo randomi-
de reabilitação domiciliar foi sugerido para minimizar os custos e zado comparando os autoenxertos dos tendões isquiotibiais e do
vários estudos relataram ser igualmente efi cazes. Em uma compara- tendão patelar, resu ltados objetivo, subjetivo e funcional foram
ção de tratamento domiciliar (quatro sessões de fisioterapia) e semelhantes 2 anos após a cirurgia. A escolha do enxerto deve ser
supervisionado por fisioterapia (17 sessões de fisioterapia), Grant e individuali zada, e o tipo de enxerto pode não ser o determinante
Mohtadi relataram que o grupo domiciliar teve uma pontuação primário para res ultados bem-s ucedidos após a cirurgia de liga-
média significativamente maior no questionário de qualidade de mento cruzado anterior.
vida do ligamento cruzado anterior (ACL QOL), sem diferenças A maioria desses estud os consiste em relatos de curto prazo e
significativas em medidas secundárias de resultados como arco de não é indicativo da históri a natural de reconstrução do ligamento
movimento e força. No entanto, todos esses pacientes eram atletas cruzado anterior. Os objetivos finais de reconstrução são permitir
recreacionais e não atletas competitivos de alto nível. ao paciente reto rnar a um estilo de vida ativo e evitar nova lesão e
desenvolvimento da artrite. Em um a coorte de 6.576 recrutas ativos
que foram hospitalizados devido a uma lesão do ligamento cruzado
• RESULTADOS DA RECONSTRUÇÃO DO anterior, a taxa de reoperação foi significativamente menor no
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR grupo em que foi feita a reconstrução do ligamento cruzado ante-
Os objetivos da cirurgia do ligamento consistem em restaurar o rior após 9 anos da cirurgia em co mparação com aqueles tratados
movimento normal da articulação, retornar o paciente para a função de modo não cirúrgico. As aná lises de regressão de risco propor-
completa e evitar lesões secundárias e artrose da articulação. Como cional ajustadas para a idade, sexo, raça, estado civil, educação e
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GDll
nível de atividade física confirmaram que a reconstrução do liga-
mento cruzado anterior foi protetora contra a lesão do menisco e
cartilagem. Um estudo laboratorial controlado utilizando RM e
técnicas de imagem fluoroscópica ortogonal dupla determinou que
a lesão do ligamento cruzado anter ior causou um alongamento sig-
nificativo dos feixes de fibra do ligamento colateral medial superfi-
cial e profundo durante a flexão, enquanto os feixes de fibra do
ligamento colateral lateral foram encurtados. Essas alterações nos
ligamentos colaterais demonstram que a cinemática anormal da arti-
culação tibiofemoral após a lesão do ligamento cruzado anterior
interrompe a função normal da articulação.
Em uma das primeiras tentativas de examinar a história natural
de joelhos com ligamento cruzado anterior reconstruído, Daniel et
ai. observaram por 64 meses 292 pacientes que tiveram uma hemar-
trose traumática aguda. Os pacientes foram divididos em quatro
grupos: I, inicialmente estáveis, sem reconstrução; II, inicialmente
instáveis, sem reconstrução; III, reconstrução precoce; e IV, recons-
trução tardia. Todos os pacientes foram avaliados para artrose da
artic ulação por radiografias e cintilografia óssea. Os pacientes com
ligamentos reconstruídos tiveram maior nível de artrose, e Daniel et
ai. especularam que, embora o objetivo de estabilidade tenha sido
alcançado, a função do ligamento cruzado anterior não foi comple-
tame nte restaurada. Os pacientes receberam um joelho que era
estável o suficiente para retomar as atividades esportivas, mas talvez
não normais o suficiente para evitar a degeneração lenta e progres-
siva. Em essência, eles haviam recebido uma "licença para abusar do
joelho''. O seguimento de longo prazo (média de 14 anos) de 502 lj@li;!.!m:Jm Frequente causa de falha de reconstrução do
pacientes com reconstrução do ligamento cruzado anterior desco- ligamento cruzado anterior é a colocação incorreta de túneis para
briu que a perda de 3 a 5 graus de extensão do joelho, incluindo fixação do enxerto. Neste paciente, o túnel da tíbia fo i colocado
perda de hiperextensão, afetou de forma adversa os resultados sub- muito anterior, resultando em alongamento do enxerto e frouxi-
jetivos e objetivos, especialmente em pacientes com meniscectomia dão do joelh o.
ou danos à cartilagem articular. Kessler et ai. relataram um estudo
com 94 pacientes pareados comparando a função pós-operatória e
desenvolvimento da osteoartrite em pacientes com rupturas do liga- pré-operatórios para reconstrução bem-sucedida do ligamento
mento cruzado anterior isolado tratadas com cirurgia reconstrutiva cruzado anterior incluem mínimo ou nenhum inchaço, controle
(47) para aqueles tratados de forma conservadora (47). Nenhuma da perna e arco de movimento completo; incluindo total hiperex-
lesão adicional, extra-articular ou intra-articular, foi incluída no tensão. O tipo de enxerto escolhido e a fixação utilizada não
estudo. Em um acompanhamento médio de 11 ,4 anos, avaliações parecem ter influência significativa sobre a incidência de compli-
clínica e radiográfica e pontuações de Tegner e IKDC foram reali- cações. As incidências de complicações também não foram signi-
zadas; o grau de osteoartrite foi classificado pela escala de Kellgren ficativamente diferentes se tiver sido escolhida a técnica de uma
-Lawrence. Pontuações de IKDC pós-operatórias significativamente incisão ou de duas inci sões.
maiores foram encontradas no grupo reconstruído, mas 42% dos As complicações intrao peratórias incluem fratura da patela,
pacientes neste grupo desenvolveram osteoartrite (grau II ou maior) comprimento inadequado do enxerto, incompatibilidade (rnis -
em comparação com 25% no grupo de tratamento conservador. Um rnatch) entre o plugue ósseo e tamanhos de túnel, fratura do
estudo laboratorial controlado de sete joelhos com reconstrução do enxerto, laceração da sutura, violação do córtex femoral posterior
ligamento cruzado anterior mostrou que embora a frouxidão ante- e colocação incorreta do túnel femoral ou tibial (Fig. 45-126).
rior tivesse sido restaurada durante os testes de artrômetro KT-1000, Essas complicações e sua prevenção são discutidas em detalhes
a reconstrução não restaurou a cinemática normal do joelho sob as no Capítulo 51.
condições de carga de suporte de peso. As complicações pós-operatórias mais comu ns são déficits de
movimento (principalmente extensão) e dor persistente anterior no
joelho. A incidência dessas complicações é difícil de determinar a
• COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA DO LIGAMENTO partir da li teratura, com frequências relatadas de perda de movi-
CRUZADO ANTERIOR mento variando de 1% a 13% e de dor pós-operatória variando de
As complicações da cirurgia do ligamento cruzado anterior podem 0% a 34%.
ser causadas por fatores pré-operatório, intra-operatório e pós-ope- A perda de movimento após a reconstrução do ligamento
ratório. Os fatores pré-operatórios incluem momento apropriado de cruzado anterior pode resultar de fatores pré-operatório, intraope-
cirurgia, condicionamento e fortalecimento pré-operatório adequa- ratório ou pós-operatório. A efusão pré-operatória, o arco de movi-
dos e escolhas do enxerto e fi xação. Embora cada um destes tenha mento limitado e as lesões ligamentares concomitantes do joelho
sido debatido, a opinião atual geralmente sustenta que a recons- tornam a perda de movimento pós-operatório mais provável. Os
trução precoce é preferível para retorno precoce para as atividades fatores intraoperatórios associados aos déficits de movimento mais
esportivas, melhores resultados clínicos e dos testes de frouxidão, frequentemente são a posição incorreta do túnel e incisuroplastia
e redução do risco de alterações osteoartríticas tardias. Os critérios inadequada, podendo em tensionamento excessivo ou impacto do
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

O!ijl!;HIJ!I!!) Tomografia computadorizada utili zada para determ inar a loca li zação e o tamanho dos túne is antes
da revisão do ligamento cruzado anter ior.

enxerto, levando à perda de extensão. Os fatores pós-operatórios enxerto. A falha tardia, geralmen te após 1 ano, é mais comumente
incluem imobilização prolongada e inadequada ou reabilitação causada por nova lesão.
inapropriada. A causa da fa lha da reconstrução do ligamento cruzado ante-
A dor no joelho anterior provavelmente é a complicação mais rior pode ser difícil de determinar, e mais de uma causa pode ser
comum e mais persistente após a reconstrução do ligamento cruzado responsável. A causa mais evitável e mais com um é a técnica cirúr-
anterior. Embora sua causa exata não tenha sido determinada, vários gica. Os erros em técnica ci rúrgica podem incluir colocação in ade-
estud os sugeriram um a relação entre a dor patelofemoral e contra- quada do tún el, incisuroplastia inadequada e erros na seleção do
tura em flexão persistente e fraqueza do quadriceps. enxerto, taman ho, fisiometria ou tensionamento. Tais erros relacio-
Em geral, os atuais protocolos pós-operatórios defendendo nados com a técnica são discutidos em detalhes no Capítulo 51.
ausência de imobilização ou imobili zação li mitada e reabilitação O principal objetivo em determinar por que uma reconstrução
ma is agressiva diminuíram a frequência da perda de movimento e do ligamento cruzado anterio r fa lhou é evitar a repetição da causa
dor anter ior no joelho. As preocupações iniciais sobre o possível se uma revisão for feita. As causas de fa lha muitas vezes não podem
alongamento e falha do enxerto não foram va lidadas. As análises ser determinadas. É importante uma história detalhada, incluindo
histológicas dos autoen,xertos do tendão patelar utilizadas para eventos circundantes da nova lesão, se presente. Os níveis de ativi-
reconstrução do ligamento cruzado anterior mostraram que os dade do paciente an tes e depois da reconstrução primária do liga-
enxe rtos sofrem "ligamenti zação" durante um período de meses a mento cru zado anterior devem se r obse rvados. É especialmente
anos, mas uma fase necrótica pode não oco rrer, e os enxertos podem im portante observa r se o paciente fo i capaz de retornar para o se u
se r viáveis logo em 3 sema nas após a cirurgia. nível anterior de atividade após a reconstru ção primária e se a ins-
tab ilidade (e não a dor) é a queixa primária.
Como com qualquer exame do joelho, é necessário documentar
CIRURGIA DE REVISÃO DO LIGAMENTO instabilidade, sinais meniscais, sensibilidade da linha articu lar,
CRUZADO ANTERIOR efusão, arco de movimento, comparações da circ un fe rência do qua-
dríceps e outros parâmetros. Uma comparação com a extremidade
Trabalhos recentes sugerem uma faixa de 10% a 25% de falhas de oposta, se não for lesionada, é úti l para determinar de forma obje tiva
reconstrução do ligamento cruzado anterior. Uma taxa de falha o exame do paciente. O ali nhamento da extremidade inferior deve
precisa é difícil de determinar, porque o significado de "falha" de ser observado. A presença de padrões de instabilidade combinada e
uma reconstrução do ligamento cruzado anterior não é totalmente as condições dos estabilizadores secundários também devem ser
definido. Um cri tério, instabilidade recorrente po r causa da falha do documentadas. A marcha deve ser observada, incluindo a avaliação
enxerto, é estim ado para ocorrer em 0,7% a 8% das reconstruções. de varo ou valgo. A instabilidade posterolateral é um padrão de
Os fatores potencialmente envolvidos na fal ha de uma reconstrução instabilidade comum ente não diagnosticado. A frouxidão ligamen-
do ligamento cruzado ante ri or incl uem técnica cirúrgica, seleção de tar subj acente de outras articulações também deve ser observada.
material do enxerto, problemas com incorporação do enxerto, inte- As incisões prévias devem ser documentadas para planejamento
grid ade dos restritores secundários, condição da cartilagem articu - pré-operatório. A infecção pode precisar ser excluída.
lar e meniscal, reabilitação pós-operatória e motivação e expectativas Os registros médicos do paciente, incluindo relatórios ope ra-
do paciente. A seleção dos pacientes e o tempo de cirurgia são tórios e fotografias intraoperatórias, podem ser úteis em determinar
aspectos fundamenta is do plano pré-operatório. A falha precoce, o porquê de o enxerto inicialmente ter falhado. O cirurgião deve
geralmente dentro dos primeiros 6 meses, mais frequentemente é o estar preparado para corrigir quaisquer problemas com fixação do
resultado de erros técnicos, reabilitação incorreta ou excessivamente enxerto, remoção do material de fixação ou deficiência do osso, que
ag ressiva, retorno precoce ao esporte ou fa lh a da incorporação do podem exigir um procedimento estagiado.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flm

iâ[iji@imfD Se possível, a fixação original deve ser


deixada no local durante a revisão da reconstrução do
ligamento cruzado anterior.

A avaliação radiográfica deve incluir as incidências lateral e consideravelmente baixo de transmissão de doença e um questionável
anteroposterior padrão, uma incidência posteroanterior de 45 graus potencial para rejeição, dependendo das técnicas de preparação do
com suporte de peso em flexão e uma incidência patelofemoral. As enxerto. As técnicas de esterilização demonstrarm ter um impacto
radiografias ortostáticas com apoio do membro inferior são úteis para significativo sobre as propriedades mecânicas do enxerto, resposta.
determinar o eixo mecânico e se há necessidade de uma osteotomia imune e incorporação do enxerto. A incorporação retardada do
concomitante ou osteotomia em fases. É preciso observar a posição enxerto foi demonstrada em um estudo com cabras. Os aloenxertos
do material de fixação, a posição dos túneis, defeitos ósseos, osteólise mais comuns para revisão da cirurgia do ligamento cruzado anterior
e alterações degenerativas. Tomografia computadorizada ou, de pre- são osso-tendão patelar-osso e tendão de Aquiles-osso. Os enxertos
ferência, RM são úteis em determinar se os túneis femoral e tibial da fásc ia lata e tendão tibial também foram utiliza.dos. Embora os
prévios são adequados para revisão ou se novos túneis são necessários, relatórios iniciais não tenham encontrado diferenças significativas
assim como em determinar a extensão de qualquer alargamento do funcionais ou objetivas entre a revisão de reconstrução do ligamento
túnel (Fig. 45-127). Ressonância magnética também fornece informa- cruzado anterior com autoenxertos e com aloenxertos, há contradição
ções sobre o enxerto, os meniscos e a condição da cartilagem articular. entre estudos mais recentes com animais e clínicos. É útil ter mais que
A cintilografia óssea pode identificar alterações precoces degenerativas. uma opção de enxerto disponível no momento da revisão; o cirurgião
deve obter o consentimento pré-operatório do paciente se um aloen-
• SELEÇÃO DO ENXERTO xerto ou autoenxerto do joelho contralateral pode ser utiliza.do.
Retirar novamente enxerto de osso-tendão patelar-osso geralmente
não é recomendado devido ao grande número de outras fontes de • CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
autoenxertos e aloenxertos disponíveis para revisão da reconstrução do A cirurgia de revisão em etapas deve ser considerada se houver um
ligamento cruzado anterior. Os estudos radiográficos, incluindo ultras- problema com movimento do joelho, especificamente uma falta de 5
sonografia e RM, mostraram que a nova coleta do tendão patelar pode graus de extensão ou 20 graus de flexão, quando a estabilidade não é
ser satisfatória por causa da evidência de regeneração do ligamento e o problema. Além disso, se grandes defeitos ósseos estiverem presen-
remodelação, como demonstrado no acompan hamento progressivo tes, não podendo ser adequadamente tratados no momento da cirur-
com intervalos de até 18 meses. No entanto, os estudos com animais gia de revisão, procedimentos em estágios devem ser considerados.
envolvendo modelos caninos e caprinos relataram propriedades biome- Harner et al. recomendaram enxerto ósseo em etapas para um túnel
cânicas inferiores após a nova coleta do tendão. Um enxerto contrala- com mais de 15 mm de largura. Os fatores a serem considerados
tera.l osso-tendão patelar-osso também pode ser uma possibilidade, mas incluem a disponibilidade de autoenxerto e se o paciente consente em
tem a desvantagem de morbidade potencial do joelho normal. utilizar um aloenxerto para o tratan1ento de defeitos ósseos.
Os enxertos semitendíneo duplo, triplo ou quádruplo e semiten- As incisões prévias devem ser utilizadas ou estendidas, se pos-
díneo e grácil quádruplo também são opções para revisão cirúrgica. sível. Pontes de pele de menos de 7 cm de largura devem ser evitadas
No entanto, esses enxertos são menores em diâmetro do que o típico para prevenir problemas com cicatrização da ferida. Lesões menis-
osso-tendão patelar-osso, possivelmente causando incompatibilidade cais e de cartilagem articular devem ser tratadas no momento da
entre o enxerto e o túnel, que poderia resultar em problemas com cirurgi a de revisão. A posição do enxerto original do ligamento
fixação do enxerto e com efeito "limpador de para-brisas" do enxerto. cruzado anterior deve ser observada e desbridada.
As vantagens dos a.loenxertos incluem ausência de morbidade O material de fixação deve ser removido apenas se necessário
no local doador, menores incisões, tempo de torniquete e tempos (Fig. 45-128). A remoção desnecessária cria defeitos que exigem tra-
cirúrgicos mais curtos e ausência de limitações de tamanho. No tamento. Em geral, o material de fixação femoral é o mais difícil de
entanto, o custo é considerável. O seu uso também envolve um risco remover, especialmente se o parafuso estiver enterrado. É importante
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

E
ª
·---------- Nivel do
tubérculo
adutor
E
r 92
Ol

5mm
A B

O!iji!;f!irllB)Estrutura e inserções do li gamento cruzado posterior. A, Superfície lateral do cõndi lo medial do fêmur mostrando
medidas médias e relações da inserção femoral do ligamento cruzado posterior (área sombreada). B, Mudança no formato e tensão
dos componentes do ligamento cruzado posterior em extensão e fle xão . Com flexão, há tensionamento do volume do li gamento (BB'),
mas menor tensão na banda menor (A/!\). CC', Ligamento de Humphry inserido ao menisco lateral.

ter certeza de que o ângulo e a posição da chave de parafuso são primária, e os pacientes devem ser adequadamente aconselhados
precisos. Se um parafuso esteve no local por algum tempo, o metal sobre as suas expectativas. A taxa de sucesso para reconstruções
pode ter amolecido e um giro de uma chave de fenda que não está primárias é geralm ente relatada em 90% a 95% em comparação com
posicionada adequadamente pode espanar a cabeça do parafuso e 65% a 75% para revisões. Em uma série de 63 pacientes com revisões
dificultar a recuperação do parafuso. Se o parafuso for canulado, é útil da reconstrução do li gamento cruzado anterior relatadas por Batta-
colocar um fio-guia através do parafuso para evitar este problema. A glia et al., aproximadamente 60% foram capazes de retornar aos
remoção do material de fixação da tíbia geralmente não é tão difícil, esportes, a maioria em menores níveis do que antes da revisão.
e o uso de intensificador de imagem intraoperatório pode ajudar a A progressão significativa da osteoartrite, apesar da estabilidade e
locali zar um parafuso que foi enterrado ou coberto por osso. Um função satisfatórias, foi relatada por Diamantopoulos et ai. no acom-
parafuso bioabsorvível pode ainda estar presente 2 anos ou mais após panhamento a médio prazo de 148 pacientes com revisões da
a cirurgia, porque o ácido polilático utilizado para fazer os parafusos reconstruções do ligamento cruzado anterior. O motivo mais fre-
não é facilmente absorvível dentro deste curto período. Tentativas de quentemente citado para falha da reconstrução primária do liga-
remover um parafuso bioabsorvível podem causar fragmentação. É mento cruzado anterior é o posicionamento in apropriado do túnel.
melhor deixá-lo intacto, se possível, ou passar a broca através de parte
ou de todo o parafuso se não for facilmente removível. Os ligamentos
protéticos devem ser removidos em bloco para evitar a fragmentação LIGAMENTO CRUZADO
dos enxertos sintéticos. POSTERIOR
O material de fixação femoral ou tibial de uma técnica anterior
de duas incisões e, ocasionalmente, de uma técnica endoscópica
ANATOMIA
pode ser deixado intacto, dependendo da sua loca lização.
A remoção do parafuso e enxerto pode causar grandes defeitos O ligamento cruzado posterior é composto de duas partes principais,
ósseos, que podem exigir enxerto ósseo em etapas ou simultâneo. Um um a grande porção anterior que forma o maior volume do ligamento
enxerto em formato cilíndrico pode ser tirado da tíbia com uma trefina. e uma menor porção posterior que corre obliquamente para trás da
Além disso, os defeitos ósseos podem ser preenchidos com parafusos de tíbia. O ligamento cruzado posterior se fixa proximalmente à parte
interferência hiperdimensionados absorvíveis ou de metal, que podem posterior da superfície lateral do côndilo medial (F ig. 45-129) e, assim
ser posicionados adjacentes w1s aos outros para preencher tun defeito. como o ligamento cruzado anterior, ele forma um segmento de um
Harner et al. descreveram o uso de wn grande aloenxerto de bloco ósseo. círcu lo. A inserção tibial está em uma depressão atrás e abaixo da
Para tuna deficiência da parede posterior, pode ser necessário converter porção intra-articular da tíbia, com um a parte geralmente se fundindo
para wna técnica over-the-top ou utilizar w11 EndoButton. com o corno posterior do menisco lateral. A maioria dos pesquisado-
Uma generosa incisuroplastia de revisão pode ser indicada. res acred ita que é maior e mais forte que o ligamento cruzado anterior.
A adequação da incisuroplastia deve ser ava li ada após a colo cação Harner et a l. mediram a forma transversal e área do ligamento cruzado
do enxerto. anterior, do ligamento cruzado posterior e dos ligamentos menisco-
Os resultados clín icos da revisão de reconstrução do ligamento femorais em oito cadáveres. A área transversal do ligamento cruzado
cruzado anterior não são tão bons quanto aqueles da reconstrução posterior aume ntou da tibia para o fêmur e foi aproximadamente 50%
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO

e 20% maior que o ligamento cruzado anterior no fêmur e tíbia, res- Se um estudo de RM revelar lesão meniscal associada (que é muito
pectivamente. Os ligamentos meniscofemorais tiveram média de menos comum que com lesões anteriores do ligamento cruzado) ou
aproximadamente 22% de toda a área transversal do ligamento outras lesões, indica-se o tratamento cirúrgico dessas lesões e con-
cruzado posterior. Os locais da inserção foram 300% a 500% maiores sidera-se o tratamento cirúrgico do ligamento cruzado posterior.
que a seção transversal da substância do ligamento.

HISTÓRIA NATURAL
BIOMECÂNICA
A história natural do ligamento cruzado posterior rompido ainda é
Pesquisadores avaliando as propriedades biomecânicas dos ligamen- debatida, com alguns pesquisadores descrevendo os pacientes não tra-
tos descobriram que o componente anterolateral do ligamento tados com mínimos sintomas muitos anos depois. Outros relataram
cruzado posterior tinha rigidez linear significativamente maior e alterações osteoartríticas significativas em joeU1os com uma deficiência
carga fina l maior que o componente posteromedial e ligamento do ligamento cruzado posterior em urna porcentagem excepcional-
meniscofemoral somados. mente alta (80%) de pacientes quando o reparo ou a reconstrução foi
O ligamento cruzado posterior é orientado mais verticalmente adiado além de 4 anos. A história natural do joellio com deficiência
que obliquamente e é o eixo em torno do qual a rotação do joelho isolada do ligamento cruzado posterior varia consideravelmente.
ocorre. Ele parece orientar o mecanismo de "parafusamento" na Embora tendências para deterioração moderada das superfícies articu-
rotação interna do fêmur durante a extensão final do joelh o. O corte lares, leve diminui ção na função do joellio e aumento moderado nos
seletivo do cruzado posterior mostra que é importante em flexão; sintomas tenham sido observados em pacientes com deficiência do
quando ele é perdido, deslocamento da gaveta posterior é aum en- ligan1ento cruzado posterior, alguns pacientes têm essencialmente
tado sem alteração no sinal da gaveta anterior. A estabilidade rota- joellios normais e alguns têm sinais e sintomas de degeneração signifi-
cional é inalterada em extensão, mas alterada em flexão após secção cativa. A maioria dos trabalhos sobre a insuficiência do ligamento
do cruzado posterior. O ligamento cruzado posterior representa cruzado posterior considera o problema de instabilidade funcional, e
89% da resistência à translação posterior da tíbia sobre o fêmur e alguns enfatizam o potencial para artrite degenerativa precoce. No
atua como uma verificação da hiperextensão apenas após o liga- entanto, a instabilidade funcional pode não ser o principal sintoma de
mento cruzado anterior ter sido rompido. uma insuficiência isolada do ligamento cruzado posterior. Incômodo,
dor aos esforços, e efusão podem ser o resultado da degeneração da
cartilagem articular, que muitas vezes começa vários anos antes de as
EXAME FÍSICO alterações radiográficas ficarem evidentes.
Tal como acontece com o ligamento cruzado anterior, as lesões
No exame físico, o resultado do teste de gaveta posterior é positivo "isoladas" do li game nto cruzado posterior são relativamente raras;
com uma lesão do ligamento cruzado posterior; no entanto, a como regra, as rupturas deste ligamento são associadas às lesões do
verdadeira direção da translação da tíbia muitas vezes é con fun- compartimento medial ou lateral, especialmente o último. Clinica-
dida. O examinador frequentemente não percebe que a tíbia está mente, no entanto, as lesões isoladas do ligamento cruzado posterior
começando em uma posição posteriormente subluxada. A tensão podem ser causadas por uma falha sobre o joelho flexionado ou
posterior adicional na tíbia não produz qualquer aumento da trans- colisão da tíbia flexionada no painel em um acidente de veículo a
lação, sugerindo um resultado de teste negativo de gaveta posterior. motor. Esse mecanismo (a parte superior da tíbia posteriorizada
Uma gaveta anterior resulta em translação anterior, e o diagnóstico com o joelho flexionado) pode produzir o rompimento do liga-
de uma lesão do ligamento cruzado anterior é feito incorre tamente. mento cruzado posterior corno a única instabilidade clinicamente
O examinador não percebe que a tíbia está simplesmente se movendo detectável. Essas lesões isoladas do li gamento cruzado posterior
de uma posição posteriormente subluxada para neutra em vez de podem ser difíceis de diagnosticar agudamente, a menos que um
neutra para anteriormente subluxada. A confusão pode ser evitada, fragmento de osso seja avulsionado a partir da sua inserção tibial
colocando ambos os joelhos na posição de gaveta (quadril flexio- posterior e seja observado nas radiografias.
nado a 45 graus e joelhos flexionados a 90 graus), com os polegares
do examinador sendo colocados na linha articular anteromedial de
cada joelho (Fig. 45-52). Em geral, deve haver 5 a 10 mm de com- TRATAMENTO
pensação anterior da tíbia relativa ao côndilo femoral medial. Com
uma lesão do ligamento cruzado posterior, esta compensação ante- O tratamento de uma lesão do ligamento cruzado posterior é talvez
rior é perdida e a tíbia parece alinhada com o côndilo femoral. o tópico atual mais controverso em cirurgia do joelho, principalmente
Radiografias com estresse ajudam no diagnóstico das lesões do porque a história natural desta lesão é desconhecida. A maioria dos
ligamento cruzado posterior. Hewett et ai. realizaram a radiografia trabalhos na literatura teve seguimento relativamente curto e inclui
por estresse em 21 pacientes com lesões isoladas unilaterais do liga- uma mistura de lesões agudas e crônicas, assim corno lesões ligamen-
mento cru zado posterior, 10 completos e 11 parciais. Uma carga tares isoladas e complexas. O tratamento de uma lesão do ligamento
posterior de 89-N foi aplicada à tíbia proximal e um a radiografia cruzado posterior deve ter como base um entendimento da história
lateral tirada de cada joelho em 70 graus de flexão. As radiografias natural dessa lesão, assim como em um entendimento preciso dos
por estresse foram comparadas com as medições do artrômetro resultados a longo prazo das várias alternativas de tratamento.
KT-1000 e resultados do teste de gaveta posterior. A radiografia por
estresse demonstrou ser superior a ambas. O aumento da translação • TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
posterior de 8 mm ou mais em radiografias por estresse é indicativo Tradicionalmente, a maioria dos autores recomendou o tratamento
de ruptura completa. Os estudos de RM são mais confiáveis para não cirúrgico das lesões isoladas do ligamento cruzado posterior. Os
diagnóstico das lesões do ligamento cruzado posterior do que para métodos comprovados para reconstrução desse ligamento são
lesões do ligamento cruzado anterior e são rotineiramente obtidos. poucos; a maioria dos cirurgiões teve experiência limitada com esses
Em\) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

procedimentos, e os resultados muitas vezes são imprevisíveis. Alguns ruptura isolada do ligamento cruzado posterior em um joelho e um
pacientes permanecem livres de sintomas apesar da falta de um liga- joelho normal contralateral. Eles observaram que a ruptura do liga-
mento cruzado posterior, muitas vezes sem correlação direta entre a mento cruzado posterior levou a um aumento na frouxidão sagital
quantidade de instabilidade ligamentar e a gravidade de quaisquer passiva no compartimento medial do joelho. Nas imagens com
sintomas. A verdadeira incidência da lesão do ligamento cruzado suporte de peso, a ruptura do ligamento cruzado posterior alterou a
posterior não é conhecida, mas foi estimada sendo entre 3% e 20% de cinemática do joelho, com persistente subluxação posterior da tíbia
todas as lesões ligamentares do joelho. Muitas lesões isoladas passam medial, de modo que o côndilo femora l sobe sobre a inclinação ante-
despercebidas ou se tornam clinicamente silenciosas. Uma revisão da rior do platô medial da tíbia. Essa subluxação constante foi observada
literatura pode ser um pouco confusa, com estudos obtendo conclu- em todo o arco de extensão-flexão e fo i estatisticamente significativa
sões contraditórias. Historicamente, a maioria dos estudos indica que em todos os ângulos de flexão. A cinemática do compartimento lateral
as lesões de grau I ou grau II respondem bem ao tratamento não não foi alterada pela lesão do ligamento.
cirúrgico, pelo menos no curto prazo. Apesar de dividir os seus 38 pacientes em três grupos com base
A RM pode ser utilizada para avaliar as condições patológicas no momento da lesão, Boynton e Tietjens não puderam identificar
do menisco ou cartilagem e para determinar se uma lesão é uma variáveis de prognóstico. Eles encontraram indivíduos em todos os
lesão intersticial ou parcial. Os estudos mostram que estes tipos grupos que tiveram joelhos essencialmente normais e indivíduos
de lesão cicatrizam em um período de 6 meses, com uma redução que tiveram sinais e sintomas de degeneração significativa, levando
na frouxidão posterior de uma gaveta posterior 2+ para uma 1 + ou os autores a concluir que o prognóstico varia para joelhos com uma
até mesmo uma instabilidade residual. Os critérios comumente ruptura isolada do ligamento cruzado posterior.
citados para o tratamento não cirúrgico incluem (1) a gaveta poste- Além da "história natural" confusa da ruptura isolada do liga-
rior de menos de 10 mm (grau II) com a tíbia em rotação neutra mento cruzado posterior, os resultados das opções atuais de trata-
(excursão da gaveta posterior diminui com rotação interna da mento têm sido imprevisíveis, e a capacidade de qualquer uma de
tíbia sobre o fêmur), (2) menos de 5 graus de frouxidão rotatória evitar, reduzir ou interromper alterações degenerativas não está
anormal (especificamente, rotação externa anormal da tíbia com provada. Apesar disso, os pacientes tratados de modo não cirúrgico
o joelho flexionado 30 graus, indicando a instabilidade posterolate- devem ser observados de perto para sintomas de alterações degene-
ral), e (3) nenhuma frouxidão valgo-varo anormal significativa rativas ou deterioração funcional.
(nenhuma lesão ligamentar significativa associada). Após a extensiva experiência com ambos os tratamentos cirúr-
Estudos indicaram que a instabilidade funcional de curto gico e não cirúrgico das lesões do ligamento cruzado posterior,
prazo é mínima e que a função geralmente não está correlacionada Shelbourne recomendou o tratamento não cirúrgico da maioria das
com estabilidade objetiva. Vários estudos relataram um retorno às lesões agudas de grau II e todas as lesões de grau I isoladas do liga-
atividades esportivas em aproximadamente 85% dos pacientes com mento cruzado posterior. Em um atleta de alta demanda com frou-
lesões do ligamento cruzado posterior isolado, tratadas de modo não xidão posterior isolada de grau II ou mais, é possível indicar
cirúrgico, independentemente do grau de frouxidão. Apesar desses reconstrução ou reparo agudo do ligamento cruzado posterior. Em
relatórios encorajadores de tratamento não cirúrgico, é evidente que uma lesão crônica do ligamento cruzado posterior isolado com resi-
nem todos os joelhos com uma lesão isolada do ligamento cruzado dual frouxidão de grau II ou maior, que é sintomática, outras lesões
posterior funcionam bem. Estudos recentes de longo prazo mostra- associadas, como o dano ao menisco ou cartilagem, devem ser iden-
ram que a função do joelho tende a se deteriorar ao longo do tempo tificadas e podem ser responsáveis pelos sintomas. Se a a frouxidão
e que a maioria dos pacientes eventualmente é afetada por algum posterior for considerada a causa ou contribuir com os sintomas,
grau de incapacidade: dor ao caminhar longas distâncias, ficar em urna órtese para ligamento cruzado posterior é utilizada para avaliar
pé, subir e agachar; rigidez do joelho; falseio. Dejour et ai. sugeriram os potenciais resultados de um procedimento de estabilização. Se os
que a história natural da ruptura isolada do ligamento cruzado pos- sintomas diminuem ou desaparecem, a reconstrução do ligamento
terior poderia ser descrita em três fases: ( 1) adaptação funcional cruzado posterior é recomendada. No entanto, o sucesso da recons-
durando de 3 a 18 meses, (2) tolerância funcional continuando por trução cirúrgica em termos de estabilização variou e está longe de
15 a 20 anos, e (3) degeneração osteoartrítica que não se torna ser previsível. Os resultados de longo prazo após a reconstrução do
incapacitante até após 25 anos. ligamento cruzado posterior com um enxerto autógeno osso-tendão
O agravamento dos sintomas e o desenvolvimento da osteoar- patelar-osso mostraram a diminuição da frouxidão posterior para
trite provavelmente são causados por forças anormais que afetam de um grau aproximado de 1,0 a 1,5, mas a frouxidão posterior não foi
forma adversa as superfícies articulares de todos os compartimentos consistente ou previsivelmente eliminada em todos os pacientes.
no joelho. Em um estudo biomecânico in vivo, Castle et ai. sugeriram Clancy também recomendou o tratamento não cirúrgico das lesões
que a ruptura do ligamento cruzado posterior resulta em subluxação agudas isoladas do ligamento cruzado posterior por causa da incer-
posterior da tíbia. Durante as atividades que exigem mais flexão do teza da história natural desta lesão e da dificuldade de obter consis-
joelho (p. ex., subir e descer escadas), a patela e o ligamento patelar tentemente a estabilidade biomecânica. Além disso, não há estudos
são forçados a assumir um papel proeminente na resistência à trans- que comprovaram que a reconstrução do ligamento cruzado poste-
lação posterior da tíbia. No entanto, a retração tibial anormal poste- rior evita o desenvolvimento da degeneração da cartilagem articular.
rior produz um braço de alavanca encurtado para o grupo muscular Gill et ai. mediram as pressões de contato da articulação patelofe-
do quadríceps, resultando em urna diminuição da vantagem mecâ- moral após a deficiência do ligamento cruzado posterior e após a
nica. Os estudos de seccionamento sequencial de cadáver observaram reconstrução em oito joelhos de cadáver. As pressões de contato
pressões patelofemoral e cargas do quadríceps muito elevadas e pres- foram medidas em 30 graus, 60 graus, 90 graus e 120 graus de flexão
sões no compartimento medial significativamente aumentadas após o sob cargas musculares simuladas. A deficiência do ligamento
seccionamento do ligamento cruzado posterior e o complexo poste- cruzado posterior significativamente aumentou os picos de pressão
rolateral. Logan et ai. avaliaram o movimento tibiofemoral por RM de de contato medidas na articulação patelofemoral relativa ao joelho
campo aberto com o paciente em suporte de peso com agachamento, intacto tanto sob uma carga isolada do quadríceps de 400 N quanto
através do arco de flexão de O a 90 graus, em seis pacientes com sob uma carga combinada quadríceps-isquiotibial de 400 N-200 N.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GLillll
Avulsões LCP agudas •Afaste a pele e o tecido subcutâneo anteriormen te à
borda medial da patela e tendão patelar e posteriormente
para o canto posteromedia l.
• Fa ça uma in cisão capsular anteromed ial e explore a
Fragmento grande Fragmento pequeno
articu lação.
• Se o ligamento cruzado posterior estiver avulsionado da tíbia
e o reparo precisar ser feito através de uma abordagem
Redução aberta Translação Translação medial, faça a dissecção da pele posterior e tecido subcutâneo
e fixação interna posterior da posterior da como uma única camada para o canto posteromedial e, com
tíbia< 10 mm tíbia > 1O a 15 cm o joelho flexionado a 90 graus, retraia a cabeça medial do
gastrocnêmio e as estruturas do poplíteo posteriormente para
Reabilitação Reconstrução expor adequadamente a inserção tibial do ligamento.
do quadríceps de LCP •Na ausência de uma lesão importante do compartimento
medial, uma incisão capsu lar posteromedial permite
exposi ção adequada da inserção tibial. A porção mais
O@i@11:E1Ei) Algoritmo de tratamento para fratura por
medial do corno posterior intacto do menisco medial
avulsão do ligamento cruzado posterior (LCP). (De Veltri DM,
pode torn ar a exposição e a colocação da sutura na
Warren RF: lsolated and combined posterior cruci ate ligament injuries,
extremidade distal do ligamento difícil, mas a excisão do
J Am Acad Orthop Surg 1:67, 1993.)
menisco medial intacto não é necessária.
• Coloque suturas não absorvíveis através da inserção tibial
A reconstrução não reduziu significativamente o aumento das pres- avulsionada do ligamento e perfure orifícios paralelos a partir
sões de contato observadas no joelho ligamento-deficiente. do aspecto anteromedial da tíbia proximal com o objetivo de
sair posteriormente perto da inserção tibial normal do liga-
• TRATAMENTO CIRÚRGICO mento cruzado posterior. Esses orifícios devem sair no aspecto
Em geral, retardamos a reconstrução em 1 a 2 semanas após a lesão posterior da tíbia aproximadamente 5 mm abaixo da margem
para permitir a diminuição da reação intra-articular dolorosa e para articular posterior. Conforme a broca penetra no córtex tibial
permitir ao paciente recuperar o movimento completo e alguma posterior, tome cuidado para proteger os vasos poplíteos com
força. As lesões agudas "clinicamente isoladas" do ligamento cruzado um afastador metálico largo. Os guias de perfuração comer-
posterior são reparadas se o ligamento for avu lsionado com um ciais podem auxiliar na colocação dos orifícios.
fragmento de osso (Fig. 45-130). • Passe as suturas anteriormente colocadas no fragmento
Com luxações do joelho, o ligamento cruzado posterior oca- avulsionado através dos orifícios de perfuração paralelos
sionalmente será "arrancado" da sua inserção femoral, e o reparo com passadores de sutu ra e amarre-as anteriormente sobre
cirúrgico produz bons resultados. O reparo das lesões em outros a ponte óssea para reinserir o ligamento na sua inserção
locais é mais controverso, com alguns autores concluindo que a normal e para restaurar a tensão do ligamento. Se este for
sutura sozinha não pode restaurar o ligamento cruzado posterior e o único reparo principal necessário, use suturas separadas
não é forte o suficiente para suportar as forças aplicadas no joelho para fech ar a incisão capsular anteromedia l utilizada para
e nem o reparo do ligamento cruzado posterior sozinho nem o explorar a articulação e a incisão capsu lar posteromedial.
reforço com semitendíneo a partir do terço proximal ou da substân- • Se a lesão isolada do ligamento cruzado posterior for
cia fornecem estabilização adequada. caracterizada por avu lsão de um grande fragmento ósseo
Tal como acontece com os reparos ou reconstruções do liga- do aspecto posterior da tíbia e uma abordagem posterior
mento cruzado anterior, geralmente examinamos o joelho artrosco- for planejada, o joelho deve ser examinado artroscopica-
picamente antes de qualquer procedimento cirúrgico aberto para mente para exclu ir outras lesões ortopéd icas antes de fazer
melhor avaliar a condição patológica intra-articular. Algumas técni- a abordagem. Essa abordagem não permite a exploração
cas de reconstrução do ligamento cruzado posterior podem ser do joelho ou correção de qualquer outro distúrbio.
artroscopicamente auxiliadas como para o posicionamento do túnel •Coloque o fragmento de osso cuidadosamente na cratera
e direcionamento do enxerto (veja a seção sobre reconstrução e prenda-o com um parafuso esponjoso se o fragmento
artroscopicamente auxiliada do ligamento no Cap. 51). As seguintes for grande o suficiente (Fig. 45-131) ou com uma sutura
técnicas são descritas apenas para técnicas abertas. não abso rvíve l passada através de orifícios de perfuração
paralelos em direção ao aspecto anterior da tíbia.
•Repare a lesão frequentemente encontrada na cápsula
REPARO DA AVULSÃO ÓSSEA posterior com suturas separadas.

TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-opera-


tório é semelhante ao descrito para lesões dos colaterais
•Se o reparo de uma avulsão óssea isolada do cru zado
e cruzados.
posterior for o único procedimento previsto, comece uma
in cisão medial em um nível 5 cm proximal ao polo supe-
rior da patela e siga distalmente em toda a área do epi-
côndi lo media l em paralelo à borda medial da patela e Com a abordagem posterior direta para reparo da avulsão óssea
tendão patelar e terminando no nível da borda superior do ligamento cruzado posterior, soltar a cabeça medial do gastrocnê-
da pata de ganso. mio do côndilo femoral permite total exposição da cápsula posterior
e do intercôndilo. O reparo das avulsões na inserção tibial, assim
lllEJmi) PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

O[dlh§i&J) Reinserção com parafuso do fragmento de osso


avulsionado da tíbia posterior com ligamento cruzado posterior. O[rii!;f4mE!) Forte pino de Steinmann transart icular mantém
VEJA A TÉCNICA 45-22. a tíbia para a frente após o reparo do ligamento cruzado poste-
rior. VEJA A TÉCNICA 45-22.

como o reparo das lesões da cápsula posterior, é fac ilmente realizado


com parafusos, âncoras ou suturas transósseas (pull-through).
Burks e Schafter descreveram wna abordagem alternativa para a
tíbia posterior para reparo de w11a avulsão tibial isolada (Técnica 45-26).
Antes do fechamento da in cisão capsu lar, alguns defenderam
a inserção de um gra nd e pino de Steinmann diagonalmente através
da tíbia proximal, entrando na articulação da área intercondilar e,
em seguida , perfurado no intercôndil o e cô ndilo femoral com a
tíbia m antida para a frente (F ig. 45-132). Os defensores desta
técnica acreditam que sem a inserção desse pino haverá fl acidez
posterior da tíbia e, portanto, estresse no reparo do cruzado pos-
terior mesmo se um gesso longo for utilizado. No entanto, em um
estudo experimenta l, Ogata et al. mostraram que n enhum arquea-
mento da tíbia ocorreu na exten são compl eta em joelhos com
secção " isolada" do liga m ento cruzado posterior. Nenhum arquea-
mento ocorreu quando a cápsula posterior também foi seccion ada
se o joelho tiver permanecido totalmente estendido. O arquea-
mento ocorreu em ambos os casos, conforme o joelho foi flexio-
nado. Apenas com secção do ligamento colateral medial ou lateral,
o u ambos, o arquea m e nto e a rotação posteriores ocorrem em
exten são. Este es tudo sugere que, após a lesão do ligamento
cruzado posterior, a imobilização em extensão completa é estável
se os ligamentos co laterais estiverem intactos.
Müller e outros defenderam colocar um pino de Steinmann de
4,5 mm através de um orifício previamente perfurado na patela e
direcionando-o à tíbia com a tíbia e o fêmur em alinhamento apro- O[rilh§inll!) "Olecranização" da patela (Müller) . Para evitar
priado para evitar deslocamento posterior da tíbia sobre o fêmur. o deslocamento posterior da tíbia no fêmur, o que poderia estres-
Müller referiu-se a isso com o "olecranização" da pateta (Fig. 45-133). sar o enxerto, pino de Steinmann de 4,5 mm é co locado através
No entanto, Weinstabl et al. investigaram in vitro a influência da do orifício na patela e conduzido na tíbia com a tíb ia e fêmur em
o lecranização na deformação do liga m ento cruzado posterior e alinhamento apropriado; tensão de enxerto é, em seguida, ajus-
mostraram que a olecranização resultou e m um a deformação c inco tada. VEJA A TÉCNICA 45-22.
CAPÍTULO 45 LE SÕES NO JOELHO Gmll
vezes maior q ue o n ormal com o joelh o em extensão abaixo de 20 Ruptura/avulsão crônica do LCP
graus e em fl exão ac im a de 40 graus.
Não utili za mos essas técnicas, prefe rindo colocar o joelho em
uma órtese de movim ento co n trolado em extensão completa.
Instabilidade Dor crô nica e/ou instabilida de
posterolateral crônica com > 1O a 15 mm
1 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO de deslocamento posterior
POSTERIOR
Para lesões do ligamento cru zado posterior em associação a outras Radiografia AP, de pé, do
lesões significat ivas do ligamento (incluindo luxação do joelho), a quadril ao tornoze lo e m extensão Reabilitação do quadríceps
reconstrução do ligamento cruzado posterior é indicada. As estru-
turas laterais devem ser reparadas o u reco nstruídas conforme indi-

9
cado; as estruturas m ediais podem se r reparadas em joelhos com Alinhamento
grave instabilidade, o u o joelho pode ser im obilizado em pacientes norm a l
com frouxidão leve a moderada. Harner et al. , em um estudo bio -
mecânico, demonstraram que a reconstrução do ligamento cruzado
Cons ide re Incidênc ias o rtos táticas AP Contínua
posterior é in eficaz e pode ser sobrecarregada se as estruturas pos- osteotomia em exte nsão completa e PA reabilitação
terolaterais associadas não fore m reparadas. Torg et al. d escobriram tibial valgizante co m 45 graus de flexão
qu e a variável preditiva mais significat iva com relação ao estado
fun cional é a prese nça de instab ilidade unidireciona l em vez d e
multidirec io nal n o momento d a lesão. Eles estabeleceram uma cor- In stabilida de pos terior Alterações
relação direta entre a instabilidade mu ltidirecional combinada e a a in da s intomática degenerativas
graves
ocorrência de problemas associados de condromalacia d a patela,
d esa rranj o do m eni sco, atrofia do quadríceps e alterações degenera-
tivas. A presen ça de uma lesão d e gaveta posterior grau III (mais de Aumento
Nenhuma ou Rea bilitação progressivo
10 mm de frouxidão posterior) é uma indi cação relativa para recons- leve a lte ração do quadríceps da atividade
trução ci rúrgica (F ig. 45-134) . degenerativa ou os teotomia com
N umerosas técnicas e tecidos foram defe ndidos para recons- nas radiografi as cintilografias
truir o joel ho com um a d eficiência do ligamento cruzado posterior. ósseas
Desde que Hey-Groves relato u a recon strução do ligamento cruzado bianuais
Considere a reconstrução
posterior com o tendão semitendíneo, outros autores sugeriram pro- do LCP
cedimentos extra-artic ul ares, assim como a reconstrução intra-arti-
cular com uso do menisco lateral, gastrocnêmio m edial, tendões o@•l;Mm!D Algoritmo de tratam ento pa ra lesões crônicas
semitendíneo e grácil, e auto enxertos de osso-tendão patelar-osso do lig amento cruzado posterior (LCP). AP, anteroposterior; PA,
com técnicas artroscópicas o u abertas. Não utilizamos o m en isco ou posteroanterior. (De Veltri DM, Warre n RF: lsolated and combined
a cabeça medial do gastrocn êmico para reconstrução do ligamento posterior cruciate ligament injuries, J Am Acad Orthop Surg 1 :67, 1993.)
cruzado poste rior e não temos expe ri ência com o uso dos tendões
sem itendíneo e grác il, mas duvidamos que eles sejam longos ou
fort es o suficie nte para serem utili zados como um substituto d o
ligamento cruzado posterior. Observam os qu e um enxerto livre do subdivisão em qu atro regiões d e fibra (a nterior, central, posterior
tendão patelar produ z os res ultados mais previsíveis e satisfatórios lo n gitudin al e posterior oblíqua) fo i propos ta d e acordo com a
para insuficiência crôn ica do ligamento cruzado posterior. Se o orientação d as fibras, o comportamento m ecâni co durante o movi-
paciente aceitar um aloe nxerto para reconstrução d o ligamento mento da articulação e os loca is ósseos de inserção (F ig. 45-1 35).
cruza do posterior, excelentes resultados podem ser obtidos com o Todos os estudos conco rdam qu e a porção an teri or tem o maior
uso de um enxerto con gelado osso-tendão patelar-osso (1 5 a 20 mm tamanho tra nsversal, ten sion a com a flexão do joelh o e relaxa com
de largura) o u um enxerto do tendão d e Aq uil es com osso em uma a extensão. O grupo d e fibra posterior foi estimado em constituir
extremidade. Esses aloenxertos são mai s lon gos e mais fortes que os entre 5% e 15 % da massa do ligam ento, é frouxo com a flexão e
en xe rtos coletados a partir de tecidos d o próprio paciente. ten so com a extensão. A quantidade de força gera da no li gamento
A controvérsia so bre o tratamento das ru pturas do ligamento cru zado posterior durante o teste de gaveta posterior foi mostrada
cru zado posterior também se este nde para a técnica d e reconstru- a dep ender d o ângulo de flexão em que o teste é realizado; quando
ção. A m aio ria do s p esq ui sdores concorda que a anatomia do o ângul o está perto d e 90 g raus d e flexão, toda a força aplicada
li gamento cruzado posterior deve se r rec ri ada para fornecer a posterior para a tíbia é transmitida para o li gamento.
melhor oportunidade para um joelh o es tável, mas o consenso O sítio de inserção do li gamento cruzado posterior n o côndilo
termina aqui , e d escr ições d a an atomia desse li gamento variam femoral medial é um amplo semicírculo com uma largura média d e
entre os autores. Tra di cionalm ente, o ligam ento cruzado posterior 32 mm. O sítio de inse rção tibia l se encon tra em uma depressão
tem sido d esc rito como consistindo em d uas partes, a banda ante- (fóvea) 1 cm abaixo da superfície articular m edial da tíbia. O liga-
r ior, ou anterolatera l e a band a posterio r, o u posteromedial. mento é orientado ve rticalm ente no plano front al e inclina para a
Estudos anatô mi cos subsequentes descreveram esses feixes (ante- frente 30 a 45 graus no plano sagital, dependendo da quantidade de
rior, meio e poster ior) com base na loca li zação d a sua inserção fl exão do joelh o. Galloway et ai. descobriram que a restauração d a
sobre o fêmur. Es tudo s d e an atomia macroscópica e funcional estabilidade do joelho em fl exão d ependi a em grande parte da loca-
adicionaram mais complexid ade caracterizando o ligamento como lização da inse rção femoral. Um a inserção femoral que não era iso-
um co ntínuo d e fibras se m separações verdadeiras d e bandas ou métrica por medida intraoperatória, mas dentro da área de inserção
feixes . Com base no s cri tér ios funcionai s e morfológicos, uma an atômica d o li gamento cruzado poster ior, repro duziu mais d e
lllJl!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Anterior Central Posterior Posterior


longitudinal oblíquo

Quatro regiões de fibras do ligamento cruzado posterior e seus locais ósseos de inserção no côndilo femoral medial
e parte posterior da tíbia . (De Covey CD, Sapega AA: Injuries of the posterior cruciate ligament, J Bane Joint Surg 75A: 1376, 1993.)

h@ll;f4 rllm Origem e locais de inserção do ligamento cruzado posterior.

perto os limites posteriores dos joelhos intactos. As variações na 45-136). O posicionamento posterior cria um enxerto que é orien-
inserção tibial produziram apenas menores alterações nos limites tado muito mais verticalmente que o ligamento cruzado posterior
de movimento posterior. Grood et al. concluíram que nenhum normal. Obviamente, a função e a posição isométricas são difíceis
ponto absolutamente isom étrico existe dentro da zona de inser- de reproduzir, em virtude da anatomia macroscópica do volume do
ção femoral. ligamento. Os pesquisadores discordam se é melhor colocar o
A maioria dos cirurgiões escolheu colocar o tún el femoral na enxerto do ligamento cruzado posterior em uma posição em que ele
porção anterior do footprint femoral, substituindo as fibras anteriores vai funcion ar isometricamente ou substituir o maior e mais forte
e tensionando o enxerto perto de 90 graus de flexão do joelho (Fig. volume anterior do ligamento, que é não isométrico. Cada opção
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

tem se us proponentes, e há evidência conflitante em apo iar a tensão restaurava a cinemática do joelho mais próximo do normal do que
do enxer to em extensão completa, 90 graus de flexão, e posições um a posição posterior. Stannard et al. re lataram os resultados de
intermediárias. reconstrução do ligamento cru zado posterior inlay na tíbia com-
Sistemas de testes robóticos delinearam vários conceitos binada e técnica femoral de dois túneis em 29 pacientes com 30
importantes sobre a tensão do enxerto : reconstrução do ligamento rupturas do ligamento cruzado posterior. Vinte e três joelhos não
cruzado posterior com fixação do enxerto em extensão completa tiveram frou xidão, e sete tiveram uma froux idão !+. Os dados do
sem tensão resulta em um joelho hiperconstrito com diminuição artrômetro KT-2000 documentaram menos de 0,5 mm de dife-
significativa da translação total anteroposterior, enquanto a recons- ren ça lado a lado para deslocam ento posterior e deslocamento
trução do ligamento cruzado posterior com fixação do enxerto em total anteroposterior tanto a 30 graus quanto a 70 graus de flexão
90 graus de flexão resulta em cinemática similar àquela do joelho do joelho.
intacto, e fixação do enxerto em extensão completa pode restringir Tal como acontece com os reparos ou reconstruções do liga-
o joelho e elevar as forças in situ do enxerto. mento cruzado anterior, geralmente examinamos o joelho artrosco-
A controvérsia sobre a reconstrução do ligamento cruzado picamente antes de qualquer procedimento cirúrgico aberto, a fim
posterior continua a crescer. Alguns autores recomendaram de avaliar melhor a condição patológica intra-articular. Algumas
reconstruir ambas as porções do ligamento. Até o momento, a técnicas de reconstrução do ligamento cruzado posterior podem ser
maioria dos estudos consiste em avaliações biomecânicas, utili- artroscopicamente auxiliadas como para posicionamento do túnel e
za ndo modelos de cadáver. Há poucos trabalhos clínicos publica- direcionamento do enxerto (veja a seção na reconstrução artrosco-
dos, e o que está disponível é limitado por acompanhamento de picamente auxi liada do ligamento no Cap. 51). As seguintes técnicas
curto prazo. Embora a eficácia de uma reconstrução de feixe duplo es tão descritas apenas para técnicas abertas.
do ligamento cruzado posterior ainda precise ser provada, pesqui-
sas sugerem que ela oferece a possibilidade de melhorar os resul-
tados da reconstrução.
Os estudos biomecânicos em cadáve r mostraram que a
técnica de dupla banda restaura os níve is de instabilidade poste-
rior para mais próximo do normal do qu e a técnica de banda RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO
úni ca; no entanto, um estudo semelhante desco briu que a adição
de um segundo enxerto posteromedial redu zia a frouxidão, mas
CRUZADO POSTERIOR COM ENXERTO
às custas de forças maiores que o normal no enxerto posterome- DO TENDÃO PATELAR
dial. Estudos mais recentes, biomecânico e em cadáver, chegaram A seg uinte técnica para reconstrução do ligamento cru zado
a co nclusões diferentes. Em vista das forças do enxerto relativa- e
posterior foi descrita por lancy em 1983' É possível utilizar
mente altas em extensão completa que poderiam fazer com qu e qualquer um dos sistemas ou gu ias de perfuração comerciais
o enxerto alongasse permanentemente com o tempo, Markolf et para determinar as localizações dos túneis. A fixação com
al. questi onaram a necessidade de um enxer to posteromedial, parafuso de interferência dos plugues ósseos nos túneis
enqu anto Whiddon et ai. compararam as técn icas de banda única femoral e tibial é preferida pela maioria dos cirurgiões,
e banda dupla em um modelo de cadáver e concluíram que a embora possa ser mais difícil do que com as reconstruções do
reconstrução em dupla banda oferece benefícios mensuráveis em ligamento cruzado anterior. O comprimento, especialmente
termos de estabilidade rotacional e translação posterior na pre- do túnel da tíbia, para reconstrução do ligamento cruzado
sença de uma lesão não tratada do canto posterolateral. Com o posterior é maior do que para a reconstrução do ligamento
canto posterolateral intacto, no entanto, ele forneceu mais restri- cruzado anterior; portanto, o plugue ósseo distal pode ser
ção rotacional, mas não reduziu a translação posterior. Ne nhuma mais difícil de ver dentro do túnel para fi xação com parafuso
diferença na translação entre um enxerto de dupla banda e um de interferência. Um maior plugue ósseo da tuberosidade da
enxerto de banda única em reconstruções inlay do ligamento tíbia é aconselhado. No entanto, um grande fragmento
cruzado posterior foi encontrada em oito joelhos de cadáveres ósseo na extremidade proximal do enxerto pode dificultar a
subm etidos a seis ciclos a partir de um ponto de referência 40-N sua entrada no túnel femoral. Um ponto de início anterola-
anterior para uma força de translação posterior de 100-N em 10 teral do túnel tibial em vez de anteromedial foi recomendado
graus, 30 graus, 60 graus e 90 graus de flexão, levando os autores para evitar o "ângulo assassino", ou killer tum, conforme o
a co ncluir que o uso de um enxerto de dupla banda pode não enxerto emerge da tíbia . Essa posição foi demonstrada como
oferecer qualquer vantagem sobre um enxerto de banda única sendo associada a resultados melhores, mas os resultados
para reconstruções inlay na tíbia do liga mento cruzado posterior. clínicos não estavam significativamente correlacionados com
Apsingi et ai. chegaram a conclusões semelhantes após comparar uma posição específica do enxerto.
a reconstrução de banda única e dupla em modelos de cadáver Os locais isométricos da in serção tibial e femoral são
de lesões combinadas do ligamento cruzado posterior e canto tão importantes na reconstru çã o ou reforço do liga-
posterolateral, observando que a complexidade adicionada da mento cruzado posterior como na reconstrução do ligamento
reconstrução de dupla banda não parece ser justificada pelos seus cruzado anterior. Assim como o li gamento cruzado ante-
resultados. Wiley et ai. determinaram, em um modelo de cadáver, rior, o sítio de inserção tibial do ligamento cruzado posterior
qu e, ao perfurar dois túneis e rem over osso adicional do côndilo não é tão fundamental para isometria quanto o sítio
femoral medial, a técnica de dupla band a aumenta o risco de femoral. Este sítio de inserção tibial muitas vezes é
fratura do côndilo femora l medial. Os testes com um sistema robó- difícil de expor para visão direta . Como o padrão de
tico determinaram que uma posição anterior dos túneis ósseos n a comprimento é relati va mente insensível à localização )
reco nstrução de dupla banda do ligamento cruzado posterior
PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

dedos proximal. Faça uma incisão no tecido subcutâneo


de forma similar.
•Faça uma art rotomia med ial perto do aspecto medial do
tendão patelar. Inspecione a articu lação do joelho e res-
seque ou repare quaisquer lesões do menisco ou resseque
o menisco, se necessário. Se a lesão do ligamento cruzado
posterior for aguda, coloque suturas através do coto
remanescente
T
•Na lesão iso lada do li gamento cruzado posterior, o liga-
mento de Humphry gera lmente está íntegro e pode ser
confundido com um ligamento cruzado posterior intacto.
No entanto, uma cu idadosa dissecção mostra que suas
fibras ma is anteriores seguem um curso lateral para o
corno posterior do menisco latera l.
•O ligamento de Wrisberg também pode estar presente;
ele é composto de fibras que se fixam ao ligamento
cruzado posterior e também passa na direção lateral para
o corno posterior do menisco lateral.
li@li;@mli) Mapa de contorno do modelo articulado •Se um desses ligamentos estiver intacto, a tíbia vai se
simples, em que o joelho gira em torno de único eixo de rotação . mover apenas li ge iramente para trás quando ela é
A inserção tibial loca l (T) foi colocada a 35 mm do eixo . Número mantida em rota ção interna e é feita uma manobra da
de cada linha de contorno indica a máxima mudança no compri- gaveta posterior. Esses li gamentos diminuem a excessiva
mento do enxerto co nforme o j oe lho é rodado de O a 90 g raus. rotação interna espe rada e a translação posteri or da
Linh a AA é a linh a "mais iso métrica". A área rosa indica a região tíbia e podem leva r a um diagnóstico equivocado de
dentro da qua l a máxima mudan ça no comprimento é menor que in stabi li dade rotató ri a posterolateral pura. Se nenhum
2 mm. CR, centro de rota ção . (Redesenhada de Grood ES, Hefzy MS, li gamento estiver intacto, a tíbia te rá deslocamento sig-
Lindenfield TN: Factors affecting the region of most isometri c femoral nificativo posterior e em rota ção interna sob re o fêmur.
attachments, part 1: the posterior cruci ate ligament, Am J Sports Med •Agora dirija a aten ção para o aspecto posteromedial do
17197, 1989 )
joelho.
•Com o joelho flexionado a 90 graus, faça a dissecção do
tecido subcutâneo e pele sobrejacente para expor o
aspecto anteromed ial dos tendões gastrocnêmio med ial
e semimembranoso.
proxima l-distal ou medial-lateral na tíbia, exposição e visu- •Faça uma incisão posterior na cápsula imediatamente
)
alização amplas da fossa tibial não são tão necessárisa ante ri or ao tendão gastrocnêm io medial. Faça a in cisão
como para escolher um local de inserção femoral. Colocar através da sin óvia e cápsul a posterior, mantendo-a pos-
um dedo enluvado na fóvea e um fio-guia por gu ia comer- teromedialmente ao menisco medial, de modo que o
cia l ou por pa lpação pode ser bom o suficiente As rad io- menisco possa ser preservado se ele estive r intacto.
grafias do joelho após a inserção do f io-guia confirmam •Se necessário para exposição, libere o terço medial do
que o f io-guia sai na fóvea imediatamente inferior à tendão gastrocnêmio med ial imediatamente dista l à sua
margem articular da tíbia posterior e imed iat amente lateral inserção no fêmu r.
à lin ha média. O loca l de inserção femoral para o substituto •Com o joelho flexiona do a 90 graus, utilize um afastador
do li gamento cruzado posterior é fundamental. Felizmen te, curvo para retrair a cápsula posterior e sinóvia, expondo
isso é visível através do intercôndilo. Quando o ligamento a antiga inserção do ligamento cruzado posterior na
é reforçado ou reconstruído, quaisquer erros devem ser na tíbia.
direção anteroposterior, não na direção proxima l-dista l. Em •Coloque um guia de perfu ração ou um dedo enluvado

_ ____
reconstruçôes de lesões agudas, o coto remanescente do posterolateral ao centro anat ômico da inserção do liga-
ligamento cruzado posterior aju da a loca li za r o loca l ade- mento cru zado posterior na tíbia (Fi g. 45-138 A).
quado da inserção femoral. •Coloque a parte anterior do gu ia de perfuração ou um
fio de Kirschner dista l e media l à inserção tibial do tendão
TÉCNICA patelar (Fig. 45-1 38 B).
•Perfure um túnel de dista l a proximal através da t íbia
(CLANCY) em um ângu lo de aproximadamente 45 graus (F ig.
45-138 C)
•Prepare e coloque os campos ci rúrgi cos na perna na •Coloque o fio de Kirschner, com ou sem gu ia de perfu-
forma padrão e infle o torn iquete. ração, no local anterior, de modo que ele saia posterola-
•Faça uma incisão parapatelar medial padrão, cu rvada tera lmente ao centro anatômico da inserção do ligamento
posteriormente no aspecto superior em linh a com o cruzado posterior (Fig . 45- 138 A). Em seguida, perfure o
ep icôndilo femoral medial, mas aproximadamente dois fio de Kirschner com uma broca de 1O mm. )
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm

Centro anatômico

P"tecim\
do ligamento
crnwdo

I'
1' I
I
I
Fio de I
I
Kirschner I

t LI.<';º ,/
A B e '-:::. /

Centro anatômico do
ligamento cruzado
posterior

Enxerto livre

'r
de osso patelar,
tendão patelar,
osso da tíbia
Fio de Kirschner

D E F

H@l!;tjml:E) A-1, Técnica para reconstrução do ligamento cruzado posterior com enxerto do tendão patelar. VEJA A TÉCNICA 45-23.
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

•Passe um passador de sutu ra na incisão caps ular poste-


romedial e, em segu ida, no intercôndilo.
• Co loque as suturas no enxerto da tíb ia e puxe-os para
fora através da inc isão capsu lar posteromedial,
li
puxando o enxerto da tíbia suavemente através do
intercôndi lo.
•Passe o passador de sutu ra no túnel da tíbia anterior-
mente e curve-o para fora através da incisão capsular
posteromedial.
• Passe as suturas do enxerto da tíbia através do passador
de sutu ra e traga-as para fora anteriormente . Incline o
enxerto de osso da tíbia, de modo que a sua ponta infe-
rior esteja incl inada anteriormente para permitir fácil pas-
sagem no túnel tibial posteriormente .
• Se for difícil colocar o enxerto no túnel, tecidos moles
podem estar bloqueando a entrada do túnel , o bloco de
enxerto da t íbia pode ser muito longo para ser inclinado
suficientemente pa ra entrar no túne l, ou o túnel pode
ser muito pequeno. Se o túnel for muito pequeno,
A B aumente-o alargando com suave pressão anterossupe-
rior na broca.
Mijii;Mm:J:D) A e B, Técnica para reconst rução do ligamento • Insira um parafuso ma leolar AO com arrue la 5 mm mais
cruzado posterior com enxerto do tendão patelar. VEJA A TÉCNICA longo que o medido pelo medidor de profundidade na
45-23. borda inferior do túnel da tíbia.
•No túnel femora l, amarre as suturas do osso patelar sobre
um botão.
• Em seguida , com o joelho em 90 graus de flexão, puxe
para a frente na tíbia e amarre as suturas de osso da tíbia
sob re o parafuso AO e arrue la.
•Utilize o guia de perfuração para inserir o fio de Kirs- • Aperte uma sutura com o joelho em 90 graus de flexão;
)
chner através do côndilo femoral medial, de modo que traga o joelho em 30 graus de flexão e volte a apertar a
ele saia anterossuperior ao centro anatômico da inserção sutura, mantendo a gaveta anterior.
do ligamento cruzado posterior original, geralmente na •Amarre as suturas restantes e aperte o pa rafu so.
borda da junção osteocondral (Figs. 45- 138 D e E e •Rea lize um teste de gaveta posterior e exam ine o joelho
45-139)
para o degrau normal dos côndi los do fêmur medial e
•Perfure-o para entrar posterossuperior ao ep icônd ilo lateral. Coloque o joelho através de arco de movimento
femoral e, em segu ida, perfure sobre o fio com uma broca completo e realize um teste de gaveta posterior.
de 10 mm. •Feche as artrot omias capsu lares de forma padrão e
•Coloqu e o vasto medial inferiormente e retraia-o para coloque um dren o no lado medial.
expor a saída do túnel. •Feche o tecido subcutâneo e a pele de forma padrão .
•Agora, retire o enxerto. Solte o terço medial do tendão
patelar (deixando uma borda intacta de 5 mm) do
tendão patelar remanescente.
•Uti lize uma serra para remove r um bloco patelar de osso
de 1O mm de largura, 4 mm de profundidade, e 25 mm
de comprimento; não tire qua lquer tendão do quadríceps
com o bloco de osso. Ambas as modificações abertas e artroscópicas da técn ica
• Perfure três orifícios através do bloco de osso com um fio de Clancy foram descritas. Se o terço central do tendão patelar
de Kirschner de 0,062 polegadas e coloque uma sutura autógeno for escolhido como a fonte de enxerto, uma incisão
nº 5 não absorvível através de cada orifício. limitada colocada anteriormente sobre o tendão patelar, similar
• Remova um bloco de osso de mesmo tamanho que o à utilizada para reconstrução do ligam ento cruzado an terior,
bloco patelar da inserção do tendão patelar na tuberosi- pode ser feita para coleta do enxerto. A porção intra-articu lar do
dade da tíbia (Fig. 45-1 38 F). procedimento pode ser fe ita artroscopicamente, ou os meniscos
•Perfure três orifícios através deste bloco e coloque uma e intercôndilo podem ser expostos através do defeito no tendão
sutura de nº 5 não absorvível através de cada orifício (Fig . patelar após a retirada do enxerto, como descrito por Sallay e
45-138 G). McCarroll. A bolsa de gordura deve ser cortada verticalmente em
•Coloque o bloco patelar de osso no túnel femora l, de sua porção média, e dois afastadores de joelho cur vos são
modo que ele se encontre tota lmente dentro do côndilo utilizados para retrair as porções medial e lateral do tendão
femoral media l (Fig. 45-1 38 H). patelar ou bolsa de gordura. Em geral, é desnecessário fazer a
•Amarre as suturas do fêmur frouxamente sobre um botão ressecção da bolsa de gord ura; no entanto, Sallay e McCarroll não
colocado sobre a saída do túnel femoral (Fig. 45-1 38 1). observaram quaisquer complicações em joelhos em que a porção
da bolsa de gordura tenha sido ressecada.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELH O flm

'\

'

A B

O[riii;t.)mci) Reconstru ção do li gamento cruzado posterior. A, Incisão posteromedial sobre soft spot abai xo e posterior ao epicôndilo
femoral medial. B, Incisão lateral é fe ita em linh a com a banda ili otib ial. VEJA A TÉCNICA 45-24.

Flexionar o joelho em 90 graus fornece a melhor exposição da Protej a o ramo infrapatelar do nervo safena no aspecto
incisura intercondilar, de modo que a linha de visão do cirurgião é inferior da fer ida.
paralela ao teto intercondilar. O uso de um foco de cabeça pode • Retraia os tendões da pata de ganso posteriormente,
melhorar a visibilidade. expondo o ligamento colateral medial e o ligamento
ob líquo posterior.
• Faça uma artrotom ia vertical entre o ligamento oblíquo
RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO posterior e a cabeça med ial do tend ão gastrocnêm io.
• Faça uma dissecção aguda liberando a cápsula das suas
CRUZADO POSTERIOR COM ENXERTO inserções na tíbia, deixando o ligamento meniscotibial
DO TENDÃO PATELAR intacto . Nas lesões crôn icas, este plano pode ser oculto
por cicatrização da cápsula posterior sob re o ligamento
, TÉCNICA cru zado posterior. Para evitar lesão às estrut uras poplí-
(SALLAY E MCCARROLL) teas, mobilize cuidadosamente o tecido de cicatrização
por dissecção romba para afastar a cápsula fora da inser-
• Identifique cuidadosamente o plano entre o ligamento ção tibial do ligamento cruzado posterior.
cruzado posterior lesionado e o ligamento cruzado ante- •Agora identifique o su lco posterior tibial por apa lpação e
rior para evitar danos ao ligamento cruzado anterior, observação.
corta ndo o resta nte do ligamento cruzado posterior. Pre- •Se houver uma lesão associada do canto posterolateral,
serve uma mínima quantidade de tecido no local de inser- um a abordagem latera l é preferida (Fig. 45-140 B). Faça
ção femoral para identificar o footprint anatômico. uma incisão curta e ob líqua, com 6 cm de com primento,
•Faça uma segunda incisão para identificar a inserção tibial posterior ao ligamento colateral lateral.
do li gamento cruzado posterior para perfurar de forma •Faça a incisão da banda iliotibial (camada 1) em linha com
segura o túnel tibial e para facilitar a passagem do suas fibras.
enxerto. Muitos cirurgiões escolhem fazer uma pequena •O ligamento colateral lateral se encontra abaixo da lâmina
incisão posteromedial, idêntica à exposição para um superficial (ca mada li). Divi da essa camada posterior ao
reparo media l do menisco, independentemente da técnica ligamento colateral lateral, expondo a lâmina capsu lar
básica escolh ida para reconstrução do li gamento cruzado profunda (camada Ili)
posterior (incluind o artroscóp ica), para prot eger as estru- •Divida a cápsu la em linha com o aspecto posterior do
turas neurovasculares e fac ilitar a passagem do enxerto. ligamento co latera l late ral, expondo o espaço posterola-
Sa llay e McCarrol l basea ram o loca l de sua incisão de teral da articulação. Proteja o tendão poplíteo no aspecto
acordo com a necessidade de trata r lesão associada inferior da ferida .
medial ou lateral. Na ausência da lesão lateral, a aborda- •Libere a cápsula e sua aderência para o poplíteo e o
gem padrão foi uma incisão posteromedial de 4 cm . ligamento meniscotibial como descrito para a abordagem
• Comece a porção proxima l da incisão abaixo e posterior medial. Em pacientes com lesão aguda do ligamento
ao epicôndilo femoral medial, estendendo-a vertical- cruzado posterior e o canto posterolateral, grande parte
mente para baixo, paralela às linhas de clivagem da pele da exposição e dissecção foi feita pelo rompimento .
(Fig . 45- 140 A). • Para criar o túnel da tíbia , faça um reta lho periosteal em
•Faça a incisão na fás cia (camada 1) em linh a com a formato de L, 1 cm medial à porção dista l da tuberosidade
incisão da pele superior à borda do músculo sartório. tibial imed iatamente proximal à inserção da pata de ganso. )
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

• Com uso de um gu ia de perfu ração comercialmente dis-


)
ponível, avance um fio-guia deste local em uma direção
posterolateral e proximal, saindo no quadrante inferior e
lateral do su lco tibia l posterior.
• Con f irme e documente a posição adequada do f io-guia
co m uma ra diografia int raoperató ri a.
• Os guias de osso permitem o cá lculo do comp rimento do
túnel da t íbia, e o fio-guia pode ser "encu rtado" no
mandril do perfurador para o comprimento adequado
para evitar a penetração excessiva; colocar um dedo
através da incisão posteromed ial para apa lpa r a fóvea
t ibial também prot ege as estruturas neu rovascula res da
penetração excessiva. Alguns cirurgiões preferem rea lizar
essa etapa sob orientação da imagem para garantir a
colocação adequada do fio-gu ia.
• Alargue o fio com uma broca de 1O mm, nova mente
ut ili za ndo um dedo para protege r as estru t uras neuro -
vascu lares. Algu ns cirurgiões inte rrompem o perfurado r
e comp letam a últ ima porção da broca com a mão,
porque certas brocas pu xa m o tecido conforme avançam
ao longo de um fio-guia. Paulos et ai. utilizaram uma
broca oscilante com ponto de pa rada para evitar as
co mplicações vascu lares. Sa ll ay e McCa rrol l uti lizaram
uma broca com um perfil cônico, porque as brocas de H[iji!;fJEl!D Método de perfura çã o do túnel femoral de
perfil quadrado padrão demonstraram cortar o córtex " dentro para fora" ut ili za a ca psulotomia lateral artroscópi ca
tibial posterior até 2 cm inferior ao local de saída para avançar o pin o-gui a Beath e perfurar o túnel sem saída
previsto. através da incisura intercondilar. VEJA A TÉCNICA 45-24.
•Tenha cui dado para não apli ca r co ntrapressão no nível da
fossa pop lítea, porque isso poderi a comprimi r as estrutu-
ras poplíteas contra a tíb ia posterior durante o processo
de fresagem. •Passe a broca sobre o pino-gu ia a partir do lado intercon-
•Com o uso de uma cureta inclinada ou dissecção cortante dilar com uma broca de 1O mm, parando perto do córtex
sobre a ponta do alargador, enquanto ela ainda está no femora l med ial (Fig. 45- 141 ).
tú nel, desbride a borda do túnel de tecidos moles residu- • Reti re o alargador, deixa ndo o pi no de Beath no local. Isso
ais para evitar o aprisionamento do plugue ósseo durante cria um túnel sem saída de dentro para fo ra.
a passagem do enxerto. • O enxerto pode ser passado em dois caminhos, depen-
• Chanfre as bordas do túnel com um raspador. dendo da preferência do cirurgião.
• O t únel femora l pode ser preparado por um de dois • A pri meira técni ca começa passando o menor tarugo
métodos. O método pad rão começa com a exposição do ósseo em form ato de ba la através do t únel da tíbi a de
córtex femora l anteromedial, uti liza ndo a porção superior anteri or a posterior.
da incisão medial. •Util ize um passa dor de sutura pa ra recupera r as suturas
•E leve o vasto med ial proxima l mente para permiti r o de t ração na incisão posteromed ial (lateral).
acesso ao aspecto anteromedial do fêmur distal. •Com tensão constante ap licada paralela à direção do
• Utilize um guia de perfuração comercial para avançar um túnel tib ial, leve o tarugo ósseo para o recesso posterior
f io-guia a pa rtir de um ponto imed iatamente proximal ao (Fig. 45-142). Evite puxa r em um ângu lo oblíqu o ao t únel,
epicôndi lo femoral media l no intercônd ilo. A entrada do porque isso fa z o tarugo ósseo se curvar na abertura
pino deve estar na junção dos terços anterior e médio do posterior do túnel.
enta lhe intercondila r (mais ou menos 1O mm proximal à • Uti lize o passador de sutura para trazer o t arugo ósseo
superfície articu lar) e na posição de 2 horas pa ra o joelho no enta lhe intercondi lar.
direito (posição de 1O horas pa ra o joelho esq uerdo), cor- •Direcione o enxerto no t únel f emoral com a sut ura de
respondente ao ce nt ro da inserção anatôm ica das f ibras tração.
anterolatera is. • A segunda t écn ica util iza o pino de Beath para ajudar na
• Alargue sobre o fio com uma broca de 1O mm e chanfre passagem do encaixe femora l de osso.
as bordas do túnel com um raspador. • Passe as suturas de tração do encaixe de osso através do
•A segunda técnica para preparação do túnel femoral não orifício na extremidade do fio-guia.
req uer dissecção do córtex f emoral medial . • Retire o fio pelo aspecto medial do joelho, deixa ndo as
• Avance um grande pino de Beath através da cápsula suturas de tração no túnel saindo pelos tecidos moles
lateral para o tendão patelar para obter a trajetória apro- mediais.
priada do túnel. O ponto de entrada deve corresponder • Avance o tarugo ósseo no túnel com a porção tendinosa
à inserção anatômica das fib ras anteriores . de frente pa ra a superfície articular até que o f inal do
• Ava nce o pino através do músculo vasto medi al e a pele. taru go ósseo esteja nivelado com a pa rede do enta lh e
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fim
(il!ltY+1•I•H1}>j1]Qâ;h)(1]jU1i Restauração do movimento
e redução do inchaço são prioridade dentro da primeira
semana . Os pacientes são encorajados a realizar exercícios
de arco de movimento ativo, treino do quadríceps e suporte
total de peso em uma órtese de extensão no período pós
-operatório imediato. A imobilização é continuada em
extensão por 3 semanas em pacientes cujas estruturas
capsuloligamentares medial ou lateral foram reparadas. As
atividades de resistência e funcional são introduzidas em
um programa gradual.

1 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO


POSTERIOR COM ENXERTOS OSSO-TENDÃO
PATELAR-OSSO OU TENDÃO DE AQUILES- OSSO
Os aloenxertos, seja osso-tendão patelar-osso ou tendão de Aquiles-
osso, também são populares fontes de enxerto para reconstrução do
ligamento cruzado posterior por causa do seu grande tamanho. Além
disso, o aloenxerto do tendão de Aquiles tem as vantagens de com-
O@ll;@IJll:D O enxert o é passado através do túnel tib ial de primento extra e apenas tecido mole em uma extremidade, o que faz
ante rior a posterior, puxando em linha com a direção do túne l. a passagem do enxerto mais fácil. Harner descreveu uma técnica
VEJA A TÉCNICA 45 -24. artroscópica para aloenxerto do tendão de Aquiles. Ele enfatizou que o
fio-guia tibial deve cursar imediatamente anterior e paralelo à inclina-
ção do córtex tibial posterior, que é aproximado por uma linha paralela
intercondilar. A abrasão do enxerto é minimizada, porque
à inclinação da articulação tibiofibular proximal. As fibras anterola-
o tendão não fica contra a borda do túnel femoral .
terais são recriadas colocando o túnel femoral dentro da porção ante-
• Passe as suturas do outro tarugo ósseo através de um
rior do footprint do ligamento cruzado posterior. O fio-guia entra 5 a
passador de enxerto DePuy (DePuy, Warsaw, IN). Avance
10 mm a partir da cartilagem intra-articular do côndilo femoral
a extremidade livre do passador de enxerto através do
medial. No lado extra-articular do côndilo femoral, o fio-guia deve
defeito no tendão patelar e intercôndi lo no recesso pos-
sair 1 a 1,5 cm da margem da cartilagem articular para evitar o rom-
terior. Ap lique suave tensão nas suturas para acomodar
o osso firmemente no passador de enxerto. pimento do osso subcondral. O plugue ósseo deve ser avançado até
que sua borda de osso-tendão seja nivelada com o córtex para mini-
•Passe a extrem idade livre do passador de enxerto através
mizar a curvatura e abrasão do enxerto. O plugue ósseo é fixado no
do túnel da tíbia de posterior a anterior, utilizando uma
pinça artroscópica. túnel femoral com um parafuso de interferência, e a extremidade de
tecido mole do aloenxerto do tendão de Aquiles é fixada do lado de
•Coloque uma pinça forte no final do passador de enxerto,
fora do túnel tibial com um parafuso e arruela ou, em raros casos, um
evitando o movimento relativo entre o passador e o
grampo. Após o enxerto ter sido fixado no túnel femoral, o joelho é
enxerto. Aplique tensão firme no passador de enxerto
movido através do arco de movimento para verificar a isornetricidade
para levar o enxerto através do intercôndi lo e do túnel da
tíbia. Manter uma força de gaveta anterior na tíbia e estabilidade e para pretensionar o enxerto. O lado tibial é fixado com
também ajuda na passagem do enxerto no túnel. o joelho em 70 a 80 graus de flexão e 4,5 quilos de tensão, porque o
feixe anterolateral está sob máxima tensão nessa posição, minimi-
•A fixação pode ser alcançada amarrando as suturas sobre
botões de ligamento, parafusos de interferência, ou ambos. zando o risco de hipertensionarnento do enxerto.
•F ixe o tarugo ósseo femoral primeiro. Após a cirurgia, o joelho é colocado em extensão completa em
urna órtese de joelho comercialmente disponível com a dobradiça
•Mova o joelho através de arco de movimento completo
travada em extensão. Um programa de exercício com arco de movi-
para avaliar o movimento relativo do plugue ósseo tibial
com relação ao túnel da tíbia. Um enxerto adequada- mento de O a 90 graus é iniciado imediatamente. O suporte de peso
mente colocado não deve ter mais de 2 mm de movi- limitado na órtese com muletas é permitido. Os exercícios de quadrí-
mento relativo. ceps são iniciados imediatamente com extensão ativa do joelho de 90
•Fixe o lado tibia l com o joelho flexionado a 90 graus com a O graus e elevação da perna estendida. Exercícios de flexão passiva
uma força de gaveta anterior aplicada para recriar a do joelho são utili zados para obter a fl exão do joelho, mas os exercí-
relação femoral-tibial normal. Prenda o encaixe de osso cios isquiotibiais são evitados por causa da translação posterior que
com um parafuso de interferência canulado de 9 x 20 colocariam sobre o enxerto. Corrida começa no quarto mês, seguido
mm. Se a extremidade do enxerto for difícil de ver por exercícios de agilidade específicos do esporte em 5 a 6 meses. Um
completo retorno para os esportes é permitido quando a força ade-
coloque o artroscópio no túnel da tíbia para
fixação mais precisa com o parafuso. Como alternativa quada do quadríceps e isquiotibiais for alcançada e tarefas proprio-
amarre as suturas sobre um botão de ligamento. ' ceptivas e agilidade específica do esporte tiverem sido dominadas.
•Realize um teste de gaveta posterior para garantir a esta- Todas as técnicas anteriores exigem que o enxerto gire em um
bilidade adequada. A frouxidão residual deve ser de grau ângulo reto quando ele sai do túnel tibial posteriormente e se dire-
1 ou menos. ciona anteriormente para o túnel femoral. Esta curva aguda cria o
•Feche na forma rotineira sobre um dreno. potencial para abrasão do enxerto e pode dificultar o tensionan1ento
eficaz do enxerto. Abordagens posteriores para a inserção tibial do
mi> PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

ligamento cruzado posterior foram descritas com a reconstrução tibial


•Faça uma incisão proximal de 5 cm para o epicôndi lo
inlay para evitar isto. Outros métodos para melhorar a posição do femora l medial .
enxerto incluem (1) colocar o paciente na posição de decúbito lateral
•Divida o retináculo patelar e exponha o côndi lo subperios-
com a extremidade afetada para cima, de modo que o movimento da
tealmente .
perna e a rotação da mesa cirúrgica permitam acesso a ambos os
•Após a colocação do fio-guia, utilize uma broca canulada
aspectos anterior e posterior do joelho e (2) retirar o enxerto primeiro
para criar um túnel interósseo de 1 cm de diâmetro no
e fixar o enxerto no túnel femoral com o paciente em decúbito dorsal côndi lo femoral medial. Chanfre as margens do túnel
e, em seguida, preparar novamente com o paciente de bruços para
com um raspador.
realizar a exposição posterior e fixar o enxerto no lado tibial. • Passe um laço de um f io de ca libre 18 através do túnel
Tanto os estudos laboratoriais quanto aqueles com cadáver não femora l, direc ionado para a articulação posterior, e util i-
descobriram diferenças significativas entre as duas técnicas em qual- ze-o para passar o enxerto do tendão patelar retrógrado
quer ângulo de flexão do joelho, e uma revisão sistemática da lite- no túnel femoral posteriormente
ratura sobre os resultados clínicos das reconstruções transtibial e • Se um procedimento combinado de ligamento cruzado ante-
inlay descobriu resultados satisfatórios para ambas as técnicas. rior artroscópico e do ligamento cruzado posterior aberto for
planejado, rea lize a reconstrução do ligamento cruzado ante-
rior primeiro, porque a artrotomia poplítea vai permitir o
RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO extravasamento do fluido de irrigação artroscópico.
CRUZADO POSTERIOR COM ENXERTOS • Estenda o joelho, incline a mesa para a posição pronada,
OSSO-TENDÃO PATELAR-OSSO OU e abduza a coxa com campos empi lhados pa ra permitir
TENDÃO DE AQUILES-OSSO o acesso à fossa poplítea.

mm
• Faça uma incisão vertica l em li nha com o tendão semi-
TÉCNICA tendíneo palpável. Vire a incisão latera lmente na dobra
poplítea e estenda-a distalmente sobre a pantu rrilha pos-
(BERG) terior (Fig. 45-143 B) .
•Exponha a fáscia profunda sobrejacente do músculo gas-
•Antes de começar a operação, determ ine o tamanho do trocnêm io e faça a incisão vertica lmente.
tendão patelar autógeno; se ele for mu ito grande, a porção • Identif ique e proteja o nervo sura l entre as duas cabeças
óssea do enxerto de tendão será aprofundada proxima l- do músculo gastrocnêmio.
mente dentro do túnel femoral, que pode sujeitar o tendão • Desenvolva o plano entre a cabeça med ial do gastrocnê-
à abrasão. Dimensione o tendão patelar autógeno em uma mio e o tendão semimembranoso. Flexionar levemente o
radiografia ca li brada latera l de joelho com flexão de 30 joelho melhora a exposição e perm ite o alívio da tensão
graus com 3 mm ou menos de perfeita sobreposição nos vasos popl íteos.
femora l cond ilar posterior. Utilize um ilu minador de alta •Faça a incisão da cabeça medial do gastrocnêmio perto
densidade para discernir o exato local da inserção na tube- da sua inserção e retra ia-a latera lmente, protegendo o
rosidade tibial do tendão patelar imediatamente anterior à seu ramo motor do nervo tibial.
densidade da bolsa de gordura. A força do ligamento • Identifique e ligue a veia e artéria genicular medial infe-
cruzado posterior é aumentada a partir da margem ante- rior, que se sobrepõe na cápsu la posterior da articu lação
rior da linha intercondilar para um ponto 1 cm abaixo da na margem superior do poplíteo.
tíbia posterior. Se o tendão patelar autógeno for ma ior que •Faça a incisão vertica l através do ligamento poplíteo
o comprimento do ligamento cruzado posterior med ido ob líquo e cápsu la posterior.
em ma is de 1,5 cm, considere uti lizar um aloenxerto de • Identifique o ligamento cruzado posterior e exponha o
tendão de comprimento especificado. platô posterior da tíbia subperiostea lmente.
• Coloque o paciente na posição de decúbito com a perna •Avance as sutu ras de tração do enxerto do tendão com o
a ser operada para cima. fio retrogradamente no túnel do côndilo femora l medial.
•Prepare circunferencialmente o membro da coxa proxima l •Utilize um parafuso de interferência canulado de 7 ou 9
até o meio da panturrilha. mm de diâmetro pa ra a fixação do enxerto ósseo no túnel
•Abduza e gire externamente o quadril 45 graus e flexione femora l. Idea lmente, a porção óssea do enxerto não deve
o joelho 90 graus; a parte anterior do joelho virada para ser aprofundada dentro do túnel condilar, mas deve ficar
o cirurgião (Fig. 45-1 43 A). na interface da margem do túnel para evitar a abrasão
•Retire um autoenxerto de 1 cm de largura do terço central do tendão na parede do túnel.
do osso-tendão patelar-osso. • Evitando o recurvato, posicione o joelho em extensão com-
•Perfure e macheie o osso do tubérculo tibia l para aceitar pleta, o que reduz a subluxação posterior tibial através da
um parafuso esponjoso de 6,5 cm e arruela denteada. congruência geométrica do cônd ilo femoral e platô da tíbia.
•Utilize os porta is artroscóp icos anteriores e uma incisão • Tensione levemente manua lmente o enxerto do tendão
através do defeito do tendão patelar e bolsa de gordura patelar para determinar o loca l de fixação posterior tibial.
ou uma artrotom ia media l parapatelar para examinar as •Utilize um osteótomo para criar uma janela unicortica l na
estruturas intra-articulares e realizar procedimentos no tíbia posterior de igua l tamanho à porção óssea do
men isco, conforme necessário. enxerto do tendão patelar.
•Coloque um guia femora l na origem femoral anterossu- •Coloque o enxerto do tendão patelar incrustado (inlay) e
perior do ligamento cruzado posterior, 4 mm a partir da prenda-o com um parafuso de titânio de 6,5 mm e arruela
margem articular anterior do cônd ilo femora l medial. denteada para osso esponjoso da tíbia (Fig. 45-143 C).
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

Posição 1

r 1- -
Tendão semitendíneo

B Posição 2 e
H@ii;@mD A, Posição de decúbito com a coxa abduzida e joelho e quadril fle xionados possibilita o acesso à parte anterior do
joelho para técnica artroscópica e aberta padrão. B, Na segunda posição, quadril e joelho são estendidos e a mesa é inclinada para a
posição de bruços para permitir acesso à fossa poplítea, em que a incisão vertica l é feita em linha com o tendão semitendíneo (desta-
que). C, Bloco de osso do tendão patelar é colocado dentro da janela tibial e fixado ao osso esponjoso com parafuso e arruela denteada .
VEJA A TÉCNICA 45-25.

Em 1990, Burks e Schaffer descreveram uma abordagem pos-


•Se a porção tendinosa do enxerto for muito grande,
terior que não requer divisão da cabeça medial do gastrocnêmio. Ela
avance a inserção tibial local distalmente.
requer reposicionamento e novo preparo do paciente após o enxerto
• Se os ligamentos meniscofemorais (Wri sberg e Humphry)
ter sido coletado e fixado no túnel femoral; no entanto, a posição
forem incompetentes, suture a periferia do menisco lateral
tota l de bruços pode ser mais fácil para a equipe cirúrgica do que a
para o substituto do ligamento cruzado posterior.
• Repare a cabeça medial do gastrocnêmio e realize um posição lateral de decúbito ou de bruços descrita por Berg.
fechamento de rotina.
RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a ciru rgia, o joelho
é imobil izado em extensão comp leta por 2 semanas e
CRUZADO POSTERIOR COM ENXERTOS
suporte de peso parcial com muletas é permitido. O OSSO-TENDÃO PATELAR-OSSO OU
suporte total do peso é permitido em 2 semanas, e o TENDÃO DE AQUILES-OSSO
movimento do joelho é permitido com um arco de movi-
mento de O a 90 graus. Os exercícios isométricos do
quadríceps são iniciados com o joelho em 70 a 90 graus
de flexão. Em 6 semanas, o paciente pode andar sem (BURKS E SCHAFFER)
muletas, e os exercícios de bruços do quadríceps e
isquiotibial sobre um arco comp leto de movimento são •Com o paciente de bruços, faça uma incisão suavemente
iniciados. curvada , com um braço horizontal perto da dobra de )
lllJ&) PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

• RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO


POSTERIOR ARTROSCOPICAMENTE AUXILIADO
Como descrito na seção sobre reconstrução do ligamento cruzado
anterior, o ligamento cruzado posterior também pode ser substitu-
ído por técnicas cirúrgicas artroscópicas. Veja o Capítulo 51 para
descrições destas técnicas.

• COMPLICAÇÕES DA RECONSTRUÇÃO DO
LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR
Além das complicações pós-operatórias habituais, o problema mais
comum associado à reconstrução do ligamento cruzado posterior é
a perda de movimento. A perda de flexão é mais comum que a perda

I
r=.-.;..._ Músculo
'""°'cêm;c
de extensão. Muitos estudos relatam entre 10 e 20 graus de perda de
flexão, causados mais provavelmente pela colocação inadequada do
enxerto ou reabilitação inadequada. A posição do túnel femoral é
mais crítica que a do túnel tibial. As inserções femorais anterior e
distal para a região mais isométrica resultam no aumento da tensão
Medial Lateral
do enxerto, com a perda de flexão resultando de um aumento na
distância entre os locais de inserção femoral e tibial. A perda de
extensão ou uma contratura em flexão é mais provavelmente causada
0!§1@1BIJD Abordagem posterior para reconstrução do liga-
por imobilização prolongada em flexão.
mento cruzado posterior. VEJA A TÉCNICA 45-26.
A falha em obter estabilidade objetiva é outra complicação
comum. Seleção ruim do enxerto foi implicada na falha das
) flexão do joelho e um membro sobrejacente vertical no reconstruções que utilizaram a banda iliotibial, a cabeça medial do
aspecto medial do músculo gastrocnêmio. gastrocnêmio, ou os tendões isquiotibiais. Esses tecidos podem ter
•Realize a dissecção para a camada da fáscia profunda e força insuficiente para evitar o deslocamento posterior e gaveta.
faça a incisão verticalmente sobre a cabeça medial do A colocação inadequada do túnel pode resultar em abrasão do
gastrocnêmio. enxerto e subsequente falha . A colocação do túnel femoral poste-
•Proteja o nervo cutâneo sural medial (nervo cutâneo pos- rior e proximal à região mais isométrica resulta em diminuição da
terior da panturrilha), que geralmente perfura a fáscia tensão do enxerto em flexão secundária a uma diminuição na
profunda distal para o membro horizontal da incisão. distância entre os locais de inserção femoral e tibial. Isso resulta
•Identifique a borda medial do gastrocnêmio media l e em frouxidão do enxerto com uma incapacidade para evitar o
desenvolva o intervalo entre ele e o tendão semi membra- deslocamento posterior e gaveta.
noso, exponha a cápsu la posterior da articulação (Fig. A falha da reconstrução pode ser o resultado das lesões liga-
45-144). A artéria genicu lar média pode ser encontrada mentares associadas não tratadas, como a do canto posterolateral,
perto da cápsu la média posterior e pode ser ligada, se que permite que forças excessivas sejam aplicadas ao enxerto.
necessário. Por retração latera l na cabeça medial do gas- Lesões neurológicas podem resultar do tempo excessivo do
trocnêmio, nenhuma tensão é diretamente aplicada para torniquete e se manifestar como neurapraxia. A lesão direta do
o ramo motor para a cabeça med ial do gastrocnêmio, o nervo tibial pode resultar da penetração pelo fio-guia tibial ou broca
ún ico ramo motor do nervo tibial na fossa poplítea que e pode ser evitada garantindo a exposição direta da ponta do pino
atravessa mediaimente. O ventre muscular espesso protege e broca durante a preparação do túnel da tíbia.
as estruturas neurovasculares conforme a cápsu la é exposta. As complicações vasculares incluem laceração, trombose e
A dissecção neste lado medial protegido da fossa poplítea lesão íntima da artéria poplítea. Visualizar a ponta do fio-guia e
é, portanto, relativamente segura. da broca em todos os momentos pode evitar essa lesão. A osteo -
•Exponha o aspecto posterior da tíbia proximal e margens necrose do côndilo femora l medial foi relatada. Ela pode ocorrer
posteriores do côndi lo femoral. meses a anos após a cirurgia. Acredita-se que a causa seja o
•Se for necessária exposição lateral adicional, so lte uma trauma local ao fornecimento de sangue do osso subcondral pela
porção da origem tendinosa da cabeça media l do gas- dissecção do tecido mole e perfuração do côndilo. Essa compli-
trocnêmio a partir do fêmur distal e da cápsula articular. cação foi tratada com sucesso com curetagem e enxerto ósseo
Leve flexão do joelho vai auxiliar a exposição, e o seccio- autógeno do defeito.
namento comp leto da cabeça medial do gastrocnêmio
raramente é necessário.
•Faça uma incisão vertica l através da cápsula posterior para LUXAÇÕES TRAUMÁTICAS
expor o conteúdo do intercôndilo posterior e a inserção
da tíbia do ligamento cruzado posterior. Em comparação com as outras lesões do joelho, as luxações são
•Prossiga como descrito por Berg (Técnica 45-25). relativamente incomuns; no entanto, algumas luxações do joelho
•Suture a incisão capsular, deixe o gastrocnêmio retornar provavelmente nunca são reconhecidas por causa da redução espon-
à posição, aproxime as camadas subcutâneas e feche a tânea antes da avaliação médica. Em um joelho agudamente luxado,
pele de forma rotineira. o diagnóstico geralmente é óbvio por causa da deformidade, dor e
inchaço. O diagnóstico pode ser mais difícil em pacientes obesos,
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO fim

O@ii;Mm:Jm Lu xação do joelho de velocidade ultrabai xa em um paciente obeso.

naqueles com redução espontânea, e em pacientes com múltiplos reconstruções ligamentares, especialmente o reparo do canto poste-
traumas. A falha em diagnosticar corretamente uma luxação do rolateral, tiveram melhores resultados subjetivos e objetivos em
joelho diminui a probabilidade de reconhecer a lesão da artéria comparação com aqueles sem reconstruções ligamentares. Em
poplítea, que pode resultar em complicações devastadoras. pacientes com esqueleto imaturo, as radiografias com estresse devem
As luxações do joelho foram historicamente descritas como ser obtidas para excluir a lesão fisária (Cap. 36).
lesões de alta velocidade ou baixa velocidade. As luxações de alta
velocidade, na maioria das vezes, ocorrem em acidentes de veículo
a motor, queda de altura ou graves lesões de esmagamento, enquanto CLASSIFICAÇÃO
a maior parte das luxações de baixa velocidade ocorre durante as
atividades esportivas. Os relatórios de luxações do joelho de baixa Várias classificações para luxações do joelho foram propostas,
velocidade se concentraram principalmente nas luxações que incluindo aberta ou fechada; alta velocidade, baixa velocidade ou
ocorrem durante os esportes. Identificamos um subgrupo de pacien- ultrabaixa velocidade; e redutível ou irredutível. As luxações
tes obesos mórbidos com o que denominamos luxações do joelho também foram classificadas de acordo com a posição da tíbia rela-
de velocidade ultrabaixa que ocorreram durante as atividades da tiva ao fêmur (anterior, posterior, medial, lateral ou rotatória). As
vida diária, como pisar em um meio-fio ou escada ou simplesmente luxações anteriores são mais comuns, seguidas por luxações poste-
cair ao andar (Fig. 45-145) . A média de idade dos 17 pacientes (11 riores; combinações medial, lateral e rotatória são menos frequentes.
mulheres e seis homens) foi de 28,6 anos, e todos os 17 pacientes Mais recentemente, a classificação das luxações do joelho se concen-
eram clinicamente obesos, com uma média de índice de massa cor- trou em identificar quais estruturas são lesionadas e a gravidade da
poral (IMC) de 48 (um IMC de 30 ou mais é considerado obesidade lesão de estruturas específicas (Tabela 45-3). Essa classificação ajuda
clínica). As lesões da artéria poplítea ocorreram em sete dos 17 no planejamento pré-operatório, porque a necessidade e o tempo de
pacientes, e sete tiveram lesões neurológicas. Dois pacientes com reparo ou reconstrução de ligamentos específicos podem ser deter-
reparos vasculares requereram amputações acima do joelho por minados; é, contudo, limitada pela dificuldade em obter um exame
causa da isquemia tecidual. Encontramos uma correlação entre o preciso. Ressonância magnética e exame sob anestesia são úteis para
IMC e a gravidade da lesão: dos pacientes com lesões no nervo, a confirmar o diagnóstico e para identificar as estruturas lesionadas.
média de IMC foi de 48,26; daqueles com lesões vasculares, 56,28; Os ligamentos cruzados anterior e posterior geralmente estão ambos
e daqueles com ambas as lesões do nervo e vasculares, 60,29. Apenas lesionados com uma luxação do joelho. Além disso, um ou os dois
seis pacientes não tiveram lesão vascular ou do nervo; a sua média ligamentos colaterais e as estruturas do canto posterolateral
de IMC foi de 39,58. Independentemente de IMC, os pacientes com também podem ser lesionados. O padrão mais comum de lesão é
lllJD PARTE XIII MEDICIN A ESPORTI VA

l§@l!;fdBm A e B, Radiografias de
luxação do joelho.


O exame físico de pacientes com luxações do joelho nem
Classificação das Luxações do sempre é confiável por causa da dor e proteção, redução espontânea
<· ·'.";!. Joelho (Schneck) ou fraturas ipsilaterais. Uma vez que o estado neurovascular é deter-
minado, os testes habituais para frouxid ão ligamentar devem ser, no
GRAU DESCRIÇÃO entanto, cuidadosamente tentados. O mecanismo extensor deve ser
KD-1 Luxação do joelho com LCP intacto, avaliado, e o membro deve ser examinado para sinais de síndrome
geralmente LCA e LCL rompidos; também compartimentai.
inclui luxação do joelho com LCA intacto A avaliação radiográfica inicial se co ncentra em determinar a
com completa lesão LCP direção do deslocamento e a presença de quaisquer lesões ósseas
KD-11 LCA e LCP rompidos, ligamento colateral co ncomitantes (Fig. 45- 146). As incidências anteroposterior,
intacto lateral e oblíqua devem ser obtidas antes e após a redução. A RM
KD-lllM LCA, LCP, e LCM-canto rompido, lateral permite melhor avaliação das lesões dos tecidos moles, como local
intacto específico da lesão do ligamento cruzado e colateral, distúrbios ou
KD-lllL LCA, LCP, e LCL-canto rompido, lado lesões do menisco, e o estado do tend ão poplíteo quando a lesão
medial intacto do canto posterolateral é sugerida (veja a seção anterior sobre insta-
KD-IV Todos os quatro ligamentos rompidos (LCA, bilidade posterolateral ). A maioria das lesões do ligamento cruzado
LCP, LCM, LCL) anterior associada às luxações do joelho consiste em lesões do corpo
do ligamento (45%), seguidas por avulsões do fêmur (34%) e avul-
sões da tíbia (2 1%). A lesão do ligamento cruzado posterior é mais
o das lesões de amb os os ligamentos cru zados com uma lesão frequentemente uma avulsão femoral (76%), seguida por lesão do
associada do LCM ou do LCL, dependendo da direção da força de corpo do ligamento (17%) e avulsão da tíbia (7%). Ocasionalmente,
deformação (KD-III). imagens por TC podem ser úteis no planejamento do tratamen to se
a lesões ósseas estiverem presentes.

EXAME E AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA


LESÕES VASCULARES E DOS NERVOS
A realização e a documentação de um exame neurovascular com-
pleto são obrigatórias no momento da ava liação inicial, antes da • LESÕES VASCULARES
redução e após a redução. A extremidade deve ser exam inada minu-
ciosamente para cor, temperatura e enchimen to capilar. Os pulsos A primeira prioridade na ava liação e no tratamento das luxações
dorsal do pé e tibial posterior devem ser apal pados e comparados traumáticas do joelho não se refere aos ligamentos, mas ao estado
com o lado co ntralateral; se houver necessidade, arteriografia deve vascular da extremidade. A lesão da artéria poplítea é comum em
ser realizada. As indicações para arteriografia são discutidas na luxações do joelho, especialmente em luxações anteriores, porque a
seção sobre lesões vasculares. artéria poplítea relativamente fixa é alongada, com rompimento da
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gim
circulação. Embora a arteriografia tenha uma taxa de falso-posit ivo
de 5% e uma taxa de complicação de 8%, a circu lação periférica
prejudicada ou qu estionavelmente prejudicada em qualquer
momento apela para a arteriografia a ser feita o mais rapidame nte
possível, de modo que a potencial revascularização não seja atra-
sada. Evitamos qualquer potencial atraso, consultando um cirurgião
vascu lar logo qu e houver suspeita de lesão vas cular. Muitas vezes, a
arteriografia é fe ita na sala de cirurgia no momento da revascu lari-
zação de emergência. Não obtemos rotineiramente um arteriograma
das extrem idades em luxações do joelho quando não há sinal de
comprometimento circ ul atór io periférico antes ou após a redução.
Durante as primeiras 48 a 72 horas após a lesão, a extremidade é
monitorada de perto para uma lesão íntima que pode progredir e
causar trombose.
Atualmente, angiografia por TC está sendo utili zada mais fre-
quentemente como um a alternat iva para angiografia femoral; as
vantagens citadas incluem procedimentos menos invasivos, menores
doses de rad iação e alta sensibilidade e especificidade. A angiografia
por RM também foi proposta corno uma alternativa para definir a
anatomia vasc ular e diagnosticar as lesões vasculares ass intomáticas;
em uma pequena sé rie de deslocamentos do joelho, os achados
foram comparáveis com aqueles da angiografia padrão. A ultrasso-
nografi a arterial dup lex foi relatada como 100% sensível e 97% espe-
cífica para identifica r as lesões arteriais, mas essa técnica é altamente
operador dependente e não está sempre disponível para avaliação
das lesões ag udas.
Um algoritmo com base em evidências foi desenvolvido
Htêii!zjmz:D Arteriografia em paciente com luxação do joel ho. para diagnóstico d a lesão vascular e fo rn ece um a abordagem
ra zoável de acordo com o conse nso atu al e evidência di sponível
(Fig. 45- 148).

• DANO AO NERVO
camada íntimo e possível subsequente oclusão vascu lar. A incidência Os danos ao nervo foram relatados para ocorrer em 10% a 40% das
de lesão da artéria poplítea foi relatada na li teratura como luxações do joelho. Em geral, o nervo fibular é lesionado, e
variando entre 5% a 60%; no entanto, os est udos mais recentes aproximadame nte metad e dessas lesões do nervo resultou em défic it
citam uma faixa de 7% a 25%. As lesões vascu lares são mais neurológico permanente. Embora sejam mais com uns com luxação
comuns com lesões de alta velocidade do que com lesões de baixa posterolateral, as lesões do nervo tibial posterior ou fibular foram
velocidade, e descob rim os que são mais comuns co m lesões de relatadas com todos os tipos de luxações. Nas luxações com rompi-
ult raba ixa ve locidade. mento do ligamento cruzado posterior e do canto posterolateral, a
Quando o paciente é visto pela primeira vez, se a circulação frequ ência da lesão do nervo fibular fo i relatada se ndo tão alta
periférica na extremidade for deficiente, a lu xação deve ser redu- quanto 45%. Ne urapraxias transitórias ou permanentes do nervo
zida tão rapidamente quanto possível e o estado circulatório do fibular foram relatadas em aproximadamente metade dos pacientes
memb ro novamente avaliado de forma cuid adosa. Vários autores com luxações do joelho com lesões arteriais.
sugeriram que, mesmo se os pulsos estiverem presentes, o índice
tornozelo-braqu ial (ITB) deve ser calculado e verificado nova-
mente várias vezes. O ITB é a pressão sistóli ca no tornozelo divi- OUTRAS LESÕES ASSOCIADAS
dido pela pressão sistólica no braço. De acordo com os proponentes
deste método, se o ITB for maior que 0,85 a 0,9, a observação As em inências intercondilares são frequentemente fraturadas, e
atenta é sufic icente; e se o ITB for menor que 0,85, arte riografia é outras frat uras osteoco ndrais e lesões do menisco foram relatadas.
indi cada. Em um est udo prospectivo, a sensibilidade, a especifici- As fraturas do fêmur distal ou tíbi a proximal estão presentes em
dade e o va lor preditivo positivo de um ITB menor que 0,9 foram aproximadame nte 16% das luxações do joelho. Embora as luxações
de 100% e o va lor preditivo negativo de um ITB que alcançou 0,9 do joelho provavelmente não possam ocorrer sem rompimento de
ou mais foi 100%. ambos os ligamentos cruzados, em luxações unidirecionais anterio-
A arter iografia femoral é indicada para qualquer paciente com res ou posteriores, alguma estabilidade pode ser mantida , porque
circulação questionável ou pulso periférico ausente antes ou após a os côndilos do fêmur são avulsionados das inserções dos liga-
redução de um joelho luxado (Fig. 45- 147) . A arteriografia femoral mentos caps ul ares e colaterais e deslizados de volta para eles
deve ser feita em urna extremidade que originalmente não tem quando a luxação é reduzida . Na ocasião, com fratura s por
pulso, mesmo se os pulsos satisfatórios forem restaurados após a avulsão dos ligamentos cru zados, os ligamen tos podem ser repa-
redução, porque as lesões íntimas podem esta r presentes mesmo qu e rados em vez de reconstruídos. As lesões da substância do liga-
a patência da artéria poplítea seja suficiente para circulação satisfa- mento cru zado anterior ocorre m em aproximadamente 50% das
tória. Algum tempo depois, a lesão pode dissecar e se soltar, resul- lu xações do joelho, seg uid o em frequência por lesão da inserção
tand o em trombose atrás do jlap da camada íntima e oclusão da femora l e da in se rção tibial. O ligamento cru zado poste rior é
EID PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Luxação do joelho
conhecida ou
suspeita

Reduza o joelho

Exame físico ,
incluindo pulsos
elPTB

Pulsos distais presentes Pulsos distais assimétricos Pulsos distais


IPTB > 0 ,9 ou ausentes/sinais de lesão
pulsos distais presentes vascular (isquemia,
elPTB hemorragia, hematoma)
ou
Internar para 24 horas
< 0 ,9 ou qualquer outra
de observação e exame preocupação clínica
seriado do pulso Avaliação vascular,
c irurg ia imed iata ,
Angiograma +/- angiografia
Ângio-TC na mesa de operação O@ii;@mml) Algoritmo de tratamento
Considerar ângio-TC ou para luxação do joelho. (Modificada de Howel ls
US Doppler antes da
NR , Brunton LR, Robinson J, et ai: Acute knee dis-
reconstrução do
ligamento location: an evidence-based approach to the
management of the multiligament injured knee,
IPTB = índice de pressão tornozelo-braquial ; TC =tomografia computadorizada; lnjury 42:1198, 20 11.)
US = ultrassonografia

lesionado da sua inserção femoral em aproximadamente 75% das luxa- mais estável; 30 a 45 graus d e fl exão do joelho são o desejável se o
ções do joelho, seguido por lesões da substância e avu lsões da tíbia. joelho estiver estável n essa posição, porque isso aproxima as estru-
turas posterior capsular e posteromedial e canto posterolateral, e
removem a tensão sob re os vasos poplíteos. Um gesso circun feren-
TRATAMENTO cial deve se r evitado para permitir cuidad oso monitoramento do
es tad o neurocirculatório. Ma is recen temente, a fixação extern a fo i
O tratamento das luxações do joelho p or redução fechada e imobi- utili zada para manter a redução se a imobilização for inad equada. É
li zação gessada em preferência à redução aberta fo i h istoricamente necessá rio evitar fixação tran sarticu lar ou olecranização d a pateta.
recom endado, porque o da no ligamentar foi exte nso e o reparo Fo i bem documentado n a literatura e esta mos convencidos d e
adequado não er a considerado co m o sendo possível. Atualmente, que os melhores resultados e os joelhos m ais estáveis podem se r
a m aioria recom enda o reparo ou a reconstrução precoce d o liga- obtidos co m reparo ou reconstrução de todos os li gamentos rompi-
m ento e a reab ilitação agressiva, especialm en te em pacientes d os quando as circunstân cias são id eais para a cirurgia. Uma m eta-
jovens e ativos. As luxações anterior ou posterior - estáveis para ná lise de estudos de luxações do joelh o publicada em 2001 concluiu
estresse em varo e valgo após a redução fechad a - são mais pro- que, em geral, a reconstrução dos ligamentos produ ziu melhores
váve is de ter bons re sul tados após a redução fechada e imobilização resultados e um risco significativam ente m enor d e rigidez d o joelh o
com gesso. Outros tipos d e luxações tendem a se r mais instáveis d o qu e o tratamento não cirúrgico. Uma revisão mais recente com
após a red ução e, para estas, geralmente preferim os o reparo ou a base na evidência da literatura a partir dos últimos anos (201 1), que
recon strução cirúrgica de todas as estruturas les ionadas, especial- incluiu 35 estudos envolvendo 926 d eslocam entos do joelho, deter-
mente em pacientes jovens. minou que todos os dados relacionados com o resultado funcion al,
A instabilidade deve se r determinada quando o joelho é redu- instabilidade, contratura e retorno à atividade favo receram o trata-
zid o, e a inspeção cuidadosa das radiografias pós-redução é neces- m ento cirúrgico. Isto ta mbém fo i verd ad eiro em nosso grupo de
sária para determinar que a redução é anatômica. Algumas vezes, a pacientes com deslocam entos de velo cidad e ultrabaixa do joelho.
cápsul a m edi al e estruturas ligamentares colatera is med iais são apri- Mes m o qu e a sua mobilid ad e fosse limitada antes da lesão, aqueles
sio nadas d entro da ar tic ulação quando uma luxação posterolateral co m reconstrução cirúrgica do ligam en to tiveram m elhor função
é reduzida. Isso é indicado por um a redução li geiramente n ão qu e aq ueles tratados d e modo não cirúrgico. Outros fatores a serem
an atôm ica nas radiografias e muitas vezes um enrugamento, fran zi- cons id erados incluem lesões relac io nadas, o utros danos dentro do
mento o u sulco ao longo d a lin ha de artic ulação m edial; a redução joelho e tecidos circundantes, estado circulatório, idade do paciente
aberta imediata pode ser necessária. Outras indicações para cirurgia e futuras demandas sobre o joelho. Uma pessoa idosa com um estilo
imedi ata incluem lesões a rteria is, lesões abertas e síndrome compar- de vid a sedentário e poucas demandas fís icas sobre a extremidade
timentai da perna. pode ter um resultado satisfatório com medidas conservadoras
Quando a redução fechada an atômica é alcançada, o joelho é fec hadas, mas uma pessoa jovem qu e deseja uma fun ção m axi m a-
imobilizado em uma tala d e gesso posterior ou cinta em sua posição m ente estável vai beneficiar-se do reparo ou reconstrução precoce
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

das estruturas rompidas. Além disso, o alinhamento preexistente dos


membros inferiores deve ser considerado. Um alinhamento em varo
do joelho preexistente deve ser tratado cirurgicamente para evitar
uma subsequente marcha com abertura lateral. O mesmo pode ser
verdadeiro para um alinhamento do joelho em valgo preexistente
com uma grave lesão medial.
Quando a circulação é prejudicada e a anormalidade é con-
firmada por angiografia, o reparo imediato do vaso poplíteo dani-
ficado pode salvar o membro. Procrastinar com uma abordagem
não cirúrgica ou expectativa de que a circulação colateral em torno
da articulação vai fornecer suficiente circulação periférica é um
convite para o desastre. A taxa de amputação é de aproximada-
mente 6% quando o reparo vascular é realizado dentro de 6 horas.
Isso aumenta para 11 % quando o reparo é dentro de 8
horas, para 86% quando o reparo é adiado mais que 8 horas, e para
90% quando a lesão vascular não é tratada. Quando o reparo da
artéria poplítea é necessário, geralmente não realizamos a recons-
trução extensiva ligamentar ao mesmo tempo. Algumas suturas
bem colocadas nas estruturas capsulares, enquanto a artéria poplí-
tea é exposta, são justificadas, mas o extenso reparo e a reconstru-
ção devem ser adiados. O reparo das estruturas colateral e capsular
e o reparo ou a reconstrução de ligamentos cruzados podem ser
realizados de forma segura e efetiva até 2 semanas após o reparo
Incisões na pele para reconstrução aberta lateral
vascular. A incisão cirúrgica anterior deve, então, estar cicatrizada,
ou posterolateral combinada com reconstrução artroscópica dos
a integridade da artéria poplítea estabelecida e a qualidade do
li gamentos cruzados anterior e posterior. F, Cabeça da fíbula; G,
tecido ligamentar ainda satisfatória para reconstrução ou reparo.
Tubérculo de Gerdy; P, Patela; T, Tubérculo tibial. (De L' lnsalata JC,
O uso de um torniquete é deixado para a discrição do cirurgião
Dow dy PA, Harner CD: Multiple ligament reconstruction. ln Harner CD,
vascular. Em geral, aguardamos a liberação do cirurgião vascular
Vince KG, Fu FH, editors: Techniques in knee surgery, Philadelphia,
para utilizar um torniquete dentro das primeiras 2 semanas de
2000, Lippincott W illiams & W ilkins.)
revascularização, e não temos observado problemas vasculares
recorrentes.
As recomendações atuais de tratamento focam na reconstru-
ção precoce dos ligamentos cruzados combinada com o reparo ou do enxerto no acompanh amento de 54 meses. As escolhas do
reconstrução das estruturas colaterais, seguido por reabilitação enxerto para reconstrução ligamentar do joelho são discutidas em
agressiva. Essa abordagem demonstrou melhorar a estabilidade do mais detalhes na seção anterior nos ligamentos cruzados anteriores
joelho e arco de movimento. Em geral, preferimos o reparo imediato e no Capítulo 51.
ou reconstrução (dentro de 10 a 14 dias) para os seguintes padrões O tratamento cirúrgico de um joelho deslocado começa
de lesão: ligamentos cruzados anterior e posterior e canto postero- com um exame completo com o paciente sob anestesia para con-
lateral, ligamento cruzado posterior e canto posterolateral, ligamen- firmar a identificação pré-operatória das estruturas lesionadas.
tos cruzados anterior e posterior e ligamento colateral medial (lesões A artroscopia é especialm ente útil para avaliação das lesões do
de grau III, lesões distais), e ligamentos cruzado posterior e colatera l menisco e condral, e alguns reparos e reconstruções do ligamento
medial (lesões de grau III, lesões distais). O reparo ou a reconstrução podem ser feitos artroscopicamente ou com assistência artroscó-
podem ser adiados para lesões do ligamento cruzado anterior e pica (Cap. 51). A artroscopia de uma lesão aguda deve, no
posterior com ligamentos colaterais intactos e para lesões do liga- entanto, ser limitada por causa do risco de extravasamento de
mento cruzado anterior e posterior e colateral medial (grau I ou II) fluido, que poderia precipitar um a síndrome compartimentai em
com um ligamento oblíquo posterior intacto. pacientes com lesões ag ud as . As lesões do menisco e cartilagem
A escolha do enxerto para reconstrução dos ligamentos cru- articu lar são tratadas antes das lesões do ligamento. A abordagem
zados depende das estruturas lesio nadas, da gravidade da lesão, do utilizada depende das estruturas lesionadas (Fig. 45 -149). Uma
tempo de cirurgia e da experiência do cirurgião. Em geral, prefe- incisão curva medial permite a exposição dos ligamentos cruza-
rimos os aloenxertos para reconstrução de joelhos com múltiplos dos, do ligamento colateral medial e do canto posteromedial;
ligamentos lesionados: osso-tendão patelar-osso para reconstrução uma incisão posterior em formato de L (Burks e Schaffer) permite
do ligamento cruzado anterior, enxerto do tendão de Aquiles para exposição da inserção tibial do ligamento cruzado posterior para
reconstrução do ligamento cruzado posterior, tibial para reconstru- reparo de uma fratura por avulsão ou para reconstrução tibial
ção do canto posterolateral, e enxerto do tendão de Aquiles ou tibial inlay; e as incisões retas medial e lateral permitem a exposição
para reconstrução do canto medial ou posteromedial. As escolhas das estruturas medial e posteromedial e as estruturas lateral e
de autoenxerto incluem enxertos de osso-tendão patelar-osso, posterolateral, respectivamente. Uma incisão reta na linh a média
isquiotibiais, e tendão do quadríceps. Recentemente, os ligamentos permite exposição de todas as estruturas. Independentemente da
artificiais ressurgiram, e seu uso tem sido objeto de investigação abordagem utilizada, retalhos de pele de espess ura total devem
para reconstruções múltiplas de ligamento. Um estudo de 71 ser desenvolvidos, e as pontes da pele apropriadas (mais de 7 cm)
pacientes com reconstruções com ligamento artificial observou devem ser mantidas . A sequência sugerida da cirurgia é mostrada
resultados subjetivos e objetivos comparáveis com outras escolhas na Tabela 45 -2 .
lllJD) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Objetivo da reabilitação: restaurar a faixa de movimento, força e função

Suporte de peso parcial Suporte de peso conforme Atividade aeróbica


com órtese travada tolerado com órtese destravada de baixo impacto

o 2 semanas 4 semanas 6-8 se manas 6-9 meses 9-12 meses


)l
•Cirurgia 1 • Adicione fl exão 1 • Exercícios de 1 • Arco de movimento 1 • 80% de força 1 • Retorno
passiva de até 90º quadríceps de cadeia passivo e ativo assistido/ do quadríceps aos
•Imobilização travada
aberta de arco limitado a longamento para esportes
em extensão • Estímulo elétrico e de 60º a 75º a umento da flexão •Corrida
completa biofeedback co nforme além de 90º
necessário para • Exercícios de cadeia •Trabal ho manual
• Extensão passiva fechada de quadríceps • Descontinuar a órtese pesado
boa função
simétrica ao lado não e isquiotibiais
envolvido, exceto • Retorno para o • Descontinuar muletas
para o ligamento traba lho sedentá rio • Exe rcícios de
cruzado posterior equil íb rio e
ape nas a Oº propriocepção
• Exercícios para
quadríceps e e levações
da perna em extensão

li@mf4mE,!) Protocolo de reabilita ção após reconstrução múltipla ligamentar. (De Harner CD, Wa ltrip RL, Bennett CH, et ai: Surgical
management of knee dislocations, J Bane Joint Surg 86A:262, 2004. )

• Sequência de Cirurgia para


• RESULTADO DO TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS
45 -2 Luxação Traumática do Joelho LUXAÇÕES DO JOELHO
Emb ora um a melhor compreensão das luxações do joelho e técnicas
Exame sob anestes ia cirúrgicas melhoradas tenha levado a melhores resultados, o grave
Exame artroscópico romp imento dos tecidos moles assoc iado às lLL-xações do joelho
Tratamento de lesões meniscal e osteocondral muitas vezes não permite a restauração da função normal do joelho.
Reconstrução de ligamentos cruzados: Em três estudos que incluíram ma is de 100 pacientes, nenhum dos
LCP túnel da tíbia LCP túne l da tíbia joelhos foi classificado como normal de acordo com as pontuações
LCP túnel femoral ou LCA túnel da tíbia de !KDC; 39% estavam quase normais, 40% estavam anormais e 21 %
LC A túnel da tíbia LCA túne l femo ral estavam gravemente anormais. O tratamento cirúrgico demonstrou
LCA túnel fe mo ral LCP túne l femoral produ zir melhor arco de movimento e maiores pontuações funcio-
nais do que o tratamento n ão cirúrgico, mas alguma limitação resi-
Passage m e fixação de e nxe rto LCP no túne l femoral
dual deve ser esperada. Rigidez do joelho e fa lha de algum
Passage m e fi xação de e nxe rto LCA no túne l femoral
compo nente da reconstrução ligam entar são as complicações mais
Tension amento e fixação de enxe rto LCP com joelho flexio-
com un s após o tratamento cirúrgico da luxação do joelho.
nado 90 graus
Os deslocamentos da patela são discutidos no Capítulo 60.
Tensioname nto e fi xação de enxerto LC A com joelho em
exte nsão comp leta
Reparo, aumento e reconstrução de ligame ntos colaterais
Arco de movimento e exame sob anestes ia para garantir a
PLICA SINOVIAL
fixação adequada
Durante o desenvolvimento fetal, o joelho é separado em três com-
Confirmação radiográfica da redução do joelho
partimentos por membranas sinoviais. Aos 4 a 5 meses de desenvol-
vi mento, os co mpar tim entos resolvem fo rmar uma única cavidade.
LCA, liga mento cruzado anterior; LCP, ligamento cruzado posterior
A reabsorção incompl eta ou parcial resulta nas dobras sinoviais
incom pletas ou plicas. As plicas sinovia is do joelho são comumente
descritas como suprapatelar, mediopatelar, infrapatelar e lateral (Fig.
A reab ilitação após a cirurgia depende do paciente individual- 45- 151). A plica patelar med ial fo i relatada em 5% a 70% dos indi-
mente e do tipo e da gravidade de lesões reparadas ou reconstruídas. víduos e a plica suprapatelar em aproximadamente 17%. A plica
Em ge ral , o sup orte de peso protegido é continuado por no mínimo infrapatelar gera lmente é relatada como sendo a mais com um .
8 semanas, com o uso contínuo de uma órtese func ional por 6 a 8 Qualquer condição que produ za irritação crônica, trauma ou
semanas adicionais. A recuperação total pode exigir 9 a 12 meses. cicat ri zação pode resultar em espessamento da plica e na produção
No se u protocolo de reabilitação após reconstrução múltipla liga- de sinais e sintomas que sugerem desarranjo interno do joelho.
mentar (Fig. 45- 150), Harner et ai. adiaram o retorno às atividades Incisões de ar trotomia medial mal colocadas podem danificar a plica
com esportes que exigem mudanças na direção e giro por 9 a 12 medial suficientemente para causar fibrose e subsequentes sintomas.
meses após a ciru rgia. Bater o joelho fl exion ado em um objeto duro pode traumatizar uma
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm

Patela Abertura
(virada - - --1---Hf-- para a bolsa
para cima) suprapatelar

Ligamento
cruzado
anterior
Plica
infrapatelar
-..,'--i----i'--- - Tíbia

H@llJ461Ef) Visão artroscóp ica da plica si novia l.

H@i!@ilJIED Plica sinovial em torno do joelho (veja o texto).


a plica assume uma resiliência mais normal e, portanto, não produz
plica e inflamar e espessá-la sufi cientemente para causar sintomas. sintomas. Se a plica tiver se tornado fibrótica e hialinizada e as medidas
O exame cuidadoso deve diferenciar os si ntomas de uma plica conservadoras ap resentaram fa lh a em aliviar os si ntomas de um
espessa que se torna inelástica devido à fibrose ou hialinização dos paciente, a excisão cirú rgica deve ser curativa. A excisão geral-
sintomas de um menisco lesionado. Um menisco lesionado geral- mente é fe ita por técnicas artroscópicas, embora uma excisão li m i-
mente causa episódios periódicos de falseio, travamento e dor loca- tada possa ser realizada através da incisão parapatelar medial.
lizada ao longo da linha de articul ação, e a dor muitas vezes é Fazer simplesmente a incisão ou o seccionamento da plica não é
aumentada ou reproduzida por torsão da tíbia sobre o fêmur. Uma recomendado porque a continuidade da plica poderá ser restau-
plica patológica produz estalo e captura no joelho por interposição rada pelo tecido cicatrizado.
na patela ou côndilo femoral medial.
Com o paciente sentado na borda da mesa de exame e a perna
balançando, apalpar ao longo do lado medial da patela conforme o LESÕES DA CARTILAGEM
paciente flexiona e estende o joelho muitas vezes localiza a plica ARTICULAR
anormal enquanto ela passa sobre o côndilo femoral medi al e pode
produzir uma "travamento" momentâneo da patela. A ultrassono-
grafia dinâmica foi relatada como tendo uma precisão diagnóstica A cartilagem articular é um tecido complexo capaz de resistir a
de 88%, sensibilidade de 90% e especificidade de 83% na avaliação forças tremendas durante muitos ciclos, mas não tem a capacidade
da sínd rome da plica medial; no entanto, esta técnica é altamente para cicatrizar mesmo após lesões menores. Mais de 250 anos atrás,
dependente do operador. Hu nter observo u: "cartilagem ulcerada é algo problemático - uma
A plica anormal é mais bem diagnosticada por exame artros- vez destruída, não é reparada". A saúde e a função da articulação
cópico do joelho. É importante a avaliação cui dadosa da largura e dependem da viabi lidade da cartilagem articular ; sem cartilagem
textura da plica, vis ualizand o e sondando. Quando ela é suficiente- articular, a artrite se desenvolve. Em indivíduos atletas jovens, as
mente proeminente (Fig. 45- 152), a plica pode causar dificu ldades alterações da cartilagem articul ar geralmente são causadas por
durante a artroscop ia quando o artroscópio é introduzido na bolsa traum a, enquanto essas alterações são degenerativas em indivíduos
suprapatelar (Cap. 51) . mais velhos. Os estudos de artroscopia do joelho encontraram lesões
Vários au tores observaram uma associação entre a presença de na cartilagem articular em 60% a 66% dos pacientes.
plica e o desenvolvimento das lesões condrais no côndilo femoral. Os pacientes com lesões na cartilagem articular geralmente quei-
Essas alterações degenerativas foram suge ridas como send o causa- xam-se de dor, derrame, e sintomas mecânicos. Em pacientes com
das por uma plica medial patológica que se encaixa ou colide contra lesões no fêmur, a dor geralmen te está localizada no compartimento
o cô ndilo femoral subj acen te durante o movimento do joelho. tibiofemoral medial ou lateral e é agravada com suporte de peso ou
O tratamento deve, inicialmente, ser conservador. A restrição atividade de alto impacto. Os pacientes com lesões na patela relatam
das atividades, o uso de agentes ant i-inflamatórios, a injeção de dor ao ajoelhar, subir escada e sentar-se por tempo prolongado.
corticosteroide intra-articul ar e a instituição de um programa de A avaliação de um paciente com supeita de ter uma lesão condral
exercícios isométricos para os músculos quadríceps muitas vezes ou osteocondral do joelho deve incluir radiografias com suporte de
resultam em redução suficiente do edema e sinovite, de modo que peso em incidências anteroposterior, 45 graus posteroanterior, lateral,
llJ!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

patelar (Merchant) da extremidade envolvida, assim como incidên- O tratamento cirúrgico geralmente é indicado se os métodos
cias anteroposteriores bilaterais do quadril-joelho-tornozelo em pé. não cirú rgicos fa lham em aliviar a dor e sintomas mecânicos. As
A suspeita clínica de urn a lesão na cartilagem articular deve levar a opções de tratamento incluem desbridamento, estímulo medular,
um a avaliação com RM sensível à cartilagem para determinar a transplante para preencher o defeito, terapia celular e o uso de
localização, o tamanho e o grau da lesão. Vários sistem as de classi- fatores de crescimento ou agentes farmacológicos (Tabela 45-6). A
ficação foram desenvolvidos para indicar a gravidade e o tipo de escolha do procedimento baseia-se principalmente no tamanho da
lesões na cartilagem articular (Tabelas 45-4 e 45-5). A avaliação lesão (Tabela 45-7) e nas exigências de atividade do paciente.
artroscópica geralmente é necessária para classificação definitiva, Para pacientes com mínimos sintomas e pequenas lesões ( <
mas os avanços nas técnicas de RM sensíveis à cartilagem tornaram 2cm) em áreas de suporte de peso limitado, o desbridamento artros-
esse método eficaz em fornecer informação va liosa sobre o taman ho cópico para remover corpos livres ou margens descoladas de carti-
e o grau da lesão antes da cirurgia. lagem que colidem na articulação pode fornece r alívio de curto
As lesões na cartilagem articular são, muitas vezes, acompa- prazo (Cap. 51). O objetivo do desbridamento artroscóp ico e
nhadas por hemartrose significativa, ass im corno rnicrofraturas lavagem é reduzir a inflamação e a irritação mecânica dentro da
trabeculares sub condrais ocultas (contusões ósseas, bolhas ósseas) . articulação. O desbridamento pode incluir suavização da superfície
As contus ões oc ultas do osso subcond ral foram encontradas em articular fibrilada, regulari zação do menisco, aparame nto dos oste-
até 80% dos pacientes com ruptu ras com pletas do ligamento ófitos e remoção da sinóvia inflamada. Acredita-se que a lavagem da
cru zado anterior.

TRATAMENTO

As recomendações do tratamento para lesões na cartilagem articular


e artrite resultante incluem tratamento não cirúrgico e cirúrgico. O
tratam ento não cirúrgico envolve diminuir a carga na articulação.
Perda de peso do paciente, alteração das atividades e reforço dos
• PROCEDIMENTO
Lavagem e
:,y ""• ·. Opções de Tratamento para
.4 5.-Q · . Lesões da Cartilagem Articular

desbridament o
artroscóp ico
IN DICAÇÕES
Mínimos sintomas
RESULTADO
Paliativo

músculos em toda a articulação podem aj udar a absorver algum a Estím ulo da Lesões menores, Reparativo
carga. As órteses ou braces também são benéficas, assim como medi- medula paciente de baixa
cações analgésicas e anti-inflamatórias. demanda
Autoen xerto Menores lesões, Restaurativo
osteocondral pacientes de baixa o u
alta demanda
Aloenxerto Maiores lesões com Restaurativo
Classificação das Lesões
osteocondral perda óssea, pacientes
iTABELA Articulares por Configuração
de baixa ou alta
... · (Bauer e Jackson)
demanda
Implante Pequenas e grandes Restaurativo
TIPO CONFIGURAÇÃO
autólogo de lesões com e sem
Linear perda óssea , pacientes
condrócitos
li Estelar de alta demanda
Ili Retalho Engenharia lnvesti gacio nal Restaurativo
IV Cratera genética
V Fibrilação De Garrick JG, editor: Orthopaedic knowledge update: sports medicine, ed
VI Degradação 3, Rosemont, IL, 2004, American Academy of Orthopaedic Surgeons.

'M=Hf4 45-5 Classificação das Lesões da Cartilagem Articular pela Gravidade

GRAU OUTERBRI DGE OUTERBRIDGE MODIFICADA ICRS


o Carti lagem normal Carti lagem intacta Carti lagem intacta
A mo lecimen t o e edema Amolec imento condra l ou bolhas com Superficia l (indentação suave ou
superfíc ie intacta rachaduras e f issuras superficiais)
li Fragmentação e fissuras Ulceração superficia l, fibrilação ou Lesão meno r que a metade da
em área menor que 1,3 cm fissura menor que 50 % de espessura da cartilagem
em diâmetro profundidade de cartilagem articular
Ili Fragmentação e fissuras na Ulceração profunda, fibrilação, fissura Lesão maior que a metade da
área maior que 1,3 cm em ou retalho condral maior que 50% de espessura da cartil agem
diâmetro cartilagem sem osso exposto articular
IV Osso subcondra l exposto Lesão de espessura tota l com osso Lesão estendendo-se ao osso
subcondral exposto subcondral
ICRS, Sociedade Internacional de Reparo de Cartilagem (lnternational Carti lage Repair Society)
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO GElll
que em pacientes com mais de 40 an os. As vantagens da microfra-
_ Tratamento Cirúrgico das Lesões
45 7 de Cartilagem Articular
tura são a simplicidade do proced imento, o custo relativamente
baixo e o baixo risco de morbidade do paciente. Ele também n ão
TAMANHO previne o uso posterior de outros procedimentos m ais complexos.
DA LESÃO TRATAMENTO CIRÚRGICO Cinco fatores foram identificados como afetando a qualidade do
cm Observação tecido do reparo ca rtilaginoso após a microfratura de um defeito
Condroplastia por abrasão condral: (1) durante o desbridamento, a camada da cartilagem cal-
Microfratura cificada deve ser removida, m as a abrasão do osso subcondral deve
Transferência de autoenxerto ser evitada; (2) um a ponte óssea 1 a 2 mm deve ser deixada entre as
osteocondral perfurações para permitir ao tecido conjuntivo preencher o defeito
1 a 2 cm Condroplastia por abrasão e aderir à base do defeito; (3) a função da articulação deve ser
M icrofratura mantida após a ci rurgia pelo uso de m ovimento passivo contínuo;
Transferência de autoenxerto (4) suporte de p eso protegido deve ser rigorosamente aplicado,
osteocondra 1 dependendo da localização da lesão; e (5) qu alquer anormalid ade
2 a 3,5 cm Aloenxerto osteocondral a fresco significativa n o eixo mecâni co deve se r corrigida em conjunção com
Implante autó log o de condrócitos o procedimento de microfratura. Essa técnica é descrita no Capítulo
3,Sa 10cm 51. Os resultados dos estudos com animais sugeriram que a injeção
Implante autó log o de condrócitos
de áçido hialurôni co após a microfratura teve um efeito positivo no
Múltiplos Implante autólogo de condrócitos
tecido de reparo e pode ter efeitos condroprotetores e anti-inflama-
(2 ou 3)
tórios que limitam o dese nvolvim ento de alterações degenerativas.
Para lesões maiores ou lesões múltiplas, especialmente em pacien-
tes de alta demanda, os procedimentos restaurativos corno a transferên-
cia de autoenxerto osteocondral, aloenxerto osteocondral e implante
autólogo de condrócito geralmente são indicados (veja também, em lll.J
inglês, o Vídeo 45-2). Os autoenxertos osteocondrais podem ser trans-
plantados nas áreas danificadas (até 2 cm) a partir de áreas de menor
suporte de peso no côndilo femoral tanto como wn único plugue ósseo
grande quanto com múltiplos pequenos plugues (mosaicoplastia) (Fig.
45- 154} Para lesões maiores (2 a 3,5 cm), aloenxertos podem ser
obtidos a partir de um hemicôndilo osteoarticular com tamanho com-
patível (Fig. 45- 155). Foi relatada viabilidade do condrócito de até 80%
com 4 semanas após a implantação. A maior desvantagem de utilizar
aloenxertos frescos é que os pacientes devem estar "de plantão'' para
cirurgia imediata quando um enxerto adequado se torna disponível.
Para lesões de até 10 cm ou para múltiplas lesões, o implante
autólogo de condrócitos pode ser um procedimento restaurativo
eficaz. Esse procedimento é feito em dois estágios. Em primeiro lugar,
uma pequena quantidade de cartilagem articular ou osso condral é
removida artroscopicarnente para cultu ra dos condrócitos autólogos.
Em seguida, ge ralmente 3 a 6 semanas mais tarde, um procedimento
aberto é feito para implantar as células no defeito condral. Um enxe rto
O[rii@jmg} Microfratura de lesão na carti lagem articular.
periosteal é suturado sobre o defeito, e os condrócitos são injetados
(De Canale ST, Azar FM: Osteochondritis dissecans. ln Jackson DW:
no defeito sob o eruerto periosteal (Fig. 45-1 56) . O local de injeção é
Master techniques in orthopaedic surgery: reconstructive knee surgery,
fechado com urn a ou duas suturas adicionais e selado com cola de
ed 3, Phi ladelphia, 2007, Lippincott Williams & Wilkins.)
fib rina. O mau alinhamento, a instabilidade ligamentar e as deficiên-
cias do m enisco devem ser corrigidos antes ou no momento da
implantação do condrócito autólogo. Resultados bons a excelentes
articulação redu z a sinovite e a dor, removendo os fragmentos de foram relatados em 80% a 89% dos pacientes em 2 a 9 anos após a
cartilagem e cristais de fosfato de cálcio do joelho. Embora os tra- cirurgia. Alguns autores relataram melhores resultados em pacientes
balhos demonstrem que esses procedim entos produzem algun s com m enos de 40 anos de idade no momento da cirurgia, enqu anto
efeitos paliativos temporários, especialmente em pacientes mais outros não encontraram diferenças nos resultados de implantação do
velhos de baixa demanda, eles não são uma solução a longo prazo. condrócito autólogo. As complicações mais comuns são aderências
A condroplastia p or abrasão ou técn icas de microfratura (Fig. articulares (2%) e descolamento ou delaminação (< 1%).
45- 153) pode estimular um processo rep arativo para lesões p equ e- Para evitar múltiplos procedimentos cirúrgicos, um implante
nas ( < 2 cm) em pacientes de baixa demanda. Esses procedimentos, autólogo de condrócitos "técnica de sanduíche" (Fig. 45-157) foi desen-
que envolvem penetração da camada avascular de cartilagem em volvido, em que enxerto de osso esponj oso é utilizado para preencher
direção ao osso subcondral vascular para estimular o reparo extrín- o defeito ósseo, o periósteo é suturado acima do enxerto ósseo no nível
seco, são bem suportados na literatura. A melhora nos sintomas fo i do osso subcondral com a camada de câmbio de frente para a articula-
relatada em 60% a 70% dos pacientes após abrasão ou mi crofratura, ção, mais urna membrana periosteal é suturada na borda do defeito
mas o reparo fibro cartilaginoso parece se deteriorar com o tempo,
começando em torno de 18 m eses ap ós a cirurgia. Os resultados são
significativamente melhores em pacientes com m enos de 40 anos do *Disponível, em ingl ês, em www.expertconsult. co m.
E!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

O@ii;HmED Aloenxerto para lesão osteocondral. A e B, Preparação do leito receptor. C, Remoção do enxerto do osso doador. D,
Enxerto no local. (De Canale ST, Azar FM: Osteochondritis dissecans. ln Jackson DW: Master techniques in orthopaedic surgery: reconstructive
knee surgery, ed 3, Filadélfia, 2007, Lippincott Wi lliams & Wilkins.)

condral com a camada de câmbio de frente para o defeito, cola de fibrina biorreator que continuamente aplicava pressão hidroestática para o sca-
é utilizada para vedação, e condrócitos são injetados entre as membra- ffold. Urna empresa belga (ChondroCelect, Tigenix, Inc., Leuven,
nas. Uma variação dessa técnica de sand uíche utiliza uma membrana Bélgica) identificou e desenvolveu um mecanismo de cultura seletiva de
de porco do tipo I a tipo III em vez do periósteo, e outra técnica de condrócitoss mais potentes para implantação. Para eliminar a necessi-
implantação de condrócitos antólogos matriz-i nduzida utiliza urna dade de um procedimento em dois estágios, a cartilagem triturada do
bicamada de colágeno de porco semeada com condrócitos e fixada doador fo i colocada em Lm1 scajfold bioabsorvível, que é, em seguida,
diretamente à base de um defeito condral com cola de fibrina. fixado no defeito condral. As vantagens sugeridas deste sistema (CAIS,
Por causa da frequência da hipertrofia periosteal e da dificul - DePuy-Mitek, Norwood, MA) são evitar múltiplas cirurgias para coleta
dade de coletar o periósteo e costurá-lo no local, membranas de colá- da biópsia de cartilagem e implantação do condrócito, simplificar a
geno bioabsorvível foram desenvolvidas como uma alternativa técnica cirúrgica por fixação por grampos em vez de sutura do periósteo,
(im plante autólogo de condrócitos de segunda geração ). A implan- e reduzir os altos custos associados às complexidades mecânicas e logís-
tação dos condróci tos cultivados em suspensão, conforme é feito ticas dos métodos atuais de implantação de condrócitos autólogos.
com ambas as membranas de periósteo e de colágeno, levantou Atualmente, todas essas técnicas são investigativas, mas podem melhorar
preocupações sobre a distribuição desigual dos co ndrócitos no os resultados do implante antólogo de condrócitos no futuro.
defeito e a possibilidade de vazamento celul ar. Para evitar esses pro- Independentemente da técnica específica utilizada, w1ia desvanta-
blem as, os condrócitos foram semeados diretamente em suportes gem do implante antólogo de condrócitos é a reabilitação pós-operatória
(scaffolds) biodegradáveis à base de co lágeno (p. ex., MACI, Genzyme prolongada que requer rigorosa conformidade do paciente com suporte
Biosurgery, Cambridge, MA) ou à base de hialuronano (p. ex., Hya- de peso e restrições da atividade. Um estudo, no entanto, descobriu que
lograft-C, An ika Therapeutics, Bedford, MA; BioCart II, ProChon os níveis de atividade em pacientes com implante antólogo de conclrócitos
Biotech, Woburn, MA; Cartilix, polymer hydrogel, Biomet, Warsaw, foram comparáveis com aqueles pacientes com microfratura em 2 anos
IN; Cartipatch, agarose-alginate matrix, TBF Tissue Engineering, após a cirurgia; em ambos os grupos, wna falta de atividades de baixa
M ions, França). Como esses scaffolds de membrana são naturalmente carga após a cirurgia afetou adversamente os resultados funcionais.
"pegajosos:' eles podem ser colocados no defeito artroscopicamente O utra estratégia atua lm ente sendo desenvolvida é a manipula-
sem fixação ou cobertura adicional. ção do processo de reparo nos níveis celulares e moleculares pela
Na literatura europeia, foram relatados resultados comparáveis transferênc ia de nova inform ação genética para as células que co n-
com aqueles obtidos com implantação padrão de condrócitos autólogos. t ribu em para o processo de cicatrização (" terap ia gêni ca"). Pesqui -
O utros pesquisadores (NeoCart, Histogenics, Northampton, MA) sas estão focadas em encontra r o vetor mais eficiente para entregar
cultivaram um scaffold semeado com condróci tos autólogos em um essa informação genética e os genes ca ndidatos m ais prováve is para
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gim

H@ihfü Uj@i Imp lante a utó logo de condrócitos. A, Defe ito


no fê mur. B, Após o desbridamento . C, Célu las mant idas n o local
pelo periósteo suturado sobre o defe ito .

c1rurgicos produziram melhoras comparáveis nas pontuações d e


Lysholm, sem procedimentos comprovando superioridade.

periosteal OSTEOCONDRITE DISSECANTE


"="'"""'- - -- Osso
transpl antado A osteocondrite d issecante é a fonte mais comum de corpos livres
na articulação do joelh o. O utras fo ntes são (1 ) condromatose sino-
vial, (2) osteófito s, (3) superfíci es art iculares fraturadas e (4) menis-
cos danificados. Na osteocondrite dissecante, uma á rea de osso
subcondral se torna nec rótica e alterações degenerativas gera lm ente
ocorrem na cartilagem sobrejacente. Durante o curso d a doença, a
U@il;fflnll» Técnica "sanduíche" do implantes autólogo d e menos que seja interrompida por cirurgia, outro tratamento ou cica-
condrócitos utiliza camadas de osso transpl a ntado, retalho perios- trização espontânea, o osso necrótico e a cartilagem sobrejacente
teal, co ndróc itos e retalho pe riosteal. (De Peterson L: lnternational grad ualm ente separam-se do osso adjacente e cartilagem e em con-
experience with autologous chondrocyte transplantation. ln Scott WN, junto se tornam um co rpo livre. Ocorre mais frequentemente na
editor: lnsall & Scott surgery of the knee, ed 4, Philadelphia, 2006, articulação do joelho, mas pode oco rrer em qualquer articulação,
Churchi ll Livingstone Elsevier.) incluind o cotovelo, tornozelo, ombro e quadril, e em qualquer parte
das superfícies articul ares (Fig. 45- 158).
Na os teocondrite dissecante do joelho (F ig. 45-159), a lesão
melhorar o reparo e a rege neração da cartilagem . A terapi a celular geralm ente é localizad a no aspecto latera l do côndilo femo ral m ed ial
também está sendo investigada, utilizando células-tronco mesenqui- perto da inserção do ligamento cruzado posterior (80%) , mas pode
mais; o uso de tratamentos à base de células permite a versatilidade ocorrer em outros lugares na superfície articular desse côndilo e
do uso de scaffolds, fatores de cresc imento, proteínas recombinantes, ocasionalm ente no aspecto posterolate ral do cô ndilo femoral (15%)
e terapia gên ica em várias comb inações. ou no quadran te in fero m ediaJ d a patela (5%) . A osteocondrite dis-
Com qualquer um desses procedimentos, para melhorar o secante é bilateral em 20% a 30% dos pacien tes.
res ultado, é necessário corrigir mau alinhamento, instabilidade liga- A osteocondrite dissecante da art iculação do joelho é mais
mentar, instab ilidade da patela ou qualquer outro processo patoló- comum em homens e durante a adolescência. Ela ocorre em dois
gico patelofemoral coexistente. Uma revisão s istemática dos métodos gr upos de pacientes: (1) pacientes jovens, antes do fechamento
de tratamento que incluiu microfratura, transplante autólogo oste- fisá ri o, em que pode se esperar bons resultados produ zidos pelo
ocondral, implante autólogo de condrócitos e do implante autólogo tratamento (Fig. 45 -1 60); e (2) adu ltos, em que a causa pode ser um
de condróc itos matri z-assistido observou que todos os proced im entos fenômeno vascular e os resultados menos satisfatórios.
lllJED PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Côndilo Côndilo Côndilo


medial medial lateral
77% 85% 15%

51 % iâ[ftii;Qm:llm) Locais de lesões de osteocondrite dis-


19% 17% 10%
secante do joelho de acordo com Hefti et ai. (A) e
A. Patela 6% B Patela 5% Aichroth (B).

Osteocondrite dissecante do joelho,


tratamento não cirúrgico. A, Lesão em adolescente
tratada de modo não cirúrgico em imobilização por
9 meses. B, Vários anos mais tarde, a cicatrização
completa é visíve l, e o joelho é assintomático.

Osteocondrite dissecante. A, Osteocondrite dissecante envo lvendo área de suporte de peso do cônd ilo femoral latera l
em um menino de 15 anos de idade. B e C, Fragmento internamente fi xado com múltiplos fios de Kirschner.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gm
ETIOLOGIA além da incidência do tún el. Radiografias comparativas devem ser
obtidas em pacientes jovens e adolescentes, porque uma lesão de osteo-
A etiologia da osteocondrite dissecante é controve rsa e permanece condrite dissecan te pode ser conftmdida com centros de ossificação
incerta. As teorias incluem isquemia, microtrauma repetitivo, predis- anômalos bilaterais, que podem causar sintomas transitórios, mas geral-
posição familiar, desequilíbrio endócrino, anormalidades epifisá rias, mente resolvem espontaneam ente dentro de 6 a 12 meses. A osteocon-
centros acessórios de ossificação, distúrbios de crescimento, fratura drite dissecante é bilateral em aproximadamente 30% dos pacientes.
osteocondral, microtrauma repetitivo com subsequente in terrupção As cin ti lografias ósseas com tecnécio-99m foram recomendadas
do fo rnecimento interósseo de sangue para a área subcondral da pa ra acompan har a atividade de cicatrização das lesões e para ajudar
epífise, variações anatômicas no joelho e osso subcondral congen ita- a prever os resultados do tratamento. Além disso, as anom alias ossi-
mente anormal. Os fa tores mecânicos foram implicados no desenvol- ficantes negativas na cintilografia podem ser distinguidas das lesões
vim ento da osteocondrite dissecante pelos achados de uma associação de osteocondrite dissecante não cicatrizadas positivas na cintilografia.
entre as lesões condilares mediais e um eixo mecânico em varo da As varreduras por TC por emissão sequencial de fóton único (SPECT)
perna e entre as lesões condilares laterais e um eixo em valgo. obtidas em intervalos de 8 semanas podem ser úteis. Se a TC fo r
realizada, ela deve ser feita no plano coronal. A RM é útil em avaliar
a inserção e a viabilidade do fragme nto. As características comuns de
ACHADOS RADIOGRÁFICOS E CLÍNICOS RM incluem uma linha de hipersinal ou área cística abaixo da lesão,
um a linha de hipersinal através da cartilagem articular, e um defeito
A osteocondrite dissecante do joelho oco rre duas vezes mais freq uen- foca l na cartilagem articul ar em spin-eco ponderada em T2 e imagens
temente em homens do que em muLI1eres. Ela é rara em pacientes com de recuperação de inversão com ta u curto. Atualmente, uma sequên-
menos de 10 anos de idade ou com mais de 50 anos. Há dois quadros cia eco-grad iente utilizando supressão de gordura e aquisição tridi-
clínicos distintan1ente diferentes, um em uma criança ou adolescente mensional é considerada a técn ica ideal para avaliar lesões na
jovem, com 5 a 15 anos de idade, com fises abertas, e outro em um cartilagem articular. O flui do em torno do fragmento e áreas císticas
adolescente mais velho ou adulto. O sin toma mais comw11 é descon- focais abaixo do fragme nto são os meLI10res indicadores de instabili-
forto vago, doloroso no joelho, frequentemente de vários meses de dade; a ausênc ia de uma zona de hipersinal na interface do fragmento
duração. Aproxim adamente 80% dos pacientes jovens têm sintomas por e do osso é um si nal confiável de estabilidade da lesão. A RM também
wna média de 14 meses antes da apresen tação inicial. Uma história de é útil pa ra identificar as lesões meniscais e ligamentares associadas.
trauma no joelho é dada por 40% a 60% dos pacientes. O exame Os fatores primá ri os de prognóstico, além da idade do paciente,
também pode revelar derram e articular, dor na linha articular ou dor in cl uem progressão, tamanh o, estabilidade, quantid ade de osso sub -
sobre a lesão, lin1itação de movimento, prese nça do sinal de McMurray co nd ra l prese nte, e localização da lesão, especialm ente no que se
e atrofia do quadríceps. O paciente pode andar com uma marcha em refere ao suporte de peso.
rotação externa para evitar contato do côndilo femoral medial com a Vár ios esquemas de classificação para osteocondrite dissecante
espinha tibial medial (sinal de Wilson ). História e exam e fís ico comple- foram propostos (Tabela 45-8). Di paola et ai. classificaram as lesões
tos são necessários para excluir outras causas de doença do joelho. de aco rdo com a sua aparência na RM e achados específi cos asso-
Embora o joelho possa estar inchado, ra ramente tem um ciados ao potencial para desco lam ento do fragm ento e correlacio-
derram e significativo. O travamento e o estalo podem ser sintomas naram com achados artroscópicos e ra diográficos (Tabela 45 -9) .
proemin entes, quando a lesão se torn a separada ou parcialmente
separada. Esses sintom as podem imitar aqueles do desarranjo do
menisco. Um a vez que a separação co mpleta ocorreu, o pacie nte TRATAMENTO
pode ser capaz de apalpar um corpo livre dentro da ar ticulação.
O exam e radiográfico é diagnóstico. Corno a lesão está mais O tratamento da osteocondri te di ssecante depende da idade do
comumente no aspecto interno do côndilo fe moral medial, as incidên- pacien te e do grau de envo lvimento. As lesões muitas vezes curam
cias do túnel ou da incisura intercondilar podem ser as mais revelado- com tratam ento conservador em pacientes jovens com fises abertas.
ras. As radiografias de rotina anteroposterior e lateral devem ser feitas, Embora o tratamento não cirú rgico tenha um papel limitado em
pacientes com lesões osteocondra is sintom áti cas, múltiplas fo rmas
de trata mento não cirú rg ico foram descritas, incluindo períod os de
CI.ass1"f"1caçao
- d a Osteocon d rite imo bili zação, mo di ficação da ativid ad e e não suport e d e p eso.
Dissecante na A imob ili zação prol ongada deve se r evitada, porque o movimento
...,... ,. Cintilografia Ossea da articul ação afeta o atrito da cartil agem articular.
Em adolescentes e adu ltos mais velhos, o prognóstico é menos
ESTÁGIO ACHADO satisfa tóri o do que em pac ientes mais jovens, independentemente
o A pa rê n cia radi ográfica e cintil ográfica do tratame nto. Mui tas fo rm as de tratamento cirúrgico foram des-
no rm al cri tas na literatura, incluindo perfuração ou excisão do fragmento,
Le são v isível nas radiografias simp les, desb rid ame nto ou mi crofratu ra da cratera, e diferentes fo rmas de
cint ilografia óssea n ormal fixação e enxerto. Parece não haver d iscussão de que o obj etivo do
tratamen to é pro mover a cicatri zação da lesão antes do fechamento
li A um ento da capt ação na área da lesão
na cint ilografi a óssea
da fise e concomi tantemente evita r o descolam ento da lesão. A ava-
liação cuidadosa do paciente e da lesão é obrigatória, e a correlação
Il i Au m ent o da capta ção isotópica em todo
do tama nh o e da localização da lesão com a idade e os sintomas do
o cô nd ilo femora l
paciente é impor tante.
IV Captação no p latô tibia l oposto à lesã o
A determinação da topografia da superfície por RM, TC ou
Com base nos dados de Cahill BR: Osteochondritis dissecans of the knee: art roscop ia é esse ncial. A artroscop ia é út il não apenas porque o
treatment of juveni le and adult forms, JAm Acad Orthop Surg 3:237, 1995. d iagnós tico pode ser estabelecido, mas tamb ém porque a lesão pode
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

ifu@bi 45-9 Sistemas de Estágios para Osteocondrite Dissecante

ESTÁGIO ARTROSCOPIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA RADIOGRAFIA


1 Irregularidade e amolecimento da Espessamento da cartilagem articular; Lesão de compressão;
cartilagem articular; nenhum alterações de hipossinal nenhum fragmento
fragmento definido visível
li Cartilagem articular violada; Cartilagem articular violada; borda de Fragmento inserido
fragmento definido não deslocável hipossinal atrás do fragmento indicando
inserção fibrosa
Ili Cartilagem articular violada; Cartilagem articular violada; alterações Fragmento não
fragmento definido, deslocável, mas de hipersinal atrás do fragmento deslocado sem inserção
inserido por alguma cartilagem indicando fluido sinovial entre o
sobrejacente fragmento e osso subcondral subjacente
IV Corpo livre Corpo livre Fragmento descolocado
De Dipaola JD, Nelson DW, Colville MR: Characterizing osteochondral lesions by magnetic resonance imaging, Arthroscopy 7:101, 1991.

ser perfurada, curetad a ou fixada através do artroscópio, e corpos promover a cicatrização vasc ular. A perfuração retrógrada, pinagem
livres podem se r removidos com mínima morbidade. As va ntagens ou enxerto ósseo não devem cru zar a fise.
sugeridas da artroscopia no tratame nto da osteocondrite dissecante
incluem realizar avaliação imediata da topografia da superfície, • EXCISÃO DE CORPOS LIVRES
diminuir o tempo total de reabilitação, evitar a cirurgia aberta e o As indicações para remoção de corpos livres incluem pequ enos frag-
risco de infecção, diminuir a morbidade, prevenir as cicatrizes físic as mentos (< 2 cm), múltiplos fragm entos, fragmentos com estoque de
e psicológicas da cirurgia do joelho e reduzir a duração e o custo de osso inadequado (geralmente puramente cartilaginosos), e fragmen-
hospitali zação. As indicações para o tratamento cirúrgico incluem tos que não podem ser fixados com fixação interna. A maioria dos
um joelho sintomático em um pac iente co m id ade esquelética m aior corpos livres atualmente é removida por técnicas artroscópicas (Cap.
de 12 anos, uma lesão maior qu e 1 cm em diâm etro, e envolvimento 51). Na busca e na remoção de corpos livres, é importante lembrar
da sup erfície de suporte de peso. As lesões co m ca rtilagem articular que alguns podem ser compostos totalmente de cartilagem e, por-
intacta são simplesmente perfurad as. Aqu elas co m separação recente tanto, podem não ser visíveis nas radiografias. Se uma artrotomia for
são perfuradas e ocasionalmente fixas no local. Uma vez que o des- utili zada para redução e fixação de um fragmento solto ou para
colamento parcial leva a uma ruptura na borda ca rtilaginosa e pro- remoção de corpos livres, é importante lembrar que os corpos livres
trusão do tecido fibroso, remoção do tecido fibroso para sangramento muitas vezes se movem livremente de um compartimento para outro
do osso é recomendada antes da fixação do fragmento no local. As quando a articulação é movida ou manipulada. Portanto, as radiogra-
crateras são trefinadas e perfuradas, e co rpos li vres rece ntes são fias devem ser feitas na sala de cirurgia, depois que o torniquete tiver
recolocados e presos. Enxertos esponjosos são utilizados em lesões sido aplicado, mas antes da incisão se r feita. O co rpo livre ou corpos
selecionadas para restaurar a congruência da sup erfície. O cirurgião livres podem ter se movido para outra parte da articulação, uma vez
deve ser extremamente proficiente em técnicas ci rúrgicas artroscó- que as radiografias foram feitas, e qualquer plano para a abordagem
picas para fi xa r e enxe rtar tais lesões. O tratamento de lesões maiores cirúrgica pode precisar ser alterado (Fig. 45- 161).
é muito parecido com o discutid o na seção anterior de lesões osteo-
condrais e pode incluir autoe nxe rto os teocondral (Cap. 51) ou
aloenxerto e técnicas de implante autólogo de co ndrócitos.
Embora utili zemos técn icas artroscópicas para tratar a maioria
dos pacientes com lesões de osteocondrite dissecante que precisam
de ci ru rg ia, as técnicas de artrotomia aberta podem ser feitas através
de uma mini-incisão se a artroscopia não permitir a fixação ideal.
Além disso, as lesões envolvendo áreas inacessíveis por técnicas
artroscópicas podem ser tratadas por proced imentos abertos.
As técnicas abertas mais comumente utilizadas são: remoção
de corpos livres ou fragmentos soltos, curetagem e perfuração da
base das crateras, e recolocação e fixação de fragmentos. Uma artro-
tomia benfeita é preferível a um procedim ento artroscópico feito de
forma inco rreta . A artrotom ia também é indicada para lesões
maiores qu e 3 cm, para a qu al mais de um enxerto é necessário, a
remodelagem de um grande co rpo li vre é necessária para recoloca-
ção e múltiplos fragmentos soltos e recuperáveis es tão presentes.
Quando a artroscopia é reali zada, a inj eção de azu l de metileno
pode definir melhor a lesão. O joelho deve ser fl exionado totalmente H@l!;fflmr!D A e B, Grande corpo livre na porção lateral da
para visualizar toda a lesão ou loca li zar lesões posteriores. A fluo - bolsa suprapatelar; corpo menor no compartimento posterolate-
roscopia pode ser necessá ria para locali za r um a lesão qu e está ral. Pequeno fragmento ósseo na superfíci e oposta posterior do
intacta co m pouca ou nenhuma alteração arti cular. Os orifícios côndilo lateral do fêmur é um osso sesamoide na cabeça lateral
devem se r perfurados com uma profundidade de 1,0 a 1,5 cm para do músculo gastrocnêmio, não corpo livre.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO Gim
Bons resultados foram relatados co m a fixação de fragmentos DISTÚRBIOS DA PATELA
liv res com parafusos sem cabeça, parafusos canulados, e pinos e
parafusos biodegradáveis. Impl antes biodegradáveis são atualm ente OSTEOCONDRITE DISSECANTE DA PATELA
o m étod o d e fixação preferido; no entanto, um estudo de 21 joelhos
fixados com fixação bioabsorvível encontrou baixa taxa de cicatri- A osteocondrite di sseca nte da patela é menos frequente que a dos
zação clínica e alta taxa de comp licações co m es te método. Seja qual côndilos do fêmur e ge ralm ente tem pior prognóstico. Ela geral-
for o implante utilizado, ele precisa fornecer co mpressão aprop riad a mente ocorre na segunda e terceira décadas e é mais frequentem ente
através d o ponto de fixação. loca li zada na metade inferior da patela. O envolvimento é bilatera l
Não tivemos nenhum a experiência co m o uso de pin os de osso em até um terço dos pacien tes e deve ser distinguido dos defe itos
para fixação ou enxerto ósseo dos defeitos d e osteocondrite dorsais da patela . A osteocond rite dissecante da patela é vista d e
dissecante. Com essa técnica, pequenos pa litos de enxerto são mol- mod o melhor em um a radiogra fi a lateral ligeiramente superexposta.
dados, o le ito d a cratera é curetado para o osso esponjoso, e o Uma visão radiográfica axial (skyline) d etermin a se a lesão é na
fragm ento é cuidadosam ente recolocado; com a broca d e tamanho faceta m ed ial ou latera l.
apropriad o, o fragmento é perfurado para receber dois, três o u O tratamento é essencialm ente o mesmo como descrito para
quatro palitos d e enxerto qu e são colocados através dos ori fíc ios e osteocondrite dissecante do fêmur d istal; no entanto, na pateta, ele
no osso esponjoso subja cente. Esses enxertos podem ser utili zados geralmente está associado à condromalacia que se estende considera-
sozinhos para fixação o u podem ser complementados com fi os d e velmente além das margens periféricas do osso avascul ar. A incapaci-
Kirschner. d ade residual após o tratamento geralmente é proporcional ao
Para descrições de remoção d e corpo liv re aberto e pinagem e tamanho d a área de co ndromalacia. Raramente a condromalacia é tão
perfuração aberta, veja as edições anteriores d este texto. extensiva que exige patelectomia; a patela deve quase sempre ser pre-
se rvada (posteriormente, ela pod e ser ressecada se muita incapaci-
dade persisti r). Excisão de uma lesão seguida por curetagem e
• RESULTADOS DO TRATAMENTO DA perfuração d a lesão, fixação artroscópi ca com parafuso (metálico o u
OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO bioabsorvível) e implante autólogo de condrócitos foram descritas
O prognóstico após a cirurgia varia com o tamanho e a lo ca lização para osteocondrite dissecante da patela.
da lesão e com o tratamento. Os resultados relatados do tratam ento
cirúrgico variam consideravelmente entre as técnicas e e ntre os
au tores, com bons resultados relatados em 65% a 95% dos pacie ntes. DEFEITO DORSAL DA PATELA
A ava liação d e seguimento d e 48 joelhos cirurgicamente tratados
pa ra osteocondrite dissecante com uma va riedade de m étod os (des- O defeito dorsal da patela é uma lesão circular, bem circunscrita,
bridamento, perfuração, remoção do corpo livre, redução artroscó- radi o lucente, beni gna de aprox imadamente 1 cm, vizinho à cartil a-
pica e fixação interna, mi crofratura, aloenxerto osteocondral, ge m art icular e inva ri avelm ente está no aspecto superolatera l da
implantação do condrócito autólogo) observou melhora sign ifica- patela. Em m etad e dos pacientes a lesão é ass intom ática. O diagnós-
tiva em tod as as avaliações de resultado, incluindo a função e o alívio tico diferencial inclui a osteocondrite dissecante, abscesso d e Brodie,
dos sintomas, no acompanhamento de 4 an os. Um estudo de acom- granuloma eos in ofíl ico, encond roma, osteoma osteoide e, em in di-
panh am e nto de 6 anos observo u que, ind ependentemente d o tipo víduos m ais velhos, doença m etas táti ca.
de reparo da cartilagem, a função do joelho melhorou em 5 a 8 anos Em bora a causa seja d esco nh ecida, a maioria dos autores acre-
após a cirurg ia, mas permaneceu significativa mente m enor que o dita que o defeito dorsa l da patela é um a variante de ossificação. Fo i
joelho contralateral. atribuíd a a uma lesão de tração na inse rção do músc ulo vasto latera l
durante a ossificação da patela; anom alias de ossificação, como
d epressões e perfurações d a ca rtil agem patelar, sup ortam esta hipó -
COMPLICAÇÕES tese. Alguns propuseram que o de feito dorsal da patela pode ser um
defeito fibroso co rti ca l ou fibroma não ossificante d a patela.
As complicações, além das típicas complicações pós-ope ratórias A lesão gera lmente é autolimitada e se cura es pontaneamente.
no joelho co m o infecção e hem artrose, incluem d anos iatrogênicos Em pac ientes com defeitos sintom áticos, o tratamento d eve se r con-
à ca rtilage m, afrouxamento do material d e fixação e abrasão da se r vado r, co m redu ção da atividade física e acompanham e nto.
cartilage m articular pelo material de fi xação. A perfuração agres - O tratamento cirúrgico raram ente é necessá rio, mas curetagem e
s iva d e um a lesão intacta pode causar fragmentação da lesão. Os enxerto ósseo foram relatados para acelerar a cicatrização. O aspecto
parafu sos m e tá li cos qu e são proemin e ntes o u que se tornam pro e- ma is importante dos defeitos d orsa is da patela é diferenciá -los da
minentes co nforme a cartilagem articu lar circund ante se desgasta osteocondrite dissecante, d e m o do qu e a cirurgia desnecessária não
podem d a nificar a cartilagem arti cular adjacente; a remoção geral- seja feita em um a co ndi ção autolimitada.
mente é reco mendada. O s di spositivos absorvíveis d e fi xação
foram relatad os a causa r reações de corpo estranho em algun s
casos. Os danos à cartilagem artic ular adja cente foram atribuídos PATELA BIPARTIDA
ao afrouxamento e à falha de parafusos bioabsorvíveis que se sol-
taram , e cabeças do para fus o não abs o rvid as foram en contradas A patela bipartida geralmente é assintom ática e é observada incidental-
como corpos li vres intra-artic ulares. A hip e rtrofia da fibrocartila- mente em uma radiografia tangencial anteroposterior ou túnel. Quando
gem fo i relatad a em locais doad ores d e autoenxerto osteocondral, presente, ocorre bilateralmente em aproximadamente 40%. O sistem a
causando dor no joelho e ocasional trava m e n to qu e exigi u ressec- de classificação m ais comumente utilizado identifica três tipos de patela
ção artroscópica da fibrocartilagem. A união tardia ou não uni ão bipartida. Tipo I, que representa 5%, ocorre no polo in ferior e pode
d e uma lesão internamente fixada pode exig ir um procedimento estar associada à síndrome de Sinding-Larsen-Johansson. Tipo II, que
ad icion al se for sintomáti ca. represe nta 20%, ocorre ao longo de toda a borda lateral da patela e pode
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

-Lateral Medial-

'--
Tipo superolateral Tipo
Tipo superolate ral Ti po lateral e la teral superolateral
bipartido bipartido tripartida tripartida

iê[âil;fdGII!f) Class ificação da patela bipartida de acordo com


a loca liza ção (superolateral ou lateral) e número de fragment os
(bipartida, tripartida, mu ltipartida) . (Redesenhada de Oohashi Y,
Koshino T, Oohashi Y: Clinicai features and classification of bipartite or
tripartite patella, Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 18: 1465, 201 O.) A

estar associada a uma não união de fratura da patela. Tipo III, o m ais
comw11, ocorre em uma área elíptica na porção superolateral da patela
e representa 75% dos casos. O esquema de classificação mais recente
considera a localização (superolateral ou lateral) e o número de frag-
mentos (bipartida, tripartida, multipartida) (Fig. 45- 162). No seu
estudo de 139 joelhos, os autores encontraram que a maioria (83%) foi e
superolateral bipartida, 12% lateral bipartida, 4% superolateral e lateral
tripartida, e 1% superolateral tripartida. O!§l@H]ll'iD Técnica de Ogata para patela bipartida . A,
A dor é incomum na patela bipartida; quando presente, ela é Incisão ob líqua da pe le é feita sobre a porção distal do t e nd ão
causada por sob reca rga. Um teste de d iagnóst ico radiográfico para vasto lateral, estend e ndo-se imediatamente di stal à porção média
determinar se a dor é causada por um a n ão união no local da da á rea separada da patela. B, Tendão vasto lateral é dividido ao
bipartida utiliza uma incidência skyline seguida por uma in cidên- lo ngo das suas fibras médias, e a inse rção do fragmento dol o roso
cia skyline tirada com o paciente agachado com suporte de peso. da patela é descolado subperiostealmente. Continuidade do com-
O resultado do teste é considerado positivo se a separação for maior p lexo do tendão-peri ósteo para a porção principal da pate la é
na posição do suporte de peso do que na in cidência skyline normal. preservada. C, Fragmento é liberado da tração muscular sem
A RM geralm ente não é necessária para diagnóstico, mas demons - causar desequilíbrio mediolateral que afetaria o alinhamento
trou identificar o edema na medula óssea d entro do fragmento patelofemoral. Deve-se tomar cuidado para não lesionar a cápsula
bipartido em cerca da metade dos pacientes. Captação anormal- sinovial para preservar algum fornecimento de sangue para o
mente alta na cintilografia foi encontrada sendo frequente em ambas fragmento. VEJA A TÉCNICA 45-27.
as patelas bipartidas sintomáticas e assintomáticas, e as decisões do
tratamento não devem ser baseadas nas cinti lografias.
Se a dor ocorre com uma patela bipartida, tivemos sucesso limi-
tando e restringindo a atividade, corrigindo a atividade que está cau- LIBERAÇÃO SUBPERIQSTEAL DO
sando urna sobrecarga e prescrevendo agentes anti-inflamatórios não MECANISMO QUADRICEPS LATERAL
esteroidais e um programa d e exercício de arco curto. A imobilização
por 3 semanas ou mais alivia os sintomas de microtrauma repetitivo TÉCNICA
da sincondrose. O tratamento cirúrgico raramente é necessário.
A fratura e a separação traumática da patela bipartida foram (OGATA)
descritas na literatura, mas são ocorrências raras. Tivemos sucesso
com a excisão do fragmento bipartido, especialmente no quadrante •Após exame artroscóp ico do joelho, faça uma incisão
superolateral. A excisão artroscópica de um fragmento de patela ob líqua na pele sobre a porção dista l do tendão vasto
bipartida doloroso resulta em menos morbidade do que a excisão latera l, estendendo-se imediatamente dista l à porção
aberta. A excisão de grandes fragmentos com uma superfíci e arti- média da área separada da patela (Fig. 45-163 A).
cular, no entanto, pode produzir incongruência patelofemoral; •Divida o tendão, que gera lmente está espessado, ao
fixação interna de fragmentos separado s fo i relatada, mas tem longo das suas fibras médias, e solte a sua inserção para
suporte limitado na literatura. Liberação retinacular lateral e desco- o fragmento patelar doloroso subperiostealmente, pre-
lamento da inserção do mú sculo vasto late ral foram relatados para servando a continuidade da sua expansão para a massa
produzir bom alívio da dor e união dos fragmentos por reduzir a principal.
força de tração do vasto lateral no fragmento so lto. •Faça a dissecção do complexo tendão-periósteo, consis-
Ogata descreve u uma liberação subperiosteal do mecanismo tindo na expansão tendinosa e nos tecidos periostea is, e
lateral do quadríceps que se insere na porção bipartida da patela. A desnude com o bisturi o fragmento por comp leto (Fi g.
continuidade do complexo do tendão e periósteo para a principal 45-163 B e C)
porção da patela é preservada. O fragm ento é, portanto, aliviado da •Observe a área de separação da menor porçã o da patela
tração muscular sem causar desequilíbrio mediolatera l que afetaria depois que ela foi exposta, enquanto tensão para curvar
o alinhamento patelofemoral.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

o fragmento é aplicada, segurando e tentando movê-lo A condromalacia é atribuída a. uma diminuição nos mucopo-
com o polegar e o dedo. Em geral, um su lco na área de lissacarídeos sulfatados na matriz cartilaginosa. Isso pode ser
separação aumenta com a tensão da curvatura se o frag- demonstrado pela perda de basofilia em preparações de hematoxi-
mento patelar for instável. lina e eosina. As alterações ocorrem mais comumente em um de dois
• Ogata recomendou remover o fragmento se ele demons- locais na camada profunda da cartilagem. A primeira é uma área de
trar ser grosseiramente móvel, mas deixar o fragmento in cerca de 1 cm em diâmetro sobre a crista que separa a faceta lateral
situ se ele mostrar pouca mobilidade sob tensão. da faceta medial; a segunda área atravessada na parte inferior da
•Repare a in cisão longitudinal no vasto lateral com suturas crista central que separa as facetas medial e lateral. Essas áreas estão
absorvíveis no O e feche a incisão da pele. próximas e algumas vezes são confluentes (Fig. 45-164). Se essas
áreas sem contato nunca foram submetidas aos estresses mecânicos
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O tratamento pós-ope-
da articulação, a condromalacia nesses locais pode ser de pouca
ratório é o mesmo, independentemente se o fragmento
importância. No entanto, quando partes dessas áreas se articulam,
patelar tiver sido removido. O paciente é imediatamente
geralmente em alguma faixa extrema de movimento, a cartilagem
amaciada é mecanicamente inadequada para suportar a estrutura de
liberado para andar com total suporte de peso e progredir
com exercícios de arco de movimento. A atividade espor-
colágeno. Sua estrutura complexa começa a quebrar, e a próxima fase
da degeneração, a fibrilação, ocorre. Essas alterações podem apro-
tiva é gradualmente permitida em 2 a 4 semanas, se o
fundar progressivamente até que as camadas de cartilagem sejam
paciente estiver assintomático.
afetadas até o osso subcondral. Sugere-se que a dor resulta da desor-
ganização da estrutura fi brasa da zona intermediária das fibras de
colágeno, que suj eita às placas de osso subjacentes a variações de
CONDROMALACIA DA PATELA
pressão das quais elas normalmente são protegidas pela função de
O termo condromalacia da patela foi introduzido na literatura em 1928 absorção de energia dessa zona de cartilagem (Fig. 45-165), que
por Aleman, que descreveu a degeneração da cartilagem articular da pode atuar como um estímulo doloroso nas terminações nervosas
patela. Infelizmente, o termo condromalacia se tornou sinônimo de dor da placa de osso subcondral. Alguns autores destacaram a tendência
patelofemoral. Inúmeros termos foram propostos para descrever a sín- em outras articulações da cartilagem articular que geralmente está
drome, como síndrome patelofemoral, artralgia patelofemoral, displasia
do mecanismo extensor, síndrome de dor anterior no joelho, e outros,
Superior
mas estes não refletem precisamente a condição patológica presente na
condromalacia. Alguns pacientes com mínimas alterações na superfície
articular apresentam sintomas na articulação patelofemoral e, de forma
contrária, alguns pacientes com nenhuma dor na articulação patelofe-
moral apresentam alterações importantes na superfície articular da
Lateral Medial
patela. A condromalacia da patela deve descrever uma condição pato-
lógica da cartilagem e não uma síndrome clínica.
A lesão patológica básica na condromalacia da patela não é a
mesma que na. artrite traumática. Na condromalacia da patela, a.
lesão inicial é uma alteração na matriz e nas fibras de colágeno nos
níveis profundos da cartilagem. É um distúrbio das camadas pro-
fundas da cartilagem que envolve a camada superficial apenas no Inferior
final do seu desenvolvimento. Essa alteração é tangível, mas não
visível, e a superfície é suave e intacta. Em contraste, na osteoartrite, h@lh@mr!D As áreas escuras representam as áreas mais
as alterações inicia.is ocorrem na superfície da cartilagem, com perda comuns de condroma lacia patelar a partir dos mapas de 105
de continuidade das fibras transversais seguida por fibrilação, o que patelas. Esta va mais grave na zona central, mas estendida igual-
geralmente se torna grosseiramente visível. mente nas facetas medial e lateral.

Normal

/ j

Fasciculação
- "Bolha" Fasciculação miji!;f49m Estágios da lesão da degenera-
em 1º estágio em 2º estágio ção basal da cartilagem articu lar da patela.
@Jijnl PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

até o osso subco ndral, o que aprese nta um a imagem artroscóp ica
Fatores Etiológicos na
clássica frequentemente descrita como "aparência de carne de caran-
45-3 Condromalacia da Patela
guejo". As alterações de grau IV são aquelas em que a cartilagem
arti cular desapa receu, permitindo a exposição e a erosão do osso
Causas Biomédicas
subcondra l. Os fatores etiológicos podem ser divididos em du as
Aguda
• Lu xação da patela com uma fratura condral ou categori as principais: ca usas biomecânicas e causas bioquímicas
osteocondral (Quadro 45-3) .
•Trauma direto (p. ex., queda ou pancada na patela)
• Fratura da patela, resultando em superfícies incongruentes • ACHADOS CLÍNICOS
Os sinais e sintomas de co ndroma lacia da patela não são específicos;
Crônica não há sintoma patognomônico. A maioria dos pacientes com con-
• Sub luxação recorrente ou luxação da patela (secundária dromalacia descreve um desconforto ou do lorimento no joelho que
à displasia femoral, patela pequena, patela alta, antever- é bem localizado na parte anterior do joelho e que é mais proemi-
são femoral, torçã o externa da tíbia ou até mesmo insu- nen te após ficar sentado em um a posição por um longo tempo. Isso
ficiência do ligamento cruzado anterior) foi chamado de "sinal do cinema" ou "sinal do teatro''. A crepitação
•Aumento do ângu lo do quadríceps na artic ul ação patelofemoral também varia. O paciente pode descre-
• Desequilíbrio do músculo quadríceps, seja fraqueza ou ver uma se nsação de travamento ou fa lseio com a atividade; a dor e
inserção anorma l do vasto medial o fa lseio tendem a ser muito mais proeminentes ao desce r escadas.
• Pate la alta É possível obse rvar edema ou inchaço, dependendo do grau de
• Mau alin hamento pós-traumático após a fratura da sinovite prese nte.
di áfise femoral A cartilagem articular é desprovida de terminações nervosas e,
•Síndrome de hiperpressão lateral portanto, não pode ser a fonte direta de dor. A sinóvia e o osso sub -
• Lesão do menisco com altera ção do padrão síncrono do condral provavelmente são as duas áreas que produzem dor na con-
movimento patelar e perda de estabilidade dromalacia da patela. Os restos de cartilagem articular que são
• Distrofia simpaticorreflexa
derramados na articulação com cond romalacia da patela podem pro-
•Crista condi lar f emoral medial
duzir uma irritação química da sinóvia, resultando em inchaço e dor.
Causas Bioquímicas A dor na síndrome patelofemoral, com ou sem co ndromalacia, fo i
Doença sugerida para se originar do osso subcondral. Uma hipótese é que a
•Artrite reumatoide fa lha biomecâni ca da ca rtilagem articular na condromalacia da patela
• Hemartrose recorrente resulta em uma alteração da transferência de carga para o osso sub-
• Alcaptonúria condral; outra é que o mau alinhamento do mecanismo extensor, em
• Sinovite periférica vez das alterações articul ares em si, é responsável pela dor.
• Sepse e adesões O exame artroscópico de 56 adu ltos jovens com dor anterior
/atrogênica no joelho confirmou a cond romalacia na patela em 45% e plica
• Injeções de corticosteroide intra-articular repetitivas sinovial em 45%. Nenh uma associação fo i enco ntrada entre a gravi-
• Imobilização prolongada dade da condromalacia patelar vista na artroscopia e os sintomas
clínicos de síndrom e de dor an terior no joelho, sugerindo que os
Degenerativa sintomas de síndrome de dor anterior no joelho não devem se r
• Osteoartrite primária utili zados como uma indicação para artroscopia do joelho.

• TRATAMENTO
fora do contato com outra carti lagem articular para form ar a fibri- O tratamento da cond romalacia da patela depend e da ca usa sub-
lação da superfície. Essas alterações são dependentes da idade, não jace nte das alterações na superfí cie arti cular e deve se r direcio nado
progressivas, alterações de superfície; elas não progridem para uma para a causa em vez dos resultados. Mais frequ entemente, isso
perda de cartilagem avançada de espessura total. envo lve medidas não cirúrgicas, como medi cações anti-inflam ató-
Na maioria dos joelhos de humanos, um a crista de altura vari - rias, exercícios para quadríceps e alongamento de isqui otibiais,
ável cru za o côndilo femoral medial na sua junção osteocondral, e imobili zação, enfai..xamento e órtese. Além disso, a modificação da
o atrito da face ta medial na cartilagem conforme a patela desli za atividade é encorajada para evitar avanços do qu adríceps, agac ha-
sobre esta crista durante o movime nto normal do joelho foi pro- mentos, e leg press além de 90 graus; nenhum treinamento é per-
posto como uma causa da condrom alacia da patela. mitido em ter renos irreg ul ares.
O tratamen to cirúrgico é dividido em duas fases: (1) tratamento
• CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA direcionado ao mau alinhame nto e outras anorm alidades do meca-
Vários autores tentaram cl assificar as alterações patológicas macros- nismo extensor e articulação patelofemoral e (2) tratamento da carti -
cópicas e microscópicas. Alguns basearam a sua class ificação nas lagem doente. A cirurgia pode ser indicada para dor patelofemoral
alterações da cartilagem; outros, no tamanho da lesão. Em geral, as crônica depois que todas as tentativas no tratamento não cirúrgico
alterações de grau I incluem mínimas alterações na cartilagem arti- fo ram esgotadas. Novamente, a cirurgia deve ser direcionada para a
cular. A cartilagem pode ter amaciamento locali zado com mínima causa, e um diagnóstico específico deve ser estabelecido.
ou nen hum a ruptura na superfíc ie. Um instrumento pressionado A artroscopia comprovou ser extremamente confiável no diag-
sobre a supe rfície pode afund ar a carti lagem, e a cartilagem pode nóstico de condrom alacia da patela. Os graus de fibrila ção e frag-
parece r ligeiramente descolorada e mole. As alteraçõ es de grau II mentação da superfície podem ser palpados co m o probe sob visão
incluem uma área de fibrilação ou fissuras e uma sup erfície irregular. direta, e as áreas de am olecimento anorma l podem ser identificadas
As alteraçõ es de grau III tê m fibr ilação com fi ss uras se estendendo por palpação cuidadosa com o probe.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

O mau alinhamento do mecanismo extensor é considerado


urna das causas mais comuns de dor patelofemoral e alterações de
condromalacia da articulação patelofernoral. O mau alin hamento
frequentemente resulta em subluxação ou deslocamento da patela.
Os procedimentos cirúrgicos para essas condições são descritos no
Capítulo 47. Os problemas de mau alinh amento relacionados com
as anormalidades ósseas, tais como excessiva anteversão femoral,
excessiva torção externa da tíbia e grave geno valgo, podem exigir a
osteotomia para realinhamento do esqueleto.
A liberação retinacular lateral por técnica aberta, subcutânea ou
artroscópica foi recomendada para síndromes de dor patelofemoral.
A liberação das fortes estruturas laterais de restrição provou ser eficaz
se o diagnóstico pré-operatório tiver sido preciso. Antes da liberação
retinacu.lar, no entanto, é necessário estabelecer nas radiografias axiais:
incongruência, inclinação lateral e orientação lateral da patela na arti-
culação pate.lofemoral. A cirurgia para condromalacia da patela foi
imprevisível em pacientes com estudos radiográficos axiais normais.
A liberação retinacular lateral em pacientes com condromalacia da
patela causada por patela alta é raramente bem-sucedida, e pode ser
mais apropriado um procedimento aberto que restabelece urna relação
mais normal entre o comprimento do tendão patelar e o comprimento
da patela que movem a inserção patelar dista.lmente. A B
Em qualquer cirmgia direcionada à superfície patelar com condro-
malacia, a cicatrização da cartilagem articular deve ser considerada. A Técnica de Maquet de avanço da tuberosidade
cartilagem é um tecido avascular com limitada capacidade de cicatriza- da tíbia por elevação da crista da tíb ia . A, Orifícios perfurados e
ção. Os defeitos que se estendem através da cartilagem articular, violando linha da osteotomia. B, Osteotom ia está aberta e apoiada com
o osso subcondral e abrindo um canal de acesso para os vasos sanguí- enxerto ilíaco . VEJA A TÉCNICA 45-28.
neos para a superfície, cicatrizam com um tecido fibroca.rtilaginoso ruim
que é desorganizado, fibroso e aparentemente propenso à deterioração. articulares na articulação patelofemoral. Este foi utilizado mais fre-
Essa capacidade limitada da cartilagem para cicatrizar ou substituir a si quentemente para art rite patelofemoral do que para condromalacia
própria é wna consideração importante no tratan1ento das irregularida- da patela. A patelectomia deve ser utilizada apenas em condroma-
des da superfície articular na condromalacia da patela. Os procedimen- lacia avançada e grave degeneração da articulação patelofemoral.
tos envolvendo a superfície articular incluem (1) raspagem artroscópica
patelar com o shaver, (2) excisão local dos defeitos com perfuração do AVANÇO DA TUBEROSIDADE DA TÍBIA
osso subcondra.l, (3) facetectomia, (4) descompressão mecânica da arti-
culação patelofemoral por elevação da tuberosidade anterior da tibia Maquet e Murray recomendaram o avanço anterior do tendão
(procedimento de Maquet), e (5) patelectomia. Recapeamento da patela patelar na tuberosidade da tíbia para aliviar o efeito de com-
e artroplastia patelofemoral foram utilizados para artrite patelofemoral pressão da patela nos côndi los do fêmur. Eles avançaram a
unicompa.t1imental e condromalacia grave da patela, e técnicas e implan- tuberosidade da tíbia anteriormente, elevando a crista da tíbia
tes mais novos resultaram no ressurgimento do interesse na artroplastia (Fig. 45-166) Em uma modificação da técnica, a parte proxi-
patelofemoral. Este procedimento é discutido no Capítulo 7. mal da t íbia é regula rmente ampliada, sem causar uma pro-
Historicamente, a raspagem patelar aberta foi limitada quase t uberãncia esteticamente significativa no nível da tuberosidade
exclusivamente ao tratamento da condromalacia da patela, e seus da tíbia. Um estudo de elementos finitos confirmou a eficácia
resultados foram no mínimo questionáveis. A maioria dos pesqui- deste proced imento em reduzir as forças de contato patelo-
sadores considera que o único benefício de raspagem da patela é a femoral, especia lmente nos ângu los de menor flexão; máximo
remoção artroscóp ica da cartilagem fibrilada, que diminui em estresse de contato fo i substancialmente reduzido na exten-
algum grau os produtos de degradação que podem ser liberados na são completa, mas aumentado em 90 graus. Efeitos substan-
articu lação e causar uma sinovite dolorosa . ciais da elevação da tuberosidade na cinemática da tíbia,
A excisão local do defeito acoplada com a perfuração do osso forças do ligamento cruzado, forças de contato tibiofemoral
subcondral tem sido um método popu lar de gerenciar a grave con- e braço de alavanca extensor também foram encontrados. Os
dromalacia da patela avançada. Neste procedimento, a área de autores alertaram que o efeito do procedimento em toda a
condromalacia é desbridada com um shaver artroscópico e toda articulação do joelho, não apenas no compartimento isolado,
cartilagem articular doente é removida do osso subcondral. O osso deve ser considerado.
subcondral é, em seguida, perfurado com múltiplos orifícios, per-
mitindo acesso para vascularização na superfície do defeito para TÉCNICA
produzir uma substituição com cobertura fibrocartilaginosa.
A remoção da faceta patelar medial ou lateral para condroma- (MAQUET)
lacia da patela foi recomendada para limitar a condição patológica
para uma única faceta. Não tivemos nenhuma experiência com este •Por meio de uma incisão parapatelar media l realizada
procedimento. distal à tuberosidade da tíbia no aspecto anteromedial da
O avanço anterior ou elevação da inserção do tendão patelar tíbia, contorne a tuberosidade. )
na tuberosidade da tíbia foi projetado para reduzir as pressões
MJijf» PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

• Faça a dissecção do tendão patelar ao longo da sua TÉCNICA


)
superfície posterior e solte a bolsa de gordura infrapatelar
suficientemente para permit ir que a patela se movimente (SOTO-HALL)
livre, sem restrição.
•Abra a articu lação mediaimente e corrija as anormalida- • Por meio de uma incisão transversa l no nível do terço
des intra-articu lares, como indicado. inferior da patela, faça uma incisão na expansão do qua-
•Eleve cuidadosamente um fragmento de osso, composto dríceps em linha com a incisão, de modo que a linha de
de tuberosidade da tíbia e da inserção do tendão patelar, sutura no tendão esteja no nível da bolsa de gordura em
que é 2,0 cm de espessura, 2,5 cm de largura, e 11 ,5 cm vez de ao longo dos côn dilos do fêmur.
de comprimento, e eleve-o anteriormente, deixando a •Por dissecção cuidadosa com bisturi, resseque a patela.
sua inserção distal intacta. Isso pode ser cortado com uma Como isso produz um alongamento relativo do meca-
serra osci lante ou perfurando múltiplos orifícios e conec- nismo do quadríceps, a tensão adequada pode ser res-
tando-os com finos cortes de osteotomia (Fig. 45-166 A). taurada sobrepondo as bordas do corte em cerca de 1,5
•Remova um bloco de osso 2, 5 cm de largura, 2,5 cm de cm e suturando-as juntas. De acordo com Soto-H all , desta
espessura, e 5 cm de comprimento da crista il íaca anterior forma, a extensão completa ativa vai se recuperar mais
na área do tubércu lo ilíaco através de outra incisão. rapidamente após a cirurgia.
Observamos que o osso de banco é da mesma forma •Quando o mecan ismo do quadríceps estiver na posição
satisfatório. valgo e a instabi lidade lateral da patela tiver sido demons-
• Eleve o fragmento de osso e a tuberosidade da tíbia trada antes da cirurgia, estenda o braço media l da incisão
cuidadosamente anteriormente à tíbia e insira o bloco de através do mecanismo um pouco mais proxima lmente e
osso ilíaco abaixo dele na sua parte mais proxima l (Fig. remova ou faça uma plicatura em formato de V da
45-1 66 B). Corte o bloco de osso para aproximadamente cápsula para restaurar o equilíbrio entre os músculos
2,5 cm em todos os lados antes da sua inserção final. medial e lateral, transferindo efetivamente uma parte da
•Preferimos elevar a tuberosidade da tíbia apenas 1,5 cm. inserção do vasto med ial distalmente.
A maior descompressão da articu lação patelofemoral
ocorre com essa quantidade de elevação, e as comp lica- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os exercícios de contra -
ções são reduzidas. Em gera l, a pressão do fragmento ção do quadríceps que foram praticados antes da ciru rgia
ósseo da tíb ia va i manter este bloco no loca l de forma são retomados dentro da primeira semana após a cirur-
segu ra, embora Murray tenha recomendado um único gia. Os exercícios de resistência do quadríceps são inicia-
parafuso de aço inoxidável de 5 cm de comprimento dos após 2 sema nas, com atenção particular dada para
inserido como um parafuso interfragmentário para maior os últimos 15 ou 20 graus de extensão.
estabi lidade.
• Se a extremidade distal do pedaço de osso da tíbia for
fraturada , insira três parafusos ao longo do fragmento
para f ixação. ANQUILOSE EXTRA-ARTICULAR
•Rea lize uma fasciotomia no compartimento anterior. DO JOELHO
•Libere os tecidos subcutâneos extensivamente, se neces-
sário, para fechar a pele sem tensão. Insira um dreno de A anquilose do joelho, seja intra-articular ou extra-articular, pode
sucção sob o tecido subcutâneo e feche a ferida. ocorrer com o joelho em completa extensão, em flexão apenas, ou
em flexão, rotação externa e valgo. Quando a anquilose é extra-ar-
Veja também, em inglês, o Vídeo 45-7. ticular, algum movimento pode ser preservado e as radiografias
podem revelar um espaço aparentemente normal da articulação.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extrem idade é colo- Quando a anquilose e a contratura extra-articular, em flexão ou
cada em uma tala imobilizadora de joelho. Ao paciente, extensão, limitam a mobilidade, um procedimento de liberação de
é permitido suportar o peso conforme o tolerado uti li- tecidos moles, como quadricepsplastia ou capsulotomia, geralmente
zando muletas no dia seguinte. Exe rcícios do quadríceps, é indicado. O uso das transferências de tecidos livres foi recomen-
exercícios de elevação da perna e elevação da panturrilha dado para reforço dos tecidos moles em pacientes que tiveram pro-
são iniciados no dia após a cirurgia. Os exercícios de arco cedimentos de liberação da articulação para rigidez pós-traumática
de movimento com ou sem movimento passivo contínuo do joelho para minimizar os problemas da ferida, como necrose da
(CPM) são iniciados, uma vez que a ferid a foi curada, borda da ferida, deiscência da ferida e infecção; para permitir o
geralmente em 2 semanas. A imobilização não deve início precoce de fisioterapia pós-operatória, que melhora os resul-
exceder 6 semanas. tados funcionais; e para obter um resultado estético mais aceitável.

ANQUILOSE EXTRA-ARTICULAR EM
PATELECTOMIA EXTENSÃO
Em vez da patelap lastia, West e Soto- Hall e outros reco-
Após fraturas do fêmur ou extensas lesões de partes moles do aspecto
mendaram a patelectomia. Atualmente, a patelectomia é
anterior da coxa, cicatrização ou fibrose de todo ou uma parte do
utilizada ra ramente e apenas como um procedimento de
mecanismo do quadríceps pode resultar em anquilose extra-articular
sa lvação por causa dos resu ltados ruin s e difícil reabilita ção
do joelho em extensão. Essa deformidade pode ser causada por um
após o procedimento.
ou mais de um dos seguintes: (1) fibrose do músculo vasto intermédio
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO EJ@iM
da cicatrização com aderências do reto femoral para o fêmur na bolsa Corno alternativa para minimizar os danos ao mecanismo do
suprapatelar e proximalrnente, (2) aderências entre a patela e os côn- quadríceps, uma liberação sequencial e proximal das estruturas intrín-
dilos do fêmur, (3) fibrose e encurtamento das expansões laterais do seca e extrínseca que limitam a flexão do joelho foi desenvolvida, e
vasto e sua aderência aos côndilos do fêmur, e (4) encurtamento real várias modificações para a sua técn ica foram desenvolvidas. As três
do músculo reto femoral. Q uadricepsplastia foi aconselhada para cor- fases descritas por Judet foram (1) liberação do retináculo medial e
rigir a deformidade; o seu sucesso depende (1) se o músculo reto lateral e liberação das aderências na bolsa suprapatelar e entre a patela
femoral escapou da lesão, (2) quão bem este músculo pode ser isolado e côndilos do fêmur através de mna incisão longitudinal ou medial (ou
das partes cicatrizadas do mecanismo do quadríceps e (3) quão bem ambas) parapatelar; (2) liberação do vasto intermédio através de uma
o músc ulo pode ser desenvolvido por uso ativo. longa incisão posterolateral estendendo-se do polo superior da patela
para o trocânter maior; (3) desinserção do reto femoral a partir da sua
inserção na espinha ilíaca anterior inferior através de uma extensão
QUADRICEPSPLASTIA DE THOMPSON proximal anterolateral da incisão posterolateral. A fase final foi utilizada
apenas se a flexão ainda tiver sido limitada após a manipulação subse-
TÉCNICA
quente para as primeiras duas fases. A maioria dos relatos deste proce-
dimento é pequena, com seguimento relativamente curto. Resultados
(THOMPSON)
bons e excelentes foram relatados em aproximadamente 81 % dos
pacientes e resultados regulares em 19%.
•Utilize um eletroca utério durante toda a operação.
•Faça uma incisão longitud inal anterior através da pele e
fásc ia superficia l a partir do terço proxim al da coxa ao QUADRICEPSPLASTIA MINI-INVASIVA
polo distal da patela, a localização exata da incisão
Técnicas percutâneas auxiliadas endoscop icamente e artros-
dependendo da posição de qualquer cicatriz.
copicamente foram descritas pa ra quad ri cepsplastia, mas os
• Divida a fáscia profunda ao longo de cada lado do
relatórios de acompa nhamento são poucos, e essas técnicas
múscu lo reto femora l a partir da extrem idade proximal da
não são bem estabelecidas. Wang, Zhao e He descreveram
incisão da pele em direção à patela e separe este músculo
uma quadricepsp lastia extra-articular " mini-invasiva"
do vasto medial e lateral.
segu ida por lise artroscópica intra-articu lar das aderências.
• Em seguida, divida a parte anterior da cápsula do joelho,
O seu procedimento é feito em cinco estágios; o grau de
incluindo as expansões laterais do vasto em ambos os lados
flexão é medido após cada estágio de liberação, e o proce-
da patela, longe o suficiente para superar a sua contratura.
dimento é terminado quando o grau desejado de flexão
• Resseque completamente o vasto intermédio, que geralmente
(idea lmente 120 graus) é obt ido . Atualmente, o único relat o
é uma banda cicatrizada conectando as superfícies posteriores
dos resultados desta técnica é o dos próprios desenvolvedo-
do reto femoral e patela ao fêmur, mas deixe uma cobertura
res; eles relataram 16 resultados excelentes, cinco bons
f ibrosa ou periosteal na superfície anterior do fêmur.
resultados, e um resultado regu lar em 22 pacientes com
•Se o tendão do reto tiver sido destruído pela lesão, crie
joelhos gravemente artrofi bróti cos observados por uma
um novo, fazendo incisões longitudinais através do tecido
média de 44 meses. A flexão máxima média aumentou de
cicatrizado no terço distal da coxa.
15 graus no pré-operatório para 115 graus no acompanha-
•Neste ponto, lentamente, flexione o joelho a 11 O graus
mento ma is recente; apenas um paciente teve um déficit
pa ra libera r as adesões intra-articulares remanescentes.
persistente de 15 graus na extensão. Não t ivemos experiên-
• Se o vasto media l e o lateral est iverem mal cicatri zados,
cia com esta técnica, mas ela parece se r uma al t ernativa
interponha o tecido subcutâneo e a gordura entre eles e
razoável para quadricepsplastia aberta e, certamente, pro-
o reto. Se esses múscu los forem re lativamente norma is,
duziria um resultado estético mais agradável.

______.....
suture-os ao reto tão longe distalmente como o terço dista l
da coxa. Se um torniquete t iver sido utilizado, remova-o e
obt enha hemostasia completa antes de fechar a ferida. TÉCNICA ;,...__

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é colo- (WANG, ZHAO, HE)


cada em uma máquina de movimento passivo contínuo,
ESTÁGIO 1
que é util izada até alcançar 90 graus de flexão passiva.
•Com uma técn ica de dentro para fora, faça uma artroto-
Os exercícios de movimento passivo e ativo para o quadrí- mia percutânea parapatelar latera l, cortando o retinácu lo
ceps e isquiotibiais continuam e são de importância funda-
latera l da patela ao longo da sua borda latera l, a partir
mental para o sucesso deste procedimento. O joelho é do canto superola t eral da patela para o aspecto latera l
mantido em extensão completa du rante a noite e é exerci-
do seu polo inferior (Fi g . 45 -1 67 A*).
tado durante o dia com exercícios ativos e ativos assistidos.
• Para restaurar o recesso lateral, libere o retináculo latera l do
Se não for possível obter 90 graus de flexão após 3 meses,
côndilo femoral lateral e libere o tendão vasto lateral e a
pode ser necessária suave manipulação com o paciente sob
banda il iotibia l do terço distal do f êmur.
anestesia. O paciente deve esperar um retorno muito lento
da extensão ativa do quadríceps. A maioria dos pacientes ESTÁGIO 2
pode esperar a melhora no arco de movimento do joelho •Mobilize a bolsa suprapat elar, o compa rtim ento pat elofe-
após a quadricepsplastia , mas deve esperar grave fraqueza moral e o interva lo anterior, dividindo as aderências dentro )
do quadríceps por muitos meses. Se o paciente não for
esqueletalmente maduro, alguma melhora na flexão pode
ser perdida conforme o crescimento ocorre.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
MJPZI PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

desses espaços (Fig. 45- 167 B*). O interva lo anterior é a ma is de 120 graus. Com grave artrofibrose, o quinto
)
reg ião do joelho posterior à bolsa de gordura infrapatelar estág io (a longamen t o do quadríceps) gera lm ente é
e anterior ao aspecto anterossuperior do platô tibial. necessário para obter mais de 90 graus de flexão. Após
•Separe o tecido tendíneo do vasto intermédio do tecido a quadricepsplastia inici al mini-invasiva, o arco primário
do reto femoral e da superfície anterior do fêmur (Fig. de flexão do joe lh o deve ating ir 90 graus e a bolsa
45-167 C*) suprapatelar, compartimento pate lofemoral, interva lo
anterior, recesso late ral e recesso media l são restabele-
ESTÁGIO 3 cidos. Co m esses espaços restaurad os, a cirurgi a artros-
•Com uma técnica percutânea de dentro para fora, libere cóp ica pode se r seguramente feita para lise de quaisquer
o retináculo patelar media l através da bolsa suprapatelar, adesões remanescentes (Cap. 51 ).
compa rtim ento patelofemoral e interva lo anterior que
foram restabelecidos no segundo estág io. Tome cuidado CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um enfaixament o com-
para delinear a margem da artrotom ia media l, que pressivo com uma bandagem elástica é ap licado a partir
começa a partir do epicônd ilo medial do fêmur e se dos dedos do pé pa ra a coxa para diminuir o inchaço .
inclin a latera lmente para o tubérculo da tíbia, para evitar A fisioterapia é iniciada no dia após a cirurgia. Quando o
o descolamento do vasto medial da sua inserção no canto t endão do quadríceps é alongado, o prot ocolo de reabi-
superomed ial da patela (Fi g. 45-167 D*) litação é modificado para proteger o reparo durante as
•Solte o retináculo medial do cônd ilo femora l medial, e primei ras 3 semanas. Uma máquina de movimento
libere o vasto medial do terço dista l do fêmur pa ra res- passivo contínuo (CPM) é utilizada conforme tolerado; o
taurar o recesso medial. grau e a velocidade de movimento são aumentados gra-
ESTÁGIO 4 dualmente se m exceder 90 graus de flexão durante as
• Faça a transecção do vasto intermédio previamente mobi- primeiras 3 semanas após a ciru rgia. A flexão ativa (com
li zado em um nível próximo da sua junção musculotend i- a mesma restrição de 90 graus de fl exão) e os exercícios
nosa (Fig. 45- 167 E* ) de mobi lidade patelar são in iciados no primeiro dia pós
-operatório. A flexão adicio na l e os exercícios de forta le-
ESTÁGIO 5 cimento do quadríceps, inclu indo a elevação da perna em
•O quinto estág io consiste no alongamento do tendão do extensão, exercícios isométricos do quadríceps, exercícios
quadríceps. de resistência e bicicleta estacionária, são aguardados até
•Faça a transecção do reto femoral em um nível mais distal 4 a 6 semanas após a cirurgia. Se o tendão do quadríceps
que o vasto intermédio, adjacente à sua inserção patelar não tiver sido alongado, o programa de reabi litação é
(Fig. 45-167 E), e leve as extremidades tendíneas livres do mais agressivo , sem restrição do arco de movimento. A
vasto intermédio e reto femoral através da ferida (Fi g. manipulação é necessária se, em 6 semanas após a cirur-
45-167 F*). gia , for possível rea lizar menos de 90 graus de flexão.
• Manipule suavemente o joelho em flexão repetidamente
até que a máxima flexão seja alcançada.
• Em seguida, sobreponha a extrem idade tendinosa proxi-
mal do vasto intermédio e a porção dista l do tendão reto
femoral e suture-as com uma sutura Ethibond nº 2 não
ANQUILOSE EXTRA-ARTICULAR EM
absorvível com o joelho mantido em 90 graus de flexão
(Fig. 45-167 G e H*) FLEXÃO
•Teste o arco de movimento passivo após o reparo do
te ndão do quad ríceps para garantir que o tendão alon- A contratura em flexão do joelho é muito mais co mum que a co n-
gado esteja sob tensão substancial, mas permaneça com - tratura em extensão. Ela, muitas vezes, é complicada por subluxação
petente em 90 graus de flexão. e rotação externa da tíbia sobre o fêmur porque os músculos isquio-
•Se o joelho pode ser fac ilmente flexionado além de 90 tibiais puxam a tíbia posteriormente e o músculo bíceps femoral e
graus, aumente a sobreposição dos tendões por avanço banda iliotibial giram a tíbia externamente. Todos os tec idos moles
mais proximal do tendão vasto intermédio para reduz ir o no espaço poplíteo estão contraídos.
risco de criar um déficit na extensão. As con traturas em flexão geralmente podem ser pelo menos
•Se a flexão for restrita, diminua a sobreposição por uma parcialmente cor ri gidas de forma conservado ra; a qu antidade de
fixação mais distal do tendão vasto intermédio. correção possível depende da gravidade e da duração da deformi-
•Dura nte todo o procedimento, manipule o joelho em dade. Tração com suspensão balanceada, extensão de Buck e talas
flexão para liberar aderências intra-articu lares, para aval iar estáticas ou dinâmicas, gessos ou órteses projetadas para estender
o arco de fl exão do joelho e para determinar se existem o joelho gradu almente são de valor. Essas med idas podem ser
aderências intra-articu lares remanescentes. Uma vez que utilizadas antes da cirurgia para tornar a operação menos extensa,
a flexão de mais de 120 graus fo i alcançada, a porção e após a cirurgia para aumentar a correção. Independ entemente de
extra-articular do procedimento é terminada, drenas de como a contratura é corrigida, sempre deve ser lembrado que o
sucção fec hados são colocados e a pele é fechada. Em nervo fibu lar é mais suscetível à lesão por alongame nto do que a
joelhos com artrofibrose moderada , os primeiros quatro artéria poplítea e seus ramos, e extremo cuid ado é indicado quando
estágios muitas vezes permitem a flexão do joelho de os sin ais de irritação se desenvolvem ao longo de se u curso. Caso
contrário, uma paralisia prolongada ou permanente pode resu ltar
depois que um a contratura de flexão for corrigida tão pouco
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult. com. qu anto 20 graus.
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO

A distração gradual por um fixador externo circular de Ilizarov


ou um fixador externo monolateral Orthofix fo i relatada em melho- CAPSULOTOMIA POSTERIOR
rar a posição funciona l do arco de movimento, embora o arco de
movimento total permaneça essencialmente inalterado. A liberação TÉCNICA
distal de isquiotibiais co m fixação externa femorotibial também foi
relatada para permitir a completa extensão ou contratura de flexão (YOUNT)
residual de m enos de 10 graus.
•Exponha a fáscia lata através de uma incisão longitudinal
lateral im ediatamente proxima l ao côndi lo femora l.
•Divida a banda iliotibia l e fáscia lata posteriormente ao
CAPSULOTOMIA POSTERIOR tendão do bíceps e anteriormente à linha méd ia da coxa
A capsulotomi a posterior é indicada para graves contratu- em um nível 2,5 cm proxima l à patela.
ras de flexão do joelho que não podem ser corrig idas por •Agora, neste nível, resseque um segmento da banda ilioti-
meios mais conservadores. A seguinte operação é a modi - bial e septo intermuscul ar de 5 a 8 cm de comprimento.
ficação de uma técnica descrita por Putti . •Antes de a ferid a ser f echada , determine por palpação
que todas as bandas tensas foram seccionadas. Suture
TÉCNICA apen as o tecido subcutâneo e a pele.

(PUTTI, MODIFI CADA) CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese travada em


extensão é colocada , e exercícios de arco de movi mento
•Posicione o paciente de bruços. são iniciados. O uso de uma máquina de movimento passivo
•Faça uma incisão curvilínea de 15 cm de comprimento contínuo pode ser benéfico. O paciente deve ser exami-
através da pele e fá scia superficial sobre o espaço nado frequentemente para detectar qua lquer reco rrência
pop líteo . da co ntrat ura em fl exão, que pode exig ir gesso seriado
• Exponha os aspectos med ial e latera l da parte posterior para recuperar a extensão.
da cápsu la de articulação por abordagens separadas
através das estruturas profundas como se segue.
•Faça a dissecção entre o tecido subcutâneo e fáscia pro- FERIDAS ABERTAS DA
funda para o aspecto lateral do espaço poplíteo e faça a ARTICULAÇÃO DO JOELHO
incisão da fáscia profunda longitud ina lmente. Isole e
retra ia latera lmente o tendão do bíceps femoral e nervo Embora o tratamento das lesões abertas da articulação relacionadas
fibular comum e exponha a cabeça latera l do gastrocnê- com guerra tenha sido revisado extensivam ente, há muito menos
mio; retraia mediaimente os vasos poplíteos e nervos que informação disponível sobre o tratamento das feridas abertas da arti-
se encontram na linha média. culação na população civil. Co mo a incidência de lesões por arma de
•Sob visão direta, divida a cabeça lateral do gastrocnêm io, fogo em civis aumentou, as lesões por armas de fogo no joelho
a metade latera l da cápsula posterior e a inserção do também se tornaram m ais comuns. De todas as lesões abertas de
ligamento cruzado posterior. articulação, as do joelho são, de longe, as mais comuns (53% a 91 %).
•Agora faça a dissecção entre o tecido subcutâneo e a Patzakis et ai. revisaram 140 pacientes com lesões penetrantes da
fásc ia profunda para o aspecto medial do espaço poplí- articulação tratados durante um período de 4 anos. Eles dividiram as
teo. Faça a incisão na fá scia profunda para expor o suas lesões em três tipos: aquelas associadas a fraturas, lesões abertas de
aspecto lateral dos músculos semimembranoso e semi- articulação sem fratura e lesões por arma de fogo. Todos os pacientes
tendíneo, e ret raia esses músculos media ime nte; retra ia foram tratados com antibióticos, desbridamento cirúrgico e irrigação,
os vasos poplíteos e nervos latera lmente. incluindo a instalação de tubos de polietileno na articulação para irriga-
•Divida a cabeça media l do gastrocnêmio e metade medial ção e sucção fechada. Os seus resultados foram notavelmente bons, com
da cápsula . infecção desenvolvendo em apenas três dos 140 pacientes (2,1 %). Uma
• Neste ponto, o joelho pode ser completamente estendido série de pacientes teve culturas positivas a partir dos tubos de drenagem
por suave manipulação se os tendões isquiotibiais não no período pós-operatório. Como esses mesmos pacientes não tiveram
estiverem contraídos. Evite força excessiva. Durante a exten- culturas positivas no momento da cirurgia inicial, eles concluíram que
são do joelho, as aderências f ibrosas podem se romper de as culturas positivas desses tubos foram secundárias aos tubos em si e
forma audível. que a irrigação fech ada e o sistema de sucção devem ser considerados
• Isso também pode ser conseguido através de incisões uma fonte potencial de contaminação. Portanto, eles recomendaram não
limitadas medial ou lateral, ou ambas. Isso permite utilizar rotineiramente a irrigação fechada e a sucção para as lesões da
manter o paciente na posição de decúbito dorsa l durante articulação aberta, mas apenas para aquelas com grave contaminação
toda a operação, no caso de procedimentos adiciona is inicial ou quando a lesão de tecidos moles tiver sido extensa e o fecha-
(p. ex ., lise artroscóp ica das aderências) também serem mento da articulação era desejável. Concordamos com essas recomen-
rea lizados. dações. Eles concluíram que as lesões abertas da articulação devem ser
•Ocasionalmente, os tendões do bíceps, sem itendíneo e tratadas com cobertura de antibióticos de amplo espectro antes, durante
semimembranoso e a banda iliotibial estão gravemente e após a artrotomia, desbridamento cirúrgico aberto e irrigação e fecha -
contraídos; nesses casos, alongue os tendões por Z-plas- mento primário da ferida na maioria dos pacientes. Na sua revisão dos
t ia e divida a banda il iotibia l e septo intermuscu lar lateral efeitos das lesões por arma de fogo nos tecidos musculoesqueléticos,
como descrito por Yount. Bartlett et ai. desenvolveram um algoritmo para tratamento que é apli-
cável para as lesões por arma de fogo do joelho (Fig. 45-168).
• ABSc de avaliação do trauma
• Profilaxia para tétano
• Desbridamento inicial
• Limpe com povidona e solução salina normal
• Curativo estéril
• Considere a dose inicial de cefazolina, 1 g
• Imobilize fratura instável

Lesão por arma de fogo em extremidade com


ferimento de alta energia, grave contaminação,
penetração articular, fratura instável , exigindo
estabilização cirúrgica, ou paciente clinicamente
instável com sinais e sintomas de lesão vascular?

Sinais de lesão vascular? Sinais de lesão vascular?

Lesão próxima?t Se houver lesão Exploração ou


próxima,t angiografia
angiografia intraoperatória
intraoperatória

Ferida definitiva e cuidado da fratura: Cuidado definitivo da ferida e da


• Desbridamento local em ED fratura:
•Irrigação da ferida •Irrigação e desbridamento local
•Tala ou gesso, conforme a fratura em centro cirúrgico
determina • Estabiliza conforme o padrão da
• Ciprofloxacina, 750 mg PO, duas fratura determina
vezes;dia x 3 dias (alternativa: • Cefazolina , 1 g IV q8h x 48 a 72 h
cefalexina ou dicloxacilina) • Fechamento por segunda intenção
• Fechamento por segunda intenção
Exploração*
Alta hospitalar (se não
houver outra lesão)

Ferida definitiva e cuidado da fratura: Irrigação agressiva e desbridamento em Ferida de


- - - Ferida de
•Irrigação e desbridamento local centro cirúrgico alta energia baixa
emOR • Desbride tecido contaminado energia
• Estabilize conforme o padrão de • Explore o trajeto da ferida
fratura determina •Fixação externa comum (passivei haste IM ,
• Cefazolina, 1 g IV q8h x 48 a 72 h raramente ORIF)
• Fechamento por segunda intenção •Antibióticos IV de acordo com os protocolos Cuidado definitivo da ferida e da fratura:
de fratura exposta (tipo 1, li ou Ili) continuam • Irrigação e desbridamento local em
em pelo menos 48 a 72 h, mas também até centro cirúrgico
que as feridas estejam limpas (até 1 a 2 • Artroscopia ou artotomia para
semanas para contaminação grave) penetração da articulação
• Repita o desbridamento cirúrgico em 48 • Estabilize conforme o padrão de
horas até que as feridas estejam limpas fratura determinas
• Fechamento por segunda intenção (possível • Cefazolina, 1 g IV q8h x 48 a 72 h
enxerto de pele ou retalho) • Fechamento por segunda intenção

H[§l!;f4mml) Algoritmo para tratamento das lesões por arma de fogo. * Diretrizes para exploração: exploração é apropriada a menos
que a lesão envolva apenas um único vaso abai xo da trifurcação da artéria poplítea ou distal ao antebraço médio (esta lesão não
costuma ser explorada, a menos que haja um diagnóstico de síndrome compartimentai, fístula arteriovenosa ou pseudoaneurisma).
tAs lesões próximas são aquelas em que um trajeto de projétil pa ssa cerca de 2,5 cm de um grande vaso. :t:No caso de sinais "suaves"
de lesão vascular, pode-se considerar Doppler duplex em primeiro lugar. (De Ba rtlett CS, Helfet DL, Hausman MR, Strauss E: Bal listics and
gunshot wounds: effects on musculoskeletal tissues, J Am Acad Orthop Surg 8:2 1, 2000.)
CAPÍTULO 45 LESÕES NO JOELHO flllm
Em pacientes com lesões por arma de fogo do joelho, a avaliação Os adultos com envenenamento por chumbo podem ser assintomá-
do estad o neurovascular é de fundamental importância (Fig. 45-169). ti cos ou podem ter náusea, diarreia, dor abdominal e fraqueza.
Uma vez que as lesões neurovasculares foram identificadas e tratadas, O envenenamento por chumbo deve ser considerado em um paciente
se necessário, as lesões do esqueleto podem ser avaliadas. As radio- com um a história de uma ferida intra-articul ar por ar ma de fogo
grafias anterop osteriores e laterais são cuidadosamente examinadas e anemia microcítica. O tratamento imediato, incluindo quelação e
para fraturas, ar no espaço articular, fragmentos de bala e fragmentos remoção dos fragmentos de bala, é essencial.
osteocondrais. A TC também pode fornecer informações valiosas
sob re a extensão e complexidade do padrão da fratura. Se as fraturas
intra-articulares não são evidentes, a aspiração da articulação do
joelho pode ajudar a determinar se a articulação foi penetrada; um
aspirado sanguíneo indica a necessidade de irrigação da articulação.
O tratamento de fraturas abertas causadas por armas de fogo
é discutido em detalhes no Capítulo 53.
Se a redução da fratura exposta não for necessári a, a irrigação e
o desbridamento podem ser feitos artroscopicamente, o qu e resulta
em uma internação hospitalar pós-operatória mais curta, menos dor
pós-operatória e resultados estéticos superiores, e podem ajudar a
identificar as lesões intra-articulares. O tratamento da fratura depende
da estabilidade do padrão da fratura e pode incluir imobilização ou
órtese, redução aberta e fixação interna, ou fixação externa. Fragmen -
tos osteocondrais grandes podem ser reinseridos e fixados com téc-
nicas artroscópicas (Cap. 51). A cobertura de tecidos moles pode
exigir enxertos ou retalhos (Cap. 63). As estruturas ligamentaresou
musculotendinosas danificadas devem ser reparadas ou reconstruídas
o mais rapidamente possível para restaurar a fun ção da articulação.
Uma rara complicação tardia das lesões intra-articulares por
arma de fogo, incluindo aquelas do joelho, é o envenenamento por
chumbo, que foi relatado de 2 dias a 52 anos após a lesão. Os frag-
mentos de chumbo nos tecidos moles geralmente se tornam encap-
sulados pelo tecido fibroso e são efetivamente inertes; no entanto,
os fragm entos intra-articulares de bala em contato com o fluid o
sinovial podem causa reações de corpo estranho, dano mecânico à O@ii;H rllrm) Visão anteroposter ior do fêmur distal direito de
cartilagem articular, sinovite proliferativa e artrite destrutiva. uma mulher de 18 anos de id ade com ferida de alta velocidade por
O chumbo pode ser absorvido na circulação sistêmica através rifle. Observe o padrão "tempestade de neve de chumbo" e grave
da membrana sinovial inflamada. A fragm entação da bala e a área de cominui ção. Arteriografia não revelou dano arterial . (De Bartlett CS,
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LESÕES DO OMBRO 2207 Teste da Compressão ARTROPATIA DO MANGUITO
ANATOMIA E BIOMECÂNICA 2207 Abdominal 2212 ROTADOR 2228
APRESENTAÇÃO CLÍNICA Teste da Força de Rotação CAPSULITE ADESIVA 2229
E EXAMES FÍSICO 2208 Lateral 2213 Ombro Congelado Primário 2229
Manobra e Teste do Impacto Si nal Lag em Rotação Lateral 2214 TENDINITE CALCÁRIA 2230
de Neer 2209 Sinal da Queda (Drop Sign) 2214 Evolução Cronológica 2231
Teste de Hawkins-Kennedy 2209 Si nal Lag em Rotação Interna 2214 Tratamento Cirúrg ico 2231
Teste de Jobe 2209 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 2214 SÍNDROME DO ESPAÇO
Teste de Força para Rotação SÍNDROME DO IMPACTO 2215 QUADRANGULAR 2232
Interna 2209 Impacto Subcoracoide 2216 COMPRESSÃO DO NERVO
Teste do Impacto Impacto Intern o 2216 SUPRAESCAPULAR 2233
Subcoracoide de Gerber 2209 Complicações 2218 LESÕES DO COTOVELO 2235
Teste de Apreensão- RUPTURA DO MANGUITO TENOPATIAS DO COTOVELO 2235
Relocação de Jobe 2209 ROTADOR 2219 Epicondi lite Latera l 2235
Teste de Speed 2212 Rupturas Parciais e Tota is 2219 Epicondilite Medial 2239
Teste de Yergason 2212 Rupturas Extensas e Irreparáveis 2221 RIGIDEZ DO COTOVELO 2240
Teste de Lift-Off 22 12 Comp licações 2228 OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA 2241

LESÕES DO OMBRO a 90 graus de abdução. Como há pouca estabilidade óssea nos


ombros, a mesma é compensada pelos músculos e ligamentos
ANATOMIA E BIOMECÂNICA circundantes.
Os ligamentos são os principais estabilizadores nos extre-
A articulação do ombro é composta de quatro articulações - mos da mobilidade. O ligamento glenoumeral superior é o prin-
esternoclavicular, acromioclavicular, glenoumeral e escapuloto- cipal estabilizador inferior, anterior e posterior a zero graus de
rácica - que, agindo em conjunto, permitem a função ideal, além abdução. O tensionamento do intervalo rotador (que inclui o
de proporcionar ao ombro a articulação que tem a maior ampli- ligamento glenoumeral superior) reduz o deslocamento posterior
tude de movimento no corpo. Essa relação deve sempre ser con- e inferior. O ligamento glenoumeral médio limita a rotação
siderada no tratamento de disfunções do ombro. Para função exte rna quando o ombro está em graus médio e inferior de
normal do ombro é necessário equilíbrio entre a mobilidade e abdução, mas tem pouco efeito em 90 graus de abdução. O liga-
estab ilidade. Além das quatro articulações, a combinação óssea mento glenoumeral inferior é composto pela banda anterior que
esférica da cabeça umera l articulada com a cavidade glenoidal é consideravelmente espessa e banda posterior menos espessa e
plana e menor, além da cápsula volumosa, permite mobilidade distinta, unidas pelo recesso axilar, criando um formato tipo
sem restrições até os movimen tos extremos . A anatomia óssea rede. Em rotação externa, a rede desliza no sentido anteroposte-
contribui pouco na estabilidade e é comparada à bola de golfe em rior tensionando a banda anterior e relaxando a posterior. Em
relação ao pino (tee). A glenoide é circundada pelo labrum, um rotação interna ocorre o contrário. O complexo ligamentar gle-
tecido composto de fibrocartilagem , que aumenta a profundi- noumeral anteroinferior é o principal estabilizador nos sentidos
dad e em 50% em torno da cabeça umeral, aumentando a estabi- anterior e posterior em abdução de 45 graus ou mais.
lidade. A combinação da superfíci e glenoidal e labrum, cria um a Os músculos ao redor do ombro são divididos em extrínsecos
profundidade de aproximadamente 9 mm na direção superoinfe- e intrínsecos. Os extrínsecos controlam primariamente os movi-
rior e 5 mm anteroposterior respec tivamente. A presença do mentos da escápula e incluem o rombóide, elevador da escápula,
labrum glenoidal amplia a cobertura da cabeça umeral 75% vertical- trapézio e serrátil anterior. Os intrínsecos controlam a articulação
mente e 57% horizontalmente. Os testes biomecânicos em amostras glenoumeral e incluem os músculos do manguito rotador (subes-
de ombros de cadáveres mostraram que o labru m interfere a distri- capular,supraespinal, infraespinal e redondo menor), deltoide,
buição de forças quando aplicada uma carga compressiva no ombro peitoral maior, redondo maior, grande dorsal e bíceps braquial.

2207
E!P PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Os músculos agem de várias formas proporcionando estabilidade. que se mesclam com o ligamento coracoumeral nos limites mais
Primeiro, eles mantém dinamicamente a relação escápula-glenoide anteriores do supraespinal. A camada cinco (2 mm de espessura)
em contato com a cabeça umeral nas diversas posições. Rowe com- representa a cápsula do ombro e inclui uma placa de colágeno
parou a relação da "foca equilibrando a bola com seu nariz". Con- mesclada que se estende do labrum glenoidal até o úmero.
forme a bola (úmero) se movimenta, a foca (escápula e glenoide) se A área de inserção do tendão do manguito rotador no tubér-
movem para manter a relação. Assim, enquanto os ligamentos tra- culo maior geralmente é definida como "pegada" (jootprint). Dugas
balham de modo estático a estabilidade é reforçada pela atividade et ai. examinaram 20 amostras normais de manguitos rotadores de
concomitante dos músculos. O manguito rotador e bíceps ajudam a cadáveres e mapearam o footprint usando um digitalizador tridi-
cápsula prevenindo a luxação glenoumera l. Por último, os músculos mensional. A largura na inserção de medial para lateral dos tendões
intrínsecos e extrínsecos auxiliam na movimentação e força agindo do supraespinal, infraespinaJ, redondo menor e subescapular foram
como dupla. O par de forças controla e direciona a força pela arti- 12,7 mm, 13,4 mm, 11,4 mm e 17,9 mm, respectivamente. A largura
culação, contribuindo para a estabilidade. mínima na inserção de todo manguito rotador ocorreu na porção
Os tendões do manguito rotador, a cápsula articular, o liga- central do supraespinal e foi de 14,7 mm. A distância da superfície
mento coracoumera] e o complexo ligamentar glenoumeral se mis- articular à inserção do tendão foi menor que 1 mm ao longo da
turam em uma folha confluente antes da inserção nos tubérculos do inserção anterior de 2,1 cm do supraespinal e infraespinal. Essa
úmero. Os tendões infraespinal e supraespinal se ligam aproxima- distância progressivamente aumenta para distância média de 13,9
damente 15 mm proximal a sua interseção e não podem ser separa- mm no aspecto mais inferior da inserção do redondo menor. As
dos pela dissecção romba. O infraespina] e redondo menor se distâncias anteroposteriores médias das inserções supraespinal,
juntam próximo à junção musculotendinosa. O supraespinal e infraesp inal, redondo menor e subescapular foram de 1,63 cm, 1,64
subescapular se juntam como uma bainha envolvendo o tendão do cm, 2,07 cm e 2,43 cm, respectivamente.
bíceps na entrada do sulco bicipital. O teto dessa bainha consiste de O intervalo rotador é definido como a área triangular ante-
uma parte do supraespinal e o assoalho por uma placa do subes- rior e superior do ombro onde não estão presentes os tendões do
capu]ar. Essa relação é relevante pois na ruptura do tendão subes- manguito rotador. Desta maneira, o intervalo é interligado pelo
capular é frequente a associação com lesões na cabeça longa do supraespinal superiormente, o subescap ular inferiormente e o
bíceps. O ligamento coracoumeral é urna banda espessa de tecido coracóide mediaimente. O vértice do triângulo é marcado late-
fibroso que se estende do processo coracóide juntamente com a ralmente pelo ligamento transverso do úmero. O ligamento cora-
superfície da cápsula até os tubérculos, entre o supraespinal e coumeral, os tendões do bíceps e o ligamento glenoumeral
subescapular. O ligamento fica profundo na inserção tendinosa e se superior estão no intervalo do rotador. O intervalo rotador está
mistura com a cápsula e o tendão supraespinal, fazendo parte do alterado em casos patológicos ficando encurtado em pacientes
teto na bainha do bíceps. Um tecido fibroso de 1 cm de espessura com capsulite adesiva, ou alongado e frouxo em indivíduos com
se estende posteriormente da origem do ligamento coracoumeral no instabilidade do ombro.
coracoide até a margem posterior do infraespinal. Essa banda é uma O arco coracoacromial fica acima da articulação glenoumeral
extensão do ligamento coracoumeral e passa entre a cápsula e os e é composto pelo coracóide e acrômio anterior unidos pelo liga-
tendões do manguito. Urna placa de tecido fibroso da origem do mento coracoacromial. A clavícula distal também é considerada
ligamento coracoumera] também se estende posterior e lateral- parte do arco. Os tendões do manguito rotador, bursa subacromial,
mente, formando urna placa sobre as inserções superficiais dos tendão do bíceps e úmero proximal passam sob esse arco. Qual-
tendões infra e supraespinais. quer processo congênito ou adqu irido que diminua este espaço
Estudos histológicos dos tendões infraespinal e supraespi - pode causar impacto mecânico. O arco coracoacromial também
nal identificaram cinco camadas distintas. A camada mais super- serve como limitador da migração umeral proximal ou superior, e
ficia l (camada um) contém várias arteríolas e compreende fibras sua ruptura é considerada etapa final na cascata de eventos que
do ligamento coracourneral. Essa camada tem 1 mm de espes- culmina no "escape" anterossuperior nos distúrbios avançados
sura e contém fibras que são orientadas de forma inclinada ao degenerativos do ombro associados a ruptura extensa do manguito
longo eixo do ventre muscular. A camada dois tem entre 3 e 5 rotador. Neste "escape': a cabeça umeral se desloca anteriormente
mm de espessura e representa a inserção tendinosa direta dentro e superiormente quando há tentativa da elevação do ombro. Como
dos tubérculos. Feixes largos (1 a 2 mm de diâmetro) de fibras resultado a cabeça umeral repousa em uma posição palpável e
tendinosas paralelas e densamente comprimidas compõem a visível na região subcutânea.
camada dois. A inserção tendinosa sub escapular exibe uma
estrutura similar, com feixes de fibras de colágeno paralelos ao
eixo longo do músculo, alargando-se antes da inserção. Um APRESENTAÇÃO CLÍNICA E EXAMES FÍSICO
grupo de feixe do subescap ular se articula com fibras do supra-
espinal servindo como assoalho da bainha do bíceps e o teto da A avaliação do ombro doloroso é desafiador por muitas razões .
bolsa do bíceps é formada pelas fibras da camada dois do supra- Condições clínicas diferentes como síndrome do impacto, ruptura
espinal. A camada três tem aproximadamente 3 mm de espessura do manguito rotador (parcial e completa), tendinite calcária,
e compreende um feixe menor de colágeno com orientação capsulite adesiva e síndromes de compressão nervosa têm histó-
menos uniforme que na camada dois. As fibras nestas camadas rias, padrões de dores e exames fís icos similares. Essas condições
percorrem ângulos de 45 graus de uma para outra, formando podem causar dor, fraqueza e perda de movimento na extremi-
uma rede de malhas adequada que contribui com a fusão da dade afetada. A dor geralmente é desencadeada por atividades
inserção do tendão do manguito. A camada quatro compreende acima da cabeça, piorando com movimentos ativos e não passi-
quatro tecidos de conexão soltos e bandas de colágeno espessas vos, e podem acordar o paciente durante a noite. Pode também
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fl?m
irradiar-se até área de inserção do deltoide. No exame físico em 25% dos pacientes com lesões de Bankart, 46% dos pacientes
geralmente é impossível definir com precisão a causa da dor pela com lesões do labrum anterior e posterior, e 69% dos pacientes com
proximidade anatômica destas estruturas. Vários testes são sen- artr ite acromioclavicular.
síveis para detecção das patologias no ombro, mas nenhum é
específico. A mesma manobra irritativa pode apresentar dor por • TESTE DE HAWKINS-KENNEDY
várias condições. A palpação tem benefício limitado, especial- Hawkins e Kennedy descreveram seu teste em 1980 como alternativa
mente em pacientes musculosos ou obesos. É impossível palpar para a manobra de Neer, mas não acreditaram que ele era confiável
o labrum ou a cápsula. Embora alguns autores descrevem ser (Fig. 46-lB) . O teste é realizado com elevação anterior do ombro em
possível a palpação da ruptura do manguito rotador, não é essa 90 graus forçando-o em rotação interna. Esse movimento produz
nossa experiência. Estalidos e crepitações n ão são específicos em atrito do tubérculo maior contra o ligamento coracoacromial, pro-
nenhuma condição patológica e sua localização geralmente duzindo dor. Sensibilidade de 92% na bursite e 88% nas alterações
duvidosa. do manguito foram demonstradas em 85 pacientes , com especifici-
Embora o exame físico seja geralmente inconclusivos é essen- dade de 44% e 43%. Os valores preditivos positivos foram 39% e
cial para avaliação do paciente com ombro doloroso e ajuda a 37%, e valores preditivos negativos de 93,l % e 90%. O teste foi
descartar outras causas potenciais de dor como distúrbios da positivo, contudo, em 31 % dos pacientes com lesões de Bankart,
coluna cervical (hérnia de disco, espondilose, patologias do plexo 69% dos pacientes com lesões do labrum anterior e posterior, e 94%
braquial), do tórax (tumor de Pancoast, pneumonia do lobo supe- dos pacientes com artr ite acromioclavicular.
rior), região axilar e abdome (irritação no diafragma, disfunção da
vesícula biliar). • TESTE DE JOBE
O exame físico começam com a inspeção. O paciente deve Jobe descreveu o "teste do supraespin al" em 1983 (Fig. 46- l C).
estar sem roupa da cintura para cima. As mulheres podem vestir É realizado colocando-se o ombro em 90 graus de abdução, 30
avental. A exposição completa dos ombros permite observação graus de flexão e rotação interna, de forma que o polegar do
anterior e posterior do ombro. A comparação dos lados demons- paciente fique apontando para o chão. O teste do músculo
trar atrofias, tumorações ou deformidades. Hematoma ou equi- contra resistência mostra que a fraqueza ou insuficiência do
mose pode sugerir contusões ou rupturas de estrutura como do supraespinal devem-se a ruptur a ou dor associada ao impacto
manguito rotador ou cabeça longa do tendão do bíceps. A palpa- do manguito rotador.
ção das estruturas ósseas superficiais pode identificar dores nas
articulações acromioclavicular, esternoclavicular, na clavícula ou • TESTE DE FORÇA PARA ROTAÇÃO INTERNA
acrômio. A palpação ao redor do ombro pode sugerir outras Zaslav descreveu o teste para diferenciar impacto interno do
causas de dor, mas como citado anteriormente, não é confiável. externo clássico (Fig. 46-lD). O teste é realizado com paciente
Articulações acima e aba ixo da área dolorosa devem ser exami- sentado e o examinador em pé, atrás do mesmo. O braço do
nadas; no caso do ombro, a coluna cervical sempre deve ser paciente é posicionado em 90 graus de abdução no plano coronal
avaliada. O exame neurovascular de ambas extrem idades supe- e aproximadamente 80 graus de rotação lateral. Um teste manual
riores deve ser realizado, juntamente com avaliação da força isométrico do músculo é realizado na rotação lateral e é compa-
motora. A amplitude dos movimentos é determinada de forma rado com um teste da rotação interna na mesma posição. Se o
ativa e passiva, percebendo arcos dolorosos e tendências em subs- paciente com sinal positivo para impacto tiver boa força de
tituir a função muscular. rotação lateral e perda de força em rotação interna, o teste é
Vários testes são conhecidos para detectar tendinite e ruptura positivo. O resultado positivo do teste de força para rotação
do manguito rotador. Os testes a seguir foram desenvolvidos para interna sugere impacto interno, e o resultado negativo (menos
reproduzir sintomas ou dor, sugerindo impacto do manguito rotador força na rotação lateral) sugere impacto externo clássico. Zaslav
ou tendinite. relatou sensibilidade de 88%, especificidade de 96%, valor predi-
tivo positivo de 88%, e valor negativo preditivo de 94%. Todos os
• MANOBRA E TESTE DO IMPACTO DE NEER pacientes testados foram selecionados, porém, pelo fato de terem
Neer foi o primeiro a descrever a manobra de impacto em 1972 res ultado positivo na manobra de impacto de Neer, resultando
(Fig. 46- l A). Com o paciente sentado, o examinador movi- em população de "impactos" ao invés de população com anor-
menta o braço afetado em elevação enquanto estabiliza a mailidades não confirmadas no ombro.
escápula, fa ze ndo com que o tubérculo maior faça atrito no
acrômio provocando dor quando houver lesão tipo impacto em • TESTE DO IMPACTO SUBCORACOIDE DE GERBER
qualquer estágio. A manobra também produz dor em outras Este teste foi descrito por Gerber para identificar impacto entre
condições como capsu lite adesiva, osteoartrite, tendinite calcá- o manguito rotador e o processo coracóide (Fig. 46-lE). É reali-
ria e lesões ósseas. Neer também descreveu o teste de impacto zado de forma similar ao teste de imp acto de Hawkins-Kennedy.
com injeção subacromial de 10 mi de lidocaína 1%. A dor O braço é posicionado em 90 graus de fle xão anterior e aduzido
causada pelo impacto geralmente diminui ou desaparece com- em 10 ou 20 graus em direção ao corpo para traze r o tubérculo
pletamente após injeção mas a dor causada por outras condições menor em contato com o coracóide. Dor nesta manobra sugere
(com possível exceção da tendinite calcária) não alivia. Um impacto coracoide.
estudo demonstrou sensibilidade de 75% para bursite e 88%
para alterações no manguito, com especificidade de 48% e 51 %. • TESTE DE APREENSÃO-RELOCAÇÃO DE JOBE
Os valores preditivos positivos foram 36% e 40%, e os valores Jobe descreveu um teste combinado em 1989 para distinguir impacto
preditivos negativos de 83% e 89%. O teste foi positivo, contudo, primário de impacto secundário à instabilidade anterior (Fig. 46-lF).
H@IJ;@E'19 Testes de impacto para reproduz ir si ntomas ou dor (ver texto). A, Manobra do impacto de Neer. B, Teste de Hawk in s
-Kennedy. C, Teste de Jobe. D, Teste de força para rotação Interna . E, Teste do im pacto subcoracóide de Gerber.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO

O[ijll;tfiGrJNg.J.IM F, Teste da apreensão-re-


locação de Jobe. G, Teste de Speed. H, Teste de
Yergason ("Sinal da supinação").

Com paciente em posição supina, o braço é abduzido a 90 graus e impactos secundários, que toleram rotação externa máxima com a
rotado lateralmente, o que produz dor por impacto. Aplicando-se cabeça umeral mantida em posição reduzida. A avaliação deste teste
força na cabeça umeral em direção posterior, recentralizando-a na demonstrou que a dor na posição de 90 graus de abdução e rotação
cavidade glanoidal não altera dor nos pacientes com impacto pri- lateral pode ser causada por várias alterações e deve diminuir pela
mário, mas alivia em pacientes com instabilidade (subluxação) e força direcionada posteriormente.
E» PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

avaliando a capacidade de se manter determinada posição (sinais de


• TESTE DE SPEED lag) . Os dados de exame físico em pacientes com rupturas completas
Em 1966, Crenshaw e Kilgore descreveram um teste atribuído a Speed do manguito rotador dep endem de quais tendões estão rompidos,
(Fig. 46-lG). O teste de Speed é realizado com paciente flexionando o qual porcentagem da espessura está rompida e há quanto tempo
ombro anteriormente em 90 graus com o cotovelo extendido e o ante- ocorreu a ruptura. Durante o exame do paciente com dor, pode ser
braço supinado. Aplicando-se força no antebraço em direção ao chão difícil determinar se a perda de força se deve à dor ou à ruptura do
contra resistência o resultado positivo produz dor localizada na região tendão. A perda de força associada a dor deve ser interpretada com
do sulco bicipital. Em análise artroscópica que demonstrou tendinite cuidado e nem sempre trata-se de ruptura completa.
do bíceps e lesões !abrais superiores anterior e posterior como resulta-
dos positivos, Bennet descreveu que o teste de Speed tem sensibilidade • TESTE DE LIFT-OFF
de 90% e especificidade de 14%. O valor preditivo positivo foi de 23% Em 1991, Gerber e Krushell descreveram o teste de lift-off para
e o valor preditivo negativo de 83%. Um estudo de 2005 mostrou os detectar ruptura do tendão sub escapular (Fig. 46-2A). Com o
seguintes valores: sensibilidade de 38%, especificidade de 83%, valor paciente sentado ou em pé, o braço é rodado internamente e o dorso
preditivo positivo de 81 % e valor preditivo negativo de 43%. da mão é posicionada contra região lombar. Se o paciente não con-
seguir afastar a mão das costas, o teste é positivo. Eletromiografias
• TESTE DE YERGASON confirmaram que o músculo subescapular é muito eficaz com a mão
Yergason descreveu o "sinal da supinação" em 1931 (Fig. 46-lH). O na posição lombar média e com aplicação de resistência.
cotovelo é fletido em 90 graus com antebraço pronado. O paciente
tenta ativamente supinar o antebraço contra resistência aplicada • TESTE DA COMPRESSÃO ABDOMINAL
pelo examinador no punho do paciente. A dor localizada na região Gerber et ai. descreveram o teste da compressão abdominal para
do sulco bicipital indica inflamação da cabeça longa do bíceps. Yer- pacientes que têm a rotação interna diminuída (Fig. 46-2B). Neste
gason notou que esse teste pode ser negativo nas rupturas parciais teste, o paciente pressiona o abdome com a palma da mão e tenta
ou completas do tendão supraespinal. manter o braço na rotação interna máxima. Se a rotação interna
Park et ai. avaliaram oito testes de impacto (Tabela 46-1) em ativa for eficiente e estiver forte, o cotovelo não muda de posição
552 pacientes e demonstraram que se o resultado dos testes de para trás, permanecendo na frente do tronco. Se a força do subes-
Hawkins-Kennedy, manobra do arco doloroso e infraespinal (Jobe) capular estiver diminuída, a rotação interna máxima não poderá ser
fossem positivos, a probabilidade do paciente ter síndrome de mantida e o paciente sentirá fraqueza com o cotovelo desviando-se
impacto em algum grau era maior que 95%, mas se os mesmos testes para trás do tronco. O paciente exerce pressão no abdome ao exten-
fossem negativos, a probabilidade era menor que 24%. der o ombro em vez de aplicar a rotação interna nele. Outros inves-
Os testes descritos a seguir (Fig. 46-2) foram desenvolvidos tigadores notaram que, quando o tendão subescapular está rompido,
para avaliar a integridade do manguito rotador e se diferenciam em os pacientes tendem a fletir o punho para comprimir o abdome e
dois tipos: testes que avaliam movimentos ativos e testes passivos não conseguem manter o cotovelo para frente.

• TESTE
46

Manobra de Neer
Teste de Hawkins-
_1 Testes

(%)
68
para Impacto Subacromial (Independente da Gravidade da Doença do
Manguito Rotador)

SENSIBILIDADE

71 .5
ESPECIFICAÇÃO
(%)
68.7
66.3
VALOR PREDITIVO
POSITIVO (%)
80.4
79 .7
VALOR PREDITIVO
NEGATIVO(%)
53 .2
55 .7
ACURÁCIA GERAL (%)
68.3
69 .7
Kennedy
Teste do arco 73.5 81.1 88 .2 61.5 76.1
dol oroso
Teste do músculo 44.1 89 .5 88 .4 46.8 60.2
Supraespina l
(Jobe)
Teste de Spe ed 38.3 83.3 80.5 42.9 54.4
Teste de adução 38.3 83.3 80.5 42.9 54.4
cruzada
Sinal da queda 26 .9 88.4 81 39.7 48 .6
("Drop sign")
Teste do músculo 41.6 90.1 90.6 45 .8 58.7
infraespinal
De Park HB, Yokota A, Gill HS, et ai: Diagnostic accuracy of clinicai tests for the different degrees of subacromial impingement syndrome, J Bane Joint Surg
87A:1446, 2005.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fDElll

Testes para avaliar a integridade do manguito rotador (ver texto). A, Teste de lift-off. B, Teste da compressão abdominal.
C, Teste de força para rota ção lateral. D, Sinal "/ag" em rotação lateral. E, Sinal da Queda ("Drop Sign") F, Sinal "/ag" em rotação interna.

• TESTE DA FORÇA DE ROTAÇÃO LATERAL rodados lateralmente em 45 ou 60 graus. O examinador aplica força
O teste da força de rotação lateral tem o objetivo de avaliar a inte- contra resistência no dorso das mãos do paciente no sentido de
gridade dos rotadores extern os do ombro, especificamente o infra- ro dar os omb ros internamente retornando na posição neutra. Dor
espinal e redondo menor (Fig. 46-2C) . Co m os braços do paciente e força diminuíd as sugerem inflamação ou ruptura do infraespinal,
ao lado do corpo em flexão e abdução neut ras, os omb ros são redondo menor ou amb os.
- PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

demonstrado pouca concordância entre observadores e pequenas


• SINAL LAG EM ROTAÇÃO LATERAL variações na forma como a radiografia é tirada pode comprometer
O teste de lag em rotação lateral foi desenvolvido para avaliar a a avaliação do formato acromial. Pode ainda demonstrar exostoses,
integridade dos tendões supraespinal e infraespinal (Fig. 46-2D). cistos ou esclerose no tubérculo maior, e esclerose subacromial
O paciente é sentado com as costas voltadas para o examinador. ("sinal da sobrancelha"), que pode indicar ruptura crônica do man-
O cotovelo é fletido passivamente a 90 graus e o ombro é mantido guito. Adicionalmente a migração superior da cabeça do úmero
em 20 graus de elevação com rotação lateral quase em seu limite com diminuição do espaço acromiohumeral menor que 7 mm
máximo pelo examinador (rotação lateral máxima menos 5 graus sugere ruptura do manguito rotador e se menor que 5 mm ruptura
para evitar o retrocesso elástico do ombro). Pede-se que o paciente extensa. A incidência de Stryker ajuda na avaliação das lesões de
mantenha a posição de rotação lateral ativa conforme o examinador Hill-Sachs, e o West Point para avaliar lesões tipo Bankart ósseas.
solta o punho, enquanto suporta o braço no cotovelo. O sinal é Outras imagens podem ajudar no diagnóstico. Tradicional-
positivo quando o desvio angular ou lag ocorre. Como em outros mente, artografias foram usadas para documentar rupturas com-
testes, a realização e interpretação pode ser comprometida pelas pletas do manguito rotador. O extravazamento do contraste para
alterações patológicas no arco de movimentos passivo. os espaços subacromial e subdeltoide após injeção articular
indica ruptura da espessura total. Mais difícil, se não impossível,
• SINAL DA QUEDA (DROP SIGN) é diagnosticar tendinopatia ou rupturas parciais pela artografia.
O sinal de queda ou drop sign tem o objetivo de avaliar a integridade A mesma não oferece nenhuma informação adicional, como
do infraespinal (Fig. 46-2E). Com paciente sentado e as costas vol- tamanho da ruptura e a condição dos músculos do manguito
tadas para o examinador o braço afetado é mantido em 90 graus de rotador. A artografia pode ser útil para pacientes com cotraindi-
elevação no plano escapular e rotação lateral quase completa com cações da ressonância magnética (RM) como uso de marcapasso,
cotovelo fletido a 90 graus. Pede-se ao pacien'te para manter essa grampos em aneurismas cerebrais, metais intraoculares ou stent
posição ativamente conforme o examinador solta o punho enquanto cardíaco recente. A artografia pode ser ainda usada em associa-
segura o cotovelo, que é, principalmente, função do infraespinal. ção com a RM para melhorar a precisão diagnóstica na avaliação
O sinal é positivo se ocorre o a queda do punho em rotação interna. de reparos do manguito rotador por fa lhas ou rerrupturas em que
é difícil diferenciar tecido de cicatrização de tendão normal, bem
• SINAL LAG EM ROTAÇÃO INTERNA como avaliar outras lesões como rupturas do labrum, como lesões
O teste de lag em rotação interna foi desenvolvido para avaliar a de Bankart, Bankart reversa ou lesões do labrum anterior e pos-
integridade do tendão subescapular (Fig. 46-2F). O paciente fica terior (SLAP), quando informações adicionais são necessárias
sentado com suas costas voltadas para o examinador. O braço ajudando nas decisões no tratamento.
afetado é mantido pelo examinador em quase toda rotação interna. A RM é atualmente o método diagnóstico mais comumente
O cotovelo é fletido em 90 graus e o ombro mantido em 20 graus de usado para avaliar doen ças do manguito rotador. Tem alta precisão
elevação e extensão. O dorso da mão é afastado da região lombar e demonstra informações anatômicas detalhadas, incluindo o
até que quase toda a rotação interna seja atingida. Pede-se que o tamanho da ruptura e o grau de comprometimento dos músculos
paciente mantenha essa posição ativamente conforme o examinador do manguito rotador. Além disso, rupturas parciais e tendinopatias
solta o punho, enquanto segura o braço e o cotovelo. O sinal é posi- são detectadas pela RM. Paciente com sintomas de impacto suba-
tivo quando ocorre a queda da mão contra região lombar (lag). cromial pode apresentar sinais aumentados no tendão infraespinal
na RM em T2 compatíveis com a tendinopatia. Aumento do fluido
na bolsa subacromial também é sinal de impacto subacromial. As
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM imagens da RM geralmente são feitas em várias direções, incluindo
coronal oblíqua, sagital oblíqua e axial. Imagens coronais oblíquas
A avaliação por imagem do paciente com dor no ombro deve ser ajudam na avaliação do tendão e músculo supraespinal, deline-
iniciada com radiografias, realizadas em dois planos, incluindo ando o tamanho da lesão, a extensão da retração, o tamanho e
incidência anteroposterior (AP), axilar e túnel do supraespinal qualidade do músculo supraespinal. A substituição gordurosa do
(outlet view). A incidência AP pode ser realizada com o ombro em músculo e a fossa supraespinal indicam lesão crônica. O tamanho
posição neutra, rotação interna ou lateral, dependendo do que se da ruptura no sentido anterior e posterior pode ser determinada
deseja visualizar. A rotação interna é útil para demonstrar lesões com o estudo das imagens sequenciais. As imagens oblíquas sagi-
de Hill-Sachs e a rotação lateral oferece boa visualização do tubér- tais mostram a extensão anterior e posterior da ruptura supraes-
culo maior e da fise umeral proximal em pacientes com esqueletos pinal e a qualidade de todos os músculos do manguito rotador. As
imaturos. A radiografia em AP "verdadeiro" da articulação glenou- imagens axiais são usadas para mostrar a condição do tendão do
meral (também conhecida como incidência de Grashey) permite bíceps e dos tendões e músculos infraespinais e subescapular. Uma
melhor avaliação das cartilagens articulares da glenoide e cabeça desvantagem da RM é o potencial significativo de diagnósticos
umeral. A incidência axilar tem a vantagem de mostrar a anatomia falso-positivos. Consequentemente, as imagens devem sempre
do rebordo glenoidal, acrômio, coracóide e úmero proximal. A estar correlacionadas com achados clínicos. Outro problema é seu
incidência em outlet ajuda na avaliação do túnel supraespinal nos uso exagerado; indicações específicas raramente são discutidas.
casos de patologia do manguito rotador. É realizada como perfil Pacientes com sintomas iniciais insidiosos de dor ou disfunção no
da escápula com o tubo angulado 10 graus no sentido caudal. ombro não precisam de RM até que o tratamento conservador
Nessa incidência o acrômio pode ser classificado em três tipos apropriado tenha falhado. Pacientes sem indicação de cirurgia não
(plano, curvo ou ganchoso). Foi descrita associação entre acrômio precisam de RM, a menos que haja preocupações com outras pato-
ganchoso e lesão do manguito rotador, mas a relação de causa entre lógicas, como infecção ou neoplasias. Foi demonstrado que a ultras-
os dois não foi estabelecida. A classificação do tipo de acrômio tem sonografia oferece sensibilidade de 58 a 100% e especificidade de
CAPÍTULO 46 LE SÕES DO OMBRO E COTOVELO f1Um

Ili 46
_1 Evolutivos da
Smdrome do Impacto

Estágio 1: Edema e Hemorragia


Idade típica do paciente : < 25 anos de idade
Diagnóstico diferencial: sub luxação, artrite da articulação
acrom ioclavicular
Curso clín ico: reversível
Tratamento: conservador
Estágio 2: Fibrose e Tendinite
Idade típica do paciente: 25 a 40 anos de idade
Diagnóstico diferencial: ombro congelado, depósito de cálcio
Curso clínico: dor recorrente com a atividade
Tratamento: considerar bursectomia ou ressecção do liga-
mento coracoacrom ial
Estágio 3: Osteófitos e Ruptura do Tendão
Id ade típica do paciente: > 40 anos idade
Di agnóstico diferencial: radicu lite cervical, neoplasia
Curso clínico: perda progressiva da função
Tratamento: acrom ioplastia anteroinferior, reparo do man-
gu ito rotador
O@i!;f4 E19 Síndrome do impacto . O tendão supraespinal é
d emon stra do pa ssa ndo sob o arco coracoacromial.
Modificado de Neer CS li: lmpingement lesions, Clin Orthop Relat Res 173:
70, 1983.

Desde a descrição original de Neer, o conceito da síndrome do


impacto evoluiu, abrangendo quatro tipos principais: (1) impacto
85% a 100%, com precisão geral de 80 a 94% no diagnóstico das primário, (2) secundário, (3) subcoracóide e (4) impacto interno.
rupturas do manguito rotador. As vantagens da ultrassonografia O impacto primário é subdividido nos tipos intrínseco e extrín-
comparada a outros métodos é que trata-se de exame de realização seco. O impacto primário é o tipo clássico e ocorre sem a contribui-
rápida, não invasiva e de baixo custo; suas desvantagens incluem ção de outra patologia. O impacto secundário ocorre quando há
a depender muito da experiência do radiologista e da qualidade do instabilidade da articulação glenoumeral permitindo contato do
equipamento usado. Ultrassonografias dinâmicas também podem manguito rotador contra o arco coracoacromial pela translação da
ser úteis na confirmação da síndrome do impacto, na avaliação da cabeça umeral. Quando as estruturas sob o arco coracoacroimal
instabilidade ou hipermobilidade glenoumeral por fro uxidão capsu- estão aumentadas ou espessadas, resultando no maior contato
lar e na identificação de patologias no tendão do bíceps. contra o arco, a causa do impacto é considerada intrínseca. Exem-
plos dessa condição incluem a espessura do manguito rotador,
camadas de cálcio dentro do manguito rotador e aumento da bursa
SÍNDROME DO IMPACTO subacromial. Impacto extrínseco ocorre quando o espaço subacro-
mial está diminuído; os exemplos incluem osteófitos ou "esporões"
A compreensão da síndrome do impacto evoluiu consideravelmente subacromiais, fraturas acromiais ou osso acromial (os acromiale)
desde a primeira descrição da bursite subacromial por Jarjavay em patológico, osteófito inferior da articulação acromioclavicular e
1867. Codman, em 1931, foi o primeiro a perceber que vários exostose no tubérculo maior.
pacientes com incapacidade de abduzir o braço tinham rupturas A morfologia acromial contribuiu com impacto. Bigliani, Mor-
completas ou parciais do tendão supraespinal e não apenas proble- rison, e April descreveram três tipos morfológicos do acrômio (Fig.
mas na bursa. Em 1972, Neer descreveu a síndrome do impacto, 46-4) e notaram maior número de rupturas do manguito rotador
caracterizada por uma proliferação de osteófitos e edema na super- com acrômios do tipo III ou ganchoso. No estudo de 140 ombros
fíc ie infer ior do acrômio anterio r, aparentemente causados pelo de cadáveres, um terço apresentou rupturas completas do man-
impacto repetido do manguito rotador e cabeça umeral contra o guito rotador, 73% dos quais tinham acrômios tipo III. Pacientes
arco coracoacromial. Neer também descreveu que o terço anterior com inclinação menor do acrômio tinham predisposição ao
do acrômio e seu rebordo anterior pareciam irritar estas estruturas impacto por estenose sub acromía l. O utro estudo com cadáveres
na maioria dos casos. Ele apresento u o conceito da síndrome do demonstrou ângulos inferiores significativos em ombros com
impacto contínuo (Quadro 46-1) . A inserção do supraespinal no manguitos intactos ou com rupturas do manguito rotador. Baseado
tubérculo maior que passava por baixo do arco coracoacromial nestas observações, o tratamento recomendado para a síndrome
durante elevação anterior do ombro era suscetível à colisão (Fig. impacto é a acromioplastia anteroinferior para remover as estru-
46-3). Neer também descreveu o alívio temporário da dor com inje- turas que causam o impacto. Outros autores sugerem que o formato
ções subacromiais de lidocaína como teste diagnóstico conhecido do acrômio e o ligamento coracoacromial não são os problemas
como teste do impacto, sendo útil para diferenciar sintomas verda- primários, mas sim a degeneração intrínseca do manguito rotador
deiros do impacto com outros processos patológicos. como sendo a causa primária, evoluindo com alterações subacromiais
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

li Ili

lj[rili;bH!ll• Três tipos morfológicos do acrômio definidos por Morrison e Bigliani . O tipo1 plano é o que menos compromete o
túnel do supraespinal e o tipo Ili "ganchoso" teve a maior associação com patologia do manguito rotador.

como consequência. O envelhecimento dos fibroblastros do tendão usada para avaliar pacientes com impacto coracoide. O alívio da
resultando no desarranjo da arquitetura tendinosa é um achado dor sugere o diagnóstico, mas a proximidade com múltiplas
comum em manguitos com mais idade. Alterações degenerativas estruturas na região subcoracoidal, incluindo a articulação gle-
relacionadas à idade incluem a diminuição da composição celular, noumeral, coloca em dúvida a precisão destas injeções. A tomo-
afinamento e rupturas fasciculares, acúmulo de tecido de granulação grafia computadorizada (TC) pode ser usada no diagnóstico do
e calcificação distrófica, todas foram descritas como sendo irre- impacto coracoide; a distância de 6,8 mm entre o ápice do cora-
versíveis. Uma zona de relativa hipovascularidade também está coide e a porção cortical mais próxima ao úmero proximal sugere
presente na superfície articular do manguito rotador. Forças de cisa- haver impacto. Nos casos suspeitos a coracoidoplastia por via
lhamento diferentes dentro das camadas do tendão também foram artroscópica ou aberta é recomendada. Não temos experiência
descritas como causa de rupturas nas fibras do tendão. Outros com esse procedimento.
autores sugerem que os tendões podem enfraquecer como resultado
da repetição de arremessos de bolas de beisebol ou outros esportes • IMPACTO INTERNO
acima da cabeça. Degeneração intrínseca leva ao desequilíbrio e Nesta condição o contato articular do manguito rotador ocorre
perda de força progressivamente, levando à ascensão ou translação com o aspecto posterossuperior da glenoide quando o ombro está
superior da cabeça umeral e ao impacto. Como suporte para teoria em abdução, extensão e rotação lateral como na posição de arre-
do impacto como fenômeno secundário, autores citam a melhora messo. Esse contato provavelmente é um fenômeno normal, mas
dos sintomas após reabilitação (alongamento capsular e fortaleci- se torna patológico em alguns pacientes. Geralmente ocorre em
mento do manguito rotador). Recomendam acromioplastia conser- arremessadores que perdem amplitude na rotação interna do
vadora ou não fazê-la nos casos da cirurgia para reparo do manguito ombro fazendo com que o centro de rotação da cabeça umeral é
rotador e preservação do ligamento coracoacromial em vez de sua desviado proximalmente aumentando o contato entre o manguito
ressecção. Esta ressecção tem sido abandonada para evitar possível rotador e a inserção do tendão do bíceps. Achados artroscópicos
"escape" anterior e superior da cabeça umeral sob o acrômio quando incluem ruptura parcial do manguito rotador, ruptura do labrum
a ruptura do manguito falha posteriomente ou é irreparável. superior e posterior e frouxidão capsular anterior. No início do
processo, fisioterapia agressiva principalmente para recuperação
• IMPACTO SUBCORACOIDE da rotação interna e fortalecimento do manguito rotador geral-
Goldthwait, em 1909, foi o primeiro a descrever dor no ombro mente são bem sucedidas. O tratamento antroscópico deste pro-
causado pelo contato entre o manguito rotador e o processo blema está apresentado no Capítulo 52.
coracóide. Gerber et ai. sugeriram que esse contato doloroso O tratamento inicial dos pacientes com tendinopatia causada
pode ser causado pelo coracoide proeminente, o qual pode por impacto extrínseco primário clássico é conservador bem orien-
ocorrer por várias condições idiopáticas e iatrogênicos . A forma tado e planejado, incluindo medicamentos anti-inflamatórios, uma
iatrogênica foi a mais comum nas séries sendo, observada em ou até duas injeções subacromiais de cortisona e um programa de
pacientes que se submeteram à osteotomia do coracóide tipo fisioterapia enfatizando ganho de mobilidade em todo ombro com
Trillat para tratamento da instabilidade anterior. Esse tipo de alongamentos além do fortalecimento do manguito rotador. Se o
impacto não foi estudado de forma extensiva e permanece como paciente não responde bem após 3 a 4 meses com tratamento con-
diagnóstico de exclusão. Manobras clíncas atribuíram a essa con- servador, a cirúrgica pode ser indicada sendo direcionada para a
dição, incluindo a sensibilidade sobre o coracóide e o teste do lesão específica.
impacto coracóide positivo (Fig. 46-lE). Injeção de lidocaína na Acromioplastia artroscópica ou aberta, quando indicada, é o
região subcoracoide similar ao teste de Neer (Fig. 46-lA) foi tratamento preferido para a síndrome do impacto. Resultados da
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO EDii
acromioplastia anterior aberta variam muito. Em mais de 20
grandes séries da acromioplastia aberta, a média de sucesso foi de
aproximadamente 85%. Falhas foram relatadas em diagnóstico
incorreto, técnica inadequada e outras complicações. Para o
sucesso da acromioplastia o impacto deve ser a causa da dor com
história clínica e exame físico adequados. Artrose acromioclavic u-
lar ou glenoumeral, instabilidade sutil em atletas arremessadores,
capsulite adesiva inicial e fibromialgia podem ser de difícil diag-
nóstico. Espondilose cervical com irritação de raíz nervosa ou
lesão do nervo supraescapular também podem simular sintomas
da síndrome do impacto.
Técnica inadequada tem sido descrita como causa de falhas na
acromioplastia. Osso adequado deve ser removido para aliviar a
estenose subacromial. Ressecção óssea inadequada parece ocorrer
com maior frequência na artroscopia comparada à acrom ioplastia
aberta. Além do rebordo anterior, a porção do acrômio anterior à
cortical anterior da clavícula deve ser removida para obtenção do
melhor resultado. Na descrição original da técnica recomenda-se
ressecção e remoção de parte do ligamento coracoacromial, evi-
tando que o mesmo cicatrize novamente no acrômio. Nossa prática
atual é liberar o ligamento. Acreditamos que o ligamento pode ser O!iji!@E19 Acromioplastia anterior. A incisão cutânea é
parte do processo patológico e que ao cicatrizar novamente no feita acompanhando a linha imaginária que passa pelo bordo
acrômio, restaura o arco coracoacromial evitando subluxação ante- anterior do acrômio. O acrômio é exposto pela incisão entre as
rossuperior da cabeça umeral. porções do deltoide anterior e lateral. VEJA A TÉCNICA 46-1.
Usamos a artroscopia e ocasionalmente a cirurgia aberta.
Acreditamos que tan to a acromioplastia aberta quanto artroscópica
sejam satisfatórias se os princípios da técnica original descrita por acrômio (evitar lesão do nervo axilar) em direção ao
Neer, forem seguidos como a seguir: acrômio anterolatera l (Fig. 46-6A).
• Liberação (não ressecção) do ligamento coracoacromial •O deltoide pode permanecer inserido ou ser liberado do
• Ressecção do rebordo anterior e lateral do acrômio acrômio anterolateral, dependendo da preferência do
• Ressecção do acrômio anterior à cortical anterior da clavícula cirurgião. Inicialmente preferimos deixar o deltoide inse-
• Ressecção de 1 a 1,5 cm da clavícula distal se houver alterações rido, liberando-o posteriormente se for necessário.
degenerativas significativas •Para esse passo libere o deltoide com seu periósteo junto
com o periósteo do trapézio aproximadamente 2 cm
sobre o acrômia l superior (Fig. 46-68).
ACROMIOPLASTIA ANTERIOR ABERTA •Libere o folheto deltoide-periósteo med iaimente até
próximo da articulação acromioclavicular (sua cápsula
TÉCNICA anterior geralmente faz parte do folheto) e 1 cm late-
ralmente ao acrômio latera l. Ocasionalmente, o periós-
• Posicionar o paciente na posição sem i-vertical, com a teo fica frágil depois da desinserção, e o deltoide deve
cabeça elevada em 30 a 35 graus (posição em "cadeira ser separado, para depois ser reinserido no acrômio
de praia"). Coloque um coxim ou uma bolsa intravenosa através de orifícios ósseos. Observamos que a desinser-
medial à escápula para estabilizá-la. Esse grau de eleva- ção com eletrocautério geralmente produz folhetos mais
ção da cabeça geralmente posiciona a superfície superior espessos.
do acrômio perpendicular ao solo, permitindo que a oste- •A importância da desinserção cuidadosa do deltoide não
otomia acromia l seja rea lizada de modo perpendicu lar ao pode menosprezada. Por segurança o tecido deve ser
solo. O preparo incluindo todo membro superior é impor- mantido com reparo para se identificar e corrigir eventu-
tante para permitir manipulação livre do ombro. ais falhas, proporcionando reinserção correta no acrômio.
•Identifique e desenhe os contornos ósseos do ombro, Sem a reinserção segura do deltoide os resultados da
incluindo o acrômio lateral, coracóide e articulação acromioplastia podem ser comprometidos pela perda da
acromioclavicular. função do mesmo.
•Marque a incisão na pele segu indo as linhas de Langer •Após desinserção completa do fo lheto anterior ressecar
de 4 a 6 cm de comprimento e infiltre -a com epinefrina o ligamento coracoacrom ial. Usamos eletrocautério neste
em dilu ição de 1Oml / 1:500,000 para minimizar o passo pois o ramo acromial da artéria coracoacromial fica
sangramento. junto ao ligamento, e o uso do mesmo favorece exposi-
•Faça a incisão da porção lateral do acrômio anterior em ção completa do espaço subacromial.
direção ao coracó ide lateralmente a ele (Fig . 46-5). •Com espaço subacrom ial exposto, resseque a bursa e
•Após mobilização do tecido subcutâneo, identifique a qualquer aderência ou tecido da superfície inferior acro-
rafe muscular entre o deltoide anterior e médio e sepa- mial. A bursa pode ser bem espessa e faci lmente confun-
re-a distalmente até 5 cm ou menos do bordo lateral do dida com o tendão do manguito rotador. A bursa pode )
lllllDD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

H@IJ;tljCI19 A, Incisão centrada no bordo anterolateral do acrômio, evitando o nervo axilar, estendendo-se mediaimente sobre
superfície superior do acrômio. B, Origem do deltoide desinserida do acrôm io em continuidade com o periósteo do acrômio e a inserção
do trapézio. C, Proeminência anterior do acrômio a ser removida. VEJA A TÉCNICA 46-1.

ser identificada por sua continuidade com a superfície frequente de ruptura. A palpação ajuda identificar áreas
)
inferior acromial e sua aparência uni laminar diferente da de afinamento do manguito e pode indicar rupturas
aparência multilaminar do manguito rotador. Clark e Har- parcia l da superfície articular.
ryman descreveram cinco camadas distintas com várias •Se as imagens pré-operatórias demonstram degeneração
interdigitações nos tendões do manguito. acentuada sem rupturas, excisão da porção tendinosa
•Após ressecção da bursa, use uma serra osci latória ou doente com reparo direto ou reinserção no osso devem
pinça tipo "saca-bocado" para remover a porção de ser considerados (Técnica 46-2)
acrômio que se projeta anteriormente à borda anterior da •Faça rotação interna e lateral do ombro para inspeção
clavícula (Fig. 46-6C). Isso remove a porção acromial que completa da superfície bursal do manguito.
causa o impacto e faci lita a conclusão da acromioplastia •Irrigue cuidadosamente a área removendo qualquer tecido
com serra ou osteótomo. Preferimos a serra neste passo ou fragmento do espaço subacromia l.
pois oferece maior controle que o osteótomo, prevenindo •Suture o periósteo do deltoide em toda extensão
fratura no acrômio posterior. desinserida e se necessário use perfurações no acrômio
•Comece a osteotomia na porção anterossuperior do com suturas não absorvíveis garantindo reinserção segura.
acrômio extendendo-se até a jun ção dos terços méd io e O reparo do deltoide com orifícios ósseos no acrômio é
anterior do acrômio, incluindo todo acrômio anterior de o método preferido.
medial para lateral. •Feche a ferida em planos como de rotina.
•Use um afastador curvo tipo Hohmann ou lâmina male-
ável para deprimir a cabeça do úmero e proteger o man- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é mantido em
guito durante esse passo. tipoia simp les. Exercícios pendulares são iniciados no dia
•Regularize a superfície inferior do acrômio com uma segu inte à cirurgia. Exercícios passivos de abdução,
raspa. rotação interna e latera l são iniciados ao final de uma
•Palpe a parte inferior da articulação acrômioclavicular e semana. Após três semanas iniciam-se exercícios ativos.
remova qualquer sa li ência ou esporão ósseo. A tipoia é descartada assim que o paciente se sentir
•Se houver alterações degenerativas importantes, resseque confortável.
1,0 a 1,5 cm da clavícula distal. Radiografias pré-opera-
tórias e sintomas devem indicar a necessidade deste pro-
ced imento ad iciona l não devendo ser feito de rotina.
• Se a clavícula foi ressecada, preserve a cápsula acrômiocla-
vicu lar para facilitar o posterior reparo do deltoide nessa • COMPLICAÇÕES
área . Não estenda a ressecção clavicu lar além de 1,5 cm
Complicações após acromioplastia incluem, mas não se limitam a,
mediaimente para evitar lesão dos ligamentos coracoclavi-
infecções, formação de seroma, hematomas, fístula sinovial, ruptura
cu lares, o que causa instbi lidade da clavícu la distal.
do bíceps, embolia pulmonar, fratura acromial e síndrome da dor
•Inspecione cuidadosamente qualquer ruptura do man-
regional complexa. Falta de motivação pelo paciente, não cumpri-
guito rotador em toda superfície antes do fechamento. A
mento da reabilitação ou programa inadequado da mesma também
área proximal à inserção do supraespina l é o local mais
podem levar a falhas por dor contínua ou rigidez.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO

Não há dúvida que a pior complicação que comumente ocorre


é a perda da função do deltoide anterior causada por lesão no nervo
QUADRO
46 _2 Classificação por Tamanho das
Rupturas Completas do
axilar ou deiscência do deltoide do acrômio. Perda da função do
Manguito Rotador
deltoide anterior produz resultado ruim apesar da ressecção óssea e
liberação do ligamento terem sido adequadas. Existem poucas alter- Ruptura pequena: < 1 cm
nativas para recuperação da fun ção após deiscência e retração do Ruptura média: 1 a < 3 cm
deltoide. Pelo fato de serem mais comuns após acesso com liberação Ruptura grande: 3 a < 5 cm
do deltoide, recomendamos reinserção direta no acrômio com Ruptura extensa: 2'. 5 cm
suturas firmes principalmente quando a qualidade do tecido não for
viável para reparo tendão-tendão.

RUPTURA DO MANGUITO ROTADOR


do manguito rotador tem sido descrita como relacionada à
A maioria dos pacientes com patologia do manguito rotador têm idade; após 66 anos há 50% de probabilidade de ruptura bilate-
início insidioso de dor e perda de força progressivas, com perda ral. A duração dos sintomas também está relacionada à extensão
concomitante de movimentos ativos. A dor geralmente ocorre à da lesão: quanto mais tempo com sintomas maior será a dege-
noite e pode ser irradiada para região da inserção do deltoide. neração gordurosa no músculo do tendão rompido. Uma revisão
A amplitude de movimento passiva se mantém completa inicial- retrospectiva de 1.688 pacientes com ruptura do m<inguito
mente até a dor começar a limitar a mobilidade ativa suficiente para rotador demonstrou que a infiltração gordurosa moderada no
o desenvolvimento de capsulite adesiva. A maioria dos pacientes supraespinal estava presente em média 3 anos após início dos
não se recorda de incidente traumático específico que se refira ao sintomas e infiltração grave foi em média 5 anos. Em outro
início do problema. As recomendações do tratamento se baseiam estudo com ultrassonografia em 105 reparos do manguito
na idade do paciente, sintomas e demandas de atividade além da rotador, pacientes com reparos completos de rupturas extensas
história natural do manguito rotador. tiveram resultados iguais às rupturas menores. De acordo com
A história natural da ruptura do manguito rotador nem sempre o tamanho, quanto maior a lesão maior a perda de força, mobi-
é previsível. Por um lado muitos pacientes com ruptura completa lidade e função. Um estudo mais recente confirmou esses resul-
são assintomáticos ou respondem bem ao tratamento conservador. tados em um grupo de pacientes com idade de 65 anos ou mais:
Por outro lado estudos demonstram que algumas rupturas previa- aqueles em que as lesões cicatrizaram após reparo tiveram a
mente assintomáticas se tornaram sintomáticas ou aumentaram de função similar aos pacientes sem rupturas da mesma idade e
tamanho se tornando irreparáveis. A patologia no manguito rotador estavam melhores que pacientes com rupturas não tratadas.
é um problema comum com estudos anatômicos em cadáveres Esses achados indicam que cirurgia precoce, em que a maioria
demonstrando rupturas em 30% a 50%, sugerindo ser parte do pro- das lesões é pequena e com menos degeneração do músculo, os
cesso normal de envelhecimento. resultados são melhores.
Rupturas completas do manguito rotador são compatíveis com As lesões do manguito rotador podem ser descritas de
a função normal. Em 1962, McLaughlin sugeriu cinco razões para várias formas, incluindo aguda ou crônica, completa ou parcial,
evitar reparo precoce de modo geral: (1) pelo menos 25% dos traumática ou degenerativa. É importante diferenciar os tipos
ombros de cadáveres apresentaram ruptura ou degeneração do man- para planejamento do tratamento apropriado. Rupturas comple-
guito, (2) 50% dos pacientes melhoraram espontâneamente, (3) tas também são classificadas de acordo com o tamanho (Quadro
reparo imediato não tinham benefício pois sempre acontecia em 46-2). A classificação mais comum (Cofield) é baseada na maior
tendões doentes, (4) resultados do reparo precoce ou tardio foram dimensão da ruptura. Também podem ser classificadas de acordo
semelhantes, e (5) diagnósticos precoces eram difíceis. A resolução com o número de tendões envolvidos. Além disso, o grau da
dos sintomas foi descrita em 33% a 90% dos pacientes tratados de retração tendinosa e a qualidade do tecido são características
forma conservadora, e recomendamos o tratamento inicial deste importantes e geralmente não são definidas nos esquemas de clas-
modo para pacientes idosos com baixa atividade com suspeita de sificação. Rupturas crônicas podem ser classificadas de acordo
ruptura do manguito rotador. Pacientes que não sentem dor ou não com a porcentagem de infiltração gordurosa no ventre muscular,
têm limitação nas atividades diárias também devem ser tratados de conforme avaliação na RM ou TC. Goutallier et ai. apresentaram
forma não operatória. Quando se decide pelo tratamento conserva- cinco estágios de degeneração gordurosa. A presença e grau da
dor, o mesmo deve ser iniciado prontamente e de forma agressiva. infiltração gord urosa e da atrofia muscular afetam o sucesso do
A duração dos sintomas parece estar correlacionada de forma reparo. Rupturas parciais foram descritas pela localização no
inversa com o sucesso conservador a longo prazo pois pacientes com tendão, grau e área de ruptura (em mm 2 ). Achamos mais fácil
sintomas por mais de 6 meses tiveram piores resultados. classificar as rupturas parciais de acordo com comprometimento
A evolução natural das lesões do manguito rotador nem menor ou maior 50% da espessura do tendão, usando este parâ-
sempre são previsíveis. Quando se or ienta o paciente com metro para o tratamento.
ruptura deve sempre ser lembrado que algumas rupturas assin-
tomáticas se tornam sintomáticas ou podem progredir no • RUPTURAS PARCIAIS E TOTAIS
tamanho. Um estudo em pacientes com rupturas do manguito Rupturas parciais podem ocorrer na superfície articular, bursal
rotador bilateral demonstrou que, embora todos os pacientes ou intratendíneas. A incidência exata das rupturas parc iais não
fossem assintomáticos em um lado na época da apresentação é conhecida. A maioria das informações provém de estudos em
inicial, durante o acompanhamento metade desenvolveu sinto- cadáveres, que refletem uma população idosa; a incidência em atletas
mas no lado previamente assintomático. A presença da ruptura arremessadores jovens é desconhecida. Entre as rupturas parciais,
lllm:) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

um estudo de cadáveres dem onstra qu e rup turas intrate ndín eas na maioria dos casos, embora a in cidência da rerruptura ocorra
são m ais comuns que articulares ou bursais. Outro estud o em 20% a 65%. Quatro séries grandes (Hawkins et ai. , Neer et ai. ,
clínico, porém, demonstrou que rupturas artic ulares constitu- Ellman et ai., e Cofield et ai.) que incluem 476 pacientes apresentam
íam 91 % de todas as rupturas parciais numa população de taxas de sucesso que variam entre 78% a 86%, sendo encontrados
atletas jovens. Esta discrepância entre es tud os cadavéri cos e resultados bons ou excelentes em 383 (80%) do total. Uma série com
clínicos pode ocorrer p elo fato das ruptur as intratendíneas vá rias revisões de reparos do manguito rotador, o alívio geral da dor
serem de difícil di agnóstico com artroscopia, RM ou ultrasso- fo i obtido em 87% dos pacientes, com 77% classificados como satis-
nografia comparadas às ar ticulares ou bursais. A prevalência fatór ios. Nossos resultados fora m similares, alcançando controle da
real das rupturas parciais provavelmente é maior qu e a docu- dor e retorno às fun ções em aproximadamente 80% dos pacientes.
mentada na literatura. Os resultados geralmente são melhores em pacientes com menos de
A evolução natural das rupturas parciais não é completamente 60 anos de idade, embora resultados clínicos sejam geralmente bons
conhecida. Imagens e estudos clínicos sugerem que as mesmas pro- independente dos resultados ruins das imagens.
gridam em pelo menos 80% dos casos. Vários autores compararam a descompressão com e sem
Nas rupturas parciais, o programa de tratamento inicial reparo e encontraram resultados bem melhores com o reparo. Resul-
conservador apropriado inclui mudança de háb itos nas ativida- tados satisfatórios após descompressão variaram entre 8% a 59%, e
des, exercícios de fortalecimento e medicamentos anti -inflama- os mesmos deterioraram com o tempo. Antes do reparo do man-
tórios. Cirurgia é indicada quando há falha no tratame nto gui to rotador, recomendamos artroscopia diagnóstica. A ruptura e
conservador. A avaliação artroscópica é necessária para determi- o tamanho podem ser confirmados, e outras patologias articulares
nar a extensão da lesão e a descompressão sub acro mi al está indi- podem ser tratadas. Pode-se optar pelo reparo artroscópico ou por
cada quando houver sinais de impacto. As causas da lesão devem incisão mínima ("mini-incisão") assitida pela artroscopia ou conver-
ser tratadas no ato cirúrgico. Debridamento ou reparo da lesão ter para procedimento aberto. Atualmente acreditamos que o reparo
parcial depende do seu grau, do nível de atividade e idade do artroscópico ou artroscópico assistido seja apropriado para lesões
paciente. Atualmente, realizamos o debridamento artroscópico parciais e completas pequenas, médias e algumas grandes. As van-
da lesão parcial quando são encontra das em inspeções durante tagens descritas do reparo artroscópico incluem a inspeção glenou-
as acromioplastias artroscópicas . Se a lesão envolve menos que meral e tratamento de lesões intra-articulares, preservação evitando
50% da espessura do mangui to, a acrom ioplast ia e o debrida- desinserção do deltoide, menos dissecção de partes moles e incisões
m ento são suficientes. Se for de maior grau, a excisão elíptica e menores. As técnicas artroscópicas permitem avaliação com segu-
reparo do tendão são indicados. rança do tamanho da lesão, qualidade e mobilidade do tendão, e
Os resultados do tratam ento conservador das rupturas par- visão do ponto correto para inserção das âncoras ósseas para sutura.
ciais são desconhecidos pois não existe na li teratura nenhum Para técnicas do reparo ar troscópico, consulte o Capítulo 52.
estudo de acompanhamento por longo prazo utilizando-se proto- A técnica artroscópica associada à cirurgia aberta foi descrita
colo de tratamento padronizado em populações de pacientes uni- para rupturas combinadas do tendão subescapular, supraespinal e
formes e bem definidas. Resultados bons e excelentes após infraespinal. O reparo do manguito rotador posterossuperior é rea-
debridame nto artroscópico foram re latados em 80% a 90% dos lizada artroscopicamente seguida pelo reparo aberto do subescapu-
pac ientes, com melhora da dor, função, elevação anterior ativa e lar. As vantagens deste método incluem a possibilidade do tratamento
força. Estud os também relatam não haver diferença significativa das patologias associadas com reparo relativamente mais fácil com
nos resultados entre rupturas completas ou parciais ou entre fixação segura e confiável.
pacientes com rupturas parciais menores que 50% da espess ura Reparos abertos do manguito rotador também podem ser
e pacientes sem rupturas. feitos por artrotomia mínima apenas divulsionando-se as fibras do
O objetivo principal do tratamento cirúrgico é o alívio da dor deltoide (deltoid-split) (Técnica 1-81).
que é geralmente previsível. A melhora na fun ção é objetivo secun-
dário, porém importante. Esta não é tão previsível como o alívio da
dor e depende da idade do paciente, do tempo e tamanho da ruptura
(reflete a qualidade e condição do tendão e músculo) e reabilitação
pós-operatória. Pacientes idosos ou com pouca atividade inicial-
mente são tratados conservadoramente (de 8 a 12 semanas). Se REPARO ABERTO DA RUPTURA DO
houver melhora o mesmo deve ser mantido, caso contrário indica- MANGUITO ROTADOR
mos cirurgia para evitar maior atrofia na musculatura do manguito
rotador. Cirurgia é recomendada nas lesões agudas em pacientes TÉCNICA
jovens ou idosos (60 a 70 anos) bem definidas que subitamente
geram perda de força de rotação lateral contra resistência. De acordo •Proceda a acromioplastia anteroinferior conforme des-
com nossa experiência esses pacientes ge ralmente recuperam de crito na Técnica 46-1. Esse passo é importante na cirurgia
modo excelente a força e função. A cirurgia é contraindicada em do manguito rotador e os resultados do reparo sem a
pacientes com rigidez articular concomitante (secundária à capsulite descompressão não são tão bons quanto os resultados
adesiva). Qualquer rigidez pré-operatória significante deve ser cor- do procedimento combinado.
rigida antes do reparo do manguito para evitar rigidez pós-operató- • Após acromioplastia padrão avalie cu idadosamente a
ria. É fundamental que a mobilidade seja ampla antes da cirurgia lesão do mangu ito rotador.
para evitar rigidez pós-operatória grave. • Gera lmente começam na região da inserção do supraes-
Resultados clínicos do reparo do manguito rotador em pacientes pinal ficando o coto retraído sob a região da articulação
sintomáticos acompanhados por dez anos variam de bom à excelente
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO f.m:llll
acromioclavicu lar. A maioria das ru pturas além de trans- especializado (Concept, Largo, FL) (Fig. 46-7F). Cuidado
versa is têm um componente longitudin al com formatos para não fraturar o osso cortical geralmente frágil nesta
ovais ou triangulares. Todas as rupturas, exceto as menores, área pe la osteoporose. Deixe um espaço de pelo menos
precisam ser avançadas anteriormente e lateralmente, 5 mm (de preferênc ia 1 cm) entre os orifíc ios na corti ca l
não apenas lateralmente, para restaurar a posição anatô- lateral umeral para melhor resistência sobre o qual os
mica e o comprimento correto da unidade tendão-mús- nós serão apertados.
culo. Rupturas menores que 2 ou 3 cm geralmente envolvem •Dê o nó dos fios das âncoras sob o coto do tendão com
o tendão infraespinal. quatro ou cinco nós para evitar impacto dos mesmos.
•Após identificar a falha e o tamanho da lesão, o passo O uso de pontos de reparo nos tendões para sua mani-
segu inte é o reparo . Geralmente é necessária li beração pulação são prefeíveis que pinças tipo Kõcher ou hemos-
para mobi lização do tendão. táticas pois evitam esmagamento ou esgarçamento dos
•Inicie a liberação posteriormente ao infraespinal usando mesmos. Ocasiona lmente fazemos incisões longitudinais
descolador rombo os dedos para soltar a aderência das nas extremidades do coto tendinoso permitindo adap-
faces interna e externa das articulação (Fig. 46-7A e B). tação do tendão na cana leta, que podem ser suturados
Não disseque distalmente ao redondo menor evitando antes do fechamento.
lesões no nervo auxi li ar no espaço quad rangular ou do • Em segu ida ama rre as suturas das âncoras mediais sobre
nervo supraescapu lar na área da incisura espinoglenoida l o tendão, terminando o reparo em dupla fileira.
próximo à superfície inferior do supraespina l. •Se a cortica l umeral lateral fraturar durante o fechamento
•Continue a liberação anterior do supraespinal. Se neces- dos pontos ou na perfuração dos túnei s ósseos, âncoras
sário pode-se conseguir exposição melhor ressecando-se podem ser usadas como correção. As âncoras parecem
1,0 ou 1,5 cm distal da clavícula, mas isso deve ser feito ter resistência adequada nos osso esponjoso e oferecem
quando existe artrose acromioclavicular associada. A li be- boa alternativa situações de maior dificuldade. Use essas
suturas para reforço adicional durante a sutura latera l, e
ração do li gamento coracoumera l nesta área permite
amarre-as na extrem idade do tendão com quatro nós,
mobilização lateral do supraespinal.
evitando impacto dos nós.
•Se os tendões supra e infraespinais estiverem bem retra-
• Feche a ferida como orientado para acromioplastia aberta.
ídos impedindo a mobi lização, libere a cápsula articular
na inserção dela junto ao /abrum glenoida l (Fig. 46-7C
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Depois do reparo, deve-se
e D). Se for necessária proceda a liberação das oito horas
usar tipoia simples ou funcional com travesseiro de
até as quatro horas posteriormente.
abdução ou imobili zador de ombros por 6 se manas.
•Uma segunda incisão posterior acima da espinha escapu-
Deve ser removida para exe rcícios assistidos de eleva-
lar para melhorar a mobilização tem sido descrita mas
ção e rotação lateral com objetivo de se evitar aderên-
não temos experiência com essa técnica.
cias, atrofia por desuso e falha no reparo. O reparo é
• Debride a extremidade do tendão liberado para obter um
mais fraco nas prime iras três semanas e a resistência
coto cruento cuidando para não confundir o tendão com
na sutura diminu i até os prim eiros três meses compa-
a bursa. O objetivo da liberação é obter um tendão resis-
rada ao momento da cirurg ia. Empiricamente, inicia-
tente o suficiente para reinserção anatômica adequada mos exercíc ios isométricos de rotação lateral com seis
sem danificar inervação ou comprometer a função do semanas e mobilização at iva após 12 semanas. Pac ien-
deltoide, além da descompressão subacromial evitando tes são advertidos que esforço exagerado com membro
impacto mecânico futuro sobre o manguito reparado operado pode romper a sutura entre 6 a 12 meses,
Após realizados estes passos, o reparo deve ser realizado. dependendo do tamanho da lesão e qualidade do tecido
Acred itamos que os melhores resultados são obtidos com e do reparo.
a sutura tipo dupla fi leira reinse rindo-se o tendão em uma
canaleta lateral em combinação com f ixação por âncoras
ósseas. Isso reduz a tensão no primeiro reparo e aumenta
a área de cicatrização entre o tendão e o osso.
• Com fio não absorvível nº 2 faça um ponto em U de supe-
rior para inferior e inferior para superior de modo horizon-
tal. Isso ajuda a aproximar o tendão dentro da canaleta. • RUPTURAS EXTENSAS E IRREPARÁVEIS
•Use um saca-bocado ou broca para criar a canaleta e Cordasco e Bigliani descreveram cinco fatores que melhoraram o
cruentizar a área óssea exposta do tubérculo maior (Fig. resultado do tratamento cirúrgico das rupturas grandes e extensas
46-7E) para reinserção dos tendões supra e infraesp inal. do manguito:
Regularize a extremidade proximal com broca ou raspa. 1. Descompressão subacromial adequada
•Insira duas ou três âncoras ósseas mediaimente à cana leta 2. Manter a integridade do deltoide
latera l em um ângulo de 45 graus, passando as suturas 3. Mobilizar os tendões e liberar o intervalo quando indicado
através do tendão 3 a 5 mm media is às suturas laterais 4. Reparo do tendão no osso
(Fig . 46-7G) 5. Reabilitação pós-operatória sob supervisão cuidadosa e em
•Perfure o tubércu lo maior 2 a 3 cm lateral à cana leta estágios progressivos
com agulha Mayo nº 5,pinça Backhaus o u in strumento Quando o reparo for adequado o braço pode ser levado para
baixo ao lado do paciente sem tensão na sutura. Ocasionalmente,
lllm) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

O@ihtgil?m Reparo do manguito rotador. A e B, Liberação e mobilização. Os músculos supraesp inal e subescapular têm inserções
fasciais na base do coracó ide através do ligamento coracoumeral. Mobilização lateral do manguito retraído é obtida pela liberação
destas inserções. C e D, Avanço lateral do manguito pode ser obtido com a liberação da cápsula da glenoide seccionando-se a inserção
da cápsula sob o /abrum gleno idal. E, Osteótomo é usado para criar uma "canaleta" óssea . F, Orifícios para suturas transósseas são
confeccionados de 2 a 3 cm distais à "cana leta". G, Âncoras ósseas são inseridas proximal mente à margem da "canaleta", com suas
suturas passando no tendão proximalmente às suturas da "canaleta" . VEJA A TÉCNICA 46-2.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fl!!lll
apesar das tentativas de mobilização do tendão o mesmo permanece número, tipo e local de fixação; pré-tensionamento no momento do
tenso após o reparo. Neste casos mais difíceis há poucas opções. Se reparo). Um estudo recente usando modelo analítico de reparo do
o tendão puder ser aproximado até a canaleta óssea com braço em manguito rotador determinou que 70% a 80% da carga é distribuída
abdução, o reparo é realizado e o ombro é imobilizado em órtese no tendão após o reparo, com 20% a 30% da carga exercida no tecido
mantendo abdução por 6 semanas para proteger e promover a cica- de reforço. A resposta do hospedeiro e o remodelamento das estru-
tri zação do tendão no osso. Há muitos problemas com essa técnica turas biológicas também são afe tadas pelas espécies e tecidos de
mas ainda acreditamos que seja uma boa opção. origem e método de processamento e esterilização usados na prepa-
Tensão excessiva no reparo resultando corte do tendão pelas ração. Pela fa lta de dados clínicos para o embasamento das indica-
suturas tem sido citada como mecanismo mais comum de falha no ções do uso de scaffods biológicos, Derwin et ai. desenvolveram um
reparo do manguito rotador. A escolha do tipo e técnica de sutura sistema de classificação que correlaciona o tamanho da ruptura,
podem melhorar a resistência, além da proteção com a diminuição geometria e possibilidade de reparo com uso apropriado do scaffold
do nível de atividade pós-operatória. A segunda opção depende, tipo ECM (Tabela 46-3). Temos experiência limitada no uso deste
porém, da colaboração do paciente. E difícil manter o uso da imo- método.
bilização com abdução por 6 semanas por dificuldades com higiene, Estudos moleculares e celulares tiveram como alvo as inter-
conforto e dirigir. Sem mobilizacão precoce, há a possibilidade do faces entre tendão e osso, pesquisando o uso de fatores de cresci-
desenvolvimento de capsulite adesiva podendo haver mau res ultado mento e scaffolds revestidos de células para melhorar a cicatrização.
comparado a antes da cirurgia ou falta de resistência do colágeno O preparo de fator- b3 de crescimento com matriz de fosfato de
causada pela imobilização. Os resultados gerais são consistentes com cálcio demonstrou melhora na cicatrização em modelos com ratos,
alívio da dor e função; contudo, diminuição no arco de movimentos enquanto outros estud os com ratos demonstraram que o uso de
e força pode persistir. células tronco mesênquimais modificadas geneticamente para ove-
Na tentativa de diminuir a tensão e aumentar a resistência e rexpress BMP-13 não melhorou a cicatrização, mas células tronco
portanto melhorando a qualidade da cicatrização biológica no reparo modificadas para superexpress gene de desenvolvimento MTl-MMP
do manguito rotador, vários métodos de reforço foram desenvolvidos, produzi u mais fibrocartilagem na interface e melhorou a resistên-
incluindo autoenxertos (bíceps, subescapular, redondo menor, grande cia biomecânica.
dorsal, ligamento coracoacromial) , aloenxerto (tendão, ligamento, Plasma ri co em plaquetas (PRP), usado de forma bem suce-
enxerto liofilizado do manguito rotador), xenoenxerto e enxerto dida por muitos anos em outras especialidades médicas, se tornou
sintético. Os métodos mais usados para reforço são dispositivos popular no tratamento de várias condições ortopédicas, incluindo
estruturais (scaffolds) , desenvolvidos em ácido polilático, poli (lác- lesões agudas de partes moles e tendinopatias crônicas. O PRP é
tideo-co-ácido glicolídio ), e politetrafluoretileno; matriz extracelular definido como "volume de plasma que tem contagem de plaquetas
(ECM) de humanos, suínos, bovinos e equinos (Tabela 46-2); quitina acima da média do sangue"; contudo, as preparações de PRP podem
e quitosana hialurônico. A maioria dos estudos publicados descreve variar bastante conforme a quantia de sangue usado e na eficiência
pesquisas biomecânicas ou animais envolvendo ECM com número da recuperação das plaquetas, presença ou ausência de glóbulos
limitado de estudos com acompanhamento em pacientes humanos; brancos ou vermelhos, ativação de plaquetas com trombina e o nível
esses estudos têm demonstrado resultados cirúrgicos e taxas de de produção de fibrina. O efeito do PRP na cicatrização também
complicações variados. Alguns fatores influenciam o quanto os sca- varia de acordo com as estruturas muscoesqueléticas diferentes, difi-
ffolds podem melhorar as propriedades mecânicas do reparo do cultando a confirmação da sua eficácia. Há pouca informação sobre
tendão, incluindo as propriedades mecânicas e de retenção de sutura o uso de PRP em reparos do manguito rotador. Um estudo prospec-
e os métodos cirúrgicos usados na aplicação do scaffold (p. ex, o tivo com 14 pacientes apresentou melhora na pontuação das escalas


-
Dispositivos Estruturais de Matriz Extracelular Atualmente Aprovados pelo FDA para
46 - 2 Reparo do Manguito Rotador

PRODUTO TIPO ORIGEM FABRICANTE


Restore SIS (submucosa intestinal Suíno Depuy Orthopaedics (Warsaw, IN)
suína)
CuffPatch SIS (cruzado) Suíno Organogenesis (Canton, MA)
GraftJacket Derme Humano Wright Medical Technology (Arlington, TN)
Conexa Derme Suíno Tornier (Edina, MN)
TissueMend Derme (fetal) Bovino Stryker Orthopaedics (Mahwah, NJ)
Zimmer Collagen Repair Derme (cruzado) Suíno Zimmer (Warsaw, IN)
Bio-Blanket Derme (cruzado) Bovino Kensey Nash (E xton, PA)
OrthADPAT Bioimplant Pericárdio (cruzado) Equino Pegasus Biologics (lrvine, CA)
DISPOSITIVOS ESTRUTURAIS SINTÉTICOS
SoftMesh Soft-Tissue Poliuretano-ureia Biomet Sports Medicine (Warsaw, IN)
Reinforcement
X-repair poli (ácido L-láctico) Synthasome (San Diego, CA)
De Derwin KA, Badylak SF, Steinmann SP, lannotti JP: Extracellular matrix scaffold <levices for rotator cuff repair, J Shoulder Elbow Surg 19:467, 2010.
llll!!D PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Ili _
46 3
Graus da patologia do manguito rotador com indicações de uso de matriz extracelular
no reparo

CARACTERÍSTICAS DA
GRAU RUPTURA TRATAMENTO(S) ATUAL(IS) RESULTADOS INDICAÇÃO
VI Ruptura extensa, retraída Artroplastia total reversa Função adequada, mas Não indicada
irreparável com patologia do ombro (agressiva) limitada
intra-articular
V Ruptura grande, extensa (3-5 Tentativa de reparo aberto Alta taxa de falha (2'. 50% de lnterposicição em
cm, 2-3 tendões); irreparável ou artroscópico, transferên- re-ruptura e/ou pontuação pacientes
(não pode ser reinserida no eia muscu la r, debridamento baixa nos escores) selecionados
tubérculo maior sem tensão) e/ou reparo parcial
IV Ruptura grande, extensa (3-5 Reparo aberto ou Ta xa de falha moderada Reforço para
cm, 2-3 tendões); reparável artroscóp ico (2'. 30 % de re-ruptura, 85% aumentar
livre da dor, mas com comprim ento
redução de função) ("Augmentation")
Ili Ruptura méd ia e pequena Reparo artroscópico Taxa de falha moderada (taxa Reforço para
(< 3 cm, 1 tendão) de re-ruptura de 5%-10%; aumentar
85 % livre da dor mas> 50 % comprimento
com redução da função) ("Augmentation")
li Ruptura parcial (>50% da Descompressão 40% de falhas dentro de 5 Não indicado
superfície articular ou bursal) artroscópica / anos quando é realizado
debridamento ou reparo apenas o debridamento, 95%
com acromioplastia curado quando reparado
Ruptura parcial (<50% da Descompressão artroscó- 95% curado quando Não indicado
superfície articular ou bursall) pica / debridamento ou reparado
reparo com acromioplastia
De Derwin KA, Badylak SF, Steinmann SP, lannotti JP: Extracellular matrix scaffold devices for rotator cuff repair, J Shou/der Elbow Surg 19:467, 201 O.

de UCLA e Constant após dois anos da cirurgia, enquanto outro


estudo randomi zada com 88 reparos com ou sem uso do PRP não
demonstraram diferença estatística significativa com escalas de
Constant ou de imagens por RM.
Ocasionalmente, apesar dos esforços do cirurgião em usar
A
todas as técnicas de mobilização, algumas rupturas são muito
grandes e/ou retraídas, sendo impossíveis de reparo anatômico.
Nesta situação, existem outras opções apesar de nenhuma ser a ideal.
Duas opções são o reparo não anatômico ou parcial. Transferência
muscular é outra opção. Finalmente ainda existe a possibilidade do
debridarnento simples da lesão sem reparo.
McLaughlin descreveu a sutura do tendão em canaleta reali-
zada sobre a cabeça umeral (Fig. 46-8) . Pode ser feita mais proxi-
mal (aproximadamente 2 cm) na área do colo anatômico. Embora
permita um fechamento da lesão, há perda na va ntagem mecânica
da unidade tendão-músculo com esse ava nço proximal. Reparo
parcial de rupturas extensa tem sido proposta corno alternativa ao
simples debridamento ou transferências tendinosas. O passo
inicial é o fech amento tip o tendão-tendão que resulta na "conver-
gência m arginal" ao redor do tubérculo maior, diminuindo a
tensão na margem livre da lesão, aume ntand o a resistência da
construção. A combinação do reparo tendão-tendão com reparo
tendão-osso pode melhorar a função do manguito ro tador. Este 1i(€iii@E'l19 Técn ica de Mclaugh lin . A e B, Suturas passam
reparo em sido descrito corno superior ao debridamento simples, pelos orifícios confeccionados no osso e o coto do manguito
à transferência tendinosa ou comparado aos procedimentos de rotador é reinserido dentro da "canaleta" .
reforço com scaffolds nas lesões irreparáveis. Debeyre et al. foram
os primeiros a descrever o avanço lateral (deslizamento) do
músculo supraespinal nas lesões grandes demonstrando melhora e introdução nos procedimentos atuais de transposição tendinosa.
com esse procedimento. Essa técnica causa perda da força muscu- Detalhes deste procedimento podem ser encontrados em edições
lar em pelo menos um grau sendo citada como interesse histórico anteriores deste livro. Transferências tendinosas para o tratamento
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fl!1ll
Músculo
supraespinal

Cavidade - - --;;;;,,;=-;----- Labrum


glenoidal
Músculo
redondo menor-- 7 médio
Recesso inferior

Ligamento
glenoumeral inferior

A B Posterior Anterior

e
H(ijll;fum!19 Transposição subescapular de Cofield. A, Incisão necessária para transposição superior do tendão subescapu lar. B, Linha
de incisão na cápsula articu lar. Os ligamentos glenoumerais médio e inferior e o tendão subescapular são separados da cápsula .
C, Reparo tendão-osso e tendão-tendão do subescapular transposto. (A e C de Cofield RH: Subscapular muscle transposition for repa ir of
chronic rotator cuff tea rs, Surg Gynecol Obstet 154:3, 1982; B de Cofield RH: Subscapu laris tendon transposition for large rotator cuff tears, Tech
Orthop 3:58, 1989).

das rupturas irreparáveis do manguito rotador podem envolver Para rupturas anteroposteriores envolvendo subescapular e
transferência do próprio manguito ou outras unidades músculo- supraespinal a transferência do peitoral maior tem sido descrita. O
tendinosas. Cofield descreveu a transposição tendão subescapular arco coracoacromial deve estar intacto. A técnica consiste na libera-
para preencher lacunas da inserção supraespinal (Fig. 46-9). O ção da porção esternocostal do peitoral maior da sua inserção
segmento de tendão para transferência é obtido com a separação comum no úmero separando-a da porção clavicular mais sup erfi-
da porção bursal do subescapular da porção interna capsular. Após cial. Deve-se tomar cuidado para não lesionar as terminações ner-
desinserção do tubérculo menor, o segmento tendinoso é mobili- vosas. A cabeça esterno costal é passada por baixo da porção
zado superiormente para "cobrir" a cabeça umeral. Outros cirur- clavicular e sob o tendão conjunto até o tub érculo menor. O nervo
giões preferem usar a metade proximal do tendão subescapular musculocutâneo deve ser identificado e protegido; o tendão é
transferindo-o proximalmente após separá-lo da cápsula anterior. passado superficialmente ao nervo. A passagem do tendão sob o
Essa tipo de reparo resulta em aumento na tensão durante abdução tendão conjunto melhora os vetores posterior e inferior do tendão
e rotação externa e diminui a força do subescapular, diminuindo transferido. Resch et al. demonstraram resultados em 12 pacientes
o equilíbrio de forças anterior e posterior podendo prejudicar a com ruptura subescapular isolada irreparável; quatro tinham sin-
função do ombro. tomas de instabilidade e todos tivera m resultado positivo para o
PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

teste da compressão abdominal. Seis dos 12 pacientes tinham a não permitem o reparo direto, prossiga com a transferên-
manobra negativa no pós-operatório, e os quatro pacientes com cia do grande dorsal.
instabilidade não tinham mais sintomas. Essa transferência também •Faça uma incisão de 12 a 15 cm na pele seguindo a borda
é indicada para tratamento de deficiência anterior de partes moles lateral do grande dorsal (Fig . 46-1 OA).
e instabilidade após artroplastia do ombro. •Identifique o múscul o e libere-o da diáfise umeral (Fig.
Para rupturas posterossuperiores envolvendo o supra e infra- 46-1 OB), protegendo o nervo axilar imediatamente adja-
espinais a transferência do grande dorsal tem sido usada. Apesar cente ao bordo proximal do tendão, e o nervo radial
de resultados clínicos menores, mas estatisticamente significativos, circunda a diáfise imediatamente distal ao tendão.
espera-se melhora quanto a mobilidade e força. Fatores associados •Identifique o feixe neurovascular do grande dorsal e libere
à melhora clínica incluem melhor da elevação anterior e rotação o grande dorsal distalmente.
lateral em relação ao pré-operatório, demonstrada com eletromio- •Passe duas suturas de poliéster nº 3 pelo tendão nas
grafia em que a contração do grande dorsal ocorre simultânea- bordas lateral e medial e, com uma pinça de reparo longa,
mente; resultados ruins têm sido relacionados à perda de força transfira o tendão pelo plano entre o redondo menor-
muscular ao redor do ombro e função ruins. Resultados insatisfa- infraespinal e o deltoide (Fig. 46-1 OC)
tórios após este procedimento podem ocorrer comprados à situa- •Inserir o tendão transferido em uma canaleta óssea criada
ção pré-operatória. na superfície superior e lateral da cabeça umeral, saindo
A transferência subcoracoide do peitoral maior nos casos de com as suturas pelos tubérculos maior e menor onde são
ruptura extensa do manguito com subluxação anterossuperior tem amarradas (Fig. 46-1 OD) .
sido descrita, com aproximadamente 80% de resultados satisfató- •Quando possível unir o manguito rotador remanes-
rios. Outros músculos menos frequentemente usados para transfe- cente ao tendão transferido por sutu ra s. Se não for
rência incluem o redondo menor, deltoide e trapézio, mas estão possível apenas debride o manguito e reinsira o deltoide
associados à casos com função comprometida. Não temos experiên- com suturas transóssea s no acrômio. Feche a fáscia
cias com essa técnica. deltopeitoral.
Outros autores descrevem o uso de enxertos livres (autólogos
ou autógenos), como a porção intrínseca do bíceps, ligamento CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é imobilizado
coracoacromial ou fáscia lata, ou sintéticos, para preencher ou com 45 graus de abdução e 30 a 45 graus de rotação
substituir a deficiência do manguito rotador. Com algumas publi- lateral mantida em período integral por seis semanas.
cações a respeito, os resultados da maioria não são encorajadoras. Exercícios passivos sem a imobilização começam no
Contudo há um estudo relatando sucesso com reforço do man- primeiro dia pós-operatório. Após se is semanas, a
guito rotador em 14 fa lhas extensas relatados como "retalho de imobilização é descontinuada e exercícios ativos de
tendão" derivados da cabeça longa do tendão do bíceps (Patch). abdução e rotação externa são iniciados . Fortaleci-
A desvantagem dos materias sintéticos é a possibilidade de reação mento é permitido três meses sendo mantidos por seis
tipo "corpo estranho" ou rejeição ao tecido. Esses materiais não a nove meses.
substituem a musculatura atrofiada e fraca do manguito rotador
presente nas rupturas extensas crônicas.

Outra opção que recomendamos para pacientes com ruptu-


TRANSFERÊNCIA DO GRANDE DORSAL ras extensas sem possibilidade de reparo mesmo em abdução é o
debridamento com descompressão conservadora. Se possível man-
TÉCNICA temos o bíceps já que é um depressor da cabeça umeral. O método
é simples, não interfere no equilíbrio das forças anterior e poste-
(GERBER ET AL.) rior o pós-operatório tem reabilitação imediata. Acreditamos ser
uma boa opção, especialmente em pacientes idosos em que o
•Com o paciente em decúbito lateral, faça uma incisão na objetivo principal é o controle da dor. Muitos estudos de curto e
pele de aproximadamente 8 cm superolateral no sentido médio prazo demonstram resultados satisfatórios com o debri-
das linhas de Langer imediatamente lateral à articulação damento e descompressão nas rupturas extensas do manguito
acromioclavicular. rotador. Contudo, os trabalhos demonstram que o resultado geral-
•Com bisturi proceda desinserção subperiostal do deltoide mente piora com o tempo.
lateral do acrômio sem deixar inserção no osso; alternativa- Também tivemos sucesso com transposição do subescapular
mente, use osteótomo para isto, retirando-se um pequeno (Fig. 46-9); porém, a morbidade é maior neste procedimento com-
fragmento de osso ("casca") na origem do deltoide. parado ao debridamento e descompressão, e os resultados são simi-
•Não violar o deltoide anterior lares. A técnica de descompressão e debridamento não deve ser a
•Após mobilização correta dos tendões retraídos, exponha opção quando o reparara direto for possível.
o manguito rotador e tente repará-lo diretamente na área Realizamos descompressão e debridamento nas rupturas exten-
de inserção anatômica (footprint). sas artroscopicamente (Cap. 52). A técnica aberta também é descrita
•Se a libera ção do sup raespinal, infraespinal e redondo como opção. Modificamos a técnica preservando o ligamento coraco-
menor (incluindo o ligamento coracoumeral e capsulotomia) acromial para evitar subluxação anterossuperior da cabeça umeral no
pós-operatório.
CAPÍTULO 46 LE SÕES DO OMBRO E COTOVELO Em

A B

Redondo menor
D O@ihf4mlr!) Transferência do grande
Redondo maior dorsal. A, Incisão posterior na pele. B,
Grande Desinserção do músculo da diáfise umeral.
C, Suturas confeccionadas na ext remidade
do t endão. D, Tendão transferido e reinse-
rido na "ca naleta" óssea criada na cabeça
e umeral. VEJA A TÉCNICA 46-3.

modificamos esse passo liberando primeiro o ligamento


DESCOMPRESSÃO E DEBRIDAMENTO para a segu ir fazer a acrom iopl astia com se rra, rein se-
DAS RUPTURAS EXTENSAS DO rin do o ligamento ao acrôm io no final, prese rva ndo a
MANGUITO ROTADOR estab il idade do arco coracoacromial.
• Debride o tec id o avascular e tente mob ilizar, se pos-
TÉCNICA sível, os tendões vascularizados do manguito rotador
para reparo no tubérculo maior ou em uma canaleta
(ROCKWOOD ET AL.)
criada na transição do tubércu lo e a superfície articu -
• Posicione o paciente em um posição tipo "cadeira de lar da cabeça umeral sem tensão e com braço ao lado
praia". do paciente. Isso pode ser impossível nas lesões de 5
•Faça uma incisão junto da borda latera l do acrômio acom- cm ou mais envolvendo os tendões supra e infraespi-
panhando as linhas de Langer. nais. Durante a mobilização, evite lesão do nervo
•Abra o interva lo entre as porções anterior e lateral do sup raescap ular.
deltoide, desinserindo com cu idado a parte anterior da •Se a mobilização adequada não for possível, debride o
borda anterior do acrôm io. manguito o suficiente para que não haja componentes
• Desinserir também de 1 a 2 cm do deltoide lateral ao residua is dos tendões que possam causar impactado
acrômio . entre a cabeça umeral e o acrôm io durante a elevação ou
• Com osteótomo, ressecar a porção do acrôm io anterior rota ções do membro superi or. Sal iências ou exostoses
à clavícula verticalmente; libere ligamento coracoacromial maiores no tubérculo maior devem ser regularizadas
junto com o acromial (como citado anteriormente, prefe- também para evitar impacto subacromial.
rimos preservar o ligamento). •Pode-se usar cera óssea na região óssea ressecada para
• Remova a porção anteroinferior do acrômio com ostótomo diminuir sangramento ou evitar que a exostose volte a se
e regu larize a superfície inferior com raspa. Geralmente, desenvolver. )
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

•Reinserir o deltoide e o ligamento coracoacromiail f irme- a mesma superiormente exercendo forças de cisalhamento pela cavi-
) dade glenoidal. A cartilagem articular tem pouca resistência às forças
mente no acrômio com suturas transósseas com fios não
reabsorvíveis nº2. do cisalhamento, levando a degeneração progressiva. Nee r também
•Feche a ferida por planos da maneira usual. definiu que fatores nutricionais contribuem para o processo degene-
rativo pela diminuição na pressão articular e redução da qualid ade do
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é imobi lizado líquido sinovial levando à atrofia da cartilagem e osso. Achados radio-
em tipoia. Bloqueio interescalênico em dose ún ica ou por gráficos incluem o "sinal da sobrancelha" (Fig. 46-11) (e rosão da
três dias pode ser usadda controle da dor além de crio- superfície acromial inferior com a cabeça umeral se "articulando" com
terapia. O objetivo inicial é manter a amplitude normal o mesmo), osteófitos na cabeça umeral inferior e perda do espaço
de elevação anterior e rotações passivamente enquanto glenourneral (Fig 46- 12) .
o músculo deltoide cicatriza. Após recuperação da mobi-
lid ade, o fortalecimento do deltoide (especialmente
porção anterior), do manguito rotador remanescente e
estabi lizadores escapulares é o próximo objetivo na rea-
bilitação. Retorno às atividades normais geralmente leva
de 4 a 6 meses.

• COMPLICAÇÕES
Complicações após reparo do manguito rotador ocor rem em qual-
quer tamanho de lesão, mas principalmente nas grandes e extensas.
Tecidos friáve is e retraídos são difíceis de reparo, podendo ficar frágil.
Deve ser usado fio de sutura não absorvível para reparo do deltoide e
manguito rotador. As âncoras ósseas parecem ter resistência compa-
rada às suturas transósseas. Embora as novas gerações de âncoras
apresentarem qualidades favo ráveis, geralmente não as usamos isola-
Mdii;f4mlJI Radiografia demonstrando esclerose subacro-
mial, também cham ado de "sina l da so brancelha" (seta), pelo
damente mas em combinação com pontos transósseos.
contato crônico da superfície inferior do acrômio no processo do
Como o nervo supraescapulare está em média a 1,8 cm do
impacto . (De Matsen FA Ili, Arntz CT: Subacromial impingement. ln
labrum glenoidal posterossuperior, a profundidade da liberação não
Rockwood CA Jr, Matsen FA Ili, editors: The shoulder, Filadélfia, 1990,
deve exceder esta medida. Se mais mobilização for necessária, libe-
Saunders).
ração capsular deve ser associada.
Transposição da porção superior do tendão subescapular pode
resultar em instabilidade anterior e perda de força em rotação interna.
O redondo menor e a transposição do infraespinal pode resultar em
perda de fo rça em rotação lateral. Enxertos livres têm sido usados
com pouco sucesso e não são recomendados.
Apesar de resultados tecnicamente excelentes, alguns pacientes
não voltam ao mesmo nível de atividade prévia. Alguns pacientes
desenvolvem rigidez pós-operatória por imobilização ou tiveram
dor noturna persistente. Embora a seleção cuidadosa dos pacientes
possa diminuir a frequência destes problemas, apenas 80% dos
pacientes tiveram alívio completo da dor e retorno das funções
próximas do normal. No grupo especial de pacientes envolvidos
com benefícios trabalhistas geralmente se espera taxa de sucesso em
torno de apenas 40% a 50%.
A complicação que ocorre na deficiência do arco coracoacro-
mial com ruptura extensa do manguito resultando na subluxação
an terior e sup erior da cabeça umeral normalmente não tem trata-
mento eficaz. A preservação do arco coracoacromial é o melhor
método para prevenção dessa complicação.

ARTROPATIA DO MANGUITO ROTADOR O!iji!;f4E19 Radiografia demonstrando o "s ina l da sobra n-


ce lha" (seta branca), perd a do espaço artic ul ar (seta longa preta),
O estágio final da doença do manguito rotador leva à entidade conhe- e osteófitos da cabeça um era l (seta curta preta) na artro patia do
cida como "artropatia por ruptura do manguito rotador". Devido à manguito rotador. (De Cofield RH: Degenera.tive and arthritic pro-
ruptura extensa o efeito depressor normal da cabeça umeral pelo blems of the glenoumeral joint. ln Rockwood CA Jr, Matsen FA 111,
supraespinal é perdido e o deltoide sem resistência traciona e subluxa editors: The shoulder, Filadélfia, 1990, Saunders).
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fl!m
Tratamento cirúrgico da artropatia do manguito geralmente Não há critérios universalmente ace itos para o diagnóstico do
envolve artroplastia de várias formas. Artroplastia da cabeça umeral ombro congelado. Temos observado que iniciamente há perda na
com manutenção do arco coracoacromial foi usada no passado rotação interna, seguida pela elevação anterior e rotação lateral. Na
sendo uma solução durável, embora a melhora da dor e função maioria dos casos nossos pacientes têm rotação interna apenas até
sejam menos confiáveis. Novos modelos protéticos contam com o sacro, com perda de 50% na rotação lateral e menos de 90 graus
extensão lateral sobre o tubérculo maior melhorando a articulação de abdução. Incluímos esses pacientes no diagnóstico do ombro
com acrômio e evitando impacto. Pelas forças de cisalhamento men- congelado, mas não temos critérios de inclusão formais.
cionadas acima que causam desgaste e soltura da glenoide, é con- Testes diagnósticos em pacientes com ombro congelado
traindicada artroplastia total convencional nas rupturas extensas e (incluindo radiografias) geralmente são normais, exceto em pacien-
irreparáveis do manguito rotador. tes com doenças associadas, como diabetes melito ou doenças da
Artroplastia reversa total do ombro é outro tratamento em tireoide. Cintilografia óssea têm sido descritos como positivas em
pacientes com manguito rotadore irreparável e/ou artropatia do alguns pacientes, e estaria relacionado com valor preditivo positivo
manguito rotador. É particularmente benéfica aos pacientes com para o tratamento com injeções de esteroides. A RM demonstra
"escape" anterossuperior ou subluxação da cabeça umeral. Necessita aumento no flu xo de sangue pela sinovial, mas seu valor está na
deltoide funcionante para restaurar elevação anterior, resultando na avaliação de outras estruturas no ombro para eliminar outras con-
melhora importante quanto ao alívio da dor e melhora funcional. dições patológicas.
O glenoide é substituída por um conjunto de base metálica (base- Artrografia caracteristicamente demonstra vo lume articu-
plate) acoplada a uma esfera também metálica ("glenosferà'), e a lar diminuído com rebordos irregulares. Melhora no quadro
cabeça umeral por superfície de apoio à esfera geralmente em polie- clínico tem sido descrito após artrografia pela ruptura de ade -
tileno, formando uma articulação semi-constrita. Dese modo o rências ao injeção forçada de líquido na da articulação. Volume
"fulcro" estável do tipo "bola em soquete" é restabelecido e o deltoide menor que 10 mi e o não enchimento do recesso axilar atual-
pode então promove r a elevação anterior. A técnica e os resultados mente caracterizam os achados artrográficos indicativas de
desse sistema estão descritos no Capítulo 12. ombro congelado.

• OMBRO CONGELADO PRIMÁRIO


CAPSULITE ADESIVA O ombro congelado primário (idiopático) é caracterizado por de
três fases clínicas. Os secundários podem não apresentar todas
Muito do conhecimento atual sobre o ombro congelado ou capsulite as fases ou não seguir a mesma cronologia. Embora o tratamento
adesiva, vem dos trabalhos de Neviaser e Lundberg. Neviaser definiu das duas condições ser muito similar, a causa secund ária do
o termo "capsulite adesiva" ao descrever a cápsula articular mais congelamento também deve ser diagnosticada e tratada. As três
espessa e retraída em torno da cabeça umeral, com relativa perda fases são :
do líquido sinovial e alterações inflamatórias crônicas na camada Fase I-dor. O paciente geralmente tem início gradual de dor
subsinovial da cápsula. Evidências sugerem que as mudanças pato- difusa no ombro, que progride por semanas ou meses. Geral-
lógicas subjacentes da capsulite adesiva são inflamações sinoviais mente é pior à noite e exacerbada ao deitar sobre o lado
seguidas de fibrose capsular reacional. Citocinas e metaloproteinases afetado. Conforme o paciente usa menos seu braço, a dor se
têm sido implicadas na etiologia do processo, mas o fator que desen- soma à rigidez.
cadeia o processo é desconhecido. Fase II-rigidez. O paciente busca alívio da dor restringido os movi-
A incidência do ombro congelado na população gera l é de mentos. Isso define o início da fase de rigidez, que normalmente
aproximadamente 2%, mas várias condições estão associadas ao dura de 4 a 12 meses. Os pacientes descrevem dificuldade nas
aumento da incidência, incluindo o gênero feminino, idade acima atividades diárias; os homens têm dificuldade de alcançar os
de 49 anos, diabetes melito (cinco vezes mais), doença no disco bolsos traseiros para pegar suas carteiras e as mulheres para
cervical, imobilização prolongada, hipertiroidismo, derrames ou abotoar o sutiã. Conforme a rigidez progride, a dor se mantém
infartos do miocárdio, presença de doenças autoimunes e traumas. em quase todo dia (especialmente à noite) geralmente acompa-
Indivíduos com idade entre 40 e 70 anos são mais comumente nhada por dores agudas aos movimentos principalmente no
afetados. Aproximadamente 70% dos pacientes são mulheres. final da amplitude.
Vinte porcento de 30% dos indivíduos afetados desenvolvem cap- Fase III-descongelamento. Essa fase dura semanas ou meses, e con-
sulite adesiva no ombro contralateral. Raramente é recorrente no forme a mobilidade melhora a dor diminui. Sem tratamento
mesmo ombro. Comum na maioria dos pacientes é história de (que não "negligência benigna") o retorno da mobilidade é
período de imobilização, cujas causas são diversas; esse é, prova- gradual na maioria, mas pode nunca retornar objetivamente ao
velmente, o fator mais significativo relacionado ao desenvolvi- normal, embora a maioria dos pacientes se sinta subjetivamente
mento da patologia. normal, talvez como resultado da compensação ou adaptação
Lundberg desenvolveu um sistema de classificação para ombro na maneira de realizar as atividades diárias.
congelado com base na presença ou ausência de fator desencade-
ante. Ombros congelados sem história de fator desencadeante e sem 1TRATAMENTO
alterações clínicas (com exceção da perda do mobilidade) ou radio- Tradicionalmente, o ombro congelado é considerado condição
lógicas são definidos como "primários" e se associado a lesões trau- autolimitada que dura entre 12 a 18 meses sem sequelas a longo
máticas como etiologia como "secundários". Pacientes com rigidez prazo. Porém, aproximadamente 10% dos pacientes apresentam pro-
de ombros após cirurgias tecnicamente têm ombro congelado blemas a longo prazo. Estudos com segmentos a longo prazo demos-
"secundário'; mas a evolução clínica e tratamento são diferentes e traram que pacientes subestimam a quantidade de mobilidade
não são discutidos aqui. Essas condições talvez devessem ser con- perdida e que a duração dos sintomas antes da busca pelo trata-
sideradas artrofibroses. mento médico podia estar relacionada à recuperação. Pacientes
lllm> PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

que iniciam tratamento médico precoce geralmente se recuperam


mais rapidamente. Envolvimento do ombro dominante tem sido CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Reabilitação após mani-
descrito como preditivo para bom resu ltado, enquanto que a profis- pulação é fund amental para prevenção de recorrência.
são e os programas de tratamento não são estatisticamente signifi- Realizamos manipulações no começo da semana e inicia-
cativos. O melhor tratamento para o ombro congelado é a prevenção mos fisioterapia no dia seguinte. Sessões supervisionadas
(ombros congelados secundários), mas seu início precoce é impor- são realizadas diariamente por pelo menos 2 a 4 semanas.
tante; o esclarecimento e entendimento do processo patológico pelo O objetivo é o retorno precoce de todos os movimentos.
paciente e pelo médico também são importantes. Em alguns pacientes indicamos órtese de abdução à noite
As opções de tratamento descritas na literatura incluem negli- por 3 semanas para evitar novas aderências principal-
gência benigna, fisioterapia supervisionada, antiinflarnatórios não mente no recesso axilar.
hormonais, corticosteroides orais, injeções articulares de corticói-
des, distensão hidráulica, manipulação fechada, liberação capsular
por cirurgia aberta ou artroscópica. O tratamento inicial é conser-
vador com ênfase no controle da dor e inflamação. A estimulação
nervosa elétrica transcutânea e ultrassom podem ser úteis, combi-
nadas com exercícios de mobilidade passivos e ativos. Abdução deve
1 COMPLICAÇÕES
ser evitada inicialmente para evitar impacto até que a mobilidade
artic ular melhore. Injeções articulares de corticoide foram compro- Podem ocorrer complicações durante a manipulação fechada.
vadas como benéficas na evolução clínica se realizadas nas fases 1 O úmero proximal pode fraturar ou luxar. Deve-se evitar manipu-
ou precocemente na fase 2. lação em pacientes com osteoporose ou fraturas recentes além
Embora o ombro congelado geralmente ser autolimitado e daqueles com rigidez muito resistente independente do trata-
melhorar entre 12 a 18 meses, muitos pacientes não querem esperar mento conservador realizado. Quando há luxação a reabilitação
tanto tempo para melhora dos sintomas e solicitam alguma inter- deve ser imediata, mas abducão e rotação lateral devem ser evi-
venção antes de 12 meses. A seleção correta dos pacientes tem tadas no início.
demonstrado melhora significativa em aproximadamente 70% dos A liberação artroscópica é uma opção quando a manipulação
casos. Realizamos manipulação sob anestesia com bons resultados falhar ou nos pacientes que tiveram capsulite adesiva prolongada ou
por muitos anos e ainda acreditamos na sua eficácia. As falhas geral- resistentes ao tratamento, com sucesso descritos em 80% a 90% dos
mente estão relacionadas à recorrência na perda da mobilidade casos. Para descrição da técnica da liberação capsular artroscóp ica,
pós-operatória além das complicações intraoperatórias. Nos pacien- consulte o Capítulo 52.
tes em que a manipulação falha, liberação artroscópica é recomen-
dada. Se a liberação artroscópica também fa lhar, indica-se cirurgia
aberta, com liberação das aderências e contraturas e principalmente TENDINITE CALCÁRIA
liberação do ligamento coracourneral e intervalo entre o suraespinal
e subescapular (intervalo rotador) . Não ternos experiência recente A tendinite calcificada ou calcária é uma patologia autolimitada
com liberação aberta, mas pode ser boa opção nos pacientes com e muito dolorosa do manguito rotador em que os tendões são
pouco estoque ósseo, fraturas recentes ou que passaram por cirur- infiltrados com depósitos de cálcio. O local mais comum de
gias recente. Quando indicada liberação cirúrgica preferimos reali - depósito é no interior do tendão supraespinal de 1,5 ·a 2 cm de
zá-la via artroscópica. distância da sua inserção no tubérculo maior. A tendinite calcária
geralmente acomete indivíduos com mais de 30 anos com inci-
dência em 10% da população. Em 10% dos casos é bilateral e as
MANIPULAÇÃO ARTICULAR FECHADA mulheres parecem ser mais afetadas que homens. A maioria dos
pacientes é assintomática, mas a dor pode ser intensa em pacien-
TÉCNICA tes sintomáticos .
Embora a evolução clínica e as alterações patológicas da ten-
• Após anestesia geral associada ao bloqueio interescalê- dinite calcária sejam bem definidas, as causas são desconhecidas.
nico para controle da dor pós-operatória, manipule o São sugeridas etiologia vascular com degeneração das fibras ten-
ombro usando braço de alavanca curto no úmero man- dinosas precedendo a calcificação, e o envelhecimento do tendão
tendo a escápula fixa. com diminuição geral da vascularidade como evolução normal.
• A sigla "FEAR" ("medo" em inglês) pode ser usada como Estudos microangiográficos demostraram área de hipovasculari-
sequência segura para o procedimento: flexão, extensão, dade próxima à "zona crítica" de Codman, proximal à inserção
abdução e adução, rotações interna e latera l. supraespinal no tubérculo maior. Ac redita-se que essa baixa perfu-
•Liberação audível e palpável das aderências é bom sinal são produz alterações degenerativas, levando subsequentemente à
prognóstico. calcificação ou predisposição à ruptura conforme mencionado na
•Recomendamos radiografias intraoperatórias AP e axilar seção anterior das rupturas do manguito rotador. Outros estudos
após o procedimento para checar eventuais fraturas periar- histológicos não demostraram porém evidências de vascularização
ticulares ou luxação. inadequada e o supraespinal (incl usive na zona crítica) estava bem
suprido com uma rede vascular de anastomoses.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO

• EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA Embo ra a maioria dos pacientes busque tratamento durante a


A tendinite calcária segue uma progressão defi nid a na maioria dos fase de reabsorção com dores agudas, alguns a descobrem aciden-
pacientes e a resolução é observda na m aioria, com tempo necessá- talmente ou fazem parte de uma síndrom e do impacto. Acreditamos
rio para isto ser a única variável real. A cronologia das três fases a que apenas os pacientes na fase de reabsorção devem ter o trata-
seguir descritas por Sakar e Uhthoff é útil no planejamento do mento d irecionado ao depósito de cálcio. Outros casos devem seguir
tratamento: o protocolo de tratamento direcionado para a condição patológica
Fase !-estágio de pré-calcificação. No estágio de pré-calcificação o específica (po r exempl o, impacto) .
local da predileção para a calcificação (possivelmente onde há Conforme observado acima, norm almente todos os pacientes
aporte sanguín eo diminuído) passa por metaplasia fibrocartilagi- com tendinite calcária melhoram do qu adro e o tratamento conser-
nosa. Neste estágio, os pacientes geralmente são assintomáticos. vador é a opção inicial. Gera[mente incluem fisioterapia, exercícios,
Fase II-estágio de calcificação. Durante esse estágio o cálcio é medicamentos antiinflam atórios e inj eções de corticóide. Contudo,
depositado em ves ículas principais qu e são expelidas pelas a eficácia de qu alquer destes métodos não é comprovada. Corticos-
células e se un em em depósitos m aiores de cálcio (Fig. 46-13). teróides foram indicados para interromper a fase de reabso rção dei-
Essa parte inicial do estágio de calcificação é conhecida como xando em repo uso os fatores responsáveis pela recidiva.
fase de formação. Neste ponto os depósitos têm apecto seco
parecendo giz à inspeção. Conforme as vesíc ulas se un em em • TRATAMENTO CIRÚRGICO
depósitos m aiores, a fibrocartilagem é gradualmente substitu - Gschwend et al. definiram as indicações do tratamento cirúrgico: (1)
ída formando erosões. O paciente entra em fase de repouso,- progressão dos sintomas, (2) dor contínu a que interfere as atividades
durante a qual a dor pode ser mínima e a aparência radiográfica diárias, e (3) ausência de melhora após tratamento conservador.
demo nstra camadas bem delineadas com aparência madura. A técnica de pun ção percutânea guiada por ultrassom usada
A fase de repouso tem duração variável e termina com o começo em combinação com injeção de corticosteroide subacrom ial é des-
da fase de reabsorção. Na fase de reabsorção canais vasculares crita com sucesso nos res ultados em aproxi madamente 70% dos
aparecem na periferia dos depósitos ocorrendo reabsorção do pacientes. Es tudos co m seguim ento a longo prazo confirmam a his-
cálcio. Essa fase pode ser extremamente dolorosa e a maioria tória natural beni gna da patologia: embora pacientes tratados
dos pacien tes busca tra tam ento neste momento. Nesta situação tendem a melhorar no curto prazo (seguimento de 1 ano), não há
os depósitos de cálcio têm aspecto de creme ou pasta de dente. diferen ça se com parado a longo prazo.
Conforme o cálcio é reabsorvido o espaço vaz io é preenchido Terapia extracorpórea por ondas de choques (TOC) também
com tecido de gra nulação. tem sido desc rita para tratamento para tendinite calcária. Vários
Fase III-fase de pós-calcificação. Nesta fase o tecido de granulação estudos co mp arativos demonstram maior alívio da dor co m TOC
se diferencia em colágeno maduro alinhado com as linhas de comparados ao placebo ou tratamento simulado, embora um do s
tensão do eixo longitudinal do tendão, reco nstituindo o mesmo. estudos refe re que metade dos pacientes necessitaram ciru rgia.
A dor diminui bastante nesta fase. Atualmente preferimos a técn ica artroscópica quando cirurgia é

'i@IJ;f4C19 A, Rad iografia pré-operatória demonstrando depósitos de cá lcio. B, Rad iografia obtida 2 semanas após a cirurgia .
BD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

necessária. A remoção do depósito de cálcio é feita com shaver do corpo. A compressão parece ocorre por bandas fibrosas oblíquas
mecânico (aparelho para debridamente artroscópico) . Alguns quando ombro fica nesta posição. Essas bandas podem ser liberadas
autores descreveram o uso de ultrassom no intraoperatório com ou seccionadas ciru rgicamente com acesso posterior com bons
sucesso para identificar os depósitos que não são achados com visão resultados. Ocasionalmente a compressão do nervo pode ser causada
artroscópica. Acromioplastia é realizada nos pacientes com evidên- por um cisto na região do labrum posterior.
cias pré-operatórias de estenose subacromial. Vários autores publi- Tratamentos conservador incluindo modificação das ativida-
caram bons resultados em aproximadamente 90% dos pacientes des, antinflamatórios não hormonais, inj eções de corticoides e
submetidos à remoção artroscópica dos depósitos de cálcio; a fisioterapia com forta lecimento dos músculos do manguito rotador
importância da acromioplastia e a presenta de calcificações residuais são indicadas inicialmente para todos os pacientes. Se os sintomas
nas radiografias pós-operatórias permanece confusa. Para detalhes persistirem após três a seis meses, tratamento cirúrgico com acesso
cirúrgicos da técnica artroscópica, cons ulte o Capítulo 52. posterior e liberação da comp ressão geralmente resu lta no alívio
dos sintomas.

SÍNDROME DO ESPAÇO QUADRANGULAR

A síndrome do espaço quadra ngualr é causada pela compressão do ACESSO POSTERIOR PARA
nervo axilar e artéria circunflexa umeral posterior no espaço qua- LIBERAÇÃO DA SÍNDROME
drangular delimitado pelos músculos redondos maior e menor,
diáfise umeral e cabeça longa do tríceps (Fig. 46-14).
DO ESPAÇO QUADRANGULAR
A síndrome geralmente afeta o lado dominante em adultos
jovens, particularmente atletas envolvidos em esportes que usam TÉCNICA
braço acima da cabeça, entre 20 e 35 anos, caracterizada por dor
discreta localizada na região lateral e anterior do ombro e um ponto (CAHILL E PALMER)
sensível sobre a região do espaço quadrangular próximo da inserção
do redondo menor. Os sintomas são reproduzidos mantendo-se o •Faça uma incisão paralela e inferior à espinha da escápu la,
braço em abdução e rotação lateral por 1 minuto. Perda de força e cu rvando-a inferiormente sobre o úmero posterior para
atrofia são difíceis de detectar a menos que o envolvimento do permiti r dissecção lateral inferior (Fig. 46-1 SA). Crie dois
deltoide seja importantes. Atrofia seletiva do músculo redondo fo lhetos de pele e subcutâneo.
m enor, que é inervado pelo nervo ax ilar pode ser observada na •Controlar o sangramento que pode ser im portante com
RM e sugere a síndrome do espaço quadrangular. Arteriografia demons- uso do eletrocautério; caso contrário, quando a fáscia
tra oclusão da artéria circunflexa umeral posterior com o braço em profunda for aberta, o sangramento se espalha para
abdução e rotação lateral, mas parecem normais com o braço ao lado dentro do plano areolar e atrapalha a visual ização do
fei xe neurovascular. A hemostasia é necessária antes da
abertura da fásc ia profunda.
•D isseq ue a fáscia da borda inferior do deltoide (Fig.
46-1 SB), começando inferolateralmente, prosseg uindo
Músculo deltoide (cortado) superiormente e media imente.
• Desinserir o deltoide da espinha escapular com eletroca u-
Músculo infraespinal
tério deixando uma porção de tendão remanescente para
Músculo redondo menor reparo no final.
• Liberar o redondo menor da sua inserção no manguito
rotador refletindo-o mediaimente, deixando uma pequena
abertura na cápsula glenoumeral posterior. Perda de força
em rota çã o latera l não tem sido descrita no pós-operató-
rio se o redondo menor não for reinserido.
• Faça a descompressão do espaço quadrangular com dis-
secção romba e cortante (Fig . 46-1 SC). O dedo inserido
no espaço em direção anterior localiza a resistência antes
da libe ração da banda fibrosa que cruza o espaço.
• Siga o feixe neurovascular em direção anterior até a sua
origem no vaso principal. Evite lesão das veias tributárias
radial que tendem a se romper e sa ngrar.
..._____ Artéria • Após liberação completa (Fig . 46-150), palpe a artéria
braquial circunflexa posterior. Abduza o braço e teste o pulso para
Cabeça lateral confirmar a liberação adequada.
--do músculo
•Não precisa reinserir o redond o menor à cá psul a, aproxi-
tríceps
mando apenas o deltoide.
Cabeça longa
do músculo
tríceps CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Tipoia é mantida ape nas
para conforto do paciente . En corajamos movimentação
O@i@Hml Desenho da visão posterior do espaço precoce para evitar capsulite adesiva .
quadrangular.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fmllll

;e Incisão

----

A B

h@ii;Hml1L9 Técnica de Cahill e Palmer.


A, Incisão na pele . B, Afastador é colocado
sob a borda do deltoide. C, O redondo
menor é reparado com suturas e afastado
para esquerda, com a área circular na direita
representado a inserção do redondo menor.
A pinça está segurando a banda fibrosa que
cruza o espaço quadrangular e comprime o
fei xe neurovascular. O deltoide está refletido
para a direita. D, A dissecção está completa,
com a banda fibrosa dissecada para longe do
feixe neurovascular. (Redesenhado de Cahi ll
BR, Palmer RE: Quadrilateral space syndrome, J
Hand Surg 8:65, 1983.) VEJA A TÉCNICA 46-6.

COMPRESSÃO DO NERVO tensionado na adução cruzada em frente ao tórax e rotação interna,


SUPRAESCAPU LAR comprimindo o nervo.
O diagnóstico pode ser confirmado pela eletromiografia, mas
O nervo supraescapular é derivado do tronco superior do plexo geralmente o cirurgião deve alertar o técnico sobre os achados clí-
braquial formado pelas raízes CS e C6 no ponto de Erb. Corre para- nicos e o diagnóstico suspeito. Os pacientes geralmente se queixam
lelo ao músculo omo-hioideo dorsal ao plexo braquial e sob o tra- de dores profundas e difusas e pode haver diminuição de força de
pézio na margem superior da escápula até a incisura supraescapular, rotação lateral e abdução com atividades acima da cabeça. A atrofia
a qual pode terr várias configurações. O ligamento transverso da muscular pode ou não estar presente. A atrofia indolor é mais
escápula forma o teto da incisura. Após atravessar a incisura, inerva comum nas compressões ao n ível da incisura espinoglenoidal.
o supraespinal e a cápsula articular do ombro e as articulações gle-
noumeral e acromioclavicular. O nervo passa pela margem lateral
na espinha escapular para inervar o infraespinal.
A maioria das compressões do nervo supraescapular ocorre a ACESSO POSTERIOR PARA
região da incisura supraescapular. O nervo pode ser comprimodo LIBERAÇÃO DO NERVO

-----
nesta região pelo ligamento transverso da escápula que fica sobre o SUPRAESCAPULAR
mesmo. Incisura estreita ou calcificação do ligamento têm sido des-
critos como associados ao maior risco de compressão. Lipomas e TÉCNICA
cistos ganglionares têm sido descritos comprimindo o ramo infe-
rior do nervo supraescap ular levando a atrofia isolada d o supraes- (POST E MAYER)
pinal. Geralmente são encontrados na incisura espinoglenoidal
podendo ser observado s na RM (Fig. 46- 16). O cisto ganglionar é • Posicione o paciente em decúbito lateral com o braço
gealmente resultado de patologia intra-artic ular como a ruptura livre.
do labrum posterior. O nervo pode ser comprimido pelo ligamento • Faça uma incisão paralela e levemente proximal à espinha
espinoglenoidal, também conhecido como ligamento transverso da escápu la de 1O a 12 cm de comprimento (Fig . 46-17 A).
infer ior da escápula, que se estende da porção lateral da raíz da Desinserir o trapézio da espinha escapu lar usando eletro-
espi nha da escápula até o rebordo da glenoide com fibras se esten- ca utério para controlar o sangramento. )
dendo até a cápsula glenoumeral posterior. Esse ligamen to fica
WJJll PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

H[rill;fri&rll Imagens de RM demonstrando a compres-


são do nervo supraescapular por cisto ganglionar. A, As
setas pretas mostram uma sombra pequena, de baixa inten-
sidade, posterior ao colo do glenoide. B e C, Cisto ganglio-
nar (setas) na região da incisura espinoglenoidal. O cisto
parece se originar do aspecto posterosuperior da articulação
glenoumeral. (De Cummins CA, Messer TM , Nuber GW: Supras-
capu lar nerve entrapment, J Bane Joint Surg 82A:415, 2000.)

•Conforme as fibras do trapézio e do periósteo são


)
liberadas, uma fina camada de gordura pode ser vista
RESSECÇÃO DE CISTO_ GANGLIONAR
entre a superfície inferior do trapézio e o músculo PARA DESCOMPRESSAO DO RAMO
su praespinal. Não descole o supraesp inal de sua fossa . INFERIOR DO NERVO
Afaste o trapézio no sentido superior com afastador SUPRAESCAPULAR
largo e rombo.
•Usando dissecção romba com dedo um idecido no soro, TÉCNICA
pa lpe o ligamento supraescapular sobre a incisura. O
afastamento distal mínimo do supraespina l é o suficiente (THOMPSON, SCHNEIDER E KENNEDY)
(Fig. 46-178).
•Use um descolador rombo para expor o liga mento supra- • Desi nserir o músculo infraespinal e afastá-l o em direção
escapu lar (Fig. 46-17C ). Evite a artéria supraescapular à extremidade vertebral da escápu la para expor a cápsula
e a veia imediatamente superficial ao li gamento. e colo posteriores da glenoide (Fig . 46-18).
•Seccione e libere o ligamento, proteg en do-se o nervo •Identifique e disseque o gângl io, deixando o nervo intacto.
supraescapu lar por bai xo. Exploração do nervo ou neu-
ró lise é desnecessária. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Inicia-se mobilização ativa
• Inspecione e palpe a reg ião ao redor para descartar dentro de 1O a 14 dias após a ci rurgia com aumento
qualq uer massa anormal . progressivo conforme a dor permitir.
•Rei nserir o músculo trapézio na espinha da escápula
usando suturas não absorvíveis dispostas em vários ori-
fícios ósseos. Recentemente, o tratamento artroscópico se tornou nosso
•Feche a ferida da maneira rotineira e mantenha o braço método de escolha para descompressão do nervo supraescapular na
em tipoia para imobilização. incisura espinoglenoidal por cisto ganglionar. Como citado acima,
geralmente resulta de patologia intra-articular, como a ruptura do
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO EDDlll

----Músculo trapézio

A B

O@ihfüCllfl Acesso cirúrgico posterior. A, Incisão na pe le . B, Músculo supraespinal afastado para baixo expondo o nervo e a artéria
supraescapular. C, Artéria supraescapular e o ligamento transverso da escápula são identificados, permitindo a secção e ressecção segura
do ligamento. VEJA A TÉCNICA 46-7.

labrum posterior e o tratamento artroscópico da lesão e a descom- carpo. Achados microscópicos demonstram tecido de reparação
pressão do cisto têm sido realizados com sucesso. Essa técnica está imaturo semelhante à hiperplasia angiofibroblástica. O processo
descrita no Capítulo 52. patológico envolve principalmente a origem do extensor radial curto
do carpo, mas pode envo lver tendões do extensor radial longo do
carpo e o extensor comum dos dedos.
LESÕES DO COTOVELO O diagnóstico do cotovelo do tenista é feito localizando-se o
desconforto na origem do extensor radial do carpo. O local sensível
geralmente está localizado no epicôndilo lateral proximadamente 5
TENOPATIAS DO COTOVELO
mm distal e anterior ao ponto médio do côndilo. A dor geralmente
aumenta pela resistência à dorsiflexão do pulso e supinação do ante-
• EPICONDILITE LATERAL braço, havendo dor também ao segurar objetos. Radiografias geral-
A epicondilite lateral ("cotovelo do tenista") é um termo fami liar mente são normais podendo às vezes haver presença de tendinite
usado para descrever uma variedade de sintomas na região latera l calcificada. A RM demonstra espessamento do tendão com aumento
do cotovelo, ocorrendo mais frequentemente em não atletas que de sinal em Tl e T2. Um estudo demonstrou correlação entre resul-
atletas, com pico de incidência próximo aos 50 anos e com inci- tados cirúrgicos excelentes com a presença de aumento de sinal nas
dência semelhante entre sexo. Pode ocorrer devido a diversas ati- imagens T2 do extensor radia l curto do carpo.
vidades que necessitam repetição de supinação e pronação do Outras situações que podem produzir dor na região incluem
antebraço com cotovelo em extensão quase completa. Runge fo i o osteocondrite dissecante do capítulo, artrose do compartimento
primeiro a descrever esta situação clínica em 1873, e desde então latera l, instabilidade em varo e talvez, mais corn umente, a sín-
quase 30 condições diferentes foram propostas como causas. drome do túnel radial. A síndrome do túnel radial é uma neuro-
Embora originalmente descrito corno processo inflamatório, é patia comp ressiva do nervo interósseo posterior causada por
consenso atual de que a epicondilite lateral se origina como micro- quatro possibil idades de estruturas anatômicas no tún el radial,
rupturas, mais cornumente na origem do extensor radial curto do incluindo a banda fibrosa na região anterior da cabeça radial, uma
ED PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

iâ@i@i1Il1E'9 Acesso cirúrgico para ressec-


ção do cisto ganglionar. VEJA A TÉCNICA 46-8.

guia vascular da artéria radial atual, o bordo distal do tendão exten- inclui repouso, gelo local, injeções e fisioterapia com ultrassom,
sor radial curto do carpo ou o bordo do supinador na arcada de iontoforese, estimulação elétrica, manipulação, mobilização das
Frohse. A dor da síndrome to túnel radial está localizada 3 a 4 cm partes moles, massagem por fricção, exercícios de alongamento e
distais do epicôndilo lateral e pode ser reproduzida com a extensão fortalecimento ou órteses.
do dedo médio contra a resistência. Esta manobra clínica é incon- Em alguns pacientes uma ou duas injeções locais de corti-
sistente assim como alterações na eletromiografia. A epicondilite coide na área de maior sensibilidade pode aj udar. No momento
lateral verdadeira e a síndrome do túnel radial podem estar associa- da injeção após efeito anestésico local, pode-se manipular o
das em 5% dos casos. tendão com hiperflexão do punho na tentativa de "completar a
lesão" para estimular a cascata inflamatória induzindo a cicatri-
1TRATAMENTO zação. Estudos iniciais foram promissores com terapia extracor-
Independente da etiologia, o tratamento conservador é satisfatório pórea com ondas de choques (TOC) , mas os mais recentes têm
em 95% dos pacientes com cotovelo do tenista. O tratamento inicial demonstrado resultados conflitantes. Um estudo não encontrou
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO

diferença significativa entre o tratamento da epicondilite lateral


com TOC associada ou não com alongamento dos extensores. CORREÇÃO CIRÚRGICA DO COTOVELO
Injeções de sangue autólogas têm sido demonstradas como efica- DO TENISTA
zes em alguns pacientes. Edwards e Calandruccio obtiveram 79%
de sucesso no alívio da dor em pacientes que não melhoraram TÉCNICA
após tratamento conservador. Mais recentemente, injeções de
(NIRSCHL, MODIFICADA)
plasma rico em plaquetas (PRP) têm sido descritas como eficazes
que injeções de corticosteroides aliviando a dor e função, embora
•Faça uma incisão levemente curva de 5 cm de compri-
alguns estudos descrevem que injeção de sangue autólogo foi
mento centralizada sobre o epicôndilo latera l (Fig.
melhor que PRP. Injeções de sangue autólogo também foram
46-19A).
descritas com maior eficácia comparadas às injeções de corticos-
• Incise a fásc ia profunda em lin ha co m a incisão de pe le
teróides e TOC. Se o tratamento conservador prolongado (6 a 12
afaste-as. Ident if ique o extensor rad ial longo e a origem
meses) fa lhar, a cirurgia pode ser conssiderada; é descrita com
do extensor comum dos dedos que cobre parcialmente a
sucesso em 90% quando os pacientes são corretamente seleciona-
origem do extensor radial curto do carpo ma is profundo
dos. Manipulação sob anestesia, especialmente em pacientes com
(Fig . 46-198 e C).
contratura em flexão associada tem sido recomendada . A técnica
•Descole a porção do extensor curto no tendão conjunto
promove extensão repentina forçada e completa do cotovelo com
da região média do epicôndilo latera l em direção à arti-
punho e dedos fletidos com antebraço pronado, tensionando o
cu lação do cotovelo.
extensor radial curto do carpo e os outros extensores. Rompi-
•Como as fibras de Sharpey também elevadas têm
mento palpável e audível pode ser obtido e os resultados podem
aspecto norma l, remova o tendão com com aspect o
ser excelentes. Não temos experiência com essa técnica em par-
anorma l e patológ ico . O tecido pato lóg ico ge ralmente
ticular, mas parece ser mais agressiva comparada à tentativa de
está fibr il ado e sem coloração podendo conter depós i-
manipulação previamente citada.
tos de cá lcio .
Várias técnicas cirúrgicas foram descritos para o tratamento
• Ocasiona lmente, o processo se estender até a origem do
do cotovelo do tenista. Previamente utilizávamos a técnica popu-
extensor comum dos dedos, e uma porção dele pode ser
larizada por Boyd e McLeod, como tentativa de eliminar todas
ressecada. Não vemos razão para acessar a articu lação a
as causas possíveis da epicondilite lateral. Esse procedimento
menos que a avaliação pré-operatória indique processo
inclui a excisão da porção proximal do ligamento anular, libera-
intra-articu lar, como corpos livres, doença degenerativa
ção de toda origem extensora, excisão da bursa adventícia (quando articu lar, derrame ou espessamento sinovial.
presente), e ressecção de sinovial h ipertrófica na articulação
• Decortique uma pequena área do epicônd ilo latera l com
radiocapitelar. Atualmente preferimos abordagem menos agres- saca-bocado ou osteótomo, tomando cu idado para não
siva que consiste na exposição da origem alterada do extensor penetrar na articu lação e lesar a cartilagem articu lar (Fig.
radial do carpo, ressecção do tecido degenerativo e reparo direto 46-190).
no osso. •Suture o tendão norma l remanescente na fáscia ou peri-
Apenas alguns pacientes com epicondilite lateral (1 % a 2%) ósteo ou reinsira-o com suturas não absorvíveis transós-
não tiveram resultados satisfatórios após tratamento conservador seas no ep icôndi lo. O uso de âncoras ósseas tem sido
ou cirúrgico. Morrey dividiu essa situação em dois grupos baseado descrito como eficaz para reinserção do tendão, mas não
nos sintomas pós-operatórios. Pacientes do primeiro grupo acred itamos que seja necessário.
tinham sintomas similares àqueles antes da cirurgia, enquanto •Feche o interva lo do extensor radia l longo do ca rpo e
pacientes do segundo grupo referiam sintomas diferentes e com- o extensor comum dos dedos com sutu ras absorvíveis
plexos após a cirurgia. As falhas no primeiro grupo ocorreram (que sepultem os nós feitos pa ra o reparo do extensor
pela liberação inadequada ou diagnóstico inicial incorreto, geral- radial curto do carpo no osso ou se âncoras foram
mente relacionado com a síndrome do túnel radial. No segundo usadas).
grupo havia insuficiência capsular ou dos ligamentos resultando •Feche a incisão da pele com suturas absorvíveis 4-0 e tiras
ou em fístu la capsular ou instabilidade posterolateral. Instabili- adesivas.
dade do cotovelo pode ocorrer em pacientes de qua lquer grupo
(especialmente nos casos de dor lateral do cotovelo de origem CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização é remo-
traumáticas) após liberação extensa com lesão da banda anterior vida na primeira semana após a cirurg ia e exercícios de
do ligamento colateral lateral. É importante obter história com- mobi lização são iniciados. Após cicatrização da ferida (1 O
pleta para determinar se os sintomas mudaram e reali zar exame a 14 dias), a fisioterapia é mantida incluindo controle de
físico meticuloso para identificar instabilidade, dor na região do edema e exercícios para ganho de amplitude, seguidos
epicôndilo ou síndrome do túnel radial. Devem ser complemen- por fortalec imento. Atividades com esforço podem ser
tados com artrografia para diagnóstico de fístu la ou insuficiência rea lizadas após oito a dez semanas desde que a dor
capsular ou submetidos a artroscópica e exame sob anestesia para perm ita, e liberação para força tota l somente depois de
detectar instabilidade ou artrose. três meses. O protocolo de reab ilitação não depende do
De acordo com a maioria dos autores a melhora do quadro tempo, mas sim dos objetivos, sendo que os pacientes
geralmente ocorre dentro de três a quatro meses. Acreditamos que pulam de uma fase para a outra após alcançarem deter-
um ano é um período razoável para considerar a intervenção se os minadas metas (Quadro 46-3) .
sintomas não melhoraram.
A

Degeneração Deco rticação


do extensor do cô ndilo
radial curto lateral anterior
do
Epicôndilo
lateral-- - e=._- Exte nsor radial
longo do carpo

e
O@ll;fu&D Técnica cirúrgica para correção do cotovelo do tenista. A, Incisão na pele. B, As origens do extensor radial longo do
carpo e extensor comum dos dedos são ident ificadas. C, Afastamento do t endão extensor conjunto. D, Decorticação com osteótomo .
VEJA A TÉCNICA 46-9.

çw4.w.i 46-3 Protocolo de Reabilitação para Epicondilite


Fase 1: Aguda • Pronação e supinação do antebraço
Objetivos • Iniciar fortalecimento do ombro (se houver alguma
1. Reduzir a inflamação e dor deficiência)
2. Promover cicatrização dos tecidos • Continuar exercícios de flexibilidade
3. Evitar atrofia muscular • Pode-se usar órteses de fo rça contrária
• Uso contínu o da crioterapia depois de exercícios ou fu nções
Regime de tratamento
• Iniciar retorno gradua l às atividades com esforço
• crioterapia • Reintroduzir gradualmente os movimentos previamente
• Hidromassagem
dolorosos
• Alongamentos para aumentar a flexib il idade
• Extensão e flexão do punho Fase 3: Crônica
• Extensão e flexão do cotovelo Objetivos
• Supinação e pronação do antebraço 1. Melhorar a força e resistência muscular
• Estimulação ga lvânica de alta voltagem 2. Manter e aumentar a flexibi lidade
• Forioforese 3. Retorno gradua l do paciente aos esportes ou atividades
• Massagem de fricção de alto nível
• lontoforese (com drogas anti-inflamatóri as como a Regime de Tratamento
dexametasona) • Continuar exercícios de alongamento (ênfase em exercí-
• Evitar movimentos dolorosos (como segurar objetos) cios concêntricos e excêntri cos)
Fase 2: Subaguda • Continuar recuperando deficiências de fo rça no ombro e
Objetivos cotovelo.
1. Melhorar a flexibilidade • Exercícios contínuos de flexibilidade
• Diminuir gradualmente o uso de órteses de força contrária
2. Aumentar a força muscular e resistência
• Uso de crioterapia conforme necessário
3. Aumentar as atividades funcionais e retorno às funções
• Início de retorno gradual às atividades esportivas
Regime de Tratamento • Modificações recomendadas no equipamento (como
• Enfatizar o fortalecimento concêntrico e excêntrico tamanho do cabo da raquete, tensão das cordas, super-
• Concentrar ou envolver grupo ou grupos de múscu los fície de jogo)
• Extensão e flexão do punho • Enfatizar a manutenção do programa
De Wolk KE, Arrigo C, Andrews JR: Rehabilitation of the elbow in the throwing athlete, J Orthop Sports Phys Ther 17:305, 1993.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fim

intermuscular
medial

A Músculo flexor
Músculo ulnar do carpo
palmar longo

Ressecção do
tendão flexor
comum
degenerado

e D E

O@m@ EE!J Técnica de Nirschl para epicondilite medial. A, Incisão na pele . B, Exposição long itudina l do tecido na origem do tendão
flexopronador. C, Ressecção do tecido patológico. D, Tecido norma l intacto na origem do pronador. E, Fechamento do defeito na origem
do tendão flexopronador com sutura absorvível. (Redesenhado de Dlabach JA, Baker CL: Lateral and medial epicondylitis in lhe overhead
athlete, Oper Tech Orthop 1146, 2001 ). VEJA A TÉCNICA 46-10.

