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DOSSIÊ DO PROFESSOR ENTRENÓS 7

TESTES DE AVALIAÇÃO

TESTE DE AVALIAÇÃO 3A

Nome: ______________________________________________________________________________

Turma: _______ N.º: _______ Data: ____/ ____/ ____

GRUPO I – LEITURA

Lê o texto.
O bobo
O bobo, também conhecido como joker, coringa, jester ou simplesmente palhaço, era,
originalmente, uma figura presente nas cortes reais ou nos círculos da nobreza, cuja função
era divertir os reis e a sua corte. Está principalmente associado à Idade Média, período em
que se define a sua existência histórica tal como a conhecemos hoje, além dos seus
5 atributos. Normalmente, trajava roupa muito colorida com diferentes padrões. O chapéu,
feito também de tecido colorido e fofo, era habitualmente constituído por três pontas. Em
cada uma delas aparecia um guiso pendurado, tornando assim cada movimento do bobo
muito mais apelativo e animado. As três pontas do chapéu representam as orelhas e a
cauda de burro. Esta indumentária era usada pelos primeiros bobos.
10 O papel dos bobos revestia-se de extrema importância, pois, com ironia, esperteza e
atrevimento, conseguia-se dizer ao rei ou ao seu senhor o que o povo e todos os outros não
se atreveriam a dizer-lhe diretamente, sendo assim uma fonte de informação, ainda que de
forma jocosa1.
Eram, normalmente, indivíduos portadores de deficiências físicas ou, então, anões. Talvez
15 por isso tais criaturas foram sempre vistas como humanos que para sempre ficaram
“infantilizados”2 (dada a sua baixa estatura) e que mantinham a sua “traquinice” de criança, o
que lhes conferia ainda um ar mais cómico e um à vontade para dizer tudo o que bem lhes
aprouvesse.
bobo in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2021 (consultado a 29 de janeiro de 2021).
Disponível na internet: https://www.infopedia.pt/$bobo
Vocabulário: 1. Que provoca o riso; alegre; divertida. 2. Acriançados.

1. Classifica as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F), de acordo com o texto. Corrige as falsas.
a. Os bobos medievais eram uma espécie de palhaços que entretinham o clero, a nobreza e o povo.
b. A cor garrida da indumentária e o chapéu de três pontas com guizos eram elementos relevantes no
espetáculo criado pelos bobos.
c. Aos bobos, era permitido criticar, ainda que de forma divertida, a realeza e os nobres, expondo o
desagrado do povo.
d. A baixa estatura ou a presença de defeitos físicos faziam com que os bobos fossem rejeitados pelo rei
e pelos nobres.
e. O comportamento dos bobos era igualado ao comportamento das crianças, pelo que a crítica que
faziam não era censurada.
2. Identifica o antecedente do pronome “lhe” na linha 12.
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TESTES DE AVALIAÇÃO

GRUPO II – EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Lê o texto.
2.º Ato – Cena I
Leandro, Bobo
(Muito anos depois o Rei Leandro e o Bobo caminham pela estrada. Vestem farrapos e vão
cansados da longa jornada)

REI – Há quantos anos caminhamos, meu pobre amigo?


BOBO – Tantos que já lhes perdi o conto, meu senhor! Desde aquele dia em que tuas
5 filhas…
REI (zangado) – Eu não tenho filhas!
BOBO – Pronto, pronto, senhor, não te amofines por tão pouco… Ia eu a dizer que, a
princípio, ainda tentei contar. Via nascer o sol de madrugada, via a minha sombra e a tua
desenhadas no chão, a gente a querer apanhá-la e ela sempre à nossa frente!, via depois
10 o sol desaparecer do outro lado das montanhas, e então dizia: passou-se um dia. Fechava
os olhos, dormia um pouco, e de novo o sol se erguia de madrugada e desaparecia do
outro lado das montanhas, e então eu dizia: passou-se outro dia. E tentei contá-los. (Conta
pelos dedos) Um… dois… três… quatro… mas, de repente, eram tantos dias que não
havia dedos para eles todos, mesmo que eu contasse da mão esquerda para a mão direita,
15 da mão direita para a mão esquerda, mesmo que eu contasse as duas mãos juntas e ainda
os pés… Acho que se me acabaram os números, senhor! Deve ter sido isso!
REI – Meu pobre tonto… e eu aqui sem te poder ajudar em nada… De tanto chorar,
cegaram os meus olhos. De tanto pensar, tenho a memória enfraquecida. De tanto caminhar,
esvaem-se em sangue os meus pés… E dizer que eu sou rei…
20 BOBO – Rei?! Quem foi que aqui falou em rei? Aqui não vejo rei nenhum…
REI – Não provoques a minha ira, que eu ainda tenho poder para…
BOBO (interrompe-o) – Poder? Falaste em poder? Que poder tens tu, que nem uma
mísera côdea de pão consegues encontrar?
REI – Eu sou Leandro, o rei da Helíria…
25 BOBO (virando-se para a assistência) – A sério: veem aqui algum rei? Digam lá: veem? O
quê? Aquele? (Aponta para o rei) Se o encontrassem aí pelas vossas ruas, ou nalgum
corredor do metropolitano, não iriam a correr deixar-lhe uma esmola no colo? Se então
alguém vos dissesse «cuidado que ele é rei» o que fariam? Riam à gargalhada, com certeza!
REI (murmura) – Eu sou Leandro, o rei da Helíria…
30 BOBO (continua a falar para a assistência) – É verdade que o viram há pouco ali ao
fundo, gritando, dando ordens, senhor do mundo! Nessa altura – há tantos anos que isso foi!
–, nessa altura aquele homem era rei. Escorraçado pelas filhas, mendiga agora um bocado
de pão, pede por amor de Deus um telhado para se abrigar das chuvas e dos ventos…
REI (murmura) – Eu sou Leandro, o rei da Helíria!
35 BOBO (continuando a dirigir-se à assistência) – E agora pergunto-vos: que foi que mudou
nele? Terá… outra cara? Outras pernas? Outros braços? Olhem-no bem. O que foi que nele
mudou?
REI (murmura) – Eu sou Leandro, o rei da Helíria!