Liberação percutânea lateral tem sido descrita com eficácia A epicondilite medial frequentemente ocorre devido à repeti-
semelhante à liberação aberta. Não temos experiência com essa técnica ção de movimentos acima da cabeça afetando atletas de esportes
que não remove o tendão doente, mas pode desencadear a cascata com raquetes e outros que participam de atividades que forças o
inflamatória levando à resolução dos sintomas. cotovelo em valgo. O exame físico geralmente demonstra dor na
Liberação artroscópica tem demonstrado resultados iguais aos região medial do cotovelo que aumenta com resistência á pronação
abertos com várias vantagens. A lesão pode ser tratada sem sacrificar do antebraço ou flexão do punho. A área de maior sensibilidade fica
a origem do extensor comum. A artroscopia promove o exame intra aproximadamente 5 mm distal e anterior ao ponto médio do epicôn-
-articular descartando-se outras alterações patológicas e permitem dilo medial. Perda no arco de movimento e contratura em flexão
período de reabilitação pós-operatório menor com retorno anteci- podem estar presentes. A radiografia geralmente é normal, mas pode
pado ao trabalho. Três padrões diferentes de alterações patológicas demonstrar reações ósseas de tração ulnar medial tipo "esporões" ou
foram identificados na cápsula lateral e superfície interna do extensor calcificações no ligamento colateral medial sugerindo lesão crônica
radial curto do carpo. Lesões do tipo I artroscopicamente demonstra do ligamento colateral ulnar.
cápsula intacta; tipo II com rupturas lineares na superfície interna O tratamento conservador geralmente é o recomendado.
da cápsula e lesões tipo III com rupturas completas da cápsula asso- Medicações anti-inflamatórias, imobilização e injeções de corticoi-
ciada a avulsão parcial ou completa do tendão do extensor radial des proporcionam alívio prolongado para a maioria dos pacientes.
curto do carpo. Para a técnica artroscópica, consulte o Capítulo 52. Se o tratamento conservador falhar, a ressecção da área doente do
tendão na sua origem com reinserção do mesmo é bem sucedida.
• EPICONDILITE MEDIAL As técnicas variam de liberações percutâneas até debridamento
Epicondilite medial é similar à lateral, embora muito menos comum com ou sem liberação na origem do tendão flexopronador. Vangs-
e mais difícil de ser tratada. A origem do flexor radial do carpo e ness e Jobe descreveram a liberação da origem do tendão flexopro-
pronador redondo (massa flexopronadora) geralmente estão envol- nador, ressecção do tecido patológico e reinserção no osso cruento.
vidas sendo menos comum envolvimento dos músculos flexor Nirschl preferiu ressecar o tecido patológico da origem do fle-
superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo. Essa patologia deve xopronador sem desinserí-lo deixando tecido normal intacto,
ser diferenciada da neuropatia do nervo ulnar e instabilidade do reparando o defeito subsequente (Fig. 46-20). O nervo ulnar deve
ligamento colateral medial. ser liberado e transportado em pacientes que têm sintomas do
lll!II!> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

mesmo antes da operação. Epicondilectomia também pode ser espasticidade, cicatrizes pós-operatórias e imobilização prolongada.
feita, mas não se deve ressecar mais de 20% a 25% do epicôndilo. De todos o único que pode ser efetivamente prevenido é o último.
Em geral os resultados não são tão satisfatórios comparados aos Acreditamos que a rigidez pode se tratada inicialmente sem
procedimentos do epicôndilo lateral. cirurgia, podendo alcançar bons resultados com fisioterapia e uso
de órteses. Ulrich et ai. descreveram a órtese estática para alonga-
mento progressivo usando princípios de "relaxamento do stress"
resultando em melhora média de 26 graus na flexão. Nosso objetivo
é restaurar o arco de movimento funcional (30 a 130 graus). Cirurgia
CORREÇÃO CIRÚRGICA DA deve ser considerada para pacientes com arco inferior a 100 graus
EPICONDILITE MEDIAL depois do tratamento conservador, especialmente nas contraturas
em flexão maiores que 45 graus.
TÉCNICA As causas da rigidez são classificadas como intrínsecas ou
extrínsecas. As causas extrínsecas incluem contratura dos ligamen-
(NIRSCHL) tos colaterais capsulares, consolidação viciosa extra-articulares e
ossificação heterotópica. Causas intrínsecas incluem sequelas de
•Faça uma incisão de 5 cm levemente curva começando fraturas intra-articulares, como lesões de cartilagem, incongruência
aproximadamente 1 cm proximal e posterior ao epicôn-
articular ou aderências. Rigidez de causas extrínsecas primárias
dilo medial (Fig. 46-20A). A localização posterior da
pode ser tratada com a liberação das estruturas contraídas. Por outro
incisão evita os ramos sensitivos do nervo cutâneo medial lado, rigidez de causas intrínsecas podem causar alteração na ana-
do antebraço, anterior e distal ao epicôndilo. tomia articular. Causas extrínsecas (contratura capsular) estão quase
•Afaste o tecido subcutâneo e a pele sobre o epicôndilo
sempre associadas às causas intrínsecas primárias.
medial para expor a origem do flexor comum. História clínica e exame físico, radiografias simples, RM e TC
•Faça uma incisão longitudinal na ori gem do tendão, com reconstrução tridimensional podem ser usados na determina-
começando na ponta do epicôndi lo medial, ampliando ção do tipo da rigidez. Se a sup erfície articular estiver normal e a
distalmente por 3 a 4 cm para expor o tecido patológico rigidez é secundária por problemas capsulares, liberação artroscó-
(Fig. 46-20B).
pica ou aberta é indicada. Se a há alteração ou destruição articular
•Remova o tecido patológico de maneira elíptica, incluindo ou se houver grande quantidade de aderências, artroplastia por dis-
a cápsula articu lar se necessário, enquanto deixa o tecido tração com ou sem interposição de fáscia é a indicação. Essas técni-
normal inserido no epicôndi lo medial intacto (Fig . 46-20( cas estão explicadas detalhadamente no Capítulo 12.
e D). Embora a manipulação do cotovelo sob anestesia tem sido
•Feche o defeito elíptico com sutura absorvível (Fig. 46-20E) descrita com sucesso no ganho de movimento, não a recomendamos
•Transponha o nervo ulnar em pacientes com sintomas ou em pacientes com rigidez de longa data pela predisposição a fratura,
anatomia patológica encontrada durante a cirurgia. formação de hematoma, cicatrizes e ossificações heterotópicas.
•Feche o tecido subcutâneo com sutura absorvível e a pele Apesar disto manipulação após liberações cirúrgicas tem sido des-
com sutura intradérmica contínua. crita como boa associação.
•Aplique o curativo e imob il ize com tala posterior man- Várias técnicas de liberação cirúrgica foram descritas para o
tendo cotovelo a 90 graus. tratamento da rigidez do cotovelo. Liberação anterior sem alonga-
mento do bíceps funciona bem em pacientes com contraturas em
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tala é removida uma flexão, mas é improvável que melhore a função nos pacientes com
semana após a cirurgia, e exercícios de mobilização do alterações articulares associadas. Candidatos a esse tratamento devem
cotovelo são iniciados. Fortalecimento começa quando a estar com a articulação ulnoumeral relativamente preservada e nenhum
amplitude de mobilidade for completa, gera lmente três ou poucos osteófitos na fossa do olécrano. Liberações anterior e
semanas após da cirurgia . Atividades com esforço podem posterior combinadas, além das abordagens lateral e medial combi-
ser iniciadas quando o paciente tiver força normal sem nadas, também foram descritas. Além de melhorar o movimento do
dor, o que geralmente acontece três meses após a cirur- cotovelo, essas liberações melhoraram as medidas de saúde geral,
gia. Período mais longo de imobi lização e reabilitação embora a pontuação não necessariamente esteja relacionada ao
mais lenta são indicados para pacientes que fizeram ganho de movimento.
transposição do nervo ulnar. Abordagem lateral modificada foi descrita para liberação de
rigidez pós-traumática do cotovelo. A técnica é uma modificação no
procedimento de Nirsch usada na liberação e reparo da epicondilite
lateral permitindo exposição da articulação anterior do cotovelo sem
violar a origem do extensor comum ou dos ligamentos colaterais.
RIGIDEZ DO COTOVELO Quando indicado o acesso posterior através do tendão do tríceps
(triceps-splitting) é usado para expor a fossa do olécrano. Outra incisão
O arco de movimentos normal do cotovelo é de Oa 150 graus. Algumas descrita para rigidez extrínseca pós-traumática permite a exposição
perdas no movimento estão associadas à maioria das lesões do coto- capsular anterior lateralmente pelo intervalo entre o braquiorradial e
velo com exceção das mais simples, mas precisamos de amplitude extensor radial longo do carpo.
completa para quase todas as atividades diárias. A amplitude consi- Acreditamos que o acesso lateral (chamado de procedimento
derada funcional vai de 30 a 130 graus, um arco de 100 graus. da "coluna") tem várias vantagens quando comparado ao acesso
Contratura em flexão maior que 45 graus impede a habilidade de anterior. Capsulectomia anterior e posterior podem ser realizadas,
posicionar a mão no espaço. Rigidez do cotovelo ocorre por de várias com possibilidade de extensão adicional para debridamento da
causas incluindo traumas, ossificação heterotópica, queimaduras, foss do olécrano. Do mesmo modo a flexão pode ser liberada pela
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO fJDllll
tenólise posterior do tríceps. Problemas de pele são menos comuns
se mobilização passiva contínua for usada. Relatos de melhora no ijl!l11+N•l41J.>J1]Qâi?+iielijt1i Aplicação de máquina de
arco de movimento médio de 40 e 50 graus, com resultados similares mobi lização contínua passiva (C PM) pode ser usada 12
nas lesões pós-traumáticas e em população de adolescentes. horas por dia durante um semana, mas este método atu-
Fixação externa articulada pode ser associada após liberação almente é motivo de controvérsia pelo estudo recente
da rigidez principalmente se o complexo ligamentar lateral estiver que sugere não haver diferença em usar ou não CPM
lesado. Porém como o arco de movimento não melhora significati- após liberação. Após esta fase, exercícios de mobilização
vamente e as complicações são frequentes, além do alto custo, reser- ativa e passiva são feitos a cada hora, com cotovelo man-
vamos fixação externa quando há comprometimento na estabilidade tendo-se imobilizado entre as sessões de exercícios e à
sem o uso do mesmo. noite. Fisioterapia supervisionada continuam por 6 meses,
Geralmente fazemos a liberação da rigidez pela técnica artros- duas a três vezes por semana. Após 6 semanas, a imobili-
cópica como primeira opção (Cap. 52). As técnicas abertas são des- zação é retirada embora deva ser mantida durante a noite
critas aqui para as situações que não podem ser tratadas por via por mais 6 semanas.
artroscópica. Abordamos a liberação aberta usando os métodos
descritos por Morrey.

OSSIFICAÇÃO HETEROTÓPICA

LIBERAÇÃO ANTERIOR E POSTERIOR Ossificação heterotópica (OH) no cotovelo continua sendo um pro-
DA RIGIDEZ NO COTOVELO blema desafiador com etiologia desconhecida. Embora ocorra mais
comumente em associação com trauma, queimaduras e lesões crania-
TÉCNICA nas (Quadro 46-4), o mecanismo exato a nível histológico ainda precisa
se elucidado. Além disso, o aspecto e a localização da OH varia de
(MORREY) acordo com a patologia associada (Quadro 46-5), fazendo com que
padrão característico geral da patologia é difícil de se definir. Apesar
• Posicione o paciente em decúbito dorsal na mesa cirúr- disso, a maioria dos autores concorda que se o osso ectópico ao redor
gica com um coxim sob o ombro ipsilteral. Prepare a
extremidade livre e posicione o anteb raço transversal ao
abdome.
•Estenda o acesso de Kõcher fazendo uma incisão na pele Fatores de Risco para
(15 cm) proximal à crista supracondil iana; continue a QUADRO 46-4 Desenvolvimento de Ossificação
incisão distalmente para o epicôndilo lateral, terminando Heterotópica no Cotovelo
sobre a borda subcu tânea da ulna (Fig . 46-21 A).
•Aprofunde a dissecção proximal até a crista supracondi- Trauma
liana. • Luxação exposta do cotovelo exigindo debridamentos
•Afaste cuidadosamente o braquial da cápsula articular extensos ou múltipl os
anterior (Fig. 46-21 B e C). • Luxação do cotovelo associado a fraturas que exigem
•Coloque afastadores profundamente ao braquiorradial e redu ção aberta e fixação interna (RAFI)
braquial para expor a cápsula articular anterior (Fig . • Fraturas da cabeça do rádio tratadas com cirurgia > 24
46-21 D). horas após a lesão
•Faça a capsulectomia de lateral para medial (Fig . 46-21 E).
Cirurgia
Cuidado para preservar o ligamento colateral lateral e se
• Reparo do tendão do bíceps distal
mantenha antes da sua origem.
• Procedimentos repetidos com exposição imprópri a nas
•A segu ir descole o tríceps da face posterior do úmero
primeiras duas semanas
mantendo-se posterior à origem do ligamento colateral
• Lesão do sistema nervoso central
lateral.
• Lesão traumática do cérebro
•Afaste o tríceps para expor a cápsula posterior.
•Trauma no cotovelo em pacientes com lesão traumática
•Para liberar a flexão, proceda a capsulectomia posterior
do cérebro
de lateral para medial. Não liberar muito medial evitando
lesão do nervo ulnar. Queimaduras
• Extender completamente o cotovelo. Se estiver incom- • Queimaduras de terceiro grau envolvendo mais que 20%
pleta, debridar a fossa e ápice do olécrano observando da área total do corpo
para qualquer osteofitose em suas bordas. Se a flexão de • Queimaduras de terceiro grau no cotovelo
135 graus não for possível, procure alguma possibilidade • Longos períodos de confinação à cama
de impacto anterior. Se for necessário remova qualquer Conditições Genéticas
tecido cicatricial ou osteófito na fossa coronóide ou ao • Fibrod isplasia ossificante progressiva
redor da mesma. • Histórico prévia de desenvolvimento de óssea heterotópica
•Examine o cotovelo conferindo se o arco de movimento
funcional foi obtido. Modificado de Morrey BF, Harter GD: Ectopic ossification about the elbow.
•Repare cuidadosamente a fáscia lateral. Mantenha uma ln Morrey BF, Sanchez-Soteia J, editors: The e/bow and its disorders, ed 4,
tala com cotovelo em extensão competa. Philadelphia, 2009, Elsevier.
llllDD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

1
Crista
supracondiliana
avascular
A

Plano de

Margem lateral
do tríceps
e

O[§ii;f4!tlJI Acesso lateral (Morrey). A, Incisão na pele extendida de Kócher. B, A fásci a profunda é aberta seguindo-se a margem
lateral do tríceps proxima mente e no intervalo entre o acôneo e extensor ulnar do carpo distal mente. C, Para preservar a continuidade
periostal, o tendão do tríceps é refletido subperiosta lm ente da ponta do olécrano. D, O meca nismo extensor do cotove lo é afastado
mediaimente, a ponta do o/écrano é removida (detalhe) e a origem comum dos extensores do antebraço é liberada do epicôndilo
lateral e das estruturas adjacentes . Os músculos extensores são afastados para expor a parte anterior da cápsu la do cotove lo no inter-
valo entre o braquial e a cápsula. E, O ligamento colateral lateral é identificado e liberado mantendo uma base inserida distalmente
para ser reinserido posteriormente no local anatômico do úmero. Com o ligamento colateral lateral cuidadosamente afastado, a parte
anterior da cápsula pode ser exposta e ressecada no sentido medial. (Redesenhado de Morrey BF: Post-traumatic contracture of the elbow:
operative treatment, including distraction arthroplasty, J Bane Joint Surg 72A:601, 1990.) VEJA A TÉCNICA 46-11.
CAPÍTULO 46 LESÕES DO OMBRO E COTOVELO tfjf@
Localização da Ossificação RESSECÇÃO POSTEROLATERAL
QUADRO 46-5 Heterotópica Relacionada ao •Para ressecção posterolateral, afaste o tríceps mediai-
Processo Patológico Associado mente sem violar sua inserção e exponha o osso ectóp ico
subperiostal. Resseque a porção central da ponte óssea.
Traumático • Flexione o cotovelo e remova osso ectópico em contato
• Geralmente posterolaterais do cotovelo com úmero e olécrano. A libera ção capsular anterior não
• Ponte óssea entre o côndilo umeral latera l e olécrano é necessária.
posterolateral •Ressecar todo osso ectópico da fossa do olécrano para
• Osso pode preencher a fossa do olécrano reduzir o impacto do olécrano.
• Compartimento anterolateral é o segundo local mais
comum RESSECÇÃO MEDIAL
• O osso pode se estender do úmero distal para o rád io •Quando o osso ectópico posterior se estende para região
e a ulna ao nível da tuberosidade bicipital medial do cotovelo, a transposição no nervo ulnar é
• Coronóide geralmente aumentado, bloqueando a necessária.
flexão do cotovelo •Identifique o nervo ulna que pode estar completamente
envolvido por osso.
Relacionados a Queimaduras •Exponha a expansão do tríceps liberando-a distalmente à
• Geralmente posteromedial sua inserção.
•Túnel cubital geralmente obliterado •Exponha o osso ectópico subperiostal, ressecando-o em
• Nervo ulnar pode estar completamente envolvido por osso segu ida.
Neurogênico •Se o osso ectópico interferir na função do nervo ulnar,
• Geralmente anterior nos músculos flexores ou posterior descompressão do mesmo ou transposição anterior é
nos extensores necessária.
•A ossificação tende a envolver o músculo e segue um
RESSECÇÃO ANTERIOR
único plano
•Se for necessária ressecção anterior, libere as origens do
• O antebraço e a articulação radioulnar proximal também
músculo braquiorradial e braquial da crista supracondi-
podem estar envolvidas
liana lateral para expor o osso ectópico.
•Identifique o nervo radial e afaste-o lateralmente.
Modificado de Morrey BF, Harter GD: Ectopic ossification about the elbow.
•Ressecar o osso subperiostal.
ln Morrey BF, Sanchez-Soteia J, editors: The e/bow and its disorders, ed 4,
Philadelphia, 2009, Elsevier. FECHAMENTO
•Retire o torniquete e confira hemostasia antes do fecha-
mento de rotina por planos deixando dreno de sucção.
Não é necessário fechamento da cápsula. Manter curativo
do cotovelo estiver causando ou contribuindo para perda funcional dos macio que permita mobilização pós-operatório imediata.
movimentos, o procedimento cirúrgico garante a ressecção óssea e a
liberação da cápsula articular. Esse princípio se aplica sempre quando CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a OH envolve fibras
há limitação parcial ou completa (anquilose) dos movimentos. musculares, associa-se aplicação de baixas doses de radia-
Embora o momento ideal para ressecção da OH seja contro- ção (700cGy) na região operada. Caso contrário, usa-se
verso, a tendência atual é a ressecção cirúrgica precoce. Estudos têm 75mg de indometacina por 3 a 6 sema nas após da cirurgia.
demonstrado não haver evidência de taxas maiores de recorrência nas O arco de movimento deve recuperar com uso de CPM e
ressecções precoces. Critérios sugeridos para ressecção precoce (três órtese progressiva. Se a mobilidade desejada não for atin-
a seis meses após lesão) incluem a consolidação de todas fraturas, gida, manipulação sob anestesia pode ser realizada geral-
cicatrização das feridas iniciais e regressão da inflamação. A ressecção mente com 6 semanas após a cirurgia.
da OH geralmente é feita com pelo acesso estendido de Kócher uma
técnica com múltiplas incisões também foi descrita para os casos de
lesões por queimadura, em que a preservação das partes moles é
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and prognostic factors in 80 elbows, Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc As referências completas estão disponíve is em www.
19:1023, 2011. expertconsult.com.
PATELA 2249 OMBRO 2265 Tensionamento Capsular com
ASPECTOS CLÍNICOS 2250 ANATOMIA FUNCIONAL NORMAL 2265 Incisão
ASPECTOS RADIOGRÁFICOS 2251 ANATOMIA PATOLÓGICA 2267 Adjacente à Glenoide 2282
TRATAMENTO CONSERVADOR 2253 CLASSIFICAÇÃO 2268 INSTABILIDADE POSTERIOR
Luxação ou Subluxação 2269 DO OMBRO 2283
HISTÓRICO
Aguda da Patela 2253 Tratamento Conservador 2283
EXAME FÍSICO 2270
Desalinhamento Femoropatelar e Tratamento Cirúrgico 2283
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 2272
Subluxação Recidivante da Patela 2254 CIRURGIA ARTROSCÓPICA 2290
EXAME SOB ANESTESIA E
TRATAMENTO CIRÚRGICO 2255 ARTROSCOPIA 2273 COTOVELO 2290
Luxação Aguda da Patela 2255 INSTABILIDADE ANTERIOR ANATOMIA 2290
Desa linhamento Femoropatelar e DO OMBRO 2274 FISIOPATOLOGIA 2290
Subluxação Recidivante da Patela 22 55 Tratamento Cirúrgico 2274 EXAME FÍSICO 2291
INSTABILIDADE PATELAR MEDIAL Reparos Cirúrgicos TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO 2292
IATROGÊNICA 2264 Malsucedidos para ARTROSCOPIA 2293
QUADRIL 2264 Instabilidade Anterior 22 80 TRATAMENTO CIRÚRGICO 2293
ARTICULAÇÃO INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO
ESTERNOCLAVICULAR 2264 DO OMBRO 2280 COLATERAL ULNAR 2294

Luxações recidivantes de uma articulação podem resultar de uma ou comprimento adeq uado e uma cápsula m edial geralmente te n-
mais luxações traumáticas, quando a cicatrização subsequente das sionada, reforça da pelos ligam entos femorop atelar e patelotibial.
estruturas de sustentação da articulação é deficiente. Os fatores pre- O principal fa tor que resulta em luxação recidivante é a incompe-
disponentes a seguir também podem estar presentes no membro ou tência do ligamento fe moropatelar medial (LFPM). O LFPM é um
articulação: um contorno ou alinhamento anormal da própria articu- ligamento extrassinovial, assim como o ligamento colateral medial.
lação (congênita ou traumática), relaxamento congênito das partes Sua lesão pode res ultar em danos mínimos a longo prazo, com
moles de suporte da articulação e desequilíbrio muscular. retorno completo da fun ção, frouxidão leve a moderada, ou
incompetência por avulsão ou fa lha interligamentar com instabi-
lidade res ultante. A RM é indicada na instabilidade para avaliar o
PATELA local e a extensão da lesão.
As fo rças estáticas e din âmicas tendem a luxar a patela late-
A luxação recidivante da patela pode surgir após uma luxação inicial ralmente. Brattstrõm descreveu pela primeira vez o ângulo Q
violenta, mas ocorre mais frequentemente nos joelhos, com uma ou como um ângul o fo rmado pela linha de tração do m ecanismo do
mais anormalidades anatômicas subjacentes, que predispõem a pateta quadríceps e a do tendão patelar, à medida que elas se cru zam no
à luxação ou subluxação. Nesses joelhos, um pequeno trauma é neces- centro da patela. Clinicamente, esse ângulo é representado pela
sário para que a luxação inicial ocorra. A causa patológica subjacente intersecção de uma linha traçada a partir da espinha ilíaca ante-
provoca uma excursão anormal do mecanismo extensor sobre os côn- rossup eri or ao centro da patela com uma segunda linha traçada a
dilos femorais. Vários fatores anatômicos devem ser considerados ao partir do cent ro da tub erosidade da tíbia ao centro da patela (Fig.
avaliar um paciente com luxação recidivante da pateta. 47-1 ). Para qu e essa medição seja exata, a patela deve estar cen-
Estudos an atômicos mostraram as contribuições das vári as trada na tróclea, flexionando-se o joelho a 30 graus. Nos homens,
porções do músculo quadríceps para a extensão do joelho. O vasto o ângulo Q geralmente deve ser de 8 a 10 graus; nas mulheres, o
lateral traciona lateralmente ao plano frontal do fêmur a um ângulo ângul o norm al é de 15 graus± 5 graus. Esse ângulo valgo dá um
de 7 a 10 graus. O vasto medial é dividido em duas partes - o vasto vetor de força lateral à articulação fem oropatelar confor me o
medial longo (com suas fib ras musculares tracionando a 15 a 18 graus joelho é estendi do. Os fatores que podem aumentar esse ângulo
medialmente) e o vasto medial oblíquo (com suas fibras musculares Q são geno valgo, anteversão femo ral aumentada, torção tibial
tracionando de maneira relativamente horizontal a 50 a 55 graus externa, tub erosidade da tíbia posicionada lateralmente e um reti-
mediaimente). A fun ção primária do músculo vasto medial oblíquo é n áculo lateral ten so. O ângulo Q também pode ser aumentado de
estabilizar a patela contra a força lateral do vasto lateral, fazendo com modo dinâmico por rotação interna do fê mur sobre uma tíbia fixa,
que o vasto medial oblíquo seja o estabilizador dinâmico da patela. como em uma manobra de mudança de dire ção. Qualquer um
Fatores estáticos, os estabilizadores primários da patela, desses fato res qu e aumentam o ângulo Q p ode ser um fa tor que
incluem o formato da patela, o sulco femoral, um tendão patelar de contribui para a luxação recidivante da patela.

2249
M!Ji•I PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Ângulo O

Para a
espinha ilíaca
anterossuperior - --,..-- - -- \

1- - - - - +- Centro
da patela

Tuberosidade
anterior da tíbia--- - - -1

O!§il;Jdai. Teste da apreensão positivo com luxação da patela


(ver texto).

da patela é avaliado. Em geral, a patela deve se mover mais superior-


Oldil;b'Ellt Ângulo Q (ver texto).
mente que lateralmente. Com o paciente em posição supina e o
joelho flexionado a 30 graus com um coxim atrás do joelho, o ângulo
Q é medido. A insuficiência do sulco femoral e do LFPM, que pro-
O próprio formato da patela também pode ser um fator con- porcionam 60% da estabilização medial, é testada pela aplicação de
tribuinte. Uma patela anormalmente pequena ou displásica pode um estresse inferolateral durante palpação do ligamento. O teste do
interferir no movimento suave de deslizamento da patela no sulco grind patelar é feito por meio da aplicação de pressão à patela e o
intercondilar. A patela alta é considerada por muitos autores como deslocamento manual mediaimente, lateralmente, superiormente e
a causa mais comum de luxação ou subluxação recidivante da patela. inferiormente no sulco troclear. Esse teste reproduz a dor anterior
A displasia do côndilo femoral também pode ser um fator contri- no joelho quando uma patologia femorop atelar está presente.
buinte. Pacientes com hipoplas ia do côndilo femoral lateral perdem Para o "teste de apreensão'; o examinador segura o joelho
um suporte ósseo que impede a subluxação lateral da patela do sulco relaxado em 20 a 30 graus de flexão e, manualmente, subluxa a patela
intercondilar. lateralmente. Quando o teste é positivo, o paciente se queixa repen-
tinamente de dor e resiste a qualquer movimento lateral adicional
da patela (Fig. 47-2). A mesma manobra controlada é feita durante
ASPECTOS CLÍNICOS a lenta flexão e extensão do joelho do paciente. O examinador divide
visualmente a patela em quatro quadrantes, e move passivamente a
Em pacientes com luxação ou subluxação recidivante da patela, uma patela medial e, em seguida, lateralmente, medindo a distância de
anamnese precisa ainda é uma das ferramentas de diagnóstico mais excursão nos quadrantes patelares. Isso é feito com o joelho a Ograu
importante. Problemas patelares podem simular vários "desarranjos e a 20 graus de flexão. Em geral, o deslizamento patelar passivo é de
internos" do joelho. É fundamental um histórico preciso do meca- um a dois quadrantes medial e lateralmente. A tensão retinacular
nismo de lesão e do tipo e área da dor. Os pacientes que têm luxação lateral excessiva é indicada pelo deslizamento patelar passivo medial
recidivante frequentemente referem dor difusa ao redor do joelho, limitado e por uma inclinação patelar negativa.
que piora ao subir e descer escadas ou ladeiras. A dor geralmente O teste da inclinação patelar é feito com o joelho em 20 graus
tem localização anterior no joelho e, muitas vezes, é descrita como de flexão. Os dedos do examinador são apoiados na borda medial
uma dor constante com episódios intermitentes de dor aguda e forte. da patela com o polegar no aspecto lateral. A incapacidade de elevar
Pode ocorrer a sensação de insegurança no joelho e, ocasional- a faceta lateral ao plano horizontal ou um pouco além indica tensão
mente, de "sair do lugar" ou de instabilidade. Crepitação patelar e retinacular lateral excessiva.
edema do joelho são comuns. Os achados clínicos incluem os fatores Pontos sensíveis podem ser palpados no quadríceps ou na
citados previamente que contribuem para o aumento do ângulo Q. inserção do tendão patelar na patela ou no retináculo medial ou
Além disso, a crepitação femoropatelar pode ser palpável e um lateral; defe itos no retináculo também podem ser palpáveis. Com a
derrame pode estar presente. palpação direta da faceta, é possível observar pontos sensíveis ao
O exame começa pela observação da altura patelar do paciente, longo das facetas medial ou lateral da patela, conforme a patela é
com o paciente em posição sentada. Uma inclinação superior indica subluxada manualmente e rotacionada para expor essas superfícies
patela alta. A excursão patelar dinâmica é avaliada com o examinador articulares. Essa sensibilidade patelar pode indicar uma patologia da
em pé em frente ao paciente sentado, enquanto o paciente estende cartilagem articular.
lentamente o joelho. Um sinal do J positivo (discreta subluxação Circunferências da coxa medidas proximais à patela frequen-
lateral da patela conforme o joelho se aproxima da extensão total) temente mostram atrofia do quadríceps no lado acometido. Com o
indica algum grau de alteração da excursão. A excursão patelar ativa paciente sentado e os joelhos fletidos a 90 graus, um posicionamento
também deve ser examinada com o joelho relaxado na posição lateral ou superior da patela, às vezes, pode ser visto. Após um exame
estendida. Quando o músculo quadríceps é contraído, o movimento cuidadoso do joelho sadio e do joelho lesionado, outras articulaçôes
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

devem ser avaliadas para hiperfrouxidão. A hiperextensão dos Em uma revisão de 114 radiografias do perfil de joelhos normais,
joelhos ou cotovelos além de 10 graus, a capacidade de tocar passi- Insall e Salvati descobriram que o comprimento do tendão patelar
vamente o polegar no antebraço, a hiperextensão da articulação (LT) e o comprimen to diagonal da patela (LP) tinham uma proporção
metacarpofalangeana do dedo indicador, e a frouxidão multidirecio- de 1,0 (Fig. 47-4}, com uma variação inferior a 20%. Eles concluíram
nal da articulação do ombro são todos indicativos de frouxidão que é provável que a patela alta esteja presente se LT exceder LP por
ligamentar generalizada. Verificou-se que os pacientes com frouxi- mais de 20% (razão de 2'. 1,2). Dejour utilizou uma radiografia em
dão ligamentar generalizada têm menos lesões articulares associadas perfil verdadeiro com o joelho em 20 graus de flexão para avaliar a
a luxações em comparação com pacientes sem frouxidão ligamentar. insuficiência troclear. A profundidade troclear medida a 1 cm do
O ângulo coxa-pé é medido com o paciente em decúbito ventral e
o joelho fletido a 90 graus. Um ângul o de mais de 30 graus indica
deformidade de rotação significativa no membro inferior. A parte
final do exame é feita com o paciente em pé e consiste na observação
de desalinhamento (ou seja, anteversão femoral, geno valgo, torção
tibial externa e pé plano).

ASPECTOS RADIOGRÁFICOS (TABELA 47-1)

A radiografia anteroposterior raramente fornece qualquer informa-


ção sobre alterações femoropatelares. Pode revelar uma patela bipar-
tida, que é um a variante da normal. Ocasionalmente, uma fratura
osteocondral da borda medial da patela pode ser vista. Além disso,
corpos livres ou fraturas osteocondrais podem estar presentes. A inci-
dência do perfil do joelho é útil para determinar patela alta. Blumen-
saat mostrou que, com o joelho fletido a 30 graus, uma linha que se A B
estende através da fossa intercondilar deve to car o polo inferior da O@ii;@!fl9 A, Joelho normal. Polo inferior da patela na
patela (Fig. 47-3) . Vários autores, no entanto, entendem que a linha linha Blumensaat a 30 graus de flexão do joelho. B, Patela alta.
de Blumensaat é um índice inexato de patela alta. Patela significativamente proximal à linha de Blumensaat.

•@=H!+i 47-1 Medidas Radiográficas da Patela

TÉCNICA MEDIDAS CARACTERÍSTICAS


Linha de Blumensaat (Fig. 47-3) Com o joelho flexionado a 30 graus, a linha é Deve se aproximar do polo
Radiografia em perfil para desenhada pela fossa intercondilar inferior da patela
determinação de patela alta
Índice de lnsall-Salvati (Fig . 47-4} LT: LP = 1,0 Patela alta se razão 2'. 1,2
Radiografia em perfil
Profundidade troclear (Dejour) Profundidade troclear medida a 1 cm do topo Deve ser 2'. 5 mm
(Fig . 47-5) Radiografia em perfil do sulco
Altura patelar Razão entre o comprimento da faceta articular da Razão AP/AT- normal 0,6-1,3
(Caton-Deschamps) patela (AP) e a distância entre a faceta articular Patela baixa - razão < 0,6
Radiografia em perfil da patela e o canto superior da epífise tibial Patela alta - razão > 1,3
superior (AT) . Joelho flexionado em 30 graus
Razão de Blackburne-Peel Comprimento da superfície articular da patela Razão normal 0,54-1,06
para comprimento medido da superfície
articular da tíbia ao polo inferior da patela
Inclinação patelar (TC) Ângulo formado pela intersecçã o da tangente Ângulo normal : < 20 graus
dos côndilos posteriores e o ei xo maior da patela Ângulo > 20 graus: displasia
em uma incidência com flexã o de 20 graus
TA-GT (radiografia axial, TC) Duas linhas desenhadas perpendicularmente à > 20 mm = mau alinhamento
linha bicondilar posterior, uma linha pelo meio
do sulco troclear (GT) e uma segunda através da
tuberosidade tibial (TA) . A distância entre as
linhas é medida
Sinal de cruzamento (Fig. 47-6) O contorno cortical anterior do côndilo Sulco displásico
intersecta o contorno troclear
Bico da tróclea (bump} A linha troclear se estende anteriormente ao Sulco displásico
(Fig . 47-6) córtex femoral
1111!1) PARTE XIII MEDICI NA ESPORTI VA

,.. -- -- - ......
I
'---

A
3

O@ll;fdD19 A, Pontos de referênci a da incid ê ncia a xial cor-


relacionados com a incidência em perfil. A crista mediana da
patela geralmente é posterior à faceta patelar lateral. B, Aumento
O[rii@i&19 Método de lnsall para diagnosticar patela alta . progressivo na inclinação lateral da patela, como visto na incidên-
Comprimento do tendão patelar (LT) e comprimento da patela cia em perfil. Na posição normal (1), a crista mediana é posterior
(LP) têm uma razão normal LT/LP de 1. Uma variação de mais de à faceta lateral. O aumento da inclinação faz com que a crista
20% indica posição a normal. me diana se sobreponha à faceta lateral (2) e, por fim, se mova
para posterior à faceta lateral (3) .

ápice do sulco deve ser d e 5 mm ou mai s (Fig. 47- 5). Um "sin al do


cruzamento", qu and o o contorno d a cortical anterior do côndilo
intersecta o contorn o d a tróclea, indi ca um sulco displásico, assim
com o um bump trocl ea r quan do a linh a troclear se es ten de anterior-
m ente à cortical fe m oral (Fig. 47-6).
Blackburne e Peel d escreveram um a razão sem elhante entre o
co mprimento da sup erfície articular d a pateta e o comprimento
m edido a parti r da superfí cie articular d a tíbia ao pol o inferior d a
patela. Eles sugeriram que esses pontos d e referência po dem ser
vistos e repro d uzido m ais facilmen te em radiografi as. As razões
n ormais com essa m edida fo ram entre 0,54 e 1,06.
A incid ên cia habitual m ais imp o rtante da articul ação fe mo -
ropatelar é a in cidên cia axial d a p atela. Vá rio s m éto d os fo ram
d escritos p ara obter essa incidên cia axial (Fig. 47-7). Para que ess a
radiografia tenha valo r, am bos os joelhos d evem ser expos tos ao
m esm o temp o para comparação. O pla n o do film e d eve se r p er-
pe ndicular ao feixe d e raios X para evitar distorção; as p ern as devem
se r m a ntid as na verti cal par a evit ar a ro tação , que pode simular
cô ndilos fem o r ais late r ais ba ixos; os mú sc ulos qu a drícep s
d evem estar re laxa d os p ar a evit a r que a patela seja redu zida
qu ando a r a di ogra fi a fo r r eali zad a; e o joelho d eve se r fl etido
entre 20 e 45 gr aus d e fl exão, porqu e um a fl exão m aior geralmente
reduz a m aioria das alterações femoropatelares.
Quando a in cidência axial for realizad a, o fo rmato da patela
d eve ser avaliado, juntam ente co m a fo rma da tró clea fem oral e a
relação entre a patela e o fê mur. Em geral, a patela aparece unifor-
m em ente p osicionad a dentro do sulco troclear d o fêmur, com uma
distân cia igu al entre as duas face tas da patela e as superfí cies adja-
centes d o fêmur. As alteraçõ es inclu em in cl inação da patela o u
O@ii;f4CD Sina l do "cruzamento" e bico da tróclea
(bump).
subluxação e luxação co m pleta d a pateta (F ig. 47-8) . Medidas para
qua ntifi car a subluxação patelar fora m d escritas, m as, n a maioria
das circunstâncias, simples m ente olhar as rad iografi as é sufi c iente quando a subluxação fo r m ínima (Fig. 47-10). Para a instabilidad e
para diferenciar um sulco raso de um n o rmal (Fig. 47-9). Da m es m a femoropa telar crônica e recidiva nte, a TC ou RM é recomendada
maneira, a análise d a congruência fem orop atelar somente é necessária para ava liar a lateralização da tuberosidad e da tíbia. Uma distância
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕ ES RECIDIVANTES EDii

..

_ ...._ ...._ _ÍllillÍlillllilmllllllilli......

/
7
A 8

''
''
''
''
''
''

e
O@il;M! D Técnicas radiográficas para avaliação da articulação femoropatelar. A, Incidência infrapatelar. B, Incidência axial.
C, Incidência Skyline .

distância de TA-GT de mais de 20 mm; RM é indicada para luxações


agudas em atletas de alto nível e quando se suspeita de um frag-
mento osteocondral solto. Superfícies condrais e o local e a extensão
da lesão do LFPM devem ser documentados para potencial plane-
jamento cirúrgico.

TRATAMENTO CONSERVADOR

• LUXAÇÃO OU SUBLUXAÇÃO
AGUDA DA PATELA
Depois de uma luxação ou subluxação aguda da patela, o joelho é
imobilizado em um imobilizador comercial com um curativo com-
pressivo tipo fones, e muletas são usadas para deambulação. Se
hemartrose estiver presente, causando dor significativa e compres-
são, a aspiração sob condições estéreis é indicada antes de o membro
ser imobilizado.
Exercícios de contração isométrica do quadríceps e três séries
de 15 a 20 elevações da perna estendida são feitos quatro ou cinco
O@i@)lil• Inclinação lateral da patela na incidência axial. vezes por dia durante o período agudo. Gelo é aplicado durante 20
minutos, a cada 2 a 3 horas, para reduzir o edema. O imobilizador
entre a tuberosidade anterior da tíbia e o sulco troclear (TA-GT) de joelho e o curativo de compressão são interrompidos em 3 a 5
igual ou superior a 15 mm indica desalinhamento. Para instabilidade dias, após a reação aguda ter sido resolvida. As muletas são inter-
recidivante, o realinhamento distal é indicado (Fig. 47-11) para uma rompidas quando o paciente for capaz de fazer a elevação da perna
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

H@IJ;t+)m;D Incidência de Merchant evidenciando um ângulo do sulco largo.

-O+
l
1

iij@i!;MlflD Medidas de congruência femoropatelar descri-


tas por Merchant et ai. F, faceta; L, côndilo lateral; M, côndilo
medial; P, crista da patela; 5, sulco. O ângu lo MSL é o ângulo do
sulco {média, 137 graus e desvio padrão de 6 graus). A linha 50
é a linha de referência zero que bissecciona o ângulo do sulco.
O ângulo PSO é o ângulo de congruência (média -8 graus e desvio
padrão de 6 graus). A linha PF (faceta lateral) e a linha ML formam
o ângulo femoropatelar que deve divergir lateralmente.

estendida com um a caneleira de 2 kg e for capaz de caminhar com


uma marcha quase normal.
A reabilitação deve enfatizar exercícios de cadeia fechada,
H@i1$.i&ll Linhas eram usadas para calcular a lateralização
da tuberosidade tibial usando TC. A linha é desenhada na imagem
incluindo exercícios de parede, nos quais o paciente agacha cerca de
sobreposta entre as margens posteriores dos côndilos femorais
40 graus, mantendo as costas contra a parede por 15 a 20 segundos,
(AB). São traçadas duas linhas perpendiculares a essa, uma bissec-
em um total de 10 a 15 repetições. Exercícios de passos laterais e
cionando o sulco femoral troclear (CD) e uma bisseccionando a
frontais usando uma plataforma de 15 a 20 cm devem ser realizados
tuberosidade anterior da tíbia através do ponto escolhido no
após a reação inflamatória aguda for resolvida. Esses são seguidos
centro da inserção do tendão patelar (EF). A distância entre essas
por exercício de leg press de pouca amplitude e um fortalecimento
duas linhas (GH) é medida em milímetros. (De Jones RB, Barlett EC,
de resistência usando uma bicicleta ergométrica e um simulador de
Vainright JR, et ai: CT determination of tibial tubercle lateralization in
escadas (Stairmaster°). O paciente pode retornar às atividades espor-
patients presenting with anterior knee pain, Skeletal Radiol 24:505, 1995.)
tivas quando a força do quadríceps e dos músculos flexores estiver,
no mínimo, 85% do normal e a agilidade específica do esporte for
recuperada. Em geral, uma órtese estabilizadora da patela é prescrita
para as primeiras 6 a 8 semanas durante a reabilitação e em longo
prazo para a atividade esportiva. programa de reabilitação para fortalecer o músculo quadríceps é
fundamental. Um programa semelhante ao re_a lizado após a luxação
aguda, com a adição de mais exercícios de resistência, pode ser
• DESALINHAMENTO FEMOROPATELAR E iniciado precocemente, e uma órtese de estabilização patelar pode
SUBLUXAÇÃO RECIDIVANTE DA PATELA ser usada para aj udar a evitar a subluxação crônica recidivante. Com
A cirurgia não é necessária em todos os pacientes com desalinha- a falha do tratamento conservador em candidatos ativos e saudáveis,
mento femoropatelar ou subluxação recidivante da patela. Bons a correção cirúrgica da frouxidão medial ou a transferência da tube-
resultados têm sido obtidos com um programa de tratamento con- rosidade anterior da tíbia é necessária para ajudar a prevenir a dete-
servador com exercício em pessoas moderadamente ativas. Um rioração da articulação.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

TRATAMENTO CIRÚRGICO

• LUXAÇÃO AGUDA DA PATELA


A intervenção cirúrgica para uma primo-luxação aguda da patela
é indicada para pacientes com fratura osteocondral e formação de
corpo livre ou incongruência articular. A cirurgia também pode
ser indicada para at letas competitivos no final da temporada (ou
próximo), caso eles pretendam desenvolver atividades esportivas
de alto nível.
Estudos de um modelo de cadáver determinaram que o LFPM
é o principal estabilizador da patela e os ligamentos patelotibial e
patelomeniscal são estabilizadores secundários. Uma lesão do LFPM
próximo ao fêmur é frequente em pacientes com luxações patelares e
agudas, assim como a ruptura parcial do músculo vasto medial com
o músculo sendo separado do tendão do adutor magno. Essas lesões
geralmente podem ser reparadas por meio de uma pequena incisão
(4 cm) centrada sobre o tubérculo adutor; a reabilitação acelerada
sem imobilização é recomendada para evitar artrofibrose.

REPARO ABERTO DO
LIGAMENTO FEMOROPATELAR
H@IJ;f4D19 Proced imento três em um . (A) Liberaçã o lateral.
MEDIAL E MÚSCULO VASTO (B) Avanço do músculo vasto medial. (C) Transf erência do terço
MEDIAL OBLÍQUO medial do tendão patelar ao ligamento colateral medial, sutu-
rado com duas âncoras de metal.
TÉCNICA
•Após uma avaliação artroscópica aprofundada para iden-
tificar e corrig ir qualquer patolog ia intra-articular, um
reparo aberto é rea lizado.
fragmentos osteocondrais livres, condromalácia da patela e lesões e
• Faça uma incisão oblíqua de 4 cm sobre o tubérculo adutor
degeneração meniscais, tudo contribui para a deterioração progres-
em linha com o plano de clivagem da pele. Incise a fáscia em
siva da articulação do joelho. Com a luxação recidivante da patela, as
linha com a incisão da pele, evitando lesionar o ramo do
superfícies articulares se degeneram, não tanto pelo fato de a patela,
nervo safena.
às vezes ou frequentemente, estar luxada, mas porque as excursões da
• Identifique o ventre distal do múscu lo vasto med ial oblíquo,
patela são anormais durante qualquer movimento do joelho.
e afaste-o superiormente e anteriormente para ajudar a
Mais de 100 procedimentos cirúrgicos foram descritos para o
expor o LFPM.
tratamento de instabilidade femoropatelar. A chave para a interven-
•Se um fragmento de tecido mole residual estiver ligado
ção cirúrgica bem-sucedida é identificar e tratar corretamente a
ao tubérculo adutor, faça um reparo direto do ligamento
anatomia patológica que gera a instabilidade. Os exames físicos e de
com suturas não absorvíveis. Se o ligamento estiver avul-
imagem devem fornecer ampla informação para determinar as áreas
sionado do tubérculo, use âncoras de sutura para fixação
que necessitam de tratamento cirúrgico (Tabela 47-2). A complexi-
do ligamento. A inserção anatômica é ao longo do aspecto
dade do procedimento escolhido deve ser apropriada para o pro-
anterior do terço proximal do tubércu lo.
blema identificado, com foco em um procedimento reproduzível, de
baixo risco e alto benefício, com um histórico de elevada taxa de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um programa de reabili-
sucesso (Tabela 47-3; Fig. 47-12).
tação acelerada é iniciado com movimentação pós-ope-
Procedimentos que envolvem o transplante da tuberosidade da
ratória imediata. Carga é perm it ida quando tolerada, e
tíbia são contraindicados até que a fise tibial proximal tenha fechado.
forta lecimento e movimentação precoce são permitidos
O fechamento prematuro da parte anterior desta fise pode levar a
conforme tolerado. Exercícios de cadeia fechada são enfati-
um genu recurvatum, exigindo osteotornia corretiva.
zados, assim como para o tratamento conservador das
Durante todos os procedimentos operatórios para luxação
luxações patelares.
recidivante ou subluxação da patela, é importante uma ínspeção
artroscópica aprofundada das superfícies articulares e estruturas
intra-articulares. Alterações condrais sintomáticas inferiormente e
• DESALINHAMENTO FEMOROPATELAR E lateralmente podem ser melhoradas por anteromedialização da
SUBLUXAÇÃO RECIDIVANTE DA PATELA tuberosidade, transferindo a carga para proximal e medial. Altera-
Se a luxação da patela persistir apesar do tratamento não operatório ções condrais sintomáticas da faceta medial são exacerbadas pelo
adequado, a cirurgia é indicada. Caso contrário, o paciente pode se tensionamento excessivo mediaimente.
tornar apreensivo e com medo de usar o joelho e, com a recorrência Nenhuma operação é universalmente bem-sucedida na corre-
contínua, a articulação pode ser gravemente danificada. Uma articu- ção da luxação e subluxação recidivantes. A operação deve ser esco-
lação femoropatelar anormal, uma tração anormal do quadríceps, lhida conforme o possível de acordo com as necessidades individuais
ifü@!!' Tratamento da Instabilidade Femoropatelar

PATOLOGIA ACHADOS DIAGNÓSTICOS PROCEDIMENTO


CONTENÇÃO
Patela alta Índice de lnsall > 1: 2 Distalização
Displasia troclear Sinal de cruzamento Reconstrução do LFPM
Bico da tróclea (bump) Ângulo do sulco Trocleoplastia *
> 140graus
Displasia patelar Wiberg tipo C Reconstrução do LFPM
ALINHAMENTO
Tuberosidade anterior da tíbia Ângulo Q > 20 graus, TA-GT > 20mm Anteromedialização da tuberosidade
Anteversão femoral Ângulo coxa-pé > 30 graus Osteotomia rotacional t
Torção tibial externa, genu valgum, Observação de mau alinhamento Órteses e reabilitação
hiperpronação
DESEQUILÍBRIO DAS PARTES MOLES
Dinâmico (disfunção do VMO) TA-GT < 20 mm Reabilitação
Estática
LFPM incompetente Deslizamento lateral de 3 quadrantes Imbricação medial quando há bons
Hiperfrouxidão generalizada Inclinação lateral (síndrome de pressão tecidos ou reconstrução do LFPM *
Retesamento excessivo lateral excessiva) Liberação lateral

*Trocleoplastia: risco/benefício excessivamente elevado.


1
0steotomia rotacional: alto risco/benefício.
*Se houver dúvida com relação à força das partes moles, reconstrução em paciente com esqueleto maduro.
LFPM, ligamento femoropatelar medial; GT. sulco troclear; TA, tuberosidade anterior da tíbia; VMO, vasto medial oblíquo.

it-'=H'4 Procedimentos Cirúrgicos para Tratamento da Instabilidade Patelar


BAIXO RISCO - BAIXO BENEFÍCIO
Imbricação/reparação medial 30% de taxa de falha, aproximadamente o mesmo que o tratamento conservador
Indicação: primo-luxação + defeito condral reparável
Instabilidade no esqueleto maduro
Em combinação com o realinhamento distal
Liberação lateral Síndrome da pressão lateral excessiva
Em combinação com o procedimento de realinhamento quando o retesamento
excessivo impede a centralização patelar
Pode aumentar o risco tanto para subluxação patelar medial quanto lateral
BAIXO RISCO - ALTO BENEFÍCIO
Reconstrução LFPM Indicado para deficiência de LFPM recidivante ± displasia troclear
Posicionamento femoral proximal ou anterior ou retesamento excessivo resulta em
sobrecarga da faceta medial
Pode combinar com o realinhamento distal
Procedimento de Elmslie-Trillat Indicado para instabilidade TA-GT > 20 mm +estruturas mediais fortes e reparáveis
Tempo de recuperação e risco de fratura da tíbia proximal por estresse ou por
trauma muito menor que o procedimento de Fulkerson
ALTO RISCO - ALTO BENEFÍCIO*
Realinhamento distal de Fulkerson Indicado para faceta lateral sintomática ou artrose de polo distal + TA-GT > 20 mm
Contraindicado com artrose da faceta proximal/medial
Tempo de recuperação longo, aumento do risco de fratura da tíbia proximal por
esporte
Osteotomia alta de rotação da tíbia Indicada para instabilidade + deformidade rotacional grave
Marcha mais normalizada em comparação com o realinhamento distal
Trocleoplastia Indicado para tróclea displásica
Baixo índice de recorrência
Aumento do risco de osteonecrose, gonartrose, artrofibrose
Côndilo lateral: aumento da pressão; aumento de artrose da faceta lateral
Sulcoplastia Aumento de artrose
Bons resultados com menos risco relatados com reconstrução do LFPM
Procedimento 3 em 1 - realinhamento Instabilidade recidivante, TA-GT > 20mm
do mecanismo extensor + avanço do Fise aberta
VMO + transferência do terço médio
do tendão patelar para o LCM (Fig.
47-12)
*Indicado em circunstâncias especiais, quando a relação risco/benefício é aceitável.
LCM, ligamento colateral medial; LFPM, ligamento femoropatelar medial; GT. sulco troclear; TA. tuberosidade anterior da tíbia; VMO, vasto medial
oblíquo.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES Em
do paciente, como a consideração mais importante. A extensão do •Libere apenas o terço latera l do t endão do vasto lateral,
desalinhamento, a idade do paciente, o nível de atividade e a condição e estenda a liberação obliquamente, em linha com o
da articulação também são importantes. Para a instabilidade recidi-
músculo vasto lateral superiormente e latera lmente.
vante da patela com uma patela hipermóvel, exames rad iográficos •Libere a cápsula latera l até a sinóvia.
nos planos anteroposterior e axial são importantes. Se existe um
• Para melhor identificar o vaso gen icu lar superolateral e
sulco raso com uma tróclea po uco desenvolvida, a fisioterapia
evitar algumas das comp licações de hemartrose associa-
prolongada é indicada por causa da alta taxa de fa lha após a cirur-
das a li berações abertas e artroscóp icas, faça uma incisão
gia nesses pacientes. Quando a cirurgia é indicada, a melhor abor- superior anterol ateral de 2 cm, começando imediata-
dagem é uma reconstrução do LFPM. O realinhamento distal é
mente lateral ao polo proximal da pat ela.
realizado quando indicado. A razão risco-benefício de uma trocle-
•Faça a li beração com uma tesoura conforme descrito
oplastia não justifica seu uso nesse momento. Para instabilidade
anteriormente, e faça a hemostasia pela coag ul ação da
recidivante com um ângulo Q de aproximadamente 20 graus, a
artéria gen icu lar superola teral.
artroscopia do joelho é indicada para o tratamento de patologias
• Posicione um dreno intra-a rti cular e aplique um curativo
associadas e para observar a excursão fe moropatelar através de um
de compressão de Jones com um coxim patela r lateral
portal superolateral. Se as alterações condrais de grau 3 estiverem
reforçado.
presentes, uma osteotomia oblíqua para o realinhamento distal
deve ser considerada. Depois de concluir os procedimentos de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O dreno é removido após
realinhamento, o ângulo Q, medido com goniômetro, deve ser
24 horas. Uma órtese de joelho é usada por aproximada-
inferior a 15 graus, mas superior a 10 graus. A excursão patelar
mente 48 horas para reduzi r o edema, após o qual exercícios
pode ser reavaliada artroscopicamente através do portal sup erola-
de ganho de amplitude de movimento e de forta lecimento
teral para garantir a excursão adequada e posicionamento da patela
progressivos são iniciados, começando com a elevação da
dentro da tróclea a 25 a 30 graus de fl exão. Quando as medidas do
perna estendida e progredindo para forta lecimento em
índice Insall são sup eriores a 1,2 em radiografias pré-operatórias,
cadeia fechada até os sintomas desa parecerem.
a tub erosidade da tíbia deve ser transferida distalmente e mediai-
mente para criar um índice de Insall de aproximadamente 1,2. As
luxações da patela congênitas ou secund árias a outras causas são
discutidas nos Capítulos 29 e 60. 1 PROCEDIMENTOS PROXIMAIS DE PARTES MOLES
Indicações para procedimentos de partes moles incluem instabili-
1 LIBERAÇÃO LATERAL dade secundária à frouxidão medial com ou sem displasia troclear,
Uma liberação lateral é indicada como um procedimento isolado aj ustes finais de procedim entos de realinhamento distal e instabili-
para dor parapatelar secundária à síndrome da pressão lateral dade em pacientes com esqueleto imaturo. Em casos agudos, a lesão
excessiva (o u seja, inclinação patelar negativa e menos que um qua- isolada do LFPM no epicôndilo medial como encontrado na RM
drante de deslizame nto patelar medial passivo). Em um procedi- deve ser reparada, se a lesão ocorrer perto do término da temporada
mento combinado de realinhamento, a liberação lateral é indicada do atleta. Imbricação minimamente invasiva ou artroscópica deve
quando as estruturas laterais tensas impedem a centralização patelar. ser feita para frouxidão medial crônica leve a moderada, e a recons-
Marumoto et ai. mostraram que uma liberação lateral efetiva deve trução do LFPM deve ser feita para frouxidão medial crônica mode-
incluir liberação do retináculo do terço distal do músculo vasto rada a grave. Para produzir uma articulação femoropatelar estável,
lateral até a tuberosidade da tíbia para incluir os ligamentos femo- o local da lesão do LFPM deve ser identificado e reparado, reforçado
ropatelar e patelotibial laterais. A maioria dos procedimentos de ou reconstruído com tecido suficiente para suportar a carga repeti-
realinhamento patelar inclui a liberação do retináculo lateral espes- tiva nas estruturas mediais.
sado e contraído quando este impede a centralização.
A liberação lateral pode ser realizada como um procedimento AVANÇO MEDIAL
aberto ou artroscópico. Com os avanços da artroscopia, a maioria
INVASIVO ,E LIBERAÇAO LATERAL

----=----
dos procedimentos de liberação lateral agora é feita artroscopica-
mente. Isso possibilita a exploração completa da articulação do ARTROSCOPICA
joelho, o que é importante em qualquer operação de subluxação ou
luxação patelar. A técnica de liberação lateral artroscópica é descrita
TÉCNICA
no Capítulo 51.
(NAM E KARZEL)

• Examine o joe lho com o paciente sob anestesia, e regi stre


a amplitude de movi mento, a incli nação patelar e o des-
lizamento medial e lateral.
LIBERAÇÃO LATERAL ABERTA •Usando portais infero lateral e inferomed ial pad rão, faça
uma artroscop ia diagnóstica.
TÉCNICA •Trate lesões condra is ou men iscais com condroplastia ou
meniscectomia parcia l.
•Faça uma liberação lateral aberta após exame comp leto •Faça um avanço medial minimamente invasivo. Faça uma
artroscópico do joelho, estendendo-se o portal anterolateral. incisão de 4 cm, começando no nível do polo superior da
•Use tesou ra do tipo Metcalf® para estender a liberação patela, 2 cm medial e para lelo à borda med ial da patela
retinacu lar dista lmente à tuberosidade da tíbia e, depois, que se prolonga distalmente. Continue a dissecção através
proximalmente à borda superolateral da patela. dos tecidos subcutâneos . )
11111!1) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Avanço Liberação
medial lateral

lâ@i@i D19 Técnica de Nam e Karzel. A,


Liberação lateral artroscópica e procedimento
Medial Lateral medial minimamente invasivo. B, Sutura de col-
choeiro usada para unir o vasto medial e o reti-
A náculo medial. VEJA A TÉCNICA 47-3.

um LFPM amplamente danificado por meio de uma técnica com


•Identifique o vasto medial e o retináculo medial e inspe-
) enxerto de tendão semitendíneo.
cione cuidadosamente todas as áreas de separação. Segure
Várias técnicas foram descritas para a reconstrução do LFPM,
essas estruturas com um gancho e puxe-as manualmente
a maioria usando enxertos duplos de flexores autógenos em uma
lateralmente para avaliar a integridade da inse rção no
posição fisiométrica confirmada pela palpação dos pontos de refe-
tubérculo adutor.
rência e por imagem, e testados para avaliar isometria. A técnica
•Continue o avanço lateral até a patela . Incise cuidadosa-
que temos usado por mais de 6 anos envolve o posicionamento
mente o vasto medial e o retináculo medial ao longo da
adequado de um enxerto forte, fisiologicamente tensionado. Essa
borda medial da patela (mas sem transfixar) até a mem-
técnica resultou em baixos índices de recorrência com um baixo
brana sinovial.
risco de produzir artrose femoropatelar ou rigidez articular por
•Usando suturas de Ethibond nº 2 (Ethicon lnc., Johnson &
limitação excessiva.
Johnson, SomeNille, NJ), avance o retináculo medial até a
borda medial da patela, usando pelo menos quatro suturas .
•Antes que as suturas sejam amarradas, avalie a ampli- RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO
tude de movimento para determinar a excursão con-
gruente da patela e garantir pelo menos 90 graus de
FEMOROPATELAR MEDIAL
flexão do joelho.
TÉCNICA
•Reintroduza o artroscópio para confirmar a centralização
da patela no interior do su lco trocl ear e aumentar ou
(PHILLIPS)
diminuir a tensão da sutura, conforme necessário.
•Amarre as suturas com o joelho em extensão completa,
• Com o paciente em decúbito dorsal, posicione um
e feche a incisão de forma padrão.
garrote na coxa. Use um poste lateral à mesa de operação
para auxiliar no exame artroscópico.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a cirurgia, o joelho é
•Após a assepsia e o posicionamento do filme adesivo estéril,
imobilizado em extensão completa, e o paciente deve ser
examine artroscopicamente o joelho através de portais
autorizado a realizar carga conforme tolerado com uma
medial e lateral padrão para avaliar a excursão patelar
órtese de joelho. Em 2 a 3 semanas após a cirurgia, a
e procurar lesões intra-articulares e condrais na patela.
órtese é retirada e exercícios progressi vos de amplitude
Essa avaliação é essencial para determ inar o tratam ento
de movimento passivo e ativo e fortalecimento do qua-
apropriado.
dríceps são iniciados com um programa de fisioterap ia
•Faça uma incisão de 3 cm, 3 cm medial à porção inferior
formal. Os pacientes são autorizados a participar de da tuberosidade tibial, e extraia o tendão semitendíneo
esportes em 4 meses.
na forma padrão. Meça o enxerto de modo que o túnel
de tamanho apropriado possa ser feito posteriormente.
•Dependendo do tamanho do paciente e da patologia
presente, use uma incisão longitudinal de 4 cm centrada
Reconstrução do Ligamento Femoropatelar Medial. O LFPM deve entre a patela e o epicôndilo medial do fêmur ou duas
ser reparado fazendo uma incisão de 3 cm sobre o local da lesão, pequenas incisões, uma imediatamente ao lado da porção
conforme demonstrado por RM. Um ligamento incompetente com superior da patela e outra começando no tubérculo adutor
danos restritos à origem femoral pode ser reparado e reforçado pelo e estendendo-se distalmente ao epicôndilo medial do
uso do tendão do adutor magno (Fig. 47-14). É necessário tratar a fêmur, para expor o ligamento femoropatelar.
instabilidade crônica com um ângulo Q de menos de 20 graus ou
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES REC IDIVANTE S fmllll

h!ijii#499 A, Ligamento femoropatelar media l desinserido do epicôndilo femora l med ial após luxação aguda da pat ela. B, Li ga-
mento femoropatelar med ial com borda firme do múscu lo vasto med ial oblíquo reinse ri do ao periósteo do epicônd ilo f emoral med ial e
o t endão do magno adutor seccionado. C, Tendão do adutor magno fixado perto da borda med ial da pat ela, e o retin áculo duplicado.

•Disseque subcutaneamente para expor o retináculo medial de flexão e leve frouxidão acima de 70 graus. Se a
proxima l em sua inserção na porção proximal da patela. Faça tensão aumentar com a flexão, o loca l do túnel f emora l
uma incisão de 1,5 cm no retináculo. está muito proximal (ma is comumente) ou possive l-
•Faça uma dissecção romba para separar as camadas 2 e mente muito anterior. Se as sutu ras aperta rem excessi-
3 (entre o LFPM e a cápsula), mantendo-se no plano extras- vamente em extensão, o túnel está muito distal ou
sinovial e criando o plano com um Kelly curvo direcionado muito posterior. Se necessário, corrija a posição do f io-
ao epicôndi lo media l, dissecando entre as camadas para guia e repita a ava li ação.
criar um túnel de partes moles. •Meça pelo menos 16 cm do semitend íneo ext raído e
•Se duas incisões forem util izadas, faça a segunda incisão remova qualquer excesso de comprimento; sutu re um
de 3 cm na área da ponta do Kel ly, que está na área entre reforço em cada ponta do enxerto (Fig. 47-15C)
o tubérculo adutor e o epicôndilo medial. • Com o laço do enxerto posicionado na ca lha patelar, f ixe
•Use um saca-bocados para fazer uma calha superficia l ao o enxerto à pate la com uma das sut uras pa readas em
longo do aspecto medial da patela em sua metade pro- cada uma das âncoras na parte superior da pate la. Deixe
xima l. Centralize a calha entre a cortical e a superfície o segundo conjunto de suturas pa ra reparação do retiná -
articular (Fig. 47-15A). culo sobre o enxerto, posteriormente .
• osicione duas âncoras de sutura dupla na calha, com o •No local selecionado para o túnel femo ral, faça um túnel
joelho fletido a 45 graus para aj uda r a estabil izar a patela de 22 mm, o diâmetro do tendão dobrado .
durante a inserção. Posicione uma âncora imediatamente •Passe as pontas dos enxertos através do tú nel de pa rtes
proximal ao terço médio da patela e outra dista l à ponta moles até o túnel femora l. Puxe o enxerto tensionado e
superior da patela, certificando-se de que ambos estão rebata a patela de modo a possibilitar o deslizamento
posicionados de forma que eles entrem em osso espon- lateral passivo de um a dois quadrantes. Quando a quan-
joso firme. t idade f isiológ ica de tensão sobre o enxerto for determ i-
•Selecione o loca l para o túnel femora l aproximadamente nada, faça uma marca sobre o enxerto, o que corres-
1 cm dista l e 5 mm posterior ao tubércu lo adutor, lige i- ponderá à abertura do túnel femo ral (Fig. 47- 15D)
ramente proximal ao epicôndilo. Confirme a posição •Corte o enxerto 20 mm distal a essa marca pa ra possibi-
correta com imagem (Figs . 47- 158 e 47- 16). litar que o enxerto seja posicionado 17 a 20 mm de ntro
•Posicione um fio-gu ia de 4 furos no loca l escolh ido e do túnel.
passe dois fios de sutura através do túnel de partes moles, •Passe as suturas absorvíveis nas pont as do enxerto, posi-
da âncora até a área do fio. Marque as suturas de modo cione-os na ponta de um f io-gu ia e os tracione para fora
que a pistonagem das suturas possa ser identificada com lateralmente .
a amplitude de movimento do joelho. •Antes da fixação com um parafuso absorvível, mobil ize o
• Faça o arco de movimento do joelho e observe as suturas, joelho, ma is uma vez, certif ica ndo-se de que os tendões
que devem ter movimento mínimo entre O e 70 graus não se tornem tensos em flexão e que o compri mento )
lll!1m> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

O@i!;fiiD19 Reconstrução de Phillips do ligamento


femoropatelar medial. A, Calha centrada entre o
córtex e a superfície articular. B, Posição correta con-
firmada radiograficamente . C, Sutura posicionada
em cada ex-tremidade do enxerto. D, Ponta do enxerto
através do t únel de partes moles. E, Fechamento .
VEJA A TÉCNICA 47-4.

) do tendão é adequado para permitir que 1 a 2 quad ran - CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A articulação do joelho é
tes deslizem passivamente em 30 graus de flexão, de imobilizada em extensão, com uma órtese simples por 3
modo a não limitar muito a pate la. dias após a ciru rgia . Exercícios de ga nho de amplitude de
•M antenha esse comprimento do enxerto enquanto ele é movimento e marcha com mu letas são iniciados e gradual-
fi xado com um parafuso absorvível 1 mm menor que o mente progredidos. A carga é permitida, conforme tolerada,
tam anho do túnel escolhido . Mais uma vez , mobilize imediatamente após a cirurgia . Deambulação com carga
o joelho para se certificar de que a amplitude de movi- total costuma ser possível em 2 ou 3 semanas após a cirurgia.
mento não é restrita. A extensão durante a deambulação é mantida com uma
•Repare o retin áculo sobre o ligamento femoropate lar órtese durante 6 semanas. É incentivado alcançar pelo
reconstruíd o com o segundo conjunto de pontos de cada menos 90 graus de flexão do joelho até o f inal da terceira
âncora. Suture o tecido subcutâneo com Vicryl 2-0® e a semana pós-operatória. Corridas leves são permitidas após 3
pele com Monocryl® (Fig. 47 -1 SE). Aplique um curativo meses, e a participação na atividade esportiva original é
pós-operatório e uma órtese de joelho. permitida 6 meses após a cirurgia, dependendo do paciente.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕ ES RECIDIVANTES

Proximal Recomendamos o procedimento de Elmslie-Trillat modificado


Linha 2 para luxações com um índice de Insall inferior a 1,2 e grau 2 ou menos
de condromalácia observada na artroscopia. Descobrimos que a modi-
Linha 3 ficação descrita por Shelbourne, Porter e Rozzi é tão eficaz quanto a
técnica descrita por Cox, mas com morbidade significantemente
menor. Para obter o melhor resultado estético, realiza-se, primeira-
mente, um a liberação lateral artroscópica. Uma incisão anterolateral
distal de 6 a 7 cm é fe ita, começando imediatamente distal à inter-
linha articular. Para obter o realinhamento distal, a tuberosidade é
posicionada 8 a 10 mm mediaimente e fixada temporariamente com
urn a broca. A exc ursão é observada artroscopicarnente e, quando
congruente, a fixação distal é feita com parafusos de baixo perfil. Se
Distal o realinhamento proximal for necessário, uma incisão parapatelar
medial proximal de 4 cm pode ser utilizada.

mmJl'!· 91!1 Ponto de referência radiográfico de Schõttle et


ai. para posicionamento do túnel femoral na reconstrução do
ligamento femoropatelar medial. Duas linhas perpend icu lares à OPERAÇÃO DE ELMSLIE-TRILLAT
linha 1 são desenhadas, cruzando o ponto de contato entre o
côndilo medial e o córtex posterior (ponto 1, li nha 2) e cruzando TÉCNICA
o ponto mais posterior da linha de Blumensaat (ponto 2, linha 3).
Para a determinação da posição ve rtical, a distância entre a linha (MODIFICADA POR SHELBOURNE, PORTER E ROZZI)
2 e o centro do cônd ilo é medida como a distância e ntre a linha 2
e a linha 3. VEJA A TÉCNICA 47-4. •Faça uma incisão pa rapatelar lateral de 6 cm aproxim a-
damente 1 cm lateral ao tendão patelar.
• Faça uma li beração latera l da tuberosidade da tíbia até a
inserção do tendão do múscu lo vasto latera l na pateta
1 REALINHAMENTO DISTAL proximal. A liberação é considerada adequada quando a
Indicações para realinhamento distal incluem instabilidade patelar superfície articu lar da patela pode ser evertida 90 graus
secundária a desalinhamento indicado por um ângu lo Q de mais latera lmente.
de 20 gra us e distância da tuberosidade anterior da tíbia ao sulco •Aborde a tuberosidade da tíbi a através da mesma incisão
troclear de ma is de 15 mm e a instabilidade patelar com condro- parapatelar, e identifique a inserção do tend ão patelar.
malác ia inferior e lateral. O realinhamento distal tem sido, talvez, Utili zando um osteótomo plano de 2,5 cm, levante um
o método mais utilizado para controlar a luxação da patela. Hauser retalho osteoperiosta l plano co m espessu ra de 7 mm e
descreveu, originalmente, a transferência da tuberosidade da tíbia, comp rim ento de 6 cm, afilado anteriormente e preso ao
na qual a tuberosidade transferida é posicionada em uma posição periósteo distalmente. Não viole as partes moles.
relativamente posterior, aumentando a pressão de contato femoro- •Rotacione o retalho ósseo mediaimente, quebrando o
patelar e a incidência de osteoartrose tardia da articula ção femo- córtex dista l mente e mantendo-o no lugar com um fio de
ropatelar. Essa técnica não deve ser utilizada em crianças com fise Kirsch ner, enquanto o joelho é mobilizado passiva mente
proximal aberta e deixou de ser preferida pela maioria dos cirur- por sua amp litude completa de movimento para ava liar
giões ortopédicos. O método de Hauser foi modificado por vários a excursão patelar.
autores, incluindo Trillat et al., Cox e Brown et al. A anteromedia- •Se a excursão for aceitável e a tuberosidade transferida
lização por exc ursão inadequada com alterações condrais associa- estiver al inh ada com a tíbia subjacente, fixe-a com um ou
das tem sido popularizada por Fulkerson. Provavelm ente, é melhor dois parafusos esponjosos AO 4 mm. Use uma broca de
evitar os procedimentos de realinhamento distal de partes moles 2, 7 mm pa ra perfurar a tuberosidade e a tíb ia. Posicione
descritos por Roux, Goldthwait e Galeazzi . A instabilidade em a broca em direção à articul ação e avance-a até o córtex
pacientes com esqueleto imaturo tem m elhor tratamento com um posterior se r se ntido. A ngular a broca proximalmente
procedimento proximal. torna possíve l que a fi xação seja rea lizada no osso espon-
Operação de Elmslie-Trillat. Cox e Fulkerson descreveram joso da tíbia proxima l. A fixação bicortical não é utilizada,
modificações do procedimento de Elmslie-Trillat que exigem deslo- e o parafuso deve ser suficientemente longo (em gera l,
camento anterior da tuberosidade da tíbia no realinhamento do de 40 a 50 mm) para se aproxima r, mas não penetra r, o
mecanismo femoropatelar. Cox relatou 88% de resultados excelentes córtex posterior.
e bons de 6 a 24 meses após a cirurgia, mas depois notou diminuição
para 66% de resultados satisfatórios em 1 a 7 anos. Brown et al. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A carga é permitida con-
relataram uma discreta modificação do procedimento de Elmslie- forme tolerância, usando uma órtese de extensão do joelho
Trillat, com 81% de resultados bons em um período de acompanha- para a deambulação nas primeiras 6 semanas após a cirur-
mento médio de 42 meses. O procedimento consiste na liberação gia. Em 1 semana após a cirurgia, o forta lecimento em
lateral retinacular, plicatura retinacular medial e transferência cadeia fechada é iniciado, com uma meta de alcançar 70%
medial da tuberosidade da tíbia. O joelho é examinado artroscopi- da força em 6 semanas. Um programa de progressão fun-
camente, e qualquer patologia intra-articular é corrigida. A excursão ciona l que possibilita que o paciente volte a faze r esportes
patelar é observada por meio de um portal superolateral antes e ao sem restrições é iniciado 8 a 12 semanas após a cirurgia.
fina l do procedimento.
E!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A B

H@iht.)9!1 Osteotomia oblíqua da tuberosidade tibial (Brown et ai.). A-C, A vista axial da tíbia mostra que a osteotomia oblíqua
pode elevar (C) ou baixar (B) a origem da tuberosidade da tíbia; enquanto a osteotomia transversal (A) não faz nenhum dos dois.

1 OSTEOTOMIA OBLÍQUA DA TUBEROSIDADE ângulo Q seja corrigido para 1O a 15 graus. Isso geralmente
Em geral, preferimos uma osteotomia ligeiramente oblíqua da tube- requer transferir a tuberosidade anteriormente de 8 a 1O mm.
rosidade (Fig. 47-1 7), tal corno a descrita por Fulkerson e por Brown •Fixe a tuberosidade transferida posicionando uma broca
et ai., que transfere a tuberosidade anteriormente e mediaimente. Esse proximalmente através da tuberosidade e da tíbia com o
procedimento é indicado quando há condromalácia grau 3 ou 4 asso- joelho em 90 graus de flexão para diminuir o risco das
ciada a luxações recidivantes. Fulkerson et ai. usaram fios de Steinmann estruturas neurovasculares.
passados através de um guia para cortar uma superfície de osteotomia •Mobilize o joe lho em sua amplitude de movimento e
plana que angula de anteromedial imediatamente posterior à crista avalie a excursão patelar.
anterior da tíbia em direção posterolateral (Fig. 47-l 7C) . Eles também •Se a excursão for satisfatória, fixe a tuberosidade com
fizeram esse corte mais profundo que o descrito para possibilitar uma dois parafusos esponjosos de baixo perfil e cabeça acha-
transferência mais anterior da tuberosidade; no entanto, o corte mais tada (Fig. 47-18).
superficial evita um efeito de aumento de estresse e reduz o risco de •Feche o retin ácu lo medial tipo jaquetão, plicando o lado
fraturas subsequentes através da osteotomia. medial. Não feche o retináculo lateral.
Embora seja descrito que essa técnica produza 86% de resulta-
dos bons a excelentes, as complicações incluíram aumento de estresse CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Carga é permitida, con-
e fraturas por estresse através da área alguns meses após a cura forme tolerada, após a cirurgia. A imobilização é mantida
clínica e radiográfica estarem presentes. Testes mecânicos mostraram por 4 a 6 semanas, momento em que são instituídos exer-
que a osteotomia plana (Elrnslie-Trillat) tinha taxas médias significa- cícios para ganho de amplitude de movimento e fortaleci-
tivamente maiores de carga e total de energia para que ocorresse falha mento. Retorno ao esporte geralmente é permitido em 6
em comparação com a técnica de osteotomia oblíqua. Em geral, a 9 meses após a cirurgia. Em nossa opinião, há algum
esse procedimento não é indicado para atletas e deve ser reservado risco a longo prazo de fratura após esse procedimento.
para pacientes com alterações degenerativas femoropatelares graves.
Para luxação recidivante e patela alta significativa com wn índice
de Insall de mais de 1.2, é indicada a transferência medial e distal da
tuberosidade. As radiografias pré-operatórias são utilizadas para deter- OSTEOTOMIA TIBIAL DERROTATIVA
minar a quantidade de transferência distal necessária e para garantir ALTA
que o polo inferior da patela não seja posicionado distalmente à linha
Para pacientes esqueleticamente maduros com instabilidade
de Blumensaat, criando uma patela baixa. A tuberosidade é separada associada à deformidade rotacional grave, descobriu-se que
distalrnente, e 5 a 10 mm do osso são ressecados a partir da ponta uma osteotomia tibial derrotativa alta produz melhores resul-
distal da tuberosidade para possibilitar a transferência distal antes da tados funcionais e padrões de marcha mais normais que os
fixação segura. procedimentos de realinhamento proximal ou distal. Indica-
ções sugeridas para a osteotomia alta da tíbia incluem um
OSTEOTOMIA DE FULKERSON ângulo coxa-pé de mais de 30 graus e um ângulo tuberosi-
dade-sulco de mais de 1O graus, medido com o joelho flexio-
TÉCNICA nado a 90 graus e pendurado fora da mesa de exame.

•Faça uma incisão parapatelar lateral de 9 cm, estendendo TÉCNICA


do polo inferior da patela distalmente. A exposição é
similar ao procedimento de Elmsl ie-Trillat, sendo a dife- (PAULOS ET AL.)
rença a osteotomia oblíqua da tuberosidade.
•Estenda o corte distalmente em torno de 6 cm, com a •Depois da artroscop ia diagnóstica completa (an teri or e
ponta medial do corte sendo mais superfi cial. posterior), trate qualquer processo patológico intra-arti-
•Perfure o córtex distalmente, de modo que o fragmento cular identifi cado conforme necessário. Se uma inclin ação
possa ser arqueado. patelar passiva negativa for evidenciada durante o exame
• Utilizando um osteótomo, complete a osteotom ia profunda pré-operatório, faça uma liberação lateral por incisão do
e imediatamente proximal à inserção do tendão patelar e retináculo lateral e sinóvia da tuberosidade tibial até o
alavanque a tuberosidade mediaimente, de modo que o múscu lo vasto lateral, sem inclui-lo.
CAPÍTULO 47 LU XAÇÕES RECIDIVANTES

h@li;MrJIEI Procedimento de Fulkerson. A, Radiografia em perfil pré-operatória. B, Radiografia em perfil pós-operatória. C, Radio-
grafia anteroposterior. VEJA A TÉCNICA 47-6.

• Faça uma incisão inferolateral vertical de 4 cm na linha


média entre a tuberosidade t ibial e cabeça da fíbula pro-
xima l, e exponha o tendão patelar e a articulação tibiofi-
bular proximal.
•Identifique nervo fibular no colo da fíbu la proximal e
libere o nervo anteriormente ao longo de seu curso
periarticular.
• Exponha a articulação t ibiofibular anterior e resseque a
porção articu lar (3 mm) da cabeça fibular com um pequeno
osteótomo.
•Libere a cápsu la da cabeça fibular de modo que ela se
mova livremente da tíbia; esse passo é crítico para possi-
bi litar a rotação da tíbia proxim al e reduzir a tensão sobre
o nervo fibu lar.
• Exponha a área posterior ao tendão patelar e identifique
a parte superior da tuberosidade da tíbia.
•Passe um fio-guia de lateral para media l perpendicular ao
eixo da tíbia e superior à tuberosidade da tíb ia. Confirme
o posicionamento adequado com a escopia.
•Passe um segundo fio-guia, 2 cm posterior e paralelo ao
primeiro fio e verifique a sua posição com a escopia. O!dlhJ.jmJ Osteotomia derrotativa alta da tíbia. Tíbia pro-
•Use uma lâmina de serra osci lante fina para cortar o ximal reduzida sem subluxação posterior ou medial e fi xada usando
córtex tibial anterior e lateral, enquanto protege o tendão dois ou três grampos. Um grampo é posicionado perpendicular ao
patelar. outro para impedir a perda de rotação. VEJA A TÉCNICA 47-7.
• Não use a serra para cortar os córtices posteriores e med iais;
frature-os com uma osteotomia em cunha e depois torça o
osteótomo para expandir o local da osteotom ia. para determinar a quantidade de torção tibial, é necessário
•Antes da separação e rotação da tíbia distal, use o bisturi normalizar o valor do ângu lo coxa -pé ad icionando-se 15
elétrico ou uma caneta de marcação cirúrg ica para fazer graus ao ângu lo normal de coxa-pé). A tuberosidade tibial
uma marca perpendicular de superior a inferior, atraves- não deve ultrapassar o ponto médio do sulco femoral
sando o corte da osteotomia. (ângulo tuberosidade-su lco de O grau; Fig. 47-19)
•Gire internamente a tíbia distal uma quantidade predeter- •Se for necessária a rotação da tuberosidade t ibial para um
minada com base no exame físico e TC (em geral, de 1O ângulo tuberosidade-su lco negativo (geralmente necessá-
a 15 mm). A rotação interna da tíbia deve reduzir o ângu lo ria após um realinhamento dista l prévio), corte a tuberosi-
coxa -pé para 5 a 1O graus (se uma TC axial for utilizada dade e destaque-a do córtex anterior da tíbia; reposicione )
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

a tuberosidade com um ângu lo tuberosidade-sulco de Ograu


após a rotação e a fixação da tíbia distal serem concluídas.
• Uma vez verificada com escopia a posição correta da tíbia,
fixe os fragmentos proximal e distal da tíbia com um ou
dois grampos de compressão laterais posicionados perpen-
dicu larmente ao eixo tibial e corte da osteotomia. Posi-
cione um terceiro grampo de anterior para posterior e
perpendicular aos grampos laterais.
•Feche a incisão com sutura absorvível.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese articulada


pós-operatória é posicionada com o joelho em 20 graus
de flexão. Elevações da perna estendida, exercícios isomé-
tricos e estimulação neuromuscular são iniciados o mais
precocemente possível. Muletas são utilizadas (ca rga parcial)
por 4 a 6 semanas ou até que o edema diminua. Exercícios
passivos de amplitude de movimento são iniciados na
segunda semana de pós-operatório, e extensão ativa é ini-
ciada na quarta semana. A flexão é aumentada lentamente
a cada semana, conforme tolerada. Exercícios aquáticos
são iniciados na terceira sema na, e exercícios de ciclismo B
são iniciados assim que o joelho tiver obtido 11 O graus de
flexão. Exercícios irrestritos em cadeia fechada são iniciados iâ(ril!;Melt!) Reconstru ção usando tendão pate lar. A, A tira
em 12 sema nas, e a prática de corrida e o retorno total às do quarto lateral do tendão patelar é criada. B, A tira está inse-
atividades geralmente são permitidos em 6 meses. Uma rida à tuberos idade tibial lateral por sutura do periósteo, ou
órtese de apoio lateral macia é recomendada durante ati- através do túne l ósseo .
vidades esportivas no primeiro ano após a cirurg ia.

(CE) de menos de 20 graus, um sinal de cruzamento e um ângulo


de Sharp de mais de 42 graus também são indicativos de displasia
INSTABILIDADE PATELAR MEDIAL (Cap. 6). A artro-RM é usada para avaliar rupturas !abrais ou redun-
IATROGÊNICA dância capsular que podem estar relacionados com instabilidade
recidivante.
A instabilidade patelar medial iatrogênica é diagnosticada quando a A instabilidade do quadril pode ser categorizada como perda
subluxação medial manual recria os sintomas do paciente. O trata- de contenção óssea acetabular, ruptura do complexo capsulolabral
mento consiste em reparar o músculo vasto lateral, se liberado pre- ou uma combinação de ambas. O trauma recorrente por estresse nos
viamente, e revisar um realinhamento distal para uma posição mais extremos da amplitude de movimento pode resultar em deficiência
lateral. Se o procedimento inicial foi proximal, e os tecidos inade- capsulolabral e instabilidade. Problemas no desenvolvimento ósseo
quados permaneceram, o reparo ou a reco nstrução usando a parte podem causar problemas de contenção, resultando em impacto ou
lateral do tendão patelar é feita (Fig. 47-20). até mesmo instabilidade. Finalmente, articulações hiperfrouxas por
deficiências do colágeno, síndromes de Ehler-Danlos e Marfan e
frouxidão articular generalizada podem resultar em instabilidade
QUADRIL sintomática do quadril.
O tratamento dessas condições deve ser adaptado à patologia,
Com a evolução da artroscopia do quadril e da artro-RM do quadril, tal como em qualquer outra articulação. Muitos desses procedimentos
o diagnóstico e o tratamento da instabilidade do quadril evoluíram agora são feitos artroscopicamente e são descritos no Capítulo 51.
bastante. O diagnóstico é indicado por falseio recidivante, dor ou
estalido com extensão e rotação externa do quadri l durante ativida-
des como sair de um carro ou chutar, ou manobras rotacionais durante ARTICULAÇÃO
a prática de esportes. O exame físico deve incluir a avaliação de ESTERNOCLAVICULAR
frouxidão ligamentar generalizada, ass im como o exame do quadril
não afetado para comparação. Os testes que podem indicar frouxi- A maioria das luxações recidivantes da articulação esternoclavicular
dão patológica incluem o dial test, a rotação externa passiva de mais são anteriores e requerem apenas tratamento conservador; lu.xações
de 45 graus, especialmente se os sintomas forem reproduzidos. posteriores, embora incomuns, requerem redução, devido à proxi-
Outros testes para reproduzir sintomas de instabilidade são o teste midade e o potencial comprometimento dos vasos subclávios,
de Ganz, no qual a extensão e a rotação externa do quadril produ- esôfago e traqueia. Uma discussão completa das luxações agudas e
zem dor capsular anterior. Finalmente, a tração axial direta pode de se u tratamento é apresentada no Capítulo 60.
produzir apreensão. Mover o quadril de flexão, abdução e rotação A subluxação anterior atraumática recidivante da articulação
externa para extensão, adução e rotação interna pode recriar a res- esternoclavicular com a abdução e a extensão do ombro geralmente
trição ou o estalido associados à patologia labral. ocorre em mulheres jovens. Frequentemente está associada à frou-
Radiografias simples anteroposteriores e em perfil são úteis xidão de outras articulações e costuma ser uma condição autolimi-
para avaliar displasia acetabular e impacto. Um ângulo centro-borda tada. A maioria dos pacientes com luxação anterior recidivante da
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES fllm
articulação esternoclavicular deve ser tratada com um programa local, em particular, o importante tecido da cápsula posterior.
generalizado de fortalecimento da extremidade superior e deve É aconselhável ter um cirurgião torácico disponível para o procedi-
evitar atividades que produzam estresse na arti culação esternocla- mento devido às potenciais complicações associadas ao procedi-
vicular. A cirurgia é recomendada apenas se sintomas graves limi- mento. Em decorrência da possibilidade de migração do pino e das
tarem as atividades da vida diária. Os procedimentos cirúrgicos complicações potencialmente graves, pinos ou fios não devem ser
- que incluem reparo aberto da cápsula esternoclavicular, recons- posicionados através da articulação.
trução da articulação esternoclavicular e ressecção da extremidade Após a reconstrução, o ombro é imobilizado em uma tipoia
medial da clavícula e fixação da clavícula à primeira costela - são, por 6 semanas. No segundo dia, o paciente pode realizar exercícios
todos, repletos de complicações potencialmente graves, incluindo pendulares suaves, mas é advertido contra flexão ativa ou abdução
lesão a grandes vasos, dor persistente, formação de cicatriz inesté- do ombro acima de 90 graus. Movimentos de empurrar, puxar e
tica e recorrência da luxação. levantar são evitados por 3 meses. Exercícios de fortalecimento são
Um enxerto de semitendíneo forte é recomendado para a iniciados em 8 a 12 semanas. O paciente é proibido de retornar ao
reconstrução da articulação. A configuração em oito através de per- trabalho manual extenuante durante pelo menos 3 meses.
furações no manúbrio e na clavícula média produz uma configura-
ção forte e estável que demonstrou, em testes mecânicos, restaurar
a rigidez articular nativa melhor que artroplastia de ressecção (Fig. OMBRO
47-21). A reconstrução deve ser reforçada com o reparo do tecido
O ombro, em virtude de sua anatomia e biomecânica, é uma das
articulações mais instáveis e frequentemente luxadas no corpo, res -
pondendo por quase 50% de todas as luxações, com uma incidência
de 2% na população em geral. Fatores que influenciam a probabili-
dade de luxações recidivantes são: a idade, o retorno a esportes de
contato ou de colisão, a hiperfrouxidão e a presença de um defeito
ósseo significativo na glenoide ou na cabeça do úmero. Em um
estudo de 101 luxações agudas, a recorrência surgiu em 90% dos
pacientes com menos de 20 anos, em 60% dos pacientes de 20 a 40
anos, e em apenas 10% dos pacientes acima de 40 anos. Apesar de
terem sido relatadas altas taxas de recorrência de até 95% em pacien-
tes com menos de 20 anos, um estudo de seguimento a longo prazo
(média de 25 anos) não encontrou problemas de instabilidade sig-
A nificativas em 50% dos indivíduos que tinham menos de 20 anos no
momento de sua luxação inicial. A duração da imobilização também
não parece afetar a estabilidade; uma recente metanálise determinou
que não há nenhum benefício para imobilização convencional com
tipoia por mais de 1 semana da luxação anterior primária. Acredita-
se que a imobilização em rotação externa diminua as taxas de recor-
rência, mas isso não foi comprovado; metanálises encontraram um
risco de recorrência de 36% com a imobilização em rotação interna
em comparação com 25% com órtese em rotação externa, mas os
números eram pequenos e a diferença não foi significativa. Burkhart
e DeBeer, Sugaya et ai. , e Itoi et al. demonstraram que a perda óssea
da glenoide de mais de 20% resulta em instabilidade óssea e aumento
das taxas de recorrência. Isso ocorre porque o "arco de segurança"
que a glenoide fornece para a rotação do úmero é diminuído, resul-
tando em instabilidade quando a borda deficiente é submetida à
carga em amplitudes extrem as de movimento (Fig. 47-22).

ANATOMIA FUNCIONAL NORMAL


Uma compreensão da anatomia funcional normal do ombro é neces-
sária para compreender os fatores que influenciam a estabilidade da
articulação. A anatomia óssea da articulação do ombro não fornece
e estabilidade inerente. A fossa glenoide é uma estrutura achatada, em
formato de prato. Apenas 1/4 da grande cabeça do úmero articula
l@@ilij4rJBI Reconstrução com semitendíneo em formato de com a glenoide em qualquer dado momento. Essa pequena e plana
oito. A, Orifícios passados de anterior para posterior pe la parte glenoide não fornece a estabilidade inerente para a cabeça um eral
media l da clavícu la e manúbr io. B, Enxerto de tendão semitendí- que o acetábulo faz para o quadril. A glenoide é aprofundada em
neo passados pelos orifícios, de modo que as bandas tendíneas 50% pela presença do labrum glenoidal. O labrum aumenta o contato
estejam paralelas entre si posteriores à articulação e se cruzando do úmero para 75%.
anteriormente à articulação . C, Tendão amarrado com nó e fixado A inserção do tendão da cabeça longa do bíceps é integral-
com sutura. mente no labrum da glenoide, que se insere no aspecto superior da
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

articulação e se funde para se tornar indistinguível do labrum só, oferece pouca resistência ou estabilidade. Anteriormente, a
glenoide posterior. Matsen et ai. sugeriram que o labrum pode cápsula é reforçada por três espessamentos capsulares ou ligamen-
servir como um "calço" para evitar excesso de rolamento da cabeça tos que são intimamente fundidos com a fixação do labrum ao
do úmero. A cápsula articular do ombro é frouxa e fina e, por si rebordo da glenoide.
O ligamento glenoumeral superior se insere na borda glenoi -
dal perto do ápice do labrum conjugado com a cabeça longa do
bíceps (Fig. 47-23). No úmero, está inserido no aspecto anterior
do colo anatômico do úmero (Fig. 47-24). O ligamento glenoumeral
sup erior é o restritor primário à subluxação umeral inferior em O
grau de abdução, e é o estabilizador primário ao estresse anterior e
posterior a Ograu de abdução. O estreitamento do intervalo rotador
(que inclui o ligamento glenoumeral superior) diminui a translação
posterior e inferior; a rotação externa também pode ser diminuída.
O ligamento glenoumeral médio tem uma ampla inserção que se
estende do ligamento glenoumeral superior, ao longo da margem
anterior da glenoide até a junção dos terços médio e inferior da
borda glenoide. No úmero, também está ligado ao aspecto anterior
do colo anatômico. O ligamento glenoumeral médio limita a rotação
externa quando o braço está nas amplitudes mais baixas e médias
de abdução, mas tem pouco efeito quando o braço está em 90 graus de
abdução. O ligamento glenoumeral inferior se insere à margem gle-
noide nas posições correspondentes a 2 a 3 horas anteriormente e a
8 a 9 horas posteriormente. A inserção no úmero está distal ao nível
da fise orientada horizontalmente no aspecto inferior do colo ana-
tômico e cirúrgico do úmero. A borda anterossuperior desse liga-
mento geralmente é bastante espessa. Há um espessamento posterior
menos distinto, um modelo tipo rede que consiste em bandas
Glenoide normal Glenoide com lesão óssea anteriores e posteriores espessadas e uma redundância axilar mais
fina. Com a rotação externa, essa rede desliza anterior e superior-
Perda óssea glenoidal encurta o "arco de segu- mente. A banda anterior é tensionada, e as bandas posteriores
rança" através do qual a glenoide pode resistir às forças axiais. <1> 2 relaxam. Ocorre o oposto com a rotação interna. O complexo liga-
(condição com lesão óssea) é menor que <1> 1 • mentar glenoumeral anteroinferior é o principal estabilizador para

Cabeça longa do bíceps

Ligamento
coracoacromial
Processo

glenoumeral
superior
Ligamento glenoumeral
médio

Banda posterior do
ligamento

Redondo
menor----""

O@il;@lfl!I Cápsula glenoidal e circundante, ligamentos e tendões.


CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES flm
Ligamento
glenoumeral

'"T" Ligame nto


glenoumeral
--Margem
articulada
Tuberosidade médio--(

- - Banda superior
Inserção do \ /
subescapular do ligamento
glenoumeral axilar
Sulco
intertubercular
À inferior

A B

h@ihf4EI Parte superior do úmero esquerdo mostrando as inserções do ligamento glenoumera l nos aspectos anterior (A) e
medial (B) do co lo cirúrgico e anatômico.

estresse anterior e posterior quando o ombro está abduzido a 45 A discinesia escap ular é uma alteração da posição ou do
graus ou mais. O ligamento fornece uma restrição nos extremos da movimento normal da escáp ula durante os movimentos pareados
amplitude de movimento e auxilia no rolamento da cabeça do úmero escapuloumerais e pode ocorrer após uso excessivo e lesões repe-
na glenoide. tidas da articulação do ombro. Uma síndrome específica de fadiga
Os músculos da região do ombro também contribuem signifi- muscular por uso excessivo foi designada "escápula SICK": mau
cativamente para a sua estabilidade. A ação do deltoide (o principal posicionamento escapular, proeminência da borda medial inferior,
músculo extrínseco) produz forças de contenção a estresses prima- dor e mau posicionamento do coracoide, e discinesia do movi-
riamente verticais, tendendo a transladar. a cabeça do úmero supe- mento escapular (do inglês, scapular malposition, inferior medial
riormente. As forças musculares intrínsecas do manguito rotador border prominence, coracoid pain and malposition, and dyskinesis
fornecem forças de compressão ou de estabilização. A compressão of scapular movement).
da concavidade é produzida pela estabilização muscular dinâmica A demonstração de órgãos terminais de Ruffini e de corpús-
do manguito rotador da cabeça do úmero, quando a concavidade do culos de Pacini na cápsula do ombro ajuda a solidificar o conceito
complexo !abra! e glenoidal está intacta. A perda do /abrum pode do treinamento neuromuscular proprioceptivo como uma parte
reduzir esse efeito estabilizador em 20%. Na concavidade do com- importante da estabilização do ombro. Outra força que tem menor
plexo glenoide-labral, a desaceleração excêntrica sincronizada e a efeito sobre a estabilidade glenoumeral é a versão glenoidal. Esta
contração concêntrica do manguito rotador e tendão do bíceps são provavelmente não é um fator significativo para a instabilidade,
necessárias para a estabilidade do úmero durante amplitudes médias exceto em um ombro gravemente deformado. A coesão produzida
de movimento do úmero. A fadiga assíncrona do manguito rotador pelo fluido das articulações e o efeito de vácuo produzido pela
por excesso de uso ou suporte ligamentar incompetente pode resul- pressão intra-articular negativa em ombros normais desempenham
tar em mais danos aos suportes estáticos e dinâmicos. Exames de papéis menores na estabilidade articular.
RM mostraram infiltração gordurosa e afinamento do tendão subes-
cap ular na instabilidade anterior recidivante.
Vários autores têm notado a importância da mobilidade sin- ANATOMIA PATOLÓGICA
cronizada da escápula e da glenoide para a estabilidade do ombro
e enfatizado a importância desse equilíbrio dinâmico para posicio- Nenhuma lesão patológica essencial é responsável por todas as
namento adequado da superfície articular da glenoide para que a subluxações ou luxações recidivantes do ombro. Em 1906, Perthes
força de reação articular produzida seja uma compressão em vez considerou a desinserção do labrum da borda anterior da cavidade
de um cisalhamento. Com a função sincronizada normal dos esta- glenoidal como a lesão "essencial" em luxações recidivantes e des-
bilizadores escapulares, a escápula e as estruturas artic ulares da creveu uma operação para corrigir isso. Em 1938, Bankart publicou
glenoide são mantidas na posição funcional mais estável. A reabi- seu trabalho clássico, em que ele reconheceu dois tipos de luxações
litação com fortalecimento dos estabilizadores escapulares (serrátil agudas. No primeiro tipo, a cabeça do úmero é forçada através da
anterior, trapézio, grande dorsal, romboides e elevador da escápula) cápsula na qual é mais fraca, geralmente anterior e inferiormente ao
é especialmente importante em pacientes que participam de espor- intervalo entre a borda inferior do subescapular e a cabeça longa do
tes que envolvem, predominantemente, os membros sup eriores. músculo tríceps. No segundo tipo, a cabeça do úmero é forçada
Embora a glenoide seja pequena, esta tem a mobilidade para per- anteriormente para fora da cavidade da glenoide e rompe não só o
manecer na posição mais estável em relação à cabeça do úmero, com labrum fibrocartilaginoso de quase toda a metade anterior da borda
movimento. Rowe comparou isso com uma foca equilibrando uma da cavidade da glenoide, mas também a cápsula e o periósteo da
bola em seu nariz. A glenoide também tem a capacidade de "recuar'; superfície anterior do colo da escápula. Essa desinserção traumática
quando uma força súbita é aplicada à articulação do ombro, tal como do labrum da glenoide é chamada de lesão de Bankart. A maioria
em uma queda sobre a mão estendida. Essa capacidade de "recuar" dos autores concorda que a lesão de Bankart é a lesão patológica
diminui o impacto sobre o ombro, enquanto a escápula desliza ao mais comumente observada em subluxações ou luxações recidivan-
longo da parede torácica. tes do ombro, mas não é a lesão "essencial''.
111!1) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A frouxidão excessiva da cápsula do ombro também provoca


instabilidade da articulação do ombro. A frouxidão excessiva pode
ser causada por uma deficiência congênita do colágeno, evidenciada
pela hiperfrouxidão de outras articulações, ou pela deformação plás-
tica do complexo capsuloligamentar resultante de um único evento
macrotraumático ou de repetitivos eventos microtraumáticos. A
hiperfro uxidão é apontada como um a das causas de falha na corre-
ção cirúrgica da instabilidade crônica do ombro. Um estudo artros-
cópico de luxações anteriores do ombro descobriu que 38% das
lesões agudas eram falhas ligamentares intrassubstanciais, e 62%
eram rupturas da inserção capsuloligamentar no colo da glenoide.
O "conceito do círculo" de danos estruturais nas estruturas capsula-
res fo i sugerido por estudos em cadáveres que mostraram que a
luxação do úmero não ocorre, a menos que as estruturas posteriores
capsulares sejam rompidas juntamente com as estruturas capsulares
anteriores. Alterações capsulolabrais posteriores associadas à insta-
bilidade anterior recidivante, muitas vezes, são identificadas por
artroscopia.
Uma fratura de impacto da cabeça do úmero pode ser produ -
zida conforme o ombro é luxado, e a cabeça do úmero é impactada
contra a borda da glenoide no momento da luxação. Essa lesão de
Hill-Sachs é um defeito no aspecto posterolateral da cabeça do
úmero. A instabilidade ocorre quando o defeito envolve a borda da
glenoide no arco func ional de movimento em 90 graus de abdução
e rotação externa. Em um modelo de cadáver, evidenciou-se que
defeitos na cabeça do úmero de 35% a 40% diminuem a estabilidade,
enquanto defeitos da glenoide de apenas 25% mostraram diminuir
a estabilidade. Fraturas na borda glenoidal também podem ocorrer
co m um a luxação anterior ou posterior. Se essas lesões envolvem
mais que 20% a 25% da glenoide, podem resultar em instabilidade
recidivante, apesar de ter uma excelente reparação de partes moles.
Essas lesões são difíceis de ver em radiografias simples; se um defeito •• A, TC tridimensional evidenciand o uma lesão
for visível em uma luxação aguda ou se a instabilidade recidivante grande de Hill Sachs e uma glenoide deficiente. B, TC tr idimen-
estiver sendo avaliada, uma TC trid imensional é o melhor método siona l com cabeça do úmero subtraída evidenciando a perda de
para a avaliação da extensão do defeito (Fig. 47-25) . su perfície da glenoide anterior.
Parece que nenhuma lesão "essencial" é responsável por todas
as luxações reciclivantes do ombro. A estabilidade desta articulação
inerentemente instável depende de um equilíbrio contín uo entre
mecanismos estáti cos e dinâmicos que influenciam no movi mento resultou em instab ilidade; e idade do paciente, situação mental e
e estabilidade. Além das várias deficiências primárias possíveis condições associ adas, tais como convulsões, distúrbios neuromus-
influenciando a instabilidade, deficiências secu ndári as podem ser culares, deficiências do colágeno e doenças congênitas.
causadas por luxações repetidas. Erosão da borda anterior da gle- A direção da instabilidade deve ser classificada como unidi-
noide, alongamento da cápsula anterior e do tendão subescapular e recional, bidirecional ou multidirecional. Luxações anteriores repre-
desgaste e degeneração do labrum glenoidal, tudo pode ocorrer com sentam cerca de 95% das luxações recidivantes e luxações posteriores
luxações repe tidas. A deficiência primária e as deficiências secundá- são responsáveis por aproximadamente 5%. Apesar do aum ento da
rias precisam ser consideradas no momento da cirurgia e na reabi- compreensão sobre a instabilidade do ombro, 50% das luxações
litação pós-operatória para corrigir a instabilidade. Pelo fato de posteriores do ombro podem ser negligenciadas, a menos que uma
nenhuma deficiência única ser responsável por todas as luxações avaliação fís ica adequada e radiografias apropriadas sejam fe itas .
recidiva ntes do ombro, nenhum procedimento operatório único Luxações inferiores e superiores são raras. A instab ili dade sup erior
pode ser aplicado a todos os pacientes. O cirurgião deve procurar geralmente surge secund ária à insuficiência grave do manguito
cuid adosamente e identificar as deficiências presentes para escolher ro tador.
o procedimento adequado. A instabilidade é classificada como subluxação quando há
separação parcial da cabeça do úmero com a glenoide ou luxação
quando há separação completa da cabeça do úmero com a conca-
CLASSIFICAÇÃO vidade da glenoide. A duração dos sintomas deve ser reg istrada
como aguda, subaguda, crônica ou recidivante. A luxação é classi-
O tratamento bem-sucedido da instabilidade do ombro baseia-se em ficada como crônica se a cabeça do úmero permanecer luxada por
um co nh ecimento aprofundado das várias lesões pós-traumáticas mais de 6 semanas.
que podem estar associadas a um complexo capsulolabral deficiente O tipo de trauma associado à luxação é importante para deter-
e em um a classificação correta das lesões primárias e secundárias do minar se o tratamento conservador ou operatório é apropr iado.
paciente. A classificação e o tratamento da instabilidade do ombro A instabilidade deve ser categorizada como macrotraumática, quando
baseiam-se na direção, grau e duração dos sintomas; traum a que um úni co evento traumático resulta em luxação, ou microtraumática
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

(adquirida), quando o trauma repetitivo nas amplitudes extremas


do movimento resulta na deformação plástica do complexo capsu-
lolabral. O trauma secundário ao manguito rotador e tendão do Macrotraumático Microtraumático ) Atraumático
bíceps pode causar função assíncrona do manguito rotador. Essas
lesões ocorrem mais comumente em arremessadores e rebatedores
de beisebol, ginastas, levantadores de peso, jogadores de tênis e
outros que praticam esportes de raquete, e nadadores, especialmente Sistema de class ificação de Matsen.
com o nado de costas ou borboleta. A flexibilidade que permite que
um atleta compita em alto nível pode ser atribuída a uma frouxidão
ligamentar generalizada, que também predispõe o atleta a lesões. O
trauma pode causar descompensação de um complexo capsuloliga- Bankart surgery) e AMBRII (atraumática, multidirecional, bilateral,
mentar anteriormente estável. É necessário que haja histórico deta- reabilitação, alte ração capsular inferior, fechamento interno; do
lhado do evento inicial traumático, sintomas e histórico familiar e inglês, atraumatic, multidirectional, bilateral, rehabilitation, inferior
análise aprofundada do ombro lesionado, ombro contralateral e capsular shift e internai closure). Lesões microtraumáticas ou de
outras articulações. desenvolvimento se situam entre os extremos de lesões macrotrau-
A idade tam bém é importante para prever patologias e mática e atraumáticas, e podem se sobrepor a essas lesões extremas
prognósticos, com taxas de recorrência de mais de 90% relatados (Fig. 47-26). A classificação de 168 ombros de acordo com quatro
em pacientes com menos de 20 anos em comparação com uma sistemas utilizados para descrever a instabilidade do ombro revelou
taxa de recorrência de cerca de 10% em pacientes com mais de var iações nos critérios que resultaram em variações acentuadas no
40 anos. número de pacientes diagnosticados com instabilidade multidire-
Em vários estudos, a taxa de recorrência para ado lescentes cional (Tabela 47-4).
tratados com estabilização cirúrgica foi maior do que para os
pacientes de outras faixas etárias. Essas diferenças podem ser
explicadas pela maior elasticidade ligamentar em adolescentes, que HISTÓRICO
resulta em maior deformação plástica antes da falha do sistema.
Essa deformação deve ser considerada em abordagens de trata- O histórico é importante na instabilidade recidivante da articula-
mento cirúrgico. ção do ombro. A quantidade do trauma inicial, se houver, deve ser
Apesar de a recorrência da luxação ser incomum em pacientes determinada. Esportes com colisões traumáticas de alta energia e
de 40 anos ou mais, rupturas do manguito rotador associadas estão acidentes de veículos a motor estão associados a um risco aumen-
presentes em 30%, e essas rupturas estão presentes em mais de 80% tado de defeitos ósseos na glenoide ou no úmero. A recorrência
dos pacientes com mais de 60 anos de idade. As fraturas da tubero- com trauma mínimo durante o arco de movimento, muitas vezes,
sidade maior também são mais prevalentes em pacientes com mais está associada a lesões ósseas, qu e devem ser tratadas. A posição
de 40 anos; algumas séries relatam uma incidência de 42%. Nessa na qual ocorre a luxação ou subluxação deve ser esclarecida. Nas
faixa etária, o tratamento cirúrgico de rupturas do manguito rotador luxações completas, a facilidade com que o ombro é reduzido é
ou fraturas da tuberosidade maior geralmente tem prioridade sobre determinante. As luxações que ocorrem durante o sono ou com o
o tratamento da lesão capsular. braço em uma posição acima da cabeça frequentemente estão asso-
O estado mental do paciente deve ser avaliado antes de o trata- ciadas a um defeito significante da glenoide, que requer o trata-
mento ser iniciado. Alguns pacientes com instabilidade posterior mento cirúrgico.
aprendem a luxar seu ombro através de contrações musculares seleti- As luxações que são reduzidas pelo paciente, muitas vezes, são
vas. Embora a luxação voluntária não indique sobreposição patoló- subluxações ou luxações associadas à frouxidão ligamentar genera-
gica, alguns desses pacientes aprenderam a usar a luxação voluntária lizada. Os sinais e os sintomas de qualquer lesão do nervo devem
para ganho secundário e, nesses pacientes, o tratamento cirúrgico está ser apontados. Mais importante ainda, as limitações físicas causadas
fadado ao fracasso. por essa instabilidade devem ser documentadas.
Em pacientes com transtornos primários neuromuscu lares A subluxação recidivante do ombro comumente é negligen-
ou síndromes e luxações recidivantes, o tratamento conservador, ciada pelos médicos, porque os sintomas são vagos e não há histó-
não operatório, deve ser a abordagem inicial. Se a instabilidade rico de luxação real. O paciente pode se queixar de sensação de que
permanecer após o tratamento médico adequado, a cirurgia pode o ombro sai e volta ao lugar, ou ele pode não estar ciente de qualquer
se r necessári a em conjunto com o tratamento não operatório instabilidade do ombro. O paciente pode se queixar de ter um "braço
contínuo. Os pacientes com doenças primárias do colágeno, morto'; como resultado do estiramento do nervo axilar ou de sinto-
síndrome de Eh lers-Danlos ou síndrome de Marfan devem ser mas secundários do manguito rotador. É importante diferenciar o
tratados com tratamento conservador supervisionado prolon- impacto do manguito rotador primário do secundário. Sintomas do
gado. Se a intervenção cirúrgica se tornar necessária, a possibi- manguito rotador desenvolvem-se secundariamente à disfunção
lidade do tecido anormal se alongar e permitir que a luxação ligamentar. O impacto interno da superfície inferior do manguito
recorra deve ser salientado para o paciente e para a família. rotador posterior contra a glenoide e o labrum posterior é causado
Quando uma deformidade glenoumeral traumática ou displásica pela subluxação anterior do úmero com o ombro rodado externa-
grave estiver presente, podem ser necessários procedimentos mente. Esse impacto secundário é mais comum que o impacto pri-
capsulares e ósseos. Imagens de TC com reconstrução em 3D são mário em pacientes com menos de 35 anos que estão envolvidos em
benéficas para determinar a necessidade de osteotomia ou de esportes de uso dominante dos membros superiores. A instabilidade
enxertia óssea nesses pacientes . posterior do ombro pode se apresentar como dor posterior ou fadiga
O sistema de classificação simplificado de Matsen é útil para com atividade repetitiva (p. ex., o bloqueio no futebol americano,
categorizar os padrões de instabilidade: TUBS (traumática, unidire- natação, supino, remo e esportes que exijam movimento do braço
cional, lesão de Bankart, cirurgia; do inglês, traumatic, unidirectional acima da cabeça).
11111!1> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Ili 4 7-4
Distribuição dos Diagnósticos entre 168 Pacientes de Acordo com os Sistemas de
Classificação Existentes

Nº DE PORCENTUAL (INTERVALO DE
PACIEN- CONFIANÇA DE 95%) COM SIGNIFICÂNCIA
ESTUDO GRUPO NA CLASSIFICAÇÃO TES INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL DA DIFERENÇA*
Neer e Instabilidade multidirecional 2 1,2 (0,3-4,2) p = 0,004
Fostert p = 0,001
Matsen TUBS 80
et ai. AMBRll 7 4,2 (2,0-8,3)
Não se encaixa em nenhum dos tipos 81
anteriores
Allen Instabilidade anterior 108
Instabilidade posterior 10
Instabilidade multidirecional 13
Tipo 1 (global) 8
Tipo li (instabilidade anteroinferior com 5 7,7 (4,6-12,2) p = 0,004
hiperfrouxidão subjacente)
Tipo Ili (instabilidade posteroinferior O
com hiperfrouxidão subjacente)
Tipo IV (instabilidade anteroinferior) O
Não se encaixa em qualquer tamanho 37
Gerber Lu xação crônica com bloqueio o
Instabilidade unidirecional sem 113
hiperfrouxidão
Instabilidade unidirecional com 10
hiperfrouxidão multidirecional
Instabilidade multidirecional 14
Instabilidade multidirecional sem 10 8,3 (5,0-13,5) p = 0.001
hiperfrouxidão
Instabilidade multid irecional com 4
hiperfrouxidão
Instabilidade voluntária 2
Não se encaixa em nenhum dos tipos 29
anteriores
De McFarland EG, Kim TK, Park HB, et ai: The effect of variation in definition on the diagnosis of multidirectional instability of the shoulder, J Bane Joint
Sura 85A:2138. 2003.
*A significância das diferenças na proporção de pacientes diagnosticados com instabilidade multidirecional como resultado da reclassificação foi deter-
minada pelo método de análise de proporções em dois grupos independentes. As diferenças entre o sistema de classificação de Neer e Foster e a classi-
ficação de Allen e entre o sistema de classificação de Neer e Foster e a classificação da Gerber foram significativas (P = 0,004 e P= 0,001, respectivamente).
As diferenças entre os outros sistemas de classificação não foram significativas (P > 0,05).
1
No sistema de classificação proposto por Neer, a instabilidade multidirecional não foi definida como um grupo separado; apenas os fatores etiológicos
foram util izados como critério de definição para o sistema de classificação de três categorias: atraumática, traumática e adquirida. Nesta tabela, o número
de pacientes com um diagnóstico de instabi lidade multidirecional foi calculado com o uso dos critérios definidores descritos no seu artigo original.
AMBRll, atraumática, multidirecional, bilateral, reabilitação, tensionamento capsular inferior, intervalo rotador; TUBS, traumática, unilateral, lesão de
Bankart, cirurgia.

EXAME FÍSICO e passiva é avaliada com o paciente em pé e em posição supina para


registrar co m precisão o movimento em todos os planos. As forças
O exame físico de um paciente com instabilidade se inicia pergun- do deltoide, do manguito rotador e dos estabilizadores da escápula
tando ao paciente qual posição do braço cria a instabilidade, para são avaliadas, registradas e graduadas de O a 5, sendo 5 norm al. A
qual direção o ombro subluxa, e se ele ou ela pode demonstrar com asa escapular ou disfunção deve ser observada durante a amplitude
seguran ça a subluxação. Ambos os ombros devem ser completa- de movimento ativa e durante o exa me de força. A escápula alada
mente examinados, com o ombro normal utilizado como referência. pode indicar fraqueza escapular e pode ser avaliada faze ndo o
O exame inclui a avaliação de atrofia ou assimetria dos ombros, paciente pressionar a maca ou por um tipo de flexão dos braços
seguido pela palpação para determinar a quantidade de sensibili- inclinado contra a parede.
dade presente na cápsula anterior ou posterior, no m anguito rotador, A estabilidade é avaliada com o paciente em pé. Um teste de
e na articulação acromioclavicul ar. A amplitude de movimento ativa "gavetas" é fe ito posicionando uma das mãos ao longo da borda da
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

escápula para estabilizá-la e, segurando a cabeça do úmero com a


outra mão, aplicando discreta força de compressão. A quantidade de
translação anterior e posterior da cabeça do úmero na glenoide é
observada com o braço abduzido em O grau. A subluxação fácil do
ombro indica a perda da concavidade da glenoide, que deve ser
tratada cirurgicamente.
O teste do sulco é feito com o braço a O grau e a 45 graus de
abdução. Esse teste é realizado com o ortopedista tracionando o
membro distalmente e observando um sulco ou da ondulação entre
a cabeça do úmero e o acrômio que não reduz com 45 graus de
rotação externa. A distância entre a cabeça do úmero e o acrômio
deve ser graduada de O a 3, com o braço a O grau e a 45 graus de
abdução, com 1+ indicando subluxação, menos de 1 cm, 2+ indi-
cando 1 a 2 cm de subluxação, e 3+ indicando mais de 2 cm de
subluxação inferior, que não diminui com rotação externa. A sublu-
xação a O grau de abdução é mais indicativa de frouxidão no inter-
valo rotador, e a subluxação a 45 graus indica frouxidão do complexo
ligamentar glenoumeral inferior.
A apreensão anter ior é avaliada com o ombro a 90 graus de
abdução e o cotovelo a 90 graus de flexão, com uma discreta força
de rotação externa aplicada ao membro conforme o estresse ante-
rior é aplicado ao úmero. Isso geralmente produz reação de apre-
ensão em um paciente que tem instabilidade anterior. O controle
do úmero proximal deve ser mantido durante qualquer um dos
testes de apreensão ou de estresse para impedir a luxação durante
esses procedimentos. A instabilidade posterior pode ser avaliada
com um teste do "golpe", em que a extremidade abduzida em 90 lê[dll;t"GilD Teste de relocação de Jobe (ver
graus é trazida para uma posição de rotação interna e flexão, texto).
enquanto uma força de posteriorização é aplicada ao cotovelo. O
"golpe" é sentido quando a cabeça do úmero subluxa posterior-
mente, produzindo dor ou uma sensação de subluxação em um
ombro instável. avaliados enquanto o estresse anterior é exercido pela mão do
O teste de gaveta anterior no ombro deve ser realizado com o examinador à parte posterior do úmero. Se isso causar dor ou
paciente em posição supina e o membro em diferentes graus de apreensão, urna força de posteriorização é exercida ao úmero para
abdução e rotação externa no plano da escápula. Ao examinar o reduzir a cabeça do úmero na articulação glenoumeral, enquanto
ombro direito do paciente, a mão esquerda do examinador é usada o ombro é posicionado em abdução e rotação externa. O estresse
para agarrar o úmero proximal, enquanto a mão direita é usada para de posteriorização usado para reduzir o úmero é liberado. Uma
segurar o cotovelo levemente. O estresse anterior é exercido ao sensação de apreensão ou subluxação por parte do paciente indica
úmero proximal usando a mão esq uerda, e a quantidade de transla- instabilidade anterior.
ção e a presença de end point são avaliadas. Ao realizar esse e outros Uma deformidade óssea da glenoide ou do úmero é indicada
testes de instabilidade anterior ou posterior, a quantidade de insta- por apreensão ou instabilidade em baixas amplitudes de movi-
bilidade é graduada de O a 3. Grau 1 significa que a cabeça do úmero mento (< 90 graus de abdução) e quando a instabilidade inferior
desliza até a borda da glenoide, e grau 2 significa que desliza sobre for proeminente. A hiperfrouxidão é indicada por um teste do
o lábio, mas depois reduz espontaneamente. Grau 3 indica luxação. sulco positivo, um teste positivo de hiperabdução de Gagey, e pela
Urna instabilidade grau 3 não deve ser explicitada em um paciente escala de hiperfrouxidão de Beighton (Tabela 47-5). O teste de
acordado. O estresse anterior é exercido com o ombro em vários hiperabdução é realizado com a estabilização da escápula por uma
graus de abdução e rotação externa, e o estresse posterior é exercido mão posicionada superiormente enquanto o ombro é passivamente
para avaliar a instabilidade posterior com o braço a 90 graus de abduzido com a outra mão. Uma diferença entre lados de mais de
abdução e diferentes graus de flexão. Ao examinar o ombro direito 20 graus é sugestiva de frouxidão capsular inferior. Uma rotação
do paciente, o estresse posterior é exercido com a mão direita do externa de mais de 85 graus a O grau de abdução é indicativa de
examinador, começando a O graus de flexão e de rotação interna e hiperfrouxidão, o que pode precisar ser corrigido com fechamento
prosseguindo para 110 graus. A mão esquerda do examinador esta- do intervalo rotador.
biliza a escápula e palpa a parte posterior da articulação glenourneral É fundamental distinguir o impacto secundário do manguito
com a palma da mão. Ela também pode ser usada como um anteparo rotador do impacto primário. Os testes de relocação e apreensão
para assegurar que não ocorra luxação posterior durante esse pro- anterior são valiosos em jovens atletas de esportes que exigem
cedimento. A apreensão é avaliada com o estresse anterior e poste- arremesso ou movimentação do membro acima do nível da cabeça.
rior durante esses procedimentos. Também é imperativo descartar a disfunção escapular que pode
O teste de relocação de Jobe pode ser utilizado para avaliar ser corrigida com fisioterapia. Embora estejam raramente associa-
a instabilidade em atletas envolvidos em esportes que exijam movi- dos à instabilidade do ombro, problemas no pescoço também
mentação do membro acima do nível da cabeça (Fig. 47-27). Esse devem ser descartados, como discos degenerativos ou artrite dege-
teste é feito com o paciente em posição supina e o ombro a 90 graus nerativa que causa dor que se irradia para o aspecto posterior ou
de abdução e rotação externa. Diferentes graus de abdução são lateral do ombro.
lllDi) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

iTABELA _ de Hiperfrouxidão de
. . . . . 47 5 Be1ghton

CARACTERÍSTICA PONTUAÇÃO *
Dorsiflexão passiva do 1 ponto para cada mão
quinto quirodáctilo além de
90 graus
Aposição passiva do polegar ponto para cada mão
ao antebraço ipsilateral
Hiperextensão ativa do ponto para cada
cotovelo além de 1O graus cotovelo
Hiperextensão aguda do 1 ponto para cada
joelho além de 1O graus joelho
Flexão do tronco com os 1 ponto
joelhos completamente
estendidos para que as
palmas das mãos repousem
0!§11;f4G.111 Técnica radiográfica de Garth et ai. para a inci-
dência apical oblíqua do ombro. Com o paciente sentado e ombro
apoiadas no chão lesionado adjacente ao cassete vertical, o peito é rodado para uma
*Uma pontuação 4 pontos, em uma escala de 9 pontos, é diagnóstico posição oblíqua a 45 graus. O feixe é direcionado 45 graus caudal-
de hiperfrouxidão. me nte, passando longitudinalmente através da escápula, que fi ca
em um ângulo de 45 graus no tórax, e nquanto o membro está
aduzido. A origem do coracoide, centrada entre as margens ante-
rior e posterior da glenoide, auxilia na orientação na radiografia.
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA

O diagnóstico de um ombro instável, muitas vezes, é feito pela


anamnese e exame físico, mas um ombro instável pode ser docu-
mentado por radiografi as habituais. O exa me radiográfico inicial
deve incluir incidências em perfil, anteroposteriores e axilares do
ombro. Se a aval iação radiográfica inicial for inconcl usiva, incidên-
cias especiais, ressonância magnética com gadolín io, ou artro-TC
podem ser usadas para evidenciar alterações pós-traumáticas não
detectadas de outra form a. As incidências especiais mais comuns
que podem ser ob tidas no consultório são a incidência anteroposte-
rior do ombro em rotação in terna, a incidência de West Point ou
Rokous e a incidência de Stryker. Uma rad iografi a anteroposteri or

do ombro em rotação interna, mu itas vezes, mostra uma lesão de
Hill-Sachs que pode não ser aparente nas incidências habituais.
Ga rth et ai. também descreveram uma radiografi a oblíqua apical qu e
frequentemente mostra defeitos posteriores da cabeça do úm ero
que podem não ser vistos em radiografias habituais (Fig. 47-28) . O@lhfi'rlfD Té cnica radiográfica para a incidência de West
A incidência de West Point é usada para evidenciar calcificação ou Point do ombro para mostrar lesões no labrum glenoidal. Com
pequenas fraturas na borda glenoidal anteroinferior. É uma incidên- o paciente e m decúbito ventral e um travesseiro sob o ombro,
cia modificada axilar lateral em pronação do ombro, obtida com o o cassete é posicionado superior ao ombro.
ombro abduzido a 90 graus e o cotovelo fl exionado com o braço
pendurado para o lado da mesa. O feixe de raios X é direcionado 25
graus mediaimente e 25 graus cefálico com o cassete posicionado
acim a do ombro, perpendicular à mesa (Fig. 47-29). A incidência
de Stryker é obtida com o paciente em posição supina e o cotovelo
elevado sobre a cabeça. O feixe de raios X é direcionado a 10 graus
cefálico (Fig. 47-30) .
Artrografia com duplo co ntraste padrão do ombro pode ser
útil se um a capacidade caps ular excessiva co m uma redundância
axilar alargada for notada. A TC, particularmente a com imagem
tridimensional, efetivamente mostra as lesões ósseas, tais como
lesões de Hill-Sachs, fratu ras da borda glenoidal, vers ão glenoidal e
algumas alterações de partes moles. Artro -TC com duplo contraste
é especialmente útil em pacientes sem sinais clínicos claros de sublu -
xação ou luxação, mas com dor, estalido e vago desconforto suges-
tivo de instabilidade. A artro-TC com duplo contraste é mais fácil H@il;J49I!) Técn ica rad iográfica para a incidência de Stryker
de realiza r que um a artrografia, e a dose de radia ção é de 5 a 10 vezes do úmero.
CAPÍTULO 47 LU XAÇÕES RECIDI VANTES

menor. Esse teste é particul arm ente útil para mostrar os defeitos de na visualização e tornar desnecessária a artro-RM. Esta é útil na avalia-
partes moles e !abrais. ção de lesões de HAG L; no entanto, ocasionalmente, pode mostrar uma
A RM com gadolínio forn ece a melhor visualização minima- ruptura, mas, na verdade, encobre os detalhes do local exato da ruptura
mente invasiva de lesões capsulares ou !abrais e é útil na detecção (Fig. 47-32). A consulta com um radiologista é recomendada para pro-
de lesões por avulsão umeral do ligamento glenoumeral inferior tocolos, incluindo incidências com abdução e rotação externa.
(HAGL) que exigem reparação. Relatórios rece ntes, compa rando a
RM e o exame artroscópico, têm demonstrado que a sensibilidade
da RM na detecção de defeitos !abrais é meno r que o relatado nos EXAME SOB ANESTESIA E ARTROSCOPIA
artigos publicados anteri ormente.
A TC, particularmente a tridimensional, é o teste mais se nsível O exame com o paciente sob anestesia pode auxiliar o diagnóstico
para detectar e mensurar a deficiência óssea ou retroversão da gle- clínico ou, às vezes, mostrar planos de instabilidade não suspeitados,
noide ou do úmero. TC é indicada quando há apagamento do con- especialmente em padrões de instabilidade multidirecional. Para ins-
torno cortical glenoidal ou um defeito ósseo evidente em radiografias tabilidade anterior, o braço é abduzido. O estresse anterior e posterior
simples. TC tamb ém é indicada para avaliar as recidivas que ocorrem é exercido com a escápula estabilizada. Uma mínima translação ante-
com traumas triviais, instabilidade em baixas amplitudes e procedi - rior da ca beça do úmero oco rre, a men os que haja instabilidade.
mentos cirúrgicos ineficazes (Fig. 47-3 1'). Os achados mais im portantes de instabilidade são demonstráveis a 40
A RM ou artro-RM é útil na avaliação de lesões de partes moles e 80 graus de rotação externa. A tran slação de dois graus a mais que
associadas à instabilidade. A RM obtida logo após alguns dias da o lado oposto não lesado res ultou em 93% de sensibilidade e 100% de
luxação geralmente evidencia sangue na articulação, o que pode auxiliar especific idade para a instabilidade. Para instabilidade posteri or, o
braço é empurrado posteriormente. Ombros normais podem permitir
o deslocamento posterior de 50% do diâmetro da glenoide sem ins-
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult. com. tabilidade patológica.

lij@i@! D.im Angiografias por RM mostrando lesão HAGL.


EJ) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A artroscopia pode ser combinada com exame sob anestesia e recidivante inclua os seguintes fatores: (1) tenha baixa taxa de
é uma excelente técnica para confirmar a presença de instabilidades recorrência, (2) tenha baixa taxa de complicação, (3) tenha baixa
do ombro. O examinador deve graduar a instabilidade em todos os taxa de reoperação, (4) não seja prej udicial (artrite), (5) mantenha
planos, conforme descrito anteriormente, lembrando que esse o movimento, (6) seja aplicável na maioria dos casos, (7) possibilite
exame sob anestesia é utilizado para auxiliar o histórico clínico e o a observação da articulação (8), corrija a patologia e (9) não seja
exame com o paciente acordado. Alguns autores usam fluoros copia muito difícil.
para avaliar a quantidade e a direção do deslocamento, mas não Os procedimentos cirúrgicos podem ser feitos aberto ou artros-
entendemos que a fluoro scopia seja necessária. A artroscopia deve copicamente com resultados comparáveis. Quando o procedi-
ser realizada para identificar todas as patologias intra-articulares, de mento adequado é realizado para restaurar a anatomia, os resultados
modo que o tratamento possa ser feito adequadam ente. Portais dos reparos de Bankart são afetados por aquilo que Balg e Boileau
artroscópicos e o tempo da artroscopia devem ser limitados para descreveram como Índice de Pontuação para Instabilidade Grave
reduzir o extravasamento nas partes moles, o que pode tornar mais (ISIS; Tabela 47-6). Atualmente, nossos procedimentos cirúrgicos
difícil a exposição cirúrgica. preferidos são os procedimentos artroscópicos de Bankart o u pli-
catura capsul ar conforme indicado. Q uando um procedim ento
aberto for desejado, preferimos a reconstrução capsulolabral de
INSTABILIDADE ANTERIOR DO OMBRO Jobe ou o tensionamento capsular de Neer para a instabilidade
anterior e um tensionamento com base na glenoide para a insta-
• TRATAMENTO CIRÚRGICO bilidade posterior. Para defeitos ósseos da glenoide que não podem
Mais de 150 operações e m uitas modificações foram criadas para
tratar a instabilidade anterior traumática do ombro recidivante. Não
há um único melhor procedime nto isolado. Fatores que têm sido


destacados como importan tes na obtenção de um bom resultado são
a exposição adequada e a técnica cirúrgica precisa. A patologia deve
ser definida e um procedimento deve corrigir essa condição mais
anatomicamente. O ideal é que o procedimento para a instabilidade Bankart traumático Reconstru çã o
capsulolabral de Jobe
Bankart ósseo agudo Fi xaçã o com parafuso ou
âncora
. Índice de Pontuação para
iTABELA 47 -6 Instabilidade Grave com Base em + Hiperfrouxidão Fechamento do intervalo
rotador
Questionário, Exame Clínico e
HAGL Reparo com âncora
Radiografias Pré-operatórios
Multidirecional Reparo de lesões de
FATORES PROGNÓSTICOS PONTOS Bankart/Kim
Idade na cirurgia (anos) Predominante posterior Tensionamento capsular
- lado glenoidal de Neer do lado umeral
< 20 2
Predominante posterior Tensionamento no lado
> 20 o - lado glenoidal glenoidal
Grau de participação esportiva (pré-operatório)
Perda óssea - glenoide
Competitiva 2
Perda óssea erosional > 25% Procedimento de Latarjet
Recreativa ou nenhuma o Perda óssea erosional > 40% Procedimento de
Tipo de esporte (pré-operatório) Eden-Hybinette
Contato ou força acima da cabeça Perda óssea - cabeça umeral
Outro o 20 % + defeito da Reconstru çã o capsular de
Hiperfrouxidão do ombro gleno ide ou Jobe
Hiperfrouxidão do ombro (anterior ou inferior) hiperfrouxidão + tensionamento
Frouxidão normal o capsular + fechamento
Lesão Hill-Sachs na radiografia do intervalo para
anteroposterior reduzir rotação ou
plicatura
Visível em rotação externa 2
25% (6 mm de Plicatura
Não visível em rota ção externa o profundidade)
Perda do contorno glenoidal em
40% Laterjet para aumentar o
radiografias anteroposteriores
arco rotacional da
Perda do contorno 2 glenoide
Sem lesão o Perda óssea - cabeça
Total (pontos) 10 umeral anterior
De Balg F, Boileau P: The instability severity index score: a simple preope- >30% Mclaughlin
rative score to select patients for arthroscopic or open shoulder stabili sa- Incompetência capsular Reforço capsular com
tion, J Bane Joint Surg 89B:1470, 2007 . aloenxerto de Aquiles
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

ser reparados, reconstruímos os defeitos anteriores com um proce- através da abrasão do colo escapular, (2) restabelecer a concavidade
dimento de Latarjet e usamos um autoenxerto ósseo extracapsular da glenoide, (3) garantir a fixação capsular anatômica na borda da
de crista ilíaca posteriormente. Defeitos da cabeça do úmero de superfície art icular da glenoide (4), recriar a tensão fisio lógica cap-
tamanho moderado (25%) são tratados com um procedimento sular pelo avanço e imbricação capsular superior e inferior, e (5)
artroscópico de plicatura e reparo de Bankart, e defeitos maiores (de realizar reabilitação supervisionada orientada ao objetivo.
35% a 45%) são tratados indiretamente pelo aumento do arco gle-
noidal utilizando um procedimento de Latarjet (Tabela 47-7).

1 OPERAÇÃO DE BANKART
Na operação de Bankart original, o subescapular e a cápsula do REPARO DE BANKART MODIFICADO
ombro são abertos verticalmente. O retalho lateral da cápsula é
reconectada à borda anterior da glenoide. Um retalho medial da TÉCNICA
cápsula é imbricado, e o subescapular é aproximado. A operação de
Bankart é indicada quando o labrum e a cápsula estiverem destaca- (MONTGOMERY EJOBE)
dos da borda da glenoide ou se a cápsula for fina. A vantagem deste
•Faça uma incisão ao longo das linhas de Langer, come-
procedimento é que ele corrige o defeito !abra! e imbrica a cápsula
çando 2 cm dista l e latera l ao processo coracoide e indo
sem a necessidade de qualquer dispositivo metálico de fixação interna.
inferiormente à prega axi lar anterior.
A principal desvantagem do procedimento original é a sua dificul-
• Faça o intervalo deltopeitora l, afastando o deltoide e a
dade técnica.
veia cefá li ca lateralmente e o músculo peitoral maior
Desde a descrição original do procedimento de Bankart, as
mediaimente. Deixe o tendão conjunto intacto, e afaste-o
modificações permitiram que o procedimento fosse feito com mais
mediaimente.
fac ilidade e menos trauma cirúrgico. O procedimento pode ser feito
•Divida o tendão subescapular transversalmente de acordo
através de uma divisão no subescapular ou, em indivíduos maiores
com as suas fibras na junção dos dois terços superiores e
e mais musculosos, a divisão do subescapular pode ser estendida
o terço inferior do tendão, e cuidadosamente disseque-o
superiormente em torno de 1 cm medial ao tendão do bíceps,
da cápsula anterior subjacente. Mantenha o intervalo do
liberando o músculo subescapular em formato de L. Essa liberação tendão subescapular com um afastador de Gelpi modifi-
do tipo L oferece excelente exposição do intervalo rotador, e o cado (Anspach, lnc, Lake Park, FL), e posicione um afas-
terço inferior do músculo subescapular pode ser afastado inferior-
tador tridentado mediaimente no colo da glenoide.
mente para expor a cápsula inferior, ao mesmo tempo em que
•Faça uma capsu lotomia anteri or horizontal de acordo
protege o nervo axilar. A abordagem através do subescapular pre- com a divisão no tendão subescapular, da inserção umeral
serva a função neuromuscular e minimiza a possibilidade de desin- lateralmente ao colo da glenoide anterior mediaimente
serção do tendão no pós-operatório. Tivemos sucesso utilizando (Fig . 47-34A). Passe suturas nos retalhos capsulares supe-
tanto a divisão do subescapular quanto a divisão em L, depen- riores e inferiores na margem da glenoide.
dendo do paciente, e com o procedimento de Bankart modificado •Insira um afastador estreito na cabeça do úmero, e afaste
(Fig. 47-33). Usamos um procedimento semelhante ao descrito por a cabeça lateralmente. Eleve a cápsula no colo anterior
Montgomery e Jobe por mais de uma década para luxações trau- subperiostea lmente. Deixe o labrum intacto se ele ainda
máticas recidivantes e subluxações microtraumáticas recidivantes estiver inserido. Decortique a região do colo anterior até
com instabilidade anterior e inferior. Não achamos necessário que haja sangramento do osso com uma rugina.
osteotomizar o coracoide para obter a exposição. As chaves para o •Perfure orifícios perto da borda glenoide aproximada-
sucesso deste procedimento são: (1) maximizar o potencial de cura mente nas posições de 3, 4 e 5:30 h, mantendo a broca
paralela à superfície da glenoide (Fig. 47-34B).
•Posicione âncoras de sutura em cada orifício e garanta a
firmeza das âncoras (Fig . 47-34C). Durante essa parte do
processo, mantenha o ombro em aproximadamente 90
graus de abdução e 60 graus de rotação externa para
atletas arremessadores. Mantenha o ombro em 60 graus
de abdução e 30 a 45 graus de rotação externa em atletas
que não sâo arremessadores e outros pacientes .
•Amarre o retalho inferior com sutura de colchoeiro, tra-
zendo a cápsu la superiormente mas não mediaimente
(Fig. 47-34D). As suturas ajudam a prevenir medialização
da cápsula . Traga o retalho superior inferiormente, sobre-
pondo e reforçando o retalho inferior (Fig. 47-34E).
A B •Feche frouxamente o espaço restante na cápsu la (Fig.
47-34F). A reconstrução tem duas camadas de cápsula
O@ii;H El!I Divisão do tendão do músculo subescapular. A, reforçada fora da articu lação.
O quarto inferior do tendão subescapular é deixado intacto para
proteger a artéria circunflexa anterior do úmero e o nervo axilar. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A reabilitação pós-ope-
B, O músculo subescapular é dividido hori zonta lmente e afastado ratória é realizada conforme descrito no Quadro 47-1 .
superiormente e inferiormente para expor a cápsula subjacente.
lllDD PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

A B

e D

E F

H@ii;f.SE I Técnica de Montgomery e Jobe . A, Incisão capsu lar fe ita no centro (posição de 3 horas) da g lenoide . A incisão é esten-
dida med iaimente sobre o co lo da g lenoide. Uma sutura é passada na cápsula para marcar o loca l de inserção na gleno ide. B, Orifícios
para âncoras são iniciados no co lo escapular adjacente à superfície articular da glenoide e dirig idos mediaimente distanciando-se da
superfície articular. Para a exposição do colo, um afastador de Hohmann é pos icionado ao longo do colo superior e inferior para a
retração capsu lar (não retratado) . C, Âncoras são posicionadas em cada orifício preparado. As suturas são puxadas para ajustar a âncora.
Cada sutura é trac ionada para assegurar o deslizamento da sutura na âncora. D, Aproximação da cápsula ao co lo renovado . Duas ou
três âncoras são usadas para f ixar a cápsula inferior firmemente ao colo escapular. Uma pinça de Allis é usada pe lo assistente para
avançar a cápsu la super iormente contra o colo enquanto as suturas são pos icionadas . E, Âncoras méd ias e super iores são usadas
para f ixar e avançar o retal ho superior inferiormente . F, A imbricação f inal da cápsu la é feita com suturas não absorvíveis indivi-
duais. A extremidade é mantida em 45 graus de abdução e 45 gra us de rotação externa durante o fec hamento pa ra evitar uma limitação
excess iva. Observação técnica: As âncoras devem estar na borda da superfície articular glenoidal e miradas media imente 20 graus.
VEJA A TÉCNICA 47-8.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES flm
QUADRO 47 _1 Pro_grama de o proced imento Laterjet isoladamente costuma ser ade-
apos Reconstruçao quado para o tratamento dessa deficiência óssea combi-
Capsulolabral Anterior nada. O enxerto ósseo corrige a deficiência na glenoide de
modo que possa resistir às forças axia is através de um diâ-
Pós-Operatório (O a 3 semanas) metro expandido da glenoide. O enxerto também prolonga
Travesseiro de abdução o arco articular da glenoide para evitar que a lesão de Hill-
ADM passiva/ativa: abdução (90 graus), flexão (90 graus) e Sachs se engate e é utilizado quando uma grande (35 a
rotação externa (45 graus); sem extensão 45%) lesão da cabeça do úmero está presente (Fig. 47-35).
Abdução, adução horizontal e rotação externa isométricas
ADM do cotovelo TÉCNICA
Compressão manual de bola fisioterápica
Gelo (WALCH E BOILEAU)
Fase 1 (3 a 6 semanas)
Ti rar órtese/travesseiro •Com o paciente em uma posição de cadeira de praia e
Modalidades conform e necessário após a indução da anestesia endotraq ueal geral, posicione
A DM passiva e ativa progressiva, protegendo a cápsu la um travesseiro pequeno atrás da escápula para posicionar
anterior a superfície da glenoide perpendicular à mesa operatória.
Rotação interna ativa (completa) e rotação externa (neutra) Esterilize e isole com campos estéreis o pescoço, tórax, axila
usando cabos e pesos livres e o braço inteiro.
Extensão pronada (não posterior ao tronco) •Faça uma incisão de 4 a 7 cm na pele, começando sob a
Elevação de ombros aduzidos e abdução ativa ponta do processo do coracoide (Fi g. 47-36A) Abra o
Fortalecimento do supraespinal intervalo deltopeitoral e afaste a veia cef álica lateralmente
Gelo com o deltoide. Posicione um afastador com t rava no inter-
valo deltopeitoral e um afastador de Hohmann no topo do
Fase li (6 semanas a 3 meses) processo coracoide.
Continuar a ADM, aument ando gradua lmente a rotação
externa (o objetivo é ADM total em 2 meses) COLETA E PREPARO DO BLOCO ÓSSEO
Continuar a ADM, aumentando gradualmente a rotação • Posicione o braço do paciente em 90 graus de abdução
externa (o objetivo é ADM total em 2 meses) e rotação extern a e secc io ne o ligame nto coracoacrom ial
Adicionar flexão do ombro e exercícios de adução horizontal a 1 cm do coracoide.
Mobilização da articu lação •Aduza e gire internamente o braço para liberar a inserção
Inici ar ergometria do tronco e membros superiores para do peitoral menor do coracoide, e exponha a base do
endurance com ba ixa resistência coracoide com um descolador de pa rtes moles para pos-
Gelo sibilitar a visual ização do "joelho" do processo coracoide.
Fase Ili (3 a 6 meses) Use um osteótomo ou uma serra pequena angulada para
Continuar o alongamento capsu lar, o fortalecimento e a osteotom izar o processo coracoide de medial para
ergometria late ral na junção das pa rte s horizontais com as verticais
Pode-se inclu ir exercícios de fo rtalecimento e res istência (Fig. 47-36B)
isocinéticos para rotação interna e externa • Deixe o braço em abdução e rotação externa e libere o
Adiciona r flexões de braço (começa r com flexões contra a ligamento coracoumera l a parti r da parte latera l do
parede, com o corpo sempre posterior aos cotove los) coracoide.
Iniciar flexões de braço na barra em 4 a 5 meses •Segure firmemente o enxerto ósseo com uma pinça e
Condicionamento total do corpo libere-o cuidadosamente de suas inserções profundas. Dis-
Avançar para o programa de arremesso ou treinamento seque a parte lateral do tendão conjunto, evitando o aspecto
específico para a habilidade, conforme tolerado medial e potencial dano ao nervo musculocutâneo.
Gelo • Everta o enxerto ósseo e decortique sua superfície pro-
funda com uma rug ina cortante ou uma serra.
ADM, amplitude de movimento.d •Com uma broca de 3,2 mm, faça dois orifícios paralelos
De Montgomery WH, Jobe FW: Functional outcomes in athletes after modified na superfície profunda do enxe rto ósseo.
anterior capsulolabral reconstruction, Am J Sports Med 22:352, 1994. • Meça a espessu ra do enxerto ósseo com um calibrador e
posicione o enxerto sob o músculo peitoral maior para uti-
lização subsequente; mantenha-o no lugar com o afastador
com trava, que mantém o interva lo deltopeitoral aberto.

DIVISÃO DO SUBESCAPULAR,
ESTABIJ.IZAÇÃO ANTERIOR COM CAPSULOTOMIA E APRESENTAÇÃO
DEFICIENCIA ASSOCIADA DA •Com o membro superior em rotação externa máxima,
GLENOIDE (PROCEDIMENTO DE identif ique as margens inferior e superior do tendão do
subescapu lar. Use o bisturi elétri co e, então, a tesou ra de
LATERJET} Mayo para divid ir o múscu lo nos dois terços superiores ou
Em pacientes com uma glenoide em formato de pera inver- no terço inferior da junção, em linha com as suas fibras,
tida e uma lesão de Hill-Sachs que engate, verificou-se que obtendo cu idadosamente a hemostasia em cada etapa. )
EJZ!) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

iâ@ih§i tfla A, RM sagital pré-operatória do ombro com múltiplos corpos livres . B, Corpos livres e perda de 35% da superfície
articular glenoidal. C, Incid ência de West Point mostrando restaura ção da superfície glenoidal anterior após o procedimento de Laterjet.
D, Incidênc ia anteroposterior do procedime nto de Laterjet com fixação de parafusos paralelos. VEJA A TÉCNICA 47-9.

•Cuidadosamente. faça a divisão até a cápsula branca, e •Afaste os dois terços superi ores do subesca pular superior-
)
depois a estenda med iaimente através da inserção de uma mente com um fio de Ste inmann impactado na parte
esponja de 1O x 1O cm no plano de clivagem, expondo superior do colo escapu lar; afaste para baixo a parte infe-
assim a fossa subescapu lar. Estenda a divisão lateralmente rior com um afastador de Hohmann posicionado sob o
até a tuberosidade menor. Posicione um afastador de colo da escápu la entre a cápsula e o subescapular.
Hohmann na fossa subescapular. •Com a borda anteroinferior da escápu la expost a, inspe-
• Posicione o membro superior em rotação neutra para cione o !abrum, a cartilagem e o local de inserção dos
proporcionar uma exposição total da cápsula e faça uma ligamentos glenoumerais. Resseque o retalho capsular
capsulotomia vertical de 1,5 cm na altura da margem medial juntamente com partes danificadas do labrum ou
anteroinferior glenoidal. fragmentos ósseos .
•Mova o braço em rotação interna máxima para permitir a •Utilize um bisturi para expor a margem anteroinferior
inserção de um afastador para a cabeça do úmero, na glenoidal e a decortique com uma curet a ou osteótom o
margem posterior da glenoide. (Fig. 47-36C)
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECI DIVANTE S tjjp@

A B

Procedimento de Laterj et -Brist ow (Walch e Boil eau) . A, Incisão ve rt ical sob a po nta do processo co racoide . B, Co leta
do bl oco ósseo correspondente à parte ho ri zontal do processo coracoid e, mante ndo tend ão coracobra quial e ligamento co racoac romial
co njuntos. C, Di visã o do subescapular hori zontalmente. Borda gl eno idal ant ero inferior é decorti cad a. D, Fi xação bicorti cal do bloco
ósseo. O retalho capsular externo é suturad o ao rest ante do ligamento coracoacro mial. VEJA A TÉCNICA 47-9.

FIXAÇÃO DO BLOCO ÓSSEO articu lar e direcione a broca para lela mente a esse plano .
• Insira o bloco ósseo através das pa rtes moles e posicio- Apoie tempora riamente o bloco ósseo para permit ir a
ne-o rente à margem anteroinferior da glenoide. Verifi- med ição da profu nd idade de perfuração com um med idor.
que a posição do bloco ósseo, com o braço em rotação •Posicione um parafuso maleolar AO na corti ca l posterior
interna, tendo o cuidado de evitar qua lquer lateral ização; para prender o bloco ósseo à glenoide. Aperte esse pa ra-
uma discreta media lização (não mais que 1 a 2 mm) é fuso frouxamente para possibi litar fácil rotação e posicio-
aceitável. Nunca aceite uma lateralização do coracoide na namento adequado da parte superior do bloco ósseo.
articulação; isso pode levar a doenças degenerativas pre- Quando o posicionamento estiver correto, insira um
coces da articulação. segundo parafuso maleolar AO através do orifício supe-
• Insira uma broca de 3,2 mm pelo orifício inferior no enxerto rior no bloco ósseo e aperte ambos os parafusos firme- )
ósseo e perfure o colo glenoida l em uma direção antero- mente (Fig. 47-360). Para evitar im pacto com a cabeça
posterior e superi or. Verifiqu e a orientação da superfície do úmero, não use arru elas com os pa rafu sos.
@!J:(1) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

FECHAMENTO • REPAROS CIRÚRGICOS MALSUCEDIDOS PARA


)
• Com o braço em rotação externa, faça o reparo do res- INSTABILIDADE ANTERIOR
tante do ligamento coracoacromial ao retalho capsular
lateral com duas suturas absorvíveis individuais. A falha na estabilização pode ocorrer pela falha em corrigir a pato-
•Remova a esponja, posicionada previamente, da fossa logia, pela falha de cicatrização ou pela pouca colaboração do
subescapu lar, e mobilize o membro por toda sua ampli- paciente. Todas as causas potenciais de falha devem ser totalmente
tude de movimento para avaliar a mobilidade. avaliadas e incluir uma avaliação de TC tridimensional para defici-
•Cubra a superfície cortada do coracoide com cera de ência óssea da cabeça do úmero e glenoide e, se necessário, uma
osso, posicione um dreno de sucção, e feche as camadas artrografia para identificar o local da falha capsular. Se for determi-
superficia is de partes mo les. nado que a falha na estabilização é causada por uma falha de cica-
trização, o procedimento pode ser revisto artroscopicamente com a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes precisam opção de reparo aberto, caso seja vantajoso. A deficiência óssea da
de imob il ização com uma tipoia ou imobil izador de cabeça do úmero geralmente é corrigida com um procedimento
ombro por 2 semanas após a cirurgia. A flexão é in iciada artroscópico de plicatura. Uma deficiência da glenoide superior a
a parti r deste momento, e a rotação externa é iniciada 25% deve ser abordada com um procedimento de Latarjet aberto
com 6 semanas. Exercícios de forta lecimento são iniciados (Tabela 47-7).
8 semanas após a ci ru rg ia . As complicações relatadas de instabilidade recidivante ou
perda de movimento, problemas neurovasculares, infecções e alte-
rações degenerativas pós-operatórias podem ser reduzidas signifi-
cativamente com o planejamento adequado no pré-operatório,
RECONSTRUÇÃO DA GLENOIDE intraoperatório e pós-operatório. As expectativas do paciente e
ANTERIOR USANDO AUTOENXERTO quaisquer ganhos secundários devem ser compreendidos. O reparo
ÓSSEO DA CRISTA ILÍACA firme da lesão patológica é necessário para restaurar a estabilidade
e preservar o movimento. A perda excessiva de movimento e a lesão
O procedimento de Eden -Hybbinette foi descrito original- na articulação glenoumeral por materiais de síntese têm sido apon-
mente utilizando um autoenxerto de crista ilíaca para tadas como causas de alterações degenerativas. A perda excessiva de
reconstruir a glenoide anterior. A perda óssea da glenoide movimento pode ser tratada com uma liberação artroscópica
anterior próxima aos 40% ou a perda óssea da glenoide capsular (Capítulo 52). Se houver uma restrição grave à rotação
posterior de 25% com luxação posterior recidivante devem (isto é, < 15 gra us de rotação externa), um alongamento coronal
ser reconstruídas com um enxerto autógeno ósseo da crista subescapular aberto deve ser considerado.
ilíaca, ou, ocasiona lmente, para lesões posteriores, o aspecto
Os princípios básicos para abordar reparos que falharam são
medial do acrômio pode ser utilizado como um enxerto.
os mesmos que para o procedimento primário: (1) criar um
Mais recentemente, Provencher et ai. descreveram utilizar
ambiente de cicatrização/consolidação ideal, (2) recriar a concavi-
enxerto do aspecto lateral da tíbia distal para a reconstrução.
dade da glenoide, (3) garantir a fixação capsular anatômica na
Atualmente, no entanto, um autoenxerto de crista ilíaca é
borda articular (4), recriar a tensão capsular fisiológica e (5) rea-
recomendado devido à sua disponibilidade, maior potencial
lizar fisioterapia direcionada e supervisionada. Procedimentos nos
de cura e menor potencial de reabsorção do que um enxerto.
quais uma transferência de um bloco ósseo ou do coracoide é feita
TÉCNICA
(WARNER ET AL.)
mm podem resultar em alterações degenerativas, se o mau posiciona-
mento da transferência causar impacto sobre a cabeça do úmero.
As chaves para o reparo cirú rgico bem-sucedido incluem: seleção
adequada do paciente, escolha do procedimento adequado para
• Colete um autoenxerto da crista ilíaca tricortical de 2 cm corrigir a patologia, profundo conhecimento da anatomia local,
de largura por 3 cm de comprimento e o contorne para identificação e proteção de estruturas neurovasculares importan-
fazer uma boa continuação do arco da glenoide. tes, utilização de um programa de reabilitação pós-operatório de
•Perfure dois orifícios no enxerto e use-os para alinhar o acordo com o tipo de correção cirúrgica realizada e compreensão
enxerto de modo a formar um arco articular liso. dos objetivos do paciente.
•Faça orifícios no colo da glenoide e marque-os com bisturi
elétrico para facilitar sua localização.
• Posicione suturas na cápsu la e passe-as ao redor da haste INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL DO
do parafuso entre a glenoide e as suturas do enxerto. Fixe OMBRO
o enxerto extracapsularment e.
• A posição adequada do enxerto é a vertical antes do Neer e Foster apresentaram o termo instabilidade multidirecional em
fechamento da extensão latera l da incisão capsular. 1980, que descreve a subluxação ou luxação glenoumeral em múlti-
• Decortique o colo da glenoide e fixe o enxerto com dois plas direções. A deformidade primária na instabilidade multidire-
parafusos bicorticais canu lados de 4,0 mm . cional é uma frouxa redundância inferior. É importante distinguir
• Anteriormente, posicione o enxerto intracapsularmente, instabilidade multidirecional da luxação unidirecional habitual
fi xando a cápsula em torno das cabeças dos parafusos. porque o primeiro problema não é corrigível por um reparo padrão.
•Posteriormente, faça uma plicatura medial. A cirurgia nestes pacientes não é indicada, a menos que a deficiência
seja frequente e significativa, uma tentativa adequada de tratamento
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató- conservador enfatizando exercícios de reabilitação muscular e do
rio é o mesmo descrito na Técnica 47-9 . manguito rotador tenha fa lhado, e o paciente não seja um luxador
voluntário.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

1
Músculo
subescapular

A B
O@ll;f!imi,I Técn ica de Neer de ten-
sion amento capsular inferior para insta-
bilidade do ombro. A, Reforço dos retalhos
capsulares; cerca de metade da espessura
do tendão subescapular é dei xada inse-
rida para reforçar cápsula. B, Incisão cap-
sular. e, Preparação dos retalhos e do leito.
O braço é rodado externamente conforme
o reta lho inferior é desinserido. D, Reloca-
ção dos retalhos com o bra ço em discreta
fle xão e 1O graus de rota çã o externa . O
retalho inferior (b) é reinserido em primeiro
lugar e é tracionado para a frente e para
e D cima. O retal ho superior (a) é tracionado
pa ra bai xo, sobre o retalho inferior. VEJA
A TÉCNICA 47-11 .

O princípio do procedimento consiste em desinserir a cápsula do maior instabilidade . Sob anestesia gera l, a instabil idade
colo do úmero e transferir para o lado oposto do calcar (porção inferior do ombro é avaliada novamente. A instabi lidade anterior
do colo do úmero), não apenas para obliterar a redundância inferior e é testada com o braço em rotação externa e extensão
a redundância capsular no lado da via cirúrgica, mas também para em vários níveis de abdução. A instabilidade inferior é
reduzir a frouxidão do lado oposto. Para reduzir a frouxidão inferior testada com o braço em O grau e 45 graus de abdução.
com o braço em O grau de abdução, o fechamento do intervalo
A instabi lidade posterior é testada com o braço em rota ção
rotador é indicado. O fechamento interno também fo i demonstrado interna em vários níveis de flexão. Se esse exame e a
como eficaz em diminuir a translação posterior. A via pode ser ava liação pré-operatória se correlacionam com instabili-
anterior ou posterior, dependendo da direção de maior instabilidade. dade anteroinferior, use uma abordagem anterior.
Caso os achados clínicos evidenciem um sinal do sulco 3+ e sintomas
•Coloque o paciente em uma posição inclinada com as
relacionados com instabilidade inferior, associada à instabilidade
faces anterior e posterior do ombro expostas. Isole o braço
anterior ou posterior, um tens ionamento capsular anterior e fecha-
com campos estéreis. Conecte uma mesa de braço ao lado
mento do intervalo rotador permitem melhor correção da frouxidão
da mesa cirúrgica.
inferior. Se os achados forem instabilidade posterior com um sinal do
•Faça uma incisão de 9 cm nas dobras cutâneas da borda
sulco 1+ a 2+ e sintomas inferiores apenas leves, um procedimento
anterior da axi la ao processo coracoide.
capsular posterior é indicado.
•Progrida a via deltopeitoral medial à veia cef ál ica e
afaste latera lmente o deltoide. Divida a fáscia clavipe i-
toral e afaste os múscu los inseridos ao processo cora-
TENSIONAMENTO CAPSULAR coide mediaimente.
•Com o braço em rotação externa, divida a metade super-
TÉCNICA ficial da espessu ra do tendão subescapu lar transversal -
mente, 1 cm medial ao su lco do bíceps (Fig. 47-37A).
(NEER E FOSTER) Deixe a metade profunda do tendão subescapu lar inse-
rida para reforçar o aspecto anterior da cápsula, e prepare
• O paciente é cuidadosamente examinado e questionado a metade superficial do tendão com suturas e afaste-a
no pré-operatório para determinar a direção provável da mediaimente. É importante que essa parte superficial do )
WiJ:O PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

tendão com suturas e afaste-a media imente. É impor- a 140 graus. Após 4 a 6 semanas, os exercícios resistivos
)
tante que essa parte superficial do tendão subescapular são iniciados e a rotação externa é aumentada para 40
esteja livre para que a ação do músculo subescapular graus e a flexão a 160 graus. Em 6 semanas, a rotação
não esteja bloqueada. externa é aumentada para 50 graus e a flexão a 180
•Feche o espaço entre os ligamentos glenoumeral médio graus. Aos 3 meses, a rotação externa pode ser pro-
e superior com suturas não absorvíveis. gredida . No ombro dominante de arremessadores, a
•Faça uma incisão em formato de T por entre os ligamen- rotação externa deve ser progredida mais rapidamente;
tos glenoumeral médio e inferior (Fig. 47-37B). no entanto, a progressão que é muito rápid a pode levar
• Com um afastador plano para proteger o nervo axilar e à instabilidade recidivante, especialmente em pacientes
com o braço em rotação externa, faça um retalho capsular na adolescência tardia.
desinserindo a parte reforçada da cápsula contendo o liga- Os rotadores internos e externos contêm o desloca-
mento glenoumeral inferior do aspecto inferior do colo do mento anterior e posterior, e o supraespina l e a porção
úmero em torno do aspecto posterior do colo do úmero média do deltoide con têm o des locamento inferior.
(Fig. 47-37C). A recuperação completa dos músculos provavelmente é
•Inspecione o interior da articulação, e remova quaisquer necessária para proteger o reparo porque a cápsula e os
fragmentos osteocondrais ou labrais. ligamentos f uncionam normalmente apenas como uma
•Avalie a instabilidade posterior com e sem tração anterior sustentação. Levantar mais de 9 kg e participar de esportes
no reta lh o capsu lar inferior para estimar o novo local para são proib idos por 9 meses e até a força muscu lar ser
o retalho. normal em testes manuais comparados com o lado con -
•Usando curetas e uma pequena goiva, faça uma cana leta tralateral. A cura do ligamento é mais madura em 1 ano,
superficial no osso, no sulco anterior e inferior do colo e os pacientes são aconselhados a não nadar o nado de
do úmero, conforme mostrado na Figura 47-37C. Suture costas ou borboleta, não utilizar muito o braço envolvido
o retalho capsu lar ao coto do tendão subescapu lar e à acima da cabeça e não participar deesportes de contato
parte da cápsu la que permanece no úmero, de modo que durante o primeiro ano após a cirurgia .
o retalho da cápsula esteja em contato com a canaleta
de osso cruentado. Âncoras podem ser utilizadas para
fixar a cápsula e, em geral, são preferidas.
•A tensão sobre o retalho da cápsula que é selecionada
deve el imin ar a redundância inferior e reduzir a redun-
dância da cápsu la posterior (Fig. 47-370). Suture o retalho • TENSIONAMENTO CAPSULAR COM INCISÃO
inferior primeiro, traga o retalho superior sobre este e
suture-o, de modo a fazer com que o ligamento glenou- ADJACENTE À GLENOIDE
meral médio reforce a cápsula anteriormente e aja como O'Brien, Warren e Schwartz descreveram uma técnica para um pro-
uma contenção à sub luxação inferior. cedimento de tensionamento capsular em que a parte em T da incisão
•Segure o braço em discreta flexão e cerca de 1O graus de é feita adjacente à glenoide. Essa técnica permite um reparo muito
rotação externa na mesa de mão, enquanto a porção mais fáci l de um labrum glenoidal desinserido se este estiver pre-
anterior da cápsula é reinserida com suturas não absorví- sente. Se a instabilidade for principalmente uma instabilidade infe-
veis. Big liani et ai. recomendaram reparar a cápsula com o rior sem ruptura do labrum da glenoide, no entanto, e for necessário
braço em aproximadamente 25 graus de rotação externa apertar bem ao redor da face posterior do úmero, entendemos que
e 20 graus de abdução. Para arremessadores, eles reco- a técnica de Neer possibilita um aperto posterior maior. Com a
mendaram relativamente mais abdução e rotação externa, técnica de Neer, a porção posterior do T pode ser mais estendida
para garantir a amplitude completa do movimento. conforme o úmero é rodado externamente.
•Traga o tendão subescapu la r sobre a parte anterior rein- Lesões de Hill-Sachs grandes com envolvimento de 20% a 30%
serida, e reinsira o tendão na sua localização normal. da cabeça do úmero podem ser tratadas por desimpactação e enxerto
•Após o fechamento do interva lo deltopeitoral com suturas ósseo na fase aguda. A transferência do tendão infraespinal é útil na
absorvíveis e após o fechamento da pele, mantenha o lesão crônica. Wolf descreveu um procedimento artroscópico para
braço em flexo-extensão neutra e em cerca de 20 graus suturar o tendão infraespinal na lesão e relatou bons resultados.
de rotação interna com talas plásticas leves. Lesões maiores de 30% a 40% podem ser tratadas indiretamente
com um procedimento de Latarjet, estendendo para a articulação da
glenoide; isso impede o engate do defeito de Hill-Sachs. Essa é a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o nossa técnica preferida. O defeito da cabeça do úmero também pode
membro é apoiado em um imobilizador de ombro com ser abordado diretamente e preenchido para evitar o engate. Uma
o ombro em 30 a 40 graus de abdução e leve rotação pequena série de reconstru ções com aloenxertos mostrou resultados
externa. Exercícios para ganho de amplitude de movi- satisfatórios; contudo, alguns pacientes tiveram de remover os para-
mento para o cotovelo, punho e mão são iniciados fusos em uma data posterior. A utilização de um implante de metal
imedi atamente, com exercícios de Codman para o ombro para preencher o defeito também pode ser uma opção. Alguns
sendo ad icionados no terceiro dia de pós-operatório. A centros têm alguma experiência precoce com o dispositivo HemiCap.
rotação externa de 1O graus, flexão a 90 graus, e exer- Resultados de bons a excelentes foram re latados em 90% dos 207
cícios isométricos são iniciados após 1O dias. Por 2 a 4 pacientes submetidos a uma osteotomia de rotação do úmero e a
semanas, o fortalecimento isométrico é continuado e a imbricação da cápsula anterior e do tendão subescapular para o
rotação externa é aumentada para 30 graus e a flexão tratamento de lesões de Hill -Sachs grandes (4 cm). Lesões maiores
que 45% devem ser tratadas por substituição protética.
CAPÍTULO 47 LU XAÇ ÕES RECIDI VA NTES

INSTABILIDADE POSTERIOR DO OMBRO Os pacientes com luxações traum áticas são menos propensos
a serem ajudados por um programa de exercícios. As luxações trau-
máti cas são mais co muns em atletas que têm fo rças rep etitivas dire-
A luxação posterior e a instabi lidade posterior recid iva nte do ombro cionadas posteriormente no ombro, com o jogadores da linha
co nt abil iza m ape nas 2% a 4% de todas as lu xações d o ombro. ofensiva de futebo l ameri cano, jogadores de hóquei e os saltadores
O s eventos traumáticos que resultam em luxação posterior muitas de plataformas. Se ao me nos 4 a 6 meses de um program a de reabi-
vezes estão associados a alterações da consciência, co mo as que li tação adequado ti ve rem fa lhado, se a luxação habitual fo r descar-
oco rrem em convulsões, choques elétri cos e intoxicação. A luxação tada e se o paciente estive r emocionalmente estável, a cirurgia pode
posterior também pode ser ca usada po r um trauma direto anterior ser indicada se a dor e a instabilidade impedirem a fun ção adequada
no ombro ou por uma queda sobre o memb ro fl etido. do ombro envolv ido.
A subluxação posterior recidivante, atraumática ou adqu irida
como resultado de microtraumas repetitivos, é muito mais comum que • TRATAMENTO CIRÚRGICO
a recorrência após uma luxação posterior traumática. Esses pad rões de Através dos anos, vários tipos de procedim entos foram propostos
instabilidade devem ser avaliados com cuidado e categorizados como para corrigir a instabilidade posteri or, incluindo os procedimentos
unidirecional, bidirecional ou multidirecional, e a direção das luxações de tecidos mo les, ta is co mo proced imentos de Bankart "reverso" e
e subluxações sintomáticas deve ser determinada. O uso repetitivo Putti-Platt, transferências musculares e capsulorrafias, blocos ósseos
excessivo e lesões microtraumáticas que resultam em instabilidade e osteotomias da glenoide. Os resul tados do tratamento cirúrgico da
posterior incluem esportes que exigem movimento do braço acima da instabilidade posteri or do ombro têm sido tão variados quanto as
cabeça, tais como arremesso no beisebol, tênis e natação (especial- técnicas concebidas para corrigi-la. Em geral, os melhores resultados
mente costas e peito), levantamento de peso (especialmente supino) e com qualquer procedim ento reali zado para corrigir a instabilidade
bloqueios por jogadores da linha ofensiva de fu tebol americano, todos pos terior são obtidos em pacientes com luxação posteri or traum á-
os quais causam trall!11a repetitivo na cápsul a posterior. Andrews e tica recidi va nte, não co m as sí nd romes de instabilidade posterior
Phillips descreveram instabilidade poste rior recidivante do ombro ma is comu ns.
dominante em rebatedores de beisebol. Isso oco rre mais comumente Não recomendamos a ciru rg ia em pacientes com esse tip o de
com um giro contido do bastão (check swing) ou buscando co m o instabilidade atraum ática posterior, a menos qu e tenh am incapaci-
bastão uma bola lançada longe da base, que altera a mecânica normal dade frequente e signi ficat iva e o tratamento conservador tenh a
de giro do bastão síncrona e all!11enta as forças de arranque direciona- fa lhado. A luxação não deve ser habitual, e o paciente deve ser
das posteriormente no ombro. emocionalmente estável.
Muitos pacientes com instabilidade de ori gem microt raumá- Em qua lquer paciente que tenha persistência de instabilidade,
ti ca ou atraumática aprendem a subluxar seu omb ro volu ntaria- um teste Jerk positivo, um a mud ança positiva no teste de carga e
mente com adução horizontal e rotação interna; no entanto, isso não de qualquer patologia do labrum, co nforme ind icado pelo teste do
signi fi ca que há um componente psicológico. Um paciente que tem "golpe" anter ior ou posterior, um es tudo aprofu ndado é indicado.
um tipo brando de afe to e que é capaz de subluxa r se u ombro com Isso incl ui uma RM ax ial ponderada em T2 co m contras te para
a contração muscular por si só é mais propenso a ter algum compo- avaliar a lesão capsu lar e a perda de contenção !abra! condral,
nente psicológico e ganh o sec undário. Com o ombro em posição de como descrito po r Kim et ai. e Antoni ou e Harryman (Fig. 47-38).
abdução, tais pacientes utili za m seletivamente os rotadores internos Ambos os autores encontraram lesões na cavidade condrol abral
para subluxar o ombro posteriormente. Esses pacien tes raramente em mais de 80% dos pac ientes com erosão, fiss ura ou desinserção
(ou nu nca) devem ser tratados cirurgicamente. parcial posterior e infe rio rm ente (o u seja, a lesão de Kim no
No passado, a versão da glenoide fo i implicada na instabilidade /abrum). Essas lesões devem ser avaliadas conform e observado
posterior; no entanto, acreditamos qu e a versão da glenoide some nte com a RM, m as, mais importan te ainda, artros copicamente, no
contribui signifi cativamente pa ra a instabilidade posterior em momento da estabilização. Se uma técnica aberta precisa ser feita, o
pacientes com displasia congê nita grave ou quebra traum ática da exame artroscóp ico dessas lesões é ind icado na maioria dos casos,
arquitetura óssea. Fuchs, Jos t e Gerb er afi rm aram qu e a osteotomia para avaliar o interva lo ro tado r anterio rm ente. Com um intervalo
da glenoide é indi cada quando houver m ais de 10 graus de retrover- rotador gra nde, um espaço m aior que 1 cm entre os ligamentos
são. Devido aos elevados índices de complicações, osteotom ias têm gleno umera l superior e médi o na borda da gleno ide, o fechamento
ent rado em desuso. do interva lo rotador deve ser feito artroscopicamente. Se um pro -
ced imento aberto precisa ser fe ito posteriorm ente, pode ser reali -
• TRATAMENTO CONSERVADOR zado após a concl usão do exame artroscópico e fechamento do
O tratamento inicial da instabilidade posterio r do ombro deve ser intervalo anteriormente. Também deve ser avaliada por RM a retro -
co nservador. O tratamento incl ui fa ze r o pac iente evita r at ividades versão grave da glenoide, que é bastante incomum, com o descrito
provoca tivas e ensinar o paciente a evitar manobras voluntárias anteriormente, ou, mais co mume nte, a perda óssea da borda da
específi cas qu e podem ca usa r a sublu xação pos terior. Um pro- glenoide. No caso de um a fr atura que envolva a borda, um a fixação
gram a de exercícios de for talecimento voltado para rotadores artroscópica ou uma fixação aberta está indicada. Para um a fra tura
ex ternos e a delto ide pos terior é reali zado. O movi mento normal ma ior, um proced imento aberto é indicado.
tamb ém deve se r obtido. O trata mento da instabilidade posterior é abordado da mesma
A m aioria dos pacientes com instabilidade poste rior responde manei ra que a ins tab ilidade anteri or, restabelece ndo a anatomi a e
a um programa de exercícios ag ressivo, especialmente pacientes com te nsionando a cáps ul a de mo do adequad a. Se a cirurgia fo rneces-
frouxidão ligamentar generali zada e instabilidade que ocorre como sária pa ra uma su bluxação poster ior incapacitante ou se o plano
resultado de m icrotraum as repetitivos. Em atletas qu e usam movi- mais signi ficat ivo em um a sínd ro me de instabilidade multidire-
mento do braço acima da cabeça, a obse rvação e a instrução por um cional for o pos teri or, o procedim ento qu e acreditamos se r o m ais
treinador experi ente podem gera r pequenas alte rações na mecânica bem-sucedido é o de tens ioname nto caps ula r inferi o r por via
que podem redu zir os episódi os de insta bilidade. pos terior.
BD PARTE XIII MEDICIN A ESPORTI VA

Músculo
infraespinal

b V

h!ijil@&I Mensuraçã o da ve rsão das porções condrolabral


e óssea da glenoide. a, linha de referência que representa o plano e
da porção condrolabral da glenoide; b, linha de referência que
representa o plano do corpo escapular; e, linha de referência h@m@riflD Capsulorrafia posterior de Neer e Fost er para
que representa o plano da porção óssea da glenoide. O ângulo sublu xação posterior do ombro. A, Incisão tipo "golpe de sabre"
entre a e b' (perpendicular a b) representa a versã o da porçã o de imediatamente posterior à articulação acromioclavicular em direção
condrol abral da glenoide. O ângulo entre c e b' representa a à dobra axilar posterior. B, Músculo deltoide é dividido em linha
versão da porção óssea da glenoide (Kim et ai.) . com suas fibras, começando 2 a 3 cm medial ao canto posterola-
teral do acrômio. C, Exposição dos músculos subjacentes infraes-
pinal e redondo menor. VEJA A TÉCNICA 47-12.

Preferimos ou a técnica de tensionamento capsular de Tibone


ou a de Neer e Poster para instabilidade mu ltidirecional atraumática
em um paciente qu e não é um atleta que usa movimentos de arre- cá psula superi or é t ra zida inferiormente, e a cápsula infe rior
messo ou acima da cabeça. Para um atleta com subluxação posterior é levada superio rment e. O infraespinal é co rtado de modo
recidivante que requer movimento do braço acima da cabeça, pre- que seja sobreposto e encurtado, adicionando mais reforço
fe rimos a técnica de divisão muscular com tensionamento medial, à cá psul a post eri or. Esse procedimento oblitera a redundân-
como descrito por Tibone et ai. A técnica descrita por Hawkins e cia axilar. Este e outros procedimentos de t ensionamento cap-
Janda é melhor reservada para um trabalhador ou um atleta envol- sular são indicados em síndromes de subluxação posterior que
vido em es portes de contato, como futebol am ericano ou hóquei no não são luxações posteriores verdadeiramente t raumáticas
gelo, com subluxação posterior recidivante secundári a à lesão cap- recidivantes.
sular. com esse procedimento aberto, Temos observado res ultados
bons a excelentes e, atualmente, essa é a nossa técnica preferida para TÉCNICA
esse grupo de pacientes.
(NEER E FOSTER)
PROCEDIMENTO DE TENSIONAMENTO •Para a via posterior, posicione o pacie nte na mesa cirú r-
CAPSULAR INFERIOR DE NEER POR gica em decú bito lat eral com o ombro lesionado para
cim a. O paciente é manti do em posição com coxins.
VIA POSTERIOR •Faça uma incisão de 1O cm vertica lmente sobre o aspecto
Neer e Foster descreveram um procedi mento de tensiona- poste rior do acrômio e da espinha da escáp ula (Fig .
mento capsu la r inferior rea lizado por via post erior. Neste 47-39A).
proced imento, a cápsula posteri or é dividida long itudinal- •Disseque o teci do subcutâ neo para expor o músculo del-
mente, e a inserção capsular ao longo do colo do úmero é toide. Divida o múscu lo deltoide a partir de uma região
liberada inferior e anteriorm ente o quanto fo r possível. A sobre a espi nha da escápula, começa nd o 2 a 3 cm medial
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

ao canto posterolateral do acrômio e estendendo distal- •Destaque o redondo menor da cápsula, e deixe-o intacto.
mente 5 a 6 cm (Fig . 47-39B). Para proteger o nervo •Distraia a articu lação (com a ad ministração de relaxantes
axila r, o músculo deltoide não deve ser dividido distal- musculares, se necessário) para que o labrum gleno id al
mente além do red ondo menor. Em um ind ivíduo mus- possa ser inspecionado anteriormente. Se a porção anterior
cu loso, o músculo deltoide pode ser afastado da espinha do labrum glenoidal estiver desinserida, faça uma segunda
da escápula ou do acrômio. via anteriormente através da qua l o labrum é suturado ao
• Exponha os músculos redondo menor e infraespina l, e osso da glenoide (reparo de Bankart). Se a parte anterior
progrida o intervalo entre esses músculos (Fig. 47-39C). do labrum estiver intacta, leve a parte posterior da cápsula
• Desinsira o infraespinal obliq uamente para que a parte para trás, para eliminar a redundância inferior e reduzir a
superficial do tendão possa ser usada mais tarde para flacidez capsular anterior (Fig. 47-41 B).
reforça r a parte posterior da cápsula (Fig. 47-40) . •Com cu retas e uma pequena goiva, faça uma ca lha super-
•Faça uma abertura em formato de T na redundância ficia l no sulco do colo do úmero de modo que o retalho
posterior da cápsula (Fig . 47-41 A) da cápsu la seja aproxi mado ao osso cruentado. Segure o
•Faça um reta lho capsular superior, desinserindo 1, 5 cm braço em discreta extensão e rotação externa moderada
de cápsula acima da incisão capsular long itu dinal inicial. conforme a cápsula é re inserida (Fi g. 47-41 B).
•Use um afastador plano para proteger o nervo axilar e, com • Durante o tensionamento dos retalhos, Bigliani sugeriu
o braço em rotação interna progressiva, faça o retalho cap- manter a extremidade em 5 a 1O graus de rotação externa,
su lar inferior separand o a cápsu la do colo do úmero em 1O a 15 graus de abdução e flexão e extensão neutras.
torno da porção anterior do calcar. Reinsira o reta lho superior primeiro, enquanto o puxa para
baixo para elim inar a redundância posterior. Em seguida,
traga o reta lho mais inferior sob re ele, e dobre a parte
excedente da cápsula para reforço posterior. Utilize a porção
superficial do infraespinal para refo rça r ainda mais a parte
Músculo posterior da cápsula (Fig. 47-41 C).
infraespinal
•Reinsira a parte profunda do infraespinal superfici almente
1 para preservar a rotação externa ativa e cu idadosamente
reinsira o deltoide, se tiver sido desinserido.
•Feche a incisão e imobilize o braço ao lado do corpo em
flexoextensão neutra e 1O graus de rotação externa por
meio de uma tala gessada que se prolonga do punho até
a parte média do braço e em torno da cintura, com o
cotovelo fletido 90 graus. É necessária uma imob ilização
externa ríg ida para garantir que 1O graus de rotação externa
O@ll;@&I!I Tensionamento capsular inferior de Neer e Foster
sejam mantidos. )
por via posterior. Desinserção do tendão infra esp inal . VEJA A
TÉCNICA 47-12.

O@il@alll Ten sionamento


capsular inferior de Neer e Foster por
via posterior. A, Incisão em formato
A B
de T para form ar o retalho superior
(a) e o retalho inferior (b). B, Reloca-
ção dos retalhos. C, Reforço dos reta-
Parte superficial do lhos capsulares. Parte superficial do
\ tendão infraespinal tendão infraespinal é trazida para
baixo e suturada contra osso cruen-
tado no colo escapular; a porção pro-
funda é suturada sobre isso. VEJA A
e TÉCNICA 47-12.
Mil:!$ PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

t • t 1 •1 O ombro é imobilizado possam ser passadas diretamente através do osso como


em um reparo anterior de Bankart típico (âncoras podem
com o braço no lado do corpo em discreta abdução e
ser utilizadas para fixar a cápsula ao colo adjacente à car-
rotação neutra durante 6 semanas após a cirurgia. Uma
órtese plástica mantém essa posição, suporta o peso do ti lagem articular da glenoide).
•Quando o labrum estiver intacto, as suturas podem ser
braço e impede o estresse inferior sobre o reparo. São
iniciados exercícios de ganho de amplitude de movimento, aplicadas diretamente ao labrum.
•Avance o reta lho capsu lar inferior superiormente e media i-
com elevação no plano da escápula e rotação externa e
mente, e insira-o ao labrum da glenoide com suturas não
exercícios isométricos 6 semanas após a cirurgia, quando
a órtese é retirada. Esses exercícios são progredidos ao absorvíveis (Fig. 47-420). Isso geralmente elimina a insta-
bilidade posterior e qualquer instabi lidade inferior.
longo dos próximos 3 meses até um programa de forta le-
cimento completo . A elevação de mais de 1 50 graus e •Sutu re o reta lho capsu lar superior sobre o reta lho inferior,
exercícios de rotação interna que podem estressar o reparo avançando-o inferiormente e media imente.
•Feche qualquer espaço transversal remanescente na cápsula
são evitados por 3 meses . Atividades esportivas como
natação e arremesso não são permitidas durante 9 meses latera lmente com suturas individualizadas (Fig. 47-42E).
Os músculos redondo menor e infraespina l se unem e
a 1 ano após a cirurgia.
gera lmente não necessitam de suturas.
•Feche a incisão em camadas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O ombro é posicionado


TÉCNICA DE BRADLEY E TIBONE em um travesseiro de abdução em discreta extensão e
Tibone e Brad ley recomendaram uma variação do procedi- rotação neutra para tirar o estresse do reparo. O traves-
mento de tensionamento capsular posterior, em que o inter- seiro é removido após 3 semanas. Exercícios de amplitude
va lo entre os músculos infraespinal e redondo menor é de movimento ativos e assistidos são in iciados. Neste
dividido de modo a expor a cápsu la posterior. A cápsula é momento, a ênfase é aplicada na elevação do braço no
deslocada no lado da glenoide para reduzir o volume da plano escapu lar do corpo, recuperando a rotação interna
cápsula posterior, de modo semelhante ao descrito por e externa do ombro. Com 6 semanas, a flexão é permi-
Foster e Neer e Bigliani et ai. Shaffer et ai. descreveram uma tida. Com 12 semanas, o levantamento de peso é iniciado
incisão de divisão do múscu lo infraespinal em que o múscu lo e progredido para aumentar a força e a resistência . Aos
bipenado é dividido entre suas duas inervações, resultando 6 meses, o arremesso leve e esportes sem contato podem
em ausência de trauma a longo prazo para o múscu lo. Os ser retomados. Em 1 ano, um atleta de arremesso pode
autores afirmam que isso pode permitir melhor exposição voltar à competição.
da porção média da cápsula posterior e tornar mais fáci l o
tensionamento capsu lar. Se a divisão do infraespina l ou a
divisão entre o infraespinal e o redondo menor for usada,
os danos ao manguito rotador posterior são reduzidos. RECONSTRUÇÃO DE TENSIONAMENTO
A vantagem desta abordagem é que a imbricação da cápsula
posterior produz uma contenção mais espessa de tecido
CAPSULAR COM OSTEOTOMIA DA
mole posterior. Essa é nossa técnica preferida em atletas com GLENOIDE POSTERIOR
uma quantidade moderada de instabil idade posterior. A glenoplastia posterior raramente é indicada, embora
possa ser usada se uma retroversão da glenoide congênita
TÉCNICA ou traumática grave de mais de 20 graus for confirmada
nas imagens de TC. As altas taxas de recorrência de até
(TIBONE E BRADLEY) 53% foram relatadas com esse procedimento. Hawkins et ai.
relataram uma taxa de comp licação de 29%, incluindo
•Posicione o paciente em decúbito lateral, e aborde o osteonecrose da glenoide e artrite degenerativa da articu-
ombro conforme descrito na técnica para o proced imento lação glenoumera l, após esse procedimento. Atualmente,
de tensionamento capsular posterior de Neer. um procedimen to semelhante, mas mais simples, usando
•Quando a cápsu la estiver suficientemente separada dos uma osteotom ia da glenoide é o preferido para displasia
músculos que a sobrepõem, faça uma artrotomia trans- grave da glenoide, tanto traumática como congênita.
versal na cápsula posterior, em uma direção de latera l
para medial até o labrum (Fig. 47-42A e B) e inspecione TÉCNICA
a articu lação.
• Faça dois retalhos capsulares com uma incisão em formato (ROCKWOOD)
de T na cápsu la paralela à cavidade da glenoide e imedia-
tamente adjacente ao labrum. Marque esses reta lhos com •Posicione o paciente em decúbito latera l com o ombro
suturas para controlá-los (Fig. 47-42C ). O retalho capsu lar lesionado para cima.
inferior deve ser feito com cuidado devido à proximidade •Faça uma incisão na pele começando 2,5 cm medial ao
do nervo axilar na superfície inferior da cápsu la. Em geral, canto posterolateral do acrômio e estendendo-a para
o labrum se encontra intacto. inferior 1O cm até prega axilar posterior (Fig. 47-43A).
•Se o labrum estiver roto, afaste-o de modo que orifícios • Disseque e afaste os tecidos subcutâneos para expor as
possam ser feitos na cavidade glenoida l posterior e suturas fibras do deltoide.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES e!lll

Labrum

A e

iê@il;tj9!1 Capsulorrafia posterior de Tibone e Bradley para sublu xação posterior do ombro. A, Criação do intervalo entre os
músculos redondo menor e infraespinal para expor a cápsu la . B, In cisão capsular de latera l para medial, até o /abrum da glenoide. C,
Incisão capsular vertical paralela ao /abrum da glenoide. D, Avanço medial e superior do retalho capsular inferior e inserção ao labrum .
Detalhe, sutura do retalho ao /abrum . E, Sutura do retalho capsu lar superior sobre o retalho inferior. VEJA A TÉCNICA 47-13 .

•Em um ponto 2,5 cm med ial ao canto posterior do acrômio, for mais media l que isso, uma lesão ao nervo supraescapu-
divida o deltoide dista lmente 1O cm de acordo com as suas lar é possível, uma vez que este passa em torno da base
fibras (Fig. 47-43B) . Afaste o deltoide mediaimente e late- da espinha da escápu la para inervar o múscu lo infraespi-
ralmente para expor os músculos infraespinal e redondo nal. Cada vez que o osteótomo é progredido, alavanque
menor subjacentes. para abrir o loca l da osteotomia; isso aju da a criar uma
•Afaste o tendão do redondo menor inferiormente até o deformação plástica lateral da glenoide posterior.
nível da cápsula articu lar inferior, e divida o tendão infra- •A incisão para a osteotomia não deve sair anteriormente,
espinal. Afaste-o med ial e lateralmente, evitando lesão mas deve parar imediatamente antes do córtex anterior
do nervo supraescapular (Fig. 47-43C). da escápu la (Fig. 47-43 F). O córtex anterior, o periósteo
•Faça uma incisão vertica l na cápsu la posterior para exp lo- e as partes moles intactas agem como uma dobradiça,
rar a articu lação. Faça a incisão entre o úmero e as inser- que possibil ita que o enxerto esteja fixado na osteotomia,
ções na glen oide para que um fechamento em duas sem a necessidade de uma fixação interna.
camadas possa ser fe ito (Fig. 47 -430). O músculo redondo • Retire um enxerto ósseo de aproximadamente 8 mm x 30
menor deve ser suficientemente afastado para inferior de mm do acrômio. Use osteótomos para abrir o local da oste-
modo que o corte vertica l na cápsula percorra todo o otomia, e posicione o enxerto ósseo na posição (Fig. 47-43G).
caminho até o recesso mais inferior da cápsula. •Posicione suturas não absorvíveis na borda da cápsu la
•Passe um instrumento reto e rombo na articu lação gle- media l.
noumeral, de modo que ele se apoie nas bordas anterior • Mantenha o braço em rotação neutra, e suture a cápsu la
e posterior da glenoide (Fig. 47 -43E). Posicione um oste- medial lateralmente e superiormente sob a cápsu la lateral
ótomo intracapsularmente, e direcione-o paralelo ao ins- (Fig. 47-43H). Suture a cápsula lateral med iaimente e supe-
trumento rombo. Isso é feito para reduzir o risco do corte riormente sobre a cápsu la medial (Fig. 47-431). Repare o
da osteotomia entrar na articu lação . tendão infraespinal com o braço em rotação neutra. Se
•O loca l da osteotomia não é mais que 0,6 cm medial à o tendão for frouxo, suture-o em duas camadas (Fig. 47-43J).
superfície articu lar da glenoide. Se o local da osteotomia • Feche as incisões em camadas. )
lliEm) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Articulação
glenoumeral
posterior

\
A e D

ósseo
posicionado
E G

H J

H@!laj&9 Técnica de Neer de reconstrução do ombro posterior. A, Incisão. B, Separação do deltoide em linha com suas fibras. C
e D, Incisão capsular no ponto médio entre o úmero e as inserções da glenoide. E, Determinação do ângulo de inclinação da glenoide.
F, Osteotomia da glenoide. G, Enxerto ósseo posicionado. H, Sutura da cápsula medial. 1, Sutura da cápsula lateral J, Sutura do tendão
para reduzir frouxidão. VEJA A TÉCNICA 47-14.

t ' t1 '1 Durante as primeiras 24 a 15 graus de abdução e rotação neutra. O gesso é mantido
horas, o braço é mantido em posição neutra e apoiado durante 6 a 8 semanas. Após a remoção do gesso, o
por tração da pele. Quando o paciente puder ficar con- paciente é autorizado a usar o braço por 4 a 6 semanas
fortavelmente em pé, um imobilizador modificado de gesso para as atividades do cotidiano. Um programa de rea-
é aplicado ao ombro, anexando um gesso axilopalmar a bilitação é iniciado, incluindo exercícios pendulares, exer-
uma faixa na barriga que fica em torno do abdome e cícios isométricos e alongamento do ombro com o uso
da crista ilíaca. O braço é conectado a essa faixa da de uma polia acima da cabeça. Depois disso, exercícios
barriga através de suportes para manter o braço em 1O resistidos são gradualmente aumentados.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES RECIDIVANTES

PROCEDIMENTO DE MCLAUGHLIN
Para a luxação posterior recidivante associada a uma
grande lesão de Hill-Sachs anteromedial, Mclaughlin des-
creveu a transferência do tendão subescapular para o
defeito. Subsequentemente, Neer e Foster descreveram a
transferência do subescapular com a tuberosidade menor
no defeito e fixando-a com um parafuso ósseo. Em uma
rara lesão de Hill-Sachs reverso com o envolvimento de
20% a 25% da superfície articular, mostrou-se que a trans-
ferência do subescapular com a tuberosidade fixada no A Normal
defeito produziu resultados satisfatórios em defeitos de
tamanho moderado; além disso, enxertos em casos envol-
vendo lesões maiores têm apresentado bons resultados.

TÉCNICA

(MCLAUGHLIN)

• Aborde anteriormente o ombro por via deltopeitoral.


•Afaste o tendão conjunto mediaimente, expondo o tendão
subescapular. Divida o tendão subescapular transversal- e Reduzido D Estabilizado
mente o mais próximo possível à sua inserção.
•Alternativamente, conforme descrito por Neer e Foster, oste- 0@1;(4&19 Técnica de Mclaughlin para luxação posterior
otomize a tuberosidade menor com a inserção do tendão. do ombro. A, Corte transversal do ombro esquerdo visualizado
O fragmento acrescentado da tuberosidade menor ajuda a de cima. B, Deformidade na luxação posterior com engate da
preencher o defeito no colo do úmero anteromedial. borda glenoidal posterior no defeito do aspecto anterior da cabeça
• Desbride as superfícies do defeito no colo do úmero do úmero. C, A luxação foi reduzida, mas a instabilidade perma-
anteromedial. nece; a reluxação ocorre com rotação interna, flexão ou adução.
• Reinsira o tendão subescapular ao úmero no leito mais O subescapular foi dividido. D, Estabilização por transposição medial
profundo do defeito por suturas passadas por orifícios da inserção do subescapular na lesão. VEJA A TÉCNICA 47-15.
perfurados no osso (Fig. 47-44). Alternativamente, con-
forme descrito por Neer e Foster, fixe a tuberosidade
menor juntamente com o tendão subescapular no defeito
com um parafuso ósseo (Fig. 47-45).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um imobilizador de ombro


é utilizado. Exercícios de pêndulo são iniciados após a
ferida ter cicatrizado, e a retomada gradual do uso
normal é incentivada. O paciente é protegido de quais-
quer forças de rotação externa forçadas durante pelo
menos 3 meses.

O@IJ;t;ilfl9 Modificação de Neer e Foster da técnica de


Mclaughlin. A tuberosidade menor, com o tendão subescapular
1 FALHAS CIRÚRGICAS inserido, é transferida para a lesão e fixada com um parafuso
Causas de falhas cirúrgicas estão listadas no Quadro 47-2. Um ósseo. VEJA A TÉCNICA 47-15.
exame físico completo e imagens de TC tridimensional são indica-
dos para avaliar defeitos ósseos (Fig. 47-25). Uma perda óssea gle-
noidal significativa tem sido identificada como um fator importante _ Causas de falha na cirurgia de
para falhas cirúrgicas, assim como ter hiperfrouxidão e lesões de QUADRO 47 2 reparo da instabilidade posterior
Hill-Sachs. Um procedimento de Latarjet, enxertos ósseos estrutu- do ombro
rados ou procedimentos de plicatura podem ser utilizados, como
descrito anteriormente, para cirurgias de revisão. Deficiências cap- •Cicatrização inadequada das partes moles
sulares podem ser tratadas com um procedimento de Latarjet ou • Frouxidão ligamentar
enxertia suplementar da cápsula com aloenxerto de tendão de •Cápsula defeituosa
Aquiles ou tibial posterior. A deficiência subescapular é reconstruída • Subescapular defeituoso
com uma transferência do peitoral. A perda excessiva de movimento • Glenoide defeituosa
após procedimentos artroscópicos geralmente pode ser corrigida •Lesão de Hill-Sachs
por liberações artroscópicas. Procedimentos abertos podem ser •Articulação constrita
necessários quando um procedimento aberto prévio foi utilizado •Disfunção nervosa
anteriormente.
1111!1> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

CIRURGIA ARTROSCÓPICA colateral lateral contribui com apenas 14% da estabilidade em varo
do cotovelo, com a articulação em extensão completa e apenas 9%
O reparo artroscópico da instabilidade do ombro é uma área de da articulação em 90 graus de flexão. O restante da estabilidade é
crescente interesse e evolução contínua. Conforme a experiência dado pelas superfícies articulares ósseas e a cápsula anterior, com as
aumenta com essas técnicas, os resultados operatórios têm melho- superfícies ósseas fornecendo a maior parte da estabilidade.
rado e podem ser comparados e, em alguns casos, ultrapassar os O ligamento colateral medial do cotovelo é um ligamento
resultados obtidos com as técnicas abertas mais convencionais. A bem desenvolvido que pode ser descrito como três porções distin-
cirurgia artroscópica do ombro é discutida no Capítulo 52. tas (Fig. 47-47). Em contraste com o ligamento colateral lateral, o
ligamento colateral medial desempenha função importante na estabi-
lidade em valgo. A estabilidade em valgo é dividida igualmente entre
COTOVELO o ligamento colateral medial, a cápsula anterior e a articulação óssea
com o cotovelo em extensão completa. Em 90 graus de flexão, o liga-
A luxação aguda do cotovelo ocorre com relativa frequência, repre- mento colateral medial proporciona 55% da estabilidade ao estresse
sentando 28% de todas as lesões no cotovelo. A luxação do cotovelo em valgo, com o feixe anterior sendo o estabilizador primário.
geralmente é um episódio de alta energia com lesões graves de
partes moles, e a perda de movimento residual é comum. No
entanto, a luxação recidivante do cotovelo é relativamente rara e, FISIOPATOLOGIA
em geral, é posterior. Linscheid e Wheeler, em uma série de 110
luxações de cotovelo, encontraram apenas dois casos recidivantes. A instabilidade do cotovelo pode ser congênita, traumática ou de
A persistência da instabilidade posterolateral ou medial é mais atrito. Os estabilizadores primários do cotovelo são a banda anterior
comum e, quando sintomática, deve ser corrigida cirurgicamente do ligamento colateral ulnar medial e o complexo do ligamento cola-
em pacientes apropriados. teral lateral, que consiste no ligamento colateral lateral, ligamento
anular e o ligamento colateral ulnar lateral. Estabilizadores secundá-
rios consistem na cápsula, articulações ulnoumeral e radiocapitelar e
ANATOMIA estabilizadores dinâmicos, que consistem em todas as unidades mús-
culo-tendão que cruzam a articulação do cotovelo (ou seja, bíceps,
O ligamento colateral lateral do cotovelo surge a partir do epicôndilo braquial, tríceps, flexores do punho e extensores do punho). A insu-
e se insere no ligamento anular (Fig. 47-46). Uma banda separada do ficiência de um ou mais dos estabilizadores pode resultar em um
complexo ligamentar lateral, o ligamento colateral ulnar lateral, surge espectro de instabilidade desde uma instabilidade sutil em valgo ou
no epicôndilo lateral e se mistura com fibras do ligamento anular antes rotatória posterolateral até uma luxação recidivante.
de se inserir no tubérculo na crista do supinador na ulna. Essa banda Em um estudo de acompanhamento a longo prazo sobre luxa-
tem sido descrita como a principal estabilizadora lateral, tensa em ções simples do cotovelo, Anakwe et ai. descobriram que 60% dos
flexão e extensão, com a ruptura dessa parte do complexo lateral pacientes apresentavam rigidez residual com perda de extensão e
resultando em instabilidade rotatória posterolateral. O ligamento dor residual. Apenas 8% tiveram instabilidade funcional. Quando
fraturas estão associadas com a luxação, resultando na perda da
estabilidade óssea fornecida pelas articulações úmero-ulnar e radio-
capitelar, maior instabilidade e incapacidade podem ser previstas.
O'Driscoll et ai. descreveram o padrão típico de lesão para a
luxação traumática do cotovelo, com o indivíduo caindo com o
membro superior discretamente flexionado e uma força de rotação
interna em valgo do t'.unero em uma posição pronada fixa do antebraço.

!
O@lhfl m?!I Estruturas laterais das partes moles do cotovelo,
incluindo as partes radial e ulnar do ligamento colateral lateral, m§i!ihiDli,I Ligamentos do cotovelo medial. 1, oblíquo ante-
ligamento anular e a cápsula. rior; 2, oblíquo posterior; 3, oblíquo transverso.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕ ES RECIDIVANTES

o 1 2 3
Reduzido PLRI Subluxado Luxado

Padrão de lesão para lu xa çã o traumáti ca do cotovelo descrito por O'Driscoll et ai. A, Três estágios de instabilidade do
cotovelo, de subluxação a luxa ção: estágio 1, a ruptura da parte ulnar do ligamento colateral lateral; estágio 2, a ruptura das outras
estruturas ligamentares laterais e cápsula poste rior; estágio 3A, ruptura parcia l do ligamento colateral ulnar medial e do ligamento cola-
teral ulnar med ial posterior isolados; e estágio 38, ruptura completa do ligamento colateral ulnar medial e do ligamento colateral ulnar
medial posterior. B, Lesões das partes moles progridem em um círcul o de late ral para medial, correlacionando com o evidenciado em A.

As estruturas são rompidas na face late ral, p rogredindo m edia i-


m ente confo rme mais força é aplicad a (F ig. 47-48) . Se houver reco r-
rên cia o u persistência n a instabilidad e, as estruturas posterolaterais
são as mais comumente afetadas, m as as estruturas m ediais também
po dem es tar envolvidas e causar instabilidade signifi cativa. Assim,
a ava li ação d e perto d e amb os os estabili zad o res prim ários é obri -
gatóri a. Rupturas isolad as do lado m edi al po r estresse em valgo
podem resultar d e bloqueios n o futebol americano, ginástica o u
arrem esso d e d ardos .
A instabilidade em valgo po r ruptura por atrito do feixe ante-
rior d o ligamen to colateral ninar m edi al é, d e lon ge, a for m a m ais
com um de instabilidade recidivante d o co tovelo. O feixe anterior é
dividid o em duas bandas n ão isom étricas: um a band a anterior, qu e
fica tensionad a d e O a 60 graus, e um a banda poste rior, que fica
ten sionad a d e 60 a 120 graus. Durante a fase d e aceleração do arre-
m esso, até 60 N d e fo rça são aplicados ao li game nto, qu e fi ca perto
do seu p onto de falha por tração. Cansaço d o arrem essador, m ecâ -
nica ru im , o u a uso excessivo por repeti ção pode resultar em falha
n o feixe d e fib ras, ruptura p arcial e possível ruptura completa. H@ii;tijEIJ> Teste de instabilidade do cotovelo.
Falha dos estabiliza dores primári os resulta em estresse aumen-
tad o sobre os estabilizantes secundários, levand o a contraturas cap-
sulares, con d rom alácia, osteófitos e corpos livres da articu lação
radiocapi telar e a ponta posteromedi al do olécran o. Sinto mas d o avaliad a, e es tresse em valgo é aplicad o ao cotovelo com o antebraço
n ervo nin ar podem se desenvolver a partir d e tração, cicatrizes o u em supi nação e em pro nação com o cotovelo em cerca de 30 graus
imp acto com osteófitos. d e flexão. A quantidade de abertura m edi al, a presença de end point
e a produção de dor m edi al d evem ser notadas quando valgo é
aplicad o com o antebraço pron ado (Fig. 47-49).
EXAME FÍSICO O tes te d e sobreca rga em valgo em extensão é feito m antendo
um estresse em valgo n o cotovelo, enqua nto o cotovelo é passiva-
O exame d o cotovelo com eça com uma inspeção visual para atrofia, m ente este ndido a partir d os 30 graus. D or ao longo do aspecto
ed em a, ou equimoses. A circunfe rên cia d o antebraço é m edid a 7 cm posterom edial do olécra no pod e ser produ zida caso uma instabili-
abaixo d o ep icôndilo medial para co m parar com a extrem id ad e d ad e subagud a o u crôni ca ten ha resultado em impacto posterom e-
oposta. Líquido po de ser palpado p osterolateralmente. A massa di al d o olécran o. O'Driscoll descreveu o teste ativo d e sobrecarga
flexora e pron ad o ra, o ligamen to colateral ulnare a ponta do olé- em va lgo em ex tensão, que ele acreditava ser o teste m ais preciso
cran o pos terom edialmente são cuidadosam ente palpados pa ra pes- para avali ar a co mpetência d o ligam ento colateral uln ar. Com o
quisar a zo na de maior sensibilidade. Se nsibilidad e e ed em a 2 a 3 ombro do paciente abduzid o e rod ad o externamente, um estresse
cm distal à ponta do olécran o po dem indicar um a fratura po r em valgo é aplicado no cotove lo conforme ele é passivamente esten-
estresse do olécrano. A amplitude d e m ovimento ativa e passiva é dido de 120 graus até 30 graus e, em seguid a, flexionado d e volta em
@Jtf) PARTE XIII MEDICI NA ESPORTIVA

um a sequ ência rápida. A ge ração d e dor media l po d e indicar incom -


petência ligam entar. A "mano bra da ord enha" é igua lmente reali -
zad a aplicando estresse em va lgo n o cotovelo através da tração d o
polegar do paciente, en q uanto estabili za o braço e m ovendo o coto-
velo entre 30 e 120 graus. Embora o estresse em valgo e a compressão
sejam aplicad os à articulação radiocapitelar, o antebraço é p ronado
e supinad o com o cotovelo em d iferentes graus de fl exão p ara avali ar
a crepitação radiocapitelar o u a pro d ução de d or, ind icativo de con -
drom alácia radi ocapitelar.
O pacien te é posicion ad o em decúbito ven tral, e o nervo uln ar
é avaliad o pelo teste d e T in e!. Com o om bro ab duzid o a 90 graus e A
o cotovelo fl exionado 90 graus, o nervo uln ar é avaliado para obser-
var se subluxa an teriorm ente d o se u sulco com o m ov imento pass ivo
do cotovelo o u com o estresse manual sobre o nervo. O estresse em
va lgo po de ser ap li cad o n ova men te ao cotovelo quand o a flexão for
m aior que 30 graus para detectar instabilid ad e m edial. A instabili -
dade posterolateral po de se r avaliad a p o r supin ação d o antebraço e
aplicação d e um mom ento em va lgo e força axial com o cotovelo
fl exio nado d e 20 a 30 graus. Uma se nsação d e im pacto p ode indicar
frouxid ão pos terolateral.
O m esm o tes te po d e ser feito com a ex tremidad e so bre a
cabeça d o p aciente e o o mb ro ro d ado totalm ente extern a mente.
Co m o antebraço compl etame nte sup inado e a aplicação d e es tresse
em valgo, o cotovelo é m o bi liza d o d a extensão completa a um a
p osição de fl exão. Co n forme o cotovelo é flex ionado em torn o de Subluxação
40 graus, urn a p roemin ên cia postero latera l é pro du zid a p ela sublu -
xação da cabeça d o rádi o; confor m e a ar ticu lação é fl exio nada
aind a m ais, um a d epressão aparece e acaba d esapa recendo co n - B
fo rme o rá dio e a uln a voltam ao luga r no úm ero (Fig. 47-50) . Um a
va riação d este exam e, qu e reprodu z instabilidad e po ste rolateral O@ih@EE!) Teste para insta bi lidade rotat ória posterolatera l
fun cion a l, é o teste de flexão de b raço na mesa o u assen to, q ue é do cotove lo. A, Com o braço ao lado do co rpo e o anteb ra ço em
fe ito co m o pacie nte rea liza ndo exercícios de fl exão d e braço, co m supinaçã o, ap licam-se moment os de supinação e valgo e fo rças
o anteb raço sup in ad o enqu an to o exami nad o r pa lpa e o bse rva a axiais ao cotovelo, q ue é fl exionado 20 a 30 gra us. A sub luxação
instabilidad e da cabeça d o rádio. Exercíc ios de fl exão de b raço n a post ero late ral é visíve l e pa lpave lm ente red uzida quando o coto-
pare de o u n o chão com o a ntebraço em sup in ação alcançam o velo é fl exionado ainda ma is. B, O mesmo procedimento é feit o
m es mo obj etivo. com mu ito mais fac ili da de, co m o bra ço do paciente sobre sua
Radi ografias diagn ósticas deve m incluir um a in cidência ante- ca beça . A rotação externa com pl et a do ombro fo rn ece força con -
rop osterio r e du as incid ências o blíquas d e 45 graus para aval ia r a t rá ria para sup inação do antebraço e dei xa uma das mãos do
articulação radi ocapitelar e a articu lação tro clear. Em pacientes co m examinador livre para contro lar momentos em val go .
sinto mas crô ni cos m ediais, uma in cidência d e Jon es do cotovelo é
indi cad a para d etermin ar se osteó fitos p osterom ed iais estão presen -
tes. Na presença d e subluxação ou luxação recen te d o cotovelo, o
"sinal d a gota': com alargamento d a arti culação ulnourneral, pode
rep resentar ruptura capsular signifi cativa e subl uxação persisten te.
Uma radiografia de estresse sob ação d a gravid ad e pode se r obti da TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO
com o paciente em posição supina, o ombro abduzid o a 90 graus e
em rotação exte rn a, o an tebraço em supinação e o co tovelo fl exio - Luxações simples com pletas agudas são classifica d as com o estáveis
n ado em 20 a 30 graus. Urna radiografi a em perfil é obtida para ou instáve is após a redu ção. Para cotovelos estáveis, mobilização
mos trar a aber tura d o lado medial do cotovelo ao est resse por gra- precoce é in dicada. Para cotovelos instáve is, uma tala axilopalrn ar é
vidade. Esse não é um tes te altam ente sensível, embo ra um teste usad a para controlar a a mplitude de m ovimento, bloqueando a exten -
pos itivo indiqu e de fato um a lesão significativa ao ligam en to co la- são a 45 graus durante 1 sem ana, 30 graus para a próxima se m an a,
teral ulnar. A RM com gad olínio o u a artrografi a são indicadas p ara permitin do o movimen to completo em seguida. Se uma contratura
ava liar rupturas completas ou incompletas na su perfíc ie inferior d o de ma is d e 30 graus ain da es tiver presente após 6 sem anas, uma tala
ligam ento colateral ulnar. T irnme rrn an e And rews descreveram o em extensão pode se r utilizad a para m elho rar a mobilização. Para
sinal de T com o um vazamen to de m aterial de cont raste em torn o lesões incompletas que envolvam rupturas d o lad o m edi al do coto-
d o úmero ou da ulna sem vazam ento extracapsular. Atualmente, o velo, o anteb raço é p os icion ado em supinação. Lesõ es laterais são
m elhor tes te de instabili d ade n o li ga mento co late ral ulnar é um a RM tratadas p os icionando o an tebraço em p ronação com o co tovelo
com gad olínio do cotovelo, para avaliar para o ext ravasamento de fl exionad o em 90 graus du ra nte 1 a 2 sem anas, seguido d a utilização
fl uid o (sinal de T) o u alterações degenerativas do ligamento colatera l d e uma órtese para o cotovelo. O reparo e a reconstrução primária
uln ar. Alguns ce ntros usam ultrassom p ara avali ar o ligam en to cola- com for tes enxertos d e tend ão do lad o m edial ou lateral, ou ambos,
tera l uln a r em pos ições em repouso e em estresse. No entanto, a RM dependend o d o pad rão de instabilidad e, são indicados qu ando a
torna possível m elh or visuali zação. instabil idade persiste o u se repete.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕ ES RECIDIVANTES

ARTROSCOPIA
A artroscopia do cotovelo pode ser usada para confirmar a presença
de instabilidade medial ou de corpos livres e para remover osteófitos
posteromediais. A instabilidade med ial pode ser associada à condro-
malácia da articulação radiocapitelar, sinovite da cápsula medial ou
formação de osteófitos no olécrano posteromedial. Andrews et ai.
descreveram um teste de estresse em valgo feito artroscopicamente
com o paciente sob anestesia geral. Usando o portal anterolateral
para visualizar o compartimento medial, o estresse em valgo é apli-
cado ao cotovelo, que está flexionado de 70 a 90 graus, e a abertura
entre a ulna e tróclea é medida. Uma abertura de mais de 1 a 2 mm
indica instabilidade medial. Uma descrição mais completa da artros-
copia do cotovelo é dada no Capítulo 52.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

A cirurgia geralmente não é indicada para luxações simples do coto- H@ii#4ml Reconstru ção do ligame nto colate ral ulnar de
velo, a menos que a luxação seja recidivante, apesar da imobilização. Jobe . Aspecto medial do cotovelo direito antes da reconstrução,
Nesses casos, o exame e a avaliação da RM são usados para delinear mostrando o coto do ligame nto co latera l ulnar e o posiciona-
mento adequado dos túneis ósseos na ulna e no cônd ilo medial
as partes moles e a anatomia óssea para identificar todas as estrutu-
ras danificadas. A intervenção cirúrgica é voltada para o lado de do úmero. Os orifícios são feitos na ulna a 5 mm da articulação.
maior instabilidade, geralmente o lado lateral ou, no caso de insta- O túnel ulnar e o túnel com fundo cego no epicôndilo medial
bilidade global, ambos os lados mediais e laterais podem precisar de estão centrados sobre as inserções ósseas do ligamento . Altchek
tratamento. O reparo da cápsula, a reconstrução ligamentar primá- et a i. usam a mesma configuração de túneis, exceto os túneis
ria e a reinserção da origem do tendão normalme nte são necessários umerais anter iores que são feitos com broca pequena para a
para obter articulação estável. Fraturas significativas que resultem passagem de sutura. VEJA AS TÉCNICAS 47-16 E 47-17.
em instabilidade articular devem sempre ser reparadas.
A reconstrução cirúrgica da ruptura ligamentar por atrito é muito
mais comw11 que a reconstrução primária por luxações.
Indicações sugeridas para reconstrução do ligamento colate-
ral uln ar são : (1) uma ruptura completa aguda em um atleta de
arremesso competitivo que deseja permanecer ativo e (2) dor ou partes moles é fixado a si mesmo e ao ligamento colateral imbri-
instabilidade crônica sem melhora após pelo menos 4 a 6 semanas cado. O nervo ulnar é transferido anteriormente, onde é mantido
de tratamento conservador sup ervisionado. O tratamento conser- por suportes fasciais. Cain avaliou 743 atletas que passaram por
vador consiste em repouso relativo com exercícios de fortaleci- reconstrução do ligamento colateral ulnar com um mínimo de 2
mento do antebraço e do ombro. Fortalecimento do core e anos de acompanh amento. Oitenta e três por cento retornaram ao
exercícios cardiovasculares e para membros inferiores são manti- mesmo nível ou um nível maior de competição em menos de 1 ano
dos. Medicamentos e agentes anti-inflamatórios são prescritos da estabilização cirúrgica.
rotineiramente. Um programa de arre messo curto é iniciado em A ausência do tendão palmar longo ocorre em 15% a 20% dos
4 a 6 semanas e progredido conforme o atleta tolerar. A recorrência indivíduos. Quando o tendão palmar longo está presente em apenas
de dor medial com o arremesso, que impede a progressão hábil um lado, muitas vezes, ele tem músculo que se estende distal-
do programa de arremesso monitorado do atleta, é indicativo de mente, sendo geralmente um tendão deficiente curto. É preciso
incompetência ligamentar. estar consciente e preparado para eventual necessidade de um
Jobe descreveu originalmente a técnica de reconstrução do enxerto de flexores femorais com o paciente sendo informado
ligamento colateral ulnar em 1986. Desde então, um a série de modi- dessa possibilidade.
ficações da técnica foi criada. Na técnica original, a massa flexora A reconstrução do ligamento colateral medial feita através de
fo i liberada a partir do epicôndilo, e túneis eram criados na ulna e uma abordagem com divisão do músculo e utili zação de um único
no côndilo medial do úmero (Fig. 47-5 1). Um enxerto de palmar túnel com fundo cego do úmero foi reportada como permitindo que
longo era usado para reconstruir o ligamento, e o nervo uln ar era 39 dos 40 atletas voltassem ao se u nível anterior de competição.
transferido anteriormente sob a massa muscular flexora. Posterior- Os benefícios deste "procedimento de ancoragem" incluem ( 1)
mente, Jobe modificou a técnica para envolver a divisão da massa reconstruir através de uma divisão no músc ulo em uma zona segura,
flexora comum para expor a ruptura do ligamento colateral ulnar, (2) evitar a transferência obrigatória do nervo, (3) realizar a passa-
usand o um túnel com fundo cego no epicôndilo medial, e trans- gem de enxertos de tendão em túneis ósseos, (4) reduzir o número
ferir o nervo ulnar apenas se houver muito tecido cicatricial ao de túneis do úmero e (5) simplificar o tensionamento do enxerto
redor do nervo ou se alterações crônicas estiverem presentes no (o procedimento é descrito adiante no texto) . Houve interesse na
nervo ulnar. Andrews et ai. descreveram a dissecção do ventre fixação do enxerto com parafusos de interferência. Estudos de arran-
muscular do flexor ulnar do carpo, afastando o músc ulo anterior- camento têm mostrado que a utili zação de um "procedimento de
mente para expor o ligamento colateral ulnar. Eles não desinseri- ancoragem" é superi or ao uso de parafusos. Com o potencial de rea-
ram o músculo do epicôndilo e usaram túneis vazados. O enxerto bsorção óssea ao redor de parafusos absorvíveis, no momento, não
é suturado com seg uran ça ao epicôndilo posterior, e o enxerto de defendemos o uso do parafuso de interferência.
Mft@I PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO COLATERAL •D ivida o músculo, mas não o afaste para baixo, e incise
ULNAR o ligamento colateral ulnar para aval iar a qualidade do
ligamento e articulação.
TÉCNICA DE JOBE • Afaste levemente o nervo ulnar até que esteja afastado
do osso para permitir a perfuração dos orifícios. Não
Pontos técnicos importantes para se lembrar quando exe- transfira o nervo.
cutar este procedimento são (1) a calcificação deve ser •U sando uma broca de 3,2 mm em baixa ve locidade com
removida do li gamento (Fig. 47-52 ); (2) orifícios perfurados um protetor de partes moles, faça orifícios anteriores e
devem corresponder aos locais de inserção do ligamento posteriores na ulna proximal. Deixando uma ponte óssea
colatera l ulnar; (3) o enxerto não deve atritar com o epi- de 1 cm, perfure o túnel ao nível do tubércu lo coronoide
côndilo ou a ulna, e as extremidades do en xerto devem ser (Fi g. 47-51 ). No epicôndi lo medial, faça um orifício ante-
enterradas nos túneis; (4) um enxerto com configuração de rior comum na origem do ligamento colateral ulnar por
figura em oito garante força e se aproxima da biomecânica 1 cm, usando uma broca de 4 mm, e, em seguida, com
do ligamento colateral ulnar; e (5) é essencial a manipula- uma broca de 3,2 mm, faça túneis divergentes (" Y"
ção meticulosa dos nervos cutâneos e ulnar do antebraço relaxado) saindo 0,5 cm anterior ao septo intermuscular
medial, seus ramos e a sua vascu larização. (Fig. 47-51).
•Col ete um enxerto de 15 cm de comprimento do tendão
TÉCNICA palmar longo, tendão plantar ou tendão de Aquiles. Passe
um fio não absorvível 1-0 através de cada extremidade
•Posicione um garrote pneumático. Posicione o braço em do enxerto, e passe-o através dos túneis em um padrão
uma mesa de mão com o cotovelo estendido e posicione em formato de oito.
uma toalha enrolada embaixo dele . Se for o caso, prepare •Remova a toalha enrolada debaixo do cotovelo, e ten-
o braço contralateral e perna ipsilateral para a coleta do sione e suture o enxerto com o cotovelo em posição
enxerto . neutra (varo-valgo) e 45 graus de flexão. Avalie a ampli-
•Faça uma incisão de 1O cm sobre o epicôndilo medial. tude de movimento. Suture o enxerto ao coto residual do
•Proteja o nervo cutâneo medial do antebraço, e incise a ligamento colateral ulnar.
massa flexora e pronadora comum no terço posterior •Se houver sintomas de lesão do nervo ulnar e de fibrose
para expor o ligamento co lateral ulnar. cicatricial, a tran sposi ção do nervo ulnar pode ser neces-
sária. Eleve a musculatura flexora e pronadora, deixando
um ane l de partes moles no epicônd ilo medial. Fa ça
a descompressão do nervo proxima lmente à arcada de
Struthers e distalmente ao fina l do septo intermuscu-
lar, evitando a desvasc ul arização. Tra nsfi ra o nervo
anteriormente ao epicôndilo e reinsira a massa fle xora
e pronadora ao epicôndilo supe rficialmente ao nervo
transferido.
•Libere o garrote e faça a hemostasia. Banhe o nervo com
so lu ção de dexametasona (Decad ron ), e faça o fecha-
mento do subcutâneo e da pele. Posicione um a tala
posterior aco lchoada com o cotovelo em 90 graus de
flexão e rotação neutra, deixando o punho e a mão
livres.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cotovelo é imobilizado


na ta la posterior durante 1O dias. Exercícios de aperto de
mão suave são iniciados assim que o paciente estiver
confortável. Exercícios de amplitude de movimento ativa
para o cotovelo e ombro são inici ados em 1O dias, e
exercícios para fortalecer os músculos do punho e do
anteb raço são inici ados em 4 a 6 semanas. Após 6
semanas, exercícios de fortalecimento do cotovelo são
iniciados, mas o estresse em valgo no cotovelo é evitado
até os 4 meses de pós-operatório.
Os atletas podem começar um programa de arremesso
progressivo e supervisionado. Eles permanecem em um
programa de fortalecimento prog ressivo para o antebraço
e o ombro e em um programa de condicionamento geral.
Eles são autorizados a retornar ao arremesso competitivo
O!§lhfd &lia Radiografia anteroposterior mostrando calcifi- em aproximadamente 1 ano.
cação do ligamento colateral ulnar deficiente.
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕES REC IDIVANTES fmllll
•Identifique o nervo mediano, e isole o tendão com uma
UCL- pinça de Kelly.
TECNICA DE ANDREWS ET AL • Faça incisões transversais em série proxima lmente em
interva los de 7 a 9 cm no nível da junção muscu lotendí-
O objetivo do procedimento descrito por Andrews et ai. é
nea. Em geral, são necessárias três incisões.
reconstruir o feixe anterior do ligamento colateral ulnar. No
• Libere o tendão distalmente, e passe-o através de cada incisão
pré-operatório, a presença ou a ausência do tendão palmar
proximalmente, e o divida imediatamente proxima l à junção
longo deve ser documentada. As fontes alternativas de
musculotendínea para dar um comprimento de 15 a 20 cm.
enxerto de tendão incluem o tendão palmar longo contra -
•Retire o músculo e prepare o enxerto de tendão.
latera l, o tendão grácil preparado, o tendão plantar ou o
•Passe uma sutura não absorvível 1-0 em ambas as extre-
tendão extensor do quarto dedo do pé.
midades do enxerto, com um ponto bloqueado para ajudar
na passagem do enxerto.
TÉCNICA • Se osteófitos do olécrano posterior estiverem presentes,
remova-os antes de passar o enxerto.
Isole o braço com campos estéreis de modo que todo o
Ili
•Faça uma artrotomia vertica l posteriormente para expor
antebraço até a pa lma da mão esteja exposto . Posicione
a ponta do olécrano. Use um pequeno osteótomo e uma
o garrote na parte superior do braço para a hemostasia.
rugina para remover a ponta do olecrânio, contando
Se uma ruptura media l aguda do cotovelo não estiver
cerca de 5 mm a 1 cm do osso e carti lagem.
presente, faça um exame artroscópico limitado através do
•Feche a artrotomia .
porta l anterolateral para ava liar estruturas intra-articula-
•Usando uma broca de 5/64 polegadas (3,2 mm para o
res e estabilidade em valgo .
enxerto palmar ou 3,5 mm para enxertos isqu iotibiais),
•Após a ava liação artroscópica, faça uma incisão centrada faça dois orifícios distalmente ao nível da inserção do feixe
sobre o epicôndilo media l, e estenda-o em torno de 3 cm
anterior do tuberosidade da ulna. Posicione os orifícios
proxima lmente e dista lmente.
imediatamente anteriores e posteriores à tuberosidade em
• Identifique o nervo cutâneo medial do antebraço, que é
ângulos retos entre eles, cerca de 5 mm distal à superfície
um ramo grande e único com um trajeto variável e, pos- articu lar. Conecte os orifícios com curetas e uma pinça de
sivelmente, outros ramos. Proteja o nervo durante todo Backaus. Proximalmente, perfure dois túneis convergentes
o procedimento.
de 5/64 polegadas (3,2 mm ou 3,5 mm) para encontrar a
• Eleve os retalhos de pele para expor a fáscia profunda inserção do ligamento no epicôndilo medial (Fig. 47-51)
que cobre os múscu los flexores e pronadores, e identifi - •Usando um passador de sutura Hewson, passe o enxerto
que o nervo ulnar.
através da ulna em um padrão em formato de oito através
• Incise o túnel cubita l para mobi lizar o nervo. Continue a da articulação (Fig. 47-53). Traga cada extremidade para
mobilização proximalmente para incluir a arcada de Stru- fora através dos dois túneis no úmero e, se o enxerto for
thers, e excise uma porção do septo intermuscular para suficientemente longo, passe uma extrem idade através
evitar impacto do nervo quando ele for transposto anterior-
dele uma segunda vez . )
mente. Incise o flexor ulnar do carpo distalmente ao longo
do trajeto do nervo. Se necessário, sacrifique os pequenos
ramos do nervo que inervam a articu lação do cotovelo, mas
proteja os ramos para os múscu los flexores e pronadores.
• Transponha o nervo ulnar anteriormente, e siga a divisão
do flexor ulnar do carpo até a inserção da banda anterior
do ligamento colatera l ulnar no tuberosidade da ulna.
•Faça a via entre o ligamento colateral ulnar e a massa
muscu lar flexora, começando na ulna, onde existe um
plano bom de tecido, e traba lhando proxima lmente ao
epicôndilo medial .
•Use pequenos afastadores de Hohmann para afastar os
múscu los flexores anteriormente para fornecer a exposi-
ção completa do ligamento. Essa exposição usa a divisão
do flexor ulnar do carpo, que é necessária para mobilizar
o nervo ulnar e evitar a desinserção da massa muscular
flexora e pronadora no epicôndilo medial.
•Após a exposição ser finalizada, ava lie o ligamento. Se ele
parecer normal, faça uma incisão longitudina l de acordo
com as fibras do feixe anterior para ava liar a degeneração
interna ou a desinserção da superfície inferior do ligamento
consistente com uma ruptura parcial. Preserve o coto do
ligamento, e anexe-o ao enxerto de tendão.
•Faça uma incisão transversal de 2 cm na dobra flexora H@l!;ffl riflil Técnica de Andrews de reconstrução do liga-
dista l do punho para coletar o tendão palmar (ou uma mento co latera l ulnar com autoenxerto de te ndão. As loca liza-
fonte alternativa de tendão). ções dos orifíc ios perfurados e a técn ica de sutura do enxerto são
mostradas. VEJA A TÉCNICA 47-17 .
@fftit PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• Posicione o braço em 30 graus de flexão com um estresse do pulso distal. Em vez de fazer múltiplas incisões, use um
)
em varo aplicado no cotovelo para permitir o tensiona- tendon stripper feito especialmente para essa finalidade.
mento ideal do enxerto. •Faça uma sutura trançada não absorvível nº 1 usando uma
•Fixe o enxerto com sutura não absorvível 2-0 sobre o agulha Ethibond Excel OS-2 nº 1 (Ethicon, lnc, Johnson &
epicôndilo medial, e suture o ligamento remanescente ao Johnson, Westwood, MA) no padrão de Krackow em uma
enxerto para adicionar maior estabilidade. Não faça mais das extremidades do tendão. Após a coleta, apoie o
suturas que o necessário, porque elas podem se tornar tendão em uma esponja úmida sobre a mesa cirúrgica.
sintomáticas sobre o epicôndilo medial. •Para expor o ligamento colateral medial, use um gar-
•Feche frouxamente a divisão no flexor ulnar do carpo, e rote para exsanguinar o braço.
evite a constrição do nervo ulnar. •Faça uma incisão no terço distal do septo intermuscular
•Transponha o nervo ulnar anteriormente ao epicôndilo, em todo o epicôndilo medial a um ponto 2 cm além da
fazendo um retalho na fáscia flexora e pronadora, dei- tuberosidade da ulna. Durante a exposição da fáscia fle-
xando inserções prox imalmente ao epicôndilo medial. xora-pronadora, identifique e preserve o ramo cutâneo
O retalho é de aproximadamente 3 cm de comprimento antebraquial do nervo mediano, que muitas vezes atra-
x 1 cm de largura. Disseque o tecido muscular sem deixar vessa o campo operatório .
um retalho fascial fino. •Incise a fáscia do músculo flexor ulnar do carpo longitu-
•Feche o defeito na fáscia para evitar herniação, e transfira dinalmente, e divida o ligamento subjacente (Fig. 47-54A).
o nervo subcutaneamente e anteriormente para ficar sob • Posicione um afastador com trava profundo e rombo para
o retalho fascial. manter a exposição. Incise o feixe anterior do ligamento cola-
•Frouxamente, reinsira o retalho distalmente sobre o nervo teral medial longitudinalmente, expondo a articulação. Neste
ulnar com sut uras não absorvíveis 3-0 para fornecer apoio ponto, a frouxidão do ligamento colateral medial pode ser
para manter o nervo na posição sem comprimi-lo. confirmada pela observação de 2 mm ou mais de separa-
•Posicione um dreno subcutaneamente, e feche a pele ção das superfícies articu lares com o estresse em valgo
com suturas absorvíveis 3-0 subcuticulares. (Fig. 47-54B).
•Aplique uma tala posterior com o cotovelo em 90 graus •Exponha as posições do túnel para a ulna . Para o túnel
de flexão. posterior, exponha subperiostealmente a ulna posterior
em todos os momentos e proteja meticulosamente o
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tala é usada por 1 nervo. Se o nervo subluxar anteriormente, de modo que
semana; quando esta for removida, uma órtese funcional ele não possa ser protegido, transponha-o.
fixada em 30 a 100 graus é aplicada. Exercícios de aperto •Usando uma broca nº 3, faça túneis anterior e posterior-
para o punho são iniciados durante a primeira semana, e mente à tuberosidade, de forma que exista uma ponte de
exercícios de flexão e extensão isométricas do cotovelo são 2 cm entre eles. Conecte os túneis usando uma pequena
iniciados durante a segunda semana. A órtese é progredida cureta curvada. Não viole a ponte óssea. Faça uma volta
para 15 a 11 Ograus na semana 3. Exercícios isotônicos leves com sutura 2-0 com uma agulha Ethibond Excel OS-2 nº 1.
são iniciados na quarta semana, e a mobilização total deve •A posição do túnel do úmero está localizada na metade
ser recuperada em 6 a 8 semanas. A partir das semanas 9 anterior do epicôndilo medial na posição anterior do liga-
a 13, exercícios de fortalecimento avançados são iniciados, mento colateral medial existente. Usando uma broca nº
com exercícios excêntricos do cotovelo e exercícios isométri- 4, crie um túnel longitudinal até o eixo do epicôndilo a
cos e isotônicos. Um programa de arremesso intervalado é uma profundidade de 15 mm. Exponha a borda superior
iniciado durante a semana 14, e o retorno ao arremesso
do epicôndilo, imediatamente anterior ao septo intermus-
competitivo é permitido em 22 a 26 semanas.
cular. Crie dois pequenos túneis separados por 5 mm a
1 cm com uma broca odontológica. Isso possibilita a pas-
sagem de sutura do túnel principal do úmero (Fig. 47-54C)
DE UCL - Utilize um passador de sutura de cada um dos dois túneis
TECNICA DE ALTCHEK ET AL superiores do úmero para passar uma volta de sutura para
a passagem do enxerto posteriormente.
TÉCNICA •Com o cotovelo reduzido, repare a incisão longitudinal no
ligamento colateral medial com uma sutura absorvível 2-0
•Posicione o paciente em posição supina sobre a mesa, e •Passe o enxerto através do túnel ulnar de anterior para
prepare e isole o braço com campos estéreis. Para auxiliar no posterior (Fig. 47-54D). Passe o trecho do enxerto que já
exame artroscópico, utilize um suporte de braço McConnell tem suturas posicionadas no túnel do úmero, saindo em
para manter o antebraço contra o peito. um dos pequenos túneis superiores do úmero.
•Examine o cotovelo artroscopicamente para frouxidão liga- • Com o primeiro trecho do enxerto ancorado com segurança
mentar colateral ulnar, aplicando estresse em valgo com ao úmero, reduza o cotovelo com supinação do antebraço
o cotovelo em 90 graus de flexão. Remova corpos livres e estresse em varo suave. Mantenha a tensão sobre o
e osteófitos posteromediais conforme necessário. enxerto enquanto estiver flexionando e estendendo o coto-
•Após a artroscopia ser concluída, solte o braço do suporte velo, para evitar potencial movimentação dentro do enxerto.
de braço e o apoie na mesa de mão abai xo. •Meça o comprimento final do enxerto através do posicio-
•Se uma reconstrução estiver planejada, colete o enxerto namento do trecho livre do enxerto adjacente ao túnel
neste momento. Em geral, o palmar longo ipsilateral é do úmero, estimando visualmente o comprimento do en-
coletado por uma incisão de 5 mm a 1 cm situada na dobra xerto que pode ser ten sionado dentro do túnel do úmero. )
CAPÍTULO 47 LUXAÇÕ ES RECIDIVANTES tmlll

A B

e D

O!§ii;Hm l Reconstrução do ligamento colateral medial de Altchek et ai . com a via com divisão muscular e usando um único túnel
do úmero com fundo cego. A, incisão através do flexor ulnar do carpo. B, Exposição submuscu lar do ligamento colateral medial. C,
Túnel ulnar e túnel único umeral e orifícios de saída para dois grupos de suturas. D, Passagem do enxerto pelo túnel ulnar de anterior
para posterior. E, Parte posterior do enxerto é fixado no túnel do úmero. O cotovelo é reduzido com o estresse em varo; e depois do
tensionamento final do enxerto, um ponto de Krackow é passado na parte anterior do enxerto usando uma agulha Ethibond Exce l
OS-2 nº1. VEJA A TÉCNICA 47-18.
l&D PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

) Marque esse ponto com corante e passe uma sutura tran-


çada não absorvível nº 1 no padrão Krackow. Fixe essa
• Em geral, uma banda ulnar frouxa do ligamento colateral
radial é observada e a porção anormal do ligamento é pro-
extremidade do enxerto de forma segura no túne l do ximal ao ligamento anu lar. O teste de pivot-shift revela frou-
úmero, com as suturas saindo do túnel superior pequeno xidão da parte anterior da cápsula sobre a cabeça do rád io
do úmero (Fig . 47-54E). O enxerto pode ser quad rupli cado e da parte posterior da cápsu la na face posterior da articu-
e fixado com uma sutura não absorvível trançada no lação radioumeral. A subluxação da articu lação mostra cla-
pad rão Krackow na extrem idade da volta, bem como em ramente a parte ulnar do ligamento colateral alongada.
ambas as pontas. Então, esses são dobrados e fixados na •Entre na articulação e verifi que corpos livres e abrasão
posição de encaixe, tal como descrito por Paletta et ai. das superfícies articulares.
•Faça o tensionamento f inal do enxerto, movendo o coto- •Aperte os aspectos anteri or e posterior da cápsu la com
velo por sua ampl itude completa de movimento com o suturas de plicatura, mas não amarre essas sutura s (Fi g.
estresse em varo ap licado no cotovelo. 47-55A, esq uerda). Se o complexo do ligamento colatera l
•Quando estiver satisfeito com a tensão do enxerto, amarre radial pa recer intact o, mas alongado ou desinserido da
dois conjuntos de suturas de enxerto sobre a ponte óssea sua origem, imbrique e avance-o com a técnica de sutura
no côndilo do úmero. de Bunnell. Suture e pliq ue as partes rad ial e ulnar do
• Desinsufle o garrote, e lave copiosamente a ferida. complexo ligamentar colateral rad ial. Avance a sutura
•Aproxime a fáscia do flexor ulnar do carpo, e faça o através de orifícios perfurados no osso na origem anatô-
fechamento subcutâneo e subcuticu lar. mica do ligamento no úmero (Fig. 47 -55A, dire ita).
•Imobilize o cotovelo em uma ta la de gesso em 60 graus •Se o tecido do ligamento colatera l for de baixa qualidade,
de fl exão . como gera lmente é, reconstrua a parte ulnar do ligamento
colatera l rad ial com um enxerto autógeno do tendão
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Depois da primeira se- palma r longo.
mana de cirurgia, as suturas são removidas e o cotovelo é •Passe o tendão através de um tú nel ósseo criado por uma
posicionado em uma órtese articulada. O movimento é per- pequena broca, imediatamente posterior ao tubércul o na
mitido entre 45 graus de extensão e 90 graus de flexão. crista do supin ador. Faça os orifícios de entrada a cerca
Ao longo das próximas três semanas, a mobilidade é gradu- de 7 mm de distância para diminuir a probab il idade de
almente avançada até ser completa. Um programa de fisio- ruptura do teto ósseo do túnel. Passe o tendã o através
terapia formal é in iciado em 6 semanas, e o fortalecimento de um túnel no úmero que emerge na origem dos li ga-
gradual do antebraço e ombro é iniciado. É preciso tomar mentos. Determine a local ização do túne l no úmero, pas-
cuidado para evitar uma carga em valgo no cotovelo durante sando uma sutu ra temporária no túnel ulnar e segura ndo
essa fase de reabil itação. Em 12 semanas, o prog rama de as extrem idades da sutura con t ra o úmero com uma pinça
fortalecimento é mais vigoroso e supino, com pesos leves a de Kelly enquanto o cotovelo é mobilizado. Dobre o
moderados, é permitido. Em 4 meses, um programa de enxerto de tendão e passe-o de volta, cruzando a articu-
arremesso é iniciado para atletas arremessadores. lação de novo, e insira-o em sua origem com suturas 1-0
não absorvíveis (Fig. 47-55B e C)
•Se o enxerto do tendão pa recer ser inadequado pa ra o
tamanho do braço ou para as atividades ou estresses
RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO esperados, use um enxerto autógeno ou aloenxerto dos
COLATERAL ULNAR LATERAL PARA tendôes isqu itibi ais para reforçar a reconstrução com os
INSTABILIDADE ROTATÓRIA mesmos loca is de inserção ao osso e atravessando a arti-
POSTEROLATERAL cu lação duas vezes.
•Amarre todas as suturas com o cotovelo fl exiona do a 30
Para a instabilidade rotatória postero late ral que persiste graus e com o antebraço totalmente pronado .
devido ao rompimento do ligamento colateral ulnar lateral •Após a conclusão da reconstrução, teste o cot ovelo para
e à incompetência das estruturas capsu lares laterais, Nestor, a instabi lidade rotatória anterolateral. Permita que o
O' Driscoll e Morrey descreveram o uso de uma incisão lateral ancôneo e tríceps assumam suas posiçôes normais, e
de Kocher para o reparo ou a reconstrução do lado lateral. feche o interva lo entre o ancôneo e o extensor ulnar do
carpo com sutu ras absorvíveis.
TÉCNICA •Aplique uma tala com o antebraço flexionado em 90
graus e pronado.
(NESTOR, O'DRISCOLL E MORREY) Preferimos utilizar um túnel de fundo cego e um "pro-
cedimento de ancoragem" no úmero em comparação
•Aborde o cotovelo através de uma incisão de Kocher modi- àquela utilizada com o ligamento colateral ulnar. Quando
ficada (Técnica 1-97) o pa lmar for deficiente, usamos uma porção com espes-
•Por dissecção com bisturi, eleve cuidadosamente a origem sura de 3,2 mm do tendão grácil . Um isquiotibial pode
comum dos extensores, incluindo uma porção do exten - ser dividido para reconstruçôes media l e lateral, no caso
sor radial do carpo para evidenciar a origem do complexo de instabilidade global após a luxação. O túnel do úmero
do li gamento colateral radial no epicônd ilo lateral. é perfurado no ponto do epicônd ilo, onde a linha dese-
• Distalmente, afaste o múscu lo ancôneo posteriormente e nhada ao longo do córtex umeral anterior intersecta uma
o extensor ulnar do carpo anteriormente. Afaste a exten- linh a através do centro do eixo radiocap itelar entre a
são da origem do ancôneo ao aspecto latera l da fáscia posição 3 :00 e 4:30 no epicônd ilo (Fi g. 47-56). Estabi li-
do tríceps o suficiente para expor o ligamento adequada- dade e isometria são menos afetadas pe la loca lização
mente. Identifique a crista do sup inador da ulna. dos túneis ulnares. O posicionamento de orifícios 4 mm )
CAPÍTULO 47 LU XAÇÕ ES RECIDIVANTES

Cápsula anterior
plicada

): ''

A colateral ulnar

B e

H@il;1j1!fm Técnica de Nestor et ai. A, Imbricação e avanço da banda ulnar do ligamento colatera l radial e a parte radial do liga-
mento colateral radial com a técnica de sutura de Bunnell, realizada passando suturas através de orifícios na origem anatômica do
ligamento no úmero . B, Túnel ulnar posicionado no tubérculo na cr ista do sup inador e orientada para ter um ótimo al inhamento com
o ponto isométrico. C, Passagem do enxerto no túnel ulnar e criação do ponto de isometria. D, Tensionamento do enxerto após intro-
dução em túneis do úmero. E, Túnel é feito no úmero e expandido em direçã o posterossuperior para emergir posterior e superior ao
ponto de isometria. Segundo túnel do úmero sai posterior e inferior ao local de entrada comum . O tendão palmar longo é tracionado
através dos túneis ulnar e umeral, e é amarrado a si mesmo depois de recruzar a articulação. VEJA A TÉCNICA 47-19 .
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

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SÍNDROME Ruptura Crônica 2322 RUPTURA DO MÚSCULO
COMPARTIMENTAL 2305 Complicações 2328 ADUTOR LONGO 2339
ANATOMIA E RUPTURA DO MÚSCULO RUPTURA DOS TENDÕES DO
FISIOPATOLOGIA 2305 GASTROCNÊMIO 2328 GLÚTEO MÉDIO E M(NIMO 2340
Sf NDROME COMPARTI MENTAL TENDINITE DO MECANISMO RUPTURA DOS TENDÕES DO
AGUDA 2306 EXTENSOR DO JOELHO BÍCEPS BRAQUIAL 2340
Avaliação Clínica 2306 (JOELHO DO SALTADOR) 2329 Ruptura Proxima l do Tendão do
Tratamento 2306 Tendinite Patelar Crônica 2330 Bíceps 2340
Síndrome Compartimentai Fratura por Estresse ao Ruptura Distal do Tendão do Bíceps
Aguda da Coxa 2307 Longo da Patela 2330 2343
Síndrome Compartimentai RUPTURA DO MECANISMO RUPTURA DO MÚSCULO
Aguda da Perna 2309 EXTENSOR DO JOELHO 2330 PEITORAL MAIOR 2345
SÍNDROME COMPARTIMENTAL Anatomia e Fis iopatologia 233 1 RUPTURA OU AVULSÃO
CRÔNICA 2311 Avaliação Clínica 2331 DO TENDÃO DO TRÍCEPS 2345
Avaliação Clínica 2312 Tratamento da Ruptura Aguda do LUXAÇÃO DOS TENDÕES 2346
Tratamento 2312 Tendão Patelar 2331 TENDÕES FIBULARES 2346
RUPTURA DOS MÚSCULOS Tratamento da Ruptura Crônica do Classificação 2346
E TENDÕES 2315 Tendão Patelar 2334 Avaliação Clínica e Radiográfica 2347
RUPTURA DO TENDÃO DE AQUILES 2315 RUPTURA DO TENDÃO Tratamento 2347
Anatomia e Fisiopatologia 2315 QUADRÍCEPS FEMORAL 2338 Complicações 2349
Avaliação Clínica 2316 Ruptura Aguda 2338 TENDÃO DO BÍCEPS BRAQUIAL 2349
Tratamento 2316 Ruptura Crônica 2339 Avaliação Clínica 2350
Ruptura Aguda 2316 Complicações 2339 Tratamento 2350

halterofilistas, remadores, soldadores e outros que impõem grande


SÍNDROME COMPARTIMENTAL esforço em suas extremidades superiores. Exercícios podem aumen-
A síndrome compartimentai é um aumento da pressão intersticial tar o volume muscular em 20%, causando aumento na pressão em
em um compartimento osteofascial fechado que resulta em compro- um compartimento não complacente. A síndrome compartimentai
metimento microvascular. Compartimentos com estruturas ósseas crônica da extremidade inferior é mais comum em corredores de
ou fasciais relativamente não complascentes estão mais comumente longa distância e recrutas militares que passam dos limites normais
envolvidos, especialmente os compartimentos anterior e posterior de tolerância funcional.
profundos da perna (Fig. 48-1) e o compartimento volar do ante-
braço. No entanto, a síndrome compartimentai pode se desenvolver
em qualquer lugar onde o músculo esquelético estiver rodeado por ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA
fáscia como, por exemplo, na nádega, coxa, ombro, mão, pé, braço
e nos músculos paravertebrais lombares. A fisiop atologia da síndrome compartimentai envolve um insulto à
As síndromes compartimentais podem ser classificadas como homeostase normal do tecido, que resulta em uma pressão tissular
agudas ou crônicas, dependendo da causa do aumento de pressão aumentada, diminuição do fluxo sanguíneo capilar e necrose teci-
e da duração dos sintomas. As causas mais comuns da síndrome dual local provocada pela privação de oxigênio. Evidências experi-
compartimentai incluem fraturas, trauma nos tecidos moles, lesão mentais sugerem que a necrose muscular significativa pode ocorrer
arterial, compressão do membro durante consciência alterada e em pacientes com fluxo sanguíneo normal se a pressão intracom-
queimaduras. Outras causas incluem o extravasamento de fluidos partimental fo r aumentada em 30 mmHg por mais de 8 horas.
intravenosos e anticoagulantes. Foram relatadas síndromes compar- Pressões mais elevadas mostraram ser responsáveis por um maior
timentais por esforço agudas nos pés de corredores, jogadores de comprometimento da viabilidade neuromuscular em períodos mais
basquete e outros atletas. A síndrome compartimentai crônica é a curtos de tempo.
recorrência do aumento de pressão, mais frequentemente nos com- Hérnias fasciais têm sido associadas ao desenvolvimento de
partimentos posterior e anterior profundos da perna. Também fo i sintomas compartimentais de esforço. Aproximadamente de 15 a
relatada a ocorrência em outras áreas, incluindo os antebraços em 40% dos pacientes tratados de síndrome compartimentai crônica

2305
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Compartimento
posterior
Compartimento superficial
anterior----.f#-

Compartimento
lateral

Compartimento
posterior
profundo

h@l!;@Ellt Quatro compartimentos da perna: seção trans-


versal através da porção média da perna esquerda. h@ii#yjalm Monitor portátil da pressão intracompartimental
Synthes.

aprese ntaram uma hérnia fasc ial, apesar de, muitas vezes, aprese ntar da fáscia causado pela expansão do volume do compartimento mus-
exame fís ico normal. cular, o que está relacionado com mudanças na pressão intramuscular.
Embora este método não tenha sido comprovado em estudos clíni-
cos, em um modelo de síndrome compartimentai nas pernas de
SÍNDROME COMPARTIMENTAL AGUDA indivíduos saudáveis, tal técnica apresentou sensibilidade diagnós-
tica de 77% e especificidade de 93%. Imagens infravermelhas
• AVALIAÇÃO CLÍNICA também são utilizadas em pacientes com trauma para determinar as
Os si nai s fís icos da síndrome compartim enta] incluem aumento da diferenças de temperatura entre a sup erfí cie da pele proximal e
tensão do compar timento envolvido, dor a mobilização passiva dos distal, com a finalidade de aj udar a fazer o diagnóstico de síndrome
músculos que passam através do compar timento e fraqueza mus- compartimentai. Atualmente, nenhum desses métodos mostrou ser
cular. O sinal mais importante é a dor desproporcional à esperada tão preciso ou facilmente disponível como os métodos invasivos.
com a lesão. Hipes tesia ou parestesia devem ser avaliadas por meio
de testes com a ponta de uma agulha, to que leve e discriminação de • TRATAMENTO
dois pontos. O di agnóstico de sínd ro me compartimentai agud a Há controvérsias a respeito de pressões compartimentais precisas
pode ser tardio em pacientes com múltiplas lesões ou consciência para realizar fasciotomias. Em nossa instituição, se as pressões com-
alterada e em crianças, nas quais as achados físicos não podem ser parti mentais forem maiores qu e 30 mmHg na presença de sinais
do cumentados com precisão. Devido à variabilidade dos sinais e clínicos, a fasciotomia imedi ata é indicada. Leituras equivocadas
sintomas clínicos da síndrome comp artimenta!, a sensibilidade exigem um monitoramento contínuo e exames clínicos em série. Em
e o valor preditivo positivo das descobertas clínicas são baixos; no pacientes com grandes perturbações da circulação arterial persis-
entanto, a especificidade e o va lor preditivo negativo são altos. tindo por mais de 4 horas ou queimaduras circunferenciais de espes-
A ausência de sinais clínicos associados à síndrome compartimen- sura total, a fasciotomia deve ser realizada no momento da cirurgia
ta[ é mais útil para excluir o diagnóstico do que a presença des tes inicial. Um algoritmo para pacientes com fraturas de tíbia vêm
é para confirmá- lo. sendo desenvolvido para determinar o papel da medição da pressão
Se houver suspeita de síndrome compartimentai e um exame tecidual e das descobertas clínicas (Fig. 48-4).
adequado não puder ser realizado, os níveis de pressão devem ser Em traumatismos em membros isolados, a divisão do gesso e
medidos. O monitoramento da pressão do compartimento também o preenchimento subjacente podem diminuir a pressão do compar-
é útil em pacientes com funçã o neurológica alterada causada por timento de 50 a 85%. Quaisq uer ataduras co nstritivas circul ares
lesões vasculares, anestesia peridural contínua, lesão do nervo peri- também devem ser liberadas. O posicionamento do membro é
férico ou paralisia do torniquete. importante; colocar o membro no nível do coração produz um gra-
Uma var iedade de dispositivos invasivos está disponível para diente arteriove noso mais elevado. Por outro lado, a elevação do
medição da pressão do compartimento, incluindo um monitor de membro diminui o influxo arterial sem aum entar significativamente
pressão disponível comercialmente (Fig. 48-2 ), um m anômetro o re torno ve noso, aumentando assim a isquemia local. Se os sinto-
de linha arterial, um equipo de três vias (método de Whitesides) mas não desaparecem em 30 a 60 minutos após o tratamento ade-
(Fig. 48-3A) e um monitor (Fig. 48-3B). No entanto, estudos têm quado, a medição da pressão deve ser repetida e, se os resultados
mostrado que as medi ções de pressão são errôneas em até 30% dos fore m duvidosos, a fasciotomia é indi cada.
pacientes e não devem ser utilizadas corno o principal determinante Síndrome compartimenta! associada a um a fratura da extremi-
a favo r ou co ntra a fasciotomia. Métodos mais recentes não invas ivos dade inferior deve ser tratada no momento da estabilização da fratura.
de avaliação da pressão do compartimento incluem o uso de ultras- A fixação intramedular não fresada é preferível para estabilização de
sonografia para medir o deslocamento subrnicrométrico da parede fraturas, pois estudos com an imais demonstraram maior propensão
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS fEm

300

250

200
-Manômetro
150
de mercúrio
100
50

Ar
1
Tubo extensor IV -Fechado
Equipo de três vias aberto para a
A seringa e para os dois tubos extensores

O@ihHB9 Técnica de Whitesides et ai. para determinação da pressão do tecido A, A pressão do tecido é medida através da
determinação da quantidade de pressão dentro do sistema fechado, necessária para superar a pressão intracompartimental e injetar
uma pequena quantidade de solução salina. B, Utilização de cateter para o monitoramento da pressão do compartimento.

para o desenvolvimento da síndrome compartimentai quando a tendão do quadríceps e contusão ou tensão, estiramentos muscu-
fixação tibial fresada é utilizada. No tratamento de fraturas tibiais lares na coxa e ossificação heterotópica. A síndrome compartimen-
com síndrome compartimentai incipiente, as pressões devem ser tai da coxa "idiopática" também tem sido descrita.
cuidadosamente monitoradas. Os compartimentos miofasciais da coxa apresentam volume e
Se a fasciotomia for realizada em 25 a 30 horas após o início potencial capacidade consideravelmente maiores que os da perna ou
do tratamento, o prognóstico será bom. Pode-se esperar pouco ou do antebraço, levando à infrequência relativa da síndrome do com-
nenhum retorno da função, caso o diagnóstico e o tratamento forem partimento da coxa. A coxa está dividida em três compartimentos
atrasados. Nenhum benefício de fasciotomia foi relatado após o distintos (anterior, medial e posterior) por extensões fasciais inter-
terceiro ou quarto dia. Infecções severas na musculatura necrótica musculares (Fig. 48-5.); coletivamente, os compartimentos são reves-
têm sido descritas em muitos pacientes que realizam a fasciotomia tidos pela fáscia lata. Dentro do compartimento anterior estão o grupo
tardiamente. muscular do quadríceps e o músculo sartório, o nervo femoral e seu
ramo sensorial, o nervo e a artéria safenos e a veia femoral. O com-
• SÍNDROME COMPARTIMENTAL AGUDA DA COXA partimento medial contém o grupo muscular adutor e seu suprimento
A síndrome compartimentai da coxa é bem menos frequente que a neurovascular, a artéria femoral profunda e artérias obturadoras e o
do antebraço ou a da perna; no entanto, ela está associada a um alto nervo obturador. No compartimento posterior, estão o bíceps femoral,
nível de morbidade. Em um estudo com 23 pacientes com síndrome os músculos semimembranáceo e semitendíneo, os ramos da artéria
compartimentai aguda da coxa, quatro pacientes (17%) precisaram femoral profunda e o nervo ciático. As síndromes compartimentais
de amputações; enquanto, em outro estudo com 18 pacientes, mais mais relatadas da coxa envolvem o compartimento anterior, pois é
da metade não recuperou a força muscular da coxa por completo e cercado pelas paredes mais rígidas lateral e mediaimente (fáscia lata
apresentou déficits funcionais a longo prazo. Fatores associados a e trato iliotibial) e é o mais vulnerável ao trauma.
uma maior probabilidade de déficits funcionais foram altas pontu- O diagnóstico de síndrome compartimentai aguda da coxa
ações de gravidade da lesão, fratura de fêmur ipsilateral, intervalos baseia-se nos critérios descritos anteriormente para a síndrome
prolongados à descompressão, presença de mionecrose no momento compartimentai aguda. Os sinais mais comuns da síndrome com-
da fasciotomia e idade superior a 30 anos. partimentai da coxa são dor e aumento da circunferência da coxa
As causas mais comuns da síndrome compartimentai da coxa são em comparação com o lado oposto. Fraqueza dos músculos da
o trauma fechado (com ou sem fratura) e a lesão vascular; outras causas coxa envolvidos e déficits sensoriais ou motores na distribuição
citadas da síndrome compartimental aguda da coxa incluem politrau- anatômica dos nervos contidos em compartimentos específicos
matismo, isquemia arterial, queimaduras, compressão do membro podem ajudar a determinar quais compartimentos estão envolvi-
secundária ao uso abusivo de drogas, uso de torniquete para cirurgia dos (Tabela 48-1).
de perna, uso de calça antichoque militar, uso excessivo do músculo Embora o tratamento conservador tenha sido defendido para
(overuse), ferimentos penetrantes por arma de fogo, ruptura do pacientes jovens com síndrome compartimentai anterior isolada
lllE!P PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

48-1 Critérios Diagnósticos Específicos de Síndrome Compartimentai Aguda da Coxa

COMPARTIMENTO ANTERIOR COMPARTIMENTO POSTERIOR COMPARTIMENTO MEDIAL


DOR COM Flexão passiva do joelho Extensão passiva do joelho com Abdução passiva do quadril com
ALONGAMENTO com quadril em extensão quadril em flexã o joelho em extensão
PASSIVO
DÉFICIT MOTOR Extensão do joelho Extensão do joelho, flexã o plantar Adução do quadril
(ramo tibial do ciático), dorsiflexão,
extensão do hálux (ramo fibular)
DÉFICIT Abdução passiva do Adução do quadril Proximal e medial na coxa
SENSORIAL quadril com joelho em (ramo cutâneo do nervo
extensão obturador)
Modificado de Mithoefer K, Lhowe DW, Vrahas MS, et ai: Functional outcome afte r acute compartment syndrome of the thigh, J Bane Joint Surg 88A:729,
2006.

Suspeita de
síndrome
compartimentai

Achados clínicos Paciente não alerta/pouco confiável


francamente Vítima de politraumatismo
positivos Descobe rta clínica inconclusiva

Medição da pressão
compartimentai

>30 mm Hg

Monitoramento contínuo
da pressão compartimentai
e avaliação clínica
em série O[dii;tfimD Três compartimentos da coxa: anterior, medial e
posterior.

<30
mm Hg
sugerindo que o nível de pressão afeta a janela de tempo em que
ocorre dano neuromuscular irreversível. Alguns estudiosos têm
sugerido que a fasciotomia não deve ser realizada quando a cirur-
gia é ad iada por mais de 12 horas por causa do risco de infecção
no tecido muscular isquêmico, recomendando que os pacientes
Fasciotomia sejam tratados clinicamente (reanimação rápida com fluid o) em
um cenário de terapia intensiva para administrar a rabdomiólise e
H@il;f;.im:D Algoritmo para diagnóstico e tratamento de sín- evitar fa lha renal aguda. Quando a condição dos músculos envol-
drome compartimentai aguda da pena após fratura tibial. (De vidos for desconhecida, uma pequena incisão é recomendada para
Bourne RB, Rorabeck CH: Compartment syndromes of the lower leg. possibilitar o acesso para o teste de viabilidade muscular antes da
Clin Orthop Relat Res 240:97, 1989.) incisão extensa para a fasciotomia ser realizada.

FASCIOTOMIA PARA
da coxa, a descompressão cirúrgica é, mais frequentemente, indi - SÍNDROME COMPARTIMENTAL
cada nesses casos. Uma revisão retrospectiva de 29 pacientes com AGUDA DA COXA
síndromes compartimentais da coxa revelou a frequência de com-
plicações correlacionadas com o tempo da fasc iotomia: um atraso TÉCNICA
de mais de 12 ho ras foi associado a um resultado ruim em um
estudo, e em outros pacientes do estudo que tiveram a descom- (TARLOW ET AL.)
pressão dentro de 8 horas apresentaram resultados significativa-
mente melhores que aque les com a cirurgia mais tardia. Altas • Prepare a coxa de forma estéril e a estenda, expondo o
pressões nos compartimentos da coxa causam déficits funcionais membro da crista ilíaca até a articulação do joelho.
de longo prazo, mesmo com curtos períodos de pressão elevada,
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

Compartimento
medial

Compartimento
e posterior

H(ri1!;?+1ml!J!t Descompressão dos compartimentos da coxa. A, Incisão da linha intertrocantérica até o epicôndilo lateral. B, Compar-
timento _anterior é aber_to incisão na fáscia lata, e o vasto lateral é retraído mediaimente para expor o septo intermuscular lateral,
que entao receb_e uma 1nc1sao para descomprimir o compartimento posterior. C, Desenho dos compartimentos da coxa e incisão apro-
priada . VEJA A TECNICA 48-1.

•Faça uma incisão lateral começando distalmente à linh a mais comum é o trauma fechado de partes moles. Durante um
período de 10 anos em um grande centro de trauma, 288 (2,8%) de
intertrocantérica, estendendo-a até o epicôndilo lateral
(Fig. 48-6A). 10.315 pacientes com trauma de extremidade precisaram de fascio-
tomia para a síndrome compartime ntai. A necessidade de fascioto-
•Disseque o tecido subcutâneo para expor a banda ilioti-
bial; em seguida, faça uma incisão reta em linha com a mia variou muito de acordo com o mecanismo de lesão (< 1% após
incisão da pele através do trato iliotibia l (Fig . 48-68) acidentes de trânsito para quase 9% após feridas de arma de fogo) e
•Rebata cuidadosamente o vasto lateral para fora do septo por tipo de lesão (2% com fratura fechada para 42% com lesão
intermuscular lateral, certificando-se de coagular todos os vascular combinada). Sexo masculino e idade menor que 55 anos
vasos perfurantes que forem sendo encont rados. estavam dentre os preditores independentes identificados. Um fator
•Faça uma incisão de 1,5 cm no septo intermuscular e, com de risco cada vez mais comum para o desenvolvimento da síndrome
o auxílio de uma tesoura de Metzenbaum, estenda o com- compartimentai é o uso de terapia de anticoagulação em pacientes
primento da incisão proximal e distalmente (Fig. 48-6C). idosos com trauma. Tal como acontece com todas as síndromes
•Após os compartimentos anterior e posterior serem libe- compartimentais, o diagnóstico precoce e o tratamento são essen-
rados, meça a pressão do compartimento medial. Se a ciais para um bom resultado. Uma análise dos resultados da fascio-
pressão estiver elevada, faça uma incisão medial separada tomia revelou que 68% dos pacientes tratados dentro de 12 horas do
para liberar o compartimento adutor. início dos sintomas apresentavam função normal, em comparação
•Cubra a ferida aberta e aplique um curativo grande e com apenas 8% naqueles tratados mais de 12 horas após o início dos
volumoso . sintomas. Mesmo com a fasciotomia realizada dentro do intervalo
de tempo oportuno, muitos pacientes apresentam sequelas a longo
Ver também, em inglês, o Vídeo 48-1. prazo, incluindo sensibilidade alterada, edema, dor, déficits funcio-
nais e preocupações estéticas.
CUIDADO
. PÓS-OPERATÓRIO Em 48 a 72 horas, o pa-
Duas técnicas para a liberação dos compartimentos da perna
ciente é levado à sa la de cirurgia para desbridamento de
são comumente utilizadas: fasciotomia perifibular com incisão
todo o material necrosado. Fluoresceína intravenosa e uma
simples e fasciotomia com incisão dupla. A incisão simples pode
luz Wood podem ser úteis para avaliar a viabilidade muscular.
ser útil se as partes moles do membro não apresentarem grandes
Se não houver evidência de necrose muscular, a pele é fechada
deformidades. Como isso raramente acontece, a técnica de incisão
frouxamente. Alternativamente, um curativo a vácuo pode ser
dupla é mais segura e eficaz, e geralmente deve ser a técnica utili-
utilizado. Se o fechamento não for possível, o desbridamento
zada. O papel das liberações compartimentais seletivas permanece
é repetido após outro intervalo de 48 a 72 horas, após o qual
obscuro. Trinta e oito pacientes com síndromes compartimentais
é possível realizar fechamento da pele ou enxerto de pele.
associadas à fratura da tíbia for am tratados de acordo com um
algo ritmo no qual liberações anteriores e laterais-padrão foram
realizadas por meio de uma incisão lateral ao longo de toda a
• SÍNDROME COMPARTIMENTAL AGUDA DA PERNA extensão da perna e, em seguida, as pressões do compartimento
A maioria das síndromes compartimentais agudas da perna (apro- posterior superficial e profundo foram medidas. Se a dife rença
XImadamente 36%) está associada à fratura da tíbia; a segunda causa entre a pressão do compartimento e a pressão sanguínea diastólica
PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

iê[ril!;fr'mlm Técnica de Davey, Rorabeck, e Fowler para descompressão dos compartimentos da perna. A, Incisão lateral na pele a
partir do colo fibular estendendo-se até 3 a 4 cm proximalmente ao maléolo lateral. B, A pele é descolada anteriormente e a fasciotomia
dos compartimentos anterior e lateral é realizada. C, A pele é descolada posteriormente e a fasciotomia do compartimento posterior
superficial é realizada. D, O intervalo entre os compartimentos posterior e lateral é desenvolvido. O músculo fle xor longo do hálu x é
dissecado subperiostealmente da fíbula e rebatido posteromedialmente. A fi xação fascial do músculo tibial posterior na fíbula recebe
uma incisão para descomprimir o músculo. VEJA A TÉCNICA 48-2.

pré-operatória fosse maior ou igual a 30 mmHg, os compartimen- •Identifique o intervalo entre os compa rtimentos superfi-
tos posteriores não seriam liberados.
cial e lateral distalmente e desenvolva est e intervalo pro-
Residentes de ortopedia verificaram os pacientes a cada 2 horas ximalmente, soltando o sóleo da fíbula.
e realizaram medições repetidas da pressão do compartimento caso a •Disseque o extensor longo do hálux subperi ostea lmente
sintomatologia alterasse ou o paciente estivesse obnubilado. Embora
da fíbula.
este protocolo de administração pareça seguro e eficaz (apenas 8% dos •Retraia o múscu lo e os vasos fibulares posteriormente.
pacientes precisaram de liberação posterior e nenhum paciente sem •Identifique a fixação fascial do músculo tibial posterior na
liberação posterior desenvolveu sequelas de uma síndrome compar-
fíbula, e faça uma incisão nessa fásc ia long itudin almente
timentai negligenciada), os recursos para acompanhar de perto os (Fig . 48-7D).
pacientes e permitir um rápido retorno à sala de cirurgia, se necessá- •Feche apenas a pele sobre um dreno de sucção ou um
rio, podem não estar disponíveis para a maioria das práticas. A libe- dispositivo de ferida por pressão negativa.
ração de todos os quatro compartimentos parece ser uma abordagem
mais segura para a maioria dos pacientes.

FASCIOTOMIA COM INCISÃO SIMPLES


TÉCNICA
(DAVEY, RORABECK E FOWLER)
__ FASCIOTOMIA COM INCISÃO DUPLA
TÉCNICA
(MUBARAK E HARGENS)

•Faça uma incisão de 20 a 25 cm no compartimento ante-


• Faça uma incisão lateral longitud inal simples em linha com rior, centrada a meio camin ho entre o eixo fibular e a crista
a f íbu la, estendendo distalmente da cabeça da fíbula de 3 da tíbia (Fig. 48-8A). Rea lize uma dissecação subcutânea
a 4 cm proximalmente até o maléolo latera l (Fig . 48-7 A). para ampla exposição dos compartimentos fascia is.
•Descole a pele anteriormente e evite lesionar o nervo •Faça uma incisão transversal para expor o septo interm us-
fibular superficial. cu lar lateral, e identifique o nervo fibular superficia l pos-
•Rea li ze uma fasciotomia longitudina l dos compartimen- terior ao septo.
tos anterior e lateral (Fig. 48-7B) •Utilizando tesou ras de Metzenbaum, li bere o comparti-
•Descole a pele posteriormente e real ize uma fasciotomia me nto anterior proximal e distalmente em linha com o
do compa rtimento posterior superficial (Fig. 48-7C). músculo tibial anterior.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS GDllll

Fasciotomia +.
anterior-,
1
+
1
Fasciotomia
.
posterior
.._
.._ 'I'
"' F . t .
i- - - asc10 om1a
1 1 : posterior
Septo 1 1
1 , 1 profunda
intermuscu lar
Nervo '\
Tíbia

lateral
O!§l!;f.)m1!9 Fecham ento pnmano tardio após fasciotomia
com t écnica " laço de sapato". VEJA A TÉCNICA 48-3.

A B •Cubra a ferida aberta, e aplique uma tala gessada poste-


rior com o pé plantígrado.
•A administração de feridas de fasciotom ia incluiu fechamento
primário, cicatrização por segunda intenção ou enxerto de
pele de espessura parcial para cobrir defeitos, o que é neces-
sário em aproximadamente 50% dos pacientes. Uma alter-
nativa é um fechamento primário tardio, que pode ser
realizado utilizando a técnica de " laço de sapato" (Fig. 48-9)
ou dispositivos de fechamento comerciais. O fechamento de
feridas assistido a vácuo pode ser utilizado para reduzir o
edema pós-operatório, o que pode melhorar o fechamento
das feridas com ou sem terapia de pressão negativa.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 48 a 72 horas o pa-


ciente é levado à sala de cirurg ia para desbridamento de
O!ijiht.)EJl9 Método de Mubarak e Hargens para descom- todo o material necrosado. Fluoresceína intravenosa e
pressão dos compartimentos anteri o r e latera l da pern a. A, Incisão uma luz Wood podem ser úteis para avaliar a viabi lidade
anterolateral. B, Incisão posteromedial. C, Descom pressão de t odos muscular. Se não houver evidência de necrose muscular,
os quatro co mpartimentos da pern a. SEE TECHNIQUE 48-3. a pele é fechada frou xamente. Se o fechamento não for
realizado, o desbridamento é repetido após outro inter-
va lo de 48 a 72 horas, após o qual é possível reali zar o
fechamento da pele ou enxerto de pele.

•Realize uma fasciotomia do compartimento lateral proxi-


mal e distalmente em linha com o eixo da diáfise f ibular.
•Faça uma segunda incisão longitudinal 2 cm posterior à SÍNDROME COMPARTIMENTAL CRÔNICA
margem posteri or da tíb ia (Fig. 48-8B). Faça uma disse-
cação subcutânea ampla para possibilitar a identificação A síndrome compartimentai crônica por esforço (CECS) é definida
dos planos fasciais . como uma isquemia reversível secundária ao compartimento oste-
•Proteja a veia e o nervo safenos anteriormente. ofascial que não responde à expansão do volume muscular que
•Faça uma incisão transversa para identificar o septo entre ocorre com o exercício. Os fatores que, provavelmente, contribuem
os compa rtim entos posterior superficial e profundo. para o aumento de uma pressão intracompartimental durante o
Libere a fáscia sob re o comp lexo gastrocnêmio-sóleo para exercício incluem o aumento do volume do músculo esquelético
a expansão do compartimento . com esforço devido ao fluxo sanguíneo e edema (o volume muscular
•Faça outra incisão na fáscia sobre o músculo extensor pode aumentar em até 20% do seu tamanho de repouso durante o
longo dos dedos, e li bere todo o compartimento posterior exercício), fatores de contração dinâmica durante o ciclo da marcha
profundo. Conforme a dissecção é rea lizada proximal- (apoio do retropé, hiperpronação) e hipertrofia muscular como res-
mente, se a vínculo do músculo sóleo se estender para posta ao exercício. O uso de esteroides anabolizantes e de creatina
baixo na tíbia distal, libere essa origem estendida. também aume nta o volume muscular.
•Após a liberação do compartimento posterior, identifique A CECS é mais comum em adultos jovens, corredores recrea-
o compartimento muscu lar posterior profundo. Se o cionais, atletas de elite e recrutas militares. Os compartimentos late-
aumento da tensão for evidente nesse compartimento, rais e anterior são os mais frequentemente afetados, e os sintomas
libere-o sobre a extensão do ventre muscular (Fi g. 48-8C). são bilaterais em cerca de 75% dos pacientes. Estudos indicam que
um atraso de 2 anos no diagnóstico é típico para a CECS.
EIE) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

QUADRO 48 _1 D_iagnóstico da • TRATAMENTO


Smdrome Compartimentai
1TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
Crônica
As medidas conservadoras incluem repouso relativo (limitação da
• Síndrome do estresse tibial medial (canelite) atividade a um nível que evite todos os sintomas, exceto os sintomas
• Fratura por estresse mínimos), medicamentos anti-inflamatórios, terapia manual, alon-
• Tenossinovite gamento e fortalecimento dos músculos envolvidos e órteses. Se os
• Periostite sintomas persistirem, a pressão estiver extremamente elevada ou se
•Trombose venosa profunda o atleta desejar continuar a atividade no mesmo nível, indica-se
•Síndrome de compressão nervosa então a fasciotomia dos compartimentos envolvidos.
• Radiculopatia lombossacra l
•Claudicação neurogênica 1TRATAMENTO CIRÚRGICO
•Síndrome da compressão da artéria poplítea A fasciotomia do compartimento anterior tem uma taxa de sucesso
•Claudicação vascular de 80 a 90%; as taxas de sucesso após a fasciotomia do comparti-
• Infecção mento posterior profundo são mais baixas, de 50 a 70%. No entanto,
• Miopatia a maioria dos pacientes é capaz de voltar a correr sem sintomas
•Tumor significativos dentro de 3 meses após a cirurgia.
Foram descritas técnicas subcutâneas e endoscópicas para a fas-
ciotomia. Mesmo com relatos de taxas de complicações e recorrência
dos sintomas elevadas com essas técnicas, uma técnica de "mini-inci-
são dupla'' produziu bons resultados em 18 atletas; 14 deles tiveram
liberação apenas do compartimento anterior e 4 tiveram liberação dos
compartimentos anterior e lateral. Em um acompanhamento de 2
• AVALIAÇÃO CLÍNICA anos, todos os 18 atletas tiveram suas atividades esportivas reiniciadas;
A importância de uma história precisa não pode ser subestimada na 2 deles apresentaram sensação de fraqueza transitória, que foi resol-
avaliação de pacientes com dor na extremidade inferior. Um paciente vida dentro de 3 mês. Estudos relatam que a liberação do comparti-
típico com CECS é um corredor competitivo, de 20 a 30 anos, que mento endoscópico foi bem-sucedida em nove pacientes (14 pés), oito
descreve dor induzida por exercício e sensação de aperto que se dos quais foram capazes de retomar suas atividades pré-operatórias;
inicia após 20 a 30 minutos de corrida. A dor geralmente desaparece as únicas complicações relatadas foram dois hematomas pós-operató-
em 15 a 30 minutos após a interrupção do exercício. Parestesias dos rios que foram resolvidos. Com a liberação do compartimento ante-
nervos que atravessam o compartimento envolvido são frequente- rior e posterior, o enfraquecimento extensivo e a identificação e o
mente relatadas. Um exame físico pode revelar sensibilidade sobre isolamento cuidadoso do nervo li.bular superficial durante a liberação
a musculatura do compartimento envolvido, e também uma hérnia anterior e do nervo e da veia safena durante a liberação posterior são
muscular pode ser palpada através dos defeitos na fáscia. Os pacien- necessários. Acreditamos que a técnica de incisão dupla seja a melhor
tes devem ser examinados após a conclusão do exercício que repro- para a liberação das estruturas posteriores.
duz os sintomas. Outras causas possíveis dos sintomas do paciente A fasciotomia pode não ser bem-sucedida, resultando na
também devem ser consideradas (Quadro 48-1). recorrência dos sintomas. A fasciectomia parcial tem sido defendida
Se o exame físico não for diagnóstico, outros estudos podem por alguns autores, especialmente em pacientes com recorrência
ser instituídos para chegar a um diagnóstico. A periostite é facil- após fasciotomia. Outras complicações incluem dormência, equi-
mente vista na cintilografia óssea, com a captação difusa frequen- mose, infecção da pele, fraqueza e comprometimento vascular.
temente cobrindo 1/3 do osso. As fraturas por estresse mostram
uma captação intensa mais localizada do isótopo radioativo,
apesar do fato de que 90% das fraturas de estresse podem ser
diagnosticadas com radiografias simples. Reações de estresse, as
precursoras de fraturas por estresse, podem ser mais bem detec- FASCIOTOMIA DE MINI-INCISÃO DUPLA
tadas por ressonância magnética em sequência de recuperação PARA SÍNDROME COMPARTIMENTAL
de inversão Tl curta ou uma sequência fast spin-echo rápida ANTERIOR CRÔNICA
ponderada em T2 com supressão de gordura. A compressão do
nervo fibular pode ser determinada por testes provocativos em TÉCNICA
que a pressão sobre o ponto em que o nervo fibular superficial
emerge da fáscia profunda produz dor durante dorsiflexão ativa (MOUHSINE ET AL.)
resistida e eversão do tornozelo. O sinal de Tine! também pode
ser positivo na mesma área. •Sem o auxíli o de um torniquete, faça duas incisões verti-
Tal como acontece com a síndrome compartimentai aguda, cais de 2 cm na perna sobre o compartimento anterior a
existe alguma controvérsia quanto aos valores para o diagnóstico de 15 cm de distância um do outro (Fig. 48-1 OA)
CECS. Os valores mais comumente aceitos são a presença de um ou •Identifique a fáscia e, cuidadosamente, confeccione um
mais dos seguintes critérios: (1) pré-exercício, pressão de repouso túnel pelo subcutâneo com uma dissecção romba man-
de 15 mmHg ou mais; (2) pressão de 30 mmHg ou mais 1 minuto tendo a "ponte" de pele e do tecido subcutâneo (Fig.
após o exercício; e (3) a pressão de 20 mmHg ou mais 5 minutos 48-1 OB). Use afastadores para permitir uma visão clara
após o exercício. Outros autores têm sugerido o uso da ressonância da fáscia profunda.
magnética pós-exercício, espectroscopia de infravermelho, cintilo- •Identifique o septo intermuscular anterior e o nervo
grafia óssea trifásica, imagem de metoxi-isobutil-isonitrila (MIEI), fibular superficial através da incisão distal (de 1O a 12 cm
cintilografia de perfusão e cintilografia com cloreto de tálio.
CAPÍTULO 48 DI STÚRBIOS TRAUMÁTICOS Gim

A B

H@ii;ffl Dl!I Fasciotomia com mini-incisão dupla de Mouhsine et ai. para síndrome compartimentai anterior. A, Duas incisões ver-
ti cais de 2 cm. B, Realização de um retalho subcutâneo com disseca çã o romba. C, Afastamento da pele para permitir a fasciotomia sob
visão di reta . D, Após o fechamento da ferida. VEJA A TÉCNICA 48-4.

proxima lmente ao ma léolo lateral). Afaste a pele anterior e •Identifique o nervo e o septo int ermuscu lar, e faça uma
posteriormente, pa ra possibilitar a fasciotomia anterior e/ou fasc iotom ia no compa rti mento anterior em linha com o
latera l sob visão direta (Fig. 48- 1OC). Se necessário, util ize músculo ti bial anterior (Fig. 48- 11 D).
o dedo para comp letar a li beração . •No comparti mento latera l, rea lize a fasc iot omia posterior
•Feche as duas incisões com monofi lamento 3 e fitas ade- ao nervo fibular em linha com a diáfise f ibular (Fig.
sivas estére is (Fig. 48- 1OD) e aplique uma ba ndagem 48-11 E).
firm e do med iopé at é o joelho. •Não repare hérni as musculares.
•Feche a pele de fo rm a usual e aplique uma compressa
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro deve fi ca r estéril.
elevado por 24 a 48 horas e é apl icado gelo na região.
Então iniciam-se os exercícios de ampl itude de movi -
ment o ativo e sustentação prog ressiva do peso. A maioria
dos pacientes precisa uti liza r mulet as por at é 1O dias. As FASCIOTOMIA COM INCISÃO DUPLA
atividades esportivas são gradua lmente retomadas de 3
a 4 semanas após a cirurg ia.
PARA SÍNDROME COMPARTIMENTAL
CRÔNICA DO COMPARTIMENTO
POSTERIOR
FASCIOJOMIA COM INCISÃO SIMPLES TÉCNICA
PARA SINDROME COMPARTIMENTAL
ANTERIOR E LATERAL (RORABECK)

TÉCNICA •Faça duas incisões na perna 1 cm posterior à borda pos-


teromedia l da tíbi a (Fi g. 48-1 2A). Identifique a veia saf ena
(FRONEK ET AL.) na incisão proxima l e a proteja anteriormente junto com
o nervo.
•Faça uma incisão longitudina l de 5 cm a meio caminho • Entre e libere o compartimento superficial (Fig. 48- 12B).
entre a fíbula e a crista da tíbia na porção intermediária •Faça uma incisão na f áscia profunda (Fig. 48- 12C).
da perna (Fi g. 48-11 A), o u sobre o defeito fascial se uma • Exponha o com pa rtim ento profund o, in cluindo o músculo
hérni a muscular esti ver prese nte na sa íd a do nervo fibul ar extensor longo dos dedos e os músc ulos tibiais post eri o-
superfi cia l (Fig. 48-11 B e C) res, soltando a vín cula do sóleo. )
ED PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

Fasciotomia
anterior - -1
-f..
/
1 /
1 /

Septo
intermuscular
anterolateral ----'f----i'"!lt

Nervo cutâneo
dorsal intermediário

A B

1
Septo
intermuscular
anterolateral
Nervo
t;
2 1
1
fibular 1
superficial 1
1
1
1

,,.,
1

,,,,
,,
1

D E

H@li;h)EIJI Fasciotomia com incisão simples de Fronek et ai. A, Incisão entre a crista da tíbia e o ei xo fibular, sobre o septo intra-
muscular anterolateral, quando não houver uma hérnia fascial. B, Na presença de uma hérnia fascial , a incisão deve ser reali zada
diretamente sobre o defeito fascial. C, O defeito é aumentado através do septo intra muscular (1 ). D e E, Libera ção longitudinal completa
do compartimento anterior (2 e 3) e compartimento lateral (4 e 5) . VEJA A TÉCNICA 48-5.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS flJlll

• 48 - 2
Fatores de Risco para Ruptura
do Tendão de Aquiles

Intrínsecos: Predisposição Anatômica, Incapacidade


da Biomecânica do Corpo de Absorver Forças de
Modo Normal
• Hiperpronação Subtalar
• Retropé/antepé excessivamente varo /valgo
• Aumento da anteversão femoral
• Discrepância no comprimento dos membros inferiores
• Fraqueza muscular/desequilíbrio
•Alto índice de massa corporal
• Envelhecimento
A
Extrínsecos: Erros na Técnica de Treinamento,
Fatores Ambientais
• Duração e intensidade de corrida excessiva
• Superfície de corrida não familiar
• Fármacos: fluoroquinolonas, corticosteroides

RUPTURA DOS MÚSCULOS E


B TENDÕES
RUPTURA DO TENDÃO DE AQUILES

As lesões do tendão de Aquiles são relativamente comuns em atletas


de meia-idade, e a frequência dessas lesões está aumentando (de
2/ 100.000 em 1986 para 10/ 100.000 em 2010) à medida que mais
pessoas permanecem ativas em esportes recreativos por mais tempo.
Tendinite, tendinose e peritendinite são responsáveis por 11 % das
queixas nas extremidades inferiores em uma clínica de grandes cor-
redores, e as rupturas do tendão de Aquiles foram estimadas como
e sendo a terceira ruptura tendinosa mais frequente. Alguns estudos
sugerem que a tendinopatia de Aquiles está presente em 24% dos
H@ii;f.!ml19 Liberação com incisão dupla da síndrome com-
partimentai posterior profunda crônica de Ro rabek. A, Duas inci- atletas competitivos e em até 50% dos corredores competitivos.
sões verticais; a veia safena é identificada e rebatida anteriormente. Estima-se que as rupturas ocorram em torno de 8% dos atletas com-
B, O compartimento posterior superficial é identificado e libe- petitivos. O pico de idade para a ruptura do tendão de Aquiles, tanto
rado. C, A fáscia profunda recebe uma incisão e o compartimento em homens quanto em mulheres, está entre os 30 e 40 anos de idade.
posterior profundo é liberado. VEJA A TÉCNICA 48-6. Vários fatores de risco intrínsecos e extrínsecos para a ruptura do
tendão de Aquiles foram identificados (Quadro 48-2). Uma pesquisa
com 154 pacientes com ruptura aguda do tendão constatou que, em
• Identifique o feixe neurovascular e o tendão t ib ia l posterior, um acompanhamento de 4 anos, 6% deles sofreram ruptura no lado
)
e faça uma incisão proximal e distalmente na fáscia que contralateral; de acordo com os cálculos dos autores, pacientes com
recubram o tendão. O tendão tibial posterior é a chave uma ruptura aguda do tendão de Aquiles têm risco cerca de 200 vezes
para a descompressão do compartimento posterior e, em maior de uma ruptura contralateral deste.
geral, está constrito proximalmente entre as duas origens Os mecanismos mais comuns de ruptura do tendão de Aquiles
do extensor longo do hálux; amplie a abertura entre essas são a sustentação de carga no antepé com flexão plantar do tornozelo
duas estruturas para verificar se há constrição . e o joelho em extensão e a dorsiflexão súbita e inesperada de um
• Libere o torniquete e obtenha uma hemostasia meticulosa. tornozelo que se encontrava em flexão plantar, como em queda de
•Feche a ferida aberta e coloque um dreno de sucção para alturas. O rompimento também pode ocorrer a partir de um trauma
minimizar o risco de formação de hematomas. direto no tendão contraído ou de uma laceração.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Recomendam-se exercí- • ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA


cios precoces de amplitude de movimento e, no dia após A ruptura do tendão de Aquiles está relacionada com uma área
a cirurgia, é permitida a sustentação de peso com muletas relativamente hipovascular do tendão, mostrada pela angio grafia
conforme o tolerado. O uso de muletas será interrompido como sendo de 2 a 6 cm ac ima da inserção do tendão no calcâneo.
quando for possível cam inhar sem dificuldades. Uma A principal fonte de sangue do tendão é através de seu mesotendão,
corrida leve será permitida após 2 a 3 semanas, caso o com o fornecimento sendo maior através do mesentério anterior.
edema e a dor estejam ausentes. Com o aumento da idade, esse fornecimento do mesentério ante-
rior torna-se reduzido. Alterações idade-dependentes na ligação
lll!ID PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

No ensaio de agulha descrito por O'Brien, uma agulha de calibre 25


é colocada percutaneamente na linha média do coto proximal do
tendão. A integridade do tendão é detectada ao se observar o movi-
mento da agulh a durante a mobilização passiva do pé.

• TRATAMENTO
A decisão de tratar as rupturas agudas do tendão de Aquiles de modo
conservador ou cirúrgico é um pouco controversa, com evidência
apo iando qualquer tipo de tratamento. Apesar do grande número de
artigos na literatura médica sobre a ruptura do tendão de Aquiles,
ainda não há consenso quanto ao melhor tratamento e poucos estudos
de alto nível apoiam várias recomendações. As recomendações da
Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (Q uadro 48-3) são
principalmente um consenso ou têm base em evidências fracas ou
inconclusivas. As considerações importantes incluem retorno ao
esporte e às atividades diárias (dor, amplitude de movimento, força),
taxa de reincidência de ruptura e riscos associados à cirurgia.
O tratamento conservador atual de rupturas do tendão de
Aqui les envolve órtese funcional e um protocolo de reabilitação
agressiva que torna possível mobilidade precoce (Tabela 48-2). As
sugestões de critérios com base em ultrassom para a escolha do
tratamento conservador incluem: (1) distância de menos de 5 mm
com flexão plantar máxima, (2) distância de menos de 10 mm com
o pé em posição neutra, e (3) mais de 75% de aposição do tendão
com o pé em 20 graus de flexão plantar.
Historicamente, o tratamento cirúrgico tem demonstrado
apresentar urna taxa de reincidência de ruptura significativamente
menor que o tratamento não cirúrgico, mas também está associado
0@11;@&1 Teste de Matles para ruptura do tendão de
a urna maior taxa de complicação.
Aquiles. Se o pé cair em neutro ou em leve dorsiflexão com esta
Comparações mais recentes, no entanto, mostram menor dife-
manobra, é bem provável que o tendão de Aquiles esteja rompido.
rença nas taxas de reincidência de ruptura, nas taxas de outras
complicações e resultados funcionais, talvez pelo aperfeiçoamento
das técnicas cirúrgicas que diminuíram a frequência de complica-
cruzada de colágeno resultam no aumento da rigidez e na perda ções pós-operatórias e do uso de órtese funcional e reabilitação
de viscoelasticidade, predispondo a lesões. Microtraumas de repe- agressiva que melhoraram as taxas e a função de reincidência de
tição nessa área podem tornar impossível a manutenção do ritmo ruptura após o tratamento conservador. Urna revisão da literatura
do processo reparador, e um desgaste degenerativo poderia ser res- publicada até 2004 determinou urna taxa de reincidência de ruptura
ponsável por muitas rupturas do tendão de Aquiles. Outra teoria de 2,4% com órtese funcional e urna taxa de reincidência de ruptura de
para a causa da ruptura do tendão de Aqu iles é a incapacidade de 3,5% com tratamento cirúrgico.
inibir mecanismos na unidade rnusculotendinosa corno resultado Independentemente do tratamento, de 30% a 50% dos pacientes
da fadiga, com sobrecarga excêntrica resultante. A ca usa da ruptura relatam limitações funcionais, incluindo dor, força reduzida e diminui-
do tendão de Aquil es provavelmente é urna combinação de uma ção da amplitude de movin1ento, de 1 a 5 anos após a lesão. Um estudo
área relativamente hipovascular e microtraurnas repetitivos que de 31 jogadores da Liga de Futebol Norte-Americano (NFL) que tinham
provocam um processo reparador inflamatório incapa z de manter- uma ruptura aguda do tendão de Aquiles descobriu que apenas 21 deles
se com as tensões devido à diminuição da vascu larização. A sobre- (64%) voltaram a jogar em urna média de 11 meses após a lesão, e todos
carga mecânica completa a ruptura. os 21 apresentaram reduções significativas no número de partidas
jogadas e em sua potência em comparação com as três temporadas
• AVALIAÇÃO CLÍNICA anteriores à lesão. Apesar da persistência de déficits funcionais e níveis
O diagnóstico de ruptura do tendão de Aquiles é feito de maneira de atividade mais baixos, na maioria das populações de pacientes, os
con fiável através de um defeito palpável no tendão, da incapacidade resultados relatados por eles são relativamente bons, sugerindo que eles
de elevar-se na p onta do pé no lado afetado, e do teste de Thompson, aprendem a se adaptar a quaisquer deficiências.
que é realizado fazendo uma compressão do músculo da panturrilha As contraindicações para a correção cirúrgica de rupturas do
distalmente à sua circunferência máxima enquanto o paciente está tendão Aquiles incluem insuficiência arte ri al, má qualidade da pele e
propenso a provocar a flexão plantar da articulação do tornozelo. O dos tecidos moles, comorbidades médicas mal controladas (p. ex.,
teste é positivo para ruptura completa quando não houver nenhuma diabetes) e urna incapacidade de respeitar os protocolos de reabilita-
flexão plantar do tornozelo. Outro teste que pode ser benéfico é o ção pós-operatória. A idade avançada por si só não é uma contrain-
teste descrito por Matles. O paciente é colocado em decúbito ventral dicação para correção cirúrgica; bons resultados foram relatados com
com as pernas estendendo-se para fora da carna, e é solicitado a técnicas de reparo aberto e percutân eo em pacientes mais velhos.
flexionar os joelhos ativamente a 90 graus. A flexão ativa do joelho
deve fazer com que o gastrocnêrnio encurte, causando a flexão • RUPTURA AGUDA
plantar do pé. Se o pé cair em neutro ou com leve dorsiflexão, é Uma variedade de técnicas e modificações foi descrita para a repa-
bem provável que o tendão de Aquiles seja rompido (Fig. 48- 13). ração de rupturas agudas do tendão de Aquiles, incluindo reparação
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTI COS


de Bunnell, Kessler e Krackow (Locking Loop) e várias outras modi-
_ fl_uoroquinolonas,
48 3 ficações dessas técnicas. Embora os proponentes sugiram benefícios
cort1costero1des
para modificações variadas, n enhuma deles tem provado com efici-
Força da Recomendação: Consenso ência ser superior. Um estudo recente em cadáveres não encontrou
• O exame físico deve incluir dois ou mais dos seg uintes nenhuma diferença de fo rça entre as suturas de Krackow, Bunnell e
testes para estabelecer o diagnóstico da ruptura aguda Kessler quando todas foram realizadas com uma técnica de sutura
do tendão de Aqu iles : dupla. Um estudo de acompanhamento de longo prazo (12 anos)
•Teste de Thompson (teste de aperto de Simmonds) relatou que a cola de fibrina produziu resultados funcionais iguais
• Diminui ção da força de flexão plantar do tornozelo aos obtidos com suturas, com menos complicações.
• Presença de um defeito palpável (GAP, perda do con- Os reparos de rupturas agudas do tendão de Aquiles têm sido
torno) reforçados com retalho invertido da fáscia, tendões plantar delgado
•Aumento da dorsiflexão passiva com manipu lação suave e fibular curto e moldes biológicos ou sintéticos. Dois grandes
• O tratamento cirúrg ico deve se r abordado com mais estudos não descobriram n enhum benefício dos retalhos invertidos
cautela em pacientes com diabetes, neuropatia, imuno- em relação à reparação de uma extremidade à o utra, observando
comprometidos, idade superior a 65 anos, uso de tabaco, que o reforço precisava de uma incisão e um tempo de operação
sedentarismo, obesidade (índice de massa corporal > 30), maiores. Há relatos de que xe noenxertos de matriz extracelular
doença vascu lar periférica ou doenças dermato lógicas diminuem as alterações repentinas e aumentam a carga de falha
loca is/sistémi cas. imed iatamente após a cirurgia em modelos cadavéricos de ruptura
do tendão de Aquiles, bem como em estudos em animais; no entanto,
Força da Recomendação: Moderada esses benefícios n ão foram clinicamente comprovados.
• Sustentação de peso (inclusive limitando a dorsiflexão) Outra abordagem de tratamento "biológica" envolve o uso de
protegida no pós-operatório precoce (s 2 semanas) para plasma r ico em plaquetas (PRP) injetado na área de ruptura do
pacientes com ruptura do t end ão de Aqui les que foram tendão para rec rutar, teoricamente, fa tores de crescim ento das pla-
tratados cirurgicament e quetas e promover um a rápida cicatrização do tendão. Estudos em
• Uso de um dispositivo de proteção que permita a mobi- an imais mostraram que a aplicação local de PRP estimula a repa-
lização de 2 a 4 semanas de pós-operatóri o ração do tendão, e estudos de cultura celular têm demonstrado que
Força da Recomendação: Fraca o PRP pode estimular processos associados à cicatrização do tendão.
•Trat amento conserva dor como uma opção para pacientes No entanto, dois estudos clínicos sobre o uso de PRP na reparação
com ruptura aguda do tendão de Aqui les aberta de lesões agudas do tend ão de Aquiles chegaram a conclu-
•Técnicas abertas, minimamente invasivas e percutâneas sões opostas - um relatan do uma recuperação mais rápid a do
como opções para o tratamento de pacientes com ruptura movimento e um retorno mais rápido aos esportes com PRP e o
ag ud a do tendão de Aqui les outro n ão relatando nenhum efeito sobre a função e sugerindo que
• Em pacientes que participam de esportes a opção de voltar o PRP pode realmente ter um efeito n egativo sobre a cicatrização
à prática esportiva dentro de 3 a 6 meses após o trata- do tendão. Até os m étodos de preparação e entrega, bem como a
mento cirúrg ico para ruptura aguda do tendão de Aqu iles seleção dos pacientes, são mais padronizados, e é difícil determinar
o efeito do PRP na cicatri zação do tendão.
Força de Recomendação: Inconclusiva
• Uso rotineiro de RM, ultrassom e radiografia para confir-
mar o diagnóstico de rupt ura aguda do tendão de Aqu iles ABERTA DA RUPTURA
• Uso de órtese fun ciona l imediata como tratamento con- DO TENDAO DE AQUILES
servador para pacientes com ruptura aguda do tendão de
A reparação aberta de rupturas agudas do tendão de Aqui les
Aquiles
contin ua a ser o "padrão de ou ro " do tratamento cirúrgico,
• Imobi lização pré-operatóri a ou sustentação restrita de
especialmente pa ra indivíduos atléticos, devido à histórica
peso antes do tratamento cirúrgico da ruptura aguda do
ba ixa taxa de reincidência de rupturas, alta taxa de retorno
t endão de Aqui les
ao esporte e diminuição da taxa de complicação com técn i-
• O uso de aloenxerto, autoenxerto, xenoen xerto, tecidos
cas mais recentes. Os defensores da reparação aberta argu-
sintéticos ou adjuntos biológicos em rupturas ag udas do
mentam que as lesões do tendão de Aquiles mu itas vezes
tendão de Aqu iles que são tratadas cirurgicamente
resultam em rasgos orientados obliq uamente complexos
• Uso de tratamento antitrombótico para pacientes com
que não podem ser adequadamente apostos e reparados
ruptu ra ag uda do tendão de Aqui les
com técn icas percutâneas ou minimamente invasivas.
• Fisioterapia pós-opera tóri a para pacientes com ruptura
aguda do tendão de Aq uiles
TÉCNICA
Modificado de Ch ido CP, Glazebrook M, Bluman EM, et ai: American Academy
• Com o paciente em decúbito dorsal, faça uma incisão longi-
of Orthopaed ic Surgeons clinicai practice guide line on treatment of Achilles
tudinal posteromedial de 1O a 15 cm de comprimento;
tendon rupture, J Bane Joint Surg 92A:2466, 201O.
faça-a 1 cm medial à borda medial do tendão e termine-a
distalmente onde a quina do sapato encontra o calcanhar. A
aberta, com ou sem reforço (transferência do tendão, abertura da incisão na pele deve ser fora do centro para evitar a irritação
membran a fibrosa, aloenxertos), e reparação percutân ea ou mini- pelos sapatos diretamente sobre o tendão na linha média.
mamente invasiva, com o u sem o uso de um dispositivo ou endos- •Continue com a incisão através da pele, pelo tecido sub-
copia. Além disso, vários materiais de sutura e configurações têm cutâneo e da bainha do t endão. )
sido utili zados para a reparação, incluindo técnicas simples e duplas
lllDD PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

... 48
:i it Pro_tocolo
apos Reparaçao Clrurg1ca
Conservador da Ruptura do Tendão de Aquiles e Reabilitação

0-2 semanas Tala posterior; sem sustentação de peso com muletas (no pós-operatório imediato ou após a lesão)
2-4 semanas Bota imobilizadora para deambula ção com eleva ção do calcanhar de 2 cm *
Sustentação de peso protegia com muletas
Flexão plantar ativa e dorsiflexão até a posição neutra, inversão/eversão abai xo da posição neutra
Recursos para controlar o edema
Modalidades de mobilização da incisãot (p. ex., terapia manual, ultrassom, alongamento)
Exercícios de joelho/quadril sem envolvimento do tornozelo (p. ex., elevações da perna da posição
sentada, decúbito dorsal ou decúbito lateral)
Exercícios de aeróbicos/cardiovasculares sem sustentação de peso (p. ex.: andar de bicicleta com uma
perna, correr em águas profundas)
Hidroterapia (com limitações do movimento e de sustentação de peso)
4-6 semanas Sustentação de peso conforme tolerado *
Continuar as atividades conforme mencionado
6-8 semanas Remover a palmilha para elevação do calcanhar da bota
Sustentação de peso conforme tolerado *
Alongamento em dorsiflexão, lentamente
Exercícios de resistência graduais (cadeia cinética aberta e fechada, atividades funcionais)
Treinamento de marcha e propriocepção
Modalidades, incluindo gelo, calor e ultrassom, conforme indicado
Mobilização de incisãot
Exercícios aeróbicos/cardiovasculares, incluindo sustentação de peso conforme tolerado (p. ex., andar
de bicicleta , transport, andar e/ou correr em esteira elétrica, stairs)
Hidroterapia
8-12 semanas Retirar a bota
Retornar ao uso de muletas e/ou bengala, conforme necessário e interromper seu uso gradativamente
Progressão contínua da amplitude de movimento, força, propriocepção
> 12 semanas Progressão contínua da amplitude de movimento, força, propriocepção
Retreinar a força, potência, resistência
Aumentar o exercício dinâmico de sustentação de peso, incluir o treinamento pliométrico
Treinamento específico de esportes
*Os pacientes são orientados a usar a bota enquanto dormem; ela pode ser removida para tomar banho e se vestir, mas restrições de sustentação de peso
devem ser observadas.
' Se considerado necessário pelo fisioterapeuta (cicatriz aderida ou não se movendo bem)
(Modificado de Willits K, Amendola A, Bryant D, et ai: Operative versus nonoperative treatment of acute Achilles tendon ruptures: a multicenter randomi-
zed triai using accelerated functional rehabilitation, J Bane Joint Surg 92A:2767, 201 O.)

OC§li;J.'1BID Técnica de reparo do


tendão de Aquiles. VEJA A TÉCNICA 48-7.
CAPÍTU LO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTI COS

• Rebata a bainha do tendão com o tecido subcutâneo,


)
minim izando a dissecção subcutânea.
•Aproxime as extremidades romp idas do tendão com
sutura de tensão não absorvível nº 5, utilizando um ponto
Kessler modificado através do coto a 2,5 cm da ruptura.
Flexione o pé plantarmente de O a 5 graus, flex ione o
joelho a 15 graus, e aproxime as extremidades do tendão
amarrando a sutura de tensão.
•Utilize um extrator de tendão (tendon striper) e retire o
tendão plantar delgado, li berando-o proxima lmente.
Separe-o em uma compressa úm ida.
• Coloque as extrem idades esga rçadas do tendão na posição
mais normal possível, e repare a ruptura com suturas
absorvíveis mú ltiplas 2-0 anterior e posteriormente.
•Coloque o tendão planta r de lgado separado anterior-
mente em uma agulha fascia l, e passe-o circunferencial -
mente, primeiro através do posterior e, em seguida, da
parte anterior do tendão a 2 cm da ruptura.
•Util ize suturas absorvíveis 2-0 para fixar o tendão plantar
de lgado no tendão de Aqui les. O tendão distal gera l-
mente é longo o bastante para ser espa lhado e suturado h!êiii@&9 Técni ca de sutura de Krackow pa ra rupt ura do
sobre a área reparada, conforme descrito por Lynn . tendão de Aqui les . VEJA A TÉCNICA 48-8.
• Feche a bainha do tendão e os tecidos subcutâneos com
suturas absorvíveis 2-0.
• Feche a pele e aplique curativo estéri l sobre a ferida.
•Apl ique uma bota gessada com o pé em equino gravi-
tacion al.

ABERTA DA RUPTURA
DO TENDAO DE AQUILES -
KRACKOW ET AL.
TÉCNICA
•Com o paciente em decúbito dorsal, faça uma incisão
posteromedia l de aproximadamente 1O cm de compri -
mento distante 1 cm medial ao tendão, e termine-a dis-
talmente onde a borda do sapato encontra o ca lcanhar.
•Continue com a dissecção através da pele, do tecido
subcutâneo e da ba inha do tendão .
•Rebata a bainha do tendão com o tecido subcutâneo,
minimizando a dissecção subcutânea.
•Aproxime as extremidades ro mpidas do tendão com uma
sutura não absorvível 2-0 (Fig. 48-1 5)
•Verifique a estabi li dade do reparo após as suturas serem
amarradas. mma· . . Técn ica de Li nd ho lm para o reparo de rupturas
• Feche o peritendão e os tecidos subcutâneos com suturas do t endão de Aqui les. VEJA A TÉCNICA 48-9.
absorvíveis 4-0.
•Feche a pele e aplique um curat ivo estéril e uma ta la bota
ou uma bota gessada com o pé em equino gravitacional.
• Faça uma incisão na li nha média do peritendão, e exponha
a ruptura do tendão.
•Regu larize as bordas esgarçadas do tendão, e aponha os
REPAl!AÇÃO ABERTA DA RUPTURA DO cotos com uma sutura de co lchoeiro (matress suture) de
TENDAO DE AQUILES - LINDHOLM materia l não absorvível ou arame; utilize também suturas
finas interromp idas (Fig. 48-16).
TÉCNICA •Forme dois retalhos do tendão proxima l e da aponeurose
do gastrocnêm io, cada um com ap roximadame nte 1 cm
•Com o paciente em decúbito dorsa l, faça uma incisão de largura e de 7 a 8 cm de comprimento. Deixe os
posterior curvi línea que se pro longa do meio da pantur- reta lhos fixados em um ponto a 3 cm proximalmente do
ri lha até o calcâneo. local da ruptura. )
Em> PARTE XIII MEDI CINA ESPORTIVA

• Gire cada retalho 180 graus sobre si mesmo de modo que


)
sua superfície extern a lisa f ique próxima ao tecido subcut â-
neo conforme ele é girado dista lmente sobre a ru ptura .
• Sut ure cada reta lh o no coto dista l do tendão e a outro,
de modo que eles cubram o local da ruptura comp leta-
mente.
• Feche a fer ida, t oma ndo cuidado pa ra aproximar a bain ha
do t endão sobre o loca l do reparo .

ABERTA DA RUPTURA
DO TENDAO DE AQUILES - LYNN
Lynn descreveu um método de repara ção de ruptu ras do
t endão de Aqu il es em que o tendão plantar delgado é
aberto para fora para faze r um a membrana de 2,5 cm ou
mais ampl a para reforça r a reparação . O método é úti l pa ra A
as lesões com me nos de 1O dias; depois, o te ndão plantar
delgado f ica incorporado no tecido cicatricial e não pode
ser faci lment e identificado.

TÉCNICA
• Faça uma incisão de 12, 5 a 17,5 cm de comprimento
para lela à borda med ial do tendão de Aqui les .
• Abra a ba inha do t endão na li nha média e, com o pé f ixo
em 20 graus de fl exão planta r e sem retira r as bord as
irreg ulares, suture as extremidades do te ndão de Aquiles
junta mente com sutu ras absorvíveis 2-0 .
• Se o tendão plant ar estiver intacto (Fi g. 48- 17 A), divida
sua inserção no ca lcâ neo; em segu ida, utili zando uma
pinça e começando dist almente, abra o tendão para
forma r uma membrana .
• Coloque esta membrana sobre a reparação do tendão de
Aquiles e suture-a no local com suturas interrompidas
(Fig . 48-178). Quando possível , cubra o tendão de Aqui les B
2,5 cm t anto proximal quanto distalmente ao reparo .
• Se o te ndão planta r delgado também fo r romp id o, disse- iâ[riil;t!imlf.I Técnica Lynn para o reparo de ruptura aguda do
qu e-o do tendão de Aquiles por vários ce ntímet ros e tendão de Aqu iles. A, Tendão de Aquiles rompido foi suturado,
libere-o proxim amente, utili za ndo um extrato r de tend ão e o tendão plantar de lgado fo i dividido distalmente e é espa-
(tendon striper). lhado para fora para formar membrana . B, O tend ão plantar
•E m seg uida, puxe o tendão distalmente na incisão, espa-
espalhado é colocado sobre o reparo do tendão de Aqui les e
lhe-o como um enxerto livre e cubra o reparo conforme
suturado no local. VEJA A TÉCN ICA 48-10.
já descrito.
•Feche a bainha do tendão de Aqu iles estendendo-se o
mais dist al mente possível sem tensão e, em segu ida,
feche a feri da.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados no pós-ope- • Solte o tendão f ibular cu rto da sua inserção através de
rató ri o são os mesmos utilizados após o t rata mento da uma peq uena in cisão na base do quinto metat arso .
rupt ura aguda do tendão de Aqu iles (Técnica 48-11 ). •Libere o septo aponeu rótico, separando os compartimen-
t os lat eral e poste rio r, e pu xe o fi bular curto li berado para
prime ira in cisão .
•Disseque a t uberosidade do ca lcâ neo, e fa ça um f uro
ABERTA DA RUPTURA largo o bastante pa ra a passagem do ten dão através do
DO TENDAO DE AQUILES - TEUFFER diâmetro transversa l do osso.
•Passe o tendão fibular curto através deste furo e volte
, TÉCNICA lmlm___ proximalmente ao lado do tendão de Aquiles, reforçando
o loca l da ruptura e suture-o no própri o t endão fibular
•Expo nha o tendão de Aquiles e a t uberosidade do calcâ - curto, produzindo um circui to dinâm ico (Fig . 48-1 8).
neo at ravés de uma incisão longitud inal posterolatera l. Tu rco e Sp inella descreveram uma modificaçã o na qual
•I de ntifique e prot eja o nervo sura l na pa rte proximal da o tendão f ibular curto é passado através de uma fenda
f erid a. no cot o dista l do te ndão de Aqu iles. O enxerto é sut urado
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

Tend ão de \
Tendão de Tendão
Aquiles---
fibular
curto

O@ii;J.!ElJEI Sutura em laça da dinâmica do t endão fibul ar O!ijll;MDD Modificação de Turco e Spinella . O tendão fibular
curto sobre si mesmo, quando a sutura terminoterminal não é curto é passado através da f enda do plano médio coronal, no coto
possível. VEJA A TÉCNICA 48-11 . distal do tendão de Aquiles, e é suturado ao coto e ao tendão.
VEJA A TÉCNICA 48-11.

medial e lateralmente ao coto e proximalmente ao tendão


com várias suturas interrompidas para evitar a divisão do REPARAÇJ\O MINIMAMENTE INVASIVA
coto do tendão distal (Fig. 48-19). Essa modificação pode E PERCUTANEA DA RUPTURA AGUDA
ser benéfica se houver um coto distal longo.
DO TENDÃO DE AQUILES
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em Diversas técnicas t êm sido desenvolvidas para possibilita r a
2 semanas, a lesão é inspecionada, e os grampos ou reparação através de incisões menores, para acelerar a
suturas são removidos, a menos que suturas subcuticulares recuperação e minimizar as complicações, especialmente a
tenham sido utilizadas para o fechamento da lesão. Oca- infecção e os danos no nervo sural. Devido ao risco das
sionalmente, mais uma semana é necessária para a cicatri- lesões do nervo sura l com sutura "cega" do tendão,
zação adequada da lesão antes que as sutu ras sejam algumas dessas técni cas uti lizam múltipl as incisões (p. ex. ,
removidas. Outro gesso curto para a perna com o pé técnica de três incisões), endoscopia ou dispositivos espe-
em equino gravitacional é utilizado por mais 2 semanas. cialmente projetados.
Em 4 semanas, o gesso será novamente trocado e o pé Comparações de reparações abertas com técnicas mini-
será gradualmente trazido para a posição plantígrada durante mamente invasivas ou percutâneas têm mostrado result a-
as próximas 2 semanas. O paciente poderá andar com sus- dos funcionais comparáveis aos obtidos com reparação
tentação de peso parcial e apoiado em muletas durante aberta, mas com menos compl icações, sem aumento de
um período de 2 semanas. Entre 6 a 8 semanas, um gesso risco aparente de nova ruptura e melhores resultados esté-
curto para a perna é aplicado com o pé plantígrado e é ticos. As desvantagens cita das com relação às técnicas
permitida a sustentação total de peso. Alternativamente, minimamente invasivas incluem o risco de lesão do nervo
uma cinta removível possibilitando apenas a flexão plantar sural, a não aposição ou mau alinhamento das extremida-
pode ser utilizada da quarta até a sexta semana após a des do tendão, além de uma repara ção realizada com
cirurgia. São iniciados exercícios leves de amplitude de movi- menor resistênc ia. Em um estudo com 2 11 pacientes com
mento ativa por 20 minutos, duas vezes por dia. Exercícios repara ções minimamente invasivas, a lesão do nervo sura l
isométricos do tornozelo, juntamente com o programa de ocorreu em 41 (19 %) e novas ruptura s em 17 (8%).
fortalecimento do joelho e quadril, podem ser instituídos.
Exercícios de levantamento dos dedos do pé, de resistência TÉCNICA
progressiva e propri oceptivo, juntamente com um programa
geral de alongamento, constitu em o terceiro estág io da (MA E GRIFFITH)
reabilitação. Em pacientes confiáveis e bem supervisionados,
com bons reparos de tecido, este programa pode ser ace- •Na sala de cirurgia, após apl icar a anestesia local, regional
lerado com o uso, logo no início, de órteses para interromper ou geral no paciente, e com a extremidade preparada
a dorsiflexão e com exercícios de amplitude de movimento para a cirurgia aberta, sinta o local do defeito no tendão
ativa. O retorno à atividade irrestrita e completa geralmente e faça pequenas incisões em cada lado do tendão de
requer pelo menos 6 meses ou mais. Aqui les, a 2,5 cm da ruptura. )
- PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

foi feita a pu nção na pele da mesma form a que o passo


anterior (Fig . 48-20, Passos 5 e 6)
• Utilizando uma agulha curva, passe a sutura pela ferida ope-
ratória mais distal do lado medial, saindo pela ferida média,
no mesmo lado do tendão rompido (Fig . 48-20, Passo 7).
•Com o tornozelo mantido em equino, ap li que tensão à
sutura de forma cru zada , e junte as extremidades do
tendão; amarre a sutura nessa posição e, com uma
pequena pinça hemostática, empurre o nó para um plano
profundo (Fig. 48-20, Passos 8 e 9).
2 3
•N ão é necessá ri o suturar a pele. Aplique um curativo
est éril nas lesões da incisão, e também uma bota gessada
na posição de equino gravitacional.

CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO O gesso curto para perna


é utilizado sem sustentação de peso por 4 semanas e,
durante esse temp o, outro gesso curto e de sa lto baixo
(com o pé em posição equina) também é aplicado. Na
oitava sema na, o gesso é removido e é ini ciado um pro-
gram a de terapia com exercícios para os múscul os gas-
trocn êmio e sóleo para elevar o calcan ha r/dedos do pé.
4 5 6 O paciente, gradua lm ente, tem o pé levado para uma
posição neutra durante um período de 4 semanas. Em
seguida, ele iniciará os exe rcícios para alongar o tendão
do calcâneo por mais 4 sema nas.

• RUPTURA CRÔNICA
A definição de uma ruptura "crônica" tem variado entre aqueles que
tiveram as lesões diagnosticadas e tratadas após mais de 48 horas e
aqueles que foram tratados até 2 meses após a lesão. Parece haver certo
consenso de que uma ruptura diagnosticada entre 4 a 6 semanas após
Equino ..Y- a lesão deverá ser considerada urna ruptura crônica, e que estas são
7 8 9
mais difíceis de tratar que as lesões agudas. Após uma semana da
ruptura do tendão de Aquiles, qualquer espaço entre as extremidades
do tendão é preenchido com tecido cicatricial. Se não for tratada, o
tendão é cicatrizado de forma alongada, deixando o paciente com
limitação da realização do movimento de flexão plantar contra resis-
) •Utilize uma pequena pin ça hemost ática para soltar a tência no lado afetado. Atividades como correr, saltar e subir ou descer
bainha do tendão subjacente do tecido subcutâneo; escadas ficam gravemente comprometidas. A atrofia da panturrilha
passe uma sutura não absorvível nº O ou nº 1 em uma geralmente está presente, o tendão de Aquiles frequentemente perde
agu lha de forma direta, a partir da lesão da incisão aberta o seu contorno normal e um defeito visível no tendão também pode
lateral através do corpo do tendão, e sa indo na lesão da estar presente. A RM pode ser útil para estimar a distância entre as
incisão media l (Fig. 48-20, Passo 1) extremidades rompidas do tendão (Fig. 48-21 ). As rupturas crôni cas
•Com uma ag ulh a reta passada em ca da uma das extre- aparecem como uma área de sinal de baixa intensidade em imagens
midades da sutura , cruze as agulhas no interior do corpo ponderadas em Tl e com alteração de sinal em T2.
do tend ão e perfure a pele imediatamente dista l ao local Se houver dor local, edema ou limitação funcional, indica-se a
da ruptura do tendão; amplie os locais de sa ída da agulha realização de urna reconstrução ou reparação posterior. Em ad ultos
com um bisturi (Fig. 48-20, Passo 2), e puxe a sutura mais ativos, é preferível realizar a reparação, mas geralmente isso não
tota lmente através da in cisão; fixe a sutura dentro da é possível. Para rupturas que ocorreram há mais de 3 meses, o trata-
porção proximal do tendão rompido. mento dep ende dos seguintes fato res: idade, nível de atividade e grau
•Com a sutura latera l já inserida em uma ag ulha curva, de comprometimento funcional. Várias técnicas têm sido descritas
passe a sutura de volta, através da lesão da última incisão, para a reconstrução de um a ruptura do tendão de Aquiles negligen-
para sair quase na posição central do coto distal do ciada (Q uadro 48-4). Se o rompimento for inferior a 3 cm após o
tendão rompido na face latera l (Fi g. 48-20, Passo 3). desbridamento e a lesão tiver ocorrido a menos de 3 meses, a repara-
Amplie o furo com um bisturi antes de puxar a sutura. ção direta muitas vezes é possível. Se, no entanto, a ruptura do tendão
•Util ize uma pinça hemostática para soltar o tecido sub- for superior a 3 cm (casos mais comuns), devem ser utilizadas técnicas
cutâneo da ba inha do tendão subjacente (Fig . 48-20, adicionais, tais como a transferência de tecido local, o reforço com
Passo 4). outras estruturas, tecidos si ntéticos e aloenxertos.
•Utili zando uma agu lha reta, passe a sutura latera l através A plastia em V-Y (Técnica 48- 17) e a fáscia do tríceps sural
do corpo do coto distal do tendão; amp lie a lesão na qual inferior (Técnica 48- 16) podem ser utilizadas para reforço e trans-
ferências locais de tendão (flexor longo do hálux, flexor longo dos
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

descri tas para transfe rências de tendão, mas há poucos relatos sobre
QUADRO 48 _4 Técnicas par? de os seus resulta dos em longo prazo. Maffulli et ai. descreveram uma
Rupturas Cronicas do Tendao de técnica "menos invasiva" para a transferência do tendão fibu lar curto
Aquiles através de duas incisões em linha paramediana e recomendaram esta
técnica para os espaços do tendão com menos de 6 cm.
• Reparo primário (raro)
• Reforço
• Enxerto livre do tendão e fáscia TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO FIBULAR
Fáscia lata CURTO PARA RUPTURAS _
Doação de tendões (tendão semitendíneo, fibular, NEGLIGENCIADAS DO TENDAO DE
grácil e tendão patelar) AQUILES
•Avanço da fáscia
Plastia em V-Y TÉCNICA
Rotação de enxerto da fásc ia do gastrocnêmio-sóleo
inferiormente (MAFFULLI ET AL.)
• Transferência loca l do tendão
Flexor longo do há lux •Faça uma incisão proxima l longitudinal de 5 cm e 2 cm
Flexor longo dos dedos mediaimente à extremidade pa lpável do coto proximal.
Tendão fibular cu rto • Faça uma segunda incisão long itudina l de 3 cm de com -
Tendão fibular longo primento distalmente à lesão, a 2 cm lateral à margem
Plantar delgado lateral do coto distal (Fig. 48-22A). Tenha cu idado para
Tibial posterior evitar lesões no nervo sural. Para isso, faça a incisão o mais
próximo possível do aspecto anterior da borda latera l do
• Reforço sintético ou por aloenxerto
tendão de Aquiles (posteriormente ao nervo sural).
• Filamentos de poliglicol
•Faça uma incisão long itudina l de 2 cm na base da quinta
• Tela de Marlex
metata rsa 1.
• Enxerto vascu lar de Dacron
• Mobilize o coto do tendão de Aqu iles dista l, liberando
• Fibra de carbono
todas as aderências peritendíneas, especialmente em seu
• Aloenxerto tendíneo
aspecto lateral. Resseque a extremidade do tendão rompido
Modificado de Coughlin MJ, Schon LC: Disorders of tendons. ln Coughlin MJ, até atingir o tendão saudável e aplique uma sutura para
Mann RA, Saltzman CL, editors: Surgery of the foot and ank/e, ed 8, Philadel- bloquear (Vicryl nº 1) ao longo da borda livre do tendão e,
phia, 2007, Elsevier. por consequência, imped ir a separação dos feixes.
• Mobilize o coto do tendão proximal através da incisão proxi-
mal, libere quaisquer aderências e solte os tecidos moles da
dedos, tendão fibular curto e longo, e plantar delgado) podem ser região anterior ao tríceps sural, para possibilitar a excursão
uti lizados para preencher defeitos maiores (Tabela 48-3). Técnicas máxima e minimizar a distância entre os cotos do tendão. )
m inimamente invasivas e endoscopicamente assistidas têm sido
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• TENDÃO
48 - 3

Fibular curto
Comparação dos Tendões para a Transferência Tendinosa no Tratamento de Ruptura
Crônica do Tendão de Aquiles

FORÇA
COMPARADA
AO CSG
18 vezes
VANTAGENS
Em fase com o CSG durante marcha
PROBLEMAS
Perda de força de eversão
mais fraco normal A transposição de lateral para medial do
Compartilhou o papel como extensor enxerto não reproduz a inversão normal
plantar do tornozelo realizada pelo tendão de Aquiles
Relativamente próximo ao tendão de Lesão do nervo sural durante a retirada
Aquiles, mas em um compartimento do enxerto
muscular separado
Flexor longo dos 27 vezes Em fase com o CSG em marcha normal Déficit de flexão dos dedos do pé
dedos mais fraco Compartilha o papel como extensor Deformidades menores dos dedos
plantar do tornozelo Lesão do nervo ou artéria durante a
Relativamente próximo ao tendão de retirada do enxerto
Aquiles
Flexor longo do 13 vezes Em fase com o CSG em marcha Perda de força durante a fase de
hálux mais fraco Participa da flexão plantar do tornozelo desprendimento da marcha
Mais próximo do tendão de Aquiles Deformidade em garra do hálux
Metatarsalgia de transferência
Lesão do nervo ou artéria durante a
retirada do en xerto
GSC: complexo sóleo-gastrocnêmio.

sutura pa ra reparar a ext rem idade do te ndão antes de


soltá-l o da base metata rsal .
• Através da incisão distal sobre o t endão de Aqu iles, faça
uma incisão na fáscia profunda recobrindo o comparti-
mento muscula r f ibu lar e identifique o tendão f ibu lar
curto na base da incisão. Retire o tendão fi bular cu rto
através da incisão distal; traves tendinosas entre os dois
tendões fibulares dista lmente podem exigir grande força
para que o tendão seja retirado .
• Mobilize a parte muscu lar do fibular curto proximal mente
para aumenta r a sua excursão .
• Real ize uma tenotomia long itud ina l paralela às f ibras do
tendão, em am bos os cotos do tendão.
•Utili ze uma pinça pa ra desenvolver um plano, da part e
lat eral para a medi al, dist alm ente ao coto do tend ão de
Aqu il es, e passe o enxerto do te ndão fibul ar curto através
da t enotomi a.
• Com o torn ozelo em fl exão plantar máxima, suture o
t endão f ibular cu rt o para ambos os lados do coto dista l.
•Passe o tendão fib ular curto por baixo da ponte da pele
intacta para a incisão proxima l e, em seg uida, a parti r da
parte medial para a lateral, através da te not omia tra ns-
versa l no coto proxima l, e prenda-o com sut uras.
• Suture o te ndão f ibular curto de volta sobre si mesmo na
face lateral da incisão proxima l (Fig . 48-22 B).
•Feche as incisões de manei ra pad rão e aplique um gesso
A de f ibra de vidro removível previamente prepa rado com
B
o pé em máxima posição equ ina .

Ol§ihfiiEl!a Transferência do te nd ão f ibular curto para CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação de carga


ru ptura crônica do t en dão de Aquil es. A, Incisões long itudin ais. na cabeça dos metatarsos com uso de muletas é permitido
B, Tra nsferê nci a completa . VEJA A TÉCNICA 48-13.
conforme o tolerável. A flexã o e a extensão ativa do
hálux e dos outros dedos são incentivadas, assim como
•Flexione plantarmente o tornozelo e meça a distância os exercícios isométricos dos músculos da panturri lha e
)
entre as duas extremidades do tendão . Se ela estiver dos dedos dos pés. Na segunda semana, a parte de t rás
aba ixo de 6 cm, o tendão fibu lar curto pode ser uti lizado do gesso é removida e tem início a f isioterapia com foco
para preencher essa lacuna. na propriocepção, na fl exão, inversão e eversão plantar,
•Ident ifique o t endão f ibul ar curto através de uma incisão com a parte da fre nte do gesso mantida para evit ar a
na borda lateral do pé. Exponha o tendão e coloque uma dorsiflexão do torn ozelo. A sustentação t ota l de peso é
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

permitida com a parte da frente mantida no lu gar; no


entanto, devido a dificuldades de equi líbrio, isso raramente
é possível e a maioria dos pacientes ainda precisa do apoio
de uma única mu leta com apoio para o cotovelo. A parte

I
da frente do gesso é removida após 6 semanas de fisiote-
rapia. Os pacientes gera lmente retomam a estabi lidade do
tornozelo durante as próximas 2 a 3 semanas.

REPARO DIRETO DE RUPTURAS


NEGLIGENCIADAS
TÉCNICA
Tendão

Aquiles
\
d e - --, f
•Faça uma incisão curvilínea e posteromedial, estendendo
proxima lmente o necessário para a mobilização do tendão.
• Solte os músculos gastrocnêmio e sóleo individualmente na
reg ião proximal da perna, com combinações de dissecção e
raspagem para fornecer uma mobi lização adicional.
•Resseque a ma ior parte do tecido cicatricial, e faça o
reparo conforme descrito para as rupturas agudas, através A
de suturas de tensão e de reforço com o tendão plantar.
•Mantenha o joelho flexionado e o pé em posição equina h@IJ;Mml!'I Técnica para a ruptura crônica do tend ão de
durante a reparação, para alivia r a tensão. Aq uil es. A, Exposição do tendão de A quiles e da tuberosidade
através de uma incisão posterolateral. O tendão fibular curto é
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado no pós- ope- passado através de um túnel na tuberosidade e é suturado ao
ratório é o mesmo descrito para a pós-reparação de uma tendão de Aqu il es. B, O tend ão plantar delgado é passado através
ruptura aguda do tendão de Aqu il es (Técnica 48-11 ). das extremidades rompidas do tend ão. VEJA A TÉCNICA 48-15.

para a anterior, através das extrem idades rompidas do


REPARAÇÃO DIRETA DE RUPTURAS tendão (Fig. 48-23B)
•Deixe quantidade suficiente do tendão para ser rebatido
NEGLIGENCIADAS - WHITE E sobre a parte dista l do próprio tendão, e prenda-o sobre
KRAVNICK; TEUFFER, MODIFICADA a reparação para um fechamento mais suave do enxerto
de tendão (Fig . 48- 17.).
Talvez a reparação de lesões significativas no tendão em
•Feche a bainha do tendão e os tecidos subcutâneos com
pacientes ativos seja mais bem realizada através de uma
suturas não absorvíveis.
modificação da t ransferência loca l do tendão descrita por
•Feche a pe le e ap li que uma compressa esteri lizada e um
Wh ite, Kraynick e Teu ffer.
gesso curto para perna, com esta em posição de equ ino
gravitaciona l.
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado no pós- ope-
• Exponha o tendão de Aquiles e a tuberosidade do calcãneo
ratório é o mesmo descrito para a pós-repa ração de uma
através de uma incisão posterolateral; identifique e proteja
ruptura ag uda do tendão de Aqu iles (Técn ica 48-11 ).
o nervo sural na pa rte proximal da ferida operatória.
•Através de uma segunda incisão pequena, libere o tend ão
f ibu lar curto da base da quinta metatarsa l.
• Faça uma incisão no septo latera l, e puxe o tendão f ibular REPARAÇÃO DIRETA DE RUPTURAS
curto através da primeira incisão. NEGLIGENCIADAS - BOSWORTH
•Faça uma incisão através da bainha do tendão de Aqu il es
para expor as extremidades rompidas. TÉCNICA
•Resseque o tecido cicatricial e disseque proximalmente
para soltar o gastrocnêmio-sóleo. •Faça uma incisão posterior longitud ina l na linha média,
•Identifique o tendão plantar delgado e solte-o com um estendendo-a a partir do ca lcâneo até o terço proxima l
instrumento de corte apropriado. da panturri lh a.
•Passe o tendão fibular curto de lateral para medial através • Exponha o tendão romp ido através de uma dissecção; res-
de um furo realizado na tuberosidade do calcâneo, e seque o tecido cicatricial que está entre as extrem idades.
suture-o ao tendão de Aquiles com mú ltiplas suturas não •Solte uma t ira central do tendão do músculo gastrocnê-
absorvíveis para formar um laço dinâmico (Fig. 48-23A). mio com 1,5 cm de largura e de 17,5 a 22, 5 cm de
•Coloque o tendão plantar ret irado em uma agu lha apro- comprimento, e deixe-a li gada apenas proxima lm ente ao
priada, e passe-o em formato de oito, da parte posterior loca l da ruptura. )
PARTE XIII MEDIC INA ESPORTIVA

0!§1@."im.lm Técnica de Bosw orth para a


reparaçã o de rupturas crônicas do tendão de
Aquil es . VEJA A TÉCNICA 48-16.

• Rebata a tira dista lmente, passe-a transversalmente através • Identifique e proteja o nervo sural.
)
do tendão proxima l (Fig. 48-24A), e insira-a no local com •Faça uma incisão na fáscia profunda. Ela deverá estar
sutura absorvível. ali nhada com a incisão na pele.
•Passe a t ira dist almente e tra nsversa lmente através da •Resseq ue o te cido cicatricial das extremida des do t endão.
extrem idade dista l do tendão; passe-a novamente através • Meça o co mpri mento da lesão do tendão com o joelho
desta extrem idade, da parte anterior para a posterior. em 30 graus de flexão e com o tornozelo em 20 graus
• Enquanto segura o joelho a 90 graus e o tornozelo em de flexão plantar.
flexão plantar, passe a tira de fáscia de forma justa pelo • Faça uma incisão em V invertido através da aponeurose
coto priximal e sut ure-a com Catgut cromado. com o ápice ao longo de sua parte central. Deixe os
• Traga a tira proxi mal mente e passe-a transversalmente braços da incisão pelo menos 1,5 vez mais longos que a
através da extrem idade proxima l do tendão; leve-a dista l- lesão do tendão, para que uma configuração em Y seja
mente e sutu re-a em si mesma (Fig . 48-248 e C). possível (Fig. 48-258).
• Feche a lesão e apl ique um gesso longo para a perna, • Puxe o reta lho distalmente e aproxime as extremidades do
deixando o joelho em fl exão e o pé em fl exão plantar. tendão rompido com suturas não absorvíveis interrompidas.
•Feche a parte proxima l da incisão em um a co nfi guração
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cui da do no pós- ope- em Y (Fi g. 48-25C).
rat óri o é o mesmo descrito para a pós-reparação de uma • Suture o peritendão com suturas não absorvíveis inter-
ruptura ag uda do t endão de Aquiles (Técnica 48-7). rompidas.
• Feche a fáscia profunda e o tecido subcutâneo da forma
rotineira, e aplique um gesso cruropodálico com o joelho
em 30 graus de flexão e o tornozelo em 20 graus de
flexão plant ar.
REPARO DIRETO DE RUPTURAS
NEGLIGENCIADAS - ABRAHAM E CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Entre a sexta e a oitava
PANKOVICH semana, o gesso longo será removido e um mais curto será
Abra ham e Pankovich descreveram um retalho ten di noso aplicado e utilizado por 1 mês. A sustentação de peso é
em V-Y pa ra a reparação de rupturas crônicas do tendão de perm iti da. Após a remoção do gesso, um salto de 3 a 5 cm
Aqu iles. O ava nço em V-Y pode ser necessário, caso ma is de elevação é utilizado por 1 mês, e exercícios de alonga-
de 80 % do tendão esteja envolvido. Ele t ambém é útil mento progressivo são imediatamente iniciados.
quando de 1 a 3 cm de tendão devem ser ressecados.

TÉCNICA REPARAÇÃO DIRETA DE RUPTURAS


• Com o paciente em decúbito dorsal e com o uso do
NEGLIGENCIADAS - WAPNER ET AL.
torn iquete, faça uma incisão em "S" a partir do aspecto Wapner et ai. descreveram a reparação de ruptu ras crôn i-
lateral da inserção do t endão de Aquiles até o me io da cas do tendão de Aqu iles com a transferê ncia do te ndão
pa ntu rrilha (Fig. 48-25A). do fl exor longo do hálux.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

O@llifflEID Reparação com plastia em


V-Y de uma ruptura negligenciada do tendão
de Aquiles. A, Incisão. B, Desenho de um retalho
em V. C, Reparo em Y e anastomose termino-
A e terminal. VEJA A TÉCNICA 48-17.

A 8 e
h[êjil;f4E!m Reparação da ruptura do tendão de Aquiles com o flexor longo do hálux. A, Duas incisões são feitas. Incisão mediana
medial no médio pé é utilizada para liberar o tendão do flexor. Incisão posteromedial anterior ao tendão de Aquiles é utilizada para
expor o tendão. B, O túnel é feito profundamente à inserção calcânea do tendão e é direcionada plantarmente. O segundo túnel é
realizado de medial para lateral, para cruzar com metade do primeiro túnel, através do corpo posterior do calcâneo. C, O flexor longo
do hálu x é entrelaçado através da parte restante do tendão de Aquiles, com o objetivo de garantir a fixa ção e a suplementação de
tendão. VEJA A TÉCNICA 48-18.

TÉCNICA • Identifique o flexo r longo do hálux e os tendões do flexo r


longo dos dedos, e divida o primeiro o mais distalmente
•Deixe o paciente em decúbito ventral e aplique um possível, permitindo um coto distal adequado para a
torniquete. reparação no flexor longo dos dedos.
•Faça uma incisão longitudinal na borda medial do pé, um •Coloque uma sutura de marcação na extremidade proxi-
pouco acima do músculo abdutor, este ndendo-se desde mal dividida do flexor longo do hálux.
a cabeça do primeiro metatarsal até o osso navicular (Fig . •Suture a extremidade distal do flexor longo do hálux no
48-26A). flexor longo dos dedos com os dedos em posição neutra.
•Realize a dissecção através do tecido subcut âneo até a •Faça uma incisão posteromedial cerca de 1 cm medial ao
fáscia do músculo abdutor. tend ão de Aquiles, a partir de sua junção miotendínea
•Rebata o abdutor com o extensor curto do hálux na direção proximalmente, estendendo-se até 2,5 cm abaixo de sua
plantar. inserção no calcâneo (Fig. 48-26A). )
@Jfl:t PARTE XIII MEDICINA ESPORTI VA

•Faça uma incisão direta através da pele, dos tecidos sub- QUADRO 48 _5 de Complicações
)
cutâneos e da bainha do tendão, minimizando a dissec- apos o Reparo Aberto da
ção subcutânea. Inspecione a substância do tendão. Ruptura do Tendão de Aquiles
•Direcione a dissecção profunda ao paratendão, criando
retalhos de espessura total para evitar necrose na pele. A classificação de Wong et ai.
•Faça uma incisão na fásc ia profunda longitudinalmente leve
sobre o compartimento posterior, e exponha o extensor • Ferida operatória
longo do hálux. Puxe o tendão do flexor longo do hálux • Infecção superficial
do mediopé até a ferida operatória. • Hematomas na ferida
•Faça um túnel transversal imediatamente dista l à inserção • Atraso na cicatrização da lesão
do tendão de Aquiles, a meio caminho, da medial para a • Aderência da cicatriz
lateral (Fig. 48-26B). • Granuloma na sutura
•Faça um segundo túnel verticalm ente, profundamente à • Necrose na pele
inserção do tendão de Aqui les, para que ele seja unido •G era l
ao primeiro túnel. Ampli e o túnel com um grande grampo •Dor
de fechamento temporário. • Alterações de sensibilidade
•Puxe a sutura de marcação através do túnel , a partir da • Ruptura da sutura
posição proxima l até a distal, utilizando um passador de Grave
sutura. • Ferida operatória
•Passe o tendão do flexor longo do hálux através do túnel • Infecção profunda
e comece a tecer a partir da posição distal até a proximal, • Fístula crônica
através do tendão de Aquiles, utilizando instrumento • Geral
para tecer o tendão até que o comprimento total do •Trombose venosa profunda
tendão retirado tenha sido usado (Fig . 48-26C). •Alongamento do tendão
•Prenda o trançado com diversas suturas de Dracon 1-0. • Morte
• Se desejar, o reparo poderá ser reforçado usando o
tendão plantar delgado ou uma tira central do tendão de A classificação de Kocher et ai.
Aqu il es, conforme previamente descrito. Grave
•Feche o pa ratendão utilizando suturas absorvíveis. Fech e •Morte
os tecidos subcutâneos e a pele de ambas as incisões. • Embolia pulmonar
•Aplique compressas estéreis e coloque a perna em um •Trombose venosa profunda
gesso posterior, sem sustentação de peso, com a f lexão •Pneumonia
plantar em 15°. • Necrose na pele
• Formação sinusal
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é trocado em 4 • Fístu la
semanas para um que possibilite que o paciente ande, ou • Alongamento do tendão
uma prótese removível com o tornozelo em posição neutra; • Segunda cirurg ia
este deverá ser utilizado por mais 4 semanas. Um programa Moderado
de reabilitação é in iciado com o forta lecimento e exercí- • Atraso na cicatrização
cios de amplitude de movimento na oitava semana. O •Granuloma
paciente permanecerá com a prótese removível até que seja • Infecção clínica
obtido um grau de força entre 4 e 5 e 1O graus de dorsifle- • Lesão neurológica
xão. Atividades esportivas são restritas por 6 meses.
leve
•Aderência

• COMPLICAÇÕES
Wong et al. e Kocher et al. classificaram as complicações após a mesmo com a lesão no tendão e tiveram um atraso prolongado do
reparação aberta de rupturas do tendão de Aqui les como leves, tratamento. Deiscências graves de sutura, perda de pele e necrose do
moderadas ou graves (Quadro 48-5). A complicação mais comum tendão podem exigir procedimentos reconstrutivos complexos,
parece se r a ruptura recorrente. Taxas de rupturas relatadas após incluindo retalhos do pedículo local e retalhos livres.
o tratamento cirúrgico são de 3%, com as mais altas relatadas
após tratamentos feitos sem cirurgia. A RM é útil para delinear o
comprimento do defeito do tendão, avaliar a morfologia de suas RUPTURA DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO
extremidades e identificar quaisquer processos patológicos. Lesões
no nervo sural foram relatadas em 3 a 40% de reparações percutâ- A ruptura musculotendinosa do músculo gastrocnêmio geralmente
neas e de O a 20% de reparações abertas. Problemas de cicatrização ocorre na inserção da cabeça medial na aponeurose do sóleo. É mais
da ferida operatória podem ocorrer após a cirurgia para rupturas do comum em atletas do sexo masculino e de meia-idade, durante a sobre-
tendão de Aquiles, variando de aderências a infecções profundas carga excêntrica com o joelho estendido e o tornozelo em dorsiflexão,
associadas à deiscência de sutura e necrose do tendão. Os pacientes como ao jogar tênis ou correr. Embora seja raramente confundida com
com infecção profunda geralmente são mais velhos, com história de a ruptura do tendão de Aquiles, esta condi ção pode ser confundid a
uso crônico de corticosteroides que mantêm as atividades diárias co m a ruptura do tendão plantar delgado ou, o que é mais importante,
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

com tromboflebite. Pacientes podem ser equivocadamente tratados Classificação do Joelho de


para tromboflebite com anticoagulantes, os quais podem causar outras TABELA t B-:;,4JJ1
. Saltador de Acordo com os
complicações, além de aumentar o sangramento do músculo gastroc- :i.•-f- Sintomas
nêmio rompido. Eles podem relatar que ouviram um estalo ou que se
sentiram atingidos na parte de trás da perna quando a lesão ocorreu. Estágio SINTOMAS
O edema e a equimose na perna podem se estender até o pé e o torno-
zelo. Uma lesão no músculo gastrocnêmio medial pode ser visível ou
o Não há dor
Há dor apenas depois de atividades esportivas
palpada. Se o diagnóstico for incerto, a RM exibe a área de rompimento
intensas; não há comprometimento funciona l
de forma mais eficiente que a TC ou ultrassonografia. Apenas tratamen-
tos conservadores são necessários para tratar rupturas do músculo gas- 2 Há dor no começo e após praticar atividades
esportivas; ainda pode realizá-las ·em um nível
trocnêmio. Eles incluem repouso relativo, gelo, compressas, elevação
satisfatório
(RICE) e sustentação de peso inicial conforme tolerado pelo paciente.
A imobilização do pé ou tornozelo com uma órtese que deixa o último 3 Há dor durante atividades esportivas;
dificuldade progressiva em realizá-las em um
em uma posição de máxima dorsiflexão tolerável pode ser útil, e alguns
nível satisfatório
estudos mostraram taxa maior de cicatrização com es te método.
A fisioterapia progride até que o paciente não sinta mais dores e tenha 4 Há dor durante atividades esportivas; não é
wna amplitude de movimento completa, forte e simétrica; só então capaz de realizá-las em um nível satisfatório
exercícios específicos do esporte poderão ser iniciados. Dependendo da 5 Há dor durante atividades esportivas; não é
gravidade da ruptura, o paciente só poderá voltar à prática esportiva capaz de realizá-las em nenhum nível
entre a primeira e a décima segunda semana de reabilitação. Modificado de Ferretti A, Conteduca F, Camerucci E, et ai: Patellar tendi-
nosis: a fol low-up study of surgica l treatment, J Bane Joint Surg 84A:2179,
2002 .
TENDINITE DO MECANISMO EXTENSOR
DO JOELHO (JOELHO DO SALTADOR)
A tendinite do mecanismo extensor ("joelho do saltador") é mais
comum em atletas de elite e em esportes de salto, mas pode afetar
atletas que praticam outros esportes. A prevalência do joelho de sal-
tador tem sido estimada em uma faixa de 40 a 50% em jogadores de
voleibol de alto nível e de 35 a 40% em jogadores de basquete de elite.
Este tipo de tendinite geralmente ocorre na junção osso-tendão,
no polo inferior da patela e é causada por uma tração rapetitiva ou
overuse durante a prática de esportes. Microtraumas repetitivos e pro-
longados resultam na degeneração mucoide focal, desgaste e micror-
rompimento das fibrilas de colágeno. Ocasionalmente, um único
episódio de sobrecarga excêntrica ou um golpe direto no tendão pode
causar o aparecimento dos sintomas. O exame físico geralmente revela
dor no polo inferior da patela e está frequentemente associado a
anormalidades da excursão da patela, contromalácia patelar, doença
de Osgood-Schlatter ou mau alinhamento mecânico do mecanismo
extensor. Essa dor é geralmente pior com a extensão do que com a H@ll;fflmllJI Alongamento do polo inferior da patela em um
flexão. Vistas anteroposteriores, laterais e oblíquas da patela podem jogador de tênis com longo histórico de tendinite patelar Uoelho
exibir a radiolucência do polo envolvido no começo do processo. Com de saltador) . (De Roeis J, Martins M, Mulior JC, Burssens A: Patellar
sintomas prolongados, o polo envolvido pode ficar alongado (Fig. tendinitis [jumper's knee]. Am J Sports Med 6:362, 1978.)
48-27). A reação periosteal da superfície anterior da patela ("sinal de
dente") e a calcificação do tendão podem ser evidentes, e devido a
longos períodos de pé, fraturas por estresse e ruptura do mecanismo inicialmente consi derado que o espessamento medial represen-
extensor podem ocorrer. tasse os maiores estresses ao longo da parte medial do mecanismo
Blazina et al. descreveram três estágios do joelho de saltador extensor. Avanços na ultrassonografia forneceram mais opções para
com base nos sintomas: fase 1: dor apenas após atividade; fase 2: dor o diagnóstico e o tratamento conservador da tendinite patelar.
durante e após a atividade, mas nenhum comprometimento funcional Pacientes com sintomas da fase 1 ou 2 geralmente respondem
significativo; e fase 3: dor durante e após atividades com dificuldade bem ao tratamento conservador com modificação de atividade, des-
progressiva em um desempenho satisfatório. A fase 4, estágio final da canso e medicação anti-inflamatória. Exercícios excêntricos e de salto
doença, com a fratura por estresse através da patela ou rompimento não são aconselháveis, embora agora alguns recomendem os excên-
do mecanismo extensor, fo i adicionada posteriormente. Ferretti et tricos para o tratamento do joelho de saltador. A fisioterapia funcional
al. classificaram os sintomas do joelho de saltador em seis estágios e sem dor é iniciada após o desaparecimento dos sintomas e é reali-
(Tabela 48-4) com base no sistema de Blazina et ai. A RM mostrou zado retorno gradual das atividades. Injeções de corticoide não devem
espessamento focal medial em quase todos os 11 joelhos e todos ser utilizadas, pois elas podem aumentar o risco de ruptura do tendão.
demonstraram um foco de intensidade de sinal anormal no terço pro- O mesmo protocolo não cirúrgico, com um período de descanso mais
ximal do tendão patelar. Esses resultados foram correlacionados com as longo, pode ser testado inicialmente em pacientes com sintomas de
descobertas intraoperatórias de mudanças patológicas dege nerativas, envolvimento da fase 3, mas o tratamento cir úrgico é indicado se os
as qu ais são compatíveis com a tendinite angiofibroblástica. Fo i sintomas persistirem. Pacientes no "estágio final" ou com sintomas da
WJH•J PARTE XIII MEDICI NA ESPORTI VA

fase 4 geralmente precisam realizar tratamento cirúrgico. Vários forta lecimento isométrico. A cadeia cinética f echada é
estudos indicaram que os atrasos no tratamento cirúrgico resultam iniciada na fase 2, quando o edema e a dor já não estão
em resultados piores, enquanto outros não encontraram tal correla- presentes. A fase 3 deverá ser composta de exercícios
ção. A partir de 2 semanas, mas mais comumente entre 4 a 8 semanas específicos, evitando a sobrecarga excêntrica. O retorno
após a ruptura do tendão do quadríceps, a retração do músculo de até total às atividades pode ser fe ito quando 85% a 90% da
5 cm pode ocorrer, o que faz necessário o procedimento de alonga- força e amp litude de movi mento total são alca nçados.
mento do quadríceps, transferência musc ul ar ou tendinosa, ou um a
combinação de todas essas técnicas. Para ruptu ras do mecanismo
extensor na fase final (fase quatro), a reparação ocorre conforme
descrito para a ruptura aguda do quadríceps (Técnica 48-26) ou do • FRATURA POR ESTRESSE AO LONGO DA
tendão da patela (Técnicas 48-21 ou 48-22). PATELA
A mesma carga sendo suportada rep etidamente pode causar tendi-
• TENDINITE PATELAR CRÔNICA nite patelar ou até mesmo a ruptura do tendão patelar pode resultar
Alternativas sugeridas para abrir a tenotomia patelar de um joelho em uma fra tu ra por estresse da pateta, geralmente em atletas jovens.
de saltador crôn ico incluem o exercício excêntrico, inj eções de escle- Inicialmente, uma reação por estresse pode desenvolver sintomas de
rosantes na área dos neovasos e nervos na lateral dorsal do tendão baixo grau, que, se recon hecidos e tratados com restrição de ativi-
patelar, injeções de PRP (plasma), raspage m artroscópica na mesma dades, poderão ser eliminados. Caso as atividades sejam mantidas,
área e terapia extracorpórea realizada através de ondas de choque. uma fratura por estresse pode se desenvolver. O local mais comum
Estudos sobre a eficácia do treinamento excêntrico tiveram resultados para a ocorrência da fra tura por estresse é na junção dos terços
conflitantes, com um deles relatando um estudo controlado e rando- médio e distal da pateta, onde as fibras do distais do tendão quadri-
mizado que pode ser comparável à cirurgia, e outro relatando que não ciptal e as proximais do tendão patelar fund em-se e se inserem .
houve nenhum efeito em um programa de treinamento excêntrico de
12 semanas. Um estudo controlado e randomizado comparando inj e-
ções de polidocanol esclerosante e o desbridamento astroscópico TÉCNICA ......
descobri u que pacientes tratados com o desbridamento sentiram
menos dor, estavam mais satisfeitos com os seus resultados e retor- • Para fratura por estresse ao longo do polo inferior da
naram mais rap idamente para a prática de esportes. O uso do PRP patela (Fig . 48-28), faça uma incisão longitudinal na linha
fo i descrito em um pequeno estudo com 15 atletas com joelho de média do joelho ou uma incisão transversa l cu rvi línea
saltador crônico, e fo i relatado que eles obtiveram melhoras, estatis- pa ra expor a fratura .
ticamente significativas, na dor e função. Um estudo randomizado • Se a fratura tiver ocorrido há várias semanas, curete as
e controlado comparando a injeção guiada por ultrassom de células superfícies fraturarias para reavivá-las e insira parafusos
autólogas do tendão derivadas da pele e a injeção de plasma autólogo esponjosos verticais (4,0) paralelos ao longo do polo infe-
só obteve um a resposta mais rápida e mais melhorias na dor e rior. Se necessário, pode-se fazer um reforço com suturas
função com a terapia celular. Resultados satisfatórios foram obtidos não absorvíveis passadas circunferencialmente através
em 74% dos 83 joelhos tratados com a terapia extracorpórea por dos furos do parafuso.
ondas de choque, com atletas retornando à atividade esportiva em • Como uma etapa opcional, utilize uma serra osci lante
uma média de 6 semanas. pa ra levar um bloco de enxerto de 1O mm de la rgura x
15 mm de comprimento e deslize-o distalmente ao longo
do local da fratura.
• Feche a lesão normalm ente e aplique um gesso circu lar.

REPARAÇÃO ftDA TENDINITE CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado por 6


semanas; após este período, os exercícios de fortaleci -
PATELAR CRONICA
mento e de amplitude de movimento poderão ser inicia-
TÉCNICA dos. O retorno total às atividades gera lmente é possível
entre 1O a 16 sema nas .
•Faça uma incisão longitudinal na bainha do tendão, iden-
tifique e resseq ue a área de degeneração fazendo incisões
longitudinais no tendão.
•O polo inferior da patela pode ser curetado ou perfurado RUPTURA DO MECANISMO EXTENSOR DO
para estimular uma resposta de cicatri zação. JOELHO
• Suture o defeito do tendão com suturas Vicryl 2-0 inter-
rompidas, lado a lado. A ruptura do mecanismo extensor do joelho é mais comumente
• Feche o peritendão com suturas absorvíveis interrompidas, causada pela fratura da patela. A ruptura do tendão do quadríceps e
e feche a pele e o tecido subcutâneo normalmente. a ruptura do tendão patelar são as o utr as causas mais comuns.
•Utilize um imobi lizador para o joelho. O mecanismo da lesão é, em geral, uma sobrecarga excêntrica do
mecanismo extensor com o pé fixo no solo e o joelho parcialmente
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O imobi lizador do joelho flexionado. A ruptura ou avu lsão do tendão patelar é mais com um em
será uti lizado por 3 a 4 semanas, e muletas são utilizadas pacientes com menos de 40 anos, especialmente os atletas. A ruptura
para a sustentação parcial de peso. A fase 1 da reabili - do quadríceps é mais comum em pacientes mais velhos e naqueles
tação deverá enfatizar a amp litude de movim ento e o com alguma doença sistêmica ou que apresentam alterações degene-
rativas no tendão. Doenças sistêmicas, tais como lúpus eritematoso
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTI COS fl!m

....- ,..
- Enxerto
defe nda

Olijl!;MrJlm Fratura por estresse do polo inferior


da pate la em um jogador de basq uete do co legial. A
fratura é fi xada com parafusos para le los; en xerto cor-
ticoespon joso é colocado distalmente ao longo da
fratura . VEJA A TÉCNICA 48-20.

sistêmico, diabetes, gota, hiperparatireoidismo, urem ia e obesidade, histórico de atividades com salto ou agachamentos. Por vezes, um
têm sido associadas ao rompimento do meca nismo do quadríceps. estalo pode ser ouvido no momento da lesão. O exame físico geral-
A relação entre a inj eção prévia de esteroides, bem como o uso de mente revela um defeito (gap) palpável no tend ão do quadríceps e a
corticosteroides ou antibióticos da classe fluoroquinolona com a patela pode ser infe ri ormente deslocada. Edema e equimose podem
ruptura do tendão, tem sido documentada. ocorrer. A dific uldade ou a incapacidade de elevação da perna com o
joelho estendido (straight-leg raising) está presente. Isso pode ser
• ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA menos evidente com um meca nismo extensor intacto. A ruptura do
Muitos estud os têm indicado que a tendin opatia degenerativa está tendão patelar provoca resultados semelhantes, mas tem como adicio-
presente antes da ruptura do tendão; no entanto, uma análise histo- nal urna patela deslocada superiormente. Uma radiografia lateral pode
lógica mais recente de 22 ten dões do quadríce ps rompidos descobri u revelar uma patela deslocada superiormente, especialmente se o
alterações degenerativas em apenas 64%, com a frequência de ta is joeU10 estiver flexio nado. Se houver dúvidas em relação ao di agnós-
alterações aumentando com a idade. Vár ios autores documentaram tico, a RM ou ultrasso m podem ser úteis.
um histórico de dor antes da ruptu ra. Ocasionalmente, com o no
caso de um atleta, nenhum históri co de dor é relatado. Isso é com -
patível com um processo subclíni co. Alterações degenerativas ("sinal
• TRATAMENTO DA RUPTURA AGUDA DO
do dente"), como a observada em uma visão tangencial da patela, TENDÃO PATELAR
podem indicar desarranj os significativos no m ecanismo do qu ad rí- A ruptura do tendão patelar geralmente ocorre no polo infe rior da
ceps (Fig. 48-29) . patela; a pateta é parte do segm ento proximal do tendão e pode ser
retraída de 3 a 5 cm proximalmente em relação à sua posição normal
• AVALIAÇÃO CLÍNICA devido ao do encurtamento do músculo do qu adríceps (Fig. 48-30).
O diagnóstico da ruptura do mecanismo extensor pode ser difíc il e Rupturas recen tes deve m se r reparadas caso as condições da pele
frequentemente é atrasado, especialmente em pacientes com membros estejam adequadas para o procedimento. É importante ficar atento
infe riores grandes. A ruptura do mecanismo extensor deverá ser sus- à posição da patela no pl ano sagital, para evitar uma patela alta
peitada em pacientes de m eia-idade ou idosos que apresentem edema, demais ou baixa demais. É recomendado o tensionam ento da sutura
dor e limitação funcional do joelho, principalmente se houver um pa ra permitir entre 90 e 100 graus de flexão passiva.
E» PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

li@ll;t!im:lm A ltera ções degenerativas (sinal do dente) na vista tangencial da patela indicando alterações significativas no meca-
nismo do extensor.

Í[I

\
A B

li!ijii;@mllI!) Radiografias laterais e anteroposteriores da O@i@HIIJI Técn ica de reparo de uma ruptura aguda do
ruptura do tendão patelar. tendão patelar. VEJA A TÉCNICA 48-21.

paciente deverá ser informado antes da ciru rg ia que pro-


REPARAÇÃO COM SUTURA ATRAVÉS vavelmente haverá uma área com anestesia permanente
DE FUROS NA PATELA na latera l da incisão.
• Faça uma dissecção cortante para abrir o peritendão longitu-
TÉCNICA
dinalmente na linha média de form a distal e proximal à lesão.
•Com o paciente em decúbito ventral e um torniquete em • Realinhe cuidadosamente a lesão, que é mais comum na
torno da coxa, faça uma incisão longitudinal centrado junção do osso com o tendão, recolocando o tendão em sua
sobre a lesão. posição anatômica para permitir a excursão patelar normal.
• Através de uma dissecção subcutãnea cuidadosa, exponha • Com uma rugina (goiva) óssea, faça uma pequena calha
a área da ruptura. Identifique o ramo infrapatelar do horizonta l no polo inferior da patela, coloque três suturas
nervo safena e proteja-o durante o procedimento; o de colchoeiro horizontais nº 5 (não absorvíveis) ao longo
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMATICOS EJHM

O!§l@HJ:l!I Reparo do tendão com laço Mersilene. A, Trajeto iUffi);tjmEI Técnica de reparo de uma ruptura aguda do
dos túneis ósseos. B, Sutura do tendão rompido. VEJA A TÉCNICA tendão patelar. As suturas entrelaçadas são presas através de
48-21. furos vertica is paralelos feitos na patela, e de um furo transversa l
fe ito na tuberosidade tibia l. VEJA A TÉCNICA 48-21 .
longo do coto do tendão patelar, e passe-as através dos
furos na patela, puxando o tendão de forma segura para
o polo inferior da patela. Este procedimento pode ser CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Aplica -se um gesso cilín-
realizado com um passador de sutura ou pino "Beath". drico com o joelho em extensão ou uma órtese articulada
•Flexione o joelho a 45 graus e coloque uma pinça hemos- travada na extensão, e a sustentação de peso é permitida
tática em paralelo ao teto da fossa intercondi lar, para de acordo com a tolerância do paciente. Exercícios de
garantir que não haja patela baixa demais. O polo inferior elevação da perna reta são iniciados em 3 semanas. Após
da patela deverá estar no mesmo nível ou ligeiramente 6 semanas, o gesso é removido e uma órtese para controle
acima da pinça hemostática. de movimento com uma amplitude de movimento entre O
•Sepulte os nós da sutura não absorvíveis superiormente a 45 graus é uti lizada . O movimento aumenta entre 1O a
à patela profundamente ao tendão do quadríceps e os 15 graus a cada semana . Mu letas são utilizadas para a
mantenha no local até o fechamento dos dois acessos locomoção com a órtese até que a força e movimento
verticais no quadríceps com suturas absorvíveis nº O. suficientes tenham sido recuperados. Caso um fio de
• O tendão deverá ser reparado de forma adjacente à tensão tenha sido utilizado para proteção, ele poderá ser
superfície articu lar e não na superfície anterior da patela. removido entre 1O e 12 semanas, com anestesia local.
Caso isso não seja feito, a patela poderá ser inclinada e
haverá aumento nas forças femoropatelares .
• Identifique a extensão total da lesão retinacular e repare-o REPARAÇÃO COM ÂNCORAS DE
com suturas absorvíveis nº O ou suturas absorvíveis nº 2.
•Se o tendão patelar estiver muito esgarçado, duas suturas
SUTURA
não absorvíveis nº 5 entrelaçadas podem ser uti lizadas TÉCNICA
para proteger o tendão, conforme será descrito posterior-
mente. Utilize um objeto para retirar a sutura ou um pino (DEBERARDINO E OWEN S)
Beath para passar as suturas através de túneis de 3 mm,
um deles horizonta lmente, na tuberosidade tibial, e dois •Através de uma incisão longitudina l na linha média sobre
verticalmente, na patela (Fig . 48-32) . Caso não seja pos- o tendão patelar, faça a incisão do peritendão longitudi-
sível obter a fixação segura através deste método, reforce nalmente e disseque-o para longe do tendão subjacente.
a área de reparo com o tendão semitendíneo ou do grácil. •Rea lize o desbridamento ou resseque qualquer tecido do
•As rupturas através da substância do tendão podem ser tendão que seja grosseiramente patológico.
reparadas com suturas entrelaçadas contínuas inseridas •Para rupturas na substância média do tendão, exponha
nos feixes de base dista l e proxima l e podem ser presas toda a extensão do tendão e insira dois pontos em
através de furos verticais para lelos na patela e um furo Krackow em cada coto do tendão, uti lizando sutura não
transversal feito na tuberosidade tibia l (Fig . 48-33) absorvível nº 2 ou nº 5. Faça a reparação do retináculo
Repare os feixes individuais lado a lado, depois que o com suturas absorvíveis. Com o joelho tota lmente esten-
comprimento adequado do tendão for determinado. dido, una os quatro fios proximais com os distais.
• Se necessário, após a conclusão do reparo, coloque uma •Para a avu lsão proximal do tendão patelar, exponha o
sutura de tensão circunferencial com fio não absorvível nº 5. polo patelar inferior e insira três âncoras de sutura de )
W.Jill PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

iâtêJiljf4ml19 Reparação da avulsão do ten-


dão pate\ar com âncoras de sutura (ver texto).
A, Para avu lsões proximais, três âncoras de
sutura são inseridas no sítio de inserção ana-
tômico tendão. B, Para avulsões distais, âncoras
de sutura são inseridas na tuberosidade tibial.
A 8 VEJA A TÉCNICA 48-22.

de forma equidistante ao longo do sítio anatômico de inser- joelho envolvido durante a cirurgia para determinar o comprimento
) adequado do tendão.
ção do tendão. Puxe a sutura através do orifício de ancora-
gem pa ra produzir braços de sutura longos e cu rtos. Passe Diversos métodos de reconstrução do tendão patelar têm sido
o braço de sutura longo para baixo e atrás do coto do tendão descr itos. Se uma parte suficiente do tendão patelar estiver presente
de acordo com o procedimento de Krackow, e utilize o braço para o reparo, um reforço com o tendão semitendíneo ou grácil pode
curto para reduzir o tendão até a patela (Fig. 48-34A). ser indicado. Se a ruptura tiver ocorrido há vários meses, um alo -
Amarre firmem ente cada sutura de reparação. enxerto pode ser utilizado, e o aloenxerto do tendão de Aquiles tem
•Para a avulsão distal do tendão, o mesmo procedimento é sido usado com sucesso nesses casos.
utilizado, mas as âncoras de sutura são inseridas na tube-
rosidade da t íbi a e o tendão é reparado neste (Fig. 48-34B) . ALOENXERTO DO TENDÃO DE
• Flexione o joel ho para verifi car se há formação de espaços. AQUILES
Feche o peritendão com sutura s absorvíveis.
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação de peso é
•Faça uma incisão longitudin al começa ndo entre 3 a 4 cm
permitida com o joelh o imobilizado totalmente estendido.
acima do po lo superior da patela estendendo-se distal-
A esta bilidade da reparação do tendão determina o quanto
mente à tuberosidade tibial.
de fl exão pode ser permitido no início, com uma amp litude
•Através de uma dissecção subcutânea romba, exponha o
de movimento ativa assistida. O movimento progride de
mecanismo extensor media l e lateralmente através do
acordo com a tolerância do paciente, com o objetivo de
plano da bolsa pré-patelar. Proteja med iaimente o ramo
atingir uma fl exão de 90 graus entre 4 a 6 semanas, e o
infrapatelar do nervo safena, se possível.
movimento pleno entre 1O a 12 semanas. As contrações
•Faça uma incisão lo ngitudinal através da bainha do
isométricas do quadríceps podem ser realizadas imediata-
tendão e do tecido cicatricial na parte central do tendão
mente após a cirurgia, evoluindo para a elevação da perna
patelar e exponha o resta nte do tendão. Se um a quanti-
reta na 6ª semana. O pleno retorno às atividades não é
dade suficiente de tecido estiver presente para ad icionar
permitido por 6 meses.
força estrutura l à reparação, reavive as extremidades do
tendão pa ra que elas possam ser uti lizadas posterior-
mente, conform e descrito pa ra o procedimento de reforço
• TRATAMENTO DA RUPTURA CRÔNICA DO do tendão.
TENDÃO PATELAR •Li bere o retin áculo lateral e faça uma dissecção romba
Quando uma ruptura do tendão patelar tiver ocorrido há mais de 6 para libera r as goteiras lateral e medial no recesso supra-
semanas, a patela será retraída proximalmente e poderá exigir uma patelar.
liberação cirúrgica extensa para mobilizá-la distalmente ao nível • Caso seja necessária maior mobilização, utili ze uma ele-
adequado. Mesmo que a tração pré-operatória através de um fio de vação periostea l para li bera r o músculo vasto intermédio
Kirschner inserido transversalmente na patela tenha sido recomen- do fêmur. Raramente uma liberação medial será necessá-
dada, acreditamos agora que melhores resultados podem ser obtidos ria para completar o quadricepsp lastia conforme descrito
com a liberação proximal do tecido cicatricial e urn a quadriceps- por Th ompson, e isso deve ser evitado, se possível, para
plastia de Thompson modificada (Cap. 45), se necessário. Antes da dimin uir a probabilidade de alterações avascu lares na
cirurgia, radiografias laterais da extre midade não envolvida deverão patela. A incisão latera l possibilita a in speção das estru-
ser obtidas com o joelho flexionado a 45 graus, para que a altura da turas intra -articu lares e da arti culação femoropatel ar.
patela seja avaliada; elas são comparadas com as radiografias do
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS flllll

1
Contorno
do osso
para
A a calha B e
O@ll;@Ba Técn ica de reconstrução de uma ruptura crônica do tendão patelar utilizando aloen xerto do tendão de Aquiles. A,
Leito medindo 3 cm de comprimento, 2 m de largura e 1,5 cm de profundidade é realizado na tuberosidade; o enxerto é modelado
para encaixar corretamente. B, O braço centra l do enxerto é inserido através de um túnel longitudinal de 9 mm e, em seguida, através
da abertura vertical no tendão do quadríceps. O túnel é central mente inserido para evitar a penetração da cart ilagem articular. C, O
enxerto é preso com múltiplas sutura s. VEJA A TÉCNICA 48-23.

•Caso um aloenxerto seja necessário, tivemos bons resul - moles do polo inferior da patela e nas extremidades do
tados utilizando o tendão de Aq uiles, assim como os tendão do quadríceps, imediatamente acima do polo
tib iais e dos t endões dos isquiotibiais. Insi ra o aloenxerto superior da patela (Fig. 48-35C ).
sobre a tuberosidade tibial a uma distância de 4 cm dista l •O comprimento adequado do enxerto é determinado ao
à linh a da articular para estimar o comprimento ade- certificar-se de que o joe lho seja flexionado a 90 graus,
quado da cana leta a ser feita nessa área. ava li ando o índice lnsa ll , e medindo o al inhamento do
•Utilize uma serra oscilante para fazer a canaleta entre 2,5 polo inferior da patela, além de garanti r que ele fique
e 3,0 cm de comprimento, 1,5 e 2,0 cm de largura e 1,5 para lelo ao teto do intercôndi lo com o joelho a 45 graus.
cm de profundidade. Com o joelho estendido, deverá haver uma fo lga, em
•Modele o osso corticoesponjoso ligado ao tendão de torno de 1,5 cm no tendão patelar. Obtenha uma radio-
Aqui les para que ele seja bem enca ixado na calha (Fig . grafia em perfil para confirmar a altura patelar correta
48-35A). Após garantir o alinhamento adequado, pren- comparada com a extrem id ade não envolvida.
da-o nessa posição com dois parafusos esponjosos de 4 •Quando a altura adequada da patela fo r determinada,
mm, uti lizando uma técn ica de parafuso interfragmentar utili ze várias suturas interrompid as para prender o coto
ou dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de rosca parcia l. do tendão patelar ao enxerto, o qua l passou através da
• Identifique a inserção do tendão patelar na área centra l fenda da linha média do coto patelar.
do polo inferior da patela e insi ra um fio de Kirschner • Feche a liberação lateral com o joelho flexionado a 30
através do loca l, sa indo superiorm ente 3 mm posterior à graus e verifique cu idadosamente a excursão pate lar e o
parte central do tendão do quadríceps. ângu lo quadricipta l.
•Passe uma broca de 8 ou 9 mm sobre o f io de Kirschner •Pre nda os feixes medial e lateral do enxerto ao retinácu lo
e utilize uma lima para dar contorno às bordas do túnel. med ial e lateral através de suturas não absorvíveis nº O.
•D ivida o tendão de Aquiles em três fe ixes, com o terço •Feche a bainha do tendão com suturas interrompidas
central apresentando metade da espessura dos outros 2-0, feche o tecido subcutâneo com suturas absorvíveis 2-0
dois terços do tendão. Esse feixe centra l deve ter entre e feche a pele normalmente.
8 e 9 mm de diâmetro e deve ser li berado dista lmente •Alternativamente, insira as âncoras de sutura no polo
o suficiente para permitir que o enxerto seja mobilizado distal da patel a e do córtex anterior da patela e utilize-as
até o po lo infer ior da patela sem alterar os dois ramos para segurar o tendão na patela. Estenda o tendão sobre
laterais. o tendão do quadríceps e a fáscia muscu lar e prenda-o
• Insira um chuleio não absorvível nº 2 na ramificação com suturas não absorvíveis.
central e passe-o da parte inferior para a superior, através •Se o reforço do reparo for necessário, utilize uma sutura
do túnel na patela, sa indo por uma f enda no tendão não absorvíve l nº 5, colocada através dos furos feitos na
quadríceps, imediatamente superior a sua inserção patelar patela e no tubércu lo da tíbia. Também é possível utilizar
(Fig. 48-35B). Um passador de ligamentos pode ser útil. um f io de aço ou cabos de cerclagem.
• Prenda o tendão no local com mú lti plas suturas não •Ap li que um gesso ci líndrico ou imobilizador de joelho
absorvíveis interrompidas através do enxerto nas partes com o mesmo estend ido. )
llll!ID PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A B

H@ii;Mmlit Técnica para a reconstrução tardia em um tempo do tendão patelar. A, O pino Steinmann através do furo transversal
na patela é utilizado para a tração distal. B, Tendões semitendíneos e do grácil proximalmente divididos são inseridos através de túneis
e o fio de fixação também é inserido. C, Com a patela na posição normal, o fio de fixação fica preso e os tendões semitendíneos e do
grácil são suturados entre si . VEJA A TÉCNICA 48-24.

1• 1 t ' • Entre 1O e 14 dias, o TÉCNICA


gesso é removido para a avaliação da ferida operatória e
a remoção das suturas e grampos, se necessário. Um gesso (ECKER, LOTKE E GLAZER)
cilíndrico ou órtese é utilizado por 4 a 6 semanas. Exercícios
ativos e passivos de amplitude de movimento são iniciados •Faça uma incisão começando proximal e lateralmente
entre 4 a 6 semanas. A sustentação de peso com muletas à patela, estendendo-a distalmente, passando pela
conforme o tolerado é permitida até que o movimento e linha média do membro inferior na patela e terminando
a força suficientes permitam locomoção sem auxílio . Um ligeiramente distal à tuberosidade anterior da tíbia .
programa progressivo de fortalecimento e exercícios de Exponha a patela, o tendão do quadríceps e a tubero-
amplitude de movimento é essencial para que a função sidade tibial.
seja recuperada. O momento da reabilitação pode ser ajus- •Coloque um pino Steinmann transversalmente através da
tado de acordo com os achados intraoperatórios. parte média da patela para a tração distal (Fig. 48-36A).
• Remova todo o tecido cicatricial do restante do tendão
patelar.
REFORÇO_ COM AUTOENXERTO •Agora, flexione o joelho e exponha as inserções do grácil
DE TENDOES FLEXORES e do semitendíneo na pata anserina.
•Utilize um extrator de tendão (tendon stripper) para libe-
(SEMITENDÍNEO E GRÁCIL) rá-los de suas junções miotendíneas proximalmente e
No passado, defendíamos o uso de enxertos autógenos dos traga-os para até a incisão.
tendões flexores em um procedimento em dois estágios, no • Passe o tendão semitendíneo através de um túnel obl íquo
qual o mecanismo extensor (quadríceps) era liberado e a feito na tuberosidade tibial e através de um dos dois
tração era aplicada na patela por meio de um fio de Kirs- túneis transversais perfurados na parte distal da patela.
chner no primeiro estágio. O segundo estágio consistia na •Em seguida, passe o tendão do grácil através do outro
reconstrução do tendão patelar com o tendão semitendíneo. túnel na patela (Fig. 48-36B).
Agora acreditamos que um procedimento em um estágio • Passe um fio de aço através da patela e da tuberosidade
único é preferível, e que o uso de ambos os tendões flexores tibial e aperte-o para manter a distância entre a patela e
(semitendíneo e grácil) é necessário para que o reforço a tuberosidade tibial igual ao comprimento da patela.
ocorra. O tendão semitendíneo é um enxerto adequado, •Suture os tendões do semitendíneo e do grácil sob tensão
pois o tecido nativo é forte, não precisa de uma cirurgia (Fig. 48-36C).
adicional para sua retirada e permite a mobilização imediata • Remova o pino de tração transversal, feche a ferida ope-
após a cirurgia; a retirada dos tendões tem causado pouco ratória e aplique um gesso cilíndrico.
déficit funcional. Um estudo biomecânica mostrou que o
reforço da reparação do tendão patelar diminuiu a formação CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 2 semanas, o gesso
de espaços no local da reparação após a carga cíclica. é removido para a avalia ção da ferida operatória e
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

Tendão patelar
vascularizado,
atenuado e
cicatrizado

A B

-' -Tendão do
)
1
músculo grácil
-Tendão do O@ii;f4mli) Técnica de reconstrução de
músculo rupturas negligenciadas do tendão patelar.
semitendíneo A, Encurtamento em Z do tendão patelar e
alongamento em Z do tendão do quadríceps.
B, As suturas presas são inseridas nos tendões.
C, Os tendões do semitendíneo e grácil são
retirados com os instrumentos e suturados
juntos. D, Tendões são passados através do
furo transversal na patela e suturados juntos
com a técnica de Krackow. E, Tendões são
presos ao tendão patelar subjacente. VEJA A
e D E TÉCNICA 48-25.

um novo gesso cilíndrico ou órtese é aplicado. Em 6 •Suture o tendão (Fig 48-378.) e obtenha uma radiografia
semanas, são instituídos vigorosos exercícios de elevação anteroposterior; compare-a com a imagem obtida antes
da perna reta com pesos e flexão ativa. da cirurgia da extremidade não envolvida para determinar
a altura patelar adequada.
•Quando uma posição satisfatória for obtida, coloque múl-
tiplas suturas absorvíveis nos tendões do quadríceps e
REFORÇO COM AUTOENXERTO DE patelar, para fi xar o reparo.
FLEXORES - MANDELBAUM, •Exponha a inserção distal da pata de ganso e retire os
BARTOLOZZI E CARNEY tendões do semitendíneo e grácil com o auxilio de um
extrator de tendão (Fig. 48-37C).
TÉCNICA •Una os tendões com múltiplas suturas absorvíveis inter-
rompidas.
•Faça uma abordagem na linha média para o tendão •Passe os tendões através de um túnel transversal na parte
patelar. Faça uma artrotomia medial para a inspeção da média da patela e através de um túnel transversal na
articulação e lise de aderências, se necessário. tuberosidade da tíbia, formando a figura de um oito.
•Faça uma incisão de alongamento em Z no tendão do • Utilize suturas entrelaçadas, conforme descrito por Krackow,
quadríceps e uma incisão de encurtamento em Z através Thomas e Jones, para realizar a sutura do tendão em si
do tendão patelar, utilizando uma dissecção cuidadosa mesmo (Fig . 48-370).
para preservar o pedículo vascular nos retalhos proximal •Fixe os enxertos ao tendão patelar subjacente (Fig. 48-37E),
e distal (Fig. 48-37A). e feche a lesão normalmente. )
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

1• 11 •1 O cuidado no pós-ope-
ratório é o mesmo descrito após a reconstru ção de uma
ruptura negligenci ada do tendão patelar (Técnica 48-23).

RUPTURA DO TENDÃO QUADRÍCEPS


FEMORAL

• RUPTURA AGUDA
Rupturas agudas do tend ão do quadríceps geralmente resultam da patela
de uma contração excê ntrica do mecanismo exten sor contra uma
descarga súbita de peso corporal com o pé fixo no solo e o joelho
fl etido. O tendão do quadríceps geralmente se ro mp e transver-
salmente na junção osteotendínea em pacientes mais velhos e na
substância do tendão ou na junção miotendínea em pacientes
mais jovens. Um estudo com cadáveres identificou uma zona
hipovascular no tend ão do quadríceps situada de 1 a 2 cm do A
polo sup erior da p atela, o que corresponde ao local de ruptura
es pontânea relatado n a literatura. A ruptura frequentemente se 'i[ijl!;fflml!EI Técnica de reparo de uma ruptura aguda do
estende através do tendão do vasto intermédio, ligeiramente pro- quadríceps femoral. A, Duas suturas paralelas bloqueadas são
ximal à ruptura do tendão do reto fe moral. Rupturas incompletas inseridas no tendão do quadríceps. Uma pequena calha é feita
geralmente podem ser tratadas conservadoramente, dependendo no aspecto anterior do polo superior da patela. Suturas de col-
da extensão da lesão e da ocu pação ou at ivid ade esportiva do choeiro horizontais são posicionadas no coto vasto intermédio. B,
paciente, com a imobilização do joelho em extensão total durante Suturas no vasto intermédio são puxadas anteriormente através
6 semanas, seguid o por exercícios protegidos de fortalecimento do reto e amarradas enquanto o tendão é mantido na posição
e amplitude de movimento. Quando o b om controle do quadrí- anatômica, através de suturas posicionadas distalmente através
ceps é recuperado e o paciente pode realizar a elevação da perna de túneis; em seguida, as suturas são distal mente amarradas. VEJA
sem sentir desconforto a imobilização será progressivamente A TÉCNICA 48-26.
descontinuada.
Para rupturas completas, a correção cirúrgica deve ser reali-
zada o mais cedo possível. Atrasos na correção cirúrgica podem •Se quantidade suficiente de tendão for deixada dist al-
complicar o processo de reparação e levar a resu ltados insatisfató- mente, faça um reparo t erminoterminal utiliza ndo diver-
rios. Sem a sua inserção distal tendinosa intacta, o quadríceps sas suturas de colchoeiro não absorvíveis nº 2 ou nº 5 e
começa a retrair nos primeiros dias após a lesão. Após 72 horas, a suturas absorvíveis nº O para a reparação do retináculo.
retração pode fa zer com que a aposição das extremidades do tendão Alinhe cuidadosamente o tendão, e avalie a excursão e o
lesionado seja difícil e pode aumentar a tensão na linha de sutura. posicionamento patelar. Utilize um fio ou sutura circun -
Embora várias técnicas tenham sido descritas para a repara- ferencial para proteger a repara çã o.
ção de rupturas do tendão do quadríceps, nenhuma fo i comprova- • Em ruptura s na junção osteotendinosa, um coto de 8 a
damente a mais eficaz e confiável. A maioria das técn icas envolve 1O mm do vasto intermédio muitas vezes fica aderido à
a reparação do tendão com suturas passadas através de túneis patela. Coloque suturas nº O não absorvíveis através do
perfurados na patela, embora âncoras de sutu ra tenham sido coto, e deixe-as de lado para uso posterior.
usadas em seu lugar. Se uma técnica de retalho local for utilizada • Com uma rugin a, faça uma pequena cana leta no polo
para o reforço, o tendão proximal à ruptura deve ser avaliado superior da patela.
cuidadosamente para evitar a formação de mais uma área enfra- •Perfure três túneis longitudina is a cerca de 1 cm de dis-
quecida. A reparação pode ser protegida por um fio circunferen- t ância entre si e centrados sobre a área prevista de fi xação
cial, suturas fortes não absorvíveis ou por uma técnica de Bunnell do tendão do quadríceps.
através do retináculo medial e lateral. • Passe uma sutura não absorvível nº 5 proximalmente
através do tendão do quadríceps, utilizando uma su tu ra
entrelaça da de bloqueio para uma distância de 2,5 cm, até
que a aparência normal do tendão seja alcançada. Passe a
sutura distalmente de modo semelhante, terminando bem
REPARO DA RUPTURA AGUDA lat eralmente à linha centra l do tendão rompido .
DO TENDÃO DO QUADRÍCEPS • Passe suturas semelhantes ao longo do lado medial do
FEMORAL tendão e distalmente, como descrito anteriormente.
•Passe a sutura distalmente com um instrumento para
TÉCNICA resgatar suturas ou um pino Beath e segure-a com uma
pi nça hemostática.
•Faça uma incisão lon gitudin al na linha médi a de 15 a 20 •Rea li ze movimentos de fl exo-extensão, dentro do arco de
cm de comprimento para expor a ruptura. movimento normal, para ava liar o posicionamento e
•Irrigue o hematoma e revive as extremidades do tendão. excursão patelar.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

A B e
H@ihf4m'D Alongamento do tendão de Codivilla e reparo do tendão do
quadríceps.

•Se o posicionamento estiver satisfatório, leve as suturas • COMPLICAÇÕES


para anterior no coto do vasto intermédio, e prenda-as A perda de movimento, principalmente de flexão, é uma compli-
através do tendão do quadríceps enquanto mantém a cação comum após a ruptura do tendão do quadríceps. A fraqueza
posição anatôm ica . do mecanismo extensor manifestada pela atrofia do quadríceps e
•Amarre as suturas distal mente, levando o tendão para a frouxidão deste pode ocorrer, embora isso possa ser corrigido com
canaleta óssea. o tempo e reabilitação apropriada. Infecções e problemas com a
•Faça a repara çã o no retináculo com suturas absorvíveis ferida operatória podem ocorrer com a colocação subcutânea de
interrompidas e feche a pele e o tecido subcutâneo nor- suturas ou fio s não absorvíveis e com uma incisão diretamente
ma lmente. Apl ique um gesso cilíndrico ou órtese com o sobre a tuberosidade da tíbia. Ocasionalmente, essas suturas ou fios
joelho em extensão. precisam ser removidos, especialmente quando ocorre a ruptura dos
mesmos. A patela alta ou baixa pode ser evitada ao se tomar bas-
tante cuidado com a posição da patela no plano sagital durante a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso cilíndrico ou cirurgia. O alinhamento incorreto pode levar a alterações degene-
órtese é utilizado por 6 semanas. A sustentação de
rativas na articulação femoropatelar, aumentando as forças reativas
peso com muletas é permitida na terceira semana. O
conjuntas. Uma nova ruptura que exige outra reparação também
gesso é retirado e uma órtese de bloqueio específica
é uma complicação em potencial.
é uti lizada, possibilitando uma amplitude de movimento
do joelho entre O e 60 graus; o arco é aumentado
de 1O a 15 graus a cada semana. Um programa de
RUPTURA DO MÚSCULO ADUTOR LONGO
fortalecimento agressivo é essencia l para uma boa
recuperação funcional. A ruptura do músculo adutor longo é caracterizada pelo apareci-
mento súbito ou gradual de edema no aspecto medial do terço
superior da coxa, com um histórico impreciso de trauma. Jogadores
• RUPTURA CRÔNICA de futebol, futebol americano e hóquei no gelo parecem propensos
Quando uma ruptura do tendão do quadríceps não é tratada durante a essa condição, e o mecanismo da lesão pode ser uma combinação
meses ou anos, seu reparo se torna difícil. Um defeito de 2,5 a 5,0 de ampla abdução das coxas com a flexão de um quadril e a rotação
cm ou mais pode estar presente entre as extremidades do tendão e interna de outro. A massa palpável torna-se mais proeminente
deverá ser reparado com fáscia lata. Se as extremidades puderem ser durante a contração do músculo adutor longo. Em 19 jogadores da
apostas, a reparação é feita conforme descrito para a ruptura aguda NFL com rupturas no adutor, quase a metade (9) relatou que sentia
do tendão do quadríceps femoral. dores abdominais ou dores crescentes.
Caso o encurtamento torne a aposição das extremidades do Houve a descoberta de que a reparação de rupturas no adutor
tendão impossível, o alongamento poderá ser útil. Um corte em V longo é difícil quando elas ocorrem na junção miotendínea. O
invertido é feito através da espessura total do segmento proximal do tratamento conservador consiste em gelo, compressão na coxa uti-
tendão do quadríceps, com as extremidades inferiores do corte em lizando uma tira elástica e repouso relativo usando muletas, se
V terminando 1,5 a 2,0 cm proximalmente à ruptura (Fig. 48-39). necessário. No geral, ele é bem sucedido. Quando a resposta infla-
Dessa maneira, o retalho triangular é dividido em uma parte ante- matória aguda tiver diminuído, exercícios de alongamento e for-
rior de um terço de sua espessura, e uma parte posterior de dois talecimento muscular são iniciados para a reabilitação do quadril
terços. As extremidades do tendão são apostas com suturas inter- e da musculatura da coxa, concentrando-se nos adutores. Déficits
rompidas, e a parte anterior do retalho é rebatida distalmente e fun cionais mínimos podem ser esperados com este tratamento. Foi
suturada. A parte superior aberta da incisão em V é fechada com relatado que o tratamento conservador resultou em um retorno
suturas interrompidas. Suturas feitas através da técnica de Bunnel significativamente mais rápido à atividade (6 semanas) em 14 joga-
podem ser utilizadas para proteger a reparação, mas geralmente não dores da NFL comparado com a reparação cirúrgica (12 semanas),
são necessárias. fe ita em 5 jogadores.
W.JM·• PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

RUPTURA DOS TENDÕES DO GLÚTEO Uma dificuldade no diagnóstico da ruptura proximal do


MÉDIO E MÍNIMO tendão do bíceps é a de determinar se a ruptura está associada à
lesão concomitante do manguito rotador ou à instabilidade. A apre-
Frequentemente diagnosticada incorretamente como síndrome sentação clínica de um paciente com uma ruptura proximal do
dolorosa do trocânter maior ou bursite trocantérica, a avulsão ou tendão do bíceps é parecida com a de um paciente com uma lesão
ruptura dos tendões do glúteo médio ou mínimo ("manguito do manguito rotador, e testes-padrão para lesão do manguito
rotador do quadril") pode causar dor lateral prolongada no quadril. rotador (Cap. 46) podem ser necessários para definir a lesão.
A causa da tendinose e ruptura desses tendões é incerta, mas pode Rupturas proximais do tendão do bíceps são tradicionalmente
estar relacionada com traumas mecânicos locais ou condições de tratadas de forma conservadora, já que raramente causam incapaci-
predisposição sistêmica. A incidência de ruptura do glúteo é des- dade funcional significativa. Preferimos a correção cirúrgica em
conhecida, mas a lesão do glúteo médio ou mínimo tem sido casos de ruptura aguda proximal do bíceps em pacientes jovens e
relatada entre 4% a 20% dos pacientes submetidos à artroplastia ativos que não estão dispostos a aceitar a deformidade ou uma
total do quadril e em 25% dos pacientes com fraturas do colo ligeira fraqueza de supinação. Ocasionalmente, o reparo é indicado
femoral. A maior parte das rupturas relatadas do tendão do glúteo em pacientes de meia-idade, cuja profissão (p. ex., carpintaria)
médio foi em mulheres acima dos 50 anos de idade. Os dois sinais requer força de supinação completa caso ele acredite que o tempo
mais fidedignos para o diagnóstico dessa ruptura são a marcha de fora do trabalho seja compensado por um pequeno aumento na
Trendelenburg e a dor na abdução resistida do quadril, ambas as força de supinação obtido através da cirurgia.
quais apresentam relatos de terem mais de 70% de sensibilidade e A tendinite crônica do bíceps ou ruptura do tendão está asso-
especificidade. Em pacientes com lesões crônicas, radiografias ciada à síndrome do impacto. Em pacientes com histórico de sintomas
simples geralmente são inocentes, mas podem revelar esclerose, de síndrome do impacto e uma ruptura aguda, a artrografia ou resso-
borda irregular ou osteófitos na extremidade anterior do trocânter nância magnética é utilizada para a avaliação da patologia do man-
maior. Uma RM (91 % de acurácia) e ultrassom podem ser utiliza- guito rotador. O tratamento é direcionado para a síndrome do impacto
dos para a confirmação do diagnóstico. e reparação do defeito do manguito rotador. Em um paciente ativo
Se houver diagnóstico precoce, as rupturas do tendão do com menos de 40 anos de idade que tenha sofrido uma ruptura há
glúteo podem ser tratadas de forma conservadora, retirando a carga menos de 1 ano, a tenodese deve ser realizada no momento da acro-
do quadril envolvido com muletas ou bengala, anti-inflamatórios e mioplastia, ressecção do ligamento coracoacromial e reparo do man-
fisioterapia assim que os sintomas agudos desaparecerem. Se os sin- guito rotador. A tenotomia pode ser adequada para pacientes mais
tomas persistirem, o tratamento cirúrgico pode envolver o desbri- velhos e menos ativos, os quais não tenham objeções à fraqueza de
damento do tendão conjunto, a fixação transóssea e, possivelmente, supinação e deformidade estética. É um procedimento tecnicamente
um reforço com enxerto de partes mole. A fixação transóssea pode mais simples, com um tempo de recuperação curto e que não requer
ser obtida com a fixação de sutura através de túneis ou âncoras de a imobilização pós-operatória.
sutura no local de inserção dos tendões no trocânter maior. A repa- Técnicas para a tenodese variam desde técnicas abertas a uma
ração aberta foi considerada bem-sucedida para alívio da dor em abordagem subpeitoral minimamente invasiva até técnicas total-
90% a 95% dos pacientes. Técnicas para a reparação endoscópica do mente artroscópicas (Cap. 52). A fixação pode ser realizada com
tendão do glúteo também têm sido descritas. âncoras de sutura, parafusos de interferência ou túneis ósseos.

RUPTURA DOS TENDÕES DO BÍCEPS


BRAQUIAL REPARO QA RUPTJ,JRA PROXIMAL
DO TENDAO DO BICEPS
• RUPTURA PROXIMAL DO TENDÃO DO BÍCEPS
Mais da metade de todas as rupturas que envolvem o bíceps braquial TÉCNICA
ocorre ao longo da sua cabeça longa. A ruptura geralmente é mais
ou menos transversal e é localizada no interior da articulação do •Faça uma incisão anterior e exponha o su lco deltopeitoral
ombro ou dentro da parte proximal do sulco intertubercular. A e o tendão da cabeça longa do bíceps, abrindo o sulco
maioria das rupturas restantes ocorre na junção entre músculo e intertubercular e dividindo o ligamento transverso do
tendão ou na fixação com a glenoide. Algumas rupturas ocorrem ao úmero.
longo do tendão da cabeça curta, no próprio músculo ou no tendão • Remova a porção infrag lenoidal do tendão, e caso ele
distal do bíceps. A lesão é mais comum em indivíduos entre 40 a 60 esteja previamente intacto (como no caso da tendinite do
anos e, muitas vezes, ocorre devido ao impacto ou microtraumas bíceps), coloque uma sutura de marcação nele para que
crônicos no tendão, mas pode ocorrer também em indivíduos mais o comprimento adequado possa ser mantido.
jovens, durante o levantamento de grande quantidade de peso ou •Faça uma abordagem axil ar inferior, centrada na borda
outras atividades esportivas (p. ex., futebol americano, rúgbi, futebol, inferior do tendão do múscu lo peitoral maior.
snowboarding) ou em uma queda traumática. •Identifique o bíceps e o coracobraqu ial e faça uma incisão
A ruptura aguda proximal do tendão do bíceps está associada longitudina l na fáscia adjacente.
a uma diminuição de 20% da força de flexão do cotovelo, e a força •Posicione um afastador de Hohmann sob o músculo pei-
de abdução do ombro com o braço em rotação externa é 17% toral maior e rebata o músculo proximal e lateralmente;
menor que a do lado oposto. Com uma lesão aguda, é possível exponha a cabeça longa do bíceps dentro da incisão.
notar equimose e tumoração na face lateral do braço pela retração •No loca l em que a tenodese será realizada, adicione 25
do tendão. Quando as rupturas são identificadas tardiamente, no mm ao comprimento do tendão do bíceps e resseque o
geral, não há fraqueza significativa na flexão do cotovelo ou restante do tendão.
abdução do ombro.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTI COS

• Fixe o tendão ao osso com suturas através de túneis ósseos,


•Coloque um afastador de Hohmann no tend ão do peito-
âncoras de sutura ou parafusos de interferência.
ral maior e no úmero proxima l, para afastar a musculatura
proxima l e latera lmente (Fig. 48-40B)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a cirurgia, o braço •Posicione um retrator rombo de Chand ler no aspecto
é colocado em uma tipoia por alguns dias. O paciente é medial do úmero, e afaste gentilmente o coracobraquial e a
encorajado a retomar as atividades, conforme tolerado. cabeça curta do tendão do bíceps. Evite a mobilização medial
A participação em esportes deve ser evitada por pelo vigorosa, para evitar lesões no nervo musculocutâneo.
menos 12 semanas. •Assim que o tendão do bíceps for identificado, coloque
uma pinça curvada para a direita nele e puxe-o para a
ferida operatória (Fig . 48-40C).
•A um centímetro proximal em relação ao tendão do peitoral
maior, rebata o periósteo em um retângulo de 2 x 1 cm.
TENODESE SUBPEITORAL DO BÍCEPS •Para gara ntir o tensionamento adequado do tendão do
bíceps, resseque a parte proxima l pa ra deixa r de 20 a 25
TÉCNICA mm de tend ão proxima l à junção miotendínea.
•Utilizando a sutura de Krackow ou ponto de colchoeiro,
(MAZZOCA ET AL.) faça uma sutura não absorvível nº 2 nos 15 mm proximais
do tendão (Fi g. 48-400). Suture tendão suficiente para
•Com o paciente na posição de cadeira de praia, realize garantir a fixação óssea com parafuso de interferência, e
uma artroscopia diagnóstica padrão. para posicionar a junção miotendínea do bíceps abaixo
•Identifique o interva lo dos rotadores entre os tendões do da borda inferior do tendão do peitoral maior. Isso é
supraespinal e do subescapular, e faça um portal anterior essencia l para o tensionamento adequado da un idade
padrão de dentro para fora ou de fora para dentro (Cap. 52). musculotendínea, bem como para fins estéticos.
•Com um instrumento de pa lpação (probe) introduzido no •Uti lize um fio-guia e uma broca de 8 mm para fazer um
portal anterior, puxe o tendão do bíceps para a articu la- túnel ósseo de 15 mm de profundidade na junção dos
ção glenoumeral, avaliando a sua mobi li dade e quaisquer terços médio e dista l do su lco intertubercular entre as
lesões estruturais. Como os processos patológicos do tuberosidades menor e maior (Fi g. 48-40E).
tendão do bíceps são ma is frequentes na porção do su lco •Remova todos os debris do loca l através de irrigação.
intertubercular, é fundamental que essa parte seja mobi- •Prenda uma das pontas da sutura em uma chave de fenda
lizada até a articulação . para biotenodese e no parafuso (8 x 12 mm) e enrole a
•Ava lie o ligamento coracoumeral e os tendões do supraes- extremidade da sutura no suporte do parafuso.
pinal e subescapular para qualquer processo patológico. •Coloque a chave de parafuso de tenodese no túnel ósseo
•Com um instrumento de corte artroscópico ou de ablação e avance com o parafuso sobre o tendão; quando o para-
térmi ca inserido pelo porta l anterior, faça a tenitom ia do fuso estiver nivelado com o túnel ósseo, remova a chave.
tendão do bíceps em sua origem. Um shaver poderá ser •Amarre as extremidades da sutura através do parafuso
utilizado para o desbridamento da porção proxima l até para fornecer uma estabi lidade de âncora à sutura (Fig.
uma base estável. 48-40F)
• Com o braço abduzido e rodado internamente, pa lpe a •Quando a fixação for concluída, a junção miotendínea
borda inferior do tendão do peitoral maior; no aspecto deverá estar situ ada sobre sua localização anatômica
medial do braço, fa ça uma incisão a 1 cm acima de sua exata, sob a borda inferior do tendão do peitora l maior.
borda inferior e continue com ela até 3 cm abaixo desta •Finalize o procedimento com o fechamento de lesão
(Fig. 48-40A). padrão.
• Infiltre a incisão com uma anestesia local com epinefrina
para a hemostasia subcutânea e analgesia perioperatória. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tipoia é utilizada
•Disseque o tecido subcuticular, utiliza ndo o eletrocautério durante o sono nas 4 primeiras semanas e, enquanto o
para controlar o sangrame nto, e li mpe o tecido gorduroso paciente estiver acordado, é uti lizada apenas se ele tiver
adjacente até a identificação da fáscia que recobre o difi culdade em manter o cotovelo passivamente flexio-
peitoral maior, o coracobraquia l, e o bíceps. Se esses nado ou se ele sa ir em áreas públ icas. O uso da tipoia
pontos de referência anatômicos não forem visua lizados, será tota lmente desconti nuado após 4 semanas. As ativi-
a dissecção pode estar excessivamente lateral; caso a veia dades geralmente são definidas de acordo com os proce-
cefálica seja visualizada no su lco deltopeitora l, a dissec- dimentos rea lizados junto à tenodese do bíceps. Se
ção estará excessivamente proximal e latera l. apenas tiver sido rea lizada a tenodese de bíceps, as ativi-
•Assim que a borda inferior do peitoral maior for identifi- dades de fortalecimento deverão ser restringidas até 6
cada, faça a incisão da fáscia ao longo do coracobraquial semanas após a cirurgia; muitos pacientes são capazes de
e bíceps em uma direção de proxima l para dista l. É impor- retomar a atividade conforme tolerado em 2 semanas,
tante observar as fibras horizontais do músculo peitoral mas eles deverão ser informados sobre os riscos.
e dissecar abaixo deste nível.
•Uti lize uma dissecção romba com o dedo abaixo da borda
inferior do músculo peitora l, palpando o úmero antero-
medialmente, para identificar a estrutura longitudinal e
fusiform e do tendão do bíceps.
A tenodese artroscópica do bíceps é descrita no Capítulo 52.
E9 PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

A B

r;tamlmI!I Tenodese subpeitoral do bíceps (ver texto). A, Incisão da pele. B, Afastamento do múscu lo peitoral. C, Tend ão do
bíceps puxado para a ferida operatória. D, Suturas de Krackow entrelaçadas ao tendão proximal. E, Fio-guia inserido no sulco bicipital
para a criação do túnel. F, Inserindo o parafu so de interferência . (Reformulado de Mazzocca AD, Rios CG, Romeo AA, Arciero RA: Subpectora l
biceps te nodesis with interference screw fixation, Arthroscopy 2 1:896, 2005.) VEJA A TÉCNICA 48-28.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOSTRAUMÁTICOS -

• RUPTURA DISTAL DO TENDÃO DO BÍCEPS


A ruptura distal do tendão do bíceps geralmente ocorre em
homens de meia-idade e durante levantamento de peso com o
cotovelo flexionado a 90 graus, ou quando o bíceps é contraído
contra uma resistência inesperada. Um estalo pode ser ouvido, o
que geralmente é seg uido por dor, ede ma e equimose na fossa
antecubital. A migração proximal do músculo é evidente, assim
como um defeito palpável. Inicialmente, há fraqueza durante a
_)
flexão e supinação. A
Um tes te bicipital, semelhante ao teste de Thompson para a
ruptura do tendão de Aquiles, pode ser utilizado para o diagnós-
tico de ruptura distal total do bíceps. O teste é realizado com o
paciente sentado e com o cotovelo em flexão entre 60 e 80 graus.
Este grau de flexão minimiza a tensão sobre o músculo braquial e
ajuda a isolar o bíceps como supinador do antebraço. O antebraço
é ligeiramente pronado para colocar tensão sobre o tendão bra-
quial do bíceps. O examinador ficará no mesmo lado que a extre-
midade a ser testada. O bíceps braquial é firmemente apertado com
ambas as mãos: uma delas na junção miotendínea distal e a outra
ao redor do ventre muscular. Conforme o bíceps é apertado, o
ventre muscular afasta-se do úmero subjacente, provocando mobi-
lização anterior do músculo. A falta de supinação do antebraço
com esta manobra é considerada positiva, indicando a ruptura do
tendão do bíceps braquial ou do ventre muscular. O valor positivo
previsto e relatado para este teste é de 95%, com um a se nsibilidade
de 100%. O teste de gancho (hook test) pode ser utilizado para o
diagnóstico de avulsões completas do tendão do bíceps: com o coto- H@ii;f.SIElll Hook test para a avulsão distal do bíceps. Com
velo ativamente flexionado e em supinação, o examinador deverá o cotovelo ativamente fle xionado e em supinação, o examinador
se r capaz de "enganchar" o dedo indicador so b uma estrutura deverá se r capaz de "enganchar" um dedo indicador sob uma
semelhante a um cordão na fossa antecubital, caso o tendão esteja estrutura semelhante a um cordão na fossa antecubital, caso o
intacto (Fig. 48-41). Foi relatado que este teste apresenta 100% de tendão esteja intacto.
sensibilidade e especificidade; no entanto, o examinador deverá se
certificar de "enganchar" a borda lateral do tendão do bíceps e não
a borda medial, pois o lacertus fibrosus poderá ser confundido com
um tendão do bíceps intacto. riscos da dissecção profunda na fossa antecubital. Um procedimento
A compressão do nervo mediano na região proximal no ante- endoscópico foi descrito, mas não recomendamos tal técnica.
braço pode resultar de uma ruptura parcial. Mesmo que rupturas Há certa preocupação sobre a formação de ossificação hetero-
completas sejam frequentemente dramáticas na aparência e relativa- tópica ou sinostose radioulnar em consequência da abordagem de
mente fáce is de diagnosticar, as parciais ou incompletas não o são, Boyd e Anderson; no entanto, nos nossos pacientes tratados com
e por diversas vezes exibem características semelhantes às de essa técnica, não consideramos isso um problema. Acreditamos que
rompido total, incluindo dor e fraque za à flexão do cotovelo e à o uso de osteótomo em vez de uma broca para criar o túnel ósseo
supinação do antebraço, tendo como diferença apenas o fato de que impede a liberação de partículas de osso no espaço interósseo, o que
o tendão do bíceps ainda pode ser palpável. pode levar à ossificação ectópica. Nós modificamos a técnica, subs-
A ressonância magnética pode ser útil na distinção de rupturas tituindo o túnel por uma canaleta. Além disso, uma pequena incisão
parciais e completas, bem como para definir tendinite, tenossinovite, é feita em vez da incisão curvilínea anterior.
hematoma e contusão no músculo braquial. A posição de flexão-ab- Uma técnica de duas incisões do tipo mini-open (pequena
dução -supinação (FABS) (90 graus de flexão do cotovelo, 180 graus abertura) foi descrita utilizando uma pequena incisão transversal (:o;
de abdução do ombro e supinação do antebraço) é recomendada 2 mm) na prega da flexão da fossa antecubital e uma incisão poste-
para obter uma visão longitudinal do tendão fidedigna. O ultrassom rolateral de 3 cm para a fixação transóssea.
é um método de imagem potencialmente mais rápido e barato, mas Bons resultados também têm sido relatados com técnicas de
seu res ultado é examinador-dependente. uma incisão que utili zam âncoras de sutura, parafusos de interferên-
As opi niões divergem quanto ao método e ao local adequados cia, botões e parafusos para tenodese. As vantagens relatadas das
para reinserir este tendão. A maioria dos autores concorda que, técnicas com uma úni ca incisão incluem uma exposição limitada da
teoricamente, ele deve ser recolocado em sua posição anatômica, na tuberosidade radial, melhor resultado estético, e a diminuição do
tuberosidade rad ial, para restaurar a potência de supinação do risco de ossificação heterotópica. As desvantagens incluem o
bíceps. Quando o cotovelo é estendido, o bíceps apresenta uma força aumento dos custos (equipamento caro), possibilidade de fixação
de supinação duas vezes maior que o músculo supinador do ante- menos segura, e nenhuma calha óssea para a revascularização do
braço, e essa força é ainda maior quando o cotovelo é flexionado. O tendão. No geral, as lesões nervosas são mais frequentes com as
tratamento cirúrgico de rupturas distais do tendão do bíceps pode técnicas de uma incisão e a ossificação heterotópica é mais comum
ser realizado com sucesso através da técnica com incisão única ou após técnicas que utili zam duas.
dupla. A técnica com du as incisões, pertencente a Boyd e Anderson, Estudos biomecânicos comparando métodos de fixação tiveram
restaura a potência de supinação para os bíceps, mas expõe aos conclusões conflitantes; alguns têm mostrado que a fixação do botão
lllm) PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

•Com uma pinça hemostática curvada e longa, mobilize o


tendão a partir da incisão anterior até a incisão postero-
lateral. Evite fazer várias passagens através da membrana
Rádio em para minimizar o risco de ossificação heterotópica e sinos-
tose subsequente.
•Aprofunde a incisão posterolateral, identifique o ancôneo
e disseque-o bem do osso. Deixe o antebraço pronado
para proteger o nervo interósseo posterior.
•Utilize um pequeno osteótomo curvo de 1 a 4 polegadas
para criar uma canaleta ou "alçapão" na tuberosidade.
Incisão •Faça dois furos no aspecto dorsal da canaleta, deixando
transversal uma ponte óssea de 10 mm entre eles (Fig. 48-42B).
Incisão
•Passe as suturas amarradas ao tendão e junto com elas
A dorsolateral
o próprio tendão, através da membrana interóssea.
• Utilize um passador de sutura para passar a sutura pri-
meiro através da canaleta e, depois, para fora do furo.
•Passe a segunda sutura com o passador de sutura através
da calha e para fora do furo.
•Puxe cuidadosamente as suturas no tendão e guie-o para
a canaleta óssea.
•Amarre bem as suturas sobre o osso e corte as extremi-
dades das suturas (Fig. 48-42B).
• Feche a incisão anterior com o cotovelo flexionado a cerca
de 60 graus.
•Solte o torniquete e feche a incisão posterolateral.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o cotovelo flexio-


O@il;tJmz9 Técnica de duas incisões para reparo distal do
nado a 11 O graus e o antebraço em supinação moderada,
tendão do bíceps. A, Incisões. B, O tendão do bíceps é passado
uma tala é aplicada. Em 2 semanas, a tala e as suturas
pelo "alçapão" na tuberosidade. VEJA A TÉCNICA 48-29.
serão retiradas. Uma órtese articulada é aplicada e utilizada
durante 4 semanas . A flexão passiva é permitida, assim
como uma extensão ativa, progredindo entre 15 a 20 graus
apresenta uma força de arrancamento significativamente maior que por semana. Exercícios de arco de movimento de prono-
as âncoras de sutura ou fixação do túnel ósseo, enquanto outros mos- supinação são iniciados entre 4 a 6 semanas. Entre a 6ª e
traram que as suturas transósseas eram mais fortes que as âncoras de 8ª semana, uma gama comp leta de amp litude de movi-
sutura. mento deverá ser possível, mas o retorno total às atividades
deverá ser adiado para a 12ª a 16ª semana .

TÉCNICA DE DUAS INCISÕES


PARA A DISTAL TÉCNICA DE ÚNICA INCISÃO
DO TENDAO DO BICEPS PARA A DISTAL
DO TENDAO DO BICEPS
TÉCNICA
(BOYD E ANDERSON)
TÉCNICA lmm_ _ _
•Faça uma incisão longitudinal anterior de 3 a 4 cm (abor-
•Faça uma incisão anterior transversal de 2 cm e uma dagem de Henry, ver Cap. 1). As veias antecubitais super-
maior, posterolateral, de 6 a 8 cm sobre o aspecto radial ficiais podem exigir hemostasia. Identifique e preserve o
da borda ulnar (Fig. 48-42A). nervo cutâneo lateral do antebraço.
•Abra a fáscia profunda e identifique o tendão do bíceps •Identifique o tendão proximal do bíceps que está rompido
através do toque. e coloque-o em uma compressa úmida.
•Localize o túnel original através da membrana interóssea. • Faça a ligação dos vasos recorrentes radiais.
•Insira pontos de bloqueio em Krackow na extremidade •Os afastadores profundos de joelho possibil itam exce-
do tendão. É importante manter cada ponto de blo- lente exposição da tuberosidade radial. Realize o desbri-
queio em estreita proximidade com o anterior, para damento do restante da tuberosidade inserida no tendão
evitar que o tendão se dobre e forme uma extremidade e eleve o periósteo do osso com uma cureta.
vo lumosa no tendão, o que poderia impedi-lo de • Fixe o tendão à tuberosidade radial com suturas através
repousar sobre o sulco ou "alçapão" criado na tubero- dos túneis ósseos, âncoras de sutura, botão ou parafusos
sidade radial. de interferência e tenodese.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

•Assim que o tendão for aproximado, realize um movi-


mento completo de prono-supinação do antebraço para
garantir que o tendão esteja excursionando suavemente.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cotovelo é im obili-


zado a 90 graus por 2 semanas . Após esse período, as
suturas são re movidas. Uma órtese de cotovelo articulada
é apl icada com uma extensão para que o cot ovelo pare
a 80 graus. A fl exão passiva completa é permitida com
pronação e supinação passivas a 90 graus. Em 6 semanas,
a extensã o progressiva da órtese é permitida em um a
evolução de 20 graus por sema na. Na 8ª semana, a flexão
ativa é iniciada e o fortalecimento começa na 12ª semana .
O uso irrestrito e completo é permitido após 16 semanas.

RUPTURA DO MÚSCULO PEITORAL MAIOR


A ruptura do músculo peitoral maior é mais comumente causada
pela abdução forçada, rotação externa e extensão do ombro contra
resistência. Já considerada um a lesão rara no passado, a ruptura H(rill;@& I Reparo do peitoral maior com a técnica da ca lha
do peitoral maior tornou-s e mais comum nas últimas duas décadas, do osso . A, Suturas são passadas através da calha do osso, no sítio
especialmente em atletas que par ticipam de esportes como levan- anatô mico de inserção do tendão. B, A amarração das suturas puxa
tamento de peso. Embora o exercício de supino seja a causa mais o tendão rompido para dentro da calha do osso. (Reform ulado de
frequ entemente citada para a ruptura, a lesão também ocorre em Petilon J, Carr DR, Sekiya JK, Unger DV: Pectoralis major muscle injuries:
outros esportes, incluindo rúgbi, snowboarding e esqui aquático, eva luation and management, J Am Acad Orthop Surg 13:59, 2005.)
futebol, luta livre e hóquei. Rupturas traumáticas ocorrem quase
que excl usivamente em homens, entre as idades de 20 a 40 anos.
Edema, equimoses e deformidade musc ul ar são evidentes no local RUPTURA OU AVULSÃO DO TENDÃO DO
de ruptura, geralmente na junção miotendínea no úmero. A fra- TRÍCEPS
queza na adução do ombro e na rotação interna também está
presente. Um sinal mais específico da ruptura do músculo peitoral A ruptura do tendão do tríceps é relativamente incomum. Ela
maior, tanto a aguda quando a crônica, é a perda ou diminuição geralmente ocorre como uma avuls ão do tendão e um pequeno
da prega axilar anterior no lado da lesão. Um defei to na dobra pedaço de osso da ponta do olécrano. A ruptura do tendão do
axilar freque ntemente é acentuado pela abdução ou adução contra tríceps também está associada a injeções de esteroides para bursite
a resistência do ombro afetado. O defeito pode ser palpável quando do olécrano, e uma associação ao uso de esteroides anabolizantes
comparado com o tendão do p eitoral oposto em flexão. A resso- tem sido sugerid a.
nância magnética e o ultrassom são eficazes para determinar a Os pacientes apresentam dor e edema sobre o aspecto poste-
localização e a extensão das rupturas do músculo peitoral maior. rior do cotovelo. O exame físico revela dor à palpação, edema e
A reparação cirúrgica direta geralmente é indicada para rup- equimose. Um defeito palpável pode estar presente proximalmente
turas recentes e traumáticas em adultos jovens, especialmente se for ao olécrano. Embora a incapacidade de extensão ativa contra resis-
necessária toda a potência muscular ou se o paciente rejeitar defor- tência seja um sinal de ruptura completa, nem todas as rupturas
midades clínicas. O tendão, em geral, sofre avulsão óssea e a repa- completas causam esse déficit. A ressonância nuclear magnética no
ração costum a ser realizada através de suturas transósseas não plano sagital é útil para a determinação da integridade do tendão do
absorvíveis, com ou sem âncoras de sutura, da mesma forma que a tríceps. Rupturas parciais são caracterizadas por um pequeno defeito
reparação do manguito rotador é feit a (Fig. 48-43). A reparação permeado por líquido dentro do tendão distal, o qual aparece como
também pode ser realizada com sutura direta boca a boca do tendão, uma área brilhante nas imagens ponderadas em T2. Rupturas com-
através de múltiplas suturas de colchoeiro não absorvíveis. A repa- pletas são caracterizadas por um grande espaço cheio de líquido
ração tardia, caso seja justificada pelos sintomas, pode ser bem- entre a extremid ade distal do tendão do tríceps e o olécrano.
sucedida caso as extremidades da lesão não tenham sofrido retrações O tratamento conservador das rupturas do tendão do tríceps
significativas. Se o teste de adução do ombro e rotação intern a contra geralmente é reservado para pacientes idosos e com baixas deman-
a resistência indicar alguma função remanescente do tendão, a repa- das de atividade. A maioria das rupturas na inserção do olécrano
ração tardia pode ser bem-sucedida. Se a liberação circunferencial deve ser reparada com suturas não absorvíveis nº 2 ou nº 5, passando
do tendão não restaurar o comprimento suficiente deste para possi- por tún eis feitos no olécrano (Fig. 48-44). A tensão da sutura não
bilitar nova fixação, um aloenxerto de tendão de Aquiles ou o tendão absorvível nº 5 pode ser utilizada para aliviar o estresse durante a
isquiotibial pode ser utilizado para fornecer o comprimento neces- reparação. Âncoras de sutura também podem ser utilizadas. Yeh et
sário e permitir a reparação diretamente ao úmero. Um imobilizador ai. desc reveram um a "reparação anatômica no local de inserção
para o ombro deverá ser utilizado por 6 semanas após a cirurgia. nativo do tendão do tríceps" utilizando âncoras de sutura para criar
Exercícios de pêndulo são iniciados dentro da primeira ou segunda um a ponte de sutu ra e restaurar uma área mais ampla de contato
semana, e exercíci os de resistência progressiva são iniciados em entre o tendão e o osso (Fig. 48-45) .
aproximadamente 3 meses. A atividade sem restrições geralmente é Para rupturas na junção rniotendínea, uma técnica de avanço
permitida 4 meses após a cirurgia. em V-Y do tendão do tríceps foi descrita, na qual o tendão plantar
PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

reforço com au toenxerto livre de tendão plantar delgado ou isquio-


tibiais, e dispositivos de reforço ligamentar.
Após o reparo, recomendamos a imobilização durante 3
semanas, seguida de flexão ativa progressiva em uma órtese de
movimento con trolado. O fortalecimento ativo do tríceps é iniciado
em 3 meses. Exercícios isométricos podem ser iniciados antes,
dependendo da força do reparo e avaliação cuidadosa da cicatriza-
1 ção das partes moles.
Cabeça 1
1 Cabeça
longa do 1-lateral do
músculo---. 1 músculo
tríceps : tríceps
LUXAÇÃO DOS TENDÕES
1
1
1
TENDÕES FIBULARES
1
1

Tendão rr> \ 1
A subluxação e luxação dos tendões fibulares são incomuns e frequen-
temente são causas negligenciadas de dor lateral no tornozelo. Devido
do tríceps 1
ao fato de que a lesão aguda pode mimetizar a entorse lateral do
Epicôndi lo ) tornozelo e que ela pode ocorrer ao mesmo tempo de urn a lesão
medial ',' Ep1cônd1lo do ligamentar lateral do tornozelo, o diagnóstico pode ser difícil. Em
lateral um estudo, apenas 60% dos distúrbios dos tendões fibulares foram
Sutura diagnosticados com precisão na primeira avaliação clínica. Essas
- -----Olécrano lesões são mais frequentes em indivíduos atletas e jovens que partici-
A B pam de esportes corno esqui, futebol, basquete, rúgbi, patinação no
gelo, tênis, futebol americano e ginástica; a subluxação crônica foi
h@lhf4ml19 Reparo da av ulsão ou ruptura do tendão do relatada sem qualquer histórico de um evento traumático específico.
tríceps. A, Um pedaço da sutura Mersilene é passado através do furo O retináculo fibular superior é um restritor primário à insta-
no olécrano. B, Este pedaço é enroscado através de um a grande bilidade dos tendões fibulares no maléolo fibular. Ele estende-se a
agu lha e um laço é feito ao longo do tendão; em seg uid a, a agulha uma distância proximal de 3,5 cm a partir da ponta do maléolo
passa transversalmente através do tendão e outro laço é feito. lateral e fica posterolateralmente fixo no calcâneo e na fáscia pro-
funda adjacente ao tendão de Aquiles. Os tendões fibulares podem
ser deslocados dentro das bainhas dos tendões, mas são mais comu-
mente deslocados para fora delas e para fora do sulco do tendão.
A musculatura fibular é contraída e vence a resistência dos tecidos
moles. Os tendões deslocam-se anteriormente a partir da parte pos-
terior da fíbu la distal. Uma forte contração dos fibulares com o pé
em dorsiflexão pode causar fa lha do retináculo fibular superior,
resultando em subluxação ou deslocamento dos tendões. Uma
inversão com o pé em flexão plantar também pode estirar ou avul-
sionar essa estrutura.
Fatores anatômicos que podem predispor o deslo camento
recorrente incluem a insuficiência do retináculo superior, um sulco
raso ou uma superfície posterior convexa da fíbula distal. Deformi-
dades congênitas, como o tálus vertical congênito e pé plano-va lgo
também têm sido descritos como fatores de risco para a instabili-
dade do tendão fibular.

• CLASSIFICAÇÃO
Lesões do tendão fibular foram classificadas primeiramente pela
localização. Em um sistema de classificação (Shawen e Anderson),
as lesões da zona I envolvem o sulco fibu lar e geralmente o tendão
fibular curto; as lesões de zona II estão locali zadas no tún el do
h!riiJ'iTl!mJm " Reparação anatômica do sítio de inserção (foot cuboide e envolvem principalmente o tendão fibular longo. Na
print) do tendão do tríceps" utilizando âncoras de sutura para modificação do Oden em relação à classificação de Eckert e Davis
fornecer uma área mais amp la para o contato entre o tendão e (Fig. 48-46.), as lesões são divididas em quatro categorias. Para
o osso. (Reformulado de Yeh PC, Dodds SD, Smart LR, et ai: Distal lesões de grau l , o padrão mais comum(> 50%), o retináculo fib ul ar
tri ceps rupture, J Am Acad Orthop Surg 18:31, 2010.) superior é elevado para fora da fíbula com os tendões fib ulares
situando-se entre o osso e o periósteo. Para lesões de grau 2, a pro-
eminência fibrocart ilaginosa atrás da inserção lateral do retináculo
delgado autólogo está entrelaçado com o coto proximal e distal do fibular sup erior é avulsionada, juntamente com o retináculo e os
tecido do tríceps, para aum entar a resistência do reparo. tendões, que são deslocados por baixo dessa crista. Para lesões de
Mú ltiplos procedimentos têm sido descritos para o tratamento
de rupturas crônicas, incluindo a rotação de retalho do ancôneo ou *Disponível , em inglês, em www.expertconsu lt.com.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS

grau 3, está envolvida uma avulsão de um pequeno fragmento ósseo


cortical a partir da inserção fibular do retináculo fibular superior, QUADRO 48 _6 de
Subluxaçao/Luxaçao do
com os tendões deslocando-se por baixo do fragmento fib ular. Para
Tendão Fibular
lesões de grau 4, o tipo menos comum, está envolvida uma avulsão
ou ruptura completa do retináculo fibular superior, com os tendões • Lesão do complexo ligamentar do tornozelo após entorse
localizados na parte externa e na superfície do retináculo. Mais • Ruptura do tendão de Aqui les
recentemente, Raikin et al. propuseram uma subluxação dentro da • Fratura: maléolo, quinta metatarsal, cuboide
bainha do tendão, no sulco fibular, sob um retináculo fibular supe- • Fratura por estresse : ca lcâneo
rior anteriormente intacto, como um subgrup o de subluxação • Síndrome do seio do tarso
fibu lar. Foram descritos dois tipos de subluxação dentro da bainha: • Síndrome calcâneo-cuboidea
o tipo A, no qual não há lesão do tendão fibular e os tendões • Tendinopatia fibular
momentaneamente trocam de posição (o tendão fibular longo escor- • Doença degenerativa da arti cu lação
rega por baixo do tendão fibular curto) e o tipo B, no qual o tendão • Coalizão tarsal
fibu lar longo é subluxado através de uma ruptura longitudinal no • Lesão osteocondra l do tá lus
tendão fibular curto (Fig. 48-47'). • Corpos livres na articulação subtalar ou do tornozelo
• Neurite su ral
• AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA • Radiculopatia
O diagnóstico pode ser confirmado pelo estalido e ressalto na região •Tumores malignos ou benignos
lateral do tornozelo, especialmente ao subir escadas, e pelo teste de • Presença de múscu lo ou osso acessório
provocação no qual o pé é colocado em dorsiflexão, eversão e
rotação externa, enquanto resiste a uma força de inversão e flexão
plantar aplicada pelo examinador. O deslocamento do·tendão pode
ser detectado com a circundação do pé, enquanto o examinador
palpa a borda anterior do sulco fibular. Pacientes com subluxações
dentro da bainha podem não apresentar sinais clínicos reprodutí-
veis. O diagnóstico diferencial deve incluir causas degenerativas, movimentando-se a partir da dorsiflexão até a flexão plantar tem
traumáticas, e congênitas de dor lateral do tornozelo (Q uadro 48-6), sido sugerida como sendo superior à imagem estática, pois o pro-
especialmente a lesão por entorse do complexo ligamentar lateral do cesso patológico é posição-dependente. Também há relatos de que
tornozelo (Tabela 48-5). a ultrassonografia tem sido considerada efetiva para a avaliação
As radiografias geralmente são inocentes; em uma lesão de dinâmica da subluxação do tendão fibu lar.
grau 3, um pequeno fragmento ósseo pode ser visto destacado
posteriormente na fíbu la distal. A IRM pode ser utilizada para • TRATAMENTO
identificar uma lesão no retináculo fibular superior, nos tendões O tratamento depende se a lesão é aguda ou crônica, da anatomia
fibulares e nos tecidos moles de suporte, bem como para identificar óssea e dos tecidos moles, de quaisquer achados clínicos associados,
as estruturas anômalas, tais como o fibular quarto ou um ventre e a idade e o nível de atividade do paciente. O tratamento conser-
muscular baixo do fibular curto. A IRM dinâmica do tornozelo vador raramente é bem-sucedido, e o tratamento cirúrgico é prefe-
rível, especialmente em pacientes jovens e atletas. O reparo agudo
do retináculo fibular sup erior é recomendado. Deslocamentos crô-
nicos ou recorrentes sintomáticos do tendão devem ser tratados
"""','''l;::, o·t1 erença d a 1nsta b"l"d
1 1 ade d os
lien d-oes F"b cirurgicamente, exceto se contraindicados. Os procedimentos cirúr-
1 u1ares e da Lesao-
*" Ligamentar Lateral Pela Entorse gicos são divididos em cinco tipos: fixação periosteal, aprofunda-
mento do sulco, tenoplastia, procedimentos ósseos e os procedimentos
do Tornozelo
de transposição, como a incisão do ligamento calcaneofibular e a
INSTABILIDADE colocação dos tendões fibu lares profundos no ligamento. Em geral,
DOS TENDÕES ENTORSE DO preferimos a reconstrução de tecidos moles utilizando a fáscia pro-
SINAL/SINTOMA FIBULARES TORNOZELO funda ou periósteo em combinação com o aprofundamento do
Dor Pro ximal à ponta Distal à ponta sulco. Se a fáscia for suficiente, um procedimento ósseo de bloqueio
da fíbula da fíbula posterior pode produzir excelentes resultados. O uso de uma tira
Edema Postero lateral Anteroin fer ior lateral do tendão de Aquiles é uma alternativa, embora alguns de
Histórico Estalido Impreciso nossos pacientes tenham apresentados sintomas persistentes de ten-
Piora em Possíve l Prováve l dinite no tendão de Aquiles após esse procedimento. Outros proce-
terreno dimentos descritos para o tratamento da subluxação do tendão
irregular fibular incluem o uso de metade do tendão fibular curto para o
Piora com Sim Não reparo do retináculo, transposição do tendão fibular sob o ligamento
circundu ção calcaneofibular e várias técnicas de reconstrução do retináculo fibular
Pi or em Não Sim superior e aprofundamento do sulco fibular. Uma técnica endoscó-
inversão- pica para a reparação do retináculo fibular superior também foi des-
flexão crita. Procedimentos ósseos envolvem osteotomias da fíbula com o
objetivo de produzir uma crista óssea na fíbula distal, para ajudar a
evitar a subluxação; embora esses procedimentos possam apresentar
altas taxas de sucesso, eles também têm altas taxas de complicações
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com. devido ao uso da fixação interna.
E9 PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

•Libere os tendões de sua bainha e rebata-os anterior-


REPARACÃO DO RETINÁCULO FIBULAR mente, sobre o ma léolo.
SUPERIOR •Levante um retalho osteoperiostal cortica l com 3 cm x 1
cm ao longo do aspecto posteromedial da fíbula distal e
maléolo latera l, deixando a borda posteromedia l intact a,
para atuar como uma dobradiça (Fi g. 48-48A).
•Faça uma incisão longitudina l sobre a borda posterior do
•Abra o retalho posteriormente, e remova o osso espon-
terço distal da fíbula e estenda-o ao longo da borda
joso do aspecto posterior da fíbula, para aprofundar o
latera l do pé para o cuboide.
su lco entre 6 a 9 mm (Fi g. 48-48B)
•No maléolo lateral, eleve superficia lmente um retalho de
•Em seguida, o reta lho voltará para a posição, criando um
pele posterior, e a partir da fáscia profunda, forme um
sulco de 3 a 4 cm de comprimento . O leito do su lco
amplo retalho com sua base li gada à ponta do maléolo
deverá proporcionar uma superfície de deslizamento
lateral.
suave para os tendões f ibulares.
•Rebata anteriormente as ba inhas e os tendões dos mús-
• Retorne com os tend ões para o sulco, e mobilize o tor-
culos f ibulares.
nozelo ao longo de tod a a amplitude de movimento. Os
•Com um osteótomo, faça um su lco no aspecto posterior
tendões deverão permanecer bem assentados e não
do maléolo lateral e acomode os tendões fibu lares nele.
mostrarão tendência de subluxação ou deslocamento.
•Leve o retalho da fáscia sobre os tendões e suture-a com
•Se o retin ácu lo fibular superior for forte o suficiente pa ra
o restante do retin ácu lo ou ao periósteo ou tecido mole na
ser utilizado na reparação, co loqu e-o sobre o tendão. Se
latera l do calcâneo, para prender os tendões e mantê-los
o retin áculo for tênue, como geralm ente é o caso, levante
em sua posição normal.
um retalho periostea l ad icional (1 cm2) na superfície
lateral do maléolo, deixando-o articulado em sua face
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com um gesso ou ta la,
posterolateral. Rebata o reta lho posteriormente e sutu -
o pé ficará imobi lizado em leve eversão e em um ângulo
re-o na parte medial do retinácu lo fibular (Fi g. 48-48C)
de 90 graus em relação à perna durante 4 sema nas, com
•Feche as lesões normalmente e ap li que um gesso curto.
sustentação de peso proteg ida. Entre 2 a 4 semanas, a
sustentação tota l de peso é permitida com um gesso ou
órtese removível.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 3 semanas, o gesso
inicial é substituído por um articul ado que permite exer-
cícios de dorsiflexão e fl exão plantar; este gesso será
usado por mais 3 semanas. Atividades esportivas ext en u-
APROFUNDAMENTO DO SULCO antes não são permitidas até que seja possível realizar
FIBULAR COM TRANSFERÊNCIA DE toda a amplitude de movimentos e que a força normal
TECIDO (RETALHO PERIOSTEAL) tenha sido obtida.

TÉCNICA
(ZOELLNER E CLANCY)

• Faça uma incisão curvilínea em formato de J com 7 cm no


maléolo lateral, ao longo do curso dos tendões fibu lares.

A e
O@ii;f4mll!!I Técnica para o deslocamento recorrente do tend ão fibular. A, Com os tendões afastados, o retalho cort ica l osteope-
riosteal é elevado ao longo do aspecto posterolateral da fíbul a distal, deixando intacta a margem posteromedial em forma de
dobradi ça . B, O retalho é posteriormente dobrado, e o osso esponj oso é re movido do aspecto posterior da fíbula para o su lco aprofundado.
C, O retalho periostea l é posteriormente girado sobre os tendões no sulco . VEJA A TÉCNICA 48-32.
CAPÍTULO 48 DISTÚRBIOS TRAUMÁTICOS Gim
APROFUNDAMENTO
INDIRETO {IMPACTAÇÃO)
DO SULCO FIBULAR
TÉCNICA
(SHAWEN EANDERSON)

•Faça uma incisão long itudinal curvada de 6 a 8 cm ante-


riormente na ponta da fíbula, ao longo de sua borda
posterior.
•Faça os retalhos da pele com espessura tota l para evitar
h[iji@.im& Técnica de Jones para o instabilidade dos tendões
necroses.
fibulares. Verifique o ligamento formado pelo retalho do tendão
•Faça uma incisão de 4 a 5 cm na parte distal do retináculo
de Aquiles inserido através do furo no mal éolo lateral. VEJA A
f ibu lar superior a partir da fíbu la, deixando um coto de
TÉCNICA 48-34.
tecido de 3 mm para ajudar na reparação do tecido mole.
•Eleve o restante do coto na fíbula para fora do osso,
expondo o córtex latera l; cruente o córtex para gerar
sangramento ósseo. REPARO DO RETINÁCULO
•Resseque qualquer inserção baixa do ventre muscular do FIBULAR SUPERIOR_COM
múscu lo fibular curto e músculos supranumerários do
REFORÇO DE TENDAO DE AQUILES
rmm____
compa rtim ento da perna lateral (p . ex., o fibular quarto),
e remova qualquer tecido fibrinoso de dentro do sulco
fibu lar. TÉCNICA
• Exponha a ponta distal da fíbula e, a seguir, perfure a
(JONES)
fíbula dista l com um fio metálico tendo como ponto de
entrada a ponta da fíbula. Como alternativa, coloque um
•Faça uma in cisão long itudinal de 5 cm posteriormente ao
fio-guia intramedu lar a partir da parte distal para a pro-
maléolo lateral.
ximal dentro da fíbu la, tentando segu ir a cortica l posterior
•Sem causar danos em suas bainhas, reposicione os
e, em segu ida, alargue a perfuração até um tamanho tendões fibulares em sua posição normal, atrás do
adequado (gera lmente entre 7 e 8 mm).
maléolo.
•Utilize um impactar ósseo e martelo ci rúrg ico para impac- •Exponha o tendão de Aqui les e disseque, na sua borda
tar a cortica l posterior. Certifique-se de produzir uma
latera l, um retalho de 5 x 0,6 cm de largura e deixe-o
impactação suficiente na ponta distal da fíbula, evitando
inserido no calcâneo (Fig. 48-49).
que uma borda afiada possa se chocar contra o tendão
• Em segu ida, exponha o ma léolo lateral e faça um túnel
fibular.
através dele em uma direção anteroposterior.
•Após o aprofundamento do su lco e a finalização das
•Passe a extremidade livre do ret alh o do ca lcâneo através
reparações necessá ri as no tendão, faça também a repa-
do furo e suture-o em si mesmo e ao periósteo.
ração do retináculo fibu lar superior, ext irpando qua l-
quer tecido redundante. Avance com o retin áculo
TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO O tratamento pós-
fibular superior restante até o leito cortica l preparado
operatório é o mesmo da Técnica 48-32.
anteriormente e prenda -o através de furos ou de
âncoras de sutura.
•Faça a sutura do coto do tecido deixado na fíb ula com o
método pants-over-vest sobre o reparo, f eche a pele e o • COMPLICAÇÕES
tecido subcutâneo norma lmente e aplique um gesso com As complicações do tratamento cirúrgico da subluxação do tendão
a perna e tornozelo em posição neutra. fibular incluem lesões no sural e nervo superficiais; este risco pode
ser diminuído através de uma técnica cirúrgica cuidadosa. Aderên-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente continua cias do tendão fibular podem se desenvolver e limitar o movimento;
sem sustentação de peso por 2 sema nas e, após esse exercícios precoces (4 semanas) de amplitude de movimento podem
período, o gesso e as sutu ra s ou grampos são removi- ajudar a evitar essa complicação. Um tensionamento excessivo da
dos e é ap li cado um gesso curto que possibi lita a bainha do tendão fibular pode causar tenossinovite estenosante. Um
deambulação. O paciente é autorizado a supo rtar o tensionamento insuficiente ou profundidade inadequada do sulco
peso, conforme tolerado. Em 6 semanas, o gesso é podem levar à instabilidade persistente. A excursão satisfatória do
removido e um Aircast (Summit, NJ) ou um dispositivo tendão com a amplitude de movimento do tornozelo e retropé deve
de apoio semelhante é ap li cado pa ra evitar a inversão ser documentada após a reparação do retináculo fibular superior.
do tornoze lo. Exercíc ios ativos de amp litude de movi-
mento são iniciados. Entre 8 e 1O semanas, é ini ciado
o fortalecimento fibular agressivo. O retorno comp leto TENDÃO DO BÍCEPS BRAQUIAL
às atividades ge ralm ente é possíve l entre 4 e 6 meses
após a cirurgia. A prevalência precisa do deslocamento isolado do bíceps, também
conhecida como síndrome bicipital, é desconhecida. Alguns autores
lllm!> PARTE XIII MEDICINA ESPORTIVA

• TRATAMENTO
QUADRO 148 _7 da
lnstab1hdade do Tendao do
A cirurgia é indicada para um ombro persistentemente sintomático.
Com base na classificação artroscópica da instabilidade do bíceps, a
Bíceps
tenodese do bíceps foi recomendada para todas as luxações anterio-
Direção da instabilidade res, caso não sejam redutíveis de forma confiável.
•Anterior A tenodese do bíceps ao úmero pode ser realizada juntamente
• Posterior com a excisão do tendão intra-articular proximal, através do intervalo
• Anteroposterior do manguito rotador e o reparo da lesão do manguito, conforme
Grau da instabilidade indicado. Para lesão aguda envolvendo a fratura da tuberosidade
•Nenhuma menor, a fixação da tuberosidade e o reparo do ligamento transverso
• Subluxação do úmero devem ser realizados. Os sintomas crônicos de fratura do
•Luxação aspecto medial do sulco intertubercular deverão ser tratados com
Grau de lesão tenodese, seguido da excisão do tendão intra-articular através de uma
•O (normal) pequena incisão no intervalo do rotador.
• 1(lesão pequena)
• li (lesão maior) TRATAMENTO DO DESLOCAMENTO
Lesão/rompimento do manguito rotador
• A (intacto) DO TENDÃO BRAQUIAL DO BÍCEPS
• B (espessura parcial)
•e (espessura total)
TÉCNICA
• Em casos raros quando nenhuma condição patológica
De Lafosse L, Rei land Y, Baier GP, et ai: Anterior and posterior instability of the
existir no manguito rotador, utilize uma abordagem ante-
long head of the biceps tendon in rotator cuff tears: a new classification based
rior através do su lco deltopeitoral. Identifique a cabeça
on arthroscopic observations, Arthroscopy 23:73, 2007. longa do tendão do bíceps, depois faça uma incisão pelo
ligamento transverso do úmero, estendendo-a abaixo
através do terço proxima l do tendão do peitoral maior.
Raramente, o tendão do bíceps pode ser colocado de
volta no sulco e o ligamento transverso do úmero pode
ser reparado com sutu ras interrompidas. Mais comu-
acreditam que ela seja mais comum que a subluxação anterior do mente, a tenodese deve ser rea lizada.
ombro e que seja frequentemente diagnosticada de forma incorreta, •Se um processo patológico do manguito rotador estiver
enquanto outros acreditam que ela seja extremamente rara. A sín- presente com o tendão do bíceps luxado, uti lize uma
drome do bíceps é mais frequentemente associada a uma grande abordagem anterossuperior, começando a incisão latera l
lesão do manguito rotador ou a uma fratura da tuberosidade menor, à articulação acromioclavicular e estendendo-a dista l-
resultando em uma incompetência do complexo sulco intertubercu- mente alinhada com as fibras do deltoide.
lar - ligamento transverso do úmero que resulta no deslocamento •Com uma dissecção subcutânea ampla, exponha o del-
medial do tendão. Um estudo com 200 pacientes com lesões do to ide e sua inserção.
manguito rotador identificou a instabilidade do tendão do bíceps em •Divida o deltoide, começando latera l à articulação acro-
45% - destes, 80% foram subltu:ações. A instabilidade posterior era mioclavicu lar e continuando 5 cm dista lmente na crista
a mais comum (53%), seguida pela instabilidade anteroposterior do deltoide. Não resseque o ramo acromial da artéria
(27%) e anterior (20%). As subluxações eram anteriores ou poste- toracoacromia l na dissecção proximal.
riores, enquanto as luxações eram apenas anteriores. Com base na •Disseque cuidadosamente o deltoide do acrômio, ante-
sua análise artroscópica desses pacientes, os autores desenvolveram riormente, uti lizando o eletrocautério; em seguida, realize
uma classificação artroscópica da instabilidade do tendão do bíceps, uma acromioplastia e, então, resseque o ligamento
de acordo com a direção e a extensão da instabilidade em relação ao coracoacrom ial.
sulco bicipital (subluxação ou luxação) (Quadro 48-7). • Fl exione o ombro, identifique a cabeça longa do tendão
do bíceps e faça uma tenodese deste no úmero, com
auxíl io de parafusos de interferência ou de tenodese ou
• AVALIAÇÃO CLÍNICA
âncoras de sutura.
O diagnóstico baseia-se no histórico de dor anterior e estalidos no
• Resseque a porção intra-articular do tendão e repare o
ombro anterior e com o estresse do tendão do bíceps. Testes pro- manguito rotador.
vocativos, como o teste de Yergason e a palpação do sulco bicipital • Feche a ferida de modo usual.
com o ombro abduzido a 90 graus, fazendo movimentos de rotação •Como alternativa, libere a fixa ção do tendão do bíceps
e interna e externamente contra resistência moderada, podem proximal por via astroscópica (Cap. 52) e, em seguida,
ajudar a fechar o diagnóstico. O teste de O'Brien e o "Speed Test" realize o procedimento de tenodese . Uma técnica subpei-
não são confiáveis para detectar a instabilidade braquial do bíceps. tora l (Técnica 48-28) também pode ser uti lizada .
Uma radiografia do sulco bicipital pode mostrar um sulco raso,
um ângulo de parede medial de menos de 45 graus, formação de CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um imobilizador de ombro
osteófitos ou uma fratura consolidada da pequena tuberosidade. A deve ser utilizado por 2 semanas. Uma tipoia deve ser uti li-
IRM ou artrografia é útil para confirmar o diagnóstico. A ruptura zada por mais 2 semanas, e então deve-se dar início ao uso
do manguito rotador frequentemente é identificada, e a luxação ativo do ombro e aos exercícios. Se o manguito rotador for
medial do tendão pode ser notada na vista do sulco bicipital em reparado, a reabilitação depende do tamanho da lesão.
rotação externa.
CAPÍTULO 48 DISTÚRB IOS TRAUMÁTICOS GDlllll
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PARTE

1
INSTRUMENTOS E SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO 2362 LESÃO DOS MENISCOS E DO COX IM
EQUIPAMENTO 23 58 TORNIQUETE 2363 ADIPOSO 2366
ARTROSCÓPIO 23 58 SUPORTES PARA PERNAS LESÃO NOS LIGAMENTOS
CÂMERAS DE TELEVISÃO 2359 (LEG HOLDERS) 2363 CRUZADOS 2367
INSTRUMENTOS ACESSÓRIOS 2359 ANESTESIA 2364 LESÃO DAS ESTRUTURAS
Probe 23 59 EXTRA-ARTICULARES 2367
DOCUMENTAÇÃO 23 64 2367
Tesoura 2360 Vasos Sa nguíneos
Pinça Tipo Basket 2360 VANTAGENS 2364 Síndromes Compartimenta is 2367
Pinça de Grasper (Tração) 2361 DESVANTAGENS 2365 Nervos 2367
Lâminas de Bisturi 236 1 INDICAÇÕES E Ligamentos e Tendões 2368
Shaver (Sistemas de Raspagem CONTRAINDICAÇÕES 2365 HEMARTROSE 2368
Motorizados) 236 1 TÉCNICAS ARTROSCÓPICAS TROMBOFLEBITE 2368
1nstrumentos Eletroci rú rgicos, BÁSICAS 2365 INFECÇÃO 2368
a Laser e de Radiofrequência 236 1 TÉCNICA DE TRIANGULAÇÃO 2365 PARESIA CAUSADA PELO USO DE
Implantes 236 1 COMPLICAÇÕES 2366 TORNIQUETE 2369
Equipamentos Diversos 2362 LESÃO DAS ESTRUTURAS HERNIAÇÃO SINOVIAL E
CUIDADOS E ESTERILIZAÇÃO INTRA-ARTICULARES 2366 FÍSTULAS 23 69
DE INSTRUMENTOS 2362 QUEBRA DE INSTRUMENTOS 2369

Durante as últimas cinco décadas, a artroscopia mudou radicalmente projetado pelo professor Hopkins, de Reading, Inglaterra, e (3)
a abordagem do cirurgião ortopédico no diagnóstico e tratamento de sistema de lentes de índice graduado (GRIN). A tecnologia de fibra
diversas doenças articulares. Um alto grau de precisão clínica, com- óptica, o uso de lentes de aumento e os mo nitores digitais possibi-
binado com a baixa morbidade, encorajou o uso de artroscopia para litaram avanços na construção do artroscópio. Os novos artroscó-
auxiliar o diagnóstico, determinar o prognóstico e, frequentemente, pios oferecem maior campo de visão com diâmetros de escopo
proporcionar o tratamento. Os procedimentos artroscópicos devem menores, melhor profundidade de campo com óptica aperfe içoada
servir como adjuvantes e não como substitutos de avaliação clínica; a e melhor fluxo através da bainha.
artroscopia não substitui as habilidades clínicas. Certos aspe cto s determinam as carac terísticas ópticas de
Aperfeiçoam entos progressivos n os sistemas de lentes dos um artroscópio. Os m ais importantes são o di âm etro, o ângulo
artroscópios e de fi bra óptica, na miniaturização e nos instru- de inclinação e o campo de visão. O ângul o de inclinação,
mentos cirúrg icos acessórios possibilitaram o avanço das técni- for m ado pelo eixo do art roscóp io e uma linha perp endicular à
cas artroscópicas para praticam ente todas as ar ti culações do superfície das lentes, varia de O a 120 gra us. Os artroscó pios
corp o, in cluin do o joelho, omb ro, quadril, tornozelo, cotovelo, de 25 e 30 graus são os m ais usados. Os de 70 e 90 graus são
pé, punho e mão. Até os procedimentos da coluna são cada vez úteis para ve r ao redor de cantos, com o os compartimentos
mais realizados com técn icas endoscópicas. Embora muitos pro - posteriores do joelho através da fo ssa intercondilar, mas apre-
cedimentos artroscópicos ten ham se mostrado superi ores às téc- sentam a desvantage m de torn ar a orientação mais difíc il para
nicas abertas precedentes, os resultados cir úrgicos não devem ser o obser vador.
sacrificados para que sejam expandi das as indicações dos proce- O campo de visão refere-se ao ângul o de visão circund ado
dimentos artroscóp icos. pelas lentes e varia de acordo com o tipo de artroscópio. O alcance
de 1,9 mm tem um campo visual de 65 graus; o alcance de 2,7 mm ,
um campo de 90 graus; e o alcance de 4 mm, um campo de 11 5
INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTO graus. Os ângulos de visão mais amplos torn am a orientação muito
mais fác il ao observador. A rotação dos art roscópios de visão
ARTROSCÓPIO oblíqua anterógrada (25 e 30 graus) permite uma área muito maior
da articulação a ser observada (Fig. 49 -1 ). A rotação dos artroscó -
O artroscópio é um instru mento óptico. Três sistemas ópticos pios de 70 gra us produz um campo de visão extremamente amplo,
básicos têm sido usados nos artroscópios rígidos: (1) o clássico mas pode criar um ponto cego central diretamente na fre nte do
sistema de lentes finas, (2) o sistema de lentes em bastonetes escopo (Fig. 49-2).

2358
CAPÍTULO 49 PRINC [PIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA

CÂMERAS DE TELEVISÃO vídeo é transmitido ao monitor a partir de um artroscópio que contém


a sua própria fo nte de luz em miniatura. As câmeras que usam a
McGinty e Johnson foram um dos primeiros a introduzir uma câmera tecnologia de três chips permitem uma resolução de cores ainda maior
de televisão ao sistema de artroscopia. As vantagens dessa incorpora- e a digitalização do sinal de vídeo resultou em avanços em imagem
ção incluíram uma posição operatória mais confo rtável para o cirur- de alta qualidade.
gião, a diminuição da contaminação da área operatória pelo rosto do
cirurgião e o envolvimento do restante da equipe no procedimento.
As câmeras antigas eram volumosas e inconvenientes, mas foram INSTRUMENTOS ACESSÓRIOS
desenvolvidas câmeras pequenas, sólidas e compactas, que podem ser
conectadas diretamente ao artroscópio. Nesses sistemas de câmeras, O conjunto básico de instrumentos consiste no seguinte: artroscó-
o aperfeiçoamento de chips e de circuitos eletrônicos permitiram pios (30 e 70 graus); probe; tesoura; pinça tipo basket; pinça tip o
reduções de tamanho e resolução digital de alta definição. Os sistemas grasper; bisturi artroscópico; shaver; instrumentos eletrocirúrgicos,
artroscópicos sem cabos também estão disponíveis, em que o sinal de a laser e de radiofrequência; e equipamentos diversos. Esses instru-
mentos são utilizados para realizar a maioria dos procedimentos
cirúrgicos artroscó picos de ro tina. Instrumentos adicionais estão
disponíveis e são usados ocasionalmente, em circunstâncias especí-
ficas, como a reconstrução dos ligamentos cruzados, o reparo
meniscal, o transplante osteocondral, a artroscopia do quadril e
. . . . . . . . . . . . .:7 artroscopia das pequenas articulações, entre outras. Cada cirurgião
tem preferências pessoais em relação ao tipo, modelo e fabricante
de cada ins trumento.
Muitos instrumentos novos foram remodelados para o uso em
procedi mentos avançados do ombro. Os instrumentos para passar,
75º ·. : ...
recuperar e atar suturas aperfe içoaram de modo considerável os
"··.. ............. . v procedimentos de reparação do tecido mole da cápsula, lábrum e

i'à
manguito rotador (Fig. 49-3) .

• PROBE
O probe é, talvez, o instrumento de diagnóstico mais usado e impor-
tante, depois do artroscópio. O probe se torn ou conhecido ao longo
. . .............................. . dos anos como "a extensão do dedo do artroscopista''. Ele é usado
na artroscopia diagnóstica e operatória e é o instrumento mais
O@ii;t!iml19 Rota ção do artroscópio com ângu lo de 30 graus seguro qu e se pode utilizar no apre ndi zado de técnicas de triangu-
de inclinação causa um efe ito de varredura, aumentando o campo lação (Fig. 49-4). O probe é essencial para a palpação das estruturas
de visão em cerca de três vezes . O círculo pontilhado mostra o intra-ar ticulares e no planejamento da abordagem de um procedi-
campo visual e é comparado abai xo à esquerda com o círculo mento cirú rgico. Desenvolve-se rapidamente uma sensibilidade tátil
menor, que mostra o campo vi sua l do artroscópio de O grau . em relação ao que é normal e o que é anormal. É melhor "ver e

li!!§il;ME!m Rota ção do artroscópio com ângu lo de incl inaçã o de 70 graus. Esse instrumento faz varred ura de um grande cí rcu lo,
mas cria uma área cega diretamente a sua frente onde nada pode ser visto .
E?m) PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@l!;Wm!lll 1nstrumentos artroscópicos para procedimentos


do ombro.

lim'!m'! C!19 Instrumentos artroscópicos frequentemente usados


(ver texto).

mandíbulas tende a enganchar o tecido e puxá- lo por entre as bordas


cortantes da tesoura, em vez de empurrar o material para longe das
mandíbulas, o que pode ocorrer com a tesoura reta. Os modelos
opcionais de tesouras incluem tesoura com curva direita e esqu erda
e tesoura de corte angular. A diferença entre estes dois modelos é
baseada no local da angulação. A haste da tesoura curva apresenta-
se com uma curvatura suave para acomodar o posicionamento
direito e esquerdo, enquanto que a tesoura angul ada, geralmente
com um tipo giratório de mecan ismo das m andíbulas possibilita
O!dil;§1Ei19 Artroscópico probe utilizado na exploração de realmente cortes em ângulo com o corpo da teso ura. Esses modelos
estruturas intra-articulares durante técnicas de triangula ção acessórios são úteis para cortar fragmentos meniscais difíceis de
artroscópica. serem alcançados.

sentir" do que apenas "ver". O probe pode ser utilizado para sentir a • PINÇA TIPO BASKET
consistência de uma estrutura, como a cartilage m articular; deter- A pinça basket ou d e biopsia por punção é um do s instrum entos
min ar a profundidade de áreas de condromalácia; identificar e cirúrgicos artro scópicos mais utilizados (Fig. 49-5) . A pinça tipo
palpar as estruturas soltas dentro da articulação, como as lesões dos basket padrão tem uma base aberta que permite que cada p unção
meniscos; manobrar os corpos livres até posições de tração mais ou fragmen to de tecido se desprenda dentro da articulação e não
acessíveis; palpar o ligamento cruzado anteri or e determinar a requer que o instrumento seja removido e limpo a cada corte. Tais
tensão nas estrutu ras ligamentares e sinoviais dentro da articulação; fragmentos podem ser removidos posteriormente por irrigação ou
retrair as estruturas dentro da articulação para a exposição; elevar sucção. Esse instrumento está disponível em tamanhos de 3 a 5
um menisco de modo que a sua superfície inferior possa ser vis ua- mm , com um eixo reto ou curvo. É útil para aparar a borda peri-
lizada; e avaliar as fossas e recessos, tais como o hiato poplíteo férica dos meniscos, ou pode ser utili zado no lugar de uma tesoura
dent ro da articulação. A maioria dos probes possui ângulo reto, com para co rtar através do tecido meniscal ou outro tecido. As pi nças
um a ponta de 3 a 4 mm, e esse tamanho conhecido de gancho pode basket largas e rasas são excelentes para a abo rdagem do menisco.
ser usado para medir as lesões intra-articulares. A ampliação ocorre A co nfiguração das mandíbulas da pinça basket pode ser reta ou
com o artroscópio, e quanto mais próxi mo o ar troscópio, maior a do tipo gancho. Novamente, a configuração prefe rida é a do tipo
ampliação. Deve-se tomar cuidado ao utilizar a ponta do probe, e a gancho. As pinças basket estão disponíveis em uma variedade de
maior parte da palpação dentro da art iculação é fe ita, na verdade, ângulos, incluindo de 30, 45 e 90 graus, qu e são úteis principal-
com o can to (cotovelo) do probe, em vez de com a ponta ou o pé do mente para aparar as porções anteriores do menisco. Também
instrumento. podem ser obtidas em curvas de 15 graus para ressecção de mate-
ri al para baixo ou para cima, o que faci lita contornar o côndilo
• TESOURA femoral durante a ressecção do co rno posterior do menisco. Assim
As tesouras artroscópicas têm de 3 a 4 mm de diâmetro e estão como acontece com outro s instrum entos artroscópicos, a técnica
disponíveis em tamanhos pequenos e grandes. As mandíbulas da adequada consiste em fazer peq uenos cortes para evitar a pressão
tesoura podem ser retas ou do tipo gancho (Fig. 49-5). A tesoura excessiva nas arti culações e nos pinos do instrumento e para evitar
em forma de gancho é a preferida porque a co nfiguração das a ruptura frequente.
CAPÍTULO 49 PRINCÍPIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA fm:llll
Existem pulsionadores articulados e com mandíbulas para pontas têm tamanhos variáveis para permitir o acesso às articula-
sucção que servem para cortar de forma limpa pequenos fragmentos ções menores ou mais compactas. Lâminas especiais foram projeta-
do menisco ou outros tecidos e aspirá-los da articulação da articu- das para o corte ou a regularização meniscal, para a ressecção
lação através de um canal na haste do pulsionador. Isso evita que os sinovial e para a regularização da cartilagem articular. Brocas espe-
fragmentos de tecido flutuem na articulação e bloqueiem a visão, ciais e esmeris foram projetados para a acromioplastia artroscópica
garantindo a remoção de todos os fragmentos livres. Esse instru- e reconstruções do ligamento cruzado anterior. A maioria dos siste-
mento, porém, geralmente é muito grande para alcançar as áreas mas usa um pedal para controlar o motor e permitir velocidade e
posteriores de difícil acesso. direção variáveis. Inverter a rotação da lâmina de corte de forma
intermitente, em geral, melhora a eficiência do corte e minimiza o
• PINÇA DE GRASPER (TRAÇÃO) entupimento com detritos. Os shavers têm sido desenvolvidos para
As pinças de grasper (Fig. 49-5) são úteis para recuperar materiais as articulações pequenas, com um aparador de 2 mm e broca.
da articulação, como corpos livres ou sinóvia, ou para colocar frag- Durante o uso do shaver, o efluxo proveniente do artroscópio
mentos meniscais e outros tecidos sob tensão durante o corte com deve ser fechado, não apenas para reduzir a possibilidade de sucção
um segundo instrumento. A maioria das pinças de grasper possuem excessiva, mas também para evitar que ocorra uma sucção acidental
algum tipo de travamento em seu cabo para prender o tecido dentro de líquidos de irrigação potencialmente contaminados de volta à
das mandíbulas. As mandíbulas da pinça de tração podem ser de articulação. Por fim, a ponta de corte deve estar sempre dentro do
ação individual e dupla, e podem ter dentes interdigitados serrilha- campo de visão e a posição da abertura deve estar localizada antes
dos regulares ou um ou dois dentes afiados para prender melhor o de o movimento de rotação da lâmina ser ativado.
tecido. A pinça de grasper de ação dupla, em que as duas mandíbulas
se abrem, são as preferidas principalmente para segurar um corpo • INSTRUMENTOS ELETROCIRÚRGICOS, A LASER
livre osteocartilaginoso, porque os tipos de ação individual frequen- E DE RADIOFREQUÊNCIA
temente permitem que ele deslize por entre as mandíbulas.
O eletrocautério tem sido utilizado como uma ferramenta artroscó-
• LÂMINAS DE BISTURI pica para o corte e a hemostasia com mais frequência após a sino-
A maioria das lâminas artroscópicas usadas atualmente são instru- vectomia artroscópica e descompressão subacromial. Também tem
mentos descartáveis e de uso único. Há vários modelos de lâminas sido utilizado para o corte e a hemostasia na liberação do retináculo
descartáveis: do tipo gancho ou retrógradas; lâminas regulares de lateral para o mau alinhamento da patela.
corte para baixo (retas e curvas); e lâminas de corte terminal do tipo Com um custo muito mais baixo, os sistemas de radiofre-
Smillie. As propriedades magnéticas também são úteis para recupe- quência produzem energia térmica semelhante a de lasers, que
rar a lâmina, se for quebrada inadvertidamente dentro da articula- caíram em desuso. Os dois tipos disponíveis são o monopolar
ção. Essas lâminas devem ser inseridas através dos revestimentos da e o bipolar. Os dispositivos monopolares usam uma proteção de
cânula ou envoltos dentro de um mecanismo de revestimento retrá- aterramente e extraem energia através do corpo. Nos dispositi-
til, de modo que a porção de corte da lâmina fique exposta apenas vos bipolares, a energia é transferida entre os eletrodos no local
quando entrar no campo de visão artroscópica, não quando entrar de tratamento. As discussões atuais incluem a profundidade de
através do portal de entrada. penetração do tecido, a quantidade de morte celular e a capa-
cidade dos dispositivos de monitorar e controlar a temperatura.
• SHAVER (SISTEMAS DE RASPAGEM As complicações relatadas da ablação do menisco por radiofre-
MOTORIZADOS) quência incluem lesões na cartilagem articular, osteonecrose e
lesão no tecido causado pelo irrigante.
Os sistemas motorizados de raspagem (shaver) têm, basicamente,
modelo semelhante, que consiste de uma bainha externa, oca e uma • IMPLANTES
cânula interna, oca e giratória, com aberturas correspondentes (Fig. Vários implantes, de metal e biodegradáveis, têm sido desenvolvidos
49-6). A abertura da bainha interna funciona como uma lâmina de para o uso em procedimentos artroscópicos, incluindo âncoras, dis-
dois gumes, cilíndrica, que gira dentro do tubo oco externo. A positivos de reparo do menisco e dispositivos para a fixação do
sucção através do cilindro traz os fragmentos do tecido mole para a tendão e do ligamento e reparo da cartilagem articular.
abertura, e, durante a rotação da lâmina, os fragmentos são cortados, As âncoras são utilizadas para fixar os ligamentos e tendões ao
aspirados e recolhidos num coletor de sucção. Várias pontas de corte osso, sem a necessidade de criar um túnel ósseo para a passagem de
têm sido desenvolvidas para situações e funções específicas. O diâ- suturas. Em vez disso, as suturas são passadas por um orifício exis-
metro da ponta de corte geralmente é de 3 a 5,5 mm, e muitas das tente na âncora, inserida no osso.

Olriihf!jm!1'9 Shaver (sistemas de ras-


pagem motorizados).
mi) PARTE XIV ARTROSCOPIA

Segundo Barber e Richards, as características desejáveis de SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO


uma âncora são: fixar a sutura ao osso, não soltar do osso, permitir
uma técnica cirúrgica simples (a capacidade de dar um nó corrediço A irrigação e distensão da articulação são essenciais para todos os
por via artroscópica) e não causar problemas a longo prazo. Outras procedimentos artroscópicos. A distensão da articulação é mantida
características adequadas incluem a biocompatibilidade, resistência pela solução de Ringer com lacta.to durante a artroscopia. O influxo
adequada, fácil inserção e capacidade de permitir a reabilitação pode passar diretamente pela bainha artroscópica ou por um portal
desde o início. As âncoras são usadas com mais frequência nos separado, por meio de uma cânula. Para o fluxo adequado, uma
procedimentos artroscópicos do ombro. As âncoras de bicomposto bainha de 6 ou 6,2 mm deve ser usada com o escopo. Normalmente,
poli-eter-eter-cetona (PEEK) ou de metal podem ser utilizadas e usamos a solução de Ringer com lactato porque é fisiológico e
ambas têm menor potencial para produzir reações osteolíticas, asso- resulta em mínimas alterações sinoviais e de superfície articular.
ciadas com implantes bioabsorvíveis. Shinjo et al determinaram que a solução de Ringer com lactato
Os dispositivos de reparo do menisco, de diferentes modelos preservam melhor a integridade das células do menisco do que uma
e materiais, permitem um reparo interno completo, sem a neces- solução isotônica de cloreto de sódio.
sidade de nó artroscópico, portais acessórios ou incisões. Os dis- Normalmente, duas bolsas plásticos de 5 L de solução de
positivos de reparo meniscal da primeira geração eram dispositivos Ringer com lactato, interligadas com um conector Y, são suspensas
flexíveis sólidos, colocados em toda a lesão para conter os frag- para serem utilizadas com a bomba artroscópica (Fig. 49-7). Uma
mentos do menisco no lugar. Os dispositivos atuais de quarta vez que o influxo e a saída de cânulas forem estabelecidos, a articu-
geração são de perfil baixo, proporcionam tensão de sutura e ofe- lação é lavada até que o líquido fique claro. Quando não se usa uma
recem poder de fixação muito maior. As técnicas para a utilização bomba, a distensão da articulação é aumentada por meio da eleva-
de dispositivos específicos de reparo do menisco são discutidas nos ção da bolsa de líquidos, utilizando um tubo de diâmetro extenso
Capítulos 45 e 51. ou diminuindo o tamanho e o número de portais de saída. Para cada
Dependendo do enxerto escolhido, os dispositivos de fixação 30 cm de elevação da bolsa de solução acima do nível da articulação,
de ligamentos cruzados podem ser utilizados para a fixação de osso é produzida uma pressão de 22 mmHg. A bolsa é colocada geral-
a osso ou de tecido mole ao osso. Eles podem ser feitos de materiais mente de 90 a 120 cm acima do nível da articulação, produzindo,
biodegradáveis ou não biodegradáveis. assim, uma pressão de aproximadamente 66 a 88 mmHg. As bombas
artroscópicas devem ser usadas com cuidado, e a tensão dos com-
• EQUIPAMENTOS DIVERSOS partimentos musculares e os espaços dos tecidos moles, como a
Uma variedade de bainhas e trocateres são necessários para a cirur- fossa poplítea, devem ser sup ervisionados de forma rigorosa. As
gia artroscópica, e devem acomodar o artroscópio e o material pressões da bomba devem ser variadas de acordo com a articulação
acessório a serem utilizados. Quando for possível, os instrumentos a ser tratada e o tipo de bomba a ser usada. Quando um sistema de
cortantes devem ser colocados nas bainhas para proteger os tecidos
moles dos portais da pele. Os instrumentos motorizados podem ser
utilizados com ou sem uma bainha. A perfuração inicial pelo tecido
capsular e sinovial pode ser feita com uma lâmina de bisturi nº 11
e trocater rombo ou com um trocater cortante cuidadosamente
passado pela bainha do instrumento apropriado. Alguns sistemas
permitem o uso de cânulas intercambiáveis para os sistemas de
influxo, artroscópio e de shaver. As cânulas de plástico descartáveis
com extremidades seladas reduzem o extravasamento de líquidos.
Como os procedimentos de cirurgia artroscópica avançaram
para mais articulações, instrumentos adicionais foram desenvolvi-
dos. Os "bastões de alternância" são hastes simples colocadas na
cânula para manter o portal enquanto a cânula é alternada. Um
dilatador é usado antes da troca para uma cânula cirúrgica maior.
barrão bastão de Wissinger foi concebido para ajudar a estabelecer
um portal no lado oposto de uma articulação a partir de um portal
previamente estabelecido. Dispositivos de tração foram desenvolvi-
dos para uso no ombro, cotovelo e tornozelo, para uma melhor
exposição (Caps. 50 e 52). Também houve um aumento de instru-
mentos de procedimentos específicos, muitos dos quais são descritos
nas seções de operação pertinentes nos Capítulos 50 a 52.

CUIDADOS E ESTERILIZAÇÃO DE
INSTRUMENTOS
O equipamento de artroscopia que é resistente ao aquecimento pode ser
esterilizado em autoclave. O equipamento sensível ao calor e à umidade
pode ser esterilizado com gás plasma de peróxido de hidrogênio de baixa Gravidade com sistema VAC de água. A gravi-
temperatura. Um processo de esterilização de baixa temperatura, a este- dade ou a bomba artroscópica podem ser usadas para fornecer o
rilização a gás, e o glutaraldeído ativado têm se demonstrado menos líquido . O influ xo pode ser por meio de bainha artroscópica ou
eficazes e têm mais possibilidade de efeitos colaterais. bainha de influ xo separado.
CAPÍTULO 49 PRINC ÍPIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA fI!llll
influxo de pressão é utilizado, as pressões de distensão articular no SUPORTES PARA PERNAS (LEG HOLDERS)
joelho geralmente devem ser de 60 a 80 rnmHg. A visão e a hernos-
tasia do ombro geralmente são melhores quando a pressão de dis- A maior vantagem de um suporte para pernas é que ele permite a
tensão é mantida em aproximadamente 30 mmHg abaixo da pressão aplicação de estresse principalmente para abrir o compartimento
sanguínea sistólica. Em pacientes saudáveis, a anestesia hipotensora posteromediaJ para urna melhor visualização, manipulação do
pode ser utilizada para reduzir a pressão sistólica para aproximada- menisco e cirurgia meniscal do corno posterior, especialmente em
mente 100 mmHg, em que a pressão da bomba de nível de 70 a 80 joelhos estreitos. Como a coxa é firmemente presa pelo suporte
mm Hg normalmente oferece distensão segura e visão clara. Ols- para pernas, o número de posições diferentes nas quais a perna
zewski et a!, em um estudo prospectivo, duplo-cego e randomizado, pode ser colocada é um pouco limitado. Uma alternativa de
descobriram que a adição de epinefrina (1 mg por litro de solução suporte para pernas abrangente é uma barra lateral fixada à grade
salina) aumentou significativamente a visibilidade e reduziu a neces- ao lado da mesa de operações (Fig. 49-8). A face lateral da coxa
sidade de inflar o torniquete em 50%, em comparação com os distal pode ser alavancada contra essa barra para a abertura do
pacientes do grupo placebo que não tinham recebido epinefrina. Em compartimento posteromedial. A barra não restringe ou impede
pacientes com hipertensão ou problemas cardíacos, deixamos de que o joelho seja posicionado em um número quase ilimitado de
usar a epinefrina. Karaoglu et ai também descobriram que a adição posições, incluindo a fle xão e a posição do número quatro, por-
de uma pequena quantidade de epinefrina (50 mg/ 10 mL) na tanto, tem muitas vantagens sobre muitos dos dispositivos de
mistura de anestésico local pouco antes da injeção no local do portal suporte para pernas comerciais caros. É usada na maioria dos
melhorou a visualização artroscópica. procedimentos reconstrutores de joelho.
Devido ao aumento da probabilidade de extravasamento, as Além disso, o uso rotineiro de um suporte para pernas, principal-
pressões de distensão no cotovelo e no tornozelo devem ser manti- mente um que incorpore um torniquete dentro dos limites do suporte,
das em aproximadamente 40 a 60 mmHg com o uso de influxo por pode apresentar outras dificuldades. Em tal disposição, podem ocorrer
gravidade. O cirurgião deve estar ciente das variações individuais de grandes variações nas pressões do torniquete quando o estresse for
diferentes mecanismos de fluxo de bomba e sensores. Não usamos aplicado na perna. No entanto, não tivemos complicações específicas
bombas para a distensão em articulações pequenas. relacionadas a isso. Ademais, o dispositivo de sustentação da perna
pode fixar o fêmur distal de maneira tão firme que a o estresse aplicado
pode resultar em fraturas ao redor do joelho ou lesão nas estruturas
TORNIQUETE ligamentares. Tais ocorrências têm sido relatadas.
Assim, se a avaliação clínica sugerir doença do menisco no com -
Durante os procedimentos artroscópicos de joelho, tornozelo, coto- partimento medial, um suporte para pernas pode ser um auxílio signi-
velo e outras articulações distais, um torniquete quase sempre é ficativo. Por outro lado, se um problema na articulação patelofemoral
aplicado e inflado, conforme necessário. As contraindicações para a ou no compartimento lateral for previsto, urna barra de estresse em
utilização de torniquete incluem um histórico de tromboflebite e valgo pode ser escolhida para tornar a visualização desses comparti-
doença vascular periférica significativa. As vantagens do uso de mentos mais fácil. Para o reparo endoscópico do ligamento cruzado
torniquete são o aumento da visibilidade e o aumento não significa- anterior, deve-se usar uma barra lateral ou a parte final da mesa deve
tivo de morbidade pós-operatória, com tempo de torniquete menor ser dobrada para permitir a flexão completa e livre do joelho.
do que 90 a 120 minutos. As desvantagens do uso rotineiro do
torniquete incluem a descoloração da membrana sinovial, o que
dificulta a diferenciação e o diagnóstico de várias desordens sino-
viais, e a possibilidade de lesões isquêrnicas no tecido muscular e
nervoso com tempo de uso de torniquete prolongado, acima de 90
a 120 minutos. Muitos dos suportes para pernas comerciais utili za-
dos na artroscopia do joelho exigem que o torniquete seja colocado
dentro dele. Esses suportes podem funcionar de forma satisfatória
com o torniquete inflado ou não.
Kirkley et ai, num ensaio clínico prospectivo e randomi-
zado, não encontraram diferenças significativas entre os pacien-
tes nos quais se utilizou um torniquete e aqueles nos quais não
se usou. Houve uma tendência de menos dor pós-operatória no
início e avaliação da força isocinética ligeiramente melhor em
duas semanas naqueles nos quais não houve o uso de torniquete,
mas a visibilidade foi avaliada pelos cirurgiões como três vezes
melhor com o seu uso. Esses autores concluíram que o uso de
um torniquete a 300 rnmHg não afetou significativamente o
resultado funcional global. No seu ensaio prospectivo e
randomizado, incluindo 109 pacientes que se submeteram à
cirurgia artroscópica de joelho, com ou sem torniquete, Johnson
et ai não encontraram diferenças significativas entre os dois
grupos no que se refere à visão operatória, duração da operação,
intensidade de dor, necessidade de analgésicos ou complicações.
Como o uso de torniquete não pareceu melhorar a visão
operatória, esses autores não recomendaram o seu uso rotineiro O@il;@mJt Barra latera l fixada na grade latera l da mesa de
para a cirurgia artroscópica do joelho. operação.
lll!ll PARTE XIV ARTROSCOPIA

procedimentos artroscópicos nessa clínica é realizada com anestesia


ANESTESIA geral.
Se a anestesia local for escolhida, o torniquete não é inflado.
A artroscopia diagnóstica pode ser realizada com o paciente sob Yoshiya et ai descreveram o uso de uma mistura de 1: 1 de lidocaína
anestesia local, regional ou geral. Alguns procedimentos cirúrgicos a 1% e bupivacaína a 0,25% de. Habitualmente, 50 mL da mistura
intra-articulares podem ser realizados usando os anestésicos locais foram injetados por via intra-articular antes do procedimento.
e regionais. Quando se esperava um procedimento longo, uma pequena quanti-
Em um paciente colaborativo, a anestesia local pode ser utili- dade de epinefrina era adicionada à mistura para ajudar a manter a
zada para muitos procedimentos artroscópicos em torno do joelho hemostasia e para aumentar o tempo de ação dos agentes anestési-
e do tornozelo. A sedação intravenosa é utilizada para complemen- cos. Esses autores recomendaram cuidado com o uso de bupivaca-
tar a injeção local. Artigos recentes de Hansen et al, Chu et ai, Petty ína, de modo a não exceder a dosagem máxima (2 mg/kg de peso
et ai e muitos outros revelaram a condrotoxicidade da lidocaína e corporal) . Em cada portal antecipado, um adicional de 5 mL dessa
bupivacaína, particularmente quando combinadas com a epinefrina, mistura foi injetada. Houve apenas um relato de náusea e nenhum
que altera o pH local. Quando usadas, as injeções de menor volume outro relato de reações tóxicas ou complicações cardiovasculares ou
e menor concentração (ou seja, 1% de lidocaína e 0,25% de bupiva- do sistema nervoso central.
caína) são alternativas mais seguras. A presença prolongada de A dor pós-operatória pode ser diminuída pelo uso de medica-
agentes locais fornecidos pelas bombas para a dor intra-articulares ção anti-inflamatória não esteroide por via oral no pré e pós-opera-
deve ser evitada. tório, ou por administração intramuscular ou intravenosa no
A anestesia regional também pode ser usada em certas cir- intraoperatório. Também foi demonstrado que o uso de medicação
cunstâncias. Tanto a anestesia epidural quanto a espinhal têm sido anti-inflamatória não esteroide reduz o inchaço e aumenta a ampli-
usadas com êxito nos procedimentos artroscópicos no membro infe- tude de movimentos no período pós-operatório inicial. O uso de
rior. No entanto, com o uso prolongado de torniquete, os pacientes corticosteróides orais não se mostrou eficaz. Efeitos analgésicos
podem sentir "dor ocasionada pelo torniquete". Geralmente não benéficos foram documentados para 30 mL de bupivacaína a 0,25%,
usamos anestesias espinhais. Skyhar et ai relataram o uso bem-suce- com ou sem a adição de 3 mg de morfina. Não recomendamos o uso
dido de bloqueios interescalenos para a artroscopia de ombro, e prolongado de cateteres intra-articulares de bomba para a dor
Galinat et ai descreveram 100 artroscopias de ombro realizadas com devido ao potencial de toxicidade dos condrócitos.
bloqueios interescalenos. Os procedimentos incluíram o desbrida-
mento, a descompressão subacromial e a estabilização do ombro.
Não houve complicações; no entanto, nove pacientes necessitaram DOCUMENTAÇÃO
de anestesia geral devido a bloqueios incompletos. Bert et ai reexa-
minaram 1.945 pacientes de cirurgia ambulatorial que tiveram blo- O exame sistemático da articulação operatória deve ser registrado
queios interescalenos. As complicações foram relatadas em 63% dos com fotografias digitais, vídeos ou ambos. As fotografias do pré e
pacientes. Onze pacientes necessitaram de internação hospitalar, pós-operatório são partes valiosas do registro de um paciente e
cinco por dor no braço intratável e seis por dificuldade em respirar. podem ser usadas para analisar criticamente e ensinar procedimen-
Evitamos o uso de bloqueios em pacientes com distúrbios respira- tos operatórios.
tórios preexistentes. Também informamos aos atletas de alto nível
sobre a possibilidade de desenvolver plexopatia. Os bloqueios peri-
féricos do nervo do plexo lombar, combinados com o bloqueio do VANTAGENS
nervo ciático, podem ser usados para muitos procedimentos nos
membros inferiores. Os bloqueios de nervos periféricos mais utili- As vantagens dos procedimentos artroscópicos superam em muito
zados são o bloqueio do nervo femoral, bloqueio "3-em-l " (nervos as desvantagens. Entre as vantagens, em comparação com a artroto-
cutâneo femoral lateral, obturador e femoral), bloqueio do nervo mia, citamos as seguintes:
cutâneo femoral lateral e bloqueio do compartimento da fáscia • Redução da morbidade pós-operatória. O paciente pode voltar ao
ilíaca. As vantagens dos bloqueios dos nervos periféricos incluem o trabalho sedentário quase imediatamente, e às atividades de tra-
relaxamento muscular adequado, a anestesia intensa e prolongada, balho mais vigorosas dentro de duas a três semanas após a
baixa incidência de retenção urinária e preservação da força da maioria dos procedimentos simples;
perna contralateral, que permite a deambulação quase imediata com • Incisões menores. Procedimentos artroscópicos diagnósticos e
muletas. As desvantagens são o tempo mais longo necessário se operatórios podem ser realizados por meio de várias pequenas
comparado a outras técnicas de anestesia e a necessidade da pre- incisões ao redor da articulação, que são menos propensas a
sença de um anestesista experiente para administrar o bloqueio produzir cicatrizes antiestéticas;
usando a orientação do ultrassom. • Resposta inflamatória menos intensa. As pequenas incisões por
A anestesia geral é empregada ou indicada mais frequente- meio da cápsula e da membrana sinovial resultam numa resposta
mente em um joelho agudamente lesionado, quando a dor é um inflamatória muito menos intensa do que a artrotomia padrão.
fator importante, quando a cirurgia intra-articular significativa é Isso resulta em menos dor pós-operatória, reabilitação em
prevista ou quando o paciente não é cooperativo ou está, sobretudo, período mais curto e retorno mais rápido ao trabalho;
apreensivo. A alergia aos anestésicos locais, naturalmente, exige a • Melhor visualização. A melhora na visualização é particular-
administração da anestesia geral. Cirurgiões artroscópicos menos mente importante nos procedimentos de ombro em que a pato-
experientes e que não estão familiarizados com todas as técnicas logia é comum e pode ser reparada de modo concomitante, por
provavelmente deverão ser orientados a escolher a anestesia geral. meio da utilização de portais artroscópicos comuns;
Se for antecipada a necessidade do torniquete para controlar o san- • Ausência de efeitos secundários. Os efeitos secundários da artro-
gramento, como nas sinovectomias parciais ou completas ou na tomia nas articulações, tais como a formação de neuroma, cica-
excisão de aderências, recomenda-se a anestesia geral. A maioria dos trizes deformantes dolorosas e potencial desequilíbrio funcional
CAPÍTULO 49 PRINC ÍPIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA

(por exemplo, do mecanismo extensor do joelho) são eliminados artroscópico. O influxo por gravidade deve ser usado, e a saída deve
por meio de técnicas artroscópicas; ser mantida para ajudar a evitar o aumento de pressões de líquido
• Redução do tempo de hospitalização. A maioria dos procedimen- compartimentai.
tos artroscópicos é realizado em regime de ambulatório;
• Redução da porcentagem de complicações. Complicações em pro-
cedimentos artroscópicos são relatadas apenas esporadicamente; TÉCNICAS ARTROSCÓPICAS
• Melhor avaliação no acompanhamento. A mínima morbidade
associada à artroscopia permite que os efeitos de um procedimento
BÁSICAS
cirúrgico anterior, como o reparo do menisco, sejam reavaliados,
caso a persistência dos sintomas justifique uma reavaliação. Esses A proficiência nas técnicas artroscópicas exige uma grande dose de
procedimentos de reinspeção são muitas vezes designados como paciência e persistência.
"relook" ou "second-look" ("segunda olhadela"); As técnicas são mais bem aprendidas quando se auxilia e
• Possibilidade de realizar os procedimentos cirúrgicos de difícil ou realiza os procedimentos cirúrgicos com um artroscopista expe-
impossível realização através de artrotomia clássica. Uma série de riente durante a residência, fellowship ou na prática. As fontes de
procedimentos cirúrgicos é realizada com mais facilidade com aprendizagem prática da American Academy of Orthopaedic Sur-
técnicas artroscópicas do que por meio de incisões de artrotomia geons e de sociedades da especialidade são excelentes maneiras de
aberta. Muitos meniscos que podem ser reparados são acessíveis aprender novos procedimentos. Os vídeos cirúrgicos da internet
apenas com técnicas artroscópicas e não podem ser visualizados também estão disponíveis em muitos sites de fornecedores.
de forma satisfatória por meio da artrotomia. As expectativas dos pacientes sobre o uso de técnicas artros-
cópicas têm criado enormes demandas sobre os cirurgiões
ortopédicos em prática. Um cirurgião não deve ceder a essas pressões
DESVANTAGENS para realizar um procedimento artroscópico difícil, para o qual
ainda não tenha adquirido habilidade suficiente. Se um procedi-
As desvantagens da artroscopia são poucas, mas podem ser signi- mento artroscópico não está progredindo como o esperado, talvez
ficativas para o cirurgião. Nem todo cirurgião tem o temperamento seja prudente interrompê-lo e retornar a um método aberto que deu
necessário para realizar a cirurgia artroscópica, pois ela exige que bons resultados no passado. Como as técnicas artroscópicas torna-
o traba lho seja feito por meio de pequenos portais, com instru- ram-se bem estabelecidas e os resultados continuam a melhorar, o
mentos delicados e frágeis. A necessidade de manobrar os instru- seu número está aumentando de forma constante. Há uma grande
mentos no interior de estreitos limites do espaço intra-articular curva de aprendizado para a conclusão bem-sucedida de procedi-
pode produzir desgastes e cortes consideráveis nas superfícies arti- mentos complicados, como a estabilização do ombro e o reparo do
culares, principalmente por um cirurgião inexperiente. Os proce- manguito rotador. O cirurgião praticante deve estar atualizado com
dimentos podem ser extremamente demorados no início da a literatura, participar de seminários e observar esses procedimentos
experiência com a artroscopia. Além disso, o equipamento espe- realizados por artroscopistas altamente qualificados. Os cirurgiões
cializado necessário é extenso e caro. ortopédicos devem realizar procedimentos de acordo com o seu
Embora essas desvantagens possam ser consideráveis, as van- nível de habilidade e ter em mente que um procedimento realizado
tagens para os pacientes geralmente as superam em grande medida. de forma hábil por meio de uma artrotomia aberta é preferível a um
procedimento artroscópico deficiente.

INDICAÇÕES E _
CONTRAINDICAÇOES TÉCNICA DE TRIANGULAÇÃO

Condições patológicas intra-articulares ou periarticulares podem A triangulação envolve o uso de um ou mais instrumentos inseridos
ser examinadas e tratadas por via artroscópica. No entanto, a expe- através de portais separados e conduzidos ao campo óptico do
riência anterior e as habilidades do cirurgião devem determinar se artroscópio; a ponta do instrumento e o artroscópio formam o
é uma técnica artroscópica ou aberta que irá assegurar o melhor vértice de um triângulo. O princípio da triangulação é a base para
tratamento possível para o paciente. As contraindicações são poucas. a artroscopia operatória. A triangulação distancia o artroscópio do
A artroscopia não deve ser usada numa articulação minimamente instrumento cirúrgico, permitindo a visualização seja ampliada e
comprometida, que responderá aos métodos habituais de trata- aumente o campo de visão. O ângulo de inclinação pode ser alte-
mento conservador. Além disso, o cirurgião não deve considerar a rado, a fim de proporcionar melhor acesso visual a mais áreas da
artroscopia antes de concluir um processo cuidadoso de histórico, articulação. A separação entre os instrumentos e o artroscópio
exame físico completo e diagnóstico não invasivo padrão. A artros- melhora a percepção da profundidade e, talvez a vantagem mais
copia é contraindicada quando houver o risco de sepse articular em significativa, permite o movimento independente do artroscópio e
decorrência de um problema cutâneo local, ou quando uma infecção do instrumento cirúrgico, o que é essencial para a artroscopia
indireta puder se espalhar no campo operatório. Uma anquilose operatória.
parcial ou completa ao redor da articulação é uma contraindicação Para iniciar a triangulação, o artroscópio deve estar a uma
relativa, embora o uso da artroscopia para a lise de aderências na distância da área a ser sondada para oferecer um campo de visão
região do joelho, ombro, cotovelo e tornozelo possa ser benéfico. amplo. Quando o instrumento estiver posicionado, o escopo e o
Importantes rupturas capsulares ou de ligamento colateral na instrumento avançam juntos em direção à área pretendida, redu-
articulação, que permitem excessivo extravasamento de líquidos zindo o campo de visão enquanto aumenta a ampliação. Um erro
para os tecidos moles, são contraindicações relativas para artros- cometido com frequência por artroscopistas iniciantes é colocar o
copia . Nessa situação, deve-se permitir que a cápsula "cicatrize", escopo muito perto dos objetos, perdendo, assim, o maior campo de
ou seja reparada, principalmente antes de qualquer procedimento visão necessário para manter a orientação visual constante.
@;til$ PARTE XIV ARTROSCOPIA

Se o cirurgião ficar desorientado e tiver difirnldade com a LESÃO DAS ESTRUTURAS


triangulação, o instrumento acessório pode ser introduzido na arti- INTRA-ARTICULARES
rnlação para se conectar à cânula do artroscópio. Ao deslizar o
instrumento pela cânula até a ponta do artroscópio, o cirurgião pode É provável que a lesão a estruturas intra-articulares seja a complica-
traze r o instrumento até o campo de visão. Com a prática, o cirur- ção mais comum da artroscopia de joelho. O desgaste das superfícies
gião desenvolve urna percepção estereoscópica que permite a colo- de cartilagem artic ular causado pela ponta do artroscópio ou por
cação do instrumento no campo de visão de imediato. um instrumento cirúrgico ocorre mais frequentemente quando a
artroscopista é inexperiente, a articulação é exígua ou o procedi-
mento é longo e particularmente difícil. Forçar o artroscópio ou
COMPLICAÇÕES outros instrumentos por entre as superfícies articulares, como os
côndilos fernural e tibial ou a cabeça do úmero e a cavidade glenoi-
As complicações durante ou após a artroscopia não são frequentes dal, pode cortar gravemente as suas superfícies e levar a alterações
e, felizmente, são de pouca importância. A maioria pode ser progressivas de condromalacia e artrite degenerativa. A articulação
evitada com um bom planejamento pré e intraoperatório e atenção deve ser aberta primeiro por meio de alavancagem ou tração, e o
aos detalhes de técnicas básicas. A familiaridade com a anatomia artroscópio deve deslizar pelo espaço criado. O uso de um suporte
local e as novas técnicas mediante a participação em centros de para pernas (leg holder) ou uma barra de alavancagem durante uma
ensino, realização de operação com os colegas, exame de vídeos e cirurgia no joelho, bem como de dispositivos de tração ou distração
atualização por meio de periódicos especializados permitem que durante os procedimentos no ombro, quadril e tornozelo, é útil.
o cirurgião obtenha informações valiosas com as experiências dos Uma vez que o artroscópio tiver sido inserido entre as superfícies
outros colegas. Antes dos procedimentos cirúrgicos, ter todas as articulares, a distração deve ser mantida. Se a distração for desfeita
anotações e radiografias do consultório disponíveis é igualmente e o escopo for, então, retraído, a cartilagem artirnlar sofrerá grave
benéfico. Além disso, antes de entrar na sala de cirurgia, reavaliar lesão. Por fim, um portal mal localizado muitas vezes torna a pas-
o procedimento cirúrgico com o paciente e fazer com que este sagem e as manobras do instrumento mais difíceis. Nesse caso, é
escreva a palavra "errado" no membro que não será operado são melhor mudar o local do portal ou fazer um portal acessório do que
ações que podem diminuir uma possível confusão num dia de arranhar a superfície articular, forçando o instrumento.
operação longo. O programa Sign Your Site da American Academy
of Orthopaedic Surgeons e as recomendações do Universal Proto-
col da Joint Cornmission on Accreditation of Healthcare Organi- LESÃO DOS MENISCOS E DO COXIM
zations incluem a verificação pré-operatória do local da cirurgia, ADIPOSO
assinalando o local da operação pelo cirurgião (Fig. 49-9), um
"intervalo" antes do procedimento para verificação e uma lista de O corno anterior de ambos os meniscos do joelho pode sofrer lesão
controle final. por incisão ou penetração se os portais anteriores estiverem situados
em locais muito inferiores (Fig. 49-10). Se os portais estiverem
muito próximos do tendão patelar, poderão atravessar a gordura. A
penetração repetida do coxim adiposo causa inchaço dessa proteção,
a obstrução da visão e também pode resultar em hemorragia, hiper-
trofia ou fibrose dessa estrutura.

Aqui não

H@IUf4mI!) Localização ideal da cânula. Se ela estiver posi-


cionada muito acima, o ângulo de obliquidade é tal que o corno
posterior que não pode ser visto; se for muito abaixo, a cânula
pode passar pelo menisco e limitar a visão ou a mobilidade.
H@iiif;)BJ!9 Membro operatório assinalado pelo paciente e O posicionamento ideal é diretamente na abertura entre o fêmur
pelo cirurgião. e a tíbia.
CAPÍTULO 49 PRINCÍPIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA -

LESÃO NOS LIGAMENTOS CRUZADOS • SÍNDROMES COMPARTIMENTAIS


Pode ocorrer aumento de pressão no comp artim ento durante a
Os ligame ntos cruzado s podem ser danificados durante a cirurgia pe lo extravasamen to de líquid os, o que d eve ser monito-
excisão do menisco quando uma inserção intercondilar for sec- rado durante todos os procedimentos extensos. Com o uso de
cionada. Com as reconstruções ligame n tares de joelho, o influxo por grav idade ou pressões de bomba mais baixas e garan-
cruzado intacto fica suscetível a lesões quand o os instrumentos tindo um a saíd a adequada, a maioria d essas complicações pode se
motori za do s estão desbridando a fossa intercond ilar. Ass im , a evitada. Quando ocorre r excesso de extravasamento, é recomen-
lâmina d o aparador d eve sempre ser direcionada para longe do dável interromper o influxo de líquidos, soltando qualquer cura-
li gamento intacto. tivo que compr im a ou torniquete e colocar o membro no n ível do
coração. Cobr ir com um a faixa de Esmarch, d a distal para a pro-
ximal e depois remover, pode ajudar a retirar o líquido extrava-
LESÃO DAS ESTRUTURAS sado. A permanência na pressão elevada deve ser avaliada e tratada
EXTRA-ARTICULARES seguind o-se as norm as estabelec idas para a síndrome comparti-
mentai (Cap. 53) .
• VASOS SANGUÍNEOS
A lesão de vasos sa nguín eos na reg ião da ar tic ul ação pode ser a • NERVOS
complicação mai s grave e devastadora da artroscopia. A lesão Lesões n os nervos podem ser ca usadas p o r traumatismo direto
vasc ul a r na maioria das vezes ocorre pela penetração direta o u co m um bisturi ou tro ca ter co rta nte , tração causada por distração
laceração, mas pode ocorrer pela pressão causada pelo excesso excessiva, compressão mecânica ou compressão ca usada por
de extravasa m ento de líquidos. O artigo de Small, de 1986, extravasame nto d e líquido, isq uem ia causada por uso excess ivo
incluia 12 lesões vasc ulares, todas em cirurgias no joelho; não de torniquete o u por um mecanismo ainda pouco conhecido de
foram relatadas com pli cações vasculares em seu estudo de 1988. lesão no sistema nervoso autônomo que res ulta em distrofia sim-
A artéria poplítea fi ca em risco durante a meni scectomia qu ando pática reflexa. Muitas dessas com plicações podem se r evitadas
as ligações intercond ilares são deccionadas, especialmente quando pela marcação apropriada dos portais, cer tificando- se d e que o
o atroscopista usa ar tro scóp icos. Tanto a artéria quanto a veia bisturi penetre apenas na pele, usando um a pinça hemostática
poplíteas já foram lesionadas durante reparos meniscais ao serem para alargar o espaço até a cápsula articul ar próxima a um nervo
aplicad as sutura s posteriormente. Atualmente, a maioria dos e usando habitualmente trocar tes rombos. Manter a distensão e
cirurgiões recomenda uma in cisão posteromedial o u posterola- a distração da articula ção adeq uadas , proteger o n ervo e as proe-
teral , com a exposição da cáps ul a e a colocação de um afastador min ên cias ósseas, e posicionar adequadamente o paciente são
ad equado à proteção de vasos poplíteos durante os reparos do m edi d as que também redu zem as chances d e complicações do
m enisco e para as reconstruções do li game nto cru zado posterior. nervo. A fami liaridad e com as técnicas e a anatomia poss ibilita
Na realização de procedimentos extensos e complicados, é neces- o posicionamento adeq uado do portal e melhora a técnica cir úr-
sária um a atenção con stante com as est ruturas vasc ul ares pos- gica, reduzindo, ass im , o tempo de uso do torniquete.
te riores e a disponibilidade de um cirurgião vascular é conveniente. Os nervos sensoriais e m otores próximos à articulação também
Os vasos tamb ém ficam v ulner áveis se hou ver penetração des- podem ser lesionados. Os ramos inferiores do nervo safeno ou ramos
contro lada durante a execução dos portais posteromediais ou para o sartorio do nervo femora l são os nervos cutâneos danificados
posterolaterais do joelho. As si n ovectomias artroscópicas com mais frequência. A localização de cada um desses numerosos
abran ge nte s têm sido associadas com lesões nas artér ias gen i- ramos cutâ neos varia, e, portanto, a lesão ocasional a um deles pode
culares, com s ubsequente formação de fístula arteriovenosa ou ser inevitável, principalmente se vários portais forem utilizados. Na
pseudoaneurisma. maioria dos casos, a hipestes ia gerada tem pouca consequência e não
A artéria tibi al anterior fica em risco durante vias d e acesso causa nenhum problema. Ocasionalmente, um neuroma doloroso
anter iores para artroscopia d e tornozelo, principalmente com a pode necess itar de resseção posterior. No artigo de Small, foram rela-
abordagem anterocentral. Do mesmo modo, não é recomendável tadas 229 lesões nervosas durante artroscopias de joelho. Trinta lesões
o uso de portais posteromediais devido à proximidade da artéria de nervo safeno e seis lesões do nervo fibular foram relatadas em 3.034
posterior. Na artroscopia de co tovelo, a artéria braquial pode ser reparos de menisco. O aumento da experiência com reparos de
lesionad a durante o estabelecimento do portal anterom ed ial ou menisco, bem com o as técnicas melhoradas (especialmente as expo-
anterolateral. O extravasamento de líquidos também pode compr i- sições posteromedial ou posterolateral) reduziram de forma drástica
mir esse vaso na fossa antecu bital. Na artroscopia de ombro, a a incidênc ia de lesões nervosas (na segund a série de Small, ocor reu
artéria axilar pode ser lesionad a por um instrum e nto ar tro scópico uma lesão do nervo safena em 31 0 reparos meniscais).
cravado na bolsa axilar. A ocl usão do vaso axil ar é causada com Durante a ar troscop ia do ombro, os ramos do nervo axilar
mais frequência pelo extravasamento de líquidos ou tração exces- locali zados ao lon go d a superfície profunda do d eltoide podem
siva no braço. sofrer lesão se os portais anteriores ou posteriores estiverem situados
Durante a artroscopia de ombro, o ramo acro mial da artéria muito in fer iormente. A neurapraxia por tração do plexo braquial
coracoacromial pode ser cortada imediatamente através da lateral pode ocorrer quando a tração e distração forte do o mbro forem
da articu lação acromioclav icu lar durante a resseção do ligamento utilizadas. A pos ição que parece res ultar na m aior tração no plexo
coracoacromial. braquial é de 30 graus d e elevação e 70 graus de abdução. Em 1986,
Veias sup erficiais importantes podem ser laceradas quando a Sm all relato u uma lesão no nervo axilar e três lesõ es no plexo bra-
escolha do portal for inadequada. No joelho, a veia safena pode ser quial em 14.329 artroscopias de om bro. Em 1988, não houve lesões
penetrada por localização ineficiente do portal posteromedi al. No de nervos em 1.1 84 pro ced ime ntos de ombro. A artroscopia da
ombro, a veia cefálica pod e ser penetrada por uma escolha in efi- articulações menores, co tovelo e tornozelo, exige ainda mais atenção
ciente do lo cal do portal anterior. aos detalhes e princípios gera is, comparada à artroscopia d e joelho,
Eml) PARTE XIV ARTROSCOPIA

que é mais familiar. A lesão neurovascular é o maior risco da artros- antes da cirurgia. Os autores encontraram uma tendência para o
copia de cotovelo: os portais anteriores colocam os nervos radial e desenvolvimento de trombose venosa profunda quando havia
interósseo posterior em risco na parte lateral, e o nervo mediano em diversos fatores de risco pré-operatórios. Não houve correlação
risco no lado medial; os portais posteromediais colocam o nervo com o tempo de cirurgia, uso de torniquete ou anestésico. Demers
ulnar em risco. No entanto, a paralisia de nervos após a artroscopia et ai estudaram 184 pacientes por ultrassonografia uma semana
de cotovelo geralmente é temporária e resulta da anestesia local, do após a artroscopia, sem emprego de profilaxia. Trinta e três pacien-
uso de torniquete ou de ferimento contuso. Kelly et al relataram 12 tes (17,9%) foram diagnosticados com trombose venosa profunda;
paralisias nervosas temporárias em 473 artroscopias de cotovelo e 20 eram sintomáticas, e a maioria era proximal ou extensa. A trom-
identificaram a artrite reumatoide e as contraturas como fatores de bose venosa profunda aumentou consideravelmente com o tempo
risco significativos para o desenvolvimento de uma neuropraxia. de uso de torniquete de mais de 60 minutos. Numa meta-análise
Independentemente do local do procedimento artroscópico, uma de pacientes que não receberam medicação antitrombótica profi-
compreensão completa da anatomia local e a marcação precisa dos lática, Ilahi et ai encontraram uma taxa global de trombose venosa
tendões e estruturas neurovasculares são essenciais. A colocação profunda de 9,9% e de trombose venosa profunda proximal de
exata do portal e a distensão adequada antes da entrada na articulação 2,1 % após a artroscopia de joelho.
diminuem a vulnerabilidade do nervo. O uso cuidadoso de shavers Alguns relatórios sugerem que o uso de torniquete reduz a
menos agressivos é importante no trabalho próximo a estruturas incidência de tromboflebite, enquanto outros sugerem que a inci-
neurovasculares. dência é aumentada pelo seu uso associado a um suporte para
pernas. Poulsen et ai associaram o maior risco de trombose venosa
• LIGAMENTOS E TENDÕES profunda ao tempo de uso de torniquete superior a 60 minutos,
O ligamento colateral medial pode ser lesionado por portais mediais idade acima de 50 anos e histórico anterior de trombose venosa
acessórios na região do joelho ou por excesso de estresse em valgo profunda. Reigstad e Grimsgaard descobriram que a duração da
na tentativa de abrir o compartimento medial. Essa é uma possibi- cirurgia foi o único fator de prognóstico para as complicações pós
lidade real, se um suporte para pernas rígido for utilizado e um forte -operatórias; o uso de torniquete não aumentou a morbidade ou taxa
estresse em valgo for aplicado. Small relatou 160 lesões ligamentares de complicações nos seus 876 procedimentos. A trombose venosa
de joelho em 1986, dos quais 143 envolviam um suporte para pernas profunda do membro superior é rara. Randelli et ai, numa pesquisa
(leg holder). Três fraturas femorais foram relatadas, mas, surpreen- na Internet, da Sociedade Italiana de Cirurgia de Joelho, Artroscopia
dentemente, nenhuma envolvia o uso de um dispositivo de suporte e Traumatologia do Esporte, encontraram seis de 9.385 pacientes
para pernas. Em 1988, a frequência dessa complicação havia dimi- relatados. No entanto, usamos dispositivos de compressão de
nuído de forma drástica. membro inferior ao realizar uma cirurgia extensa de ombro nos
pacientes de risco. Minimizar o tempo de operação e de uso de
torniquete, evitar a imobilização pós-operatória e usar a trombopro-
HEMARTROSE filaxia (heparina de baixo peso molecular no pós-operatório) podem
ser medidas benéficas em pacientes suscetíveis a complicações
A hemartrose é a complicação pós-operatória mais comum, ocor- tromboembólicas.
rendo com mais frequência após as liberações do retináculo lateral
e as sinovectomias. Os vasos geniculares laterais superiores geral-
mente são seccionados em liberações do retináculo lateral e os vasos INFECÇÃO
geniculares laterais inferiores podem ser lacerados em um local
imediatamente anterior ao hiato poplíteo durante a meniscectomia Apesar dos antigos receios de infecção, o seu número efetivo rela-
lateral e a sinovectomia. Em 1988, Small relatou uma incidência de tado permaneceu extremamente baixo. Inúmeros pesquisadores
hemartrose pouco superior a 1%. A incidência aumentou para 4,6% publicaram grandes séries, todas com porcentagens de infecção infe-
durante os "releases" retinaculares laterais. Hemartrose persistente riores a 0,2%. Essa baixa incidência é, sem dúvida, resultado de
e inexplicável justifica estudos vasculares e de coagulação hemato- vários fatores, incluindo incisões limitadas, pacientes jovens e sau-
lógica para adoção do tratamento adequado. dáveis, tempo de operação curto e efeitos de irrigação e da ação
diluente das soluções de irrigação. Babcock et ai observaram, no
entanto, que quando tais infecções ocorrem, podem causar morbi-
TROMBOFLEBITE dade considerável. Eles mencionaram como fatores de risco o uso
de corticosteróides intra-articulares, o tempo de uso de torniquete
A tromboflebite é potencialmente a complicação pós-operatória prolongado, a idade do paciente de mais de 50 anos, a falta de novo
mais perigosa. Felizmente, não é comum após procedimentos preparo do local da cirurgia quando convertido para artrotomia, a
artroscóp icos de rotina. A incidência foi de 0,17% na avaliação de complexidade do procedimento e o histórico de procedimentos
complicações descritas em 1986 por Small, e 0,13 % em 1988, em anteriores. Os autores observaram que surtos de infecção relatados
todos os procedimentos artroscópicos nos membros inferiores. após artroscopia estavam relacionados a falhas no controle de infec-
Stringer et ai relataram trombose venosa profunda em 4,2% dos 48 ção ou a instrumentos contaminados.
pacientes avaliados com venografia após a artroscopia de joelho; O uso de antibióticos profiláticos ainda é controverso. Ao men-
nenhum teve embolia pulmonar. Em um artigo publicado em 1998, cionar o desenvolvimento de artrite séptica em nove pacientes após
Schippinger et al, usando ultrassonografia, flebografia e cintilogra- a artroscopia de joelho, D'Angelo e Ogilvie-Harris sugeriram que o
fia pulmonar no pré-operatório e cinco semanas de pós-operatório uso de antibióticos profiláticos pode ser economicamente vantajoso,
em 101 pacientes, revelaram oito casos de trombose venosa pro- considerando a imprevisibilidade dessa complicação e as suas graves
funda (4 silenciosas e 4 sintomáticas). Nove êmbolos foram detec- consequências. No entanto, Bert et ai reava liaram 3.231 cirurgias
tados, dos quais oito eram silenciosos. Todos os pacientes haviam artroscópicas de joelho e encontraram taxas de infecção de 0,15%
recebido 5.000 UI de heparina debaixo peso molecular 12 horas em pacientes que foram tratados com antibióticos e 0,16% naqueles
CAPÍTULO 49 PRINC[PIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA fl1m
que não o foram. Esses autores concluíram que não havia utilidade dez dias, para permitir que a fístu la se feche espontaneamente. O
na administração de antibióticos antes da cirurgia artroscópica de fechamento cirúrgico raramente é necessário.
joelho rotineira. Kurzweil observo u que os antibióticos profiláticos
podem ser apropriados para reduzir o risco de infecção em pacien -
tes de "alto risco", como aqueles com diabetes, problemas imuno- QUEBRA DE INSTRUMENTOS
lógicos e doenças de pele. Judd et al relataram uma taxa de infecção
de 0,68% em 1.615 reconstru ções artroscópicas de ligamento Os instrumentos artroscópicos, ocasionalmente, podem se quebrar
cruzado anterior em pacientes com cirurgias prévias de joelho , dentro da articulação. Em uma pesquisa com mais de 9.000 casos,
principalmente, a reconstrução de ligamento cruzado anterior e a Mulhollan relatou uma incidência de 0,03% de instrumentos que-
fixaç ão de enxerto tibial com uma barra, com um aumento no risco brados; 0,01 % precisaram de artrotomia para a remoção da parte
de infecção. O uso rotineiro de esteroides intra-articulares no pós quebrada. Small relatou incidências de 0,1 % em 1986 e 0,05% em
-operatório tem sido associado a uma maior incidência de infecção 1988. As pinças basket podem se quebrar se o cirurgião tenta o corte
pós-operatória. de um fragmento excessivamente grande de menisco ou de outro
As taxas de infecção após a artroscopia de outras articulações tecido. O pino de fixação da extremidade cortante da pinça pode se
são igualmente baixas. Clarke et ai relataram apenas um caso de quebrar ou se soltar, fazendo com que a peça se solte dentro da
artrite séptica em 1.054 artroscopias de quadril consecutivas e as articulação. Urna quebra semelhante pode ocorrer com a tesoura.
infecções foram relatadas com ocorrência menos de 1% dos pacien- Os instrumentos de corte com lâminas descartáveis, especialmente
tes após a artroscopia de ombro e a artroscopia de tornozelo. Kelly os bisturis, não só podem se quebrar, mas podem se soltar do cabo
et ai relataram uma taxa de infecção de 0,8% em 473 artroscopias e cair dentro da articulação. Os instrumentos mais modernos estão
de cotovelo consecutivas. providos de pinos de tensão calibrada no interior do mecanismo de
Recomendamos que os locais de cirurgia sejam limpos e o uso corte, que se partem antes que o próprio instrumento se quebre.
máquinas de cortar numa área pré-operatória para a remoção de Se um instrumento se quebrar, o cirurgião deve fechar imedia-
pelos. Os antibióticos são administrados conforme as recomenda- tamente a cânula de efluxi, mas manter o influxo aberto para que a
ções da American Academy of Orthopaedic Surgeons para o total articulação permaneça distendida. A interrupção do efluxo reduz a
de articulações em que o paciente recebe 1 g de cefazolina por via turbulência, e a articulação imóvel ajuda a evitar que o fragmento
intravenosa dentro de 1 hora da incisão na pele. Pacien tes com mais desapareça do campo de visão, indo para outra parte da articulação.
de 80 anos recebem 2 g. Pacientes alérgicos a cefalosporinas recebem Se o instrumento quebrado estiver dentro do campo de visão,
profilaxia antibiótica alternativa. deve-se prestar total atenção para mantê-lo à vista para sua remoção.
Instrumentos quebrados tendem a gravitar dentro nas goteiras
medial e lateral do joelho, ocultam-se por baixo dos m eniscos ou
PARESIA CAUSADA PELO USO DE depositam-se, por gravidade, na parte posterior ou mais baixa da
TORNIQUETE articu lação. Se o fragmento não puder ser localizado por meio de
exame e sondagem da articulação, uma radiografia desta deve ser
A paresia temporária no membro tem sido observada após o uso de feit a. Se a parte quebrada for localizada, um aparelho de sucção ou
torniquete para controle de sangramento tanto em artroscopia diag- um ímã podem ser introduzidos através de um portal supl ementar
nóstica quanto operatória, geralmente após os procedimentos pro- para estabilizar e remover o pequeno fragmento quebrado, ou um
longados. Se for necessário o uso de torniquete, ele deve ser instrumento ad icional de captura pode ser inserido através de um
despressurizado depois de 90 a 120 minutos. Monitorar cuidadosa- terceiro portal para prender e extrair o fragmento.
mente a pressão e testar a precisão dos manômetros do torniquete
minimizam esses problemas. Felizmente, na maioria dos casos, a
paresia por torniquete é leve, desaparecendo dentro de poucos dias.
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CAPÍTULO 49 PRINC[PIOS GERAIS DA ARTROSCOPIA

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ARTROSCOPIA DE Síndrome dos Impactos Anterior e OUTRAS INDICAÇÕES 2380
TORNOZELO 2373 Posterior 237 9 Artrite Séptica 2380
COMPLICAÇÕES 2376 LESÕES OSTEOCONDRAIS Artrofibrose 2380
SÍNDROMES DO IMPACTO DO TÁLUS 23 79 ARTROSCOPIA DA
NO TORNOZELO 2376 FRATURAS DO TORNOZELO 2379 METATARSOFALANGEANA
Síndrome do Impacto Anterior 2376 ARTRODESE DO TORNOZELO 2379 DO HÁLUX 2382
Síndrome do Impacto Posterior 237 6 INSTABILIDADE DO TORNOZELO 2379 TENDOSCOPIA 2383

ARTROSCOPIA DE TORNOZELO anteromedial pela inserçã o de uma agu lha de calibre 18


no local marcado e insufle a articulação com solução salina
As indicações atuais mais comuns da artroscopia de tornozelo são para assegurar a localização intra-articular e proporcionar
o impacto de partes moles ou ósseas e o tratamento das lesões osteo- ma is espaço para a introdução do trocarte rombo (Fig.
condrais do tálus. Esses pacientes sentem dor contínua no tornozelo 50-4). A insuflação bem-sucedida ocorre quando existe
após lesões como uma entorse que não respondeu ao tratam ento uma resistência mínima à introdução da solução sa li na
conservador habitual, e ao exame físico a dor está localizada na linha quando aco ntece a dorsiflexão do tornozelo, que ocorre
articular do tornozelo. O diagnóstico correto deve ser feito antes que conforme a cápsu la articula r fica rígida, e quando existe
a artroscopia seja realizada; a artroscopia diagnóstica tem uma taxa reflu xo da solução sa lina para dentro da seringa após a
de êxito baixa. Se a ressonância magnética não ajudar no diagnóstico articulação ser distendida ao máximo. O portal anterome-
correto, pode-se usar urn a injeção intra-articular diagnóstica. Um dia l é estabelecido primeiro porque há menos estruturas
alívio significativo a partir de uma anestesia intra-articular sugere a em risco do que com o portal anterolateral.
presença de um processo patológico intra-articular, para o qual a •Após a loca liza ção do portal anteromedia l com a agu lha,
artroscopia de tornozelo e o desbridamento podem ser benéficos. faça uma incisão na pele, apenas o suficiente para inserir
A artroscopia também tem sido utilizada no tratamento de instabi- a cânula. Uma incisão grande permite mais extravasa-
lidade de tornozelo, artrite séptica, artrofibrose e corpos livres. mento de líquido para os tecidos moles em volta e pode
tornar o procedimento mais difícil.
•Após isso, entre na articulação com uma pinça hemostá-
EXAME ARTROSCÓPICO E tica reta romba, evitando danos ao nervo safena, que está
DESBRIDAMENTO DA ARTICULAÇÃO em ri sco nessa área .
•Coloque um artroscópio de 2,7 mm de 30 graus no portal
DO TORNOZELO anteromedial e estabeleça o portal anterolateral pela visu-
aliza ção direta de uma agu lha introduzida no local do
TÉCNICA
posicionamento previsto do porta l.
•Para a art roscopia de tornozelo de rotina, coloque o •Quando a localizaçã o adequada da agu lha for visuali-
paciente em posição supina com o membro a ser operado zada, fa ça a incisão na pele para o portal antero latera l
em um suporte para pernas de modo que o quadril e o e penetre na articulação com um instrumento rombo
joelho fiquem flex ionados, e o pé, suspenso e solto, resul- (Fig. 50-5). Em seguida, introduza o shaver nesse porta l.
tando em uma distensão articular assistida pela gravi- • Examine a parte lateral da articu lação e, com o uso de
dade. Isso também permite a amplitude de movimento instrumentos no portal anterolatera l, rea lize o desbrida-
livre do tornozelo, o que pode au xiliar o acesso a partes mento necessário (Fig . 50-6); depois, alterne os portais
diferentes do tornozelo (Fig . 50-1 ). (câmeras no portal anterolateral e os instrumentos no
• Marque a localização do portal depois de estabelecer o trajeto portal anteromedia l) para o tratamento do lado media l
do nervo fibular superficial, que pode ser visto no subcutãneo da articu laçã o (Fig. 50-7).
após a flexão plantar e a inversão do pé (Fig. 50-2). • Uma distensão não invasiva pode ser usada se houver a
• Marque os portais anterolateral e anteromedial na linha necessidade de acessar as partes mais profundas da articu-
de articulação, que pode ser pa lpada, ficando longe do lação (Fig . 50-8). Ocasionalmente, um portal posterolateral
nervo fibular (Fig. 50-3). pode ser necessário para tratar os processos patológicos na
•Após o dessangramento pelo método de Esmarch e da face posterior do tornozelo que não pode ser alcançada
insuflação do torniquete na coxa, estabeleça o portal mesmo com o uso da distensão articu lar não invasiva.
)
2373
O@il;f41 E!19 Suporte para perna utilizado na artroscopia de O@il;fülI!IJI O trajeto do nervo fibular superficial marcado
tornozelo. VEJA TÉCNICA 50-1. no tornozelo. VEJA TÉCNICA 50-1.

O@l@.1im!19 A, Dois portais anteriores


para a artroscopia do tornozelo são mar-
cados em relação ao tendão tibial anterior
e outros tendões extensores onde eles
cruzam a parte anterior do tornozelo. B,
Local do portal anteromedial. C, Local do
portal anterolateral. D, Portais posteriores.
VEJA TÉCNICA 50-1.
CAPÍTULO 50 ARTROSCOPIA DE PÉ ETORNOZELO Em

IU§i!@E!19 Estabelecimento do portal anteromedial com a O@il;ftim!19 Portal anterolateral feito com instrumento rombo
utilização de agulha de calibre 18. VEJA TÉCNICA 50-1 . seguido de inserção de shaver artroscópico. VEJA TÉCNICA 50-1.

O@il;@m!19 A, Sinovite na face lateral do tornozelo . B, Após o desbridamento. VEJA


TÉCNICA 50-1.

O[êiil;t.jm!m A, Sinovite na face medial do tornozelo. B, Após o desbridamento. VEJA


TÉCNICA 50-1.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

iâ[riii;tjm!19 Distensão não invasiva de tornozelo. VEJA


TÉ CNICA 50-1.

•Após a conclusão do procedimento, feche os portais com


)
sutura para evita r o desenvolvimento de uma fístu la, que
é uma complicação da artroscopia de tornozelo.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são coloca- O@l!;tijE'!IJI Teste de fle xão plantar forçada para o diagnós-
dos em uma bota su ropodá lica e podem aguentar peso tico de impacto posterior no tornoze lo .
conforme o suportado, mas devem ser advertidos contra a
atividade excessiva, que pode levar a um processo inflama-
tório no tornozelo. A fisioterapia deve ser iniciada quando condrócitos. No entanto, são todos estudos in vitro e não há nenhum
as feridas cicatriza rem e a dor pós-operatória for mínima. que comprove os efeitos no ambiente clínico.
Se os si ntomas persistirem apesar da modificação de atividade
e da imobilização, o desbridamento artroscópico pode ser útil no
alívio dos sintomas. As taxas de sucesso relatadas para esse proce-
dimento va riam de 73% a 96% em estudos de nível II. Os pacientes
COMPLICAÇÕES
com pior prognóstico são aqueles sem um diagnóstico claro e
As taxas de complicações variam de 9% a 17%, com a lesão neuro- aqueles com artrose no tornozelo avançada. Os osteófitos podem
lógica sendo a complicação mais comum. Outras complicações são reaparecer, mas geralmente não são sintom áticos. Atualmente, há
lesão vascular, fístula artic ul ar, infecção, síndrome dolorosa regional um grau de recomendação B (evidência razoável) para o uso da
crônica, quebra de instrumento, dano na superfície articul ar, trom- artroscopia de tornozelo para o impacto no tornozelo, de acordo
bose venosa profunda e síndrome compartimentai. com um a revisão sistemática de 2009.

• SÍNDROME DO IMPACTO POSTERIOR


SÍNDROMES DO IMPACTO NO TORNOZELO Pacientes com impacto posterior no tornozelo apontam a parte de
trás do tornozelo como a área de dor e têm sensibilidade na parte
• SÍNDROME DO IMPACTO ANTERIOR posterior profunda do tornozelo e dor durante um teste de flexão
plantar forçada (Fig. 50-9). Os estudos podem mostrar um os trigo-
O impacto anterior pode ser causado por osteófitos tibiais e talares num ou processo posterior do tálus hipertrofiado, e os pacientes
anteriores e por tecido mole anterior que é comprimido com a dor- obtêm alívio com um a injeção guiada por fluoroscopia na área.
siflexão do tornozelo. Os pacientes apresentam dor localizada na
região anter ior do tornozelo e têm sensibilidade na linha articular
anterior. As radiografias laterais não podem mostrar os osteófitos.
Uma visão anteromedial do tornozelo geralmente é útil. A ressonân- DESBRIDAMENTO POSTERIOR PARA
cia magnética pode mostrar os osteófitos, mas não é muito sensível
IMPACTO NO TORNOZELO
ao impacto nos tecidos moles. A artrorressonância magnética (artro-
-RM) ou a ressonância magnética com meios de contraste, supressão
de gordura, tridimensional (3D), gradiente ultrarrápido e radiofre-
TÉCNICA
quência (CE 3D-FSPGR) é mais sensível e específica, mas menos • Coloque o paciente em pronação com o pé no final da
prática. O exame físico cuidadoso e a injeção diagnóstica podem ajudar cama e um suporte no 1/3 distal da perna de modo que o
a identificar o diagnóstico com precisão. O uso de injeções intra-ar- pé paire livremente (Fig. 50- 1OA). Manter o pé na posição
ticulares tem sido questionado devido à citotoxicidade potencial aos
CAPÍTULO 50 ARTROSCOPIA DE PÉ ETORNOZELO

neutra em relação à dorsiflexão/flexão plantar e varo/valgo •Para remover o os trigonum, desinsira parcialmente o
é a posição mais segura para evitar lesão neurovascular. ligamento talofibular posterior e o lig amento t alocalcâ-
•Faça o porta l posterolateral lateral à borda do tendão do neo posterior e libere o retináculo flexor para expor o osso
calcâneo um pouco acima de uma linha que va i da ponta a ser removido (Fi g. 50-1 OG).
do maléolo lateral ao tendão do ca lcâneo (Fig. 50-1 OB). •Se houver necessidade de distensão, pode-se utilizar uma
Insira uma pinça hemostática através de uma pequena tração esquelética transca lcânea com um pino inserido
incisão na pele em direção ao primeiro espaço interdigital no calcâneo.
até ating ir o osso (Fig. 50-1 OC).
•Faça o portal posteromedial no mesmo nível, justamedial
ao tendão de Aqui les, e insira uma pinça hemostática
pela incisão da pele, direcionando-a para o contato com Com esse procedimento, há relatos de res ultados bons e
o artroscópio em um ângu lo de 90 graus (Fig. 50-1 OD). excelentes de 91 % a 100% dos pacientes. O desbridamento pos-
Quando a pinça hemostática conta tar o artroscóp io, terior permitiu que todos os 27 jogadores de futebol profissionais
mova-a para baixo, junto do artroscóp io, até que atinja de eli te voltassem a treinar numa média de 5 semanas, e com
o osso e possa ser vista pela câmera. Se desejar, use a alívio significativo da dor. Os resultados após a artroscopia e o des-
fluoroscopia para confirmar a local ização adequada. bridamento posterior aberto são semelhantes, mas o retorno mais
•Coloque o shaver neste portal e remova a cápsula subta- rápido ao esporte é possível com o tratamento por via artroscópica.
lar posterior (Fig . 5-1 OE). Tome cuidado para ficar latera l As taxas de complicações variam de 4% a 20%. As complicações
ao tendão flexor longo do hálux para evitar danos ao incluem sintomas neurológicos dos nervos tibial e sural, infecção,
f eixe neurovascular (Fig. 5-1 OF). síndrome de dor regional crônica, rigidez do tendão de Aquiles e
problemas de feridas.

H[riil;fijBI!) Desbridamento para impacto posterior no torn oze lo. A, Po sicio namento do paciente . B, Portal
posterolateral.
lllll!iD PARTE XIV ARTROSCOPIA

e D e A

Articulação
do tornozelo

O@lhbUi•luM!•l•l• e, Inserção de pinça he-


mostática, direcionada ao primeiro espaço inter-
digital. D, Inserção de artroscópio pelo portal
posteromedial. E, Inserção shaver. F, Identificação
de flexor longo do hálux. G, Exposição do os tri-
gonum. VEJA TÉCNICA 50-2.
CAPÍTULO 50 ARTROSCOPI A DE PÉ ETORNOZELO fllllll
Uma revisão sistemática sugeriu um grau de recomendação
grau c (evidência de baixa qualidade) para o tratamento artroscó-
pico do impacto posterior no tornozelo, dado o nível dos estudos
disponíveis na literatura.

• SÍNDROME DOS IMPACTOS ANTERIOR E


POSTERIOR
Se for necessário o acesso a ambas as faces, a anterior e a posterior
da articulação, mudar o paciente da posição supina para a em pro-
nação pode ser inconveniente. Uma alternativa é realizar a artros-
copia de tornozelo anterior, conforme a descrição anterior, e, em
seguida, girar a perna externamente para colocar dois portais pos-
teromediais. A artroscopia posterior também pode ser feita com o
paciente em pronação, e o joelho pode ser flexionado a 90 graus para
acessar o tornozelo anterior por via artroscópica.
H@ii;Mm!119 Artrodese do tornozelo. Broca motorizada (burr)
usada para remover camada fina de osso subcondra l (aproxima-
LESÕES OSTEOCONDRAIS DO TÁLUS damente 2 mm) .

As lesões osteocondrais do tálus podem ser tratadas por via artros-


cópica e o grau atual de recomendação é B (evidência razoável), de
acordo com a literatura disponível atualmente. A artroscopia de moles ruim e deformidade mínima. Quand o os portais anterolateral
tornozelo é realizada conforme a descrição anterior. Com frequên- e anteromedial-padrão são estabelecidos e a distensão articular não
cia, há a necessidade de distensão articular não invasiva para per- invasiva for aplicada, utiliza-se curetas e shaver para remover a car-
mitir espaço para os instrumentos e para a penetração subcondral. tilagem arti cular. Então, usa-se uma lãm ina burr para raspar o osso
Uma discussão mais aprofundada sobre as lesões osteocondrais do subcondral (Fig. 50-11) . O preparo completo da articulação pode
tálus é apresentada no Capítulo 89. demorar e ser cansativo, mas deve ser completo e eficiente. Parafusos
percutãneos de 6,5 mm ou 7 mm devem ser utilizados para a fixação
com o auxílio de fluoroscopia (Fig. 50-1 2).
FRATURAS DO TORNOZELO As taxas de fusão são semelhantes àquelas da artrodese do tor-
nozelo aberta, e alguns estudos têm relatado tempos mais curtos para
A artroscopia pode ser utilizada para auxiliar na redução de fra- a consolidação e menor morbidade. Os resultados podem ser menos
turas do tálus, mas apenas relatos de caso e série de casos estão favoráveis em pacientes com maior deformidade, mas a artrodese do
disp oníveis na literatura, não havendo estudos sobre resultados tornozelo tem sido feita em pacientes com mais de 15 graus de defor-
para comprovar a eficácia dessa técnica. O mesmo é verdadeiro midade com bons resultados. Embora os resultados sejam bons com
para as fraturas da tíbia distal, com apenas relatos de casos e série esse procedimento, a taxa de complicações pode ser tão elevada
de casos na literatura. Nesses relatos, a artroscopia foi utilizada quanto 55%, mas a maioria dessas complicações é menor.
para auxiliar na redução de fraturas do pilão, maléolo posterior, Há um grau de recomendação B (evidência razoável) para a
triplanar, e Tillaux. artrodese artroscópica do tornozelo sem deformidade de mais de 15
O exame artroscópico da sindesmose pode ser mais sensível graus. Há evidências incompletas para o seu uso em tornozelos com
para a detecção de instabilidade do que as radiografias em estresse deformidade maior.
ou a ressonância magnética. Os pacientes com lesões crônicas na
sindesmose podem ser tratados com desbridamento artroscópico do
processo patológico intra-articular associado sem a fixação de para- INSTABILIDADE DO TORNOZELO
fusos se não houver deslocamento lateral do tálus. Os pacientes com
alargamento crônico da sindesmose podem se beneficiar do desbri- O encolhimento térmico capsular tem sido sugerido como sendo
damento artroscópico e da colocação percutânea de parafusos na útil para a instabilidade do tornozelo. No entanto, há raras evidên -
sindesmose após a redução. cias na literatura ortopédica que apoie esta intervenção, o que leva
A avaliação artroscópica da articulação antes da fixação de a um grau de recomendação C (evidência de baixa qualidade) para
uma fratura do tornozelo pode detectar lesões condrais e lesões da esse procedimento.
sindesmose latentes. No entanto, existe alguma controvérsia na lite- O auxílio da artroscopia no reparo dos li gamentos laterais
ratura sobre se o tratamento desses processos patológicos, que nor- do tornozelo também tem sido descrito. As âncoras são colocadas
malmente passam desapercebidos, pode melhorar os res ultados; na fíbula por via artroscópica, e um portal anterolateral suple-
portanto, há um grau Ide recomendação (incompleta) para comple- mentar é utili zado para a passagem das suturas pelo ligamento e
mentar a fixação de fratura de tornozelo com a artroscopia. pela cápsula. Embora esses procedimentos corrijam apenas a
frouxidão do ligamento tibiofibular anterior, foram relatados
bons res ultados com o seu uso.
ARTRODESE DO TORNOZELO Como os processos patológicos intra-articulares concomitan-
tes muitas vezes estão associados com a instabilidade crônica do
A artrodese do tornozelo pode ser feita por via artroscópica, evi- tornozelo, a artroscopia é recomendada antes da cirurgia aberta do
tando-se incisões grandes em pacientes com envelope de tecidos ligamento do tornozelo lateral.
E!) PARTE XIV ARTROSCOPl A

O[ijll;f4E'!'ID Fixação com dois parafusos canulados de 6,5 mm.

OUTRAS INDICAÇÕES colocado em um suporte para perna, o quadril e o joelho


flexionados, e o pé pairando solto. Como alternativa, o
• ARTRITE SÉPTICA paciente pode ser colocado na posição de decúbito latera l
A literatura sobre o uso de artroscop ia para o tratamento de artrite com o pé pairando solto.
séptica de tornozelo é escassa. Num a série de 78 artic ulações infec- •Após a insuflação da articulação, estabeleça o portal
tadas que incluiu cinco tornozelos, houve um a taxa de cura de 91 %. central e, em seguida, o portal anterolateral por visua li-
Em ou tra sé rie de 89 articulações infectadas, das quais três eram de zação direta utilizando uma agulha (Fig. 50-13) .
tornozelos, houve 61% de resul tados funcionais bons/excelentes, •Muitas vezes, a vis ualização da articu lação é difícil quando
20% de satisfatórios e 19% de ruin s. Há um grau C (evidência de o art roscóp io é introd uzido na articul ação devido à sino-
baixa qualidade) para o uso de artroscopia para essa indicação. vite que preenche o se io do tarso (Fig. 50-14A) Após a
triangu lação, continue com o desbridamento at é que a
• ARTROFIBROSE arti cu lação possa ser visualizada.
Há apenas séries peq uenas (estudos de nível IV) sobre o uso de • Desbride a face anterior da faceta posterior, incluindo o
artroscopia para tratar a artrofibrose de tornozelo; a maioria relata ligamento talocalcâneo interósseo, frequenteme nte at e-
resultados promissores. Há, no entanto, ape nas um grau de reco - nuado (Fig. 50-1 48).
mendação e (evidência de baixa qualidade) para o uso de artrosco- •Gire os instru mentos para a face lateral da faceta poste-
pia de tornozelo no tratamento de artrofibrose. rior, onde o desbridamento da sinovite é muitas vezes
necessário (Fig. 50-15). Mude os porta is conforme neces-
sário para um melhor acesso. Ocasionalmente, um portal
ARTROSCOPIA SUBTALAR posterolateral é indispensável para o acesso posteri or.
Os pacientes com a síndrome do seio do tarso ou sinovite •A articu lação subta lar também pode ser abordada por
subt alar loca lizam a sua dor na face latera l do retropé e meio de portais posteriores semelhantemente ao descrito
têm sensibi lidade na articulação subta lar no exame. Assim para a artroscopia posterior do tornozelo .
como no impacto no tornozelo, os estudos de imagem
podem ser negativos e o diagnóstico pode ser feito com CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
uma injeção subtalar, que alivia os sintomas do paciente . rio é semelhante àquele após a artroscopia de tornozelo .

TÉCNICA
A artroscopia subtalar, quando feita para fins terapêuticos e
• A configuração para a artroscopia subtalar é semelhante não de diagnóstico, alcança resultados bons ou excelentes em 86% a
à artroscop ia de tornozelo, com o membro a ser operado 94% dos pacientes, e 97% del es estão satisfeitos com o procedimento.
O desbridamento ar troscópico pode ser úti l para os sintomas após
CAPÍTULO 50 ARTROSCOPIA DE PÉ ETORNOZELO

Veia safena ,- - - - Nervo fibular


superficial

O[ijll;f4E!ID Os portais da articulação subtal ar devem ser feitos com cuidado para evitar a lesão neurovascular. A, Portal anterola-
teral. B, Porta l central. C, Porta l posterol atera l. VEJA TÉCNICA 50-3,

H@ll@ B!ID Desbrid amento da subta lar anterior. VEJA TÉCNICA 50-3.

O!§ilm.iE!ID A, Sinovite na face lateral da faceta posterior. B, Após o desbridamento. VEJA TÉCNICA 50-3.
WJ!:f) PARTE XIV ARTROSCOPIA

as fraturas do calcâneo, com 80% de pacientes sentindo alívio con- ARTROSCOPIA DA


siderável da dor e 82% satisfeitos com os resultados. A artrosco-
pia subtalar pode ser utilizada em conjunto com a fluoroscopia METATARSOFALANGEANA
para a redução percutânea e a fixação das fraturas do calcâneo, DO HÁLUX
assim como para a artrodese da articulação subtalar, utilizando
a abordagem lateral ou posterior. As complicações são raras e, A artroscopia da articulação metatarsofalangeana do hálux pode ser
com mais frequência, são neurológicas, que se resolvem com o utilizada para tratar as lesões osteocondrais da cabeça do primeiro
decorrer do tempo, semelhantemente às observadas após a metatarso (Fig. 50-16), osteofitose inicial, condromalacia, corpos
artroscopia de tornozelo. livres, artrofibrose, sinovite e artrite gotosa. As técnicas artroscópicas

Ht§l!;ftiE!lll A, Lesão osteocondral da articulação metatarsofalangeana do hálu x. B, Após desbridamento e


microfratura .

fibular
A profundo
B

O@i!ifJEI!lla A, Distensão da articulação metatarsofalangeana do hálu x com malha chinesa (finger trap) estéril. B, Colocação dos
portais dorsal medial e dorsal lateral. VEJA TÉCNICA 50-4.
CAPÍTULO 50 ARTROSCO PIA DE PÉ ETORNOZELO fjf:i@

OC§ii;tJ.iE!IEI Tendoscopia fibular. A, Colocação de portal a a proximadamente 4 cm de distância. B, Tendão fibular curto (a) medial
e profundo ao tendão fibular longo (b) como visto do portal proximal à fíbula. (De Ferkel RD, Hommen JP: Arthroscopy of the ankle and
foot. ln Coughlin MJ, Mann RA, Saltzman CL, editors: Surgery of the foot and ank/e, ed 8, Philadelphia, 2007, Elsevier.)

ou auxiliadas p ela artroscopia foram desc ritas para a artrodese da


articulação m etatarsofalangeana do hálux e para a liberação de
tecidos moles para o hálux valgo antes de uma osteotomia distal do
primeiro metatarsal.

ARTROSCOPIA DA ,
METATARSOFALANGEANA DO HALUX
TÉCNICA
•Coloque o paciente em posição supina, e coloque uma
malha chinesa (finger trap) no hálux para a distensão;
suspenda o pé com uma torre de tra ção, como aquelas
uti lizadas para a artroscopia de punho (Fig. 50-17 A) li@ll;tJ.im!ID Tendoscopia do tendão do tibial posterior. O
•Faça porta is em ambos os lados do tendão extensor longo artroscópio está no portal distal, e o shaver está no portal proxi-
do hálux na linha da articulação (Fig. 50- 17B). mal, no tornozelo direito. (De Ferkel RD, Homme n JP: Arthroscopy
•U se um artroscópio de 1,9 mm e shaver de 2 mm, con- of the ank le and foot. ln Coughlin MJ, Mann RA, Sa ltzman CL, editors :
forme necessário. Surgery of the foot and ankle, ed 8, Philadelphia, 2007, Elsevier.)

TENDOSCOPIA sulco dos ti.bulares na luxação destes tendões. Os procedimentos


endoscópicos tamb ém podem ser úteis para as patologias ao redor
As tendoscopias dos tendões fibulares (Fig. 50-18) e do tendão do do tendão de Aquiles (Fig. 50-20). A calcaneoplastia endoscópica e
tibial posterior (Fig. 50-19) têm sido descritas e podem ser utilizadas o desbridamento do espaço retrocalcâneo alcançam bons a excelen-
para a tenossinovectomia para a tendinite e aprofundamento do tes resultados em 80% a 100% dos pacientes.
Wjf:'9 PARTE XIV ARTROSCOPIA

Veia
safena

Esporão ósseo

A B

ht§l!;fiiE!E!) A, Portais da tendoscopia do tendão de Aqui les . B, Excisão da deformidade de Haglund com a ótica no portal medial
e a broca no lateral. (De Ferkel RD, Hommen JP: Arthroscopy of the ankle and foot. ln Coughlin MJ, Mann RA, Saltzman CL, editors: Surgery of
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WJMit PARTE XIV ARTROSCOPIA

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JOELHO 2387 Cisto Meniscal 2401 Artroscopia em Fraturas em
TÉCNICAS BÁSICAS DE Reparo Artroscópico do Menisco Torno do Joelho 2442
DIAGNÓSTICO 2387 Lesionado 2401 Artrofibrose 2442
Princípios Gerais 2387 Lesões Radiais e Lesões das Desbridamento da Osteoartrose e
Posicionamento do Paciente 2388 Raizes Meniscais 2407 Artroplastia por Abrasão 2443
Posição do Portal 2389 Transplante de Menisco 2408 COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
Inserção do Artroscópio 2391 CIRURGIA ARTROSCÓPICA PARA AARTROSCOPIA DO JOELHO 2443
EXAME ARTROSCÓPICO OUTRAS DOENÇAS 2410 QUADRIL 2444
DO JOELHO 2391 Corpos Soltos na Articulação INDICAÇÕES 2444
CIRURGIA ARTROSCÓPICA do Joelho 2410 CONFIGURAÇÃO GERAL 2444
DO MENISCO 2391 Plica Sinovial do Joelho 2412 PORTAIS 2445
Classificação das Lesões Osteocondrite Dissecante dos MANEJO ARTROSCÓPICO
Meniscais 2391 Côndilos Femorais e Patela 2413 DE LESÕES LABRAIS 2450
Tipos de Ressecções Meniscais 2394 Reconstrução do Ligamento Classificação das Lesões Labrais 2450
Princípios Gerais 2394 Cruzado 2418 IMPACTO
Cirurgia para Lesões Meniscais Condromalacia da Síndrome FEMOROACETABULAR 2451
Específicas 2395 Femoropatelar 2438 COMPLICAÇÕES DA
Menisco Discoide Lateral 2400 OUTRAS APLICAÇÕES DA ARTROSCOPIA DO QUADRIL 2455
ARTROSCOPIA DO JOELHO 2442

JOELHO local for usada, para inj eção do portal, é preferível sedação intrave-
nosa com lidocaína a 1% e um bólus intra-articular de 30 mL de
O joelho é a articulação em que a artroscopia tem a sua maior apli- bupivacaína e 15 mL de lidocaína 20 minutos antes de iniciar o
cação cirúrgica intra-ar ticular e diagnóstica. A utilidade das técnicas procedimento. A artroscopia diagnóstica antes da artrotomia ou
de artroscopia no diagnóstico e tratamento da doença intra-articular cirurgia intra -articular de grande porte geralmente é mais bem fe ita
é bem documentada. com o paciente sob anestesia geral, a menos que este tipo de anes-
A artroscopia deve ser considerada wn auxiliar de diagnóstico tesia seja contra indicado.
utilizado em conjunto com wn bom histórico, exame físico completo e O procedimento é realizado em centro cirúrgico sob estritas
radiografias adequadas. Ela deve servir como wn adjuvante, não como condições estéreis. A seriedade deste procedimento cirúrgico não
um substituto de wna avaliação clínica completa. Com o awnento da deve ser m inimizada. Embora as complicações como infecção sejam
experiência no exame dos membros inferiores e testes adjuvantes mais raras (<l %), a fa lta de cuidado na lavagem cirúrgica, preparação ou
precisos, tais como a ressonância magnética, nós raramente, ou nunca, colocação de campos, manuseio in adequ ado de soluções de irri-
realizamos "artroscopia diagnósticà'. alternativas cirúrgicas simples são gação, artroscóp ios e instrumentos pode res ultar em infecções
discutidas exaustivamente com o paciente antes do procedimento, e o intra-arti culares tão devastadoras quanto aquelas após a artro tomia.
procedimento cirúrgico definitivo é realizado no momento de um A esterilização dos equipamentos de artroscopia e o uso de aventais
exame artroscópico completo. Os princípios gerais, a instrumentação, e campos impermeáveis de artroscopia são essenciais. A selagem da
as indicações, as contraindicações e as complicações da artroscopia são extremidade proximal e distal ao local da artroscopia e o uso de uma
discutidos no Capítulo 49. degermante de pele durável (DuraPrep) e um campo impregnado
de iodo no local cirúrgico podem ajudar a minimizar as infecções.
O instrumentador usa uma grande mesa para instrumentos.
TÉCNICAS BÁSICAS DE DIAGNÓSTICO Esta é posicionada para a sua conveniência, geralmente no mesmo
lado qu e a ci ru rgia do joelho. Uma mesa de Mayo é colocada sobre
• PRINCÍPIOS GERAIS a mesa de operações na parte superi or das coxas do paciente e os
A artroscopia do joelho pode ser feita como o passo inicial essencial instrumentos mais utilizados são colocados sobre ela. Os cabos de
antes de prosseguir para a artroscopia operatória ou antes de uma energia e os cabos de luz ligados às fo ntes apropriadas são coloca-
artrotomia aberta. A anestesia pode ser local, de bloqueio regional, dos em uma mesa lateral. Sacos de irrigação ficam suspensos em
ou geral. Se o procedimento for simples e de curta duração, ele pode um suporte de solução intravenosa na cabeceira da mesa e são
ser feito sob anestesia local em pacientes cooperativos, especial- levantados de 90 cm a 120 cm acima do nível do paciente. A uti-
mente se o cirurgião for experiente em artroscopia. Se a anestesia lização de uma bomba artroscó pi ca para influxo através da camisa

2387
WJJ:!:t PARTE XIV ARTROSCOPIA

do artroscópio ou uma cânula separada ajuda a manter o fluxo


constante de pressão. A bomba pode eliminar a necessidade de um
torniquete, tornando a artroscopia com anestesia local viável.
Um torniquete é colocado ao redor da coxa, mas na artrosco-
pia diagnóstica ele não é inflado, a menos que ocorram distúrbios
de coagulação. A pressurização do torniquete empalidece a mem -
brana sinovial e outros tecidos vascularizados, e torna a avaliação
diagnóstico destas estruturas mais difícil. A vascularização meniscal
e o potencial de cicatrização devem ser avaliados com o torniquete
esvaziado e baixa pressão hidrostática intra-articular. Geralmente, o
torniquete é inflado após sangramento do membro nas complica-
ções agudas traumáticas, ou se o cirurgião antecipa outra coisa que
não o procedimento cirúrgico intra-articular mais simples. O tempo
do torniquete deve ser minimizado e não exceder 90 minutos nos
procedimentos de rotina para evitar uma possível trombose venosa
profunda. Para os principais procedimentos complicados, o tempo
de torniquete pode ser de 2 horas, mas mais tempo do que isso deve
ser evitado para prevenir alterações neurovasculares isquêmicas.
É necessário forçar o joelho para abrir os vários compartimen-
tos para os procedimentos diagnósticos ou operatórios. Isto pode
ser feito por um assistente, um poste lateral acolchoado ou um
dispositivo de sustentação da perna (leg holder). O uso de um assis-
tente para realizar a abertura da articulação provavelmente é o
método menos eficiente por causa da fadiga e da inconsistência da
força, entre outros fatores. O uso de um poste lateral acolchoado
anexado à beira da mesa de operação pode ser eficaz para o estresse
em valgo ou próximo da extensão total, mas não controla a rotação. lij@i@)B19 Campo externo impermeável com vedação de
Os suportes de coxa comerciais são mais eficazes, mas é necessário abertura emborrachada central não esterilizada da coxa proximal
lembrar alguns dos seus possíveis perigos. Embora o uso de um a partir do campo operatório.
dispositivo de suporte de perna torn e o estresse e a abertura dos
compartimentos mais fáceis, especialmente o compartimento pos-
terior, esses dispositivos ficam no caminho quando se está traba-
lhando através dos portais sup eriores na articulação patelofemoral.
Além disso, o efeito potencial de torniquete dos dispositivos de
retenção das pernas deve ser verificado. No osso com osteoporose,
um estresse excessivo pode resultar em fratura na extremidade rigi-
damente suportada. Nós não tivemos problemas com o suporte de
perna comercial, e acreditamos que as vantagens de ser capaz de con-
trolar e abrir a articulação sup eram as potenciais desvantagens.

• POSICIONAMENTO DO PACIENTE
Quando o paciente é anestesiado e um suporte de perna e um tor-
niquete são aplicados, a parte do tornozelo para o torniquete é
completamente esfregada e preparada cirurgicamente como se fosse
para uma artrotomia aberta. Encontram-se disponíveis excelentes
sistemas comerciais de artroscopia e cobertura que isolam o pé da
perna e da coxa distal logo abaixo do suporte de perna e do torni -
quete (Fig. 51-1). Aventais impermeáveis também são fundamentais
para o ciru rgião e para o assistente para evitar a contaminação. O!ijll;ffll1a Técnica da posi ção da mesa pl ana. O cirurgião e
O paciente pode ser colocado em decúbito dorsal com o o assistente ficam ao lado da mesa .
membro preparado e envolto em ângulo para fora do aspecto
lateral da mesa. O uso de um suporte de perna ou um poste lateral
permite que o cirurgião permaneça no interior da perna abduzida, plana pode ser usada, com o cirurg ião e o assistente em pé ao lado
colocando o pé e o torno zelo do paciente na área do quadril e da da mesa (Fig. 51-2).
crista ilíaca do cirurgião. Colocar os pés para fora sobre uma O paciente também pode ser colocado em decúbito dorsal em
pequena plataforma geralmente ajuda a manter o pé do paciente uma mesa de operação-padrão, com a articulação do joelho posi -
na posição correta. Esta posição libera as duas mãos do cirurgião, cionada ligeiramente à frente do ponto de quebra distal da mesa.
e este pode pressionar a perna em valgo simplesmente encostando O fim da mesa é removido de modo que ambos os membros dobrem
a perna no suporte. Essa manobra abre o compartimento medi al 90 graus. O membro oposto deve ser bem acolchoado para evitar
para exame e inspeção. Quando o paciente está em decúbito dorsal, possíveis problemas de pressão. Abaixando o meio da mesa e colo-
o exa me do compartimento lateral requer que o assistente segure cando um reforço acolchoado, também se flexiona os quadris e tira
a perna na posição em forma do número quatro. A posição de mesa a tensão do nervo femoral, simultaneamente de ixando plana a
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flllll

0@1!@619 A colocação de um poste lateral e a fi xação do


saco de soro fisiológico à mesa facilitam o posicionamento da perna
e uma gama completa de movimento durante a reconstru ção do
ligamento.

coluna lombar. O uso de um suporte de perna para o membro não


envolvido é outra técnica excelente. Com ambas as técnicas, reco-
iê(êji!if!i1:l19 Marcas desenhadas no joelho antes de
menda-se a envolver a extremidade livre com um invólucro elástico
distensão.
ou usar uma meia elástica para minimizar a estasevenosa (Fig. 51-3) .

• POSIÇÃO DO PORTAL
Para o sucesso da artroscop ia, são importantes iluminação, disten- ou superolateralmente com entrada do soro através do artroscópio. Isso
são adequada da articulação, e a localização precisa dos portais de geralmente é necessário para os grandes procedimentos, como a recons-
entrada para o artroscópio e instrumentos acessórios. Sem ilumina- trução do ligamento cruzado anterior, quando a hemartrose está pre-
ção adequada, uma visão clara é impossível; sem a distensão ade- sente. Para os procedimentos menores, como uma meniscectomia, uma
quad a da arti culação, o coxim de go rdura, a sinóvia e outros câ.nula de saída pode não ser sempre necessária. Evitar passar pelo vasto
tecidos moles obliteram a visão; e sem uma localização precisa dos medial oblíquo pode aj udar a acelerar a reabilitação, como foi demons-
portais de ent ra da, seria incapaz de ver adequadamente ou mano- trado por Stetson e Templin. Em seu estudo, a reabilitação de pacientes
brar dentro de todas as partes da articulação. As tentativas para com três portais levou aproximadam ente o dobro do tempo da de
forçar um ar troscópio ou um instrum ento mal colocado podem pacientes com dois porta.is nos quais se evitou passar pelo vasto medial
resultar em raspagem articular, danos no instrumento e outros pro- oblíquo.
blemas. A iluminação adequada é assegurada pelo bom cuid ado A irrigação por meio do artroscópio parece dar uma visão
para com o artroscópio e os cabos de fibra óptica de luz, mudand o melhor para o manuseio do fluido no local da visualização. No sistema
a fo nte de luz das lâmpadas quando necessário, limpando freq uen- de dois portais, a saída é realizada pelo raspador para a.rtroscopia.
temente as lentes do artroscópio ou o filme dos produtos de desin-
fecção, e mantendo um meio de irrigação hialino. Qualquer dano à 1 PORTAIS-PADRÃO
ponta do artroscópio, seja por instrumentação motorizada ou Os porta.is-padrão para artroscopia diagnóstica são o a.nterolateral,
manuseio descuidado, pode resultar em uma perda da regulação e anteromedia.l, posteromedia.l e superolateral (Fig. 51-4).
incapacidade de focar o artroscópio corretamente. A localização Portal Anterola.teral. Se for permitida apenas uma abordagem para
precisa do portal de entrada pode ser mais bem assegurada dese- artroscopia diagnóstica da articul ação do joelho, a maioria dos
nhando cuidadosamente as linhas da articulação e proeminências cirurgiões de artroscopia escolhe o portal a.nterolateral. Com o uso
ósseas e de tecidos moles com um a caneta de marcação de pele antes de wn a.rtroscópio de 4 mm de diâmetro e lentes dianteiras oblíquas de
da distensão articular. Todos os portais principais e opcionais são 30 graus através do portal a.nterolateral, quase todas as estruturas
marcados. Normalmente, os contornos da patela e do tendão patelar dentro da articulação do joelho podem ser vistas. Entretanto, através
são desenh ados, as linhas de articulação medial e lateral são apalpa- desse portal, o ligamento cru zado posterior, a parte anterior do
das com a ponta do dedo e desenhadas, e os contornos posteriores menisco lateral, e, em joelhos estreitos, a periferia do corno poste-
dos côndilos medial e lateral do fêmur são marcados. O cirurgião rior do menisco medial podem não ser vistos de forma adequada.
deve reavaliar estes contornos após a distensão para assegurar o Este portal está localizado cerca de 1 cm acima da linha da arti-
posicionamento adequado. cul ação lateral e aproxi madam ente 1 cm lateral ao tendão patelar.
Quando os portais são cuidadosamente marcados, uma câ.nula de A palpação do polo inferior da patela ajuda a assegurar que os porta.is
saída do tipo agulha para drenar pode ser colocada superomedialmente anteriores n ão sejam colocados muito alto; o portal deve estar
EJm) PARTE XIV ARTROSCOPIA

O compartimento posteromedial é pequeno, mas qualquer artroscó-


pio pode ser inserido com cuidado e técnica adequada. Neste portal,
um artroscópio angulado de 30 graus oferece uma visualização ideal
de todas as estruturas no compartimento posteromedial. Três dire-
trizes aj ud am na criação deste portal: (1) O joelho deve ser maxi-
mamente distendido com solução irrigante para que o compartimento
posteromedial se comporte como uma bolha quando o joelho for
flexionado a 90 graus; (2) o joelho deve ser flexionado tão próximo
a 90 graus quanto possível; e (3) as proeminências ósseas devem ser
desenhadas antes de a articulação ser distendida. A localização dos
portais deve ser de aproximadamente 1 cm acima da linha articular
posteromedial e aproximadamente 1 cm posterior à margem pos-
teromedial do côndilo femoral. Este portal é útil para o reparo ou
remoção do corno posterior das lesões do menisco luxadas e para
a remoção de corpos livres posteriores que não podem ser deslo-
cados para o compartimento medial e removidos através de um
portal anterior.
Portal Superolateral. O portal superolateral é mais útil diagnosti-
O@iiif4Ll19 Colocação de portal anterolateral. A introdução camente para ver a din âmica da articulação patelofemoral. Também
do artroscópio através do portal colocado acima da linha articular é a melhor abordagem para a excisão da plica medial. Este portal
(A) tem as vantagens de evitar o coxim de gordura e ser fácil de está localizado imediatamente lateral ao tendão do quadríceps e está
manipular. No e ntanto, é difícil de atingir o aspecto posterior da cerca de 2,5 cm superior ao canto superolateral da patela. Com o
articulação, onde se localiza a maioria das doen ças do menisco. artroscópio neste portal, a articul ação patelofemoral pode ser visu-
Com o posicionamento do portal baixo (B), o acesso posterior é alizada com um artroscópio a 30 ou 70 graus, permitindo a ava-
mais fácil, pois o côndilo femoral não entra no caminho, mas a liação da excursão da patela, congruência da patela, e sobreposição
instrumenta ção através de almofada de gordura é mais difícil. lateral da patela conforme o joelho é conduzido da extensão para
Deve ser feita compressão, dependendo da localizaçã o da doen ça diferentes graus de flexão.
intra-articular e rigidez da articulação.
1 PORTAIS OPCIONAIS
Portal Posterolateral. O joelho deve ser fl exionado a 90 graus e
a articulação deve ser maximamente distendida. O ponto de refe-
aproximadamente 1 cm inferior à patela. Se o portal for colocado rência para o portal posterolateral é no ponto em que uma linha
muito perto da linha articular, o corno anterior do menisco lateral desenhada ao longo da margem posterior da diáfise femoral
pode ser dilacerado ou então danificado. Além disso, um artroscópio intercepta um a linha dese nh ada ao longo do aspecto posterior da
introduzido através desse portal pode passar tanto através quanto fíbu la. Este está cerca de 2 cm acima da linha artic ul ar postero-
por baixo do corno anterior do menisco lateral, resultando em danos lateral na borda posterior da banda iliotibial e a borda anterior
ao corno anterior ou dificuldade em manusear o artroscópio dentro do tendão do bíceps femoral. Urna incisão na pele de 6 mm é feita
da articulação porque esta está ligada por baixo pelo menisco sobre- e a cáps ul a posterior distendida é penetrada utili zando-se a
jacente. Uma posição de portal muito superior à da linha de articu - camisa artroscópica e um trocater afiado. A borda posterior do
lação permite que o artroscópio entre no espaço entre os côndilos côndilo femora l é palpada com o trocater sendo escorregado
femorais e tibiais, e impede a visualização dos cornos posteriores paralelamente ao côndilo posterior. Dirigida ligeiramente infe-
dos meniscos e outras estruturas posteriores (Fig. 51-5) . Um artros- riormente, a camisa entra no compartimento posterolateral.
cópio colocado imediatamente adjacente à extremidade do tendão Devem ser tomados cuidados para não danificar a sup erfície
patelar pode penetrar no coxim de gordura, causando dificuldades articular do côndilo fe mo ral posterior com es ta manobra. Além
na visão e na manobra do artroscópio dentro da articulação. disso, deve ser evitado progredir com um trocater afiado através
Portal Anteromedial. O portal anteromedial é mais comumente da cáps ula e dentro do espaço poplíteo por causa do risco de
usado para uma vis ualização adicional do compartimento lateral danificar as estruturas neurovasculares. O fluxo de saída da
e para a inserção de um probe para a palpação das estruturas do solução de irrigação na remoção do trocater afiado confirma a
compartimento medial e lateral. Este portal está localizado de entrad a n a arti culação. Este portal é útil para aj ud ar com o reparo
forma semelhante ao portal anterolateral: 1 cm acima da linha das lesões rneniscais laterais.
articu lar medial, 1 cm inferior à da ponta da patela e 1 cm medial Portais Mediopatelar Proximal Medial e Lateral. As designações
à borda do tendão patelar. A posição precisa pode ser confirmada do portal opcional mediopatelar não devem ser confundidas com
por meio da utilização de uma agulha espinhal percutânea, visua- as do portal do tendão transpatelar central popularizado por Gill-
li zada a partir do portal antero lateral. Enquanto se faz o portal, é quist (mais adiante). Esses portais opcionais foram descritos por
visualizada uma lâm ina nº 11 com a borda corta nte apontada para Patel para melhorar a visualização das estruturas dos comparti-
longe do menisco. mentos ante ri ores, das estruturas meniscocapsulares laterais e do
Portal Posteromedial. O portal posteromedial está localizado em túnel poplíteo, e para minimizar a aglomeração de instrumentos
um pequeno ponto macio triangular formado pela borda postero- acessór ios com o artroscópio durante procedimentos que reque-
medial do côndilo femoral e a borda posteromedial da tíbia. Antes rem um a triangulação de vários instrumentos para esses compar-
de distensão da articulação, este pequeno triângulo pode ser palpado tiinentos. A visualização dos cornos posteriores dos meniscos e da
fac ilmente com o joelho flexionado a 90 graus. As marcas devem ser fixação tibial do ligamento cru zado posterior pode ser difícil
desenhadas na pele antes de se começar a artroscopia diagnóstica. através destes po rtais.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES tJijl@
Esses portais estão localizados justapostos às bordas medial EXAME ARTROSCÓPICO DO JOELHO
e lateral da patela na parte mais ampla da patela . A escolha do
local é crucial. Um local que é muito longe superiormente ou A chave para o diagnóstico bem-sucedido, preciso e completo das
inferiormente pode impossibilitar uma visão apropriada . Um lesões dentro da articulação do joelho é uma abordagem sistemática
artroscópio oblíquo de 30 gra us é idea l aqui. Estes são os nossos para vis ualização. A sequência metódica do exame deve ser desen-
portais acessór ios preferidos para pro cedim entos do comparti- volvida, progredindo de um compartimento para outro e sistemati-
mento anterior. camente reali zando esta sequência em todo joelho. A sequência
Portais Acessórios Distantes Medial e Lateral. Esses portais exata não é fundam ental, mas é importante desenvolver o hábito de
opcionais inferiores muitas vezes são usados para a triangulação segui-la o tempo todo. A fa lha neste procedimento pode compro-
de instrumentos acessórios no joelho durante os procedimentos meter a precisão do diagnóstico e sua completude.
cirúrgicos de artroscopia. Eles estão localizados cerca de 2,5 cm Rotineiramente, o joelho deve ser dividido nos seguintes com-
mediais ou laterais aos portais-padrão anteromedial e anterola- partimentos para o exame ar troscópico (Fig. 51-6):
teral. Mediaimente, estes portai s estão perto da borda anterior do 1. Bolsa suprapatelar e articulação patelofemoral
ligam ento colateral tibial; lateralmente, eles devem estar bem 2. Goteira medial
anteriores ao ligamento colateral fibular e ao tendão poplíteo. 3. Compartimento medial
Urna técnica excelente é inserir urna ag ulha espinhal através da 4. Fossa intercondilar
pele e da cápsula pa ra dentro do compartimento so b visão direta 5. Compartimento posteromedial
com o artroscópio. A agulha deve entrar na articulação acima da 6. Compartimento lateral
superfície superior do menisco, o que iria permitir a passagem para 7. Compartimento posterolateral e goteira lateral
o seu local desejado. Após a agulha ser direcionada ao local desejado O compartimento posteromedial pode ser examinado pas-
dentro da articulação, o instrumento acessório pode ser passado sando-se o artroscópio posteriormente através da fossa intercondilar
para este local com facilidade. Se a agulha não puder ser passada para ou através de um portal posteromedial separado. Geralmente, o
o local desejado, o seu ponto de entrada é ajustado cuidadosa- compartimento posteromedial pode ser examinado de forma ade-
mente antes da incisão do portal ser feita. A margem de erro é menor quada a partir de um portal anterior; mas, se este compartimento
através destes portais lateral e medial acessórios; o menisco ou o não for completamente visto, um portal posterolateral direto deve
ligamento colateral podem ser dilacerados, ou a margem articu- ser escolhido.
lar do côndilo femoral pode se r danificada.
Portal Central do Tendão Patelar (Gillquist). O portal do tendão
transpatelar central está localizado cerca de 1 cm inferior ao polo CIRURGIA ARTROSCÓPICA DO MENISCO
inferior da patela, na linha média da articulação através do tend ão
patelar. Com a patela em locais mais elevados ou mais baixos do que • CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MENISCAIS
o normal ou se o tendão patelar está locali zado inteiramente lateral A classificação dos tipos de lesões meniscais encontrado durante a
à linha média da articulação, devem ser feitos ajustes no local do artroscopia diagnóstica do joelho é essencial para o planejamento
portal. Achamos este portal mais útil nos procedimentos de recons- da ressecção artroscópica subsequente ou reparo. Embora existam
trução do ligamento cruzado anterior após a colheita do enxerto ser inúmeras classificações das lesões meniscais, a seguinte, proposta
concluída, evitando danos ao tendão. por O'Connor, revelo u-se útil. O'Connor classificou os padrões de
Se um portal tendão transpatelar for necessário para a ava- lesões meniscais nas seguintes categorias: (1) lesões longitudinais;
liação do compartimento posterior ou triangulação do comparti- (2) lesões horizontais; (3) lesões oblíquas; (4) lesões radiais (Fig.
mento anterior, ele é feito com o joelho em 90 graus de fle xão para 51-7); e (5) as variações, que incluem lesões de borda livre ou jlap,
manter o tendão so b tensão. Uma incisão vertical de 6 mm a 7 lesões complexas e lesões meniscais dege nerativas.
mm é feita com um a lâmina cortante nº 11 através da pele, tecidos As lesões longitudinais ocorrem mais comumente como resul -
subcutâneos e tendão patelar a cerca de 1 cm do polo inferior da tado de trauma em um menisco razoavelmente normal. A lesão
patela. No caso da fixação de fragmentos da osteo co ndrite disse- normalmente é orientada ve rticalmente e pode estender-se comple-
cante, na qual pode ser necessário um portal mais distal, uma tamente pela espess ura do menisco ou pode estender-se apenas par-
agulha espinhal deve ser utili zada para localizar o portal antes de cialmente ou de forma incompleta através dele. A lesão está orientada
se fazer uma incisão. Nós não defendemos o uso rotineiro deste paralelamente à borda do menisco; se a lesão é completa, um frag-
portal por causa dos danos ao tendão patelar subsequentes à mento interior deslocável frequentemente é produzido. Quando o
incisão e à instrum entação através do tendão. Em certos casos, este fragmento interior desloca-se mais para dentro da fossa intercondi-
portal permitiria uma melhor instrumentação de uma superfície lar, ela é geralmente referida como uma lesão em alça de balde (Fig.
articular anterior e pode complementar os portais artroscópicos 51-8). Se a lesão está perto da inserção rneniscocapsular do menisco,
convencionais. ela é geralmente referida como uma lesão perifél"ica. Uma lesão
periférica vertical na zona I, chamada de lesão verm elha-vermelha,
• INSERÇÃO DO ARTROSCÓPIO e uma lesão entre a zona I e a II, chamada de lesão vermelha-branca,
Se o torniquete não for insuflado, a menos que distúrbios de coagu- estão na porção vascularizada do menisco (Fig. 51-9). Estas lesões
lação ocorram, o portal deve ser infiltrado com 4 mL a 5 mL de um periféricas devem ser reparadas quando for possível.
agente anestésico local misturado com epinefrina, o que diminui o As lesões horizontais tendem a ser mais comuns em pacientes
sangramento e a dor pós-operatória. A utili zação de mais de 4 rnL mais velhos, com o plano de clivagem horizontal ocorrendo por
a 5 mL não é aconselhável, pois um bólus maior, especialmente nos cisalharnento, dividindo as superfícies superior e inferior do
portais anterolateral e anteromedial, pode distender o coxim de menisco. Estas são mais comumente vistas na metade do segmento
gordura o suficiente para tornar a visualização difícil. Se estiver posterior do menisco medial ou no segmento médio do menisco
prevista a pressurização do torniquete, os portais normalmente não lateral. Muitas lesões com borda livre ou jlap e lesões complexas
são infiltrados. começam com uma clivagem horizontal.
Wjijf) PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@il;f!illm A, Bolsa suprapatelar com visão da superfície inferior do genu articular. B, Visão tangencial da articulação patelofe-
moral. C, Plica parapatelar medial normal. D, Compartimento posteromedial visto passando-se o artroscópio através da fossa intercon-
dilar após a exibição do compartimento medial. E, Compartimento posteromedial visto através de portal posteromedial, que é feito
após a conclusão do exame de rotina se a visão completa posteromedial for insatisfatória. F, Menisco medial e compartimento medial.
G, Ligamentos cruzados com sinóvia gorda cobrindo o ligamento cruzado posterior. H, Visão do menisco lateral e compartimento lateral.
1, Visão do corno posterior do menisco lateral e tendão poplíteo através do hiato . J, Visão posterolateral do joelho com artroscopia no
portal anterolateral mostrando inserção do tendão poplíteo no fêmur em hiato poplíteo.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

mfli!;@ Elm Os quatro padrões básicos de lesões meniscais:


/, longitudinal; //, horizontal; ///, oblíqua; e IV, radial .
lâ@ll;tJBID Diagrama das lesões oblíquas posterior (A) e
anterior (B).

O@il;H l:Illl Lesões radiais : a lesão radial incompleta envolve


Otijll;fdm9 Lesão em alça de balde parte da largura do menisco (A); a lesão radial completa estende-
lu xada centralmente.
se para a periferia (B); e a lesão incompleta estendendo-se pos-
teriormente ou anteriormente é chamado de lesão "bico de
papagaio" (C).

B As lesões oblíquas são aquelas de espessura total que correm


E
obliquamente a partir da borda interior do menisco para dentro do
o o corpo do menisco. Se a base da lesão é posterior, ela é referida como
uma lesão oblíqua posterior; a base de uma lesão oblíqua anterior
situa-se no corno anterior do menisco (Fig. 51 -10).
As lesões radiais, semelhantemente às lesões oblíquas, são orien-
tadas verticalmente, estendendo-se da borda interna do menisco à sua
periferia, e podem ser completas ou incompletas, dependendo do
F grau de envolvimento. Provavelmente, estas são semelhantes na pato-
Posterior genia às lesões oblíquas (Fig. 51-11). As lesões posteriores ao tendão
poplíteo podem cicatrizar-se por conta própria ou com técnicas de
O@i!;f4E119 Classificação das zona do menisco (modificada estímulo locais (Fig. 51-12).
por Cooper et ai.). A zona mais anterior do menisco medial é rotulada As variações possíveis são lesões com jlap ou borda solta,
C, enquanto a zona mais anterior do menisco lateral é rotulada O. O lesões complexas e lesões meniscais degenerativas. As lesões com
é a junção meniscossinovial; 1 é o terço externo, li é o terço médio, jlap são semelhantes às lesões oblíquas, mas geralmente têm um
e Ili é o terço interior de cada menisco. elemento de clivagem horizontal ao invés de ser puramente vertical
MJ@I PARTE XIV ARTROSCOPIA

O@il@B19 Tipos de excisão men isca l: meniscectom ia parcial


(A); men iscectom ia subtota l (B); e men iscectomia tota l (C).

O[êiil;HlJm Corno posterior do menisco latera l


cicatr izado.
1 MENISCECTOMIA TOTAL
A remoção total do menisco é necessária quando este está separado da
sua inserção meniscossinovial periférico e os danos e lesões intrame-
niscais são extensos. Se o corpo do menisco destacado perifericamente
em orientação. As lesões que contêm um elemento horizontal é aproveitável, a meniscectomia total não se justifica e a sutura do
são, frequentemente, chamadas de lesões com bordas superiores menisco deve ser considerada.
ou inferiores, dependendo de onde o jlap se baseia na superfície
do menisco. • PRINCÍPIOS GERAIS
As lesões complexas podem conter elementos de todos os tipos A meniscectomia parcial é sempre preferível à meniscectomia sub-
de lesão mencionados e são mais comuns em lesões meniscais crô- total ou total. Deixar um rebordo periférico do menisco intacto e
nicas ou meniscais degenerativas mais antigas. Geralmente, estas são equilibrado auxilia na estabilidade da articulação e protege as sup er-
causadas por uma mecânica alterada do menisco de longa data, e a fícies articulares por meio de suas funções de suporte de carga.
lesão inicial que ocorre no menisco pode não ser identificável após A meniscectomia total remove toda a proteção efetiva de suporte
o surgimento de vários planos diferentes de lesão. de carga e redu z a estabilidade da articulação, especialmen te se
As lesões degenerativas muitas vezes referem-se às lesões com- já existe uma concomitante frouxidão dos ligamentos. A menis-
plexas. Elas ap resentam uma irregularida de acentuada e lesões cectomia parcial, embora desejável, não é sempre possível se a
complexas dentro do menisco; são mais frequentemente obser- lesão estende-se para a periferia do menisco. Em tais casos, a
vadas em pacientes mais vel hos. excisão subtotal é preferível para completar a excisão, mesmo que
o tecido meniscal anterior deixado possa estar sujeito a lesão ou
• TIPOS DE RESSECÇÕES MENISCAIS degeneração subsequentes.
O'Connor discriminou as ressecções meniscais em três categorias Para determinar com precisão o tipo de meniscectomia neces-
segundo a quantidade de tecido do menisco a ser removida (Fig. sária, a lesão meniscal deve ser cuidadosamente investigada e clas-
51-13). sificada. Falhar na classificação, inspeção e exploração precisa e não
avaliar completamente a extensão e os vários planos da lesão antes
1 MENISCECTOMIA PARCIAL de prosseguir com a ressecção do menisco geralmente resultam em
Neste tip o de excisão meniscal, apenas os fragmentos soltos e sacrifício de tecido meniscal saudável.
meniscais in stáveis são excisados, como a borda interna luxada Quando a lesão meniscal for inspecionada e classificada, o
nas lesões em alça de balde, os flaps em lesões com flaps ou os cirurgião deve formular mentalmente os métodos e etapas neces-
jlaps em lesões oblíquas. Nas meniscectomias parciais, um rebordo sárias para excisar a parte necessária do menisco. O cirurgião deve
periférico estável e balanceado de tecido meniscal sa ud ável é ser capaz de visualizar os tecidos a serem removidos e o contorno
preservado. subsequente da borda posterior do menisco periférico. O objetivo
é remover a lesão, mover o fragmento do menisco e dar um bom
1 MENISCECTOMIA SUBTOTAL contorno ao rebordo periférico, deixando uma borda de tecido
Neste tipo de meniscectomia, o tipo e a extensão da lesão requerem meniscal equilibrada e estável.
excisão de uma parte do rebordo periférico do menisco. Isto é mais A excisão do tecido patológico pode ser feita tanto com res-
comum ente exigido nas lesões complexas ou degenerativas do corno secção em bloco do frag men to móvel quanto por morcelização dos
posterior de ambos os meniscos. fragmentos e subsequente remoção. Nor malmente, para minimi-
A necessária ressecção da parte envolvida se estende para fora zar a potencial presença de detritos no interior da articulação, é
e inclui o rebordo periférico do menisco. Ela é denominada subtotal preferível a excisão completa dos fragmentos móveis grandes à
porque, na maioria dos casos, a maior parte do corno anterior e uma morcelização. Quando a lesão foi removida, a borda periférica
parte do terço médio do menisco não são ressecados. restante deve ser cuidadosamente palpada para se assegurar de que
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fJm
ou sobre a parte inferior da perna oposta. Nesta posição, o quadril
cai em rotação externa, e uma tensão em varo pode ser aplicada
empurrando para baixo sobre o joelho em flexão. A posição em
quatro também pode reduzir a distensão global da articulação pelo
colapso das bolsas suprapatelares, tornando a visualização e o uso
de sucção e de cortadores motorizados e aparadores no comparti-
mento lateral mais difíceis. A entrada da irrigação através da camisa
artroscópica permite melhor visualização.

1 LESÕES LONGITUDINAIS VERTICAIS


(EM ALÇA DE BALDE)
Esta lesão comum geralmente ocorre em pacientes jovens como
resultado de um trauma significativo. Ela frequentemente está asso-
ciada a uma lesão do ligamento cruzado anterior, e o lado medial
é mais comumente envolvido do que o lado lateral (aproximada-
mente 3:1). As lesões longas que se estendem por pelo menos dois
terços da circunferência do menisco produzem um fragmento ins-
tável que trava na articulação por se deslocar em direção à fossa
HMl!fhUl:mJ Posição em quatro, utilizada para aplicar a força (Fig. 51-15). Normalmente, o paciente passa por episódios de blo-
varo para o joelho flexionado para ampliar o compartimento queio nos quais que o joelho não pode ser nem totalmente esten-
lateral. dido nem flexionado. O fragmento pode deslocar-se e reduzir com
um tinido audível e palpável. Há dor associada e efusão. Ocasional-
mente, o fragmento em alça de balde desloca-se permanentemente
na fossa intercondilar. Nessas situações, o paciente é gradualmente
não há lesões adicionais e que a borda está equilibrada e estável. capaz de retomar a maioria das atividades, mas sabe que algo está
Quando uma borda periférica estável, contornada e equilibrada errado com o joelho. O fragmento pode ficar distorcido e fixo no
estiver evidente, a articulação deve ser cuidadosamente lavada e lugar. Outras lesões em alça de balde têm sua parte central dividida,
aspirada para remover todos os pequenos fragmentos meniscais criando dois fragmentos separados, um baseado anteriormente e
ou detritos que possam ter caído dentro da articulação como resul- outro posteriormente.
tado da ressecção. Um paciente com suspeita de lesão em alça de balde que
pode ser um candidato ao reparo meniscal deve ter essa possibi-
lidade discutida antes da artroscopia. Os critérios mais comuns
• CIRURGIA PARA LESÕES MENISCAIS para o reparo do menisco são (1) uma lesão longitudinal vertical
ESPECÍFICAS de mais de 1 cm de comprimento localizada dentro da zona vas-
Como discutido anteriormente, as lesões meniscais podem ser (1) cular, (2) uma lesão que é instável e deslocável para dentro da
longitudinal, seja intrameniscal ou periférica, completa ou incom- articulação (Fig. 51-16A), (3) um paciente informado e coopera-
pleta, luxada (em alça de balde) ou não luxada; (2) horizontal; (3) tivo, ativo e com menos de de 40 anos, (4) um joelho estável ou
oblíqua; (4) radial; (5) com aba ou flap; (6) complexa; ou (7) dege- que será estabilizado com uma reconstrução de ligamentos
nerativa. Nenhuma técnica convencional pode ser usada em todos simultaneamente, e (5) uma parte da alça de balde e um rebordo
os casos. As seguintes técnicas são úteis para lidar com cada um meniscal restantes que estão em boas condições . Tradicional-
desses tipos de lesões através do portal anteroinferior. Mesmo a mente, meniscos deformados ou degenerativos não são bons can-
meniscectomia parcial demonstrou aumentar o desgaste articular; didatos para o reparo. A maioria dos pesquisadores relata que
um julgamento razoável deve ser utilizado no planejamento da apenas 10% a 15% das lesões meniscais podem ser reparadas e
cirurgia meniscal para preservar funcionalmente o tecido meniscal. que a maioria desses reparos é feita em associação com uma
O planejamento começa no período pré-operatório, garantindo-se reconstrução do ligamento cru zado anterior.
que o paciente seja totalmente informado sobre a possibilidade de As lesões em alça de balde que não podem ser reparadas
uma meniscectomia parcial versus reparo meniscal e sobre o pós- podem ser tratadas com meniscectomia parcial. Os primeiros rela-
-operatório de cada procedimento. Além disso, ter o equipamento tórios sugeriram que a preservação de um rebordo meniscal levaria
adequado e um profundo conhecimento das técnicas de incisão e a melhores resu ltados a longo prazo, especialmente nas articulações
reparação são essenciais. estáveis com um eixo de carga normal.
Como um todo, as lesões do menisco lateral são menos comuns As lesões pouco deslocáveis geralmente são mais curtas e
do que as lesões do menisco medial. A configuração da lesão radial confinadas à metade posterior do menisco. Muitas vezes, essas
é quase exclusiva para o menisco lateral, ocorrendo raramente no lesões mais curtas estão localizadas perifericamente e podem ser
menisco medial. Além disso, o menisco discoide ocasional rara- reparadas. As lesões que são menores do que 5 mm a 7 mm em
mente é encontrado no compartimento medial. comprimento e estáveis na palpação com o probe, durante a qual
A maioria das ressecções do menisco lateral ou os reparos é a lesão não desloca mais de 1 mm, podem ter as bordas e a sinóvia
feita com o joelho na posição na forma do número quatro (Fig. perimeniscal reavivadas com uma lima de menisco. Talley e Grana
51-14), isto é, com o quadril levemente flexionado, abduzido e rota- relataram uma taxa de insucesso de 21 % a curto prazo em um
cionado externamente; o joelho flexionado de 30 a 90 graus; e a tíbia acompanhamento de 19 pacientes com lesões meniscais mediais
rotacionada internamente. Esta posição pode ser conseguida com a de espessura parcial estável que foram tratados com raspagem
extremidade da mesa estendida ou flexionada. Com a extremidade perimeniscal. Quanto às lesões laterais, 4% falharam . Estes autores
da mesa estendida, o tornozelo é colocado sobre a superfície da mesa recomendam o reparo das lesões mediais de espessura parcial. Nós
PARTE XIV ARTROSCOPIA

A B
O@il;§il!IID A, Lesão em alça de ba lde do menisco medial que viro u na fossa intercondilar; nesta posição, o menisco pode causar
sintomas intermitentes. B, Lesão do menisco medial em alça de balde travada.

A B e
h!§ll;§i Lllrll A, Lesão instável periférica do menisco de 2 cm . O menisco está sendo reparado com sutura empilhada no leito vertica l.
B, Lesão incompleta abaixo da superfície do menisco medial; esta pode ser tratada com abrasão para estimular a cicatrização loca l
seg uida da co locação de um a ou duas suturas. C, Lesão completa de 2 cm na zona avascular do menisco; este tipo de lesão normalmente é
tratado com excisão; mas, se o reparo for tentado, a utilização de coágu los de fibrina e outros estímulos locais devem se r considerados.

também acred itamos qu e um tratamento agress ivo deve ser usado redução do fragmento. A técnica para a ressecção de uma lesão em
para as lesões meniscais med iais. alça de balde luxada e a técnica para a ressecção de uma lesão ver-
Quando for tomada a decisão de realizar uma meniscectomia tical não luxada, curta e longitudinal são essencialmente as mesmas.
parcial, a escolha deve ser feita quanto à possibilidade de utiliza r Em cada situação, o probe deve ser introduzido e as lesões devem
uma técnica de dois ou três portais. Se o fragmento do menisco ser exam inadas com o probe para determinar as extensões anterior
deslocou-se para dentro da fossa, ele deverá ser reduzido utilizando- e posterior O probe também pode ser usado para planejar os cortes
se um probe ou um trocater sem corte. Se o fragmento de menisco subsequentes. No geral, este exame é mais fac ilmente realizado com
for grande ou crônico, o compartimento medial pode ter de ser o artroscópio no portal contralateral an terior à lesão e o probe no
aberto com uma flexão e uma tensão em valgo para permitir a portal ipsilateral.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES em
graus através da fossa intercondilar ou um artroscópio
RESSECÇÃO DE LESÃO EM oblíquo inserid o a 30 graus através do portal posterior
ALÇA DE BALDE correspondente.

TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Somente carga com to-


• Para a redução do fragmento do menisco, utilize um probe que dos dedos do pé e com o uso de muletas é permitida
ou um trocater sem corte para reduzir o fragmento para durante 48 horas até que o paciente esteja confortável.
a sua posição normal. Exercícios de levantamento de perna reta, movimento do
• Comece a técnica (Fig. 51-17 A) com a inserção posterior do tornozelo e exercícios de amplitude de movimento são inicia-
fragmento meniscal. Isto pode ser feito com um basket, dos na sa la de recuperação e repetidos a cada hora durante
tesoura ou faca artroscópica. Tente cortar quase que comple- o período pós-operatório imediato. Conjuntos de parede são
tamente o fragmento posterior móvel na sua junção com o iniciados 3 a 4 dias após a cirurg ia. Bicicleta estacionária e
rebordo do menisco normal remanescente (Fig. 51-178). Este exercícios de fortalecimento progressivo de baixo impacto
corte não deve ser feito às cegas para evitar danos ao menisco são iniciados quando o inchaço pós-operatório terminar.
normal ou à cartilagem articular normal, ou a ambos. A expo- O retorno ao esporte é permitido em torno de 3 a 4 semanas.
sição pode ser auxi liada pela passagem do artroscópio através
da fossa intercondilar para se poder olhar para baixo no corno
posterior do menisco durante o corte, ou um portal postero- 1 LESÕES INTRAMENISCAIS LONGITUDINAIS
medial pode serfeito se for necessário olhar diretamente para INCOMPLETAS
baixo no menisco para visualização ou para passar pelo com- As lesões intrameniscais longitudinais incompletas podem estender-se
partimento posterior ao corte do menisco. da superfície superior para dentro do corpo do menisco ou podem
• Deixe uma pequena inserção de tecido meniscal intacta pos- entrar a partir da superfície inferior. Estas muitas vezes são extrema-
teriormente para prevenir que o menisco flutue livremente mente difíceis de ver e tratar. Este tipo de lesão fica comumente locali-
no compartimento posterior depois da liberação anterior. zado no corno posterior do menisco e pode ter apenas alguns milímetros
• Divida a inserção do corno anterior com uma tesoura artros- de comprimento. No momento em que uma lesão dessas estende-se
cópica em ângulo, basket ou uma faca artroscópica. Faça a mais do que 1 cm ou 2 cm, geralmente torna-se completa e muitas vezes
liberação da inserção anterior com a borda anterior intacta deslocável. Normalmente, uma quantidade significativa de tensão deve
para que não se embarace ou reste uma "orelha de cachorro" ser aplicada ao joelho para abrir o compartimento apropriado para
(Fig. 51-17C). Se a abordagem for difícil a partir do portal visualizar pequenas lesões. O primeiro sinal de uma lesão pode ser uma
ipsilateral, mudar o local do portal e se aproximar do fronteira meniscal interna enrugada ou empenada. Se a lesão incom-
portal contralateral com o instrumento operatório muitas pleta começa a partir da superfície superior, a ponta do probe passa por
vezes facilitam fazer este corte. Raramente, um portal medio- dentro ela mas não através da superfície inferior. Lesões inferiores
patelar é necessário, de modo que ambos os portais anteriores incompletas são ainda mais difíceis de visualizar e explorar, especial-
podem ser utilizados para a instrumentação. mente em um joelho estreito. A ponta do probe passa por dentro da
•Utilize uma pinça hemostática para dilatar a incisão cap- lesão inferior, mas não através da superfície superior do menisco. As
sular antes de tentar a remoção do menisco. tentativas vigorosas para enganchar o probe em uma lesão inferior não
•Insira um grasper segurando através do portal ipsilateral visível devem ser evitadas por causa do perigo de estender a lesão. Se
e segu re o fragmento meniscal tão perto quanto possível uma lesão existe, uma suave palpação pode fazer a borda interior do
de sua inserção posterior restante. Mantenha o fragmento menisco empenar e revirar (Fig. 51-16B).
meniscal à vista, torça e gire o fórceps por pelo menos As lesões periféricas estáveis de um terço em meniscos relati-
duas voltas ao aplicar tração para avulsar a pequena ponte vamente saudáveis devem ser tratadas por abrasão do local da lesão
criada anteriormente. e tecido sinovial meniscal para estimular a cicatrização preservando
• Se o fragmento meniscal não ficar solto como planejado, use a função meniscal. Se a estabilidade estiver em questão, a sutura
uma pinça através do portal lateral para tração no menisco e pode ser indicada para a maioria das lesões meniscais mediais
passe a tesoura artroscópica através do mesmo portal para ("Cirurgia Artroscópica do Menisco': anteriormente).
completar a ressecção posteriormente. Se ainda for difícil com
essa técnica, faça um portal acessório a 1 cm do portal anterior
utilizando a agulha espinhal. A outra opção é a de fazer um REMOÇÃO DA LESÃO DO CORNO
portal mediopatelar acessório para o artroscópio e utilizar os
dois portais anteriores para a instrumentação.
POSTERIOR
•Observe toda a saída do fragmento para se assegurar da TÉCNICA
remoção completa (Fig . 51-17D).
•Ocasionalmente, o fragmento é tão grande que se aloja •Utilize um basket de perfil baixo de mordida de 15 graus
dentro dos tecidos subcutâneos. Nestas circunstâncias, a para cima para fazer a remoção mais fáci l de uma lesão
incisão da pele pode ter de ser alargada para o fragmento do corno posterior.
passar. Lesões longitudinais adicionais podem ser tratadas •Conduza a re ssecção através do portal ipsilateral , apa-
tal como descrito anteriormente. rando de volta a um rebordo periférico contornado estável
•Se não há mais lesões, use um raspador ou uma lâmina (Fig. 51-18).
motorizada no menisco para suavizar a borda restante.
•Antes de o processo ser completado, examine o compar- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
timento posterior com um artroscópio inserido a 30 ou 70 mesmo que o descrito para a Técnica de 51-1.
llllI!) PARTE XIV ARTROSCOPIA

A B

e D
0@1);§'1119 Técnica de dois portais para lesões em al ça de balde do menisco lateral . A, Lesão em alça de balde do menisco lateral
deslocada com probe . B, Após a redução da lesão em alça de balde luxada, a inserção posterior é parcialmente liberada com uma
tesoura artroscópica. C, A inserção anterior é liberada com uma tesoura artroscópica . D, A restante inserção posterior tênue é avulsada
com pinça e extraída. VEJA A TÉCNICA 51-1.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

O!ijll;HEJIEI Técnica para lesões intrameniscais longitudinais incompletas. A, Inspeção da superfície inferior da lesão intrameni sca l
longitudina l incompleta . B, O fragmento é removido pouco a pouco com um basket. C, O rebordo é suavizado e contornado com
ajustador motorizado. VEJA A TÉCNICA 51-2.

1 LESÕES HORIZONTAIS, OBLÍQUAS, RADIAIS E do leito horizontal da parte periférica do menisco é indicada, pois
COMPLEXAS a ressecção iria res ultar na perda do mecanismo de proteção fun-
Nas avaliações das lesões horizontais, oblíquas, radiais e complexas, é cional do men isco. Isso é discutido mais adiante na seção so bre
necessário avaliar e remover o tecido danificado apenas mantendo o reparos meniscais.
tecido meniscal funcional saudável. Nas lesões horizontais de longa
duração, um cisto meniscal pode estar presente. Isso geralmente é
evidente na RM pré-operatória e deve ser procmado durante o exame
artroscópico. Na maioria dos casos, as folhas inferior e superior TRATAMENTO DAS LESÕES
são ressecadas de volta para o tecido es tável relativamente normal. MENISCAIS PARCIAIS PROFUNDAS
A fissura deve ser inspecionada e, se existir um cisto meniscal, uma
pequena cureta curvada pode ser colocada através da fissura e voltada TÉCNICA
para a mão do cirurgião sobre a extensão externa do cisto meniscal.
Este pode ser aberto com uma pequena cureta e o cisto pode ser •Exa mine a lesões através do portal contralatera l e palpe
drenado para o joelho. Um raspador ou aspiração sem raspador com um probe através do porta l ipsilateral.
também pode ser utilizado para abrir e descomprimir o cisto. A loca- • Ava lie a extensão da lesão.
lização também pode ser auxiliada com a utilização de uma agulh a •Uti lize um basket ou uma tesoura artroscóp ica para res-
espinhal colocada exteriormente ao entrar no cisto. secar a lesão e parte degenerativa do menisco.
Ao avaliar lesões com abas ou flaps, deve-se inspecionar o •Palpe a borda do menisco estável para garantir que não
menisco no local da lesão cuidadosamente. Muitas vezes, um jlap haja flap adiciona l que esteja invertido sob o menisco ou
pode estar enrolado por baixo da parte normal do menisco, e o seu invertido por trás do cônd ilo. Lesões do tipo horizontal
tamanho e contorno não são aparentes. Da mes ma forma, o retalho devem se r ressecadas de volta ao rebordo estável .
pode estar posterior ao côndilo femora l, e um exame cuidadoso dos • Se um cisto meniscal foi observado na ressonância mag-
compartimentos posteriores é necessário para avaliar totalmente nética antes da cirurgia, abra esta área com uma pequen a
essas lesões meniscais. No caso de um a lesão em aba ou jlap ou uma cureta curvada passada do portal contra latera l, dilate a
lesão complexa, a ressecção jlap é, geralmente, realizada com um basket abertura, e descompacte o cisto. A loca lização pode ser
para morcelizar a lesão, e é feita palpação cuidadosa para garantir rea lizada com uma ag ulh a espi nh al
qu e o tecido meniscal remanescente tenha contorno relativamente • Contorne o fragmento meniscal com um raspador após
normal com uma trans ição suave nas suas bordas. a ressecção e remova pequen os fragmentos menisca is
As lesões radiais podem ser di vididas em parciais e comple- morcelizados.
tas . A lesão parcial profunda do m eni sco é tratada com sauceri-
zação, balanceamento e contorno das ex tremidad es (Fig. 51-19). CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
As lesões radiais completas qu e vão para a junção meniscossinovial mesmo que o descrito para a Técnica de 51- 1.
são problemas difíceis. Alguns autores con sideram que o reparo
MJM1I PARTE XIV ARTROSCOPIA

A B e
O!ijil;@EllD Equil ibrando a ressecção do menisco. A, Com lesão radial. B, Com lesão longi t udina l. C, Com
lesão com aba .

• MENISCO DISCOIDE LATERAL equilibrada de menisco sobre a largura do menisco


A maioria dos meniscos discoides é lateral; comparado com outras lateral norma l. A largura é determinada, no entanto,
entidades meniscais patológicas, o menisco discoide lateral é raro pe la loca lização e extensão da lesão dentro do menisco.
(de 0,4% a 5%). Meniscos discoides bilaterais são geralmente relata- Se a borda interna livre do menisco não for observada
dos em menos de 10% dos pacientes. Relata-se que o menisco dis- na artroscopia diagnóstica sistemática do comparti-
coide medial está presente em menos de 0,3% das artroscopias do mento lateral, um men isco disco ide latera l pode estar
joelho. Um menisco discoide lateral pode ser descoberto durante presente. O planalto tib ial pode estar comp letamente
um exame do joelho em que outra anormalidade pode estar produ- coberto pe lo men isco e o compartimento latera l pode
zindo sintomas. A anormalidade causadora dos sintomas deve ser parecer estar desprovido de um menisco latera l; alterna-
devidamente corrigida e o menisco discoide lateral deve ser deixado tivamente, partes diferentes podem ser cobertas. Se
intacto, a menos que esteja lesionado ou degenerado. A avaliação houver suspe ita de um menisco discoide, a exploração
cuidadosa das superfícies inferior e superior do menisco é necessá- cuidadosa deve ser princ ipa lmente focada no comparti-
ria para descartar uma lesão meniscal. mento latera l ou mais perto da eminência intercondi lar
O método mais comum de classificação de menisco discoide em busca de uma borda menisca l.
lateral é o de Wantanabe et ai., que descrevera três tipos: completo
ou incompleto, com base no grau de cobertura do planalto tibial TÉCNICA
lateral, e a variante de Wrisberg com inserção tibial meniscal poste-
rior ausente ou anormal. Atualmente, o tratamento recomendado de • Em pacientes jovens com joelhos pequenos, utilize um
um menisco discoide lateral é baseado nesse sistema de classificação. artroscópio de 2,7 mm e instrumentos articulares peque-
As lesões completas e incompletas com lesões do componente dis- nos. Em indivíduos mais velhos, use um portal medio-
coide são parcialmente ressecadas até o rebordo periférico estável patelar medial para o artroscópio e portais anteromedia l
do menisco lateral de 6 mm a 8 mm de comprimento. Quando o e lateral padrões para a instrumentação.
tecido meniscal saudável estiver presente, o reparo do menisco •Com a visão direta do men isco, planeje a ressecção de
lateral do tipo Wrisberg é realizada. modo que um menisco periférico saudável de aproxima-
Bons e excelentes resultados foram relatados em 55% a 94% damente 8 mm de largura permaneça.
dos joelhos que passaram por uma meniscectomia central parcial •Com o joelho em posição de figura de quatro, utilize um
ou "saucerização". Alterações degenerativas preexistentes, sexo basket para iniciar a ressecção centra l do tecido discoide
feminino e idade superior a 20 anos estão associados a resultados (Fig . 51 -20A e B) .
insatisfatórios. Em acompanhamentos de longo prazo, nós perce- •Quando a massa estiver ressecada, coloque a tesoura
bemos que uma porcentagem significativa dos pacientes teve sin- artroscópica através do portal anterolatera l para fazer um
tomas articulares laterais após meniscectomia central parcial e corte posterior radialmente dirigido que se estenda 8 mm
outros relataram ocorrências semelhantes. Tentamos preservar, para fora do tecido menisca l (Fig . 51-20C) .
contornar, equilibrar e reparar o tecido meniscal saudável. •A partir de um portal parapatelar latera l, coloque uma
faca artroscópica curvada na parte externa do corte
radial. Dirija a incisão anterior de uma forma semicircular,
EXCISÃO PARCIAL DO MENISCO preservando um rebordo periférico de 6 mm a 8 mm de
tecido. Comp lete o corte alterando a faca ou a tesoura
DISCOIDE artroscópica para o portal medial.
Geralmente, o objetivo da excisão parcial do menisco dis- •Quando a quantidade desejada de tecido meniscal for
coide é remover a parte centra l, deixando uma borda removida e o rebordo estiver equilibrado, a espessura da
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

h!§'h@ IE!) Técnica para menisco discoide lateral. A, A parte anterior do menisco discoide lateral é retirada com um basket rota-
tivo. B, Contorno mais adiante do rebordo anterior com fórceps de basket rotativo de 90 graus. C, O fragmento discoide posterior é
retirado com um basket. VEJA A TÉCNICA 51-4.

observaram que as mudanças de Fairbanks após as meniscectomias


bord a interna será muito maior do que após a excisão
parcial e total foram sete vezes mais frequentes do que após o
parcial do menisco de rotina.
reparo meniscal, e Jaureguito et ai. encontraram deterioração fun-
•Complete a lavagem e a sucção da articulação.
cional significativa em um acompanhamento médio de 8 anos.
Vários autores verificaram que a deterioração das articulações após
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
a meniscectomia é acelerada sob as condições concomitantes de
mesmo que o descrito para a Técnica de 51-1 .
condromalac ias femoral e tibial, instabilidade de grau II ou III do
ligamento cruzado anterior ou mau alinhamento tibiofemoral no
momento da meniscectomia inicial. As meniscectomias laterais
• CISTO MENISCAL parciais tendem a uma pior evolução do que as meniscectomias
Os cistos meniscais podem se desenvolver a partir de lesões menis- mediais parciais. O menisco lateral suporta aproximadamente 70%
cais mediais crônicas ou degenerativas laterais; eles mais comumente do peso no compartimento lateral, enquanto que o menisco medial
envolvem o menisco lateral. Geralmente, o local do cisto pode ser suporta 50% do peso no compartimento medial.
diferenciado intra -ar ticularmente por inspeção dos fragmentos de A maioria dos pesquisadores relata que apenas 10% a 15% das
lesão meniscal e por abertura da divisão horizontal do menisco com lesões meniscais podem ser reparadas e que a maioria desses reparos
uma pequena cureta curvada e passando-a através do corpo do é feita em associação com uma reconstrução do ligamento cruzado
menisco na parte central do cisto. O cisto é curetado e a palpação anterior. As únicas outras correlações positivas com a cicatrização
digital externa do cisto é usada para liberá-lo e descomprimi-lo foram encontradas em pacientes que têm um rebordo meniscal peri-
dentro da articulação. Mais adiante, a sucção pode ser utili zada para férico estreito ( <4 mm) e quando o reparo é feito dentro de 8
retirar o conteúdo. Os fragmentos meniscais são removidos e são semanas da lesão. O comprim ento da lesão também está associado
limpos até o menisco estar saudável e relativamente estável. às variações no processo de cicatrização.
Foram relatados bons a excelentes resultados com a meniscec- No estudo de Cannon, os reparos em lesões de mais de 4 cm
tomia parcial artroscópica e descompressão do cisto. Se o cisto se de comprimento não conseguiram cicatrizar em 58% das vezes.
descomprimir durante a meniscectomia, nenhum tratamento adicio- A idade do paciente não fo i um fa tor que influenciou neste
nal será necessário. Se o cisto não se descomprimir espontaneamente, estudo. A adição dos coágulos de fibrina tendeu a aumentar a taxa
ele pode ser aspirado por via percutânea e não haverá necessidade de de cicatrização, embora não de forma significativa. Henning, obser-
excisão aberta. vou que a taxa de cicatrização em 950 reparos meniscais laterais
aumentou de 59% para 90% com a adição de um coágulo de fibrina.
As técnicas de reparo artroscópico podem ser divididas em
• REPARO ARTROSCÓPICO DO MENISCO
quatro categorias: (1) reparos de dentro para fora; (2) rep aros de
LESIONADO fo ra para dentro; (3) reparos all-inside; e (4) reparações híbridas,
Embora a meniscectomia parcial tenha, funcionalmente, rendido que combinam as técnicas anteriores. A técnica de dentro para fora
melhores resultados do que a meniscectomia total, o resultado final pode ser feita com cânul as de reparo de lúmen duplo ou lúmen
da meniscectomia parcial permanece abaixo do ideal. Lynch et ai. único específicos para cada zona, e com suturas absorvíveis ou não
Mjl1f) PARTE XIV ARTROSCOPIA

- para dentro
'51-1.
Suturas de fora
Técnicas de Reparo e Indicações
Lesões do corno anterior, lesões do
terço médio, lesões radiais, lesões
complexas, redução de lesões em alça
de ba lde

L-LOCALIZAÇÃO
A PARTIR DA
CÁPSULA
.
_
51 2
-
Reparo
Ressecçao*
<2 mm
2-3 mm
4-5 mm
versus

o
2
Suturas de dentro Lesões do corno posterior, lesões do A-IDADE <20 o
para fora terço médio, lesões em alça de balde 20-40 yr
luxadas, lesões capsulares periféricas, >40 yr 2
aloenxertos meniscais 5-TAMANHO 1-2 cm o
Implantes dos Lesões do corno posterior, lesões com 2-3 cm
dispositivos > 2 mm a 3 mm de largura do >4 cm 2
rebordo, lesões verticais/ T--QUALIDADE Excelente o
longitudinais, lesões do terço médio, DO TECIDO Bom
lesões radiais Razoável 2
Modificado de Sgaglione NA: lnstructional course 206. The biological QUALIFICADORES Instável 2
treatment of focal articular cartilage lesions in the knee: future trends? Mal alinhamento
Arthroscopy 19:154, 2003. Grau de condromalácia Ili 1
Lesão radial 2
Reconstru ção do LCA ou -1
absorvíve is. A técnica se torna segura com o uso de um a incisão para coágulo de fibrina
a exposição da cápsula e posicionamento dos afastadores para a recu- *As pontuações mais elevadas estão associadas a maior risco de falha .
peração segura das agulhas de sutura. A técnica de fora para dentro, LCA, ligamento cruzado anterior
como descrita por Morgan e Casscells e Johnson, é a mais adequada
para o reparo do meio e dos terços anteriores do menisco.
As técnicas de reparo all-inside foram simplificadas pelo desen- Em pacientes jovens, ativos e com dano mínimo ao corpo meniscal,
volvimento de suturas de fixação, que têm nós pré-atados. Esses o reparo de sutura em associação com o estímulo à cicatrização é mais
dispositivos proporcionam uma fixação segura e diminuem o poten- viável quando a reconstrução do ligamento cruzado anterior é reali-
cial de lesão condral presente nos dispositivos anteriores. Eles são zada concomitantemente. Se a raspagem produzir sangramento, o
mais bem utili zados no sup orte de lesões que se situam 2 mm a 4 potencial de cicatrização pode ser considerado. Os canais de acesso
mm afastadas da inserção periférica do menisco. As indicações para vascular, alcançados por meio da trepanação ou perfuração do
as diferentes técnicas de reparo estão listadas na Tabela 51-1. menisco utilizando-se uma agulha espinhal de calibre 18 para pene-
Independentemente da técnica ar troscópica preferida pelo trar da periferia do menisco para a sinóvia, podem estimular o san-
cirurgião, os reparos artroscópicos do menisco consistem em três gramento. Quando as lesões isoladas forem reparadas, deve ser
passos importantes: (1) seleção do paciente apropriado - o paciente considerada a adição do coágulo de fibrina (Técnica 51 -9). A ressec-
deve ter uma lesão meniscal documentada que é capaz de cicatrizar, ção é necessária para um menisco com várias lesões, para lesões
na maioria das vezes um a única lesão longitudin al ver tical no terço envolvendo danos ou deformação do corpo, e para as lesões que estão
externo; (2) desbridamento da lesão e abrasão sinovial local, menis- definitivamente em uma área avascular (branco-branco) (Fig. 5 l- 16C).
cal e capsular para estimular uma resposta de cicatrização fibroblás- Embora as lesões radiais completas sejam raras, elas representam pro-
tica proliferativa; e (3) a colocação de sutura para reduzir e estabilizar blemas particularmente complexos. Quando dentro do corpo menis-
o menisco. cal, essas lesões rompem todas as fibras circunfere nciais. Emb ora as
As lesões podem ser classificadas em (1) lesões que podem ser lesões radiais perto da origem do corno posterior do menisco lateral
raspadas e deixadas sozinhas, (2) lesões que definitivamente podem tenham se mostrado que podem ser tratadas, a funcionalidade bio-
ser reparadas, (3) lesões que podem ser reparadas em determinadas mecânica destes reparos é duvidosa. No entanto, os resultados a longo
circunstâncias, e (4) lesões que dever iam ser ressecadas. Weiss et al. prazo do reparo podem ser melhores do que os de uma meniscecto-
mostraram que as lesões periféricas de 7 mm ou menos cicatrizam mia subtotal, especialmente em pacientes jovens (Tabela 51-2).
sem estabilização com sutura. Tais lesões deveriam ser inspeciona- Muitas vezes, nós combinamos duas ou três técnicas básicas
das para se assegurar de que haja menos de 3 mm de deslocamento, de artroscopia (fixação do menisco por sutura, técnica de dentro
e a lesão e a sinóvia do menisco devem ser raspadas para promover para fo ra e técnica de agulha de fora para dentro) . Se um a gra nd e
a cicatri zação. lesão em alça de balde do menisco medial for apropriada para a
As lesões que definitivamente podem ser reparadas são as lesões reparação, um a sutura inicial estabilizadora do leito hori zontal pode
verticais únicas na parte vascular periférica do menisco, na zona ver- ser feita com um a técn ica de cânula única ou cânula dupla no ponto
melha-vermelha na junção meniscosinovial, ou na zona vermelha médio da lesão perto do canto posteromedial. Suturas adicionais
-branca 3 mm dentro da junção. Estas lesões são deslocáveis, têm mais podem ser colocadas posteriormente utilizando-se a técnica de
do que 1 cm de comprimento, e causam danos mínimos para o corpo cânula de dentro para fora ou com um dispositivo de fixação baseado
do menisco. Geralmente, o reparo deverá ser limitado aos pacientes em sutura. A parte anterior da lesão, especialmente se ela se estende
com até 40 anos. A resposta em termos de cicatrização é estimulada para dentro da metade anterior do menisco, é muitas vezes mais bem
pela raspagem da lesão e do tecido perissinovial. As lesões que podem abordada com uma técnica de fora para dentro.
ser reparadas em determinadas circ unstâncias são aquelas afastadas 3 Se um pacien te tem um joelho instável causado por uma defi-
mm a 5 mm da junção meniscossinovial. Estas lesões, semelhante- ciência do ligamento cruzado anterior e uma lesão meniscal que
mente a todas as lesões que podem ser reparadas, devem ser avaliadas pode ser reparada, em geral, um a reconstrução do ligam ento e um
com o torniquete desinsufl ado para se determinar a vascularização. reparo meniscal devem ser feitos ao mesmo tempo.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fmlll
TÉCNICA DE DENTRO PARA FORA
TÉCNICA
•Realize uma artroscopia diagnóstica sistemática e com-
pleta.
•Se uma lesão meniscal que pode ser reparada for obser-
vada após inspeção minuciosa para assegurar que nenhum
dano meniscal adicional está presente, exsanguine a extre-
midade e infle o torniquete.
•Tenha um suporte de perna no lugar para tensionar o
joelho. Isto abre o compartimento para tornar possível a
visualização da periferia do menisco.
• Para o reparo do menisco medial, insira o artroscópio de
30 graus de inclinação através do portal anterolateral e
palpe a extensão da lesão.
• Se a lesão for aguda e no interior da zona vermelha vas-
cu lar da periferia do menisco, prepare o rebordo gentil-
mente antes da sutura. Se a lesão está claramente dentro
da zona vermelha vascular, não resseque a parte periférica
da lesão. A ressecção deste material descomprime o
menisco do lado periférico e tem um efeito semelhante ao
da meniscectomia parcial pelo estreitamento do menisco. lj[ê\ll;ffl'1Bt Prepara ção de lesão meniscocapsular do me-
• Se a lesão for crônica, reavive e desbride as superfícies ni sco medial através do portal posteromedial acessório . VEJA A
lesionadas, especialmente na periferia. Limite a excisão a TÉCNICA 51-5.
não mais do que 0,5 mm de tecido do menisco, se pos-
sível. Este desbridamento e o preparo das superfícies lesio-
nadas podem ser feitos com um basket, um raspador, facas
meniscais curvadas, ou grosas pequenas anguladas intro- Tendão grácil
duzidas através do portal anteromedial, medial acessório
ou posteromedial, enquanto que a lesão é vista com o
artroscópio pelo portal anterolateral. Uma pequena ras-
pagem é indicada para escoriar e desgastar as superfícies
do menisco (Fig . 51-21 ) e as sinóvias parameniscais supe-
rior e inferior.
• Cânulas específicas são feitas para permitir a melhor abor-
dagem a lesões meniscais com base na sua localização.
Coloque a cânula em uma posição que faça com que o
ângulo da agulha fique longe das estruturas da linha média
posterior e coloque a agulha perpendicular ao local da lesão.
•Se uma lesão periférica está além do canto posterome- Lateral
dial do joelho, utilize um dispositivo de fixação a/1-inside
do menisco a/1-inside ou repare o menisco utilizando a
técnica de dentro para fora .
•Para a técnica de dentro para fora, primeiro faça uma
incisão de 5 cm a 7 cm sobre o aspecto posteromedial
do joelho dissecando através do tecido subcutâneo até o
canto posteromedial do joelho.
•Identifique o intervalo entre a cabeça med ial do gastroc-
nêmio e a cápsula posterior da articulação e retraia a H@il;fijBla Visão de cima da articulação com o artroscópio,
cabeça medial do gastrocnêmio posteriormente para fora a cânula da agulha e o afastador poplíteo no local para o reparo
da cápsu la posterior. do menisco medial. VEJA A TÉCNICA 51-5.
•Coloque um afastador poplíteo neste intervalo para pro-
teger os vasos poplíteos e para auxiliar a captura das agu lhas
(Fig. 51-22).
•Passe a cânula da instrumentação de sutura através do •Passe a agulha através da cânu la para entrar no menisco
portal anterolateral e coloque a sua ponta próxima do li mite a 3 mm a 4 mm da borda, apontando a agulha para uma
posterior da lesão. direção ligeiramente vertica l de modo a sa ir acima ou no
•Remova o suporte da agulha e tenha um assistente para centro da borda lesionada. Observe a agu lha à medida
passar a primeira agu lha. que ela é avançada através da parte externa da lesão . )
EI!J) PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@ll;hHlll!I A, A maioria das suturas posteriores é colocada com a cânula no portal ipsilateral. B, Suturas anterolateral e medio-
medial são inseridas com a cânula através do portal contralateral. Empilhadas vertical ou obliquamente, as suturas no leito proporcio-
nam uma melhor força de suporte do que as suturas no leito horizontal retratadas. VEJA A TÉCNICA 51·5.

Utilize a agu lha para alinhar o menisco anatomicamente


)
antes de avançar através do rebordo externo . Se um bom
posicionamento for obtido, utilize o guia de agulha para
avançá-la 1 cm mais (Fig . 51-23).
•Passe a segunda agulha para entrar no menisco ou na
junção meniscossinovial periférica à primeira agulha, for-
mando um leito vertical empilhado ou uma sutura oblíqua
do leito (Fig. 51-24).
•Passe as agulhas através da cápsula com o joelho flexio-
nado de 15 a 20 graus, enquanto retrai a pata de ganso
e o nervo safena posteriormente.
• Fixe as suturas emparelhadas com uma pinça hemostática.
•As suturas verticais do leito são colocadas a partir de ambas
as superfícies do menisco de forma alternada a cada 3 mm
a 4 mm. Se for difícil manter a redução de uma lesão em
alça de balde, coloque a primeira sutura no leito anterior-
mente para ajudar a segurar o menisco no lugar enquanto O!ijlh@DEJ Reparo meniscal com suturas oblíquas no leito,
as suturas subsequentes são passadas. que são "empilhadas" para se obter uma fixação mais segura no
•A escolha do material de sutura é variada. Alguns cirurgiões tecido meniscal. VEJA A TÉCNICA 51-5.
temem que todas as suturas absorvíveis se degradem antes
da cicatrização adequada e causem uma reação inflamatória
ao redor do nó. Outros cirurgiões se preocupam com o nenhum estudo mostrou quaisquer efeitos deletérios do uso
fato de que as suturas não absorvíveis possam aumentar de suturas absorvíveis de meia-vida longa ou suturas não
o estresse dentro do menisco, provoquem desgaste abrasivo absorvíveis. Nós preferimos suturas não absorvíveis para as
da superfície articular do fêmur ou da tíbia, ou penetrem e lesões maiores e mais centralmente localizadas por causa do
capturem o ligamento colateral medial. Até o momento, tempo de cicatrização prolongado.
CAPÍTULO 51 ARTRO SCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flI!m
• Se a lesão envolve principalmente o terço médio do menisco
TÉCNICA DE FORA PARA DENTRO
medial e a cápsula não tenha sido aberta posteriormente
para proteger os elementos neurovasculares, faça uma Morgan e Casscells e Warren descreveram uma técnica para
incisão ao longo da linh a da articu lação medial antes de reparo artroscópico do menisco em que uma sutura é intro-
empurrar a agu lha inicial através da cápsula e para o duzida com uma agu lha espinhal que é inserida a partir do
tecido subcutâneo. exteri or para o interior. Eles defendem essa técnica como
•Exponha a cápsu la paralela à lesão periférica do menisco uma abordagem segu ra para os cornos meniscais posterio-
e em todo o seu comprim ento. Expor esta área antes de res. Nós achamos est a técnica mais adequada e mais segura
passar a sutura através da cápsula diminui a probabi lidade para as lesões loca lizadas no aspecto anterior dos meniscos.
de cortar a sutura ao fazer a exposição. Johnson usou uma técnica de recuperação de sutura em que
•Quando todos os pontos são passados para essa incisão a sutura é passada com a agulha espinhal e uma seg unda
media l, ama rre-os sobre a cápsula. Para assegurar a agulha é passada através do men isco em uma configuração
redução do local da lesão sem deformação, é im po r- vertical. A alça do f io é usada pa ra recuperar a primeira sutu ra
tante visualizar artroscopicamente o menisco ass im que e puxá-la de volta através do menisco, formando um repa ro
as suturas são amarradas. no leito (Figs. 5 1-25 e 51-26).
•A posição mais segura do joelho para sutu ra de lesões do A lguns pontos sobre esta técnica devem ser enfatizados.
men isco lateral é próxima de 90 graus de fl exão. O nervo Para os reparos posteromed iais, o joelho deve ser flexionado
f ibu lar cai mais inferiormente na flexão e fica protegido. de 1O a 20 graus para a incisão e para a passagem da s
•Adicione uma incisão posterolateral na pele de 3 cm a 4 agu lhas, permitindo que o nervo sartório repouse anterior
cm, estendendo-se distal mente imediatamente anterior à ao local do reparo. Para repa ros anteromediais, o joelho deve
ponta da fíb ula com dois t erços da extensão da incisão estar em 40 a 50 graus de flexão para a incisão e o reparo
distais à linha da articulação. pa ra perm it ir que o nervo sa rtó rio repouse posterior ao
•D isseque o interva lo entre a banda iliotibia l e o bíceps, e local do reparo. Para reparos late rai s, o joe lh o deve se r
retraia o bíceps posteriormente. Faça a dissecção com flexionado em 90 graus para permitir que o nervo esteja
cuidado para afasta r a cabeça do gastrocnêmio lateral posterior ao local do reparo. O menisco e o tecido parame-
pa ra fora da cápsu la posterior. Coloque uma alavanca, niscal devem ser preparados com uma grosa antes do reparo.
uma sapata ou uma agul ha deflectora entre a cápsu la e Uma pequena cânu la de trabalho de 5 mm a 6 mm deve
a cabeça do gastrocnêm io. ser colocada no lado ipsi lateral para o manejo da sutura.
•Se a extensão posterior da lesão estiver perto da linha
média, proteja os vasos poplíteos antes de t razer as agu lhas
através da cápsula colocando um afastador metálico largo TÉCNICA
entre eles e a cápsula posterior. O nervo f ibu lar comum
encontra-se logo posterior ao aspecto posterior do tendão
femo ral do bíceps; por isso, as agulhas sempre devem sair
(JOHNSON)
anteriormente ao tendão do bíceps. É muito melhor, no
•Faça uma pequena incisão na pele e estenda-a através do
entanto, fazer a incisão na pele posterior e expor a área
tecido subcutâneo até a cápsu la em frente ao local da
da cápsu la posterior e o nervo fibular antes de trazer as
lesão meniscal.
su turas através do aspecto posterior da cápsu la.
•Sob observação artroscóp ica, introduza a agulha a partir
do exteri or para o interior, penetrando no rebordo e no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Não exist e um método fragmento do menisco.
universalmente aceito de manejo no pós-operatório imediato • Remova o estilete e introduza um passador de sutura espe-
de reparos men iscais. Atu almente, após um reparo men iscal cialm ente desenhado por dentro da agu lha e para dentro
isolado, colocamos o membro em um imobi lizador por 7 a da articul ação.
1O dias. Os exercícios de amplitude de movimento (20 a 80 • Libere a extrem idade da sutura dentro da articu lação utili-
graus) são iniciados imediatamente por 20 minutos quatro za ndo um instrumento de preensão especial, passado
vezes por dia. A carga na ponta dos pés é permitida nas através de um portal anterior. Coloque a sutura através da
primeiras 2 semanas; a carga parcial, em 2 a 4 sema nas; e a alça de fio do passador de sutura . Retire a agulha e o
carga total, em 4 a 6 semanas. É permitido o jogging (trote passador de sut ura simultaneamente, trazendo uma extre-
a pé) aos 3 meses, e o retorno a outros esportes é permi- midade da sutura com eles para fora através da cápsula .
tido em 6 meses. Se o repa ro do menisco é realizado em •Repita o processo, coloca ndo outra agulha 3 mm a 4 mm
conj unto com uma reconstrução do ligamento cruzado afastada da primeira. In sira um passador de sutura através
anterior, nós preferimos tratar em primeiro luga r o li ga- da ag ulha e novamente traga a extremidade livre restan te
mento. Isto envolve o imed iato posicionamento do joelho da sutura na articulação através do portal anterior e libe-
em extensão completa e perm ite uma gama completa de re-a através da alça de fio. Quando esta agulha e o passa-
movimentos precocemente . A carga na ponta dos pés com dor de sutu ra forem retraídos, as duas extremidades da
muletas é continuada durante as primeiras 6 semanas. sutura estarão agora no lado de fora da cápsu la e um a
Quando o reparo estável na zona vermelha-verm elha for sutura no leito hori zontal foi rea lizada.
obtido, permita que o paciente retorne aos esportes em •Amarre a sutura sobre a cápsula e repita o processo quantas
ap roximadamente 3 meses, desde que se tenha obtido o vezes forem necessá ri as para estab iliza r a lesão meniscal
resgate completo da função. com segurança. )
PARTE XIV ARTROSCOPI A

O@i@H31D Técnica de Johnson. A sutura permanente é


trazida através do portal anter ior e colocada em alça de cabo de
fio. VEJA A TÉCNICA 51-6.

O@l!mi LllJ.I Colocação de sutura na parte média da grande


lesão em a lça de balde usando-se a técnica da cânula curvada .
VEJA A TÉCNICA 51-6.

•Para as grandes lesões periféricas do lado medial, como


)
uma lesão periférica luxada em alça de balde, uma com-
binação dos métodos de dentro para fora e de fora para
dentro pode ser usada.
•Coloque uma única sutura no leito horizontal usando
uma técnica com cãnulas na parte média da lesão ante-
rior ao canto posteromedial. Esta sutura fornece a esta-
bilidade necessária para o grande fragmento em alça de
balde e evita um deslocamento bruto quando a agu lha
espinha l carregada com o fio de sutura é colocada através
das regiões posterior e do corno anterior do fragmento
(Fig . 51-27) .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o


mesmo que o descrito para a Técn ica 51-1.

SUTURA DO MENISCO LATERAL


TÉCNICA
• A técnica para o posicionamento da sutura sobre o lado
lateral é semelhante à descrita para o lado medial, havendo
B
maior risco ao nervo fibular comum quando o corno pos-
terior do menisco lateral é suturado.
O@l@!Dm Técnica de Johnson. A, Um a seg unda sutura é • Mantenha o joelho perto dos 90 graus de flexão quando
pu xa da até completar sua f ixação . B, As suturas são trazidas para suturar o corno posterior do menisco lateral, pois nesta
o lugar após as agu lhas e as a lças de cabo terem sido removidas. posição o nervo cai bem abaixo da linha articu lar postero-
VEJA A TÉCNICA 51-6.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES -

lateralmente. Com o joelho em cerca de 90 graus de flexão por Shelbourne et ai. As lesões instáveis das raízes do corno posterior
ou na posição em quatro, as suturas posterior e poste- do menisco medial podem ser reparadas em um leito ósseo posterior
rolateral oferecem pouco risco de lesão ao nervo f ibu lar cruentado usando-se uma guia de ligamento cruzado anterior para
se as agulhas entrarem e saírem da cápsula superior ao perfurar da tíbia anterolateral até a origem da raiz. Um dispositivo é
tendão femoral do bíceps pa lpável. usado para passar as suturas pelo leito do menisco e depois para fora
•As suturas podem ser colocadas de dentro para fora ou através do túnel do osso; as suturas são, então, amarradas anterior-
de fora para dentro com uma configuração de leito ver- mente. O reparo pode também ser conseguido utilizando-se uma
tical empilhado. Coloque as suturas a aproximadamente sutura de ancoragem 4,5 colocada através de um portal posteromedial
3 mm da borda e dê espaços a cada 4 mm a 5 mm. elevado, conforme descrito por Koenig e Ranawat.
•Se forem alcançadas aproximação e estabilidade, amarre
as suturas uma à outra por cima de pontes apropriadas
da cápsula posterolatera l. Amarre as suturas com o joelho REPARO DE LESÃO RADIAL OU DA
em extensão comp leta . RAIZ MENISCAL
•Imobilize o joelho em um imobi lizador de joelho comer-
cial com o joelho em extensão.
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, a •Três portais são util izados: anteromedial, anterolateral e
carga parcial com mu letas é mantida durante 4 a 6 posteromedial elevado. Os portais med iais são porta is com
semanas, dependendo da estabi lidade da lesão e da dis- utilização de cânulas .
tânncia da lesão do fornecimento de sangue periférico . •Após preparar o leito de inserção, insira uma âncora pelo
portal posteromedial elevado e recupere as suturas por
fora do portal anteromedial. (Uma inserção angu lada e
uma broca flexível faci litam a colocação de uma âncora.)
• LESÕES RADIAIS E LESÕES DAS RAIZES •Penetre o menisco em 3 mm a 4 mm da borda com um
dispositivo passador de sutura .
MENISCAIS
•Recupere o passador através do portal anteromedial e
As lesões radiais que se estendem até a cápsula podem ser reparadas
conduza uma das suturas através do menisco para sa ir na
nos pacientes jovens com men iscos saudáveis. A raspagem sinovial
sua superfície superior. Da mesma forma, recupere a
seguida do reparo longitudinal e composta por duas suturas lon-
segunda sutura para originar uma sutura no leito, a qual
gitudinais, uma na superfície superior e uma na superfície inferior,
é conduzida através do porta l posteromedial. Uma âncora
é indicada aos pacientes jovens dispostos a seguir um protocolo
carregada duplamente pode ser uti lizada para produzir
pós-operatório rigoroso (Fig. 51-28).
duas suturas no leito para uma maior segurança.
As lesões das raízes meniscais laterais podem ser benfeitas ras-
pando e permitindo-lhes a cicatrização in situ, conforme descrito
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
mesmo que o descrito para a Técn ica de 51-5.

1TÉCNICA ALL-INSIDE
Existem numerosos dispositivos de sutura no mercado neste momento.
A força de tensão e o acompanhamento de curto prazo da taxa de
cicatrização utilizando estes dispositivos aproximam-se da fixação
de sutura de dentro para fora. Nós usamos esses dispositivos para
corrigir pequenas lesões quando dois ou apenas um dispositivo é
suficiente para reparos posteriores seguidos pelo uso de suturas para
reparar as partes exterior e anterior da lesão. As vantagens destes
dispositivos é a facilidade de utilização e eliminação de incisões
cirúrgicas acessórias. As desvantagens são os danos ao menisco a
partir da implantação do dispositivo, a dificuldade na obtenção de
um reparo vertical e o custo.
Os mesmos princípios se aplicam ao uso de dispositivos all-inside
e às técnicas de dentro para fora. São necessários uma seleção adequada
e o preparo das lesões meniscais, assim como a prevenção de danos
vasculares orientando as agulhas para longe das estruturas neurovascu-
lares e estabelecendo a parada das agulhas em 14 mm ou 16 mm.
lp!Ciii;tijBIIt Reparo de lesão radia l comp leta do menisco lateral.
Observe que a primeira sutura no leito vertical reaproxima os frag-
mentos meniscais. Mais tarde, mais suturas no leito vertica l são adi-
PREPARAÇÃO DO COÁGULO DE FIBRINA
cionadas para sut urar o aspecto posterior da cápsu la. No míni mo, são Embora o papel exato do coágulo de f ibrina ou plasma
co locadas duas suturas no leito vertica l, e muitas vezes uma te rce ira rico em plaquetas no reparo meniscal esteja desconhecido, )
sutu ra "emp il hada" no leito vertica l é necessária.
llllJI!D PARTE XIV ARTROSCOPIA

) autores recomendam o seu uso ao reparar lesões meniscais • TRANSPLANTE DE MENISCO


isoladas que ficam 3 mm a 5 mm da periferia. Quando a O transplante de menisco continua a evoluir utilizando técnicas de
reconstru ção do ligamento cruzado anterior é feita concomi- tarugos ósseos com indicações mais bem definidas e resultados mais
tantemente, provavelmente o coágulo de fibrina é desneces- assintomáticos (>90%). A questão permanece quanto à função con-
sário por causa da hemartrose associada à reconstrução. droprotetora que o menisco transplantado produz. As taxas de insu-
ficiência do enxerto variam de 21 % a 60% em alguns estudos. Em
TÉCNICA 7,2 anos de acompanhamento de 100 procedimentos, Verdonk et ai.
descobriram que um terço passou por cirurgia adicional para lesões
(PORT ET AL.) meniscais ou de impacto, embora 70% tenham mantido alívio assin-
tomático com o transplante meniscal.
•Usando punção venosa, obtenha 5 ml a 1O ml de sangue O alívio funcional fornecido pelo transplante de menisco é ofus-
total e transfira para uma seringa de plástico de 20 ml cado ainda pelo fato de que muitos dos pacientes foram submetidos
ou 60 ml para formar um coágulo mais curto e grosso, a procedimentos concomitantes para realinhamento, estabilidade ou
ou para uma seringa de 1O ml para um coágulo mais transplante osteocondral no momento do transplante de menisco. Em
comprido e fino. um estudo realizado por Sgaglione et ai., os meniscos criopreservados
•Utilizando uma haste de agitação de vidro fosco de 4 mm, tiveram desempenho semelhante aos meniscos frescos congelados e
agite suavemente o sangue evitando o contato com a tinham os mesmos riscos, em particular da síndrome da imunodefi-
parede exterior da seringa, o que iria provocar o despren - ciência adquirida (AIDS; 1 em1,6 milhão). Os estudos de investigação
dimento prematuro do coágulo em formação a partir da de arcabouços de tecidos biológicos para o transplante total ou parcial
haste de vid ro . Uma haste de vidro áspero pode também do menisco estão em andamento. Estes enxertos podem fornecer
ser uti lizada e preparada por meio de raspagem de uma substitutos mais aceitáveis no futuro; mas, atualmente, os resultados
haste de vidro liso com lixa fina . Lave a haste de vidro são de curto prazo e em número limitado.
completamente antes de usar. Esta técnica de formação O aloenxerto meniscal é indicado em um paciente que teve
do coágulo requer agitação em pequenos círculos. Use a uma meniscectomia anterior, com 50 anos ou menos e que tenha
mão que não está agitando pa ra cercar a seringa e for- sintomas localizados ao compartimento tibiofemoral e sem artrose
necer calor para ajudar na velocidade de coagulação. avançada, conforme evidenciado pelo achatamento dos côndilos ou
Insira o quinto dedo sobre a extremidade da seringa para pela formação excessiva de osteófitos. É necessário um espaço de
evitar a perda de sangue a partir da ponta. articulação de 2 mm ou mais na visão posteroanterior em pé. As
•Dentro de 3 a 5 minutos, uma mudança na consistência contraindicações incluem mal alinhamento, instabilidade que o
do sangue indicará que o coágulo começa a se formar paciente não deseja ter corrigida, condromalacia maior que grau III
em torno da haste. Neste ponto, traga a haste suave- e infecção articular prévia.
mente para a parede da seringa e permita que o coágulo Além disso, o paciente deve estar motivado, bem informado e
entre em contato com a parede de plástico. disposto a diminuir as atividades de carga ou de impacto. Ao decidir
•Aplique uma força suave e dirigida radial mente, continu- se um menisco fresco congelado ou um menisco criopreservado será
ando a fazer pequenos círcu los para apertar o coágulo utilizado, deve-se estar familiarizado com a aquisição do aloenxerto
que está se formando. e garantir a qualidade do enxerto jovem e saudável. Os melhores
•Depois de mais 1 a 2 minutos, remova a haste com o resultados são obtidos com um aloenxerto meniscal que tem um
coágulo em torno dele. bloco de osso ou uma ponte óssea inserida. O tamanho é mais bem
• Deslize o coágulo para fora da haste até uma gaze e remova avaliado em radiografias anteroposterior e a ressonância magnética
o soro. O coágulo pode ser colocado cirurgicamente ou pode ser usada para determinar a cobertura meniscal.
armazenado em uma gaze embebida em soro fisiológico. Já foi descrita uma técnica utilizada na Universidade de Pitts-
•O coágulo pode ser esticado, manipulado e apertado com burgh. A técnica é dividida em quatro partes: preparo do enxerto,
força razoável sem perder sua integridade e é capaz de confecção do túnel, inserção do enxerto e fixação do enxerto.
suportar suturas.
•Coloque o coágulo entre as bordas lesionadas do menisco
utilizando um tubo e um empurrador de plástico, ou TRANSPLANTE DO MENISCO
insira-o através de uma seringa e uma agulha espinhal de
calibre 14 achatada . TÉCNICA
•Alternativamente, coloque suturas de polidioxanona 0-0
em cada extremidade do coágulo e uti lize agu lhas de PREPARO DO ENXERTO
reparo do menisco para passar estas suturas para baixo •Após o posicionamento do paciente, a artroscop ia diag-
de uma cânu la sob o corpo do menisco e para fora nóstica e o preparo do leito, obtenha uma radiografia
através da cápsula, uma sutura sendo colocada na parte lateral verdadei ra do joelho envolvido.
anterior da lesão e a segunda na parte posterior da lesão. • Meça o diâmetro anteroposterior do plana lto tibial ade-
•Gentilmente, insira o coágu lo no lugar entre as bordas quado levando em conta qualquer fator de amp li ação.
lesionadas do menisco utilizando as suturas. • Descongele o aloenxerto do menisco fresco congelado a
•Durante a colocação do coágu lo por qualquer um destes uma temperatura inferior a 40 ºC para evitar a desnatu-
meios, desligue o flu xo e drene o joelho para evitar o ração do colágeno.
rompimento do coágu lo. •Prepare cada local de inserção óssea do corno do menisco
•Após o coágulo ser colocado entre as bordas lesionadas, para um tarugo ósseo cilíndrico de 7 mm (Fig. 51-29A).
segure-o aproximando as bordas do menisco às suturas •Coloque as suturas não absorvíveis através das raízes de
de reparo no leito colocadas anteriormente. cada corno meniscal e respectivo tarugo ósseo para
CAPÍTULO 51 ARTROSCOP IA DOS MEMBROS INFERIORES fmlll

e D

O!§ii;bill:m Técnica de duplo tarugo ósseo. A e B, Preparação do enxerto. C, Inserção de enxerto, incluindo redução de sutura. D,
Aparência e finalização. VEJA A TÉCNICA 51-10.

inserção meniscal, passagem e fixação em túneis ósseos extra-articular sobre a parte contra latera l da metáfi se
(Fig. 51-29B). t ibial na altu ra da cabeça fibular, na metade entre a
•Demarque a interface menisco-osso com uma caneta de borda da tuberosidade da tíbia e a borda posteromed ial
marcação estéril para uma ava liação precisa do comp leto ou posterolatera l da tíbia . A vantagem de perfurar túneis
posicionamento do enxerto ao nível da junção do túnel a partir da metáfise contra lateral é que as divergências
ósseo com o menisco. do túnel se ri am maiores, proporcionando uma ponte
óssea maior entre os dois túne is (ou seja, menos chance
POSICIONAMENTO DO TÚNEL de o túnel "estourar").
• Coloque o artroscópio e o guia artroscópico nos portais • Faça uma incisão longitudinal de 3 cm na pele e eleve a
anterolateral e anteromedial para proporcionar melhor membrana do periósteo. Uma exposição suficiente é
exposição e posicionamento do túnel para ambos os locais necessária para o posicionamento paralelo de dois túneis
de inserção óssea do menisco lateral. Os loca is de inserção ósseos de 7 mm com uma ponte óssea de 1 cm entre eles.
dos cornos anterior e posterior do menisco medial são mais •Perfure os túneis tibiais sob orientação artroscópica.
bem visualizados com o artroscópio nos porta is anterome- •Insira um gu ia de perfuração tibial através do portal ante-
dia l e posteromedial. É idea l a colocação do guia artroscó- rior apropriado e encaixe-o na " marca " do local da inser-
pico no portal anterior contra lateral para cada loca l de ção óssea do corno menisca l.
inserção do corno meniscal medial. •Perfure com um fio guia através do gu ia tibial.
•Após determ inar que o posicionamento intra-articu lar •Remova o guia e confirme a posição do f io gu ia antes de
do guia artroscóp ico está adequado, coloque a saída criar o túnel tib ial. )
Em> PARTE XIV ARTROSCOPIA

•Perfure o fio guia tibial com uma broca canulada de 7 mm. • Observe atentamente as cinemáticas meniscais enquanto
)
• Desbride o túnel tibial de todo o tecido mole, chanfre, e faz a inspeção para avaliar a estabilidade e a redução .
alise com um raspador artroscópico para facilitar a inser- Amarre as suturas periféricas na cápsu la.
ção do tarugo ósseo e prevenir a abrasão do enxerto na • Amarre as suturas ancorando os tarugos ósseos da tíbia
interface túnel-planalto tibial. sobre a ponte óssea que separa os túneis (Fig . 51-290).
•Realize um fechamento em camadas padrão para cada
INSERÇÃO DO ENXERTO incisão .
•Faça uma incisão acessória de 3 cm no canto posterola-
teral ou latera l, assim como seria feito se realizasse um CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade opera-
reparo meniscal de dentro para fora. da é colocada em um imobilizador de joelho articulado de
•Com uma dissecção cuidadosa, exponha latera lmente a perna inteira. A amplitude de movimento de O a 90 graus
borda posterior do ligamento colateral latera l ou a junção é iniciada imediatamente após a ci rurgia. Nas primeiras 6
da borda posterior do ligamento colateral medial e o semanas, o paciente é autorizado a suportar peso com
ligamento ob líquo posterior mediaimente. parcial apoio assistido com um imobilizador trancado em
•Faça uma artrotomia de 1,5 cm na borda posterior do extensão total. Após 6 semanas, a cinta é removida e o
ligamento colatera l lateral e do li gamento colateral medial paciente progride para o suporte do peso total. Exercícios
para a inserção do aloenxerto meniscal. de cadeia fechada são enfatizados e flexão em altos graus
•Uti lizando o artroscópio, passe uma alça de fio maleável é evitada durante os primeiros 6 meses. Ciclismo, natação
retrógrado de calibre 18 através do túnel tibia l posterior e correr à meia velocidade são permitidos em 3 a 6 meses.
para fora do joelho através da incisão capsular vertical Corrida mais intensa, manobras de agilidade e agacha-
localizada na borda posterolateromedial. mento completo estão proibidos até 6 meses. Esportes
• Puxe as sutu ras que foram colocadas no corno posterior competitivos são proibidos em até 9 a 12 meses de
e o tarugo ósseo do aloenxerto do menisco através do pós-operatório.
túnel tibial posterior com o uso do fio em laço.
•Aplique tensão através dessas suturas para encaixar o
tarugo ósseo posterior dos aloenxertos meniscais medial
e lateral.
•Para evitar uma potencial fratura do tarugo ósseo ante-
CIRURGIA ARTROSCÓPICA PARA OUTRAS
rior, um processo de dois passos é utilizado para in se rção
e redução do corno anterior.
DOENÇAS
•Introduza o f io em alça de ca libre 18 através do porta l
anterior ipsilateral e traga-o para fora do joelho através
• CORPOS SOLTOS NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO
da incisão da cápsu la posterior (Fig. 51-29C) A remoção de corpos soltos da articulação do joelho é especialmente
•Puxe as suturas que ancoram a porção anterior do enxerto adequada para as técnicas de artroscopia. Um corpo solto pode ser
para fora do portal anterior ipsilateral, guiando o tarugo um problema singular isolado ou vários corpos soltos podem indicar
ósseo anterior na metade da frente do joelho através da a presença de um processo patológico mais complexo, tal como con-
calha medial ou lateral. dromatose sinovial. Todos os esforços devem ser feitos para identificar
• Passe cuidadosamente o bloco ósseo anterior ao longo da o processo subjacente para gerir a condição corretamente.
ca lha e tome cuidado para evita r fraturar o tarugo ósseo. Os corpos soltos podem ser classificados nos seguintes tipos:
•Passe o fio maleável retrógrado através do túnel tibia l 1. Osteocartilaginosos. Estes corpos soltos são compostos de osso
anterior dentro do joelho e traga-o para fora do portal e cartilagem, e são detectáveis radiograficamente. Os corpos
anterior ipsilatera l para acompanhar as suturas ancoradas soltos osteocartilaginosos podem ser provenientes de diversas
ao tarugo ósseo anterior. fontes, sendo as m ais comuns osteocondrite dissecante, frat u-
•Passe as suturas através do fio em laço e as guie através ras osteocondrais, osteófitos e osteocondromatose sinovial.
do túnel tibial anterior para a frente do joelho. 2. Cartilaginosos. Estes corpos soltos radiolucentes geralmente
•Reduza o tarugo ósseo anterior no respectivo túnel ósseo são traumáticos e provenientes de superfícies articulares da
sob artroscopia. Isso assenta o enxerto meniscal na sua patela ou do côndilo femoral ou tibial.
posição anatômica com os tarugos ósseos anterior e pos- 3. Fibrosos. Estes corpos soltos rad iol ucentes ocorrem com
terior em seus respectivos túneis ósseos. menor frequência e resultam de reações hialinizadas originá-
rias, geralmente, da sinóvia secundária a um trauma ou, mais
FIXAÇÃO DO ENXERTO comumente, de condições inflamatóri as crônicas. As vilosida-
• Coloque suturas não absorvíveis Ethibond 2-0 (Ethicon, des sinoviais tornam-se mais espessas e fibrosas, podem tor-
lnc., Somerville, NJ) no leito de forma vertical ou hori- nar-se pedunculadas, e podem soltar-se e cair na articulação
zontal. como corpos soltos. Inflamações crôn icas, como a tuberc ulose,
•Insira as suturas a partir das superfícies superior e inferior podem produzir vários corpos soltos fibrinosos conhecidos
do menisco para aproximar completamente o menisco e como "corpos de arroz."
a cápsula. 4. Outros. Tumores intra-articulares, como lipomas e sinovite
•Depois de todas as suturas terem sido passadas, mas nodular localizada, podem ser pedunculados e, por palpação,
antes de amarrar, aplique tensão na raiz meniscal perifé- serem sentidos como corpos livres ou, em casos raros, caírem
rica e na f ixação do tarugo ósseo das suturas enquanto livremente na articulação. Balas, agulhas e instrumentos de
move o joe lho por uma gama completa de movimento. artroscopia qu ebrados também podem aparece r como corpos
soltos externos dentro do joelho.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES GDll
REMOÇÃO DOS CORPOS SOLTOS
TÉCNICA
•Duas técnicas são geralmente utilizadas com base no
problema enfrentado pelo cirurgião: (1) os pequenos
corpos soltos são removidos a partir da articulação do
joelho por sucção e lavagem da articulação, e (2) os
corpos soltos maiores são retirados utilizando-se técnicas
de triangulação.
•Insira o artroscópio de visualização em 30 graus através
do portal anterolateral. Raramente, o sangramento é um
problema na remoção do corpo solto; inflar o torniquete
é, geralmente, desnecessário.
•Realize uma artroscopia diagnóstica sistemática completa
movendo sequencialmente e sistematicamente através da
articulação. Se o corpo solto for grande e radiopaco,
radiografias pré-operatórias dão uma indicação da sua
localização; no entanto, pode ter se movido antes que a
radiografia foi feita.
• Pesquise a articulação sistematicamente em busca de
corpos livres adicionais, incluindo a bolsa suprapatelar, as O!ijii;frjlll!I Remoção de corpos soltos. O corpo solto é
calhas medial e lateral, os compartimentos medial e empalado com agulha e a pinça é inserida através de portal
lateral, o hiato poplíteo, a fossa intercondilar e os com- superolateral. VEJA A TÉCNICA 51-11.
partimentos posteriores.
• Se o corpo solto estiver na bolsa suprapatelar, ele pode
flutuar para longe do artroscópio ou agarrar o instru-
mento. Além disso, uma pequena turbulência nos fluidos
de irrigação ou um mínimo toque com a pinça frequente-
mente fazem ele mover-se para longe. Isso pode ser dedu-
zido desligando o fluxo de irrigação de solução e inserindo
uma pequena ponta de sucção. Frequentemente, o corpo
solto é atraído para a ponta de sucção, onde isto pode ser
segurado até que um terceiro instrumento seja trazido para
o joelho para agarrá-lo.
•O corpo solto também pode ser preso ou estabilizado por
meio da triangulação de uma agulha espinhal para ele,
perfurando-o com a agulha e segurando-o no lugar até
que uma pinça é inserida, geralmente através de um
portal superolateral ou superomedial (Fig. 51-30)
•Quando estiver dentro das maxilas da pinça, retire lenta-
mente o corpo solto para o portal de entrada.
•Se necessário, aumente a entrada de modo que o corpo
solto possa ser extraído . É melhor ampliar o portal do que
haver deslizamento do corpo solto da pinça e tornar-se ij!§IJ;f4m:IJI Corpo solto em compartimento posteromedial.
livre de novo dentro da articulação. A artroscopia completa do joelho deve sempre incluir o exame
• Se vários corpos soltos estão presentes, remova os menores do compartimento posteromedial. VEJA A TÉCNICA 51-11.
primeiro. A remoção dos maiores pode requerer alarga-
mento do portal e pode resultar em vazamentos significa-
tivos de soluções de irrigação a partir da articulação.
• Quando todos os corpos soltos que podem ser vistos forem
removidos, aspire a articulação, especialmente os compar- um portal central utilizando um artroscópio oblíquo de
timentos posteriores e a fossa intercondilar. Ocasionalmente, visualização de 70 graus (Fig. 51-31).
isso puxa pequenos corpos soltos ainda não vistos. •Triangular um instrumento de agarrar no compartimento
• Se possível, tente identificar o processo patológico que pro- posteromedial ou posterolateral com o artroscópio também
duziu os corpos soltos e trate-o de forma adequada (ou seja, em um portal posteromedial ou posterolateral pode ser
por meio de biópsia, sinovectomia ou condroplastia) . difícil devido à aglomeração e colisão de instrumentos.
•Os corpos soltos que gravitam em compartimento poste- •Passe um artroscópio oblíquo de visualização 70 graus
rior podem ser vistos com o artroscópio de visualização através da fossa intercondilar e no compartimento poste-
através de um portal posteromedial ou posterolateral, ou rior adequado, localize o corpo solto e triangule com um )
PARTE XIV ARTROSCOPIA

instrumento de agarrar através de um portal posterome- A mais comum dessas plicas que é clinicamente significativa
dial ou posterolateral para removê-lo. é a plica patelar medial. A sua incidência fo i relatada na faixa de
• Corpos soltos também podem ser difíceis de encontrar no 10% a mais de 50% no joelho normal. A frequência da plica patelar
compartimento anterior em torno do coxim de gordura, medial e se u possível papel na causa de dor anterior do joelho
sob os cornos anteriores dos meniscos. Se for difícil encon- foram muito mais visados assim que a artroscopia diagnós ti ca se
trar um corpo solto anterior, adicione um porta l mediopa- desenvo lve u.
telar para ver a área e permitir a instrumentação e inspeção A plica patelar medi al começa logo superior à patela e, por
através de am bos os portais anteriores. vezes, continua com a extensão distal da plica suprapatelar, correndo
•Corpos soltos grandes o suficiente para exig ir uma grande distalmente ao longo da parede lateral medial da articulação e sobre
incisão para sua remoção podem ser removidos em peque- o côndilo femoral medial para se inserir no coxim de gordura. Essa
nos fragmentos por morcelização, se desejar. Não use o estrutu ra só causa sintomas se ela se tornar espessa e inelástica
basket delicado ou outros instrumentos de artroscopia devido a um trauma ou inflamação crônica. A causa precipitante
para este fim ou graves danos ao instrumento seriam o comum é um golpe direto na região anteromedial do joelho, trau-
resultado. É melhor usar um rongeur de Kerrison ou uma matizando a plica. Isto res ulta em inchaço e alterações inflamatórias.
barra artroscópica para quebra r os corpos soltos maiores Em tais casos, a flexão repetitiva do joelho e sua extensão podem
para remoção . causar espessamento e hialinização dentro da plica, levando à perda
•Remova os "corpos livres" pedunculados causados por de elasticidade. Se ela estiver acompanhada de aumento das ativida-
doenças como sinovite nodular usando técn icas de trian- des, a estrutura estreita incompatível pode atuar como uma banda
gulação-padrão após o pedículo de restri ção ser cortado abrasiva esfregando em todo o côndilo femoral medial, em vez de
com uma tesoura artroscópica. deslizar suavemente sobre ele. Com o temp o, esta ação abrasiva pode
•A quebra do instrumento durante os procedimentos de resultar em condromalacia do côndil o femoral medial. A plica
artroscopia pode ocorrer e partes de instrumentos que- patelar medial patológica tem um a borda interna bastante engros-
brados podem cair dentro da articulação. Nestas cir- sada, arredondada, fibróti ca e bra nca. À medida que o joelho é
cunstâncias, mantenha a ca lm a, desligue a solução de movido a partir da extensão até 90 graus de flexão, esta plica pato-
irriga ção, mova o joelho o menos possível e sempre lógica faz contato firme com o côndilo femoral subj acente em 30 a
mantenha o fragmento sob visão. Não prossiga com o 40 graus de flexão. Tanto um a área amolecida da cartilagem articular
procedimento cirúrgico pretendido até o peda ço do na extremidade do côndilo femoral médio como um pannus de
in strumento ser removido . sinóvia crescente ao longo da borda do côndilo da calha medial são
pistas adicionais de que a plica pode ser patológica e responsável
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o pelos sintomas do paciente, desde que o exame e os sintomas com -
mesmo que o descrito para a Técn ica de 51-1. plexos sejam compatíveis.
Clinicamente, o paciente descreve o ati ngimento do aspecto
anterornedial do joelho por um objeto duro, urna queda no aspecto
anterior do joelho, ou algum golpe direto a esta região. Isto é
seguid o por urna doença crônica, dor e desconforto na região
anterior do joelho, o que é agravado pelas atividades. O paciente
• PLICA SINOVIAL DO JOELHO també m pode sentir uma sensação de clique durante a flexão e
Embriologicamente, a articulação do joelho se forma a partir de três extensão da articulação. A efusão raramente é observada. No
compartimentos sinoviais. Normalmente, estes se fundem em uma exame, normalmente é encontrada urna área localmente delicada
única cavidade sinovial com as partições sinoviais intervenientes bem acima da linha da articulação sobre o aspecto anteromedial
resolvidas. As plicas sinoviais importantes do joelho representam do joelho. Ocasionalmente, com a flexão ativa e extensão da arti-
restos não resolvidos destas partições. Estas plicas sinoviais são dobras culação, um estouro da plica so bre o côndilo fe moral medial pode
que geralmente são classificadas de acordo com sua relação anatômica ser notado, o que acontece mais cornum ente em cerca de 30 a 40
com a patela: plicas suprapatelar, infrapatelar, patelar medial e patelar graus de flexão. Às vezes, essa plica fibrótica espessa é palpável ao
lateral. Elas variam em frequência, tamanho, espessura e significado longo da borda medial da patela.
clínico. Jackson, Marshall e Fujisawa sugeriram qu e o termo plica ou O tratamento inicial da plica medial patológica deve ser con-
prateleira seja reservado para descrever urn a dobra sinovial normal; e servador. Deve ser aconselhada a modificação das atividades para
se a plica estiver contribuindo para os sintomas do paciente, deve ser reduzir os movimentos de fl exão e ex tensão repetitivos do joelho.
considerada como uma plica patológica. O paciente deve evitar manter o joelho flexionado por períodos
A plica infrapatelar, ou ligamento mucoso, provavelmente prolongados, e são aconselhados exercícios isométricos do quadrí-
nunca causa sintomas, mas pode tornar difícil passar o artroscópio ceps com pernas rígidas juntamente com um regime curto de medi-
de um compartimento para o outro; se for proeminente, a visuali- camentos anti-inflamatórios. A imobili zação ocasional do joelho em
zação do ligamento cruzado anteri or pode ser difícil. Ela pode variar extensão por alguns dias ou um a inj eção local pode ser benéfica. Os
de um a banda fina de sinóvia, correndo a partir do lado detrás do exercícios progressivos de resistência do quadríceps devem ser evi-
coxim de gordura na fossa intercondilar, a uma partição sinovial tados, pois esses movimentos de flexão e extensão repetitivos do
quase completa, separand o os compartim en tos medial e lateral. joelho agravam a plica. As medidas conservadoras geralmente são
A plica suprapatelar está acima da pateta e divide parcialmente a benéficas nas síndromes da plica medial de curta duração. Se os
bolsa suprapatelar em dois compartimentos. Raramente, causa sin- sintomas forem crônicos e as medidas conservadoras falharem,
tomas no joelho. Já foi descrita uma prateleira lateral da patela ou podem ser necessários o exame artroscópico do joelho e a ressecção
plica, mas é extremamente rara. da plica patológica.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES tZDll
RESSECÇÃO DA PLICA
TÉCNICA
•Realize uma artroscopia diagnóstica completa e sistemá-
tica para descartar outras doenças intra-articulares. Se
uma plica engrossada, inelástica, arredondada e esbran-
quiçada for observada, a ressecção artroscópica da plica
deve aliviar os sintomas.
•Examine a plica patelar medial com o artroscópio de visu-
alização de 30 graus pelo portal anterolateral-padrão.
•Confirme a natureza patológica da plica visualizando seu
aspecto superior através do portal superolateral.
•Se a plica for patológica, é melhor ressecar uma grande
parte dela em vez de simplesmente cortá-la. Com a visu-
alização do artroscópio no portal anterolateral, insira uma
tesoura artroscópica ou um basket através do portal supe-
rolateral (ou cestas de lado cortante podem ser utilizadas
através do portal anteromedial), avance as tesouras ou
pinças para a parede lateral medial e, começando no
aspecto superior da plica, excise 1 cm a 2 cm dela. Um H@ll;J4Ellfl Locais das lesões das osteocondrites dissecantes.
saucerização da plica para baixo da parede lateral sinovial A, Locais das lesões do côndilo femoral medial (central, laterocen-
deve ser o objetivo do tratamento. tral ou inferocentral) e do côndilo femoral lateral (inferocentral
•Muitas vezes, a divisão inicial da plica é acompanhada e muitas vezes posterior). B, Visão lateral do côndilo femoral
por um estalo para além da estrutura e por uma grande medial mostrando a localização comum de lesões.
separação das suas extremidades cortadas, o que indica
que a plica estava sob uma tensão considerável. Se neces-
sário, insira o raspador motorizado ou o ressector sinovial para determinar a cicatrização de uma lesão. Fluido sob a lesão (na
através do portal superolateral e remova as marcas res- cratera) ou edema subcondral é uma evidência da RM da instabili-
tantes da sinóvia e da plica Para reduzir a sinovite pós- dade da lesão.
operatória, evite uma ressecção sinovial excessivamente As lesões em pacientes sintomáticos de esqueleto imaturo são
agressiva. tratadas de forma conservadora por 3 meses, sendo a duração
• Complete a lavagem e a sucção da articulação para remover determinada pela idade do paciente, o tamanho da lesão, e o envol-
qualquer resíduo. vimento da zona de carga. Pequenas lesões em áreas de não carga
podem ser tratadas com restrição de atividades. As lesões de 1 cm
ou maiores em uma área de carga são imobilizadas e a carga parcial
é permitida até que alguma cicatrização seja observada em radio-
• OSTEOCONDRITE DISSECANTE DOS CÔNDILOS grafias subsequentes. As lesões com tendência à cicatrização
FEMORAIS E PATELA mostram alguns sinais de cicatrização ao longo de um período de
A osteocondrite dissecante do joelho é uma doença comum de causa 3 meses. O imobilizador é descartado após 4 a 6 semanas se os
desconhecida. Acredita-se que resulta de isquemia de uma área loca- sintomas permitirem. A carga parcial progride ao longo das 4 a 8
lizada do osso subcondral, precipitada por enfarte, traumatismo ou semanas subsequentes conforme a cicatrização progride. As lesões
por outras causas. Uma área de osso subcondral torna-se avascular, que mostram nenhuma evidência de cicatrização são consideradas
com alterações posteriores na cartilagem articular sobreposta. A para o tratamento cirúrgico aberto ou artroscópico. A intervenção
osteocondrite dissecante deve ser diferenciada das fraturas osteo- cirúrgica precoce deve ser considerada em lesões que permanecem
condrais verdadeiras e da ossificação irregular dentro dos côndilos sintomáticas (efusão e dor da linha articular) mesmo que o pro-
femorais. Embora esteja bem estabelecido que as lesões não luxadas grama seja conservador. Esse fato é especialmente verdadeiro em
em crianças com esqueleto imaturo cicatrizam se imobilizadas, a crianças que se aproximam do fechamento da fise. Achados inci-
cirurgia geralmente é indicada para a osteocondrite dissecante em dentais de uma lesão osteocondral assintomática devem ser acom-
pacientes maduros ou quase maduros e para pacientes que tenham panhados por radiografias repetidas a cada 4 a 6 meses até que a
fragmentos parcialmente ou completamente isolados. lesão tenha cicatrização ou até que a maturidade esquelética seja
A osteocondrite dissecante dos côndilos femorais foi classifi- atingida. A RM é valiosa no acompanhamento do processo de
cada radiograficamente segundo o tamanho e a localização da lesão. cicatrização. Se após esse tempo a lesão ainda for assintomática e
As lesões do côndilo femoral medial são descritas como central, os achados radiográficos forem benignos, o acompanhamento
laterocentral e inferocentral (Fig. 51-32). As visões-padrão postero- deve ser continuado conforme necessário.
anteriores de 45 graus de carga lateral e as visões da articulação A avaliação e o tratamento artroscópicos são indicados em
patelofemoral são úteis. As radiografias do joelho oposto também todos os pacientes com 12 anos ou mais conforme determinado pela
são necessárias para avaliar as potenciais lesões contralaterais. Os radiografia de idade óssea e que tenham lesões maiores que 1 cm de
filmes de idade óssea para determinar a maturidade esquelética real diâmetro localizadas, principalmente, em uma área de carga. As
também são úteis. A RM é uma forma eficaz de avaliar o tamanho lesões que são enormes(> 3 cm de diâmetro), as lesões com grandes
e a integridade das lesões osteocondriticas, e pode ser necessária ou vários corpos soltos que se acredita serem substituíveis ou as
lll!ID PARTE XIV ARTROSCOPIA

lesões que são inacessíveis às técnicas de artroscopia são mais bem pesam grandemente nos resultados de longo prazo destas lesões. O
tratadas por artrotomia aberta. O tratamento da lesão é baseado no tabagismo e a obesidade afetam negativamente os resultados, assim
exame artroscópico. As lesões são classificadas em um dos seguintes como a idade maior que 30 a 45 anos.
grupos: (1) lesões intactas, (2) lesões que apresentam sinais de sepa-
ração precoce, (3) lesões parcialmente isoladas, e (4) crateras com
corpos soltos (recuperáveis ou irrecuperáveis) . PERFURAÇÃO ARTROSCÓPIÇA DE
Uma lesão intacta apresenta apenas uma menor irregularidade UMA LESAO INTACTA DO CONDILO
da superfície artic ular sem interrupção na continuidade da superfí-
FEMORAL
cie. Isso é determinado por palpação cuidadosa e inspeção artros-
cópica. Estas lesões são tratadas por meio de perfuração múltipla TÉCNICA
através da superfície articular e no fragmento subcondral e osso
vascular subjacente. A utilização de imagiologia e aperfuração retró- •Realize uma artroscopia dia gnóstica completa e sistemá-
grada distal para a placa de crescimento também podem ser usadas tica com o artroscóp io de visualização a 30 graus no
para preservar a superfíc ie articular. Como a sup erfície articular porta l anterolatera l.
vista artroscopicamente pode mostrar pouca ou nenhuma irregula- •Inspecione cu idadosamente a superfície articu lar do côndi lo
ridade da superfície, a palpação do defeito amolecido é o melhor femoral med ial, variando o grau de flexão do joelho entre
meio para identificar a lesão. Ter imagens pré-operatórias disponí- 20 e 90 graus para ver a extensão posterior da lesão.
veis e utilizar um intensificador de imagem durante este processo As superfícies articu lares parecem suaves, exceto por uma
podem ajudar a localizar o local para perfuração. irregularidade li ge iramente levantada nas bordas da lesão.
Uma lesão separada precocemente apresenta uma superfície •Insira um probe através do porta l anteromed ial e anal ise
articular lisa essencialmente intacta, mas com maior irregularidade atentamente essa linha irregu lar para garantir que não
do que a de uma lesão intacta. Em algum ponto, a superfície articu- haja interrupção na continu idade da superfície articular
lar mostra uma ruptura de uma pequena parte da periferia da lesão que recobre a lesão óssea subcondral.
e o fragmento move-se bastante quando inspecionado com probe. •Se a lesão estiver intacta, perfure-a com vários furos
Estas lesões devem ser tratadas com desbridamento e suavização da usando um fio de Kirschner de 0,045 polegada. Posicione
quebra da superfície articular, seguidos de estabilização do frag- o fio de Kirschner perpendicu lar à superfície articular, com
mento. O fragmento pode ser fixado com parafusos bioabsorvíveis os tecidos moles protegidos por uma manga ou uma
ou de metal. Os parafusos têm a vantagem de comprimir o frag- cãnu la sobre o fio (Fig . 51-33). O acesso para perfurar as
mento, o que pode ser útil em lesões maiores. A ausência de carga lesões inferoce ntrais do côndi lo femoral medial geral -
é necessária durante aproximadamente 6 semanas após a cirurgia. mente se dá através do portal anteromedial; as lesões
A maioria dos parafusos de metal precisa ser removida. laterocentrais podem ser mais bem abordadas trazendo
A lesão parcialmente isolada apresenta uma maior perturbação o fio de Kirschner através do porta l anterolateral enquanto
na superfície articular e, com a inspeção, a lesão pode ser deslocada se olha pelo porta l anterom ed ial. Se o paciente não ti ver
ou articulada em uma extremidade. Estas lesões devem ser articuladas um esqueleto totalmente maduro e a fise for aberta,
abertas e a cratera dever ser desbridada para remover o tecido fibroso tome cu idado para não penetrar muito profundamente e
e estimular a hemorragia petequial óssea. Ocasionalmente, é neces-
sário enxerto de osso esponjoso na base da cratera. Quando vistas
artroscopicamente, as lesões que já desenvolveram um corpo solto e
uma cratera são tratadas por meio de reconstrução da cratera, ou seja,
por curetagem e desbridarnento para sangramento do osso e pelo
contorno e suavização das bordas e das paredes da cratera. Se o corpo
solto foi isolado recentemente, o que seria indicado por hemorragia
ou um material fibroso pequeno no interior da cratera, e puder ser
substituído congruentemente, ele é segurado para trás na cratera e
estabilizado. Em um estudo realizado por Magnussen et ai., os corpos
soltos deslocados com cartilagem viável e algum osso subcondral
anexado foram recolocados com êxito e cicatrizaram em mais de 90%
dos pacientes. Os fragmentos foram aparados e o enxerto ósseo espon-
joso foi adicionado quando foi necessário o preenchimento da cratera.
Quando o fragmento não é aceitável, a cratera pode ser tratada por
microfratura ou transferência osteocondral autógena.
A osteocondrite dissecante da patela pode ocorrer na faceta
medial ou lateral e na cordilheira central ou no aspecto medial ou
lateral da tróclea. No caso de lesões localizadas, desbridamento e
microfratura são a primeira linha de tratamento. Para sintomas mecâ-
nicos persistentes com inchaço e dor que não respondem ao trata-
mento conservador ou à microfratura, urna segunda linha de tratamento
em um indivíduo maduro com essas lesões seriam a medialização
anterior da tuberosidade da tíbia e o transplante osteocondral autó- H[êji!iftUll'!'I Técni ca para a perfuração de lesão intacta de
geno como um procedimento aberto, se indicado (Cap. 45). É impor- ost eoco ndrite dissecante. Através do portal anteromedial, são
tante notar que a condição da cartilagem circundante, a viabilidade fe ita s várias perfurações na lesão do cô ndilo femoral medial com
do menisco, a estabilidade do joelho e o alinhamento da extremidade o fio de Kirschner. VEJA A TÉCNICA 51-13.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES f%ll1ll
ferir a fise. A imagem radiográfica pode ser utilizada para
1 CORPOS SOLTOS OSTEOCONDRÍTICOS
passar um fio de Kirschner de 0,045 polegada, come-
Os corpos soltos osteocondríticos que já estão completamente
çando distalmente à placa de crescimento e terminando
isolados e flutuando livremente dentro da articulação geralmente
imediatamente proximal à sutura articular, o que preserva
não são adequados para a redução e fixação ou enxerto ósseo.
a cartilagem. Passar um fio através da carti lagem para sair
Apenas um corpo solto recentemente isolado com cartilagem,
lateralmente pode servir como um guia para os fios serem
osso e uma base de cratera fresca é adequado para substituição e
passados proximalmente à lesão.
fixação. Mais frequentemente, o corpo ou corpos soltos ficam
•Complete a lavagem e a sucção da articulação e remova
arredondados para fora e podem não caber congruentemente de
os instrumentos.
volta dentro da cratera por métodos abertos ou fechados. Nesses
casos, os corpos soltos devem ser extraídos da articulação; a base
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O manejo pós-operató-
da cratera deve ser limpa de detritos fibrosos; o osso duro e
rio de imobilização consiste em um imobilizador de movi- esclerótico subjacente, perfurado com vários furos ou desgastado
mentos restritos com o arco de movimento controlado
para o sangramento do osso esponjoso; e as bordas e as paredes
para evitar o contato da superfície articular da tíbia com a
da cratera, contornadas e alisadas sem retirar a cartilagem arti-
lesão. O uso de muletas com carga parcia l é incentivado cular adicional saudável.
até a cicatrização inicial ser observada radiograficamente.
No pós-operatório, são permitidos o movimento imediato e
Usualmente, são necessárias 4 a 6 semanas de imobiliza-
carga. Nestas circunstâncias, a proteção prolongada não parece
ção para pacientes jovens, enquanto os pacientes mais
melhorar a cobertura da base da cratera com tecido fibrocartilagi-
velhos com lesões maiores devem continuar a imobilização noso. O movimento passivo constante durante 6 semanas tem se
e evitar o levantamento de peso até a evidência radiográ- revelado eficaz.
fica de cicatrização definitiva ser observada. Os exercícios
Defeitos maiores (1 cm a 2,5 cm) em uma parte da carga e com
de amplitude de movimento devem ser realizados de 15 a
uma parede de cartilagem intacta em volta do defeito são tratados,
20 minutos duas ou três vezes ao dia. preferencialmente, pela utilização de uma transferência de autoen-
xerto osteocondral (OATS) do tipo de enxerto para tampar o defeito.

1AUTO ENXERTO OSTEOCONDRAL


FIXAÇÃO l}E PARAFUSO _ Os primeiros relatos de transferência de autoenxerto osteocondral
ARTROSCOPICO PARA LESOES DE foram feitos por Yamashita et ai. em 1985 seguindos por Fabbriciani
OSTEOCONDRITE DISSECANTE NO et ai. em 1992.
O método de transferência osteocondral para o material autó-
CÔNDILO FEMORAL MEDIAL geno desenvolveu-se em dois processos semelhantes. Um método,
Para pequenas lesões relativamente estáveis (<2,5 cm), nós defendido por Bobic e Morgan do Reino Unido, foi desenvolvido
normalmente preferimos a utilização de uma técnica de fixação pela Arthrex Corporation e envolve o uso de núcleos de doadores
de parafuso absorvível. Os fragmentos instáveis são mais bem individuais de 5 mm a 10 mm de tamanho. Smith & Nephew, em
protegidos com parafusos tanto de metal como bioabsorvível. conjunto com Hangody, da Hungria, desenvolveram o sistema de
Os parafusos de meta l proporcionam maior segurança, mas transferência usando tampões menores, variando de 2,7 mm a 8,5
devem ser removidos. Parafusos bioabsorvíveis têm fixação mm. Eles acreditam que tampões menores causam menos trauma à
menos segura, têm absorção variável e, às vezes, causam área doadora e podem ser conectados ao leito receptor para restau-
sinovite; no entanto, a remoção pode não ser necessária. rar uma área de cerca de 2 cm de diâmetro.
O sistema Arthrex usa um grande enxerto que os proponentes
TÉCNICA acreditam que preenche o local destinatário com mais cartilagem e
pode ser utilizado em defeitos de 1 cm a 2,5 cm. Muitos pesquisa-
•Avalie o defeito e determine o melhor método de fixação. dores acham que o tamanho do enxerto mais vantajoso é de 4,5 mm
Lesões deslocadas que exigem contorno provavelmente a 6,5 mm. Quando vários enxertos são utilizados (mosaicoplastia),
são mais bem tratadas abertas através de uma incisão Hangody et ai. sugeriram a utilização de uma técnica aberta para
parapatelar. permitir a restauração ideal da superfície da cartilagem articular.
• Para lesões relativamente estáveis, desbride a base e fixe Quando vários enxertos são pegos, verificou-se que o defeito pode
a lesão com parafusos canulados bioabsorvíveis coloca- ser enchido com 60% a 80% de cartilagem hialina. Para maximizar
dos perpendicularmente à lesão. a transferência de cartilagem, uma pasta de osso cartilaginoso pode
•Se o defeito for grande, utilize osso esponjoso obtido da ser utilizada para encher os pequenos defeitos entre as superfícies
tíbia proximal pa ra encher a cavidad e. de cartilagem.
•Fixe a lesão com pequenos parafusos de metal de 1,5 mm A transferência de autoenxerto osteocondral é indicada
a 2,7 mm. para pacientes com menos de 45 anos e que tenham um defeito
bem definido uma cartilagem hialina aparentemente normal em
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Incentiva-se uma ime- torno das bordas do defeito. As lesões devem ser unipolares e,
diata gama de movimentos. São necessários a ausência de geralmente, não têm mais do que 2 cm a 2,5 cm. As contraindi-
suporte de peso e o uso de muletas por 12 semanas cações relativas ao procedimento são a idade do paciente acima
para a cicatrização e para proteger as superfícies articu- de 45 anos e presença de condromalacia óbvia da cartilagem
lares até que os parafusos de metal sejam removidos por articular em torno do defeito. Para obter os melhores resultados
via artroscópica. a longo prazo, são necessários o alinhamento mecânico normal
e um joelho estável.
BD PARTE XIV ARTROSCOPIA

TRANSFERÊNCIA DE AUTOENXERTO protetora de cartilagem na parte de trás do condutor.


Quando sentado, o pino colar se sobressai alguns milíme-
OSTEOCONDRAL tros passando a ponta afiada do colhedor para proteger as
TÉCNICA superfícies articulares (Fig. 51-348).
•Quando uma posição aceitável for estabelecida, conduza
•Inspecione o defeito osteocondral artroscopicamente e o colhedor doador com um martelo no osso subcondral
meça o tamanho da lesão. Utilize um conjunto de OATS ou a uma profundidade de aproximadamente 15 mm.
sizerltamps com cabeças de 5 mm a 1O mm para deter- Evite girar o colhedor durante impactação.
minar com precisão o diâmetro do defeito. Os tamps codi- • Retire o colhedor e o núcleo de osso conduzindo axialmente
ficados por cores correspondem em tamanho ao diâmetro o colhedor e gire o condutor 90 graus para a direita e
dos tubos colhedores (Fig. 51-34A) . depois 90 graus para a esquerda (Fig. 51-34C).
•Monte o tubo colhedor condutor/extrator. •Insira completamente o colhedor receptor no condutor e
•Coloque o tubo colhedor doador com o pino colar na base as tampas protetoras de forma semelhante . Durante a
do condutor e aperte o mandril . Enrosque uma tampa criação do soquete, mantenha um ângulo de 90 graus em

-Haste de
alinhamento

D E F

lj@ii;@Ellm Transferência de autoenxerto osteocondral. A, Tamanho do defeito determinado. B, Extrator condutor colhedor
montado com tubo colhedor e pino colar carregado. C, Colhedor conduzido ao osso subcondral. D e E, Colheita de enxerto. F, Haste
de alinhamento OATS calibrado de diâmetro adequado utilizado para medir a profundidade do soquete receptor e alinhar o ângulo
do soquete receptor corretamente à posição do portal de inserção.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flDll

G H

H!§iJ;f!iHi§S;.J,iM G, Colhedor de doadores, pino colar e núcleo do autoenxerto reinserido no condutor. H, Colhedor do tubo
doador introduzido no soquete receptor. 1, Sizer tamp com diâmetro 1 mm maior do que o núcleo de osso posicionado sobre o núcleo
de osso. J, Núcleos colhidos e transferidos. VEJA A TÉCNICA 51-15.

rela ção à superfície articular para finalizar com uma lavagem •Quando se faz uma abordagem artroscópica, utilize a haste
de transferên cia. Gire o colhedor de modo que as marcas de alinhamento OATS calibrada de diâmetro apropriado
de profundidade sejam vistas. Mantenha um ângulo de para medir a profundidade de encaixe do destinatário e
flexão constante durante a colheita (Fig. 51-34D). alinhar o ângulo de encaixe do receptor corretamente em
• Depois de usar um martelo para conduzir o tubo colhedor relação à posição do portal de inserção, (Fig. 51-34F) .
dentro do osso subcondral para uma profundidade de apro- •Rein si ra o colhedor doador, o pino colar e o núcleo do
ximadamente 13 mm (2 mm a menos do que o comprimento au toen xerto no condutor. Desenrosque a tampa e retire
do núcleo doador), extraia o núcleo de osso destinatário da a T-handled midsection. Isto expõe a extremidade do pino
mesma forma como o núcleo ósseo do dador, e meça e grave colar que é usado para avançar o osso no soquete do
a profundidade do núcleo (Fig. 51-34E) destinatário . )
llllJIE) PARTE XIV ARTROSCOPIA

..
)
•Insira o pino calibrador sobre o pino guia e pressione
dentro da parte de trás aberta do condutor (Fig. 51 -34G).
Ins ira totalmente a borda chanfrada do tubo colhedor
doador no soquete do receptor. Estabilize o colhedor durante
a impactação do autoenxerto . Utilize um martelo para
bater a extrem idade do pino colar levemente e d irigir o
núcleo de osso ao soquete do destinatá rio (Fig. 51-34H)
= 5 1-3
Carga Máxima de Ruptura e
Rigidez de Seleções Atuais de
Enxerto em Cirurgia de
Ligamento Cruzado

FO_RÇA
MAXIMA DE RIGID EZ
• Mantenha estáveis o âng ulo de flexão do joelho e a posição SELEÇÃO DO ENXERTO RU PTURA (N) (N/MM)
do colhedor durante esta etapa. Avance cu idadosamente Native LCA (Woo et ai. ) 2160 242
o pino colar até que a extremidade do pino esteja a linhada Native PCL (Race, Amis) 1867
com o ca li brador de pino na parte de trás do condutor/ Te nd ão pate la r (Coo per et a i. ) 2977 455
extrator. Isso proporcio na um controle mecânico exato
Tendão isq ui oti b ial q uá d rupl o 4140 807
para garantir uma apropriada inserção do núcleo ósseo.
(semitend ino so e gráci l)
O comprimento predeterminado do pino colar é projetado
(Ha mner et a i.)
para avançar o núcleo do osso de modo que 1 mm de
enxerto seja exposto a partir do soquete receptor quando Tendão qu a d ríceps 2353 326
(Stã u b li et a i.)
o pino é conduzido com a extremidade do pino de calibra-
dor. Pode-se ver a inserção do núcleo enquanto ela está LCA, liga mento cruzado anterior; LCP, ligamento cruzado posterior.
ocorrendo visualizando o núcleo e o avanço do pino colar De Brand J, Weiler A, Caborn DNM, et ai: Graft fixation in cruciate ligament
através das ranhuras no lado do colhedor. reconstruction, Am J Sports Med 28:761, 2000.
•Alternativamente, o núcleo de extrusão é uma opção para
uti lizar o martelo para inserir o núcleo de osso no encaixe
do destinatário. Coloque o colhedor doador no mandril do
tubo colhedor condutor/extrator totalmente montado. ou implante autólogo de condrócitos. Para um reparo bem-sucedido
Conforme descrito anteriormente, insira a borda chanfrada destas lesões, a técnica deve ser acompanhada de perto. As indica-
do tubo colhedor doador no soquete do receptor. Enquanto ções gerais devem estar presentes e sem contraindicações, conforme
mantém o colhedor tubo doador firmemente em posição, listado na Figura 51-35. Os implantes de condrócitos autógenos das
rosqueie devagar o núcleo expelidor na parte trase ira do lesões por osteocondrite dissecante devem ser isolados e devem ter
condutor/extrator totalmente montado . Avance o núcleo uma perda de massa óssea inferior a 8 mm. A perda óssea de mais
expelidor rodando-o no sentido horário, forçando o núcleo do de 8 mm deve ser enxertada e um procedimento em etapas deve ser
osso do colhedor tubo doador no soquete do recepto r. realizado 6 a 12 meses mais tarde. Estas técnicas são discutidas no
Quando o extrusor núcleo estiver tota lmente encaixado, o Capítulo 45.
núcleo do osso deve ficar ligeiramente e levado.
•Remova o colhedor tubo doador e posicione um sizer • RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
tamp com diâmetro pelo menos 1 mm ma ior do que o As técnicas de artroscopia avançaram e foram refinadas para
diâmetro do núcleo de osso ao longo do núc leo de osso. ajudar na reconstrução dos ligamentos cruzados anterior e poste-
O assentamento final do núcleo ósseo nivelado com as
rior. A abordagem auxiliada artroscopicamente tem as vantagens
áreas da cartilagem é consegu ido tocando levemente o
de possibilitar incisões capsulares e de pele menores, menos trauma
tampo com o martelo (Fig. 51-341).
do mecanismo extensor, uma melhor visualização da fossa intercon-
•Quando vários núcleos de vários diâmetros são escolh idos
dilar para a confecção do túnel e locais de inserção, menos dor pós
para serem colhidos e transferidos para quadrantes espe-
-operatória, menos aderências, movimentação precoce, e reabilitação
cíficos do defeito, cada transferência de núcleo deve ser
mais fácil. Os princípios gerais para a reconstrução dos ligamentos
concluída antes de se continuar com a criação do soquete
cruzado anterior e posterior são discutidos no Capítulo 49 e apenas
destinatário mais adiante. Isso evita a possível fratura da
partes pertinentes da técnica artroscópica são descritas aqui.
parede do túne l receptor e permite que núcleos subse-
A seleção dos enxertos depende da preferência do cirurgião e
quentes sejam colocados d iretamente adjacentes a núcleos
dos tecidos disponíveis. Entre os tecidos autógenos atualmente dis-
ósseos inseridos anteriormente (Fig . 51 -34J).
poníveis, os mais comumente utilizados são o terço central do tendão
patelar, o isquiotibial quadruplicado e, menos comumente, o enxerto
de tendão do quadríceps. Cada um destes enxertos demonstra ter
1 ENXERTO ÓSSEO força suficiente de carga para sanar falhas e rigidez para substituir o
Os enxertos ósseos esponjosos podem ser em balados na base da ligamento cruzado (Tabela 51-3). Outra consideração importante na
cratera em lesões parcialmente isoladas antes da redução e fixação seleção de um enxerto adequado é o deslizamento do enxerto ou
para obliterar o passo. Um enxerto esponjoso pode ser obtido a relaxamento da tensão do enxerto ao longo do tempo, cuja ocorrên-
partir da tíbia proximal usando-se uma agulha de núcleo trefina ou cia pode ser mais frequente com tendões isq uiotibiais do que
dispositivo semelhante para se obter a colheita. Este é colocado com os ligamentos, tais como o ligamento patelar ou o quadrícep s.
artroscopicamente ou por técnica aberta atrás da lesão caudada por A força de fixação, incluindo a força de puxar, o deslizamento do
osteocondrite dissecante embalando-o a uma superfície lisa antes da enxerto e a neoformação óssea também são importantes. A fixação
fixação com um parafuso de uma cânula. com parafusos de interferência, se realizada corretamente, fornece
Sgaglione descreveu algumas alternativas de tratamento força suficiente com enxertos ósseo patelar e osso-tendão. A utiliza-
para osteocondrite dissecante e fraturas osteocondrais localizadas ção do biaparafuso para fixação de enxertos de tecido mole é refor-
(Fig. 51-35). Nós preferimos a transferência de local de enxertos çada pela compactação do túnel e fixação secundária. O tempo de
osteocondrais ou, para as grandes lesões, tampões de aloenxerto incorporação do enxerto ao osso varia consideravelmente de estudo
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

Côndilo Femoral/Lesões Focais da Tróclea


Indicações gerais satisfeitas*
Tamanho conforme determinado pela RM fast spin-echo ou artroscopia diagnóstica

Casos de salvamento
Defeitos pós-traumáticos
Defeitos ósseos

1 Desbridar 1 IAC ou plugue Aloen xerto


Paciente não Paciente do aloenxerto novo ou STM
disposto a disposto a
tolerar uma tolerar uma
recuperação recuperação
de longo prazo de longo

MCS
OAT
ACI
Falha
*Indicações gerais: sintomática, unipolar, não
artrítica, complacente, alinhada, sem
frouxidão patológica, mais de dois terços do
menisco intacto, menos de 55 anos, índice de
massa corporal inferior a 30, sem artrite
reumatoide ou doença cardiovascular.
Enxerto + IAC
!AC , implante autólogo de condrócitos; STM, Plugue do
transplante total do menisco; TCM, aloenxerto
transplante de células mesenquimais; TAO , STM
transplante autólogo osteocondral.

O@l!;@Ola Algoritmo clínico para o tratamento de lesão de cartilagem articular. (De Sgaglione NA, Miniaci A, Gi llogly SD, et ai: Update
on advanced surgica l techniques in the treatment of traumatic focal articular cartil age lesions in the kn ee, Arthroscopy 18[2 Suppl 1]:9, 2002 .)

para estudo, indo de 3 seman as para o tarugo ósseo a mais de 3 uso de aloenxertos são diminuição da m orbidade pós-operatória,
meses para tecidos moles. Geralmente, a incorpo ração do enxerto melhor cosmética, diminui ção do temp o de operação e manutenção
tarugo ósseo ao tún el ocorre em ce rca de 6 sem anas, com enxertos do mecanismo extensor, o que pode eliminar alguns sintomas pós-
de tecidos mole oco rrendo em 2 a 3 semanas a mais. operatórios de tendinite ou co ndrom alacia. Os argumentos contra a
A m orbidade do doado e a cosmética também deve m ser utilização de aloenxertos são de qu e o período de tempo para a matu-
co nsideradas na escolha de um enxe rto. A colheita osseopatelar e ração do enxe rto e a porcentagem de incorporação do enxerto na
osso- tendão está associada ao risco aum entado de tendinite patelar, estrutura ligamentosa vari am. Os estudos mostram taxas de insu-
especialmente se enxe rtos m aiores fo rem colhidos. Fraturas de cesso em atletas duas a qu atro vezes m aiores do que às do autoen-
pressão aguda e tardia da patela, res ultantes de pegar um enxerto xerto. O potencial de infecção é baixo, incluindo a infecção bacteriana
muito profund o, tamb ém fo ram relatadas. A fra queza da colheita e a hepatite. A possibilidade de transmissão da AIDS é de aproxi-
do isqu iotib ial é, em si, insignificante, mas a lesão do nervo safena madamente 1 em 1,5 milhão.
a partir da colheita do enxe rto pode se r prejudicial. Ainda estão O custo e a disponibilidade de aloenxertos de comprimento
send o desenvolvidas técnicas ideais de enxerto e fixação do adequado bons e jovens tamb ém são um problem a. O aumento da
enxe rto. Atu almente, o tend ão patelar e os enxertos isquiotibi ais, utilização de enxertos em procedim entos primários está torn ando
quando fixos na linha da arti cula ção com fixação secundária sobre mais difícil obtê-los para revisão ou para vários procedimentos de
a tíbi a, geram res ultados qu ase iguais. Wag ner encontrou resulta- ligamento. Em nossa opinião, o uso de aloenxertos é m ais pertinente
dos ligeiramente melhores com um isqui otibi al, mas a maioria do s para a cirurgia de revisão em pacientes qu e não desejam ter o tendão
estud os mos tra res ultados comp aráveis com técnicas de fixação patelar colhido da pern a contralateral e para pacientes com várias
mais recentes. Os obj etivos fi nais da cirurgia do ligamento cruzado lesões ligamentares, nos quais a morbidade pode ser aumentada a
anterior é um enxer to com baixa morbidad e, excelente cosmética, partir da colheita de um enxerto em um joelho já gravemente
fo rça e rigidez, fixação segura precoce, e inco rporação perto da machu cado. Os aloenxe rtos também podem se r úteis para atletas
linha articular. que são negativamente afetados pelos sintomas do local da colheita.
Atualmente, cerca de 100 mil reconstruções do ligamento Na cirurgia de revisão, as taxas de fa lhas relatadas variam de 27% a
cruzado anterior são feitas anualmente, e es te núm ero vem cres- 46%. Os melhores res ultados são obtidos com o uso de autoenxertos.
cendo. Além disso, o número de aloe nxe rtos utilizados para proce- A primeira tentativa de reconstrução do ligamento cruzado anterior
dimentos primários e de revisão está aumentando. As vantagens do deve se r a melhor tentativa.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

Divergência do parafuso mínima


<15º (fixação de 15 mm )
Crescime nto interno
(maxi miza o contato) Enxerto em túnel de
(minimiza o movimento) comprimento incompatível Insta bilidades não tratadas
(extremidade posterolateral)
Densidade Derrapagem Mau alinhamento
(dilatação) Enxertos de tecido mole Reabilitação irrestrita
mineral (Unrestricted Tensão excessiva no enxerto
óssea útil Rehabilitation) (Excessive graft stress)

A
Autoenxerto Aloenxerto Localização
ÓR 1
Organismos resistentes
(Resistant organisms)
Limitações cirúrgicas
(Surgical limitations)
Morbidade na Resposta Fixação (Infecção pós-ope ratória) Dano menis cal/condra l
colheita do en xerto imune não anatômica Rejeição ao enxerto
Tendinite Resposta de cicatrização
Fratura da patela Res posta Artrofibrose
Neuropatia imune Lesão por esforço re petitivo
Força
Rigidez
Deslizamento
(pretensão)
..J;•t_•1EIJI!I Ca usas das complicações da reconstrução do ligamento cruzado anterior.

Delay et ai. constataram que aproximadamente 85% das Preparação


reconstru ções do ligamento cruzado anterior foram realizadas co m •Ana lisar
uma técnica endoscópica de incisão única, com cerca de 12%, sendo (pacientes,
lite ratura, falhas)
de du as incisões e 3% sendo de técnicas parcialmente abertas. Pro-
• Simplificar
vavelmente, o uso de isquiotibiais aumentou em popularidade, m as •Priorizar
eles ainda são menos usados do que os tendões patelares. A recons-
trução do ligamento cruzado pode ser realizada como um procedi-
mento de feixe único ou feixe duplo. Uma revisão sistemática de Implementação Desempenho
ensaios controlados descobriu que todos, exceto um, relataram sig- •Corrigir e refina r técnicas •Conhecimento e habilidade
nificativamente menos frouxidão rotacional quando se utiliza técni- • Se não estiver • Aderê ncia a detalhes
funcionando , reparar • Prevenção, reconhecime nto
cas de feixe duplo em comparação com as técnicas de feixe único. da necessidade de inteNe nção
No momento, não há estudos de longo prazo comparando a recons- precoce nas complicações
trução do ligamento cruzado anterior de feixe único anatôm ico com
feixe duplo anatômico. A reconstrução com feixe duplo tem vári as
limitações: Avaliação
1. É adequada apenas para pacientes com o tamanho adequado •Avaliação honesta dos
do joelho. resultados cirúrgicos
• Radiografias, exame,
2. É tecnicamente exigente e requer m ais experiência. KT-1000
3. É mais cara do que a reconstrução do ligamento cruzado ante-
rior com feixe único, pois requer um m aior temp o de operação O@ll;@ lJl9 Chaves para o sucesso cirúrg ico .
e fixação adicional.
4. Existe um risco aumentado de mau posicionamento do túnel,
posterior ruptura, fratura e confluência dos túneis.
As chaves para o sucesso da cirurgia são amplo preparo mental, 1 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
conhecimento da li teratura recente e um a aval iação adequada do ANTERIOR
paciente, incl uindo a avaliação das te nsões potenciais, defi ciências Para frouxidão patológica do ligamento cruzado anterior em um indi-
ligamentares e obj etivos fi nais do paciente. Es ta avaliação deve víduo ativo e saudável que deseja permanecer ativo, o nosso trata-
aj ud ar a determin ar o que corrigir, com o e quand o proce der com mento preferido é a reconstrução endoscópica do ligamento cruzado
a cirurgia. Finalmente, priorizar a abord agem cir úrgica é necessá- anterior com autoenxerto de tendão patelar. A cirurgia é realizada em
rio, ass im co mo o alinhamento, a instab ilidade e a articul ação do regime am bulatorial ou internação em 23 horas após a reação infla -
m enisco. O preparo tamb ém inclui o conh ecim ento de possíveis m atória aguda ser resolvida. Nós usamos a fisioterapia para recuperar
complicações e a capacidade de reconhecê-los e resolvê- los (Figs. o tônus muscular e o m ovimento antes do procedimento cirúrgico, o
51-36 e 51-37) . que geralmente leva de 10 a 21 di as antes da cirurgia.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flDllll
do tendão, estendendo-se distalmente a partir da ponta
RECONsi:RuÇÃO ANATÔrJ!ICA inferior palpável da patela. Mantenha em linha reta os
ENDOSCOPICA DE FEIXE UNICO DO planos de incisões de fibra única enquanto colhe o
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR tendão. O tamanho do enxerto é individual izado. Para um
UTILIZANDO ENXERTO OSSO-TENDÃO grande atacante de futebol americano, pode ser indicado
um enxerto de 11 mm ou enxerto de feixe duplo. Para
DO OSSO PATELAR um paciente menor, um enxerto de 9 mm, ou possivel-
TÉCNICA mente 8 mm, e túneis podem ser indicados.
• Ut ilize uma serra oscil ante com uma largura de 1 cm de
•Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de ope- lâmina para fazer os cortes ósseos. Execute a lâm ina
ração. da serra a 15 graus obl íquos a uma linh a perpendicular
•Após a administração da anestesia gera l endotraqueal, ao córtex anterior da patela, mantendo 2 mm de
exam ine o joelho não lesionado para obter um exame de lâmina de serra visíve is pa ra fazer um corte de 8 mm
referência para frouxidão li gamenta r. Exam ine o joelho de profundidade. Medido da ponta óssea da patela,
les ionado e reg istre a instab ilid ade Lachman e pivot shift. este corte deve ser de cerca de 1O mm de largu ra x 20
•Aplique um torn iqu ete em volta da coxa e use um poste mm de comprim ento.
lateral bem acolchoado. Assegure-se de que há um saco •Faça cortes de 25 mm de co mprimento distalmente e
de solução sa lin a intravenosa de 5 L para a mesa para li berte o enxerto tibial com um osteótomo curvado.
atuar como uma parada para manter a 90 graus a flexão •Vire o tampão e coloque-o de volta ao local da co lheita.
do joelho (Fig. 51-38A) Faça um furo de 2 mm a 3 mm da ponta distal do tampão
•Prepare e cubra a extremidade com panos artroscópicos- e passe uma sutura nº 5 Tevdek (Deknatel OSP, Fali River,
padrão e utilize um envoltório Esma rch para exsanguina- MA). Um assistente deve segu rar isto em todos os momen-
ção. Infle o torniquete 100 mmHg acima da pressão tos para assegurar que o enxerto não esteja contaminado.
sistólica do paciente. •Complete o corte da patela com a serra ou um osteótomo
•Se o exame pré-operatório revelou frouxidão significativa, colocado no polo inferior da patela a 7 mm a 8 mm de
proceda com a colheita do tendão patelar. profundidade e paralelo ao córtex ant erior.
•Portais conjuntos de artroscopia podem ser feitos através
desta incisão inicial de pele. Se o estado do ligamento PREPARAÇÃO DO ENXERTO
cruzado anterior estiver em questão (Fig. 51-39) ou se mais •Prenda o enxerto ao topo do pano sobre uma mesa pre-
de 90 minutos de tempo de torniquete está previsto para viamente preparada que contenha provas de tarugo ósseo
a conclusão do proced imento, os portais de artroscopia de tamanho adequado, fórceps, uma broca de 2 mm, um
devem ser feitos para aval iação da articulação e desbri- bloco Silastic, um marcador da pele, suturas Tevdek nº 5
damento da fossa antes de inflar o to rniquete e fazer a sobre agu lhas de Keith, e um fio de aço de calibre 18.
in cisão na pele para a colheita do tendão patelar. • Quadros de preparação de enxertos disponíveis comercial-
• Injete os porta is com lidoca ín a e epinefrina para ajudar a mente facilitam o tensionamento e a preparação do enxerto.
controlar o sangramento e manter a anestesia hipoten- •Contorne o enxerto com o fórceps para que ele se encaixe
siva. Uma bomba de art roscop ia pode ser utilizada para através da prova de 1O mm, garantindo que o enxerto
manter a distensão das articu lações e para a redução do completo passe pela prova.
sangramento do osso. •Perfure um único orifício no tampão patelar a cerca de 3
•A menos que contra ind icado, administre antibióticos e mm da extremidade.
ketorolac (Toradol) antes da pressurização do torniquete •Fure a extremidade do t arugo ósseo para fazer a passa-
(30 mg por via intravenosa em pacientes com menos de gem mais fáci l.
65 anos; 15 mg em pacientes com mais de 65 anos ou •Faça um furo no tarugo ósseo tibial. Este t ampão deve
aqueles com pesos inferiores a 50 kg) . Duas doses ad icio- ser de 20 mm.
nais podem ser dadas no pós-operatório, mas não exce- • Coloque uma sutura não absorvível nº 5 através do
dendo 120 mg ou 60 mg , respectivamente. melhor tarugo ósseo para ser colocada dentro do túnel
femora l e um f io de calibre 18 através do outro tampão,
COLHEITA DO ENXERTO que é colocado no túnel tibial. O uso de um fio previne
•Com o joelho posicionado em 90 gra us de flexão, faça o corte antes da fixação firme ser obtida.
uma incisão parapatela r medial de 4 cm a 6 cm iniciand o • Marque a junção osso-tendão no lado esponjoso do enxerto
infe ri or à patela e estendendo-se distalmente medial para em ambas as extremidades com um lápis azu l de metileno
a tuberosidade da tíbi a. O comp rimento desta inci são e meça o comprimento total do enxerto. Envolva -o em
depende do tamanho do paciente. uma so lu ção sa lin a estéril com uma esponja embeb ida e
• Exponha a patela e o tendão por dissecção subcutânea. co loq ue-o em um loca l de retenção segu ro.
•Faça uma incisão de linha méd ia reta através do periten - •Utilize o eletrocautério para fazer uma aba em forma de
dão; e disseque o peritendão do t endão patelar levando L invertido através do periósteo tibial, começando a cerca
as abas media imente e lateralmente. de 2,5 cm distais à linha articul ar e este ndendo-se dista l-
•Com o joelho flexionado para manter alguma tensão no mente 1 cm medial à tuberosidade da tíbia.
tendão patelar, meça a largura do tendão . • Refl ita o retalho medial com um elevador periosteal para
•Colha um grande enxerto de 1O mm ou um terço do expor a tíb ia proxima l para a posterior colocação do túnel
tendão, o qual for menor, a partir da parte central tib ial. )
E!} PARTE XIV ARTROSCOPIA

3cm
5cm

Limite do
D menisco lateral

iâ@lhH Ll19 A, O saco de artroscopia salina é fixado à mesa para ajudar a


manter a flexão do joelho. B, Aumento do ângulo da guia tibial. O comprimento
do túnel pode ser aumentado. C, Túnel tibial com borda interna do menisco
lateral e espinha tibial medial como pontos de referência. O túnel tibial deve ser
alargado dentro da borda da coluna medial e deve ser centrado apenas logo
anterior à borda interna do menisco lateral. D, Três pontos de referência borda
interna do menisco lateral, base da coluna medial e ligamento cruzado posterior
- são usados para o fio guia tibial. E, O túnel tibial deve estar posterior ao teto
da fossa intercondilar alterada para evitar choque de enxerto na extensão do
joelho . F, Observe a posição do túnel femoral de cerca de 3 mm fora da superfície
articular e 3 mm anterior ao ponto acima do topo . G, Com o joelho fle xionado
a mais de 100 graus, o fio guia é colocado acima do túnel femoral através de
cânula média. O parafuso de interferência é passado, garantindo que o fio guia
e a sutura de tração estejam em uma linha reta e garantindo divergência mínima
H entre o parafuso e o tampão ósseo. H, Uso de cânula para proteger o enxerto e
para ajudar a colocar o parafuso paralelamente ao enxerto. VEJA A TÉCNICA 51-16.
CAPÍTULO 51 ARTROSCO PI A DOS MEMBROS INFERIORES fjfJM

lê!§ll;t.) EllJ!I A, Coto calc ificado do li gamento cruzado anteri o r após lesão crô nica . B, Sinal da pare de lateral vaz ia ind icand o liga-
mento cru zado anterior do joelho defici ente; o ligamento cru zad o ante ri o r pode ser ligado ao ligamento cruzado posterio r, da ndo
indicação fal sa de ligamento fu nciona l. VEJA A TÉCNICA 51 -16.

• Faça portais artroscópicos anteromedial e anterolateral- fossa, como indicado. A fossa deve ser aberta para se
)
padrão tomando cuidado para não danificar a parte res- assemelhar a um U invertido. Não estenda a intercond i-
tante do tendão patelar. Se uma entrada separada for loplastia muito longe mediaimente ou superiormente, o
usada para a bomba de artroscopia, faça apenas um que interfere com a articu lação femoropat elar. Frequen-
portal med ial ao polo infe ri or da patela de modo que a tement e, a abert ura t em de ser alargada apenas 2 mm a
cânula possa ser colocada imediat amente superior ao 3 mm superiormente e lateral mente. A broca pode ser
nível de um escoamento desimpedido. colocada em se nti do inverso para ret irar a fra nja articul ar
• Sistematicamente, examine o joelho, e aval ie e trate qual- e suavizar a int ercond ilop lastia in icial.
quer condição patológica intra-articu lar associada. • Como a intercondiloplastia procede posteriormente, fle-
• Rea lize a sutura meniscal antes de fixar o enxerto do xione o joelho de 45 a 60 graus; quando o intercondilo-
ligamento cruzado ant erior. plastia estiver completa, o joelho deve esta r em 90 graus
• Amarre as suturas menisca is após a conclusão da recons- de flexão. Faça movimentos controlados com a broca de
t rução do ligamento cruzado anterior. posterior para anterior. Posteri orment e, abra a fossa o sufi-
• Com o artroscópio no porta l anterolateral e um ressector ciente para acomodar o ala rgador endoscópico de 1O mm.
de 5,5 mm de ra io completo no porta l anteromedial , solte Alise as extremidades do t únel colocando a broca em
o liga mento mucoso e pa rcialmente resseq ue o coxim de sentido inverso ou util izando um raspador artroscópico.
gordura pa ra pe rmitir a expos ição compl et a da arti cula-
ção dura nte o procedim ento PREPARAÇÃO DO TÚNEL TIBIAL E
•Resseq ue o tecido mole a partir da fossa inte rcondilar e DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO ADEQUADO
do coto t ibial deslizando o ressector entre o coto rema- • Se a perfuração t ransóssea do túnel femora l est iver prevista,
nescente do ligame nto cruzado anterior e o ligamento o túne l ti bia l terá que ser colocado em um ângu lo sagita l
cruza do posterior. A abertura da lâmi na deve estar semp re de 45 gra us, começando imediatame nte lateral ao liga-
apontada su periormente ou lateralmente para evitar danos mento colateral med ial. Ângulos ma is ag udos tendem a
no ligamento cruzado posterior. minar a sutu ra articular t ibial e resultam em uma abertura
• Deixe o contorno das pegadas tib ial e fe moral intact o oblíqua não anatômica. Isto perm ite um túnel t ibial maior e
como um guia de referência (Fig. 51-40). Visua lize o cume a pegada fe moral anatômica pode ser ala rgada com sucesso
lateral intercond ilar, o cume bi f urcado lateral e a extensão por cerca de 60% do tempo através do túnel tibial. Um
da pega da que cobre o t erço inferi or da parede da fossa. porta l medial baixo pode ser preferid o pa ra, independente-
Utilize um fu ra dor para faze r um orifício logo posteri or mente, alargar o fêmur de modo que o túnel tibial possa
ao centro da superf ície de modo que o t ún el te nha uma ser colocado na vertical, assim como descrito mais adiante.
pa rede post erior de 3 mm e esteja cerca de 3 mm superi or • Ao colocar o g uia t ibial intra-artic ul ar, esteja ciente do
à carti lagem articular. Depois de marca r adequadamente comp ri mento do túnel e da direção pretendi da pa ra que
a pegada durante a visua lização a parti r do porta l ante- o enxerto possa ser fixado em uma posição sem impacto
romedia l, o artroscóp io pode ser alterado para o porta l anatôm ico. O comprimento e a direção adequados do
anterolateral e uma pequena intercondiloplastia interna túne l requerem um ponto de partida de ce rca de 1 cm
pode ser rea lizada com a ajuda da colocação do enxerto. próximo da pata de ganso e cerca de 1, 5 cm med ial à
• Com o joelho em 30 graus de fl exão para expor a aber- tuberosidade t ibial, de modo a formar um ângu lo de 30
t ura da fossa, ava lie o espaço disponível ent re o liga- a 40 gra us com o eixo da tíbia . Um operador deve ve r
mento cruzado post erior, a parede latera l e a arquitetura este f io q ue está sendo direcionado para abordar o furo-
do teto. Ut ilize uma broca de 5,5 mm para amplia r a pi loto femo ra l (Fig . 5 1-388). Os po ntos de refe rênc ia )
Mjfll PARTE XIV ARTROSCOPIA

h[§ll;fuEllI!I A, Visão da pegada do ligamento cruzado anterior usando um artroscópio de 30 graus através de um portal para-
patelar lateral. Observe a proximidade da pegada do ligamento cruzado anterior com a superfície articular do côndilo femoral. B,
A mesma pegada do portal parapatelar medial. A extensão inteira da pegada pode ser visualizada de forma mais adequada através
deste ponto de vista. C, A pegada femoral im ediatamente posterior ao centro da pegada do lig amento cruzado anterior é marcada
com um furador para ser usada como ponto de referência para o alargamento do túnel femoral. VEJA A TÉCNICA 51-16.

intra-articulares que podem servir de guias são o coto do marcos tibial e femoral descritos anteriormente e coloque a
)
ligamento cruzado anterior, a borda interna do corno ante- guia a 55 a 60 graus em relação à superfície do planalto tibial
rior do menisco lateral, a espinha tibial medial e o liga- para obter um túnel de comprimento suficiente e um ângulo
mento cruzado posterior (Fig. 51-38( e D). que permita o ângulo do enxerto aproximar-se do original.
•Ao ava liar a posição do pino em uma imagem bidimen- Meça o comprimento do túnel tibial diretamente fora das
sional no plano anteroposterior, certifique-se de que o fio calibrações do guia e aproxime o comprimento da parte
guia saia logo anterior a uma linha de referência estendida tendinosa do enxerto. O comprimento do túnel deve ser
mediaimente a partir da borda interna do menisco lateral. suficiente para permitir que pelo menos 20 mm de osso
Este ponto deve estar cerca de 7 mm anterior ao liga- estejam garantidos no túnel tibial para uma fi xação estável.
mento cruzado posterior e 2 mm a 3 mm anterior ao pico •Se a parte tendinosa do enxerto ti ver 50 mm de compri-
da espinha medial imediatamente anterior ao centro da mento ou menos, aumente o ângulo da guia para a pro-
pegada do ligamento cruzado anterior. No plano medio- dução de um túnel tibi al maior. O túnel pode ser facilmente
lateral, garanta que o fio entre na base da espinha medial aumentado para 45 mm a 50 mm de comprimento para
ou logo medial ao centro da pegada do ligamento cruzado acomodar o enxerto maior. Embutir o enxerto no túnel
anterior (Fig. 51-380). femoral pode gerar mais folga . Rebaixe o enxerto con-
• O teto inalterado da fossa intercondilar normalmente forma forme necessário para o túnel femoral e fixe o enxerto e
um ângulo de 35 a 40 graus com o longo eixo do fêmur a abertura do túnel com um parafuso longo o suficiente
(Fig . 51-38E). Para evitar colisão, uma intercondiloplastia para envolver firmemente o tampão ósseo .
interna, assim como descrito anteriormente, pode ser neces- •Utilizando o guia, avance o fio cerca de 1O mm no joelho
sária, assim como é a posição adequada do túnel. Utilize os enquanto observa através do artroscópio.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES EJffW
•Coloque um grampo sobre a extrem idade intra-articular FIXAÇÃO DO ENXERTO
do fio de Kirschner para impedir o avanço. Alargue sobre • Prenda o enxerto com o parafuso de interferência com
o fio com um alargador 2 mm menor do que o túnel uma cânula através do portal medial baixo para formar
final pretendido. uma linha reta com o túnel (Fig. 51-38G e H). O parafuso
•Deixe a extrem idade sa liente do alargador no túnel e deve engatar firmemente o osso e ficar alinhado com a
exam ine o túnel para uma posição livre de impacto ade- abertura femoral. A visua lização é auxiliada pelo posicio-
quada, pois o joel ho é movido por uma gama comp leta namento do artroscóp io na parte superior da fossa e
de movimento. olhando para baixo no túnel.
•Faça os ajustes necessários com o alargador de 8 mm. • Mova o joelho por uma gama de movimentos mantendo a
• Previna o encordoamento do enxerto do ligamento cruzado tensão distal mente sobre o enxerto para se assegurar de que
anterior acima do ligamento cru zado posterior deixando não há nenhum choque ou pistonamento do enxerto. Se o
uma parede posterior de 2 mm entre o túnel tibial e o enxerto aperta mais de 2 mm com a flexão do joelho,
ligamento cruzado posterior. Dirigindo o túnel apenas late- remova-o e mova o túnel femoral, ou ambos os túneis, logo
ralmente ao ligamento cruzado posterior, o enxerto aco- posterior util izando um raspador artroscópico convexo . Um
moda-se no ligamento cruzado posterior sem se curvar ao ligeiro aperto durante a extensão do joelho é normal.
redor do ligamento. •Gire o tarugo ósseo da tíbia em sentido anti-horário
• Alargue o túnel com um alargador do tamanho do enxerto Uoelho direito) para que o tampão esponjoso fiqu e late-
e use o ressector de raio completo para contornar as ra lmente, reproduzindo, assim , a orientação das fibras do
bordas do túnel e ressecar qualquer tecido mole restante ligamento cruzado anterior.
que possa bloquear a extensão. • Se o não pistonamento do enxerto ou o impacto estiver
•Coloque um raspador no túnel para completar o con- evidente, mantenha a tensão sobre o enxerto por cerca
torno e assegure-se de que a parte externa do túnel está de 3 minutos enquanto gira o joelho para permitir o
livre de tecido mole. relaxamento da tensão da fibra de colágeno. Se a prótese
tende a colid ir em uma di reção, utilize o parafuso para
PREPARAÇÃO DO TÚNEL FEMORAL empurrar o enxerto ósseo na direção oposta.
• Utilize uma agulha espinhal para identificar a melhor •Tensão do enxerto com 8 a 1O lb de tração. Esticar demais
posição para um portal medial baixo a cerca de 2,5 cm o enxerto pode causar uma fa lha por causa da captura
medial ao ten dão patelar e um pouco acima do menisco. da articulação ou necrose do enxerto .
A guia é colocada para assegura r que o túnel esteja apenas •Fixe o enxerto com um parafuso igua l ao tamanho do
anterior ao feixe anteromed ial, isto é, deixando uma parede intervalo mais 5 mm.
posterior de 3 mm e afastada cerca de 3 mm da superfície • Se o tendão for tão longo que o tarugo ósseo f ica com-
articular femoral (Fig. 51-38F). Flexione o joelho em 120 pletamente fora do túnel tibia l, como pode ser o caso de
graus e utilize um alargador hemisférico para evitar danos um desfasamento do aloen xerto, então, um parafuso
articulares. Avance o alargador 1 mm e volte a verificar o biocomposto ou sem corte 1 mm menor do que o túnel
local do túnel. Se estiver no local desejado, faça um túnel pode ser utilizado para a fi xação dos tecidos moles do
de 30 mm, se possível. tendão patelar e do osso construído .
•Retraia com cuidado o ala rgador e retire-o da articulação • Mova o joelho por uma gama completa de movimentos e
tomando cuidado para não ampliar o túnel e alargar a garanta que não haja evidência de captura da articulação
parede posterior do fêmur. do joelho. Observe e pa lpe o enxerto artroscopicamente
•Alise as extremidades do túnel femora l com um ressector para garantir que ele esteja bem esticado. O enxerto deve
de raio completo. ser ligeiramente ma is apertado do que um ligamento
•Utilize o talhador de túnel para fazer uma ranhura de 25 cruzado anterior normal. Garanta também que não haja
mm de comprimento por fio gu ia. impacto e que nenhum osso ou parafuso se projete para
dentro da articulação do túnel tibial ou do túnel femoral.
•Verifique a estabi lidade do joelho por mei de manobras
PASSAGEM DO ENXERTO
de Lachman e pivot shift. O joelho deve estar apenas um
•Utilize o fio guia para passar uma sutura com laço pelo
pouco mais apertado do que o joelho não lesionado.
túnel femoral e para fora através da coxa latera l. Recu-
•Se a f ixação estiver segura, remova o fio de ca li bre 18 e
pere o laço através do túnel femoral. Utilize este laço para
as suturas de tensão .
passar o enxerto para cima através do túnel tibial e depois
guiá-lo para dentro do túnel femoral com um probe. A
superfície reticular do tarugo ósseo femoral é posicionada FECHAMENTO
para a face anteriormente. •Suavemente, aproxime o tendão patelar com suturas
•Quando o enxerto estiver no túnel femora l, passe um fio absorvíveis interrompidas simples através da parte ante-
guia de parafuso flexível através do porta l medial e, com rior da fibra do tendão .
o fio paralelo ao enxerto, avance ambos para dentro do •Coloque o osso poupado do contorno do tarugo ósseo
túnel. Certifique-se de que pelo menos 2 cm do t arugo dentro do defeito patelar e feche o peritendão.
ósseo permaneçam no túnel tibial para f ixação posterior; •Remova as suturas da coxa proximalmente (ta rug o ósseo
se necessário, resseque o enxerto no túnel femora l e femoral) e do tarugo ósseo tibial distalmente.
esco lh a um parafuso de interferência mais longa para •Remova qualquer osso protuberante, deixando uma super-
corrigir o enxerto na abertura femoral. fície lisa distalmente. )
@jflit PARTE XIV ARTROSCOPIA

• Feche a aba do periósteo por cima do túnel. •Exponha a inserção pata de ganso com dissecção subcu-
)
• Feche o tecido subcutâneo com sutura interrompida Vicryl tânea.
2-0 e aproxime a pele com uma sutura subcuticular •Apalpe as bordas superior e inferior do tendão sartório e
Monocryl 4-0. identifique o gracil palpável e os tendões semitendinosos de
•Aplique fitas adesivas frou xamente sobre o fechamento 3 cm a 4 cm mediais para a inserção tendinosa (Fig. 51-4 1B).
e aplique uma compressa esterilizada, uma manga de • Faça uma pequena incisão na linha com a borda superior
arrefecimento e um envoltório elástico. do tendão grácil e rea lize a incisão apenas através da
primeira camada, tomando cuidado para não ferir o liga-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Para conhecer o proto- mento colatera l medial subjacente .
colo de reabi litação do ligamento cruzado anterior, con- •Com uma tesoura Metzenbaum, realize a dissecção proxi-
sulte o Quadro 51-1. mal até a coxa. Fique no mesmo plano e mantenha uma
exposição adequada usando afastadores devidamente
colocados. A observação cuidadosa das estruturas é neces-
TÉCNICA DE Q.UAS INCISÕES PARA sária para evitar ferir a veia safena ou nervo ao se afastar
do plano de dissecção.
RECONSTRUCAO DO LIGAMENTO •Com uma pinça hemostática curvada, disseque os tendões
CRUZADO AIQTERIOR lJTILIZANDO grácil e semitendinoso dos tecidos moles circundantes
ENXERTO OSSO-TENDAO DO OSSO cerca de 3 cm mediais à sua inserção na tíbia.
PATELAR • Depois de identificar cuidadosamente cada tendão, utilize
uma pinça vascu lar de ângulo direito para passar um dreno
A técnica de duas incisões pode ser utilizada para revisões,
de Penrose ao redor do tendão gráci l e liberar suas exten-
para recuperação de uma parede posterior e para pacientes
sões fibrosas para os músculos gastrocnêmio e semi mem-
pediátricos.
branoso (Fig. 51-41 C). Estas extensões f ibrosas saem dos
tendões isquiotibiais a 6 cm a 7 cm proximais à sua inserção
TÉCNICA
distal. Subperiostealmente, disseque os tendões mediai-
•Os princípios básicos da técnica de duas incisões são os mente à inserção e solte-os com força. Não danifique ou
mesmos da técnica endoscópica, exceto a necessidade de libere o tendão sartório. Coloque uma costura não absorví-
uma exposição lateral . vel Krackow nas extremidades do tendão uti lizando diferen-
tes suturas em colar para diferenciar os dois tendões (Fig.
EXPOSIÇÃO LATERAL 51-41 D). Utilize um tubo calibrador de tendão para medir
•Fa ça uma incisão lateral de 4 cm começando 1,5 cm com precisão a elasticidade do tendão quadruplicado.
proximal ao alargamento do cõndilo lateral e centrando •Palpe todos os lados do tendão para garantir que não
diretamente sob re a banda iliotibial. Leve a dissecção até haja extensões fibrosas antes de liberá-lo com um deca-
a banda iliotibia l e expon ha-a com ampla dissecção pante de tendão de extremidade aberta. Se sentir uma
subcutânea. resistência firme, redisseque em torno dos tendões com
• Divida a banda il iotibial em sua linha média e estenda-a pro- um elevador periostea l e uma tesoura Metzenbaum.
ximalmente e distalmente a partir da incisão na pele. A borda Libere o tendão proximalmente por tensão controlada
inferior da parte distal do vasto lateral pode ser sentida ao se enquanto avança o decapante proximalmente. O músculo
passar um dedo ao longo do septo intermuscular. deve deslizar para fora do tendão assim que o decapante
•Deslize um elevador periostea l sob a borda do vasto latera l é avança do proximamente.
e levante o músculo anteriormente sobre a parte latera l •Utilize o mesmo procedimento para liberar o tendão
do fêmur sem ferir o ventre muscular. semitendinoso.
•Coloque um afastador Z sobre o fêmur para segurar o •Numa mesa separada, separe o músculo do tendão com
vasto lateral superiormente. uma lâmina nº 1O.
•Utilize o eletrocautério para fazer uma incisão long itudinal • Coloque um ponto de chicote do tipo Krackow em ambas
através do periósteo logo proxima l ao alargamento do as extremidades de cada tendão com suturas não absor-
côndilo e estendê-lo proximalmente em cerca de 2,5 cm . víveis nº 2. Dobre ambos os tendões ao meio para formar
Utilize um elevador periosteal para expor o osso e o local quatro vertentes de tendão.
acima do topo, onde o alargamento do côndilo e da metá- •Realize uma intercondi loplastia limitada e o posiciona-
fise do fêmur se encontra . Coagu le os vasos geniculares mento do túnel conforme descrito para a técnica endos-
laterais nesta área. cópica osso-tendão-osso (Técn ica 51 -1 7).
•Alargue o túnel tibial em 50 graus em relação à superfície
articular da tíbia. O túnel é alargado a 2 mm menos que
ENXERTO ISQUIOTIBIAL o tamanho do enxerto e gradualmente dilatado para
produzir um ajuste confortável. Cain, Phillips e Azar mos-
QUÁDRUPLO ENDOSCÓPICO tra ram que dilatar o túnel tibial aumenta significativa-
mente a força de puxar. O comprimento do túnel deve
TÉCNICA
ser de 30 mm a 35 mm para permitir a fixação perto da
COLHEITA DO ENXERTO superfície articular.
• Faça uma incisão de 4 cm anteromedialmente sobre a tíbia •Um portal anteromedial baixo é usado para alargamento
começando aproximadamente 4 cm distais à linha da junta do túnel femoral. Utilize um EndoButton ou um disposi-
e 3 cm med iais à tuberosidade da tíbia (Fig. 51-4 1A). tivo similar para prender de 20 mm a 25 mm de tendão )
CAPÍTULO 51 ARTRO SCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES GDll

Çll@.];{,] 51-1 Protocolo de Reabilitação do Ligamento Cruzado Anterior

Estágio 1: O a 2 Semanas Estágio li: 4 a 6 semandas


• Mob ilizações patelares (enfatizar desl iza mentos superior/ • Progresso para ROM comp leta na semana 6
inferior) • Começa r a progressão isq uiotibi al isocinética Kin-Com
• MCB a O a 90 graus (isotôn ica/isocinética)
• Conjuntos quadríceps/SLR em todos os planos (enfatizar • Começar a trabalhar com um dinamômetro Kin-Com de
SLR sem isocinética) quadríceps de 90 a 40 graus isotônicos com almofada
• Ondulação isquiotibial prona/em pé anticisalhamento
• Extensão passiva (enfatizar extensão completa) • Stairmaster (para frente e para trás)
• Suporte pronos • Progresso de exercícios de cadeia fechada
•Travesseiro embaixo do calcanhar • Em 6 semanas, começar a trabalhar com dinamômetro
• Flexão do joel ho ROM assistida, ativa, passiva assistid a Kin-Com de quadríceps de 94 a 40 graus isocinéticos
• Escorregas de pa rede (começar em velocidade maior e trabalhar a resistência)
• Escorregas de assentamento • Exercícios aquáticos
• Tração de toa lha prona Estágio li: 8 a 10 Semanas
• Controle de edema - bomba de compressão • Progresso dos exercícios acima listados
• Estimu lação elétrica para reeducação muscular se OS • Corrida lenta com cabo de esporte (para a frente e
precário para trás)
• PWB de 50% a 75% com mu letas ou WBTI sem muletas •Trabalho isocinético do quadríceps em velocidades dife-
se MCB bloqueada em extensão completa rentes (60, 90, 120 graus por segundo)
• Dormir na cinta bloqueada em extensão • Começar investidas
Metas • Em 1O semanas, começa r ajustador com placa corred iça
• Extensão completa do joelho ROM Estágio Ili: 12 a 16 Semanas
• Fl exão do joelho ROM de 90 graus • Isotônicos de ga ma completa sobre din amômetro Kin -Com
•Bom OS (início normal movendo almofada anticisalhamento para
• Enfatizar padrão de marcha baixo)
• Máquina de extensão do joelho com ba ixo peso/várias
Estágio li: 2 a 4 Semanas
repetições
• MCB comp leta ROM
• Brocas de cordão de esporte lateral (lenta e controlada)
• ROM progressiva para 120 graus na semana 4
• Teste isqu iotibial de dinamômetro Kin-Com, descontinuar
• Progresso SLR e ondu lação isq uiotibial com peso em
isocinética isqu iotib ial se 90%
prona/em pé
• Progredi r quadríceps isocinéti co para extensão tota l na
• Ciclismo para ROM , iniciar programa de bai xa res istência
semana 16
com ROM adeq uada
• Banqueta rápida Estágio IV: 16 a 18 Semanas
• FWB com muletas; descontinuar muletas quando deam- •Test e de dinamômetro Kin-Com para quadríceps, reteste
bular sem mancar isq uiotibi al sem o membro, se necessá ri o
• Começar BAPS com as duas pernas, progredir pa ra única • Começa r programa de pliometria com transporte, mini-
perna trampolim, pular corda se houver 65% da força do qu a-
• Começar pressão em du as pernas com bai xo peso/várias dríceps, sem efusão, ROM comp leta , joelho estável
repetições • Começar programa de corrid a, se houver 6 5% da força
• Sentar em parede em ângu lo de 45 graus com a t íbia ver- do quadríceps
tica l, progredir com o tempo Estágio V: 5 a 6 Meses
• Passos laterais (1O cm), quando capaz de rea lizar com perna •Treinamento de ag ilidade
única •Brocas específicas do esporte (p. ex., ca rioca, corte 45,
• Máquina de quadri l e máquina isqui otibi al quando capaz fi gura-de-o ito)
de rea lizar SLR com 4,5 kg . • Reteste o quadríceps, se necessá rio
• Esteira (para frente e para trás), com ênfase na marcha
norma l Estágio VI: 6 Meses
• Extensão do joelho de 90 a 60 graus (submáxima) com • Retornar ao esporte se:
resistência manual do terapeuta • Movimento > 130 graus
• lsquiotibia l > 90%
Metas • Ouadríceps > 85%
• ROM de O a 120 graus • Treinamento de agi lidade espcífico de esporte concluído
• ROM de O a 120 graus • Exercícios de manutenção duas a três vezes por semana

BAPS, sistema de plataforma do tornozelo biomecânico; FWB, ca rga completa; MCB, cinta de controle de movimento; PWB, carga parcial; QS, ajuste do quadriceps;
ROM, amplitude de movimento; SLR, perna reta levanta; WBTT, carga conforme a tolerância.
111111> PARTE XIV ARTROSCO PIA

A e

li(§l!;bJOlll En xerto isquiotibial quádruplo endoscópico. A, Uma incisão de 3 cm


é feita sobre os tendões pata de ganso. B, Retração inferior do tendão sartório, expondo
os tendões grácil e semitendinoso. C, Colocação do dreno de Penrose em torno do
tendão isquiotibial a ser colhido. D, Duas suturas de interbloqueio (Krackow) em
D execução. VEJA A TÉCNICA 51 -18.

no túnel femoral. Depois do tensionamento do enxerto por TÉCNICA


)
3 minutos durante o movimento cíclico do joelho, utilize
um parafuso biocompatível 1 mm menor do que o túnel (KARLSSON ET AL.)
para a fixação tibial e use sutura secundária e pós-fixação.
Um dispositivo de fixação do tecido mole em cânula de •Uma abordagem de três portais utilizando portais antero-
parafuso pode também ser utilizado para proteger a extre- lateral e central medial-padrão e um porta l anteromedial
midade da tíbia do enxerto. acessório permite uma visão completa de todo o ligamento
cruzado anterior e seus locais de inserção femoral e tibial.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Veja o Quadro 51-1 •Utilizando uma agulha espinhal, crie o portal central
para conhecer o pós-operatório de reabilitação do liga- olhando através do portal lateral. A agulha espinhal deve
mento cruzado anterior. Geralmente, nós procedemos estar no centro da fossa no sentido proximal para distal.
bem mais lentamente com a reabilitação quando um •Crie o portal anteromedial acessório superior à linha arti-
enxerto isquiotibial foi usado. Geralmente, permite-se que cular medial, aproximadamente 2 cm medial à borda
o paciente volte à plena atividade em cerca de 9 meses. media l do tendão patelar. Os túneis femorais podem ser
perfurados através do portal medial acessório.
•Localize os locais ideais de inserção do ligamento cruzado
anterior para a confecção do túnel anatômico. Remanes-
RECONSTRUÇÃO ANATÔMICA DE centes do ligamento cru zado anterior podem ser usados
FEIXE DUPLO DO LIGAMENTO para determinar este local. No lado do fêmur, as referên-
cias ósseas, tais como a crista intercondilar latera l e a crista
ANTERIOR bifurcante lateral, podem ser utilizadas, assim como a margem
A reconstrução anatômica de feixe duplo do ligamento posterior da cartilagem. Com o joelho flexionado em 90
cruzado anterior coloca o enxerto femoral dentro da pegada graus, o local de inserção femoral abrange 30% a 35 % da
femoral do ligamento cruzado anterior congênito que mostrou parte inferior da parede da fossa (Fig. 51-42).
resultar em cinemática da articulação do joelho mais estreita •M arque os locais das inserções tibial e femoral do liga-
do que a posição femoral isométrica original. A técnica de mento cruzado anterior e meça para determinar a locali-
três portais adiciona um porta l medial acessório para criar o zação e o tamanho do túnel. Se o local de inserção for
túnel femoral. menor do que 14 mm em diâmetro, uma reconstru ção
CAPÍTULO 51 ARTROSCO PIA DOS MEMBROS INFERIORES fjf&#
Enxerto do Tendão do Quadríceps. Fulkerson e Langeland, Shelton,
"·... \\ e outros descreveram uma reconstrução do ligamento cruzado ante-
rior utilizando um tendão do quadríceps de 10 mm de largura com
uma peça contendo osso patelar. Raramente, nós utilizamos isso
Do 60% a 65% da pacodo da tos.a\ como uma técnica de revisão, mas é uma alternativa atraente.
Lesões do Ligamento Cruzado Anterior em Indivíduos com Esque-
leto Imaturo. Com as atividades esportivas cada vez mais competiti-

Crista intercondilar lateral


i vas em uma idade menor, a incidência de lesões do ligamento cruzado
anterior em jovens com esqueleto imaturo aumentou rapidamente nas
últimas décadas. Estas lesões apresentam um problema particular-
mente desconcertante com o potencial de lesão da fise com alarga-
mento de túneis que é contrabalançado pela possibilidade de danos
meniscais recorrentes nestes jovens. Dois princípios devem ser segui-
dos: (1) se possível, preserve os meniscos; e (2) evite a recorrência. Em
alguns indivíduos menos ativos, com instabilidade média a moderada,
a redução do nível de atividade pode ser tudo o que é necessário até
que eles tenham um surto de crescimento adequado e amadureci-
mento da fise. Em meninos ativos, às vezes isso é muito difícil de
realizar. Nestas crianças, quando existe uma lesão meniscal ou doação
recorrente, um procedimento de enxerto de tecido mole de preser-
vação da fise é a melhor solução. Um pequeno túnel central feito na
tíbia, logo acima da fise e com preservação da fise no fêmur, parece
iâ@l!ajE119 Joelho direito em 90 graus de flexão mostrando ser um procedimento seguro. A vantagem de estabilizar o joelho
toda a parede late ral da fossa. O local de inserção do ligamento parece compensar o pequeno potencial de perturbação do cresci-
cruzado anterior femoral (LCA) é claramente demarcado pelo mento, se esses procedimentos forem feitos corretamente. É neces-
cume intercond ilar lateral e pelo cume bifurcado lateral. Pode se r sária a utilização de um enxerto de tecido mole para evitar a fixação
visto que o ligamento cruzado anterior anexa menos de 30% a 35% do osso ou do outro lado da fise. O túnel e a tíbia podem ser perfu-
da área da parede lateral da fossa quando o joelho está em posição rados acima da fise, mas um pequeno túnel central através da fise
de funcionamento. (De Karlsson J, lrrgang JJ, van Eck, et ai: Anatomic pode ser aceitável, especialmente em pacientes em estágio Tanner
single- and double-bundle anterior cruciate ligament reconstruction, part II, III e IV. Em pacientes mais jovens, um procedimento ao redor da
2, Am J Sports Med 39:20 16, 2011.) VEJA A TÉCNICA 51-19. fise ou um procedimento acima do topo, como descrito por Ander-
son e Kocher, Garg e Micheli, é recomendado.

de feixe duplo pode tornar-se difícil. A largura da entrada


da fossa e a sua forma irão determinar se uma técnica de
fe ixe duplo pode ser utilizada; mas, geralmente, uma SUBSTITUIÇÃO TRANSEPIFISÁRIA DO
largura de fossa não menor do que 12 mm é o tamanho LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR
mínimo necessário. UTILIZANDO ENXERTOS ISQUIOTIBIAIS
•Através do portal anteromed ial acessório, crie o túnel pos-
terolatera l femoral em primeiro lugar segu ido pelos túneis
QUÁDRUPLOS
anteromedial e posterolateral tibial. Coloque os túneis ante- O procedimento de substituição t ransepifisária do ligamento
romedial e posterolateral no centro dos locais originais da cruzado anterior com enxertos isqu iotibi ais quádruplos des-
tíbia e das inserções femoral anteromed ial e posterolateral. crito por Anderson é indicado em pacientes em estág io
•Perfure o túnel anteromed ial femoral através do portal Tanner 1, li ou Ili de desenvolvimento. O procedimento é
medial acessóri o ou através do túnel anteromedial ou contraindicado em pacientes em estágio Tann er IV de desen-
posterolatera l da tíbia, se isto permitir a inserção femoral volvimento, que podem ser submetidos à reconstrução do
local congênita ser atin gida. ligamento cruzado anterior convencional. Os perigos deste
• Para determinar o tamanho dos túneis, tente restaurar tanto procedimento são resumidos no Quadro 51-2.
quanto possível o loca l de inserção orig inal enquanto mantém
uma ponte óssea de aproximadamente 2 mm entre os feixes. TÉCNICA
•Depois de os túneis serem perfurados, prepare os enxer-
tos. O tamanho de enxerto deve ser igual ao diâmetro do (ANDERSON)
túnel. Tensione os enxertos anteromed ial e posterolateral
separadamente com o enxerto anteromed ial em aproxi- •Coloque o membro inferior lesionado em um suporte
madamente 45 graus da flexão do joelho e o enxerto artroscópico de perna com o quadril fl exionado a 20 graus
posterolatera l em extensão comp leta do joelho. para facilitar a visua lização fluoroscópica do joelho no
• Para a fixação, utilize a fixação suspensiva no lado femoral plano latera l com o braço C.
para evitar a ruptura do local de inserção, o que pode •Posicione o braço C no lado da mesa, em frente ao joelho
ocorrer com a fixação de parafusos de interferência de machucado, e coloqu e o monitor na cabeceira da mesa.
abertura. Utilize a fixação de parafusos de interferência no Veja as fises t ibial e femoral nos planos anteroposterior
lado t ibial cortica l e lateral antes de o membro ser preparado e coberto. )
WJJI•I PARTE XIV ARTROSCOPIA

Perigos da Substituição para ver a extensão da fise tibial na tuberosidade da tíbia


QUADRO 51-2 Transepifisária do Ligamento na visão lateral da tíbia.
Cruzado Anterior Utilizando •Faça uma incisão oblíqua de 4 cm sobre os tendões semi-
Enxertos lsquiotibiais tendinoso e grácil. Disseque esses tendões livres, tran-
Quádruplos secte na junção muscu lotendinosa com o uso de um
extrator de tendão-padrão, e retire distalmente.
Fixação subótima de enxerto •Dobre os tendões e co loque uma sutura FiberWire nº 5
•A f ixação ideal do enxerto é essencial para restau rar a (Arthrex, Naples, FL) nas extremidades dos tendões com
cinemática normal do joelho e evitar lesões fisá rias. um ponto de chicote.
• Evitar localizar a perfuração tibia l ou femora l anterior- •Coloque os tendões duplicas sob 4,5 kg de ten são em
mente; o posicionamento correto da perfuração é funda - volta da mesa com a utilização do dispositivo Graftmaster
mental na prevenção do impingimento do enxerto. (Acufex-Sm ith Nephew, Andover, MA)
•A ciru rgia não deve ser rea lizada se não houver visão •Inserir o artroscópio para o portal anterolatera l e coloque
perfeita das fises nos planos anteroposterior e lateral por um probe através do portal anteromedia l.
meio da utiliza ção do braço C. •Execute o exame intra-articular da maneira usual.
• Os f ios guias devem ser inseridos durante a visua lização •Remova os detritos da fossa intercond ilar e realize uma
por meio do braço c
(em tempo rea l). intercond il op lasti a para ver a pegada anat ôm ica do li ga-
• Confirmar por meio de artroscópio que os fios guias entrem mento cruzado anterior no fêmur.
nas articu lações no centro da pegada do ligamento cruzado • Repare quaisquer lesões meniscais substanciais encontradas.
anterior no fêmur e na pegada do ligamento cruzado ante- •Com o braço C na posição lateral, ajuste o membro para
rior na tíbia. mostrar uma visão lateral perfeita.
Diâmetro Incorreto das Perfurações Transepifisárias •Coloque a ponta do fio guia através do côndilo femoral
• Para fazer as perfurações transepifisárias, deve ser utili- lateral correspondendo com a localização da pegada do
zada uma medida de broca que corresponda ao menor ligamento cruzado anterior do fêmur. Este ponto situa-se
espaço através do qual o tendão passaria facilmente . a cerca de um quarto da distância de posterior para
• Uma medida menor de diâmetro oferece menos risco de anterior ao longo da linha de Blumensaat e a um quarto
lesão às fises, e um ajuste confortável promove a cicatri- da distância para baixo a partir da mesma linha (Fig .
zação do enxerto ao osso. 51-43A). Faça uma in cisão latera l de 2 cm neste ponto.
• A passagem do enxerto pode ser faci litada chanfrando a •In cise o trato iliot ibial longitud inalm ente e extraia o peri-
perfuração femoral e empurrando o enxerto para dentro ósteo de uma pequena área do côndi lo femora l lateral.
da perfuração utilizando um instrumento cortante at ravés •Uti lize o braço C para ver o ponto de entrada do f io guia
de um portal anteromedial enquanto puxa uma sutura com nos planos anteroposterior e lateral. Com o braço C no
o f io cirúrgico FiberWire nº 5 amarrado a um EndoButton. plano latera l e com a utilização de uma técnica de mão
Falha da Fixação livre, introduza um fio guia de 2 mm a 3 mm na ep ífise
• A carga de ruptura nessa técnica excede as cargas normais femora l. Não angu le o pino anteriormente ou posterior-
de tração no ligamento cruzado anterior. mente, mas, sim, mantenha-o perpendicu lar ao fêmur no
• Na fase inicial da cicatrização, a fa lha pode levar à plano corona l. Rotacione o braço C em relação ao plano
instabilidade. anteroposterior para garantir que o fio guia não esteja
• Conferir a fi xação latera l f emoral com o braço C para se angu lado superior ou inferiorment e.
certificar de que a arruela EndoButton e o cônd ilo latera l • Conduza o fi o guia através da epífise femora l perpendi-
femoral estejam nivelados. cu larmente ao f êmu r e distalmente à fise (Fig. 51-43A).
Através do artroscópio, veja a entrada do fio guia na fossa
Deslizamento de Enxerto Associado à Sutura de intercondi lar. O fio guia deve entrar na articulação 1 mm
Fixação Secundária posterior e superior ao centro da superfície anatômica do
• Minimizar o deslizamento por meio de uma fixação meti- ligamento cruzado anterior do fêmur.
culosa dos pontos em chicote nas extremidades dos • Deixe o fio guia femoral no lugar e insira um segundo fio
tendões com laços apertados loca lizados proximamente. guia no aspecto anteromedia l da tíbia através da epífise
• Enxertia com uti lização de Graftmaster (Smith & Nephew com o auxílio de uma guia de perfuração da tíbia . A partir
Endoscopy, Andover, MA) da posição latera l direta, gire o braço c externamente por
• Quando um enxerto de tendão estende-se através da cerca de 30 grau s para mostrar a fise estendendo clara -
perfuração tibial, reforça r a fixa ção tibial suturando os mente na tuberosidade da tíbia. Perfu re o fio guia na
tendões através do periósteo.
epífi se tibia l sob imagem fluoroscópica em tempo real
Dados retirados de Anderson AF: Transepiphyseal replacement of the anterior (Fig . 51-43B) A alça da guia de perfuração deve ser
cruciate ligament using quadruple hamstring grafts in skeletally immature levantada para o f io limpar a parte anterior da fise tibial.
patients, J Bane Joint Surg 86A:201, 2004. O fio deve inserir a articulação ao nível do bordo livre do
menisco lateral e na pegada posterior do ligamento cruzado
anterior sobre a tíbia.
• Artroscopicamente, confirme a posição adequada de
Quando a parte dista l do fêmur for vista, ajuste o braço c ambos os fios guias neste momento.
)
para que os côndi los femorais medial e lateral f iquem ali- •Util ize medidores de tendão para medi r o diâmetro do
nhados perfeitamente com o plano lateral . Gire o braço C enxerto de tendão quádruplo (que, normalmente, é de
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fl!Dlll

H@ii;fiiml!I Substitui ção tran sepifisária do li gamento cruzado anterior de Andersen usando enxerto isquiotibia l quádrupl o. A,
Visão latera l graficamente reforçada do braço C após a perfuração do orifício femoral. B, Radiografia lateral da tíbia mostrando a
posição correta do fio guia tibial. Apesar de fio guia parecer entrar na tuberosidade da tíbia nessa visão, ele realmente entra na epífise
medial do tubérculo da tíbia . C, La ço contínuo Endobutton passado em torno do meio dos ten dões duplos e enrolado sobre si mesmo.
D, Tend ões semitendinoso e grácil puxados para cima através da tíbia e para fora do côndi lo femoral lateral com uso da sutura nº 5
no Endo Button . E, A arrue la EndoButton é colocada sobre o Endo Button e ela é puxada de volta para a superfície do côndilo femoral
lateral. F, En xertos isq uiotibiais quádruplos seg uros distal mente pr meio de ama rração com sutura FiberW ire nº 5 sobre o parafuso tibial
e o poste. G, Radiografia 4 meses após a cirurgia mostrando tibial transepifisária e buracos femorais colocados corretamente. VEJA A
TÉCNICA 51-20.