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TESTES DE AVALIAÇÃO

BOBO (id.) – Tinha um manto e já não tem. Tinha uma coroa e entregou-a a outros. Tinha
40 um cetro e deixou-o em mãos alheias. Assim se faz e desfaz um rei. Assim passa o poder
neste mundo…
REI (murmura) – Eu sou Leandro, o rei da Helíria…
BOBO – Assim se transforma um soberano na mais insignificante das criaturas.
REI (cansado, canta devagar) –
45 Tive um reino, tive um manto,
tive um cetro e uma coroa
filhas que eram o meu encanto
– que mais podia querer
uma pessoa?
50
BOBO (em contraponto) –
Deste o reino, deste o manto,
deste o cetro, deste a coroa
às filhas do teu encanto
– como pode ser tão louca
uma pessoa?
55 Alice Vieira, Leandro, Rei da Helíria.
Lisboa: Editorial Caminho, 2006

1. Indica a razão pela qual as palavras do Bobo desagradaram ao Rei, logo no início da cena.
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2. Justifica a forma peculiar usada pelo Bobo para contar os anos.


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2.1. Explica o comportamento do Rei ao usar a expressão “Meu pobre tonto” (l. 18), para caracterizar o Bobo.
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3. O Rei reconheceu a sua fragilidade física e psicológica.


3.1. Transcreve a fala que traduz esta afirmação.
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4. BOBO – Rei?! Quem foi que aqui falou em Rei? Aqui não vejo rei nenhum… (l. 21).
4.1. Refere os motivos que levaram o Bobo a dizer estas palavras.
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5. O Bobo dirigiu-se à assistência em diferentes momentos.
5.1. Qual terá sido a intenção do Bobo ao fazê-lo? Justifica o teu ponto de vista com um excerto do texto.
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GRUPO III – GRAMÁTICA


1. Classifica o processo de formação das palavras apresentadas.
a. desaparecer → _____________________________________________________________________
b. contraponto → _____________________________________________________________________
b. enfraquecer → _____________________________________________________________________

2. Reescreve no discurso indireto a seguinte fala do Rei.


REI – Não provoques a minha ira, que eu ainda tenho poder.
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3. Indica o tempo e o modo em que se encontra cada uma das formas verbais sublinhadas.
a. Tantos que já lhes perdi o conto, meu senhor!
b. Via nascer o sol de madrugada.
c. Se então alguém vos dissesse «cuidado que ele é rei» o que fariam?
d. Se então alguém vos dissesse «cuidado que ele é rei» o que fariam?
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4. Indica a função sintática desempenhada pelos segmentos sublinhados nas frases.


a. Há quantos anos caminhamos, meu pobre amigo? → _________________________________
b. A sério: veem aqui algum rei? → _________________________________
c. Pronto, pronto, senhor, não te amofines por tão pouco… → _________________________________
d. E tentei contá-los. → _________________________________

GRUPO IV – ESCRITA

Pelo excerto de Leandro, Rei da Helíria que leste, apercebes-te de que o Bobo contraria o Rei, quando
afirma, insistentemente, que é o Rei da Helíria. Escreve uma cena na qual o Bobo diz ao Rei por que
motivo ele já não se pode considerar rei. Deves incluir, no mínimo:
✓ três falas de cada personagem;
✓ duas didascálias que ilustrem os movimentos, o vestuário, as atitudes ou as emoções das personagens.
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