6 mm a 8 mm). Um ajuste apertado é importante; conse- os tendões proximalmente (Fig. 51-43C). Alternativamente,
quentemente, uti lize a menor broca adequada para alargar os tendões podem ser colocados através do laço contínuo
sobre ambos os fios guias. antes que as suas extremidades sejam suturadas juntas. No
•Chanfre a borda do buraco femoral intra-articularmente e entanto, isso exige perfuração e medição do comprimento
meça a largura do côndilo femoral lateral . Escolha o laço do orifício femoral antes do preparo do enxerto. Caso con-
contínuo EndoButton apropriado (AcufexSmith Nephew, trário, é difícil determinar o comprimento do laço contínuo
Memphis, TN) (2 cm a 3 cm) de modo que cerca de 2 cm EndoButton necessário para deixar 2 cm do enxerto de
do enxerto do tendão isquiot ibial quádruplo permaneçam tendão dentro do côndilo femoral lateral.
dentro do côndilo femoral lateral. •Coloque uma sutura FiberWire nº 5 em uma extremi-
• Passe o laço EndoButton contínuo em torno do meio dos dade do Endobutton e passe um passador de sutura de
tendões duplos e lace em volta de si mesmo para segurar anterior para posterior através da tíbia e por fora do côndi lo )
M$!f) PARTE XIV ARTR OSCOP IA

femoral lateral (Fig. 51-43D). Puxe o EndoButton e os •Posicione a criança na mesa de operação com um torni-
)
tendões para cima através da tíbia e fora do orifício quete pneumático em torno do aspecto proximal da coxa.
femoral com o uso da sutura nº 5. •Com o paciente sob anestesia, confirme a insuficiência
•Coloque uma arruela EndoButton (S mith & Nephew, do ligamento cruzado anterior.
Memphis, TN) 3 mm a 4 mm maior do que o buraco •Faça uma incisão de cerca de 6 cm obliquamente a partir
femoral sobre o EndoButton. Apl ique tensão nos tendões da linha articular latera l à borda superior da banda ilioti-
dista lmente puxando o EndoButton e a arruela para bial. Separe a banda iliotib ial proxima lmente a partir do
a superfície do côndi lo femora l lateral (Fig. 51-43E). tecido subcutâneo com a uti lização de um elevador
A arruela é necessária para ancorar o enxerto proximal- periosteal sob a pele da parte lateral da coxa.
mente devido ao fato de o buraco no côndi lo femora l •Incise as bordas anterior e posterior da banda iliotibial e
ser maior do que o EndoButton. transporte as incisões proximalmente por ba ixo da pele
•Coloque o enxerto sob tensão e estenda o joelho para com a utilização de um meniscótomo curvo.
determinar artroscopicamente se houve impacto do enxerto •Separe a banda iliotibial proxim almente por bai xo da pele
na fossa intercondilar. com a utilização de um meniscótomo curvo ou um extra-
•Geralmente, uma intercon diloplastia anterior é desneces- tor de tendão aberto.
sária quando esta técnica é utilizada; no entanto, se a •Deixe a banda ili otibia l li gada distal mente ao tubérculo
saída anterior da fossa intercondilar toca ou fissura o de Gerdy.
enxerto na extensão term inal, remova uma pequena parte •Disseque dista lmente para sepa rar a banda iliotibial da
da sa ída anterior. cápsula articu lar e do retináculo patelar latera l.
•Com o joelho em 1O graus de flexão, segure o enxerto • Tubularize a extremidade proximal livre da banda iliotibial
isqu iotibial quádrup lo dista lmente amarrando a sutura com um uti liza ndo uma sutura ponto de ch icote Ethibond
Fibe rWire nº 5 sobre o parafuso tibial e o poste que nº 5 (Ethi con, Johnson & Johnson, Somervi lle, NJ).
é colocado media l à apófise da tuberosidade da tíbia •Examine o joelho com o art roscópio através dos portais
e distal à fi se t ibia l proxima l (Fig. 51-43F e G). ant ero latera l e anteromedial -padrão, trate qualquer lesão
•Se o enxerto de tend ão se estende através do furo meniscal ou lesão condra l, e extirpe o resto do ligamento
tibial, fixe-o ao periósteo da tíbia anterior com vá rias cruzado anteri or.
suturas Ethibond nº 1 com o uso dos pontos em •Identifique a posição acima do topo no fêmur e a posição
figura de oito (Fig. 51-43F). Feche o tecido subcutâneo acima da frente sob o ligamento intermeniscal.
e a pele de forma rotineira e ap lique um imob ilizador •Realize uma intercondi loplastia mínima para evitar lesão
articu lado. iatrogênica ao anel pericondra l da fise do fêmur distal,
que está em estreita proxim idade com a posição acima
do topo.
•Traga a extremidade livre do en xerto da banda iliotibial
através da posição acima do topo com a utilização de
um grampo de comprimento completo ou duas incisões,
guia de entrada tra seira e por fora através do portal
anteromedia l.
•Faça uma segunda incisão de aproximadamente 4,5 cm
ao longo do aspecto medial proximal da tíbia na região
RECONSTRUÇÃO FISÁRIA ESCASSA da pata de ganso. Leve a dissecção ao periósteo através
DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR do tecido subcutâneo.
•Coloque um grampo curvo a partir desta incisão na junta
O proced im ento de Kocher, Garg e Micheli consiste nas sob o ligamento intermeniscal.
reconstruções intra-articular e extra-articu lar combinadas •Adicione uma pequena ranhura no aspecto anteromed ial
fisárias escassas artroscop icamente assistidas do li gamento da epífise da tíbia proximal, sob o li gamento intermen is-
cruzado anterior com o uso de enxerto autógeno de banda ca l, com o uso de uma lima rabo de rato curvada para
iliotibial. É uma alteração das reconstruções intra-articular e trazer a posição do enxerto tibial para mais posterior.
extra-articu lar combinadas descritas por Macintosh e Darby. •Traga a extrem idade livre do enxerto através da articu la-
As modificações são a aplicação em pacientes com esque- ção sob o ligamento intermeniscal na ranhura ep ifisária
leto imaturo, assistência artroscóp ica, fi xação do enxerto e anteromedial e para fora através da incisão tibial medial.
reabi litação ace lerada . A reabilitaç ão deve ser orientada •Coloque o joelho em 90 graus de flexão e 15 graus de
segundo a idade do jovem paciente. rotação externa. Para a reconstrução extra-articular, fi xe
o enxerto no lado femoral através da incisão lateral utili-
TÉCNICA zando suturas no leito no côndilo femoral lateral na inser-
ção do septo intermuscular latera l.
(KOCHER, GARG E MICHELI) •Corrija o lado tibia l med ial através da incisão com o joelho
flexionado em 20 graus e tensão ap licada ao enxerto.
•O procedimento é rea lizado com o paciente sob anestesia •Faça uma incisão periosteal dista l à fise tibia l proximal ,
gera l, t al como um proced imento de observação durante como confirmado por fluoroscopia .
a noite. •Faça uma ca lha no córtex metafisário tib ial medial proxi-
ma l e suture o enxerto ao periósteo nas margens ásperas
com suturas no leito.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsu lt. com.
CAPÍTU LO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fl!m
menisco ocorrem em cerca de 40% em 1 ano, 60% em 5 anos, e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o aproximadamente 80% aos 10 anos, que é a mesma incidência da
paciente é autorizado a praticar touch-down com carga doença degenerativa das articulações vista em 10 anos.
durante 6 semanas . t permitida a mobilização imediata As causas das complicações da reconstrução do ligamento
de O a 90 graus nas primeiras 2 semanas, seguida para a cruzado anterior podem ser descritas pelas falhas, conforme des-
amplitude completa de movimento. O movimento passivo crito na Figura 51-36. A maioria das falhas pode ser prevenida por
contínuo de O a 90 graus é praticado nas primeiras 2 meio de um planejamento e um preparo cirúrgico cuidadoso, ade-
semanas de pós-operatório para iniciar a movimentação rência à técnica, atenção aos detalhes e acompanhamento cuidadoso
e superar a ansiedade associada ao movimento pós-ope- no pós-operatório com o reconhecimento precoce e intervenção nas
ratório em crianças pequenas. Um imobilizador de joelho complicações. Os cirurgiões devem estar bem informados sobre a
com dobradiça de proteção é usado durante 6 semanas literatura atual e as possíveis complicações. Para fazer avançar o
após a cirurgia, com limites de movimento de O a 90 aprendizado cirúrgico e diminuir o número de complicações, são
graus nas primeiras 2 semanas. A reabilitação progressiva necessários a avaliação dos resultados cirúrgicos, a avaliação radio-
consiste em exercícios de amplitude de movimento, mobi- gráfica da colocação de túneis e parafusos, e exames KT-1000 e
lização patelar, estimulação elétrica, terapia em piscina (se físicos imparciais cuidadosos.
disponível), exercícios de propriocepção e cadeia fechada As complicações podem ser divididas em categorias pré, intra
de exercícios de fortalecimento durante os primeiros 3 e pós-operatórias. A avaliação radiográfica pré-operatória pode eli-
meses de pós-operatório segu idos por jogging em linha minar a maioria dos problemas de excesso de comprimento do
reta, exercícios pliométricos, exercícios de cabo esporte, tendão patelar, ossículos de tuberosidade ou anormalidade da pateta.
e exercícios de esportes específicos. Voltar à plena ativi- As complicações intraoperatórias podem resultar de problemas de
dade, inclusive aos esportes que envolvem corte, geral- enxerto, de fixação, ou de túneis, e são evitáveis pela atenção aos
mente é permitido em 6 meses de pós-operatório . Uma detalhes. Os métodos para evitar essas complicações são discutidos
joelheira feita sob medida é usada rotineiramente durante posteriormente. Os problemas menos comuns ou significativos são
as atividades de corte e giro nos primeiros 2 anos após o apresrntados na Figura 51-36.
retorno ao esporte. A falha cirúrgica pode ser causada pela posição não fis iomé-
trica do túnel, impacto do enxerto, um enxerto fraco, ou a fraca
fixação do enxerto. A observação cuidadosa dos marcos e o correto
posicionamento dos túneis são essenciais para evitar o estresse
Complicações da Reconstrução do Ligamento Cruzado Ante- excessivo do enxerto ou impacto. Geralmente, nós gostamos de
rior. Os estudos de acompanhamento de 5 anos de reconstruções inicialmente alargar os túneis com um alargador que é aproxima-
do ligamento cruzado anterior com utilização de enxertos osso- damente 2 mm menor do que o túnel definitivo para que pequenos
tendão osso-pateta e enxertos isquiotibiais apresentaram resu lta- ajustes possam ser feitos facilmente. A utilização de uma lima ou
dos semelhantes quando as taxas de estabilidade e de falha são alargador excêntrico para mover um túnel para um local adequado
consideradas. A rigidez e a força tendem a ser um pouco melhores é facilmente realizada. A pressão na patela pode ser diminuída
nos enxertos osso-tendão osso-pateta, mas os resultados globais consideravelmente colhendo cuidadosamente o enxerto do tendão
são comparáveis. Os estudos de aloenxerto em 5 e 7 anos de acom- patelar. É importante fazer cortes retos em linha com as fibras e se
panhamento mostraram resultados semelhantes àqueles com auto- assegurar de que os cortes de osso não sejam muito profundos, em
enxerto, especialmente desde que a incidência de efusão e rejeição especial na patela, e que o comprimento do corte é de 20 mm a 23
do enxerto aparente diminuiu e as técnicas de aquisição e esterili- mm. Para evitar fraturas por tensão mais tarde, os cortes devem
zação do enxerto e melhoraram. As taxas de falha parecem ter ser ligeiramente angulados e a patela deve ser enxertada do osso
estabilizado em 7% a 8%, em 5 anos de acompanhamento quando por completo.
a fa lha do enxerto é a causa dos resultados ruins. Outros estudos No momento do processo, são essenciais uma observação cui-
mediram as falhas por meio de testes de KT-1000, enfatizando o dadosa, uma intercondiloplastia interna, e uma cuidadosa visualiza-
joelho ou a falha do paciente para voltar a uma atividade esportiva ção do fio guia para garantir que ele não colida com o teto ou com
anterior. Se estes parâmetros são utilizados para medir a fa lha a parede do túnel na flexão e na extensão. Além disso, deve-se
cirúrgica, a percentagem varia entre 5% a 52%. Embora a taxa de garantir que ele não esteja muito longe posteriormente, onde ele iria
falha tenha se estabilizado, o número de cirurgias de revisão con- colidir com o ligamento cruzado posterior. Após a colocação e as
tinua a aumentar, provavelmente por causa de melhores protocolos alterações forem feitas, o enxerto deve ser totalmente observado
de acompanhamento; das demandas, expectativas e níveis mais novamente, particularmente na extensão do joelho.
altos de atividade do paciente; e da idade precoce em que estes Os problemas pós-operatórios incluem a artrofibrose, que
procedimentos estão sendo realizados. deve ser tratada com anti-inflamatórios não esteroides e terapia
Economicamente, o custo da fa lha pode ser alto. Procedimen- supervisionada. Inicialmente, a terapia para reconstruir o tônus
tos adicionais e reabilitação, perda de trabalho para o paciente, bem muscular deve ser tentada para recuperar a extensão completa do
como a perda potencial de uma bolsa de estudos para um atleta do joelho. A terapia supervisionada é instituída três vezes por semana,
ensino médio podem ser financeiramente pesados. com o paciente trabalhando a amplitude de movimento três vezes
A insuficiência do ligamento cruzado anterior pode também ao dia estirando suporte pronos para rec uperar a extensão total.
gerar uma carga emocional sobre o paciente. O trauma psicológico Se o movimentação não conseguir progredir ao longo de 4 a 6
de uma cirurgia adicional, frustração causada por uma reabilitação semanas de tratamento e o paciente só conseguir menos de 90
prolongada, perda de motivação e raiva podem ser os resultados. graus de flexão após 6 semanas de tratamento físico supervisio-
As consequências fisiológicas incluem trauma cirúrgico adicional nado, devem ser consideradas a manip ulação suave e possivel-
de colheita do enxerto, possível dano art icul ar, e danos ad icionais mente a avaliação artroscópica. As rad iografias pós-operatórias
condral ou meniscal de instabilidade crônica, pois muitos pacientes são revistas para garantir que os túneis estejam corretamente colo-
esperam algum tempo antes da cirurgia de revisão. Os danos ao cados e que um impacto óbvio não seja demonstrável.
lllJ!D PARTE XIV ARTROSCO PIA

Perda de extensão total, efusão persistente, dor anterior do original de túnel único do ligamento cruzado posterior por si mesma
joelho, ou clique ou estalo na parte anterior do joelho que é doloroso não parece estabilizar satisfatoriamente muitas dessas condições.
com a extensão terminal podem indicar impacto. Uma radiografia No entanto, quando a reconstituição de túnel único do ligamento
lateral deve ser obtida com o joelho em extensão para se certificar cruzado posterior fo i realizada e a reconstrução posterolateral fo i
que o túnel tibial está posterior ao pé da fossa intercondilar e que a utili zada para estabiliza r o componente posterolateral, Fanelli
posição do parafuso no fêmur está no aspecto posterior da fossa mostrou que os resultados excelentes aumentaram de 48% para mais
intercondilar. do que 70%. Duas técnicas adicionais para reconstrução do liga-
As infecções pós-operatórias são incomuns nas reconstruções mento cruzado posterior ganharam popularidade. O entusiasmo
artroscópica do ligamento cruzado anterior, mas a persistência ou aumentou em relação à técnica inlay do ligamento cruzado poste-
recorrência de febre 5 a 6 dias após o procedimento com aumento rior, como descrita por Burks e Schaffer e mais tarde por Miller et
da dor, perda de movimento do joelho, e calor ou eritema no local al. A sua popularidade pode ser atribuída ao fato de que a fixação é
do joelho podem indicar infecção precoce e esta deve ser tratada de sólida perto da linha articular e que a "curva assassina" é removida
forma adequada e agressivamente. Se a aspiração do joelho mostrar pela colocação do enxerto em urna calha tibial na pegada do liga-
uma co ntagem de leucócitos do sangue elevada (frequentemente mento cruzado posterior. As desvantagens desta técnica são a difi-
20,000/µL ), devem ser realizadas irrigação artroscópica e avaliação culdade com o posicionamento do paciente e o uso de incisões
do enxerto. Se o enxe rto ainda estiver intacto e em boas condições, posterior e an terior.
ele deve ser deixado no local, mas a articulação deve ser exaustiva- Para reconstrução isolada do ligamento cruzado posterior, nós
mente lavada, e repetidas irrigações e desbridamento devem ser preferimos a técnica inlay tibial, como descrita por Burks et al., ou
feitos em 48 a 72 horas se os sintomas não melhorarem drastica- transtibial com fixação de abertura. Para a maioria das lesões trau-
mente. É necessária uma combinação de antibióti cos por via intra- máticas de alto impacto, nós realizamos um reparo do canto poste-
venosa durante 2 a 3 semanas seguida por an tibióticos orais para rolateral ou um a reconstrução utilizando uma técn ica de reconstrução
completar um curso de 6 semanas de tratamento com antibiótico do tendão em figura de oito. O túnel femora l pode ser simples ou
específico de organismo. duplo; a técnica de túnel duplo, prática e biomecanicarnente, oferece
Em qualquer infecção pós-operatória, encontrar a fonte é fun- a melhor estabilidade. A técnica inlay de ligamento cruzado poste-
damental para prevenir infecções adicionais. Os procedimentos de rior é descrita no Capítulo 45.
esterilização de equip amentos, as técnicas de preparação e de cober- Em estudos clínicos, a técnica de dois túneis mostrou propor-
tu ra, o manuseio do enxerto pela equipe da sala de operação e as cionar um a maior estabilidade e preenche melhor a grande pegada
técn icas cirúrgicas devem ser avaliados com cuidado. O local da do ligamento cruzado posterior.
cirurgia de artroscopia deve sempre estar preparado com uma A técnica de túnel único, qu e nós usamos principalmente para
solução antibiótica à prova d'água, ass im como deve estar coberto e a reconstrução de vários ligame ntos do joelho em luxações do
selado proximal e distalmente ao local da cirurgia. joelho, é descrita posteriormente. A técnica de dois túneis é usada,
principalmente, na reconstrução isolada do ligamento cruzado pos-
1 RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO terior. Um aloenxerto do tendão de Aquil es (transtibial fixo na aber-
POSTERIOR tura ou inlay) é a nossa fonte de enxerto preferida para a reconstrução
O ligamento cruzado posterior é constituído por três componentes: do ligamento cruzado posterior.
uma banda anteromedial, uma banda posterolateral e os ligamentos Descrito por vários autores, um procedimento artroscópico
meniscofemorais. A banda posterolateral tem aproximadamente inlay completo utilizando um alargador retrocortante e um túnel tibial
150% da resistência e da rigidez da banda anteromedial, e é apertada de extremidade fechada com fixação de sutura anteri or mostrou pro-
na flexão do joelho. Todo o ligamento tem de 1,5 a 2 vezes a força duzir, como a fixação abertura de parafusos, uma menor e mais du ra
do ligamento cru zado anteri or, e a largura da pegada femoral é de constru ção do enxerto.
cerca de 3 cm 2• O grand e local de inserção dos ligamentos duplos
torna difícil a reconstrução fisiométrica .
Muitas lesões do ligamento cruzado posterior têm um a lesão
ligamentar associada, mais com um ente no canto posterolateral.
A hiperflexão é a causa mais comum de lesões do ligamento cruzado RECONSTRUÇÃO DE TÚNEL ÚNICO DO
posterior em atletas. Às vezes, ocorre uma lesão parcial do ligamento LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR
cruzado posterior com 1+ a 2+ de frouxidão posterior. Shelbo urn e
e Muthukaruppan relataram bons resultados clínicos quando esses TÉCNICA
ferimentos fora m tratados de forma conservadora, o que inicial-
mente consistind o em extensão de joelho e em um programa de • Coloque o paciente em decúbito dorsal e ap li que um
reabilitação protetiva sem o forta lecimento ativo do isquiotibial. Em torniquete alto em torno da coxa. Utili ze um poste
lesões isoladas, os resultados a longo prazo não se correlacionaram late ral acolchoado para ajudar com o estresse de va lgo.
com o grau inicial de instabilidade. As pontuações subj etivas não se Co le um saco de soro fisiológico de 3 L à mesa antes da
deterioram com o tempo. cobertu ra para usar como um reforço de pé e para
Para as lesões do ligamento cruzado posterior mais significa- ajudar a manter 80 a 90 graus de flexão do joelho
tivas associadas a flacidez posterolateral e posterior, a reconstrução durante o procedimento.
tornou-se o tratamento indicado para os indivíduos ativos mais •Realize um exame artroscópico sistemático de rotina do
jovens. O exame fís ico destas lesões do ligamento cruzado posterior joelho e repare quaisquer anorma lidades intra-articulares
revela uma gaveta posterior de 1 cm que não melhora com rotação associadas conforme necessário. Se o reparo meniscal for
intern a e pode revelar um aum en to de 10 graus em rotação externa realizado, as suturas devem ser amarradas após a conclu -
a 30 e 90 graus, um indicativo de lesão !abra! posterior associada . são da reconstru ção do ligamento.
A escolha das técnicas va ria e ainda está sendo debatida. A técnica
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES tjFf#
•Utilizando portais anterolateral e anteromedial padrões, O pino guia deve sair posteriormente na área da cicatriz
desbride os tecidos moles e o ligamento cruzado restante da fise.
da fossa intercondilar. •Bata o pino no final 1 cm para ajudar a prevenir a pene-
•Execute uma intercondiloplastia óssea interna conforme tração. Enquanto bate o pino, coloque uma cu reta através
necessário. do portal posteromedial para proteger as estruturas neu-
•A visualização do local de fixação tibial do ligamento rovasculares de penetração do pino durante o avanço e
cruzado posterior é melhorada utilizando-se um artroscó- o alargamento. Se um desbridamento do tecido mole
pio de visualização de 70 graus no portal anterolateral ou adequado foi realizado, o pino guia pode ser observado
colocando o artroscópio de visualização de 30 graus artroscopicamente à medida que sai da tíbia. Um amplia-
através de um portal posteromedial. dor de imagem é utilizado para confirmar a posição apro-
•Usando um ressector de rádio completo, remova o coto priada do fio guia.
remanescente do ligamento cruzado posterior. Facas de •O ponto fisiométrico femoral encontra-se 8 mm proximal
corte traseiro especialmente desenhadas, cu retas e raspa- à cartilagem articular na posição de relógio de 1 hora no
gem também devem estar disponíveis para auxiliar na joelho direito e na posição de 11 horas no joelho esquerdo
remoção dos restos. (Fig. 51-45B) Coloque a ponta do guia femoral do liga-
•Eleve a cápsula posterior da sua inserção ao local plano mento cruzado posterior através do portal anteromedial
posterior na tíbia usando uma cureta curva ou um eleva- durante a visualização com o artroscópio pelo portal
dor periosteal passado através da fossa intercondilar ou anterolateral.
do portal posteromedial. •Exponha o córtex femoral através da incisão longitud inal
•Contorne um aloenxerto de tendão de Aquiles para fazer de 3 cm e eleve o vasto medial oblíquo superiormente .
um tarugo ósseo de 11 mm de largura com 20 mm de •Insira o pino guia no meio do caminho, entre a margem
comprimento. articular do côndilo femoral medial e o epicôndilo medial.
•Coloque a parte tendinosa do enxerto sob tensão e role •Utilize um alargador de tamanho apropriado para o
o enxerto com uma sutura Vicryl. Coloque uma sutura de enxerto disponível, deixando 1 mm a 2 mm de osso distal
tensão nº 5 distalmente 5 cm do enxerto utilizando na margem articular.
uma sutura contínua de bloqueio. Coloque o enxerto •Passe um suavisador Gore através do túnel tibial na arti-
em uma placa de tensão de enxerto mantida com 4,5 kg culação e puxe-o através do portal central de almofada
de tensão por 15 minutos. de gordura (Fig. 51-45C). O suavizador é utilizado para
•Se um tendão patelar autógeno for escolhido como suavizar e remover os restos de tecidos moles posteriores.
enxerto, faça uma incisão de 7 cm na linha média come- Não amplie o túnel tibial excessivamente.
çando na patela inferior e estendendo-se distalmente •Quando o suavizador passar sem resistência indevida, anexe
sobre a tuberosidade da tíbia. o enxerto na extremidade do suavizador e puxe as suturas
•Colha o terço central do tendão patelar - 1O mm a 11 do enxerto e o tarugo ósseo dentro da articulação.
mm de largura e 25 mm de comprimento - com tampões •A flexão extrema do joelho às vezes ajuda na passagem
de osso de 8 mm de espessura. do tarugo ósseo patelar a partir da abertura tibial posterior
•Contorne o enxerto para passar por uma prova de 1O mm dentro da articulação. Colocar uma vara de comutação
ou 11 mm. O tarugo ósseo a ser fixado no fêmur do túnel através do portal posteromedial permite que as suturas que
deve ser reduzido para cerca de 20 mm para tornar mais servem de guia sejam redirecionadas ao longo da vara para
fácil a passagem intra-articular. ajudar na passagem do enxerto.
•Para fazer o túnel tibial, nós preferimos usar o sistema de •Coloque uma pinça através do túnel femoral para pegar
guia de perfuração Arthrex. Com o artroscópio a 70 graus as suturas. Utilize um probe ou uma pinça Allis para
em relação ao portal anterolateral, insira a guia através ajudar o enxerto no túnel femoral.
do portal anteromedial e passe-a através da fossa • Coloque a parte esponjosa do tarugo ósseo posterior-
•Coloque a ponta da guia 1O mm a 12 mm abaixo da linha mente para reduzir a abrasão do enxerto.
articular na faceta do ligamento cruzado posterior. •Antes da fixação tibial, verifique se o tampão do osso
•Oriente a guia de perfuração a aproximadamente 60 graus femoral cabe adequadamente na abertura do túnel
em relação à superfície articular da tíbia, começando logo femoral.
inferior e medial à tuberosidade da tíbia (Fig. 51-45A) Um •Coloque o joelho através de uma amplitude de movi-
ângulo mais perpendicular criaria um ângulo muito mais mento e garanta que não haja mais de 3 mm de enxerto
agudo na tíbia posterior que poderia raspar o enxerto. Um em pistonamento através da amplitude de movimento de
túnel tibial, que é iniciado muito distal mente, pode alargar- O a 100 graus. Se pistonamento excessivo for encontrado,
se para fora da plataforma tibial posterior. A utilização raspe a parede do túnel femoral proximal.
simultânea de ampliação de imagem e de artroscopia •Prenda o tarugo ósseo femoral com um parafuso de
auxilia no posicionamento correto da guia de perfuração interferência metálico.
antes e durante a perfuração. As calibragens no guia tibial •Mantenha a tensão do enxerto e coloque o joelho através
medem precisamente a distância entre o córtex anterior da de uma amplitude de movimento por 20 ciclos para per-
tíbia e a ponta da guia. mitir relaxamento da tensão sobre o enxerto.
•Para ajudar a prevenir a perfuração, ajuste o pino guia de •Fixe o enxerto com um parafuso de interferência. Se um
modo que sobressaia da ponta da broca 1 cm menos do enxerto de tecido mole for utilizado, é indicado uma
que a distância medida no sistema de guia (Fig. 51-45A). fixação adicional sobre um poste. )
WJFiit PARTE XIV ARTROSCOPIA

e
O@ii@m Reconstrução do lig amento cruzado posterior. A, O finalizador de perfuração poplítea Arthrex impede o avanço do
pino guia passado na ponta do gancho de marcação durante a perfuração. B, Uma milimétrica marcação sobre o gancho de marcação
femoral Arthrex PCL permite a determinação da distãncia entre o túnel femoral e a margem da cartilagem articular. C, O passador de
sutura curvada Arthrex "Worm" facilita a passagem das suturas de enxerto através do túnel tibial dentro da fossa intercondilar. VEJA
A TÉCNICA 51-22.

da patela (8 mm de largura com 1O mm a 20 mm de


CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A re abilitação depen-
com- primento).
de do material de enxerto selecionado, do tamanho do
•Coloque suturas Ethibond nº 5 em cada uma das extre-
) paciente, bem como de qualquer outra cirurgia feita .
midades do enxerto para fixação posterior.
Após a reconstrução isolada do ligamento cruzado pos-
•Alternativamente, o tendão semitendinoso pode ser colhido
terior, o joelho pode ser imobi li zado em extensão por 4
através de incisão inferior e duplicado sobre si mesmo para
semanas em um imobilizador de joelho removível. No
formar um enxerto de dupla resistência.
início, a amp litud e de movimento e os exercícios de
• Após o desbridamento do ligamento cruzado posterior rema-
quadríceps são incentivados, mas a flexão é limitada a
nescente do fêmur e o desbridamento do lado da inserção
90 graus ns primeiras 4 semanas. O fortalecimento do
tibial do ligamento cruzado posterior, crie o túnel tibial.
isquiotibial é ini ciado em 3 meses. Durante o movimento
•Quando o loca l de inserção do ligamento cruzado poste-
e a terapia de fortalecimento, toma-se cuidado para
rior for totalmente identificado, gire o pino guia a partir
evitar o estresse tibial posterior. O retorno ao esporte é
da tíbia anterior (12 mm a 1 5 mm distais ao local da
permitido aos 9 meses.
co lheita do enxerto do tubérculo da tíbia) para o centro
da inserção do ligam ento cruzado posterior. O ponto de
entrada do pin o guia na tíb ia é importante, pois cria um
túnel vertica l (o que fac ilita a passagem do enxerto na
RECONSTRUÇÃO DE TÚNEL DUPLO DO tíbia e o tensionamento do enxerto) e evita a cri ação de
LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR um orifício oblíquo no loca l de saída do túnel na fóvea.
A perfuração de um orifício que entra medial ou lateral
TÉCNICA
.. ao tubérculo da tíbia cria um orifício de sa ída oblíqua à
fóvea tibial e pode resultar em posicionamento medial ou
(CLANCY E BISSON) lateral excessivo do enxerto .
•Guie um alargador de 1O mm sobre o f io gu ia e, em
•Colha um tarugo ósseo de tendão patelar de 1O mm de seguida, um alargador de 12 mm. Deixe o artroscópio no
largura com 1O mm a 20 mm de comprimento a partir portal posteromedia l para garantir que nem o pino guia
do tubérculo da patela e da tíbia ou um tendão quadrí- e nem os alargadores penetrem na articulação do joelho
ceps através de uma pequena incisão sepa rada acima durante o alargamento.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flllll
•Passe duas sutu ras Ethibond nº 5, que serão utilizadas
posteri ormente para a passagem do enxerto através
desses tú neis e saída do portal centra l de almofada de
gordura.
•Se utilizar a técnica endoscópica, uma gu ia personalizada
projetada especialmente, pinos de guia fl exíveis e alarga-
dores devem ser uti lizados para ala rgar os dois túneis
dentro da fossa.
•Cada túnel é alargado a uma profundi dade de 25 mm a
30 mm com um alargador de tamanho adequado, e uma
broca de 4,5 mm é usada para perfurar o córtex medial
do f êm ur.
•Os enxertos são fi xados usando-se um dispositivo Endo-
Button, o que permite uma reconstrução totalment e
h!§ll;f4LJ19 Locais ideais para o posicionamento dos túneis
endoscópica.
femorais como visto do lado do joelho esquerdo com remoção do
•Passe os enxertos dentro dos túneis femorais usando as
côndilo femoral lateral (Bisson e Clancy) . VEJAA A TÉCNICA 51-23.
suturas colocadas anteriormente através do porta l centra l
de almofada de gordu ra e dos túneis femo rai s.
•Coloque primeiro o enxerto semitend inoso ou o de qua-
dríceps e corrija-o no côndi lo f emoral medial utilizando
um simples botão (técn ica aberta) ou um EndoButton
•Quando o túnel tibi al for alargado, desbride o sítio foveal (técnica endoscópica).
de qualquer tecido remanescente. •Após a f ixação femoral deste enxerto, passe o tendão
• Passe uma sutu ra Ethibond nº 5 através do orifício de patelar dentro do fêmur e corrija de forma semelhant e.
perfuração da tíbia e pa ra fora do portal centra l de almo- • Quando ambos os enxertos forem fixados no côndilo
fada de gordu ra. Esta sutu ra é utilizada durante a passa- femoral medial, passe-os através do portal central de almo-
gem do enxerto dentro do túnel tibial. fada de gordura e por dentro da tíbia usando a sutura
•Para criar os túneis femorais, utilize as fib ras remanescen- colocada previamente através do túnel tibial. Este passo
tes do ligamento cruzado posterior do côndi lo femoral pode ser faci litado pelo uso de um passador de enxerto
medial como um guia. especia lizado que fecha os enxertos e proporciona uma
•Faça um túnel proximal anterior de 1O mm e um túnel superfície lisa pa ra deslizar através do túnel t ibial. A apli-
distal posterior de 8 mm , mantendo-os separados por cação de uma manobra de gaveta anterior no momento
uma ponte óssea de 3 mm a 4 mm. da passagem do enxerto dentro da tíbia ajuda o enxerto a
•Uma pequena cureta (OO) é usada para fazer marcas virar o canto na parte proximal do tún el tibial.
no côndi lo femora l med ial nos loca is de túnel desejados. •A etapa final no proced iment o é a fixação de enxertos na
O pino gu ia do túnel proximal anterior deve entra r na tíbia.
fossa intracondilar em posição de relógio às 10:30 no •Fixe o enxerto de tendão patelar em primeiro lug ar, e
joelho esquerdo (posição de relógio à 1:30 no joelho tensione-o em 90 graus de fl exão com uma manobra de
direito) aproximadamente 6 mm posterior à superfície gaveta anterior.
articu lar do cônd ilo femoral med ial (Fi g. 51-46) •Amarre as suturas a partir do tarugo ósseo patelar sobre um
•Coloque o túnel distal posterior aprox im adame nte 5 mm parafuso e arru ela, e aperte no final do procedimento.
posterior e 5 mm distal ao túnel proximal ante ri or, deter- •Aperte o enxerto isqu iotibial ou o de quadríceps em 30
minando que os túneis permaneçam dentro do loca l graus de fl exão, e ama rre essas suturas sob re o mesmo
anatôm ico de origem do ligame nto cruzado posterior, e parafuso assim como as do enxerto de tendão patelar.
que ambos os túneis estejam inteiramente ante ri ores ao Irrigue as fer idas e feche de forma rotineira.
cume no cônd ilo femoral med ial. Noyes sugeriu posições
de 1 hora e de 3 horas e 6 mm e 8 mm fora da superfície
articular. El e utiliza um enxe rto de quadríceps de dois CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O protocolo de reabili-
membros. tação deve começa r no 1º dia de pós-operatório. No pós
•Faça uma incisão sobre o músculo vast o medial ao nível -operatório imed iato, o paciente é incentivado a suportar
do tubérculo adutor e eleve as fibras do múscul o vasto 50% do peso, conforme tolerado, utilizando duas muletas
medial anteriormente. pa ra fazer exercícios de tornozelo e quadril e executar
•Utilize um gu ia de vetor para co locar um pino a partir da extensões do joelho de 60 a O grau.
região do tubércu lo adutor dentro da posição desejada O suporte do peso total é permitido em 2 a 6 semanas
do túnel proxi mal anterior e dirigir um alarg ador de 1O após a cirurgia; exercícios de quadríceps multiângulo e exer-
mm ao longo desta guia. cícios isométricos em 60, 40 e 20 graus são executados.
• Conduza um segundo pino guia a partir de um local sepa- São introduzidos leg press e agachamento de O a 60 graus
rado no côndilo femoral medial para dentro do local desejado mais ciclismo. Na semana 4, a amplitude de movimento
do túnel distal posterior e guie um alargador de 8 mm sobre deve ser de 90 graus e pode ser estimulado andar de
este pino guia. Assegu re-se de que uma ponte óssea bici cleta para a amp litu de de movimento e resistência. Os
adequada sepa ra estes dois túneis. exercícios na piscina são in iciados na semana 5.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

Natação, reabilitação em ca deia ci nética fec hada e um


programa de alongamento são iniciados em 6 a 12 semanas
para aumentar a força do quadríceps. Na semana 12, o
paciente pode começar step-ups (exercício com passos)
laterais, andar de bicicleta para resistê ncia (30 minutos),
ondulações isquiotibiais de O a 60 graus com baixo peso
e um programa de caminhad a. Esses exercícios devem ser
mantidos até a semana 16. Por 5 a 6 meses após a cirur-
gia , o paciente deve ter a realização de exercícios pliomé-
tricos, de agilidade e equilíbrio. O paciente pode retornar
ao esporte quando o teste isocinético KT-2000 e os testes
funcionais apresentarem resultados satisfatórios.

h@ii;f+iDlfl Compartimento medial degenerado com con-


dromalacia de grau Ili do côndilo femora l, lesão meniscal dege-
Técnica Inlay. É uma técnica que permite a fixação direta de um
nerativa e uma pequena área de condromalacia de grau IV na
tarugo ósseo tibi al em uma calha tibial na inserção anatôm ica do
superfície articular da tíbia logo aba ixo do probe.
ligamento cru zado posterior ao longo da tíbia posterior e foi origi-
nalmente descrita por Ve rdonk na literatura europeia e mais tarde
por Burks e Schaffer. Ela tem a vantagem de eliminar as alterações
agudas de ângulo do enxerto e permitir uma fixação direta segura à
tíbi a posterior, possibilitando, assim, um enxerto mais curto e mais Se o tratamento conservador prolongado falhar, então a inter-
rígido. A abordagem descrita por Burks e Schaffer permite exposi- venção cirúrgica pode ser necessária. A avaliação cuidadosa do indi-
ção segura da área. A desvantagem desta técnica é que o acesso ao víduo, incluindo alinhamento, alterações articulares associadas,
joelho anterior e posterior é necessário durante o procedimento frouxidão ligamentar, objetivos futuros e potencial de reabilitação, é
cirúrgico. Miller et ai. descreveram uma técnica de posicionamento necessá ri o para se obter um bom resultado cirúrgico. Nos casos da
do paciente em dec úbito lateral com o lado lesion ado para cima. condromalacia sem desalinhamento significativo e das alterações
O quadril pode ser girado externamente para a parte artroscópica precoces de grau II ou grau III, o desbridamento artroscópico da
do processo e, em seguid a, o joelho pode ser esticado e colocado articul ação patelofemoral e a reavaliação do programa de exercícios
sobre um repouso acolchoado Mayo durante a exposição posterior. podem ser tud o o que é necessário. O desbridamento artroscópico
Por outro lado, um método mais fác il para uma exposição posterior da superfície articular pode ser fe ito de forma segura com instru -
é possível através da colocação de uma saliência sob o lado afetado e mentação mecâni ca.
a colocação do lado afetado num a posição em fi gura de quatro. A liberação lateral é indicada para a síndrome da pressão lateral
O cirurgião começa no lado oposto da mesa (ou seja, o lado não excessiva não responsiva à terapia e para a artrite da faceta late ral em
afetado). Inclinar a mesa para perto ou para longe do cirurgião combinação com a excisão de um osteófito da faceta lateral doloroso.
permite uma melhor visualização durante as diferentes partes do Para a instabilidade patelar, a liberação lateral isolada não demons-
processo. Com os túneis femorais em posições de 1 hora e 3 horas, trou ser efica z e pode agravar o problema causado pela persistente
respectivamente 1 mm e 3 mm são alargados para fora da superfície fraqueza do quadríceps. Ko lowich et ai. descobriram que os melho-
articular antes da exposição posterior. res resultados foram obtidos em pacien tes com diagnóstico pré
-operatório de síndrom e de compressão patelar lateral e para os
qu ais a cirurgia para a instabilidade patelar não era prevista. Os
• CONDROMALACIA DA SÍNDROME critérios mais previsíveis para o sucesso de uma liberação lateral
FEMOROPATELAR são um a inclinação patelar passiva negativa, um deslizamento
A condromalacia, que significa amolecimento da cartilagem articu - patelar medial e latera l de dois quadrantes ou menos, e um ângulo
lar, tem várias causas (Fig. 51-47). Do ponto de vista artroscópico, tubérculo-s ulco normal com o joelho a 90 graus de flexão. O teste
as alterações da cartilagem podem ser classificadas com base na de inclinação patelar passiva é realizado com o paciente em decúbito
classificação modificada Outerbridge (Insall): grau I, amolecimento dorsal, o joelho estendido e o quadríceps relaxado. O examinador
e inchaço da cartilagem; grau II, fragmentação e fissuras em um a levanta a borda lateral da patela do côndilo femoral lateral. A patela
área co m 1,3 cm ou menos de diâmetro; grau III, fragmentação mais deve permanecer na tróclea. A restrição lateral excessivamente aper-
grave e fissuras envolvendo um a área de mais de 1,3 cm de diâmetro; tada é indicada por um ângul o negativo ou neutro para a horizontal
e grau IV, erosão da cartilagem abaixo do osso. (Fig. 51-48A). O teste de desli zamento patelar detecta aperto medial
A condromalacia pode se r tratada de for m a conservado ra na ou retinacular lateral (Fig. 51-48B) . Este teste é realizado com o
maioria dos pacientes, com ênfase na maximização da flexibilidade joelho flexionado de 20 a 30 graus e o quadríceps relaxado. Esta
da musculatura e for talecim ento muscu lar dos músculos vasto posição pode ser realizada pela colocação de uma pequena almofada
medi al oblíquos. Os exercícios de cadeia ci nética fec had a são reco- abaixo do joelho.
mendados e alguns estudos mostraram qu e taping e ór tese são A patela é dividida em quatro quadrantes longitudinais e é fe ita
vantajosos. Avaliar cuidadosame nte o alinhamento da extrem i- urn a tentativa para deslocá-la media imente e lateralmente. Um des-
dade inferior, especialmente em busca de uma hiperpronação que li zamento patelar lateral de três quadrantes ou mais sugere uma
possa se r co rrigida com ortopedia, tamb ém pode diminuir o co ntenção medi al inco mp etente. Um deslizamento m edial de
es tresse patelofemoral. um q uadrante é compatível com um limitador lateral apertado,
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

e um deslize de três ou mais quadrantes sugere uma patela com


hipermob ilidade. O ângulo tuberosidade -sulco é determinado
medindo-se o ângulo Q com o joelho em 90 graus de flexão. O ângulo
é formado por um a linha traçada a partir do centro da patela para
o ce ntro da tuberosidade da tíbia e uma linha traçada a partir do
centro da pateta e que passa perpendicularmente ao eixo transepi-
condilar. Este âng ulo deve ser de O grau, e mais de 10 graus é
definitivamente anor mal. Da mesma forma, o ângulo tradicional
Q medido a partir da tub erosidade da tíbia ao centro da patela e
se estendendo até a espinha ilíaca sup erior anterior é uma medida
valiosa que deve ser avaliada quando se contempla os procedimen-
tos cirúrgicos para a patela.
Visões radiográficas anteroposteriores laterais a 45 graus e
Merchant a 45 graus são úteis na determinação da inclinação
patelar, subluxação e razão Insall, conforme descrito no Capítulo 45 .
A liberação lateral deve se es tender apenas ao vasto lateral e não
incluir essa estrutura.

LIBERAÇÃO RETINACULAR LATERAL


TÉCNICA
•Visualize a articulação patelofemora l com um artroscópio
de visua lização a 30 graus no porta l inferior ou superior
(ambos são adequados). Com o artroscóp io no portal
ant erolateral-padrão e avançado na articulação patelofe-
moral, gire a lente para cima e para baixo alternadamente
para ver as superfícies articu lares da patela e do sulco
troclear do fêmur distal (Fig . 51-49).
•Manipule a patela com o polegar e o dedo indicador para
um a visuali zação completa de toda a superfície da patela.
O rastreamento da patela e das dinâmicas da patela e da
articulação patelofemoral podem ser mais bem vistos a
partir de um portal superior (Fi g. 51-50). A patela natu-
O!ijil;fJEJ19 A, Teste de inclina ção patelar passiva. A borda ralmente anda lateralmente com o joelho em extensão,
lateral da patela é levantada a partir do côndilo femoral lateral e a observação dela nesta posição não confirma que a
(b). A patela deve permanecer na tróclea e não ser permitida patela está subluxada ou andando latera lmente. À medida
subluxação lateral. A restrição lateral excessivamente apertada é que o joelh o é movido da extensão tota l a 30 a 40 graus
mostrada pelo ângulo negativo ou neutro para a horizontal (a). de flexão, a patela entra no sulco troclear e deve tornar-se )
B, Teste de deslizamento da patela em 30 graus de flexão.

H@li;MBJD Visão da articulação pate-


lofemoral do portal anterolateral. A, O ras-
treamento lateral da patela é evidente,
assim como a condromalacia da faceta lateral
grau li. B, Condromalacia de grau IV da
tróclea com osso descoberto exposto. VEJA
A TÉCNICA 51-24.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

'J i.i. / R e t o femoral


,, e""'º ;,ie,médio

Curvas de incisão
levemente
mediais à borda
superolateral
da patela para
cortar através - -
da inserção
do vasto lateral

Linha de
incisão
para--
liberação
u[ijii;fijLJm Vi são da articulação patelofemoral do portal lateral
superolateral; é evidente a subluxação latera l da patela. VEJA A
TÉCNICA 51-24.

Hfüih!·$1:Jm Linha de insição profunda para a liberação lateral


da patela do joelho direito. VEJA A TÉCNICA 51-24.

•Quando um exame completo artroscópico for feito e


quaisquer áreas condroma lácicas forem raspadas, remova
os instrumentos de artroscopia da articul ação e evacue
os fluidos de irrigação.
•Tente apalpa r a borda inferior do músculo vasto lateral
do tendão e marque esta junção na sua inserção na
patela com uma agulha espinhal de cal ibre 18 no polo
superior da pateta. Se a borda do ten dão não puder ser
palpada, basta inserir a agu lh a no canto superolateral
da patela.
•Insira o artroscópio através do portal superolateral ou
anteromed ial. Inicialmente, in si ra o eletrocautério no
Ofüii;f!imEJ Condromalacia de grau Ili da patela envolvendo portal anterolateral.
•Sob a orientação artroscóp ica, divid a a sinóvia e o retiná -
a aresta centra l e faceta lat eral. VEJA A TÉCNICA 51-24.
culo latera l do canto supero latera l da patela marcada pela
agulha espin hal para a extensão inferior da borda lateral
do tendão patela r. Ocasiona lmente, a eletrocauterização
tem que ser colocada em um porta l superomedial ou
congruente e centrada neste grau de flexão . Uma incli- superolatera l para completar a parte mais inferior da libe-
)
nação lateral persistente ou uma sa liência da faceta ração. A liberação pode ser estend ida proximalmente ao
lateral ao longo da borda do côndilo femoral lateral com longo da borda lateral do tendão do vasto lateral.
o joelho nessa posição sugerem um fenômeno de rastre- • Se a via percutânea é escolhida, a articulação pode ser
amento lateral. Observe os vários graus de condromalacia red istendida ou esvaziada à esquerda . Por meio de uma
das superfícies articu lares patelar e troclear e registre-os incisão de 1 cm na borda lateral da patela ou através do
(Fi g. 51-51 ). porta l antero latera l, mine a pele e o tecido subcutâneo
•Antes de realizar a libera ção retinacular latera l, realize ao longo de toda a borda latera l da patela, ao longo da
um exame completo e sistemático do joelho em busca área retinacular lateral, dista lmente ao longo da borda
de outras entidades patológicas, e apare e raspe as lateral do tendão patelar e proximalmente à inserção do
alterações condromalácicas graves da supe rfície articular músculo vasto lateral dentro do polo superolateral da
pate lar onde for apropriado. A raspagem exte nsa das patela (Fig. 51-52 )
áreas condroma lácicas na superfície patelar ou t roc lear •Coloque um dente de uma tesou ra de Mayo curva dentro
provave lmente tem apenas efeitos de cu rto prazo; a deste defeito retinacular e capsular e empurre a tesoura
raspagem deve ser mantida a um mínimo, enfatizando superiormente ao longo da borda lateral da patela para
a remoção apenas do material fibrilado degenerado. O o vasto lateral. Neste ponto, eles podem ser virados
objetivo é a restauração da dinâmica adeq uada do para segu ir a borda latera l do músculo vasto lateral por
mecanismo extensor. uma curta distância .
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES GDll
caudas para fora superiormente. Após a passagem de quatro ou
•Repita esta manobra distalmente ao longo da borda cinco suturas, elas ficam vinculadas artroscopicamente através do
lateral da patela e do tendão patelar ao nível do planalto portal anteromedial. Uma liberação lateral artroscópica é realizada.
tibial lateral. Nós não fazemos esse procedimento e acreditamos que a mesma
•Quando essas estruturas forem liberadas proximal mente técnica pode ser realizada de forma mais adequada com suturas não
e distalmente, remova a tesou ra e, com o joelho em absorvíveis e melhor imbricação através de uma pequena incisão
extensão completa, segure a patela entre o polegar e o parapatelar medial.
dedo indicador e incline-a 90 graus em relação ao plano
da superfície da tróclea.
•Se a patela não puder ser inclinada, inspecione cuidado-
samente a liberação e leve-a para mais longe, se neces-
sário, ou considere fazer uma plicatura medial.
SINOVECTOMIA
•Coloque uma almofada de esponja espessa sobre o Relata-se que a sinovectom ia artroscópica na doença reuma-
aspecto superolateral da coxa distal imediatamente pro- toide, em outras cond ições inflamatórias crônicas e na
ximal ao tendão patelar para servir como uma almofada hemofilia produz menor morbidade, menor tempo de inter-
de pressão ao longo dos vasos geniculados superolaterais nação e retorno mais rápid o da função para a articulação.
cortados. Isso redu z a incidência de hemartrose proble-
mática após a liberação. TÉCNICA
•Um dreno pode ser colocado intra-articularmente e remo-
vido depois de várias horas. •Quatro ou ci nco portais, incluindo os portais posterome-
dial e posterolateral, são usados rotineiramente. Aborde
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é mantido o compartimento posterior com um artroscópio de visu-
imóvel em posição estendida por 48 horas e, em seguida, alização a 70 graus colocado através da fossa intercondi-
suaves exercícios de amp litude de movimento são inicia- lar e coloque um ressector de rádio completo através do
dos. A imobilização do joelho em extensão por mais de porta l posteromedia l ou posterolatera l correspondente.
72 horas pode fazer com que as bordas da liberação • Preserve os meniscos, resseque a proliferação sinovia l infe-
retinacular latera l criem aderência e tornem-se ineficazes. rior aos meniscos e ao redor dos ligamentos cruzados,
A precoce amplitude de movimento tende a espa lhar a preservando também as estrutu ras subjacentes (Fig. 51-53).
liberação. São incentivados os exercícios de quadríceps de •Retire cuidadosamente a proliferação sinovial nos aspectos
perna rígida e os isométricos. Suportar peso é permitido medial e lateral do joelho para fora da ju nção da sinóvia e
conforme tolerado. da cartilagem articula r. O reposicionamento frequente do
artroscópio e raspadores motorizados são necessários para
evitar danos à cartilagem articular e para chegar a todas
as cavidades sinoviais.
Plicação Parapatelar Medial Artroscópica. A plicação artroscópica •Após a sinovectomia, insira um dreno no joelho e conec-
do retináculo medial é descrita para a instabilidade patelar. O pro- te-o para sucção. Coloque o joelho em uma vestimenta
cedimento descrito por Halbrecht usa uma agulha epidural Tuohy de Jones modificada.
de calibre 17 para passar uma sutura de polidioxanoma nº 1 perto
da borda medial da patela. A extremidade da sutura é obtida a partir CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Antes da alta, o dreno
de um portal sup erolatera l. A agulha é apoiada ligeiramente para é removido. É permitida carga com muletas conforme a
permanecer sob o tecido subcutâneo e avançar posteriormente cerca tolerância, e os exercícios de amplitude de movimento e do
de 2 cm. A agulha é passada para trás através do retináculo e o laço fortalecimento do quadríceps são iniciados imediatamente.
resultante da sutura é puxado superiormente, trazendo ambas as

lij@l!;f4Llm A, Sinovite nodular loca-


lizada do compartimento posteromedial
do joelho. B, Exc isão artroscópica da sino-
vite nodular localizada com artroscópio no
portal posteromedial e probe através da
fossa intercondilar para palpar o lig amento
cruzado posterior. A fi xação sinovial da si-
novite nodular está logo superior e poste-
rior ao probe . VEJA A TÉCNICA 51-25.
@•Uf) PARTE XIV ARTROSCOP IA

Foram relatados bons resultados com a redução artroscopica-


DRENAGEM E DESBRIDAMENTO mente assistida da fratura e fixação percutânea. Os padrões de
NA PIARTROSE frat ura que são apropriados para o manejo artroscópico são aqueles
que podem ser fixados internamente com um parafuso esponjoso e
O desbridamento e a lavagem artroscópicos na piartrose
não requerem uma grande redução ou a utilização de uma placa de
oferecem as vantagens de redução da morb idade e hospi-
reforço. Uma melhor avaliação da fratura, redução do tempo opera-
ta lização encurtada. Com o artroscópio, o joelho pode ser
tório e da morbidade, menor tempo de internação e recuperação
lavado com grandes volumes de flu ido, e qualquer material
mais rápida são citados como vantagens para a técnica artroscopi-
f ibrinoide e detritos infectados podem ser removidos. Com
camente assistida.
o su rgimento de organismos mais resistentes, são ind icados
o uso de cu lturas apropriadas e a utilização inicial de cober-
tu ra antibiótica de amplo espectro, inclu indo a cobertura
para Staphy!ococcus aureus resistente à metici lina. Quando
REDUÇÃO ARTROSCOPICAMENTE
as culturas estão completas, devem ser usados antibióticos ASSISTIDA DE FRATURA E
específicos para o organismo. FIXAÇÃO PERCUTÂNEA
TÉCNICA TÉCNICA
•A configu ração artroscópica-padrão é usada para o des- (CASPARI ET AL.)
bridamento artroscópico. Não exsanguine a extremidade.
Uti lize uma cânula de grosso ca libre ou bomba artroscó- •Faça uma pequena incisão transversal na pele 3 cm a 4
pica para irrigação. cm aba ixo da lin ha articu lar e faça furos através do córtex
• Faça portais anteromedial e anterolatera l para examinar anterior.
e desbridar o exsudato fibrinoide como ind icado. Pegue •Com a utilização de um ampliador de imagem e sob orien-
cu lturas bacterianas adequadas. tação artroscópica, insira um osteótomo de 0,25 polegada
• Lave abundantemente todos os compartimentos - ante- através da janela cortica l e conduza-o sob a fratura para
rior, posterior e suprapatelar - e as ca lhas med ial e lateral eleva r os fragmentos. Ao manipular o osteótomo, e utili-
uti lizando 9 a 1O L de líqu ido. zando o córtex anterior como um fulcro, eleve os fragmen -
•Coloque os tubos de drenagem de sucção nas calhas tos sob orientação artroscópica. Caspari et ai. denom inaram
medial e lateral através da cânula artroscópica; em seguida, isto "triangulação ind ireta". Eles recomendam maior ele-
ret ire a cânu la sobre o dreno. Frouxamente, aproxime os vação dos fragmentos.
portais com as suturas absorvíveis. • Remova o estresse do joelho e mova -o por uma amplitude
de movimento. O côndi lo femoral serve para moldar a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um curativo do tipo superfície do planalto tibia l de volta à sua configu ração
Jones é ap licado para imobi lizar o joelho durante 36 a 48 anatôm ica. Se necessário, insira um enxerto ósseo sob a
horas enquanto os antibióticos apropriados são adm inis- fratura através da janela cortical.
trados . Após 48 horas, os drenas são remov idos e a •Obtenha a fixação interna por meio de técn ica percutâ-
amp litude de movimento é iniciada. Se a infecção não nea ou aberta.
responder ao t ratamento, considere repeti r o desbrida- • Fowb le et ai. e Müezzinog lu et ai. - e outros - decrevem
mento em 72 horas. o uso de uma gu ia artroscóp ica do li gamento cruzado
anterior pa ra coloca r um f io guia no loca l da fratura. Um
alargador é usado para faze r a janela cort ica l e uma
OUTRAS APLICAÇÕES DA ARTROSCOPIA tampa, para elevar os frag mentos. Müezzinog lu et ai.
DO JOELHO descreveram a uti lização de um alargador Arth rex de 15
mm "nucleando", preserva ndo o enxerto ósseo loca l. A
A seguir, são apresentadas outras e menos freq uentes aplicações da amp liação de imagem é utili zada para colocar os parafu-
artroscopia do joelho. Vários são os refinamentos dos princípios e sos can ulados percutâneas.
das técn icas descritas anteriormente neste capítulo, e a maioria deve
ser tentada apenas por cirurgiões com experiência considerável em CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O manejo do pós-ope-
artroscopia. Muitas destas técn icas não foram suficientemente ava- ratório é fe ito sob med ida para a lesão específica e a
liadas para determinar seus resu ltados a longo prazo e não são adequação da redução e f ixação. Se a fratura for estável,
descritas em detalhe. com fixação interna rígida, é iniciada a precoce amplitude
de movimento controlado.

• ARTROSCOPIA EM FRATURAS EM TORNO DO


JOELHO • ARTROFIBROSE
As técn icas de artroscopia são utilizadas para avaliar fraturas da Foram relatadas técnicas artroscópicas para a lise e excisão de ade-
eminência intercondilar anterior da tíbia, para reduzir tais fraturas rências pós-operatórias. O procedimento de artroscopia geralmente
e, após a redução, para corrigir a eminência com fixação interna é combinado com uma manipulação suave após a liberação. Sprague
percutânea inserida. Além disso, a artroscopia é defendida para a relatou um ganho médio de flexão de 28 graus e melhoria da exten-
avaliação do grau de depressão da superfície articular e da adequa- são de 6 graus após procedimentos de artroscopia. Ele descobriu que
ção da redução após a fratura do planalto tibial. os métodos artroscópicos foram mais bem-sucedidos em aumentar
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fllllll
a flexão do que no aumento da extensão. Se a síndrome de contra- degenerativa do joelho. Os melhores resultados podem ser esperados
tura infrapatelar extensa se desenvolver, como evidenciado pelo quando os sintomas são relativamente agudos no início. Os pacien-
endurecimento peripatelar, assim como a mobilidade patelar restrita tes com alterações crônicas e progressivas e aqueles com alterações
e a perda de movimento do joelho, os meios conservadores devem degenerativas avançadas (evidentes em radiografias posteroanterio-
ser utilizados para reduzir a inflamação e recuperar o tônus muscular res em pé a 45 graus) não são suscetíveis de ter uma melhora signi-
e a extensão do joelho. Uma técnica aberta, incluindo a liberação ficativa com a cirurgia artroscópica. Os sintomas da condromalácia
lateral e excisão do coxim de gordura, como descrito por Paulos et ai., de grau IV restrita a 1 cm ou menos da área do côndilo pode ser
pode ser necessária depois que a reação aguda diminuir. melhorada pelo estímulo à cicatri zação da fibrocartilagem com
abrasão sup erficial, perfuração ou técnicas de microfratura. Esses
procedimentos são usados para estimular uma resposta vascular, a
USE ARTROSCÓPICA E EXCISÃO DE qual deve estar evid ente quando o torniqu ete estiver esvaziado e
ADESÕES a pressão do fluido intra-articular estiver reduzida. A cicatrização
de defeitos co nd rais pode ser reforçada por carga protegida e movi-
TÉCNICA mento passivo constante de 6 a 8 horas por dia durante 6 semanas;
no entanto, a relação custo -benefício do uso prolongado de movi-
(SPRAGUE) mento passivo contínuo ainda é question ável. Geralmente, as lesões
maiores associadas à osteoartrite só devem ser levemente desbrida-
•Insira uma cânula artroscópica e um tro cat er sem corte das. As técnicas de microfratura, transferências osteocondrais e con-
através de portais anterolateral e anteromedial padrões. drócitos autógenos não são indicadas em pacientes com extensa
• Passe o trocater sem corte cuidadosamente por baixo da artrite degenerativa.
patela e na bolsa suprapatelar. Utilize o trocater para romper
bruscamente quaisquer aderências na bolsa suprapatelar e
nas calhas medial e lateral. ÇOMPLICAÇÕES ASSOCIADAS
• Insira o artroscópio e inspecione a articulaçâo de forma A ARTROSCOPIA DO JOELHO
rotine ira . Se as aderências são densas, a articulação pate-
lofemoral geralmente é poupada. Grande séries de complicações associadas à artroscopia do joelho
• Inicie o desbridamento da região peripatel ar e estenda-a foram publicadas no final de 1980. As complicações relatadas em
para fora. uma série de 375.069 artroscopias e em uma série de 8.741 artros-
•Quando a bolsa suprapatelar for restaurada, insira uma copias do joelho foram infecção, hemartrose, lesão vascular, lesão
cânula de influxo através de um portal superior. do nervo, trombotlebite, joelho rígido, gramp os fa ltando e distrofia
•Continue a dissecção para bai xo nas ca lhas e nos com- simpaticorreflexa. As taxas de complicações após o reparo meniscal
partimentos media l e lateral , e, fina lmente, na área inter- foram de 2,4% e 1,29%, respectivamente, e, após os procedimentos
condilar. Evite danos aos ligamentos cru za dos. do ligamento cruzado an teri or, de 1,8% e 2%, respectivamente. Na
•Ocasiona lmente, ocorre proliferação de tecido fibroso da série menor, a taxa de complicação da meniscectomia medial foi de
fossa intercondi lar e reg iões anteriores; este tecido deve 1,78%. No geral, as taxas de complicações das artroscopias do joelho
ser rem ovido, pois pode limitar a extensão. A lguns pes- des tas séries foram inferiores a 2%.
quisadores recomendam uma liberação retin acular lateral Atualmente, as complicações associadas à artroscopia do
como parte do processo, caso a mobilidade patelar f ique joelho continuam a ocorrer a uma taxa semelhante. As complicações
restrita após a liberaçâo artroscóp ica. Evite a fratura iatro- aumentam com a dificu ldad e do caso, e lesões da safena e fibu lares
gênica causada por manipulação excessiva. ainda estão sendo relatadas com os reparos artroscópicos. A inci-
• Após a sistemática lise das aderências, realize uma mani- dência da artrofi brose associada à reconstrução do ligamento
pulação suave. Se quaisquer outras adesões forem rom- cruzado anteri or é maior quando o reparo meniscal é realizado. Da
pidas, desbride-as artroscopicamente mais adiante . mes ma forma, a incidência de in fecção associada à reconstrução do
•Irrigue o conjunto completamente, insira um dreno de ligamen to cruzado an terior é ligeiramente maior quando a recons-
sucção e aplique um curativo compressivo volumoso. trução é realizada em co njunto com o reparo do menisco. A expo-
sição adicio nal, o tempo de cirurgia e o potencial de contaminação
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Nós descobrimos que é da ar ticul ação durante a passagem e a rec uperação de agulhas são
útil realizar esse procedimento com o paciente sob anes- as prováveis as razões.
tesia peridura l contínua, que é mant ida por 2 a 3 dias após As compli cações cirúrgicas relacionadas com a reconstrução
a cirurgia. O paciente é colocado em uma máq uina de ligamentar es tão associadas a vários fatores que foram relatados
movimento passivo contínuo imediatamente após a cirur- (Figs. 51-36 e 51-37). A maiori a dessas causas de falha é discutida
gia e o dreno de sucção é retirado em 2 dias. na seção técnica.
A atenção cuidadosa aos detalhes durante a cirurgia, junto
com técn icas adequadas de esterili zação, manuseio do enxerto, e
preparação e co bertura adequadas, pode ajudar a prevenir infecções
• DESBRIDAMENTO DA OSTEOARTROSE E pós-operatórias. Se um enxerto está contaminado por ter sido
ARTROPLASTIA POR ABRASÃO deixado cair no chão, o cirurgião tem duas opções: mudança de
fonte de enxe rto (ou seja, um a fonte de enxerto autógeno diferente)
Inúmeros relatórios indicaram que a ressecção artroscópica de ou tentar a esterilização do enxerto que caiu. Molina et ai. relataram
partes móveis do menisco degenerado, a ressecção de frondes sino- os resultados de esterilizações de enxertos caídos em um a destas três
viais excessivas, a raspagem de alterações condromalácicas graves e a soluções: (1) um pequeno frasco de 1 mL contendo 40 mg de neo-
remoção de corpos soltos têm seu lugar no manejo da artrite micina e polimixina em 1 L de soro estéril, (2) solução de
E!D PARTE XIV ARTROSCOPIA

iodo-povidona a 10%, ou (3) solução de gluconato de clorexidina a A artroscopia do quadril permite o acesso do cirurgião ao compar-
4%. Após 90 segundos de imersão, seus resultados mostraram que timento central e aos compartimentos periféricos do quadril. O
um dos 50 enxertos contaminados que foram embebidos em clorexi- compartimento central inclui as superfícies articulares da cabeça do
dina manteve-se positivo, três dos 50 embebidos em antibiótico fêmur e acetábulo, o labrum e o ligamento teres. O compartimento
mantiveram-se positivos, e 12 dos 50 embebidos em solução de periférico inclui o colo do fêmur e da cápsula circundante e a sinóvia.
iodo-povidona mantiveram-se positivos. Com isto em mente, deve Também foram desenvolvidos os procedimentos que envolvem os
ser razoável recuperar imediatamente o enxerto do chão, lavá- lo espaços peritrocanterianos.
utili za ndo um a técnica estéril com um grande volume de solução
salina estéril, mergulhá-lo em solução de gluconato de clorexidina
a 4% por pelo menos 90 segundos (nós recomendamos 10 minutos) INDICAÇÕES
e depois na solução de neomicina e polimixina B por pelo menos
mais 90 segundos (nós recomendamos 10 minutos) e, finalmente, As lesões ]abrais permanecem como a indicação mais comum para
lavá- lo bem. Em um a pesquisa realizada por Izquierdo et ai., 196 a artroscopia do quadril. Outras indicações são a remoção de corpos
cirurgiões de esportes treinados responderam a um questionário soltos, impacto acetabular femoral, lesões condrais, anormalidades
sobre a contaminação do enxerto do ligamento cruzado anterior si noviais, ruptura do ligamento teres, síndromes de estalo no quadril,
(a partir de um a variedade de fontes). Quarenta e nove cirurgiões e sepse articular. De acordo com uma revisão da literatura realizada
tinham experimentado um total de 57 co ntaminações, 75% das por Stevens et ai., existem fartas evidências que apoiam a artroscopia
quais foram tra tados com limpeza do enxer to e depois foi realizada do quadril no tratamento do impacto femoroacetabular, mas apenas
a reconstrução. Em 18% das contaminação, o cirurgião colheu um parcas evidências suportam o seu uso para lesões ]abra is, lesões
enxerto diferente, e em 7% foi utili zado um aloenxerto. Não houve extra-ar ticulares, sepse, corpos soltos e osteoartrite. Claramen te,
relatos de infecções. Sessenta e cinco dos 147 cirurgiões sem con- mais estudos de alta qualidade são necessários para definir melhor
taminações de enxerto responderam com tratamentos hipotéticos: as indicações para a artroscopia do quadril.
58 % purificariam o enxerto, 34% colheriam um enxerto diferente,
e 8% usariam um aloenxerto.
Quando ocorrem infecções pós-operatórias do joelho, no CONFIGURAÇÃO GERAL
início, são indicados a irrigação artroscópica completa e o desbrida-
mento, sendo estes dois repetidos em 48 a 72 horas se os sintomas A artroscopia do quadril é descrita com o paciente em decúbito
não forem resolvidos. Os enxertos do ligamento cruzado anterior dorsal ou em posição lateral. Ambas as posições oferecem algumas
podem ser deixados no local, desde que nenhuma grande deterio- vantagens, mas a escolha depend e do cirurgião. A posição supina
ração esteja presente no momento da irrigação inicial. Os antibióti- oferece a facilidade de posicionamento do pac iente, a familiaridade
cos intravenosos apropriados, se suscetíveis, geralmente são do cirurgiãi:J e a possibilidade de se usar uma mesa de fratura. A
prescritos para 2 a 3 semanas, seguidos por ant ibióticos orais para posição lateral é mais fácil em pacientes obesos e pode permitir o
completar um cu rso de 6 semanas de tratamento com antibióticos. acesso mais fácil à articulação do quadril quan do osteófitos aceta-
As reações de cicatrização anormais, a artrofibrose, a distrofia bulares estão presentes. A posição lateral exige dispositivos de dis-
simpaticorreflexa e a insuficiência de incorporação do enxerto se tração para a mesa de operação.
enquadram na categoria de limitações cirúrgicas, assim como as Ambas as técnicas requerem que a perna afetada seja colo-
lesões condrais ou meniscais. O controle cirúrgico sobre essas condi- cada em tração para o acesso à ar ticul ação, bem como para os
ções muitas vezes é limitado; mas, por vezes, a habilidade no planeja- proced imentos que envo lvem a parte intra-articular ou o com-
mento cirúrgico e o tempo podem gerar um efeito. A intervenção partimento central do qu adri l. Alguns distratares es tão disponí-
cirúrgica precoce para lesões ligamentares antes da recuperação do ve is comercialmente, mas uma mesa de fratura regular pode ser
tônus muscular e do movimento está associada à artrofibrose, bem usada (Fig. 51-54A). Dez mm a 12 mm de distração são necessá-
como os procedimentos cirúrgicos de reparo ligamentar colateral rios para o posicionamento de cânulas de 4,5 mm ou 5,5 mm .
medial no lado fe moral e de reparo meniscal. Permitir o movimento Com os dispositivos que têm tensiômetros, ce rca de 22 kg de
e que o joelho descanse antes da cirurgia mostrou diminuir conside- força são necessários. O temp o de tração deve ser limitado a
ravelmente a rigidez pós-operatória e a artrofibrose. menos de 2 horas p ara reduzir a possibilidade de neurapraxias
A distrofia simpaticorreflexa é uma doença pouco conhecida de tração. Um poste perineal bem acolc hoado, muitas vezes de
que poderia ser diminuída por meio de uma melhor seleção de grandes dimensões, é usado. O poste deve ser colocado lateral-
pacientes, dim inuição do tempo de operação e fisio terapia precoce. mente. Isso melhora o vetor da força de tração e diminui o risco
Os primeiros relatórios afirmaram que o aperto excessivo do enxerto de neuropraxia (Fig. 5 l- 54B). Muitas vezes, menos tração é
do ligamento cru zado anterior pode resultar em fa lha de maturação necessária após a junta ser acessada, ali viando a pressão negativa.
do enxerto, mas outros estudos não apoiaram esta conclusão. Em ambas as posições, o amp liador de im agem é amplam ente
utilizado para o posicionamento do portal.
Após a conclusão do procedimento no compartimento central,
QUADRIL a perna é removida a partir da tração e o quadril é flexionado. Isto
relaxa a cápsula e dá um maior acesso ao compartimento periférico.
Durante a últ ima década, a artroscopia do quadril tornou-se mais Ambos os artroscópios de 30 e 70 graus são utilizados para
com um. Como as técnicas cirúrgicas e os equipamentos melhora- visualização adequada. Instrumentos de artroscopia do quadril
ram, as indicações para a artroscop ia do quadril aumentaram. No comercialmente acessíveis estão disponíveis. Os instrumentos geral-
entanto, a artroscopia do quadril é um processo tecnicamente difícil mente são mais longos do que o equipamento-padrão de artroscopia.
por causa da esfericidade da cabeça do fêmur, bem como da pre- Vários dilatadores e cânulas de fen da são úteis para o posicionamento
sença de cápsula densa e da musculatura que rodeiam a arti cul ação. do po rtal e troca de instrumentos dentro dos portais.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES flllll

-Poste
perineal

8 distração

O[dli;f.)EIE:t A, Dispositivo de distração comercialmente disponível. B, Poste perineal para o posicionamento do quadril na perna
operatória. VEJA A TÉCNICA 51-29.

PORTAIS
A artroscopia de posição supina utiliza três portais padrões: o ante-
rolateral, o anterior e o posterolateral (Figs. 51-55 e 51-56). Normal-
mente, o portal anterolateral é colocado em primeiro lugar com o
auxílio de fluoroscopia. Este portal é feito aproximadamente l cm
superior e anterior à borda anterior do trocãnter maior. O portal
posterolateral é feito 1 cm posterior e superior ao trocânter maior.
A localização do portal anterior é determinada pela intersecção de
uma linha traçada a partir da ponta do trocânter maior e uma linha
que se estende inferiormente a partir da espinha ilíaca anterior supe-
rior. Os portais posterolateral e anterior são feitos sob observação
direta com a câmera no portal anterolateral. Inúmeros portais aces-
sórios adicionais podem ser colocados de acordo com o procedi-
mento (Fig. 51-57).
O portal anterolateral penetra o músculo glúteo médio e, em
seguida, a cápsula do quadril (Fig. 51-58A). As estruturas neurovas-
culares mais próximas são o nervo glúteo superior e o nervo ciático.
O portal anterior passa pelo sartório e o reto femoral e, em seguida,
pela cápsula do quadril. Este portal passa perto do nervo cutâneo H[riii;ljJlJl9 Marcas delineadas: artéria femoral, veia e nervo;
femora l lateral e do ramo ascendente da artéria circunflexa femora l trocânter maior do fêmur e espinha ilíaca anterossuperior.
lateral (Fig. 51-58B) . O portal posterolateral passa através dos
músculos glúteos médio e mínimo. A estrutura neurovascular mais
próxima é o nervo ciático (Fig. 51-58C). Um estudo em cadáver
determinou as distâncias dos portais de artroscopia das estruturas reside 2,2 cm a partir do nervo ciático, e o portal anterior está a 1,5
neurovasculares: o portal anterolateral situa-se a 6 cm do nervo cm do nervo cutâneo femoral lateral, embora vários ramos deste
glúteo superior e a 4 cm do nervo ciático, o portal posterolateral nervo possam estar mais pertos.
PARTE XIV ARTR OSCOPIA

•Aplique tração à extrem idade a ser operada e conf irme a


distração da articu la ção flu oroscopiamente.
• Três portais pad rões são utilizados para este procedimento:
anterior, anterolatera l e posterolateral (Fig. 51-59A e B).
•Estabeleça o portal anterolateral primeiro utilizando uma
agulha de 6 polegadas e de ca libre 17 sob fluoroscopia.

.
I
,, ' '-
O porta l deve ser fe ito na zona segura.
/ I •Tome cu idado para que o labrum não seja penetrado
1 ,_______ Portal anterolateral
1 quando estabelecer todos os portais artroscópicos. Se
' ' ( - houver uma resistência excessiva durante a co locação da
agu lha, red irecione-a sob controle fluoroscópico um
pouco mais para lelo à cabeça femora l e longe da borda
Portal posterolateral do acetábu lo. Distenda a articu lação com soro f isiológ ico,
passe o fio gu ia através da agu lha e retire a agulha. Passe
lâ@ll;f;!ID Os três portais padrões: anterior, anterolateral e a montagem operatória da cânula sobre o gu ia para
posterolateral. VEJA A TÉCNICA 51-29. dentro da articu lação. Não fira a superfície articul ar da
cabeça ou penetre o labrum ao introduzir a câ nula.
• Faça o porta l anterior e o portal posterolateral, passe a
agulha esp inhal para dentro da articulação , observe se
a agu lha e a sua posição com um artroscópio de 70 graus.
Veri f ique o posicionamento corret o com fluoroscopia.
•C oloque o portal anterior na intersecção de uma linha
t raçada entre a espin ha ilíaca anteross uperior e uma linh a
transversal traçada a partir da margem superior do tro-
cânter ma ior (Fi g. 51-56). O porta l anterior penetra o
sartório e o femoral reto antes de entra r na cápsu la
anterior (Fig. 51-58B). Para evitar o nervo cutâneo femora l
lateral, faça a incisão só através da pele .
• Gire o artroscópio 70 graus posteriormente, e faça o portal
posterolateral sob controles artroscópico e fluoroscópico logo
superior à margem do trocânter maior na sua borda posterior.
O portal deve ser dirigido ligeiramente cefálico e anterior-
mente, convergindo para o portal anterolateral. É importante
ter o quadril em rotação neutra ao fazer este portal para se
lâ!§ii@Lllil Porta is acessórios adicionais. AL, anterolateral; assegurar de que o nervo ciático não está em risco.
AP, anterior; MAP, portal médio anterior; PMAP, po rtal médio •Depois de estabelecer os três portais, coloque a saída no
anterior proximal; PALA, proximal acessório lateral; PSP, portal portal posterolateral.
posterosuperior. (De Robertson WJ, Ke lly BT: The safe zone for hip •Para visualiza r o acetáb ulo, o labrum e a cabeça femoral
arthroscopy: a cad averi c assessment of central, peripheral, and lateral através de cada um dos t rês portais, alterne o artroscóp io
compartment portal placement, Arthroscopy 24: 1019, 2008 .) de 70 graus com o artroscópio de 30 graus entre os
portais anterolatera l e anteri or. Gire as lentes e gire o
quadril internament e e externamente. O artroscópio de

__ ____
70 graus é o melhor para a visua lização do labrum e da
periferia do acetábu lo e da cabeça femo ral, e o artroscó-
ARTROSCOPIA EM POSIÇÃO SUPINA pio de 30 gra us é usado para visua lização da parte centra l
do acetáb ulo, cabeça femoral e parte superi or da fossa
TÉCNICA ,,,____ acetabula r (Fig. 51-60).
• Passe uma faca artroscópica através da cânu la e, ligeira-
(BYRD) mente, incise a cápsu la circundante t ransversa lmente para
permitir uma ma ior capacidade de manobra dos instru-
•Coloque o paciente em supino sobre a mesa de fratura mentos (Fig. 51-61A e B).
ou em uma mesa de operação regular com um dispositivo •Utilize cânulas intercambiáveis e flexíveis com lâminas de
de distração. raspagem curvas para alcan çar a maior parte da cabeça
•Coloque um poste perineal fortemente acolchoado, late- e o acetábu lo e instrumentação de comp rimento extra
ralizando-o contra a coxa media l da perna operativa (Fig. pa ra remoção de fragmentos !abrais ou de corpos soltos.
51-54B) • Remova maiores fragmentos de corpos soltos observando
•Posicione o quadri l a ser operado em posição neutra, ligeira cuidadosamente a retra ção através das cânu las.
abdução e rotação neutra. Uma flexão ligeira pode relaxar • Depois de completar a artroscopia do compartimento central,
a cápsula e fac ilitar a distração, mas também pode colocar a perna sendo operada é liberada da tração e flexionada a
mais tração no nervo ciático e arrastá-lo mais para perto 45 graus. Isto perm ite o relaxamento da cápsu la a fim de
da articulação, tornando-o mais vulnerável a lesões. proceder à análise do compartimento periférico. )
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES Gim

,
Caminho para o portal--./

1-------Caminho
' para o portal
Músculo
reto femoral

Nervo cutâneo
femoral l a t e r a l \
Ramo
ascendente
da artéria---
circunflexa
femoral lateral

A B
Portal anterolateral
Portal anterior

Músculo glúteo

1-------Caminho
' para o portal

e O!ijll;HDElt Portais padrões: anterolateral (A}, an-


terior (B) e posterolateral (C) . VEJA A TÉCNICA 51-29.
Portal posterolateral
Ili!!) PARTE XIV ARTROSCO PIA

Nervo cutâneo Múscu lo


femoral sartório

A B

O[dlhfflBm A e B, Diag ramas de in cisões artroscó picas ao redor da art icul ação do quadril e sua rel ação co m os nervos ao re dor.
VEJA A TÉCNICA 51-29.

O@IJ;@l:tm Vi são artroscóp ica da fossa acetabul ar. VEJA A


TÉCNICA 51-29.

A
• Os portais anterior origina l e anterolatera l podem ser redi-
)
recionados para o co lo do fêmur. A lternativamente, um
portal acessório pode ser estabelecido 4 cm a 5 cm distal
ao portal anterolateral. A fluoroscop ia é util izada para
guiar o posicionamento sobre o colo do fêmur (Fig. 51-62).

ARTROSCOPIA EM POSIÇÃO LATERAL


A posição de decúbito latera l para a artroscopia do quadri l
pode ser mais fami liar aos cirurgiões que rea lizam artro-
plastia total do quadril com o paciente nesta posição. Além
disso, em pacientes obesos, a gordura ao redor do quadril
tende a cair longe do loca l da cirurg ia. Em pacientes com
grandes esporas ósseas anterolaterais, a articu lação pode
ser faci lmente inserida através do porta l peri trocantérico
posterior. O@il@im l Capsul ot omi a. A, Portais anterolateral e ante-
ri or. B, Vi são do portal anterior. VEJA A TÉCNICA 51 -29.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

o@•@U119 Criação de um
porta l auxiliar. VEJA A TÉCNICA
51-29.

TÉCNICA • Normalmente, o portal peritrocantérico anterior é estabe-


lecido primeiro. Insira uma agu lha espinhal de 6 polegadas
(GLICK ET AL.) de ca libre 18 na articu lação do quadril sob orientação do
ampliador de imagem, começando imediatamente anterior
• Coloque o paciente anestesiado em decúbito latera l com à borda anterior do t rocânter maior. Certifique-se de não
o quadril afetado superior. Uma mesa de fratura ou um penetrar no labrum.
dispositivo de distração especial izado pode ser utilizado. •Podem então ser injetados ar ou o fluido na articulação
Um poste perinea l bem acolchoado é colocado. O poste para distensão. Com a agulha espinhal, um fio de nitinol é,
deve ser co locado tão lateral quanto possível na perna então, introduzido na articu lação do quadril. A ampliação
cirúrgica para proteger o nervo pudenda e melhorar o de imagem é util izada para assegurar o posicionamento.
vetor de tração no quad ril. O pé da perna afetada é •Faça uma incisão na pele no local da agulha. O artroscó-
colocado no suporte de pé para aplicar tração. pio da cânula é, então, colocado sobre o fio e introduzido
•Abduza o quadril entre 20 e 45 graus e estenda-o. O na articulação. Mais uma vez, um ampliador de imagem
quadril é colocado em abdução leve, flexão e rotação é utilizado. Evite dobrar ou romper o fio de nitinol.
externa. Uti lize um amp liador de imagem para ava liar a • Estabeleça um portal anterior para o influxo. O portal ante-
tração e para guiar os instrumentos. Ap li que tração sufi- rior também é necessário para a visual ização dos cantos
ciente para criar um espaço grande o suficiente para anteriores da articulação do quadril.
acomodar um artroscópio de 5 mm e instrumentos. •Insira uma agulha esp inha l em um ponto em que uma
•Prepare e cubra o quadril da forma estéril de rotina para linha longitud ina l através da espinha ilíaca anterior encon-
permitir o acesso tão anteriormente quanto a artéria tre uma uma li nha horizontal entre a ponta proxima l do
femora l e ligeiramente para além do aspecto posterior do trocânter maior. Angu le a agu lha 45 graus em sentido
trocânter ma ior. cefá lico e 20 graus mediaimente usando o ampliador de
•Coloque a perna af etada em tração e obtenha uma imagem e o artroscópio para ori entação. A agulha deve
imagem fluoroscópica para ga ranti r a distração da articu- entrar na articulação sob visão direta para garantir a pro-
lação de 8 mm a 1O mm. Se for necessária uma força teção da carti lagem articular e do labrum.
excessiva para distrair a articulação, uma agulha pode ser • Faça uma pequena incisão na pele no local da agulha e insira
inserida na articulação sob imagem. Uma pequena quan- uma cânula de influxo de 5,25 polegadas. Os ramos do nervo
tidade de ar é, então, introduzida dentro da articulação, cutâneo femora l lateral estão perto deste portal; evite-os inci-
quebrando, assim, o selo de vácuo do quadril. A força sando apenas a pele e dissecando através dos tecidos sub-
necessária para a distração será reduzida. cutâneos. A camisa e o trocater empurram o nervo para o
•Marque os pontos de referência anatômicos, incluindo a lado à medida que eles são conduzidos através dos tecidos.
artéria femoral anteriormente, a espinha ilíaca anterossu- •Estabeleça o portal peritrocantérico posterior de forma
perior e o li gamento ingu inal, e deli ne ie as partes supe- semelhante, começando na extremidade posterior do tro-
rior, anterior e posterior do trocânter ma ior. cânter ma ior.
•A abordagem lateral uti liza um porta l peritrocantérico •Faça capsu lotom ias onde cada um dos porta is penetra na
anterior, um peritrocantérico posterior e um anterior cápsula. Dependendo do proced imento a ser realizado,
direto. Portais ad iciona is podem ser feitos de acordo com isso permite grande capacidade de manobra e boa visu -
o proced imento. alização alternando a câmera entre os porta is.
lllJD) PARTE XIV ARTROSCOPIA

MANEJO ARTROSCÓPICO DE LESÕES do fêm ur acetabular, fla cidez, displasia e degeneração) estão relacio -
LABRAIS nadas com morfologi a articular e fun ção anormais.
Os pacien tes com lesões !abrais tipicamente apresentam dor
O labrum acetabular é uma estrutura fibrocartil aginosa que rodeia (geralmente na virilha) e sintomas mecânicos. Byrd descreveu o
a periferia do acetábulo e se insere no ligamento tran sversal aceta- sinal C: quando solicitados para localizar a dor, os p acientes colocam
bular. O fornecimento de san gue para o acetábulo se dá principal- a mão formando um C sobre o trocânter maior (Fig. 51-63) . A dor
mente através da artéria obturador, artéria glútea superior e da pode depender da posição, com sintomas crescentes ao sentar,
ar téria glútea inferior. A periferia do labrum é mais vascularizada dirigir, calçar sapatos ou cruzar as pernas. Ela também pode ser
do que a região articular. mínim a com a marcha. O tratamento inicial é normalmente conser-
As fun ções do labrum são aumentar a estabilidade da articu- vador, com repouso, anti-inflam atórios e fisioterapia. A dor não
lação do quadril e vedá-la para impedir a fuga de fluido. Na presen ça resolvida após o tratamento conservador é tratada com desbrida-
de uma lesão !abra!, esta última fun ção não acontece, o qu e pode mento !abra! ou reparo.
levar a um aumento da pressão de contato, que tem um papel no Em 2009, Byrd e Jones relataram um acompanhamento de 10
desenvolvimento da do en ça degenerativa do quadril. Em um estudo anos de pacientes com lesões do labrum tratados com desbrida-
com 436 pacientes, 73% das pessoas com lesões !abrais ou desgaste mento. Os quadris que não apresentavam quaisquer sinais de artrite
tiveram dano articular, com a maioria dos danos localizada na tiveram um aumento significativo no Harris Hip Score, uma melho-
mesma zona que o dan o labral. Além disso, a gravidade da lesão ria que p ermaneceu significativa ao longo do período de 10 anos.
condral foi m aior em pacientes com lesões !abrais do que em pacien- No entanto, se te dos oito pacientes com artrite associada necessita-
tes que tinham um labrum intacto. ram de artroplastia total do quadril. Larson e Giveans compararam
os resultados do desbridamento !abra! com os do reparo !abra! em
• CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES LABRAIS pacientes com choque acetabular femoral e descobriram que a
Seldes et ai. descreveram dois tipos de lesões !abrais: a separação do melhora no Harris Hip Score foi maior no grupo de refixação !abra!.
labrum da sua inserção articular e lesões em vários planos dentro
da substância do labrum. Lage et ai. conceberam uma classificação
artro scópica de lesões !abrais baseada na sua etiologia que discri-
REPARO ARTROSCÓPICO DE
mina lesões traumáticas, degenerativas, idiopáticas e congênitas. A
class ificação morfológica com base nos achados de artroscopia LESÕES LABRAIS
abrange lesões de aba radial, lesões fibr iladas radiais, lesões perifé-
ricas longitudinais e lesões instáveis. Mais recentemente, foi suge-
rido que as causas das lesões !abrais (trauma, síndrom e do impacto
(KELLY ET AL.)

•Estabeleça os portais anteri or, antero latera l e posterola-


teral de forma típica com o paciente em decúbito dorsal
ou em decúbito lateral. Muitas vezes, um porta l médio
anterior é estabelecido. Este portal é úti l porque cria um
ângu lo mais fáci l para a colocação de âncoras na borda
acetabu lar sem penetrar na superfície articu lar.
• Desbride todo o tecido lesionado, deixando o máximo de
labrum sa udável intacto possível (Fig . 51-64).
•Quand o uma lesão labra l estiver bem identificada, deli-
neie as margens com um probe flexível. O uso de energ ia

0(êjll;f4mJ Imagem do sinal "C".


CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMB ROS INFERIORES

de radiofrequência monopolar controlada através do mesmo •Segure a alça e traga-a para fora através da cânula de
probe flexível pode contrair a parte lesionada do labrum e trabalho. Passe uma sutura bioabsorvível em torno da
deli near melhor as bordas. separação do labrum utilizando o monofilamento enro-
•Utilize um formão de ligamento flexível para separar a lado como um laço de sutura. Por meio de sensação tátil,
parte lesionada do /abrum a partir do labrum intacto, amarre o nó em uma posição extra-articu lar e utilize um
deixando apenas uma pequena parte anexa. cortador de sutura automático para cortar a sutura res-
•Complete o desbridamento e retire a parte lesionada do tante acima do nó.
labrum com um raspador motorizado. •Após o reparo labral, ava lie a cápsu la e a junção cabeça-
•Se o labrum for destacado a partir do osso, estab il ize o colo do fêmur por meio de examinação dinâmica para
tecido fibrocartilaginoso atrás da borda do acetábulo com determinar se outros processos patológ icos estão presen-
uma âncora de sutura bioabsorvível. Normalmente, a tes e exijam plicação capsular, capsulorrafia térmica ou
âncora deve ser colocada sobre a borda do acetábulo osteoplastia de impacto femoroacetabular.
mais para o lado da cápsula articular do que do labrum
para alcançar um ângulo apropriado que não resultará na
penetração da âncora na articu lação. Certifique-se do
posicionamento apropriado utilizando fluoroscopia. As
âncoras podem ser colocadas através de qualquer portal
IMPACTO FEMOROACETABULAR
(Fig. 51-65)
•Após a manga para a âncora ser colocada na posição O impacto femoroacetabular é o contato anormal entre o fêmur
adequada, tape a âncora durante a visua lização da super- proximal e o acetábulo durante o movimento terminal. Esse contato
fície articular do acetábulo para evitar uma lesão condral anormal causa danos ao labrum e à cartilagem articular do acetá-
iatrogênica. bulo, e pode levar ao que se pensava anteriormente ser uma osteo-
•Quando a âncora estiver colocada, utilize um passador de artrite idiopática do quadril.
sutura para proporcionar uma parte da sutura através Com base em 600 deslocamentos cirúrgicos, Ganz et ai. des-
de uma pequena parte da substância do labrum. Recu- creveram dois tipos de impacto femoroacetabular e os mecanismos
pere a sutura e passe-a através do /abrum uma segunda pelos quais eles podem levar à osteoartrite: síndrome do impacto
vez, criando uma sutura no leito vertica l. Puxe a cânula cam, mais comuns em jovens do sexo masculino; e impacto pincer,
ligeiramente para trás para uma posição extra-articular e mais comuns em mulheres de meia-idade. O impacto cam resulta
amarre a sutura embaixo utilizando as técnicas padrões de um a cabeça femoral não esférica de formato anormal, com dimi-
de nó artroscópico. nuição da cabeça-colo deslocada, encostando no acetábulo. A inci-
•Uma divisão intrassubstancial no /abrum pode ser repa- dência ocorre normalmente em flexão e resulta em corte da superfície
rada se for bem fixada no acetábu lo e tiver uma borda art icular e avulsão do labrum (Fig. 51-66). O impacto pincer é o
externa estável. Defina e desbride totalmente o plano de contato anormal entre a borda do acetábulo e a junção cabeça-colo
clivagem no /abrum de tecido inviável desgastado. do fêmur causado pela cobertura acetabular, que pode ser global,
•Utilize um espectro para colocar uma sutura de monofi - como na coxa profunda, ou mais focal no acetábulo anterossupe-
lamento laçado entre a junção da cartilagem articular e rior, como na retroversão acetabular (Fig. 51-67). Esse contato causa
o labrum de fibrocartilagem. Puxe a cânu la de trabalho lesões intrassubstanciais do labrum. Assim que o impacto pincer
de volta para a cápsula e crie um bico através da bordo piora, a cabeça do fêmur pode ser alavancada do soquete, causando
externa do labrum periférico à lesão. danos condrais no acetábulo posteroinferior (lesão de contragolpe)
(Figs. 51-68 e 51-69).
Geralmente, os pacientes com impacto femoroace tabular se
queixam de dor na virilha com um início insidioso. A dor geral-
mente é agravada pelo exercício e depende da posição. Os pacien-
tes podem se queixar de dor ao sentar, dirigir, ou calçar meias e
sapatos.
O exame começa com a observação da postura e da marcha.
A palpação do quadril geralm ente não produz sensibilidade. As
amplitudes de movimento de ambos os quadris são verificadas e
a faixa assimétrica de movimento é observada. Geralmente, o
quadril afetado tem sua rotação interna diminuída. Um teste de
impacto pode reproduzir a dor do paciente: com o paciente em
decúbito dorsal e o quadril flexionado a 90 graus, o quadril é
aduzido e rotacionado internamente (Fig. 51 -70) . Um teste
FABER (flexão, abdução, rotação externa) pode mostrar aumento
da distância do joelho à mesa no lado afetado em pacientes com
impacto femoroacetabular.
A avaliação por imagem começa com radiografias simples, que
podem incluir visões pélvica anteroposterior, perfil falso, cruzada
lateral, perna de sapo lateral e Dunn do quadril. A visão pélvica
anteroposterior deve ser bem centrada, com a ponta do cóccix apon-
li@lhMgm Colocação de âncora no reparo labral. VEJA A tando para a sínfise púbica. Em uma visão bem centrada, a distância
TÉCNICA 51-31. entre o cóccix e a sínfise deve ser de 1 cm a 2 cm. O acetábulo é
lllJi) PARTE XIV ARTROSCOPIA

Normal
Normal

Impacto
Impacto
cam
pincer

Cartilagem

-...
B
B

lj@il;fül:IID A, Impacto cam . B, Com a fle xão do quadri l, a


O@l!;f4Elm A, Impacto pincer da proem1nencia aceta bular
lesão cam desliza sob o labrum, envolvendo a borda da cartila-
anterior. B, O /abrum é emp urrado contra o co lo do fêmur, cau-
gem articu lar e causando falha ao longo do tempo.
sando fa lha ao longo do tempo .

avaliado em busca de coxa profunda, pro trusão ou retrove rsão


acetabulares. A coxa profund a é indicada quando a lesão acetabular
encontra -se medial à linha ilioisquiáti ca. Se a cabeça do fêmur se
encontra medial à linha ilioisquiática, está indicada a protrusão
acetabular. Com a retroversão acetabular, a parede anterior cruza
lateralmente a parede posterior, criando um "sinal do cruzamento"
(Fig. 51-71) . Determinadas medidas podem ser utilizadas para
avaliar a cobertura acetabular. O ângul o no centro da borda é o
ângulo fo rmado entre um a linha que é perpendicul ar ao eixo trans-
ve rsal da pelve que passa através do cent ro da cabeça do fêmur e
um a segunda linha do centro da cabeça do fêm ur à bord a lateral
do so urcil acetabular (Fig. 51-71) . Valores infer iores a 20 a 25 graus
podem indicar sub cobertura acetabular. Quaisquer alterações
osteoartríticas pré-operatórias do quadril são observadas. Sob
todos os pontos de vista, a esferi cidade da cabeça fe moral e o
deslocam ento da cabeça-colo do fêmur são ava liados. O ângulo
alfa é determin ado nas radiografias laterais. Este ângulo é for mado
po r uma linha que passa pelo centro da cabeça e do colo femorais, H@i!aj mJ A carti lagem articu lar é cortada a partir do
e uma segunda linha que vai do centro da cabeça fem oral até o acetábu lo.
po nto em que do raio da cabeça do fê mur sai um círculo concên -
trico desenhado em torn o da cabeça do fê mu r. Um ângulo alfa de
mais de 50 graus é típico nos quadris com perda de esfericidade
(Fig. 51-72) . A TC pode ajudar a definir melhor a anatomia óssea. artroscópico são tratar a doença !abra! e os danos condrais, remover
A RM é usada para avaliar lesões do labrum e condrais. os locais com impacto ósseo e restabelecer o deslocamento da
Inicialmente, o trata mento é conservador e inclui mo difica - cabeça-colo do fêm ur. Em um estudo em cadáver, Mardones et ai.
ção de atividade, anti-inflamatórios não es teroides e fisioterapia. mostraram que mais de 30% da junção da cabeça-colo do fê m ur
Os pacientes que não respondem ao tratamento conservador podem podem ser ressecados sem produzir um aumento significativo do
ser candidatos ao tratamento artroscópico. Os objetivos do tratamen to risco de fratura do colo do fê mur.
CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES

lí@ll;f!i LtD Lesão labral.

iâ!CJl!;@Llm O "sinal de cruzamento" (à esquerda) é criado


quando a parede anterior cruza lateralmente a parede posterior
em retropulsão acetabular. O ângulo no centro da borda é criado
com uma linha desenhada perpendicular ao eixo horizontal da
pelve através do centro da cabeça femoral e uma segunda linha
desenhada à borda do sourcil.

OICJll;@EIE!I O teste de impacto é realizado provocando dor


com flexão, adução e rotação interna do quadril sintomático.

Philippon et ai. relataram que, em 24 meses de acompanha-


mento após o tratamento artroscópico do impacto femoro-acetabu-
lar, todos os 28 jogadores de hóquei profissional voltaram a patinar
(tempo médio de retorno ao esporte de 3,8 meses). A média no
Harris Hip Score modificado (mHHS) melhorou de 70 para 95.
Melhora semelhante foi observada em um grupo de atletas adoles-
centes tratados do impacto femoroacetabular; em um acompanha- TRATAMENTO ARTROSCÓPICO
mento médio de 1,36 ano, houve um aumento no mHHS de 35 DO IMPACTO PINCER
pontos. Em uma recente revisão da literatura, Botser et al. descobri-
ram que os pacientes com impacto femoroacetabular melhoraram TÉCNICA
com o tratamento artroscópico, luxação cirúrgica aberta, e artros-
copia combinada com procedimentos parcialmente abertos. No (LARSON)
entanto, mais atletas profissionais voltaram ao esporte após o trata-
mento artroscópico do que após luxação cirúrgica. Vários estudos • Estabeleça os portais artroscópicos padrões e exam ine o
mostraram pouca ou nenhuma melhora após o tratamento do quadril para confirm ar o impacto pincer. Um portal médio
impacto femoroacetabular em pacientes com preexistente osteoar- anterior pode ser utilizado para ajudar na colocação da
trite do quadril. âncora. )
PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@ihHDm A, Lesão Pincer. B, Sutura


de membro passada dentro da articulação
entre o labrum e a borda. C, Sutura recuperada
com pinça bico de pássaro e amarrada. VEJA
A TÉCNICA 51 -32.

•Se a lesão pincer puder ser vista, deixe a junção labral • Com a câmera no portal anterolateral, coloque as âncoras
)
condral intacta e utilize uma broca para ressecar a proe- restantes através do portal médio anterior de forma
minência óssea (Fig . 51-73A). semelhante.
•Se a exposição da borda acetabular for necessária para • Remova a tração a partir da perna e mova o quadril
acessar a lesão pincer, coloque uma fo lha de banana através de uma gama de movimento para se assegurar
através do portal anterior e derrube o /abrum na junção de que não há invasão residual.
labral condral na área da lesão.
• Coloque uma broca no portal médio anterior e posicio-
ne-a na parede anterior ao nível da cobertura acetabular.
Confirme com fluoroscopia que a broca está logo distal
ao sinal de cruzamento, resseque a borda para o nível
apropriado e confirme a ressecção do cruzamento com TRATAMENTO ARTROSCÓPICO
fluoroscopia. Para completar a ressecção da borda mais DO IMPACTO CAM
superior, a câmera pode ser deslocada para o portal ante-
rior e a broca, para o portal anterolateral TÉCNICA
•Refixe o /abrum à borda com âncoras de sutura. Coloque
1

a primeira âncora superiormente através do portal ante- (MAURO ET AL.)


rolatera l utilizando fluoroscopia e observação direta para
garantir que a articulação não seja penetrada. Passe uma •Após o posicionamento do portal artroscópico-padrão e
sutura de membro na articulação entre o labrum e a o exame, conclua quaisquer proced imentos necessários
borda (Fig. 51-738). no compartimento central.
•Passe um bico de pássaro ou uma pinça de outro tipo • Retire a perna da tração e flexione o quadril em aproxi-
penetrando através do labrum, recupere a sutura e amar- madamente 45 graus.
re-a. Alternativamente, lace a sutura em torno do labrum, •Com a câmera no portal médio anterior, introduza uma
em vez de perfurar o tecido (Fig. 51-73C). lâmina artroscópica através de um portal anterolateral
CAPÍTULO 51 ARTRO SCOPIA DOS MEMBROS INFERIORES fJBlll
acessório dista l e faça uma capsulotom ia em forma de T . REFERENCIAS
para permitir a inspeção da lesão cam. A fl exão e a
rotação externa vão ajudar a expor as lesões mediais JOELHO
inferiores, e a extensão e a rotação interna vão ajudar a
expor as lesões superolaterais. Tome cuidado para evitar Adach i N, Och i M, Uchio Y, et ai: Torn discoid lateral meniscus treated using
os vasos retinaculares quando tratar as lesões no colo partia! centra l meniscectomy and suture of the peripheral tear, Arthros-
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•Introduza uma broca e resseq ue a lesão cam para recriar Ah n JH, Ha CW: Posterior trans-septal portal fo r arthroscopy surgery of the
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flexionado e rotacionado inte rn ament e e extern amente
Ahn JH, Yang HS, jeong WK, et ai: Arthroscopic transtibial posterior cru -
para garantir que não haja impacto residual.
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PARTE XIV ARTROSCOPIA

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PARTE XIV ARTROSCOPIA

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CAPÍTULO 51 ARTROSCOPIA DOS MEMBROS INFERI ORES fim
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OMBRO 2461 INSTABILIDADE POSTERIOR 2492 POSICIONAMENTO DO PACIENTE E
INDICAÇÕES 2462 INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL 2495 ANESTESIA 2529
POSICIONAMENTO DO PACIENTE E AVULSÃO UMERAL E/OU 2529
Pos ição em Decúbito Dorsa l
ANESTESIA 2462 GLENOIDAL DO LIGAMENTO 2529
Posição em Decúbito Ventra l
Posição Em Decúbito Latera l 2462 GLENOUMERAL INFERIOR 2497 2529
Pos ição em Decúbito Latera l
Posição "Cadeira de Praia" 2463 LESÃO DE HILL-SACHS 2498 POSICIONAMENTO DOS PORTAIS 2529
CONTROLE DO SANGRAMENTO Técnica de Latarjet 2499 AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA DO
DURANTE A ARTROSCOPIA 2464 SÍNDROME DO IMPACTO 2500 COTOVELO 2532
EXTRAVASAMENTO DA SOLUÇÃO IMPACTO E OS ACROMIALE 2501 CORPOS LIVRES 2535
DE IRRIGAÇÃO 2464 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR DOENÇA DE PANNER E
POSICIONAMENTO DOS PORTAIS 2464 DE ESPESSURA PARCIAL 2503 OSTEOCONDRITE DISSECANTE 2536
Porta1Posterior 2465 LESÕES DO MANGUITO ROTADOR LESÕES DO ARREMESSADOR 2539
Portal Posteroi nferior ou DE ESPESSURA TOTAL 2511 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DO LIGAMENTO
Portal 7 Horas 2467 LESÃO DO MANGUITO ROTADOR COLATERAL ULNAR 2539
Portal Anterior 2467 EXTENSA E RETRAÍDA 2517 IMPACTO POSTERIOR
Porta l Anteroinferior ou LESÕES DO TENDÃO NO COTOVELO 2539
Porta l 5 Horas 2468 SUBESCAPULAR 2517 SÍNDROME DA PLICA
Portal Superior 2468 ARTICULAÇÃO SINOVIAL POSTEROLATERAL 2539
Portal do Nervo Supraescapular ACROMIOCLAVICULAR 2520 RESSECÇÃO DA CABEÇA RADIAL 2540
como Descrito por Lafosse 2468 TENDINITE CALCÁREA DO ARTROFIBROSE 2541
Porta is Latera l, Posterolateral e MANGUITO ROTADOR 2522 OSTEOARTRITE 2542
Anterolatera l 2468 OSTEOARTRITE 2522 SINOVECTOMIA 2542
Portal de Wil mington 2469 OSSIFICAÇÃO POSTERIOR DO OMBRO COTOVELO DE TENISTA
ARTROSCOPIA DIAGNÓSTICA E (LESÃO DE BENNETT) 2523 (EPICONDILITE LATERAL) 2542
ANATOMIA ARTROSCÓPICA 2469 CISTO ESPINOGLENOIDAL 2523 BURSITE OLECRANIANA 2543
CORPOS LIVRES 2472 CONTRATURAS DO OMBRO 2523 AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA
SINOVECTOMIA 2473 COMPRESSÃO DO NERVO DE FRATURAS
DRENAGEM E DESBRIDAMENTO 2473 SUPRAESCAPULAR 2525 INTRA-ARTICULARES 2543
REPARO DE LESÕES LABRAIS 2473 COMPLICAÇÕES 2526 PIOARTRITE 2543
LESÕES DO TENDÃO DO BÍCEPS 2476 COTOVELO 2528 COMPLICAÇÕES 2544
INSTABILIDADE ANTERIOR 2484 INDICAÇÕES 2528 PUNHO 2544

As artroscopias diagnóstica e cirúrgica de membro superior tornou - e eventualmente pode ser difícil comprovar a causa de tais distúr-
se muito mais comum à medida que os cirurgiões têm desenvolvido bios. No entanto, a causa geralmente pode ser estabelecida com um
maior habilidade com o artroscópio e com desenvolvimento de ins- histórico destalhado e por um exame físico cuidadoso associados a
trumetais apropriados. É essencial um profundo conhecimento da uma avaliação radiográfica adequada da cintura escapular, da coluna
anatomia, dos distúrbios, das variações artroscópias, e dos achados cervical e da cavidade torácica. Estudos diagnósticos especiais
patológicos de cada articulação para realizar os procedimentos com podem ser úteis, tais como: radiografias de estresse, tomografia com-
sucesso e para minimizar complicações. Este capítulo discute as putadorizada ou ressonância magnética com e sem contraste, eletro-
indicações para o tratamento por via artroscópica, a preparação do miografia e estudos de condução nervosa.
paciente, a anatomia dos portais, os procedimentos artrocópicos De acordo com a idade e os sintomas apresentados pelo
específicos, e as complicações após a artroscopia do ombro, da arti- paciente, devem ser solicitadas incidências radiográficas apropria-
culação acromioclavicular e do cotovelo. das. Em um atleta adolescente com dor no lado dominante durante
uma prática desportiva que exige movimentos acima da cabeça,
incidências anteroposteriores com o ombro em rotação interna e
OMBRO externa devem ser incluídas para avaliar a lesão da fise. Para
adultos jovens com sintomas de instabilidade, devem ser solicita-
Síndromes dolorosas, alterações da função, sinais e sintomas de das incidências anteroposterior verdadeira, Westpoint, e Stryker
instabilidade e distúrbios intraarticulares são frequentes no ombro notch, bem como uma incidência anteroposterior com o ombro

2461
PARTE XIV ARTROSCOPI A

em rotação interna, para avali ar alterações d a glenoide e da cabeça que a perfusão cerebral é m antid a de form a mais confiável na
umeral. Pa ra o s pacien tes de m eia- id ad e e mais idosos, d evem se r posição em d ecúbito lateral do q ue na posição "cad eira d e p ra ià'.
solicita d as as incidên cias perfil escapula r, pe rfil axilar, e anteropos-
te ri o r ve rdad e ira. • POSIÇÃO EM DECÚBITO LATERAL
Pa ra avaliar distúrbios traumáticos recorrentes, a resson ân cia O pacien te é posicio nado em dec úbito lateral com o ombro afetad o
m agnéti ca o u a artrografi a por ressonâ nci a magnética (artrorresso- exposto e mantido estável por sup ortes nas regiõ es ventral e d orsal.
n ânci a) é indi cada para delinear qualq uer pro cess o p atológico pa ra Urn a cinta p eitoral é utilizada para obter apoio extra. A cabeça d o
um ad equ ado planejamento cir úrgico. Na instabilidad e aguda, a paciente é apoiada sobre um travesse iro d e espuma, e os olhos e as
hem art rose p roporcion a um bom m eio de contraste; portanto, a o relh as são protegidos por precaução. É frequentem ente solicitad o
artrorressonância p rovavelmente n ão é necessária. A ar tror resso- pelos anestes io logistas a colocação d e um coxim axilar para m el ho-
n ânci a é útil n a avaliação d as lesões !abrais superiores anteroposte- rar a ventilação.
ri ores do bíceps (SLAP ) e pode delinear melh or a avulsão umeral Os p ulsos periféricos e a oxim etria devem se r avaliados para
d o ligam ento glenoumeral (HAGL). Para instabil id ad e crô ni ca, ou garantir que as estruturas axi lares não sejam comprometidas. Todos
caso as radiografias indiquem lesões ósseas oriund as d a instabili- os po ntos de pressão são pro tegidos, um travesseiro é posicion ado
d ad e, a TC tridimension al é o melho r m étodo para avaliar a possi- sob a perna p ara p roteção d o nervo fib ular e d o m aléolo lateral, e
bilidad e d o tratam ento cirúrg ico artroscópico ou a necessid ade de um ou m ais travesseiros d evem se r posicionad os entre os joelh os e
reconstrução aberta. os torno zelos. Gross e Fitzgibb o ns modificaram esta posição em
Um pl an ejamento p ré-operatóri o minucioso é essen cial para d ecúbito lateral reto com uma inclinação posterior do paciente em
to dos os procedimentos cirúrgicos art roscópicos. O cirurgião 20 a 30 grau s, o qu e p osicion a a sup erfície glenoid al paralela ao solo.
também d eve considerar po tenciais achados inesp erados, assim Os autores relatam três vantage ns d esta m o dificação: (1) m eno r
com o preparar-se mentalmente caso seja necessária a co nversão tração d o plexo braquial, red uzindo o risco de neurapraxia; (2)
para um procedimen to aberto quando necessário p ara ob ter o acen tuação d as lesões do lábi o gleno idal, uma vez que elas são tra-
m elh o r resultad o. cio nad as e afastad as de suas inserções em vez d e p ermanecerem
alin hadas a elas; e (3) m elho r acesso ar troscóp ico ao terço in fer ior
d o lábio glen oid al e d a cápsula.
INDICAÇÕES Utilizando-se um disp ositivo d e tração d e braço estéril, é ap li -
cada uma tração d e 5 kg a 10 kg. D eve-se evitar o uso peso excess ivo,
Para os di stúrbi os progressivos, traum áti cos, degenerativos o u qu e ocasion a distração exagerada. O princípio é a criação d e uma
inflam ató ri os d o ombro que gerem dor, instabilidade ou in cap aci- susp ensão equilibrad a. Deve se r usada apenas a tração necess ári a
d ad e, as quais não puderam se r contro ladas p or meio d e m edidas para uma visualização satisfatóri a. Paulos e Franklin relataram uma
co nse rva d oras, o tratam ento artroscóp ico realizadado po r um incidência d e 30% d e pa restesia transitória na extremidade superi o r
cirurgião qua lificado res ulta em um p rocedim ento d e baixo risco, após artroscopia do ombro com tração, e Klein et ai. relataram uma
reprodut ível e co m alto índice d e satisfação. As contraind icações à incidên cia d e 10% d e paralisia e parestesia transitórias. Interrom per
art roscop ia do o mb ro in cluem as condições loca is d a pele, in fecções o en faixam ento d e Coban (3M, St. Paul , MN) p roxi m almen te ao
rem otas que po dem se dissemin ar pa ra a artic ulação, e aum ento pu nho evita lesões com pressivas ao nervo radial supe rficial. O cabo
d os r iscos devid o a com orbidad es prévias. Ao con siderarem a rea- d e tração p o de ser passad o por meio d e um di spos itivo de tração
lização de p rocedimento s artroscópicos, os ciru rgiões d eve m respei- com ercial liga do à m esa cirúrgica (F ig. 52- 1). As primeiras inves-
tar as indicações apropriad as para a técn ica e sali entar aos pacientes ti gações sugerem qu e a posição ap ro priad a do braço é a d e 70 graus
a possibilidad e de conversão para um p rocedim ento aberto se os d e abdução e 20 a 30 graus d e fl exão anteri o r. Dev ido ao ri sco d e
achad os artroscópicos assim justifica re m. n eurapraxia, Klein e t ai. es tuda ra m a ten são sobre o plexo braquial
com diversos graus d e abdução e flexão. Foi concluído que duas posi-
ções (45 graus de flexão anterior associada a 90 graus de abdução, e
POSICIONAMENTO DO PACIENTE E 45 graus de fl exão anterior associad a a O grau d e abdução ) propo r-
ANESTESIA cion aram m áx im a visi bilidad e com m ínim a tensão sobre o p lexo
braqui al. No en tan to, muitos c iru rg iões ainda u tilizam _30 a 60
D uas pos ições básicas para a artroscopi a d o ombro foram descritas: gra us d e abdução e 20 a 30 graus d a fl exão anteri o r, m as m antendo
posição em d ecúbito lateral e a posição "cad eira d e praia". A posição g rand e cuidad o em relação à qu an tidad e d e peso e duração d o
em d ecúbito lateral, provavelmente, é a m ais utilizada devid o a um p rocedim ento (Fig. 52 -2). Co m plicações após artros copi a d e
melh o r acesso à região posterior do omb ro e à relati va fa cilidad e e o mbro fo ram relatadas entre 23% e 30%, a m aioria causad a por
seg uran ça d o posicio na mento. O s benefí cios d a posição "cadeira d e n eurap raxia após tração excessiva . Com exceção d e um úni co caso
praia" são a fac ilidade n a o rientação e manipulação cirúrgica n o d e p aralisia d o ne rvo m edi ano resolvida, n e nhuma o utra lesão
espaço sub acromial e a fac ilidade n a co nversão para um p rocedi - n eurovasc ular foi relatad a.
m ento cirúrgico aberto. Co mplicações co m o acidente vasc ular cere- G ross e Fitzgibb ons d esc reve ram o uso de trações vertica l e
bral e m orte fo ram relatad os em episódi os de h ipo tensão n a posição long itudinal aplicad as ao ombro com a m aior parte d a tração apli -
"cadei ra d e praia"; a pressão ar terial aferid a no braço é men or d o cad a verticalmente para distrair a articul ação gleno um eral sem
que no cérebro e ainda men or em caso d e d oen ça obstrut iva d a subluxá-la in fe rio rmen te (F ig. 52-2). He nnr ikus et ai. compararam
ar téria ca ró tid a. De acordo com Papadoni kola ki s et ai., a pressão es te méto do com a tração lo ngitudinal simples pa ra ava li ar a
arteria l m edida na panturrilha de um pac iente na posição de "cad eira mudança na saturação de oxigê ni o para a extremid ad e tracion ad a.
d e praia" po de ser fa cilmen te 40 mmHg m aior d o que a p ressão de Um grupo d e pacientes fo i subm etid o à tração lon gitudinal simples,
perfusão cerebral exata. Po rtanto, a pressão deve ser controlada n o um segund o gru po teve o acréscim o d a tração vertical com o uso
braço oposto ou com m onitores de pe rfusão cerebral sempre que de uma tip oia de 5 cm , e um te rce iro grupo teve o acrésc im o d a
p ossível. Devido à util ização de an estes ia hip o tensiva, acreditamos tração vertical com o uso de um a tipoia d e 10 cm . Ambos os grupos
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

O!iji!;f4Efl9 Sistema de tração para artroscopia do ombro. O anestesiologista se posiciona em 90 graus em relação ao tórax do paciente.

antes de posicionar o paciente, ambos os ombros são examinados e


comparados, e a amplitude de movimento e a estabilidade são ava-
liadas. O paciente é posicionado sobre a mesa cirúrgica, e a mesma
é movida ou o anestesiologista posiciona-se de modo a ficar do lado
oposto ao rosto do paciente. Esse posicionamento permite o acesso
à região anterior do ombro.
15 O cirurgião, seu auxi lar e o instrumentador posicionam-se
posteriormente ao ombro do paciente. O monitor de vis ualização
e outros equipamentos são posicionados angulados em relação à
cabeceira da mesa de modo que o cirurgião possa visualizar dire-
tamente o monitor (Fig.52-1) . Um grande campo plástico autoa-
desivo em forma de U é ap licado ao longo da coluna vertebral do
O!ijll;fflm . Tração dupla para distração da articu lação gle- paciente da base da linha capilar até o tórax. Esse campo protege
noumeral com subluxação inferior mínima. Uma tipoia de 10 cm o rosto do paciente e ajuda a isolar o anestesiologista do campo
deve ser uti li zada; a quantidade de tração e a duração do proce- cirúrgico. O ombro e a região proximal do braço são preparados e
dimento devem ser monitoradas. protegidos pa ra permitir o acesso às regiões anterior e posterior
da articulação. O ombro deve isolado com campos estéreis imper-
meáveis para isolá-lo de qualquer área não es téril. Uma esponja
estéril de 10 X 10 cm é posicionada sobre a axila e selada com um
com a tração vertical adicionada tiveram a saturação de oxigênio campo plástico autoadesivo.
diminuída na extremidade; 25 de 30 pacientes que utilizaram a
tipoia de 5 cm e sete de 30 pacientes que utilizaram a tipoia de 10 • POSIÇÃO "CADEIRA DE PRAIA"
cm tiveram saturação de oxigênio ablacionada. Apenas um de 30 Skyhar, Altchek e Warren relataram o uso da posição "cadeira de
pacientes com tração longitudinal simples teve saturação de oxigê- praia "e da anestesia por bloqueio interescalênico em 100 artros-
nio diminuída. Se a tração vertical for adicionada à tração longitu- copias de ombro. Eles obse rva ram posicionamento mais rápido e
dinal, uma tipo ia de 1O cm deve ser utilizada, e a duração do fácil do paciente, redução do risco de neurapraxia, tendo em vista
procedimento assim como o peso da tração devem ser cuidadosa- que a tração não era utilizada, menor distorção da anatomia cap-
mente monitorados. sul ar intra-articular, melhoria da mobilidade do braço do paciente,
A posição do braço para as artroscopias do espaço subacromial e a conversão mais fácil para procedimentos abertos, pois o repo-
e da artic ul ação acromioclavicular é ligeiramente diferente. O braço sicionamento e uma nova preparação não foram necessários (Fig.
é mobilizado para baixo em 20 a 45 graus de abdução e em O grau 52-3). As desvantagens desta técnica são a dificuldade em se tra-
de flexão. Esta posição possibilita um a leve subluxação inferior da balhar a partir de portais posteriores e a diminuição da perfusão
cabeça umeral, ampliando, assim, o espaço subacrom ial. cerebral quando é utilizada anestesia hipotensora. Como mencio-
A artroscopia do ombro pode ser realizada com o paciente sob nado anteriormente, complicações como ac idente vascular cere-
anestesia geral ou regional. Se a posição em decúbito lateral for bral e morte podem ocorrer devido a episódios de hipotensão
utilizada, é preferida a anestes ia geral. Após a indução anestésica e nesta posição.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

vivenciado com esta solução. A técnica final, e talvez a mais eficaz, é a


utilização de anestesia hipotensora com o objetivo de manter a pressão
arterial sistólica entre 90 e 100 mmHg. Sempre que possível, deverá ser
mantido lll11 gadiente de pressão sistólica/pressão da bomba de aproxi-
madamente 30 rnmHg. A elevação das bolsas de solução de irrigação
90 cm acima do nível do ombro produz um gradiente de pressão de 66
mm de pressão de fluxo. Particularmente em pacientes idosos, se utili-
zado o posicionamento em "cadeira de praià; a administração de anes-
tesia hipotensora pode não ser aconselhável.

DA SOLUÇÃO DE
IRRIGAÇAO
O extravasamento da solução de irrigação é um transtorno maior
durante a artroscopia do ombro do que durante a artroscopia do
joelho. A distensão dos tecido adjacentes dificulta a reinserção das
cânulas. O tecido é traumatizado, ou falsos trajetos são criados com
as passagens subsequentes, e o extravasamento é agravado. Dessa
mBEI·!· L?l9 Posição "cadeira de praia" para artroscopia do forma, os portais estabelecidos devem ser mantidos por meio de um
sistema de cânulas intercambiáveis ou por cânulas com diafragmas de
ombro.
borracha que fecham durante as trocas de instrumentais. Em proce-
dimentos extra-articulares tais corno a descompressão subacromial, o
Existe um dispositivo no mercado utilizado para um melhor extravasamento da solução de irrigação pode ser considerável. Lo e
posicionamento da cabeça, do pescoço e do dorso que permite, Burkhart avaliaran1 53 pacientes imediatamente após a artroscop ia do
também, maior acesso à região posterior do ombro do paciente posi- ombro e encontraram um ganho de peso médio de 3,9 kg.
cionado em "cadeira de praia''. Um auxiliar pode controlar a posição
do braço, ou um suporte de braço estéril pode ser utilizado.
POSICIONAMENTO DOS PORTAIS

CONTROLE DO SANGRAMENTO DURANTE O número de portais artroscópicos descritos para o ombro aumen-
A ARTROSCOPIA tou consideravelmente à medida que os procedimentos cirúrgicos
nessa articulação se tornaram mais complexos. A nomenclatura para
O sangramento pode ser um obstáculo durante a artroscopia do diversos portais é confusa, pois os pesquisadores utilizaran1 os mesmos
ombro porque os planos e os tecidos penetrados pelo artroscópio termos descritivos para portais anatomicamente diferentes. Para a
e pelos instrumentais são muito mais espessos e mais vasculariza- realização dos portais artroscópicos, é necessário um profundo
dos do que aqueles no joelho. Além da utilização de um dispositivo co nhecimento da anatom ia local para evitar danos às estruturas
artroscópico de eletrocauterização, três técnicas podem ajudar a con- neurovasculares (Fig. 52-4). O portal mais próximo de uma estru-
trolar o sangramento intra-articular. A primeira é a utilização de uma tura neurovascular é o portal anterior baixo posicionado cerca de 1
bomba de artroscopia para infusão mantendo um fluxo de solução de cm da veia cefálica. Durante a realização de portais anteriores, pos-
irrigação constante e pressão entre 60 a 70 mmHg. A infusão pode teriores e laterais, é importante o cuidado com o nervo axilar. Pos-
ser realizada através da bainha do artroscópio se uma cânula de teriormente, o nervo supraescapular e a artéria escapular circunflexa
infusão de 6 mm for utilizada. Ocasionalmente, é indicado o uso de estão aproximadamente 2 cm do local do portal. Portais posteriores,
uma cânula de infusão adicional para a bomba de artroscopia em utilizados para trabalhar no espaço glenoumeral, devem ser direcio-
acromioplastias. Lee et ai. mediram a pressão intramuscular do del- nados mediaimente ao arco rotador (Tabela 52-1).
tóide com um cateter de fenda em 24 pacientes submetidos à artros- Os portais artroscópicos podem ser estabelecidos na articulação
copia de ombro. Temporariamente, as pressões atingiram até 50 mmHg glenoumeral, subacromial e acromioclavicular. Os portais da articu-
com o uso da bomba de infusão. Em todos os pacientes, as pressões lação glenoumeral podem ser realizados posteriormente, superior-
retornaram ao normal dentro de 30 minutos após a cirurgia, embora mente e anteriormente; os portais subacromiais são posicionados
os ombros permanecessem clinicamente intumescidos e tensos por um anteriormente, posteriormente e lateralmente; e a articulação acro-
período mais prolongado. Ogilvie-Harris e Boynton, em um relato de rnioclavicular pode ser abordada a partir do espaço subacromial ante-
25 procedimentos artrocópicos no ombro (20 acromioplastias), inferi- riormente ou posteriormente. Ao posicionar os portais artroscópicos,
ram que as pressões se elevavam a partir de um basal de 12 mmHg até especialmente se houver necessidade de um portal acessório para o
um máximo de 120 mmHg; no entanto retornavam aos valores normais uso de instrumentais, a angulação e o espaçamento apropriado dos
4 minutos após o término do procedimento cirúrgico. Nenhum paciente portais são fundamentais. Os nervos axilar e supraescapular são as
apresentou evidência eletromiográfica de lesão muscular. Dessa forma, duas estruturas de maior risco durante a realização dos portais artros-
o uso de tuna bomba de infusão apresenta-se como ll!Tia opção segura cópicos no ombro. Nassar et al. constataram que a distância entre a
para a artroscopia do ombro. articulação acromiclavicular e o nervo axilar é de 7,9 cm em homens
Uma segw1da medida consiste em adicionar 1 mL de epinefrina e de 6,37 cm em mulheres. Bigliani et ai. demosntraram que o nervo
1:1.000 a cada bolsa de 3.000 mL de solução de irrigação, caso a pressão supraescapular está localizado a 1,8 cm do lábio posterossuperior da
arterial do paciente seja estável e o mesmo não apresente contraindi- glenoide e a 2,5 cm do tubérculo glenoidal sup erior. Os portais
cações cardíacas. Em nossa experiência, nenhum inconveniente foi posteriores parecem mais seguros do que os portais anteriores.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

Nervo supraescapular

ili' L?19 No portal posterior do ombro, existe o risco de


lesão do nervo supraescapu lar, se realizado muito medial, e do
nervo axilar, se muito infer ior ou lateral.

cm medial à borda posterolateral do acrômio. Nesta localização, o


portal é realizado através do "soft spot" posterior entre os músculos
infraespinal e redondo menor. Posicionando-se o portal 1 cm
mediaimente à borda posterolateral do acrômio, a orientação do
mesmo é estabelecida de forma paralela à superfície articular da
glenoide, facilitando o acesso dos instrumentais artroscópicos à
Nervo
axilar região anterior da articulação. Esse ponto é localizado colocando-se
B a mão sobre o ombro, palpando o processo coracoide com o dedo
indicador ou médio, e o "soft spot" posterior com o polegar. Movendo
o úmero com a mão oposta, pode-se palpar co m o polegar a linha
O[ijiJ;tJ.1Ef19 A, Reparos ósseos demarcados na pele. B, Estru- da articulação glenoumeral posterior. Se existir a necessidade de um
turas neurovasculares anteriores. (B redesenhado a partir de Hulstyn
procedimento de estabilização, ou se dois portais posteriores forem
MJ, Fadale PD: Arthroscopic anatomy of the shoulder, Orthop Clin North
necessários, o portal é feito 1,5 cm a 2 cm inferiormente, em linha
Am 26:597, 1995 )
com a borda do acrômio. Um segundo portal posterior pode ser
estabelecido sob visão direta . Quando um procedimento posterior
A estrutura em risco mais próxima é a artéria supraescapular. O portal é o foco principal, alguns ci rurgiões preferem fazer primeiramente
de Neviaser pode ser utilizado com segurança desde que o braço não um portal anterior e só depois o portal posterior sob visão direta.
esteja em abdução maior que 45 graus e sem flexão anterior durante
a introdução do trocarte. O portal de Neviaser não oferece risco à
artéria e ao nervo supraescapular. Os portais laterais oferecem baixo ESTABELECENDO O
risco ao nervo axilar; no entanto, o portal de Wilmington atravessa PORTAL POSTERIOR
o tendão supraespinal na transição miotendínea. , - -

Os portais anterior e posterior são os principais para a artros- TECNICA


copia da articulação acromioclavicular. Esses portais são posiciona-
dos anterior e posteriormente ao ligamento acromioclavicular •Um método para estabelecer o portal posterior consiste
superior para preservá-lo. Se uma artroscopia da articulação acro- na inserção de uma agulha de calibre 18 através do "soft
mioclavicular está planejada, um a agulha de calibre 18 deve ser spot" posterior na articulação. Coloque o dedo indicador
inserida na articulação no início do procedimento, pois o extrava- ou médio na ponta do processo coracoide para orientar
samento da solução de irrigação durante as artroscopias de ombro a agulha anteromedialmente ao coracoide. A agulha
e subacromial dificulta a identificação tardia desta estrutura. deverá encontrar pouca resistência ao entrar na articula-
ção; no entanto, às vezes ela se depara com a cabeça
• PORTAL POSTERIOR umeral. Nesse caso, o red irecionamento da agulha ligei-
O portal posterior é o ponto de entrada para a artroscopia de ombro. ramente superior à cabeça umeral permite ma ior pene-
Ele possibilita a visualização da maior parte da articu lação e auxilia tração, garantindo um posicionamento intra-articular. Se
no posicionamento dos portais subsequentes. Portanto, antes de a agulha for posicionada muito medial, irá chocar-se
realizá-lo, sua finalidade e funções devem ser bem estabelecidas contra a porção posterior da glenoide, que poderá ser
(Fig. 52-5) . Para visualização, o portal posicionado sobre o "soft spot" contornada, e ,assim, penetrando na articu lação. )
funciona bem. Este portal está localizado 1,5 cm a 3 cm inferior e 1
's2:. 1'
"'
r Descrição dos Portais

ANTERIOR 5 horas A borda principal do ligamento O artroscópio é introduzido através do


(Davidson) glenoumeral inferior na posição · portal posterior "soft spot", retirado e
de 5 horas da borda da glenoide substituído por uma haste de Wissin-
(ombro direito) ger, que é passada através da cápsula
anterior enquanto o úmero é maxima-
mente aduz ido com uma agulha longa
or meio da técnica de fora para dentro,
Percutânea para melhor localização e
ângulo com a glenoide, Localização
percutânea de cerca de 1 cm inferior e
imediatamente lateral ao coraco ide e 1
cm da veia cefá lica entrando na
articulação superior ao ligamento
glenoumeral inferior através da junção
do terço médio e terceiro inferior do
tendão subescapular
Inferior anterior O artroscópio desliza para fora da O artroscópio é introduzido através do
(Wolf) borda inferior da ponta coracoide portal posterior "soft spot", e é
retirado e substituído por uma haste
Wissinger que passa através da cápsula
anterior
Central anterior Ponto da pele lateral ao coracoide Espaço lim itado pela: cabeça umeral
(Matthews) lateralmente, borda g len o id al medial-
mente, cabeça longa do tendão do
bíceps superiormente, tendão subes-
capular inferiormente
Superior anterior Distância média entre o coracoide e Entra na articulação logo anterior à
(Wolf) o acrômio cabeça longa do tendão do bíceps .
Superolatera 1 Lateral ao acrômio em uma linha Entra na articu lação obliquamente logo
(Laurencin) que liga o acrômio ao coracoide acima do tendão do bíceps, onde
perfura o tecido do intervalo rotador
Anterolatera l 2 cm abaixo da borda lateral do Mediaimente à bursa subacromia l
(Ellman) acrômio no prolongamento de
sua borda anterior
POSTERIOR Soft point 1,5 cm inferior e 2 cm medial a Em direção ao coracoide
borda posterolateral do acrômio
Posterior central 2 cm medial e 3 cm inferior à borda Em direção ao coracoide
(Wolf) postero lateral do acrômio
Posterolatera 1 2 cm abaixo da borda lateral do Mediaimente à bursa subacromia l, logo
(Elmann) acrômio no prolongamento de medial à borda do acrômio
sua borda posterior
Portal 7 horas 3-4 cm inferior e aproximadamente
(Davidson) 1 cm lateral à borda acromial
posterolateral
LATERAL Portal de 1 cm anterior e 1 cm lateral à borda 45 graus de ângulo de aproximação para
Wilmington posterolateral do acrômio o lábio glenoidal posterossuperior
Manguito 1 cm posterior e 2 cm lateral à Para a posição de 11 horas no lábio
transrotador borda anterolateral do acrômio glenoidal (ombro direito) medial ao
(O'Brien) arco rotador
SUPERIOR Portal Neviaser Superior ao "soft spot" cercado por: Para baixo em 30 graus lateralmente e
clavícula anteriormente, borda ligeiramente posteriormente na
medial do acrômio 1 cm medial- articulação glenoumeral
mente, e espinha da escápula
posteriormente
Portal superior Percutâneo, aproximadamente 7 cm
do nervo medial à borda latera l do
supraescapular acrômio, aproximadamente 2 cm
(Lafosse) medial ao portal Neviaser. Acesso
à incisura supraescapular.
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PI A DE MEMBRO SUPERIOR

) •Após a agu lha ser den.tro da cápsu la, injeta-se O portal anteroinferior é realizado imediatamente lateral e levemente
30 ml a 40 ml de soluçao sa lina na arti cu lação; um superior à ponta palpável do processo coracoide. O portal anterolateral
volu me muito menor de líquido poderá ser injetado caso descrito por Altchek localiza-se cerca de 1 cm lateral à borda anterola-
exista uma capsu lite adesiva sign ificativa. Deverá ocorrer teral do acrôm io e penetra a articulação glenoumeral através do inter-
um fluxo e um refluxo livres na articula ção. A pré-insufla- valo rotador. Se este portal for estabelecido, não deve ser utilizada uma
ção da articu lção promove a distração entre a cabeça cânula de influxo muito grande para prevenir danos à musculatura do
umeral e glenoide, o que fac ilita a entrada das cânulas manguito rotador. Quando os procedimentos de estabilização anterior
na articulação. No entant o, se a agulha estiver posicio- são considerados, os portais anteriores devem estar distantes entre si o
nada extra-articularmente, todo o montante de solução máximo possível dentro de w1rn margem segura para posibilitar a intro-
de irrigação é injetado nos tecidos moles, distorcendo a dução e o posicionamento dos insturnentais sem aglomeração ou obs-
anatomia. Alguns ciru rgiões preferem utilizar um trocarte trução da visão. Para o reparo de lesões !abrais superiores, pode ser
rombo para penetrar a arti cu lação sem antes distendê-la, necessário um portal anterossuperior acessório localizado imediata-
pois dessa forma o colo da glenoide e a cabeça umeral mente anterior à articulação acromioclavicular.
são mais facilmente palpáveis. O trocarte rombo é utili- O portal anterior é estabelecido após o portal posterior, e o
zado para tatear o colo da glenoide e a cabeça umeral artroscópio introduzido posteriormente é utilizado para auxiliar visu-
antes de penetrar no triângulo imed iatamente superi or à almente no seu posicionamento. Dois métodos básicos são utilizados
articul ação glenou mera l. para estabelecer o portal anterior: anterógrado (de fora para dentro)
•Após a seleção do loca l para o portal posterior, injete nesta e retrógrado (de dentro para fora). Qualquer que seja o método uti-
área e nos loca is planejados para os outros portais anesté- lizado, a cânula passa através do "soft spot" anterior, que corresponde
sico local com epinefrina pa ra reduzir o sang ramento. a um tri ângulo intra-articular delimitado superiormente pela porção
• Rea lize uma incisão na camada cutânea superficial com intra-articular do tendão do bíceps, inferiormente pela porção intra
uma lâmina de bisturi nº 11 . Evite penetrar profunda- -articular superior do tendão subescapular, e mediaimente pela borda
mente, pois poderá precipitar um sangramento excessivo. anterior da glenoide. Para a realização de portais acessórios, é utili-
• Em seguida, insira uma cânu la e um t rocarte rombo ao zada uma agu lha longa para confirmar a posição adequada do portal,
longo do trajeto da agul ha anterior e med iaimente em permitindo, assim, o acesso à lesão. Em seguida, o portal é feito rea-
direção à li nha articular anterior. Tateie o colo ósseo escapu- lizando uma técnica de fo ra para dentro (anterógrada).
lar e a glenoide com a ponta romba do trocarte para deter-
minar o ponto médio seg uindo numa direção superoinferior.
Deslize o trocarte lateralmente a fim de localizar a borda
MÉTODO ANTERÓGRADO
da glenoide como uma pequena crista. Imediatamente
lateral a esta crista, encontra-se o ponto de entrada para TÉCNICA
a cápsula articu lar. Esta posição assegura que o local de
•Antes da distensão articu lar, quando os pontos de refe-
entrada esteja situado o mais medial possível e cruze
rência anatôm icos podem se r palpados, marque na pele
através das porções musculares do manguito rotador em
o loca l aproximado para a rea lização do portal anterior.
vez de danificar as porções tendíneas.
•Introduza o artroscópio em direção ao triângulo anterior
do soft spot formado pela superfície articu lar da glenoide,
o tendão do bíceps, e o tendão subescapu lar. Mantenha
• PORTAL POSTEROINFERIOR OU PORTAL 7 HORAS o artroscópio contra a área da cápsu la articular e, com as
Davidson e Rivenburgh descreveram um portal acessório posterior na luzes do foco cirúrgico apagadas, transilumine a área
posição 7 horas para a artroscopia de ombro que permite acesso direto destinada à colocação do portal.
à cápsula glenoumeral inferior e protege as estruturas vizinhas . •Recue li geiramente o artroscópio, e pa lpe ext ernamente
O portal é realizado pela técnica de dentro para fora usando-se uma o loca l pretend ido do portal ao mesmo tempo obser-
haste guia passada através do portal 3 horas e direcionada posteroin- vando artroscop icamente a área do soft spot. Introduza
feriormente. A haste guia é exposta por meio de uma pequena incisão um a agu lha longa a partir do ponto exte rno até a articu-
na pele e depois deixada no lugar. O portal 7 horas realizado pela lação. Man ipule a agu lh a no interi or da articula ção a fim
técnica de fora para dentro é estabelecido por uma pequena incisão de assegurar a facilidade de instrumentação.
na pele 2 cm a 3 cm inferior ao portal posterior. Uma haste de ponta •Retire a agulha e com uma lâmina nº 11 estabeleça um
romba é então inserida na articulação glenoumeral sob visão direta. portal neste local escolhido.
• Introd uza uma cânu la com um trocarte rombo pela cápsula
• PORTAL ANTERIOR articular. Antes da introd ução na cá psul a, movimente o
Vários portais anteriores foram descritos tanto para a artroscopia artroscópio superiormente para evitar que a lente não se1a
diagnóstica quanto para as técnicas de estabilização cirúrgica. Para danificada enq uanto o trocarte adentra a articulação . Con-
uma artroscopia diagnóstica completa do ombro, a realização de um t ro le com cuidado o trocarte para evitar danos às estrutu-
portal anterior é essencial, pois permite a observação da cápsula ras articulares ou ao artroscópio.
posterior e do manguito rotador, assim como um a visão anterior dos •Se houver necessidade de um portal anterior acessório, sua
ligamentos glenoum erais e do tendão sub escapular. O local mais loca lização deve ser definida antes da rea lização do portal
com umente descrito para a rea lização do portal anterior situa-se anterior inicial. Os portais acessóri os anteriores devem ser
ligeiramente lateral ao ponto médio entre a borda anterolateral do separados por pelo menos 2 cm a 3 cm . A posição apro-
acrômio e o processo coracoide. Outros portais descritos são supe- priada de um portal acessóri o também pode ser confir-
riores ou inferiores a este portal e laterais a uma linha traçada a mada com uma agu lha longa.
partir do coracoide em direção à região anterolateral do acrômio.
PARTE XIV ARTROSCOPIA

de dispositivos de recuperação de sutura durante o reparo do man-


MÉTODO RETRÓGRADO guito rotador. Ele está limitado anteriormente pela clavícula, lateral-
mente pelo acrômio, posteriormente pela base do acrômio e a espinha
TÉCNICA da escápula, e inferiormente pela borda posterossuperior da glenoide.
Esse portal penetra no músculo trapézio e atravessa o ventre do
• Direcione o artroscópio, que se encontra no portal pos- músculo supraespinal. O nervo e a artéria supraescapulares se encon-
terior, diretamente até o soft spot. Em seguida, retire o tram aproximadamente a 3 cm mediais ao portal superior no seu
artroscópio da bainha mantendo a bainha posicionada ponto de maior proximidade
contra a cápsula anterior.
• Passe uma haste Wissinger ou pinos Steinmann grandes e
rombos pela cânula, e avance através das estruturas capsu-
lares anteriores até que a pele seja elevada anteriormente.
• Realize então uma incisão na pele sobre a ponta da haste, e ESTABELECENDO O PORTAL SUPERIOR
avançe a haste ultrapassando a pele. Em seguida, introduza
uma cânula sobre a haste de Wissinger, e avance-a em TÉCNICA
direção à articulação. Finalmente, retire a haste para esta-
belecer o portal anterior. Este método é mais facilmente rea- (NEVIASER)
lizado em pacientes com articulações dos ombros maiores,
mas proporciona menor flexibilidade no posicionamento. • O loca l de entrada é facilmente palpável como um soft spot.
• O portal anterior atravessa a parte clavicular do músculo Introduza uma agulha longa de calibre 18 1 cm medial ao
deltoide e entra no intervalo do manguito rotador da cápsula acrômio medial em um ângulo de 30 a 45 graus com a pele
anterior. As estruturas em risco são a veia cefálica lateral- e 1O graus posteriormente para penetrar na articulação na
mente, e o nervo musculocutâneo, o plexo braqu ial, e a margem superior da glenoide imediatamente posterior à
artéria e a veia axila res anteromed ialmente. Geralmente, o inserção da cabeça longa do tendão do bíceps.
nervo musculocutâneo passa 3 cm a 5 cm inferior à ponta • Observe a passagem da agulha artroscopicamente para
do coracoide, mas existem variações anatômicas descritas, confirmar a posição adequada antes de fazer uma pequena
e ficar lateral ao processo coracoide é mais seguro. Perma- incisão cutanea.
necer superi or à borda do tendão subescapu lar evita lesão
no plexo braquial e nas estruturas vasculares.

• PORTAL DO NERVO SUPRAESCAPULAR COMO


• PORTAL ANTEROINFERIOR OU PORTAL 5 HORAS DESCRITO POR LAFOSSE
Davidson e Tibone descreveram um portal an teroinferior na posição O portal do nervo supraescapular está posicionado entre a clavícula
5 horas em um modelo de cadáver. O ponto de partida intra-articu- e a espin ha da escápula aproximadamente 7 cm mediais à borda
lar para o portal anteroinferior situa-se ao longo da borda do liga- lateral do acrômio. Esse portal localaliza-se aproximadamente 2 cm
mento glenoumeral inferior na posição 5 horas ao longo do contorno mediais ao portal de Neviaser.
glenoidal. O portal viaja através do tendão subescapular e lateral-
mente ao tendão conjunto. Ambas a veia cefálica e a artéria cir-
cunflexa umeral anterior estão em risco neste portal, mas a passagem
• PORTAIS LATERAL, POSTEROLATERAL E
de urna haste romba ou cânula pode efetivamente afastá-las. O po rtal ANTEROLATERAL
passa lateral ao nervo musculocutâneo, superolateral ao nervo O portal lateral é o principal portal operatório para o espaço suba-
axi lar, e a cerca de 1 cm da veia cefálica. As distâncias medidas por crornial. Ele está localizado 3 cm laterais à borda lateral do acrôm io
Davidson e Tibo ne entre o portal e os nervos musculocutâneo e e passa através do músculo deltoide. Deve-se ter certeza que os
axilar foram de 22,9 + 4 mm (média + DP) e sw 24,4 + 5,7 mm , instrumentais podem ser utilizados sem chocar-se com a borda
respectivamente. Eles observaram que a convexidade da cabeça lateral do acrômio. Ao ava nçar a cânula, ela é inicialmente dirigida
umeral deve ser afastada do ponto de entrada não só para visuali- para baixo em direçao à tuberosidade para penetrar na extensão
zação, mas também de modo que uma haste Wissinger possa ser lateral da bursa, permitindo uma visão completa e faci litando a
dirigida lateralmente. Quando o braço não está supenso, removido instrumentação. Portais acessórios podem ser realizados anterior-
da tração e posicionado ao longo do corpo, a convexidade da cabeça mente ou posteriormente, se necessário. O nervo axilar fica a cerca
urneral se move superiormente. Isso permite o acesso apropriado à de 5 cm distais à borda lateral do acrômio.
borda do ligamento glenoumeral. Colocar um objeto como um A artroscopia do espaço subacromial geralmente pode ser reali-
campo enrolado ou o antebraço na axila distrai a articulação e zada através do portal posterior inicial e do portal central anterior. As
permite a visualização do ponto de entrada para o portal 5 horas. cânulas são facilmente redirecionadas para cima na bursa pelas mesmas
Realizar o portal 5 horas por meio do método de fora para dentro incisões na pele após passarem através do músculo deltoide.
permite que o portal seja criado a partir de um ponto lateral e infe- Ao passar a cânula anterior, uma palpação suave com a ponta
rior ao coracoide guiado por uma agulha longa para um melhor da cânula pode revelar a extensão do ligamento coracoacromial,
acesso à glenoide inferior. permitindo o redirecionamento da cânula imediatamente lateral ao
ligamento. Em um indivíduo muito musculoso ou caso o portal
• PORTAL SUPERIOR posterior tenha sido posicionado muito inferiormente, um novo
Neviaser foi o primeiro a descrever o portal superior (portal supra- portal 1,5 cm inferiormente ao acrôrnio posterior pode ser necessá-
clavicular ou supraescapular). Esse portal é mais útil para a passagem rio. Burkhart descreveu dois portais laterais para o rep aro de lesões
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fJm
SLAP. Dependendo do local da lesão, ele utiliza um portal anterola- patologia inflamatória. O tendão subescapular também pode ser
teral 1 cm lateral e posterior à borda anterolateral do acrômio ou lascerado ou lesionado. O ligamento glenoumeral superior, que
um portal posterolateral 1 cm anterior e lateral à borda posterolate- geralmente é uma estrutura rudimentar, pode ser observado logo
ral do acrômio. inferior ao tendão do bíceps (Fig. 52-6B).
Dependendo do procedimento, um portal anterior é realizado
• PORTAL DE WILMINGTON no soft spot utilizando a técnica de fora para dentro (anterógrada)
O portal acessório posterolateral é utilizado para reparar lesões (Técnica 52-2). Se portais acessórios forem necessários, a sua posição
SLAP posteriores do tipo II, permitindo acesso ao lábio superior da deve ser decidida antes de realizar o portal anterior inicial. A cânula
glenoide. A localização é 1 cm anterior e 1 cm lateral ao ângulo é posicionada dentro da articulação. Se uma cânula metálica for
acromial posterior. Cuidados devem ser tomados ao realizar este usada, um trocarte rombo pode ser utilizado como um probe, ou
portal de modo a não danificar o manguito rotador próximo de sua uma cânula descartável e um probe podem ser utilizados para palpar
inserção à tuberosidade maior. e avaliar as estruturas anteriores. O complexo bíceps-labral é palpado
e avaliado, e o lábio anterior é examinado em busca de lascerações
ou desinserções indicando instabilidade do ombro. Um profundo
ARTROSCOPIA DIAGNÓSTICA E conhecimento da anatomia anterior é necessário para avaliar as
ANATOMIA ARTROSCÓPICA diversas complexidades do lábio glenoidal, que, de acordo com
Detrisac e Johnson, variam desde de um lábio delgado firmemente
Tal como acontece com a artroscopia de outras articulações, um aderido à borda da glenoide até um lábio do tipo meniscoide espes-
conhecimento profundo das principais estruturas anatômicas ao sado que se prolonga circunferencialmente em torno da articulação.
redor do ombro é necessário. O cirurgião deve estar familiarizado As variações podem incluir uma sobreposição parcial do lábio ante-
com a anatomia normal para identificar processos anormais ou rior, posterior ou superiormente com um lábio do tipo cuneiforme
patológicos. Com o paciente em decúbito lateral, a maioria dos que se estende sobre a superfície articular, ou um orifício sublabral
cirurgiões prefere orientar a câmera de modo que a imagem no em que o lábio acima da borda glenoidal média é separado da
monitor corresponda a esta posição com a glenoide horizontalizada. margem da glenoide. Essas não são condições patológicas; segundo
Com o paciente na posição "cadeira de praia': a superfície articular Detrisac e Johnson, elas estão presentes em cerca de 80% dos pacien-
da glenoide geralmente é vista na posição vertical; a câmera artros- tes com lábio superior do tipo cuneiforme.
cópica é mantida na sua posição vertical normal, fazendo a triangu- Snyder descreveu outra variante anatômica nesta área, o
lação dos instrumentais mais fácil. Para começar, um artroscópio de chamado complexo de Buford. O ligamento glenoumeral médio
4 mm e 30 graus é inserido através do portal posterior e o influxo semelhante a um cordão, que normalmente atravessa o tendão
de soluçõa de irrigação é colocado através da bainha artroscópica. subescapular e se insere no colo glenoidal na posição de 2 horas,
Ao entrar na articulação, o tendão do bíceps é localizado e insere-se diretamente no tendão do bíceps, deixando uma área des-
utilizado como um ponto de referência para orientação durante o coberta na glenoide sem lábio superiormente (Fig. 52-6C e D).
procedimento artroscópico inicial. Ao manter a câmera na sua O artroscópio é agora dirigido mais inferiormente para
posição vertical normal com o paciente em decúbito lateral, a gle- avaliar a porção anterior do ligamento glenoumeral inferior e o liga-
noide é orientada em um plano horizontal. O exame artroscópico mento glenoumeral médio. Normalmente, a porção anterior do
do ombro deve ser feito de forma precisa, metódica e reprodutível. ligamento glenoumeral inferior se insere ao colo glenoidal entre as
Se o paciente está na posição de decúbito lateral, o exame inicia-se posições de 2 horas e de 4 horas. A cápsula anterior consiste geral-
com a observação da parte sup erior da articulação do ombro do mente em três ligamentos diferentes com inserções distintas. Esse
tendão do bíceps e da cartilagem articular da glenoide (Fig. 52-6A). padrão clássico tem sido descrito em dois terços dos pacientes exa-
Conforme o artroscópio é avançado para dentro da articula- minados. Outras variações incluem um cordão médio (Fig. 52-6E),
ção, as cartilagens articulares da glenoide e a cabeça umeral são uma confluência do ligamento glenoumeral médio com o ligamento
vistas. A cabeça umeral pode ser vista melhor através das rotações glenoumeral inferior, e uma completa ausência dos ligamentos.
interna e externa do ombro na procura por sinais de condromalácia É importante notar o tamanho do intervalo no rotador. Uma
ou lesões traumáticas na superfície art icular. Na superfície articular lacuna de mais de 1 cm adjacente à glenoide em associação com um
da glenoide, um orifício em uma área de cartilagem articular delgada sinal de sulco de 2+ a 3+ deve ser reparada cirurgicamente quando
no centro pode sugerir ser uma lesão, mas é um achado anatômico os sintomas justificarem tal procedimento.
normal. Conforme o artroscópio é avançado anteriormente, as Conforme o artroscópio é direcionado ao recesso inferior, os
superfícies superior e inferior do tendão do bíceps e a inserção do ligamentos glenoumerais e o lábio podem ser examinados ao rota-
bíceps e do lábio superio, são avaliadas com cuidado em busca de cionar as lentes em direção à glenoide superior (Fig. 52-6F). As
evidência de uma lesão parcial. O arco bicipital formado pelo liga- evidências de instabilidade são sinovite, desgaste, corpos livres, ou
mento glenoumeral superior e o ligamento coracoumeral devem ser destacamento do lábio. Ao se utilizar o trocarte e o obturador no
cuidadosamente avaliados para garantir que o bíceps está estável e portal anterior, a cabeça umeral pode ser afastada suavemente da
centrado no arco. Uma lesão SLAP pode ser vista e deve ser sondada glenoide para avaliar melhor os anexos capsulolabrais. Se a cápsula
para determinar a estabilidade. Essa lesão na inserção do tendão do e o lábio parecerem estar retraídos mediaimente sobre o colo, uma
bíceps na região !abra! superior é causada por tração oriunda do ato palpação cuidadosa deve ser feita para descartar uma avulsão de
de arremessar ou de uma queda sobre a extremidade que resulta na uma lâmina periosteal ligamentar labial anterior (ALPSA) como
translação superior do úmero contra o complexo !abra! do bíceps. descrito por Neviaser. Essa lesão ocorre quando uma sublu,xação
O artroscópio é avançado sobre o lábio anterior em direção ao soft anterior resulta em um descolamento parcial e uma retração inferior
spot que é delimitado ao tendão do bíceps proximalmente, ao tendão do complexo capsulolabial. Avaliação cuidadosa deve determinar se
subescapular distalmente, e à superfície articular da glenoide infe- este novo anexo está inserido mais distalmente no colo do que a
riormente. Deve-se observar a presença de sinovite ou lasceracões inserção normal do ligamento. Se for constatada uma lesão do com-
na cápsula anterior, que são indícios de traumas de repetição ou de plexo capsuloligamentar indicativa de uma lesão de Bankart, a força
PARTE XIV ARTROSCOPIA

h!dlhf4L?19 O paciente está posicionado em decúbito latera l e a glenoide está orientada hori zontalmente. A, Parte superior da
articu lação do ombro com o tendão do bíceps inserido no láb io superior. A cabeça umeral está na parte superior direita, e a glenoide
na inferior. B, Ligamento g lenoumera l superior e tendão subescapular à direita e ligamento g lenoumeral médio inferiormente. C,
Orifício sublabral normal. D, Comp lexo de Buford mostrando a inserção do ligame nto glenoumeral méd io diretame nte no bíceps âncora
(vej a texto) . E, Variante do cordão médio do ligame nto glenoumeral cruzando o tendão subescapu lar. F, Recesso inferior. Liga mentos
glenoumerais e o láb io são vistos. G, Inserção da cáps ula da cabeça umera l observada através do recesso inferior. H, Avalia ção do
manguito rotador em rel ação ao desgaste, lesões parciais o u calcif icação . O tendão supraespinal é visto su periormente com o tendão
do bíceps no centro da fotografia. 1, A superfície articul ar posterior, o lábio posterior, o recesso posterior e a cápsu la posterior obser-
vados com o artroscópio inserido anteriormente. J, Banda posterior do ligamento glenoumera l inferior. K, Banda anterior do ligamento
g lenoumeral inferior observada a partir do portal anteri or. A inserção umeral do lig amento está superi ormente. L, Inserção capsulolabral
à glenoide observada através de portal anterior. M, Vista do espaço subacromial com manguito aba ixo e acrômio acima .
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PIA DE MEMBRO SUPERIOR

e a integridade dos ligamentos devem ser determinadas, e deve ser O artroscópio é levemente recuado para observar a porção posterior
procurada qualquer evidência de estiramentos de repetição se qual- do mangu ito rotador e a área descoberta ou desnuda da cabeça
quer tipo de procedimento artroscópico for considerado. A facili- umeral, onde os pequenos vasos normais entram inferiores para o
dade com a qual o artroscópio pode ser movido de superior a manguito sem revestimento da cartilagem articular. Essa região
inferior na articulação deve ser determinada. Se mover o artroscópio deverá ser distinguida de uma lesão de Hill-Sachs verdadeira, a qual
anter iormente é fácil com o braço em discreta rotação externa, o indica instabilidade anterior recorrente. A lesão de Hill-Sachs possui
"sinal de drive-through" (atravessamento) de Warren indica frouxi- cartilagens articulares superior e inferior para a área de lesão óssea,
dão ligamentar generalizada, que deve ser corrigida durante qual- enquanto que a área descoberta normal da cabeça umeral apresenta
quer procedimento de estabilização. A inserção capsular à cabeça apenas o manguito e pequenos vasos de aparência normal superior-
umeral deverá ser avaliada (Fig. 52-6G). O artroscópio é recuado mente. Em atletas de esportes de arremesso, se lacerações da superfí-
ligeiramente para examinar a superfície articular posterior do úmero cie inferior do manguito rotador posteriormente forem identificadas,
em busca de condromalácia e de sinais de desgaste ou lesão parcial a tração deve ser liberada e o controle da extremidade deve ser
do láb io, ambas lesões que indicam instabilidade no ombro. Final- mantido. O braço é suavemente movido de uma posição de extensao
mente, o artroscópio é direcionado novamente para o tendão do e rotação externa para uma posição de rotação interna e leve flexão.
bíceps para completar o circulo. A evidência de lesão do manguito rotador associada com uma "lesão
As superfícies superior e inferior do tendão do bíceps são em espelho" no lábio glenoidal posterossuperior, como descrito por
avaliadas, tanto quanto possível, no intervalo do rotador. Utilizando Jobe, indica impacto interno no manguito rotador.
o probe através do portal anterior, uma porção do bíceps pode ser O artroscópio é introduzido pelo portal anterior, e o portal
tracionada na articu lação para avaliar sinais de sinovite ou lesões posterior pode ser utilizado para a colocação do probe. O artroscó-
parciais mais distalmente no braço. A flexão do cotovelo e a dimi- pio é inserido anteriormente para inspecionar a superfície articular
nuição da tração ajudam a realização desta manobra. A lente é posterior, o lábio posterior, o recesso posterior e a cápsula posterior
direcionada superiormente no manguito rotador, e a inserção do em busca de redundâncias caps ul ares, sinovite, lesões decorrentes
manguito na tuberosidade é cuidadosamente avaliada em busca de de instabilidade, ou processos inflamatórios (Fig. 52-6I). Embora
lacerações, lesão parcial do manguito rotador, e sinais de calcificação não seja tão prevalente como a porção anterior do ligamento gle-
conforme o braço é suavemente rodado internamente e externa- noumeral inferior, a porção posterior pode ser vis ível com rotação
mente (Fig. 52-6H). O artroscópio acompanhará mediaimente o interna à medida que se aproxima a sua inserção entre as posições
tendão, avaliando a preseça de sinovite, lacerações ou lesões. Ime- de 7 horas a 9 horas posteriormente (Fig. 52-6J). Após o exame da
diatamente medial à inserção na tuberosidade, pode existir um a área descoberta do úmero, o artroscóp io é movido anteriormente
crista semicircular de fibras; este é o arco do manguito rotador e é com visão superior para avaliar o manguito rotador e com visão
um achado normal. Lacerações ou lesões parciais do manguito inferior em direção à glenoide e ao complexo bíceps-labral. Con-
rotador devem ser ava liadas ao se examinar a espessura do tendão forme o artroscópio é movido mais anteriormente e direcionado de
com um probe. As diretrizes gerais para a avaliação do manguito volta para o recesso inferior ou axilar, os ligamentos glenoumerais
artroscópica estão listadas no Quadro 52-1. podem ser vistos a partir de suas inserções umerais até suas inser-
A lesão da superfície articular deverá ser marcada com a ajuda ções glenoidais. Uma observação cu idadosa para a inserção de liga-
de uma agulha longa e com uma sutura fio de PDS colocada a partir mentos no úmero é indicada para descartar a ocorrência de avulsão
de um portal lateral através do local da lesão para permitir um a umeral do ligamento glenoumeral (HAGL), como descrito por Wolf.
posterior avaliação da região da lesão sobre a superfície bursal para A Figura 52-6K mostra um ligamento gleno umeral normal. Ao girar
garantir que não se trata de uma lesão completa. As lesões par- o artroscópio mais inferiormente, a inserção do ligamento glenou-
ciais podem ser tratadas por desbridamento da área rompida para meral anteroinferior e o anexo capsulolabral podem ser observados
um sangramento localizado, pontenciali zando, assim, a cicatrização. (Fig. 52-6L). O ligamento glenoumeral médio, o tendão subescapu-
lar e o recesso sub escap ular também podem ser observados, e o


artroscópio pode ser movido inferio rmente no recesso subescapular
_ Diretrizes Gerais para Avaliação para avaliação do tendão e do músculo subescapular. Corpos livres
52 1 Artroscópica do Manguito e fragmentos de material cirúrgico podem ser encontrados em
ombros previamente operados no recesso subescapular.
1. A espessura do tendão supraespinal é de 9 mm a 12 mm. Para completar a artroscopia diagnóstica do ombro para sín-
2. O local de inserção tem 22 mm de comprimento, par- drome do impacto, calcificações do manguito rotador e condições
tindo anteriormente ao bíceps e estendendo-se poste- inflamatórias, a bursa subacromial deverá ser examinada. A bursa
riormente para sobrepor o infraespinal no vértice da se estende a partir de pelo menos 2 cm anteriores em relação à borda
área descoberta. anterior do acrômio para aproximadamente a parte média do
3. A inserção de media l para lateral tem aproximadamente acrômio posteriormente. Para ter acesso a este espaço, toda a dis-
17 mm, iniciando-se adjacente ou dentro de 1 mm da tensão da articulação glenoum eral deve ser removida antes de
superfície articular humeral. remover quaisquer cânulas. A cânul a posterior pode ser usada para
4. O infraespinal abrange a área descoberta. o acesso ao espaço subacromial. A cân ula é recuada a partir da sua
5. Uma lesão de espessura parcial de 50% mantém inse- posição prévia e redirecionada de modo que a ponta romba do
ridas fibras saudáveis a cerca de 8 mm da superfície trocarte entre em contato com a parte posterior da borda do acrômio
articular. logo medial à borda posterolateral. Ela é redirecionada ligeiramente
inferior ao acrômio de modo a deslizar sob o acrômio sem penetrar
De Tierney JJ, Curtis AS, Scheller AD: The insertional anatomy of the rotator no tecido mole sob o osso. Na borda do acrômio, a cânula é direcio-
cuff: an anatomic study. Paper presented at the Boston Shoulder Symposium, nada para o dedo do cirurgião, que é posicionado na borda anterola-
Boston, October 27, 2000. teral do acrômio. A cânula não deve ser direcionada para a articulação
acromioclavicular. O espaço subacromial pode ser aumentado, e a
E!i) PARTE XIV ARTROSCOPIA

abordagem pode ser feita mais fácil posicionando-se o braço em examinar a articulação acromioclavicular e o espaço subacromial,
aproximadamente 30 graus de abdução. Quando a ponta da cânula como descrito anteriormente.
toca a borda anterolateral do acrômio, é suavemente movimentada
para liberar espaço em meio à bursa. O artroscópio é introduzido
na bursa subacromial, e estruturas adjacentes são examinadas com CORPOS LIVRES
cuidado. Se a visão for limitada neste momento, podem ser feitas
tentativas de reinserir a cânula ou movimentá-la para trás e para Corpos livres ocasionalmente são encontrados durante a artroscopia
frente para abrir ainda mais espaço em meio à bursa. Durante esta do ombro. Os menores, por vezes, podem ser removidos da articu-
parte do processo, como em todos os procedimentos da artrosco- lação com sucção aplicada em uma cânula de vazão de grande
pia do ombro, é de grande utilidade manter a pressão arterial sis- calibre. Geralmente, ao se aumentar a taxa de influxo, a articulação
tólica em não mais do que 30 mmHg acima da pressão da bomba pode ser aspirada sem aplicação de sucção à cânula.
de infusão. Inicialmente, com a visão direcionada superiormente, a
superfície inferior do acrômio pode ser avaliada em relação à pre-
sença de irregularidades ou lacerações, como no caso de uma lesão
em espelho no manguito ro tador indicando impacto. O ombro é
rodado interna e externamente, e um aumento da abdução pode ser REMOÇÃO ARTROSCÓPICA DE
aplicado para avaliar a área de impacto. O artroscópio é girado para CORPOS LIVRES
observar mediaimente a área da articulação acromioclavicular e o
ligamento coracoacromial em sua inserção sob o acrômio. Caso TÉCNICA
existam sinais de impacto ou de inflamação no ombro, a visão pode
ser prejudicada, e um portal anterolateral pode ser realizado utili- •Remover os corpos livre maiores com pinças e técnicas
zando-se a técnica de fora para dentro. Um shaver é introduzido na de triangulação. Corpos livres tendem a flutuar, e desli-
bursa sob visão direta, e uma bursectomia é realizada para permitir gar o influxo ou vazão diminui a turbulência e faz com
uma melhor exposição do manguito rotador. O manguito rotador e que seja mais fácil a preensão do corpo livre. Quando
a bursa devem ser expostos a partir da área de inserção desde a firmemente preso, extrair o corpo livre com movimentos
tuberosidade, que é a área habitual de atrito, impacto ou calcificação lentos de torção para minimizar a chance do mesmo
(Fig. 52-6M). escorregar das pinças. Se necessário, ampliar o portal
Após a rotação do braço para avaliar o manguito através do dilatando a cápsula articular e os tecidos moles com
portal posterior, o artroscópio pode ser introduzido pelos portais pinças hemostáticas para evitar que o corpo livre seja
laterais e direcionado para a parede posterior da bursa. O mesmo deslocado das garras da pinça.
procedimento pode ser utilizado para visualizar diretamente o •Corpos livres extremamente grandes podem ser quebra-
acrômio superior e a clavícula para avaliar a presença de espícula dos em pequenos fragmentos para que eles possam ser
óssea ou lacerações indicando impacto. extraídos através dos portais . Mantenha os corpos livres
O espaço subacromial deve ser ava liado minuciosamente, o em um espaço acessível e localizado para a quebra dos
que pode exigir bursectomia parcial ou subtotal para avaliar o fragmentos maiores. Se os corpos livres flutuarem para
manguito rotador e a superfície inferior do acrômio claramente. longe, insira uma ponta de sucção ou aplique sucção na
Qualquer proeminência óssea do acrômio ou da articulação acro- cânula de vazão para puxar o corpo livre para a ponta
mioclavicular deve ser avaliada e ressecada. O próprio manguito e estabilizá-lo. Insira um instrumento de preensão e
rotador deve ser palpado em busca de irregualridades, lacerações, segure-o.
ou calcificação. Embora a calcificação possa ser difícil de delinear, •Corpos livres tendem a gravitar no recesso axi lar do
em geral ela pode ser palpada, ou pode ser observada uma ligeira ombro ou, ocasionalmente, no recesso subescapular.
saliência ou rubor vascular no tendão. Resíduos de material cirúrgico livre também podem ser
Nas cirurgias na bursa subdeltoídea, Beals et ai. têm demons- encontrados nessas áreas.Outros loca is de esconderijo
trado pontos de referência importantes. Eles observaram que a são o recesso posterior atrás da glenoide, as pregas
extensão interna da bursa é de aproximadamente 4 cm da borda do sinoviais atrás da inserção do tendão do bíceps na gle-
acrômio com o nervo axilar sempre lateral à bursa em média 0,8 cm. noide, e o local onde o tendão do bíceps deixa a articu-
Não se deve infringir a extensão lateral da bursa artroscopicamente. lação. Se um corpo livre pode ser visua lizado em uma
Se uma técnica de reparo aberta for utilizada, a extensão palpável radiografia, mas não é visível artroscopicamente e pro-
interna da bursa pode ser usada como o limite da divisão segura do vavelmente está oculto dentro da bursa subescapular,
deltoide. "ordenhe" o corpo livre da bursa palpando a área sub-
A avaliação geral da articulação acromioclavicular pode ser coracoide . A partir de um portal anterior, direcione o
realizada através do portal subacromial. Se um esporão acrom io- artroscópio em direção à bursa subescapular para exa-
clavicular estiver presente, um eletrocautério e um shaver deverão minar esta área totalmente.
ser utilizados para a ressecção do tecido mole da superfície inferior • Além de remover o corpo livre, determine a sua fonte
do acrômio; uma pressão direcionada inferiormente posiciona a porque a anormalidade subjacente pode precisar de cor-
clavícula no inteiror da articulação, permitindo uma melhor visuali- reção. Corpos livres podem se formar a partir de lesões
zação. A articulação acromioclavicular também pode ser vista dire- de Hill-Sachs ou de fraturas da borda glenoidal em
tamente através do portal anterossuperior e do portal posterossuperior pacientes que sofreram luxações. Eles também podem
utilizando-se agulhas longas em um ângulo de aproximadamente 45 ser produzidos em ombros com artrite avançada ou
graus na articulação acromioclavicular de anterior para posterior. osteonecrose onde os fragmentos da lesão tenham se
A avaliação da articulação deste modo é feita inicialmente com um soltado.
pequeno artroscópio de 2,7 mm. De um modo geral, nós preferimos
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PI A DE MEMBRO SUPERIOR GDlll
SINOVECTOMIA
O artroscópio permite uma inspeção quase completa da articu-
lação do ombro e pode ser utilizado com êxito para a biópsia
seletiva da sinóvia. Uma sinovectomia quase completa é possível
usando-se o artroscópio se causar lesões no deltoide ou no man-
guito rotador. A posição em decúbito lateral com o braço afetado
suspenso em tração cutânea é a preferida, e a técnica com três
portais (anterior, posterior e sup erior) geralmente permite um
acesso completo. As porções superior e anterior da articulação Posterior
são alcançadas com instrumentais introduzidos através do portal
anterior e o artroscópio no portal posterior ou superior. Para
acessar o recesso inferior, portais operatórios acessórios poste-
riores e inferiores podem ser necessários. Shaver de tecidos moles
é necessário para uma sinovectomia artroscópica adequada. As
lâminas de grande diâmetro (> 5 mm) permitem ressecção mais
eficiente do tecido sinovial. É util para manutenção de uma vis u-
alização clara da articulação a manutenção da diferença entre a
pressão de infusão e a pressao sistólica de 30 mmHg ou menos, Inferior
ou a adição de uma ampola de epinefrina para cada bolsa de
solução de infusão de 3 litros. O!iji!;biEfm O lábio da glenoide pode ser dividido em se is
áreas.

DRENAGEM E DESBRIDAMENTO
Para auxiliar na localização da lesão labral, o lábio glenoidal
Tal como no joelho, a drenagem e o desbridamento artroscópico da foi dividido em seis áreas: (1) o lábio superior, (2) o lábio anterior
articulação glenoumeral tem sido recomendado para o tratamento acima da incisura glenoidal, (3) o lábio anterior abaixo da incisura
da artrite séptica; no entanto, poucos estudos clínicos foram relata- glenoidal, (4) o lábio inferior (5), o lábio posteroinferior, e (6) o lábio
dos. O tratamento artroscópico (1) melhora a inspeção, a irrigação posterosuperior (Fig. 52-7). As lesões localizadas acima do equador
e o desbridamento em comparação com aspirações múltiplas com da glenoide (uma linha traçada entre as posições de 3 horas e 9 horas
agulhas; (2) permite a ressecção de coleções multilobuladas intra-ar- na glenoide) geralmente estão associadas a patologias do manguito
ticulares; (3) diminui a rigidez pós-operatória e as cicatrizes que rotador ou do bíceps. As lesões localizadas abaixo do equador, mais
ocorrem após artrotomias formais; e (4) pode ser feito várias vezes, comumente lesões sem desinserção tanto anteriores quanto poste-
se necessário. A contraindicação para o tratamento artroscópico é a riores, são altamente sugestivas de instabilidade no ombro.
presença de abscesso em tecidos moles adjacentes. Andrews e Carson descreveram lesões !abrais superiores em
atletas arremessadores e relataram 88% de resultados bons e exce-
lentes com o desbridamento em curto prazo de acompanhamento.
REPARO DE LESÕES LABRAIS Estudos com acompanhamento a longo prazo do tratamento por
desbridamento labral têm mostrado, no entanto, que os resultados
O lábio glenoidal consiste em tecido fibrocartilaginoso denso e se deterioram ao longo do tempo. Altchek et ai., em um estudo de
algumas fibras elásticas. No lado interno, o lábio é contíguo com lesões !abrais anteross up eriores, anteroinferiores e posteroinferiores,
a cartilagem hialina da glenoide; e no lado exterior, é contínuo verificaram que 72% dos pacientes notaram melhora dos sintomas
com o tecido fibroso da cápsula. A cápsula e os ligamentos do durante o 1° ano após a cirurgia; mas, em 2 anos de acompanha-
ombro, incluindo o tendão do bíceps, estão ligados e se tornam mento, apenas 7% tiveram melhora significativa.
parte do lábio glenoidal, que se insere na glenoide. O lábio cir- Snyder ainda classificou as lesões !abrais superiores de anterior
cunda a glenoide, aumentando a sua profundidade em torno da a posterior e criou o termo lesões SLAP. Ele as categorizou em quatro
cabeça umeral, oferecendo maior estabilidade. Saha tem demons- tipos básicos e um tipo complexo que envolve uma combinação de
trado que a presença do lábio glenoidal aumenta a superfície da duas ou mais lesões SLAP. Essas categorizações descritivas são
glenoide em 75% em relação à cabeça umeral verticalmente e em usadas para determinar as alternativas de tratamento e prever resul-
57% horizontalmente. Karzel et ai., em testes biomecânicos em tados a longo prazo. As lesões do tipo I podem ser tratadas com um
ombro de cadáveres, evidenciaram que o lábio afeta a distribuição simples desbridamento, são descritas como fibrilações do lábio
de estresse de contato quando uma carga de compressão é aplicada superior com uma fixação sólida da inserção do tendão do bíceps.
ao ombro a 90 graus de abdução. Os mecanismos mais comuns de As lesões do tipo II envolvem deslocamentos patológicos do lábio e
lesão no lábio superior (ou seja, lesões SLAP) são extrínsecos e da inserção do bíceps a partir da parte superior da glenoide (Fig.
secundários à tração na extremidade superior ou intrínsecos durante 52-8A). Essas lesões mais comumente progridem posteriormente ao
o movimento de arremesso, que também produz tração na inserção bíceps, mas podem progredir anteriormente ou ambos, anterior e
bicipital. Um segundo mecanismo de lesão proposto por Burkhart posteriormente, à inserção do bíceps no tubérculo supraglenoidal.
e Morgan é o peel-back torsional do lábio superior posterior A instabilidade do bíceps e do lábio é evidenciada pelo desloca-
durante o momento de recuo do braço que antecede o arremesso. mento !abra! de 3 mm ou mais com tração no tendão do bíceps,
Compressão, cisalhamento e alterações degenerativas associadas à hemorragia ou tecido de granulação fibrosa na inserção associados
diminuição da vascularização periférica e à idade aumentam a pro- a lesões de longa data e alterações na cartilagem articular superior.
babilidade de lesões !abrais. O teste de peel-back descrito por Burkhart é utilizado para avaliar a
Mjijl PARTE XIV ARTROSCOPIA

anteroposterior e superoinferior do ombro em um ambiente labora-


torial; no entanto, clinicamente, estas lesões não parecem produzir
instabilidade evidente, embora resultem em sintomas de instabili-
dade leves. As lesões do tipo II devem ser reparadas para evitar
uma maior desestabilização do ombro. O reparo artroscópico tem
sido descrito por Snyder, Burkhart, e Kim et ai., que utili zam uma
âncora de sutura e uma técnica de nós artroscópicos para o rea-
proximar o lábio. Kim et ai. relataram 94% de resultados satisfató-
rios em pacientes com 35 anos de idade ou menos. Os pacientes
com mais de 50 anos de idade têm menor potencial de melhora,
assim como maior potencial de rigidez e dor persistente. Esses
pacientes geralmente evoluem melhor com um procedimento de
tenodese do bíceps.
As lesões do tipo III, que ocorrem com o lábio do tipo menis-
coide, são lesões verticais no interior do lábio que resultam na for-
mação de fragmentos do tipo alça de balde (Fig. 52-SB). Elas podem
ser excisadas, desde que a inserção do bíceps esteja firmemente
fixada ao tub érculo supraglenoidal. As lesões do tipo IV são lesões
do tipo alça de balde que se estendem para o tendão do bíceps (Fig.
52-SC). Essas lesões também podem ser excisadas se forem menores
que 30% da espessura do tendão. Snyder sugeriu que, se aproxima-
damente um terço do tendão do bíceps está envolvido, o reparo do
segmento com suturas deve ser considerado. Nos pacientes mais
idosos, se mais do que um terço do tendão está envolvido, é sugerida
a tenodese do bíceps após ressecção da lesão !abra!. Lesões comple-
xas que envolvem uma combinação de duas ou mais das lesões
anteriormente descritas devem ser tratadas com o reparo da parte
do tipo II, se presente, e ressecção das outras lesões, desde que haja
uma inserção estável do bíceps.

FIXAÇÃO ARTROSCÓPICA DE LESÕES


SLAP DO TIPO li
TÉCNICA
(REVISADO DE BURKHART, MORGAN E KIBLER)

•Posicione o paciente em decúbito lateral, e mantenh a o


braço em 30 a 45 graus de abdução e 20 graus de flexão
anterior com 2,5 kg a 4,5 kg de tra ção. Admin istre anes-
tesia gera l, e utilize uma manta térmica pa ra evitar a
hipotermia. Utilize uma bomba de infusão para manter a
pressão intra-articu lar em 60 mmHg . Utilize dispositivos
de compressão nas extrem idades inferiores .
• Estabeleça um portal de visão 2 cm aba ixo da borda
posterolatera l do acrômio e um portal de trabalho ante-
rior para a artroscop ia diagnóstica de rotina. Achados
lij@i!if;1m9 Lesões !abrais. A, Tipo li. B, Tipo 111. C, Lesão SLAP como um su lco superi or a 5 mm de profundidade, uma
do tipo IV com fragm ento lab ra l deslocado e lesão estende ndo-se inserção luxável do bíceps, um sinal positivo de drive-
para a base do bíceps. A inse rção do bíceps estava est ável e o through, e um sinal positivo de peel-back são indicativos
lábio foi ressecado . de uma lesão SLAP (Fig . 52-9).
•Use um probe curvo para testar a estabilidade do bíceps
em sua inserção na região superior do lábio da glenoide.
Poderá ser visualizado um sulco na região sublabral supe-
extensão porterior da lesão, removendo a tração do braço e colocan- rior coberto com cartilagem articu lar 5 mm media imente
do-o em 90 graus de abdução. É observado o deslocamento medial do abaixo do lábio. Se o su lco sublabral for mais profundo do
lábio em relação ao colo da glenoide conforme o ombro é rodado que 5 mm, ou se as inserçôes labrais no limite medial do
externamente. Em um estudo realizado por Pagnani et ai. , as lesões do su lco forem frágeis, uma lesão SLAP pode esta r presente.
tipo II resultaram em um au mento significativo das translações
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PIA DE MEMBRO SUPERIOR flm
Cabeça umeral

H!ijii;@Eflll Lesão SLAP do tipo li. VEJA A TÉCNICA 52-6. O!ffii;@mJ!I Teste peel-back dinâmico . VEJA A TÉCNICA 52-6.

•Com um probe, ava liar se a inserção do bíceps é deslo-


cada com fac ilidad e. Uma inserção bicipital e um lábio
superior instáveis são facilmente deslocados mediaimente
no colo da glenoide. Ocasionalmente, a inserção do
bíceps é instável à palpação com o probe, mesmo que as
inserções labrais superiores, embora frágeis, estejam pre-
sentes. Esses casos representam lesões intersti ciais das
inserções mediais e exigem a cura das lesões, preparo do
leito ósseo e reparo.
•Mobi lize o artroscópio de superior para inferio r entre
glenoide e cabeça umeral para ava li ar se ele pode ser
facilmente conduzido através da articulação . Embora um
sinal positivo de drive-through seja um indicativo de ins-
tabilidade, "pseudofrouxidão" associada a lesões SLAP
també podem ser a causa .
•O sina l do peel-back positivo é diagnóstico para uma
lesão SLAP posterior; no enta nto, lesões SLAP anterio-
res iso ladas frequentemente t êm um teste de pee l- back
negativo, mas outros sina is artroscópicos, como des-
crito ante riorm ente, geralmente são positivos. Para h@l!;@l!.IJ:t Portal anterossuperior para acessar a glenoide
executa r o teste peel-back, retire o braço da t ração e superior para a colocação de âncora, passagem de sutura, e nó.
observe artroscopia mente o lábio superior confo rme O portal normalmente está localizado a 1 cm da borda anterola -
um auxiliar posiciona o braço a 90 gra us de abdução teral do acrômio. O portal anterossuperior proporciona um
e 90 graus de rotação ext erna (Fi g. 52-1 O). Realizar ângulo de 45 graus de aproximação da borda da glenoide supe-
esta manobra peel-ba ck dinâm ica em um ombro com rior. VEJA A TÉCNICA 52-6.
uma lesão SLAP posterior faz com que todo o complexo
labral do bíceps superior mova-se mediaimente sobre
a borda da glenoide. portal precisamente para que ele forneça um ângu lo de
•Quando é rea lizado o diagnóstico de uma lesão SLAP, o 45 graus para a abo rda gem da borda anterossuperio r
reparo da lesão deve se r imediato, pois pode ocorrer da glenoid e e permita a colocação adeq uada da âncora
distensão das estrut uras que obstru em o recesso supra- de sutu ra.
labral e compromentem a expos ição. Para o reparo da •Através do portal anterior, prepare o leito ósseo do colo
lesão SLAP, são necessários três portais: um portal pos- da região superior da glenoide, abaixo do lábio desta-
terior para visualização, um portal anterior loca lizado cado, usando um shaver (Fig. 52-12). Desbridar cu idado-
acima da borda lateral do tendão subescapular, e um samente os tecidos moles aba ixo do lábio para obter um
portal anterossu perior. O portal anterossuperior está leito sa ngrante, porém não remova o osso.
loca lizado lateralmente à borda anterolatera l do acrômio •Para a fixação das lesões SLAP, utilize âncoras de sutura
(Fig. 52-11 ). Use uma agu lha longa para localizar este de peque no porte e suturas simples ao redor do lábio )
@jfl$ PARTE XIV ARTROSCOPIA

anteriormente além da posição de 1 hora, posicione uma


âncora de sutura separada nessa posição para fi xação
daquela parte do lábio. Um passador de sutura também
pode ser utilizado, pois permite uma colocação mais
precisa e com menor dano aos tecidos (Fig. 52-13G).
•Amarre firmemente os nós. As suturas criam laços simples
ao redor do lábio, que devem ser firmes para neutralizar
as forças de peel-back. Use pontos e contrapontos amar-
rados com um knot-pusher para criar um nó seguro .
Como alternativa, use nós deslizantes suportados por três
contranós para fornecer a segurança adequda ao nó.
•Após o reparo, realize os testes de peel-back e drive-through
novamente para ter certeza que eles são negativos, o que
indica que o processo patológico foi corrigido (Fig. 52-15)
Se o sinal de drive-through permanecer positivo, considere
medidas adicionais para o tensionamento capsu lar.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço operado é posi-


cionado na tipoia com um pequeno coxim. Rotação externa
H@ii;@Eflg Preparação do leito ósseo no colo superior da passiva do ombro com o braço próximo ao corpo (não
glenoide. VEJA A TÉCNICA 52-6. em abdução), e flexão e extensão do cotovelo devem se r
estimulados e iniciados imediatamente. Os pacientes
submetidos à capsulotomia posteroinferior iniciam
alongamentos capsulares posteroinferiores ("a longa-
(Fig. 52-13A). O item mais importante para resistir às mento em posição de dormir") no 1º dia de pós-ope-
)
forças de peel-back de uma maneira mecanicamente ratório. A tipoia é liberada após 3 semanas, e a elevação
eficaz é o posicionamento do nó imediatamente posterior passiva é iniciada . Da 3ª à 6ª semana, movimentos passi-
à inserção do bíceps, com a âncora de sutura posicionada vos progressivos, conforme tolerado, são permitidos em
aba ixo da inserção do bíceps (Fig. 52-138). todos os planos, e alongamentos em posição de dormir
•Para evitar impacto na sutura ou no nó, uma sutura ver- são iniciados nos pacientes que não foram submetidos à
tical através do lábio ou uma sutura horizontal atrás do capsulotomia posteroinferior. Da 6ª à 16ª semana, os
bíceps pode ser útil em alguns casos (Fig. 52-13C-E). A exercícios de alongamento e de flexibilidade são manti-
resistência das diferentes configurações de sutura é seme- dos. O alongamento capsu lar posteroinferior passivo é
lhante em análises laboratoriais. Âncoras de sutura sem contin uado, assim como o alongamento em rotação
nós também podem ser usadas para ajudar a prevenir o externa em abdução. Exercícios de forta lecimento pa ra o
impacto no nó.
manguito rotador, e estab il izadores da escápu la e del-
•Para lesões labrais superiores que se estendem posterior- toide são iniciados em 6 semanas. O fortalecimento do
mente acima do quadrante posterossuperior, deve-se bíceps é iniciado com 8 semanas de pós-operatório .
inserir uma segunda âncora através de um portal poste- Aos 4 meses, os atletas iniciam o programa "interval
rolateral (Fig. 52-14)
training" em uma superfície plana. Eles continuam um
•Passe o guia cortante através do manguito rotador próximo programa de alongamento e de fortalecimento com ênfase
à transição miotendínea do músculo infraespinal. Devido
especialmente no alongamento capsular posterior. Aos 6
ao diâmetro do guia cortante ser de apenas 3,5 mm, ele meses, arremessadores podem começar a arremessar com
é preferível em relação à cânula artroscópica-padrão de toda a velocidade; e aos 7 meses, são perm itidos arremes-
7 mm para a colocação da âncora de sutu ra através do sar com toda velocidade jogando do monte. Tod os os
portal postero late ral. Para minimizar os danos ao man-
atletas arremessadores são instruídos a continuar o alon-
guito rotador na realização do portal, coloque o guia gamento capsular posteroinferior indefinidamente. Uma
cortante de 3,5 mm apenas através do portal postero- cápsula posteroinferior encurtada pode iniciar a cascata
lateral. Este portal é utilizado somente para a inserção patológica que tem como desfecho uma lesão SLAP, e é
da âncora; a passagem da sutura e a confecção do nó esperado que a recorrência do encurtamento coloque o
para a âncora posterior são realizadas através do portal reparo em risco em um atleta de arremesso (Tabela 52-2).
anterossuperior.
•Use os passadores de sutura Birdbeak (Arthrex, Naples,
FL) para passar o fio atra vés do lábio. O Birdbeak de 45
graus é o ideal para as suturas posteriores ao bíceps LESÕES DO TENDÃO DO BÍCEPS
através da cânu la anterossuperior, e o Birdbeak de 22
graus é melhor para as suturas anteriores ao bíceps As lesões do tendão do bíceps podem ser inflamatórias, degenerati-
através da cânula anterior (Fig . 52-13F). Penetre no lábio vas ou traumáticas como resultado de microtraumas ou macrotrau-
com o Birdbeak de superior para inferior e apanhe o fio mas repetitivos. O local ou locais da lesão podem ser a inserção ao
de sutura; retire o Birdbeak para puxar o fio de sutura tubérculo supraglenoidal, SLAP, o tendão (intra-articular ou extra-
pela cânu la anterossuperior. Se a lesão SLAP se estende articular) e o arco bicipital. O arco bicipital consiste no conglome-
rado do ligamento glenoumeral superior e do ligamento coracoumeral
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fjfiM

D E

O[ijll;tjm!I A, Âncora de 3 mm duplamente carregada . B, Colocação da ãncora na base do bíceps. C e D, Suturas passada s pelo
complexo da inserção do bíceps e recuperada posterior ao tendão do bíceps. E, Sutura recuperada anterior ao tendão do bíceps. F,
Posicionamento da cânula anterior. G, Passagem e transporte da sutura na base do bíceps. VEJA A TÉCNICA 52-6.
WJfl:t PARTE XIV ARTROSCOPIA

O@i!@Efl!J Portal posterolateral (portal de Wilmington) uti-


O@il;!ijl!ID Reparo da lesão de SLAP concluído. VEJA A
TÉCNICA 52-6.
lizado para posicionar âncora no quadrante posterossuperior da
glenoide. Portal localizado 1 cm lateral e 1 cm de anterior para
posterior do ângulo do acrômio. VEJA A TÉCNICA 52-6.

•@=Hhi 52-2 Protocolo de Reparo para Lesão Labral Superior Anteroposterior (SLAP)*

FASE 1-PÓS-CIRÚRGICO IMEDIATO

SEMANAS 0-2 DO PÓS-OPERATÓRIO (TIPO li E IV) OBJETIVOS (AO FINAL DE 2 SEMANAS)


1. P/AAROM com seguintes restrições 1. Independente com HEP
FL < 120 graus 2. PROM máximo de 120 graus FL no plano escapular
ER/IR < 30 graus 3. PROM de 30 graus ER/IR máxima
2. Escorregamento em mesa em FUpêndulos 4. AROM total da mão e punho
3. Exercícios de mobilidade escapular 5. EXT ativa do cotovelo a 30 graus, FL passiva total do
4. FL passiva do cotovelo cotovelo
5. Exercícios ativos de mão, ROM de punho e de preensão Precauções
6. Isométricos submáximos sem dor 1. Uso da tipoia
IR/ER 2. Não realizar contração ativa do músculo bíceps
ABD/ADD 3. EXT ativa total do cotovelo
Retração/depressão escapular

FASE 11-AROM/FORTALECIMENTO GRADATIVOS

SEMANAS 3-6 DO PÓS-OPERATÓRIO OBJETIVOS (AO FINAL DE 6 SEMANAS)


1. Mobilizações da articulação glenoumeral (graus 1 e li) 1. Independente com HEP
2. Progressão da PROM à tolerância 2. Gradualmente restaurar PROM completa
3. Progressão dos exercícios de mobilidade escapular (deitado de 3. Interromper o uso de tipoia conforme a dor diminui
lado) e estabilidade proximal aumenta (3-4 semanas)
4. Progress scapular mobility exercises (side lying) 4. Restaurar a mecânica da cintura escapular correta
5. FL do cotovelo-sem resistência (ritmo escapuloumeral)
6. UBE com baixa resistência 5. FL do cotovelo ativa total (sem dor)
7. Iniciar isometria ER/IR Theraband em posição neutra (passo 6. EXT total em 4-6 semanas a critério médico
lateral) 7. Capaz de pentear o cabelo (com o braço dominante)
8. Progressão da estabilização rítmica 8. Sono ininterrupto
9. PNF diagonais com resistência manual leve/moderada Precauções
1. Sem elevação
2. Sem ER com ABD > 90 graus
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

it-i:IH+i :·_'· Protocolo de Reparo para Lesão Labral Superior Anteroposterior (SLAP)*-cont.

SEMANAS 7-9 DO PÓS-OPERATÓRIO OBJETIVOS (AO FINAL DE 9 SEMANAS)


1. PROM continua a progredir - mobilizações mais agressivas, se 1. Independente com HEP
necessário (mobilizações da progressão articular de graus Ili e 2. AROM WNL
IV, conforme necessário) 3. Capaz de alcançar a carteira por trás
2. FL do cotovelo com pesos leves (0,5-2,2 kg) 4. Capaz de levantar placa em gabinete ao nível dos olhos
3. USE-aumentar a intensidade Precaução
4. Progressão de isotônicos conforme capacidade Sem levantamento > 2,2 kg
(Theraband/peso leve)
5. Progressão da estabilização/PNF rítmica diagonal
6. Progressão de exercícios de cadeia fechada (especialmente
flexões de parede)

SEMANAS 10-11 DO PÓS-OPERATÓRIO OBJETIVOS (AO FINAL DE 11 SEMANAS)


1. Progressão dos exercícios conforme tolerado 1. MMT cotovelo FL 4/5
2. ER/IR Theraband em 45 a 90 graus com aumento da velocidade/ 2. MMT ombro FL 4/5
intensidade (deve ser indolor e demonstrar mecânica correta) 3. MMT ombro ABD 4/5
3. Exercícios para estabilidade escapular de cadeia fechada 4. MMT ombro ER 4/5
(quadrúpede, tripé, deitado de lado) 5. MMT ombro IR 4/5
4. Progressão de treinamento proprioceptivo para incluir 6. Capaz de levantar 1,3 kg acima do armário
exercícios de suporte de peso progressivo sobre superfícies 7. Manter o ritmo escapuloumeral com atividades de
instáveis fortalecimento e funcionais
8. Capaz de dobrar camisa e prender o sutiã
Precaução
Sem levantamento unilateral sobre a cabeça > 2,2 kg

FASE Ili-FORTALECIMENTO AVANÇADO PARA RETORNAR AO ESPORTE

SEMANAS 12-15 DO PÓS -OPERATÓRIO OBJETIVOS (AO FINAL DE 15 SEMANAS)


1. Progressão de isotônicos e aumento da resistênc ia/repetição 1. MMT da musculatura do ombro 5/5
(exercícios, arremesso, investidas) 2. Capaz de colocar 4,5 kg no gabinete sobre a
2. Exercícios de Plyoball, se apropriado cabeça
Passe de peito
Lance sobre a cabeça
Lance lateral
Bola com uma mão na parede
3. Progressão do fortalecimento do ombro (puxadas laterais para
baixo, remada)
4 . Fortalecimento isocinético conforme necessário

SEMANAS 16-24 DO PÓS-OPERATÓRIO OBJETIVOS (AO FINAL DE 6 MESES)


1. Iniciar treinamento de arremesso (a critério médico) 1. Retorno ao esporte/atividade de escolha
2. Iniciar treinamento func ional/específico do esporte 2. Independente com a progressão dos exercícios
3. Teste isocinético, se solicitado
*O protocolo foi desenvolvido para pacientes após o reparo da lesão SLAP. A cirurgia e a reabilitação diferem dependendo do tipo de lesão. As dos tipos 1 e
Ili são geralmente tratadas com desbridamento. O tendão do bíceps é estável, de modo que a reabilitação pós-operatória geralmente pode progredir como
tolerado. As dos tipos 11 e IV indicam um tendão do bíceps instável exigindo reparos. Este protocolo focaliza as limitações da amplitude de movimento e o
trabalho ativo do bíceps limitado necessário para reparos do tipo 11/IV. Esta é uma diretriz e pode ser ajustada à apresentação clínica e à orientação médica.
ABD, abdução; ADD, adução; AROM, amplitude do movimento ativo; ER, rotação externa; EXT, extensão; HEP, programas de exercícios domiciliares; FL, flexão;
IR, rotação interna; MMT, teste muscular manual; P/AAROM, amplitude do movimento passivo ou ativo assistido; PNF, faci litação neuromuscular proprioceptiva;
PROM, amplitude do movimento passivo; ROM, amplitude de movimento; UBE, exercícios da parte superior do corpo; WNL, dentro dos limites normais.

inserido no sulco bicipital superior. Os ligamentos são reforçados em Oa 30 graus de abdução para avaliação dinâmica do bíceps segui-
anteriormente pela fixação do tendão subescapular e posteriormente das de uma avaliação da estabilidade estática com o uso do probe.
pela inserção do tendão supraespinal. Em um estudo 200 pacientes Boileau et ai. descreveram um bíceps com deformidade em
consecutivos submetidos à artroscopia de reparo do manguito, Lafosse ampulheta que estava associada a inflamação e gatilho na polia
et ai. encontraram 45% deles apresentavam instabilidade anterior, proximal. A persistência do gatilho resulta em instabilidade da polia.
posterior, ou anterior e posterior. As lesões maiores estavam correla- O tratamento é descridamento artroscópico do tendão ou tenodese.
cionadas com maior incidência e maior grau de instabilidade do Nos pacientes que apresentam impacto crônico e tendinite do bíceps
bíceps. Lafosse et al. sugeriram rotações interna e externa do úmero persistente com lesão maior que 50% do tendão ou com tendão do
Wji:l1) PARTE XIV ARTROSCOPIA

Normal Tipo 1
A B

Tipo2 Tipo 3
e D

Tipo 4 Tipo 5
E F

h[dllih'liflr!I Classificação da subluxação/instabilidade do bíceps. As setas representam a direção da subluxação/instabilidade do


bíceps . A, Normal. B, Tipo 1 com lesão do subescapular sem envolvimento da porção medial do ligamento coracoumeral. C, Tipo 2 sem
lesão do subescapular com o envolvimento da porção medial do ligamento coracoumeral. D, Tipo 3 com lesão do subescapular e com o
envolvimento da porção medial do ligamento coracoumeral. E, Tipo 4 com lesão do supraespinal e da porção lateral do ligamento cora-
coumeral. F, Tipo 5 com lesão do subescapular, e as porções medial e lateral do ligamento coracoumeral incluindo a borda do tendão
supraespinal. B, bíceps; L, porção lateral do ligamento coracoumeral; M, porção medial do ligamento coracoumeral; S, subescapular.

bíceps subluxado como descrito por Lafosse et al., Habermeyer et pacientes (idade média de 54 anos) submetidos à tenodese do bíceps.
al., e Bennett (Fig. 52-16), uma tenodese artroscópica ou por minia- Os resultados cosméticos, os espasmos musculares e a dor na região
bertura pode ser realizada. Em pacientes mais jovens, ativos, um anterior do ombro foram semelhantes nos questionários de acom-
parafuso de biotenodese ou âncoras de sutura são indicados para a panhamento. As indicações para tenotomia do bíceps incluem idade
tenodese. Ambas as técnicas têm demostrando boa fixação para maior do que 50 anos e ausência de atividades de carga. Esses
resistir à movimentação cíclica. Para os pacientes de meia-idade, pacientes foram enquadrados em três categorias: (1) tendinite bici-
uma tenodese em tecidos moles pode ser adequada. Em pacientes pital crônica com lesão, (2) subluxação medial, ou (3) lesão SLAP
mais velhos com consentimento prévio informado, os melhores degenerativa com lesão no bíceps. Walch et al. revisaram 307 pacien-
resultados são alcançados com uma tenotomia simples e desbrida- tes com tenotomia do bíceps: 87% estavam satisfeitos com os resul-
mento do coto. tados. A evolução desfavorável estava geralmente associada a
Osbahr et al. compararam os resultados de 80 pacientes (idade achados pré-operatórios de uma ascenção da cabeça umeral asso-
média de 58 anos) submetidos à tenotomia artroscópica com 80 ciada a infiltração gordurosa no manguito rotador.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

-
mantém o tendão do bíceps preso ao ligament o t ran sverso
LIBERAÇÃO DO TENDÃO DO BÍCEPS
do úmero no sulco bicipital.
•Repita essas etapas para criar uma segunda sutura a fim
TÉCNICA
de fixar o tendão do bíceps. Diferentes cores de suturas
•Execute artroscopia do ombro através dos porta is-padrão podem ser usadas para simplificar o manejo das suturas.
anteriores e posteriores . •Após o tendão do bíceps estar adequadamente seguro,
•Libere o tendão do bíceps da sua inserção glenoidal use uma tesoura artroscópica ou mordedor para cortar
com um eletrocautério artroscópico ou tesoura artros- transversa lmente o tendão do bíceps proximal ao fio de
cópica para permitir a formação de uma ponta espessa, sutura.
que deverá prender-se na goteira bicipital, evitando, • Desbride o coto da inserção do bíceps para obt er uma
assim, uma grave deformidade em " Popeye". superfície lisa e estável na borda do lábio superior.
• Desbride qualquer coto remanescente com um shaver. •Neste ponto, introduza o artroscópio no espaço subacromial.
Estabeleça um portal lateral, e realize qualquer procedimento
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO concomitante, como a descompressão subacromia lou o
Os pacientes devem usar
tipoia por 3 a 5 dias para conforto; a amp litude total de reparo do manguito rotador. Evite transecção das suturas
movimentos é permitida. Nenhuma flexão do cotovelo previamente realizadas. Nós preferimos realizar uma bursec-
resistida é permitida por 1 mês. tomia subacromial antes de realizar as suturas de tenodese.
• Localize as suturas fixadas no t endão do bíceps e no liga-
mento transverso do úmero no sulco bicipital no espaço
subacrom ial e recupere-as através do portal lateral.
•Sequencialmente, ama rre os fios utilizando as técnicas-
TENODESE ARTBOSCÓPICA DO BÍCEPS padrão de nós artroscópicos.
COM UM TENDAO INTRA-ARTICULAR •Remova todo flui do e debris, e suture os portais normal-
PERCUTANEO mente. Cubra a incisão com um cu rativo, e coloque o
braço em uma tipoia.
Sekiya et ai . descreveram uma técnica que deve ser utilizada
nos pacientes de meia-idade que não praticam esportes de CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se foi realizada um a
alt o nível ou trabalho pesado . As indicações são as mesmas tenodese artroscópica isolada do tendão bicipital, o paciente
para as demais patologias do tendão bicipita l com tendinite pode iniciar imediatamente os exercícios pendulares passi-
crônica e uma lesão associada, para a subluxação media l, ou vos e os movimentos ativos do punho e de amplitude de
para dor bicipital com uma lesão SLA P associada. movim ento da mão. Uma semana depois da cirurgia,
começam de forma suave e passiva os exercícios de ampli-
TÉCNICA tude de movimento do cotovelo e do ombro em todos os
planos, sempre com a supervisão de um fisioterapeuta.
(SEKIYA ET AL.) Passadas 12 a 16 semanas da cirurg ia, o paciente está livre
da fisioterapia e passa a fazer um programa de exercícios
• Coloque o paciente em uma posição "cadeira de praia" em casa. O uso irrestrito da extremidade é perm itido a partir
ou em decúbito lateral . de 4 a 6 meses depois da cirurgia.
•Insira uma agu lha longa no aspecto anterior do ombro
dentro do sulco bicipital e através do ligamento do úmero
transversa l e do aspecto lateral da cápsu la interna.
•Sob visão direta, perfu re o tendão do bíceps com a TENODESE DO BÍCEPS: ARTROSCOPIA
agulha . Passe um fio de PDS nº 1 (Ethicon, Cornel ia, GA) OU TÉCNICA DA MINIABERTURA
através da agulha , e recupere-o através do portal anterior
com uma pinça . A tenodese pode ser realizada com um parafuso de biote-
•Insira uma segunda agul ha longa através do li gamento nodese bioabsorvível ou com duas âncoras de sutu ras de 5
transverso do úmero pela reg ião anterior do ombro, e mm . A resistência à carga cícl ica é comparável em ambas as
perfure o tendão do bíceps perto da primeira sutura. técnicas, sendo que a força final de arrancamento do para-
Passe um segundo PD S nº 1 através da agulha, e recupe- fuso de biotenodese é maior do que a das âncoras de
re-o para fora pelo portal anterior. suturas . Sejam feitas artroscopicamente ou através de uma
•Estas duas suturas são usadas para puxar uma sutura de t écn ica de miniabertura com uma pequena incisão anterior
poliéster trançada nº 2 não absorvível (SURG IDAC; U.S. ou uma pequena incisão subpeitoral, os resultados de longo
Surgica l, Norwalk, CT) através do tendão do bíceps. prazo são comparáveis, e a técnica deve ser escolhida com
Amarre a sutura SU RGIDAC nº 2 a um fio de PD S, e base nas habilidades e experiência do cirurgião.
puxe-o pelo orifício de punção na região anterior do
ombro através do tendão do bíceps e para fora pela TÉCNICA
cânu la anterior. Amarre a extremidade do fio de sutura
SURGIDAC que foi puxado através da cânula an t erior ao (ROMEO ET AL.)
outro fio de PDS, e puxe-o de vo lta pela cân ul a anterior
at ravés do tendão do bíceps e pelo orifício de punção na • Coloque o paciente em posição "cadei ra de praia" com
região anterior do ombro. Isto cria uma sutura que o braço entre 30 e 60 graus de flexão anterior, 30 graus )
MJ!:f> PARTE XIV ARTROSCOPIA
de abdução, e 20 graus de rotação interna respousando •Permita que as suturas entrem no espaço subacromial.
)
sobre um suporte acolchoado de Mayo. •Posicione as câ nulas dentro dos portais anterior e ante-
•Passe uma agulha de ca libre 18 pela borda anterolateral rolateral, e recupere as suturas pelo porta l anterior para
do acrômio através do manguito rotador e através do que não interfiram na preparação do túnel ósseo.
tendão do bíceps. •Uti lize um portal lateral para exposição, e identifique o
•Passe uma sutura de monofilamento nº 1 através da sulco bicipita l.
agulha de calibre 18, segure-a com uma pinça pelo portal •Gentilmente, desbride os tecidos moles para que o sulco
anterior, e recupere-a. bicipital seja visto com faci lidade. A borda latera l do
•Depois de o tendão ser reparado com uma sutura, use su lco bicipital deve ser evitada devido à travessia dos
um basket artroscópico para liberar o tendão de sua ramos ascendentes dos vasos circunflexos anteriores ao
origem logo latera l ao lábio superior. Isto completa a longo desta reg ião. O desbridamento da bainha e do
preparação para a tenodese do bíceps durante a artros- tecido em redor evita a interposição de tecidos moles
copia da articulação glenoumeral. entre a broca na inserção do tendão no túnel ósseo e
•Posicione um portal anterolateral 2 cm a 3 cm abaixo da na introdução do parafuso de interfe rência. O su lco deve
borda anterior do acrômio no centro do terço anterior do ser facilmente visual izado antes de se iniciar o procedi-
mesmo. Apesar de a visua lização ser mantida através do mento do túnel ósseo.
porta l lateral, o portal anterior deverá ser o porta l de •Para a instrumentação, utilize uma cânu la transparente
trabalho . de 8,25 mm através do portal anterior para aumentar a
• Introduza um shaver artroscópico através do portal ante- exposição e minimizar a distensão dos tecidos moles.
rior, e remova todo o tecido adjacente. As referências Através do portal anterolateral, insira um fio guia ala rga-
anatômicas e a sutura de monofilamento são utilizadas dor e canu lado (2,4 mm) no centro do su lco bicipital 1O
para localizar o tendão no sulco. O ligamento falciforme mm a 15 mm abaixo da inserção do supraesp inal e lateral
do tendão do peitoral é um marco reprodutive l. O tendão à inserção do subescapu lar ao nível do ligamento trans-
do bíceps está diretamente abaixo desta estrutura. verso do úmero. A profundidade do túnel é de 30 mm.
•Usando um basket artroscópico, identifique a bainha e A perfuração do córtex posterior do úmero é desneces-
abra-a. Use o eletrocautério para remover os tecidos ao sária e pode aumentar o risco de compli cações durante
redor, e com um probe libere o tendão. Estenda a dis- o procedimento cirúrgico. Para a maioria dos pacientes,
secção proximalmente ao aspecto lateral do intervalo um alargador canu lado de 8 mm é adequado para per-
rotador. Evite progredir muito mediaimente. Caso contrá - mitir a introdução do tendão dentro do túnel ósseo e
rio, a dissecçã o para expor o tendão do bíceps na bainha assegurar sua fixação com um parafuso de interferência
pode causar uma lesão parcial da inserção superficial do bioabsorvível de 8 mm.
tendão subescapular. •Afira o diâmetro do tendão com os orifícios de numera-
• Recupere o tendão por meio de um de dois métodos. ção encontrados na base do guia de direcionamento.
Capture a sutura de monofilamentos com a agu lha de Avance o alargador ca librado sobre o fio guia na marca
crochê pelo portal anterior, e extraia o tendão pelo portal dos 30 mm. O tamanho-padrão do parafuso de bioteno-
ou loca lize o su lco bicipital com uma agu lha longa no dese proximal do bíceps é de 23 mm.
quadrante anterolatera l do ombro. Depois de obter ângulo •Após a realização do orifício ósseo, o alargador e o f io
e posição satisfatórios, posicione um portal, e recupere o guia são removidos.
tendão com uma pinça hemostática. A excursão do bíceps •Monte o guia e a chave do parafuso de tenodese, e
é relativamente pequena, mas pode ser aumentada através posocione o parafuso bioabsorvível na ponta do guia.
da flexão do braço em mais de 90 graus. Uma distensão Tipicamente, um parafuso de 8 mm é utilizado para um
excessiva dos tecidos moles também pode dificultar a túnel ósseo de 8 mm.
extração do tend ão do bíceps pela ferida operatória. Se • Recupere os fios através do portal anterolateral. Com um
isto ocorrer, transfira o artroscópio para o portal anterior e passador de sutura, recupere um dos fios da sutura
utilize o portal latera l modificado para extrair o tendão. através do guia e do cabo da chave (Fig. 52-17 A). Segure
•Depois que o tendão é extraído através do portal antero- o outro fio sem muita tensão. Puxe o fio que foi passado
lateral, posicione uma pinça hemostática no tend ão ao através do guia até a ponta do tendão estar firmemente
nível da pele para evitar que ele retra ia debaixo da pele. fixada contra a ponta do guia. Mantenha o suporte
•A loca lização e a tensão da tenodese são importantes contra o cabo do guia para que não prejudique a inserção
para o reparo anatômico. Para aproximar a distância intra- do parafuso de interferência.
articu lar, remova 20 mm do tendão e realize uma sutura •Utilize a porta l lateral para vizualização, e introduza guia
em chuleio de 15 mm do tendão. Isto permite que o direcionador da tenodese através da cânu la anterolateral.
direcionador de tenodese aprofunde o tendão com todas Observe a extremidade do direcionador e o tendão à
as suturas e confirma a localização correta no túnel ósseo. med ida que eles saem da cânu la.
•Utilizando a técnica de Krakow, realize uma sutura com •Posicione a ponta do guia no aspecto superior do tunel
fio trançado ou um Fiberwire nº 2 (Arthrex, Naples, FL) ósseo, e insi ra -a manualmente até que o tendão alcance
que tenha 91,5 cm de tamanho total no final do tendão a base do túnel. Matenha o fio livre dentro do guia canu-
•Realize um nó quadrado ao final da sutura para manter lado tracionando o fio com uma pinça hemostática.
tensão na sutura durante a inserção e posicionamento Depois que o guia e o tendão tenham sido posicionados
correto do direcionador de tenodese . no fundo do tunel ósseo, uti lize o suporte para manter o
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR EJ!:fM
tendão e a sutura no fundo do túnel ósseo. A inserção
apropriada do tendão é confirmada observando-se a
sutura desaparecer dentro do tunel ósseo.
•Coloque o parafuso de interferência bioabsorvível sobre
a extremidade do tendão até que a cabeça do parafuso
esteja abaixo do nível do topo das cristas intertubercula-
res medial e lateral. A cabeça do parafuso pode ser inse-
rida até estar nivelada com a base do sulco bicipital.
• Depois que o parafuso tiver sido propriamente assentado,
remova o guia do portal anterolateral.
•Utilize a agulha de crochê para recuperar ambos os fios
de sutura: um deles passando através do parafuso de
A interferência; e o outro, entre o parafuso de interferência
e o túnel ósseo.
•Confeccione um nó composto de diversas meias-voltas
sobre a extermidade do parafuso de interferência utili-
zando as técnicas de nós artroscópicos (Fig. 52-178 e C).
•Irrigue o espaço subacromial, removendo minuciosa-
mente quaisquer tecidos ou debris remanescentes.
•Rotacione o braço em ambas as direções para garantir
que não existe proeminência na extremidade do parafuso
e que nenhuma complicação relacionada ao procedi-
mento tenha ocorrido.

POSIÇÃO EM DECÚBITO LATERAL


•A posição em decúbito lateral também pode ser utilizada
para os procedimentos subacromiais, incluindo tenodese
B artroscópica do bíceps.
•Posicione o braço entre 30 e 45 graus de abdução com
tração longitudinal. A vantagem desta posição é que a
anatomia do ombro fica relativamente estável durante o
procedimento cirúrgico. A desvantagem é que a tração
não é facilmente removida. O cotovelo não pode ser fle-
xionado durante o procedimento cirúrgico, o que aumen-
taria o comprimento do tendão bicipital disponível no
espaço subacromial. Logo, na posição em decúbito lateral,
o comprimento do tendão bicipital rotineiramente é ina-
dequado para extração através do portal anterior.
• Romeo et ai. recomendam uma modificação da técnica em
posição " cadeira de praia" previamente descrita, a qual
permite que o tendão do bíceps permaneça no espaço
subacromial durante todo o procedimento.
•Depois de identificar o tendão do bíceps por palpação ou
visualização abaixo do ligamento transverso do úmero,
remova o tendão do sulco. Tranfixe o tendão com um
único fio Fiberwire nº 2 ut ilizando uma pinça do tipo
Viper (Arthrex, Naples, FL) 2 cm cefálicos ao local do orifí-
cio da tenodese .
•Recupere ambos as pontas do fio pelo portal anterior, e
O[riil;tiiE!lf» A, O guia do parafuso de tenodese e a chave são
utilize um nó deslizante sobre o tendão.
montados, e o parafuso bioabsorvível é posicionado sobre o final
•Realize o túnel ósseo, e conduza o tendão utilizando o
do guia. Um dos fios da sutura é passado através do guia, e o
mesmo método descrito para a posição "cadeira de praia".
outro fio estará fora da montagem. B, O parafuso de biotenodese
•Remova o excesso do tendão ao término da fixa ção.
com o tendão do bíceps ilustra a interface de encaixe. C, Nó com
diversos contranós amarrados sobre o parafuso de interferência.
(De Romeo AA, Mazzocca AD, Ta uro JC: Arthroscopic bi ceps tenodesis,
Arthroscopy 20:2 06, 2004.) VEJA A TÉCNICA 52-9.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O manejo pós-opera-
tório depende amplamente dos procedimentos executa-
dos juntamente com a tenodese do bíceps. Se somente
a tenodese do bíceps foi realziada, o procedimento
pós-operatório é o mesmo da acromioplastia artroscó-
pica (Técnica 52-17) As atividades de fortalecimen to )
WJH• PARTE XIV ARTROSCOPIA

relacionadas com a flexão do cotovelo ou elevação ante- curta do bíceps. Um afastamento media l vigoroso deve ser
)
rior do braço com o cotovelo estendido devem ser evita- evitado para prevenir lesões no nervo muscu locutâneo.
das por até 6 semanas após o procedimento. •Assim que o tendão do bíceps for identificado, posicione
um probe abaixo do tendão, e puxe-o trazendo-o para a
incisão (Fig. 52-1 SC).
• Desinsira um retângulo de periósteo de aproximadamente
2 cm x 1 cm, 1 cm proximal ao tendão do peitora l maior.
TENODESE SUBPEITORAL DO BÍCEPS •Para garantir tensão apropriada ao tendão do bíceps,
COM UM PARAFUSO DE resseque a porção proximal do tendão para deixar 20 mm a
INTERFERÊNCIA 25 mm de tendão proximal na porção miotendínea do bíceps.
•Rea lize uma sutura do t ipo Krakow ou chuleio com um
A tenodese do bíceps por miniabertura é feita por meio de
fio Fiberwire nº 2 ou outro fio não absorvível nos 15 mm
uma pequena incisão sobre o sulco bicipital no aspecto
proxima is do tendão (Fig. 52-1 SD). Prenda uma porção
anterior do deltoide ou por meio de uma incisão subdelto-
suficiente do tendão para garantir uma fixação adequada
ídea conforme descrito por Mazzocca et ai. As indicações
dentro do osso e para posicionar a porção miotendínea
para esta técn ica são as mesmas para a tenodese artroscó-
do músculo do bíceps logo abaixo da borda inferior do
pica do bíceps (ou seja, 50% de tenopatia com persistência
tendão do peitoral maior. Isto é crucial para o tensiona-
da dor, lesão envolvendo 50% do tendão do bíceps, ou
mento apropriado da unidade múscu lo-tendão e para
instabi lidade do bíceps).
uma cosmética adequada.
•Com um f io guia e um alargador de 8 mm, estabeleça
TÉCNICA um túnel ósseo de 15 mm de profundidade, e remova
todos os debris da incisão (Fig. 52 -1 SE)
(MAZZOCCA ET AL.) •Passe um dos f ios da sutura através da chave e do para-
fuso de biotenodese Arthrex (8 mm x 12 mm), e posi-
•Rea lize um portal posterior-padrão para a artroscopia cione uma pinça de hemostasia no final do f io.
diagnóstica . •Coloque a chave com o parafuso dentro do túnel ósseo, e
•Utilize uma sutura de tração através do tendão do bíceps avance o parafuso sobre o tendão (Fi g. 52-1 SF). Quando
proxima l, e libere o tendão artroscop icamente. o parafuso estiver nivelado ao túnel ósseo, remova a chave.
•Com o braço abduzido e rodado internamente, palpe a •Ama rre o fio da sutura próximo ao tendão e ao parafuso.
borda inferior do tendão do peitora l maior. Rea lize uma Essa construção fornece boa estabi lidade devido à fixação
incisão de 1 cm no aspecto media l do braço até a borda ancorada do parafuso e da sutura (construção do tendão-
inferior do tendão do pe itoral, e continue até 3 cm abaixo parafuso) (Fig . 52-1 SG). A transição miotendínea deve
da borda inferior (Fig. 52-1 SA)
estar local izada em sua posição anatômica abaixo da
•Infiltre o ponto da incisão com anestésico local mais borda inferior do tendão do peitoral maior ao fim do
epinefrina para hemostasia subcutânea e ana lgesia perio-
proced imento (Fig. 52-1 SH).
peratória. A incisão pode ser rea lizada na axi la para •Complete o procedimento com o fechamento da incisão.
efeitos cosméticos caso o cirurgião esteja fami liarizado
com a anatomia loca l.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós-opera-
•Realize uma incisão através do tecido subcutâneo, e tórios são os mesmos que aqueles após a biotenodese
uti lize um eletrocautério para controlar o sangramento. artroscópica (Técnica 52 -9)
Um afastador autoestático de Gelp i ou Weitlaner pode
ser utilizado para exposição .
•Remova o tecido gorduroso sobreposto até a identifica-
ção da fáscia sobreposta ao peitoral maior, coracobra -
qu ial e bíceps. Se estes reparos anatômicos não estiverem
visíveis, a dissecção pode estar muito lateral. Se a veia INSTABILIDADE ANTERIOR
cefálica for vista no sulco deltopeitoral, a dissecção está
muito proximal e mu ito lateral. Desde que Detrisac e Johnson introduziram a capsulorrafia de grampo
•Depois que a borda inferior do peitoral ma ior t iver sido nos anos 1970, os procedimentos para a estabilização artroscópica
identificada, incise a fáscia sobreposta ao coracobraquia l de ombro evoluíram com o desenvolvimento da tecnologia e modi-
e ao bíceps de proximal para distal. É importante ver as ficações dos procedimentos. Âncoras de suturas artroscópicas, pli-
fibras horizontais do músculo peitoral e incisar abaixo catura capsular, e técnicas de fechamento do intervalo foram
deste nível. Uma dissecção romba com o dedo aba ixo da desenvolvidas, e mostraram a mesma taxa de recorrência das técni-
borda inferior do múscu lo peitoral e pa lpando a porção cas abertas em pacientes apropriadamente selecionados.
anteromedial do úmero identifica a estrutura longitudinal Conforme a técnica foi evoluindo, também aumentaram as
e fusiforme do tendão bicipita l (Fig . 52-1 SB) indicações e as contraindicações. Em um estudo de 190 pacientes,
• Poscione um afastador de Hohmann entre o tendão do Burkhart e DeBeer notaram um aumento da taxa de recorrência (de
peitora l ma ior e o úmero proxima l para afastar o músculo 6,5% para 89%) em atletas de esportes de contato quando um defeito
proxima l e latera lmente. de 25% da glenoide ou uma lesão de Hill-Sachs com engate isolados
•Posicione um afastador rombo de Chand ler no aspecto ou combinados estavam presentes. Voos et ai. apresentaram uma
media l do úmero para afastar o coracobraquial e a cabeça taxa geral de recorrência de 18%, a qual aumentou para 37,5% nos
pacientes com menos de 20 anos com hiperfrouxidão e uma lesão
A B e

G H

O@il;f.) elEI Tenodese do bíceps aberta subpeitoral de Mazzocca et ai. A, Incisão da pele. B, Localização do tendão do bíceps realizada
por meio de dissecção da fáscia superficial usando dissecção romba para palpação do tendão. C, O probe é utilizado para retirar o tendão
da articulação e da incisão. D, Para garantir um tensionamento apropriado, 20 mm do tendão doente são resecados. E, O fio guia é posi-
cionado no centro do sulco bicipital, normalmente na junção entre o meio e o terço distal do sulco intertubercular entre as tuberosidades
menor e maior. Uma fresa esférica de 7 mm ou 8 mm é posicionada sobre o fio e perfurada cerca de 15 mm a 20 mm. F, A sutura é
introduzida através do guia Arthrex da tenodese, e uma sutura é mantida fora. G, Um parafuso de biotenodese é inserido no túnel ósseo,
e o fio que foi mantido externo ao guia é amarrado na sutura que está dentro da porção canulada do parafuso de tenodese. H, A tran-
sição miotendínea repousa em seu local anatômico abaixo da borda inferior do tendão peitora l maior. VEJA A TÉCNICA 52-10.
MJl:I$ PARTE XIV ARTROSCOPIA

Hill-Sachs maior que 25 mm 3. Boileau et al. observaram 91 pacientes


Indicações para a Realização de
por 36 meses e relataram uma taxa geral de recorrência de 15,3%. Eles 52 -2 uma TC em Instabilidade
desenvolveram um índice para a gravidade da lesão (Tabela 52-3 ")
e observaram uma taxa de recorrência de 75% nos paciente com • Evidência rad iográfica ou por RM de perda óssea
perda óssea na glenoide e hiperfrouxidão. •Trauma de alta energia
Neviaser descreveu a avulsão periosteal estável do lábio ante- • Episódios múltiplos de instab ilidades
rior (ALPSA) e sugeriu a existência de benefício no reparo primário • Falha dos procedimento de estabilização
destas lesões. Ozbaydar et al. avaliaram 99 pacientes submetidos ao • Instabil idade aos pequenos movimentos
tratamento da instabilidade do ombro. Vinte e oito por cento apre- • Instabilidade inferior
sentavam ALPSA. Estes tinham menos que 21 anos. Comparados • Instabilidade durante o sono
aos pacientes com mais de 30 anos, eles apresentavam mais l\L""<ações • Históri co de redução difícil
antes do ato cirúrgico (12,3 contra 4,9). As taxas de falha foram de
19,2% para ALPSA e de 7,4% para lesões de Bankart.
Barber et ai., Ide et ai., e Mazzocca et ai. relataram taxas de
recorrência de 11 %, 7%, e 11 % respectivamente, em atletas de
contato após procedimentos artroscópicos de reconstrução. Essas Indicações para Modificadores
taxas são favoravelmente comparáveis aos procedimentos de 52 -3 de Estabilização de Ombro
Bankart abertos em atletas de contato (Uhorchak et ai., 23%;
Pagnani et ai., 3%; e Magn usson et ai., 11 % de luxações e 6% de •Perda óssea > 25%
subluxações em 4 a 9 anos de acompanhamento). Sai to et ai. utili- •Cabeça umeral > 6 mm de profundidade - Considerar
zaram a TC tridimensional para avaliar os defeitos ósseos da borda remplissage para atletas de esportes de impacto
da glenoide em luxações recorrentes. Em 123 ombros, a orientação • Instabi lidade multidirecional - Tensionamento capsu lar
do defeito ósseo glenoidal encontrava-se na posição das 3 horas. artroscóp ico
Esta informação foi útil para localizar e revisar o defeito ósseo de • Avulsão de lâmina periosteal labroligamentar anterior -
Bankart artroscopicamente. As indicações para a TC estão listadas Restaurar a anatomia anterior; considerar plicatura
no Quadro 52-2. • Avu lsão umeral anterior do ligamento glenoumera l infe-
Até este momento, acreditamos que o procedimento artroscó- rior - Reparo por miniabertura ou artroscopia
pico com plicatura e fechamento do intervalo conforme indicado e • Avulsão umeral posterior do ligamento glenoum era l infe-
o reparo dos defeitos capsulolabrais produzem resultados compará- rior - Reparo artroscópico
veis aos procedimentos abertos. Os cirurgiões devem avaliar suas • Lesão SLAP - Reparo concom itante
habilidades e expertise técnica para escolher entre um procedimento • Lesão de manguito - Reparo concomitante
aberto ou uma artroscopia considerando qual o procedimento mais
adequado ao seu nível de expertise e a lesão existente.
As indicações para procedimentos de estabilização do ombro
incluem luxação primária nos pacientes de alto risco envolvidos com 2. Ava liação cuidadosa e identificação de todas as condições
esporte de contato em fim de temporada ou luxação do ombro patológicas significativas, incluindo a RM pré-operatória ou a
dominante em um atleta que realiza movimentos acima da altura da TC tridimensional para avaliar defeitos ósseos significativos
cabeça. A recorrência da instabilidade apesar do tratamento conser- associados à instabilidade recorrente. Um exame artroscópico
vador também é uma indicação de estabilização cirúrgica do ombro através do portal anterossuperior é feito para avaliar a perda
(Quadro 52-3). Uma das contraindicações é um paciente não coo- óssea da glenoide formando o denominado defeito da pera
perativo ou clinicamente instável. As contraindicações relativas invertida.
incluem 25% (aproximadamente 6 mm) de perda óssea glenoidal e 3. Liberação do complexo do ligamento capsular na posição
lesão de Hills-Sachs envolvendo 30% (aproximadamente 6 mm de aproximada de 6 horas para que o músculo subescapular possa
largura) do úmero, e uma lesão HAGL (Quadro 52-3) . A lesão ser claramente visualizado para permitir avanço apropriado
HAGL foi originalmente descrita por Nicola em 1942 e posterior- para a porção superior da cápsula.
mete por Bach, Wolf, e Baker et ai. Wolf descreveu a lesão HAGL 4. Abrasão do colo da glenoide para promover um leito ósseo san-
em 9,3% dos pacientes com instabilidade no ombro. grante e bem vascularizado para cicatrização capsular adequada.
Ambas as avulsões umerais anterior e posterior com e sem 5. Avanço superior do complexo glenoumeral para restaurar a
fragmento ósseo e um ligamento glenoumeral inferior flutuante tensão fisiológica e eliminar qualquer possível sinal de drive-
tanto anteriormente quando posteriormente foram relatados. Uma through . Uma lesão no ligamento glenoumeral posteroinferior
RM pré-operatória no quadro agudo, bem como no exame através geralmente está presente, e uma plicatura da cápsula poste-
de artroscopia, é necessária para identificar e tratar todos os pontos roinferior é indicada na instabilidade recorrente em atletas de
de dano (Fig. 52-19). Reparos abertos e artroscópicos de lesão esportes de contato. Nós temos plicado a cápsula posterior em
HAGL têm sido descritos, e neste momento a maioria dos autores um alto percentual de nossos pacientes desde 2002.
acredita que um procedimento aberto é a a maneira mais fácil e 6. Garanta fixação anatômica de 2 mm sobre a superfície articular
reprodutível de reparar estas lesões. com um mínimo de três âncoras e assegure uma fixação com
Os pontos técnicos pertinentes para o sucesso do reparo por laço e nó para comprimir o complexo capsuloligamentar até a
artroscopia são os seguintes: superfície óssea e garantir fixação adequada durante os estágios
1. Objetivos e prazos realistas do paciente. iniciais de cicatrização.
7. Reparo dos defeitos significativos do intervalo de rotador, lábio
e manguito.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com. 8. Reabilitação supervisionada e com orientação de objetivos.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fll!illl
TÉCNICA DE REPARO ARTROSCÓPICA
DE BANKART
TÉCNICA
•Posicione o paciente na mesa cirúrgica na posição em
decúb ito lateral com um pequeno travesseiro e coxins
de suporte . Cuidadosamente, proteja todas as proemi-
nências ósseas, bem como as áreas axi lares. Uti lize uma
manta térmica e dispositivos de compressão nas extre-
midades inferiores. Prepare o paciente para que haja
ampla exposição dos aspectos anterior, posterior e supe-
rior do ombro . Pos icione o braço em 4 5 graus de
abdução e em 20 graus de flexão anterior usando 4,5
kg a 5 kg de tração.
•Demarque os reparos anatôm icos ósseos e posicione os
portais na pele.
• Posicione o porta l posterior 2 cm inferior à borda poste-
rolatera l do acrômio.
•Antes de realizar qualquer outro porta l adicional ,
examine minuciosamente o ombro através do portal
poste rior para identificar os locais ma is apropriados
para a rea li zação do po rtal anterio r e pa ra qualquer
portal posterior que seja necessário. Cuidadosamente,
visualize completamente o lábio, os 360 graus da arti-
culação do ombro, e a inserção do ligamento glenou-
meral ao úme ro de ante ri or pa ra poste ri or. Ava li e
minuc iosamente a articul ação g leno ume ral e a pe rda
óssea da g leno ide ou da cabeça umeral. Defe itos da
cabeça umeral ma iores que 6 mm de profund idade
podem precisar de estab ili zação com um proced imento
do t ipo "remp li ssage" (Técnica 52- 15). Perda óssea da
glenoide maior que 6 mm deve ser reparada com um
procedimento aberto de Laterjet.
•Depois de identificar o quadrante ou quadrantes da
lesão labial, estabeleça os porta is planejados uti lizando
uma agu lha longa pa ra a local ização de acordo com a
aproximação do quadrante conforme mostra a Fi gura
52-20.
• Rea lize um portal anterossupe ri or com a cânu la inserida
no ombro logo posterior ao tendão do bíceps e anterior
ao eixo principal do tendão supraespinal. É o me lhor
portal para vi sualizar a extensão completa da lesão
capsuloligamentar e o melhor para identificar a lesão
(Fig . 52-21).
•Reali ze um porta l central anterior pa ra co locar uma
cânula translúcida de 8,25 mm logo acima da borda
superior do tendão subescapu lar em um ângu lo de apro-
ximadamente 45 graus em re lação à superf ície art icu lar
glenoide. Isto é ut ilizado para a co locação de âncoras e
pa ra a instrum entação co m o uso de um passado r de
sutura.
•Caso a lesão se estenda posteriormente, rea lize um
portal na posição 7 horas posteriormente uti lizando uma
agu lha longa para loca lização. Penetre na articu lação
O@ii;HmEJ A, Avu lsão umera l do liga mento glenoumera l em um ângulo apropriado para a co locação da ânco ra
com exposição do manguito posterior. B, Avulsão do ligamento na parte inferior da glenoide, se necessário, ou para a
glenoumeral post erior na glenoide do mesmo paciente . C, Avu lsão colocação do passador de suturas para passagem dos
umera l do li gamento glenoumeral flut uante reparada. VEJA A pontos ao longo do complexo capsu loligamentar. )
TÉCNICA 52-14.
EJI) PARTE XIV ARTROSCOPIA

e
O@il;@l!ll!I Método dos quatro quadrantes concebido por Seroyer et ai. A, No quadrante superior, lesões SLAP entre 2 e 10 horas
são acessíveis através dos portais anterior (AP). anterossupero latera l (ASL), e de Wilmington (PW). B, No quadrante anterior, as
lesões labrais anteroinferiores são acessíveis através do portal anterior (AP) e do portal S horas. C, No quadrante anteroinferior, as lesões
capsulolabrais anteroinferiores são acessíveis através dos portais 5 e 7 horas. D, No quadrante posteroinferior, as lesões labrais poste-
riores podem ser acessadas através do portal 7 horas.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR flm

O(riilm.iEfBI A, Lesão de Bankart. B, Lesão óssea de Bankart. e, Avulsão pe riosteal labral anterior. D, Avulsão glenoidal do ligamento
glenoumeral. E, Lesão articular labral da glenoide. F, Avulsão glenoidal juvenil do ligamento glenoumeral. VEJA A TÉCNICA 52-11.
lllm> PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@il;ffle&a Reparo de Bankart. A, Cápsul a e complexo labra l liberados. B, Âncora inserida na borda da articulação. C, Um segmento
capsu lar de 1 cm é laçado com a pinça de Spectrum distal a âncora. D, Nós amarrados recriando barreira de tecidos moles. VEJA A
TÉCNICA 52-11.

•Visualiza ndo através do portal anterossuperior, use um labra l para que possam avançar superiormente (Fig.52-
)
descolador para liberar a cápsu la do músculo subescapu- 22A). Planeje a posição das âncoras tentando obter três ou
lar, o qual deve estar visível. Cruente o colo da glenoide quatro âncoras posicionadas abaixo da posição 3 horas.
para estimu lar a cicatrização (Fig. 52-23A). •A âncora mais inferior é mais bem posicionada utilizando-
• Visual izando através do portal anterossuperior, se neces- se um portal percutâneo 5 horas posicionado com a ajuda
sário, rea lize um procedimento de plicatura capsular de uma agu lha longa para a local ização. Insira a agulha
est endendo ao longo da inserção da banda posterior do longa em ângulo de 45 graus com a superfície articu lar.
ligamento glenoumera l inferior. Usando uma raspa, O guia cortante pode ser inserido na posição das 5 horas
cruente os tecidos e a região da plicatura para incitar e meia no colo, 1 mm a 2 mm sobre a superfície articular
inflamação sem lesa r o tecido. para colocação e posicionamento da âncora. Para obter
•Use um passador de sutu ra com f ios de PDS, iniciando na a melhor área para perfuração óssea em um nível inferior,
posição de 6 horas aproximadamente e envo lve ndo uma o uso de um alargador angu lado e gu ia de âncora, como
porção de 1 cm de cápsu la pela técnica pinçar e pen etra r, a JuggerKnot (Biomet), pode ser feito percutaneamente.
de modo a garantir que a agulha sa ia através da cápsula Isto fornece excelente fixação nesta posição (Fig. 52-22B).
e passe abaixo do lábio em uma posição apropriada. As •A segunda e a terceira âncoras podem ser única ou dupla-
suturas podem ser amarradas assim que forem realizadas, mente carregadas, mas geralmente são âncoras de bio-
mas pode ser mais fác il realizar por múltiplas suturas decompostos duplamente carregadas. Com esta técnica,
primeiro, recuperá-las para a cânu la e amarrá-las tardia- recupere o f io mais inferior pela cânu la posteroinferior
mente. Geralmente, três suturas são passadas com a usando um pegador de sutura. Obtenha uma boa porção
parte superior posicionada na inserção da banda posterior da cápsula e do lábio logo distal ao local de inserção da
do ligamento glenoumeral inferior. âncora (Fig. 52-22C). Recupere este PDS fora da cãnula
•Agora rea lize a parte anterior do procedimento Bankart. posteroinferior e amarre-o ao redor do f io inferior da âncora,
Cruente o colo anterior e li bere a cápsula e o complexo e depois recupere-o pela cân ula anterior. Recupere os dois
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

H@IJ!!'lU!I!) A, Ab ras ão do colo da g lenoide


e liberação capsu lar para permitir ava nço do com-
pl exo caps ulolabral supe rior e lateralmente para
restaurar a ten são anatôm ica e f isio lógica . Artros-
cópio posicionado no portal anterossuperior. B e
C, Barre ira labral anterior restaurada . VEJA A
TÉCNICA 52-11 .

fios não envolvidos com o primeiro nó pela cânula pos- o fechamento do intervalo rotador e recue a cânula central
terior e guarde-os para amarrar futuramente. O nó artros- anterior logo após a cápsula. Utilize um passsador em forma
cópico é, então, realizado. · de crescente através do ligamento glenoumeral inferior
•Tracione firmemente a primeira sutura que foi passada alguns milímetros pelo ligamento em direção ao interior da
através do lábio e da cápsula acima da borda da glenoide, articulação. Mantenha um fio fora da cápsula enquanto o
criando uma proem inência anterior. Recupere os fios supe- fio no interior da articulação é recupe rado utilizando um
riores daqueles que foram passados pela cânu la posterior dispositivo penetrador através da câ nula centra l anterior.
através da câ nula anteri or. Use um passador com um fio Segure o fi o intra-articu lar ao nível do ligamento glenoume-
PDS nº 1 para transpassar a cápsu la e o lábio. Recupere ra l superio r e recupere-o para amarração extracapsular
esta sutura pela cânu la posterior e posicione a segunda usando o nó SMC (Samsung Medical Center) (Fig . 52-56).
sutura através da cápsula e recupere-a pela cânula anterior, Geralmente, dois fios são passados para fechar o intervalo
amarrando-a firmemente na cápsula e no lábio, mais uma rotador e uma mínima perda de rotação externa é esperada
vez obtendo uma f ixação segura da cápsu la. e compensada pela estabi lidade adicional destas suturas
•Coloque a terceira âncora única ou duplamente carre- adicionais (Figs. 52-24 e 52-25).
gada utilizando a mesma técnica. Algumas vezes, os •Terminado o procedimento, suture os portais com poli-
pontos inferiores podem ser usados tanto em um simples glecaprone 25 (Monocryl) intradérmico. Aplique um cura-
reparo único ou como pontos em " U ", dependendo do t ivo estéril e uma tipoia.
tipo de lesão e do tecido envolvido. Isto é determ inado
durante a cirurgia. Três ou quatro âncoras são posiciona- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma t ipoia é util izada até
das, cada uma separada da outra por 5 mm a 7 mm. 4 a 6 semanas de pós-operatório. A fisioterapia é in iciada
Amarre os nós firmemente, recri an do uma proeminência entre a 2ª e a 3ª semanas após a ci rurgi a. A movimenta-
de tecido mole (Figs. 52-220 e 52-23) . A essa altura, se ção ativa assistida é rea lizada entre a 2ª e a 8ª semanas,
as suturas plicadas não tiverem sido amarradas, elas e o fortalecimento isométrico é iniciado da 8ª até a 12ª
devem ser amarradas pela cânula posterior. Na nossa semana. É permitido ao atleta retornar aos programas de
prática, nós geralmente as amarramos mais precoce- condicionamento pré-lesão e aos treinamentos com
mente no proced imento logo que são colocados, mas pesos em 12 semanas, e em 6 meses o atlet a já está apto
alguns autores preferem amarrá-las posteriormente. a realizar esportes de contato com base na ampl itude de
•Caso o paciente tenha hiperfrouxidão e um teste do movimento e força comparados com o ombro contrala-
sulco sign ificativo associado a lesão de Banka rt, rea lize teral (Tabela 52 -4) .
@jpt) PARTE XIV ARTROSCOPIA

INSTABILIDADE POSTERIOR não atletas. Em um estudo realizado por Bradley et ai. incluindo 100
procedimentos de correção da instabilidade posterior recorrente do
A artroscopia de estabilização posterior do ombro tem recebido uma ombro, a pontuação na escala dos American Shoulder and Elbow
rápida aceitação nos últimos anos à medida qu e os procedimentos Surgeons melhorou de 50,36 para 85,66 em um acompanhamento
abertos vêm obtendo resultados pouco satisfatórios. Os reparos de 27 meses. No geral, 89% de seus pacientes puderam retornar aos
artroscópicos têm demonstrado efetividade em pacientes atl etas e esportes e 67% puderam retornar ao mesmo nível de esportes pra-
ticados pré-operatoriamente. Nós também acreditamos que o reparo
artroscópico permite a completa exposição e correção da patologia
intra-ar ticular do ombro, e permite ao ci rurgião detectar as lesões
patológicas ocultas que não são evidentes na RM. Atualmente, nós
usamos o procedimento descrito por Kim et ai. e geralmente incor-
poramos o fechamento do intervalo rotador em atletas de contato
ou em qualquer paciente que tenha um componente inferior à sua
instabilidade posterior. Como na instabilidade anterior, a perda
óssea excessiva maior que 25% da glenoide, uma grande lesão de
Hill-Sachs anterior, retroversão excessiva da glenoide maior que
15%, ou síndrome com deficiência patológica do colágeno resultarão
em res ultados inferiores e são contraindicações relativas às técnicas
artroscópicas de tecidos moles.

ESTABILIZAÇÃO POSTERIOR DO
OMBRO
TÉCNICA ......
(KIM ET AL.)

H[dli@ieEJ Reparo de Bankart completo com três âncoras e • Posicione o paciente em decúbito latera l, e prepare o
plicatura capsu lar inferiormente. O intervalo rotador é fechado.
VEJA A TÉCNICA 52-11.
ombro.
)

O!ril!;f4Efm A, Avulsão glenoidal do liga-


mento glenoumeral reparada. B, Avulsão glenoi-
dal juvenil reparada . C, Reparo ósseo de Bankart
finalizado .
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fJa

- 52-4 Protocolode Reabilitação do Reparo de Bankart*

OBJETIVOS PRÉ-OPERATÓRIOS
1. Independente com programa de exercícios pós-operatórios
2. Independente com fortalecimento pré-operatório com isométricos e isotônicos em amplitude live de dor e estável

FASE 1

SEM PT FORMAL SE O PACIENTE ALCANÇOU OS OBJETIVOS


SEMANAS 1-2 DO PÓS-OPERATÓRIO PRÉ-OPERATÓRIOS
1. Exercícios pendulares
2. AROM de cotovelo, antebraço, punho
3. Isotônicos de punho e exercícios de preensão
4. Tipoia todo o tempo

SEMANAS 3-4 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (AO FINAL DE 4 SEMANAS)


1. Iniciar o PT aproximadamente 15 dias do pós-operatório 1. Independente com HEP BID
2. PROM com as seguintes restrições 2. PROM 150 graus máximo de FL
FL < 160 graus 3. PROM 150 graus máximo de elevação no plano escapular
Elevação no plano escapular até < 150 graus 4. PROM 40 graus máximo de ER
ER neutra para 30 graus em 3 semanas e 40 graus 5. PROM 60 graus máximo de IR em 45 graus de elevação
em 4 semanas no plano escapular
IR em 45 graus de elevação no plano escapular< 60 graus 6. Punho completo, cotovelo AROM
3. AAROM tênue com bastão Precauções
FL < 160 graus 1. Tipoia todo o tempo exceto PT
ER neutra conforme acima 2. Sem ABD PROM verdadeira
4. Tabela dispositiva em FL 3. Sem ER com braço abduzido do corpo
5. Exercícios de mobilidade escapular
Protrusão/retração
Elevação/depressão

SEMANAS 5-6 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (AO FINAL DE 6 SEMANAS)


1. PROM com as seguintes restrições: 1. Independente com HEP BID
FL < 170 graus 2. PROM 170 graus máximo de FL
Elevação no plano escapular < 160 graus 3. PROM 160 graus máximo de elevação no plano
ER de 45 graus, elevação no plano escapular < 60 graus escapular
IR de 45 graus, elevação no plano escapular para 60 graus 4. PROM 60 graus máximo de ER a 45 graus de elevação
ADD domiciliar para WNL no plano escapular
2. AAROM-bastão, pulley, andar com apoio em paredes 5. PROM 60 graus máximo de IR a 45 graus de elevação
3. Isométricas submáximas (25%) ao lado para IR e ER, no plano escapular
e ABD 6. ADD domiciliar para WNL
4. Protusão com resistência manual submáxima Precauções
escapular/retração e elevação/depressão 1. Uso de tipoia durante o sono e em aglomerações
5. AROM-EXT pronada e linhas, protrusão supina e 2. Sem ABD PROM verdadeira
Codman reverso 3. Sem ER com braço ABD do corpo > 45 graus

FASE 11-AROM GRADATIVO E FORTALECIMENTO

SEMANAS 7-8 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT BIW) OBJETIVOS (AO FINAL DE 8 SEMANAS)


1. PROM com as seguintes restrições 1. Independente com HEP QID
FL para WNL 2. Descontinuar a tipoia a todo o tempo sem aumento
Elevação no plano escapular para WNL da dor
ER de 70 graus, elevação no plano escapular para 70 graus 3. PROM FL para WNL
ao final da semana 7 4. PROM elevação no plano escapular para WNL
ER de 90 graus, elevação no plano escapular para 70 graus 5. PROM 70 graus máxi ma ER em 90 graus elevação no
ao final da semana 8 plano escapular
IR para WNL 6. PROM IR para WNL
2. Atividades AAROM continuadas conforme necessário 7. AROM FL e elevação no plano escapular no mínimo
3. AROM FL e elevação no plano escapular para 90 graus 90 graus com mecânica escapular apropriada
4. Isotônicos quando disponíveis 8. Conseguir levantar 0,9 kg até armário ao nível dos olhos
FL e elevação no plano escapular com 0,5-0,9 kg 9. Conseguir executar todas as atividades de cuidados
ER e IR com 0,5-0,9 kg (deitado de lado) ou Theraband (em pé) pessoais e vestir roupas independentemente e com
EXT pronada, linhas, e ABD horizontal < 90 graus mecânica normal
Bíceps em cachos; tríceps EXT 1O. Alcançar carteira do bolso de trás
5. UBE para resistência 11 . Conseguir abrir/fechar porta de carro
6. Treinamento proprioceptivo (drible com bola de parece, Precauções
Codman reverso com peso, resistência submáxima manual PNF) 1. Evitar ER/ABD terminal
2. Isotônicos com peso leve/alta repetição
Continua
PARTE XIV ARTROSCOP\A

52-4 Protocolode Reabilitação do Reparo de Bankart*-cont.

OBJETIVOS PRÉ-OPERATÓRIOS

SEMANAS 9-10 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT BIW) OBJETIVOS (AO FINAL DE 10 SEMANAS)


1. PROM ER 90 graus, elevação no plano escapular para 1. PROM WFL todas as direções
WFL 2. AROM WFL todas as direções
2. Progredir todas AROM para WFL 3. MMT 4/5 FL
3. Progredir fortalecimento isotônico-programa de 4. MMT 4/5 elevação no plano escapular
rotador manguito de Jobe 5. MMT 4/5 ER
4. Iniciar isotônicos-pul/down lateral até o peito, 6. MMT 4 + /5 IR
flexão de braço na parede com cotovelos rentes ao 7. MMT 5/5 EXT
corpo, step-ups, guinadas de lançamento 8. Conseguir colocar galão de leite na geladeira
5. Treinamento proprioceptivo avançado para incluir 9. Conseguir levantar 2,26 kg até armário no nível do olho
suporte de peso progressivo em superfície instável 10. Conseguir levantar 0,9 kg até armário acima do nível
6. Treinamento de resistência avançado para a dos olhos
extremidade superior e o corpo inteiro Precaução
Avaliar para retração capsular posterior; alongar se
necessário

SEMANAS 11-14 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT BIM) OBJETIVOS (AO FINAL DE 14 SEMANAS)


1. Progressão de isotônicos-aumentar resistência 1. Independente com HEP isotônico
2. Progressão de isotônicos ER e IR em direção aos 90 2. MMT 5/5 FL
graus de ABD (Theraband, pesos) 3. MMT elevação no plano escapular 5/5
3. Exercícios de plyobal/, se apropriados 4. MMT ER 5/5
Passe do peito; 5. MMT IR 5/5
Lançamento lateral; 6. Conseguir levantar 4,5 kg até armário no nível do olho
Lançamento sobre a cabeça; 7. Conseguir levantar 2,25 kg até armário acima do nível
4. Fortalecimento isocinético, conforme necessário dos olhos
8. Retorno completo ao trabalho vigoroso
Precaução
Sem bench press ou flies até 6 meses de pós-operatório
* O reparo de Bankart tem a intenção de estabilizar a porção anterior da cápsula do ombro que perdeu integridade após lesões repetitivas ou traumáticas.
É essencial proteger o tecido em processo de cicatrização da cápsula anterior durante as fases iniciais da reabilitação. Evitar ABD/ER terminal é crucial
durante este período. Este protocolo é um guia e pode ser ajustado de acordo com a apresentação clínica e a orientação médica.
AAROM, amplitude do movimento ativo assistido; ABD, abdução; ADD, adução; AROM, amplitude do movimento ativo; BID, duas vezes ao dia; BIW, duas
vezes por semana; BIM, duas vezes por mês; ER, rotação externa; EXT, extensão; FL, flexão; HEP, programa de exercícios domiciliares; IR, rotação interna;
MMT, teste muscular manual; PNF. facilitação neuromuscular proprioceptiva; PROM, amplitude do movimento passivo; PT, fisioterapia; QID, quatro vezes
por dia; QIW, quatro vezes por semana; TIW, três vezes por semana; UBE, exercícios da parte superior do corpo; WFL, dentro dos limites funcionais; WNL,
dentro dos limites normais.

•Mantenha o braço com tração lateral em 30 graus de • Desbride os aspectos inferior e posterior da cápsula para
)
abdução e em 1O graus de flexão anterior. otimizar o processo de cicatrização .
•Crie um portal posterior 2 cm inferior ao ãngulo poste- • Insira uma sutura em forma de âncora na superfície g le-
ro \ateral do acrômio . Esta posição, que é 1 cm lateral ao noide posteroinferior 2 mm internamente na margem da
portal g \enoumeral posterior-padrão, é utilizada para g lenoide através do portal posterior. Se um ângulo apro-
melhorar o acesso ao aspecto posteroinferior do lábio da priado para a inserção em âncora não for alcançado através
glenoide e da cápsula. do portal posterior, utilize um portal posterior acessório
•Crie dois portais anteriores logo distais à articulação acro- aproximadamente 1 cm inferior e lateral ao portal poste-
m ioclavicular e proximais à borda do subescapula r com rior-padrão guiado por uma agu lha longa para manter um
no mínimo 1 cm de distância entre eles. Ao se observar âng ulo descendente em direção ao aspecto posteroinferior
através do portal anterosuperi o r, se uma borda so lta do da glenoide (Fig . 52-26).
aspecto posteroinferior do lábio for encontrada, desbride •Recupere a ponta do fio através do portal anteri o r medio-
o lábio. glenoidal.
•Introduza uma pequena raspa menisca l (Linvatec, Largo, • Introduza uma pinça de sutura em forma de gancho com
FL) através do portal posterior para cruentar a lesão ângulo de 90 graus carregada com um passador de sutura
incompleta no aspecto posteroinferior do lábio e a parede do tipo "Shutt\e Relay'' (Linvatec, Largo, FL) através do
glenoidal correspondente. Se o aspecto posteroinferior portal posterior para penetrar na banda posterior do liga-
do lábio estiver desinserido de sua superfície interior e a mento glenoumeral inferior ao mesmo nível da superfície
junção entre o lábio e a cartilagem articular da g\enoide da glenoide. A banda posterior do ligamento glenoumeral
estiver intacta, sepa re completamente o lábio com o uso inferior é sempre incorporada na primeira sutura .
de uma pinça cortante do tipo LiberatorTM (Linvatec, •Mova o gancho da sutura aproximadamente 1 cm supe-
Largo, FL). rior, e passe-o abai xo do aspecto posteroinferior do
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR Elm

O@ll;ffll!ID A, Instabilidade posterior no


ombro de um arremessador resultando em lesão
capsulolabral. B, Aproximação do lábio com suturas
em âncoras. C, Fechamento do portal posterior
por meio da passagem de uma sutura através de
uma extremidade da cápsula até o lado oposto.
O nó é amarrado extracapsularmente e seccio-
nado com auxílio de um cortador artroscópico.
VEJA A TÉCNICA 52-12.

láb io. Recupere o Shuttle Relay através do portal anterior Após 6 semanas, a rotação interna com o braço elevado
medioglenoidal. e exercícios de fortalecimento são iniciados. Quando o
•Posicione o fio para dentro do Shuttle Relay, recupere-o resultado do teste da força manual for 4+ ou maior, os
através do portal posterior, e amarre um nó SMC. Use atletas profissionais e colegiais podem iniciar exercícios
uma, duas ou três âncoras. mais vigorosos de fortalecimento. Atividades esportivas
• Se a lesão labral posterior apresentar erosão condrolabra l são perm itidas após 4 a 6 meses, dependendo da medição
mas com a inserção preservada, realize uma plicatura cap- isocinética com um dinamômetro Cybex 6000 (Cybex
su lar posterior sem âncoras. Introduza a pinça de sutura lnternationa l, Medway, MA) (ou seja, as atividades espor-
em forma de gancho através do portal posterior, e penetre tivas podem ser iniciadas quando a força em elevação
através da banda posterior do ligamento glenoumeral infe- frontal, a rotação externa, e a rotação interna em 90
rior. Realize outra sutura 1 cm proximal abaixo do lábio. graus de abdução forem maior que 80% dos va lores do
•Passe um fio nº 2 não absorvível com Shuttle Relay, e lado contralateral).
amarre o ponto.
•Posicione e amarre pontos sucessivos para alcançar um
tensionamento capsu lar superior até que o ponto mais
superior esteja ao nível da inserção do bíceps. Em geral,
quatro pontos são utilizados (Figs. 52-27 e 52-28).
INSTABILIDADE MULTIDIRECIONAL

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A frouxidão capsular produzindo sintomas de instabilidades unidi-


O ombro é im obi lizado
por 6 semanas com uma tipoia de abdução com um coxim recional e multidirecional pode ser tratada com sucesso artroscopi-
para rotação externa. O braço é mantido posterior ao eixo camente com a plicatura ou o procedimento de tensionamento em
longitudinal do tronco. Exercícios pendulares e movimenta- um ou mais quadrantes do ombro. Os resultados da redução do
ção ativa assistida são iniciados com 3 semanas de pós- volume capsular têm se demonstrado comparáveis aos das técnicas
operatório. Neste momento, elevação frontal no plano abertas, apesar de o reforço capsular por meio do tensionamento
escapular e exercícios de rotação externa são regu larmente aberto de uma camada sobre a outra não ser reprodutível. O sucesso
executados. A rotação interna com a mão atrás do dorso do procedimento artroscóp ico é comparável ao das técnicas abertas,
é iniciada com 4 semanas de pós-operatório, mas a rotação porém com menor morbidade. Quando existir instabilidade ante-
intern a com o braço elevado (a posição de adução de roinferior com um sinal de sutura de 2 a 3+, o fechamento do
cross-body) é proibida até 6 semanas de pós-operatório. intervalo rotador é realizado, e a cápsula é retensionada ao longo de
todo o ligamento glenoumeral inferior das 3 horas até as 9 horas.
PARTE XIV ARTROSCOPI A

iâ!fti!imEf!Ja A, Lesão labral posterior demonstrada através da passagem fácil de um probe sob o lábio e abaixo do colo da glenoide.
B, O reparo com âncoras finalizado demonstra a tensão restaurada à banda posterior do ligamento glenoumeral. VEJA A TÉCNICA 52-12.

O@il;@m l A, Tecido labral posterior em um arremessador. B, Reparos terminados utilizando âncoras para garantir uma fi xação
firme. C e D, Lesão HAGL posterior reparada com âncoras no colo umeral e suturas capsulares lado a lado. VEJA A TÉCNICA 52-12.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

• Realize a plicatura capsu lar inferiormen te tomando cuidado


TENSIONAMENTO CAPSULAR
para não se aprofundar excessivamente ou afastar-se do
lábio para não lesa r o nervo axilar. Estenda a plicatura para
TÉCNICA
próximo da posição 9 horas.
•Depois de exam inar o paciente anestesiado e determinar • Feche o intervalo rotador. Para a instabilidade multidire-
a dimensão da hiperfrouxidão presente, posicione o ciona l significativa, isto é feito utilizando-se uma pinça de
paciente em decúbito lateral e mantenha a posição com um sutura do tipo spectrum após t er recuado a cânula ante-
travesseiro e coxins. Cuidadosamente, proteja as proem i- rior logo anterior à cápsula. Passe um fio de PDS através
nências ósseas. Coloque uma manta térmica e dispositivos da porção superior do lig amento glenoumeral médio e
de compressão na extremidade inferior. Posicione o braço recupere-o com uma pinça do tipo grasper logo acima do
em 45 graus de abdução e em 20 graus de flexão com 4,5 ligamento glenoumeral superior. Feche o intervalo com
kg de tração. Durante este procedimento, é útil um assis- dois pontos anteriorm ente . Complementando, fech e a
tente posicionar o ombro para obter uma visão mais ade- cápsu la posterior de forma simil ar por meio da passagem
quada e aplicar uma suave pressão anteroposteriormente de uma sutura em cada lado da fenda e ocluindo-a com
sempre que uma pequena tração for necessária. a cânula logo externa à cápsula. Estas técn icas podem ser
•Demarque os repa ros anatômicos ósseos e os locais dos ma is faci lmente realizadas por meio da visua lização do
porta is na pele. Um portal posterior é posicionado apro- fechamento do intervalo anterior pelo portal posterior e
xim adamente 3 cm dista l e levemente medial à borda então movendo o artroscópio para o portal anterossupe-
posterolatera l do acrômio para aval iar o ombro . Os portais rior para visua lizar o fechamento capsular posterior.
anteriores são os portai s anterossuperiores laterais e o • Feche os portais de artroscop ia com pontos intradérmi cos
porta l anteri or central, que normalmente está 1 cm lateral de Monocryl, e cubra com curativos estéreis.
ao coracoide. Insira as cânu las de trabalho de 8,25 mm
após o posicioname nto dos portais posterior e anterior. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tipoia é colocada
O portal anterossuperior é utilizado para visua lização. no braço em rotação neutra. O braço é mantido em tipoi a
•Utilize uma pequena raspa artroscópica para cruentar a no pós-operatório por 6 semanas.
cápsu la e o lábio ao redor da área a ser plicada, que
geralmente se estende da inserção do ligamento glenou-
mera l, iniciando posteriormente na posição 9 horas, e se AVULSÃO UMERAL E/OU GLENOIDAL DO
estende anteriorme nte até a posição de 3 horas. Desbride LIGAMENTO GLENOUMERAL INFERIOR
os tecidos moles. (FIG. 52-19)
•Iniciando no lado em que a maior instabilidade está pre-
sente, rea lize a plicatura da cápsula com pli caturas de 1 A avulsão umeral do ligamento glenoumeral inferior pode ser mais
cm, dependendo do tamanho do paciente e do montante facilmente reparada com uma técnica de miniabertura para lesões
da frouxidão capsu lar. As pl icaturas são iniciadas inferior- anteriores. As lesões posteriores podem ser reparadas utilizando-se
mente e com cada nova plicatura a prega é avançada portais posteriores duplos. A avulsão glenoidal do ligamento gle-
superiormente e passada através do láb io com o auxílio noumeral inferior anterior deve ser visualizada e reparada de volta
do dispositivo de sutura. Uma pinça do tipo spectrum de ao lábio, que normalmente está estável. A avulsão glenoidal do liga-
45 graus pode ser usada como passador de su tura, ou mento glenoumeral é reparada de volta a um lábio estável usando-se
um dispositivo comercial com um ângulo de 45 graus uma pinça do tipo spectrum para passar um fio PDS nº 1 através da
pode ser utilizado. Fios de PD S nº 1 simp les são passados cápsula. Repare a cápsula no lábio de modo similar ao procedimento
e amarrados com nós deslizantes, garantindo que os nós de plicatura. O reparo do ligamento glenoumeral posterior é reali-
sejam amarrados fora da borda da superfície articu lar. zado conforme descrito na Técnica 52-14.
•Se fios não absorvíveis fo rem utilizados, um dispositivo de
sutu ra deve ser utilizado por meio do método pinçar e
penetrar. Pince aproximadamente 1 cm de cápsu la, posi- REPARO ARTROSCÓPICO DE AVULSÃO
cionando a agulha para cima através da cápsula e sa indo UMERAL POSTERIOR DO LIGAMENTO
latera lmente ao lábio. Passe a agulha para cima e abaixo GLENOUMERAL
do lábio enquanto realiza uma pressão direcionada para
cima na cápsula, avançando a cápsula superiormente . TÉCNICA
Retire o passador de sutura pela cân ula posterior, e recu-
pere um fio não absorvível anteriormente através da cânu la • Posicione o paciente em decúbito lateral mantido por um
de trabalho. travesseiro e coxin s de suporte . Mantenha o braço em 60
•Se uma sutura em " U" for utilizada, use a técnica anterior graus de abd ução e em 20 graus de flexão anterior
com o passador de sutura pinçando a cápsu la acima através mantido em tração com 4,5 kg a 5,5 kg.
do lábio e recuperando o fio. Recupere o seg undo fio da •Três porta is são utilizados para os reparos posteriores. Um
sutura pela cânula posterior e leve-o para a cânula anterior. portal posterior, um porta l anterossuperio r e um portal
Amarre o ponto em "U". Um ponto em "8" também pode posterior 7 horas são gera lmente necessários.
ser utilizado . Passe o mesmo fio de sutura de anterior para •Avalie todo o ombro em busca de anormalidades pato-
posterior através da cápsula e do lábio duas vezes, e depois lógicas. Se for observada uma avu lsão posterior isolada
recupere-o anteriormente pa ra amarrá-lo. do ligame nto glenoum era l e tanto a inserção capsular )
llilmI) PARTE XIV ARTROSCOP IA

como a inserção glenoidal estiverem estáveis, então um ' TÉCNICA


)
reparo umeral é efetuado. Com o artroscópio no porta l
anterossuperior, posicione dois porta is posteriores e insira (TÉCNICA DE PU RCHASE ET AL. [WOLF])
uma cânula plástica de 6 mm em cada porta l. O portal
posteroinferior é util izado para a co locação de uma •Posicione o paciente em decúbito lateral e inclinado pos-
âncora inferior. Cruente a área do colo da glenoide. Posi- teriormente aproximadamente em 30 graus. Posicione o
cione a âncora e recupere as suturas através do portal ombro em 30 graus de abdução e em 15 graus de flexão
posterossuperior. Com a pinça do tipo grasper mantida anterior. Suspenda o braço com 6,8 kg de tração.
no porta l superior para tensionar a cápsula, visualize a • Penetre na articu lação glenoumera l através do portal
loca lização aproximada da inserção anatômica. Mante- posterior posicionado no aspecto latera l da convexidade
nha tensão na cápsula e posicione uma pinça penetrante da cabeça umera l para que esteja centralizado direta-
através do porta l posteroinferior e através da cápsu la mente sobre a lesão de Hil l-Sachs (Fig . 52-29B). Este
aproximadamente 7 mm da sua borda . Recupere a sutura portal posterior para remp li ssage possibi litará a visua li-
mais inferior pela cânula inferior. A uti lização de uma zação in icial e a avaliação da articu lação, assim como
técn ica hand-off com um instrumento do portal superior acesso à lesão de Hill-Sachs. Estabeleça um portal ante-
pode tornar esta técnica ma is fáci l. roinferior posicionado no interva lo rotador que será o
• Use a mesma técn ica para recuperar o fio ma is superior, porta l primário para o reparo labra l anterior. Estabeleça
novamente separando-o do fio previamente recuperado um portal anterossuperior na margem anterior do
por aproximadamente 7 mm. Coloque a pinça penetrante acrôm io. Este porta l deve estar posicionado imediata-
através da cápsu la aproximadamente 7 mm da borda rota mente posterior ao tendão do bíceps. Desloque o artros-
e recupere o segundo f io e retire-o da cápsula . Mais uma cópio do porta l posterior para o portal anterossuperior,
vez, o porta l superior é uti lizado para manter a tensão na e introduza uma cânu la através do porta l posterior.
cápsula e uma técnica hand-off é utilizada para auxi liar na •Visual izando através do portal anterossuperior, avalie a
obtenção da sut ura e trazê-la de volta através da cápsula. lesão de Hi ll-Sachs, a perda óssea glenoidal e a lesão
Amarre os pontos em "U" gentil mente, mantendo a labral anterior, bem como a localização do portal pos-
porção inferi or rota junto ao colo da glenoide. Use a cânula terior. A localização do porta l posterior correta é direta-
inferi or pa ra amarrar os nós artroscópicos do t ipo SMC. mente sobre a lesão de Hil l-Sachs em ângulo que permita
• Posicione uma segunda âncora absorvível na parte mais a inserção de duas âncoras. Se o porta l posterior não
superior da inserção anatômica da cápsula na parte poste- estiver na posição correta, ajuste sua loca lização com a
rior do colo. Introduza a pinça penetrante através da assistência de uma agu lha.
cápsu la e segu re o f io inferior e retire-o através da cânula. •Genti lmente, desbride a superfície da lesão de Hill-Sachs
Apanhe o fio superior e novamente passe-o através da com um shaver em modo reverso com o cuidado de
cânu la. Amarre o ponto em "U" artroscópico através do remover o mínimo possível de osso da superfície. Des-
portal superior para obter uma excelente compressão da bride toda a superfície das cápsulas posterior e inferior
cápsula contra o colo e garantir uma cicatrização ade- com um shaver do t ipo "whisker". Antecipando o reparo
quada. Se um reparo tendão-tendão do componente ver- de Bankart, o lábio anterior e o colo da glenoide devem
t ical da lesão for possível, uma pinça do tipo spectrum com ser preparados antes da rea lização do remp lissage.
ponta em forma de gancho pode ser usada para passar a •Enquanto mantém a câmera no porta l anterossuperior,
sutura através da borda superior da lesão. O f io pode ser cuidadosamente recue a cânula pelo portal posterior além
recuperado com uma pinça penetrante passada através da da cápsula posterior e do tendão infraespinal, mas não
borda inferior da lesão e amarrado extracapsula rmente. através do de ltoide. A extrem idade da cânu la estará no
• Fi na lizado o procedimento, verifique a estabilidade e espaço subdeltoídeo . Através do porta l preexistente, intro-
sutu re os porta is com fios de Monocryl. duza a cânula para posicionamento da âncora com o
obturador através do tendão infraespinal e da cápsula
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente deve utilizar posterior. Posicione a primeira âncora no aspecto inferior
uma tipoia com o braço em leve rotação externa por 6 da lesão de Hill-Sachs (Fig. 52 -29C) . Para recuperar um
semanas . dos fios, passe a pinça penetrante através do tendão e
da cápsu la posterior 1 cm inferior ao loca l do portal
in icia l. Posicione uma segunda âncora no aspecto supe-
rior da lesão da Hi ll-Sachs. Utilize a pinça penetrante da
mesma forma para passar um segundo fio 1 cm superior
LESÃO DE HILL-SACHS ao local do porta l inicia l (Fig. 52 -290). Amarre primei-
ramente o fio inferior com os nós remanescentes extra-
REMPLISSAGE articulares no espaço subdeltoídeo . Amarre o fio superior
para completar o remp lissage. Os nós podem ser visu -
A técn ica de remp lissage de Hill-Sachs é semelhante ao alizados através da abertura da reg ião posterior da bursa
reparo artroscópico de uma lesão de espessura parcia l da subacromia l. Estes pontos em "U" comprimem as cáp-
superfície articu lar do manguito rotador. Ela consiste na sulas posterior e infraespina l para a superfície óssea
fixação do tendão infraespina l e da cápsula posterior à cruenta, preenchendo a lesão de Hill-Sachs. Um reparo
superfície cruenta da lesão de Hi ll-Sachs (Fig. 52-29A) . Bankart pode agora ser rea lizado (Fig. 52 -29E).
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fJmJlll

O@li;Hl!El) Reparo da lesão de Hill-Sachs.


A, Lesão de Hill-Sachs. B, Localização da agulha
de remplissage . C, Colocação da primeira âncora .
D, Colocação da segunda âncora. E, Remplissage
completo. VEJA A TÉCNICA 52-15.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós- opera- abduzid o nem rod ado externamente além da posição
tórios e a imobilização são individualizados e baseados neutra. A amplitude de movimento ativa e resistida é ini-
no histórico do paciente e nos achados patológicos. Em ciada com 6 semanas. Nenhuma atividade de trabalho arris-
geral, uma tipoia é utiliza da por 6 semanas. Os pacientes cada ou esporte de contato são permitidos por 6 meses .
são autorizados a remover a tipoia para as atividades
controladas de vida diária, como ali mentação, banho e
uso de computador, dentro de 1 a 2 dias. Eles podem remo- • TÉCNICA DE LATARJET
vê-la para estas atividades desde que o braço não esteja Lafosse e Boyle descreveram o procedimento de Latarjet artroscó-
pico, no qual obtiveram bons resultados e mínimas complicações.
lliE!m> PARTE XIV ARTROSCOPIA

Este procedimento deve ser realizado somente por artroscopistas do que as lesões dos tipos Bl e B2 que tendem a permanecer sinto-
experientes e após extensivo treinamento em ambiente laboratorial máticas apesar do tratamento conservador baseado em um pro-
para assegurar que o cirurgião possa reproduzir resultados compará- grama de exercícios por mais de 6 meses. Quando a cirurgia é
veis aos excelentes resultados do procedimento aberto de Latarjet. considerada, a taxa de risco-benefício deve ser avaliada, com a pro-
babilidade dos resultados bons a excelentes sendo quantificados
individualmente. A revisão da literatura demonstra um maior
SÍNDROME DO IMPACTO potencial de cicatrização em pacientes abaixo de 70 anos com lesões
aguda e equenas (< 3 cm), e tendão e interface óssea saudáveis, que
Na avaliação da síndrome do impacto, o médico deve estar atento à suportem o uso de tipoia durante o programa de reabilitação com
sua causa, seja ela primária ou secundária, à duração, à extensão do duração de 6 a 9 meses. O potencial de cicatrização é menor em
envolvimento e ao potencial de cura. Em pacientes jovens, o impacto pacientes com idade fisiológica maior que 70 anos e em pacientes
normalmente é secundário a uma instabilidade leve ou a uma con- com comorbidades signficativas ou lesões extensas e crônicas, par-
tratura capsular posterior, conforme descrito por Andrews et ai., ticularmente ascensão da cabeça umeral, e estágios de Goutallier
Jobe et al., e Walch et ai. Walch et ai. descreveram o impacto interno entre III e IV. Comorbidades como a diabetes e a artrite degenerativa
do manguito contra a glenoide posterior em atletas de arremesso e de outras articulações, particularmente quando do uso de outros
correlacionou a função alterada do ombro ao desbalanço capsular. dispositivos que sobrecarregam o manguito, também devem ser
O impacto primário do manguito contra a região inferior do acrômio consideradas. Um estudo recente realizado por Verma et ai. demons-
deve ser avaliado quanto a duração e extensão do envolvimento, seja trou que pacientes selecionados cuidadosamente, ainda que com
ele agudo causado por tendinite por uso excessivo ou por uma ten- mais de 70 anos, obtiveram bons resultados quando tratados das
dinose. Deve ser avaliada a presença de alterações degenerativas no suas lesões do manguito. Novamente, a individualização do trata-
tendão e se há lesão de espessura parcial ou espessura total, ou lesões mento é necessária, e a avaliação criteriosa do potencial de cicatri-
envolvendo um ou mais tendões. zação e dos riscos é também necessária para se obter melhores
As incidências radiográficas anteroposteriores do perfil resultados a longo prazo.
escapular e do perfil axilar são úteis na avaliação da anatomia e para Os fatores que favorecem a cura de reparos de manguito
determinar o potencial para impacto primário causado pelo acrômio rotador incluem a qualidade do tendão e do osso, e a capacidade de
ou uma alteração degenerativa na articulação acromioclavicular. reinserir o tendão em sua posição normal na tuberosidade, normal-
Bigliani et ai. classificaram a arquitetura acromial em três tipos: o mente descrita como 2,5 cm anteroposterior e 12 mm a 17 mm de
tipo I é basicamente achatado, o tipo II é curvo semelhante à cur- medial para lateral. A fixação firme do reparo é essencial para pre-
vatura da cabeça umeral, e o tipo III possui um gancho na porção venir brechas no tendão durante a movimentação cíclica ou rotacio-
anterior do acrômio e tem pontecial aumentado para desenvolvi- nal. Em particular, a porção anterior do tendão ou a inserção
mento de impacto. A avaliação adicional para a síndrome de impacto anterior do arco rotador devem ser asseguradas a cada reparo.
crônica ou lesão traumática aguda do manguito rotador é realizada Estimulantes locais, como plasma rico em proteínas, têm sido
através de RM. A avaliação por RM das lesões de espessura parcial tentados, mas atualmente não há dados científicos significativos
deve dividi-las em lesões articular (A), da superfície bursal (B), ou demonstrando que estas substâncias favorecem a cura. A estimula-
intratendínea ou intrassubstancial (C), conforme descrito por ção do osso medular local, conforme descrito por Snyder, permite
Ellman. Estas podem ser subdivididas em graus I, II ou III, sendo o que elementos da medula óssea sejam envolvidos no reparo e tem
grau I com 3 mm ou menos, grau II com 3 mm a 6 mm, e grau III demonstrado algum potencial para o aumento de cura e deve, por-
acima de 6 mm. A avaliação é mais fidedigna durante a artroscopia. tanto, ser considerada.
Outra classificação excelente através da RM é a de Goutallier et ai., Reparos do manguito, sejam através de miniabertura ou
originalmente descrita para a avaliação por TC da degeneração gor- artroscópicos, devem ser decididos com base nas habilidades do
durosa e das alterações na musculatura no manguito rotador envol- cirurgião e nos achados cirúrgicos. As técnicas por miniaberturas
vido (Tabela 52-5). Neste sistema, os estágios 3 e 4 indicam lesão têm demonstrado ser mais baratas e mais rápidas, mas provavel-
crônica do manguito de longo data, que possui portanto um maior mente estão associadas com maior dor e cicatrizes subdeltoídeas,
potencial de falhar no tratamento cirúrgico. assim como com perda de movimento, se comparadas com as téc-
Utilizando a classificação de Ellman para lesões parciais de nicas artroscópicas. A controvérsia reparo em fileira simples versus
manguito, Tasaki descobriu que o tratamento conservador de lesões reparo em fileira dupla, também chamado reparo equivalente à
de manguito dos tipos Al e A2 foi melhor a curto e médio prazos técnica transóssea, na qual a segunda fileira é posicionada

iTABELA Estágios da Degeneração Gordurosa do lnfraespinal


.... de Acordo com o Tempo Corrido entre o Início do
Dano Funcional e a Operação

TEMPO ESTÁGI O O A 1 ESTÁG IO 1,5 A 2 ESTÁGIO 2,5 A 4


< 6 meses 2
6 meses a ano 2 2
1-2 anos 4 2
>2 anos 2 5
De Gouta llier D, Postei JM, Bernageau J, et ai: Fat muscle degeneration in cuff ruptures: pre- and
postoperative evaluation by CT scan, Clin Orthop Relat Res 304:78, 1994.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fm::llll
lateralmente à tuberosidade, tem sido estudada em ensaios clínicos Pré-acrômio
e laboratoriais. Em laboratório, o reparo em fileira simples recobre
aproximadamente 50% da inserção original do manguito. O reparo
em fileira dupla em diversos estudos tem demonstrado recobrir Metacrômio
quase 100% da inserção original. Em ensaios laboratoriais, o reparo
em fileira dupla tem demonstrado superioridade na resistência ao
arrancamento, compressão e resistência da cobertura da inserção
mesmo com rotação e movimentação cíclica, mais signicativamente
ao longo da borda anterior do reparo na qual o arco rotador se
insere. Resultados clínicos e de acompanhamento através da RM de
reparos em fileira dupla equivalentes à técnica transóssea têm
demostrado superioridade destes em relação aos reparos em fileira
simples em alguns estudos; porém, outros estudos, como o de
Snyder, têm apresentado resultados excelentes utilizando o reparo
em fileria simples com múltiplos pontos de fixação. H[ijilj@mlil Centros de ossificação do acrômio. O local mais
Clinicamente, não existe diferença significativa na cicatriza- comum de falhas de ossificação fica entre o mesoacrômio e o
ção de uma lesão pequena ou média tanto com o reparo em fileira metacrômio.
simples como em fileira dupla. Grandes lesões extensas obtêm
melhores resultados quando é utilizado o reparo equivalente à
técnica transóssea, que apresenta um índice maior de cicatrização,
porém causa uma constrição excessiva no local qu e tem sido repor- prevalência de impacto sobre a pop ulação geral, e somente um
tada em reparos em fileira dupla quando é tentada a cobertura da paciente com os acromiale tinha uma lesão completa do manguito.
inserção normal do manguito. Trantalis et ai. reportaram diversas Os nove pacientes com os acromiale do estudo foram tratados com
lesões do reparo na transição musculotendínea devido a constrição resecção artroscópica do os acromiale por meio do uso de um shaver
excessiva. com preservação da fáscia deltopeitoral. Oito das nove cirurgias
Em muitos indivíduos, o distanciamento entre as âncoras no foram consideradas de sucesso com base na escala de pontuação
reparo em fileira dupla pode ser perigosamente pequeno e pode UCLA. Nós preferimos avaliar o impacto com nossa série- padrão
resultar em fratura da tuberosidade. Logo, a fixação em fileira dupla de radiografias, incluindo visões anteroposteriores do perfil escapu-
habitualmente é inviável em indivíduos menores, apesar de que o lar e do perfil axilar. Os acromiale podem ser visualizados nas inci-
reparo transósseo pode ser realizado por meio do posicionamento dências do perfil escapular e do perfil axilar. Se o acrômio apresentar
das âncoras mais lateralmente à tuberosidade. espessura normal, e o os acromiale estiver entre o mesoacrômio e o
Outro inconveniente é o custo total dos reparos. Os estudos metacrômio (Fig. 52-30), uma acromioplastia de ressecção da super-
demonstram que o reparo menos oneroso é a técnica por miniaber- fície inferior é indicada para aplainá-la. Se o os acromiale encontrar-
tura seguida do reparo artroscópico em fileira simples. O reparo equi- se entre o pré-acrômio e o mesoacrômio, é indicada a ressecção
valente à técnica transóssea possui o segundo custo mais elevado, e o completa do pré-acrômio, devendo-se preservar a inserção fibrosa
reparo em fileira dupla teve o maior custo devido ao tempo adicional do deltoide e do trapézio.
de cirurgia e ao maior número de implantes. O maior custo para o
paciente é a falha do tratamento cirúrgico devido a um reparo inade-
quado e necessidade de reoperação, repetindo o tempo de sala cirúr-
gica e o tempo de afastamento das atividades remuneradas. Logo, para
determinar qual técnica de reparo será utilizada, a melhor técnica ACROMIOPLASTIA ARTROSCÓPICA
disponível para um paciente em particular com um processo patoló-
gico específico é a que deve ser escolhida. TÉCNICA
Uma preparação cuidadosa é necessária antes de iniciar qual-
quer técnica. Estar familiarizado com o procedimento, estar enten- •Após adm inistração da anestes ia geral, ava lie a amplitude
dendo o processo patológico, e estar preparado para tratar outros de movimento do ombro; gentilmente, recupere qualquer
achados patológicos são fundamentais. mobilidade perd ida.
•Posicione o paciente em decúbito lateral utilizando um
travesseiro e coxins de suporte abaixo do dorso, o qual é
IMPACTO E OS ACROMIALE inclinado em aproximadamente 20 graus posteriormente.
O braço é mantido entre 20 e 40 graus de abdução em
O acrômio é formado a partir de quatro centros de ossificação que dispositivo de tração equi librada.
habitualmente se fundem aos 18 anos de idade, e o acrômio funde-se •Cuidadosamente, demarque os pontos de referência ósseos,
à espinha da escápula ao redor dos 20 a 25 anos. O local mais comum incluindo acrômio, clavícula distal, articulação acromiocla-
para a não consolidação é entre o mesoacrômio e o metacrômio vicular e processo coracoide.
(Fig. 52-30). Os acromiale está presente em aproximadamente •Inspecione a articulação glenoumera l primeiro em busca
2,7% da população e é bilateral em 60% dos casos. A maior parte de quaisquer evidências de lesões labrais, carti lagem arti-
dos casos de os acromiale é assintomática, apesar de alguns autores cu lar ou lesão da superfície inferior do manguito rotador.
terem sugeridos uma associação com a síndrome do impacto. Em •Caso exista uma lesão parcial de manguito rotador, des-
um estudo com 294 pacientes consecutivos com impacto tratados bride a área da lesão com um shaver de raio completo
com técnicas artroscópicas, Wolf encontrou os acromiale em para obter uma superfície lisa e para incitar sangramento )
3,1 %. O autor não considerou o achado indicativo de aumento da
E!) PARTE XIV ARTROSCOPIA

•Utilize um sonda térmica para remover o periósteo e a


superfície inferior do acrômio, liberando o ligamento
coracoacromial. Mantenha a hemostasia durante todo o
proced imento por meio do uso de eletrocautéri o e 1 ml
de epinefrina por bolsa de 3 L de solução de infusão, e
mantendo a diferen ça entre a pressão sistólica e a pressão
da bomba de infusão em 30 mmHg ou menos.
• Depois de descolar os tecidos moles da superfície inferior
do acrôm io, posicione um shaver de 5,5 mm de raio
completo através do portal lateral para remover os tecidos
moles da superfície inferior do acrômio após identificar
as bordas anterior, medial e lateral do acrômio a fim de
manter uma distância aproximadamente 1,5 cm posterior
(posição aproximada do shaver quando se encontra dire-
tamente perpendicular ao acrômio).
•Introduza um shaver ósseo de 5,5 mm através do portal
lateral , e ressequ e a borda lateral do acrômio logo media l
ao portal iniciando em uma profundidade de aproximada-
mente 5 mm anteriormente e afilando posteriormente.
Dtijl!;HmJI A espessura da lesão do manguito pode ser ava- • Depois de ressecar a borda lateral do acrômio, inicie a res-
liado pela distância das f ibras remanescentes do manguito à secção de anterior a anteromedial em direção à articu lação
superfície articular. Neste caso, a lesão é de aproximadamente acromioclavicu lar trabalhando anterolatera lmente. Apro-
8 mm quando se usa um shaver de 5,5 mm como referência. VEJA funde a ressecção através da borda anteri or do acrôm io em
A TÉCNICA 52-16. aproximadamente 5 mm para ressecar o aspecto anterior
do acrômio logo posterior à clavícu la (Fig . 52-32A). Mante-
petequia l na área. Ava lie a profund idade da lesão com- nha uma borda periosteal inserida, e use-a para avaliar o
)
parando-a com o tam anho do shaver (Fig . 52-31) . Nor- montante da ressecção da região anterior do acrômio e para
malment e, a inserção do supraespinal est ende-se do proteger o deltoide. Aplicando golpes no sentido anteropos-
bíceps para a área descoberta posteriormente e da super- terior, afuni le a acromioplastia posteriormente, ressecando
fície articular med iaimente para aproximadamente 17 mm aproximada mente 5 mm de acrômio anteriorm ente e afu-
lateralmente à tuberosidade. nilando e aplainando posteriormente, removendo somente
• Posicione o braço entre 20 e 30 graus de abdução e, uma quantidade mínima de osso. Movendo-se mediai-
utilizando uma grande cânula de 6 mm ou 6,2 mm, mente, a articulação acromioclavicu lar pode ser localizada
adentre no espaço subacromial pelo portal posterior por meio da agulha longa previamente inserida e do tecido
• Avance um t rocarte rombo até tocar o aspecto posterior ad iposo existente sobre a articulação acromioclavicu lar.
da espinha da escápula, e avance-o anteriormente logo Devido à vascularização e ao potencial de sangramento, esta
abaixo do aspecto anterolateral do acrômio. área é ressecada ao final do procedimento.
•Desfaça as aderências do espaço subacrom ial movimen- •Depois de concluída a acromioplastia, utilize um shaver
tando a cãnu la med iaimente e lateralmente repetidas vezes. ósseo, um shaver de raio comp let o ou uma peq uena
• Palpe a reg ião inferior da superfície do acrômio pa ra raspa artroscópica para desbastar a superfíci e inferior
assegurar a correta local ização do trocarte e para pa lpar somente se os sintomas pré-operatórios e as radiografias
a área de impacto. ind ica rem processo patológico significativo da articu lação
• Direcione o artroscópio com a infusão conectada através acrom ioclavicu lar.
do porta l posterior. Oriente a câmera em uma posição • Ava lie a área da articulação acromioclavicular.
vertical e direcione a lente do artroscópio para visualizar •Use um dispositivo térmico novamente para destacar os
latera lmente o local no qual a agu lha longa será introdu- tecidos moles da superfície inferior da clavícula, .que é
zida através do portal mediolateral aproximadamente 3 identificada por meio de uma agulha longa e por pa lpa-
cm distal ao acrômio alinhado ao aspecto posterior da ção superior da clavícula . Depois de ressecar os tecidos
articu lação acrom ioclavicu lar. Introduza a agulha longa, e moles, compa re o montante da superfície acromial infe-
ava lie sua orientação a fim de garantir que o movimento rior que foi removida com a superfície inferior da clavícul a
no espaço subacromial não seja bloqueado por ca usa de como referência da quantidade de acrômio ressecada.
uma passagem muito próxima ao acrôm io. •Se as radiografi as pré-operatórias demonstrarem um
• Após estabelecer o portal mediolatera l, rea lize a bursec- esporão ósseo da articulação acromioclavicu lar, use shaver
tomi a com um shaver de raio completo para visualizar a ósseo para ressecar a superfície inferior da cl avícula cerca de
superfície superior do manguito até sua inserção na tube- 8 mm mediaimente à articulação para mantê-la nivelada ao
rosidade maior e para aval iar a região inferior da su per- acrôm io. Não resseque excessivamente a clavícu la, a menos
fície da articulação acrom ioclavicu lar. que um procedimento do ti po Mumford (Técn ica 52-24)
• Posicione uma agu lha longa através da articu lação acrom io- tenha sido considerado.
clavicu lar, e insira outra no aspecto anterolateral do acrômio • Ao fim do procedimento, observe através do portal
para identificar claramente estes reparos anatôm icos. ant erolateral e avalie a ressecção anteriormente quanto
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PIA DE MEMBRO SUPERIOR fDDlll

IU§mt.)Eflg A, Impacto subacromial. B, Acromioplastia completada com a ressecção do esporão anterior. VEJA A TÉCNICA 52-16.

à profundidade de ressecção do acrôm io e para assegurar Introduza o shaver ósseo no espaço subacromial paralelo à
que a superfície inferior da articulação acromioclavicu lar superfície inferior do acrôm io. Introduza o shaver ósseo
esteja regularizada (Fig. 52-32B). aba ixo da borda anterior do acrômio entre a bainha e a
•Se uma lesão de espessura parcial da superfície articular concavidade do acrômio para determinar o montante de
for identificada, posicione o artroscópio novamente através osso a ser removido. Posicione-o novamente na borda pos-
da cânula ante rior, que fo i mantida na articulação gle- terior do ápice sobre a curvatura, e, movendo-se de medial
noumeral. para lateral, resseque o osso da parte posterior da curva em
• Passe um fio de PDS nº 2, por meio de uma agulha longa direção ao aspecto anterior mantendo o shaver ósseo junto
de cal ibre 18, 3 cm lateralmente ao acrômio, e direcione-o ao acrômio. Utilizando uma lâmina de 4 mm, o cirurgião
para a base da lesão do manguito. A lesão pode ser avaliada consegue aval iar o montante ósseo a ser removido.
claramente e palpada através dos t rês portais (porta l glenou- • Foi obtido grande sucesso iniciando-se o procedimento
meral anterior, e portais subacromiais posterior e lateral). com o shaver ósseo posicionado através do portal latera l
•Lesões de 50% de espessura devem ser reparadas em para ressecar as bordas anterior e lateral do acrôm io. O
in divíd uos ativos e saudáve is. Já o reparo em um atleta shaver ósseo é posicionado no portal posterior para com-
que rea liza movimentos acima do nível da cabeça deverá pletar o proced imento conforme descrito anteriormente.
ser realizado em lesões grandes, ou seja, maiores que
70%, com um pequeno potencial de efetiva caso não CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é mantido em
sejam reparadas. Um reparo tendão-tendão pode ser feito um a tipoia, e exercícios pendulares de Codman são ini-
artroscopicamente. Utilize uma agu lh a longa para intro- ciados no 1º dia de pós-operatóri o. A tipoia é liberada
duzir um fio de PD S em uma das bordas da lesão . Com assim que o paciente esteja confortável sem a mesma,
uma pinça de sutura, transpasse através do tendão ante- exceto quando um reparo do manguito tenha sido reali-
riormente a agu lh a posicionada posteriormente e recupe- zado. Exercícios para amplitude de movimento ativos assis-
re-a através da cânu la lateral de 8 mm. tidos e exercícios de forta lecimento isométrico para o
•Confeccione um nó artroscóp ico deslizante no espaço deltoide e o manguito rotado r são iniciados já na 1ª
subacromial com ambas as extremidades do fio pela semana. Exercícios leves res istidos utilizando elásticos tubu-
cânula latera l e visua lizando através do portal posterior. lares são in iciados na 2ª semana. A maioria dos pacientes
•Reavalie o reparo deslocando o artroscópio para o porta l atinge amplitude de movimento completa em 3 semanas,
glenoumeral anterior. e exercícios progressivos supervisionados são instituídos e
continuados por 3 meses. As atividades cotidianas são
mantidas caso os sintomas permitam, e o retorno aos

_ ., ____
esportes é postergado até que o forta lecimento e a resis-
MÉTODO CHOCKBLOCK PARA tência estejam completos e a movimentação seja indolor.
ACROMIOPLASTIA
TÉCNICA
LESÕES DO MANGUITO ROTADOR DE
• Sampson et ai. utilizam um shaver ósseo através do portal ESPESSURA PARCIAL
posterior para realizar uma delicada acromioplastia da
superficie inferior. Posicione o artroscópio através do portal As lesões do manguito rotador de espessura parcial podem ser clas-
lateral e o shaver ósseo pelo portal posterior que foi posi- sificadas como lesões da superficie articular ou da superficie bursal
cionado 2 cm a 3 cm distal à superfície inferior do acrômio. (Fig. 52-31). Conforme previamente apresentado, a lesão do man-
guito rotador de espessura parcial envolvendo 50% do tendão ou
. , PARTE XIV ARTROSCOPIA

mais é, na maior parte das vezes, mais bem tratada com reparo
cirúrgico. A área nebulosa se dá no tratamento das lesões de 30% a
50% de espessura, e isto precisa ser individualizado. Lesões envol-
vendo 50% ou menos da espessura do tendão são tratadas com
desbridamento, e lesões da superficie bursal são tratadas com des-
compressão, se indicado. Também deve-se estar atento para as lesões
do tipo delaminação na superficei articular, que normalmente
ocorrem em esportes de arremesso e naqueles que utilizam movi-
mentação acima do nível da cabeça. Se a delaminação estiver pre-
sente, um reparo transtendíneo é indicado. O reparo tendão-tendão
pode ser indicado para lesões de espessura parcial localizadas. Para
a lesão de espessura parcial da superfície articular do tendão supra-
espinal causada por avulsão, o reparo transtendíneo utilizando uma
ou duas ãncorsa, a ser descrito subsequentemente, geralmente é indi-
cado. Lesões envolvendo mais do que 80% podem ser mais efetiva-
mente retiradas e reparadas primariamente em vez da realização de
um reparo transtendíneo. Nestes casos, o tendão remanescente e suas
inserções podem ser de baixa qualidade; não é recomendado lesar as
inserções saudáveis do manguito.
Finalmente, as lesões intratendíneas que podem ser identifica-
das na RM precisam ser localizadas por meio de planejamento pré-
cirúrgico e uso de uma agulha longa para identificar o local lesado.
A lesão pode ser aberta usando-se uma lâmina artroscópica e as
bordas, desbridadas cuidadosamente para promover a cicatrização
local. Goodmurphy et ai. demonstraram que um desbridamento O@li;@Lil!t Localiza ção relativa de portais. O portal de tra-
extensivo é desnecessário. Estas lesões são reparadas com pontos balho central é localizado no centro da lesão do manguito
tendão-tendão utilizando-se a técnica artroscópica. rotador e 3 cm lateral à borda lateral do acrômio. O portal de
visualização posterior é posicionado na borda posterior da lesão
DESBRIDAMENTO DE LESÕES DO e 1 cm lateral à borda lateral do acrômio. O portal deve ser posi-
MANGUITO ROTADOR DE ESPESSURA cionado ao menos 2 cm do portal de trabalho central para evitar
PARCIAL aglomeração.

TÉCNICA
• Posicione o paciente em decúbito lateral com as proemi-
REPAl!O DE DELAMINAÇÕES
nências ósseas cu idadosamente protegidas e mantidas
com um travesseiro para suporte e uma faixa.
E LESOES DO MANGUITO DE
•Depois, gara nta o alinh amento correto do pescoço e a ESPESSURA PARCIAL DA
proteção dos olh os do paciente, e enfa ixe o braço pa ra SUPERFÍCIE ARTICULAR
expor a área dos omb ros. Tenha cu idado para que se
obtenh a ampla exposição antes de posicionar o braço em TÉCNICA
um dispositivo de tração estéril com um dispositivo de
suspe nsão mantendo o braço em 45 graus de abdução e • Posicione o paciente em decúbito latera l pa ra uma ava liação
em O grau de fl exão anterior. artroscóp ica. Caso uma delam inação significativa ou uma
•Os portais artroscópicos de trabalho são mostrados na lesão parcial do manguito localizada na região inferior da
Figura 52-33. Ocasionalmente, é utilizado um portal ante- superfície arti cu lar envolvendo 50 % de espessura estiver
rossuperior dependendo do lado e da loca lização da lesão . presente, um reparo transtendíneo poderá ser necessário.
Para um desbridamento simples, normalmente três portais • Desbride levemente a área do loca l da lesão, e identifique a
são suficientes. Identifique a lesão parcial do manguito e, ext ensão da mesma. A profundidade da lesão poderá ser
se esta for menor que 50% de espessura, desbride para determinada por meio da aferição da distância entre a
remover o tecido danificado e incitar sangramento pete- superfície articu lar do úmero até o tendão saudável inserido
quial da área desbridada. Isto pode ser feito com um shaver na tuberosidade. Uma lesão de mais de 6 mm de profundi-
de raio comp leto. Não se deve remover tecido em excesso. dade indicaria uma lesão de 50 % de espessura. Utilize a
•Cuidadosamente, palpe a lesão para garantir que não existe ponta de um shaver de 4, 5 mm como ref erência.
delaminação que necessite de um reparo transtendíneo. •Terminado o desbridamento da lesão, analise o espaço suba-
•Realize um a acromioplastia conform e necessário. cromial e real ize uma bursectomia subacromial utilizando
uma combinação de portais laterais posteriores e laterais posi-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós-opera- cionados de 2 cm a 3 cm laterais e posteriores à borda
tórios são os mesmo para a acromiop lastia com ampl itude anterior do acrômio. Preoceda a acromioplastia, se indicado.
de movimento precoce e fortalecimento conforme •Introduza o artroscóp io novamente na articula ção gle-
tolerado . noumeral através do porta l posterior para visua lização.
CAPÍTULO 52 ARTR OS COPIA DE MEMBRO SUPERIOR f!!m
• A proxime as bordas da delaminação dos seu s loca is de • Repita est e procedim ento até um a aproxi maçã o t endão-
inserçã o com a aj uda de uma pinça do ti po g rasper. te ndão seg ura possa ser obtida.
•Insira a agu lha longa latera lment e logo abaixo da borda • Insira o artroscóp io novamente no espaço subacrom ia l, e
do acrô mio através do t endão norma l e através do loca l ide ntifiqu e as extremid ades dos f ios. Posici on e uma
da lesão . Passe um fi o de PDS nº 1 através da ag ulha longa, câ nula pl ásti ca t ra nsparente de 7 mm através do po rtal
e recupere-a pelo portal anteri o r. Passe um seg un do f io de mediolat eral, recupere os fi os indivi dualmente, e amarre-os
PDS nº 1 através da agulha longa no lado oposto do loca l no espaço subacromial para aproximar a pa rte inferior, a
da lesão para que as duas suturas est ej am sepa radas por delam inação ou a lesão transversa.
aproximadament e 1 cm . Recupere am bas as suturas pelo • Após o té rmino do proce di mento, introd uza o artroscó pio
port al anterior, e use-as como passa do res de suturas . intra-articu larme nte para reava liar o reparo.
• A marre um fi o nº 2 não absorvível em cada ext remidade do
PDS recupe rado pel a cânula anterior. Utilizando as extremida- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço do paciente é
des percutâneas, puxe a sut ura para o interior da articulação mantido em t ipo ia por 3 semanas, seg uido de um pro-
cui dadosament e para que ela não se embarace. Prenda as gram a acelerado de rea bi litação para lesões do mang uito
extremidades do f io com uma pinça de hemostasia. peq uenas (Tabelas 52-6 at é 52-8) .

52-6 Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador (Lesões Pequenas < 2 cm)*

OBJETIVOS PRÉ-OPERATÓRIOS
1. PROM WFL (ou seja, sem ombro congelado)
2. Independente em programa de exercícios no pó s-operatório
3. Entender os objetivos pós-operatório realísticos e os prazos

FASE 1-PROTEÇÃO E PROM PROGRESSIVA

IMEDIATAMENTE APÓS A CIRURGIA


1. Tipoia todo o tempo por 3 semanas, conforme necessário para o conforto
2. Pontos removidos entre 7-1 O dias (em visita ao médico)
3. Iniciar exercícios pendulares
4. AROM de punho e mão
5. Realizar programa de exercícios domiciliares duas a três vezes por dia

SEMANAS 1-3 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 3ª SEMANA)


1. Continuar com os exercícios domiciliares 1. Independente com HEP BID
2. PROM-FL, elevação no plano escapular, ER, ER em elevação no plano 2. PROM > 150 graus FL
escapular disponível 3. PROM > 50 graus ER (neutra)
3. Deslizamentos na mesa-FL, elevação no plano escapular 4. PROM > 140 graus ABD eleva ção no plano
4. AROM-cotovelo, punho e mão escapular
5. Iniciar PNF escapular Precauções
6. Gelo, eletroestimulação para controle da dor, redução de edema 1. Tipoia todo o tempo, exceto durante
exercícios (3 semanas)
2. Sem A/AAROM-colocaria reparo em risco

SEMANAS 4-6 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 6ª SEMANA)


1. Retirada gradual da tipoia 1. PROM 2: 160 graus de FL
2. PROM conforme acima . Iniciar alongamento ABD verdadeiro e 2. PROM 2: 65 graus de ER
alongamento IR suave 3. PROM 2: 160 graus de elevação no plano
3. AROM < 90 graus (5 semanas) escapular
4. Supino Theraband alongamento ER (conforme necessário) 4. PROM 50 g raus máximo para IR
5. Exercícios com bastão em supino-FL, elevação no plano escapular, ER 5. Conseguir pentear cabelo-com o braço
neutra, ER em 90 graus de elevação no plano escapular dominante
6. Pulley de ombro-FL elevação no plano escapular 6. Consegu ir abrir e fechar porta de carro
7. Graus 11-111 de mobilização capsular 7. Alcançar carteira no bolso de trás da calça
8. Caminhadas com ajuda da parede-FL, elevação no plano escapular Precauções
9. Isométricos submáximos (25 %) com o braço ao lado--ER, IR, FL, ABD, EXT 1. Não levantar nada mais pesado que um
copo de café
2. Sem alongamento agressivo de IR
Continua
PARTE XIV ARTROSCOPIA

•@@•+i 52-6'. Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador (Lesões Pequenas< 2 cm)*-cont.

FASE 11-AROM PROGRESSIVA E FORTALECIMENTO

SEMANAS 7-8 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-BIW) OBJETIVOS (NA 8ª SEMANA)


1. Progredir AROM completa pela 8ª semana 1. A/PROM WNL FL
2. Isotônicos (peso leve/alta repetição) - ondas de bíceps, tríceps EXT, 2. A/PROM WNL ABD
encolhimento dos ombros, protrusão supina escapular, Codman reverso 3. A/PROM WNL ER
3. Resistência manual supina padrões PNF 4. PROM ;:: 60 graus IR
4. Dependurar roupa, colocação de objetos no armário 5. Conseguir levantar prato até armário na
5. UBE com resistência mínima altura dos olhos
6. Exercícios funcionais de acordo com os objetivos de atividades do 6. Conseguir se vestir com mecânica normal
paciente no pós-operatório Precauções
1. Levantamento unilateral limitado a:::; 1,3 kg
2. Prevenir retração capsular posterior
Guinadas de lançamento
PNF de pé

SEMANAS 9-10 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT 1 x/2-3 SEMANAS) OBJETIVOS (NA 10ª SEMANA)
1. Isotônicos (peso leve/alta repetição) 1. MMT ;:: 4/5 FL
Em pé-FL e ABD a 90 graus, ER e IR com bastão 2. MMT 2: 4/5 ABD
Pronado-linhas, ABD horizontal em 90 e 120 graus, EXT 3. MMT ;:: 4/5 ER
Deitar de lado-IR e ER com toalha enrolada debaixo da axila 4. MMT 2: 4+/5 IR
2. Resistência aumentada com UBE 5. Alcance funcional nas costas para colocar
3. Iniciar flexões na parede com um adicional, gradualmente progredir para camisa para dentro da calça
níveis mais baixos (mesa, cadeira, banco, chão) 6. Conseguir colocar 0,9 kg em armário
4. PNF com padrões de peso D1 e D2 7. Conseguir colocar um galão de leite na
geladeira
Precauções
Levantamento unilateral limitado a 4,5 kg

FASE Ili-FORTALECIMENTO AVANÇADO PARA PACIENTES RETORNANDO AO ESPORTE

SEMANAS 11-16 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT CONFORME NECESSÁRIO) OBJETIVOS (NA 16ª SEMANA)
1. Progredir com exercícios isotônicos 1. MMT 5/5 FL
2. Isotônicos adicionais (12ª semana) 2. MMT 5/5 ABD
Bench press (peso leve, curto alcance) 3. MMT 5/5 ER
Pu/1-downs laterais ao peito 4. MMT 5/5 IR
Chest press inclinado 5. MMT 5/5 EXT
Arco curto, alto Theraband ER e .IR em 90 graus ABD 6. Conseguir colocar 2: 4,5 kg em armário de
3. Pliométricos (3 meses) - passe peitoral, plyoball chop toss, lançamento despesas geraist
sobre a cabeça 7. Objetivos específicos do esporte
4. Retornar a arremessos/esportes com raquete em 3 meses com força
normal, mecânica glenoumeral normal, e sem dor
5. Avaliação isocinética, se necessária
*A reabilitação do pós-operatório de reparo de um manguito rotador é guiada amplamente pelo tamanho do reparo. Deixe o reparo cicatrizar adequada-
mente antes de forçar o tecido é essencial para uma reabilitação de sucesso.
A/AAROM, amplitude do movimento ativo/ativo assistido; ABD, abdução; AROM, amplitude do movimento ativo; BID, duas vezes ao dia; ER, rotação externa;
EXT, extensão; FL, flexão; HEP, programa de exercícios domiciliares; IR, rotação interna; MMT, teste muscular manual; PNF, facilitação neuromuscular pro-
prioceptiva; PROM, amplitude do movimento passivo; PT, fisioterapia; BIW, duas vezes por semana; QIW, quatro vezes por semana; TIW, três vezes por
semana; UBE, exercícios da parte superior do corpo; WFL, dentro dos limites funcionais; WNL, dentro dos limites normais.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR f!!Dllll

lt4='iri' 52-7 Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador (Lesão Moderada de 2-5 cm)

OBJETIVOS PRÉ-CIRÚRGICOS
1. PROM WFL (ou seja, sem ombro congelado)
2. Independente em programa de exercícios no pós-operatório
3. Entender os objetivos pós-operatório realísticos e os prazos

FASE !-PROTEÇÃO E PROM PROGRESSIVA

IMEDIATAMENTE APÓS A CIRURGIA


1. Tipoia todo o tempo por 3 semanas, conforme necessário para o conforto
2. Pontos removidos em 7-10 dias (em visita ao médico)
3. Iniciar exercícios pendulares
4. AROM de punho e mão
5. Realizar programa de exercícios domiciliares duas a três vezes por dia

SEMANAS 1-3 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 3ª SEMANA)


1. Continue com os exercícios acimas 1. Independente com HEP BID
2. PROM-FL, elevação no plano escapular, ER, ER na elevação no plano 2. PROM > 130 graus FL
escapular disponível 3. PROM > 40 graus ER (neutra)
3. Deslizamentos de mesa-FL, elevação no plano escapular 4. PROM > 130 graus ABD elevação no plano
4. AROM-cotovelo, punho e mão escapular
5. Iniciar PNF escapular Precauções
6. Gelo, eletroestimulação para controle da dor, redução de edema 1. Tipoia todo o tempo, exceto durante
exercícios (3 semanas)
2. Sem A/AAROM-colocaria reparo em risco

SEMANAS 4-6 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 6ª SEMANA)


1. Retirar gradualmente a tipoia 1. PROM 150 graus FL
2. PROM conforme citada anteriormente . Iniciar alongamento ABD 2. PROM 65 graus ER
verdadeiro e alongamento IR sem pressão excessiva 3. PROM 160 graus de elevação no plano
3. AROM < 90 graus (6 semanas) escapular
4. Supino Theraband alongamento ER (conforme necessário) 4. PROM 50 graus máximo para IR
5. Exercícios com bastão em supino-FL, elevação no plano escapular, ER 5. Conseguir pentear cabelo-com o braço
neutra, ER em 90 graus de elevação no plano escapular dominante
6. Pulley de ombro-FL, elevação no plano escapular 6. Conseguir abrir e fechar porta de carro
7. Graus 11-111 de mobilização capsular Precauções
8. Caminhadas com ajuda da parede-FL, elevação no plano escapular 1. Levantamento ::; 0,45 kg até 6 semanas do
9. Isométricos submáximo (25%) com o braço ao longo do corpo - pós-operatório
ER, IR, FL, ABD, EXT 2. Sem alongamento agressivo de IR

FASE 11-AROM PROGRESSIVA E FORTALECIMENTO

SEMANAS 7-8 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-BIW) OBJETIVOS (NA 8ª SEMANA)


1. Progredir AA/AROM 1. AROM 140 graus FL
2. Isotônicos (peso leve/alta repetição)-ondas de bíceps, tríceps EXT, 2. AROM 130 graus ABD
encolhimento dos ombros, protusão supina escapular, Codman reverso 3. AROM 60 graus ER
3. Resistência manual supina padrões PNF 4. PROM FL WNL
4. Dependurar roupa, colocação de objetos no armário 5. PROM ABD WNL
5. UBE com resistência mínima 6. PROM ER WNL
7. PROM 60 graus IR
8. Conseguir levantar prato até armário na
altura dos olhos
9. Conseguir pegar carteira do bolso de trás
Precauções
1. Levantamento unilateral limitado a ::; 0,9 kg
2. Prevenir retração capsular posterior
Continua
Em) PARTE XIV ARTROSCOPIA

•@=Hh' 52-7 '· Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador (Lesão Moderada de 2-5 cm)-cont.

SEMANAS 9-12 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT 1 X/2-3 SEMANA) OBJETIVOS (NA 12ª SEMANA)
1. Isotônicos (peso leve/alta repetição) 1. AROM WFL para FL
Em pé-FL e ABD a 90 graus, ER e IR com bastão 2. AROM WFL para ABD
Pronado-linhas, ABD horizontal em 90 e 120 graus, EXT 3. AROM WFL para ER
Deitar de lado-IR e ER com toalha enrolada debaixo da axila 4. MMT 2 4/5 FL
2. Resistência aumentada com UBE 5. MMT 2 4/5 ABD
3. Iniciar flexões na parede com um adicional, gradualmente progredir para 6. MMT 2 4/5 ER
níveis mais baixos (mesa, cadeira, banco, chão) 7. MMT 2 4+/5 IR
4. PNF com padrões de peso D1 e D2 8. Alcance funcional nas costas para colocar
5. Exercícios funcionais de acordo com os objetivos das atividades pós- camisa para dentro da calça
operatórias do paciente 9. Conseguir colocar 0,9 kg em armário
Guinadas de lançamento 10. Conseguir colocar um galão de leite na
Padrões de PNF em pé geladeira
Precaução
Levantamento unilateral limitado a 4,5 kg

FASE Ili-FORTALECIMENTO AVANÇADO PARA PACIENTES RETORNANDO AO ESPORTE

SEMANAS 11-16 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT CONFORME NECESSÁRIO) OBJETIVOS (NA 16ª SEMANA)
1. Progredir com exercícios isotônicos 1. MMT 5/5 FL
2. Isotônicos adicionais (3 meses) 2. MMT 5/5 ABD
Bench press (peso leve, curto alcance) 3. MMT 5/5 ER
Pull-downs laterais ao peito 4. MMT 5/5 IR
Chest press inclinado 5. MMT 5/5 EXT
Arco curto, alto Theraband ER e IR em 90 graus ABD 6. Conseguir colocar::: 4,5 kg em armário
3. Pliométricos (4 meses)-passe peitoral, plyoball chop toss, lançamento 7. Objetivos específicos do esporte
sobre a cabeça
4. Retornar a arremessos/esportes com raquete em 4 meses com força
normal, mecânica glenoumeral normal, e sem dor
5. Avaliação isocinética, se necessária
A/AAROM, amplitude do movimento ativo/ativo assistido; ABD, abdução; AROM, amplitude do movimento ativo; BID, duas vezes ao dia; ER, rotação externa;
EXT. extensão; FL, flexão; HEP, programa de exercícios domiciliares; IR, rotação interna; MMT. teste muscular manual; PNF, facilitação neuromuscular pro-
prioceptiva; PROM, amplitude do movimento passivo; PT, fisioterapia; QIW, quatro vezes por semana; TIW, três vezes por semana; UBE, exercícios da parte
superior do corpo; WFL, dentro dos limites funcionais; WNL, dentro dos limites normais.

estenda lateralmente tomando cuidado para não lesar a


TRANSTENDÍNEO D.E UMA inserção lateral do manguito. Mantendo a inserção lateral
LESAO PARCIAL DA SUPERFICIE intacta, a âncora pode ser posicionada mais medial para
ARTICULAR DO TENDAO _ obter uma fixação em fileira dupla (Fig. 52-34A)
SUPRAESPINAL POR AVULSAO •Insira a agulha longa logo lateral à borda do acrômio para

TÉCNICA mm
•Posicione o paciente em decúbito lateral, e realize uma
a identificação do local para a inserção da âncora. Posi-
cione a agulha longa transtendínea logo lateral ao terço
anterior do acrômio para obter um ângulo apropriado
para inserir a âncora logo lateral à superfície articular e
acromioplastia, se indicada. O braço posicionado em angulada de forma que não danifique a superfície articu-
aproximadamente 30 graus de abdução facilita a execu- lar (Fig. 52-348)
ção da acromioplastia e da bursectomia. Para a realização •Para a inserção da âncora, realize uma pequena incisão
de um reparo transtendíneo, posicione o braço gentil- na pele. Realize uma incisão no manguito no plano das
mente para aproximadamente 70 graus de abdução. Um fibras usando uma lâmina artroscópica. Use um inicia-
assistente poderá posicionar o braço para garantir a dor para confeccionar um pequeno orifício inicial logo
melhor posição para inserção da âncora. lateral à superfície articular, garantindo que o ângulo
•Use os portais medioglenoidal anterior, anterolateral e seja apropriado. Insira a âncora através da fenda e
posterior para o reparo da lesão. dentro do orifício. Sob visão direta, a âncora é parafu-
• Desbride a lesão para estimular a inflamação dos tecidos sada firmemente. Garanta que os fios de sutura estejam
moles e para remover o tecido desvitalizado. Raspe a tube- subcorticais .
rosidade com um shaver ou uma pequena raspa para •Insira uma agulha longa a partir da região lateral logo
incitar o reparo ósseo. Inicie na superfície articular e posterior à âncora posicionada previamente, e passe um )
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

52-8 Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador (Lesões Extensas > 5 cm)*

OBJETIVOS PRÉ-CIRÚRGICOS
1. PROM WFL (ou seja, sem ombro congelado)
2. Independente em programa de exercícios no pós-operatório
3. Entender os objetivos pós-operatório realísticos e os prazos

FASE 1-PROTEÇÃO E PROM PROGRESSIVA

IMEDIATAMENTE APÓS A CIRURGIA


1. Tipoia todo o tempo por 4-6 semanas, conforme necessário para o conforto
2. Pontos removidos em 7-1 O dias (em visita ao médico)
3. Iniciar exercícios pendulares
4. AROM de punho e mão
5. Realizar programa de exercícios domiciliares duas a três vezes por dia

SEMANAS 1-4 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 4ª SEMANA)


1. Continuar com os exercícios domiciliares 1. Independente com HEP BID
2. PROM-FL, elevação no plano escapular, ER, ER em s 45 graus 2. PROM 2 11 O graus FL
de elevação no plano escapular 3. PROM 2 30 graus ER (neutra))
3. AROM-cotovelo, punho e mão 4. PROM 2 11 O graus de elevação no plano escapular
4. Iniciar PNF escapular Precauções
5. Gelo, eletroestimulação para controle da dor, redução de edema 1. Tipoia todo o tempo, exceto durante exercícios
6. Graus 11-111 de mobilizações capsulares posterior e inferior (começar 2. Sem A/AAROM-colocaria reparo em risco
na 3ª semana, continuar conforme necessário durante a reabilitação) 3. Não alongar IR

SEMANAS 5-8 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-TIW) OBJETIVOS (NA 8ª SEMANA)


1. Retirar gadualmente a tipoia após a 6ª semana 1. PROM 2 150 graus FL
2. AROM < 60 graus de elevação depois da remoção do tipoia 2. PROM 2 65 graus ER
3. PROM conforme acima. Iniciar IR sem pressão excessiva 3. PROM 2 160 graus de elevação no plano escapular
4. Supino Theraband alongamento ER (conforme necessário) 4. PROM 50 graus máximo para IR
5. Exercícios com bastão em supino--FL, elevação no plano escapu- 5. Conseguir pentear cabelo-com o braço dominante
lar, ER neutra, ER em 60 graus de elevação no plano escapular 6. Conseguir abrir e fechar porta de carro
6. Pulley de ombro-FL elevação no plano escapular Precauções
7. Isométricos submáximos (25%) com braço ao lado - IR, FL, 1. Levantamento s 0,45 kg até 8 semanas do
ABD, EXT pós-operatório
2. Sem alongamento agressivo de IR

FASE 11-AROM PROGRESSIVA E FORTALECIMENTO

SEMANAS 9-10 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW-BIW) OBJETIVOS (NA 10ª SEMANA)


1. AROM s 120 graus de elevação 1. AROM 2 110 graus FL
2. Isotônicos (peso leve/alta repetição) - ondas de bíceps, tríceps 2. AROM 2 110 graus de elevação no plano escapular
EXT, encolhimento dos ombros, protusão supina escapular, 3. AROM 2 60 graus ER
Codman reverso 4. PROM 2 160 graus FL
3. Dependurar roupa, colocação de objetos no armário 5. PROM 2 80 graus ER
4. UBE com resistência mínima 6. PROM para 60 graus IR
7. Conseguir levantar prato até armário na altura
dos olhos
8. Alcançar carteira no bolso de trás
Precauções
1. Levantamento unilateral limitado a s 0,9 kg
2. Prevenir retração capsular posterior

SEMANAS 11-14 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT QIW) OBJETIVOS (NA W SEMANA)


1. Isotônicos (peso leve/alta repetição) 1. AROM WFL para FL
Em pé-FL e ABD a 90 graus, ER e IR com tubos 2. AROM WFL para ABD
Pronado-linhas, ABD horizontal em 90 e 120 graus, EXT 3. AROM WFL para ER
Deitar de lado-IR e ER com toalha enrolada debai xo da axila 4. MMT 2 4/5 FL
2. Resistência aumentada com UBE 5. MMT 2 4/5 ABD
3. Iniciar flexões na parede com um adicional, gradualmente 6. MMT 2 4/5 ER
progredir para níveis mais baixos (mesa, cadeira, banco, chão) 7. MMT 2 4+/5 IR
4. Resistência manual supina de padrões PNF 8. Alcance funcional nas costas para colocar camisa
para dentro da calça
9. Conseguir colocar 0,9 kg em armário de despesas
gerais
10. Conseguir colocar meio galão de leite na geladeira
Precaução
Levantamento unilateral limitado a 2 2,26 kg
Continua
Er!> PARTE XIV ARTROSCOPIA

52-8 Protocolo de Reabilitação de Reparo do Manguito Rotador {Lesões Extensas> 5 cm)*--<ont.

FASE Ili-FORTALECIMENTO AVANÇADO PARA PACIENTES RETORNANDO AO ESPORTE

MESES 3-6 DO PÓS-OPERATÓRIO (PT CONFORME NECESSÁRIO) OBJETIVOS (NA 20ª SEMANA)
1. Progredir com exercícios isotônicos 1. MMT 5/5 FL
2. Progredir com flexões de parede para o chão 2. MMT 5/5 ABO
3. Isométricos adicionais (3-4 meses) 3. MMT 5/5 ER
Bench press (peso leve, curto alcance) 4. MMT 5/5 IR
Pu/1-downs laterais ao peito 5. MMT 5/5 EXT
Chest press inclinado 6. Conseguir colocar 4,5 kg em armário
Arco curto, alto Theraband ER e IR em 90 graus ABO 7. Objetivos específicos do esporte
4. PNF com padrões de peso 01 e 02
5. Pliométricos (4 meses)-passe peitoral, plyoball chop toss,
lançamento sobre a cabeça
6. Retornar a arremessos/esportes com raquete em 4 meses com
força normal, mecânica glenoumeral normal, e sem dor
7. Avaliação isocinética, se necessária
*É importante enfatizar ao paciente que, depois de um reparo de rompimento massivo, AROM e força são limitadas.
A/AAROM, amplitude do movimento ativo/ativo assistido; ABD, abdução; AROM, amplitude do movimento ativo; BID, duas vezes ao dia; BIW, duas vezes
por semana; ER, rotação externa; EXT, extensão; FL, flexão; HEP, programa de exercícios domiciliares; IR, rotação interna; MMT. teste muscular manual;
PNF, facilitação neuromuscular proprioceptiva; PROM, amplitude do movimento passivo; PT, fisioterapia; QIW, quatro vezes por semana; TIW, três vezes
por semana; UBE, exercícios da parte superior do corpo; WFL, dentro dos limites funcionais.

O@ilij·Uil9 A, Lesão do manguito de espessura parcial com 8 mm e com tuberosidade desbridada e fibras laterais mantidas inse-
ridas. B, Localização transtendínea da âncora lateral à superfície articular. C, Reparo completo com nós amarrados no espaço subacro-
mial. D, Visão intra-articular do reparo completo com a inserção coberta sobre a borda articular. VEJA A TÉCNICA 52-20.
CAPÍTULO 52 ARTROS COPIA DE MEMBRO SUPERIOR

) fio de PDS nº 1 através da agu lha e recupere-o utilizan do 1997 e 2000. Com as técnicas de reparo em fileira dupla e a melhora
um pegador de fios pela cânu la anterior para usá-la da experiência clínica, acredi ta-se que os reparos do manguito
como um passador de sutura. Realize uma lança da simples possuem uma excelente chance de cicatrização. O reparo em fileira
com o PDS ao redor da extremidade do fio, e puxe-o de dupla tem demonstrado ser biomecanicamente superior à fixação
vo lta através da cápsu la imediatamente posterior à âncora em fileira simples, e tem demonstrado reestabelecer a inserção
e através da pele lateralmente ao acrômio . normal do manguito rotador, aumentando a área de contato para a
• Introduza uma seg unda agu lha longa logo anterior à âncora, cicatrização. Lo e Burkhart classificaram as lesões de manguito de
e passe um fio de PDS a partir da região lateral, recupere-o acordo com sua forma: crescen te, em U e em L (Fig. 52-35). O reparo
anteriorm ente, e utilize-o como um passador de suturas. das lesões em for ma de U e de L envolvem a convergência das
Utilizando um pegador de f ios, recupere uma extrem idade margens com suturas começando mediaimente e estendendo-se
do segundo grupo de fios através do portal anterior. lateralmente ao longo da lesão, reduzindo seu tamanho e facilitando
•Amarre o fio de PDS ao redor da extremidade anterior do a reaproximação das bordas à tuberosidade em uma técnica de fileira
segundo grupo de suturas, e pu xe-o de volta para o dupla (Fig. 52-36). Lesões crônicas, com as em formato de L (Figs.
espaço subacromia l para formar o segundo ponto em " U". 52-37 e 52-38) e as extensas, crônicas e retraídas em formato de
Se necessário, o artroscópio pode ser posicionado ante- crescente, necessitam de liberação e desliza mento dos intervalos
riormente e uma segunda âncora, inserida na região pos-
terior de maneira similar.
•Adentre no espaço subacromial,e insira uma cânu la plás-
tica de 7 mm usando uma haste gu ia. Recupere o par de
sutura s através da cânula. Iniciando posteriormente e
trabalhando anteriorm ente, faça nós artroscópicos para
manter o mang uito fi xo à tuberosidade (Fig . 52-34C ).
• Finalizado o procedimento, reava lie a área int ra-articul ar
para garantir que haja boa aproximação do manguito à
tuberosidade (Fig. 52-340).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados pós-opera-


tórios são os mesmos que aqueles do reparo de uma lesão
pequena do manguito rotador (Técnica 52-19).

LESÕES DO MANGUITO ROTADOR DE A


ESPESSURA TOTAL
O@ii;M1:i19 Lesão do manguito rotador em forma de cres-
Boileau et ai. demonstraram que as lesões do manguito reparadas cente . A, Visão superior de lesão do manguito rotador em forma
artroscopicamente cicatrizam, sendo que Galatz et ai. encontraram de crescente envo lvendo os tendões supraespinal (SS) e infraespi-
menos evidências de cicatrização nos procedimentos feitos entre nal (IS) . B, Lesão reparada.

O!flil;Hm?!t Lesão do manguito rotador em " U" . A, Visão superior da lesão do manguito rotador em "U" envolvendo os tendões
supraespinal (SS) e infraespinal (IS). B, As lesões em "U" demonstram excelente mobilidade de anterior para posterior e são inicialmente
r.eparadas com suturas de tendão-tendão utilizando-se o princípio de convergência das bordas. C, A borda reparada é reparada ao osso
livre de tensão .
ED PARTE XIV ARTROSCOPIA

B e
O@il;@ Efl!I Lesão aguda do manguito rotador em forma de L. A, Visão superior da lesão aguda do manguito rotador em formato
de L envolvendo o tendão supraespinal (SS) e o intervalo rotator (RI). B, As lesões devem inicialmente ser reparadas longitudinalmente.
C, A borda convergente é reparada até o osso. CHL, ligamento coracoumeral; IS, tendão infraespinal; Sub, tendão subescapular.

B e
O@il;J!iEflllt Lesão crônica em formato de L. A, Visão superior de lesão crônica em formato de L que evoluiu para lesão em formato
de U. B, A lesão em formato de L mostra excelente mobilidade anteroposterior; todavia, uma borda da lesão (normalmente a posterior)
é mais móvel. As lesões devem inicialmente serem reparadas utilizando-se suturas de tendão-tendão por meio do princípio da conver-
gência das bordas. C, As bordas convergidas são reparadas ao osso livre de tensão. CHL, ligamento coracoumeral; IS, tendão infra-espinal;
RI, intervalo rotator; SS, tendão supraespinal; Sub, tendão subescapular.

antes do reparo. Tais reparos podem ser feitos por meio de procedi- REPARO DO MANGUITO ROTADOR
mentos artroscópicos ou abertos, dependendo da habilidade do
cirurgião. Algumas vezes, o uso de suplementação estrutural pode
TÉCNICA
ser necessário para o reparo dessas lesões. Para as lesões menores
que 3 cm, um reparo em file ira simples tem demonstrado ser com- • Antes de levar o paciente para o centro cirúrgico, um
parável a um reparo em fileira dupla, sendo que, para as lesões bloqueio interescalênico é admin istrado. Posicione o
maiores que 3 cm, um reparo em fileira dupla tem demonstrado ser paciente em decúbito latera l apoiado por um travesseiro e
superior em diversos estudos. A cobertura da inserção original deve coxins de suporte, garantindo o alívio de pressão na axila
ser obtida sob tensão fisiológica. Além disso, múltiplas suturas e em todas as proeminências ósseas . Mantenha a extrem i-
através do tendão (três suturas em vez de duas) têm demonstrado dade em 30 graus de abdução e em 1O graus de fl exão
ser superiores, como esperado. Com isto em mente, geralmente é anterior usando t ração balanceada estéril. Aplique dispo-
utilizado o seguinte algoritmo de tratamento: uma âncora, fileira sit ivos de compressão às extremidades inferiores para evitar
simples e dois pontos para lesões de 1 cm; uma âncora, três pontos trombose venosa. Controle o sang ramento com o uso de
para lesões de 1,5 cm; duas âncoras para lesões maiores que 1,5 cm; anestesia hipotensiva, com pressão sistólica geralmente em
e um reparo em fileira dup la para lesões maiores que 3 cm. Para as torno de 100 mmHg e a pressão de influxo artroscópico a
lesões do manguito extensas, liberações e reparos para convergência 30 mmHg da pressão arterial sistólica.
das margens são utilizados (Figs. 52-39 e 52-40). A fixação normal- •Ampla cobertura com campos é necessária para garantir que
mente é em fileira simples logo lateral à superfície articular para os mesmos não interfiram no procedimento. Além disso,
prevenir tensão em excesso e fa lha na transição musculotendínea.
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PI A DE MEMBRO SUPERIOR GtEllll

A B e

D E

O[dl!;f.!EflD Lesão extensa do manguito rotador retraída em fo rmato de cresce nte. A, Visão superior. B, Um duplo deslizamento
de intervalo é realizado primeiramente efetuando um deslize anterior do interva lo e depois um deslize posterior do interva lo liberando
o interva lo entre o supraespinal (SS) e o infraespin al (IS). C, Após a liberação, melhora da mob ilidade (setas) dos tendões supraesp inal
e infraespin al, e do tendão redondo menor posteriormente. D, Tendão supraespina l reparado ao leito ósseo latera l livre de ten são, e
tendões infraesp inal e redondo menor avançados latera lmente. E, Defe ito residual reparado com suturas tendão-tendão. CHL, liga-
mento coraco umera l; Sub, tendão subescapu lar.

distância entre a cabeça do paciente e o ombro é fundamen- uma descompressão subacromial quando in dicado. Cu i-
tal. Posicione a cabeça al inhada ao corpo com o cuidado para dadosamente, defina a profundidade da lesão e deter-
a posição não interferir no campo operatório. A anestesia é mine a configu ração da mesma (em crescente, em U, ou
posicionada em um ângulo de 90 graus com o tórax do em formato de L) (Fi gs. 52-35 a 52-39). Determ ine o
paciente também para liberar o campo operatório. montante de retração e mobilidade do tendão, e tenha
•Cuidadosa mente, delineie os marcos ósseos e porta is na certeza de que o tendão pode ser reinserido na sua
pe le (Fig. 52-33). Para indivíduos grandes e musculosos e in serção anatômica ou, caso negativo, de que forma
para lesões grandes, um porta l posterolateral acessório, pode ser reparado para propiciar a melhor fi xação com
rotineiramente uti lizado para lesões menores ou indiví- mínima tensão no reparo.
duos pequenos, pode ser necessário. O portal anterior •Prepare o loca l da inserção anatôm ica do mangu ito por
gera lmente é percutâneo, e é uti li za do para recuperar e meio de desbridamento do local e evitando ressecção
sepa rar os fios de sutura. A âncora será posicionada logo excessiva de osso. A abrasão pode aumenta r o sa ngra-
lateral à borda do acrômio utilizando-se a agu lha longa mento e elementos da medula são li berados quando a
para loca lização e inserção percutânea. âncora é inserida; ambos favorecem a cicatrização.
•Um portal posterior 2 cm dista l à borda posterolateral do •Defina a localiza ção das ânco ras mantendo uma distância
acrômio é uti lizado para ava li ar por completo as estrutu- entre elas de 1, 2 cm a 1,5 cm para prevenir fraturas de
ras intra-articu lares. Introduza a cânu la de observação no tuberosidade. Determine onde âncoras dup lamente ou
espaço subacrom ial. Id entifi que o local e a configuração triplamente carregadas devem ser posicionadas para
da lesão. Posicione o porta l latera l de trabalho direta- obter um número apropriado de suturas atra vés do
mente sobre o centro da lesão, gera lm ente 3 cm aba ixo tendão, e prepare-se para a realização de um reparo em
da borda lateral do acrômio e 2 cm a 3 cm posterior à fi le ira simples, fi leira dup la ou reparo equ iva lente à
borda anterior do acrômio (Fig. 52-41 A). Distração latera l técnica transóssea. Repa ros em fileira dupla com âncora
aplicada por um asssistente aumenta o espaço, faci li- podem causar aglomeração de âncoras; um reparo equ i-
tando a visua lização e a recupera ção dos fios. va lente à t écn ica transóssea no qua l a fileira lateral é
•Realize uma bursectom ia comp leta para garantir boa posicionada abaixo da tuberosidade não produz tanta
visua lização e facilitar a recupera ção dos fios, e rea li ze ag lomeração. )
lllDI) PARTE XIV ARTROSCOPIA

está à direita. B, Localiza ção dos orifícios iniciais


para âncora medial. Note o ângulo de 45 graus
em relação à borda e a localização a 2 mm da
borda articular. C, Uso da pinça "Scorp ion" para
posicionar a sutura em "U" 16 mm medial à borda
da lesão. D, Finalização da sutura em "U" medial
localizada na cânula. As suturas podem ser utili-
zadas para puxar o tendão em direção à tubero-
sidade para ajudar a identificar a localização
apropriada das âncoras latera is. E, Reparos em
fileira dupla completos com o manguito segura-
mente reparado à inserção anatômica.

•Para lesões menores que 1,5 cm, gera lmente uma âncora convergência das margens é sempre rea lizada para reduzir
)
duplamente ou triplamente carregada é utilizada . Para o tamanho da lesão e repará-la com mais facilidade
lesões maiores que 1,5 cm, duas âncoras devem ser pla- à tuberosidade (Fig. 52-41 B e C)
nejadas separando os pontos iniciais por 1,2 cm a 1,5 cm. • Para a convergência das margens de uma lesão em forma
Em lesões de 3 cm ou maiores, um reparo equiva lente à de U ou a extensão medial de uma lesão em forma de L,
tecn ica transóssea é realizado com as âncoras mediais uti lize um passador de suturas grande com ponta em
posicionadas 5 mm da li nha articular e a fileira lateral forma de crescente, passando-o através de ambos os
aproxim adamente 5 mm lateral à tuberosidade, e então fo lhetos; e depois recupere a sutura de fio nº 2 não
separando-as por 1,2 cm a 1,5 cm . absorvível novamente através dos folhetos, separando-os
•Após visualizar o local no qual as âncoras serão posicio- para amarrá-los futuramente.
nadas na fileira lateral, utilize o eletrocautério para resse- • Inicie a convergência no ápice da lesão trabalhando de
car os tecidos moles e expor o loca l para inserção de uma medial para lateral. A linhe visualmente a lesão com sua
âncora de im pacção sem nó futuramente. anatomia normal (Fig. 52-41 D-F).
•A convergência das margens e as liberações para •Para lesões maiores que podem ser reparadas na inserção
reduzir a tensão dos reparos devem ser contemp ladas. anatômica sem tensão, realize um reparo equ iva lente à
Particularmente para as lesões em formato de U, a técnica transóssea. Posicione as âncoras gradua lm ente, )
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR GIEllll

O@lhfJU!IJI A, Portais para o reparo do manguito rotador. B, Convergência das bordas e liberação para reduzir tensão nos reparos.
C, Inserção das âncoras duplamente carregadas para suturas em "U" 3 mm lateral à superfície articular. D-F, A convergência é iniciada
no ápice da lesão trabalhando de medial para lateral. VEJA A 'TÉCNICA 52-21.
BD PARTE XIV ARTROSCOPIA

O@ilm:i1!19 Âncora inserida latera l à borda do acrômio através


de portais de inserção individuais. VEJA A TÉCNICA 52-21.

O@il;f;'!Efl9 Reparo equivalente à técnica transóssea. VEJA A


TÉCNICA 52-21.

incisão anterior na qual serão pareados e reparados juntas.


Ao passar os pontos, inicie a partir dos pontos anteriores
e depois dos posteriores.
•Finalmente, após todos os pontos passadas e separadas
por meio da pequena incisão previamente utilizada para a
inserção das âncoras, amarre-as iniciando posteriormente e
depois realize a sutura anterior, que geralmente é amarrada
por último para garantir que a borda anterior do manguito
esteja em sua posição anatômica. Conforme cada ponto é
amarrado, o fio é armazenado externamente ou pela cânu la,
ou por meio de uma das pequenas incisões.
•Após todas as fi leiras mediais amarradas, realize um reparo
equivalente à técnica transóssea . Posicione o dispositivo de
fixação da fileira lateral aproximadamente 1,5 cm latera l à
fileira medial e aproximadamente 6 mm lateral à inserção
li!rii@:lm l Confecção de suturas em "U" para reparo do anatômica do manguito (Fig. 52-44). Use uma âncora de
manguito. VEJA A TÉCNICA 52-21. impacção sem nó para manter a borda do manguito fir-
memente na inserção anatômica do manguito com cuidado
para não ap licar tensão excessiva, que pode causar ejeção
da âncora ou compressão excessiva no manguito, compro-
metendo seu suprimento vascu lar (Fig . 52-45).
• Finalizado o procedimento, movimente o braço para garan-
iniciando pela âncora anterior e em seguida a âncora tir que não há brechas no reparo anterior ou impacto do
)
posterior por meio de uma pequena incisão abaixo da manguito contra o acrômio.
borda do acrômio para posicioná-la em um ângulo de 45
graus em relação ao eixo da diáfise (Fig. 52-42). Insira as Veja também, em inglês, Vídeo 52-1.
âncoras e assegure-se de que as bordas estão comp leta-
mente introduzidas no osso. A âncora anterior é posicio- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curso do pós-opera-
nada no local de inserção do arco rotador. tório é fundamental para obtenção excelentes resultados.
•Passe as suturas em "U" at ravés do tendão utilizando um O uso de tipoia é encorajado por 6 semanas na maioria
dispositivo do tipo "Scorpion" aproximadamente 4 mm dos reparos. Os exercícios de fortalecimento normal-
lateral à transição miotendínea e separadas por 7 mm mente não são feitos até 1O semanas de pós-operatório
(largura aproximada do dispositivo "Scorpion") (Fig. para prevenir tensão excessiva no manguito durante a
52 -43). Capture os fios e recupere-os através da pequena fase inicial de cicatrização.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOP IA DE MEMBRO SUPERIOR

O@il;(JE!19 Reparo de manguito rotador comp leto . VEJA A TÉCNICA 52-21 .

LESÃO DO MANGUITO ROTADOR deve ser avaliada pela característica do tecido a ser
EXTENSA E RETRAÍDA cortado. Na maioria dos casos, estabelecendo-se um
pequeno portal percutâneo próximo ao portal lateral
REPARO DE LESÃO, GRANDE OU subacrom ial e durante a liberação, o uso de uma grasper
E RETRAIDA UTILIZANDO A para auxiliar a mobilização latera l do tendão pode ser útil.
TECNICA DE DESLIZAMENTO DO •Após o término da li beração, repare o manguito junto à
tub erosidade utilizando âncoras, ou repare-o com pontos
INTERVALO
TÉCNICA
(TAURO ET AL.)
mm___ tendão-tendão para realizar a convergência das margens
segu ida do reparo na tuberosidade (Fig . 52-46B e C).

LESÕES DO TENDÃO SUBESCAPULAR


•Primeiramente, realize uma artroscopia diagnóstica de
rotina na articu lação glenoumera l para avaliar o tamanho As lesões do tendão subescapular associadas a sobrecargas excêntri-
e o formato da lesão. cas do manguito podem estar associadas ao impacto coracoide.
•Insira uma grasper atraumática através do porta l lateral Durante a avaliação clínica do tendão, um teste de Napoleão posi-
subacrom ial, e aval ie a mobilidade do manguito através tivo, um teste do lift-a.ff· ou Gerber positivo, e fraqueza generalizada
do lado articular. Se a mobilidade do tendão supraespinal na rotação interna podem estar presentes. Um teste de Napoleão
for pequena, libere a cápsula superior com um descolador positivo indica fraqueza do sub escapul ar quando o paciente tenta
artroscópico ou eletrocautério inserido através do portal pressionar seu abdômen com o auxílio da flexão do punho em 90
lateral subacromial. A liberação é realizada cortando graus. A RM é importante para avaliar as lesões, em particular
através da cápsula entre o tendão do manguito e a borda para quant ificar os danos ao tendão e reconhecer uma possível
da glenoide no intervalo rotador anteriormente e da luxação o u subluxação medial do tendão do bíceps. A instabili -
espinha escapular posteriormente. dade do tendão bicipital deve ser tratada com tenotomia em pacien-
•Se uma lesão em forma de crescente não for redutível até tes mais idosos, ou por tenodese aberta ou artroscopica em pacientes
o osso ou uma lesão longitudinal não fechar com pontos mais ativos ou pacientes que desejam preservar uma função razoa-
tendão-tendão, realize um deslizamento do intervalo velmente normal do tendão do bíceps. O procedimento para o
artroscopicamente. Este procedimento artroscópico é tendão bicipital é descrito nas Técnicas 52-8 a 52-10.
sim plesmente uma adaptação do procedimento aberto.
• Visual izando através do porta l posterior intra-articular,
insira um basket pelo portal latera l subacromial através
da lesão no manguito e dentro da articulação (Fig . REPARO DO TENDÃO SUBESCAPULAR
52-46A) . Separe o interva lo entre a borda anterior do
supraespina l e a cápsula superior (intervalo rotador) de TÉCNICA
lateral para medial. Isto também libera o tendão do liga-
mento coracoumera l retraído no lado bursal . Com o (BURKHART E TEHRANY)
bíceps intacto, realize a liberação distalmente ao tendão .
Se o bíceps estiver lesado, a li beração é iniciada próximo •Use quatro portais para o procedimento (Fig . 52-47): (1)
ao polo anterossuperior da glenoide. A liberação também portal anterior para iserção da âncora e passagem dos )
PARTE XIV ARTROSCOPIA

Anterior

e D

Posterior

O!dil;@mfa Portais de Burkhart e Tehrany para o reparo


artroscópico do tendão subescapular. O portal anterior é utilizado
para inserção da âncora e passagem da sutura (A) . O portal ante-
A rolateral é utilizado para mobilização do subescapular e prepara-
çã o do leito ósseo (B). O portal anterolateral acessório é utilizado
para as suturas de tração (C). O portal posterior é utilizado para
a visão artroscópica (D). VEJA A TÉCNICA 52-23.

interna é útil para melhorar a visua lização de lesões


parciais pois relaxa a porção inta cta do subescapular.
Para lesões parciais, a porcentagem lesada do tendão
pode ser estimada pela dimensão superointerior do leito
ósseo descoberto na tuberosidade menor na qual o
tendão rompeu-se.
B • Em lesões crônicas e retraídas do subescapular, a borda do
tendão normalmente se localiza mediaimente, ao nível da
O!dihMEfll!t Técnica de deslizamento do intervalo de Tauro et ai. margem da glenoide, e pode ser difícil de reconhecê-la.
para reparo de lesões extensas do manguito rotador. A, Pinça do Use uma grasper de tendão para tracionar os tecidos
tipo basket inserida através do portal lateral subacromial para retraídos mediaimente até que seja passivei a identificação
iniciar a liberação do intervalo. B, Liberação do intervalo completa da borda superior do subescapular, ou tente encontrar o
para lesão em forma de crescente. VEJA A TÉCNICA 52-22. "sinal de vírgula" . Em lesões retraídas do subescapular, a
polia medial do bíceps, composta do ligamento glenou-
meral superior e de uma porção do ligamento coracou-
meral, é desinserida do úmero na borda superior da
inserção anatômica do subescapular e permanece anexa
(2) portal anterolateral para mobilização do subescapu lar à porção superolateral do subescapular, formando um
)
e preparo do leito ósseo, (3) portal anterolateral acessório arco em formato de vírgula acima do canto superolatera l
para suturas de tração, e (4) portal posterior para o artros- do subescapular.
cópio. Posicione o portal anterolateral logo anterior ao •Para lesões parciais do bíceps, realize desbridamento ou
tendão do bíceps e o portal acessório anterolateral logo tenotomia. Para luxação ou sub luxação do bíceps,
posterior ao bíceps. promova a tenotomia artroscópica ou tenodese .
•Ao indentificar uma lesão do subescap ular, repare-a antes •Com o subescapular tracionado por meio de suturas,
de reparar qualquer outro tendão. Isto é f eito para maxi- insira um descolador artroscópico através do portal ante-
mizar a exposição neste espaço restrito. rolateral para mobilizar os aspectos anterior e posterior
•Com o artroscópio posicionado no portal posterior, a do subescapular (Fig. 52-48). Em lesões iso ladas do
visão do tendão subescapular e do leito ósseo na tubero- subescapu lar, a unidade miotendínea geralmente não
sidade menor é excelente. requer mobilização. Todavia, a lesão extensa combinada
•Para va ri ar o campo de visão, abduza ou rotacione inter- dos tendões subescapula r, supraesp inal e infraespinal
namente ou externamente o ombro. Em geral, a rotação usualmente necessita de mobilização. Se não for possível
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR EDDlll

Sutura
de
tração

h(êjl!;fijEflD Reparo do tendão subescapular de Burkhart e


Sutura de Tehrany. Preparo do leito ósseo e da tuberos idade menor uti li-
tração zando o shaver ósseo em alta ve loci dade (visão superior). VEJA A
TÉCNICA 52-23.

FIXAÇÃO
•Para tendões que alcançam o leito ósseo porém não
podem ser puxados além deste ponto, utilize âncoras-pa-
drão do tipo parafu so (Corkscrew; Arthrex, Naples, FL)
seguido da passagem dos fios através do tendão utili-
zando passadores de sutura ou técnicas de lançamento
(Fig . 52-50) .
•Para lesões grandes e completas do subescapular que
necessitam de mobilização, utilize os fios de tração
Músculo} como passadores de sutura : passe o fio da âncora
subescapular através do tendão através de laços nos fios de tração, e
B depois puxe o fio de tração através do tendão para que
o fio da âncora seja passado. Recupere os fios através
ji(êjlhbiEflllt Mobi lização do subescapular de Burkhart e do portal anterolateral, pe lo qual um nó artroscópico
Tehrany utilizando um desco lador artroscópico. A, Visão superior. pode realizado.
B, Visão anterior. VEJA A TÉCNICA 52-23. •Para lesões completas, utilize duas âncoras; para lesões
da metade superior do tendão, utilize apenas uma .
•Após a passagem dos fios através do tendão, antes de
atar o nó, recuperar o fio do ponto transtendíneo pode
ser difícil devido à pequena exposição causada pela dis-
tracionar o tendão facilmente sobre o leito ósseo na tensão do deltoide. Nestes casos, os fios podem ser pas-
tuberosidade menor, mobilize-o nos aspectos anterior, sados através do lúmen de um empurador de nós, que
posterior e superior com um descolador artroscópico tran sporta rá os fios para o interior da articulação na qual
enquanto traciona o tendão por meio de suturas. Evite a poderão ser faci lmente recuperados.
borda inferior do tendão para minimizar a chance de •Terminado o reparo do subescapular, nos pacientes com
lesão neurovascular. Após toda a liberação, exceto da lesões múltiplas do manguito rotador, realize a descom-
borda inferior, a tração no ten dão rompe efetivamente pressão subacromial preservando o ligamento coracoa-
qualquer aderência inferiormente. cromia l seguida do reparo artroscópico com âncoras das
•Prepare o leito ósseo na tuberosidade menor usando um lesões remanescentes.
shaver em alta velocidade através do porta l anterolateral
(Fig . 52-49). Para maximizar o contato tendão-osso, CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são imobili-
realize a media lização do leito ósseo em 5 mm por meio zados com uma tipoia acolchoada por 6 semanas com o
da remoção de cartilagem articular até uma base óssea ombro em 30 graus de rotação interna. Rotação externa,
sangrante. elevações acima da cabeça ativas ou passivas são evitadas )
lllmi> PARTE XIV ARTROSCOPIA

ressecção. Da mesma forma, em um estudo em cadáveres comparando


ressecções abertas com artroscópicas da articulação acromioclavicular,
Músculo Matthews et ai. não constataram nenhuma diferença significativa na
estabilidade das duas articulações, e observaram ambas significativa-
mente mais instáveis do que as articulações não manipuladas. Ness
estudo, foi observado que uma ressecção artroscópica de 5 mm previne
impacto ósseo na articulação acromioclavicular.
Em um estud o com 6 anos de acompanhamen to, Barber com-
parou três grupos de pacientes tratados com descompressão sub a-
crom ial associada ao nivelamento da clavícula, ressecção de 50%
da superfície inferior da clavícula, e ressecção da articulação acro-
mioclavicular. Todos os grup os foram avaliados com escalas fun-
cionais e sintomáticas, incluindo a escala da American Shoulder
and Elbow, a escala de Rowe, e a escala de Constant-Murley. Todos
os três grupos tiveram pontuação e alívio de sintomas sememe-
lhantes. Barber não acredita que o nivelamento da articulação
acromioclavic ul ar, a ressecção parcial da clavícula ou a ressecção
da articulação acromioclavicular alterem os resu ltados da acro-
mioplastia; e as complicações relacionadas à descompressão da
Artroscópio
art iculação acrom ioclavicular, na opinião deste autor, são relacio-
nadas a uma descompressão inadequada.
H@li;f;) EflI!I Reparo do tendão subescapular de Burkhart e Em um estudo de acompanhamento a longo prazo de 66
Tehrany. Visão superior da passagem da sutura através do t endão ombros tratados em 60 pacientes, Levine et ai. compararam a res-
subescapular enquanto o t endão é mantido sob tração. VEJA A secção da articulação acromioclavicular por artroscopias direta e
TÉCNICA 52-23. indireta. Quarenta e dois pacientes foram submetidos à abordagem
direta, dos quais quatro precisaram de reabordagens, dois para esta-
bilização da articulação acromioclavicular e dois para ressecção da
articulação acromioclavicular após 5 anos. Levine et ai. sugeriram
por 6 semanas. A movimentação acima do nível da cabeça
) que a abordagem di reta possa lesionar os ligamentos capsulares
é iniciada com 6 semanas. O fortalecimento isotônico resis- superiores, levando à instabilidade da clavícula distal. O acompa-
tido é iniciado com 1O semanas após a cirurg ia. nhamento a longo prazo e os estudos em cadáveres não demonstra-
ram nenhum benefício adicional da ressecção da articulação
acromioclavicular direta; nós geralmente utilizamos uma aborda-
gem indireta e acreditamos ser mais rápida, de mais fácil avaliação,
ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR e geralmente associada à descompressão subacromial.

As patologias sintomáticas da articulação acromioclavicular geral-


mente respondem às medidas conservadoras, como repouso, anti
-inflamatórios, infiltrações de corticoesteroides intra-articulares e ARTROSCÓPl,CA DA
afastamento das atividades que desencadeiem dor. Caso as medidas REGIAO DISTAL DA CLAVICULA
conservadoras falhem, o desbridamento da articulação e a ressecção (PROCEDIMENTO DE MUMFORD)
da clavícula distal podem ser realizados.
A opção pelo desbridamento da art iculação acromioclavicular TÉCNICA
se dá com base no exame físico pré-operatório e na avaliação radio-
gráfica. Uma excisão clavicular distal é indicada caso a articulação (TOLIN E SNYDER)
acromioclavicular seja sensível à palpação e dor esteja presente na
articulação com adução horizontal do ombro (comprimindo a arti- • Após administração da anestesia geral associada a um
culação), juntamente com alterações degenerativas da articulação bloqueio interesca lênico para controle da dor pós-opera-
em radiografias. A injeção na articulação acromioclavicular de lido- tória, posicione o paciente em decúbito lateral com incli-
caína a 1% sem epinefrina é um preditor confiável do sucesso da nação posterior de aproximadamente 30 graus e apoie o
cirurgia; o alívio de 80% a 100% da dor indica uma probabilidade dorso com um travessei ro.
de bons resultados. Se nenhum sintoma estiver relacionado à arti- •Utilizando um dispositivo de tração protegido por espuma
culação acromioclavicular, apesar da alteração radiográfica, este (STAR Sleeve; Arthrex, Nap les, FL), suspe nda o braço em
procedimento não é indicado. 70 graus de abdução e em 15 graus de flexão anterior
Snyder et ai. relataram bons ou excelentes resultados a longo com 4,5 kg de tração .
prazo em 47 (94%) de 50 ressecções artroscópicas da clavícula distal • Posicione os porta is posterior e anterior da forma padrão,
com o uso de uma abordagem subacromial e clavicular (Smith & e realize uma varred ura comp leta de 15 pontos da arti-
Nephew, Memphis, TN). Miller et ai. realizaram uma ressecção da arti- culação glenoumeral.
culação acromioclavicular por artroscopia utilizando uma aborda- •Avalie e repare quaisquer processos patológicos intra-ar-
gem direta e uma indireta em um modelo de cadáver. Não foi ticulares envolvendo o tendão do bíceps, láb io, e super-
observada nenhuma diferença na instabilidade da articulação acro- fície articular do mangu ito rotador.
mioclavicular entre as duas técnicas em testes biomecânicos após a
CAPÍTULO 52 ARTROSCO PIA DE MEMBRO SUPERIOR fm:llll

B
O!ijl!;@lillt Artroscopia de ressecção da clavícula distal de Tolin e Snyder. A, A co rtica l superior da clavícula é ressecada. B, Técnica
de dois pinos para medir a extensão da ressecção. VEJA A TÉCNICA 52-24.

•Reposicione o ombro pa ra 20 grau s de abdução e 5 graus • Insira o shaver com lâm in a óssea de 4 mm ou 5,5 mm
de flexão anterior preparando-o para a artroscoia da com uma ba inha de fresa através do portal anterior em
região bursal subacromia l. direção à articulação acrom ioclavicula r. Inicie a ressecção
•Utilizando os portais anterior e posterior da forma padrão, clavicu lar anteriormente em di reção à região posterior da
exam in e a bursa subacromia l, a supe rfície inferior do cáps ul a articu lar acrom ioclavicular. Observe e preserve a
acrômio, o ligame nto coracoacromial, a superfície bursal cápsula. Uti lize a raspa para ressecar a margem superior
do manguito rotador e a articulação acromioclavicular. remanescente da clavícu la distal, evitando lesa r a cápsu la
Realize a descompressão subacrom ial seletiva . Se nenhuma superior (Fig . 52-51 A) . Remova a região superior da cla-
lesão por impacto estiver presente, limite a descompressão vícu la e qualquer cisto associado mantendo a ressecção
à ressecção da faceta acromia l da articulação acromiocla- sim étrica à clavícu la inferior.
vicular e remova o ligamento coracoacromial abaixo do • Insira o artroscóp io pelo portal anterior para visualiza r a
acrôm io. Resseque a faceta acromia l para expor a estreita reg ião da articu lação acrom ioclavicular ressecada. Remova
ou inclinada med iaimente articulação acrom ioclavicular qua isquer esporões remanescentes ou irregu laridades ao
através do portal subacromia l posterior. redor das margens tanto do portal lateral quanto poste-
• Resseque a clavícul a distal após a artroscopia e a descom- rior. Desbrid e a superfície inferior da clavícula levemente
pressão subacrom ial. A decisão de prosseguir para uma para remover bord as pontiagudas. Determine a largu ra
ressecção completa da clavícula distal deve ser feita no da ressecção do espaço acrom ioclavicu lar usando a técnica
início do proced im ento cirú rgico. de dois pinos. Com o artroscóp io através do portal ant e-
•Inicie a ressecção com o artroscópio no portal subacro- rior, posicione um pino verticalmente através da pele
mial posterior. Insira uma cânu la de escoame nto de 6 mm para lela à porção distal da clavícul a. Posicione um segundo
de diâmetro para drenagem gravitacional no portal suba- pino pe rpendicu lar à borda medial do acrômio e paralelo
cromial anterior, e posicione um eletrocautério na região à porção central da faceta acromia l (Fig. 52-5 1B). Ad is-
subacromial através de uma cânu la no portal latera l. Use tância entre estes dois pinos medida no nível da pele
o eletrocautério para cortar e morcelizar a cápsula inferior corresponde à la rgura da ressecção. A ressecção deve ser
e o periósteo da superfície inferior da articu lação acro- de 6 mm a 8 mm.
mioclavicu lar e da região dista l da clavícu la.
•Insira uma raspa através do portal lateral para remover os
debris de tecidos moles remanescentes. Caso exista um CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imob ili-
esporão grande, pode ser mais fáci l in iciar com o artros- zado com uma tipoia. Movimentos passivos e exercícios
cópio lateralmente e a instrumentação posteriormente. pendu lares são iniciados imediatamente. Exercícios do ante-
•Insira um shaver com lâmina ássea de 4 mm ou de 5,5 braço, punho e mão são in iciados no 1º dia do pós-ope-
mm através do portal posterior para remove r a faceta ratório com a ajuda de terapia com argila. As ati vidades
posterior e os esporões na clavícu la. Remova os debris de elevação sobre a cabeça e as atividades que necessitem
ósseos proven ientes da ressecção através da drenagem puxar ou empurrar são restringidas por 1 o u 2 semanas,
gravitacional pela cânu la de escoamento no portal suba- com um retorno ao trabalho pesado e às atividades espor-
cromial anterior. tivas após 2 a 3 meses do procedimento.
lllm) PARTE XIV ARTROSCOPIA

anestésicos de longa atuação no espaço subacromial. O uso de inje-


ABORDAGEM SUPERIOR ções de corticoides pode prolongar a dolorosa fase de reabsorção da
tendinite calcárea. Analgésicos orais normalmente são necessários
TÉCNICA durante a fase aguda.
Radiografias anteroposteriores do ombro em rotações interna
(FLATOW ET AL.) e externa e uma incidência axilar são úteis na identificação da área
de calcificação. O tendão supraespinal e o tendão subescapular são
•Posicione o paciente em "cadeira de praia", e administre comumente envolvidos. Se a cintervenção cirúrgica for necessária,
um bloqueio esca leno. a liberação artroscópica da calcificação pode ser benéfica.
•Utilize agu lhas para determinar a localização e a orienta-
ção da articulação antes de introduzir os instrumentais.
•Injete alguns milímetros de solução sal in a com uma
agu lha de calibre 18.
LIBERAÇÃO DA TENDINITE CALCÁREA
•Demarque dois locais para os portais, um anterior e um
posterior à linha da articulação. Utilize um artroscópio de
TÉCNICA
punho de 2,7 mm até haver espaço adequado para um
• Portais-padrão para artroscopia são utilizados para uma ava-
artroscópio padrão de 4 mm. Use eletrocautério para coa-
liação intra-articular detalhada. A parte inferior da superfície
gular pequenos sangramentos. Glicina ou sa lin a normal
do tendão supraespinal, quando acometida pela tend1n1te
com epinefrina a 1:300.000 e uma unidade de cauteriza-
calcárea, pode ter uma aparência de uma lesão de morango
ção de proteção podem ser usadas para irrigação.
ou área inflamada hiperemiada, e o tendão nesta área pode
•Usando uma lâmina de ressecção radial, real ize uma sino-
estar desgastado. Um abaulamento ou leve protuberância
vect omia completa, e remova os tecidos moles e qua lquer
no tendão também podem ser visíveis.
cartilagem remanescente da superfície articu lar da claví-
•Se identificado, desbride levemente a área com uma
cula distal com uma cureta.
lâmina de ressecção radial e marque a região com um f io
•Utilizando um eletrocautério, desbride o final da clavícula,
de PDS nº 1 introduzido através de uma agu lha longa e
mas preserve os tecidos moles contendo o ligamento
mantido no local após a agu lha ser removida. Observe a
acromioclavicular e a cápsula.
lesão através do portal subacrom ial, e utilize um portal
•Inicie a ressecção óssea com uma lâmina óssea pequena
acessório anterolatera l para a instrumentação. Li bere a
(2 mm) seguida de lâm inas maiores (3,5 mm a 4,5 mm).
calcificação dentro da bursa subacrom ial com a agu lha
Mude o shaver do portal anterior para o posterior pa ra
longa ou a lâmina artroscópica.
remover o osso sob visão direta . Realize o desbridamento
•Para lesões maiores, utilize uma cureta pequena para
final utilizando raspa s.
abrir a área em linha com suas fibras para liberar a ca lci-
•Cuidadosamente, examine a articu lação com o artroscópio
ficação. Posicione um shaver pequeno de ressecção radial
através dos portais anterior e posterior para garantir remoção
sobre a lesão para suga r o material do interior do man-
óssea adequada e ava liar se existem fragmentos de osso ou
gu ito, e desbride levemente esta área para estimular uma
cartilagem remanescentes. Palpe as bordas para assegurar
resposta saudável. O reparo do rompimento parcial
que nenhuma espícula permaneça . A abordagem direta
pequeno geralmente é desnecessário.
permite excelente exposição para ressecção final.
• Se houver evidências de impacto com desgaste da parte
•Depois da remoção dos instrumentos, injete bupivacaína
inferior da superfície do acrôm io e do manguito rotador,
(marcaína) a 0,25 % sem epinefrina no interior da articu-
proceda uma acrom iop lastia artroscóp ica .
lação para conforto pós-operatório. Suture os porta is com
•Aborde a calcifi cação do tendão subescapu lar através de
fi os reabsorvíveis de forma subcutânea.
um portal anterolateral para visua lizar a bursa e o tendão
subescapulares. Utilize o portal anterior-padrão para
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Movimentos passivos são
inserir uma lâmina de ressecção radial no interior da bursa
permitidos no 1º dia de pós-operatório. Exercícios ativos
no loca l da infl amação do tendão subescapu lar, e leve-
são permitidos ass im que o desconforto do pós- opera-
mente desbride e libere a ca lcifi cação.
tório cessar, o que acontece normalmente em 3 a 5 dias.
Uma tipoia é uti lizada para conforto por 1 a 2 dias do
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Exercícios com movi-
pós-operatório.
mentos ativos assistidos são utiizados para ganhar ampli-
tude completa o mais rápido possível. Conforme os
sintomas forem diminuindo, os exercícios progressivos de
fortalecimento para o manguito são efetuados, evitando-
TENDINITE CALCÁREA DO MANGUITO se os exercícios na posição de impacto.
ROTADOR
Apesar da causa exata da tendinite calcárea do manguito rotador ser
desconhecida, vários investigadores acreditam que a hipóxia do tecido OSTEOARTRITE
local e a degeneração resultam nos depósitos de cálcio. Durante a fase
aguda de reabsorção da tendinite calcárea, os pacientes podem ter dor, Weinstein et al. relataram 25 pacientes submetidos à artroscopia de
inflamação e diminuição da amplitude dos moviemntos do ombro, desbridamento para a osteoatrite degenerativa. O tratamento con-
todos os quais mimetizam uma infecção aguda. O tratamento conser- sistia em lavagem, remoção de corpos livres, desbridamento de
vador desta condição dolorosa consiste em compressas de gelo, medi- lesões !abrais e condrais, e desbridamento de lesões do manguito
camentos anti-inflamatórios e, ocasionalmente, uma injeção local de rotador. Foram reportados 80% de bons resultados e 20% de
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

Eles sugeriram a reinserção desta cápsula posterior na glenoide pós-


desbridamento ósseo. Caso a reinserção capsular seja necessária, a
glenoide pode ser desbridada com uma lâmina de ressecção radial
através do portal posterior com o artroscópio através do portal
anterior. A cápsula pode ser reparada à glenoide artroscopicamente
com técnicas de sutura com âncora absorvível utilizando portais
acessórios posteriores para instrumentação e o portal anterior ou
um portal posterolateral 1 cm anterior e lateral ao canto posterola-
teral do acrômio para visualização

CISTO ESPINOGLENOIDAL

No passado, o tratamento do cisto espinoglenoidal com sintomas


associados ao nervo supraescapular se baseava na excisão do cisto
com reparo do lábio. A maioria dos cistos é secundária a lesões
marginais. Dez pacientes submetidos à descompressão artroscópica
do cisto e ao reparo !abra! foram avaliados em uma série de casos
de Youm, Matthews, e E! Attrache. Todos os pacientes se mostraram
satisfeitos com o tratamento e oito dos dez obtiveram evidências por
O@l!;ffleml Artroscopia de desbridamento para osteoartrite. RM de que o cisto se resolveu por completo. Seis pacientes que
apresentavam fraqueza de rotação externa recuperaram função
normal e obtiveram estudos eletromiográficos normais. Essa série
demonstra que a descompressão deve ser realizada desde que possa
insatisfatórios em relação a alívio da dor, função e amplitude de ser feita de forma segura desde que o colo glenoidal seja decorticado
movimento. A média de acompanhamento foi de 34 meses, e 76% e seja realizada uma pequena punção no cisto, descomprimindo-o
dos pacientes tiveram alívio da dor. durante o reparo. Entetanto, a parte mais importante do tratamento
Esta técnica (Fig. 52-52) pode ser benéfica em pacientes em tem demonstrado ser o reparo !abra!, e os resultados são excelentes
que a terapia conservadora tenha falhado e que não são candidatos quando associados ao reparo da lesão SLAP.
a uma artroplastia total. Os melhores resultados podem ser espe-
rados nos pacientes que tenham uma exacerbação recente dos
sintomas, ao contrário dos pacientes que tiveram piora progressiva CONTRATURAS DO OMBRO
e gradual a longo prazo. Poucos estudos específicos da microfra-
tura da glenoide e da cabeça umeral estão disponíveis, Mas, como As contraturas do ombro podem ser causadas por trauma, cirur-
em outras articulações, os melhores resultados podem ser espera- gia ou inflamação. Muitas destas condições são preveníveis ou
dos para os defeitos locais unipolares em pacientes mais jovens qu e tratáveis por meio de fisioterapia intensiva com objetivo especí-
50 anos de idade. Pequenos defeitos da cabeça umeral evoluem fico. Uma forma particularmente problemática de contratura está
melhor do que os defeitos da glenoide. Para os defeitos da glenoide associada ao diabetes melito. A apresentação se dá com uma pro-
associados à lesão de Bankart, avanços do lábio para recobrir ou gressão gradual da capsulite adesiva idiopática evoluindo com um
reduzir a extensão do defeito podem ser realizados. As microfra- marcante espessamento e perda de propriedades viscoelásticas do
turas agressivas causam aumento do estresse na glenoide e devem complexo capsuloligamentar da articulação. Scarlat e Harryman
ser evitadas. observaram que pacientes sintomáticos por mais de 6 meses eram
menos responsivos à manipulação do que os pacientes com enri-
jecimento pós-traumático ou pós-cirúrgico. Em nossa experiên-
OSSlflCAÇÃO POSTERIOR DO OMBRO cia, os pacientes com sintomas de mais de 4 meses de duração
(LESAO DE BENN ETT) combinados com rotação menor que 30 graus e flexão menor que
100 graus geralmente respondem mal à terapia. Estes pacientes e
Acreditava-se que a lesão de Bennett era originalmente uma calcifi- todos os pacientes com capsulite devem ser monitorados de perto
cação causada pela tração na área de inserção do tendão do tríceps. durante a terapia. Caso o paciente não esteja evoluindo com
Ferrari et ai. descreveram achados da artroscopia em sete arremes- ganho significativo de amplitude de movimento (10 a 15 graus
sadores com lesão de Bennett, todos os quais apresentavam altera- após 2 semanas) após um período de 4 semanas, manipulação ou
ções intra-articulares posteriores, incluindo lesão !abra! posterior e intervenção cirúrgica deve ser contemplada imediatamente.
lesão posterior da superfície do manguito rotador. A calcificação Scarlat e Harryman recomendaram programas profiláticos de
extra-articular vista em radiografia não era visível artroscopica- amplitude de movimento para os pacientes com diabetes, parti-
mente e não era tratada. O lábio e o manguito rotador foram des- cularmente a do tipo l, e tratamento precoce com manipulação
bridados, e um programa de reabilitação, iniciado. Seis dos sete ou liberação artroscópica para prevenir sintomas crônicos dolo-
atletas puderam voltar aos seus níveis de competição pré-lesão. rosos. Neste estudo, aproximadamente 20% de seus pacientes
Warren sugeriu que alguns atletas com evidência de lesão !abra! necessitaram de remanipulação precoce, e estes pacientes evoluí-
posterior podem ter uma cápsula posterior parcialmente desinse- ram melhor quando o segundo procedimento foi realizado entre
rida. Esta lesão pode estar no espectro de lesões descrito por 3 e 4 anos após o primeiro. As diretrizes listadas no Quadro 52-4
Burkhart e Morgan como lesões de peel-back associadas a extrema podem ser usadas para abordar as dificeis condições associadas às
rotação externa em esportes que exigem movimentos sobre a cabeça. contraturas do ombro.
Wffjl PARTE XIV ARTROSCOPIA

• _
52 4
Diretrizes para Tratamento de
Contraturas do Ombro

1. O paciente deve compreender integral mente o poten-


cial do procedimento cirúrgico, incluindo as técnicas
abertas, e o difícil processo pós-operatório.
2. Os portais iniciais são posicionados superiormente 1,5
cm anterior à articulação acromioclavicular e passando-se
um trocarte cortante através da cápsula do intervalo
rotador sob visão direta. Insira um artroscóp io de 30
graus através do portal anterossuperior para observar a
cápsula posterossuperior adjacente ao lábio glenoidal.
•Recue a cânula posterior para liberar a cápsula posteros-
superior contraída utilizando um fórceps de liberação
cm abaixo do acrômio e 1,5 cm abaixo da articulação capsular. Estes fórceps são especialmente desenhados
acromioclavicular. Trocartes cortantes podem ser neces- para liberar a cápsula da musculatura subjacente do man-
sários para penetrar cuidadosamente na cápsu la espes- guito rotador e libera r amplamente a cápsula espessa.
sada e contraída. O lábio deve permanecer intacto. A lguns autores prefe-
3. Liberações artroscópicas seletivas podem atingir os seguin- rem eletrocautério para esta liberação.
tes ganhos de movimento (Bennett): •Depois do quadrante posterossuperior ter sido liberado,
• Intervalo do rotador: rotação externa libere a cápsula posterior em direção inferior até onde a
• Cápsula inferior: rotação externa, flexão, rotação interna visua lização permitir.
• Cápsula posterossuperior: rotação interna •Altere a posição do artroscópio, e libere a cápsula anteros-
4. Os pacientes com diabetes requerem liberação circun- superior do intervalo rotador. Para evitar sa ngramento ad i-
ferencial comp leta se a manipulação não restaurar a ciona l, não utilize o shaver para o desbridamento, exceto
movimentação completa. para sugar as partes da cápsula. Depois li bere a cápsu la
5. Contraturas pós-operatórias normalmente necessitam anterior mais além inferiormente, continuando através do
de uma combinação de artroscopia e liberação aberta . ligamento glenoumeral médio e estendendo em direção
Um alongamento do subescapular pode ser necessário ao ligamento glenoumeral anteroinferior. Alternativamente,
para restaurar a rotação externa. um artroscópio de 70 graus pode ser utilizado para auxiliar
6. Se a visualização artroscópica for ruim, mude para um na visão da liberação na região inferior.
procedimento aberto. Se a liberação artroscópica for rea- •Retraia o artroscópio posteriormente para visualizar a
lizada na posição de 5 horas às 7 horas na cápsula infe- cápsula posteroinferior intacta e contraída.
rior, mantenha-se a até 1 cm do lábio e cu idadosamente •Utilize uma agulha longa para posicionar um segundo
sepa re a cápsula do músculo para proteger o nervo axilar. portal posteroinferior e para a passagem de uma segunda
7. O controle de dor no pós-operatório é obtido com blo- cânu la posterior.
queio interescalênico, amplitude de movimento passivo, •Quando o acesso ao portal é estabelecido, insira o fórceps
acompanhamento cuidadoso, e reintervenção precoce de liberação capsular e recue a cânula. Feche o fórceps de
entre 3 e 4 semanas com procedimentos artroscópicos liberação capsular, e sepa re a musculatura do manguito
quando indicados. rotador e das estruturas neurovasculares da superfície
externa da cápsula contraída antes de cortar o tecido
capsular. Insira e retraia a cânula alternadamente com o
fórceps de liberação capsular. Utilize um shaver com aspi-

- ---
LIBERAÇÃO CAPSULAR ração para efetivamente extrair fragmentos de tecido.
Direcione os orifícios de cortes do shaver em direção ao
TÉCNICA lábio para evitar lesões neurovascu lares.
• Realize a liberação inferior capsu lar a não mais que 1 cm do
(SCARLAT E HARRYMAN) lábio inferior para evitar risco às estruturas neurovascu lares.
Use o comprimento máximo do fórceps de liberação cap -
• Inicie realizando um exame bilateral da amplitude de sular angulado para continuar a liberação da cápsula.
movimento com o paciente sob anestesia, e tente uma Conforme a liberação continua de posterior para anterior,
manipulação gentil. a borda inferior do subescapular é encontrada. Continue
•Realize um portal posterossuperior após demarcar a ana- a liberar dentro do quadrante anteroinferior. Nesta localiza-
tomia cirúrgica . ção, o ligamento glenoumeral inferior é bastante espesso.
•Insi ra um trocarte cortante através do soft spot na regão • Posicione o artroscópio para visualizar a borda superior arre-
posterossuperior da articulação glenoumeral. Utilize um dondada do tendão subescapular, e posicione um segundo
trocarte afiado para perfurar a espessa cápsu la posterior portal anteroinferior de fora para dentro logo acima do
se necessário, mas retorne com a ponta romba antes de tendão subescapu lar. Assim que o portal é estabe lecido,
avançar para o interior da articulação. utilize o portal anterossuperior para a visão artroscópica e
• Avance o artroscópio em direção ao intervalo rotador. Em posicione o fórceps de liberação capsu lar através do portal
ombros muito rígidos, não há espaço abaixo do tendão anteroinferior para liberar o ligamento glenoumeral inferior
do bíceps, mas o artroscópio pode ser avançado acima da superfície profunda do múscu lo subescapu lar.
do tendão do bíceps em direção à cápsu la do interva lo •Libere completamente as estruturas capsu loligamenta res
rotador. espessas até que uma conexão direta entre as liberações
•Use uma haste de Wissinger para criar um portal ante- anterior e posterior seja realizada . A cabeça umeral não cai
rossuperior de dentro para fora. Alternativamente, este inferiormente e não rotaciona completamente até o liga-
portal pode ser realizado de fora sendo posicionado 1,5 mento glenoumeral inferior ser completamente seccionado.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

• Depois que a liberação tinha sido conectada circunferencial- aproximadamente 4,5 cm do acrômio posterolateral. Este
mente ao redor da articulação, finalize a sinovectomia e a portal é criado sob visualização direta por meio da técnica
ressecção ampla das margens capsulares para prevenir forma- de fora -para-dentro.
ção de cicatrização precoce e restringir o volume capsular. •Depois da inspeção da articulação glenoumeral através
•Quando a liberação capsular intra-articular for completada, do porta l posterior, introduza o artroscópio no espaço
visualize o espaço subacromial . Normalmente, contraturas e subacromial através do portal lateral. Use um shaver e um
aderências significativas na interface do movimento umero- dispositivo de radiofrequência através do portal posterior
escapular são vistas nos pacientes com intervenções cirúrgi- para remover a bursa anteromedial e permitir o acesso à
cas prévias. Estas aderências conectam a superfície profunda incisura supraescapular. Devido ao inchaço durante o pro-
ao manguito rotador, e prejudicam a rotação e o desliza- cedimento aumentar significativamente a dificuldade de
mento, limitando a amplite de movimento do ombro. obter exposição adequada para o lig amento escapular
•,Por meio de uma abordagem axilar deltopeitoral, realize transverso, uma ressecção distal clavicular ou uma des-
uma lise completa das aderências entre a superfície bursal compressão subacromia l, se indi cada, deve ser feita após
ao redor do úmero proximal e as superfícies de todo o
a descompressão do nervo supraescapular.
manguito rotador, arco coracoacromial, base do cora-
•Uma vez que a bursectomia anteromedial tenha sido
coide, e tendão conjunto.
realizada, mude o artroscópio para o portal lateral. Crie
um portal anterolateral na borda anterolateral do acrômio.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um cateter supraclavicu-
Este portal é ótimo para completar a dissecção da incisura
lar é colocado antes da cirurgia debaixo do guia de ultras-
escapular com o uso de um shaver e de dispositivo de
som. É mantido no local para controle da dor nas primeiras
radiofrequência.
48 a 72 horas depois da cirurgia. Depois da cirurgia, o
•Primeiro, identifique o ligamento coracoacromial e siga
paciente e os membros da família são instruídos sobre os
seu curso até a base do coracoide. Depois, identifique os
exercícios de amplitude dos movimentos ativos assistidos
ligamentos coracoclavicu lares (conoide e trapezoide)
imediatos a serem repetidos continuamente durante o dia.
A fisioterapia para a amplitude dos movimentos passivo e avançando a dissecção posteriormente e mediaimente. A
ativo assistido é iniciada em 24 horas. borda medial destes lig amentos na base do coracoide
Nós recomendamos um reexame após 3 semanas. define a inserção latera l do ligamento escapular trans-
Os exercícios de alongamento devem ser feitos em todos verso superior. O ligamento escapular transverso é iden-
os quatro quadrantes, cinco vezes por dia, com cinco tificado como a continuidade medial do ligamento
repetições de cada manobra de alongamento. conoide sobre a incisura escapular (Fig. 52-53A).
•Uma vez que a visua li zação do ligamento escapular
transverso seja adequada, utilize uma agulha longa de
COMPRESSÃO DO NERVO calibre 18 para guiar a localização do novo portal do
SUPRAESCAPULAR nervo supraescapu lar através do trapézio em um ângu lo
ortogona l para a fossa supraescapu lar e levemente ante-
A compressão do nervo supraescapular tem atraído atenção na litera- rior em direção à incisura escapu lar transversa. O portal
tura mais recente como causa de dor persistente paraescapular e poste- é localizado aproximadamente 7 cm medial à borda
rior no ombro associada a lesões extensas de manguito e à tração sobre lateral do acrômio . O portal localiza-se aproximadamente
o nervo causada pelo manguito retraído. Outras causas da compressão 2 cm medial ao portal de Neviaser. Se a agulha espinal
do nervo supraescapular são gânglios dentro ou ao redor da incisura
for orientada corretamente, a ponta dela deve ser visua -
supraescapular e alteração da anatomia da incisura envolvendo espes-
lizada imediatamente anterior à borda do músculo supra-
samento do ligamento transverso e anatomia óssea estreira da incisura.
espina l. Tome cuidado para não lesionar o nervo espinal
Lafosse et al. sugeriram que dor crônica e evidência eletrodiagnóstica
acessório na região em que ele atravessa a borda medial
de compressão do nervo supraescapular refratária a tratamentos con-
da escápu la; o portal deve estar mais de 5 cm medial ao
servadores são indicações para a liberação cirúrgica do nervo.
nervo supraescapu lar.

__ ___
•Uma vez que a agulha tenha sido apropriadamente posi-
LIBERAÇÃO DO NERVO cionada, use uma lâmina para incisar a pele e realize uma
dissecção romba através do trapézio e dos tecidos moles
SUPRAESCAPULAR
ao redo r do nervo supraescapular com um trocarte. O
TÉCNICA :;....__ ........... trocarte rombo é utilizado para dissecar o tecido gordu-
roso que envolve o nervo supraescapular dentro da incisura
(LAFOSSE, TOMASI E CORBETT) escapular e para identificar melhor as bordas do ligamento
escapular transverso. A artéria supraescapu lar é facilmente
• Posicione o paciente em "cadeira de praia" com um braço visua lizada superior ao ligamento, e o nervo supraescapular
mantido em flexão com 3 kg de tração longitudinal. Posi- é identificado conforme ele atravessa abaixo deste liga-
cione o portal do nervo supraescapular entre a clavícula e mento (Fig . 52-538). Se necessário, utilize radiofrequência
a espinha escapular aproximadamente 7 cm medial à ou shaver para aumentar a dissecção, mas tenha certeza
borda lateral do acrômio. Este portal está localizado apro- de que os instrumentos sejam mantidos superior e late-
ximadamente 2 cm medial ao portal de Neviaser. Warner ra lmente à inserção do ligamento conoide na base do
et ai. descobriram que a incisura supraescapular está a coracoide para evitar lesões à artéria supraescapular. )
@ffj$ PARTE XIV ARTROSCOPIA

O@i@ig ) A, Visão superior dos portais


para descompressão do nervo supraescapu-
lar. B, Portais no ombro direito. C, Portais e
posicionamento dos instrumentais. Visuali-
zando através do portal lateral, todos os
outros dispositivos são passados através do
portal do nervo supraescapular. (De Lafosse L,
Tomasi A, Corbett S, et ai: Arthroscopic release of
suprascapular nerve entrapment at the supras-
capular notch: technique and preliminary results,
Arthroscopy 23 :34, 2007 .) VEJA A TÉCNICA 52-28.

• Uma vez que o ligamento e o nervo estejam identificados, COMPLICAÇÕES


)
posicione a ponta romba do trocarte lateral ao nervo supra-
escapular dentro da incisura escapular transversa para pro- As complicações depois do diagnóstico e da operação de artroscopia
teger o nervo supraescapular durante a secção do ligamento. de ombro são menos frequentes em comparação com as complica-
Para efetuar a liberação do ligamento, realize um segundo ções em outras articulações. Todavia, o uso menos frequente de
portal aproximadamente 1,5 cm lateral ao portal do nervo artroscopia de ombro pelo cirurgião ortopédico médio pode contri-
supraescapular para introduz ir as tesouras artroscópicas. buir para um aumento na incidência de complicações. A localização
Libere o ligamento escapular transverso (Fig. 52-53C). do portal para a artroscopia de ombro é mais difícil do que para o
•Depois de liberar o ligamento escapular transverso, ava lie joelho porque há menos marcos ósseos e mais massa muscular para
a descompressão com man ipulação gentil do nervo supra- ultrapassar. Manusear o artroscópio é mais difícil no ombro do que
escapu lar dentro da incisura escapular. Se existir compres- no joelho porque a articulação está envolvida por camadas grossas
são residual do nervo normalmente resultante de hipertrofia do manguito musculotendíneo e de tecido capsular. Novos procedi-
óssea dentro da incisura supraescapu lar, realize uma inci- mentos avançados estão sendo feitos por mais cirurgiões, e em
surop lastia junto à borda lateral da incisu ra supraescapu- alguns procedimentos a curva de aprendizado pode ser bastante
lar com um shaver.
íngrime. Isto em si resulta em aumento de falhas no procedimento
•Suture subcutaneamente os portais com fio absorvível.
e aumento de danos intra-articulares.
Várias complicações artroscópicas em potencial podem ser
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são dispen-
eliminadas antes de ocorrerem por meio de um exame minucioso
sados no dia da cirurgia. Eles são instruídos a usar uma
das causas de recorrência. Tratar de lesões ósseas e hiperfrouxidão
tipoia durante as primeiras 48 a 72 horas para conforto,
com técnicas-padrão de artroscopia certamente resultará em uma
apesar de não haver razão estrutura l para restringir a
alta taxa de falha. Em pacientes apropriadamente selecionados nos
atividade. Exercícios pendulares e movimento ativo são
quais o reparo foi obtido com boa técnica artroscópica, a chance de
encorajados no 1ª dia de pós-operatório, e os pacientes
instabilidade recorrente é comparável à das técnicas abertas. Igual-
são permitidos a progredir com suas atividades sem res-
mente, articulações muito constritas podem ser evitadas por meio
trições. Os retornos devem acontecer em 6 semanas e
de cuidadosa avaliação e escolha dos pacientes nos quais serão feitos
depois em 6 meses.
procedimentos de fechamento de intervalo e plicaturas.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR ftfJI
Lesões neurológicas podem ocorrer da tração ou da pressão, e
são normalmente transitórias. Lesões ao nervo supraescapular
também podem ocorrer, pois o mesmo localiza-se a menos de 2 cm
medial à superfície articular glenoide junto ao colo escapular; e o
nervo axilar também pode ser lesionado porque está a 3 cm ou mais
da maioria dos portais. O cuidado no posicionamento dos portais é
fundamental. Finalmente, a veia subclávia está cerca de 1 cm do
portal 5 horas; logo, para preservar a veia e a integridade do músculo
subescapular, o portal é praticamente um portal percutâneo para loca-
lização da âncora. Apesar das estruturas neurovasculares estarem em Poste Novo poste Poste
risco devido à localização do portal anterior muito medial ou inferior, A 8 e D E F
complicações neurológicas tendem a resultar mais vezes de tração
excessiva no ombro e posição imprópria. Paulos e Franklin reporta- lj@li;fflml Nó não deslizante de Revo. Posicione o knot-
ram aproximadamente 30% de incidência de parestesia transitória pusher no poste. A, Faça o primeiro nó por baixo do poste, e leve
na extremidade superior depois da artroscopia de ombro com o laço para o interior do ombro alternando a tensão em cada
tração. Klein et al. relataram 10% de incidência de parestesia e para- extremidade até o primeiro nó estar apertado contra o tecido. B,
lisias transitórias combinadas. Eles também usaram ombros de Retire o knot-pusher enquanto mantém o poste sob tensão, e
cadáver para estudar a tensão no plexo braquial que resulta da carga faça outro nó por debaixo do mesmo poste. Empurre-o para o
de tração aplicada em várias posições do braço e para correlacionar interior da articulação até que o nó esteja assentado. C, Mante-
isto com a visibilidade através do artroscópio. A posição de artros- nha tensão no poste, e desta vez faça o nó por cima do mesmo
copia de ombro mais comum é a de 30 graus de flexão anterior e 70 poste e empurre-o para baixo. Tensione os nós através de passa-
graus de ab dução produzida pela maior média de tensão no plexo gem do knot-pusher além do local do nó e aplique tensão em
braquial. Eles recomendaram colocar o ombro em 45 graus de flexão ambos os fios enquanto mantém o knot-pusher em uma posição
anterior e 90 graus de abdução ou em 45 graus de flexão anterior e além do nó . O knot pusher é alterado para o outro fio, que é
Ograu de abdução para maximizar a visibilidade com tensão mínima designado o segundo poste. O, Faça um nó por debaixo do novo
ao plexo braquial. Nós tradicionalmente colocamos o ombro em 30 poste e tensione-o. E, Altere o knot-pusher para o poste original
a 70 graus de abdução com 4,5 kg a 5,9 kg de tração e não tivemos e faça um nó por debaixo do poste e tensione-o. F, Uma alterna-
nenhuma sequela neurológica significativa. tiva é empurrar os nós para o interior da articulação por meio da
Infecção é uma complicação pouco frequente por causa da colocação do knot-pusher no fio laçado em frente e levar o laço
exposição limitada, da rica vascularização ao redor da articulação e até sua posição. Aperte o nó passando o knot-pusher além de
do efeito diluidor da solução irrigadora. Todavia, infecções podem cada ponto a cada laçada . Corte a extremidade da sutura a 3 mm
ocorrer por causa de violações da técnica estéril. Preparação cuida- a 4 mm do nó.
dosa e colocação adequada dos campos minimizam o vazamento de
fluidos e a contaminação através dos campos para áreas não estéreis.
Condrólise pode ser uma complicação debilitante e grave. boa escolha quando a sutura desliza facilmente através da âncora e
O fator de risco é a infusão de anestésico local após a artroscopia, dos tecidos moles. Uma variedade de nós de artroscopia pode ser
particularmente em pacientes jovens quando âncoras são usadas. utilizada, mas o nó do cirurgião ou de Revo é o nó-padrão, sendo
Eventos tromboembólicos têm sido reportados em pacientes mais seguro com um laço apertado na sutura e sem deslizamento
após artroscopia de ombro. Kuremsky et al. reportaram uma preva- (Fig. 52-54). De acordo com um estudo realizado por Lo e Burkhart
lência de 0,31 % em pacientes após artroscopia de ombro. Trombose de avaliação do laço e da segurança do nó, o nó deslizante de Duncan
venosa profunda ocorreu em ambas as extremidades ipsilaterais travado com laço (Fig. 52-55), o nó SMC (Fig. 52-56), e o nó de
superior e inferior. Quatro de seis pacientes sofreram embolia pul- Roeder (Fig. 52-57) são seguros quando três contranós reversos são
monar e três de seis tinham fatores de risco identificáveis. O uso feitos alternando o poste e amarrados sobre o nó. Os nós de Roeder
rotineiro de dispositivos de compressão dos membros inferiores e SMC são nós deslizantes travados.
pode ser benéfico, particularmente se fatores de risco estiverem Ao amarrar os nós intra-articulares da artroscopia, o nó inicial
evidentes. deve ser uma laçada com duas meias-voltas realizadas na mesma
Lo e Burkhart reportaram a retenção de fluidos e ganho de direção sobre o mesmo poste ou um nó de pescador (laço de
peso como uma complicação comum, apesar de transitória, após a Duncan). A laçada inicial é segura por três contranós sobre postes
artroscopia de ombro. Em um estudo de 53 pacientes, a média de alternados. A sutura do poste é mantida sob tensão enquanto o
ganho de peso causado por causa do fluido da artroscopia foi de 1,9 knot-pusher é utili zado para segurar a laçada para baixo com segu-
+/- 1,72 kg (faixa: O a 6,5 kg). Todo esse problema de retenção de rança; a sutura atada é empurrada para o lado do nó e passada para
fluidos resolve-se rapidamente no pós-operatório, mas pode ser uma além do nó, travando a laçada de modo seguro. O poste muda de
preocupação em pacientes com comprometimento cardíaco. Atual- uma ponta do fio para o outro com cada laçada do nó. Isto pode ser
mente, a complicação mais frequente da artroscopia do ombro é a alcançado alternando a tensão nas duas extermidades da sutura; a
falha do procedimento. Técnicas prévias de estabilização com extremidade do fio sob pressão serve como o poste da sutura. As
suturas transglenoides tiveram taxas de falha de 4% a 40%. Para recomendações de Loutzenheiser et al. são as seguintes: ( 1) sempre
prevenir o afrouxamento de suturas e a instabilidade subsequente, altere o poste após cada laçada depois de assegurar o primeiro nó
tensão apropriada deve ser colocada nas suturas e técnicas meticu- seguido de uma laçada, (2) sempre reverta a direção do nó, sobre e
losas de confecção de nós intra-articulares devem ser usadas. O depois abaixo do poste, para cada laçada do contranó, (3) use no
cirurgião deve ser habilidoso na confecção de dois tipos básicos de mínimo três contranós em postes alternados, e (4) contranós para
nós - nó não deslizante e nó deslizante. O nó não deslizante pode travar os nós. Eles também recomendam praticar e examinar os nós
ser utilizado para qualquer aplicação. A variação deslizante é uma deslizantes antes de tentá-los clinicamente.
WJfJ:t PARTE XIV ARTROSCOPIA

Poste Novo poste


A B e D E F

O[iji!;b)elD Nó deslizante de Duncan . Verifique se a sutura


está livre para deslizar e que não existam evidências de torções
ou de tecidos moles entre o fio e o tecido a ser suturado. Inicie
com dois fios paralelos de tamanhos diferentes e com o poste
sendo mais longo que o fio do laço. A, Segure os fios entre o O@il;Ml!IJI Nó de Roeder.
polegar e o dedo indicador, criando um pequeno laço através da
passagem do fio do nó sobre o poste. B, Faça quatro voltas ao redor
do poste. C, Passe a extremidade do fio do nó através do laço
originalmente criado e puxe a extremidade do nó para apertá-lo.
D, Quando estiver apertado, gentilmente avance o nó através da mas pode alongar até 30% quando colocado sob tensão. Apesar do
tração do poste. Mantenha a tensão no poste durante o trava- PDS ser mais fácil para passar e am arrar nós, ele também escorrega
mento do nó. Faça alguns contranós para travar este nó. E, Faça o e alonga mais fa cilmente que as suturas não absorvíveis. Nós reser-
primeiro contranó passando o fio por debai xo do mesmo poste. F, vamos seu uso para as técnicas de plicatura e para auxiliar na pas-
Mude de poste e faça o contranó por cima do novo poste. Tencione sagem de suturas através da cápsul a.
e avance nesta posi ção. Continue a sequência alternando postes e Os níveis de habilidade e de entendimento da patoanatomia
direção do laço para obter um total de três ou quatro contra nós têm aumentado, e as taxas de falha têm se comparado às das técnicas
sobre o nó deslizante para prevenir a soltura deste nó. abertas.

COTOVELO
A avaliação e o tratamento artroscópicos do cotovelo têm avançado
em popularidade e sofisticação. Novos portais e técnicas cirúrgicas
avançadas têm sido descritos, e um melhor entendimento dos
achados patológicos tem sido obtido.

INDICAÇÕES
A B e A artroscopia do cotovelo tem sido útil nas seguintes situações: (1 )
avaliação e remoção de corpos livres; (2) avaliação e tratamento da
O@l@>iEfm Nó SMC. A, Nó realizado por debaixo do poste. osteocondrite dissecan te do capítulo; (3) avaliação e tratamento de
B, Segundo nó com laçada por debai xo do poste . C, Nó com laço lesões condrais ou osteocondrais da cabeça radial; (4) excisão de
po r debai xo do poste e por trás do segundo fio . (De Kim SH, Ha osteófitos do úmero e do olécrano; (5) sinovectomia parcial, espe-
KI: The SMC knot-a new sl ip knot with locki ng mechanism, Arthros- cialmente em doenças reumatológicas; (6) desbridamento e lise de
copy 16:563, 2000.) aderê ncias ao redor do cotovelo em doen ças dege nerativas pós-
traum áticas; (7) liberação do cotovelo do tenista (epicondilite
lateral); e (8) ava liação de cotovelo doloroso quando out ros testes
diagnósticos são inconcl usivos. O uso de um artroscóp io também
tem sido descrito para o desbridamento de bursa inflamada do
Outros pontos importantes para assegurar a amarração dos olécrano, procedimentos de estabili zação, e tratam ento de algumas
nós são os seguintes: ( 1) o fio deve deslizar através do laço da ânco ra, fr aturas intra-articulares.
permitind o um nó deslizante inicial; (2) o knot pusher deve ser As contraindicações são poucas, mas incluem a anquilose
passado totalmente abaixo do poste da sutura sem obstrução; e (3) óssea ou fibrosa grave qu e impede a intro dução segura do artroscó -
nenhuma tensão excessiva deve ser colocada nos tecidos suturados. pio. Cirurgia prévia que altera a anatomia normal do cotovelo, como
A tensão pode ser aliviada por meio da diminu ição da tração e a transposição anterior do nervo uln ar, também elimina alguns
internam ente rotacionando o ombro e mantendo uma sutura de portais e pode ser uma contraindicação relativa para a artroscopia.
tração ou grasper no tecido enquanto amarra o nó. Um monofila- Como em outras articulações, a artroscopia do cotovelo não deve
mento de PDS absorvível mantém 40% a 50% da força em 6 semanas, ser feita na presença de uma infecção periarticular.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPER IOR

POSICIONAMENTO DO PACIENTE E pressão em 40 mm a 50 mm. Durante o procedimento, o montante


ANESTESIA de extravasamento de fluidos e a tensão nos tecidos moles, especial-
mente na fossa antecubital, devem ser cuidadosamente monitora-
A artroscopia do cotovelo pode ser feita com o paciente em de cú- dos. Se o extravasamento se tornar excessivo, o procedimento deve
bito dorsal, ventral ou lateral em uma mesa cirúrgica-padrão. Um ser interrompido.
garrote é utili zado para controlar o sangramento e é posicionado
o mais alto possível no braço para evitar aglomeração no campo • POSIÇÃO EM DECÚBITO VENTRAL
cirúrgico. Normalmente, a anestesia geral é usada porque possibi- Poehling et ai. introduziram o uso do decúbito ventral para a artros-
lita relaxamento completo dos músculos e elimina o desconforto copia do cotovelo em 1989. Eles recomendaram o uso desta posição
intraoperatório do paciente. cirúrgica com base na impressão de melhora da mobilidade artros-
Com o paciente em decúbito dorsal, anestesia local ou regional cópica, facilitação da manipulação da articulação, melhor acesso ao
(p. ex., interescalênica, axilar, ou bloqueio de Bier) pode ser utili- aspecto posterior da articulação, e uma visão completa das estrutu-
zada. Uma desvantagem do bloqueio interescalênico e do bloqueio ras intra-articulares. O paciente é posicionado ve ntralmente com
axilar é que um exame neurovascular preciso não pode ser realizado coxins para o tórax, e um garrote é aplicado na região proximal do
após a cirurgia. Alguns pacientes sentem dor na região do garrote braço. Um suporte de braço é posicionado paralelo à mesa cirúrgica
com um bloqueio axilar, e no bloqueio de Bier o garrote duplo ao nível do braço. O ombro e o braço proximal são elevados em um
algumas vezes compromete o campo cirúrgico. travesseiro posicionado no suporte de braço. Nenhuma tração é
utilizada, e o braço é mantido com o ombro em rotação neutra e em
• POSIÇÃO EM DECÚBITO DORSAL 90 graus de abdução. O cotovelo é flexionado em 90 graus com a
Com o paciente em decúbito dorsal, a mão e o antebraço são posi- mão apontada em direção ao chão. O cirurgião mantém a mesa
cionados em um dispositivo de tração de malha estéril à prova de cirúrgica ao nível do tórax para prevenir contaminação da mão
água conectado a uma corda e a um sistema de roldanas com 2,2 kg pendente. O monitor e outros equipamentos são posicionados do
a 2,7 kg para susp ensão balanceada. Este paciente é posicionado para lado oposto ao cirurgião (Fig. 52-59).
que os braços movam-se livremente ao lado da mesa com o ombro Depois da indução an estésica, o braço é preparado de forma
em posição neutra e em 90 graus de abdução (Fig. 52-58). O cotovelo padrão e campos impermeáveis são aplicados. Depois que o braço
é flexionado em 90 graus. Esta posição fornece acesso a ambos os é exsanguinado e o garrote inflado, os reparos ósseos e os locais
lados do cotovelo e relaxa as estruturas neurovasculares na fossa dos portais são delimitados com uma caneta de marcação: lateral-
antecubital. O cirurgião posiciona-se sentado em um banco com mente, o epicôndilo lateral e a cabeça radial; mediaimente, o epi-
rodinhas com o cotovelo ao nível do peito para que possa mover-se côndilo medial; e posteriormente, a ponta do olécrano. Os portais
mais facilmente para qualquer dos lados do cotovelo (Fig. 52-58). mais comumente utilizados são o lateral dire to, o anterolateral, o
O monitor é posicionado no lado oposto ao que será abordado, anteromedial, o medial proximal, o posterolateral, e o posterior
e artroscópios de 4 mm, de 30 graus e 2,7 mm, e de 70 graus com direto (Fig. 52 -60).
ângulo aberto são utilizados. Manter portais estabelecidos com
cânul as intercambiáveis ou cânulas com diafragmas de borracha é • POSIÇÃO EM DECÚBITO LATERAL
essencial para reduzir o risco de danos nas estruturas neurovascu- A posição em decúbito lateral para a artroscopia do cotovelo foi
lares adjace ntes com a passagem repetida de instrumentos, além de desenvolvida como uma modificação da posição em decúbito ventral.
diminuir o extravasamento de fluidos com seu risco de compressão O posicionamento do paciente em decúbito lateral permite fác il
na fossa antecubital. O uso de um artroscópio com vídeo dedicado acesso ao compartimento posterior e mantém mobilidade do paciente
também é recomendado para diminuir o embaçamento. O influxo para indução e manutenção da anestesia durante o procedimento.
pode ser por gravidade ou por uma bomba de infusão com baixa O paciente é mantido na posição em decúbito lateral com a ajuda de
um travesseiro e coxins para o abdome. O garrote é aplicado em local
alto em torno do braço, e o braço é posicionado sobre um suporte de
apoio anexo à mesa cirúrgica. O suporte deve ser pequeno o suficiente
para estar fora do campo cirúrgico e permitir que o cotovelo fique
solto em 90 graus de fl exão com acesso sem obstrução para os portais
anterior e posterior. Takahashi et ai. advogam a aplicação de tração
para ajudar na visualização da articulação. Nós não usamos tração,
mas um pequeno montante de distração manual pode melhorar a
exposição em algumas situações.

POSICIONAMENTO DOS PORTAIS

O portal lateral direto está localizado no soft spot lateral onde as


efusões do cotovelo estão visíveis, palpáveis e normalmente aspira-
das. O portal é localizado no centro do triângulo formado pelo
epicôndilo lateral, cabeça radial e a ponta do olécrano. Este local
pode ser precisamente localizado por palpação da região posterior da
O!§lh!·!EfE!I Configuração para o paciente em decúbito articulação radiocapitelar. O portal é posicionado logo posterior e pro-
dorsal com o cotovelo mantido a 90 graus de flexão e ombro a ximal a esta articulação. Os instrumentos neste portal atravessam
90 graus de abdução por tração acima da cabeça . pele, um pequeno montante de tecido subcutâneo, o músculo ancôneo
@\jI1J PARTE XIV ARTROSCOPIA

Cirurgião

Epicôndilo
_ intermuscular medial

I
7

Bolsas de
irrigação

Gravador Monitor Controle Bomba


digital de luz e
A de câmera B

Artéria braquial

e D

O!ijii;Hml A, Configuração da sala cirúrgica com o paciente em decúbito ventral com coxins torácicos. Para uma mob ilidade
adicional, ombro e braço proximal são elevados com ajuda de um travesseiro. O garrote é posicionado na região proximal do braço.
Todo o equipamento é montado na plataforma portátil com rodas. B, O portal proximal medial é localizado 2 cm proximal ao epicôndilo
umeral medial, logo anterior ao septo intermuscular medial. C, Visão do portal proximal medial através da secção tranversa do braço.
Bainha e trocarte rombo são inseridos anteriores ao septo intermuscular e em contato com a porçã o anterior do úmero, e direcionados
à cabeça radial, evitando, assim, lesão às estruturas neurovasculares. D, O portal proximal medial fornece visão completa da articulação
anterior. A gravidade protege o nervo mediano e a artéria braquial.

e a cápsula articular. O cotovelo é distendido inicialmente através o portal anterolateral distal devido à sua proximidade com o nervo
deste portal. radial, mas preferimos o portal anterolateral médio (Fig. 52-61). O
O portal anterolateral, tradicionalmente o portal-padrão para portal anterolateral atravessa o músculo extensor radial curto do
diagnóstico, normalmente é o primeiro estabelecido depois da dis- carpo e passa abaixo do nervo radial. Lynch et ai. reportaram que
tensão do cotovelo. O portal anterolatera l pode incluir ( 1) o tradi- os instrumentos podem passar aproximadamente 4 mm do nervo
cional portal anterolateral distal, 2 cm a 3 cm dista l e 1 cm anterior radia l quando o cotovelo não está adequadamente distendido.
ao epicôndilo lateral, (2) o portal anterolatera l médio, logo proximal Todavia, se o cotovelo estiver flexionado em 90 graus e distendido
e aproximadamente 1 cm anterior à articulação radiocapitelar pal- maximamente, a distância entre o nervo radial e a cânula é, em
pável, e (3) o portal anterolateral proximal, 2 cm proximal e 1 cm média, de 11 mm. Field et ai. avaliaram a distância da cânula ao
anterior ao epicôndilo lateral, conforme descrito por Field et al. nervo radial com todos os três portais anterolaterais. Eles encontra-
Estes autores acreditam que este portal proximal é o tecnicamente ram a maior distância entre o portal anterolateral proximal, com
mais fácil de estabelecer e que permite exposição da articu lação média de 13,7 mm com o cotovelo flexionado; o nervo estava, em
superior comparável com outros portais anterolaterais. O portal média, a 7,2 mm do portal anterolateral distal e a 10,9 mm da porção
anterolateral proximal fornece a distância mais segura do nervo do portal anterolateral médio. Todos os autores enfatizam a impor-
radial, mas pode fazer a instrumentação no compartimento medial tância dos 90 graus de flexão do cotovelo e a distensão da articulação
mais difícil do que o portal anterolateral m édio. Não usamos mais para mover o nervo rad ial anterio rm e nte para fora do caminho do
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR tm:lll

O@il;tJ.im!D) A, Os portais são demarcados na pele para artroscopia com o paciente em decúbito ventral. Lateralmente, os portais
anterolateral médio e anterolateral proximal são demarcados. O portal lateral direto também é indicado logo posterior à articulação
radiocapitelar. Mediaimente, o nervo ulnar e o epicôndilo medial são cuidadosamente demarcados. A fossa dos fle xo res do cotovelo é
observada. O portal medial proximal é realizado 2 cm proximal ao epicôndilo. Os portais lateral direto e posterolateral situam-se 2,5
a 3 cm proximal à ponta do olécrano com o cotovelo em 30 graus de flexão e o paciente em decúbito dorsal. B, Configuração da sala
cirúrgica para artroscopia do cotovelo com o paciente em decúbito ventral.

trocarte ao entrar na articulação. A incisão na pele deve ser feita uma condição patológica anterior for identificada, instrumentos
cuidadosamente com uma lâmina nº 11, evitando penetração pro- cirúrgicos são introduzidos através de um portal anterolateral.
funda para proteger os nervos cutâneos lateral e posterior do ante- Para estabelecer os dois portais posteriores com o paciente em
braço. Uma pequena pinça de hemostasia é utilizada para ampliar a decúbito dorsal, o cotovelo é flexion ado em 45 a 60 graus para
incisão na cápsula antes de usar um trocarte rombo para adentrar a relaxar o músculo tríceps e permitir distensão do aspecto posterior
articulação. da articulação do cotovelo. O portal posterolateral é localizado 2 cm
O portal anteromedial está localizado 2 cm distal e 2 cm ante- a 3 cm proximal à ponta do olécrano logo lateral à borda do tendão
rior ao epicôndilo medial. Este portal se aproxima da extensão do tríceps junto ao ângu lo lateral supracondilar (Fig. 52-60A). Se o
medial da prega flexora do cotovelo (Fig. 52-60A). Ele passa através aspecto posterior da articu lação rad iocapitelar necessitar de visua-
da porção tendinosa no pronator redondo e no aspecto radial do li zação e instrumentação, o portal para localização do artroscópio
flexor superficial dos dedos antes de penetrar na cápsula medial. deve ser feito logo proximal à ponta do olécrano em linha com a
Lynch et a!. demonstraram que as cânulas passam a uma distância calha radial, sendo que a instrumentação deve ser realizada através
média de 14 mm posterior ao nervo mediano e 17 mm posterior à de um portal lateral direto. Com o paciente em decúbito dorsal, o
artéria braquial com o cotovelo flexionado em 90 graus e a articu- cotovelo está em aproximadamente 90 graus de flexão e o portal é
lação completamente distendida. O nervo cutâneo medial do ante- feito 2 cm a 3 cm proximal à ponta do olécrano. Os nervos cutâneo
braço e a veia basílica são vulneráveis a uma incisão mais profunda posterior do antebraço e cutâneo lateral do braço estão em risco com
que a camada cutânea. Estas estruturas normalmente podem ser incisôes profundas. O nervo ulnar está 2,5 cm medial ao centro da
transiluminadas com o artroscópio no portal lateral antes de se articulação do cotovelo e pode ser danificado se a cânula passar
estabelecer o portal medial. muito mediaimente.
O portal medial proximal (ou portal anteromedial supracondi- O portal posterior direto é realizado 2 cm a 3 cm proximal à
lar) (Fig. 52-60A) com o paciente em decúbito ventral tem sido reco- ponta do olécrano e aproximadamente 2 cm medial ao portal pos-
mendado por Poehling et ai. Este portal é localizado 2 cm proximal e terolateral com o paciente em decúbito dorsal e o cotovelo em 45
anterior ao epicôndilo medial. É imperativa a palpação da posição do graus de flexão. Com o paciente em decúbito ventral e o cotovelo
nervo ulnar antes de estabelecer este ou qualquer outro portal medial. em 90 graus de flexão, os portais são feitos 2 cm a 3 cm proximais
Para evitar lesôes em diversos nervos cutâneos, somente a pele é à ponta do olécrano centrados no tendão do tríceps (Fig. 52-60A).
cortada longitudinalmente com a ponta de uma lâmina nº 11. A Ele é utilizado se um segundo portal for necessário posteriormente.
cânula é inserida anterior ao septo intermuscular para evitar lesões ao O nervo ulnar está em risco se o portal é posicionado muito medial.
nervo ulnar e deve manter contato com o úmero anterior para prote- O portal é estabelecido sob visão direta com um artroscópio no
ger o nervo mediano e a artéria braquial. A câ.nula é direcionada para portal lateral direto ou posterolateral. O posicionamento apropriado
a cabeça radial durante a inserção. Este portal permite uma melhor do portal pode ser confirmado por meio da inserção de uma agulha
visualização do cotovelo do que o portal anteromedial tradicional. Se longa. Em cotovelos com artrofibrose grave, algumas vezes o portal
BD PARTE XIV ARTROSCOPIA

Epicôndilo lateral Nervo radial

Nervo cutâneo
---=--1+-- - - posterior do
antebraço
.r- - - - Ramo superficial
do nervo radial

A / 11f1----___ Nervo interósseo posterior

Nervo cutâneo
medial do

Nervo

Portal
posterocentral

Portal
anteromedial

B e
H[riii;MeEJ Locais dos portais nos aspectos lateral (A), medial (B) e posterior (C) do cotovelo.

posterior direto pode ser estabelecido mais facilmente que o portal Evite penetrar muito anteriormente nos tecidos moles
posterolateral, e o uso de um artroscópio de 2,7 mm pode ajudar na fossa antecubital. Um edema extra-articu lar da infil-
adentrar ao compartimento posterior mais facilmente. Um portal tração da so lu ção de irriga ção nesta região anterior
acessório posterior para retração 2 cm mais proximal pode ser feito pode reduzir o espaço da articulação anterior. Utili zando
para introduzir um elevador de Howorth. Da mesma forma, portais uma seringa de 60 ml, distenda o cotove lo com o fluido.
anteromedial ou anterolateral para retração podem ser feitos 2 cm Um fluxo contrário livre do flu ido con firma a loca lização
a 3 cm proximais a seus locais de origem. intra-articular aprop ri ada da agulha. Disten da ao máximo
a articula ção com 20 ml de fluido para deslocar as
estruturas neurovasculares anteriormente na fossa ante-
AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA DO cub ital e para aumentar o espaço disponível no aspecto
COTOVELO anterior da arti cu lação.
•Deixando a primeira agulha no interior da articulação e
EXAME ARTROSCÓPICO DO COTOVELO mantendo a distenção, insira uma segunda agu lha longa
de ca libre 18 através do portal anterolateral médio. Dire-
TÉCNICA cione esta agu lh a ao centro da articulação; um refluxo de
solução confirma a loca lização intra-a rticular.
PORTAL ANTERIOR •Rem ova a agu lh a e in cise a pele com a ponta da lâmina
•Inicie distendendo a arti cu lação do cotovelo. In sira uma nº 11 puxando a pele contra o eixo cortante. Use uma
agulha longa de ca libre 18 no porta l lateral direto, dire- pinça hemostática tipo mosquito para a dissecção romba
cionando o mesmo ao centro da articu lação. A ag ulh a da fáscia para min im izar as chances de lesão aos nervos
passa entre o olécrano, a cabeça radial e o úmero distal. cutâneo ou radial (Fi g. 52-62).
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR tfji@
primeiramente estabelecidos na maneira descrita para o
porta l anterolatera l.
•Com a técnica com a haste de W issinger, empurre o
artroscópio em direção à cápsu la medial no loca l desejado
para o portal medial, rem ova o artroscópio, e mantenha
a cãnu la contra a cápsu la. Insi ra a haste de W issinger,
avance até tocar a pele mediaimente, corte a pele, e
empurre a hast e através da pele . Introduza uma cãnula
sobre a haste, e insira-a na articulação. Remova a haste,
e o portal está est abelecido.
•Alternativamente, uma agu lha longa de calibre 18
pode ser in serid a através do local do portal anterome-
dial na articulação enquanto se confirma uma posição
satisfatória artroscopicamente. Depo is que a pele é
in cisada e a fáscia é alcançada com uma pinça hemos-
tática, insira um tro carte rombo seg uindo o mesmo
curso que a agulha em direção ao ce ntro da articula-
ção. Empurre o trocarte rombo contra a cápsu la onde
a posição do po nto de entrada pode se r co nfirm ada
Ol§IJ;ffleB Pinça hemostática sendo ut.ilizada para a dissec- proximal e ante riorm en t e à articulação, permitindo
ção romba da cápsula articular com distensão do cotovel o at ravés man obrab ilid ade. Ret ire o artroscópio do caminho
do portal lateral direto . VEJA A TÉCNICA 52-29. antes de recuar a cãn ul a enq uanto movimenta a mesma
para trás e para a frente para penetrar na cápsula da
articulação. Este método previn e a cãnula de deslizar
anteriormente sob re a cáps ul a da articul ação e lesionar
•Passe uma cãnula artroscóp ica com um trocarte rombo as estruturas neurovasculares.
ao longo do mesmo curso da agu lh a bem proximal e • Mantendo a cãnula no portal anterolateral, o artroscó-
anterior à articulação rad iocapitelar. Utilize o trocarte para pio pode ser altera do para o portal antero medial para
alcança r a cápsu la articu lar lateralmente; aumente o visualizar as articu lações radiou lnar e radiocapitelar mais
ângu lo de inserção para ap roxim adamente 70 graus em o ligamento anu lar (Fig. 52-638). A extensão do coto-
relação à horizontal movendo-o em direção ao centro da velo expõe mais o capítulo e, pronando e supin an do o
articu lação. É importante prevenir o trocarte de deslizar antebraço, expõe mais da cabeça radial. A condromalá-
mais mediaimente antes de penetrar na cápsu la articu lar. cia da articulação radiocapitelar pode ser o resu ltado de
Se isto ocorrer, a visão e a instrumentação pelo porta l traumas rep etitivos por arremesso ou esporte com
anterolateral estarão comp rom etidas. raquete. Osteófitos e corp os livres também podem se
•Insira o artroscópio através desta cãnula com infl uxo formar. Por meio da aplicação de estresse varo na arti -
através do artroscópio. Este portal permite exame do pro- culação, a superfíci e articular do capítulo pode se r vist a
cesso coronoide da ulna e da crista troclear (Fig. 52-63A). me lhor conforme o cotove lo é estendido (Fi g. 52-63C).
•Examine a cápsu la medial da arti cu lação . Ti mmerman e O ligamento anu lar pode ser exam in ado usando-se a
Andrews demonstraram que 10% a 15 % da porção ante- ponta do shaver ou uma cã nul a romba para elevar a
rior da banda anterior do ligam ento colateral ulnar pode cápsula anteri or e distalmente sobre a cabeça radia l. A
ser vista em alguns cotovelos . Sinovite ou lesão capsular cápsu la anterolateral e o recesso devem ser examinados
nesta área podem indicar instabi lid ade media l. Confirme em busca de sinovite. De acordo com And rews e Baum-
a instab ili dade por meio de liberação da tração, supi- garten, uma plica si novial no recesso latera l pode repre-
nando o antebraço, e ap licando estresse va lgo ao coto- sentar um achado normal. Com traumas de repetição,
velo em graus variáveis de flexão de 30 a 90 graus. De esta banda pode tornar-se mais espessa e fibrótica, e
acordo com Andrews e Baumgarten, a abertura da arti- necessitar ser liberada. Recua ndo cuida dosamente o
culação mediaimente em mais de 1 mm indica frouxidão artroscópio e rotacionando a lente em direção à ulna, é
medial. Flexionar e estender o cotovelo também permi- visua lizado o processo coronoide.
tem visual izar a tróclea. Retrair o artroscópio permite
visua lizar a cabeça rad ial e a articulação radioulnar é vista PORTAL LATERAL DIRETO
conforme o anteb raço é pronado e supinado. •Este portal é posicionado proximal e posterior à articulação
•Vire o artroscópio para observa r a cápsula e sua inserção rad iocapitelar, e logo posterior ao portal anterolatera l pre-
no úmero dista l. Observe a patência da fossa coronoide. viamente estabelecido (Fig . 52-60A). Util ize um trocarte
Corpos livres, osteófitos e aderências podem impactar rombo pa ra adentrar na arti cu lação cuidadosamente, evi-
com o coronoide quando o cotovelo estiver completa - t ando, assim, lesões na cartilagem articular. Oriente-se
mente flexionado. localizando as duas articulações e o aspecto posterior das
•O portal anteromed ial pode ser estabelecido com a técnica articu lações radiocap itelar e radioulnar (Fig. 52-63D).
com haste de Wissinger ou sob visão direta artroscópica • Examine a concavidade da cabeça radial articulando na con-
pelo portal anterolateral. Alguns autores acreditam que vexidade do capítul o. Vire a lente para olhar anteriormente,
o portal anteromedia l ou o proximal medial devem ser e gentilmente mova o cotove lo de flexão para extensão )
Mfi" PARTE XIV ARTROSCOPIA

mi A, Visão do lado medial do cotovelo com o processo coronoide à direita e a tróclea à esquerda. B, Aspecto anterior
do cotovelo visto através do portal medial com coronoide e tróclea ao fundo e a articulação radiocapitelar. O ligamento anular é visto
claramente. C, Articulação radiocapitelar com aplicação de estresse em varo para expor a região inferior da cabeça radial. D, Com o
cotovelo flexionado em 90 graus, o paciente em decúbito dorsal, e um artroscópio de 2.7 mm no portal lateral direto, a articulação
dos três ossos é visualizada. A cabeça radial está acima e à esquerda, a ulna está acima e à direita, e o capítulo está abaixo. E, A área
descoberta do olécrano está do lado direito e a tróclea à esquerda. O artroscópio está localizado no portal lateral direto. F, Comparti-
mento posterior observado através do portal posterolateral. A ponta do olécrano está acima, a tróclea está abaixo, e a fossa do olécrano
está ao fundo. G, Recesso medial visualizado através do portal posterolateral com o aspecto posterior do ligamento colateral ulnar à
direita e o úmero distal à esquerda. VEJA A TÉCNICA 52-29.

examinando a superfície do capítulo . Procure por sinais insira uma agulha de calibre 18 em direção à fossa do
)
de condromalácia ou qualquer defeito condral produ- olécrano, e confirme a posição. Se o portal lateral direto
zindo instabilidade ou incongruência. Palpe lesões oriun- for utilizado como portal de trabalho para tratamento de
das de osteocondrite dissecante através de um portal uma lesão orirunda de osteocondrite dissecante, o portal
acessório, e avalie a estabilidade da cartilagem articular. posterolateral deve ser realizado logo proximal à ponta
Posicione o artroscópio de volta posteriormente para a do olécrano em linha com o recesso radial. Um artroscó-
área das duas articulações. pio de 70 graus é inserido e direcionado para a articula-
•Examine a articulação entre o olécrano e a tróclea. Peque- ção radiocapitelar. Isto permite a separação do artroscópio
nos corpos livres podem estar escondidos nessa área . e do portal de trabalho, facilitando a triangulação.
Uma área descoberta normal existe na articulação do •Incise a pele e utilize uma pequena pinça hemostática
olécrano no local da cicatriz fisária (Fig . 52-63E). Siga a para divulsionar a cápsula . Utilize um trocarte rombo para
articulação proximalmente para observar a extremidade adentrar a articulação . A visão artroscópica abrange a
posteromedial do olécrano. A condromalácia da extremi- fossa e a ponta do olécrano, a tróclea posterior (Fig.
dade do olécrano pode progredir para formação de oste- 52-63F) e uma porção da banda posterior no ligamento
ófito, o que é um indicativo de impacto posteromedial no colateral ulnar (Fig. 52-63G). Com o paciente em decú-
cotovelo . Este espectro de lesão é uma continuação da bito ventral, os procedimentos artroscópicos no compar-
resposta patológica relacionada à frouxidão medial do timento posterior são tecnicamente mais fáceis e a
cotovelo devido a arremessos repetidos. orientação é facilitada . Corpos livres frequentemente
• Posicione o artroscópio mais proximalmente, e vire a lente gravitam para o compartimento posterior, e osteófitos
para observar o local do portal posterolateral. são formados na extremidade posteromedial do olécrano.
Palpar o nervo ulnar localiza-o logo superficial a este
PORTAL POSTEROLATERAL osteófito posteromedial, separado somente pela cápsula
•O portal posterolateral pode ser estabelecido sob a orien- articular.A proximidade do nervo deve ser considerada
tação artroscópica com o artroscópio no portal lateral quando se utilizar instrumentos motorizados ou osteóto-
direto e a lente direcionada posteriormente . Primeiro mos posteriormente .
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

H@ii;@m» A, A radiografia em perfil do cotovelo demons-


tra grande corpo livre anterior e defeito da cabeça radial. B, A
radiografia anteroposterior demonstra grande corpo livre na
fossa coronoide. C e D, Depois da remoção dos corpos livres e
ressecção do defeito da cabeça rad ial.

crepitação e amplitude de movimentos limitada persistem, um


• Se um segundo portal for necessário, estabeleça um porta l exame artroscópico completo é indicado. De acordo com Andrews
posterior direto sob visão direta, conforme descrito. e Carson, somente pouco menos de 38% de corpos livres são evi-
denciados em radiografias simples enquanto as artrografias por TC
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A reabilitação inicia-se detectam 72% (Fig. 52-64).
imediatamente. O paciente é encorajado a mover o coto- Além de localizar o corpo livre, o local de origem deve ser
velo mesmo com curativos pós-operatórios assim que a identificado. Corpos livres osteocartilaginosos normalmente resul-
dor e o edema permitirem. Os exercícios de fl exibili dade tam de lesões de osteocondrite do capítulo, de fraturas osteocondrais
e de forta lecimento são ini ciados quando a dor e o edema como resultado de lesões de compressão lateral, e de doenças sino-
permitirem. viais como a condromatose sinoviaL Os corpos livres podem ser
incorporados ao tecido fibroso nas fossas coronoide, radial ou do
olecrano, e podem passar despercebidos em uma artroscopia se estas
áreas não forem minuciosamente examinadas e palpadas. A libera-
CORPOS LIVRES ção dos tecidos moles com um shaver ou tesouras artroscópicas
pode ser necessária para liberar e remover estes corpos livres. Peque-
A remoção de corpos livres provavelmente é a indicação mais nos corpos livres podem ser encontrados na articulação olecrano-
comum para artroscopia do cotovelo. Quando os sintomas de dor, troclear ou na articulação radiocapitelar. Quando grandes corpos
@fjJ:'I PARTE XIV ARTROSCOPIA

Olijii;tfimD A, LGrande corpo livre no compartimento anterior do cotove lo. B, Compartimento anterior após a remoção do corpo
li vre.

são localizados em um local de difícil acesso, eles devem ser movidos


para uma área de acesso mais fácil. Isto pode ser feito através de um
portal acessório ou por meio de desacoplamento do artroscópio e
sua bainha rotacionando e recuando o artroscópio alguns milíme-
tros para dentro da bainha, e utilizando a bainha do artroscópio para
empurrar os corpos livres para um local acessível. Se a turbulência do
fluxo dificulta a preensão dos corpos livres, o influxo pode ser redu-
zido ou desligado. Ocasionalmente, os corpos livres são grandes
demais para serem extraídos através dos portais artroscópicos; estes
podem ser quebrados usando-se um shaver e removidos em fragmen-
tos, ou podem ser deixados no lugar até que o resto do procedimento
artroscópico seja finalizado e então removidos por meio da ampliação
longitudinal da incisão capsular com uma pinça de Kocher (Fig.
52-65). Isto previne extravasam ento de fluido nos tecidos moles ante-
riores durante o restante do procedimento da artroscopia e diminui o
risco de comprometimento neurovascular.

DOENÇA DE PANNER E OSTEOCONDRITE


DISSECANTE
Osteocondrite d issecante do capítu lo parcia l-
A do ença de Panner é uma osteocondrose idiopática com envolvi- mente desv iada.
mento difuso do capítulo que normalmente ocorre em pacientes de
6 a 8 anos de idade. Com tratamento conservador, esta doença é
autolimitante, e normalmente nenhum problema articular residual cotovelo resistida enquanto realiza pronação e supinação com o
ocorre. A osteocondrite dissecante se desenvolve em uma área mais punho cerrado. O'Driscoll também descreveu o teste do cisalhamento
localizada e acomete adolescentes ou pré-adolescentes na fase em radial com estresse valgo aplicado durante a flexão e extensão do
que o capítulo está mais próximo da maturidade e possui menor cotovelo produzindo dor do lado lateral ou crepitação. A presença de
potencial de cura e remodelação (Fig. 52-66). A osteocondrite dis- edema e perda de 20 graus são sinais de prognósticos ruins, de acordo
secante tem sido rel acionada às ações de compressão repetitiva e com Takahara et ai. O exame fica completo com um teste de estresse
cisalhamento da articulação radiocapitelar em atividades tais como em valgo para avaliar a estabilidade do ligamento colateral uln ar.
ginástica, basebol, esportes com raquete e levantamento de peso. O exame radiográfico de cotovelos adolescentes deve incluir
A osteocondrite dissecante geralmente está presente na popula- incidências anteroposteriores com o cotovelo a 45 graus de flexão,
ção de 10 a 17 anos, sendo mais frequente em homens. O sintoma é extensão, e uma visão de perfil. Incidências comparativas do cotovelo
uma dor na região lateral do cotovelo exacerbada por atividades de oposto também podem ser úteis para avaliar as superfícies articulares.
carga repetitivas, como basebol ou ginástica. O exame físico revela A RM é o exame de imagem de escolha para determinar o curso do
sensibilidade sobre o capítulo com dor a testes de compressão ativa. tratamento e avaliar dor persistente do cotovelo que não pode ser
Testes de compressão ativa são realizados por meio da extensão do diagnosticada com radiografias simples. Os achados por RM de uma
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

lesão instável de osteocondrite do capítulo são descritos por Kijowski


e DeSmet como (1) uma linha de alto sinal profundamente ao frag-
mento conforme visto na imagem em T2, (2) uma fratura articular
indicada por alto sinal atravessando a sup erfície óssea subcondral,
(3) um defeito focal osteocondral, e (4) um cisto de 5 mm ou um
cisto preenchido de líquido profundo em relação à lesão.
Para determinar se será realizada uma intervenção conserva-
dora ou cirúrgica, as lesões podem ser divididas em estáveis ou
instáveis conforme Takahara et al. delinearam em seu estudo de 106
pacientes com osteocondrite dissecante. As lesões estáveis cicatriza-
das completamente se apresentaram inicialmente com a li.se de cres-
cimento do capítulo aberta, com achatamento localizado ou
radiolucência do osso subcondral, e boa movimentação do cotovelo.
Nas lesões instáveis para as quais a cirurgia forneceu melhores resul-
tados, foram observados pelo menos um dos seguintes achados: um
capítulo com a li.se de crescimento fechad a, fragmentação, ou movi-
mentação restrita do cotovelo em 20 graus ou mais.
Nossa diretriz cirúrgica para lesões instáveis depende da ava-
liação artroscópica, dos achados da RM, e das lesões artroscopica-
mente avaliadas de 1 a 5 conforme Baumgarten, Andrews e O@ii;hiezD Microfratura da lesão de osteocondrite disse-
Satterwhite: grau 1, amolecimento da cartilagem articular; grau 2, cante menor que 1 cm com borda lateral estável.
desgaste ou fissura mas com a cartilagem intacta; e graus 3 a 5, graus


de lesão da cartilagem articular, com grau 5 sendo uma lesão desta-
cada. Da mesma forma, a Sociedade Internacional de Pesquisa de
Cartilagem graduou as lesões de cartilagem da osteocondrite disse-
cante de 1 a 4, com grau 1 sendo cartilagem intacta, grau 2 sendo Estável (Takahara; DeSmet Descansar, imobilização
parcialmente destacada, grau 3 sendo destacada mas localizada -RM) para controle de
dentro do defeito, e grau 4 sendo deslocada do defeito. Durante a movimento, aguardar
avaliação artroscópica da lesão, tamanho, conteúdo e engate da cicatrização em 6
cabeça radial na lesão são fatores prognósticos importantes. Defeitos semanas, RM em 3
da superfície articular do capítulo maiores que 50%, perda da con- meses, retorno às
tenção lateral de mais de 6 mm ou 7 mm, ou engate da cabeça radial atividades quando
após desbridamento da lesão são fatores de prognósticos ruim, de curado e assintomático
acordo com Ahmad et ai. Eles sugeriram que, durante a avaliação Instável-sistema de
do engate da cabeça radial, o cotovelo deve ser posicionado em gradação ICRS 1-4
extensão, pronado e supinando, e depois promovido o arco de movi- Grau 1 Perfurar com fio Kirs-
mento completo para avaliar se a cabeça radial é engatada ao efeito chner de 1,5 mm
capitelar depois do desbridamento. Com o engate, perda de suporte Gra u 2-4 Lesão contida, Microfratura
lateral, ou mais de 50% de envolvimento do capítulo, tanto a fixação articulação estável
do fragm ento quanto o transplante osteocondral são adequados para Grau 2-4 Articulação Considerar fixação com
prevenir sintomas adicionais e reduzir o potencial de alterações instável, cartilagem e parafuso; cicatrização
degenerativas articulares adicionais. osso de excelente mais difícil
Os estud os de acompanhamento de paciente submetidos à qualidade
Grau 2-4 Articulação Transplante osteocondral
fixação de fragmentos demonstram resultados variáveis. A maior
instável, lesão
parte dos fragmentos tende a apresentar alterações degenerativas
unipolar
condrais ou uma quantidade óssea mínima para fornecer uma
Grau 2-4 Articulação Desbridamento e
fixação segura, e é mais comumente tratada com microfraturas (Fig. microfratura, modifica-
instável, lesão bipolar
52-67) ou transplante osteocondral, dependendo do tamanho e do ção de atividade
conteúdo da lesão. Nosso algoritmo para um protocolo de trata-
mento é demonstrado na Tabela 52 -9.
•Distenda o cotovelo através do portal soft spot antes de
rea liza r quaisquer portais. Gera lmente, cinco portais são
TRATAMENTO ARTROSCÓPICO DA necessários para visualizar por comp leto e tratar o coto-
OSTEOCONDRITE DISSECANTE velo nesta co ndi ção .
•Realize um portal anterolateral médio utilizando uma
TÉCNICA agulha longa para adentrar na articulação e uma lâmina
nº 11 para criar o portal. Um artroscópio de 4 mm é
•Posicione o paciente em decúbito dorsa l com o braço utilizado para visualizar a porção anterior da articulação
mantido em tração balan ceada, com 2,2 kg a 2,7 kg de à procura de corpos livres e para visualizar a extensão da
tração, o ombro em 90 graus de abdução, e o cotovelo lesão da osteocondrite disseca nte; ela pode ser visuali-
em 90 graus de flexão. zada se o cotovelo for posicionado próximo à exten são. )
Wfjl:t PARTE XIV ARTROSCO PIA

) Um portal anteromedial pode ser rea lizado para palpar o TRANSPLANTE DE AUTOENXERTO
defeito, se necessá rio. Procu re uma plica patológica
OSTEOCONDRAL
acima da in cisura latera l que possa ca usa r crepitação na
borda do capítu lo, e ela deve ser liberada com um shaver. Tsuda et ai. descreveram o transplante osteocon dral aberto
• Realize um portal posterolateral logo lateral à ponta do assistido por artroscopia em três não atletas com osteo-
olécrano e introduza uma cânu la pequena com um obtura- condrite dissecante do cotovelo. lwasaki et ai. utilizaram
dor rombo para posicioná-la na área radiocapitelar. Ut ilize uma abordagem da coluna posterol ateral descrita por
um artroscópio de 70 graus para visualizar a articulação. Mansa t e Morrey para executar uma mosa icoplastia em
• Com uma agu lha longa, identif ique o loca l para um porta l oito pacientes que eram jogadores de basebol. Sete dos oito
lateral direto, que deve ser posicionado em um ângu lo que pacientes obtiveram resu ltados bons o u ótimos no acom -
permita a melhor manipulação, desbridamento ou f ixação panhamento de 24 meses. Eles utilizaram a escala de
da lesão de osteocondrite dissecante. Realize um porta l Timmerman e Andrews, e seus pacientes melhoraram, em
acessório lateral 1 cm em direção ulnar ou 1 cm distal ao média, de 140 para 183 em um a esca la de 200 pontos,
portal lateral direto, se necessário. sendo 200 o normal. Yamamoto et ai. reportaram em um
• Resseque a sinóvia e o coxim gord uroso, bem como qua l- acompa nhamento de 2 anos de 18 joga dores de basebol
quer plica junto à articulação radiocapitelar, com uma lâmina jovens com osteocondrite dissecante que fi zeram o pro-
de ressecção radial. Visual ize por completo, palpe o defeito cedimento de transplante osteocondra l. Nove tinham
e avalie a fragmentação da cobertura carti laginosa. Se a lesões de grau Ili, e nove t inham lesões de grau IV. Seis
lesão estiver firme, estável e com um leve amolecimento da dos nove pacientes com lesões de grau Ili e oito dos nove
cartilagem, a perfuração artroscópica pode ser efetuada com lesões de grau IV puderam retorn ar ao seu níve l
através de um dos dois portais latera is. anterior de esportes. El es também notaram que três das
• Use um f io Kirschner de 1,5 mm para perfurar a superfície lesões de níve l IV com amp los defeitos tiveram evidências
e um pequeno guia para proteger os tecidos moles enquanto persistentes de irregu lari dades articulares no acompanha-
efetua a perfuração. As perfurações são espaçadas em 3 mento por RM. No acompan hamento a curto prazo, estas
mm entre elas, e todo o defeito deve ser perfurado. lesões, que estão associadas a compressão e forças cisa-
• No caso de uma lesão instável, avalie minuciosamente a inte- lhant es devido ao esporte, foram tratadas sa tisfa tori a-
gridade da cartilagem articular, o montante do capítulo envol- mente co m tran splantes osteocondrais autólogos.
vido, se a lesão está contida por um suporte lateral, e se há
osso de boa qualidade suficiente para fixação com parafuso. TÉCNICA
Nas raras ocasiões em que há tecido de boa qualidade de
tamanho suficiente para f ixar o parafuso, um parafuso canu- (YAMAMOTO ET AL.)
lado bioabsorvível pode ser inserido para segurar a lesão.
• Para os defeitos de graus li a IV com uma lesão contida e •Realize uma artroscopia da articulação do cotovelo
articulação radi ocapitelar estável, desbride o defeito até uma através do portal medi al, e inspecione a articulação.
borda estável seguido de microfraturas. Se houver algum •Observe a lesão da osteocondrite dissecante por meio de
defeito envolvendo mais que 50% do capítulo associado ao uma abordagem posterolateral ou abordagem posterior.
engate da cabeça radial dentro do defeito que resu lte em •Na abordagem posterolateral, separe o músculo ancôneo
travamento e crepitação durante a pronação e supinação do ext ensor ulnar do ca rpo e preserve o ligamento cola-
com o cotovelo próximo da extensão completa ou durante teral lateral o máximo possível. Separe a cápsu la articular
a flexão e extensão, então realize um procedimento de trans- anterior, e exponha a arti culação radioum eral.
plante osteocondral conforme descrito na Técn ica 52-3 1. • Na abordagem posterior, flexione completamente o coto-
O procedimento de t ran splante osteocondral deve ser reali- velo e incise a pele posterior longitudinalmente. Separe o
zado utilizando-se um autoenxerto da fossa intercondilar ou músculo ancôneo e a cápsu la articular para visu aliza r a
do aspecto lateral do côndi lo femoral lateral. Isto geralmente lesão da osteocondrite disseca nte.
deve ser rea lizado como um procedimento aberto para obter •O Sistema de Transp lante de A utoenxerto Osteocondral
a localização precisa dos enxertos no capítulo. (Arthrex lnc., Naples, FL) é utilizado para colher e trans-
ferir o autoenxerto osteocondra l.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No caso de perfuração • Para lesões de gra u IV ou pequenas de grau Ili, deter-
ou microfratura do cotovelo, a ampl itude de movimento m in e o tamanho (usando medidores) e números de
precoce é iniciada. Nenhuma atividade de carga ou exer- enxertos osteocondrais que recobririam adequadamente
cício de fortalecimento é iniciado até que a amplitude de o defeito.
movimento do cotovelo seja completa em no mín imo de •Crie cavidades receptoras na lesão com o instru mental de
6 semanas após o procedimento. O reto rn o às atividades retirada de enxertos. Um perfurador ca nulado pode ser
após ambos os procedimentos acontece em 3 a 4 meses utilizado para criar as cavidades receptoras na lesão co m
assim que os sintomas estejam resolvidos e a força tenha alterações escleróticas por meio da perfuração da base
sido recuperada. Para os procedimentos de transplante da cavidade antes da inserção do enxerto pa ra estimular
osteocondral de autoenxerto, os exercícios para ganho de a medula óssea.
amplitude de movimentos são iniciados imediatamente; o • Artroscopicamente, retire os enxertos ost eocondrais de
forta lecimento é iniciado com 6 semanas; e o retorno às aproximadamente 1O mm de comprimento da fossa inter-
ati vidades, entre 4 e 6 meses assim que o enxerto t iver sido condi lar do cônd ilo fe moral latera l ou reg ião lateral da
incorporado. art icu lação patelofemoral.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

•Afira a profundidade da cavidade receptora com fio guia


graduado, compare o comprimento do en xerto osteocon-
dral, e transfira o enxerto. Em lesões de grau IV com um
defeito osteocondra l amplo, somente parte da superfície
articular pode ser restaurada com esta técn ica. Para as
lesões de grau Ili, enxertos osteocondrais apropriados são
transferidos com o propósito de estabilizar a lesão .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a cirurgia, um apa-


relh o gessado o u uma tala macia é mantida por 2
seman as. Os exercícios para ganho de ampl itude de movi-
mento são iniciados em 3 semanas. Os pacientes podem
arremessar com o braço baixo 2 meses após a cirurgia, e
suavemente com o braço elevado após 3 meses. A rrem es-
sos com pletos são permitidos depois de 6 meses .

LESÕES DO ARREMESSADOR
H@ii;f.SmJ Exame artroscópico demonstrando instab ilidade
As lesões no cotovelo do arremessador incluem compressão e lesões medial durante o exame de estresse em 70 graus de flexão . Note
cisalhantes da articulação radiocapitelar no lado lateral do cotovelo, a abertura de 2 mm entre o corono ide e a tróclea.
incompetência e lesão do ligamento colateral ulnar, e impacto pos-
teromedial com formação de osteófitos conforme descrito por Cain e posterolateral é indicada. Avaliação cuidadosa e completa do coto-
et ai. e outros. Corpos livres podem ser encontrados anteriormente velo é indicada conforme previamente descrito. Sobre a excisão do
ou posteriormente; pequenos corpos livres podem ser encontrados osteófito do olécrano, estudos realizados por Kamineni et ai. têm
junto à articulação radiocapitelar posterior e à articulação troclear. demonstrado que é seguro remover o osteófito e não mais do que
Se o cotovelo doloroso não responder ao tratamento sintomático e 3 mm de osso na ponta do olécrano. Remoções mais agressivas na
ao repouso, a RM é indicada. O meio de contraste de gadolínio pode ponta do olécrano resultam em sobrecarga do ligamento colateral
ser adicionado para uma avaliação completa da lesão parcial do ulnar e potenciais complicações futuras.
ligamento colateral ulnar. Nos pacientes mais jovens, as rad iografias
do cotovelo podem mostrar osteocondrite dissecante ou não conso-
lidação fisária do olécrano. Nos pacientes mais velhos, fraturas de RESSECÇÃO OSTEÓFITOS E DA
estresse do olécrano podem ser encontradas em radiografias ou RM. PONTA DO OLECRANO
A artroscopia é indicada quando um processo patológico é encon-
trado na RM ou quando a dor ou a incapacidade de arremessar
persiste apesa r das medidas conservadoras.
• Posicione o paciente em decúbito dorsal, ventra l ou latera l
conforme desejado.
• Observe o compartimento anterior através dos portais
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DO LIGAMENTO
anterolatera l proximal e anteromed ial. Os portais poste-
COLATERAL ULNAR
rolatera l e posterior são usados para a realiza ção do pro-
cedimento (Técnica 52-2 9)
A integridade funcional da banda anterior do ligamento colateral
•Após visualizar completamente o compartimento anterior,
ulnar pode ser avaliada liberando a tração do braço, supinando o
direcione a atenção para o compartimento posterior. Observe
antebraço, e flexionando o cotovelo em 70 graus durante a artroscopia.
os recessos posteromedia l e posterolateral e a articulaçã o
Estresse em valgo é aplicado na articulação conforme a articulação
rad iocap itelar para garantir que não existam corpos livres.
ulnoumeral é observada através do portal anterolateral. Normal-
• Remova quaisquer osteófitos identificados na ponta do
mente, a articulação ulnoumeral abre menos que 1 mm sob estresse.
olécrano utilizando um pequeno osteótomo artroscóp ico
Aberturas de mais de 1 mm a 2 mm, de acordo com Andrews e
ou com um shaver com lâmin a pequena (Fig . 52-69). Não
Baumgarten, indicam instabilidade funcional (Fig. 52-68). Lesões
mais que 2 mm a 3 mm de osso devem ser removidos.
incompletas da superfície inferior do ligamento colateral ulnar, con-
• Desbride as lesões condrais da superfície articular e, se
forme descrito por Timmerman e Andrews, podem não gerar insta-
osso exposto for encontrado, utilize uma técnica de
bilidade durante o estresse em valgo. Dano ligamentar ou capsular na
microfraturas.
região do ligamento colateral ulnar pode estar presente em conjunto
com estas lesões. O tratamento depende nos sintomas e dos objetivos
futuros do atleta e está descrito no Capítulo 47.
SÍNDROME DA PLICA SINOVIAL
POSTEROLATERAL
IMPACTO POSTERIOR NO COTOVELO
Dor na região posterolateral do cotovelo, dor persistente, e crepitações
Quando uma radiografia ou RM demonstra um osteófito postero- durante a extensão podem ser causadas por osteocondrite dissecante,
medial, a remoção artroscópica através dos portais posterior direto condromalácia, ou possivelmente síndrome da plica sinovial. Apesar
PARTE XIV ARTROSCOPIA

H@ii;MmmJ A e B, Osteófito na ponta do olécrano supe-


riormente; troclea está inferior neste paciente em decubito
dorsal. C, Ponta do olécrano após ressecção do osteófito. VEJA
A TÉCNICA 52-32.

de rara, é uma entidade que ocorre em atletas devido a traumas de rad iocapitelar, desbride a articu lação e resseque a plica
repetição na região externa do cotovelo, como nos esportes de arre- espessada através de um portal anterolat era l. Ava lie o
messo ou no golfe. Dor posterolateral e sensibilidade na art iculação compartimento posterior da articulação radiocap itelar
radiocapitelar e na região da fossa do ancôneo e dor durante a exten- através de um portal posterolatera l com um artroscópio
são do cotovelo com crepitações intermitentes são mais bem tratadas de 70 graus e 2,7 mm. Resseque o tecido pato lóg ico
conservadoramente inicialmente com medicações anti-inflamatórias, espessado usando um shaver ou uma peq uena pinça do
repouso relativo, e um programa de alongamentos. Infiltração intra tipo basket através de um porta l latera l direto.
-articular de corticoesteroides nesta região também pode ser útil. Dor
persistente, apesar do tratamento conservador, é uma indicação para CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatóri o, o
avaliação artroscópica desta área caso uma RM demonstre evidências paciente utiliza uma tipoia por 3 a 5 dias para manter
de espessamento capsular de 3 mm em cortes axiais indicando uma o cotove lo em repouso, e os exercícios para ganho de
plica patológica no compartimento posterolateral. amp litude de movimento são iniciados precocemente
seguidos de um prog rama de fortalecimento progressi vo,
in iciado após 3 semanas . O retorno aos esportes gera l-
RESSEÇCÃO DA PLICA SINOVIAL mente é permitido em 2 a 3 meses.
PATOLOGICA E ESPESSADA
TÉCNICA
RESSECÇÃO DA CABEÇA RADIAL
•Visua lize o cotovelo anteriormente e posteriormente uti-
lizando vá ri os portais. O aspecto anterolatera l do cotovelo A ressecção da cabeça radial pode ser indicada para fraturas de
é visua lizado através de um porta l anteromed ial. cabeça com consolidação viciosa ou com alterações degenerativas
•Se travamento ou crepitação patológica de uma plica dolorosas. A cabeça radial e uma porção do colo podem ser resse-
forem evidenciados durante a ava liação da arti cu lação cadas usando-se um shaver com lâm ina óssea através do portal
anterolateral e com o artroscópio através do portal anteromedial.
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR fm:llll

Coronoide

O!§mf;iem!) A, Articulação artrofibrótica com coronoide à esquerda, tróclea à direita e extensa fibrose acima. B, Após ressecção
do tecido fibrótico e liberação da inserção capsular distal no úmero. Fossa coronoide preenchida por grande osteófito. C, Fossa coro-
noide após ressecção de osteófito e recriação da fossa para permitir flexão do cotovelo. VEJA A TÉCNICA 52-34.

A cabeça radial é fragmentada e removida até o nível da fossa sigmoide •Utilize uma lâmina nº 11 para incisar a pele e use peque-
da ulna. Uma sinovectomia parcial pode ser necessária para examinar nas pinças de hemostasia para divulsionar os tecidos
adequadamente a cabeça radial e o ligamento anular, que deve perma- moles na região da cápsula articular, evitando, assim,
necer intacto. Ao término da ressecção, o antebraço é pronado e supi-
lesões ao nervo cutâneo antecubital.
nado conforme o cotovelo é movimentado através de toda a amplitude •Adentre na articulação com um trocarte rombo. Usando
de movimento para garantir que nenhw11 impacto ocorra. o trocarte, prenda a cápsu la logo anterior e proximal ao
capítu lo com a cânula direcionada ao centro da articula-
ção. Palpe a articulação com o trocarte para confirmar a
ARTROFIBROSE entrada na articulação. Em uma articu lação artrofibrótica,
a área de visão pode estar bastante limitada inicialmente,
Artrofibrose é uma complicação relativamente comum de fraturas e e a posição do portal e a localização intra-articu lar do
luxações do cotovelo. Para os pacientes com sintomas leves, um tra- trocarte devem ser cuidadosamente avaliadas.
tamento conservador agressivo incluindo fisioterapia e ortoses pode •Realize o portal medial sob visão direta utilizando uma
ser suficiente; todavia, nos pacientes com envolvimento grave, a ci..rur- agu lha longa. Para aumentar a visibilidade, posicione
gia geralmente é indicada. Bons resultados podem ser obtidos utili- uma lâmina de resecção radial de 4,5 mm através do
zando o tratamento artroscópico. Todavia, em cotovelos artrofibróticos, portal anteromedial e, cuidadosamente, resseque o tecido
a habilidade para distender a cápsula articular e identificar os marcos f ib rótico da parte anterior da articu lação (Fig. 52-70A).
anatômicos normais pode estar comprometida. Gallay et al. descobri- • Remova quaisquer corpos livres e desbride completa-
ram que a capacidade normal dos cotovelos é de 15 rnL a 25 mL de mente o tecido fibroso anterior, utilizando ambos, lâmin a
salina e que a dos cotovelos artrofibróticos é de apenas 6 mL. Quando de ressecção radial e eletrocautério, através dos portais
se fazem procedimentos em cotovelos artrofibróticos, uma familiari- anteromedia l e anterolaterais (Fig. 52-70B).
dade detalhada com a artroscopia de cotovelo e a anatomia do coto- •Recrie a fossa coronoide usando o shaver e, se necessário,
velo é necessária. O médico deve preparar-se para realizar um remova a área de hipertrofia óssea também com um shaver.
procedimento aberto caso a visão adequada não possa ser obtida. Alivie o impacto no coronoide através da ressecção parcial
seu ápice (Fig. 52-70C). Garanta que a articulação radiou-
lnar esteja livre de impacto ósseo ou tecidos moles e que
ARTROSCOPIA NA ARTROFIBROSE todos os corpos livres tenham sido removidos.
•Use o shaver para desbridar a cápsu la proximalmente ao
TÉCNICA redor do úmero distal por aproximadamente 2,5 cm pro-
xima l à fossa do olécrano até as fibras posteriores do
(PHILLIPS E STRASBURGER) músculo braquial serem identificadas proxima lmente.
Proteja o músculo e o nervo mediano. Complete a libe-
• Após os porta is usuais terem sido estabelecidos, distenda ração utilizando um pequeno descolador e uma pinça do
a articulação com uma solução Ringer lactato estéril tipo basket; para efetuar uma liberação adequada, uma
através do portal soft spot (lateral direto) no centro do capsulotomia de 1 cm da região anterior de medial para
triângulo formado pela cabeça radial, o epicôndilo lateral lateral é necessária. Não desbride distalmente na região
e a ponta do olécrano. em que o nervo radial está mais exposto.
•Insira uma agulha longa medial e posteriormente em • Desbride o compartimento posterior, e remova os corpos
direção ao centro da articulação do cotovelo para confir- livres através de um portal posterior direto e um portal
mar o portal anterolateral médio. posterolateral fe ito sob visão direta. )
PARTE XIV ARTROSCOPIA

• Depois de ressecar o tecido cicatricial da fossa do olécrano


)
para melhorar a visibilidade, mude o artroscópio para o portal
posterolateral e posicione o shaver através do portal posterior
direto para completar o procedimento. Cuidadosamente,
libere a contratura com uma lâmina de ressecção radial e
utilize dissecção romba para liberar os recessos posterolateral
e posteromedial. Não use o shaver na área do nervo ulnar,
que está em extremamente próximo mediaimente.
• Neste momento, se deseja rexpor o nervo ulnar por meio de
uma pequena incisão medial, utilize um portal posterior para
um afastamento de aproximadament e 2 cm proximal ao
portal posterior direto. Um pequeno afastador ou descola-
dor pode ser inserido pelo portal e utilizado para aumentar
a visualização e ajudar a prevenir lesões no nervo ulnar.
•Utilize um osteótomo para remover qualquer local de
impacto na ponta do olécrano na fossa ou osteófitos, e
complete a ressecção com um shaver.
•Para evitar qualquer hipertrofia óssea causando impacto
na fossa do olécrano, amplie a fossa com um shaver.
•Quando o procedimento estiver completo, insira um dreno
no portal posterior direto e suture os portais com fios de
h@l!;!;il!IJI Extensa sinovite do compartimento anterior em
arremessador aposentado de um grande clube com dor persis-
náilon.
tente, crepitação e edema do cotovelo. Sinovectomia parcial e
•Manipule o cotovelo para ganhar o máximo de amplitude
remoção de corpos livres foram realizadas.
de movimentos e coloque uma tala em extensão máxima.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tala é deixada por 24 ressecção radial (Fig. 52-71). Uma visão adequada deve ser mantida
horas. Os exercícios de ganho de amplitude de movimen- durante todo o procedimeto utilizando-se afastadores, quando neces-
tos suaves ativo e passivo do cotovelo são iniciados. Uma sário. Todo cuidado deve ser tomado ao se trabalhar anteriormente
extensão removível da tala é utilizada entre os períodos de para prevenir danos às estruturas neurovasculares porque normal-
exercício. Em pacientes com extensa artrofibrose pós-trau- mente a cápsula é fina. Posteromedialmente, um shaver do tipo whisker
mática e perda grave de flexão e extensão, o uso de uma deve ser utilizado caso um shaver motorizado seja necessário. Lee e
máquina de movimento contínuo do cotovelo pode ser útil Morrey reportaram 93% de resultados de bom a excelentes em curto
para manter a amplitude de movimento durante as 3 pri- prazo em 14 sinovectomias artroscópicas em 11 pacientes. Todavia,
meiras semanas após a cirurgia. Uma semana após a cirur- em 42 meses, somente 57% mantiveram estes resultados. Quatro
gia, uma braçadeira do Sistema Ativo Articular (Sistema necessitaram de artroplastia total do cotovelo. Estes autores aponta-
Ativo Articular, Effingham, IL) é utilizada por 30 minutos três ram a importância de balancear os ganhos a curto prazo com as
vezes ao dia para extensão e flexão. Os exercícios para complicações sérias em potencial deste procedimento.
ganho de amplitude de movimentos ativo e passivo são
realizados por 20 minutos quatro a cinco vezes por dia, e
fisioterapia supervisionada é mantida três vezes por semana. COTOVELO DE TENISTA (EPICONDILITE
Medicação anti-inflamatória é prescrita para as 3 primeiras LATERAL)
semanas para reduzir a inflamação e o risco de miosite.
Kuklo et ai. demonstraram em um modelo cadáver que a libera-
ção de uma epicondilite lateral pode ser realizada de forma
OSTEOARTRITE segura. Baker e Cummings reportaram o acompanhamento de 1 ano
de 33 de 35 pacientes submetidos à liberação lateral artroscópica.
O desbridamento artroscópico para osteoartrite é semelhante ao Os pacientes puderam retornar ao trabalho em uma média de
descrito para a artrofibrose. Corpos livres e osteófitos são removidos 2,2 semanas, e a força de preensão retornou a 95% quando compa-
dos compartimentos anterior e posterior focando no restabeleci- rada ao lado oposto. Não houve complicações.
mento do formato normal do coronoide e do olécrano. Savoie et ai.
demonstraram que a ressecção artroscópica da cabeça radial produ-
ziu bons resultados, alívio da dor e movimentação funcional em ARTROSCOPIA PARA LIBERAÇÃO
pacientes com artrite radiocapitelar, e pode ser seguramente reali- DE COTOVELO DE TENISTA
zada por um artroscopista experiente.

SINOVECTOMIA
TÉCNICA mm
(BAKER E CUMMINGS)

Quando indicada para artrite reumatoide ou outra condição infla- •Depois da intubação, posicione o paciente em decúbito
matória do cotovelo, a sinovectomia artroscópica pode ser realizada ventral na mesa cirúrgica. Coloque dois coxins longitudi-
utilizando todos os portais-padrão. Toda a articulação pode ser ava- nalmente abaixo do tórax do paciente. Proteja todas as
liada, e uma sinovectomia subtotal pode ser feita com uma lâmina de
CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SUPERIOR

proeminências ósseas. Posicione a extrem idade afetada


com o ombro ipsilateral abduzido em 90 graus, e apoie
BURSECTOMIA ARTROSCÓPICA
o braço em um suporte de espuma pré-cortado .
TÉCNICA
•Após demarcar os reparos anatômicos e os locais para 1

portais, distenda a articulação com 20 ml a 30 ml de


(BAKER E CUMMINGS)
sal ina por meio de uma agu lha de calibre 18 introduzida
através do porta l late ral direto.
•Depois da intubação, posicione o paciente em decubito
•Estabeleça o portal proximal medial ou superomed ial , que
ventral na mesa cirúrgica. Realize três portais artroscópi-
está localizado aproximadamente 2 cm proximal ao epi-
cos: lateral, proximal central, e distal central. Utilize uma
côndilo medial e 1 cm anterior ao septo intermuscu lar. lâmina cirúrgica-padrão nº 11 e uma pinça hemostática
Introduza o trocarte e a bainha anterior ao septo inter-
para divulsionar os tecidos moles. Não utilize os portais
muscular mantendo contato com o aspecto anterior do
mediais devido ao risco de lesão ao nervo ulnar.
úmero a todo momento enquanto o trocarte é direcio-
• Realize uma bursectomia completa, mudando os portais de
nado para a cabeça radial. Insira um artroscópio de 2, 7 operação e de visualização conforme necessário. A remoção
mm e 30 graus no interior da articulação, e realize a do tecido bursal é completa quando um aumento na luz
artroscopia diagnóstica.
pode ser visto através da pele, e o tendão do tríceps e os
•Após a identificação do tecido patológico, estabeleça o músculos podem ser visualizados. Resseque somente o
portal superolateral com uma agulha de calibre 18 através mínimo de gordura subcutânea. Remova os esporões na
da lesão. Usando um lâmina de ressecção radial, resseque ponta do olécrano com um shaver.
a cápsula para identificar a parte inferior da superfície do •Suture os portais da artroscopia com fios de náilon 3-0.
tendão extensor radial curto do carpo. Oberve a origem •Injeções anestésicas no pós-operatório raramente são uti-
do extensor radial curto do carpo. lizadas por causa da necessidade de avaliação neurológica
• Utilizando uma cureta e shaver, desbride a cápsu la e a imediata . Aplique um curativo compressivo.
inserção patológica do tendão do extensor radia l curto
do carpo, e desbride o epicôndi lo lateral. O desbrida- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O curativo compressivo é
mento do epicônd ilo lateral e da sua crista pode ser feito removido em 7 a 1O dias de pós-operatório. A mobilização
com um shaver, instrumentos manuais, ou eletrocautério. do membro deve ser iniciada imediatamente.
Apesar de um artroscópio de 30 graus ser adequado para
visualizar todos os pontos durante a maioria dos proce-
dimentos, um artroscópio de 70 graus pode ser necessá-
rio em algumas poucas situaçôes.
•Após a liberação do tendão extensor radial curto do carpo
e desbridamento do epicôndilo lateral, veja o ventre mus-
AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA DE FRATURAS
cular sobreposto da musculatura do extensor. Proteja o
ligamento colateral ulnar latera l limitando o montante de
INTRA-ARTICULARES
ressecção posterior.
Existem poucos relatos de caso sobre o tratamento de fraturas intra
-articulares assistido por artroscopia. Mais comumente, a artrosco-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o
pia tem demonstrado benefício na remoção de pequenos fragmentos
braço é mantido em uma tipoia com o cotovelo em 90
capitelares ou da cabeça radial. A ressecção da cabeça radial pode
graus de flexão. Os exercícios para ganho de ampli-
ser realizada caso não exista lesão significativa da cápsula articular
tude de movimentos passivo e ativo são encorajados .
medial que cause extravasamento excessivo de fluido. A fixação
O paciente progride para os exercícios de fortalecimento
interna pode ser realizada com os parafusos canulados. Em fraturas
de extensão do punho e exercícios para reabilitação geral
mais extensas envolvendo lesões significativas dos tecidos moles, o
de toda a extremidade superior.
risco-benefício da artroscopia é avaliado. Caso o tratamento artros-
cópico da fratura seja indicado, o médico deve estar inteiramente
preparado para abortar o procedimento caso a visibilidade seja ruim
ou o extravasamento de fluido seja significativo.

BURSITE OLECRANIANA
PIO ARTRITE
A bursite crônica recorrente do olécrano pode muitas vezes ser
tratada eficazmente por uma pequena incisão quando necessária. A irrigação artroscópica e o desbridamento de tecidos periarticula-
Alguns cirurgiões tentaram bursectomia artroscópica com o obje- res podem ser utilizados para o tratamento precoce da pioartrite.
tivo de evitar problemas de cicatrização. Kerr reportou um acompa- Quando edema excessivo e distensão dos marcos anatômicos estão
nhamento de 6 meses de cinco paciente submetidos à bursectomia presentes, um procedimento aberto é preferível. Culturas devem ser
artroscópica. Uma infecção pós-operatória afetou um paciente imu- colhidas durante o desbridamento, e antibióticos apropriados devem
nossuprimido. Savoie reportou bursectomia artroscópica em seis ser introduzidos. Um dreno é posicionado nos compartimentos
pacientes, um dos quais desenvolveu uma fístula crônica no portal anterior e posterior. Os drenos são removidos em 48 horas, e exer-
de drenagem. Com um pequeno número de estudos e com compli- cícios para amplitude de movimentos ativos são iniciados se os
cações similares às das técnicas abertas, o valor relativo da ressecção sinais de infecção estiverem retrocedendo. Caso a infecção não
bursal artroscópica ainda precisa ser determinado. involua, irrigação e desbridamento deverão ser repetidos.
lllllDD PARTE XIV ARTROSCOPIA

COMPLICAÇÕES REFERÊNCIAS

As complicações da artroscopia do cotovelo são as mesmas das de OMBRO


outros procedimentos artroscópicos, o que inclui infecção, quebra
de instrumental, lesão iatrogênica da superfície articular, problemas Abrams JS: Arthroscopi c approach to massive rotator cuff tears. ln Sperling
relacionads ao garrote, e lesões neurovasculares. Em uma avaliação JW, editor: AAOS In structional Course Lectures shoulder and elbow
volume 2, Rosemont, IL, 20 10, American Academy of Orthopaedic
na Clínica Mayo, Kelly et ai. observaram 1% de complicações que
Surgeons.
afetaram negativamente o resultado. Eles reportaram 10% de com-
Abrams JS, Bradley JP, Angelo RL, Burks R: Arthroscopic management of
plicações menores que aumentaram a morbidade pós-operatória shoulder instabilities: anterior, posterior, and multidirectional. ln
sem causar sequelas a longo prazo. Sperling JW, editor: AAOS lnstructional Course Lectures shoulder and
Problemas neurológicos são as complicações mais frequente- elbow volume 2, Rosemont, IL, 20 10, American Academy ofürthopaedic
mente reportadas. Savoie e Field reportaram aproximadamente 3% de Surgeons.
prevalência de complicações neurológicas em uma revisão de 465 Abrams JS, Savoie FH, Tauro JC, et ai: Recent advances in the evaluation and
procedimentos artroscópicos. A maior parte destes eram lesões tran- treatment of shoulder instability : anterior, posterior, and multidirectio-
sitórias. Jones e Savoie reportaram uma lesão do nervo interósseo nal, Arthrascopy 18:1 , 2002.
posterior devido a uma liberação artroscópica. Eles recomendaram Accousti KJ, Flatow EL: Technical pearls on how to maximize hea ling ofthe
rotator cuff. ln Sperling JW, editor : AAOS Instructianal Cau rse Lectures
um portal lateral mais proximal para aumentar a distância do nervo
shaulder and elbaw volume 2, Rosemont, IL, 2010, American Academy
radial. Horiuchi et ai. reportaram sinovectomias artroscópicas em 29
of Orthopaed ic Surgeons.
cotovelos. Eles notaram que deve ser tomado cuidado adicional quando Adams CR, Schoolfield JD, Burkhart SS: Accuracy of preoperative magnetic
se trabalha anteriormente devido à espessura do músculo braquial, resonance imaging in predicting a subscapularis tendon tear based on
como também cuidado especial posteromedialmente. Não foi tentada arthroscopy, Arthrascapy 26:1 427, 20 10.
uma sinovectomia completa nesta região e também não foi efetuada a Alberta FG, Elattrache NS, Mihata T, et ai: Arthroscopic anteroinferior
liberação capsular. Eles iniciaram os exercícios para amplitude de suture plication resulting in decreased glenohumeral translation and
movimento no pós-operatório imediato. Conforme descrito, a proxi- externai rotation: study of a cadaver model, f Bane fain t Su rg 88A: l 79,
midade dos nervos associados à delicada cápsula aumenta o risco de 2006.
lesão neurológica com este procedimento, e o mesmo deve ser reali- Alpert JM, Verma N, Wysocki R, et ai: Arthroscopic treatment of multidi -
rectional shoulder instability with minimum 270º labral repair: minimum
zado somente após proficiência em artroscopia do cotovelo.
2-year follow-up, Arthroscapy] Arthrasc Relat Surg 24:704, 2008.
Lynch et ai. reportaram paralisias transitórias do nervo radial
Antoniou ), Duckworth DT, Harryman DT II: Capsulolabral augmentation
distal e no nervo mediano distal, e um neuroma do nervo cutâneo for the management of posteroinferior instability of the shoulder, ] Bane
medial do antebraço. Casscells descreveu danos irreparáveis ao nervo ]aint Surg 82A:l220, 2000.
ulnar durante uma artroplasia de ressecção do cotovelo. Thomas et ai. Antoniou ), Harryman DT II: Arthroscopic posterior capsular repair, Clin
descreveram lesão do nervo radial, e Guhl reportou lesão do ramo Sparts Med 19: 101 , 2000.
sensitivo do nervo radial. Andrews e Carson reportaram uma paralisia Antuna SA, O'Driscoll SW: Snapping plicae associated with rad iocapitellar
transitória do nervo mediano que se acredita ser resultado do extrava- chondromalacia, Arthrascapy 17:491, 2001.
samento do anestésico local da articulação. Haapaniemi et ai. reporta- Arciero RA, Mazzocca AD: Mini-open repair technique ofHAGL (humeral
ram lesão completa dos nervos mediano e radial durante a liberação avulsion of the glenohumeral ligament) lesion, Arthroscopy ] Arthrosc
Relat Surg 21:11 52.e l, 2005.
artroscópica de uma contratura pós-traumática. Parestesias pós-opera-
Athwal GS, Sperling JW, Rispoli DM, Cofield RH: Deep in fection after
tórias e disestesias também têm sido reportadas, provavelmente causa-
rotator cuff repair, J Shaulder Elbow Surg 16:306 , 2011.
das pelo garrote, extravasamento de fluido, trauma ou tração. Bahk MS, Karzel RP, Snyder SJ: Arthroscopic posterior stabilization and
Para prevenir complicações graves durante a artroscopia do anterior capsular plication for recurrent posterior glenohumeral instabi-
cotovelo, os cirurgiões devem estar familiarizados com a anatomia e lity, Arthroscopy f Arthrosc Relat Surg 26:11 72, 2010.
realizar os procedimentos de acordo com suas habilidades. As reco- Balg F, Boileau P: The instability severity index score: a simple preoperative
mendações previamente descritas neste texto são relevantes. É impor- score to select patients for arthroscopic or open shoulder stabilization,
tante a leitura da excelente revisão de Morrey sobre as complicações J Ban e foint Surg 89B:l470, 2007.
da artroscopia do cotovelo. As recomendações para evitar complica- Barber FA: Long-term results of acromioclavicular joint coplaning, Arthros-
ções incluem demarcar as referências anatômicas cuidadosamente, copy 22: 125, 2006.
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palpar e localizar o nervo ulnar, obter distensão capsular adequada,
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posicionar o cotovelo em 90 graus de flexão, realizar portais mais
Lectures shoulder and elbow volume 2, Rosemont, IL, 2010, American
proximais, não utilizar infusão pressurizada (baixo fluxo de 40 mL a Academy of Orthopaedic Surgeons.
45 mL/min ou por gravidade pode ser utilizado de forma segura), Barber FA, Herbert MA, Hap O, et ai: Biomechanical analysis of pullout
proteger o nervo interósseo posterior por meio de pronação, utilizar strengths of rotator cuff and glenoid anchors: 2011 update, Arthroscopy
um afastador para manter a cápsula longe dos instrumentos de des- J Arthrosc Relat Surg 27:895, 20 11.
bridamento, manter as pontas dos instrumentos sob visão a todo Barnes C), Gentleman M H, Snyde r SJ: Results of arthroscopic revision ante-
instante, evitar sucção ao redor dos nervos, e evitar anestesia local que rior shou lder reconstruction, Am f Sports Med 37:715, 2009.
possa atrapalhar uma avaliação no pós-operatório. Barth JR, Burkhart SS, DeBeer JF: The bear-hug test: a new sensitive test for
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CAPÍTULO 52 ARTROSCOPIA DE MEMBRO SU PERIOR

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PARTE
CLASSIFICAÇÃO DE PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO FIXAÇÃO POR PARAFUSO E PLACA 2589
FRATURAS 2555 CIRÚRGICO 2580 Placas Bloqueadas 2592
CLASSIFICAÇÃO DE LESÕES INDICAÇÕES GERAIS FIXAÇÃO COM HASTE
DE PARTES MOLES 2555 PARA REDUÇÃO E INTRAMEDULAR 2593
PRINCÍPIOS ESTABILIZAÇÃO CIRÚRGICA 2580 Tipos de Hastes lntramedu lares 2594
TRAUMATOLÓGICOS 2559 CONTRAINDICAÇÕES Hastes lntramedulares Fresadas
FRATURAS EXPOSTAS 2561 PARA REDUÇÃO E Versus Não Fresadas 2595
Fraturas Expostas Causadas ESTABILIZAÇÃO CIRÚRGICA 2581 FIXAÇÃO EXTERNA 2595
por Armas de Fogo 2561 DESVANTAGENS DA REDUÇÃO E 259 5
Vantagens
Amputação Versus ESTABILIZAÇÃO CIRÚRGICA 2581
Desvantagens 2596
Preservação do Membro 2563 OPORTUNIDADE DO
Complicações 2596
Antibioticoterapia 2564 TRATAMENTO CIRÚRGICO 2581
Indicações 2597
TRATAMENTO DE LESÕES DE PRINCÍPIOS DE LAMBOTTE
Modelo e Aplicação de
PARTES MOLES 2567 PARA O TRATAMENTO
Fixadores Externos 2599
DESBRIDAMENTO 2569 CIRÚRGICO DE FRATURAS 2581
REABILITAÇÃO 2603
TRATAMENTO DE LESÕES BIOMATERIAIS DE FIXAÇÃO
ÓSSEAS 2572 DE FRATURAS 2582 TRATAMENTO DE
METAIS 2582 COMPLICAÇÕES A PARTIR
Estab ilização da Fratura 2572 DO TRATAMENTO
Ç>E FRATURAS MATERIAIS BIOABSORVÍVEIS 2583 CIRÚRGICO DE FRATURAS 2603
(REGENERAÇAO OSSEA) 2572 Compl icações 2583 INFECÇÃO 2603
ESTIMULAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO BIOMECÂNICA DO MODELO GANGRENA GASOSA 2604
DA FRATURA 2574 DE IMPLANTE E FIXAÇÃO
TÉTANO 2605
Enxerto ósseo DE FRATURA 25 84
2574 COMPLICAÇÕES DOS TECIDOS
Substitutos de Enxerto Ósseo 2576
FIXAÇÃO POR PINOS E FIOS 2585
MOLES 260 5
Estimulação Elétrica e FIXAÇÃO POR PARAFUSO 2586
COMPLICAÇÕES
Ultrassom 2579 Parafusos-Máquina 2587
TROMBOEMBÓLICAS 2606
Fatores que Afetam Negativamente a Parafusos AS IF 2587
COMPLICAÇÕES DAS CONTRUÇÕES
Conso lidação Óssea 25 80 Técnicas de Fixação por Parafusos 2587 BIOMECÂNICAS 26 06

Lesões acidentais são responsáveis pelo maior índice de morte nos As fra turas fo ram ide ntifica das como problemas de saúde
Estados Unidos em indivíduos com idades entre 1 e 45 anos (Tabela ao longo da história. Muitos dos ensaios médicos de Hipócrates
53- 1). Neste mes mo país, era a quarta causa mais fre quente em 1980, descreviam o trata mento de lesões, esp ecialmen te as fraturas.
caindo para quinta em 2007. Em homens, continua sendo a terceira O conhecimento dos as pectos biológicos do tratamento das fratu-
causa mais comum de morte; enquanto, em mulheres, é a sexta. ras expandiu enormemente durante o século 20. As expectativas
Após os 65 anos de idade, as quedas são responsáveis por muitas dos pacientes alcançaram níveis sem precedentes, e grandes indús-
lesões, sendo que uma em três pessoas nesta faixa etária sofre uma trias multinacionais expandi ram- se no campo do tratame nto
queda qu e resulta em ferimentos graves ou morte; respondem por clínico e cirúrgico de fra turas.
87% das fra turas e constituem a razão mais comum para intern a- A irrigação vascular do tecido ósseo é a base de qu alquer
ções. A cada ano, as qu edas entre os idosos custam mais de US$ 20 consolidação de fratura. Em 1932, Girdlestone adver tiu que "há
bilhões em custos médicos diretos. O custo do Medi care para fratu- perigo inerente na eficiência mecânica dos nossos métodos moder-
ras de quad ril foi estimado em mais de US$ 3 bilhões em meados nos, perigo presente, a me nos que o profi ssional esqueça que a
de 1990, e está previsto para chegar a US$ 30 bilhões nos próximos consolidação não pode ser imposta, mas sim encorajada. On de o
10 anos. Em 2009, mais de 8,7 m ilhões das lesões por quedas aci- osso é uma planta, com suas raízes nas partes moles, e quando suas
dentais (não in tencionais) não fata is foram relatadas para Medicare, conexões vasculares estão lesionadas, freq uentemente, uma situação
uma taxa de 2.83 1 por 100.000 pessoas por ano; no entanto, essa é que exige não a técn ica de um marceneiro, mas os cuidados com o
provavelmente apenas uma fração das lesões que ocorreram. Como paciente e a compreensão de um jardineiro''.
a expectativa de vida passo u a ser maior, a taxa de lesões acidentais Os ciru rgiões ortopédicos estão sentindo o impacto das palavras
aumentou dramaticamente. proféticas de Girdlestone. O ci rurgião ortopédico deverá combinar o

2554
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATA MENTO DE FRATURA flm
e implantes deve estar prontame nte disponível e bem conservado.
TABELA
53 _1 Causas mais co'!luns de morte
nos Estados Unidos em Há necessidade de anestesia eficaz e monitoramento intraopera -
tório completo do paciente, para que a fratura possa ser tratada
indivíduos entre 25 a 44 anos
com segurança. Para que qualquer m éto do de tratamento seja
bem-sucedido, é fundamental que o paciente es teja bem in for-
1980 2003 2009
mado a respeito dos benefícios e riscos dos métodos cirúrgicos
Lesões Acidentais Lesões Aciden t ais Lesões Acidentais escolhidos e disponha-se a cooperar no processo de reabilitação
Câncer Câncer Câncer depois da cirurgia.
(todos os tipos) (todos os tipos) (todos os tipos) O sucesso do tratamento de fraturas depende de uma avaliação
Doenças Doenças Doenças minuciosa do paciente, não apenas das partes lesadas, e também de
do Coração do Coração do Coração um plano terapêutico formulado, específico para as necessidades do
Homicídio Suicídio Su icíd io paciente. O tratamento deve basear-se na terapia com maior proba-
Suicíd io Hom icíd io Hom icídio bilidade de resultar em cicatrização de tecidos moles e ósseo, com
Doença crônica HIV HIV menor número de complicações.
do fígado/cirrose
Doença Doença hepát ica Doença hepática
cerebrovascu lar crôn ica/ci rrose crôn ica/cirrose CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS
Diabetes me lito Doença Doença
cerebrovascu lar cerebrovascular Quando com binada com uma estimativa da habilidade do cirurgião
e condições das instalações e recursos disponíveis, e também com
Pneumonia e Di abetes m elito Diabetes melito
influenza uma avaliação do perfil do paciente, a classificação da extensão e do
tipo de fratura e das lesões das partes moles ocorridas simultanea-
Anomal ias Pneumonia e Pneumonia e
mente possibilita determinar o melhor tratamento. A análise do
congên itas influenza influenza
padrão de fratura revela a quantidade de energia transmitida para a
De the National Center for Health Statistics: Hea/th, United States, 2010. extremidade e a estabilidade da fratura após a redução, além de
Disponível em http://www.cdc.gov/nchs/hus.htm. alertar o cirurgião para padrões de maior risco da lesão. A clas-
sificação também torna possível que o cirurgião monitore os
resultados e compare-os com os de outros cirurgiões e pesquisa-
dores; além disso, fornece base para a avaliação de novos métodos
terapêuticos.
conhecimento dos efeitos sistêmicos do trauma, incluindo compro- A classificação ampliada da Orthopaedic Trauma Association
metimento imunológico, desnutrição, lesão neurológica e disfunção (OTA) (Fig. 53- 1) correlaciona a codificação da fratura com os
pulmonar e gastrointestinal ao planejar tanto o momento como o tipo códigos CID -1 Oampliados para diagnóstico e tratamento. Quando
de intervenção cirúrgica necessária. A escolha do tratamento da fra- possível, incorpora sistemas de classificação mais conhecidos,
turas não é uma decisão clara, devido ao número de opções terapêu- como a Judet e Letournel para fraturas do acetábulo, e a de Neer
ticas disponíveis, cada uma com seus benefícios e complicações para as lesões proximais do úm ero. Sistemas de ava liação de segui-
potenciais. Logo, é essencial um conhecimento completo dos princí- mento foram criados para possibilitar avaliações pós-operatórias
pios subjacentes, para que seja determinado o procedimento correto consistentes. A mais recente atualização de 2007 da classificação
e o momento adequado para sua realização. OTA inclui a classificação AO. A classificação alfanumérica AO é
O objetivo do tratamento das fraturas é obter consolidação na o resultado do trabalho internacional de diversos profissionais,
posição mais anatômica compatível com o retorno funci onal com base em informações do Centro de Documentação AO e suas
máximo da extremidade. Devido à impossibilidade de intervir cirur- experiências clínicas. Tal sistema baseia-se nas características mor-
gicamente sem acrescentar prejuízos para a extremidade, a técnica fológicas e na localização da fratura. Foi aplicado a 2.700 fraturas
escolhida deve minimizar os danos às partes moles e a lesão óssea. da diáfise tratadas cirurgicamente, com correlação da ideologia do
A redução anatômica obtida às custas de desvascularização total da sistema; foi especificamente ava liado em 400 fraturas da diáfise
fratura não é um procedimento bem planejado e bem executado. As tíbia e da fíbula. Com o aumento da gravidade do padrão de
tensões mecâni cas que serão aplicadas à extremidade e a fixação fr atura, houve correlação en tre os danos resultantes e a progressão
prevista também devem ser consideradas. Finalmente, o estado de do tipo e grupo. Ambos os sistemas de classificação são detalhados
saúde geral do paciente e os riscos da cirurgia devem ser pensados e complexos, e o leitor deve rá consultar as refe rências, para discus-
para determinar a melhor terapia. sões complementares.
Qualquer tipo de fixação é, na melhor das hipóteses, um
dispositivo de imobilização com uma vida útil limitada. Há uma
corrida contínua entre a falha de fixação e a consolidação óssea. CLASSIFICAÇÃO DE LESÕES DE
O problema consiste em identificar a terapia que resultará na união PARTES MOLES
da fratura mais previsível e ace itável, com um número mínimo
de complicações. Antes de tentar redução aberta e fixação interna Do mesmo modo que a lesão óssea precisa ser classificada para
complicada, os cirurgiões devem considerar a sua própria forma- avaliar a fratura adequadamente e confirmar os resultados para estudos
ção e habilidade cirúrgica, além de estarem familiarizados com comparativos, também devemos avaliar as lesões de partes moles.
o procedimento proposto. A instituição em que o procedimento Ferimentos abe rtos foram classificados de várias maneiras. Gustilo
será realizado também deverá ser considerada. É imprescindíve l e Anderso n, em 1976, desc reveram seus tratamentos de 1.025
que a equipe esteja familiarizada com a técnica proposta e a ins- fraturas expos tas, com a aplicação de um sistema de classificação
trumentação, e um conjunto completo de todos os inst rum entos que oferecia informação prognóstica com relação ao resultado de
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

Linear

Transverso Oblíquo Espiral

Cominuídas

Cominuição < 50% Cominuição ;:,, 50% Cunha < 50% Cunha ;:,, 50%

Segmentares

Dois Níveis Três Níveis ou Mais Divisão Longitudinal Cominuída

Perda Óssea

Perda Óssea < 50% Perda Óssea ;:,, 50% Perda Óssea Completa

O@ilifüliJ9 Classificação das fraturas de ossos longos (ver texto) Orthopaedic Trauma Association (OTA). (De Gusti lo RB: The fracture
classification manual, St. Louis, 1991, Mosby.)
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA tlifll

O@ll;ffllim Classificação de Gustilo-Anderson de feridas de fraturas exposta. A, Fratura exposta da patela do tipo 1 e fratura
exposta da diáfise da tíbia do tipo li. B, Fratura exposta do tipo lllA com laceração extensa da pele e dos músculos envolvendo quase
toda perna. C, Fratura exposta do tipo lllA da tíbia com extensa remoção do periósteo, mas sem contaminação maciça. D, Fratura
exposta do tipo lllB da tíbia estabilizada com fixação externa. E, Fratura exposta do tipo lllC do terço proximal do úmero.

fraturas infectadas. Em 1984, este sistema foi modificado e seus Esta classificação tem significado prognóstico e será discutida
resultados, atualizados. A classificação modificada baseia-se no com detalhes mais adiante, na seção de fraturas expostas. Outras
tamanho do ferimento, lesão das partes moles periosteais, desnuda- classificações incluem a de Tscherne e Gotzen, que é amplamente
mento periosteal e lesão vascular (Fig. 53-2). utilizada na Europa . As fraturas fechadas são divididas em graus O
• Tipo I: ferimento limpo menor que 1 cm de comprimento. até 3 (Fig. 53-3). As fraturas expostas são divididas em graus 1 até
• Tipo II: laceração maior que 1 cm de comprimento, mas não 4 (Tabela 53-2). Esse sistema inclui danos nos tecidos moles e
apresenta grandes danos de tecidos moles, retalhos de pele ou síndrome compartimentai, que não estão incluídos em outros
avulsões. esquemas de classificação. O grupo AO-ASIF acrescentou à sua clas-
• Tipo IIIA: extensas lacerações nos tecidos moles ou ambas, mas sificação ampliada de fraturas um esquema de classificação para
mantendo adequada cobertura óssea com tecidos moles; ou partes moles que se assemelha ao de Tscherne e Gotzen. Esta clas-
aquelas que resultam de traumas de alta energia, independente- sificação inclui lesões fechadas e abertas, lesões musculotendíneas e
mente da dimensão da ferida (segmentares, cominuição grave) . lesões neurovasculares (Quadro 53-1). Foi proposta uma série de
• Tipo IIIB: extensa perda de tecidos moles, com desnudamento outros sistemas de pontuação de trauma, incluindo o Trauma Score
periosteal e exposição óssea; em geral, são maciçamente (TS), Revised Trauma Score (RTS), Injury Severity Score (ISS),
contaminadas . Modified Abbreviated Injury Severity Scale (MISS), Pediatric
• Tipo IIIC: fraturas expostas com lesão arterial que exige repara- Trauma Score (PTS), Nerve Injury, Ischemia, Soft Tissue Injury,
ção, independentemente do tamanho do ferimento. Skeletal Injury, Shock, and Age of Patient Score (NISSA) e Hanover
lllm) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

h[dlhfül!m Sistema de classificação de lesões dos tecidos moles em fraturas fechadas. A, Grau O - pouca ou nenhuma lesão dos
tecidos moles. B, Grau 1 - abrasão superficia l com contusão local da pele ou músculo. C, Grau 2 - Abrasão contaminada profunda com
contusão local da pele e músculo. D, Grau 3 - contusão extensa ou esmagamento da pele ou destruição de músculo .

• Grau 1

Grau 2
_
53 2
Classificação Tscherne para
Fraturas Tibiais Expostas
Lacerações da pele através de um
fragmento ósseo (de dentro para fora),
pouca ou nenhuma contusão da pele
Qualquer tipo de laceração da pele com
Ili
Scale
1
2-4
5
53
_1 Classificação AO-ASIF das Lesões
de Partes Moles

Normal (exceto fraturas expostas)


Gravidade crescente da lesão
Situação especial
contusão circunscrita da pele ou partes
moles e contaminação moderada; pode Lesões Cutâneas (Fraturas Fechadas)
ocorrer com qualquer tipo de fratura IC 1 Sem lesão cutânea
Grau 3 A fratura deve apresentar grave lesão das IC 2 Sem lacera ção cutânea, mas com contusão
partes moles, frequentemente com IC 3 Desen luvamento circunferencia l
importante lesão vascular e/ou nervosa: IC 4 Desen luva mento fechado extenso
todas as fraturas acompanhadas de IC 5 Necrose por contusão
isquemia e grave cominuição óssea
Lesões Cutâneas (Fraturas Expostas)
pertencem a esse grupo, e também
10 1 Ruptura da pele de dentro para fora
aquelas associadas à síndrome
10 2 Ruptura da pele < 5 cm , bordas contusas
compartimentai
10 3 Ruptu ra da pele > 5 cm, bordas desvitalizadas
Grau 4 Amputação subtotal e total, definida
10 4 Contusão em toda espessura, avulsão, defeito das
como separação de todas as estruturas
partes moles, lesão muscu lotendínea
anatômicas importantes, especialmente
vasos principais com isquemia total; as LesãoMusculotendínea
partes moles remanescentes podem não MT 1 Sem lesão muscular
exceder 1/4 da circunferência da MT 2 Lesão circunferencial, apenas um compartimento
extremidade (qualquer revascularização é MT 3 Lesão considerável, dois compartimentos
classificada como lesão de grau 3) MT 4 Defeito muscu lar, laceração do tendão, contusão
extensa
MT 5 Síndrom e compartimentai/lesão por esmagamento
Lesão Neurovascular
Fracture Scale-97 (HFS-97) . Esses sistemas de classificação tentam NV 1 Sem lesão neurovascular
quantificar o grau de lesões dos tecidos moles em relação à fratura NV 2 Lesão nervosa isolada
e o potencial de infecção ou outros problemas que afetam a con- NV 3 Lesâo vascular loca lizada
solidação. Um a avaliação do sistema de classificação de fratura NV 4 Lesão vascular segm entar extensa
AO/OTA, no entanto, descobriu que os pacientes com fraturas do NV 5 Lesão neurovascular combin ada , inclusive amputa-
tipo e tiveram desempenho funci onal e limitação signifi cantemente çã o subtotal ou comp leta
piores, quando comparados com pac ientes com fraturas do tip o B, De German G, Sherman R, Levin LS: Decision-making in reconstructive surgery
mas não foram acentuadamente diferentes dos pacientes com fratu- upper-extremity, New York, 1999, Springer-Verl ag.
ras do tipo A, sugerind o que a classificação AO/OTA pode não ser
um bom indicador de desempenho funcional e diminui ção da capa-
cidade em pacientes que tenham fra turas unilaterais e isoladas da
extremidade inferi or.
Em 2010, o comitê de classificação da OTA recomendou um Isso proporciona uma abordagem sistêmica para classificação no
novo esquema de classificação para as fra turas expostas. Este novo momento do atendimento inicial, antes do tratamento defi nitivo. Tal
sistema utiliza cinco categorias de avaliação: lesões na pele, lesões mus- como acontece com a maioria dos sistemas de classificação, sua
culares, lesões arteriais, contaminação e perda óssea (Quadro 53-2). complexidade pode torn á-la menos reprodutível para uso geral.
CAPÍTULO 53 PRINCIPIOS GERAIS DE TRATAM ENTO DE FRATURA


breve possível, para um centro especializado em atendimento de
_ Classificação proposta de fraturas
53 2 expostas (OTA 2010) politraumatizados.
Desde o início da década de 1990, a ênfase tem sido na assis-
Pele tência rápida e total de pacientes politraumatizados, incluindo a
1 . Pode ser aproximada estabilização de fraturas. A frequência de complicações pulmonares,
2. Não pode ser aproximada como a síndrome de angústia respiratória do adulto, síndrome de
3. Desenluvamento extenso embolia gordurosa e pneumonia, foi correlacionada com o tempo e
o tipo de tratamento de fraturas de ossos longos. Foi relatado
Músculo aumento estatisticamente significativo na morbidade, nas complica-
1. Nenhum músculo na área, sem necrose muscular apre- ções pulmonares e no tempo de permanência hospitalar em pacien-
ciável, algumas lesões musculares com a função muscu- tes nos quais a estabilização de grandes fraturas foi adiada. Um
lar intacta grande estudo multicêntrico também relatou redução da mortali-
2. Perda de massa m uscu lar, mas o múscu lo permanece dade quando o cuidado precoce total foi implementado.
funciona l, algumas necroses loca lizadas na zona da lesão Mais da metade dos pacientes politraumatizados tem fraturas
que requerem excisão, unidade músculo-tendão intacta e/ou luxações, e o cirurgião ortopédico desempenha papel funda-
3. Músculo morto, perda da função muscular, excisão do mental na equipe de trauma. O tratamento das lesões ortopédicas
compartimento tota l ou parcial, ruptura completa de pode ter efeito significativo na recuperação funcional do paciente, e
uma un idade múscu lo-tendão, defeito muscular não pode salvar o membro lesionado ou a vida do paciente, como no
aproxima caso da aplicação de um fixador externo anterior em um paciente
Arterial com lesão pélvica em livro aberto que permanece hemodinamica-
1. Nenhuma lesão mente instável, apesar da reposição inicial agressiva de líquido e
2. Lesão da artéria sem isquem ia sangue. Fraturas expostas, lesões pélvicas ou acetabulares com lesões
3. Lesão da artéria com isquem ia geniturinárias associadas e fraturas das extremidades acompanha-
das de lesões vasculares são outros exemplos de situações em que a
Contaminação
comunicação e a coordenação entre os diversos membros da equipe
1. Contam inação ausente ou mín ima
2. Contaminação superficial (faci lmente removida, não
são essenciais.
Para diminuir as complicações pulmonares e outras sequelas de
incorporada no osso ou tecidos moles profundos)
decúbito forçado, é necessário que haja a estabilização precoce de
3. a. Incorporada nos ossos ou tecidos moles profundos
fraturas da coluna vertebral, pelve e acetábulo, assim como fra-
b. Condições ambientais de alto risco (p. ex., curral,
turas em grandes articulações; no entanto, o tratamento dessas
matéria fecal, água suja)
fraturas requer habilidades cirúrgicas mais complexas, equipamentos
Perda Óssea especiais e, frequentemente, monitoramento neurológico. O "controle
1. Nenhuma de danos ortopédico" na forma de imobilização rápida das fraturas
2. Falta de osso ou desvascularizada, mas ainda existe algum com fixador externo para obter estabilidade e recuperar compri-
contato entre fragmentos proximal e distal mento, enquanto possibilita avaliação completa da extremidade, é
3. Perda óssea segmentar agora o tratamento padrão (Fig. 53-4). O tratamento cirúrgico não
deve ser realizado se a estabilização hemodinâmica não for obtida,
De Orthopaedic Tra uma Associati on: Open Fracture Study Group: A new clas- se as condições potencialmente fatais não foram resolvidas ou se as
sification scheme for open fractures, J Orthop Trauma 24:457, 201 O. avaliações laboratoriais e radiográficas forem inadequadas para a
formulação de um plano cirúrgico satisfatório.
As medidas de controle de danos ortopédicos podem ser rea-
lizadas no departamento de emergência ou área de reanimação, em
circunstâncias especiais. Embora as complicações de infecção nos
PRINCÍPIOS TRAUMATOLÓGICOS trajetos dos pinos e, em menor grau, a trombose venosa profunda
tenham ocorrido com o uso de controle de danos ortopédicos, con-
O tratamento de pacientes politraumatizados depende de recursos sistindo em fixação externa de emergência, muitos cirurgiões con-
adicionais, os quais, muitas vezes, não estão disponíveis em peque- tinuam usando essa fixação até a consolidação da fratura. Uma
nos hospitais comunitários. Talvez não haja recursos de equipamento redução significativa na frequência da síndrome da angústia respi-
e de pessoal de apoio médico e de enfermagem para estabilização ratória do adulto tem sido observada em pacientes com fratura de
aguda de fraturas e ossos longos, da pelve e da coluna vertebral, em fêmur fixada externamente, em comparação com pacientes com
conformidade com os atuais protocolos dos centros traumatológi- fixação por hastes. Em um estudo prospectivo, randomizado e mul-
cos. Foi documentado que o tratamento realizado em um centro ticêntrico, citocinas inflamatórias foram medidas nas fraturas do
traumatológico de nível 1 e 2 melhora as condições e a sobrevida fêmur tratadas com haste imediata e com fixação externa imediata.
dos pacientes politraumatizados. Além disso, o tempo de interna- Uma resposta inflamatória foi observada com a fixação intramedu-
ção e os custos do tratamento são, significativamente, menores em lar, mas não com a fixação externa. Não houve diferença nas com-
pacientes que são tratados inicialmente em centros traumatológi- plicações clínicas, e o número total de participantes era pequeno.
cos em relação aos transferidos de outros locais para um centro de O conceito de controle de danos em cirurgia do trauma é atualmente
referência em traumatologia. No entanto, pacientes transferidos objeto de intensa avaliação. Temos achado que este conceito é útil
para centros de trauma a partir de serviços não especializados no tratamento de fraturas complexas em uma situação de emergên-
apresentam menor taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias. Para cia. As complicações ocorreram, principalmente, em pacientes que
pacientes com lesões múltiplas, a melhor gestão, em termos de não apresentaram melhora clinica suficiente que possibilitasse a
qualidade dos cuidados e de economia, é a transferência, o mais conversão para JLxação definitiva.
lllm!> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

H@l@imlt Contro le de da nos ortopé-


dicos. A, Fratura tibia l exposta do tipo lllA. B,
Estabi lização com fixação externa .

Politraumatismo e procedimentos de reanimação, muitas vezes O sistema Advanced Trauma Life Support (ATLS), desenvolvido
necessários em pacientes com múltiplas lesões, resultam na ativação pelo Colégio Americano de Cirurgiões, é o método mais utilizado
de fatores celulares com efeitos sistêmicos, incluindo fatores inflama- para a avaliação de pacientes politraumatizados. A avaliação baseia-
tórios, imunológicos e hemodinâmicos, os quais são mediados por se no mnemônico ABCDE:
substâncias químicas conhecidas como citocinas. A elevação de cito- Vias aéreas (Airways), que devem estar livres e desobstruídas.
cinas está associada à disfunção orgânica. O politraumatismo também Respiração (Breathing), que deve ser o mais normal possível, dadas
está associado a uma síndrome da resposta imune sistêmica, uma as circunstâncias, com oxigenação normal.
reação inflamatória difusa mediada por citocinas e outras substâncias Circulação (Circulation), tanto central como periférica; o objetivo é
químicas em resposta às lesões dos tecidos maciços. O controle de um bom preenchimento capilar de todas as extremidades e a
danos ortopédicos é um método utilizado para manejar o duplo manutenção de uma pressão sanguínea normal.
insulto causado pelas lesões e pela cirurgia, a qual pode potencializar Incapacidade (Disability), que inclui lesões neurológicas, musculo-
ainda mais a resposta inflamatória. esqueléticas, urológicas e reprodutivas. Essas lesões, embora
Estima-se que 5 a 20% dos pacientes co m politraumatismo têm raramente fatais, podem resultar em incapacidade grave a longo
lesões que não são reconhecidas durante o exame físico inicial, prazo.
devido a fatores como alteração do nível de consciência ou instabi- Ambiente (Enviroment). Muitas dessas lesões não ocorrem em uma
lidade hemodinâmica, os quais impossibilitam um exame ortopé- situação isolada e podem resu ltar em contaminação, o que pode
dico completo, uma lesão mais evidente na mesma extremidade e expor os cuidadores à doença.
radiografias iniciais inadequadas. Um novo exame ortopédico Do ponto de vista ortopédico, os protocolos de avaliação mus-
depois da estabilização das lesões mais graves deve identificar qual- culoesqueléticos e neurológicos são extremamente importantes na
quer lesão que tenha passado despercebida e possibilitar seu trata- determinação do tipo e extensão da lesão. Alguns problemas mus-
mento imediato. Estudos têm indicado que a avaliação tomográfica culoesqueléticos que ameaçam o membro e a própria vida do
da coluna cervical e da pelve diagnosticam mais lesões em relação paciente incluem hemorragia por ferimentos e fraturas, infecções
à triagem inicial e a radiografi as simples. por fraturas expostas, perda de membro a partir de lesão vascular e
O acompanhamento de um paciente que sofreu várias lesões síndrome compartimentai, e perda da função por lesões neurológi-
requer métodos de avaliação e tratamento que sejam muito específicos. cas medulares ou periféricas. Sangramento oculto e perda sanguínea
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA fm:llll
sem causa aparente a partir de vários locais, com instabilidade e de alto valor. Estudos recentes confirmaram que o fechamento da
hemodinâmica concomitante, são os principais fatores de preocu- ferida pode ser feito na maioria das fraturas expostas (até Gustilo
pação no que diz respeito à avaliação da circulação. A hemorragia -Anderson, tipo IIIA), sem risco significativo e com diminuição da
decorrente de múltiplas fraturas, especialmente de ossos longos e morbidade e permanência hospitalar. Além disso, os requisitos para
da pelve, exige estabilização precoce de lesões para minimizar o utilização de antibioticoterapia profilática estão sendo questionados.
sangramento. Uma recente revisão da literatura sobre o uso de antibióticos profi-
O que deve ser considerado primeiro no tratamento é o estado láticos revelou má qualidade e conclusões questionáveis nos estudos
geral do paciente. São necessárias medidas emergenciais para com- utilizados para desenvolver as atuais recomendações. Alguns autores
bater a dor, a hemorragia e o choque. A hemorragia deve ser con- têm questionado a rápida administração de antibioticoprofilaxia,
trolada com pressão local. Torniquetes raramente são recomendados, dentro de 2 horas após a admissão de um paciente com uma fratura
em virtude do risco de a lesão expandir-se para nervos e por todo exposta, bem como o tipo de antibiótico e o período de tempo que
o membro. Também não é recomendável o uso às cegas de uma este é administrado. Por fim, vários estudos têm demonstrado ser
pinça hemostática na ferida, por causa do risco de lesão a nervos desnecessária a exigência estrita de desbridamento formal e irriga-
periféricos situados nas proximidades dos vãos. Desde o momento ção de todas as fraturas expostas dentro de 6 horas da chegada, pelo
da lesão até o paciente ser preparado para a cirurgia, a ferida deve menos para fraturas tipos I, II, e IIIA de Gustilo-Anderson.
ficar protegida por um curativo estéril, e a extremidade deve ser
imobilizada para evitar lesões adicionais das partes moles com o
movimento dos fragmentos ósseos cortantes.
• FRATURAS EXPOSTAS CAUSADAS POR ARMAS
O histórico médico deve constar quando e em que local DE FOGO
ocorreu a lesão. O exame deve determinar a extensão e o tipo de A avaliação de um paciente com uma fratura exposta causada por
ferimento de partes moles, e também a existência de qualquer lesão arma de fogo deve incluir radiografias anteroposteriores e laterais
vascular ou neurológica. A lesão vascular ou síndrome comparti- da área lesionada, incluindo as articulações situadas acima e abaixo.
mentai deve ser tratada rapidamente para evitar a isquemia tecidual, A artrografia pode ser necessária para identificar a penetração da
que, se presente por 8 horas ou mais, pode causar lesão muscular e articulação por um projétil. Tomografia computadorizada (TC) deve
neurológica irreversível (Cap. 48). Um estudo experimental canino ser utilizada para determinar a localização precisa do projétil em
verificou que os danos irreversíveis do músculo ocorreram com casos de envolvimento da coluna ou da pelve, além de ser útil na
pressões teciduais 10 mmHg inferiores à pressão arterial diastó- avaliação de fraturas articulares. Se houver suspeita de lesão vascu-
lica, ou com pressões dentro da faixa de 30 mm Hg da pressão lar, a angiografia ou arteriografia pode ser necessária para confirmar
arterial média. Este estudo enfatizou que, em vez de um valor de o diagnóstico. Na prática clínica civil, os ferimentos por armas de
pressão absoluta do tecido, uma diferença entre a pressão tecidual fogo são de três tipos distintos: (1) ferimentos de pistola de baixa
e pressão diastólica de 10 a 20 mm Hg é indicação para realização velocidade ou rifle, (2) ferimentos de rifle de alta velocidade, e (3)
imediata de fasciotomia. feridas de espingarda de curto alcance. Em feridas de pistola e rifles
Devem ser obtidas radiografias para determinar a extensão de baixa velocidade, os danos nos tecidos moles geralmente são
e as características da lesão óssea. A extensão da lesão dos tecidos mínimos, e o desbridamento extenso é desnecessário (Fig. 53-5). Os
moles, por vezes, não pode ser determinada até a exploração ferimentos de entrada e saída são pequenos. Em geral, eles não reque-
cirúrgica. O tempo transcorrido desde a lesão, o tipo e a extensão rem fechamento, e apenas suas bordas cutâneas necessitam de desbri-
dos danos dos tecidos moles têm uma relação direta com a escolha damento. Em ferimentos causados por projéteis de baixa velocidade,
do tratamento. Traumas de alta velocidade ou de alta energia resul- a irrigação e o desbridamento local, a profilaxia do tétano, e uma dose
tam em lesão mais extensa, tanto para os tecidos moles quanto única intramuscular de uma cefalosporina de ação duradoura têm
para o osso, trazendo consigo um prognóstico muito mais incerto sido tão eficazes quanto a antibioticoterapia endovenosa por 48 horas.
de cura em relação aos traumatismos de baixa velocidade ou de Além disso, as vias de administração oral e endovenosa de antibióti-
baixa energia . A condição geral do paciente, a presença de lesões cos mostraram-se igualmente efetivas para a profilaxia contra a
associadas e vários outros fatores influenciam no tratamento e no infecção. A infecção neste tipo de ferida é rara. Um protocolo de
resultado final. tratamento proposto para fraturas intra-articulares inclui 1 a 2 dias
de profilaxia antibiótica para lesões em que o projétil atravessou a
pele "limpa" ou roupas, e 1 a 2 semanas de antibiótico de amplo
FRATURAS EXPOSTAS espectro para feridas em que o projétil penetrou o pulmão, intestino
ou pele e/ou roupas grosseiramente contaminadas. Os ferimentos
As fraturas expostas são emergências cirúrgicas que, talvez, deve- civis por projéteis foram classificados de acordo com energia, estru-
riam ser encaradas como amputações incompletas. Tscherne descre- turas vitais envolvidas, características do ferimento, fraturas e grau
veu quatro períodos de tratamento de fratura exposta: preservação de contaminação. Essa classificação, no entanto, é complexa, não foi
da vida, preservação do membro, prevenção de infecção e preserva- validada e não oferece diretrizes para o tratamento.
ção funcional. O primeiro período, ou pré-antissético, durou até o Alguns ferimentos por arma de fogo podem ser tratados com
século XX. A era de preservação do membro abrangeu duas guerras antibióticos orais ambulatoriais após uma dose única de cefalospo-
mundiais, mas foi marcada por uma alta incidência de amputações rina intravenosa. Dickson et ai. reportaram que urna infecção super-
e resultante interesse em projetos protéticos de membros artificiais. ficial ocorreu em apenas 1 dos 41 pacientes (44 fraturas) com
A terceira era durou até meados dos anos 1960, época na qual a fraturas expostas tipo I ou II de Gustilo, causadas por projéteis de
atenção concentrou-se em evitar infecções e uso de antibióticos. baixa velocidade, que foram tratadas seguindo o protocolo ambula-
A quarta era - preservação funcional - foi caracterizada por desbri- torial: toxoide tetânico (0,5 mL), irrigação e desbridamento local da
damento agressivo da ferida, estabilização definitiva da fratura com ferida, redução fechada (se necessário), colocação de um curativo
fixação interna ou externa e retardo no fechamento da ferida. ou tala, 1 g de cefazolina endovenosa e 500 mg de cefalexina por via
A quinta era atual é um produto de atendimento ao trauma rápido oral, 4 vezes por dia, durante 7 dias.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

li!§i@i1i19 Ferimento com projétil de baixa velocidade


no fêmur; observe o mínimo de interrupção dos tecidos moles.

e desbridamento de todos os tecidos moles desvitalizados, devendo


ser deixadas abertas para fechamento primário ou secundário, depen-
dendo da natureza da lesão. Em situações que envolvem rifles de curto
alcance, o dano aos tecidos mole e ósseo é extenso. A menos que a
ferida transpasse a parte atingida de um lado ao outro, o material de
preenchimento do cartucho fica retido em seu interior. Nesses casos,
todos os resíduos do projétil devem ser encontrados e retirados, e os
tecidos moles desvitalizados, excisados. Não há necessidade de
remover todo o chumbo do cartucho; ao que parece, esse material
causa pouca reação, e as tentativas de removê-lo podem causar danos
maiores. Contudo, projéteis e fragmentos de bala devem ser removi-
dos de locais intra-articulares ou intrabursais, visto que podem causar
complicações de desgaste mecânico, sinovite ou intoxicação sistémica
por chumbo. Esta pode ocorrer em 2 dias e, no máximo, 40 anos após
a lesão intra-articular por arma de fogo. Essas feridas também devem
ser deixadas abertas e, mais tarde, fechadas .
A utilização de hastes intramedulares bloqueadas em fraturas
de fêmur apresenta êxito semelhante, independentemente da reali-
zação imediata ou tardia. Contudo, em casos de fraturas por arma
de fogo, o tratamento imediato com este tipo de implante está asso-
ciado a menor tempo de internamento e diminuição significativa de
despesas hospitalares, sem causar prejuízos nos resultados clínicos
em relação ao tratamento tardio. Atualmente, preferimos a fixação
intramedular com bloqueio estático para a maioria das fraturas de
diáfise femoral de baixa e média velocidade, inclusive a maioria
das fraturas subtrocantéricas e supracondilares. As fraturas do
fêmur de alta velocidade podem ser temporariamente estabilizadas
h@lhfflE!m Ferimento com projétil de alta ve locidade com fixação externa, até que a cicatrização das partes moles seja
no úmero. satisfatória; então, cerca de 2 semanas após a lesão, faz-se a fixação
intramedular com hastes. Algumas fraturas causadas por projéteis
de alta velocidade podem ser imediatamente tratadas com a apli-
cação de hastes intramedulares não fresadas . Pode haver necessi-
Em ferimentos causados por rifle e espingarda de alta veloci- dade de amputação primária em casos de lesões graves de partes
dade, os da.nos aos tecidos moles e osso são enormes, e a necrose moles que envolvam lesão vascular e/ou neurológica. Em uma
tecidual é extensa (Fig. 53-6). Essas feridas devem ser tratadas do série de 52 fraturas femorais acompanhadas de lesões arteriais tra-
mesmo modo que os ferimentos de guerra; exigindo ampla exposição tadas no nosso centro traumatológico local de nível l, a preservação
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA f.lm

iê!§ii;tijlila A, Fratura tibial exposta do tipo lllB com lesão vascular. B, Aparência radiográfica. C e D, Após fixação com haste
intramedular bloqueada .

do membro fo i bem-sucedida em 32 casos (61,5%) . Foram salvos antibioticoterapia sem artrotomia, todas as lesões transabdomi-
todos os 22 membros nos quais as fraturas femorais foram estabili- nais necessitaram de artrotomia imediata. Os projéteis deixados
zadas com hastes intramedulares, tanto inicialmente (16) quanto em contato com líquido articular resultaram na destruição da
depois da tração ou fixação externa. A amputação primária foi articulação ou infecção. Tendo em vista que todas as fraturas do
necessária em 8 membros com lesões por projétil de alta velocidade, colo femoral deslocadas tratadas com fixação interna tiveram
amputações secundárias em 9, e 3 pacientes morreram em consequên- resultados insatisfatórios, a artroplastia de quadril ou artrodese
cia de outras lesões. Nenhuma interrupção da anastomose ocorreu foi recomendada para tratamento definitivo dessas lesões.
em pacientes nos quais a reparação vascular precedeu a fixação da
fratura (Fig. 53-7).
A fixação externa pode ser apropriada para lesões graves (tipo
• AMPUTAÇÃO VERSUS PRESERVAÇÃO DO
III de Gustilo). A fixação de Ilizarov e o fechamento primário retar- MEMBRO
dado têm apresentado baixa taxa de complicação global e de infec- O desenvolvimento de protocolos sofisticados para tratamento de
ção nessas fraturas complexas. fraturas expostas possibilitou a criação de técnicas que resultam em
Em um relatório sobre lesões por arma de fogo no quadril, extremidades preservadas, mas não funcionais. Há preocupação
o melhor teste de diagnóstico para detectar penetração articular quanto à chamada "técnica acima da ra zão': não importando
foi aspiração da articulação, seguida de artrograma. Apesar de os apenas o resultado final de um membro inútil, mas também os
pacientes selecionados terem sido tratados com sucesso com efeitos físicos, psicológicos, financeiros e sociais sobre o indivíduo.
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

ifü=hf4 53-3 Escore de Gravidade para Extremidades Lesionadas

TIPOS CARACTERÍSTICAS LESÕES PONTOS

PARTES MOLES/OSSO
1 Baixa energia Facadas, fraturas fechadas simples, ferimentos por projéteis de pequeno calibre 1
2 Média energia Fraturas expostas ou de vários níveis, luxações, lesões por esmagamento 2
moderadas
3 Alta energia Tiro de espingarda (à queima roupa), feridas de alta velocidade 3
4 Esmagamento intenso Acidentes em madeireira, plataforma de petróleo e ferrovia 4
CHOQUE
Hemodinâmica Pressão arterial estável no local do acidente e na sala de cirurgia o
normotensa
2 Transitoriamente Pressão sanguínea instável no local do acidente, mas responde a
hipotensa líquidos intravenosos
3 Prolongadamente Pressão sanguínea sistólica inferior a 90 mm Hg no local do acidente 2
hipotensa e responde a líquidos intravenosos apenas na sala de operações
ISQUEMIA
Nenhuma Membro pulsátil sem sinais de isquemia O*
2 Leve Pulsos diminuídos sem sinais de isquemia 1*
3 Moderada Sem pulso por Doppler, preenchimento capilar lento, parestesia, 2*
diminuição da atividade motora
4 Avançada Sem pulso, frio, paralisado e dormente, sem enchimento capilar 3*
FAIXA ETÁRIA
1 <30 anos o
2 30-50 anos
3 > 50 anos 2
*Se o tempo de isquemia > 6 horas, adicione 2 pontos.
De Helfet DL, Howey T, Sanders R, Johansen K: Limb salvage versus amputation: preliminary results of the mangled extremity severity score, Clin Orthop
Re/at Res 256:80, 1990.

A amputação inevitável é frequentemente adiada por muito tempo, limiar de amputação (o u acima desse limiar) devem ser utilizados
resultando em aumento das despesas pessoais e sociais e, mais impor- com cautela na determinação do potencial de preservação de uma
tante, morbidade e mortalidade. Em um estudo de fraturas expostas extremidade inferior que sofreu lesão de alta energia.
da tíbia, os pacientes que tiveram o membro preservado apresentaram Mais recentemente, Rajasekaran et ai. propuseram um sistema
mais complicações, foram submetidos a maior número de procedi- de pontuação para fraturas expostas da tíbia do tipo IIIA e IIIB de
mentos cirúrgicos, permaneceram internados por períodos maiores, Gusti lo, que avaliou a cobertura da pele, as estruturas esqueléticas,
além de custos hospitalares elevados em relação aos submetidos a lesão de tendões e nervos e comorbidades (Q uadro 53-3). Usando
amputações precoces abaixo do joelho. Foi maior o número de pacien- este sistema, eles div idi ram 109 fraturas expostas de tíbia do tipo III
tes com preservação do membro que se co nsideraram incapacitados, em qu atro grupos, para avaliar as possibilidades de preservação do
comparados com aqueles tratados com amputação imediata. membro. O grupo 1 teve pontuação de 5 ou menos, o grupo 2 teve
Várias tentativas têm sido feitas para avaliar de modo mais pontuação de 6 a 10, o grupo 3 teve pontuação de 11 a 15 e o grupo
apropriado e identificar padrões de lesões que seriam tratadas mais 4 teve pontuação de 16 ou mais. Uma pontuação de 14 ou mais,
adequadamente por amputação imediata. O escore de gravidade de como um indicador para a amputação, teve sensibilidade de 98%,
extremidade lesionada (MESS) tem como base um sistema de quatro especificidade de 100%, valor preditivo positivo de 100% e va lor
grupos: lesões dos tecidos mole e ósseo, choque, isquemia e idade preditivo negativo de 70%. Estes foram semelhantes às pontuações
(Tabela 53-3) . Alguns estudos descobrira m que os membros com de MESS de 99% de sensibilidade e 97% de valor preditivo positivo,
pontuação de 7 a 12, em última instância, necessitam de am putação; mas ainda melhor qu e a especific idade de 17 e 50% de valor predi-
enquanto pontuação de 3 a 6 resu ltou nos membros viáve is, ao tivo negativo. A alta especificidade deste novo sistema de pontuação
passo que outros não encontraram qualquer utilidade preditiva pode torná-lo um indicador de am putação muito melhor. Atual-
do MESS, Índice de Preservação do Me mbro (LSI) ou Índice de mente, no entanto, o poder de previsão de todos os pontos de lesão
Preservação Preditiva (PSI). A alta espec ificid ade desses métodos de extrem idade permanece baixa.
de ava li ação confirmou que as pontuações baixas poderiam ser
usadas para prever o potencial de preservação do membro, mas • ANTIBIOTICOTERAPIA
as baixas sensibilidades não apo iaram a validade dos pontos como O tratamento de uma fer ida de fratura exposta é, na verdade, um
indicadores de amp utação. Esses sistemas de pontuação parecem exercício de microbiologia aplicada. Uma vez que a barreira da pele
ter utilidade lim itada e não podem ser usados co mo único critério é interrompida, as bactérias entram a partir do meio ambiente local
para determ inar se a amputação é indicada; além disso, os escores e tentam se anexar e crescer (Fig. 53-8). Quanto m aior a zona da
de gravidade de lesões nas extremidades in feriores situados no lesão e mais necrótico o tecido, maior será o potencial para suporte
CAPÍTULO 53 PRIN CÍPIOS GERAIS DE TRATAM ENTO DE FRATURA

Ç114i.l;M 53-3 Pontuação de Gravidade de Lesão de Gustilo para Fraturas Tibiais Expostas do Tipo lllA e lllB

Cobrindo Estruturas: Pele e Fáscia Danos irreparáveis às unidades musculotendíneas, perda


Ferid as sem perda de pele parcial de um compartimento, ou lesão completa do
Feri da não está loca lizada sobre a fratura: nervo tibia l posterior: 3
Expondo a fratura: 2 Perda de um compartimento de unidades musculotendí-
Feridas com perda de pele neas: 4
Feri da não está local izada sobre a fratura : 3 Perda de dois ou mais compartimentos ou amputações
Ao longo da fratura: 4 subtota is: 5
Ferid a circunferencial com perda de pele: 5
Condições de Comorbidade: adicione 2 pontos para
Estruturas Esqu eléticas: Ossos e Articulações cada condição presente
Fratura oblíqua ou transversa ou fragmento em asa de Lesão levando a interva lo de desbridamento > 12 h
borboleta < 50% circunferência: 1 Contaminação de esgoto ou orgânica ou lesões em
Fragmento grande em asa de borboleta > 50% circunfe- fazendas
rência: 2 Idad e > 65 anos
Fratura segmentar ou cominutiva sem perda óssea: 3 Diabetes melito dependente de drogas ou doenças cardior-
Perda óssea < 4 cm: 4 respiratórias leva ndo ao aumento do risco anestésico
Perda óssea > 4 cm: 5 Politrau matism o envolvendo tórax ou abdome com a gra-
Tecidos Funcionais: Unidades Musculotendíneas e vidade da lesão pontuação > 25 ou embolia gordurosa
Nervosas Hi potensão com pressão arterial sistól ica < 90 mm Hg na
Lesão parcia l da unidade musculotendínea: 1 ap resentação
Lesão completa, mas rep arável, para unidades muscu loten- Outro grande prejuízo para o mesmo membro ou síndrome
díneas: 2 compartimenta i

10.000 r-- Fi xação _ _ _ Adesão _____ . Agregação __ ____._ _ _ Dispersão - -

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o Adesão
'

A A A
Oh 24 h 48 h
) Substrato

H!§ii;J.)Li19 Sequência molecular em fixação, aderência, agregação e dispersão bacterianas (B) na superfície do substrato. Várias
poss íveis interações podem ocorrer, depende ndo das características das bactérias e sistema de substrato (nutrientes, contami nantes,
macromoléculas, espécies e materiais). (Modificado de Gristina AG: Biomaterial-centered infection: microbial adhesion versus tiss ue in tegration,
Science 237: 1588, 1987)

nutricional das bactérias. Com a diminuição da circulação no local agora reconhecida como uma complexa interação da glicoproteína
da lesão, o sistema imunológico do corpo está comprometido em bacteriana, qu e protege as bactérias dos leucó citos fagoc itários
sua capacidade de utilizar as defesas celulares e humorais. Uma (Fig. 53-9). Depois que as bactérias invadiram o corpo, ader iram
co rrida então segue entre as bactérias, para estabelecer uma infec- ao substrato celular do hospedeiro e secretaram seu escudo protetor
ção, e do corpo, para mobilizar os mecanismos imunitários suficien- humoral e de glicoproteína, podem então prosseguir com a replicação
tes para combater a infecção. celular, estabelecendo a infecção clínica. Em seguida, o crescimento
A viru lência do organismo infectante depende da sua capaci- das bactérias procede de forma logarítmica até que os nutrientes
dade de aderir ao substrato hospedeiro (p. ex., pele necrosada, fáscia, disponíveis estejam esgotados, o hospedeiro morto ou após as defesas
músculo e osso), da sua patogenicidade e do seu desempenho agres- do hospedeiro neutrali zarem a infecção com sucesso. Se o último caso
sivo para neutralizar as defesas do hospedeiro pelos próprios fatores ocorrer e o hospedeiro sobreviver, as bactérias serão erradicadas ou
humorais e mecânicos das bactérias. A reação de corpo estranho é suprimidas e isoladas, ocasionando osteomielite crônica (Fig. 53-10).
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

Membrana
citoplasmática -,-
Peptidoglicano _ ''.J
Polímero de
expolissacarídeo _ 1_

Forças de
van der Waals -1-

Superfície
de substrato

Antagonistas,
$ defesas do
hospedeiro
T Receptor
y Ligante

h@il;f4 Li19 Em distâncias específica s, forças repulsivas negativas de bactérias e cargas de superfície do substrato iniciais são supe-
radas por meio das forças de at ra çã o de van der Waals. Também há interações hidrofóbicas entre moléculas. Sob co ndições apropriadas,
desenvolve-se extenso polímero exopol issacarideo, ajudando as interações receptoras-lig antes, aderê ncia bacteriana e adesão ao subs-
trato. (De Gristina AG, Oga M, Webb LX, et ai: Adhere nt bacteria l co lonization in the path ogenesis of osteomyelitis, Science 228 :990, 1985.)

Cavidade medular -

Sequestro
em extrusão

O[dii;HmD Sequência da f isiopatogen ia na osteomielite. Na parte superior esquerda, trauma inicial produz destruição de tec idos
moles, fragmentação do osso e contam inação por bactérias. Em feridas fechadas, a contaminação pode ocorrer por dissem inação
hematogênica. Na parte superior direita, assim que a infecçã o progride, a co lon ização bacteriana oco rre dentro do biofilme exopo lis-
sacarideo de proteção, o que é especialmente abundante no fragmento ósseo desvit ali zado, que atua como substrato passivo para a
colonização . Na parte inferior esquerda, as defesas do hospedeiro são mobi li zadas contra a infecção, mas não podem penetrar o
biofi lme. Na parte inferior direita, inflamaçã o prog ress iva e formação de abscesso resultam no desenvolvimento do tra çado sinusa l e,
em alguns ca sos, extrusão fina l de sequestro, que é foco de infecção resistente . (De Grist ina AG, Ba rth E, Webb LX: M icrob ia l adhesi on an d
the pathogenesis of biomaterial-centered infections. ln Gust ilo RB, Gruninger RP, Tsukayama DT, editors: Orthopaedic infection : diagnosis and tre-
atment, Philadelphia, 1989, Saunders.)
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA fim
Em geral, o tratamento de fraturas expostas envolve antibioti- raciocínio. A administração empírica rápida e precoce de antibióti-
coterapia sistêmica pós-operatória. Uma revisão sistemática do cos, conforme determinado por protocolos, tem mostrado ser o
Cochrane em 2004 confirmou o benefício de antibióticos em pacien- meio mais eficaz de prevenir a infecção em fraturas expostas.
tes com fraturas expostas. Esta aval iação mostrou que a administra-
ção de antibióticos após fratura exposta reduz o risco de infecção
em 59%. Os dados revisados apoiaram a conclusão de que um curso TRATAMENTO DE LESÕES DE
curto de cefalosporinas de primeira geração, iniciado assim que PARTES MOLES
possível após a lesão, reduz significativamente o risco de infecção
quando usado em combinação com uma abordagem imediata das O tratamento inicial de feridas abertas antes do transporte para uma
lesões da fratura, de acordo com os princípios atuais da ortopedia. instituição médica deve consistir em pressão sobre a ferida, imobili-
As provas foram insuficientes para apoiar outras estratégias comuns zação de fraturas e aplicação de curativos estéreis. O transporte rápido
de tratamento, tais como cursos prolongados ou cursos de curta para um centro médico apropriado é essencial, porque pode ocorrer
duração repetidos de antibióticos, cobertura antibiótica para bacilos mais contaminação bacteriana com a exposição do tecido ao ar. Índice
Gram-negativos ou espécies clostridianas, ou o uso de terapias anti- de 3,5% de infecção foi encontrado em pacientes que foram tratados
bióticas locais, tais como contas. em w11 centro traumatológico no espaço de tempo de 20 minutos, a
A maioria dos protocolos recomenda a utilização de um anti- contar da ocorrência da lesão, comparado com 22% de infecção em
biótico de amplo espectro, normalmente uma cefalosporina de pri- pacientes que chegaram ao centro traumatológico provenientes de
meira geração, com a adição de um aminoglicósido, como gentamici.na outro hospital, dentro de 10 horas da ocorrência da lesão.
ou tobramicina, para feridas altamente contaminadas, nos quais há Na sala de emergência, a rápida avaliação da condição do
risco de contaminação por bactérias Gram-.negativas (Gustilo tipo III). paciente, o desbridarnento imediato e a irrigação da ferida são essen-
Se houver possibilidade de existir microrganismos anaeróbicos, como ciais. O desbridarnento e a irrigação têm sido usados na prevenção
Clostridium, são recomendadas altas doses de penicilina. A duração de infecções pós-traumáticas apenas desde a Primeira Guerra
do tratamento com antibiótico deve ser limitada, pois, na maioria das Mundial. DePag, um cirurgião belga, introduziu o conceito de des-
séries, os organismos infectantes são adquiridos em hospitais. Gustilo bridarnento de tecido desvitalizado e fechamento da ferida tardio
recomendou a administração de 2 g de cefalosporina na adm issão e com base em urna avaliação bacteriológica da ferida. Desde então,
1 g a cada 8 horas, por 3 dias, apenas em fraturas expostas dos tipos essa estratégia tem sido combinada com irrigação, constituindo-se
I e II. Nas fraturas expostas tipo III, ele recomendou um aminoglico- no principal pilar do tratamento de ferimentos abertos, especial-
sídeo em doses de 3 a 5 mg/kg por dia, acrescentando penicilina, 10 mente os associados a fraturas.
a 12 milhões U diárias para os ferimentos ocorridos na zona rural. Os passos seguintes são recomendados para lesões abertas:
Gustilo mantém a antibioticoterapia dupla por apenas 3 dias e repete 1. Tratar as fraturas expostas como emergências.
o mesmo esquema de antibióticos no momento de fechamento das 2. Fazer uma avaliação inicial completa para diagnosticar lesões
feridas, fixação interna e enxerto ósseo. Mais recentemente, Okike e que ameacem a vida e o membro do paciente.
Bhattacharyya recomendaram a administração de cefazoli.na, 1 g, por 3. Iniciar antibioticoterapia adequada no departamento de emer-
via endovenosa, a cada 8 horas até 24 horas após o ferimento ser gência ou, no máximo, na sala de cirurgia, e continuar o tra-
fechado, com gentamicina endovenosa (com a dosagem de peso ajus- tamento por 2 ou 3 dias apenas.
tada) ou levofloxacina (500 mg a cada 24 horas) adicionado para 4 . Desbridar imediatamente a ferida retirando o tecido contami-
fraturas do tipo III. Devido ao seu efeito .negativo sobre a cura, as nado e desvitalizado, irrigar copiosamente a área e repetir o
fluoroquinolonas não devem ser usadas para a profilaxia antibiótica desbridamento dentro de 24 a 72 horas.
em pacientes com fraturas expostas. 5. Estabiliza r a fratura com o método determinado na avaliação
Apesar de existir um consenso geral sobre a eficácia do trata- inicial.
mento com antibiótico nas fraturas expostas, o debate está em curso 6. Deixar o ferimento aberto (controverso).
sobre a duração, o modo de administração e o tipo de antibióticos. Um 7. Realizar enxerto ósseo esponjoso autógeno cedo.
estudo prospectivo duplo-cego mostrou taxa de infecção de 13,9%, sem 8. Reabilitar a extremidade envolvida de forma agressiva.
antibióticos, em comparação com uma taxa de infecção de 2,3% com o Em geral, a incidência relatada de infecção da ferida é de O a
tratamento de cefalosporina, mas esses resultados têm sido questiona- 2% nas fraturas tipo I, 2% a 7% nas fraturas tipo II, 10% a 25% em
dos, e o número de estudos confiáveis nesta área é muito limitado. todas as fraturas tipo III, 7% nas fraturas tipo IIIA, 10% a 50% nas
Outro estudo descobriu que um regime diário, com altas doses de fraturas tipo IIIB e 25% a 50% nas fraturas tipo IIIC. Taxa de ampu-
antibióticos, foi tão eficaz quanto um regime de baixa dose dividido. tação de 50% ou mais foram relatadas nas fraturas tipo IIIC.
O momento adequado para obter culturas de feridas abertas As lesões dos tecidos moles associadas a fraturas fechadas
também é controverso. Acredita-se que um pequeno número de podem ser mais graves, embora sejam menos evidentes qu e as de
bactérias presentes antes do desbridamento, eventualmen te, cause a fraturas expostas. Nos casos em que o cirurgião não reconhece
infecção, o que sugere que as culturas bacterianas feitas antes ou essas lesões e, portanto, deixa de considerá- las nas decisões tera-
após o desbridamento são essencialmente de nenhum valor. Os pêuticas, poderão ocorrer complicações graves, que variam desde
organismos mais comuns i.nfectantes parecem ser Gram-negativos o retardo na cura do paciente até esfacelamento parcial ou total do
e Staphylococcus aureus (MRSA) resistentes à meticilina, que pode tecido e infecção maciça. Uma lesão deste tipo que frequentemente
ser adquirida no hospital ou comunidade. Nós recomendamos a passa despercebida é a síndrome Morel-Lavallée, que ocorre
obtenção de culturas quando achados clínicos evidentes de infecção quando a pele é separada da fáscia. Essa situação cria um bolsão,
estão presentes no segundo desbridamento. Mais recentemente, uma no qual, em sua parte inferior, poderá ocorrer sangramento con-
melhora significativa foi observada nas taxas de infecção utilizando siderável. Em geral, forma-se um hematoma subcutâneo, que pode
culturas obtidas após o desbridamento e irrigação, para determinar aum entar a ponto de ameaçar seriamente a viabilidade da pele
a necessidade de irrigação formal repetida e desbridamento, embora sobrejacente (Fig. 53-11). Essa síndrome ocorre com frequência
tenha havido aumento na taxa de retorno para a cirurgia com esse em pacientes com fraturas de pelve, especialmente em indivíduos
&!) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

O[riihMmJI Lesão de Morel-Lavallée. A e B, Aparência clínica de grande lesão de Morel-Lavallée na coxa após a fratura pé lvica .
C, Aparência de grand e lesão de Morel- Laval lée na nádega. D, Na exposi ção cirúrgica, exibindo a profundidade da lesão.

obesos, nos quais houve um componente de cisalhamento para estabilizada. Inicialmente, preferim os es perar e observar em vez de
ocorrência da lesão. A ressonância magnética e a ultrass onografi a proce der com descompressão imediata devido ao risco de devas-
têm sido recomendadas para confi rmar o diagnóstico. cularização de maio r área de pele, res ultando em abertura da
Vá rias opções de tratamento têm sido sugeridas para sín- feri da. Temos alguma experiê ncia com punção percutânea, mas
drome de Mo rel-Lavallée, incluind o incisão radical, que muitas fre quentemente ocorre reco rrência do inchaço. A coxa está espe-
vezes deixa uma ferid a enorme e métodos menos invasivos, como cialmente em risco por causa do curso errático de seu suprimento
a drenagem da ferida. A principal recomendação é a de tratar o sanguíneo (Fig. 53 -12). Esta lesão deve ser tratada no momento da
problema dos tecidos moles ao mesmo tempo em que a fra tura é fixação intern a. A drenagem do hematoma com uma pequ ena
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

AL p AM
•Lave a cavidade com lavagem pulsada. Continue a lavagem
até que o fluido esteja claro e nenhum resto de gordura
possa ser removido.
• Coloq ue um dreno de sucção médio fechado na ferida para
drenar tod a a cavidade.
•Feche as in cisões de modo a não sobrar espaços.
• Anexe o dreno de sucção na parede, até que a drenagem
esteja inferior a 30 ml em 24 horas (isso pode exigir 8 dias).
•C ontinue com cefalosporina ou antibióticos específicos
por via endovenosa durante 24 horas após a retirada do
dreno.
l
l.D.
2'. 0.25
+ mm

DESBRIDAMENTO
h[iji@H!l!I Rastreamento dos vasos das coxas com diâmetro
interno de 0,25 mm. AL, anterolateral; AM , anteromedial; P, pos-
As característi cas individu ais dos pacientes devem ser consideradas
terior. (De Cormack GC, Lamberty BGH: Th e blood supply of thigh skin,
para determinar a extensão exata do desbridamento necessário; no
P/ast Reconstr Surg 75:342 , 1985.)
entanto, em ge ral, a pele deve ser desbridada até que apresente
bordas sangrantes. Isso não deve ser feito sob o controle do torni-
quete, pois a viabilidade da pele não pode ser conhecida.
1nc1sao, seguida pela aplicação de um a bandagem compressiva, O desbridamento muscular deve rem over todo o músculo
tem sido recom endada. Temos utilizado um a técnica de drenagem inviável que n ão é contrátil ou grosseiramen te contaminado. Extre-
se melh ante; no entanto, observamos aumento na incidência de midad es de tendões completamente lesionados que apresentam con-
infecção quando ocorre necrose da pele ou esfacelamento da ferida. tam inação in te nsa tamb ém podem necessitar de excisão, embora
Mais recentemente, Tseng e Tornetta descreveram bons resul- es ta prática seja muito mais questionável se a unidade musc uloten-
tados em 19 pacientes com lesões de Morel-Lavallée, usando uma dinosa estiver intacta. A remo ção da contaminação com a preserva-
técnica p erc utânea de drenagem realizada dentro de 3 dias da inter- ção do própri o tendão pode ser possível. Cuidados devem ser
nação. Em seis cirurgias do acetábulo e duas cirurgias do anel tom ados para man ter a umidad e em torno de tais estruturas, pois,
pélvico, houve um atraso de pelo menos 24 horas antes de o dreno um a vez que o tendão torn a-se seco, acaba tornando-se inviável e a
ser retirado. Apenas 3 dos 19 pacientes tinham uma cultura positiva excisão será n ecessária. A colocação imediata de retalhos ou de um
n o momento da drenagem; sendo que, em um destes, foi necessária curativo impermeável pode evitar o ressecamento desses tecidos
exploração ci rúrgica devido à drenage m persistente. Não houve frágeis. Ao lidar com os músc ul os, os quatro "C" devem ser obser-
infecções profundas em 6 m eses de acompanhamento. vados: consistência, cor, contratilidade e circulação. A contração
muscular normal deve ser con siderada quando o músculo for com -
primido ou es timul ado eletricamente. Deve ter consistência norm al,
DRENAGEJVI PERCUTÂNEA DE , não ceroso ou enso pado, além de uma cor normal avermelhada, e
UMA LESAO DE MOREL-LAVALLEE não m arrom. Circulação eficiente deve ser visível dentro das bordas
sangrantes.
TÉCNICA O padrão empírico de desbridamento em tempo útil tem sido
a "regra das 6 horas", embora poucos estudos tenham mostrado qu e
(TSENG E TORNETTA) as taxas de infecção diminuíram quando o desbridamento foi fe ito
dentro das 6 horas, resultando no ques tionamento da validade desse
•Posicione o paciente de modo a possibilitar a exposição padrão por alguns deles. Alguns autores têm sugerido que o desbri-
da área envolvi da . damento operatório pode se r desnecessário para fraturas expostas
• Faça uma incisão de 2 cm ao longo do aspecto distal da lesão. de baixo grau. No entanto, co nsideramos o desbridamento operató-
•Faça uma segunda incisão de aproximadamente 2 cm na rio minucioso (feito o m ais cedo possível após a lesão) o padrão de
exten são superior e posterior da lesão . atendimento para todas as fraturas expostas.
•Determine a extensão da lesão colocando uma ponta de Depois que os tecidos mortos contaminados e necróticos
aspiração através da lesão (Fig . 53-13A *) . foram removidos, o próximo passo é a irrigação abundante. Algun s
• Incisões ad icionais podem ser necessá ri as, dependendo es tudos experim entais, mas poucos es tudo s clínicos, avaliaram a
da extensão da lesão. eficácia da irrigação (Tab ela 53-4) . O irrigante mais comum ut ili -
•Envie o fluido da lesão para cultura e antibiog rama . zado é uma solu ção salina norm al, que pode se r aplicada com um a
•Drene o hematoma com sucção. se ringa, vertendo o líquido de irri gação, ou por lavagem de baixa
•Uti lize uma escova de plástico (usada para o preparo do ou de al ta pressão. Cada m étodo tem seus benefícios. A irrigação
canal em artroplastias articulares) para desbridar a gordura de al ta pressão remove m ais bactérias e tecido necrosado qu e um a
solta (Fig . 53-13B*). se rin ga e pode ser mais eficaz quando houver contamin ação
m aciça ou demora no atendimento. No entanto, observo u-se dimi-
nui ção na formação de osso novo na primeira semana após a
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult. co m. irrigação de alta pressão, quando comparada com os locais de cont role,
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

1hNih1 5'.fif'· Variáveis de Irrigação

VARIÁVEL EFEITO RECOMENDAÇÃO


Volume Em estudos com animais, o aumento do volume remove mais Fraturas grau 1, 3 L
matéria particulada e bactérias, mas o efeito faz um platô em um Fraturas grau 2, 6 L
nível dependente no sistema Fraturas grau 3, 9 L
Pressão O aumento da pressão remove mais detritos e bactérias; no Use um sistema de irrigação
entanto, regulagens mais altas de pressão lesionam o tecido ósseo, elétrico que possibilite diversas
atrasam a consolidação da fratura e podem aumentar o risco de regulagens; selecione uma
infecção, ao lesionarem partes moles. regulagem na faixa baixa ou média
Pulsação Em teoria, a pulsação melhora a remoção de detritos de superfície Não estabelecido
por meio de elasticidade do tecido; estudos limitados não
confirmaram o efeito ou sugeriram diminuição da eficácia.
De Anglen JO: Wound irrigation in musculoskeletal injury, J Am Acad Orthop Surg 9:219, 2001.

it-i@ij 53-5
•• t- .,

Aditivos de Irrigação

CLASSE EXEMPLOS VANTAGENS DESVANTAGENS RECOMENDAÇÃO


Antissépticos lodo-povidona, Amplo espectro de atividade
Tóxicos para as células Achados de estudos em
clorexidina, peróxido contra bactérias, fungos,hospedeiras, podem animais e clínicos são
de hidrogênio vírus; exterminam patógenos
comprometer a função contraditórios; toxicidade é
na ferida celular imune e atrasar ou mais claramente estabelecida
atenuar a cicatrização da que os benefícios; Não deve
ferida ser usado
Antibióticos Bacitracina, Atividade bacteriostática ou Custo; raramente ocorre Eficácia clínica na prevenção
polimixina, neomicina bacteriana na ferida, caso toxicidade ou reação da infecção ainda não
esteja na concentração e alérgica, aumento da comprovada; não deve ser
duração adequadas resistência bacteriana usados rotineiramente
Su rfa cta ntes Sabão de Castela, Interferir na adesão Toxicidade moderada das Eficácia clínica não provada;
sabão-verde, cloreto bacteriana às superfícies; células do hospedeiro considerar o uso em feridas
de benzalcônio emulsificam e removem os altamente contaminadas;
detritos primeiras irrigações
De Anglen JO: Wound irrigation in musculoskeletal injury, J Am Acad Orthop Surg 9:219, 2001.

e contaminação foi encontrada de 1 a 4 cm de distância da ferida Os aditivos são, em geral, de três tipos: antissépticos, que incluem,
após lavagem pulsátil, bem como alguma propagação da contami- dentre outros, iodo-povidona, gluconato de clorexidina, hexacloro -
nação pelo canal ósseo. Além disso, a posição da ponta d e irri gação, feno e peróxido de hidrogên io; antibióticos, tais como bacitracina,
próxima ao tecido, pode afetar o grau de limpeza. Mais recente- polimixina e neomicina; e surfactantes, como sabão de Castela ou
mente, Draeger e Dhaners observaram m ais danos no tecido mole cloreto de benzalcônio (Tabela 53-5). Bhandari et al. observaram
em um modelo experim ental in vitro, em que a lavagem de alta que a combinação de uma lavagem de baixa pressão e 1% de sabão
pressão pulsátil foi usada, do que quando a sucção com seringa fo i líquido foi a solução d e irrigação m ais eficaz para remoção de bac-
utili zada. Eles também observaram que a lavagem de alta pressão térias in vivo . Em um ensaio mais recente, prospectivo, experimen-
removeu menos contaminante que outros métodos de desbrida- tal, randomizado e controlado, Anglen comparou sabão de Castela
mento, e postularam que a lavagem pode condu zir contaminantes não esterilizado com uma solução de bacitracina para a irrigação de
mais profundamente no tecido. Outros autores também mostraram 398 fraturas expostas de membros inferiores. Anglen não encontrou
aumento de danos nos tecidos moles com a lavagem de alta pressão diferenças significativas no que diz respeito à infecção e cicatrização
em comparação com a lavagem de baixa pressão. O consenso atual óssea, mas problemas de cicatrização de feridas foram mais comuns
parece inclinar-se para o alto volume, a lavagem de baixa pressão no grupo da bacitracina.
repetida um número suficiente de vezes para efe tuar a melhor cura Todos esses aditivos têm vantagens e desvantagens, mas nenhum
e a prevenção da infecção. mostrou ser clinicamente efetivo. Muitos cirurgiões preferem usar
A quantidade de líquido utilizada varia de acordo com o algum tipo de aditivo, e o protocolo exige que se use um irrigante
método de ap licação. Nosso protocolo tem sido usar 9 L de irriga- geniturinário. Independentemente do tipo de irrigação, a parte mais
ção pulsátil. Existe também uma questão a respeito de possíveis importante de limpeza de feridas é o desbridamento cirúrgico de
benefícios que aditivos podem trazer para a so lu ção de irrigação. tecido morto e contam in ado.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

A controvérsia também envolve o fechamento de feridas após a •Prepare o paciente e a pele, e aplique um torniquete
irrigação. Historicamente, tem sido recomendado deixar o ferimento estéril, se possível, mas não infle o torniquete.
aberto, mas, com o desenvolvimento de potentes antibióticos e des-
•Lave e isole a ferida com campos estéreis e impermeáveis
bridamento precoce agressivo, mais instituições estão relatando
como um procedimento cirúrg ico normal, permitindo
sucesso com fechamento fro uxo de feridas, com ou sem drenagem.
ampla exposição da área envolvida (membro inteiro, pos-
Se o desbridamento não resultar em uma ferida cirúrgica limpa, o
sivelmente estendendo-se até o tronco).
fechamento não deve ser feito. Além disso, a pele não deve ser fechada
•Inicie o desbridamento da pele e proceda ordenada-
sob tensão, pois isso pode resultar em necrose cutânea e isquemia.
A tensão adequada tem sido descrita como uma ferida, que pode ser mente. Retire as áreas desvitalizadas até as bordas torna-
fechada com náilon de 2-0 sem arrebentá-lo. As estruturas devem ram-se sangrantes. É recomendável a remoção progressiva
ser mantidas úmidas com curativos oclusivos. O uso de uma "bolsa da pele ao longo de margens amplas .
de pérolas': em que metilmetacrilato impregnado com antibióticos em • De modo semelhante, remova o tecido subcutãneo,
pó, tais como a vancomicina ou tobramicina, é enrolado em pequenas incluindo toda a região contam inada.
pérolas que são colocadas em um fio e depositadas na ferida, tem •Seccione e coagule as veias.
mostrado ser muito eficaz em controle de infecção profunda. • Preserve os nervos superficiais se estiverem intactos, o
O fechamento precoce da ferida tem diminuído a incidência que é pouco frequente.
de infecção, consolidação viciosa e pseudoartrose. Uma variedade •Remova a gordura desvitalizada sob os retalhos até tecido
de métodos pode ser usada para o fechamento de feridas, incluindo subcutâneo lim po e sangrante.
a sutura direta, enxerto de pele de espessura parcial e retalhos mus- •Abra a fáscia para possibilitar a exposição do tendão do
culares livres ou locais. O método escolhido depende de vários músculo e remoção de todo o múscu lo desvitalizado, com
fatores, incluindo o tamanho e a localização do defeito e lesões atenção para os quatro "C" (cor, contratilidade, circula-
associadas. Em um estudo multicêntrico de 195 fraturas de tíbia, que ção e consistência).
exigiam cobertura com retalhos, as lesões ASIF/OTA de classe C, •Apare os tendões tota lm ente desvitali zados até alcan-
que foram tratadas com rotação de retalho, eram 4,3 vezes mais çar um tendão viáve l. Os tendões intactos devem ser
propensas a ter uma complicação da ferida exigindo intervenção limpos e não excisados, pelo menos no primeiro desbri -
cirúrgica em relação às lesões que foram tratadas com retalhos livres.
damento.
Uma inovação relativamente recente, o fechamento assis-
•Ampli e a ferida para possibilitar o desbridamento e a
tido por vácuo (KCI, San Antonio, Texas), foi relatada como
exposição adequada da fratura. Na maioria dos casos,
sendo útil na aceleração da cicatrização de feridas, mediante a
remova o osso desvascularizado, especia lmente se ele
redução do edema crônico, aumentando o fluxo sanguíneo local
estiver altamente contaminado. Remova contaminação
e formação de tecido de granulação. Os poucos relatos do uso de
no cana l medular progressivamente no osso com uma
curativo a vácuo no tratamento de lesões ortopédicas têm sido
geralmente favoráveis, mas a sua eficácia ainda não foi claramente serra ou saca-bocado. A curetagem do cana l medular
comprovada. O dispositivo de fechamento assistido por vácuo, deve ser evitada para prevenir a migração proximal do
em geral, é aplicado ao final de cada sessão de irrigação e desbri- material infectado.
damento, até que a ferida seja considerada limpa; é utilizado, em •Após remoção de todo o tecido desvitalizado, irri gue a
geral, durante 10 a 20 dias. ferida com uma solução sa lin a normal e um aditivo
apropriado.
• Se o ferimento puder ser fechado, suture primeiro a ferida
IRRIGAÇÃO DE DESBRIDAMENTO cirurgicamente criada. Frouxamente, feche a ferida res-
DE FERIDAS ABERTAS tante sobre um dreno, se necessário, desde que não haja
excesso de pressão ou de tensão sobre a pele. Se o fecha-
Nossa estratégia terapêutica consiste em repetir o desbri-
mento não for possível, deixe a ferida aberta . Manter as
damento de todas as fraturas expostas do tipo Ili de Gustilo,
estruturas como ossos, nervos e tendões úmidos. A "bolsa
dentro de 36 a 72 horas após a primeira abordagem.
de pérolas" pode ser usada, assim como um curativo
Também repetimos o desbridamento e a irrigação de todas
impermeável para manter a umidade.
as feridas que são questionáveis, independentemente da
classificação de Gustilo. O desbridamento e a irrigação são •A decisão de utilizar fixação interna ou externa é tomada
repetidos com intervalos de 48 horas, até que seja obtida depois de concluído o desbridamento e pode influenciar
uma ferida limpa . Isso pode exigir a remoção de qualquer o fechamento da ferida e o curativo que será utilizado
fixação interna ou externa, para permitir a exposição com- em seguida. Nós, no entanto, preferimos preparar e
pleta do osso. paramentar o paciente novamente, descartar todos os
instrumentos uti lizados durante o desbridamento e
trocar as roupas e as luvas cirúrgicas antes de aplicar
TÉCNICA fixação interna ou externa.

•Inicie o procedimento garantindo a proteção individual CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os antibióticos são con-
adequada, incluindo proteções contra respingos, óculos, tinuados de acordo com o grau de gravidade da ferida
botas e luvas de proteção adicionais. (ver seção sobre fraturas expostas).
• PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

TRATAMENTO DE LESÕES ÓSSEAS contanto que seja minimizada a desvascularização subsequente.


O método utilizado para reduzir e imobilizar a fratura depende
Pequenos fragmentos ósseos completamente livres de inserções do osso envolvido, do tipo de fratura, da eficácia do desbrida-
de partes moles e que, portanto, não estão vascularizados, são mento e da condição geral do paciente. Quando é desejável
removidos. É provável que pequenos fragmento s visivelmente limitar o traumatismo subsequente causado pela cirurgia e a
contaminados com material estranho também devem ser removi- fratura é estável, esta poderá ser reduzida e, em seguida, um
dos, pois raramente haverá possibilidade de se fazer uma limpeza aparelho de gesso pode ser aplicado, como em um caso de fratura
adequada. A remoção de fragmentos grandes avasculares é con- fechada. O molde deve ser bivalve ou com janelas para possibilitar
troversa. Em geral, é melhor remover qualquer osso não vascula- a inspeção da ferida. A fixação externa viabiliza uma fácil avaliação
rizado, planejando sua reposição mais tarde com a aplicação de da pele e tecidos moles e pode ser preferível até mesmo para fraturas
enxerto ósseo autógeno. Os fragmentos avascu lares acumulados estáveis com tecidos moles instáveis, como fraturas de pilão tibial.
são uma fonte de aderência para as bactérias e, provavelmente, As fraturas expostas envolvendo a diálise do úmero, tíbia, fíbula ou
são a causa mais frequente de infecção persistente após fraturas pequenos ossos podem ser reduzidas e imobilizadas por esse
expostas. Quando grandes segmentos de osso cortical são reti- procedimento. Se técnicas sofisticadas es tiverem indisponíveis,
rados, a esterilização destes segmentos tem sido feita experi- a tração esquelética proporciona estabilidad e suficiente e possi-
mentalmente, com o uso de iodo-povidona, autoclave e soluções bilita um a exposição adequada da maioria das feridas. Quanto
antibióticas de clorexidina-gluconato. O uso de técnicas de histo- mais instável for a fratura, mais se justifica algum tipo de esta-
gênese por distração de Ilizarov para perdas de grandes segmentos bilização cirúrgica.
de osso também tem sido avaliada. Nesse aspecto do tratamento As fraturas envolvendo articulações ou fises podem exigir
das fraturas expostas, deve-se ter critério. Os pequenos fragmen- fixação interna para manter o alinhamento das superfícies articula-
tos ósseos com periósteo intacto e tecidos moles devem ser man- res e fises. Em geral, fios de Kirschner ou fixação interna limitada,
tidos, pois eles podem agir como pequenos enxertos e estimulam com ou sem fixação externa, são suficientes para alcançar este obje-
a cicatrização da fratura. tivo, sem a introdução de muito material estranho. Se possível, nós
Além da contaminação das fraturas expostas, a ruptura do tratamos os tecidos moles e da ferida, possibilitando que as partes
periósteo reduz a vascularização e a viabilidade do osso e dificulta moles cicatrizem e, então, prosseguimos com a redução aberta e
o tratamento de fraturas expostas, em comparação com fraturas fixação interna de fraturas intra-articulares através de uma ferida
fechadas. Rupturas mais graves de partes moles em torno da fratura, cirúrgica limpa. Métodos específicos de fixação da fratura são dis-
em geral, produzem mais instabilidade da fratura e tornam a esta- cutidos mais ad iante neste capítulo.
bilização da fratura mais difícil.

• ESTABILIZAÇÃO DA FRATURA pE FRATURAS


Uma fratura exposta geralmente deve ser estabilizada com o (REGENERAÇAO OSSEA)
método que proporcione uma estabilidade adequada, com mínimo
dano subsequente à vascularização da zona lesionada e às partes A multiplicidade de fatores envolvidos na consolidação da fratura
moles associadas. Para feridas do tipo I, essencialmente, qualquer foi investigada em diversos estudos clínicos, biomecânicos e labora-
técnica que seja adequada para o tratamento de fratura fechada toriais, mas ainda não está totalmente definida. A compreensão das
será satisfatória. O tratamento de feridas dos tipos II e III é mais vias celulares e moleculares que governam o processo de consolida-
controverso, com defensores de tração, fixação externa, haste intra- ção aumentou, mas está longe de ser completa. A consolidação da
medular não fresada e, ocasionalmente, placa e parafuso de fixação. fratura pode ser considerada a partir de qualquer um dos vários
Em geral, é preferível usar fi xação externa para fraturas metafisá- pontos de vista, incluindo biológico, bioquímico, mecânico e clínico.
rias-diafisárias, com uso ocasional de uma fixação interna limitada Está além dos objetivos deste livro a discussão de todos os aspectos
por meio de parafusos. Na extremidade superior, os métodos da consolidação das fraturas; assim, na busca de mais informações,
populares de estabilização são aplicação de aparelho gessado, o leitor deve consultar os excelentes artigos científicos e manuais
fixação externa e fixação por placa e parafusos. Na extremidade especializados referentes a esse tópico.
inferior, fraturas expostas da diálise femoral e tibia l têm sido tra- A consolidação da fratura é um processo complexo, que requer
tadas com êxito por fixação intramedular com hastes, e os resulta- o recrutamento de células apropriadas (fibroblastos, macrófagos,
dos publicados encorajam o uso de hastes intramedulares não condroblastos, osteoblastos, osteoclastos) e a expressão subsequente
fresadas em fraturas dos tipos I, II e IIIA. dos genes apropriados (aqueles que controlam a produção e organi-
Nossa experiência com fraturas de fêmur e tíbia, tratadas zação da matriz, fatores de crescimento, fatores de transcrição) no
no Elvis Presley Regional Trauma Center, confirma a eficácia da tempo certo e na localização anatômica adequada. A fratura inicia
fixação intramedular bloqueada não fresada dessas fraturas. De uma sequência de inflamação, reparação e remodelação, que pode
125 fraturas expostas do fêmur, tratadas com hastes não fresadas restaurar o osso lesionado ao seu estado original dentro de alguns
e fresadas, ocorreu consolidação em todas , e apenas 5 (4%) meses se cada etapa desta cascata interdependente complexa pros-
desenvolveram infecção. Das 50 fraturas expostas de tíbia (3 tipo seguir imperturbável. A consolidação clínica ocorre quando a rigidez
I, 13 tipo II, 22 tipo IIIB e 12 do tipo IIIB de Gustilo), ocorreu progressivamente crescente e a resistência proporcionada pelo pro-
consolidação em 48 (96%), infecção em 4 (8%) e consolidação cesso de mineralização tornam o local da fratura estável e livre de
viciosa em 2 (4%). Para que fosse obtida consolidação, 18 (36%) dor. A consolidação radiográfica está presente quando radiogra-
necessitaram de dinamização e/ ou aplicação de enxerto ósseo. fias planas mostram o trabeculado ósseo ou osso cortical cru-
Para lesões do tipo IIIB e IIIC que sejam passiveis de salvação, zando o local da fratura. Estudos isotópicos mostraram aumento da
a fixação externa é ainda o principal método de tratamento. Tão atividade em locais de frat ura após estabelecimento de consolidação
importante quanto qualquer outro fator, é a familiaridade do clínica e radiográfica, indicando que o processo de remodelação
cirurgião com a técnica de estabilização cirúrgica escolhida, continua por anos.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA EffiM
Estresse de
Tecido mole compressão Ossificação
intermitente - endocondral
ou cisalhamento

Estresse tênsil Ossificação


intramembranar
Estresses compressivos
constantes (estresse
hidrostático) inibem Cartilagem
a ossificação
endocõndrica

Estresses de
cisalhamento altos
=======> tecido
Formação de
fibroso

Wdll;f.!IJ9 Tipos de tecidos que contribuem para as quatro H[iji@UilD Mecanismo de formação óssea hipotética sob
principais respostas de consolidação da fratura. (Redesenhado de diferentes tipos de estresse mecânico, como proposto por Carter
Einhorn TA: The cell and molecular biology of fract ure healing, Clin et ai. (De Carter DR, Beaupré GS, Giori NJ, et ai: Mechanobiology of
Orthop Re/at Res 355[Suppl]:7, 1998.) skeletal regeneration, Clin Orthop Relat Res 355[Suppl]:41, 1998)

Na fase inflamatória de consolidação da fratura, um hematoma Durante o processo complexo de reparação de fratura, ocorrem
é formado a partir dos vasos sanguíneos rompidos pela lesão. As quatro tipos básicos de formação de osso novo: ossificação osteo-
células inflamatórias invadem o hematoma e iniciam a degradação condral, ossificação intramembranosa, formação de osso novo opo-
lisossomal de tecido necrosado. O hematoma pode ser uma fonte de sicional e migração osteonal (substituição rastejante). O tipo, a
moléculas de sinalização, tais como fatores de crescimento transfor- quantidade e a localização de osso formado podem ser influenciados
mante beta e fator de crescimento derivado de plaquetas pelo tipo de fratura, estado da lacuna, rigidez da fixação, carga e
(PDGF), que iniciam e regulam as cascatas de eve ntos celulares que ambiente biológico. As células submetidas à compressão e baixa
resultam na consolidação da fratura. A fase de reparação, que geral- tensão de oxigênio diferenciam-se em condroblastos e cartilagem,
mente começa em 4 ou 5 dias após a lesão, é caracterizada pela enquanto aquelas sob tensão e alta tensão de oxigênio diferenciam-
invasão de células mesenquimatosas pluripotentes, que se diferen- se em fibroblastos e produzem tecido fibroso, o que sugere que o
ciam em fibroblastos, osteoblastos e condroblastos, e formam um tipo de tensão aplicada para tecido imaturo ou indiferenciado deter-
calo mole de fratura. A proliferação de vasos sanguíneos (angiogê- mina o tipo de osso formado (Fig. 53-15).
nese) dentro dos tecidos periosteais e canal medular ajuda a enca- Uthoff listou uma série de fatores sistêmicos e locais que afetam
minhar as células apropriadas para o local da fratura e contribui para a consolidação da fratura (Quadro 53-4) e classificou-os como estando
a formação de uma camada de tecido de granulação. A transição do presentes no momento da lesão, causada pela lesão, dependentes de
calo de fratura para o tecido ósseo e o processo de mineralização, tratamento ou associadas a complicações. Os fatores identificados
que endurece e fortalece o osso recentemente formado, sinalizam o como preditivos de complicações, especialmente a infecção, i11cluem
início da fase de remodelação, o que pode durar meses ou até mesmo condição dos tecidos moles e nível de energia do trauma, tal como
anos. O tecido ósseo é substituído por osso lamelar, o canal medular evidenciado pela classificação AO; índice de massa corporal de 40 ou
é restaurado e o osso restabelece sua morfologia e resistência mecâ- mais; e comorbidades comprometedoras, como idade de 80 anos
nica normais, ou praticamente normais. Cada uma dessas fases se ou mais, tabagismo, diabetes, doença maligna, insuficiência pulmonar
sobrepõe ao fim da fase precedente; portanto, a consolidação da e imunodeficiência sistêmica. As infecções foram analisadas como
fratura é um processo contínuo. sendo quase oito vezes mais frequentes em pacientes com três ou mais
Einhorn descreveu quatro respostas de consolidação distintas, fatores comprometedores em relação aos que não apresentam nenhum.
caracterizando-os por localização: medula óssea, córtex, periósteo Descobrimos também que, em geral, a saúde de um paciente e
e tecidos moles externos (Fig. 53-14). Ele sugeriu qu e, talvez, a os hábitos, a situação socioeconômica e o histórico neuropsiquiátrico
resposta mais importante na consolidação da fratura seja a do são bons indicadores do risco de complicações após fraturas expostas.
periósteo, em que as células osteoprogenitoras comprometidas e Levando em consideração as diversas variáveis do paciente, desenvol-
células mesenquimais indiferenciadas e não acometidas contri- vemos uma classificação de hospedeiros (Quadro 53-5) que tem sido
buem para o processo por meio de uma recapitulação da ossificação útil. Em uma revisão retrospectiva de 87 pacientes com fraturas
intramembrano sa embrionária e formação óssea endocondral. expostas da tíbia, descobrimos que as complicações desenvolvidas em
A resposta do periósteo foi demonstrada ser mais rápida e capaz de 48% dos hospedeiros do tipo C, em 32% dos hospedeiros do tipo B e
preencher a lacuna tão grande quanto a metade do diâmetro do em 19% dos hospedeiros do tipo A. Especificamente, as infecções
osso; que é reforçado pelo movimento e inibido pela fixação rígida. ocorreram em 32% dos hospedeiros do tipo C, em 17% dos hospe-
A resposta do tecido mole externo também depende fortemente de deiros do tipo B e em 11 % dos hospedeiros do tipo A. Pelo fato de a
fatores mecânicos e pode ser deprimida por imobilização rígida. classificação de hospedeiros poder ser determinada na primeira con-
Esta resposta envolve uma rápida atividade celular e o desenvolvi- sulta, ela possibilita uma previsão precoce de complicações, diferen-
mento de ponte de calo precoce, que estabiliza os fragmentos da temente da classificação de Gustilo (que muitas vezes pode ser
fratura. O tipo de tecido formado evolui por meio de ossificação determinada definitivamente apenas no desbridamento). Utilizada
endocondral, em que as células mesenquimais indiferenciadas são como um complemento para o sistema de Gustilo, a classificação de
recrutadas, aderem-se, proliferam e, eventualmente, se diferenciam hospedeiros também pode ajudar a determinar na avaliação inicial se
em células de formação de cartilagem. uma ferida pode ser fechada após o desbridamento.
WfiZI PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

53-4 Fatores que Influenciam a Consolidação da Fratura

1. Fatores Sistêmicos B. Fatores dependendo da lesão


A Idade 1. Grau de dano local
B. Nível de atividade, incluindo a. Fratura exposta
1. Imobilização geral b. Cominuição da fratura
2. Voo espacia l e. Velocidade de lesão
e. Estado nutricional d. Baixos níveis circulatórios de vitam ina K,
D. Fatores hormonais 2. Extensão da interrupção do suprimento vascular
1. Hormônio do crescimento para o osso, seus fragmentos (osteonecrose macro-
2. Corticosteroides (osteonecrose microvascular) vascu lar), tecidos moles; gravidade da lesão
3. Outros (tireoide, estrogênio, androgênio, calcito- 3. Tipo e loca lização da fratura (um ou dois ossos,
nina, hormônio da paratireoide, prostaglandinas) por exemplo, tíbia e fíbu la ou tíbia sozinha)
E. Doenças: diabetes, anemia, neuropatias, tabes 4. Perda óssea
F. Deficiências de vitaminas A, C, D, K 5. Interposição de partes moles
G. Drogas: fármacos anti-inflamatórios não esteroides 6. Fatores de crescimento locais
(AINEs), anticoagulantes, fator XIII, bloqueadores dos e. Fatores dependentes do tratamento
canais de cá lcio (verapam il), citotoxinas, difosfonatos, 1. Extensão do trauma cirúrgico (fornecimento de
fenitoína, fluoreto de sód io, tetraciclina sangue, ca lor)
H. Outras substâncias (nicotina, álcool) 2. Flu xo sang uíneo alterado induzido por implante
1. Hiperoxia 3. Grau e tipo de rigidez da fixação interna ou externa
J Fatores de crescimento sistêmico e influência do tempo
K. Temperatura ambiente 4. Grau, duração e direção de deformação induzida
L. Trauma do sistema nervoso central por carga de tecidos ósseos e moles
li. Fatores Locais 5. Extensão do contato entre os fragmentos (lacuna,
A Fatores independentes da lesão, tratamento ou deslocamento, excesso de distração)
complicações 6. Fatores estimulantes de osteogênese pós-traumá-
1. Tipo de osso tica (enxertos ósseos, proteína morfogenética óssea,
2. Osso anormal estimulação elétrica, técnica cirúrgica, estase venosa
a. Necrose de radia ção intermitente [Bier])
b. Infecção D. Fatores associados a complicações
e. Tumores e outras condições patológicas 1. Infecção
3. Denervação 2. Estase venosa
3. Alergia à metal

De Uhthoff HK: Fracture healing. ln Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC: Fractures and dislocations, St Louis, 1993, Mosby.

ESTIMULAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DA osso da crista ilíaca é propensa a complicações, tais como dor no local
FRATURA doador, neuromas, fratura e formação de osso heterotópico. As técni-
cas de coleta de enxertos ósseos ilíacos são descritas no Capítulo 1.
• ENXERTO ÓSSEO A fíbula pode ser utilizada como enxerto estrutural, assim como
as costelas nas formas triturada ou estrutural. Também é possível
1 ENXERTOS ÓSSEOS AUTÓLOGOS utilizar a tíbia como área doadora de enxertos estruturais corticoes-
Os enxertos ósseos autólogos contêm os três componentes necessá- ponjosos; no entanto, essa modalidade apresenta-se em declínio
rios para a formação de osso: osteocondução, osteoindução e oste- devido ao advento da fixação interna rígida e aloenxertos confiáveis.
ogênese celular. A osteocondução refere-se a um andaime, o que A coleta de medula óssea femoral, utilizando as técnicas de
possibilita o crescimento ósseo. A osteoindução é a capacidade para haste femoral e um alargador especializado/irrigador/aspirador
induzir a produção de osteoblastos. Osteócitos primitivos são neces- (RIA) (Synthes), é um método mais recente para a obtenção de
sários para formar os osteoblastos. quantidades significativas de medula do fêmur (Fig. 53-16). O RIA
Os enxertos autólogos são obtidos a partir de várias áreas. foi desenvolvido para diminuir a pressão intramedular e embolia
O osso local removido no momento da artrodese pode ser reutili- gordurosa durante o alargamento do canal medular; além disso,
zado depois de remover todo o tecido mole e, em seguida, moendo foram documentadas reduções significativas na pressão intramedu-
esse osso em pedaços muito pequenos. Um moedor de osso também lar e na quantidade de gordura na veia femoral com seu uso. Nesse
pode ser utilizado para esta finalidade. Isso aumenta o número de processo, o material oriundo do alargamento (fresagem) e efluentes
células vivas e as proteínas para osteoindução. são capturados, e uma quantidade considerável de medula pode ser
A crista ilíaca é a segunda área mais comum para coleta de aspirada para enxerto ósseo. Dependendo do paciente e da fonte
autólogo. A crista ilíaca posterior oferece mais osso para enxerto que óssea, é possível obter de 25 a 90 mL. Esses fragmentos ósseos são
a superfície anterior, e pode servir de fonte para o osso moído ou ricos em células-tronco mesenquimais. Além disso, o sobrenadante
estrutural, tal como um enxerto tricortical. Infelizmente, a coleta de é rico em fator de crescimento de fibroblastos (FGF)-2, fator de

.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

Clipe de travamento
1

Fluido de irrigação alimentado por


gravidade em direção à cânula do
eixo de acionamento

óssea e ossos
moídos em
pedaços finos
Tela para capturar osso
moído e medula óssea

Filtro de enxerto
100 cc de capacidade

Fonte de
vácuo
H!§IJ;f4li19 Fresador, irrigador,
aspirador (RIA) para a obtenção da
Tubo de aspiração " crian90
medula durante a fresagem femoral;
conectado sucçao
a medula aspirada pode ser usada
recipiente de sucção ""'" "
para o enxerto do osso.

crescimento semelhante à insulina (IGF)-b., e fator de crescimento


QUADRO
53 _5 de _Hospedeiros
Determinar o Risco de Complica-
transformante latente (TGF)-b,, mas não a proteína-2 morfogené-
tica de osso (BMP-2). Como resultado, o RIA é uma fonte potencial
ções de Fraturas Expostas de osso autólogo, células estaminais mesenquimais e fatores de cres-
cimento de osso. Quando utilizado como um enxerto para coluna
Hospedeiro Tipo A
vertebral, no entanto, tal técnica pode exigir a coleta prévia, com um
Nenhuma doença sistêm ica (p. ex., diabetes melito depen-
posicionamento diferente do paciente na mesa cirúrgica.
dente de insulina, artrite reumatoide, infecção ativa)
Esta técnica não está livre de complicações. Fraturas do osso
Nenhuma imunossupressão (farmacológ ica ou doença)
do doador têm sido relatadas, algumas exigindo fixação adicional.
Nenhum uso abusivo de substâncias (tabaco, álcool, drogas
ilícitas) Perfuração do córtex do osso fresado, necessitando de fixação intra-
Situação socioeconôm ica estável (nutrição, habitação, medular profilática, também tem sido descrita, assim como perda
assistência médica) significativa de sangue de aspiração. Para evitar ou minimizar esses
História neuropsiquiátrica normal problemas, várias ações foram sugeridas.
• Radiografias pré-operatórias do osso do doador devem ser ava-
Hospedeiro Tipo B
liadas em busca de deformidades e o istmo deve ser medido para
Uma doença sistêm ica - controlada (p. ex., diabetes melito
determinar os limites de fresagem.
controlada, anticoagulante a longo prazo ou terapia
antip laquetária) • Sangue deve estar disponível para substituir o sangue aspirado e
Nenhuma imunossupressão (farmacológ ica ou doença) medula.
Tabaco isolado ou uso de drogas • O aspirador deve ser desligado quando o alargamento não estiver
Estado socioeconôm ico prejud icado (falta de al imentação sendo realizado, para evitar a perda desnecessária de sangue.
adequada, habitação, assistência médica) • O osso do doador deve ser cuidadosamente avaliado após a fre-
Histórico de comprometimento neuropsiquiátrico - t ratado sagem para verificar se há perfurações. Uma haste intramedular
deverá estar disponível para fixação profilática, em caso de ocor-
Hospedeiro Tipo C
rência de perfuração cortical.
Doenças sistêmicas não controladas ou múltiplas
lmunossupressão (farmacológica ou doença) • A deambulação pós-operatória deve ser protegida para evitar
Uso abusivo de polissubstâncias fraturas do osso do doador.
Situação econômica instável (desnutrido, sem teto, sem • O nível de hernatócrito do paciente deve ser verificado no fina l
assistência médica) do procedimento e durante as próximas 24 horas, para detectar
Histórico de comprometimento neuropsiquiátrico sem perda significativa de sangue.
tratamento • Por fim, os pacientes com doença óssea metabólica conhecida, tal
Combinação de qua lquer destes fatores como osteoporose ou osteopenia, mesmo leve, do osso envolvido,
podem não ser os melhores candidatos para este procedimento.
Wffl$ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTO S

• Verifique cu idadosamente o osso doador para áre as de


COLETA DE ENXERTO ÓSSEO fraqueza ou perfu ração do fresador.
TIBIAL OU FEMO_RAL COM A • Feche a feri da em planos como em hastes intramedulares.
INSTRUMENTAÇAO RIA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Embora os estudos em
TÉCNICA cadáveres tenham constatado que o RIA não diminui
drasticamente as propriedades mecânicas do fê mur e não
PRÉ-OPERATORIAMENTE exige restrições de ca rg a no pós-operatório, preferimos
•Selecione o comprimento do t ubo e a montagem correta proteger o osso do doador pelo uso de mu letas e limitar
para o osso ser fresado. a sustentação de peso até que a consolidação seja con-
•Confirme o diâmetro de fresagem com med ição radiog rá - fi rmad a em uma radiografia.
fica da di áfi se (Fig. 53-17 A).
• Para a coleta de osso, selecione uma fresa com diâmetro
at é 1,5 mm superior ao diâmetro do istmo medido.

OPERATORIAMENTE • SUBSTITUTOS DE ENXERTO ÓSSEO


•Posicione o paciente como para inserção de haste intra- Apesar de o material autógeno, como a crista ilíaca, continuar sendo
medular padrão (supina ou lateral para o f êmu r e supina o padrão exemplar para o preenchimento de defeitos ósseos causa-
para a tíbia). dos por trauma, infecção, tumor ou cirurgia, seu uso aumenta a
•Obten ha acesso ao osso como um proced imento padrão morbidade do procedimento cirúrgico, torna maior o tempo de
pa ra haste intramedular (Figs. 53-178 e C) anestesia e a perda sanguínea e, muitas vezes, causa complicações
• Insira o fio-guia (fio de fresagem) até a cicatriz da fise e significativas no sítio doador no período pós-operatório (p. ex., dor,
confirme a colocação de inten sifi cação de imagem, tanto defeito cosmético, fratura por fadiga, formação de osso heterotó-
anteroposterior quanto latera l. pico). A quantidade de osso autógeno disponível para enxerto
• Monte o RI A de acordo com as instruções do fab ri can te. também é limitada. Devido a essas limitações, fo i desenvolvida uma
•An exe o eixo de transm issão ao RIA e cubra a co nexão série de substitutos de enxertos ósseos.
com o clipe de travamento. Um sistema de classificação de substituto de enxerto ósseo
• Anexe o selo do eixo de transmissão à extremid ade proposto por Laurencin et ai. divide em cinco categorias princi-
proximal do eixo de transm issão. pais: com base em aloenxerto, com base em fator, com base em
• Anexe a unidade de transmissão (condutor do alargador). células, com base em cerâmica e com base em polímero (Tabela
•C onecte a irrigação, presa de modo fechado até a irri- 53-6). Aloenxertos substitutos utilizam aloenxertos ósseos com ou
gação começar à porta menor marcada " I ''. sem outros elementos e podem ser usados como enxertos estrutu-
•C onecte a aspi ra ção (sucção) para a porta maior. rais ou de preenchimento. Substâncias com base em fato r incluem
•C ertifique-se de que o filtro de enxerto esteja nesta tubu- ambos os fatores de crescimento naturais e recombinantes e podem
lação para coletar o osso aspirado. ser utilizadas isoladamente ou em combinação com outros produ-
•Conecte o tubo de aspiração à sucção. tos. Substitutos com base em células utilizam estas para produzir
•Faça deslizar o RIA sobre o fio-gu ia (Fig. 53-170). um novo osso. Substitutos com base em cerâmica utilizam vários
•C omece a irrigação e a asp iração pa ra confirmar o fun- materiais cerâmicos, como um andaime para o crescimento do
cionamento antes da inserção. osso, e substitutos com base em polímeros utilizam polímeros
•Insi ra o fresador dentro do osso (Fig. 53-17E) e conf irme biodegradáveis isoladamente ou com outros materiais. Um grupo
a sua posição com intensificador de im agem. diverso inclui tecido de fo ntes marinhas, tais corno corais e espon-
•Um flu xo de osso deve ser visível no tubo de asp iração jas esqueleto.
assim que o fresador for avançado sob potência. Nunca
fresar quando não houver irrigação ou aspiração. 1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS COM BASE
•Frese de 20 a 30 mm e, em segu ida, retire de 50 a 80 EM ALOENXERTO
mm , de modo a possibilitar que o fluido de irriga ção O aloenxerto vem em muitas formas e é preparado de várias manei-
preencha o espaço (Fig. 53-17F). ras, incluindo liofilização, irradiação (feixe de elétrons e raios gama)
•Repita este avanço lento até sentir resistência. e descalcificação. Enxertos que passaram pelo processo de liofilização
•Rep ita a manobra de retração com a reinserção até que ou irradiação podem ser usados para suporte estrutural, quando a
o ponto fin al desejado seja alcançado na intensificação fonte é osso cortical. Algumas formas podem ser moídas para apli-
de imagem. cações especiais, tais como a utilização em cages intervertebrais ou
• O fresador pode ser revertido se a fresagem fi car difícil. moídos como expansores ósseos. A matriz óssea desmineralizada
•Pare de irrigar após a remoção do RIA do cana l medular. (DBM, demineralized bane matrix) é a forma de aloenxerto descal-
•Desligue a sucção ou engate o tubo de sucção. cificada que contém as proteínas osteoindutoras que estimulam a
•Seg ure o f iltro de enxerto verti ca lmente e comprima o formação óssea. É fornecido como uma massa de vidraceiro, gel
enxerto com um êmbolo; registrando a medição do injetável, pasta, pó, tiras ou misturas destes. Algumas dessas formas
volume. podem ser misturadas com a medula óssea para adicionar células
•C om o êmbolo inserido, inverta o f iltro e retire o fil tro pluripotentes osteogênicas. Há uma variabilidade considerável na
pa ra o interior da vasilha exterior. estim ulação óssea entre os diferentes produtos DBM, que pode
• Segure o filtro de entrada sob re um recipiente apropriado ser devido a vários fatores, incluindo a origem (banco de ossos
e empurre para fora o enxerto ósseo (Fig . 53-17G). e/ou doador), processos de transformação, forma e tipos de suporte.
O aloenxerto desmineralizado é geralmente misturado com um
CAPÍTULO 53 PRINCf PIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA EfjiM

A B

aspiração

D E F

H@l!;MLlJg Coleta de enxerto ósseo femoral ou tibial com instrumentação RIA (ver texto). A, Confirmação do diâmetro de fresa-
gem . B e C, Acesso e fresagem do canal medular. D, Inserção do fresador. E, Fresagem do canal . F, Remoção do material de enxerto. G,
En xerto ósseo empurrado para fora do filtro interno. VEJA A TÉCNICA 53-3.
Wfjl:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

- CLASSE
Autoenxerto
53-6 Enxertos ósseos e Substitutos de Enxerto Ósseo

uso
Uso sozinho
EXEMPLO
ICBG
PROPRIEDADES
Osteoindutora
Osteocondutora
Osteogênica
TRANSPORTADOR
Não

Aloenxerto Sozinho ou em Osso seco congelado Osteocondutora Sim


combinação DBM Osteoindutora
Com base Combinação necessária rhBMP-7 Osteoindutora Não
em fator
Com base Sozinho ou em Células-tronco mesenquimais Osteogênica
em célula combinação
Cerâmico Sozinho ou em Fosfato de cálcio, sulfato de cálcio Osteocondutora Sim
combinação Bioactive glass
Polímero Combinação Polímeros não degradáveis e Osteocondutora Sim
biodegradáveis
Diversos Sozinho ou em Hidroxiapatita coralina Osteocondutora Sim
combinação
DBM, demineralized bane matrix; ICBG, iliac crest bane graft.

inclui o grupo das inibidora/ativadora, o grupo das substâncias inibi -


'6NH4 53-7
TGF-p1
TGF-P Família de Ligantes
TGF-p2
doras müllerianas e o grupo das decapentaplégicas (Tabela 53-7).
A maioria das proteínas da classe não aj uda na formação de
TGF-p1,2,3 TGF-p2!1,2 osso, mas está envolvida na produção, regulação e modulação de
TGF-p1,2 TGF-p3
outros tecidos (Tabela 53 -8). Atualmente, apenas duas proteínas
têm sido isoladas, produzidas e aprovadas para utilização em seres
TGF-p1/1,2 TGF-pS
humanos. Por elas serem produzidas pelo processo recombinante, são
designadas rhBMP-2 e rhBMP- 7. Outros BMP que demonstraram ter
transportador, tal como o glicerol, o sulfato de cálcio em pó, o hialu- propriedades osteogénicas são BMP-4, -6, e -9. O Food and Drug
ronato de sódio e a gelatina. Esterilização de DBM por irradiação Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou a rhBMP-2 para
gama e exposição ao óxido de etileno diminui o risco de transmissão uso em artrodese lombar anterior com uma cage de titânio. O uso de
de doenças, mas também pode diminuir a atividade osteoindutora do rhBMP-7 ou OP-1 é limitado pelas Humanitarian Device Exemptions
produto. Todos esses fatores adicionam variabilidade significativa na às revisões de artrodeses de coluna vertebral pelo FDA.
eficácia da ativação do osso por essas substâncias. BMP-2 e BMP-7 são solúveis em água e requerem um carrea-
A DBM é contraindicada para pacientes com doença vascu- dor para permanecerem na área operatória e serem eficazes. São
lar grave ou doença neurológica, febre, diabetes descompensada, fo rnecidos juntamente com um transportador ou podem sem adi-
doença grave degenerativa dos ossos, gravidez, hipercalcemia, cionados a estes. Ao escolher um transportador que também tenha
insufi ciência renal, doença de Pott, osteomielite ou sepse no local propriedades osteocondutoras, o poder do processo indutivo é
da cirurgia. ampliado. Cuidad os devem ser tomados na escolha do transporta-
A transmissão da doença a partir do doador é um risco raro, mas dor para evitar a perda do BMP.
documentado. Outras complicações dos aloenxertos incluem resistên- Complicações têm sido relatadas com o uso de BMP em cirur-
cia variável osteoindutora e infecção do enxerto. Mesmo com o rastreio gias de coluna vertebral e estas são discutidos no Capítulo 39.
rigoroso do doador e vários métodos de esterilização, a remoção com- Outras proteínas com potencial para formação óssea incluem
pleta de agentes infecciosos virais e bacterianos pode não ser total- o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e o fator de
mente alcançada. Grandes enxertos para substituição estrutural têm crescimento endotelial vascular (VEGF).
maiores riscos de transmissão de doenças. As infecções bacterianas e
hepatite B e C têm sido relatadas em pacientes que receberam aloen- 1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS COM BASE
xertos. A DBM apresenta uma probabilidade muito menor de trans- EM CÉLULAS
missão de infecção a partir do doador para o receptor. As células podem ser usadas para estimular ou para semear para novos
tecidos. Atualmente, o enxerto com base em células mais utilizado é
1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS COM BASE medula óssea autólogo. No futuro, as células-tronco embrionárias e
NO FATOR DE CRESCIMENTO adultas, células-tronco somáticas, tais como células estromais da medula
Urist descobriu a proteína morfogenética óssea (BMP, bane morpho- óssea, células-tronco dérmicas e as células do sangue do cordão wnbi-
genetic protein) em 1965, quando reconheceu a sua capacidade de lical fetal poderão ser cultivadas para uso como enxertos.
induzir a formação de osso endocondral. Desde então, numerosas O colágeno em sua forma desnaturada é um material osteoin-
proteínas foram isoladas a partir deste grupo. Elas fazem parte de um dutivo. As formas usuais deste material são bovinas (xenoenxerto)
grupo muito grande de citocinas e metabógenos agrupados como e colágeno humano tipo 1. Ele é utilizado como um transportador
fatores de crescimento e que ajudam no desenvolvimento de vários para BMP. Tanto rhBMP-2 quanto rhBMP-7 utili zam colágeno de
tecidos. A maioria das BMP usadas atualmente pertence à classe das osso para evitar o problema da compressibilidade e perda potencial
transformadoras do fator de crescimento beta Essa classe do BMP encontrado em tendão colágeno do ligamento.
CAPÍTULO 53 PRINC[PIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

53-8 Proteínas Morfogenéticas ósseas

FUNÇÕES CONHECIDAS LOCUS DO GENE


BMP1 BMP1 não pertence à família de proteínas. É uma metaloprotease que atua sobre Cromossomo: 8
pró-colágeno 1, li, e Ili. Ele está envolvido no desenvolvimento da cartilagem. Localização: 8p21
BMP2 Atua como um homodímero ligado por dissulfureto e induz a formação de osso e Cromossomo: 20
cartilagem. É um candidato como um mediador retinoide e desempenha um papel Localização: 20p 12
fundamental na diferenciação dos osteoblastos.
BMP3 Induz a formação de osso Cromossomo: 14
Localização: 14p22
BMP4 Regula a formação dos dentes, membros e ossos da mesoderma. Ele também Cromossomo: 14
desempenha um papel na reparação de fraturas. Localização: 14q22-q23
BMPS Desempenha funções no desenvolvimento da cartilagem Cromossomo: 6
Localização: 6p12 .1
BMP6 Desempenha um papel na integridade articular em adultos Cromossomo: 6
Localização: 6p12.1
BMP7 Desempenha um papel fundamental na diferenciação dos osteoblastos. Ele também Cromossomo: 20
induz a produção de SMAD1 e é chave no desenvolvimento e reparação renal. Localização: 20q 13
BMP8a Envolvido em osso e desenvolvimento de cartilagem Cromossomo: 1
Localização: 1p35-p32
BMP8b Expresso no hipocampo Cromossomo: 1
Localização: 1p35-p32
BMP10 Pode desempenhar um papel na trabeculação do coração embrionário Cromossomo: 2
Localização: 2p14
BMP15 Pode desempenhar um papel no oócito e desenvolvimento folicular Cromossomo: X
Localização: Xp 11.2

1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS COM BASE pode ser usada como uma transportadora para BMP. Este material
EM CERÂMICA é forte em compressão, mas fraco em cisalhamento, limitando a sua
Substitutos ósseos de cerâmica e colágeno podem fornecer osteo- utilização em aplicações na coluna vertebral. Quando usada como
condução sem o risco de transmissão de doenças. As cerâmicas um agente de preenchimento, também pode migrar devido à com-
disp oníveis incluem sulfato de cálcio, fosfato de cálcio e de vidro pressão do osso em consolidação por causa da sua reabsorção lenta.
bioativo. Além de osteocondução, esses produtos são osteointegré- Q uitosana e esqueleto esponja são outros substitutos de enxer-
veis, tendo a capacidade de formar laços íntimos com o tecido. São tos potenciais que parecem promissores, mas ainda têm que ser
quebradiços e podem ser utilizados com outros produtos, como um comprovados de forma confiável e eficaz. Eles exigem proximidade
transportador ou para a proteção (tais como cages). As cerâmicas de com o osso hospedeiro para alcançar a condução óssea.
fosfato de cálcio vêm em diversas variedades, incluindo fosfato tri-
cálcico e hidroxiapatita sintética. Esses produtos estão disponíveis • ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA E ULTRASSOM
em diferentes apresentações, tais como pastas, matrizes sólidas, A estimulação eletromagnética tem sido usada desde o início da
massa e grânulos. O vidro bioativo tem como base o silicato que é década de 1970 no tratamento de retardo de consolidação e pseu-
biologicamente ativo. Atualmente, ele é utilizado com o polimetil- doartrose, com taxas de sucesso relatadas de 64% a 85%, mas não
metacrilato para melhorar a ligação. Esses produtos não são reco- foi comprovado que esse procedimento é efetivo no tratamento de
mendados para suporte de carga individualmente, sem modificação fraturas recentes. Estudos prospectivos duplo-cegos demonstraram
ou uso com produtos mais fortes. Alguns podem ser utili zados com efeitos positivos da estimulação eletromagnética na consolidação de
DBM ou como transportadores para BMP. osteotomias femorais e tibiais. Os efeitos da estimulação eletromag-
nética nos processos celulares de consolidação da fratura não são
1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS COM BASE bem compreendidos, mas a exposição in vitro de osteoblastos a
EM POLÍMEROS campos eletromagnéticos estimulou a secreção de vários fatores de
Os polímeros disponíveis para substitutos de enxertos ósseos podem crescimento, incluindo BMP-2 e BMP-4, e IGF-2.
ser naturais ou sintéticos e biodegradáveis ou não biodegradáveis. Apesar de estudos em animais e clínicos confirmarem a capa-
Alguns naturais e sintéticos não biodegradáveis são compostos de polí- cidade do ultrassom de melhorar a consolidação da fratura, não foi
mero e de uma cerâmica, podendo ser utilizados em áreas de suporte estabelecido o mecanismo físico exato. Tem sido demonstrado que
de carga. Os materiais naturais e sintéticos biodegradáveis incluem o o ultrassom de baixa intensidade aumenta a incorporação dos íons
ácido poliglicólico e o ácido poli (láctico-glicólico). A reabsorção de cálcio em culturas de cartilagem e células ósseas e estimula a
desses produtos limita o seu uso em suporte de carga. expressão de numerosos genes envolvidos no processo de consoli-
dação, incluindo IGF e Em um modelo murino, a exposição
1 SUBSTITUTOS DE ENXERTOS ÓSSEOS DIVERSOS a ultrassons aumentou a formação de calo mole e resultou no sur-
A hidroxiapatita coralina é uma das primeiras substâncias utilizadas gimento precoce de ossificação endocondral. Estudos com animais
como um substituto do osso. Ela é reabsorvida muito lentamente e (de fraturas recentes em ratos e coelhos) demonstraram aceleração
Wfi:I1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

no processo de consolidação de 1,5 vez no grupo tratado com ultras- dependendo da lesão das partes moles, grau de gravidade da lesão
so ns. Estudos comparativos clínico s demonstraram um tempo do paciente, lesões sistêmicas e da extremidade superior associadas,
de consolidação menor, de aproximadamente 40% em fraturas e proximidade das fraturas adjacentes e seu efeito combinado na
tibiais e radiais com tratamento ultrassom. A baixa intensidade mobilidade e potencial de recuperação das articulações adjacentes.
do ultrassom também tem sido sugerida para melhorar a cicatri- Nesta situação, é mais provável que o tratamento conservador da
zação de fraturas em fum antes, um grupo de risco para o retardo fratura da diáfise da tíbia seja cirúrgico.
da consolidação; em pacientes com doenças, tais como diab etes, Mais que um a listagem de indicações absolutas para redução
insuficiência vascular e osteoporose; e naqueles que fazem uso de e estabilização cirúrgicas, são descritas aquelas situações em que é
medicamentos como corticoides, anti -inflamatórios ou bloquea- elevada a probabilidade de se recorrer ao tratamento cir úrgico, para
dores dos canais de cálcio. que seja obtido um resultado satisfatório:
1. Fraturas intra-articulares com desvio, apropriadas para a
redução e estabilização cirúrgica.
• FATORES QUE AFETAM NEGATIVAMENTE A 2. Fraturas instáveis, em que fracassou uma tentativa apropriada
CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA de tratamento não cirúrgico.
Inúmeros fatores têm mostrado ter efeito negativo sobre a consoli- 3. Importantes fraturas por avulsão associadas à interrupção de
dação óssea. O tabagismo é o mais notável desses fatores. Estudos unidades musculotendínea ou grupos ligamentares importan-
animais e clínicos mostraram que tabagismo, histórico prévio de tes que, conforme demonstrado, têm resultado insatisfatório
tabagismo ou até mesmo uso de fumo com menor teor de tabaco com tratamento não cirú rgico.
atrasam, significativamente, a consolidação da fratura. O uso do 4. Fraturas patológicas com desvio em pacientes não iminente-
tabaco também atrasa a cicatrização de feridas simples. Fumar pode mente terminais.
dobrar o tempo para um a fratura consolidar e aumenta significati- 5. Fraturas para as quais o tratamento não cirúrgico é conhecido
vamente o risco da pseudoartrose. Fármacos anti-inflamatórios não por produzir resultados funcion ais insatisfatórios, como fratu-
esteroides (ciclo-oxigenase-1 e ciclo-oxigenase-2) podem atrasar ou, ras de colo femora l, fraturas-luxações de Galeazzi e fraturas
no caso do ibuprofeno, parar a cascata de consolidação óssea. Esses -luxações de Monteggia.
efeitos variam de acordo com as características individuais de cada 6. Lesões fisárias deslocadas que têm uma propensão para a
fármaco. O uso de antibióticos da família das fluoroquinolonas tem parada do crescimento (Salter-Harris tipos III e IV).
sido associado a retardo de consolidação óssea, embora esses fárma- 7. Fraturas com síndromes compartimentais que exijam fascio-
cos sejam eficazes no tratamento amb ul atorial de infecções ósseas tomias.
profundas. Outros fatores incluem a falta de carga ou estimulação 8. Pseudoart roses, especialmente aquelas com reduções imper-
muscular no local da fratura e a presença de algumas comorbidades, feitas, em que fracassaram os tratamentos prévios (não cirúr-
como diab etes (Quadro 53 -3). gicos ou cirúrgicos).
A seguir, fraturas nas quais a redução cirúrgica e estabilização
têm probabilidade moderada de resultar em melhora da fun ção:
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO 1. Lesões instáveis na coluna vertebral, fraturas de ossos longos
CIRÚRGICO e fraturas pélvicas instáveis, especialmente em pacientes
politraumatizados.
INDICAÇÕES 9ERAIS, PARA REDUÇÃO E 2. Consolidações retardadas, após uma tentativa apropriada de
tratamento não cirúrgico.
ESTABILIZAÇAO CIRURGICA
3. Fraturas patológicas iminentes.
Antigamente, as linhas de pensamento ortopédico enquadravam- 4. Fraturas expostas instáveis.
se em um dos dois grupos. Aqueles que preferem os métodos não 5. Fraturas associadas a lesões complexas de partes moles (fratu-
cirúrgicos (como redução fechada, gesso e técnicas de tração) ras expostas tipo 3B de Gustilo, queimaduras em áreas fratu-
foram referidos como os defensores do "tratamento conservador". radas ou dermatite preexistente).
A segunda escola de pensamento incluía defensores do tratamento 6. Fraturas em pacientes nos quais a imobi lização prolongada
cirúrgico para todas as fraturas. Tal como acontece com a maioria levará a um aumento das complicações sistêmicas (p. ex.,
dos rótu los, essas distinções se tornaram obsoletas; todos os cirur- fraturas de quadril e de fêm ur em idosos e múltipl as fra-
giões ortopédicos são membros de um "consenso ortopédico con- turas em pacientes com escores de gravidade de lesão infe-
servador" que tem por objetivo conservar o máximo possível o riores a 18).
potencial funcional da extremidade lesionada. 7. Fraturas infectadas instáve is ou pseudoartroses sépticas
Em algumas ci rcunstâncias, um procedimento complexo de instáveis.
redução aberta e fixação interna de uma fratura intra-articular comi- 8. Fraturas assoc iadas a deficiências vascu lares ou neurológicas
nutiva pode ser a única chance de o paciente recuperar uma extre- que necessitam de reparo cirúrgico, incluindo fraturas de ossos
midade funcional; portanto, seria o tratamento conservador. Por longos em pacientes com lesões na medula espinal, cone ou
outro lado, uma fratura no terço méd io da tíbia ou fíb ula, isolada, raízes nervosas proximais.
simples, estável e fechada pode ser tratada com aparelho gessado, A seguir, situações com pouca probabilidade de melhor res ul-
placas, hastes intramedulares ou fixação externa; no entanto, atual- tado funcional depois da cirurgia:
mente, a maioria dos cirurgiões prefere um aparelho gessado longo 1. Melhora estética de deformidades por fraturas que não com-
deambulatório aplicado à perna, seguido por algum tipo de órtese, prometem a função.
como a opção mais conservadora. Contudo, para a mesma fratura 2. Estabilização considerando-se o fator econômico, para possi-
tibial ou fibular com uma fratura femoral ipsilateral, fratura do bilitar alta mais rápida de uma unidade de terapia intensiva,
platô tibia l ou fratura maleolar, seria considerado o reparo cirúr- sem melhora funcional significativa em comparação com
gico com uma haste intramedular, fixação externa ou placa e parafusos, métodos não cirúrgicos.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA f!Illll
PARA REDUÇÃO E de sangue transportam os riscos de hepatite, síndrome de imunode-
ESTABILIZAÇAO CIRURGICA ficiência adquirida (AIDS) e reações imunológicas. A equipe cirúr-
gica deve minimizar a perda de sangue e a contaminação sanguínea
Boyd, Lipinski, e Wiley afirmaram que o bom julgamento cirúrgico (Cap. 1). A Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos publicou
é decorrente da experiência, e que esta resulta do mau julgamento recomendações para a prevenção da transmissão do vírus da imu-
cirúrgico. Não há indicações nem contraindicações absolutas para nodeficiência human a (HIV) na prática da cirurgia ortopédica.
tratamento cirúrgico de uma fratura. Contudo, se houver dúvidas A força-tarefa recomendou que todos os profissionais da saúde
qüanto à possibilidade de um resultado bem-sucedido com a cirur- façam voluntariamente testes em intervalos regulares e procurem
gia em razão de possíveis complicações e de insucesso, será reco- tomar conhecimento do estado do HIV dos pacientes, após orien-
mendado o tratamento não cirúrgico. A seguir, situações em que há tação apropriada e consentimento voluntário dos portadores. Essa
grande probabilidade de tratamento cirúrgico malsucedido: força-tarefa observou que, "teoricamente, se os pacientes apresenta-
1. Osso osteoporoso, frágil demais para possibilitar estabilização rem infecção avançada pelo HIV, o estado imunológico pode estar
por fixação interna ou externa. comprometido a tal ponto que será maior o risco de infecção noso-
2. Partes moles suprajacentes à fratura, ou à via de acesso cirúr- comial, caso tenha que ser realizada alguma cirurgia".
gica planejada, de tão baixa qualidade (por causa de tecido Frequentemente, devem ser removidos implantes ou sistemas
cicatricial, queimaduras, infecção ativa ou dermatite), que a de fixação externa, o que implica em risco de um segundo procedi-
fixação interna resultaria em destruição do revestimento teci- mento cirúrgico. Foi relatada a ocorrência de fraturas após a remoção
dual ou exacerbação da infecção; nessa situação, é preferencial de implantes e sistemas de fixação externa.
a fixação externa.
3. Infecção ativa ou osteomielite. Atualmente, o tratamento pre-
ferido é a fixação extern a, combinada com um método bioló- OPORTUNIDADE DO TRATAMENTO
gico para o controle da infecção. Ocasionalmente, utiliza-se CIRÚRGICO
com êxito uma estratégia de estabilização com haste intrame-
dular combinada com controle biológico da infecção, para A melhor época para o tratamento cirúrgico após uma lesão depende
obter estabilidade da fratura; essas fraturas infectadas são tra- de vários fatores. Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos
tadas por especialistas em técnicas de fixação intramedular em três categorias: de emergência, urgentes e eletivos. Lesões que
com hastes como último recurso; essa via de acesso não pode necessitem de procedimentos de emergência incluem fraturas expos-
ser rotineiramente recomendada. tas, luxações irredutíveis de grandes articulações, fraturas com lace-
4. Fratura cominutiva acentuada que não possibilita reconstru- rações ou escoriações profundas no campo operatório, lesões na
ção bem-sucedida. Esse quadro é observado mais comumente coluna vertebral com a deterioração das deficiências neurológicas,
em fraturas intra -articulares graves, nas quais algum impacto fraturas-luxações que prejudicam a vascularização do membro ou das
destruiu a superfície articular. partes moles suprajacentes, e fraturas com síndrome compartimentai.
5. Estado clínicos gerais que são contraindicações para anestesia Nessas situações, os atrasos na cirurgia podem levar à infecção, lesão
também o são, em geral, para tratamento cirúrgico de fraturas. neurológica, amputação e, possivelmente, perda da vida. Os procedi-
6. Fraturas impactadas sem deslocamento ou estáveis em uma mentos de urgência são aqueles que devem ser feitos no prazo de 24
posição aceitável não exigem exposição ou redução cirúrgica, a 72 horas após o trauma, tais como redesbridamento de fraturas
mas podem ser beneficiadas com fixação profilática em cir- expostas graves e estabilização dos ossos longos em pacientes poli-
cunstâncias especiais (p. ex., fraturas do colo femoral impac- traumatizados, fraturas de quadril e fraturas-luxações instáveis. As
tadas ou sem desvio). cirurgias eletivas em traumatologia são aquelas que podem ser adiadas
7. Equipamento, pessoal, treinamento e experiência inadequados. por 3 ou 4 dias e até 3 ou 4 semanas. Lesões que podem ser tratadas
com ci rurgia eletiva incluem lesões esqueléticas isoladas que foram
inicialmente reduzidas e estabilizadas com técnicas não cirúrgicas,
DA ,REDUÇÃO E mas que alcançarão melhor resultado com a cirurgia, como as fraturas
ESTABILIZAÇAO CIRURGICA de ossos no antebraço, fraturas com lesão das partes ou com flictenas
suprajacentes ao local da abordagem cirúrgica planejada, e fraturas
O tratamento cirúrgico aumenta o tr aumatismo em qua lquer intra-articulares que necessitam de nova avaliação radiográfica para
lesão. O desafio consiste em melhorar o resultado geral da lesão. Se um planejamento pré-operatório adequado.
houver necessidade de redução aberta, a técnica deve minimizar os Se uma redução aberta for adiada por um período superior a
perigos de infecção e da subsequente destruição vascular dos tecidos 4 a 6 semanas, ocorrerão encurtamento das unidades musculoten-
lesionados, para diminuir a possibilidade de inativação da biologia díneas, ausência de planos teciduais nitidamente definidos na zona
do reparo da fratura, o que resultará em consolidação retardada ou lesionada e reabsorção das superfícies fraturadas, dificultando ainda
até mesmo pseudoartrose. Qualquer dissecção cirúrgica produz mais a cirurgia. No caso de atraso da operação, pode ser desejável a
tecido cicatricial para a cura da incisão, mas a própria dissecção aplicação de enxerto ósseo autógeno como, por exemplo, no trata-
pode causar contratura e debilitação das unidades musculotendí- mento de pseudoartrose.
neas responsáveis pela reativação funcional da extremidade. Vias de
acesso devem acompanhar planos internervosos e evitar transec-
ção das unidades musculotendíneas. Qualquer que seja a via de PRINCÍPIOS DE LAMBOTTE PARA O
acesso cirúrgica, a possibilidade de lesão nervosa e vascular é TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FRATURAS
constante. O tratamento cirúrgico também envolve o uso de
anestesia, com todos os seus riscos. Quatro princípios de Lambotte para o tratamento cirúrgico das
Os riscos de infecção transmitida pelo sangue para o paciente fraturas são tão aplicáveis atualmente, assim como o eram nos anos
e a equipe cirúrgica são cada vez mais valorizados. As transfusões 1700. Com base nesses princípios, o AO-ASIF formulou quatro
Wfi:f) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

diretrizes de tratamento para o tratamento de fraturas: (1) redução e. A correção de comprimento é difícil em casos com perda
anatômica dos fragmentos da fratura, especialmente nas fraturas óssea, e até 1 cm de encurtamento ou alongamento é bem
articulares, (2) fixação interna estável para atender as demandas tolerado, caso não comprometa a biologia de regeneração
biomecânicas locais, (3) preservação do suprimento sanguíneo à área da fratura.
lesionada da extremidade, e (4) mobilização ativa e indolor de mús- d. Se o alinhamento, a rotação e comprimento forem res-
culos e articulações adjacentes para impedir o desenvolvimento da taurados, o deslocamento dos fragmentos da fratura será
doença da fratura. Esses princípios todos foram validados pelo tempo, bem tolerado, e a chamada consolidação óssea secundá-
mas os métodos de aplicação foram bastante aperfeiçoados. ria ocorrerá depois do tratamento fechado de fraturas ou
1. Exposição da fratura. Com técnicas abertas, os planos extensíveis com técnicas de redução indireta e fixação intramedular
internervosos devem ser usados sempre que possível. Dissecção com hastes.
limitada, ligamentotaxia, afastadores e mesas de fratura com 3. Estabilização provisória da fratura. Quando a fratura é aceitavel-
aparelho para redução são ferramentas que, sem exceção, auxi- mente reduzida, a estabilização provisória, geralmente com
liam na exposição cirúrgica e diminuem o grau de desvascula- fios de Kirschner ou parafusos, possibilita a confirmação
rização na fratura. Um intensificador de imagem com capacidade radiográfica da redução, a escolha da fixação definitiva e a
de armazenamento de imagens, frequentemente, possibilita determinação da necessidade de aumento de enxerto ósseo. Se
abordagens cirúrgicas sem dissecção das partes moles no local a fixação provisória não for usada, a redução pode ser perdida
fraturado, como nas técnicas fechadas de fixação intramedular. quando a fixação definitiva for aplicada. A colocação provisó-
No entanto, a exposição adequada viabiliza o desenvolvimento ria da estabilização requer um planejamento pré-operatório
de uma perspectiva tridimensional da configuração da fratura, cuidadoso de modo que não interfira no posicionamento da
suas partes moles aderidas e seu grau de deslocamento mul- fixação definitiva.
tiplanar. Isso deve ser aperfeiçoado com um planejamento 4. Estabilização definitiva da fratura A fixação definitiva deve
pré-operatório adequado. alcançar a estabilidade mecânica estabelecida pelo plano
2. Redução da fratura. Uma vez compreendida a anatomia e a pré-operatório, para que seja incentivado o tipo selecionado
mecânica da fratura, frequentemente, a recriação da força de consolidação óssea. O construto mecânico (haste, placa e
deformante e o realinhando da fratura por meio de tração parafusos ou fixador externo) deve dispor de suficiente vida
resultam em redução. Essa é a base do tratamento fechado útil sem ocorrência de fadiga para apoiar a extremidade lesio-
de fraturas e luxações. Essa manobra depende da compe- nada até que a regeneração óssea possa assumir cargas pro-
tência dos anexos ligamentares e musculares associados aos gressivamente maiores. A fixação ideal deve possibilitar uma
fragmentos da fratura. Quando esses aliados musculoliga- gama de movimento das articulações adjacentes e unidades
mentosos são perdidos, a redução aberta deve ser utilizada. musculotendíneas relativamente livres de dor, de modo que as
O posicionamento e a aplicação dos instrumentos e distrato- contraturas secundárias e a rigidez sejam evitadas ou minimi-
res mecânicos devem ser planejados de modo a minimizar a zadas. A fixação deve possibilitar algum compartilhamento de
força necessária e os danos aos tecidos lesionados na fratura. carga, se isso não comprometer a estabilidade da fixação ou
Ao avaliar a adequação da redução, é necessário considerar prejudicar a biologia da regeneração óssea.
a localização anatômica e a tolerância à má redução. Uma
fratura intra-articular em local de sustentação do peso no
côndilo femoral exige redução anatômica, enquanto uma BIOMATERIAIS DE FIXAÇÃO
fratura cominutiva fechada do terço médio da diáfise do DE FRATURAS
fêmur pode possibilitar deslocamento significativo dos frag-
mentos intermediários, se for tratada com uma haste intra-
METAIS
medular bloqueada. A adequação de uma redução da diáfise
ou fratura metafisária é medida por quatro critérios de ordem No tratamento de fraturas, os metais são os principais pilares de
decrescente de importância: materiais, em virtude de sua resistência e ductilidade. No artigo
a. O alinhamento do eixo do osso deve ser corrigido em planos de Venable, Stuck, e Beach, publicado 1937, foi relatado que alguns
anteroposterior e mediolateral. Desvios excessivos de ali- metais produzem um potencial elétrico quando banhados com o
nhamento causam deformações anormais de carga sobre ambiente salino dos tecidos moles e causam necrose local do
as articulações que suportam o peso, com potencial para tecido, corrosão do metal e afrouxamento resultante dos implantes.
osteoartrose pós-traumática ou alterações na marcha que Assim, metais com menor coeficiente eletrolítico foram avaliados
podem alterar a transmissão de força para outras articula- e testados e, atualmente, a maioria dos implantes ortopédicos é
ções ou para a coluna vertebral. construída em aço inoxidável 316 L (composto de ferro, cromo e
b. A rotação do eixo do osso deve ser corrigida para que níquel), ligas de titânio-alumínio-vanádio ou em titânio comer-
fique o mais parecido possível com a extremidade oposta cialmente puro (titânio e oxigênio).
normal. A ocorrência de má rotação apresenta melhor Um material mais novo, o tântalo, é um composto de metal
tolerância na extremidade superior que na extremidade trabecular composto por substrato de carbono com tântalo em
inferior, por causa da maior amplitude de movimentos sua superfície. Este chamado trabeculado metálico poroso de
do ombro, comparada ao do quadril. A má rotação tântalo forma um andaime biológico para formação de osso novo.
externa parece mais bem tolerada que a má rotação O tântalo pode ser fabricado em uma forma altamente porosa, que
interna na extremidade inferior. Embora não existam tem um módulo de elasticidade mais próxima daquela do osso que
orientações concretas para graus aceitáveis de má do aço inoxidável ou das ligas à base de cobalto. Esferas de tântalo
redução, podem ser funcionalmente tolerados de 5 a 10 são utilizadas em estudos que têm exigido marcadores ósseos; o
graus de deformidade angular e 10 a 15 graus de defor- material, no entanto, não foi utilizado na fabricação de implantes até
midade rotacional. recentemente. Por causa de sua notável resistência à corrosão, o
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

tântalo parece bem adequado para uma condição biológica no cres-


Fatores que Afetam as
cimento, mas estudos de longo prazo são necessários para confirmar
QUADRO 53-6 Propriedades Biomecânicas de
a sua utilidade.
Polímeros Bioabsorvíveis
Há dúvidas com relação à sensibili zação aos metais, devido à
presença de cromo e níquel. Desconhecemos a incidência de com- Composição Química
plicações por sensibilização metálica proveniente de dispositivos de Peso molecular
fixação interna que efetivamente causam alteração na regeneração Viscosidade
da fratura; contudo, ao que parece, essa incidência é bastante baixa. Relação molar de copolímeros
Todos os metais e ligas sofrem corrosão em ambientes salinos, Sequência de cadeias
o que aumenta significativamente com o desgaste por atrito, causado Crista linidade
pelo movimento entre componentes metálicos (placas, hastes ou para-
fusos) . Na maioria dos casos, os implantes são inativados para resistir Processos de Fabricação
à corrosão. Cuidados devem ser tomados para não arranhar os Usinagem
implantes durante a inserção e evitar o uso de metais diferentes, de Extru são
modo a minimizar os efeitos da corrosão e potenciais eletrolíticos. Moldagem por derretimento
Moldagem por compressão
Moldagem por injeção
MATERIAIS BIOABSORVÍVEIS Reforço de fibra
Esterilização
O ácido poliglicólico (PGA) foi o primeiro fio de sutura totalmente Dimensões Físicas
bioabsorvível sintético desenvolvido, seguido de Vicryl, um copolí- Diâmetro
mero de 92% de PGA e ácido poliláctico de 8% (PLA) e polidioxanona Projetos mecânicos
(PDS). O PDS foi o primeiro material bioabsorvível a ser transfor- Ambiental
mado em parafusos. Atualmente, PGA, PDS, ácido polilevoláctico
Temperatura
(PLLA) e ácido poli (D, L)-láctico racêmico (PDLLA) são os poliés-
pH
teres alfa primários utilizados para implantes bioabsorvíveis. O PGA
Fluxo sanguíneo
é degradado por hidrólise, principalmente para ácido pirúvico, e é Taxa de remoção do polímero degradado
excretado na forma de dióxido de carbono e água. O PDLLA é simi-
Oxidação/exposição ar
larmente hidrolisado pelo ciclo do ácido tricarboxílico para o dióxido Ação enzimática
de carbono e água, e excretado pela respiração. O PDS também é
hidrolisado, mas é excretado, principalmente, na urina. Os implantes Tempo
biodegradáveis não podem ser modelados intraoperatoriamente, por Viscoelasticidade
terem elevada temperatura de transição vítrea - a temperatura em que Taxa de degradação
o composto fica com dureza igual à do vidro. Pode-se dar maior força
de tensão e resistência flexural pela orientação das fibras no implante De Hovis WD, Watson JT, Bucholz RW: Biochemical and biomechanical
no seu eixo longitudinal (autorreforço). properties of bioabsorbable implants used in fracture fixation, Tech Orthop
Esses polímeros absorvíveis estão sujeitos a relaxamento de 13:123, 1998.
arrasto e de pressão. Claes demonstrou que os parafusos autorrefor-
çados de PLA (SR-PLA) e PDLLA-PLLA perderam 20% da sua força
de compressão dentro de 20 minutos. Em um ambiente salino mais
natural, essa perda foi mais rápida. Do mesmo modo, por serem O uso ortopédico mais comum dos implantes bioabsorvíveis é
absorvíveis, esses implantes perdem a resistência de forma relativa- para a fixação das partes moles ao osso, como ocorrem em cirurgias
mente rápida. Hastes de SR-PGA ficam com 50% da resistência de ombro e joelho; são poucos os artigos sobre fixação de fratura
depois de transcorridas duas semanas, e com apenas 13% depois de por dispositivos bioabsorvíveis. Em um estudo de mais de 2.500
4 semanas. A degradação mais lenta e a perda de força são exibidas fraturas corrigidas com implantes bioabsorvíveis, houve ocorrência
pelo PLLA. As propriedades biomecânicas desses polímeros também de infecção bacteriana em 3,6%, de reação não específica de corpos
são afetadas por sua composição quimica, processo de fabricação, estranhos em 2,3% e falhas de fixação em 3,7%.
dimensões físicas, fatores ambientais e tempo (Quadro 53-6). Em um estudo de 3.111 fraturas do tornozelo, a infecção foi
ligeiramente menos frequente com fixação bioabsorvível (3,2%), com-
• COMPLICAÇÕES parada com fixação metálica (4,1%). Em uma comparação prospec-
O PGA foi implicado na inflamação asséptica e formação de trato tiva e randomizada entre parafusos de PLA com parafusos de aço
sinusal. O PLLA não tem sido implicado com tais problemas, inoxidável para fixação de fraturas do maléolo medial deslocadas, não
possivelmente em decorrência de sua degradação mais lenta, que constaram diferenças estatisticamente significativas nas complicações
deixa menos resíduo local para ser removido pelo corpo. Também operatórias e pós-operatórias. Um estudo mais recente de fixação de
foi descrita a ocorrência de osteólise em torno de PGA; acredita-se fraturas do metacarpo com placas e parafusos absorviveis, no entanto,
que tenha sido uma reação de corpo estranho inespecífica. Foi relatou reações de corpo estranho em 4 dos 12 pacientes, e os quatro
também relatada a ocorrência de sinovite grave com o uso de necessitaram ser submetidos a desbridamento cirúrgico.
implantes bioabsorvíveis de PGA e PLLA, para fixação de lesões Implantes bioabsorvíveis oferecem as vantagens de transferên-
osteocondrais. Também nesse caso, acredita-se que tenha sido o cia gradual da carga para o tecido em processo de consolidação,
resultado da quantidade presente de detritos resultantes da biode- menor necessidade de remoção dos implantes e radiolucência, o que
gradação; a reabsorção mais lenta de PLLA de alta concentração facilita a avaliação radiográfica pós-operatória. Atualmente, implan-
pode evitar esses problemas. tes ósseos bioabsorvíveis devem limitar-se ao uso em que haja mínima
WJ1:it PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADU LTOS

• Indicações para Dispositivos


53 - 7 de Fixação Absorvíveis

Osteotomias do metatarso (hálux va lgo)


Artrodeses de metaca rpo e metatarso
Fraturas maleolares
Osteoco ndrite disseca nte
Fraturas do rádio e olécran o
Fraturas epifisárias
Rupturas do ligamento colateral ulnar do polegar
Não carregado Tensão
f
Compressão Flexão
Fi xação artroscópica das lesões de menisco
Oclu são do canal f emoral para restri ção de cimento
Transporte de fárm acos
Transplante de células (p. ex., Dermagraft®)
Recon strução do nervo (p. ex. , Neurotubo®)
Prevenção das aderências

aplicação de carga até que a consolidação esteja evidenciada; por


exemplo, fraturas periarticulares que estejam imobilizadas (Quadro
Cisalhamento Torsão Combinação de
53-7). Implantes bioabsorvíveis se dissolvem, mas a maioria não é torsão-compressão
substituíd a por osso. Tomografia computadorizada de ossos com
implantes bioabsorvíveis no pós-operatório não mostram crescimento
ósseo no local do parafuso depois que as fraturas foram consolidadas.
H@il;Mm9 Vários modos de carregamento (ver t exto) .
(Redesenh ado de Frankel VH, Nordin M: Basic biomechanics of the
Quando eles se desfazem em uma articulação, poderá ocorrer artro-
skeletal system, Philadelphia, 1980, Lea & Febiger.)
patia, ou pode ser necessário retirar cirurgicamente as peças quebra-
das. Implantes bioabsorvíveis têm sido usados como transportadores
para BMP2 e outros bioquímicos e, em última análise, essa pode ser
a melhor aplicação para essa tecnologia.

BIOMECÂNICA DO MODELO
DE IMPLANTE E FIXAÇÃO DE
FRATURA Elástica Plástica
Os fatores normalmente citados na avaliação de falha de osso são
o tipo, a dimensão, a taxa de carga e as propriedades materiais e
estruturais do osso. O osso é um material anisotrópico, que exibe
diferentes relações de tensão-deformação, dependendo do sentido
em que a tensão é ap licada. Ossos corticais e esponj osos também
diferem pela porosidade e di âmetro de suas respectivas seções
transve rsais. Ossos corticais sofrem fratura in vitro quando a
tensão é superior a 2% do comprimento original, enquanto o osso
esponj oso não falha até a tensão ultrapassar os 7%. Ao analisar os o
•Cll
cn
padrões de fratura, o modo de carregamento oferece uma visão e
Q)
sobre o mecanismo da lesão e possíveis lesões associadas. As cargas 1-
geralmente são descritas como tensão, compressão, flexão, cisalha-
mento, torção ou um a combinação destes (Fig. 53- 18). O modo de
Módulo de
falha óssea pode prever a lesão dos tecidos moles e a estabilidade
elasticidade
da fratura (Tabela 53-9).
Os dispositivos usados para estabilizar o esqueleto estão sujei-
tos a uma carga e fo rças de deformação que raramente causam falha
para carga aguda, como ocorre com a fratura, mas esses dispositivos
podem fa lhar devido à fadiga se o osso não se regenerar para aco -
modar a carga. As propriedades dos materiais, como observado, são
expressas por curvas de força-deformação (Fig. 53- 19), e as proprie-
dades estruturais são expressas por curvas de deformação à carga Força
(Fig. 53-20). As propriedades estruturais da área do momento de
inércia e do momento polar de inércia são modificadas para obter a O[ijil;Hml!I Curva de tensão-deformação mostra as proprie-
rigidez desejada e a resistência dos implantes. A maioria dos dades dos materiais em ciclo de estresse até a falha. Testes, em
implantes funciona dentro da fase elástica de deformação da curva geral, são realizados em amostras fi xas com estresse aplicado sob
de deformação à carga. Teoricamente, há uma fa ixa elástica de defor- tensão. (De Russel l TA: Biomechani ca l concepts of femoral intrame-
mação de implantes que favorece a regeneração óssea, mas essa faixa du llary nai li ng, J lnt Orthop Trauma 1:35, 199 1.)
CAPÍTULO 53 PRINCrPIOS GERAIS DETRATAM ENTO DE FRATU RA

'M=h!!i 53-9 Resumo da Biomecânica de Fratura de Ossos Longos

LOCALIZAÇÃO DA DOBRADI ÇA
PADRÃO DE FRATURA MECAN ISMO DA LESÃO DO TECIDO MOLE ENERG IA
Transversal Envergame nto Con cavidad e Ba ixa

Espira l To rção Segment o vert ica l Bai xa

ru
Oblíq u a transversal o u Compressão + Co ncavid ade o u lado de M o derada
bo rb o leta enve rgament o borbo leta
(?
Oblíq ua Compressão + Co n cav idade (muitas vezes M od erada
en vergame nto destruíd o)
li '
I

Co minut iva Torção Destruída A lta

ái
Compressão metafisária V ariá ve l com pressão V ar iável Variável

De Gozna ER, Harri ngton IJ : Biomechanics of musculoskeletal injury, Balti more, 1982, Williams & Wilkins.

Elástica Plástica FIXAÇÃO POR PINOS E FIOS


Küntscher descreveu as diferenças biomecânicas entre os pinos, as
barras e as hastes utilizados para fixação da fratura. Pinos resistem
apenas às mudanças no alinhamento, barras resistem a desvios no
alinhamento e translação e hastes resistem a mudanças no alinha-
mento, translação e rotação. Fios de Kirschner e pinos de Steinmann
Limite Carga frequ entemente são empregados na fixação provisória e também
proporcional para
definitiva de fraturas. Em razão da baixa resistência desses implantes
falha
C1l às cargas de envergamento, os casos em que forem utilizados isolada-
2' mente deverão ser complementados por órtese ou aparelho gessado.
C1l
ü Se forem utilizados como fixação definitiva, devem ser inseridos por
via percutânea ou com redução aberta limitada. Para evitar lesão
térmica do osso e das partes moles, os implantes devem ser inseridos
Inflexibi lidade lentamente com a ajuda de perfuradores, com interrupções frequentes
da perfuração. O uso de fios lisos é preferível por facilitar sua remoção
após a consolidação da fratura.
Fios rosqueados são mais eficazes em manter a redução em
fixações provisórias, mas os fragmentos devem ser mantidos redu-
zidos durante a inserção do fio para evitar a distração. Há também
um risco de quebra do pino se o osso cortical for duro. A fixação
com pinos ou fios, em geral, é adequada para pequenos fragmen -
Deflexão tos nas regiões metafisária e epifisária, especialmente nas fraturas
nas regiões distais do pé, antebraço e mão, tais como fraturas de
H[riiJ;tJ.iliE!J Curva de defl exão de ca rga mostra as proprie - Colles e fraturas de metacarpo e fa langes deslocadas após a redução
dades materi ais e estrutura is. Observe a fase elástica, que é a área de fechada. Na maioria das vezes, os pinos são inseridos sob o controle
traba lho do implante intramedul ar. (De Russell TA: Biomechanical con - do intensificador de imagem. Isso protege os tecidos moles de mais
cepts of femoral intramedullary nailing, J lnt Orthop Trauma 1:35, 1991.) danos, teoricamente possibilitando a máxima regeneração óssea; no
entanto, cuidados deve m ser tomados para que os tendões e nervos
não se enrolem em torno do pino durante a inserção. Fixação por
é diferente para as formas direta e indireta de consolidação óssea. fio é utilizada isoladamente ou em combinação com outros implan-
Quando é utilizada uma haste intramedular, placa e parafusos, ou tes para a fixação definitiva de algumas fraturas metafisárias, tais
fixador externo, o planejamento pré-operatório deve prever as forças como na extremidade proximal do úmero, patela e coluna cervical.
que incidirão sobre a fixação (interna ou externa) e a vida útil do O chanframento do fio deve ser evitado, pois reduz a vida do implante.
implante até ocorrência de fadiga; essa providência também é neces- O uso exclusivo do fio dificilmente proporciona estabilidade sufi-
sária na determinação do programa de reabilitação pós-operatória. ciente para a reabilitação funciona l da extremidade.
@fi:l$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

FIXAÇÃO POR PARAFUSO tais princípios forem observados, qualquer tipo de parafuso poderá
ser utilizado como implante interfragmentário. Qualquer parafuso
Os parafusos são dispositivos complexos, constituídos de quatro que atravesse a linha de fratura deve ser inserido com técnica inter-
partes: cabeça, talo, rosca e ponta. A cabeça serve como um anexo fragmentar. Parafusos que fixam um implante ao osso são conheci-
para a chave de fend a, que pode ser hexagonal, em cruz, de fenda dos como de fixação ou neutralização.
ou do tipo Phillips. A cabeça também serve como contraforte à
compressão gerada quando o parafuso atua no osso. O talo ou
haste é a parte lisa do parafuso entre a cabeça e a porção rosqueada.
A rosca é definida pelo seu diâmetro da raiz (ou alma), seu diâmetro
de rosca (ou exterior), passo (ou a distância entre espiras) e avanço
(ou ataque que ele avança no osso a cada volta completa). A área do --Diâmetro da rosca
núcleo determina a resistência do parafus o às forças de arrancha-
mento, e tem relação com a área de osso na interface entre a rosca
e a área do núcleo na rosca aberta. O modelo de rosca visto em
secção transversal é em contraforte (parafusos ASIF) ou V (em geral,
são os convencionais) (Fig. 53-21). A ponta do parafuso pode ser
redonda (necessitando, portanto, de preparo da rosca com macho) ou
autorrosqueante (estriada ou em trocar). Clin icamente, se houver
dúvida com relação à possibilidade de arranchamento do parafuso
devido à presença de osso menos consistente, é preferível utilizar
parafuso com rosca mais larga. Nos casos de osso resistente, em
que a preocupação maior é a fadiga, é preferível um parafuso com
maior di âmetro de núcleo, por resistir melhor à quebra por fa diga.
Em geral, os parafusos são classificados em convencionais e ASIF.
Existem outros fabricantes de parafu sos e também de placas, que se
assemelham aos modelos produzidos pelo grupo ASIF.
O uso de um parafuso para converter as forças de Iorque em
forças de compressão através de uma fratura é uma técnica valiosa.
O sucesso exige a aplicação do parafuso de uma maneira que possi-
bilite o deslizamento da parte proximal do parafu so no osso próximo
-- - - - - Área da raiz

1-- da rosca furada

(canal de rosca), e que a "pega" da rosca ocorra na cortical oposta,


de modo que a cabeça do parafuso exerça carga e force a consolida-
ção dos dois fragmentos fraturados. A seleção do ângulo do para- H[riihtijLi&I Pa râmetros de desenho do parafuso de osso
fuso com relação à fratura deve ser cuidadosa, para que não ocorra ortopédico (ver texto). (De Gonza ER, Ha rri ngton IJ: Biomechanics of
deslizamento dos fragmentos du ran te sua compressão (Fig. 53-22). Se musculoskeletal injury, Baltimore, 1982, Wi lliams & Wilki ns.)

B e
O[riii;t.)E!l!I Princípios da técnica de parafuso de compressão A, Para que seja determinada a melhor loca li zação e incl inação, uma
pinça comprim e temporariamente a fratura . B, Parafuso de compressão substitui a pinça, considerando a localização e posição (incli-
nação). C, O parafuso de compressão f ica mais satisfatoriamente em âng ulo reto com o plano da fratura . O uso do âng ulo bissector é
correto apenas para fraturas com menos de 40 graus de inclinação . Se a inclinação for de 60 graus, a fratura é deslocada por causa da
inclinação insuficiente do parafuso de compressão . (Redesenhado de Mül ler ME, Allgówe r M, Schneider R, et ai: Manual of internai fixation:
techniques recommended by the AO-ASIF group, ed 3, Berlin, 1990, Springer-Verlag.) VEJA A TÉCNICA 53-4.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA fl1m
do parafuso. O parafuso maleolar, de 4,5 mm, também está incluído
neste grupo, mas tem ponta autorrosqueante em forma de trocarte.
A seleção adequada do diâmetro da broca para perfuração e do macho
para rosqueamento são essenciais para que a pega do parafuso seja
firme. Frequentemente, junto a esses parafusos, utilizam-se arruelas
plásticas ou metálicas para fixação de avulsões de ligamentos ou para
aumentar a compressão interfragmentar, proporcionando maior área de
superfície da cortical para compressão contra a cabeça do parafuso.

1 PARAFUSOS AUTORROSQUEANTES E
AUTOPERFURANTES
Os parafusos autoperfurantes estão disponíveis nos mesmos tama-
iê@li;M B&I Exemplos de parafusos corticais e esponjosos nhos que os parafusos corticais. Esses parafusos têm uma pequena
para fi xação da fratura. (De Bechtold JE: Biomechanics of fracture broca para remover pequenos fragmentos ósseos. Parafusos autor-
fixation devices. ln Gusti lo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures rosqueantes têm menor força de arrancamento por causa de sua
and dis/ocations, St. Louis, 1993, Mosby. ) construção; eles são mais usados em pinos de fixação externa.

1 PARAFUSOS BLOQUEADOS
• PARAFUSOS-MÁQUINA Os parafusos bloqueados são autorrosqueantes com um sistema de
Parafusos-máquina são rosqueados em toda sua extensão e podem ser travamento na cabeça. Exigem pré-perfuração precisa para viabilizar
autorrosqueantes ou dependentes de prévia abertura de roscas para a fixação adequada com uma placa de bloqueio, e chaves de fenda
sua inserção. Em sua maioria, são autorrosqueantes; a ponta do especializadas são necessárias para a implantação.
parafuso tem um entalhe cortante que prepara as roscas, para que
o parafuso seja inserido. Estes parafusos são principalmente utiliza- • TÉCNICAS DE FIXAÇÃO POR PARAFUSOS
dos para fixar dispositivos de compressão parafusados à diáfise do Para fraturas oblíquas transversais ou curtas, os parafusos devem ser
fêmur. O diâmetro do orifício feito para parafusos-máquina é de fun- combinados com placas ou outras formas de fixação interna. O uso
damental importância. Um orifício demasiadamente calibroso resul- de técnica de compressão interfragmentar sempre é mais desejável
tará na pega insegura das roscas, e um orifício muito pequeno poderá que o uso de um parafuso como dispositivo de fixação. Se um para-
impossibilitar a inserção do parafuso ou resultar em fragmentação fuso tiver rosca em todo o seu comprimento, poderá funcionar apenas
do osso, caso o parafuso seja inserido. A broca selecionada deve ser como fixação, a menos que a cortical próxima à cabeça seja alargada,
ligeiramente menor que o corpo do parafuso menos sua rosca. de modo que as roscas se fixem apenas na cortical oposta; então, quando
No caso de ser utilizado um parafuso autorrosqueante, a broca usada o parafuso é apertado, é criada compressão através da linha de fratura.
para fazer o orifício no osso cortical deve ser 0,3 mm maior que a Se o parafuso for rosqueado apenas em parte do seu comprimento,
usada em osso esponjoso. Os diâmetros dos parafusos e brocas devem sendo o talo desprovido de rosca, a compressão através da linha de
ser rigorosamente conferidos antes da cirurgia. fratura poderá ser obtida sem necessidade de alargamento da cortical
proximal, mas a parte responsável pela pega não deve atravessar a
• PARAFUSOS ASIF linha da fratura, ou a compressão interfragmentária não será possível
Estes parafusos são projetados para as técnicas e princípios de oste- (Fig. 53-24) . Para obter compressão interfragmentar através da linha
ossíntese desenvolvidos pelo grupo ASIF na Suíça e amplamente uti- de fratura, o grupo AO recomenda a técnica descrita a seguir.
lizados. As roscas são mais horizontais que as dos parafusos-máquina
e, com raras exceções, estes parafusos não são autorrosqueantes; o
orifício deve ser preparado com macho, antes da inserção do parafuso. FIXAÇÃO POR PARAFUSO
Os parafusos modelo ASIF são para uso em osso cortical, esponjoso
e maleolar. Miniparafusos para fixação de pequenos fragmentos e TÉCNICA
pequenos ossos, bem como parafusos para osso esponjoso e cortical
mais comuns, podem ser obtidos em vários comprimentos e diâme- • Inicial mente, a fratura é reduzida e a redução é mantida
tros (Fig. 53-23). As cabeças dos parafusos esponjosos e corticais com uma pinça adeq uada ou fi xada provisoriamente com
padrão têm um recesso hexagonal para encaixe de uma chave de fenda fios de Kirschner.
especial, enquanto os parafusos menores têm cabeça do tipo Phillips. •A posição do parafuso deve ser planejada para que este seja
inserido no meio do fragmento, em posição equidistante
1 PARAFUSOS CORTICAIS das bordas da fratura e direcionado perpendicularmente ao
Os parafusos corticais ASIF têm rosca em todo seu comprimento e plano da fratura. Se isso não for observado, forças de cisa -
estão disponíveis nos seguintes diâmetros: 4,5; 3,5; 2,7; 2,0 e 1,5 mm. lhamento serão introduzidas à medida que forças do para-
Os parafusos corticais podem funcionar tanto como parafusos de fuso produzem compressão na linha de fratura, havendo
fixação ou como parafusos de compressão interfragmentar, se o desvio e perda da redução (Fig. 53-22).
orifício da cortical mais próxima estiver alargado. •Fure a cortical ma is próxima com uma broca de 4,5 mm.
• Insira a luva de redução de perfuração para a broca de 3,2
1 PARAFUSOS ESPONJOSOS mm e perfure o córtex oposto com uma broca de 3,2 mm.
Esses parafusos têm roscas maiores, proporcionando mais pega no osso • Escareie o furo de 4,5 mm para possibilitar o contato
esponjoso, sendo mais utilizados nas áreas metafisárias; seus diâmetros máxim o com a cabeça do parafuso, para melhor distri-
são 6,5 mm, com roscas de 16 mm e 32 mm. Eles são rosqueados apenas buição da carga na corti ca l. )
para esses dois comprimentos, independentemente do comprimento
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O uso exclusivo de fixação por parafuso s interfragmen tários é


•Determine o comprimento do parafuso com um medidor
) apropriado para reparo de fraturas por avulsão e em fratura s intra-
de profundidade, e o macho 4,5 mm é utilizado para
articulares epifisárias e metafisárias provocadas por forças de cisa-
fazer a rosca apenas no orifício da cortical oposta, para
lhamento (Fig. 53-25).
pega da rosca do parafuso.
• Insira um parafuso de comprimento adequado e observe
a compressão interfragmentária ocorrendo por intermé- TÉCNICA DE PARAFUSO ESPONJOSO ASIF
dio do efeito do deslizamento no canal da rosca. A fixação A técnica de parafuso esponjoso ASIF deve ser uti lizada para
provisória ou a pinça que está mantendo os fragmentos a f ixação do parafuso por meio de uma placa, utilizando o
unidos deve ser mantida até que o parafuso tenha sido parafuso cortical ASIF de 4,5 mm. Se o parafuso for utilizado
completamente apertado . apenas para fixação (sem compressão interfragmentar), sele-
cione uma broca de 3,2 mm e perfure as duas corticais. Deter-
mine o comprimento do parafuso com um medidor de
profundidade; em seguida, com um macho de 4,5 mm, con-
feccione as roscas ao longo do furo da broca e insira um
parafuso cortical de 4,5 mm de comprimento apropriado. A
inserção de parafusos esponjosos é semelhante à de parafusos
corticais, sem alargar a cortical próxima, pois o córtex próximo
à cabeça do parafuso é liso e não se prenderá à cortical.

Parafusos TÉCNICA
interfragmentários
•Quando o osso esponjoso em que esses parafusos são
usados for mole, uma arruela deve ser colocada sob a
cabeça do parafuso para aumentar a área de contato e
impedir que, durante o aperto, a cabeça seja tracionada
em demasia e afunde na cortical.
•Se o osso metafisário estiver firme e rígido, o macho para
o parafuso esponjoso deve ser passado somente na cor-
tica l próxima.
•Use uma broca de 2,5 mm e um macho de 3,5 mm para
o parafuso esponjoso de 4 mm, e utilize uma broca de
3,2 mm com um macho de 6,5 mm para o parafuso
esponjoso de 6,5 mm.
• Se o osso for osteoporótico e mole, não é necessário o
O@il;tJ.ilim Inserção do parafuso de compressão . Para ap licar uso do macho.
a compressão, a rosca deve ser rosqueada apenas no fragmento dis- •Se houver necessidade de compressão interfragmentar, a
tante, resu ltando em aproximação do fragmento distante para o mais parte rosqueada do parafuso de ser escolhida adequada-
próximo, cria ndo compressão no local da fratura . (De Bechtold JE: mente, de modo que todas as espiras fiquem no frag-
Biomechanics of fracture fixation devi ces. ln Gustilo RB, Kyle RF, Tem- mento distante e nunca no fragmento próximo.
pleman DC, editors: Fractures and dislocations, St. Louis, 1993, Mosby.)

A B D

iâ[iji!itJ.iLim Fratu ras epifisária e metafisária intra-articulares reconstruídas com parafusos de compressão. A, Parafuso esponjoso
(6,4 mm) para a fratu ra do ma léo lo posterior do tornoze lo. B, Do is parafusos esponjosos 4 mm de pequenos fragmentos com rosca
parcia l ut il izados para fraturas de ma léolo medial. C, Do is pa rafusos esponjosos 4 mm de pequenos fragmentos com rosca pa rcia l ut ili zados
para fraturas de ma léo lo media l do t ipo A. D, Dois parafusos esponjosos 4 mm de pequenos fragmentos com rosca parcia l ut ilizados como
parafusos de comp ressão uti lizados para f ixação da epífise e do cônd il o na metáfise do úmero dista l. (Redesenhado de Müller ME, Al lg õwer
M, Schneider R, et a i: Manual of internai fixation: techniques recommended by the AO-ASIF group, ed 3, Berlin, 1990, Springer-Verlag.)
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

FIXAÇÃO POR PARAFUSO E PLACA

Os modelos de placa e parafusos têm sido modificados e aperfei-


çoados continuamente. Pauwels foi qu em primeiro definiu e aplicou
o princípio da band a de tensão na fixação de fraturas e pseudoar-
troses. O princípio mecâni co aplica-se à conversão das forças de
tração em forças de compressão no lado convexo de um osso
subm etido à carga excêntrica . Isso é conseguido pela colocação de
uma ban da de tensão (placa) sobre a fratura no lado de tensão (ou
convexo) do osso. As força s de tensão são neutrali zadas pela band a
de tensão nessa pos ição e convertidas em forças de compressão.
Se a placa for ap licada no lado de compressão (ou côncava) do
osso, ela envergará, sofrerá fadiga e qu ebrará. Portanto, o princípio
básico do uso de placa como banda de tensão é aplicá-la na face de
tensão do osso, de modo qu e o osso receba as forças compressivas.
Assim, o instrumento que va i servir como banda de tensão não
precisa ser muito vo lumoso ou rígido (Fig. 53-30). Os princípios da
banda de tensão também são empregados em algumas fr aturas do
olécrano e da patela com pinos ou parafusos e fios; essas técnicas
são discutidas nos Capítulos 54 e 57. Os princípios da banda de
tensão e compressão axial frequentemente são combinados pelo uso
de placas e parafusos.
Embora o uso de compressão axial na fixação de fraturas de
osso esponjoso seja atualmente bem aceito, os efeitos de compressão
no osso cortical são controversos. Uma série de placas de compres-
são tem sido desenvolvida e alterada várias vezes desde a sua intro -
O@mHL!m Vários parafusos canulados estão disponíveis de dução, em 1963 (Fig. 53 -31).
vários fabricantes. As placas oferecem os benefícios de redu ção anatômica da
fratura com técnicas abertas e estabilidade para um retorno mais
rápido da fun ção das unidades musc ulotendíneas e articulações;
no entanto, deve-se evitar sustentação de peso precoce. As des-
va ntagens da fi xação com placas incluem o risco de refratura após
Parafusos canulados (Fig. 53-26) estão disponíveis a partir de sua rem oção, proteção contra as forças incidentes e osteoporose
vários fabricantes . Para pequenos fragm entos de fra tura, frequen- sob a placa, irritação causada pela placa e, raramente, reação
temente, a fixação definitiva e idea l por parafuso se situa no mesmo imunológica .
local de fixa ção provisória. A diferença com a técnica co nvencional As placas n eutralizam as forças deformantes que nã o podem
por parafuso de compressão é que a perfuração so bre o fio-g uia se r contrabalanceadas pelo uso apenas de parafuso e devem ser
deve ser com broca canulada. Nesse caso, devem ser seguid os os moldadas para obter es tabilidade da fratura após a redu ção. A
princípios da fixação interfragmentar por parafuso de compressão aplicação dos parafu sos é um detalhe importante, pois a coloca-
quanto ao planejamento da orientação do parafuso, fixação provi- ção ou a sequência incorretas result arão em deslocamento ou
sória e necessidade de pega das roscas apenas no fragmento ósseo cisalhamento e perd a da redu ção (Fig. 53-32) . Para que a fixação
e na cortical oposta. A Figura 53-27 mostra técnica e instrumen- com placas de qualquer tipo funcione, deve h aver pega adequada
tação utilizadas. dos parafusos no osso em seis a oito co rticais acima e abaixo da
Parafus os para qu ad ril (Fig. 53-28) são utili zados para corri- fratura, exceto qu ando do uso das placas de apo io. Um dos erros
gir os vários tipos de fraturas do colo femoral. Os principais mais comuns é a utili zação de uma placa de comprimento insu-
modelos de parafuso para quadril, como hastes de Jewett, consis- fi ciente. Quanto maio r o osso e as forças incidentes, mais longas
tiam em um a haste ou parafuso fixado na cabeça do fêmur e devem ser as placas. O uso de enxe rto de osso esponjoso pod e
introduzido em uma placa lateral fixada ao fêmur. Modelos mais ser feito em fratur as intensamente comin utivas, caso a cominui-
recentes possibilitam o desli zamento do parafuso ou haste no inte- ção envolva mais de 1/3 da circunferência do osso. O torque em
rior de um tambor acoplado à placa lateral, possibilitando o des- excesso sob re os parafusos deve ser evitado durante a inserção.
lizamento e o colapso necessários à consolidação da fratura. Esses Antes do fechamento da ferida, todos os p arafusos devem ser
parafusos de comp ressão do quadril atuam de acordo com o prin - reapertados, possibilitando relaxamento da tensão na interface
cípio da banda de tensão, submetidos à tração, e o osso, no local de parafuso-osso.
da fratura, permanece em compressão. O momento de enverga- Os tipos específicos de placas são: semitubulares, placas 1/3 e
mento aplicado e, portanto, a resistência à fadiga desses implantes 1/4 de tubo, placas T e L, placas em formato de colher, placas de
dep endem do ângulo entre a placa lateral e o parafu so ou haste. compressão dinâmi ca e placas-cobra para artrodese. Em ossos
Estudos biomecânicos demonstraram qu e ângulos maiores com maiores como o fêmur, são utilizadas as placas largas, com orifícios
braços de momentos mais curtos resultam em envergamento dispostos alternadamente, minimizando a concentração das tensões.
menores que placas de menor ângulo com braços de movimentos Os diversos tipos e modelos de placas podem ser agrupados funcio-
mais longos (Fig. 53-29). A utili zação desses dispositivos para nalmente em quatro categorias: de neutralização, de compressão, de
fixa ção de fraturas do colo femoral é discutida no Capítulo 54. apoio e em ponte.
Ei> PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

A B e

D E F

O@l!;HLim Inserção de pequenos parafusos canulados para osso esponjoso. A, Após a redução dos fragmentos, um fio-guia de
1,25 mm é inserido usando um perfurador pneumático e luva de proteção. A posição do fio-guia é confirmada por radiografias em
três projeções; a luva de proteção é removida e um segundo fio é inserido paralelamente ao primeiro fio. B, A profundidade de inserção
do fio-guia deve ser determinada pelo medidor diretamente sobre o fio; a profundidade de perfuração é 5 mm menor que a leitura do
instrumento, para que não ocorra penetração na cortical oposta. C, A broca canulada é introduzida no guia de perfuração, até que seu
engate encoste no guia. A broca é inserida no medidor, a porca serrilhada é afrouxada, o guia de perfuração é girado até que o compri -
mento da broca corresponda à profundidade de perfuração e a porca é apertada . Esta montagem para perfuração é aplicada sobre o
fio-guia e a perfuração terá continuidade até que a extremidade do engate toque o guia de perfuração. D, Um escarificador canulado é
aplicado sobre o fio-guia para que seja criado um rebaixo para a cabeça do parafuso (se houver necessidade, pode-se usar uma arruela).
E, Na cortical próxima, é feita rosca usando um macho. F, O parafuso ósseo canulado, de comprimento igual à profundidade perfurada,
é inserido sobre o fio-guia, que é removido, e o procedimento repetido para os demais parafusos. (Redesenhado de Müller ME, Allgõwer M,
Schneider R, et ai: Manual of internai fixation: techniques recommended by the AO-ASIF group, ed 3, Berl in, 1990, Springer-Verlag.)

Placas de neutralização são util izadas juntamente com fixa ção por meio de dispositivos de compressão extern a, ou por furo s de
interfragmentar por parafusos e neutralizam as forças de torção, autocompressão especialmente projetados na placa de compressão
envergamento e cisalhamento; utili zadas em fraturas com fragmen- din âmica; esses furos exercem compressão através da translação da
tos em asa de borboleta ou do tipo em cunha, depois da fixação placa, à medida que o parafuso é apertado. Placas de compressão
interfragmentar da parte cuneifo rme da fr atura com parafusos (F ig. din âmicas são utilizadas em fr aturas diafisárias do tipo A, transver-
53-33). A estabilidade da placa melhora significativamente com o sais ou oblíquas curtas, ou fraturas do tipo B após a fixação inter-
uso de parafuso interfragmentário. Fraturas comuns fixadas com frag mentar do frag mento em cunha. Va riações da técnica incluem
placas de neutralização são fraturas da cunha do tipo B do úmero, a inserção do parafuso interfragmentar fora da placa, aplicação de
rádio, ulna e fíbula. A técnica para fixação de placa de neutralização compressão através da placa pelos dois parafusos mais próximos à
é, essencialmente, a mesma utilizada para fixação por placa de com- fra tu ra e, em seguida, aplicação dos parafusos restantes excentrica-
pressão, sem a aplicação de parafu sos de compressão nos furos. mente de forma alternada a partir da fratura e da metade da placa.
As placas de compressão anulam as fo rças de torção, enverga- Uma placa semitubular também pode ser utilizada como uma placa
mento e cisalhamento e criam compressão através do foco de fratura, de compressão, geralmente na fixação das fraturas fibul ares.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA f.mll

I
I
I
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i L, t tt
t 11 t tt
1
1
1
1
1
1
1
\1

A B e D

O@i!;MmI!) A-D, Princípio de placa em ba nda de tensã o .


Tendo em vista que aos ossos longos estão sujeitos à incidência de
cargas excê ntricas, a placa aplicada no lado externo (ou convexo)
A B co ntrabalança as forças de tensão e proporcio na fixação interna
rígida, enquanto a placa aplicada na superfície interna (ou côncavo)
0@11;(.!LlEll Exemp los de parafusos e hastes para quadr il f ixos proporciona pouca fi xação, a lém de f icar submetida a forças de
e des li za ntes; os imp lantes des li za ntes possib ilitam que o local da envergamento excessivas, ap resentando precocemente fraturas
fratura co lapse. (De Bechtold JE: Biomechanics of fractu re fixation por fadiga. (Redesenhado de Müller ME, Al lgõwer M, Willenegger H:
devices. ln Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures and Manual of internai fixation, New York, 1970, Springer-Verlag.)
dislocations, St. Louis, 1993, Mosby. )

O sistema de placa de compressão dinâmica de baixo contato


F AO -ASIF fo i projetado para solu cionar problemas com a compati-

i
bilidade biológica . A placa é moldada para melhorar a circulação
sob a placa e para possibilitar uma pequena área de formação de
calo circunferencial para regeneração da fratura. Os furos na placa
são uni fo rmemente posicionados para otimizar a aplicação do implante
M nas proximidades da fratura. O entalhe inferior dos furos possibilita mais
opções de inclinação e inserção dos parafusos em ângulo de até 40 graus.
1
1 A característica compressiva dos orifícios para parafusos também possi-
1
1 bilita a compressão bidirecional através dos furos. A placa está disponível
1 com ercialmente em titânio puro, bem como aço inoxidável.
1
1 Placas de apo io anulam as forças de compressão e cisalhamento
1

___ e 1 que frequentemente ocorrem em fraturas metáfi.so-epifisárias, como as


fraturas do platô e do pilão tibial. Em geral, essas placas são utilizadas
em conj unto com fixação por parafusos interfragmentares. Elas diferem
de outros tipos de placas funcionais porque, nesse caso, o implante é
firmemente fixado ao principal fragmento estável, mas não necessaria-
mente ao fragmento que está apoiando. É fund am ental uma moldagem
d correta, e os parafusos devem ser inseridos de modo a se apoiar ao
"ombro" do orifício do parafuso mais próximo à linha da fratura, para
que não ocorra deformação axial durante a aplicação da carga.
M =F X d Placas em ponte são utilizadas para abranger fraturas cominu -
tivas instáveis ou defeitos ósseos quando a redução anatômica e a
estabilidade absoluta não puderem ser obtidas. Essa função é a mai s
difícil de se r mantida por uma placa. Em geral, há n ecessidade de
co mplementos biológicos aos métodos de fixação, na forma de enxerto
OCiji!;fülim Influência do ângu lo entre a haste e a p laca no ósseo autógeno. As técnicas de redução indiretas são recomendadas
momento de envergame nto : um ângu lo mais a lto resu lta em para m aximizar o potencial de regeneração do osso no local da lesão.
menor momento, pe la distância mais curta (d); por outro lado, Após regeneração óssea adequada, pode ser necessário remover
um ângu lo ma is baixo res ul ta em menor mov imento, por ma ior o implante, por preferência do paciente ou pa ra restaurar a resistên-
d istância. (De Bechtold JE: Biomechanics of fract ure fixat ion devices. ln cia do esqueleto. O risco de refratura após remo ção de uma placa
Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures and dislocations, pode ser minimi zado pela ava liação da fratura em vári as projeções
St. Lou is, 1993, Mosby.) radiográficas. A restauração do canal m ed ular e a obliteração de
lllm) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADU LTOS

1 1
1 1
H!§il;tljE!IJI A, Quando é uti-
1 1
1 1
1 1 lizada uma placa pré-tensionada,
' L'> L 1
1

1
a Si!1
1

1
a os parafusos inte rnos são ap lica-
dos em primeiro lugar, seguidos
1 1 pelos parafusos externos. B, Se os
1
1 1
1
parafusos externos forem ap lica-
ir 1 --
dos em primeiro lugar, a cortical
próxima se abre, porque a placa é
longa demais em relação ao osso
existente entre os orifícios de
parafusos externos. (Redesenhado
de Müller ME, All gõwer M, Schnei-
der R, et ai: Manual of internai fixa -
tion. techniques recommended by
the AO-ASIF group, ed 3, Berlin, 1990,
A 8 Sp rin ger-Ve rlag.)

53-10 Tempo de Remoção de Metal

TEMPO APÓS A
FRATURA ÓSSEA IMPLANTAÇÃO (meses)
Fraturas maleolares 8-12
Pilão tibial 12-18
Diáfise da tíbia
Placa 12-18
Haste intramedular 18-24
Tíbia proximal 12-18
Patela, banda de tensão 8-12
Côndilos femorais 12-24
Diáfise do fêmur
Placa única 24-36
Placas duplas A partir de 18, em
duas etapas (inter-
valo de 6 meses)
Haste intramedular 24-36
Peritrocantérica e fraturas 12-18
do colo femoral
Pelve (somente em caso A partir de 1O
de quei xas)
O@ll@E!m A placa pode ter mais de uma função. Esta placa Membro superior 12-18
está funcionando não só como placa de proteção, mas também (opcional)
como placa de compressão. Para que uma placa de compressão
funcione como placa de neutralização, ela deve ser perfeitamente Esses dados referem-se, essencialmente, às fraturas recentes com proces-
sos de consolidação sem complicações e não se aplicam para osteossín-
moldada e os parafusos devem ser inseridos a partir da fratura em
teses em pseudoartroses, para grandes fragmentos, ou após infecções, que
direção às extremidades da placa . (Redrawn after Mü ller ME, Allgõwer devem ser considerados de forma individual.
M, Sch neider R, et ai: Manual of internai fixation.- techniques recommen-
ded by the AO-ASIF group, ed 3, Berlin, 1990, Springer-Verlag.)

(LISS, Less Invasive Stabilization System) (Synthes, Inc., West Ches ter,
todas as linhas da fratura sugerem a consolidação adequada, embora PA) utiliza parafusos de bloqueio unicorticais, tornando possível
ainda possa ocorrer refratura através dos furos dos parafusos. O grupo maior deformação elásti ca em relação às placas convencionais. As
AO-ASIF publicou um conjunto de orientações gerais para remoção placas bloqueadas tamb ém podem ser utilizadas de forma h íbrida
de implantes, que pode ter utilidade práti ca (Tabela 53-10). com parafusos bloqueados e não bloqueados, mantendo as funções
mecânicas dos implantes que utiliza m so mente parafu sos bloqueados.
• PLACAS BLOQUEADAS As placas bloq ueadas fun cion am m elhor em osso osteoporótico, nos
Placas bloqueadas são disposi tivos híbridos que viabilizam a inser- quais o arrancham ento das placas convencionais ocorre com fre-
ção em ponte (percutânea) e a utilização da parafusos bloqueados quência. Em decorrê ncia de sua estabilidade, p ermitem a utilização
com ângulo fixo. Possibilitam suporte de carga maior em relação às de apenas uma placa (lateral ou medial) em fraturas de fêmur distal,
placas convencionais. O Sistema de Estabilização m enos Invasivo tíbia proximal e platô tibi al (Fig. 53-33).
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

H@l!;fdlil!t A e B, Fixação de fratura comi-


nutiva do fêmur distal com placa de tipo Less
ln vasive Stabilization System (LISS) e parafuso de
fi xação no côndilo femoral.

uma incongruência en tre a curvatura do osso e da haste,


FIXAÇÃO COM HASTE INTRAMEDULAR
levando a um encaixe por interferência longitudinal. Se a
Desde meados dos anos 1950, as técnicas para fixação intramedular incongruência entre as curvaturas for muito grande, haverá
com hastes das fraturas vêm ganhando aceitação universal. Na necessidade de mais fresamento. O ponto de entrada das hastes
maioria dos centros traumatológicos da América do Norte, a fixação é decisivo, devendo se localizar em uma região que minimize
fechada por hastes bloqueadas é o procedimento de escolha para as forças de inserção. No fêmur, esse local se situa na fossa
fraturas da diáfise femoral, especialmente em pacientes politrauma- piriforme, em linha com o canal medular. Para a tíbia e o
tizados. Esse método de tratamento vem sendo objeto de controvér- úmero, a diferença entre a entrada e o alinhamento do canal
sia desde sua introdução, por causa de preocupações com a possível pode gerar forças excessivas nas corticais posterior e medial.
lesão à circulação medular, possibilidade de embolia gordurosa e A colocação da haste na tíbia, na altura da cabeça da fíbula,
complicações decorrentes da aplicação inadequada da técnica, em minimizará as forças para inserção na tíbia.
razão da não compreensão dos princípios biomecânicos de fixação 3. Diâmetro suficiente e continuidade do canal medular são
com hastes intramedulares. Uma a uma, essas preocupações foram pré-requisitos para as técnicas de fixação intramedular com
respondidas pela pesquisa científica, tornando as hastes intramedu- hastes. Deve-se evitar fresamento excessivo, por enfraque-
lares o tratamento padrão para muitas fraturas. cer significativamente o osso e aumentar o risco de necrose
A estabilização satisfatória de uma fratura por fixação intra- térmica.
medular é possível sob as seguintes circunstâncias: 4. Técnicas de utilização de hastes intramedulares bloqueadas
1. Hastes não bloqueadas podem ser consideradas quando uma deve possibilitar fixação de fraturas dentro de 2 a 4 cm da
fratura não cominutiva ocorre através da parte mais estreita do articu lação. Essas técnicas requerem o uso de parafusos de
canal medular; não apenas são eliminadas as forças laterolate- bloqueio ou parafusos de "Poller" (Fig. 53-34).
rais ou de cisalhamento, mas as forças rotacionais também A haste intrarnedular perfeita ainda não foi projetada. Os con-
estão bem controladas. Se o canal medular for muito mais tornos diferentes dos ossos tornam impossível a confecção de uma
calibroso em um fragmento que no outro, não será obtido o haste ideal; mesmo assim, a evolução do modelo das hastes intra-
controle satisfatório das forças rotacionais; nessas situações, é medulares continua. Estas podem ser projetadas para cada osso,
necessário recorrer às técnicas de bloqueio. Em geral, os para- cada tipo de fratura ou para fraturas em diferentes regiões do
fusos de bloqueio devem ser posicionados pelo menos a 2 cm mesmo osso. Uma haste intramedular deve atender aos seguintes
da fratura, para proporcionar estabi lidade suficiente e possibi- requisitos:
litar atividades func ionais no pós-operatório. Fraturas axial- 1. Ser suficientemente forte e estável para manter o alinhamento e a
mente instáveis são mais adequadamente tratadas com hastes posição e evitar rotação; além disso, deve permitir a inserção
estáticas ou de duplo bloqueio. de parafusos de bloqueio quando necessário.
2. A curvatura do osso deve ser considerada na escolha do tipo de 2. Ser construída de modo que as forças de contato- compressão
haste e determinará o grau de fresamento necessário. Biome- possam impactar as superfícies de fratura, um estímulo fisio-
canicamente, hastes não bloqueadas alcançam estabi lidade por lógico desejável para consolidação.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

: ; , Envergamento

Haste e osso
suportam a carga
(compartilhamento
de carga)

Apenas a haste
suporta a carga
(preservação de carga)

H@ihtziBla Comparti lhamento de carga entre haste intra-


medular e osso no envergamento; a maior parte da carga de
envergamento é suportada pela haste, especia lmente ser houver
perda de segmento ósseo. (De Bechtold JE: Biomechanics of fracture
fixation devices. ln Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures
and dislocations, St. Louis, 1993, Mosby.)

iê!§ii;J.UilII Parafusos de bloqueio ou Poller podem a umen- de infecção com o uso dessas técnicas. Contudo, o cirurgião
precisa estar familiarizado tanto com técnicas abertas quanto
tar a estabilidade de hastes intramedulares utilizadas para fratu-
ras proximais ou distais, especialmente em hastes com diâmetro com técnicas fechadas. À medida que for adquirida mais expe-
pequeno. riência com as técnicas fechadas, diminuirá cada vez mais o
número de fraturas que necessitam de redução aberta.

• TIPOS DE HASTES INTRAMEDULARES


3. Ser inserida de modo acessível para a fácil remoção; anexos são Como ocorre com as placas, hastes intramedulares têm nomes ana-
fornecidos para facilitar a remoção. tômicos e funcionais definidos. As hastes centromedulares penetram
Antes de selecionar essa técnica, o cirurgião deve perceber no osso em linha com o canal medular. Elas fazem contato com o
que as complicações são possíveis com fi xação intramedular, assim osso através de vários pontos de interferência longitudinal. Depen-
como com qualquer outro meio de fi xação interna. Não é uma dem da restauração do contato ósseo e da estabilidade, para que seja
técnica para ser utilizada casualmente. Recomendamos as seguin- evitada deformação axial e rotacional da fratura. São exemplos
tes considerações: de hastes centro medulares as hastes clássicas (em folha de trevo)
1. O planejamento pré-operatório adequado é necessário para asse- e de Sampson. As hastes condilocefálicas penetram no osso nos côn-
gurar que a fratura possa ser devidamente estabilizada dentro dilos da metáfise, e cornumente penetram na área metáfisária-epifi-
da zona de trabalho da haste. sária oposta; são inseridas em grupos para aumento da estabilidade
2. O paci ente deve ser capaz de tolerar um procedimento cirúrgico rotacional. Exemplos de hastes condilocefálicas são os pinos de
extenso. Uma atenção especial deve ser dada a pacientes com Ender e de Hackenthall. As hastes cefalomedulares apresentam uma
lesão pulmonar grave, pois a embolia gordurosa gerada a partir parte centromedular, mas também possibilitam a fixação até o inte-
do procedimento pode intensificar os problemas pulmonares. rior da cabeça femora l. São exemplos desse tipo a haste de Küntscher
3. Hastes de comprimento e diâmetro adequados deve m es tar dis- em Y e a haste subtrocantérica de Zickel.
poníveis e identificadas antes da cirurgia. As técnicas de bloqueio modificaram esses implantes clássicos,
4. Instrumentos adequados, assistentes treinados e as condições mediante adição de hastes de bloqueio dos tipos cefalomedular e
hospitalares ideais são necessários para a inserção bem-suce- centromedular, por torn arem possível uma área de trabalho mais
dida de hastes intramedulares. longa do implante, pela adição de parafusos bloqueantes que resis -
5. As hastes de metal não são substitutas para consolidação e enver- tem à deformação axial e rotaciona l da fratura. Credita-se a Modney
gamento, ou se quebrarão se forem submetidas a tensões inde- o proj eto da primeira haste bloqueada. Küntscher também projetou
vidas durante a recuperação (Fig. 53-35). urna haste intramedular bloqueada (a haste distensora), que foi
6. As técnicas de fixação intramedulares devem ser, sempre que modificada por Klemm e Schellman e, mais tarde, por Kempf e
possível, feitas a foco fechado. Foram publicadas porcenta- Grasse e outros. Esses pioneiros desenvolveram as técnicas e implan-
gens mais altas de consolidação e um menor número de casos tes que formam a base de diversos modelos e técnicas atualmente
CAPÍTULO 53 PRINCrPIOS GERAIS DETRATAM ENTO DE FRATURA

sua sustentação de carga e também aumentando as forças de compres-


são no local da fratura; contudo, se a estabilidade cortical ou a rege-
neração óssea adequada não existir antes da dinamização, poderá
levar a encurtamento residual. A dinamização raramente é usada nos
dias atuais. As técnicas específicas de aplicação de hastes intramedu-
lares são discutidas nos capítulos apropriados.
Bloqueio Bloqueio
dinâmico estático
• HASTES INTRAMEDULARES FRESADAS VERSUS
NÃO FRESADAS
Existe controvérsia no tratamento das fraturas de ossos longos em
pacientes politraumatizados sobre a fresagem ou não do canal para
aplicação de hastes intramedulares. Estudo que valorizam o uso de
hastes não fresadas enfatizam os efeitos fisiológicos adversos da fre-
sagem, como a embolização de gordura da medula óssea até os
pulmões, e evidências experimentais sugerem que a fresagem afeta
adversamente a função pulmonar. Na maioria dos pacientes, esse pro-
blema não é clinicamente significativo, e alguns autores sugeriram que
o desenvolvimento de complicações pulmonares pode estar mais inti-
mamente relacionada com a gravidade de uma lesão torácica asso-
ciada do que com a fresagem medular. Estudos favoráveis à fixação
u[ijii;f;iE!m Bloque io dinâmico (A) e estático (B) de haste fresada, em geral, não evidenciam diferença estatisticamente signifi-
intramedular. (De Bechtold JE: Biomechanics of fracture fixation cativa em complicações pulmonares entre pacientes submetidos à
devices. ln Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures and colocação de hastes com ou sem fresagem. Tendo em vista o enorme
dis/ocations, St. Louis, 1993, Mosby.) número de fatores que contribuem para a ocorrência de SARA, torna-
se difícil definir em quais pacientes a fresagem pode ser prejudicial.
Outro tópico controverso é saber se a frequência de infecção
aumenta ou não nas fraturas de ossos longos submetidas à fixação
em uso. Hastes cefalomedulares com bloqueio foram projetadas para com hastes fresadas. Atualmente, os dados clínicos disponíveis não
tratar as fraturas complexas estendendo-se até a região proximal do revelam nenhuma diferença nas taxas de infecção após aplicação de
fêmur, que eram axial e rotacionalmente instáveis, como as fraturas hastes com ou sem fresagem. Nossa experiência com fixações com
subtrocanterianas complexas, fraturas patológicas, fraturas do quadril hastes intra.medulares confirma isso. Nas 125 fraturas femorais expos-
e diálise ipsilaterais. Essas hastes possibilitam fixação com parafusos tas fresadas (95 fraturas) ou não (30 fraturas), ocorreu infecção em
com porca, hastes e parafusos de compressão especiais, conforme 4% de todas elas, em 3,2% das fraturas tratadas por fixação com haste
exemplificado pela haste de reconstrução de Russell-Taylor, haste de fresada e em 6,4% das fraturas tratadas com fixação com haste não
Williams em Y e haste Uniflex. Atualmente, as hastes intramedulares fresada; das 50 fraturas tibiais expostas tratadas com hastes não fre-
desenhadas para fixação de fraturas femorais refletem sua área de sadas, ocorreu infecção em quatro (8%); todas eram lesões do tipo III.
inserção. Haste femoral anterógrada pode ser inserida através de um
portal na fossa piriforme ou na região trocantérica. Hastes femorais
retrógradas são introduzidas através de um ponto de entrada confec- FIXAÇÃO EXTERNA
cionado entre os côndilos do fêmur.
A fixação bloqueada pode ser dinâmica, estática e dupla. A fixação A fixação externa é útil no tratamento de lesões traumáticas, desde o
dinâmica controla a deformação por envergamento e rotacional, mas controle de danos até o tratamento definitivo. Apesar de a fixação
possibilita a transferência de cargas axiais para o osso. Esta fixação é externa exigir um acompanhamento clínico e radiográfico mais cui-
utilizada em fraturas axial.mente estáveis e algumas pseudoartroses (Fig. dadoso em relação à fixação interna, os princípios gerais de aplicação
53-36A). A fixação estática controla as cargas rotacionais, de enverga- e tratamento são relativamente simples, e sua versatilidade torna pos-
mento e axiais, e torna o implante um dispositivo capaz de sustentar sível sua utilização em uma ampla variedade de fraturas. Contudo, a
mais carga às custas de redução do potencial de vida útil até a fadiga. fixação externa não é adequada para todas as fraturas, e não deve ser
Esta fixação é especialmente útil em fraturas diafisárias cominutivas e usada quando outras formas de fixação (p. ex., parafusos, placas ou
não ístmicas do fêmur e da tíbia. O bloqueio duplo controla as forças pregos) são mais adequadas.
de envergamento, rotacionais e parte da deformação axial; no entanto,
devido à possibilidade de deslizamento do parafuso no interior da haste, • VANTAGENS
é possível a ocorrência de algum encurtamento (Fig. 53-36B). Esse A fixação externa fornece fixação rígida dos ossos nos casos em que
modo de fixação é utilizado em fraturas do úmero e, ocasionalmente, outras formas de imobilização, por uma razão ou outra, são inade-
em retardas de consolidação e pseudoartroses. quadas. Mais comumente, esses casos são fraturas expostas e graves
A dinamização de hastes bloqueadas era descrita, originalmente, dos tipos II e III, em que métodos utilizados como aparelho de gesso
como forma de evitar comprometimento da consolidação da fratura, ou tração não possibilitariam acesso para tratamento dos ferimentos
supondo que o bloqueio estático retardasse esse processo. A técnica nas partes moles, e fraturas nas quais a exposição e a dissecção para
prevê a conversão do modo estático para um modo dinâmico, remo- implante de algum dispositivo de fixação interna iriam desvitalizar
vendo os parafusos a partir do fragmento mais longo. A dinamização e contaminar áreas maiores, além de aumentar significativamente o
aumenta efetivamente a vida útil da haste até a ocorrência, por reduzir risco de infecção ou até mesmo de perda do membro.
BD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

1. É possível obter compressão, neutralização ou distração fixa dos 5. A refratura após a remoção da estrutura pode ocorrer, a menos
fragmentos da fratura com o uso de fixação externa, conforme que o membro seja adequadamente protegido até o osso habi-
determinado pela configuração da fratura. As fraturas transversas tuar-se novamente às tensões incidentes.
não cominutivas podem ser comprimidas de maneira favorável, 6. O equipamento é caro.
o comprimento pode ser preservado em fraturas cominutivas por 7. Um paciente que não colabora pode prejudicar os ajustes do
meio de pinos nos fragmentos proximal e distal principais (modo fixador.
de neutralização), ou pode-se obter distração fixa em fraturas com 8. Pode ocorrer enrij ecimento da articulação se a fratura exigir que
a perda de tecido ósseo em w11 dos ossos pareados, tais como o o aparelho fixador imobilize a articulação adjacente. Isso
raio ou ulna, ou em procedimentos de alongamento da perna. ocorre mais co mumente em casos de fraturas envolvendo os
2. O método possibilita avaliação direta do membro e da ferida, limites proximal e distal do osso, em que o fragmento prin -
tornando possível o acompanhamento da cicatrização, quadro cipal não possibilita uma "pega" satisfatória do pino.
neurovascular, viabilidade dos retalhos cutâneos e tensão em 9. Os componentes de fixadores externos podem interferirna realiza-
comparti men tos musculares. O tratamento associado (p. ex., ção de ressonância magnética. A indução de correntes elétricas,
troca de curativos, enxerto de pele, enxerto ósseo e irrigação) que podem ser produzidas, e a possibilidade de aquecimento do
é possível sem que ocorram alterações no alinhamento ou na dispositivo de fixação externa são duas preocupações; no entanto,
fixação da fratura . A fixação externa rígida possibilita um tra- não existem dados clínicos confiáveis de qualquer um destes fenô-
tamento agressivo e simultâneo de osso e de tecidos moles. menos e, atualmente, não há um padrão da indústria para o que
3. O movimento imediato das articulações proximal e distal é per- é clinicamente "seguro" no uso da ressonância magnética em
mitido. Isso ajuda na redução do edema e nutrição das super- pacientes com dispositivos fixadores externos. Outras preocupa-
fíc ies articul ares, e retarda a fibrose caps ul ar, a rigidez articular, ções incluem a possibilidade de danos ao aparelho de ressonância
a atrofia muscular e a osteoporose. magnética e de interferência de componentes de fixadores exter-
4. A extremidade é elevada, sem exercer pressão sobre as partes nos na qualidade das imagens do exame.
moles posteriores. Os pinos e estruturas de fixação podem ficar
suspensos por cordas montadas em armações existentes acima • COMPLICAÇÕES
do leito; isso ajuda na resolução do edema e alivia a pressão O uso difundido dessa técnica resultou em uma série de complica-
sobre a parte posterior das partes moles. ções específicas. Contudo, como ocorre com qualquer outra técnica,
5. A mobilização precoce do paciente é permitida. Tratado com a fid elidade aos princípios básicos e o uso da técn ica apropriada
fixação rígida, o membro pode ser mobilizado e posicionado podem manter as complicações em um nível mínimo.
sem o temor de perder a posição da fratura. Em fraturas não
cominutivas estáveis, costuma ser possível iniciar logo a deam- l INFECÇÃO NO TRAJETO DO PINO
bulação; esse pode não ser o caso se tais fraturas forem tratadas Se não houver técnica adequ ada para a inserção dos pinos e cuidado
por tração ou aparelho de gesso. O uso de fixação externa meticuloso do seu trajeto, essa pode ser a complicação mais comum,
também possibilita a mobilização de alguns pacientes com ocorrendo em cerca de 30% dos pacientes. A infecção varia desde uma
fraturas pélvicas. inflamação pequena remediada pelo tratamento local da ferida, que
6. Se houver necessidade, a inserção pode ser realizada com o passa à infecção superficial tratada com antibióticos, cuidados locais
paciente sob anestesia local. Se o estado clínico geral do com a ferida e ocasional remoção do pino, até a ocorrência de osteo-
paciente contraindicar o uso de um anestésico espinhal ou mielite necessitando de sequestrectomia. Uma ampla revisão de estudos
geral, o fixador poderá ser inserido usando anestesia local, sobre cuidados com pinos encontrou um estudo randomizado e con-
embora este não seja o procedimento ideal. trolado, que demonstrou menores índices de infecção com a utilização
7. A fixação rígida pode ser usada em infecções, fraturas recentes ou de solução salina ou álcool para limpeza; outro estudo não encontrou
pseudoartroses. Fixação rígida dos fragme ntos ósseos em fra- nenhuma diferença entre os cuidados com pinos diários e semanais.
turas infectadas ou em pseudoartroses infecta das é um fator Sabendo que a irritação no local do pino pode conduzir à inflamação,
fundamental no controle e na eliminação da infecção. Rara- que resulta em infecção, pode ser mais importante minimizar o movi-
mente isso será possível com os métodos de aparelho de gesso mento da pele adjacente aos pinos na prevenção da infecção, do que
ou de tração, e frequentemente é desaconselhável a implanta- o agente de limpeza específico ou programado.
ção de dispositivos de fixação interna. Em tais casos, os fixa-
dores externos modernos podem possibilitar um a rigidez que 1 EMPALAMENTO NEUROVASCULAR
não é proporcionada por outros métodos. O cirurgião deve estar familiarizado com a anatom ia transversal do
8. Pode ser obtida a fixação rígida de artroplastias infectadas e mal- membro e com as zonas relativamente seguras e as perigosas para a
sucedidas, nas quais não é possível a reconstrução da articula- inserção do pino (Fig. 53-37). Manuais de anatomia transversal
ção e a artrodese é desejada. estão disponíveis e devem ser estudados como parte do planeja-
mento pré-operatório para a fixação externa. O nervo rad ial na
• DESVANTAGENS metade distal do braço e metade proxi mal do antebraço, o nervo
1. Para que não ocorra infecção no trajeto dos pinos, há necessidade sensitivo radial dorsal pouco acima do punho, a artéria tibial ante-
de usar uma técnica meticulosa de inserção desses implantes; rior e o nervo fibular profundo na junção do terceiro e quarto
além disso, a pele e o trajeto dos pinos devem receber cuidados quartos da perna são as estruturas mais comumente envolvidas.
adequados. Também foram observadas penetração de vasos, trombose, erosão
2. Para cirurgiões ainda inexperientes, pode ser mecanicamente tardia, físt ulas arteriovenosas e formação de aneurismas.
difícil montar os pinos e a estrutura do fixador.
3. A estrutura pode ser incômoda e rejeitada pelo paciente por 1 EMPALAMENTO DO MÚSCULO OU TENDÃO
razões estéticas. Os pinos inseridos através de tendões ou ventres musculares limitam o
4. Fraturas através de trajetos de pinos podem ocorrer. músculo em sua excursão normal, e podem levar à ruptura do tendão
CAPÍTULO 53 PR INCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

da carga incidente no osso cortical pela fixação rígida resulta no


"esponjamento" da cortical; é possível que ocorra refratura em

03
.-1-------;
e.,.
seguida à remoção do fixador, a menos que o membro seja ade-
quadamente protegido por muletas, aparelhos de gesso comple-
mentares ou suportes.
04 1--- -- ----j
1 LIMITAÇÃO DE ALTERNATIVAS FUTURAS
No caso de ocorrer infecção do trajeto dos pinos, será difícil ou
quase impossível realizar métodos como a redução aberta.
06 ! - - - -- -----<
07 \--_ _ __ ____, • INDICAÇÕES
As indicações para fixação externa são relativamente específicas e
infrequentes, mas não absolutas. Cada caso deve ser individualizado.
O uso rotineiro do fi xador externo não se justifica em pacientes nos
quais sejam aplicáveis outros métodos convencionais e já devida-
mente aprovados pelo uso, como aparelho de gesso ou redução
aberta e fixação interna. As indicações podem ser consideradas em
três categorias: (1) aceitáve is, (2) possíveis e (3) questionáveis.

l INDICAÇÕES ACEITAS
A B 1. Fraturas expostas graves dos tipos II e III.
2. Fraturas associadas a queimaduras graves.
Otiji!;f!imi.I A, Onze seções transversais de perna, dispostas 3. Fraturas que necessitam de subsequente aplicação de retalhos
em cinco grupos correspondentes às áreas mais comumente ut i- cruzados entre pernas, enxertos vascularizados livres ou outros
lizadas para a fixação externa: 01 a 03, epífise e metáfise prox i- procedimentos reconstrutivos.
mais; 04 e 05, d iáfise proxima l; D6 e 07, diáfise média; 08 e 09, 4. Certas fraturas que devem ser tratadas com distração (p. ex., as
diáf ise distal; 01 O e 0 11, metáfise e epífise distais. B, Anatomia da associadas à perda óssea significativa, ou aquelas em ossos
secção tra nsversal da perna: 1, tíb ia; 2, tuberos idade da tíbia; 3, pareados de uma extremidade, em que é importante a manu-
colo da fíbu la; 4, ligamento colateral t ibial do joelho, sem itend i- tenção de igual comprimento dos ossos pareados).
noso e grácil; 5, sartório; 6, poplíteo; 7, t ibia l anterior; 8, extensor 5. Alongamento do membro.
longo dos dedos; 9, fibular longo; 1O, sóleo; 11, cabeça lateral do 6. Artrodese.
gastrocnêmio; 12, cabeça media l do gastrocnêmio; 13, vasos tib iais 7. Fraturas ou pseudoartroses infectadas.
anteriores (ramos); 14, vasos tibiais posteriores; 15, ve ia safena 8. Correção de consolidação viciosa.
curta; 16, veia safena longa; 17, nervo fibu lar comum; 18, nervo
t ibial. (De Faure C, Merloz PH: Transfixation: atlas of anatomical sections l INDICAÇÕES POSSÍVEIS
for the externai fixation of limbs, Berlin, 1987, Springer-Verlag.) 1. Certas fraturas e luxações pélvicas.
2. Pseudoartroses pélvicas infectadas, abertas.
3. Osteotomia pélvica reconstrutiva (p. ex., extrofia da bexiga).
ou fibrose muscular. É frequente o enrijecimento do tornozelo, se forem 4. Fixação após excisão radical de tumor com substituição porauto-
utilizados diversos pinos transfixantes em fraturas da tíbia. Os membros enxerto ou aloenxerto.
devem ser posicionados de maneira que evitem contrações, antes de os 5. Osteotomias femorais em crianças (o uso desse método descarta
fios e pinos serem inseridos empalando os tendões e músculos. a necessidade da subsequente remoção de implantes de fixação
interna, como placas e parafusos).
1 CONSOLIDAÇÃO RETARDADA 6. Fraturas associadas a reconstruções ou reparos vasculares ou
Os pinos e estruturas rígidas podem "tirar cargà' do local fraturado, nervosos.
através do processo de "esponjamento" e enfraquecimento da corti- 7. Reimplante do membro.
cal, de maneira semelhante à que ocorre em casos de fixação com
placas de compressão rígida, se o fixador permanecer aplicado no 1 FIXAÇÃO DE MÚLTIPLAS FRATURAS FECHADAS
local durante várias semanas ou meses. O calo que se forma é intei- A fixação externa pode ser uma alternativa em pacientes politrau-
ramente endosteal. Consolidações retardadas em 20% a 30% (e em matizados com fraturas que poderiam ser tratadas, isoladamente,
até 80%) de fraturas têm sido relatadas na literatura em casos de uso por tração, aplicação de aparelho de gesso ou redução aberta e
prolongado de fixadores rígidos. fixação interna, mas que, quando combinadas, podem dificultar a
imobilização. Essa técnica de redução e fixação rápida abrangendo
1 SÍNDROME DO COMPARTIMENTO as fraturas periarticulares (Fig. 53-38) é denominada controle de
Pode ocorrer aLm1ento nas pressões intracompartimentais de vários milí- danos ortopédicos.
metros de mercúrio em um compartimento de músculo tenso por causa
de pinos que atravessam o compartimento. Isso pode levar à ocorrência 1 FRATURAS GRAVEMENTE COMINUTIVAS
de Lrma sindrome de compartimento completamente desenvolvida. A fixação externa pode ser usada para complementar a fixação
interna com estabilidade relativa, por exemplo, em fraturas cominu-
1 REFRATURA tivas em que os fragmentos principais foram fixados com parafusos
Em grande parte, a consolidação resultante da fixação rígida é do e fios de Kirschner, mas não são suficientemente firmes para imobi-
tipo endosteal, com pouquíssima formação periférica. A supressão lização definitiva (Fig. 53-39).
llllD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

o@•i;ML!EI Fixação externa abrangente utilizada


para fi xação de fratura periarticular.

1 FIXAÇÃO DE FRATURAS EM PACIENTES QUE


REQUEREM TRANSPORTE FREQUENTE PARA TESTE
DE DISGNÓSTICO, TERAPIA OU OUTROS
PRECEDIMENTOS CIRÚRGICOS
A fixação extern a possibilita o transporte sem afetar a redu ção da
fratura nos casos em que a tração não permite mobilizar adequ ada-
mente o paciente.

1 FIXAÇÃO DE FRATURAS DE JOELHO FLUTUANTES


Uma fixação externa de fraturas femorais e tibiais ipsilaterais não
apropriadas para redução aberta e fi xação interna possibilitará o
rápido fun cionamento do joelho.

1AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE LIGAMENTAR DO


JOELHO COM FRATURAS DA PARTE SUPERIOR DA
TÍBIA OU PARTE INFERIOR DO FÊMUR EM
PACIENTES CUJA INTEGRIDADE DOS LIGAMENTOS
DO JOELHO É DIFÍCIL DE AVALIAR
O uso de um fixa dor extern o para estabilizar a fratura adj acente
torna possível a avaliação da presença ou ausência de ruptura asso-
A e ciada de ligamento do joelho. Quando há necessidade de reparo ou
reconstru ção de ligamento do Joelho em casos com fra turas associa-
O@il;ME!ID A, Fratura cominutiva do platô tibial pro ximal, das, pode-se usar um fixador externo para imobiliza r a fratura e
estendendo-se até a diáfise tibial. B e C, Reconstrução da articulação também para o reparo do ligamento. Nesses casos, provavelmente,
e fi xação com parafusos de compressão simples, seguido por distra- serão necessárias não mais qu e 3 a 4 semanas de imobilização rígida
ção moderada abrangendo o joelho. A distração é proporcionada da articulação do joelho; depois desse período, a instalação de um a
por uma estrutura unilateral anterior, para estabilização das partes dobradiça poderá possibilitar movimento da articulação. Frequen-
moles por ligamentotaxia. (De Mast J, Jakob R, Ganz R: Planning and temente, a imobilização total da articulação durante 6 a 8 semanas
reduction technique in fracture surgery, Berlin, 1989, Springer-Verlag.) resulta em certo grau de anquilose articular.

l INDICAÇÕES OCASIONAIS
A utilização da fixação externa em fraturas fechadas, para as quais os
1 LIGAMENTOTAXIA métodos convencionais mostraram-se bem-sucedidos, deve ser questio-
O termo ligamentotaxia, comum na literatura europeia, sugere que nada. Embora os problemas potenciais de infecções do trajeto dos pinos,
certas fratu ras intra-articulares podem ser tratadas por fixaç ão consolidação retardada e refraturas possam ser diminuídos, se observados
extern a utili zando tração exercida pelo fixador sobre as fr aturas os princípios básicos, essas complicações realmente ocorrem.
capsulares e ligamentares que envolvem a articulação (Fig. 53-39). A técnica de fixação extern a é válida no tratamento de fraturas
Esse conceito é fun cional em fraturas intra-articulares cominutivas de ossos longos, mas deve ficar reservada para pacientes nos quais
da extremidade distal do rádio; nesse caso específico, é comum o a redução e a imobilização não podem ser obtidas com seguran ça
uso de pinos e gesso. por técnicas convencionais.
As técnicas gerais para utilização de fixadores externos requerem
1 DE FRATURAS EM PACIENTES COM experiência, independentemente do fixador específico selecionado.
LESOES CRANIANAS Atenção aos detalhes é absolutamente essencial para que seja obtido
É possível usar fixação extern a rígida na imobilização temporária de máximo proveito com o dispositivo e minimizadas as complicações
fraturas em pacientes com graves lesões cranianas e que estejam potencialmente graves. Deve-se considerar primeiro o tratamento
sofrendo convulsões ou espasmos contínuos, tornando impraticável inicial do problema para o qual foi escolhido o fixador: irrigação, des-
e aplicação de tração, aparelho de gesso ou outras fo rm as de imobi - bridamento e redução da fratura exposta grave; drenagem, desbrida-
lização. A menos que seja fixada rigidamente, a fratura pode com - mento e sequestrectomia da fratura ou pseudoartrose infectada;
plicar-se por convulsões ou espasmos musculares graves e fre quentes. remoção dos componentes e do cimento na artroplastia malsucedida e
Assim qu e melhorar a lesão craniana, é possível remover o fixad or infectada etc. Nessa e em outras condições, o tratamento inicial deve
externo e utilizar outras fo rmas de tratamento da fratura. ser administrado de fo rma adequada antes da aplicação do fixador.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA fmlllll

O@l!m:imI!) A-C, Exemplos de d ispositivos de fixação externa : AO, Unifix, Orthofix. (De Bechtold JE: Biomechanics of fracture fixation
devices. ln Gustilo RB, Kyle RF, Templeman DC. editors: Fractures and dis/ocations, St. Louis, 1993, Mosby.)

1-Uniplanar 2-Biplanar
Estruturas unilaterais

1-Uniplanar 2-Biplanar
Estruturas bilaterais

O[ril!;f.)1!111 Quatro configurações básicas de fixador. (De Behrens F, Searls K: Externai fixation of the tibia: basic co ncepts and prospective
evaluation, J Bane Joint Surg 688:246, 1986.)

• MODELO E APLICAÇÃO DE FIXADORES EXTERNOS possibilitam ajustes depois da aplicação. Fixadores de pinos podem ser
utilizados em quatro configurações básicas (Fig. 53-41). Uma estrutura
Fixadores externos são compostos de um sistema de ancoragem dos unilateral com um membro de sustentação e meios-pinos em um plano
ossos na forma de fios ou pinos, articulações e suportes longitudinais. constitui uma configuração uniplanar unilateral (Fig. 53-42). A adição
São encontrados em dois tipos básicos: pino e anelares. Fixadores de um segundo membro de sustentação e um segundo plano de pinos
de pinos são subdivididos em fixadores simples, que possibilitam forma wna configuração biplanar unilateral. Pinos transfixantes conec-
aplicação independente de pinos simples, e fixadores de grampos, tados a membros de sustentação nos dois lados são utilizados para
que possibilitam o uso de conjuntos de pinos especialmente delimi- formar a configuração unilateral. O acréscimo de um segundo plano de
tados (Fig. 53-40). Frequentemente, grampos para pinos são conecta- pinos ou, possivelmente, de pinos transfixantes, forma uma configura-
dos para apoiar os membros por meio de articulações "universais" que ção biplanar bilateral.
Em> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

combinada com a fixação externa no tratamento de fraturas com ple-


xas do platô tibial, pilão tibial distal e fraturas expostas da diálise da
tíbia. Um estu do, no entanto, não encontrou d iferenças estatísticas no
tempo tra nscorrido até a sustentação co mpleta do peso, tempo trans-
co rrido até a consolidação ou frequência de consolidações retardadas,
osteo mielite, consolidação viciosa, infecção ou afrouxamento de pinos
entre fraturas expostas de tíbia tratadas apenas com fixação externa e
aquelas tratadas com fixação externa co mbin ada com parafu sos inter-
fragmentári os. As refraturas e a necessidade de aplicação de enxerto
ósseo para obter consolidação tiveram frequência superior ao dobro
no grupo tratado com fixação co m parafuso de tração. Foram obtidos
bons resultados com a fixação de frag mentos articul ares por parafu-
sos, combin ada com fixação extern a (Fig. 53-45), mas não a temos
utilizado em fraturas diáfisárias, que comumente podem ser estabili-
zadas de modo adequado com métodos de fixação interna ou externa.
Com o uso de fixação externa, observa-se um espectro de res-
postas das fraturas, desde consolidação primária, passando pela con-
solidação da lacuna, até formação de calo secundário fusiforme.
Embora os estágios iniciais da consolidação de uma fratura melhorem
com a estabilidade, os estágios mais avançados desse processo, inclu-
sive a estimul ação de calo indicativo de consolidação óssea secundá-
ria, podem se r benéficos com a redução da estabilidade ofe recida pela
fra tu ra. Pode ser especialmente benéfica a micro mobilização ou di na-
mização axial. A maioria dos autores recomenda pelo menos a sus-
tentação parcial após a cura da fe rida. A sustentação do peso deve ser
dosada em fun ção do aumento da estabilidade da fratura. Em casos
de defeitos segmentares ou fratu ras co minutivas, a sustentação do
Hfüihljim!I A e B, Fixação externa com estrutura unilateral. peso deve ser mínima, de modo a não exceder a pressão crítica na
interface pino-osso, pois isso pode causar reabsorção e afrouxamento.
Fixadores anelares consistem em anéis completos ou parciais Nos estágios mais avançados de consolidação da fratura, vári os
co nectados por barras ou memb ros articul ados (Fig. 53-43) . autores reco mendam, além da dinami zação axial, um a modificação
Os anéis são fixados ao osso co m meios- pinos ou por meio de na "desconstrução" gradual da estrutu ra, para que tenha continuidade
fios metálicos com 1,5 a 2,0 mm de di âmetro, subm etidos à gran de a estimulação da consolidação da frat ura.
tensão. Além da fixação de fraturas agudas, podem se r criadas est ru-
turas articuladas bastante co mplexas para tratamento de pseudoar- 1 MÉTODOS GERAIS PARA FIXADORES COM PINOS
troses ou consolidações viciosa. A pele e outras partes moles devem ser manipuladas com muito
Para evitar os problemas de afrouxamento de pinos, infecção do cuidado. É necessário fa zer incisões cutâneas longitudinais curtas com
trajeto dos pino e possível lesão neurovascular durante a inserção dos um bisturi, ao longo de zonas seguras. Chega-se ao osso por meio
mes mos, foi projetado o fixador extern o sem pinos, que deve ser preso de uma divisão cuidadosa, quando não estive r sendo utili zada a borda
por grampos firm emente fixad os na cortical, em vez de ser preso por sub cutânea da tíbia. Du ra n te a perfura ção, a abertura de roscas
pinos que penetram no canal medular. Estudos realizados em anim ais (quando indicado) e a inserção de pinos, devem ser utilizadas luvas
e cadáveres demostraram que esse dispositivo é resistente o suficiente de proteção. Para cada procedim ento, deve ser usada uma nova broca.
para fixação temp orária de fratu ras, e é descrito como uma ferramenta É preferível utilizar perfuração manual ou com equipamento elétrico
ideal para a estabilização de emergência, pois a técnica de aplicação é de baixa velocidade com pausas. Os pinos deve m ser manualmente
fácil de aprender, o dispositivo pode se r aplicado rapidamente (média inseridos, através de luvas prote toras próprias. Necrose térmica pode
de 20 minutos em seus estudos), e não se opõe à utili zação de quais- ser o eve nto deflagrador do afrouxamento do pino e da infecção.
quer outros métodos de tratamento (desbridam entos repetidos, A pré-perfu ração reduz a temperatura óssea em cerca de 50%.
cobertura de tecidos moles e fixação interna ou externa da fratu ra) . Os locais de inserção dos pinos devem se r limpos diariamente;
Técnicas de fixação extern as híbridas têm sido desenvolvidas para tanto, usa-se um pano limpo e sabonete, comumente duran te
- elas combinam a fixa ção por fios metálicos e fixação por meios- pi - o banho de chuveiro. Em seguida, o local deve ser protegido com
nos (Fig. 53-44). Esses disp ositivos têm sido utili zados com mais um curativo (so b leve pressão), para minimizar a movimentação
frequ ência para fraturas da tíbia prox imal ou distal em que tenh a entre a pele e o pino.
ocorrido co mp rometimento das partes moles, extensão diafisá ri a e
cominuição articular mínima. Vários autores têm relatado bons 1 MÉTODOS GERAIS PARA FIXADORES CIRCULARES
resultados com a fixação extern a híbrida de frat uras de tíbia proxi- COM FIO
mal, mas todos enfatizam que a redução exata das sup erfíc ies arti- Em geral, caso sejam utili zados fios de 1,5 mm e 1,8 mm, não have rá
culares, aberta ou percutânea, é obrigató ri a. Indi cações e técn icas de necessidade de fazer incisão ou de usar luvas protetoras para perfu-
fixação externa híbrida são disc utidas no Capítul o 54. ração. Fios grandes de 2 mm podem ser inse ridos com um a bainha
As combinações de fixação interna e externa também são refe - de proteção e incisão. Se o ci rurgião optar pelo uso de fi o olivado,
ridas como efetivas para a estabilização de fraturas gravemente comi- se rá fe ita somente uma pequ ena incisão através da pele. Alguns fios
nuídas, com as vantagens citadas de fix ação estável anatômica, menos são autofresantes. Novamente, deve rá ser usado um perfurador elé-
dissecção de partes moles e sem utili zação de implantes volumosos. tri co de baixa velocidade co m pausas frequ entes (ou, de preferência,
Bons res ultados foram relatado s com a fi xação interna limitada um a broca oscilante) ou um a broca m anu al. Depois de ter sido
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

H@ii;tgili!JD A-D, Fi xado r anular utili-


zado para o tratamento de fratura tibial seg-
mentar aguda.

determinado o ângulo seguro para o fio de transfixante em dado


nível de secção transversal, o fio deve ser percutido através da pele e
músculo, até chegar ao osso. Em seguida, usando tun perfurador de
baixa velocidade, o fio é introduzido através das duas corticais do osso.
Ao emergir da cortical oposta, o cirurgião faz o fio atravessar as partes
moles restantes com um martelo apropriado. É necessário cuidado para
fazer o pino atravessar as partes moles exatamente na situação anatô-
mica, sem causar pressão ou tensão na interface pino-pele. Os fios
devem ser fixados à estrutura externa sem que haja necessidade de
envergá-los para alcançar a estrutura. Para tanto, ocasionalmente,
haverá necessidade de usar pequenos espaçadores. Em geral, os grandes
fragmentos de fratura requerem dois níveis de fixação, com dois fios em
cada nível. Fragmentos curtos podem ser fixados com um anel e um fio
pendente, ou com um fio desviado alguns centímetros do anel principal.
lfüii!;f4619 Fi xação externa híbrida para tratamento de fra- A estabilidade fica maior com o aumento do ângulo entre os fios em
turas de tibial e fíbula distai s. cada nível, dentro das limitações anatômi cas.
E!D PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

O!ijii;§i619 Fi xação de um fragmento articular por parafusos, em combinação com


fi xaçã o externa.

fratura e diminuir o risco de infecção em fraturas expostas, e a neces-


sidade da micromobilidade axial para estimular a consolidação da
fratura e evitar a ocorrência de pseudoartrose. Embora ofereça
TÉCNICA rigidez de apenas 25% dos fixadores unilaterais, o fixador externo
•Faça uma incisão longitudinal curta. de Ilizarov é semelhante aos fixadores de pino quanto à rigidez de
•Introduza a luva de perfuração e o trocarte no grampo forças de flexão e cisalhamento. Diâmetro e tensão do fio são os
de fixa ção do pino, avançando até a cortical. fatores mais importantes que afetam a estabilidade da estrutura.
• Remova o trocarte da luva de proteção. Outros fatores que influenciam a rigidez da estrutura incluem diâ-
•Perfure as duas camadas corticais usando a broca apro- metro, número e localização dos anéis, divergência dos fios transfi-
priada para o pino. Em geral, pinos de 4 mm são utiliza- xantes, uso de fios olivados e cargas de distração ou compressão
dos para a extremidade superior e pinos de 5 mm ou 6 incidentes na fratura ou pseudoartrose. Os fatores biomecânicos
mm para f êmur e tíbia. intrínsecos peculiares a cada paciente são peso, continuidade corti-
•Utilize o medidor de profundidade através da luva de cal e integridade dos tecidos moles.
perfuração para a medição de profund idade. O fixador externo de Ilizarov possibilita a estabilização de fra-
• Insira o pino apropriado através da luva e certifique-se de que turas de alta energia com mínimo traumatismo cirúrgico das partes
as roscas se fixaram nas duas corticais; esse procedimento moles, preservando a irrigação sanguínea crítica (Fig. 53-40). O uso
torna-se fácil se o cirurgião utilizar intensificador de imagem. precoce do membro, incluindo suporte de peso, é permitido e incen -
•Aperte as conexões dos pinos; se necessário, acrescente mais tivado. Frequentemente, a técnica de Ilizarov elimina a necessidade
pinos e suportes longitudinais para obter maior estabilidade. de procedimentos muito demorados nas partes moles, dispensando
• Fraturas femorais devem ser estabilizadas com pelo menos também a aplicação de enxerto ósseo. Fixadores com fios sob tensão
seis pinos. Utilizar pelo menos três pinos em uma configu- são especialmente úteis no tratamento de consolidação viciosa e
ração multiplanar para fixação de um fragmento curto no pseudoartrose crônica, com ou sem infecção. Podem ser corrigidas
quadril ou joelho. as deformidades de angulação, translação, rotação e de compri-
mento, e obtida consolidação em muitas dessas situações difíceis.
Outra aplicação do dispositivo de Ilizarov é na artrodese de
preservação do joelho, tornozelo e parte posterior do pé.
1 FIXADOR EXTERNO ILIZAROV A mais recente adaptação do conceito de Ilizarov pino-anel
Ilizarov foi pioneiro no desenvolvimento de técnicas para trata- é a estrutura espacial. Este dispositivo utili za um programa de
mento de diversos problemas ortopédicos, tais como fraturas, pseu- computador para identificar a localização espacial da fratura e,
doartroses e deformidades, utilizando um fixador externo circular com cálculos matemáticos (também usando um programa de com-
modular inovador, juntamente com fios sob tensão. Nos últimos putador), as deformidades podem ser corrigidas e as fraturas redu-
anos, ocorreram muitas mudanças nos modelos e na aplicação da zidas sem retornar à sala de cirurgia. Temos também utilizado este
fixação externa; a mais importante é a transferência do interesse para dispositivo para reduzir a fraturas agudas sob intensificação de
as estruturas com pinos e a manutenção do fixador externo até imagem (Fig. 53-46). As aplicações específicas de fixa ção externa
ocorrer consolidação de fraturas instáveis. Há um meio-termo entre para respectivas fraturas são discutidas nos capítulos apropriados
a necessidad e de obter rigidez inicial para manter o alinhamento da (Caps. 54, 56, 57 e 58).
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA

o@•@UilII Aplicação de fixador externo de


armação espacia l com uso de intensificador de imagem .

REABILITAÇÃO 42% dos casos tratados com fixação extern a. Relata-se que as infec-
ções do sítio cirúrgico prolongam as estadias hospitalares por 2
A reabilitação do paciente e da extremidade deve começar imediata- semanas, em média. Também são respo nsáveis pela duplicação das
mente, dependendo da fratura e da estabilidade das partes moles. taxas de re-hospitalização, assim como aumento de mais de 300%
Acreditamos qu e as articulações adj acentes devem ser mobilizadas nos custos de cuidados de saúde. Além disso, pacientes com infec-
logo que possível; no entanto, nas fraturas expostas, o movimento das ções do local cirúrgico ortopédico apresentam substancialmente
unidades musculotendíneas sobre as superfícies da fratura pode maiores limitações físicas e redução da qualidade de vida. Logo, é
causar irritação das partes moles, ocasionando diminuição da resis- importante evitar essas infecções quando possível e administrar o
tência à infecção. Nós, geralmente, incorporamos a imobilização de tratamento ráp ido e adequad o qu ando elas ocorrem.
articulações adj acentes com talas e órtese ortopédica ou incluímos o Uma preocupação relativamente recente é a frequência de
pé nos sistemas de fixação extern a, para evitar contraturas. A fisiote- in fecções por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA)
rapia deve incluir exercícios ativos e ativo-ass istidos para a mobiliza- em pacientes poli traumatizados; a taxa de infecções por MRSA neste
ção da articulação, assim que a cicatrização dos tecidos moles permitir. gr upo de pacientes é de aproximadamente 11 %, quase o dobro do
Devem ser avaliadas deficiências neurológicas que resultem em perda percentual em pacientes ortopédicos em geral (4% a 5,6%). Um
de movimento ativo, e as articulações apropriadas devem ser imobi- estud o concluiu que o estado de portador de MRSA no momento
li zadas em posições funcionais, para evitar contraturas. da ad missão, fraturas de qu adri l e idade avançada (com aumento de
O suporte de peso deve ser limitado de acordo com a estabilidade, quase 2% no risco relativo por ano) foram associados a taxas mais
o tipo e a fadiga da fixação, assim como condições sistêrnicas do elevadas de infecção em pacientes com trauma ortopédico, enquanto
paciente. A progressão do suporte de peso deve ser monitorada radio- outro grande estudo de caso-control e, mostrou qu e doença vasc ular,
graficamente, de acordo com as evidências de estabilidade e regenera- doença pulm onar obstrutiva crôni ca, internam ento em unid ade de
ção óssea. Em geral, possibilitamos o suporte de peso touch-down cuidados in tensivos, feridas abertas e idade avançada foram fato res
quando utilizamos hastes intramedulares bloqueadas para fixação de de risco para o desenvolvimento de uma infecção profunda com
fraturas sem extensão intra-ar ticular. Com fraturas intra-articulares, MRSA no sítio cirúrgico. A aferição dos níveis de proteína C reativa
o suporte de peso não é permitido por 3 meses, mas o movimento é considerada valiosa no diagnóstico da infecção após a fixação
antecipado é encorajado. Exercícios de amplitude de movimento e de interna de fraturas . Em todos os pacientes estudados, os níveis de
fortalecimento devem ser monitorados e dirigidos pelo médico e fisio- proteína C reativa aumentara m após a cirurgia, com um pico no
terapeuta; no entanto, o paciente deve ser orientado quanto à sua res- seg undo dia pós-operatório, após o qual os níveis diminuíram. Nos
ponsabilid ade para o retorno funcional máximo da extremidade. pacientes sem infecção, os níve is de proteína C reativa continuaram
O aconselhamento de reabilitação vocacional deve ser iniciado mais a diminuir, mas naqueles com in fecções, urna elevação secundária
cedo, para possibilitar um retorno produtivo para a sociedade. nos níveis de proteína C reativa fo i notada a partir do quarto dia
após a cirurgia. Um valor de proteína C reativa superior ou igual a
96 mg/L no quarto di a após a cirurgia foi o preditivo da infecção.
TRATAMENTO DE COMPLICAÇÕES Essas infecções devem ser tratadas ag ressivamen te, com desbrida-
A PARTIR DO TRATAMENTO rnentos cirú rg icos repetidos e cobertura de antibióticos apropriados
(em geral, por via endovenosa) . Quando a in fecção ocorre na pre-
CIRÚRGICO DE FRATURAS sença de um aparelho de fixação (placa, haste, fixador extern o),
INFECÇÃO existe um compromisso entre a estabilidade óssea e a resposta ao
co rpo estranho. A es tabilidade é necessária para eliminar a infecção,
Infecções ocorrem em 5% a 10% das fraturas do fêmur e da tíbia mas os organismos podem permanecer aderentes ao implante orto-
fixadas com hastes intramedu lares e no trajeto dos pinos em 0,5% a pédico, resultando em uma infecção persistente. Se um implante não
E!:D PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTO S

for necessário para manter a estabilidade óssea, ele deve ser remo-
vido. Implantes necessários para a estabilidade devem ser mantidos
até que a estabilidade óssea ocorra ou devem ser substituídos por
outro tipo de fixação (p. ex., remoção de uma placa e substituição
por um fixador externo). Um estudo em 121 pacientes que tiveram
infecções pós-operatórias precoces, após a fixação interna de fra-
turas, relatou fraturas consolidadas em 71 % com desbridamento
cirúrgico, manutenção do implante e tratamento com antibióticos
específicos após cultura. As variáveis significativamente associadas
ao sucesso na obtenção de consolidação foram fratura exposta (58%
de sucesso vs. 79% nas fraturas fechadas) e utili zação de hastes
intramedular (46% vs. 77%, com placas e parafusos); outros fa tores,
incluindo o uso do tabaco (66 vs. 76% em usuários sem tabaco) , O!rii!zjm:fl Gangrena gasosa.
infecção por Pseudomonas (44% vs. 73% sem infecção por Pseudomo-
nas) e infecção por MRSA (65 vs. 74%, sem infecção por MRSA).
Se as infecções não forem tratadas de forma agressiva, a fixação
cirúrgica será comprometida. Contudo, é mais fác il tratar uma Gue rra Mundial, 0,2% durante a Guerra da Coreia, e 0,002%,
fratura consolidada com osteomielite que uma pseudoartrose instá- durante a Guerra do Vietnã. Atualmente, nos Estados Unidos, são
vel infectada. Para infecções após inserção de hastes intramedulares, relatados anualmente de 1.000 a 3.000 casos de gangrena gasosa.
a maioria dos autores recomenda deixar o implante no local até a Apesar de a gangrena gasosa geralmente estar associada a fraturas
consolidação da fratura, em seguida, remover a haste e fresar o canal expostas ou outros traumas graves dos tecidos moles, pode ocorrer
medular. Se a sequestrectomia for necessária, a troca da haste geral- depois de cirurgia, ou sem que tenha havido qualquer traumatismo
mente é necessária. antecedente.
De 1.520 hastes femorais e tibiais realizadas no Elvis Presley Comumente, as infecções clostridiais envolvem partes moles,
Regional Trauma Center, entre 1984 e 1993, 34 (2,2%) evoluíram e apenas raramente afetam tecido ósseo. Essas infecções podem
com infecção (17 femoral e 17 tibial). O desbridamento e a irrigação causar diversos problemas: contaminação simples de um feri-
com retenção da haste até a consolidação da fratura, seguidos por mento, infecção localizada da pele e das partes moles sem sintomas
remoção do implante e fresagem do canal até a região de consolida- sistêm icos, celulite e fasciite disseminadas com toxicidade sistê-
ção da fratura, levaram a 100% de co nsolidação e 100% de erradi- mica e mionec rose clostridial (ga ngrena gasosa) . Comumente, as
cação da infecção em 17 fraturas infectadas do fêmur. Já as fraturas infecções localizadas disseminam- se lentamente e causam pouca
infectadas da tíbia (17) tiveram mais complicações. Duas amputa- dor ou edema; enquanto celulite e fasciite disseminadas progr i-
ções abaixo do joelho foram necessárias devido a problemas de dem rapidamente; quando está presente supuração, gás nas par tes
partes moles. Todas as fraturas consolidaram mantendo-se a haste molese toxe mia, geralmente a afecção é fata l dentro de 48 horas.
in situ ou com conversão para fixa dores externos; no entanto, as A gangrena gasosa costuma ter início com o súbito surgi -
fraturas tratadas com fixação externa levaram o dobro do tempo mento de dor na região na fer ida; ao contrário do que ocorre com
para consolidar. Quando a revisão da fixação for necessária para a celulite disseminada, a dor permanece localizada nas regiões
alcançar estabilidade, a troca da haste pode ser preferível à fixação infectadas e se alastra apenas com a disseminação da infecção; a
externa, devido a maior velocidade de consolidação. infecção pode avançar até 10 cm por hora. A frequência de pulso
pode estar elevada, mas, em ge ral , a temperatura se mantém
normal, embora possam ocorrer febre, sudorese e ansiedade ou
GANGRENA GASOSA delírio; choque profundo e toxemia sistêmica podem desenvol-
ver-se rapidamente. Comumente, a pele suprajacente à área es tá
O termo gangrena gasosa implica em uma infecção por bactérias tensa, branca e mais fria que o normal; mais tarde, evolui para
anaeróbica da espécie Clostridium, mas muitas in fecções necrosan- uma cor vermelho -escura ou purpúrea (Fig. 53-47). Quase
tes de partes moles são causadas por bactérias aeróbias e anaeróbias sempre o envolvimento muscular é mais amp lo que o indicado
mistas Gram-negativas e Gram-positivas. O Clostridium pode ser pelas alterações cutâneas.
cultivado a partir de cerca de 30% das infecções profundas, mas O diagnóstico pode ser confirmado pela exploração local da
apenas alguns casos evoluem para mionecrose. Espécies de Clostri- ferida e por radiografias, TC ou ressonância magnética; no entanto,
dium, mais comumente C. pe1fringens, C. novyi e C. septicum, a cirurgia não deve ser adiada em um paciente no qual haja forte
causam infecções mais dramáticas e são as mais mortais, com taxas suspeita de gangrena gasosa e cuj os sintomas estão piorando. Há
de mortalidade relatadas de 40%. No entanto, estud os mais recentes necessidade de remoção cirúrgica (por desbridamento) do tecido
observaram taxas de sobrevivência superiores a 90%. morto, lesionado e infectado. Pode haver necessidade de fascioto-
O C. perfringens, que causa aproximadamente 90% das infec- mia, em caso de síndrome compartimentai. Amputação de um braço
ções de gangrena gasosa, contém quatro toxinas principais: alfa, ou perna pode ser indicada para controle do alastramento da infec-
beta, epsilon, e teta. A toxin a alfa mostra-se hemolítica, destruindo ção. Embora a penicilina G seja eficaz contra espécies de clostridium,
plaquetas e leucócitos polimorfonucleares, e causam danos capilares as infecções mistas são comuns e a antibioticoterapia deve incluir
generalizados. Essa toxina é importante nas infecções que progri- aminoglicosídeos, penicilinas resistentes a penicilinases ou vanco-
dem para a gangre na gasosa. micina. Para os pacientes que são alérgicos à penicilina, as escolhas
A gangrena gasosa é historicamente associada a ferimentos de alternativas incluem clindamicina, cefalosporinas de terceira
guerra. Durante a Primeira Guerra Mundial, esta complicação geração, metronidazol e cloranfenicol. Deve ser assegurada a profi-
ocorreu em 6% das fraturas expostas e em 1% de todas as feridas laxia do tétano. A antitoxina polivalente não se revelou efetiva e não
abertas; essa frequência diminuiu para 0,7% durante a Segunda é mais utilizada.
CAPÍTULO 53 PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DE FRATURA f!!Dlll
A oxigenoterapia hiperbárica, como adjuvante da cirurgia e
antibióticos, tem conseguido resultados variáveis no tratamento da
gangrena gasosa. Em geral, a terapia é efetuada com oxigênio a 100%
a 3 atm de pressão durante 1 a 2 horas a cada 8 a 12 horas, para um
total de seis a oito tratamentos. Os adeptos dessa modalidade tera-
pêutica sugerem que a elevação da tensão de oxigênio na região de
capilares funcionantes na ferida infectada interrompe a produção de
alfa-toxina, e o tecido necrosado pode ser desbridado de forma mais
conservadora, preservando mais tecido viável do que seria possível
de outra forma. Vários estudos clínicos têm relatado porcentagens
de morbidade e mortalidade mais baixas com início rápido da terapia
com oxigênio hiperbárica, enquanto outros têm contestado o valor
de uma terapia logisticamente difícil.
Os fatores mais importantes no sucesso do tratamento da
gangrena gasosa são o diagnóstico precoce e o tratamento ime-
diato. Para minimizar a morbidade e mortalidade, o tratamento
O!§l@i Li19 Flictena hemorrágica .

agressivo, incluindo desbridamento cirúrgico e antibióticos intra-


venosos - com ou sem terapia de oxigênio hiperbárico, deve ser
instituído prontamente. Anteriormente, para os pacientes que haviam sido imuniza-
dos com toxoide tetânico, mas não haviam recebido uma dose de
reforço durante os 4 anos anteriores, recomendava-se a adminis-
TÉTANO tração de antitoxina tetânica para fer imentos graves do tipo III.
Atualmente, sabe-se que a proteção assegurada pela imunização
Em decorrência dos grandes programas de vacinação, o tétano é ativa se prolonga por muito tempo, e que a dose de reforço é efetiva
uma complicação rara de fraturas expostas na maioria dos países para na reativação do mecanismo imune durante 6 anos, no
desenvolvidos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de mínimo, e provavelmente durante 10 anos. Uma fratura exposta
Doenças (CDC), em 2001 e 2008, uma média de 29 casos de tétano antiga que consolidou e está isenta de material drenante há muitos
foi notificada a cada ano, entre aproximadamente 1/4 de bilhão de meses ou anos pode ainda conter esporos viáveis de Clostridium
pessoas nos Estados Unidos, resultando em uma incidência anual tetani. Consequentemente, um processo reconstrutivo, tal como
de 0,10 caso por milhão de habitantes. A taxa de mortalidade global enxertia óssea, não deve ser realizado até que o paciente esteja
entre os casos relatados foi de 13%; contudo, a taxa de mortalidade ativamente imunizado com toxoide tetânico.
em pessoas com 65 anos ou mais foi quase três vezes maior. O CDC De acordo com o relatório do CDC de 2011, 96% das pessoas
também relatou a cobertura da vacinação contra o tétano em 57% que procuraram atendimento com feridas propensas à ocorrência de
dos indivíduos entre 18 e 64 anos e em apenas 44% das pessoas com tétano não receberam profilaxia apropriada. Os profissionais de
65 anos ou mais. saúde foram encorajados a avaliar periodicamente o estado de vaci-
Quando estão ativamente imunizados com toxoide tetânico, nação contra o tétano de seus pacientes, especialmente aqueles pro-
os pacientes necessitam apenas de uma dose de reforço. Aqueles váveis que sejam inadequadamente vacinados ou com risco
não imunizados, ou com ferimentos favoráve is à ocorrência de aumentado de tétano, como indivíduos com mais de 65 anos de
tétano, necessitam de imunoglobulina antitetânica humana, 250 idade, pessoas com diabetes e os usuários de drogas injetáveis.
U para a maioria das feridas. O subcomitê do Suporte Vital Avan-
çado para Traumatizados (ATLS, Advanced Trauma Life Support)
do Amercin College of Surgeons, identificou várias características COMPLICAÇÕES DOS TECIDOS MOLES
de feridas propensas à ocorrência de tétano: mais de 6 horas
transcorridas depois do evento; configuração estrelada, de avulsão A deiscência da ferida pode ser sinal de infecção oculta ou iminente.
ou abrasão com profundidade superior a 1 cm; mecanismo de Também nesse caso, o tratamento consiste em desbridamento cirúrgico
lesão por míssil, esmagamento, queimadura ou congelamento; de todo tecido necrosado; pode ser útil consultar um cirurgião plástico.
sinais de tecido infeccionado, desvitalizado, denervado ou isquê- Muitos pacientes traumatizados estão subnutridos e adquirem deficiên-
mico; e contaminantes (p. ex., sujeira, fezes, terra, saliva). Uma cias nutricionais durante sua hospitalização, o que pode dificultar a
série de imunização ativa contra o tétano toxoide também deve cicatrização da ferida e causar infecção. O tratamento consiste em uma
ser iniciada. A imunoglobulina humana do tétano não interfere alimentação balanceada por nutrição entérica ou parenteral.
na imunização ativa simultânea com o toxoide; contudo, para cada Flictenas ou vesículas de fratura podem ocorrer em casos de
aplicação, devem ser utilizadas seringas e locais de injeção dife- traumatismo de alta energia ou em fraturas adjacentes a artic ulações
rentes. O nível de proteção de anticorpos proporcionado pela ou áreas em que ocorre restrição da mobilidade da pele (Fig. 53-48).
imunoglobulin a antitetânica humana perdura por mais tempo que São designadas como sangrentas ou claras. As sangrentas são mais
o proporcionado pela antitoxina tetânica equina; na ocasião em suscetíveis à infecção; logo, o procedimento cirúrgico deve ser
que esse nível de proteção estiver diminuindo, a imunização ativa evitado nessas áreas. As flictenas claras são menos suscetíveis de
comumente será efetiva. A segunda dose do toxoide tetânico deve serem infectadas, e essas áreas podem tolerar a intervenção cirúr-
ser administrada 4 semanas depois da primeira dose, e uma ter- gica. Pode-se deixar que desapareçam, o que pode levar de 10 a 14
ceira dose, 6 a 12 meses mais tarde. Se houver necessidade de dias, e adia-se o tratamento cirúrgico; ou então as flictenas serão
manipulação da ferida ou da fratura por volta de 1 a 2 meses tratadas agressivamente.
depois da lesão, a dose de imunoglobulina antitetânica humana Histologicamente, assemelham-se a queimaduras de segundo
deverá ser repetida. grau. Aplicamos um protocolo de tratamento de queimaduras para
&) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

Os protocolos para a profilaxia e tratamento de trombose


venosa profunda e embolia pulmonar, atualmente, estão sob avalia-
ção. A combinação de dispositivos de compressão mecânica e de
heparinas de cadeia curta demonstra ser mais segura para a profi-
laxia de trombose venosa profunda e embolia pulmonar. O uso de
dispositivos de compressão mecânica possibilita a profilaxia precoce
após a lesão e a cirurgia, enquanto as heparinas de cadeia curta são
utilizadas mais tarde, quando o sangramento é menos provável.

COMPLIÇAÇÕES DAS CONTRUÇÕES


BIOMECANICAS
Todos os implantes e sistemas de fixação externa falham se a rege-
neração óssea não ocorrer em tempo hábil (Fig. 53-49). Se possível,
é melhor aumentar a regeneração de fraturas com enxerto ósseo
autógeno e métodos que permitam carga o mais cedo possível, para
maximizar a vida útil da construção da fixação da fratura até ocor-
rência de fadiga. Outras opções de tratamento para consolidações
retardadas e pseudoartroses são descritas nos capítulos seguintes.
O tratamento da fratura pode ser um dos problemas mais dramáti-
cos e desafiadores que um médico enfrenta. Há uma abordagem
estratégica e tática.
Gill afirmou: "Estudar os princípios em vez de métodos. Uma
mente que se agarra a princípios irá conceber os seus próprios
métodos" (citado em Bick).

Oldlhfdm:ri) A, Haste intramedular femoral quebrada, resul-


tando em pseudoartrose que exigiu tratamento com enxerto ósseo REFERENCIAS
e fixação com placa. B, A ocorrência de parafusos quebrados, tanto
proximal e distalmente, não impediu a consolidação óssea. GERAL

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TORNOZELO 2612 Gesso Articulado 2642 FIXAÇÃO COM PLACA
CLASSIFICAÇÃO 2612 Fixação com Placa e Parafuso 2642 E PARAFUSO 2685
FRATURAS ISOLADAS DOS Fixação com Parafusos 2644 FIXAÇÃO CO NDILAR DINÂMICA
MALÉOLOS MEDIAL E LATERAL 2613 Fixação lntramedular 2644 COM PARAFUSO 2685
Maléolo Medial 2613 Fixação Externa 2652 HASTE INTRAMEDULAR 2686
Maléolo Lateral 2614 Tratamento do Retardo da FIXAÇÃO EXTERNA 2688
FRATURA BIMALEOLAR 2614 Consolidação 2662 FRATURAS NOS CÔNDILOS
LESÃO DE SINDESMOSE 2615 Fixação da Fíbula para DO FÊMUR 2688
LESÃO DO LIGAMENTO DELTOIDE E Fratura da Tíbia 2662 Fraturas Unicondilares
FRATURA MALEOLAR LATERAL 2619 DEFORMIDADES DE PÉ E DEDOS do Fêmur 2688
FRATURA IRREDUTÍVEL OU APÓS FRATURA DA TÍBIA 2662 Fraturas lntercondilares
FRATURA-LUXAÇÃO 2620 FRATURA DO do Fêmur 2691
FRATURA TRIMALEOLAR 2621 PLATÔ TIBIAL 2662 Fraturas Supracondilares
FRATURA DO REBORDO CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS do Fêmur 2696
TIBIAL POSTERIOR 2622 (SCHATZKER)) 2663 DIÁFISE DO FÊMUR 2696
FRATURA DO REBORDO TIBIAL CLASSIFICAÇÃO DAS TRAÇÃO E IM OBILIZAÇÃO
ANTERIOR NA ARTICULAÇÃO FRATURAS-LUXAÇÃO COM GESSO 2696
DO TORNOZELO 2623 (HOHL E MOORE) 2665 FIXAÇÃO EXTERNA 2696
FRATURAS DO TORNOZELO EM AVALIAÇÃO 2667 FIXAÇÃO CO M PLACAS
PACIENTES COM DIABETES 2624 TRATAMENTO 2667 E PARAF USOS 2696
FRATURAS EXPOSTAS Fratura do Côndilo Lateral 2670 FIXAÇÃO INTRAMEDULAR 2698
DO TORNOZELO 2624 Lesão Ligamentar com Haste lntramedular Aberta 2701
FRATURA-LUXAÇÃO Fratura Condilar 2671 Haste lntramedular Fechada 2702
INSTÁVEL DO TORNOZELO 2624 Redução Assistida Artroscopicamente Haste Femoral Anterógrada
FRATURA DO PILÃO TIBIAL 2625 e Fixação de Fraturas do (TRIGEN) 2702
Redução Aberta e Fixação Platô Tibial 2672 Haste Retrógrada do Fêmur 2708
com Placa 2628 Fratura do Côndilo Medial 2673 Erros e Complicações da
Redução Aberta Tardia em dois Fraturas Proximais Cominuídas 2673 Fixação lntramedu lar 2709
Estágios e Fixação Interna 2628 Autoenxertos Osteocondrais para FIXAÇÃO INTRAMEDU LAR
Abordagem Posterolateral Fraturas do Côndilo Tibial EM FRATURAS PATOLÓG ICAS 2712
para Fraturas do Pi Ião 2631 Lateral Cominuídas 2675 FRATURA SUBTROCANTÉRI CA
Fixações Externa e 1nterna PATELA 2675 DO FÊM UR 2713
Mínima Combinadas 2632 TRATAMENTO 2676 FRATURA DO FÊMUR
Fixação Externa e Fixação de Fratura FRATURAS PATELARES COM LUXAÇÃO DO
com Placa na Fíbula 2633 COMINUÍDAS 2680 QUADRI L 2713
Artrodese Primária 2638 FRATURA OSTEOCONDRAL FRATURA DO FÊMUR COM
FRATURA DA TÍBIA 2638 DO JOELHO 2682 UMA PRÓTESE
TRATAMENTO 2642 FÊMUR DISTAL 2684 DA CABEÇA DO FÊM UR 2714

Este capítulo discute o tratam ento cirúrgico de fra tu ras comuns com com orbid ades signi fica ti vas qu e imp edem a ci rurgia. A
n os membros in fe ri ores em adultos. As indicações e as técnicas has te int ra medul ar torn ou-se o tratamento de escolha para a
de fixação da fr atura com placa, has te intramedul ar e fixação m aiori a das fr atu ras fe morais e da diáfise tibial, incluindo
extern a estão con stantem ente send o aperfeiçoadas. As técn icas algum as fra tu ras com envolvimentos m etafisários proximal e
bás icas de fixaçã o são discutidas no Capítulo 53. O tratamento distal; a fixação com placa é mais comumente indicada para as
das fr aturas dos m embros inferi ores em cri anças é discutido no fra turas periarti cul ares; e a fixação externa é mais comumente
Capítulo 36. indicada para fraturas peri arti culares, fra turas com lesão grave de
O tratamento conservador, ge ralmente, se restringe às fratu- tecidos moles e fixação prov isória antes da fixação defi nitiva com
ras minimamente deslocadas estáveis ou às fratur as em pacientes outro método. As indicações, as contraindicações e as limitações

2611
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

dessas técnicas são discutidas para cada tipo de fratura dos


membros inferiores. O tratamento cirúrgico de fraturas do quadril
e da pelve é discutido nos Capítulos 55 e 56. As fraturas e as
GllM·'«·' 54-1 Classificação Lauge-Hansen*

Supinação-Adução (SA)
luxações do pé são discutidas no Capítulo 88. Fratura transversal do tipo avulsão da fíbula abaixo do
nível da articulação ou lesão dos li gamentos colaterais
laterais
TORNOZELO Fratura vertica l do maléolo medial

As lesões em torno do tornozelo causam a destruição não só da Supinação-Eversão (Rotação Externa) (SER)
arquitetura óssea, mas também, muitas vezes, dos componentes dos Ruptura do li gamento tibiofibu lar anterior
tecidos moles e ligamentos. O tratamento dos componentes dos Fratura oblíqua espiral da fíbula distal
tecidos moles e dos ligamentares é discutido no Capítulo 82. Com Ruptura do ligamento cruzado posterior tibiofibular ou
fraturas de tornozelo, apenas uma ligeira variação do normal é com- fratura do maléolo posterior
patível com boa função articular. As radiografias após a redução Fratura do maléolo medial ou ruptura do ligamento
devem ser estudadas com esses requisitos em mente: (1) as relações deltoide
normais do encaixe do tornozelo devem ser restauradas, (2) o ali- Pronação-Abdução (PA)
nhamento do suporte de peso do tornozelo deve estar a um ângulo Fratura transversal do maléo lo medial ou ruptura do liga-
reto com o eixo longitudinal da perna e (3) os contornos da super- mento deltoide
fície articular devem ser satisfatoriamente reduzidos. Os melhores Ruptura do ligamento de sindesmose ou fratura por avu lsão
resu ltados são obtidos por meio de restauração da articulação ana- de suas inserções
tômica e o método utilizado para alcançar esse objetivo pode ser Fratura oblíqua, curta e horizontal da fíbula acima do nível
tanto a manipulação fechada quanto a redução aberta e fixação da articulação
interna (RAFI). Para a maioria das fraturas, o último método, mais Pronação-Eversão (Rotação Externa) (PER)
frequentemente, assegura a restauração da articulação anatômica e
Fratura transversal do maléolo medial ou ruptura do liga-
sua consolidação.
mento deltoide
Ruptura do ligamento tibiofibular anterior
Fratura oblíqua cu rta da fíbula acima do nível da
CLASSIFICAÇÃO articulação
Ruptura do ligamento cru zado posterior tibiofibular ou
As fraturas de tornozelo podem ser classificadas puramente ao longo
fratura por avulsão da tíbia posterolateral
das linhas anatômicas como monomaleolar, bimaleolar ou trimale-
olar. A classificação de Lauge-Hansen tentou associar os padrões de Pronação-Dorsiflexação (PD)
fratura específicos com o mecanismo de lesão e propôs um arranjo Fratura do maléolo medial
detalhado, com cada classe ampla subdividida em quatro grupos Fratura da margem anterior da tíbia
(Quadro 54-1). De acordo com essa classificação, a maioria das Fratura suprama leolar da fíbul a
fraturas são lesões de supinação-eversão, supinação-adução, prona- Fratura transversal da superfície posterior da tíbia
ção-abdução, e pronação-eversão. Neste sistema de classificação, o
termo "eversão" é um equívoco; mais corretamente deveria ser *Grupos de classificação com estágios de lesão.
"rotação externa ou lateral". A primeira palavra na designação De Geissler WB, Tsao AK, Hughes JL: Fractures and injuries of the ankle. ln
refere-se à posição do pé no momento da lesão; a segunda palavra Rockwood CA Jr, Green DP, Bucholz RW, et ai, editors: Rockwood and Green 's
refere-se à direção da força de deformação. fractures in adults, ed 4, Philadelphia, 1996, Lippincott-Raven.
O mecanismo mais comum é o de supinação-eversão (supina-
ção-rotação externa). Sua apresentação característica é a de uma
fratura oblíqua espiral da fíb ula distal e uma ruptura do ligamento
deltoide ou fratura do maléolo medial. O tipo lesão de supin ação-a- Alguns autores advertem contra a utilização somente da clas-
dução é caracterizado por uma fratura transversal da fíbula distal e sificação de Lauge-Hansen para determinar o tratamento e reco-
uma fratura relativamente vertical do maléolo medial. O mecanismo mendam que o tratamento seja baseado em uma determinação
de pronação-abdução produz um a fratura transversal do maléolo clínica da estabilidade. O'Leary e Ward descreveram um meca-
medial e uma fratura oblíq ua curta da fíbu la, que aparece relativa- ni smo de abdução -rotação externa que resultou em fratura do
mente horizontal na radiografia lateral. O mecanismo de pronação maléolo medial e avulsão do ligame nto deltoide enfati zando a
-eversão (pronação-rotação extern a) é caracterizado por uma dificuldade em deter minar a extensão da lesão após o impacto de
ruptura do ligamento deltoide ou um a fratura do maléolo medial e alta velocidade. Essa lesão res ulta de abdução inicial e rotação
um a fratura oblíqua espiral da fíbula relativamente elevada acima externa seguidas pela ad ução violenta que fratura o maléolo
do nível da articulação do tornozelo. A anál ise da configuração da med ial. Whitelaw et ai. recomendaram a avaliação da estabilidade
fratura e, portanto, o mecanismo das forças que produzem a fratura articular do tornozelo pelo teste de gaveta anterior e teste de incli-
são especialmente importantes se a red ução fechada e a imobilização nação talar após estabilização óssea e reparo cirúrgico de qualquer
forem planejadas como tratamento definitivo. Geralmente, o meca- ruptura ligamentar concomitante.
nismo das forças que produzem a fratura é invertido pela manipu- A classificação de Danis-Weber (Fig. 54-1) é baseada na loca-
lação de redução fechada; por exemplo, se a fratura foi produzida lização e aparência da fratura da fíbula. Uma fratura do tipo A é
por um mecanismo de supinação, eversão ou rotação externa, a causada pela rotação interna e adução que produzem uma fratura
redução é alcançada por uma pro nação, inversão ou manipulação transversal do maléolo lateral aba ixo da sindesmose com ou sem
de rotação interna. uma fratura oblíqua do maléolo medial. A fratura do tipo B é
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFER IORES

Ili 54 -2
Classificação AO das
Fraturas Maleolares*

Tipo A: Fratu ra da Fíbula abaixo da Sindesmose


(lnfrassi ndesmose)
A 1- isolada
A2-com fratura do maléolo medial
A3-com uma fratura posteromedia l
Tipo B: Fratura da Fíbu la no Nível da Sindesmose
(Transsindesmose)
B1-isolada
B2-com lesão media l (maléolo ou ligamento)
B3-com uma lesão medial e fratura da tíbia
posterolateral
Tipo A Tipo B Tipo C: Fratura da Fíbula acima da Sindesmose
(S uprassindesmose)
e 1-fratura da diáfise da fíbula simples
C2-fratura da diáfise da fíbula comp lexa
C3-fratura proximal da fíbu la

*Classificação em tipo de fratura (A a C) e grupo (1 a 3) .


De Geissler WB, Tsao AK, Hughes JL: Fractures and injuries of the ankle. ln
Rockwood CA Jr, Green DP. Bucholz RW, et ai, editors: Rockwood and Green's
fractures in adults, ed 4, Philadelphia, 1996, Li ppincott-Raven.

Lauge-Hansen e Danis-Weber tenham provado ser úteis para a com-


preensão dos mecanismos de lesão e para o plano de tratamento,
Tipo C-1 Tipo C-2 nenhuma tem demonstrado que tem importância prognóstica. Além
disso, o esquema de classificação de Lauge-Hansen tem demons-
trado limitações na previsão de lesões de tecidos mol es associadas
O@ii;HL?19 Classificação de Danis-Weber das fraturas do
quando avaliados com RM.
tornozelo com base no mecanismo de lesão e na loca lização e
aparência de fratura da fíbula (veja texto) . (Redesen hado de Weber
BG: Die Verletzu ngen des oberen Sprunggelenkes. ln Aktuelle Prob/eme
in der Chirurgie, Bern, 1966, Ve rlag Hans Hu ber.)
FRATURAS ISOLADAS DOS MALÉOLOS
MEDIAL E LATERAL

• MALÉOLO MEDIAL
causada pela rotação externa que resulta em uma fratura oblíqua
do maléolo lateral iniciando na sup erfície anteromedial e esten - As fraturas não deslocadas do maléolo medial geralmente podem
dendo -se proximalmente ao aspecto posterolateral. A lesão pode ser tratadas com imobilização em gesso; no entanto, em indivíduos
incluir ruptura ou avulsão do ligamento anterior tibiofibular ante- com altas demandas funcionais, a fixação interna pode ser apro-
roinferior, fratura do maléolo medial ou ruptura do ligamento priada para apressar a cicatrização e a reabilitação (Fig. 54-2). Hers-
deltoide. Cerca de 80% a 90% das fraturas maleolares laterais se covici et al. obtiveram um alto índice de consolidação e resultado
enqua dram na categoria Danis-Weber do tipo B. As fraturas do funcional com tratamento conservador de fraturas maleolares
tipo C são divididas em lesões de abdução com fratura oblíqua da mediais isoladas. As fraturas deslocadas do maléolo medial devem
fíbula proximal aos ligamentos interrompidos tibiofibulares (C-1) e ser tratadas ciru rgicamente, pois o deslocamento persistente faz o
lesões de abdução-rotação externa com uma fratura mais proximal tálus inclinar em varo. As fraturas em avulsão envolvendo apenas a
da fíbula e ruptura mais extensa da membrana interóssea (C-2). As ponta do maléolo medial não são tão instáveis como as fraturas
lesões do tipo C podem constituir-se em uma fratura maleolar envolvendo a axila do encaixe e não necessitam de fixação interna,
medial ou uma ruptura do ligamento deltoide. A fratura do maléolo a menos que o deslocamento seja significativo. A fixação interna
posterior pode acompanhar qualquer um dos três tipos. A classi- tardia pode ser feita se houver condição clínica favorável. A fixação
ficação AO divide os três tipos de Dan is-Weber adiciona lmente em do maléolo medial geralmente consiste em dois parafusos interfrag-
lesões mediais associadas (Q uadro 54-2). Malek et al. relataram mentários esponjosos de 4 mm orientados perpendicularmente â
alta confiabilidade interobservadores e intraobservadores na utili- fratura. Alguns autores têm defendido a fixação com parafusos
zação do sistema de classificação de Danis-Weber de 78% e 85%, bicorticais in terfragmentários de 3,5 mm em vez de parafusos
respectivamente. esponjosos de 4 mm, pois os dados biomecânicos sugerem aumento
Os autores demonstraram que existe uma variabilidade inte- da força de construção (Fig. 54-2A).
robservadora considerável entre os sistemas de classificação para Os fragmentos menores podem ser fixados com um parafuso
fraturas de tornozelo. Além disso, embora as classificações de interfragmentár io e um fio de Kirschner para impedir a rotação
@jij@I PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕE S EM ADULTOS

A e E

O[dihf;iLl:m Fixação de fraturas maleo lares med ia is. A, Parafuso interfragme ntár io único através do fragme nto gra nde . B, Comb i-
na ção de parafuso in terfragme ntá rio de 4 mm e fio de Kirschner para fragme nto pequ e no. C, Fiação de banda de tensão para frat ura
t ransversal ba ixa. D, Parafuso interfragme ntário de 4 mm vertica l escareado pa ra fra tu ra t ransversa l bai xa. E, Fixação de placa com
parafuso de fi xação hor izo nta l.

(Fig. 54-2B). Os fragmentos que são mui to pequenos ou cominutos ainda são co ntrove rsas. O deslocamento máxi mo aceitável da fí bula
para fixação com parafuso podem ser estabilizados com dois fios de relatado na literatu ra variou de O mm a 5 mm . Na maior ia dos
Kirschner e um a banda de tensão (Fig. 54-2C). As fraturas verticais pacientes, de 2 mm a 3 mm de deslocamento é aceitável, depen-
do maléolo medial exigem parafusos dirigidos horizontalmente ou dend o das exigências fun cionais do paciente. O deslocam en to do
técnicas de fixação da fra tura com placa antideslizante (Fig. 54-2D tálus tem sido mostrado aco mpanh and o o deslocamento do maléolo
e E). D umigan et ai. demonstraram que a fixação das fra turas male- lateral em fraturas do torn ozelo bimaleolar; portanto, é necessári a,
olares mediais verticais com placa de neutralização é biomecani ca- nes tes ferimentos, a redu ção anatômica do maléolo lateral. Os
mente va ntajosa. Embora os implantes de aço inoxidável sejam mais estud os bio mecânicos mostraram qu e as fraturas isoladas do maléolo
comumente usados para as fraturas maleolares mediais, a segurança lateral não perturbam a cinemáti ca articular ou causam desloca-
e a efi cácia dos implantes bioabsorvíve is fora m in vestigad as. A prin - mento talar com carga axial, enquanto os estudos de acompanha-
cipal vantagem teórica destes implantes é que eles redu zem a inci- mento clínico de longo prazo de tratamento fechado de fratu ras de
dência de remoção tardi a do materi al resul tante da proeminência estágio II de supinação-rotação externa demonstraram bons res ul-
persistente ou sensibilidade em to rn o das cabeças dos parafusos. tados fun cionais de 94% a 98%, mesmo com 3 mm de deslocamento
Embora os implantes bioabsorvíveis tenh am sido usados com fibular. Os res ultados após o tratamento operatório são semelhantes
sucesso com nenhuma di ferença nos resultados observados entre o aos do tratamento fec hado de lesões de estágio II de supin ação-ro -
aço inoxidável e o poliglicolido, a drenagem de seios estéreis tem tação ex tern a independenteme nte se a redu ção anatôm ica foi
sido relatada em 5% a 10% dos pacientes, possivelmente relacionada obtida. Se a estab il idade de uma fr atu ra de maléolo lateral é incerta,
com a quebra de poliglicolido. Além disso, em um a série de 2.528 radi ografias de es tresse podem ser obtidas para detectar desloca-
pacientes, um a taxa de 4,3% de reação do tecido inflamatório local men to do tálus indicativo de lesão medial. Koval et ai. ava liaram
clinicamente significativa foi relatada. Os implantes bioabsorvíve is se um teste de esforço positivo prevê a necessidade de fi xação
são discutidos em mais detalhes no Capítulo 53 . cirúrgica de fraturas maleolares laterais. Em se u estudo, todos os
pac ientes com achados positivos de radiografi as de estresse dos
1 FRATURA POR ESTRESSE DO MALÉOLO MEDIAL torn ozelos fo ram submetid os a um a ressonância magnética para
As fraturas por es tresse do maléolo medial geralmente se apresen- ava liar a integridade do comp lexo do liga mento deltoide. Somente
tam como dor localizada, edema e sensibilidade no tornozelo as rupturas completas necessitaram de estabili zação cirúrgica. Os
medi al. Ini cialmente, elas não podem estar aparentes na radiografi a, doe ntes com perturbações parciais ti veram tratamento não cirúr-
mas ge ralmente podem ser demonstradas com cintilografia óssea, gico bem -s ucedido com um mínim o de 1 ano de acompanha-
tomografi a computadorizada ou ressonância magnéti ca. Muitas mento. Outros propuseram a ava liação ultrassonográfi ca do
vezes, as fratu ras por estresse torn am-se aparentes em ra diografias ligamento deltoide para diferenciar entre um a fra tura equ ivalente
de acompanh amento. Shelbourne et ai. recomendaram a fixação bimaleolar e um a lesão maleolar lateral isolada. No enta nto, a
in tern a para as fraturas qu e são imediatamente aparentes nas radio- moda lidade de diagnóstico pré-operatória ideal para avaliar urna
grafias e imobilização por gesso para aquelas apenas ap arentes na lesão do lado media l para tomada de dec isão em relação ao trata-
cintilografi a óssea. As fr aturas por es tresse do maléolo medial têm mento cirúrgico ou não cirúrgico per man ece obsc ura.
um alto risco de progressão para frat ura completa, retardo da con-
solidação ou pseudoartrose. Muitas vezes, o tratamento agressivo,
incluindo cirurgia, é necessário. Se as frat uras po r es tresse forem FRATURA BIMALEOLAR
tratadas cirurgicamente, um período de atividade res trita de 4 a 5
meses será necessário. As fr atu ras bimaleolares de tornozelo comprometem a estabilidade
das estruturas medi al e latera l da articul ação do tornozelo. O deslo-
• MALÉOLO LATERAL camento reduz a área de contato tibiotalar e altera a cinemática da
Emb ora as fr aturas do maléolo lateral sem lesão medial significativa articu lação. A redução fec hada muitas vezes pode ser feita, mas não
sejam comuns, as indicações para a redução aberta destas fraturas man tida em posição anatômica assim que o edema desaparece.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES Eld'*

A E F

O!§ii;@m9 Fi xação de fraturas maleolares latera is. A, Fixação-padrão de fratura da fíbula com um terço de placa semitubular de
3,5 mm e parafusos. B, Vár ios parafusos interfragmentários de 3,5 mm . C, Dois parafusos interfragmentários para fratura ob líqua longa.
D, Parafuso maleo lar único de 3,5 mm para fratura transversal baixa. E, Fiaçã o de banda de tensão; observe a fi xação de parafuso
interfragmentário de 4 mm de fratura maleolar medial associada. F, Fixação com parafuso intramedular de 3,5 mm .

Pseudoartroses têm sido relatadas em aproximadamente 10% das fra - diminuída em a lgumas fraturas maleolares laterais usando apenas
turas bimaleolares tratadas por métodos fechados, embora elas nem uma técnica de parafuso interfragmentário (Fig. 54-3). Vários
sempre sejam sintomáticas. Vinte por cento das fraturas bimaleolares autores têm relatado o sucesso do tratam ento de fraturas maleolares
envolvem lesões intra-articulares do tálus e da tíbia; essas lesões não são laterais co m apenas a fixação de parafuso interfragmentário sem
tratadas quando os métodos fechados são usados. Estudos de acompa- pse udoartrose, perda d e redução ou complicações de tecidos moles.
nhamento randomizados, prospectivos e de longo prazo de fraturas Eles citam menos proeminência do material de osteossíntese e dor
bimaleolares de tornozelo ou equivalentes às bimaleolares mostraram em comparação ao que acontece com os pacientes que tiveram a
resultados superiores da cirurgia sobre o tratamento conservador. Um fixação de placas para lesões semelhantes. Os pacientes com menos
estudo de acompanhan1ento de longo prazo realizado por Bauer et ai. de 50 anos com uma fratura maleolar lateral ob líqua simples e comi-
também apresentou resultados superiores após o tratan1ento cirúrgico nuição mínima que permite a colocação de doi s parafusos interfrag-
de fraturas de estágio IV de supinação-rotação externa. Tile e o grupo mentários a pelo menos l cm de distân cia são os candidatos ideais.
AO recomendaram redução aberta e fixação interna de ambos os malé- Aumentar a fixação de placas com fios de Kirschner intrame-
olos para quase todas as fraturas bimaleolares. dulares em fraturas da fíb ul a osteopên icas foi recomendado em um
Para a maioria das fraturas bimaleolares d es locadas, nós estudo; 89% ti ve ram pouca ou nenhuma dor. Em um estudo biome-
também recomendamos redução aberta e fixação interna de ambos cânica, as placas suplementadas pelos fios de Kirschn er mostraram
os maléolos. A maioria das fraturas maleolares laterais de Weber do uma resistência 81 % maior à flexão do que as placas sozinhas e duas
tipo B e tipo C é estabilizada com placa e parafuso d e fixação. Em vezes mai s resi stê ncia ao movimento nos testes de torção. O trata-
alguns pacientes, o materi al de osteossíntese na região lateral no mento cirúrgico das fraturas periarticulares em geral e das fraturas
tornozelo pode tornar-se sintomático; no entanto, em um estud o, de tornozelo em particular provavelmente é limitado a dois períodos
apenas metade dos pacientes obteve alívio da dor após a remoção de tempo - início e final. A RAFI pode ser possível nas primeiras
do material. A fixação posterior de fraturas do maléolo lateral do 12 horas após a lesão, mas pode não ser possível de novo por 2 a 3
tipo B de Weber usando uma técnica antidesli zante tem sido defen- semanas devido ao inch aço excessivo. O fechamento tardio e até
dida para evitar a possibilidade do uso de parafusos intra-articulares mesmo enxe rto de pele podem ser necessários quando existir muito
e para diminuir a incidência de estrutura palpável, além de propor- inchaço no momento da cirurgia. Resultados func ionais igualmente
cionar uma construção mais forte. Em uma série prospectiva de 32 bons foram alcançados com RAFI imediata e tardia de fraturas
pacientes, não houve fraturas não consolidadas, pseudoartroses, bimaleolares de tornozelo ou equivalentes às bimaleolares do tipo B
complicações na cicatrização de feridas, perda de fixação ou para- de Danis-Weber, sem diferenças em complicações, adequação da
fusos intra-articulares ou palpáveis. Quatro pacientes tiveram ten- redução, amplitude de movimento, ou tempo de cirurgia, embora a
dinite peroneal transitória e em dois pacientes as placas foram internação tenha sido mais breve e a dor tenha sido diminuída com
removidas por causa dos sintomas causados por um parafuso inter- a cirurgia imed iata em um estudo. Embora a cirurgia tardia possa
fragmentário mal colocado. Weber et ai. documentaram lesões do ser tecnica mente mais difícil, é justificada em pacientes com graves
tendão peroneal precipitadas por fixação da fratura antidesli zante lesões fechadas dos tecidos moles ou bolhas de fratura. Se a redução
posterior do maléolo lateral. Em sua série, 30% dos pacientes aberta de uma fratura-luxação for tardia, a redução fechada imediata
demonstraram lesão do tendão peroneal no momento da remoção do deslocame nto e talas são obrigatórias para evitar necrose da pele.
do material de osteossíntese. No entanto, apenas 22% destes pacien-
tes apresentavam sintomas no pré-operatório. Os autores concl uí -
ram que as lesões do tendão correlac ionavam-se com a colocação LESÃO DE SINDESMOSE
de placa distal e inserção do parafuso através do furo mais distal da
placa e, portanto, defenderam evitar a colocação distal de m aterial As lesões de sindesmose são mais comumente causadas por mecanis-
de osteosíntese ou remoção precoce do material de osteossíntese. mos de pronação-rotação externa, pronação-abdução e, raramente,
A proeminência do material de o steossíntese também pode ser supinação-rotação externa (lesões de Danis-Weber do tipo C e do
MJ$(it PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

tipo B). Essas forças fazem o tálus abdu zir ou rod ar externamente no Vários métodos têm sido utilizados para fixar a sindesmose,
encaixe, levando ao rompimento dos ligamentos de sindesmose. mais comumente parafu sos ou pinos oblíquos inseridos através do
A restauração anatômica da sindesm ose tibiofibular distal é maléolo lateral e na tíbia distal. Esses pinos ou parafu sos não só
essencial. Se a fratura fibu lar situa-se acima do nível da articul ação seguram a articulação anatomicamente reduzida, mas também esta-
tibiofibular distal, essa articul ação se presume ser interrompida e bilizam e fixam a parte lateral do encaixe do tornozelo. Se a fixação
deve ser anatomicamente reduzida. No passado, a fixação interna de por parafuso for escolhida, um ou dois parafusos corticais de 3,5
todas as lesões de sindesmose era considerada obrigatória, mas mm ou 4,5 mm são necessá rios; ambos foram considerados biome-
Boden et al. mostraram em um estudo de cadáver que o rompimento canicamente equivalentes. Dois parafusos fornecem mais segurança
da sindesmose não causa instabilidade no torn ozelo se nenhuma do qu e a fixação com um parafuso e a reparação por sutura tem
lesão medial estiver envolvida. Se um a lesão medi al estava presente, menor força mecânica. Vander Griend, Michelso n e Bone sugeriram
as lesões de sindesmose com extensão superior a 4,5 cm proximais o uso de dois parafusos na sindesmose em pacientes de maior esta-
à articulação do tornozelo alteraram a mecânica da articulação, mas tura ou não compatíveis. O parafuso da sindesmose deve se r colo-
as lesões de sindesmose com extensão menor que 3 cm proximais à cado através de ambas as co rticais da fíbul a e em uma ou du as
artic ulação não alteraram. Ru pturas de sindesmose de 3 cm a 4,5 cm corticais da tíbia. Em uma recente pesquisa reali zada com membros
produziram resultados variáveis. A partir destes resultados, Boden da Orthopaedic Tra uma Association e da American Orthopaedic
et ai. sugeriram que a fixação de sindesmose era desnecessária se o Foot and Ankle Society, Bava et ai. buscaram identificar o estado
rompimento estendia-se menos que 3 cm acima da sindesmose ou atual do manejo de lesões de sindes mos e. Cinquenta e um por
se as lesões medial e lateral foram estabilizadas por fixação do cento utili za ram parafusos corticais de 3,5 mm, 24% usa ram para-
maléolo medial ou reparação do ligamento deltoide. fusos corticais de 4,5 mm e 14% rotineiramente usaram um dispo-
Kennedy et ai., em um estudo prospectivo que aval iou a fixação sitivo de fixação de sutura. Quarenta e quatro por cento utili zaram
de sindesmose por parafuso de fraturas do tornozelo do tipo e de um para fu so, ao passo qu e outros 44% utili zaram dois parafusos e
Weber nas quais a fratura maleolar lateral estava localizada dentro de 5 o restante estava indeciso. A construção m ais comum foi o uso de
cm da articulação do tornozelo, descobriram que a fixação de sindes- parafusos de 3,5 mm engaj ando quatro corticais, que eram rotin ei-
mose por parafuso não era necessária se a fratura fosse anatomicamente ramente removidas em 3 meses. Os parafusos bioabsorvíveis também
reduzida e fosse imobilizada por 6 semanas pós-operatórias. No entanto, têm sido utili zados para a fixação da sindesmose e demonstraram
isso ainda não foi extensivamente avaliado clinicamente. resultad os co mparáveis aos implantes metálicos.
Há um co nsenso de que a fixação de sindes mose é indicada Se e quando os parafusos de sindesmose precisam ser remo-
para (1) lesões de sindesmose associadas a fraturas da fíbula proxi- vidos, são ass untos controversos. As recom endações na literatura
mal para as quais a fixação não é planejada e que envolvem um a var iam de remoção de rot ina do parafuso antes da sustentação de
lesão medial que não pode ser estabilizada, bem como para (2) peso se r permitida (em 6 a 8 semanas) à remoção após a fratura
lesões de sindesmose se estendendo mais de 5 cm proximal à si n- ter se consolidado so mente se surgiram sintomas. Os defenso res
desmose. Permanece controverso se a fixação de sindes mose deve da retirada do parafuso alegam que a fixação de sindesmose atra-
ser utili zada em fraturas m aleolares laterais situadas de 3 cm a 5 cm palha a mecâ nica do tornozelo ao rest rin gir a rotação extern a
da articulação do tornozelo em que a lesão medi al (ligamento del- normal da fíbula qu e ocorre com a dorsiflexão. Retirar o parafuso
toide) não é reparada. Se a fratura alta da fíbul a associada a uma muito cedo, no entanto, pode permitir diástase recorrente da sin -
lesão de sindesmose não está fixada, a restauração do comprimento desmose. O deslocamento da sindesmose foi relatado quand o o
fibular pode ser difícil para ser determinada com precisão. Além parafuso foi removido antes da sustentação de peso ser permitida e
disso, a fixação de fraturas da fí bula da diáfise média com lesões de uma queb ra do parafuso foi relatada com a sustentação de peso co m
sindesmose associadas demonstra melhores ca racterísticas biome- o parafuso no lugar. Se fi xação tricortical for utili zada, o parafu so,
cânicas quando comparada com a fixação de sindesmose sozinh a. geralmente, começa a afro uxar em vez de quebrar e pode não
A integridade da sindesmose pode ser avaliada intraoperato- atrapalhar a mecânica norm al do tornozelo. Se a fixação por meio
riamente por meio da reali zação de um teste de esforço de rotação de quatro corticais for utilizada, ambas as extremidades do para-
externa e do teste de Cotton. ( Cotton desc reve u esse teste para fu so podem ser removidas fac ilmente se ocorrer a ruptura. Em
determinar a incompetência da sindes mose do tornozelo no intra- geral, a diástase tardia da si ndesmose cria um problema clínico
operatório. A tração é aplicada à fíbula com um gancho ósseo para muito mais difícil do que a quebra de parafusos; é aconselhável
tentar separá-la da tíbia na qual tenha sido ap licada uma força de deixar o parafuso no local por pelo menos 12 semanas. Além disso,
oposição para impedir o movimento da tíbi a. Se nenhum movi- um outro es tudo revelou que, em 1 ano de acompanh amento, não
mento significativo for observado entre a tíbia e a fíbula distal, os houve diferença na evolução clínica de pacientes com parafusos de
ligamentos de sindesmose estão intactos.) Se ocorrer m ais de 3 mm sindesmose intactos ou removidos. Na verdade, o subconjunto
a 4 mm de deslocamento lateral, a fixação de sindes mose é necessá- co m parafusos qu ebrados obteve melhores resultados clínicos;
ria. As radiografias intraoperatórias devem mostrar um espaço livre portanto, os autores recom endaram não remover os parafusos de
de menos de 5 mm entre a parede medial da fíbu la e a parede lateral sindesmose intactos ou qu ebrados. Nós temos orientado em
do maléolo tibial posterior. O alargamento persistente indica uma direção à não remoção rotineira da fi xação de sindesm ose, a menos
sindesmose não reduzida. Em um estudo de cadáver, Xenos et al. que o torno zelo esteja si ntomático.
mostraram qu e o rompimento de sindesmose, medido como deslo- A sindesmose deve ser anatomicamente reduzida e segura com
camento posterior da fíbula em uma radiografia lateral de estresse fios de Kirschner provisó rios ou com um grampo de redução antes
de rotação externa, co rrelacionou-se mais estreitamente com a di ás- de os parafusos de sindesmose serem inseridos. Miller et al. obser-
tase anatômica do que o deslocamento em radiografias de estresse varam um a diminuição signifi cativa na má redu ção de sindes mose
de encaixe. Stark et ai. recomendaram a avaliação de estresse de em um grupo de pac ientes em que a sindesmose foi diretamente
rotação externa intraoperatória para fraturas instáveis B de Weber visualizada durante a redução. Nós defendemos também a redução
após a identificação de um a incidência de 39% de instabilidade de aberta da sindesmose com visualização direta. O parafuso deve ser
sindesmose após a fixação maleolar lateral. posicionado de 2 cm a 3 cm proximal à sindesmose da tíbi a e
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERI ORES Eldf"

O!ijihHB19 Fratura da f íbul a acima do nível da sindesmose,


perturbação da sindesmose tibiofibular dista l e ruptura de liga-
mento de ltoide. O li gamento de lto ide foi reparado . Uma p laca O!êJll;f4el9 Fratura no to rn oze lo bimaleolar com fratura
de pequenos fragme ntos fo i co locada na fibu la, e a sindesmose ob líqua da fibu la inferior tratada com fixa ção de parafuso inter-
fo i reposicionada e segura por parafuso transfixante através do fragmentár io. Fios de Kirschner foram utilizados para a fixação
orifício distal da placa fibular. interna do maléolo medial. VEJA A TÉCNICA 54-1.

dirigido paralelamente à superfície da articulação em ângulo de 30


graus anter iormente de modo que esteja perpendicular à articulação FIXAÇÃO DO MALÉOLO
tibiofibular. Se o parafuso for colocado muito longe proximalmente, LATERAL
ele pode deformar a fíbula e fazer com que o encaixe se amplie. Se
o parafuso não estiver paralelo à articulação, a fíbula pode descolar- TÉCNICA
se proximalmente. Se o parafuso não estiver perpendicular à articu-
lação tibiofibular, a fíbula pode permanecer deslocada lateralmente. • Se a fíbu la fraturada for parte de um padrão de fratura
O grupo AO recomendou um parafuso de sindesmose totalmente bimaleolar, nós costumamos reduzir e fixar internamente a
rosqueado em um modo de neutralização ou posição; no entanto, fratura da fíbula ou maleolar lateral antes de fixar o com-
outros sugeriram que um parafuso interfragmentário proporciona ponente maleolar media l. A exceção a isso é um maléolo
uma fixação mais seg ura. Tradicionalmente, isso fo i recomendado latera l com inuído como parte de um padrão bimaleolar ou
para dorsiflexionar maximamente o tornozelo durante a fixação de trimaleolar. Ocasionalmente, se a cominuição for grave, o
sindesmose para evitar a limitação de movimentos no pós-operató- maléolo lateral pode ser mais reduzido no plano coronal,
rio; no entanto, não há dados refutando essa conclusão e revelando o que inibe a redução anatômica do componente maleolar
que dorsiflexão máxima pode induzir a um risco de má redução no medial da lesão. Nesta circunstância, pode ser aconselhável
momento da rotação externa. Um estudo em cadáver não achou proceder inicialmente com a fixação maleolar medial.
perda de dorsiflexão quando parafusos interfragmentários foram •Exponha o maléolo lateral e a diáfise fibu lar distal por
uti lizados para a fixação da sindesmose com o tornozelo em flexão meio de uma incisão longitudinal lateral. Proteja o nervo
plantar. Outros têm apontado que as medições radiográficas pós fibular superficia l. A lternativamente, uma incisão poste-
-operatórias são marcadores não co nfi áveis da redução de sindes- rolateral pode ser uti lizada, e a placa pode ser inserida
mose, que é mais bem avaliada por TC. com uma técn ica antideslizante posterior.
Se uma pequena placa foi utilizada para corrigir a fratura da • Se a fratura for suficientemente oblíqua, se o estoque ósseo
fíbula, esse parafuso transfixante pode ser um dos parafusos utilizados for bom e se não houver pulverização, fixe a fratura com
para segurar a placa ao lado lateral da fíbu la (Fig. 54-4). A fíbula redu- dois parafusos interfragmentários inseridos de anterior para
zida e fixada deve cumprir os três requisitos para uma fLmção satisfató- posterior para estabelecer a compressão interfragmentária.
ria listados anteriormente nesta seção. Ocasionalmente, os ligamentos Coloque os parafusos a cerca de 1 cm de distância (Fig.
de sindesmose podem avulsionar wn pequeno fragmento ósseo. Se esse 54-5). O comprimento dos parafusos é importante; os para-
for o caso, a estabilização da sindesmose pode ser alcançada por fixação fusos devem ultrapassar a cortical posterior para uma fixação
do parafuso interfragmentário através deste fragme nto. segura, mas não devem se projetar muito além da cortical
Ego! et ai. avaliaram os resultados após fraturas de tornozelo posterior e invadir as bainhas dos tendões fibulares .
instáveis com relação aos efeitos da fixação de sindesmose. Eles • Se a fratura for transversal, pode ser utilizado um dispositivo
afirmaram que, em 1 ano de acompanhamen to, os pacientes que se intramedular. Exponha a ponta do maléolo lateral dividindo
submeteram à fixação de sindesmose tiveram resultados piores do as fibras do ligamento calcaneofibular longitudinalmente. )
que aqueles que tiveram apenas a fixação da fratura maleolar.
@jijf:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@i@SBD A, Técnica AO para fixação


interna de maléolo medial. Um furo (3,2 mm)
é feito enquanto o fragmento distal é mantido
reduzido com dois fios de Kirschner dobrados
para ficar fora do caminho. O comprimento
do furo é medido. B, Inserção de parafuso
maleolar sem bater. Os fios de Kirschner são
removidos depois de apertar o parafuso. Se o
fragmento tende a girar, um parafuso menor
adicional ou uma fiação de compressão podem
ser adicionados. VEJA A TÉCNICA 54-2.

•Insira uma haste de Rush, uma haste fibular de bloqueio •Para as fraturas em pacientes com osteoporose ou pacien-
)
ou outro dispositivo intramedular do outro lado da linha tes com cobertura precária de tecidos moles, reduza e
de fratura no canal medular do fragmento proxima l. Se estabi lize a fratura com f ios de Kirschner colocados ob li-
estiver usando um dispositivo intramedular, não incline o quamente através do fragmento distal da fíbula e na tíbia .
maléolo lateral em direção ao tálus. O ponto de inserção A fixação de sindesmose, se necessária, pode ser feita
para a fixação intramedular tende a ser a superfície lateral como descrito na seção sobre lesões de sindesmose .
da ponta maleolar; devido à aplicação intramedular ser
reta, o maléolo lateral pode ser inadvertidamente incli-
nado na direção do tálus, resultando em estreitamento FIXAÇÃO DO MALÉOLO MEDIAL
do enca ixe do tornozelo e movimento reduzido . Esse erro
pode ser evitado pelo contorno do pino intramedular. TÉCNICA
•Se a fratura estiver abaixo do nível da sindesmose, se o
fragmento distal for pequeno e se o paciente tiver um • Realize uma incisão anteromedial que comece aproximada-
bom estoque ósseo, utilize um parafuso maleolar de 3,5 mente 2 cm próximo da linha de fratura , que se estenda
mm intramedularmente para fixação. Um parafuso inter- distalmente e ligeiramente posterior e termine aproximada-
fragmentário de 4,5 mm pode ser utilizado em pacientes mente 2 cm distal à ponta do maléolo med ial. Nós pre-
grandes. Alternativamente, direcione o parafuso maleolar ferimos essa incisão por duas razões: (1) o tendão tibial
ligeiramente oblíquo para envolver a cortica l medial da posterior e sua bainha f icam menos suscetíveis a serem
fíbula proximal à fratura . danificados; e (2) o cirurg ião é capaz de ver as superfícies
•Nos pacientes com má qualidade óssea, coloque fios de articulares, especialmente no aspecto anteromedial da arti-
Kirschner ob liquamente de lateral para medial através dos culação, o que permite um al inhamento preciso da fratura.
fragmentos fibulares proximal e distal e prenda-os mais à No entanto, essa incisão não pode ser feita extensível dis-
frente com um fio de banda de tensão. talmente se lesões nos pés associadas devem ser tratadas.
•A redução anatômica e a manutenção do comprimento • Manipule a pele com cuidado, refletindo a aba intacta com
fibu lar são necessárias. seu tecido subcutâneo subjacente. O suprimento de sangue
•Se a fratura estiver acima do nível da sindesmose, use um para a pele dessa região é ruim, e a manipulação cuidadosa
pequeno fragmento e uma placa tubular de um terço é necessária para evitar descamação da pele. Proteja a veia
para fixação após a redução anatômica ter sido obtida; safena magna e o nervo que a acompanha.
uma placa de compressão dinâmica de 3,5 mm pode ser • Normalmente, o fragmento distal do maléolo medial está
utilizada nos indivíduos maiores ou para as fraturas mais deslocado distalmente e anteriormente e uma pequena
proximais. As placas podem ser utilizadas para comple- dobra de periósteo geralmente está interposta entre as
mentar a fixação dos parafusos interfragmentários ou para superfícies da fratura. Remova essa dobra do local da
abranger um segmento cominuído. Em geral, coloque fratura com uma cureta ou um elevador periosteal, expondo
três parafusos corticais na diáfise da fíbula acima da as pequenas serrilhas da fratura.
fratura e dois ou três parafusos distais à fratura. Parafusos • Desbride o pequeno osso solto ou fragmentos condrais;
esponjosos unicorticais são colocados abaixo do nível da grandes fragmentos osteocondrais devem ser preserva-
sindesmose. Se a placa for colocada posterolateralmente, dos e suportados com um enxerto ósseo .
ela atua como uma placa antideslizante . Várias placas de •Com uma pinça de redução óssea, traga o maléolo des-
bloqueio fibular distal de ângulo fixo pré-contornadas tacado para a posição normal e, mantendo-o lá, fixe-o
disponíveis comercialmente fornecem opções alternativas internamente com dois fios lisos de Kirschner de 2 mm,
de fixação distal; no entanto, muitas vezes à custa do perfurados em todo o local da fratura como dispositivos
aumento da proeminência do material de osteossíntese . temporários de fi xação.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

O@mf4D:m A, Fratura maleo lar latera l com amp li ação assoc iada do espaço livre media l e rompimento de sindesmose . B e e, Após
estabil ização cirú rgica . A fíbu la é anatomicamente reduzid a e a redução tibiotalar concêntrica é resta urad a e mantida com um ú ni co
parafuso quadcortical d e sindesmose.

•Verifique a redução da fratura com radiografias antero- segura, o gesso pode ser removido na primeira visita de pós-
posteriores e laterais . Se a redução estiver satisfatória, operatório e substituído por uma tala removível ou bota de
remova um dos fios de Kirschner e insi ra um parafuso fratura. Os exercícios de amplitude de movimento são inicia-
interfragmentário de 4 mm ; remova e substitua o outro dos. A sustentação de peso é restringida durante 6 semanas,
f io de Kirschner (Fig. 54-6). Alternativamente, uma broca após as quais carga parcial pode ser iniciada se a fratura
com um bit de 2,5 mm e de 3,5 mm pode ser utilizada estiver cicatrizando bem e progredindo em conformidade.
para criar um caminho para os parafusos; uma broca Se as condições da pele, a qualidade óssea ou outros
pélvica longa será necessária se a fixação por parafusos fatores impedirem a f ixação segura, a fratura deverá ser
interfragmentários bicorticais for escolhi da . mais protegida. O paciente é colocado em um gesso do
•Cuidadosamente, inspecione o interior da articulação, par- tipo bota ou em um ingnopédico sem suporte de peso,
ticularmente no canto superomed ial, para assegurar que o dependendo da estab ilidade da fixação. Se um gesso
parafuso não tenha atravessado a superfície articula r. ingnopédico for uti lizado, ele pode ser convertido para
•Tire radiografias para verificar a posição do parafuso e da um gesso do tipo bota em 4 a 6 sema nas. O paciente
fratura. não tem permissão para suportar peso sobre o t ornozelo
•Se o fragmento maleolar medial for muito pequeno ou até que a consolidação da fratura esteja progredindo bem
cominuído, a fixação de um parafuso pode ser impossível; (8 a 12 semanas). Um gesso do tipo bota é usado e a
nestes casos, use vários fios de Kirschner ou fiação de sustentação de peso é iniciada gradualmente. O gesso é
banda de tensão para fi xação . As fraturas vertica is grandes removido quando a fratura estiver unida.
do maléolo medial que envolvem cominu ição proximal
muitas vezes exigem uma placa de reforço para evitar a
perda da redução; uma pequena placa tubular de um
terço é geralmente suficiente. Para evitar complicações na
LESÃO DO LIGAMENTO DELTOIDE E
cicatriza ção da ferida, deve-se tomar extremo cuidado
na aplicação de material de osteossíntese volumoso nessa
FRATURA MALEOLAR LATERAL
área de cobertura de pele deficiente. A ruptura do ligame nto deltoide acompanhada po r uma fratura do
maléolo lateral é causada pelo mesmo mecanismo que produ z fra-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O tornozelo é imobil i- turas bimaleolares, isto é, supinação com rotação externa do pé. Em
zado em uma tala de gesso posterior em posição neutra e vez de o maléo lo medial ser fraturad o, o ligamento deltoide é
elevada. Se a qualidade óssea for boa e a fixação estiver rasgado, fazendo com que o tá lus se desloque lateralmente (Fig.
54-7) . Normalmente, a cápsula anterior da articulação do tornozelo
@Jf11J PARTE XV FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM ADU LTOS

também é rompida. O ligamento deltoide, especialmente sua porção


profunda, é importante para a estabilidade do torn ozelo, pois evita REPARO DO LIGAMENTO DELTOIDE E
o deslocamento lateral e a rotação externa do tálus. A ruptura do FIXAÇÃO INTERNA DO MALÉOLO
ligamento deltoide deve ser suspeitada se um a fratura do maléolo LATERAL
lateral estiver acompanhada de sensibilidade, edema e hematoma no
lado medial do tornozelo. Historicamente, a sensibilidade do lado TÉCNICA
m edial do tornozelo levaria o médico a suspeitar de uma ruptura do
ligamento deltoide na presença de uma fratura m aleolar lateral. No •Faça uma incisão curva anteromedial semelhante, mas
entanto, fo i estabelecido que não há relação estatisticamente sign i- um pouco mais distal, à incisão descrita para a fixação
ficativa entre a se nsibilidade medial e a ruptura do ligamento del- interna do maléolo medial (Técnica 54-2).
toide profundo. Uma radiografia de rotina anteroposterior pode •Identifique o ligamento deltoide, que é composto por
mostrar nenhum deslocamento lateral do tálus, mas um a radiografia duas partes: uma porçã o superficial em forma de leque
feita quando o tornozelo é estressado em supin ação e rotação externa e uma porção profunda, curta e pesada . A parte superfi -
mostra deslocamento e inclinação do tálus no encaixe do tornozelo e cial é quase sempre divid ida em todo o seu meio ou é
um amplo espaço livre m edial (> 4 mm). Essa radiografia deve ser avulsada a partir do maléolo medial ; a fi xação inferior
obtida com o tornozelo em posição neutra. Com o tornozelo em flexão ventilada desta porção superficial faz com que uma lesão
plantar, a porção mais estreita do tálus fica dentro do encaixe, o que inferior seja menos provável.
pode parecer ser grande, mesmo sem lesão. Alternativamente, uma •Abra a bainha do tendão t ibial posterior e desloque o
radiografia de estresse de rotação externa de gravidade pode ser obtida. tend ão para explora r e reparar a porção profund a e mais
Nós temos pouca experiência com a utilização da artrografia do torno- importante do ligamento deltoide. Essa porçã o profunda
zelo para determirntr a extensão das lesões Ligamentares em torno do pode ser rompida a partir da ponta do maléolo, estar
tornozelo. O tratamento fech ado dessas lesões é difícil, pois o tálus tende avulsada a partir do lado do tálus ou rompida ao meio.
a se deslocar no encaixe. Um deslocamento lateral do tálus de 1 mm •Se a porçã o profunda t iver sido avu lsada a partir do
pode reduzir a área de suporte de peso efetiva da articul ação talotibial aspecto medial do tálus, coloq ue duas suturas não absor-
por 20% a 40%, e w11a mudança de 5 mm pode reduzir por 80%. Se o víveis nº O através dos ligamentos e passe-as através de
tratamento fechado for escolhido, o paciente deve ser acompanhado de orifícios perfurados diagonalmente ao longo do corpo e
perto para o deslocamento. O tratamento ideal desta lesão é controverso. do colo do tálus pa ra saírem na área do seio do tarso . Deixe
Desde que a condição da pele, a idade do pacien te e as condições gerais essas sutu ras desatadas até que a fratura da fíbula tenha
permitam, w11a redução aberta e wna fixação interna da fíbula, com ou sido anatomicamente reduzida e fi xada internamente.
sem reparação do ligamento deltoide, podem ser fe itas. O tratamento •Faça uma incisão longitudinal lateral e exponha o maléol o
conservador também é possível, mas requer Lilll acompanham ento lateral e a área do seio do tarso.
radiográfico cuidadoso para garantir a manuten ção de um encaixe do • Anatom icamente, reduza e fi xe a fratura do maléolo
tornozelo congruente. Se apenas a ruptura do ligamento deltoide for lateral assim como descrito anteriormente (Técnica 54-1 ).
reparada, é provável que o tálus se torne lateralmente deslocado após a •Quando a fratura maleolar lateral ti ver sido fi xa da rigida-
cirurgia, apesar da utilização de w11 gesso. Se apenas a fratura da fíbu.la mente, amarre as suturas confortavelmente já colocadas
for reparada, o ligamento deltoide pode ficar preso entre o maléolo no ligamento deltoide e passadas pelo tálus.
medial e o tálus, impedindo a redução exata, ou o ligamento pode sofrer • Feche a incisão lateral.
frouxidão ligamentar após a cicatrização. Os resultados fwicionais de l • Volte para o lado medial do tornozelo, recoloque o
ano após o tratamento não cirúrgico são equivalentes entre redução tend ão tib ial posterior em sua bainha e fec he a bainha.
aberta e fixação interna das fraturas maleolares laterais por estresse. •Repare a parte superficial do li gamento deltoide com
Muitos cirurgiões defendem a fixação da fíbu.la sem a exploração suturas múltip las não absorvíveis interrompidas.
de rotina do lado medial, a menos que a red ução esteja bloqueada. Nós •Se to do o ligamento deltoide tiver sido avu lsado a partir
achamos, no entanto, que algw1ias fibras do Ligamento deltoide podem do maléolo medial, perfure dois ou três pequenos f uros
ficar presas entre o maléolo medial e o tálus, mesmo com uma redução no maléolo e coloque as suturas interrompidas através
aparentemente aceitável, o qu e pode levar a um deslocamento tard io. deles e na extremidade avulsada do ligamento; em alter-
A exploração do lado medial exige pouca dissecção cirú rgica adiciona l nati va, âncoras de sutura podem ser utilizadas.
ela permite que o cirurgião assegure-se de que o ligamento deltoide fo i •Coloque as suturas no ligamento, mas não as amarre
eliminado do encaixe e proporciona acesso para a reparação do liga- antes de concluir a f ixação do maléolo lateral, pois elas
mento deltoide, se desejado. Nós não costwnamos reparar o ligamento podem ser afrouxadas durante esse procedimento . Se o
deltoide e explorar o lado medial apenas em casos selecionados. ma léolo lateral for fixado antes que essas suturas sejam
As fraturas do maléolo lateral pod em se r estabilizadas por co locadas, reparar o ligamento fi ca muito mais difícil.
meio de vá rios métodos diferentes, sendo o mais com um o uso de
urna placa tubul ar de um terço e parafusos co rticais de 3,5 mm. As CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
frat uras oblíquas longas podem ser estabili zadas com parafusos mesmo que o descrito para a Técnica 54-2.
interfragrnentários sozinhos. As fraturas aba ixo da sindes mose tibial
(fratura do tipo A de Danis-Weber) podem ser estabili zadas por um
parafuso interfragmentário rna leolar ou com fio s de Kirschner e
fixação de banda de tensão. Nós ternos tamb ém utilizado fios de FRATURA IRREDUTÍVEL OU
Kirschner oblíquos colocados a partir do fragmento di stal da fíbula FRATURA-LUXAÇÃO
na tíbi a. Hastes intramedulares de Rush podem ser usadas para
estabiliza r as fraturas rnaleolares transversais late rais, mas essas A redu ção anatômica das fra turas ao redor do tornozelo é essencial
hastes não impedem a rotação. Hastes intramedulares de bloqueio para resultados fun cionais aceitáveis. Uma lesão que parece ino-
foram desenvolvidas para a fixação de fraturas da fíbul a. cente, mas é, no entanto, incapac itante se não tratada, é o encaixe
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

O@lhfdlJl9 O ligamento deltoide após ser avulsado a partir


do maléolo medial pode ficar preso entre o maléolo e o tálus.

do tornozelo alargado. Especificamente, um encaixe do tornozelo


alargado é o deslocamento lateral do tálus e da fíbula que deixa um
intervalo entre o tálus e o maléolo medial intacto. Nesta lesão, o
ligamento deltoide foi avulsado ou rasgado e tanto a fíbula distal foi
fraturada quanto os ligamentos tibiofibulares distais foram rasgados.
H@l!;f4''1m Prisão do tendão tibial posterior entre o maléolo
medial e o tálus. Observe o alargamento do encaixe do tornozelo
Pode ser impossível reduzir o espaço por métodos fechados. A extre-
e a fratura por avu lsão do maléolo medial.
midade de um ligamento deltoide avulsado pode ficar presa entre o
maléolo medial e o tálus (Fig. 54-8). Menos frequentemente, uma
lesão do ligamento deltoide ou uma fratura por avulsão da ponta do
maléolo medial pode liberar o tendão tibial posterior e, às vezes, o
nervo tibial e os vasos tibiais posteriores e fazer com que eles fiquem
presos entre o maléolo medial e o tálus (Fig. 54-9). Essas obstruções
devem ser removidas cirurgicamente e, então, a ruptura do liga-
mento deltoide ou a avulsão e qualquer fratura do maléolo lateral
poderão ser reparadas (Técnica 54-1).
Ocasionalmente, o tendão tibial posterior se interpõe entre
as partes rompidas do liga mento deltoide e prejudica a cicatrização
(Fig. 54-10). Em fraturas-luxação mais graves, o tendão tibial pos-
terior pode ser deslocado distal lateralmente entre a tíbia distal e
a fíbula.
Uma lesão descrita por Bosworth (Fig. 54-11) pode ser a causa
da fa lha para reduzir a fratura-luxação posterior do tornozelo.
A extremidade distal do fragmento proximal da fíbula pode ser
deslocada posteriormente à tíbia e travada pelo cume posterolateral
da tíbia; o osso não pode ser liberado por manipulação por causa da
iâ@li;HeJI!» Quando o ligamento deltoide foi avulsado a
tração da membrana interóssea intacta. A fíbula é exposta e um
partir de sua inserção distal, ele pode tornar-se refletido proxi-
elevador periosteal é usado para libertar o osso; força considerável
malmente e fazer com que o tendão tibial posterior torne-se
pode ser necessária. A fratura da fíbula é fixada conforme descrito
interposto como mostrado. A cicatrização espontânea do liga-
na Técnica 54-1.
mento é prejudicada.

FRATURA TRIMALEOLAR

As fraturas trimaleolares exigem redução aberta mais frequente do trimaleolares geralmente são causadas por uma lesão de abdução
que qualquer outro tipo de fratura do torno zelo. Os res ultados ou rotação externa. Além das fraturas do maléolo medial e da
do tratamento das fraturas trimaleolares geralmente não são tão bons fíbula, o lábio posterior da superfície articular da tíbia é fraturado
quanto os resultados obtidos nas fraturas bimaleolares. As fraturas e deslocado, permitindo deslo camento posterior e lateral e rotação
Mf;fft PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

lfüii@U:?lll Fratura de Bosworth com aprisiona-


mento da fíbula atrás da tíbia. A, Vista anteroposterior.
B e B e C, Vista lateral.

externa com supinação do pé. O maléolo medial pode permanecer bem mantida e uma posterior subluxação do tálus não ocorreu com
intacto, com uma lesão do ligamento deltoide ocorrendo em vez um ou outro método.
de uma fratura maleolar.
Os mesmos princípios e indicações para a redução aberta
como anteriormente traçados para as fraturas bimaleolares apli- FRATURA DO REBORDO
cam-se às fraturas trimaleolares. As indicações para a redução TIBIAL POSTERIOR
aberta do maléolo posterior ou do fragmento tibial posterior
dependerão, principalmente, dos seus tamanhos e deslocamento. As fraturas do rebordo posterior da tíbia geralmente estão associa-
Uma visualização da rotação externa de 50 graus pode ser utili- das às fraturas dos maléolos medial e lateral e a abordagem ao
zada para uma avaliação mais precisa do tamanho e do desloca- maléolo posterior pode depender de quais reduções adicionais
mento do fragmento maleolar posterior. Se o fragmento do abertas são necessárias. Na maioria das vezes, uma incisão antero-
maléolo posterior envolver mais do que 25% a 30% da superfície medial é feita para corrigir um rnaléolo medial fraturado e urna
do suporte de peso, ele deve ser redu zido anatomicamente e incisão posterolateral é usada para corrigir a margem posterior da
seguro com fixação interna. Se o fragmento consiste em menos tíbia e a fratura maleolar lateral. Se o fragmento posterior estiver
de 25% da superfície articular, ele geralm ente não terá qua lquer localizado mais mediaimente, uma abordagem posteromedial pode
consequência se a parte anterior da superfície articular da tíbia ser usada para tratar as fraturas maleolares medial e posterior. Alter-
for suficientemente grande para proporcionar uma superfície de nativamente, uma incisão separada posteromedial ou posterolateral
suporte de peso estável com o qual o tálus pode ser seguro em pode ser feita adjacente ao tendão de Aquiles para permitir redução
relação apropriada. Muitas vezes, a redução satisfatória do frag- indireta ou direta.
mento tibial posterior ocorre com a fi xação anatômica e rígida Tomografias computadorizadas pré-operatórias são obrigató-
da fíbula, pois esse fragmento está mais frequentemente postero- rias para avaliação da morfologia da fratura, o que inclui o tamanho,
lateral e anexado à fíbula pelo ligamento tibiofibular posterior. a localização e qualquer impactação marginal associada ao frag-
Gardner et ai. mostraram em um modelo cadáver que a fixação mento maleolar posterior. A fratura do rebordo posterior muitas
do maléolo posterior confere estabilid ade de sindesmose para vezes se reduz após a redução da fíbula. Se isso não ocorrer e a
uma extensão maior do que os parafusos de sindesmose. Se o fixação interna for necessária por causa do tamanho do fragmento
fragmento tibial posterior for pequeno, uma posição proximal- ou presença de instabilidade posterior, a fratura do rebordo poste-
mente deslocada n ão gera nenhuma consequência, mas até rior deve ser reduzida e fixada internamente antes da redução do
mesmo a menor subluxação posterior do tálus na superfície arti- maléolo lateral ou medial. O objetivo é restaurar anatomicamente a
cular da tíbia é inaceitável. Se há um recuo resistente ou espaço superfície articular da tíbia distal. A redução e a fixação de qualquer
de mais de 2 mm a 3 mm, ou instabilidade posterior persistente, rnaléolo reduz a tração das superfícies articulares talar e tibial, tor-
a redução aberta se justifica. Os deslocamentos proximal e pos- nando a exposição mais difícil. A tração da articulação tibiotalar
terior do fragmento tibial criam um deslocamento na fratura. pode ser aumentada pela inserção de um grande pino de Steinmann
Com o pé deslocado posteriormente, essa irreg ularidade na transversalmente através do calcâneo, ao qual uma curva de tração
superfície articular da tíbia é trazida contra a superfície do é aplicada. Um assistente pode tracionar a articulação tibiotalar
suporte de peso do tálus; e com movim ento e sustentação de peso, significativamente usando essa técnica se nenhum maléolo tiver sido
urna artrite traumática grave se desenvolve. recolocado. Alternativamente, um grande elemento de tração pode
Nas fraturas com fragmentos maleolares posteriores que cons- ser benéfico. Se o fragmento maleolar posterior for pequeno, um
tituíam 25% ou mais da articulação, Harper e Hardin não acharam parafuso dirigido a partir de posterior para anterior ou um parafuso
diferenças clínicas entre frat uras que foram redu zidas e fixadas e parcialmente rosqueado colocado usando-se a técnica interfrag-
fraturas que não foram fixadas. Eles observaram que a redução do mentária deve ser usado, pois um parafuso parcialmente rosqueado
fragmento maleolar posterior geralmente era satisfatória quando a colocado de anterior para posterior pode deixar roscas cruzando o
fratura maleolar lateral foi redu zida e fixada. Esta redução foi mais local da fratura.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBR OS INFERIORES

medial ao tendão de Aqu iles por 7, 5 cm; retraia o tendão


Ve ntral latera lmente e continue a dissecção na lin ha média ba ixa
para a porção posterior da cápsula da articu lação.
•Retraia med iaimente o t endão fl exor longo do hálux, que
atravessa a cápsu la post erior de latera l pa ra med ial.
•Se o fragmento maleolar posterior estiver localizado mais
lateralmente, use uma incisão posterolatera l. Faça uma incisão
lateral de 7,5 cm ao tendão de Aqui les. Proteja o nervo sural.
A Dorsal B •Recolha o tendão de Aqu iles med iaimente e os tendões
peroneais latera lmente pa ra expor o maléolo posterior.
Ventral •Estabe leça a re lação articu lar normal entre o tá lus e a tíb ia
por meio de tração anterior sobre o pé e por adução e
inversão.
•Corrija o deslocamento proxima l do rebordo posterio r da
t íbia por meio da colocação de uma pinça de redução ou
de controle de man ipulação e fixe o fragmento pela inser-
ção de um ou dois parafusos interfragme ntá ri os de pos-
e Dorsal D terior para anterior na metáf ise t ibial, ou, alternativamente,
coloque uma placa posterior antidesl izante.
Ol§IJ;ffleJg Fi xação de fraturas mal eo lares posteri o res. A, •Após a fratura post erior te r sido fi xada, repa re as fratu ras
Parafuso interfragmentá ri o antero p ost erior de 4 mm; o parafuso dos ma léolos media l e lateral como descrito ant erior-
in terfragme ntário t ambém é usa d o p ara fi xa r fratu ra por avu lsão. mente (Técnicas 54- 1 e 54-2)
B, Vi st a latera l do parafuso interfragmentá ri o anteroposteri o r d e •Verifique cui dadosa mente a superfíc ie articu lar da t íbia
4 m m. C, Fi xação de fratu ra co minuída porvá ri os parafusos interfrag- por meio de incisão anteromedial para confirmar a
m entári os. D, Fixação co m paraf uso interfragmentário de fratura redução anatômica da superfície articu lar; isso é essencial,
p o r avul são de inserção do ligamento tibi of ibul ar anterio r a parti r da po is uma imperfeição é po uco to lerada.
t íb ia d ist al. (De Johnson EE, Davl in LB: Open ankle fractures: the indica- •Verifique a posição de todos os fragme ntos com radio-
tionsfor immediate o pen reduction and internai fixation, Clin Orthop Relat grafias antes de fechar as incisões.
Res2921 18, 1993.)VEJAATÉCNICA54-4.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
mesmo que para a fixação interna de fraturas bimaleola-
REDUÇÃO E FIXAÇÃO DE FRATURA res (Técnicas 54-1 e 54-2).
DO REBORDO POSTERIOR
FRATURA DO REBORDO TIBIAL ANTERIOR
• Manipule o fragmento do rebordo posterior por meio de
NA ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO
uma incisão tanto latera l quanto medial e confirme a
red ução da sua superfície articu lar anatôm ica pela tração da O tratamento de fraturas do rebordo anterior da tíb ia é aproxima-
articu lação. O ma léolo posterior pode ser exposto por meio damente o mesmo que o descrito para o rebordo posterior, embora
de uma incisão posteromedial incisando-se a bainha do no sentido inverso. As fraturas diferem em um aspecto, no entanto.
tendão tibial posterior adjacente à borda posterior da tíbia. Devido às fraturas do rebordo anterior serem, normalmente, causa-
•Desloque o fragmento ma leolar medial e disseque subpe- das por uma queda de uma altura que resulta em pé e tornozelo
riostea lmente pa ra ganhar acesso ao ma léolo posterior forçosamente dorsifletidos, o esmagamento da superfície articular
• Insira dois f ios de Kirsc hner de 1 cm a 3 cm acima da da tíbia é suscetível a ser mais grave nessas fraturas. A restauração
margem t ibial anterior, di rigindo de anterior para poste- perfeita da superfície articular da tíbia pode ser impossível. Quando
rior, para envolver o fragmento posterior. necessário, as fraturas associadas dos maléolos medial e lateral são
• Quando essa f ixação temporá ri a t iver sido obtida, faça tratadas como descrito ante riormente. Essas fraturas situam-se no
um furo de anterior para posterior com uma broca de espectro da gravidade entre as fraturas maleolares simples e as fra -
tamanho adequado através de ambos os fragmentos; turas do pilão. A cirurgia deve ser realizada nas primeiras 24 horas
meça com um medidor de profund idade; e insira um ou adiada até os tecidos moles estarem em boas condições. A TC é
pequeno fragmento esponjoso ma leolar ou outro para- instrumental na modelagem pré-operatória a ser preparada para o
fuso adequado apertando os fragmentos em conjunto tratamento de segmentos de impactação marginal.
para produzir compressão interfragme ntária (Fi g. 54-12).
• Se um parafuso convenciona l for usado, sobreperfure a
cortical anterior de modo que um efeito de retenção seja REDUÇÃO E FIXAÇÃO DE FRATURAS
alcançado. DO REBORDO TIBIAL ANTERIOR
•Reti re os fios de Kirsc hner e reduza anatom ica mente e
f ixe internamente o maléolo lateral e, em seguida, o TÉCNICA
ma léolo med ial.
• Se a f ixação da margem posterior por meio de uma incisão • Exponha a fratu ra por me io de uma incisão ante rolateral
separada for a preferida, incise a pele e a gordura superficial de 7,5 cm a 1O cm de comprimento (Cap. 1), retraia os )
@Ji'fjl PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

Fraturas expostas, dependência de insulina, idade do paciente e tipo


tendões extensores mediaimente e continue a dissecção
) de fratura afetaram os resultados e 83% dos pacientes com pulsos de
até que a toda a superfície anterior da articu lação do
pedais ausentes e 92% dos pacientes com neuropatia pré-operatória
tornozelo tenha sido exposta.
desenvolveram complicações. Outros estudos mostram que as fratu-
•Remova os pequenos fragmentos ósseos soltos preser-
ras de tornozelo tratadas cirurgicamente em pacientes diabéticos
vando intacto o máximo da superfície articular possível.
estão associadas a maiores taxas de mortalidade e tempo de interna-
• Reduza a subluxação anterior do tálus, aponha o fragmento
ção hospitalar, bem como aos encargos totais do hospital. Ayoub
triangular anterior grande à diáfise da tíbia na sua posição
relatou os resultados de artrodese tibiotalar em 17 pacientes diabéti-
normal e transfixe-o com um ou dois parafusos ou com fios
cos com fraturas de tornozelo bimaleolares instáveis complicadas por
de Kirschner com rosca se os fragmentos forem pequenos.
artropatia de Charcot. Os resultados foram melhores com cirurgia em
Se o fragmento estiver cominuído, pode ser necessário
3 a 6 meses após o início do problema, com ausência de neuropatia
apl icar um perfil baixo, uma placa de reforço de fragmento
periférica densa e nos pacientes com oxigenação satisfatória no
pequeno ou prender o tornozelo temporariamente com um
membro. A amputação foi necessária em 17,6% dos pacientes.
fixador externo. A elevação dos segmentos articu lares depri-
Nós, normalmente, empregamos as técnicas de fixação-padrão
midos pode ser apoiada com enxertia.
nos pacientes com diabetes e fraturas de tornozelo instáveis. No
entanto, em alguns pacientes que são considerados de risco aumen-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
tado de falha da fixação, a estratégia de fixação pode ser modificada
mesmo que para a fixação interna de fraturas bima leola-
na perspectiva da obtenção de fixação rígida. Isso inclui fixação
res (Técnica 54-2).
maleolar medial bicortical, colocação de vários parafusos de posição
de sindesmose transfibular ou transtibial e o uso da tecnologia de
placa de bloqueio (Fig. 54-13).
FRATURAS DO TORNOZELO EM PACIENTES
COM DIABETES
FRATURAS EXPOSTAS DO TORNOZELO
Embora as fraturas maleolares geralmente sejam consideradas lesões
relativamente benignas, o tratamento operatório em pacientes diabé- As fraturas expostas do tornozelo causadas por uma lesão indireta
ticos está associado a complicações significativas. Esses doentes, possuem de duas a quatro vezes mais chances de serem abertas
muitas vezes, são mais idosos e podem ter doença vascular periférica mediaimente do que lateralmente. Vários estudos têm demonstrado
ou neuropatia periférica, o que complica seus cuidados. As complica- as vantagens da fixação primária interna de fraturas expostas do
ções foram relatadas como sendo tão elevadas quanto 43% em com- tornozelo, incluindo as incisões do tipo III de Gustilo, em comparação
paração com 15,5% em doentes sem diabetes. As complicações com qualquer imobilização fechada com fixação tardia ou fixação
podem incluir infecções profunda e superficial, perda da fixação, má provisória imediata com fios de Kirschner. Nós também preferimos a
consolidação, necrose na cicatrização da ferida e amputação. Embora fixação interna imediata após o desbridamento cirúrgico. Se a incisão
os pacientes diabéticos tratados não cirurgicamente tenham mos- estiver gravemente contaminada, um fixador externo temporário
trado uma alta frequência de perda de redução e má consolidação, pode ser colocado cobrindo o tornozelo e a redução aberta pode ser
eles são minimamente sintomáticos. O tratamento não cirúrgico é feita quando a incisão for julgada limpa e o inchaço tiver diminuído.
recomendado para as fraturas maleolares em pacientes diabéticos Ngcelwane observou terra e grama na sindesmose em algumas inci-
mais idosos e com demandas funcionais baixas. No entanto, se o sões mediais, possivelmente sugadas pelo vácuo criado pela luxação
tratamento cirúrgico da fratura do tornozelo for indicado, não deve do tornozelo; ele recomendou uma incisão lateral para irrigação em
ser adiado ou evitado simplesmente porque o paciente é diabético. cruz, especialmente para as fraturas deslocadas dos tipos B e C de
Uma imobilização inadequada pode levar à rápida evolução da neu- Danis-Weber, com sombras de gás. Além disso, para a fixação interna,
ropatia. Se a fratura do tornozelo não for deslocada ou minima- um fixador externo temporário que cubra a articulação do tornozelo
mente deslocada, e tiver uma configuração estável, o manejo fechado pode ser usado para facilitar o tratamento durante o processo de
com imobilização prolongada é uma alternativa aceitável, mas cicatrização da ferida. O fixador pode ser removido quando a cicatri-
somente com uma supervisão de perto. Se a fratura for deslocada, e zação dos tecidos moles estiver completa.
tanto uma manipulação considerável for necessária para reduzi-la Embora a maioria dos pacientes (80%) tenha a expectativa de
quanto uma moldagem for necessária para manter a redução, uma voltar ao trabalho depois que a fratura estiver consolidada, Wiss et
abordagem aberta com fixação interna é recomendada. Independen- ai. apontaram que apenas 18% retornaram ao seu nível recreativo
temente do método de tratamento, a imobilização prolongada muitas pré-lesão. A taxa de infecção profunda nas fraturas expostas do
vezes é necessária para impedir o desenvolvimento de neuropatia. tornozelo é de aproximadamente 5%. Nós descobrimos que as fra-
Em contraste, um estudo recente realizado por Guo et ai. com- turas expostas do tornozelo, especialmente as fraturas- luxação em
parou pacientes com diabetes do tipo 2 negligenciado no pré-ope- pacientes diabéticos e naqueles com neuropatia, são problemáticas
ratório com um grupo de não diabéticos e não encontrou nenhum e muitas vezes tornam-se infectadas ou têm fal ha de material de
aumento significativo na infecção pós-operatória após a estabiliza- osteossíntese, o que às vezes resulta em amputação. A fixação externa
ção cirúrgica imediata de fraturas de tornozelo fechadas. Jones et ai. suplementar é aconselhável nestes pacientes.
demonstraram que as fraturas de tornozelo tratadas cirurgicamente
em pacientes diabéticos sem comorbidades tiveram taxas de com-
plicações comparáveis às dos pacientes não diabéticos. A presença FRATURA-LUXAÇÃO INSTÁVEL DO
de comorbidades diabéticas e, em particular, de um histórico de TORNOZELO
artropatia de Charcot aumentou a probabilidade de complicações.
Em uma série grande, Costigan et ai. relataram 84 pacientes que se Childress descreveu um método que pode ser útil para as fraturas-
submeteram à RAFI para fratu ras agudas fechadas do tornozelo. luxação instáveis do tornozelo quando o tratamento hab itual não for
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

0!§mf4m:EI A, Paciente idoso com osteoporose, diabetes melito e neuropatia periférica que sofreu uma fratura- luxação aberta
cominuída bimaleo lar do tornozelo . B, Após o desbridamento, a fratura é definit ivamente tratada com fixação interna. Por causa da
fraca qua lidade do osso do paciente, vários parafusos transfibu lares/transtibiais foram usados para aumentar a aqu isição de fixação.

aconselhável. Essa situação surge, na maioria das vezes, quando uma •Reduza a fratura-luxação e obtenha radiografias antero-
abrasão ou infecção superficial está presente onde uma incisão nor-
posterior e latera l do tornozelo.
m almente seria feita para a redução aberta. Childress recomendou
•Usando o fio de Kirschner como um guia conforme visto
essa técnica apenas como um último recurso, mas várias vezes a na radiografia, insira um pi no de Steinmann suave de 2,8
achou útil. O tornozelo é estabilizado por um pino inserido através mm na linha média na sola 2,5 cm posterior à articu lação
do calcâneo no canal m edular da tíbia. Além di sso, em tais cir- ca lcaneocuboide e aponte-o na direção do centro da tíbia.
cunstâncias, Laskin defendeu a redução fec hada com um pino de •Avance o pino por cerca de 1O cm na tíbia distal e veri-
Steinmann liso inserido transversalmente através do calcâneo e um fique a posição dele e dos fragmentos por radiografias.
segundo pino inserido através da tíbia proximal. Os pinos são, então, Deixe 1,3 cm do pino sa liente através da sola e preen-
incorporados em um molde de gesso. Nosso método preferido de
cha -o bem.
estabilização é a aplicação de um fixador externo uniplanar com a
•Aplique um gesso ingnopédico que não incorpora a extre-
inclusão do antepé se isso garantir que evitar a postura de antepé
midade do pino.
equino seja necessário para o manejo definitivo. O uso de um pino
tibiotalocalcâneo percutâneo tem sido reservado para os casos muito
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em
raros nos quais o material de osteossíntese existente impede a coloca- 4 a 6 sema nas e um gesso do tipo bota é aplicado. O pino
ção do fixador externo e a estabilidade seja necessária para a proteção é removido em 4 a 8 semanas, dependendo da fase de
dos tecidos moles. Nós ternos modificado o procedimento de modo
cicatrização e da estabilidade in icial da fratura. A susten-
que o pino seja dirigido para sair da metáfise tibial distal anterior para
tação de peso não é permitida até que o pino tenha sido
facilitar a extração mais tarde caso o implante falhe.
removido e apenas quando a cicatrização progred ir.

DE FRATURA-
LUXAÇAO INSTAVEL DO TORNOZELO FRATURA DO PILÃO TIBIAL

TÉCNICA As fraturas do pilão tibial abrangem um espectro de lesões esquelé-


ticas que va ri a de fraturas causadas por forças rotacionais de baixa
(CH ILDRESS) energia àquelas precipitadas por forças de compressão axial de alta
energia, estas ge ralm ente decorrentes de acidentes automobilísticos
•Coloque um fio de Kirschner longitudinalmente no lado ou quedas de altura. As variantes de rotação, normalmente, têm um
medial do tornozelo exatamente na linha média. prognóstico mais favorável, ao passo que as fraturas de alta energia
estão frequentemente associadas a incisões abertas ou traum a grave
@Jzl$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

1. Metafisária simples 2. Metafisária em cunha 3. Metafisária complexa

1. Divisão pura 2. Depressão dividida 3. Depressão


multifragmentar

OCriil@ m:I Classificação da Orthopae-


e dic Trauma Association (OTA) . A, Tíbia/fíbu la,
dista l extra-articular. B, Tíbia/fíbu la, distal,
articu lar parcial. C, Tíb ia/fíbula, articular
completa. (De Orthopaedic Trauma Association
1. Articular s imples, 2. Articular simples, 3. Articular
metáfise simples metáfise multifragmentar Committee for Coding and Classification: Frac-
multifragmentar ture and dislocation compendium, J Orthop
Trauma 1O(Suppl 1): 1, 1996 )

e fechado de tecidos moles. A fratura pode ter com inuição metafi- O sistem a de classificação AO/OTA fornece uma descrição deta-
sá ri a ou articular significativa, ou extensão da diálise. A classificação lhada da fratura distal. Fraturas do tipo A são as fraturas tibiais
destas fraturas é importante para determinar o prognóstico e esco- distais extra -articulares, que são subdivididas nos grupos Al, A2 e
lher o tratamento ideal. A fíbula é fraturada em 85% desses pacientes A3 com base na quantidade de cominuição metafisária. As fraturas
e o grau de lesão talar varia. do tipo B são as fraturas articulares parciais nas quais uma porção
A fratura de rotação do tornozelo pode ser vista como uma da superfície articular permanece em continuidade com a diáfise;
continuidade, progredindo de fraturas maleolares individuais para essas são subdivididas nos grupos Bl, B2 e B3 com base na quanti-
fraturas bimaleolares e daí para fraturas envolvendo a superfície dade de impactação articular e cominuição. As fraturas do tipo C
articular di stal da tíbia. Lauge-Hansen descreveu uma lesão de pro- são as fraturas metafisárias completas com envolvimento articular;
nação-dorsiflexão que produz um a fratura maleolar oblíqua medial, essas são subdivididas nos grupos C l , C2 e C3 com base na extensão
um a fratura do lábio anterior grande, uma fratura da fíbula supra das cominuições metafi sária e articular (Fig. 54-14).
-articular e uma fratura tibial posterior. Giachino e Hammond des- Outro sistema utilizado foi o proposto por Rüedi e Allgõwer,
creveram uma fratura causada por uma combinação de rotação que divide as fraturas de sindesmose em três categorias. As fraturas
externa, flexão dorsal e abd ução que consistiu em uma fratura do tipo I são as fraturas de clivagem não deslocadas que envolvem
oblíqua do maléolo medial e um a fratura de si ndesmose da tíbia a superfície ar ticular; as fraturas do tipo II têm linhas de fratura do
anterolateral. Essas fraturas, geralmente, têm pouca fragmentação, tipo clivagem com deslocamento da superfície ar ti cular, mas comi-
não havendo um envolvimento metafisário significativo, e lesão nuição mínima; e as fraturas do tipo III estão associadas a cominui-
mínima dos tecidos moles. Elas podem ser tratadas de forma seme- ções metafisária e articular.
lhante às de outras fraturas do tornozelo com fixação interna da Os estudos têm demonstrado que esses sistemas d e classifi-
fíbula e fixação de parafuso interfragmentário na superfície articular cação têm apenas confiabilidade interobservadora moderada; no
tibial distal por meio de abordagens cirúrgicas limitadas. entanto, eles provaram ter algum va lor prognóstico. O trata-
Os sistemas de classificação foram cri ados para descrever com mento das fraturas com pouco deslocamento ou cominuição (fra-
ma is precisão a ampla gama de fraturas da tíbia articular distal. turas em espiral Rü edi e Allgõwer do tipo I e do tipo II) tem rendido
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES ftifJH
resultados funcionais muito melhores e com muito menos compli- com o sistema de Gustilo. Embora menos óbvias do que as incisões
cações do que o tratamento dos padrões de fraturas mais graves abertas, as lesões fechadas dos tecidos moles podem ser muito
(Rüedi e Allgower do tipo III, AO dos tipos B3 e C3). graves e podem afetar negativamente o resultado funcional, espe-
As fraturas intra-articulares da tíbia distal foram tratadas por cialmente se não fo rem reconhecidas.
meio de uma variedade de métodos, incluindo a imobilização por A extremidade deve ser examinada cuidadosamente em
gesso, tração, fixação de parafusos interfragmentários, RAFI com busca de sinais de lesão vascular, edema, bolhas de fratura, esma-
placas e fixação externa com ou sem fixação interna limitada. Uma gamento dos tecidos moles, desluvamento e síndrome do com-
variedade de fixadores externos tem sido utilizada: fixadores de partimento fechado. Bolhas de fratura cheias de sangue indicam
meio-pino tradicionais que cobrem o tornozelo, fixadores de meio- danos cutâneos mais extensos do que bolhas cheias de líquido
pino articulados que permitem o movimento do tornozelo, fixado - claro. O sistema de classificação de Tscherne pode ser usado para
res de meio-pino que não abrange m o tornozelo e fixadores descrever a lesão fechada de tecido mole. As peculiaridades dos
híbridos que combinam fios tensionados com meio-pinos na pacientes, tais como tabagismo, alcoolismo, doença vasc ular peri-
diáfise da tíbia e não cobrem a articulação do tornozelo. As arma- férica e diabetes, também devem ser consideradas.
ções híbridas podem ser compostas por anéis proximalmente e Os principais objetivos do manejo das fraturas do pilão
distalmente (llizarov, Monticell-Spinelli) ou podem usar uma barra tibial são restaurar uma sup erfície articular anatômica, restaurar
para conectar os meio-pinos proximalmente a um anel ou a anéis o alinhamento mecânico, manter a estabilidade ar ticular conse-
e fios distalmente. Se essa última concepção for usada, escoras de guindo a consolidação da fratura e recuperar o movimento e a
suporte adicionais são necessárias para reduzir as forças de flexão sustentação de peso funcional livre de dor e evitando complica-
em cantiléver. ções. Os resultados ideais não são atingíveis em alguns pacientes
Mais recentemente, protocolos em estágios têm sido defendi- devido à gravidade da cominuição articular e da lesão dos tecidos
dos consistindo em fixação temporária externa que cobre a articu- moles. Os indicadores de mau prognóstico são cominuição arti-
lação do tornozelo seguida por RAFI com placas e parafusos após a cular (fraturas AO do tipo C3 e Rüedi-Allgower do tipo III), lesão
condição dos tecidos moles ter melhorado, o que acontece normal- talar, ferimentos graves nos tecidos moles, má redução da super-
mente em 2 a 3 semanas após a lesão. Foram desenvolvidas técnicas fíc ie articular, fixação instável e infecção pós-operatória na cica-
de fixação de fratura com placa percutânea ou minimamente inva- trização da ferida.
sivas. A artrodese primária fo i realizada em selecionadas fraturas Muitos investigadores têm relatado resultados piores nos
expostas graves com grande cominuição articular e lesão talar. padrões de fratura mais graves. A redução anatômica tem um prog-
Nestes pacientes, os res ultados funcionais são suscetíveis a serem nóstico melhor do que uma redução regular ou ruim, mas não
insuficientes e a amp utação é uma alternativa. Há alguma sobrepo- garante um bom resultado. Algum grau de artrose se desenvolveu
sição nas indicações para esses métodos diferentes de tratamento. A em reduções anatômicas; no entanto, nas reduções regulares ou
preferência e a experiência do cirurgião devem desempenhar um insuficientes (> 2 mm de deslocamento), uma artrose mais grave
papel na tomada de decisão pré-operatória. pode ser esperada. Em uma série de 37 fraturas AO dos tipos B3 e
Diversas variáveis devem ser consideradas quando se elabora C3 tratadas com fixação externa e fixação interna tardia da superfí -
uma estratégia de tratamento. É preciso entender o mecanismo da cie articular, Dickson, Montgomery e Field identificaram um sub-
lesão, pois isso pode se refletir na quantidade de danos associados de grupo de pacientes com cominuição "chão de vidro", que foi definida
tecidos moles. O tipo de fratura deve ser determinado de acordo com como a existência de mais de três pedaços de superfície articular
a quantidade e a localização do deslocamento, cominuição, compac- menores de 2 mm de tamanho vistos na tomografia computadori-
tação e envolvimento da diáfise. A extensão da fratura na diáfise tibial zada. A artrite pós-traumática se desenvolveu em 10 (38%) dos 26
e as fraturas ipsilaterais do pé ou da tíbia podem influenciar a escolha tornozelos com cominuição e em nenhum dos tornozelos sem ela.
do tratamento. Alguns autores têm defendido a fixação limitada Em geral, 17% das fraturas red uzidas anatomicamente (cinco de 29)
precoce das extensões da fratura na região da diáfise para certas fra- desenvolveram artrite, enquan to que cinco das sete fraturas reduzi-
turas com o objetivo de fac ilitar a reconstrução por estágio mais tarde. das não anatomicamente desenvolveram artrite.
As radiografias contralaterais do tornozelo podem ser benéficas como Nos últimos anos, tem havido uma maior ênfase no resultado
um modelo para a reconstrução articular. funcional. Embora não haja uma discordância de que a redução
Além das radiografias simples, a tomografia computadorizada anatômica é desejável, o impacto da redução anatômica no resultado
é extremamente útil para determinar com precisão a direção das geral está menos claro. DeCoster et ai. analisaram o efeito da gravi-
linhas de fratura, o tamanho e o deslocamento dos fragmentos arti- dade dos ferimentos e a redução da fratura no resultado clínico e
culares e a extensão da cominuição ar ticular e da impactação. não encontraram nenhuma correlação com a pontuação clínica do
As tomografias também são úteis no planejamento de incisões cirúr- tornozelo. Além disso, não foi encontrada nenhuma correlação entre
gicas e na colocação de parafusos interfragmentários ou fios finos. artrose radiográfica e resultados clínicos. Williams et ai. constataram
As tomografias e as radiografias simples obtidas com tração são espe- que, embora a artrose radiog ráfica tenha sido relacionada com a
cialmente úteis no planejamento pré-operatório. A tração pode ser gravidade da lesão e a qualidade da redução, não houve relação
aplicada usando-se um pino de tração do calcâneo e uma armação de significativa entre essas variáveis e a pontuação SF-36, pontuação
Bohler, ou um fixador externo de expansão. As radiografias de tração clínica do tornozelo, ou retorno ao trabalho. O resultado funcional
mostram a extensão na qual a sup erfície articular pode ser reduzida foi mais relacionado a fatores socioeconómicos. Os pacientes com
por ligamentotaxia. Por isso, nós normalmente preferimos que a TC um maior nível de ed ucação foram mais propensos a voltar ao tra-
seja realizada após a aplicação de um fixador externo. Quaisquer balho e tiveram pontuações do tornozelo mais elevadas. Os predi-
segmentos impactados restantes têm que ser reduzidos por métodos tores dos resultados clínicos parecem ser multifatoriais e não estão
abertos ou abertos limitados. A redução anatômica pode ser impos- totalmente compreendidos.
sível em algumas fraturas gravemente cominuídas. Pollak et ai. e Marsh et al. descobri ram que as fraturas do pilão
É importante definir claramente a quantidade de lesões dos têm um efeito negativo a longo prazo sobre a saúde em geral como
tecidos moles. As lesões abertas podem ser classificadas de acordo medida pelo SF-36. Rigidez, edema, dor persistente e a utilização de
@ji!f}:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

uma aj uda ambulatória foram alguns dos motivos. Quarenta e três por tratadas com esse método. Apenas três fraturas estavam abertas, e
cento dos doentes anteriormente empregados já não estavam empre- qu ase a metade era de baixa energia, lesões relacionadas ao esporte.
gados; e, desse subgrupo, 68% atribuíram sua incapacidade de traba- Na década de 1980 a meados de 1990, séries que envolveram as
lho à fratura do pilão. Os piores resultados foram correlacionados com maiores percentagens de lesões abertas e de alta energia relataram
a presença de duas ou mais comorbidades e com o tratamento com muito menos resultados de sucesso e uma alta incidência de compli-
fixação externa. As fraturas tratadas com fixação externa apresenta- cações com essa técnica, especialmente nas fraturas Rüedi e Allgõwer
ram maior comprometimento da amplitude de movimento e pior do tipo III (AO do tipo C3). Q uando ocorrem complicações, elas
pontuação de dor do que as fraturas tratadas com RAFI. A fixação podem ser devastadoras. A transferência de tecido livre muitas vezes
externa tendeu a ser utilizada em lesões mais graves (AO do tipo C). é necessária para salvar a extremidade, e o resultado final, em alguns
Os fatores a serem considerados na fo rmulação de um plano casos, é a amputação. Os resultados satisfatórios nas fraturas de
de tratamento incluem o padrão de fratura, lesão dos tecidos Rüedi e Allgõwer dos tipos I e II têm sido relatados como sendo
moles, comorbidades dos pacientes, recursos de fixa ção e experi- entre 60% e 82% e entre 37% e 40% em fraturas do tipo III tratadas
ência cirúrgica. O grau de cominuição articular, o dano ao tálus e com RAFI, respectivamente. As taxas de infecção após as fraturas
a lesão de tecido mole são ditados pela lesão; no entanto, o cirur- do tipo III têm sido referidas como sendo de 12,5% a 37%. McFerran
gião não tem nenhuma influência sobre outros fatores prognósti- et ai. investigaram as complicações em 52 fraturas de sindesmose da
cos. O objetivo deve ser o de obter melhores alinhamento articular tíbia, a maioria das quais foi tratada por RAFI. Em geral, houve urna
e redução axial possíveis respeitando-se os tecidos moles. Se a incidência de 54% de complicações locais e oito de 11 fraturas
superfície articular não se redu zir por liga mentotaxia, alguma expostas foram associadas a complicações.
forma de redução aberta geralmente é indicada após os tecidos A fixação com placa e parafuso tem sido associada a compli-
moles se recuperarem. A consolidação da fratura pode ser refor- cações na cicatrização da ferida e a infecção com mais frequência
çada por áreas de impactação de enxerto ósseo, perda óssea ou do que a fixação externa em fraturas semelhantes. Watson et ai.
extensa cominuição metafisária. A frequência de problemas na relataram mais resultados excelentes e bons em 5 anos de acompa-
cicatrização de feridas e na infecção pode ser diminuída pelo reco- nhamento com fixação externa (8 1%) do que com fixação da fratura
nhecimento de lesões abertas e fechadas de tecido mole e não com placa aberta (75%) em 94 fraturas do pilão. Eles basearam suas
operando através dos tecidos moles comprometidos. Em alguns escolhas de tratamento na gravidade da lesão dos tecidos moles: as
casos, o cirurgião deve alcançar um equilíbrio entre as metas de de grau O e as de grau I de Tscherne foram tratadas com fixação da
redução anatômica e de prevenção de complicações na cicatrização fratura com placa, enquanto as fraturas expostas de grau II e grau
da ferida. A redução anatômica é, muitas vezes, mais difícil de III foram tratadas com fixação externa.
atingir após um atraso de 2 a 3 semanas; no entanto, por meio
de incisões cirúrgicas inchadas, os tecidos moles contundidos podem
levar a resultados desastrosos qu e podem requerer a transferência
• REDUÇÃO ABERTA TARDIA EM DOIS ESTÁGIOS
de tecido livre ou até mesmo amputação. E FIXAÇÃO INTERNA
As fraturas não deslocadas, como as AO dos tipos Al, Bl e Cl, A alta incidência de complicações na cicatrização da ferida após
foram tratadas com sucesso com métodos cirúrgicos e não cirúrgi- RAFI de fraturas do pilão relatada na década de 1980 e no início e
cos. Esses são os únicos tipos de fratura na qual a imobilização por meados da década de 1990 é atr ibuída à realização de operações
gesso por si só pode ser adequad a. Se for escolhido gesso, o paciente através de uma cobertura de tecidos moles insuficiente. Em um
deve ser observado de perto em busca de ocorrência de desloca- esfo rço para melhorar os resultados globais, protocolos para RAFI
mento, e a sustentação de peso deve ser restringida por, pelo menos, em estágios foram desenvolvidos, e eles diminuíram a frequência de
8 semanas se a articulação for não artrítica. A tração do calcâneo complicações na cicatrização das feridas e infecções associadas à
sozinha é frequentemente útil na estabilização temporária de fratu- fixação de fraturas do pilão com placa. Inicialmente, a fíbula é fixada
ras associadas graves com inchaço dos tecidos moles, mas raramente com placa e um fixador externo é colocado, cobrindo o tornozelo.
é utilizada para o tratamento definitivo. A fixação externa realiza o No pré-operatório, a incisão proposta para a redução tibial é planada
mesmo objetivo de redução da fratura por meio de ligamentotaxia e a incisão fibular é colocada de modo que a ponte de pele entre as
e permite que o paciente seja mobilizado. A fixação limitada com duas incisões seja de pelo menos 7 cm. Se os tecidos moles que
parafusos de 3,5 mm ou 4 mm inseridos após redução percutânea recobrem a fíbula estiverem comprometidos, a fixação com placa da
ou aberta limitada combinada com imobilização por gesso pode ser fratura fibul ar deve ser adiada. Pinos de fixação externa devem ser
um tratamento adequado para as fraturas dos tipos Bl e B2 e Cl colocados bem distantes das incisões planejadas.
estáveis. Se a estabilidade da fratura for incerta, no entanto, um Watson et al. desenvolveram um sistema de tração com w11 tipo
fixador externo deve ser usado em vez de um gesso. de fixador externo de dois pinos que é útil nesta situação. Sirkin et ai.
recomendaram uma armação delta AO abrangendo o tornozelo ou um
• REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO COM PLACA fixador de meio-pino meclial composto por um meio-pino no tálus, wn
Para as fraturas deslocadas, descobriu-se que o tratamento cirúrgico meio-pino no calcâneo e dois meio-pinos na diáfise tibial. A redução do
é superior ao tratamento conservador. Rüedi e Allgõwer populari- pilão tibial é feita após os tecidos moles terem melhorado e o inchaço
zaram a técnica RAFI com placas e parafusos para as fraturas do diminuído (geralmente entre 10 e 21 dias). O enrugamento da pele e a
pilão tibial em 1960. Essa técnica segue os princípios AO de redução cicatrização das bolhas da fratura são indicadores clínicos de melhoria
anatômica, estabilização rígida e movimento precoce. A fíbula é na condição dos tecidos moles. A manipulação cuidadosa dos tecidos
reduzida em primeiro lugar e estabilizada com uma placa. Em moles e placas de perfil baixo são recomendadas. Quando o edema dos
seguida, a superfície articular da tíbia é red uzida e fixada proviso- tecidos moles tiver diminuído de forma significativa, a redução anatô-
riamente com fios de Kirschner por meio de uma incisão anterome- mica e a fixação interna podem ser feitas com menos complicações na
dial. Os defeitos metafisários são preenchidos com enxerto ósseo e cicatrização da ferida do que uma RAFI precoce.
a fratura é estabilizada com uma placa de reforço medial. Rüedi e Vários autores têm recomendado protocolos em estágios para o
Allgõwer relataram 70 resultados bons ou excelentes em 75 fraturas tratamento das fraturas complexas do pilão com lesões graves nos
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES flfp@

O!ijll;fi'm9 Fixação com placa e parafusos de


fratur as distal tibial e fibular.

tecidos moles. Patterson e Cole descreveram uma fixação fibular ime- revelaram que a cobertura de tecidos moles maior associada à obesi-
diata e uma colocação de um fixador externo medial abrangente dade resultou em uma tendência de aumento de complicações na
seguidas, em uma média de 24 dias mais tarde, pela remoção do cicatrização da ferida. Em um estudo recente, os autores publicaram
fixador e RAFI. De 22 fraturas do pilão do tipo C3, 21 foram cicatri- seus resultados de fixação precoce definitiva das fraturas do pilão
zadas em 4,2 meses em média e com nenhuma infecção ou compli- tibial. White et ai. avaliaram 95 fraturas do pilão tibial OTA 43 do tipo
cações de tecidos moles. Esses autores citaram como vantagens deste C, 88% das quais geridas em 48 horas após o trauma, e citaram resul-
protocolo (1) o melhor manejo dos tecidos moles, pois a primeira tados comparáveis aos publicados anteriormente. A abordagem lateral
etapa visa à obtenção do realinhamento fibular anatômico e à restau- tem sido defendida no tratamento de certos padrões de fratura de
ração do comprimento anatômico da tíbia distal com pouca interrup- forma estagiada, como as abordagens combinadas posteromediais e
ção dos tecidos moles; e (2) a capacidade de obter realinhamento posterolaterais. Boraiah et ai. reportaram resultados de fraturas
anatômico da superfície articular sob visão direta no segundo estágio. abertas do pilão tratadas com RAFI de forma estagiada. Apesar das
As desvantagens são a necessidade de uma grande dissecção dos taxas de infecções profunda e superficial de 3% e 5%, respectivamente,
tecidos moles inicialmente, a qual não é recomendada, e a dificuldade a pontuação do resultado funcional para a maioria dos pacientes foi
das técnicas e das manobras de redução de uma fratura de 3 semanas insuficiente. Em outro estudo, Harris et ai. determinaram que os
ou mais após a lesão. Patterson e Cole também advertiram da criação doentes com uma fratura do tipo C3 desenvolveram mais complica-
de grandes dissecções de tecidos moles e remoção óssea. ções, requereram intervenções secundárias e tiveram pontuação fun-
Blauth et ai. compararam três diferentes métodos de tratamento cional pior em um acompanhamento de 98 meses em média.
em 51 pacientes com as fraturas do pilão predominantemente AO do
tipo C. Eles não encontraram nenhuma diferença significativa entre 1 TÉCNICA DE FIXAÇÃO DE FRATURA COM PLACA AO
os métodos em relação à infecção dos tecidos moles. Não houve cor- A redução anatômica aberta e a fixação rígida com dispositivos de
relação estatística entre artrite e lesões dos tecidos moles ou grupo de placa e parafuso podem ser utilizadas de forma eficaz para o trata-
tratamento. Houve uma tendência de melhoria na amplitude de movi- mento de fraturas do pilão tibial se estrita atenção for dada à redução
mento, menos dor, retorno mais frequente à ocupação anterior e da fratura e ao manejo dos tecidos moles. Essa técnica é adequada
aumento da capacidade de retornar às atividades de lazer no grupo para as frat uras de baixa energia com grandes fragmentos deslo-
de tratamento encenado; no entanto, isso não foi estatisticamente cados, po uca cominuição e nenhuma extensão diafisária (Fig.
significativo. Com base nesses resultados, os autores afirmaram a sua 54- 15). Uma extremidade com inchaço mínimo e uma boa cober-
preferência pelo procedimento em estágios em pacientes com com- tura de tecidos moles é de suma importância se complicações
prometimento grave dos tecidos moles que envolve a fixação limitada precisarem ser evitadas. O enr ugamento da pele é uma boa indi -
com parafuso da superfície articular por meio de incisões e abrange cação de que o edema diminuiu. A manipulação dos tecidos moles
a fixação externa seguida por uma técnica de fixação da fratura com deve ser minuciosa e rigorosas técnicas de "não toque" têm sido
placa menos invasiva após a cicatrização dos tecidos moles. defendidas. O mais prudente é a temporização com a colocação de
A maioria das lesões do pilão é tratada em estágios devido ao um fixador externo até que os tecidos moles possam ser tratados
decréscimo registrado nas complicações associadas. No entanto, a definitivamente. As técnicas abertas formais de fixação de fratura
investigação continua a aumentar nossa compreensão destas fratu- com placa devem ser usadas com cautela em fraturas expostas e
ras difíceis em um esforço para minimizar as complicações dos fraturas Rüedi e Allgõwer do tipo III (AO tipo C3) por causa dos
tecidos moles e maximizar os resultados do tratamento. Graves et ai. altos índices de maus resultados reportados e de complicações.
@{fitJ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

1 TÉCNICA MINIMAMENTE INVASIVA DE FIXAÇÃO


DE FRATURA COM PLACA
Em um esforço para diminuir as complicações associadas à cicatriza-
ção da ferida nas técnicas tradicionais de fixação de fratura com placa
aberta, foram desenvolvidos métodos menos invasivos de fixação de
fratura com placa. A fratura é reduzida principalmente por ligamen-
totaxia e outra redução e fixação da fratura com placa são realizadas
por meio de incisões limitadas. A fixação de fratura com placa medial
aberta interrompe o fornecimento de sangue da tíbia distal por uma
extensão maior do que a fixação de fratura com placa percutânea, que
pode predispor a consolidação ou pseudoartrose.
Borens et ai. relataram seus resultados em 17 pacientes trata-
dos com fixação minimamente invasiva de fraturas do pilão tibial
selecionadas com uma placa medial de baixo perfil. Todas as fraturas
se consolidaram. Os resultados foram classificados como excelentes
em oito pacientes (47%), regular em sete pacientes (41 %) e insufi-
cientes em dois pacientes (12%). Os autores concluíram que a A B
técnica foi eficaz e reduziu as complicações de tecidos moles asso-
ciadas à fixação com placa das fraturas do pilão. Eles defendem o O@lh@LlJ9 A, Fratura do pilão cominuída com fratura da
uso desta técnica em um protocolo em estágios. fíbula. B, O comprimento da fíbula é restaurado e fixado com
placa de seis furos como primeiro passo para a reconstrução da
fratura do pilão. (De deSouza LJ: Fractures and dislocations about the
FIXAÇÃO COM PLACA MINIMA!'JIENTE ankle. ln Gusti lo RB, Kyle RF, Templeman DC, editors: Fractures and
dislocations, St. Louis, 1993, Mosby.) VEJA A TÉCNICA 54-7.
INVASIVA DE FRATURA DO PILAO TIBIAL
As técnicas minimamente invasivas de f ixação de fratura ESTÁGIO 2
com placa foram ainda mais reforçadas com o desenvol- •A reconstrução definitiva pode ser feita assim que a cica-
vimento generalizado da tecnologia de placa de bloqueio trização dos tecidos moles permitir.
pré-contornada, particularmente aquelas com estabiliza- •Coloque o paciente em decúbito dorsal sob re uma mesa
dores para atingir a f ixação proximal. Nós não costuma- radiotransparente com um torniquete. Se o planejamento
mos realizar a redução aberta do componente fibular pré-operatório mostrou que a fixação da fratura com
durante a configuração inicial e preferimos manter o com- placa percutânea é impossível, reduza as superfícies arti-
primento por meio da aplicação de um fixador externo cu lares por me io de uma artrotomia anterior limitada, o
sozinho. Alternativamente, uma abordagem cirúrgica que perm ite o enxerto ósseo ou a apl icação de uma
anterolatera l pode ser realizada pela redução articular e, pequena placa anterior, ou ambos .
em seguida, a fixação pode ser realizada de forma sub- •Se uma placa percutâ nea for possível, estim e o compri-
muscular. Isso pode ser feito com um grande distratar mento da placa com base nas imagens pré-operatórias.
baseado mediaimente para faci litar a redução. A aborda- Coloque a placa sobre a pele enquanto verifica a posição
gem anterolateral é descrita no Capítu lo 1. Cuidados com fluoroscopia.
devem ser aplicados para assegurar a transição adequada •Contorne a placa para enca ixá-la no aspecto anterome-
dos tecidos moles se uma incisão separada for necessária dial da tíbia distal. Depois da flexão e da torção da placa
para tratar a fíbula. Quando se utiliza a abordagem ante- utilizando cu rvadores de placa, verifiqu e a posição ante-
rolateral, uma incisão separada ocasionalmente é neces- cipada usando fluoroscopia.
sária para colocar uma pequena placa medial percutânea • Faça uma incisão anteromedial na extremidade proximal da
se o padrão da fratura exig ir. posição da placa antecipada e uma na extremidade distal.
•Faça um túnel que ligue essas duas incisões de forma
extraperiostea l avançando um grampo de distal para pro-
TÉCNICA ximal ou de proximal para dista l.
•Amarre uma sutura forte (p. ex., Ethibond nº 5) através do
ESTÁGIO 1 primeiro orifício na placa. Use uma pinça Kelly para ajudar
•Coloque o paciente em decúbito dorsal em uma mesa a puxar a placa através do túnel subcutâneo sob controle
radiotransparente. Adm inistre antibióticos no pré-opera- radiográfico. Por meio de pequenas incisões, fixe a placa
tório e coloque um torniquete com parafusos corticais de baixo perfil de 3,5 mm. Os
•Para uma RAFI, faça uma incisão posterolateral padrão. parafusos de travamento podem ser uti lizados, se uma
•Reduza a fratura e f ixe a fíbula com uma placa tubular construção de placa de ponte fo r considerada necessária.
de um terço. •Coloque um parafuso interfragmentário de nâo trava-
•Feche a incisão com náilon 3-0. mento através da porção média da placa. Como a placa
•Coloque um fixador externo triangular abrangendo a arti- é flexível, um bom contato ósseo-placa pode ser alcan-
cu lação do tornozelo. çado (Fi g. 54-17).
•Coloque dois pinos proximal mente no aspecto anterome- •Quando o controle rad iográfico final mostrar a redução
dial da tíbia e um pino rosqueado através do calcâneo. e a fixação adequadas, remova o fixador externo.
• Usando ligamentotaxia e com a coluna lateral restabelecida, •Esvazie o torniquete e obtenha a hemostasia. Feche a
a fratura do pilão é temporariamente reduzida (Fig. 54-16). incisão sobre drenos em forma de camadas-padrão.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES t&fl@

O@IJ;tgieJEI A, Fratura cominuída fechada envolvendo o pi lão tib ial e a fíbul a. B e C, A ap li cação de f ixação externa uniplanar e
fibular à RAFI facilita a redução indireta da cominuição dista l tibi al. D-G, Após a cicatrização dos tecidos mol es, o paciente retorn ou
para a fixação definitiva com redu çã o aberta limitada e placa de osteossíntese minimamente invasiva. VEJA A TÉCNICA 54-7.

• Coloque um curativo de algodão volumoso com uma tala de


• ABORDAGEM POSTEROLATERAL PARA
gesso posterior para manter o tornozelo em posição neutra. FRATURAS DO PILÃO
Alternativas para a abordagem anteromedial tradicional para RAFI
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o de frat uras do pilão têm sido defendidas em uma tentativa de reduzir
membro é imobil izado com a uti lização de uma tala. Os a incidência de complicações dos tecidos moles. Konrath e Hopkins
drenos de sucção fechados são normalmente removidos no relataram o uso de um a abordagem posterolateral em do is pacientes.
1º ou no 2° dia de pós-operatório. Dependendo da ri gidez O intervalo situa-se entre os tendões peroneais e o flexor longo do
da fixação, a tala de imobilização é interrompida assim que hálux. Os res ultados foram bons em ambos os pacientes. Foi pos-
a cicatrização da ferida permitir. Os exercícios de amplitude sível estabilizar a tíb ia e a fíbu la por meio da mesma incisão. Uma
de movimentos passivo e ativo são, então, iniciados. As cobertura de tecidos mol es mais espessa sobre a placa (músc ulo
suturas são removidas em 2 a 3 semanas de pós-operatório. flexor longo do hálux) foi pensada para potencialmente dim inuir
A sustentação de peso tota l não é permitida até que a problemas de cicatrização de feridas e infecção profunda. A des-
cicatri zação óssea completa seja confirmada por rad io- vantagem dessa abordagem é a má exposição da articulação do
grafia, o que geralm ente acontece em 12 sema nas. tornozelo, o que limita a sua utilidade em fraturas com cominuição
anterior. Os autores afirmam que a abordagem posterolateral deve
@{$fj PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

ser considerada como uma opção cirúrgica alternativa em fraturas


que podem ser eficazmente reduzidas posteriormente.
Bhattacharyya et al. examinaram as complicações associadas
ao uso da abordagem posterolateral para fraturas do pilão em 19
pacientes. As complicações ocorreram em nove destes 19 pacientes.
Seis pacientes (31 %) tiveram problemas de cicatrização das feridas
(três infecções superficiais e três infecções profundas) . Quatro
pacientes (21 %) tiveram não consolidação (duas assépticas e duas
infectadas), três pacientes necessitaram de artrodese do tornozelo, e
um paciente teve um recuo de 3 mm. Os autores concluíram que a
abordagem posterolateral não reduziu a incidência de complicações
na cicatrização da ferida em comparação com outras abordagens.
Eles recomendaram essa abordagem cirúrgica apenas para as fratu-
ras do pilão em que o deslocamento articular e a fragmentação estão
predominantemente localizados posteriormente ou quando uma
abordagem anterior não é recomendada por causa da condição dos
tecidos moles.

ABORDAGEM
PARA FRATURAS DO PILAO
TÉCNICA
• Com o paciente sob anestesia gera l, remova o fixador
externo temporário que foi previamente colocado. Admi -
nistre antib ióticos no pré-operatório.
•Coloque o paciente deitado, faça expressão do membro
e encha o torniquete.
• Faça uma incisão posterolateral na tíbia distal entre os
tendões f ibu lares e o flexor longo do há lux. A abordagem
pode ser realizada proximalmente se isto for necessário. lj!ijii;f!ieD A bordagem post eri o r. Um d ist rat a r f em ora l fo i
• Identifique e proteja o nervo sural. ap licado e o nervo sural é d issecado li vre. VEJA A TÉCNICA 54-8.
•Ap lique um distratar femora l, se necessário, para ga nhar
comprimento ou visualizar a articulação. Aplique o distra-
tar por meio de novos pinos na tíbia para o calcãneo (Fig. abordagens posterolatera is. O movimento antecipado do
54-18) tornozelo é incentivado com a f isioterap ia uma vez que
•Se necessário, coloque uma placa na fíbula por meio da a cicatrização da ferida perm ita e as suturas tenham sido
mesma incisão e fixe com uma placa tubu lar de um terço retiradas. A sustentação de peso começa em 12 semanas,
de 3,5 mm. quando as rad iografias mostram a formação de calos.
•Obtenha redução articular pela man ipulação direta dos
fragmentos da fratura através dos locais da fratura sob
exposição direta. Confirme a redução com fluoroscopia. • FIXAÇÕES EXTERNA E INTERNA MÍNIMA
•Fixe os fragmentos articulares com parafusos interfrag- COMBINADAS
mentários de 3,5 mm ou parafusos esponjosos de 4 mm. Em resposta aos relatos de resultados inaceitáveis com a fixação com
•Para o componente metafisário da lesão, aplique uma placa de fraturas de alta energia do pilão tibial com as técnicas tradicio-
placa adequada para o t ipo da lesão . As lesões do t ipo C nais, a fixação externa combinada com a fixação interna limitada da ffüula
normalmente requerem uma placa de 3,5 mm, na maioria e da superfície articular da tfüia tem sido defendida como luna aborda-
das vezes uma placa periarticu lar pré-contornada. As gem alternativa. Os relatos de fixação externa combinada com fixação
lesões do t ipo B podem ser tratadas com imp lantes de interna mínima para as fraturas do pilão tibial mostraram uma diminui-
perfi l baixo colocados de forma antideslizante. ção na incidência de infecção em comparação com fraturas semelhantes
•Para grandes defeitos ósseos causados por cominuição, tratadas com dispositivos de placa e parafuso. No entanto, wna incidência
considere o uso de enxerto ósseo da crista ilíaca ou subs- de 20% de complicações no pino e problemas de cicatrização de feridas
titutos ósseos adequados. sobre a incisão fibuJar foram observados em wn estudo.
• Execute o fechamento da incisão na forma de camadas- Em um estudo de acompanhamento de longo prazo (5 a 12
padrão após a inserção de um dreno de sucção subfascial anos) realizado por Marsh et ai. de 35 fraturas do pilão tratadas com
fechado . fixação externa monolateral abrangente, a redução foi classificada
como boa em 14, regular em 15 e insuficiente em seis. A osteoartrose
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A perna é engessada e foi de grau O em três, grau 1 em seis, grau 2 em 20 e grau 3 em seis.
elevada por 48 horas . Nós, rotineiramente, co locamos A artrose correlacionou-se com a gravidade da lesão e a qualidade da
um dreno de sucção fechado no pós-operatório para redução, mas não se correlacionou com o res ul tado clínico (15 exce-
lentes, 10 bons e sete insuficientes). Quinze pacientes avaliaram seus
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

resultados como excelente; 10, como bons; sete; como justos; e um, costumamos estabilizar a fratura da fíbula no momento da aplicação
como insuficiente. A maioria dos pacientes (27 de 31) não fo i capaz do fixador externo inicial, particularmente se o manejo definitivo será
de correr. com fixação externa. No entanto, o que fazemos é tratar a fratura da
Outro estudo realizado por Dickson et ai. de 37 fraturas do fíbula precocemente se uma abordagem posterolateral for usada para
pilão tibial de alta energia (AO, B3 e C3) tratadas por fixação externa tratar um fragmento de sindesmose posterior e, então, retornar de
abrangente e redução aberta de segundo estágio da superfície arti- forma gradativa uma vez que a cobertura de tecidos moles permita a
cular em 10 a 21 dias relatou 81% de bons e excelentes resultados. fixação dos componentes restantes da lesão.
As complicações foram infecção em 8%, perda da redução em 11 %, Embora as técnicas de fixação externa tenham sido reconhecidas
artrose secundária em 8% e um a (3%) amputação em um paciente em reduzir a incidência de complicações na cicatrização da ferida e de
diabético com uma artrodese que falhou. infecção profunda em comparação com a redução aberta e fixação da
Os estudos têm mostrado resultados bons a excelentes com o uso fratura com placa, as más consolidações e as infecções do local do pino
de fixado r externo híbrido em 67% a 69% das fraturas intra-articulares continuam problemáticas. Além disso, Wyrsch et ai. e Pugh et ai. relata-
ou fraturas Rüedi-Allgõwer do tipo II e 75% a 97% de bons resultados. ram, em séries comparativas, que a redução articular foi melhor no grupo
As complicações foram relatadas em 23% a 66% dos pacientes e inclu- de redução aberta do que no grupo de fixação externa, embora a fixação
íram infecções profundas e superficiais e más consolidações. externa fosse usada mais comumente para as fraturas mais graves.

1 FIXAÇÃO EXTERNA TRANSARTICULAR


• FIXAÇÃO EXTERNA E FIXAÇÃO DE FRATURA A fixação externa tradicional por tubo a tubo que abrange a articu-
COM PLACA NA FÍBULA lação do tornozelo tem as vantagens de exigir menor dissecção do
Embora seja uma parte integrante dos princípios AO para RAFI de tecido mole e de não deixar grandes implantes em posição subcutâ-
fraturas do pilão tibial, o papel da fixação da fratura fibular com placa nea, o que, teoricamente, deveria levar a menores complicações na
é controverso quando a fixação externa for usada como tratamento cicatrização da fe rida e a menos infecções, principalmente nas fra-
definitivo. As vantagens potenciais da fixação da fratura fibular com turas expostas ou fraturas com graves lesões fechadas dos tecidos
placa incluem o aumento da estabilidade mecânica, o que ajuda na moles. Uma redução aberta minimamente invasiva pode ser neces-
redução do fragmento articular anterolateral e restaura o comprimento sária, no entan to, se a fratura não se redu zir por ligamentotaxia.
e o alinhamento da tíbia. As desvantagens potenciais incluem o aumento A fixação externa pode ser usada para estabilizar quase qualquer
de tempo cirúrgico, as possíveis complicações na cicatrização da ferida fratura da tíbia distal, independentemente de cominuição, e é espe-
e a eventual necessidade de remoção do material de osteossíntese. Além cialmente útil nas fraturas com extensão diafisária. Os fixadores
disso, a fixação da fratura fibular com placa restringe a capacidade do externos tubo a tubo são relativamente fá ceis de aplicar, e a maioria
fixador de ser dinamizado e pode provocar atraso na consolidação ou dos cirurgiões está fa miliarizada com essa técnica. As desvantagens
má consolidação em varo se os defeitos metafisários não receberem potenciais são infecção no trajeto do pino e frouxidão, que são
enxerto ósseo. A redução fibular pode ser difícil em algumas fraturas e comuns a qualquer tipo de fixa dor externo; perda de redução, que
a má redução prejudica a capacidade de reduzir a tíbia. pode ocorrer se a fixação for removida antes da consolidação da
Em um estudo realizado por Williams et ai. de pacientes tratados fratura; e rigidez do tornozelo, que pode ocorrer devido a os fixa-
com fixação da fratura fibular com placa, as complicações foram infec- dores tub o a tub o abrangerem o tornozelo e as articulações subtala-
ções na cicatrização das feridas fibulares (23%), não consolidações fibu- res. Geralmente, pelo menos um pino é inserido no calcâneo, o que
lares (9%) e mau alinhamento angular (4,5%). As complicações em torna essa técnica mais di fíc il se uma fratura do calcâneo ipsilateral
pacientes sem fixação da fratura fibul ar com placa incluíram más con- estiver envolvida. O pino no retropé se solta com o tempo e um
solidações angulares (19%) e infecção na cicatrização da ferida tibial enxerto ósseo pode ser necessário nas fraturas cominuídas para
(3%). Não foi encontrado aumento na frequência do retardo da conso- promover a consolidação da fratura antes da remoção do fixa dor.
lidação ou má consolidação em varo nas fraturas com fixação da fratura O fixador externo articulado com uma dobradiça para permi-
fibular com placa; no entanto, os autores concluíram que a fixação com tir o movimento do tornozelo foi desenvolvido para evitar a imobi -
placa na fíb ula em fraturas do pilão tibial tratadas com fixação externa lização da articulação tibi otalar. A diáfise da dobradiça é alinhada o
que cobre o tornozelo está associada a complicações significativas e que mais próximo possível da verdadeira diáfise do tornozelo e a dobra-
bons resultados podem ser obtidos sem a fixação da fíbula. O estudo diça articulada pode ser solta para permitir o movimento do torno -
foi limitado porque incluiu um pequeno número de pacientes. zelo. Não foi provado, no entanto, que a característica da articulação
Watson et ai. analisaram 39 fraturas do pilão tibial que foram melhora os resultados funcionais globais.
tratadas com uma variedade de dispositivos de fixação externa e Marsh et ai. compararam 19 pacientes com fraturas do pilão
foram consideradas insucessos de tratamento. Eles descobriram que tratadas com um fixa dor externo abrangente sem movimento do
64% das falhas consistiram em má consolidação ou pseudoartrose da tornozelo com 22 pacientes tratados com um fixa dor extern o abran-
articulação diafisária-metafisária em fraturas com fíbulas que recebe- gente articulado e amplitude de movimento do tornozelo precoce
ram placas ou intactas e perda óssea não reconhecida ou cominuição (em um período de 2 semanas após a cirurgia). Os pacientes foram
da tíbia que nunca recebeu osso enxertado. Os autores afirmaram que colocados em um gesso do tipo bota sem apoio ou bota com apoio
essa complicação pode ser evitada por meio da identificação precoce por 4 a 6 semanas após a remoção do fixador. Os autores não encon-
e da enxertia óssea da perda óssea tibial ou da cominuição antes da traram diferenças significativas entre os grupos em amplitude de
dinamização da armação. Alternativamente, o enxerto ósseo pode movimento, dor ou pontuações fun cionais. Os autores advertem que
potencialmente ser evitado pela não fixação da fratura da fíbula com o acompanhamento foi curto e que os números podem ter sido
placa e por meio de um parafuso ou fio para manter a redução fibular muito pequenos para detectar diferen ças.
no encaixe do tornozelo. Não há atualmente nenhuma evidência defi- Os meio-pinos são colocados no calcâneo e no tálus e ligados
nitiva para apoiar ou condenar a fixação da fíbula em fraturas do pilão aos meio-pinos na diáfise. A fratura é reduzida por tração e por liga-
tibial tratadas com fixação externa. Os riscos e os benefícios da fixação mentotaxia. A fíbula pode ser fixada com placa se os tecidos moles
fibular devem ser pesados para cada fratura individual. Nós não sobrejacentes não tiverem sido danificados. A superfície articular é
M.tiHI PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADU LTOS

h[dll;!ijmD A e B, Fratura-luxação grave da tíbia distal e da fíbu la . C, A tomografia computadorizada mostra o padrão da fratura .
D e E, Após a fixação com placa e parafusos na fíbula, parafusos interfragmentários na tíbia e fi xa dor articulado para manter a redu ção.

ainda mais red uzida por via percutânea sob orientação fluoroscópica
•Coloque pinos ca lcanea is e talares, conform e in dicado na
ou por meio de incisões limitadas feitas diretamente sobre as linhas
Figura 54-20, para fi car em cima do feixe neurovascular.
da fratura. A redução articular é fixada com parafusos de 3,5 mm ou
•Usa ndo fluo rosco pia, coloque o pino ta lar primeiro sem
4 mm (Fig. 54-19). Um enxerto ósseo do defeito metafisário é neces-
usar o modelo de fixador. Locali ze a ponta do pino ta lar
sário em 25% a 60% das fraturas; ele pode ser realizado de forma
no colo medial distal do tálus (Fig. 54-20A); coloque o pino
agud a se a cobertura de tecido mole for boa ou pode ser adiado por
para lelo à cúpula do tálus, como visto fluoroscopicamente
4 a 6 semanas até que os tecidos moles tenham cicatrizado.
em uma visão anteroposterior do tornozelo (Fig . 54-208),
e aproximadamente perpendicular à diáfise longa do pé
(Fig. 54-20C). A colocação e a direção deste pino são
FIXAÇÃO EXTERNA TJIANSARTICULAR im portantes, pois elas alinham o molde usado para inserir
DE FRATURA DO PILAO TIBIAL o resto dos pinos.
•Garanta a f ixação bicortica l certificando-se de que dois
TÉCNICA segme ntos penetram na lateral do tálus em uma visão
flu oroscópica anteroposterior.
(BONAR E MARSH) • Coloque os pinos no calcâneo e na tíbia por meio do modelo
com base no pino talar. O pino do calcâneo pode ser colo-
•Coloque um fixador em delta com dois pinos distal mente, cado em alto ou baixo na tuberosidade do calcâneo pela
um no calcâneo e um no tálus, e dois pinos proximal- rotação da dobradiça articulada. A posição elevada permite
mente na tíbia . Insira todos os pinos após a pré-perfura- mais dorsiflexão no pós-operatório e é recomendada.
ção. Para proteger os tecidos moles, realize todas as •Confirme a fixação bicortical do pino calcanea l em uma
perfurações e a inserção por pino através de cân ulas para visão fluoroscópica axial do retropé . O centro da dobradiça
proteção dos tecidos moles. do fixador articulado deve estar próximo do meio do tálus.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

uma visão da superfície articu lar usando a fratura como uma


janela. Uma pinça de redução grande pode ajudar a reduzir
os grandes fragmentos .
•Use a fixação com parafuso para os fragmentos articula-
res apenas; não tente obter a fixação com parafuso ao
longo da fratura metafisária. Placas tibiais não são utili-
zadas. Use parafusos canulados para inserção percutãnea
e mantenha a remoção do periósteo ao mínimo.
•Aplique en xerto ósseo ao defeito metafisário por meio da
mesma incisão ou por meio de uma incisão separada, se
necessário.
A
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é mantido
elevado até que a cicatrização dos tecidos moles permita
a mobilização . A maioria dos pacientes é mantida sem
sustentação de peso e não é autorizada a suportar mais
de 20 kg de peso durante as primeiras 6 semanas. O
fixador externo é dinamizado (a porca de travamento é
libertada para permitir o deslizamento do corpo telescó-
pico) em 4 a 12 semanas, período durante o qual a sus-
tenta ção de peso aumenta. O fixador é removido quando
a consolidação da fratura é evidente nas radiografias e o
paciente pode caminhar sem sentir dor quando o corpo
8 fixador for removido. O movimento da articu lação do tor-
nozelo é iniciado quando as condições dos tecidos moles
permitirem, geralmente em 1 a 2 semanas. Uma tala
Orthoplast (Johnson & Johnson, New Brunswick, NJ) é
usada para manter o tornozelo na posição neutra, exceto
durante os exercícios de amplitude de movimento.

1 FIXAÇÃO EXTERNA HÍBRIDA


Fixadores externos híbridos consistem em fios tensionados no frag -
mento epifisário da tíbia conectados aos meio-pinos colocados na
diáfise. Semelhantemente aos fixadores de meio-pino, esses disposi-
tivos oferecem maior preservação dos tecidos moles e maior facili-
dade em abranger as linhas da fratura da diáfise do que os dispositivos
de fixação da fratura com placa. Os fios tensionados, os quais podem
ser utilizados de um modo semelh ante aos parafusos de rosca,
e podem auxiliar na redução e fixação dos fragmentos articulares.
Confinar a fixação acima da articulação do tornozelo tem vantagens
H@l!;J4DE!) A, Colocação de pinos calcaneais e talares para e desvantagens. As articulações tibiotalar e subtalar não são imobi-
evitar feixe neurovascular e articulação subtalar. B, O pino talar lizadas, o que, teoricamente, deveria diminuir a rigidez nestas áreas.
está paralelo à cúpula talar em visão anteroposterior (as linhas O cirurgião deve estar familiarizado com a biomecânica desses
tracejadas indicam a imprecisa colocação do parafuso). e, o pino fixadores para garantir uma construção estável. Em wn estudo biomecâ-
está perpendicular à longa diáfise do pé e dois parafusos rosque- nica, Yang et ai. descobriram que o fixador lubrido de barra de anel, que
ados devem se sobressair através da cortical distal do tálus. VEJA consiste em um corpo fixador unilateral ligado a LUTI anel/fio de monta-
A TÉCNICA 54-9. gem, é muito flexível. A adição de suportes colocados diagonalmente
melhorou significativamente a estabilidade desta construção. Um fixador
híbrido de dois anéis parecia ter o melhor desempenho mecânico. No
• Depois que os pinos ti verem sido colocados, remova o
entanto, nas fratmas com extrema cominuição articular, os fios podem
modelo, aplique o fixador e bloqueie a articulação pro-
não fornecer tuna fixação adequada. Os fios de fixação podem ter que ser
ximal. Use um aparelho de compressão-tração para tra-
colocados intracapsularmente para wna fixação adequada; e, embora a
cionar a articu lação do tornoze lo e ava liar a redução
fluoroscopicamente. artrite séptica causada por infecção no trajeto do pino seja wna compli-
cação potencial, isso não tem sido wn problema no tornozelo assim como
•Baseando-se no planejamento pré-operatório e na apa-
tem sido no joelho. Lesão neurológica, vascular ou tendinosa pode
rência intraoperatória após a tração, faça incisões limita-
ocorrer se corredores segmos para a colocação do fio não são reconheci-
das para ajudar na redução exata da superfície articular
dos. As fratmas associadas a instabilidade tibiotalar também não são
e obter a fixação com parafusos de pequenos fragmen-
devidan1ente estabilizadas com esse método. Muitos cirmgiões não têm
tos. Escolha os locais de incisão que coincidem direta-
experiência com as técnicas de fios tensionados. Os fixadores híbridos são
mente com as principais linhas da fratura para fornecer
mais adequados para as fraturas AO do tipo A, tipo C l e tipo C2.
@j@f$ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM ADULTOS

Com base na revisão de mais de 150 tomografias destas lesões,


A
Watson desenvolveu uma abordagem de quatro quadrantes para a
inserção de fios (Fig. 54-21). As incisões são feitas para se correspon-
derem anatomicamente com os corredores "seguros" para a colocação
e do fio de transfixação para estabilizar os fra gme ntos rnetafisários.
A única região inacessível para fixação do fio de tensão é urna linha
de fratura que é exatamente transversal no plano coronal. Devido a
B restrições anatômicas, fios olivados não podem ser colocados direta-
mente de anterior para posterior, e as linhas de fratura nesta orienta-
\
\
ção são mais bem estabilizadas com pequenos parafusos canulados.
\
\
\
\
\
\
\
FIXAÇÃO HÍBRIDA DE
\
\ FRATURA DO PILAO TIBIAL
'
TÉCNICA
(WATSON)

•Coloque o paciente em uma mesa radiotransparente sobre


um coxim para posicionamento . Reforce o coxim para elevar
toda a extremidade inferior e para permitir a colocação de
um fixador circular sem colidir com a mesa . Mantenha a
tração do calcâneo através de uma extensão da mesa com
uma curva tração estéril. Se um fixador externo de dois
pinos estiver no lugar, use-o para manter a tração.
•Estabilize a fíbula em primeiro lugar. Se a condição dos
tecidos moles permitir utilize uma técnica de redução aberta
limitada pa ra aplicar uma placa de quatro fu ros ou de seis
O@i@)L?IJI Configurações de fratura encontradas na TC de furos . Se os tecidos moles ao longo do aspecto lateral da
fratura do pi lão: fragmentos antero latera l, postero latera l, ante- fíbula estiverem comprometidos, uti lize um fórceps de tena-
romed ial ou posteromedial com impactação centra l ou compres- cu!um percutâneo para puxar a fíbula para fora em compri-
são. Com base em corredores anatomicamente seg uros, os f ios mento e parafusá-la temporariamente na tíbia lateral com
podem ser passados obliquamente através das zonas de segu- um fio de Kirschner percutâneo, que é posteriormente subs-
rança A e D ou B e C; os fios não podem ser passados de forma tituído por um fio olivado tensionado.
segura diretamente de anterior para posterior. As zonas seguras •A armação da fixação externa consiste, geralmente, em
A, B, C e D correspondem às incisões. (Redesenhado de Watson JT: três ou quatro anéis . Comece a armação com um anel
Tibial pilon fractures, Tech Orthop 11: 150, 1996.) baseado distalmente localizado ao nível da articulação do
tornozelo. Loca lize o segundo anel apenas proximal para
qualquer extensão da diáfise. Se houver uma grande zona
de extensão diafisária-metafisária, um anel medial adicio-
Watson enfatizou a importância de se alcançar a redução precoce nal será necessário. Conecte os dois ou três anéis proxi-
por ligamentotaxia para fechar grandes lacunas de fraturas e para mais acima da fratura por meio de hastes longas e
reduzir a hemorragia da fratura e a tensão na cobertura tênue de tecidos rosqueadas. Deixe o anel distal livre .
moles. Um atraso de mais do que alguns dias pode tornar impossível a •Abra a construção do anel proximal e coloque-o sobre a
desimpactação dos fragmentos rnetafisários e o realinhamento de qual- diáfise da tíbia . Coloque um fio de referência transversal
quer extensão da diáfise e da corninuição fica difícil; ele também torna paralelo à articu lação do joelho e nivelado com a cabeça
difícil a redução indireta e pode haver a necessidade de urna incisão da fíbula e anexe o anel proximal a esse fio . Obtenha uma
maior ou mais extensível. Watson recomendou que a tração do calcâneo folga adequada de tecidos moles e posici one o anel pro-
fosse aplicada imediatamente após avaliação no departamento de emer- ximal do membro para assegurar que ele esteja para lelo
gência ou, no caso de fraturas expostas, na sala de cirurgia durante à articulação do joelho e colinear com a diáfise proxima l
irrigação de emergência e desbridamento. Ele descreveu o uso de um da tíbi a intacta.
dispositivo de tração que consiste em um pino de Steinmann de 6 mm •Coloque um pino de Schanz na diáfise da tíbia proxi mal
rosqueado centralmente através da tuberosidade do calcâneo e um pino e anexe-o ao anel mais proximal. Neste ponto, a constru-
semelhante através da tíbia proximal ao nível da cabeça da fíbula. Um ção do anel proxima l está firmemente fixada à tíbia acima
quadro de fixador externo quadrilátero sin1ples é construído por meio da fratura. Coloque os fios de transfixação adicionais ou
da aplicação de barras de fixação externa radiotransparentes medial e pinos de Schanz nos anéis proximais adicionais para obter
lateral e urna tração manual é feita para se obter urna redução por dois níveis de fi xação em cada anel da diáfise proximal
ligamentotaxia. Uma tomografia computadorizada da extremidade em intactos. Não coloque ainda os fios olivados através de
tração permite a formulação de um plano cirúrgico. Se a ligamentotaxia qualquer área de cominuição.
tiver obtido uma redução relativa, fios olivados percutâneos podem ser •A fixação articular é realizada em seguida. Se a ligamen-
usados com ou sem parafusos canulados. Se o conjunto não for redu- totaxia foi bem-sucedida, estabilize a fratu ra por meio da
zido, é indicada uma abordagem aberta limitada.
CAPÍTULO 54 FRATU RAS DE MEMBROS INFERIORES flDllll

iâ@ll;@Llm A, As linhas da fratura são redu zidas


e compactadas com vários fios clivados com ba se nos
dados da TC pré-operatória. B, Um anel distal é colo-
cado paralelamente à articulação do tornozelo. C,
Postes de várias alturas são usados para anexar os fios
ao anel. (De Watso n JT: Tibial pi lon fractu res, Tech Orthop
11 •150, 1996.) VEJA A TÉCNICA 54-10. C

colocação de f ios olivados percutâneos ao longo dos frag- • Uma decapagem periosteal mínima é necessá ria e a linha
mentos principais em conform idade com os dados da TC da fratura é aberta como um livro para revelar a articula-
pré-operatória (Fig . 54-22A). Essa abo rd agem difere das ção. Os fragme ntos articul ares impactados também são
técnicas híbridas nas quais o padrão normalizado de colo- visíveis, pois a articulação é distendida.
cação de f ios de transfixação é utilizado. Nesta técnica, •Use um pequeno osteótomo para desimpactar a superfí-
os fios de tra nsfi xação são colocados o nde os padrões da cie articul ar e redu za -a sob visão direta.
fratura ditarem . No caso de fraturas do plano corona l, • Use fios de Kirschner para segurar os fragmentos temporaria-
use parafusos canulados para facilitar a f ixação dos f ios. mente e aplique qualquer enxerto ósseo necessário para
•Se a ligamentotaxia não fo i bem-sucedida, é indicada manter o segmento em posição e preencher eventuais defeitos
uma abordagem abert a. esponjosos. Reduza os fragmentos metaf isários e mantenha-os
• Com base nos dados da TC, selecione um corredor apro- com f ios de Kirschner de fixação temporária. Use um parafuso
priado e faça uma incisão de 4 cm a 6 cm, evitando que canulado para a fixação articular definitiva de todas as linhas
prejudique quaisquer abas cutâneas grandes. Se o posiciona- da fratura coronária. Como alternativa, para a maioria das
mento da incisão tiver sido cuidadosamente selecionado, ele linhas da fratura, coloque f ios olivados por via percutânea, ou
deverá conduzir diretamente à linha de fratura principal. diretamente através da incisão, para fixar os fragmentos. )
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

) •Pelo menos três ou .quatro fios oliva dos são necessários CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Nas fraturas com cominui -
para se obter uma fixação adequada das superfícies arti- ção periarticular significativa ou fragmentos com f ixação
culares . Se a articulação tibiofibular dista l tiver sido inter- mínima de tecido mole, Watson recomendou manter a
romp ida, use um fio olivado para reduzir a diástase, tração através do tornozelo durante 6 semanas. Quando a
passando-o a partir da fíbula através da tíb ia. Se a fíbu la tentativa de cicatrização tiver ocorrido na linha da articula-
não tiver sido fixada com placa, verifique se ela está ção, a armação do pé ou o pino do calcâneo são removidos
puxada para fora em toda a sua extensão e que uma em um procedimento ambu latorial. A fisioterapia é iniciada
rotação apropriada é mantida antes de co locar o fio de para aumentar a amplitude de movimento e a força geral.
transfixação fíbula-tíbia. Co loque o fio final, um f io A não sustentação de peso total é mantida em doentes com
de referência transversal, apenas anterior à fíbula. Passe fraturas gravemente com inuídas (AO do tipo C3). Nas fra-
o fio somente através da tíbia para se assegurar de que turas com extensão da diáfise, a tentativa de suportar peso
esteja para lelo à articulação aproximadamente 1 cm pro- é iniciada quando um calo precoce e algu ns sina is de cica-
xima l à articulação do tornozelo. Em seguida, faça a trização forem vistos em radiografias, o que acontece geral-
abertura do anel distal e coloque-o ao redor dos f ios, mente em 8 a 1O semanas. O suporte progressivo de peso
posicionando-o sobre o fio de referência (Fig. 54-228). é iniciado e, por 12 a 14 semanas, o paciente gera lmente
Isso assegura que as articulações do joelho e do torno - anda com a ajuda de uma muleta ou bengala.
ze lo estejam para lelas quando os anéis proxima l e dista l
tiverem sido conectados.
•Anexe o restante dos fios ao anel livre . Como os fios
podem não estar diretamente em posição para o anel,
• ARTRODESE PRIMÁRIA
construa o anel usando vários postes de alturas diferentes A artrodese primária tem sido sugerida como um método de trata-
(Fig. 54-22C) mento das fraturas do pilão tibial gravemente cominuídas. Vários
•Aplique tensão nos fios olivados opostos simetricamente investigadores têm observado, no entanto, que uma lesão óssea
usando dois tensores de fio . Real ize essa tensão sob con- grave e uma redução não anatôm ica não eliminam um resultado
tro le fluoroscópico para evitar a compressão assimétrica clínico satisfatório. Nós recomendamos a estabilização destas fratu-
das linhas da fratura. ras com um fixador externo para manter o alinhamento e permitir
•Anexe o anel dista l aos anéis proximais com hastes ros- a consolidação óssea. A artrodese pode ser fe ita tardiamente, se o
queadas com arruelas cônicas permitindo alguma varia- paciente estiver suficientemente sintomático. A artrodese primária
bilidade na redução e manutenção da diáfise mecânica pode ser considerada para lesões expostas graves com extensa perda
gera l. de cartilagem das superfícies articulares da tíbia e do tálus (Fig.
•Use o anel ao nível da extensão da diáfise proximal para 54-23). A incisão é desbridada e a cartilagem remanescente é remo-
reduzir a com inuição da diáfise proxima l. Use fios oliva- vida do tálus e da tíbia. Um fixador externo pode ser usado para
dos ou lisos para manipu lar e manter o alinhamento da estabilizar a fratura. Um enxerto ósseo pode ser necessário quando
diáfise e para reduzir quaisquer grandes linhas da fratura os tecidos moles tiverem cicatrizado. Nestas lesões expostas graves,
nesta área. Anexe esses f ios ao anel médio dista l e ten- os resultados funcionais muitas vezes são insuficientes e a amputa-
sione-os sob fluoroscopia de modo que a redução possa ção pode ser uma alternativa.
ser observada.
•Para as lesões AO do tipo C com amplo envo lvimento
da articulação e grandes áreas de cominuição metafi- FRATURA DA TÍBIA
sária, é út il pré-construir uma armação de quatro
anéis com uma armação de pé anexada para manter As fraturas da diáfise da tíbia não podem ser tratadas seguindo-se
a tração na articu lação do tornoze lo. A construção da um conjunto simples de regras. Devido à sua localização, a tíbia está
tração pode ser tão simples quanto um pino do calcâ- exposta a lesões frequentes; e é o osso longo mais comumente fra-
neo ou fio anexado a um ane l calcaneal dista l ou tão turado. Como um terço da superfície da tíbia é subcutâneo ao
extensa quanto uma armação completa anexada ao longo da maior parte do seu comprimento, as fraturas expostas são
anel t ibial dista l. mais comuns na tíbia do que em qualquer outro osso longo principal.
•Use uma armação de tração semelhante à descrita ante- O suprimento de sangue para a tíbia é mais precário do que o para
riormente e anexe os anéis tibiais proximais primeiro, ossos fechados por músculos pesados. A fratura da tíbia de alta
proporcionando folga adequada de tecidos moles. energia pode estar associada à síndrome compartimentai ou neural
•Coloque a armação do pé ou o pino do calcâneo e realize ou à lesão vascular. A presença de articulações de dobras no joelho
a ligamentotaxia de tração através da articulação do tor- e no tornozelo não permite o ajuste da deformidade rotativa após a
noze lo ajustando as barras rosqueadas . fratura e um cuidado especial é necessário durante a redução para
• Se a redução da ligamentotaxia estiver inadequada, faça um corrigir tal deformidade. Retardo da consolidação, pseudoartrose e
proced imento aberto conforme descrito anteriormente. infecção são complicações relativamente comuns das fraturas da
•Quando a redução for satisfatória, posicione o anel dista l diáfise da tíbia.
da tíbia ao nível da fratura; passe os fios de fixação entre A avaliação das fraturas da tíbia deve incluir histórico deta-
os fragmentos da fratura, anexe-os ao anel e tensione-os lhado e exame físico. O membro é inspecionado para incisões
como descrito anteriormente. A única diferença desta abertas e esmagamento dos tecidos moles ou contusão e um exame
técn ica é que o anel distal da tíbia já está anexado à neurovascular completo é realizado. Um déficit de puls·o ou um
armação e, portanto, não é necessário "clamshell" o anel déficit neurológico podem ser um sinal de síndrome compartimen-
para colocá-lo em torno dos f ios. ta i ou de lesão vascu lar, ambas devendo ser identificadas e tratadas
imediatamente. O fêmur ipsilateral, o joelho, o tornozelo e o pé
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

hl§lhHeBI A, Fratura cominuída do pi lão tib ial depo is de uma queda de altura. O paciente teve fratura talar anterior resultando
em artrite pós-traumática das articulações tibiotalar e subtalar. B, Manejo definitivo com artrodese tibiotalocalcaneana primária com
imp lante intramedu lar retrógrado secundário para artrose preexistente.

tamb ém devem ser examinados. Quando o exame for concluído, o a sustentação de peso precoce para evitar retardo na consolidação
membro é realinhado suavemente e colocado em tala. Incisões ou pseudoartrose. Tentativas repetidas de man ipulação devem ser
abertas são irrigadas com cuidado, é fe ito curativo em condições evitadas. Se a fratura não puder ser bem alinhada, um método
estéreis, e um a adequada profilaxia ant ibiótica de tétano é adminis- alternativo de tratamento deve ser escolhido. O mau alinhamento
trada. Radiografias anteroposteriores plana e lateral que incluem o axial ou rotacional e o enc urtamento causam deformidades estéticas
joelho e o tornozelo são obtidas. Visualizações de radiografias oblí- e alteram as características de cargas em articulações adjacentes, o
quas em 45 graus às vezes são necessárias para detectar uma fratura que pode acelerar o desenvolvimento de artrite pós-traumática.
espiral não deslocada. E, ocasionalmente, radiografias da tíbia con- A quantidade de mau alinhan1ento e o enc urtamento considera-
tralateral são também necessárias para avaliar o comprimento nas dos aceitáveis também são controversos. Tarr et al. e Puno et al. demons-
fraturas com cominuição grave ou perda óssea. traram que o mau alinhan1ento tibial distal pode ser pior tolerado do
As indicações para os tratamentos cirúrgico e não cirúrgico que um maior mau alinhamento proximal. As recomendações da litera-
das fraturas da diáfise da tíbia continuam sendo aperfeiçoadas. tura variam muito: de 4 a 10 graus de mau alinhamento va.ro-valgo, de
Embora comumente defendido no passado, o tratamento conserva- 5 a 20 graus de mau alinhamento anteroposterior, de 5 a 20 graus de mau
dor agora é, geralmente, reservado às fraturas isoladas fechadas está- alinhamento rotatório e de 10 mm a 20 mm de encurtamento. Em geral,
veis minimamente deslocadas e causadas por trauma de baixa energia nós estamos de acordo com as recomendações de Trafton e nos esforça-
e a algumas fraturas estáveis por bala de revólver de baixa velocidade. mos para alcançar menos de 5 graus de angulação varo-valga, menos de
O tratamento cirúrgico é indicado para a maioria das fraturas da tíbia 10 graus de angulação anteroposterior, menos de 10 graus de rotação e
causadas por trauma de alta energia. Essas fraturas são, geralmente, menos de 15 mm de encurtamento. Manter o alinhamento é difícil em
instáveis, com inuídas e associadas a diferentes graus de trauma certos tipos de fratura; e, se repetidas tentativas de realinhamento
dos tecidos moles. O tratamento cirúrgico permite mobilização tiverem sido sem sucesso, a fixação cirúrgica é indicada.
precoce, proporciona acesso aos tecidos moles e evita complicações Os fatores importantes em termos de prognóstico são (1) a
associadas à imobilização. Os objetivos do tratamento são a obten- quantidade de deslocamento inicial, (2) o grau de cominuição, (3)
ção de uma frat ura consolidada e bem alinhada, sustentação de peso o desenvolvimento de infecção e (4) a gravidade da lesão de tecido
sem dor e amplitude de movimento funcional de articulações do mole exclu indo in fecção. As fraturas de torção com ou sem com i-
joelho e do tornozelo. O método de tratamento ideal deve ajudar no nuição simples têm tido um melhor prognóstico do que os padrões
cumprimento dessas metas, além de minimizar as complicações, de alta energia, como as fraturas oblíquas ou transversais curtas com
especialmente as infecções. Esses objetivos podem não ser atingidos ou sem cominuição. As fraturas de torção tendem a criar um rasgo
nos membros gravemente feridos. longitudinal do periósteo e podem não interromper os vasos endos-
Sarmiento, Nicoll e outros descobriram que o tratamento tais, enquanto as fraturas transversais, geralmente, rasgam o periós-
fechado com gesso ou órtese funciona l é um método eficaz de tra- teo circunferencial mente e completamente in terrompem a circulação
tamento para muitas fraturas da diá fise da tíbia, além de evitar as end osteal. A redução é difícil em fraturas em espiral deslocadas do
potenciais complicações da intervenção cirúrgica. Para que o trata- terço distal da tíbia.
mento fechado tenha sucesso, o gesso ou a cin ta devem manter um Hoaglund e States classificaram as fraturas da tíbia como se ndo
alinhamento aceitável da fratura e o padrão da fratura deve permitir causadas por traumas tanto de alta energia como de baixa energia e
@Jj(.) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

acharam essa classificação útil no prognóstico. As fraturas no grupo são importantes para um bom resultado nestas fraturas . O desbri-
de alta energia são aquelas resultantes de acidentes como colisões de damento agressivo e repetido de todo o tecido desvitalizado,
veículos motorizados e lesões por esmagamento. Esse grupo inclui incluindo grandes fragmentos ósseos, é essencial. Como os tecidos
mais de metade do total das fraturas e 90% das fraturas expostas; as moles vascul ares e o osso são essenciais para a resistência à infecção
fraturas neste grupo se consolidam em uma média de 6 meses. As e para proporcionar um leito para a reconstrução, a tíbia deve ser
fraturas no grupo de baixa energia resultam de acidentes como quedas estabilizada com a mínima desvascul arização adicional possível.
no gelo e durante a esquiação; elas cicatrizam em uma média de 4 Gustilo e outros salientaram a importância de deixar a incisão aber ta
meses. Esses pesquisadores descobriram que o nível da fratura não é e repetir o desbridamento a cada 24 a 48 horas até o fechamento em
significativo para o prognóstico, ao contrário da quantidade de 5 a 7 dias por fechamento primário tardio, enxerto de pele ou reta-
contato ósseo. As fraturas em que o contato entre os fragmentos após lhos de pele. Nosso protocolo é repetir desbridamento e irrigação
a redução foi de 50% a 90% normal se consolidam significativamente em 48 a 72 horas se houver evidência de demarcação contínua da
mais rápido do que as fraturas em que o contato era menor. zo na da lesão. Todas as fraturas de Gustilo do tip o III, rotineira-
O deslocamento de mais de 50% da largura da tíbia no local mente, têm repetição de desbridamento (Cap. 53). Os antibióticos
da fratura tem sido observado como uma causa significativa de devem ser usados rotinei ramente com fraturas expostas. Os amino-
retard o de consolidação ou pseudoartrose. As frat uras com mais glicosídeos são adicionados às cefalosporinas para fraturas expostas
de 50% de fragmentação são consideradas instáveis e, geralmente, do tipo III e a penicilina é usada para as fraturas com contaminação
estão associadas a trauma de alta energia e lesão significativa dos grave. A cobertura de tecido mole de 5 a 7 dias deve ser obtida por
tecidos moles aberta ou fechada. A presença ou ausência de um a fechamento tardio, enxerto de pele ou cobertura com retalhos.
fratura fibular não influencia o prognóstico, embora a consolidação Embora não haja dúvida de que o manejo dos tecidos moles é
inibida das fraturas fechadas da tíbia associadas às fíbulas intac tas o fator mais importante na determinação do resultado de fraturas
tratadas com imobilização por gesso tenha sido relatada. expostas da tíbia, o melhor método de fixação ainda está sendo deba-
As características dos pacientes também podem influenciar o tido. A estabilidade suficiente dos fragmentos da fratura e dos tecidos
sucesso do tratamento fech ado de fraturas da diáfise tibial. O alinha- moles, geralmente, só pode ser obtida por hastes intramedulares de
mento pode ser difícil de manter com gessos ou aparelhos nos pacien- bloqueio ou fixação extern a. A fixação com placa tem sido associada
tes com extremidades edemaciadas ou obesas. A perda de redução a uma incidência inaceitavelmente elevada de infecção. Para as fratu-
pode ocorrer nos pacientes não compatíveis com o tratamento ras expostas de Gustilo do tipo I, tipo II e tipo IIIA, a maioria dos
fechado, enquanto que o retardo de consolidação e a pseudoartrose traurnatologistas ortopédicos prefere a haste intramedular.
são comuns em pacientes nos quais a sustentação de peso deve ser Estudos comparando a fixação externa com a haste não fresada
limitada por um tempo prolongado. As exigências funcionais do indi- têm mostrado que as fraturas da tíbia tratadas com haste não fresada
víduo também devem ser consideradas ao planejar o tratamento. necessitam de menos operações adicionais e alcançaram melhores
Em estudos comparativos de haste intramedular e gesso para o resultados funcion ais com menos infecções superficiais do que as
tratamento de fraturas fechadas isoladas da diáfise da tíbia, a haste intra- fraturas tratadas com fixação externa. As comparações de haste
medular alcançou taxas mais elevadas de consolidação e melhores taxas fresada com haste não fresada (dois estudos com 132 pacientes)
funcionais. Embora esses estudos mostrem a superioridade das hastes mostraram uma redução do risco de reoperação na técnica fresada.
intramedulares sobre o gesso para fraturas fechadas instáveis da diáfise As fraturas da tíbia do tipo IIIB têm sido associadas a uma
da tíbia, outros estudos comparativos são necessários para confirmar incidência relativam ente alta de infecção quando tratadas com fixação
esses resultados e estabelecer diretrizes de tratamento mais rígidas. externa e com haste não fresada. Alguns autores desencorajaram o uso
Nicoll, um defensor do tratamento fechado, listou as seguintes de haste não fresada nas fraturas da tíbia do tipo IIIB. No entanto, os
indicações para a fixação interna: (1) fratura exposta exigindo cirurgia números destas séries foram pequenos e uma investigação mais apro-
plástica complicada, (2) fratura associada do fêmur e outras lesões fundada é necessária para determinar o melhor tratamento das fra-
graves, (3) paraplegia com perda sensorial, (4) fratura segmentar com turas da tíbia do tipo IIIB. Existem , no entanto, fraturas expostas
fragmentos centrais deslocados e (5) lacunas resultantes de fragm en- específicas para as quais o tratamento agudo com haste intramedular
tos ósseos faltantes. Bone e Johnson recomendam fixação interna para certamente não é a melhor opção. As fraturas expostas secundárias a
as fraturas segmentares instáveis, cominu ídas ou segmentares; fratu- ferimentos de guerra; as fraturas com contaminação grave, especial-
ras bilaterais da ttbia; e fraturas ipsilaterais do fêmur. O tratamen to mente envolvendo o canal medular; e as fraturas da tíbia do tipo IIIC,
cirúrgico também é priorizado atualmente para as fraturas mais especialmente aquelas em qu e a preservação do membro é questioná-
abertas, fraturas com lesões fechadas dos tecidos moles graves, fratu- vel, todas são mais tratadas com fixação externa.
ras associadas à síndrome compartimenta], fraturas envolvendo lesão O tempo para o desbridamento para as fraturas expostas da tíbia
vascular e fraturas em pacientes com politraumatismo. não foi demonstrado como sendo preditivo de infecção; no entanto,
As fraturas em que o tratamento fechado é inadequado podem a gravidade da fratura, sim. A terapia de cicatrização de feridas por
ser tratadas com fixação com placa e parafuso, fixação intramedular pressão negativa está send o usada mais frequentemente para o trata-
(hastes intramedulares de bloqueio) e fixação externa. As hastes mento das incisões abertas, embora tenh am sido relatadas taxas seme-
intramedulares de bloqueio, atualmente, são o tratamento preferido lhantes de infecção e de pse udoartrose entre a terapia de cicatrização
para a maioria das fraturas da diáfise da tíbia que exijam fixação de feridas por pressão negativa e os controles históricos.
cirúrgica. A fixação da fratura com placa é usada, principalmente, Nós preferimos a haste intramed ul ar para a maioria das frat u-
para as fraturas na junção metafisária-diafisária ou proximal a ela. ras expostas da tíbia. Nosso protocolo (Fig. 54-24) inclui o planeja-
A fixação externa é útil para as fraturas com extensão periarticu lar mento de manejo pós-operatório para diminuir a frequência de
e para as fraturas expostas graves. Em extremidades gravemente retardo da consolidação e de fa lha de material de osteossíntese. Com
mutiladas, a amputação deve ser considerada. esse protocolo, a consolidação foi obtida em 48 (96%) de 50 fraturas
Para as fraturas de alta energia expostas da tíbia, os resultados do expostas da tíbia. Os procedimentos adicionais para promover a
tratamento melhoraram significativamente por causa das importantes consolidação foram feitos em 18 pacientes em uma média de 4
co ntribuições feitas pelos grand es serviços de trauma. Vários fa tores meses após a lesão.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES tmllll
Cominuição < 50% Fratura inicial com Perda óssea > 50%
cominuição > 50%

Bloqueio estático

Bloqueio dinâmico Bloqueio estático

Se não unida aos 4-6 meses,


3-4 meses* mudar a haste

Progredindo para a consolidação Calo Mínimo

Diafisário Metafisário

Mudar a haste
6 meses Axialmente estável Não estável axialmente
Consolidada

Mudar a haste
Mudar a haste Se houver bloqueio Se houver
estático, dinamizar bloqueio
dinâmico, Enxerto ósseo
mudar a haste

Enxerto ósseo

Mudar a haste

O[ijil;f;il?m Protocolo para tratamento inicial com haste não fresada e para tratamento pós-operatório de fraturas expostas da
tíbia. *O enxerto ósseo pode ser indicado em 6 semanas nas fraturas expostas do tipo 1118. (De Wh ittle AP: Clinicai resu lts of unreamed
nailing of tibial and femoral fractures, Tech Orthop 11 :67, 1996).

Extremidades mutiladas são fraturas expostas graves, muitas membro de suporte de peso funcional em pacientes com fraturas da
vezes associadas a lesões vasculares ou à ruptura do nervo. Os cirur- tíbia do tipo IIIB tratadas com o manejo agressivo da incisão e
giões que tratam essas lesões enfrentam a difícil decisão de tentar o cobertura precoce dos tecidos moles.
salvamento do membro ou executar a amputação precoce. O salva- Em um esforço para resolver as questões sobre as indicações para
mento, muitas vezes, é tecnicamente possível, mas pode resultar em salvamento de membro ou a amputação de wna extremidade mutilada,
consequências médicas, sociais, psicológicas e financeiras desastro- o grupo de estudo Projeto de Avaliação de Lesão da Extremidade Infe-
sas para o paciente. rior (PALEI) foi formado. Em um estudo multicêntrico, prospectivo e
Lange et ai. propuseram duas indicações abso lutas para a longitudinal, os pesquisadores identificaram nos grupos de salvamento
amputação primária: interrupção anatômica completa do nervo e amputação os fatores de risco que predispõem os pacientes a maus
tibial em adultos e lesões por esmagamento com um tempo de resultados. Os indicadores de mau prognóstico foram atribuídos ao
isquemia quente de mais de 6 horas. Eles também listaram indica- baixo nível educacional, renda abaixo do nível da pobreza, passado
ções relativas, incluindo politraumatismo associado grave, trauma racial não caucasiano, falta de seguro, falta de rede de apoio social,
no pé ipsilateral grave e um longo percurso projetado para a recu- tabagismo e pendência de ação judicial. Os pacientes com membros
peração total. Outros fatores são a idade, ocupação do paciente e sua recuperados e sem fatores de risco para resultados insuficientes tiveram
condição médica; o mecanismo de lesão; corninuição da fratura; resultados equivalentes aos resultados dos amputados em 2 e 7 anos,
perda óssea; extensão e localização da lesão neurológica e vascular; mas necessitaram de mais procedimentos cirúrgicos e mais reinterna-
e a gravidade e duração do choque. Vários autores têm tentado ções. Os pacientes com lesão do nervo tibial e pés insensíveis tiveram
formu lar uma pontuação prevendo a probabilidade de salvamento prejuízo significativo aos 12 e 24 meses; no entanto, os resultados não
ou a amputação, mas nenhuma se mostrou inteiramente correta. foram diferentes nos pacientes com membros amputados ou salvos. O
Georgiadis et ai. examinaram os resultados funcionais de longo grupo de estudo PALEI também constatou que lesão muscular, ausência
prazo e a qualidade de vida em pacientes com fraturas da tíbia de sensibilidade, lesão arterial e lesão da veia foram fatores que tiveram
graves tratadas com salvamento ou amputação. Eles concluíram o maior impacto sobre a decisão do cirurgião de amputar ou salvar o
que o tempo de recuperação e a incapacidade a longo prazo foram membro. No entanto, o grupo de pacientes com membros sem sensibi-
reduzidos com a amputação precoce abaixo do joelho. Trabulsy et ai. lidade recuperou a sensibilidade em 67%, o que põe em dúvida a insen-
informaram, no entanto, um alto índice de preservação de um sibilidade como urna indicação absoluta para a amputação.
1111!) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTO S

TRATAMENTO Outros pesquisadores também relataram aumento de complica-


ções quando usaram placas em fraturas expostas da tíbia (infecção em
• GESSO ARTICULADO 1,9% das fraturas fechadas e em 7,1 % das fraturas expostas, insuficiência
A utilização de um gesso do tipo bota ou de uma cinta funcional de material de osteossíntese em 0,6% das fraturas fechadas e em 10,3%
para o tratamento de uma fratura da diálise da tíbia resultou em das fraturas expostas). A maioria dos autores recomenda a fixação de
uma taxa de consolidação de 97% em estudo feito por Sarmiento et ai. fratura com placa para as fraturas da diálise da tíbia associadas a fraturas
A incidência de pseudoartrose variou de 0% a 13%. Sarm iento intra-articulares deslocadas do joelho e do tornozelo. Cuidados adicio-
estreitou suas indicações de cintas para fraturas fechadas e fraturas nais na fixação da fratura com placa e na redução indireta devem ser
expostas de baixa energia. Outros estudos resultaram em recomen- tomados quando se usarem placas em fraturas da diáfise estendida e a
dações para algum tipo de tratamento fechado. manipulação dos tecidos moles deve ser meticulosa.
Apesar de bons resultados funcionais sem deformidade terem Em um esforço para diminuir a frequência do retardo de conso-
sido relatados em mais de 95% dos pacientes, a imobilização necessá- lidação, pseudoartrose e infecção após fraturas da diáfise da tíbia, a
ria com tratamento fechado pode afetar de forma adversa o movi- fixação com placa percutânea foi desenvolvida para se obter uma
mento do tornozelo. A rigidez do tornozelo tem sido relatada em 20% fixação estável preservando o ambiente da fratura. Essa técnica envolve
a 30% de pacientes que tiveram tratamento fechado. A deformidade a fixação de qualquer fratura da fíbula associada com placa, pré-
angular de mais de 5 graus ocorre em 10% a 55% das fraturas tratadas dobrando uma placa de compressão dinâmica de 3,5 mm para combi-
com gesso ou cinta, e um encurtamento de pelo menos 12 mm a 14 nar com a anatomia tibial, e a colocação da placa e dos parafusos por
mm ocorre em 5% a 27% dos pacientes. As séries de Sarmiento de meio de pequenas incisões. As indicações atuais para a fixação da
fraturas cuidadosamente selecionadas tiveram os melhores resultados, fratura com placa percutânea são: ( 1) fratura da diálise da tíbia com
enquanto as séries com fraturas mais instáveis relataram resultados cominuição metafisária peria.rticular que impede o uso de hastes intra-
insuficientes. A perda de redução necessitando de tratamento cirúr- medulares bloqueadas, (2) danos nos tecidos moles de tal gravidade que
gico tem sido relatada em 2,4% a 9,3% dos pacientes em várias séries proíbam o uso das incisões-padrão e (3) fraturas da diálise abaixo dos
maiores. A redução anatômica e a imobilização rígida são altamente componentes da artroplastia do joelho. A fixação da fratura com placa
vantajosas para a consolidação de urna fratura; mas, geralmente, não percutânea é tecnican1ente desafiadora, e o mau alinhamento é mais
em risco de infecção e consolidação tardia. O método de tratamento frequente do que com os outros métodos de fixação.
fechado de sustentação de peso precoce muitas vezes acarreta com-
plicações menores que compensam uma taxa de consolidação previ-
sivelmente alta e sem grandes complicações. É um método aplicável PLACA DE COMPRESSÃO BLOQUEADA E
a muitos tipos de fraturas da diáfise da tíbia, mas exige uma boa dose FIXAÇÃO COM PARAFUSO BICORTICAL
de paciência e tempo por parte do médico e um paciente cooperativo.
Nós preferimos a redução fechada e o gesso para fraturas da tíbia de TÉCNICA
baixa energia estáveis, exceto para as fraturas bilaterais, lesões no
joelho flutuante, extensão intra-articular das fraturas e fraturas em (SYNTHES, PAOLI, PA)
que a redução inicial não é atingida ou se perde.
•Faça uma incisão longitudinal 1 cm lateral à crista da tíbia,
• FIXAÇÃO COM PLACA E PARAFUSO exponha a fratura e retraia os músculos lateralmente. Não
A fixação com placas tem sido recomendada para o tratamento das tire o periósteo circunferencialmente; subperiostea lmente,
fraturas da tíbia que são inadequadas para tratamento não cirúrgico. eleve somente tecido necessá rio para uma redução precisa
A redução aberta e a fixação da fratura com placa proporcionam da fratura.
uma fixação estável, permitem o movimento precoce do joelho e do •Determine o comprimento da placa e uti lize instrumentos
tornozelo e mantêm o comprimento e o alinhamento. A maior des- de flexão para o contorno anatômico da placa . Para as
vantagem da fixação da fratura com placa é que ela requer a remoção fraturas da diáfise da tíbia nas quais a fixação por placas
de tecidos moles, o que pode levar a complicações e infecção na possa ser usada, nós temos empregado mais comumente
cicatrização da ferida. Antes da década de 1960, a fixação de fraturas imp lantes de 3,5 mm para diminu ir a proeminência do
expostas e fechadas da tíbia com placa muitas vezes era complicada material de osteossíntese.
pelo retardo da consolidação e pela pseudoartrose, falha do implante, •Posicione a placa sobre o local da fratura e mantenha-a
descamação dos tecidos moles e infecção, principalmente se reali- temporariamente no lugar com uma pinça de redução
zada na l ª semana após a lesão. segurando a placa-padrão. Alternativamente, pinos de
O grupo AO, posteriormente, desenvolveu técnicas de fixação placa rosqueados podem ser usados para posicionar a placa
de fratura com placa de compressão e implantes que hoje permane- sobre o osso.
cem em uso. Bons resultados funcionais foram relatados em 98% • Use a broca de 2,5 mm e um guia para uma inserção excên-
das fraturas fechadas, que tiveram uma taxa de complicação de 6%; trica (compressão) ou neutra (contraforte) dos parafusos de
e 90% de bons resulta dos foram obtidos nas fraturas expostas, no cortical. Para a compressão dinâmica e a inserção excêntrica
entanto com urna taxa de complicação de 30%. Um aumento signi- de um parafuso de cortical, coloque a guia de perfuração
ficativo de complicações foi observado em fraturas de alta energia na borda da unidade da porção da compressão dinâmica do
progressivas que foram tratadas por RAFI e as complicações aumen- orifício da placa sem aplicação de pressão. Apertar os para-
taram de 9,5% para as fraturas de torção para 48,3% para as fraturas fusos corticais resulta em compressão dinâmica.
cominuídas. Da mesma forma, fo i observado o aumento das taxas • Anatom icamente, reduza e fixe a fratura com parafusos
de infecção de 2,1 % para as fraturas de torção para 10,3% para as interfragmentários, se necessário, antes de introdu zir
fraturas cominuídas. Além disso, a pseudoartrose foi duas vezes o primeiro parafuso de bloqueio. Após a inserção dos
mais comum; e a infecção, cinco vezes mais suscetível quando as parafusos de bloqueio, a compressão ou ajustes para a
fraturas expostas foram tratadas com placas.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

Rosca de bloqueio se
encaixam nas placas

Recesso StarDrive Perfi l de rosca cortical

D
OMll;§iL?m Placa de compressão de bloqueio de grande fragmento (LCP) . A, Placa tibial proximal de 4,5 mm . B, Seção de furos
rosqueados (A) para parafusos de bloqueio e seção de furos de unidade de compressão dinâmica (B) para parafusos convencionais.
C, Parafuso de bloqueio em seção rosqueada (C) e parafuso cortical na seção de compressão (D). D, Desenho do parafuso de bloqueio.
(De Large fragment locking compression plate: techn ique guide, Paoli, PA, 2003, Synthes.) VEJA A TÉCNICA 54-11.

redução já não são possíveis sem desengatar as roscas de


CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a fixação da fratura
bloqueio da placa. rígida tiver sido alcançada, o membro ferido pode ser
• Parafuse o guia de perfuração rosqueado adequado na imobilizado com uma tala para proteção dos tecidos
placa até que esta esteja totalmente encaixada. Use a moles com conversão precoce para uma cinta removível.
broca adequada para perfurar até a profundidade dese- A sustenta ção de peso protegida deve ser aplicada até
jada. Use o medidor de profundidade ou calibrações de que a consolidação radiográfica precoce seja percebida,
perfuração para determinar o comprimento do parafuso. o que acontece normalmente em um mínimo de 6
•Verifique a colocação sob intensificador de imagem semanas. Fraturas cominuídas seguras com uma moda-
•Insira o parafuso de bloqueio sob potência com o adap- lidade de fixação de fratura com placa de ponte podem
tador de limite de torque apropriado. O parafuso está exigir longos períodos de imobilização e sustentação de
bem travado à placa quando um clique audível for ouvido. peso protegida.
lllm) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

O!êtlhHeD A, Paci e nte com fratura mediaimente aberta da tíbia distal extra-articular e com fratura fibular. B e C, No momento
da aplicação de fixação externa uni planar, a estabilidade do plano coronal foi d ifícil de controlar e resultou em comprometimento dos
tecidos moles contínuos à estaca des locada metafisária tibial sobrejacente. Redução anatômica da tíbia e fixação interfragmentar de
parafuso interfragmentário como medida de contemporização para fornecer estabílídade como adjuvante ao fi xador externo.

• FIXAÇÃO COM PARAFUSOS


Os parafusos interfragmentários podem ser usados para a fixação
de fraturas longa oblíqua ou fraturas em espira l que se estendem até
a metáfise, embora essas fraturas sejam mais com um ente tratadas
usa ndo -se outros métodos. Esses parafusos interfragmentários uni -
formemente colocados são orientados perpendicularmente à fratura
e são colocados distalmente às extrem idades das fraturas estreitas.
Raramente é suficiente apenas a fixação com parafusos, mas essa
técnica pode ser útil para complementar a fixação externa de fratu-
ras expostas por meio da estabilização de grandes fragmentos em
asa de borboleta para um dos fragmentos principais. Além disso,
nós achamos essa técnica útil para as fraturas expostas com segmen-
tos periarticulares curtos que são difíceis de controlar com apenas
fixação externa antes da fixação definitiva (Fig. 54-26). Maus resul-
tados podem ser obtidos com a fixação interfragmentar completa de
fraturas da diáfise abertas neutrali zadas por fixação externa. Nós
preferimos não misturar esses dois sistemas, exceto nas fraturas
intra-a rticulares com extensão da diáfise, onde os parafusos são
colocados apenas na região periarticular.

• FIXAÇÃO INTRAMEDULAR
As hastes intramedulares bloqueadas, atualmente, são consideradas
o tratamento de escolha para a maioria das fraturas expostas e fecha-
das da diálise tibial do tipo I, tipo II e tipo lIIA (Fig. 54-27) e são
especialmente úteis para as fraturas segmentai e tibial bilateral. O!ri'h!J l?IJ,I Fratura exposta da tíbia estab il izada com haste
Busse et ai. consultaram cirurgiões de trauma ortopédico no que diz intramedular.
respeito ao manejo da frat ura da tíbia. Oitenta por cento preferiram
o tratamento ci rúrgico para as fraturas fechadas. A haste intrame-
dular preserva o envelope de tecidos mol es ao redor do local da aberta, deformidade anatômica, queimaduras ou cicatrização das
fratura e permite mobilização precoce das articulações adjacentes. feridas ao longo do portal de entrada, ou para a maioria das fraturas
A capacidade de bloquear as hastes proximalmente e distalmente expostas do tipo me.
fornece o co ntrole do comprimento, do alinhamento e da rotação Küntscher desenvolveu sua haste em forma de V na década de
em fraturas instáveis e permite a estabilização de fraturas localizadas 1930, mas apenas 50 anos mais tard e a haste intramedular rígida
abaixo do tub érculo tibial ou 3 cm a 4 cm proximais à articulação tornou-se um tratamento amplamente ace ito para as fraturas da
do tornozelo. A haste não é recomendada para os pacientes com fise di áfise da tíbia, com bons resultados em 98% das fraturas fechadas
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

e em 97,5% das fraturas expostas tratad as com hastes de Küntscher da ferida, as taxas de infecção foram relatadas em 1,8% nas fraturas da
retas não fresadas. Herzog modificou a haste de Küntscher reta para tíbia do tipo I, 3,8% nas do tipo II e 9,5% nas do tipo III (5,15% nas
acomodar o portal proximal excêntrico. Alguns autores propuseram do tipo IIIA e 12,5% nas do tipo IIIB) tratadas com hastes fresadas.
o alargamento do canal medular para melhorar o encaixe da haste Esses resultados são semelhantes aos resultados obtidos com as
e aumentar seu controle de rotação e força . Slatis e Rokkanen des- hastes tibiais bloqueadas não fresadas.
cobriram em suas séries que 50% das fraturas com hastes necessita- Keati ng et al. relatara m um estudo prospectivo randomizado
ram de gesso para co ntrolar a rotação. Dados biomecâni cos recentes comparando hastes de bloqueio fresadas com não fresadas em fr a-
sugerem melhoria substan cial na mobilidade do local da fratura turas expostas da tíbia. No geral, não houve diferença estatistica-
(30% a 59%) quando se aumenta o di âmetro de um impl ante de 9 mente significativa nos resultados do tratamento de fraturas expostas
mm para 11 mm. da tíbia com hastes fresadas e hastes não fresadas, exceto uma maior
Na década de 1970, Grosse e Kempf e Klemm e Schellmann incidência de fa lha do parafuso nas hastes não fresadas.
desenvolvera m hastes com parafusos de bloqueio qu e expandiram O utros pesquisadores ainda alertam contra as hastes fresadas em
as indicações para haste incluindo as fraturas instáveis mais proxi- fraturas expostas da tíbia, especialmente em fraturas expostas de alto
mais e distais. Os primeiros relatos de hastes bloqueadas inseridas grau, relatando uma ocorrência de 21% de infecção profunda nas fra-
com fresagem mostraram bons resultados (97% de taxa de consoli- turas de tipo I e tipo II tratadas com haste fresada. A gravidade da lesão
dação e 2,2% de taxa de complicação), especialmente nas fraturas dos tecidos moles e um desbridamento e uma cobertura de tecidos
fechadas. Ekeland et al. também relataram bons res ultados com moles adequados são mais importantes na prevenção de infecção do
hastes bloqueadas, mas advertiram da sua utilização no modo des- que o tipo de implante utilizado. Atualmente, a maioria dos traumato-
bloqueado dinâmico ou simples, observando que a maioria das com- logistas ortopédicos na América do Norte aceita a utilização de hastes
plicações em sua série ocorreu com hastes bloq ueadas din âmicas; fresadas em fraturas expostas do tipo I e tipo II; no entanto, o uso de
eles também não recomendaram dinamização de rotina. hastes fresadas em fraturas expostas do tipo III é controverso.
O sucesso do uso de hastes não fresadas em pacientes com fratu-
1 HASTES FRESADAS VERSUS NÃO FRESADAS ras expostas da tíbia tem levado alguns investigadores a recomendar
Estudos publicados em 1970 e 1980 rel ataram taxas de infecção ina- essa técnica para as fraturas fechadas também. As vantagens potenciais
ceitavelmente elevadas (13,6% a 33%) em pequenas séri es de fraturas da haste não fresada sobre a técnica fresada são menor tempo cirúrgico,
expostas de tíbia tratadas com haste fresada . Esses relatórios levaram menor perda de sangue e menos interrupção do fornecimento de
à conclusão de que a fresagem medular é contraindicada em fraturas sangue intraósseo nos pacientes com graves lesões fechadas dos tecidos
expostas da tíbia, especialmente as de Gustilo do tipo II e tipo III. Os moles. Ne nhuma diferença significativa fo i encontrada em termos de
estudos de fraturas expostas de tíbia tratadas com pinos de Ender não resultados e complicações entre as hastes fresadas e não fresadas
fresados e hastes Lottes durante o mesmo período de tempo relataram de fraturas da diálise tibial fechadas. No entanto, uma tendência para
taxas de infecção de 6% a 7%. Experiências em animais mostraram a melhoria da consolidação tem sido observada com a haste fresada.
que a inserção de hastes fresadas interrompe o fluxo de sangue cortical Em um estudo, os parafusos significativa mente falharam mais nas
em maior medida do que a inserção de hastes não fresadas, o que hastes não fresadas do qu e nas fresadas. Esses e outros estudos
possivelmente aumenta a suscetibilidade à infecção. Raramente, a fre- parecem indi car que a frat ura e as características dos tecidos moles
sagem pode estar associada a complicações catastróficas. Torniquetes são mais importantes na determinação do resultado da fratura do que
não devem ser usados qu ando a fresagem é realizada. Esses fatores a escolha do tratamento e a haste fresada é recomendada para a
levaram ao desenvolvimento de hastes intramedulares bloqueadas maioria das fraturas fechadas instáveis da diáfise tibial.
adequadas para a inserção não fresada. Uma recente metanálise mostrou uma taxa de pse udoartrose
Em nossa série de 50 hastes tibiais não fresadas em três fraturas menor com hastes intramedulares fres adas para lesões fechadas .
expostas do tipo I, 13 do tipo II e 34 do tipo III ( 11 do tipo IIIA e Além disso, os resultados de alguns estudos ilustram um possível
seis do tipo IIIB) , houve quatro infecções, todas nas fraturas do tip o benefício da fresagem quando comparada com os dispositivos não
III. Duas infecções ocorreram nas fraturas do tipo IIIB após falha fresados. Eles também apontaram que a reop eração atrasada por
de rotação inicial ou retalhos livres. Uma infecção em uma fratura pelo menos 6 meses pode dimin uir a necessidade de intervenções
exposta do tipo IIIA se desenvolveu em 10 meses, imediatamente secundárias para as fraturas da tíbia. Lefaivre et al. avaliaram os
após enxerto em um defeito ósseo. Todas as infecções se resolveram res ultados fun cionais de longo prazo (média de 14 anos) após o uso
sem osteomielite crônica. Essa série e estudos posteriores relataram de hastes tibiais intramedul ares. Eles encontraram resultados com-
consolidação em 96% a 100% das fraturas, infecção em 2% a 13%, paráveis aos da população normal, mas com algumas sequelas insig-
fa lha da haste em 0% a 6%, fa lha de parafuso em 6% a 41% e cirurgia nificantes ainda presentes.
secund ária para alcançar a consolidação em 35% a 48%.
A fa lha do material de osteossíntese, na maioria das vezes, está 1 HASTE INTRAMEDULAR EM FRATURAS DO TERÇO
associada a hastes menores (8 mm), fraturas axiais instáveis, fratu- PROXIMAL DA DIÁFISE DA TÍBIA
ras metafisárias, fraturas de tíbia bilaterais, consolidação retardada O entusiasmo com a haste bloqueada em fraturas da diálise da tíbia
ou pseudoartrose, fraturas expostas e cominuição grave. A fa lha da tem levado alguns cirurgiões a amp liar as indicações para incluir
haste pode exigir uma cirurgia adicional. Em um estudo, a falha mais fraturas proximais e distais. O mau alinhamento tornou-se um
ocorreu mais frequentemente no parafuso de bloqueio proximal problema comum nas fraturas do terço proximal tratadas com hastes
transversal qu ando um único parafuso foi usado. As fraturas no bloqueadas por causa da grande discrepâ ncia de tamanho entre a
terço distal da tíbia tiveram a maior frequência de quebra de haste. haste tibial e a largura da rnetáfise tibial. A angulação em valgo e o
Os problemas com retardo de consolidação e fa lha de mate- deslocamento anterior do fragmento proximal são as deformidades
rial de osteossíntese com os implantes menores usados em hastes mais comuns. A deformidade em valgo pode ser causada por um
não fresadas levaram alguns pesquisadores a voltar para o uso de portal que começa distal e mediaimente e é dirigido lateralmente.
hastes fresadas em fraturas expostas da tíbia. Com o uso de antibióticos Uma incisão parapatelar med ial e a invasão a partir da patela podem
perioperatórios e modernas técnicas de fe chamento na cicatrização causar um portal sendo diri gido des ta for ma.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

concluíram que a abordagem cirúrgica é viável. Novas investiga-


ções são necessárias para determinar as implicações funcionais a
longo prazo para a articulação patelofemoral.
Atualmente, nós utilizamos essa técnica para as fraturas do
terço proximal difíceis selecionadas com base em casos individuais.
Temos notado a sua utilidade para as fraturas distais nos pacientes
que são altos; flexioná-los sobre um reforço triangular para as téc-
nicas de haste tradicionais prejudica a restauração do comprimento,
pois os triângulos são muito curtos.

1 HASTE INTRAMEDULAR EM FRATURAS DA TÍBIA


DISTAL
O uso da haste intramedular em fraturas mais distais é possível,
mas a capacidade de manter uma redução mecanicamente estável
se torna mais difícil quanto mais distalm ente a fratura se estende.
Essa técnica não é apropriada para as fraturas do pilão com envol-
vimento artic ular significativo e causadas por um mecanismo de
carga axial. Robinson et al. iden tificaram dois padrões distintos de
fratura. Forças de flexão direta produziram fraturas transversais
simpl es e tibiais oblíquas com fraturas da fíbula do mesmo nível e
sem extensão intra-articular. As lesões dos tecidos moles foram
mais graves neste grupo. Fo rças de torção causaram fr aturas em
espiral, geralmente com frat uras da fíbula de níveis diferentes, e
quase a metade teve envolvimento intra-articular tanto do maléolo
'1E!I
A e B, Fratura da tíbia proximal tratada com
IUl.li:.i.:&.t.i;" medial quanto do posterior. O maléolo medial foi envolvido em
haste intramedular e placa lateral. 17% das fraturas de torção e parecia ser uma continu ação do
padrão espiral. O maléolo posterior foi fraturado em 32% das
lesões de torção e não parecia se comunicar com a fratura em
Em um estudo biomecânico, Henley et ai. descobriram que espiral. Nen huma fratura articular foi deslocada durante a coloca-
parafusos de medial para lateral em um plano podem permitir que ção da haste. É preciso também estar ciente do potencial de exten-
a haste desl ize sobre os parafusos. O ápice de angulação anterior ou são da fratura distal à sindesmose tibial ou de uma associada
o deslocamento anterior podem ser causados por um portal que patologia do tornozelo. Stuermer e Stuermer identificaram que, na
começa muito distalmente ou é dirigido muito posteriormente. presença de certos marcadores de lesão, ou seja, os mecanismos de
Henley et ai. também descobriram que uma haste com uma curva pronação-eversão, fraturas espirais, fraturas da fíbula proximal ou
proximal que é igual ou inferior ao local da fratura pode causar uma fíbu la intacta, foram diagnosticadas lesões associadas no tor-
translação anterior do fragmento proximal quando a haste forçar nozelo em 20,l % dos pacientes. Hou et al. encontraram uma in ci-
contra a cortical. Bloquear a haste proximal com o joelho flexionado dência mais elevada (9,7%) de fraturas maleolares posteriores
causa extensão do fragmento proximal devido à tração do tendão associadas do que se pensava anteri ormente. Curiosamente, apenas
patelar. O refinamento da técnica, que incluiu um a colocação mais nove das fraturas maleolares posteriores foram percebidas na
precisa do portal de entrada e a utilização de alguma form a de radiografia pré-operatória. Como resultado, os autores defende-
fixação suplementar, tais como parafusos de bloqueio, placas uni- ram a TC de rotina quando não houver preocupação com o envol-
corticais (Fig. 54-28) e fixação externa medial de dois pinos, reduziu vimento maleolar posterior.
muito a frequência desta complicação. Dois parafusos de bloqueio distal são necessários para evitar
Algumas fraturas do terço proximal da tíbia podem ser mais a deformidade recurvada de rotação em torno de um único para-
tratadas por out ros métodos. Bono et al. desenvolveram um algo- fuso de fixação distal. Parafusos interfragmentários espo nj osos são
ritmo que é útil na tomada de decisão em relação ao tratamento usados para estabilizar as fraturas maleolares medial e posterior.
(Fig. 54-29). Tornetta et al. descreveram uma técnica de haste com A redução aberta é feita se houver deslocamento intra-articular.
o joelho em uma posição semiestend ida com um a artrotomia para- A fíbula é revestida apenas se isto for necessário para a estabilidade
patelar medial para mitigar a deformidade da extensão do frag- da articulação do tornozelo ou se ela estiver gravemente deslocada.
mento proximal. Mais tarde, a técnica foi revista para incluir uma Apesar de a tese não ser defendida por Robinson et ai., algu ns
incisão superomedial menor, que foi fac ilitada pela disponibili- pesq uisadores acred itam que a fixação de fraturas da fíbula do
dade de uma nova instrumentação que permite essa aplicação de mesmo nível com placa ajuda a prevenir o mau alinhamento em
uma maneira mais percutânea. As investigações estão em curso no fraturas da tíbia distal tratadas com haste intramedular. Nós anali-
que diz respeito ao efeito dessa técnica na articulação patelofemo- samos a influência das fraturas da fíbula na manutenção do alinha-
ral. Uma taxa de lesão artic ular na tróclea de 22% foi relatada em mento em 40 fraturas do quarto distal da tíbia tratadas com haste
um estudo após o uso da haste semiestendida; no entanto, os intramedular bloqueada. Cinco fraturas de tíbia com fíbulas intactas
pacientes estavam no início da série e os resultados foram atribu- e quatro frat uras com fixação da fíbula cicatrizaram todas em ali -
ídos a erros na técnica. Em um a investigação recente em cadáver, nhamento anatômico. Todas as 11 fraturas da fíbula não fixadas
as pressões de contato patelofemoral foram examinadas e conside - localizadas em níveis diferentes em relação à fratura da tíbia estavam
radas mais elevadas no portal suprapatelar em comparação com as em ali nhamento anatômico, enquanto 12 (60%) das 20 fraturas da
abordagens tradicionais. Os autores acharam que a pressão exer- fí bula não fixadas que ocorreram no mesmo nível qu e a fratura
cida foi inferior à necessária para a lesão da cartilagem e, portanto, da tíbia estavam mal alinhadas. Esse estudo sugere que a fixação
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES faDlll
Fratura da tíbia proximal

Lesão mínima dos tecidos moles Lesão grave dos tecidos moles

Fratura exposta, Fratura fechada,


síndrome compartimentai, sem condição de
reparo vascular ameaça para o membro

Fragmento
proximal longo Estabilização Estabilização
de emergência de emergência

Perda de Fixação externa Haste intramedular


redução (preferencialmente) (preferencial) Fragmento Fragmento Fragmento
ou fixação ou fixação externa ou proximal curto proximal longo proximal curto
com placas fixação com placa

Fixador Se intacto para Curativo grande,


externo de haste portal, tala e observação
estabilização fixação externa ou ou fixador externo
haste intramedular de estabilização
imediata (para fraturas
muito instáveis)
Tecidos moles
cicatrizados,
osso coberto

Fixação externa Inchaço diminuído,


ou fixação com -------------1 bolhas
placa ou fixação resolvidas
unilateral composta

li@il;f4L?m Algoritmo de tratamento para fraturas da tíbia proximal com lesão mínima ou grave dos tecidos moles. (De Bono CM,
Levine RG , Rao JP, Behrens FF: Nonarticular proximal tibia fractures: treatment options and decision making, J Am Acad Orthop Surg 9: 176, 2001.)

interna de algumas fraturas da fíbula melhora a estabilidade em fra- seis por cento dos pacientes têm algum grau de dor crônica no
turas do quarto distal da tíbi a tratadas com hastes intramedulares. joelho. A causa dessa dor no joelho ainda é incerta. Os prováveis
Taxas globais de consolidação de 96% têm sido relatadas após o fatores contribuintes são os pacientes jovens mais ativos, proemi-
uso de haste fresada em fratura da tíbia distal. Um estudo biomecânica nência da haste acima da cortical tibial proximal, rasgo meniscal,
determinou que a força de fixação conseguida nas fraturas de 4 cm a lesão articular não recon hecida, aumento da pressão de contato na
partir da articulação com uma haste encurtada (1 cm removido) foi articulação patelofernoral, danos ao nervo infrapatelar e formação
comparável à das hastes intramedulares-padrão de 5 cm nas fraturas a de cicatri z induzida cirurgicamente.
partir da articulação. Eles alertaram, no entanto, que em nenhuma Alguns autores têm sugerido que uma abordagem transpate-
co nstrução a fixação era forte o suficiente para resistir a cargas de flexão- lar está assoc iad a às dores anteriores no joelho mais frequente-
compressão moderadas e que os pacientes com fratura da tíbia distal m ente do que uma abordagem paratendinosa medial, embora
tratados com hastes intramedulares deve m seguir as restrições de sus- outros discordem . As inves tigações mostraram que não houve
tentação de peso até uma significativa consolidação da fratura ocorrer diferença na dor ante ri or no joelho se uma abordagem cirúrgica
para se evitar o mau alinhamento do plano coronal. É evidente que a transte ndinosa ou paratendinosa foi reali zada. A dor anterior no
fixação de fraturas da tíbia distal por haste intramedular seja um desafio. joelho melhora com o tempo, mas a fraqueza do quadríceps e os
Os projetos de implantes mais novos com conjuntos de parafusos mais baixos pontos funcionais do joelho se correlacionaram com a dor
distais e bloqueados têm facilitado o tratamento dessas lesões sem a no joelho a longo prazo.
necessidade de modificação do implante.
1 HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA
1 DOR ANTERIOR NO JOELHO APÓS HASTE Atualmente, uma vari edade de hastes tibiais bloqueadas está dispo-
INTRAMEDULAR nível. A maioria pode ser inserida usando-se uma técnica fresada
A dor anterior no joelho é a complicação mais cornurnente relatada ou não fresada. Há diferenças na composição da haste (aço inoxidá-
após a colocação de urna haste intramedular da tíbia. Cinquenta e vel, titânio) e na localização da curva proximal. Algumas hastes têm
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM ADULTOS

parafusos de bloqueio direcionados de medial para lateral e outras


têm orifíc ios de parafu sos adicion ais proxirnais oblíquos e furos
de parafuso distal anteroposterior. As hastes com mais parafusos de
bloqueio dista l colocadas dista lrnente melhoram a capacid ade
de tratar as fraturas de tíbia muito distais. O cirurgião deve es tar
familiarizado com os pontos fortes e as limitações dos diversos sis-
temas de haste para escolher o implante adequado para um a fratura
específica. As fraturas estáveis do istmo (transversais e as fraturas
não cominuídas oblíquas curtas) podem ser tratadas sem parafusos
de bloqueio. As fraturas proximais ao istmo exigem dois parafusos de
bloqueio proxirnais e as fraturas mais distais devem ser bloqueadas O!êJlhffie:E!I O paciente é posicionado em decúbito dorsa l e
com dois parafusos distais. Todas as fraturas instáveis devem ser a tração é ap li cada por meio do pino de tração do calcâneo ou
bloqueadas com dois parafusos dista lmente e dois proximalmente suporte especia l de pé. VEJA A TÉCNICA 54-12.
para manter o comprimento e impedir a rotação. Rotineiramente,
nós bloqueamos estaticamente a maioria das fraturas. Uma guia de
perfu ração proximal permite a inserção precisa da haste e a coloca-
ção de parafusos proximais e os proj etos atuais já permitem a fi xação nos tecidos moles e a inserção da haste não fresada para as fraturas
intramedular das fraturas da diáfise da tíbia, incluindo as fraturas com lesões mais extensas nos tecidos moles.
gravemente cominuídas ou segmentares. A colocação da haste pode ser feita utilizando-se um a mesa de
Planejamento pré-operatório. As radiografias pré-operatórias da fratura ou uma mesa radiotransparente-padrão de cirurgia. Urna
tíbia não lesionada podem ser usadas para estab elecer o diâmetro mesa de fratura pode ser preferível se não houver um assistente
adequado das hastes, a qu antidade esperada de fresagem e o com- especializado disponível ou se a fratura não recebeu haste de modo
primento da haste final para fraturas corninuídas graves. (Modelos preciso. As desvantagens de urna mesa cirúrgica são o tempo mais
radiográficos estão disponíveis para o planejamento pré-operatório.) longo necessário para o posicionamento do paciente, o aumento do
O comprimento da haste deve perm itir que a extremidade proximal risco de lesão do nervo a partir da tração ou pressão sobre o poste-
seja precipitada com a extremidade distal centrada na epífise distal. rior da coxa a parti r da barra e a possibilidade de elevação da pressão
As fraturas da diáfise devem ser um po uco distraídas com tração do compartimento com tração prolongada. Lesões múltiplas são
antes de receberem a haste medul ar anteróg rada fechada . mais fac ilmente tra tadas em uma mesa cirúrgica-padrão. Outras
Mais impactação ocorre ocasionalmente quando as fraturas vantagens da mesa cirúrgica-padrão incluem menor risco de lesão
grave mente cominuídas são posteriormente dinamizadas. Esse risco nervosa iatrogênica e maior flexibilidade na manipulação do local
deve ser considerado durante a seleção do comprimento da haste da fratura e na mudança de posição da extremidade conforme
para evitar a migração da haste mais tarde na protrusão de tornozelo necessário. Sem tração esqu eléti ca, no entanto, a redução da fratura
ou haste fora da tíbia proximal. é mais difícil de se manter, e um ass istente é necessário para ajudar
A medi ção é especialmente importante para os pacientes com a estabilizar o membro.
muita ou pouca estatura, que podem exigir uma haste mais longa
ou mais curta das qu e são comumente mantidas em estoque. Colen
e Prieskorn descobr iram que o modo mais preciso para determinar
o comprimento correto da haste dos quatro métodos testados HASTE INTRAMEDULAR EM FRATURAS
(escanograrnas de comprimento compl eto, spotograms, sobreposi- DA DIÁFISE DA TÍBIA
ções de molde de acrílico e distância rnaléolo medial-tub érculo
tibial [TMD]) foi o que se baseia na TMD. A TMD é determinada TÉCNICA
pela medição do comprimento entre os pontos mais elevados (mais ......
proeminentes) no rnaléolo medial e no tubérculo da tíbia . Onze das MESA DE FRATURA
14 hastes selecion adas pelo esca nograma eram inco rretas, se is • Se uma mesa de fratura for usada, coloque um pino de
das 14 selecionadas por spotograms eram também incorretas e 14 das tra ção do calcâneo antes de posicionar. Coloque o
14 selecionadas pelos moldes eram muito pequenas. O método pela paciente em decúbito dorsal com o quadri l fl exionado a
TMD selecionou corretam ente 10 dos 14 comprimentos de haste. 45 graus e o joelho fl exionado a 90 graus (Fig. 54-30).
Os autores sugeriram que usar a TMD como referência é um método •Coloque uma barra proximal bem almofadada para a
fácil, barato e preciso de determin ação pré-operatória do compri- fossa poplítea para apoiar a coxa na posição flexionada.
mento correto da has te. O diâmetro da has te é avaliado por medição Almofadar adequadamente deve reduzir o risco de neu-
da tíbia no seu ponto mais estreito, o qu e é mais bem avaliado nas ropatia de comp ressão.
radiog rafias laterais. • Anexe o pino do ca lcâneo ao aparelho de tração na mesa
A decisão para inserir a haste com ou sem fresagem deve ser de fratura, ap lique tração e reduza a fratura sob orienta-
feita no pré-operatório. "Fresada" e "não fresada" referem-se à técn ica, ção flu oroscópica.
em vez de aos implantes. A inserção da haste não fresada geralm en te •Para diminuir o risco de lesão por tração às estruturas
requ er hastes com diâmetros que var iam de 8 mm a 10 mm, depen - neurológicas, li bere a tração após a redu ção da fratura
dendo do di âmetro do canal, e ela não pode ser usada em pacientes ter sido confirmada.
com canais medulares mais estreitos do qu e 8 mm. A fresagem •Prepare e arme o membro, permitindo a exposição com -
perm ite a inserção de implantes mais fortes com diâmetros maiores. pleta do joelho acima da patela e acesso suficient e para
Embora a qu estão da fresagem seja um assunto de debate conside- a t íbia dista l para a colocação do parafu so de bloqueio.
rável, a maioria dos traumatologistas recomenda a inserção da haste Rea pl ique tração após o portal de entrada ser feito.
fresada para as fraturas expostas ou fechadas com menores lesões
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES fl!m
MESA CIRÚRGICA-PADRÃO
•Se uma mesa cirúrgica-padrão for utilizada, coloque o
paciente em decúbito dorsal com a coxa apoiada em uma
posição de flexão sobre um reforço acolchoado.
•Um assistente qualificado é necessário para ajudar na
redução da fratura e ajudar a apoiar o membro durante
o procedimento.
•Um distrator femoral ou fixador externo de dois pinos
pode ser usado para ajudar a manter a redução. Coloque
um pino de Schanz 1 cm distal à articulação do joelho e
coloque um segundo pino 1 cm proximal à articulação do
tornozelo. O pino proxima l deve ser colocado na porção
posterior do côndilo tibial para evitar o caminho da haste.

MEDIÇÃO DA ROTAÇÃO
•Antes de colocar a haste, meça a rotação segundo o
método descrito por Clementz. Meça a quantidade de
torção tibial na extrem id ade não lesionada com o joelho
iitijll;ffleEI Abe rtura do cana l med ul ar com furador curvo.
VEJA A TÉCNICA 54-12.
completamente estendido e um intensificador de imagem
de braço em C colocado na posição lateral com o feixe
paralelo ao chão . uma visão anteroposterior verdadeira da tíbia ao avaliar o
• Rotacione a perna até que uma visão lateral perfeita do fêmur posicionamento do fio guia . Se o membro estiver rotacio-
distal seja obtida com os côndi los exatamente sobrepostos. nado externamente, o portal pode ser colocado muito
Segure o joelho e o pé nesta posição enquanto o braço em mediaimente e violar o planalto tibial, além de feri r o liga-
C é levado para a posição anteroposterior com a viga perpen- mento intermeniscal. Um porta l colocado muito distalmente
dicular ao chão para uma imagem do tornozelo. pode danificar a inserção do tendão patelar ou fazer com
•Rotacione o braço em C até que uma imagem tangencial que a haste entre na tíbia em um ângulo muito íngreme, o
da superfície interior do maléolo medial seja vista. Essa é que pode dividir a tíbia ou fazer com que a haste penetre
a linha de referência no tornozelo . na cortical posterior. Verifique o processo de inserção sob
•Incline o feixe cranialmente em 5 graus para obter uma visões fluoroscópicas laterais. A zona de segurança para a
melhor imagem do tornozelo. Centralize os fixadores colocação da haste tibial está apenas medial à espinha tibial
externos a serem examinados no campo radiográfico. lateral na visão anteroposterior e imediatamente adjacente
•A quantidade de torção tibial é igual à diferença entre a e anterior à superfície articular na visão lateral.
linha de referência no tornozelo e uma linha perpendicular •Dirija o fio guia quase perpend icu lar à diáfise quando ele
ao chão. Se a visão tangencial do maléolo medial for obtida penetrar primeiro a cortical, mas gradualmente traga-o
com o braço em C rotacionado lateralmente em 1O graus para baixo, para uma posição mais paralela à diáfise, assim
a partir de perpendicular, a torção tibial é de 1O graus. que for inserido mais profundamente para evitar a violação
•Como alternativa, obtenha o alinhamento rotacional al i- da cortical posterior. Uma vez que uma trajetória adequada
nhando a crista ilíaca, a patela e o segundo raio do pé. do fio guia provisório foi alcançada, o portal de entrada é
•Muita atenção à técnica cirúrg ica pode diminuir conside- criado usando-se o fresador de entrada canu lado com a
ravelmente o risco de complicações após a colocação da harmonização da cânu la de proteção dos tecidos moles.
haste tibial. Alternativamente, o portal de partida pode ser iniciado por
meio da utilização de um furador curvo canu lado.
COLOCAÇÃO DA HASTE • Insira um fio guia com ponta de esfera através do portal de
• Inicie o portal de entrada fazendo uma incisão de 3 cm entrada no canal tibial e passe-o sob orientação fluoroscó-
ao longo da borda media l do tendão patelar que se pica através do local da fratura dentro da tíbia (Fig. 54-32).
estende desde o tubérculo tibia l em uma direção proxi- A haste guia deve ser centra lizada dentro do fragmento
mal. Isso pode ser necessário para estender a incisão mais distal sob visões anteroposterior e lateral e avançada para
proximalmente através da pele e do tecido subcutâneo dentro 0,5 cm a 1 cm da articulação do tornozelo.
apenas para proteger os tecidos moles em torno do • Se uma técnica fresada for escolhida, frese o canal em
joelho durante a fresagem e a inserção da haste. incrementos de 0,5 mm começando com um fresador
•Insira anteriormente um fio guia de ponta rosqueada menor do que o diâmetro medido do canal tibial (Fig.
através da metáfise para ganhar acesso ao canal medular 54-33). Frese com o joelho em flexão para evitar a fresagem
(Fig. 54-31 ). Com uma cânula adequada para tecidos excessiva da cortical anterior. Segure a fratura reduzida
moles, avance o fio guia ao portal de partida correto durante a fresagem para diminuir o risco de fragmentação
como observado em imagens multiplanares. Isso normal- iatrogênica. Impeça a haste guia de ser parcialmente retirada
mente está loca li zado ao longo da encosta med ial da durante a fresagem. Nós preferimos a fresagem "mínima"
eminência tibial lateral na visão anteroposterior e logo com não mais de que 2 mm de fresagem após o contato
anterior à margem articular na imagem latera l. cortical ("chatter") ser iniciado pela primeira vez.
•Confirme a posição correta nas visões fluoroscópicas ante- •Escolha um diâmetro de haste que seja 1 mm a 1,5 mm
roposterior e lateral antes da inserção do fio guia . Obtenha menor do que o último fresador usado. Frese um local de )
ED> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

•O diâmetro do canal também pode ser medido por radio-


grafia, mas isso é menos preciso. Nunca insira uma haste
com um diâmetro maior do que o do canal. Também é
importante não diminuir o tamanho da haste, pois uma
haste folgada seria menos estável e os implantes menores
não são tão fortes e podem estar mais propensos às
fa lhas de material de sín tese. Em geral, o maior implante
adequado para um determinado paciente deve ser usado.
•Quando a fresagem estiver completada, determine o com-
primento da haste usando o sistema específico de medição
de profundidade para determinar com precisão o compri-
mento do implante necessário. Alternativamente, coloque a
ponta de um fio guia de mesmo comprimento na borda
mais distal do portal de entrada. Subtraia o comprimento
das porções sobrepostas da haste guia de todo o compri-
mento da haste guia para determinar o comprimento da
haste, garantindo que a fratu ra seja mantida fo ra do com-
primento durante essa medição. As fraturas cominuídas
podem exigir medição rad iog ráfica pré-operatória da tíbia
contralateral para se avaliar o comprim ento corretamente.
• Conecte o dispositivo de inserção e o guia do parafuso de
O[êjii;Mm!a Redu ção de fratura com haste-guia . VEJA A
bloqueio proximal à haste. Direcione o ápice da curva
TÉCNICA 54-12.
proximal na haste posteriormente. A lguns sistemas de
haste usam parafusos de bloqueio oblíquos proximais, que
são direcionados de anteromed ial para posterolateral e de
anterolatera l para posteromedia l. Insira a haste com o
joelho em flexão (exceto em algumas fraturas do terço
proximal) para evitar impacto sobre a patela. Avalie o ali-
nhamento rotacional pelos alinhamentos da crista ilíaca, da
patela e do seg undo raio do pé. Não deve ser necessá ri a
mu ita força para inseri r a haste. Uma pressão manual
moderada com um movimento de vaivém de torção suave
'' geralmente é suficiente para a inserção da haste. Se um
'' martelo for usado, a haste deve avançar com cada golpe.
'' Se a haste não avança r, retire-a e faça mais fresagem ou
''
'' insira uma haste de diâmetro menor. É importante manter
' ' _,
' a fratura bem alinhada durante a inserção da haste para
'' evitar a fragm enta ção iatrogênica e o mau alinhamento.
''
' ' ', • Quando a hast e ti ver passado bem para o fragmento
distal, remova o fio guia para evitar um encarceramento;
e durante o assentamento final da haste, libere a tração
para permitir a compactação da fratura. Não encurte as
l?D
• ..i' Alargamento de tíbia em incrementos de 0,5 fraturas excessivamente com cominu ição segmentar.
mm usando-se alargadores com cânulas sobre a haste guía . VEJA Quando a haste estiver totalmente inserida, a extremi-
A TÉCNICA 54-12. dade proximal deve situar-se 0,5 cm a 1 cm aba ixo da
abertura cortical do portal de entrada. Essa posição é mais
bem vista sob visão fluoroscópica lateral. Se a haste se
entrada suficie ntemente grande para aceitar o diâmetro projetar muito proximamente, dores no joelho e dificul-
)
proximal da haste escolhida. É importante nunca fresar dades podem ser o resultado. O reba ixamento excessivo
com o torniquete inflado, pois isso pode levar à necrose também deve se r evitado, pois faz a remoção da haste
térm ica do osso e tecidos moles, especialmente nos ind i- ser mais difícil. A ponta distal da haste deve situar-se 0,5
víduos com canais medulares de diâmetro pequeno. cm a 2 cm a partir do osso subcond ral da articulação do
• Se uma t écn ica não fresada for escolhida, frese apenas o tornozelo. As fraturas distais exigem a inserção da haste
osso esponjoso do portal de entrada para acomodar a perto da extremidade mais distal desta faixa.
porção proxima l da haste. O diâmetro do cana l pode ser • Insira parafusos de bloqueio proximal usando uma giga
determ inado nas fraturas expostas após o desbridamento anexada ao dispositivo de inserção da haste. Coloque a
passando sons de diferentes volumes através do local da cânula de perfuração por meio de uma pequena incisão
fratura e através do istmo. aba ixo do osso. Meça o comprimento do parafuso a partir
• Alternativamente, as fresas flexíveis podem ser empurradas das calibrações na broca. O número de parafusos de blo-
manualmente, sem energia, através do portal de entrada e queio depende das características da fratura. Aperte todas
através do istmo. A maior fresa que puder ser inserida sem as conexões entre o dispositivo de inserção, o gu ia de
força excessiva corresponde ao diâmetro correto da haste. perfuração e as hastes antes da inserção do parafuso.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEM BROS INFERI ORES

•Execute o bloqueio distal usando uma técnica de mão • Para preven ir valgo, inicie o portal de entrada em linha com
livre depois que "círcu los perfeitos" forem obtidos por a eminência intercondilar latera l e centralize-a no canal
flu oroscopia . Na posição lateral, ajuste o fe ixe fluoroscó- medu lar na imagem fluoroscópica anteroposterior. Uma
pico até que seja direcionado diretamente através dos incisão latera l ao tendão patelar pode ser utilizada.
orifícios dos parafusos dist ais e os furos pareçam perfei- • Para evitar a angulação anterior e o deslocamento, mova o
tamente redondos. portal mais proximalmente e posteriormente e dirija-o mais
• Coloque uma broca por meio de uma incisão pequena verticalmente em uma linha mais paralela com a cortical tibial
cobrindo o furo e centralize a ponta no furo. Tome cuidado anteri or. Bloquear a haste proximalmente com o joelho esten-
para não mover a localização da ponta, trazer a broca em dido relaxa a tração do tendão patelar e impede a angulação
linha com o feixe de fluoroscopia e perfurar através da cortical anterior. No entanto, muitos sistemas de hastes exigem a
(medial) próxima. Retire a broca do bit e verifique sua posição remoção da guia da giga de inserção para se estender o
com fluoroscopia para garantir que ela esteja passando joelho para evitar o impacto sobre os tecidos moles.
através do orifício do parafuso. Quando a posição correta for • Tornetta et ai. recomendaram a colocação da haste de fratu -
confirmada, dirija a broca através da cortical (lateral) distal. ras do terço proximal da tíbia em uma posição semiestendida
• Meça o comprimento do parafuso usando cânulas de perfu- (15 graus de flexão) usando-se dois terços de uma artrotomia
ração e brocas ca libradas ou verifique isto sob visão antero- parapatelar medial para retrair a patela lateralmente. Essa
posterior na tela fluoroscópica usando o diâmetro conhecido técnica evita que a patela faça o portal ser angulado de
da haste como uma referência para o comprimento. medial para lateral e permite que o bloqueio proximal seja
•Após a inserção do pa rafuso, obten ha uma imagem latera l realizado com o joelho estendido. Usar uma haste com uma
para se asseg urar de que os parafu sos foram inseridos curva localizada mais proximalmente diminui o risco de des-
através dos furos dos parafusos. Na maioria das fraturas, locamento anterior do fragmento proximal. Uma haste com
parafusos de bloqueio proximal orientada obliquamente em
dois parafusos de bloqueio dista l são utilizados.
90 graus um ao outro oferece mais resistência à angulação
• Alguns sistemas de hastes of erecem a opção de coloca-
varo-valgo do que parafusos medial-a-lateral de um plano.
ção de pa rafu sos de bloqueio distal anteroposterior. "Cír-
• Em co ntraste com as fraturas da diáfise, a haste não reduz
culos perfeitos" são obtidos na visão fluoroscóp ica
"automaticamente" a fratura, pois ela é inserid a através
anteroposterior. Não lesion e o tendão tibial anterior, o
da metáfise da tíbia larga. A redução precisa da fratura
extensor longo do hálux ou as estruturas neurovascu lares
antes da inserção da haste ajuda a diminu ir o risco de
próximas. A atenção meticulosa à t écnica pode minimizar
mau alinhamento . A redução pode ser rea liza da usando-
as comp licações do bloqueio dist al antero posterior. A pro-
se um distratar AO med iaim ente ou por meio de uma
teção cuidadosa dos tecidos moles e ambas as retrações
redução aberta lim itada e ap licação de uma placa unicor-
durante a perfuração e a inserção do parafuso são fun-
tica l, como descrito por Benirschke et ai. Essa t écnica
damentais para evitar lesões de tecidos moles ou amar-
pode ser particu larmente útil em fraturas expostas.
ração assim qu e a cabeça do parafuso engata-se na
•Aval ie a estab ilidade da fratura após a cirurgia. Se a
cortica l tibia l anterior. Uma luva de perfuração pode ser
fratu ra for tão proxima l que apenas um parafuso de
va liosa para a proteção dos t ecidos moles associados
bloqueio proximal possa ser colocado, considere os
du rante essa parte do procedimento.
métodos alternativos de fixação.
•Antes do bloqueio, inspecione o local da fratu ra para uma
•Se houver instabil idade, use um fi xado r externo medial
possível tração. Se a fratura estiver com distração, coloque de dois pinos para aumentar a estabi li dade durante as
os parafusos de bloqueio dist al primeiro. Alguns implan- fases iniciais de cicatrização.
tes intramedulares têm agora a ca pacidade de fornecer •O mau alinhamento também pode ser imped ido por meio
compressão axia l para pad rões de fratura devidamente de pa rafusos de bloqueio tal como descrito por Krettek
selecionados durante o processo de colocação da haste. et ai. Corrija a deformidade e insi ra parafusos de bloqueio
•Depo is que o bloqueio distal estiver comp leto, impacte de anterior para posterior no lado côncavo da deform i-
a fratura dirigindo com cu idado a hast e para trás enquanto dade. Os parafusos reduzem eficazmente o diâmetro da
observa o loca l da fratura sob fluoroscopia. Mantenha metáfise e f isicamente bloqueiam a haste, impedindo a
o joelho fl exionado até que os instrumentos de inserção angu lação. Use parafusos de bloqueio para evitar o mau
da haste sej am rem ovidos para evitar danos aos tecidos alinh amento nas fraturas metafisárias distais (Fi g. 54-34).
moles ao redor da patela.
•A maioria das hastes é est aticamente bloqueada. Fraturas CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente, in icialmente,
transversais da diáfise minimamente cominu ídas podem é colocado em uma tala removíve l e os exercícios precoces
ser bloqueadas de forma dinâmica; no entanto, as fratu- de am plitude de movimento são iniciados. Pacientes não
ra s metafisárias com inuídas devem ser estaticamente blo- colaboradores ou pacientes com fixação de fraturas inst á-
queadas. Se houver qualquer dúvida sobre a estabi lidade, veis são colocados em uma cinta de sustentação do tendão
real ize o bloqueio estático. Devido a haste não poder patelar ou órtese até que uma suficiente consolidação
im pedir o mau alinh amento de fraturas instáveis antes de ocorra para garantir a estab ilidade. Padrões de fraturas
ser bloqueada, é crucial manter uma redução precisa até estáveis no plano axia l (ou seja , diafisária transversal)
que os bloqueios proxim al e distal estejam completos. podem permitir a sustentação de peso sem restrições. A
•Modificações na técnica diminuíram a incidência de mau sustentação de peso é restrita até que o calo precoce
alinhamento em fraturas do terço proxima l. A redução ocorra (4 a 6 semanas) e depois é progredida con -
pod e ser manipulada mais livremente se a hast e nã o for forme tolerado nas fraturas se m estab ilidad e ax ial e
feita sob re uma mesa de fratu ra. naquelas que estão na articulação proximal ou metafisária )
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

inicial (tiro de espingarda, lesões por esmagamento) for uma preo-


cupação. A fixação externa pode também ser usada no tratamento
tardio de fraturas com perda de massa óssea tanto por meio de
fornecimento de estab ili zação ao enxerto ósseo autógeno quanto por
meio da cr iação de osso regenerado com fixadores de fios circulares.
Os fixadores externos também são preferíveis em pacientes com
canais medulares muito pequenos, fraturas associadas a queimadu-
ras ou incisões ao lon go do portal de entrada da haste tibial, fraturas
expostas que receb eram tratamento tardio (> 24 horas), fraturas
gravemente contaminadas, fraturas com lesão vascu lar em que o
salvamento pode ser questionável, ferimentos de guerra e em alguns
pacientes com trauma de sistemas múltiplos em que a perda de
sangue deve ser mantida a um mínimo (Testemunhas de Jeová).
A fixação externa pode ser indicada para os pacientes com
fraturas fechadas instáveis, fraturas complicadas pela síndrome
compartimentai, fraturas da diáfise com extensão periarticular, fra-
turas segmentares com um componente periarticular e ferimentos
na cabeça ou sensib ilidade prejudicada. Os fixadores podem ser
usados para abranger as articulações para a fixação temporária antes
da redução aberta definitiva ou para adicionar estabilidade à placa
instável ou construções de haste intramedular, principalmente nos
pacientes com fratura do terço proximal da tíbia.
A cicatrização inicial da fratura, especialmente de uma fratura
exposta cominuída, depende do fornecimento de sangue a partir dos
tecidos moles adjacentes. A fratura e a estabilidade dos tecidos moles
devem ser mantidas para permitir a continuação do crescimento
O[dii;He:ID O mau alinhamento após a colocação de hastes capil ar nas áreas lesadas. Se a fixação externa for utili zada para as
intramedulares pode ser evitado por meio da utilização de para-
fraturas expostas da tíbia, deve ser considerada a fixação temporária
fusos de bloqueio somados aos parafusos de aperto convencio-
do pé para eliminar o movimento do tornozelo e dos tecidos moles
na is. VEJA A TÉCNICA 54-12.
no local da fratura. Se a fixação do pé não for importante para a
estabilidade da fratura, ela é removida quando os tecidos moles esti-
distal. A remoção da haste não é rotineiramente neces- verem cicatrizados e o movimento do tornozelo for incentivado.
)
sária, mas pode ser necessária para aliviar a dor nos A quantidade de rigidez que fornece a condição mais favorável para
pacientes com material de osteossíntese proeminente. A a consolidação de fraturas em wn fixador externo é desconhecida. As
remoção da haste geralmente é adiada por 12 a 18 meses armações mais rígidas são as preferidas inicialmente dmante a fase de
após a lesão, quando todas as linhas de fratura estiverem cicatrização do tecido mole e, geralmente, têm menos problemas no local
obliteradas e houver remodelação cortical comp leta. do pino. As fraturas com maior instabilidade inerente exigem armações
mais rígidas do que os padrões de fratura mais estáveis. Há evidências de
que graduaLnente desestabilizar o fixador externo a fim de permitir mais
• FIXAÇÃO EXTERNA sustentação de peso pelo osso estimula a cicatrização da fratma. A deses-
A fixação externa é uma ferramenta útil e versátil no tratamento de tabilização, geralmente, inclui converter a armação de uma construção
fraturas da tíbia. Três tipos distintos de fixadores são comumente estática a uma construção dinâmica soltando os grampos de pino para a
usados: fixadores tubo a tubo, fixadores de fios e anéis, fixadores barra de Lm1 lado da fratura. A compressão axial é permitida enquanto se
híbridos que combin am pinos e fios. Embora comumente usados mantêm os alinhamentos angular e rotacional. As armações também
no passado, os pinos de fixação atualmente são utilizados princi- podem ser feitas menos rígidas aumentando-se a distância entre a barra
palmente no calcâneo ou como parte de um fixador de dois pinos. e o osso e removendo a barra exterior em wna armação de barra dupla.
Esses dispositivos podem ser utilizados para estabilizar quase qualquer A fratma deve ser suficientemente estável para resistir ao encurtamento
fratura exposta ou fechada ao longo do comprimento da tíbia. A fixação excessivo ou à angulação antes da sua desestabilização.
externa proporciona uma fixação estável, preserva os tecidos moles Embora a longa fixação externa tenha sido proposta para os
e a vascularização do osso, deixa as incisões acessíveis e causa pouca cuidados provisórios para com os tecidos moles, um número cres-
perda de sangue. Os projetos de armações mais recentes fornecem cente de relatórios a defende para o cuidado para com as fraturas
fixação uniplanar ou multiplanar e podem ser modificados para definitivas, especialmente para as fraturas de alta energia com diás-
permitir a compressão axial com sustentação de peso, o que estimula tase significativa ou dissociação da tíbia e da fíbula e pouca estabi-
a consolidação da fratura. Os fixadores externos que usam fios esti- lidade intrínseca. Esses relatórios citam altos índices de complicações,
cados para a fixação estendem as indicações para fixação externa especialmente de más consolidações, na conversão de fraturas de alta
para incluir as fraturas periarticulares (F ig. 54-35). No entanto, a energia de fixação externa para o gesso. Os fixadores externos agora
infecção no local do pino, a má consolidação, a rigidez articular, a geralmente são mantidos até a consolidação da fratura. A fixação
aceitação do paciente e o retardo na consolidação continuam a ser externa também proporciona estabilidade para as fraturas que
os maiores problemas associados à fixação externa. exigem enxerto ósseo posterior. Embora as fraturas abertas com
A fixação externa geralmente é indicada para as fraturas expos- perda óssea claramente exijam enxerto ósseo ou transporte ósseo
tas graves (tipo IIIB e tipo C), especialmente as fraturas com grande com fixadores de anel, as fraturas expostas com desnudamento
contaminação do canal medular ou se a qualidade do desbridamento periosteal (tipo IIIB) também frequentemente necessitam de enxerto
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES flDllll

Hiijil;HeD A e B, Imag em clínica e radiografia inicial de pedestre atingido por um veícu lo em alta velocidade. O paciente apre-
sentava fraturas expostas fibular proximal e tibial do tipo 3B de Gustilo. Observe o grande defeito ósseo. C e D, Fratura tratada com
fi xador externo de anel multiplanar secundário à recobertura da lesão dos tec idos moles que exig iu enxerto de pele. Defeito ósseo
manejado com enxerto ósseo autógeno em massa e compressão/encurtamento agudo de fratura na armação de fio após a remoção
de grande espaçador antibiótico.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

ósseo autógeno para a consolidação. Essas fraturas especialmente pode ser aumentada de várias maneiras como se segue: aLm1entar o diâ-
difíceis levaram alguns autores a recomendar o enxerto ósseo metro do pino, aLU11entar a distância entre os pinos, aw11entar o número
precoce de todas essas lesões. Lawyer e Lubbers descobriram que as de pinos, mll11entar o m'.unero de barras de estabilização, diminuir a dis-
fraturas expostas de grau I precisam de 4, 7 meses para se consolidar tância entre a barra e o membro, adicionar um segundo plano de fixação.
após serem submetidas à fixação externa de Hoffmann; 8% delas Os fixadores tibiais usam pinos com 4,5 mm a 6 mm de diâmetro. O pino
precisaram de enxerto ósseo secundário. deve ser menor de w11 terço do diâmetro do osso para evitar a fratura.
Para evitar problemas intrú1secos de retardo da consolidação, Fraturas não cominuídas exigem Lll11 mÚ1imo de dois pinos para cada
pseudoartrose, afrouxamento do pino e infecção no trajeto do pino, fragmento maior (incluú1do os grandes fragmentos segmentares).
Rommens et ai. sugeriram a conversão para a fixação interna após os Uma construção uniplanar geralmente proporciona uma estabili-
tecidos moles e todos os locais de pino terem cicatrizado. Eles propu- dade suficiente. A adição de um terceiro pino para um fragmento
seram 8 a 12 semanas como sendo o tempo ideal para essa conversão. aumenta significativamente a rigidez, especialmente se for no outro
Behrens e Searls utilizaram o fixador externo AO para 75 fraturas plano. Um quarto pino num único fragmento proporciona estabilidade
em 73 pacientes e descobriram que 80% das fraturas poderiam ser tra- adicional mínima e, geralmente, é desnecessário. As fraturas cominuí-
tadas com w11 fixador mliplanar Lmilateral. O enxe110 ósseo foi usado das exigem três pinos por fragmento grande e a fixação em dois planos
em 67% das fraturas. Edwards afirmou que 90% das tíbias com fratmas é a preferida. A fixação em dois planos pode ser conseguida ligando os
graves do tipo III podem ser restauradas para a função útil sem infecção pinos em diferentes planos a uma única barra. Em alternativa, os pinos
com w11 manejo cuidadoso e atenção aos detalhes na fixação externa. colocados em um segundo plano podem ser anexados a Lm1a segunda
Ele advertiu contra a remoção precoce do fixador nas fraturas de alta barra, e as barras podem ser conectadas com grampos de barra-a-barra.
energia com rompimento da membrana, com inuição ou perda óssea. Ele A rigidez pode ser aumentada em uma construção uniplanar ligando
recomendou o uso precoce de parafusos interfragmentários para restau- os pinos a duas barras empilhadas uma em cima da outra.
rar a congruência articular e, ocasionalmente, para estabilizar as fraturas Pinos muito espaçados em cada fragmento proporcionam
da diáfise. Assim que a cicatrização começa a progredir, parafusos sele- estabilidade no plano de fixação e em um plano perpendicular ao
cionados podem ser removidos para permitir a compressão da fratura e mesmo. Os fragmentos curtos não permitem pinos espalhados
a carga axial. Burgess et ai. relataran1 uma diminuição no tempo de amplamente, no entanto. Dois pinos colocados no mesmo plano em
consolidação de 58,4 semanas para 37,6 semanas nas fraturas da tibia do um fragmento curto proporcionam estabilidade no plano dos pinos,
tipo III durante a evolução do seu protocolo. Kimmel relatou o trata- porém são menos estáveis no plano perpendicular aos pinos. Adi-
mento de 27 fraturas de tíbia graves com o fixador externo de Hoffmann cionar um pino em um plano diferente aumenta a estabilidade.
que resultou em wna taxa de pseudoartrose de 13% e uma taxa de má Devido a os principais momentos de flexão na tíbia ocorrerem no
consolidação de 39%, com 45% necessitando de enxerto ósseo. Em uma plano sagital, a fixação neste plano é mais estável. As fraturas da tíbia
avaliação prospectiva de 78 pacientes, Brãten et ai. demonstraram que associadas a lesões no tornozelo ipsilaterais instáveis ou com graves
os tempos para a consolidação e a completa sustentação de peso foram ferimentos nos tecidos moles da perna distal exigem a extensão da
semeUrnntes enti·e as hastes intramedulares e a fixação externa. No fixação para o pé para facilitar a cicatrização dos tecidos moles.
entanto, o grupo que recebeu uma haste alcançou a sustentação de peso

..___
desprotegida mais cedo. A fixação externa resultou em mais reoperações,
ao passo que 64% dos pacientes com hastes intra.medulares tiveram dor FIXAÇÃO EXTERNA PARA
anterior do joelho em 1 ano. Outros avaliaram os fatores que influenciam
FRATURAS DA TÍBIA
a consolidação da fratura com a fixação externa e encontraram dispari-
dades significativas de cicatrização associadas a falta de técnicas de TÉCNICA
fixação suplementares e infecções no trajeto do pino.
•Antes da aplicação do fi xado r, reveja a anatomia secciona l
1 FIXADORES EXTERNOS para confirmar as "zonas de segurança" para a colocação
Várias marcas de fixadores externos estão disponíveis. O fixador esco- de pinos e para minimizar o risco de lesões neurológicas,
lhido deve fornecer estabilidade adequada, permitir uma progressiva vasculares ou tend inosas.
sustentação de peso e permitir a dinamização e a desestabilização •Coloque pinos através da cortical anterior e da cortical
assim que a fratura se consolidar. Sistemas de fL"Xadores que possibili- anteromedia l ao longo da borda subcutânea da tíbia para
tem o posicionamento do pino em mais de um plano e tenham a evitar a amarração dos tecidos moles. Dirij a os pinos
capacidade de incluir o pé são mais úteis. Menos peso, menos custo perpendicularmente à diáfise longa do osso e paralela-
e menos interferência na visualização do osso em radiografias também mente às superfícies articulares e insi ra-os por meio de
são atributos desejáveis se eles não comprometerem a estabilidade e a pequenas incisões longitudinais.
versatilidade do sistema. Fixadores de unidades únicas com grandes •Faça uma dissecção romba dos tecid os moles ao osso
articulações universais facilmente permitem aj ustes para a redução da •Coloque um a cânu la de proteção contra o osso e pré-
fratura após a armação ser aplicada. Esses fixadores tendem a ser perfure o furo do pino com uma broca de tamanho
menos estáveis, pois eles não permitem um espaçamento amplo entre apropriado. A pré-perfuração reduz o ri sco de necrose
pinos e tornam mais difícil de adicionar um segundo plano de fixação. térmica e de afrouxamento dos pinos.
Os fixado res modulares permitem uma maior liberdade na colocação, •Insira um pino com o comprimento de linha correto através
mas são mais difíceis de ajustar quando a armação estiver concluída. da cânula com a mão e no osso. A aquisição bicortical é
A remoção do pino e sua substituição podem ser necessárias para necessária para evitar o afrouxamento. Os fios não devem
melhorar a redução. Grampos de pinos mais recentes modelados projetar-se através da pele no local da inserção, pois isso
como uma articulação em esfera ou mecanismos pivotantes aumen- pode causar irritação local. Alguns pinos têm porções de
tam o ajuste destas construções em certa medida. rosca cônicas, em vez de cilíndricas, para criar uma pré-
Planejamento Pré-Operatório. A armação inicial deve ser rígida o sufi- carga radial com o aperto . Esses pinos não podem ser
ciente para minimizar o movimento no local da fratura. A estabilidade
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERI ORES

retrocedidos depois da inserção sem causar afrouxamento.


CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os cuidados no loca l do
Não os insira mu ito profundamente. pino são iniciados após o curativo pós-operatório inicial ter
•Alguns sistemas têm designs de fios diferentes para o sido removido. Os locais dos pinos são limpos diariamente
osso cortical e para o esponjoso, que utilizam diferentes usando-se uma solução de peróxido de hidrogênio diluída
brocas. O que se seg ue é uma técni ca para a ap licação ou sabão antibacteriano e água. Os pacientes são examina-
de um fixador modu lar genérico. dos a cada 2 a 4 semanas até a cica trização da fratura.
•Segure a fratura em um alinhamento adequado por meio Os locais dos pinos são inspecionados em busca de infecção
de redução manua l (fratura fechada) ou por grampos e todas as conexões no fixador são verificadas para garantir
ósseos colocados através de uma incisão aberta . que elas estão bem apertadas. Nas primeiras 4 a 6 semanas,
• Coloque os pinos mais proximais e distais em primeiro lugar. apenas o suporte de peso de toque embaixo é permitido .
Eles devem estar no mesmo plano, perpendiculares à diáfise A amplitude de movimento do quadril e do joelho e os
longa da tíbia e paralelos às articulações do joelho e do t or- exercícios isométricos do quadríceps são realizados. Se o pé
nozelo. Se o comprimento dos segmentos permitir, coloque tiver sido incluído na armação para proteger uma incisão de
os pinos mais proximais e distais na articulação metafisária- tecidos moles, os pinos são retirados do pé depois da cica-
trização dos tecidos moles (geralmente em 4 a 6 semanas).
diafisária, onde o osso é mais espesso e a melhor aquisição
Nos pacientes com lesões no tornozelo instáveis, os pinos de
do pino é obtida no osso esponjoso da metáfise. Proximal-
pé podem necessitar de serem mantidos mais tempo (até o
mente coloque o pino pelo menos 15 mm a partir da arti-
tornozelo ser julgado esta r estável). Os exercícios de ampli-
cu lação para evitar a penetração na cápsula articu lar e evitar
tude de movimento do tornozelo são iniciados mais cedo se
os tendões da pata de ganso e patelar. a armação não incluir o pé. A tala removível é usada para
• Coloque o número predeterminado de conexões de pinos prevenir equino. O enxerto ósseo é feito em aproximada-
na barra fixado ra e aperte-os provisoriamente no lugar. mente 6 semanas, geralmente por meio de uma abordagem
•Solte as conexões de pinos superiores e inferiores e anexe posterolateral, se houver perda óssea sign ificativa (> 50% da
à articulação montada aos pinos proxima l e distal. A barra cortical) ou se existirem fatores de risco para o retardo da
f ixadora deve ser de comprimento adequado, mas não consolidação (fraturas expostas graves, lesões mú ltiplas).
tão longa que restrinja a dorsiflexão do tornozelo. Após 6 semanas, a sustentação de peso é progredida
•Confira a redução da fratura e, se isso for aceitável, assim que o calo se desenvolver. Assim que a cicatrização
aperte as conexões de pino com segurança para os pinos ocorre, a armação pode ser convertida para uma configura-
e a barra. Após o segu ndo pino ser inserido em cada ção dinâmica, permitindo ao osso suportar peso. O aumento
segmento, os ajustes são mais difíceis de fazer. da sustentação de peso e a dinam ização podem ser feitos
•Coloque o pino interno em cada fragmento a pelo menos mais cedo em fraturas axiais transversais estáveis minima-
1 cm do local da fratu ra, evitando áreas não deslocadas mente cominuídas com boa posição óssea. Se a quantidade
de cominuição . O loca l da fratura poderia tornar-se de calos não tiver aumentado ao longo de um período de
3 meses, uma nova intervenção, como enxerto ósseo ou
secundariamente infectado a uma infecção do local do
estimulação eletromag nética, é necessá ria para promover a
pino se este estiver muito próximo. Se o comp rim en to do
cicatri zação. Estudos diagnósticos para excl uir a possibi li-
segmento permitir, coloque pinos internos a 2 cm a 3 cm
dade de infecção também podem ser necessários. Pinos que
de distância do local da fratura . Tenha em mente que um
se tornam soltos ou locais de pinos que estão grosseiramente
espa lhamento amplo de pinos aumenta a estabil idade. infectados (drenagem purulenta persistente, luscência radio-
•Para inserir os pinos internos, coloque as conexões de gráfica em torno do pino) exigem remoção e curetagem, e
pinos internos na posição desej ada e aperte-os no lu gar os pinos são deslocados para uma área diferente se forem
na barra. Co loque a cânu la de proteção através da necessários para manter a estabilidade da constru ção. Os
conexão do pino, faça o furo e insira o pino. Aperte antibióticos orais podem ser necessários periodicamente
todas as conexões de forma segura. Se for considerado para tratar a infecção do local do pino menor.
necessário para a estabilidade, insira um terceiro pino O tempo de consolidação va ria dependendo da gravi-
em cada fragmento ent re os pinos colocados ante ri or- dade da fratura. As armações, geralmente, são mantidas até
mente no mesmo ou em um plano diferente. a consolidação final da fratura para se evitar uma má con-
•Barras adicionais podem ser usadas. Para incluir o pé, solidação. Quando a fratura estiver cl inicamente e radiogra-
insira pinos de 3 mm ou 4 mm através da borda subcutâ- ficamente consolidada, ela pode ser manualmente testada
nea do primeiro ou do quinto metatarso ou , alternativa- e, em seguida, uma visão de estresse pode ser obtida pelo
mente, através da base do segundo metatarso dorsal mente afrouxamento dos conectores do pino à barra e o desliza-
para plantarme nte, evitando estrutura s neurovascu lares e mento da barra para fora através dos conectores sobre um
dos lados da frat ura. Se fo r detectado movimento, a barra
tendinosas. Se necessário, coloque pinos de transfi xação
é substituída em sua posição anterior. Se a fratu ra parecer
ou meio-pinos ma iores na tuberosidade posterior do cal-
estar consolidada, o fixador externo é removido. O membro
câneo. Evite equ ino, inversão e eversão do pé.
geralmente é protegido por cinta ou gesso e a sustentação
•Conecte os pinos dos pés à armação tibial usando cone-
de peso é perm itida conforme tolerado com muletas.
xões de pinos especializadas ou barras adicionais e conec- Quando o suporte do peso total for consegu ido sem ajuda
tores tub o a tubo. ambulatória, o gesso ou a cinta podem ser interrompidos e
•Obtenha radiografias anteroposterior e latera l de todo o exercícios de forta lecimento progressivo podem ser adicio-
comprimento para confirmar a redução adequada antes nados . Atividades vigorosas geralmente não são permitidas
de deixar a sala de cirurgia. durante aproximadamente 6 meses após a remoção do
• É desencorajado combinar a f ixação externa com a fi xação fixador, quando o local da fratura estiver sólido e os locais
de parafusos interfragmentários da diáfise. do pino tiverem cicatrizado.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

Complicações. Q uando as técnicas d e tecidos mol es previamente


d escritas forem utilizadas, e as zonas d e segurança d a tíbia fo rem
obse rvadas, especialmente com a fixação de um m eio-p ino na borda
tibial subcutân ea, as com plicações imediatas são ra ras. A lesão vas-
cular é o resultado m ais freq uente da erosão tard ia de um vaso do
que a lesão direta; no e nta nto, a lesão direta é possível, espec ial-
mente com pinos de transfLxação em armações uniplanares bilater ais.
O sangramento persistente n o momento da ci rurgia o u o sang ra-
m ento espontâneo tardio devem ser inves tigados para descartar a
ocorrência de lesão direta, erosão tardia ou pseudoa neurisma de um
grande vaso. Temos visto sangramento p ersistente em torn o d os
pinos a partir de pequenas a rtéri as do periósteo em crianças.
A maioria das complicações ocorre tardiam ente. A irritação do
traço do pino é comwn e requer cuidados diários com limpeza com água
e sabão e curativos de pressão suave. Os antibióticos orais podem ser
necessários para a celulite secundária. A drenagem persistente do local
do pino, especialmente com afrouxamento, deve ser tratada por meio da
remoção dos pinos, curetagem do traj eto do pin o e a adição de um n ovo
pino em um local diferente, se necessário para a estabilidade.
A remoção do fixa d or ex terno e a apli cação de um gesso antes
da consolidação em fraturas da tíbia de alta energia podem res ultar
em má con solidação ou pseudoartrose. O uso de haste intram ed ul ar
após a fixação externa, especialmente com um hi stórico d e um a
H!ê\l!@iLtll'll A, A infecção após fratura exposta da tíbia foi
infecção no trajeto do pino, resulta em um a alta taxa d e infecção,
tratada com ressecção óssea e transplante ósseo llizarov com
ap esar de um a baixa taxa de m á consolidação ou pseudoartrose. Em
en xe rto ósseo no local de enca ixe. B, Após a remoção do f ixador.
nossa experiência, com um at raso m édi o na colocação da has te de
7 se m anas após a rem oção d o fixa d or, a haste intra medular de con -
solidação ou pse ud oartrose d a tíbia tardia te m sid o extrem amente
bem-su cedida. G ustilo reco m endou adiar qual qu er cirurgia reco ns-
trutiva para fraturas expostas graves d e tíbia, incluindo enxerto
ósseo, e adiar a has te até que todas as in cisões estejam revitalizadas.
Embora possa have r pouca vantagem no enxerto ósseo precoce de
fraturas da tíb ia d o tipo I e do tipo II tratadas com fixadores de
meio -p ino, 40% a 60% das fr aturas do tipo III exige m en xerto autó -
geno subsequente e podem be nefi ciar-se do enxerto ósseo precoce.

1 DISPOSITIVO DE FIXAÇÃO EXTERNA ILIZAROV


O fixador externo de fio tensionado tem provado seu valo r n o
cuidado para co m as fraturas tibiais aguda e subagud a. Isso tem sido
usado com m ais frequência para as fraturas difíce is, especialmente
as fratura s m etafis á rias com extensão signifi cativa d a diáfise. A
fixação externa de fio tensio nado para configurações mais simples
de fraturas da diáfise pode ser tão eficaz e segura quanto os métodos
m ais tradiciona is, m as a expe riência com ela é muito limitada para
determinar seu papel neste m om ento. Pse udoartroses difíceis com
perda óssea, deformidade ou infecção também são manejad as de
forma eficaz com esse tipo de fixação (F ig. 54-36) . O planej am ento
e a co nstrução d e quadros pré-operatórios a mobilização precoce do
paciente, a limpeza diária da pele e da arm ação e o acompa nh a-
m ento d e perto minimi zam as complicações. 01§1J;f4e:D O fixador externo llizarov proporciona um
Nossa experiência com o fixador extern o llizarov tem sido prin- efeito trampolim por causa dos fios altamente tensionados que
cipalmente com a fratura d a tíbia. A estabilização dos frag mentos são suportados em circunferência .
periarticulares curtos é poss ível co m esse aparelh o. Q uatro fios co m
diâm etro d e 1,8 mm utilizados para estabili zar um a fratura planalto A armação espacial de Taylor (Smith & Neph ew, Memphis, TN)
tibial bicondilar proporcionam uma transecção efetiva de fixação de é um anel ú nico e fixado r de fios constituídos por d ois anéis conecta-
7,2 mm. Quatro fios também fornecem oito interfaces corticais e, dos por seis estacas oblíquas (Fig. 54-38). A sua aplicação é si mil ar à
devido à orientação multiplanar, eliminam virtu alm ente qualqu er da llizarov, exce to pelas escoras que são utili zadas, e a redução é rea-
deslocamento d e fragmentos mais adiante. Um a vez que os fios forem li zada manualmente sob intensificação de im agem até que as m elh o-
altamen te tensionados e apoiados circun ferencialmente, uma fixação res escoras são, então, bloqueadas n o loca l. Podem ser ad icionados
adequada é conseguida (Fig. 54-37). Abranger o joelho ou o tornozelo anéis o quanto necessár io e o pé pode ser inco rporado. Co m o
durante 4 a 6 semanas ocasionalmente é necessário, especialmente auxíli o de um software de com putador-prescrição gerada, as es tacas
após a elevação de uma superfíc ie comum e enxerto ósseo. podem se r aj ustadas po r m eio de um procedimento ambu latorial
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

h@il;tijeD A, A armação espacial de Taylor é aplicada antes da redução da fratura. B, As escoras FastFx permitem a redução sob
visão d ireta ou controle de braço C. Se a redução for satisfatória, não são necessários ajustes; se não, ajustes graduais podem ser feitos
uti liza ndo-se o programa de computador de correção de deformidades. C, As escoras FastFx têm ações duplas. Com a cânula de bloqueio
liberada, o comprimento das escoras pode ser mudado para efetuar a redução da fratura . (Cortesia de Smith & Nephew, Memphis, TN.)

para efetuar a redução anatômica no local da fratura . Parâmetros trauma agudo são as fraturas expostas, as fraturas fechadas instáveis
radiográficos são inseridos em um comp utador. O comprimento, a e a síndrome compartimentai.
rotação, a translação e os alinh amentos coronal e sagital podem ser Até 100% de taxas de consolidação têm sido relatadas com essa
corrigidos por meio da alteração dos comprimentos das seis escoras, técnica. Foram examinadas 40 fraturas instáveis da tíbia tratadas
como ditado pelo programa de computador. Nós usamos esse com o fixador externo Ilizarov, 37,5% das quais eram fraturas expos-
fixador principalmente para corrigir as más consolidações, mas ele tas; 12 das 15 fraturas expostas eram fraturas Gustilo de grau III.
pode ser útil no tratamento de fraturas agudas também. Dezenove fraturas eram fraturas do planalto tibial bicondilares com
As fraturas expostas com extensa perda óssea são outra indi- vasta extensão da diáfise. Quatro enxertos ósseos autógenos foram
cação para o método Ilizarov. Fraturas instáveis, defeito dos tecidos necessários para as fr aturas expostas com perda óssea. Uma fratura
moles e perda de massa óssea são todos controlados com sucesso não se uniu e necessitou de reaplicação de um a armação, após o que
com um dispositivo e método. O primeiro passo no tratamento das a consolidação fo i obtida. A média ativa de amplitude de movimento
fraturas complexas é determinar se o membro pode ser salvo. Oca- do joelho após a consolidação da fratura foi de 110 graus.
sionalmente, essas lesões são mais fac ilmente manejadas por ampu- Tal como acontece com os fixadores de meio-pino, o tempo de
tação precoce, especialmente na presença de grande lesão do nervo consolidação está provavelmente relacionado com a qualidade da
arterial. Um membro com vascularização inadequada e sem sensi- redução e com a restauração do alinhamento normal. Nós preferi-
bilidade não func iona melhor do que uma prótese. O número de mos uma posição precisa e o alinhamento na aplicação inicial de
operações, a duração do tratamento e os fato res psicológicos asso- uma armação de trauma mais simples em vez do uso de armações
ciados ao resgate de um membro gravemente fer ido devem ser con- articuladas e subsequente redução. A maioria das fraturas é tratada
siderados. O utras indicações relativas para o fixador Ilizarov em para consolidação no fixador externo, mas as fraturas mais estáveis
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

O@l!;Mel?i) Ane l de seção a berta usado para o ane l mais


prox ima l na mo ntage m t ibia l e a nexado ao ane l comp leto.
e
para o enxerto ósseo no retardo das consolid ações ou para enxertos
O@i!;fueJD A, Retalho livre ou retalho de rotação. B e C,
de retalhos livres. A remo ção d a haste anterolateral permite o acesso
Corticotom ia e p reparação de fragmento para o tra nsporte n o
a um doador dorsal do pé, e a remoção d a h aste posteromedi al
defeit o ósseo.
permite o acesso à artéria tibial posterior.
Planejamento Pré-Operatório. A preparação é esse ncial para o
d e baixa energia podem ser conver tidas em órtese funcional ass im sucesso com o fixador d e Ili zarov. Nós modifi camos o m étodo -pa-
que a cicatri zação d os tecidos moles permitir. drão Ili zarov com montagem da armação n o pré-operatório, o que
Método de Ilizarov em Fraturas Expostas. Nas fraturas expostas com reduz bas tante o tempo int raoperatório. Radiografias são usad as
perda óssea, o fixador externo Ili za rov deve ser fortemente considerado para de term inar as pos ições corretas do anel e o tamanho do anel é
como o tratamento primário. O tratam ento convencional consiste em determinado p ela extremidade não lesionada. Dois dedos de largura
desbridamento e cobertura tardia com uma rotação ou retalho livre da abertura são necessári os para as m ontage ns de tíbia (F ig. 54-40).
seguidos de enxerto ósseo autógeno. O fixador de fio tensio nado Anéis qu e são mu ito grandes não suportam os fio s tran sfixantes d e
permite o desbridamento em série de todo o tecido necrosado. Se não forma ad equada e a osteogê nese é prejudicada. Por causa das limi-
houver osso exposto, um enxerto de pele de espessura dividida pode tações anatômicas para um a colocação de fio segura, a divergênci a
ser colocado sobre o músculo remanescente. Mais tarde, uma cortico- de 90 graus gera lm ente é inalcançável. Um segundo nível d e fixação
tom ia é reali zada com o transporte do osso para dentro da lacu na. A em cada segmento melhora a rigidez da armação para u ma curva
tendência dos tecidos moles é mover-se com o osso transportado e a anteroposterior e torção. Dois anéis são utili zados para os grand es
tendência normal do enxerto de espessura dividida é contrair e encher fragmentos; e um anel, para os fragmentos meno res.
os tecidos moles e defeitos ósseos, eliminando a necessidade de wna O fêmur médio é o nível mais proximal para acomodar wn anel
rotação mais difícil ou retalhos livres. Se um comprimento ósseo vas- completo confortavelmente. A fixação ao fêmur proximal é realizada
culai· insignificante e exposto estiver presente após o desbridamento, o geralmente com armações hfüridas e m eios- pinos. Toda a extremidade
encmtarnento mais tarde das extrem idades dos fragmentos d everá se r inferior pode ser tratada com um fixador externo circular simples do
considerado para evitar a necessidade de cobe rtura do retalho. Em fêmur médio para o tornozelo. A coxa dita o tamanho do anel, normal-
seguida, um enxerto de pele simples pode ser usado corno descrito. mente w11a ou duas vezes maior do que o normal.mente utilizado para a
Se urn a quantidade signifi cativa de osso vasc ul ar perman ecer tíbia. A armação deve ser colocada paralelamente à tfüia sob visões ante-
d escoberta após o desbridamen to, retalh o ou rotação do reta lho livre roposterior e lateral. O fêmur é centralizado ao nível da patela e inclinado
devem ser usad os (F ig. 54-39A). Na cobertura do retal ho, um a cor- em valgo anatômico em relação à armação. Um anel de seção aberta pode
ti cotomia é feita e u m fragmento é preparado pa ra o transporte para ser utilizado como o anel femoral distal para permitir a flexão completa
dentro do defeito ósseo (Fig. 54-39B e C). Apesar de Ilizarov ter no joelho (Fig. 54-41). Esse anel pode ser anexado a wn anel completo
recom endado uma corticotornia metafisária para o transporte ósseo, com soquetes pesados para torná-lo mais resistente à deformidade
nós temos utilizado com sucesso a corticomia d iafi sá ria e o trans- quando os fios esticados forem aplicados ao anel de seção aberta. Da
porte dos fragm entos m ais curtos. mesma forma, o anel mais proximal em Lm1a montagem da tíbia pode
Procedimentos Reconstrutivos. Os procedimentos reconstrutivos ser wn anel de seção aberta anexado a w11 anel completo, permitindo a
dos tecidos moles são possíveis com fixadores de fios circulares flexão máxima e fornecendo dois níveis de fixação (Fig. 54-40).
tensionados. As armações de fraturas típicas são compostas de Nas fraturas expostas da tfüia, o pé deve ser incluído no fixador
quatro hastes rosqueadas ligando quatro an éis completos. A remoção externo para evitar o movimento dos tecidos moles na fratu ra. As fra-
temporári a de urna haste permite o acesso à perna em 180 g raus turas do pi lão também podem exigir a fixação do pé para a estabilidade
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

O@li;HBJ:I Anel de seção aberta femoral distal. Otijil;Mm!I Armação remontada em torno da tíbia e ali-
nhada paralelamente à crista da tíbia no plano anteroposterior.
VEJA A TÉCNICA 54-14.

redução subsequente. A t ra ção longitudina l reduz a


maioria das fraturas em 1O a 15 graus de alinhamento
anatômico . Em nossa experiência, a adição de dobradiças
à armação do trauma tem sido desnecessária. Tração
excessiva ou prolongada deve ser evitada para evitar lesão
neurológica ou vascular.
•Depois de preparar e armar a extremidade, desconecte os
parafusos das conexões do anel de um dos lados da
armação pré-montada e abra a armação.
•Coloque a armação em torno da extremidade, remonte-a
M§fi;f4B1:9 Montagem estável do pé composto por dois com uma fo lga adequada de tecidos moles e alinhe-a
meio-a néis unidos por placas . com parafusos de acoplamento paralelamente à crista da
tíbia nos planos anteroposterior e lateral (Fig. 54-43).
da fratura. A armação do pé é removida após os tecidos moles terem •Se for utilizado para tratar a fratura mostrada na Figura
cicatrizado, a menos que ela seja necessária para a estabilidade da 54-44A, seg ure o fixador externo nesta posição com fios
fratura. Se o nervo fibular ou o compartimento anterior ou lateral de referências transversal distal e proximal colocados
estiver lesionado, pelo menos a incorporação temporária do pé deve ser paralelamente ao joelho e ao tornozelo (Fig. 54-44B).
considerada para prevenir a contratura. O pé pode ser incluído em um Assim que os fios são presos à armação (Fig . 54-44C) e
alongamento tibial ou transporte ósseo para prevenir equino. Uma a tensão é aplicada, a correção adiciona l da fratura no
montagem estável do pé é constituída por dois m eio-anéis unidos por plano coronal é alcançada (Fig. 54-44D)
placas com rosca em wna extremidade (Fig. 54-42). Essas placas espe- •Como alternativa, suspenda a armação com tubos de
ciais previnem a distorção da armação do pé quando os fios estiverem sucção ordinários colocados ao redor da extremidade e
tensionados. Meio-anéis do mesmo tamanho dos utilizados para a f ixados à armação com cl ipes de toa lha. Incline excentri -
armação da tíbia são geralmente utilizados para a armação do pé. camente os anéis proximais e distais até que eles estejam
O inchaço e o edema dependente criam mudanças de última paralelos ao joelho e ao tornozelo. Após a fixação segura
hora nas dimensões das extremidades e devem ser antecipados. com pelo menos dois fios aos anéis proximal e distal, leve
Maior clareamento é necessário posteriormente para a extremidade esses dois anéis paralelamente às suas contrapartes para
inferior e a coxa requer mais espaço para o inchaço do que a perna. o centro da armação para uma maior redu ção da fratura.
• Use fios olivados em arco para a redução da fratura final
(Fig. 54-44E). Para a correção final do plano coronal do
FIXAÇÃO EXTERNA ILIZAROV PARA deslocamento residual (Fig. 54-44F), coloque um fio olivado
FRATURAS DA DIÁFISE DA TÍBIA em uma forma transversal (se for mais seguro) (Fig . 54-44G)
e aplique tensão, sem apertá-lo firmemente à armação, para
TÉCNICA puxar o fragmento para o tensor. Use intensificação de
imagem para assegurar-se da redução adequada.
•Coloque o paciente em uma extensão de mesa radio- •Após a correção adequada ser obtida neste plano, fixe o
transparente utilizando o f ixador externo para a tração e fio à armação do lado do fio olivado . Se for necessária )
lllm> PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

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A B e D E

O!fti!;f;1'119 A-J, Fraturas das diáfises t ibial e fibular tratadas com o fixador llizarov. Veja o texto para conhecer as etapas
na aplicação. VEJA A TÉCNICA 54-14.

podem efetuar a redução e aplicar compressão à


fratura (Fig. 54-46). Esse padrão de co locação de fio s
pode não ser sempre seguro, no entanto. Essas fratura s
deve m ser fixadas com um ou mais parafusos interfrag-
mentários seguidos pela co locação do fixador externo
(Fig. 54-47) TC axiais pré-operatórias ajudam a deter-
minar o método adequado de fixação Parafusos inter-
fragmentários ou fios na região diafi sá ria gera lm ente
deve m ser evitados, pois eles impedem a flexib ilidade
axia l do fi xa dor externo lli zarov, que, idea lmente,
promove a cicatrização secundária da fratura. Nós evi-
tamos os parafusos interfragmentários ou fios na diáfi se,
pois temo s presenciado retardo da conso li dação ou
pseudoartrose com o seu uso .
•Segure a pe le e outros tecidos moles com cuidado. Em
geral, fios de 1,5 mm e 1,8 mm não precisam de incisão
O(riii;f;1B19 Tra ção residual eliminada. VEJA A TÉCNICA 54-14. ou bainha de perfuração. Se desejado, utilize uma bainha
e uma incisão para a inserção dos fios de 2 mm maiores.
Papel Glove pode facilitar no agarro do fio perto do local
uma correção no plano sagital, conecte esse fio olivado de inserção para maior controle.
)
em uma forma arqueada (Fig. 54-44H) e t ensio ne o fio •Use uma pequena incisão na pele para os fios ol ivados.
para obter a correção definitiva (Fig . 54-441 e J) Elimine A pré-perfuração não é necessária para a inserção do fio .
qualquer tração residual (Fig. 54-45). Use uma furadeira de baixa velocidade com pausas fre-
•Em casos raros, dois fio s o livados inseridos a partir de quentes ou uma broca de mão para perfurar os fios
lados opostos perpendiculares ao plan o da fratura através do osso.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES f!m
•Após a determinação do ângu lo seguro para os fios de
transfixação em um nível dado, enfie o fio através da
pele e do músculo até o osso. (Várias referências para a
transfixação segura usando anatom ia secciona l estão
disponíveis.)
• Use uma broca de baixa velocidade para inserir o fio através
de am bas as corticais ósseas. Quando o fio emerge a partir
da cortical distal, coloque-o através dos tecidos moles res-
tantes para reduzir o risco de lesão neurovascular. Evite a
pressão indevida ou tensão na interface pino-pele.
•Anexe os fios aos anéis sem curvá-los para encontrar a
armação; isso pode exigir pequenos espaçadores para
construir os conectores de parafusos fora da armação.

Complicações. Com a determinação cuidadosa das zonas seguras


pelo níve l de fixação, a lesão neurovascular aguda com fios de
transfixação é rara . o período pós-operatório imediato, um fio
extraordinariamente doloroso deve ser suspeitado de passar
através de um nervo maior e deve ser removido. Lesões neurovas-
cula res tardias são extremamente raras, a menos que o transporte
ósseo ou o movimento relativo dos fragmentos existem, e geral-
mente ocorrem durante um procedimento de reconstrução, em vez
de durante a imobilização de fratura simples. As contraturas em
0!§1hf;im9 Inserção de do is fios c livados a partir de lados flexão do joelho e do tornozelo ocorrem com menos frequ ência
opostos perpend icu lares ao plano da fratura . VEJA A TÉCNICA 54-14. com o tratamento da fratura do que com o alongamento e podem
ser prevenidas com exercícios at ivos e sustentação de peso em
armação. A irritação do pino é comum, embora a infecção grave
no trajeto do pino seja incomum. A interface fio-pele deve ser
limpa diariamente com ág ua e sabão. Após a cicatrização das inci-
sões, os banhos são incentivados e nadar em piscinas com cloro
é permitido com uma lavagem com água limpa depois. Curativos
de pressão suave evitam o movimento do pino e da pele. Um fio
solto deve ser suspeitado nos primeiros sinais de dor e inflamação.
Os fios soltos deve m ser retensionados. A celulite generalizada
deve ser tratada por meio de avaliação de todos os locais dos pinos
e administração de antibióticos por via ora l até que ela se resolva.
A infecção no trajeto de pino que não responde a essas medidas
deve ser tratada por troca do fio.
Os pacientes com lesões na cabeça podem ter edema excessivo,
pois elas raramente são removidas o suficiente para ajudar o bom-
beamento linfático. Se a pele colidir com a armação ao fim do tra-
tamento (Fig. 54-48A), uma cartolina pode ser encaixada para
acomodar quaisquer fios e deslizada entre a pele e o fixador externo
para impedir a necrose por pressão (Fig. 54-48B). Se a pele colidir
com a armação no início do tratamento, a armação tem que ser
modificada. Quando existirem problemas em segmentos de arco
curto de vários anéis, a armação pode ser deslocada em direção ao
impacto, recolocando todos os parafusos de fixação do fio em novos
furos, longe do impacto. Se a pele colidir com um único anel, esse
anel pode ser modificado por meio da introdução de duas placas
curtas entre as extremidades dos semianéis para criar uma elipse
com o se u eixo principal em direção ao impacto. Alternativamente,
uma serra pode ser utili zada para remover um segmento de um anel,
H(êjilfSB!I Fixação com um ou mais parafusos interfrag- se a estabilidade permanecer suficiente. Os principais problemas
com o choque circunferencial em vários níveis podem ser resolvidos
mentários e aplicação de fixador externo. VEJA A TÉCNICA 54-14.
por meio da construção de uma armação maior em torno da pri-
meira armação. Os anéis desta armação maior são posicionados
exatamente nos mesmos níveis. As extremidades dos fios enrolados
são endireitadas e os fios são anexados à armação externa em ambas
as extremidades. Finalmente, os parafusos de fixação do fio sobre a
lllm) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

DEFORMIDADES DE PÉ E DEDOS APÓS


FRATURA DA TÍBIA

McKeever descreveu um a deformidade do dedo grande do pé que


pode ocorrer após a fratura do terço di stal da tíbia. O flexor do
músc ulo longo do hálux ade re ao calo na fratura, com o se u tendão
fo rmand o uma corda en tre esse ponto e o local de inserção do
A
tendão no dedo grande do pé. Quando o torno zelo é dorsifl exio -
ado, o dedo grand e do pé é flexionado ace ntu ad ame nte; mas,
quando o tornozelo está em fl exão plantar, a articulação in terfa-
langeana se es tende completamente. A pressão da sup erfí cie
plantar do dedo grande do pé contra a sola do sapato na dorsifle-
xão do tornozelo produz um calo doloroso. Se fo r impossível
liberar o músc ulo no terço dista l da pern a após a fratura ter se
unido, o tendão é alongado no pé. A defo rmidade do pé em garra
ou cavo tem sido relatada após fratu ras da di álise da tíbia e acre-
B
dita -se se r o resultado da contração fibros a dos músculos do com-
partimento profundo a partir de trauma no músculo e isquemia
li@ii:tijm9 A, Impacto de pele na armação . B, Cartolina no co mpartimento posterior profundo d a pern a. Essa deformi-
usada para evitar necrose por pressão . dade pode se r interpretada co mo um a má rotação para dent ro da
fratura da tíbia.

armação menor são afrouxados e a armação menor é desmontada. FRATURA DO PLATÔ TIBIAL
Os parafusos de fixação do fio canul ado da armação menor podem
ser colocados na nova armação. Essa modificação pode ser feita sem Fraturas ar ticul ares tibi ais proximais causadas por mecani smos de
afrouxamento dos fios ou perda de redução. alta energia podem se r associadas a lesão neurológica e vascu lar,
síndrome compartimentai, trombose venosa profunda, contusão,
• TRATAMENTO DO RETARDO DA CONSOLIDAÇÃO lesão por es magamento dos tecidos moles ou incisões abertas.
O retardo da consolidação após colocação de haste não fresada pode Tscherne e Lobenhoffer enfatiza ram a importância de se distingu ir
se r tratado por troca de haste, ou por remoção da haste e inserção de entre o padrão de fratur a do platô "puro" e o padrão de fratur a- lu -
uma haste maio r utilizando-se uma técnica fresada. Essa técnica é xação. Em sua revisão de 190 fraturas articu lares tibi ais proximais,
indicada para o retardo das consolidações de fraturas com pequenos 67% das lesões meniscais ocorreram em padrões de frat ura do
(8 mm) implantes soltos, fraturas instáveis axialmente e fraturas peri- platô, ao passo que 96% das lesões cru zadas e 85% das lesões do
metafisárias. A técnica não é bem-sucedida em fraturas com perda ligamento colateral medial ocorreram em padrões de fratura-luxa-
óssea de mais de um terço para um qu ar to da ci rcun ferênc ia cor- ção. A lesão do nervo fibu lar foi duas vezes mais comum em
tical e pode precipitar a infecção em fraturas expostas do tipo IIIB. padrões de fratura-luxação. Esses autores também introduziram o
O enxerto ósseo percutâneo e o método de tempo testado para retard o termo trauma de joelho complexo para desc rever as lesões associa-
da consolidação ou pseudoartrose da tíbia são usados mais frequ en- das a danos significativos a dois ou mais dos seguintes comparti-
temente para as fraturas expostas do tipo IIIB e fraturas com perda mentos: a cobertura de tecidos moles do joelh o, os estabi lizadores
óssea significativa e após outros procedimentos falharem. Outros ligamentares e os fi xadores externos ósseos do fêmur distal e da
métodos para o tratamento do retardo da consolidação são a estimula- tíbia proximal. As fraturas co mplexas envolvendo as superfíc ies
ção óssea externa e a contínua dinam ização da haste para permitir a arti culares do fêmur e da tíbia tiveram um a incidência de 25% de
compactação axial da fratura e para estimular a cicatrização, desde que lesão vascular e 25% de incidência de síndrome compartimentai.
a fíbula tenha cicatrizado. A perda de redução fo i relatada em 16% das Em 19 fr aturas complexas com lesão grave dos tecidos moles, a
fraturas proximais e distais após a dinamização. lesão vasc ul ar ocorreu em 31 %; a síndrome compartimentai, em
31%; e a lesão do nervo fibular, em 23%. A determinação exata do
padrão de fr atura e da lesão dos tecidos moles é necessária quando
• FIXAÇÃO DA FÍBULA PARA FRATURA DA se desenvo lve um plan o de tratamento.
TÍBIA As fraturas articulares tibiais proximais podem ser causadas
A fixação interna da fíbul a é desnecessária no tratamento de fr a- por acidentes de veícu los ou lesões de ataque amortecedoras. No
turas da di álise fibu lar, mas pode se r útil na es tabilização de outros entanto, lesões espor tivas, quedas e outros traumas menos violentos
fixadores externos. A fixação de um a fratura da fíb ula por uma freq uentemente as produzem, especialmente nos pacientes idosos
placa e parafusos ou por uma haste intramedular inse rida através com osteopenia. Schul ak e Gunn relacionaram a frequência do tipo
do maléolo lateral estabiliza parcialmente as fraturas da diálise da de fratura produzida e a frequência de lesão do ligamento colateral
tíbia distal ou da metáfi se quando danos dos tecidos mol es ou a ao tipo e mecanism o de forças aplicadas ao joelho (Fig. 54-49).
contaminação na cicatrização da ferida faz a fixação intern a da Considerando-se os padrões de fraturas "puros", as lesões liga men-
tíbia ser desaconselhável. Além disso, a fixação interna da fíbula tares ocorrem mais frequentemente em fraturas minimamente des-
pode se r co nsiderada como um adj uvante nas fraturas da tíbia locadas, por compressão de divisão e por compressão local, e é
muito distais tratadas com fixação intrame dul ar para evitar a importante ob ter rad iografias de estresse do joelho para avali ar esses
deformidade em valgo. fixadores externos.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES f&@M

Intacto para
Divisão
aumento de "Fratura final
força em valgo por valgo"

Frequente

Força
em
valgo
l Depressão
local
Força de
compressão

Força de
compressão
frequente na
extensão Força em valgo Frequente
::::

Frequente

Força em Força de Força de Força de


valgo de compressão compressão compressão
compressão
l

Depressão total Bicondilar

H@ii:tijeD Relação de forças para as fraturas do côndilo tibial. As lesões do ligamento colateral tibial comumente ocorrem em
divisão e fraturas mistas do platô lateral. Nas fraturas mistas, a fíbula é frequentemente fraturada. Nas fraturas totais de depressão,
ocorre fratura da fíbu la proximal ou diástase tibiofibular proxima l.

A classificação das fraturas intra-articulares da tíbia proximal, Schatzker do tipo VI. A classificação de Schatzker corresponde aos
originalmente propostas por Hohl e mais tarde modificada por padrões de fratura de Hohl e Moore, com a adição do tipo VI, o de
Moore e Hohl, é comumente usada para descrever as fraturas do dissociação metafisária-diafisária. Schatzker, McBroom e Bruce, em
platô tibial (Fig. 54-50). A classificação distingue cinco padrões de uma revisão de 94 fraturas de côndi lo tibial, propuseram os seguin -
fratura primária e cinco padrões de fraturas-luxação, com fraturas tes métodos de classificação e tratamento quando a fratura estiver
-luxações ocorrendo um sétimo tão frequentemente quanto as fra - deslocada de forma significativa ou quando a instabilidade art icular
turas. Os padrões de fratura do platô tibial, de acordo com Hohl e sign ificativa estiver presente.
Moore, são o tipo l, minimamente deslocada; tipo 2, por compres-
são local; tipo 3, por compressão de divisão; tipo 4, côndilo total; e
tipo 5, bicondilar. (Os padrões de fraturas- luxação são descritos em CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS
uma seção posterior.) Hohl observou que essa classificação pode ser (SCHATZKER)
um passo intermediário na evolução de uma classificação que separa
as lesões ligamentares miríades e dos tecidos moles que, juntamente Tipo I - clivagem pura (Fig. 54-51A). Um fragmento típi co não
com a lesão óssea, determinam o resultado. Nosso envolvimento cominuído em forma de cunha é separado e deslocado lateral-
com um centro de trauma nível 1 tem mostrado várias fraturas que mente e para baixo. Essa ratura é com um em pacientes mais
desafiam os métodos de classificação e os tratamento convencionais. jovens e sem osteoporose. Se deslocada, pode ser fixada com
Essas fraturas de altíssima energia, frequentemente expostas, geral- dois parafusos esponjosos transversais.
mente, incluem cominuição bicondilar e extensa cominuição de Tipo II - clivagem combinada com depressão (Fig. 54-51B). Uma
diáfise com dissociação da metáfise da diáfise, assim como nas cunha lateral é dividida; mas, em adição, a superfície articular
@jd@t PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

2 5

Minimamente Compressão Compressão Côndilo Bicondilar


deslocada local de divisão total

O[diiifüeB Classificação das fraturas do platô t ibial, como descrito por Hohl e Moore: tipo 1, minimamente deslocada; tipo 2, por
compressão loca l; tipo 3, por compressão de divisão; tipo 4, cônd ilo total; e tipo 5, bicondilar.

A B

Tipo IV

e D

Tipo V Tipo VI

E F

H[dihf4e::E:I A, Tipo 1, fratura de clivagem pura. B, Tipo 11, clivagem combinada com depressão . A redu ção requer elevação dos
fragmentos com enxerto ósseo do furo resultante em metáfise. A cunha lateral está defasad a na cortical lateral e é protegida com
placa de reforço . C, Tip o Ili, depressão central pura. Não há cu nha lateral. A depressão t ambém pode ser anterior ou posterior, ou
envolver todo o platô. Após elevação de depressão e enxerto ósseo, a cort ica l latera l é mais bem protegida com pl aca de reforço. D,
Tipo IV. O côndi lo med ial é separado como uma cunha (tipo A), tal como ilustrado, ou pode ser desintegrado e deprimido (tipo B), o
que é característico dos pacientes ma is idosos com osteoporose (não ilustra do). E, Tipo V. Note a co ntinuidade da metáfise e da diáfise.
Na fixa ção interna, ambos os lados devem ser protegidos com placas de reforço . F, Tipo VI. A essência desta fratura é a linha da fratura
que dissocia a metáfise da diáfise. O padrão das frat uras dos côndilos varia, e todos os tipos podem ocorrer. Se ambos os côn dil os
estiverem envo lvidos, a tíb ia proximal deve ser apoiada em ambos os lados.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

Divisão Côndilo Avulsão Compressão Quatro partes


inteiro das bordas das bordas

h@ii;@e:D Class ificação de Hohl e Moore das fraturas-luxa ção da tíbi a proximal. (Redesen hado de Hohl M, Moore TM: Articu lar
fractures of the proximal tibia. ln Evarts CM, editor: Surgery of the musculoske/eta/ system, ed 2, New York, 1990, Churchill Livingstone.)

é pressionada para baixo na metáfise. Isso tende a ocorrer em côndilo menos envolvido pode ser estabilizado com uma
indivíduos de mais idade e, se a depressão é maior que 5 mm a pequena placa anti deslizante colocada no ápice da fratura e
8 mm, ou a instabilidade está presente, a maioria deve ser com dissecção mínima dos tecidos moles.
tratada por redução aberta, elevação do platô deprimido "em Tipo VI - fratura do platô com dissociação da metáfise da
massa': enxer to ósseo da metáfise, fixação da fratu ra com para- di áfise (Fig. 54-51F). Uma fratura transversal ou oblíqua da
fusos esponjosos e fixação da fratura com placa contraforte da tíbi a proximal está presente, além de uma fratura de um o u
cortical lateral. de ambos os côndil os tibi ais e superfícies articulares. A dis-
Ti po III - depressão central pura (Fig. 54-5 1C) . A superfície arti- sociação d a diáfise da metáfise torna essa fr atura inadequ ada
cular é co nduzida para dentro do platô. A cortical lateral está para o tratamento em tração e a m aioria deve ser tratada com
intacta. Essas tendem a ocorrer no osso com osteoporose. Se a placas de reforço e parafusos esponjosos, um de cada lado se
depressão for grave, ou se a instabilidade puder ser mostrada am bos os côndilos estiveram fragmentados. Fixadores de
em estresse, os fragmentos arti culares devem se r elevados e pinos e fios tamb ém têm sido defe ndidos para a fixação
enxertados com osso e a cortical latera l é suportada com urna des tas fraturas difíceis.
placa de reforço.
Tipo IV - fraturas do côndilo medial (Fig. 54-51D). Essas podem
estar divididas como urna única cunha ou podem estar corni- CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS-LUXAÇÃO
nuídas e deprimidas. As espinhas tibiais muitas vezes são envol- (HOHL E MOORE)
vidas. Essas fraturas tendem a se angular em varo e devem ser
tratadas com redução aberta e fixação com uma placa de reforço Os padrões de fratura-luxação classificados por Hohl e Moore (Fig.
medial e parafusos esponjosos. 54-52), além de oco rrerem com uma maior incidência de lesões
Tipo V - fraturas bicondilares (Fig. 54-5 1E) . Ambos os platôs ligamentares associadas, ocorrem com mais frequência com lesões
tibiais estão separados. A característica distintiva é que a metá- meniscais, que normalmente não podem ser reparadas, e uma inci-
fise e a diálise mantêm a continuidade. Ambos os côndil os dência muito maior de lesão neurovascular, passando de 2% no tipo
podem se r fixados com placas contraforte e parafusos espon - I e de 50% no tipo V, com uma média global de 15%, aproximada-
josos. É melhor evitar a es tabili zação dos côndil os com grandes mente aquela da luxação clássica do joelho.
implantes volumosos. Em uma revisão de sua expe riência com Tipo I - fratura de divisão coronal. Essas fraturas são responsáveis
fraturas do pl atô tibial, Moore, Patzakis e Harvey encontraram por 37% das fraturas- luxações do platô tibial. A fratura envolve
296 fraturas bicondil ares em um grupo de estudo de 988 fra - o lado medial, é aparente na vista lateral e tem urn a linha de
turas do platô. Dessas fraturas bicondilares, 95 foram tratadas fratura em 45 graus em relação ao platô medial em um plano
por RAFI e apenas 11 necessitaram de fixação da fratura co m coro nal transversa l oblíquo. A fratur a pode estend er-se para o
placa medial e lateral. Nove (82%) das fraturas tratadas com lado late ral e as fraturas por avulsão do es tiloide da fíbula,
fi xação com placa medial e lateral sofre ram deiscên cia ou inserção dos cruzados e tubérculo de Gerdy são com un s.
ficaram infec tadas. Além disso, 23% das fraturas bicondilares Metade dessas fratur as-luxação é estável nas visões de es tresse;
do tipo V ficaram infectadas. Geralm ente, o côndil o mais e, embora elas pudessem teoricamente se r manejadas em um
deslocado e triturado pode ser estabilizado com um a placa gesso em extensão ou tra ção com limitação dos movimentos,
de reforço, enq uanto o côndilo menos envolvido é reduzido nós frequente mente usamos a redução fech ada e a fi xação com
por liga men totaxia ou com técnicas percutâneas e estabi li- parafuso percutâneo para melhorar a redução e permitir a
zado co m grandes parafusos esponjosos. Alternativamente, o ampli tud e de movimento precoce em uma cinta. O suporte do
@Md$ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

o@•i;Melil A, Fratura-luxação do t ipo li do platô tibial fixada com placa e parafusos (B).

peso protegido é continuado durante 8 a 10 semanas. Se for iliotibial av ulsada. A reparação do ligamento cruzado ou o seu
necessária a redução aberta, o fragmento geralmente redu z em aumento pode ser necessário.
exte nsão e pode ser fixado com parafusos interfragmentários. Tipo IV - fratura por compressão do aro. Essa lesão é responsável
As lesôes ligamen tares associadas podem ser reparadas ao longo por 12% de todas as fraturas- luxação. É quase sempre instável.
da ruptura caps ular invariável. O complexo do ligamento colateral oposto e geralmente (75%
Tipo II - fratura de todo o côndilo. Esse tipo de fratura-l uxação pode dos pacientes) os liga mentos cruzados são avu lsionados ou ras-
envolver o platô medial ou lateral e se distingue da fratura do tipo gados, fazenco com que a tíbia sofra uma subluxação na medida
IV por uma linha de fratura que se estende para dentro do com- em que o côndil o femoral comprime uma porção das faces
partimento oposto abaixo da emin ência intercondilar (Fig. anterior, posterior ou "média" do aro articular. As lesões estáveis
54-53). O ligamento colateral oposto está envolvido em metade podem ser tratadas por gesso até que os ligamentos estejam
das fraturas, resultando em fratura ou luxação da fíbula proximal. cicatrizados. Se a cirurgia for necessária, uma abordagem para-
Esse tipo constitui 25% de todos as fraturas-luxação e 12% resul- patelar permite desbridamento dos pequenos fragmentos, ele-
taram em lesões neurovasculares. Um teste de estresse é necessá- vação e estabilização dos fragmentos maiores e reparação do
rio para determinar a lesão oculta do ligamento. As fraturas ligamento cruzado e colateral oposto. A mobilização pós-ope-
estáveis podem ser manejadas por cinta, acompanhamento fre- ratória é, em grande medida, ditada pela natureza da lesão e da
quente e sustentação de peso adiada. As fraturas instáveis ou mal reparação dos ligamentos.
reduzidas podem ser fixadas com parafusos interfragmentários Tipo V - fratura de quatro partes. Constituindo 10% de todas as
após redução fec hada ou aberta mais reparação de qualquer lesão fraturas-luxação essa lesão é quase sempre in stável. A lesão
ligamentar, gesso e sustentação de peso adiada. neurovascular ocorre em 50% das fraturas; a artéria poplítea
Tipo III - fratura por avu lsão do aro. Constituindo 16% das fra- e o nervo fib ular são lesionados em mais de um terço. Os doi s
turas-luxação esse tipo envolve quase que exclu sivamente o complexos de liga mentos colaterais são romp idos com a
platô lateral, com fragmentos de av ulsão do anexo capsular, o fratura bicondilar e a estabili zação proporcionada pelos cru-
tubérculo de Gerdy ou o platô. A ruptura de um ou ambos os zados é perdida, pois a eminência intercondilar é um frag -
ligamentos cruzados é comum. Apesar de a lesão menisca l ser mento sepa rado. Embora tenha sido recomendada uma
rara, as lesões neurovasculares oco rrem em 30% destas fratu- abordagem bicondilar, outros pesquisadores foram mais cau -
ras e quase todas as fraturas do tipo III são instáveis. Uma telosos e recom endaram a fixação da fratura com placa do
abordagem lateral permite a fixação do parafuso do aro arti- platô mais cominuído e a fixação com parafu so interfragmen-
cular e a reparação dos ligamentos colaterais e da banda tário do cônd ilo mais in tacto. Perceba a alta incidência de
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

infecção e deiscência na fixação da fratura com placa bicondi- TRATAMENTO


lar e a extensa exposição necessária. Um método de fixação da
fratura com placa do platô lateral com fixação temporária Os objetivos do tratamento das fraturas articulares da tíbia proximal
medial externa foi descrito por Mast. Nós temos usado a são a restauração da co ngruência articular, o alinhamento axia l, a
redução aberta limitada e a fixação percutânea com fixação estabilidade da articulação e a movimentação funcional. Caso o
externa neutra por fixadores de pinos em uma configuração tratamento cirúrgico seja escolhido, a fixação deve ser suficiente-
delta ou um fixador externo Ili za rov. Tal como acontece com mente estável para permitir a movimentação precoce e a técnica
as fraturas bicondilares de Schatzker do tipo V, extremo deverá minimizar as complicações na cicatrização da ferida. O tra-
cuidado deve ser tomado com os tecidos moles. O movimento tamento cirúrgico geralmente é recomendado para as fraturas asso-
não é permitido até que a pele tenha cicatrizado. A sustentação ciadas a instabilidade, lesão ligamentar e deslocamento articular
do peso é adiada de acordo com o método de fixação; com a significativo; para as fraturas expostas; e para as fraturas associadas
fixação Ilizarov, a sustentação de peso precoce é permitida na à síndrome compartimentai. Após as superfícies articulares de uma
medida do tolerado. articulação terem sido fraturadas, a fun ção articular, geralmente, é
proporcional à precisão da red ução. Para as fraturas deslocadas, a
maioria dos autores aponta que o fator mais importante que influen-
AVALIAÇÃO cia os resultados de longo prazo e, portanto, a abordagem de trata-
mento é o grau de deslocamento e de depressão.
Um histórico completo deve ser obtido, incluindo a determinação O grau de deslocamento articular aceitável é controverso.
do mecanismo da lesão e o estado de saúde geral do paciente, sua Alguns autores recomendam a redução cirúrgica para um recuo
idade e suas demandas funcionais e econômicas. Um exame físico articular de mais de 2 mm, enquanto outros defendem a redução
detalhado é necessário para detectar lesões ligamentares concomi- cirúrgica para 5 mm ou mais de depressão articu lar ou desloca-
tantes, lesões neurovasculares, síndrome compartimenta!, fraturas mento de mais de 5 graus de alinhamento a,'<.ial. Ainda outros têm
ad icionais e outros ferimentos. As pressões compartimentais devem relatado resu ltados clín icos semelhantes com tratamentos cirúr-
ser medidas com um método preciso se houver suspeita clínica de gico e não ci rúrgico de fraturas com 8 mm de depressão. A maioria
síndrome compartimentai. Uma arteriografia deve ser obtida nas dos autores concorda que, se a depressão ou o deslocamento
fraturas com suspeita de lesão vascular ou nos pacientes com fratu- exceder 10 mm, a cirurgia pa ra elevar e restaurar a superfície
ras-luxação. Os pacientes com lesões vasculares óbvias devem ser articular é indi cada. Se a depressão for menor de 5 mm em fraturas
levados imediatamente para a sala de cirurgia para a exploração estáveis, o tratamento não cirúrgico, que consiste em movimenta-
vascular e revascu larização. ção no início com uma órtese articulada e sustentação de peso
Radiografias e tomografia computadorizada anteroposterior, adiado, geralmente, é satisfatór io. Se a depressão for de 5 mm a 8
lateral e oblíqua são necessárias para avaliar essas fraturas. A ava lia- mm, a decisão por tratam ento não cirúrgico ou cirúrgico depende
ção do grau e o tamanho dos fragmentos articulares deprimidos em grande parte da idade do paciente e da atividade que o joelho
pode ser possível apenas com a TC. Muitas vezes, a classificação da exige. Se o paciente for idoso e sedentário, o tratamento não cirúr-
fratura feita a partir de radiografias-padrão é alterada para um outro gico geralmente é adequado. Se um paciente for jovem ou ativo, as
tipo após as tomografias serem avaliadas. A superfície articular tibial tentativas de reconstru ção cirúrgica da superfície articu lar são
superior normalmente está inclinada posteriormente em 10 a 15 justificadas.
graus e uma radiografia anteroposterior com o feixe em âng ulo Os estudos de acompanhamento de longo prazo têm mostrado
caudal de 10 a 15 graus proporciona melhores vistas dos platôs. As que a artrite pós-traumática está associada à instabilidade residual
radiografias de estresse para a lesão do ligamento colateral foram ou ao mau alinhamento axial, e não ao grau de depressão articular.
mencionadas anteriormente. Colletti, Greenberg e Terk analisaram A instabilidade é outra ind icação de tratamento cirúrgico. A insta-
os resultados de RM em 29 fraturas do platô tibial e encontraram bilidade pode res ultar em ruptura ligamentar depressão óssea da
lesões tibiais colaterais em 55%, lesões do menisco lateral em 45%, superfície articular ou deslocamento de translação de um fragmento
lesões do ligamento colateral fibular em 34%, lesões do ligamento de fratura. As lesões ligamentares ocorrem em 10% a 33% das fra-
cru zado anterior em 41 %, lesões do ligamento cruzado posterior em turas do platô tibial. A principal indicação para a cirurgia não é a
28% e lesões do menisco medial em 21%. Esse estudo mostrou o medida de depressão do fragmento ou da superfície articular, mas
espectro das lesões dos tecidos mo les associadas à fratura do platô a presença de instabilidade em varo ou em va lgo de 10 graus ou mais
tibial; no entanto, a RM não é indicada rotineiramente. Mustonen com o joelho flexionado a menos de 20 graus.
et ai. demonstraram uma incidência de 42% de achados de menisco Os métodos de tratamento propostos para as fraturas dos côn-
anormal na RM em pacientes que sofreram fraturas do platô tibial dilos tibiais incluem a exposição extensível com artrotomia e recons-
e 88% dos pacientes com lesões meniscais tiveram lesões instáveis. truçã o da superfície articular com placa e fixação com parafuso (Fig.
O papel exato da RM na avaliação de pacientes com fratura do platô 54-54); artroscop ia ou artrotomia limitada e fixação de parafuso
tibial ainda está evoluindo. percutâneo ou fixação externa com pinos ou fios fixadores; manipu-
Seja qual for a lesão, o dano à articulação geralmente é mais lação fechada e gesso, especialmente com um molde de cinta; e
extenso do que as rad iografias indicam. Os anexos ósseos de um tração com movimentação precoce. As técnicas de fixação da fratura
ou ambos li gamen tos cruzados podem ser av ulsionados e deitar com placa mais recentes são capazes de fixação com menor elevação
como fragmentos livres na articulação. Os fragmentos cominuí- iatrogênica dos tecidos moles e empregam abordagens minima-
dos da superfície articular mu itas vezes se encontram angulados mente invasivas. Se mais do que uma incisão for utilizada, uma
em relação ao seu plano norma l e podem estar de cabeça para grande ponte de tecidos moles é deixada entre elas. Nenhum método
baixo. O menisco frequentemente es tá rasgado na sua periferia, pode ser usado rotineiramente para todas as fraturas e cada paciente
e uma parte ou todo ele pode situar-se entre os fragmentos deve ser avaliado individualmente. A cirurgia extensa em uma
triturados. fratura cominuída grave pode resultar em menos fixação interna
@lijff:t PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

O[iji!;ful!m A fratura do platô tibial por depressão de divisão latera l pode ser controlada com redução anatômica da lesão articular
e parafusos rafting subcondrais para apoiar a elevação articular. O côndi lo lateral é apoiado com uma construção de placa de reforço .
Os parafusos de abrigo subcondral podem ser acop lados com a placa para a cominuição do aro periférico lateral agir como uma
lavadora.

ideal e uma necessidade de imobilização pós-operatória, resultando, aberta. Tem sido recomendada a avaliação artroscópica de todas as
muitas vezes, em articulação não estável e nem livremente móvel. fraturas de Schatzker do tipo I que são tratadas cirurgicamente para
Nas fraturas não deslocadas, após a integridade dos liga mentos se assegurar que o menisco lateral não está retido dentro do local
colaterais estiver estabelecida, o tratamento deve consistir de alguns da fra tura. Mui tas fraturas de divisão lateral podem ser estabilizadas
dias de imobilização seguida de movimentação at iva precoce do de forma adequada por grandes parafusos esponjosos percutâneos.
joelho. A sustentação de peso deve ser adi ada até que a consolidação Se a fratura do côndilo lateral estiver associada a um a fratura da
da fratura esteja evidente, o que acontece em geral em 8 a 1O cabeça da fíbula, uma placa de reforço lateral proporciona estabili-
seman as. Oitenta e nove por cento de bons resu ltados têm sido dade adi cional.
relatados em fraturas tratadas com redução fechada e gesso, havendo Segmentos articula res deprimidos não podem ser redu zidos
pouca correlação entre a aparência radiográfica subsequen te e o apenas por liga mentotaxia e requerem elevação através de uma
resultado funcional. A redução e o alinhamento foram perdidos na janela co rtical, enxerto ósseo e IL-x:ação com parafusos esponjosos
maioria das vezes nas fraturas do côndil o medial e bicondilares. grandes ou um a placa de reforço. Patil et ai. relataram dados biome-
Sarmiento et ai. descobriram que, muitas vezes, a condição da cânicos que sugeriram que quatro parafuso s de 3,5 mm foram mais
fíbula, se fraturada ou intacta, determina o comportamento angular adequados qu e dois parafu sos de 6,5 mm para a compressão axial.
destas fraturas sob condi ções funcionais e de sustentação de peso. Tradicionalmente, a redução tem sido observada por meio de uma
As fraturas isoladas do côndil o lateral com uma fí bula íntegra não artrotomia e um a incisão submeniscal; no entanto, os investigadores
entraram em colapso ainda mais por causa do apoio da fíb ul a. Por têm usado com sucesso a redução assistida fluoroscópica ou artros-
outro lado, as fraturas do cô ndilo lateral com fraturas da fíbula copicamente, enxerto ósseo ou substituto de enxerto ósseo e fixação
associadas mostraram a tend ência de sofrerem colapso em va lgo por por parafusos percutâneos para tratar as fraturas do platô tibial com
causa da perda de apoio ti.bular. As fraturas de ambos os côndilos depressão art icular (Schatzker do tipo II e tipo III). As fraturas
não en traram em colapso ainda mais ou angularam quando a fíb ula deslocadas do côndilo medial (Schatzker do tipo IV) muitas vezes
proximal fo i fraturada e deslocada. Se a fíbula estiver in tacta, no são bastante instáve is e, geralmente, são mais bem tratadas com
entanto, o côndilo medial geralmente entra em colapso, crian do uma redução aberta e fixação com um a placa de reforço medial, que é o
deformidade em varo. mais biomecani camente sonoro.
As fra turas de divisão lateral podem ser reduzidas abertas ou O tratamento das fraturas do platô tibial graves ou "complexas"
percutaneamente usando-se tração e pinça de redu ção sob controle pode ser bastante difícil. As fraturas do platô tibi al graves ou com-
ar troscópico ou fluoroscópico. Se o aro deslocado do côndilo não plexas são as fraturas bicondilares (Schatzker do tipo V); as fraturas
puder ser reduzido a uma posição de apoio no âmbito do côndilo do platô tibial com desco ntinuidade metafisári a- diafisária (Schat-
femoral usand o-se a manipulação fechada, é necessária a redução zker do tipo VI); e as fraturas com incisões abertas, abrasões dos
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES EMOOM

O!§lhf4L?m A, Tomografia computadorizada de fratura exposta do platô tibial. B e C, Fixação com fixador externo híbrido. D,
Após a remoção do fixador.

tecidos moles fechadas graves, contusões ou lesões por es maga- Parafusos canulados podem ser utili zados como fixadores acessórios
mento (Tscherne do tipo II ou III) , síndrome compartimentai ou da sup erfície articular. Um fixador externo colocado abaixo do
lesão vascular. Os métodos fechados de tratamento com tração ou joelho pode manter a red ução arti cular e o alinhamento axial, além
gesso geralmente são malsucedidos em manter a redução articular de permitir uma movimentação inicial (Fig 54-55). Uma dissecção
e o alinhamento axial. Os métodos tradicionais de redução aberta e mínima do tecido mole é necessári a para a aplicação de um fixad or
fixação de fratura com placa exigem extensa exposição, o qu e pode externo, o que, teoricamente, deveria reduzir as complicações na
comprometer os tecidos moles posteriormente e devascular izar os cicatrização da ferida.
fragm entos ósseos, levando à infecção. Ne m todas as fraturas se reduze m apenas com ligamentotaxia
Foram fe itas tentativas para reduzir a incidência de complica- e uma redução aberta limitada com enxerto ósseo às vezes é neces-
ções nestas fraturas por meio de exposições menos extensíveis e sária. Uma desvantagem potencial da fixação externa é o risco de
técnicas de redução indireta e por fixação com placa de reforço infecção no local do pino. As infecções no local do pino geralmente
lateral suplementar com um fixador externo medial de dois pinos são pequenas e podem ser tratadas com antibióticos orais. A artrite
ou pequena placa antideslizante em vez de uma segunda placa de séptica tem sido relatada como res ultado de uma in fecção em torno
reforço medial volumosa. Mills e Nork sugeriram que um a dupla dos pinos peri articulares e dos fios. Os estudos anatômicos têm
fixação da fratura com placa poderia ser alcançada com dissecção mostrado que os pinos ou os fios colocados 14 mm dentro da arti-
mínima de tecidos moles utilizando-se uma incisão na pele mais culação do joelho podem ser intracapsulares. Para prevenir a artrite
anterior e dissecção com limitação subp eriosteal para fraturar as séptica, a colocação intracaps ular de pinos e fios deve ser evitada.
margens e a área da placa de aplicação prevista. O uso de placas em Os estudos clínicos têm demonstrado qu e a fixação por anel e por
T AO/ ASIF para pequenos fragmentos (parafusos de 3,5 mm) tem fio é um método aceitável de tratamento para as fraturas do platô
sido relatado para a fixação das fraturas do platô tibial. Reduções tibial complexas (87% a 88% de res ultados bons ou excelentes com
anatômicas ou quase anatômicas foram obtidas em 86,7% delas sem 6,5% a 12% de in fecções superficiais). Uma constru ção de quatro
infecções ou complicações de tecidos moles. O diâmetro menor e fios tem sido mostrada como forn ecendo uma estabilidade compa-
uma maior maleabilidade da placa em T para pequenos fragmentos rável àquela obtida pela dupla fixação de fratura com placa.
forneceram melhor justaposição dos fragmentos osteocondrais do Nós, frequentemente, usamos a fixação por anel e fio para o
qu e as placas em T AO/ASIF pré-contornadas e as placas em L tratamento das fraturas do platô tibial complexas (Fig. 54-56). Em
(parafusos de 6,5 mm ). 57 pacientes com fraturas Schatzker do platô tibial do tipo VI,
Outros investigadores têm obtido bons resultados sem infecção tratadas com fi xação Ilizarov, quatro fraturas foram infectadas
nas fraturas do platô tibial expostas complexas de grau II e grau III (7%), incluindo duas com artrite séptica. Vinte e duas fraturas
(Schatzker de tipos V e VI) tratadas por cirurgiões experientes com (38%) eram expostas. Em 45 fraturas (84%) com reduções aceitá-
um protocolo-padrão de desbridamento completo, fixação interna ve is, a amplitud e de movimento do joelho alcançou 115 graus. Em
rígida imediata e fe chamento adiado por 5 dias. Tscherne e Lobe- nove pacientes ( 16%) com reduções ruins, a movimentação do
nhoffer recomendaram abranger temporariamente o joelho com um joelho foi de 79 graus.
fixador externo nos pacientes com lesão grave dos tecidos moles. A fixação externa por meio-pino monolateral colocado abaixo
A fixação interna pode ser feita após o inchaço ter diminuído. do joelho é um a outra técnica qu e tem sido usada para tratar fraturas
A fixação externa usando-se tanto fixadores de meio-pinos do platô tibial complexas. Parafusos esponjosos acessórios são utili-
qu anto anéis e fixadores de fios também tem sido defendida como zados para manter a redução articular. Isso é tecnicamente mais fácil
uma fixação definitiva para as fraturas do platô tibial complexas. para os cirurgiões que não estão familiarizados com as técnicas de
MlfitJ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM AD ULTOS

H@ii;f4Bm A e B, Fratura do platô t ibial. C, Estabilização com fi xado r lli zarov externo circular. D, Após a remoção do fi xador.

fixação por anel e por fio; no entanto, os meio-pinos podem não plano coronal médio e perpendicularmente à tíbia. À medi da que
obter uma fixação tão segura assim como os pequenos fios esticados o distrator é alongado, grande parte da red ução é conseguida por
no osso metafisário cominuído. ligamentotaxia. Devido a o pino femoral es tar locali zado perto do
Ocasionalmente, uma fratura do platô tibial é tão cominuída centro de rotação do côndilo fe moral, a fr atura é minimamente
ou a lesão dos tecidos moles é tão grave qu e a redução precisa e a rompida por flexão e extensão do joelho nas tentativas de localizar
fixação estável são impossíveis no quadro agudo. Nesta situ ação, o as linhas de fratura e corrigir o platô. Se for tornado cuidado para
joelho pode ser coberto por um fixador externo de meio-pino como não tracionar em excesso os tecidos moles, o distrator femoral é
uma fixação temporária ou definitiva. Essa técn ica permite que o um assistente incansável.
paci ente seja mobilizado mantendo o alinhamento axial do membro.
A imobilização do joelho durante 6 semanas não parece afetar
adversamente a amplitude de movimento fin al do joelho. REDUÇÃO ABERTA FIXAÇÃO DE
• FRATURA DO CÔNDILO LATERAL
FRATURA DO PLATO TIBIAL
Uma compreensão dos mecanismos que produzem as fraturas do
TÉCNICA
côndilo latera l da tíbia é necessária para um tratamento inteligente.
Essa fratura, ge ralmente, é produzida por uma tensão em valgo no •Ap liqu e um torniquete, exceto nos pacientes com lesão
joelho com os ligamentos e os músculos do lado medial resistindo grave dos tecidos moles.
à se paração de tíbia e cô ndilos fe morais. O côndilo femoral lateral • Para as fratu ras do côndilo lateral, faça uma incisão ant ero-
é dirigido para baixo, para a sup erfíci e de suporte de peso do latera l em linha reta ou ligeiramente curvilínea a partir de 3
côndilo lateral da tíbia, pressionando a parte central da superfície cm a 5 cm proximalmente acima da linha articu lar e esten-
articu lar n a metáfise esponj osa para bem abaixo do seu nível dendo dista lmente abaixo da ma rg em inferior do local da
no rmal. Além disso, a margem lateral da superfície articular da fratura imediatamente anterior ao epicônd ilo femora l lateral
tíbia explode lateralm ente e uma ou mais fraturas se estendem ao tubérculo de Gerdy. Essa incisão proporciona uma boa
longitudinalmente para dentro da metáfise da tíbi a, produzindo exposição, evitando complicações de pele. Alternativa-
um fragmento lateral. Esse fragmento, normalmente, é rel ativa- mente, uma incisão em forma de L pode ser usada.
m ente grande e, quando visto a partir do lado lateral, muitas vezes •Faça a incisão fascial em li nha com a incisão na pele. Não
é triangular com a base do triângulo proximal. Normalmente, o destrua retalhos de tecidos moles mais do que o necessá-
fragmento é seguro ao nível da ar ticul ação pelo impacto da fíbul a. rio. Se necessário para a exposição, reflita uma porção ou
Menos frequ entemente, o côn dilo lateral fratura a fratura em se u a totalidade da banda iliotibial da sua inserção no tubér-
colo e pode ser deslocado como um fragmento grande com apenas culo de Gerdy. Ganhe exposição intra-articular por meio de
uma ligeira depressão central e comi nui ção. O tratamento aberto incisão do ligamento coronário ou inframeniscotib ia l e
de fraturas do platô tibial é facilitado pelo uso do distrator femora l retraia o menisco superiormente após a colocação de
AO. Para as fraturas do platô latera l, um pino bicortical é inserido suturas de marcação men iscoca psular não absorvíveis.
imediatamente anterior ao epicôndilo femoral late ral paralela- • Inspecione e desbride ou repare quaisquer lesões menisca is
mente à articulação. Um segundo pino é inserido na co rtical tibial para preservar o máximo de men iscos possível. Para expor
lateral distalmente em relação ao local de fixação proposto no
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES f{ifj@
• Insira um pequeno osteótomo fino, um elevador periosteal,
ou uma tampa óssea curva através da janela cortical ou da
linha da fratura no osso esponjoso subcondral e eleve ao nível
normal os fragmentos deprimidos da superfície articular. À
medida que os fragmentos são elevados e reduzidos, fixe-os
temporariamente com vários fios de Kirschner pequenos.
Estabi lize com fixação de parafuso raft subcondral.
•Apl ique uma placa de reforço à tíbia proximal anterolateral.
Placas peri articu lares pré-contornadas projetadas para fra-
turas do platô tibial estão prontamente disponíveis, nor-
malmente em dimensões de 3, 5 mm ou 4,5 mm (Fig.
54-58). Dependendo do ajuste do implante, pode-se optar
por colocar parafusos raft sepa rados antes de fixar a placa
O@ihM eli,I Um elevador periosteal ou instrumento similar para assegurar o suporte subcond ra l de segmentos articu-
é introduzido abai xo do nível do fragmento do platô tibi al depri- lares recém-elevados. Normalmente, para apenas fraturas
mido. Com uma pressão ascendente cuidadosa e suave, os frag - simples do côndilo latera l (S hatzker 1e li), implantes de não
mentos articulares são elevados. VEJA A TÉCNICA 54-15. travamento de 3,5 mm são suficientes.
•Aumente o defeito com osso esponjoso ou substituto
ósseo.
a fratura longitud inal do cônd ilo latera l, eleve a origem dos • Se o menisco tiver sido destacado perifericamente, sutu-
músculos extensores do aspecto anterolatera l do côndilo re-o com cu idado de vo lta para se u anexo de li gamento
de forma extraperiosteal. Libere a origem muscu lar lateral- coronário. Se a banda iliotib ial tiver sido refletida a parti r
mente até que a linha de fratura esteja exposta. de sua inserção no tubérculo Gerdy, reanexe-a.
• Retraia o fragmento lateral para obter acesso à parte centra l
do côndi lo tibial. Esse fragmento lateral muitas vezes dobra CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é colocado em
aberto como um livro, expondo a superfície articu lar depri- um imobilizador de joelho removível. Em 1 a 2 dias de
mida e o osso esponjoso da depressão centra l. pós-operatóri o, a fi sioterapia é iniciada com exercícios de
•Alternativa mente, faça uma janela corti cal aba ixo da área quadríceps e exercícios ativo-assistidos suaves são in iciados,
da depressão que permita a redução deste fragmento. ou uma máquina de movimentação passiva pode ser usada.
Essa abordagem, gera lmente, requer dissecção menor A caminhada com mu leta é iniciada, mas nenhuma susten-
dos tecidos moles do que o dobramento aberto do frag - tação de peso é permitida durante 12 semanas. Se uma
mento do côndil o lateral. sutura extensa da periferia do menisco fo r necessária, a
•Insira um elevador periosteal bem aba ixo dos fragmentos imobi lização por aproximadamente 3 semanas é necessária
articulares deprimidos e, por meio de pressão lenta e meti- antes de os exercícios de movimento serem permitidos.
cu losa , eleve os fragmentos articulares e o osso esponjoso
comprimido em uma grande massa (Fig. 54-57). Isso
produz uma grande cavidade na metáfise, que deve ser
preench ida com enxerto ósseo ou um substituto. Se isso • LESÃO LIGAMENTAR COM FRATURA CONDILAR
não for feito, o reposicionamento e a sedimentação podem As lesôes ligamentares cruzada e colateral que ocorrem com frat uras
ocorrer. Vá rios tipos de enxertos foram propostos a partir de côndilo tibial são muito mais com uns do que se pensava ante-
de suportes transversais co rti ca is para enxertos ilíacos de riormente e, se não tratadas, podem ser responsáveis pela instabili-
espessura tota l. Nós preferimos substitutos ósseos injetá- dade e um mau res ultado fina l, apesar de uma fratura de côndilo
veis, tais como sulfato de cálcio ou cimentos ósseos de bem consolidada. Um aumento na incidência de artrite pós-traumá-
fosfato para o manejo do defeito metafisário subcond ra l tica tem sido encontrado após fratura do platô tibial com lesão
após a elevação dos segmentos articula res deprimi dos. ligamentar concom itante. Lesões ligamentares foram relatadas em
•A abordagem lateral-padrão dá apenas uma visão li mitada 4% a 33% das fraturas do platô tibial e em 60% das fraturas-luxação.
do platô posterolateral e não fornece acesso à pa rede O ligamento colateral medial é o mais com umente ferido, geral-
posterior do platô tibial lateral. Certas fratu ras loca lizadas mente com fratur as de dep ressão locais e não deslocadas do
no platô posterolatera l requerem uma abordagem mais côndilo lateral da tíbia. Radiografi as de estresse são úteis para fazer
extensível. Nesta situação, a incisão fascia l seg ue a inserção o d iagnóst ico. Em um est udo prospectivo de 30 fra turas do platô
dos músculos extensores e continua sobre a fíbula subca- tibial submetidas à correção cirúrgica, Benn ett e Browner re lata-
pita l. A camada inteira é despida distalmente conforme ram uma incidência de 56% de lesões dos tecidos moles adicionais;
necessário. Exponha o nervo fibular e corte o colo fibular 20% das fraturas foram associadas a lesões meniscais, 20% tinh am
com uma serra osci lante. Isso permite a retração do seg- lesão ligamentar colateral medial, 10% apresentavam lesão ligamen-
mento superi or para a parte de trás ou a rota ção da cabeça tar cruzada, 3% tinham lesão ligamentar colateral lateral e 3% apre-
fibular para cima, expondo o platô posterolatera l e o alar- sentaram lesão do nervo fibular. A lesão ligamentar colatera l medial
gamento lateral e posterior da tíbia proximal. ocorreu na maioria das vezes com fraturas Schatzker do tipo II,
•Se o deslocamento do aro periférico for ligeiro, e a enquanto a lesão meniscal ocorreu na maioria das vezes com fra tu -
depressão centra l do côndi lo for a deformidade principal, ras Schatzker do tipo IV.
remova uma janela cortical anterior com a sua borda Exames de estresse pré-operatório e pós-operatório do joelho são
proximal distalm ente à superfície articular. recomendados para se detectar lesão ligamentar. A frouxidão residual
após redução anatômica do platô tibial indica lesão ligamentar.
WW» PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM AD ULTOS

HMll@B!I A, Lesão por frat ura-luxação do platô da tíb ia medial. B, Redução e estabilização do cô ndil o tibial medial deslocado
por meio de abordagem posteromedial para fo rn ecer fi xação por placa de refo rço. VEJA A TÉCNICA 54-15.

Delamarter, Hohl e Hopp destacaram o mau prognóstico da lesão no pós-operatório. A cinta é usada durante 4 semanas. Quando o
cruzada ocorrendo com fratura do platô tibial e a frequência de gesso é removido, exercícios ativos são iniciados.
flacidez residual significativa. Se as eminências intercondilares da
tíbia forem fraturadas e deslocadas, elas devem ser substituídas e
fixadas no momento da redução aberta do côndil o. A fixação pode
• REDUÇÃO ASSISTIDA ARTROSCOPICAMENTE E
ser feita com suturas passadas através de túneis ósseos ou com um FIXAÇÃO DE FRATURAS DO PLATÔ TIBIAL
pequeno parafuso de fragmento se o fragmento da eminência for As técn icas de red ução e de fixação artroscopicamente assistidas estão
grande o suficiente. As lesões de média substância do ligamento para ser utilizadas com maior frequênc ia no tratamento de fraturas
cruzado anterior devem ser reconstruídas mais tarde, se a frouxidão do platô tibial Schatzker do tipo I, tipo II e tipo III. Técnicas artros-
sign ificativa permanecer após a consolidação da fratura. Lesões de cópicas requerem dissecção mínima de tecido mole, proporcionam
média substância agudas do ligamento colateral medial geralmente excelente exposição da superfície articular e podem ser utilizadas para
cicatrizam satisfatoriamente com tratamento conservador. Devido diagnosticar e tratar a lesão do menisco concomitante.
ao aumento da exposição cirúrgica necessária para reparar o liga- Buchko e Johnson descreveram uma técnica artroscópica em
mento e à imobilização pós-operatória que é necessária para levar que a extremidade afetada é colocada em um suporte da coxa, um
ao aumento da rigidez do joelho, a reparação aguda do ligamento torniquete é inflado e um portal artroscópico anterolateral é colo-
colateral médio é raramente indicada. As lesões ligamentares cola- cado aproximadamente 2 cm acima da linha de articulação para
terais devem ser protegidas com uma órtese art iculada. Se o liga- permitir ao cirurgião olhar para baixo sobre o platô tibi al. Uma
mento colateral medial for reparado, uma incisão medial separada ava li ação diagnóstica completa é realizada. Uma bomba artroscó-
é necessária, como descrito para a reparação do ligam ento colateral pica de baixa pressão pode se r usada, mas não é obrigatória, apesar
medial (Cap. 45) . Quando o ligamento tiver sido reparado e a fratura de melhorar a exposição e facilitar a lavagem articular. Se a bomba
do côndilo, fixada, o joelho é imobilizado em um molde de gesso for utilizada para fraturas extracapsulares (Schatzker tipo I, tipo III
ingnopédico com o joelho flexionado em 45 graus. Embora a e tipo IV), a porção metafisária do local da frat ura deve ser exposta
movimentação precoce após a fixação das fraturas do côndilo da para impedir o extravasamento do líquido de irrigação para os
tíbia seja desejável, a movimentação deve ser adiada se a reparação tecidos moles. Essa incisão pode ser usada posteriormente para criar
de uma lesão ligamentar colateral aguda também estiver envolvida. um a janela óssea para redução e enxerto ósseo. Fraturas Schatzker
Nós descobrimos que a utilização de um gesso ingnopédico mantido do tipo III ge ralmente são intra-a rticulares e o extravasamento é
durante 2 semanas até que as sutu ras sejam removidas segu ido de uma preocupação menor. A art iculação deve ser cuidadosamente
uma cinta femoral com um batente de extensão que permite a lavada para evacuar a hemartrose e remover ossos soltos e fragmen-
flexão, mas impede a extensão completa, é um compromisso eficaz tos condrais. Quando a avaliação diagn óstica tiver sido completada,
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFER IORES tJifj@
a redução pode ser realizada com a bomba ou com uma técnica
•Às vezes, a mobil ização da borda superior dos tendões da
artroscópica seca. Se o menisco latera l estiver retido no local da
pata de ganso pode ser necessária para a fixação da fratura.
fratura, ele pode ser retirado com um ganch o. Lesões do men isco,
•Realize a redu ção e a fi xação interna uti lizando uma placa
geralmente, podem ser reparadas e devem ser tratadas como tal. As
de fragmento pequena de 3,5 mm centrada sobre o áp ice
técnicas para o reparo meniscal são descritas no Capítulo 45.
da extensão da fratura distal. Essa abordagem pode ser
Os fragmentos deprimidos podem ser elevados através de uma
utilizada em co njunto com a fixação do côndi lo latera l
pequena janela cortical. O fragmento deprimido pode ser localizado
por meio de uma abo rdagem anterolatera l para tratar
por meio de um guia tibial do ligamento cruzado anterior para colocar
lesões bicondilares .
um fio de Kirschner no fragmento deslocado. O fragmento pode ser
•A incisão pode se r colocada mais dista l anteriormente se
elevado utilizando-se um impactador canulado. A redução pode ser
o padrão da fratura ditar. Embora ra ramente necessárias,
avaliada com precisão por meio do artroscópio e o defeito resultante
as abordagens mediais extensíveis têm sido defendidas
pode ser preenchido com enxerto ósseo autógeno ou substituto de
através de incisões de linha méd ia anterior de fraturas do
enxerto ósseo. A fixação é reali zada com parafusos corticais percutâ-
cônd ilo media l da tíbia proximal. Os leitores podem con-
neos de 3,5 mm. Devido a fixação da fratura com placa de reforço ser
su ltar as edições anteriores deste texto para uma discus-
necessária nos pacientes com ossos com osteoporose, a redução
são mais aprofundada desta técn ica.
artroscopicamente assistida é menos adequada para essa população
de pacientes. Pequenas séries clínicas usando técnicas de redução e
fixação artroscopicamente assistidas em fraturas do platô tibial, pre-
dominantemente as Schatzker do tipo I, tipo II e tipo III, têm mos- • FRATURAS PROXIMAIS COMINUÍDAS
trado bons ou excelentes resultados em 80% a 100% dos pacientes. No passado, a redu ção anatômica por meio de exposições extensas
e a fixação rígida com várias placas de fragmentos grandes eram
• FRATURA DO CÔNDILO MEDIAL preconizadas para o tratamento de fraturas do platô tibial bicondi-
Se a redução aberta, a elevação e a fixação interna do cô ndilo tibial lares. A incidência inaceitável de complicações infecciosas e na cica-
medial forem necessárias, uma técnica semelhante à descrita ante- tri zação das feridas muitas vezes associadas a essas técnicas tem
riormente para o côndilo lateral da tíbia é praticada. A frat ura pode levado ao desenvolvimento de estratégias alternativas de tratamento.
ser abordada por meio de uma incisão reta anterior, anteromedial As técnicas atualmente aceitas incluem redu ção indireta, exposições
ou posteromedial. Para a compactação da divisão e a dep ressão total cirúrgicas menos extensas, fi xação com placa de reforço da maioria
de fraturas do côndilo tibial medial, além de elevar o fragmento dos côndilos comin uídos e fixação do côndilo menos envolvido com
ósseo deprimido e embalar o osso abaixo dele, uma placa de reforço implantes menores, tais como parafusos canulados, placas antides-
medial deve ser aplicada. Isso pode ser dobrado para se alcançar um lizantes e fixadores externos monolaterais de dois pinos. Fixadores
contorno preciso para se ajustar à metáfise tibial e ao côndilo tibial de anel e fio e fixadores monolaterais de meio-pino, com ou sem
e a fratura pode ser fixada com parafusos de fixação ou un icorticais red ução abe rta limitada, também estão sendo usados para tratar
esponjosos na região proximal da placa e com parafusos corticais essas fra turas difíceis. Exames de TC pré-operatórios são essenciais
-padrão na porção distal (Fig. 54-58). Fraturas mais complexas do ao planejamento de uma estratégia para o tratamento. A RAFI é
platô medial podem necessitar de uma exposição mais extensível. adiada por 7 a 10 dias (às vezes mais) até que o edema e as lesões
dos tecidos moles tenham diminuído. Se a cirurgia for adiada, a
fixação externa uniplanar temporária abrangendo o joelho é uma
EXPOSIÇÃO MEDIAL técnica valiosa ta nto para a estabili zação do tecido esquelético
quanto dos tecidos moles até que a fixação definitiva possa ocorrer.
TÉCNICA
•Avalie criticamente a imagem pré-operatóri a, bem
REDUCÃO ABERTA E FIXACÃO
como a cobertura de tecidos mo les do paciente para
INTERNA DE LESÕES BIC01'1DILARES
assegurar uma reso lução sat isfatória do edema antes A abordagem cirúrgica de fratu ras comp lexas do platô
de prosseg uir. tibial deve ser individua lizada com base na configuração
•A local ização da extensão dista l da fratura do côndilo específi ca da fratura. O que se segue é uma abordagem
medial vista na TC ajuda a determ inar o loca l idea l para gera l apl icável a mu itas destas fratu ras.
a incisão cirúrgica .
•O objetivo da aplicação de fixação interna deve ser uma TÉCNICA
construção de reforço estável. Para ating ir esse objetivo,
a f ixação intern a deve ser posicion ada sobre o ápice da •Coloque o paciente em decúbito dorsal sobre a mesa
fratura distalmente. fluoroscó pica.
•Mu itas fraturas do côndi lo posteromedia l e media l podem •Com base nos estudos de imagens, assim como no pla-
ser fi xadas por meio de uma abord agem cirú rgica poste- nejamento cuidadoso pré-operatório, marque as incisões
romedial . cirúrgi cas propostas tanto mediaimente quanto latera l-
•Marque a incisão na pele proposta com tinta ci rúrgica inapa- mente, o que aj uda a confirmar que um a ponte suficiente
gável apenas posterior e paralela à borda t ibial med ial. de tecido mole esta rá presente para minimizar o potencial
• Divi da a pele e os tecidos su bcutâneos de forma acentu- de comp licações dos tecidos moles.
ada e mobi lize a borda inferior ou os tend ões da pata de •Tipicamente, a abordagem med ial ou posteromedial é
ganso, e, em seguida, utilize o intervalo cri ado com a rea lizada como descrito anteriormente. Isso perm ite a
cabeça medial do gastrocnêmio. redu ção e a estabi lização do segmento cond il ar medial )
@lijt PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

da lesão, convertendo efetivamente, assim, a lesão para


)
uma fratura unicondilar. Pequen as placas de fragmentos
(3,5 mm; um terço tubular, reconstrução ou placas em T)
são comumente usadas.
•Exponha o componente cond ilar latera l, como descrito
anteriormente, por meio de uma abordagem anterolate-
ral com manipulação meticulosa dos tecidos moles, como
também descrito anteriormente. Corrija a com inuição
articular ou a depressão e qualquer processo patológico
men isca l e estabi lize a fratura provisoriamente. Grandes
grampos periarticulares mu itas vezes são utilizados para
efetuar a compressão entre os côndilos media l e lateral.
•Execute a fixação anterolateral definitiva com uma placa
tibia l proximal pré-contornada cuja f ixação proximal
permita a captura do segmento condilar medial .
• Qua lquer vácuo esponjoso residual da elevação da depres-
são articular pode, então, ser tratado como descrito
anteriormente.
•A fi xação condilar medial pode ser aplicada como uma
placa de reforço antideslizante verd adeira sem a fixação
com parafuso proximal, particularmente quando uma
com inuição estiver ausente. Quando uma com inu ição
estiver presente, a fixação proximal pode ser necessária
para manter a redu ção. Nós consideramos os parafusos de
f ixação unicorticais temporários um benefício. Essa t écnica
previne que os parafusos mais longos interfiram na redução
latera l. Uma vez que a redu ção latera l e a f ixação estejam
completas, esses parafusos unicorticais podem ser trocados
A B
por implantes mais longos, se necessário.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Drenos de sucção fecha-


ij@ii;@E!E!I A, Elevação de pl at ô deprimido. B, Coloca ção de
fios o livados opostos e parafuso canula do após enxerto ósseo.
dos são colocados media imente. Após 1 a 2 dias de pós
VEJA A TÉCNICA 54-18.
-operatório, exercícios ativos e ativo -assistidos suaves,
incluindo movimentação passiva controlada, são instituí-
dos. A sustentação de peso não é permitida por 12 meio de uma incisão dirigida por TC para garanti r dissec-
sema nas de pós-operatório. Todos os prob lemas associa- ção mínima de tecido mole e redução da superfície arti-
dos dos tecidos moles podem retardar o início da movi- cu lar (Fi g. 54-59A)
mentação ag ressiva, como fazem certos padrôes de •Realize a enxertia óssea.
fratura como os que envolvem o tubérculo tibial. •Após a redução dos cônd ilos, use f ios olivados (fios de
Kirschner de 1,8 mm com um cordão de 4 mm loca lizado
excentricamente no f io) para efetua r a compressão inter-
fragmentária da superfície cond ilar (Fig . 54-598). Coloque
FIXAÇÃO EXTERNA CIRCULAR os fios olivados contrapostos através dos fragmentos vindo
a partir de lados opostos das principa is linhas da fratura
TÉCNICA condilar para manter a redução condi lar. Parafusos canu-
lados podem ser substituídos por f ios olivados se os frag-
(WATSON) mentos não estiverem extensivamente cominuídos. Use
fluoroscopia para colocação e direção dos f ios olivados
•Posicione o paciente em uma mesa de fratura ou mesa periarticulares e para o tensionamento dos fios. Três ou
cirúrgica rad iotransparente. quatro fios olivados são normalmente necessários para a
•Aplique tração do pino calcanea l ou tibial distal. Certifi- estabilização dos fragmentos condi lares e metafisários.
que-se de que existe espaço suficiente em torno do •Abra a armação por meio da remoção dos parafusos de
membro pa ra a co locação de anéis ci rculares de tamanho ligação anteriores de ca da anel e coloque a armação
adequado. Anéis fixadores devem permitir 1,5 cm de sobre a perna.
folga sobre a crista anterior da tíbia e 3 cm a 4 cm de • Reconecte os parafusos de ligação anteriores.
espaço ao redor da panturrilha posterior. •Temporariamente, coloque o anel proxim al abaixo do
•Quando o paciente estiver posicionado, aplique tração e nível de envolvimento do côndilo. Após a redução condi -
obtenha a redução utilizando ligamentotaxia. lar, ele é desl izado proximalmente nas hastes rosqueadas
•Consiga uma manipu lação ma is fechada usan do uma para o nível da cabeça fibula r e, eventua lm ente, todos os
pinça de redução grande. fios proximais são ligados a esse anel de f ixação. Posicione
•Se qua lquer depressão arti cu lar não for reduzida apenas o meio-anel imediatamente distal a qua lquer compo-
por ligamentotaxia, use uma abordagem li mitada por nente de fratura da diáfise e coloque o anel distal ao nível
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

da articulação do tornozelo. Se uma cominu ição extensa da


diáfise estiver presente, aplique um anel adicional para a
porção média da diáfise para completar uma armação de
quatro anéis . Un a o anel proxima l aos fios proxima is tendo
o cuidado de que o anel proximal esteja paralelo à articula-
ção. Passe um fio de transfixação distal ao nível da t íbia Não des locado
o
Transversal
o CJ
Polo inferior Não deslocado
distal e paralelamente à articu lação do tornozelo. Quando ou superio r cominuído

QL)
esse fio estiver anexado e tensionado ao anel distal, asse-
gure o a linhamento apropriado do eixo mecânico forçando
os anéis proximais e distais para tornarem-se paralelos uns
aos outros; as articulações são paralelas também.
•Também é possível uti li zar a cabeça da fíbula como uma ÇJ
placa de reforço. Ao colocar um fio olivado através da
cabeça da fíbula obliquamente ao côndilo late ral e ten - Deslocado Vertical Osteocondral
sionar esse fio o livado, a cabeça da fíbula é comprimida co minuído
no côndilo latera l.
H@ll@eB Classifica ção das frat uras da patela . (Redese-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação de peso nhado de Wiss DA, Watson JT, Johnson EE: Fractures of the knee. ln
é adiada por cerca de 3 meses para que todas as linhas de Rockwood CA Jr, Green DP. Bucholz RW, et ai, editors: Rockwood and
fratu ra intra-articulares e os enxertos ósseos se consolidem . Green 's fra ctures in adults, ed 4, Philadelphia, 1996, Li ppincott-Raven.)
Quando tiver ocorrido a consolidação radiográfica, a armação
da fi xação externa pode ser removida. O paciente é colocado
em uma órtese articulada para ajudar na reabilitação.

perda de continuidade do meca nism o extensor do joelho e a poten-


cial incongruência da ar ticul ação fe m oropatelar.
As fraturas da patela podem ser classificadas como não deslocadas
• AUTOENXERTOS OSTEOCONDRAIS PARA ou deslocadas e subclassificadas de acordo com a configuração da
fratura (Fig. 54-60). As fraturas transversais geralmente envolvem o
FRATURAS DO CÔNDILO TIBIAL LATERAL
terço central da patela, mas podem envolver também os polos proximal
COMINUÍDAS (apical) ou di stal (basal) . Uma quantidade variável de cominuição dos
Wilso n e jacobs descreveram um método original para o tratamento polos pode estar presente. A maioria das fraturas em séries relatadas é
de fraturas do côndilo latera l gravemente cominu ídas e deprimidas: transversal. As fraturas verticais geralmente envolvem os terços médio
a patela é removida e é utilizada para substituir a superfície articular e lateral da patela. Se apenas a borda medial ou lateral da pateta for
do côndilo. A cirurgia não é indicada para fraturas de divisão do afetada, a fratura é chamada marginal. As fraturas verticais são mais
cô ndil o ou para a depressão habitual ou fragmentação de sua super- bem vistas em radiografias axiais da patela; deslocamento e ruptura
fície articular, m as, sim, para as fraturas em que a restauração de retinacular raramente ocorrem em fraturas verticais. Outro padrão de
um a superfície articular satisfatória é impossível por causa da fratura comum é a fratura da patela cominuída ou estrelada, que está
grande com inuição. Esse procedimento serve principalmente para associada a uma quantidade va riável de deslocamento.
as frat uras do côndilo gravemente deprimidas e cominuídas, e não As fraturas da patela são geralmente associadas a uma hemar-
deve ser usado rotineiramente. A osteonecrose do enxerto patelar trose e à sensibilidade locali zada. Nas fraturas que são deslocadas ou
ou o côndilo deprimido têm sido observados. têm lesões retinacu lares concomitantes, um defeito palpável pode
Kumar et ai. usaram um auto enxer to da cabeça da fíbula para estar presente. A incapacidade do paciente de estender o joelho
o tratamento de cinco fraturas bicondilares grave mente cominuídas afetado ativamente geralmente indica uma ruptura do mecanismo
da tíbia com resultados excelentes ou bons. As técnicas para os extensor e um retináculo rasgado, que requerem tratamento cirúrgico.
autoenxertos lateral da patela e osteocondral da cabeça da fíbula Ocasionalmente, se a extensão ativa do joelho fo r limitada por dor, a
podem ser encontradas na nona edição deste texto. hemartrose pode ser aspirada sob condições estéreis seguida por
injeção intra-articular de anestésico local. Nos pacientes sem compro-
metimento significativo do mecanismo extensor, a extensão ativa do
PATELA joelho deve ser restaurada. Uma incisão aberta nas imediações de uma
fratu ra da patela pode ser um sinal de uma fratura exposta, que é uma
As fraturas da patela constituem quase 1% de todas as lesões ósseas emergência cirúrgica. Se existe incerteza quanto a saber se a incisão
decorrentes de trauma direto ou indireto. A localização subcutânea aberta se comunica com a articulação, o teste de infiltração com soro
anterior da patela torna- a vuln erável ao trauma direto, como o pode ser usado. Esse teste pode não ser 100% confiável em fraturas
joelho batendo no painel de um veícu lo motori zado ou uma queda expostas com artrotomias traumáticas muito pequenas.
no joelho anterior. Essas lesões são frequentemente cominuídas ou As fraturas da pateta devem ser radiograficamente avaliadas sob
deslocadas e podem incluir lesão co ndral no fêmur distal ou na visualizações anteroposterior, lateral e axial (Merchant) . As fraturas
patela. As fraturas causadas por mecanismos indiretos resultam de transve rsais ge ralmente são ma.is bem vistas em urna visão lateral,
uma contração violenta do quadríceps com o joelho flexionado. enquanto as fraturas verticais, as fraturas osteocondrais e a incongru-
Essas fraturas geralmente são transversais e podem estar associadas ência articular são mais bem avaliadas sob visões axiais. Uma visão
a lesões das expansões retinac ulares medial e lateral. A maioria das comparativa do joelho oposto por vezes é necessária para diferenciar
fraturas patelares é causada por um a combinação de forças diretas uma fratura aguda de uma patela bipartida, que é urna falha da fu são
e indiretas. Os efeitos mais significat ivos da fratura da patela são a da porção superolateral da patela e é, geralmente, bilateral.
@#iflit PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

H@il;Me:DI Tipos de fixação patelar. A, Banda


de tensão modificada . B, Fiação de banda anterior
longitud inal de Lotk e (LAB). C, Fia ção de Magnusson.
e VEJA A TÉCNICA 54-21.

TRATAMENTO As técnicas de fiação são usadas com mais frequência nas


fraturas transversais. Elas também podem ser utilizadas nas fraturas
O tratamento inicial das fraturas patelares agudas deve consistir de cominuídas se os fragmentos forem grandes o suficiente para ficar
talas na extremidade em extensão ou ligeira flexão e aplicação de em conjunto com parafusos, convertendo-as para uma fratura trans-
gelo no joelho. Para evitar danos aos tecidos moles, o gelo não deve versal. Muitas técnicas de fiação diferentes foram descritas, incluindo
ser aplicado diretamente na pele. As fraturas fechadas com desloca- a fiação por cerclagem isolada ou em combinação, a fiação de banda
mento mínimo, incongruência articular mínima e um retináculo de tensão isolada ou modificada com fios de Kirschner longitudinais
extensor intacto podem ser tratadas com sucesso de modo não ou parafusos, a fiação de Magnusson e a fiação de banda anterior
operatório. O tratamento conservador consiste em imobilizar o longitudinal de Lotke (Fig. 54-61) .
joelho em extensão em um gesso cilíndrico do tornozelo à virilha Em estudos experimentais, a fixação mais segura foi obtida
por 4 a 6 semanas e com sustentação de peso permitida conforme o com a fiação de banda de tensão modificada. Isso é especialmente
tolerado. Bostróm considerou a separação do fragmento de 3 mm a útil nas fraturas osteopênicas e cominuídas. Weber et al. recomen-
4 mm e a incongruência articular de 2 mm a 3 mm como sendo daram o ancoramento da fiação de fixação diretamente no osso em
aceitáveis para o tratamento conservador; se qualquer separação ou vez de rosqueá-lo através dos tecidos moles em torno da patela, se
incongruência articu lar for maior, o tratamento cirúrgico é o indi- o movimento precoce for iniciado. Além disso, foi comprovado que
cado. Em seu estudo de acompanhamento de longo prazo, as fratu- um segundo fio de banda de tensão através do tendão proporciona
ras tratadas não cirurgicamente tiveram os melhores resultados. Em uma melhor fixação.
um estudo de acompanhamento por 30 anos de 40 pacientes, Apenas dois parafusos fornecem a fixação adequada nas fratu-
Edwards, Johnell e Redlund- Johnell descobriram que dois terços dos ras com bom estoque ósseo; no entanto, o deslocamento de frag-
pacientes com mais de 2 mm de diástase ou 1 mm de incongruência mentos é ligeiramente maior com apenas parafusos sem fiação de
tinham queixas e forças do quadríceps reduzidas. banda de tensão. Carpenter et ai., em um estudo de cadáver, cons-
Fraturas associadas a lesões retinaculares, fraturas expostas e tataram que espécimes fixados com a banda de tensão por meio de
fraturas com mais de 2 mm a 3 mm de deslocamento ou incongru- parafusos canulados falhou sob uma maior carga.
ência são mais bem tratadas de modo cirúrgico. O objetivo é a restau- Berg descreveu a fixação de fraturas de patela deslocadas
ração da congruência articular e a reparação do mecanismo extensor transversais com fiação em figura de oito por meio de parafusos
com fixação segura o suficiente para permitir a movimentação de compressão canulados paralelos em 10 pacientes, sete dos quais
precoce. Quando a pele estiver normal, a operação deve ser realizada obtiveram resultados excelentes ou bons. As vantagens sugeridas
assim que ela for prática. O atraso retarda a convalescença e, em certa desta técnica foram a realização de uma construção de baixo perfil
medida, afeta desfavoravelmente o resultado. Se a contusão ou a lace- que causou menos irritação do implante de fixadores externos
ração da pele estiverem presentes geralmente é melhor executar a locais de tecidos moles, a possibilidade de movimentação precoce
operação indicada imediatamente na admissão ao hospital ou pouco restrita, e a sua utilização como método de salvamento após fal ha
depois. Quando as lacerações ou as abrasões estiverem superficial- da fiação de banda de tensão tradicional (três pacientes). Atual-
mente infectadas, a cirurgia deve ser adiada por 7 a 10 dias até que o mente, nós preferimos uma banda de tens ão modificada com fios
perigo de contaminação da incisão cirúrgica seja mínimo. de Kirschner ou parafuso para fraturas transversais com grandes
As opiniões divergem quanto ao melhor tratamento das fratu- fragmentos. Se a cominui ção estiver presente, um fio de cerclagem
ras da patela. Os métodos aceitos incluem uma variedade de técnicas pode ser adicionado. Os resultados das técnicas de fiação de banda
de fiação, fixação com parafuso, patelectomia parcial e patelectomia de tensão geralmente são bons (81 % de bons resultados; Lotke e
total. As fraturas expostas da patela são uma emergência cirúrgica e Ecker), embora os resultados não tenham sido tão bons na série
devem ser tratadas com desbridamento imediato e irrigação. A relatada por Smith et al.: 22% das 51 fraturas tratadas com fixação
cobertura precoce dos tecidos moles (dentro de 5 dias) deve reduzir de banda de tensão e movimentação precoce deslocaram-se mais
a incidência de infecção. As mesmas técnicas cirúrgicas utilizadas de 2 mm. Os autores citaram não conformidade e erros técnicos
para o tratamento das fraturas da patela fechadas podem ser usadas corno razões para o deslocamento. Poliéster trançado e cabo tran-
com sucesso para as fraturas expostas. Duas séries relataram 77% de çado têm sido utilizados e parecem fornecer fixação semelhante
resultados bons ou excelentes após o tratamento cirúrgico de fratura ao fio de aço inoxidável.
da patela exposta. Nas fraturas expostas, os tecidos moles despidos A fixação por parafusos percutâneos artroscopicamente assis-
devem ser mantidos ao mínimo necessário para estabilizar a fratura tida também tem sido descrita para fixação de fraturas da patela
de forma adequada. Torchia e Lewellen desencorajaram o uso de fios deslocadas transversais com bons resultados. Se a quantidade de
de cerclagem nas fraturas expostas por causa dos potenciais efeitos fragmentação e o dano articular impedem o salvamento de toda a
adversos na vascularização. patela, a patelectomia parcial ou total pode ser indicada. Embora
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

Brooke ten ha proposto em 1937 que a patela não é um órgão fun - recuperado media 11,8 cm 2 e que apenas uma amostra era inferior
cional, estudos posteriores de Haxton (1945) e Kaufer (1971) refu- a 4,1 cm 2 . Em uma média de 8 anos de acompanhamento, 78% dos
taram essa alegação. Haxton estudou pacientes com e sem pateta e pacientes tiveram resultados bons ou excelentes, as amplitudes de
mostrou que o poder de extensão do joelho aumenta ass im que a movimento alcançaram 94% do normal e a força média foi de 85%
art iculação se estende; ou seja, o poder de extensão é maior com o do normal. Artrite patelofemoral se desenvolveu em 53%. O
joelho a 30 graus de flexão do qu e a 60, 90, ou 120 gra us. Kaufer tamanho do fragmento retido não se correlacionou com o resul-
comparou joelhos de cadáveres intactos e patelectomizados e desco- tado. Hung et ai. constataram que 95% dos pacientes recuperaram
briu que 15% a 30% a mais de força do quadríceps eram necessários a força total, 92% tiveram m ais do que 120 graus de flexão do
para estender completamente os joelhos patelectomizados do que os joelho e 14% relataram dor, mas o tamanho do fragmento retido
joelhos intactos. O efeito da patelectomia fo i eliminado por meio da não fo i observado.
elevação do tubérculo tibial por 1,5 cm. Devido a extensão ser a O local adequado da inserção do tendão patelar na patela
função mais importante do joelho, deve-se concluir que a patelec- re manescente após patelectomia parcial também tem sido contro-
tomia prejudica definitivamente a eficácia do mecanismo do quadrí- verso. A reinserção do tendão patelar anteriormente à patela tem
ce ps. Isso pode não ser suficiente para interferir com as atividades sido demonstrada como causa da inclinação excessiva do polo
normais, e nós temos achado ser raramente necessária a elevação do infer ior da pateta na direção da superfície articular femoral e de
tubércul o tibial após a patelectomia. Peeples e Marga descobriram art rite patelofemoral. Saltzman et ai. recomendaram a religação do
que 15% de 49 pacientes com patelectomias tinham um atraso tendão patelar perto da borda ar ticul ar da patela. No entanto,
extensor e 50% relataram uma fraqueza que afetava o movimento Marder et ai. desco briram qu e o anexo posterior do tendão patelar
de subir escadas. Em duas séries separadas com um acompanha- perto da superfície articular causou inclinação do polo proximal
mento de longo prazo, Jakobsen et ai. e Edwards et al. relatam da patela na direção da superfíc ie articular femoral e qu e a religa-
redução na força do quadríceps de 33% e 44%, respectivamente, ção anterior do tendão patelar restaurou um padrão m ais normal
após a patelectomia. Marya, Bhan e Dove compararam a fixação de de contato patelofemoral. Zhao et ai. reportaram resultados satis-
ban da de tensão anterior com patelectomia e encontraram 80% de fató rios em 21 pacientes nos quais o tendão patelar foi reinserido
excelentes resultados após a osteossíntese em comparação com 50% na cortical anteri or. Em um modelo de cadáver, as forças necessá-
de excelentes resultados após a patelectomia. rias para estender o joelho foram significativamente elevadas
Em um esforço para m anter o comprim ento da patela e quando o tendão patelar fo i recolocado perto da superfície articu-
permitir o movimento anterior, têm sido desenvolvidas técnicas lar, mas as forças foram aumentadas quando o tendão foi recolo-
para preservar em vez de excisar o polo infer ior da patela em cado na co rti cal anteri or.
fr aturas cominuídas. Yang e Byun relataram bons resultados fun - Seja qual fo r o local escolhido de reinserção, as radiografias
cionais e ausência de falha no material de osteossíntese, infec- intraoperatórias devem ser avaliadas com cuidado para garantir que
ções, retardo de con solidações, ou fraturas não consolidadas em o mecanismo extensor não seja excessivamente reduzido e que a
25 pacientes tratados com a técnica de fi ação ver tical para fratu- patela restante não está inclinada. Günal et ai. compararam os resul-
ras cominuídas do polo inferior da patela. A técnica de fio ve r- tados da patelectomia simples (16 pacientes) com os resultados da
ti cal também provou ser mais eficiente do que uma p atelectomia patelectomia com avanço do vasto medial oblíquo (1 2 pacientes).
parcial e suturas de tração em testes biomecânicos em cadáveres. Em um mínimo de 3 anos de acompanhamento, os resultados foram
Matejcic et ai. descreveram o uso de uma placa para fixação de significativamente melhores nos pacientes com o vasto medial
fr aturas cominuídas do polo inferior da patela. Em 51 pacientes, oblíquo avançado.
os res ultados foram excelentes em 30, bons em 16 e satisfatóri os A redução aberta e a fixação externa utilizando pinos superio-
em cinco. Não houve maus resultados . Nós não temos nenhuma res e infer iores colocados transversalmente adjacentes aos polos
experiência com essas técnicas. proximal e distal, e conectados externamente aos grampos de com-
Por causa das objeções à patelec tomia, tentamos salvar pressão, têm sido usadas com sucesso para tratar fraturas transver-
todas as patelas ou, pelo menos, o terço proximal ou distal, se sais e cominuídas. Liang e Wu recomendaram salvar todos os
isso for praticável . Se o polo distal ou proximal da patela estiver fragmentos principais começando a movimentação em 2 semanas e
cominuído, os pequenos fragmentos são removidos, mas o maior removendo a fixação externa em 4 semanas. Outros têm defendido
fragmento é preservado. Quando a cominuição for extensa e a a aplicação de fixação externa circular sob controle artroscópico.
reconstrução da superfície articular for impossível, a patelecto- Nós não temos nenhuma experiência com esses métodos.
mia completa é real izada. Apesar da ocorrência frequente de
fraqueza no qu ad ríceps e atrofia, bons ou excelentes res ultados
são notados após a pateiectomia em 78% dos pacientes em longo
TÉCNICAS E ABORDAGENS
prazo de acompan hamento. COMUNS PARA FRATURAS
Quando a patelectomia parcial for escolhida, a maior quanti- PATELARES
dade de patela possível deve ser salva. Os pedaços maiores podem
ser presos em conjunto com parafusos interfragmentários para TÉCNICA
aumentar o tamanho do remanesce nte patelar. Os fragmentos comi-
nuídos são removidos e o mecanismo extensor é recolocado à patela •Faça uma incisão em linha méd ia longitudinal ou parapa-
através de furos. O tamanho do fragmento patelar que possibilita o telar lateral, especia lmente se a fratura for cominuída ou
salvamento é controverso. Marder et ai. mediram as áreas de contato se um a fu t ura substitui ção da articu lação for antecipada .
patelofemoral e as pressões patelofemorais em joelhos de cadáveres Como alternativa, uma incisão transversal curvada pode
antes e depois da patelectomia parcial. Eles acharam alterações mar- ser feita com ap roximadamente 12,5 cm de comprimento
cantes na área de contato patelofemoral em algumas amostras após com o ápice da curva no frag mento distal, o que possi-
patelectomia de 60% com uma área de contato menor de 50% de bi lita exposição suficiente para a redução da fratura e )
controle. Saltzman et ai. descobriram que a área do fragmento
W@:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

reparação da expansão do extensor rompido e da sinóvia. •Passe a extremidade med ial do fio de um modo simi lar
)
Se uma área de pele estiver gravemente contundida, tente ao longo da borda medial de ambos os fragmentos a
evitá-la ou excise uma pequena parte, pois o fechamento meio cam inho entre as superfícies anterior e posterior.
da pele não produz nenhuma dificu ldade significativa . •Passe a extremidade media l do f io tra nsversa lmente
•Afaste a pele e os tecidos subcutâneos proxima l e distal através do tendão patelar, do lado medial para o lado
para expor a superfície anterior inteira da patela e do lateral, ao redor da borda dista l da patela e, em seguida,
quadríceps ma is os tendões patelares. Se os fragmentos prox ima lme nte ao longo do lado latera l da pate la para
da fratura estiverem muito separados, presume-se que a borda supero late ral. O f io deve se r colocado próximo
lesões na expansão do extensor possam estar presentes à patela, especialment e acima e abaixo; se ele for inse-
e essas devem ser cuidadosamente buscadas med iai- rido através dos tendões d ista is dos fragmentos, a
mente e lateralmente. fixação f ica insegura, pois o fio se rompe dentro dos
• Remova todos os pequenos fragmentos ósseos destaca- tecidos mo les quando estiverem sob tensão, pe rmitindo
dos e inspecione o interior da articu lação, e especia l- a separação dos fragmentos. Centralize o fio a me io
mente o su lco femoropate lar, em busca de uma fratura caminho entre as superfícies anteri o r e posterior, man -
osteocondral. tenha a li nha de frat ura a partir da abertura anterior-
• Irrigue completamente o interior da articu lação para remove r mente ou posteriorme nte assim que o f io circunferencial
coágulos sanguíneos e pequenas partícu las ósseas. fo r apertado.
• Anatomicamente, reduza os fragmentos da fratura •Aproxime os fragmentos e mantenha-os em posição com
usando grandes cl ipes de toa lha ou fórceps adequados uma pin ça de red ução; puxe as duas extrem idades do fio
de segurar ossos e fixe os fragmentos internamente pelo até que elas estejam apertadas e torça-as junt as.
método preferido pelo cirurgião. Inspecione a superf ície •Confirme a posição dos fragmentos, especialment e a
articular após a fixação para se assegu rar de que a redução relação entre as superfícies art icu lares, por rad iografias
está anatõmica . do joelho nos planos anteroposterior e lateral, e por ins-
•Repare cuidadosamente com suturas interromp idas a peção direta e pa lpação, antes de as lesões capsulares
membrana sinovia l, a cápsula romp ida e o mecanismo se rem reparadas.
extensor de suas extremidades externas em direção à • Corte o fio excedente e deprima as extrem idades torcidas
lin ha méd ia da articu lação. no tendão do quad ríceps.
•Repare as lesões capsu lares com sutura interrompida.
•Um f io pré-torcido que é apertado por torções em dois
pontos opostos uns aos outros fornece ma is pressão e
fixação em todo o loca l da fratura. Colocar a primeira
FIXAÇÃO POR CERCLAGEM torção no f io antes de in iciar sua inserção perm ite a ele
um loca l adiciona l pa ra o aperto.
CIRCUNFERENCIAL
A f ixação por cerclagem circunferencial era, antigamente, a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma ta la posterior da
técnica mais popular. Com o laço rosqueado através dos tecidos vi ri lha ao tornozelo fornece imob il ização suf iciente durante
moles em torno da patela, uma fixação rígida não é alcançada; o período pós-opera tório. O paciente é encorajado a
então, um adiamento de 3 a 4 semanas para o início do movi- real iza r exercícios de ajuste do quadríceps e, em alguns
mento do joelho é necessário se essa técnica for utilizada . Ela dias, deve levantar a pe rn a para fora da cama. Em 1O
tem sido amplamente substituída por técnicas de f ixação mais a 14 dias, as suturas são removidas e um molde de
rígidas para permitir a movimentação precoce da articulação, cilindro ou imob il izador de joe lho é apli cado com o
embora possa ser utilizada em conjunto com outras técnicas joe lh o em exte nsão. Ao pac iente é pe rm it ido andar
para a f ixação de fraturas cominuídas. usando mu letas quando o controle muscu lar ativo da
perna for obtido. Nas fraturas transversa is, a imobiliza-
.TÉCNICA ção pode ser abo li da em 3 semanas e exercícios ativos
e ativo-assistidos suaves são iniciados. Assim que a
(MARTIN) energia muscu lar retorna, as mu letas são descartadas,
o que aco ntece norm alme nte em 6 a 8 sema nas. Após
•Comece enfiando um fio de aço inoxidável nº 18 na a consol idação da fratura, na maioria dos casos o fio
borda superolatera l da patela passando-o transversa l- deve ser removido; se não, eventualmente pode romper-se,
mente imediatament e ao lado do polo superior da patela tornando-se do loroso e difícil de remove r. As extrem i-
através do tendão do quadríceps. dades torcidas geralmente podem ser local izadas por
•Passe o fio através do tecido uti lizando uma agulha ma ior meio de uma pequena incisão sob anestesia loca l; o fio
de Ga ll ie ou enfie-o por meio de de uma agulha lntracath é cortado próximo das extrem idades e é retirado com
inserida com a ponta afiada saindo no local onde a pouca dificu ldade. Nós temos usado suturas sintéticas
próxima sutura é desejada. pesadas em vez de fios, mas essas não são tão satisfa-
•Co loque o fi o nº 18 dentro da ext rem idade afiada da tórias quanto os fios; elas tendem a ser um pouco elás-
agu lha lntracath e, quando a agulha for retirada, passe o ticas e não fixam os fragmentos de forma segura. Além
fio nº 18 ao longo do seu caminho dentro da agulha. Isso disso, uma bursite pate lar crõnica se desenvolve ocasio-
é gera lmente mais fáci l do que uti lizar a agul ha de Ga llie na lmente, possivelmente a parti r de uma reação alérg ica
grande por causa da rigidez do fio nº 18. ao material sintético.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

FIXAÇÃO POR FIO DE BANDA TÉCNICA


DE TENSÃO •Aborde a fratura da patela da forma usual.
O grupo AO tem usado e recomendado a fiação de banda • Limpe cuidadosamente as superfícies da fratura de coá -
de tensão para fi xação das fratura s de patela Por meio da gu los de sa ngue e pequenos fragmentos.
colocação adequada dos f ios, as fo rças de tração ou de •Exp lore a extensão das lesões retin acu lares e inspecione
cisalhamento tendem a separar os frag mentos, que são o sulco troclear do fêmur em busca de danos.
convertidos em forças de compressão em todo o local da •Lave a arti cu lação completamente.
fratura (Fig. 54-61 ), o que resulta em consolidação precoce •Se os principais fragmentos proximal e distal forem
e permite a movimentação im ediata e exercícios do joel ho. grandes, reduza-os com precisão, com especial at enção
Gera lmente, dois conjuntos de f ios são utilizados. Um é para a restauração de uma superfície articular lisa.
passado transversa lmente através da inserção do tendão •Com a fratura reduzida e mantida firmemente com
quad ríceps imed iatamente adjacente ao osso do polo supe- grampos perfu re dois fios de Kirschner de 2 mm de infe-
rior e, em segu ida , passado anteriormente sobre a super- rior para superior através de cada fragmento. Coloque
fície superficial da patela e de um a forma si milar através esses fios a cerca de 5 mm de profund idade em re lação
da inserção do tendão patelar. Esse fio é apertado até que à superfície anterior da patela ao longo das linhas que
a fratura esteja ligeiramente so brecorrigida ou aberta na dividem a rótula em terços media l, central e lateral. Insira
superfície articula r. O seg undo fio passa através de orifícios os f ios tão para lelamente qua nto possível. Em alguns
transversa is perfurados nos polos superior e inferior da casos, é mais fácil inserir os fios através do local da fratura
superfície anterior da patela e é apertado. no fragmento proxima l de uma forma retróg rad a antes
As lesões capsulares são repa rad as da maneira habitual. da redução. Isso é facilitado pela inclinação da fratura
O joelho é im obilizado em fl exão e a flexão ativa precoce anteriormente em cerca de 90 graus.
produz forças compressivas para manter as bordas da • Retire os fios até que eles estejam al inhados com o local
superfície articular da rótul a comprimidas em conjunto. da fratura, reduza precisamente a fratura e segu re-a com
Exercícios precoces de flexão ativos são essenciais para o grampos, e conduza os fios através do fragm ento dista l.
princípio da banda de te nsão fun ciona r. Schauwecker des- Deixe as pontas dos fios longos projetando-se para além
creveu uma técnica semelh ante na qual o fi o é cortado em da patela e anexos do tendão do quadríceps para os
forma de oito ao longo da superfície ant erior da patela (Fig. fragmentos infe riores e superiores.
54-62). Parafusos interfragmentários suplementares ou fios • Passe um fio de ca libre 18 transve rsalmente através da
de Kirschner podem ser usados para aumenta r a fixação fi xação do tendão do q uadríceps , tão perto quanto
nas fraturas cominuídas (Fig . 54-63). possíve l do osso, profundamente aos f ios de Kirschner
sa li en tes, sob re a sup erfíci e anterior da pate la red u-
zida, transversa lmente através da fixação do tendão
pate lar sobre o fragmento in ferior e profundamente
aos fios de Kirschner sa li ent es e de vo lta sobre a sup er-
fíc ie patelar anterior; aperte-o na extremi dade superior.
Em alternativa, co loqu e o fio em um a forma de figura
de oito.
•Verifique a redução por meio da palpação da superfície
inferior da patela com o joelho estendido. Se necessá rio,
faça uma pequena incisão longitu dinal no retináculo para
permitir a inserção do dedo.
• Dobre as extremidades superiores dos dois fi os de Kirs-
chner anteriormente de forma precisa e corte-os curtos.
•Quando eles forem cortados, gire os fios de Kirschner em
180 graus; com um impactador, incorpore a extrem idade
curva na margem superi or da pate la posterior aos laços
de fios. Corte as pontas sal ientes dos f ios de Kirschner
O@i@ieJD Técn ica de Schauwecker de fiação de band a de
t ensã o da patela . VEJA A TÉCNICA 54-21.
curtos inferiormente.
)

O@i!;f;i ESD A-C, Método de Schauwecker de


fiação de compressão da pate la com parafusos suple-
mentares para frat ura com inuída (C) . Os fragmentos
cominuídos (A) são transformados com parafusos em
fratura bifragm entai (B) . VEJA A TÉCNICA 54-21.
@jfl:t1I PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM AD ULTOS

U@IJ;f;U:JB A e B, Fratura t ransversa l deslocada da patela fi xa da com fios de banda de tensão usand o-se duas alças de fios ante-
riores e dois parafusos longitudinalmente dirigidos. VEJA A TÉCNICA 54-21 .

•Repare as lesões retinaculares com várias suturas interrom- voltarem, normalmente em 18 a 24 semanas. Nos pacien-
)
pidas. tes com fi xação menos estável ou extensas lesõesretinacu-
•Alternativamente, parafusos canulados de 4 mm parcial- lares, a movimentação ativa deve ser adiada até que a
mente rosqueados podem ser utilizados em vez dos fios consolidação da fratura tenha ocorrido. Iniciar os exercícios
de Ki rschner (Fig. 54-64). Parafusos interfragmentários de amplitude de movimento pela 6ª semana pós-operató-
para minifragmentos também podem ser colocados hori- ria é desejável, mas não é sempre possível. Uma joelheira
zontalmente para juntar os fragmentos de fratura comi- de movimento controlado pode ser uti lizada, permitindo a
nuída, convertendo a fratura cominuída a um padrão de extensão e a flexão em grau permitido pela fi xação, tal
fratura transversal. A técnica anterior da banda de ten são como determinado intraoperatori amente .
modificada pode ser utilizada. Se a cortical anterior for
dividida a partir da superfície articu lar no plano coronal,
o fragmento normalmente pode ser protegido com o fio
Se a fixação for perdida e os fragmentos, separados em 3 mm
de banda de tensão anterior. Se isso não for bem-suce-
a 4 mm, ou 2 mm a 3 mm de incongruência articular estiverem
dido, o fragmento pode ser extirpado.
presentes, uma cirurgia de revisão pode ser necessária. Se a redução
melhorar com o joelho em extensão completa, o paciente pode ser
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é colocado
tratado por 6 semanas com talas ou gesso com o joelho em extensão
em extensão em uma tala de gesso posterior ou joelheira
completa. Se a redução não melhorar, deve ser considerada a revisão
removível . O paciente é autorizado a deambular, assim
da fixação ou uma patelectomia parcial. O fixador externo pode ser
como a sustentação de peso dentro do nível de tolerân-
removido após a consolidação da fratura, se provocar si ntomas.
cia, no 1ºdia de pós-operatório. Os exercícios isométricos
e de pern a rígida são incentivados e começa m também
no 1° dia de pós-operatório. A extensão do movimento
ativo permitido no período pós-operatório imediato é deter-
FRATURAS PATELARES COMINUÍDAS
minada no intraoperatório com base na estabilidade do
Muitas vezes, apenas o polo distal da patela está fragmentado, dei-
reparo da fratura. Exercícios ativos de amplitude de movi-
xando um fragmento proximal substancial e relativamente normal.
mento podem ser realizados quando a ferida estiver cica-
Esse fragmento é uma parte importante do mecanismo extensor e
trizada, o que ocorre em 2 a 3 semanas. Os exercícios de
deve ser preservado. A possibi li dade de que ele possa produzir
resistência progressivos podem ser iniciados e a cinta,
artr ite femoropatelar posteriormente tem sido subestimada. Os
interrompida em 6 a 8 semanas se a cicatrização for
detalhes da sutura do tendão patelar para o fragmento devem ser
evidente na radiografia. As atividades sem restrições podem
observados com cuid ado para evitar um a inclinação do fragmento,
ser retomadas quando as fo rças completas do quadríceps
o que pode causar a erosão do sulco patelar.
CAPÍTU LO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIOR ES fDm

Ot§il;t.)B:ID Patelect o mi a pa rci al (vej a texto) . A, O fragmento retido é aproximado ao te ndão co m sutu ra s não absorvívei s
gra ndes. B, Faça fu ros o ri entados pa ra reco loca r te ndão pe rto da superfície art icul ar. C, As expansões do quad ríce ps são com p let a-
mente repa radas. VEJA A TÉCNICA 54-2 2.

PATELECTOMIA PARCIAL PATELECTOMIA PARCIAL USANDO


FIO OU CABO DE PARTILHA DE
TÉCNICA CARGA EM FIGURA DE OITO
•Exponha a fratura como descrito anteriormente. Se pelo Por causa das forças potentes geradas pelos mecanismos
menos um terço do terço proxima l da patela estiver do quadríceps, a proteção da reparação é, muitas vezes,
int acto, preserve-o. necessária. Isso pode ser conseguido por um f io ou cabo
• Limpe a articulação de fragmentos ósseos soltos e carti- em f igura em forma de oito de partil ha de ca rga, conforme
lagens. Apare as bordas da cápsula e do tendão. Corte descrito por Perry et ai. O cabo protege a reparação do
os fragmentos cominuídos. Pequenos fragmentos ósseos tendão patelar por meio da transmissão de cargas de
podem ser deixados dentro do tendão patelar para faci- tração diretamente do tendão do quadríceps ou polo pro-
litar a ancoragem. Apare a borda articular do fragmento ximal da patela ao tubércu lo tibial. Essa técnica também
proximal e alise-a com uma lima. pode ser usada para proteger a fixação interna de fraturas
•Começando na superfície da fratura do fragmento proxi- patelares tênues e permitir uma melhor recuperação.
ma l presisamente anterior à cartilagem articular, uti lize
um fio de Kirschner de 2 mm ou uma broca de 2,5 mm TÉCNICA
para fazer três furos para lelos em uma direção proximal
(um furo no centro, um no terço medial e outro no terço (PERRY ET AL.)
latera l).
• Teça duas suturas não absorvíveis espessas através do •Após a f ixação interna ou a patelectomia pa rcial com
tendão patelar: uma através da metade medial e outra reparo do mecanismo extensor ter sido feita, faça um
através da metade latera l do tendão (Fig. 54-65) Use um furo de 2 mm transversa lmente através do polo proxima l
passador de sutura para passar as extremidades proximais da patela e um segundo furo transversalmente através
livres das suturas através dos orifícios na patela. Coloque do tubérculo tibial.
cada uma das extrem idades da sutura através dos furos • Hiperestenda o joelho para re laxar o tendão patelar.
medial e latera l e através do furo central. •Passe um fio de sutura trançada grossa ou um fio de
•Com o joelho levemente hiperestendido, amarre as aço inoxidável de calibre 16 através de cada um dos dois
suturas de forma segu ra através do polo superior da furos (Fig. 54-66). Alternativamente, passe o f io o u o
patela. O tendão patelar deve virar e deita r contra a cabo proxima lmente através da inserção do quadríceps
superfíc ie fraturada crua do resta nte da patela perto da adjace nte à patela em vez de através do polo proximal
superfície articular. Isso impede a inclinação do fragmento da pate la.
e o contato da superfície crua com o fêmur. •Atravesse as suturas ou f ios anteriormente ao tendão
•Ocasionalmente, o polo proximal da patela é cominuído, patelar e aperte-os e ondule-os uns aos outros para
deixando um único fragmento distal que consiste em formar uma figura de oito. Como os fios estão aperta-
metade ou mais do osso. Desde que contenha uma dos, a pate la rastreia dista lmente; o tendão patelar deve
superfície articu lar lisa, esse fragmento também deve ser ser completamente relaxado durante essa etapa. Evite a
preservado por meio da aplicação dos princípios descritos patela baixa.
na técnica que acabamos de descrever. Grande parte do •Suavemente, fl exione o joelho em 90 graus para confir-
polo inferior em seus lim ites inferiores é descoberta pela mar que o deslocamento da fratura não ocorreu. É impor-
carti lagem articu lar. tante atravessa r os f ios anteriormente sobre o tendão )
E!) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM AD ULTOS

quadríceps e ajuda a preven ir o atraso extensor, que é


comum após a patelectomia.
•A técn ica de aperto do quadríceps pode ser usada se
tendão insufic iente estiver disponível pa ra sutu rar os
tendões do quadríceps e patelares principa lmente. Tal
técnica é a plastia em V invertida do tendão do quadrí-
ceps descrita por Shorbe e Dobson.

FRATURA OSTEOCONDRAL DO
JOELHO
A Força Aérea do Exército realizou uma pesquisa com cerca de 186
pacientes com corpos soltos no joelho. Em 21 deles, os corpos soltos
foram o resultado de fraturas osteocondrais quer do fêmur quer da
patela. Rosenbe rg descobriu que as fraturas osteocondrais do
côndilo femoral lateral são mais com uns em adolescentes do sexo
masculino e sugeriu que, muitas vezes, elas foram causadas por
lLLxação da patela, que corta fora um fragmento do côndilo em muito
da mesma maneira como as fraturas osteocondrais da patela são
O@ii;fljl:?m Após a redução e a fixação interna da fratura da
produzidas. As fraturas osteocondrais do côndilo femoral também
patela, dois cabos são inseri dos através de orifícios transversa is
podem ser causadas por um golpe direto ou movimento de torção
perfurados no tubérculo tib ial e no polo proximal da patela; eles
em um a sustentação de peso com o joelho flexionado.
são cruzados anteriormente ao ligamento patelar para formar uma
Segundo Milgram, o mecanismo de lesão da patela é o seguinte.
figura de o ito e são dobrados uns aos outros. VEJA A TÉCNICA 54-23.
A patela é momentaneamente subluxada sobre o côndilo lateral com
força sufi ciente para marcar as superfíc ies articulares da patela e do
fêmur. A borda medial da patela é pega contra a borda proeminente
do côndilo femora l. Assim que o músculo quadríceps encaixar a
) patelar; de outro modo, a flexão do joelho faz com qu e
patela de volta no lugar, a borda do côndilo fe moral corta um frag-
o f io desloque-se posteriormente, o que impede a parti lha
mento osteocondral a partir das bordas inferior e medial da patela.
da carga ao longo da fratura. O f io pode ser removido
Um mecanismo semelhante com rotação interna forçada do fêmur
por meio de um procedimento ambu latoria l ou cerca de
contra a tíbia tem sido descrito resultando em luxação da patela e
3 meses depois da cicatrização da fratura.
fratura do côndilo femoral lateral.
As fraturas osteocondrais do joelho ocorrem mais comurn ente
em adolescentes e adultos jovens, alguns deles com um histórico de
PATELECTOMIA TOTAL luxação da patela ou um a lesão de torção no joelho associada a uma
pressão dolorosa. Uma hemar trose está prese nte nas lesões agudas
Nas fraturas em que a frag mentação é tão grave que não
e o indicativo de sensibilidade da lesão retinacular medial é comum.
há fragmentos grandes o suficiente para serem recupera-
As fratu ras osteocondrais da patela são estimadas em ocorrer em 5%
dos, uma patelectomia total pode ser indicada.
das luxações patelares agudas em adolescentes. O diagnóstico e o
tratamento das fraturas osteocondrais do joelho são necessários para
TÉCNICA obter os melhores resultados. Alguns pacientes relatam bloqueio ou
urna sensação de um corpo solto no interior da articulação do
• Excise todos os fragmentos preservando o máximo pos-
joelho. Em outros casos, o diagnóstico é mais sutil. Um alto índice
sível da patela e dos tendões do quadríceps.
de suspeição em relação a essas lesões deve ser mantido em adoles-
•Limpe a articulação de fragmentos ósseos e resíduos por
centes ou jovens ad ultos que procuram tratamento para uma hemar-
meio de irri gação abundante.
trose aguda do joelho. Rad iografias anteroposterior, lateral, em
•Coloque uma sutura não absorvível espessa em fo rma de
perfil, em túnel e oblíquas de alta qualidade devem ser obtidas se
uma bolsa ao longo das margens dos tendões patelares
houver suspeita de uma fratura osteocondral.
e quadríceps e através das expa nsões caps ul ares media l
As fraturas osteocondrais não deslocadas em crianças muitas
e lateral.
vezes podem ser tratadas com sucesso com métodos conservadores
•Puxe a sutura limpa e projete a extremidade do tendão
(Cap. 36). As frat uras osteocond ra is deslocadas devem ser tratadas
completamente fora da articulação. Quando a sutu ra
cirurgicamente. A cirurgia deve ser realizada imediatamente para
t iver sido apertada até que ela faça um círculo de cerca
evitar mais danos à articulação. Frequentemente, os fragmentos são
de 2 mm de diâmetro, amarre-a de forma segura.
tão pequenos que, tecnicamente, fixá-los de volta ao se u leito é
• Embora pequena , essa roseta de tendão pode ter a apa-
impossível; esses devem ser excisados. Os fragmentos maiores
rência de uma pequena patela. Uti lize suturas interrompi-
devem ser recolocados em se us leitos e estabilizados. O tratamento
das suplementares para reparar a ruptura capsular e
cirúrgico de adolescentes com fraturas osteocondrais como resul-
aponha as extremidades do tendão do quadríceps e patelar
tado de luxação agud a da patela deve incluir a reparação medial dos
mais adiante. A sutura em bolsa encurta o mecanismo do
tecidos moles para melhorar o alinhamento patelar.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

Nervo
A fibular

lij!ijm!·)DD A, Anatom ia e exposição cirúrg ica. B e C, Radiografias intraoperatórias posteroanterior e latera l. (De Taitsman LA, Frank JB,
Mi lls WJ, et ai: Osteochondral fracture of the distal latera l femoral condyle: a report of two cases, J Orthop Trauma 20:358, 2006.)

Uma variedade de m étodos de fixação tem sido defendida orifíc ios e cada furo contenha dois fios de material de sutura. As
para fra turas osteocondrais do joelho, tais como pinos de metal, ex trem idades li vres das suturas são amarradas sobre a borda an te-
pinos ósseos corticais de aloenxer to, parafusos Herbert (Zimmer, rior da patela. O pós-operatório para as fraturas osteocondrais
Varsóvia, IN), parafusos côn icos Acutrak (Ac um ed, Braverton, fixa s cirurgicamente consiste em 3 a 6 sem anas de imobilização e
OR), sutu ras absorvíveis e hastes absorvíveis. O dispositivo de 6 a 12 sema nas de sustentação de peso protegido, dependendo da
fixação não deve sobressair através da superfície articular para a adequação da fixação e do local da fratura.
lesão articular; caso con trário, pode causar dan os graves. Os pinos Taitsman et ai. relataram du as fraturas osteocondrais do
de metal, geralmente, exigem a rem oção após a consolidação da côndi lo femora l posterolateral tratadas com sucesso com RAFI com
fratura devido à sua tendência para mi grar. As pesquisas sob re os parafusos. A TC é útil para determinar o tamanho, a localização e
di spositivos de fixação reabso rvíveis têm prod uzido evidências o local de orige m do fragmento. Uma incisão anteromedial é feita para
clínica e experimental de que as hastes polidioxanone reabsorví- recuperar o fragmento e reparar o retináculo medial. Uma segunda
ve is fornecem fixação satisfatóri a de fraturas os teoco ndrais. Pritsch incisão é feita posterolateralmente se estendendo do epicôndilo lateral
et ai. propuseram uma fixação de fraturas osteocond rais da patela do fêmur ao colo da fíbula. O nervo fibular é identificado e a fásc ia,
por suturas absorvíveis qu e consiste em grandes fragmentos co n- incisada ent re o tendão do bíceps anteri ormente e o nervo fibu lar
d ra is anexados a lascas ósseas fin as. O fragmento é reduzido em posteriormente. Uma capsulotomia longitudinal é feita a partir da
seu leito e três furos são fe itos co m um pequeno fi o de Kirsch ner fixação meniscal à reflexão capsular proximal. O fragmento é redu -
através do fragmento e da patel a em um padrão triangular. Três zido e fixado provisoriamente com fios de Kirschner. Dois parafusos
suturas Vicryl (Ethicon, Johnso n & Johnson , Somerville, NJ) são de 2 mm o u 2,4 mm são usados para esta bilizar os fr agmentos
colocadas de modo qu e cada fi o de su tura passe através de dois de fo rm a d efiniti va e as cabeças d os parafuso s são preci pitadas
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

A A1 A2 A3

B 81 82 83

mêjil;fr'Bm Classifica çã o das fraturas do fêmur


distal descrita por Müller et ai. (Redesenhado de Müller ME,
Nazaria n J, Koch P, Schatzker J: The comprehensive classifica-
e C1 C2 C3 tion of fractures of long banes, Berl in, 1990, Springer-Ve rlag.)

por 2 mm a 3 mm. No pós-operatório, a amplitude de movimento fu nção pode se r difícil. As incidências de má co nsolidação, pse udo-
é permitida no 1º dia de pós-operatório. O suporte de peso de toque artrose e infecção são relativamente elevadas em muitas sé ries rela-
baixo somente é permitido nas primeiras 12 semanas. Os autores tadas. Nos pacientes idosos, o tratamento pode se r complicado por
recomendaram a fixação interna do s fragmentos osteocondrais que uma ar troplas ti a ante rior.
envolvem a superfície do sup orte de peso do côndilo femoral, que A classificação das fraturas do fêmur distal descrita por Müll er
tem osso suficiente ligado para permitir a cicatrização (Fig. 54-67). et ai. e estendida para a classificação AO/OTA é útil para determin ar
Se o diagnóstico e a cirmgia forem adiados, as extremidades do o tratamento e o prognóstico. Ela baseia-se na localização e no
fragmento e o defeito ficam arredondados e w11 encaixe exato fica impos- padrão da fra tura e considera todas as fraturas dentro da largura
sível. O fragmento deve ser excisado, o leito esponjoso onde o fragmento tra nsepicondilar do joelho (Fig. 54-68). As fraturas do tipo A envol-
de origem deve ser suavizado e qualquer borda destacada ou desgastada vem a di áfi se distal apenas com diferentes graus de cominuição. As
de cartilagem deve ser excisada de forma acentuada e verticalmente, em fraturas do tipo B são as fraturas do cônd ilo: o tipo Bl é uma divisão
vez de chanfrada ou raspada para baixo. Se a área envolvida for pequena sagital do côndilo lateral, o tipo B2 é uma divisão sagital do côndil o
e não envolver uma superfície de suporte de peso, pouca, se algtm1a, medial e o tipo 83 é um a fratura no plano coronal. As fraturas do
deficiência geralmente resulta da remoção do fragme nto. tip o C são fraturas condil ares em T e em Y: as fraturas do tipo C l
não têm cominuição, as fraturas do tipo C2 têm uma fratura da
diáfise cominuída com dois fragmentos articulares principais, e as
FÊMUR DISTAL frat uras do tipo C3 têm co minuição in tra-articul ar.
Na década de 1960, os métodos de tratamento conservador, como
As fraturas supracondilares e intercondilares do fêmur distal histo- a tração e o engessamento, produziram melhores resultados do que o
ricamen te têm sido difíceis de tratar. Essas fraturas muitas vezes são tratamento cirúrgico por causa da fal ta de dispositivos adequados de
instáveis e cominuídas e tendem a ocorrer em pacientes idosos ou fixação interna. Com o desenvolvimento de melhores dispositivos de
com várias lesões. A incidência é maior em mulheres com mais de fixação interna pelo grupo AO, as recomendações de tratamento come-
75 anos, em adolesce ntes do sexo masculino e em homens de 15 a çaram a mudar e o tratamento cirúrgico passou a produzir melhores
24 anos de idade. Devido à proxi midade des tas fraturas com a arti- resultados do que o tratamento conservador, especialmente para as
culação do joelho, rec uperar o movimento completo do joelho e sua fratu ras intercondilares e extra-articulares. As fraturas intra-arti culares
CAPÍTULO 54 FRATU RAS DE MEMBROS INFERIORES fim

iâ[dmt!ieJD Paciente com fratura com inuída supracondi lar


do fêmur deslocada internamente fixada com placa de lâmina
supracondi lar AO e vários parafusos.

tiveram resultados insatisfatórios mais gerais e os resultados dos trata-


mentos cirúrgico e não cirúrgico foram iguais.
O tratamento cirúrgico é reco mendado para todas as fraturas
do fê mur distal, com a exceção das fraturas simples não deslocadas.
A mobilização precoce do joelho é importante na obtenção de um
bom resultado.

lij[êjil;tijBIZ!) Fixação de fratura do côndi lo medial com para-


FIXAÇÃO COM PLACA E PARAFUSO fuso condilar d inâ mico .

A placa de lâm ina proj etada pelo grupo AO na Suíça fo i um dos


primeiros dispositivos placa-e-parafu so a ganhar ampla aceitação um a inserção precisa em três planos simultaneamente, enquanto o
para o tratamento de fraturas do fêmur distal. Embora fo rneça fixação pa rafuso co ndilar dinâmico permite a liberdade no plano de flexão
estável à maioria das fraturas (Fig. 54-69), a técnica é tecn icamen te -extensão. Um m ínimo de 4 cm ósseos não cominuídos nos cô ndilos
exigente; os problemas iniciais foram infecção e fixaçã o inadequada femorais ac ima do entalhe intercondilar é necessário para um a
no osso co m osteoporose e refraturas após a remoção da placa. fixação bem-sucedida. A principal desvantagem do parafuso condi -
Co mo a experiência com as técnicas de fixação de fra tura com lar din âmi co é qu e a inse rção do parafu so co ndilar interfrag mentá-
placa AO aumentou e a utili zação de antibióticos periop eratórios se ri o requer a remoção de um a grande quantidade óssea, o que deixa
tornou ro tin a, os res ultados aprese ntados com esses dispositivos a cirurgia de revisão, caso seja necessária, m ais difí cil. Os res ultados
melhoraram. Em 1989, Siliski, Mãhring e Hofer relataram bons ou relatados das fraturas distais do fêmur tratadas com o parafuso
excelentes resultados em 81 % das fra turas, com in fecção oco rrend o condilar din âmico fo ram semelhantes aos res ultados obtidos co m
em 7,7%, encu rtamento não intencional em 7,6% e mau alinha- placas de lâmina, alcançand o 87% de resultados excelentes ou satis-
mento em 5,8%. Os resultados foram melhores nas fra turas do tipo fató rios. A pseudoartros e ocorreu em 0% a 5,7%, infecção em 0% a
C l (92% de bons ou excelentes res ultados) do que nas fra turas dos 5,3% e má consolidação em 5,3% a 11%. O enxer to ósseo foi utili-
tipos C2 e C3 (77% de bons ou excelentes res ultados). zado em ce rca de um terço das fra turas. Em um estudo, todos os
As técnicas mais biológicas de fixação de fratura com placa têm maus resultados ocorreram em pacientes idosos e osteopênicos com
sido defendidas com o uso de técnicas indiretas de redução, re moção fra turas intra-ar ticulares co minuídas. Essa técnica pode se r apro-
mínima de tecidos moles e retração suave. Distrata res femorais ou priada para os pacientes co m os teoporose.
fixadores externos são usados para recuperar o comprimento e o As propriedades mecâ nicas do parafuso condi lar din âm ico e
alinhamento da fra tura e a cominuição metafisária é deixada in situ da placa de lâmin a condilar são semelhantes sob ca rga axial qu ando
co m nenhum a tentativa de reduzir fragmentos cominuídos anatomi- nenhum defeito medial está prese nte. No entanto, quando um
camente. Devido a os tecidos m oles serem deixados relativamente defeito medi al está presente, o movimento interfragmentário sobre
intactos, o enxerto ósseo é menos frequentemente necessário. os ossos fixa dos com a placa condil ar é maior do que nos ossos
fixa dos pelo parafu so condilar dinâmi co.
As placas de lâmin a e os parafu sos condilares são inadequados
FIXAÇÃO CONDILAR DINÂMICA COM para utilização em fr aturas ósseas com menos de 3 cm a 4 cm do
PARAFUSO côndilo femoral intacto e em fraturas com urna grande quantidade de
co minuição articular. Para essas frat uras, a placa de reforço condilar
Uma alternati va menos tecni camente exigente para a placa de lâmina é o implante mais utilizado. Os vá rios orifícios na extremidade distal
é o parafu so condilar dinâmico (Fig. 54-70). A placa de lâmina requ er da placa permitem que vá rios parafu sos sejam dirigidos para os
. , PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

fragmentos cominuídos. As fraturas com um reforço medial comi- paciente em decúbito lateral, o peso da perna causou angulação em
nuído e perda óssea segmentar ou as fraturas muito baixas transcon- valgo. Quando o paciente estava em decúbito dorsal, no entanto,
dilares podem angular em varo por causa da movimentação na a força dos músculos gastrocnêm io causou angulação posterior.
interface parafuso-placa. Os dispositivos desenvolvidos para blo- Eles sugeriram a inserção de pinos de Steinmann lisos no fêmur
quear os parafusos na placa aumentam a estabilidade do fixador distal, medial e lateralmente à patela, para manipular o fragmento
externo e evitam a deformação em varo. Alguns autores têm utili- e manter o alinhamento adequado. Leung et ai. defenderam o uso
zado metacrilato de metila para melhorar a aquisição do parafuso de um pino de tração colocado na parte anterior do fêmur distal
pelo osso osteopênico. Tradicionalmente, se a instabilidade medial para evitar angulação posterior quando a posição supina for usada.
estiver presente após a aplicação de uma placa de reforço lateral, é No geral, 95% de excelentes ou bons resultados foram relatados
recomendada a adição de uma placa medial. Um grande fragmento após a haste anterógrada .
invertido de placa em T inserido por meio de uma incisão medial Nós usamos a haste intramedular bloqueada estática para a
subvastus separada, a fixação dupla da fratura com placa com maioria das fraturas AO do tipo A e muitas dos tipos Cl e C2 dentro
enxerto ósseo e uma técnica de fixação dupla de fratura com placa de 4 cm a 5 cm da fossa intercondilar. As fraturas dos tipos Cl e C2
bloqueada foram todas elas técnicas recomendadas. Bolhofner et ai. não deslocadas com divisão intercondilar podem ser convertidas em
defenderam a fixação da fratura com placa percutânea. Eles trataram padrões do tipo A com fixação com parafuso percutâneo dos cõn-
57 fraturas supracondilares femorais com redução aberta e fixação dilos, normalmente parafusos canulados de 6,5 mm. As fraturas
com placa usando métodos indiretos e todas as fraturas se consoli- intercondilares deslocadas podem ser reduzidas por meio de uma
daram. Usando a pontuação de Schatzker, relataram bons resultados incisão parapatelar anterior e estabilizadas por parafusos coloca-
em 84%, mas admitiram que a habilidade cirúrgica foi um fator dos anteriormente e posteriormente à trajetória esperada da haste.
importante. Nós concordamos que essa é uma boa técnica para A haste de bloqueio anterógrada fechada pode ser colocada. A ponta
pontear uma fratura altamente cominuída e isso pode ser feito da haste pode ser cortada, se necessário, para se obter urna melhor
mediaimente ou lateralmente no fêmur. fixação nas frat uras mais distais. O diâmetro da haste deve preencher
Placas condilares com parafusos que estão bloqueados à placa o istmo do canal femoral. Um prego subdimensionado pode causar
têm sido utilizadas (Fig. 54-71). Essas placas proporcionam estabili- angulação no local da fratura, levando a má consolidação. O com-
dade semelhante ao parafuso condilar dinâmico e mitigam a angula- primento dos parafusos de bloqueio distal deve ser verificado usan-
ção em varo que pode ocorrer com um defeito femoral medial. Essa do-se imagens oblíquas de fluoroscopia. Os parafusos que são muito
fixação pode eliminar a necessidade de uma placa femoral medial. longos podem irritar os tecidos moles na região medial do joelho e
A técnica de estabilização menos invasiva (LISS) da placa, que impedir o movimento do joelho.
utiliza parafusos bloqueados e fixação percutânea, também fo i intro- Nós avaliamos os resultados de 57 fraturas supracondilares e
duzida. As propriedades biomecânicas deste dispositivo de fixação intercondilares do fêmur tratadas com haste de bloqueio anteró-
têm sido comparadas com as propriedades do parafuso condilar grada em nossa instituição. Esse conjunto incluía oito fraturas AO
dinâmico e da placa de reforço condilar. A LISS permitiu maior do tipo A2, 13 do tipo A3, oito do tipo Cl, 25 do tipo C2 e três
deformação elástica do que os outros sistemas, colocando-a entre a fraturas do tip o C3; 44% das fraturas eram expostas. Todas as fratu-
fixação rígida e a haste intramedular. Nossa experiência com esse ras uniram-se e 3,5% necessitaram de enxerto ósseo. A má consoli-
método tem sido satisfatória, mas a nossa preferência de implante dação ocorreu em 7% das fraturas e duas fraturas expostas do tipo
são os sistemas de fixação de fratura condilar com placas bloquea- IIIB (3,5%) foram infectadas. Uma haste (1,7%) falhou, mas não
das. Implantes de bloqueio mais novos com capacidade poliaxial exigiu reoperação. A amplitude de movimento variou 115 graus.
estão surgindo, o que pode trazer utilidade para certas fraturas, Maus resultados ocorreram em todas as três fraturas AO do tipo C3,
especialmente as lesões periprotéticas. um causado por uma infecção e dois pela má redução da linha da
fratura coronal não reconhecida.
Se a haste anterógrada for considerada para o tratamento de
HASTE INTRAMEDULAR uma fratura femoral intercondilar, as radiografias pré-operatórias
devem ser examinadas com cuidado em busca da presença de linhas
A haste intramedular tem recebido maior atenção para o tratamento de fratura coronais. As frat uras AO do tipo C3, geralmente, são mais
das fraturas do fêmur distal. Esses dispositivos obtêm maior fixação tratadas com técnicas de fixação com placa, enquanto a haste anteró-
"biológica" do que as placas, pois eles são implantes de partilha de grada, provavelmente, é preferível para as fraturas do fêmur distal
carga em vez de limitação de carga. Eles oferecem maior preservação com vasta extensão da diáfise. Krettek et ai. recomendaram parafu-
dos tecidos moles e o enxerto ósseo é necessário com menos fre- sos de bloqueio medial anteroposterior e laterais para aumentar a
quência. A principal desvantagem da fixação com haste é que ela estabilidade primária destas fraturas.
fornece estabilização menos rígida de fraturas do fêmur distal do As hastes femorais retrógradas, inseridas através da fossa inter-
que a fixação com placas em testes biomecânicos. A fa lha do mate- condilar, tornaram-se um método popular de tratamento de fraturas
rial de osteossíntese tem sido relatada em 15% das fraturas do fêmur supracondilares AO do tipo A e tipo B. Similar às hastes anterógra-
do terço distal tratadas com haste bloqueada anterógrada. A inci- das, essas hastes "supracondilares" e "de joelho" têm as vantagens
dência de falha do material de osteossíntese aumenta se a fratura teóricas de serem dispositivos de partilhamento de carga, exigindo
estiver 5 cm dentro do orifício do parafuso mais proximal. Tem sido pouca dissecção dos tecidos moles e raramente necessitando de
sugerido que a falha do material de osteossíntese pode ser prevenida enxerto ósseo. A haste retrógrada das fraturas do fêmur distal é
pela condução da haste no osso subcondral, adiando a sustentação preferível à haste anterógrada em determinadas situações. A haste
de peso total e aumentando a espessura da parede da haste. Ao usar retrógrada é tecnicamente mais fácil de manusear do que a haste
esses princípios, a haste intramedular tem sido usada com sucesso anterógrada em pacientes obesos. As fraturas do fêmur distal abaixo
para tratar as fraturas do fêmur distal. de implantes de quadril ou acima de implantes totais do joelho com
Tornetta e Tiburzi usaram hastes intramedu lares bloqueadas um design de entalhe aberto também podem ser tratadas eficaz-
anterógradas e descobriram que, quando a haste foi colocada com o mente com a haste retrógrada. A haste retrógrada pode também ser
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES fI!lllll

Olffl@Hl&t A, Fratura com inuída do fêmur


distal com extensão intra-articu lar. B e C, A fixação
interna de redução aberta por me io de artrotomia
parapatelar latera l para ver a redu ção anatômica do
componente articu lar e a placa submuscu lar é, então,
posicionada por via percutânea .

utilizada para es tabilizar fraturas femorais distais associadas a fratu- configurações de fraturas instáve is, o tamanho d a haste (maior), não
ras do quadril ipsilaterais, permitindo que a fratura do quadril seja o método de inserção, determinou a estabilidade. O parafuso con -
estabilizada com um dispositivo separado. dilar dinâmico com um padrão de parafuso disperso apresentou
Em um teste mecân ico co mparando a haste anterógrada com maior rigidez à torção que a haste supracondilar, enquanto a haste
a haste retrógrada nas fraturas da di áfise do fêmur com e sem supracondilar com uma configuração de parafuso agrupad a absor-
contato ósseo, nenhuma diferença foi enco ntrada nas hastes quando veu mais energia duran te a carga axial. lto et al. também compara-
utilizadas para as co nfig urações de fraturas estáveis; mas, em ram a haste supracondilar com uma placa de lâmina condilar,
BD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

concluindo que a haste supracondilar proporcionou estabilidade igual instabilidade, frequentemente relatadas após o tratamento não
à de uma placa, exceto quando as cargas de torção foram maiores. cirúrgico. Algumas fraturas minimamente deslocadas podem ser
Relatórios sobre a haste supracondilar retrógrada têm mostrado tratadas com redução e fixação percutânea, mas a redução aberta é
resultados aceitáveis (90% a 100% de consolidação; amplitude de normalmente necessária para se obter uma reconstrução articular
movimento do joelho de 100-116 graus) . As complicações relatadas anatômica. Nos pacientes com bom estoque ósseo, parafusos inter-
foram infecção em 0% a 4%, má consolidação em 0% a 8%, falha do fragmentários esponjosos de 6,5 mm proporcionam uma fixação
material de osteossíntese em 4% a 10%, fratura da has te em 0% a 8% segura o suficiente para permitir a movimentação depois de alguns
e impacto da haste sobre a patela em 0% a 12%, o que pode ser evitado dias. Nos pacientes com osso osteoporótico, uma placa de reforço
pelo rebaixamento adequado da haste. Implantes intramedulares fle- pode ser necessária para impedir a migração cefálica do côndilo.
xíveis, tais como o dispositivo supracondilar de Zickel, hastes de Ostermann et ai. relataram excelentes resultados em 83% dos
Ender e hastes de Rush, também têm sido usados com algum sucesso pacientes em 6 meses de acompanhamento com RAFI de fraturas
para tratar fraturas do fêmur distal. No entanto, desde o desenvolvi- unicondilares do fêmur. Todas as fraturas que não tiveram excelen-
mento da placa mais rígida e dispositivos de parafuso bloqueio e tes resultados foram em pacientes com lesões associadas.
hastes intramedulares, as indicações para a sua utilização são limita-
das. Nós temos usado dispositivos intramedulares flexíveis com mais Fl2CAÇÃO DE FRATURA DO
frequência em pacientes idosos com fraturas supracondilares mini-
mamente cominuídas. Historicamente, no entanto, modelos mais
CONDILO MEDIAL
recentes de implantes com técnicas de inserção minimamente invasi- Se apenas um côndilo estiver fraturado, a operação é rela-
vas têm antiquado a utili zação dos dispositivos flexíveis. tivamente simples, e, devido a diáfise não estar envolvida,
a fixação interna gera lmente é suficientemente segura para
permitir a movimentação depois de alguns dias . Muitas
FIXAÇÃO EXTERNA vezes, as fraturas de côndi lo podem ser reduzidas com
tração em uma mesa cirúrgica ou em uma mesa radiotrans-
A fixação externa pode ser usada tanto como fixação temporária parente com topo achatado e mantidas provisoriamente
quanto definitiva nas fraturas expostas graves do fêmur distal, espe- com vários grampos periarticulares. A fratura pode ser
cialmente nas fraturas associadas à lesão vascular. Se a fratura tiver fixada com um parafuso interfragmentário percutâneo, um
um componente intercondilar significativo, o joelho deve ser coberto parafuso de compressão sem cabeça côn ica ou por meio
pelo fixador externo. Devido ao potencial de infecção no trajeto do da colocação de uma placa de reforço. A redução aberta
pino e à rigidez do joelho, essa técnica deve ser reservada para as é indicada para as fraturas de côndilo irredutíveis.
fraturas expostas mais graves. Nós usamos essa técnica para fornecer
tração local enquanto se permite a mobilidade dos pacientes com TÉCNICA
politrauma. Essa técnica também possibilita uma melhor avaliação
por TC da fratura do fêmur distal. A conversão para fixação interna •No aspecto anteromedial do joelho, inicie uma incisão
deve ser feita dentro de 14 dias antes de ocorrer infecção no trajeto longitud ina l 1O cm proxima l à linha da articu lação e
do pino. A conversão precoce de um fixador externo abrangente para que se estenda distalmente até abaixo do nível da arti-
uma haste intramedular é segura em pacientes com múltiplas lesões. cu lação . Incise a cápsula e a sinóvia no nível da arti-
Se wn paciente for colocado em um fixador externo abrangente cu lação em linha com a incisão na pele e alargue a
e não estiver medicamente pronto para a haste intramedular dentro do incisão proxima lmente ao longo da borda latera l do
tempo de armação de segurança, o fixador pode ser convertido para músculo vasto medial na sua junção com o tendão do
um fixador de fio pequeno ou fixador híbrido. Esse método é reservado quadríceps. Estenda essa incisão proximalmente o sufi-
para recuperação em ferimentos graves. Ele está associado a Luna taxa ciente para expor o côndilo femora l medial, o sulco
de 1%a 10% de ii1fecção e rigidez significativa do joelho, que é causada patelofemoral e a área intercond ilar.
pela natureza da lesão em vez de pelo método de fixação. • Exponha os fragmentos soltos de côndi lo - tanto o
cônd ilo inteiro quanto apenas uma parte dele.
•Insira um pino de Steinmann ou um parafuso no frag-
FRATURAS NOS CÔNDILOS DO FÊMUR mento grande de modo que ele possa ser usado como
uma alavanca durante a redução.
• FRATURAS UNICONDILARES DO FÊMUR •Limpe a articu lação de todos os detritos e ossos soltos
As fraturas unicondilares (AO do tipo B) ocorrem com menos fre- por meio de uma irrigação abundante e reduza a fratu ra
quência do que as fraturas do fêmur supracondilares ou intercondi- sob visão direta com o pino ou o parafuso servindo como
lares. Lesões concomitantes à extremidade ipsilateral es tão presentes uma alavanca.
em cerca de um terço dos pacientes. Uma avaliação radiográfica • Insira vários fios de Kirschner através dos fragmentos da
cuidadosa, o que inclui visualizações anteroposterior, lateral, patelar fratura no côndilo femoral lateral intacto.
tangencial e em túnel, é necessária para diagnosticar precisamente •Coloque dois parafusos esponjosos perpendiculares ao
as lesões associadas a as fraturas do joelho e coronais do côndilo local da fratura para fixar o fragmento do côndi lo femoral
posterior (AO do tipo B3 ou fraturas de Hoff). Uma tomografia media l no côndi lo femoral latera l intacto (Fig. 54-72)
computadorizada, ocasionalmente, é necessária para determinar a O tamanho do implante depende do tam anho do frag-
fratura com mais precisão. As fraturas não deslocadas podem ser mento e esta variação determina o uso de parafusos de
tratadas conservadoramente, mas devem ser acompanhadas de 3,5 mm a 6,5 mm. Se o osso estiver osteoporótico, uma
perto por causa da perda de redução. As fraturas unicondilares lavadora sob a cabeça do parafuso ou pino impede a
deslocadas exigem fixação cirúrgica para evitar as complicações de cabeça de afundar através da cortica l.
mau alinhamento axial, artrite pós-traumática, rigidez do joelho e
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES fniDI
semanas, o paciente norma lmente tem evolução gradua l
para a sustentação de peso tota l. A incapacidade residua l
após as fraturas isoladas do côndilo femora l medial geral-
mente é pequena, e uma boa amplitude de movimento
pode ser recuperada quando a redução e a f ixação são
satisfatórias e o movimento da articu lação é iniciado cedo.

FIXAÇÃO DE DA PARTE
POSTERIOR DO CONDILO MEDIAL
Se a parte posterior do côndilo femoral media l for cortada
fora, é recomendada uma RAFI com um parafuso interfrag-
mentário. Embora essas fraturas pareçam inofensivas nas
rad iografias, elas podem prod uzir uma deficiência mar-
cante. Inicialmente, as fraturas não deslocadas frequente-
mente se deslocam se forem tratadas de forma conservadora.
Como observado na visão lateral, o fragmento solto con-
siste em, aproximadamente, metade posterior do côndilo .
O fragmento tem um mínimo de anexos de tecidos moles
h@ii;@ l:Im Fratura do cô ndil o med ial fixada co m parafusos
e pode ser desprovido de supri mento de sangue. Quase
esponjosos de 6,5 m m. VEJA A TÉCNICA 54-25.
toda a sua superfície é coberta com ca rtilagem articular. A
quantidade de deslocamento pode ser mínima. Se o frag-
•Retire os vários fios de Kirschner utilizados para a fixação mento não for reduzido adequadamente, a rugosidade da
temporária e confirme a redução com radiografias feitas superfície articular e a osteonecrose ocorrem. Origina l-
em dois planos. Certifique-se de que as extremidades dos mente, o fragmento não deve ser removido, pois é uma
pinos ou dos pa rafusos esponjosos penetraram na cortica l parte importante da superfície arti cular quando o joelho é
femoral lateral, pois o osso com osteoporose no côndi lo flexionado em 90 graus. O tratamento consiste na fixa ção
não tem boa assimilação. O efeito interfragmentário da fratura na posição adequada.
tardio dos pinos ou dos parafusos esponjosos deve pro-
duzir boa fixação e compressão interfragmentária. TÉCNICA
• Em alguns pacient es com osso com osteoporose, a f ixação
apenas com parafusos pode ser inadequada; no entanto, •A exposição adequada pode exig ir incisões ant eromed ial
uma placa de reforço é contornada para se adaptar ao e posteromedial . A redução anatômica da superfície arti-
côndilo medial. cu lar é de suma importância.
•Uma alternativa para a fixação com parafusos canulados • Recoloque a porção posterior do côndilo femoral medial
é o uso da fixação de fragmentos pequenos em que a por meio de uma incisão posteromedial de Hende rson
compressão interfragmentária pode ser consegu ida com (Cap. 1) e f ixe-a t emporariamente com vá ri os f ios de
parafusos interfragmentários de 3,5 mm e ainda ser mais Kirschner.
estabilizada com a adição de uma pequena placa de • Dependendo do tamanho do fragmento, insira dois parafu-
reforço de fragmentos. sos interfragmentários chanfrados adequadamente de 3,5
•Qua lquer que seja o sistema de fixação interna selecio- mm ou 4,5 mm de anterior pa ra posterior. Nós também
nado, o princípio fundamenta l continua se ndo a redução temos usado a fixação com parafusos de compressão sem
articular anatôm ica. cabeça can ulados diferenc iais. Coloq ue os parafu sos mediai-
mente à articulação patelofemoral , se possível, e encaminhe
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado -os perpendicularmente ao local da fratura.
em uma tala ingnopédica removível ou é usado um cura- •Rebaixe todos os parafusos que forem colocados através
tivo macio vol umoso com um envoltório de compressão da superfície articular. Inspecione para ver que o parafuso
leve e imob ilizador de joelho. A movimentação passiva não penetra a superfície articu lar posteriormente.
contínua pode ser iniciada imediatamente após a cirur- •Retire os f ios de Kirschner transfixantes. Ocasionalmente,
gia, se isso for desejado. Exercícios ativo-assistidos uma porção da cabeça medial do gastrocnêm io pode exigir
suaves são iniciados quando o inchaço desaparecer. A reflexão lateralmente para uma exposição adequada.
deambulação com um andador ou muletas é iniciada no •Depois que os parafusos forem inseridos, verifique a
2º ou 3° dia de pós-operató ri o, perm itindo apenas o redu ção e a posição dos parafusos por radiografias e
suporte de peso de toque em ba ixo. Os exercícios de feche a incisão.
amplitude de movimento e do quadríceps e os exercícios
isquiotibiai s são aumentados gradualmente. Se a fratura CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
estiver cicatrizando de forma satisfatória, a carga parcial mesmo que o recomendado após a fixação do côndilo
pode ser permit ida em 8 a 1O semanas. Em 12 a 14 femora l media l (Técnica 54-25).
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@ll;@e:&I A e B, Fratu ra do côndilo do fêmur lateral com o componente de fratura de corte corona l do cônd ilo do fêmur latera l
posteri or. C e D, Após RAFI com fixação do fragmento pequeno. Note os parafusos interfragmentários anteroposteri ores para estabi-
li zação da fratura corona l do côndi lo do fêmur posterior.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES fm:llll
Tendão do
quadr íceps

/;
1
lateral--
Tendão do /".:)
/
quadrícep / •--Patela
Retináculo , )/ parapatelar
lateral mediaimente
lateral Y J evertida

A B e
u(dmt•)l?m Técnica swashbuckler. A, A fáscia que sobrepõe o quadríceps é inc isada longitudinalmente e levantada lateralmente
fora do músculo subjacente. B, Mais lateralmente, a fáscia sobre o quadríceps se torna confluente com a banda iliotibial. A artrotomia
parapatelar lateral é realizada . Proximalmente, a incisão da artrotomia é feita entre o músculo vasto latera l e o retináculo lateral do
joelho. C, A libera ção proxi mal das fibra s do vasto lateral a partir do septo intermuscu lar lateral permite uma maior mobilização do
quadríceps. Os vasos perfurantes podem ser controlados com cautério. VEJA A TÉCNICA 54-27.

Aquelas com acometimento articular mais extenso exigem exposição


1 FRATURA DO CÔNDILO LATERAL
direta para a redução anatômica ser garantida. Essa é mais frequente-
Pa ra a expos ição do côndilo lateral do fêmur, consulte a Técnica mente realizada por m eio de urna abordagem anterior com artrotomia
54-25. A técn ica é similar àquela usada n o tratam ento de fraturas parapatelar lateral. Em fraturas específicas, urna pequena incisão medial
do cô ndilo do fê mur medial (Fig. 54-73). acessória pode ser necessária para a manipulação da fratura ou a colo-
cação de parafuso. Na maioria das vezes, nós usa.mos a abordagem
• FRATURAS INTERCONDILARES DO FÊMUR descrita a seguir (abordagem swashbuckler) para aquelas que necessitam
A RAFI d e fraturas intercondilares e supraco ndilares co minuídas do de redução anatômica de lesões articulares corninuídas.
fêmur exige experiência e habilidade cirúrgica. Um conjunto com- Para proporcionar urna melhor exposição da superfície articu-
pl eto de instrumentos e a familiaridade com se u uso são necessári os lar distal do fêmur, Starr, Jones e Reinert usaram urna abordagem
para esse método de fixação. O cumprimento rigoroso dos princípios anteri o r modifi cada, que eles cham aram de abordagem "swashbu-
básicos e da técnica são necessários pa ra evitar resultados insatisfató- ckler". As vantagens citadas d essa abord agem, além de maior expo-
rios. A RAFI destas fraturas difíceis só se justifica se (1) as superfícies sição, são a preservação dos ventres do músculo quadríceps e urna
arti cul ares puderem ser restauradas anatomicamente, (2) a fixação for cicatriz cirúrgica que n ão interfere com a subsequente artroplastia
suficientemen te rígida de modo que a imobili zação externa não seja total d o joelho. Essa abordagem é útil para a fixação das fraturas d o
necessária, (3) a rigidez da fixação for sufi ciente para permitir um a fê mur distal com envolvim ento intra-articular.
imediata movimentação ativa da articul ação do joelho e (4) a pele e
os tecidos moles forem satisfatórios para uma grande cirurgia.
Tradicionalmente, a inserção de uma placa de lâmin a cond il ar ABQRDAGEM SWASHBUCKLER PARA
d e 95 graus é tecnicamente difícil e exigente . A ampla área da super- O FEMUR DISTAL
fície da placa proporciona excelentes fixação e resistência à flexão e às
forças d e torção. Se a lâmina estiver inser ida corretamente nos côndi- TÉCNICA
los, o alinham ento anatômico do fêmur pode se r obtido por meio d a
fixação d a placa à diáfise do fêmur. Se a lâmina estiver inserida incor- (STARR ET AL.)
retamente, o mau alinhamento ocorre. A difi culdade de aplicação e
os avanços nos designs têm, em grand e parte, eliminado o uso de • Coloque o paciente em decúbito dorsal, de preferência
placas e parafusos de lâmina e parafusos condilares dinâmicos como em uma mesa radiotransparente.
di spositivos de fixação de primeira linha. A evolução dos dispositivos •Use um torniq uete estéril apenas se for necessário para
de fixação de fraturas do fêmur distal tem levado a implantes mais evitar a retração medial do quadríceps.
extramedul ares realizados com placas condilares com a m esma capa- •Col oq ue um rolo ou um tri ângulo sob o joelho. Faça uma
cidade dos parafusos de bloqueio, por vezes poliaxiais, e, normal- incisão na linha média a partir de cima da fratura e late-
m ente, com alguma forma de direcion amento da instrumentação que ra lmente para cruzar a patela (Fig. 54-74A).
tem perm itido consi deravelm ente men os dissecção dos tecidos moles. •Este nda a incisão diretamente até a fáscia do quadríceps.
Consulte as edições anteriores deste texto para conhecer técnicas Faça uma incisão na fáscia do quadríceps em linha com
detalhad as de uso da placa de lâmina femoral distal ou d e inserção do a incisão na pele. De modo afiado, disseque a fáscia do
implante com parafuso condilar dinâ mico. quadríceps fora do músculo vasto lateral lateralmente à
A m orfologia da fratura vai ditar a abordagem cirúrgica necessá- sua inclusão com a banda iliotibial.
ri a para a redução adequada e a estabili zação da fratura. A necessidade •Retire a banda iliotibial e a fáscia latera lmente, continu-
de exposição extensível proximal signifi cativa é rara, particularmente ando a dissecção para baixo até a linha áspera.
com a moderna instrumentação de direcionamento. As fraturas sup ra- •Incise o retináculo patelar lateral, separando-o do vasto
condilares ou intercondilares simples, muitas vezes, podem ser trata- lateral (Fig . 54-74B). )
das por m eio de abordagens cirúrgicas laterais diretas distalmente.
ED PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

•Faça uma artrotomia parapatelar lateral para expor os


)
cônd il os femorais.
•Coloque um retrator sob os vastos lateral e medial,
expondo o fêmur distal e deslocando a patela mediai-
mente (Fig. 54-74C).
•Ligue os vasos perfurantes e eleve o vasto lateral, expondo
todo o fêmur dista l.
• Prossiga com a fixação interna, conforme necessário.
•Feche a incisão suturando a fáscia de volta no lugar.

1 FIXAÇÃO COM PLACA CONDILAR DE BLOQUEIO


A fixação com placas condilares de bloqueio é ind icada para as
fraturas intra-articulares e extra-articulares do côndilo, reforçar as
fraturas do fêmur distal multifragmentárias, fazer uma ponte nas
fraturas do fêmur distal altamente cominuídas e tratar as más con-
solidações do fêmur distal. Os implantes correntes permitem a esta-
bilidade dos dispositivos de ângulo fixo com a possibilidade de
serem colocados de uma forma biologicamente apropriada, e, por
isso, são a escolha atual para a maioria das fraturas AO/OTA dos
tipos A e C que requerem placa de osteossíntese.

APLICAÇÃO SUBMUSCULAR
MINIMAMENTE INVASIVA DE
PLACA CONDILAR DE BLOQUEIO
TÉCNICA mm
• Posicione o paciente em decúbito dorsal sobre uma mesa
O@ilif!il:m Inserção minimamente invasiva de placa para a
fi xação de fraturas supraco ndil a res ou intercond il ares do fêmur
distal usando-se estabilizadores especia lmente concebidos para o
direcionamento da f ixação proximal. Isso permite uma fixação
radiotransparente. Realize uma elevação bem acolchoada sob exata, m inimizando o dano biológico às zonas metafisárias comi-
o quadril ipsilateral para manter o fêmur em rotação neutra. nu idas. Note a tração do pino tibial proximal e a curva utili za da
Prepare e arme o membro de forma normal. Posicione o para ma ior controle do comprime nto ax ial e a linhame nto rota-
membro sobre uma elevação estéril ou reforço triangular. cional. VEJA A TÉCNICA 54-28.
•Exponha o fêmur distal como descrito anteriormente
(Técnica 54-27). Tipicamente, apenas a extensão distal da
abordagem é necessária com artrotomia parapatelar posicionamento do implante bastante difíceis. Um exame
lateral para redução articu lar. Alternativamente, uma minucioso de imagens contra laterais do joelho pode faci-
abordagem lateral direta pode ser utilizada nas fraturas litar a identificação de nuances anatômicas quando a
extra-articulares ou naquelas com componentes articu la- modelagem pré-operatória for realizada.
res simples (Fig. 54-75). •No plano fluoroscópico latera l, confirme se o posiciona-
•Reduza os fragmentos do côndilo com fios de Kirschner mento distal da placa está paralelo à cortical posterior do
e fórceps de redução . fêmur para garantir a flexão e a extensão adequadas do
•Coloque a placa condilar gu ia na cortical lateral para plano corona l. Uma vez que o posicionamento apro-
determinar a posição apropriada para a colocação dos priado foi observado, coloque fios-guia adicionais através
parafusos interfragmentários para manter a redução con - do guia de placa para prender a placa no segmento distal.
dilar sem interferir com a placa. •Uma tração longitudinal pode ser aplicada e a instrumen-
•Usando referências anatôm icas e imagem de braço em C, tação de direcionamento, utilizada para permitir a colo-
coloqu e a placa de forma submuscu lar sobre os côndilos cação de um fio guia provisório no furo mais proximal da
reconstruídos sem tentar reduzir os fragmentos proximais placa escolhida. É fundamental que o comprimento e a
e insira um fio guia de 2,5 mm por meio do furo guia do redução da rotação sejam observados antes deste passo.
fio central paralelo à linha femorotibial. Obtenha uma Além disso, em fraturas particularmente cominuídas da
imagem para confirmar o posicionamento paralelo . Para metáfise distal do fêmur, um fio proximal único não pode
essa parte do processo, a colocação do fio é fundamental fornecer suficiente manutenção do comprimento sozinho.
, pois "define" a posição distal da placa no plano coronal. •Uma vez que o comprimento e o alinhamento rotacional
O posicionamento não paralelo deste fio de referência estejam "definidos", coloque um coxim por baixo da
inicial pode inadvertidamente induzir a um mau ali nha- parte metafisária da fratura para determinar a flexão e a
mento em varo ou em valgo do plano coronal. Cuidado extensão.
com as variações anatômicas, como a hipoplasia do •Muitas placas periarticulares não se encaixam na anato-
côndi lo lateral, que pode deixar a reconstrução e o mia de cada paciente e, consequentemente, pode ocorrer
CAPÍTULO 54 FRATU RAS DE MEMBROS INFERI OR ES

um variável deslocamento da placa na diáfise femoral.


Como resu ltado, a incapacidade de reco nh ecer isso pode
FIXAÇÃO COM PLACA DUPLA
induzir ao mau al inhamento em varo ou em va lgo quando As fratu ras do fêmur distal muito ba ixas com vastas comi -
a instrumentação de redução rosqueada ou de parafusos nuições articular e metafisária não podem ser estab ilizadas
corti ca is sem bloqueio é usada para assentar a placa no de forma adeq uada por meio da f ixação com placa lateral
osso. Quando um deslocament o for identificado, a placa apenas. Se a instabil idade persisti r após a f ixação com placa
deve ser aplicada como um "fixador interno-externo" latera l, é sugerida a apl icação de uma placa media l adicio-
com a f ixação de parafusos de bloqueio pa ra manter a na l. Uma incisão méd ia separada é adeq uada para reduzir
redução anatôm ica do plano coronal. a quantidade de remoção de tecido mo le exigida pa ra a
• Parafusos de fixação podem ser inseridos em qualquer aplicação da placa.
ordem, mas geralmente é mel hor inseri r o parafuso
central de 7 ,3 mm em prime iro lugar seguido pelos TÉCNICA
outros parafusos canu lados de 5 mm no segmento
distal. A f ixação proxima l é consegu ida com a colocação (CHAPMAN E HENLEY)
de pa rafusos corti ca is de 4,5 m m o u pa rafusos corticais
de bloqueio de 5 mm por meio da instrumentação de •Após a fixação lateral, aval ie se a estab il ização da fratu ra
segmentação. Um mínimo de oito corticais deve ser é suficiente para perm it ir o início da amplitude de movi-
usado no sentido proxim al. mento funciona l. Se não, continue com a ap li cação da
•Tome cuidado ao colocar a fixação proximal na diáfise. f ixação medial por meio de uma abordagem media l lon-
Considere encher o furo mais proximal na construção gitudinal separada.
com um pa rafuso de f ixação uni cortica l ou um pa rafuso •Alternativamente, as fraturas muito distais pode m exigir
sem bloqueio bicortica l pa ra minimizar a formação de uma abordagem med ial acessória para fins de redução
elevadores de estresse. em adição à intervenção lateral e antes da f ixação
• Idea lme nte, deve-se buscar uma construção de placas definit iva.
longas com f ixação bem espaçada. A f ixação do parafuso • Faça uma incisão anteromedia l na margem anterior da
de bloqueio em estreita proximidade com a cominuição pata de ganso segu indo o canal adutor (Fig. 54-77 A). A
metafisá ria pode resulta r nu ma construção muito rígida, dissecção profunda segue a abordagem subvastus (sul).
que pode contrib uir para a fo rmação de calo inconsis- Faça uma incisão na cobertura fascial rodeando o vasto
tente e deve ser evitada, se possível. medial ao longo da margem posterior do músculo.
•Aperte bem todos os parafusos novamente antes do •Use dissecção romba para eleva r o músculo fora do peri-
fecha mento da incisão. ósteo e do septo intermuscular do tubércu lo adutor à
• Execute os fechamentos da pele e fáscia na forma-padrão.
diáfise femoral proxi mal intacta.
• Distalmente, incise acentuadamente a ampla inserção
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Movimentação passiva tendinosa de 2 cm a 3 cm do múscu lo vasto med ial na
precoce com alguma movimentação ativa é in iciada con-
cápsula medial.
forme tolerado. Também são adm inistrados exercícios de
•Exponha a articulação por meio de uma artrotomia para-
extensão passiva pa ra mini mizar a formação de contrat ura.
pa telar media l. Essa abordagem não req uer a dissecção
A sustentação de peso é evitada por 1O a 12 semanas. As
fo rmal da artéria femora l superficia l, pois a artéria é reco-
amplitudes ativa e passiva de movimento devem ser incen-
lhida posteriormente com o múscu lo sartório.
t ivadas durante esse tempo.
•Proteja a artéri a genicu lar descende nte e o nervo safeno
pela dissecção romba da ma rgem posterior do múscu lo
vasto medial e retra indo a artéria e o nervo anterior-
me nte. Deixe as f ibras superf iciais e prof undas do liga -
1 SISTEMA MENOS INVASIVO DE ESTABILIZAÇÃO mento colateral media l anexadas ao côndi lo f emora l.
(LI SS) •Se um fragmento cond ilar medial posterior estiver pre-
A técn ica para a utilização do sistema LISS é, em mui tos aspectos, sente, faça uma artrotomia ad iciona l imed iata mente pos-
m ui to semelhante à aplicação da placa condilar de bloqueio de uma terior ao li gamento co lateral medial para permiti r o acesso
forma minimamente invasiva (Fig. 54-76). Pode-se remeter à técnica a essa porção da superfície articu lar. A flexão do joelho e
anterior. No entanto, várias diferenças importantes devem ser men- a posterior retração do sartório e do adutor lo ngo tornam
cionadas. O sistema LISS é constru ído em titânio e, por consegui nte, isso ma is fác il .
o seu módulo de elasticidade é diferente do de muitos sistemas • Inspecione o compartimento med ial, incluindo o men isco,
condilares de fixação de fratura com placa disponíveis e perm ite e remova todos os fragmentos soltos da art icu lação.
mais flexibilidade. Considerando que o design de muitas placas con- •Continu e a exposição posterior até que a diáfi se femora l
dilares de bloq ueio permite o uso das técnicas de redução com placa, med ial intact a esteja visível , minimizando a remoção de
o LISS baseia-se na red ução alcançada antes do posicionamento do tecidos moles durante a dissecção e a retração.
implante. Além disso, ele realmente é um "fixador interno-externo': • Red uza e estabilize provisori amente como descrito cada
e, portanto, a fixação com parafusos de fixação perto e distal à um dos cônd ilos femo rais para a ap licação de uma placa
fratu ra fornece a maior estabilidade. Isso é mais bem tolerado com condilar de bloqueio e reduza e fixe os cônd ilos femo rais
o LISS em comparação com as placas condilares de bloqueio por mediais e late rais uns aos outros in cluindo quaisque r frag -
causa do aumento da flexibilidade no LISS. Além disso, a fixação do mentos interca lares. )
parafuso é unicortical.
lllD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Vista lateral

Incisão
B

O[riii;J.ieD Técnica menos invasiva de estabilização (LISS) com placa . A, As


letras são usadas para identificar os orifícios da placa distal ; os números são usados
para identificar os orifícios da placa da d iáfise. B, Incisão lateral. C, Nas fraturas
intra-articulares comp lexas, o acesso parapate lar lateral é necessário. D, O guia de
inserção tem a tendência de se inclinar para o chão . Quando posicionado co rreta-
mente no côndilo lateral, o guia de inserçã o é rodado internamente em aproxim a-
damente 1O graus na diáfise femoral. A posição da placa é ajustada, se necessário.
E, Fi o de Kirschner inse rido por meio do parafuso de estabi li zação. (Redesenhado de
E Less lnvasive Stabilization Technique (USS): technique guide, Paoli, PA, 200 1, Synthes.)

•Use fios de Ki rschner, redução pontiaguda do tenácu lo • Dobre a placa de reforço medial para correspon der exa-
)
ou grandes grampos periarticulares para uma estabiliza- tamente ao contorno do fêmur medial. Nós preferimos a
ção temporária. fixação do fragmento pequeno norma lmente.
•Reduza o bloco articular distal reconstruído e fixe-o pro- • Coloque a porção transve rsal da placa d istal mente
visoriamente à diáfise femoral. Coloque uma placa lateral de modo que os orifícios dos parafusos permitam a
e temporariamente fixe-a ao fêmur distal. colocação de parafusos nas porções anterior e pos-
•Quando a redução for satisfatória, prenda-a com dois ou terior dos côndi los femorais. O parafuso anter ior
quatro pa rafusos proxima is e distais inseridos sob orien- deve permitir a fixa ção transcondilar-bicondi lar (Fig .
tação de imagem intensificada. 54-77B).
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

A B Medial

O@ii;f!iDm Fixação de fratura do fêmur distal com placa dupla. A, Abordagem subvastus (su l) (veja texto). B, Ap li cação de placa
em T do fragmento grande. VEJA A TÉCNICA 54-29.

O!ffl!;Hm A, Fratura do fêmu r d ista l altamente cominuída em pedestre atingido por um veícu lo em alta ve locidade . Observe o
envo lvimento muito baixo da fratura do côndilo femoral medial. Construções latera is baseadas, norma lmente, não fornecer iam a f ixação
adequada para esse fragmento. B, Fixação de pequeno fragmento do cônd ilo femoral medial por me io da abordagem subvastus como
adjuvante para a construção da típica f ixação baseada mais lateral. VEJA A TÉCNICA 54-29.

•Para a extremidade proximal da placa medial, utilize pelo enxertia. Repare a artrotomia e feche a abordagem media l
menos quatro corticais de fixação (Fig. 54-78). de forma rotineira.
• Depois de os parafusos estarem colocados, considere o
preenchimento dos defeitos ósseos com enxerto autólogo CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
nas lesões fechadas . Caso contrário, espaçadores de mesmo daquele para a fixação com placas condilares de
cimento antibióticos podem ser aconselháveis para feri- bloqueio, com início da movimentação baseado na esta-
mentos abertos e como preparação para uma futura bilidade da reparação da fratura.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

m encionados por uma questão histórica apenas. A duração do confi-


• FRATURAS SUPRACONDILARES DO FÊMUR namento no leito, com seu potencial para complicações, e as conse-
A maioria das fraturas supracondilares do fêmur pode ser tratada com quências econômicas de várias semanas ou meses no hospital fazem
dispositivos de bloqueio intramedular ou placa mais parafuso. Mesmo deste um método pouco prático quando utilizado sozinho.
aquelas com compon entes de fratura intra-articulares simples muitas
vezes podem ser tratadas com fixação com haste intramedular. As
configurações do parafuso distal variam e são, muitas vezes, determi - FIXAÇÃO EXTERNA
nantes para se saber se uma fratura supracondilar do fêmur pode ser
devidamente estabilizada com um dispositivo intramedular. Nos Embora sejam recomendáveis o desbridamento imediato, a irrigação e
pacientes que apresentam poucos riscos cirúrgicos, o tratam ento con - a haste intra.medular de bloqueio para a maioria das fraturas expostas da
servador com tração esquelética aguda seguida de gesso é uma opção. diáfise femoral, os fixadores de meio-pinos provaram ser eficazes, espe-
Historicamente, os implantes intramedulares flexíveis com órtese cialmente para as fraturas muito contaminadas e as fraturas que exigem
suplementar têm sido utili zados em alguns pac ientes idosos de baixa uma rápida estabilização para reparação vascular. As infecções ocorre-
demanda; no entanto, as técnicas atu ais e a fixação minimamente ram em alguns dos nossos pacientes após o uso de haste em fraturas
invas iva de fratura com placa têm as vantagens de minimiza r o trauma previam ente tratadas com fixação externa, como foi relatado por outros
cirúrgico e proporcionar uma fixação estável, a qual, tipicamente, não autores. Após a cobertura da incisão, a conversão antecipada (2 semanas)
requer nenhuma órtese adjuvante. Remete-se às técnicas de fixação da fixação externa para fixação intra.medular pode diminuir a incidência
com haste intramedular retrógrada e à inserção minim amente inva- de infecção. A fixação externa rápida temporária de fraturas do fêmur
siva de placa condilar de bloqueio. pode ser usada nos pacientes politraumatizados instáveis gravemente
ferido s, especialm ente se a perda de sangue é tm1a grande preocupação
(p. ex., as Testemunhas de Jeová). A fixação externa pode ser mantida
DIÁFISE DO FÊMUR até a consolidação, mas isso é raro. Mais comwnente, Lm1 fixador externo
uniplanar é aplicado anteriormente ou anterolateralmente nos pacientes
As fraturas da diáfise do fêmur estão entre as fraturas m ais comuns politraumatizados ou nos pacientes com enormes incisões contamina-
encontradas na prática ortopédica. Uma vez que o fêmur é o maior osso das como uma fo rma de estabilização esquelética temporária para o
do corpo e um dos principais ossos de suporte de carga na extremidade manejo posterior definiti vo. Nas fraturas da diálise, a articulação do
inferior, as fraturas podem causar morbidade prolongada e grande defi - joelho raramente é imobilizada; no entanto, as fraturas supracondilares
ciência, a m enos que o tratamento seja adequado. As fraturas da diálise e intercondilares mais distais requerem fixação para a tíbia.
do fêmur, muitas vezes, são o resultado de w11 trauma de alta energia e
podem estar associadas a várias lesões do sistema. Várias técnicas já
estão disponíveis para o seu tratamento e o cirurgião ortopédico deve FIXAÇÃO COM PLACAS E PARAFUSOS
estar ciente das vantagens, desvantagens e limitações de cada lll11a para
escoLI1er o tratamento adequado para cada paciente. O tipo e a locali- Desde os anos 1960, os cirurgiões AO na Suíça têm usado tanto a
zação da fratura, o grau de fragm entação, a idade do paciente, as fixa ção intramedular quanto a fixaç ão com p laca de compressão
demandas sociais e econômicas do paciente e outros fatores podem para quase todas as fraturas da diálise do fêmur. Seus m étodos têm
influenciar no método de tratamento. Os m étodos de tratamento pos- muitos defenso res. Uma redução mais precisa das fraturas da diálise
síveis para as fraturas da diálise femora l são os seguintes: do fêmur pode se r obtida com compressão interfragmentária e fixação
• Redução fechada e imobilização em gesso. com placa e parafuso.
• Tração esqu elética Esse tratam ento permite a movimentação precoce e boa
• Gesso femoral funç ão, mas o risco de infecção (2% a 5%), falha de fixação (6% a
• Fixação externa 10%) e um retardo na consolidação (até 19%) têm sido re latados em
• Fixação interna níve is inaceitáve is. Ma.geri et ai. observaram que as complicações são
• Haste intramedular com técnica aberta ou fechada mais comuns se o objetivo da cirurgia (ou seja, a fixação interna
• Haste intramedular anterógrada de bloqueio com ou sem fresagem rígida com compressão interfragmentária) não foi atingido. Se esse
• Haste intramedular retrógrada de bloqueio objetivo foi alcançado com sucesso, as complicações foram poucas.
• Fixação co m placa Rüedi e Lüscher e outros têm recomendado a aplicação de
A fixação com hastes intra.medulares bloqueadas atualmente é rotina de um enxe rto ósseo medial em todas as fratura s cominuí-
considerada o tratamento de escolha para a maioria das fraturas da das fi xa das com p lacas AO ou se a fi xação rí gida não for obtida.
d iálise do fêmur. Indepe ndentem ente do método de tratam ento A fixação de fraturas da diálise do fêmur com placa exige experiên-
escolh ido, os seguintes princípios co nvergem para: (1) a restauração cia e um bom ju lgamento. A má utili zação do método produ z resul-
de alinhamento, rotação e comprimento; (2) a preservação do supri- tados mais precá rios do que qualqu er outro.
m ento de sangue para ajudar a co nsolidação e prevenir a in fecção; Aparentemente, a maioria das fraturas da diálise do fêmur tra-
e (3) a reabilitação da extremidade e do paciente. tadas com redu ção anatômi ca e compressão interfragm entári a conso-
lida-se com calo em vez de com cicatri zação primária. Excelentes
resultados têm sido obtidos com a lixação com placa das fraturas da
TRAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO COM GESSO di álise cominuídas sem enxerto ósseo medial quando a redução
indireta de fragmentos intermedi ários, a prese rvação dos anexos de
Os métodos de tração esqu elética, na maioria das vezes, são uma fase tecidos moles ao osso especialm ente mediaim ente e a compressão
preliminar para outros métodos defi nitivos do manejo da fratura da fi nal tiverem sido obtidas. A fixação femora l da fratura co m placa
di álise femoral, por exe mplo, antes da fixação da fratura co m placa ou nos pacientes com politraum a sem corte tem sido recomendada, espe-
haste intram ed ular fechada. Os métodos de tração esqu elética são cialmente nos pacientes co m colo femoral ipsilateral e fraturas da
raramente usados como métodos defin itivos em adultos. Esses são diáfi se, lesõ es art eriais ou lesões na coluna vertebra l instáveis.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES f.?m

O@ii;Mm!I!) Fratura da diáfise do fêmur estabilizada com


placa e parafusos interfragmentários.

para a haste femoral fechada. A fixação de fratura com placa preserva


o suprimento d e sangu e endosteal; no entanto, a cortical subj acente à
placa é d esvitali zada. Placas de compressão dinâmica de baixo contato
com recessos recortados permitem m enos dano iatrogênico para o
suprim en to de sangue do periósteo (Fig. 54-79).
Seligson et ai. analisaram os resultados da fixação femoral da
H!§ii;Me&I Paciente politraumatizado com lesões pulmonares fratura com placa em l 5 pacientes com politrauma. Eles observaram
extensas e com fratura da diáfise femoral tratada com RAFl usando uma redução d a morbidade pós-operatória de síndrome da an gúst ia
fi xação de fratura com placa de compressão de fragmento grande . respiratór ia do adulto a partir da rep osta após a fixação da fratura com
placa intram ed ul ar. As complicações na consolidação das fraturas, no
A técnica envolve redução indireta, apli cação de placa posterolateral entanto, foram significativam ente maiores (3 0%) após a fixação da
e enxerto ósseo medial. Riem er et ai. relataram seus resultados na fratura com placa do que ap ós a haste intramedular (12%).
fixação femoral da fratura com placa com aço inoxid ável em 141 Se placa e parafuso de fixação forem indicados, nós preferimos a
fraturas causadas por trauma contuso, um terço d as quais era exposto. placa de compressão dinâmica de 4,5 mm. Em geral, a placa ampla deve
O tempo m édio de consolidação foi de 18 semanas e 99% dos pacien- ser usada com cerca de oito corticais (quatro buracos) de aquisição de
tes recuperaram a extensão completa e, pelo m enos, 130 graus de parafuso em ambos os lados de uma fratura tran sversal (Fig. 54-80). Se
flexão do joelho. Dez fraturas (7%) apresentaram falha do implante placas e parafusos forem utili zados para a fixação interna de fraturas da
(sete placas, trés parafusos) associada ao retardo da consolidação e diáfise do fêmur, a sustentação de peso e a deambulação sem proteção
um a pseudoa rtrose persistente ocorreu. Uma infecção profunda (2%) geralmente não são possíveis logo após as hastes intramedulares.
ocorreu em uma fratura exposta do tipo IIIC, mas nenhuma infecção Uma abordagem anterolateral (Cap. 1) é usada para as frat uras
profunda ocorreu nas fraturas fechadas. da di álise do fêmur quando as placas e os parafusos forem utiliza dos
A fixação de fratura com placa não exige uma mesa de fratura para fixaçã o. É essenci a l que a placa seja suficien temente longa de
pesada ou o intensificador de im agem fluoros cópico que é necessário um modo que quatro ou cinco pa rafusos fiquem proximais e distais
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

aos limites da fratura. Parafusos esponjosos na extremidade distal insira os parafusos mais proximais e distais na placa segui-
do fêmur melhoram a assimilação, especialmente se o osso for oste- dos pelos parafusos restantes. In sira com a técn ica AO de
oporótico. As placas podem ser removidas após 2 a 3 anos da lesão, fixação de fratura com placa de co mpressão-padrão .
desde que a consolidação esteja completa; no entanto, a remoção da Alternativamente, a fixação com parafusos de bloqueio
placa não é rotineiramente necessária. Osso cortical sob uma super- pode ser colocada em construções que estão em ponte
fície rígida de placa AO remodela mais como osso esponjoso. Para entre segmentos com inuídos ou f êmur osteoporótico.
a cortical resgatar a sua resistência e fixação externa normais, o • Riemer et ai. tentaram obter 1O corticais acima e abaixo da
estresse tem de ser reaplicado gradualmente após a remoção da fratura. Os únicos fragmentos em asa de borboleta que
placa. Quando duas placas em 90 graus em relação uma à outra foram substituídos foram os fragmentos necessários para
forem usadas, ambas as placas não devem ser removidas ao mesmo determinar o comprimento anatômico, a diáfise e a rotação .
tempo, pois o osso fica duplamente fraco, e, assim, é provável que Eles não tenta ram reduzir a cortical medial perfeitamente.
refrature. A seg unda placa pode ser removida 6 meses após a pri- • De acordo com Riemer et ai., se as placas de compressão
meira. O osso deve ser protegido contra o estresse excessivo por, dinâm icas de aço inoxidável forem uti lizadas, o enxerto
pelo menos, 6 semanas após a retirada da placa. ósseo a partir da metáfise da tíb ia proximal lat era l é
necessário para evita r a fa lh a do material de osteossíntese
e pseudoartrose. Embora em nossa instituição a fixa ção
FIXAÇÃO COM PLACA E PARAFUSO com placa de compressão de fraturas da diáfise femora l
DE FRATURAS DA DIÁFISE FEMORAL seja ra ra, não necessitamos de enxertia óssea medial se
a manobra de redu çã o indireta for empregada.
TÉCNICA • Não repare o vasto latera l; coloq ue-o de volta no lugar
sobre drenas de sucção.
•Coloque o paciente em decúb ito dorsa l sobre uma mesa • Repare a fáscia lata com uma sutura corrida ou uma
rad iotransparente se a fluoroscopia estiver prevista para sutura absorvível interrompida.
o proced imento. •Execute o fechamento subcutâneo e da pele na fo rma-
•Coloque uma elevação bem acolchoada sob o quadril -padrão.
ipsi lateral.
•Prepare a perna inteira, inclu indo a crista ilíaca e a viri lha. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são auto-
•Faça um a incisão na pele, no tecido subcutâneo e na rizados a se senta r no dia da cirurgia. Drenas são deixados
fáscia lata por meio de uma abordagem lateral. no loca l por 24 a 48 horas. A profilaxia antibiótica pós- opera-
• Faça uma incisão na fásc ia e eleve o músculo vasto latera l tória de rotina é administrada por 24 horas tanto no caso de
anteriormente para fora do septo intermuscular, o que fraturas expostas como no de fechadas. Os pacientes são
pode ser faci lmente conseguido com um elevador. autorizados à sustentação de peso de toque em baixo e são
•Os vasos perfurantes correm perpendicula res à diáfise do incentivados a realizar exercícios de amplitude de movimento
fêmur aproximadamente a cada 3 cm. Id entifique e ligue do joelho ativos e passivos. Os exercícios de forta lecimento
os vasos perf urantes antes da tra nsecção . Clipes vascu la- são adiados até que os sintomas agudos do pós-operatório
res pequ enos ou médios são úteis nesta fase da exposi- melhorem devido à força excessiva que pode ser aplicada à
ção. A cauterização sozinha, muitas vezes, é inadequada, interface placa-osso ou parafuso-osso. Quando a consolida-
pois a retração pode causar o rompimento do coágu lo. ção da fratura estiver progredindo radiograficamente, a sus-
• Use apenas garras como afastadores e evite que os afasta- tentação de peso parcial por 1 mês é permitida e os exercícios
dores sejam colocados mediaimente, pois isso pode ferir os de fortalecimento agressivos são iniciados. A sustentação de
anexos de tecidos moles dos fragmentos da fratura e, teo- peso irrestrita é, então, permitida.
ricamente, aumentar o risco de dificu ldade de cicatrização.
• Eleve apenas uma quantidade mínima de periósteo para ver
a redução da fratura. Cuidados devem ser tomados para
FIXAÇÃO INTRAMEDULAR
expor a lateral do fêmur de uma forma extraperiostea l e
A fixação interna de fraturas da diáfise do fêmur se tornou popul ar
apenas o suficiente para permitir a colocação do implante.
após a Segunda Guer ra Mundial, quando as hastes intramedulares
•Sobreponha as extremidades da fratura e desloque-as em
abertas foram introduzidas. Em um paciente adulto jovem com uma
varo para permitir uma visão direta do cana l medular
fratura não cominuída através da parte mais es treita do canal
• Desb ri de as extremidades da fratura de tecidos moles
medular, uma haste intramed ul ar, salvo complicações, proporciona
desgastados que estão empalados em bordas ósseas
o tratamento fina l para fraturas da diáfise do fêmur. O sucesso das
afiadas e irrigue.
hastes intramedulares resulta em uma estadia curta hospitalar, um
• Segu re os ossos com pinças de suporte ósseo do tipo Ver-
rápido retorno do movimento em todas as articulações, o retorno
brugge f ino, que va i deixar uma "pegada" biológica mínima.
imediato à deambulação e um tempo total de deficiência relat iva-
Se o instrumento tiver que ser reposicionado, remova-o e
mente curto. As fraturas nos terços proxi mal ou distal da diálise ou
substitua-o para evitar a remoção do periósteo.
as fraturas com cominuição grave são menos adequadas, no entanto,
•Traga as bordas mediais dos fragmentos principais em
para essa for ma de fixação inte rn a. A infecção ou a pseudoartrose
contato com a fratura ainda em va ro e, por alavanca
que ocorre após a haste intramed ular desbloqueada aberta podem
contra o osso medial , reduza a fratura.
ser complicações graves. Na maioria das pseudoartroses do fêmur
•Aplique uma placa para a supe rfície posterolatera l plana.
que se desenvolveram depois da haste in tramedu lar aberta nesta
•.Primeiro insira dois parafusos corticais sem bloqueio total -
clínica, tanto a fratura era inadequada para a fixação intramed ular
mente rosqueados adjacentes à fratura, e, em seguida,
quanto a técnica de haste era ruim.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

Tipo 1 Tipo li Transversal Espiral


cominuída cominu ída segmentai

Transversal Oblíqua Cominuída Transversal Oblíqua Cominuída


proximal proximal proximal distal distal distal

O@il;ML?IJI Classifica ção de W inqu ist-H ansen de cominu ição (veja texto). (Redesenhado de Winquist RA, Hansen RT, Clawson DK: Closed
intramedu llary nailing of femoral fractures: a report of five hundred and twenty cases, J Bone Joint Surg 66A:529, 1984.)

Embora Kuntscher tenha introduzido a haste intramedular Historicamente, a fixação de fraturas do fêmur com placa tem
fechada na década de 1940, ela não ganhou popularidade na América maiores taxas de infecção e pseudoartrose do que as hastes intrame-
do Norte até os anos 1970. Com melhorias na técn ica e, especial- dulares fechadas. Devido à existência de alguma preoc upação de que
mente, com a disponibilidade dos intensificadores de imagem, a as hastes de bloqueio possam revelar-se "máquinas de pseudoartrose':
haste fechada quas e substituiu a técnica aberta. Embora os métod os foi feito um esforço para tratar o mínimo de fraturas possível com o
fechados ten ham reduzido o risco de infecção, os problemas com bloqueio estático (parafusos colocados proximalmente e distalmen te
fraturas grave mente cominuídas e com as dos terços proximal e à fratura). A classificação de Winquist-Hansen de cominuição (Fig.
distal permaneceram quando se usam hastes desbloqueadas. As 54-8 1) foi rotineiramente usada para determinar se o bloqueio está-
melhorias no design de tempos para cá têm expandido as indicações tico era necessário. Winquist e Hansen classificaram as fraturas nas
de haste nas fra turas proximais e distais, por exemplo, para as hastes seguintes categorias: (1) fratura do tipo I, uma fratura cominuída em
intramedulares de bloqueio e hastes cefalomedul ares, que fornecem qu e um pequeno pedaço ósseo foi quebrado, não afetando a estabili-
comprimento e controle. Nós recomendamos que todos os joelhos dade da fratura; (2) fratura do tipo II, em que pelo menos 50% do
ipsilaterais sejam examinados com o paciente sob anestesia após a contato das co rticais adjacentes se mantêm para impedir o encurta-
fixação da fratura por causa das lesões ligamentares do joelho que mento e aj udar a rotação de controle, e em que é possível os contatos
ocorrem frequ entemente com fraturas do fêmur. Uma variedade de co rticais proximal e distal suficientes da haste para evitar a translação
disposi tivos intramedulares está disponível para o cirurgião ortop é- e o encurtamento; (3) fratura do tipo III cominuída, qu e tem menos
di co encarregado de cuidar do fêmur fraturado. Os mais usados hoje do que 50% de contato cortical ou na qual a aquisição da haste seria
são as hastes intramedulares de bloqueio através das quais os para- ruim ta nto no fragmento proximal quanto no fragmento distal, cau-
fusos transversais ou transfixantes oblíquos podem ser inseridos sando rotação, translação e encurtam ento; e (4) fratura do tipo IV
para controlar os grandes fragmentos proximal e distal, proporcio- cominuída, em que o reforço circunferencial do osso foi perdido e não
nando comprimento e es tabilidade rotacional. A haste pode ser existe nenhum contato fixo entre os fragmentos proximal e distal
inserida tanto do modo anterógrado como do retrógrado. principais para evitar o encurtamento.
mm> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

No passado, as recomendações de Grosse e Kernpf foram tempo de consolidação prolongado geralmente exigido para as fra-
seguidas para determin ar onde os parafusos seriam colocados para turas expostas graves. As hastes delta de Russell-Taylor têm fun cio -
o bloqueio dinâmico (parafusos colocados proxirnalmente ou dis- nado bem nesta situação. Wieck et al. revisaram nossas primeiras
talmente à fratura para co ntrolar a rotação) e a din ami zação 100 hastes fe morais delta de fraturas agudas em 93 pacientes, das
(remoção dos parafusos proximal ou di stal, ou ambos) foi recomen- quais 35 eram expostas, incluindo todo s os graus. Em urn a popula -
dada para todas as hastes bloq ueadas es tati ca mente, normalmente ção qu e anteriormente teria sido tratada com hastes com 13,5 mm
de 6 a 12 semanas. As taxas de co nsolidação ocorreram m esmo nos de di âmetro em m édia, hastes 62 com 10 mm e hastes 38 com 11
pacientes que não retorn aram para a dinamização, o que sugere que mm foram utili zadas. Não foram observadas infecções desenvo lvi-
a fixação da haste intramed ular com bloqueio estático pode condu- das nas 100 fraturas. Um parafuso qu ebrou em um paciente co m um
zir a resultados aceitáveis. reta rdo de consolidação, e, assi m, a recolocação da haste foi neces-
O tempo ideal para as hastes intramed ul ares de fraturas fecha- sária antes da consolidação. Um outro retardo de consolidação
das e expostas tem sido uma área de controvérsia, particularmente também exigiu recolocação da haste an tes da consolidação.
nos casos de existência de politrauma; no entanto, os dados atu ais Os estudos descobriram resultados semelhantes entre a haste
apoiam o uso da haste precoce (até 24 horas) na maioria das fraturas fresada e não fresada, com nen huma diferença no tempo cirúrgico,
do fêmur. Outros autores dem onstraram reduções signifi cativas na necessidade de transfusão ou complicações pulmon ares. Embora não
morbidade do paciente, porém com a estabili zação das fraturas do tenha havido diferença global no tempo de consolidação, os retard as
fêmur no prazo de 24 horas em comparação com a fixa ção tardia de consolidações têm sido relatados com mais frequência após a haste
após 48 horas, especialmente nos pacientes co m várias lesões. Outra não fresada do que a fresada. Quand o as fraturas distais foram anali-
sé ri e suger iu que a fixação femoral tardi a para além de 12 horas nos sadas separadamente, as fraturas com haste fresada consolidaram-se
pacientes com politrauma pode res ultar na redução da m ortalidade mais rap idamente. Tornetta e Tiburzi concluíram que não havia
em aproximadamente 50% . Pape et al. suge riram que a haste fem oral nenhuma vantagem para a inserção da haste não fresa da. Em con-
fresada imediata pode precipitar a síndrome da angús tia respiratór ia traste com a tíbia, o fêmur é circundad o por tecido mole vascular e a
do ad ulto nos pacientes com trauma torácico fechado. Em estu dos infecção de fraturas do fêmur é uma preocupação m enor.
clínicos de aco mpanh amento, os pac ientes fo ram subclassificados a Embora a in cidência de infecção com haste aberta de fraturas
fim de ava liar o risco de compli cações após a haste femoral fresada. fechadas tenha sido de ce rca de 10% em algumas séries, a incidência
Os identifi cados corno pacientes limítrofes, ou aqueles com várias com haste fechada de fraturas fechadas geralmente foi inferior a 1%. A
lesões que estavam em ri sco de complicações após a colocação da incidência de infecção após a haste fresada fechada de fraturas femorais
haste intramedular fresada precoce, ti veram uma m aior incidência expostas foi de 2% a 5%. No passado, a haste tardia foi recomendada
de co mpli cações pulmonares co m a interve nção definitiva precoce. para prevenir a infecção; no entanto, relatóri os recentes indicam qu e a
Os autores defend eram que, na prese nça de várias lesões, a condição colocação imediata de haste nas fraturas femorais expostas não aumenta
pré-operatória deve se r considerada no momento de decidir sobre significativam ente o risco de infecção, embora Brumback et al. tenham
as modalidades de trata mento para as fra turas da diáfise do fêmur observado um aumento de infecções nas fraturas do tipo IIIB.
para minimizar as complicações. Em nosso uso inicial de hastes intramedulares bloqueadas,
Ou tros estud os não co nfirmaram os achados de Pape et al. A seguimos as reco mendações de Winquist e Chaprnan para as frat u-
cont rové rsia permanece sobre o impacto da fixação com haste int ra- ras segm entalrnente corninuídas e tentamos atrasar a fixação intra -
medular fresada de fraturas do fêm ur em pacientes com politrauma. medular definitiva por 2 a 3 semanas até que os tecidos moles
O co nsenso atua l parece se r o de que a imedi ata fixação das fraturas tenh am teoricamente se estabili zado e a granulação do tecido em
do fêmur co m haste intramed ul ar fresada não aum enta o risco de torn o da fratura sirva como um melhor leito para a fre sagem . Em
complicações pulmonares clinicamente significativas na m aioria dos nossas primeiras 100 fr aturas tratadas com haste de Russell-Taylor
pacientes. No entanto, aqueles que são identifi cados como se ndo (1 985-1986), entre as qu ais 23 fraturas expostas de todos os graus,
limít rofes ou em risco muito elevado de complicações podem se r nós fomos forçados a intervir mais cedo; no entanto, para evitar um a
mais bem se rvidos com urna abordagem usando "ortop edia de con- maior deterioração dos pacientes com vá rias lesões e o atraso médio
tro le de danos" para proporcionar a estabilização necessá ria, mini- para a colocação de haste em fr aturas expostas foi de apenas 8,4 di as.
mizando o dano cirúrgico precoce. Em nossa instituição, a maioria Duas das três infecções após a haste das fraturas do fêmur expostas
das fraturas da diáfise do fêmur que podem ser tratadas com fixação em nossa séri e ocorreram nos pacientes com cicatrização de feridas
com haste intramedular é tratada com fixação interna precoce. Os iniciais persistentes (20 e 24 dias após a lesão) qu e tiveram a haste
pacientes considerados de ri sco, consideração essa baseada princi- fresada ad iada. Em nossas primeiras 125 fraturas expostas do fêmur
palmente na existência de lesões multissistêmicas conco mitantes e tratadas co m haste Ru ssell-Taylor co m fixação imediata ou tardi a,
em parâm etros fisiológicos, são temporizados com qualquer fixação co m ou sem fresagem, a taxa global de infecção foi de 4%.
externa ou tração esquelética, se nd o que ambas têm demonstrado Atua lmente, nós nos esforçamos pa ra tratar cirurgicamente
ser efici entes como medidas iniciais. todas as fraturas expostas em até 8 horas após a lesão. As fratur as
Winquist e outros têm mostrad o qu e a elevação das pressões femora is expostas são tratadas com o início imediato de cobertura
intramedulares e o dano térmico causados pela fresagem podem ser antibi ótica intrave nosa, dependendo do tipo de incisão, seguida de
diminuídos usando-se fresadores afia dos co m fl autas de corte pro- desbridam ento urge nte e irrigação. O fê mur é estabilizado com urna
fund as e diáfises estreitas e usando-se o mínimo de força durante a haste intramed ul ar fresada bloqueada estaticamente. O di âme tro do
inserção de fresados. Além de causa r a emboli zação de medula, a ist mo é aproximado radi ografica rnente co mo parte da modelage m
fresagem também danifi ca o endosteum e diminui a força de torção pré-operatória. A incisão traumática é fechada, se cirurgicame nte
dos frag mentos do fêmur. limpa, sob re drenos de sucção fec hados em lesões abertas de baixo
Devido aos possíveis efeitos da fresagem m ed ular, a haste não grau. As incisões abertas mass ivas ou aqu elas que estão totalmente
fresada te m recebido m aior atenção. As has tes intrarnedulares de contamin adas são dei,xadas abertas ou cobertas com curativos de
bloq ueio se m fresagem requ erem implantes menores, capazes de fechamento de cicatri zação de fe rid a ass istida por vác uo. Repetidos
não so mente manter o suporte de peso, mas também de suportar o desbridarnentos são reali zados a cada 24 a 48 horas, dependendo
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEM BROS INFERIORES fm:llll
das características do ambiente da incisão, até que o fec ham ento A maioria das fraturas d a d iáfise do fêmur, em nossa institui-
primário tardio possa ser obtido d e fo rm a segura. Caso contrário, ção, é tratada com o paciente de itado em uma mesa d e fratura. A
nosso objetivo é obter o fechamento da incisão por 2 a 7 dias uti li - posição latera l, normalmente, é reservada para as fraturas proximais
zando enxerto de pele ou, ocasionalmente, a aba de cobertura. subtroca ntéricas, para as quais o posicionamento lateral é muito
Nós também achamos que a haste intra.medul ar bloqueada é um mais propício para a redução da fratura em oposição à posição
tratamento seguro e eficaz para as fraturas do fêmur com lesão vascular. supina. O bloqueio distal é realizado utilizando-se um a técnica de
Embora Connolly e King tenham mostrado qu e o reparo da artéria "círculo perfe ito" à m ão livre. Co mo essa técn ica pode ser realizada
poplítea pode suportar 18 kg de tração, n ós preferimos corrigir a fratura rapidamente, nós rotine iramente usa mos dois parafusos de bloqueio
do fêmur no momento da reparação vascular, se possível, pois pouca distal, principalmente nas fraturas com inuídas que exigem não só
exposição cirúrgica adicional é necessária para a haste fechada. A estabilid ade rotacional mas também estabilidade de comprimento.
fixação precoce permite os benefícios da mobilização precoce. Também Grover e Wiss et ai. não encontraram n enhum a diferença quando
verificamos que a haste intramedular é mais fác il de executar cedo, pois, um o u dois parafusos fora m utilizados pa ra o bloqueio. Acredita-
geralmente, menor tração é necessária e os fragmentos são mais fáce is mos, no entanto, que a sustentação de peso pode, potencialm ente,
de reduzir. Em w11a revisão de fraturas do fêmur com lesões vasculares começar mais cedo quando dois parafusos de bloqueio d istal são
atendidas em nossa instituição entre 1986 e 1994, 17 fraturas tratadas usados em vez de um.
com haste intramedular imediata ou tardia foram todas tratadas com Nós não costum amos realizar a dinami zação d as fraturas que
sucesso. Ferim entos de bala causaram a maioria das lesões e apenas um a demonstram dificuldades d e consolidação. Para o retardo da conso-
fratura foi colocada em haste antes da reparação vascular. Idealmente, li dação de 6 a 8 meses n as fraturas comin u ídas Winquist -H anse n de
um paciente com uma fratura de fêmur e suspeita de lesão vascular deve gra u 3 o u grau 4, nós preferimos enxe rto ósseo in situ o u troca da
se r levado para a sala d e cirurgia para arteriografia depois de haver haste fresada fechada. Os pequenos e m od erados defeitos ósseos,
imagens suficientes para avaliar com precisão a morfologia da fratura geralmente, se preenchem esponta neamente.
para fins de planejamento pré-operatório, e, é claro, para identificar
quaisquer lesões no membro ou que acarretem risco de vida. O tempo • HASTE INTRAMEDULAR ABERTA
é fundamental no trato dessas lesões e o tempo necessário para a obten- A haste intramedular aberta do fêm ur envolve a inserção de haste
ção de urna arteriografia na sala de radiologia atrasa desnecessaria- depois de expo r a fratura. É m enc io nad a principalmente para fins
mente o tratamento. A estreita coordenação entre as unidades de hi stóricos. A indicação principal é o tratamento de pseudoartroses
trauma geral e os serviços de cirurgia vascular é um pré-requisito e a ou das frat uras que precisam de fixação intramedular na face de um
fixação externa rápida pode ser apl icada para fornecer uma condição dispos itivo de fixação interna existente. Os benefícios e os perfis d as
esquelética estável para o reparo vascular. Alternativamente, um compli cações das técnicas d e haste fechada têm em muito ultrapas-
shunt vasc ular temporário po d e se r colocado enquanto a fixação sado os da haste aberta para o tratam en to primário d e fratur as da
esqueléti ca é realizada, o que permite a reparação vasc ular sem a d iáfise fe m ora l. Resumidamente, as técni cas de hastes aberta e
impedâ ncia potencial que um fixador externo pode impor. Em nossa fechada são detalhadas para fin s de comparação. As vantagens d o
exper iência, uma orientação anterolateral do fixador externo é a método aberto são as seguintes:
preferida, pois não interfere com o acesso medial e não coloca os 1. Os equipamentos necessários para o método aberto são menos
trajetos de pinos em linha co m qualquer abordagem latera l potencial caros d o que os necessários para a haste fechada.
ou incisões de bloqueio. 2. Nen hum a mesa especial de fratura o u cirúrgica é necessária.
A haste intramedular retrógrada tem sido defendida para os 3. Nenhum intensificador de im agem é necessário.
pacientes com obesidade mórbida, fraturas ipsilaterais do colo do 4. Nenhum período de tração prelimin ar é necessário para tra-
fêmur e da diáfise, fratura femoral ipsilateral e fratura da tíbia (lesões cion ar a fratura.
flutuantes no joelho), gravid ez e politraumatismo. As técnicas atuais 5. Uma red ução anatômica absoluta é mai s fácil de se obter do
recomendam usar um portal na fossa interco ndilar. As colocações de que com as técnicas fechadas.
hastes femorais retrógrada e anterógrada em fratu ras d a diáfise do 6. A obse rvação direta do osso p od e identificar a cominuição n ão
fêmur foram comparadas. A consolidação, o retardo da consolidação deslocada e não detectada radiograficamente.
e a má consolid ação foram quase idênticas nos dois grupos. Os 7. Uma in terdigitação precisa dos fragmentos da frat ura m elhora
pacientes do grupo anterógrado relataram mais dores no quadril (9%) a estabilidade rotacional.
no acompanhan1ento, enquanto os pacientes do grupo retrógrado 8. Nas fraturas segmentares, o segmento méd io pode ser estabi-
relataran1 m ais dores no joelho (36%). A haste retrógrada também é lizado, impedindo o torque e a torção associados à redução
urna opção viável para as fraturas expostas do fêmur. A incidência de fechada e à fresagem medu lar.
infecção do joeU10 associada foi de 1,1 % em uma série de O'Toole et ai. 9. Nas fraturas não consolidadas, a abertu ra dos canais medul a-
A haste fechada das fraturas do fêmur agudas, quer utilizando res do osso esclerosado é mais fácil.
um distratar femoral quer tração manual sem uma m esa de fratura, 1O. O mau alinh amento rotacional é raro após a redu ção aberta.
tem sido defendida. Nós continuam os a usar uma mesa de fratura As d esvantagens do método aberto em comparação com a
rotineiramente. As mesas de fratura mais recentes permitem uma haste intramedular fech ada são as seguintes:
imagem corporal total sem mover o paciente, diminuindo o risco para 1. Possíve is cicatr izes na pele.
o paciente e minimizando o tempo de exposição. 2. O hematoma da frat ura, que é importante na consolidação da
Nós recomendamos a haste bloqueada estática precoce com frat ura, é evac uado.
fresagem d as fraturas expostas e fechadas do fêm ur o mais rápido 3. As raspas ósseas criadas pe la fresagem do canal m ed ul ar
possível. As contraindicações relativas à haste são a presença de muitas vezes são perdidas.
dispositivo de fixação inserido anteriormente, deformidade preexis- 4. A taxa de infecção é maior.
tente, enormes incisões abertas con tam in adas o u parâmetros limi- 5. A taxa de co nsolid ação é menor.
tantes do paciente. As contraindicações absolu tas, mas corrigíveis, 6. Se uma haste de bloq ueio for u til izada, o bloqueio é difícil sem
para a haste femoral são hip ovolem ia, hipotermia e coagulopatia. intensificação de imagem.
E!» PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EMAD ULTOS

1 PLANEJAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO fratura, usando-se apenas a tração manual. Eles não relataram com-
Depois de se decidir que a fratura é adequada para hastes intra- plicação e acharam essa técnica segura, simples e eficaz.
medulares, é necessário um planejamento cuidadoso antes da Em nossa instituição, as fraturas mais graves são tratadas com
ciru rgia. Não existe um a correlação entre o comprimento do osso o uso de uma mesa de fratu ra para os procedimentos intramedulares
e o tamanho ou contorno do seu canal. Jovens atletas com ossos com haste anterógrada. Não achamos o tempo adicional de posicio-
fortes costum am ter um pequeno canal medular no istmo, onde as namento do paciente ou de configuração da mesa como sendo
corticais grossas invadem o canal. Em contraste, pacientes idosos, excessivo e achamos fácil o uso de imagem para compensar as des-
geralmente, têm grandes canais; mesmo uma haste de 15 mm pode vantagens da mesa.
não ser grande o suficiente. Em um paciente médio, o menor diâ-
metro do canal situa-se na parte distal do terço proximal da diáfise. • HASTE INTRAMEDULAR FECHADA
O canal, gradualmente, amplia-se proximal e distalmente. As fra- A colocação de haste em fraturas da diáfise de ossos longos sem
turas através de uma parte ampliada do canal são menos firme- exposição do local da fratura foi defendida pela primeira vez por
mente fixadas por uma haste intramedular-padrão do que as Kuntscher em 1940 e surgiu como a base do tratamento para a maioria
fraturas através da parte mais estreita . das fraturas do fêmur nos Estados Unidos e no mundo. Várias grandes
O comprimento apropriado da haste deve ser determinado no séries concluíram que a taxa de consolidação da fratura, o retorno à
pré-operatório; isso é mais benfeito por radiografia para garantir a sustentação de peso, o retorno às atividades e a função do quadril e
variedade adequada de tamanhos que estão disponíveis no intraope- do joelho são excelen tes após a fixação de haste intramedular fechada.
ratório. Mesmo com essa informação, o diâmetro adequado da haste A colocação de haste fechada é uma técnica exigente. Um
é mais bem determinado no momento da cirurgia devido aos erros conj un to completo de hastes, fresadores, extratores e equipamentos
de medição inerentes que possam estar presentes no software de relacionados, mais um intensificador de imagem, deve estar dispo-
imagem eletrônica se nenhuma ferramenta de cal ibração for utili- nível. Além disso, uma mesa de fratura radiotransparente achatada
zada. Independentemente do seu diâmetro, o canal em um ad ulto ou uma mesa de fratura adequada que permita a rotação livre do
deve ser preparado de modo que passe a ter um diâmetro 1 mm a intensificador de imagem para a visualização da fratura é um pré-re-
1,5 mm maior do que o diâmetro da haste planejada. quisito. As radiografias pré-operatórias do fêmur não lesionado
A instrumentação de inserção para os procedimentos com podem ser usadas para estabelecer o diâmetro adequado das hastes,
haste fechada é comum, com os conceitos gerais sendo um padrão. a quantidade esperada de fresagem e o comprimento da haste final
Diferentes fabr icantes podem ter uma variedade de características nas fraturas gravemente cominuídas. Modelos rad iográficos estão
que permitam, por exemplo, várias opções de bloqueio. Portanto, a disponíveis para o planejamen to pré-operatório. O comprimento
familiar idade com os sistemas de implantes disponíveis sinaliza adequado deve ser atingido com tração antes da colocação da haste
diretamente para o entendimento do cirurgião sobre sua utilidade intramedular anterógrada fechada. O comprimento da haste deve
em circunstâncias especiais ou inesperadas no intraoperatório. permitir que a extremidade proximal fique alinhada com a ponta do
Gara nti r a disponibilidade e a presença dos implantes e da instru- trocânter maior e com a extremidade distal para deitar-se entre o
mentação é um dos passos mais importantes no planejamento polo proximal da patela e a cicatriz da epífise femoral distal.
pré-operatório para o sucesso do procedimento.
Devem-se também considerar as vantagens e as desvantagens • HASTE FEMORAL ANTERÓGRADA (TRIGEN)
da utilização de uma mesa de fratura no tratamento destas lesões. O Trigen (Smith & Nephew, Memphis, TN) é wn sistema de haste de
McFerran e Johnson relataram que a prática da técnica com haste terceira geração para o tratamento de todas as fraturas de ossos longos
femoral sem um a mesa de fratura é vantajosa em várias situações. de todas extremidades inferiores que podem ser tratadas por hastes
As mesas de fratura podem ser de configuração demorada, a tração intramedulares. Esse sistema permite a utilização de uma haste no
co ntínua gerada por um a mesa de fratura pode levar à paralisia dos modo de bloqueio normal ou em um modo de reconstrução com
nervos no pós-operatório e as mesas de fratura representam dificul - ângulo de 130 graus, fixação por parafuso duplo e pode ser utilizado a
dades para outros cirurgiões que podem precisar operar lesões asso- partir da porção subcapital do colo do fêmur a 4 cm do entalhe femoral.
ciadas. Suas principais indicações para essa técnica foram uma A haste é feita de titânio 6AL4V com um revestimento especial para
frat ura acetabular ipsilateral ou fratura pélvica de corte vertical, minimizar o anexo ósseo ao metal. As hastes são codificadas por cores
lesões instáveis associadas na coluna vertebral e lesões bilaterais de para o lado adequado. Elas são oferecidas em 10 mm, 11,5 mm e 13
membros. McFerran e Joh nson, inicialmente, excluíram os pacientes mm de diâmetro. As hastes proximais de 7 cm de 10 mm e de 11,5 mm
obesos ou muito musculosos, muito pequenos ou com esqueleto são expandidas para 13 mm para proporcionar a fo rça adicional para a
imaturo, e os pacientes com fraturas do colo ipsilateral e da diáfise; fixação de os parafuso proximal. Parafusos ósseos de 5 mm totalmente
no entanto, ass im que eles ganharam experiência, apenas os pacien- rosqueados, autoperfurantes e batedores são usados para os bloqueios
tes com fraturas do colo ipsilateral e da diáfise e com fraturas com proximal e distal para permitir a fixação bicortical e para reduzir a
mais de 24 horas foram excl uídos. possibilidade de os parafusos saírem. Nós recomendamos o bloqueio
McFerran e Johnson recomendaram escanogramas pré-opera- estático (proximal e distal) para todas as fraturas do fêmur. As hastes
tórios do fêmur não envolvido no departamento de emergência para de 8,5 mm de diâmetro estão disponíveis no sistema, mas diferem no
avaliar seu comprimento. Devido ao seu sucesso na realização de seu portal de partida, geometria de bloqueio e tamanho do parafuso de
haste femoral com uma tração femora l, suas técnicas evoluíram para bloqueio. Elas são indicadas para fraturas em adolescentes e, às vezes,
haste femora l sem uma mesa de fratura usando apenas a tração para ad ultos com canais intramedulares muito pequenos que não
manual. Essa técnica reduz o tempo que é necessário para colocar o podem acomodar um tamanho maior. Se o canal medular for sufi cien-
distratar femoral. Um assistente qualificado é necessário para reali- temente grande, as hastes podem ser inseridas sem fresagem. As indi-
zar essa técn ica. A redução de fraturas não cominuídas pode ser cações e contraindicações são as mesmas para essa haste assim como
difícil. A redução de fraturas cominuídas é mais fácil, mas é mais para as outras hastes femorais anterógradas. A técnica cirúrgica, embora
difícil de julgar o comprimento e a rotação. Karpos, McFerran e específica para esse implante, é aplicável à maioria dos sistemas moder-
Johnson relataram 32 hastes femorais rea lizadas sem uma mesa de nos de hastes atualmente disponíveis.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS IN FERIORES

O@mtJBl!EI Técn ica de Ru sse ll-Taylor de co locação de haste de bloque io. A, Pacient e na posição supina. B, Paciente em decúbito
lat eral. VEJA A TÉCNICA 54-31.

fraturas do fêmur com fraturas do acetábulo contralate-


HASTE FEMORAL ANTERÓGRADA ral. Identificar o portal de entrada correto do fêmur pro-
ximal geralmente é apenas um pouco mais difícil com o
TÉCNICA paciente em decúbito dorsa l, principa lmente nos pacien-
tes obesos.
PREPARAÇÃO E POSICIONAMENTO DO PACIENTE •Se o paciente estiver em decúbito dorsal, aduza o tronco
•Com base em modelos pré-operatórios e planejamento e o membro afetado. Flexione o quadri l afetado em 15 a
cirúrg ico, escolha uma mesa radiotransparente achatada 30 graus.
ou uma mesa de fratura e a posição do paciente. Nós •Apl ique tração por meio de um pino esquelético ou pelo
preferimos a utilização de uma mesa de fratura. pé com uma bota de tração bem acolchoada. Um poste
•Nós usamos as posições laterais e sup ina extensivamente perineal bem acolchoado é posicionado e a extremidade
e cada uma delas tem suas indicações relativas (Fig. ilesa é colocada em uma bota de tração bem acolchoada .
54-82). A posição supina é mais usada. Ela fornece acesso Os membros inferiores são posicionados em uma confi-
fácil para o anestesiologista, especialmente nos pacientes guração de tesoura.
com lesões graves. Os enfermeiros que circu lam e os •Estime o ali nhamento rotaciona l correto com respeito à
técnicos radiológicos também ficam mais confortáveis anteversão normal do quadril, tal como determinado com
com o paciente nesta posição. É ma is úti l para as fraturas o intensif icador de imagem. Isso pode ser feito obtendo-se
bilaterais do fêmur, fraturas do terço dista l do fêmur e visualizações fluoroscópicas do joelho ileso e do quadril na )
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

mesma rotação do intensificador de imagem e sa lva ndo-se


as imagens para consulta posterior. Portanto, visualizações
fluoroscópicas anteroposteriores comparáveis do membro
lesionado, tanto o joelho quanto o quadril, podem, então,
permit ir a correção da rotação com base no perfil do tro-
cãnter menor. Da mesma forma, a diferença angula r entre
uma latera l radi ográfica verdadeira do joelho e uma do
quadri l representará a anteversão do quadril.
•Gire o pé e o fragmento dista l do fêmur para coincidir
com o fragmento proximal observando a imagem de
braço em C. Ao conseguir sucessivas visualizações com o
braço em C, é possível obter uma visão lat era l do f êmur
proximal na qual o colo do fêmur e a diáfise estão para-
lelos, mas deslocados em cerca de 1 cm . O ângulo do
braço em C necessário para obter essa "lateral verda-
deira" geralmente pode ser lido diretamente fora do
braço em C. Leva ndo em conta a anteversão femoral
normal de 15 a 20 graus, é possível determinar com
exatidão o ângulo no qual colocar o pé . Por exemplo, se lí@lll;t!'mD Porta l de partida trocantérico para procedimen-
o colo do fêmur e da diáfise estiverem sobrepostos tos com hastes intramedulares anterógradas do f êmur. VEJA A
c
quando o braço em foi inclinado em 40 graus a partir TÉCNICA 54-31.

de horizontal, assum indo uma anteversão femora l de 20


graus, seria necessário rodar o pé externamente em 20
graus para combinar os fragmentos proximais e distais.
•Se o paciente estiver na posição de decúbito lateral com
o poste perineal, assegure-se de que a ma ior parte do
peso do tronco está no descanso trocantérico do quadril
afetado.
•Coloque o lado fraturado em 15 a 30 graus de flexão do
quadril. O lado normal f ica em posição neutra para a
extensão ligeira do quadril. Use o intensificador de
imagem para visualizar todo o fêmur nas projeções ante-
roposterior e latera l a partir do joelho até o quadril.
•Prepare o paciente da maneira-padrão . Cubra as nádegas
e a coxa latera l até a prega poplítea. Cubra o braço
intensificador de imagem com uma cortina de isolamento
estéril.

PREPARAÇÃO DO FÊMUR
•Faça uma curta incisão ob líqu a na pele começando 2 cm
a 3 cm da ponta proxi ma l do trocânter ma ior e continu -
ando proximalmente e mediaimente. Uma longa incisão h!ijii;i·!eD Inserção do fresador de ca nal na metáfise femoral
proxima l pa ra a criação de um portal de partida pa ra a haste
pode ser necessária nos pacientes obesos.
anterógrada. VEJA A TÉCNICA 54-31.
•Faça uma incisão na f áscia do múscu lo glúteo máximo de
acordo com as suas fibras.
•Identifique o plano subfascial do músculo glúteo máximo
e palpe a fossa piriforme ou o portal trocantérico. • Quando o pino estiver devidamente colocado, avance-o
•Avance a ponta rosqueada do fio guia ao nível aproximado para abaixo do trocânter menor.
da fossa piriforme. Se uma técnica anterógrada trocanté-
rica for usada, o ponto de entrada situa-se ao longo da PREPARAÇÃO DO PORTAL DE ENTRADA PROXIMAL
inclinação med ial do trocânter maior (Fig. 54-83) •Remova a guia de tecidos moles deixando o f io guia e a
•Obtenha uma imagem da reg ião trocantérica para ajustar ferram enta do portal de entrada na incisão. Se a inserção
a posição do guia de tal modo que a trajetória perm ita a não for necessária, coloque a cânula de tecidos moles
colocação no centro do canal medular distalmente. antes de criar o portal de entrada para proteger a inserção
• Verifiqu e a posição do pino com imagens anteroposterior do músculo abdutor.
e latera l. Se o pino não estiver centra l no canal femora l, • Coloque a montagem do fresador de entrada, que consiste
mas adequado em um plano de imagem, então a gu ia em um fresador de cana l de 14 mm, um conector de fresa-
de tecidos moles com inserção com múltiplos pinos pode dor de entrada e um fresador de entrada (Fig. 54-84), na
ser utilizada. Esse dispositivo permite o aj uste fino do fio ferramenta do portal de entrada e sobre o fio guia.
guia de partida para a posição correta por meio da adição •Frese o conjunto no fêmur até que ele encoste na ferra-
de um segundo pino . menta do portal de entrada.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

j )

A B

e D

O@l!;tJ.imlm Haste femora l anterógrada. Quando o redutor estiver no cana l medular e t iver capturado o fragme nto dista l, a haste
de guia com ponta de esfera é inserida através dele com o uso de uma pinça no fêmur distal, na região da antiga cicatriz epifisária.
(Redesenhado de Femoral antegrade nailing: technique manual, Memphis, TN, 2001, Smith & Nephew Richards) VEJA A TÉCNICA 54-31.

• Verifiqu e a posição do fresador durante a inserção com REDUÇÃO E INSERÇÃO DO FIO GUIA
imagens anteroposterior e lateral. •Coloque a ferram enta de redução, que consiste em um
•Remova o fresador de entrada e o fio guia deixando o redutor e um suporte em T, no alargador do canal e no
tubo do porta l de entrada e o fresador do cana l no lugar. conector no fêmur (Fig . 54-85)
• Alternativamente, o fresador do canal não pode ser utili- • Ava nce a ferramenta de redu ção para o local da fratura.
zado. O fresador de entrada canulado pode ser posicio- Utilize a ferramenta para manipu lar o fragmento proxi -
nado sobre o fio guia de partida . Para as fraturas simp les ma l e envolva o fragmento distal com a ponta da ferra-
da diáfise, o fresador do cana l gera lmente não é neces- menta. Alternativamente, se a ferramenta de redução
sário. As vantagens do dispositivo tornam -se evidentes intramedular não for usada, a redução unicortical per-
nas fraturas mais proximais como um meio de controlar cutânea em "joysticks" pode ser utilizada para facilitar
externamente a deformidade característica muitas vezes a redução ou os dispositivos de redução externa também
vista nos pad rões de fratura subtrocantérica . estão disponíveis. )
mzm, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

•O comprimento apropriado da haste pode ser determ i-


nado por qua lquer um de vários métodos.
•Use o método de f io guia com a extremidade dista l da
haste entre o polo proximal da pate la e a cicatriz ep ifisária
femoral distal, sobreponha uma segunda haste guia sobre
a porção da haste guia de redução que se estende proxi -
ma lmente à redução a partir do portal de entrada femoral.
A diferença de comprimento dos dois f ios guias é o
comprimento desejado da haste.
• Em alternativa, a maioria dos sistemas de hastes agora
fornece calibres profundos canulados projetados para
serem colocados sobre o f io de 3 mm, permit indo a deter-
minação do comprimento. Esse é o método preferido.
• Insira a régua sobre o fio-guia e coloque-a ao nível da
inserção femoral.
•Verifique isso em uma imagem anteroposterior. Leia a
med ição fora do dispositivo de medição.

INSERÇÃO DA HASTE
•Anexe a montagem do guia de perfu ração para a haste
O@l!;Mml:!I Fi o guia int ramed ul ar com ponta de ta lão inserido
selecionada.
de forma co ncê ntrica com o fêmur dista l no nível da cicatri z fisária
• Retire o tubo do portal de entrada e o fresador do cana l
dista l do f êmur ou porção média da patela. VEJA A TÉCNICA 54-31 .
deixando o fio guia no lugar.
•Coloque a haste no fêmur e avance manua lmente. A
haste pode exigir impactação suave para se assentar
tota lmente.
•Se houver res istência sign ificat iva, remova a haste e frese
o canal em mais 0,5 mm.
•Assente a haste completamente assim como confirmado
na intensificação de imagem mu lt iplanar.
h@ll;!;imiJI Fresagem do ca nal femo ral sob re a haste gui a
de 3,2 mm. VEJA A TÉCNICA 54-31. BLOQUEIO DA HASTE
•Para os bloque ios proxima l e dista l, use parafusos de
bloqueio de 5 mm. Dependendo da configuração do
implante esco lhida, as opções de bloque ios proxima l e
) •Quando o fragmento distal for atingido e reduzido,
dista l podem variar. O bloqueio estático-padrão com esse
avance o fio guia com ponta de esfera de 3 mm em toda
implante se dá a pa rt ir do trocânter ma ior dirig ido ob li -
a fratura. Use o dispositivo de aperto vice para fazer
avançar o f io guia (Fig. 54-85) quamente ao trocânter menor.
•Confirme a redução e a posição do fio guia com imagens •Coloque a cânula de perfuração dourada no gu ia proxi-
mal e perfure a pele.
anteroposterior e lateral em vários níveis. O objetivo deve
ser a colocação central concêntrica do f io dista l ao nível • Faça uma incisão neste ponto e espalhe o tecido para o osso.
da cicatriz epifisária (Fig. 54-86) • Insira a cânula de perfuração dourada com o revesti -
mento interior de prata e use a broca-piloto longa para
•Retire a ferramenta de redução com o suporte em T se
usado. ir à cortica l interna, mas não através dela.
• Meça o comprimento da broca ca li brada no topo do gu ia
PREPARAÇÃO DO CANAL prateado. Em seguida, penetre na cortical distal. Remova
•Remova o redutor e frese o cana l sequencia lmente em a broca e a cânula prateada.
intervalos de 0,5 mm até que haja "vibração" moderada • Insira um parafuso de comprimento adequado e avance-o
ou até a fresagem exceder o diâmetro da haste selecio- manualmente a ou t ra cortical.
nada por 1 mm a 1,5 mm. O fresador do cana l deve ser •Verifique a posição com uma imagem anteroposterior.
substituído por fresadores maiores do que 12,5 mm (Fig. •Aval ie se o compriment o satisfatório e o alinhamento
54-87) .. um obturador é usado para evitar a remoção rotaciona l foram restaurados antes de prosseguir com o
1nadvert1da do fio com ponta de esfera a partir da posição bloqueio distal.
correta dentro do segmento distal do fêmur. Isso deve ser
TÉCNICA DE MÃO LIVRE PARA DIRECIONAMENTO
feito durante a retirada do fresador com cada passagem.
DISTAL
Se o fio for retirado, reposic ione e confirme a localização
•Coloque o intensificador de imagem na posição latera l e
na fluoroscopia antes da fresagem.
obtenha imagem da metáfise dista l do fêmur. Uma
•Conf irme o comprimento apropriado da haste pelo
imagem lateral verdadeira deve ser buscada. Isso é con-
posicionamento do fio guia no ponto da posição dista l
fi rmado com a visualização dos furos de bloqueio distal
desejada, norma lmente entre o po lo supe rior da
aparecendo como círculos livres perfeitos. Se os furos
rótula e o níve l da cicatriz epif isária distal na imagem
parecerem ob longos ou com dupla densidade, a imagem
anteroposterio r.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES flZ!llll
•Traga a broca paralela e em linha com o feixe de fluoros-
copia. Tenha o cuidado de manter pressão constante para
evitar o movimento da ponta da broca.
•Insira na cortical lateral. Retire a broca do condutor e
confirme na imagem lateral a broca colocada dentro do
furo de bloqueio. Se não estiver, faça os ajustes apropria-
dos no alinhamento. Em seguida, reco loque o condutor
e insira na cortical medial.
A •Brocas calibradas são usadas nessa parte do processo, e
elas aumentam em muito a fac il idade de determinar o
comprimento do parafuso. Alternativamente, um medidor
de profundidade-padrão pode ser usado. Coloque à mão
o parafuso de bloqueio de comprimento adequado, o que
confirma a aquisição satisfatória.
•Repita se parafusos adicionais de bloqueio distal forem
desejados.
•As imagens anteroposterior e lateral devem confirmar a
B posição apropriada do parafuso e o comprimento.
•Irrigue e feche as incisões da forma em camadas
tradicional.

AVALIAÇÃO FINAL
•Antes de deixar a sala de operação, vários elementos-
chave devem ser ava liados.
• Em primeiro lugar, se a haste t iver sido bloqueada na
forma-padrão, avalie o colo do fêmur com imagem fluo-
roscópica multiplanar para se assegurar de que nenhuma
e fratura oculta do colo do fêmur seja identificada.
•Em seguida, confirme o comprimento e as reduções de
rotação e compare com o membro ileso para garantir a
simetria.
•Avalie os compartimentos da coxa e, se existirem preocu-
pações clínicas, então obtenha medições objetivas do
compartimento.
•Examine os ligamentos do joelho ipsilatera l.
D • Uma radiografia pós-operatória da pelve anteroposterior com
ambos os quadris rotacionados internamente fornece a visão
de perfil ideal do colo do fêmur como mais uma forma de
O@mMmD Técni ca de mão livre. A, O furador é co locado verificar as fraturas ocultas do colo do fêmur e ela deve ser
sobre o o rifíci o do parafuso proxima l com o se u identificado r em
obtida e revista antes de a anestesia ser interrompida.
ângu lo de 45 graus. B-D, O fura dor é ajustado na intensificação
de imagem até o ponto em que esteja ce ntral izado no buraco do
parafuso e, em seg ui da, é oscilado perpendicul armente à diáfise
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação de peso
depende da estabi lidade da fixação da fratu ra. A susten-
do osso (C) e co nduzido para o lado lat eral da hast e (D). VEJA A
tação de peso no nível tolerado é permitida imediatamente,
TÉCNI CA 54-31 .
independentemente do tamanho da haste, se o contato
cortical satisfatório foi atingido. Na rara circunstância em que
adequada não foi obtida. Assegure que isso represente uma haste de adolescente é usada em um adu lto, a susten-
uma imagem lateral verdadeira da haste e não necessa- tação de peso protegida deve ser iniciada até que a consoli -
riamente do fêmur distal. dação radiográfica precoce seja observada. A sustentação
•Quando os furos estiverem completamente circulares, parcial de peso ou de toque em baixo é permitida nas lesões
centra lize um fó rceps de ane l ou a ponta de um bisturi cominuídas. A amplitude de movimento do quadril e do
ao longo do orifício do bloqueio escolhido no lado lateral joelho é incentivada. Os exercícios de elevação do quadríceps
da perna. Faça uma incisão longitudinal através da pele, e de perna reta são iniciados antes da alta hospitalar. Os
do tecido subcutâneo e da banda iliotibial centrada em exercícios de abdução do quadri l são iniciados após a cicatri-
cima do furo de bloqueio na haste. zação das feridas. A sustentação de peso é progredida assim
•Coloque uma broca de ponta trocânter sobre o furo do que ocorrer a formação de calos. Ajudas ambulatoriais, tais
parafuso em ângulo de aproximadamente 45 graus para como muletas ou andador, são usadas para as primeiras 6
perm it ir a visualização sob fluoroscopia (Fig. 54-88). Faça semanas. Os exercícios de amplitude de movimento e de
os ajustes apropriados até que a ponta esteja centrada forta lecimento do quadri l e joelho são recomendados
sobre o furo desejado; cada ajuste deve ser acompanhado durante esse tempo. A deambu lação não assistida é permi-
por uma imagem fluoroscópica até que a posição ade- tida assim que a recuperação da força e a consolidação
quada seja obtida. radiográfica prog redi rem.
MHil:t PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EMADU LTOS

• HASTE RETRÓGRADA DO FÊMUR


A colocação de haste femoral retrógrada pode ser benéfica nas seguin -
tes situações clínicas: (1) pacientes obesos nos quais a obtenção de um
portal de entrada anterógrada é difícil; (2) pacientes com fraturas do
colo ipsilateral e da diáfise do fê mur para permitir a utilização de
dispositivos de fixação separados para as fraturas da di áfise e do colo;
(3) pacientes com lesões flutuantes no joelho para permitir a fixação
das fra turas do fêmur e da tíbia po r meio da mesma incisão longitu-
dinal anterior; (4) pacientes de trauma com vári os ferimentos para
diminuir o tempo operatório pelo não uso de urna mesa de fratura, o
que permite tratar várias lesões por meio da preparação e da cobertura
simultaneamente; e (5) pacientes grávidas, de tal modo que a flu oros-
copia intraoperatóri a é min imizada em torno da pelve. Um portal
intercondilar é favorecido para a inserção. É importante lembrar que
a haste retróg rada é mais confiável no controle das fraturas da diáfise
distal, enquanto a haste anterógrada proporciona melhor controle das
fraturas da diáfise proxim al. Resultados satisfatórios fora m relatados
por Moed e Watson e Herscovici e Whiteman em ensaios iniciais desta
técnica e têm sido relatados em séri es mais recentes. As fraturas supra-
condil ares obtêm taxas de consolidação in feriores (80% a 84%) com
essa técnica do que as fraturas da di áfise do fêmur (85% a 100%). No
entanto, a colocação de haste retrógrada do fêm ur não acontece sem
complicações frequ entes, tais como dor no joelho (1 3% a 60%) e
cirurgia secundária (12% a 35%). Já a taxa de in fecção é ace itável (0%
a 14%). A má consolidação em varo-valgo, comum com o local de
entrada extra-articular inicial (12% a 29%), é menos comum com o
atual local de entrada intercondilar.
No entanto, a estabilização da haste intramedular retrógrada
proporciona benefí cios signifi cativos em certas circunstâncias clíni-
cas e tem um perfil de risco aceitável em comparação com os pro-
cedimentos anterógrados.
O(dl@SDm Haste femoral retrógrada (veja texto). A, Vista
anteroposterior do pino guia que está sendo passado 1O cm para
HASTE FEMORAL RETRÓGRADA dentro do cana l medular através da fossa intercondilar. B, Na
visualiza ção latera l, o cana l medular afuni la d ista lmente (setas)
TÉCNICA para formar um V; o pino gu ia é co locado no ápice do canal. (De
Herscovici D, Wh iteman KW: Retrograde nailing of the fem ur using an
•Coloque o paciente em uma mesa radiotransparente
intercondylar approach, Clin Orthop Relat Res 332:98, 1996.) VEJA A
achat ada. Um coxi m pode ser posicionado sob o quadril
TÉCNICA 54-32.
ipsil atera l para impedir a rotação ext ern a do fêmur pro-
ximal. A preparação ci rúrgica e a cobertura devem incl uir
o quadril.
•Posicione a pern a sobre uma elevação est éril ou um t ri- • Simi larment e à técn ica anterógrada, a inserção do pino
ân gu lo. A t ração tib ial pode ser uti lizada e afixada ao mú ltiplo pode auxiliar no aperfei çoa mento do posiciona-
suporte do arco de tração. Em altern ati va, um pino de mento do gui a de pino. Se for usada, remova a inserçã o
t raçã o tib ia l e um arco de t ra ção podem ser ut iliza dos em favo de mel e coloque o fresador de ent rad a ca nu lado
como uma "alça " para um co ntrole mais exato do seg- sobre o f io gui a in icia l.
mento dista l quando a tração manual fo r usada . • Avance pelo fêmur até que o fresador esteja dentro do
•Faça uma incisão através do te ndão pat elar lateral, med ial fê mu r dista l e tendo o cuidado especia l pa ra manter a
patelar o u t ranspat elar basea ndo-se na preferência do câ nula de proteção dos tecidos moles no lugar para evitar
cirurgi ão . A go rdura retropat elar deve ser incisa da e uma lesões int ra-art icul ares iatrogênicas. (Não use o fresador
artrotomi a, rea lizada. Insira um fi o gui a de 3,2 mm na do ca nal e o conector do fresador de entrada para esse
fossa intercon dilar. Posicione o pino centra lme nte di rigido proced imento.)
para dentro do canal medu la r em imagem ant ero poste- •Tome cuida do pa ra ga ranti r a trajetóri a adequada do pin o
rior. Conf irme sua posição e trajetória em imagem latera l; no segmento distal, especialmente nas fraturas envol-
a co locação do pino deve estar em co nsonância com o ve ndo a metáfi se distal do fêmur. Caso co ntrário, maus
can al medul ar na extensão anteri or da linha de Blumen- alinhame ntos nos planos coronal e sag ital podem resulta r
saat (Fig. 54-89). em incompatibi lidade secu ndária do ca nal da haste. Os
• Ava nce o f io guia até a metáfi se dist al do fê mu r. Coloq ue parafusos de bloqueio podem ser ind ica dos para manter
a cânu la de proteção dos tecidos moles sobre o fio guia o alinhamento.
para a proteção das superfícies arti culares e do tendão •Remova o fresador e o fi o guia e insira um fio guia com
patelar. ponta de 3 mm no frag mento dista l.
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERI OR ES f1lim
•Verifique novamente o alinhamento e o comprimento do
fêmur usando um cabo de Bovie a partir da crista ilíaca ante-
rossuperior no meio da cabeça femoral, do meio do joelho e
do meio da sindesmose tibial. Verifique a redução lateral.
•Quando a redução f inal e o comprimento forem aceitá-
veis, mova pa ra o orifício de bloqueio proximal, que deve
ser colocado no plano anteroposterior, no nível do tro-
cânter menor, para evitar lesões nervosas e vascu lares.
Identifique o furo pela técnica de círculo perfeito.
• Usando o intensificador de imagem, loca lize os furos de
bloqueio proxima lmente, pois isso va i ajuda r no posicio-
namento da incisão. Faça uma incisão longitudinal na
pele acentuadamente dividindo o tecido subcutâneo e a
fáscia profunda e disseque bruscamente o osso. Evite
danos nos ramos do nervo femoral.
O!§l!;tJ.iE!m A haste é assentada no nível do trocânter distal. •Fure o fêmur quando a posição for aceitável pela técn ica
(De Herscovici D, Whiteman KW: Retrograde nailing of t he femur using
de círculo perfeito.
an intercondylar approach, Clin Orthop Relat Res 332 :98, 1996.) VEJA
•Use a mesma técnica para determinar o comprimento do
A TÉCNICA 54-32.
parafuso, assim como descrito anteriormente.
• Coloque o parafuso de bloqueio usando a chave de fenda
capturada.
•Reduza a fratura e avance o f io guia para o segmento •Verifique novamente o alinhamento e a redução com
proximal no nível do trocânter menor. Uma ferramenta várias visual izações anteroposte ri ores e late rais.
de reduçâo canulada ou dispositivos externos tais como •Obtenha uma imagem do quadril no modo de fluorosco-
um distrator grande podem ser usados para as manobras pia completo com rotações interna e extern a e puxe e
de redução em comb inação com a tração axial. Pequenas empu rre para verificar se há uma fratura do colo do fêmur
saliências ou reforços podem ser colocados ao longo da oculta.
superfície posterior da coxa, ta l como determinados pela •Feche as incisões da forma -pad rã o em camadas e apl ique
fluoroscopia, pa ra ajudar na redução no plano sagital. um curativo.
•Prepare o cana l medular por meio da introd ução de fresa- •Realize a mesma séri e de verifi cações, assim como des-
dores canulados sobre o f io guia para se obter um diâme- crito para o proced imento com haste anterógrada.
t ro 1 mm a 1,5 mm maior do que a haste a ser utilizada.
•Verifique novamente a posição do fio guia para confirmar CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A reabil itação pós- ope-
sua posição no trocânter menor. ratória depende da estab ilid ade da fixação e do padrão
•Aplique tração para a perna para se assegurar do tamanho de fratura e deve ser individua lizada para ca da paciente.
adequado. Meça em busca do comprimento adequado da Todos os pacientes são, inicialmente, colocados em um
haste com uma rég ua colocada sobre o f io guia. Verifique imob ilizador de joelho. Os pacientes com f ixação estável
para se assegurar de que a régua está rebaixada. Isso é podem ser in iciados em um programa de movimento
mais facilmente rea lizado no plano de imagem lateral. passivo contínuo nas primei ras 24 a 48 horas após a
•Remova a fe rramenta de portal de entrada e insira a haste cirurgia. As fraturas com fixação menos segura podem
ligada ao gu ia de direcionamento, assentando-a no nível necessitar de um reforço articu lado. A sustentação inicial
do trocânter menor (Fig. 54-90). de peso depende da estab ili dade da fratura após a
•Mantenha a tração na perna para evitar o encurtamento . fixação. Os pacie ntes com fraturas intercond ilares ou
•Verifique a imagem lateral para garantir que a haste fraturas supracondi lares exigem sust entação de peso
esteja devidamente inserid a. proteg ida até que a prog ressão radiográfica permita o
• Quando a haste estiver no nível adequado, remova o f io avanço na sustentação de peso (geralmente entre 1O e
guia. 12 semanas).
• Prossiga com o bloqueio distal da haste usando o guia.
•Insira a cânu la de perfuração e trocânter através do guia
de di recionamento e perfure a pele.
•Faça uma incisão no local e amplie o fu ro com dissecção
romba ao osso.
• E COMPLICAÇÕES DA FIXAÇÃO
• Recoloque o guia de perfuração no osso. Avance a broca INTRAMEDULAR
até que a corti ca l distal seja encontrada e leia a med ição Dadas as indicações corretas para haste intramedul ar, o equip a-
fora das ca li brações da broca para a aproximação do mento necessário, a assistência e a formação adequada, a segui r estão
comprim ento. Comp lete a penetração na cortical. as dificuldades mais comuns na colocação de haste de bloqueio.
•Insira o parafuso com a mão até que esteja totalmente Apesar de a haste femoral bloqueada geralmente ser considerada por
encaixado. produzir bons resultados funcionais, muitos pacientes relatam sin -
•Verifique o comp rimento e a posição dos parafusos com tomas relacionados com a sua fratura e fixação em mais de 1 ano
imagens anteroposterior e lateral. após a lesão. Em um estudo realizado por Bernischke et a!., a dor
•Repita esse procedimento até que a quantidade desejada relacionada com mudanças no clima ocorreu em 37% dos pacientes,
de parafusos de bloqu eio tenha sido posicionada. dificuldade em andar ou em ficar de pé ocorreu em 39% e 9%
tiveram de substituir ou modificar os se us emp regos anteriores. Em
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

um estudo realizado por Bain et ai. 2 anos após a lesão, a dor tro- 1 ERROS NA INSERÇÃO DA HASTE
cantérica foi relatada em 40%, dor na coxa em 10%, 13% mancavam, Nós recomendamos a posição supina por muitas razões. As visões
e 10% tiveram dificuldade em caminhar e escalar. Uma redução laterais verdadeiras do quadril e do fêm ur proximal são facilmente
significativa na força do abdutor do quadril também foi observada. obtidas e é imperativo que o portal de partida esteja diretamente em
A presença de ossificação heterotópica, encurtamento femoral ou de linha com o centro da diálise em ambas as visões. Esse está, geral-
proeminência da haste proximal não se correlacionou com essa mente, na fossa piriforme perto da parede med ial do trocânter
perda de força do abdutor. Postula-se que a fraqueza do abdutor no maior, às vezes ligeiramente dentro do trocânter maior. Determinar
pós-operatório foi causada por uma lesão no glúteo médio e no o portal de partida correto vale tempo e esforço extras. Um portal
músculo mín imo ou no nervo glú teo superior durante a criação do excêntrico pode causar fragmentação e perda de fixação. As fraturas
portal ou pela reabilitação pós-operatória inadequada. Esses pesqui- do colo do fêmur também foram relatadas ocorrendo após a remoção
sadores sugeriram retrair os glúteos médio e mínimo anteriormente do fresador e uso indevido de um furador.
ao expor o local da inserção da haste para se evitarem danos a esses Se existir dificuldade na passagem do fio guia fresador, várias
músculos e a seus suprimentos nervosos. Os pacientes devem ser técnicas podem ser utili zadas. A ferramenta de redução in tramedu-
orientados sobre a recuperação pós-operatória esperada. lar canulada pode ser inestimável em efetuar uma redução difícil de
uma forma fechada. Se não estiver disponível, o segmento proximal
1 POSICIONAMENTO DO PACIENTE E TRAÇÃO pode ser fresado para acomodar um a pequena haste intramedular,
A colocação da haste femoral em decúbito dorsal utilizando um a que pode, então, ser colocada no lugar de uma ferramenta de
mesa de fratura é a técnica mais com umen te relatada em séries mais redução para obter o mesmo objetivo. O fragmento proximal geral-
recentes. Nesta técnica, o quadril é ad uzido para melhorar o acesso mente deve ser estendido e, dependendo do nível da fratura com
à fossa piriforme, ou o portal de entrada trocantérico e a tração relação ao poste perineal, ser ad uzido ou abduzido. A contenção do
intraoperatória são utilizados. A adução do quadril aumenta a fio guia deve ser confirmada sob visualizações ortogonais. Se um fio
pressão sobre o nervo pudendo, resultando em paralisia deste nervo. guia é, inadvertidamente, retirado parcialmente com o fresador, sua
A tração deve ser minimizada para evitar essa complicação. Usar um posição deve ser imediatamente verificada sob uma visão anteropos-
poste perineal bem acolchoado e minimizar o tempo operatório e a terior; se corretamente localizado, ele pode ser inserido na cicatriz
tração foram recomendados. epifi.sária. Se o fio guia for reinserido após uma retirada parcial sem
Nós recomendamos as seguintes modificações na técnica para se verificar o seu nível de retirada sob urna visão anteroposterior, é
limitar a adução intraoperatória do quadril e a tração ao se usar uma necessário confirmar sua posição sob visualizações anteroposterior
mesa de fratura. O paciente é colocado sobre a mesa de fratura e a e lateral. A passagem da haste através da fratura deve ser vista nas
tração é ap licada com o quadril em posição neutra para confirmar visualizações ortogonais para se evitar o choque na cortical.
a capacidade de reduzir a fratura. A tração é liberada du rante a As complicações de fresagem são eliminadas por meio da
preparação e a cobertura da extremidade e durante a criação do técnica não fresada . As hastes de seção fechada podem ser condu-
portal de entrada. O quadril é aduzido para se ter acesso ao local de zidas sobre o fio guia inicial. Para evitar a extensão da fratura, os
inserção da haste, mas é trazido de volta para a posição neutra fragmentos distais curtos devem ser apoiados assim que a haste
quando o portal de entrada tiver sido criado. A tração é reaplicada estiver sendo conduzida. O fio guia deve entrar no fragmento distal
para a redução da fra tura. bem centrado e deve permanecer centrado na fossa intercondilar
Nós identificamos dois padrões de lesão em que a tração exces- para os fragmentos distais muito curtos para evitar o mau alinha-
siva pode ser necessária para a redução da fratura, levando a uma mento em varo ou em valgo. Todas as fraturas devem ser bloqueadas
maior incidência de paralisias dos nervos pudendo e fibular: fraturas estaticamente (parafusos proximal e distal) e parafusos de bloqueio
segmentares do fêmur e lesões flutuantes no joelho (que necessitam podem ser indicados para proporcionar uma cortical artificial para
de haste femoral anterógrada). Devido à remoção dos tecidos moles contenção das hastes quando existir incompatibilidade metafi.sária
que muitas vezes ocorre com as fraturas segmentares do fêmur, o has te-canal (parafuso poller).
fragmento segmentar pode não se redu zir com a aplicação de até Uma haste que seja maior do que o canal medular pode torn ar-
mesmo grandes quantidades de tração. Nestes casos raros, nós pre- se firmemente encarcerada e resistir a todos os esforços para dirigi-la
ferimos uma redução aberta limitada ou manipulação joystick per- para mais longe ou para extraí-la. Para remover a haste, uma
cutânea para o uso da tração excessiva. Para as lesões flutuantes no pequena incisão é feita latera lmente no nível do encarceramento,
joelho, nós preferimos a colocação de haste no fêmur em primeiro dois orifícios de 5 mm a 6 mm são feitos na cortical lateral 3 cm a
lugar, aplicando tração por meio de um pino inserido em qualquer 4 cm distantes um do outro e são conectados com uma serra ou
extrem idade distal do fêmur ou da tíbia proxi mal, fl exionando o osteótomo. A haste pode ser retirada. Se o portal de partida estiver
joelho e apoiando a fratura da tíbia com uma tala para redu zir a correto, uma haste menor deve ser utili zada ou a secção de constri-
tensão no nervo fibular. ção do canal deve ser fresada para se obter um diâmetro maior.
A colocação precoce da haste é tecnicamente mais fácil do que A modelagem pré-operatória cuidadosa e o preparo do canal devem
a colocação tardia da haste. É necessária menos força de tração e a praticamente eliminar a complicação de encarceramento da haste.
redução do fragmento é mais fácil. Se a colocação da haste fo r ad iada
por mais de 12 horas, o fêm ur deve ser estabilizado com tração, o 1 HASTES TORTAS OU QUEBRADAS
que pode facili tar a manutenção do comprimento em antecipação à As hastes do fêmur em uso comum hoje têm uma ponta de direção
fixação defi ni tiva. em forma de bala para facilitar a inserção e são ligeiramente inclinadas
Carlson et ai. relataram a síndrome compartimentai ou para- anteriormente. Esse arco anterior pré-formado deve ser dirigido ante-
lisia do nervo fibular em pernas não tratadas mas feridas como riormente quando a haste for inserida. A seleção imprópria (inserção
resultado da elevação em um supo rte de perna e de apoio da pan- de uma haste "retà' em um fêmur esquerdo) resulta em alinhamento
turrilha. Nós também observamos essa complicação e recomenda- impróprio do orifício do parafuso de bloqueio proximal.
mos colocar a perna não operada, independentemente do prejuízo Uma haste torta geralmente indica um ato imprudente por
sofrido, na posição supina estendida na mesa de fratura. parte do paciente ou que a haste era muito pequena (Fig. 54-91).
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES flDll
•Remova os parafusos de fixações proxima l e dista l na
forma-padrão
•Coloque um fio guia na coxa e obtenha uma imagem por
fluoroscopia do quadril proximal. Ajuste o fio de forma a
coincidir com a haste do fêmur na visão lateral. Desen he
um a linha ao longo do fio, estendendo-a para a nádega.
Externamente, gire a coxa e, utilizando imagem por flu-
oroscopia, marque uma linha de uma forma similar para
determinar a posição anteroposterior da haste. A interse-
ção das duas linh as indica o local da incisão para a colo-
cação do extrator. A incisão pode ser diferente da que foi
in icialmente utilizada para inserir o disposit ivo, especial-
mente se tiver sido originalmente colocada com o paciente
em sup ino.
•Se osso heterotópico foi removido, a incisão terá que ser
maior.
•Insira um fio guia de 3,2 mm ao longo das tesouras até
tocar na haste.
•Ajuste o pino guia até que ele avance na haste.
•Obtenha imagens anteroposterior e lateral do quadril
para confirmar o posicionamento do fio guia na haste.
•Insira o extrator femoral em forma de cone na barra de
extração para dentro da incisão sobre o pino guia.
Parafuse o extrator na ha ste . Se hou ve r osso coberto,
utilize uma cânula de proteção de tecidos moles e
coloque um fresador de entrada canu lada sobre o fio-
guia para remover a tampa óssea antes da inserção do
O@ih!ljeEI Curvatura da haste intramedu lar femoral após extrator de haste. A primeira passagem pode não engatar
trauma secundário repet ido. a haste tota lmente, mas ele remove a ma ior parte dos
tecidos moles interpostos.
•Reinsira o extrator sobre o pino gu ia ou fio e aperte-o na
A haste em forma de diamante entorta mais faci lmente do que a haste com força suficiente para exigir o uso de chaves .
haste de trevo. Uma haste torta não é uma indicação para a mani- •Use o martelo com fenda para martelar a haste para fora.
pulação; ela só consegue se enfraquecer ainda mais. Em vez disso, a Irrigue e feche a inci são na forma -padrão.
haste torta deve ser removida e uma nova deve ser inserida. Quando
a dobra da haste tiver ocorrido, é desejável esperar que a consolidação
ocorra antes da dobra ou quebra da haste, uma situação muito mais
complicada. Pouco antes de uma haste torta ser extraída, a perna deve EXTRAÇÃO DE UMA HASTE FEMORAL
ser manipulada o mais próximo do alinhamento normal possível. ANTEROGRADA QUEBRADA
Uma haste quebrada quase sempre pode ser extraída através da
incisão da nádega usando- se uma variedade de ganchos de extração TÉCNICA
para envolver a ponta distal e entregar as duas metades. Se um gancho
não for bem-sucedido, a metade proximal é removida por meio de •Posicione o paciente conforme descrito anteriormente.
seu extrator condutor normal. Em seguida, um fio guia de ponta de • Remova todos os parafusos de fixação.
esfe ra é colocado através da metade distal da haste e enroscado em •Aproxime-se do fêmur proximal como descrito anterior-
posição com outros fios guias. O fio guia inicial é retirado com o mente com um pino guia longo de 3,2 mm.
segmento distal da haste. •Insira o pino na haste.
• Remova o osso heterotópico com curetas ou um fresador.
• Remova o pino guia e insi ra um fio guia na forma de um
EXTRAy\O DE UMA HASTE FEMORAL gancho e faça-o avançar para a ponta da haste quebrada .
ANTERÓGRADA NÃO QUEBRADA •Force o f io guia com vários fios guia menores. Isso deve
alinhar as pontas quebradas para fazer a haste quebrada
TÉCNICA torn ar-se uma peça única e evitar a captura dos lados do
fêmur. A manipulação do fêmur pode ser necessária se
•Coloque o paciente em posição de decúbito latera l linear uma deformidade estiver presente para permitir a remoção
utilizando um coxim ou outro dispositivo de posiciona- retilínea .
mento sobre uma mesa radiotransparente. •Aperte os vários fios guia por meio de bloqueio com
• Prepare toda a perna, a nádega lateral e do torso para as alicates ligados a um extrator deslizante universal.
costelas . Arme a perna para permitir o movimento do •Extraia cuidadosamente a haste com golpes suaves. Se
quadril e joelho completo para o posicionamento. não for bem-sucedido, uma abordagem aberta pode ser
•Flexione o quadril em quase 90 graus. necessária .
@ijf» PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

Ot§iiij·Hm'.B A e B, Fratura de fêmur em um paciente com doença de Paget que foi fixada com placas dup las. C e D, Uma fratura
ocorreu abaixo das placas; as placas foram removidas e o fêmur foi estab ilizado com haste intramedular.

1 INFECÇÕES complicação é grave e, ge ralmente, resulta em drenagem por um


longo período de tempo, havendo exacerbações e remissões. A haste
Uma infecção profunda após um a fixação intramedular aberta ou é deixada no lugar apesar da infecção até que a fratura se una,
fechada é uma complicação grave. A literatura relata taxas de infec- desde que a fixação seja suficientemente firme.
ção de 1,5% a 10% após a redução aberta e fixação intramedular; Se a fratura estiver infectada e a haste estiver quebrada ou
após a redução fechada e colocação de haste, a maioria dos autores proporcionando pouca estabilidade, ela pode ser removida no
relata menos de 1% de taxa de infecção profunda. Isso por si só é momento do procedimento de drenagem aberta e urna haste maior
uma justificativa para dominar a técnica de haste fechada. pode ser inserida ou um fixador externo, aplicado. Em uma ou outra
Se uma infecção profunda ocorrer após a colocação de hastes escolha, os fragmentos devem ser imobilizados, a incisão pode ser
intramedulares, o local envolvido - normalmente o local da fratura deixada em aberto e um regime antibiótico apropriado é iniciado.
- deve ser aberto cirurgicamente e amplamente drenado. Todo o Em nossa experiência, a infecção ocorre após a colocação de haste
tecido desvitalizado, os pequenos fragmentos ósseos, o tecido de gra- fechada em fraturas fechadas em cerca de 0,5% dos pacientes. Das
nulação e o hematoma devem ser removidos e o local cirúrgico pode fraturas do fêmur que tratamos, 25% eram expostas e a infecção ocorreu
exigir vários desbridamentos, dependendo da virulência do orga- após a haste fechada de fraturas expostas em 2% a 3% dos pacientes.
nismo. No entanto, a haste intramedular pode ser deixada no local se Até o momento, em mais de 2.500 hastes de fêmur, todas as infecções
ela estiver proporcionando fixação, pois a remoção da haste resulta, foram controladas com desbridamento e antibióticos durante a cicatri-
geralmente, em uma pseudoartrose infectada. Às vezes, as infecções zação da fratura. Após a cicatrização da fratura, as hastes foram remo-
que são difíceis de controlar podem exigir a remoção precoce do vidas e os canais medulares, submetidos a abrasão e irrigação. Não há
material profundo de osteossíntese e inserção da haste de cimento evidência do retorno da infecção após a remoção da haste.
antibiótico temporária antes da fixação definitiva em um esforço para
erradicar a infecção. Culturas devem ser obtidas e os antibióticos
apropriados devem ser iniciados. Nós costumamos dar antibióticos INTRAMEDULAR EM FRATURAS
intravenosos ao paciente durante 6 semanas após a cirurgia. É admi - PATOLOGICAS
nistrado ao paciente, então, um antibiótico supressivo oral, muitas
vezes até a co nsolidação se o material de osteossíntese for mantido. Para as fraturas patológicas resultantes de tumores metastáticos, a
O progresso do paciente é monitorado pela medição repetida da velo- fixação intramedular geralmente é rígida o sufic iente para permitir
cidade de sedimentação globular e proteína e-reativa. que o paciente se recupere em relativo conforto nos meses de vida
A infecção, geralmente, permanece restrita ao local da fratura restantes. Se o depósito metastático estiver descoberto antes da
e, apesar de a dren agem poder continuar indefin idamente e um fratura, a haste intramedular profilática fechada é justificada se a
sequestro medular poder se formar, a haste deve se r deixada no fratura patológica for iminente. Se a fratura ocorrer através de um
local, se isto for possível. Invólucro e calo se for mam apesar da grande tumor metastático, uma grande haste intramedular comple-
infecção se a fixação permanecer bastante rígid a. A haste não deve mentada por metacrilato de metila pode oferecer boa fixação. Pode
ser removida até que a cicatrização es teja suficientemente forte até ocorrer consolidação. A desvantagem teórica de que a passagem
para suportar a fratura. Neste momento, é realizada um a seques- de um a haste intramed ul ar através do tumor pode desaloj ar as
trectomia e a haste é removida. Raramente, a infecção se estende células tumorais e acelerar a propagação metastática não justifica a
de uma extremidade do cana l medular para a o utra e pode seguir- condenação deste método. Nestas fraturas, devido ao osso estar
se à colocação da haste em urna fratura exposta do fêmur. Essa muitas vezes gravemente osteoporótico, a fixação, geralmente, é
CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES EBFM

O!ffll;bJeEI A, Paciente politraumatizado com fratura da diáfise femoral esquerda e lu xa ção femoracetabular associada. Observe
também o anel pélvico complexo concom itante e a lesão acetabular do lado esquerdo . B, O fê mur proximal fo i reduzido utilizando
pino de Schanz percutâneo posicionado no momento da laparotomia e xploratória do paciente . O pino foi então incorporado no fi xador
e xterno uniplanar para a estabilização temporária da fratura femoral secund ária à condi ção geral do paciente na apresentação.

m ais segura ap ós a haste intra medular d o que após a aplicação d e para qu ase todas as fraturas d a diáfise d o fêmur do trocânter menor
pl acas e parafu so s. A terapia d e radiação loca l pod e se r d ad a após a para os cô ndilos do fêmur. As fraturas proxi mais envolve ndo o tro -
haste se m efe ito de d oença. cân te r m en o r exige m uma has te cefalom edula r, além do travam ento
Grundy relatou 63 fraturas do fêmur em pacientes com a doença d istal-padrão n a metáfise distal. Co minuição envolve ndo a fossa
de Paget. O local mais comum da fratura foi a área subtrocan térica, piriform e apresenta alguns probl em as para as hastes intramedulares,
com a diáfi se superior a próxim a mais comum (Fig. 54-92). Ele reco- m as esses po dem ser sup erad os se a redução d o principal fragm ento
m endou o tratam ento d as fraturas da di áfise com tração segui da por da cabeça e d o colo proxim a l é m an ti da em relação à diáfi se. A RAFI
imobilização em gesso. Para as fraturas subtrocantéricas, ele sugeriu com con struções de placa e parafu so continua a ser a o utra opção
o uso de uma pequena haste intram ed ul ar, ressaltan do que há, no r- de tratamento p r im ário. O tratam ento d as frat uras subtrocan téricas
m alm ente, curvatura e que uma longa haste se tornar ia encarcerad a está in cl uído no Capítulo 55 .
ou iri a cortar-se por causa da d efo rmidade. A fixação de haste curta
permitiu que as fraturas cicatr izassem e im pediu a deformidade em
varo progressiva, que tende a ser o resultad o d o tratamento conser- FRATURA DO FÊMUR COM LUXAÇÃO DO
vador de fratu ras subtrocantéri cas na doença de Page t. QUADRIL
As lesões metastáticas com frequência estão na região subtro -
cantéri ca e podem ser multicêntricas. Elas são lentas na cicatrização Anterio rmente, acreditava-se qu e o m esmo mecanismo que produz
po r causa de perda d e m assa óssea, extensão do tumor e terapia de uma fra tura d o colo do fêmur com uma fratura da diá fise também
rad iação. No entanto, os implantes intram edul ares são bem adequa- pod ia pro duzir u m quadril d eslocad o. Em cad áve res, H elal e Skevis
dos para o tratam ento d e processos patológicos secu nd ários por causa puderam pro duzir a comb inação d e luxação do quadril e fratura da
d a capacidade d e tolerarem a susten tação d e peso imediata. Além diáfi se apenas po r duas fo rças di stintas. Segundo eles, o quad ril é
disso, as hastes cefalom edulares m odern as fo rnecem fixação rígid a de d eslocado p or uma fo rça ap li cada em linha com a diáfise enquanto
tod o o fêmur do colo do fê mur à fossa intercondilar e a rotação e o o joelho e o qu adril estive rem fl exionad os em 90 graus e o quadril
comprimento são mantidos pelos parafusos de bloqueios proxim al e estiver aduzido; a di áfise fem oral é fraturad a po r outra força aplicad a
distal. Em um estudo prospectivo multicêntri co, 25 lesões m etastáti- ao aspec to lateral da coxa. O fato de qu e nesta lesão a fratura d a
cas do fêmur em 22 pacientes foram tratadas com a reconstrução com diáfise ge ralm ente é tran sve rsal apoia as suas co nclusões. Eles obser-
hastes Russell -Taylor. As fraturas patológicas haviam ocorrido em 15 varam qu e, em 50% d e to d os os ferim ento s relatados na literatu ra,
fêmures e 10 tiveram fraturas patológicas iminentes. Vinte e quatro a luxação do quadril não foi inicialm ente reconhecida. A adução d o
das 25 lesões produziram dor incapacitante e o alívio da dor era evi- fragmento prox imal, com o visto nas radiografias do fêmur, é um a
d ente imed iatamente após a cirurgia em tod as elas. Em um acompa- forte ev idência d e que o qu adril está d eslocad o; Helal e Skevis obser-
nhamento de 1 ano em m édia, a fixação não tin ha sido perdid a em varam que, em 85% d as fratu ras da di áfise d o fêmur sem luxação d o
qualquer paciente e 16 dos 22 pacientes ainda estavam vivos. q uadr il, o frag m en to p roxima l é abd uzido. Isso ilustra e apoia a
importância d e uma ava liação sistem ática radiog ráfi ca completa n o
cenário d e um trauma d e alta energia para incluir, no mínimo, um a
FRATURA SUBTROCANTÉRICA DO FÊMUR im agem ortogonal das arti cul ações adj acentes à área anatôm ica d a
lesão pr imária. Nós tem os uma regra absoluta d e que, em todas as
As melhorias no design das h as tes intram edul ares d e bloqueio per- fraturas d a diáfise do fêmur, um a radiografia da p elve d eve ser
miti ram que esta técnica se tornasse nosso tratam ento d e esco lha obtida. Desd e a instituição d essa regra, nós temos diagnostica dos
MJIGI PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

vários deslocamentos precoces do quadril que de outro modo não O conhecimento do fabricante e o uso dos componentes de artroplas-
poderiam ter sido reconhecidos. tia são fundamentais se a fixação intramedular estiver planejada. No
Nesta lesão combinada, a luxação do quadril é uma emergên- entanto, se a haste intrarnedular retrógrada for impossível, uma placa
cia e deve ser reduzida rapidamente, para evitar a osteonecrose submuscular minimamente invasiva pode ser usada se houver osso
da cabeça femoral (Fig. 54-93). Nós preferimos tratar a fratura da adequado para a fixação de um parafu so distal e os designs poliaxiais
diálise femoral em definitivo no mesmo ambiente se a condição do mais recentes podem proporcionar uma melhor utilidade neste
paciente permitir um cuidado total imediato. Ingram e Turner rela- cenário. Se a fratura estiver muito perto da interface osso-cimento ou
taram um paciente com lesões bilaterais no qual um pino de um nítido afrouxamento do componente for observado, a artroplastia
Steinmann pesado foi inserido de anterior para posterior através do de revisão com uma prótese de haste pode ser a única opção.
trocânter maior, uma grande curva de tração foi aplicada ao pino e
o deslocamento foi reduzido por manipulação. Em seguida, a fratura
da diáfise femoral pôde ser tratada com fixação interna. Em outro REFERÊNCIAS
método, o paciente é levado imediatamente para a sala de cirurgia
e a fratura da diálise, se adequada, é estabilizada por fixação intra- GERAIS
medular; a luxação do quadril é desconsiderada até que essa parte
da operação esteja concluída. A luxação é, então, reduzida por mani - Swiontkowski MF, MacKenzie E), Bosse MJ, et ai: Factors influencing the
pulação; no entanto, isso atrasa claramente o tempo de redução e, decision to amputate or reconstruct after high-e nergy lower extrem ity
portanto, outros métodos de redução fechada devem ser esgotados trau ma, f Trauma 52:641, 2002.
antes de se usar esse método.
TORNOZELO (FRATURAS DO PILÃO)

FRATURA DO FÊMUR COM UMA PRÓTESE Alexandropoulos C, Tsourvakas S, Papchristos), et ai: Ankle fracture classi -
fication: an evaluation of three cl assilication systems: Lauge-Hansen,
DA CABEÇA DO FÊMUR
A.O. and Broos-Bisschop, Acta Orthap Belg 76:521, 2010.
Amorosa LF, Brown GD, Greisberg ): A surgical approach to posterior pilon
Fratu ras da di áfise do fêmur após um a artroplastia total do quadril
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trauma, as forças concentradas na di áfise femoral na ponta distal de talar arthrodesis salvage the limb? f Bane faint Surg 90B:906, 2008.
urna prótese ou perto dela resultam, frequentemente, em um a Bava E, Charlton T, Thordearson D: Ankle fracture syndesmos is lixation and
fratura nesse nível. Essas fraturas podem ser classificadas em três management: the current practice of orthopaedic surgeons, Am j Orthap
tipos: tipo I, fraturas em espiral que se iniciam proximalmente à 39:242, 2010.
ponta da prótese de modo que a posição dos fragmentos é mantida Bhattacharyya T: Case controve rsy. Pos iti on: open reduction and internai
pela parte distal da haste; tipo II, fraturas no nível da ponta da haste lixation, f Orthap Trauma 20:5 12, 2006.
da prótese; e tipo III, fraturas abaixo da ponta da haste da prótese. Bhattacharyya T, Crichlow R, Gobezie R, et ai: Complications associated with
the posterolateral approach for pilon fractures, f Orthap Trauma 20:104,
O tratamento depende da morfologia da fratura, da e
2006.
dos parâmetros do paciente.
Blauth M, Bastian L, Krettek C, et ai: Surgical options fo r the treatment of
Nós ternos tratado as fraturas do tipo I, aquelas que ainda estão
seve re tibial pi lon fractures: a study ofthree techniques, f Orthap Trauma
estabilizadas pela haste da prótese, com tração esquelética durante 6 15: 153, 200 1.
a 8 semanas. Normalmente, nesse momento, o calo já é suficiente para Boden BP, Osbahr DC: Hi gh-ri sk stress fractures: evaluation and treatment,
permitir a deambulação protegida; uma cinta femoral com uma banda f Am Acad Orthap Surg 8:344, 2000.
pélvica pode ser necessária. Problemas com mau alinhamento angular, Boraiah S, Kemp TJ, Erwteman A, et ai: Outcome fo llowing open reductio n
longas internações e complicações consideráveis têm sido relatados. and intern l lixation of open pilon fractures, j Bane faint Swg 92A:346,
As medidas conservadoras podem ser possíveis para as fraturas do 20 10.
tipo II, mas substituir a prótese anterior por uma com haste mais Borens O, Kloen P, Richmond j, et ai : Minimally invasive treat ment of pilon
longa deve ser considerado. As fraturas do tipo III podem ser tratadas fractures with a low prolile plate: prel iminary results in 17 cases, Arch
Orthap Trauma Surg 129:649, 2009.
de forma conservadora ou por RAFI usando-se fixação da fratura com
Borrelli j )r, Ellis E: Pilon fractures: assessment and treatment, Orthap Clin
placa de compressão. As fraturas do tipo III ocorrem no terço distal
Narth Am 33:23 1, 2002.
do fêmur e também podem ser tratadas com haste intramedular retró -
Borrelli ), Prickett W, Song E, et ai: Extraosseous blood supply of the tibia
grada ou inserção de placa subm uscular percutânea. Nós temos usado and effects of different plating techniques: a human cadaver study,
a fixação femoral da fratura com placa com tiras de aloenxerto femoral j Orthap Trauma 16:691, 2002.
adicionais e placas especiais que permitem a fiação por cerclagem para Bõstman OM, Pih lajamake HK: Adverse tissue reac tions to bioabsorbable
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sy ndesmosis: have we been pulling in the wrong direction? Injury Int j
e fios de cerclagem proximalmente (construção Ogden). Eles conclu-
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íram que "a construção Ogden era mais rígida do que o suporte de
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CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

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MUI$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

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CAPÍTULO 54 FRATURAS DE MEMBROS INFERIORES

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FRATURAS DO COLO CLASS IFI CAÇ ÃO 2731 Hastes lntramedulares 2745
DO FÊMUR 2719 TRATAMENTO 2732 Fixação com Placa 2749
CLASSI FICAÇÃO 2719 Tratamento com Dispositivo LUXAÇÕES DO QUADRIL E
DIAGNÓSTICO 2720 Placaparafuso Deslizante 2732 FRATURAS DA CABEÇA
TRATAMENTO 2720 Tratamento com Hastes FEMORAL 2753
Tratamento Cirúrgico 2722 Intra medulares 2736 MANOBRAS DE REDU ÇÃO DA
RESULTADOS E COMPLICAÇÕES 2727 Fixação com Placas Comparada à LUXAÇÃO POSTERIOR DO QUADRIL 2756
Fa lha da Fixação 2727 Fixação com Haste lntramedular 2742 MANOBRA DE REDU ÇÃO PARA
Osteonecrose e Pseudoartrose 2727 LUX AÇÃO ANTERIOR DO QUADRIL 2759
FRATURAS FEMORAIS
ARTROPLASTIA 2730 SUBTROCANTÉRICAS 2744 FRATURAS DO COLO
FRATURAS CLASS IFI CAÇÃO 2745 E DIÁFISE FEMORAL
INTERTROCANTÉRICAS IPSILATERAL 2761
TRATAMENTO 2745
DO FÊMUR 2731

Enquanto o número de fraturas do quadril continuar a aumentar nos [Fig. 55-2]), pela class ificação de Garden ou pela classificação de
Estados Unidos (com uma estimativa de 458.000 a 1.037.000 de fra- Pauwels. A classificação de Garden (Fig. 55- 3) é o sistema de clas-
turas de quadril por ano até 2050, em pacientes com 45 anos ou mais), sificação mais utili zado e base ia-se no grau de desvio:
cirurgiões ortopédicos continuarão a cumprir um importante papel Estágio I: linha de fra tura incompleta (impactada em va lgo)
nesta iminente crise de saúde pública. Embora a maioria das fraturas Estágio II: linha de fratura completa; não desviada
do quadril ocorra na população geriátrica, cada vez mais os pacientes Estágio III: linha de fratura completa; parcialmente desviada
jovens sobrevivem a acidentes automobilísticos e apresentam lesões Estágio IV: linha de fratura completa; completamente desviada
decorrentes de traumas de alta energia sobre o quadril. As fraturas do Os Estágios III e IV podem ser diferenciados radiografica-
quadril nessas duas populações apresentam características muito mente ao se examinar cuidadosamente os padrões trabec ulares da
diferentes, e a compreensão de tais diferen ças irá ajudar a determi- cabeça do fêmur e do acetábulo. Em fraturas Estágio III, há contato
nar o tratamento adequado para se restaurar o estado funcional que entre o colo e a cabeça do fêmur, e os padrõ es trabeculares entre a
o paciente apresentava antes de ocorrer a lesão. cabeça e o acetábulo não estão alinhados. Fraturas do Es tágio IV
não mantêm contato entre o colo e a cabeça do fêmur, e os padrões
trabec ulares entre a cabeça e o acetábulo apresentam-se realinhados.
FRATURAS DO COLO DO FÊMUR A confiabilidade interobservadora entre os estágios é baixa; no
entanto, a maioria dos cirurg iões é capaz de diferenciar entre fratu -
As fraturas do colo do fêmur ocorrem predominantemente em idosos, ras do colo do fêmur não desviadas (Fases I e II) e desviadas (Está-
geralmente secundárias a quedas de baixa energia, e podem ser asso- gios III e IV).
ciadas à osteoporose. As fraturas do colo do fêmur em pacientes A class ificação de Pauwels (Fig. 55-4) foi inicialmente des-
jovens são totalmente diferentes e são tratadas de man eiras variadas. crita em 1935, na literatura alemã, e foi dese nvolvida para des -
Fraturas do colo femo ral em pacientes jovens costumam ser resultado cre ver o padrão dos veto res das forças prese ntes no local da
de um mecanismo de alta energia, e as lesões associadas são comuns. fratura. A classificação tem sido citada erroneam ente n a litera -
A maioria das fraturas do colo do fêmur é intracapsul ar e pode com- tura através dos anos, causando alguma confusão, m as a pre-
prometer o tênue forn ecimento de sangue para a cabeça femoral (Fig. m issa básica p erm anece: o aum ento da vertica lidade da linha de
55-1). Fraturas basocervicais são extracapsulares e frequentemente fratura do colo do fêmur es tá associado ao aumento da ocorrên -
são consideradas como fraturas in tertrocantéricas. cia de cisalharnento no local da fratur a. A class ificação baseia-se
no ân gulo entre a linha da fr atura e o plano horizontal. A linha
em uma fratura de Pauwels do tipo I está entre O e 30 graus em
CLASSIFICAÇÃO referência à hori zo ntal; a do tipo II es tá entre 30 e 50 graus; e a
do tip o III é m aior que 50 g raus (Fig. 55- 5). A classificação é
As fraturas do colo femoral podem ser classificadas pela localiza- relevante, pois o tratamento ideal provavelmente varia de acordo
ção da linha da fratura (subcapital, transcervical, ou basocervical com o ângulo de Pauwels.

2719
@pj1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

cervica is
ascendentes

Artéria circu nflexa - /


femoral medial - Estágio 1 Estágio li

iâ(riiht.)'119 Suprimento de sangue para a cabeça femora l.


Grupo arterial epifisá ri o lateral. Ane l arterial intracapsu lar subsi-
novial. Artér ias cerv icais asce ndentes . Anel arteria l ext racapsular.
Artér ia circunflexa femora l medial.

Estágio Ili Estágio IV

iâ@l!;fljnJ9 Cl assificação de Garden para as fratu ras do co lo


femo ral.

·1:-- -f-- - - - - - Basocervical Incidências radiográficas a.nteroposteriores da pelve e perfil tipo


cross table do quadril são necessários. Uma visão com tração e rotação
interna também é útil nesta avaliação. Todo o fêm ur deve ser radiogra-
fado. A ressonância magnética tem se tornado o estudo de imagem de
escolha para avaliar as fraturas ocultas do colo femoral. Embora não
seja rotina a solicitação de tomografias para se avaliar as fratmas do colo
femoral, imagens tomográficas do tórax, abdome e pelve frequente-
mente estão disponíveis e podem fornecer informações úteis.

TRATAMENTO

O@IJ;tJ.im. Classificação das fraturas do co lo f emora l por Uma redução satisfatória é fundamental para se minimi za r as com-
loca lização: su bca pita l, transcerv ical, basocervica l. plicações associadas ao tratamento de fraturas do colo do fêmur,
incluindo a pse udoartrose e a osteonecrose. A redução fincruenta
pode ser tentada em todo paciente para o qual a fixação interna é
planejada. A técn ica de Whitman envolve a aplicação de tração com
o quadril abduzido e estendido, saindo de rotação externa e tra-
zendo o quadril para rotação interna. Tentativas de redução não
DIAGNÓSTICO devem ser forçadas e nem repetidas mais que duas ou três vezes.
Uma vez que a redução foi ap licada, a angulação e o alinhamento
O diagnóstico de urna fratura do colo do fêmur tem como base devem ser avaliados criteriosamente. O índice de ali nhamento de
histórico, exame físico e avaliação das radiografias. A maioria do s Garden (Fig. 55-6) pode ser utilizado para avaliar a angulação e
pacientes com fraturas do colo femoral tem um histórico de evento alinhamento do colo femora l. O alinhamento trabecular padrão
traumático, com exceção dos pacientes com fraturas por estresse. (Fig. 55-7) é ava liado com radiografias ou fluoroscopia através de
Além disso, muitos pacientes jovens com fratur as de alta energia incidências anteroposterior e perfil. Na imagem anteroposterior, o
têm lesões associadas, incluindo lesões na cabeça, e podem não ser ângu lo entre o eixo medial e o eixo central das trabéculas de com-
capazes de prover um histórico. O índice de suspeita de uma pressão medial deve medir entre 160 e 180 graus. Um ângulo menor
fratura do colo do fêmur deve ser extremamente alto, visto que as que 160 graus indica alinhamento em varo, enquanto um ângulo
consequências de uma fratura negligenciada podem ser desastro - maior que 180 graus indica va lgo excessivo. Na imagem em perfil, a
sas. O exame físico geralmente revela uma extremidade encurtada angu lação deve ser de aproximadamente 180 graus e o desvio m aior
e rodada externamente. que 20 graus indica anteversão ou retroversão excessiva.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL

Tipo 1 Tipo li Tipo Ili

0t§l!;f;.1El19 Classificação de Pauwels para as fraturas do colo femoral.

lê!§lhHE119 Radiografia (A), tomografia computadorizada (B e C) e uma fotografia da apresentação clínica (D) de fratura
do colo do fêmur de alto ângulo de Pau wels.
@pj) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

H@ihf!iliJ.19 Índi ce de alinhamento de Garden .

deambular confortavelmente ou são demasiadamente enfermos para


o tratamento operatório.

1 ESCOLHA DO IMPLANTE
A escolha do implante e da técnica operatória dep ende em grande
parte da idade fisio lógica do paciente. Pacientes mais idosos com
frat uras desviadas são mais bem tratados com hemiartroplastia
ou ar troplas tia total do quadril. Os pacientes mais jovens são
tratados com fixação interna. Por algum tempo, em nossa institui -
ção, pacientes idosos com fra tura do colo do fêm ur desviada foram
tratados com hemiartroplas tia. Existem certas controvérsias com
relação à utili zação de hastes cimentadas ou não cimentadas, bem
como próteses unipolares ou bipolares. Dados recentes de vários
estudos indicam que pacientes deambuladores comunitários apre-
sentam melhores resultados quando tratados com artroplastia total
de quadril do que quando tratados com hemiartroplastia, o que pode
exigir a reavaliação da abordagem de tratamento nesses pacientes.
Embora a maioria dos procedimentos de hemiartroplastia e artro-
plas tia total do quadril em nossa instituição seja realizada através
de uma abordagem posterior, existem preocupações quanto a luxação
da prótese, fazendo com que as abordagens anterior ou anterola-
teral devam também ser consideradas.

FIXAÇÃO DAS FRATURAS DO COLO


H@ii;t!iEmf9 Radiografia anteroposterior mostra o ângu lo DO FEMUR COM PARAFUSOS
entre o osso trabecular medial na cabeça femoral e córtex medial CANULADOS
da diáfise femoral. (De Garden RS: Reduction and fixation of subca-
pital fractures of the femur, Orthop Clin North Am 5:683, 1974.) TÉCNICA
• Posicione o paciente em decúbito dorsal sobre uma mesa
Lowell et ai. descreveram a aparênc ia radiográfica ou fluoro s- de fratura. Ten te a redução fechada com a técnica de
cópica do colo do fêmur anatomicamente reduzido como "curvas redução de Whitman ou outra técn ica de redução. Nós
em formato de Sou S reverso" (Fig 55-8.); essas "curvas" podem ser normalmente posicionamos as extremidades inferiores
mais úteis que o índice de alinhamento de Garden para avaliação em configuração de tesoura (quadril não afetado esten-
intraoperatória do alinhamento. dido em relação ao lado lesionado), mas um bom suporte
de perna pode também ser usado.
• TRATAMENTO CIRÚRGICO •Em geral, usamos três parafusos de rosca parcial (6 ,5 ou
A maioria das fraturas do colo femoral requer tratamento cirúrgico. 7 mm) em uma configuração de triângu lo invertido (Fig.
Possíveis exceções incluem fraturas por estresse no lado da compres- 55-9A e B).
são do colo do fêm ur e fraturas em pacientes que são capazes de
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL fh@

A B

IUêjiJ;@ Li19 Contorno côncavo do colo do fêmur encontra o contorno convexo da cabeça femoral em curva "S" ou "S" reversa
superiormente, inferiormente, anteriormente e posteriormente; restauração desses sinais de "S" é indicativo do alinhamento anatômico .
(Redesenhado de Lowel l JD: Results and comp lications of femoral neck fractures, Clin Orthop Relat Res 152 : 162, 1980.)

• Use fluoroscopia em ambos os planos para guiar a inserção


do fio central e inferior. Faça uma incisão na pele estendendo
de 2 a 3 cm proximal. Dividir a fáscia em linha com a incisão
da pele e usar um elevador de Cobb para gentilmente dividir
as fibras do músculo vasto lateral no sentido longitudinal.
• Insi ra o fio central e inferior na posição ideal nos dois planos.
A colocação de um fio-guia ao longo do colo do fêmur
anterior pode ser útil para se determinar a anteversão ade-
quada. Certifique-se de não perfurar abaixo do trocânter
menor e continue proximalmente ao longo da calcar.
•Uma vez inserido o fio-guia , utilize um guia paralelo para
inserir primeiramente o fio posterossuperior e, em seguida,
o anterossuperior, a fim de obter-se apoio cortical posterior
e anterior ao longo do colo do fêmur. Avance os fios-guia
rosqueados até pouco abaixo da superfície articular. Tenha
muito cuidado para não viola r a superfície articular.
•Para determinar o adequado comprimento do parafuso,
meça o comprimento do fio-guia e subtraia 5 mm. Para-
A fu sos autoperfurantes e autorrosqueantes são geralmente
utilizados, mas, por vezes, a pré-perfuração do córtex
externo é necessária em pacientes com osso denso. Arro-
elas são utilizadas quando houver espaço sufuciente.
•Um quarto parafuso (configuração de diamante) pode ser
necessário em pacientes com cominuição posterior signi-
ficativa (Fig. 55-9C).
•Como alternativa, coloque os fios-guia através da pele e,
em seguida, faça uma incisão de aproximadamente 1 cm
em torno de cada fio-guia .

B \ É necessário extremo cuidado na inserção dos fios-guia, pois


a perfuração imprecisa da cortical lateral do fêmur (várias tentativas
li!ijii;@Ba Para fixação das fraturas do colo do fêmur, três ou tentativas abaixo do nível do trocânter menor) tem sido associada
parafusos de rosca parcial podem ser inseridos em uma configu- a fraturas subtrocantéricas. Em um modelo biomecânica, foi demons-
ração de triãngulo invertido (A e B) . Quatro parafusos podem ser trado que a configuração dos parafusos tem influência sobre a inci-
inseridos em uma configuração em diamante quando fragmenta- dência de fraturas subtrocantéricas do fêmur. Diferentes configurações
ção significativa estiver presente (C). (Redesenhado de Tornetta P: do triângulo (com ápice distal ou proximal) foram estudadas em
Trauma lnstructional Course Lectures, Rosemont, IL, 2006, American outro modelo de colo do fêmur. As fraturas fixadas com uma con-
Academy of Orthopaedic Surgeons.) VEJA A TÉCNICA 55-1. figuração com ápice distal apresentaram ou precisaram de maior
WJfjl PARTE XV FRATU RAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O[êill;fflml!I A p inça de redução (Fa rabeuf) pod e se r usada para obter co m pressão na frat ura d o co lo d o fê mur. A, Frat u ra d esviada.
B, Fratura reduz ida. VEJA A TÉCNICA 55-2.

carga para falhar (antes de ocorrer fratura femora l subtrocantérica)


•Rebata a cabeça indi reta do múscu lo reto femoral a pa rt ir
em comparação com aquelas fixadas com uma configuração ápice
da cápsula, junto com o múscu lo iliocapsularis, se presente.
proximal. Sempre qu e possível, arroelas são usadas, pois a sua utili-
• Realize uma capsu lotom ia em fo rmato de T, T invertido ou
zação tem sido associada a um menor índice de falha do implante.
H. A nossa preferência é a ca psu lotomia em formato de T.
A fixação com os parafusos canulados pode ser realizada apenas
A anatomia vascular do fêmur proxi mal deve ser conside-
depois que uma redução satisfatória for obtida. Se a redução incruenta
rada. Dependendo da localização, a extensão da capsuloto-
não for satisfatória, a redução aberta (ou artroplastia, em um paciente
mia deve ser cu idadosamente rea lizada (p. ex., no caso de
idoso) está indicada. Uma redução incruenta inadequada não deve ser
uma capsulotomia em formato de T invertido ou H, a exten-
aceita. A red ução cru enta pode ser feita por meio de uma abordagem
são posterior do corte transversa l, que é real izada na base
de Watson Jones (Técnica 1-56) ou Smith-Petersen modificada (Técnica
do colo do f êmur, deve ser evitada para que não haja aci-
55-2). Fraturas do colo femoral subcap itais ou transcervicais podem
dentes com o supri mento sa nguíneo da cabeça do fêmur).
ser mais bem visualizadas e mais fac ilmente redu zidas por meio de
• Insira um pino de Schanz de 5,0 mm conectado a um
uma abordagem de Smith-Petersen modificada; no entanto, essa abor-
manipulador" em T" na diáfise femora l proxima l para auxi-
dagem exige uma segunda incisão para a fixação da fratura.
liar na manipulação e controle do fragmento distal.
• Insira dois f ios de Kirschner rosqueados de 2,0 mm no frag-
REDUÇÃO ABERTA E mento da cabeça e utilize-os como joysticks para se reduzir a
fratura. Temos também usado uma pinça de redução (Fara-
FIXAÇÃO INTERNA beuf) para obter a compressão na fratura do colo do fêmur,
tal como descrito por Moinar e Routt (Fig. 55-1 O)
TÉCNICA • Uma vez confirmada a redução satisfatóri a visua l e radio-
graficamente, proceda com a fixa ção através de parafu-
(SMITH-PETERSE N MODIFICADO) sos canulados (Técnica 55- 1), placa-parafuso deslizante
com um parafuso antirrotatório, ou placa bloqueada de
•Posicione o paciente em decúb ito dorsal em uma mesa fêmur proximal .
cirúrgica comum ou mesa de fratura. A mesa de fratura
fac ilita o con trole fluoroscópico em perfil. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes com fratu-
• Faça uma incisão longitud ina l começan do na espi nha ilíaca ras do colo femora l de alta energ ia são orientados a manter
anterossuperior e estenda aproximadamente 1O cm dis- apoio em touch-down (somente o peso do membro) por
tal mente em direção ao bordo lateral da patela. 1O a 12 semanas. Já pacientes com idade mais avançada
•Faça uma incisão no tensor do fáscia lata e desenvolva o são orientados a realizar sustentação de peso protegida
intervalo entre este músculo e o múscu lo sartório. Cau- com um andador, se o equilíbrio e outras comorbidades
terize os ramos ascendentes da artéria circunflexa femora l méd icas possibilitarem . Pacientes que não conseguem
latera l na medida em que forem encontrados. deambular com segurança são estimu lados a permanecer
•Identifique e marque a cabeça direta do reto femoral e em cadeira de rodas, a fim de se min imiza r a incidência de
em segu ida, libere-o da espinha ilíaca an t eroinferior. complicações pulmonares.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LU XAÇÕ ES DO QUADRI L

Existem controvérsias sobre o melhor método de fixação para que três parafusos canulados. Um estudo clínico retrospectivo que
fraturas subcapitais e transcervicais desviadas. Os tipos de fixação comparou dispositivos de fixação para fraturas do colo femoral do
incluem parafusos canulados (Fig. 55-11) e placa-parafuso desli- tipo III de Pauwels não encontrou nenhuma evidência definitiva
zante. Estudos biomecânicos sugerem que, para o tratamento de indicando o dispositivo de fixação ideal. Houve maior taxa de pseu-
fraturas basocervicais instáveis, a placa-parafuso deslizante asso- doartrose com parafusos canulados do que com dispositivos de
ciada a um parafuso antirrotatório (Fig. 55- 12) provê maior rigidez ângulo fixo (placa-parafuso deslizante, haste cefalomedular, placa
-parafuso 95 graus); no entanto, essa diferença não foi estatistica-
mente significativa. Dados biomecânicos recentes em um modelo de
fratura do colo femoral de Pauwels tipo III sugerem que a placa
bloqueada do fêmur proximal pode ser superior a ambos (parafusos
canulados e placa-parafuso deslizante). No entanto, nenhuma
grande série clínica relatou resultados funcionais em pacientes com
fraturas do colo femoral tratadas com este dispositivo. Nós geral-
mente reservamos a utilização de placas bloqueadas do fêmur pro-
ximal (Fig. 55-13 ) para fraturas com cominuição significativa do
colo (Fig. 55-14).
A técnica para a fixação com placa-parafuso deslizante é des-
crita na seção sobre fratura femoral intertrocantérica (Técnica 55-4).
Cuidados devem ser tomados com parafusos de compressão de
grande diâmetro em pacientes com osso não osteoporótico. Deve-se
considerar a utilização de dreno como rotina, bem como a associa-
ção de um parafuso antirrotatório.
A influência da restauração do comprimento do colo do fêmur
no resultado funcional tem sido enfatizada em vários estudos recen-
tes. Zlowodzki et ai. avaliaram retrospectivamente o efeito do encur-
tamento do colo do fêmur (Fig. 55-15) no resultado funcional em
70 pacientes com fraturas consolidadas, de quatro instituições.
Desta amostra, 64% das fraturas estudadas eram intracapsulares
sem desvio. Todos os pacientes foram tratados com parafusos
canulados e 69 dos 70 apresentaram reduções aceitáveis de acordo
com o índice de alinhamento de Garden. Curiosamente, dos 70
h@i@SmlJ Fixação de fratura desv iada do colo do fêmur pacientes estudados, 46 (66%) apresentaram encurtamento de
com parafuso canu lado após a redução aberta. mais de 5 mm e 27 (30%) apresentaram mais de 5 graus de varo.

O@i!;HE:1:9 Frat ura do co lo femoral desv iada (A), neste caso fr atura ipsilatera l à fratura da diáfise femoral , fixada com placa-pa-
raf uso deslizante e parafuso ant irrotatór io (B).
@pJit PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O[ijii@m!I Rad iografias anteroposterior (A) e perfil (B) de uma fratura desv iada do co lo do fêmur, em processo de conso lidação,
com cominuição sign ifi cativa tratada com uma placa bloqueada do fêmur proxima l.

implantes de estabilidade absoluta. Foram usadas várias técnicas de


redução aberta, dependendo do padrão da fratura e idade fisioló-
gica. A técnica envolveu compressão intraoperatório seguida de
fixação com placa-parafuso deslizante (ou lâmina helicoidal) e para-
fusos de rosca total. A taxa de consolidação foi de 94%, com um
encurtamento médio do colo do fêmur de 1,7 mm. O índice médio
de capacidade func ional pelo SF-36 foi de 42, e a Harris Hip Score
foi 87. O subitem "Dor no Corpo" do SF-36 teve correlação com o
"braço de alavanca abdutora" (distância a partir do centro da cabeça
fe moral até urna linha tangencial ao longo do trocânter maior) .
Pacientes com maio res diferenças no braço de alava nca abdutora
entre o lado normal e acometido apresentaram piores resultados no
subitern "Dor no Corpo".
Ape nas pequenas mudanças na técnica são necessári as para
estabiliza r as fraturas do colo do fêmur e manter o comprimento.
Obviamente, a redu ção é primordial. A utilização de implantes que
estabilizam o comprimento do colo em fr aturas qu e não são bem
reduzidas irá provavelmente resultar em pseudoartroses. Feliz-
mente, a consolidação e a man utenção do comprimento do colo
femoral podem se r conseg uidos. É possível tentar a redu ção
incruenta de fratur as desviadas, seguida por redu ção aberta através
de uma abordage m de Smith-Petersen ou de Watson-Jon es nos
casos em qu e não se consegue a redução anatômica. Em pacientes
iâ@il;fflml Tomografia computadorizada de fratura do colo mais idosos e em fratur as com menor desvio, redução aberta com
do fêmur com cominu ição significativa de região posterior. incisões limitadas pode ser realizada com a ajuda de punçores tipo
ball-spike, elevadores Cobb e fios de Ki rschner. Após a redução ter
sido obtida, parafusos canulados de rosca parcial podem ser inse-
A análise da capacidade funcional através do SF-36 sugeriu que há ridos para compressão da fratura. Uma vez que a compressão
relação entre o grau de encurtamento do colo femoral e piores adequada é alcançada, os parafusos canulados são substituíd os um
res ultados funci onais. por um por parafu sos de rosca total com arroelas. Nos casos em
Boraiah et ai. relata ram os resu ltados do tratamento de 54 que se utilizam placa-parafu so deslizante para uma fratura de alto
fraturas in tracapsulares do colo femoral nas quais foram rea lizadas ângulo de Pauwels, um fio-gu ia é colocado perpendicular à linha
redução anatômica, compressão do foco da frat ura, e fixação com de fratura, e um parafuso canulado de rosca parcial é inserid o,
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL

0@1!;?4m:D Encurtamento significativo do co lo do fêmur após o tratam ento com parafusos canu lados de rosca parcial em fratura
minimamente desviada . A, Vista fluoroscópica intraoperatória anteroposterior. B, Radiografia anteroposterior reve lando encurtamento
sign if icativo do co lo do fêmur.

seguido pelo parafuso de compressão do quadril. O parafuso de • OSTEONECROSE E PSEUDOARTROSE


rosca parcial é então substituído por um de rosca total (Fig. 55 -16). Osteonecrose (F ig. 55- 19) e pseudoartrose são dois grandes
Dois parafusos de rosca total também podem ser usados. Uma problemas que levam à cirurgia de revisão após tratamento de
placa bloqueada de fêmur proximal pode ser usada para manter o fr aturas in tracapsulares do colo femoral. Em uma metaná lise de
comprimento do colo do fêmur. Geralmente escolhemos este tipo 18 estudos envolvendo pacientes mais jovens (idades en tre 15 e
de implan te qu ando existe grave cominuição do colo do fêmur. 50 anos) com fra turas do colo fe moral, a incidência de osteon e-
A literatura ainda requer grandes séri es que demonstrem a efeti- crose fo i de 23% e a de pseudoartrose fo i de 9% . O estudo incluiu
vidade dessas técnicas. 564 pacientes com fraturas do colo do fê mur, tanto desviadas
como não desviadas. Em uma série de 73 fraturas do colo fe moral
em pacientes entre as idades de 15 e 50 anos atendidos em uma
RESULTADOS E COMPLICAÇÕES única institui ção, Haidukewych et ai. encontraram incidência de
osteonecrose de 23% e 8% de pse ud oartrose. A osteonecrose
• FALHA DA FIXAÇÃO ocorreu em 27% das fraturas desviadas e 14% das fraturas n ão
A fi xação interna pode falh ar devido a muitos fatores, incluindo desviadas. Treze pacientes (18%) fo ram submetidos à conversão
redução in adequada, má seleção ou posição do implante, pseu- para artroplastia; 11 destas artroplastias foram fe itas excl usiva-
doartrose, osteonecrose e infecção. Dete rmin ar a causa da fal ha de m ente devi do à osteonecrose. Desvio da fratura inicial e a qua-
fixação é extremamente importante no plan ejamento da cirurgia lidade de re du ção foram identifi cados como fatores de risco para
de revisão. Em paci entes jovens, o reconhecimento precoce da maus resu ltados. Em outra séri e incluindo 62 fraturas do colo
red ução inadequada ou má seleção ou posição do implante pode femoral do tipo III de Pa uwels, a osteonecrose ocorre u em 11 %
ser tratado com redução aberta e fixação interna (Fig. 55-17). É e pseud oa rtrose em 16%. A m édia de id ade dos pac ien tes desta
possível trata r a pse udoartrose ou a consolid ação viciosa do colo série fo i de 42 anos (variando de 19 a 64 anos) . A maior taxa de
do fê mur com osteotomia valgizante intertro cantérica (Fig. 55-18) . pseudoartrose neste estudo é provavelmente explicada pela
A pseudo artrose, a consolidação viciosa e a osteonecrose em maior difi culdade no tratamento das fraturas com maior ângulo
pacientes idosos podem ser tratadas com artroplastia total do de Pauwels.
quadril. In fecção após o tratamento de frat uras do colo femoral A osteonecrose continua a ser um pro blema, até mesmo em
pode ser bastante problemática. O objetivo é sup rimir a infecção fraturas não desv iadas. Na verd ade, maiores pressões intracapsu-
com debridamento e ant ibi óticos específicos guiados por cultura lares têm sido demonstradas em fraturas do colo femora l sem
dos germes, mantendo os implantes até que haj a consolidação, desvios quando comp aradas a fraturas desviadas. A capsul otomi a
quando então podem ser removidos. Falha dos implantes na vigên- de rotin a é controversa. Ela é provavelmente mais efetiva em fra-
cia de infecção requer a sua remoção e, possivelmente, artroplastia turas de Garden dos tip os I e II, em que a cápsula pode não ter
de ressecção. sido completam ente lesada e o tamponamento pode ser a causa
MJIJ:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@il;HmD Em uma tentativa de se minimizar o encurtamento do colo do f êm ur, o parafuso de rosca parcial normalmente utili-
zado para a compressão é alterado para parafuso de rosca total. A, Radiografia no momento da lesão. B e C, Após redução operatória
e fixação.

CAPSULTOMIA DO QUADRIL GUIADA


principal para o desenvolvimento de osteonecrose. Costumamos POR FLUOROSCOPIA
realizar capsulotomias em pacientes jovens com fraturas sem
desvio e fazê-la apenas ocasionalmente na população geriátrica. TÉCNICA
Embora não haj a nenhum estudo conclusivo provando que a cap-
sulotomia diminui a frequência de osteonecrose, trata-se de um • Depois da f ixação da fratura do colo fem oral, prepare
procedimento que pode ser feito rapidamente e de maneira segura uma lâmina de bisturi de número 1O, colocando uma tira
e que, teoricamente, reduz o risco de osteonecrose.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRI L EUJi+

Htijil;f4mf» Má redução da frat ura do colo femo ral, res ultando em varo (A) e retrocurvato (B) . C e D, Após revisão co m redução
aberta e f ixação interna.

de aproximadamente 2 cm de loban em torno da junção Christa et ai. Mostraram, em um estudo de cadáveres, que a
da lâmina/cabo (Fig . 55 -20) pa ra diminui r a probabilidade capsulotomia guiada por fluoroscop ia é segura e efetiva para fins de
de dissociação da lâmina durante a manipulação. se diminuir a pressão intracapsular. Dissecções de cadáveres após a
•Através da incisão lateral feita para fixação com parafusos, capsulotomia revelaram que as distâncias médias da artéria femora l
placa-parafuso deslizante ou placa bloqueada de fêmur e do ramo mais lateral do nervo femora l até o corte na cápsula foram
proximal, utilizando-se uma sensação táctil e orientação de 40,3 e 19,5 mm, respectivamente. As distâncias mínimas foram de
fluoroscópica, avance o bisturi ao longo da porção anterior 36 mm da artéria femoral e 15 mm do ramo mais lateral do nervo
do colo do fêmur com a lâmina voltada inferiormente. femoral. A pressão intracapsular foi substancialmente diminuída
•Uma vez que a cabeça do fêmur é encontrada, gire a após a caps ulotomia.
lâmina 90 graus e retire o bisturi, aplicando força no Uma metanálise de 106 estudos sobre fraturas desviadas do colo
sentido posterior para completar a capsulotom ia. do fêmur em pacientes idosos (65 anos ou mais) reportou incidências
de osteonecrose e pseudoartrose de 16% e 33%, respectivamente.
MflJ1) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

HtijlhMm:EI Pseudoartrose de fratura do co lo do fêmur. Rad iografia anteroposterior (A) e tomografia co mputadorizada (B).
C, Conso lidação após f ixação com uma p laca- lâmi na. (Cortesia de David Templeman, MD, Minneapolis, MN.)

A taxa de reoperação em 2 anos variou entre 20% e 36% após fixação ambulatoriais com idade de 70 anos ou mais. Houve falha, defi nida
interna, a qual foi maior quando comparada à hemiartroplastia. como a perda de redução precoce, pseudoartrose, osteonecrose
com colapso, ou infecção, em 43% dos pacientes tratados com
fixação interna e em 6% dos pacientes tratados com artroplastia
ARTROPLASTIA em 2 anos. Um estudo mais recente que acompanhou a mesma
coorte revelou que, após 10 anos, esses res ultados mantiveram-se
A decisão de prosseguir com fixação ou artroplastia depende das estáveis ao longo do tempo: em nenhum mom ento os pacientes
características da fratura e da idade fisiológ ica do paciente. Fratu- com fixação interna bem-sucedida mostraram melhores resultados
ras do colo femora l com desvio em pacientes mais jovens ( < 65 no que diz respeito à dor no quadril ou mobilidade do que os
anos) devem ser tratadas com redução anatômica e fi xação interna pacientes com artroplastia bem-sucedida.
estável. Fraturas do colo femora l desviadas, em pacientes mais Uma vez tomada a decisão de proceder com art roplastia,
idosos, devem ser tratadas com artroplastia. Uma metanálise de vários temas polêmicos ainda precisam ser considerados: tipo de
alta qualidade que incluiu nove estudos randomizados mostrou artroplastia (hemiartroplastia ou ar trop lastia total do quadril), uni-
que a artroplastia reduziu substancialmente o risco de cirurgia de polar ou bipolar (caso a hemiartroplastia seja escolhida) , haste
revisão em comparação com fixação interna no tratamento de fra- femora l cimentada ou não cimentada e abordagem cirúrgica. Ao
turas do colo femoral desviadas em pacientes com 65 anos ou mais. longo dos últim os anos, tem se intensificado o debate sobre a pro-
Artroplastia, no entanto, foi associada à maior perda de sangu e, babilidade de artroplastia total do quadril (Fig. 55-21) ser superior
maior tempo operatório e infecções mais frequentes . Hudson et ai. à hemia rtroplastia (Fig. 55-22) para fraturas desviadas do colo
encontraram maior taxa de reoperação após fixação interna do que femoral em pacientes ativos, fisio logicamente mais velhos. Histori-
após hemiartroplastia, em pacientes com mais de 80 anos; no camente, é rara a utilização de artroplastia total do quadril para fra-
entanto, não encontraram diferença nas taxas de reoperação em turas desviadas do colo femoral. Estudos mais recentes, no entanto,
pacientes entre 65 e 80 anos de idade. Em um estudo randomizado, têm identificado vários benefícios potenciais da artroplastia total de
Rogmark et ai. compararam fixação interna e artroplastia para o quadril sobre hemiartroplastia, incluindo pontuações superiores do
tratamento de fraturas do colo femoral desviadas em pacientes resu ltado func ional, diminuição da dor, melhora da deambulação e
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADR IL tm:llll

H@ii@mD Osteonecrose após tratamento de


fratura do co lo do fêmur, Rad iografia anteroposte-
rior (A), TC axial (B) e TC coronal (C) .

menores taxas de reoperação. Uma desvantagem da artroplastia total


do quadril parece ser uma maior taxa de luxação. Na comunidade
de deambuladores com mais de 5 anos de expectativa de vida, a
artroplastia total do quadril pode ser a melhor escolha.

i' y, Mueller
-
FRATURAS INTERTROCANTÉRICAS
DO FÊMUR
CLASSIFICAÇÃO
Muitas classificações para fraturas peritrocantéricas e intertrocanté-
ricas do fêmur foram propostas ao longo dos anos. Boyd e Griffin,
H[ril!;Hml!J Fa ixa de Joban co locada ao redor da junção da inicialmente, descreveram quatro tipos de fraturas femorais peritro-
lâmina com o cabo do bisturi para evitar a dissoc iação da lâmina cantéricas em 1949 (Fig 55-23.):
e do cabo durante a capsulotomia. VEJA A TÉCNICA 55-3. Tipo 1: fraturas que se estendem ao longo da linha intertrocantérica
lllDD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

muito útil para avaliar os res ultados do tratamento de fraturas inter-


trocantéricas do fêmur, possibilitando comparações entre os relatos
na literatura.

TRATAMENTO

O tratamento não cirúrgico de fraturas intertrocantéricas do fêmur


é raro, mas pode ainda ter um papel em pacientes incapazes de
deambular, nos quais o controle adequado da dor pode ser alcan-
çado sem cirurgia. A fixação interna é a opção mais adequada para
a maioria das fraturas intertrocantéricas do fêmur. O princípio
de fixação baseia-se na estabilidade da fratura. A base do trata-
mento é fixação com placa-parafuso deslizante (Fig. 55-25) ou dis-
positivo intramedular (Fig. 55-26).

• TRATAMENTO COM DISPOSITIVO PLACA-


PARAFUSO DESLIZANTE
As placas-parafusos deslizantes do quadril são uma boa opção para
o tratamento das fraturas intertrocantéricas estáveis (AO/OTA 31Al
e muitas fraturas 31A2). O custo do implante é menor que com
hastes intramedulares, e o método de aplicação é familiar à maioria
dos cirurgiões ortopédicos experientes; no entanto, cirurgiões orto-
pédicos que tenham concluído a sua formação nos últimos 5 anos
podem não ser tão familiarizados com o procedimento.

FIXAÇÃO DE FEMORAIS
INTERTROCANTERICAS COM PLACA-
PARAFUSO DESLIZANTE
TÉCNICA
POSICIONAMENTO DO PACIENTE
O@ii;MmJI Artroplastia tota l do quadril para tratamento de •Coloque o paciente em uma mesa de fratura com um
fratura do co lo femoral. A, Radiografia anteroposterior pré-ope- poste perineal .
ratória . B, Um ano após a artroplastia total do quadril. (Cortesia • Posicione o pé do membro inferior contralatera l em uma
de Andrew Schmidt, MD, Minneapolis, MN. ) bota e coloque a perna em posição de tesoura (quadril
não afetado estendido em relação ao lado lesionado) (Fig.
55-27) ou use um bom suporte para a perna.
• Posicione a extremidade afetada em uma bota depois que
a manobra de redução ti ver sido realizada (ver a seguir).
Nós normalmente colocamos a extremidade afetada em
20 a 30 graus de flexão do quadril.
Tipo 2: fraturas cominuídas, com a linha principal de fratura ao • Posicione o fluoroscópio no lado contralatera l ou entre as
longo da linha intertrocantérica, mas com múltiplas linhas de pernas do paciente, dependendo da posição da perna
fraturas secundárias (pode incluir linha de fratura coronal vista não lesionada. Boas imagens fluoroscópicas devem ser
em radiografia de perfil) alcançadas antes de se prosseguir.
Tipo 3: fraturas que se estendem ou são distais ao trocânter menor
Tipo 4: fraturas da região trocantérica e da diálise proximal com REDUÇÃO
traços em pelo menos dois planos •A redução da extremidade afetada costuma ser feita com
É provável que a classificação mais útil de fraturas intertrocan- tração e rotação interna. A deformidade típica do plano
téricas do fêmur seja a classificação AO/OTA (Fig. 55-24): sagital (desvio posterior) pode exigir correção com uma força
31Al: traços simples, sem cominuição aplicada no sentido anterior ao fragmento distal, antes de
31A2: fraturas cominutivas, em var iados graus de fragmenta ção se completar a redu ção com tra ção e rotação interna.
31A3: fraturas com obliquidade reversa ou padrões de extensão •Uma vez reduzida a fratura provisoriamente, posicione a
subtrocantérica perna afetada na bota e obtenha visualizações fluoroscó-
Cada grupo contém subgrupos para descrever ainda mais as picas nos planos sagita l e coronal. Faça qualquer ajuste
características de cada fratura. A classificação AO/OTA tem sido
CAPÍTU LO 55 FRATU RAS E LUXAÇÕES DO QUAD RIL

O!êJll;füm!t Hem ia rt rop lasti a pa ra tratame nto de frat uras do co lo do fêmur. A e B, Radiog rafi as no pré-operat ório anteropost erio r
e perfi l. C, Depo is da hemiartrop lastia .

necessário, aumentando ou diminuindo a tração ou alte- EXPOSIÇÃO


rando abdução/adução e rotação interna/externa. Exa mine •Comece a inc isão na origem do vasto e a estenda dis-
cuidadosamente as imagens fluoroscópicas para evitar os tal mente. Continue a dissecção através da banda ili o-
maus ali nhamentos mais comuns: deform idade em varo, t ibial e divida a fáscia do múscu lo vasto latera l long itu -
desvio posterior e rotação interna excessiva. d inalmente.
•O mecanismo de fratura (bai xa ou alta energia) deve ser • Eleve o vasto lateral anteriormente ao septo intermuscu-
aval iado previamente, porque as manobras de redução lar, enquanto procede a coagu lação dos ramos da artéria
padrão podem não ser bem sucedidas para fraturas de femora l profunda à med ida que forem encontrados.
alta energia (Fig. 55-28). Uma redução aberta através •Complete a exposição incisando a origem do vasto latera l
de abordagem de Watson -Jones provavelmente será neces- para permiti r seu afastamento e subsequente colocação
sária para este t ipo de fraturas. da placa. )
@jíH PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

A1 .1

Tipo 1 Tipo 2

A2 .1

Tipo 3 Tipo4 A3 .1 .2

O@il;Hnl!'I Classificação de fraturas trocantéricas, segundo


Boyd e Griffin. h@ll;f!imzl Classificação da AO para fraturas trocantéricas.
Grupo A 1, fratura simples em duas partes; grupo A2, fratura se
estende ao longo de dois ou mais níveis do córtex medial; grupo
A3, fratura estende-se através da cortical lateral do fêmur. (Rede-
ESTABILIZAÇÃO senhado de Müller ME, Nazarian S, Koch P, et ai: The comprehensive
)
•Insira um fio-guia através do guia angulado em direção classification of fractures of /ong banes, Berlin, 1990, Springer-Verlag.)
ao centro da cabeça do fêmur (Fig . 55-29A). Um fio-guia
pode ser colocado anteriormente ao longo do colo
f emora l para auxiliar a reconstituição do ângulo de ante-
versão. Insi ra o fio-gui a até aproximadamente 5 mm da •Aproxime a placa do osso utilizando um parafuso cortical
superfície articular e meça (Fig . 55-298). ou uma pinça óssea (Fig. 55-29G) Insira um total de 2
•Ajuste a broca tríplice para cortar 5 mm a menos que a ou 3 parafusos bicorticais na diáfise, geralmente através
medida acima (Fig. 55-29C). É necessário cu idado para de uma placa de dois a quatro furos (Fig. 55-29H). Caso
não avançar o fio-gui a através da pelve enquanto estiver um parafuso seja utilizado para aproximar a placa ao
perfurando. Um dreno poderá ser utilizado em pacientes osso, o parafuso inicial geralmente deve ser alterado
com boa qualidade óssea (Fig. 55-290) porque ficará longo.
• Selecione um parafuso que seja do mesmo comprimento que • Solte a tração e insi ra o parafuso de compressão, se
a medida da broca. Se uma impacção significativa for dese- desejar (Fig. 55-291); alternativamente, aplique a com-
jada, escolha um parafuso 5 mm mais curto que a medição pressão manual. Obtenha imagens fluoroscópica s para
da broca. Certifique-se de que o parafuso é suficientemente avaliar a redução e a posição do implante.
longo para que ele tenha boa cobertura óssea. Não insira um
parafuso menor que 5 mm que a medição da broca. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes com fra'tu-
•Com a chave de inserção, insira o parafuso com a placa ras intertroca ntéricas do fêmur tratadas com placa-para-
até o comprimento apropriado (Fig. 55-29E). Note que fuso deslizante podem suportar o peso conforme tolerado
cada 90 graus de rotação do parafuso resulta em O, 75 mm na maioria das circunstâncias, visto que este dispositivo é
de avanço no osso. Quando o avanço for concluído, aten- utilizado em padrões de fraturas mais estáveis.
te-se para que o cabo da chave de inserção esteja perpen-
dicular em relação ao eixo do fêmur, e não ao eixo do chão.
•Adapte a placa na face lateral do fêmur. Use um tampo
para encaixar a placa no parafuso (Fig. 55-29F). Desco-
necte a haste de retenção do parafuso, remova a chave O posicionamento adequado do parafuso é importante para
de inserção e, em seguida, o fio-guia. evitar a falha do implante (cut out). A distância ponta-ápice (Fig.
55-30) é calc ul ada a partir da soma das distâncias entre a ponta
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL Gim

O[riil;@m Fixação de fratura intertrocantérica


com placa-parafuso desli za nte . A, Radiografia antero-
posterior pré-ope ratória . B e C, Depois da fi xação.

do parafuso até o áp ice da cabeça femoral em amb as as visuali - (fraturas Al e A2). Curiosamente, apenas 3% dos pacientes com
zações, anteroposterior e lateral. Quando a dis tâ ncia ponta-ápice fraturas Al. l , A l.2, A 1.3 e A2. l tiveram fraturas intraoperató rias da
for maior qu e 25 mm , o risco de falha aumenta expo nencia lmen te parede lateral, enquanto 31% dos pacientes com fraturas A2.2 e A2.3
(Fig. 55 -31*) . tiveram esse tipo de intercorrência. Em outro estudo que avaliou
A integridade da parede lateral do trocânter é outro ponto a fatores associados ao insucesso no tratamento de fraturas estáveis
ser considerado no tratamento de fraturas intertrocantéricas do (3 1Al ) com placa- parafu so deslizante, Im e Chung identificaram a
fêmur com placa-parafuso desli zante. Em um a sé ri e de fraturas tra- fratura iatrogênica da parede lateral como o preditor mais signifi-
tadas com este tipo de implante, 22% dos pacientes com um a parede cante para a ocorrência de perda de redução. Esses autores sugeri-
lateral fraturada (fraturas A3 ou fraturas iatrogênicas em fraturas Al ram a utilização de uma placa com estabi li zação tro cantérica (Fig.
e A2) necessitaram de uma segunda operação no prazo de 6 meses; 55-32) ou fixação com implante alternativo (haste intramedular)
74% das fraturas da parede lateral ocorreram no intraope ratório caso uma cominuição iatrogênica seja identificada no intrao perató-
rio. Esses estudos suge rem ca utela ao se utilizar placa-parafuso des-
*Di sponível, em inglês, em www.expertconsult.com. lizante em fraturas mais complexas que A2.l e que a parede lateral
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

H@il;ijmz!I Fixação de fratura intertrocantérica com Gama-nail. A, Radiografia anteroposterior pré-operatória.


B e C, Depois da fixa ção.

intertrocantéricas do fêmur (fraturas 21 Al, 18 A2.l, e 58 A2.2), nas


quais poucas complicações foram relatadas. Mais recentemente, dois
estudos randomi zados compararam a placa de compressão percutâ-
nea à placa-parafuso deslizante; ambos relataram diminuição na
perda de sangue intraoperatória, e um deles relatou a diminuição do
tempo operatório. Em 6 semanas, os pacientes tratados com a placa
de compressão percutânea tiveram significativamente menos dor e
podiam suportar mais peso na extremidade lesada em comparação
com os tratados com placa-parafuso deslizante. Eles também relata-
ram menos dor para a realização de atividades em todas as ocasiões
medidas; no entanto, apenas aos 3 meses essa diferença foi es tatisti-
camente significativa. Outros benefícios potenciais da placa de com-
pressão percutânea incluem menor risco de fratura da parede lateral
e melhor estabilidade de rotação. Até onde sabemos, a placa de
Gotfried não é indicada, e não tem sido usada para fraturas mais
instáveis tipo 31 A3. Nós não temos experiência com esta técnica.

li!§il;@nfa Posição "tesoura" para fi xação de fratura fe- • TRATAMENTO COM HASTES INTRAMEDULARES
moral intertrocantérica com placa-parafuso deslizante. VEJA A Fraturas intertrocantéricas instáve is do fêmur (A3 e provavelmente
TÉCNICA 55-4. algumas fraturas A2) são mais bem tratadas com um implante intra-
medular. Já há algum tempo, a segunda geração de dispositivos cefa-
lornedulares, tais como o dispositi vo intramedular Gamma (IMHS),
seja cuidadosamente avaliada qu ando este tipo de implante for con- tem sido utili zada com sucesso.
siderado para padrões de fratura mais estáve is. Teo ri camente, os benefícios das hastes intramed ulares sobre as
Outro dispositivo que tem a intenção de diminuir o risco de placas incluem melhor biomecânica (menor braço de alavanca), dimi-
fratura iatrogênica da parede lateral é a placa de Go tfried (placa nuição da perda de sangue, incisões menores e diminuição da inci-
de compressão percutânea), que é fixada com dois parafusos inseridos dência de encurtamento do colo do fêmur. A maior metanálise
percutaneamente no colo e na cabeça do fêmur. Os dois parafusos comparando os dois implantes, a partir da base de dados Cochrane,
proporcionam compressão intraoperatória, mas também permitem a concluiu que as placas laterais são superiores às hastes intramedulares
compressão dinâmica enquanto os pacientes deambulam. Os primei- no tratamento de fraturas intertrocantéricas do fêmur. A metanálise, no
ros resultados publicados referentes a esta placa incluíram 97 fraturas entanto, incluiu versões mais antigas de hastes cefalomedul ares, qu e
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LU XAÇÕ ES DO QUADRIL fmllll

h(ril!í@a l Fratura intertroca ntéri ca de alta energ ia. A, Rad iog rafia pré-operató ri a. B e C, Visuali zações f luo roscópicas no intra-
operat ó rio. VEJA A TÉCNICA 55-4.

tiveram problemas com fraturas femorais na ponta da haste. •Posicione o paciente em uma mesa de fratura com um
Embora esta complicação ainda ocorra, é muito menos frequente com poste perinea l.
os designs mais recentes das hastes. • Posicione a extrem idade inferior contra latera l em uma
bota e a perna em posição de tesoura (quadri l em exten-
FIXAÇÃO DE FEMORAIS são em re lação ao lado contralatera l).
INTERTROCANTERICAS COM HASTE •Posicione a extremidade afetada em uma bota depois que
a manobra de redução tiver sido real izada. Em gera l,
INTRAMEDULAR co locamos a extremidade afetada em 20 a 30 graus de
TÉCNICA flexão do quadril.
•Aduza o dorso do paciente e fixe o braço ipsilateral sobre
POSICIONAMENTO DO PACIENTE seu tórax.
• O posicionamento do paciente é semelhante ao descrito •Posicione o fluoroscópio no lado contralateral. Fl uorosco-
na Técnica 55-4. Em geral, preferimos colocar o paciente pia adequada deve ser alcançada antes de proceder.
em supino, mas o decúb ito latera l pode ser benéfico em
certos padrões de fratura e em pacientes portadores de REDUÇÃO
obesidade mórbida. •Reduza a fratura como descrito na Técn ica 55-4. )
mml PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADU LTO S

A B e

E F

O@ihMm:J Fi xação de fratura intertrocantérica com p laca-parafuso des lizante . (Modificada de Baumgaertner MR: Compression hip
screw plates: technique manual, Memphis, TN, 2000, Smith & Nephew.) VEJA A TÉCNICA 55-4.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL f.Dm

=
iâ@'hflnlI!) Cálculo da distância ponta-ápice (TAD). Distân-
cias da ponta do implante ao áp ice da cabeça femoral em visões
anteroposterior (esquerda) e perfil (direita) são somadas (X + X
AP Lat) . TA O menor que 25 mm deve ser atingida. (Redesenhado
de Powel l J, Dirschl DR: Fractures of the proxima l femur. ln Baumgaert-
ner MR, Tornetta P, editors: OKU Trauma 3, Rosemont, IL, 2005, American
Academy of Orthopaedic Surgeons; and Lindskog DM, Baumgaertner
MR: Unstable intertrocha nteric hip fractures in the elderly, J Am Acad
Orthop Surg 12 179, 2004.) iâ@il;M m!I Pl aca com estab ilização trocantérica pode ser
utilizada como adjuvante ao parafuso deslizante. (Redesenhado de
Synthes [USA]: Trochanter stabilization p/ate for DHS: technique guide,
Paol i, PA, 2000, Synthes.)
PONTO DE ENTRADA
)
• Para a f ixação das fratu ras intertrocantéricas do fêmur,
uti lizamos um porta l trocantérico medial modificado (Fig.
55-33). O portal trocantérico medial está local izado na
face media l do trocânter maior na visua lização anteropos-
terior e em linha com a diáfise femoral na visão em perfil.
Em um estudo em fêmures de cadáver, Perez et ai. não
encontraram danos ao tendão do glúteo médio com este
porta l, que pode estar associado à menor fraqueza abdu-
tora que o porta l trocantérico padrão.
•Faça uma incisão de aproximadamente 3 cm, começando
3 cm proxima l ao ápice do trocânter maior e a estenda
proximalmente (esta incisão pode precisar ser estendida
dependendo do biotipo do paciente).
•Faça uma incisão na aponeurose do múscu lo glúteo
máximo.
• Posicione um fio-guia na face medial do trocânter maior
(portal trocantérico medial modificado). Insira o fio-guia
entre 2 e 3 cm no fragmento proximal (Fig. 55-34A).
Neste ponto, use fluoroscopia para ava liar a posição do
f io-guia em ambos os planos. Faça as correções da
posição do fio-guia utilizando técnica com dois fios ou
com um gu ia tipo "favo de mel". Acred itamos que o uso
da técnica com dois fios diminu i de maneira significante
o tempo de fluoroscopia na sala de ciru rgia. 0@11;(4a l Portal trocantérico medial modificado. VEJA A
• Use a broca ini cial proximal para alargar o espaço ao TÉCNICA 55-5.
redor do f io-guia até um nível pouco abaixo do trocânter
menor (Fig . 55-348). Corrija qualquer má redução antes
deste passo. colocação de uma haste ma ior pode aumentar o risco de
•Insira o fio-guia com ponta esférica (ba/1-tip) em direção perfuração da cortical anterior.
à diáfi se do fêmur até ele alcançar a cicatriz fisári a, e •Frese o fêmur até um diâmetro de 1,5 mm maior que o
meça o f io-guia para determin ar o comprimento ade- diâmetro da haste intramedula r. Preste muita aten ção à
quado da haste intramedular. curvatura anterior do fêmur e, se necessário, frese 2 mm
• Em geral, utilizamos uma haste de 1O mm de diâmetro a mais que o diâmetro da haste.
para fraturas intertrocantéricas do fêmur. Acreditamos •Depo is de selecionar o comprimento e o diâmetro ade-
que, na ma ioria das situações, não há benefício sign ifica- quados da haste, monte a haste e o gu ia para as perfu-
ti vo em se colocar uma haste de diâmetro maior e que a rações (Fi g. 55-34C ). )
BD> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADU LTOS

A e

0!§1i;bim9 Fi xação de fratura intertrocantérica com haste intramedular. A, Localização do fio-guia no aspecto media l do trocânter
maior e inserção de 2 a 3 cm no frag mento proxima l. B, Uso da broca inicia l para alargar ao níve l de trocânter menor. C, Montagem
da haste e guia da broca. D, Ava nço do fio-guia até a distância de 5 mm do osso subcondral. E, Medição do comprimento do parafuso
através do gu ia.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL fmllllll

Parada
positiva

l#@i@U}J§I(.],\ F, Fresagem para inserção do parafuso (broca ajustada com 5 mm a menos que a medição de fio-guia). G,
Inserção do parafuso seg uido pela guia de centralização (H). 1, Inserção de parafuso de compressão após soltar a tração. (Modificado de
Albert JS: Compression hip screw nails: technique manual, Memphis, TN, 2000, Smith & Nephew.) VEJA A TÉCNICA 55-5.

• Insira a haste com o guia rodado anteriormente, uti - • Faça uma pequena incisão lateral através da pele e da
)
li zando a curvatura da haste para fac il itar a introdução. fáscia e avance o protetor de partes moles da broca
Gire o guia na direção posterior depois de a haste até o aspecto lateral do fêmu r.
ter sido inserida cerca de metade do caminho do cana l • Insira um fio-guia até 5 mm do osso su bcondral (Fig.
intramedular. Durante a inserção da haste, ava lie o 55-340). Confirme a posição do fio-guia, que deve estar
se u posicionamento com fluoroscopia em perfil para no centro da cabeça femoral.
evitar a perfuração da cortical anterior. •Meça o comprimento do parafuso (Fig. 55-34E).
• Insira a haste a uma profundidade que possibi lite o posi- •Frese ao redor do fio-guia para a apropriada inserção
cionamento do fio-guia no centro da cabeça do fêmur. do parafuso (Fig. 55-34F)
Remova o fio-guia com ponta esférica (ball-tip). •Use um dreno caso o paciente não tenha osso osteo-
•Avalie a versão da haste na visão fluoroscópica em perfil; porótico.
a versão estará correta quando haste, gu ia, colo e cabeça •Insira o parafuso (Fig. 55-34G); utilize guia para auxiliar
femoral estiverem todos alinhados. a inserção e centra lização do parafuso (Fig. 55-34H) )
E» PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

• Depois de soltar a tração, comprim a a fratura conforme


)
desejado, utilizando o parafuso de compressão (Fig. 55-341)
• Insira os parafusos de bloqueio distal como desejado.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes com fratu-


ras intertrocantérica s femorais tratadas com um dispo-
sitivo intramedular podem supo rtar o peso conforme
tolerado na maioria das circunstâncias; no entanto, este
dispositivo pode ser utilizado em padrões de fraturas mais
instáveis e, ocasionalmente, o status de suporte de peso
pode ser modificado com base em cada padrão de fratura.

• FIXAÇÃO COM PLACAS COMPARADA À


FIXAÇÃO COM HASTE INTRAMEDULAR
A decisão de se utilizar uma placa-parafuso deslizante ou um a haste
intramedular é rnultifatorial e tem corno base o treinamento e a pre-
ferência do cirurgião, custo e características do paciente e da fratura .
Os defensores da fixação com haste intramedular argumentam
que ocorre menor encurtamento com este dispositivo em compara-
ção com a placa-parafuso deslizante (Fig. 55-35). Em um estudo
recente, foi encontrado um mínimo encurtamento (média de 5,9
mm) após a consolidação da fratura em uma série de fraturas con-
sideradas "estáveis" e tratad as com placa-parafuso deslizante; encur-
tamento semelhante (5,3 mm) foi encontrado em fraturas "instáveis
" tratadas com haste intramedular. A fin alidade do estudo não foi
comparar o encurtamento em fraturas estáveis e instáveis tratadas
O@ll;@m Encurtamento significativo (pseudoartrose) após
com dispositivos diferentes, mas mostrar que os cirurgiões expe-
o tratamento de fratura intertrocantérica com placa-parafuso
rientes podem identificar fraturas intertrocantéricas estáveis e que
deslizante.
elas podem ser tratadas com placa-parafu so desli zante com mínimo
encurtamento. Quando se tratam de fraturas do colo femora l, iden -
tificou-se uma correlação entre o comprimento do colo do fêmur A primeira série de pacientes tratados com esta haste, relatado por
(encurtamento) e piora dos resultados funcionais, e a mesma corre- Ruecker et ai., incluiu 100 casos (32 fraturas AO/OTA Al-1, 54
lação pode existir com fraturas intertrocantéricas. Embora maior fraturas A2.l -3 e 14 fraturas de obliquidade reversa), com 48 pacien-
encurtamento ocorra com a utilização de placa-parafuso deslizante, tes disponíveis para acompanhamento em 1 ano. Nenhuma conso-
a quantid ade de encurtamento que é funcionalmente relevante ainda lidação viciosa ou pseudoartrose ocorreu, 73% das fraturas não
não está bem definida. apresentaram encurtamento pós-operatório, 27% tiveram encurta-
Existem algumas evidências na literatura de que os resultados mento inferior a 5 mm, e 58% dos pacientes havia retornado ao se u
funcionais em pacientes com certos tipos de fraturas podem ser estado funcional pré-fratura em l ano de acompanhamento. Embora,
influenciados pela escolha do implante. Utrilla et aL publicaram um nes te estudo, não tenha havi do relato de fratura de fêmur, a fratura
estudo randomizado, em que não houve diferença nos resultados fim- do fêmur distal à ponta da haste tem sido relatada por outros autores,
cionais em pacientes com 65 anos de idade ou mais, com uma fratura principalmente com a utili zação de hastes curtas.
intertrocantérica do fêmur tratada com haste tipo Gama ou com pla- Benefícios teóri cos desse dispositi vo são promissores e ele tem
ca-parafuso deslizante. No entanto, quando os pacientes portadores de sido utilizado para fraturas intertrocantéricas instáve is do fêmur,
fraturas instáveis foram analisados, aqueles tratados com haste intra- apresentando bons res ultados. Atualmente, não existe nenhum
medular tiveram melhor capacidade de deambulação aos 12 meses estudo nível I avaliando a eficácia deste dispositivo.
quando comparados aos tratados com placa-parafuso deslizante. Paja-
rinen et aL compararam resultados da haste cefalomedular com placa
-parafuso deslizante no tratamento das fraturas AO/OTA 31A. Aos 4
FIXACÃO DE FRATURAS FEMORAIS
meses após a ci rurgia, uma porcentagem muito maior de pacientes
INTERTROCANTÉRICAS COM HASTE
(76%) tratados com fixação através da haste intramedular havia retor- INTRAMEDULAR COM PARAFUSOS
nado à sua capacidade de deambulação pré-lesionai quando compara- INTEGRADOS DE BLOQUEIO
dos aos pacientes tratados com placa-parafuso deslizante (54%). A PROXIMAL (INTERTAN)
média do encurtamento do colo femoral tamb ém foi muito menor nos
pacientes tratados com haste intramedular (1,3 mm) quando compa- ·TÉCNICA
rados aos tratados com placa-parafuso deslizante (6,1 mm).
Um dispositivo intramedular mais mod erno (InterTAN) •O posicionamento do paciente, a redução da fratura e o
(Fig. 55-36) utiliza dois parafusos integrados de bloqueio proxima l estabelecimento do portal de entrada são os mesmos
que possibilitam a compressão intraoperatória linear. A geometria previamente descritos para a haste intramedular em fra-
da haste e o bloqueio proximal integrado, pelo menos teorica- turas intertrocantéricas do fêmur (Técnica 55-5).
mente, melhoram a estabilidade rotacional no segmento proximal.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕ ES DO QUADRI L f.iJJll

h[riii;Qm?ll Dispositivo lnterTAN usa dois parafusos de bl oqueio prox ima l integra dos que perm item co mpressão li near no intra-
operató ri o . A, Radi ograf ia pré-ope rató ri a. B, Após f ixação .

• Uma vez localizado o fio-guia sob fluoroscopia, introduza certificar-se de que o fio-guia que passa pelo cabo de
a fresa inicial de 12, 5 mm/broca de fresa de cana l 16-mm inserção seccione a haste e ca beça/colo fe moral.
através do guia de partes moles (guia do portal de •Confirme a profundidade apropriada da haste através do
entrada) Insi ra a fresa do ca nal at é o níve l do trocâ nter ali nhamento na f lu oroscop ia no plano anteroposteri or.
menor (com stop no guia do porta l de entrada) (Fig. •Retire o f io-gu ia de ponta esf érica.
55-37 A). Em gera l, utiliza mos um a lnterTAN longa e, •Faça uma pequena incisão lateral através da pel e e da
nesse momento, removemos a fresa inicia l e o f io-gu ia, f áscia , e coloque a cam isa protetora para perfura ção ade-
deixando a fresa de cana l no lu gar. quada na face lateral do fêm ur (Fi g. 55-37 0 ).
•I ntroduza o fio-guia com ponta esférica (ou o redutor e, em •I nsira os dois parafusos integ rados de bloqueio proxima l.
seguida, o fio-guia) e avance até o nível da cicatriz f isá ria. Use a broca de 4,0 mm pa ra inserir o fio-guia de 3,2 mm
• Meça o comprimento da haste intramedular. e o avance até a porção central da cabeça femora l, a 5
• Se necessário, frese sequencialment e até um diâmetro mm do osso subcond ral (Fig. 55-37 E). Meça o compri -
1, 5 mm maior que a haste a ser usada (Fig. 55-37B). Nós mento do pa rafuso, subtra indo de 5 a 1O mm do com-
normalmente usamos uma haste de 1O mm de diâmetro primento do fio-guia , de acordo com a quantidade de
e fresamos sequencialmente até 11 ,5 mm. comp ressão desejada.
• Monte a haste e a introduza no fêmu r. Tal como acontece •Use a broca de 7,0 mm na posição inferi or ao fio-guia
co m todas as hastes femorais anteróg radas in se ridas pa ra perfura r o loca l da barra ant irrotatória e do subse-
através de um portal trocantérico ou troca ntérico modi- quente pa rafu so de compressão (Fig . 55-37 F). Insi ra a
f icado, co loq ue a haste co m o guia voltado anteri or- barra antirrotató ri a.
mente, com o objetivo de usar a curvatura da haste para • Use a broca de 10,5 mm pa ra perfura r ao redor do f io-
fac ilitar a inserção (Fig. 55-37C) Gire o guia posterior- guia de 3,2 mm (Fig. 55-37G), e insira o parafu so de
mente depois que a haste tiver sido inserida até cerca de comprimento adequado (Fig. 55-37 H).
metade do canal intramedu lar. Mon itore a inserção da •Remova a ba rra antirrotatória e insira o parafu so de com-
haste com fluoroscop ia em perfil para evitar perfuração pressão integrado (Fig. 55-371). Retire a tração antes de
da cortical anterior. comprimi r completamente a fratura.
• Antes de introduzi r a hast e comp letamente, aval ie a ante- •I nsira um ou mais parafusos distais para bloq ueio dinâ-
versão com fluoroscopia em perfil, e gire a haste pa ra mico ou estáti co, conforme desejado. )
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

• ' • t ' t Os pacientes com fratu-


FRATURAS FEMORAIS
ras femorais intertrocantéricas tratados com um dispositivo SUBTROCANTÉRICAS
lnterTAN t êm permissão para suportar o peso conforme
tol erado na maioria das circunstâncias; no entanto, este As fraturas que ocorrem na área definida entre o trocânter menor
dispositivo pode ser utilizado em padrões de fraturas mais e o istmo do canal femoral são consideradas fraturas subtro canté-
instáveis e, ocasionalmente, o suporte de peso precisa ser ricas. Essas fr aturas também foram descritas como aquelas que
modificado com base nesse aspecto. oco rrem dentro dos primeiros 5 cm distais ao trocânter menor.
Inicialmente descrito por Boyd e Griffin como uma va riante das

A
e

«
,rsmm

h@l!;Mm:fl Fixação de fratura intertrocantérica com lnterTAN. A, Inserção de fresa inicial/alargador de cana l ao nível do trocânter
menor. B, Fresagem sequencial através do alargador de canal. C, Inserção de haste começando com guia voltado anteriormente. D,
Inserção da camisa da broca através de pequena incisão. E, Inserção de fio-guia na posição de centro-centro na cabeça femoral. F,
Perfuração para barra antirrotatória e parafuso de compressão subsequente.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL fJZm

· •i}Jfi(.].i G, Perfuração para parafuso de comp ressão com barra antirrotatória posicionada. H, Inse rção do parafuso de
compressão. 1, Inserção de parafuso de compressão integrado . (Modificado de Ruecker AH, Russell TA, Sanders RW, Tornetta P: TRIGEN lnter-
TAN: surgical technique, Memphis, TN, 2006, Smith & Nephew. ) VEJA A TÉCNICA 55-6.

fraturas intertrocantéricas do fêmur co m uma alta incidência de TRATAMENTO


res ultados insatisfatórios, o tratamento dessas fraturas continua a
ser um desafio. O pilar do tratamento para fraturas subtrocantéricas do fêmur é a
haste intramedular. Há evidências de que os implantes intramedu-
lares são superiores aos implantes extramedulares no tratamento da
CLASSIFI CAÇÃO maior parte das fraturas nessa difícil região.
Certamente, há circunstâncias em que as placas-lâmina e as
Muitas classificações foram descritas desde Boyd e Griffin em 1949, placas bloqueadas do fêmur proximal são úteis, e usamos ambos
mas nenhuma delas foi provada a ser sup erior a qualquer outra. dispositivos.
Continuamos a usar a classificação de Russell-Taylor (Fig. 55-38), a
qual considera a integridade do trocânter menor e extensão das • HASTES INTRAMEDULARES
linhas de fratura para fossa piriforme. É fund amental compreender as forças deformantes (Fig. 55-39),
Tipo I: fraturas não se estendem até a fossa piriforme. para evitar os típicos maus alinhamentos e a consolidação viciosa,
IA: trocânter menor intacto. associados a fraturas subtrocantéricas do fêmur. O fragmento pro-
IB: trocânter meno r fraturado ximal é desviado pela tração dos abdutores, rotadores externos e
Tipo II: fraturas se estendem até a fossa piriforme. iliopsoas. O fragmento distal é desviado pela tração dos adutores.
IIA: trocânter menor intacto. Os resultados dessas inserções musculares incluem abdução, rotação
IIB: trocânter menor fraturado. externa e flexão do fragmento proximal e medialização do frag-
A classificação é descritiva e ainda orienta o tratamento, embora em mento distal. Fraturas mais proxima is são in fluenciadas por essas
menor grau que em outras épocas, devido aos avanços nos implantes forças em graus muito maiores que as fraturas mais distais ao tro-
e técnicas de hastes intramedulares. cânter menor. A combinação das forcas do quadríceps e isquiotibiais
Com base em se u comportamento, as fraturas de obliquidade resulta em encurtamento da ext remidade. A integridade do trocân-
reversa geralmente são consideradas fraturas do tipo IB de Russell- ter menor também afeta as forças deformantes: as fraturas que
Taylor. envolve m o trocânter menor podem não ser afetadas pela força do
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

A B

llA ll B

e D

O(ciii;tiH;!II> Classificação das fraturas subtrocantéricas do


fêmu r segundo Russe l-Taylor.
O[ijli;ffll:ilD Forças deformantes que agem em fratura s sub-
trocantéricas do fêmur.

iliopsoas e, portanto, são menos desviadas nos se ntidos da flexão e (Fig. 55-4 1B), que acred itamos resultar em menores taxas de fresa-
rotação extern a. ge m excêntrica e mau alinhamento. Um estudo retrospectivo de
A escolha do posicionamento do paciente na hora da fixação nossa instituição revelou menores taxas de mau alinh am ento após
pode também ser influenciada pelas características da fratura. A haste o conceito de "controle de traj etóri a" ter sido implementado e uma
intramedular para fraturas subtrocantéricas do fêmur pode ser reali- fresa de ca nal ter sido usada rotineiramente no tratamento de fra-
zada com o paciente em decúbito dorsal ou lateral. Nós preferimos a turas subtrocantéricas do fêmur.
posição supina com um portal trocantérico medial modificado para
a maioria das fraturas femorais subtrocantéricas, e reservamos a HASTES INTRAMEDULARES NO
posição em decúbito lateral para pacientes obesos e para algumas
fraturas com padrões mais complexos. Em geral, utilizamos uma mesa
MODO DE RECONSTRUÇÃO
de fratura, mas urna mesa comum também pode ser efetiva se um TÉCNICA
número ad equado de ass istentes estiver disponível. Em geral, utiliza-
mos um sistema de haste que permite bloqueio proximal padrão, bem • Posicione o paciente em decúbito dorsal (ou lateral) em
corno o bloqueio no modo de reconstrução (dois parafusos cefalome- uma mesa de fratura, com a extremidade lesada em tração
dulares). As fraturas IB, IIA e IIB de Russel -Taylor são proxirnalmente (através de um pino transesquelético ou bota de tração),
bloqueadas no modo de reconstrução (Fig. 55-40). Fraturas IA de com o quadril flexionado entre 30 e 40 graus (Fig. 55-42A) .
Russell -Taylor podem ser bloqueadas no modo padrão ou de recons- •Use fluoroscopias anteroposterior e em perfil para ca lcu-
trução; no entanto, nas fraturas IA mais perto do trocãnter menor, lar a quantidade de rotação do fragmento proximal. Este
tend emos a bloquear proximalmente a haste no modo de reconstru- cá lculo baseia-se em uma imagem em perfil verdadeiro
ção. Com base em dados biomecãnicos, sugere-se que todas as fratu- do colo femoral em que a inclinação da ampola do flu-
ras subtrocantéricas do fêmur devem se r bloqueadas no modo de roscópio fica a 15 graus com o eixo do solo (média de
reconstrução. Pacientes com estoque ósseo inadequado da cabeça anteversão). Um método alternativo e que apresenta
femoral podem ser tratados com um dispositivo tipo haste Gama maior precisão é a determinação da anteversão do lado
(haste Gama, parafuso intramed ular de quadril) ou InterTAN. contralateral, pela obtenção de uma imagem em perfil
Defendemos, também, o "controle de traj etó ria" (F ig. 55-41) verdadeiro do quadril e joelho do lado não lesionado. Este
no tratamento dessas fraturas. Tal controle envo lve a criação precisa valor mais preciso de anteversão é, então, subtraído do
do portal de entrada da haste sob orientação fluoroscópica (Fig. grau de inclinação da am pola em relação à horizontal na
55-41A), obtenção de suporte cortical anterior e lateral , e fre sagem incidência em perfil verdadeiro do lado lesionado. )
através do canal (Fresa de Canal, Smith & Nephew, Memphis, TN)
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL fDm

O!§il;@m:JII Fratura femoral subtrocantérica tratada com haste anterógrada proximal b loqueada no modo de reconstrução. A,
Radiografia pré-operatória. B e C, Depois da fixação com haste intramedular.
E9 PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

anteriormente na vista lateral para permitir a colocação


dos dois parafusos cefalomedu lares.
•Corrija as deformidades típicas do fragmento proximal e
mantenha-os reduzidos antes da fresagem. Corrija qua l-
quer abdução e flexão residual com uma combinação de
forças aplicadas no punçor e no elevador, que pode ser um
Cobb (Fig. 55-43). Alternativamente, coloque uma pinça
óssea tipo clamp através da mesma incisão que vai ser
utilizada para a inserção dos parafusos cefalomedu lares.
Se a instabilidade persistir após a retirada do c/amp, um
fio de cerclagem pode ser utilizado para estabiliza r as
deformidades corrigidas (Fig. 55-44) .
•Use a combinação fresa inicia l proxima l/fresa de canal
(Fig. 55-42D) para alarga r o fêmur proxima l (Fig. 55-42E),
A evitando a fresagem excêntrica.
•Use o instrumento de redução (Fig. 55-42F) para ajudar
a redução da fratura (Fig. 44-42G).
• Ins ira o fio-gu ia com ponta esférica através da fratu ra
(Fig . 55-42H).
•Meça o comp ri mento da haste intramedu lar (Fig. 55-42 1).
•Alargue o cana l da diáfise do fêmur sequencialmente
através da fresa de cana l (Fig. 55-42J).
• Insira a haste intramedular de tamanho apropriado e a blo-
queie proximalmente no modo de reconstrução (Fig. 55-42K).
• Perfure o local em que será inserido o parafuso ma is
dista l, logo acima do ca lcar. Deixe a broca no lugar
durante a perfuração do local do segundo parafuso. Da
mesma maneira, não retire a segunda broca. Insira pri -
meiramente o parafuso dista l e depois o parafuso mais
proximal, posicionando os dois parafusos no centro da
cabeça femora l na visão latera l.
•B loqueie a haste dista lmente util izando técn ica de mão
livre (Técnica 54-31)
•Verifique a rotação para avaliar a presença de qua lquer
mau al inhamento em rotação interna ou externa. Mobi-
lize o quadril até 90 graus de flexão e compa re esta
amplitude de movimento com o lado contra lateral . Uma
diferença sign ificativa entre os dois lados pode ser corri-
O@i!;fdmJI "Controle de Trajetór ia" (ver texto). Estabe leci- gida através da remoção dos parafusos de bloqueio distal,
mento de porta l de entrada preciso (A) e proteção do porta l corrig indo a rotação, e depois reb loqueando a haste.
através da fr esagem do cana l (B) . (Modifi cado de Ruecker AH, Russell
TA, Sanders RW, Tornetta P: TRIGEN lnterTAN: surgica! technique, Veja também, em inglês, o Vídeo 55- 1.
M emphis, TN, 2006, Smith & Nephew.)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes com fra-
turas subtrocantéri cas do fêmur tratados com dispositivo
) •Rode externamente o fragmento distal através do pino intramedula r costumam ser autorizados a rea lizar susten-
transesquelético ou bota de tração, para alinhar à rotação tação de peso tipo touch-down durante as primeiras 6
do fragmento proximal. Esta angu lação geralmente fica semanas, progredindo de acordo com a evolução do calo,
entre 5 e 15 graus. mostrado em radiografias de acompanhamento.
•Depois de real izar a incisão (Fig. 55-428), posicione um
fio -guia no fêmur proximal para confecção do porta l
trocantérico medial modificado (ou fossa piriforme) e
insira o f io-guia (Fig. 55-42C) Se a localização do f io-
guia for difícil por conta da abdu ção, flexão e rotação Um erro comum ao fixar fraturas femorais subtrocantéricas
externa do fragmento proximal, ampl ie a incisão lateral com hastes é a confecção de um portal de entrada mais lateral, o que
proposta para a co locação dos parafusos de reconstru- levará ao desvio em varo (Fig. 55-45). Os defensores das hastes com
ção e uti lize uma pinça óssea para corrigir a deformi- entrada na possa piriforme argumentam que esse tipo de haste pro-
dade do segmento proximal e simplificar a colocação do porciona menor probabilidade de o portal de entrada ser posicio-
fio -guia nado latera lmente, e teoricamente menor probabilidade de mau
•Se uma haste com entrada na fossa piriforme for usada, alinhamento em varo. Não há evidências que comprovem que as
o fio-guia deve ser posicionado aproximadamente 5 mm hastes com entrada na fossa piriforme tenham menor taxa de ali-
nhamento em varo do que hastes com entrada trocantérica medial.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕ ES DO QUADRIL EJ4PM
Se um portal imperfeito for reali zado, ele pode ser corrigido por • FIXAÇÃO COM PLACA
meio da colocação de uma pequena placa dentro do espaço lateral Embora muitas fraturas tipos IIA e IIB de Russel-Taylor possam ser
alargado e realizando a nova fresagem, de um portal mais medial tratadas com haste intramedular, o procedimento pode ser tecnica-
(Fig. 55-46), ou através do portal original posicionando-se um para- mente muito mais difícil. Algumas fraturas femorais subtrocantéri-
fu so no se ntido anteroposterior, para corrigir a entrada para uma cas co m extensão proximal que comprometem a integridade do
trajetória mais medial (Fig. 55-47). portal de entrada são mais adequadamente tratadas com uma placa

j)

A B

Conector de entrada
1

-----= Alargador de entrada


Alargador de canal
de 12,5 mm
e D

E F

G H

O!ijii;Hm!I Fixação de fratura subtrocantérica com haste intramedular bloqueada anterógrada no modo de reconstrução. A,
Paciente colocado em decúbito dorsal (ou lateral) na mesa de fratura. B, Pequena incisão começando aproximadamente 3 cm proximal
ao trocânter maior e ampliada proximalmente. C, Cria ção de portal de entrada preciso (portal medial trocantérico ou na fossa piriforme,
dependendo da haste selecionada) . D, Introdução da combinação fresa inicial proximal/fresa de canal e (E) alargamento proximal. F,
Ferramenta de redução utilizada para reduzir a fratura (G). H, Inserção do guia da haste com ponta esférica através da fratura.
lllEm> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

li!dl!zjUjfj+!.i I, Medição do tamanho da haste. J, Fresagem da diáfise femoral sequenc ialmente através da fresa de cana l.
K, Inserção de haste intramedular com bloqueio proximal no modo de reconstru ção. VEJA A TÉCNICA 55-7.

bloqueada de fêm ur proximal (Fig. 55-48). Algu ns estud os clínicos septo intermuscu lar. Solte a origem do vasto lateral, que
em fases iniciais questionaram a efetividade da placa bloqu eada de se situa na linha áspera no trocâ nter mai or.
fêmur proximal de um fabricante específi co, devido a frequentes •Com base na imagem pré-operatória, esco lh a entre a
fa lhas precoces; no entanto, dados biomecânicos recentes compa- técnica de placa em ponte ou redução direta com fixação
rando placas bloq ueadas com placas lâm ina são promissores. A fixação interfragmentária e placa de neutralização. Em gera l,
com placa bloqueada de fêm ur proximal pode ser tecnicamente mais usamos uma técnica de placa em ponte e contamos com
fáci l que a fixação com placa-lâmina. Esses implantes podem ser
moldes pré-operatórios do lado contra latera l para ava liar
inseridos com técnica percutânea ou técnica aberta, com base nas o comprimento .
características da fratura. Uma placa- lâmina pode ser inserida por •Uma vez alcançado o alinhamento apropriado, intro-
meio de técnicas diretas ou indiretas de red ução; no en tanto, a forma
duza a placa através da incisão proximal em uma altura
percutânea não é uma opção. A placa-lâmina pode ser muito útil
que permita a inserção de um fio-guia imediatamente
em situações de revisão (Fig. 55-49).
proximal ao ca lcar (Fi g. 55-51 A). Em gera l, utilizamos
uma placa longa que permite a fixação com quatro ou
FIXAÇÃO DE F,RATURAS FEMORAIS cin co parafusos bem espa ça dos (mo ntage m de baixa
SUBTROCANTERICAS COM PLACA densidade).
BLOQUEADA DE FÊMUR PROXIMAL •Fixe a placa proxima l e dista lmente com fios provisórios
(Fig . 55-51 B). Um parafuso cortica l pode ser colocado
TÉCNICA para aproximar a placa ao osso, se necessário.
• Insira o parafuso de bloqueio imediatamente acima do calcar
•Posicione o paciente em decúbito dorsal sob re uma mesa (Fig. 55-5 1C) e, em seguida, insira um parafuso cortical distal
de fratura, conforme descrito na Técnica 55-7. à fratura, na diáfise, a fim de aproximar a diáfise à placa, com
• Caso o trocânter menor no lado afetado esteja intacto, especial atenção para o alinhamento da fratura.
obtenha uma visão anteroposterior flu oroscóp ica do •Insi ra um parafuso cortica l no orifício mais distal na placa.
quadri l co ntra lateral com a patela em rotação neutra (esta Evite colocar um parafuso de bloqueio bicortica l no orifí-
posição pode ser confirmada através de uma incidência cio mais distal da placa, devido à possível criação de uma
em ant eroposterior verd adeira do joelho). Sa lve essa área com aumento significativo de estresse. Alternati va -
imagem no fluoroscópio para usar o contorno do trocân- mente, insira um parafuso de bloqueio unicortical na
ter menor como referência (Fig. 55-50). parte mais dista l da placa.
• Obtenha uma imagem em perfil verdadeiro do quadril •Fixe a porção proximal da placa com o maior número de
afetado e calcule a quantidade de rotação externa do parafusos possível, com base na anatomia do paciente.
fragmento proximal, conforme descrito na Técnica 55-7. Se, inicialmente, um parafuso cortica l proxima l tiver sido
•Faça uma abordagem lateral para o fêmur proximal inserido, troque-o por um parafuso de bloqueio.
(Técn ica 1-56). •N este momento, aval ie a rotação. Caso o trocânter menor
•Divida a fáscia lata em linha com a incisão na pele. Divida est eja intacto, alinhe o pé com a patela direcionada ante-
a fáscia do músculo vasto latera l, e eleve o músculo do riorm ente . Compare o contorno do trocânter menor ao )
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL fJDllll

O(rill;f.Sm!I Uso de elevador e punçor para correção da deform idade residual do segmento proximal. A, Deformidade pré-opera -
tória. B, Imagem fluoroscópica intraoperatória em perfil sem ajuda de redução . Fluoroscopia anteroposterior intraoperatória (C) e em
perfil (D) mostrando elevador e punçor utilizados para corrigir deformidades no plano sagital e coronal. E, Após redução. (Cortesia de
Richard Kyle, MD, Minneapolis, MN .) VEJA A TÉCNICA 55-7.
llllJiD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

lij(§ihfüLi19 Uso de fio de cerclagem para manter a correção da deformidade do segmento proximal. Radiografia s pré-operatórias
(A) e pós-operatórias (B). (Cortesia de Wil liam Albers, MO, Memphis, TN.) VEJA A TÉCNICA 55-7.

iâ!§l!;ME1I!9 Pa ra corrigir o portal mal-posicionado, uma


pequena placa pode ser adaptada no espaço lateral alargado e
um portal mais medial pode ser estabelecido. (Redesenhado de
O@i@)m:LI Mau alinhamento em varo com falha do implante, Gardner MJ, Henley HB: Harborview illustrated tips and tricks in fracture
devido ao posicionamento mais lateral do ponto de entrada. surgery, Philadelphia, 201 O, Lippincott Williams and W ilkins.)
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRI L flDlll
disponib ilidade de radiografias computadorizadas, utiliza-
mos radiografias impressas para criar um modelo exato.
•Posicione o paciente em decúbito dorsal sobre uma mesa
de fratura, conforme descrito na Técnica em 55-7. Realize
uma incisão lateral, semelhante à usada para a inserção de
placa bloqueada de fêmur proximal (Técn ica 55-8). No
entanto, neste caso, a incisão deve ser significativamente
mais distal, que ultrapasse o comprimento previsto da placa.
•Posicione um fio Kirschner no aspecto lateral do fêmur
proximal em um ângulo de 95 graus em relação à diáfise
e com base na programação pré-operatória. Avalie a
posição do f io de Kirschner e anteversão do quadril em
ambos os planos na incidência fluoroscópica em perfil.
Alguns sistemas têm guias disponíveis que simplificam a
preparação para assentament o do cinzel.
•Use uma broca de 3,2 mm para preparar um ponto de
entrada pa ra o cin zel im ediatamente dista l ao fio de
Kirschner no córtex lateral .
• Avance o cinzel no aspecto latera l do fêmur em direção ao
colo usando o fio de Kirschner como guia . Certifique-se
que o cinzel está orientado com base no alinhamento do
fragmento proximal, e não em relação ao fragmento distal.
•A cada 1O a 15 mm, retire o cinzel alguns milímetros para
evitar encarceramento. Avance o cinzel para a posição ade-
quada determinada a partir de programação pré-operatória.
•Introduza a placa-lâmina.
•Após a adaptação da placa, utilize-a para reduzi r a
li@i!;tjmia Ma u alinhamento devido ao mau posicionamento fratura. Pinças de redução, como fórceps ósseo, podem
do porta l pode ser corrigido por ad ição de parafuso de bloqu eio no ser usadas para aproximar provisoriamente a placa ao
sentido anterior para posterior. osso enquanto os parafusos são inseridos. Insira um pri-
meiro parafuso excêntrico. Se a compressão proporcio-
outro lado, usando a imagem fluoroscópica obtida no início nada por este parafuso for insuficiente, um distratar/
> do procedimento. A ava liação cuidadosa da rotação é comp ressor pode ser utilizado.
importante porque, no momento da redução da fratura e • Ava li e a rotação conform e descrito na técn ica de fi xação
inserção da placa, o fragmento proximal (ti picamente com placa bloqueada de fêmur proximal (Técn ica 55-8) .
rodado externamente) pode ter sido rodado internamente. Qualquer deformidade em rotação pode ser corrigida
•I nsi ra dois ou três parafusos ad icionais na diáfise para removen do-se o parafuso dista l, corrigindo-se o alinha-
completar fixação (Fig. 55-51 D). A decisão de se usar mento e reinserindo-se os parafusos.
parafusos de bloqueio ou convencionais na diáfise é
influenciada pela qualidade óssea do paciente. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é rea-
•Depois de todos os parafusos inseridos, fec he a incisão lizado da mesma maneira preconizada para as placas de
de maneira padrão. bloqueio de fêmur proxima l (Técnica 55-9).
• Ava lie clin icamente o compriment o e rotação antes que
o paciente seja despertado da anestesia.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Suporte de peso touch-


down é permitido durante as primeiras 6 semanas e a LUXAÇÕES DO QUADRIL E
progressão da carga é realizada com base na evidência
da cicatri zação nas radiografias de acompanhamento.
FRATURAS DA CABEÇA FEMORAL
Luxações do quadri l e frat uras da cabeça femoral normalmente são
relacionadas com um trauma de alta energia. O mecanismo mais
FIXAÇÃO DE F,RATURAS FEMORAIS comum de lesão é o acidente automobilístico. Lesões associadas do
joelho ipsilateral são com uns na vigência de luxação coxofemoral
SUBTROCANTERICAS COM isolada ou associada à frat ura da cabeça. Um estudo observou inci-
PLACA-LÂMINA dência de 89% de lesões associadas no joelho ipsilateral na avaliação
da ressonân cia magnética. Um alto índice de suspeita é necessário
TÉCNICA para não se negligenciar lesões no joelho ou em outras áreas do
....
corpo. Lesões sistêmicas assoc iadas foram documentadas em 40% a
•O planejamento pré-operatório para a fi xação com uma 75% dos pacientes. Lesões do nervo ciático também são comuns
placa-lãmina é extremamente importante. Mesmo com a com luxações posteri ores do quadr il e foram documentadas em 10%
a 15% dos pac ientes.
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

l;Cijil;@ m:Ill Fi xação de placa bloqueada de fêmur prox ima l em fratura femoral su btrocantér ica com extensão proxima l. A, Radio-
grafia pré-operatória . B, TC axial no pré-operatório mostra extensão proximal envo lven do a fossa piriforme. C e D, Após fi xação com
placa bl oqueada.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LU XAÇÕES DO QUADRIL

O@ll;f4E:ID Fixação de pseudoartrose subtrocantérica com placa-lâmina. A, radiografia pré-operatória. B e e, Depois da fi xação.
(Cortesia de David Templeman, MD, Minneapolis, MN .)

A B e D

O!§m!ijlm!I Rota ção pode ser ava liada pela comparação do contorno do trocânter menor afetado com o do quadril contra lateral.
(Redesenhado de Krettek C: Fractures of the distal femu r. ln Browner BD, Jupiter JB, Levine AM, et ai, editors: Skeletal trauma, ed 4. Ph iladelphia,
2009, Elsevier.) VEJA A TÉCNICA 55-7.

A apresentação clínica do membro lesionado pode fornecer Um tipo raro de fratura-luxação do quadril inclui uma luxação
importantes informações sobre o tipo e a direção da luxação do coxofemoral pura associada à fratura da cabeça do fêmur. Este padrão
quadril. A maioria das luxações do qu ad ril é posterior, situação em de lesão ocor re unicamente quando o qu adril e o joelho estão ligeira-
que a extremidade lesionada apresenta-se com encurtamento, rotação mente fletidos e o quadril em rotação neutra (Fig. 55-52). Mehta e
interna e adução. Luxações anteriores são muito mais raras (< 10%) e Routt descreve ram este padrão de lesão e advertiram sobre as conse-
se ap resentam com o membro encurtado e rodado externamente. quências da tentativa de redu ção fechada.
@fl1iJ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTO S

A B D

O@ii;tginEJ Fi xação de fratura subtrocantérica com placa de bloqueada de fêmur proxi mal (ver te xto). A, A placa é introduzida
através da incisão proxima l e avançada distalmente até o nível que permite a co locação do fio-guia imed iatamente proximal ao calcar
e no centro da cabeça femoral na visão em perfi l. B, Pla ca é fi xada proximal e distalmente, uma vez que a posi ção ideal tenha sido
atingida . C, Parafuso de bloqueio é co locado imed iatamente proxima l ao calcar. D, Construção fina l após inserção dos pa rafusos pro-
xima is e distais. (Modificado de Peri-Loc /ocked plating system: surgical technique, Memphis, TN, 2011, Smith & Nephew.) SEE TECHNIQUE 55-8.

A avaliação de um paciente com suspeita de luxação do quadril cabeça femoral que resultam em uma redução incongruente são
não deve ser demorada, iniciando-se com um a radiografia pélvica indicação para tratamento cirúrgico. Pacientes com incongru ência
na incidência anteroposterior antes de qualquer tentativa de redução. articular devido à presença de fragmentos intra-articulares (Fig.
O tamanho da cabeça femoral e a projeção do trocânter menor em 55-54) após redução fec hada são submetidos à tração esquelética
comparação com o lado contralateral fornecem informações impor- femoral distal. O tamanho e a localização dos fragmentos intra-ar-
tantes sobre a direção da luxação. ticulares são avaliados com tomografia computadorizada (Fig.
Em caso de uma luxação posterior, a cabeça femora l geral- 55-55). Os pacientes são então tratados em caráter de emergência
mente aparenta ser menor, e o trocânter menor pode não ser visto ou urgência, dependendo do tamanho do fragmento e a condição
por conta da rotação interna da extre midade (Fig. 55-53). Já em do paciente.
uma luxação anterior, a cabeça femora l costuma aparentar ser
maior, e o trocânter menor pode ser visto na sua totalidade por
causa da rotação externa da ext remidade. A perda de concentrici- MANOBRAS DE REDUÇÃO DA LUXAÇÃO
dade da cabeça do fêmur com o acetábulo é também considerada POSTERIOR DO QUADRIL
uma luxação.
A luxação pura do quadril deve ser reduzida o mais rapida- Muitas manobras de redução incruenta têm sido descritas, incluindo
mente possível para minimi zar o risco de osteonecrose. Houve a manobra de elevação East Baltimore e manobras de Allis, Bigelow
alguma discussão recentemente sobre o local (departamento de e Stimson . A elevação de East Baltimore (F ig. 55-56) é conve-
emergência ou sala de cirurgia) onde as reduções devem ser reali- niente para o cirurgião, e nós a consideramos extremamente
zadas; esta decisão deve basear-se nos recursos individuais dos hos- efetiva. O cirurgião que rea li za a manobra de redução fica no lado
pitais. O risco de osteonecrose claramente aumenta com o aumento da extremidade afetada do paciente. O quad ril e o joelho do paciente
do tempo até a redução da luxação. A osteonecrose pode ocorrer em são flexionados a 90 graus. O braço mais cefálico do cirurgião é posi-
1 a 22% das luxações posteriores do quadril. É necessário evitar cionado por baixo da região proximal da panturrilha do paciente e
várias tentativas de redução incruenta, a fim de se minimizar o risco apoiado no ombro de um assistente. O assistente retribui colocando
de lesão iatrogênica da cabeça femoral. Radiografias simples e tomo- a sua mão no ombro do cirurgião para dar estabilidade. O braço m ais
grafia comp utadorizada da pelve devem ser obtidas após a redução caudal do ciru rgião é usado para controlar a rotação da extremidade
incruenta. Fragmentos intra-articulares da parede posterior ou da através da posição do tornozelo. Um segund o assistente estabiliza a
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL flm

O@ll;§inE» Luxação pura do quadri l com fratura da cabeça femoral concomitante . A e B, Característica da posição assumida pe la
extremidade. C, Radiografia no pré-operatório. Imagens da TC pré-operatória axial (D e E) e coronal (F). G, Radiografia anteroposterior
pélvica mostra conso lidação.
- PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

pelve. Em seguida, o c1rurgiao e o primeiro assistente ficam em


posição (estendendo-se sobre os quadris e joelhos), res ultando em
uma força anteriormente direcionada para reduzir a luxação.
A manobra de Allis (Fig. 55-57) pode ser reali zada com um
assistente a menos que a de East Baltimore. O paciente é posicionado
em dec úbito dorsal, um assistente estabiliza a pelve, e o cirurgião
aplica tração na direção oposta à deformidade. Enquanto a tração
está sendo aplicada, o quadril é flexionado a 90 graus e a extremidade
é rodada interna e externamente con fo rme necessário para se obter
a redução.
A manobra de Bigelow (Fig. 55-58) requer o mesmo número
de pessoas que a manobra de Allis. O paciente é posicionado em
dec úbito dorsal, e um assistente estabiliza a pelve. O cirurgião posi-
ciona o braço por baixo da região proximal da panturrilha do
paciente e segura o tornozelo com seu outro braço. O cirurgião
aplica tração na direção oposta da deformidade e, em seguid a, fle-
xiona o quadril a 90 graus. A tração é mantida a 90 graus de flexão,
mantendo a extremidade aduzida e em rotação interna. A cabeça
femoral é então alavancada para dentro do acetábulo com uma
combinação de abdução, rotação externa e extensão do quadril.
h!§lhrjm l Luxação posterior do quadril.

mmim• mi Art icula ção incongruente após redução incru enta devido a fragmentos intra-articu lares. A, Radiog rafia pré-redução.
B, Radiografia após a redução. Imagens de TC Ax ial (C) e corona l (D) após a redu çã o.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL EA1i*

H[Ciii;füE:m Incongruência sutil em uma radiografia simples (A) pode ser melhor avaliada em tomografia computadorizada (B).

h[Ciii;Hnl?!I Elevação de East Baltimore para a redução da


lu xação posterior do quadril.

A manobra de Stimson (Fig. 55-59) não é muito prática porque


o paciente deve ser posicionado em decúbito ventral com a extre-
midade afetada para fora da mesa.
Caso a redução não seja obtida por métodos incruentos com
sedação adequada, uma análise imediata de TC é realizada para se
determinar a presença de qualquer bloqueio de redução. Uma ten -
tativa adicion al de redução incruenta pode ser feita na sala de cirur-
gia com o paciente sob anestesia geral, procedendo com redução
aberta, se necessário.

MANOBRA DE REDUÇÃO PARA LUXAÇÃO


ANTERIOR DO QUADRIL
Em geral, luxações anteriores do quadril podem ser reduzidas com ·•ma Manobra de redução de Al lis para lu xação pos-
tração longitudinal, translação lateral da coxa, e rotação interna para terior do quadri l.
@ijd1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O(riihf4mli) Manobra de Stimson para redução de luxação


do quadril.

•Remova qualquer bloqueio para redução coxofemoral,


incluindo fragmentos osteocondrais ou labrum.
•Oriente a cabeça do fêmur na direção do acetábulo,
enquanto protege o nervo ciático.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a redução da luxação


pura do quadril, o suporte de peso é permitido com muletas
conforme tolerado, com a progressão de acordo com a dor.
Pacientes com luxações posteriores do quadril são orienta-
dos quanto às precauções que devem ter e segui-las por
um período mínimo de 6 semanas. Os pacientes são acom-
O!§il;funE.ll Manobra de redução de Bigelow para luxação
panhados de perto nos primeiros 2 anos, porque, caso a
posterior do quadril.
osteonecrose se desenvolva, isso provavel mente vai se
apresentar neste período de tempo.

completar a redução. Se a redução in cruenta falhar, a abordagem de


Smith-Petersen, é utilizada para redução cruenta.

A associação das luxações posteriores do quadril à fratura da


REDUÇÃO ABERTA DA LUXAÇÃO, parede posterior acetabular é comum; o tratamento é descrito no
Capítulo 56. Fraturas da cabeça do fêmur estão associadas a 5% a
POSTERIOR DO QUADRIL ATRAVES 15% das luxações do qu adril. O sistem a de classificação de fraturas
DE UMA ABORDAGEM POSTERIOR da cabeça do fêmur mais frequentemente usado é a classificação de
Pipkin (Fig. 55-60):
TÉCNICA Tipo I: fratura da cabeça femora l caudal à fóvea
....... Tipo II: fratura da cabeça femoral cranial à fóvea
•Coloque o paciente em decúbito lateral, com o quadril Tipo III: fratura da cabeça femoral (caudal ou cranial à fóvea, Pipkin
estendido e o joelho flexionado para al iviar a tensão no I ou II) associada à fratura do colo femoral
nervo ciático. Considere o uso de tração, se houver um Tipo IV: fratura da cabeça do fêmur (Pipkin I, II ou III) associada à
fragmento intra-articular. fratura acetabular
•Faça uma abordagem Kocher-Langenbeck para o quadril Assim como nas luxações puras do quadril, a redução da
(Técnica 1-67). luxação associada a uma fratura da cabeça femoral (Pipkin tipos I e II)
• Identifique o nervo ciático, o que pode ser difícil por causa deve ser realizada im ediatamente. Após a redução, a TC deve ser
da anatomia que se encontra alterad a. Tente localizar o utilizada para avaliar o tamanho, a localização e a redu ção do frag-
nervo no aspecto posterior do músculo quadrado femoral. mento da cabeça. A maioria dos autores defende que g randes frag-
•Para evitar o dano potencia l ao suprimento de sangue para mentos da cabeça femoral do tipo I de Pipkin, especialmente os que
a cabeça do fêmur, não libere o quadrado femoral da coxa; apresentam d esvio, deve m ser rigidamente fixados. Com fragmentos
libere os tendões piriforme e obturador a pelo menos maio res d a cabeça femoral, a probab ilidade de instabilidade aumenta.
1 5 mm de suas respectivas inserções, e realize toda a Há mais co ntrovérsia sobre pequenos fragmentos da cabeça. Alguns
extensão necessária da capsulotomia na borda acetabular. autores recomendam a exc isão aguda, enquanto outros acreditam
que a fratura possa ser tratada conservadoramen te.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LUXAÇÕES DO QUADRIL EJMM
também não foi relatada como com plicação em uma série na qual
esta abordagem foi utilizada para tratamento da fratura da cabeça
femoral, debridamento artic ular ou fratura acetabular. A técnica
para luxação cirúrgica do quadril (Ganz) é descrita no Capítulo 6
(Técnica 6-1). A luxação cirúrgica possibilita uma excelente visua-
lização para redução aberta e fixação interna dos fragmentos
grandes da cabeça femora l ou debridamento e excisão de pequenos
fragmentos .
Luxações do quadril com fratura da cabeça femora l associadas
são conduzidas com sustentação de peso touch-down durante 12
B semanas. Uma exceção a essa conduta é o paciente que foi submetido
à excisão da cabeça femoral, que tem permissão para sup ortar o
peso, em muletas, conforme a tolerância. Os pacientes também são
orientados sobre as precauções gerais quanto à reabilitação do
quadril, e são orientados a segui-las pelo período mínimo de 6
semanas após a cirurgia.
A redução incruenta da luxação posterior do quadril pode ser
complicada pela presença de uma fratura do colo ou da diáfise
femoral ipsilateral. Uma incidência radiográfica anteroposterior da
pelve deve ser obtida e revisada antes de qualquer tentativa de
redução, porque as manobras de redução, em vigência de uma
fratura do colo associada, podem resultar em maior desvio do colo
e D femoral e maior lesão da vascularização que nutre a cabeça femoral.
Pacientes mais idosos com boas condições clínicas devem ser trata-
Classificação de Pipkin de luxação posterior do dos com artroplastia. Os pacientes mais jovens devem ser tratados
quadril com fratura da cabeça femoral. A, Tipo 1-fratura da cabeça com redução cruenta da fratura do colo femoral (se houver desvio)
femoral caudal à fóvea capitis. B, Tipo li - fratura da cabeça do e, em seguida, com a redução da luxação do quadril. Nós não ten-
fêmur cefálica a fóvea cap itis. C, Tipo Ili - fratura tipo 1ou li asso- tamos redução incruenta do quadril luxado com fratura do colo do
ciada à fratura do co lo do fêmur. D, Tipo IV - fratura do tipo 1, li fêmur associado, a menos que a fratura do colo não apresente desvio
ou li com acetabular associada . e possa ser estabilizada provisoriamente com fios-guia. Luxação do
quadril associado à fratura da diáfise do fêm ur é tratada de forma
distinta, e uma tentativa de redução fechada deve ser realizada. Se
houver dificuldade, o paciente é encaminh ado à sala de cirurgia e
um pino de Schanz pode ser inserido no aspecto proximal da diáfise
A avaliação da redução com TC é essencial. Qualquer fratura femoral para auxiliar a redução.
do tipo II de Pipkin que não esteja anatomicamente reduzida deve
ser tratada cirurgicamente. A redução e fixação podem ser realizadas
através de uma abordagem anterior (Smith-Petersen) ou posterior FRATURAS DO COLO E DIÁFISE
(Kocher-Langenbeck), ou uma abordagem posterior com luxação FEMORAL IPSILATERAL
cirúrgica controlada. A nossa preferência é a abordagem de Smith
-Petersen para fraturas da cabeça femoral do tipo I e II de Pipkin. As fraturas do colo femora l ipsilateral à diáfise ocorrem em 1% a 9%
As fraturas geralmente são fixadas com parafusos corticais sep ulta- vezes. O momento do diagnóstico da fratura do colo tem um impor-
dos, de 2,7 mm ou 3,5 mm, ou parafusos de compressão sem cabeça. tante impacto sobre os resultados, sendo que diagnósticos tardios
Fraturas do tipo III de Pip kin são raras, e os dados disponíveis podem ter complicações desastrosas. As radiografias devem ser cui-
para orientação do tratamento dessas lesões são escassos. Em dadosamente analisadas para se evitar que uma fratura do colo
pacientes jovens, geralmente procedemos com redução aberta e femoral associada passe despercebida. A avaliação das fraturas do
fixação interna. Pacientes com idade mais avançada são tratados fêmur inclui incidências anteroposterior e perfil do fêmur, assim
com artroplastia. como um a incidência anteroposterior da pelve e coxofemoral em
Fraturas do tipo IV de Pipkin consistem em uma fratura da perfil do lado acometido. Devido à dificuldade encontrada para se
cabeça femora l assoc iada à fratura acetabular, geralmente da parede realizar uma imagem em perfil do quadril com boa qualidade em
posterior. pacientes com fratura da diáfise femoral, uma TC de pelve é obtida
Esta combinação pode ser mais bem tratada com lu xação em todo paciente vítima de fratura da diáfise secundária a trauma
cirú rgica (Fig. 55 -61). O tratamento costuma ser ditado pela direto. A tomografia deve incluir imagens com reconstrução dos
fratura acetabular. Um recente estudo multicêntrico avaliando as planos coronal e sagital, além de imagens axiais padrão.
complicações associadas à luxação cirúrgica do quadril concluiu Se a fratura do colo do fêmur for diagnosticada ainda no
que o proced imento é seguro, com baixa incidência de complica- período pré-operatório, o seu tratamento é a prioridade, seguido por
ções. De 334 quadris tratados com luxação cir úrgica do quadril tratamento da diáfise femoral. Caso haja desvio do colo, a redução
devido a diversos processos patológicos do quadril, nenhum desen- aberta é reali zada através de uma abordagem de Smith-Petersen ou
volveu osteonecrose. A taxa de pseudoartrose trocantérica foi de Watson-Jo nes, e a estabilização é obtid a com parafusos canulados
1,8%. Embora o número de quadris nesta série seja grande, apenas ou com placa-parafuso desli zante (Fig. 55-62). Se o colo do fêm ur
um paciente foi submetido à luxação cirú rgica controlada para tra- não estiver desviado, poderá também ser estabilizado destas duas
tamento de condições relacionadas com trauma. Osteonecrose maneiras. Corno previamente mencionado na seção sobre fraturas
WBf» PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

mmiu· a i Luxação cirúrgica do quadril para tratamento de fraturas Pipkin tipo IV (redução aberta e fixação interna da fratura
acetabular da parede posterior e debridamento da fratura da cabeça femora l infrafovea l) . A, Radiografia pré-operatória. B, Radiografia
pós-operatória. TC axia l pós-operatório (C) e coronal (D). E, Radiografia pé lvica pós-operatória.
CAPÍTULO 55 FRATURAS E LU XAÇÕ ES DO QUADRIL f.mlll

H@ii;f;im9 Fixação de fraturas do colo e d iáfise do fêmur ipsilateral. A, Radiografia pré-operatória . B e C, Rad iografias
pós-operatórias .

do colo femoral , a redução e a fixação são rea li zadas com o paciente baseia-se na quantidade de desvio do fragmento e do tipo da haste
na mesa de fratura, a fim de possibilitar imagens em perfil de maior que foi utilizada. Se a fratura do colo do fêmur não tiver sido diag-
qualidade. Fraturas sem desvio do colo e diáfise femoral ipsilateral nosticada até este ponto, a fratura é provavelmente não desviada ou
podem ser tratadas com um único implante (haste intramedular minimamente desviada. Se a fratura do fêmur for sem desvio e o
anterógrada); tal técnica, no entanto, pode se mostrar difícil e com sistema da haste tiver um a opção de bloqueio em direção à cabeça
maior potencial de complicações. femoral, o parafuso de bloqueio padrão proximal pode ser removido
Para evita r que fraturas do colo femoral associadas sejam e dois parafusos cefalomedulares colocados. Em geral, a posição da
negligenciadas, imagens fluoroscópicas são obtidas na sala de haste deve ser aj ustada cefálica ou caudalmente para possibilitar a
cirurgia, com o paciente ainda anestesiado, após a inserção da haste inserção dos dois parafusos cefalomedulares. Se este ajuste forneces-
intramedular. Uma incidência anteroposterior da pelve com as sário, dois fios-guia são posicionados através do colo do fêmur para
extremidades em rotação interna é obtida. Mesmo com este proto- evitar o desvio da fratura. Caso o sistema da haste não permita a
colo, é possível que uma fratura do colo do fêmur passe desperce- opção do parafuso cefalomedular, parafusos canulados podem ser
bida, e caso o paciente apresente alguma queixa de dor no quadril, inseridos em torno da haste.
é indicado repetir a imagem radiográfica. Pacientes com fraturas da diáfise e colo femoral ipsilateral são
Se uma fratura do colo do fêmur for diagnosticada após a orientados a realizar descarga de peso somente touch-down durante
inserção de uma haste intramedular (Fig. 55-63 ), o tratamento as primeiras 1O a 12 semanas após a cirurgia.
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇ ÕES EMADULTOS

Olijl!;Hm l Fratura do colo femoral ipsilateral descoberta no intraoperatório após a fi xação com haste intramedular. A, Radiografia
pré-operatór ia. B, Fluoroscopia intraop eratória após a inserção de haste intramedular. C, Fluoroscopia intraoperatória após mobilização
do quadril sob fluoroscopia. D, Fluoroscopia intraoperatória após a remoção do parafuso de bloqueio proximal padrão e a inserção de
parafusos de reconstru çã o.

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FRATURAS ACETABULARES 2771 Momento da Cirurgia 2781 MANEJO INICIAL 2794
TRATAMENTO INICIAL 2771 Escolha da Abordagem Cirúrgica 2782 ANATOMIA 2795
ANATOMIA 2771 Padrões Específicos de Fratura 2783 CLASSIFICAÇÃO 2795
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 2774 CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS 2789 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 2799
CLASSIFICAÇÃO 2777 RESULTADOS E COMPLICAÇÕES 2789 TRATAMENTO 2803
TRATAMENTO 2778 ARTROPLASIA TOTAL DO Tratamento Inicial 2803
Indicações para Tratamento QUADRIL COMO TRATAMENTO Fase Reconstrutiva 2808
Conservador 2778 PARA FRATURAS ACETABULARES 2792
Indicações para Tratamento FRATURAS PÉLVICAS 2793
Cirúrgico 2781

FRATURAS ACETABULARES os pacientes necessitam de tração esquelética se o quadril estiver


estável com o paciente em uma almofada ortopédica para abdução.
O tratamento de fraturas do acetábulo é uma área complexa da No entanto, temos a tendência de colocar a maioria dos pacientes com
ortopedia que está sendo continuamente aperfeiçoada. Isso envolve fraturas potencialmente cirúrgicas em tração esquelética de 20 a 35
uma necessária curva de aprendizado, provavelmente melhor libras (de 9 a 16 kg) enquanto eles estão na área de reanimação
documentada em um trabalho realizado por Matta e Merritt sobre para minimizar mais lesões na cabeça femoral causadas pelas
as primeiras 100 fraturas acetabulares tratadas cirurgicamente por superfícies afiadas da fratura. Se a tração for utilizada, recomen-
Matta. O agrupamento cronológico das reduções cirúrgicas em damos o uso de pinos de tração distal no fêmur para facilitar a flexão
grupos de 20 demonstrou claramente que a experiência melhorou a do joelho durante a cirurgia subsequente.
capacidade de evitar reduções insatisfatórias e realizar reduções ana- Historicamente, a fratura com luxação central do quadril fo i
tômicas (Fig. 56-1). Kebaish, Roy, e Rennie demonstram esse mesmo usada para descrever qualquer fratura acetabular com subluxação
conceito ao comparar as reduções obtidas por cirurgiões experientes medial da cabeça femoral. Embora essa terminologia tenha sido
em trauma pélvico com aquelas obtidas por cirurgiões menos expe- substituída por sistemas de classificação de fratura mais descri-
rientes, que tinham uma taxa bem menor de redução anatômica tivos, uma fratura com luxação central do quadril verdadeira com
(Fig. 56-2). a cabeça femoral completamente luxada mediaimente na pelve é
uma lesão incomum que requer tratamento urgente (Fig. 56-3).
A cabeça femoral pode ser travada entre os fragmentos da fratura,
TRATAMENTO INICIAL tornando a redução extremamente difícil. Deve-se tentar uma
redução fechada com anestesia geral e assistência fluoroscópica.
As fraturas acetabulares são geralmente causadas por traumas de alta Após a redução, a cabeça femoral fica extremamente instável e se
energia, e lesões associadas são frequentes. O manejo de todo o desloca facilmente de novo na pelve se a tração esquelética não
paciente deve seguir o protocolo Advanced Trauma Life Support for mantida.
(ATLS), com o tratamento ortopédico da fratura acetabular devida- Se a redução fechada de uma luxação do quadril associada a
mente integrado no plano de tratamento. No geral, o tratamento uma fratura acetabular não for bem-sucedida, o tratamento ime-
cirúrgico de uma fratura acetabular não deve ser interpretado como diato do quadril depende da experiência do cirurgião. Uma rápida
uma emergência, exceto quando faz parte do manejo de uma fratura tomografia computadorizada da pelve com cortes de 3 mm pode
exposta ou for realizado para uma fratura associada a uma luxação demonstrar a obstrução à redução da luxação do quadril e do padrão
irred utível do quadril. No último caso, a redução aberta urgente da de fratura acetab ular, o que tornará possível a formulação de um
luxação do quadril seguida por tratamento da fratura associada é plano cirúrgico para redução aberta e fixação interna (RAFI) (Fig.
necessária para diminuir o risco de complicações de osteonecrose e 56-4). Se indicada, a transferência para uma instalação capaz de
dano cartilaginoso contínuo na cabeça femoral. administrar tais lesões deve ser realizada prontamente.
A redução fechada das lu.xações do quadril deve ser realizada
com sedação no serviço de emergência o u com anestes ia geral e
fluoroscópia. O paciente pode, então, ser colocado em tração ANATOMIA
esquelética, se necessário, para manter a redução e uma possível leve
distração do quadril, enquanto as outras lesões agudas são tratadas e O acetábulo pode ser descrito como uma cavidade hemisférica
estudos radiográficos da pelve são obtidos. Evidentemente, nem todos incompleta com uma superfície articular invertida em formato de

2771
WW) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O!ijli;f!im'19 A, Porcentagem de
reduções anatômicas por grupo
de 20 para os 100 primeiros casos. B,
Número de reduções insatisfatórias
de fraturas acetabulares desviadas
por grupo de 20 para os 100 primeiros
casos cirúrgicos de Matta. (De Matta
JM , Merritt PO: Di splaced acetabul ar
1-20 20-40 40-60 60-80 80-1 00 1-20 20-40 40-60 60-80 80-1 00
fractures, Cfin Orthop Relat Res 230:83,
Grupos de 20 Grupos de 20
A B 1988 )

100
=Cirurgião experiente
=Cirurgião menos experiente
80

60

40

Anatômica Leve Moderada Grave

H!iji!;tgiEm Qualidade da redu ção de fraturas acetabulares


obtidas por cirurgiões experientes em trauma pélvico em relação
aos cirurgiões menos experientes. A leve incongruência é definida
como até 4 mm de desvio da fratura; a incongruência moderada
de 4 a 10 mm e a incongruência grave como mais de 10 mm. (De
Kebaish AS, Roy A, Rennie W: Displaced acetabular fractures: long-te rm
fo llow-up, J Trauma 31:1539, 199 1.)
h[riii;HE!19 Fratura acetabular transversa com fratura com
luxação central do quadril verdadeira; a cabeça femoral intrapél-
vica pode ficar bloqueada entre os fragmentos superiores e infe-
riores da fratura.

O@ihHEIJt Radiografia pélvica anteroposterior (A) e tomografia computadorizada (B) de luxação do quadril irredutível com
fratura acetabular da parede posterior. Fragmento da parede posterior está preso, bloqueando a redução.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE fmllll
Eminência
iliopectínea

- Coluna -
Coluna anterior Coluna
posterior posterior

A B
O!§li;HEl19 Conceito de duas colunas de Letournel e Judet
utilizado na classificação de fraturas acetabulares (ver texto). O@ll;MEIJt A, Eminência iliopectínea sobrepõe a cúpula do
acetábulo. B, Superfície quadrilátera localizada adjacente à parede
medial do acetábulo.

Artéria e nervo

O@lhMEa Cúpula superior do acetábulo.

0!ijilmim9 Piriforme dividindo a incisura isquiática maior,


sendo fundamental para esta região. O nervo isquiático é mos-
ferradura que rodeia a fossa cotiloide não articular. Esta cavidade trado de ixa ndo a pelve abaixo deste músculo; a artéria glútea
articu lar é composta e sustentada por duas colunas de ossos, descri- superior, a veia e o nervo estão acima dele.
tas por Letournel e Judet como um Y invertido (Fig. 56-5). A coluna
anterior é composta pela metade anterior da crista ilíaca, as espinhas estruturas. O nervo isquiático, que parte da incisura isquiática maior
ilíacas, a metade anterior do acetábulo e o púbis. A coluna posterior inferior ao músculo piriforme, frequentemente é lesado com fratu-
é composta pelo ísquio, a espinha isquiática, a metade posterior do ras com luxação posterior do quadril e fraturas com deslocamento
acetábulo e o osso denso que forma a incisura isquiática. A coluna posterior (Fig. 56-8). O funcionamento dos componentes tibiais e
posterior mais curta termina na sua intersecção com a coluna ante- fibulares comuns do nervo isquiático deve ser cuidadosamente
rior no topo da incisura isquiática. O conceito de coluna é utilizado documentado no serviço de emergência e depois das intervenções
na classificação dessas fraturas e é fundamental para a discussão dos subsequentes (incluindo a redução de uma luxação do quadril e as
padrões de fratura, abordagens cirúrgicas e fixação interna. mudanças na tração). O nervo isquiático apresenta variação fre-
A cúpula, ou teto do acetábulo, é a porção de sustentação de quente em sua relação com o músculo piriforme à medida que ele
peso da superfície articular que suporta a cabeça femoral (Fig. 56-6). sai da incisura isquiática, com separação comum dos ramos tibiais
A restauração anatôm ica da cúpula com redução concêntrica da e fibulares neste nível. A artéria glútea superior e o nervo saem da
cabeça femoral abaixo desta cúpula é o objetivo de ambos os trata- incisura isquiática maior em sua porção mais superior e podem
mentos cirúrgicos e conservador. A superfície quadrilátera é uma estar presos ao osso nesse nível por fixações fasciais variáveis .
placa plana de osso que forma a borda lateral da cavidade pélvica As fraturas que entram na porção superior da incisura isquiática
verdadeira; portanto, encontra-se adjacente à parede medial do ace- maior podem estar associadas à hemorragia significativa, possivel-
tábulo (Fig. 56-7). A eminência iliopectínea é a proeminência na mente exigindo angiografia com embolização da artéria glútea supe-
coluna anterior que fica diretamente sobre a cabeça femoral. Tanto rior. Antes de realizar as abordagens estendidas que dependem de um
a superfície quadrilátera como a eminência iliopectínea são finas e pedículo vascular com base na artéria glútea superior, recomenda-se
encontram-se adjacentes à cabeça femoral, o que limita os tipos de a confirm ação angiográfica pré-operatória de sua patência. O conhe-
fixação que podem ser utilizados nessas regiões. cimento das relações intrapélvicas do tronco lombossacral, dos
As estruturas neurovasculares que passam através da pelve vasos ilíacos comuns e externos e dos vasos epigástricos inferiores,
ficam em risco durante a lesão original e tratamento subsequente, bem como da artéria e nervo obturadores, torna-se crucial à medida
e as várias abordagens cirúrgicas são projetadas em torno dessas que afastadores, pinças de redução, brocas e parafusos são utilizados.
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Músculo
reto
l
abdominal

O@mtljE a Anastomose venosa e a rterial entre sistemas


obturadores e ilíacos e xternos . Nest e exe mplo, a conexão se origina
de vasos epigástricos inferiores e passa so bre o ramo superior. h@i!;tljEII!) Marcos de radiografia padrão anteroposterior
do quadril. 1, Linha iliopectinea inici ando-se na incisura isqui ática
maior do ílio e estendendo-se até o tubérculo púbico. 2, Linha
ilioisquiática formada por quatro quintos posteriores de superfí-
cie quadrilateral do ílio. 3, Lágr im a radiográfica composta late-
Uma relação an atômica particularmente notável é a grande anas - ralmente da porção mais infer ior e interior do acetábulo e medial
tomose ocasiona l entre a artéria ilíaca externa ou artér ia ep igás - à pa rte plana anterior da superfície quadrilateral do osso ilíaco.
tri ca inferior e a artéria obturatória conh ecida como caron a mortis 4, Teto do acetábulo. 5, Borda do lábio a nterior do acetábulo. 6,
(F ig. 56-9). Falh a na li gadura dessa co nexão vascular durante a Borda do lábio posterior do acetábu lo.
abordagem ilioinguinal pode levar à hemor ragia significativa, que
é d ifíc il d e ser co ntro lada à m ed ida que os vasos ilíacos externos
estão mobilizados.

exige compreensão d as impli cações tridimensionais do estado de


AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA cada um dos m arco s radiográficos, bem como compreensão tridi-
m ensio na l da anatomia óssea pélvica e das variações possíveis das
O acetáb ulo é avaliado rad iograficamente com uma incidência pélvica linh as da fratura dentro de um d eterminad o p adrão de fratura. Na
anteroposterior, bem como com as incidências oblíq uas de 45 graus sala de cirurgia, as três in cid ências-padrão pod em ser obtidas com
da pelve descritas por Judet e Letournel, comum en te denominadas fluoroscopia. A restauração dos marcos rad iográfi cos é um gui a para
incidências Judet. Na incidência ilíaca oblíqua, o feixe rad iográfico a adequação d a redução d a fratura . Borrelli et ai. d escreveram o uso
fica quase perpendicular à asa ilíaca. Na projeção obturatriz oblíqua, de radiografias da incidência de Jud et geradas a partir de dados de
o feixe radiográfico fica quase perpendicu lar ao forame obturador. tomografia computad o rizada que eles descobriram serem tão bons
A inclusão do quadril oposto no campo radiográfico nas incidências ou melhores que as rad iografias convencionais na identificação de
anteroposterior e incid ências Judet é essencial para a avaliação dos características e classificação de fraturas.
contornos simétricos que podem apresentar variações individuais A cúp ul a anatômica é uma est rutura tridimensional composta
leves e para d eterminar a larg u ra da cartil age m a rtic ular normal em pelo osso subcondral e sua cartilagem sob rejacente que se articula
cada projeção. O espaço livre med ial entre a cabeça fem ora l e a com a porção de sustentação de peso da cabeça femoral. Vários
lágr im a radiográfica nos quadris lesio nad os e não lesionado s deve estudos concluíram que o fator m a is imp or tante que afe ta o resul-
ser comparado na incidência anteroposterior como uma indicação tado a longo prazo em fraturas do acetábul o, tratadas tanto de modo
d e subluxação da cabeça femoral. cirúrgico corno conse rvador, é a manutenção de urna redução con-
Os marcos radiográficos observados em cada incidência são cên trica da cabeça femoral abaixo de urn a cúp ul a intacta ou anato -
representados nas Figuras 56-10 e 56-11. Fraturas que atravessam a rnicarnente reconstruída. A cúpula, ou teto, pode se r observada nas
colu na an terior interrompem a linh a iliopectínea, enquanto as fra- incidências anteroposterior e Judet da pelve, mas o osso subcondral
turas q ue atravessa m a colun a posterior interrompem a linha iliois- mostrado em cada um a dessas incidências tem apenas de 2 a 3 mm
quiát ica. Cada pa d rão de fratura na class ificação de Letournel de largura e representa apenas aquela peq uena porção d a superfície
e Judet apresen ta características radiográficas típicas em relação à de sustentação de peso articular rea l que está tangente ao feixe de
interrupção ou integr id ade dos m arcos radiográficos, con forme raios X. Matta et ai. d esenvo lveram um sistema para quantificar
mo strado por um a fratura da colun a posterior na Figura 56- 12. aproxim adam ente a cúp ula acetabular após a fratura, que eles cha-
A avaliação d os diversos tip os de fratura nas radiografias-padrão maram de m edi ções d o "arco do te to". Essas m edições envolvem a
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

Margem
posterior do
ílio e da
incisura
isquiática

Coluna
iliopúbica

Lábio
posterior
do acetábulo
Lábio
anterior do
acetábulo

A B

h(dll;Jdmll 1ncidências de Judet do quadril. A, incidência oblíqua obturatriz. B, inci-


dência oblíqua ilíaca.

deter minação da quantidade do teto qu e permanece intacta em a partir d e uma imagem à outra, seguindo as linhas de fratura e
cada um dos três padrões de incidência radiográficas: anteropos- visualizando as obliquidades e deslocamentos das linhas de frat ura
terior, ob líqua obturatriz e oblíqua ilíaca. O arco medial do te to é mostradas. Um modelo plásti co da pelve é útil para treinar e, pos-
medido na incidência anteroposterior, desenhando uma linh a ver- teriormente, para o entendimento de fraturas mais complexas dire-
tical através do teto do acetábulo até o seu centro geom étrico. Uma tamente no modelo. No geral, as linhas de fratura transversais e
seg unda linha é então desenhad a através do ponto em que a linha fraturas das paredes anterior e posterior estão no plano sagital,
da fratura intersecta com o teto do acetáb ul o e, novamente, até o encontrando-se paralelas à superfície quadrilátera quando são vistas
centro geométrico do acetábulo. O ângulo assim formado representa em imagens axiais de TC (Figs. 56-14 e 56-15). Fraturas da coluna
o arco medial do teto (Fig. 56-13 A). Os arcos anteriores e posterio- anterior e posterior geralmente se estendem através da superfície
res do teto são determinados da mesm a maneira com as incid ên- quadrilátera e no forame obturador co m uma orientação mais
cias oblíqua obturatriz e ilíaca oblíqua, respectivamente (Fig. 56-13 coronal; contudo, tipos de fratura variantes podem não seguir essas
B e C) . Embora estas sejam quantificações aprox imadas, elas são generalidades.
útei s na avali ação de fraturas da coluna posterior ou anterior, Alguns autores sugerem que as imagens axiais de TC superes-
fraturas transversas, fraturas tip o T e fr aturas hemitransve rsas timam a extensão da cominuição d as frat u ras acetabulares; no
associadas a fraturas da coluna anterior e posterior; apresentam entanto, na verdade, apenas as linh as de fratura s existentes são mos-
utilidade limitada para ava liação das fraturas de dupla coluna, tradas nas im agen s. Por exemp lo, em fraturas transversais, movendo -
assim como d e fraturas qu e envo lvam a parede posterior. De se prox imamente em cortes sucessivos, pequenos fragmentos das
acordo com Matta et ai., se alguma das medições do a rco do teto paredes anterior e posterior se a mpliam e coalescem através do teto,
em fraturas desviadas for inferior a 45 g rau s, o tratam ento cirúr- tornando-se o corte transversal axial do ílio. O que pode parecer se r
gico deve ser considerado. fragmentos separados d a parede anterior e posterior em co rtes
A tomografia computadorizada (TC) é imprescindível no m a is inferiores é, na verdade, a extensão d istal de um único frag-
tratamento de fraturas acetabulares . Os cortes axiais devem ser mento proximal. Uma linh a de fratura oblíqua divide o acetábulo,
reali zados com intervalos finos (3 mm) e espessuras de corte cor- d e modo que os cortes mais infe riores da TC pareçam ter três
respondentes. Em geral, é incluída a pelve inteira para evitar perda fragmentos, quando, n a verdade, existem apenas dois. Ao estudar
de uma porção da fratura e a comparação com o quadril oposto é os fragmentos individuais em múltiplos cortes sucessivos, toda a
realiza da rotin eiramente. O cirurgião deve aprender a interpretar fratura pode ser apreciada, fornecendo uma imagem tridimensional
MHZ$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTO S

H@l!;hU':I111 Fratura da co luna posterior do acetá-


bulo. A, In cid ê nci a anteroposterior mostra linh a iliopec-
tínea intact a, com a linha ili o isq ui át ica interrompida . B,
Incid ê nci a (Judet) ilíaca ob líqua mostra co luna posterior
interrom pida e parede anterior intacta . C, In cid ê ncia (Judet)
obturatriz ob líqu a mostra coluna anterior intacta de perfil.

0<:>
,_....,<0,..

00 ....
· j-0 ........

Feixe de Roentgen
......................................... Arco anterior ,i;.·....

....(. ......... Arco medial


J
. ... .7.::J. .. do teto VJ · _ .......... Arco posterior
doteto
"·· Â' .
··· ..
---- ")>º
•••
··.. &
···...··...e,.,

A B e
H@l!;fflm!I Medi ção do "arco do teto", co nforme descrito por Matta et ai. A, Arco medial do teto é medido na incidência ante-
roposterior. B, Arco ante rior do teto é medido em uma incid ê ncia ob líq ua obt urat riz com ângulo de 45 graus. C, Arco posterior do teto
é medido em uma inc id ê ncia ilíaca ob líqu a com â ngulo de 45 graus.

mental verdadeira. As reconstruções coronal e sag ital da fratura de oblíqua e anteroposter ior. Exames de TC axiais mostram que os
alta resolução são úteis na avaliação pré-operatória de fraturas com- 10 mm superiores ao teto acetab ular estão intactos e correspondem
plexas d elineand o fraturas que se encontram diretamente no p lano às medições radiográficas do arco do teto com ângulo d e 45 graus.
de uma determinada imagem axial de TC. A fratura da fossa cotilo id e parece não prejudicar a estabilidad e da
Exames de TC podem fornecer a mesma informação sobre a cabeça femora l sob a cúp ula se a fossa se estender para dentro de
cúpula acetabular como as medidas do arco do teto nas radiografias 10 111111 do ápice do teto e a superfície articular estiver intacta.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁB ULO E DA PELVE

As reconstruções tridimensionais de TC (Fig. 56- 16) de uma ou coluna anterior e fraturas transve rsa. Os tipos de fraturas asso-
fratura se tornaram sofisticadas e podem ser projetadas em várias ciadas apresentam geometrias de fraturas mais complexas e incluem
vistas diferentes, com subtração da cabeça do fêmur que mostra carac- as fraturas do tipo T, fraturas combinadas da coluna e parede pos-
terísticas únicas dos vários padrões de fratura. Alguns cirurgiões que terior, fraturas combinadas transversas e parede posterior, fraturas
tratam fraturas acetabulares consideram bastante útil o uso rotineiro da coluna anterior com uma frat ura hemitransversa posterior e fra-
dessas reconstruções. Nós obtemos, ocasionalmente, reconstruções turas de dupla coluna.
tridimensionais em fraturas complicadas, mas geralmente depende- Embora vários dos tipos de fratura associadas envolvam ambas
mos de TC axiais com reconstruções coronal e sagital correlacionadas as partes da coluna do acetáb ulo, a designação de fratura de dupla
com as vistas de radiografia padrão tridimensionais. coluna nessa classificação indica que nenhum dos fragmentos da
fratura articu lar do acetábulo mantém a continuidade óssea com o
esqueleto axial: uma linha de fratura divide o ílio, de modo que a
CLASSIFICAÇÃO articulação sacroilíaca não fique ligada a qualquer segmento articular.

A classificação das fraturas acetabul ares descritas por Letournel e


Judet (Fig. 56-17) é o método de classificação comumente utilizado.
Neste método, as fra turas acetabulares estão divididas em dois
grupos básicos: fraturas simples e os tipos mais complexos, fraturas
associadas. As fraturas do tipo simples são fraturas isoladas de uma
parede ou colun a juntamente com frat uras transversais; esse tipo
inclui frat uras da parede posterior, coluna posterior, parede anter ior

Fraturas transversais e da parede


)

- Fraturas da coluna

h[rill;b'Ll19 Orientação das linhas de fratura at ravés do ace- iâ@ii;ME!ID A, Fratura da coluna a nter ior com orientação de
tábulo, como observada na tomografia computadorizada. fratura típ ica . B, Frat ura da parede posterior.

iâ[riii;@E19 A-C, Reconstru ção tridimen-


sional por TC de fratura de dup la coluna .
WW:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

Tipos de fratura simples

A B e D E

Tipos de fratura associada

F G H J

0(dll;MD9 Classificação de Letournel e Judet de fraturas acetabulares. A, Fratura da parede posterior. B, Fratura da coluna pos-
terior. C, Fratura da parede anterior. D, Fratura da coluna anterior. E, Fratura transversa. F, Fratura da coluna posterior e da parede
posterior. G, Fratura transversa e da parede posterior. H, Fratura tipo T. 1, Fratura hemitransversa posterior e da coluna anterior. J,
Fratura completa de dupla coluna.

O sinal de esporão, mostrado na incidência obliqua obturatriz é um


sinal patognomônico de uma fratura de dupla coluna. Ele representa
a porção restante do ílio que ainda está ligada ao sacro e é observado
projetado lateralmente ao acetábulo mediaimente luxado (Fig. 56- 18) .

TRATAMENTO

Com aco mp anhamento por período prolongado das fr aturas ace-


tabulares tratadas cirurgicamente, fico u claro que as fraturas, mesm o
com pequenas incongruências residuais da porção crítica do acetá-
bulo, levara m à artrite com m aior frequ ência qu e as fra turas sem e-
lhantes com reduções mais anatômicas. Com base nessas informações,
as indicações para RAFI de fra tu ras ace tabulares torn aram -se m ais
ampli adas.

• INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO


CONSERVADOR

1 FRATURAS NÃO DESVIADAS E LEVEMENTE


· •BEi Sinal de esporão em fratura de acetábulo de dupla
coluna.
DESVIADAS
Fratu ras qu e cru zam a cú pula de sustentação de peso, m as estão
desviadas menos de 2 mm, podem se r tratadas se m carga por 6 a 12 1 FRATURAS COM DESVIO SIGNIFICATIVO, MAS NAS
semanas, dependendo das características da fra tura. As rad iografias QUAIS A REGIÃO DA ARTICULAÇÃO ENVOLVIDA
deve m ser obtidas imediatamente após o paciente ser mobili zado, e NÃO É CONSIDERADA IMPORTANTE PARA O
depois peri odicamente, para assegurar que não haja desvio. Ocasio- PROGNÓSTICO
nalmente, isso requer um exam e repetid o de TC para avaliar a Esta determinação é reali zada com as m edi ções do arco do teto em
m anutenção da redução. 45 graus para cada arco: medial, anterior e posterior (Fig. 56-13).
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETABU LO E DA PELVE fDm
Vrahas, Widding e Thomas questionaram se o valor de 45 graus é o
mais apropriado para cada arco do teto. Em um estudo de quadris em
cadáveres, propuseram as seguintes medições aceitáveis do arco do
teto: 25 graus para o arco anterior do teto, 45 graus para o arco medial
e 70 graus para o arco posterior. Como orientação, eles recomendaram
a RAFI de fraturas desviadas que saem da coluna.posterior acima da
borda superior da espinha isquiática, bem como de fraturas que saem
da coluna anterior através da asa do ilíaco.
As fraturas desviadas que envolvem a área de sustentação de
carga, cúpula acetabular, devem ser tratadas com RAFI, indepen-
dentemente de como elas possam se "mostrar reduzidas na tração".
Essas fraturas tendem a desviar, levando a resultados inferiores.
Pouquíssimas fraturas são tratadas definitivamente por tração para
manter uma redução envolvendo a cúpula acetabular. Estas tendem
a ser realizadas em pacientes com contraindicações incontroláveis
para cirurgia, como veremos mais ad iante.
As fraturas da parede posterior associadas a fraturas de luxação
posterior do quadril exigem consideração à parte, e são avaliadas
após a redução fechada. Os fragmentos maiores da parede posterior
leva m à instabilidade posterior do qu adril e exigem fixação. Estudos
de caso mostraram que as fraturas da parede posterior que envolvem
mais de 40 a 50% da parede levam à instabilidade posterior do
quadril. Qualquer paciente que tenha indiação de tratamento co n-
servador de uma fratura pequena da parede posterior deve ter uma
avaliação clínica da estabilidade do quadril, realizando flexão de 90
graus com o paciente sedado ou sob anestesia geral.
Tornetta realizou exames radiológicos com flu oroscopia em
"estresse" em 41 quadris com fraturas acetabulares, nas quais a
RAFI não foi indicada por medi ções do arco do teto ou pelo
tamanho da pare de posterior em exames de tomo grafia comp ut a-
dorizada. Ele sedou ou anestesiou pacientes e forçou as fraturas na
direção da força deformante para cada padrão de fratura, obser-
vando com a fluoro scopia as fraturas em todos as três incidências
radiográficas. Ele encontrou três desses quadris subluxando nas
projeções em "estresse", sem qu e fosse observada fr anca instabili-
dade clínica, e essas fraturas passaram por RAFI. Esses quadris
passaram no tradicional teste clínico de es tabilidade com flexão do
quadril a 90 graus. A mes ma preferência por exames dinâmicos
com fluoroscopia em "estresse" foi sugerida por outros autores
quando se comparam os critérios de TC para a estabilidade nas
fraturas da parede posterior com os exames fluoro scópicos sob
anestesia. Adotamos esta técnica de fluoros copia sob "estresse"
quando indicamos o tratamento conservador para pacientes com
pequenos fragmentos da parede posterior. Visualizamos a pelve na
incidência oblíqua obturatriz, fl exionando o quadril em 90 graus
com pressão direcionada posteriormente suficiente para balançar
a pelve. As radiografias fluoroscópicas locais obtidas durante a
exec ução desta manob ra são examinadas para avaliar subluxação
(Fig. 56-19). Quadris estáveis são tratados de maneira semelhante
às luxações puras do quadril, com a mobili zação em muletas e com
restrições da amplitude de movimen to e sustentação de peso pro-
gressiva por aproximadamente 2 semanas. H@ihf4EID A, TC da parede posterior esquerda levemente
desviada. B, Vista obturatriz oblíqua obtida fluoroscopicamente
1 CONGRUÊNCIA SECUNDÁRIA EM FRATURAS sem aplicação de tensão, mostrando redução concêntrica. C, Mesma
DESVIADAS DE DUPLA COLUNA vista com ap li cação de força para posterior mostrando sub lu xação
Uma fratura do tipo dupla coluna, por definição, tem todos os seus do quadril. Foi realizada uma RAFI.
fra gmentos livres para se mover independentemente do segmento
restante do ilíaco fixado ao esqueleto axial. Ocasionalmente, os
fragmentos cominutivos da fratura de dupla coluna assumem uma
posição articular de "congruência secundária" em torno da cabeça
femoral, mesmo que a cabeça femoral esteja luxada mediaimente e
que possa haver espaços entre os fragmentos de fratura (Fig. 56-20) .
Em> PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADU LTOS

H@i!;tljEE!J A e B, O quadril direito apresenta fratura


acetabular cominutiva em ambas as colunas com congruência
secundária. O quadril esquerdo apresenta fratura do tipo T
com impactação medial da cúpula medial. C, Três anos após
tratamento fechado em tra ção esquel ética. O quadril esquerdo
apresenta perda mínima de espaço de cartilagem. O quadril
direito desenvolveu artrite pós-tra umáti ca, exigindo substitui-
ção total do quadril.

O conceito de congruência secundária foi descrito por Letournel e A fixação com parafusos percutâneos com o auxílio da fluoros-
o tra tamento fechado dessas frat uras produziu res ul ta dos razoáveis copia tem sido recomendada para fraturas em pacientes gravemente
e, ocasionalmente, excepcionais. O conceito se aplica ap enas a este lesionados e em pacientes com comorbidades médicas graves. Embora
subconjunto específico .de fraturas, em qu e todos os fragmentos não seja um substituto para RAFI forma l, ela pode ser considerada
art iculares são livres para se posicionar em torno da cabeça femoral em pacientes selecionados para permitir a mobili zação (Fig. 56-22).
luxada e não pode ser aplicado a outros tipos de frat ura.
1 PROBLEMAS LOCAIS DOS TECIDOS MOLES, TAIS
1 CONTRAINDICAÇÕES MÉDICAS À CIRURGIA COMO INFECÇÕES, FERIMENTOS E LESÕES NOS
Em pacientes com múltiplos traumas, as contraindicações médicas TECIDOS MOLES DECORRENTES DE TRAUMA
como lesão de múltiplos sistemas são comuns, até mesmo em CONTUSO
pacientes previamente saudáveis. Embora a fixação e a mobilização Um ferimen to aberto no provável local do campo cirúrgico é um a
precoce das fraturas sejam os princípios básicos dos protocolos de contraindi cação, pois é uma infecção sistêmica. A lesão de Morel-La-
tratamento do politrauma, fraturas complexas podem exigir proce- vallée é um a área localizada de necrose da gordura subcutânea na face
dimentos cirúrgicos longos com perda significativa de sangue. Oca- lateral do quadril, causada pelo mesmo trauma que provoca a fratura
sionalmen te, a gravidade da condição médica ordena que a acetabular (Cap. 53) . O tam anho e a extensão da lesão são variáveis,
intervenção cirúrgica seja adiada. Se possível, a carti lagem articular e operar através dela tem sido associado a uma maior taxa de infecção
do quad ril deve ser protegida durante esses atrasos, com o paciente pós-operatória, com taxas de infecção de até 12% sendo relacionadas
em tração esquelética. No caso, um trauma grave no crânio com um com repetidos desbridamentos, preenchimento com compressas e
espectro tênue envolvente da lesão pode impedir um procedimento cicatrização da ferida pós-operatória por segunda intenção. Alterna-
cir úrgico. No entanto, um a lesão no crânio não é necessariamente tivamente, algumas fraturas podem ser tratadas por meio de aborda-
uma contraindicação para cirurgia. A eve ntu al evolução neurológica gens anteriores, evitando-se assim a área afetada. A existência de uma
frequentemente não pode ser avaliada de modo confiável logo após lesão de Morel-Lavallée sign ificativa pode ser suspeitada pela hiper-
o período posterior à lesão, quando uma RAFI acetab ular pode ser mobilidade da pele e tecido celular subcutâneo na área afetada a partir
realizada de maneira mais confiável. da separação do tipo "cisalhamento" do tecido subcutâneo da fásc ia
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE ta
• INDICAÇÕES PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO
1 CARACTERÍSTICAS DA FRATURA
Uma fratura acetabular com 2 mm ou mais de desvio na cúp ula do
acetáb ul o, co nfor me definida por quaisquer medições do arco do
teto de menos de 45 graus, é um a indicação para intervenção cirúr-
gica, assim como qualquer subl uxação da cabeça femoral em um a
fratura acetabular desviada observada em qu alquer um a das três
projeções rad iográficas. Além disso, o tratamento cirúrgico deve ser
considerado para fraturas da parede poste ri or com mais de 50% de
envo lvimento da superfície art icular da parede posterior, ou insta-
bilidade clínica com flexão do qu ad ril a 90 graus. Como afirmado
anteriormente, as fraturas da parede posterior co m m ais de 50% da
parede envolvida são, em geral, consideradas instáveis e não neces-
sitam de qualquer teste de es tabilidade. No entanto, as fraturas da
parede posterior, que envo lve m menos do 50% da parede, podem
se r instáve is e são avaliad as clinicamente por flexão do quadril a 90
graus com o paciente sedado ou anes tesiado, bem como p or exame
de "estresse" dos casos duvidosos sob anestesia com fluoro scopia.

1 FRAGMENTOS ENCARCERADOS NO ACETÁBULO


APÓS REDUÇÃO FECHADA DE UMA LUXAÇÃO NO
O@li;MEIJ:I O "sinal de Gaivota" nesta fratura transversa indica QUADRIL
impactação da porção media l da cúpula de sustentação do peso. Os pequenos fragmentos avu lsionad os do ligam ento redondo que
permanecem sequestrados na fossa co tiloide e que não afetam a
congruência do quadril provavelmente não n ecessitam de excisão.
Os frag mentos obse rvados no TC alojados entre as sup erfíci es arti -
cul ares da cabeça femora l e o ace tábulo justificam a excisão.
lata subj acente. Tseng e Tornetta desc reveram um a técnica percutânea
para desbridamento de lesões de Morel-Lavallée através de pequenas 1 PREVENÇÃO DE PSEUDARTROSE E RETENÇÃO DE
incisões de 5 cm, sem infecção, em um acompanh amento com duração ESTOQUE OSSEO SUFICIENTE PARA CIRURGIA
de 6 meses em 19 pacientes (Técnica 53 - 1). RECONSTRUTIVA POSTERIOR
Em geral, a presença de um cateter suprapúbico é considerada Esta última indicação para RAFl está ultrapassada e deve ser apli-
contraindicação para RAFI acetabular pela abo rdagem ilioinguinal. cada apenas em casos de ex trema deform idade, pois a artroplast ia
Há relatos de que a coloni zação bacteriana do cate ter au menta a taxa total do quadril após a RAF I malsucedida de um a fratura acetab ul ar
de infecção. O melh or m étodo para evitar esta situação é discutir pode ser mais difícil que a artroplastia do quadril após o trata mento
com o urologista a possibilidade de evitar a drenagem sup rapúbi ca conservador. Cicatri zes de cirurgias anteriores, materiais de síntese
da bex.iga, com possível reparo primário da lesão da bex.iga e drena- e a ossificação heterotópica podem complicar essa reconstrução
gem co m cateter de Foley. A cirurgia costum a se r atrasada por um a secundária. Ocasionalmente, utili zamos um a fixação percutânea em
abordagem ilioinguinal até que uma ruptura da bexiga ou reparação pacientes idosos com fraturas co minutivas que resultarão em um a
seja fechada e, ocasionalmente, adia-se a cirurgia para permitir que artr ite pós-traumática. Uti li zam os essa técn ica para mobili zar esses
o trajeto do cateter sup rapúbico anterior esteja fec hado antes de pacien tes, usando fixação limitada da coluna para evitar desvio gros-
prosseguir com o procedim ento. seiro da fratura . Após a cicatrização da fratura, a conversão para a
artroplastia total do qu adr il pode ser reali zada caso os sintomas do
1 PACIENTES IDOSOS COM OSSO OSTEOPORÓTICO paciente justifiquem (Fig. 56-22). A artroplastia primári a total do
Nqs QUAIS A REDUÇÃO ABERTA PODE NÃO SER qu adr il é defendida em pacientes idosos em fraturas com mau prog-
VIAVEL nóstico. Nós temos utilizado essa técnica em alguns pacientes que
Uma publicação de RAFI em uma série de pacientes com mais de ap resentam fraturas que podem ser devidam ente estabilizadas para
60 anos questionou a indicação de tratamento conservador, pois dar estabilidade imediata da cavidade acetab ul ar. Este tópi co será
apenas uma fratura perdeu sua redu ção devido à fa lha de fixação, e disc utido em detalh es mais adiante (Artroplastia Tota l do Quadril
as co mpli cações foram semelhantes àquelas dos pacientes mais co mo Tratam ento de Fratura Acetabular).
jove ns. Em outro grupo de pacie ntes com idade médi a de 71 anos,
apenas 60% apresentaram res ultados radiog ráfi cos bons ou excelen- • MOMENTO DA CIRURGIA
tes em um acompanhamento de 3 anos. A impactação da região As fraturas acetabulares assoc iadas à luxação irredutível do quadri l,
sup eromedial da cúpula, ou o "sinal de gaivota'; está particularmente fratura exposta, comprometimento vascular ou agravam ento do
relacionada com um mau resultado (F ig. 56-21). Em nossa prática, déficit neurológico são todas situações que exigem intervenção cirúr-
algum as fratu ras co minutivas e impactadas em pacientes idosos gica urge nte. Na mai oria dos casos, a cirurgia de fratura acetabular
os teopên icos não são tratadas por RAF I padrão. As opções para somente deve ser reali zada após o paciente estar clinicamente melhor
esses pacientes incluem mobili zação sem fixação, fixação percutân ea e o cirurgião ter estudado a fratura em detalhes com o planejamento
co m mobilização e artroplastia total primária do quadril. Embora pré-opera tório adequado e mon tage m de uma equ ipe cir úrgica
cada fratura e paciente sejam úni cos, com diferentes considerações, experiente. Idealmente, a RAFI de fraturas do acetábulo deve se r reali-
procuramos evitar um a tração prolongada. zada dentro de 5 a 7 dias após a lesão.
mi) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@il;§iEl!I Artrop lastia tota l de quadril após a fixa ção percutânea da frat ura acetabu lar em um paciente idoso.

A redução anatômica torna-se mais difícil depois desse período, pois femora l no tratamento de fr aturas selecion adas, e tem sido descrita
a organização do hematoma, a contratura dos tecidos moles e a for- para fr aturas acetabu lares associadas a fraturas de Pipkin na cabeça
mação subsequ ente e precoce de calo dificultam o processo de redução femora l.
da fratura, especialmente se exposições mais limitadas forem utiliza- Fraturas mais complicadas podem n ecessitar de abordagens
das. Madh u et aJ. encontraram uma diminuição da capacidade de es tendidas, como a abordagem iliofemoral estendida descrita por
atingir reduções anatômicas em padrões de fratura associados após 5 Letournel e Jude t, a abordagem trirradiada de Mears e Rubash ou a
di as e em padrões elementares após 15 dias. Após um atraso de mais abordage m em T descrita por Reinert et ai. Caso um a exposição
de 3 semanas, uma exposição estendida pode se r necessária para obter exten sível seja utilizada, a confirmação da patência da artéria glútea
a redução cirúrgica em fraturas que poderiam ter sido tratadas por superior co m angiografia tem sido recom endada, visto qu e este pode
m eio de exposições mais limitadas. ser o úni co pedículo vascu lar promovendo fornecimento para os
músculos abdutores. Essa reco mendação foi primeiramente baseada
• ESCOLHA DA ABORDAGEM CIRÚRGICA na obse rvação clínica dos pacientes com exposições extensíveis,
Se a es tabilização cirúrgica for indi cada, a avaliação detalhada da assi m co mo nas preocupações sobre a circul ação colateral da massa
co nfiguração e a classificação da fratu ra são necessá rias para pla- do músculo abdutor, e teve um suporte maior devido a estudos em
nejar a abordagem cirúrgica. Algun s padrões de fratura são roti- cadáveres. Tal recomendação não é universalmente aceita, e um
n eiramen te redu zidos por m eio de uma abordagem ilioinguin al estudo de cães não conseguiu sustentar essa teoria, com a ligação da
anteri or ou de Stoppa, en quan to a abo rd age m pos terior de Kocher artéria glútea superi or seguida de diversas abordagens cirúrgicas,
-Langenbeck é mais apropriad a para outros padrões. Deixa r o mostrando isquemias sem necrose franca com as abordage ns exten -
p aciente em dec úbito ven tral pode aj ud ar na redução de algumas síve is. Mesmo assim, ainda recome nd a-se ter atenção ao consid erar
fr aturas acetabulares tratadas através da abordagem de Ko cher o uso de uma abordage m es tendid a com uma suspeita de lesão da
-Lange nb eck, pois ela não p ermite qu e o peso da perna ca use artéria glútea superior.
desloca mento na fratura. No caso de fraturas transversas, a escolha Para evitar complicações de exposições es tendidas, exposições
de um a abordagem anterior ou posterior é determinada por qual limitadas e técnicas de red ução indi reta têm sido reco mend adas,
exposição p er mitir acesso à lateral da fratura co m o máximo de ass im como as abordagens anterior e poste rior para algumas fratu-
desvio. A os teo tom ia do trocânter também pode aj udar na expo- ras. As abo rd agens anterio r e posterior podem ser feitas de fo rm a
sição d e fraturas transve rsas ou de extensão supra-acetabular na sequencial ou simultânea, com o paciente em uma posição "lateral
colun a e pa rede posteriores. Essa osteotomia não parece afetar a solta". As modificações da abo rd agem il io in guin al para perm itir
vasc ulari zação da ca beça femoral e tem alta taxa de união. Sie- o acesso à face late ral da asa ilíaca tamb ém têm sido de sc rita s.
benroc k et ai. de screve ram a os teotom ia trocanté rica tipo flip, A abord agem de Stoppa modificada utiliza um a incisão na linha
deixando o vasto lateral ligado ao fragmento trocantérico. Tal osteo- média p ara expor a superfície intern a da pelve e a superfície qua -
tomia ta mb ém foi combinada co m luxação cirúrgica da cabeça dri látera. A combinação das abordagens ilioinguin al e de Stoppa foi
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETÁBULO E DA PELVE fJZ!!m

h@l;fülm&» Instrumentos especiali-


zados e implantes para o tratamento de
fratura s do acetábulo .

suge rid a para melhorar o acesso e a fixação da sup erfície qu adril á- O frag mento trocantéri co é deslocado anteriormente para expor a
tera em padrões de fratura anterior. superfície supra- acetabular do ílio. O quadril é tracionado pa ra
Tradicionalmente, a maior parte dos cirurgiões tem preferido lim pa r qu aisqu er fragm entos encarcerad os, antes da redu ção dos
utili za r a tração esquelética em uma mesa de tração radiotranspa- fra gmentos de parede. Um a inspeção cuidadosa é feita para identi -
rente para a m aioria das fraturas. Al gun s cirurgiões p referem cada fica r fragmentos arti cul ares impactados na margem da coluna pos-
vez mais deixa r o membro livre para permitir o pos icionamento teri or intacta. Segmentos impactados são elevados e enxerto ósseo é
des te e fac ilitar a exposição. As abordage ns cirúrgicas-padrão estão utili zado. Frequ entemente utili za mos a técnica descrita por Gian-
descritas no Capítulo 1. noudis, Tzioupis e Moed pa ra reconstrução em dois níveis de fra tu -
ras da pa rede posteri or co minutivas co m fragmentos marginais
• PADRÕES ESPECÍFICOS DE FRATURA presos por mini parafusos subco ndrais (F ig 56-25) . Após a red ução
As recomendações cirúrgicas detalhadas e as técnicas para a estabi - dos fragm entos de parede, a fixação provisória com fio s de Kirs-
li zação da fratura acetabular são num erosas demais para serem chner pode se r utilizada enqu anto a fixação definitiva é reali zada
incluídas aqui, e recomenda-se que o leitor consulte os textos- pa- com parafusos interfragmentári os e um a placa de reconstrução
drão de Letourn el e Judet e de Tile et ai. Instrum entai s especializa- mold ada, instalada a partir do ísqui o, ao longo da superfície retro-
dos para a pelve, implantes e instal ações são necessá rios para o acetabular e até o íli o lateral (Fig. 56-26).
tratamento ideal dessas fraturas, incluindo um a mesa de fratura O uso de placas em mola tem sido defendid o para melhorar a
radiotransparente, um conjunto completo de parafu sos com diferen- estabilidade em fraturas co minutivas. Estas podem se r fe itas de
tes co mprimentos (até 110 mm ) e pl acas de reconstrução que podem placas tubul ares de um terço de ca na, por corte da placa através do
ser moldadas em três dimensões, con fo rme exigido pela con figura- último furo de parafu so e curva nd o a extremidade em dentes, qu e
ção co mplexa da pelve óssea (F ig. 56-23) . Pinças pélvicas desenvo l- são utili zados para prender os fragmentos ósseos que não podem
vidas pelo grupo AO/ASIF para a redução dos fragmentos da fratu ra ser facilmente fixa dos com parafusos. Placas em mol a previamente
são es pecialmente úteis. As es tratégias de tratamento para fraturas moldadas tamb ém estão di sponíveis. A placa em mola é levemente
específicas são exibidas na Figura 56-24. contornada em excesso, para que, qu ando a placa de reconstrução
fo r aplicada sobre a pl aca em mola, os fragm entos capturados sejam
1 FRATURAS DA PAREDE POSTERIOR mantidos firm emente em sua posição. A técnica é útil em fraturas
A fr atura mais comum tratada pelos ortopedistas é a fratur a d a com múlti plos fra gmentos e fraturas qu e se es tendem perto da borda
parede pos teri or. Essas fratur as são tratadas po r m eio d e um a acetabular (Fig. 56-27) .
abo rd age m d e Ko cher-Langenb eck (Técni ca 1-67), co m o pac iente Emb ora a fratura d a parede pos terior seja o padrão de fratura
em dec úbito ve ntral ou em de cú bito lateral, so bre um a mesa pa ra m ais fác il de se r redu zido, os res ultados a longo prazo relatados
fra turas ou co m a pern a li vre. Para evitar a os teo necrose da parede após a frat ura variaram . A osteo necrose da cabeça femoral com o
posterior, os seus fragmentos não devem ser separados da cápsul a pos- co nsequência do d eslocam ento do qu ad ril associado, da impacção
terior du rante a exposição. Se a fra tura estender-se superi ormente marg inal, m últiplos frag mentos da fratura e lesões osteoco ndrais
para dentro do teto acetabular, uma osteo tomia tro cantérica pode da cabeça fe moral afetam negativamente o resultado dessas fraturas.
se r realizada para permitir uma exposição adicional. A osteo tomi a Evite coloca r o parafuso intra-a rticul ar. A fluoro sco pia intraope-
com flip trocantérico, deixa ndo o músc ulo vasto lateral anexado ao ratória co m mú ltiplas posições deve se r utili zada para garantir qu e
fra gm ento tro ca ntéri co, além do glúteo m édio , pode se r utili zad a. todos os parafu sos es tejam extra- arti culares.
BD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

A B

f
e D \

O!§ihME I A, Fratura da parede posterior multifragmentada com cominuição intra-articular. B, Fratura da coluna posterior com
parafuso interfragmentário alcançando a coluna anterior. C, Fratura transversa com parafuso interfragmentário alcançando a coluna
anterior. D, Fratura associada da parede posterior e transversa. E, Fratura acetabular associada do tipo T. Parafusos interfragmentários são
inseridos em ambas as partes da coluna anterior e posterior. F, Fratura da coluna anterior. Vários parafusos interfragmentários são colo-
cados entre as tábuas interna e externa do osso inominado. G, Fratura associada da coluna anterior e hemitransversa posterior. Parafusos
inseridos a partir da borda pélvica devem chegar distalmente à linha da fratura e se encai xar na coluna posterior. H, Fraturas de dupla
coluna operada através da abordagem ilioinguinal. Parafusos inseridos a partir da borda pélvica chegam até a coluna posterior.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

li!ijlhMBfJM!•l1IM 1, Fratura de dupla coluna. A fi xação interna é realizada através da abordagem iliofemoral estendida. Dois
parafusos muito longos são inseridos na coluna anterior e chegam até o ramo púbico superior.

O(dil;HE'm Reconstrução em dois níveis da fratura


da parede posterior.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTO S

O@ii;f.!E!IB Fratura da parede posterior fixada com placa de Fratura acetabu lar da parede posterior tratada
reconstrução pélvica moldada de 3,5 mm. com placa em mola e placa de reconstru ção pé lvica moldada.

mzll A, Fratura da co luna posterior do acetábu lo. B, Rad iografia pós-operatória mostrando fixação definitiva e também
oss ificação heterotópica de Brooker de grau Ili.

1 FRATURAS DA COLUNA POSTERIOR a fixação com um parafuso interfragmentário combinado com uma
Fraturas da coluna posterior são relativamente incomuns e, se desloca- placa de reconstrução moldada ao longo da coluna posterior.
das significativamente, precisam da indicação de RAFI; ou seja, redução
abe rta e fixação interna (Fig. 56-28). A abordagem de Kocher-Lan- 1 FRATURAS DA COLUNA ANTERIOR E DA PAREDE
genbeck é rotineiramente utilizada. A deformidade rotacional, além do ANTERIOR
deslocamento, deve ser corrigida através da inserção de um pino de Fraturas da parede anterior isoladas são raras e algumas vezes asso-
Schanz no ísquio para controlar a rotação enquanto a fratura é reduzida ciadas à luxação no quadril anterior. Fraturas qu e precisam de ciru rgia
com um pequeno grampo de redução )ungbluth. Um exemplo típico é são fixadas por meio de um a abordagem ilioinguinal ou abordagem
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETÁBULO E DA PELVE fJZm
colocado na colun a anterior a partir de um a posição por cima do
acetábul o. Deve-se ter cuidado ao coloca r o parafuso in terfragmen-
tário anteri or, devido à proximidade dos vasos ilíacos.
A partir da abordagem ilioingu inal, a redução é geralmente feit a
por meio do uso da placa de red ução ao longo da coluna anterior, para
fechar as fraturas; uma grand e pinça de redução presa na superfície
qu adril átera e na superfície lateral do ílio na região da espinha ante-
roinferior controla o deslocamento medial e a rotação do fragmento
caud al. A fixação típica é um a placa m odelada ao longo da borda
pélvica com parafusos interfragmentários direcionados para a parte
de baixo da coluna posterior (Fig. 56-30). Quando isso for realizado,
abordage ns combinadas ou estendidas serão necessárias para fraturas
transversais mais compl exas.

1 FRATURAS DA COLUNA POSTERIOR COM


FRATURAS DA PAREDE POSTERIOR ASSOCIADAS
Uma abordagem de Kocher-Langenbeck é utilizada, com ou sem uma
osteotomia troca.ntérica. Primeiramente, a fratura da colLma é reduzida,
e LLma placa de reconstrução curta é colocada posteriormente ao longo
da borda posterior da coluna. Uma placa separada é utilizada para o
fragmento da parede. Quando este é pequeno, placas em mola podem
ser utili zadas em vez de placas de parede separadas (Fig 56-31).

1 FRATURA TRANSVERSA COM FRATURA DA PAREDE


POSTERIOR ASSOCIADA
Essa fratura comum geralmente é tratada através da abordagem de
O@ii;MmJ Fi xação da fratura da coluna anterior inferior
Kocher-Langenbeck com o paciente em decúbito ventral. Esta posição
com placa moldada ao longo da borda pélvica. Perceba a fratura
impede que o peso da perna desloque a fratura, assim como na
da diáfise femoral associada fixada com haste intramedular.
posição lateral. A parte intra-articul ar da fratura transversa pode ser
visuali zada através do defeito cri ado pela retração do fragmento da
parede posterior. É necessário tomar cuidado para não lesionar o
nervo isquiático quando uma pinça de redução está sendo colocada
iliofemoral. Fraturas da coluna anterior são abordadas da mesma através da incisura ciática maior, para reduzir o componente transver-
maneira, com a fixação através de Llll1a placa moldada ao longo da sal dessa fratura. O controle rotacional do segmento distal é realizado
borda pélvica (Fig. 56-29) . No nível da eminência iliopectínea, a ao coloca r um pino de Schan z no ísquio. Em geral, o componente
parede medial do acetábulo é fina, e os parafusos geralmente não tran sversal é fixado com parafusos interfragmentários na coluna ante-
devem ser colocados nessa região. Fraturas da colu na anterior que rior, enq uanto a parede posterior recebe uma placa, o que estabiliza
saem superiormente através da asa do ilíaco exigem fixação também ainda mais a parte posterior da fratura transversa (Fig. 56-32).
ao longo da cri sta ilíaca.
1 FRATURAS DO TIPO T
1 FRATURAS TRANSVERSAS As fraturas do tipo T abrangem um a va riedade de dificuld ades que
Estas fra turas, embora aparentemente simples, aprese ntam um exigem diferentes métodos de re du ção e fi xação. Essas fraturas
espectro de dificuldade. A escolha da abo rdagem apropriada é geralmente podem ser tratadas com o paciente em decúbito ve ntral
cru cial, pois principalmente as fraturas com desvio anteri or podem através de uma abordagem de Kocher-Langenbeck. A linha de fratura
ser difíce is de reduzir através de uma abordagem posterior. Fratu- da colun a anterior pode ser reduzida através da incisura isquiática
ras transtectais, ou aquelas qu e oco rrem acima da fossa cotiloide, após a redução da parte da coluna posterior ou primeirame nte
têm pior prognóstico e a redu ção precisa é essencial. Fraturas reduz ida através do desvio da coluna posterior, facilitando a fixação
justatectais são aquelas que ocorre m na junção da fossa cotiloide da pin ça. A coluna anterior é fixada com parafusos colocados para
com a sup erfície articul ar, e tamb ém costumam exigir redu ção, baixo na coluna anterior, a partir de uma posição acima do ace tá-
enquan to as frat uras infratectais frequentemente podem ser trata- bu lo; a parte posterior da coluna pode ser fixa da com um parafuso
das co nse rvadoram ente. interfrag mentário e um a placa de reco nstrução. Essas fraturas
A redução, na maioria das vezes, ocor re através de uma abor- pod em ocasionalmente se r tratadas por meio de uma abordagem
dage m posterior com o pac iente em decúbito ve ntral. Se o pac iente ilioinguinal com um a placa moldada colocada ao longo da borda
for colocado em decú bito lateral, o peso da perna tend e a d eslo - pélvica e parafusos interfragmentários estendendo-se até a coluna
car o fragmento ísquiopúbico mediaimente. Em ge ral, utili zam os posterior. Se ambos os componentes anterior e posterior da fratura
um pequeno grampo de Jungbluth para reduzi r a fratura, enquanto estiverem significati vam ente desviados, as abordagens combi nadas
a rotação é controlada por um parafuso de Schan z no ísquio. A redução ou es tendidas poderão se r necessárias para ob ter um a redu ção.
intra-artic ular pode se r avaliada direta mente ao manter o membro Algum as vezes com frat uras do tip o T ou em outras fraturas asso-
em tração e ao apalpar a redução da sup erfície quadr ilátera através ciadas, um fragmento medial separado poderá estar prese nte. Se for
da incisura isqui ática maior. A fi xação posterior geralmente ocorre proximal o suficiente para afetar a estabilidade, uma abord agem de
com um a placa de reforço ao longo da coluna pos terior com fixação Stoppa pode se r uti lizada para colocar uma placa ao longo da super-
anterior e através do uso de um parafu so interfrag mentário de 3,5 mm fí cie qu adrilateral (Fig. 56-33) .
@Jl:f:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

li!@ll;MEII!I A -E, Fratura acetabular transversa com deslocamento anterior primário, fi xada a part ir da abordagem ilioinguinal
anterior.

1 FRATURAS HEMITRANSVERSAS Elas apresentam diferentes graus de co minui ção e podem se r extre-
POSTEROANTERIORES DA COLUNA mamente complexas e difíce is de tratar. M uitas fraturas de dupl a
Estas fratura s freq uentemente apresentam um mínimo de deslo ca- coluna podem ser tratadas com uma abordagem ilioinguinal anterior
mento do co mp onente hemitransve rsal e podem se r tratadas através (Fig. 56-34), mas uma exposição posterior o u estendida será necessá-
da abordagem ilio inguin al co m fixação típica d a fratura da colun a ria para o envolvimento da a rticul ação sacroilíaca, uma fratura sig ni -
anterior e parafusos interfrag mentários separados a partir da fossa ficat iva da parede poster ior, ou co minuição intra-articul ar que exige
ilíaca adjacente à borda pélvica, estendendo -se para baixo da co lun a redução sob visão direta. Em ge ral, a redução com eça a partir da
poste rior. Fratura s com desvio posterior significati vo ou cominuição parte mai s proximal da fratura e prossegue em direção à articulação.
intra-articular co m ou sem fragmento s impactad os po d em exigir Cada pequeno fragmento deve ser anatomicamente reduzido, porque
abordagens combinadas ou estendidas. as p eq uenas m ás- red uções n o ílio, ac im a da fr atura, torn am -se
ampli adas no nível da articu lação. Abordage ns anteriores e posterio-
1 FRATURAS DE DUPLA COLUNA res combin adas são d efendi das por alguns para limitar a morbid ade
Por definição, fraturas d e dupla co luna não apresentam segme ntos associada a abordagens estendidas. A fixação é tão variada qu anto os
a rticulares d o acetábul o em co ntinuid ad e com o es qu eleto axia l. padrões de fratura e as abordagens utili zadas.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIO S

No pós-operatório, a drenagem de sucção fechada é utilizada, a terapia


com antibióticos deve ser continuada por 24 horas e movimentos pas-
sivos do qu adril são iniciados no segundo ou terceiro dia. O movimento
com toque do membro com muletas progride conforme a tolerância do
paciente, dependendo de outras lesões. Este estado mínimo de susten-
tação de peso deve ser continuado durante 8 semanas em pacientes com
fraturas simples e durante 12 semanas na maioria dos outros pacientes.
A reabilitação do grupo do músculo abdutor é essencial após a aborda-
gem de Kocher-Langenbeck e exposições estendidas. A profilaxia para
trombose venosa profunda e a ossificação heterotópica é realizada con-
forme discutido no item "Resultados e Complicações''.

RESULTADOS E COMPLICAÇÕES
As taxas gerais de mortalidade relatada após fraturas do acetábulo
va riam entre O a 2,5%. Na série clássica de Letournel, a mortalidade
em pacientes com idade acima de 60 anos foi de 5,7%. Mais recen -
temente, uma revisão dos dados do National Trauma Data Bank
envolvendo 8.736 pacientes com fraturas do acetábulo indico u m or-
talidade intra- hos pitalar de 1,5%, enquanto a metanálise da litera-
tu ra revelou uma taxa de 3%.
O@l!;fdmJ:t Fratura acetabular da parede posterior e da
A sé ri e de Letoumel com 940 pacientes com fraturas do ace-
coluna posterior fi xada com duas placas. A primeira placa recons-
táb ulo continua se ndo a maior publicada na literatura. D os 569
trói a coluna posterior, e a segunda placa de reconstru ção (placa
pacientes qu e se submeteram à RAFI nos primeiros 21 dias da lesão,
em mola suplementar) fixa fragmentos da parede posterior.

H@i!;ME:i19 A-D, Fratura acetabular da parede posterior tran sversa fi xada por meio da abordagem de Kocher-Langenbeck com
osteotomia trocantérica associada.
llllD> PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

O@m@E:ID Fratura da coluna anterior com com inui çã o da superfície quadrilátera tratada através de uma abordagem ilio inguinal
com o intervalo de Stoppa utilizado para estabi lizar a superfície quadrilateral.

17% dos observados por pelo menos 1 ano tiveram artrite pós- trau- fra tura e recomendaram que a TC pós-operatória deveria ser consi-
máti ca. Após a redução perfeita de 4 18 fraturas, a taxa de artrite derada para a avaliação da redução operatória.
pós-traumática foi d e 10,2%; e d epois d a red ução imp erfeita de 151 A osteonecrose ocorre mais frequentemente após fraturas
fraturas, a taxa foi de 35,7%. As fraturas transversas com parede associadas à luxação posterior. As taxas relatadas d e Letournel sobre
posterior e dupla coluna tiveram res ultados piores que os outros a osteonecrose após luxação posterior foram de 7,5%. Para outras
tipos d e fratu ras associadas, p rin cipalmente devido à redução fraturas em sua sé ri e, a osteonecrose ocorreu em 1,6% dos casos.
imp erfeita. Fraturas d a parede posterior, embora redu zidas quase Mais recentemente, uma metanálise relatou uma incidência geral d e
perfeitam ente em 98% dos casos, resultaram em artrite pós-t ra umá- osteon ecrose de 5,6% em 2.010 pacientes; a incidência era de 9%
tica em 17% dos casos. A m etanáli se m ais rece nte encontrou naqueles com luxação posterior e 5% nos que não apresentava m
uma in cidência geral d e osteoartrite em 27% de 1. 2 11 pacie ntes , luxação posterior. A osteon ecrose é radiograficam ente aparente em
com incidência de 13% com redução satisfatóri a ('.S: 2 mm) e 43% com lesões de até 2 anos, na ma ioria dos pacientes. A osteonecrose d a
redução insati sfatória. Um estudo epidemiológico prospectivo de 16 parede posterior po d e ser causada por lesão ou po r exposição exces-
anos, envolvendo 351 pacientes, relatou qu eda na taxa de os teoar- siva do lo ca l da fratura, pois o úni co fornecimento vascul ar d esses
trite (de 31 para 14%) durante o p eríodo do estudo. fragmento s é a cáps ul a posterior les ion ada do quadril.
Um dos motivos para a progressão d e alguns pacientes com Infecções ocorrem em 1 a 5% dos pacientes e elas podem des-
reduções anatôm icas em radiografias simples para artrite pós-trau- truir a articu lação do quadril. Alguns fatores são considerados para
mática é a falta de sensibilidade que as radiografias simples tê m em aumentar o ri sco de infecção, incluindo a presença de mn cateter
detectar pequenas incongru ências na redu ção. Moed et ai. mostra- suprapúbico em abordagens ilioinguinais e a lesão de Morel -Lavallé
ram que, apesar das reduções anatôm icas obtidas em 97% de suas na abordagem de Kocher-Langenbeck e abordagens estendidas. Tem
fraturas da parede posterior, 16% tiveram in congru ência de 2 mm sido mostrado que a obesidade aumenta a taxa de várias complica-
ou mais quando m edidas pela TC. Outros estudio sos também têm ções, incluindo infecções. Estudos demonstram que pacientes com
alegad o que a TC é mais se nsível em mostrar as falhas ou d eg raus índi ce de massa co rporal superior a 40 têm risco cinco vezes maior
no pós-operatório d as redu ções obtidas em diversos padrões d e de infecção com a cirurgia acetabu lar, bem como compli cações de
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETÁBULO E DA PELVE Gm

h@l!;f.Sm:I A-F, Fratura do acetábulo tipo dupla co luna, tratada através da abordagem ilioinguinal com redução indireta do
acetábulo e fixação nas superfícies internas da pelve.
BD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

cicatrização de lesões gerais mais frequentes (46% versus 12% para ela não é eficaz em sua séri e prospectiva. Uma dose baixa de irra-
pacientes com índi ces < 40) . diação demonstrou ser efi caz na redução da incidência de ossifi-
A parali sia do n ervo isquiático res ultante da lesão inicial cação significativa heterotópica, e um efeito aditivo fo i observado
ocorre entre 10 a 15% dos pacientes com fr at uras acetabulares. quando os dois regimes foram combinados.
A lesão do nervo isq uiático resultante da cirurgia ocorre entre 2 Para a maioria dos pacientes tratados com a abordagem de
a 6% dos pacientes e é mais freq uentemente assoc iada a padrões Kocher-Langenb eck, utilizamos a indometacina (25 mg, três vezes
de fratura posterior tratada através da abordagem de Kocher por dia, de 4 a 6 semanas) ou, ocasionalmente, a terapia de radiação
-Langenbeck e exposiçõ es extensíve is. Muitos autores têm pro- com um a dose única de 700 cGy em pacientes nos quais a indome-
posto o monitoram ento intraoperatório de potenciais evocados tacina é contraindicada. Utilizamos a terapia de radiação mais fre-
somatossensoriais como fo rma de diminuir a incidência de lesão quentemente em pacientes com exposições estendidas. Temos a
do ner vo isquiático intraoperatória, especialmente com aborda- tendência de não utilizar a te rapia de radiação de rotina em pacien -
gens posteriores. Outros autores, no entanto, descobriram que, tes muito jovens. Desbridamos o músculo glúteo mínimo que está
com exper iência, suas taxas de lesão ner vosa iatrogênica sem desvitalizado, conforme defendido por Rath et ai.
monito ra mento fora m semelhantes aos níve is citados em estudos Complicações trombo embólicas podem ser devastadoras; o
qu e recomendam o monitoramento de rotina; eles não recomen- risco relatado de embolia pulmonar va ria entre 2% a 6% . Há relatos
dam o monitoramento intraoperatór io e questionaram a utili - de que a trombose venosa profunda ocorre entre 8% a 61 % dos
dade deste quando o cirurgião tem experiência sufi ciente. Uma pacientes com fraturas ace tabulares; no entanto, isso depende do
pesquisa com 181 membros da Orthopaedic Traum a Associati on, método utilizado para detectar a trombose. Exame com Doppler
os quais comum en te realizam cirurgia acetabular, revelou que venoso pode subestimar a presença de coágulos significativos
ape nas 15% ut ilizaram rotineiramente o monitoramento do devido à incapacidade qu e o ultrassom tem de detectar uma trom-
nervo durante a cirurgia acetab ul ar. bose ven osa intrapélvica confiável em comparação com estudos
Em um relatório com 14 pacientes apresentando lesões do venográficos mais invasivos.
nervo isq ui ático, o componente fibular do nervo isquiático foi mais A venografia por ressonância magnética (MRV) tem demo ns-
frequentemente envolvido que o componente tibial, e este tinha trado ser mais sensível que a venografia na detecção de coágulos nas
chance maior de rec uperação; paralisias fibul ares completas tiveram veias intrapélvicas e na extremidade contralateral, detectando a
o pior prognóstico. A recuperação funcional tem sido demonstrada trombose venosa profunda assintomática em 34% dos pacientes,
em 65% dos pacientes, e a função pode melho rar em até 3 anos após sendo que, destes, 49% estavam acima do nível do ligamento ingui-
a lesão. nal. No entanto, outros autores descobriram que a MRV e a TC com
A ossificação heterotópica ocorre depois da maio ria das abor- contraste tiveram altas taxas de falso-positivos para a detecção de
dagens estendidas, com a mesma entre moderada a grave ocor- trombose venosa profunda quando correlacionados com a venogra-
rendo entre 14% a 50% dos pacientes quando a profilaxia não é fia seletiva, e recomendaram que, caso uma destas fosse utili zada
utilizada; ela ocorre após a abo rd agem de Kocher-Langenb eck em como teste de triagem para a tromb ose venosa profunda assintomá-
25% dos pacientes nos quais a profilaxia não é utilizada (Fig. tica, a venografia seletiva associada deveria ser utilizada antes de se
56-35). A ossificação heterotópica é rara após a abord agem ilioin- optar por tratamentos profiláticos agressivos, tais como filtros de
guinal, exceto se a sup erfície extern a do ílio fo r desperiosti zada. A veia cava inferior. Slobogea n et ai. realizaram uma metanálise da
eficácia e a escolha de m edidas profiláticas para evitar a ossifi cação literatura disponível envolvendo recomendações para a profilaxia
heterotópica permanecem controve rsas. Diversos autores desco- tromboembólica em pacientes com fraturas acetabulares e da pelve,
briram que a indometacina é eficaz na redução da ossificação hete- e não conseguiram identificar evidências suficientes para apoiar um
rotópica significativa após cirurgia de fratura acetabular, mesmo método em detrimento de outro.
que isso tenha levan tado a questão por outros qu e acreditam que Nosso protocolo atual envolve o uso de heparina subcutânea
ou enoxaparina, bem como botas de compressão intermitente
enquanto os pacientes aguardam a cirurgia. Realizamos o Doppler
Scan Duplex na triagem pré-operatória em qualquer paciente no
qual a lesão tiver ocorrido há mais de 4 dias e em pacientes que
não receberam profilaxia. Utilizamos filtros de veia cava Greenfield
em pacientes com anormalidades no Scan Duplex e também , oca-
sionalmen te, em outros grupos de alto risco. Esses grupos de alto
risco identificados incluem pacientes acima dos 60 anos, pacientes
com contraindicações para anticoagulação e pacientes nos quais
obesidade mórbida, tum ores m alignos ou históri co anterior de
trombose ve nosa profunda sejam um fator. No pós-operatório, a
anticoagulação com enoxaparina seguida de va rfarin a é utili zada
continu amen te durante 6 a 12 semanas, a menos qu e seja medi ca-
mente co ntraindi cada.

ARTROPLASIA TOTAL DO QUADRIL


COMO TRATAMENTO PARA FRATURAS
ACETABULARES
O@li;b)Ela A ossifica ção heterotópica de Brooker de grau A artroplastia total do quadril tem sido utili zada para o tratamento
IV ocorreu mesmo após a radiação nos pós-operatório. de algumas fraturas do acetábulo com prognósticos extremamente
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

ruins, com o uso da fixação associada da fratura acetabular com placas correlacionando-se bem com uma taxa de 6% de afro uxamento
ou cabos de fixação com múltiplos parafusos. Utilizamos esta técnica radiográfico de 10 anos relatada mais tarde em uma população
para o resgate de função do quadril em indivíduos mais velhos com semelhante de pacientes.
indicações semelhantes (Fig. 56-36). Uma preocupação com esta
técnica é o fato de que o componente acetabular sem cimento poderia
não ser incorporado de maneira adequada na cicatrização da região FRATURAS PÉLVICAS
acetabu lar. Em sua série com 57 pacientes, Mears e Velyvis descobri-
ram que os acetábulos podem migrar rotineiramente entre l a 3 mm As fraturas pélvicas em adultos, excluindo o acetábulo, geralmente
durante a consolidação da fratura e, em seguida, estabilizarem-se nor- são fraturas estáveis resultantes de traumas de baixa energia (como
malmente. Eles enfatizaram que se deve evitar abordagens estendidas quedas de idosos) ou fraturas causadas por traumas de alta energia,
para diminuir o risco de infecções. os quais resu ltam em morbidade e mortalidade significativas. Como
Foi descoberto que a artroplastia total de quadril realizada é o caso com fraturas em outros ossos, traumas de baixa energia na
em artrite pós-traumática após um a fratura acetab ular requer pelve geralmente produzem fraturas estáveis que podem ser tratadas
tempo maior de cirurgia, com maior perda de sangue e mais trans- sintomaticamente com muletas ou com andador e que se espera
fusões quando comparada com a artrop lastia total de quadril rea- consolidação sem problemas na maioria dos pacientes. As fraturas
li zada para artrite degenerativa. Cada uma dessas descobertas foi da pelve de alta energia muitas vezes requerem cirurgia, com o
maior nos pacientes que haviam sido submetidos à RAFI para suas método de tratamento determinado pelo grau de estabilidade
fraturas acetabulares quando em comparação com aqueles que pélvica remanescente após a lesão. O foco aqui está nessas lesões de
realizaram um tratamento conservador inicial em suas fraturas. alta energia, como tratá-las tanto nas fases de reanimação quanto
A taxa de sobrevivência de 10 anos para esses quadris foi de 97%, nas de reconstrução, e as suas complicações em potencial.

O@lj;Mm:1I!9 Fratura transversa e da parede posterior em um homem idoso tratado com fixação da fratura combinada com a
artroplastia primária tota l de quadril.
@}ijt PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Artéria ilíaca
comum
Arté ri a il íaca /
externa - - ; - - - - - - - - -____,
Arté ria il íaca
intern a

Artéria
vesical
superior
Artéria
obturatória

o@•l;Mmlil Pl exo il íaco interno das art érias e


veias .

Fraturas de alta energia da pelve resultam mais comumente de circunferencial em pacientes com fraturas instáveis e complexas,
acidentes com veículos, motos, quedas, colisão entre automóvel e mas Ghaemmaghami et al. não acharam que cintas pélvicas redu-
pedestre e lesões por esmagamento industrial. As complicações em ziam a hemorragia ou a mortalidade associada a fraturas pélvicas.
potencial de fraturas pélvicas de alta energia incluem lesões de Um estudo recente observou um posicionamento inadequado,
grandes vasos e nervos da pelve (Fig. 56-37) e as principais vísce- acima do nível dos trocânteres maiores, associado à redução insufi-
ras, tais como intestino, bexiga e uretra. O desluva mento das lesões ciente da fratura.
nos tecidos moles circundantes, tanto abertos quanto fechados, Assim que estiver em um ambiente controlado, na sala de
também pode acompanhar essas fraturas e complicar o seu trata- cirurgia, o fixador externo pode ser aplicado para manter a estabi-
mento. A mortalidade relatada para fraturas pélvicas graves varia de lidade da pelve, ao mesmo tempo em que permite o acesso ao
10% a mais de 50% em algumas séries iniciais das fraturas pélvicas abdome e ao períneo. A redução das necessidades de transfusão tem
abertas. Os fatores de risco para o aumento da taxa de mortalidade sido relatada em pacientes com fraturas pélvicas instáveis que foram
incluem a idade do paci ente e o ISS (Injury Severity Score), trauma- tratados com fixação externa imediata em comparação com aqueles
tismo craniano ou lesão visceral, se há perda de sangue, hipotensão, que não foram submetidos à fixação imediata. Lesões com desloca-
coagulopatia e instabilidade ou se são fraturas pélvicas abertas. mento posterior significativo podem se beneficiar de um fixador
A mortalidade precoce mais comumente resulta de lesão com hemor- externo tipo clampe em e, que é idealmente aplicado na sala de
ragia ou traumatismo craniano fechado ; a mortalidade tardia ocorre cirurgia, quando a situação assim o permitir (Técnica 56-3).
por sepse ou falência múltipla de órgãos. O paciente com uma lesão do anel pélvico qu e apresente
hipotensão persistente após uma cinta pélvica circunferencial e
que não tenha nenhuma outra fonte de hemorragia deve ser
MANEJO INICIAL considerado para reali zar a arteriografia. A hemorragia frequen-
temente resulta de superfícies de fratura e pequenos vasos no
A manejo imediato de um paciente com urn a fratura pélvica e retroperitônio. Somente 5% a 10% dos pacientes com fraturas
hemorragia incessante continua sendo um desafio para o cirurgião pélvicas sangram a partir de fontes arteriais identificadas p ela
ortopédico. Uma abordagem multidisciplinar com cirurgiões orto- angiografia e são tratados com embolização. Taxas maiores de
pédicos, cirurgiões gerais, anestesiologistas é fundamental para oti- hemorragia arterial foram identificadas na população geriátrica
mizar os resultados. Os exames iniciais de trauma, incluindo TC do por Henry et al. Um algoritmo por O 'Brien e Dickson (Fig.
tórax e abdome, lavagem peritonial supraumbilical e ultrassom 56-39) tem sido proposto; no entanto, os autores recomendaram
abdominal, deve rão excluir outras fontes de sangrarnento. Ao reco- que cada instituição desenvolva o seu próprio protocolo, dep en-
nhecer uma lesão do anel pélvico instável, aplicamos rotineiramente dendo dos recursos e instalações . Mais recentemente, resultados
uma cinta pélvica circunferencial (Fig. 56-38) . Descrita pela pri- favoráveis foram relatados com tamponamento associado à
meira vez na literatura por Routt et ai., a técnica engloba envolve r fixação extern a. Esta técnica é muito popular na Europa e tem
um lenço l (ou uma cinta disponível no mercado) ao redor da pelve sido uti li zada em alguns centros nos Estados Unidos. Embora a
e dos trocânteres maiores. Depois de apertar circunferencialmente, técnica e o algoritmo sejam intrigantes, a sua utilização requer
o lençol será preso com grampos. A cinta, assim corno a fixação investigação mais aprofundada nos Estados Un idos, onde a
extern a, reduz teoricamente o vo lume pélvico, es tabili za as sup er- implementa ção de cuidados de trauma é mu ito diferente.
fícies da fratura e auxilia o ta mponamento. Preferimos a cinta Fraturas pélvicas abertas são lesões extremamente difíceis de
pélvica circunferencial à fixação externa no estágio de reanimação manejar, com taxas re latadas de mortalidade de até 50%. Se o
aguda, devido a sua facilidade e rapidez de aplicação. Croce et al. espaço retrop eritoneal for aberto, o efeito de tamponamento não
demonstraram diminuição na necessidade de transfusões quando ocorre para evitar o sangramento excessivo. A sepse causada pela
um dispositivo ortopédico pélvico foi usado para aplicar pressão contaminação fecal é uma das principais causas de mortalidade
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETABULO E DA PELVE faillll

O@ll;tfi&I A, Radiografia inicial anteroposterior de fratura


pélvica de livro aberto. B, Após a aplicação da cinta pélvica (C).

com esta lesão, e a colostomia de derivação imed iata é indicada em sacroilíaco posterior porque a própria artic ulação sacroilíaca não
pacientes com feridas perineais. Faringer et ai. classificaram anato- apresenta estabilidade óssea intrínseca. Tile comparou esta relação
micamente ferimentos pélvicos abertos em zo nas e reco mend aram das estruturas liga mentares e ósseas da pelve posterior a uma ponte
a derivação fecal seletiva para pacientes com feridas abertas envol- suspensa com o sacro suspenso en tre as duas espinhas ilíacas pos-
vendo o reto o u o ân us, feridas de partes moles perto do ânus, ou teross uperiores (Fig. 56-41 B) .
grandes áreas avulsionadas com tecido pélvico isqu êmico asso- A es tab ilidade pél vica é determi nada por estru tu ras ligamen-
ciado (F ig. 56-40). tares em vá rio s planos. As rest rições primárias para rotação
Exames vaginais e retais de rotina devem ser realizados em extern a da hemipelve são os ligamentos da sínfise, o ligamento
pacientes com fraturas pélvicas abertas porque fragmentos da mesma sacroespinal e o ligamen to sacroilíaco anterior. A rotação no plano
fratura podem penetrar nessas est ruturas, com consequências devas- sagita l é resistida pelo ligamento sac rotuberoso. O deslocamento
tadoras se o desbridamento não for realizado a tempo e de forma ve rtical da hemipel ve é controlado por todas as estruturas ligamen-
adequada. A fixação externa pode minimizar o movimento da fratura tares mencionadas, mas se o utros ligamentos estiverem ausentes,
e mais lesões das partes moles. ele pod e se r controlad o por ligamentos sacroilíacos interósseos e
posteriores juntamente com o ligame nto iliolombar íntegro. Fre-
quentemente, uma hemipel ve rotacionalmente in stável pode per-
ANATOMIA manecer vert icalmente estável devido a essas estruturas ligamentares
intactas. Isso tem implicações significativas na classificação, prog-
A pelve é composta anterio rm ente pelo anel dos ramos púbicos e nósti co e tratamento.
ísquiáticos conectados com a sínfise púbica. Um disco fibrocarti-
laginoso separa os dois corpos púbicos. Posteriormente, o sacro e
os doi s ossos inominados unem-se na articu lação sacroilíaca pelos CLASSIFICAÇÃO
ligamentos sacroilíacos interósseos, os ligamentos sacroilíacos ante-
rior e posterior, os ligamentos sacrotub era is, os li gamentos sacro- Bucholz, em um estudo clássico de 150 vítimas consec utivas de
espinais e os ligamen tos iliolombares associados (Fig. 56-41 A). ac identes fatais com veícu los automoto res, descobriu fraturas da
Este complexo ligamentar proporciona estabilidade ao complexo pelve em 31% dos casos . El e os separo u em três grupos: o grupo I
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

Paciente com suspeita de fratura do anel pélvico

Avaliação primária - ABCs


Acesso intravenoso proximal ao diafragma
Transfusão de sangue precoce
Radiografia AP da pelve

Hemodinamicamente instável Hemodinamicamente estável

Compressão circunferencial da pelve Avaliação secundária completa


Incidência inlet e outlet
TC pélvica

Permanece in extremis Responde a cristaloides, mas


mesmo com requer transfusão contínua para
reanimação agressiva manter pressão sanguínea Manejo definitivo
da fratura pélvica

Sala de operação para laparotomia*


Controle da hemorragia intraperitoneal , Avaliação secundária completa
tamponamento pélvico e fixação externa, Ultrassom abdominal ± TC ,
redução aberta e fixação interna para incidências inlet e outlet
todos os padrões de fraturas instáveis

Exigência de
transfusão contínua
Hemodinamicamente instável

Laparotomia*
Fixação externa pélvica Angiografia
Hemodinamicamente estável
ou redução aberta e
fixação interna

Manejo definitivo da fratura pélvica

Pressão Sem sangramento


*Cinta pélvica ou fixação externa deve sanguínea intraperitoneal
permanecer no lugar durante a laparotomia estável

Angiografia

Fi xação externa ou
Manejo definitivo da fratura pélvica

H[riii;tijm!ID Avaliação e manejo iniciais do paciente com fratura do anel pé lvico. Os protocolos devem ser individualizados de
acordo com os recursos e instalações . (De O'Brien PJ, Dickson KF: Pelvic fractures: evaluation and acute management. ln Tornetta P 111, Baum-
gaertner M, editors: Orthopaedic know/edge update, trauma 3, Rosemont, IL, 2005, Ame ri can Academy of Orthopaedic Surgeons.)

teve lesões do anel anterior com desvio mínimo, fraturas sacrais estabilid ade pélvica (Quadro 56- 1): A, estável; B, rotacionalmente ins-
es táveis ou rotura incompleta do ligamento sacroilíaco anterior; o tável, mas verticalmente estável; e C, rotacional e verticalmente instá -
grupo II teve lesões anteriores associadas à abertura rotac ional da veis. Esta classificação é amplamente utilizada na literatura atual.
articulação sacroilíaca, com rompim ento apenas dos ligamentos As fraturas do tipo A (es táveis) são subdivididas em três
sacroilíacos anteriores, poupando o complexo sacroilíaco poste- grupos. As fraturas do tipo A I não envolvem o anel pélvico, com o
rossuperior; e o grupo III teve o rompim ento completo da hemi - fraturas por avulsão das espinh as ilíacas ou da tuberosidade isquiá-
pelve anterior e posterior. tica e fraturas isoladas da asa do ilíaco. As fratu ras do tipo A2 são
Pennal et ai. desenvolveram uma classificação mecanicista na fraturas estáveis do anel pélvico com deslocamento mínimo, co m o
qual as fraturas da pelve são descritas como lesões de compressão as que comumente resultam de quedas de baixa energia em pacien-
anteroposterior, lesões por compressão laterais ou lesões por cisalha- tes idosos. As fraturas do tipo A3 são lesões transversas do sacro e
mento vertical. Tile modificou o sistema de Pennal para torná-lo um cóccix; estas são consideradas lesões na coluna vertebral em vez de
alfanumérico e composto por três grupos com base no conceito de lesões do anel pélvico.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

QUADRO 56-1 Classificação das Lesões do Anel


Pélvico

Tipo A: Estáveis (arco posterior intacto)


Litotomia A1 Lesão por avulsão
A2 Frat ura da asa do il íaco ou arco anterior ca usa da por
um impacto direto
D Zon a 1
D Zona li A3 Fra t ura tra nsversa sacrococcígea
D Zona Ili
Tipo B: Parcialmente estáveis (ruptura incompleta do
arco posterior)
B1 Lesão em livro aberto (rotação ext ern a)
B2 Lesão po r compressão latera l (rotação intern a)

• B2-1 Lesões ips ilate rais anteriores e poste ri ores


B2-2 Lesões contra laterais (a lça de bal de)
B3 Bi lat era l

Posição anterior Posição posterior Tipo C: Instáveis (ruptura completa do arco posterior)
C1 Unil at erais
O@mfrjEIIi) Três zonas de lesão que guiam d ecisões com C 1- 1 Fratura do ilíaco
rela ção à necessidade de colostomia em fraturas pél vicas abertas, C 1-2 Fratura-luxação sacroilíaca
de acordo com Faringer et ai. Lesões na Zona 1 geralmente exigem e 1-3 Frat ura sacra l
colostomia, enquanto a derivação é raramente necessária para C2 Bilaterais, com um lado do t ipo B e o outro do tipo C
lesões na Zona Ili. Lesões na Zona li são d erivadas seletivamente, C3 Bilat eral
com lesões no subcutâneo da virilha anterior ou na coxa medi al
possivelmente precisando de colostomia .(Retirado de: Faringer PD, De Til e M: Acute pelvic fractures, part 1: Causation and classification, JAm Assoe
Mu llins RJ, Feliciano PD, et ai: Selective fecal diversion in complex open Orthop Surg 4: 143, 1996.
pelvic fractures from blunt trauma, Arch Surg 129:958, 1994.)

Ligamento
sacroilíaco

Bordo
(
"- - -·- L"1gam ento
}- sacrotuberoso
Pelve

Ligamento
sacrotuberoso - - - - - \ sacroespin al
sacroespinal
A

,__-"-.,-----Ligamento
iliolombar H!dll;frjEIJI A, Estruturas estabiliza-
--Espinha doras posteriores principais do anel pél vi co
ilíaca (vista posterior e sagital). B, Tile comp ara
posterossuperior a rela çã o entre os ligamentos pél vicos pos-
teriores e as estruturas óssea s a uma ponte
su spensa, com o sacro suspenso entre as
duas espinhas ilíacas posterossuperiores.
(De Tile M: Acute pelvic fractures, part 1. Cau -
sation and classification, J Am Assoe Orthop
B
Surg 4143, 1996)
111!1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

o@•i;Mml!I Classificação de Til e das fraturas pélvicas com base nas forças que agem sobre a pelve. A, Tipo B1: rotação externa
ou compressão anteroposterior através do fêmur esquerdo (setas) rompe os ligamentos da sínfise, pelve e sacroilíaco anterior até
que o íli o impacte cont ra o aspecto posterior do sacro. Se a força parar neste nível, uma estabil idade parcial da pe lve é mantida
pelos ligamentos sacroilíacos interósseos. B, Tipo 82-1: uma força em compressão lateral (rotação interna) implode a hem ipelve . Os
ramos podem ser fraturados anteriormente, e a impacção posterior do sacro pode ocorrer com alguma lesão de estruturas poste-
riores, mas a estabilidade é parcialmente mantida pelo assoalho pélvico intacto e pela compressão do osso sacro . C, Tipo C: força
em cisalhamento (translacional) rompe a sínfise, o assoalho pélvico e as estrut uras posteriores, dei xa ndo a hemipelve completamente
instável . (De Tile M: Acute pelvic fra ctures, part 1. Causation and classificat ion, J Am Assoe Orthop Surg 4: 143, 1996.)

As fraturas do tipo B são rotaciona lmente instáveis. As fraturas bilaterais com uma hemipelve verticalmente estável e a outra instá-
do tipo Bl incluem fraturas em "livro aberto" ou lesões por com- vel. Fraturas do tipo C3 são as fraturas bilaterais que estão instáveis
pressão anteri or, nas quais a pelve anterior abre através de uma verti cal e rotacionalmente. A classificação de Tile para fraturas do
diás tase da sínfise ou de um a frat ura do anel pélvico anterior (Fig. anel pélvico se relaciona diretamente com o tipo de tratamento
56-42 A) . Os ligamentos sacroilíacos posterior e interósseo conti- indicado e com o prognósti co da lesão.
nu am intac tos. Tile descreveu as etapas desta lesão. Na primeira fase, Young e Burgess propuseram um a mod ificação diferente da
a separação da sínfise é inferi or a 2,5 cm, e o ligam ento sacroespinal classificação de Pennal original, criando uma nova categoria de
permanece intacto. No segundo estágio, a diástase é maior que 2,5 lesões por mecanismo combinado (Ta bela 56- 1). A classificação
cm, com ruptura dos ligamentos sacroes pinal e sacroilíaco anterior. também é mecanicista, com os principais vetores de energia sendo
No terceiro estágio, as lesões são bilate rais, cri ando uma lesão do a compressão anteroposterior, a compressão lateral e o cisalham ento
tipo B3. Fraturas do tipo B2- l são lesões por compressão lateral com verti cal. Uma das conclusões originais do seu trabalho foi a de que
fraturas ipsilaterais (Fig 56-428); as do tipo B2-2 têm um compo- a classificação pélvica pode ser utili zada para detectar outras mor-
nente de co mpressão lateral, mas as fra turas são contralaterais - bidades em um paciente politraumatizado. No entanto, o sistema se
lesão do tipo "alça de balde''. As estrutu ras ligame ntares, em geral, encaixa muito bem com os concei tos de estabilidade rotacional e
não são rompidas pela rotação interna da hemipelve. ve rtical desc ritos por Tile. As fraturas AP I (tipo de compressão
As frat uras do tipo C (Fig. 56-42 C) são instáveis tanto rota- anteroposterior do tipo I) e a LC I (compressão lateral do tipo I) são
cional quanto verticalmente. Estas incluem lesões por cisalharnento rotacional e verticalmente estáveis (Tile A) . As fraturas AP II (F ig.
ve rtical e lesões de co mpressão anterior com rompimento do com- 56-43) e LC II (Fig. 56-44) são rotacionalmente instáveis, mas ver-
plexo ligamentar posterior. Fraturas do tipo C l incluem fraturas ticalmente estáveis (Tile B). A fraturas AP III (Fig. 56-45) e muitas
unil aterais do complexo anterior e posterior, subdivididas pela loca- vezes as LC III (Fig. 56-46) são rotac ional e verticalmente instáveis
li zação da fratura posterior. Fraturas do tipo C2 inclu em lesões (Tile C). Em uma série contínua, lesões de compressão lateral eram
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE EV:P*
56-1 Relação dos Sistemas de Classificação para Fraturas do Anel Pélvico

BUCHOLZ TILE OTA/AO YOUNG-BURGESS LETOURNEL DENIS


ANEL PÉLVICO A1, B2 61A, 61B2 Compressão anteroposterior 1 * *
ESTÁVEL Compressão lateral 1
Lesão por mecanismo combinado *
INSTABILIDADE li B1 61B2 Compressão anteroposterior li * *
PARCIAL Compressão lateral li
Lesão por mecanismo combinado *
Compressão lateral Ili
INSTABILIDADE Ili c 61C Compressão anteroposterior Ili * *
COMPLETA Compressão lateral Ili
Cisalhamento vertical
Lesão por mecanismo combinado *
* Pode estar associada a todos os tipos de instabilidade.
OTA, Orthopaedic Trauma Association.
Retirado de: Olson SA, Burgess A: Classification and initial management of patients with unstable pelvic ring injuries, lnstr Course Lect 54:383, 2005.

o padrão de lesão mais comum, respond end o por 41 % dos pacie n- pélvico qu e pode não ser vista corre tamente em radiografias-padrão.
tes, seguidas por lesões de compressão anteropos terior (26%), fra- Antes do uso generalizado da TC, mui tas fraturas pélvicas eram
tu ras ace tabulares (18%), lesões po r mecan ismo combinado (10%), consideradas corno lesões pu ramente anteri ores, embora as lesões
e lesões de cisalhamento vertical (5%). O choque hipovolêmico e anteriores isoladas sejam, de fato, raras. A TC também pode revelar
grandes requisitos de sangue eram mais comu ns em pacientes com linhas de fratura minimamente desviadas qu e entram no acetábulo
lesões ve rticalmente instáve is tip o AP III do que naqueles com e possivelmente afetam o planejamento do tratamento.
compressão anteroposterior verticalmente estável ou lesões de com- Diversos sinais radi ográficos devem ser procurados como
pressão lateral. Na série de Young e Burgess, pacientes com as m ais indicações de estabilidade da fr atura. O alargamento de mais de
graves lesões por compressão lateral (do tipo III) não ap resentavam 2,5 cm da sí nfise é correlac ionado com a ruptura do ligamento
traum atismo craniano, enquanto aqueles com lesões por compres- sacroespinal e uma pelve ro tacionalmente instável. As fr atu ras por
são lateral menos graves apresentaram taxas de traumatismo cra- avulsão da porção lateral do sacro e espinha isqu iática também são
niano semelhantes aos de pacientes com outros padrões de lesões sinais de instab ilidade rotacional. O alargamento da pelve anterior
pélvicas. Acreditam os que esta class ificação seja útil para descrever resulta na ruptura do ligamento sacroilíaco anterior, faze ndo com
e comunica r lesões do an el pélvico. que a art iculação sacroilíaca aparente esteja alargada na incidência
Fraturas sacrais fo ram classifica das separadamente por dive r- an teroposterior. No entanto, co nfo rme mostrado por imagens de TC
sos autores. Atualmente, a classificação mais utilizada é a proposta axiais, os ligamen tos posteri ores da articulação sacroilíaca podem
por Denis, Davis e Corn fo rt (Fig. 56-47): fratu ras do tip o I que permanecer intactos, mantendo a estabilidade verti cal da pelve (Fig.
ocorrem lateralmente ao forame neural através da asa sacra!; fra tu ras 56-49). Fraturas impac tadas do córtex anteri or do sacro são comuns
do tipo II são transforaminais; as do tipo III ocorrem medial ou nas lesões por compressão latera l e geralmente são estáveis, mas uma
centralmente em relação ao forame neural. Fraturas tra nsversais do fratu ra sacra! com uma fa lha ge ralmente indica instabilidade verti -
sacro são classificadas como lesões do tip o III, pois envolvem o canal cal. Em sua revisão de fra turas por compressão lateral tratadas sem
espi na l e mu itas vezes têm fo rm ato em H ou em U (chamada fratura cirurgia, Bruce et ai. desco briram qu e mais da metade (68%) das
do "sui cida': devido a sua associação com quedas de alturas eleva- fratu ras sacrais completas com fra tu ras de ramos bilaterais desviou,
das). Essas fratu ras podem ter translação significat iva observada na enquanto nenhuma fratu ra sacra! incompleta com uma fratura de
rad iografia sacra! lateral. Como essas fraturas do tipo III podem ramos ipsil atera is desviou. Descarga de peso protegida e moni tora-
fac il mente passar despercebidas em radiografias convencionais e em mento adequado são essenciais para essa pop ulação de pacientes.
TC axiais, uma radiografia sacra! latera l e/ou TC com reconstru ção A instabilidade ve rtical geralmente é defini da como 1 cm ou
sagital da pelve deve ser cuidadosamente analisada. mais de mi gração cefálica de um a hemipelve. Em algum as lesões
pélvicas, a instabilid ade ve rti cal é aparente; mas se a estabilidade
ve rtical for qu es ti onável, tes tes so b es tresse podem ser benéficos.
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA Q uando a es tabilidade pélvica é qu es tionada, a avaliação sob an es-
tesia pode ser útil. A rotação intern a e externa da pelve pode
As projeções radiográfic as-padrão necessári as para a avaliação das de monstra r a instabil idade rotacio nal. Sagi et ai. descreve ram um
fra turas pélvicas são uma incidência anteroposterior da pelve, uma exame sob estresse do anel pélvico utilizand o fluoroscopia din â-
incidênc ia in let caudal de 40 graus e um a outlet cefálica de 40 graus mi ca in traopera tória na qual a rotação interna e externa e mano-
descritas por Pennal et ai. (Fig. 56-48). A incidência inlet mostra a bras de emp urrar-puxar eram aplicadas a ambas as extremidades.
defo rmidade ro tacional o u desvio anteroposteri or da hemipelve. Utilizando este método, eles iden tificaram a instabilidade na metade
A incidência outlet mostra o deslocamento verti cal da hemipelve, das frat uras do anel pélvico que supostamente eram lesões estáveis,
fraturas sacrais e alargamento ou fratura da pelve anterior. ti po AP- I. Suzuki et ai. relatara m o uso da medição da diás tase da
A TC, uma parte essencial da avaliação de qu alquer lesão sín fise em radiografi as sob estresse para dife renciar entre as lesões
pélvica significativa, possibilita a avaliação da parte posterior do anel AP- I e AP- II. Sob o co nt ro le radiográfico, o examinador empur ra
lll!m> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

h!Cliht.)EI!) Lesão do ane l pélvico por compressão antero-


posterior tipo li (AP li) de You ng e Burgess com diástase púbica
tratada com fixação anterior. A e B, Incidências pré-operatórias.
C-E, Incidências anteroposterior, inlet e outlet pós-operatórias.
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE tm

Lesão do anel pélvico do tipo compressão lateral li (LC li) de Young e Burgess com fratura em crescente posterior. A-D,
Incidências pré-operatórias em anteroposterior, outlet, inlet e oblíqua, respectivame nte.
@}:t.p) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

H[êill;bi,iiGM!.J•IM E, TC pré-operatória. F e G, Após a redução aberta e fixação interna com placa de reconst rução de 3,5 mm e
dois parafusos interfragmentários entre as tábuas corticais do ilíaco .
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETABU LO E DA PELVE flm

Oldll;füE'!ll Lesão do anel pé lv ico do tipo anteroposterior Ili (AP Ili) de Young e Burgess com diástase púbica e fratura dos ramos
púbicos bilaterais. A-C, Incidências pré-operatór ia s anteroposterior, inlet e outlet, respectivamente. D, TC pré-operatória.

para cima em uma extremidade, enquanto puxa a outra para baixo.


Essa manobra é então invertida, novamente sob controle radioló-
gico, e o deslocamento máximo entre as duas imagens é determi-
GliM·l;N 56-2 Controle de Danos Pélvico

Redução fechada da pelve na admissão


nado. Se mais de 1 cm de deslocamento cefálico for possível com
Fixação externa
este teste, a fratura é verticalmente instável. Esse teste deverá ser
Compressão da pelve com lençóis com rotação interna e
feito apenas uma vez, com imagens permanentes obtidas para a
medição precisa da migração cefálica. O teste de "empurrar-puxar" leve flexão dos joelhos
não deve ser feito em pacientes com lesões agudas e com instabi- Fixador externo
lid ade hemodinâmica em curso ou em fraturas sacrais nas zonas Clampe pélvico em C
II ou III nas quais uma lesão neurológica em potencial pode Vestimenta antichoque pneumática
ocorrer. Conforme o cirurgião adquire experiência em lesões pél- Controle de hemorragia
vicas, a necessidade para este teste diminui. Tamponamento pélvico
Angiog rafia
Controle de contaminação
TRATAMENTO Reparo de lesões retai s e geniturinárias
Desbridamente do tecido necrótico em caso de lesões abertas
• TRATAMENTO INICIAL (QUADRO 56-2)
De Ertel WK: General assessment and management of the polytrauma patient.
1 FIXAÇÃO EXTERNA ln Ti le M, Helfet DL, Kellam JF, ed itors: Fractures of the pelvis and acetabulum,
A fixação externa pélvica anterior é uma opção de tratamento versátil ed 3, Philadelphia, 2003, Lippincott Williams & Wilkins.
que pode ser utilizada na fase aguda do tratamento para proporcionar
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

0(dll;f4'11kl(.],\M E-G, Incidências pós-operat órias ant eropost erior, inlet e outlet, res pecti va mente.

estabi lidade pélvica temporária e permitir o acesso ao abdome e com frequência essa montagem quando a protuberância abdomi-
períneo. Ela também pode ser utilizada como fixação definitiva em nal é significativa.
alguns pacientes ou em conjunto com a fixação interna em outros.
As fraturas que envolvem a asa do ilíaco, o acetábulo, ou ambos,
geralmente são contraindicações para a fixação extern a pélvica.
FIXAÇÃO EXTERNA
O ideal seria dois pinos de 5 mm colocados entre as tábuas corticais
TÉCNICA
ilíacas e com o posicionamento confirmado na fluoro scopia. Quando
um fixador é aplicado a um paciente gravemente ferido durante o •Posicione o paciente em decúbito dorsal em uma mesa
atendimento da emergência, utilizamos três pinos em cada asa do radiotra nspa rente.
ilíaco para garantir a fixação exata dos pinos. Uma simples estrutura •Tente alcançar e manter a redução com tração ou cinta
modular qu e permite o acesso abdominal é desejável; no entanto, pélvica posicionados distalmente antes da colocação do
muitas variações de fixadores extern os de pelve estão disponíveis. fixador externo.
Fraturas verticalmente instáveis também costumam ser tratadas • Palpe a asa do ilíaco entre 2 a 4 cm proxima lmente à
com tração esquelética femoral dista l ipsilateral, até que a fi xação espinha ilíaca anterossuperior. Esta é a proção mais larga
interna definitiva possa ser feita. A instalação do pino supra-acetabu- do osso que permite a inserção do pino.
lar para a fixação pélvica externa utiliza um ponto de entrada na •Fa ça uma incisão perpend icu lar à asa do ilíaco.
espi nha ilíaca anteroinferior. A inserção desses pinos requer orien- •Coloque um f io-gu ia ao longo da táb ua interna para
tação fluoroscópica e compreensão da anatomia pélvica. A principal fornecer orientação da inclinaçã o pélvica.
va ntagem é uma excelente fi xação do pi no na pelve; uma desvan - • Perfure ao longo do terço interno da asa do ilíaco.
tagem é a flexão limitada do quadril em alguns pacientes. Utilizamos
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE fJmt#

O[ril!;@m?ll Lesão por compressão lateral do tipo Ili (LC Ili) de Young e Burgess com marca do deslocamento do ramo do púbico direito.
O tratamento foi feito com redução aberta e fixação interna (RAFI) da articulação sacroi liaca esquerda e RAFI da sínfise púbica e das fraturas
do ramo púbico direito. A-C, Incidências pré-operatórias anteroposterior, inlet e outlet, respectivamente. D, TC pré-operatória.

•Há uma sobreposição significativa latera lmente, e um


ponto de entrada lateral pode sair da pelve.
FIXAÇÃO EXTERNA
•Depois de perfurar um ponto de entrada manu almente,
SUPRA-ACETABULAR
coloque o pino de 5 mm entre as tábuas utilizando sua
TÉCNICA
sensib il idade para manter o pino dentro das tábuas cor-
tica is ilíacas. Aponte para a arti cu lação do quadril para • Palpe e marque o pulso ilíaco externo.
uti lizar a co luna de osso acima do acetábulo (Fig . 56-50). •Pa lpe a esp inha ilíaca anterossuperi or. A incisão será feita
•Coloque um segundo pino em um padrão convergente. em linha direta com a espinha ilía ca anterossuperior dis-
•Confirme o posicionamento do pino com a fluoroscopia. talmente em 2 a 3 cm; confirme o ponto de entrada
•Conecte os conjuntos de pinos às barras. proximal-distal em uma incidê ncia fluoroscópica ob líq ua
•Caso a redução seja necessária, comprima a pelve nas do ilíaco (Fig. 56-51 ).
asas ilíacas ou no trocânter maior e, em seguida, aperte •Afaste delicadamente as partes moles, ent re 20 a 30 graus
o f ixador externo . mediaimente.
•Nas fraturas instáveis verticalm ente, a t ração deve ser • Confirme o ponto de entrada na espinha ilíaca anteroinferior
uti lizada até que a f ixação da fra tura seja definitiva. f luoroscopicamente, em uma incidência oblíqua do ilíaco )
@}:lir$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

iâ@lhM '1iJ!.j(.],\4 E-G, Incidências pós-operatórias anteroposterior, inlet e out/et, respectivamente.

Ili

iâ[riil;f4E!19 Classifica çã o de Denis para fraturas sacrais, na qual três zonas de lesão são diferenciadas: zona 1, a asa sacra!; zona li,
região foramin al; e zona Ili, canal espinal. A extensão mais medial da fratura é utilizada para classificar a lesão. (Retirado de: Den is F,
Davis S, Comfort T: Sacra! fractures: an important problem-retrospect ive analysis of 236 cases, Clin Orthop Re/at Res 227:67, 1988.)
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETABULO E DA PELVE

mSl!IIl·l\• E!19 A, Incidência inlet da pelve com incl inação ca udal · m:D
A, Lesão pé lvica tipo Til e 81 com diástase da
sínfise e alargamento anterior da articu lação sacro ilíaca. B, TC
de 40 graus. B, Incidência outlet da pelve com inclinação cefáli ca de
mostra que os ligamentos posteriores da articul ação sacroilíaca
40 graus.
estão intactos.

[DmJR· . . Colocação de pino na hemipelve em rela ção ao


corpo . (De Poka A, Li bby EP: lndications and techniques for externai
f ixation of the pelvis, Clin Orthop Relat Res 329:54, 1996.) VEJA A
TÉCNICA 56-1.

.,..:::.1o:.1-111'111
• mi
Ponto de entrada para a fi xação externa supra -
acetabular. VEJA A TÉCNICA 56-2.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

e a espinha ilíaca anterossuperior. Insira o pino nesta linha,


de 3 a 4 dedos anterolateralmente à espinha posterossu-
perior (Fig . 56-53 A) Não faça o ponto de entrada mu ito
distalmente, para evita r colocar em perigo os vasos glúteos
ou o nervo isqu iático.
• Faça uma in cisão generosa em cada ponto de entrada,
insira os pinos de Stein mann, e certifique-se de que o
braço lateral pode deslizar livremente (Fig. 56-53 B).
•Avance os pinos até que o osso seja tocado e, em segu ida,
utilize um martelo para inserir os pinos 1 cm dentro do
O@'hME'm Fixador pélvico "antichoque" de Ganz para esta- osso (Fig. 56-53 C) .
bilização imediata e provisória de frat uras pélvicas. • Deslize os dois braços laterais mediaimente na direção um do
outro até as extremidades dos parafusos rosqueados, desli-
zando ao longo dos pinos e entrando em contato com o osso.
Se o pino estiver sobre o ápice da espinha ilíaca anteroin- •Conduza os parafusos rosqueados para dentro com uma
)
fe rior na incidência ob líqua do ilíaco.então o ponto de chave, pa ra apl icar compressão à hemipelve instável. Isso
entrada mediolateral está correto. fecha a diástase e estab ili za o anel pé lvico posterior (Fi g.
•Com o uso de pinos autoperfurantes, faça furos de 2 o u 56-53 D) .
3 cm, tomando cuidado para não sair med ial ou lateral. •Corrija o deslocamento cran ial da hem ipelve aplicando
•Confirme o posicionamento nas incidências oblíqua ilíaca, tração na perna ipsilateral antes de aplica r a compressão.
ob líqua obturatriz e obtu ratri z outlet. •Corrija o deslocamento dorsal através da t ra ção manual,
•Avance o pino até a incisura isquiática, que é a área de utilizando o mandri l em T ap licado a um pino de Schanz
osso denso. Confirme isso nas incidências obl íquas ilíaca fixad o na espinha il íaca anterossuperior. Realize outras
e obturatriz. manipu lações, se necessário, de forma similar.
•Conecte os pinos à barra transversal. •Verifi que as manobras de redução radiograficam ente ou,
caso ou tros procedi mentos sejam necessá rios imediata-
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO Se for usado pa ra trata- mente, obtenha uma rad iografia o ma is breve possível.
mento defin itivo da fratura pélvica, o f ixador é mantido por •O dispositivo pode ser aplicado em uma configuração
entre 8 e 12 semanas, dependendo do tipo e da redução ob líqua através da colocação do pino de Stein mann, na
da fratura. O cuidado com o local dos pinos deve ser meti- latera l da hemipelve estável na espinha ilíaca anterossu-
cu loso, com a limpeza fe ita usando peróxido duas vezes por perior. Quando o parafuso é apertado, um componente
dia, para remoção do transudato que frequentemente se do vetor de força do lado in stável é direcionado anterior-
forma. O curativo ao redor dos pinos deve apl icar alguma mente, o que ajuda a redu zir uma hem ipelve posterior-
compressão à pele para minimizar a movimentação na área mente deslocada.
dos pinos. Se um pino estiver infectado e frouxo, deve ser •Assim que o clampe estiver em posição, proced imentos de
substituído, e o trajeto do pino original deve ser curetado. diagnósticos ou terapêuticos adicionais podem ser realiza-
dos. Se uma laparotomia for necessá ria, gire a barra ao redor
do eixo f ixo dos pinos de Steinmann para longe do abdome,
para que ela encoste distalmente nas coxas. Se for necessá-
1 CLAMPES PÉLVICOS
rio um procedimento no fêmur proximal , gire a barra cefá-
Como em fraturas verticalmente instáveis um fixador externo apli-
lica para posicioná-la sobre o abdome (Fig. 56-53 E).
cado anteriormente não controla o movimento no complexo posterior
•Deixe o clampe em posição até que a f ixação interna
sacroilíaco, dois clampes pélvicos foram desenvolvidos para ajudar a
definitiva possa ser rea lizada. Assim que a fratura poste-
controlar a pelve posterior na fase de reanimação: o clampe em C de
rior ti ver sido exposta e pinças de red ução ou pinos
Ganz (Fig. 56-52) e o estabilizador pélvico desenvolvido por Browner
estejam no lugar, remova o clampe em C.
et al. Esses dispositivos utili zam pinos grandes posicionados percuta-
• Se a hemorragia não for controlada após a aplicação do
neamente e fixados sobre a região da articulação sacroilíaca poste-
fixador externo anterior ou clampe pélvico, uma avaliação
riormente. Acreditamos que uma fratura da asa do ilíaco perto da
angiográfica é recomendada. Em aproximadamente 10%
articulação sacroilíaca é uma contraindicação para o uso deste dispo-
dos pacientes, uma grande lesão arterial pode ser identifi-
sitivo, e utilizamos apenas como um dispositivo de estabilização tem-
cada e tratada através da embolização. Considere também
porária que deve ser retirado no prazo de 5 dias, se possível.
o tamponamento retroperitoneal, conforme descrito por
Osborn et ai, para controlar hemorragias nesses pacientes.

CLAMPES PÉLVICOS
TÉCNICA
(GANZ ET AL.) • FASE RECONSTRUTIVA
Fraturas pélvicas sem desvio e estáveis (do tipo A de Tile, tipos LCI e
•Com o paciente em decúbito dorsa l, palpe a espinha ilíaca API de Young e Burgess) não precisam de estabilização cirúrgica e
posterossuperior e desenhe uma linha imaginária entre ela podem ser manejadas adequadamente com mobilização precoce e anal-
gésicos. Estudos históricos que descrevem o tratamento conservador
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETABULO E DA PELVE flB

H@ii;f4'1m Aplicação do fixador de Ganz (ver texto): A, Local de inserção do prego . B, Os pinos de Steinma nn são inseridos, e o
deslizamento livre do braço lateral é garantido. C, Os pinos são direcionados 1 cm dentro do osso. D, Parafusos rosqueados são dire-
cionados para dentro e aplicam compressão para fechar a diástase e estabilizam o anel pélvico posterior. E, A barra pode ser girada
para possibilitar a laparotomia ou acesso ao fêmur proximal. (Cortesia de R. Ganz, MD.) VEJA A TÉCNICA 56-3.

das fraturas pélvicas deslocadas (dos tipos B e C de Tile) com tração redução tem sido relatad a co m o uso destes, especialmente em pacien-
ou um balancim pélvico têm mostrado resultados decepcionantes, tes idosos e com parafusos colocados de forma retrógrada.
especialmente em pacientes com fraturas sacrais deslocadas e luxa- A fixação externa tem sido amplamente desc rita para o trata-
ções sacroilíacas. Na m aioria dos relatos dessas lesões, quase metade mento definitivo de lesões do tipo B de Tile (tipo AP II de Young e
dos pacientes apresentou dor moderada a grave após o tratamento Burgess), com a fun ção mantida normal em pacientes nos quais uma
conservador. redução adequada (< 1 cm de deslocamento) foi obtida. Este método
A morbidade significativa associada ao tratamento conservador pode se r especialmente útil em pac ientes com lesões geniturinárias
de fraturas pélvicas instáveis e desviadas levou a uma abordagem associadas ou lesões gastrointestinais com contaminação significativa,
cirúrgica mais agressiva. A redução e a estabilização cirúrgica têm ou outros problemas das partes moles qu e podem impedir a RAFI
sido defendidas para fraturas rotacionalmente instáveis, mas vertical- anterior. A base do tratamento para as lesões dos tipos APC-II ou
mente estáveis (tipo B de Tile, e tipo AP II de Youn g e Burgess, Figs. APC-III é a RAFI da sínfise púbica quando a situação clínica permite.
56-42 e 56-43), com uma diástase da sínfise púbica de mais de 2,5 cm, Tornetta, Dickson e Matta relataram ausência de dor ou dor
fraturas de ramos púbicos com mais de 2 cm de desvio, ou outras apenas com atividade extenuante em 96% de seus pacientes após a
lesões pélvicas rotacionalmente instáveis com discrepância significa- fixação interna anterior de fraturas instáveis rotacionalmente, mas
tiva no comprimento dos membros de mais de 1,5 cm ou deformi - verticalmente estáveis. Eles recomend aram o uso de uma única placa
dades rotacionais pélvicas inace itáve is. O tratamento cirúrgico de de reco nstrução com quatro ou seis furo s de 3,5 mm; placas de dois
fraturas pélvicas rotacionalmente instáve is pode ser reali zado com um furos demo nstraram elevadas taxas de insucesso. Em co ntraste
fixador externo anterior utilizado para tratamento definitivo ou RAFI com muitos outros autores, Matta não citou um cateter suprapúb ico
com placa anterior. Parafusos para o ramo púbico retrógrado, coloca- como urna contraindicação para a fixação interna anterior de fraturas
dos por via percutânea ou com uma técnica aberta, tamb ém foram pélvicas, e defe nde o reparo primário precoce de lesões da bexiga
descritos para a fixação anterior, mas uma taxa de 15% de perda de para evitar a contaminação do hem atoma da fratura pélvica. Ele não
mm> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

relatou infecção em sete pacientes com cateteres suprapúbicos e com


•Coloque uma pinça de redução de Weber com ponta
fixação interna pélvica anterior. Tile defendeu o uso de duas placas
anteriormente sobre o corpo do púb is, para a redução
na sínfise em lesões do tipo C, quando a fixação posterior é con-
(Fig. 56-54 E e F).
traindicada por problemas de partes moles.
• Nas fraturas com deslocamento cefá lico da hemipelve,
aplique tração. Em casos mais graves, uti lize uma pinça de
REDUÇÃO E redução pélvica colocando um parafuso de 4,5 mm ante-
INTERNA DA SINFISE PUBICA riormente, em cada lado da sínfi se. O uso de uma placa e
uma porca no lado desviado perm itirá grande vantagem
TÉCNICA mecân ica, sem o risco do parafuso se soltar (Fig. 56-54 G).
•Após a redução satisfatóri a, coloque uma placa de recons-
•Posicione o paciente em decúbito dorsal em uma mesa trução curva de seis furos de 3 mm sobre a superfície
rad iotransparente. superior da sínfise (Fig . 56-54 H).
•Mantenh a as pernas em rotação interna para auxiliar nas •Faça um furo excêntrico para produzir uma pequena
reduções (Fig. 56-54 A).
quantidade de compressão.
•Prepare a área distal aos tubérculos púbicos.
•Confirme a redução e a fixação com a fluoroscopia.
•Faça uma incisão de Pfannenstiel (Técnica 1-73).
•Faça uma incisão no reto lo ngitudinalmente, na interse- •Para as lesões do t ipo C nas quais a fixação posterior não
ção das fibras. Não seccione as cabeças do reto. é possível, ap li que duas placas .
•Utilize um afastador ma leável no espaço de Retzius para •Coloque um dreno de sucção fechado no espaço de Retzius.
proteger a bexiga (Fig. 56-54 B) •Em casos de fraturas nos ramos púbicos nas quais uma
•Co loque afastadores estre itos e afiados de Hohmann abordagem de Pfannenstiel não é suficiente para a RAFI,
embaixo do reto e sobre o púbis, para expor a sínfise púbica utilize um acesso ilioinguinal ou um acesso de Stoppa
e
(Fig. 56-54 e D) modificado.

O!rilltt'!E:EI Fi xação interna anterior da fratura pé lvica (ver texto). A, Posicionamento do pac iente . B, Afastador co locado . C e D,
Di ástase da sínfise do tipo li é reduzida com a pinça de Weber colocado anteriormente ao músculo reto .
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETÁBULO E DA PELVE fj:UM

h@iif+ifil$1%•ul• E e F, As pontas
da pinça são colocados no mesmo nível
no corpo púbico, para que, com o fecha-
mento, qualquer rotação em plano sag ital
da sínfise seja reduzida. G e H, Visão das
partes interna e externa da pelve mostra
o posicionamento da pinça de Jungbluth
com furo deslizante e placa de ancora-
G gem. VEJA A TÉCNICA 56-4.

Lesões pélvicas do tipo C de Tile (tipos AP III, LC III e cisa- no res ultado fin al do paciente. Uma comparação de resultados
lhamento vertical de Yo ung e Burgess; Figuras 56-45 e 56-46) exigem em 80 pacientes com fraturas pélvicas, dos quais 61 % foram
fixação posterior para recuperar a estabilidade vertical. A fixação tratados com fixação ex terna e 39% foram tratados conservado-
externa exclusivamente não é recomendada como tratamento defi- ramente, re ve lou taxas similares de retorno à ocupação anterior
nitivo de fraturas pélvicas verti calmente instáveis, pois a instabili- para lesões do s tipos A, B e C de Tile (75 a 81 %). O deslocamento
dade posterior não pode se r controlada por meio deste método de ve rti cal resi dual médio da hemipel ve em lesões do tipo Cera de
tratamento. Na série de Kellam, após a redução adequada de fraturas 21 mm. O núm ero de pacientes que percebiam a dor como a pior
do tipo e, apenas 50% dos pacientes ficaram livres da dor sem sequela da lesão fo i se melhante entre os três grupos, independen-
mudanças de emprego ou de estilo de vida. Após a redução inade- tem ente do tratamento.
quada de lesões do tipo e, apenas 33% dos pacientes retornaram às Para fraturas do tipo C de Tile (rotacional e verticalmente ins-
suas ocupações anteriores. Nas fraturas do tipo C que envolvem a táveis), o anel anterior pode ser fixado com um fixador externo ou
articulação sacroilíaca, Kellam recomenda a redução anatômica da uma placa anterior, conforme desc rito anteriormente. O tratamento
lesão posterior e a fixação interna com fusão da articulação sacroilí- posterior geralmente é determinado pela parte do anel posterior que
aca. Mullis e Sagi observaram resultados piores em pessoas com foi romp ida. Para fraturas sacrais e luxações sacroilíacas, a fixação com
luxações sacroilíacas puras que foram reduzidas incorretamente do parafuso direcionado por intensificador de imagens a partir do ílio
que naquelas com reduções anatômicas. posteriormente até o corpo sacra! (Fig. 56-55) tem sido recomendada.
Alguns autores, no entan to, são céticos sobre o fato de que Esta técnica tem como risco danificar as raízes nervosas de L5 e S1 e
a redu ção anatôm ica das lesões do tipo C tem efeito considerável os vasos ilíacos anteriores ao corpo do sacro e as raízes nervosas
@}:lf) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

h@il;fflEm Fi xação com parafuso iliossacral para fratura


sacral ou sacroilíaca.

O@il;fiil:lm A e B, Apl icação da placa em banda de


tensão.

possibilita a observação direta da articulação (Fig. 56-58). Para fratu-


ras na asa do ilíaco, são utilizadas as técnicas de redução aberta e
fixação com placa de reconstrução pélvica, bem como a fixação com
parafusos interfragmentários entre as tábuas pélvicas. Para fraturas
-luxações da artic ulação sacroilíaca (a chamada fratura em crescente;
tipo LC II de Young e Burgess), a fratura pode ser reduzida e fixada
anteriormente ou posteriormente, com ou sem material transfixando
a articulação sacroilíaca.
Foi relatado que a fixação posterior com parafuso iliossacral
para fraturas do tipo C (Tile) após a redução aberta posterior de
B
fraturas sacrais, fraturas -luxações da articulação sacroilíaca e luxa-
ções puras da articulação sacroilíaca possibilitou que dois terços
H@ii;fiim& Fi xação da haste tran silíaca para fraturas sacra is. dos pacientes retornassem às suas ocupações prévias à lesão.
A, Pino de Ste inm ann grande (8 a 1O mm) é perfurado a partir
Lesões neurológicas associadas comprometeram o resultado final
do aspecto externo de um íli o através do ílio oposto. B, Segunda
em 35% dos pacientes. A redução da lesão posterior para menos
haste é inserida a 1,5 cm d ista l e paralelamente à primeira.
de 10 mm parece ser adequada para resultados funcionais, mas o
desvio residual pode levar a alterações artrós icas no acompanha-
sacrais dentro de seus limites ósseos, e isso exige excelente técnica mento a longo prazo.
radiográfica e um profundo conhecimento da anatomia tridimensio- Bons resultados tamb ém têm sido relatados com a fixação de
nal da pelve. Como lesões neurológicas ocorrem em 30% das fraturas parafusos iliossacrais percutâneos nas fraturas do tipo C; no entanto,
sacrais transforaminais (fraturas da zona II de Denis), alguns autores a obtenção de redução fechada em luxações isoladas da articulação
defendem a RAFI dessas fraturas com a descompressão do forame sacroilíaca pode ser difícil, e a redução aberta da articulação sacroilí-
neural envolvido. A fixação com barra transilíaca tem sido relatada aca pode ser necessária antes da fixação do parafuso percutâneo. Em
por vários autores para lesões sacrais, embora haja risco de lesão um grupo de pacientes com fraturas pélvicas verticalmente instáveis
neurológica com compressão do sacro (Fig. 56-56). A placa em banda tratadas com parafusos iliossacrais percutâneos, Griffin et ai. mos-
de tensão também pode ser utilizada entre as duas cristas ilíacas pos- traram alta taxa de falha (13%) em fraturas por cisalhamento vertical
teriores (Fig. 56-57) . A placa anterior da articulação sacroilíaca pode através do sacro. Starr e Reinert desenvolveram um dispositivo de
ser inserida através de uma abordagem retroperitoneal anterior, a qual redução que perm ite que forças direcionadas sejam aplicadas para
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBU LO E DA PELVE fJ:IF@

H!§ii;@ E!E> A e B, Aplicação da placa anterior na articulação sacroilíaca.

lnlet

Htrill;Mm l Posicionamento do paciente e inclinações angu-


lares médias a partir da posição perpendicular para obter as
incidências ideais inlet e outlet. (Reformu lado de Graves ML, Routt
MLC Jr: lli osacral screw placement: are uniplanar changes realistic based
on standard fluoroscopic imaging7 J Trauma 71 :204, 2011.)

FIXACÃO INTERNA: FIXACÃO


0!§11;f4Em Dispositivo de redução de Starr e Reinert (ver
POSTERIOR COM PARAFUSO eM
texto).
FRATURAS SACRAIS LUXACOES
ajudar na redução (Fig. 56-69). A fixação transilíaca percutânea SACROILIACAS (DECUBITO
também é utilizada para lesões no anel pélvico posterior em um
pequeno número de pacientes para os quais a fixação com parafuso TÉCNICA
iliossacral não foi factível.
Independentemente do método de fixação escolhido, o cirur- (MATTA E SAUCEDO)
gião deverá estar familiarizado com as variações da anatomia sacra!
•Posicione o paciente em decúbito ventral em uma longa
superior e imagens fluoros cópicas, incluindo a incidência sacra!
mesa radiotransparente para perm itir projeções antero-
lateral, que deverá ser excelente. Graves e Routt gravaram a inclina-
posteriores, cauda is e cefálicas com um intensificador de
ção no plano sagital no fluoroscópio a partir do ponto vertical neces-
imagens (Fig. 56-61)
sário para obter as incidências inlet e outlet durante a fixação dos
•Faça uma incisão vertica l posterior padrão, iniciando 2 cm
parafusos iliossacrais (Fig. 56-60). O grau médio da inclinação
latera l à espinha ilíaca posterossuperior, para luxações
necessário para obter a incidência inlet ideal era de 25 graus e, para
sacroilíacas, fraturas luxações ou fraturas sacrais. )
a incidência outlet, o ideal era de 42 graus.
@}:IGI PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

40 graus - caudal Anteroposterior 40 graus - cefálica

h@l!;ijmJ Fixação posterior com parafuso em fraturas sacra is e luxações sacroil íacas - posicionamento do paciente. Projeções
anteroposterior, caudais e cefá li cas com um intensificador de imagens mostram a posição do furo e do parafuso. (Reformu lado de Matta
JM, Saucedo T: Internai fixatio n of pelvic ring fractures, Clin Orthop Relat Res 242:83, 1989; origina l by Zilbert.) VEJA A TÉCNICA 56-5.

•Afaste a ?arte postenor dos músculos glúteos a partir da 1 FIXAÇÃO PERCUTÂNEA COM PARAFUSO
) ILIOSSACRAL PARA LUXAÇÕES SACROILÍACAS E
asa do rl1aco posterior e a origem do glúteo máximo a
partir do sacro (Fig. 56-62 A e B). FRATURAS SACRAIS (DECUBITO DORSAL)
•Exponha a incisura isquiática maior para ava liar a redução. Routt et al. descreveram esta técnica, relatando seus resultados e com-
Para fratura s sacrais, eleve os músculos multífidos para plicações, e estudaram as variações anatômicas e radiográficas das
expor a fratura da lâm ina sacra l posterior (Fig. 56-62 C). características morfológicas das porções superiores do sacro que afetam
•Para luxações sacroilíacas, coloque uma pinça de redução a técnica cirúrgica. Suas séries de artigos são leituras essenciais para
com ponta a partir do sacro até a asa do ilíaco, para a ajudar cirurgiões de trauma a realizar esta técnica. Eles enfatizam o fato
redução. Palpe através da incisura isquiática maior e de que a asa sacra! normal apresenta w1rn superfície anterossuperior
também observe diretamente para ava liar a redução. inclinada, a inclinação alar sacral, que se estende da parte proximal-pos-
•Sob o controle do intensificador de imagens, insira para- terior até a distal-anterior (Fig. 56-63). Anterior à asa sacra! nesta região,
fusos perpendiculares à asa do ilíaco, através da articu - passa a raiz nervosa de L5 e os vasos ilíacos. O córtex da inclinação alar
lação sacroi líaca até a asa sacra l, direcionando-os para forma a fronteira anterior da "zona de segurança" para a passagem dos
a corpo vertebral de S1. Cuidadosamente, marque os parafusos iliossacrais no corpo de Sl. A fronteira posterior da zona de
locais de perfuração dos parafusos através de mú ltip las segurança é formada pelo forame da raiz nervosa de Sl.
projeções fluoroscópicas em anteroposte riores, caudais A inclinação da asa do sacro (slope) pode ser estimada em urna
e cefálicas . incidência fluoroscópica lateral ve rdadeira do sacro através da iden-
•Para fraturas sacra is, realize a redução da mesma maneira, tificação da densidade co rtical ilíaca (DCI), a qual demarca o espes-
verificando a redução com palpação através da incisura samento cortical anterior da porção ilíaca da articulação sacroilíaca
isquiática maior e observando a lâmina sacral posterior. (Fig. 56-64). A angulação da inclinação alar pode ser mais aguda em
•Insira um ou dois parafusos no corpo vertebral de S1 pacientes com displasia sacra!, estreitando a zona de segurança para
fixado a partir da superfície lateral da asa do ilíaco. Se a passagem do parafuso. Routt et ai. detectaram displasia sacra! em
necessário, apliq ue uma placa de reconstrução de 3,5 mm 28 de 80 pacientes com fraturas pélvicas avaliadas por incidências
ao longo do sacro posterior entre os ílios, como um a laterais verdadeiras, inlet e outlet. Em 94% dos pacientes com seg-
banda de tensão (Fig . 56-57) logo acima da incisura isqui- mento sacra! superior não displásico, a DCI coincidiu com a incli-
ática maior. nação alar, conforme visto na TC pré-operatória. Isso a torna um
•Suture a fáscia glútea à espinha sacral. marco radiográfico útil para determinar a borda anterior da zona de
•Feche as incisões da maneira convencional sob re os segurança (Fig. 56-65). No entanto, 6% das asas sacrais não displá-
drenos de sucção. sicas exibiram concavidade ou recesso anterior quando visualizadas
no plano axia l, projetando a DCI anterior para a inclinação alar na
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

lij@ii;O EID A-C, Fixação posterior com parafuso. VEJA A


TÉCNICA 56-5.

Raiz

nervosa
de 81

h!§il;@m t Inclinação alar e localizações das raízes nervosa de LS e de 51 e suas relações com a asa.
W}:H$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

h!§ii;ftim l A densidade cortica l ilíaca (DC I) pode ser identificada na radiografia latera l (A) e na TC (B) para a esti mativa da incli-
nação a lar sacra l.

O@ii;MmD TC confirma a zona segura estreita (setas sólidas) O@ii;HEm Asa sacra l re ba ixa da (setas sólidas) re lacio nada
resu ltante do segme nto sacra l superior disp lásico . Supe rfíc ies arti- com osso il íaco de nso adjacente à arti cu lação sacroilíaca - dens i-
cu la res a nteriores das art iculações sacroilíacas parecem ser bilate- dade cortica l ilíaca (DC I) (seta aberta) . TC ex ibe me lh or essas
ra lmente planas. Partes onduladas t ipo tongue-in-groove são situações incomu ns. As ra ízes nervosas podem se r ce rcadas por
situa d as posteriormente . A DCI é bi latera lmente notada (setas gordura dentro das asas reba ixadas, especia lme nte no lado
abertas) . (Retirado de Chip M, Chip LJr, Simonian PT, et ai: Radiographic d ire ito do pacient e que não estiver les ionado . (Retirado de Routt
recognition of the sacral alar slope for optimal placement of iliosacral MLC Jr, Simonian PT, Agnew SG, et ai: Radiographic recognition of the
screws: a cadaveric and clinicai study, J Orthop Trauma 1O:171, 1996.) sacral alar slope for optima l placement of ili osacral screws: a cadaver
and clinicai study, J Orthop Trauma 1O:171, 1996.)

incidência lateral verdadeira. A TC pré-operatória foi útil para em 5 1 pacientes consecutivos. Os parafusos utilizados para fixa r as
determinar as dimensões da zona de segurança e para identificar os luxações da articulação sacroilíaca são colocados perpendicular-
recessos na s asas sacrais (Fig. 56-66). Um recesso na asa sacra! mente à articulação, enquanto os parafusos utilizados para fixar as
possibilita a entrada de parafusos in-out-in, os quais podem les io- fraturas sacrais são colocados mais transversalmente, para possibi-
nar a raiz nervosa de L5 (Fig. 56-67). Routt et al. enfatizaram que litar a passagem do parafuso para a asa contralateral.
a pelve posterior deverá ser precisame nte reduzida para permitir U ma avaliação minuciosa das características morfológicas
a superimpo sição das in cis uras isqu iáticas maiores e ambas as sacrais superiores deve rá ser realizada para garantir que haja um
DCI na incidência lateral verdadeira. Com isso sendo um critério corredor seguro para a colocação de um parafuso iliossacral. Um
necessário para a passagem do parafuso, o uso da DCI como mar- sacro displ ásico pode ter uma inclinação alar sacra! atípica, bem
cador anterior para a zona de seg urança e estando atento ao recesso como um pequeno corredor, e isso, por consequência, colocaria as
sacra! anterior, nenhum erro de colocação de parafusos foi notado estruturas neurais em risco (Fig. 56-68) .
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO AC ETÁBULO E DA PELVE

O[§ll;fflmD Parafusos inseridos sem o uso


da incidência sacra l latera l e DCI. Parafu sos apa-
rentam estar intraósseos nas radiografi as pélvi-
cas em inlet (A) e outlet (B); no entanto, a TC no
pós-operatório (C) mostra que o para fu so ilios-
sacra l nº 2 anterior cefálico no lado esquerdo do
paciente está extraósseo . A raiz nervosa LS foi
les io nada. (Retirado de: Routt MLC Jr, Simonian PT,
Agnew SG, et ai: Radiographic recognition of the
sacra l alar slope for optimal placement of iliosacra l
screws: a cadaver and cl inicai study, J Orthop Trauma
10:17 1, 1996.)

•Coloque a fluoroscop ia no lado oposto ao da hemipelve


lesionada.
• Obtenha incidências anteroposteriores, inlet, outlet e sacrais
DCI
·" laterais para ga rantir a visualização adequada . As posições
inlet e outlet facilitam a mudança de incidência durante a
1-;::::::::- -:;-::::=:=----.::--=::::::::...
-tSffí'iié
J/
\,/ •
abordagem do caso (Fig. 56-69A e B)
•Reduza primeiro a pelve posterior. Manobras de redução
incluem a tração, pin os de Scha nz nas asas do ilíaco,
montagem de fi xador externo ant erior e f ixação interna
pélvica anterior prévia.
• Na incidência fluoroscópica sacra ! lateral, identifique os
porta is anterior e posterior do primeiro segmento sacra!.
O ponto de entrada exato depende do número de pa ra -
fusos planejado e o tipo de lesão: fraturas sacra is preci-
sam de um parafuso transversa l; enquanto, em luxações
O[dmf.Hml!EI Estrutura va ri áve l do sacro superior em incidên- sacroil íacas, passam de posteroinferior pa ra proxima l e
cia o utlet. DCI, densidade co rtical ilíaca. anterior (e precisam de um pa rafuso perpe ndicular para
a articu lação sacroilíaca).
•Marque o ponto de entrada na pele e faça uma incisão
FIXAÇÃO PERCUTÂNEA COM de 1 cm.
PARAFUSO ILIOSSACRAL PARA •Avance com um guia canu lado no ílio (Fig. 56-69 C e D).
LUXAÇÕES SACROILÍACAS, E •Na incidência latera l, coloque a ponta do guia no loca l
FRATURAS SACRAIS (DECUBITO ideal de entrada e impacte-o na posição com um martelo
para evitar que escorregue (Fig. 56-69 E).
DORSAL) •Com o uso de imagens biplanares (incidências inlet e
TÉCNICA outlet), ajuste a trajetória do guia para ent rar com segu-
rança no primeiro seg mento sacra ! (Fig. 56-69 F e G).
•Posicione o paciente em decúbito dorsal em uma mesa •Avance com o fio-guia, confirm ando que a passagem é
rad iotransparente. Coloque um suporte macio aba ixo da segura t anto na incidência inlet quant o na outlet (Fig.
coluna lombossacral para elevar o paciente da mesa. 56-69 H a J) )
W}:li:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

Otd!l;MmJ A-P, !Fi xação com parafuso iliossacral (veja texto e Técnica 53-6).
CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE
lll!n> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

(
O@lhtJ.im!Z!) Abordagem anterior e estabi-
li zação da articula ção sacro ilíaca. A, Incisão
para a abordagem anterior. B, Após a redu ção,
a asa sacral é fi xada ao ílio com duas placas de
co mpressão dinâmica de dois furos. VEJA A
TÉCNICA 56-7.
A B

•Verifique a incidência sacral latera l para certificar-se de lesar a raiz nervosa de L5 que descansa a 2 a 3 cm mediai-
)
que o pino esteja dentro do corpo sacral. mente à articu lação.
•Meça o comprimento do parafuso. •Ancore dois afastadores de Hohmann de ponta f ina dentro
•Perfure sob re o f io-gu ia (Fig. 56-69 K) da asa sacra l para afastar os conteúdos abdominais med iai-
•Avance com o parafuso sobre o fio-guia; verif ique a posição mente. Utilize com cu idado e afastamento intermitente
nas incidências inlet e outlet (Fig . 55-69 L e M) para evitar neura lgias ilioingu inais e das raízes nervosas
•Confirme a posição do parafuso nas incidências antero- lombossacra is.
posteriores, inlet e outlet (Fig. 56-69 N a P). • Uma vez exposta a articulação sacroil íaca através da dissec-
ção retrofascial, manipule a hemipelve com uma pinça óssea
pesada apl icada na crista ilíaca, enquanto o assistente mani-
pu la a perna. Rotação interna da hemipelve e tração distal
ABORDAGEM ANTERIOR E da perna geralmente são necessárias para redução.
•Não debride as superfícies cartilaginosas da arti cu lação .
ESTABILl?AÇÃO DA ARTICULAÇÃO •Após a redução, f ixe a asa sacra l ao ílio com placas de
SACROILIACA compressão dinâm ica de dois ou três fu ros e parafusos
Simpson et ai. descreve ram uma técnica de f ixação ante- de 4,5 mm (Fi g. 56-70 B) .
rior que inicialmente utilizava grampos, mas agora util iza •Feche as partes moles sobre drenos.
placas de compressão dinâmica, placas de reconstrução
ou placas com quatro furos. Enfatizam a proximidade da raiz CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando a dor do paci-
nervosa de L5 com a articulação sacroi líaca durante a expo- ente permiti r, a deambu lação é in iciada com muletas ou
sição. Estudos subsequentes em cadáveres têm mostrado andador, sem ca rga no lado afetado.
que a raiz nervosa de L4 e o tronco lombossacra l estão
próximos à articulação sacroilíaca, especia lmente em seu
t erço inferi or, e deverão ser cu idadosamente protegidos.
Fraturas da asa do ilíaco podem ser abordadas por um acesso
TÉCNICA
retroperitoneal similar. A redu ção é realiza da com uma pinça de
(SIMPSON ET AL.) redução com ponta, e a fixação é obtida com uma placa d e recons-
trução de 3,5 mm e uma técnica com parafu so interfragmentário
padrão (Fig. 56-44).
•Coloque o paciente em decúbito dorsal e faça a metade
superior de uma incisão de Smith-Petersen ao long o da
crista ilíaca anterior (Fi g. 56-70A). Estenda a incisão até a REFERENCIAS
parte ma is superio r da crista anteriormente e até a esp inha
ilíaca ant eroinferior inferiormente. FRATURAS ACETABULARES
• Subperiostea lmente, disseque o múscu lo ilíaco e afaste-o
mediaimente, bem como os conteúdos abdom inais para Anglen )0, Burd TA, Hendricks KJ, et ai: Th e "gull sign": a harbinge r of
expor a articulação sacroilíaca. Tenha cuidado para não fai lure for internai fixation of geriatric acetabular fractures, 1 Orthop
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CAPÍTULO 56 FRATURAS DO ACETÁBULO E DA PELVE

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CLAVÍCULA 2823 FRATURAS PERIPROTÉTICAS DA FRATURAS DA CABEÇA DO RÁDIO OU
OPÇÕES DE TRATAMENTO 2824 DIÁFISE DO ÚMERO 2855 COLO COM LUXAÇÃO DA ARTICULAÇÃO
Fixação com Placa e Parafusos 2824 FRATURAS DO ÚMERO DISTAL 2856 RADIOULNAR DISTAL
Fixação lntramedular 2826 FRATURAS, LUXAÇ{>ES E (FRATURA-LUXAÇÃO
FRATURAS LATERAIS FRATURAS-LUXAÇOES DE ESSEX-LOPRESTI) 2878
DA CLAVÍCULA 2830 DO COTOVELO 2864 FRATURAS DO TERÇO PROXIMAL
FRATURAS DA CABEÇA DA ULNA COM LUXAÇÃO
FRATURAS DO OMBRO 2830
DO RÁDIO 2864 DA CABEÇA RADIAL
FRATURAS DA ESCÁPULA 2830
Tratamento Cirúrgico 2864 (FRATURA-LUXAÇÃO
Opções de Tratamento 283 1 DE MONTEGGIA) 2878
FRATURAS DO PROCESSO
FRATURAS DO ÚMERO PROXIMAL 2832
CORONOIDE 2866 FRATURAS DAS
Classificação 2833 LUXAÇÕES ISOLADAS DO COTOVELO 2867 DIÁFISES DO RÁDIO
Avaliação Radiográfica 2834 FRATURAS-LUXAÇÕES E ULNA 2881
Tratamento Não Cirúrgico 2834 DO COTOVELO 2867 FRATURAS DO TERÇO DISTAL
Tratamento Cirúrgico 2835 Tratamento 2867 DO RÁDIO COM LUXAÇÃO DA
Complicações 2845 LESÕES "TRÍADE TERRÍVEL" ARTICULAÇÃO RADIOULNAR
FRATURAS DA DO COTOVELO 2868 DISTAL (FRATURA-LUXAÇÃO
DIÁFISE DO ÚMERO 2846 Tratamento 2869 DE GALEAZZI) 2882
TRATAMENTO CIRÚRGICO 2847 Complicações 2872 FRATURAS DO RÁDIO
OSTEOSSÍNTESE COM PLACA 2847 FRATURAS DA CABEÇA E
DISTAL 2884
Escolha do Implante 2847 COLO DO RÁDIO ASSOCIADAS CLASSIFICAÇÃO 2886
Abordagem 2848 À LUXAÇÃO DO COTOVELO 2873 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE 2886
Cuidados Pós-Operatórios 2848 FRATURAS E OPÇÕES DE TRATAMENTO 2887
Complicações 2849 FRATURAS-LUXAÇÕES Tratamento Fechado 2887
FIXAÇÃO INTRAMEDULAR 2850 DO OLÉCRANO 2873 Redução Aberta e Fixação
FRATURAS DA DIÁFISE DO ÚMERO Fraturas 2873 com Placa 2892
COM LESÃO DO NERVO RADIAL 2855 Fraturas-Luxações 2873 COMPLICAÇÕES 2899

Traumatismos nas extremidades superiores frequentemente repre- com a mão espalmada. A maioria das fraturas da clavícula consolida
sentam um desafio difícil para os cirurgiões ortopédicos se o pro- sem interco rrências ou sérias consequências com tratamento não
blema encontrado fo r uma fratura, fratu ra-luxação ou lesão grave cirúrgico. Historicamente, as deformidades ósseas res ultantes foram
aos tecidos moles ou aos elementos neurovasc ul ares. Os resultados co nsideradas sendo preferíve is a uma cicatriz inestética da redução
funci onais fin ais após as lesões na extremidade sup erior muitas aberta e fixação interna (RA FI). As diretri zes do tratamento tiveram
vezes dependem das condições dos tecidos moles adjacentes, bem como base du as grandes séri es de Nee r e Rowe, qu e mostraram taxas
como do(s) osso(s). Uma fratura da extremidade infe rior pode con- de não consolidação de menos de 1% em fraturas tratadas não
solidar com encurtamento, alguma perda de movimento das articu- cirurgicamente em comparação com cerca de 4% em fraturas ciru r-
lações adj acentes ou outro comprometimento dos tecidos moles, gicamente tratadas. Esses res ultados es tabeleceram o conceito de
mas, ainda assim, produz bom resultado fun cional; enquanto, na qu e as taxas de consolidação e fun ção eram excelentes com trata-
extremidade sup erior, frequentemente ocorrerá grave comprometi- mento conservador de fraturas da clavícula, e eram melhores que
mento fun cional se a consolidação da fratura for acompanhada por aqu elas após o tratamento cirúrgico. Os estudos mais recentes ques-
essas sequelas, embora o próprio osso tenha co nsolidado de form a tionaram as taxas de consolidação, recuperação func ional e a mor-
satisfa tória. Es te capítulo discute o tratamento cirúrgico das fraturas bidade das consolidações viciosas após o tratamento conservador.
e fraturas- luxações da extremidade superior e cintura escapular. O Um estudo observacional prospectivo de 868 pacientes com fraturas
cirurgião também precisa estar atento às lesões aos tecidos moles. da clavícul a tratadas não cirurgicamente descobriu uma taxa de
pse udoart roses de 6,2%. Os fa tores de risco identificados fo ram
idade avançada, sexo feminino, 100% de desvio (falta de contato
CLAVÍCULA co rti cal) e presença de cominuição. Uma metanálise incluindo 2.1 44
fraturas mostro u uma taxa de não consolidação de 15% para fra tu ras
A fratura da clavícula é um a das mais comuns do corpo; na maioria da clavícul a desviadas tratadas não cirurgicamente; enquanto a taxa
das vezes, a fratura é resultante de um traumatismo direto ou queda de pseudoartrose para RAF I foi de apenas 2% (Tabela 57-1). Dessa

2823
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

Resultados do tratamento , :. Complicações e resultados


TABELA 57 -1 cirúrgico e não cirúrgico das ifABELA 57-2 após o tratamento cirúrgico
fraturas agudas do terço médio e não cirúrgico das fraturas
da clavícula da clavícula

% DE TRATAMENTO
TRATAMENTO PSEUDOARTROSE TRATAMENTO NÃO
FRATURAS DESVIADAS E NÃO DESVIADAS CIRÚRGICO CIRÚRGICO
(N = 62) (N = 49)
Não cirúrgico (1 .145 fraturas) 5,9%
COMPLICAÇÃO/EVENTO ADVERSO
Placas (635 fraturas) 2,5%
Pseudoartrose 2 7
Fixação intramedular (364 fraturas) 1,6%
Consolidação viciosa que O 9
Todas as fraturas (2.144) 4,2%
requer tratamento adicional
FRATURAS DESVIADAS
Infecção da ferida/deiscência 3 o
Não cirúrgico (159 fraturas) 15%
Incômodo pelo implante, 5 o
Placas (460 fraturas) 2,2% exigindo remoção
Fixação intramedular (152 fraturas) 2,0% Síndrome da dor complexa O
Todas as fraturas desviadas (771) 4,8% regional
Dados de Zlowodzki M, Zelle BA, Cole PA, et ai : Treatment of acute Cirurgia para fratura com O 2
midshaft clavicle fractures: systematic review of 2144 fractures. On behalf exposição iminente
of the Evidence-Based Orthopaedic Trauma Working Group, J Orthop Sintomas transitórios do 8 7
Trauma 19:504, 2005. plexo braquial
Anormalidade da 2 3
articulação AC ou SC
fo rma, parece haver um subgrup o de pacientes - aqueles com fra- Falha mecânica precoce do o
turas com desvio - que não respondem tão bem ao tratamento não implante
cirúrgico como se pensava anteriormente. Outros 2 2
Essas preocupações levaram a Sociedade Canadense de Trauma TOTAL 23 (37%) 31 (63%)
Ortopédico a iniciar um estudo multicêntrico prospectivo randomi- APARÊNCIA DO OMBRO
zado para comparar o tratamento não cirú rg ico com o tratamento
Ombro caído O 10
cirúrgico com fixação interna com placa de fraturas desviadas da
Protuberância e/ou O 22
clavícula. Eles concluíram que o tratamento cirúrgico levou a resul-
assimetria
tados fu ncionais melhores e menores taxas de consolidação viciosa
e pseudoartrose. As complicações ocorreram em 23 (37%) dos 62
Cicatriz inestética 3 o
pacientes tratados cirurgicamente, em comparação com 31 (63%) Local da fratura 9 10
dos 49 tratados não cirurgicamente (Tabela 57-2). doloroso e/ou sensível
Incômodo e/ou saliência 11 o
do implante
OPÇÕES DE TRATAMENTO Parestesias na incisão 18 o
Satisfação com a 52 (84%) 26 (53%)
A maioria das fraturas da clavícuJa ainda é tratada não cirurgica- aparência
m ente. O tratam ento, no entanto, não deve ser uma abordagem "tudo Resultados funcionais
ou nada': mas deve ser individualizado para cada paciente e lesão, com
AC, acromioclavicular; SC, esternoclavicular.
o objetivo de fornecer os m elhores resultados. Os trabalhos recentes Pontuações dos escores Constant e DASH de aproximadamente 1Opontos
da literatura ajudaram a prever de forma mais precisa as complicações melhor no grupo cirúrgico em todas as reavaliações (6, 12, 24 e 52 semanas).
após as fraturas desviadas e permitir uma discussão franca com o Dados da Sociedade Canadense de Trauma Ortopédico: Nonoperative
paciente para escolher a forma apropri ada de tratamento. treatment compared with plate fi xation of displaced midshaft clavicu-
O tratamento não cirúrgico co nsiste no uso de uma tipoia para lar fractures : a multicenter, randomized clinicai triai, J Bane Joint Surg
conforto. Nós raramente utilizamos im obilização no formato de o ito 89A:1, 2007.
por causa do desconforto do paciente e a falta de benefício compro-
vado. O tratam ento cirúrgico norm alme nte con siste em RAFI com
fixação com placas e parafusos o u hastes intramedulares. A fixação
externa foi descrita, mas raramente é necessária - exceto em situa- faci lmente moldadas, mas podem ser muito fracas para manter a
ções específicas. As indicações relativas para o tratamento ci rúrgico redução. Atualmente, a técnica mais comumente utilizada é a colo-
são mostradas no Quadro 57-1. cação superior da placa (Fig. 57-1), mas quando a configuração da
fratura permite, prefere-se a colocação da placa na cortical antero in-
• FIXAÇÃO COM PLACA E PARAFUSOS ferior, em virtude da trajetória segura do parafuso e menor irritação
As técni cas de fixação com placas continuam a evoluir. As placas do implante (Fig. 57-2) . Ind epend entemente da técnica de colocação
mais n ovas pré-moldadas possibilitam encaixe mais preciso, man- da placa, deve-se preservar o periósteo e ter cuidado p ara evitar a
tendo grande resistência tênsil; no entan to, as complicações foram lesão dos pulmões e vasos subcláv ios; um parafuso interfragm entá-
relatadas com placas de reconstrução de 3,5 mm, que podem se r rio deve ser utilizado quando possível.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

ij11fü•liltJ 57-1 Indicações relativas para fixação primária das fraturas do terço médio da clavícula

Específicos da fratura Lesões associadas


• Desvio > 2 cm •Lesão vascular que exige reparo
• Encurtam ento > 2 cm •Déficit neurológico progressivo
•Frat ura cominutiva (> 3 fragmentos) •Lesões/fraturas ipsi laterais da extremidade superior
•Fraturas segmentares • Múltiplas fraturas ipsilaterais das costelas superiores
• Fraturas expostas •"Ombro flutu ante"
•Frat uras com comprometimento dos tecidos moles e imi- •Fratu ras bilaterais da clavícul a
nê ncia de expos ição
•Deformidade clíni ca óbvia (gera lmente associada a desvio
Fatores do paciente
e encurtamento)
• Pol itrauma com exigência para uso do membro superior
•M au posicionamento da escápula ou escápula alada no
para auxíli o na deambulação do paciente
exame inicial
•Motivação do pac iente pa ra reto rno ráp ido da fun ção
(p. ex., atleta de elite ou prof issional autônomo)

De McKee MD: Clavicle fractures. ln Bucholz RW, Heckman JD, Court-Brown CM, Tornetta P 3rd, editors: Rockwood and Green's fractures in adults, 7th ed,
Phil adelphia, 201 O, Lippincott Williams & Wilkins.

O@ihHEf19 Fratura da clavícula (A) fixada com placa na cortical superior (B).

O@il;J4m. Fratura da clavícu la (A) fi xa da com placa na cort ical anterior-inferior (B) .
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

REDUÇÃO ABERTA E INTERNA

-
DAS FRATURAS DA CLAVICULA
TÉCNICA
(COLLINGE ET AL, MODIFICADA)
FIXAÇÃO ANTEROINFERIOR COM PLACA E
Acr

PARAFUSOS
• Coloque o paciente em decúbito dorsa l com um grande
SN-- ------
--- ---
r.._)

coxim colocado entre as escápu las, possib ilitando que a


cintura escapu lar lesionada caia posteriormente, o que
ajuda a restaurar o comprimento e melhora a exposição
da clavícu la.
• Faça uma incisão ce ntralizada sob re a fratura em uma
li nha a partir do manúbrio esterna l para a borda anterior
do acrômio (Fig. 57-3A)
• Libere o platisma lateral e identifique o nervo supraclavi-
cu lar que atravessa o aspecto anterior da clavícula.
• Faça uma incisão da f áscia clavipeitora l ao longo da sua A
ligação com a clavícula anterior e eleve-a cuidadosamente
de modo inferior.
• Faça uma dissecção em primeiro lugar ao longo do frag -
mento medial, que geralmente está flexionado para longe
das estruturas infraclavicu lares vitais. Para fratu ras agudas,
somente mínima dissecÇão dos tecidos moles é necessária.
• Red uza a fratura e segure-a com pinças de redu ção.
• Utilize um parafuso interfragmentário, se possível, para
fixação provisória; como uma alternativa, considere utili-
zar um parafuso de minifragmento como fixação provi -
sóri a para viabi liza r o perfeito contorno da placa.
•Molde uma placa de 3,5 mm para se ajustar ao longo da
borda antero inferior da clavícula. Em gera l, uma placa
com oito orifícios se ajusta bem quando contornada em
um formato S (Fig. 57-3B) .
• Aponte os parafusos para f ixação da placa posterior-
mente e superiormente (Fig . 57-3C). Se houver fratura
obl íqua, um parafuso interfragmentário pode ser colo-
cado através da placa ou diretamente no osso em um
âng ulo de 90 graus à linha da fratura.

FIXAÇÃO SUPERIOR B
• Para fixa ção superior, molde a placa para ajustar a borda
superior da clavícula (Fig. 57- 1). Insira os parafusos a partir
da extrem idade superior para a inferior, toma ndo cuidado
para evitar a lesão das estruturas neurovasculares.

«l[J Veja também, em inglês, o Vídeo 57-1.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade operada é


colocada em uma tipoia para conforto. Os exercícios pen-
dulares são ensinados e o paciente é encorajado a uti lizar
o braço, mas deve evitar traba lho pesado e movimentos
de puxar ou empurrar. O retorno completo das atividades
é permitido quando há consolidação da fratura, geral- e
mente em 2 a 3 meses.
H(dll;fflli19 Redu ção aberta e fixa ção interna da fratura da
clavícu la. A, Incisão. B, Pré-curvatu ra da placa para adaptar-se à
• FIXAÇÃO INTRAMEDULAR anatomia clavicular no rmal. C, Colocação do parafu so direcio-
As hastes intramedulares das fraturas da clavícula estão disponíveis nado posteriormente e superiormente. VEJA A TÉCNICA 57-1.
há mais de 50 anos, com uma variedade de dispositivos, incluindo
pinos de Rockwood, fios de Kirschner, pinos de Küntscher e pinos
de Rush (Fig. 57-4). As vantagens sugeridas da fixação intramedular
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

O@lljfflii19 Fratura da clavícu la (A) tratada com fixação intramed ul ar (B).

incluem pequena incisão na pele, menos desgaste do periósteo e


•Utilize tesouras para liberar o múscu lo do platisma da
estabilidade relativa para possibilitar a formação do calo. No entanto,
pele sobreposta; divida o múscu lo na di reção de suas
as frequentes complicações - tais como migração intratorácica,
fibras. Tome cuidado para não lesionar o ramo interme-
quebra do pino e danos às estruturas subjacentes - limitaram o uso
diário do nervo supraclavicular, que geralmente é encon -
desta técnica. Um estudo biomecânico comparando a fixação das
trado diretamente abaixo do múscu lo do platisma, perto
osteotomias da clavícula com placas de compressão de 3,5 mm e
da clavícula média. Identifique e retraia o nervo.
hastes intramedulares de 3,8 ou 4,5 mm também mostrou que as
•Utilize uma pinça de redução para elevar a extremidade
placas foram superiores em resistir as forças de deslocamento. Mais
proximal da clavícu la media l através da incisão (Fig. 57-5A).
recentemente, hastes intrarnedulares elásticas de titânio estão sendo
•Tomando cuidado para não penetrar a cortical anterior,
utilizadas, com bons resultados em vários estudos clínicos. No
prenda a broca de tamanho apropriado ao cabo T e
entanto, as taxas de complicação relatadas variaram de 9% a 78%
perfure o canal medu lar (Fig. 57-5B).
com esses dispositivos, principalmente a migração medial ou lateral
e perfurações. Frigg et al. relataram urna redução nas complicações • Remova a broca do fragmento medial, coloque uma fresa
de 60% para 17% com o uso de um tampão de proteção na extremi- de tamanho apropriado no cabo T, e frese o canal medu lar
dade da haste, convertendo para redução aberta após duas tentativas até a cortical anterior (Fig. 57-5C). A exp loração com a
fracassadas na redução fechada, utilizando passagem manual cuida- mão é recomendada, especialmente para pacientes
dosa do pino, obtendo radiografias oblíquas intraoperatórias para menores e pinos da clavícula de menor diãmetro.
evitar a perfuração lateral da clavícula, e limitando a amplitude de •Eleve o fragmento latera l através da incisão; girar externa-
movimento pós-operatória até 90 graus de elevação por 6 semanas. mente o braço e o ombro ajuda a melhorar a exposição.
•Insira a broca de mesmo tamanho uti lizada no fragmento
media l ao cabo T, e perfure o cana l medular (Fig. 57-50).
FIXAÇÃO INTRAMEDULAR COM UM •Sob a orientação da fluoroscopia, passe a broca através do
PINO ROSQUEADO ORIENTADO córtex posterolatera l da clavícu la (Fig. 57-5 E). A posição da
DISTALMENTE (PINO DA CLAVÍCULA broca deve ser posterior e media l à articulação acrom iocla-
vicu lar, em torno do nível do coracoide. Deixe a broca sair
DE ROCKWOOD) não mais que o equador da clavícula posterolatera l.
TÉCNICA • Remova a broca do fragmento latera l, insira a fresa de
tamanho apropriado ao cabo T, e frese o cana l medular
•Coloque o paciente em uma posição semissentada em de modo que toda a porção rosqueada da fresa seja
uma mesa cirúrgica radiotranspa rente com um intensifi- avançada completamente no canal (Fig. 57-5F) . Se a fresa
cador de imagem no lado ipsi latera l. Ao girar a imagem estiver difíc il de passar, considere perfu rar novamente
45 graus caudamente e cefal icamente, é possível obter com o próximo maior tamanho de broca. Mais uma vez,
imagens ortogonais da clavícula. a perfuração manual é recomendada.
• Faça uma incisão de 2 a 3 cm sobre o canto posterolateral •Ao segurar o fragmento distal com uma pinça de redução,
da clavícula 2 a 3 cm medial à articu lação acromioclavi - remova as porcas do conjunto do pino e passe a extrem i-
cular. Há pouco tecido subcutãneo nesta região; assim, dade distal do trocarte do pino no cana l medular do
tome cu idado para não lesionar o músculo do platisma fragmento distal. O pino deve sair através do orifício )
subjacente. perfurado anteriormente no córtex posterolatera l.
@J:f}:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

•Uma vez que o pino sai da clavícula, a sua ponta pode ser o mandri l sobre os passos do pino, tanto lateral como
)
sentida subcutaneamente. Faça uma pequena incisão sobre medial), e retraia com cuidado o pino no fragmento
a ponta palpável, e afaste o tecido subcutãneo com uma lateral (Fig . 57-5H) Assegure que o pino seja inserido
pinça hemostática (Fig. 57-5G). Coloque a ponta da pinça sob corretamente.
a ponta do pino da clavícula para facilitar a sua passagem • Reduza a fratura e passe o pino no fragmento medial.
através da incisão. Em seguida, remova o pino lateralmente Avance o pino até que todos os passos mediais do pino
até os passos mediais do pino encostarem na cortical. passem o local da fratura. Devido ao peso, o braço
•Insira o mandril de Jacobs e cabo T na extremidade do geralmente é puxado para baixo - levantar o ombro vai
pino sa li ente lateralmente (tome cuidado para não colocar facilitar a passagem do pino no fragmento medial.

A B

e D

E F

O!§ihHgm Fi xação intramedular da fratura da clavícula. A, Elevação da extremidade proximal da clavícula medial. B, Perfuração
do canal medular. C, Fresagem do canal medular. D, Perfuração do canal medular. E, Passag em da broca através da cortical posterolateral.
F, Fresagem do can al medular.
CAPÍTULO 57 FRATU RAS DO OM BRO, BRAÇ O EANTEBRAÇ O flm

h[êjihf4,jU;.J,\ G, Incisão sobre a ponta da haste intramedu lar. H, Retra ção do pino no fragmento late ral. 1, Posi ção fin al da
hast e intramedu lar. (Redesenho de Lippert S: Rockwood clavicle pin surgical tech nique, Warsaw IN, DePuy.) VEJA A TÉCNICA 57 -2.

• Coloque a porca medial sobre o pino, seguido pela menor


• Uti lize um pino de corte lateral pa ra cortar o pin o perto
porca lateral. Faça a soldagem a frio das duas porcas, segu-
o máximo possível da porca lateral. Avance novamente o
rando a porca medial com um condutor de agulha ou alicates
pino da clavícula uti lizando a chave da porca lateral.
de bico f ino e apertando a porca lateral contra a porca medial
com a chave da porca lateral. Utilize o cabo T e a chave na
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é colocado em
porca lateral para avançar mediaimente o pino para baixo do
uma tipo ia pad rão para confo rto, e exe rcícios pendula-
fragmento medial até que ele entre em contato com o córtex
res suaves são pe rmitidos. Em 1O a 14 dias, as suturas
anterior. Confirme a posição com fluoroscopia.
• Quebre a so lda a fri o entre as porcas, seg ura ndo a po rca são removidas e, se a consolidação fo r vist a nas ra dio-
medial com um condutor de agu lh a ou alicates, e vire grafi as, a t ipoia é descon t inu ada; são permitidos exe rcí-
rapidame nte a porca lateral no sentido anti-horário com cios da amp litu de de movimento sem rest ri ções, mas
a chave de inserçã o. Avance a porca med ial até que ela sem fo rta lecime nto, exercícios res ist idos ou atividades
esteja contra o córtex latera l da clavícu la. Aperte a porca esportivas. Se as rad iografias em 6 se manas mostrarem
lateral até que ela encaixe na porca medial (Fig. 57-51). união, as atividades de forta lecimento são iniciadas. Os
•Uti lize a chave medial pa ra afasta r o pino 1 cm ou mais esportes de con tato (p. ex., f utebo l, hóque i) devem ser
para expor as porcas do tecido mole. Assegure que os evitados por 12 semanas após a cirurgia. Se a fratura
passos do pino ainda estejam envolvidos no osso cortical estiver consolidada em 12 semanas, o pino pode ser
do fragmento medi al da clavícul a. removido.
lllEll> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Tipo 1 Tipo llA Tipo llB


Ligamentos intactos mantêm Ligamentos conoide e Ligamento conoide está rompido,
os fragmentos no lugar trapezoide estão no fragmento distal ; o ligamento trapezoide permanece
fragmento proximal, sem estruturas intacto no fragmento distal, o
A B ligamentares, está deslocado e fragmento proximal está deslocado

H@ii;'41:i9 Classificação de Neer para as fraturas da clavícula lateral. A, Tipo 1, ligamentos intactos mantêm os fragmentos no
lugar. B, Tipo llA, ligamentos conoide e trapezoide estão no fragmento distal ; fragmento proximal, sem estruturas ligamentares, está
deslocado. C, Tipo llB, ligamento conoide está rompido, o ligamento trapezoide permanece intacto no fragmento distal, o fragmento
proximal está deslocado .

• TIPO
1

li
_
57 3

DESCRIÇÃO
Classificação de Neer para
fraturas laterais da clavícula

Ligamentos coracoclaviculares intactos, ligados ao


fragmento medial
Ligamentos coracoclaviculares desinseridos do
fragmento medial, mas o ligamento trapezoide
intacto ao segmento distal
llA Conoide e trapezoide inseridos ao segmento
distal
llB Conoide roto
Ili Fratura intra-articular com acometimento da
art iculação acromioclavicular

FRATURAS LATERAIS DA CLAVÍCULA H@ii;frjmJt Fixação da sutura complementar a partir da cla-


vícula ao coracoide sobre o acrômio para fratura lateral da
Neer descreveu cinco tipos de fraturas laterais da clavícula (Tabela clavícula.
57-3 e Fig. 57-6). Os tipos I e III são laterais aos ligamentos coraco-
claviculares e são inerentemente estáveis. As fraturas do tipo II
ocorrem mediaimente aos ligamentos coracoclaviculares (tipo IIA)
ou com ruptura dos ligamentos (tipo IIB). O trapézio pode ser uma FRATURAS DO OMBRO
força de deformação, e causa desvio das fraturas do tipo II. O trata-
mento ainda é controverso, com bons resultados relatados com FRATURAS DA ESCÁPULA
ambos os tratamentos - cirúrgico e não cirúrgico -, mesmo com
consolidação viciosa. O desafio é obter fixação segura nos fragmen- As fraturas da escápula correspondem a 3% a 5% de todas as fraturas
tos laterais. As estratégias incluem placas sobre o acrômio para obter sobre o ombro; na maioria das vezes, são causadas por trauma de
maior fixação, fixação complementar com suturas a partir da claví- alta energia e são frequentemente associadas a trauma múltiplo
cula e sob o coracoide (Fig. 57-7) e utilização de placas em gancho (aproximadamente 90% dos pacientes com fraturas da escápula
subacrom ial (Figs. 57-8 e 57-9). Altas taxas de união (95% ou supe- têm lesôes associadas). O tratamento das fraturas da escápula fo i
rior) e boa função do ombro foram relatadas com o uso de placas tradicionalmente descrito como "negligência benigna" e, assim
em gancho, mas o desconforto do paciente e osteólise acromial como as fraturas da clavícula, a maioria das fraturas da escápula
geralmente requerem a remoção da placa tão logo a união ocorra. fica bem com o tratamento conservador. Embora os resultados
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO -

O[rilhtj019 A, Fratu ra da clavícul a fi xada com placa gancho (B).

[TJ\tici J\ Resultados do tratamento


- jfj/f cirúrgico e não cirúrgico das
fraturas da escápula

CIRÚRGICA: NÃO CIRÚRGICA:


TIPO DE FRATURA EXCELENTE/BOA EXCELENTE/BOA
Glenoid e isolada 82% (45/55) 67% (6/9)
Colo com ou sem 92% (23/25) 79% (110/140)
outras fraturas da
escápula associadas
(excluindo a
glenoide)
Acrômio e/ou 88% (7/8) 77 % (80/104)
processo coracoide
(com/s e m fratura s
da escápu la
associadas)
Apenas corpo 100% (2/2) 86% (6/7)
(incluindo esp inh a
da escápu la)
O@ii;@EilJI Fratura da clavícu la conso lid ada após a remoção
da placa . Dados de Zlowodzki M, Bhandari M, Zelle BA, et ai: Treatment of scapu la
fractures: systematic review of 520 fractures in 22 case series, J Orthop
Trauma 20:230, 2006.

sejam geralme nte bons, nem todas as fraturas da escápul a consoli -


dam sem intercorrências, e houve ressurg im ento do in teresse em concreti zar as diret ri zes d o tratam ento, essas duas revisões ainda
determinar quais p ac ientes se beneficiariam do tratamento cirú r- continuam evoluind o.
gico. Na sua revisão sistemática da literatura sobre as fraturas da
escápul a, Zlowodzki et al. d escobriram q ue, d o total de 520 fraturas • OPÇÕES DE TRATAMENTO
relatadas, 82% tinham resultados funcionais bons a excelentes. Q uase tod as as fraturas do colo e corpo d a escápula ainda são tra-
Quase todas as fraturas do corpo da escápula foram tratadas n ão tad as n ão cirurgicam ente. Nós im obilizamos o ombro por 2 a 3
cirurgicamente, com 86% de resultados bons a excelentes; colo d a semanas e, poste riormente, in iciamos um protocolo de ganho de
escápula e fraturas da glenoide isoladas foram, na maiori a das vezes, amplitude d e movimento com exercícios ativo -assistidos conforme
tratadas cirurgicamente (83%), com resultados bons a excelentes em a dor. Um programa ativo de amplitude de movimento é, então,
76% e 82%, respectivamente. Embora os números d e fraturas espe- ini ciado, e os exercícios de fortalecimento são permitidos quan do a
cíficas tenham sido pequenos, os resultados gerais após o tratamento consolidação da fratura é confirmada clínica e radiograficamente.
cirúrgico fora m m elh o res que aqueles após o tratam ento não cirúr- A mob il idade do ombro é pred itiva d a fun ção em muitos
gico em todos os tipos (Tabe la 57-4). Em um a revisão s istemática pacientes co m um a frat ura d a escápula; no entanto, ainda h á um
de tratamento cirúrg ico d as fraturas d a escápu la, Lantr y et ai. pequen o g rupo de pacientes em qu e RAFI provavelm ente é ind i-
t ambém relataram que re sultados fun cion ais bons a excelentes cado. O obje tivo do tratam ento é preservar a função do ombro,
foram encontrados e m aproximadamente 85% dos pacientes. ev itando mau alinh amento, artrose, discines ia escapulotorácica e
Embora a literatura ainda seja carente de evidência suficiente para dor da síndrome do impacto.
lllE!D PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

I
I
I
I
I
I
I
/1
//
/ I
/ I
I
I
I
I
I

/ I
/
/ I
/ I
/ I
// I
b/ / ª' I
// I
/ I
/ I
/ I
// I
B / I

h!§ll;Hml!I Ângulo glenopolar normal (A) e anormal (B). O ângulo é medido entre a linha que conecta o ponto mais cranial ao
mais caudal da cavidade glenoide (a) e linha que conecta o ponto mais cranial da cavidade glenoide com o ponto mais caudal do corpo
da escápula (b) . O ângulo glenopolar normal varia de 30 a 45 graus.

os problemas do paciente devem contribuir para a decisão do trata-


1 FRATURAS DA GLENOIDE mento cirúrgico. Em geral, favorecemos o tratamento conservador,
As fraturas da glenoide devem ser tratadas como todas as outras mas esta é uma decisão ativa do tratamento, e não "negligência
fraturas intra-articulares e reduzidas e estabilizadas quando há benigna".
desvio significativo (> 4 mm) através da superfície articular, levando
à subluxação ou incongruência da articulação. A abordagem cirúr-
gica de escolha é a de Judet ou Judet modificada (Técnica 1-85). As FRATURAS DO ÚMERO PROXIMAL
abordagens anteriores ocasionalmente são necessárias.
Utilize radiografias adequadas para entender a lesão traumática; seja
1 FRATURAS DO COLO OU CORPO DA ESCÁPULA cuidadoso ao negar aos pacientes mais velhos um tratamento efetivo;
As fraturas do colo ou corpo da escápula - tão significativamente utilize uma abordagem cirúrgica segura e simples; conheça as opções
desviadas, que a consolidação viciosa e a dor são motivos de para fixação interna; reconheça o valor das artroplastias; evite os erros
preocupação - devem ser consideradas para o tratamento cirúrgico. técnicos; supervisione completamente o atendimento do paciente no
A medialização da glenoide foi questionada por Zuckerman et ai., pós-operatório.
que recomendaram a avaliação de lateralização da borda da escápula. H. Cofield (1988)
A avaliação por TC também constatou que, em pacientes com
fraturas no colo da glenoide, a translação medial pura da glenoide O resumo de Cofield do tratamento das fraturas do úmero proximal
relativa ao esqueleto axial foi rara; em vez disso, houve tipicamente é uma indicação da dificuldade de tratar estas lesões - desde a pri-
um componente de encurtamento da largura da escápula combi- meira avaliação ao resultado final. Muita controvérsia e confusão
nada com a lateralização do corpo da escápula. As decisões do ainda existem, e nenhum protocolo de tratamento único ou algoritmo
tratamento devem ser baseadas na quantidade de desvio. Alguns foi comprovado ser universalmente eficaz. Como indicado por
autores utilizam o ângulo glenopolar como um critério para deter- Cofield, as áreas ainda em questão incluem diagnóstico radiográfico,
minar o tratamento. Tal ângulo é fo rmado por uma linha dese- tratamento cirúrgico ou não cirúrgico, consideração da idade do
nhada a partir do polo inferior da fossa glenoide até o polo paciente na tomada de decisão do tratamento, abordagem cirúrgica,
superior, e uma segunda linha desenhada a partir do polo superior fixação da fratura ou hemiartroplastia, tipo de fixação interna, e pro-
da fossa glenoide abaixo, através do ângulo mais inferior do corpo da tocolo de reabilitação. Inúmeros autores sugeriram que o tratamento
escápula (Fig. 57-10). O ângulo glenopolar normal varia de 30 a não cirúrgico pode ser preferido para fraturas do úmero proximal de
45 graus. Anavian et ai. sugeriram que a TC tridimensional é mais duas, três ou quatro partes em pacientes idosos, mas dor e perda
confiável do que a radiografia simples na avaliação do desvio da de função foram relatadas em altas porcentagens nesses pacientes
fratura extra-articular da escápula. após esta abordagem de tratamento. Court-Brown et ai. relataram
Cole et ai. listaram vários critérios para o tratamento cirúrgico resultados bons ou excelentes; no entanto, em 81 % das fraturas impac-
de fraturas da escápula: tadas em valgo em pacientes idosos tratados não cirurgicamente, e em
• Uma compensação da borda lateral de 2 cm (lateralização) uma comparação do tratamento cirúrgico e não cirúrgico de fraturas
• Quarenta e cinco graus da angulação do corpo da escápula, de duas partes desviadas, esses autores descobriram resultados seme-
medido em uma incidência lateral da escápula lhantes nos dois grupos de tratamento. Em um estudo da incidência
• Ângulo glenopolar de 22 graus ou menos geográfica e variação do tratamento de fraturas comuns em pacientes
• Fratura do corpo da escápula com lesão da clavícula ou do com- idosos, Sporer et ai. descobriram grandes variações na porcentagem
plexo acrômio-clavicular. de fraturas do úmero proximal tratadas cirurgicamente, variando de
Esses critérios de tomada de decisão ainda não mostraram 6,4% a 60%. Em oito regiões dos Estados Unidos, pelo menos 40%
produzir melhores resultados; o nível de habilidade do cirurgião e foram tratados cirurgicamente, enquanto em 35 regiões, menos de
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO -

2-partes 3-partes 4-partes

Colo
anatômico

Colo
cirúrgico

Tubero-
sidade
maior
O!iji!ajEilJI A terminologia de Neer
pa ra a classifica ção de quatro partes das fra-
turas desviadas e fraturas-lu xações se rela-
Tubero-
ciona com o padrão de desvio (duas partes,
sidade
menor três partes ou quatro partes) e principais
fragmentos desviados. Em cada padrão de
duas partes, o segmento chamado é deslo-
Superfície
cado. As fraturas de duas partes do colo são
articular
Fratura- impactadas (A), não impactadas (B) e comi-
luxação nutivas (C) . Todo padrão de três partes tem
desvio da diáfise, e a tuberosidade desviada
Anterior identifica o tipo de fratura de três partes. No
Posterior padrão de quatro partes, todos os fragmen-
tos estão desviados. As fraturas-luxações são
identificadas pela posição anterior ou poste-
rior do fragmento articular. Os grandes defei-
tos da superfície articular exigem identificação
diferente.

20% foram tratados cirurgicamente. O fato de que 10 diferentes téc-


nicas de fixação foram avaliadas para um único tipo de fratura (fra-
turas do colo cirúrgico do úmero) é a indicação da complexidade de
tratar fraturas do úmero proximal.
Vasos do
• CLASSIFICAÇÃO manguito rotador - -
O sistema de classificação mais comumente utilizado para fraturas
Artéria circunflexa
do úmero proximal é a de Neer (Fig. 57-11 ). Ainda que confiabili- posterior do úmero
dade limitada, reprodutibilidade entre os observadores e consistên-
cia pelo mesmo observador em di fere ntes momentos terem sido
citadas como limitações do sistema de Neer, ele permanece útil em Artéria circunflexa
orientar o tratamento. A classificação baseia-se na an atomia de
quatro partes do úmero proximal: cabeça do úmero, menor e maior
tuberosidades e diálise do úmero proximal. O critério para desvio é
ser maior que 1 cm de separação de uma parte em relação à outra
ou angulação de 45 graus. As fraturas de três partes e quatro partes
desviadas notavelmente alteram a congruidade articular da articu-
lação glenoumeral e têm a maior probabilidade de lesar o principal
suprimento sanguíneo par a o úmero proximal (Fig. 57- 12). A osteo-
necrose é mais provável após fraturas de quatro partes desviadas. H@ii;@Eflm Irrigação sanguínea do úmero proximal.
BD PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADU LTOS

A B

O[êjil;ijli19 A e B, Incidência radiográfica especial perpendicular ao plano da escápula pa ra mostrar a articu lação g lenoume ra l em
anteroposterior (A) e parale lo ao plano da escápu la para mostrar o desvio anterior e posterior (B) .

fíl úmero .
TC de uma fratura com divisão da cabeça do

0[§11;'1ml9 Método de obter incidência ax ilar da articulação


g lenoumeral. Esta incidência pode ser obtida com o paciente
deitado, em decúbito dorsal ou ventral, ou em pé . Abdução • TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
mínima do braço lesionado é necessária para determinar as rela- O tratamento não cirúrgico pode obter uma extremidade funcional,
ções anteroposteriores. indolor na maioria das fraturas do úm ero proximal. A amplitude de
movimento da articul ação do ombro acomoda uma defo rm idade
angular moderada sem perda fun cional significativa . Neer descreveu
a angul ação aceitável como menos de 45 graus e menos de 1 cm de
• AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA desvio. Embora esses critérios não sejam absolutos, eles forn ecem
Para avaliar uma fratura do úm ero prox.imal, é necessário que haja um gui a. Um paciente idoso co m múltiplas comorbidades pode
em todos os pacientes, inicialmente, um a incidência anteroposterior tolerar melhor um a perda fun cional do qu e um paciente jovem
do ombro no plano da escáp ula, uma incidência lateral da escápula ativo. A primeira etapa na tomada de decisão do tratamento é deter-
(incidência em Y) (Fig. 57- 13) e uma incidência axilar em decúbito minar se o desvio (< 66%) e a angulação (varo é mal tolerado) são
dorsal (Fig. 57- 14) . Se a quantidade do desvio da cabeça do úmero aceitáveis para um paciente em particular; a segunda é determinar
ou de frag mentos da tuberosidade não estiver clara nas rad iografias, se a cabeça do úm ero e a diálise se movem como uma unidad e. Se
uma TC axial com seções de 2 mm é indicada (Fig. 57- 15). ambas as condições estiverem presen tes, a fratura é estável e em uma
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fll1ll
TABELA '!antagens e das técnicas utilizadas para tratar fraturas desviadas dos
umeros prox1ma1s

TÉCNICA VANTAGENS DESVANTAGENS


Tratamento não Função tão boa como o tratamento cirúrgico Consolidação viciosa inevitável:
cirúrgico para muitas fraturas Disfunção do manguito rotador/rigidez
Baixo risco de infecção e outras complicações mais provável
cirúrgicas Cirurgia tardia para tratamento mais
difícil
Risco maior de pseudoartrose
Técnicas minimamente Menor Lesão reduzida dos tecidos moles Curva de aprendizado maior
invasivas Menor risco de infecção Risco de lesão nervo/artéria axilar
Fixação menos estável
Pino intramedular Técnica mais estável de fixação metafisária Disfunção do manguito rotador após a
no osso osteoporótico inserção anterógrada
Mínima dissecção exigida para inserção Resultados ruins nas fraturas de várias partes
Alta taxa de retirada tardia do implante
Redução aberta e Possível redução anatômica da fratura Abordagem cirúrgica aberta necessária :
fixação da placa Resultado funcional melhor Aumento do risco de infecção
Cirurgia de revisão mais fácil Aumento do risco de osteonecrose
Fixação mais estável em fraturas de múltiplas
partes
Implantes rígidos
Possível enxerto ósseo adjuvante
Hem iartroplastia Risco de não união, osteonecrose, Resultado funcional ruim
consolidação viciosa sintomática é evitada Complicações tardias da artroplastia difíceis
Baixa taxa de reoperação de tratar em pacientes idosos
De Robinson CM: Proximal humerus fractures. ln Bucholz RW, Heckman JD, Court-Brown CM, Tornetta P 3rd, editors: Rockwood and Green 's fracture in
adults, ed 7, Philadelphia, 201 O, Lippincott Williams & Wilkins.

posição aceitável. Uma tipoia é utilizada para o conforto, e trata- sutura transóssea, fios percutâneos, haste intramedular ou fixação
mento com fisioterapia com exercícios pendulares é iniciado geral- com placa - utilizado depende da idade, nível de atividade e quali-
mente dentro de 1 semana. Se a cabeça do úmero e a diáfise não se dade do osso do paciente; tipo de fratura e fraturas associadas e
movem como uma unidade, o início da fisioterapia pode ser adiado habilidade técnica do cirurgião (Tabela 57-5).
para 2 a 4 semanas em pacientes que são candidatos cirúrgicos ruins Antes de considerar a cirurgia, é importante determinar se a
por causa da idade, baixas exigências funcionais ou comorbidades irrigação sanguín ea e a qualidade óssea são adequadas. Os critérios
que impedem a participação na reabilitação. Em pacientes jovens e radiográficos de Hertel para perfusão da cabeça do úmero (Fig.
ativos, a fixação cirúrgica precoce deve ser considerada. Em geral, 57-16) podem ser utilizados para prever a isquemia: extensão meta-
quanto maior o período de imobilização, maior o período de trata- fisária da cabeça do úmero menor que 8 mm e desvio da dobradiça
mento e maior a incapacidade. Um estudo randomizado controlado medial maior que 2 mm são previstas da isquemia. A combinação
envolvendo 74 pacientes com fraturas impactadas do úmero proxi- da extensão metafisária da cabeça do úmero, desvio da dobradiça
mal descobriu que a mobilização passiva inicial (dentro de 72 horas medial maior que 2 mm e padrão de fratura do colo anatômico tem
de lesão) foi segura e mais efetiva em restaurar a função do que a um valor preditivo positivo de 97% para a isquemia da cabeça do
imobilização convencional (3 semanas) seguida por fisioterapia. úmero. De acordo com o sistema de classificação AO/ ASIF, as fra-
turas extra-articulares do tipo A têm a irrigação sanguínea intacta,
• TRATAMENTO CIRÚRGICO enquanto as fraturas do tipo B têm uma possível lesão na irrigação
A decisão de que o tratamento cirúrgico é apropriado é complicada sanguínea e as fraturas articulares do tipo C têm alta probabilidade
pelas inúmeras e variadas técnicas descritas para fixação de fraturas de osteonecrose. A espessura cortical da diáfise do úmero foi suge-
do úmero proximal. Em geral, o desvio da fratura é utilizado como rida ser um indicador confiável e reprodutível de densidade mineral
o indicador de estabilidade. O objetivo é a restauração da anatomia do osso e o sucesso da fixação interna. A espessura cortical combi-
do úmero proximal com fixação estável que permite movimentação nada é a média da espessura cortical medial e lateral em dois níveis
funcional precoce. As consolidações viciosas crônicas e pseudoar- (Fig. 57- 17). Em geral, uma espessura cortical menor que 4 mm
troses que são subsequentemente tratadas cirurgicamente estão impede a fixação interna porque a pega adequada do parafuso não
associadas a resultados ruins. Consequentemente, é imperativo criar pode ser obtida; imobilização com tipoia, suturas transósseas ou
novamente a anatomia do úmero proximal normal com relação à hemiartroplastia podem ser melhores opções.
redução das tuberosidades e a relação cabeça-colo. As indicações As técnicas de fixação com suturas transósseas são bem-defi-
para o tratamento cirúrgico incluem fraturas de duas partes do colo nidas na literat ura ortopédica. Park et al. relataram 78% de resul-
cirúrgico desvidas, fraturas da tuberosidade maior desviadas (>5 tados excelentes em pacientes com fraturas de duas partes e três
mm), fraturas de três partes desviadas e fraturas de quatro partes partes do úmero proximal tratadas com fixação através de suturas.
desviadas em pacientes jovens. O tipo de fixação - fixação com A utilização de fortes suturas não absorvíveis fornece a vantagem de
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

\ metafisária
(mín ima)
B

Tuberosidade

medial
\ (não desviada)
e D

O!ijll;fflm:lll Critérios
rad iográficos de Herte l para viabi lidade da vascular ização da cabeça do úmero. A, Exte nsão metafisária da
cabeça do úmero maior que 9 mm . B, Extensão met afisária da cabeça do úmero menor que 8 mm . C, Dobradiça medi al não desviada .
D, Dobradiça medial com desvio medial maior que 2 mm .

Níve l 2

O(dl!;f4mfl Dois níve is utilizados para med ir a espessura co rtica l da d iáfise do úmero. Nível 1, aspecto mais proximal da diáfise
do úmero, está no nível em que as bordas end ostea is dos có rtex medial e lat era l são para lelas . Nível 2 está 20 mm dista l ao níve l 1.
Exemp los de pacientes com baixa densidade minera l do osso (A) e alta densidade mineral do osso (B) . (De Tingart MS, Apprelexa M, von
Stechow D, et ai: The cortical th ickness of the proximal humeral diaphysis predicts bone mineral density of the proximal humerus, J Bane Joint Surg
858:6 11, 2003.}
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OM BRO, BRAÇ O EANTEBRAÇO fl!m
med ial do úm ero geralmente adi cionam estabilidade para a fixação.
Em fra turas co m cominuição metafisária, a fixação percutânea é
contraindicada.
Haste intramedular (Técnica 57-3) fo rnece fixação mais estável
que os fios percutâneos, embora m enos qu e a fixaçã o com placa
bloqueada. A haste Polari s (Accumed, Por tland, OR) m ostro u fo r-
necer maior es tabilidade biomecâ nica que a fixação com fi os, e bons
resultados clínicos foram relatados com este dispositivo. O modelo
das hastes ma is novas com parafusos ortogonais têm m aior estabi-
lidade que as hastes mais ant igas, e a adição de buchas de polietileno
pode aum en ta r a estabilidade e evitar a soltura dos parafu sos (Fig.
57-22). A inserção de uma haste intramedular no úmero proximal
viola o manguito rotador, o que pode levar à dor pós-operatória no
ombro. As va ntage ns da técnica incluem preservação dos tecidos
moles e as propriedades biomecânicas teóricas das hastes in tram e-
dul ares. Uma corti cal lateral co minuída ou fraturas envolve nd o as
tub erosidades podem ser uma contraindicação para as hastes
int ra medul ares.
Fixação com placa e parafusos forn ece a fixação mais estáve l
dos três métodos de fixação (F ig. 57-23). As placas bloqueadas adi -
cionam estabilidade, especialmente no osso osteoporótico. Uma
redu ção aberta e fixação rígi da possibilitam a redu ção precisa e a
estabilização das tuberosidades, o que é importante, porque a con-
solidação viciosa das tub erosidades é mal tolerada e está associada
a resultados ruins em art roplasti a do ombro pós- traum ática. Um
H(êjmH EflEI Suturas não absorvíve is tran sósseas,incluindo o estudo rece nte prospectivo randomizado por Zhu et ai. desco briu
manguito rotador para aumentar a fi xação e ajudar a control ar que, no acompa nh amento de 1 ano, os pacientes tratados co m placas
os fragmentos de tuberosidad e. bloqueadas ti veram melhores res ultados em comparação com
aqu eles tratados co m has te intramedul ar bloqueada; no entanto, no
acompanh am ento de 3 anos, os resultados foram iguais. O grup o
tratado com hastes bloqueadas teve um a taxa de complicação signi -
inco rporar a inserção do m anguito ro tad or au mentando a fixação fi cativame nte menor (4%) do que o grupo com placa de bloqueio
em pacientes com má qualidade óssea (Fig. 57- 18) . A dissecção dos (13%). Konrad et ai. também relataram resultados sem elhantes em
tecidos moles não é grande, e taxas relativam ente baixas de osteo- fraturas de três partes do úm ero proximal tratadas com has tes intra-
nec rose foram relatadas com esta técnica. As preoc up ações incluem medulares (58 fraturas) ou fix ação com placa (1 53 fraturas).
a capacidade do paciente em mover a articulação do ombro e a perda Historicam ente, a fi xação do úmero p roxim al co m pl aca
de redução secundári a à fixação não rígi da. Mais rece ntemente, es tava cheia de co mpli cações, com co nsolidaçã o viciosa e pse u-
Dimakopoul os et ai. relataram bons resultados em 188 fraturas des- d oa rtrose ca usadas po r fi xação ruim d a cabeça do úm ero (Fig.
viadas do úm ero proxi mal tratadas com fixação transóssea (F ig. 57-24). Além di sso, a extensiva dissecção dos tecidos moles aum enta
57-19 } Eles suge riram como vantagens desta técnica: m enos dis- a possibilidade de osteonec rose da cabeça do úm ero, levando a
secção dos tecidos moles, baixa taxa de os teonecrose da cabeça do uma articulação dolo rosa e um ombro fun cionalm ente limitad o.
úmero, fixação sufic iente para permitir movi men tação passiva O d ese nvo lvime nto d as pl acas bloquead as do úme ro p roxi m al
precoce da articulação, além do fa to de evitar a utilização de im plan - melhoro u o tratamento d essas lesões muito compl exas. A va nt a-
tes caros e vo lumosos. gem da RAFI com um a placa blo quead a é a capacidade de redu zir
Fios percutâneos têm a vantagem de evita r dano ao envelope os fragm entos d a fr atura em um a pos ição anatô mi ca e es tabilizá
dos tecidos m oles e ao suprimento sanguíneo para a cabeça do -los rigidam ente para p ermitir a movimentação precoce. Inúme-
úmero (F igs. 57-20 e 57-21). Tamb ém é uma técnica relativamente ros es tu dos estão atu almente d isp oníve is, visto qu e a placa
barata, e vári as séries relataram bons resultados em fraturas de du as blo qu eada do úm ero p roxim al foi ampl am en te utili zada por mais
par tes, três partes e quatro partes impactadas em valgo. O proced i- de 10 anos; no en tanto, co m o fo i apontado em uma revisão da
mento é tecnicamente desafiador e requer um a red ução fechada Coc hran e, há po uca ev id ência de nível I o u II. Um rece nte es tud o
satisfatória, es toque ósseo adequ ado, mínima co minui ção (particu - rand omi zad o controlad o comparand o as placas blo queadas com
larmente das tuberosidades), um paciente com calcar medi al intacto o tratam e nto co nse rva dor de fraturas d e três e qu atro partes em
e um pacien te cooperativo. Em sua série de 74 pac ientes idosos pacie ntes idosos não enco ntrou di ferença em res ultad os no
(idade m édi a, 71 anos), Calvo et ai. demonstraram que a redu ção ac ompanh amento de 1 ano. Ap esa r da fa lta de suporte na litera-
estava associada ao resultado. Se uma redu ção fec hada satisfatória tura, a pl aca bl oqu ead a do ú mero p roximal é considerad a, pela
não pode ser obtid a, outro tipo de redução e fixação deve ser utili- mai ori a dos cirurgiões d e tra um a, um grand e avan ço no tra ta-
zado. Perd a de fixação, infecção do trajeto dos fi os e lesões do nervo mento d as fr aturas do úm ero proxim al, e tornou -se o implante
axilar são complicações comuns. Os pinos de Schan z rosqueados e d e escolha para essas fra turas.
pinos bicorticais inseridos desde a maior tub erosidade até a diáfise Algum as ques tões co m relação à redução aberta e fixação com
placas bloqueadas incluem a exposição extensa necessária para apli-
cação da placa que carrega um ri sco de dano às estruturas neuro-
*Disponível, em inglês, em www.expertco nsult. co m. vasculares, especialmente o ramo as cendente da artéria circunfl exa
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@ihljJlJll!J Co locação dos fios percutâneos para fixa ção da


fratura. Dois são passados na região lateral da diáfise, imediata-
mente abai xo da inserção da deltoide (a), e um fio é co locado
através do córtex anterior (b); se a maior tuberosidade for fratu-
rada e desviada, dois fios são inseridos de forma retrógrada (c) O@mf4E!l!I Fixação de uma fratura segmentar do úmero
para reduzir este componente da fratura. proxima l com haste intramedular bloqueada .

latera l. As taxas de complicação e reope ração permanecem altas


co m esta técnica. A perfuração do parafuso através da cabeça do
úmero é a complicação mais freq uentemente relatada. A perfura-
ção pode ocorrer como cutout por acomodação no processo de
consolidação da fratura ou da técnica ruim inicial. O utras compli-
cações incluem artrofibrose, sí ndrome do impacto, consolidação
viciosa, pseudoartrose, osteonecrose, infecção e falha do implante.
Os res ultados ruins estão associados a desvio inicial em varo de
fraturas de três e qu atro partes.
Em um a tentativa de diminuir as complicações com a fixação
com placa, Gardner et al. utilizaram um a abo rdagem acrom ial ante-
rolateral (Mackenzie) em que o nervo axilar é identificado e prote-
gido, a dissecção anterior próxima da região crítica responsável pela
irrigação sanguínea é evitada, a retração substancial do músculo é
minimizada, e a zona para fixação da placa lateralmente é direta-
mente acessada (Técnica 57-5). Laflamme et al. não relataram lesões
no nervo axilar e na perda de redu ção em fraturas tratadas com
placas do úm ero fi xadas percutaneamente através de duas mínimas
incisões (uma divisão do deltoide latera l e um a incisão na região
diafisária mais distal.) Conforme o nosso entendimento da anatomia
do úmero proximal e nossos instrumentos melhoram, técn icas
menos invasivas parecem promissoras.

1 FIXAÇÃO DOS TIPOS ESPECÍFICOS DE FRATURA


Fraturas de duas partes da tuberosidade maior têm historica-
mente sido tratadas cirurgicamente quando o desvio é maior
H!rii@Hf.IJI Fratura de du as partes do úmero proximal esta- que 1 cm. Recentemente, muitos autores suger iram que o om bro
bilizada com fios percutâneos. tem baixa tolerância para o desvio das tuberosidades e defenderam
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fl!lllll

O[ijiiimm!I A, Fratu ra desviada de duas partes do colo cirú rgico com extensão para as tuberosi dades ma ior e menor. B e C, Após
a fi xação com p laca bloqueada . Observe o parafuso na reg ião inferior da cabeça por causa da cominuição media l.

o tratamento cir úrgico para desvios de mais de 5 mm por causa da


perda func ional e complicações sec undárias com a síndrome do
impacto. Em geral, essas fra turas são estabilizadas com suturas
transósseas (Fig. 57-25; veja também a Fig. 57-18) ou, ocasional-
mente, co m parafusos em fr agmentos maiores. O intervalo dos
rotadores também deve se r reparado.
Fraturas de duas partes do colo cirúrgico com desvio têm resul -
tados ruins com o tratamento não cir úrgico. A redução fechada e a
fixação percutânea foram re latadas co mo bem-sucedidas em fratu-
ras redutíveis e não co minuídas. As complicações como perda de
fixação, migração do pino, infecção e consolidação viciosa fizeram
as hastes intramed ulares rígidas da nossa técnica preferida, no
entanto, para fraturas que podem ser reduzidas fechad as e para
fraturas segmentares (Fig. 57-22). A violação do manguito rotador
é compensada pelas vantagens da diminuição da violação dos tecidos
moles e diminuição da perda sa nguínea em comparação com RCFI.
As fraturas ampl amente desviadas, fraturas com comi nuição, e fra-
turas irred utíveis são estabilizadas com uma placa bloqueada (Fig.
57-23). A fi xação proximal desses sistemas aumentou a estabilidade,
de modo que a amp litude de movimento imediata no pós-operatório
é permitida. Para pacientes extremamente osteopênicos, Banco et ai.
descreveram uma técnica em "paraquedas'; qu e incluiu uma osteo-
tomia de impactação em valgo e fixação em banda de tensão incor-
porando suturas transósseas (Fig. 57-26). A consolidação fo i obtida
Estudo de micro-TC do trabecu lado do osso em todos os 14 pacientes idosos, e a satisfação do paciente e a função
esponjoso da cabeça do úmero mostra a grande porosidade na foram excelentes.
reg ião da tuberosidade maior e osso mais denso imed iatamente Fraturas de três partes do úmero proximal em pacientes
abai xo da cabeça do úmero . (De Meyer DC, Fucentese SF, Kol ler B, idosos com osso osteopênico podem exigir hemi ar troplastia;
et ai: Association of osteopenia of the humeral head w ith full-thickness contudo, para a m aioria dessas fraturas , a fi xação da placa é o
rotator cuff tears, J Shoulder Elbow Surg 13:333, 2004.) procedimento prefe rido. O realinh amento de ca beça e diáfise,
E!I> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

combinado com a redução da tub erosidade, fornece a melhor


chance para um bom resultado. A fi xação rígida fornecida pelas HASTE PARA
placas bloqueadas possibilita movimentação precoce, um do s FRATURAS DO UMERO PROXIMAL
objetivos do tratamento cirúrgico.
Fraturas de quatro partes do úmero proximal tratadas não cirur- TÉCNICA
gicamente geralmente têm resultados ruins; no entanto, a má quali-
dade do osso torna a fixação difícil e a lesão do suprimento vascular •Posicione o paciente em uma mesa· cirúrgica radiotrans-
para a superfície articular aumenta o risco de osteonecrose da cabeça parente com o tórax elevado a 30 a 40 graus. Coloque a
do úmero. A osteonecrose sozinha não leva a um resultado ruim se unidade do intensif icador de imagem no lado da mesa
as relações anatômicas da cabeça do úmero, tuberosidades e diáfise oposto ao cirurgião; rolar a unidade para trás permite
forem reestabelecidas. Wijgman et ai. relataram osteonecrose em 22 uma incidência anteroposterior adequada (Fig. 57-27 A e B),
(37%) de 60 pacientes com fraturas de três partes e quatro partes do e rolar para a frente permite uma incidência latera l ade-
úmero proximal tratados com placas T ou fios de cerclagem, mas 17 quada do ombro e úmero (Fi g. 57-27C e D)
dos 22 pacientes tiveram resultados funcionais bons ou excelentes. Em •Faça uma incisão diagonal a partir do canto anterolateral
pacientes jovens e ativos, a redução aberta e a fixação com placa do acrôm io, divid indo o deltoide de acordo com as suas
geralmente são bem-sucedidas se a agressão cirúrgica aos tecidos fibras na rafe entre os terços anterior e médio do deltoide
moles for mantida em um mínimo para evitar o dano ao forneci- (Fig. 57-28) . Para proteger o nervo axi lar, evite a divisão
mento sa nguíneo da cabeça do úmero. A fixação rígida com placas da deltoide mais de 5 cm dista l ao acrômio.
bloqueadas é atualmente o nosso procedimento de escolha para •Sob observação direta, faça a incisão do manguito rotador
fraturas de quatro partes do úmero proximal em pacientes jovens e em linha com suas fibras. Utilize suturas de reparo para
ativos. O deslocame nto inicial em varo foi mostrado como sendo proteger o mangu ito de dano ad iciona l durante o alarga-
associado a resultados ruins, como as más reduções em varo. Redução mento do cana l do úmero.
fechada e uso de fios percutâneos têm bons resultados relatados, mas •Util ize um pino rosqueado como um joystick na cabeça
não temos experiência com esta técn ica para fraturas de quatro partes. do úmero posteriormente para colocar a cabeça em uma
Hemiartroplastia (Cap. 12) é uma opção viável em pacientes idosos posição reduz ida (Fig. 57-29A e B)
com baixa demanda funcional.

H@ii;flEfla A-C, Fratura da tuberosidade maior reduz ida


e repa rada com suturas transósseas.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

li[ijl!;fflmllll Técn ica de pa raquedas uti liza ndo a osteotomia de impactação e m va lgo e fixa çã o com banda de tensão incorporando
as suturas transósseas.

•Coloque o f io-guia in icial posterior ao tendão do bíceps,


)
e avance-o sob orientação fluoroscópica na posição apro-
REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
priada, como mostrado nas incidências anteroposterior e INTERNA DAS FRATURAS DO ÚMERO
lateral (Fig. 57-29C) PROXIMAL
•Avance cuidadosa mente o alargador proximal, prote-
gendo o mangu ito rotador. TÉCNICA
•Utilize o dispositivo de redução para redu zir a fratura, e
passe o fio-guia com ponta esférica . •Posicione o paciente em uma mesa cirúrg ica rad iotrans-
•Com alargadores sequencialmente maiores, alargue o parente com um coxim paraescapu lar e elevação do tórax
úmero para o diâmetro predeterminado, geralmente 1,0 de 30 a 40 graus. Coloque o braço em C da fluoroscopia
a 1,5 mm maior que o diâmetro da haste. no lado da mesa oposto ao cirurgião; rolar a unidade
• Quando o alargamento é concluído, passe a haste pelo para trás permite uma incidência anteroposterior ade-
canal do úmero, evitando a distração da fratura (Fig . quada (Fig. 57-27 A e B), e rolar para a frente permite
57-30); assegure que a haste esteja abaixo da superfície uma incidência lateral adequada do ombro e úmero (Fig .
articular da cabeça do úmero. 57-27C e D)
•Com o uso do gui a de bloqueio, insira os parafusos de • Faça uma abordagem de ltope itora l (Cap. 1) para o úmero
bloqueio proximal (Fig . 57-29 0 ). Afaste cuidadosa mente proximal.
os tecidos moles para evitar a lesão ao nervo axi lar. • Libere a porção anterior do deltoide para expor o foco da
• Repare o manguito rotador com suturas de espessura fratura.
tota l sob visão direta (Fig. 57-31 ). •Se necessá ri o, util ize um pino rosqueado como um joys-
•Confirme a redução, a colocação e o comprimento dos tick na cabeça do úmero posteriormente, para colocar
parafusos nas imagens de fluoroscopia anteroposterior e a cabeça em uma posição reduzida (Fi g. 57-29) . Suturas
lateral. colocadas através do tendão do manguito rotador
•A reabilitação precoce é iniciada com exercícios da ampli - (supraespina l) também podem ser úteis para mobilização
tude de movimento ativos. (Fig. 57- 18). )
BD PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Eil!I Coloca ção do inte nsificador de imagem para fixação da fratura do úmero prox im al com haste intramedular (A e C).
O posionamento para trás (A) torna possível a visualização anteroposterior (B), enquanto o posicionamento para a frente permite a visua-
li zação lat eral (D) do ombro e úmero . VEJA AS TÉCNICAS S7-3 E 57-4.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO f.mmlll
•Para fraturas de três ou quatro partes, passe suturas nos
)
tendões do manguito rotador ligados às tuberosidades
desviadas para auxilia r na redução (Fig. 57-32).
• Para padrões de fratura mais simples, reduza a fratura e, pro-
visoriamente, fixa-a com f ios de Kirschner; confirme a redução
com fluoroscopia. Se a cominuição medial estiver presente,
verif ique que uma má redução em varo não ocorreu.
•Coloque a placa na maior tuberosidade, posterior ao
tendão do bíceps, e, provisoriamente, fixe-a no loca l com
fios de Kirschner; confirme a posição correta da placa
com a fluoroscopia . Uma placa colocada muito alta pode
causar síndrome do impacto, e uma placa colocada muito
próxima ao tendão do bíceps pode lesar a artéria ci rcun-
flexa anterior do úmero.
•Coloque dois parafusos de bloqueio através dos orif ícios
da placa no segmento da cabeça do úmero e um ou dois
parafusos na diáfise. Confi rme a colocação subcond ral
dos parafusos proximais e a qualidade da redução com
fluoroscop ia; isto é ma is fác il com a un idade de flu oros-
copia no lado da mesa oposto ao cirurgião.
•Quando a redução precisa é confirmada, insi ra os para-
fusos remanescentes sob orientação fluoroscópica direta.
•Para fraturas com com inuição med ial, fixe a placa ao
segmento proximal com parafusos e reduza o segmento
da diáfise em relação à placa. Isso ajuda a evita r a má
posição em varo, a qual está associada a maiores taxas
de falha. A f ixação do parafuso infero med ial na cabeça
do úmero também ad iciona estabilidade para fratu ras
com com inui ção med ial (Fig. 57-238).
• Em fraturas de três ou quatro partes, as suturas inseridas
nos tendões supraespina l e subescapular aj udam a con-
trolar os fragmentos da fratura (Fig. 57 -32).
• Reduza as tuberosidades em re lação à superfície articular
e uma em relação à outra com fios ou suturas, ou ambos
(Fig. 57-33); A observação ou pa lpação através do interva lo
rotador pode ajudar na redução da tuberosidade menor
em rela çã o à cabeça do úmero. Muitas vezes, há um
pequeno fragmento da superfície articu lar com a tubero-
sidade menor que é a chave para redução. A fl uoroscopia
é útil durante uma difíci l redução do úmero proxima l.
• Fixe a placa da mesma forma que para a fratu ra de duas
partes. As suturas do manguito rotador podem ser incor-
poradas na placa para adicionar estabi lidade.
•Confirme a redução e a colocação dos parafusos nas
imagens de fluoroscop ia anteroposterior e latera l.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um programa de reabil i-


tação precoce é iniciado com exercícios da amplitude de
movimento ativos.

IU§il;fumllll Portal de entrada pa ra as hastes intramedulares ABORDAGEM ACROMIAL


para fi xação das frat uras do úmero proxima l. A, Incisão diago nal
no ângulo anterolateral do acrôm io divide o de ltoide de acordo
ANTEROLATERAL PARA FIXAÇ[\O
com as su as f ibras na rafe entre os terços anterior e médio. INTERNA DAS FRATURAS DO UMERO
B, Loca lização da incisão. C, Estabe lecimento do porta l. VEJA A PROXIMAL
TÉCNICA 57 -3.
TÉCNICA
(GARDN ER ET AL.)
•Posicione o paciente em posição de cadei ra de pra ia ou
na posição sem ilateral de decúb ito dorsa l. )
llEID PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

OC§lhtgiml!I Haste intramedular fixando a fratura do úmero proximal. A, Fratura de duas partes do colo cirúrgico. B, Fio roscado
utilizado como "joystick" para reduzir a fratura. C, Co locação do fio-guia inicial. D, Após a inserção da haste e colocação dos parafusos
de bloqueio. VEJA AS TÉCNICAS 57-3 E 57-4.

lâ[ê\il;§'liflI!I Inserção anterógrada da haste no úmero para


fi xação da frat ura do úmero proximal. VEJA A TÉCNICA 57-3.
OC§ii;!JEflJI Reparo do manguito rotador após a inserção da
haste intramedular. VEJA A TÉCNICA 57-3.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇ O

•Faça uma incisão na pele de 1O cm a partir da borda o dano ao nervo axilar. Co loq ue uma sutura na borda
)
anterolatera l pa lpável do acrômio distalmente de acordo inferior da rafe do deltoide pa ra evitar o dano ao nervo
com as f ibras do deltoide. axi lar da sua dissecção dista l.
•Identifique a fáscia do deltoide e rafe do deltoide anterior •Se o nervo estiver próximo a um tra ço da fratura, exp lo-
entre as cabeças méd ias anteri ores do deltoide (Fig. re-o gentilmente . Se estiver enca rcerado na fratura,
57-34A) e divi da a rafe de acordo com as suas fibras por solte-o suavemente.
vários centímetros. Para máxima exposição, divida o del- •Reduza os fragmentos da fratura com técnicas de redução
toide até a margem do acrômi o, mas não o divida dista l- indireta, trabalhando com os traços de fratura da tube-
mente mais de 5 cm a partir da sua origem, para evitar rosidade prese ntes. Se for necessá ri a uma abordagem do
intervalo subdeltoide anteriorm ente, tome cu idado ao
manusear os tecidos mo les.
•Com a fratu ra reduz ida e o nervo axila r protegido, deslize
a placa de proximal a distal sob o nervo axilar em um nível
em que o nervo axi lar passe sobre à junção da cabeça
umeral e a diáfise (Fig . 57-34B) Ao posicionar a placa,
certif iq ue-se de permanecer no "bare spot " no córtex
latera l posteri or ao sulco bicipita l (Fi g. 57-34C) para evitar
lesão dos vasos penetrantes na cabeça do úmero.
•Fixe a placa na diáfise do úmero atra vés da pequena
janela de tecidos moles, distal ao nervo axil ar.
•Após a irrigação completa, feche as camadas do rafe e
fásc ia do deltoide com sutura absorvível. Coloque um
dreno de sucção e f eche o tecido subcutâ neo em ca madas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-


rio é o mesmo que aquele realizado após a Técnica 57-4.

• COMPLICAÇÕES
A complicação mais com um das fraturas do úmero proximal é a
perda de movimento (rigidez). A fis ioterapia precoce está associada
à melhor movimentação, mas muitos pacientes não recuperam o
movimento completo mesmo com a fisioterapia precoce. A presença
de tub erosidades elevadas ou de aderências subacromiais também
pode limita r a movimentação. A pseudoartrose também é bastante
comum, mas as taxas de não uni ão foram diminuindo com o uso de
novas tecnologias como placas bloqueadas e hastes intramed ulares
melhores. A consol idação viciosa pode resultar da fixação da fratura
instável ou tardia, os fatores do paciente e técnica cirúrgica ruim.
O@m@ Eflg Redu ção aberta e fi xação interna de um a fratu ra Em pacientes mais velh os com demandas funcionais limitadas, a
do úmero proximal. As suturas colocadas no manguito rotador consolidação viciosa costum a ser bem tolerada, mas ela pode ser
podem ser utilizadas para auxiliar na redu ção das tuberosidades. debilitante em pacientes mais jovens por causa da função ruim
VEJA A TÉCNICA 57-4. do ombro, síndrome do impacto, ou lesões do manguito rotador.

O!ijil;@ Lil!I Redu ção aberta e fi xação interna de uma fratura do úmero proximal (veja o t exto). A e B, Fios de suturas são utilizados
para redu ção e fi xação dos fragmentos das tuberosidades. VEJA A TÉCNICA 57-4.
@}:$($ PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

e
lâ!§il;MEfla Fixação interna de uma fratu ra do úmero pro ximal através da abordagem acromia l anterol atera l. A, Incisão entre o
deltoide anterior e médio é desenvolvida. B, Com o nervo axi lar protegido, a placa é deslizada profundamente ao nervo. C, "Bare spot"
na região lateral do úmero, posterior ao sulco bicipita l; posi ção da placa evita os vasos penetrantes na cabeça umeral. (De Gardner MJ,
Lorich DG, Werner CM L, Helfet DL: Second-generation concepts for locked plating of proxima l humeral fractures, Am J Orthop 36:460, 2007.)
VEJA A TÉCNICA 57-5 .

A osteonecrose é relativamente incomum após as fraturas não des- viabilidade de movimentação do ombro e cotovelo, custo relativa-
viadas ou não operadas de duas e três partes; o resultado funcional mente baixo e resultados reprodutíveis. Inicialmente popularizada por
é melhor se a anato mia do úmero proximal tiver sido restaurada. Sarmiento em 1977, a órtese funcional atua sobre os princípios do
A presença de osteonecrose nem sempre leva a um resultado ruim; efeito biomecânico da imobilização, contração ativa dos músculos,
a osteonecrose pode ser evidente radiograficarnente, mas causa sin- e efeito benéfico da gravidade. As taxas de consolidação de 90%
tomas mínimos. Pelo fato de a herniartroplastia tardia ter resultados a 100% foram relatadas com esta técnica. Atualmente, utilizamos
muito piores que a herniartroplastia precoce, é importante ter uma pinça de confeiteiro ou gesso pendente para os primeiros 7
certeza de que RAFI pode estabilizar adequadamente as fraturas de a 10 di as, para possibilitar que a dor diminua e, então, converter
quatro partes e restaurar a anatomia do úmero antes que esta opção para urn a órtese fun cional pré-fabricada. O uso de uma tipoia é
seja escolhida. desencorajado para evitar as deformidades em varo e rotação
interna. Os exercícios pendulares são iniciados precocemente, e o
uso da extremidade é encorajado conforme tolerado, evitando a
FRATURAS DA DIÁFISE DO abd ução ativa do ombro. A órtese é utilizada até que o paciente
ÚMERO esteja livre de dor e haja evidência radiográfica da consolidação.
A maceração da pele é uma preocupação; assim, a higiene diária é
encorajada. A obesidade mórbida pode aumentar o risco de defor-
As fraturas da diáfise do úmero correspondem a aproximadamente midades em varo; no entanto, tais deformidades são mais uma
3% de todas as fraturas; a maioria pode ser tratada não cirurgica- questão estética do que uma questão funcional, e muitas vezes não
mente. Charnley declarou: "Dos principais ossos longos, talvez seja são evide ntes em um braço obeso.
o mais fáci l de tratar por métodos conservadores". A amplitude de Um estudo não randomizado conduzido por Jawa et ai. com-
movimento garantida pelas articulações do ombro e cotovelo, parou resultados em 21 fraturas diafisárias do terço distal tratadas
juntamente com uma tolerância para pequenos encurtamentos, com órtese funcional com 19 tratadas com fixação com placa e
possibilita imperfeições radiográficas que causam mínimo déficit parafusos. O tratamento cirúrgico resultou em alinhamento mais pre-
funcional e são bem toleradas pelo paciente. Historicamente, os visível e consolidação mais rápida, mas fo i associado a mais compli-
métodos do tratamento conservador incluíram tração esquelética, cações, tais corno lesão iatrogên ica do nervo, perda de fixação e
pinça de confeiteiro, Velpeau e gesso pendente, cada um com suas infecção. A fixação com placa e parafusos foi realizada em dois
próprias vantagens e desvantagens. pacientes inicialmente tratados com órtese por causa de complica-
A órtese funcional substitu iu essencialmente todos os outros ções em relação ao alinhamento. As complicações associadas ao uso
métodos conservadores e tornou-se o "padrão-ouro" para tratamento da órtese incluíram lesões da pele e consolidação viciosa. As vanta-
não cirúrgico devido à sua fac ilidade de aplicação, adaptabilidade, gens, as desvantagens e os riscos de ambos os tratamentos cirúrgico
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

As dec isões do tratamento devem levar todos os fatores em consi-


QUADRO 57 _2
deração, ajustando o tratamento ao p aciente específico.
c1rurg1co pnmano das fraturas
diafisárias do úmero O obje tivo do tratam ento cirúrgico d as fraturas do di áfise
do úm ero é restabelecer comprimento, alinham ento e rotação com
Indicações de fratura fixação estável que p ermite a movi m entação precoce e, ideal-
•Falha para obter e manter a redução fechada adequada mente, suporte do peso precoce na extremidade fraturada. As opções
Encurtamento > 3 cm para fixação incluem os teoss íntese com p laca, hastes intramedu-
Rotação > 30 graus lares e fixação externa. A fixação externa geralmente é reservada para
Angulação > 20 graus lesões por armas de fogo de alta energia, fraturas com lesões signifi-
• Fratura segmentar cativas nos tecidos moles e fraturas com contamin ação exten sa.
•Fratura patológica Suzuki et ai. sugeriram q ue a fixação externa imediata com conversão
• Extensão intra-articular (a rticul ação do ombro, articul ação planej ada para a fixação com placa dentro de 2 seman as é um a estra-
do cotovelo) tégia segura e efica z para o tratamento de fraturas da diáfise do úmero
em pacientes selecionados com múltiplas lesões ou graves lesões nos
Lesões associadas
tecidos moles que impedem a fixação precoce com placa; no entanto,
• Fratura exposta
2 dos 17 pacientes, ambos com fraturas expostas, desenvolveram
•Lesão vascular
infecções profundas após a conversão da fixação externa para placas.
•Lesão do plexo braquia l
• Fratura ipsi latera l do antebraço
•Fratura ipsilatera l do ombro ou cotovelo OSTEOSSÍNTESE COM PLACA
•Fraturas bilaterais do úmero
•Fratura dos mem bros inferiores, exigindo que o peso do A osteossíntese co m placa permanece o "padrão-ouro" para fixação
paci ente seja suportado pela extremidade superior das fraturas da diáfise do úmero. As placas podem ser utili zadas para
• Queimaduras fraturas com extensão proximal e distalmente e para as frat uras
• Lesão por arm a de fogo de alta velocidade expostas. Ela fornece estabilidade sufici ente para permitir carga
•Rigidez prévia da articulação do cotovelo ou ombro precoce na extrem id ade superior em pacientes com politrauma e
Indicações do paciente produ z mínima morbidade no ombro o u cotovelo, como mostrado
•Múltiplas lesões, politrauma por Tingstad et ai. Inúmeros es tudos na literatura citam altas taxas
•Traumatismo cran ioen cefál ico (pontuação na escala de consolidação, baixas taxas de complicação e rápido retorno da
Glasgow Coma = 8) fun ção após a fixação das fraturas da diáfise do úmero com placa.
•Trauma do tóra x Cin co grand es séries (Foster et ai., McKee et ai., Vander Griend et
• lntolerãncia do paciente ai., Bell et ai., e Ti ngstad et ai.) incluindo 361 fraturas tiveram um a
• Biotipos desfavoráveis (obesidade mórbid a, seios grandes) taxa m éd ia de consolidação de 96,7%.
Uma comparação prospectiva, randomizada de fixação com
De McKee MD: Fractures of the shaft of the humerus. ln Bucholz RW, Heckman placa e fixação com haste intramedular nas fraturas da diáfise do
JD, Court-Brown CM, ed itors: Rockwood and Green 's fractures in adults, ed 6, úmero não encontrou diferenças sign ificativas na fun ção do ombro
Phi ladelphia, 2006, Lippincott Wi lliams & Wilkins. e co tovelo, mas a síndro me do impacto do ombro ocorreu mais
frequentemente com as hastes intramedulares e um segundo proce-
dimento cirúrgico foi necessário em mais pacientes com hastes intra-
medulares do que com uma placa. Outro estudo comparando hastes
e não cirúrgico devem ser discutidos com o paciente antes de uma int ramedul ares anterógrados com placas descobriu que, embora os
decisão se r tomada. pacientes tenham apresentado ligeiramente mais dor no ombro após
Reservamos o uso de um gesso pendente para pacientes em as hastes intramedulares do que após as placas, não houve diferença
que as condições financeiras impedem o uso de um a órtese funcio- na função de articulação do ombro, exceto para flexão, que foi melhor
na l. As diretrizes para uma redução aceitável incluem menos de 3 em pacientes com placas. Uma metanálise da literatura incluindo 155
cm de encurtamento, angulação de menos de 20 graus e rotação de pacientes descobriu que um a segund a cirurgia e a síndrome do
m enos de 30 graus. impacto do ombro eram significativamente mais comuns após as
hastes intramedulares do que após as placas de compressão. Em sua
metanálise atualizada, Hein eman et ai. concluíram que os dados eram
TRATAMENTO CIRÚRGICO insuficientes para mostrar superioridade da técnica.

A escolh a do tratamento cirúrgico para um a fratura da diáfise do • ESCOLHA DO IMPLANTE


úmero depende de vá rios fatores. McKee dividiu as indicações para A placa m ais comumente utilizada para fixação de fraturas do diáfi se
o tratamento cirúrgico em três categorias: (1) indicações da fratura, do úm ero é 4,5 mm larga, uma placa de compressão dinâmi ca com
(2) lesões associadas e (3) indicações do paciente (Q uadro 57-2) . contato limitado (Fig. 57-35); ocasion almente, um a estreita (3,5 mm
Algumas indicações são mais absolutas que outras. Falh a do trata- ou 4,5 mm) placa de compressão dinâmica limitada com co ntato
mento conservador, fratura patológica, exten são intra-articular da limi tado é ut ili zada para ossos menores. A zona de transição meta-
fratura com desvio, lesão vascu lar e lesão do plexo braquial quase fisária e diafisária di stal pode exigir placas dupl as de compressão
sempre exigem cirurgia. Outras condições, tai s como fraturas seg- din âmi ca de contato limitado de 3,5 mm (Fig. 57-36), o u placas mais
m entares minim am ente desviadas e obesidade, são ape nas indi - n ovas projetadas especificamente para a m etáfise. Para fratura s em
cações relativas. Nossa indicação mais com um para o tratamento espiral o u oblíquas, a fi xação ideal consiste em um p arafuso inter-
cirúrgico é a mobilização precoce de pacientes co m politraum a. fragm entári o com uma placa de n eutralização; enquanto as fraturas
1111!) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

transversais são adequadas para uma técnica de placas de compres-


são. Nestas fraturas, fixe a redu ção provisória com um parafuso
interfragm entário, fio de Kirschner, ou placa de minifragmento
(técnica de Eglseder), possibilitando a observação direta da redução
e uma aplicação da placa relativamente simples na diálise do úmero
reduzida (Fig. 57-37); acreditamos que isso também limita a remoção
do periósteo por pinças de redução.
As fraturas comin utivas podem exigir uma técnica de placas
em ponte. A redução anatômica de cada fragmento da fratura é
desnecessá ria. A fixação com alinhamento, rotação e comprimento
corretos, sem lesar os tecidos moles adjacentes aos fragmentos comi-
nuídos, muitas vezes leva à consolidação bem-sucedida. Livani et ai.
relataram 15 pacientes tratados com placas em ponte feitas através de
duas pequenas incisões proximal e distal à fratura; todas as fraturas
consolidaram dentro de 12 semanas, exceto uma fratura exposta de
grau III com uma lesão associada do plexo braquial.
Em pacientes com má qualidade óssea, implantes maiores devem
ser utilizados para melhorar a estabilidade (Fig. 57-38). As placas
bloqueadas e o uso do parafuso com metacrilato de meti! foram rela-
tados para acrescentar maior estabilidade à fixação. Em geral, pelo
menos oito córtices (quatro parafusos) acima e abaixo da fratura são
necessários para evitar a soltura dos parafusos. O comprimento da
placa é tão importante quanto o número de parafusos. Mais parafusos
e placas maiores para uma área mais extensa de trabalho do implante
podem ser necessários para tra tar a instabilidade causada por má
qualidade do osso ou cominuição da fratura. O uso de parafusos de
ijtêil!;f4 Efla Fixação de uma fratura da diáfise do úmero com bloqueio é reservado para má qualidade óssea e segmentos curtos.
placa de compressão dinâmica de contato limitado no modo neutra- Como a osteossíntese com placa através de técnica minima-
lização com parafuso interfragmentário localizada anteriormente. mente invasiva tornou-se popular em outros ossos longos, o seu uso
para fraturas da diálise do úmero foi sugerido; no entanto, o risco de
lesão do nervo radial foi uma preocupação. Um estudo com cadáveres
determinou que, com osteossíntese com placa através de técn ica mini -
mamente invasiva, a placa está 2 a 4,9 mm (média 3,2 mm) do nervo
radial. A pronação do antebraço move o nervo radial mais perto da
placa em 3 mm. Essa técnica ainda não foi provada em quaisquer
grandes séries de pacientes, e não temos experiência com isso.

• ABORDAGEM
Inúmeras abordagens podem ser utilizadas para fixação da placa no
úmero. As fraturas dos terços médio ou proximal geralmente são mais
bem abordadas através de uma abordagem anterolateral (abordagem
com divisão do braquial). Uma abordagem posterior (divisão do tríceps
ou abordagem posterior modificada) é melhor para fraturas que são do
terço médio da diálise ou que se estendem no terço distal do úmero
(Fig. 57-39). Gerwin, Hotchkiss e Weiland descreveram tmrn aborda-
gem posterior modificada em que o tríceps é refletido mediaimente a
partir do septo intermuscular lateral (Técnica 57-6). Esta abordagem
expôs tm1a média de 10 cm a mais da diáfise do úmero do que a abor-
dagem padrão posterior. Menos frequentemente, pode ser apropriada
uma abordagem lateral ou anteromedial direta.

• CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS
No período pós-operatório, a amplitude de movimento do ombro e
cotovelo é iniciada dentro da primeira semana, e o suporte de peso
geralmente é permitido se a fixação for estável. Um estudo biomecãnico
descobriu que tanto as placas de grandes fragmentos (4,5 mm) quanto
as de pequenos fragm entos (3,5 mm) apresentariam deformação plás-
tica durante o suporte de peso utilizando muletas bilateralmente em
pacientes pesando 50 kg (- 110 libras) ou mais. As placas de grandes
fragmentos não falharam co m cargas de 90 kg (quase 200 libras) ou
Dm!JDl:ill!I Pl acas duplas para fixação de uma fratura do menos, enquanto a de pequenos fragmentos foi prevista falhar em
úmero distal metafisária-diafisária. pacientes pesando 70 kg (aproximadamente 150 libras) ou mais.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO Gim

O@ii;f4&il A, Fratura desviada da diáf ise


do úmero. B, Após a fixação com a placa de
minifragmentos (técnica de Egelseder) e p laca
de compressão.

H@ilajmlll A, Fratura d iaf isária segmentar com extensão para o úmero proximal. B e C, Placa longa uti li zada para obter f ixação
adequada.

• COMPLICAÇÕES aplicação da p laca para evitar a lesão iatrogênica do nervo radial.


A complicação mais frequ e ntemente relatada após a fixação com Posteriormente, o tecido mole que se conecta ao nervo radial pode
placa nas fraturas da diáfi se do úmero é a para lisia do nervo radial. levar à lesão iatrogênica em abordagens posteriores. Isso pode ser
Ao utilizar uma abordagem anterolateral (divisão braquial), é remediado por liberação adequada dos tecidos moles ao redor do
essencial garantir que o nervo não esteja sob o implante durante a nervo radial. A infecção é relatada após 1% a 2% das fraturas
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADU LTO S

•Libere o nervo radia l de modo proxima l, distal mente,


anteriormente e posteri orme nte, inclu indo a incisão do
septo intermuscu lar lateral por 3 cm para possibilitar a
mob il ização do nervo (Fig. 57-40D).
• Descole o tríceps do periósteo pa ra expor o úmero; pre-
serve o máximo possível o periósteo .
• Proxim almente, eleve a borda posterior do deltoide ante -
riormente, se necessá rio para exposição.
•C oloque uma única pinça de redução nos frag mentos
proximal e dista l, o mais longe da frat ura , para controlar
os fragm entos e eleva r o tríceps (Fi g. 57-40E). Evite a
remoção circunferencial dos tecid os moles com as pinças.
•Após o debridamento do loca l da fratura, insira um para-
fuso interfragmentário para fixação provisória (Fi g. 57-40F).
Alternativamente, para fraturas transversa is em que a
fi xação do parafuso interfragmentário é difícil , uma técn ica
de placas de compressão pode ser utilizada, ou uma placa
de minifragmento (técnica de Eglseder) pode ser utilizada
para fixação provisória, seguida por fixação com a placa.
•Utilize placas de grandes fragmentos nos modos de neu-
tralização, compressão ou placas em ponte (Fi g. 57-40G).
•Confirme o alinhamento do úmero e a re dução dos frag-
mentos com a fluoroscopia .
•Realize o f echamento de rotina da pele sobre um dreno.

O@l!;fflEflli) A, Fratura do terço distal da diáfise do úmero.


B, Após a fixa ção com placa através de uma abordagem com
divisão posterior do tríceps.
FIXAÇÃO INTRAMEDULAR

fechadas do úm ero e 5% das fraturas expostas. As refraturas ocorrem O sucesso das hastes intramedulares nas extremidades inferiores
em aproximadamente 1% dos pacientes. A não co nsolidação das levou a um entusiasmo inicial para has tes int ramedulares da diáfise
fraturas da diáfise do úmero não é frequ ente. O tratamento da pse u- do úmero. Embora existam muitos trabalhos na literatura com bons
doartrose é discutido no Capítulo 59. resultados com técn icas com hastes, os problemas como a morbi-
dade no local da inserção e taxas de união diminuíram o en tu-
siasmo inicial para este modo de tratamento. A dor no ombro foi
REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO relatada após a fixação com hastes int ramedulares anterógradas em
16% a 37% dos pacientes em estudos mais recentes, e Bhandari et ai.
INTERNA DA DIAFISE DO UMERO
descobriram que uma ciru rgia adicional e a síndrome do impac to
ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM do ombro foram significativamente mais comuns após as hastes
MODIFICADA {ELEVAÇÃO in tramedulares do que após a fixação com placa . As variáve is de
DO TRICEPS) co nfusão - tais como pinos flexíveis ou rígido s, inserção anteró-
grada ou retrógrada e portal lateral, anterolateral ou extra-art icular
TÉCNICA para inserção anterógrada - tornam as conclusões difíceis de inter-
pretar. Um grande estudo bem controlado é necessário.
•Coloque o paciente em uma posição de decúbito lateral. Os pinos flexíveis iniciais, como Rush e Enders, forn eciam
•Utilize uma ampla preparação proximal e estenda para pouca estabilidade axial ou rotacional e exigiam formas adicionais de
possibil itar o uso de um torniqu ete estéri l. estabilização (fixação com cerclagem ou imobilização prolongada) em
•Faça uma in cisão a parti r do garrote para a ponta do frat uras cominuídas ou instáveis (Fig. 57-41). Mesmo com estabiliza-
olécrano de acordo com o úmero (Fig. 57-40A). ção adicional, a fixação resultante geralmente não era estável o sufi-
• Real ize a dissecção abaixo da fáscia do t ríceps, faça a incisão ciente para possibilitar movimentação precoce ou suporte de peso em
da fáscia e realize a dissecção latera lmente ao septo inter- pacientes com m últiplas lesões e lesões concomitantes da extremidade
muscular (Fig . 57-40B). infe rior. O desenvolvimento das hastes bloqueadas melhorou a esta-
•I dentifiqu e o nervo cutâneo braqu ial lateral e siga-o de bilidade e o controle rotacional, mas os resultados ainda não atingi-
modo proximal onde se encontra o nervo rad ial, ond e ele ram os resultados bem-sucedidos obtidos nas fraturas da extremidade
perfura o septo (Fi g. 57-40C). Isso gera lmente está no inferior. Como os tamanh os das hastes eram limitados, o alargamento
níve l do garote. Libere o garote. era necessári o para inserção da maioria das hastes bloqueadas, e a
•Identifique o nervo rad ial. distração da fratura era um problema, especialmente em pequenos
•Descole o múscu lo do tríceps de modo proximal ao septo canais medulares. Os pinos mais novos vêm em menores tamanhos
intermu scu lar. (7, 8 ou 9 mm) para que possam se ajustar aos ossos menores, e
podem ser inseridos com ou sem fresagem.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

Uma abordagem anterógrada é mais comumente utilizada para Devido à frequência de dor no ombro após a inserção anteró-
fixação da haste intrarnedular das fraturas da diáfise do úmero em grada, a inserção retrógrada foi defendida para evitar esta compli-
adultos. No entanto, a colocação específica do portal é controversa. cação; no entanto, a inserção retrógrada foi associada à propagação
Tradicionalmente, uma incisão lateral na região mediana do acrômio distal da frat ura do úmero. O ponto de início tradicional para pino
foi utilizada, o que tende a colocar a haste através da região posterior retrógrado do úmero é na linha média, 2 cm acima da fossa do
da cabeça do úmero. Além disso, a incisão através do manguito rotador olécrano. Mais recentemente, a inserção através do aspecto sup erior
não está de acordo com as fibras do tendão (Fig. 57-28). Um portal de da fossa do olécrano foi recomendada. As vantagens propostas do
início anterolateral está de acordo com o canal medular do úmero, e a local na fossa do olécrano incluem aumento no comprimento da
incisão está de acordo com as fibras do manguito rotador. Vários área de trabalho eficaz do segmento distal da fratura e alinhamento
autores postularam que a dor no ombro após a haste anterógrada é direto com o canal medular; no entanto, os estudos biomecânicos
causada pela incisão transversal através do manguito rotador. Alterna- mostraram menos resistência ao torque e redução da força para fa lha
tivas para a haste anterógrada do úmero (p. ex., osteossíntese com do implante com esta abordagem, em comparação com o portal
placa) devem ser consideradas em pacientes com patologia do ombro mais superior.
preexistente ou que exigem suporte do peso pela extremidade superior Embora os pinos flexíveis para o úmero tenham sido bem-
para deambulação (pacientes paraplégicos ou quadriplégicos). sucedidos em obter a união das fraturas, a morbidade no local da

w::ww.·m;i' l!flDRedução aberta e fixação interna da fratura da diáfise do úmero através da abordagem posterior modificada (elevação
do tríceps) . A, Incisão . B, In cisão da fáscia para expor o septo intramuscular. C, Identifica ção do nervo cutâneo lateral do braço.
D, Mob ilização do nervo radial.
Wj:fj) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

u@ilitlffll•M;.J.i• E, Pinça de redu ção utilizada para controlar os fragmentos. F, Após o debridamento, fixação com parafuso
interfragmentá rio. G, Após a fi xaçã o da placa . VEJA A TÉCNICA 57-6.

inserção e sua adequação apen as aos padrões de fratura mais estáveis


limitam o seu uso. Um estudo com cadáver descobriu que o nervo
axilar está em risco significativo durante a inserção dos parafusos de
bloqueio e tensão de um pino d e titânio fl exível do úmero; dissecção
romba através do deltoide, observação direta do córtex do úmero e
uso de um protetor de tecidos moles durante a pré-perfuração e colo-
cação dos parafusos podem ajudar a evitar esta complicação.
As h astes expan síveis de autobloque io mais novas são rela-
tadas como mais fáceis de ins erir, fornecendo rigidez à torção e
ao en curvamento igual assim como as h astes bloqueadas. Alguns
estudos clínicos estão disponíveis para possibilitar a avaliação
desses pinos. Franck et ai. descreveram o uso de um pino expan-
sível (Fixion ; Disc-o-Tech, H erzliya, Israel) para fixação de 25 fra-
turas instáveis da diálise do úmero em pacientes idosos com osso
osteoporótico; todas as fraturas consolidaram sem complicações.
Stannard et ai. utilizaram um pino de bloqueio fl exível (Synthes,
Paoli, PA) inserido através de um portal ante rógrado ou retrógrado
extra-articular para fixação de 42 fra turas da diálise do úmero, com
consolidação em 39; 86% tiveram amplitude de movimento com-
pleta, e 90% não tiveram dor. Cinco complicações ocorreram em
quatro pacientes: duas não uniões, duas falhas no implante e uma
infecção da ferida. Todas as complicações ocorreram em pacientes
cujas fraturas eram fixas com pinos de 7,5 mm, e os autores reco-
mendaram que os pinos flexíveis devem ser utilizados com precau-
ção nos canais medulares com um diâmetro de 8 mm ou menor.
A técnica é tecnicamente exigente.
Atua lmente, preferimos hastes bloqueadas e rígidas inseridas
através de uma abordagem anterógrada quando as h astes intra-
medulares são indicadas, como para fraturas segmentares (F ig.
57-22), para fraturas na jun ção dos terços proximal ao médio,
H@lhfJ'Eflll Fratura diafisária do úmero tratada com múlti- para fraturas patológicas, para fraturas com co ber tura ruim dos
plas hastes intramedulares fle xíveis (Ender). tecidos moles, para fraturas em pacientes obesos e para fratura s
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fla

iâ[§ihflli19 Fratura diafisária do úmero tratada com haste intramedu lar (veja o texto). A, Fratura diafisária transversa em um
paciente com múltiplo trauma. B e C, Após a fixação com haste intramedular. D, Fratura segmentar da diáfise. E e F, Dispositivo de
redução é utilizado para reduzir a fratura . G, Fresagem é feita 1,0 a 1,5 mm maior que o diâmetro da haste.
_, PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

pmlJ'lm,fjfi(,],\4 H, Um guia é util iza do para inserção de parafusos de bloque io proximais. 1, Red uçã o e co loca ção dos parafusos
co nfirm adas co m fluorosco pi a. (D-1 courtesy of Thomas A. Russell, MD, Memphis, TN .) VEJA A TÉCNICA 57-7.

em certos pacientes com politrauma (Fig. 57-42A a C). Nós utilizam os • Coloqu e o fi o-gui a inicial posteri or ao tend ão do bíceps,
uma incisão an terolateral com inspeção d ireta e reparo do manguito e ava nce-o sob ori entação flu oroscópica na posição
rotador. A lesão do nervo radial iatrogênico fo i relatada, e o cuidado apropriada, co mo mostrado nas incidências anteropos-
deve ser tomado durante a redução da fratura, fresagem , inserção da teri or e lateral (Fig . 57-27).
haste e colocação do parafuso de bloqueio. As hastes intramed ulares são • Avance cu idadosamente a fresa proxima l inicial, prote-
contraindicadas em pacientes com canais medulares muito estreitos. gendo o manguito rotador.
•Uti lize o dispositivo de redução para reduzir a fratu ra
e passe o fio-guia com ponta esférica (Fig. 57-42E e
HASTES INTRAMEDULARES F). Com fresas seq uencialmente maiores, alargue o úmero
ANTERÓGRADAS PARA FRATURAS pa ra o diâmetro predeterminado, geralmente 1,0 a 1,5
DA DIÁFISE DO ÚMERO mm maior que o diâmetro da haste (Fig. 57-42G) Nas
fraturas do terço médio da diáfise, um a pequena incisão
TÉCNICA pode ser fei ta no loca l da fratura para ga ranti r manu-
almente que o nervo radial não seja aprisionado na
• Ava lie cui da dosa mente as rad iografias pré-operatóri as (Fig. fra tura antes da red ução e fresagem.
57-420) para garantir que o diâmetro diafisário seja ade- • Quando a fresagem do ca nal é concluída, passe a haste
quado pa ra acomodar a haste intramedular; se o diâmetro para ba ixo no ca nal med ular do úmero, evita ndo a
for mu ito pequeno, a fixação com placa é ind icada. distração da frat ura; assegure que a haste est eja abaixo
• Posicione o paciente em uma mesa cirúrgica radiotrans- da superfície articu lar da cabeça do úmero.
pa rente com o t órax elevado a 30 a 40 graus. Coloq ue • Co m o uso do gu ia de bloq ueio, in sira os parafusos
a unidade do intensificador de imagem no lado da proxima is de bloqueio (Fi g. 57-42 H). Afaste cu idado-
mesa oposto ao cirurgião (Fig. 57-27); ro lar a unidade samente os tecidos moles pa ra evit ar a lesão do nervo
para trás possi bi lita uma incidê ncia anteropost eri or ade- ax il ar.
quada, e rolar para a frent e permite uma incidência • Co loque os parafusos de bloque io dist ais em uma
lateral adequada de ombro e úmero. direção de ante ri or pa ra posterior para evitar o nervo
•Faça uma incisão diagonalmente a pa rtir do ca nto ante- rad ial. Faça uma incisão de 4 a 5 cm ant eri orm ente
ro lateral do acrôm io, dividindo o deltoide de acordo para expor a musculatura do bíceps; divida delicada -
com suas f ibras na rafe entre os terços anterior e méd io mente o músculo para evit ar dano iat rogê nico à arté ria
do deltoide (Fig. 57-28) . Para proteger o nervo axilar, braquia l.
evite dividir o deltoide mais de 5 cm distal ao acrômio. • Repare o manguito rotador com sutu ras de espessura total.
• Sob observação di reta, faça a incisão do manguito • Confi rme a redução e o comprimento dos parafu sos
rotador de acordo com as suas fibras (Fig. 57-28A). nas imagens de fluoroscopia anteroposterior e latera l
Repare o ma nguito rot ador com suturas de espessu ra (Fig. 57 -42 1).
co mpleta para protegê-lo do dano durante o alarga- •I nicie um progra ma de reab ilitação precoce com exe r-
mento do cana l do úmero. cícios da am pl itu de de movime nto ativo-assistid os.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

irrigação e debridamento da ferida. Se for encontrado intacto,


apenas a observação é necessária enquanto a fratura se consolida. A
Vista exploração precoce é necessária caso haja evidências que sugerem
anterior que o nervo radial está transpassado em um fragmento ósseo ou está
direita
Úmero-- encarcerado entre os fragmentos. Os avanços em ultrassonografia
( foram úteis para diagnosticar os nervos radiais encarcerados e lace-
rados. Se esta ferram enta de diagnóstico provar ser reprodutível em
Fáscia do
compartimento grande número de pacientes, as indicações para exploração do nervo
posterior-"' serão mais especificamente definidas.
- Fásciado Em pacientes com lesão do nervo radial, nos quais o trata-
Septo compartimento mento cirúrgico de uma fratura da diáfise do úmero é indicado, o
intermuscular anterior nervo deve se r explorado no momento da fixação da fratura . Shao
lateral--
et ai. revisaram 21 artigos científicos que incluíram 4.517 fraturas da
diáfise do úmero e encon traram prevalência geral da paralisia do
nervo radial de quase 12% (n = 532). A lesão do nervo radial foi
mais frequente com fraturas da diáfise do úmero dos terços médio
e médio distal , e foi mais com um com fraturas transversas e espirais
do qu e em fraturas oblíquas ou co minutivas. Em geral, a recupera-
ção ocorreu em 88% . A transecção completa do nervo radial geral-
mente ocorre em fraturas expostas do úmero e requer o reparo ou
o enxerto de nervo; a maioria das paralisias do nervo que ocorre
Rádio-- - -Ulna com uma fratura fechada se recupera sem tratamento. Com base na
sua revisão, Shao et ai. dese nvolveram um algoritmo para o trata-
mento da lesão do nervo radial associada às fraturas da diáfise do
A B úm ero (F ig. 57-44).

ifüii!;t!Ll19 Ap risionamento do nervo rad ia l entre fragmen-


tos em um a fratura es pira l do terço d ista l do úmero. A, Nervo é FRATURAS PERIPROTÉTICAS DA DIÁFISE
menos móvel em sua passagem at ravés do septo intermuscular DO ÚMERO
late ra l no terço distal do braço. B, Fratura oblíqua é tipicamente
angulada latera lmente, e o fragmento d ista l é des locado de modo
proximal. O nervo rad ia l, fixo ao fragmento proximal através do As fraturas periprotéticas da diáli se do úmero após a artroplastia do
septo latera l intermuscu lar, é apris ionado entre os fragmentos ombro ou cotovelo são raras, mas podem ser difíceis de tratar. O
quando a redução fec hada é tentada. estoque ósseo ruim decorrente de osteoporose, osteomalácia ou
artrite reumatoide é o principal fator de contribuição, e uma varie-
dade de padrões de fratura pode resultar de traumas diretos de baixa
FRATURAS DA DIÁFISE DO ÚMERO COM energia, lesões torcionais leves, quedas da própria altura, ou erros
LESÃO DO NERVO RADIAL técnicos intraoperatórios. As fraturas em torno das artroplastias do
úmero podem ocorrer nas tuberos idades, na metáfise ou na diáfise
O nervo radial é o nervo mais frequentemente lesionado nas fraturas em torno da haste ou distal à ponta da haste. As frat uras em torno
da diáfise do úmero, por causa do seu curso espiral através da região do componente umeral das artroplastias totais do cotovelo também
posterior do terço médio da diáfise e sua posição relativamente fixa podem ocorrer em qualqu er nível partindo da coluna medial ou
no braço distal à medida que ele penetra no septo intermuscular lateral até proximalmente à ponta da haste.
lateral anteriormente (Fig. 57-43). Em geral, a lesão do nervo rad ial As fraturas pós-operatórias estáveis sem afrouxamento dos
é uma neuropraxia, com taxas de recuperação de 100% em lesões de componentes podem ser tratadas de forma conservadora com imo-
baixa energia e de até 71 % em lesões abertas de alta ene rgia; Bum- bi lização. As fraturas estáveis com afrouxamento do componente
basirevic et ai. relataram a recuperação em 94% das 16 fraturas exigem revisão imediata ou após a consolidação da fratura se ainda
expostas. Embora seja possível que o nervo seja seccionado pela estiver dolorosa. As fraturas instáveis com ou sem afrouxamento do
borda afiada de um fragmento de osso, isso raramente ocorre. Nós componente exigem fixação cirúrgica com ou sem revisão do com-
tratam os a fratura da diáfise do úmero da forma usual não operató- ponente. Se a revisão for necessária, os princípios gerais de revisão
ria e com uma tala dinâmica para apo io dos dedos e punho, e das artrop lastias devem ser seguidos (Cap. 12). A qua lidade óssea
reservamos a exploração do nervo para casos quando a função não determina a necessidade para aloenxerto complementar, enxe rtos
retornar em 3 a 4 meses e a fratura tiver consolidado. Uma vez que autólogos, cimento ortopédico de metacrilato de meti! ou enxerto
o nervo costuma ser apenas contudido ou estirado, podemos esperar ósseo autógeno. A maioria dos pacientes que necessita de uma
que a função possa retornar espontaneamente. A exploração de hemiartroplastia ou artroplastia total do ombro ou artroplastia do
rotina do nervo submeteria muitos pac ientes a uma operação des- cotovelo tem osteoporose relacionada co m a idade.
necessária e pode aumentar a frequência de complicações. A explo- Ao tratar frat uras periprotéticas instáveis da diáfise do úmero
ração precoce e o reparo de um nervo seccionado não comprovaram com co mpon entes bem fixo s, encontramos as seguintes diretri zes
produzir quaisquer melhores resultados do que o reparo em uma úteis, conforme descrito por Cameron e Iannotti: (1) fraturas des-
data posterior. viadas da tuberosidade devem ser fixadas com fios ou sutura tran-
Se a paralisia do nervo radial ocorrer em uma fratura exposta sósseas, e lesões do manguito rotador associadas devem ser tratadas;
da diáfise do úmero, o nervo deve ser explorado no momento da (2) fraturas instáveis diafisárias em torno ou abaixo da prótese
Mj:fjij PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

Lesão fechada Lesão aberta Múltiplas lesões


Fratura segmentar
Cotovelo flutuante
Lesão vascular
Coma
Observar

Ultrassom dentro Exploração Tratamento da fratura


de 3 semanas, do nervo !+-------_, Reparo vascular etc.
se possível

Roto
Parcialmente roto

Observar Soltura Reparo Extensão da lesão Reparo cirúrgico


cirúrgico indistinguível impossível

Intervalo do tempo de Repare o nervo


espera calculado Segunda exp loração
em 2 a 3 meses

Transferência tendínea
após a consolidação
da fratura

Sem ENMG antes


exploração da exp loração
cirúrgica

1i@lhijili19 Algoritmo de tratamento para paralisia do nervo radial assoc iada à fratura d iafisária do úmero (Shao et ai.) . ENMG,
eletroneuromiografia .

requerem RAFI. A fixação com fios d e ce rcl agem ou parafusos iso- Os princípios gerais d e tratamento das fraturas periprostéti cas
lad am ente é insatisfatória. Uma placa com fios d e cerclagem proxi- do úmero em torno do componente umeral das artroplastias totais d o
m ais e parafusos distais é preferida. Pelo menos quatro fio s de cotovelo são os m esmos. As fraturas d a colun a medial ou latera l com
cerclagem proximais e quatro parafusos distais, envolvendo oito um implante firmemente fixo podem ser tratadas com imobili zação.
corticais, são necessários. Recomendamos utilizar fio s de 2 mm em A união d a fratura das colunas é desnecessári a para um bom resu l-
vez dos fios habituais de 1,6 mm . U ma redução anatômica é neces- tado func ional.
sária para a união, e o enxerto ósseo n o local da fratura deve ser
considerad o.
Quando há má qualidade óssea, a fixação pode ser complemen- FRATURAS DO ÚMERO DISTAL
tada com cimento ortopédico de metacrilato de m eti!. O cimento
d eve se r mantido fora do local da frat u ra . Se houver osteopenia As fraturas do úmero distal permanecem um problema d esa fi ador
grave, reco mendamos adic ionar um aloen xerto co rtical de espes- apesa r dos avanços na técnica e implantes. Estas lesões muitas vezes
sura completa, aplicado com fios d e cerclage m a dicion a is d e 90 envolvem co minuição articular, e muitas ocorrem em pacientes mais
g raus para o ele m e nto da placa-cabo-parafu so. O en xe rto ósseo velh os com osso osteoporótico. A função da articulação muitas
autólogo d eve se r aplicado no local da fr atura. Nós não ac re dita - vezes é comprometid a por causa d a rigid ez, dor e fraqueza. Rara-
mo s qu e uma boa artrop lastia be m fi xa e funci o nal do ombro ou m ente é um cotovelo "normal" o resultad o após essas fraturas, mas
co tovelo deve se r revisada para u m impl a nte d e haste longa para os resultados foram melh o rados com avanços na tecnologia dos
o rep aro d e uma fra tura da di áfise no pós-operatório. Os res ul- implantes, as abord age ns cirúrgicas, e protoco los de reabilitação,
tados com artropl as tia de revisão do ombro e co tovelo n ão são com resultados bons a excelentes relatados em aproximadamente
tão sat isfa tó rios co mo a a rtroplast ia primária. Em vez disso, acre- 87% dos pac ientes. A m aioria d as fraturas do úmero distal em
dita mo s qu e ca d a esforço d eve se r feito pa ra alcan ça r a união adultos d eve ser tratada cirurgicam ente, em co ntraste com as fratu-
primária da fratura. ras do úmero proximal ou diálise do úmero. O tratamento não
As fraturas intraoperatórias durante a artroplastia do o mb ro cirúrgico co m a técnica "saco de ossos" pode ser razoável em um
podem ser evitadas por atenção cuidad osa para detalhar e respeitar paciente idoso com comorbidades m éd icas significativas.
o osso osteopênico. As fraturas int raoperatórias d eve m ser repa radas A complexidade d as fraturas do úmero distal em adu ltos é
no mom ento da cirurgia por fixação interna ou revisão por um refletida nas tentativas de class ificar a varied ade de lesões possíveis
implante da haste mais longa. nesta locali zação. A classificação AO/OTA, se todas as classifi cações
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

(Técnica 57-8), mas as preocupações como consolidação da osteoto-


mia e implantes sintomáticos levaram ao uso mais frequente da ele-
vação do tríceps (Bryan-Morrey [Fig. 57-47] ou abordagem de
elevação do tríceps com um pedículo do ancôneo (Fig. 57-48]), corno
defendido por Bryan e Morrey e O' Driscoll, ou uma abordagem de
divisão do tríceps (Campbell [Fig. 57-49]), como defendido por
McKee et al. A melhor exposição da fratura é fornecida por uma
abord agem com osteotomia do olécrano. Conforme a maior familia-
ridade é obtida com padrões de fratu ra e técn icas de redução, uma
A Talta 8 T baixa abordagem com elevação do tríceps ou divisão do tríceps pode ser
selecionada para reduzir as complicações. Com todas as abordagens
posteriores, o nervo ulnar deve ser dissecado cuidadosamente sem
exploração excessiva e pode ser transposto anterior ao epicôndilo
medial no final do procedimento. Os trabalhos recentes têm questio-
nado o benefício da transpos ição do nervo, observando que a fre-
quência de neurite ulnar em pacientes com transposição do nervo
ulnar fo i quase quatro vezes do que em pac ientes sem transposição.
A técnica padrão cham a atenção para as placas a se rem
colocadas no s ângul os ortogonais (placas 90-90) (Fig. 57-50).
Os estudos mostraram que as placas diretas medial e lateral são
e D biomecanicamente rígidas (Fig. 57-5 1), e os estudos clínicos co n-
firmaram a fixação estável e altas taxas de consolidação com
placas em paralelo (180 graus). Sanchez-Soteia et ai. listaram vári os
princípios para fi xação da fratura dista l do úmero qu e temos
incorporado em nosso protocolo de tratamento (Quadro 57-3).
Os pequenos fragmentos os teocondrais podem ser fixos com para-
fusos sem cabeça, parafusos escareados de minifragmentos, ou
parafusos absorvíveis (Fig. 57-52).
A reconstrução do úmero distal pode ser feita de acordo com
duas estratégias: ( 1) redução e fixação das sup erfícies articulares
seguidas por fixação a d iáfise do úmero ou (2) redução e fixação do
côndilo medial ou lateral com a diáfise, então, a reconstrução da
E Lambda medial F Lambda lateral superfície articular (va ntajosa quand o a superfície articul ar é comi-
nuída ), seguid a pela redução e fixação do côndilo contra lateral.
O@ii;@fil9 A-F, Classifica çã o de Mehne e Matta das fraturas O cuidado deve ser tomado para não diminuir a tróclea com um
do úmero d ista l. parafuso interfragmentário quando há perda óssea porque isso não
permitiria a movimentação adequada do cotovelo. Como a área para
parafusos é limi tada no segmento distal, a fixação provisória pode ser
de subgrupo fo rem utilizadas, define 61 tipos, embora os três tipos de utilizada na articulação, com parafusos de fixação definitivos pas-
envolvimento articular sejam as designações geralmente utilizadas: A, sando através da placa para garantir que os parafusos no segmento
extra -articular; B, parcialmente articular; C, completamente articular. distal contribu am para a estabilidade geral do elemento (Fig. 57-52).
Um sistema mais recente de classificação sugerido por Jupiter e Mehne As placas mais novas que são pré-moldadas ou placas de compressão
é mais simples: ele descreve apenas 25 tipos. Este sistema de classifi- de 3,5 mm são preferíveis a placas de reconstrução de 3,5 mm ou de
cação tem como base os conceitos de "duas colunas" e tie-arch da um terço tubular por causa da falha por fad iga no último grupo em
estabilidade do cotovelo. Mehne e Matta descreveram fraturas com- fraturas com cominuição metafisária. Para fraturas do tipo baixa, as
plexas do úmero distal bicolunar de acordo com a configuração placas adicionais de minifragmentos podem fornecer fixação adicio-
formada pelas linhas de fratura (Fig. 57-45): fraturas em T altas ou nal (Fig. 57-52). As placas de bloqueio mostraram fornecer estabili-
baixas, fraturas em Y, fraturas em H e fraturas em L medial e lateral. dade adicional e podem permitir reabilitação precoce.
Em geral, preferimos utilizar o sistema de classificação de Jupiter Se o objetivo da fixação estável que possibilita a movimentação
porque ele é úti l para o planejamento pré-operatório. precoce for alcançado, a reabilitação pode começar dentro de 3 dias
O objetivo do tratamento é a restauração anatômica da super- da cirurgia. Waddell et ai. mostraram que a rigidez se desenvolve se
fície de articulação com fixação intern a estável que possibilita movi- o cotovelo fo r imobili zado por mais de 3 semanas. As sessões de
mentação precoce. As fraturas da coluna latera l ou medial (AO/OTA fisioterapia supervisionadas são programadas três vezes por semana,
tipo B) (Fig. 57-46) geralmente podem ser reduzidas através de uma juntamente com um programa diário de exercícios. Órteses de flexão
abordagem direta e fixadas com placas de supor te simples. As fra- dinâmica e de extensão são prescritas quando os objetivos de movi-
turas intra-articulares (AO/OTA tip o C) variam muito. Em geral, mentação precoce não são obtidos.
quanto menor o componente transversal, mais di fíc il obter fixação As taxas de consolidação para as frat uras do úm ero distal
estável. De igua l modo, quanto maior a com inuição, mais difícil melhoraram de forma significativa ao longo dos anos. A complica-
ob ter redução anatôm ica. ção mais frequente é a rigidez, o que muitas vezes requer um
Uma variedade de abordagens fo i descrita para redução e fixação segun do proced imento. McKee et ai. relataram um arco de movi-
de fraturas do úmero distal (Tabela 57-6) . A abordagem posterior mento de 108 graus, 74% de força em comparação com o lado
mais comumente utili zada é com uma osteotomia do o lécrano oposto, e uma pontuação média do DASH (incapacidade do braço,
@}:fi:t PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADU LTOS

W=4iiiliW'.,. Ei19
A e B, Fratura do côndilo lateral isol ado fi xa da com parafuso interfragmentário e placa de mini-
fragmentos de suporte.

O@ii;@Li19 A e B, A plica çã o da pla ca através da abordagem com el eva çã o do tríceps.

Çlit7i·*·' 57-3 Objetivos técnicos para fixação das fraturas do úmero distal
•Todo pa rafuso deve passar através da placa. • Cada parafuso deve envolver o máximo de fra gmentos
• Cada parafuso deve envolver um fragmento no lado oposto articu lares.
que também é fixado a uma placa . • As placas devem ser aplicadas de modo que a compressão
• O máximo possível de parafusos deve ser colocado nos seja alcançada no nível supracondilar para ambas as colu nas.
fragmentos distais. • As placas uti lizadas devem ser fortes e ríg idas o suficiente
• Cada parafuso deve ser o mais longo possível. para resistir à quebra ou torção antes que a un ião ocorra
no nível sup raco ndilar.

De Sanchez-Sotelo J, Torchia ME, O'Drisco ll SW: Principle-based internai fi xati on of dista l hum eru s fractures, Tech Hand Upper Extremity Surg 5:179, 2001.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fj:fj8

•M:i!'+i 57-6 Abordagens cirúrgicas utilizadas para o tratamento das fraturas do úmero distal

ABORDAGEM
CIRÚRGICA INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES VANTAGENS DESVANTAGENS
POSTERIOR Osteotom ia RAFI para frat u ras ATC Bom acesso às Não un ião e falha da
do envo lvendo superfícies fixação da
olécrano ambas as co lunas art icu lares osteotomia
e a superfície posteriores para Acesso ruim para
articu lar reconstrução região anterior
(capítulo)
Divisão do RAFl/ATC Abordagem da Evita complicações Acesso ruim à
tríceps para fraturas osteotom ia do associadas à superfície articu lar
envolvendo olécrano anterior osteotomia do para f ixação
ambas as co lunas Pacientes com olécrano interna
e a superfície problemas de Risco de rotura do
articular cicatrização tríceps
El evação do Fraturas que ex igem RAFI Evita comp licações Risco de rotura do
tríceps ATC Osteotomia do associadas à tríceps
olécrano prévia osteotomia do
Pacientes com olécrano
problemas de
cicatrização
Desprendi- RAF l/ATC para Abordagem da Evita comp licações Acesso ruim para as
mento do fraturas osteotom ia do associadas à superfícies
t ríceps envolvendo olécrano anterior osteotomia do articu lares para
ambas as co lunas Pacientes com olécrano fixação interna
e a superfície prob lemas de Risco de rotura do
articu lar cicatrização tríceps
MEDIAL Fraturas do Co luna latera l
ep icôndilo medial inacessíve l
Fraturas da coluna
media l
Koher Fraturas da co luna Fratura suspeita da Nervo radial Co luna media l
lateral superfície articular protegido inacessível
Fraturas do mais complexa
ep icôndi lo latera l
Fraturas capitulares
LATERAL Koeber Risco de lesão do
nervo radia l
Co luna med ial
inacessível
Jup iter Fraturas comp lexas Envolvimento Co luna media l
da superfície significativo das inacessível
articular colunas
ANTERIOR Henry Lesão vascular Fixa ção com placa das Bom acesso à artéria Acesso limitado às
colunas ou braquial co lunas
reconstru ção da
superfície articular
RAFI, redução aberta e fixação interna; ATC, artroplastia total do cotovelo.
Modificado por Robinson CM : Fractures of the distal humerus. ln Bucholz RW, Heckman JD, Court-Brown CM, editors: Rockwood and Green's fractures in
adults, ed 6, Ph iladelphia, 2006. Lippincott Williams & Wil kins.

ombro e mão; do inglês, disability of the arm, shoulder and hand) de


20 (O = perfeita e 100 = incapacidade completa) em 25 pacientes REDUÇÃO E FIXAÇÃO
com uma média de 3 anos ap ós a fixação com placas medial e lateral INTERNA DO UMERO DISTAL COM
nas fra tu ras intra-articulares do úmero distal. Outras complicações
incluem neuropatia do nervo uln ar, ar trite pós-traum áti ca, osteone-
OSTEOTOMIA DO OLÉCRANO
crose e implante sintomáti co (Fig. 57-50). Estima-se que 1 em 8 TÉCNICÁ
pacientes com fixação cirúrgica de um a fratura distal do úm ero
eve ntualmente requer um segundo procedimento. Muitas complica- • Pos icio ne o paci ente em dec úbit o lat eral. Um po si cio -
ções podem se r evitadas pela escolha apropriada do procedimento namento em decúbito ventral ou em decúbito dorsal )
e atenção meti culosa aos detalhes técnicos.
@}:tij1) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

r
Flexão

\ do triceps
'

A B

iâ!iji!;Hm:I!I Abordagem com elevação do tríceps e de um pedículo do ancôneo . A, Abordagem lat era l modificada de Koc her é
co mbinada com a abordagem de elevação medial do tríceps. B, Acesso ao úmero distal é sim il ar ao fornecido por uma osteotomia do
o lécra no .

iâ[dihtijl!flD Abo rd agem através divisão do t ríceps para o úmero distal. A, Incisão do tríceps. B, Incisão estend ida para a borda
transcutânea da ul na. (De Frankle MA: Tri ceps split technique for total elbow arthroplasty, Tech Shoulder Elbow Surg 3:23, 2002.)
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEB RAÇO fJ:jj@

li@ll;tglEfE!I A,Fratura supracondilar com extensão intra-articu lar. B, Fi xação com placas bloqueadas 90-90 através de uma abor-
dagem com osteotomia do olécrano. C, Após a remoção do implante sintomático.

também pode ser uti lizado. Uma vantagem do posiciona-


)
mento em decúbito dorsal é uma melhor exposição anterior
da articulação, o que é útil nas fraturas mu ito baixas e fra-
turas com com inuição anterior. A fixação de fraturas com
extensão para a diáfise pode ter redução difíci l com o
paciente em decúbito dorsal. Quando a posição em decú-
bito dorsal é escolh ida, utilizamos um suporte de braço
(Elbow LOC, Symmetry Medical lnc., Warsaw, IN) para auxi-
liar com o posicionamento do braço (Fig . 57-53).
• Prepare e coloque campos sobre todo o dorso para per-
mitir a co locação de um torniquete estéril na reg ião pro-
xima l do braço.
• Faça uma incisão na linha média, com ou sem uma curva
sob re a ponta do olécrano, e desenvolva reta lhos de
espessura completa media imente e latera lmente.
•Libere o nervo ulnar da borda medial do tríceps e do
epicônd ilo medial. Preserve as estruturas vascu lares que
irrigam o nervo ulnar (Fig. 57-54A).
• Lateralm ente, faça a dissecção do tríceps do septo latera l
intermuscula r. Faça uma incisão no intervalo entre os
músculos tríceps e ancôneo para expor a articulação.
Alternativamente, preserve a inervação do ancôneo uti-
lizando o interva lo entre o ancôneo e o curto radia l exten-
sor do carpo e eleva ndo o ancôneo com o tríceps .
•Assegure que a superfície arti cula r do olécrano medial e
lateralmente possa ser vista .
• Perfure os orifícios para fixação do olécrano antes de fazer
O!§lhflEilJI A, Fratura distal do úmero com exte nsão intra- a osteotomia. Nós utilizamos rotineiramente a f ixação com
articular. B, Após a fixa ção direta com placas medial e latera l.
placa. )
W.J:tz) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

líliji!;ijEflia A, Fi xação do pequeno frag-


mento osteocondral com parafuso absorvível.
B, Fratura intercondilar muito distal fixada com
parafusos sem cabeça e placas de minifragmen-
tos através de uma abordagem com osteotomia
do olécrano.

•Leva nte o tríceps com o olécrano proximal e eleve a


musculatura do tríceps do úmero, preservando o peri-
ósteo (Fig. 57-54C).
• Desbride as bordas da fratura para limpar suas super-
fícies.
•Utilize fios rosqueados de Kirschner como joysticks para
manipular os cônd ilos medial e lateral.
•Se a fratura articular for simples, reduza a fratura com
os joysticks e um grampo Weber e insira os fios de
Kirschner para fixação provisória (Fig . 57-55A).
• Fixe a coluna com a redu ção mais fácil em primeiro
lugar, em segu ida, a coluna oposta (Fig . 57-558).
•Se a fratura articular for complexa e o côndilo medial
ou lateral tiver uma redução fácil com a diáfise, reduza
os côndi los com a diáfise. Um parafuso sem cabeça
interfragmentária de minifragmento (2 mm ou 2,4 mm)
pode ser utilizado para fixação provisória porque o
seu perfil baixo não interfere no posicionamento da
placa. Alternativamente, a placa pode ser colocada ao
longo da coluna com parafusos unicorticais provisórios
distalmente.
•Reconstrua a superfície articu lar "em torno do relógio";
provisoriamente, fixe os fragmentos reconstruíveis e reduza
o côndilo remanescente à diáfise e aplique a fi xação
com a placa.
•Utilize parafusos sem cabeça, parafusos de minifragmento
ou parafusos absorvíveis para fixação dos fragmentos
H@ll;fdDEI Suporte do braço (Elbow LOC, Symmetry Medical, com inuídos articula res (Fig. 57-558).
Warsaw IN) ajuda no posicionamento do braço durante a cirurgia. • Placas medial e lateral e 90-90 são aceitáveis.
VEJA A TÉCNICA 57-8. • Ava lie cada parafuso para garantir que ele não cruze
a superfície articular.
•Repare a osteotomia do olécrano (Fig. 57-55C), considere
• Faça uma osteotomia chevron distalmente orientada com transpor o nervo ulnar e feche a incisão em camadas
)
uma serra oscilante direcionada para o sulco da superfície com dreno de sucção colocado .
articular do olécrano (Fig. 57-548). Utilize um osteó-
tomo para completar a osteotomia cu idadosamente. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cotovelo é imobilizado
Se a osteotomia for forçosamente aberta com o oste- por tala em extensão. O dreno é removi do 2 dias após a
ótomo, um grande retalho carti lag inoso pode ser criado cirurgia, e a amplitude de movimento é iniciada 3 dias
inadvertid amente. após a cirurgia. Nenhuma órtese é utilizada.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

---Tríceps
Ot§il;@1i.E9 Abordagem
através uma osteotomia do olé-
crano. A, Osteotomia do olé-
crano é marcada no formato de
um V raso ou chevron. B, Serra
oscilante com lâmina fina é uti-
lizada para iniciar a osteotomia .
C, Fragmento osteotomizado
do olécrano proximal é elevado
de modo proximal; nervo ulnar
é isolado, mobilizado e prote-
gido. SEE TECHNIQUE 57-8.
A B

OM'l;MEf.ID Redu ção aberta e fixação in-


terna do úmero distal através de uma aborda-
gem com osteotomia do olécrano. A, Fios de
Kirschner utilizados como joysticks para redução
da fratura. B, Após a aplicação da placa . C, Após
a fixação da placa da osteotomia do olécrano.
VEJA A TÉCNICA 57-8.
@H@t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADU LTOS

Tipo 1 Tipo li

Tipo Ili Ti po IV

h!§i!@gm Classificação de Mason das fraturas


da cabeça e co lo do rád io.

FRATURAS, LUXAç_ÕES E
FRATURAS-LUXAÇOES DO
COTOVELO
FRATURAS DA CABEÇA DO RÁDIO

As fraturas da cabeça do rádio pod em oco rrer isolad as ou corno parte


de uma luxação do cotovelo m ais com plexa (veja a seção "tríad e
terrível", adi ante) ou lesão d e Essex-Lopresti. Quando confirmado
que a fratura está isolada, o obj etivo do tratam ento é um arco d e
movimento livre de dor, estável em flexão e extensão e pronação e
supina ção. O sistema de classificação d e Mason é amplam ente utili-
zado para descrever essas fraturas (Fig. 57-56) . A m aiori a d as fraturas
d a cabeça radial é tratada de for ma co nse rvadora (Mason tipos I e
II) . A não união e o desvio da fratura são raros. A rigidez, no entanto,
pode ser uma compli cação. Se o paciente não tive r nenhum bloqueio
d a amplitude de m ovimento, um a tipo ia e a movimentação precoce
(conforme a dor permitir) produzem previsivelmente bons resulta-
dos. Lindenhovius et ai. relataram que os resultad os do tratam ento
cirúrgico em acompanh am ento a longo prazo (22 a nos) não demons-
tra ram vantagem apreciável sobre os resultados de longa duração
relatados com o tratam ento não cirúrgico. De 49 pacientes com fra-
turas do tipo II de Mason (2 a 5 mm d e d eslo cam ento), Akesson et
ai. relataram que 80% estavam livres d e do r e tive ra m amplitudes d e
m ovimento similares à extremidade não lesionada após o tratamento
não cirúrgico primário. Aqueles com m aus resultad os m elh oraram
com a ressecção tardi a da cabeça radial. A estabilidade geral do
co tovelo deve ser co nfirmada antes d e tratar fra turas d o ti po de
Supinada
Mason de fo rma con servadora; a avaliação cu id adosa pode revelar B
um a fratura Mason do tip o IV. Fundam ental para tomar a decisão
sobre o tratamento cirúrgico é determinar se (1) a lesão é isolada e O@il;hilim "Zona segura" (área da cabeça radial que não
não parte de um a lm,ação do cotovelo e (2) se não há bloqu eio para articula com a ulna) para f ixa ção . VEJA A TÉCNICA 57-9.
fl exão e exten são ou pronação e supin ação.

• TRATAMENTO CIRÚRGICO
As fraturas d esviad as Mas on tipos II e II I que faze m pa rte de uma ou sem uma placa de supor te colocad a na "zona seg ura" (área d a
luxação do cotovelo (M ason do tipo IV) ou qu e leva m a urn a limi- cabeça radial que n ão articula com a ulna [Fig. 57-57]) , teve bons
tação do movimento exigem tratam ento cirúrgico. res ul tad os. Além di sso, a ressecção parcial d a cabeça radial foi mo s-
trada tendo resultados satisfatórios. Se a superfície articular rem a-
1 TRATAMENTO DAS FRATURAS TIPO li DE MASON nescente for pequena, ressecção com a substituição d a cabeça radial
RAFI é a fo rma usual d e tratam ento para estas lesões quando a é necessária como um estabilizad or primário do cotovelo em uma
cirurgia é indicada. O uso d os parafu sos d e mini fragm entos, com fratura- luxação.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

O@mMml Redução aberta e fi xação interna das fraturas da cabeça do rádio. A, Fratura Mason do tipo li estabilizada com dois
pequenos parafusos. B·D, Frat ura Mason do tipo Ili estab ilizada com placa e parafusos. VEJA A TÉCNICA 57-9.

1 TRATAMENTO DAS FRATURAS TIPO 111 DE MASON da articulação radiocapitular levando à erosão, dor e diminuição do
Estas fraturas, muitas vezes, fazem parte de uma lesão mais grave e movimento (Cap. 12). A vantagem primária da substituição protética é
podem ocorrer com a luxação do cotovelo e outras lesões do cotovelo. a manutenção da relação radiocapitular para a estabilidade do cotovelo
Elas são frequ entemente menos apropriadas para RCFI do que as e estabilidade longitudinal radioulnar.
fraturas do tipo II. A ressecção da cabeça radial pode ser uma boa
opção para fraturas isoladas em pacientes idosos, mas foi associada a
resultados variáveis em pacientes mais jovens. As lesões concomitan-
tes não provavelmente diagnosticadas desempenham um papel no REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO INJERNA
resultado de longo prazo. Artrose tardia, instabilidade do cotovelo em DA FRATURA DA CABEÇA DO RADIO
valgo e instabilidade longitudinal do antebraço levaram muitos a
evitar a ressecção radial em pacientes mais jovens. Em um grupo de TÉCNICA
cinco pacientes, no entanto, os resultados satisfatórios foram relatados
•Exponha a cabeça e o colo radial com uma abordagem
no acompanhamento de 16 a 21 anos. Antes da ressecção, é necessário
Kocher ou Kaplan (Cap. 1).
descartar a instabilidade da cabeça radial, cotovelo e antebraço.
•Tenha cuidado para preservar o ligamento colateral lateral.
É possível realizar RAFI com bons resultados em pacientes sele-
Em lesões "tríade terrível", o ligamento será reinserido no
cionados; Ikeda et al. relataram maior força e melhor fun ção em 15
fin al do proced imento.
pacientes com RAFI do que em 13 pacientes com ressecção da cabeça
radial para fraturas do tipo III de Mason. A fratura ideal para RAFI tem FRATURA TIPO li DE MASON
três ou menos fragmentos, cada um dos quais grande o suficiente para •Reduza a fratura parcial, com cu idado para não lesar o
aceitar um parafuso para fixação, com mínima perda óssea metafisária. periósteo; descoladores, pequenos ganchos ou elevado-
Caso contrário, é necessário considerar excisão ou substituição. A subs- res de Freer podem ser utilizados quando necessário.
tituição protética com implantes metálicos forneceu bons resultados no • Estabilize a redução com um ou dois pequenos parafusos
acompanhamento de curta duração. A técnica cirúrgica pode ser desa- (Fig. 57-58A). Ocasionalmente, uma placa de suporte pode )
fiadora, com a principal complicação sendo o preenchimento excessivo
@Hdit PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

)
ser útil se o ápice da fratura estiver com inuído e um grande Classificação da fratura coronoide
defeito permanece sob o fragmento articular. -. (O' Driscoll et ai.)
• Se uma fixação confiável não puder ser obtida (como nas
fraturas-luxações), considere a artroplastia da cabeça radial. FRATURA SUBTIPO DESCRIÇÃO
Tipo 1: Ápice 1 :Q mm da a ltura do processo
FRATURAS TIPO Ili DE MASON
coronoide (ou seja, lasca da
•Se for necessária melhor exposição, libere a origem do
fratura)
ligamento colateral lateral; que será reparado no fina l do
2 >2 mm da altura coronoide
procedimento.
•Reduza e, provisoriamente, fixe a superfíci e articular com Tipo li: Borda anteromedial
fios de Kirschner. Ocasionalmente, remover os fragmen- Anteromedial
tos e montá-los sobre a mesa podem facilitar a redução. 2 Borda anteromedial + ápice
•Proteja o nervo interósseo posterior pronando o ante- 3 Borda anteromedial + apófise
braço. coronoide (± ápice)
•Ap li que uma pequena placa ao longo da superfície latera l Tipo Ili : Basal Corpo e base do processo
do rádio proxima l com o punho em neutro (zona segura) coronoide
(Fig. 57-57) e f ixe-a com parafusos interfragmentários 2 Fratura d a base do processo
quando necessário (Fig . 57-588). coronoide transolecra n iana
•Enxerto ósseo no defeito, se necessário.
•Verifique a pronação e a sup inação do antebraço.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é colocado em


uma ta la de gesso moldada, posterior a 90 graus. Em 3
a 7 dias, a tala é removida, e o braço é suportado em uma
faixa. Neste momento, os exercícios ativos são iniciados.
O paciente deve descontinuar a faixa em 3 semanas,
aumentando gradua lmente conforme tolerado. A manipu-
lação forçada do cotovelo nunca é permitida.

FRATURAS DO PROCESSO CORONOIDE

As fraturas do processo coronoide ocorrem em 10% a 15% das luxa-


ções do cotovelo.
Historicamente, foram classificadas em três tipos, conform e
descrito por Regan e Morrey: tipo I, fratura intra-articular da
ponta do coronoide (sem instabilidade d e longa duração); tipo
II, fratura envolvendo metade ou menos do coronoide (pode
afetar de forma significativa a estabilidade do cotovelo); e tipo
III, fratura envolvendo mais da metade do processo coronoide
(muitas vezes associada à instabilidade posterior) (Fig. 57-59) . h@ll;f4Efm Classificação das fraturas do processo coronoide.
Mais recentemente, o sistema de classificação desenvolvido por
O' Driscoll et al. (Tabela 57-7 e Fig. 57 -60) demostrou prever de
modo mais confiável as lesões associadas e orientar as decisões
do tratamento (Fig. 57-61).
Em virtude da possibilidade de um fragmento da fratura do
processo coronoide parecer pequeno em uma radiografia lateral ou
ser confundido com uma fratura da cabeça do rádio, TC é recomen-
dada quando uma fratura do coronoide é suspeita.
As fraturas desviadas do coronoide devem ser reduzidas e
estabilizadas com fixação. A avaliação cuidadosa é obrigatória para
garantir que a fratura do coronoide não seja parte de um a lesão mais
séria (veja adiante a seção de lesões "tríade terrível") . As sutu ras
podem ser utilizadas para fixação dos pequenos fragmentos da
fratura do coronoide (F ig. 57-62A) e parafusos interfragmentários
podem ser utilizados para fragmentos maiores (Fig. 57-62B). Um
tipo distinto da fratura do coronoide, fratura da faceta anterome- Classificação da fratura do processo coronoide
dial (Fig. 57-63), ocorre devido a um a força em varo no cotovelo baseada no padrão de fragmentação (O' Driscoll et ai.). A, Tipo 1,
e, se não for tratado, pode resultar em instabilidade rotatória poste- fratura transversal na ponta do processo co ronoide. B, Tipo 2, fratura
romedial. Recomenda-se o reparo do ligamento colateral lateral e da faceta anteromedial do processo coronoide. C, Tipo 3, fratura da
RAFI do coronoide (Fig. 57-64). base do processo coronoide.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇ O EANTEBRAÇO

Instabilidade rotatória Instabilidade rotatória


posterolateral em valgo posteromedial em varo

Fratura da faceta
anteromedial,
subluxação/luxação,
lesão do LCL
Artroplastia da cabeça RAFI da cabeça
radial planejada radi al planejada
Abordagem posterior

Abordagem lateral Abordagem única


posterior ou vias
separadas medi a l
e lateral
Reparo das estruturas
profundas para superficiais
1. coronoide,
2. Cabeça do rádio, 3. LCL Abordagem medial Abordage m lateral ou
ou ja nela medi a l jane la lateral da
da abordagem abordagem posterior
posterior para pa ra cabeça
reparo do rad ial + LCL
processo coronoide Reparo da cápsula? Placa de
Considerar suporte
tratamento anteromed ia l
não operatório
Repa ro da Fi xação Fragmento Fragmento Reparo da
cáps ula com ma ior maior cápsul a
pa rafuso

O@li;fdLillt Algoritmo para conduta nas fratura s dos tipos 1 e li de O' Drisco ll do corono ide e lesões associadas. RAFI, Redu ção

aberta e fi xaçã o interna; LCL, ligamento co lateral latera l. (De Manidakis N, Sperelakis 1, Hackney R, Kontak is G: Fractures of the ulna r coronoid
process, lnjury 43:989, 2012.)

pode resultar em avulsão do epicôndilo medial, que é muito mais


LUXAÇÕES ISOLADAS DO COTOVELO
com um em adolescentes. O ligamento colateral medial e o complexo
As luxações isoladas do cotovelo são luxações das articulações radio- ligame ntar colateral lateral são lesados invariavelmente.
capitulares e da umerouln ar. São denominadas "simples" ou isoladas As fraturas- luxações posteriores do cotovelo em ad ultos
porque não há fratura assoc iada. O tratamen to é quase sempre con- geralmente são tratadas cirurgicamente, porque a fratura e a lesão
servador, co m redução fechada após um exame neurovasc ular com- dos componentes ligamentares tornam instável a maioria destas
pleto. A propensão parauma nova luxação é avaliada após a redução luxações. A fra tura do processo coronoide ou cabeça radial, ou
e observada. As radiografias devem confirmar uma redução concên- ambos, pode tornar o cotovelo significativamente instável após a
trica. Inicialmente, o cotovelo é colocado na tala em 90 graus de redução (Fig. 57-65). A lesão não tratad a do complexo ligamentar
flexão, e a amplitude de m ovimento é iniciada em 5 a 10 dias após colateral latera l e ligamento colateral medial após o reparo do
a lesão se o cotovelo es tiver estável após a red ução. As lesões mais componente ósseo da lesão pode deixar uma instabilidade residual.
instáveis podem exigir talas por até 2 ou 3 semanas com um pro- A imobilização prolongada aum enta a rigidez, e é necessário fa zer
grama de amplitude de movimento pro teg ida. a redução aberta e a fixa ção estável para possibilitar a movimen-
tação precoce.

FRATURAS-LUXAÇÕES DO COTOVELO • TRATAMENTO


A red ução fec hada deve se r feita ass im que possível. Muitas vezes,
As fraturas- luxações do cotovelo geralmente resultam de um a queda as radiografias são necessári as após a redu ção para definir a lesão
com a mão estendida com um componente de cisalhamento para óssea completamente. A TC trid im ensional pode ser necessária
ocorrer a lesão; fraturas da cabeça radial, colo radial, ou processo para identifi ca r todos os componentes desta lesão. O cotovelo deve
coronoide, ou combinações destes, ocorrem conforme o complexo se r cuidadosamente movido através do arco de movimento de
ulnorradial é deslocado posteriormente. A força de tensão em valgo flexão- extensão. A sublu xação ou luxação iminente em 30 graus
M}:tfl:t PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTO S

lp!§i!;t;Jm l Fratura anteromedial do processo coronoide


8 fixada com placa. (De Steinmann SP: Coronoid process fractures, J Am
Acad Orthop Surg 16:519, 2008.)
O!§m@EfJD A, Pequenos fragmentos do processo coronoide
podem ser fixos com suturas através de tunéis transósseos. B, Para-
fusos interfragmentários pod e m ser uti li zados para fragmentos
maiores.

o u mais a partir da extensão total indica instabilidade, e a estabi-


li zação cirúrgica é n ecessária. Na rara situação de um a red ução
estável e con cê ntrica, o paciente pode iniciar os exercícios ativos
precoces em 2 a 3 semanas, com acompanham ento rigoroso; caso
ocorra subluxação ou nova luxação espontân ea, o cotovelo é ci rur-
gicamente estabili zado.

LESÕES "TRÍADE TERRÍVEL" DO COTOVELO


Originalmente descrita por Hotchkiss, a "tríade terrível" consiste em
uma luxaçã o do cotovelo em conjunto com fraturas da cabeça radial
e processo coronoide. Historicamente, os resultados ruins levaram
à designação desta combinação de lesões como "terrível:' A lesão
essencial é a lesão d o ligamento colateral lateral com progressão das
lesões em direção às estruturas m ed iais (Fig. 57-66) . A lesão do
ligamento colateral lateral ocorre como uma avul são de sua origem ,
juntamente com uma quantidade variável d a mu sc ulatura extensora
com um , a partir do úm ero distal lateralmente, d eixando a típica
aparênc ia de um po nto nu no úmero distal (Fig. 57-67B). As lesões
da cabeça rad ial e coronoide varia m em tamanhos dos fragmen tos
e complexid ade.
h@ii;@m l TC trid imen siona l da fratura ante romedial do Os primeiros estud os com as luxações e as fratura s- luxações
processo corono ide; seta indica o fragmento da fratura. (De do cotovelo indicaram que as lesões tipo tríade terrível tinham uni -
Steinman n SP: Coronoid process fractures, J Am Acad Orthop Surg formeme nte resultados ruin s, Ring et ai. relataram resultados regu-
16519, 2008) lares e ruins em quatro dos seus oito pacientes. Mais recentemente,
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fJm
QUADRO 57 _4 Princípios do cirúrgico
da fratura-luxaçao do cotovelo
"tríade terrível"

•Restaure a estabi lida de do processo coronoide através da


fixação da fratura (tipo li o u Ili) ou através do reparo da
cápsu la ante rior (tipo 1)
•Restaure a estabi li dade da cabeça radial através da fixação
da fratura o u substitui ção com um a prótese metálica.
•Restaure a estabi lidade lat era l através do rep aro do com-
plexo li gamentar colateral late ra l, bem como dos restrito-
res secundá ri os e como a o rig e m comum dos extensores
do antebraço e a cáps ula posterolatera l.
•Repare o ligame nto colateral medial em pacientes com
instabilid ade residual posterior.
•Aplique um fixador externo a rticulado quando o reparo
convenciona l não esta belece estabi li dade de a rticul ação
sufici e nte para perm itir o movimento precoce.

De Pugh DMW, Wild LM, Schemitsch EH, et ai: Standard surgical protocol to
treat elbow dislocations with radial head and coronoid fractures, 1 Bane Joint
Surg 86A: 1122, 2004.

• TRATAMENTO
Vá rias vias ci rúrgicas para o cotovelo foram descritas, e a melhor
abordagem para o tratamento das lesões "tríade terrível" permanece
co ntroversa. A escolha da via cirúrgica depende principalmente do
padrão da fratura, tipo de instabilidade, lesão dos tecidos mol es e
experiência do cirurgião. Uma abordagem lateral direta ou uma
incisão na linha médi a posterior com retalhos sub cutâneos para o
intervalo Kocher geralmente é utili zada; a última permite um segundo
intervalo mediaimente, se necessá rio. Em geral, a estratégia de fixação
é das estruturas mais profundas para sup erficial conforme visto a
partir da abordagem lateral (coronoide, em seguida a cápsula ante-
rior, a cabeça radial e, na sequência, o ligamento colateral lateral e
a origem comum dos extensores). Independentemente da aborda-
lj@i@HiJD Fratura-luxação do cotovelo. A, Fratura-luxação gem selecionada, todo esforço deve ser fe ito para operar através dos
posterior com fraturas da cabeça e colo do rádio irreparáveis. A planos traum atizados e minimizar a dissecção cirúrgica.
fratura do tipo li do processo corono ide não é aparente. Essas A fi xação do coronoide depende do tamanho do fragm ento.
lesões do paciente foram b il aterais e quase idênticas. B, Um dos As pequenas avulsões da ponta geralmente são reduzidas e fixas
cotove los lu xou novamente, mesmo imobilizado com tala poste- com suturas através de orifícios perfurados no olécrano posterior-
rior a 90 graus de flexão do cotove lo. O grande fragmento da m ente. Isso, efetivamente, prende a cápsula anterior ao coronoide.
cabeça radial e a fratura do processo coronoide são visivelmente Os m aiores fragmentos são es tab ili zados com parafusos interfrag-
aparentes. A fratura do coronoide teve de ser reparada para m entários a partir do olécrano posteriormente. A fixação do coro-
fornecer estabilidade antes que a cabeça radial pudesse ser res- noide é mais fac ilmente observada quando a lesão da cabeça radial
secada. (De Crenshaw AH: Adult fract ures and complex joint injuries necessita de excisão e substituição.
of the elbow. ln Stanley D, Kay NRM, editors: Surgery of the elbow: O tratamento da fratura da cabeça radi al é determinado pela
practical and scientific aspects, London, 1998, Arno ld ) capacidade em obter a red ução e se a qualidade do osso permitir que
a redução seja mantid a. Se a fratura não puder ser reduzida e estabi-
lizada adequadamente, a substituição com uma prótese metálica é
indicada. Embora esta decisão seja feita inicialmente no processo de
tratamento, geralmente colocamos a prótese da cabeça radial após a
no entanto, res ultados excelentes ou bons foram relatados em 70% fixação da fratura do co ronoide, visto que a remoção da cabeça radial
de 105 pacientes em quatro estudos (Pugh et ai., Ego! et ai., Fo r- fornece boa exposição do fragmento do coronoide.
thman et ai. , e Linden hovius et ai.). McKee et ai. relataram res ul- Após a es tabili zação ou substituição do coronoide e cabeça
tados bons a excelentes em 78% de 36 lesões "tríade terrível" radial, o ligamento colateral lateral é reinserido na sua origem, como
tratadas com um protocolo cirúrgico padroni zado (Quadro 57-4), é a origem comum dos extensores. O restabelecimento dos apoios
e Lindenhovi us et ai. relataram res ultados bons a excelentes em 15 de tecidos mol es adiciona muito para a estabilidade geral na articu-
(83%) do s 18 pacientes. lação do cotovelo.
@J:fl1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

O@il;Hm!I!I A, Lesão do cotovelo " t ríade t erríve l" . Há


uma des inserçã o característica do comp lexo li ga mentar co late-
ral lateral a partir do úmero dista l. A orige m co mum dos
extensores/comp lexo ligame nta r latera l est á so lta aba ixo do
côn dil o lateral. O fragm ento do processo co ro no ide é enca rce-
rado na articu lação (cabeça da seta). A fratura da cabeça rad ial
pode ser vista atrás do fragme nto do processo coro no ide. B e
C, Imagens rad iog ráfi cas da lesão "tríade t errível" . D, Após a
ressecção da cabeça radia l, o cot ove lo estava ai nda inst áve l. E,
A pós o reparo do processo corono ide, sub luxação do cot ove lo
menos grosseira ain da estava presente. F, A estab ili da de fo i
obtida com reparo do processo coro no ide e ligamento latera l
co latera l. (A De Pugh DM, Wild LM, Schem itsch EH, et ai: Stand ard
surg ica l protocol to treat elbow dislocations w ith radial head and
coronoid fractures, J Bane Joint Surg 86A: 1122, 2004.)

E
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

e D

OMll;@m!fl Tratam ento da lesão d o cotovelo " tríade terríve l" . A, Abordagem latera l. B, Cápsula anterior reparada com fios de
sutura não absorvíveis através de orifícios perfurados no loca l de redução da fratura do coro no ide . C, Redução e fixação com dois para-
fusos tipo Herbert. D, Complexo ligamentar latera l avulsio nado reparado no cônd il o latera l. (De McKee MD, Pugh DM, Wild LM, et ai:
Standard surgical protocol to treat elbow dislocations with radial head and coronoid fractures, J Bane Joint Surg Am 87 Suppl 1(Pt 1):22, 2005.) VEJA
A TÉCN ICA 57-10.

• Ident ifique o ba re spot deixado pela desinserção do com-


FIXAÇÃO DAS FRATURAS-LUXAÇÕES
plexo ligamentar colatera l latera l da região posterolatera l
DO COTOVELO "TRÍADE TERRÍVEL" do côndilo lateral. Tome cu idado para trabalhar através das
lesões dos tecidos moles criadas pelo trauma (com ampl ia-
ção da via cirúrg ica proximalmente e dista lmente, con -
forme necessá rio), preservando as estruturas intactas tanto
(MCKEE ET AL.) quanto possíve l.
• Identifique o complexo ligamentar lateral solto para reparo.
•C oloque o paciente em decúbito dorsa l com o braço em Também identifique a origem comum dos extensores se
uma mesa de mão, e faça uma incisão lateral direta no ela estiver rompida.
cotovelo (Fig. 57-67 A). Alternativamente, se uma abor- • Inspecione o processo coronoide para determ inar o padrão
dagem posterior for escolhida, coloque o paciente em da fratura e sua gravidade; a visualização do coronoide é
decúbito lateral com o lado afetado para cima e o braço melhorada removendo uma cabeça rad ial irreparavelmente
repo usando sobre um coxim. Esta posição também é danificada (que ocorre em 60% destas lesões)
utilizada se a co locação de um fixador externo articulado •Se um grande fragmento (fratura do tipo li ou Ili do pro-
ou uma via medial separada fo r antecipada. cesso coronoid e) fo r enco ntrado, reduza-o e co loque um )
W}:ff) PARTE XV FRATU RAS E LUXAÇÕ ES EMAD ULTOS

H@il;tgim!Ill Fixação do processo coronoide com placa. VEJA


A TÉCNICA 57-10.

ou dois pequenos parafusos interfragmentários (3,0 ou


)
3,5 mm) de fragmentos a partir da superfície posterior da
ulna. Insira um fio-gu ia a partir da superfície dorsal da ulna
e verifique o seu ponto de saída do processo coronoide
visualmente; reduza o fragmento sob visão direta.
•Fragmentos maiores do coronoide podem ser fixos com O@il;MLim Ossifica ção heterotópica extensa após o deslo-
placas projetadas especificamente para o coronoide (Fi g. camento da fratura da excisão do cotovelo e cabeça radial.
57-68), mas isso requer uma abordagem medial direta.
• Para fraturas com inutivas, tente f ixar o maior fragmento pos-
sível (em geral, a porção articu lar) para restaurar a estabil i- •Se uma instab ilidade residual posterior ou posterolateral
zação anterior da articulação devido ao processo coronoide e estiver evidente, verifique a qualidade da redução e fixação
evitar a subluxação posterior da articulação do cotovelo. da fratura do coronoide e da cabeça rad ia l e o reparo do
•Fragmentos do tipo 1 do processo corono ide são mu ito ligamento colateral latera l. Se isso parecer satisfatório, as
pequenos para ser fixados com pa rafusos. Repare os opções são reparar quaisquer estruturas mediais rompidas
fragmentos passando suturas do tipo laço em torno do frag- (ligamento colateral medial e a massa pronadora-fl exora)
mento e a cápsu la anterior, amarrando as suturas na base ou apl ique um fixador externo articulado.
do coronoide através de orifícios transósseos perfurados • Feche a pele e o t ecido subcutâneo no modo pad rão e
fe itos com um fio de Kirschner (Fig. 57-678) . aplique uma t ala posterior bem acolchoada com o coto-
•Ava lie a fratura da cabeça do rádio. Se houver um ou dois velo na posição mais estável, gera lmente 90 graus de
fragmentos, redu za -os e mantenha a redução com flexão e pronação comp leta.
pequena pinça de redução, inserindo pequenos fios de
Kirschner para f ixação temporária. Insira pequenos para- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tala é deixada no loca l
fusos de pequenos fragmentos ou parafusos sem cabeça por 1 a 1O dias, dependendo da estabi lidade obtida e de
(p. ex., parafusos de Herbert), f ixando-os aba ixo da super- outras lesões associadas. Na maioria dos pacientes, os exer-
fície articu lar (Fig . 57-67C). cícios de amplitude de movimento são iniciados no primeiro
•Se a fratura for com inutiva (três o u mais fragmentos), dia do pós-operatório. Os exercícios ativos são permitidos
houver dano à cartilagem irreparável ou uma fratura asso- para recrutamento dos grupos musculares que atuam como
ciada do colo radial ind ica ndo que uma redução anatô- estabilizadores dinâmicos (massa pronadora-flexora e origem
mica estável não é viável, faça a excisão da cabeça rad ia l. comum dos extensores). A completa rotação do antebraço
•Insira os componentes de prova de uma prótese metá lica é permitida com o cotovelo flexionado a 90 graus. Os exer-
modular radial e mova o cotovelo através de uma ampli- cícios irrestritos do ombro e pulso são encorajados. Em geral,
t ude de movimento que possa determ inar o tamanho que os pacientes devem evitar o terminal de 30 graus de extensão
melhor resta ura a estabilidade da articu lação, em segu ida, (a posição mais instável) por 4 semanas.
insira os componentes definitivos.
•Uma vez que a fi xação da fratura for concluída, repare o
complexo li gamentar latera l solto com suturas não absor- • COMPLICAÇÕES
víveis colocadas através dos orifícios perfurados no osso As complicações das fraturas- luxações do cotovelo incluem infec-
ou com âncoras (Fig. 57-670). ção, sinostose, artrofibrose, implante sintomático e instabilidade
•Antes do fechamento, examine o cotovelo para estabil i- res id ual. A redução anatômica das fraturas intra-articulares é neces-
dade e confirme a redu ção concêntrica com nenhuma sária para evitar as alterações artríticas. Perda de algum grau de
subluxação ou lu xação posterior ou posterolateral do extensão é esperada.
cotove lo observada através de um arco de flexão-exten- A calcificação ectópica é comum, incluindo deposição de
são de 20 a 130 graus. cálcio nos ligamentos colaterais e cápsula; no entanto, esta condição
raramente requer tratamento.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO f}:Q@

A Transversal B Transversal impactada e Oblíqua

D Cominutiva E Oblíqua distal F Fratura- lu xação

O[§mf4'1.IZ!I A-F, Classificação de Schatzker para as fraturas do olécrano .

A ossificação heterotópica pode causar quase anquilose do fraturas foram classificadas por Schatzke r com base no padrão da
cotovelo se for grave o suficiente (Fig. 57-69); é comum após as fratura e considerações mecâ nicas como o tipo de fixação interna
fraturas- luxações e pode ser vista nas radiografias de 3 a 4 semanas necessá ria para o tratam en to (Fig. 57-70) .
após a lesão. A sua gravidade parece estar associada à magnitude da O obj etivo do tratamento das fraturas do olécrano é a restau-
lesão e ao tempo de imobilização. ração da função sem dor. Nas fraturas desviadas, a perda da extensão
ativa é comum. A redução anatômica e a fixação interna estável são
vitais para tanto para a fun ção quanto para a prevenção da artrose.
FRATURAS DA, CABEÇA _E COLO DO RÁDIO A implementação de um program a de amplitude de movimento
ASSOCIADAS A LUXAÇAO DO COTOVELO precoce vai diminuir as chances de artrofibrose pós- traumáti ca, qu e
fazem a fi xação interna estável obrigatória para tolerar a movimen-
O tratamento das fraturas da cabeça e colo do rádio associadas às tação precoce. As fra turas não desviadas ou minimamente desviadas
luxações do cotovelo é controverso. A cabeça do rádio, similar ao com man utenção da extensão ativa podem ser tratadas não ciru r-
processo coronoide, é um estabilizador importante da articulação do gicamente. O cotovelo é colocado em tala a 90 graus de flexão por
cotovelo. RAFI das fraturas da cabeça radial é preferível à excisão se 3 a 4 semanas, seg uido por movimento pass ivo com progressão para
a cabeça radial for viável. Se a cabeça radial não puder se r preservada, o movimento ativo assistido e, em seguida, ativo.
o ligamento colateral medial e a massa flexo ra-pronado ra devem ser As compli cações como da ferida cirúrgica e implante sinto-
reparados. O cotovelo deve ser imobilizado em 90 graus ou mais por m ático se deve m à pequ ena co bertura de partes moles na reg ião
3 a 4 semanas, e acompanhado de perto para evitar nova luxação. olecraniana. Além disso, as forças de di stração através d a fl exão
Broberg e Morrey recomendaram excisão completa precoce da cabeça ou exte nsão ati va no foco de fratura podem contribuir para a nã o
radial para fraturas do tipo III e imobilização por um período não uni ão.
superior que 4 semanas. O uso de urna prótese metálica da cabeça A maioria das fraturas d o olécrano é desviada e exige cirur-
radial após a excisão da cabeça radial é controverso, mas deve ser gia. Assim como em todas as fraturas cirurgicamente tratadas, é
considerado se a instabilidade ainda estiver presente após o ligamento necessário que haja uma ava li ação pré-operatória apropriada e
colateral medial e a massa flexora -pronado ra serem reparados. planejamento. O tratamento co rreto deve ser escolhido para cada
Se a excisão da cabeça radial for necessária, a cabeça é reco ns- tipo de fratura para garantir um resultado bem-sucedido. Funda -
truíd a no campo cirúrgico para garantir que todos os fragmen tos mental para o manejo é o reco nh ecimento de lesões e luxações do
sejam removidos. Se a cabeça radi al for ressecada, o ligamento cotovelo concom itantes.
medial colateral e a massa fl exo ra- pronado ra são reparados. Se o
cotovelo ainda estiver instável para o estresse em valgo, uma prótese 1 TRATAMENTO
da cabeça radi al é aj ustada como um espaçador permanente ou Excisão. A excisão do olécrano e o avanço do tríceps não são, na
temporári o. O objetivo da intervenção cirúrgica é um cotovelo maioria das vezes, necessá rios, visto que a redução e a fixação
estável e, se necessário, todas as estruturas devem se r reparadas para interna geralmente são atin gíveis. Nos casos com grave cominuição
alcançar isso. proxi mal, baixa demand a e pacientes com múltiplas comorbidades,
ou revisão após a fa lha da fixação, a excisão do frag mento proximal
com fixação da sutura do tríceps no olécrano distal foi relatada co mo
E FRATURAS-LUXAÇÕES DO sendo bem- sucedida. Os dados recentes biomecânicos sugerem qu e
OLECRANO a reinse rção posterior, ao invés da anterior, do tríceps no olécrano
leva a um a m aior fo rça do tríceps.
• FRATURAS Banda de tensão. A técnica de banda de tensão foi pretendida para
As fraturas do olécrano podem ser causadas por trauma di reto, criar uma compressão na extremidade articular de uma fratura do olé-
como cair sobre a ponta do cotovelo, ou por trauma indireto, como crano quando a cortical dorsal é tensionada sob a flexão do cotovelo;
cair com o cotovelo parcialmente flexionado com forças indiretas no entanto, os estudos biomecânicos não foram capazes de demonstrar
geradas pelo músculo tríceps causando avulsão do olécrano. Essas a conversão de forças de tração para forças de compressão. A band a
@}:ijl PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM ADULTOS

O@ihJ4lilll Fratura-luxação do olécrano fi xada com placa e


parafusos de compressão .
H@IJ:t+iEilJI Fratura-luxação do olécrano .

de tensão foi comprovada sendo uma técnica útil em fratura s simples


transversas do olécrano sem corninuição. É contra indicada em fratu-
ras oblíquas, cominuíd as ou distais à incisura sigmoide. O procedi-
m ento é cheio de complicações, implante comumente sintomático
requer a remoção, o que é necessário em até 80% dos pacientes em
algun s trabalhos. Os piores resultados foram observados em pacientes
com instabilidade do cotovelo e fraturas do coronoide e cabeça radial.
Os fios de Kirschner foram historicamente utilizados para fL"Xar
a banda d e tensão. Os ri scos des ta técnic a incluem lesã o das
estruturas neurovasc ulares do antebraço. O uso de um parafuso
intramedular em co njunto com a banda d e tensão foi recomen-
dado, e a colocação tran sco rtica l em vez da intramedular dos fios
de Kirschner foi relatada para aumentar a es tabilidad e e diminuir
as complicações. Rara mente utili zamos a técnica de banda d e tensão
para fraturas d esviad as do olécrano, por causa da alta taxa de com-
plicações e taxas de reoperação em co mparação com outras técnicas.
A sua principal va ntagem cons iste no baixo custo e na mínima
ocupação d e espaço em pacientes com tecidos moles ruin s.
Fixação com placa e parafusos. A fixação com placa tem a vanta-
gem de m anter a fixação em fraturas com cominuição, fraturas
distais, e fratura s- luxações complexas. Gera lm ente utili zada no
modo d e neutralização, a técnica d e placas possibilita a fixação do
parafuso interfragm entário no olécrano e/ou coronoide para recons-
truir anatomicamente a ulna proximal (Figs. 57-7 1a57-73) . A placa,
em seguida, fornece a estabilidade geral n ecessária para obter a
união e iniciar um programa de amplitude de movimento precoce
para promover a máxima fun ção.
A d esvantagem m ais frequentemen te citada da fixação da placa
se refere aos problem as decorrentes do implante sintomático. Os
estudo s mais recentes, no entanto, refutam isso. As placas pré-con- iâ[dl!;f4'Ef.lil Fratura-luxação do olécrano fixada com p laca e
tornad as mais novas são men o res em perfil, fornecem mais opções parafusos de compressão.
de parafuso para o fragmento proximal, têm possibilidade da utili-
zação de parafusos bl o queados e po dem conter uma curvatura para
combinar com a anatomia da região prox im al do olécrano (Fig.
57-74). Estas placas produ ziram resultados favoráveis em até 80% • FRATURAS-LUXAÇÕES
dos pac ientes, e testes biomecânicos d escobriram que elas fornecem As fratura s- luxações do o lécrano geralmente ocorrem como luxa-
maior compressão significativa mente em relação à banda d e tensão ções anterio r ou posterior. Na luxação anterior, o úmero distal
no tratam ento das fraturas transversas do oléc rano. As placas d e implode através do olécrano (fratura -luxação tran solécrano). Há
recons tru ção e placas de um terço tubula r foram utili zadas com uma luxação umeroulnar, enquanto a articulação radioulnar pro-
algum sucesso, mas não recomendamo s isso. As compli cações d a x imal é preservada, bem co mo os li gamento s co laterais. Variando
fer ida são a m aio r preocupação com fixação co m placa, porque a em complexidade, a co minuição pode ser exten sa e o coronoide
uln a proxim al tem um envelope de tecido mole restrito, além d e ser pode se r envolvido. Rotineiramente, tratamo s es tas lesões co m
colocada em tensão com a flexão do cotovelo. reconstrução anatômi ca da superfície articular e fixação com placa.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

iâC§ihMmzl A, Fratura-lu xaçã o do olécrano, B e C, Fi xaçã o com placa de perfil baixo.

O coronoide é redu zido e estabilizado com parafusos interfragmen- exigem diagnóstico preciso, um entendim ento das múltiplas lesões
tários, seguido por redu ção articu lar com fi xação provisória e/ou presentes e um plano de tratamento sólido para um resultado bem-
fixação com parafu so interfragmentário e, em seguida, a fixação da sucedido. Beingessner et al. relataram bons resultados em 16 pacientes
placa abrangendo toda a lesão (Figs. 57-75 e 57-76). com um protocolo cirúrgico específico do fragmento: (1) fixação ou
As luxações posteriores são um erouln ar e radioulnar e podem substituição da cabeça radial; (2) redu ção da diálise ninar, incluindo
ser consideradas variantes das fraturas-luxações de Monteggia o fragmento corti cal anterior oblíquo se presente; (3) redução e esta-
Bado tipo II. As fraturas do coronoide, fraturas da cabeça radial, bilização do processo coronoid e com parafusos ou suturas tran -
e lesões do ligamento lateral colateral são comuns, e estas lesões sósseas; ( 4) redução e fixação do processo do olécrano em rela ção
são semelhantes às lesões "tríade terríve l". Essas lesões desafiadoras à diálise uln ar e fixação definitiva do componente da diálise ninar;
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

(5) reparo da inserção ulnar do ligamento colateral medial e/o u


ligamento colateral lateral; e (6) reparo da origem umeral do liga-
mento colateral lateral.

1 HASTE INTRAMEDULAR
Houve um interesse recente n o uso de hastes intramedu lares para
o tratamento de fraturas do olécrano. Rodriquez e Eglsede r des-
creveram uma técni ca em que um parafuso intramedul ar é com-
binado com um a placa de mini frag m ento de baixo p erfil na
periferia. Os seus resu ltados foram sem elh antes aos relatados após
a fixação com placas de compressão dinâmicas de contato limitado
de 3,5 mm. Nijs et ai. utilizaram uma has te de osteotomia do olé-
crano (OleON, Synthes, Wes t Ch ester, PA) em 21 pacientes com
bons res ultados. Edwards et ai relataram o uso de uma haste intra-
medu lar de bloqueio multiplanar (O lecraNail, Mylad Orthopaedic
Soluti o ns, McLean, VA) para o tratamento de fraturas proximais
do olécrano, incluindo aquelas com padrões complexos de insta-
bilidade (F ig. 57-77).

H[dll;HEflD Fratura- lu xação do olécrano .

O@il;@mz!I A-C, Fi xaçã o com parafusos e placa que


abrange toda a lesão.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇ O flm

H@ll;tlEflil A e B, Fratura-lu xação do cotovelo . C e D, Fi xação com haste intramedular com bloqueio multiplanar.

REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO, FRATURAS SIMPLES


INTERNA DA FRATURA DO OLECRANO •Inspecion e a superfície articular e reduza a fratura co m
uma pinça de redução (Fig. 57-7 8A).
TÉCNICA lillll •Insira a fixação provisória com f ios de Kirschner, fora do
plano em que a placa vai fi ca r; considere a fi xação com
•Posicione o paciente em decúbito dorsal ou na posição parafuso interfragmentário, se possível (Fig. 57-788).
de decúbito lateral. •Posicione a placa (idea lmente pré-contornada para o olé-
• Faça uma incisão posterior na pele a partir da ponta do crano) sobre o fragmento proximal no topo da inserção
olécrano para uma distância adequada distalmente para do tríceps.
realizar a fixação. •Coloque o parafuso proximal no modo intramedular para
•Faça uma dissecção e proteja o nervo ulnar, se necessário, atravessar o local da fratura, se possível.
na maioria das lesões comp lexas. •Utilize um número adequado de parafusos de modo pro-
• Cuidadosamente, desbride as bordas da fratura, certifi- xima l e dista lm ente.
cando-se de preserva r o periósteo e tecidos moles nos •Confirme a redu ção e a passagem do parafuso com )
fragmentos cominuídos. flu oroscop ia.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

A
tn --+-- - R uptura da
membrana
interóssea

O(dil;ijjemll Redução aberta e fi xação interna da fratura do


olécrano . A, Redu çã o com pinça de redu çã o. B, Fios de Kirschner
pa ra fi xaçã o provisória . VEJA A TÉCNICA 57-11. -Fratura deslocada
da cabeça radial

•Feche a ferida em camadas, e a tala do cotovelo em


)
extensão com uma ta la de gesso anterior. iê@ii;ML'fm Fratura-luxa ção de Essex- Lopresti (ver t exto).
FRATURAS COMINUTIVAS OU COMPLEXAS
• Seq uencia lmente, reduza e estabilize com pequenos para-
fusos interfragmentários um fragmento da fratura de cada e ruptu ra d a membrana interóssea por uma distância considerável
vez. Se um grande fragmento oblíquo anterior estiver pre- proximalmente (Fig. 57-79). O efeito de contenção das fibras o ri en-
sente, estabilize-o com a diáfise. Isso vai ajudar a estabi lizar tadas em direção proxima l e rad ia l da membrana interóssea é
a articulação do cotovelo e facilitar a redução sequencial . perdido; se a cabeça radia l for ressecada, pode ocorrer rápida migra-
• Onde o uso de parafusos interfragmentários não é possí- ção proximal do rádio, resultando em do r no pun ho por impacto
ve l, utilize fios de Kirschner provisórios. uln ar do carpo e dor no co tovelo a partir do impacto radiocapitular.
• Reduza segmentos subcondra is impactados e estabil ize-os A a lteração da arti culação radiou ln ar distal d eve se r reconhecida
com fi os de Kirschner, com ou sem enxerto de osso de apoio. ced o, antes d e a migração radia l oco rrer. Q uan d o a mi gração
• Reduza o seg mento proxi mal e, provisori amente, fi xe-o ti ver ocorrido, a r eco n strução tardia muitas vezes é ins atisfa tória
com os fios de Kirschner. (Fig. 57-80). A dor na articu lação radiou ln ar dista l co m um a fra tura
•Aplique a placa. Se a fi xação for questionável por causa do desviada da cabeça radial ou colo deve alertar o cirurgião para a
tamanho ou qualidade do osso, considere utilizar parafu- possibilidade d esta combinação de lesão. É necessári o realizar RAFI
sos bloqueados. da fra tu ra radial proximal e a fixação com fios da artic ulação rad iou-
• Confirme as redu ções e a colocação dos parafusos com lnar distal; os fios são d eixad os n o local por 6 semanas. Edwa rds e
fluoroscopia. Jupiter aconselh aram a substituição da cabeça radial se a fratura da
•Feche a ferida em camadas, e aplique a tala com o cotovelo cabeça radial não puder ser fixada. Os fios da articu lação radioulnar
em extensão. distal ainda são necessários para permitir a cicatr ização da mem-
brana interóssea.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A ta la é utilizada por 2
a 5 di as; se o cotovelo esti ver estável, os exercícios de
amplitude de movimento protegidos são iniciados e avan- FRATURAS DO TERÇO PROXIMAL DA
çados como tolerado. ULNA COM LUXAÇAO DA CABEÇA RADIAL
(FRATURA-LUXAÇAO DE MONTEGGIA)
FRATURAS DA DO RÁDIO ou_ A comb in ação de lesões conhecidas como fratura-luxação de Mo n-
COLO COM LUXAÇAO DA ARTICULAÇAQ teggia é um problem a frequentemente traiçoeiro com relação ao
RADIOULNAR DISTAL (FRATURA-LUXAÇAO tratamento. De acordo com Watson-Jones, "Nenhuma fratura apre-
DE ESSEX-LOPRESTI) senta tantos problemas, nenhuma lesão é envolvida com tantas difi-
culdades, nenh um tratamento é caracterizado por tantas fa lh as em
Um a queda forte sobre a mão espa lm ada pode resultar em um a geral''. Esta combinação de fra tura d a ulna com luxação da ex trem i-
fratura da cabeça radial ou colo, lesão da articulação radioulnar di stal d ade proximal do rádio com ou sem fratura do rádio gera lmente
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO f.?illll

H@il;@mD A-D, Frat ura-luxação de Essex-Lopresti. E, A pós a fixação externa, o encu rtamento rad ial é evidente. F, Revisão com a
prótese da cabeça radial restaura o compr imento radial.
lllE!I> PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

A B

e D

O@i@imD Fratura-luxação de Monteggia . A, Tipo 1. B, Tipo 2. e, Tipo 3. D, Tipo 4.

pode ser tratada de form a conservadora em crianças, mas rotinei- resultados. Ring e Jupiter relataram 83% de res ultados bons e
ramente requer a redução aberta em adultos. excelentes com redução aberta e fixação estável. Os resultados
Bado sugeriu a classificação em quatro tipos (Fig. 57-81): tipo ruins são mais frequentes em fraturas Bado do tipo 2, que são
1, fratura do terço médio ou proximal da ulna com luxação anterior lesões mais complexas com luxações do cotovelo e fraturas do
da cabeça radial e angulação com ápice anterior característico da processo coronoide e cabeça radial e maior comprometimento
ulna; tipo 2, fratura do terço médio ou proximal da ulna (o ápice dos tecidos moles.
geralmente é angulado posteriormente) com luxação posterior da Os deslocamentos da fratura de Monteggia com fratura da
cabeça radial e muitas vezes uma fratura da cabeça radial; tipo 3, cabeça radial associada podem representar um difícil problema .
fratura da ulna imediatamente distal ao processo coronoide com Reynders et ai. reconheceram a ressecção da cabeça radial como
luxação lateral da cabeça radial; e tipo 4, fratura do terço proximal um fator de contribuição para o retardo de consolidação ou pseu-
ou médio da ulna, luxação anterior da cabeça radial, e fratura do doartrose da fratura ulnar pelo aumento das forças angulares na
terço proximal do rádio abaixo da tuberosidade bicipital. Em todas fixação da fratura ulnar. Eles recomendaram que as fraturas da
as séries, tipo 1 excede todas as outras em frequ ência, embora as cabeça radia l sejam fixadas, substituídas com uma prótese ou dei-
lesões das crianças estejam incluídas na maioria das séries. Vários xadas no local até a união da fratura ulnar. Ring e Jupiter recomen-
mecanismos de lesão provavelmente existem, incluindo golpes daram a artroplastia da cabeça radial para fraturas cominutivas da
diretos para o aspecto ulnar do antebraço e queda com hiperprona- cabeça rad ial. Embora o tratamento fechado seja usual em crian-
ção ou hiperextensão, com a forte força de supinação do bíceps ças, As lesões de Monteggia em adultos precisam de intervenção
puxando a cabeça radial anteriormente conforme a fratura da ulna cirúrgica. RAFI anatômica da ulna com fixação estável qu ase
é produzida pelas forças de compressão da queda. sempre (90%) possibi li ta a redução fechada da luxação da cabeça
Historicamente, o tratamento desta lesão, especialmente da radial. A instabilidade radiocapitular persistente frequentemente é
lu xação da cabeça radial, foi controverso. Os primeiros trabalhos causada por má redução da ulna. A cominuição da fratura ninar
declaram que todas as fraturas-luxa ções de Monteggia poderiam pode tornar a redução anatôm ica difícil. Uma má redução com ápice
ser tratadas não cirurgicamente, enquanto in ves tigações poste- dorsal pode forçar a cabeça radial posteriormente. Jupiter e Kellam
riores determinaram que os melhores resu ltados foram obtidos recomendaram uma placa dorsal nesta situação. Nós também
durante a redução aberta da cabeça radial com reparo ou recons- observamos que, com as fraturas mais proximais, o contorno da
trução do ligamento anular e fixação interna da ulna. Um traba- placa deve combinar com o arco ulnar proximal. Uma placa reta
lho realizado por Boyd e Boals, com 159 lesões do tipo Monteggia, (não moldada) não vai reduzir a fratura e não permite que a cabeça
recomendou a fixação rígida interna da ulna fraturada com placa radial fiqu e redu zida.
de compressão ou uma haste intram edular e redução fechada da Quando a subluxação ou a luxação da cabeça radial persistem
cabeça radial. Bons resultados em aproximadamente 80% dos mesmo com redução anatômica da fratura ulnar, a articulação
pacientes foram relatados com este protocolo de tratamento. Um radiocapitular deve ser exposta e inspecionada.
melhor entendimento da lesão e uma consciência da necess idade Muitas vezes, a cápsula e os tecidos moles (podendo se r o
de tratar os processos patológicos associados levaram a melhores nervo interósseo posterior) estão interpostos e devem ser liberados.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇ O fm:llll

H(ijl!;t.)mD A e B, Fratura dos ossos do antebraço. C e D, Fi xação com placas e parafusos.

A articul ação radi ocapitular pode se r exposta, estend endo a abor- articul ação fun cional, com consequ ente comprometimento da prona-
dage m de Boyd-Thompso n ou utili zando um a abor dagem de ção e supinação. É importante restabelecer o comprimento, o alinha-
Kocher (Cap. 1). A reconstru ção do ligamento anul ar raramente é mento e a rotação para o antebraço manter a sua função din âmi ca.
necessá ria. Ro tineira mente utiliza mos placas de compressão din â- O tratamento cirúrgico é indicado para quase todas as fraturas
mi cas de co ntato limitado de 3,5 mm para fixação ulnar. Se a dos ossos do antebraço em adultos. O objetivo é restabelecer a
co m inui ção estive r presente, tentam os redu zir e co rri gir a fratura relação anatômica entre o rádio e uln a com fixação rígida. Não há
co m parafu sos de pequenos diâmetros em todos os fra gmentos qu ase nenhum papel para o tratam ento fechado, exceto nos pacien-
poss íveis, co m o obj etivo de obter redu ção anatômi ca qu e va i tes mais enfermos e, apesa r de as hastes intramedulares do antebraço
produzir um a articulação radiocapitular es tável. Para lesões mais terem suas indicações, a form a mais comum de estabilização é a
proximais, desco brimos qu e as placas do olécrano pré-contorn adas fixação co m placa e parafu sos. Os relatos desta clínica em 1975
fac ilitam a fi xação estável. Uma avali ação flu oroscópica completa (And erson) encontraram resultados excelentes ou satisfatórios em
da arti cul ação radi ocapitul ar é fund amental após a fixação uln ar. 86% dos pacientes, com taxas de união de 98% e 96% do rádio e
Qualquer subluxação obse rvada pede reavaliação da redu ção uln ar uln a, respec tivamente. Chapman et ai. relataram resultados seme-
ou consideração de exploração da arti cul ação radi ocapitular para lhantes com placas de 3,5 mm. Estes e outros relatos na literatura
ve ri ficar interposição de tecidos. estabeleceram que a RAFI do rádi o e da uln a previsivelmente leva à
As co mplicações das fra turas de Mon teggia incluem artro fi - consolidação óssea e a bons resultados.
brose, sinos tose, não união, consolidação vi ciosa, infecção e lesão Rotinei ramente, utili zam os a fixação com placa para ambas as
neurológica. Em 20 pacientes com lesões va ri adas de Monteggia, fraturas do osso do antebraço em adultos (Fig. 57-82). A abordage m
Ego! et ai. descobriram qu e nove tinh am res ultados ruins ou regu- volar de Henry (Cap. 1) é utilizad a qu ase sempre, mas nas fraturas
lares no aco mpanh amento de 2 anos; em geral, sete tiveram ossifi- mais proximais do rádio, uma abordage m dorsa l de Thompson é
cação heterotópica, 14 tive ram alterações artríti cas em radiografias, utilizada. As placas de compressão din âmi ca de contato limitado de
e oito tiveram cirurgia de revisão necessári a. 3,5 mm são as mais comumente utili zadas. Se um fragm ento em asa
de borboleta estiver presente, a fixação com parafu so interfragmen-
tário (co m pa rafu sos de 2,4 ou 2,7 mm ) é utili zada para obter a
FRATURAS DAS DIÁFISES DO redução anatômi ca, seguida por aplicação de um a placa de neutra-
RÁDIO E ULNA li zação. Para fraturas transve rsais ou oblíquas curtas, um a técnica
de placas de compressão é utili zada. Para fraturas da ulna distais ou
A relação entre o rádio e ulna no antebraço é fund amental para a fratur as do rádio proximal, em qu e urna placa de 3,5 mm pode ser
fun ção, especialmente da pronação e supinação. Esta relação é tão muito grande, as placas de 2,7 mm e parafusos de bloqueio podem
fundamental que o antebraço foi chamado de "articulação funcional:' se r utilizados para redu zir o tam anho do implante, forne cendo esta-
As fraturas não consolidadas corretamente podem prejudicar esta bilização rígida.
PARTE XV FRATU RAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

As fraturas expostas com contaminação relativamente minima do tecido mole se a fratura estiver em uma posição encur-
são tratadas com debridamento, irrigação e RAFI imediata. Nas lesões tada por um período de tempo prolongado.
totalmente contaminadas, após o debridamento e a irrigação, uti - • Para fraturas transversais, apl ique uma placa de compres-
liza-se imob ilização ou fixação externa temporár ia, com repetição são de con t ato limitado de 3,5 mm. Se houver um frag -
do debridamen to e irrigação seguida por RAFI em segundo tempo mento em asa de borboleta, estab il ize-o com parafusos
se a aparência dos tecidos for satisfatória. O uso de m icroesferas de interfrag mentários de 2,0 ou 2,4 mm antes da ap licação
PMMA impregnadas de antibiótico é considerado para fraturas da placa (Figs . 57 -84 e 57-85)
totalmente contaminadas. Se os tecidos moles impedirem o uso de •Para fraturas ob líquas, reduza a fratu ra e est abi lize-a com
fixação interna, as hastes intramedul ares são utilizadas para mini- um pa raf uso interfragmentá ri o de 2,0, 2,4 ou 2, 7 mm,
mi zar a zona de lesão e exposição dos implantes metálicos. segu ido po r uma placa de compressão de contato li mi-
tado de 3,5 mm.
HASTE INTRAMEDULAR PARA AS • Para fraturas extensivamente cominuídas, utilize uma placa
em ponte no compri mento apropriado. Se a extensão da
FRATURAS DO ANTEBRAÇO
placa fo r maior que 6 ou 7 orif ícios, mo ldar o contorno
Historicamente, as hastes intramedu lares para as fraturas do latera l da placa va i ajudar a aj ustar ao arco rad ial.
antebraço t iveram resu ltados ru ins com os disposit ivos como •Após a f ixação da fratura radial, a abordagem da ulna
fi os de Kirschne r e hastes de Ru sh. O pino Sage abordou a através do interva lo entre o fl exor ulnar do carpo e do
questão do arco radia l, possibil itando melhores resu ltados extensor ulnar do ca rpo (Fig. 57-83 0 , E). As estratég ias das
f uncionais e uma diminu ição da taxa de pseudoartrose. O placas utilizadas pa ra o rád io são aplicáveis para a fratu ra
pino ForeS ight (Smith e Nephew, Memphis, TN), uma hast e ulnar. Nós t entamos evitar a colocação ulnar direta da placa
bloq ueada que pode ser moldada para recriar o arco rad ial, por causa da irritação do implante proem inente.
teve resultados satisfatórios em muitos estudos. Apesa r dos •O aspecto volar ou dista l da ulna é escolhido para dissec-
result ados satisfatórios com hastes intramedula res moder- ção com intu ito de ser menos t raumático. Tome cuidado
nas, os resulta dos da redução aberta e f ixação com placa pa ra preservar o peri ósteo.
permanecem superi ores. Reservamos o uso de hastes intra- •Após a estabilização do rádio e da ulna, confirme a redução
medu lares pa ra lesões em que o envelope de tecidos moles adequada e a fixação com fluoroscopia (Fig. 57-86).
é tão t raumatizado, que a aplicação segu ra da placa não é • Feche as fe ri das no modo padrão.
possível. Os ri scos de amplitude de movimento diminuída e
taxas reduz idas da un ião são compensa dos pelo risco de Veja também o Vídeo 57-2.
salvamento do membro. Muitas vezes, uma haste intrame-
dular pode ser utilizada pa ra um osso (em gera l, a ul na) com
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em gera l, apenas um
fixação com placa na outra (em geral, o rádio) para limitar curativo macio é necessário. A imobi lização é util izada se
a art icu lação do cotovelo ou punho estiver envolvida ou
as complicações dos tecidos moles. Também utilizamos esta
t écn ica pa ra frat uras segmenta res da ulna. se a estab il idade da f ixação fo r questionável. Os exercícios
de amplitude de movimento são iniciados em 3 a 7 dias
após a ci rurg ia; o trabalho pesado é evitado até que a
REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO consol idação da frat ura seja evidente.
INTERNA DE AMBAS AS FRATURAS
DO OSSO DO ANTEBRAÇO
FRATURAS DQ TERÇO DISTAL D9 RÁDIO
TÉCNICA COM LUXAÇAO DA ARTICULAÇAO _
RADIOULNAR DISTAL (FRATURA-LUXAÇAO
•Após a ava liação das radiografias, planeje a sequência de
DE GALEAZZI)
f ixação
Se a red ução anatômica for possível, comece com a f ixação
do rád io. A combinação da fratura do terço distal ou médio da diáfise do rádio
Se ambas as fraturas forem extensivamente cominuti vas, e da luxação da artic ulação radioulnar distal foi chamada de "a
comece com a fixação do rádio . fratura da necessidade" por Campbell.
Se o rád io fo r com inuído e a fratu ra ulnar for mais simp les, Semelhante à fratura-luxação de Monteggia, fratura-luxação de
red uza e estabi lize a primeira ulna. Galeazzi muitas vezes passa despercebida. As frat uras isoladas da
•Para a maioria das fraturas, faça uma abordagem de Henry diáfise do rádio são raras; mais freq uentemente, há algum envolvi-
valar para o rád io dista l (Fig. 57-83A) Caso uma fratura mento da articulação rad ioulnar distal. A luxação da articulação
requeira fixação proxima l à tuberosidade do bíceps, faça radioul nar distal no momento da lesão deve ser suspeitado com uma
uma abordagem dorsa l de Thompson (Técnica 1-102) fratura desviada do terço distal da diáfise do rádio. Os achados radio-
• Preserve o periósteo juntamente com os segmentos pro- gráficos que sugerem urna lesão na articulação radioulnar d istal
xima l e distal (Fig. 57-838, C) incluem (1) fratura na base do estiloide ulnar, (2) alargamento da
• Desbride as bordas da fratura (hematoma e detritos). articulação radioul nar dista l na incidência anteroposterior, (3) deslo-
•Avalie a necessidade para ganhar comprimento no foco de camento da ulna relativo ao rádio em uma radiografia lateral verda-
fratura; as opções para obter o comprimento incluem para- deira do punho, e (4) mais de 5 mm de encurtamento do rádio relativo
lisia química, distração utilizando um parafuso na diáfise do à ul na em comparação com o punho contralateral. Os deslocamentos
rádio e um afastador de lâm ina (spreader), e as liberações da fratura de Galeazzi foram classificados com base na direção do
deslocamento radial (Fig. 57-87).
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fl!l!m

radial do carpo
B Pronador redondo

ulnar
do carpo
D

O@ilj@ Lil!I Redução aberta e fi xação interna das fraturas dos ossos do antebraço. A, Abordagem volar. B e C, Dissecção profunda .
D e E, Abordagem à ulna. VEJA A TÉCNICA 57-12.

O tratamento com redução fechada e imobilização com gesso Kirschner (quatro córtices para possibilitar a remoção em caso de
tem alta taxa de resultados insatisfatórios. A redução aberta da quebra) com o antebraço em supin ação (Fig. 57-90). Os fios de
fratura da diálise do rádio através de uma abordagem anterior de Kirschner são removidos após 6 semanas, e a rotação do antebraço
Henry (Cap. 1) e fixação interna com uma placa de compressão ativa é iniciada. Alternativamente, o processo estiloide da uln a pode
din âmica AO de 3,5 mm é o tratamento de escolha em adultos (Figs. ser fixado ou o complexo da fibrocartilagem triangular pode ser
57-88 e 57-89). A fixação anatômica rígida da fratura da diálise do reparado (Fig. 57-91). A fratura da diálise do rádio geralmente é
rádio geralmente reduz a luxação da articulação radioulnar distal. muito distal para possibilitar a fixação com um dispositivo intrame-
O antebraço deve, em seguida, ser imobilizado na posição de maior dular. Uma articulação rad ioulnar distal irredutível geralmente
estabilidade, geralmente em supinação, por 6 semanas, embora os indica a interposição de tecidos moles e requer tratamento aberto.
trabalhos recentes indiquem que a imobilização em posição neutra Em um acompanhamento de 7 anos de 40 pacientes com instabili-
por 2 semanas é muito efetiva. Se esta articulação ainda estiver dade da articulação radioulnar dista l após a fixação da fratura da
instável, ela deve ser temporariamente fixada com dois fios de diálise do rádio, Korompilias et ai. descobriram que a instabilidade
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O@ii;fum l Fratura dos ossos do antebraço. VEJA A TÉCNICA 0!dlJ;f4ml?!I Redução e colocação da placa confirm ada na
57-12 . f luoroscop ia. VEJA A TÉCNICA 57-12.

foi significativamente mais frequente com as fraturas do tipo I do


qu e com as fraturas do tipo II ou III. Eles sugeriram que a localiza-
ção da fratura radial pode servir como um indicador da probabili-
dad e de instabilidade após a fixação da fratura.

FRATURAS DO RÁDIO DISTAL


(. ..) vai em algum período remoto desfrutar novamente da liberdade
pe1feita em todos os seus movimentos e ser completamente isento de dor.
Abraham Colles, 1814

O tratamento das fraturas do rádio distal alterou significativa-


mente desde a afirmativa de Colles em 1814. Embora a fratura do
rádio distal responda por até 20% de tod as as fr aturas tratadas nos
departamentos de emergência, muitas não são "completamente
isentas de dor" após o tratamento. Desde a última edição deste
texto, mais de 1.000 es tudos foram publicados sobre o assunto;
mesmo assim, não há consenso so bre o melhor tratamento ou
diretrizes firm es para as decisões de tratamento. Muitas va riáveis
de confusão existem: o nível em que a anatom ia deve ser restau-
rada, a qualidade óssea, o surgimento de novas técnicas e implan -
tes, a experiência e a capacidade do cirurgião e os resultados em
pop ulações mais idosas.
O desejo de restauração anatômica da articulação do rádio
dista l muitas vezes é a justificativa para o tratamento cirúrgico.
Muitos estudos associam tão pouco como 1 mm de incongruência
da sup erfície arti cular com piores res ultados, enquanto outros
O!rii!ih.imD Fixação da fratura dos ossos do antebraço com estudos não encontraram nenhuma associação entre a artrose
placa e parafusos . VEJA A TÉCNICA 57-12. radiográfica e os res ultados clínicos. Uma das qu estões qu e mais
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

O@ii;Mm!ia Classifi cação da fratura de Galeazzi


baseada na direção do desvio do rádio. A, Tipo 1, ápice
volar, fraturas sã o causadas por compressão axia l do
antebraço em supinação, que resultam em desloca-
mento dorsal do rádio e deslocamento vo lar da ulna
distal. B, Tipo li, ápice dorsal, fraturas são causadas por
compressão axial do antebraço em pronação, resu l-
t ando em deslocamento anterior do rádio e desloca-
B mento dorsal da ulna distal.

O[êjlhQmD A, Fratura-luxação de Galeazzi.


B e C, Após a fixação com a placa de compressão
dinâmica AO de 3,5 mm e parafusos. A estabiliza -
ção temporária da articu lação radioulnar distal com
fio transversal de Kirschner foi desnecessária.

com plicam é a distribuição bimoda l dos pacientes é: o qu e torna A qualidade do osso tamb ém é uma va ri ável de confusão pre-
jove ns e idosos tão dife rentes? Múltiplos trabalhos recentes sente na tentativa de determinar o melhor tratamento para um
indicam que os pacientes mais velhos de baixa dem anda tende m a paciente pa rticular. A qualidade do osso está diretamente relacio-
tol erar a in co ngru ência, defo rmid ade e a co nsolidação viciosa; no nada com a capacidade de obter e manter a redução. Em pacientes
entanto, Madh ok et al. obse rvaram que, em pacientes idosos tra - co m má qu alidade óssea, o trauma de baixa energia pode produzir
tados não cirurgicamente, 26% rela taram comprometim en to fun - desvio signi ficativo e cominuição. Ketter et ai. sugeriram que a
cional. Essencialm ente, sabem os qu e os pac ientes idosos vão osteoporose deve ser incluída em sistemas de classificação para fr a-
tolera r m aior desvio (e tratamento fec hado) que os pacientes mais turas do rádi o distal.
jove ns, m as alguns ainda têm res ultados ruins. Ain da não se sabe Urn a co nstante na literatura recente é que determinada téc nica
qu ais pac ientes se beneficiariam da restauração anatômica cirú r- específica não é tão importan te como a obtenção da redução anatô-
gica. Os pacientes de alta dem anda representam ap enas um a mi ca. Tanto os res ultados clínicos co mo estudos biornecânicos
pequ ena porcentage m na maioria das séries e, emb ora faça bem demonstram que a manutenção da inclinação palmar (em geral, 11
para a m aiori a dos pacientes, a res tauração da anatomia do rádio graus), da va ri ação uln ar (e m geral, -2 mm) e da altu ra radial (em
dista l é impor tante para minimizar as co mplicações de artrose e geral, 12 mm ) é o fa tor mais importante em obter bons resultado s.
co mprom etimento funcion al nestes pacientes. Inúmeras técnicas estão disponíveis (p. ex., redução fechada e pino
PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

Fratura de
Galeazzi

RAFI do rádio com placa

Avaliação intraoperatória da ARUD

Reduzida, 1rredutível
estável

Fragmento grande Nenhum fragmento Exploração


do processo do processo da ARUD
estiloide da ulna estiloide
da ulna

RAFI do Exploração Liberação da


processo do CFCT interposição e
estiloide e reparo reavaliação
da ulna da ARUD

Estabi lização da
ARUD com fio K da
uln a para o rádio
h[dl!;f4l:JID Algoritmo de tratamento para fra-
Tala de proteção Imobilização em supinação com turas de Galeazzi em adultos. RAFI, Redução aberta
com movimentação gesso acima do cotovelo por e f ixação interna; ARUD, articulação radioulnar distal;
precoce 4 a 6 semanas CFCT, complexo da fibrocartilagem triangular.

lTA oc 1 A Critérios radiográficos para CLASSIFICAÇÃO


iiiíiiiii. redução aceitável da fratura
Mais de 20 sistemas de classificação foram propostos para fra turas
radial distal
do rádio di stal. Ass im como a maioria das classificações de fratura ,
CRITÉRIO NORMAL ACEITÁVEL as taxas de concordância intraobse rvador e interobservador ge ral-
Variação ulnar ±2 mm Não mais de 2 mente são ape nas moderadas na m elhor das hipóteses. Tais classifi-
(comprimento comparando o mm de cações podem , no entanto, aj udar a entender a frat ura e conceitualizar
radia l) níve l de fossa do encurtamento algun s dos desafios no tratamento. O sistema de Gartland e Werl ey
semilunar com o relativo ao enfati zaram a cominuição metafisária, extensão intra-articular e
estiloide da ulna estiloide da ulna desvio do fragmento. Frykman acrescentou o envolvimento das arti-
Altura radial 12 mm ???? culações radioulnar e radiocarpal para ava liação do envolvimento
Inclina ção 11 graus de int ra-arti cular e extra -a rticul ar, e Melone avaliou os quatros princi-
Neutro
pa lmar (lateral) inclina ção volar pais componentes da fratura. Fernandez baseou o se u sistema de
classificação no mecanismo de lesão (Tabela 57-9).
Inclinação radial 20 graus como Não menos de 1O
medido a partir graus
da fossa do
semilunar para o AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE
estiloide radial
A maioria das fraturas do rádio di stal é tratada com imobilização
Desvio Nenhum Menos de 2 mm
intra-articular após a redução fechada; infeli zmente, muitas destas fraturas perd em
a redução ou a redução inicial não fo i aceitável, e os res ultado s são
ruin s. LaFontain e et ai. identificaram os cinco fatores indicativos de
percutâneo, fixação extern a, placa dorsal, placa bloqueada valar, instabilidade: (1) angulação inicial dorsal maior que 20 graus (incli-
hastes intramedulares), cada ums com suas complicações específicas nação va lar), (2) com inuição metafisária dorsal, (3) envolvimento
e curva de aprendi zado (Tabela 57-8) . int ra-articular, (4) uma fratura uln ar associada e (5) idade do
Por causa das questões não respon did as sobre o tratam ento de paciente superior a 60 anos. Outros indicadores sugeridos de insta-
fraturas do rádio distal em um grupo heterogêneo de pacientes, o bilidade incluem inclinação va lar, angulação dorsal, cominui ção e
tratamento deve se r individualizado para cada paciente com base em : encurtam ento inicial. Não há critérios ou diretrizes definitivos para
expectativas, nível de demand a, idade, qualidade óssea, características orientar a deci são do tratam ento, e uma série de fatores deve ser
da fratura, além de experiência e capacidade do cirurgião. considerada para desenvolver um plano de tratamento - incluindo
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

k
1;
(;
I
I
Banda de

A B e
O@mfümJI Redução aberta e fi xação interna da fratura do
esti loi de ulnar com parafuso interfragmentário (A}, fios (B}, e
técnica de banda de tensão (C). (Adaptado de Katolik LI , Trumble T:
Dista l radiouln ar joint dysfunction, J Am Soe Surg Hand 5:8, 2005. )

observar qualquer alteração na redução em um acompanhamento


radiográfico qu e indique instabilidade ou desvio da fratura, podendo
alterar o tratamento quando necessári o. As fraturas consideradas
potencialmente instáveis devem ser avaliadas com radiografias
seriadas até que a consolidação da fratura resulte em estabilidade.

OPÇÕES DE TRATAMENTO
• TRATAMENTO FECHADO
As fraturas es táveis podem se r tratadas com sucesso com redução
fechada e imobilização, inicialmente com uma tala seguida por um
gesso, e avaliação radiográfica se manal por 3 semanas. As alterações
significativas no comprimento radial, inclinação palmar ou inclina-
ção rad ial devem ser levadas em consideração para o tratamento
ci rúrgico. Em pacientes com múltiplas comorbidades e de baixa
demand a, o tratamento fechado muitas vezes é apropriado mesmo
com fatores indicativos para o tratamento cirúrgico na maioria do s
pacientes ativos. Em um estudo prospectivo randomizado compa-
rando o tratamento não cirúrgico com a fixação com placa valar
bloqueada em 73 pacientes com idade de 65 anos ou mais, Arara et
ai. não encontraram diferenças na amplitude do movimento ou níve l
de dor com 1 ano de seguimento; embora a força de preensão tenha
sido melhor naqueles tratados cirurgicamente, a reconstrução ana-
tômica não melhorou a capacidade dos pacientes de reali za r ativi-
dades da vida diária. Ego! et ai. também verificaram que pequenas
limitações na amplitude de movimento do punho e força de preen-
são diminuída após o tratamento não cirúrgico não limitam a recu-
peração funcional em 90 pacientes com mais de 65 anos de idade.
Os achados destes estudos foram sem elhantes daqueles de Diaz-
Garci a et ai., cuja revisão sistem ática sugeriu qu e, apesar dos piores
resultados radiográficos após o tratamento com gesso, os resultados
funci onais não são diferentes daqueles pacientes tratados cirurgica-
O@ii;MBD A e B, Fratura-luxação de Galeazzi. e e D, Fixação mente com 60 anos ou mais.
do rádio com a placa de compressão dinâmica; fix ação da artic u-
lação radioulnar distal com dois fios de Kirschner paralelos. 1 FIXAÇÃO PERCUTÂNEA
A fixação percutânea após a redu ção fec hada é útil para fraturas do
rádio distal com instabilidade metafisária ou desvio intra-articular
mais simples. Uma redu ção anatôm ica deve ser obtida em primeiro
características iniciais da lesão, alinhamento após a red ução, idade lugar e, então, a estabilidade é fornecida pelos fios de Kirschner. Em
do paciente, qualidade do osso, exigência do paciente e resultado espe- geral, os primeiros fio s são colocados a partir do processo estiloide
rado. Se o tratamento fechado for escoUlido para LUna fratura com esta- do rádi o, cruzando para a metáfise e diáfise radial medial. Em geral,
bilidade questionável, o monitoramento é aconselliável. É importante utilizam os pelo menos dois fios e confirmamos a redução ad equada
lllll!!D PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

Classificação das fraturas do rádio distal


""' >

GARTLAND E WERLEY (1951)


Grupo 1 Fratura simples de Colles
Grupo 2 Fratura cominutiva de Colles, fragmento intra-articular não desviado
Grupo 3 Fratura cominutiva de Colles, fragmento intra-articular desviado
FRYKMAN (1967)
Grupo 1 Extra-articular, sem fratura da ulna distal
Grupo 2 Extra-articular, com fratura da ulna distal
Grupo 3 Intra-articular, envolvendo a articulação radiocarpal sem fratura da ulna distal
Grupo 4 Intra-articular, envolvendo a articulação radiocarpal com fratura da ulna distal
Grupo 5 Intra-articular, envolvendo a articulação radioulnar distal sem fratura da ulna distal
Grupo 6 Intra-articular, envolvendo a articulação radioulnar distal com fratura da ulna distal
Grupo 7 Intra-articular, envolvendo ambas as articulações radiocarpal e radioulnar distal sem fratura da ulna distal
Grupo 8 Intra-articular, envolvendo ambas as articulações radiocarpal e radioulnar distal com fratura da ulna distal
MELONE (1986)
Tipo 1 Não deslocada, mínima cominui ção, estável
Tipo 2 Instável, deslocamento do complexo medial, cominuição moderada a grave
Tipo 3 Deslocamento do comple xo medial como uma unidade mais um pico anterior
Tipo 4 Ampla separação ou rotação do fragmento dorsal e rotação do fragmento palmar
FERNANDEZ (1987)
Tipo 1 Flexão: uma cortical metafisária falha devido à força de tensão; cortical oposta com alguma cominuição
Tipo 2 Cisa/hamento.· fratura da superfície articular
Tipo 3 Compressão : fratura da superfície articular com impactação do osso subcondral e metafisário, cominuição
intra-articular
Tipo 4 Avulsão.· fratura por avulsão dos ligamentos do processo estiloide radial ou da ulna, fratura-luxação
radiocarpal
Tipo 5 Combinação: lesões de alta velocidade
COONEY (1990) CLASSIFICAÇÃO UNIVERSAL
Tipo 1 Extra-articular, não desviada
Tipo 2 Extra-articular, desviada
Tipo 3 Intra-articular, não desviada
Tipo 4 Intra-articular, desviada
AO MODIFICADA
Tipo A Extra-articular
Tipo B Parcial articular
B1-Fratura do estiloide radial
B2-Fratura da borda dorsal
B3-Fratura da borda valar
B4-Fratura die punch
Tipo e Articular completa

nas incidências anteroposterior e lateraL A fa ceta do semilunar


pode, então, ser fixada na posição, se necessá rio. Os fio s intrafocais REDUÇÃ9 FECHADA E FIXAÇÃO
(técnica de Kapanji ) podem se r adicionados para forn ece r uma esta- PERCUTANEA DA FRATURA DO
bilização dorsal. RÁDIO DISTAL
Um a série de es tudos relatou sucesso com es ta técnica. Glickel
et aL relataram bons resultados de longa du ração com redução TÉCNICA
fechada e fixaç ão com fio s percutâneos de todas as lesões mais com -
plexas. O pino percutâneo tende a fun cionar melhor quando colo- (GLICKEL ET AL.)
cado no osso sub condral, no qu al a qu alidade e a densidade do osso
geralmente são melhores. A imobilização ou imobilização por gesso • A pós a preparação est éril, coloque os dedos poleg ar e
costuma ser necessária após a fixação percutânea. Algumas compli- indicado r em suporte para dedos para tração longitu-
cações relatadas para a técnica de fixação percutânea incluem dina l (em geral , 4 kg). Manipul e e reduza a fratura (Fig.
tendão, lesão ou ruptura, migração do pino, nervo lesão e infecção 57-92 A)
do sítio do pino.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

lij@ii;f!jEfl!I Redução fechada e fixação percutânea das fraturas do rádio distal. A, Redução da fratura. Tração pelos dedos possi-
bilita a desimpactação da fratura, seguida por pressão aplicada com o polegar sobre o fragmento distal. B, Incisão longitudinal. C, Pino
percutâneo confirmado fluoroscopicamente. D, Configuração do pino cruzada. (De Wolfe SW: Distal radius fractures. ln Wolfe SW, Hotchkiss
RN, Pederson WC, Kozin SH, editors: Green's operative hand surgery, ed 6. Philadelphia, 201 1, El sevier.) VEJA AS TÉCNICAS 57-13 E 57-14.

•Avalie a redução fluoroscopicamente; se adequada, pros- •Coloque um fio de Kirschner de 1,6 mm percutanea-
siga com a fixação percutânea. Se a redução não for mente 90 graus ortogonalmente a estes fios, começando
anatômica, se houver grave cominuição, técnicas alterna- na borda dorsal do rádio distal imediatamente distal ao
tivas como RAFI podem ser indicadas. tubérculo de Lister. Confirme o ponto de início correto
•Faça uma incisão de 1,5 cm longitudinalmente, come- com fluoroscopia, e oriente o fio em uma direção proxi-
çando no processo estiloide do rádio e prosseguindo dis- mal e volarmente cruzando o local da fratura e fixando-o
talmente (Fig. 57-92B). na cortical valar do rádi o proximal à fratura (Fig. 57-92C).
• Identifique os ramos do nervo radial superficial , mobilize-os •Se houver cominuição dorsal, um segundo fio dorsal pode
com dissecção romba e retra ia-os. ser colocado na extremidade dorsal do rádio distal ou
•Identifique o primeiro compartimento do extensor, e utilizando-o como um fio intrafocal. Se houver cominuição
coloque dois fios de Kirschner de 1,6 mm (0,062 polega- radia l e na pré-redução da fratura ocorrer translação rad ial
das) sequencialmente do processo estiloide do rádio cru- do fragmento distal, um f io de estabilização ad icional pode
zando o local da fratura fixando-os na cortical ulnar do ser colocado no aspecto radial da fratura e fixado na cor-
rádio proximal ao traço da fratura. Coloque estes fios tical ulnar proximal do rádio. Uma configuração de f ios
dorsalmente ou volarmente ao primeiro compartim ento cruzados, em que os f ios são colocados a partir da cortica l
do extensor, dependendo do padrão da fratura e varia- distal ulnar radial e passados fixando na cortical intacta
ções anatômicas. radialmente, tam bém pode ser útil (Fig . 57-920) )
lllm> PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS

o@•i;Mml A, Do is meio-p inos de 3 mm introduz idos na base do segu ndo metacarpo e do is no rádio distal. BR, braqu iorradial;
ERCC, exte nsor radi al curt o do carpo; ERLC, extensor rad ial longo do carpo. B, Barra de co nexão ún ica para fixação externa da fratura
do rád io dista l (De Wolfe SW: Distal radius fractures. ln Wo lfe SW, Hotchkiss RN, Pederson WC, Kozin SH, editors: Green's operative hand surgery,
ed 6. Philadelphia, 2011, Elsevier.) VEJA A TÉCNICA 57-14.

em ponte ou não (não cruza a articulação do punho), com ou sem


•Coloque fios ad icionais conforme necessário para fixar os
) estabilização complementar. Em geral, a tração linear não restaura
fragmentos da fratura adicionais.
completamente a inclinação volar; no entanto, a inclinação neutra é
•Dobre e corte os fios, deixando-os superficial à pele.
aceitável e Wei et ai. relataram bons resultados com a fixação externa
Feche a incisão do processo estiloide do rádio com suturas
quando a redução satisfatória é obtida. Como a fixação externa
absorvíveis ininterruptas. Aplique uma tala em U.
sozinha pode permitir o encurtamento e a perda de redução ao
longo do tempo, a fixação complementar com fio s de Kirschner
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tala é uti liza da por 2
percutâneos é muitas vezes uti lizada (Fig. 57-93). O fixador é, então,
semanas para controlar a rotação e min imiza r a irritação
utili zado para neutralizar os fios de Kirschner. Nós raramente apli-
nos locais dos fios e, em seguida, um gesso antebraquio-
camos a fixação definitiva externa sem o uso de fio s de Kirschner
palmar é aplicado. O gesso e os fios são removidos entre
complementares. A adição de enxerto ósseo também pode ser útil
5 e 6 semanas, dependendo do padrão da fratura, idade
com a fixação externa.
do paciente, qua lidade do osso e extensão da consolidação
A fixação externa foi relatada por vários autores com bons res ul-
visua lizada nas radiografias. Quando a consolidação da
tados em fraturas do rád io distal. Em uma comparação com o tra-
fratura é confirmada por ausência de dor sobre o foco da
tamento gessado em 46 pacientes de 65 anos ou mais, Aktekin et ai.
fratura e evidência radiográfica de ca lo em ponte através
descobriram que extensão do punho, desvio ulnar, inclinação palmar
da fratura, inicia-se terapia ocupacional supervisionada -
e ai tura radial foram melhores naqueles tratados com fixação
inclu indo o tratamento da ferida e 1 a 2 semanas de uso
externa. Em urna comparação se melhante à RAFI, melhor força de
de órtese. Conforme o edema e a dor dim inuem, os pro-
preensão e amp litude de movimento, assim como poucas consolida-
tocolos de mobilização dos tecidos moles e da articu lação
ções viciosas, foram encontrad as com a fixação interna. Uma meta-
são instituídos, e os exercícios para ganho de amplitude de
nálise com estudos clínicos comparativos concluiu que a RAFI
movimento ativos e ativos assistidos são iniciados. O uso
produz resultados funcionais significativamente melhores, supina-
funciona l e as atividades são fortemente encorajados por
ção do antebraço e restauração da inclinação volar do rádio;
8 a 1O semanas após a cirurgia.
enquanto os resultados da fixação exte rn a são melhores na força de
preensão e flexão do punho. A qualidade da redução parece ser o
fator determinante no resultado.
1 FIXAÇÃO EXTERNA A fixação externa não em ponte consiste em um grupo de pi nos
A fixação externa pode ser útil como tratamento primário ou adju- distais inseridos no fragmento distal sem cruzar a articulação do
van te em certas fraturas do rádio distal. O fi xa dor externo neutrali za pulso. McQueen relatou extensivamente esta técnica para as fraturas,
a carga axial colocada no rádio distal através da atividade fisiológica demonstrando que o osso distal é suficiente para aceitar os pinos do
da musculatura do antebraço. Ele pode ser colocado em uma técnica fixador externo. Em fraturas extra-articulares, os resultados foram
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

H@ll;hJm l Fixação com fios de Kirschner percutâneos com f ixação externa complementar.

excelentes. Apesar do número de relatórios de uso bem-suced ido, a • Faça uma incisão de 4 cm na pele, 8 a 1O cm proximal à
fixação externa não se tornou uma técnica utilizada frequentemente articu lação do punho e imediatam ente dorsal à linha média.
para a fixação da fratura radial distal. •Com dissecção romba, expon ha os ramos superficiais do
Há uma variedade de dispositivos de fixação externa transarticu- nervo cutâneo latera l do antebraço e o nervo sensorial
lar e não transarticular disponíveis, e as técnicas de aplicação diferem rad ial, este último perfura a f áscia no meio do antebraço
ligeiramente de acordo com o dispositivo específico escolhido. entre o braquiorradial e exte nsor radial longo do carpo
(Fig . 57-93A)
•Insira dois pinos de 3 mm, 1,5 cm de distância, através
FIXAÇÃO EXTER,NA DA de um protetor de tecidos moles entre os exte nsores do
FRATURA DO RADIO DISTAL punho em um ângulo dorsa l de 30 graus para o plano
frontal do antebraço (Fig. 57-93B). Os pinos devem per-
. TÉCNICA furar o córtex medial do rád io. Conf irme a posição do
pino e o comprimento com fluoroscopia.
FIXAÇÃO EXTERNA TRANSARTICULAR • Irrigue e feche ambas as incisões com suturas de náilon 4-0.
• Com o uso do bloqueio do plexo braquial ou anestesia •Aplique a estrutu ra de fixação externa selecio nada de
ge ral, prepare e este nda a extremidade superior e acordo com as instru ções do fabricante. Para fraturas rela-
ap lique um garrote no braço . Redu za a fratura manu al- t ivamente estáveis e ao uti lizar os fios de Kirschner como
mente ou com o auxílio de dispositivo de tração (Fig. adjuvante da fi xação, uma estrutu ra simples com uma barra
57-92 A) única geralmente é suficiente (Fig . 57-94); fi xa dores mais
•Fa ça uma incisão de 2 a 3 cm sobre o aspecto dorsorradia l complexos permitem translação palmar do carpo indepen-
da base do segundo metacarpo, e utilize a dissecção dentemente para ajustar a inclinação valar do rádio.
romba com tesoura para expor o metacarpo. Tome
cuidado para preservar e afastar os ramos do nervo se n- FIXAÇÃO EXTERNA NÃO TRANSARTICULAR
sorial radial dorsal. •Se a fixação externa não transarticular for escolhida para
•C oloque um protetor de partes moles no metacarpo, e uma fratura minimamente cominutiva extra-articular
insira meio-pino de 3 mm em um ângulo dorsa l de 30 a ou arti cular sim ples em um paci ente com bom estoq ue
45 graus ao plano frontal da mão e antebra ço. Confir me ósseo, insira os pinos proxima is confo rm e descrito ante-
a posição do pino e o comprimento com flu oroscopia. riormente. )
@}:pt) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

•Insira os pinos distais no fragmento dista l. Coloque um dorsal, e novas placas de perfil baixo podem diminuir as complica-
) ções. Em certas situações, tais como fraturas die-punch dorsais ou
pino no lado radia l através de uma pequena incisão dorsa l
radia l entre os extensores do punho na metade radial do fraturas com fragmentos dorsais da faceta do semilunar desviados,
fragmento distal. Direcione o pino de dorsal para palmar, uma abordagem dorsal com uma placa de perfil baixo específica para
para lelo à superfície articular ao plano sagita l. o fragmento parece funcionar bem. Neste momento, a maior parte das
• Insira um segundo pino no aspecto ulnar do fragmento placas dorsais é utilizada para fixação de um fragmento específico,
distal através da incisão limitada entre o quarto e quinto muitas vezes em conjunção com outras formas de fixação.
compartimento extensor. Também oriente este pino dorso
palmarmente, mas direcione-o um pouco de modo oblíquo 1 PLACA VOLAR
para fixá -lo na cortical ulnar palmar do fragmento distal. A popularidade da utilização da placa radia l distal volar bloqueada
•Utilize os pinos distais como joysticks para reduzir a fratura continua a levar ao desenvolvimento de novos dispositivos. Capo et
e restaurar a inclinação volar. al. demonstraram a superioridade biomecânica da placa volar sobre
•Monte os pinos com clampes e hastes separadas para a placa dorsal e fixação em dupla coluna, e vários estudos clínicos
criar uma estrutura triangular. relataram melhores resultados funcionais com placa va lar do que
com placa dorsal ou fixação externa e pino percutâneo; no entanto,
ADJUVANTES DA FIXAÇÃO EXTERNA a taxa de complicação de aproximadamente 15% também foi rela-
• Para todas as fraturas extra-articulares minimamente comi - tada com placa volar, principalmente problemas como rupturas ten-
nutivas, o uso de fixação complementar à fixação externa é díneas e tenossinovite pelos parafusos proeminentes. A penetração
recomendado para fornecer suporte adicional para os frag- do parafuso da articulação radiocarpal ocorreu em 11 de 40 pacien-
mentos individuais da fratura e aumentar a estabilidade. tes descrita por Knight et ai. Uma placa valar de baixo perfil não
•Para fraturas instáveis sem fragmentos articula res afun- produziu rupturas tendíneas em 95 pacientes relatados por Soong
dados, introduza os fios de Kirschner de 1,4 ou 1,6 mm et al. A colocação da placa volar precisa na área metafisária do rádio
nos fragmentos da fratura; uma configuração cruzada distal pode diminuir os problemas de irritação do tendão flexor e
pode ser uti lizada para aumentar a estabilidade (Fig. eventual ruptura (Fig. 57-96).
57-95A e B). Introduza um ou dois fios no fragmento do
processo estiloide do rádio e um através do fragmento
ulnar dorsal com direção à diáfise do rádio, para produzir FIXAÇÃO COM VOLAR DA
a máxima estabi lidade. Os fios devem perfurar a cortical FRATURA DO RADIO DISTAL
ulnar do rád io, mas não penetrar na diáfise da ulna.
•Corte os fios 1 cm externamente à margem da pele e TÉCNICA
dobre-os em um ângulo agudo.
•Ap li que o fixado r externo de acordo com as instruções (CH UNG)
do fabricante (Fig. 57-95C e D). Alguns fixadores contêm
componentes para acomodar os fios de Kirschner. •Faça uma incisão de 8 cm sobre o antebraço entre a
artéria radia l e o flexor radia l do carpo. A extensão da
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O punho permanece imo- incisão dista lmente na dobra do punho em um formato
bilizado em uma posição supinada com uma tala em U em V pode fornecer maior exposição da fratura e ajudar
por 1O dias até que a dor e o edema tenham diminuído. a evitar a contratura da cicatriz. A incisão distal não
Isso promove a estabil idade da articulação rad iou lnar precisa cruzar para a região pa lmar (Fig. 57-97 A* ).
dista l e facil ita a recuperação da supinação comp leta . A • Realize a incisão ao longo da bainha do flexor radial do carpo
estrutura do fixador externo geralmente é removida em (Fig. 57-97B* ). Abra a bainha e faça a incisão da fáscia
6 semanas; quaisquer pinos complementares são manti- profunda do antebraço para expor o flexor longo do polegar.
dos no local por 8 semanas. O movimento dos dedos •Coloque um dedo ind icador na ferida e faça a liberação
ativo e passivo é iniciado assim que o efeito da anestesia do flexor longo do polegar e desloque-o ulnarmente.
desaparece, e é estimu lado durante todo o tempo que a Solte parcia lmente o músculo flexor longo do polega r do
estrutura estiver no local. A supinação e a pronação do rádio para obter exposição completa do pronador qua-
antebraço são iniciadas no primeiro retorno pós-operató- drado (Fig. 57-97C* ).
rio. A terapia ocupaciona l supervisionada é recomendada • Faça uma incisão em formato de L sobre o estiloide radial
para pacientes relutantes ou incapazes de mobilizar os e ao longo da borda radial do rádio para expor o pronador
seus dedos e antebraço de forma independente. quadrado, e utilize um elevador Freer para elevá-lo a partir
do rádio (Fig. 57-970* ). Toda a linha da fratura através
do rádio distal agora é totalmente exposta (Fig. 57-97E* ).
• Insira um elevador Freer ou pequeno osteótomo na linha
• REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO COM PLACA
da fratura para servir como uma alavanca para reduzir a
1 PLACA DORSAL fratura. Insira o elevador ou osteótomo através da linha
da fratura em todo o caminho para o córtex dorsal para
A maioria das fraturas do rádio distal resu lta em uma angulação com possibi litar a desimpactação e a redução do fragmento
ápice volar e cominuição da cortical dorsal. A primeira geração de distal. Ap lique a pressão do dedo para o córtex dorsal
placas dorsais foi uma solução lógica, mas havia muitas complicações para reduzir os fragmentos dorsais.
secundárias como alterações funcionais e ruptura tendíneas, o que
levou a uma mudança com o uso de placas volares após o desenvol-
vimento de parafusos de ângulo fixo. Ainda há um papel para placa *Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

O@il;M ela A e B, Fratura do rádio distal fixada com fios de Kirschner cruzados e fixador externo (C e D). (De Wo lfe SW: Distal
radius fractures. ln Wolfe SW, Hotchkiss RN, Ped erson WC, Kozin SH, ed itors: Green's operative hand surgery, ed 6. Phi ladelphia, 2011, Elsevier.)
VEJA A TÉCNICA 57-14.

•Com a fratura deslocada do estiloide radial, o braquior- •Faça a desim pactação e red uza a fratura através da liga-
radial pode evitar a redu ção, puxando o estilo id e radial. mentotax ia com a tração dos dedos por um assiste nte.
Para aliviar a força de deformação, o braqui orradi al pode Após a redução bem-sucedida da fratura, posicione a placa
ser transacionado ou separado do rádio distal. volar sob orientação fluoroscóp ica e insira um parafuso no
•Se necessá rio, utilize um fio de Kirschn er para reduzir orif íci o deslizante para possibilitar o ajuste do posiciona-
temporariamente o fragm ento distal em relação ao frag- mento proximal-distal da placa (Fig. 57-97F*). Utilize uma
mento proxima l. Isso geralmente não é necessário, visto broca de 2,5 mm para perfurar no centro do orifício des-
que a tração dista l deve manter a redu ção, enquanto a liza nte, e insira um parafuso autoperfurante de 3,5 mm. )
placa volar é colocada.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
@}:@t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

•Confirme a colocação adequada da placa valar com flu- •Suture o pronador quadrado com suturas absorvíveis.
)
oroscopia. Se necessário, mude a placa de modo proximal Observe que o pronador não será capaz de cobrir toda a
ou distal mente para fornecer a melhor colocação para os placa; a porção distal deve ser coberta quando possível
parafusos distais. para reduzir o contato tendão flexor-placa. Para melhor
•Utilize uma broca de 2,0 mm para perfurar os orifícios resu ltado, o pronador quadrado pode ser sutu rado para
distais. Meça os orifícios para o comprimento adequado dos a borda do braquiorrad ial (F ig . 57-97 1*).
parafusos e insira os parafusos de bloqueio. Utilize um para- •Se o processo estil oide ulnar for fraturado e desviado, e
fuso que seja 2 mm menor que o comprimento medido, a a articulação radiou lnar distal estiver instável, fixe o esti -
f im de evitar que um parafuso distal proeminente perfure loide com um ou dois fios de Kirschner percutâneos (Fig .
a cortica l dorsal; em geral, parafusos de 20 a 22 mm são 57-98). Uma abordagem valar pode ser úti l para obter a
ideais, exceto para parafusos direcionados ao estiloide redução do processo esti loide ulnar. Fragmentos menores
radial, que são significativamente menores. Os parafusos geralmente não precisam de tratamento; no entanto, se a
podem obter melhor osso dorsalmente; no entanto, pinos articu lação radiouln ar distal estiver instável após a fi xação
podem ser suficientes quando a qualidade do osso é ruim. da fratura radial, os fragmentos do esti loide podem ser
•Uma vez que o primeiro parafuso é inserido, a tração ressecados e o complexo da fibrocartilagem triangular deve
distal nos dedos pode ser liberada, visto que a fratura ser fixado na base do estiloide ulnar com sutura não absor-
geralmente é reduzida e fixada de forma apropriada (Fig. vível através de orifícios transósseos.
57-97G* ). •Feche a ferida em camadas e ap li que a tala.
•Por causa do projeto de ângulo fixo, os parafusos podem
perfurar a articu lação radiocarpal se a placa for colocada CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 1 semana, as suturas
mu ito distalmente. Obtenha as incidências tangenciais são removidas e o movimento ativo do punho é ini ciado
fluoroscópicas para o osso subcondral em ambos os quando há confiança na estabilidade da fratura. Uma
planos sagital e coronal, a fim de avaliar a penetração tala Orthoplast remo vível é utilizada por 6 semanas.
intra-articular. Ajuste a placa ou os parafusos, ou ambos, A maioria dos pacientes recebe um programa de trata-
como indicado. mento domiciliar, mas os pacientes idosos podem preci-
•Após a colocação dos parafusos distais, coloque os para- sar de tratamento domiciliar supervisionado 2 vezes por
fusos proximais remanescentes (Fig. 57-97H * ). semana.

*Disponível, em inglês, em www.expertco nsult.com. *Disponível, em ingl ês, em www.ex pertconsult.com.


CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fJmm
•Fixe a placa na diáfise do terceiro metacarpo com três
FIXAÇÃO DA PLACA DE DISTRAÇÃO parafusos bicorticais de 3,5 mm .
Como uma alternativa para a fi xação externa das fraturas •Sob orientação fluoroscópica, aplique tração distal para
intensamente cominutivas do rádio distal, Burke e Singer des- obter o comprimento normal rad ial . Com a mão em 60
creveram o uso de uma placa de distração como um fixador graus de supinação, prenda a placa ao rád io com uma
interno. A placa é apl icada à superfície dorsal da mão, punho pinça de redução.
e antebraço distal, utilizando três pequenas incisões. Os pro- •Confirme que a rotação comp leta do antebraço é possíve l
blemas loca is dos fios da fixação externa são evitados, e a e, em segu ida, fi xe a placa com três parafusos bicortica is
placa pode permanecer no local o tempo necessário para a de 3 a 5 mm (Fig. 57-99).
união. Procedimentos secundários de enxertia óssea também • Reduza e fixe os fragmentos diafisários com parafusos
são feitos mais facilmente sem um fi xador externo sobre- interfragmentários, se possível.

..
posto. Ruch et ai. relataram resultados bons a excelentes em •Eleve a fossa do semilunar através da incisão sobre o
90% de 22 pacientes utilizando esta técn ica . tubérculo de Lister.
•Insi ra um parafuso de 3,5 mm através da placa e sob a
TÉCNICA fossa sem ilunar elevada para servir como suporte .
•Fragmentos da superfície articu lar podem ser estab iliza-
(BURKE E SINGER COMO MODIFICADO POR RUCH ET AL.) dos utilizando fios de Kirschner.
•Coloque enxerto ósseo nos defeitos através da incisão
• Faça uma incisão long itudina l de 4 cm sobre o aspecto média utilizando autoenxerto, aloenxerto ou substituto
dorsal da diáfise do metacarpo do terceiro dedo. Exponha de enxerto ósseo.
o osso afastando os tendões extensores dos dedos. • Avalie a estabilidade da articulação radiou lnar distal. Se
•Faça uma segunda incisão dorsal de 4 cm pelo menos for instável, imobilize o punho com uma ta la em U.
4 cm proximal da fratura cominutiva do rádio, e exponha
o osso. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os exercícios com os
•Faça uma terceira incisão dorsal de 2 cm sobre o tubér- dedos e outras articulações da extremidade superior são
culo Lister, expondo o tendão do extensor longo do iniciados imediatamente. Se a tala tiver sido aplicada, ela
polegar. deve ser removida em 3 semanas. Os fios percu tâneos de
•Passe uma placa de 3,5 mm com 12 a 16 orifícios, a partir Kirschner devem ser removidos em 6 semanas. As ativi -
da incisão distal em uma direção proximal utiliza ndo o plano dades da vida diária são perm itidas, mas a elevação deve
entre os tendões extensores (quarto compartimento dorsal) se r restrita a 2,5 kg. Ao obter a un ião, a placa de distração
e a cápsula articu lar e periósteo. Mobilize os tendões exten- é removida e os exercícios pa ra ganho de ampl itude de
sores, se necessário. movimento são iniciados.
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

O@ii;M HJ*Mi·],\# D e E, Redução e colocação dos f ios de Kirsch ner para f ixação provisória. F e G, Ap licação da pl aca . H e 1, Pl aca
no loca l após a remoção dos f ios de Kirschne r.
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

Coluna radial
/ Parede dorsal
Intra-articu lar /

lâ!dll;HE ) A-C, Fi xador interno com placa de distra ção . (De


Ruch DS, Ginn TA, Yang CC, et a i: Use of a distraction plate fo r dista l
G " 7
Borda vola r
Coluna
radial

radial fractures with metap hyseal and diaphyseal comm inution, J Bone O@i@iEflI!I!) Elementos da fratura do rádio distal.
Joint Surg 87A:945, 2005.) VEJA A TÉCNICA 57-16.

Envergamento

iâ!ljil;f4am!D A, Fio de Kirschner tran-


sesti loide tem apenas um único ponto de
fixação. Pequeno e nvergame nto ou ang ula -
ção do fio no local da "pega" pode resultar
em perdas significati vas do posicionamento
Angulação da fratura da coluna radial. B, Ao adicionar
o segundo ponto de fi xaçã o, a placa-pino
melhora muito a fi xação do fio de Kirschner;
A a lém di sso, adiciona estabilização para o
fragmento da coluna radi al.

por ca usa da espessura da placa, potencial irritação e ruptura even -


1 REDUÇÃO ABERTA FIXAÇÃO INTERNA PARA tual dos tendões dorsa is do punho.
FRAGMENTO ESPECIFICO DE FRATURAS A adição de um a peque na placa de apoio a um fio n o esti-
COMINUTIVAS DO RÁDIO DISTAL loide radial impede o colapso e a migração rad ial do rádio distal
Reconhecendo as armadilhas tanto da fixação por fios de Kirschner (Fig. 57-102). O fio do estilo ide radi al agora tem dois pontos de
como da fixação com placa e p arafu sos, quando utilizada isolada- fixação - o primeiro através da extrem id ade di stal d a placa e o
m ente para reparo das fraturas intra-articulares cominutivas do segundo através do córtex radi al media l intacto.
rádio distal, Medoff d esenvolve u um sistem a d e fixação do punho O fragme nto uln ar dorsa l é es tabilizado com uma placa-pino
que combina ambos os métodos para reconstru ção estável do rádio ulnar de modelo semelhante. Esta placa-pino mantém o compri-
di stal. Cinco potenciais fragmentos da fratura são possíveis, espe- mento d a coluna uln ar e a redução d a articulação radioulnar distal
cialmente no osso o steopênico: coluna radial, parede cortical dorsa l, (Fig. 57- 103). Os implantes na forma de fio são utilizados para
divisão ulnar do rsal, borda va lar e fragmento intra-articul ar central estabilizar a parede cort ical dorsal, o fragmento intra-articular e
(Fig. 57- 100). A fixação do fio de Kirschner do estiloide do rádio qualquer en xerto ósseo estru tural utilizado para apoiar o fragmento
por fio s de Kirschn er não impede o assenta mento ou desvio radial articular. Três diferentes impl antes n a forma d e fio são utilizad os,
dos fragmentos da fr atura do rád io dista l (Fig. 57-101). d ependendo dos fragme ntos fraturados presentes (F ig. 57- 104).
O osso cortical metafisário delgado, esp ecialmente o osso O fragmento d a borda valar-faceta do semilunar é fixado com um a
osteopênico, não segura bem os parafusos, e as placas convencionais p laca de supo rte de perfil baixo semelh ante à utilizada para reparo
n ão podem ser aplicadas facilmente n o aspecto dorsa l do rádio distal d as fraturas valares de Barton (F ig. 57-105).
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

O!ijiiltjlm:I!!) Placa-pino rad ial possibilita que fios de Kirschner Ht§il@mr!D Placa-pino ulnar. Aplicação da placa-pino ulnar
transest il o ides façam f ixação com do is pontos, melhorando a esta- para estab ili zação do fragmento por divisão ulnar dorsal. Com
bil idade. A placa adiciona apoio para a coluna radia l e ajuda a res istir uma mode lagem adeq uada, a p laca pode fec har lacu nas no plano
ao torque dorsal incidente na fratura da coluna rad ial. (Redese- sagital.
nhado por Dr. R. Medoff.)

A e
h[rill;!ijmr!D A, Grampo para fragmento pequeno. O fragmento da parede cortical dorsal foi estabi lizado pelo grampo para frag-
mento pequeno que fornece aperto do tipo pinçamento com o implante de f io extraósseo e endosteal. B, Pino de suporte. Os fragmentos
intra-articulares são estabi lizados ao ser efetuada a reconstrução cort ica l periférica em torno do fragmento, além de adicionar apoio
endosteal, como mostrado aqui . C, O uso do grampo para fragmento pequeno/pino de apo io comb ina as funções desses dois imp lantes
em um mesmo dispositivo, para fornecer estabi li zação simu ltânea do fragmento da parede dorsal e componente intra-articular.

H(rii!;füEflI!D A placa L fornece estab ilização volar para a


borda volar da faceta lunar e ainda possibilita a fixação radia l
percutânea do fragmento proximal .'
CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO fJ:pp@

A e B, Fratura do rádio distal. C e D, Fixação específica do fragmento.

Medoff relatou 20 resultados bons a excelentes em 21 pacientes COMPLICAÇÕES


com fraturas intra-articulares cominutivas do rádio distal tratadas
com o sistema TriMed (TriMed Inc., Valência, CA). Nós temos O tipo e a frequência das complicações do rádio dista l variam bastante
obtido resultados bons semelhantes (Fig. 57- 106). entre as séries relatadas. Na sua revisão de literatura, McKay et ai.
Wjirn1) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

li
foram identificadas em 23%; a freq uência das complicações dimi-
nuiu com o aumento da experiência do cirurg ião. A revisão siste-
mática da literatura das fraturas instáveis do rád io distal em pacientes
idosos (60 anos ou mais) identificou a ruptura ou a aderência do
INCIDÊNCIA Nº DE
COMPLICAÇÃO (%) ESTUDOS * tendão flexor longo do polegar, extensor longo do polegar, ou
Artrite/artrose ambos, como a complicação mais comum que exige cirurgia após
7% a 65% 4
a placa valar bloq ueada. Em urn a comparação com pacientes mais
Perda de movimento 0% a 31 % 10
jovens (20 a 40 anos) e mais velhos (60 anos ou mais) tratados com
Complicações relacionadas 1,4% a 26% 14 placa va lar de bloqueio, Chung não encontro u aumento nas taxas
com o implante
de complicação em pacientes mais velhos. Hanel et al. relataram
Compressão do nervo/ 0% a 17% 11 16 complicações (12 %) em 144 fraturas tratadas com placa de
Osteomielite
distração do rsal, observando que os pacientes cujas placas foram
Osteomielite 4% a 9% 2 deixadas no local por mais de 16 semanas tiveram uma taxa de
Contratura de Dupuytren 2% a 9% 4 complicação geral de 21 %, em comparação com a taxa de compli-
Dor persistente/síndromes 0,3% a 8% 11 cação de 8,5% naquelas placas que fo ram removidas precocemente.
de dor (SDCR) Rhee et a!. listaram vá rias medidas para evitar as lesões tendíneas,
Tend ão (ruptura, 0% a 5% 3 incluind o a colocação da placa volar proximal a watershed line,
engatilhamento, fechame nto do pronador quadrado sobre uma placa volar, e uso
tenossinovite) de parafusos uni corticais menores ou pinos não ros qu eados nas
União tardia/não uni ão 0,7 % a 4% 4 placas valares. Uma incidência tangencial dorsal do punho é útil
Radioulnar (sinostose, lesão) 0% a 1,3 % 2 para detectar a penetração dos parafusos no córtex dorsal durante
a fixação de uma placa volar.
*Número de estudos dos quais as frequências foram determinadas para
A síndrome compartimentai associada às fraturas do rád io
calcular a incidência.
distal é rara, ocorrendo em aproximadamente 1% dos pacientes,
SDCR, síndrome da dor complexa regional.
(Dados de McKay SC, MacDermid JC, Roth JH, Richards RS : Assessment of principalmente em pacientes mais jovens com lesões de alta energia.
complications of distal radius fractures and development of a complication A sí nd rome de dor complexa regional (SDCR) ocorre mais comu-
checklist, J Hand Surg 26A:916, 2001.) mente em pacientes idosos e naqueles com condi ções psicológicas
ou psiquiátricas, e foi relatada em 8% a 35% dos pacientes com
fraturas do rádio distal. Um estudo randomizado, controlado, mul-
ticêntrico envolvend o 416 pacientes com 427 fraturas do rádio distal
descobriram taxas de complicação geralmente va riando de 6% a 80% determinou que a vitamina C (SOO mg por dia) pode reduzir a
e taxas de artr ite pós-traumática que variaram de 7% a 65% (Tabela prevalência de SDCR, e isso foi listado como tendo "evidência ade-
57-10). Jupiter e Fernandez identificaram a consolidação viciosa quada para apoiar seu uso" nas diretrizes da prática clínica AAOS
com uma deformidade intra-articular ou extra-articular como a recente para fraturas do rádio distal.
complicação mais freq uente. A incidência relatada de consolidação O nervo mediano é o mais freq uentemente lesionado (0% a
viciosa do rádio distal é de aproximadamente 17%,e é mais comum 17%), seguido pelos nervos radial e ulnar, principalmente por causa
após o tratamento não cirúrgico do que o cirúrgico. As deformida- da sua proximidade com a fratura e seu trajeto dentro do túnel do
des mais comuns após a frat ura do rádio distal extra-articular são carpo. As síndromes do túnel do carpo leves ocorrem em até 20%
encurtamento, rotação do fragmento distal, perda de inclinação dos pacientes, mas a maioria se resolve sem tratamento. A síndrome
valar e perda de inclinação ulnar. As osteotomias e outros procedi- do túnel do carpo aguda que precisa de liberação imediata é mais
mentos cirúrgicos para o tratamento destes problemas após a fratura provável após as fraturas de alta energia e gravemente cominuídas.
radial distal são discutidos no Capítu lo 69. A neuropatia mediana tardia pode estar associada à consolidação
Outras complicações menos frequentemente relatadas incluem viciosa, desvio palmar residual, formação de calo da fratura compri-
pseudoartrose, complicações do implante, ruptura ou aderências mindo o nervo ou imobilização prolongada com o punho em flexão
tendíneas e lesões neurológicas. A pseudoartrose das fraturas do e desvio ulnar. A lesão dos nervos radial e ulnar é menos comum
rádio distal é incomum, ocorrendo em menos de l % dos pacientes, (0% a 10%). É necessário evitar a imobilização com o punho em
e é mais frequente após o tratamento cirúrgico do que o tratamento flexão excessiva (mais de 20 graus) e desvio ulnar, visto que isso
não cirúrgico. Os fatores sugeridos para predispor a não uni ão aumenta a pressão do túnel do carpo.
incluem fraturas expostas cominutivas, infecções, lesões patológi- Independentemente da estratégia de tratamento escolhida para
cas, interposição de partes moles, fi xação inadequada, distração as fra tu ras do rádio distal, as complicações podem ocorrer mesmo
excessiva com um fixador externo e uma fratura concomitante da quando o cuidado apropriado é realizado. A seq uela das complica-
ulna dista l. ções pode ser reduzida por meio de um a intervenção rápida e espe-
As complicações tendíneas são mais freq uentes após a placa cífica do problema.
valar bloqueada quando a placa é colocada muito distal ou distante
da cortical óssea ou quando os parafusos utili zados são muito
grandes, resultando em impacto sobre os tendões fl exores. A colo- REFERÊNCIAS
cação da placa va lar além da watershed line, em que os tendões
fl exores estão mais próximos da cortical óssea e da placa, também ÚMERO PROXIMAL
foi implicada como uma causa de ruptura dos tendões flexores por
abrasão. As rupturas dos tendões flexores foram relatadas em até Anavian ), Conflitti JM , Khanna G, et ai: A reliabl e radiographic measure-
12% dos pacientes com placa volar bloqueada. Em uma série de 96 ment techn iqu e for extra-articular scapular fract ures, Clin Orthop Relat
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@prn:t PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

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CAPÍTULO 57 FRATURAS DO OMBRO, BRAÇO EANTEBRAÇO

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As referências completas estão disponíveis em www.
36A:3, 2011. expertconsult.com.
PÉ 2912 DIÁFISE FEMORAL 2933 Olécra no 2948
FALANGES DOS DEDOS Consolidação Viciosa Terço Proxi mal da Ulna com
DOS PÉS 2912 Femoral em Crianças 2937 Luxação Anterior da Cabeça
METATARSOS 2912 REGIÃO TROCANTÉRICA Radial (Fratura de Monteggia) 2948
TARSOS 2913 DO FÊMUR 2938 Sinostose entre o Rádio e a Ulna 2949
TÁLUS 2913 Osteotomia Subtroca ntérica pa ra DIÁFISE DO RÁDIO E ULNA
Consolidação Viciosa do Coxa Vara e Deform idades EM ADULTOS 2950
Colo do Tálus 20 13 Rotaci onais 2938 Consolidação Viciosa do
Consolidação Viciosa do REGIÃO CERVICOTROCANTÉRICA Antebraço com Instabilidade
Corpo do Tálus 29 14 DO FÊMUR 2939 Articular Radioulnar Distal 2952
CALCÂNEO 291 4 PELVE 2940 Di áfise da Ulna 2953
TORNOZELO 2920 RECONSTRUÇÃO EM TRÊS TEMPOS REGIÃO DISTAL DO RÁDIO 2953
ARTRODESE PARA FRATURAS PARA CONSOLIDAÇÃO VICIOSA AVALIAÇÃO CLÍNICA 2953
CONSOLIDADAS VICIOSAMENTE PÉLVICA 2941 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 2954
DO TORNOZELO 2924 CLAVÍCULA 2941 TRATAMENTO OPERATÓRIO 2954
PERNA 2924 CONSOLIDAÇÃO VICIOSA MÉDIO- CONSOLIDAÇÃO VICIOSA COM
DIÁFISE DA TÍBIA E FÍBULA 2924 DIAFISÁRIA DA CLAVÍCULA 2942 ANGULAÇÃO DORSAL
CÔNDILOS DA TÍBIA 2930 ÚMERO 2943 EXTRA-ARTICULAR 2956
Fratu ras Invertidas em Y dos AVALIAÇÃO 2944 Osteotomia e Enxertia do Rádio 2956
Côndilos Tibiais 2932 TRATAMENTO 2945 CONSOLICAÇÃO VICIOSA
Fratura da Eminência lntercondi lar COLO ANATÔMICO 2947 COM ANGULAÇÃO VOLAR
da Tíbia 2932 COLO CIRÚRGICO 2947 EXTRA-ARTICULAR 2958
PATELA 2932 TERÇO PROXIMAL 2947 CONSOLIDAÇÕES VICIOSAS
FÊMUR E QUADRIL 2932 TERÇO MÉDIO 2947 INTRA-ARTICULARES 2962
CÔNDILOS DO FÊMUR 2932 REGIÃO DISTAL DO ÚMERO 2947 Procedimentos de Salvamento 2963
Côndilo Femoral Latera l 2932 ANTEBRAÇO 2947 INCONGRUÊNCIA DA
Côndilo Femoral Medial 2933 TERÇO PROXIMAL DO RÁDIO E ARTICULAÇÃO RADIOULNAR
Ambos os Côndilos Femorais 2933 DA ULNA 2947 DISTAL E ARTROSE 2964
SUPRACONDILIANA Cabeça Radi al 2947 CARPO 2967
DO FÊMUR 2933 Colo Radi al 2948 MÃO 2967

Uma fratura co nsolidada viciosamente aprese nta a co nsolidação dos consolidação. A maiori a das consolidações viciosas poderia ser
fragmentos em uma posição não anatômica. Independentemente de evitada po r meio do tratamento hábil das fratu ras recentes; contudo,
a defo rmidade ser, ou não, desagrad ável à vista, ela pode prej udicar às vezes elas ocorrem, apesar do tratamento do especialista. É
a fun ção de várias maneiras: (1) urn a superfície articul ar anorma l comum a ocorrência de consolidação viciosa em pacientes politrau-
pode causar a transferência irregul ar de peso e artrite da art iculação, rn atizados nos quais se priorizo u as lesões que ameaçavam a vida.
principalmente nos membros inferi ores; (2 ) rotação ou angul ação Especialmente em pacientes com trauma craniano, a negligência da
dos frag mentos pode interferir no equi líbrio ou na marcha adequada redução das fraturas pode resultar em deform idades e limitação da
nas extremidades inferiores ou no posicionamento das extremida- capacidade fu ncional quando o pac iente se recupera.
des sup eri ores; (3) excesso de fr agmentos ou perd a óssea podem Ao tratar as co nsolidações viciosas os segui ntes fatos devem
resultar em encurtamento pe rceptível; e (4) os movimentos das arti- ser considerados. Das quatro característi cas qu e determinam a ace i-
culações vizinhas podem ser bloqueados. As consolidações viciosas, tabilidade de redu ção da fratura, a primeira em importância é o
por definição estrita, em geral, são a reg ra no tratamento fechado de alinhamento; a segu nda é a rotação; a terceira é a restauração de
fra tu ras; no entanto, elas são, fre qu entemente, compatíve is com a comprimento normal e a quarta e menos importante, a posição real
fun ção. Uma fratura viciosamente consolidada tem importância dos frag mentos. Uma leve deformidade pode ser seriamente inca-
cirúrgica apenas quando há comprom etimento da função. pacitan te quando a co nsolidação viciosa envolve uma articulação ou
As consolidações viciosas costumam ser causadas por um a es tá em sua proxim idade. Se uma consolidação viciosa provoca
red ução inadequada ou urn a imobi lização insufi ciente durante a apenas uma leve defic iência, a função, por vezes não pode ser

2911
@pif) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM ADULTOS

AP

LAT

H!rill;t!im9 Método de Ries e O ' Neill para


9T determinar deformidade óssea a partir de radio-
grafias anteroposteriores e late rais. A, Fratura da

_1 tíbia angulada no plano entre os planos antero-


posterior (AP) e (LAT) lateral. B, Ângulos forma -
dos por fratura de tíbia . CAD é ângulo mostrado
\ na visualização anteroposterior, CAB é o ângulo
/ mostrado na visualização lateral, e CAE é o

/
/
\ z
\
ângulo no plano verdadeiro (T) da deformi-
dade. (Redesen hado de Ri es M, O' Neill D: A method
to determi ne the true angulation of long bane
deform ity, Clin Orthop Relat Res 218: 191, 1987.)
A B

melhorada o bastante para justificar uma operação; no entanto, uma restauração simultânea de alinhamento, rotação e extensão. Essas
deformidade de rotação pode ser tão limi ta nte a ponto de ser neces- técnicas requerem um conhecimento profundo do desenh o da
sária uma correção. A deformi dade do alinhamento axial em crian- armação e construção, aconselhamento intensivo do paciente e fisio-
ças menores de 9 anos pode se corrigir espo ntaneamente com o terapia intensiva. Resultados impressionantes fo ram relatados em
crescimento, especialmente se ela estiver perto de um a articulação algumas das situações mais desafiadoras, especialmente nas pseu-
e no plano de se u movimento. Um deslizamento epifisário, em geral, dartroses infec tadas e problemas de perda óssea. As técnicas de
também se co rrige espontaneamente em uma criança se a li.se não fixação circulares têm um papel determinante na cirurgia da pseu-
tiver sido lesada. dartrose para a restauração do comprimento e qu ando a infecção
A análise da deformi dade deve leva r em consideração que a prévia fa z as técnicas de redu ção abertas convencionais inadequa-
maioria das deformidades pode ser descri tas em um plano com das. Instruções pormenorizadas e experiência com essas técnicas são
relação à deformidade anteroposterior, varo ou valgo. Ries e O' Neil! necessárias; no entanto, para que sejam utilizadas para a reconstru-
desenvolveram uma análise trigonométrica da deformida de e con- ção das consolidações viciosas complexas.
ceberam um gráfico para determinar a verdadeira defo rmidade
máxima com base nas visualizações radiográficas verdadeiras ante-
roposteri or e lateral (Fig. 58-1 ). Outras análises trigonométricas de PÉ
angulação das osteotomias também fo ram relatadas.
O objetivo da cirurgia para a consolidação viciosa é restaurar FALANGES DOS DEDOS DOS PÉS
a fun ção. Embora a melhora da ap arência do membro possa ser
igualmente importan te para o pacien te, a cirurgia raramente é jus- A consolidação viciosa de fra tu ras das fa langes dos dedos, rara -
tificada apenas por razões estéticas. O tratamento cirúrgico da con- mente, causa deficiência sufic iente para justifica r a cirurgia. Uma
solidação viciosa da maioria das fraturas não deve ser considerado deformidade que provoca dor pode ser fac ilmente co rrigida, mas
até 6 a 12 meses após a fratura ocorrer. Em fr aturas intra-artic ulares, por meio de um a incisão lateral ou dorsal qu e não cause lesão aos
a cirurgia pode ser necessária antes se fo r a forma de se alcançar tend ões. A osteotomia e o alinhamento dos fragmentos podem ser
uma função satisfatória. Ao considerar a ciru rgia, deve ser avaliado sufi cientes. Para a correção completa, no entanto, a ressecção ampla
o grau de osteoporose e de atrofia dos tecidos moles, e uma decisão pode ser necessária; isso pode ser feito sem problemas, pois os
deve ser fe ita se a cirurgia precoce seria preferível a uma reab ilitação movimentos hábe is dos dedos não são necessári os.
ativa seguindo-se então a intervenção operatória. A ciru rgia corre-
tiva no local da consolidação viciosa nem sempre é viável.
Em alguns casos, um procedimento alternativo pode ser neces- METATARSOS
sário para res taurar a fun ção; em outros, a dor pode ser o sintoma
predom inante, o que pode exigir a fusão de uma articulação. Ilizarov Se a consolidação viciosa do colo ou do eixo de um metatarso for
foi o pioneiro no trabalho sobre a regeneração de membros interca- incapacitante, os fragmentos quase sempre são angulad os na
lares com o uso de técnicas de fixação externa circulares e várias di reção da sup erfí cie plantar, pro duzindo uma massa óssea; se a
construções ar ticul adas. Esses desenvolvimentos torn am possível a fratura foi severamente cominutiva, a massa pode simular um tumor.
CAPÍTULO 58 FRATURAS VIC IOSAMENTE CONSOLIDADAS f.Ji)F@
A cirurgia não deve ter corno objetivo restaurar a aposição perfeita
e o alinhamento, mas ape nas a angulação correta para que a susten- CORREÇÃO DE MÁ UNIÃO DO TARSO
tação de peso não cause pressão dolorosa na planta.
TÉCNICA
CORREÇÃO DA ANGULAÇÃO DO •Faça uma incisão tanto latera l aos tendões extensores
METATARSO sobre o dorso do pé quanto media imente em li nha com
o terceiro metatarso; reflita o periósteo e exponha a
TÉCNICA antiga fratura.
•Se a lesão tiver apenas alguns meses, divida os ossos com
•Faça uma incisão no dorso do antepé, paralelo com o eixo osteótomo na fratura; se os fragmentos sobrepõem
dos ossos afetados; muitas vezes, uma incisão na pele dá excessivamente, remova uma pequena seção de cada um.
acesso a dois ossos. •Usando um desl izador de osso ou elevador periosteal,
•Exponha as velhas fraturas e divida-as com um pequeno alavanque os fragmentos para a posição.
osteótomo . Em alguns casos, uma cunha de osso deve •A redução é geralmente estável; se desejado, no entanto,
ser removida para permitir a elevação dos fragmentos, os grampos de ossos ou fios de Kirschner cruzados podem
mas a ressecção não deve ser grande o suficiente para ser utilizados para manter a posição .
resu ltar em não uni ão. •Se a má união estiver presente há vários meses ou anos,
•Levante os fragmentos em uma posição ligeiramente o tarso pode ser comp letamente fundido e a linha da
sobrecorrigida, pressionando por baixo e forçadamente fratura antiga pode ser invisível; nesses casos, osteoto-
flexionando os dedos. mize os ossos sem levar em consideração as articulações,
•Fixe os fragmentos com um pino intramedular, como ou para o possível local da fratura antiga . Se a deformi-
descrito para fraturas recentes (Cap. 88). dade for grave, a redução é impossível sem a ressecção
ampla dos ossos.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é apl icado a •Se a má união causar tenossinovite dos tendões extenso-
partir do tubérculo tibial para os dedos dos pés; a parte res e contratura dorsal dos dedos dos pés, as deformida-
inferior do gesso deve ser bem moldada para manter a des podem ser corrigidas posteriormente por uma
posição sobrecorrig ida. Em 3 semanas, qualquer pino operação para dedos em garra (Cap. 86) .
intramedular ou pinos e o gesso são removidos, e uma
bota de gesso é aplicada; uma almofada de feltro é inse- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o pé em um ângulo
rida debaixo das fraturas para segurar os dedos dos pés reto com a perna, um molde de gesso é aplicado a partir
em flexão plantar. Em 6 semanas, o gesso é substituído dos dedos dos pés até um pouco abaixo do joelho. Após 1
por um sapato resistente, equipado com um arco de semana, radiografias são feitas através do gesso para con-
apoio e almofada de metatarso. firmar a posição. Em 2 semanas, o gesso e as suturas são
removidas, o pé é inspecionado e, se necessário, qualquer
deformação residual é corrigida com o paciente sob anes-
TARSOS tesia geral. Um gesso de perna curta é aplicado e é usado
por 1 mês. Impressões para suporte de arco são feitas, e
As consolidações viciosas dos tarsos, exceto o tálus e calcâneo, podem uma bota de gesso é aplicada; o molde é bem moldado por
ser discutidas em conjunto. Pelo fato de a maioria das fraturas nesta baixo dos pescoços do metatarso e do arco longitudinal, e
região ser causada por trauma violento, vários ossos podem ser envol- é usado durante 4 semanas. O gesso é removido e o
vidos, e talvez gravemente rnultifragmentados, e urna ou mais articula- paciente é instruído em exercícios de pé e dedo do pé; os
ções do tarso podem ser luxadas. O fragmento distal ou fragmentos, suportes de arco são usados de 4 a 6 meses.
em geral, são deslocados em direção dorsal e, às vezes, os ossos se
sobrepõem ligeiramente; nesses casos, o fragmento dista] produz urna
proeminência no dorso do pé e o fragmento proximal abaixo forma TÁLUS
urna massa na planta. Ocasionalmente, os movimentos laterais do pé,
podem ser preservados em certa medida por osteotomia através da A consolidação viciosa de urna fratura do tálus é sempre gravemente
antiga fratura e redução dos fragmentos. Mesmo quando a ressecção incapacitante. O colo, corpo ou ambos podem estar envolvidos na
das superfícies articulares é desnecessária, no entanto, os movimentos consolidação viciosa, e podem produzir uma irregularidade da arti-
laterais normalmente são perdidos. A ressecção total ou parcial e artro- culação do tornozelo ou articulação subtalar ou talonavicular.
dese de uma ou mais das articulações do tarso frequentemente são
necessárias, não apenas para corrigir a posição dos ossos, mas também • CONSOLIDAÇÃO VICIOSA DO COLO DO TÁLUS
para aliviar a dor e evitar artrite traumática. Em decorrência que os Fraturas viciosamente consolidadas do colo do tá lus são análogas às
movimentos laterais muitas vezes já estarem parcial ou completamente fraturas intracapsulares do colo do fêmur, em que elas muitas vezes
perdidos, a artrodese, que elimina totalmente o movimento lateral, não prejudicam a circulação e podem causar degeneração ou até mesmo
acrescenta muito à deficiência, especialmente entre os jovens. Quando osteonecrose da cabeça ou corpo do tálus, e consequente irregulari-
a articulação subtalar não está envolvida, seu movimento deve ser pre- dade de uma ou mais superfícies articulares. A união pode ocorrer
servado por meio da fusão somente das articulações mecliotársicas. com o fragmento distal em rotação ou em desvio lateral ou medial,
A menos que a deformidade e a dor sejam graves, as operações produzindo urna deformidade varo ou valgo; em geral, a deformi-
para a correção da consolidação viciosa nessa região não são aconse- dade é em va lgo, com a cabeça do tálus desviada medial e dorsal-
lháveis até que o suporte de peso tenha sido tentado por 6 a 12 meses. mente. O tratamento da consolidação viciosa em varo do colo do
wpa1 PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

tálus tem sido limitado à artrodese tríplice, com resultados impre- in ferior da fíb ula e disfunção dos tendões fibulares . A diminuição
visíveis. O encurtamento da coluna latera l ou alongamento da da altura do calcâneo resulta em um tálus mais orientado horizon-
coluna medial, para corrigir a rotação do an tepé, também é sugerido. talmente, o que provoca impacto an terior tibiotalar, diminuição da
É possível fazer a osteotomia do colo do tálus no ápice da deformi- dorsiflexão e força de impulso diminuída. Prejuízo da articulação
dade, com um enxerto ósseo autógeno tricortical da crista ilíaca calcâneo-cuboídea pode ocorrer a partir da saliência da parede ante-
impactada em forma de romboide, dentro da osteotomia, para rolateral do calcâneo. A defo rmidade em varo leva ao estresse exces-
manter a correção; no entanto, é necessário cuidado para conservar sivo na região lateral do pé, enquanto a incongruência subtalar
o fornecimento de sangue extraósseo ao tálus para impedir a oste- provoca artrose pós-traumática.
onecrose. Quando o corpo do talo é avascu lar, o tratamento é tal Pelo fato de a dor após fra turas do calcâneo poder melhorar
como descrito no Capítulo 84. A artrodese tríplice, com ressecção em 1 a 2 anos após a lesão, o tratamento cirúrgico costuma ser
de cunhas adequadas de osso, pode ser necessária para corrigir a adiado, desde qu e o paciente esteja progredindo na reabilitação. Se,
inversão do calcanhar e antepé varo (Cap. 84). no entanto, a função de um paciente não progredir durante este
Uma fratura consolidada viciosamente da base do colo ou da tempo a intervenção cirúrgica é necessária. A avaliação pré-opera-
parte anterior do co rpo, com o deslocamento dorsal do fragmento tória deve incluir a análise da localização da dor. A dor lateral geral-
distal, pode bloquear anteriormente e dolorosamente a articulação mente é causada por impac to da parede lateral ou tendinite peroneal;
do tornozelo. A excisão da parte saliente do osso pode restaurar o enquanto a dor mais circunferencial é provavelmente causada pela
movimento do tornozelo, emb ora a artrite traumática possa se ar trose subtalar. A dor anterior do tornozelo pode ser causada por
desenvolver. Se os sintomas de artrite traumática forem incapacitan - impacto, já a dor na regi ão posterior do tornozelo, por um espi nh o
tes, a artrodese de tornozelo é indicada. de osso calcâneo posterior atrás da face ta. Uma inj eção de lidocaína
de J % na articulação subtalar pode ser útil para diferenciar a origem
• CONSOLIDAÇÃO VICIOSA DO CORPO DO TÁLUS da dor. O tratamento cirúrgico pode consistir em osteotomia, artro-
As fraturas do corpo do tálus, embora raras, muitas vezes unem-se dese ou ressecção de uma proeminência do calcâneo lateralmente,
em má posição. A deficiência é extrema quando a fratura envolve a para liberar os tendões peroneais ou uma combinação dessas técni-
articu lação subtalar ou do tornozelo ou ambos. Artrodese ou talec- cas. Uma osteotomia de cunha aberta com base lateralmente para
tomia é o tratamento preferido. Se uma superfície ar ticul ar do tálus fraturas extra-articulares viciosamente consolidadas tem sido rela-
for grosseiramente distorcida e o osso es tiver viáve l e não estiver tada com bons resultados para pacientes com um calcanhar valgo
infectado, a artrodese é o procedimento indicado. Quando as sup er- sintomático, an tes do início da artrite subtalar. Se a artrodese fo r
fícies articulares superiores e inferiores do tálus são irregulares, a considerada, fazer com qu e o paciente use um imobilizador ou um a
artrodese posterior do tornozelo (Cap. 11 ), incluindo a articulação bota imobilizadora com salto em acrílico para marcha, por 8
subtalar, é preferível. Quando o corpo estiver inviável, a artrodese semanas, com movimento limitado, pode ser útil em predizer o
calcaneotibial (Cap. 84) é indicada, pois o movimento nas articula- sucesso do procedimento.
ções mediotársicas pode ser preservado. Apesar de o tabagismo não ser um a contraindicação absol uta
A artrite traumática pode ser limitada à articulação do tornozelo para tratamento cirúrgico, ele aumenta a incidência de pseudartrose
ou articulação subtalar. Nesses casos, a artrodese do tornozelo (Cap. após artrodese subtalar e a probabilidade de complicações da fe rida.
11) ou fusão subtalar pode ser indicada. Bons resultados seguem a Os fumantes devem ser encorajados a parar no pré-operatório e
fusão subtalar sem artrodese das articu lações mediotársicas. aconselhados sobre as possíveis complicações.
Ocasionalmente, uma fratura cominutiva consolidada viciosa- A avaliação radi ográfica inclui ra diografias laterais padrão
mente do corpo ou do colo do tálus pode ser tratada por artrodese e latera is com suporte de peso e visuali zações do calcâneo. Uma
pantalar. Artrodeses pantalar e calcaneotibial são operações difíceis in cidência de Broden pode fo rn ecer informações so bre a ar ti cu-
e extensas. lação subtal ar; no entanto, um a tomografia com putadorizada
Para fraturas expostas complicadas por infecção e fístulas mostra com mais precisão o alinhamento e a congruência subta-
secretantes e sequestro do tálus, a talectomia foi recomendada no lar. Tomografias computadorizadas são obtid as no plano trans-
passado. A técnica de excisão do tálus é semelhante ao descrito para ve rso e coronal.
a tuberculose deste osso (Cap. 23). Para preservar o comprimento Stephens e Sanders usaram TC para identificar três tipos de
do membro, utili zamos técnicas de fixação circular de Ilizarov e consolidações viciosas do calcâneo (Fig. 58-2) e desenvolver diretri-
transporte do segmento ósseo após corticotomias da região distal da zes de tratamento (Tabela 58-1). Usando essas diretrizes em 26 con-
tíb ia, para facilitar a ar tro dese calcaneotibial, especialmente após a solidações viciosas, eles obtiveram 18 excelentes, 5 bons e 3 resultados
perda do corpo do tálus de fraturas expostas ou sepse. Esta técnica regul ares. Apesar dos resultados deteriorarem na medida que a com-
requer um paciente compatível, desbridamento radical do osso plexidade das consolidações viciosas aumentaram, a melhora clínica
infectado e terapia antibiótica adequada. significativa foi obtida até mesmo nas deformidades mais graves. Em
um estudo de acompanhamento, Clare et al. reportaram que a abor-
dagem lateral extensível possibilitou a descompressão adequ ada dos
CALCÂNEO tendões fibulares, a artrod ese do bloco ósseo, a osteotomia do cal-
câneo, tudo através da mesma incisão, o que não é possível com
A dor e a incapacidade muitas vezes persistem após fraturas do outras abordagens propostas (Gallie, Ollier) . Em 93% das artrodeses
calcâneo, mesmo que a lesão original tenha sido tratada com habi- consolidadas, todos os pés fora m plantígrados, e 93% estavam em
lidade; isto é especialmente provável caso a ocupação do paciente alinhamento neutro ou valgo. Vinte e quatro por cento tinham
requeira andar em terreno acidentado. As deformidades associadas at raso na cicatrização, mas apenas um a infecção profunda ocorreu
a tratamento não cirúrgico de fratu ras do calcâneo incluem alarga- e nenhuma enxertia foi necessária. Uma tendência não significativa
mento calcanhar, incongruência subtalar, perda de altura do calcâ- de aum ento de problemas de feridas e pseudartrose foi observada
neo (diminuição do ângulo de Bõhler) e alinhamento em varo. O em fumantes, e a dor residual leve es tava presente em 64% dos
alargam ento do calcanhar pode levar a um impacto da porção pacientes, geralmente laterais. Não houve falhas de implantes, o que
CAPÍTULO 58 FRATURAS VICIOSAMENTE CONSOLIDADAS

O@ii;bJE!m Três tipos de consolidações viciosas do calcâneo:


1, exostose grande da parede lateral, sem artrite subtalar; li, exos-
tose grande da parede lateral, artrite subtalar significativa; e Ili,
exostose lateral, artrite subtalar significativa, mau alinhamento
do corpo do calcâneo de mais de 10º de varo do retropé.

iTABELA 58 _1 O@i!;f4E19 Artrodese de realinhamento de distração subta-


.Wíilílíi Consohdaçoes V1c1osas do
Calcâneo
de
lar para consolidações viciosas do calcâneo. A, Distração Subtalar
com pinça em lâmina para abertura . B, Artrodese com distração
subtalar com enxerto ósseo de cunha anterior e parafuso
Tipo 1 Exostectomia lateral através de
interfragmentário.
incisão lateral extensível em
formato de L
Tipo li Exostectomia lateral com artrodese
a abordagem posterolateral tipo Gallie, incluindo menos dissecção
subtalar utilizando exostose
dos tecidos moles, boa visão da articulação subtalar, acesso mais
ressecada como enxerto
fácil para a cápsula medial subtalar e sustentáculo do tálus, e dimi-
Tipo Ili Exostectomia lateral com artrodese
nuição do risco de dano ao nervo sural.
subtalar, além de osteotomia do
Várias técnicas de fusão de blocos ósseos para restaurar a
calcâneo
altura do calcanhar e melhorar a inclinação talar foram descritas
Adaptado de Stephens HM, Sanders R: Calcaneal malunions: results of com taxas de união de 80 a 100% sem consolidações viciosas em
prognostic computed tomography classification system, Foot Ankle /nt varo. No entanto, um estudo relatou bons resultados em apenas 7 de
17:395, 1996. 14 pacientes, e outro estudo relatou consolidações viciosas em varo
da artrodese em 4 dos 15 pacientes. Trnka et ai. relataram 29 com-
plicações após a artrodese subtalar do bloco ósseo. Quatro das cinco
os autores atribuíram ao uso de grandes parafusos (7,3 ou 8,0 mm) pseudartroses em suas séries foram em pacientes nos quais foram
de titânio, colocados com uma técnica interfragmentária. utilizados aloenxertos, e eles advertiram contra o uso do aloenxerto.
Flemister et ai. descobriram que os resultados foram seme- A fusão do bloco ósseo, em vez de fusão in situ, é recomendada para
lhantes, independentemente do procedimento de reconstrução - pacientes com perda da altura do calcanhar; no entanto, resultados
osteotomia de cunha de fechamento do calcâneo lateral, artrodese satisfatórios são relatados, mesmo com a perda da altura do calca-
do bloco ósseo, fusão in situ -, mas as consolidações viciosas ou nhar, usando a artrodese subtalar sem enxerto ósseo de interposição.
pseudartroses foram mais frequentes após os procedimentos de A artrodese de distração deve ser considerada apenas para pacientes
bloco ósseo (15%) do que após fusões in situ (5%). Eles recomenda- com menos de 10 graus de flexão dorsal do tornozelo e dor incapa-
ram fusão in situ, a menos que o impacto do tornozelo anterior citante. Para uma grave fratura de esmagamento do calcâneo, a
requeira uma fusão mais complicada de bloco ósseo. artrodese tríplice recente ou consolidada viciosamente foi recomen-
Se apenas a articulação subtalar estiver envolvida, osso sufi- dada, pois, além de desarranjo da articulação subtalar, há também
ciente é ressecado para corrigir o alinhamento do suporte de peso uma subluxação do calcâneo e articulações talonaviculares causadas
e a articulação é artrodesada. Se as articulações mediotársicas pela depressão do tálus. Com a fusão subtalar apenas, a cabeça e o
também estiverem envolvidas, a artrodese tríplice (subtalar, talo- colo do tálus são deixados projetando para a frente sem apoio, e
navicular e calcâneo) é aconselhável. Romash descreveu uma oste- formam uma alavanca constante no suporte de peso que interfere
otomia reconstrutiva do calcâneo com artrodese subtalar para na fusão. De acordo com Conn, a artrodese tríplice é preferível à
fraturas do calcâneo consolidadas viciosamente com resultados fusão subtalar, pois as articulações talonaviculares, calcâneas e sub-
satisfatórios. Segundo ele, a osteotomia reconstrutiva, que recria a talares têm uma ação recíproca, e a artrodese tríplice não adiciona
fratura primária, possibilita o reposicionamento da tuberosidade à deficiência, uma vez que pouco movimento mediotársico perma-
para estreitar o calcanhar, alivia o choque e retorna a altura do cal- nece após a lesão original. Outros, no entanto, acreditam que a
canhar; a artrodese subtalar alivia os sintomas de artrite pós-trau- artrodese tríplice não tem nenhuma vantagem na maioria dos
mática. Resultados bons ou excelentes também foram relatados com pacientes com consolidações viciosas do calcâneo. Acreditamos que,
artrodese de realinhamento de distração subtalar, usando descom- a menos que as articulações mediotársicas estejam envolvidas, a
pressão lateral, capsulotomia subtalar medial e distração e realinha- artrodese deve ser limitada à articulação subtalar; movimentos nas
mento da articulação subtalar com um enxerto ósseo de cunha articulações mediotársicas podem aumentar com a atividade e
afiado (Fig. 58-3). A abordagem lateral tem várias vantagens sobre devem ser preservados.
@%11$ PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

--incisão
/ colocada Através do
lateralmente seio transverso
ao tendão (
calcâneo

Enxerto ósseo
retirado
da superfície
íl
anteromedial - - em dois
da tíbia

D F G

H@ii;f4'1l19 Fusão subtalar de Gallie para fratura consolidada viciosamente do calcâneo. A, Linha de incisão na pele. B e C, Encaixe
removido a partir da articulação subtalar, que se estende a partir da superfície posterior para o seio transverso. D-G, Enxertos na tíbia
inseridos para preencher encaixe.

•Localize a articulação subtalar por movimentos lateral e


ARTRODESE SUBTALAR POSTERIOR medial do calcâneo.
Gallie aconselhou a artrodese da articulação subtalar a • Sonde a articulação subtalar para determinar a sua direção
partir do aspecto posterior, pois o processo é mais geral, corte um encaixe no calcâneo e t álus, aproximada-
simples do que o normalmente empregue (Fig. 58-4); mente 1,3 cm de largura, 0,6 cm de profundidade, e com
no entanto, isso não possibilita correção de posição de distância distal até o seio do tarso.
varo ou valgo do calcâneo ou de qualquer outra defor- • Flexione o joelho e remova um enxerto de 6,2 cm de com-
midade do pé. De acordo com Gallie, uma posição valga primento x 1,3 cm de largura, a partir da superfície ante-
leve do calcanhar geralmente pode ser desconsiderada. romedial da tíbia proximal. Divida o enxerto em duas partes
Sua operação não é adequada se a deformidade primá- e faça o chanframento de uma extremidade de cada.
ria for de um dos varos, pois o excesso de peso seria •Embale o osso esponjoso na profundidade do encaixe.
suportado na cabeça do quinto metatarso e causaria um Com suas superfícies corticais apostas, conduza os dois
calo doloroso. enxertos no encaixe. Se os enxertos forem do tamanho
adequado, as suas superfícies esponjosas pressionam fir-
TÉCNICA memente contra as paredes laterais do encaixe. Tiras de
tecido ósseo esponjoso do ílio provavelmente são prefe-
(GALLIE) ríveis aos enxertos utilizados por Gallie tibial; eles são
embalados hermeticamente no interior da cavidade.
•Com o paciente deitado, faça uma incisão longitudinal •Feche somente as camadas subcutâneas e pele sobre um
ao longo da borda lateral do tendão de Aquiles por 6 a dreno de sucção.
8 cm e faça a incisão transversal da cápsula posterior do •Aplique um curativo volumoso seguido por um gesso de
tornozelo e da articulação subtalar. perna curta.
CAPÍTULO 58 FRATURAS VIC IOSAM ENTE CONSOLIDADAS GDll

- - - - A e B, Artrodese de distração. (De Robinson JF, Murphy GA: Arthrodesis as salvage for calcaneal malunions, Foot Ankle Clin
7 107, 2002.) VEJA A TÉCNICA 58-4.

deform idade grave. Duas partes sepa radas podem ser


ARTRODESE DE DISTRAÇÃO necessárias para preencher a abertura completamente e
ajudar a evitar o colapso f inal em varo ou va lgo.
TÉCNICA
•Após inserir o enxerto, libere as forças de distração .
(CARR ET AL.) •Insira dois parafu sos esponjosos AO totalmente rosquea-
dos de 6,5 mm através de incisões no ca lcanhar, para
• Coloque o paciente em decúbito lateral com o lado afetado corrigir o calcâneo e o tálus firmemente. Dois parafusos
para cima. Prepare e disponibilize a crista ilíaca posterior. proporcionam a fixação rígida e ajudam a evita r movi-
•Sob o uso do torniquete, faça uma abordagem longitu- mentos rotatórios em torno do eixo de movimento sub-
dinal posterolateral tipo Ga llie, para a articulação subta- talar. Parafusos totalmente rosqueados são usados para
lar. Não deve haver extensão horizontal dessa incisão para ajudar a evitar o colapso posteriormente (Fig. 58-5).
evitar tensão indevida sobre a ferida. •Obtenha radiografias finais para confirmar a posição
•Exponha a parede calcânea lateral subperiostea lmente e antes do fechamento da ferida.
excise-a até uma largura ma is próxima do normal (des-
compressão da parede lateral). Esta etapa deve garantir CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O dreno é removido em
a descompressão peronea l e fibu lar. 24 horas. O pé é elevado por 72 horas e o gesso não é
•Identifique a articulação subtalar e aplique um distratar bivalvado se o estado neurovascu lar for satisfatório. Andar
femoral apoiado em um fio de Schanz fixado na região com muleta sem suporte de peso é permitido. Em 2
medial da tíbia e outro na região medial do ca lcâneio. A semanas, o gesso e as suturas são removidos e um gesso
apl icação medial ajuda a corrigir o varo do retropé. curto bem-moldado é aplicado e usado por 4 semanas.
•Aplique distração e desnude a articu lação subtalar poste- Exercícios ativos dos dedos do pé são incentivados durante
rior ao osso subcondra l. Use um distratar para auxil iar na este tempo. Du rante as primeiras 6 semanas, se a adesão
exposição da articu lação subta lar. do paciente a respeito de suporte de peso for questionável,
•Corrija qualquer varo ou valgo do ca lcanhar por mani- aplica-se um gesso de perna inteira, com o joelho fl etido.
pulação. Em 6 semanas, um gesso suropodálico é aplicado e o
• Obtenha radiografias intraoperatórias para garantir a cor- suporte de peso que tolerar é permitido. Radiografias da
reção do ângulo taloca lcâneo lateral (em gera l, de 25 artrodese são obtidas em 6 e 12 semanas. Em gera l, um
graus a 45 graus). A visão do suporte de peso do pé sapato com laços de couro com uma haste rígida pode ser
oposto, obtida no pré-operatório, é útil na confirmação usado após 12 semanas, em conjunto com um imobiliza-
de um ângulo talocalcâneo normal. dor de tornozelo com laços de couro para controlar o
• Meça a abertu ra da articulação subtalar e colete um enxerto edema para outras 4 a 6 semanas. O paciente deve ser
da crista ilíaca posterior tricortical de tamanho adequado. informado no pré-operatório que o inchaço ao redor do
Um bloco de 2,5 cm de altu ra pode ser necessário para uma retropé pode persistir por 6 a 9 meses após a ciru rgia.
Em) PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕES EM ADULTOS

• Descarte o osso ressecado. O lado lateral do calcâneo


deve agora consistir em uma parede vertical, tendo sido
removido todo o osso excessivo lateral para a articulação
subta lar e inferior ao maléolo lateral.
•Os aspectos latera is das arti culações subtalares e ca lcane-
ocuboide estão agora expostos; se necessário, artrodese
essas articulações.
•Recoloque os tend ões f ibulares e bainhas inferiores ao
ma léolo lateral, e suture o retináculo fibular à fáscia plantar.
•Feche a ferida.
•Com o joelho flexionado a 30 graus, ap lique um gesso
de perna inteira

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 1Oa 14 dias, o gesso


e as suturas são removidos. Se a operação inclu ir uma
artrod ese, um gesso de meia perna é ap licado, e os cu i-
dados no pós-operatório são os mesmo que os da artro-
h!ijlhf4''1m Tenogram a fibular em fratura aguda do calcâ- dese tríp lice (Cap. 84).
neo. Bainhas fibl ares falham no preenchimento do meio de con-
traste do fragmento deslocado lateralmente oposto do calcâneo .
(Cortesia de Daiji Kashiwagi, MD.)

CORREÇÃO DA CO!'JSOLIDAÇÃO,
RESSECCÃO DA PROEMINÊNCIA VICIOSA DO CALCANEO ATRAVES DA
LATERA( DO CALCANEO ABORDAGEM LATERAL EXTENSÍVEL
De acordo com Kash iwagi, a dor nas fraturas viciosamente TÉCNICA
consolidadas do ca lcâneo, por vezes, é ca usada por mudan-
ças em torno dos t endões peronea is. Os tendões podem (CLARE ET AL.)
ser enterrados em calos, capturado por fragmentos ósseos,
afetados por aderências ou deslocados superiormente por • Coloque o paciente na posição de decúbito lateral sobre
uma proeminência óssea. Kashiwag i recomendou tomo- um coxin de suporte, com a perna normal para baixo e
grafia peroneal para mostrar as mudanças em torno dos na frente da extremidade lesionada.
tendões e suas bainhas (Fig. 58-6) . Se a dor for causada • Coloque um torniquete na coxa. Prepare e campeie a
por tais mudanças, ele aconselhou liberar os tendões e perna e faça a exsanguinação da extremidade com a
bainhas, ressecar a proeminência óssea lateralmente e, se utilização de uma faixa de Esmarch. Infle o torniquete a
necessário, a artrodese subtalar. 350 mm Hg.
•Faça uma incisão lateral extensível sobre o calcâneo e
TÉCNICA levante um retalh o subperiostea l de espessura total. O
membro vertical da incisão deve ser apenas anteri or ao
(KASHIWAGI, MODIFICADA) t endão de Aquil es e posterior ao nervo sura l, possibi li-
tando que o nervo seja elevado com o reta lho de espes-
•Faça uma incisâo de Kocher, mas estenda a sua metade sura total posteriormente . Evite a violação do nervo na
distal um dedo de largura superior à planta e termine-a porção terminal do membro horizontal da incisão .
na base do quinto metatarso. •Coloque três f ios de Kirschne r de 1,6 mm, um na região
• Identifique os tendões fibulares longo e curto e, sem abrir distal da fíbu la, um no colo do tá lus e o terceiro no
suas bainhas, aprofunde as incisões para a superfície lateral cuboide, para a retração dos tendões fibulares e o retalho
do ca lcâneo 0,6 cm inferiores ao tendão do fibular longo. subperiostea l.
Estenda a dissecção superiormente, próxima ao osso e pro- •Cuid adosamente, libere a parede lateral do ca lcâneo de
fundo aos tendões, separando o retinácu lo fibu lar do osso . todo o tecido mole adjacente, chegando distalmente até
• Retraia os tendões superiormente, sobre a ponta do a articu lação calcaneocuboidea. Em todos os três tipos de
ma léo lo lateral. Libere a origem do extensor curto dos consolidação viciosa do ca lcâneo, a exostose da parede
dedos a partir do ca lcâneo, e recolha-o superiormente lateral deve ser ressecada.
também. A superfície lateral do ca lcâneo é exposta, • Coloque um retrator de Hohmann no aspecto plantar
incluindo o aspecto lateral das articulações subtalares e do calcâneo e um sobre o processo anterior do calcâ-
calcaneocuboide. neo ; execute uma exostectomia usando uma serra de
• Com um osteótomo grande, faça uma osteotomia sag ital osteotomia AO de lâmina fina (Sy nthes EU A, Pao li , PA)
através do ca lcâneo, estendendo-se desde a articu lação Começan do no posterior, angu le a lâm in a da serra
calcaneocuboide anteriormente à tuberosidade do osso ligeiramente medial em rela ção ao eixo longitudinal do
posteriorm ente, e a partir da articu lação subta lar supe- ca lcâneo , deixando o osso mais res idu al plantarmente
riormente à superfície plant ar infer iormente. e proporcionando a descompressão da área de imp acto
CAPÍTULO 58 FRATU RAS VICIOSAM ENTE CONSO LIDADAS

na reg ião subfibu lar (Fig. 58-7A*). Não vio le a articu la- ma ior estabilidade. Evite co locar um pino no aspecto
ção talofibular. lateral da articu lação do tornozelo.
•Continue a exostectomia no nível da articulação calcaneo- •Obtenha imagens fluoroscópicas em anteroposterior e
cuboide, pois a saliência residua l da parede latera l, mu itas ob líqua do tornozelo, e obten ha uma radiog rafi a axia l do
vezes, resulta em um bloqueio ósseo para o movimento ca lcâneo, pa ra verifica r o posicionamento correto do pino
dessa articulação. Remova a saliência e o quarto latera l do e al inhamento do retropé.
aspecto dista l do ca lcâneo, pois a articu lação desta porção •Se for necessária f ixação mais estável, coloque um ter-
latera l com o cuboide é quase sempre artrítica. ceiro pino de gu ia a partir da margem plantar do processo
•Complete a exostectom ia dista lmente com osteótomo, anterior do ca lcâneo, dentro do aspecto dista l do colo e
para evitar danos de serra de lâm ina ao cuboide, e da cabeça do tá lus, para a f ixação ma is estável. Evite
remova o fragmento em bloco (Fig. 58-7B*). O frag- violar a articulação ta lonavicu lar.
mento de parede lateral extirpado deve ser mantido •Coloque parafusos interfragmentários de grandes frag -
como um único fragmento, se possível, para poste ri or mentos parcialmente rosqueados (7,3 ou 8 mm) no modo
util ização como um bloco ósseo de enxe rto autó logo em interfragmentá rio pa ra f ixação defin it iva.
má união dos tipos li e Ili. • Em pacientes com uma consolidação viciosa do t ipo Ili, a
• Nas consolidações viciosas do ca lcâneo dos tipos li e Ili, a correção do mau ali nhament o axial também é necessária .
atenção é dirigida para a articu lação subtalar. Se for artrítica, Como a rotação do médio-pé no plano corona l em torno
rea lize uma artrodese subtalar. Coloque um distrator dentro de um eixo anteroposterior (pronação-sup in ação) não
da articulação e desbride a superfície articular remanescente corrige uma tuberosidade do ca lcâ neo ma l- posicionada
usando um elevador periosteal afiado ou osteótomo. cicatrizada em varo ou va lgo, a osteotom ia do ca lcâ neo
• Prepare as superfícies ósseas inferior do tálus e superior do é real izada antes da co locação da f ixação pa ra artrodese
ca lcâneo com uma broca de 2,5 mm, criando várias per- subta lar. Para mau alinhamento em varo, rea lize uma
furações no osso subcond ral para o crescimento vascu lar. osteotomia de cunha de fechamento latera l de Dwyer,
•Com o distrator tota lmente expandido dentro da articu- posterior à faceta posterior (Fig. 58-7 0 *). Use uma oste-
lação subta lar posterior, verifique por fl uoroscopia qual otomia do calcâneo de deslocamento med ial com rotação
altu ra precisa ser obtida. A cabeça do tálus deve ser al i- para pacientes com mau al inhamento em valgo.
nhada anatomicamente com o navicu lar, indicando a res- •Quando for concluída a osteotom ia, in sira os pin os-g uia,
tauração da coluna med ial, o ângu lo normal da declinação da maneira descrita anteriormente. Deste modo, a oste-
do tá lus e o ângu lo ta loca lcâneo. otomia e a fusão podem ser comp ri midas simulta nea-
•Quando o ali nhame nto est iver confirmado radiografica- mente. Se o osso fo r remov ido du rante a osteotom ia de
mente, meça as dimensões do defeito com uma régua, cunha de fechamento, isso também pode ser usado como
permitindo que o bloco de autoenxerto de osso seja materia l para enxerto.
contornado pa ra coincidir com o def eito. Se a articu lação • Remova os f ios de Kirschner e exam ine se os tendões não
estiver excessivamente apertada med iaimente, coloque estão luxados. Em mu itos tornozelos com óbvia subluxação
distratores no seio do tarso e da faceta posterior da arti- do tendão pré-operatório, a remoção da exostose possibilita
culação subtalar. Um distrator femora l não é util izado que os tendões caiam para trás da f íbu la e nenh um t rata-
med iaimente, pois é pesado e não tão efetivo quanto à mento adicional é necessário. A bainha do tendão f ibular
distração intra-articu lar di reta. Evite a incisão do liga- deve ser inserida distalmente, com um elevador de Freer, no
mento deltoide a pa rti r do interior da articu lação subta lar, enta nto, para avaliar a estenose proximal da bainha.
pois isso torna a articulação instável e pode resu ltar em •Se a estenose for encontrada, incise a ba inha sobre um
distração excessiva do enxerto. comprimento de 2 a 3 cm ao longo da superfície inferior
•Co loque o fragmento de parede latera l anteriormente do reta lho subperiostea l, de modo que uma tenó lise possa
exti rpado dentro da articu lação como um bloco ósseo de ser rea lizada.
autoen xerto (Fig. 58-7C*). Este osso pode ser dobrado •Se uma luxação do tendão f ibular for identificada, recons-
sob re si mesmo para que seja obtida ma is altura, se trua o retinácu lo f ibul ar superior através de uma peq uena
necessário, mas deve preencher a articu lação subtalar, incisão separada no retalho.
pois a altura do calcâneo latera l (e o enxerto) é gera l- •Coloque um dreno profundo sa indo na ponta proxima l
mente igual à largu ra da faceta posterior. Frag mentos de do membro verti ca l da incisão, e fec he o reta lho subpe-
aloenxerto esponjosos ad icionais podem ser colocados no riostealmente em camadas.
seio do tarso desbridado para auxil iar a fusão. •Suture as camadas profundas do reta lho subperiostea l
•Se uma artrodese subta lar for necessária isoladamente com pontos simp les de Vicryl O, tracionando de modo
(consolidação viciosa t ipo 11), use a fixação neste momento. que o reta lho seja avançado para o ápice da incisão.
Com a articulação subta lar posicionada em alin hamento • Grampeie as sutu ras até que todas as suturas profundas
neutro a li geiramente va lgo, coloque dois pinos gu ias sejam colocadas . Quando co ncluída, aperte as suturas
rosqueados na ponta 3,2 mm, percutaneamente a part ir manualmente, em sequência, a partir das extremidades pro-
da borda posterior plantar do ca lcâneo, e avance pela ximais e distais e trabal hando em direção ao ápice da incisão.
arti cu lação subtalar perpendicu lar ao plano da faceta pos- • Feche a camada subcuticu lar de modo semelhante com
terior e para dentro da cúpula do tálus. Angule o pino pontos simples de Vicryl 2-0. Feche a pele com sutura de
guia de forma divergente, dentro da cúpula do tálus para náilon 3-0, começando nas extremidades e progredindo para )

*Di sponível, em inglês, em www.expertconsult.com. *Disponível, em inglês, em www.expertcon sult.com.


@.pf11J PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM AD ULTOS

o ápice. Se a restauração da altura impedir o fechamento da •Com uma abordagem posterior, coloque um pa rafu so
)
ferida, a porção vertica l da incisão pode ser este ndido interfrag mentar através do eixo longo do calcâneo.
proxima lmente para possib il itar que o reta lho seja deslo-
cado e girado para ba ixo, com a ferida proximal sendo CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o
deixada aberta para granular. paciente é mantido sem suporte de peso em um gesso
durante 6 semanas, e, em segu ida, coloca do em um
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Pacientes com consoli- gesso para marcha por um adicional de mais seis semanas.
dações viciosas do tipo 1 são mantidos sem suporte de Depo is disso, o paciente pode usar sapatos norm ais .
peso até que a incisão tenha cicatri zado, e fi siote rap ia
(com as primeiras atividades de amp litude de movimento
e treino de marcha com suporte de peso total) é in iciada
depois, geralmente por três semanas. Pacie ntes com con- TORNOZELO
soli dações viciosas dos tipos li e Ili são mantidos sem
suporte de peso, com a perna engessada por 12 semanas Ocasionalmente, a consolidação viciosa ocorre até mesmo após uma
(com tro ca de gesso a cada quatro a seis semanas). Isto redução acurada de fraturas fechadas de tornozelo ou, mais com u-
é seguido pela progressão de suporte do peso e o início mente, após fraturas "estáveis" que as deslocam com alargamento da
da fisioterapia, após ser confirmada a evidência radiográ- mortalha por causa do rompimento sindesmótico. A consolidação
fica de união da massa de fusão subta lar. viciosa também pode se desenvolver se a fixação da fíbula estiver
inadequada e a fíbula puder encurtar e girar. A deficiência de um a
fratura no tornozelo consolidada viciosamente pode ser tão extrema
que o alívio somente pode ser obtido por cirurgia. Até mesmo uma
CORREÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO deformidade menor em varo ou valgo da articulação produz um
VICIOSA EM VALGO DE FRATURA DO alinhamento do suporte de peso anormal e artrite pós-traumática.
CALCÂNEO EXTRA-ARTICULAR Embora um estudo em cadáver ten ha sugerido qu e a magnitude das
tensões de contato normais seja um fator de importância na pato-
Para fraturas extra-articu lares viciosamente consolidadas, génese da artrite pós-traumática, outro estudo em cadáver concluiu
Aly descreveu uma osteotomia de cunha de abertura com que 2 mm ou mais de encurtamento ou deslocamento lateral e 5
base lateralmente para deformidade em valgo sintomática graus ou mais de rotação externa aumentam significativamente as
do ca lcân eo em 34 pacie ntes. Ele obteve bons ou exce len- pressões de contato nos quadrantes posterolateral e mediolateral da
tes resultados em 91 % e resu ltados insatisfatórios em 9% cúp ula do tá lus, observou-se também uma diminuição correspon-
em um acompanhamento médio de 56,2 meses. A média dente das pressões de contato nos quadrantes mediais da cúpula do
de pontuação AOFAS do retropé e tornozelo melhorou, tálus. Recomenda-se a redução anatômica das fraturas em rotação
passando de 57 no pré-operatório para 90 no pós-opera- latera l e pronação do maléolo lateral para diminuir o risco de artrite
tório. Nos pacientes com maus resultados, fraturas bilate- pós-traumática .
rais e artrite subtalar contribuíram para suas anormal idades As osteotomias para correção de deformidades não complica-
da marcha e movimento restrito do retropé. das causadas por fraturas recentemente viciosamente consolidadas
do tornozelo, em geral, são satisfatórias, mas o deslocamento do
TÉCNICA tálus da mortalha do tornozelo por mais de 3 meses pode res ultar
em alterações patológicas na cartilagem articular, com um potencial
(ALY) de diminuição de resultado satisfatório com osteotomia. Alguns
auto res, no entanto, relataram melhora nos pacientes com cirurgia
•Aborde o calcâneo através de uma in cisão latera l ob líqua adequada após luxações com mais de 3 meses.
Proteja e retra ia os ramos superficiais do nervo f ibul ar. No entanto, todos concordam que quando a deformidade for
•Identifique o sustentácu lo do talo, sondando sobre o recente e tive r sido corrigida com um mínimo de trauma para as
dorso do ca lcâneo exposto. superfícies articulares, a boa função, em geral, pode ser obtida se o
•Raspe a borda lateral do calcâneo alargado. Faça a incisão alinhamento do suporte de peso normal da extremidade inferior e
do periósteo de acordo com a osteotom ia planejada, as relações normais entre as superfícies articulares da tíbia, fíbu la
começando lateralmente em torno de 2,5 cm proximal à e tálus forem restaurados (Fig. 58-8). A luxação e a inclinação resi-
arti culação ca lcaneocuboide no interva lo entre as facetas dual do tálus são associados a maus resultados, assim como a técni ca
média e posterior da articulação subta lar. cirúrgica ruim e a redução imprecisa.
•Faça uma osteotomia oblíqua lateral para medial. A linha As osteotomias são menos bem suced idas no tratamento das
de osteotom ia deve ser feita li geiramente oblíqua, a parti r consolidações viciosas das fraturas bimaleolaes, associadas à artrite
de proxima l lateral para distal-medial. A profund idade moderada a grave. Uma osteotomia pode restaurar o alinhamento
necessária da osteotom ia deve ser calculada a partir das do suporte de peso do tornozelo, mas a dor e o inchaço podem
rad iografias axiais pré-operatórias do calcâneo. persistir por causa da deterioração da artrite. Alguns autores reco-
•Abra a osteotomia com um grande osteótomo. Preserve mendam osteotomias de realinhamento como o tratamento inicial
o periósteo do calcâneo medial para evitar o desloca- de todas as consolidações viciosas do tornozelo sintomáticas, inde-
mento medial do fragmento posterior. pendentemente da idade do paciente, do tempo da lesão inicial, da
•Pegue um enxerto ósseo tricortical adequado da crista gravidade da consolidação viciosa ou da presença de alterações ar trí-
ilíaca posterior e coloque-o no loca l da osteotomia e ticas. No entanto, embora a artrite não seja uma contraindicação para
adicione os fragmentos de osso. a osteotomia, danos condrais foram encontrados como um indicativo
de um resul tado ruim. A artrodese do tornozelo ou artroplasti a de
CAPÍTULO 58 FRATURAS VICIOSAMENTE CONSOLIDADAS GDll

O@ii;t!im!IJI Tomografia computadorizada de consolidação


viciosa ocu lta. Tornozelo direito (à esquerda) está normal; torno-
ze lo esquerdo (à direita) mostra o alargamento da articulação
tibiofibular distal, ind icando encurtamento da f íbu la e rotação
externa do ma léolo latera l. (De Yablon IG, Leach RE: Reconstruction
of malunited fractures of the lateral malleolus, J Bane Joint Surg
71A:521, 1989.)

paralelo; (2) a extremidade distal da fíbula na sua posição normal,


que aponta exatamente ao nível do osso subcondral dista l da tíbia,
o que indica que o comprimento da fíb ula está correta e (3) um
contorno normal na parte lateral da superfície artic ular do tálus, em
continuidade corno uma curva contínua para o recesso da região
distal da fíbula onde os tendões fibu lares estão.
Até 78% de bons resultados foram relatados com osteotomia da
fíbula e alongamento para a consolidação viciosa do tornozelo. Os
critérios para a osteotomia incluem a confirmação radiográfica da
consolidação viciosa (Fig. 58-9), um espaço articular demonstrável
em uma visão anteroposterior e AP verdadeiro, e cartilagem articular
restante cobrindo o teto tibial e o tálus. As contraindicações incluem
anquilose, perda de estoque ósseo e artrite degenerativa grave.
As operações para corrigir as fraturas consolidadas viciosa-
mente do tornozelo são : ( 1) osteotomia da fíbu la fraturada ou
O@ii;Mml19 A e B, Consolidação viciosa de fratura no torno- maléolo medial ou ambos, com a restauração do comprimento da
zelo b imaleo lar fixada com parafusos interfragmentares em fíbu la e fixação interna da osteotomia, (2) osteotomia supramaleolar
paciente idoso. C e D, Fi xação de rev isão com placa de sustentação quando é necessário apenas o realinhamento da extremidade infe-
um terço de tubo e enxerto de hid roxiapat ita no maléo lo medial rior, e (3) artrodese do tornozelo com ou sem osteotomia suprama-
e fixação em banda de tensão do maléolo lateral. leolar. Embora possa ocorrer uma variedade de consolidações
viciosas, os processos descritos aqui podem ser modificados para
tratar a maior parte das consolidações viciosas.
tornozelo devem ser consideradas em pacientes com alterações artrí-
ticas graves e função gravemente prejudicada ou em pacientes que
permaneçam significativamente sintomáticos após a osteotomia. É OSTEOTOMIA PARA FRATURA
importante lembrar que a caminhada em terreno acidentado é difícil BIMALEOLAR
após a artrodese, especialmente se a articulação subtalar for secu nda-
riamente fibrosada ou anquilosada. Altos índices de complicações TÉCNICA
tanto quanto 30% foram relatadas após artrodese do tornozelo,
incluindo consolidações viciosas e pseudartroses. •Faça uma incisão lateral longitudinal sobre a fratura
Paley et ai. trataram consolidações viciosas após a artrodese do fibu lar antiga, curvando ligeiramente anteriormente na
tornozelo com reconstrução por Ilizarov. Eles concluíram que o sua extremidade distal.
aparelho de Ilizarov pode simultaneamente tratar a deformidade do •Com um osteótomo ou serra oscilante, faça uma osteo-
pé, a discrepância de comprimento e a infecção, alcançando uma tomia transversa l ou uma osteotomia obl íqua da fíbu la
união sólida e pé plantígrado. No entanto, 20 complicações maiores na área da fratura antiga.
que necessitaram de cirurgia ocorreram durante o tratamento e 7 •Faça a excisão da cicatriz do tecido entre a fíbula e a tíbia,
ocorreram após a remoção do aparelho, 4 das quais necessitaram de para permitir o posicionamento correto da fíbula no
cirurgia adicional. enta lh e. O comprimento e a rotação da fíbula podem ser
Há três requisitos para a restauração anatômica da articulação restaurados com a técnica descrita por Weber. )
do tornozelo: (1) um espaço articular perfeitamente equidistante e
W&fJ.; PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

HtêijiifiiEII!I Técn ica de alongamento fibu lar (ver texto) . A, Pl aca de cinco furos é presa à fíbu la com dois parafusos distais, e a
osteotomia é feita . B, A longament o é obtido com dispositivo de d istração . C, Enxerto corticoesponjoso da tíbia é co locado na osteo-
tom ia e compressão é ap licada; os parafusos restantes são inseridos pa ra anexa r a placa à fíbu la. VEJA A TÉCNICA 58-8.

•Fixe uma placa de compressão dinãmica de 3,5 mm de •Fixe o pequeno distratar AO, e distra ia a fíbula até que
)
cinco ou seis furos ao fragmento distal da fíbula com dois esteja anatomicamente alinhada.
parafusos (Fig. 58-1 OA). Antes da aplicação da placa, faça •Preencha o espaço com enxerto ósseo e aplique a com-
um pequeno recesso na reg ião distal da fíbula para que pressão com o distratar.
a placa não fique proeminente. Posicione a placa ligeira- •Aplique uma placa de um terço de tubo para estabi lizar
mente posterior ao fragmento distal, para possibilitar a a fíbula.
rotação interna do fragmento. Corrija a rotação do frag-
mento distal, rodando-o internamente em 1O graus.
• Fixe o dispositivo de tensionamento articu lado a partir de
um sistema de fragmento pequeno AO à extremidade QE DIASTASE
proximal da placa (Fig. 58- 1OB) . Aplique distração até que
a fíbu la distal seja reduzida anatomicamente para suas
DA TIBIA E FIBULA
articu lações com a tíbia e o tá lus. As operações para diastase da tíbia e fíbu la devem permitir
•Confirme a redução com radiog rafias ou fluoroscopia. uma mudança do tálus mediaimente e reposicionamento
•Se uma osteotom ia transversa tiver sido feita, preencha do maléolo latera l.
o espaço criado pela distração com um enxerto de osso
corticoesponjoso, a partir da metáfise tibial media l acima TÉCNICA
do ma léolo medial (Fig. 58-1 OC)
•Altere o dispositivo de tensão AO para o modo de compres- • Yablon e Leach re lataram que uma dissecção ma is extensa
são e aplique compressão para o local da osteotomia. Fixe é norma lmente necessária para restaurar o alinhamento
a placa à região proximal da fíbula por meio de três parafu- anatômico da consolidação viciosa da fíbu la associada ao
sos corticais de 3,5 mm. Yablon e Leach recomendaram a desvio latera l do tá lus.
adição de um parafuso de sindesmose se a membrana •Faça uma osteotomia da fíbula, e a rotacione distalmente
interóssea for desinserida durante a dissecção da fíbu la. Em em 180 graus para possibi litar a remoção de uma quan-
fraturas muito distais, isso pode ser necessário para estabi- tidade adequada de cicatriz da área da sindesmose.
lizar a fíbu la com fios de Kirschner transfixantes. • Faça uma segunda incisão sobre o aspecto anterior do
•Alternativamente, Ward et ai. descreveram o uso do maléolo media l, e faça a excisão da cicatriz do tecido
pequeno distratar AO para restaurar o comprimento fibular entre o maléolo medial e o tá lus.
e a rotação. Exponha a fíbu la, resseque o tecido da cicatriz •Reduza o tálus e coloque um pino de Steinmann a partir
e osteotomize a fíbula, como descrito anteriormente. da tíbia dentro do tálus, para manter a redução tempora-
•Insira dois pinos de 2, 5 mm, parcialmente rosqueados , riamente, enquanto a fíbula é reduzida e colocada a placa,
no fragmento fibu lar distal anterior em 1O graus de como descrito para consolidações viciosas bimaleolares.
rotação externa . •Se o maléolo medial também t iver se unido em uma
•Corrija a rotação do fragmento distal e insira dois pinos posição ruim, faça uma segunda incisão longitudinal pro-
de 2,5 mm na fíbula proximal no mesmo plano. xima l à sua base e dirija um osteótomo de cima através
CAPÍTULO 58 FRATURAS VICIOSAM ENTE CONSOLIDADAS

de 4/5 do diâmetro do maléolo medial, distalmente e


latera lmente. Faça essa osteotomia através da parte
medial da tíbia logo acima da fratura antig a para obter
uma superfície óssea mais ampla. Refrature o osso ao
aduzi r o pé forçadamente .
• Estabilize o maléolo medial com parafusos interfrag men-
tares de pequenos fragmentos para lelos e fios de Kirs-
chner, conforme necessá ri o.
•Caso uma lacuna tenha sido criada pela redução do
maléolo medial, insira um enxerto ósseo para impedir o
colapso futuro. Use uma placa semitubular de pequeno
fragmento como um contraforte, se necessário.
•Obtenha radiografias intraoperatórias para confi rmar a
redução anatôm ica do tornozelo.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é ap licado a


parti r da tuberosidade tibi al aos dedos dos pés, com o pé
em posição neutra. O gesso é trocado em 2 sema nas, a
suturas são removidas e um novo gesso é colocado por
ma is 1O a 12 semanas. Se a fixação estável for obtida em
um paciente cooperativo, uma órtese removível que não
permite a rotação pode ser utilizada, para viabilizar a
reabilitação sob supervisão da fisioterapia. Um imobiliza-
A
dor de tornozelo com uma correia em T e um suporte de
arco podem ser necessários durante um período adicio nal O@il;!ijmJI Osteotomia supramaleo lar. A, Osteotom ia em
de 1O a 12 semanas e podem ser usados de 3 a 6 meses cúpu la é cr iada de 1,0 a 1,5 cm proximal à articulação do torno-
após reconstruções difíceis. A fisioterapia deve ser usada ze lo. Pinos rosqueados estão inseridos paralelos às linhas articu-
para restaura r os tecidos moles e possibilitar o fortaleci- lares do tornozelo e joelho. B, Osteotomia é concluída, e os pinos
mento do osso . são trazidos em paralelo para corrigir a deformidade varo ou
va lgo. VEJA A TÉCNICA 58-10.

•Utilize uma broca de 3,2 mm para criar uma série de furos


OSTEOTOMIA SUPRAMALEOLAR na metáfise distal tibial no formato de um arco, convexo
Ocasionalmente, uma consolidação viciosa da região distal da superiormente. As bordas medial e lateral do arco devem
tíbia e fíbula ocorre mesmo nos casos em que as relações ser de 1 a 1,5 cm proximal ao da articula ção do tornozelo,
tibi ota lares normais são preservadas, mas o tornozelo está em e a altura do arco deve ser de 1 a 1,5 cm (Fig . 58-11 A).
valgo ou varo. Uma osteotomia supramaleolar é recomen- •Através da mesma incisão ou um a incisão lateral sepa-
dada para esta consolidação viciosa . Osteotomias de cu nha rada, exponha a fíbula e faça uma osteotomia, no mesmo
de abertura, de cu nha de fechamento ou em cúpula podem nível que a osteotom ia tibial. Se a fratura tiver sido curada
ser utilizadas. Pelo fato de as osteotom ias de cúpula não em varo, resseque de 1 a 3 cm da fíbula para corrigir a
sacri fi carem o comprimento para ganhar a correção da deformidade. Se a fratura tiver sido curada em va lgo, faça
deformidade, elas podem ser preferidas em consolidações uma osteotomia oblíqua da fíbu la. Utilize uma serra osci-
viciosas associadas a encurtamento. As osteotomias em lante para conectar os furos perfurados anterior, medial
cúpula são mais efetivas; no entanto, para corrigir a defor- e lateralmente na tíbia.
midade no plano frontal (varo-valgo) do que no plano sagital •Com controle fluoroscópico, insira um pino rosqueado de
(flexão-extensão). Uma osteotomia de cunha posicionada 4 ou 5 mm transversalmente, a partir de medial para
corretamente pode ser usada para corrigir as deformidades lateral, no fragmento distal da tíbia, paralelo à linha arti-
mu ltiplanares. Osteotomias de cunha de fechamento forne- cu lar. M antenha o pino fora da articula ção, do loca l da
cem superfícies ósseas amplas para a consolidação, mas osteotom ia e do feixe neurovascul ar.
causam algum encurtamento da extremidad e. As osteoto- •I nsira um segu ndo pin o rosqueado de 4 ou 5 mm bicor-
mias de cunha de abertura mantêm o comprimento, mas o tical, de 6 a 1O cm proxima l à osteotomi a e paralelo à
enxerto ósseo é necessário para preencher a abertura criada. articul ação do joelho.
O método lliza rov de correção da deformidade progressiva •Com um osteótomo, complete a osteotomia da tíbia
com osteogênese de distração também pode ser usado. através do córt ex posterior. Corrija a deformidade varo
ou valgo fazendo os pinos para lelos (Fig . 58-11 B)
TÉCNICA • Se a redução completa não for obtida, pode ser necessá-
rio ressecar mais da fíbula ou liberar mais tecidos moles,
•Para criar uma osteotom ia em cúpu la, exponha a região incluindo a membrana interóssea .
dista l da tíbi a por meio de uma abordagem anterolatera l •Quando a redução for aceitáve l, conecte os pinos com
de Henry (Cap. 1). uma barra f ixa dora externa e ap lique compressão . Pinos )
lllD PARTE XV FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM ADULTOS
) de fixação extern a adicionais podem ser colocados na
t íbia e no tá lus.
•Alternativamente, se a cobertura de partes mo les for
adequada, estabil ize a osteotomia com uma placa de
compressão dinâmica de 3,5 mm e remova os dois pinos
de fi xação extern a. A fíb ul a pode também ser estabi lizada
com uma placa de 1/3 de tubo, se desejado. O enxerto
ósseo é deixado ao critério do cirurg ião.
• Uma osteotomia de cunha de abertura ou fechamento
pode ser feita da seg uinte man eira. Através de uma
incisão longitudina l lateral, exponha e osteotomi ze a
fíbula como descrito anteriormente, para corrigir defor-
midades em varo ou valgo.
•Através da mesma incisão, exponha a superfície lateral da
tíbia 1,3 cm proximal à linh a articular e insira um amplo
osteótomo transversa lmente, quase através do osso;
rea lize uma osteoclasia manual. Insira o osso ilíaco espon-
joso ou use um enxerto em formato de cu nha, retirado
da diáfise da tíbia para o lado latera l da osteotomia,
impactando-o com a fe rida ainda aberta.
•Estabilize a osteotomia com um fixador externo apl icado
na forma padrão, com pinos através da tíb ia e do t álus.
•Se as fratura s foram consolidadas em posição varo, uma
osteotom ia de cunha de fecham ento da tíb ia pode se r
feita de form a semelhante ou fi xação interna com uma
placa e parafusos pode ser usad a em co njunto com enxer-
tos de osso il íaco autólogo.
•Feche a f erida em camadas e ap li que um cura ti vo com-
pressivo se um f ixador externo for usado.
•Se não, apliq ue um gesso a part ir da tuberosidade tibi al
até os dedos.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 2 semanas, qualquer


gesso é trocado e as suturas são removidas. O suporte de
peso não é permitido por 6 semanas. A fixação externa
é removida em 6 a 8 semanas, e uma bota gessada para
marcha é ap lica da. O suporte de peso progride de acordo
com a tolerância e o gesso é removido quando as osteo- iê[dihfJ.iE19 A, Consol idação viciosa de frat ura bima leo lar do
tomias estiverem consolidadas (de 12 a 16 semanas após tornozelo com conso li dação viciosa preex istente da região d ista l
a cirurgia). A reabi litação da extremidade inferior é ini- da tíb ia. B, Correção de consolidação viciosa foi alca nçada; no
cia da por fisioterapia. entanto, a artr ite se desenvolveu, causando dor e incapacidade.
C e D, Artrodese tib iotalar fo i realizada usando grampos de com-
pressão . O tornozelo está agora indo lor e estáve l.

ARTRODESE PARA FRATURAS


CONSOLIDADAS VICIOSAMENTE DO
TORNOZELO posteriormente. Este procedim en to adicional não complica
muito a operação ou atrasa a rec up eração. Consulte o Capítulo
A artro dese é indicada como um procedimento primário nos seguin- 11 para técnicas de artrod ese do tornozelo.
tes tipos de fraturas do tornozelo consolidadas viciosamente:
1. Fraturas bimaleolares viciosamente consolidadas, com ou sem
deformidade significativa, em qu e as radiografias mostram PERNA
alterações artríticas traumáticas defi nidas como sendo a causa
de dor persistente e da deficiência (Fig. 58- 12) DIÁFISE DA TÍBIA E FÍBULA
2. Fraturas trimaleolares consolidadas viciosamente de longa
duração, com luxação posterior e proximal do tálus Em consolidações viciosas das diáfises da tíbia e da fíbula, o grau de
3. Fraturas consolidadas viciosamente em que a deformidade não deformidade que requer ci rurgia não é claramente definido. Acre-
pode ser completamente corrigida por reconstrução co nserva- dita-se amplamen te que as deformidades angulares da diáfise da
dora ou em que tal cirurgia extensa é necessária para a corre- tíbia causam alterações nas pressões de contato das articulações do
ção, mas as alterações artríticas no tornozelo são inevitáveis. joelho e tornozelo, e os predispõem ao desenvolvimento de osteo-
Quando o mau alinhamento é marcante, este deverá sempre artrite. No entanto, séries clínicas, com longo prazo de acompanha-
ser corrigido por osteotomia no momen to da artrodese; caso mento, nem sempre apoiaram esta hipótese. Um estudo descobriu
contrário, um esforço do pé pode ser gravemente incapacitante que a arti cul ação do tornozelo é mais afetada que o joelho e que o
CAPÍTULO 58 FRATURAS VIC IOSAMENTE CONSOLIDADAS Gm
local da fratura tem importância. Escores fun cionais mais baixos do
tornozelo foram correlacionados com o grau de mau alinhamento e
a proximidade da deformidade à art iculação. As deformidades em
varo foram mais mal toleradas que as deformidades em valgo. Pos-
teriormente, um estudo descobriu justamente o oposto - que os
sintomas no joelho estavam correlacionados com alterações artríti-
cas, mas n ão os sintomas no tornozelo. Além disso, nenhuma relação
foi mostrada en tre o local da fratura e o desenvolvimento de osteo-
artrite do joelho ou tornozelo. A deformidade rotacional também
não foi assoc iada a alterações artríticas.
Milner et ai. demonstraram que a consolid ação vic iosa da
fratura n ão causa maior incidên cia ips ilateral de artrite do tornozelo
e subtalar. Houve um a tendência a uma maior prevalência de osteo-
artrose do compartimento medial do joelho, em pacientes com mau
alinhamento em varo do membro e encurtamento de 10 mm ou
m ais, correlacionado com queixas subjeti vas de dor no joelho.
Embora a osteoartri te ocorra com maior freq uência no lado da
fratura, acreditava-se qu e outros fatores, não o mau ali nh amento,
contrib uíssem mais para o desenvolvimento de osteoartrite.
O grau de deform.idade aceitável observado por vários autores é
extremam ente variável. A cirurgia foi recomendada para deformidade em
valgo de mais de 12 graus, a deformidade em varo de mais de 6°, a defor-
midade em rotação externa de mais de 15 graus, ou a deformidade em
rotação interna de mais de 10 graus. O encurtamento de 20 mm ou
menos cosnm1a ser bem tolerado com modificações no sapato, mas mais
de 25 mm de encurtamento pode causar incapacidade significativa.
Quando a cirurgia for indicada para a correção de uma conso-
lidação viciosa tibial, o grau da deformidade, os sin tomas do paciente,
as condições da extremidade lesada e a demanda funcional do paciente
devem ser levados em consideração. Incapacidade funcional prove-
niente de uma consolidação viciosa diafisária da tíbia é produ zida,
principalmente, pela deformidade rotacional, deformidade angular
lateral e posterior, e, comumente, algum grau de encurtamento.
Muitas vezes, uma contratura resultante do tendão de Aquiles provoca
uma deformidade em equino do pé. Os sintomas podem incluir dor
no tornozelo, joelho ou nas costas; distúrbios da marcha; e uma defor-
midade esteticamente inaceitável. O membro deve ser avaliado pelo
histórico de lesão neurológica ou vascular, adequação da cobertura de
tecidos moles e presença de infecção. Havendo uma história de lesão
vascular, arteriografias pré-operatórias podem ser úteis para determi-
nar a abordagem operatória. Se os tecidos m oles na área do local da O@il;Mm:ID A e B, Consolidação viciosa em varo da reg1ao
operação planejada forem de baixa qualidade, uma rotação simultâ- distal da tíbia. C, Osteotomia da tíbi a e fíbula, com redução
nea ou uma transferência de retalho de tecido livre vasculari zado mantida por fixador externo. D e E, Consolidação tibi al obtida
pode ser necessário para promover a cicatrização óssea e evitar com- com o alinh amento norm al; pseu dartrose assintomática da oste-
plicações da ferida. Em um paciente co m uma in fecção anterior, cin- otom ia de fíbula persi st e.
tilografias pré-operatórias de leucócitos m arcados com In di um,
cintilografia de Gálio ou Tecnécio podem aj udar a determinar a ati-
vidade da infecção. Em geral, é desejável tratar a infecção antes da deformidade uniplanar em um plano oblíquo (F ig. 58- 13). O grau
osteotomi a para a consolidação viciosa. As co nt raturas em equino de deformidade máxima é maior que as medições angul ares em
devem ser corrigidas pelo alongamento do tendão de Aquiles. ambas as radiografias, anteroposterior o u lateral. O plano de defor-
Ao planejar um a osteotomia, é necessári o determinar a quan- midade máxima pode ser encontrado através da rotação da perna
tidade de deformidade an gular, rotacional, discrepância de compri- sob fluoroscopia, até o grau máx.imo de deformidade ser visto. Uma
mento dos membros e a translação. Osteotomias de cunha de abertura radiografia obtida em 90 graus neste plano não deverá mostrar
simples, cunha de fec ham ento ou osteotomias em formato de cúpula deformidades. A osteotomia oblíqua deve ser feita perpend.i cular ao
podem ser utilizadas para corrigir relativamente pequenos graus de plano de deformidade máx ima. A deformidade rotacional pode ser
consolidação viciosa; no entanto, osteotomias de cunha de fecha- avaliada com TC ou cl inicamente, através da med ição do âng ulo
m ento podem criar encurtamento adicional e, muitas vezes, osteoto- intermaleolar. O planejamento pré-operatório deve incluir desenhos
mias de cunha de abertura exigem enxerto ósseo. Osteotornias das extremidades lesadas, o local e a configuração da osteotomia
oblíquas podem ser usadas para corrigir deformid ades multiplanares. planejada, e o tipo de dispositivo de fixação interna a ser usado. Para
Essas osteotomias proporcionam amplas áreas de superfície para a evitar complicações neurológicas, potenciais evocados somatossen-
consolid ação, e o alongamento pode ser obtido deslizando a osteoto- soriais devem ser usados durante a correção de uma deformidade
mia d.istalmente. Deformidades angul ares nos planos frontal (varo- grave, especialmente se o alonga mento estiver envo lvido. Apesar de
valgo ) e sagital (fl exo-exte nsão) podem ser co nve rtidas em um a a osteotomia geralmente se r realizada no local da fratura antiga, um a
PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

osteotomia supramaleolar (Técnica 58-10) pode ser preferível se a metáfise distal tibial, absolutamente para lelo ao pil ão
fratura anterior tiver sido demorada para consolidar, coberta com tibial.
tecidos moles pobres ou conter osso esclerótico extremamente •Se o alongamento estiver planejado ou se a fíbula inter-
denso. Russell et al. descreveram uma osteotomia em cúpula para o ferir na correção da tíbia, faça uma osteotomia oblíqua
tratamento de fraturas complexas não consolidadas da diáfise tibial da fíbula, idealmente no nível do local proposto para a
ou femora l, e observou que é especialmente útil em consolidações osteotom ia da tíb ia .
viciosas que têm um segmento longo mal-alinhado. • Exsanguine a perna com uma bandagem de pressão, infle
O alinhamento satisfatório após a osteotomia é difícil de o torniquete a 300 mm Hg (39,99 kPa) e remova a ban-
manter sem algum tipo de fixação interna, como uma placa de dagem de pressão.
compressão ou haste intramedular ou fixador externo. Se uma haste •Faça uma incisão anterior extensível padrão para expor a
intramedular for usada, o canal medular deve ser aberto em ambas tíbia.
as extremidades da fratura antiga, e quaisquer lacunas criadas pela •Identifique a área da consolidação viciosa e, subperioste-
osteotomia devem ser preenchidas com osso esponjoso. A haste almente, disseque todos os tecidos moles da região.
intramedular bloqueada fresada é recomendada para a estabilização Coloque os afastadores de Hohmann para proteger as
de osteotomias feitas para corrigir consolidações viciosas tibiais. Nós estruturas neurovasculares.
preferimos usar hastes estaticamente bloqueadas para aumentar a •Esculpa o osso para remover o excesso de calo enquanto
estabilidade da osteotomia. As pequenas incisões utilizadas para a a tíbia ainda estiver intacta; poupe o osso que é removido
osteotomia são fechadas após a abertura dos canais medulares em para ser utilizado mais tarde como um enxerto local.
ambos os fragmentos e a passagem do fio-guia de fresagem, mas •Coloque um distratar femoral (Synthes EUA, Paoli, PA)
antes da fresagem e inserção da haste. O bloqueio estático pode ser nos pinos de Schanz, com a articulação universal bloque-
convertido para o bloqueio dinâmico em algumas semanas, se ada, deixando a articulação rotacional aberta (Fig. 58-15B) .
necessário, para promover a consolidação. Se a liberação de uma Faça a osteotomia tibial com um único corte perpendicular
grande quantidade de partes moles for necessária para corrigir a ao plano da deformidade máxima (Fig. 58-15B) Se o alon-
deformidade, outros métodos de fixação são preferíveis às hastes gamento não for necessário, mantenha a serra em um
intramedulares, pois a fresagem intramedular, frequentemente, ângulo de 30 a 45 graus no plano coronal do osso, sufi-
devasculariza ainda mais o segmento de osso exposto. Uma história ciente para possibilitar que, em ambos os lados do corte,
de fixação externa anterior, especialmente se associada à infecção do se sobreponham e sejam desfasados em conjunto.
trajeto do pino, também é uma contraindicação relativa às hastes • Se for necessário maior alongamento, a quantidade
intramedulares, devido a um risco aumentado de infecção. exata, em milímetros, a ser obtida com o alongamento
Osteotomias oblíquas tibiais, estabilizadas com placas de com- axial já foi determinada pelo planejamento pré-operató-
pressão dinâmica e parafusos in terfragmentares, são indicadas para rio. Obtenha esse comp rim ento, diminuindo o ângulo
o tratamento das deformidades da tíbia multiplanares, com bons entre a osteotomia e o eixo da tíbia no plano corona l, de
resultados (Fig. 58-14). Sanders et al. recomendaram essa técnica modo que os ossos possam deslizar longitudina lmente
para deformidades diafisárias da tíbia, que exigem menos de 25 para além do corte, permanecendo em contato. O ângu lo
mm de alongamento. As contraind icações para este procedimento do corte no plano corona l é determinado no pré-opera-
incluem a cobertura de partes moles inadequada e infecção ativa. tório e marcado no osso com uma caneta de marcação,
A incapacidade de restaurar o comprimento tota l, o retardo de con- e angule o modelo a partir do conjunto de instrumentos
solidação, a insuficiência da placa, a infecção, a lesão vascular e a de placa de lâmina angu lada (Synthes EUA, Paoli, PA)
deiscência da ferida são as complicações possíveis. Gire a serra para este ângu lo no plano coronal e faça o
Osteotomias para consolidações viciosas tibiais infectadas e corte tibial em conformidade. Os cortes feitos em ângu los
consolidações viciosas associadas a um envelope pobre de tecidos de menos de 20 graus em re lação ao eixo coronais são
moles, podem ser mais bem tratadas pela técnica de Ilizarov de impossíveis de rea lizar.
corticotomia, e a correção gradual da deformidade com o uso de um •Assim que o distratar femoral é alongado, o alongamento
fixador com fios e anéis. Essa técnica é descrita no Capítulo 54. se translaciona em correção angu lar. Deixar a articulação
rotacional aberta (Fig. 58-15B) perm ite a correção simu l-
tânea da deformidade multiplanar, girando os dois seg-
OSTEOTOMIA OBLÍQUA TIBIAL mentos da tíbia em torno de um eixo perpendicular à
superfíci e do corte. Continue essa correção até que os
dois pinos de Schanz fiquem paralelos (Fig . 58-15C).
TÉCNICA
•Se o corte não for perfeito, o osso adicional pode ser
(SANDERS ET AL.) raspado a partir das superfícies do corte, para corrigir o
alinhamento.
•Coloque um torniquete sobre a parte proxima l da coxa. •Se o alongamento axial não for necessário, coloque um
Prepare e campeie ambas as pernas, para que possam ser parafuso interfragmentar, perpendicular à superfície do
comparadas após a correção. corte e o aperte. Se o alongamento axial for necessário,
•Se o alongamento axial estiver planejado, coloque eletrodos use uma pinça redutora com pontas pontiagudas para
para medição de potenciais somatossensoriais evocados. manter as duas superfícies do corte juntas, até que a
•Sob o controle de fluoroscopia, insira um pino de Schanz correção angular seja obtida e, em segu ida, bloqueie a
de 6 mm na metáfise proximal da tíbia absolutamente articulação rotacional do distratar. O alongamento adicio-
paralelo à sua superfície proximal (Fig. 58-15A). Da nal do distratar, agora, alonga a t íbia axialm ente . Delica-
mesma forma, co loque um pino de Schanz de 6 mm na damente, solte o grampo de osso, mas o mantenha no )
CAPÍTULO 58 FRATURAS VIC IOSAMENTE CONSO LI DADAS

0
®
/

O[riil;HEilfl A, Osteotomia mu ltip lanar da t íb ia para conso li da-


ção viciosa da diáfise. B, Deformidade grave: 45 graus em varo, 50
graus de curvatura anterior, 15° de rotação interna, 1,4 cm de encur-
tamento e sinostose tib iofibu lar dista l. C-E, Após a osteotom ia, a
correção da deformidade. Vista latera l mostra supercorreção míni ma
no plano sag ita l. (De Johnson EE: Multiplane correctiona l osteotomy of the
tibia for diaphyseal malunion, Clin Orthop Relat Res 215 223, 1987.)
Ili!) PARTE XV FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS

o
1
Pino Schanz
paralelo ao
conjunto

1- -,,+ Área de

osteotomia
Jr Osteotom1a

"º'°'''
b
Correção
angular

.. _ _ proposta
Osteotomia_J
Schanz pino
da fíbula
ªf conjunto

- -
----r a
Porca
A B rotacional
aberta

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'(
:1 (")
§ 1
l
Parafuso : ';:;

' b
Alonganpento
da perna
interfragme Jlta r
da diá ise :
1

\
16
g'

1 /!
1
1
1

a
Correção angular
e alcançada: apertar a porca D

h@ihf4E:B Osteotomia ob líquas para consol idação viciosa tibial (ver texto) . A, Visualizações anterior e lateral, mostrando a colo-
cação de pinos de Schanz, paralelo aos planos das articulações proximal e distal e para o local de osteotom ia proposta. B, Vista anterior
(à esquerda) após o distratar femoral tiver sido aplicado; o dispositivo de rotação (a) é deixado aberto para possibilitar a correção
angular lateral. Osteotomia oblíqua (b) é feita para corrigir a angulação em varo e procurvatum; a correção axial ocorre assim que a
porca (c) é torcida para alongar o distratar. Vista lateral (à direita). Marcações no distratar indicam que correção angular não foi obtida.
C, Após a correção angul ar ser obtida, o dispositivo rotacional é bloqueado e o alongamento do distratar mais adiante resulta em puro
alongamento axial. Marcações (à direita) indicam agora que a correção angular foi obtida. D, Visualizações anterior e lateral após a
co rreção; parafuso interfragmentàrio foi inserido perpendicular à osteotomia.
CAPÍTULO 58 FRATU RAS VICIOSAM ENTE CONSO LI DADAS

1
1
_____ J ______ _ de pós-operatório. O dreno é removido quando menos
de 1O m l de drenagem ocorrer em um período de 8
horas, em geral, até ao segundo dia após a cirurgia . O
curativo é retirado em 3 dias e, se a ferida parecer satis-
fatória, um gesso sintético curto é ap licado permitindo-se
apoio proprioceptivo. O paciente recebe alta do hospital
quando for capaz de andar independentemente. As
suturas são removidas em 1O a 14 dias e o gesso é

\
1
\
r A exostose
é removida
trocado. Em 1O a 12 semanas, o gesso é removido e uma
órtese t ibial removível é encaixada. Se a ponte trabecu lar
através da osteotomia estiver visível nas radiografias ante-
roposterior e latera l, o suporte de peso parcial é perm it ido
\
1 1 e é progredido o quanto tolerado. Exercícios de treino de
/ 1 9 fu ros LC/DCP marcha, de ampl itude de movimento e de forta lecimento
1
1 co locados são iniciados. Ao fina l de 16 semanas, se a osteotomia
1
1
neutralmente
da tíbia estiver conso lidada cl ínica e rad iograficamente, o
uso da órtese é interrompido e as atividades da vida diária
e o suporte de peso total são incentivados. O paciente é
examinado a cada seis meses, durante dois anos. A placa
é removida, se solicitado pelo paciente, por causa da dor,
mas não antes de 12 meses após a cirurgia .

h@m@R§bll(.],\ E, Resu ltado fin al com p laca de neutra- OSTEOTOMIA EM CONCHA


lização no lu gar. (De Sanders R, Anglen
Russel l et ai. descrevera m uma osteotom ia em concha em
JO, Mark JB : Oblique osteotomy for the correction of tibial malunion, J
1O pacientes para o tratamento de consol idações viciosas
Bane Joint Surg 77 A:240, 1995.) VEJA A TÉCNICA 58-11 .
diafisárias comp lexas, em que o segmento consol idado
viciosamente é osteotomizado perpendicular à diáfise
normal, proxima l

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